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Numero do processo: 10218.720085/2007-39
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2801-000.346
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada.
Relatório
Trata-se de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 69.970,94, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora.
Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4.
Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra SIPT da RFB.
A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 37/45, assim ementado:
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal.
DA ÁREA INDÍGENA.
Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto.
DO VALOR DA TERRA NUA - VTN.
Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.653-3 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado.
Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 50), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 51/74, acompanhado dos documentos de fls. 75/85. Na peça recursal aduz, em síntese, que:
Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia
- Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996.
- Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996.
- O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea a não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea b do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea c), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade.
- A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas a do inciso II do § 1° do art. 10.
- A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte.
- O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (art. 924).
- A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos).
- Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório.
- Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos.
Área indígena
- Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto".
- Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01).
- O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02).
- O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04).
- Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05).
- Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse.
- O imóvel - LOTE 54 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06).
Pedidos
Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo.
Por meio da Resolução nº 2801-000.310, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel.
Após ser intimado (fl. 95), o Interessado se manifestou às fls. 97/99 e juntou aos autos os documentos de fls. 100/110. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que:
- Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará.
- Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012.
- No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia.
Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister.
Voto
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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Consta da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR - DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua - VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 37/45, assim ementado: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exige-se que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DA ÁREA INDÍGENA. Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto. DO VALOR DA TERRA NUA - VTN. 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Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia - Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. - Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputar-lhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. - O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a alínea a não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea b do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea c), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. - A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluir-se da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas a do inciso II do § 1° do art. 10. - A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. - O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior (art. 924). - A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, trata-se de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativo-ambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). - Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. - Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena - Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto". - Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). - O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). - O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). - Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). - Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. - O imóvel - LOTE 54 - está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801-000.310, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 95), o Interessado se manifestou às fls. 97/99 e juntou aos autos os documentos de fls. 100/110. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: - Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. - Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. - No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontra-se localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontra-se situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. 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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Eivanice Canário da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Carlos César Quadros Pierre, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR por meio da qual se exige crédito tributário no valor de R$ 69.970,94, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Consta da “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, à fl. 3 deste processo digital, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de preservação permanente e da área de utilização limitada no imóvel rural, motivo pelo qual o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT foi alterado, conforme Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, acostado aos autos à fl. 4. Acrescenta a Autoridade lançadora, ainda, que, após ser regularmente intimado, o contribuinte não comprovou, por meio de laudo de avaliação do imóvel, conforme RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 18 .7 20 08 5/ 20 07 -3 9 Fl. 115DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720085/200739 Resolução nº 2801000.346 S2TE01 Fl. 116 2 estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, o Valor da Terra Nua VTN declarado. Por esta razão, o VTN foi arbitrado tendo como base nas informações do Sistema de Preços da Terra – SIPT da RFB. A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 37/45, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 DAS ÁREAS DE RESERVA LEGAL E DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para serem excluídas do ITR, exigese que essas áreas, informadas na DITR/2003 e glosadas pela autoridade fiscal, sejam objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado, em tempo hábil, junto ao IBAMA, além da averbação tempestiva da área de reserva legal. DA ÁREA INDÍGENA. Para fazer jus à imunidade tributária constitucionalmente prevista, a pretendida área de preservação permanente deveria, também, estar comprovadamente localizada em área indígena, demarcada e formalizada por Decreto Presidencial, até a data do fato gerador do imposto. