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Numero do processo: 19515.002117/2004-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000, 2001, 2002
NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA
A fiscalização deve buscar os esclarecimentos que entender serem necessários à formulação da acusação fiscal. Se estes são insuficientes para comprovar o fato jurídico tributário indicado no lançamento, caberá ao órgão julgador se manifestar nesse sentido.
DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97, a Lei 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Recurso de Ofício Não Conhecido e Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2102-003.264
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa e, no mérito, negar provimento.
Assinado digitalmente
NÚBIA MATOS MOURA Presidente Substituta e Relatora.
EDITADO EM: 02/03/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Dayse Fernandes Leite, João Bellini Junior, Livia Vilas Boas e Silva, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti.
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2000, 2001, 2002 NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA A fiscalização deve buscar os esclarecimentos que entender serem necessários à formulação da acusação fiscal. Se estes são insuficientes para comprovar o fato jurídico tributário indicado no lançamento, caberá ao órgão julgador se manifestar nesse sentido. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97, a Lei 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Recurso de Ofício Não Conhecido e Recurso Voluntário Negado
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA A fiscalização deve buscar os esclarecimentos que entender serem necessários à formulação da acusação fiscal. Se estes são insuficientes para comprovar o fato jurídico tributário indicado no lançamento, caberá ao órgão julgador se manifestar nesse sentido. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97, a Lei 9.430, de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Recurso de Ofício Não Conhecido e Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado por unanimidade de votos em não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa e, no mérito, negar provimento. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA – Presidente Substituta e Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 21 17 /2 00 4- 98 Fl. 1588DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.589 2 EDITADO EM: 02/03/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Dayse Fernandes Leite, João Bellini Junior, Livia Vilas Boas e Silva, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Contra MAURÍCIO ROSILHO foi lavrado Auto de Infração, fls. 1004/1018, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa aos anoscalendário 1999 a 2001, exercícios 2000 a 2002, no valor total de R$ 9.777.070,46, incluindo multa de ofício e juros de mora, estes últimos calculados até 29/10/2004. A infração apurada pela autoridade fiscal, detalhada no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal, fls. 990/1002, foi o missão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação e a autoridade julgadora de primeira instância, considerou o lançamento procedente em parte, para excluir da base de cálculo da infração as quantias de R$ 498.520,00 e R$ 1.330.770,52, nos anos calendário 2000 e 2001, respectivamente, cujas origens foram comprovadas mediante a apresentação de notas fiscais de venda de gado. (Acórdão DRJ/SPOII nº 1716.051, de 19/09/2006, fls. 1294/1322). A DRJ São Paulo II recorreu de ofício de sua decisão ao Primeiro Conselho de Contribuintes, em razão do limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 375, de 07 de dezembro de 2001. Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 09/05/2007, Aviso de Recebimento (AR), fls. 1335, o contribuinte apresentou, em 29/05/2007, recurso voluntário, fls. 1340/1420, no qual traz as alegações a seguir resumidas: O cerceamento do direito de defesa – A decisão recorrida afirma que os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal só tem aplicação quando instaurado o processo legal. Desde o início da fiscalização e durante todo o seu curso já havia o processo de constituição e exigência de crédito tributário. A própria numeração deste processo confirma isto, ao indicar o ano de 2004 na extensão após a barra. Ou seja, o processo administrativo fiscal iniciouse em 2004, juntamente com a fiscalização. A denúncia espontânea não será elidida por ocasião da lavratura do Auto de Infração, mas bem antes disso, justamente porque se entende que todos os atos praticados anteriormente constituem, juntos, um procedimento fiscal de lançamento. Fl. 1589DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.590 3 O administrador público não pode promover o lançamento com omissão de elementos indispensáveis à defesa do contribuinte, como ocorreu no procedimento fiscal vertente. A nãoaceitação das explicações e documentos apresentados pelo contribuinte configura cerceamento de defesa. O administrador público tem o deverpoder de analisar os documentos e provas que lhe são apresentadas pelo contribuinte, em atenção aos princípios da verdade material e da oficialidade. Não pode, de forma conveniente e cômoda, ignorar os documentos solicitados por ele mesmo, para considerar provados os fatos com base em presunção legal. Ônus da prova no processo administrativo – Se a premissa da fiscalização é de que os depósitos bancários consistiriam em rendimentos não declarados, é preciso comprovar isto, em observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados. A fiscalização furtouse a cumprir com seu dever legal de demonstração e comprovação de que os depósitos bancários constituiriam, efetivamente, renda do recorrente, supostamente omitida à tributação. Limites da presunção – A falta de prova concreta de que os valores realmente se constituíram em renda não declarada pelo recorrente torna insubsistente a autuação, já que não se admite a exigência de tributos ou penalidades com base em simples presunções. É preciso que a fiscalização apresente elementos comprobatórios seguros de tais circunstâncias, o que não foi feito. Estamos, sem dúvida, diante de um caso em que as autoridades fiscalizadoras buscaram recurso na presunção para fundamentar a autuação imposta ao recorrente, o que é arbitrário, inadmissível e ilegal. Por força do principio da verdade material, o exame da existência dos fatos alegados pela fiscalização deve ser fixado através de uma livre e completa investigação no caso concreto, independentemente de regras predeterminadas. Depósitos bancários Para se conceituar renda e proventos necessário diversificálos do patrimônio: caracterizado este como riqueza preexistente integrada na titularidade do sujeito, aqueles (renda e proventos) serão o que vier a ser acrescido na riqueza preexistente, sob pena de se tributar base não permitida constitucionalmente, com ofensa aos princípios da capacidade contributiva, da legalidade, da tipicidade cerrada, entre outros. Assim, se a base de cálculo do IR é o plus que se agrega ao patrimônio do contribuinte, sua apuração deve levar em conta todas as despesas necessárias à sua conformação, o que não ocorreu no caso. Portanto, o recorrente não tinha e não tem a obrigação de identificar os créditos havidos em suas contas correntes bancárias, nem tão pouco documentálos individual e detalhadamente. A falta de identificação de depósitos localizados nas contas bancárias do recorrente não pode lhe trazer nenhum tipo de consequência, nem representar nada para as autoridades fiscais. Fl. 1590DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.591 4 Em sessão plenária realizada em 16/12/2008, os membros da Segunda Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes acordaram, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, em razão de o crédito tributário exonerado encontrarse abaixo do limite de alçada e, quanto ao recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade e negar provimento, conforme Acórdão nº 10249.413, fls. 1434/1470. Sucederamse embargos de declaração e recurso especial, os quais foram rejeitados. Todavia, em 05/12/2012, conforme despacho, fls. 1586, a Justiça Federal, no processo 001688350.2011.4.03.6100, extrato, fls. 1574/1585, declarou a nulidade do julgamento do recurso voluntário interposto pelo contribuinte, determinando a realização de novo julgamento. É o Relatório. Fl. 1591DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.592 5 Voto Conselheira Núbia Matos Moura, relatora Do recurso de ofício Em razão do limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 375, de 07 de dezembro de 2001, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de sua decisão. Ocorre que o mencionado dispositivo legal foi revogado pela Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, que estabeleceu em seu art. 1º que o Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) somente recorrerá de ofício quando a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Ressaltese que o novo limite tem aplicação imediata, alcançando os processos pendentes de julgamento No presente caso, a decisão de primeira instância reduziu o imposto devido de R$ 4.162.389,22 para R$ 3.659.334,33 e a multa de ofício de R$ 3.121.791,90 para R$ 2.744.500,73, o que implicou na exoneração de crédito tributário, no valor total de R$ 880.346,06 (imposto mais multa). Como se vê, o valor do crédito tributário exonerado é inferior ao novo limite de alçada, estabelecido pela Portaria MF nº 3, de 2008. Nestes termos, o recurso interposto pela autoridade julgadora de primeira instância não deve ser conhecido, por perda de objeto, dado que o crédito tributário exonerado é inferior ao novo limite de alçada. Do recurso voluntário O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Inicialmente cumpre dizer que o Acórdão nº 10249.413, de 16/12/2008, fls. 1434/1470, foi anulado pela Justiça Federal, sob a seguinte fundamentação, fls. 1577: Quanto ao mérito o pedido formulado é procedente. O artigo 55 do Regimento Interno do CARF, previsto Portaria nº 256, de 22 de junho de 2009, é expresso ao determinar a intimação da pauta de julgamentos pelo Diário Oficial da União e pelo sítio do Conselho na internet, conforme segue: (...) Conforme já ressaltado pelo Juízo na ocasião da apreciação do pedido de tutela antecipada, a ré não logrou demonstrar a regularidade da intimação do autos acerca do julgamento pelo CARF do recurso interposto nos autos do Processo Administrativo n 19515.002117/200498, limitandose a sustentar a presunção de legitimidade dos atos administrativos e a fé pública dos agentes da administração, alegações que não são aptas a excepcionar regra prevista no regimento interno do Conselho Administrativo Fl. 1592DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.593 6 de Recursos Fiscais. (...) Por fim, ainda que a praxe da Administração seja a divulgação de todos os julgamentos pelo CARF em seu sítio na internet, a falta de demonstração do lançamento das informações na rede mundial de computadores enseja a nulidade do julgamento proferido. Ou seja, a nulidade do julgamento motivouse por razões relacionadas à intimação da pauta de julgamento ao sujeito passivo, sendo certo que as razões de decidir que fundamentaram a decisão daquele colegiado serão aqui reproduzidas, para evitar tautologia, mormente porque estive presente naquela sessão e acompanhei integralmente o voto do ilustre relator Conselheiro José Raimundo Tosta Santos: Inicialmente, devese rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. A rigor, a manifestação do autuado sobre esta questão diz respeito ao seu inconformismo quanto à conclusão do trabalho fiscal, em não aceitar os esclarecimentos e justificativas apresentados para a comprovação da origem dos depósitos, mas que no seu entender dariam suporte aos créditos considerados corno rendimentos omitidos. Tal circunstância não configura, de maneira alguma, a ocorrência do alegado cerceamento do direito de defesa. Na fase investigatória, a fiscalização deve buscar os esclarecimentos que entender serem necessários à condução do seu trabalho, juntando aos autos os elementos de prova necessários à formulação da acusação fiscal. Se estes são insuficientes para comprovar o fato jurídico tributário indicado no lançamento, caberá ao órgão julgador se manifestar nesse sentido. Sem auto de infração não há que se falar em processo administrativo, pois o lançamento tributário é o ato administrativo que concretiza a aplicação da norma geral e abstrata, impondo ao sujeito passivo uma relação jurídica inexistente até aquele momento. No presente caso, a conclusão do trabalho fiscal, no ano de 2004, foi de que houve omissão de rendimentos, nos termos do artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, com a conseqüente lavratura do auto de infração e registro no protocolo do Ministério da Fazenda, ocasião em que lhe foi atribuído o número 19515.002117/200498. Poderia ter concluído pela comprovação dos recursos depositados em conta bancária e então não haveria processo administrativo fiscal. Quando o contribuinte é intimado cessa o seu direito à denúncia espontânea, pelo prazo de sessenta dias, prorrogáveis com novas intimações. A fase processual contenciosa da relação fisco contribuinte iniciase com a impugnação tempestiva do lançamento (artigos 14 e 15 do Decreto n° 70.235, de 1972) e se caracteriza pelo conflito de interesses submetido à Administração. Não é outro o entendimento de James Marins, in Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial), São Paulo, Dialética, 2001, p. 180, que, ao dissertar sobre os princípios informativos do procedimento fiscal, reportase ao principio da inquisitoriedade e diz do caráter inquisitório do Fl. 1593DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.594 7 procedimento administrativo que decorre da relativa liberdade que concedida à autoridade tributária em sua tarefa de fiscalização e apuração dos eventos de interesse tributário, e demarca a diferença entre o procedimento administrativo de lançamento e o processo administrativo tributário, dizendo ser o primeiro procedimento preparatório que pode vir a se tornar um processo, e releva a inquisitoriedade que preside o procedimento de lançamento, nos seguintes termos: "Enquanto que a inquisitoriedade que preside o procedimento permite dentro da lei uma atuação mais célere e eficaz por parte da Administração, as garantias do processo enfeixam o atuar administrativo, criando para o contribuinte poderes de participação no item do julgamento (contraditório, ampla defesa, recursos...). Então, o procedimento .fiscal é informado pelo princípio da inquisitoriedade no sentido de que os poderes legais investigatórios (princípio do dever de investigação) da autoridade administrativa devem ser suportados pelos particulares (princípio do dever de colaboração) que não atuam como parte, já que na etapa averiguatória sequer existe, tecnicamente, pretensão fiscal." As garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa estão preservadas quando o contribuinte é cientificado do lançamento e lhe é garantido o prazo de trinta dias para impugnar o feito, ocasião em que poderá requerer vistas dos autos, obter cópias e formular alegações e apresentar documentos, consoante dispõe o artigo 2° da Lei n° 9.784, de 1999. Sobre a nulidade, podese ainda verificar os seguintes pronunciamentos do Conselho de Contribuintes: "EMENTA: RPF NULIDADE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Demonstrado que o contribuinte conhecia perfeitamente as acusações e exerceu plenamente o contraditório, descabida a pretensão de ver declarado nulo o procedimento por cerceamento do direito de defesa. (Acórdão nº 10419451, de 03/07/2003, da 4ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes). PRELIMINAR NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA CAPITULAÇÃO LEGAL E DESCRIÇÃO DOS FATOS Rejeitase a preliminar de nulidade do lançamento, quando este obedeceu todos os requisitos formais e materiais necessários para a sua validade, em especial no que tange a garantia do contraditório e da ampla defesa, não estando caracterizado o cerceamento do direito de defesa. (Acórdão nº 10614450, de 24.02.2005, da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes)." Em suma, podese afirmar que a autuação foi procedida conforme as formalidades legais exigidas, com ênfase no Fl. 1594DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.595 8 cumprimento do disposto no Decreto n° 70.235/1972 e alterações posteriores, diploma legal norteador do Processo Administrativo Fiscal, e nos requisitos exigidos pelo artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, para que a presunção legal em exame possa ser aplicada. A tributação com base em depósitos bancários, a partir de 01/01/97, é regida pelo art. 42 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, publicada no DOU de 30/12/1996, que instituiu a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprovasse mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. Confirase: “Art.42.Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter seão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. §3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).” O fato gerador do imposto de renda é sempre a renda auferida. Os depósitos bancários (entrada de recursos), por si só, não se constituem em rendimentos. Daí por que não se confunde com a tributação da CPMF, que incide sobre a mera movimentação financeira, pela saída de recursos da conta bancária do titular. Por força do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o depósito bancário foi apontado como fato presuntivo da omissão de rendimentos, desde que a pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados na operação. Fl. 1595DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.596 9 A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela mera constatação de um depósito bancário, considerado isoladamente. Pelo contrário, a presunção de omissão de rendimentos está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos recursos depositados em contas bancárias, com a análise individualizada dos créditos, conforme expressamente previsto na lei. Quanto à tese de ausência de evolução patrimonial ou consumo capaz de justificar o fato gerador do imposto de renda, é verdade que este imposto, conforme prevê o artigo 43 do CTN, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, isto e, de riqueza nova. Entretanto, o legislador ordinário presumiu que há aquisição de riqueza nova nos casos de movimentação financeira em que o contribuinte não demonstre a origem dos recursos. A atuação da administração tributária é vinculada à lei (artigo 142 do CTN), sendo vedado ao fisco declarar a inconstitucionalidade de lei devidamente aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República. Neste diapasão, o Primeiro Conselho de Contribuintes aprovou a Súmula n° 02 consolidando sua jurisprudência no sentido de que este Conselho não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Na apuração de depósito bancário de origem não comprovada o que interessa é a procedência dos recursos creditados na conta. A lei considera que os depósitos bancários, de origem não comprovada, analisados individualizadamente, caracterizam omissão de rendimentos, e em nenhum algum determina o cômputo das entradas (depósitos), como receitas, e as saídas (saques e cheques emitidos) como despesas, para o fim de se apurar a base tributável. Da mesma forma, não determina que os rendimentos declarados ou as alienações de bens declaradas sejam automaticamente excluídos, pelos seus montantes globalmente considerados. Necessário que o recorrente especifique quais depósitos bancários relacionados aos rendimentos auferidos (tributáveis ou não) e quais estão vinculados às transferências, empréstimos, venda de bens etc. Exemplificativamente, a venda de um veículo pode não transitar por conta bancária, pois muitas vezes este é dado corno entrada na compra de outro. Necessário a prova de tais operações e a vinculação destas com créditos bancários. Os Demonstrativos de Apuração de Depósitos Ajustado de fls. 472/487, parte integrante do Termo de Verificação Fiscal de fls. 488/494, que constituem parte integrante do Auto de Infração de fls. 495/502, trazem informações detalhadas de cada operação de depósito/transferência, de origem não comprovada, discriminada segundo o nome do Banco, agência, conta corrente, histórico, data, valor e débito/crédito, inclusive, consolidação mensal dos valores dos depósitos, de forma a permitir ao contribuinte se defender, individualizadamente, de cada depósito bancário sem origem comprovada, sobre o qual foi aplicada a presunção legal de omissão de rendimentos. A Fl. 1596DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.597 10 norma legal que fundamenta a exigência tributária em exame não obriga a pessoa física a manter escrituração, apenas requer que comprove a origem dos recursos que ingressaram em sua conta bancária. Outro aspecto da hipótese tributária em exame é que esta não impõe ao fisco comparar a tributação em exame com outros critérios de apuração da renda omitida, nos termos do artigo 6° da Lei n° 8.021/90, para tributar o menos oneroso. A partir da vigência do artigo 42 da Lei n°9.430, de 1996, os depósitos bancários deixaram de ser "modalidade de arbitramento" que exigia da fiscalização a demonstração de gastos incompatíveis com a renda declarada (aquisição de patrimônio a descoberto e sinais exteriores de riqueza), conforme interpretação consagrada pelo poder judiciário (súmula TFR 182), pelo Primeiro Conselho de Contribuintes (conforme arestos colacionados no recurso) e artigo 9°, inciso VII, do DecretoLei n° 2.471/88, que determinava o cancelamento dos lançamentos do imposto de renda arbitrado com base exclusivamente em valores de extratos ou de comprovantes de depósitos bancários para se constituir na própria omissão de rendimento (art. 43 do CTN), decorrente de presunção legal, que inverte o ônus da prova em favor da Fazenda Pública Federal. A propósito de presunções legais cabe aqui reproduzir o que diz José Luiz Bulhões Pedreira, (JUSTECRJ1979 pag. 806), que muito bem representa a doutrina predominante sobre a matéria: “O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que o negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa), provar que o fato presumido não existe no caso.” Este também é o entendimento manifestado pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, como fica evidenciado no Acórdão CSRF n° 010.071, de 23/05/1980, da lavra do Conselheiro Urgel Pereira Lopes, do qual se destaca o seguinte trecho: “O certo é que, cabendo ao Fisco detectar os fatos que constituem o conteúdo das regras jurídicas em questão, e constituindose esses fatos em presunções legais relativas de rendimentos tributáveis, não cabe ao .fisco infirmar a presunção, pena de laborar em ilogicidade jurídica absoluta. Pois, se o Fisco tem a possibilidade de exigir o tributo com base na presunção legal, não me parece ter o menor sentido impor ao Fisco o dever de provar que a presunção em seu favor não pode subsistir. Parece elementar que a prova para infirmar a presunção há de ser produzida por quem tem interesse para tanto. No caso, o contribuinte.” (Grifouse) Fl. 1597DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.598 11 Alfredo Augusto Becker, alicerçado na doutrina francesa e espanhola, ao distinguir presunção legal e ficção legal, assim escreveu: "Existe uma diferença radical entre a presunção legal e a ficção legal. A presunção tem por ponto de partida a verdade de um fato: de um fato conhecido se infere outro desconhecido. A ficção, todavia, nasce de uma falsidade. Na ficção, a lei estabelece como verdadeiro um fato que é provavelmente (ou com toda a certeza) falso. Na presunção a lei estabelece como verdadeiro um fato que é provavelmente verdadeiro. A verdade jurídica imposta pela lei, quando se baseia numa provável (ou certa) falsidade é ficção, quando se fundamenta numa provável veracidade é presunção legal. A regra jurídica cria uma presunção legal quando, baseandose no fato conhecido cuja existência é certa, impõese a certeza jurídica da existência do fato desconhecido cuja existência é provável em virtude da correlação natural de existência entre estes dois fatos. A regra jurídica cria uma .ficção legal quando, baseandose no fato conhecido cuja existência é improvável (ou falsa) porque falta correlação natural de existência entre os dois fatos." Para Alfredo Augusto Becker, a observação do acontecer dos fatos segundo a ordem natural das coisas, permite que se estabeleça urna correlação natural entre a existência do fato conhecido e a probabilidade de existência do fato desconhecido. A correlação natural entre a existência de dois fatos é substituída pela correlação lógica. Basta o conhecimento da existência de um daqueles fatos para deduzirse a existência do outro fato cuja existência efetiva se desconhece, porém temse como provável em virtude daquela correlação natural. Presunção é o resultado do processo lógico mediante o qual do fato conhecido cuja existência certa inferese o fato desconhecido cuja existência é provável. As presunções segundo doutrina de Moacir Amaral dos Santos Moacir Amaral dos Santos, citando Clóvis Beviláqua, que em notas ao artigo 136, define presunção como “a ilação que se tira de um fato conhecido para provar a existência de outro desconhecido” e RAMPONI, que define presunções como “hipóteses que correspondem, provavelmente, ou seja na maior parte dos casos, à verdade”, tem a presunção como uma atividade do pensamento em que graças a um fato certo, “raciocinandose com aquilo que freqüentemente acontece, chegase ao fato desconhecido, isto é, presumese o fato desconhecido.” Prossegue o autor: Fl. 1598DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.599 12 “Decorre daí que, da dedução presuntiva, geralmente chegase a conclusões que são mais ou menos seguras conforme as circunstâncias especiais ou particulares de cada hipótese. Vale dizer que, mais propriamente do que certeza, a presunção estabelece probabilidade, maior ou menor, quanto à existência ou inexistência do fato probando. Mas em se tratando de probabilidade que tem por fundamento um princípio derivado da ordem natural das coisas, isto é, do que comumente acontece, e, pois, suficientemente alicerçada para satisfazer convicção judicial quanto à existência ou inexistência, do fato presumido. Presumese, quer dizer, o fato presumido resulta daquilo que na maior parte dos casos corresponde à verdade.” Para Pontes de Miranda, presunções são fatos que podem ser verdadeiros ou falsos, mas o legislador os têm como verdadeiros e divide as presunções em iures et de iure (absolutas) e iures tantum, (relativas). As presunções absolutas, na lição deste autor, são irrefragáveis, nenhuma prova contrária se admite; quando, em vez disso, a presunção for iures tantum, cabe a prova em contrário. Para este autor: “Na presunção legal, absoluta, temse a, que pode não ser, como se fosse, ou a, que pode ser, como se não fosse. Na presunção iuris tantum, e não de iure, temse a, que pode não ser, como se fosse, ou a, que pode ser, como se não fosse, admitindose prova em contrário. A presunção mista é a presunção legal relativa, se contra ela se admite a prova em contrário a, ou a ou b." ..... A presunção simplifica a prova, porque a dispensa a respeito do que se presume. Se ela apenas inverte o ônus da prova, a indução, que a lei contém, pode ser ilidida in concreto e in hypothesi.” A presunção representa uma prova indireta, partindose de ocorrências de fatos secundários, fatos indiciários, que apontam para o fato principal, necessariamente desconhecido, mas relacionado diretamente ao fato conhecido. Nas situações em que a lei presume a ocorrência do fato gerador, as chamadas presunções legais, a produção de tais provas é dispensada. Assim dispõe o Código de Processo Civil nos artigos 333 e 334: “Art. 333. 0 ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (...) Art. 334. Não dependem de prova os fatos: Fl. 1599DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.600 13 (...) IV em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade.” (grifos acrescidos) Na tributação em exame o legislador entendeu que há lógica, concordância e certeza entre o fato presuntivo (depósito bancário sem origem comprovada) e o fato presumido (omissão de rendimentos), na esteira dos argumentos expostos por Hugo de Brito Machado (Imposto de Renda Estudos, Editora Resenha Tributária, pág. 123), que convém trazermos baila: "Realmente, a existência de depósito bancário em nome do contribuinte, ... é indício que autoriza a presunção de auferimento de renda. Cabe então ao contribuinte provar que os depósitos tiveram origem outra, que não seja tributável. Pode ser que decorra de transferências patrimoniais (doações e heranças), por exemplo, de rendimentos não tributáveis ou tributáveis exclusivamente na fonte, ou mesmo de rendimentos tributáveis auferidos há muito tempo, relativamente aos quais extinto já esteja, pela decadência, o direito de a Fazenda Pública fazer o lançamento do tributo, nos termos do art. 173 do Código Tributário Nacional. Ao contribuinte cabe o ônus da prova, que pode ser produzida antes ou durante o procedimento do lançamento, impedindo que este se consume, e pode até ser produzida depois, em ação anulatória. Isto não significa considerar rendimentos os depósitos bancários. Tais depósitos são indícios, isto é, são fatos conhecidos que autorizam a presunção de existência de rendimentos, fatos sobre cuja existência se questiona. Ordinariamente a disponibilidade de dinheiro decorre de auferimento de renda. Por isso a existência de disponibilidade de dinheiro autoriza a presunção de auferimento de renda. Tudo de pleno acordo com a teoria das provas." Conforme já destacado, na presunção o legislador apanha um fato conhecido, no caso o depósito bancário e, deste dado, mediante raciocínio lógico, chega a um fato desconhecido que é a obtenção de rendimentos. A obtenção de renda presumida a partir de depósito bancário é um fato que pode ser verdadeiro ou falso, mas o legislador o tem como verdadeiro, cabendo à parte que tem contra si presunção legal fazer prova em contrário. Neste sentido, não se pode ignorar que a lei, estabelecendo uma presunção legal de omissão de rendimentos, autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. Em síntese, a lei considera que os depósitos bancários, de origem não comprovada, analisados individualizadamente,caracterizam omissão de rendimentos. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de Fl. 1600DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.601 14 elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Os julgamentos do Conselho de Contribuintes passaram a refletir a determinação da nova lei, admitindo, nas condições nela estabelecidas, o lançamento com base exclusivamente em depósitos bancários, como se constata nas ementas dos acórdãos a seguir reproduzidas: "OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS SITUAÇÃO POSTERIOR Á LEI Nº 9.430/96 Com o advento da Lei n° 9.430/96, caracterizase também omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular não comprove a origem dos recursos utilizados, observadas as exclusões previstas no § 3º, do art. 42, do citado diploma legal. (Ac 10613329). TRIBUTAÇÃO DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/97, a Lei 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos. (Ac 10613188 e 106 13086)." No caso dos autos, o recorrente não trouxe em sede recursal elementos de prova que pudessem alterar o entendimento a quo e afastar a presunção legal estabelecida pelo legislador, motivo pelo qual mantenho o decisum, em todos os seus termos. Ainda sobre possível violação da ordem constitucional e da lei complementar tributária (CTN), vale ressaltar que o lançamento é ato administrativo de aplicação da norma tributária ao caso concreto. Não caberia, portanto, à fiscalização se posicionar acerca da inconstitucionalidade da lei que embasou o procedimento fiscal (atitude que também é vedada aos Conselhos de Contribuintes art. 49 do Regimento Interno). Presumese, inclusive, que os princípios constitucionais tributários e também os garantidores de direitos fundamentais encontrem na lei sua aplicação imediata. Antes de ser aprovada pelo Congresso Nacional o projeto de lei tramita por várias comissões que aquilatam sua constitucionalidade. Após essa fase, o presidente da Republica a sanciona. Ao poder Judiciário, cumpre velar pela constitucionalidade das leis, através do controle a posteriori. Os Órgãos da administração não podem deixar de aplicar as leis aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pelo Fl. 1601DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA Processo nº 19515.002117/200498 Acórdão n.º 2102003.264 S2C1T2 Fl. 1.602 15 Presidente da República, ao qual estão vinculados pelo poder hierárquico. Desta forma, vedada à própria administração declarar a inconstitucionalidade de norma legal, conforme dispõe a Súmula n° 02 do Primeiro Conselho de Contribuintes: "Súmula 1°CC n° 2: O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Não é outro o balizado pronunciamento do professor Hugo de Brito Machado (Temas de Direito Tributário, Vol. I, Editora Revista dos Tribunais: São Paulo, 1994, p. 134) sobre a matéria: “(...) Não pode a autoridade administrativa deixar de aplicar uma lei ante o argumento de ser ela inconstitucional. Se não cumprila sujeitase à pena de responsabilidade, artigo 142, parágrafo único, do CTN. Há o inconformado de provocar o Judiciário, ou pedir a repetição do indébito, tratandose de inconstitucionalidade já declarada.” Diante dos fartos fundamentos acima transcritos, devese rejeitar a preliminar de nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. Da conclusão Ante o exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa e, no mérito, negar provimento. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 1602DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 po r NUBIA MATOS MOURA
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Numero do processo: 13855.723283/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
SEGURADOS EMPREGADOS INCLUÍDOS EM FOLHA DE PAGAMENTO DE EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO DA TOMADORA. DESNECESSIDADE DE EXCLUSÃO DO SIMPLES DA EMPRESA TOMADORA.
Nos lançamentos em que o fisco desconsidera os vínculos empregatícios firmados com a empresa prestadora e atribui a relação de emprego diretamente com a tomadora dos serviços, é desnecessária a representação para exclusão daquela do regime tributário do Simples, desde que haja demonstração de que os trabalhadores atuavam a serviço da contratante, sendo a contratada mera empresa interposta.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.647
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, pelo voto de qualidade: I) rejeitar a preliminar de nulidade decorrente da necessidade de prévia exclusão do SIMPLES, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim (relatora), Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que acolhiam a preliminar; e II) negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim (relatora), Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo.
Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 CARF.)