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser mantido o VTN arbitrado para o ITR/2003 pela autoridade fiscal com base no SIPT, por falta de laudo técnico de avaliação com ART, em consonância com a NBR 14.6533 da ABNT, que atingisse fundamentação e grau de precisão II, demonstrando inequivocamente o valor fundiário do imóvel à época do fato gerador do imposto e suas peculiaridades desfavoráveis, que justificassem o valor declarado. Cientificado da decisão de primeira instância em 28/03/2012 (fl. 50), o Interessado interpôs, em 11/04/2012, o recurso de fls. 51/74, acompanhado dos documentos de fls. 75/85. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Inexigibilidade de Ato Declaratório Ambiental e inexistência de capacidade contributiva decorrente da limitação legal ao uso da propriedade em razão da reserva legal de 80% na Amazônia Tanto a NL quanto o acórdão recorrido lastrearam o lançamento e sua manutenção na exigência de ADA para exclusão das áreas de reserva legal e de utilização limitada, mas tal exigência afronta direta e abertamente os termos do § 7° e da alínea "a" do inciso II do § 1º do art. 10 da Lei n° 9.393/1996. Por outro lado, a RFB não provou que a declaração do Recorrente não é verdadeira, conforme exige o § 7º para imputarlhe responsabilidade e refutar a sua declaração, pois se limitou a exigir o Ato Declaratório ao arrepio da Lei nº 9.393/1996. O Ato Declaratório Ambiental não é exigível no caso de Reserva Legal, tanto em razão da expressa dispensa pelo § 7º do art. 10 da Lei 9.393/1996, quanto pelo fato de que a Fl. 116DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720085/200739 Resolução nº 2801000.346 S2TE01 Fl. 117 3 alínea “a” não faz referência a qualquer ato administrativo, ao contrário das hipóteses de áreas de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas (alínea “b” do inciso II do § 1º do art. 10) ou comprovadamente imprestáveis, declaradas de interesse ecológico (alínea “c”), para as quais há clara exigência de ato administrativo reconhecendo o interesse ecológico e a imprestabilidade. A introdução do § 7º no art. 10 da Lei nº 9.393/1996 teve apenas o objetivo de esclarecer a inexigibilidade do ato declaratório ambiental prévio para excluirse da tributação pelo ITR as áreas de reserva legal e de preservação permanente, o que já decorria com clareza das alíneas “a” do inciso II do § 1° do art. 10. A expressão utilizada na Lei (caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira), significa: cabe ao fisco provar a falsidade da declaração do contribuinte. O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1999, estabelece que “Cabe à autoridade administrativa a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no artigo anterior” (art. 924). A NL e o acórdão que indeferiu a impugnação tomaram como premissa que a não tributação das áreas de preservação permanente e de utilização limitada seria espécie de isenção, "benefício fiscal", a merecer interpretação literal, quando, em verdade, tratase de hipótese de não incidência, posto presente limitação administrativoambiental de base legal, a qual impede a plena utilização econômica da parcela de 80% dos imóveis rurais incluídos na Amazônia Legal, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei n° 4.771/1965 (e parágrafos). Em decorrência, a tributação pelo Estado sobre áreas que a própria legislação estatal impede o proprietário de exercer em plenitude seu domínio, para obtenção de utilidade econômica, sobre ser um absurdo lógico, uma afronta ao senso comum, representa afronta aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da não utilização de tributo com efeito confiscatório. Menciona jurisprudência do STJ sobre a inexigibilidade do ADA e cita manifestações doutrinárias acerca do ônus probatório em processos administrativos. Área indígena Os julgadores da instância de piso incorreram em equívoco ao entender que área indígena só pode ser compreendida como tal após "demarcada, criada e homologada por meio de Decreto Presidencial, em data anterior a do fato gerador do imposto". Desde 06 de novembro de 1991 a FUNAI, nos processos FUNAI/BSB/948/86 e FUNAI/BSB/115/89, com referência à área indígena APYTEREWA, por despacho do Sr. Presidente da FUNAI (DESPACHO nº 39, 06 de dezembro de 1991, publicado no Diário Oficial da União, em 10.12.91), aprovou a delimitação da área indígena e remeteu o processo de demarcação ao Ministério da Justiça (anexo 01). O Sr. Ministro de Estado de Justiça, através da Portaria nº 267, publicada no Diário Oficial de 29 de maio de 1992, declarou como de posse permanente indígena, para efeito de demarcação, a área indígena APYTEREWA, determinando que a FUNAI promovesse a demarcação e proibindo o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro a ser demarcado (anexo 02). Fl. 117DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720085/200739 Resolução nº 2801000.346 S2TE01 Fl. 118 4 O Sr. Ministro da Justiça, através da Portaria nº 1192, de 31 de dezembro de 2001, publicada no Diário Oficial em 04 de janeiro de 2002, considerando que a terra indígena APYTEREWA ficou identificada nos termos do § 1º do art. 231 da Constituição Federal e inciso 1 do art. 17 da Lei 6.001/1973, como sendo tradicionalmente ocupada pelo grupo APYTEREWA, declarou como de posse permanente a área indígena APYTEREWA, com superfície de aproximadamente 773.000 ha (anexo 03). A Portaria 2581, 21 de setembro de 2004 declarou de posse permanente a área de 773.000 ha (anexo 04). Em Decreto de 19 de abril de 2007, o Sr. Presidente da República homologou a demarcação administrativa promovida pela FUNAI da terra destinada à posse permanente do grupo indígena denominado APYTEREWA (anexo 05). Não restam dúvidas de que a área em apreço estava, à época, ocupada por indígenas, sendo, portanto, inalienável e não possível de posse. O imóvel LOTE 54 está situado à margem esquerda do Rio Bacajá, descrito no memorial constante do Decreto de 19 de abril de 2007 que homologou a demarcação (anexo nº 04) e a planta do LOTE 54 (anexo 06). Pedidos Ao final, requer a total procedência do recurso voluntário, face à inexigibilidade do ITR, como também a anulação da cobrança consubstanciada na notificação constante do presente processo. Por meio da Resolução nº 2801000.310, desta 1ª Turma Especial, o julgamento foi convertido em diligência a fim de que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), devendo constar do documento a identificação do proprietário e a área do imóvel. Após ser intimado (fl. 95), o Interessado se manifestou às fls. 97/99 e juntou aos autos os documentos de fls. 100/110. Em sua manifestação, aduz, em síntese, que: Que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará. Que as emissões dos documentos denominados Atestado Administrativo e Declaração de Reconhecimento de Limites, que se referem à localização de imóvel particular em relação a terras indígenas, serão processadas de acordo com as normas estabelecidas na Instrução Normativa FUNAI nº 3, de 20 de abril de 2012. No sentido de comprovar que o imóvel objeto de tributação encontrase localizado na área indígena APYTEREWA, anexa memorial descritivo, cálculo analítico de área, azimutes, lados, coordenadas, UTM e geográficas, bem como levantamento planimétrico, elaborados pela empresa Norte Engenharia. Ao final, requer seja admitida como prova de que o imóvel encontrase situado na área indígena APYTEREWA os documentos elaborados pela empresa Norte Engenharia. Alternativamente, que seja estabelecido novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas Fl. 118DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720085/200739 Resolução nº 2801000.346 S2TE01 Fl. 119 5 estabelecidas na IN FUNAI nº 3/2012, porquanto o prazo de 15 dias é insuficiente para tal mister. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. Registro, inicialmente, que os documentos juntados pelo Interessado não atendem ao objeto da diligência fiscal requerida por esta Turma de Julgamento, haja vista que a determinação era para que o Recorrente comprovasse, exclusivamente com a apresentação de documento fornecido pelo órgão regional da FUNAI no Estado do Pará, em papel timbrado da Fundação, que a área total do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Nada obstante, a Instrução Normativa FUNAI nº 3/2012, juntada aos autos pelo Recorrente, revela a existência de um procedimento para emissão de documentos referentes à localização de imóvel rural particular em relação a terras indígenas, cujas regras, aparentemente, não são possíveis de atendimento no prazo de 15 dias, motivo pelo qual o Interessado pleiteia a concessão de um novo prazo de 45 dias para o atendimento das normas estabelecidas na referida instrução normativa. A IN FUNAI nº 3/2012 disciplina a emissão de dois documentos: o Atestado Administrativo e a Declaração de Reconhecimento de Limites. O § 1º do art. 1º estabelece que “O Atestado Administrativo se destina a atestar a situação geográfica de imóveis de terceiros em relação às terras indígenas regularizadas ou em processo de demarcação” e o § 2º do mesmo artigo preceitua que “A Declaração de Reconhecimento de Limites se destina a fornecer, aos proprietários de imóveis rurais, a mera certificação de que foram respeitados os limites com os imóveis confinantes de propriedade da União e de posse permanente destinados a indígenas”. A leitura dos dispositivos transcritos evidencia que o documento que aqui interessa é o “Atestado Administrativo”, porquanto se destina a confirmar a situação geográfica de imóveis particulares em relação a terras indígenas. Ocorre que o art. 6º, item II.4, da IN FUNAI nº 3/2012 prevê que “Não será emitido Atestado Administrativo para imóveis incidentes em Terra indígena homologada (com os limites da demarcação homologados por decreto da Presidência da República)”. Ora, se o “Atestado Administrativo” não é emitido para imóveis incidentes em terra indígena homologada e se o imóvel objeto de tributação supostamente está localizado nos limites de terra indígena APYTEREWA, homologada por decreto do Presidente da República em 19/04/2007, por óbvio que a concessão do prazo de 45 dias para que o Recorrente obtenha o “Atestado” será, em tese, infrutífera, em face da vedação normativa acima mencionada. Observo, contudo, que não é crível supor que uma entidade da administração pública se negue a fornecer, a qualquer administrado, documento para a defesa de seus direitos, seja qual for o nome atribuído ao documento (Atestado, Certidão, Declaração, dentre outros). Fl. 119DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10218.720085/200739 Resolução nº 2801000.346 S2TE01 Fl. 120 6 Mas ainda que isto aconteça, o ordenamento jurídico coloca à disposição do administrado multiplicidade de instrumentos para que o seu pleito seja atendido liminarmente, sendo desnecessária, aqui, a menção a qualquer deles, uma vez que a defesa do contribuinte foi elabora por profissional do direito, que, com certeza, saberá manejar o instrumento adequado para fazer valer o direito do Interessado. Anoto, ainda, por oportuno, que a afirmação do Recorrente de que não existe, atualmente, órgão regional da FUNAI no Estado do Pará se mostra em desalinho com as informações disponibilizadas no sítio eletrônico da referida Fundação, o qual aponta a existência de quatro coordenações regionais no Estado, quais sejam: Tapajós, Centro Leste do Pará, Baixo Tocantins e Kayapó Sul do Pará. Nesse contexto, entendo ser razoável a concessão do prazo de 45 dias solicitado pelo Interessado para apresentação de documento expedido pela FUNAI atestando que a área do imóvel objeto de tributação está inserida nos limites da terra indígena APYTEREWA. Saliento, entretanto, que o documento não precisa, necessariamente, ser emitido pela FUNAI de Brasília, podendo sêlo por uma das coordenações regionais no Estado do Pará, mas deste que em papel timbrado da Fundação, atestando que o Lote 54 da Fazenda Tucumanzeira, situado à margem esquerda do Rio Pacajá (e não do Rio Bacajá) está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA). Por todo o exposto, proponho a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a DRF de origem intime o Interessado a comprovar, no prazo de 45 dias, que o Lote 54 da Fazenda Tucumanzeira, situado à margem esquerda do Rio Pacajá, está localizado na terra indígena demarcada (Terra Indígena APYTEREWA), mediante a apresentação de documento fornecido pela FUNAI, em papel timbrado da Fundação, seja pelo órgão central (Brasília), seja pela coordenação regional que jurisdiciona o imóvel do contribuinte no Estado do Pará. Após, os autos deverão retornar a este Conselho para a conclusão do julgamento. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 120DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/03/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
score : 1.0
Numero do processo: 15504.014780/2008-37
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Mar 06 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2403-000.250