Carolina Wanderley Landim - Relatora
Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado
Participaram do julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: CAROLINA WANDERLEY LANDIM
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 SEGURADOS EMPREGADOS INCLUÍDOS EM FOLHA DE PAGAMENTO DE EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO DA TOMADORA. DESNECESSIDADE DE EXCLUSÃO DO SIMPLES DA EMPRESA TOMADORA. Nos lançamentos em que o fisco desconsidera os vínculos empregatícios firmados com a empresa prestadora e atribui a relação de emprego diretamente com a tomadora dos serviços, é desnecessária a representação para exclusão daquela do regime tributário do Simples, desde que haja demonstração de que os trabalhadores atuavam a serviço da contratante, sendo a contratada mera empresa interposta. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, pelo voto de qualidade: I) rejeitar a preliminar de nulidade decorrente da necessidade de prévia exclusão do SIMPLES, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim (relatora), Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que acolhiam a preliminar; e II) negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim (relatora), Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 CARF.) Carolina Wanderley Landim - Relatora Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado Participaram do julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
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CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO DA TOMADORA. DESNECESSIDADE DE EXCLUSÃO DO SIMPLES DA EMPRESA TOMADORA. Nos lançamentos em que o fisco desconsidera os vínculos empregatícios firmados com a empresa prestadora e atribui a relação de emprego diretamente com a tomadora dos serviços, é desnecessária a representação para exclusão daquela do regime tributário do Simples, desde que haja demonstração de que os trabalhadores atuavam a serviço da contratante, sendo a contratada mera empresa interposta. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 5. 72 32 83 /2 01 1- 13 Fl. 2423DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 2 ACORDAM os membros do colegiado, pelo voto de qualidade: I) rejeitar a preliminar de nulidade decorrente da necessidade de prévia exclusão do SIMPLES, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim (relatora), Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que acolhiam a preliminar; e II) negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Carolina Wanderley Landim (relatora), Igor Araújo Soares e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira – Presidente (na data da formalização, conforme Ordem de Serviço nº.01/2013 – CARF.) Carolina Wanderley Landim Relatora Kleber Ferreira de Araújo – Redator Designado Participaram do julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Igor Araújo Soares, Kleber Ferreira de Araújo e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 2424DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado contra a ACRUX CALÇADOS LTDA, em razão de suposta utilização de Interpostas Pessoas com a finalidade de contratar segurados com redução de encargos previdenciários, por essas serem optantes do SIMPLES. Período fiscalizado: 01/2007 a 12/2008. A fiscalização concluiu seu trabalho com a lavratura de três autos de Infração, abaixo descriminados: · DEBCAD Nº 37.341.1618 – referente à Contribuição Previdenciária patronal; · DEBCAD Nº 37.341.1626 – referente à Contribuição devidas a outras entidades e fundos (Terceiros); · DEBCAD Nº 37.341.1600 – referente à Multa por descumprimento de obrigação acessória (Deixar de declarar em GFIP os fatos geradores de contribuições previdenciárias); O Relatório Fiscal de fls. 55/96, aduziu em síntese que: · A ACRUX CALÇADOS LTDA (nome fantasia SAPATOTERAPIA) utilizou as empresas ELI A DE ALMEIDA PESPONTO – EPP, SILVIO HENRIQUE PONCE ME, CALOORE IND E COM DE CALÇADOS LTDAME, todas optantes pelo SIMPLES, como interpostas pessoas com a finalidade de contratar segurados com redução de encargos previdenciários, uma vez que, por serem optantes pelo SIMPLES não recolhem a contribuição previdenciária patronal e para outras entidades e fundos. · Todos os funcionários registrados nessas empresas são, para fins previdenciários, empregados da empresa ACRUX Calçados. A autoridade Autuante apresentou os seguintes elementos para descaracterizar a prestação de serviço por cada uma das citadas empresas: ELI A DE ALMEIDA PESPONTO – EPP · A empresa Eli PespontoEPP foi constituída em 26/05/2004, com atividades encerradas em 04/07/2009, e tinha como objeto social a industrialização para terceiros – banca de pesponto e costura manual; · Em 08/05/2005, a empresa alterou seu endereço para Rua Dr. Francisco Maniglia, 2270, Jd. Antonio Petraglia, FrancaSP; · O senhor Eli Adriano de Almeida declarou que era empregado da empresa M. Olimpia, atual Acrux Calçados, e que resolveu abrir uma pequena empresa para prestar serviços para seu empregador, sendo rescindido seu contrato de trabalho. Afirmou ainda que Fl. 2425DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 4 quem ficava à frente da empresa era o contador e que parte dos empregados eram da M. Olimpia e foram contratados pela Eli Pesponto – EPP; que após finalizar os trabalho, os produtos eram entregues para a M. Olímpia, sem notas fiscais, que acreditava terem sido emitidas pelo contador. Afirma que encerrou suas atividades em 07/2009 e voltou a trabalhar como modelista, prestando serviços para M. Olimpia e outras empresas; · O vínculo de emprego do Sr. Eli foi rescindido em 30/08/06, embora a empresa Eli Pesponto EPP tenha sido constituída em 26/05/2004; · Embora o Sr. Eli tenha declarado que encerrou as atividades da ELI PESPONTO em 07/2009 e passou a prestar serviços para M. Olimpia e outras, a única fonte de rendimentos declarada na DIRPF foi a M. Olimpia e, para o ano calendário de 2009, a Eli Pesponto; · O Sr. Eli declarou que quem administrava a empresa era o seu contador, o Sr. José Márcio, que também era empregado da empresa M. Olímpia, da própria Eli Pesponto EPP e da Sílvio PonceME; · A Eli Pesponto emitia notas fiscais duas vezes por mês e não diariamente, como deveria, donde se conclui que a transferência de mercadorias da Eli Pesponto EPP para a Acrux Calçados era feita de maneira informal, sem emissão de nota fiscal, tendo em vista a facilidade da localização física das empresas; · A Eli Pesponto EPP localizavase na rua dos fundos da Acrux Calçados, onde existia uma entrada para o setor de produção; · No que tange à ocupação do imóvel pela Eli Pesponto, verificase que foram firmados três contratos de aluguel do imóvel no período fiscalizado, sendo que no terceiro contrato (período de 03/2008 a 03/2009), o locatário é a empresa Vallore; · Com base na análise de documentos, a Fiscalização concluiu que o imóvel foi ocupado pela Eli Pesponto e Vallore durante o ano de 2008, haja vista que, mesmo em período anterior ao contrato firmado em nome da Vallore, há pagamentos de aluguéis referentes ao imóvel no livro caixa da Vallore e, no período, ambas as empresas declararam receita bruta na DASN e mantiveram empregados; · Os proprietários da M. Olímpia (atual Acrux Calçados) foram os fiadores do contrato de locação do imóvel onde funcionava a empresa Eli Pesponto EPP; · Os alugueis do imóvel foram financiados pela empresa M. Olímpia, conforme se comprova pelo documento de débito em conta corrente, bem como outras despesas da Eli PespontoEPP; · As contas de água, esgoto e energia elétrica da empresa Eli PespontoEPP foram efetivamente pagas pela empresa M. Olímpia, durante o período de fiscalização; · O repasse financeiro entre a M. Olímpia e a Eli PespontoEPP ocorria através do pagamento das despesas faturadas por terceiros em nome da Eli Pesponto EPP por meio de débito realizado em suas contas bancárias, bem como por meio de triangulação bancária, onde a Acrux efetuava transferências eletrônicas de sua conta bancária para a conta da Eli Pesponto EPP, em valor igual às despesas pagas por estas nas respectivas datas. Ou seja, o repasse de valores pela Acrux à Eli Pesponto não era feito de acordo Fl. 2426DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 4 5 com o faturamento desta última, e sim de acordo com as despesas que tinham que ser pagas diariamente; · As transações acima citadas, em sua maioria, foram registradas pela Acrux a débito da conta “Adiantamento a Fornecedor”, e pela Eli Pesponto como “adiantamento recebido M.Olimpia”; · A M. Olimpia (Acrux) detinha um controle de todas as contas faturadas em nome da Eli Pesponto e pagas pela M. Olimpia; · Todos estes procedimentos eram realizados pelo sr. Marcio Luis Diniz Mendes, gerente financeiro da Acrux e responsável pelo controle financeiro de todas as empresas envolvidas; · No contrato de serviços firmado entre Eli Pesponto e Acrux não há comprovação da data da emissão (que supostamente seria 26/05/2004) e que, não obstante a Eli Pesponto sequer existisse por ocasião do contrato (já que seus atos constitutivos só foram arquivados naquela data), o objeto do contrato firma que a Contratada desponta como empresa qualificada nesta área de autuação, com capacidade organizacional e tecnológica; · No contrato, a Acrux assumiu todas as despesas para realização dos serviços da Eli Pesponto; · Embora o contrato vedasse a prestação de serviços exclusivos, todas as notas fiscais emitidas pela Eli Pesponto eram destinadas à Acrux; · O maquinário utilizado pela empresa Eli Pesponto EPP era da empresa Acrux, de forma gratuita e que esta se responsabilizava pela sua manutenção; · Por todos os argumentos apresentados, a empresa Eli Pesponto EPP foi criada com o único e exclusivo fim de servir como pessoa interposta da Acrux, com a finalidade de contratar segurados com redução de encargos previdenciários. SILVIO PONCE –ME · A empresa Silvio Ponce ME foi constituída em 02/08/2004, encerrando suas atividades em 30/06/2009, com objeto social de industrialização para terceiros – serviços de corte e acabamentos de calçados; · A empresa foi aberta para prestar serviço de corte e preparação e que se encarregava de efetuar as entregas diariamente sem notas fiscais, tendo em vista que as entregas eram diárias e as notas fiscais emitidas de 15 em 15 dias; · Parte de seus funcionários eram funcionários da Acrux, que foram desligados e contratados pela Silvio PonceME e, posteriormente, quando do fechamento da Silvo Ponce, os funcionários foram registrados na Acrux, inclusive o Sr. Silvio Ponce que até hoje é empregado da Acrux; Fl. 2427DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 6 · Toda a administração da empresa ficava por conta de José Márcio, que era o contador da Acrux; · Os imóveis onde funcionavam a Acrux Calçados e a Silvio PonceME eram vizinhos, o que facilitava a transferência das mercadorias sem nota fiscal; · Figuram como fiadores no contrato de aluguel do imóvel onde funcionava a empresa Silvio PonceME, parentes da sócia da empresa M. Olimpia (Acrux); · Os alugueis foram pagos através de um procedimento financeiro triangular: a Acrux transferia o dinheiro do aluguel para a conta bancária da Silvio PonceME; · na contabilidade da Acrux Calçados tais valores eram lançados como adiantamento a fornecedores, enquanto na contabilidade da Silvio Ponce – ME esses valores foram lançados como pagamento de aluguel; · As despesas de água e esgoto da Silvio PonceME foram efetivamente pagas pela Acrux Calçados por meio de débito em conta bancária; · A M. Olimpia (Acrux) detinha um controle de todas as contas faturadas em nome da Silvio Ponce e pagas pela M. Olimpia; · Embora os produtos fossem transferidos diariamente, as notas fiscais só eram emitidas a cada 15 dias; · No contrato de serviços firmado entre Silvio Ponce e Acrux não há comprovação da data da emissão (que supostamente seria 02/08/2004) e que, não obstante a Silvio Ponce sequer existisse por ocasião do contrato (já que seus atos constitutivos só foram arquivados naquela data), é incongruente que o objeto do contrato firme que a Contratada desponta como empresa qualificada nesta área de autuação, com capacidade organizacional e tecnológica; · No contrato, a Acrux assumiu todas as despesas para realização dos serviços Silvio Ponce; · Embora o contrato vedasse a prestação de serviços exclusivos, todas as notas fiscais emitidas pela Silvio Ponce eram destinadas à Acrux; · As máquinas utilizadas são de propriedade da Acrux Calçados e que foram cedidas através de comodato para a Silvio PonceME e que a Acrux permanecia arcando com os custos de manutenção deste maquinário. VALLORE · A empresa Vallore foi constituída em 24/09/2007, tendo como objeto social a fabricação de acessórios do vestuário, encerrando suas atividades em 09/09/2009; · Os sócios da Vallore são o marido da sr. Maria Olímpia – titular da M. Olimpia, Sr. Leonildo Lopes Ferreira, que também passou a figurar como sócio da Acrux em 30/11/2010, quando a M. Olimpia foi transformada na sociedade empresária Acrux, e a filha de ambos, Sra. Stella Franco Ferreira; Fl. 2428DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 5 7 · O imóvel onde se encontrava localizada a Vallore durante o período de fiscalização é situado na rua dos fundos da Acrux Calçados, para facilitar a transferência de mercadorias, que era feita pelos próprios empregados; · Os alugueis do imóvel onde se situava a Vallore eram pagos pela Acrux, diretamente ou por uma operação de triangular através da qual os valores eram transferidos para a Vallore e por esta utilizados nos pagamentos dos aluguéis; · Na contabilidade da Acrux Calçados tais valores eram lançados como adiantamento a fornecedores, enquanto na contabilidade da Vallore esses valores eram lançados como pagamento de aluguel; · As despesas de água e esgoto da Vallore foram efetivamente pagas pela Acrux Calçados por meio de débito em conta bancária; · Embora os produtos fossem transferidos diariamente, as notas fiscais só eram emitidas a cada 15 dias; · No contrato de serviços firmado entre Vallore e Acrux não há comprovação da data da sua emissão (que supostamente seria 02/01/2008) e que, não obstante a Vallore tenha sido constituída em 24/09/2007, só iniciou a emissão de notas fiscais em janeiro/2008, mediante a emissão de notas contra a própria Acrux, razão pela qual é incongruente que o objeto do contrato firme que a Contratada desponta como empresa qualificada nesta área de autuação, com capacidade organizacional e tecnológica; · No contrato, a Acrux assumiu todas as despesas para a realização dos serviços da Vallore; · Embora o contrato vedasse a prestação de serviços exclusivos, todas as notas fiscais emitidas pela Vallore eram destinadas à Acrux; · O repasse financeiro da Acrux para a Vallore ocorria por meio de triangulação financeira, onde a Acrux realizava transferências eletrônicas com o valor igual ao valor das despesas da VALLORE que deveriam ser pagas; · As máquinas utilizadas são de propriedade da Acrux Calçados e foram cedidas através de comodato para a VALLORE; Além disto, o auditor fiscal pontua que: · Os conhecimentos de transporte referentes a mercadorias destinadas à M. Olimpia foram assinados por empregados da Silvio Ponce, demonstrando que os empregados são da primeira, e não da última; · Há diversas correspondências da Silvio Ponce em papel timbrado da M. Olimpia; · Há correspondência da Silvio Ponce assinada por empregada registrada na M. Olimpia; · A apólice de seguro predial em nome da M. Olimpia traz especificações do imóvel por ela ocupado, bem como do imóvel que foi ocupado pela Eli Pesponto e Vallore, tendo apenas a M. Olimpia pago o prêmio; Fl. 2429DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 8 · Há outra apólice predial em nome de M. Olimpia que traz especificação do imóvel ocupado por Silvio Ponce, tendo o prêmio também sido pago por M. Olimpia; · Há comprovantes de pagamentos de cursos técnicos feitos por empregados da Silvio Ponce realizados pela M. Olimpia; · Há reclamatórias trabalhistas contra a Eli Pesponto nas quais a M. Olimpia também figura como reclamada, nas quais é dito que a segunda fazia os pagamentos e acertos com funcionários, sendo que neste processo foi formalizado acordo entre as partes, tendo o pagamento sido realizado pela M. Olimpia e contabilizado como Indenizações Trabalhistas. Diante dos fatos narrados, concluiu o auditor fiscal que a Eli Pesponto, Silvio Ponce e Vallore constituem empresas interpostas utilizadas pela M. Olimpia para contratar empregados com redução de encargos previdenciários e que, em razão da primazia da realidade, todos os segurados registrados como empregados destas empresas, assim como os titulares e sócios destas, devem ser considerados empregados da Acrux, com base nos arts. 9 e 444 da CLT: Art. 9 – Serão nulos de pleno direito os atos praticas com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos previstos na presente Consolidação. Art. 444 – As relação contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção do trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Foram, portanto, desconsiderados os vínculos empregatícios dos funcionários das empresas ELI PESPONTO, SILVIO PONCE e VALORE, os quais, no entender do fiscal, foram instituídos com o intuito exclusivo de não recolher as contribuições destinadas à Seguridade Social e outras entidades e fundos. Ressalta ainda, o auditor autuante, que a contratação de trabalhadores por interposta pessoa esbarra no Enunciado n. 331 do TST. Entendeu ainda, o Fiscal Autuante, que a Sra. Maria Olímpia Franco, sócia da Acrux, deveria ser pessoalmente responsabilizada pelos créditos tributários constituídos, com amparo no art. 135, II do CTN, em razão de ter prestado declarações falsas, utilizandose de interpostas pessoas para contratar empregados com redução dos encargos previdenciários, nos anos calendários 2007 e 2008. Por fim, foi determinada a Representação Fiscal para Fins Penais. Impugnação apresentada tempestivamente às fls. 1976/2021, alegando, em síntese: · Que seria necessária inicialmente a exclusão das empresas do SIMPLES; · Que a fiscalização não demonstrou o vínculo de emprego entre os empregados das empresas optantes pelo SIMPLES e a Acrux; · Que a contratação das empresas envolvidas nestes autos em hipótese alguma fere a Súmula 331 do TST; Fl. 2430DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 6 9 · Que o fisco utilizou as bases de cálculo (remunerações) declaradas nas GFIP das empresas Eli PespontoEPP, Silvio PonceME e Vallore, para apurar o novo montante devido; · Que as empresas encontramse adimplidas com o sistema do SIMPLES, nas competências da autuação; · Que, por isso, uma parcela da alíquota única do SIMPLES referese às contribuições sociais “parte empresa” e “SAT”; · Que as empresas Eli Pesponto EPP, Silvio PonceME e Vallore se inserem no contexto de interdependência entre tomadores (ACRUX) e prestadores de serviço; · Que o fiscal não considerou o ponto principal da efetiva especialização da atividade da contratada perante as empresas inadequadamente tidas como interpostas; · Que não restou comprovado que as mercadorias eram transferidas pela força física dos funcionários; · Que o Sr. José Márcio foi empregado da autuada e das prestadoras Eli pespontoEPP e Silvio PonceME até 10/2007, passando a prestar serviços como profissional liberal após essa data; · Que as características dos contratos de prestação de serviço da autuação estão presentes em outros contratos firmados entre a autuada e outras prestadoras que não foram consideradas interpostas pessoa; · Que o Sr. Eli continuou como empregado da Acrux, enquanto a Eli Pesponto estava embrionária; · Que o Sr. Eli assinava todos os cheques da empresa, o que demonstra que conhecia as despesas da sua empresa, inclusive que a empresa possuía recursos financeiros próprios; · Que a cessão gratuita das máquinas era prática usual da Autuada, inclusive sendo realizada em relação a outras empresas; · Que Silvio Ponce trabalhava na Acrux e era titular da pessoa jurídica prestadora do serviço por uma opção pessoal, para receber uma melhor remuneração; · Que o Sr. Silvio assinava todos os cheques da empresa, o que demonstra que conhecia as despesas da sua empresa, inclusive que a empresa possuía recursos financeiros próprios; · Que a empresa Vallore possuía recursos próprios e lucratividade; · Que as reclamatórias trabalhistas foram pagas para evitar a responsabilização da tomadora de serviços; · Divergência entre os valores apurados; Fl. 2431DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 10 · A necessidade de se abater, do valor cobrado, o montante pago no âmbito do SIMPLES. Requereu por fim o acolhimento da impugnação com o afastamento do AI, protestando ainda pela produção de provas. Acórdão da DRJ às fls. 2352/2566, julgando improcedente a Impugnação e mantendo o crédito tributário: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 DILAÇÃO PROBATÓRIA. NECESSIDADE. A produção de provas desenvolverseá de acordo com a necessidade à formação da convicção da autoridade julgadora, a quem cabe indeferilas quando se mostrarem desnecessárias. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. A autoridade administrativa possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos eivados de vícios, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, consagrando o princípio da substância sobre a forma. SIMPLES/SIMPLES NACIONAL. GUIAS DE RECOLHIMENTO. DARF. APROVEITAMENTO. É vedado o aproveitamento para quitação de contribuições previdenciárias de recolhimento efetuado a outro órgão da Administração Pública, ainda que se refira a contribuições da mesma natureza, inclusive aquelas decorrentes da opção pelo SIMPLES/Simples Nacional. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS RFFP. COMPETÊNCIA. DRJ. A DRJ carece de competência para a análise do inconformismo do sujeito passivo em relação à Representação Fiscal para Fins Penais RFFP lavrada pela fiscalização. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Recurso Voluntário apresentado tempestivamente, às fls. 2372/2401, requerendo preliminarmente a conexão entre o processo ora em análise e o processo nº 13855.720145/201263 que versa sobre glosas de crédito de PIS e Cofins, vinculados ao mesmos fatos e elementos de prova destes autos. No mérito reafirmou o quanto alegado na Impugnação. É o relatório. Fl. 2432DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 7 11 Voto Vencido Conselheira Carolina Wanderley Landim Preenchido os requisitos de admissibilidade, passemos à análise do recurso. Do processo decorrente/reflexo No Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte, em sede preliminar, foi requerido que os autos do Processo nº 13855.720145/201263, julgado pela 4ª Turma DRJ, referente a Auto de Infração decorrente de glosas de crédito de PIS e COFINS, estritamente vinculado aos mesmos fatos e elementos de prova destes autos, fossem apensados, por serem conexos, para julgamento conjunto. Alegou o contribuinte que haveria prejudicialidade de um em relação ao outro, devendo prevalecer a distribuição a este processo por se tratar do mais antigo e onde está repousado todo o conjunto probatório. Não merece prosperar o pedido de conexão formulado pelo Recorrente, tendo em vista que esta Turma tem competência especializada para julgamento apenas de matéria previdenciária, não sendo possível, portanto, conexão com Auto de Infração decorrente de glosa de crédito de PIS e COFINS. Da Nulidade – necessidade de ato declaratório para exclusão das empresas do SIMPLES Ainda em sede de preliminar, assevera a recorrente que a Lei nº 123/2006, em seu art. 29, autoriza a exclusão de ofício das pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES, quando a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas: Art. 29 – A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: (...) IV – a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas. Aduz que interposta pessoa é a prática de constituição da empresa através de “sócio laranja”. Prossegue afirmando que a interposta pessoa, por não configurar presunção legal, deve ser pronunciada e ensejar o contraditório. No caso, o ato de exclusão do SIMPLES se dá mediante emissão de Ato de Exclusão, ensejando à pessoa jurídica o contraditório, cujas regras estão atualmente dispostas na Resolução CGSN n. 94/2011. Fl. 2433DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 12 No caso específico, verificase que, no curso de fiscalização que tinha por objeto verificar a lisura dos pagamentos realizados pela Acrux Calçados Ltda., o auditor fiscal autuante entendeu que a empresa “utilizou empresas interpostas, optantes pelo Simples Federal e Simples Nacional, para contratar empregados e recolher as contribuições previdenciárias, parte patronal, de forma diferenciada e favorecida”. Relata ainda, o Fiscal Autuante, que deve prevalecer a situação fática e não a formalizada, de modo que todos os segurados registrados como empregados das empresas (...), assim como os titulares sócios destas, são empregados da Acrux. O procedimento realizado pelo Fiscal Autuante foi embasado nos arts. 9º e 444 da CLT, transcritos a seguir: Art. 9 – Serão nulos de pleno direito os atos praticas com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos previstos na presente Consolidação. Art. 444 – As relação contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção do trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes. Tais dispositivos, entretanto, não dão amparo ao procedimento realizado. Ora, a legislação atinente ao SIMPLES contém dispositivo específico acerca da exclusão da pessoa jurídica quando sua constituição ocorrer por interposta pessoa, devendo este comando ser aplicável. O que se nota é que o auditor fiscal autuante optou por desconsiderar os “vínculos empregatícios” com as pessoas jurídicas tidas como interpostas, atribuindolhes à Recorrente, no intuito de “burlar” o procedimento previsto na legislação do SIMPLES. Ora, se o Auditor Fiscal concluiu que as empresas interpostas apenas prestam serviços à Recorrente, tem suas contas integralmente pagas pela Recorrente, foram constituídas com o intuito único e exclusivo de reduzir a carga tributária da Recorrente, não poderia ter apenas desconsiderados os “vínculos empregatícios” para fins de exigência de contribuição previdenciária. Tal conclusão é reforçada pelo fato de que, como relatado pelo Recorrente, foi também lavrado contra a recorrente o auto de infração que originou o Processo nº 13855.720145/201263 decorrente da glosas de crédito de PIS e COFINS, estritamente vinculado aos mesmos fatos e elementos de prova destes autos. Ou seja, não é correto concluir que a consequência dos fatos relatados no Relatório Fiscal é a desconsideração dos vínculos empregatícios, mas sim a aplicação da legislação atinente ao SIMPLES que determina a exclusão da pessoa jurídica constituída mediante interposta pessoa do regime. Após a emissão do Ato Declaratório de Exclusão em debate, oportunizando às empresas o exercício do contraditório, poderia a Fiscalização, verificando os requisitos previstos na legislação pertinente (como trataremos no tópico seguinte), concluir que os empregados das empresas contratadas eram, de fato, empregados da Acrux, desencadeando as consequências legais cabíveis. Fl. 2434DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 8 13 Portanto, a emissão de Ato Declaratório de exclusão do SIMPLES é condição sine qua non ao lançamento a partir da verificação da constituição de pessoa jurídica mediante interposta pessoa. Observase que, ao desconsiderar os vínculos empregatícios das prestadoras de serviço sem excluílas do SIMPLES, o auditor fiscal atropelou as normas legais específicas que regulamentam o SIMPLES. Ora, se as empresas em debate estavam recolhendo pelo SIMPLES as contribuições previdenciárias a cargo da empresa, bem como as contribuições a outras entidades e fundos, e se o objeto da presente NFLD são tais contribuições, excluindose a parte dos empregados, não pode prosperar o lançamento em análise, sob pena de se cobrar duas vezes os mesmos tributos. Mas não é só. Não havendo ato de exclusão do SIMPLES, qual o procedimento que deve ser adotado pelas empresas a partir deste lançamento? Devem elas continuar recolhendo os seus tributos de forma simplificada? Deve a Recorrente passar a pagar as contribuições previdenciárias sobre as folhas de salários dos empregados das prestadoras de serviço? Neste caso, as contribuições previdenciárias serão pagas em duplicidade? Enfim, no caso em apreço, pelo caminho escolhido pela autoridade fiscal, de caracterização de interposta pessoa jurídica, entendo que a ausência de exclusão das pessoas interpostas do Simples implica em nulidade do lançamento. Contudo, ainda que se entenda pela desnecessidade de se proceder à prévia exclusão do Simples, melhor sorte não terá o presente lançamento, uma vez que a autoridade fiscal deixou de demonstrar a presença dos elementos caracterizadores da relação de emprego, condição necessária para que se justifique a caracterização do vínculo entre os empregados das prestadoras de serviços e a Recorrente. Vejamos. Da não demonstração dos requisitos necessários à caracterização dos segurados como empregados da Recorrente Além da nulidade acima apontada, o auto de infração também é improcedente por ausência de motivação, já que o Auditor Fiscal Autuante não se desincumbiu do ônus de demonstrar a presença dos elementos caracterizadores do vínculo empregatício a partir da legislação de regência das contribuições previdenciárias, de forma a amparar a exigência dos créditos tributários em debate, levada a efeito contra a Recorrente. A Lei n. 8.212/1991, que dispõe sobre o custeio à previdência, em seu art. 12, I, assim conceitua o segurado empregado: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; Fl. 2435DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 14 A mesma prescrição normativa encontrase no próprio Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, em seu art. 9, inciso I, alínea ‘a’. Logo, o fiscal, para caracterizar a relação de emprego, que, por conseguinte, implicaria no surgimento de fato gerador da contribuição previdenciária, deveria se socorrer a tais dispositivos. Caso vislumbrasse tratar de relação de emprego, a própria legislação previdenciária, no art. 33 da Lei nº 8.212/91 c/c o artigo 229, § 2º, do RPS (Decreto 3.048/1999), permite que o Auditor Fiscal considere os contribuintes individuais (autônomos) ou outros prestadores de serviços como segurados empregados, quando verificados os requisitos legais, in verbis: Lei nº 8.212/1991 Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. RPS – Decreto 3.048/1999 Art. 229. [...] § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social, constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inc. I caput do art.9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado.” Verificase do artigo supracitado que o legislador, ao mencionar “ [...] ou sob qualquer outra denominação [...]”, possibilitou a consideração do vínculo mesmo com relação a prestadores de serviços vinculados a outra pessoa jurídica, quando verificados os requisitos para tanto. Como vimos, a própria legislação previdenciária, que rege as contribuições em discussão, esmiúça o tema e fornece todos os meios para que a Autoridade Fiscal possa fiscalizar as contribuições sociais previdenciárias, permitindo a atribuição de vínculo empregatício a terceiros, desde que atendidas as condições ali previstas. Logo, não poderia o Fiscal Autuante ter se socorrido (fundamento legal da exigência) da legislação trabalhista (arts. 9 e 444 da CLT), a qual compete somente à Justiça do Trabalho (Justiça Especializada) analisar. Deveria o auditor ter utilizado como fundamento legal da sua atuação os arts. 12, inciso I e 33 da Lei nº 8.212/1991 c/c os arts. 9, inciso I e 229, §2º do Decreto 3.048/1999 (RPS). Outro aspecto trazido pelo fiscal é em relação ao Enunciado do Tribunal Superior do Trabalho nº 331, que trata de vínculo empregatício, para fins trabalhistas, nos casos de contratação de trabalhadores por empresa interposta. Fl. 2436DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 9 15 Tal Enunciado não é suficiente à atribuição do vínculo à terceiro, que não prescinde da demonstração dos requisitos previstos na legislação previdenciária e RPAS. O Enunciado em debate pode ser um argumento a mais utilizado pelo auditor fiscal, mas não pode, isoladamente, amparar o procedimento adotado. Inclusive, há julgados deste CARF, ao tratar de matéria similar, que já se pronunciaram na linha do quanto até aqui desenvolvido, trazendo sempre como fundamento da autuação a própria legislação que dispõe sobre as contribuições previdenciárias. Há inclusive precedente da CSRF sobre o tema: NORMAS PROCEDIMENTAIS. DESCONSIDERAÇÃO PERSONALIDADE JURÍDICA E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. PRESSUPOSTOS BÁSICOS. Somente nas hipóteses em que restar constatada a efetiva existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto "tomador de serviços" e os "prestadores de serviços", poderá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, ou mesmo promover a desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com fulcro no artigo 229, § 2°, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÕES E/OU INCORREÇÕES NA DESCRIÇÃO DO FATO GERADOR DO TRIBUTO. VÍCIO DE NATUREZA MATERIAL. NÃO APLICABILIDADE TESE DA AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. O Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, indicando precisamente o fato gerador do tributo, o sujeito passivo, a base de cálculo e a matéria tributável, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e contraditório. (...) Acórdão n. 9202002.966, sessão de 06 de novembro de 2013 DESCARACTERIZAÇÃO DE SERVIÇO PRESTADO POR PESSOA JURÍDICA ENQUADRAMENTO COMO SEGURADO EMPREGADO. Presentes os requisitos previstos no art. 12, inciso I, alínea “a” da Lei 8.212/91,regular e legal se mostra a descaracterização de pessoa jurídica com o efetivo enquadramento como segurados empregados, nos termos do §2º, do artigo 229, do Decreto n.º Fl. 2437DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 16 3.048/99. É ilegal a contratação de trabalhadores por empresa interposta, formandose o vínculo diretamente com o tomador. (Enunciado n.º331 do TST) (CARF. Acórdão 2302003.117 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária. Sessão de 15.04.2014) Para atribuir à empresa contratante os vínculos empregatícios firmados entre as contratadas e seus empregados, era necessário que ao Auditor Fiscal Autuante comprovasse a existência dos pressupostos legais, a partir da legislação previdenciária, do vínculo empregatício, quais sejam: subordinação, onerosidade e habitualidade, sob pena de improcedência do lançamento por ausência de comprovação do fato gerador do tributo, e cerceamento do direito de defesa do contribuinte. Na hipótese dos autos, a ilustre autoridade lançadora, ao atribuir à Recorrente os vínculos empregatícios das empresas por ela contratadas, sequer mencionou a presença destes requisitos. Ao assim agir, a autoridade lançadora afrontou o art. 12, I, a, da Lei n. 8.212/1991 e 229, § 2º do RPAS e deixou de motivar o lançamento, o que o conduz à total improcedência, por ofensa aos arts. 2º e 50, da Lei nº 9.784/1999: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: I neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (grifamos) A improcedência aqui reconhecida decorre do fato de o auditor fiscal não ter se desincumbido de demonstrar a ocorrência do fato gerador. Sobre o tema, vale transcrever entendimento esposado pela CSRF, que, embora tenha concluído pela nulidade material do lançamento, afastou por completo a autuação: Fl. 2438DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 10 17 “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE MATERIAL. No presente caso a nulidade foi declarada em face da ausência da perfeita descrição do fato gerador do tributo, em virtude de não restar constatada a efetiva existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto "tomador de serviços" e os "prestadores de serviços", o que caracteriza violação ao art. 142 do CTN e, especificamente, ao art. 37 da Lei nº 8.212/91 e ao art. 229, § 2º do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/1999. É o lançamento nulo, por vício material, quando ausentes a descrição do fato gerador e a determinação da matéria tributável, em especial quando o crédito é constituído com base na caracterização de segurado empregado e deixam de ser demonstrados os elementos caracterizadores do vínculo empregatício. [...]” (2ª Turma da CSRF – Processo n°12045.000613/200794 – Acórdão n° 9202001.924, Sessão de 30/11/2011, Relator Conselheiro Elias Sampaio Freire) É incontestável, portanto, que o lançamento consubstanciado nos DEBCAD Nº 37.341.1618, DEBCAD Nº 37.341.1626 e DEBCAD Nº 37.341.1600 deve ser julgado improcedente, por falta de demonstração da presença dos elementos da relação de emprego entre as pessoas físicas que são empregadas das pessoas jurídicas optantes do SIMPLES e a Recorrente. Conclusão Do exposto, voto por acolher a preliminar de nulidade, por vício material, e, no mérito, por dar PROVIMENTO do Recurso Voluntário, cancelando a exigência consubstanciada nos DEBCAD de n.ºs 37.341.1618, 37.341.1626 e 37.341.1600. Carolina Wanderley Landim. Fl. 2439DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 18 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo – Redator Designado Ouso discordar da Ilustre Relatora quanto a duas questões presentes neste julgamento. A primeira referese a necessidade de exclusão do Simples da empresa prestadora de Serviço. A segunda diz respeito ao mérito da contenda, qual seja, a caracterização dos segurados formalmente registrados na contratada como empregados da empresa tomadora. Corriqueiramente essa Turma tem se deparado com casos em que o Fisco caracteriza como empregados da empresa autuada segurados que formalmente mantinham vínculo com empresa optante pelo Simples, supostamente criada no intuito de absorver mão de obra da real empregadora, reduzindo os recolhimentos para a Seguridade Social. Nessas situações temos adotado duas soluções conforme conjunto probatório carreado pelo Fisco para demonstrar a simulação. Quando este logra comprovar que efetivamente os empregados da empresa “de fachada” prestavam serviço para a empresa autuada, admitimos a caracterização direta com o verdadeiro empregador, com esteio no § 2.º do art. 229 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/1999, assim redigido: Art. 229 (...) §2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (...) Situação diversa ocorre quando o Auditor Fiscal não consegue nos convencer de que os trabalhadores da empresa optante pelo Simples prestavam serviço à empresa fiscalizada, mas apresenta indícios da ocorrência de desmembramento de pessoa jurídica para que uma ou mais empresas cindidas pudessem se enquadrar no regime simplificado de pagamentos de tributos. Para esses casos, temos entendido que o Fisco teria que provocar o processo de exclusão da empresa do Simples e, somente depois do desfecho do mesmo, lançar as contribuições patronais em nome da empresa excluída e chamar a empresa não optante para ocupar o polo passivo na condição de responsável solidária. A situação fática que nos é posta leva ao entendimento de que estamos diante da primeira hipótese, ou seja, o Fisco conseguiu se desincumbir do ônus de demonstrar que os trabalhadores das empresas ELI DE ALMEIDA PESPONT, SÍLVIO PONCE e VALLORE efetivamente laboravam para o ACRUX. Fl. 2440DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA Processo nº 13855.723283/201113 Acórdão n.º 2401003.647 S2C4T1 Fl. 11 19 Para mim, o conjunto probatório juntado pelo fisco é robusto o suficiente para vincular diretamente os empregados das prestadoras à tomadora. Eis as evidências que permitiram ao fisco concluir pela ocorrência dos fatos geradores na empresa autuada: a) localização de documentos das prestadoras na sede da tomadora, permitindo inferir que esta tinha controle administrativo e financeiro sobre aquelas; b) declaração dos sócios formais das prestadoras de que criaram as empresas a pedido da tomadora e que empregados desta passaram para o quadro de pessoal das suas contratadas; c) houve prestação de serviços no período em que os sócios das prestadoras ainda eram empregados da tomadora; d) transferência de produtos entre as empresas sem o correspondente documento fiscal; e) confusão financeira entre as empresas, posto que a contratante pagava despesas de locação, de energia e água, além da folha de salários das contratadas; f) confusão patrimonial pelo uso gratuito pelas tomadoras de máquinas e equipamentos registrados no ativo imobilizado da tomadora; g) contratação de serviços de empresa ainda não formalizada; h) exclusividade nas prestações de serviço; i) prática de atos em nome da tomadora por empregados das prestadoras; j) emissão de correspondências pelas prestadoras em formulários com a logomarca da tomadora; k) pagamento pela tomadora de seguros dos imóveis onde se encontravam localizadas as prestadoras; l) pagamentos de cursos pela tomadora para empregados formalmente registrados nas prestadoras; m) reclamatórias trabalhistas em que empregados formalmente registrados nas tomadoras afirmam que todos os pagamentos que recebiam eram efetuados pela empresa ACRUX. Diante de tantas evidências que envolvem os mais diversos aspectos da existência empresarial das pessoas jurídicas arroladas, sintome confortável para concluir que os empregados das empresas ELI DE ALMEIDA PESPONT, SÍLVIO PONCE e VALLORE, de fato, atuavam como empregados da autuada. Não vejo no caso sob apreciação a necessidade de que fossem comprovados os requisitos da relação empregatícia para cada um dos empregados envolvidos, pela minha Fl. 2441DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA 20 lente a demonstração de que os serviços eram prestados pelos trabalhadores diretamente à ACRUX é suficiente para que eu encaminhe pela procedência do lançamento. Conclusão Voto por negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 2442DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 20/03/2 015 por CAROLINA WANDERLEY LANDIM, Assinado digitalmente em 20/03/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO , Assinado digitalmente em 23/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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Numero do processo: 10855.720939/2013-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2010 a 31/01/2012
DÉBITOS NÃO DECLARADOS EM DCTF. DCOMP CONSIDERADA NÃO DECLARADA. INEXISTÊNCIA DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
É necessário o lançamento de ofício da diferença dos débitos da Cofins omitidos na DCTF, mesmo que conste do DACON ou de Declaração de Compensação apresentada pelo Contribuinte e considerada não declarada em face do crédito utilizado na compensação referir-se a títulos da dívida pública federal.
MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE DECLARAÇÃO DOS DÉBITOS NA DCTF.
É cabível a aplicação da multa de ofício, por falta de declaração, em relação aos débitos calculados e informados no Dacon, ou incluídos em DCOMP considerada não declarada, mas não confessados na DCTF.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE.
É legítima a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa Selic.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-002.863
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 27/02/2015
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator. EDITADO EM: 27/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
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DCOMP CONSIDERADA NÃO DECLARADA. INEXISTÊNCIA DE CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. É necessário o lançamento de ofício da diferença dos débitos da Cofins omitidos na DCTF, mesmo que conste do DACON ou de Declaração de Compensação apresentada pelo Contribuinte e considerada não declarada em face do crédito utilizado na compensação referirse a títulos da dívida pública federal. MULTA DE OFÍCIO. FALTA DE DECLARAÇÃO DOS DÉBITOS NA DCTF. É cabível a aplicação da multa de ofício, por falta de declaração, em relação aos débitos calculados e informados no Dacon, ou incluídos em DCOMP considerada não declarada, mas não confessados na DCTF. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGITIMIDADE. É legítima a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa Selic. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 72 09 39 /2 01 3- 10 Fl. 943DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10855.720939/201310 Acórdão n.º 3302002.863 S3C3T2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 27/02/2015 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Por bem representar os fatos, transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida, como segue: A contribuinte supracitada foi lançada de oficio devido a constatação de falta/insuficiência de recolhimento PIS não cumulativo, de novembro de 2010 a janeiro de 2012, com multa ordinária de 75% (setenta e cinco por cento). Resultou num crédito tributário de R$ 7.509.458,27, conforme Auto de Infração de fls.782/788, cientificado em 11/04/2013 (A. R. de fl.793). A falta/insuficiência de recolhimento, conforme Relatório Fiscal de fls.778/781, que faz parte da descrição dos fatos do Auto de Infração (fls.783), ocorreu porque a contribuinte apresentou declaração de compensação que foi considerada não declarada, face o impedimento legal para que os alegados créditos utilizados, decorrentes de título público sob a denominação de “Obrigações do Reaparelhamento Econômico”, fossem utilizados para compensação tributária no âmbito da RFB. Então, foram lançados os valores de débitos contidos nas DCOMPs consideradas não declaradas para fins de constituição e exigibilidade destes. A legislação infringida consta de fls.783, compondo o Auto de Infração. Irresignada, a contribuinte apresenta impugnação, de fls.797/828. Nesta, começa descrevendo o fundamento do lançamento fiscal, para depois atacálo. Preliminarmente, alega a nulidade do lançamento. Argumenta que os valores objetos de confissão de dívida, em declaração de compensação considerada não declarada, são objetos de cobrança imediata, nos termos do art. 74 da Lei 9430/1996 e nos artigos 34 e 39 da IN 900/2008. Como os débitos do presente litígio seriam objeto de DCTFs (Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais), conforme constaria de documentos anexados aos autos, que são confissões de dívidas (DecretoLei 2.124/1984), não necessitariam de nova constituição e/ou lançamento fiscal, devendo ser anulado o Auto de Infração e exigido multa de mora sobre os valores confessados em DCTF. No mérito, argumenta fez as compensações utilizando créditos decorrentes de empréstimo compulsório cobrado como adicional de imposto de renda, oriunda do Fl. 944DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10855.720939/201310 Acórdão n.º 3302002.863 S3C3T2 Fl. 4 3 processo administrativo nº 18186.721901/201215, cujo arrimo legal está amparado na Lei 1.474/1951, vulgarmente denominado como Fundo de Reaparelhamento Econômico. Tais créditos não poderiam ter sido considerados como não tendo natureza tributária, utilizando o §12º do art.74 da Lei 9.4340/1996 para indeferir o pleito compensatório, pois, segundo a contribuinte, eles teriam natureza tributária. Os créditos apresentados nas declarações de compensação teriam natureza tributária porque o empréstimo compulsório teria natureza tributária, nos termos da Emenda Constitucional nº 1/1969, que deu nova redação ao art. 21, §2º, II, da Constituição Federal de 1967, muito menos na Constituição Federal de 1988, pois é previsto no art. 148, apresentando doutrina e jurisprudência. Por isso, as cártulas vinculadas às Obrigações do Reaparelhamento Econômico não se caracterizariam como títulos públicos adquiridos pelos particulares em livre manifestação de vontade contratual, pois tal caracterização seria uma interpretação reducionista, mas sim como títulos (função instrumental e documental comprobatória dessa relação extracontratual entre o estado e particulares) decorrentes da natureza jurídica do empréstimo compulsório. Fazendo uma evolução histórica, argumenta os títulos vinculados às Obrigações do Reaparelhamento Econômico não poderiam ser consolidadas como dívida pública interna fundada e nem trocados por títulos de recuperação financeira (Lei 4.069/1962, art.12 e art.53, caput e §2º), pois representavam obrigações vincendas de natureza tributária. Posteriormente, o Banco Central, através da Resolução nº 65, de 05.09.67, determinou que as devoluções do empréstimos, pagos de 1952 a 1957, fossem garantidas pela entrega compulsórias das Obrigações do Reaparelhamento Econômico, enquanto que para os adicionais pagos, a título de empréstimo compulsório, de 1958 a 1964, com base na lei deles institutiva, foi autorizada a compensação com IR devido a partir de 1968 e observada escala do DecretoLei 349/1968. Então caberia ao Banco Central proceder a restituição do empréstimo. As Delegacias Fiscais que passaram a denominarse “Receita Federal” (cf. Dec. 63.659, de 20.11.68) em 1968 se responsabilizariam pela restituição (ou compensação) de tais débitos perante os demais contribuintes. Tempos após, a vigência desse empréstimo foi prorrogada pela L. 2.973, de 26.11.56, sem modificação das condições jurídicas anteriores. Diante da evolução histórica, a contribuinte reafirma que as cártulas vinculadas às Obrigações do Reaparelhamento Econômico se caracterizariam como créditos originários de exigência de empréstimos compulsório e passíveis de compensação com créditos tributários da União, conforme doutrina e jurisprudência do STF, de 05/09/78, no RE 87.045SP. Por conseguinte, segundo a litigante, são as Obrigações do Reaparelhamento Econômico oriundas dos empréstimos arrecadados como adicional do imposto de renda e, portanto, administrados os respectivos recursos pela Secretaria da Receita Federal, ao contrário de outros títulos, como os empréstimos compulsórios em favor da Petrobrás e da Eletrobrás, que foram administrados pelo Ministério das Minas e Energia. Então, o valor das cártulas poderia servir para o encontro de contas ou compensação, visto representarem créditos devidos e ainda não pagos, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996. Continuando a contestação, é alegado o afastamento da multa de ofício, no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), no caso de nulidade do lançamento, devendo ser exigido a multa moratória no percentual de 20% (vinte por cento), nos termos do art.61 da Lei 9.430/1996, sobre os tributos declarados, mas supostamente não recolhidos. Fl. 945DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10855.720939/201310 Acórdão n.º 3302002.863 S3C3T2 Fl. 5 4 Ainda alega a inaplicabilidade da taxa Selic como juros de mora, trazendo jurisprudência do STJ para fundamentar seu argumento, e/ou porque pode ser a vir declarada inconstitucional, e a impossibilidade da incidência de juros Selic sobre a multa de ofício, quando esta é lançada conjuntamente com o principal do débito, nos termos da jurisprudência do CARF. Por fim, solicita a realização de diligência a fim de comprovar a veracidade e/ou existência dos documentos ora juntados, visando um melhor convencimento, caso conveniente e necessário. A 2a Turma de Julgamento da DRJ em Porto Alegre RS julgou procedente o lançamento, nos termos do Acórdão no 1046.993, de 24/10/2013, cuja ementa abaixo se transcreve. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2010 a 31/01/2012 NULIDADE/ANULABILIDADE HIPÓTESES NORMATIVAS. A declaração de nulidade/anulabilidade do lançamento ocorre quando os fatos se enquadram as hipóteses descritas no art.59 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972. Não se encontrando os fatos nas hipóteses legais, concomitante com o conhecimento dos fatos que fundamentam o lançamento demonstrado pela interposição de impugnação referente ao mérito do litígio, não cabe se falar de nulidade/anulabilidade do Auto de Infração. DCOMPS NÃO DECLARADAS INEXISTÊNCIA DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS DA CONTRIBUINTE LANÇAMENTO DOS DÉBITOS INDEVIDAMENTE COMPENSADOS. A inexistência de crédito tributário da contribuinte pleiteado em Dcomps consideradas não declaradas gera o lançamento de ofício sobre os débitos tributários desta indevidamente compensados. MULTA DE OFÍCIO JUROS DE MORA APLICAÇÃO. A multa de ofício e os juros de mora aplicados nos ditames da legislação de regência devem ser mantidos, haja vista que não se aprecia alegação de inconstitucionalidade ou ilegalidade na esfera administrativa, por ser prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. Ciente desta decisão em 22/11/2013 (conforme Termo de Abertura de Documento), a interessada ingressou, no dia 12/12/2013, com Recurso Voluntário, no qual renova os fundamentos da impugnação. Na forma regimental, o recurso voluntário foi distribuído para relatar. É o Relatório. Fl. 946DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10855.720939/201310 Acórdão n.º 3302002.863 S3C3T2 Fl. 6 5 Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais. Dele se conhece. Como relatado, trata o presente processo de auto de infração lavrado em razão de PER/DCOMP apresentado pela Recorrente ter sido considerada "não declarada", em face do impedimento legal previsto no art. 74, § 12º, inciso II, alíneas "c" e "e", da Lei nº 9.430/96, com as alterações posteriores. O valor da contribuição lançada em cada período de apuração foi o valor informado na referida DCOMP, que representa o valor não declarado em DCTF ou não pago. Não há questão preliminar a ser analisada, tendo em vista que a única preliminar suscitada na impugnação foi transportada, pela Recorrente, para o mérito do Recurso Voluntário. Passemos ao exame das questões de mérito. Alega a Recorrente que não é necessário efetuar o lançamento de ofício porque os débitos foram confessados no DACON e na DCOMP, tendo o Fisco se utilizado dessas informações para efetuar o lançamento, devendo ser afastada a multa de ofício e aplicado a multa de mora. Entende a Recorrente que o DACON e a DCOMP representam confissão de dívida, passível de inscrição em Dívida Ativa da União (DAU). Como brilhantemente disse a decisão recorrida, na compensação considerada não declarada não ocorre confissão de dívida (§ 13º do art. 74 da Lei nº 9.430/96), devendo a autoridade efetuar o competente lançamento de ofício, conforme dispõe o art. 46, § 3º, da IN RFB nº 1.300/2012. Logo, não servindo a DCOMP apresentada pela Recorrente para confessar dívida, o débito deve ser lançado de ofício com a multa prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96. Em relação as alegações sobre a possibilidade de utilização das chamadas Obrigações do Reaparelhamento Econômico que, segundo a Recorrente, são oriundos dos empréstimos arrecadados como adicional do imposto de renda (portanto, têm natureza tributária), certo é que hoje as mesmas não são nem receita, nem indébitos de impostos ou contribuições administradas pela SRF e, muito menos, são ditas obrigações administradas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Portanto, correta a decisão da Autoridade da RFB de indeferir o pedido de restituição e de considerar "não declarada" a Declaração de Compensação, por força do que determina o art. 74, §§ 12 e 13 da Lei nº 9.430/96. No que tange à cobrança da multa de ofício, a recorrente alegou que, por ter confessado os débitos em DACON e DCOMP, e a Fiscalização se utilizado dessa informação para lavrar o Auto de Infração, não procede o lançamento da multa de ofício, devendo incidir somente a multa de mora. Fl. 947DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10855.720939/201310 Acórdão n.º 3302002.863 S3C3T2 Fl. 7 6 Não procede alegação da recorrente, haja vista que, conforme demonstrado no tópico anterior, os débitos lançados não eram exigíveis da Recorrente, por não estarem confessados em DCTF ou DCOMP regular, devendose efetuar o seu lançamento de ofício com a competente multa prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430/96. Há provas nos autos, não contestadas pela recorrente, que demonstram que a recorrente omitiu, nas respectivas DCTFs, parte considerável dos débitos de PIS, ensejando a aplicação da multa de ofício tipificada no citado preceito legal. Por todas essas razões, fica demonstrada a procedência aplicação da multa de ofício em questão e, por conseguinte, rejeitada a alegação de insubsistência da dita multa de ofício, suscitada pela recorrente. Com relação à utilização da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, o CARF firmou entendimento de que a mesma é cabível, a teor da Súmula CARF no 4 (DOU de 22/12/2009), abaixo reproduzida: Súmula CARF no 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ainda sobre a utilização da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, na sessão do dia 18/05/2011, o Pleno do STF julgou o RE 582.461, cujas matérias questionadas foram reconhecidas como de repercussão geral. Nesse julgamento o STF reconheceu legítima a incidência da taxa Selic como índice de atualização dos débitos tributários pagos em atraso. Tal decisão é de aplicação obrigatório por parte deste CARF, nos termos do art. 62A do seu Regimento Interno. Por fim, ratifico e, supletivamente, adoto os fundamentos da decisão recorrida, que tenho por boa e conforme a lei (art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19991). Por tais razões, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 948DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10855.720939/201310 Acórdão n.º 3302002.863 S3C3T2 Fl. 8 7 Fl. 949DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10935.003923/2006-20
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 17 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO
Não provada violação das disposições contidas no art. 142 do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59 do Decreto nº. 70.235, de 1972 e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento.
CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA.
Não há cerceamento ao direito de defesa do contribuinte quando a ele foram conferidas todas as oportunidades de manifestação, tanto na fase de fiscalização, quanto na impugnatória e recursal, sempre com observância aos ditames normativos do Decreto nº 70.235/72.
QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. FISCALIZAÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE.
Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos, a utilização de informações financeiras pelas autoridades fazendárias não viola o sigilo de dados bancários, em face do que dispõe não só o Código Tributário Nacional (art. 144, § lº), mas também a Lei 9.311/96 (art. 11, § 32, com a redação introduzida pela Lei 10.174/2001) e a Lei Complementar 105/2001 (arts. 5º e 6º), inclusive podendo ser efetuada em relação a períodos anteriores à vigência das referidas leis.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL.
O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas.
Trata-se de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos.
ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4)
Preliminares Rejeitadas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2801-004.049
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário. Vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre, Eivanice Canário da Silva e Adriano Keith Yjichi Haga que acolhiam essa preliminar. Por unanimidade de votos, rejeitar as demais preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente e Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canario da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN
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CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. Não há cerceamento ao direito de defesa do contribuinte quando a ele foram conferidas todas as oportunidades de manifestação, tanto na fase de fiscalização, quanto na impugnatória e recursal, sempre com observância aos ditames normativos do Decreto nº 70.235/72. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. FISCALIZAÇÃO. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE. Conforme entendimento fixado pelo STJ, em sede de recursos repetitivos, a utilização de informações financeiras pelas autoridades fazendárias não viola o sigilo de dados bancários, em face do que dispõe não só o Código Tributário Nacional (art. 144, § lº), mas também a Lei 9.311/96 (art. 11, § 32, com a redação introduzida pela Lei 10.174/2001) e a Lei Complementar 105/2001 (arts. 5º e 6º), inclusive podendo ser efetuada em relação a períodos anteriores à vigência das referidas leis. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. O art. 42 da Lei no 9.430, de 1996, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 39 23 /2 00 6- 20 Fl. 217DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10935.003923/200620 Acórdão n.º 2801004.049 S2TE01 Fl. 218 2 Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas. Tratase de presunção legal onde, após a intimação do Fisco para que o fiscalizado comprove a origem dos depósitos, passa a ser ônus do contribuinte a demonstração de que não se trata de receitas auferidas, sob pena de se considerar aquilo que não foi justificado como omissão de rendimentos. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4) Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de prova ilícita por quebra de sigilo bancário. Vencidos os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre, Eivanice Canário da Silva e Adriano Keith Yjichi Haga que acolhiam essa preliminar. Por unanimidade de votos, rejeitar as demais preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente e Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canario da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 4ª Turma da DRJ/CTA. Por bem descrever os fatos, reproduzse abaixo o relatório da decisão recorrida: Contra o contribuinte supraidentificado foi lavrado o Auto de Infração de Imposto de Renda de Pessoa Física IRPF de fls. 89 Fl. 218DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10935.003923/200620 Acórdão n.º 2801004.049 S2TE01 Fl. 219 3 a 91, do qual fazem parte o demonstrativo de apuração de fl. 87, o demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 88, o termo de encerramento de fl. 92, o termo de verificação fiscal de fls. 93 a 95 e os demais documentos e demonstrativos constantes dos autos, que lhe exige o recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 464.638,93, sendo R$ 219.687,44 de imposto e R$ 164.765,58 de multa de oficio de 75%, prevista no art. 44, I, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, além de R$ 80.185,91 de juros de mora calculados até 31/07/2006. Decorreu tal lançamento da apuração de omissão de rendimentos, caracterizada por depósitos bancários cujas origens não foram comprovadas, conforme detalhado no termo de verificação fiscal de fls. 93/95 e no auto de infração à fl. 90. O enquadramento legal da exigência reportase ao art. 1° da Medida Provisória 22, de 2002, convertida na Lei 10.451, de 10 de maio de 2002; e ao art. 849 do Regulamento do Imposto de Renda — RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.° 3.000, de 26 de março de 1999, (fl. 91). Cientificado do lançamento, em 29/08/2006 (fls. 97/99), o contribuinte apresentou, em 26/09/2006, a impugnação de fls. 100 a 107. Após breve relato dos fatos, preliminarmente propugna pela nulidade do lançamento por preterimento do direito de defesa, em face da inaplicabilidade dos dispositivos legais utilizados em sua fundamentação, pois "tratam genericamente da sistemática de tributação, sendo impertinentes às supostas infrações cometidas pelo impugnante como estipulado na autuação, motivo pelo qual deve ser reconhecida e decretada a nulidade do presente feito". Ainda em preliminar, argúi a nulidade do auto de infração por inobservância da forma prescrita em lei para sua válida constituição, bem como pelo preterimento ao direito de defesa, uma vez que não haveria "a mínima condição de vincular o procedimento adotado pelos dignos autuantes em sua forma de constituir o presente auto de infração, aos artigos tidos como infringidos e que dão suporte ao seu enquadramento legal, exigido obrigatoriamente para ser válida a constituição do mesmo". No mérito, diz que a exigência fiscal é indevida porque "toda a contabilidade do Impugnante comprova que nunca ocorreu a alegada omissão de receitas". Contesta a cobrança de juros moratórios com a utilização da taxa SELIC, por ser ilegal. Por fim, requer seja julgado improcedente a totalidade do crédito exigido e protesta genericamente pela produção de provas e concessão de prazo nesse sentido. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10935.003923/200620 Acórdão n.º 2801004.049 S2TE01 Fl. 220 4 A impugnação foi julgada improcedente, conforme Acórdão de fls. 136/142, que restou assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2004 Ementa: PRELIMINARES. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO LEGAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. Rejeitase as preliminares quando a infração apurada subsume se à hipótese prevista na norma que fundamentou a imposição fiscal, não se caracterizando o cerceamento de defesa ou a falta de fundamentação legal do feito. OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS ARTIGO 42 DA LEI N° 9.430 de 1996. A presunção legal de omissão de receitas, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Nos termos do artigo 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, cumpre ao contribuinte instruir a peça impugnatória com todos os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, precluindo o direito de fazêlo em data posterior. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1995, serão acrescidos na via administrativa ou judicial, de juros de mora equivalentes, a partir de 01/04/1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Lançamento Procedente Regularmente cientificado daquele acórdão em 04/01/2007 (fl. 147), o Interessado interpôs recurso voluntário de fls. 148/155, em 30/01/2007. Em sua defesa, reitera os argumentos expendidos na impugnação. É o Relatório. Voto Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora. Fl. 220DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10935.003923/200620 Acórdão n.º 2801004.049 S2TE01 Fl. 221 5 O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Quanto à alegada nulidade, o Recorrente não aponta nenhum vício que possa levar a essa conseqüência. Compulsandose os autos, verificase que, ao contrário, o procedimento fiscal ocorreu segundo procedimento definidos nas normas que regem o processo administrativo fiscal e, da mesma forma, a atuação se deu segundo essas mesmas normas. A Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is), fls 104/105, e o Termo de Verificação Fiscal, fls. 107/19, expõe todos os fatos que culminaram na autuação, com indicação dos dispositivos legais infringidos, sendo certo que a omissão de rendimentos se dá no sentido de que a omissão de rendimentos apurada é decorrente da falta de comprovação da origem dos depósitos bancários creditados em contas mantidas pelo Contribuinte em instituição financeira. Também não há cerceamento ao direito de defesa do contribuinte quando a ele foram conferidas todas as oportunidades de manifestação, tanto na fase de fiscalização, quanto na impugnatória e recursal, sempre com observância aos ditames normativos do Decreto nº 70.235/72. Não vislumbro, portanto, vício que possa ensejar a nulidade do lançamento, razão pela qual rejeito a preliminar. Ratificando decisões reiteradas desta Turma Julgadora, rejeito a preliminar suscitada quanto à nulidade do lançamento por falta de autorização judicial para obtenção de dados bancários do contribuinte. De acordo com o entendimento do STJ no julgamento de recurso especial Resp n° 1.134.665SP, tramitado sob o procedimento dos recursos repetitivos, a utilização de informações financeiras pelas autoridades fazendárias não viola o sigilo de dados bancários, em face do que dispõe não só o Código Tributário Nacional (art. 144, § lº), mas também a Lei 9.311/96 (art. 11, § 32, com a redação introduzida pela Lei 10.174/2001) e a Lei Complementar 105/2001 (arts. 5º e 6º), inclusive podendo ser efetuada em relação a períodos anteriores à vigência das referidas leis. Ou seja, a autoridade fazendária pode ter acesso direto às operações bancárias do contribuinte anteriores a 10.01.2001, como preconiza a Lei Complementar nº 105/01, sem o crivo do Judiciário, não havendo que se falar em ofensa ao princípio da irretroatividade da lei tributária, porquanto a Lei Complementar nº 105/01, como a Lei nº 10.174/01, não instituem ou majoram tributos, mas apenas dotaram a Administração Tributária de instrumentos legais aptos a promover a agilização e o aperfeiçoamento dos procedimentos fiscais. Assim, até que o STF decida a questão de forma definitiva, o entendimento do STJ é de observância obrigatória pelos julgadores do CARF, a teor do que dispõe o art. 62 A do Regimento Interno do Conselho, verbis: Artigo 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10935.003923/200620 Acórdão n.º 2801004.049 S2TE01 Fl. 222 6 Quanto à exigência do IRPF sobre omissão de rendimentos caracterizada pela existência de depósitos bancários cuja origem não foi comprovada pelo sujeito passivo, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 prevê expressamente que os valores creditados em conta de depósito que não tenham sua origem comprovada caracterizamse como omissão de rendimento para efeitos de tributação do imposto de renda, nos seguintes termos: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” Essa presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, da origem dos recursos. Assim, após devidamente intimado a esclarecer a origem dos depósitos, passou a ser do recorrente o ônus dessa comprovação, mediante documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores com os depósitos bancários. Não servem como prova argumentos genéricos, que não façam a correlação inequívoca entre os depósitos e as origens indicadas. No caso, o Recorrente sustenta que a exigência fiscal é indevida porque toda a sua contabilidade comprova que nunca ocorreu a alegada omissão de receitas. Entretanto, como bem ressaltou a decisão recorrida, não trouxe nenhum documento ou qualquer outro elemento que suportasse esta afirmação. Portanto, não merece reparos o lançamento no que se refere a esse aspecto. No tocante à análise das alegações de inconstitucionalidade e legalidades de normas que respaldam o procedimento fiscal, importante esclarecer que não pode ser objeto de verificação por parte deste Colegiado, conforme entendimento consolidado na Súmula CARF nº 2, de aplicação obrigatória no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a saber: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Relativamente à aplicação dos juros Selic, cabe trazer à colação a Súmula CARF n° 4, que assim dispõe: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Fl. 222DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10935.003923/200620 Acórdão n.º 2801004.049 S2TE01 Fl. 223 7 Fl. 223DF CARF MF Impresso em 17/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 16/03/201 5 por TANIA MARA PASCHOALIN
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Numero do processo: 15940.720169/2012-89
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 30/11/2008
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP - OMISSÃO DE FATOS GERADORES. Constitui infração à legislação apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias.