Decisão: RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
CARLOS ALBERT MEES STRINGARI - Presidente.
IVACIR JÚLIO DE SOUZA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhaes Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragao Elvas, Ivacir Julio De Souza, Daniele Souto Rodrigues, Marcelo Freitas de Souza Costa e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro. Ausente justificadamente o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa.
Relatório
Nome do relator: IVACIR JULIO DE SOUZA
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CARLOS ALBERT MEES STRINGARI Presidente. IVACIR JÚLIO DE SOUZA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhaes Peixoto, Elfas Cavalcante Lustosa Aragao Elvas, Ivacir Julio De Souza, Daniele Souto Rodrigues, Marcelo Freitas de Souza Costa e Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro. Ausente justificadamente o conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 14 78 0/ 20 08 -3 7 Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 06/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.014780/200837 Resolução nº 2403000.250 S2C4T3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de autuação apontada no item 4 do Relatório Fiscal de fls. 165, onde a Autoridade autuante, referindose a empresa e não a um estabelecimento, descreve o levantamento em econômico relato afirmando, tãosomente, que as bases de cálculo referemse a créditos da empresa na venda de produtos rurais : “ 4 Considerações sobre os levantamentos efetuados: PR Este levantamento, teve como base de cálculos os valores lançados na contabilidade (Livro Diário e Razão) e referem se a créditos da empresa na venda de produtos rurais. Em anexo o documento RL discrimina os lançamentos que originaram este debito.”( grifos de minha autoria) Na motivação do lançamento não se observa revelado de modo claro se as obrigações estavam adimplidas ou não.Também não se alcança nos autos provas materiais de que a EMPRESA houvera descumprido a exação. Tivesse produzido relatório assente, por exemplo, numa planilha vinculando cópias das notas fiscais emitidas com demonstração inequívoca da origem dos fatos geradores e dos CNPJ’s dos estabelecimentos emissores a i. Julgadora a quo não teria tido a necessidade de requerer 3 diligências . Na forma do art. 142 do Código Tributário Nacional CTN o crédito será constituído descrevendo com clareza o a ocorrência do fato gerador. Aduz que isto não sendo observado o lançamento fica maculado de vício em razão de cercear o exercício da ampla defesa e do contraditório direto do contribuinte: “ Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” A falta de clareza do lançamento, deu origem, às reiteradas em razão de nas manifestações da autoridade autuante não se verificarem respostas efetivamente esclarecedoras. Às fls 731, em 01 junho de 2010, na Resolução da DRJ , a i. julgadora a quo, à exemplo do sobredito, consultando os sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil, observou que nas competências 01 a 12/2004, ressaltese mesmo período autuado, houve recolhimentos de contribuição no Código de Recolhimento 2607 especifico para identificar os recolhimentos de contribuição devida sobre a produção rural. Diante disto, requereu de maneira objetiva, saber onde ocorreram os fatos geradores e se o valores de recolhimentos efetuados pela empresa sob o mesmo título da autuação em apreço extinguiam o pagamento: “ De tudo que consta neste processo, o prosseguimento de sua análise com vistas à. emissão de Acórdão está a depender de esclarecimentos por parte da autoridade lançadora, a saber: Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 06/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.014780/200837 Resolução nº 2403000.250 S2C4T3 Fl. 4 3 a) onde ocorreram os fatos geradores das contribuições lançadas neste Auto de Infração, na matriz ou na filial da empresa?; b) consultando os sistemas informatizados da Receita Federal do Brasil, constatase que no estabelecimento de CNPJ 18.238.980/0002 01 (filial), nas competências 01 a 12/2004, houve recolhimento de contribuição no Código de Recolhimento 2607, especifico para identificar os recolhimentos de contribuição devida sobre a produção rural, dos seguintes valores: 01/200484.084,13;02/200476.268,66;03/200471.649,35; 04/2004 77.720,01;05/200476.945,56; 06/2004 328.163,40; 07/2004 170.760,32; 08/2004170.122,32; 09/2004 134.167,12; 10/2004 134.365,33; 11/2004 156.925,98; e 12/2004 148.761,00. Assim, caso o fato gerador das contribuições ora lançadas tenha ocorrido na filial , os recolhimentos acima listados são bastantes a extinção do credito tributário pelo pagamento, consoante previsão inserta inciso I do artigo 156 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966? c) caso o fato gerador tenha ocorrido na filial, se os recolhimentos acima apontados não forem bastantes à extinção do crédito, em quais competências esta situação de fato ocorre e qual o valor do crédito que remanesce, competência por competência? (...) ” Não tendo sido convenientemente esclarecidos os itens requeridos na diligência , às fls 857, o auditor fiscal, afirma que a empresa recolheu a exação mas manteria a autuação em razão da necessidade de se procederem ajustes na contabilidade e assim se manifestou: “...mais um documento com o objetivo de esclarecer dúvidas, de cujo teor ficou ratificado o que a fiscalização vem apontando desde o início, ou seja: a empresa contabiliza os dados no CNPJ 18.238.980/000120 e paga nos CNPJ 18.238.980/000201 e 18.238.980/002921, não estando correto este procedimento, cabendo à empresa adequar os recolhimentos à correspondente contabilização.” A autoridade lançadora expediu o Termo de Verificação Fiscal de fls. 792 afirmando que a empresa apresentou em meio papel, cópias das microfichas dos Livros Razão e Diário e de GPS pagas, mais um documento com o objetivo de esclarecer dúvidas, de cujo teor ficou ratificado o que a fiscalização vem apontando desde o início, ou seja: a empresa contabiliza os dados no CNPJ 18.238.980/000120 e paga nos CNPJ 18.238.980/000201 e 18.238.980/002921, não estando correto este procedimento, cabendo à empresa adequar os recolhimentos à correspondente contabilização. Diante de todos os informes, a i. julgadora a quo, satisfeita , revela seu entendimento registrando sua conclusão na forma do abaixo transcrito às fls. 861: “Embora a empresa afirme que todos os fatos geradores das contribuições ora cobradas ocorreram nas filiais já apontadas e que o registro contábil destes fatos foram feitos na sua matriz, CNPJ nº Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 06/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.014780/200837 Resolução nº 2403000.250 S2C4T3 Fl. 5 4 18.238.980/000120, em face da utilização da técnica de centralização da contabilidade, não demonstrou, nem perante fiscalização e nem junto à Delegacia de Julgamento, que os fatos geradores da contribuição social escriturados na matriz Livros Diário e Razão , foram os mesmos ocorridos nas filiais.”