PROVAS. A dilação probatória fica condicionada à sua necessidade na formação da convicção da autoridade julgadora.
PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. MULTA GFIP. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
A multa deverá ser recalculada, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao artigo 32-A da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte.
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. AFASTAMENTO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa é incompetente para afastar a aplicação da legislação vigente em decorrência da argüição de sua inconstitucionalidade ou ilegalidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2403-002.971
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo do valor da multa, de acordo com o disciplinado no art. 32-A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Ewan Teles Aguiar - Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Ewan Teles Aguiar, Marcelo Magalhães Peixoto e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas.
Nome do relator: EWAN TELES AGUIAR
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GFIP OMISSÃO DE FATOS GERADORES. Constitui infração à legislação apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. PROVAS. A dilação probatória fica condicionada à sua necessidade na formação da convicção da autoridade julgadora. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. MULTA GFIP. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A multa deverá ser recalculada, com base na redação dada pela Lei 11.941/2009 ao artigo 32A da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. AFASTAMENTO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa é incompetente para afastar a aplicação da legislação vigente em decorrência da argüição de sua inconstitucionalidade ou ilegalidade. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 94 0. 72 01 69 /2 01 2- 89 Fl. 202DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo do valor da multa, de acordo com o disciplinado no art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Ewan Teles Aguiar Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Ewan Teles Aguiar, Marcelo Magalhães Peixoto e Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas. Fl. 203DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15940.720169/201289 Acórdão n.º 2403002.971 S2C4T3 Fl. 156 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente – SANATÓRIO SÃO JOÃO LTDA contra Acórdão nº 1441.561 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto RPO , que julgou procedente a autuação. O que se discute nos autos em análise é o AI lavrados em 20/11/2012, sendo cientificado o contribuinte em 20/11/2012, assim descritos: ► DEBCAD 37.069.2276 decorrente do descumprimento da obrigação tributária acessória prevista no artigo 32, IV, § 5o da Lei n° 8.212/91 e artigo 225, IV e § 4o do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999. Referida obrigação corresponde à apresentação da GFIP pela empresa com dados correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Foi aplicada a multa fundamentada no artigo 32, § 5 da Lei n° 8.212/91 e artigos 284, II e 373 do RPS, no valor de R$ 145.540,80 (cento e quarenta e cinco mil, quinhentos e quarenta reais e oitenta centavos). Nos termos do Relatório Fiscal, a autuada foi intimada a apresentar o Registro de Entidade Beneficente de Assistência Social no CNAS tendo apresentado resposta com o conteúdo seguinte: Ingressou com ação cautelar em 25/02/2000 na qual foi proferida decisão liminar suspendendo a exigibilidade do crédito tributário. Em 11/04/2000 ingressou com ação declaratória requerendo o reconhecimento do seu caráter beneficente. A União recorreu, sendo concedido inicialmente efeito suspensivo e, em 05/04/2010, mantendose a decisão que determinava a suspensão da exigibilidade do crédito. Foi dado provimento ao agravo de instrumento. A ação declaratória aguarda o julgamento definitivo da ADI 2028, de modo que, segundo a autuada, faz jus à utilização do código de entidade beneficente o que será corroborado com o julgamento da ação declaratória. Em 07/08/2012 foi publicada sentença julgando improcedente a cautelar e a ação declaratória mencionadas anteriormente, dando azo ao lançamento que integra o presente AI. Durante a ação fiscal, foi constatado que a autuada entregou GFIP com código FPAS 639 (próprio de entidade filantrópica) nas competências 06/2007 a 11/2008. Também foi constatada a omissão em GFIP da remuneração dos segurados “Zulmira R Ramalho” e “Juliana Sapia Paque” constante em folhas de pagamento, do segurado “Paulo Fernando de Moraes Nicolau” constante no Livro Diário, e dos contribuintes Fl. 204DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 individuais registrados na conta “Honorários advocatícios/Custas periciais”. A contribuição dos segurados empregados constante em folhas de pagamento corresponde ao montante registrado na contabilidade, porém, os valores declarados em GFIP estão a menor. Irresignada, a autuada apresentou impugnação na qual alega que: Por decisão judicial, o fisco está impedido de constituir o crédito tributário, ainda que com o objetivo de prevenir a decadência, antes do julgamento definitivo da ADI 2028; A autuada goza de imunidade, inclusive reconhecida judicialmente. A suspensão da exigibilidade do crédito perdurou de 2000 a 2008, quando provido agravo de instrumento que reformou a liminar concedida em sede de ação cautelar. Foi proferida sentença julgando improcedentes os pedidos da autuada, contudo, referida decisão não encontra respaldo no ordenamento jurídico vigente, pois é equivocado o entendimento de que os requisitos para fruição da imunidade possam ser instituídos por lei ordinária. Discorre acerca da controvérsia do tema e afirma que o STF ainda não sedimentou entendimento quanto ao tema. A fiscalização baseouse em decisão proferida pelo STF em 1999, quando da análise de pedido de concessão de liminar em Ação Direta de Inconstitucionalidade. Referido entendimento já está ultrapassado, “sendo certo que o Supremo Tribunal Federal adotará medidas para proceder ao julgamento conforme determina a boa técnica, pugnando pela inconstitucionalidade de qualquer requisito para fruição de imunidades tributárias que esteja sendo veiculado por intermédio de lei ordinária”. Da referida sentença, foi interposta apelação em 22/08/2012, pendente de julgamento no TRF. Discorre a respeito da imunidade tributária, da importância dos serviços de saúde, dos princípios constitucionais aplicáveis. Aduz que o fisco está descumprindo a decisão judicial, ainda que não definitiva, que obsta o nascimento da obrigação tributária. Descreve as dificuldades enfrentadas na administração da instituição, inclusive com interdição judicial de uma das sócias. Aduz que os atos praticados por esta sócia não são válidos. Menciona a crise financeira enfrentada e informa que caso não sejam excluídos os créditos lançados não lhe restará outra alternativa além de recorrer ao Poder Judiciário. Resume seus argumentos concluindo que o crédito não poderia existir pois, conseqüência de uma administração desastrosa e contrário à decisão judicial. Impetrou mandado de segurança objetivando consolidar seus débitos no parcelamento previsto na Lei n° 11.941/2009 (Refis da Crise). Mesmo a ação mandamental ainda não tendo sido julgada, a fiscalização não poderia efetuar o lançamento. Fl. 205DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15940.720169/201289 Acórdão n.º 2403002.971 S2C4T3 Fl. 157 5 Esclarece que renunciou às discussões judiciais, pagando as parcelas no valor estipulado até o mês anterior ao da consolidação, mas ainda assim, o fisco lhe negou o direito à consolidação do parcelamento. Não pode subsistir a multa aplicada. Não houve pagamento parcial ou a menor, não houve preenchimento equivocado da GFIP e, não houve falta de declaração ou declarações inexatas. Para a qualificação da multa é necessário que haja a comprovação da intenção de fraude, o que não se verifica no caso concreto. Invoca o princípio da vedação ao confisco e alerta pela impossibilidade de pagamento dos valores excessivos. Ao final, pugna pela nulidade do processo ante a inobservância da decisão judicial, pela desconstituição dos AI que integram o feito, a exclusão da multa ou sua redução, bem como dos juros aplicados ao mínimo possível, além da realização das necessárias diligências, inclusive pericial, bem como a produção de todas as provas admitidas. A impugnação apreciada pela 9ª Turma da DRJ/São José do Rio Preto, manteve hígido o lançamento, tendo sido expressa a seguinte Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 30/11/2008 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP OMISSÃO DE FATOS GERADORES. Constitui infração à legislação apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. PROVAS. A dilação probatória fica condicionada à sua necessidade na formação da convicção da autoridade julgadora. MULTA. LEGISLAÇÃO VIGENTE AO TEMPO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Aplicase a multa prevista na legislação vigente à época da ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. MULTA. ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELA MP 449/2008. FATOS GERADORES ANTERIORES. LEGISLAÇÃO MENOS SEVERA. COMPARAÇÃO. A partir da vigência da MP 449/2008 é cabível caso ocorra o lançamento de ofício a multa prevista no artigo 44, I da Lei 9.430/96, que também será aplicada para os fatos geradores ocorridos no período anterior caso se mostre menos severa ao sujeito passivo do que a somatória da multa de mora mais a multa pelo descumprimento da obrigação acessória, previstas na legislação anterior à MP 449/2008. Fl. 206DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. AFASTAMENTO DA LEGISLAÇÃO VIGENTE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa é incompetente para afastar a aplicação da legislação vigente em decorrência da argüição de sua inconstitucionalidade ou ilegalidade. Intimada da Decisão em 23/05/2013(fls. 179), persistindo inconformado o contribuinte apresenta Recurso Voluntário, no qual repisa os argumentos trazidos quando de sua impugnação. É o relatório. Fl. 207DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15940.720169/201289 Acórdão n.º 2403002.971 S2C4T3 Fl. 158 7 Voto Conselheiro Ewan Teles Aguiar , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação nos autos. Avaliados os pressupostos, passo ao Mérito. QUANTO AO MÉRITO Do Requerimento pela Produção de Provas: A autuada requereu a produção de todas as provas necessárias e admitidas, inclusive prova pericial e diligências. O ordenamento jurídico contempla regras garantidoras da celeridade processual e, nesse sentido, os elementos trazidos aos autos são suficientes à formação da convicção necessária ao seu julgamento, cabendo o indeferimento do pleito para a produção de outras provas, posto serem desnecessárias, o que se faz com fulcro na Portaria 10.875/2007, artigo 11, e Decreto 70.235/72, artigo 18. Da obrigação tributária acessória descumprida: A autuação decorre da não declaração de fatos geradores em GFIP, em virtude da não inclusão de determinados segurados ou de determinados valores relativos a alguns segurados, encontrados em folhas de pagamento e na contabilidade, e em virtude da utilização de código FPAS relativo à entidade imune das contribuições previdenciárias sem que a autuada fizesse jus a esse benefício. Só esta última situação foi objeto da impugnação apresentada. A respeito, a autuada alegou que a autuação é contrária à decisão judicial, proferida em processo no qual pleiteia o reconhecimento de sua condição de entidade beneficente e, por conseguinte, beneficiária da imunidade das contribuições previdenciárias. Quanto a este particular, verificase que a autuada ingressou em juízo pleiteando o reconhecimento de sua condição de entidade beneficente e, por conseguinte, beneficiária da imunidade das contribuições previdenciárias. Pugnou, ainda, por provimento judicial que obstasse o lançamento e a cobrança das contribuições em questão. A autuada obteve decisão liminar, proferida em 28/02/2000 nos autos da Ação Cautelar 2000.61.12.0012080, que suspendeu a exigibilidade do crédito previdenciário, impedindo que a fiscalização lhe dirigisse qualquer medida punitiva. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 Esta decisão foi objeto de recurso de agravo de instrumento pelo INSS, no qual não foi concedido efeito suspensivo ainda em 2000, perdurando naquela ocasião o óbice ao lançamento. Posteriormente, em 28/10/2008, foi dado provimento a agravo de instrumento, afastando a decisão que impedia o lançamento do crédito tributário. Em 03/04/2009 foi proferida decisão nos autos da ação declaratória suspendendo o feito até o julgamento da ADI 2028, indeferindo a possibilidade de lançamento para evitar a ocorrência da decadência. Mais tarde, em 21/05/2012, foi prolatada nova decisão na ação em questão, reconsiderando a anterior e autorizando o lançamento, com vista ao afastamento da decadência, vedando qualquer medida executiva ou obstativa de direito. Ambas as ações (cautelar e declaratória) foram julgadas improcedentes, conforme sentença publicada em 07/08/2012. Foi interposto recurso de apelação pela autuada, cujo recebimento nos efeitos devolutivo e suspensivo ocasionou os embargos de declaração da União apresentados em 15/10/2012, aventando a possibilidade de constituição do crédito tributário. Analisando este recurso, o juízo de primeira instância exarou o despacho publicado em 14/12/2012 com o seguinte teor: “A parte requerida propôs Embargos de Declaração em face da decisão de fl. 2327, que recebeu a apelação no duplo efeito (devolutivo e suspensivo). Alega que não existe nos autos decisão judicial que suspenda a exigibilidade do crédito tributário ou impedindo o lançamento pela autoridade fiscal. Afirma, outrossim, que tal situação restou corroborada pela sentença que culminou na improcedência do pleito inicial. Pugna, portanto, pela ‘integração da decisão para suprir omissão relacionada à possibilidade de a União constituir e cobrar seus créditos tributários, haja vista o atual estado das coisas’, em outras palavras, que o recurso de apelação seja recebido no efeito meramente devolutivo. (...) Todavia, ao prolatar a sentença, a pretensão da parte autora foi julgada improcedente, oportunidade em que de forma expressa foi revogada a tutela antecipada concedida anteriormente. Nesse contexto, temse que após a prolação da sentença, nada obsta a autuação do fisco. (...) Contudo, em uma análise mais atenta, chegase a conclusão de que, mesmo recebida no duplo efeito, a apelação não tem o poder de restabelecer a antecipação da tutela anteriormente concedida, tendo em vista a completa descaracterização da verossimilhança da alegação, frente a sentença de improcedência do pedido. Assim, o efeito suspensivo da apelação não atinge o dispositivo da sentença que cassou a antecipação da tutela. (...) Fl. 209DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15940.720169/201289 Acórdão n.º 2403002.971 S2C4T3 Fl. 159 9 Desta forma, embora não subsista a alegada omissão, sirvome da oportunidade para esclarecer a dúvida trazida pela parte ré. No mais, procedase conforme determinado no despacho de fl. 2327.” Como se vê, por determinado período esteve em vigência decisão judicial que obstava a constituição do crédito tributário, mas quando lavrada a autuação não mais havia qualquer impedimento para que o fisco assim procedesse. Deste modo, não impedem o lançamento do crédito tributário e também a autuação pelo descumprimento da obrigação tributária acessória, a mera existência de ação judicial, sem qualquer provimento vigente em favor da autuada, e, da mesma forma, a ação mandamental mencionada na impugnação, na qual a autuada busca provimento judicial para ingressar no parcelamento especial previsto na Lei n° 11.941/2009, também sem decisão que lhe favoreça. Portanto, não é correta para a situação atualmente vigente, a afirmação contida na impugnação, às fls. 133/134, de que “conforme determinação do Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da 3a Vara Federal da Subseção Judiciária de Presidente Prudente, em decisão proferida no processo 000210962.2000.4.03.6112, não existe autorização para o Fisco sequer constituir os créditos”. Esta vedação, conforme visto, já restou superada. Ainda na peça impugnatória, mais adiante, a própria autuada revela que compartilha do entendimento de que a decisão que impedia a constituição do crédito tributário produziu efeitos em período anterior ao lançamento: “... o Sanatório esteve albergado por decisão judicial que suspende a exigibilidade do crédito tributário desde 2000 até 2008, quando provido Agravo de Instrumento que reformou a liminar concedida em sede de ação cautelar.” (fl. 136) Não há, portanto, desrespeito a qualquer decisão judicial. Não se pode considerar como óbice ao lançamento uma decisão que fora revogada em data anterior ao lançamento. Quanto ao mérito da questão referente à condição da autuada de entidade beneficente que faz jus à imunidade das contribuições previdenciárias – como se vê no relato das ações judiciais tal tema foi submetido à apreciação do Poder Judiciário, configurandose desta feita, obstáculo para que o assunto seja apreciado na esfera administrativa. A respeito, a matéria já se encontra sedimentada na Súmula 01 do CARF: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” Em remate, a apreciação de argumentos relativos ao acerto da decisão proferida pela Justiça Federal ou o possível desfecho da ADI 2028 não tem lugar no presente Voto, no qual não se analisará, portanto, o direito da autuada à imunidade pretendida. Quanto ao argumento de que houve a interdição judicial de uma das sócias da instituição e, por isso, os atos por ela praticados não são válidos, não há como se estabelecer um vínculo entre este fato e a obrigação tributária da qual resulta a autuação, que se originou Fl. 210DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 do entendimento da autuada, sem amparo em decisão judicial, de que fazia jus à imunidade tributária, entendimento este, que continua fazendo parte dos argumentos da autuada como se vê na impugnação e no recurso. E, quanto às dificuldades financeiras da instituição, é certo que a autoridade fiscal não pode por esse motivo, deixar de proceder ao lançamento – atividade plenamente vinculada nos termos do artigo 142 do CTN. Dos Juros e da Multa: Quanto aos juros não há qualquer reparo a ser feito ao acórdão recorrido. Os juros impostos à recorrente são aqueles dispostos na legislação de regência, não podendo a autoridade administrativa não aplicála no caso concreto, visto que a atuação de lançamento é vinculada e obrigatória nos termos do art. 142 do CTN. No que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da recente Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. A citada Lei 11.941/2009 alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas à GFIP. Para tanto, a Lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art.32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 211DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15940.720169/201289 Acórdão n.º 2403002.971 S2C4T3 Fl. 160 11 II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Art.106 A lei aplicase a ato ou fato pretérito: (...) II tratandose de ato não definitivamente julgado:(...) c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. No caso da presente autuação, a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, Lei nº 8.212/1991 e do art. 32, § 5º, da Lei nº 8.212/1991, o qual previa que pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no art. 32, § 4º, da Lei nº 8.212/1991. Para efeitos da apuração da situação mais favorável, há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte, conforme o art. 106, II, c, CTN: (a) a norma anterior, com a multa prevista no art. 32, inciso IV, Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 32, § 5º, Lei nº 8.212/1991 ou (b) a norma atual, nos termos do art. 32, inciso IV, Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 32A, Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei 11.941/2009. Nesse sentido, entendo que na execução do julgado, a autoridade fiscal deverá verificar, com base nas alterações trazidas, a situação mais benéfica ao contribuinte. CONCLUSÃO Voto no sentido de CONHECER do recurso, e no mérito DAR PROVIMENTO PARCIAL, tão somente no sentido de determinar o recálculo do valor da multa de acordo com o disciplinado no art. 32A da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009, prevalecendo o valor mais benéfico à recorrente. . É como voto. Ewan Teles Aguiar Fl. 212DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/03/2015 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 26/03/2 015 por EWAN TELES AGUIAR, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 11128.003097/2002-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 03/10/2001
Ementa:
CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIA, incidência dos impostos II e IPI
Nulidade pelo Cerceamento do direito de defesa: O litígio e a oportunização do oferecimento de defesa nos casos de classificação fiscal instaura-se com a apresentação de impugnação tempestiva ao auto de infração (art. 14 do Decreto nº 70.235/72), inexistindo cerceamento do direito de defesa quando, na fase de impugnação, foi concedida ao autuado oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos.
Prescrição Intercorrente: Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
classificação fiscal das mercadorias e das multas em decorrência do não recolhimento do II e do IPI em decorrência da incorreta classificação: Oportunizada ao contribuinte o direito de impugnar o laudo do LABANA e não o fazendo, deixando o contribuinte de infirmá-lo, assim como aos questionamentos levantados pela decisão recorrida, deve-se manter a decisão e a autuação.
Multa do art. 84, I da MP 2158: Tendo sido informada incorretamente a classificação fiscal das mercadorias, deve ser mantida, de per se, a multa prevista no art. 84, I da MP 2158.
Multa do art. 526, II do Decreto 91.030/85: O erro de classificação da mercadoria na Licença de Importação não equivale a importação desacompanhada do licenciamento, sendo inaplicável a multa de 30% do valor da mercadoria.
Juros de Mora à taxa SELIC: Súmula CARF no 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Recurso Voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3301-002.541
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, nos termos do Voto da relatora.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Fábia Regina Freitas - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Marcio Canuto Natal, Luiz Augusto de Couto Chagas, Maria Tereza Martinez Lopez, Mônica Elisa de Lima, e Fábia Regina Freitas (Relatora).
Nome do relator: FABIA REGINA FREITAS
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Prescrição Intercorrente: Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. classificação fiscal das mercadorias e das multas em decorrência do não recolhimento do II e do IPI em decorrência da incorreta classificação: Oportunizada ao contribuinte o direito de impugnar o laudo do LABANA e não o fazendo, deixando o contribuinte de infirmálo, assim como aos questionamentos levantados pela decisão recorrida, devese manter a decisão e a autuação. Multa do art. 84, I da MP 2158: Tendo sido informada incorretamente a classificação fiscal das mercadorias, deve ser mantida, de per se, a multa prevista no art. 84, I da MP 2158. Multa do art. 526, II do Decreto 91.030/85: O erro de classificação da mercadoria na Licença de Importação não equivale a importação desacompanhada do licenciamento, sendo inaplicável a multa de 30% do valor da mercadoria. Juros de Mora à taxa SELIC: Súmula CARF no 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 30 97 /2 00 2- 62 Fl. 486DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 2 Recurso Voluntário provido em parte. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, nos termos do Voto da relatora. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Fábia Regina Freitas Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Marcio Canuto Natal, Luiz Augusto de Couto Chagas, Maria Tereza Martinez Lopez, Mônica Elisa de Lima, e Fábia Regina Freitas (Relatora). Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em face da ora recorrente em razão da reclassificação das mercadorias por ela importadas. O mencionado Auto exige a diferença de II e IPI decorrente da mencionada reclassificação das mercadorias, bem como multa de ofício de 75%, juros de mora, multa por falta de licenciamento na importação e multa regulamentar do art. 84, I, da Medida Provisória 2158/2001. As mercadorias objeto da presente autuação foram descritas pelo contribuinte na DI n. 01/09749078, de 03/10/2001 da seguinte forma: 2.400 Kg do produto denominado "HYDROXYBUTOXPYRIDIN 278 BER.100%“6AMINO4METIL3CIANO2HIDROXIBUTOXIPROPILAM INOPIRIDINA, teor: 54,8 a 70% aprox.; qualidade: Industrial, estado físico: líquido, finalidade: matéria prima utilizada na fabricação de corantes dispersos p/ indústria têxtil; 8.400 Kg do produto denominado "AMINOPHENOXYPROPYLPYRIDIN" 2 FENOXIETOXIPROPILAMINO3CIANO4METIL6HIDROXIETIL AMINOPIRIDINA, teor: 45 63% DIETÁNOLPIRIDINA: 2,5% MAX.DIFENOXIPROPLPIRIDINA: 3,5% qualidade: Industrial estado físico: líquido pastoso cor escura finalidade: matéria prima utilizada na fabricação de corantes dispersos para indústria têxtil. As mencionadas mercadorias, com as descrições supramencionadas, foram classificadas pelo contribuinte no código NCM 2933.39.99, com alíquotas de II e IPI DE 9%, pautado em Laudos Técnicos emitidos pela própria DYSTAR às fls.64/83. De posse desses elementos e das amostras das mercadorias, a fiscalização encaminhou as mesmas para Laudo Técnico do LABANA às fls. 88/95, posteriormente Fl. 487DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 3 3 complementado em razão de quesitos formulados pela Receita Federal (fls. 97/98), às fls. 100/114. No mencionado laudo, a conclusão foi a seguinte: Em relação à mercadoria descrita como HYDROXYBUTOXPYRIDIN: Tratase de Mistura de Reação constituída de 6Amino2[[ 34( Hidroxibutoxi)Propil] Amino}4Metil3Piridinocarbonitrila, Álcool Isobutílico e Água, um produto de constituição química não definida, Produto à base de Compostos Orgânicos não especificado nem compreendido em Outras Posições, um Produto Diverso das Indústrias Químicas "; Com respeito à mercadoria classificada como AMINOPHENOXYPROPYLPYRIDIN: "tratase de Preparação constituída de 6[( 2Hidroxietil) Amino]4Metü2{{ 3( 2Fenoxietoxi Propil}Amino) 3Piridinocarbonitrila e de compostos com grupamentos Oxialquilenado e Carbonilado, Outra Preparação das Indústrias Químicas, não especificada nem compreendida em outras posições, um Outro Produto ou Preparação à base de Compostos Orgânicos, não especificados nem compreendidos em Outras Posições”. Com base nessas conclusões, o Fisco entendeu que o Capítulo 29 da NESH não era o que melhor se aplicava ao caso concreto, sendo mais razoável classificálas no capítulo 3824.90.89, ainda mais depois de constatadas consideráveis divergências entre as informações a respeito da própria constituição dos produtos e a sua forma de utilização final. A contribuinte apresentou impugnação (fl. 162/196), mediante a qual aponta o seguinte: 1 – As mercadorias objeto desse processo eram registradas no SISCOMEX e desembarcadas em CANAL VERDE, o que implicaria na imediata entrega da carga ao Importador, independentemente de quaisquer procedimentos de Fiscalização, nos termos das disposições contidas na I.N./S.R.F. n° 69/96 (artigo 19, parágrafo 2o , inciso I, combinado com o artigo 50). Tal fato, segundo o contribuinte, importava que a Fiscalização, procedido o desembaraço aduaneiro já deveria haver promovido o respectivo Comprovante de Importação e entregue a mercadoria diretamente ao contribuinte, mas não foi o que ocorreu, já que a contribuinte foi impedida de retirar suas mercadorias das instalações portuárias por Auditor Fiscal da Receita, que o comunicou que as mesmas estaria sendo encaminhadas diretamente para exame laboratorial pelo LABANA, sem que fosse instaurado no caso um procedimento de revisão aduaneira previsto nos arts. 455 e 456 do Regulamento Aduaneiro; 2 Em face do tempo transcorrido desde o lançamento 19/06/2002 até a presente data, transcorreram aproximadamente 10 (dez) anos, restando plenamente caracterizada a chamada “PRESCRIÇÃO/INTERCORRENTE”, incidindo no caso a orientação contida no artigo 174, I, do CTN; Fl. 488DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 4 3 – Houve cerceamento de defesa e ofensa ao princípio da isonomia, na medida em que a contribuinte não foi intimada a se manifestar sobre a conclusão dos laudos técnicos emitidos pelo LABANA, tampouco formulou quesitos para o mencionado laboratório; 4 – No mérito, aponta que o LABANA se fundou em entendimento equivocado a respeito da correta identificação dos produtos importados e sustenta, com base nos laudos técnicos da própria DYSTAR, que se tratam de compostos orgânicos de constituição química definida, contendo impurezas decorrentes do processo de Síntese, classificáveis, portanto, no capítulo 29 da NESH; 5 – Quanto às multas do II e do IPI: Aponta que como não houve equívoco na classificação, não se justifica a incidência das apontadas multas; 6 – Multa do art. 526, II do Regulamento Aduaneiro (Decreto 91.030/85) por falta de Licença – Alega o recorrente que a discussão gira em torno, apenas, sobre o eventual erro de classificação tarifária, o que a Requerente admite apenas para argumentar, pois sustenta que a classificação adotada na D.I. objeto da autuação está correta, sendo que tal fato, não enseja a aplicação de penalidades de multas, ainda mais, levandose em conta que em ambos os Códigos Tarifários (tanto o adotado pela Requerente como aquele eleito pelo Fisco), o Licenciamento de Importação dáse de forma automática, quando do respectivo registro da respectiva Declaração de Importação no SISCOMEX. Dessa forma, não há que se falar em importação de mercadoria do exterior ao desamparo de Licença de Importação, como alegado no Auto de Infração de que se cuida. 7 – No tocante à Multa do art. 84, I da MP 2158, destaca que é incabível porquanto não teria havido erro na classificação, além de destacar que a penalidade em comento é inconstitucional por constituir verdadeira bitributação e, por fim, que não se poderia aplicar concomitantemente mais de uma infração para o mesmo fato. 8 – Juros SELIC: Pede seja afastado por ilegal a aplicação. Cita precedente do STJ 9 – Por derradeiro, requer Diligência para que o INT se manifeste a respeito dos quesitos por ela formulados sob pena de cerceamento de defesa. O pedido de diligência foi inicialmente acolhido pela Delegacia. No Relatório do aresto ora recorrido, foi descrito a forma em que foi acolhida a diligência e os resultados dela decorrentes. Por bem descrever esses fatos, especificamente atinentes à diligência, já que descrito anteriormente os pontos atinentes às alegações do contribuinte em sua peça impugnatória, passo a transcrever o relatório (fls. 386/390), verbis: Visando evitar o cerceamento do direito de defesa, acato à solicitação de diligência, para que o INT, conforme solicitação da interessada responda aos quesitos por ela formulados fls. 177/178: Fl. 489DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 4 5 a) Os produtos importados podem ser considerados compostos orgânicos de constituição química definida, contendo impurezas decorrentes do processo de síntese? b) Há como se comprovar, por análises técnicas/científicas, que os subprodutos encontrados na composição química de ambos os produtos importados, foram deliberadamente deixados, para tornar tais produtos aptos para um uso específico? c) Os produtos em questão podem ser considerados como “outras preparações das indústrias químicas”? d) O que vem a ser mistura de reação, segundo entendimento do INT/RJ? e) Os produtos importados, podem ser comercializados de imediato, na forma como se apresentam? Encontrase acondicionados para a venda a retalho? f) A vista dos Laudos Técnicos/Literaturas Técnicas anexadas à impugnação (Doc. 04/05), comprovar, cientificamente, inclusive com citações de referências bibliográficas, que relativamente ao produto “2FENOXIETOXIPROPILAMINICO3CIANO4METIL6HIDROXIETIL AMINOPIRIDINA” o “BUTILDIGLICOL” está presente para facilitar o manuseio e a mercadoria é utilizada, na forma em que se encontra, na síntese do Corante “C.I. DISPERSE RED 279”, ou seja, encontra se pronta pra uso, sem necessidade de uma nova diluição, conforme consta do Laudo Técnico“2812 A, emitido pelo LABANA/8ª R.F. (fls. 1023 dos autos)? g) A vista dos Laudos Técnicos/Literaturas Técnicas anexadas a presente Impugnação (Docs. 04/05), comprovar, cientificamente, inclusive com citações de referências bibliográfica, que relativamente ao produto “HIDROXIBUTOXIPIRIDINA 278 ¨CALC. 100% 6AMINO4METIL3CIANO2HIODROXIBUTOXIPROPILAMINOPIRID INA” alegação de que em função do teor do Álcool Issobutílico, 35,7%, um teor bastante alto para ser uma impureza, o produto em questão deve ser considerado como sendo “UMA MISTURA DE REAÇÃO”, um produto de constituição química definida, Produto à base de Compostos Orgânicos não especificados e nem compreendidos em Outras Posições, um Produto Diverso das Indústrias Químicas” conforme consta do Laudo Técnico 2812A, emitido pelo LABANA/8ª R.F. (fls. 93 dos autos). h) A vista dos esclarecimentos contidos nos Laudos Técnicos e Literaturas Técnicas juntadas pela Requerente, o produto “AMINOFENOXIPROPILPIRIDINA”, pode ser considerado uma matériaprima para produção de corantes, fornecido em forma de solução, nos solventes ácido acético, butildiglicol e água? A apresentação em forma de solução é o modo de acondicionamento usual e indispensável para o bom manuseio do produto, pois caso contrário o produto seria uma pasta dura? Existe mercado nacional ou internacional, algum produto da espécie isento de solventes? i) A vista dos esclarecimentos contidos nos Laudos Técnicos e Literaturas Técnicas juntadas à presente Impugnação pela ora Requerente, o produto “HIDROXIBUTOXIPIRIDINA”, pode ser considerado como sendo um produto para ser usado como componente Fl. 490DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 6 de copulação em reações com ais de diazônio, para produção de corantes e pigmentos Azo? j) Prestar outros esclarecimentos técnicos a respeito de ambos os produtos citados nos Laudos Técnicos emitidos pelo LABANA. Finalmente a interessada protesta pela apresentação de quesitos suplementares, juntada de novos documentos, literatura técnica, bem como pela posterior indicação de “Assistente Técnico”. O processo deverá retornar à repartição de origem para providências necessárias à diligência ao INT. Do resultado dessa perícia, a defendente deverá tomar ciência, sendo lhe facultado manifestarse no prazo de 10 dias, de conformidade com o que dispõe o artigo 44 da Lei 9784/99.” Através da Notificação GRALT nº 39/2007, foi o Laboratório de Análises Falcão Bauer notificado para que providenciasse a localização da amostra contraprova objeto do Laudo de Análise nº 2812 partes 01 e 02 referentes ao pedido exame n° 2737 de 16/10/2001 de seqüencial 2728, identificadas como " HYDROXYBUTOXPYRIDIN 278 BER.100" e "AMINOPHENOXYPROPYLPYRIDIN" (fls. 332). Em 22/06/2007, o Laboratório Falcão Bauer informa a Alfândega do Porto de Santos que as contraprovas encontramse a disposição, fls. 333. Através da intimação GRALT nº 007/2007, de 17/07/2007 a DYSTAR foi intimada a tomar as providências ali descritas, fls. 334. Ciência na própria intimação. Resposta as fls. 335/336/337 (pagamento das despesas da diligência) Através da Notificação GRALT nº 25/2008, fls. 338, o Laboratório de Análises Falcão Bauer foi notificado para que “a vista dos quesitos que deverão ser respondidos pelo INT (cópia anexa) verifique a viabilidade de fracionar, em duas partes iguais cada, as amostras contraprova dos produtos denominados "HYDROXYBUTOXYPYRIDIN 287 BER" e " AMINOPHENOXYPROPYLPYRIDIN", objeto dos laudos de análise n° 2812.01 e 2812.02 do Pedido de Exame n° 2737/Gruafe”. O Laboratório Falcão Bauer atendendo a Notificação GRALT nº 25/2008, informa que “em função dos quesitos formulados no documento em anexo e pela quantidade contida nos frascos das contraprovas as mesmas não devem ser fracionadas, pois a quantidade fracionada seria insuficiente para as análises.” Foi então notificado o Instituto Nacional de Tecnologia, através da NOTIFICAÇÃO GRALT nº 27/2008, de 25/08/2008, para que providenciasse Informação Técnica para esclarecimento de questões essenciais ao julgamento do processo, sendo entregue as amostras contraprovas dos produtos importados através da DI de nº 01/09749078. Fl. 491DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 5 7 Através do Ofício nº 093/INT de 16/03/2010, fls. 342, o INT informa que “infelizmente, em função de uma extensa reforma à qual foi submetido nosso laboratório de Química Analítica durante 2008 e 2009, alguns processos foram indevidamente arquivados, entre os quais o processo objeto de vossa solicitação”. Informando que “caso ainda exista o interesse em realizar as análises solicitadas, informamos que temos condições para realizálas, necessitando apenas que a empresa nos forneça os padrões analíticos específicos para os componentes das amostras. A interessada foi intimada através da Intimação GRALT nº 007/2010, de 19/04/2010 fls. 343, a fornecer os padrões analíticos específicos das amostras dos produtos denominados "Hidroxibutoxipiridina" e "Aminofenoxipropilpiridina" ambas importadas através da D.I 01/09749078. Ciência no próprio documento. A solicitação foi reiterada através da intimação GRALT nº 20/2010, fls. 346. Ciência no próprio documento em 06/01/2011, e também através de mail, fls. 347. Em 16/09/2011, o Instituto Nacional de Tecnologia – INT, através da Notificação GRALT nº 40/2011, foi notificado para que se manifestasse sobre a possibilidade de atendimento da Informação Técnica solicitada através da Notificação Gralt n° 27/2008, tendo em vista que o importador não providenciou os padrões analíticos solicitados pelo INT, apesar de reiteradas Intimações lavradas pela Alfândega do Porto de Santos. O INT através do Ofício nº 007/INT, de 09/01/2012, informa que não poderá atender a solicitação tendo em vista não mais dispor de substâncias padrão. 353/355. Ciente da diligência, em 10/02/2012, a interessada se manifestou através do documento de fls 357/368, destacando, sem síntese do necessário: Para efeitos legais, as únicas amostras a serem disponibilizadas ao INT/RJ são aquelas colhidas por ocasião da análise laboratorial dos produtos importados, e que resultaram na emissão dos Laudos Técnicos/Aditamentos pelo LABANA/8ª R.F., onde foi embasada a lavratura do Auto de Infração de que trata o processo. Até porque, consta do teor dos Laudos/Aditamentos, que as conclusões estão restritas exclusivamente às amostras das coletadas quando da seleção dos produtos importados para realização de exame laboratorial; Na hipótese da indisponibilidade de "amostras" para realização de novas análises laboratoriais pelo INT/RJ (amostras dos produtos importados colhidas em 2.001, para realização de análise laboratorial pelo Labana/8aRF), questão deve ser decidida favoravelmente ao Contribuinte, conforme vários precedentes do Egrégio Terceiro Conselho de Contribuintes (atual CARF). Cita Acórdão, o Fl. 492DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 8 LABANA/8ª3 R.F., através dos Laudos Técnicos e respectivos Aditamentos emitidos no período de 2001/2002, ou seja, ao longo de aproximadamente 1 (um) ano, ao concluir que os produtos, importados tratavamse de "MISTURA DE REAÇÃO", jamais solicitou à Requerente os padrões analíticos para os componentes dos respectivos produtos, causando estranheza que somente agora, quando transcorridos mais de 10 (dez) anos da emissão de tais Laudos Técnicos/Aditamentos, o INT7RJ tenha formalizado tal exigência. As amostras foram extraviadas no INT/RJ, conforme consta do Ofício n° 093/2.010, enviado ao "GRALTALF. SANTOS" em 16.03.2.010; Não pode ser imputada a ora Requerente a responsabilidade pela não realização da Diligência solicitada pela DRF/SP junto ao INT/RJ, na medida em que o referido órgão ficou de posse das amostras/subsídios sobre os produtos importados, desde 03.09.2.008 até 16.03.2010, quando por meio do Ofício n° 093/2.010, informou que tal expediente havia sido indevidamente arquivado; A Requerente não está obrigada a fornecer "padrões analíticos das amostras dos produtos importados", até porque, enfatizese, tais informações envolvem sigilo fiscal e segredo comercial; O fato dos Laudos Técnicos adentrarem ao aspecto classificatório de produtos importados contraria flagrantemente a legislação de regência. Na medida em que os Laudos Técnicos/Aditamentos adentraram ao aspecto classificatório, ao afirmarem que trata se de "MISTURA DE REAÇÃO", NÃO COMPREENDIDO E NEM ESPECIFICADO EM OUTRAS POSIÇÕES", está sinalizando para os Agentes Fazendários em qual classificação tarifária o produto deve enquadrarse, afrontando, assim, as disposições contidas na IN/SRF. n° 152/98, com posteriores alterações, razão pela qual, tais Laudos/Aditamentos, devem ser declarados NULOS, cita diversos Acórdãos; A DRJ, analisando as razões expostas, houve por bem desprovêlas por meio do aresto de fls., cuja ementa a seguir se transcreve: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 03/10/2001 PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO Inexiste prescrição intercorrente em matéria tributária, a teor do disposto na norma contida no artigo 174 do CTN. PRODUTO: HYDROXYBUTOXPYRIDIN 278 BER. 100% Produto identificado através de laudo oficial como um mistura de reação contendo Álcool Isobutílico e Água, não se classifica no código NCM 2933.39.99, pretendido pela interessada. PRODUTO: AMINOPHENOXYPROPYLPYRIDIN Fl. 493DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 6 9 Produto identificado através de laudo oficial como preparação e compostos com Grupamentos Oxialquilenado e Carbonilado, não se classifica no código NCM 2933.39.99, pretendido pela interessada. MULTA POR ERRÔNEA CLASSIFICAÇÃO FISCAL O mero erro de classificação fiscal já torna aplicável a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria, sem prejuízo da aplicação de outras penalidades administrativas. MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO DAS IMPORTAÇÕES É cabível a penalidade administrativa quando o produto não estiver corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, independentemente se o licenciamento é automático ou não. Impugnação Improcedente Em face do mencionado acórdão foi interposto recurso voluntário pela contribuinte (fls.412/464), mediante o qual, de forma resumida, alega o seguinte: 1 – Nulidade do auto de infração por cerceamento do direito de defesa. Isso porque, no curso do despacho aduaneiro, quando da seleção do produto importado pela Recorrente do exterior, despachado pela Declaração de Importação no. 01/09749078, para análise laboratorial LABANA 8ª. RF – INSTITUTO FALCÃO BAUER, a mesma teve cerceado seu direito de defesa, na medida em que somente aos agentes do FISCO, foi assegurado o direito de formular quesitos ao referido Laboratório (sic). Destacou, ainda, que o fato de após mais de cinco anos a Delegacia de Julgamento haver convertido julgamento em diligência para apresentação de quesitos nau supre o cerceamento, até mesmo porque as amostras dos produtos foram extraviadas, impossibilitando a reanálise dos mesmos à luz dos quesitos apresentados. Aduziu, ainda, que o laudo produzido pelo LABANA é nulo porquanto adentra, de forma indevida, no aspecto classificatório da mercadoria. 2 – Prescrição intercorrente porque o processo administrativo em tela apenas foi objeto de julgamento definitivo pela Delegacia de julgamento a quo depois de quase 10 (dez) anos de tramitação. 3 – Quanto ao mérito, insiste na classificação do produto tal como descrito nos laudos técnicos fornecidos pela própria empresa, repisando os mesmos fundamentos já explanados na sua impugnação. 4 – Insurgese contra a aplicação da multa insculpida no art. 84, I da MP 2158 apontando que há muito já se teria pacificado (cita atos da Receita Federal – Ato Normativo 29/80 e Parecer COSIT/SRF no. 477/88) , mediante o qual seriam claros em afastar a multa na simples indicação incorreta do código tarifário pelo importador. Destaca a esse respeito, ainda, que não caberia concomitância de penalidades para mesma infração, devendo ser aplicada à espécie apenas a mais grave. Fl. 494DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 10 5 – Insurgese sobre suposta aplicação da multa do art. 526, II do Decreto 91.030/85; 6 – Ilegalidade de Juros de Mora à taxa SELIC; 7 – Ilegalidade da cobrança das multas pelo não recolhimento do II e do IPI. É o relatório. Voto Conselheira Fábia Regina Freitas O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235, de 06 de março de 1972, assim dele tomo conhecimento. Passo a analisar as preliminares suscitadas pela recorrente; 1 – Nulidade pelo Cerceamento do direito de defesa: Destaca a recorrente que o auto de infração ora analisado é nulo em razão do cerceamento de seu direito de defesa porquanto no curso do despacho aduaneiro, quando da seleção do produto importado pela Recorrente do exterior, despachado pela Declaração de Importação no. 01/09749078, para análise laboratorial LABANA 8ª. RF – INSTITUTO FALCÃO BAUER, a mesma teve cerceado seu direito de defesa, na medida em que somente aos agentes do FISCO, foi assegurado o direito de formular quesitos ao referido Laboratório (sic). Já de logo afasto a apontada nulidade por entender que o procedimento de fiscalização é processo investigatório que prescinde da interferência do contribuinte. O litígio e a oportunização do oferecimento de defesa por parte da contribuinte instaurase com a apresentação de impugnação tempestiva ao auto de infração (art. 14 do Decreto nº 70.235/72), inexistindo cerceamento do direito de defesa quando, na fase de impugnação, foi concedida ao autuado oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, como no presente caso. Aliás, na hipótese dos autos é possível verificar que a contribuinte apresentou efetivamente laudos técnicos a respeito das mercadorias vistoriadas pelo LABANA. O fato de não ter sido apresentado quesitos na fase inquisitória não implica cerceamento, já que, inclusive, quando do exame do caso pela Delegacia de Julgamento, foi oportunizada à contribuinte a oportunidade para tanto, tendo sido determinado diligência. O fato de as amostras dos produtos terem sido extraviadas, impossibilitando a reanálise dos mesmos à luz dos novos quesitos que seriam apresentados pela recorrente não impediu à ora recorrente a possibilidade de formulálos. Isso porque a contribuinte foi efetivamente intimada a, querendo, apresentar novas amostras das mercadorias com as mesmas características que aquelas importadas. Nada obstante, a contribuinte, levantando uma série de elementos meramente formais, simplesmente deixou de apresentálas. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 7 11 Ora, ainda que após algum tempo, a oportunidade foi dada à contribuinte que, preferindo escorarse em aspectos outros, deixou de auxiliar o prosseguimento da diligência por ela mesma pleiteada. Acolherse, nesse aspecto, a preliminar suscitada, em meu ponto de vista, seria, no caso concreto, o mesmo que legitimar que a parte valhase da própria torpeza para anular auto. Portanto, esta preliminar de cerceamento do direito de defesa é improcedente e não deve ser acatada. 2 – Prescrição Intercorrente A alegação de prescrição intercorrente apontada pela contribuinte em seu apelo a esse Eg. CARF também não merece melhor sorte. Isso porque esse Eg. CARF já firmou entendimento de que não se aplica, ao procedimento administrativo fiscal, o instituto da prescrição intercorrente. Tal posicionamento deve ser aplicado por essa Relatora por força da sua vinculação com as súmulas do CARF, em especial a de Súmula 11, litteris: Súmula CARF nº 11: Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. Portanto, esta preliminar também deve ser afastada. Ultrapassadas as questões preliminares, passase ao exame das questões de mérito: 3 – Da classificação fiscal das mercadorias e das multas em decorrência do não recolhimento do II e do IPI em decorrência da incorreta classificação Quanto à classificação fiscal adotada pelo Fisco, a decisão recorrida, após uma rápida descrição do procedimento de classificação fiscal de mercadoria, transcreve as conclusões contidas nos laudos técnicos do LABANA e conclui nos seguintes termos: Tendo em vista que os laudos dispõem claramente que os produtos em discussão para a parte 01, o Alcool isobutílico é utilizado como solvente no processo de obtenção da mercadoria e que o percentual de 35,7% encontrado é bastante alto para ser considerado impureza e que, para a parte 02, que a mercadoria contém também Compostos com Grupamentos Oxialquilenado (Butildiglicol) e Composto Carbonilado (Ácido Acético), que são utilizados solventes em sínteses de corantes e como agente solubilizante na formulação de corantes em pastas e de tintas, eles não se classificam no Capítulo 29, por não se constituir de nenhuma das misturas permitidas pela Nota 1 do referido capítulo. Deste modo, o enquadramento tarifário do impugnante deve ser afastado. Fl. 496DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 12 As Notas do Capítulo 29 deixam claro que nele se incluem apenas compostos orgânicos de constituição química definida apresentados isoladamente, ou contendo impurezas, ou ainda adicionados de um estabilizante indispensável à sua conservação ou transporte, ou de uma substância que tenha a finalidade de facilitar a sua identificação ou por razões de segurança. Nenhuma dessas hipóteses ocorre no caso vertente. Senão vejamos: “CAPÍTULO 29 PRODUTOS QUÍMICOS ORGÂNICOS Considerações Gerais O Capítulo 29, em princípio, inclui apenas os compostos de constituição química definida apresentados isoladamente, ressalvadas as disposições da Nota 1 do Capítulo. A) Compostos de constituição química definida (Nota 1 do Capítulo) Um composto de constituição química definida apresentado isoladamente é uma substância constituída por uma espécie molecular (covalente ou iônica, por exemplo) cuja composição é definida por uma relação constante entre seus elementos e que pode ser representada por um diagrama estrutural único. Numa rede cristalina, a espécie molecular corresponde ao motivo repetitivo. Os compostos de constituição química definida apresentados isoladamente contendo substâncias que foram acrescentadas deliberadamente durante ou após a sua fabricação (incluída a purificação) estão excluídos do presente Capítulo. Por conseqüência, um produto constituído, por exemplo, por sacarina misturada com lactose, a fim de que possa ser utilizado como edulcorante, está excluído do presente Capítulo (ver Nota Explicativa da posição 29.25). Estes compostos podem conter impurezas (Nota 1 a)). O texto da posição 29.40 cria uma exceção a esta regra porque, relativamente aos açúcares, restringe o âmbito da posição aos açúcares quimicamente puros. O termo "impurezas" aplicase exclusivamente às substâncias cuja presença no composto químico distinto resulta, exclusiva e diretamente, do processo de fabricação (incluída a purificação). Essas substâncias podem provir de qualquer dos elementos que intervêm no curso da fabricação, e que são essencialmente os seguintes: a) matérias iniciais não convertidas, b) impurezas contidas nas matérias iniciais, c) reagentes utilizados no processo de fabricação (incluída a purificação), d) subprodutos. No entanto, convém referir que essas substâncias não são sempre consideradas "impurezas" autorizadas pela Nota 1 a). Quando essas substâncias são deliberadamente deixadas no produto para tornálo particularmente apto para usos específicos de preferência a sua aplicação geral, não são consideradas impurezas admissíveis. Cotejando as informações das mercadorias com o explicitado até aqui, se percebe que as mercadorias não podem ser classificadas no capítulo 29, dado que as mercadorias efetivamente importadas de acordo com o laudo técnico são: mistura de reação e preparação, ou seja, uma mistura de diversos compostos químicos. As mercadorias importadas Fl. 497DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 8 13 não se identificam com nenhuma das situações da Nota 1 do Capítulo, não podendo ser nele incluído. Tratandose de uma preparação das indústrias químicas não compreendidas nem especificada em outra posição tarifária, a mercadoria deve classificarse no código NCM 3824.90.89. 38.24 AGLUTINANTES PREPARADOS PARA MOLDES OU PARA NÚCLEOS DE FUNDIÇÃO; PRODUTOS QUÍMICOS E PREPARAÇÕES DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS OU DAS INDÚSTRIAS CONEXAS (INCLUÍDOS OS CONSTITUÍDOS POR MISTURAS DE PRODUTOS NATURAIS), NÃO ESPECIFICADOS NEM COMPREENDIDOS EM OUTRAS POSIÇÕES (+). Esta posição abrange: (...) B.PRODUTOS QUÍMICOS E PREPARAÇÕES (QUÍMICAS OU DE OUTRA NATUREZA) Os produtos químicos compreendidos aqui não apresentam constituição química definida e são, quer obtidos como subprodutos da fabricação de outras matérias (ácidos naftênicos, por exemplo), quer preparados especialmente. As preparações (químicas ou de outra natureza), consistem, quer em misturas (de que as emulsões e dispersões constituem formas particulares), quer, por vezes, em soluções. (Deve notarse que as soluções aquosas dos produtos químicos dos Capítulos 28 ou 29 permanecem classificadas nos referidos Capítulos, ao passo que, salvo raras exceções, excluemse deles as soluções destes produtos em outros solventes, que se consideram preparações da presente posição). No recurso voluntário, a Recorrente continuou sem trazer prova das suas alegações, apenas repisou os elementos de sua impugnação, em especial o laudo técnico já produzido por ela e fornecido à Fiscalização. Ocorre que o laudo do LABANA, bastante completo e elucidativo, concluiu de forma diversa e o contribuinte, no meu entender, não conseguiu infirmar as conclusões do instituto oficial. Não infirmou, por exemplo, de forma clara e objetiva a assertiva fundamental da r. decisão recorrida, no sentido de que tendo em vista que os laudos dispõem claramente que os produtos em discussão para a parte 01, o Alcool isobutílico é utilizado como solvente no processo de obtenção da mercadoria e que o percentual de 35,7% encontrado é bastante alto para ser considerado impureza e que, para a parte 02, que a mercadoria contém também Compostos com Grupamentos Oxialquilenado (Butildiglicol) e Composto Carbonilado (Ácido Acético), que são utilizados solventes em sínteses de corantes e como agente solubilizante na formulação de corantes em pastas e de tintas, eles não se classificam no Capítulo 29, por não se constituir de nenhuma das misturas permitidas pela Nota 1 do referido capítulo. Deste modo, o enquadramento tarifário do impugnante deve ser afastado. Nesse ponto também é de se destacar a recusa deliberada da contribuinte em fornecer ao laboratório novas amostras de mercadoria com as mesmas características das importadas para o fito de complementar a prova pericial. Ora, havendo dúvida levantada pelo contribuinte quanto à legitimidade das conclusões do laudo oficial e tendo sido oportunizada a Fl. 498DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 14 complementação dessa prova para o fim de encerrar definitivamente qualquer dúvida quanto à classificação fiscal, é, no mínimo, estranha a recusa na apresentação das novas amostras. Ademais, as conclusões a que chegou a DRJ me parecem absolutamente razoáveis e devem, por não terem sido infirmadas pelo contribuinte, ser mantidas. Por essas razões nego provimento ao recurso nessa parte. 4 – Da Multa do art. 84, I da MP 2158 Comprovado que a Recorrente classificou erroneamente a mercadoria importada, tornase legítima a exigência da multa prevista no inciso I, do art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835/2001, que reza: Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria;ou II – quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. §1o O valor da multa prevista neste artigo será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. §2o A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis. Esclareçase que não há ato da RFB excetuando a aplicação da referida penalidade. Os atos anteriores que versavam sobre erro de classificação fiscal não têm aplicação a partir da vigência da MP nº 2.15835/2002. 5 – Da multa do art. 526, II do Decreto 91.030/85 Com relação à multa do controle administrativo das importações, é fato que todas as importações estão sujeitas a licenciamento, seja de forma automática ou não automática. Assim, no caso concreto, caso a importação esteja desacompanhada do licenciamento deve ser aplicada a multa de 30% do valor da mercadoria, à luz do que determina o art. 526,II do Decreto 91.030/85, bem como do art., 169, inciso I, alínea “b”, do Decreto Lei n° 37, de 1966, com a redação dada pelo art. 2° da Lei n° 6.562/78. No caso dos autos, a acusação fiscal se embasa em erro de classificação da mercadoria constante na Licença de Importação para justificar a aplicação da multa em comento. É o que se extrai do seguinte excerto do Auto de Infração: Se para todos os fins e efeitos legais, os registros informatizados das operações de importação no SISCOMEX, equivalem à Guia de Importação, concluímos que um determinado produto submetido a despacho, sob um Fl. 499DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 9 15 determinado código tributário, quando do procedimento do registro das informações, obtém Licenciamento automático ou não automático, especificamente para esse determinado produto. Verificado que efetivamente foi submetido a despacho um produto diverso do declarado, está claro que o mesmo não está amparado pelo Licenciamento obtido anteriormente, automático ou não automático. fl. 17 dos autos Dessa forma, é possível constatar que a autoridade fiscal aplicou a penalidade sob a pecha de estar ausente a Licença de Importação (LI) porque concluiu que a licença de importação contendo classificação equivocada de mercadoria é licença de importação inexistente. Em que pese o respeito ao entendimento adotado pela Fiscalização, ouso divergir da autuação nessa parte. E isso porque comungo do entendimento já consagrado pelo Eg. STJ no sentido de que interpretar extensivamente a norma que impõe penalidade tributária em prejuízo do acusado, nos termos do art. 112 do CTN. Nesse sentido cito os seguintes precedentes, verbis: “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO ADUANEIRA COM CONTEÚDO ERRÔNEO. MULTAS. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA EM PREJUÍZO DO ACUSADO. INVIABILIDADE. 1. Hipótese em que os fatos são incontroversos: a contribuinte importou "couro bovino curtido ao cromo, de flor integral, com pigmento", mercadoria que se submete à tributação federal. No entanto, a documentação aduaneira fez referência, erroneamente, a "couro salgado e seco", que seria isento do Imposto de Importação. 2. O Fisco aplicou três multas, previstas no art. 524, caput; no art. 521, III, "a", e no art. 526, II, todos do Decreto 91.030/1985 (antigo Regulamento Aduaneiro). 3. A contribuinte conformouse com a multa de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor do imposto devido, prevista no art. 524 do Decreto 91.030/1985, relativa à "declaração indevida de mercadoria, ou atribuição de valor ou quantidade diferente do real". Impugna apenas a aplicação das multas de 10% (dez por cento) sobre o valor do imposto e de 30% (trinta por cento) sobre o valor da mercadoria (arts. 521, III, "a", e 526, II, do mesmo Decreto), que se referem, respectivamente, à "inexistência de fatura comercial" e à ausência de "Guia de Importação ou documento equivalente". 4. Embora tenha havido apresentação de fatura comercial e Guia de Importação (fatos incontroversos), o Tribunal de origem manteve as multas previstas no art. 521, III, "a", e no art. 526, II, do Decreto 91.030/1985, pois equiparou a declaração errônea à ausência de declaração. 5. Inviável interpretar extensivamente a norma que impõe penalidade tributária em prejuízo do acusado, nos termos do art. 112 do CTN. 6. Se houve declarações fiscais errôneas (fato incontroverso), aplicase a sanção correspondente, mas não aquela prevista para a hipótese de Fl. 500DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS 16 ausência da documentação aduaneira (art. 521, III, "a", e art. 526, II, do Decreto 91.030/1985). 7. Recurso Especial provido.”(REsp 386659 / RS; Ministro HERMAN BENJAMIN; DJe 20/04/2009) “AGRAVO REGIMENTAL AGRAVO DE INSTRUMENTO AFASTADA A APLICAÇÃO DA SÚMULA 7 TRIBUTÁRIO IMPORTAÇÃO PREENCHIMENTO INCORRETO DA GUIA DE IMPORTAÇÃO RETIFICAÇÃO AUSÊNCIA DE PREJUÍZO PARA O FISCO NÃOINCIDÊNCIA DA MULTA DO ART. 526, II, DO REGULAMENTO ADUANEIRO. Em que pese o afastamento da aplicação da Súmula 7, na espécie, no mérito, melhor sorte não socorre à recorrente. Prevê o artigo 526, II, do Regulamento Aduaneiro, multa de 30% incidente sobre o valor da mercadoria, na hipótese de importação desprovida de Guia de Importação ou de documento equivalente. A redação do dispositivo é clara no sentido de que o que acarreta a incidência da multa prevista é a ausência de Guia de Importação ou de documento equivalente, como se depreende do trecho "sem Guia de Importação ou documento equivalente". Dessa forma, inviável a equiparação, pretendida pela recorrente, da ausência de Guia de Importação ou de documento equivalente ao preenchimento equivocado daquela, mormente no caso dos autos, em que, conforme ressaltado pela Colenda Corte de origem, houve a retificação do ato, nos termos do art. 421, do Regulamento Aduaneiro e não houve qualquer prejuízo à Receita Federal. Precedentes: REsp 243.491/CE, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 1/10/2001; REsp 227.878/CE, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ 16/10/2000. Agravo regimental improvido.”(AgRg no Ag 570621 / RS; Ministro FRANCIULLI NETTO; DJ 08/08/2005 p. 252) Diante desses precedentes e diante do fato de que houve sim (fato incontroverso) Licença automática de importação, segundo reconheceu a própria fiscalização, estando essa licença apenas eivada de equívoco quanto à classificação tarifária da mercadoria importada, respaldada em laudo fornecido pela própria importadora, concluo por afastar a penalidade em exame, provendo o recurso voluntário nessa parte. 6 – Ilegalidade de Juros de Mora à taxa SELIC; Por fim, com relação à utilização da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, o CARF firmou entendimento de que a mesma é cabível, a teor da Súmula CARF no 4 (DOU de 22/12/2009) abaixo reproduzida: Súmula CARF no 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ainda sobre a utilização da taxa Selic no cálculo dos juros de mora, na sessão do dia 18/05/2011, o Pleno do STF julgou o RE 582.461, cujas matérias questionadas foram reconhecidas como de repercussão geral. Fl. 501DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 11128.003097/200262 Acórdão n.º 3301002.541 S3C3T1 Fl. 10 17 Nesse julgamento o STF reconheceu legítima a incidência da taxa Selic como índice de atualização dos débitos tributários pagos em atraso. Tal decisão é de aplicação obrigatório por parte deste CARF, nos termos do art. 62A do RICARF. Conclusão Ante o exposto, dou PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, para afastar a aplicação de multa do art. 526, II do Decreto 91.030/85, mantendo as demais penalidades impostas. FÁBIA REGINA FREITAS Relatora Fl. 502DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por FABIA REGINA FREITAS, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 10580.007885/2006-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 10 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2001, 2002
DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO.