( grifos de minha autoria) DOS CRUZAMENTOS DOS DOCUMENTOS DO RELATÓRIO RDA Às fls. 148/149, a Autoridade autuante gerou o Relatório RDA Relatório De Documentos Apresentados, que relaciona, por estabelecimento, neste caso gravou os de n° 18.238.980/000201 e 18.238.980/002921, e por competência, as parcelas que teriam sido “deduzidas” das contribuições apuradas. Amostra do sobredito documento compreendendo o período 01 a 12/2004, registra os valores das guias de recolhimento apresentadas: Competência Num Data de Pagmto. CPag Tot. Liquido ATM/Juros/Multa Total da Guia 01/2004 01 02/03/2004 2607 78.437,86 78.437,86 02/2004 01 02/03/2004 2607 70.234,19 70.234,19 03/2004 01 02/04/2004 2607 65.003,82 65.003.82 04/2004 01 03/05/2004 2607 72.167,47 72.167,47 Colacionado pela autuada, às fls. 366, cópia da GFIP datada de 03/02/2004, informa os dados da filial 18.238.980/000201 para a competência 01/2004 ora em destaque. Às fls 06, a autoridade autuante produziu o DAD Discriminativo Analítico de Debito onde na competência 01/2004, para o estabelecimento matriz, titulado pelo levantamento, PR Produção Rural, registraramse valor de R$ 2.752.206,00 utilizado como base de cálculo para a constituição do crédito em análise. Mediante cópia de documento de pagamento, datado de 02/02/2004, utilizando a mesma sobredita base de cálculo, a recorrente demonstra ter efetuado para o contacorrente da filial recolhimento de R$ 78.437,86, valor até mesmo bem superior do que o exigido no auto de infração (R$ 71.557,36) às fls. 364, produzido pela Recorrente, consta relatório dos recolhimentos previdenciários feitos pela empresa para o período levantado sobre sua Produção Rural. Na forma do registro a autuada pretendeu fazer prova de que a exação imposta à matriz no presente lançamento fora totalmente recolhida pelas filiais 18.238.980/000201 e 18 238.980/002921. Aduz que procedendo ao cruzamento das bases de cálculo descritas no DAD Discriminativo Analítico de Debito versus planilha (fls. 364) e gps apresentadas pela empresa para pagamento efetuado pela filial para as competências da amostra destacada alhures , período 02 a 04 /2004, temse o quadroidentidade abaixo: Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 06/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.014780/200837 Resolução nº 2403000.250 S2C4T3 Fl. 6 5 Comp. Base autuada Base planilha da empresa crédito constituído – vlr recolhido 02/04 2.464.358,00 2.464.358,00 64.073,31 70.243,20 03/.04 2.285.498,00 2.280.836,00(1) 59.422,95 65.003,83 04/.04 3.486.372,27 3.486.372,27 90.645,68 ) 99.361,59 ( 2)..................................... (1) Vide tópico referente fls 376, adiante. (2) para a base e o crédito a autoridade autuante somou valore das filiais 18.238.980/000201 e 18 238.980/002921: 954.180,27 + 2.532.192,00 = 3.486.372,27 , 72.167,47 + 27.194,12 = 99.361,59. Do encimado, embora os valores recolhidos se apresentem superiores aos créditos constituídos, as bases de cálculos são as mesmas significando que a empresa recolhera a exação nos CNPJs de suas filiais. Destacandose o documento contidos às fls.368, datado de 01 de abril de 2004, emitido pela empresa em Timóteo – MG, ali se registram os valores para fins de Recolhimento da Contribuição Previdenciaria Rural, referente a vendas de Produtos Rurais, mês de MARÇO/04. A base de cálculo estabelecida foi no valor de R$ 2.280.836,00 com um total a recolher de R$ 65.003,83 que se observa realizado em 02/04/2004, na forma do recibo colacionado e da GFIP para o estabelecimento 18.238.980/0002 – 01, competência 03/2004. Às fls. 373,a empresa juntou cópia do documento contábil com registro da base de cálculo 2.285.498,00 reduzida pelo estorno de R$ 4.662,00, não observado pela autoridade autuante, perfazendo valor final de 2.280.836,00. Isto posto, ao menos para a competência em apreço, não se tem dúvidas que tratase a autuação de mesmo fato gerador onde a empresa registrou a operação, recolheu a exação e declarou em GFIP os valores cobrados no lançamento em comento. Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 06/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 15504.014780/200837 Resolução nº 2403000.250 S2C4T3 Fl. 7 6 VOTO DA DILIGÊNCIA Assim para que não reste dúvidas quanto aos registros contábeis da empresa em relação aos fatos geradores que motivaram o crédito tributário bem como quanto os documentos que lhes deram origens, tais ocorrências precisam ser efetivamente demonstradas. Desse modo, que seja confeccionada uma planilha acompanhada de elementos probantes vinculando , por competência : CNPJ/DATA DE EMISSÃO DA NF/ NÚMERO DA NF/ VALOR DA NF/ BASE DE CÁLCULO/REGISTRO CONTÁBIL/VLR A RECOLHER / VALOR RECOLHIDO/VALOR APROPRIADA NAS RDAS/ DIFERENÇA A RECOLHER. CONCLUSÃO Devolver os autos para origem para depois de realizada a planilha supra, de forma direta e efetiva, a autoridade autuante responda se as bases de cálculos, e os valores recolhidos e declarados nas GFIPs, bem como os recolhimentos registrados no Relatório RDA Relatório de Documentos Apresentados guardam identidade, isto é, se, independente do CNPJ vinculado, os valores recolhidos referemse aos mesmos fatos geradores do crédito tributário em comento. Cumpre ressaltar que se a resposta for negativa, na forma do que determina o art. 142 do CTN, é obrigatório demonstrar o inadimplemento à luz dos de elementos probantes já devidamente colacionados nos autos. Antes de ao autos retornarem para este Colegiado, que se intime a Recorrente, desta Resolução bem como da resposta da Autoridade autuante para, em querendo se manifeste no prazo regular para fazêlo. É como voto. Ivacir Júlio de Souza Relator Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 06/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/02/2015 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 16/02/201 5 por IVACIR JULIO DE SOUZA, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 10283.909643/2009-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 08/05/2001 a 12/12/2005
DIREITO CREDITÓRIO A SER COMPENSADO PENDENTE DE NOVA DECISÃO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DE ORIGEM.
Em situações em que se indeferiu a compensação em face da inexistência do crédito que se pretendia compensar, uma vez ultrapassada a questão jurídica que impossibilitava a apreciação do montante do direito creditório, a unidade de origem deve proceder a uma nova análise do pedido de compensação, após verificar a existência, a suficiência e a disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3202-001.524
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarou-se impedido. Participou do julgamento o Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Marcelo Reinecken, OAB/DF nº. 14874.
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 08/05/2001 a 12/12/2005 DIREITO CREDITÓRIO A SER COMPENSADO PENDENTE DE NOVA DECISÃO. NECESSIDADE DE ANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. COMPENSAÇÃO. RETORNO DOS AUTOS À UNIDADE DE ORIGEM. Em situações em que se indeferiu a compensação em face da inexistência do crédito que se pretendia compensar, uma vez ultrapassada a questão jurídica que impossibilitava a apreciação do montante do direito creditório, a unidade de origem deve proceder a uma nova análise do pedido de compensação, após verificar a existência, a suficiência e a disponibilidade do crédito pleiteado, permanecendo os débitos compensados com a exigibilidade suspensa até a prolação de nova decisão. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário. O Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior declarouse impedido. Participou do julgamento o Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Fez sustentação oral, pela recorrente, o advogado Marcelo Reinecken, OAB/DF nº. 14874. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 96 43 /2 00 9- 91 Fl. 326DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 2 Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza, Tatiana Midori Migiyama e Thiago Moura de Albuquerque Alves. Relatório A interessada apresentou pedido eletrônico de compensação de débitos próprios com crédito oriundo de pagamento a maior de Imposto de Importação – II e de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, com origem no período de 08/05/2001 a 12/12/2005. A compensação não foi homologada, ao fundamento de que o DARF a indicado no PER/DCOMP não foi localizado nos sistemas da Receita Federal. Alegado pela contribuinte o cometimento de um equívoco no preenchimento do DARF, os autos foram baixados em diligência pela DRJ, quando se constatou que o presente processo é conexo ao de nº 10283.007613/200604, por meio do qual se requereu a restituição do crédito que se pretende compensar. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o argumento de inexistência do direito creditório objeto do processo nº 10283.007613/200604. No prazo legal, a contribuinte apresentou recurso voluntário, cujas razões de defesa não serão relatadas em vista do que se passa a expor no voto. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A Recorrente apresentou PER/DCOMP objetivando a compensação de débito próprio com crédito oriundo de pagamento indevido de II e de IPI vinculado que são objeto do processo administrativo n.º 10283.007613/200604. Como o direito à restituição foi negado, também aqui negouse o direito à compensação. Contudo, nesta mesma sessão de julgamento consideraramse indevidas as razões adotadas pela DRF de origem, e mantidas pela instância de piso, para denegar o pedido de restituição, motivo pelo qual determinouse que os autos do processo administrativo n.º 10283.007613/200604 devem retornar à DRF para que, ultrapassada a questão decidida no julgamento, estime os valores a serem restituídos. Fl. 327DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10283.909643/200991 Acórdão n.º 3202001.524 S3C2T2 Fl. 327 3 Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para que a DRF de origem, após a análise do direito creditório objeto do processo administrativo n.º 10283.007613/200604, profira nova decisão quanto ao pedido de compensação. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 328DF CARF MF Impresso em 26/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 4/03/2015 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13502.900748/2013-28
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Mar 09 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3802-000.378
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (unidade do domicílio tributário), para que, com base nos documentos apensados aos autos às fls. 489/1.546, considerando as disposições contidas no artigo 3º da Lei nº 10.833/03 e após analisar se os dispêndios apurados pela Recorrente são passíveis de apropriação de créditos da COFINS conforme alegado, de acordo com o contido no voto, elaborar demonstrativo e parecer, concluindo se as informações lançadas no recurso refletem a realidade dos fatos apontados.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi. Ausentes justificadamente os conselheiros Solon Sehn e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Proferiu sustentação oral, pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP nº 182.338.
Relatório
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba SP (unidade do domicílio tributário), para que, com base nos documentos apensados aos autos às fls. 489/1.546, considerando as disposições contidas no artigo 3º da Lei nº 10.833/03 e após analisar se os dispêndios apurados pela Recorrente são passíveis de apropriação de créditos da COFINS conforme alegado, de acordo com o contido no voto, elaborar demonstrativo e parecer, concluindo se as informações lançadas no recurso refletem a realidade dos fatos apontados. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi. Ausentes justificadamente os conselheiros Solon Sehn e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Proferiu sustentação oral, pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP nº 182.338. Relatório
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DE CERV. E REFRIG. DO NORDESTE S/A, CNPJ nº 01.278.018/000112). Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em Diligência, para que os autos retornem à DRF de Sorocaba – SP (unidade do domicílio tributário), para que, com base nos documentos apensados aos autos às fls. 489/1.546, considerando as disposições contidas no artigo 3º da Lei nº 10.833/03 e após analisar se os dispêndios apurados pela Recorrente são passíveis de apropriação de créditos da COFINS conforme alegado, de acordo com o contido no voto, elaborar demonstrativo e parecer, concluindo se as informações lançadas no recurso refletem a realidade dos fatos apontados. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (Presidente), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Mauricio Macedo Curi. Ausentes justificadamente os conselheiros Solon Sehn e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Proferiu sustentação oral, pela Recorrente, a Dra. Joselene Poliszezuk, OAB/SP nº 182.338. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 35 02 .9 00 74 8/ 20 13 -2 8 Fl. 1576DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900748/201328 Resolução nº 3802000.378 S3TE02 Fl. 1.577 2 Relatório Trata o presente processo de Recurso Voluntário contra a decisão do Acórdão nº 0646.383, da 3ª Turma da DRJ de Curitiba (PR) fls. 438/443, que não homologou a compensação constante do PER/DCOMP nº 11669.93922.250110.1.3.048338, nos termos do despacho decisório emitido em 03/07/2013 pela DRF de Sorocaba (rastreamento nº 56415896). Na aludida DComp, transmitida eletronicamente em 25/01/2010, a contribuinte indicou um crédito de R$ 972.958,06 (que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 13/01/2006, sob o código 5856, no valor de R$ 1.533.614,45) e débitos de sua responsabilidade no valor total de R$ 1.384.845,11. Por unanimidade de votos, a DRJ/CTA julgou improcedente a manifestação de inconformidade formalizada pela Recorrente, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2005 DCTF. DACON. RETIFICAÇÃO. INTIMAÇÃO PRÉVIA AO DESPACHO. AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO CONTÁBIL. Se a contribuinte, intimada, não apresenta documentos contábeis capazes de comprovar a ocorrência de erro de fato em sua DCTF e em seu Dacon (retificadores), apresentados, ainda que previamente à emissão do despacho decisório, não há como reconhecer direito creditório, devendose manter a não homologação da compensação pleiteada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Por bem descrever os fatos contidos nos autos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, a seguir transcrito na sua integralidade: Trata o processo de manifestação de inconformidade apresentada em 14/08/2013, em face da não homologação da compensação declarada por meio do Per/Dcomp nº 11669.93922.250110.1.3.048338, nos termos do despacho decisório emitido em 03/07/2013 pela DRF Sorocaba (rastreamento nº 56415896). Na aludida Dcomp, transmitida eletronicamente em 25/01/2010, a contribuinte indicou um crédito de R$ 972.958,06 (que corresponde a uma parte do pagamento efetuado em 13/01/2006, sob o código 5856, no valor de R$ 1.533.614,45) e débitos de sua responsabilidade no valor total de R$ 1.384.845,11. Segundo o despacho decisório, cientificado em 15/07/2013, a compensação não foi homologada porque, apesar de o pagamento ter sido localizado, não foi apurado saldo para fins de compensação. Na manifestação apresentada, a interessada discorre sobre os fatos havidos, diz que antes da emissão do despacho decisório foi intimada a Fl. 1577DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900748/201328 Resolução nº 3802000.378 S3TE02 Fl. 1.578 3 apresentar documentos que comprovassem a origem do pagamento indevido, consoante processo administrativo nº 10855.722095/201261, e que tais documentos foram apresentados. Aduz, ainda, que a origem dos créditos foi considerada não comprovada pela fiscalização e que a compensação não foi homologada. Discorda da decisão e afirma que tanto a DCTF quanto o Dacon foram retificados antes da ciência do despacho decisório. Salienta que a declaração retificadora substitui integralmente a que foi retificada e, por considerar espontânea a transmissão da declaração, pede que a mesma seja acolhida. Transcreve jurisprudência do CARF e, ao final, pede a homologação da compensação. Às fls. 391 a 437, juntaramse extratos de consulta aos sistemas de controle de DCTF e Dacon. É o relatório. Em 05/05/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância, conforme consta às fls. 449 e 450 (ciência eletrônica – abertura do Portal eCAC). Inconformada com a decisão da DRJ/CTA, em 04/06/2014 (recibo do SVA, fl. 452), apresentou recurso voluntário a este CARF (fls. 453/467), argumentando em suas razões que: 1) Dos fatos e decisão recorrida Em síntese, defende a recorrente que, com base no art. 3° da lei nº 10.833/2003, apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos, o que acarretou a revisão da apuração de COFINS relativa ao período de 12/2005. E, consequentemente, a constatação de que o montante devido para referido período de COFINS era de R$ 3.649.769,20 (5856) e não de R$ 4.335.391,18, conforme anteriormente ela havia informado no DACON e na DCTF, ensejou uma diferença passível de restituição/compensação na quantia de R$ 685.621,98 (R$ 4.335.391,18 R$ 3.649.769,20). Uma vez retificadas as DCTF e DACON de forma espontânea, ou seja, antes da ciência do despacho decisório, as declarações retificadas (DACON e DCTF) têm a mesma natureza das declarações originais, substituindoas integralmente. Da análise do acórdão recorrido revela que o reconhecimento do direito ao crédito está condicionado à comprovação, por meio da apresentação de provas materiais (documentos contábeis), das alterações por ela feitas na DCTF e no DACON. 2) Das Razões da Reforma da Decisão Recorrida 2.1 Da revisão da apuração da COFINS e do PIS realizada pela recorrente Tal revisão se fez necessária ante o objetivo almejado pela recorrente de adequar o processo de apuração do PIS e da COFINS, centralizandoo em seu estabelecimento matriz, haja vista que, as referidas apurações eram realizadas em cada um de seus estabelecimentos filiais, com a utilização de critérios que divergiam com o praticado pela matriz. Fl. 1578DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900748/201328 Resolução nº 3802000.378 S3TE02 Fl. 1.579 4 A realização da revisão tinha como escopo criar critérios únicos para apuração do PIS e da COFINS, ajustando eventuais equívocos. Conforme demonstra a tabela abaixo, que corresponde às fichas l6A e 16B da DACON, a base de cálculo do crédito apurado, no valor total de R$ 25.600,212,62, foi composta por valores referentes aos bens para revenda, bens utilizados como insumos, serviços utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, despesas de aluguéis, fretes, encargos de depreciação e valor de aquisição sobre bens do ativo, devolução de vendas, créditos por unidade de medida de produto, outros créditos e bens utilizados como insumos – importação (quadro demonstrativo elaborado no recurso): Alega que tal composição encontra respaldo nos documentos fiscais/contábeis da recorrente, anexados ao presente recurso. A fim de comprovar referida afirmação, a recorrente junta aos autos as planilhas anexas elaboradas de acordo com os valores contidos nos resumos dos livros de registro de apuração do IPI e do I ICMS entradas de cada estabelecimento (doc. n° 1), os CFOPS de cada operação (doc. n° 2), os rótulos de linha (doc. nº 3) as notas fiscais de entrada daquele estabelecimentos (doc. n° 4). Ressaltase que tais demonstrativos foram feitos com espeque nos registros efetuados nos livros de apuração do IPI e do ICMS entradas e saídas e nas notas fiscais de entrada de cada estabelecimento, motivo pelo qual, nesta oportunidade, juntamse aos autos as cópias daqueles registros (doc. n° 5). Por conseguinte, algumas destas operações de entrada ensejaram à recorrente, com base no art. 3° da lei nO 10.833/2003, a tomada de créditos de COFINS, a qual por ela foi devidamente efetuada, nos termos da tabela supramencionada. A fim de elucidar que tais créditos foram corretamente encontram respaldo nos documentos fiscais/contábeis, juntamse os demonstrativos anexos (doc. nº 1 ao 16 – fls. 489 a 1.546). 2.2) Do direito ao crédito da COFINS e do PIS sobre materiais e serviços adquiridos Na época da revisão realizada, a recorrente contratou a empresa PricewaterhouseCoopers Contadores Públicos para a realização de um estudo, cuja cópia se encontra acostadas aos autos (doc. nº 17, fls. 587/608). Amparada pelo estudo desenvolvido pela PwC, a recorrente apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos anteriormente, com relação a materiais e serviços adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo e despesas de frete relacionadas à aquisição dos materiais adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos. Cita e transcreve várias Soluções de Consulta elaborada pela Receita Federal do Brasil. 