A inocorrência do pagamento foi justificada mediante a prática de conduta cientificada à Administração Tributária, de maneira que há situações em que a lei prevê o pagamento antecipado da exação, mas admite que ele não seja efetuado se a apuração do contribuinte dispensa o recolhimento efetivo em espécie, revelando o 'adimplemento pelo contribuinte' das obrigações tributárias estabelecidas em lei.
OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO. SÓCIOS. COMPROVAÇÃO DO EFETIVO INGRESSO NO CAIXA DA EMPRESA.
Os suprimentos de caixa atribuídos a sócio da pessoa jurídica, cuja origem e efetiva entrega não forem devidamente comprovadas com documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, devem ser tributados como receitas omitidas na escrituração.
LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. REALIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA.
A partir de 1° de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo de lucro inflacionário acumulado, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação, apurada com base no lucro inflacionário existente em 31/12/1995.
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. LIMITES NA COMPENSAÇÃO A 30%.
Para a determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a partir do ano-calendário de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízos, como em razão da compensação da base de cálculo negativa (Súmula CARF nº 3).
LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL. PIS. COFINS.
Tratando-se de tributação reflexa, o decidido com relação ao principal (IRPJ) constitui prejulgado às exigências fiscais decorrentes, no mesmo grau de jurisdição administrativa, em razão de terem suporte fático em comum.
Argüição de decadência acolhida parcialmente.
Recurso negado.
Numero da decisão: 1101-000.948
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado: 1) Por maioria de votos, foi ACOLHIDA PARCIALMENTE a argüição de decadência relativamente às exigências do ano-calendário 2000, divergindo o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, e 2) por unanimidade de votos, foi NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente
JOSE RICARDO DA SILVA - Relator.
JOSELAINE BOEIRA ZATORRE - Relatora 'ad hoc' designada para formalização do acórdão.
Participaram desse julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Mônica Sionara Schpallir Calijuri, Marcelo de Assis Guerra (suplente convocado), José Ricardo da Silva (vice-presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Nara Cristina Takeda Taga.
Nome do relator: JOSE RICARDO DA SILVA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2001, 2002 DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. A inocorrência do pagamento foi justificada mediante a prática de conduta cientificada à Administração Tributária, de maneira que há situações em que a lei prevê o pagamento antecipado da exação, mas admite que ele não seja efetuado se a apuração do contribuinte dispensa o recolhimento efetivo em espécie, revelando o 'adimplemento pelo contribuinte' das obrigações tributárias estabelecidas em lei. OMISSÃO DE RECEITAS. PRESUNÇÃO LEGAL. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO. SÓCIOS. COMPROVAÇÃO DO EFETIVO INGRESSO NO CAIXA DA EMPRESA. Os suprimentos de caixa atribuídos a sócio da pessoa jurídica, cuja origem e efetiva entrega não forem devidamente comprovadas com documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, devem ser tributados como receitas omitidas na escrituração. LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. REALIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA. A partir de 1° de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo de lucro inflacionário acumulado, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação, apurada com base no lucro inflacionário existente em 31/12/1995. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. COMPENSAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. LIMITES NA COMPENSAÇÃO A 30%. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 78 85 /2 00 6- 41 Fl. 410DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 3 2 Para a determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, a partir do anocalendário de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízos, como em razão da compensação da base de cálculo negativa (Súmula CARF nº 3). LANÇAMENTOS DECORRENTES. CSLL. PIS. COFINS. Tratandose de tributação reflexa, o decidido com relação ao principal (IRPJ) constitui prejulgado às exigências fiscais decorrentes, no mesmo grau de jurisdição administrativa, em razão de terem suporte fático em comum. Argüição de decadência acolhida parcialmente. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado: 1) Por maioria de votos, foi ACOLHIDA PARCIALMENTE a argüição de decadência relativamente às exigências do ano calendário 2000, divergindo o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, e 2) por unanimidade de votos, foi NEGADO PROVIMENTO ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente JOSE RICARDO DA SILVA Relator. JOSELAINE BOEIRA ZATORRE Relatora 'ad hoc' designada para formalização do acórdão. Participaram desse julgamento os Conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente), Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Mônica Sionara Schpallir Calijuri, Marcelo de Assis Guerra (suplente convocado), José Ricardo da Silva (vice presidente). Ausente, justificadamente, a Conselheira Nara Cristina Takeda Taga. Fl. 411DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 4 3 Relatório CEPEL AGROPECUÁRIA LTDA., contribuinte inscrita no CNPJ/MF sob nº 14.443.295/000185, com domicílio fiscal na cidade de Salvador – Estado Bahia, à Rua Amazonas, nº 122 – sala 004 – Bairro Pituba, jurisdicionada a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador BA, inconformada com a decisão de Primeira Instância de fls.323/333, prolatada pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador BA, recorre, da decisão que julgou parcialmente procedente o lançamento consubstanciado nos autos de infrações de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls.343/358. Contra a contribuinte, acima identificada, foi lavrado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador BA, em 01/09/2006, os Auto de Infrações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ; Programa de Integração Social – PIS; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 150/188), com ciência por AR, em 08/09/2006 (fls. 190), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 400.183,33 a título de Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuições, acrescidos da multa de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do tributo e contribuição, referente ao período relativo aos exercícios de 2001 e 2002, correspondentes aos anos calendário de 2000 e 2001, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização onde a autoridade fiscal lançadora constatou as seguintes irregularidades: 1 – OMISSÃO DE RECEITA. Suprimento de numerário não comprovado a origem e a efetividade da entrega. Infração capitulada no art. 24 da Lei n° 9.249, de 1995; arts. 249, inciso II; 251; 276; 281, II e III; 282; 288 e 923, todos do RIR, de 199; 2 ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO REALIZAÇÃO MÍNIMA. Ausência de adição ao lucro líquido do período, na determinação do lucro real apurado na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), do lucro inflacionário realizado nos montantes de R$ 4.578,90 e R$ 41.210,11, correspondentes aos anoscalendário de 2000 e 2001, respectivamente, uma vez que não foi observado o percentual de realização mínima previsto na legislação de regência. Infração capitulada no art. 8º da Lei n° 9.065, de 1995; arts. 6° e 7°, da Lei n° 9.249, de 1995; arts. 249, inciso I, e 449, do RIR, de 1999. O Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece o lançamento através do próprio Auto de Infração (fls.150/188), baseado, em síntese, nas seguintes considerações: que a empresa não apresentou comprovantes das receitas, custos e despesas. Sem a documentação suporte, não se pode aceitar a veracidade dos dados de despesas e custos formalmente escriturados em seus livros e apresentados em suas declarações. No que diz respeito às receitas, considerase que as receitas declaradas estão devidamente apuradas e integradas no valor de suprimento de numerário sem comprovação da origem e da efetividade da entrega, como visto nos itens 4 e 10 a seguir. Os valores de despesas tributárias incorridas, Fl. 412DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 5 4 R$ 1.730,00 em 2000 e R$ 1.779,40 em 2001, constam como redutores na apuração do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido devidos; que a empresa não apresentou documentos que comprovassem a efetividade do aporte de recursos para rolagem dos reiterados prejuízos por quase duas décadas (fls.129 a 144). Limitouse a apresentar Demonstrativo de Prejuízos Contábeis (f1s. 127/128). Repetiu os dados que já constavam de seus livros e declarações sem especificar e provar as fontes de financiamento da dívida. Deste modo, o grande saldo de prejuízos acumulados será desconsiderado para a compensação do lucro apurado; que a empresa não apresentou o Livro para Registro de Inventário e o Livro para Registro de Entradas; que a ausência de adição ao lucro líquido do ano base 2001, na determinação do lucro real apurado, do saldo de lucro inflacionário no montante de R$ 41.210,11, devido à renitência do contribuinte em não cumprir a realização mínima prevista na legislação de regência. Estando em curso o prazo previsto para o cômputo do lucro inflacionário no lucro real, não há que se falar em decadência de lucro inflacionário, vez que, só pode haver decadência de tributo, e nunca decadência de parcela do lucro real que geraria um imposto não calculado pelo contribuinte, o que configuraria a criação, sem previsão legal, da figura da decadência por presunção. Em sua peça impugnatória de fls. 192/207, instruída pelos documentos de fls. 208/281, apresentada, tempestivamente, em 09/10/2006, o autuado se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência dos Autos de Infrações, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: que preliminarmente, argui a impugnante a decadência do crédito tributário em lide, considerando a ocorrência dos efeitos previstos no art. 173, c/c com o § 4º do art. 150, ambos do CTN; que não restam dúvidas quanto à origem dos recursos, até porque, na contabilidade da empresa, os fatos estão claramente registrados com a indicação da origem, não podendo, destarte, persistir, como entendeu o Auditor, a presunção de indícios de omissão de receita; que inicialmente, que a omissão de receita por saldo credor de caixa, é, em última análise, uma omissão presumida ou indiciária, o mesmo ocorre com o suprimento de caixa, cuja glosa gera imediatamente saldo credor de caixa, devendo, se não comprovado o ingresso, receber o mesmo tratamento tributário; que a presunção de omissão de receita de que tratam os artigos 226 e seguintes do Regulamento de Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 1.041/94, situase no campo das presunções comuns, do homem ou natural, por isso, sua validade está ubilicalmente vinculada a existência, nos autos, de outros elementos de provas. Contudo, deles, salvo no que tange aos SALDOS CREDORES DE CAIXA, não constam nenhuma prova que possa subsidiar a presunção, estando, portanto, o Auto de Infração ora Impugnado, sustentado única e exclusivamente em presunção ou indício de omissão de receita; que o simples indício ou presunção, não é prova suficiente para constituir um crédito tributário. É necessário buscar na contabilidade das empresas provas mais fortes e Fl. 413DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 6 5 concretas. Os indícios, como diz De Plácido e Silva, constituem o rastro, um caminho a ser trilhado pelo Auditor na busca da verdade e não uma prova perfeita e completa; que cabe a autuada chamar a atenção para a prática adotada, freqüentemente, pelo Fisco Federal, que consiste em lavrar autos de Infração de Imposto de Renda e, por via de conseqüência, os demais impostos e contribuições decorrentes: tais como IRRF, PIS/Faturamento, Contribuição Social sobre o Lucro e ainda a COF1NS, sempre que verificam que houve Suprimento de Numerário ou Integralização de Capital em dinheiro ou ainda, antecipações de clientes, sob a alegação de que a empresa não comprovou, com documentos hábeis, o efetivo ingresso de numerário, presumindose, então, omissão de receita, sem levar em conta os recibos passados pela empresa aos seus sócios ou clientes; que, se o sócio, em determinado momento, entrega dinheiro ao caixa da empresa para suprimento de caixa ou integralização de capital, o único documento que formaliza tal operação é o recibo emitido pelo recebedor (a empresa) a quem lhe faz a entrega (o sócio). Contudo, o fisco, despreseitando reiterados julgados do conselho de contribuintes, recusa os recibos, por não constituir, segundo ele, documentos hábeis para comprovar a efetiva entrega do dinheiro ao caixa da empresa., nem a origem de tais recursos; que no caso vale fazer a seguinte indagação: qual seria o documento "hábil" e "idôneo, senão unicamente o recibo? Fica, portanto, desafiado o fisco a apontar qualquer dispositivo legal que estabeleça, para o caso, documento especial; que para a empresa, que foi fiscalizada e autuada, a origem dos recursos que entraram em seu CAIXA é comprovada com o próprio recibo, ou seja, que originaram da sua sócia controladora, e ainda, com juntada aos autos dos contratos de mútuo. Agora, questionar na pessoa jurídica da sócia, de onde ele adquiriu aquela disponibilidade, é assunto restrito daquela, pelo que não pode responder a empresa, embora desde já indique que se trata de recursos originários da sua atividade social. Se fosse o caso de o sócio ter deixado de declarar a renda que lhe propiciou aquela disponibilidade, o que não é o caso presente, nem compete à empresa provar, caberia, isto sim, ao Fisco efetuar o lançamento devido contra a pessoa jurídica sócia; que portanto, a partir da vigência desse diploma legal, autoridade tributária, antes de poder exigir do contribuinte a comprovação da efetiva entrega dos recursos e da sua origem, terá não só de apontar, mas provar a existência de indícios de omissão de receita, face os precisos termos do dispositivo regulamentar transcrito acima. E os autos, como já exposto, não registram a indicação de quaisquer indícios que apontem, em todo o período fiscalizado, qualquer omissão de receita. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante, em 29 de janeiro de 2009, os membros da Segunda Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador – BA concluíram pela procedência parcial do lançamento e pela manutenção, em parte, do crédito tributário lançado, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que a respeito da perícia aventada pela Contribuinte, indefiro sua realização por considerála desnecessária, já que o processo contém todos os elementos para a formação da livre convicção do julgador, conforme o disposto no artigo 18 do Decreto n° 70.235, de 1972, que regula o Processo Administrativo Fiscal — PAF; Fl. 414DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 7 6 que, a propósito, não obstante a existência de entendimentos diferenciados a respeito da contagem do prazo decadencial, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, visando à adequação e ao cumprimento da Súmula Vinculante n° 8 do Supremo Tribunal Federal, expediu, em 1° de agosto de 2008, o Parecer PGFN/CAT n° 1.617/2008; que, por sua vez, o Senhor Ministro de Estado da Fazenda, por intermédio de Despacho exarado em 18/08/2008, aprovou o Parecer PGFN/CAT n° 1.617/2008, cujas orientações devem ser observadas pela RFB; que examinando os extratos do Sistema Sinal05 da RFB, às fls. 305 a 311, concluise que a pessoa jurídica não efetuou pagamentos referentes ao IRPJ e a CSLL dos anoscalendário de 2000 e 2001, sujeitando a contagem do prazo decadencial, nos termos do que prevê a letra "d" do aludido Parecer, à regra contida no artigo 173, inciso I, do CTN; que, logo, em relação ao anocalendário de 2000, os lançamentos do IRPJ e da CSLL somente poderiam ter sido efetuados a partir de 2001. O primeiro dia do exercício seguinte é 01/01/2002, encerrandose o prazo decadencial em 31/12/2006. Quanto ao ano calendário de 2001, os lançamentos poderiam se dar em 2002 e o primeiro dia do exercício seguinte é 01/01/2003, deslocando o prazo decadencial para 31/12/2007. Como os lançamentos foram cientificados em 08/09/2006, como se vê às fls. 190, naquele momento ainda não ocorrera a decadência do IRPJ e da CSLL; que no que tange ao PIS e à COFINS, os extratos do Sistema Sinal05, de fls. 305 a 311, mostram diversos recolhimentos mensais, levando a contagem do prazo decadencial, conforme letra "e" do Parecer PGFN/CAT n° 1.617/2008, aos moldes do artigo 150, § 4°, do CTN; que nesse sentido, temos que, na data da ciência dos lançamentos (08/09/2006), já se completara 5 (cinco) anos contados da data dos fatos geradores ocorridos até 31/08/2001, ou seja, correspondentes a todos os meses do anocalendário de 2000 e aos meses de janeiro a agosto de 2001. Assim, resta configurada a decadência em relação aos referidos períodos de apuração dessas contribuições, remanescendo, tãosomente, o PIS e a COFINS relativos aos meses de setembro a dezembro de 2001; que ao mérito, no primeiro item do Auto de Infração relativo ao IRPJ, o Autuante, tendo verificado a existência de diversos fatos tidos como irregulares, em especial a ausência de documentação que lastreasse as receitas e as despesas contabilizadas pela Autuada, tributou, a título de omissão de receitas, os suprimentos de numerários cuja origem e efetiva entrega não foram devidamente comprovadas, correspondentes aos lançamentos efetuados em conta de mútuo mantida com a empresa Cepel Construtora Ltda., sua controladora. As receitas escrituradas foram consideradas incluídas no total das receitas omitidas, deduzindose o valor dos tributos sobre elas incidentes, enquanto as despesas operacionais foram glosadas em sua totalidade. O prejuízo fiscal declarado em cada períodobase foi convertido em lucro real e não foi aceita a compensação de prejuízos de exercícios anteriores; que em relação às despesas operacionais, no valor total de R$ 35.645,15, referentes ao anocalendário de 2000, e no valor de R$ 7.570,55, referentes ao anocalendário de 2001, contabilizadas, declaradas, mas integralmente desconsideradas no cálculo do imposto lançado, por absoluta falta de comprovação, a Impugnante não se manifestou, razão pela qual é de se confirmar a glosa efetuada; Fl. 415DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 8 7 que as receitas declaradas pela Contribuinte, no valor de R$ 20.000,00, no anocalendário de 2000, e de R$ 48.750,00, no anocalendário de 2001, foram contabilizadas como originárias de "serviço de consultoria empresarial" prestado à sua controladora, sem nenhuma comprovação, não havendo a apresentação de qualquer contrato firmado entre as empresas e nem sequer a descrição do tipo de serviço efetivamente prestado. Os "pagamentos" foram contabilizados a débito de conta do passivo, a mesma conta na qual eram registrados, a crédito, os empréstimos que teriam sido contraídos junto à sua controladora e que, por falta de comprovação da origem e da efetiva entrega, foram tributados como omissão de receitas; que esses empréstimos estariam respaldados em contratos de mútuo, que não foram apresentados, como também não foram anexados os recibos que a Impugnante declara que emitiu quando do recebimento dos numerários, embora não conste dos autos qualquer informação a respeito da existência dos aludidos recibos. Ressaltese, entretanto, que tais documentos não se configuram em elementos de prova hábeis, capazes e suficientes para demonstrar a origem e a efetiva entrega dos recursos que teriam sido fornecidos pela empresa controladora da Autuada; que a Impugnante informa que parte dos recursos foi recebida em dinheiro e parte em forma de títulos quitados pela controladora. Nesse sentido, cumpre esclarecer que, por diversos motivos, entre os quais questões de ordem operacional ou mesmo de segurança, são bastante incomuns e improváveis as transações financeiras entre pessoas jurídicas ocorrerem mediante a entrega de moeda corrente, não obstante alguns contribuintes — em dificuldade para comprovar suas próprias alegações de recebimentos de numerários a título de empréstimos obtidos — continuarem a se valer desse argumento, tão desgastado quanto pífio; que a alegação da Impugnante de que a tributação fundamentouse em meros indícios ou em presunção comum não procede. Tratase de uma presunção legal, baseada no artigo 282 do RIR/1999; que em geral, a comprovação do aporte de recursos pode ser feita por meio de cópias de cheques, de extratos da movimentação bancária, etc., coincidentes em datas e valores com os registros contábeis dos montantes supridos; que acrescentese que, em se tratando de negócios realizados entre empresas coligadas, há que se tomar cuidados redobrados quanto à transparência, lisura e comprovação das transações. Muitas vezes as empresas contratantes — de um mútuo, por exemplo — são representadas pela mesma pessoa física, na condição de sócio, dirigente ou representante legal de ambas, o que, por si só, acaba por lançar dúvidas sobre a boafé da operação. O que não dizer então de um recibo, atestando o recebimento de determinada importância, em espécie, que poderia, inclusive, ter sido entregue pelo próprio signatário do documento; que no caso em exame, não resta dúvida de que a Contribuinte não logrou comprovar a origem e a efetiva entrega dos numerários tidos como fornecidos pela sua controladora e ingressados no Caixa da pessoa jurídica. O somatório dos suprimentos mensais alcançou a quantia de R$134.659,07, no anocalendário de 2000, e R$355.403,61, no ano calendário de 2001; que recompondose o lucro real de cada períodobase, tendo em conta a glosa das despesas operacionais, por falta de comprovação, e considerando as receitas contabilizadas como integrantes do total omitido, admitindose ainda a dedução dos impostos e contribuições incidentes sobre os serviços (COFINS, PIS e ISS), nos valores respectivos de Fl. 416DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 9 8 R$1.730,00 e R$1.779,40, chegouse ao valor tributável de R$132.929,07, para o ano calendário de 2000, e de R$353.624,21, para o anocalendário de 2001. Tais exigências fiscais devem ser mantidas; que no item 2 do Auto de IRPJ, verificouse que a Interessada, quando da apuração do lucro real relativo aos anoscalendário de 2000 e 2001, teria deixado de adicionar o valor do lucro inflacionário realizado, calculado mediante a aplicação do percentual de realização mínima obrigatória, de 10% ao ano, sobre o total do lucro inflacionário acumulado em 31/12/1995. Em relação ao ano de 2000, foi tributada a parcela mínima, no valor de R$ 4.578,90, enquanto no ano de 2001 tributouse todo o saldo do lucro inflacionário remanescente, no valor de R$ 41.210,11; que a Impugnante alega que possuía prejuízos acumulados e que os utilizou para compensar o lucro inflacionário. Pleiteia ainda a compensação integral de seus prejuízos, considerando inaplicáveis o artigo 42 da Lei n° 8.981/95 e o artigo 2° da Lei n° 9.065/95, que limitam esse direito; que é inegável que, quando da apuração do lucro real, a Autuada nada adicionou, a título de lucro inflacionário realizado, como se pode verificar na linha 16, ficha 09A (Demonstração do Lucro Real), de suas declarações de rendimentos dos anoscalendário de 2000 e 2001 (DIPJ/2001 e DIPJ/2002), às fls. 10 e 47; que destaquese, entretanto, que a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil reconheceu, de ofício, a decadência do imposto de renda correspondente às parcelas do saldo de lucro inflacionário acumulado que deveriam ter sido oferecidas à tributação em cada período anterior alcançado pelo prazo decadencial, fazendo constar do sistema SAPLI tais ajustes, como se pode observar no novo Demonstrativo SAPLI (fls. 312 a 317), através da introdução da linha "Baixa por decadência", na qual foram registradas as parcelas excluídas do saldo de lucro inflacionário acumulado; que foram baixadas, por decadência, as parcelas que deixaram de ser realizadas, no anobase de 1987, nos dois semestres de 1992, em todos os meses dos anos calendário de 1993 e 1994 e nos anoscalendário de 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999; que, desse modo, como se observa no novo Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI), às fls. 312 a 317, que já contempla todas as alterações procedidas, relativas à exclusão das parcelas do lucro inflacionário alcançadas pela decadência, chegase, em 31/12/1995, a um "Lucro Inflacionário Acumulado a Realizar" no valor de R$ 43.854,15, e não de R$ 45.789,01, como registrado no Demonstrativo SAPLI original; que aplicandose o percentual mínimo de realização (10% ao ano), encontrase o valor de R$ 4.385,42, que corresponde ao lucro inflacionário realizado que deve ser adicionado no cálculo do lucro real, nos anoscalendário de 2000 e 2001; que o Autuante equivocouse ao tributar todo o saldo do lucro inflacionário remanescente, quando deveria fazêlo, tal como para o anocalendário de 2000, observando apenas a realização mínima obrigatória. No caso, o procedimento adotado pela Fiscalização não encontra amparo na legislação de regência. Logo, a tributação, no anocalendário de 2001, deve incidir, tãosomente, sobre a quantia de R$ 4.385,42, como exposto no parágrafo precedente; Fl. 417DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 10 9 que a propósito, convém esclarecer a declaração do agente fiscal autuante, no sentido de que não há que se falar em decadência de lucro inflacionário, nem de parcela de lucro real que geraria um imposto não calculado pelo contribuinte, pois isso criaria, sem previsão legal, a figura da "decadência por presunção"; que é verdade que não existe decadência de lucro inflacionário, de lucro real ou de qualquer espécie de lucro, bem como é verdadeiro também que nada nos autos sugere tal suposição. O que decai é o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, através do lançamento do tributo, após o transcurso do prazo de cinco anos, independentemente de o contribuinte têlo calculado; que no que tange aos prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores, não há dúvida de que, constatada a sua existência, visto que declarados pela Contribuinte, registrados no Sistema SAPLI da RFB e não contestados oportunamente, admitese a sua compensação com o imposto de renda apurado durante o procedimento fiscal, não integralmente, como pretende a Impugnante, mas nos estritos limites impostos pela legislação de regência, ou seja, permitese a compensação em até 30% do lucro real, em conformidade com o Demonstrativo SAPLI, às fls. 318 a 320; que assim, além de descabida a argüição de inconstitucionalidade na esfera administrativa, por ultrapassar os limites da competência desta Delegacia, observase que os pronunciamentos do Tribunal Regional Federal sobre a questão, admitem a constitucionalidade da citada legislação e destacam a inexistência de ofensa aos conceitos de lucro e de renda; que desse modo, resta manifesto que a pretensão de compensar prejuízos fiscais de períodosbase anteriores com a base de cálculo do imposto de renda, em seu montante integral, não pode ser admitida, pois desrespeita o limite máximo de 30% do lucro real, estabelecido pelo artigo 42 da Lei n° 8.981, de 1995, e pelo artigo 15 da Lei n° 9.065, de 1995. A decisão de Primeira Instância está consubstanciada nas seguintes ementas: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000, 2001 PEDIDO DE PERÍCIA. Devem ser negadas as solicitações de perícia consideradas desnecessárias à solução do litígio. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000, 2001 DECADÊNCIA. PIS E COFINS. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. No caso de tributos e contribuições sujeitos ao lançamento por homologação, confirmada a existência de pagamento antecipado, decai o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário com o transcurso do prazo de cinco anos contados a partir da data da ocorrência do fato gerador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA Fl. 418DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 11 10 JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001 OMISSÃO DE RECEITAS. SUPRIMENTO DE NUMERÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Os suprimentos de numerários atribuídos a sócios da pessoa jurídica, cujos requisitos da efetividade da entrega e origem dos recursos não forem devidamente comprovados, com documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, devem ser tributados como receitas omitidas da própria empresa. LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO. REALIZAÇÃO MÍNIMA OBRIGATÓRIA. A partir de 1° de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo de lucro inflacionário acumulado, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação, apurada com base no lucro inflacionário existente em 31/12/1995. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. A partir do ano calendário de 1995, a compensação de prejuízos fiscais de exercícios anteriores não poderá exceder a 30% (trinta por cento) do lucro real apurado em cada períodobase. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS. Contribuição para o Programa de Integração Social PIS Confirmada a ocorrência dos fatos geradores que deram causa aos lançamentos decorrentes, há que se dar a estes igual entendimento. Lançamento Procedente em Parte Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 04/06/2009, conforme Termo constante à fl. 341, e, com ela não se conformando, o contribuinte interpôs, em tempo hábil (01/07/2009), o recurso voluntário de fls.343/358, instruído pelos documentos de fls. 359/389, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória, reforçado pelas seguintes considerações: que a Recorrente reitera, em preliminar, a decadência do crédito tributário em lide, considerando a ocorrência dos efeitos previstos no art. 173, c/c com o § 40 do art. 150, ambos do CTN; que apesar de ter reconhecido parcialmente a decadência, verificase que os valores mantidos remanescentes referemse a fatos geradores sucedidos em 2000 e 2001, cujos efeitos da decadência encontravamse materializados na oportunidade do lançamento; que as acusações fiscais que instruíram o auto de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, e que originou as demais exigências, chamadas reflexas, foram descritas como: (1) Omissão de Receita suprimentos de numerário não comprovada a Fl. 419DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 12 11 origem e a efetiva entrega e, (2) Glosa de compensações de adições não computadas na apuração do Lucro Real — Lucro inflacionário realizado — realização mínima; que, com efeito, visando suprir eventuais necessidades de caixa, estando o grupo em processo concordatário desde 1998, procurou a empresa, no início de cada ano fiscalizado, formalizar e assinar contratos de mútuo perante a empresa controladora CEPEL CONSTRUTORA LTDA., fixando, de logo, que tais valores serviriam para custear as despesas operacionais advindas que ultrapassassem a sua receita de atividade; que, assim, a partir da data indigitada na peça acusatória do Auto de Infração, a mutuante procedeu ao ingresso de recursos para empresa autuada, sua controlada os quais passaram a ser contabilizados como empréstimos de sócio, expedindose simultaneamente os respectivos recibos das quantias pactuadas e recebidas pela empresa, quer em dinheiro, quer em forma de títulos quitados; que a Autoridade Autuante, antes da lavratura do Auto de Infração, solicitou da empresa lhe fossem comprovadas a efetividade da entrega e origem dos recursos referentes ao suprimentos de caixa, realizados pela Defendente; que, neste passo, foram entregues cópias dos livros fiscais e contábeis onde constam os pagamentos e onde foram juntadas, também, as folhas do Razão de Caixa relativas ao ingresso do numerário recebido na contabilidade da empresa e conseqüente no Caixa, de todos os valores emprestados pela sócia, destinadas à cobertura para pagamento de despesas correntes. Estando, desta forma, provada a efetividade da entrega dos recursos, não se admitindo, portanto, existir qualquer dúvida quanto ao ingresso e efetiva entrega dos recursos e da própria regularidade e formalidade do ato; que não restam dúvidas quanto a origem dos recursos, até porque, na contabilidade da empresa, os fatos estão claramente registrados com a indicação da origem, não podendo, destarte, persistir, como entendeu o Auditor, a presunção de indícios de omissão de receita; que devese salientar inicialmente, que a omissão de receita por saldo credor de caixa, é, em última análise, uma omissão presumida ou indiciária, o mesmo ocorre com o suprimento de caixa, cuja glosa gera imediatamente saldo credor de caixa, devendo, se não comprovado o ingresso, receber o mesmo tratamento tributário; que presunção de omissão de receita de que tratam os artigos 226 e seguintes do Regulamento de Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 1.041/94, situase no campo das presunções comuns, do homem ou natural, por isso, sua validade está ubilicalmente vinculada a existência, nos autos, de outros elementos de provas. Contudo, deles, salvo no que tange aos saldos credores de caixa, não constam nenhuma prova que possa subsidiar a presunção, estando, portanto, o Auto de Infração ora Impugnado, sustentado única e exclusivamente em presunção ou indício de omissão de receita; que para a empresa, que foi fiscalizada e autuada, a origem dos recursos que entraram em seu caixa é comprovada com o próprio recibo, ou seja, que originaram da sua sócia controladora, e ainda, com juntada aos autos dos contratos de mútuo. Agora, questionar na pessoa jurídica da sócia, de onde ele adquiriu aquela disponibilidade, é assunto restrito daquela, pelo que não pode responder a empresa, embora desde já indique que se trata de recursos originários da sua atividade social. Se fosse o caso de o sócio ter deixado de declarar a Fl. 420DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 13 12 renda que lhe propiciou aquela disponibilidade, o que não o caso presente, nem compete à empresa provar, caberia, isto sim, ao Fisco efetuar o lançamento devido contra a pessoa jurídica sócia; que relativamente ao item subseqüente da autuação, temos que está expresso nos demonstrativos anexos a acumulação dos prejuízos nos exercícios anteriores, razão pela qual veio a ser procedida a compensação do lucro inflacionário; que no que se refere à compensação integral de seus prejuízos, o pleito da recorrente deve ser acolhido, considerando a inaplicabilidade do artigo 42 da Lei n° 8.981/95, como também do artigo 12 da Lei n° 9.065/95, uma vez que colidem com o artigo 43 do CTN como também com a Constituição Federal; que considerando o prejuízo do exercício, uma vez afastada a tributação em separado, pouco restaria para ser tributado, considerando ainda, a existência de prejuízos de exercícios anteriores, em montante superior à parcela remanescente. É o relatório. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 14 13 Voto Conselheiro JOSE RICARDO DA SILVA, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da análise preliminar dos autos do processo se verifica, que a ação fiscal em discussão versa sobre as seguintes irregularidades: (1) omissão de receitas decorrente de suprimento de numerários cuja origem e efetiva entrega não foram devidamente comprovadas e (2) ausência de adição ao lucro líquido, na determinação do lucro real dos anoscalendário de 2000 e 2001, do lucro inflacionário realizado de cada período, uma vez que foi inobservado o percentual de realização mínima previsto na legislação de regência. A decisão recorrida considerou que o lançamento era parcialmente procedente amparado nos argumentos básicos de que: (1) Os suprimentos de numerários atribuídos a sócios da pessoa jurídica, cujos requisitos da efetividade da entrega e origem dos recursos não forem devidamente comprovados, com documentação hábil e idônea, coincidente em datas e valores, devem ser tributados como receitas omitidas da própria empresa; (2) A partir de 1° de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo de lucro inflacionário acumulado, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação, apurada com base no lucro inflacionário existente em 31/12/1995; e (3) A partir do anocalendário de 1995, a compensação de prejuízos fiscais de exercícios anteriores não poderá exceder a 30% (trinta por cento) do lucro real apurado em cada períodobase. Inconformada, em virtude de não ter logrando êxito total na instância inicial, a contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde, em sua defesa, apresenta a argüição de decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário, bem como apresenta razões de mérito sobre os lançamentos efetuados. Desta forma, a discussão neste colegiado se prende na argüição de decadência e, no mérito, a discussão abrange a omissão de receita decorrente de suprimentos de numerário, cuja origem e a efetiva entrega não foram comprovadas e glosa de compensações de adições não computadas na apuração do Lucro Real, decorrente da realização mínima do Lucro inflacionário realizado. 1 QUANTO A DE ARGÜIÇÃO DE DECADÊNCIA SUSCITADA PELA RECORRENTE. De início, cumpre apreciar a questão da preliminar de decadência arguida pela suplicante, sob o argumento de que o lançamento de imposto de renda é por homologação. Necessário se observar, que apesar do contribuinte nada ter recolhido a título de IRPJ e CSLL, compensou, contudo, prejuízos e bases negativas por ela apurados. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 15 14 Nos casos dos tributos em que o lançamento se da por homologação, não se apurando dolo, fraude ou simulação, meu entendimento sempre foi pela aplicação do art. 150, § 4º no que diz respeito à decadência. Contudo, vez que a matéria em litígio (evidentemente nos casos em que se aplica o regimento) tem seu julgamento, necessariamente, afetado pelas novas disposições do Regimento Interno do CARF, sobretudo as contidas em seu Anexo II, artigo 62A, introduzidas pela Portaria MF 586/2010, que diz: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Pois bem, relativamente à contagem do prazo decadencial na forma do art. 150, do CTN, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu, na sistemática prevista pelo art. 543C do Código de Processo Civil, o que assim foi ementado no acórdão proferido nos autos do REsp nº 973.733/SC, publicado em 18/09/2009: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL.ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Fl. 423DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 16 15 Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Nesta 1ª Turma Ordinária, da 1ª Câmara, da 1ª Seção, da qual faço parte, temse discutido nos julgamentos em que se apresenta essa mesma questão, e se apresentado o seguinte entendimento, embora tal entendimento não se apresenta pacífico dentro da própria câmara, ao qual me alinho e que passo a expor. Extraise do julgado do STJ, acima reproduzido, que o fato de o tributo sujeitarse a lançamento por homologação não é suficiente para, em caso de ausência de dolo, fraude ou simulação, tomarse o encerramento do período de apuração como termo inicial da contagem do prazo decadencial de 5 (cinco) anos. Resta claro, a partir da ementa transcrita, que é necessário haver uma conduta objetiva a ser homologada, sob pena de a contagem do prazo decadencial ser orientada pelo disposto no art. 173 do CTN. E tal conduta, como já se infere a partir do item 1 da referida ementa, não seria apenas o pagamento antecipado, mas também a declaração prévia do débito. Relevante notar, porém, que, no caso apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça, a discussão central prendiase ao argumento da recorrente (Instituto Nacional de Seguridade Social – INSS) de que o prazo para constituição do crédito tributário seria de 10 Fl. 424DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 17 16 (dez) anos, contandose 5 (cinco) anos a partir do encerramento do prazo de homologação previsto no art. 150, §4o do CTN, como antes já havia decidido aquele Tribunal. Por esta razão, os fundamentos do voto condutor mais se dirigiram a registrar a inadmissibilidade da aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, §4o, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal. Em consequência, não há naquele julgado maior aprofundamento acerca do que seria objeto de homologação tácita na forma do art. 150 do CTN, permitindose aqui a livre convicção acerca de sua definição. Notese que na própria ementa do julgado, especialmente no item “5.”, consta: “In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período (...)”, de maneira a ensejar “pagamento” como “adimplemento pelo contribuinte” de obrigação tributária estabelecida em lei. Importa assim, ter em conta a peculiaridade das obrigações acessórias impostas aos contribuintes, como, por exemplo, aos que optarem pela apuração do Lucro Real Anual. Cumpre a estes escriturar contabilmente suas operações, apurar mensalmente a necessidade de recolher antecipações (estimativas), apurar o resultado do exercício em seus livros contábeis, promover ajustes previstos em lei (adições, exclusões e compensações) para determinar o Lucro Real no Livro de Apuração do Lucro Real – LALUR ou a Base de Cálculo da CSLL em outros demonstrativos, aplicar sobre estes as alíquotas correspondentes e do resultado deduzir as parcelas previstas na legislação, recolher o tributo eventualmente apurado, declarálo em DCTF e, no exercício subsequente, informar esta apuração em DIPJ. Ainda a título de exemplo, no cumprimento destas obrigações acessórias, pode o sujeito passivo não chegar, em sua apuração, a base de cálculo sujeita à incidência tributária, não só porque seu resultado do exercício já foi negativo ou igual a zero, como também porque os ajustes ao lucro líquido contábil geraram resultado igual a zero ou prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL. Em tais condições, é possível que apenas em razão do menor sucesso em suas atividades, o sujeito passivo não recolha tributo, nada tenha a declarar em DCTF, e apenas informe ao Fisco sua apuração no momento da entrega da DIPJ. Também, no caso de pessoa física (IRPF), pode o contribuinte, no cumprimento de suas obrigações quando do ajuste anual na elaboração e apresentação de sua Declaração ao Fisco, verificar que os rendimentos auferidos encontramse dentro do limite de isenção, não havendo qualquer pagamento a ser efetuado. Há também os casos de pedido de compensação, ou outras situações, em que não houve pagamento, mas, que há evidências de que houve apuração do tributo pelo sujeito passivo e a pretensão de extinguilo comunicada à Administração Tributária mediante documento por ela concebido para tanto, em datas que possivelmente são as de vencimento dos débitos. Casos esses, todos exemplificativos, sem qualquer dúvida de “adimplemento pelo contribuinte” das obrigações tributárias estabelecidas em lei. Em tais condições, o sujeito passivo não se enquadra em uma hipótese na qual a lei não prevê o pagamento antecipado da exação, nem mesmo naquela onde, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre. A inocorrência do pagamento foi justificada mediante a prática de outra conduta cientificada à Administração Tributária (a apresentação do pedido de compensação; a DCTF; Apuração e demonstrativos da isenção, Declaração e demonstração de prejuízo ou de base negativa; etc.), de maneira que há situações em que a lei prevê o Fl. 425DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 18 17 pagamento antecipado da exação, mas admite que ele não seja efetuado se a apuração do sujeito passivo disto o dispensar. Casos esses, todos exemplificativos, mas reais, que ocorrem todos os dias como forma de adimplir com as obrigações perante o Fisco. Para estas situações, cujo “pagamento” em sentido estrito (em dinheiro) não ocorreu, mas que na realidade, sem sombra de dúvida, revelam o “adimplemento pelo contribuinte” das obrigações tributárias estabelecidas em lei, (para esses casos) não se pode negar que o prazo previsto no art. 150 do CTN também seja aplicável. No presente caso, como se verifica nos autos, a autoridade lançadora, verificou que, relativamente à apuração de IRPJ e CS apresentada pela Contribuinte para os anoscalendário de 1997 e 1998. Ainda em procedimento de fiscalização, apurou exclusões, compensações, com reduções indevidas na apuração do Lucro real, gerando o crédito tributário lançado de ofício. A autoridade lançadora, contudo, nada menciona nos autos acerca da imprestabilidade da apuração assim informada em DIPJ, bem como nada argumenta para desconstituir a apuração e as informações regularmente informadas pela Contribuinte. O lançamento trata de recompor a apuração do lucro real. Contudo, a compensação de prejuízos e de base negativa e todos os procedimentos da contribuinte foram regularmente informadas ao Fisco em cumprimento às obrigações que a legislação impõe aos contribuintes nestas condições. Vejo que a contribuinte nada fez para ocultar seu procedimento, apresentando DIPJ com a apuração consistente com seu entendimento, do qual resultou a inexistência de débito conforme por ela informado, dado que levara à compensação prejuízos por ela apurados. Para esse caso não se pode negar a aplicação do artigo 150 do CTN. Assim, sem prejuízo do que estabelece o art. 62A (Anexo II) do RICARF face à argumentação exposta, entendo que encerrado o período de apuração em 31/12/2000, considerando as disposições do art. 150 do CTN, não tinha o Fisco possibilidade de constituir o crédito tributário não recolhido até 31/12/2005, devendo ser declarada a decadência do crédito tributário cuja constituição foi cientificada à contribuinte em 08/09/2006. Todavia, a decadência já não se operou com relação ao encerramento do período em 31/12/2001, que foi devidamente constituído pelo Fisco dentro do período, sendo sobre esse período enfrentado o mérito. 2 OMISSÃO DE RECEITAS DECORRENTES DE SUPRIMENTOS DE NUMERÁRIO NÃO COMPROVADO ORIGEM E A EFETIVA ENTREGA. Neste item a autoridade fiscal lançadora tributou, a título de omissão de receitas, os suprimentos de numerários cuja origem e efetiva entrega não foram devidamente comprovadas, correspondentes aos lançamentos efetuados em conta de mútuo mantida com a empresa Cepel Construtora Ltda., sua controladora. Por sua vez, a recorrente afirma que, para fazer frente a suas despesas, formalizou contratos de mútuo com sua controladora, nos dois exercícios fiscalizados, ao Fl. 426DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 19 18 mesmo tempo em que emitia recibos das quantias pactuadas, que, juntamente com a contabilização dos empréstimos, comprovam a origem e a efetiva entrega dos recursos. Diz que os mútuos são legítimos, pois estão previstos no artigo 1.256 do Código Civil, e que a omissão de receitas fundamentase em presunção comum, ou meros indícios, não havendo provas suficientes para a constituição do crédito tributário. A recorrente informa, ainda, que parte dos recursos foi recebida em dinheiro e parte em forma de títulos quitados pela controladora. Como já se manifestou a decisão recorrida, é de se acrescentar que, em se tratando de negócios realizados entre empresas coligadas, há que se tomar cuidados redobrados quanto à transparência, lisura e comprovação das transações. Muitas vezes as empresas contratantes — de um mútuo, por exemplo — são representadas pela mesma pessoa física, na condição de sócio, dirigente ou representante legal de ambas, o que, por si só, acaba por lançar dúvidas sobre a boafé da operação. O que não dizer então de um recibo, atestando o recebimento de determinada importância, em espécie, que poderia, inclusive, ter sido entregue pelo próprio signatário do documento. Com efeito, a presunção em que se funda a autuação está amparada no art. 282, do RIR/99, que presume como sendo receita omitida pela sociedade, o recurso de caixa que lhe for entregue pelo sócio. Ou seja, constatada a entrega de numerário pelo sócio à sociedade, é lícito ao Fisco considerar a quantia correspondente como receita omitida e lançar o imposto não pago, a menos que provada a origem dos recursos entregues à sociedade no patrimônio dos sócios e, ainda, a efetiva entrega destes recursos à sociedade pelos sócios. Na hipótese dos autos, houve a entrega de recursos à sociedade e, mesmo que se considere ter sido provado que o sócio supridor dispunha de origem para suprir o caixa da empresa, não restou provado que a efetiva entrega dos valores à sociedade se deu pelo sócio, do que resulta que a autuação está em perfeita sintonia com o art. 282 do RIR/99. Ora, a jurisprudência desta Corte Administrativa, desde há muito, está pacificada quanto aos requisitos necessários a elidir a presunção legal derivada da omissão de receita decorrente do suprimento de numerário por sócio. Para tanto, a parte deve apresentar documentação hábil e idônea da origem e/ou efetividade entrega do numerário, coincidente em datas e valores, em face da qualidade do supridor, sócio do sujeito passivo. Em não logrando elidir a presunção legalmente admitida, resta materializada a omissão de receita. Esta é a norma e assim aduz a jurisprudência. Assim, não basta a prova da origem, é absolutamente necessário que haja a prova da efetividade da entrega. Apesar de ter sido solicitado a recorrente, no decorrer da fase de fiscalização, a comprovação da efetividade da entrega e do ingresso no patrimônio da pessoa jurídica dos recursos utilizados para as integralizações de capital social, nada provou, o mesmo aconteceu na fase impugnatória e agora na fase recursal. Não apresenta nenhum elemento comprobatório idôneo, objetivo e preciso em dados ou elementos coincidentes em datas e valores que pudessem sanar a questão. A jurisprudência é mansa e pacífica no sentido que a ausência de prova da efetiva entrega dos recursos lançados como aporte de numerário no caixa da empresa pelo sócio, autoriza a presunção de omissão de receitas e justifica a tributação dos respectivos valores, sendo insuficiente para elidir a presunção de omissão de receitas a simples prova da capacidade financeira do supridor, conforme pode ser visto nas decisões abaixo mencionadas. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 20 19 Acórdão nº 10513.383 IRPJ SUPRIMENTOS DE CAIXA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM E EFETIVIDADE DA ENTREGA DO NUMERÁRIO PELO SÓCIO SUPRIDOR A obrigação de comprovar o suprimento de caixa, quanto à origem dos recursos e a efetividade da entrega, é encargo que a lei atribui à pessoa jurídica suprida. Temse como comprovado quando exibidos os seguintes documentos: extrato bancário dos supridores com coincidência de datas e valores, declaração do banco depositário da origem do valor do depósito, e, por último, quando o valor for depositado e creditado em conta bancária da empresa suprida e compensados ou descontados conforme assentamentos nos extratos emitidos pelos bancos do supridor. Acórdão nº 10514.741 SUPRIMENTO DE CAIXA PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RECEITA FALTA DE PROVA DA EFETIVIDADE DA ENTREGA DO NUMERÁRIO PELOS SÓCIOS À SOCIEDADE Para afastar a presunção de omissão de receita, não basta a prova de que os sócios dispunham de origem regular para suprir o caixa da sociedade, sendo necessária, também, prova plena, objetiva e inquestionável, mediante documentação idônea e coincidente, da efetividade da entrega do numerário pelos sócios à sociedade. Acórdão nº 10807.777 OMISSÃO DE RECEITA – SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO – FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM E EFETIVA ENTREGA DO NUMERÁRIO – PRESUNÇÃO RELATIVA – A presunção legal do art. 229 do RIR/94 é considerada relativa, isto é, passível de prova em contrário pelo contribuinte. Não demonstrando a efetiva entrega ou a origem do numerário suprido, deve ser mantida a exigência. Acórdão nº 10706.525 IRPJ — SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO AUMENTO DE CAPITAL — Os suprimentos de numerário realizados por parte dos sócios da pessoa jurídica, destinados ao aumento de capital, sem prova de que provieram de fontes externas à empresa e lhes foram efetivamente entregues, autoriza a presunção legal de omissão de receitas nos termos do disposto no artigo 229 do RIR//94. Acórdão nº 10321.429 IRPJ OMISSÃO DE RECEITA SUPRIMENTO DE NUMERÁRIO Para desfazer a presunção legal de omissão de receita derivada de suprimento de numerário por sócio, o contribuinte deve comprovar não só a efetiva entrega como também a origem dos recursos coincidente em datas e valores e a fonte dos recursos ser independente da empresa. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 21 20 Efetivamente inexistiu a devida comprovação, pois a transcrição de operações no livro contábil e a apresentação de cópias de recibos, não são suficientes para desfazer a presunção de omissão de receitas pela falta de comprovação da efetiva entrega do numerário. O suprimento de caixa registrado na contabilidade da empresa constitui o indício a partir do qual restará ou não provada omissão de receita. São autênticos os suprimentos de caixa quando se comprova que os recursos provieram de fontes externas à empresa e lhes foram efetivamente entregues. Ressaltese que a comprovação adequada implica na comprovação cumulativa e indissociável da origem e bem assim de sua efetiva entrega à empresa. A própria lei, parágrafo 3° do artigo 12 do Decretolei n° 1598, de 1977, veio consagrar a farta jurisprudência de que as operações de suprimento de caixa somente são consideradas legítimas se houver a comprovação da boa origem dos recursos cumulativamente com a comprovação de sua efetiva entrega à empresa, reconhecendo que o suprimento quando incomprovado pode ser tido como presunção de omissão de receita, quando autoriza a autoridade tributária a arbitrar o valor dessa omissão com base no valor do próprio suprimento. Assim sendo, não resta dúvida de que a recorrente não logrou comprovar a origem e a efetiva entrega dos numerários tidos como fornecidos pela sua controladora e ingressados no Caixa da pessoa jurídica. Considerando que foi acolhida a decadência para o ano calendário de 2000, remanesceu o quantum do suprimento mensal de R$ 355.403,61, relativo ao no anocalendário de 2001. 3 GLOSA DE COMPENSAÇÕES DE ADIÇÕES NÃO COMPUTADAS NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL — LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO — REALIZAÇÃO MÍNIMA. Neste item verificouse que a recorrente, quando da apuração do lucro real relativo ao anocalendário 2001, teria deixado de adicionar o valor do lucro inflacionário realizado, calculado mediante a aplicação do percentual de realização mínima obrigatória, de 10% ao ano, sobre o total do lucro inflacionário acumulado em 31/12/1995. Em relação ao ano de 2001 tributouse todo o saldo do lucro inflacionário remanescente, no valor de R$ 41.210,11. A recorrente alega que possuía prejuízos acumulados e que os utilizou para compensar o lucro inflacionário. Pleiteia ainda a compensação integral de seus prejuízos, considerando inaplicáveis o artigo 42 da Lei n° 8.981/95 e o artigo 2° da Lei n° 9.065, de 1995, que limitam esse direito. É inegável que, quando da apuração do lucro real, a recorrente nada adicionou, a título de lucro inflacionário realizado, como se pode verificar na linha 16, ficha 09 A (Demonstração do Lucro Real), de sua declaração de rendimento do anocalendário de 2001 (DIPJ/2002), às fls. 47. A decisão recorrida chegou a conclusão de que no novo Demonstrativo do Lucro Inflacionário (SAPLI), às fls. 312 a 317, que já contempla todas as alterações procedidas, relativas à exclusão das parcelas do lucro inflacionário alcançadas pela decadência, chegase, em 31/12/1995, a um "Lucro Inflacionário Acumulado a Realizar" no valor de R$ 43.854,15, e não de R$ 45.789,01, como registrado no Demonstrativo SAPLI original. Assim, Fl. 429DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 22 21 entendeu a decisão que aplicandose o percentual mínimo de realização (10% ao ano), encontrase o valor de R$ 4.385,42, que corresponde ao lucro inflacionário realizado que deve ser adicionado no cálculo do lucro real, nos anoscalendário de 2000 e 2001. Entendeu, ainda, a decisão recorrida, que quando a legislação obriga que, em cada períodobase, a pessoa jurídica proceda a uma realização mínima do lucro inflacionário e ela não o faz, a Fazenda dispõe do prazo de cinco anos para fazêlo. Passado esse prazo, sem que haja qualquer ação por parte do Fisco, há que se expurgar, do saldo do lucro inflacionário acumulado, a parcela não realizada, daquele lucro, para evitar que em exercícios posteriores venha a ser exigido o imposto de renda não lançado no prazo fixado. Caso contrário, estarseia violando o instituto da decadência. Assim, a partir de 1° de janeiro de 1996, constatada a falta de realização mínima do saldo de lucro inflacionário acumulado, cabe exigir o imposto correspondente à parcela não oferecida à tributação, apurada com base no lucro inflacionário existente em 31/12/1995. No que tange aos prejuízos fiscais apurados em exercícios anteriores, não há dúvida de que, constatada a sua existência, visto que declarados pela recorrente, registrados no Sistema SAPLI da RFB e não contestados oportunamente, admitese a sua compensação com o imposto de renda apurado durante o procedimento fiscal, não integralmente, como pretende a recorrente, mas nos estritos limites impostos pela legislação de regência, ou seja, permitese a compensação em até 30% do lucro real, em conformidade com o Demonstrativo SAPLI, às fls. 318 a 320. A limitação da compensação de prejuízos fiscais encontrase definida no artigo 42 da Lei nº 8.981, de 1995, verbis: “Art. 42 A partir de 1° de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no "caput" deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüente.” (grifei) Como visto acima, ao constatar a compensação indevida de prejuízos fiscais pela falta de respeito ao percentual limitador de 30% do lucro líquido ajustado, a autoridade fiscal deverá proceder ao lançamento de ofício, tendo em vista a falta de atendimento ao pressuposto legal acima citado. O tema em debate já foi apreciado pelo E. Supremo Tribunal Federal, que manifestouse desfavoravelmente ao contribuinte (RE 232.084/SP, DJU 16/6/00, entre outros), que recebeu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. MEDIDA PROVISÓRIA N. 812, DE 31.12.94, CONVERTIDA NA LEI N. 8981/95. ARTIGOS 42 E 58, QUE REDUZIRAM A 30% A PARCELA DOS PREJUÍZOS SOCIAIS, DE EXERCÍCIOS ANTERIORES, SUSCETÍVEL DE SER Fl. 430DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 23 22 DEDUZIDA NO LUCRO REAL, PARA APURAÇÃO DOS TRIBUTOS EM REFERÊNCIA. ALEGAÇÃO DE OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA ANTERIORIDADE E DA IRRETROATIVIDADE. Diploma normativo que foi editado em 31.12.94, a tempo, portanto, de incidir sobre o resultado do exercício financeiro encerrado. Descabimento da alegação de ofensa aos princípios da anterioridade e da irretroatividade, relativamente ao Imposto de Renda , o mesmo não se dando no tocante à contribuição social, sujeita que está à anterioridade nonagesimal prevista no art. 195, § 6º da CF, que não foi observado. Recurso conhecido, em parte, e nela provido. Considerando, pois, a função constitucional do E. STF de estabelecer quais normas devem permanecer no sistema jurídico, e o seu entendimento de que a Lei 8981, de 1995 (art. 42) está em conformidade com a Constituição Federal. Aliás, matéria pacificada pela Súmula CARF nº 3, verbis: Para a determinação da base de cálculo do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro, a partir do anocalendário de 1995, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento, tanto em razão da compensação de prejuízo, como em razão da compensação da base de cálculo negativa. Desse modo, resta manifesto de que a pretensão de compensar prejuízos fiscais de períodosbase anteriores com a base de cálculo do imposto de renda, em seu montante integral, não pode ser admitida, pois desrespeita o limite máximo de 30% do lucro real, estabelecido pelo artigo 42 da Lei n° 8.981, de 1995, e pelo artigo 15 da Lei n° 9.065, de 1995. 4 TRIBUTAÇÃO DECORRENTE DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL. PIS. COFINS Como se infere do relato, a exigência da CSLL. PIS e COFINS decorrem do lançamento levado a efeito na área do Imposto de Renda Pessoa Jurídica. Em observância ao princípio da decorrência, e sendo certo a relação de causa e efeito existente entre o suporte fático em ambos os processo, o julgamento daquele apelo principal, ou seja, Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), deve, a princípio, se refletir nos presentes julgados, eis que o fato econômico que causou a tributação por decorrência é o mesmo e já está consagrado na jurisprudência administrativa que a tributação decorrente/reflexa deve ter o mesmo tratamento dispensado ao processo principal em virtude da íntima correlação de causa e efeito. Considerando que, no presente caso, o autuado não conseguiu elidir a totalidade das irregularidades apuradas, devese manter, em parte, o exigido no processo decorrente, que é a espécie do processo sob exame, uma vez que ambas as exigências que a formalizada no processo principal quer as dele originadas (lançamentos decorrentes) repousam sobre o mesmo suporte fático. Fl. 431DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO Processo nº 10580.007885/200641 Acórdão n.º 1101000.948 S1C1T1 Fl. 24 23 Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria, no mérito, voto no sentido de negar provimento ao recurso relativo ao ano calendário de 2001. JOSÉ RICARDO DA SILVA Relator JOSELAINE BOEIRA ZATORRE Relatora 'ad hoc' designada para formalização do acórdão. Ressalto que não estou vinculada a conteúdo dessa decisão. Fl. 432DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/02/2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 05/02/ 2015 por JOSELAINE BOEIRA ZATORRE, Assinado digitalmente em 18/02/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VA LADAO
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Numero do processo: 10855.002879/2006-21
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2002
MATÉRIA DISCUTIDA. CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO.
Apesar dos presentes autos versarem apenas sobre multa isolada por insuficiência de estimativa mensal de CSLL, em outros autos processuais, de nº 10855.002878/2006-86, encontram-se os lançamentos de ofício do principal da CSLL e da multa de ofício, já constituídos definitivamente em razão de desistência do sujeito passivo. Portanto, a matéria discutida nos presentes autos é a concomitância entre a multa isolada e a multa de ofício.
MATÉRIA SUMULADA. CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE ESTIMATIVA MENSAL E MULTA DE OFÍCIO COM REDAÇÃO ANTERIOR À DADA PELA LEI Nº 11.488, DE 2007. AFASTAMENTO DA MULTA ISOLADA.
Tendo sido os fatos geradores da autuação fiscal anteriores à redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007 ao artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1.996, que trata da multa de ofício e multa isolada, cabe aplicação da Súmula CARF nº 105, que predica que a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício e afastar a multa isolada. Caso os fatos geradores da autuação fiscal fossem posteriores à redação dada Lei nº 11.488, de 2007 ao artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1.996, não caberia a aplicação da mencionada súmula.
Numero da decisão: 1103-001.186
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, dar provimento por unanimidade.
Assinado Digitalmente
Aloysio José Percínio da Silva - Presidente.
Assinado Digitalmente
André Mendes de Moura - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: André Mendes de Moura
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camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2002 MATÉRIA DISCUTIDA. CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. Apesar dos presentes autos versarem apenas sobre multa isolada por insuficiência de estimativa mensal de CSLL, em outros autos processuais, de nº 10855.002878/2006-86, encontram-se os lançamentos de ofício do principal da CSLL e da multa de ofício, já constituídos definitivamente em razão de desistência do sujeito passivo. Portanto, a matéria discutida nos presentes autos é a concomitância entre a multa isolada e a multa de ofício. MATÉRIA SUMULADA. CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE ESTIMATIVA MENSAL E MULTA DE OFÍCIO COM REDAÇÃO ANTERIOR À DADA PELA LEI Nº 11.488, DE 2007. AFASTAMENTO DA MULTA ISOLADA. Tendo sido os fatos geradores da autuação fiscal anteriores à redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007 ao artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1.996, que trata da multa de ofício e multa isolada, cabe aplicação da Súmula CARF nº 105, que predica que a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício e afastar a multa isolada. Caso os fatos geradores da autuação fiscal fossem posteriores à redação dada Lei nº 11.488, de 2007 ao artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1.996, não caberia a aplicação da mencionada súmula.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, dar provimento por unanimidade. Assinado Digitalmente Aloysio José Percínio da Silva - Presidente. Assinado Digitalmente André Mendes de Moura - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
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CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. Apesar dos presentes autos versarem apenas sobre multa isolada por insuficiência de estimativa mensal de CSLL, em outros autos processuais, de nº 10855.002878/200686, encontramse os lançamentos de ofício do principal da CSLL e da multa de ofício, já constituídos definitivamente em razão de desistência do sujeito passivo. Portanto, a matéria discutida nos presentes autos é a concomitância entre a multa isolada e a multa de ofício. MATÉRIA SUMULADA. CONCOMITÂNCIA DE MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA DE ESTIMATIVA MENSAL E MULTA DE OFÍCIO COM REDAÇÃO ANTERIOR À DADA PELA LEI Nº 11.488, DE 2007. AFASTAMENTO DA MULTA ISOLADA. Tendo sido os fatos geradores da autuação fiscal anteriores à redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007 ao artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1.996, que trata da multa de ofício e multa isolada, cabe aplicação da Súmula CARF nº 105, que predica que a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício e afastar a multa isolada. Caso os fatos geradores da autuação fiscal fossem posteriores à redação dada Lei nº 11.488, de 2007 ao artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1.996, não caberia a aplicação da mencionada súmula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, dar provimento por unanimidade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 00 28 79 /2 00 6- 21 Fl. 1080DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 10855.002879/200621 Acórdão n.º 1103001.186 S1C1T3 Fl. 1.081 2 Assinado Digitalmente Aloysio José Percínio da Silva Presidente. Assinado Digitalmente André Mendes de Moura Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Breno Ferreira Martins Vasconcelos, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 488/493 contra decisão da 3ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto (fls. 475/481), que apresentou a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO – CSLL Anocalendário: 2002 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. A decisão proferida no processo decorrente deve seguir a mesma orientação decisória prolatada no processo principal. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFICIO. CUMULAÇÃO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada, incidente sobre as estimativas não pagas, a exigência da multa de oficio relativa ao tributo apurado ao final do anocalendário, por caracterizarem penalidades distintas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Tratandose de ato não definitivamente julgado aplicase retroativamente a lei nova quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo do lançamento. Fl. 1081DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 10855.002879/200621 Acórdão n.º 1103001.186 S1C1T3 Fl. 1.082 3 Dos Fatos. Tratase de ação fiscal decorrente da iniciada nos autos do processo administrativo nº 10855.002878/200686, referente ao anocalendário de 2002. Intimada a apresentar os extratos bancários das contas correntes mantidas nas instituições financeiras, a contribuinte atendeu parcialmente o pedido. Para dar prosseguimento aos trabalhos de investigação, emitiu a autoridade autuante a Requisição de Informações Sobre Movimentação Financeira (RMF). Intimada a contribuinte a comprovar a origem de depósitos bancários relacionados pelo Fisco mediante apresentação de documentação hábil e idônea, remanesceu grande parte dos valores sem a devida comprovação. Assim, foram efetuados os lançamentos de ofício com base na presunção de omissão de receitas prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em razão da não comprovação da origem de depósitos bancários mantidos em instituições financeiras pela fiscalizada. Diante da nova apuração efetuada pela autoridade autuante e sendo ao contribuinte optante do lucro real anual, também foi constatada insuficiência no recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL. Assim, foram lavrados nos autos do processo nº 10855.002878/200686 os Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e IRPJEstimativa. Por sua vez, nos presentes autos, foi lavrado o Auto de Infração de CSLLEstimativa de fls. 220/222. Da Fase Contenciosa. Devidamente cientificada, a contribuinte apresentou impugnação de fls. 233/238, que foi apreciada pela 3ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto, em sessão realizada no dia 05/03/2009. O Acórdão nº 1422.438, de fls. 475/481 julgou o lançamento procedente em parte, para (1) reduzir a base de cálculo de estimativa mensal lançada de ofício, em face da decisão nos autos do processo nº 10855.002878/200686, no qual a contribuinte logrou comprovar parcialmente a origem dos depósitos bancários mediante apresentação de documentação hábil e idônea; e (2) reduziu o percentual da multa isolada aplicada sobre a estimativa de IRPJ não recolhida, de 75% para 50%, com base na nova redação do art. 33 da Lei nº 9.430, de 1996, dada pela Lei nº 11.488, de 2007. Cientificada da decisão a quo em 15/06/2009 (“AR” de fl. 487), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 15/07/2009 de fls. 488/493, no qual discorre sobre pontos descritos a seguir. a cumulação da multa proporcional de 75% com a multa isolada sobre a insuficiência de estimativa mensal de 50% decorre de interpretação equivocada do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996; a apontada falta de pagamento de tributo ensejaria somente a aplicação da multa de lançamento de oficio prevista no inciso I do referido dispositivo; jamais a aplicação cumulativa de multa "isolada", eis que "os incisos I e II do caput e os incisos I, II, III e IV do §1° do art. 44 da Lei 9.430/96 devem ser interpretados de forma sistemática, sob pena da cláusula penal ultrapassar o valor da obrigação tributária principal, constituindose num autêntico confisco e num bis in idem punitivo, em detrimento do principio da não propagação de multas e da não repetição da sanção tributária; A sobreposição de penas se mostra inequívoca quando se verifica que as multas em questão recaem sobre a mesma base, qual seja, calculadas sobre a CSLL que não teria sido recolhida; Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 10855.002879/200621 Acórdão n.º 1103001.186 S1C1T3 Fl. 1.083 4 o CARF já pacificou entendimento da inadmissibilidade de duas multas em face da mesma infração registrese ainda que o cancelamento ou eventual revisão dos lançamentos de IRPJ e CSLL no PAF nº 10855.002878/200686, dos quais o presente é mero lançamento reflexo, terá como desdobramento, necessariamente, no cancelamento ou revisão do crédito ora impugnado. Os autos foram movimentados para o CARF para apreciação do recurso. A competência para julgamento foi declinada pela 3ª e 2ª Turmas Especiais da Primeira Seção, conforme Despachos de fls. 1056/1057 e 1060, em razão do processo principal conexo (nº 10855.002878/200686) tratar de crédito tributário acima do limite de alçada de competência das turmas especiais. Enfim, foram distribuídos os autos novamente para a 3ª Turma Especial da Primeira Seção, que na Resolução de fls. 1063/1073 declinou competência para esta 3ª Turma Ordinária/1ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento, em face do art. 49 do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Fundamentase a decisão no fato de que o processo principal nº 10855.002878/200686, do qual os presentes autos guardam nexo de causalidade, foi distribuído para esta 3ª Turma Especial da Primeira Seção. É o relatório. Voto Conselheiro André Mendes de Moura A princípio, há que se apreciar questão de competência suscitada pela 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento. Entendo que a decisão da turma especial foi acertada. Os autos do processo nº 10855.002878/200686, que tratam dos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS, Cofins e IRPJ Estimativa, foram distribuídos para esta Turma, e já foram julgados na sessão de setembro de 2014. Por sua vez, os presentes autos tratam precisamente do mesmo suporte fático, com a única diferença de que neles consta o Auto de Infração de CSLLEstimativa. Portanto, mostra se correto o enquadramento nos arts. 47 e 49 do Anexo II da do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009: Art. 47. Os processos serão distribuídos aleatoriamente às Câmaras para sorteio, juntamente com os processos conexos e, preferencialmente, organizados em lotes por matéria ou concentração temática, observandose a competência e a tramitação prevista no art. 46. (...) Art. 49. Os processos recebidos pelas Câmaras serão sorteados aos conselheiros. (...) Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 10855.002879/200621 Acórdão n.º 1103001.186 S1C1T3 Fl. 1.084 5 § 7° Os processos que retornarem de diligência, os com embargos de declaração opostos e os conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio, ressalvados os embargos de declaração opostos, em que o relator não mais pertença ao colegiado, que serão apreciados pela turma de origem, com designação de relator ad hoc. Passo, portanto, à apreciação do recurso voluntário, que foi interposto tempestivamente e reúne os demais pressupostos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido. Preliminarmente, cabe esclarecer que, nos autos do processo nº 10855.002878/200686, que tratou dos lançamentos de ofício referentes à presunção de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada, tendo como resultado os lançamentos de ofício do IRPJ (lucro real anual), CSLL, PIS, Cofins e IRPJ Estimativa, a decisão da DRJ/Ribeirão Preto exonerou parte da exigência fiscal. Isso porque a contribuinte comprovou, parcialmente, a origem dos depósitos bancários mediante apresentação de documentação hábil e idônea, conforme art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Cientificada da decisão, interpôs recurso voluntário a contribuinte. Contudo, em seguida, a recorrente apresentou pedido de desistência parcial do recurso voluntário, vez que optou pelo parcelamento especial instituído pela Lei nº 11.941, de 2009. A desistência abrangeu os valores lançados de ofício de IRPJ, CSLL, PIS e Cofins mantidos na decisão de primeira instância administrativa, conforme quadro a seguir. Valores Principal (R$) Lançamento de Ofício Fiscalização Exoneração do Acórdão DRJ Valores Mantidos no Acórdão DRJ Desistência da Contribuinte IRPJ 852.030,99 192.248,67 659.782,32 659.782,32 CSLL 315.392,20 69.209,51 246.182,69 246.182,69 PIS/Pasep 25.719,50 1.808,26 23.911,24 23.911,24 Cofins 143.929,59 23.069,78 120.859,81 120.859,81 Portanto, a desistência não se estendeu os lançamentos de multa isolada de IRPJ e CSLL. No que concerne à estimativa mensal de IRPJ, esta presente turma já se pronunciou na sessão de 25 de setembro de 2014 (processo nº 10855.002878/200686), cuja decisão ainda não foi formalizada. Por sua vez, remanesce nos presentes autos a estimativa mensal de CSLL. Como já visto, o valor do crédito tributário mantido pela DRJ, relativo à apuração anual da CSLL do anocalendário de 2002, foi confessado pela contribuinte, em razão do parcelamento. Ou seja, a recorrente desistiu dos lançamentos de ofício referentes à infração tributária principal. Diante de tal situação, entendo que há que se analisar a extensão da matéria devolvida. Fl. 1084DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 10855.002879/200621 Acórdão n.º 1103001.186 S1C1T3 Fl. 1.085 6 Explicase. A multa isolada é calculada aplicandose o percentual de 50% sobre a estimativa, que, por sua vez, leva em consideração os valores lançados de ofício apurados com base na infração tributária principal. Ou seja, o lançamento de multa isolada de IRPJestimativa considera, para a composição de sua base de cálculo, o valor apurado na infração tributária referente à presunção de omissão de receitas disposta no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Ocorre que a recorrente desistiu dos lançamentos de ofício referentes à infração tributária principal. Aparentemente, poderseia entender pela existência de uma “zona cinzenta”, entre desistência X matéria devolvida, pelo fato de haver uma repercussão da infração tributária do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 sobre a apuração da multa isolada por estimativa. Nesse contexto, poderseia falar que caberia avaliar, novamente, em sede recursal, questões de fato e/ou de direito referentes à presunção de omissão de receitas, em razão de a multa isolada por estimativa não ter sido objeto de desistência? Entendo que não, sob pena de preclusão lógica. A contribuinte, ao aderir ao parcelamento, desistiu de recorrer dos lançamentos de ofício tipificados com base no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 (art. 78 do Anexo II da Portaria n º 256, de 22 de junho de 2009). Assim, tanto questões de direito quanto de fato sobre a matéria da infração principal (presunção de omissão de receitas ) ficam preclusas, e não consistem em matéria devolvida para este Tribunal. Assim, persiste, como único ponto a ser apreciado e matéria devolvida ao CARF, questão de direito arguida pela recorrente referente à concomitância na aplicação da multa de ofício e da multa isolada. Devese registrar que nos autos do processo nº 10855.002878/200686 encontramse os lançamentos de ofício, dentre outros tributos, de CSLL. Por sua vez, os presentes autos tratam apenas do lançamento de multa isolada de CSLL referente à insuficiência de recolhimento estimativa mensal. E, como já esclarecido, os autos do processo nº 10855.002878/200686 já foram julgados por este Colegiado, e, no que concerne à CSLL, os débitos relativos ao principal e multa de ofício mantidos na decisão da primeira instância foram objeto de pedido de desistência da recorrente. Isso tudo para esclarecer que, na realidade, o contexto da autuação em debate comporta, para a CSLL, os lançamentos de ofício do principal e da multa de ofício (autos do processo nº 10855.002878/200686) e da multa isolada (presentes autos). Nesse sentido, para os presentes autos, apesar de tratarem apenas do lançamento de multa isolada de CSLL, o que se encontra em análise é a concomitância entre a multa de ofício e a multa isolada por falta de recolhimento de estimativa mensal. Sobre o assunto, há que se observar que recentemente foi editada pelo CARF súmula sobre a questão: Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso Fl. 1085DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA Processo nº 10855.002879/200621 Acórdão n.º 1103001.186 S1C1T3 Fl. 1.086 7 IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Ocorre que a súmula trata da multa de ofício aplicada pelo art. 44, § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, ou seja, redação imediatamente anterior àquela dada pela Lei nº 11.488, de 15/06/2007, que entrou em vigor no mesmo dia. Portanto, cabe apreciar em que redação se enquadra o caso concreto: (1) a anterior à da Lei nº 11.488, de 2007, ou (2) a dada pela Lei nº 11.488, de 2007. Caso seja a hipótese 1, cabe a aplicação da Súmula CARF nº 105. Verificando o auto de infração, constatase que foi lavrado em 01/11/2006, e que trata de fatos geradores do anocalendário de 2002, tendo como enquadramento legal o art. 44, § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, ou seja, encontravase vigente a redação anterior àquela dada pela Lei nº 11.488, de 2007. Portanto, tratase de situação no qual cabe a aplicação da Súmula CARF nº 105. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, na parte que foi devolvida para este Tribunal. Assinatura Digital André Mendes de Moura Fl. 1086DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 30/03/201 5 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por ANDRE MENDES DE MOURA
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Numero do processo: 13884.003385/2001-08
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 22 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1994, 1999
Ementa:
NORMAS PROCESSUAIS. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE.
É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em mais de um fundamento e o recurso não abrange todos eles.
Numero da decisão: 9101-002.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FISCAIS, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto
Presidente
(documento assinado digitalmente)
Valmir Sandri
Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, Karem Jureidini Dias, Leonardo de Andrade Couto (Conselheiro Convocado), Antonio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Junior e Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado).
Nome do relator: VALMIR SANDRI
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1994, 1999 Ementa: NORMAS PROCESSUAIS. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em mais de um fundamento e o recurso não abrange todos eles.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FISCAIS, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (documento assinado digitalmente) Valmir Sandri Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, Karem Jureidini Dias, Leonardo de Andrade Couto (Conselheiro Convocado), Antonio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Junior e Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1795; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 2 1 1 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13884.003385/200108 Recurso nº 149.388 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101002.104 – 1ª Turma Sessão de 22 de janeiro de 2015 Matéria Restituição Recorrente Panasonic Componentes Eletrônicos do Brasil Ltda Interessado Fazenda Nacional ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1994, 1999 Ementa: NORMAS PROCESSUAIS. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em mais de um fundamento e o recurso não abrange todos eles. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FFIISSCCAAIISS, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (documento assinado digitalmente) Valmir Sandri Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, Karem Jureidini Dias, Leonardo de Andrade Couto (Conselheiro Convocado), Antonio Carlos Guidoni Filho, Rafael Vidal de Araújo, João Carlos de Lima Junior e Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 00 33 85 /2 00 1- 08 Fl. 1601DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI Processo nº 13884.003385/200108 Acórdão n.º 9101002.104 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Na sessão plenária de 27 de junho de 2008, a 8ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, julgando recurso de Panasonic Componentes Eletrônicos do Brasil Ltda CEMIG Distribuição S.A, por maioria de votos negoulhe provimento, conforme Acórdão nº10809.654, cuja ementa apresenta o teor a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 1994, 1999 DECADÊNCIA. RESTITUIÇÃO. APLICAÇÃO DA LC 118/05 0 prazo extintivo do direito de pleitear a repetição de tributo indevido ou pago a maior, sujeito a lançamento por homologação, extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data do pagamento antecipado, nos precisos termos dos art. 156, I, 165, I, 168 e 150, §§ 1° e 4°, do Código Tributário Nacional (CTN). Interpretação dada pela Lei Complementar n° 118/05. NORMAS PROCESSUAIS. RESTITUIÇÃO ONUS DA PROVA. Para que seja reconhecido o direito à restituição, os créditos alegados precisam ser comprovados, por meio de documentação idônea que possibilite a verificação dos motivos que justificam seu direito. Não servindo, para tanto as informações meramente procedimentais contidas no SENTCOR. DENÚNCIA ESPONTÂNEA ART. 138 DO CTN – Em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação, declarado pelo contribuinte e recolhido com atraso, descabe o beneficio da denúncia espontânea. A espontaneidade apenas exclui as penalidades de natureza punitiva, resultantes da responsabilidade quanto a crime, contravenção ou delito tributário, não podendo ser aplicada às de natureza moratória, vez que o pagamento em atraso não constitui infração, mas simples mora ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE – SÚMULA 1°.CC N° 02 0 Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado. Inconformado, o contribuinte, com fulcro no art. 7º, inciso II e 15 § 2° ambos do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° Fl. 1602DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI Processo nº 13884.003385/200108 Acórdão n.º 9101002.104 CSRFT1 Fl. 4 3 147, de 25/06/2007, apresentou recurso especial de divergência, que teve seguimento deferido quanto à matéria “Decadência. Pedido de Restituição. Lei Complementar 118”. Argumenta a recorrente, que a decisão proferida pela Câmara diverge da abraçada por outros colegiados, indicando como paradigma o Acórdão 203.11098.de 30/06/2006, cuja ementa está assim redigida: "PIS. DECADÊNCIA. PRAZO: 5 + 5 ANOS. TESE DO STJ. Segundo jurisprudência pacifica do STJ é de 10 (dez) anos (5 + 5) o prazo para postular a restituição de indébito de PIS". A presidência da Oitava Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes admitiu o recurso por tempestivo e por configurada a divergência. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 1495 a 1501. É o relatório. Voto Conselheiro Valmir Sandri, Relator O presente processo trata de Pedido de Restituição, protocolado em 29.08.01, objetivando o aproveitamento dos créditos relativos a diversos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, apurados desde o anocalendário de 1993 até o de 1998, conforme planilhas explicativas de fls. 22/48, no valor total de R$1.666.464,01, acompanhado de diversas declarações de compensação. A matéria objeto de recurso especial diz respeito ao prazo para pleitear a restituição/compensação de indébito tributário. A divergência situase na interpretação do art. 168 do Código Tributário Nacional, quando o alegado indébito se relacione a tributo sujeito a lançamento por homologação. Pelo Acórdão ora recorrido a Câmara, por maioria de votos, negou provimento ao recurso do contribuinte em face da não homologação da compensação declarada, “nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.” A questão para a qual o contribuinte invoca divergência de interpretação e se socorre do recurso especial diz respeito ao prazo para pleitear a restituição. Invocando jurisprudência do STJ, postula a Recorrente o reconhecimento de que o prazo seja de 10 anos. Quanto a essa matéria, a partir da alteração do Regimento Interno do CARF, para inclusão do art. 62A, que obriga os Conselheiros a reproduzirem as decisões definitivas de mérito do STF ou do STJ, não se admite mais discussão. É que Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n°1.002.932SP, sob o procedimento dos recursos repetitivos, ao apreciar o texto trazido pela Lei Complementar n° 118/05, fixou o entendimento Fl. 1603DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI Processo nº 13884.003385/200108 Acórdão n.º 9101002.104 CSRFT1 Fl. 5 4 de que, relativamente aos pagamentos indevidos efetuados anteriormente à Lei Complementar n° 118/05, o prazo prescricional para a restituição do indébito permanece regido pela tese dos “cinco mais cinco”, isto é, pelo prazo de dez anos, limitado, porém, a cinco anos contados a partir da vigência daquela lei. O Supremo Tribunal Federal, de outro lado, enfrentando o tema, decidiu, no âmbito do Recurso Extraordinário 566.621RS (04/08/2011), ser válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Esse acórdão transitou em julgado em 17/11/2011, com baixa definitiva dos autos em 01/03/2012, conforme andamentos registrados no sítio do STF. O art. 62A do Regimento Interno do CARF obriga os Conselheiros a reproduzirem as decisões definitivas de mérito do STF ou do STJ, tomadas na sistemática dos artigos 543 B ou 543C, nos seguintes termos: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. Considerando a supremacia das decisões do STF, e por força do quanto disposto no artigo 62 A, do Regimento Interno do CARF, devese ter que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para o pedido de restituição efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/05 tem como termo inicial a homologação, expressa ou tácita, do lançamento, o que resulta que, não tendo havido homologação expressa, o prazo para repetição ou compensação de indébito é de 10 anos contados do seu fato gerador (aplicação combinada dos arts. 150, §4°, 156, VII, e 168, I, do CTN). Assim, por força do quanto disposto no artigo 62A, do Regimento Interno do CARF, considerando o entendimento fixado pelos tribunais superiores na sistemática dos artigos 543 B ou 543C do CPC, o direito do contribuinte foi exercido do prazo legal. Contudo, de se observar que o indeferimento da restituição/compensação baseouse não apenas na extinção do direito, mas também em outros fundamentos, entre eles a na não comprovação do indébito. Assim decidiram a autoridade administrativa, 4ª Turma de Julgamento da DRJ em Campinas e a 8ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. De fato, não obstante entender extinto o direito à restituição, o acórdão recorrido analisou o mérito, e assentou que “ não logrando a Recorrente êxito em cumprir o ônus da prova de demonstrar a liquidez e certeza de seu crédito, por meio da comprovação do recolhimento a maior ou indevido, deve ser mantida a decisão a quo que não conheceu o direito creditório pleiteado”. Conforme entendimento sumulado do STF e do STJ, é inadmissível o recurso excepcional (especial ou extraordinário) quando a decisão recorrida assenta em mais de um Fl. 1604DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI Processo nº 13884.003385/200108 Acórdão n.º 9101002.104 CSRFT1 Fl. 6 5 fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles (Súmula STF nº 2831 e Súmula STJ nº 1262). Pelas razões expostas, não conheço do recurso. É como voto. Sala das Sessões, em 22 de janeiro de 2015. (documento assinado digitalmente) Valmir Sandri, Relator. 1 É inadmissível o recurso extraordinário,quando a decisão recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange todos eles” (Aprovação: Sessão Plenária de 13/12/1963). 2 “É inadmissível recurso especial, quando o acórdão recorrido assenta em fundamentos constitucional e infraconstitucional, qualquer deles suficiente, por si só, para mantêlo, e a parte vencida não manifesta recurso extraordinário” (Julgamento: Corte Especial – 09/03/1995). Fl. 1605DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI, Assinado digitalmente em 11/02/2015 por CA RLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por VALMIR SANDRI
score : 1.0
Numero do processo: 15983.000198/2010-62
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - NFLD. FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO SEM ADESÃO AO PAT. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO.
O valor referente ao fornecimento de auxílio-alimentação aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho - PAT, não integra o salário-de-contribuição, conforme dispõe o Ato Declaratório PGFN nº 03/2011.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2803-004.113
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima Presidente
(Assinado digitalmente)
Amílcar Barca Teixeira Júnior Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Ricardo Magaldi Messetti.
Nome do relator: AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO - NFLD. FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO SEM ADESÃO AO PAT. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. O valor referente ao fornecimento de auxílio-alimentação aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho - PAT, não integra o salário-de-contribuição, conforme dispõe o Ato Declaratório PGFN nº 03/2011. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Ricardo Magaldi Messetti.
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CUSTEIO. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO NFLD. FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO SEM ADESÃO AO PAT. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. O valor referente ao fornecimento de auxílioalimentação aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho PAT, não integra o saláriodecontribuição, conforme dispõe o Ato Declaratório PGFN nº 03/2011. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima – Presidente (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 01 98 /2 01 0- 62 Fl. 224DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15983.000198/201062 Acórdão n.º 2803004.113 S2TE03 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Oseas Coimbra Júnior, Eduardo de Oliveira, Amilcar Barca Teixeira Junior, Gustavo Vettorato e Ricardo Magaldi Messetti. Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) lavrado em desfavor do contribuinte acima identificado, relativamente a contribuições devidas à Seguridade Social, correspondente à parte de Terceiros, não declaradas em GFIP. Depois do pagamento de parte do devido ainda no curso da fiscalização, bem como a adesão ao parcelamento referente a outra parte, a discussão ficou restrita à regularidade de registro no PAT. O Contribuinte devidamente notificado apresentou defesa tempestiva. A impugnação foi julgada em 09 de outubro de 2012 e ementada nos seguintes termos: ASSUNTO: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CHEQUE REFEIÇÃO. PAT. RECADASTRAMENTO. Integram o salário de contribuição os valores pagos pela empresa na modalidade de cheque refeição, sem comprovação de ser alimento in natura e dentro das formalidades para adesão ao PAT, conforme legislação que determinou o recadastramento das empresas neste Programa. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado com resultado do julgamento da primeira instância administrativa, o Contribuinte apresentou recurso tempestivo, onde alega, em síntese, o seguinte: Inconformada com a lavratura do lançamento, a recorrente apresentou impugnação que afastou as razões trazidas pela fiscalização sob o argumento de a recorrente não cumpriu as normas relativas ao PAT. Alega o Sr. Fiscal também que são devidas as contribuições pela recorrente, porque esta não se recadastrou no PAT e, desta forma, não faria jus à redução prevista nas normas vigentes. É indevido, desarrazoado e desproporcional o argumento vertido, pois está claro que houve o fornecimento de alimentação in natura e, durante toda a vigência da norma, nada alterou em relação à situação da recorrente que lhe obrigasse novo cadastro. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15983.000198/201062 Acórdão n.º 2803004.113 S2TE03 Fl. 4 3 Inexistiu qualquer prática fraudulenta, como parece haver sido interpretado pela fiscalização, mas omissão em recadastrar – ato inútil, aliás – junto ao programa. Claro está, até pelas assertivas do Sr. Fiscal, que houve a efetivação do programa conforme os contratos anexos. Em face do exposto, pede e espera a recorrente seja totalmente acolhido o presente recurso para o fim de afastar o débito tributário constante do processo administrativo, para o que, pede deferimento. Não apresentadas as contrarrazões. É o relatório. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15983.000198/201062 Acórdão n.º 2803004.113 S2TE03 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Amílcar Barca Teixeira Júnior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Como se pode observar do acórdão recorrido, os julgadores de primeira instância administrativa mantêm o lançamento sob o argumento de que “cheque refeição” não se enquadra no conceito de salário in natura e que a situação em debate não se adequa também às especificidades do Ato Declaratório PGFN nº 03, de 20/12/2011, não se aplicando, por óbvio, a regra do Parecer PGFN/CRJ/nº 2.117/2011. O lançamento em discussão foi realizado em razão de a empresa não ter efetuado os descontos das contribuições previdenciárias relativamente aos valores pagos aos segurados empregados sobre a verba auxílioalimentação. Conforme verificado nestes autos, o pomo da discórdia diz respeito à falta de inscrição do contribuinte no Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, do Ministério do Trabalho e Emprego. A falta da referida inscrição no PAT, como assevera a autoridade administrativa, é motivo para transformar o benefício em saláriodecontribuição. Por seu turno, o contribuinte alega que os gastos referentes à alimentação fornecida aos seus funcionários não compõem a base de cálculo do saláriodecontribuição. No ponto, está correto o contribuinte. Ao contrário do contido na decisão recorrida, a Terceira Turma Especial da Segunda Seção do CARF entende que pagamento em espécie diz respeito a pagamento em dinheiro. O cheque refeição, como é o caso dos autos, está dentro do conceito de pagamento in natura, situação que afasta a pretensão do Fisco em manter o lançamento. Sobre a matéria discutida (fato gerador), concessão de auxílio alimentação sem inscrição no PAT, os membros do CARF (RICARF, art. 62, III) devem se ater às disposições contidas no Ato Declaratório PGFN nº 03/2011, in verbis: A PROCURADORAGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 24.11.2011, DECLARA que fica autorizada a dispensa de Fl. 227DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR Processo nº 15983.000198/201062 Acórdão n.º 2803004.113 S2TE03 Fl. 6 5 apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária”. JURISPRUDÊNCIA: Resp nº 1.119.787SP (DJe 13/05/2010), Resp nº 922.781/RS (DJe 18/11/2008), EREsp nº 476.194/PR (DJ 01.08.2005), Resp nº 719.714/PR (DJ 24/04/2006), Resp nº 333.001/RS (DJ 17/11/2008), Resp nº 977.238/RS (DJ 29/11/2007). O valor referente ao fornecimento de auxílioalimentação aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho PAT, não integra o saláriodecontribuição, conforme dispõe o Ato Declaratório PGFN nº 03/2011. Ora, se não há incidência de contribuição previdenciária sobre o pagamento in natura de auxílioalimentação, não haverá por consequência, motivos para o contribuinte ser penalizado. CONCLUSÃO. Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. É como voto. (Assinado digitalmente) Amílcar Barca Teixeira Júnior – Relator. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 28/02/2015 por AMILCAR BARCA TEI XEIRA JUNIOR
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