3) Do Pedido Ante todo o exposto, requer o provimento do recurso voluntário de forma a homologar integralmente a declaração de compensação em discussão. Fl. 1579DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900748/201328 Resolução nº 3802000.378 S3TE02 Fl. 1.580 5 Caso entendam que os documentos ora apresentados não são suficientes à confirmação da integralidade do crédito, pedese a conversão deste julgamento em diligência, a fim de que a verdade material seja enfim demonstrada. Por fim, solicita a sustentação oral de suas razões, requer ainda que seja intimada por via postal e, por fim, também intimado de todos os atos processuais, por via postal, o seu advogado, conforme nome e endereço acostado no recurso. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator Da admissibilidade do recurso Como visto, em 05/05/2014, a Recorrente foi cientificada da decisão da primeira instância (fls. 447 e 448 – data da abertura dos arquivos no link Portal eCAC). Em 04/06/2014 (fl. 452 – recibo entrega pelo SVA), apresentou recurso voluntário a este CARF (fls. 453/467). Portanto, o recurso voluntário é tempestivo (corroborado pelo despacho da Unidade de origem, fls. 1.549) e preenche os demais requisitos de admissibilidade e deve ser conhecido. Da análise do processo No caso sob análise, temos que a controvérsia trata que a Recorrente, após intimada em processo específico, não apresentou documentos contábeis capazes de comprovar a ocorrência de erro de fato em sua DCTF e em seu Dacon (retificadores), apresentados, ainda que previamente à emissão do despacho decisório. No caso, além dos Dacon retificadores e da Solução de Consulta, nenhuma outra prova foi apresentada, concluindo a decisão recorrida que “resta inegável que o direito não pode ser reconhecido”. Segundo o despacho decisório, cientificado em 15/07/2013 (fl. 11), a compensação não foi homologada porque, apesar de o pagamento ter sido localizado, não foi apurado saldo para fins de compensação. Consta dos autos que, em relação ao mês de dezembro de 2005, a Recorrente transmitiu 02 declarações DCTF (em 07/02/2006 e 25/01/2010). Nelas, a contribuinte alterou o débito sob análise de R$ 4.335.391,18 para R$ 3.649.769,20. Por sua vez, quanto aos Dacon, vêse que apresentou dois demonstrativos (em 07/02/2006 e 22/01/2010) com alterações nos débitos apurados. Ressaltese que o despacho decisório em questão foi cientificado no dia 15/07/2013 (fl.11) e, portanto, antes de sua emissão (e da ciência), nos dias 22/01/2010 e 25/01/2010, respectivamente, o DACON (fl. 109) e a DCTF (fl. 141), foram retificados pela Recorrente, afim de alterar o valor da COFINS devida no período de apuração de dezembro de 2005. Fl. 1580DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900748/201328 Resolução nº 3802000.378 S3TE02 Fl. 1.581 6 Quanto a esses ocorridos, a decisão a quo, analisando os autos a luz dos fatos constantes na manifestação de inconformidade, concluiuse da seguinte maneira: (...) Tais alterações, é válido ressaltar, decorreram da mudança nos valores de diversos outros itens do Dacon, tais como: bens para revenda, bens utilizados como insumos, despesas de energia elétrica, despesas de aluguéis de prédios locados de pessoas jurídicas, despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoas jurídicas, despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado, devolução de vendas, ajustes positivos e negativos de créditos, receitas financeiras, outras receitas, receitas isentas, etc. Aludidos ajustes, como pode ser verificado, ocorreram previamente à ciência do despacho decisório que concluiu pela inexistência do direito ao crédito. Apesar de haver decisões administrativas, como a citada na manifestação de inconformidade, acolhendo tais retificações quando ocorridas antes de a contribuinte ser cientificada de algum despacho/decisão envolvendo os créditos tributários tratados nessas retificações, não há como perder de vista que a contribuinte foi intimada em processo específico (nº 10855.722095/201261), acerca da necessidade de comprovar o motivo das alterações por ela inseridas em suas DCTF e em seus Dacon (Intimação DRF/SOR/SEORT nº 1912/2011 – ESK, recebida em 15/12/2011): (...). (...) Pois bem, na medida em que houve uma intimação prévia acerca dos créditos pleiteados, a discussão acerca da existência do crédito passa, necessariamente, para a comprovação dessas alterações, ou seja, antes de se avaliar a questão da espontaneidade das retificações, devese constatar se, nos termos da legislação – e nesse ponto o § 1º do art. 147 do CTN é esclarecedor – houve efetivamente algum erro de fato que, tendo sido comprovado, mereça ser corrigido. Noutras palavras, o fato de a contribuinte ter retificado espontaneamente sua DCTF e seu Dacon, não tem o condão, por si só, de gerar o direito creditório pretendido, afinal, uma vez que ela foi intimada a justificar (apresentando provas materiais) as alterações efetuadas na DCTF e no Dacon, a discussão acaba se deslocando justamente para a comprovação dessas alterações (grifo nosso). Por outro giro, a Recorrente aduz em seu recurso que, com base no art. 3° da lei nº 10.833/2003, apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos, o que acarretou a revisão da apuração de COFINS relativa ao período de dezembro/2005. Que uma vez retificadas as DCTF e DACON de forma espontânea, ou seja, antes da ciência do despacho decisório, as declarações retificadas (DACON e DCTF) têm a mesma natureza das declarações originais, substituindoas integralmente. Destaca que a origem do crédito pretendido está amparada pelo estudo desenvolvido pela empresa PwC (fls. 587/608), concluindo que a recorrente apropriouse de créditos de COFINS que não haviam sido, por equívoco, reconhecidos anteriormente, com relação a materiais e serviços adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos Fl. 1581DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 13502.900748/201328 Resolução nº 3802000.378 S3TE02 Fl. 1.582 7 utilizados no processo produtivo e despesas de frete relacionadas à aquisição dos materiais adquiridos para a manutenção de máquinas e equipamentos. Ressalta que tal revisão se fez necessária ante o objetivo almejado de adequar o processo de apuração do PIS e da COFINS, centralizandoo em seu estabelecimento matriz, haja vista que referidas apurações eram realizadas em cada um de seus estabelecimentos filiais, com a utilização de critérios que divergiam com o praticado pela matriz. Enfatiza ainda, que a recomposição demonstrada no recurso encontrase respaldada pelo demonstrativo e documentos fiscais e contábeis que estão anexados aos presentes autos. Pois bem. Neste passo, considerando os dados e informações registrados nos documentos anexo aos autos (fls. 489/1.546), visto que os mesmos foram trazidos extemporaneamente pelo contribuinte e, portanto, não foram analisados pelo agente fazendário da origem do processo, não resta dúvida de que a adoção do princípio da verdade material no processo administrativo fiscal consiste em uma providência que resulta na melhor aplicação do Direito e da Justiça e por isso deve sempre ser perseguida. Com base nessas considerações, devido às particularidades do caso concreto e antes do julgamento do mérito, com fundamento no art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 (PAF), voto pela conversão do julgamento em diligência, devendo os autos retornar à DRF de Sorocaba – SP (domicílio tributário da Recorrente), para que: 1) com base nos documentos apensados aos autos às fls. 489/1. 546 (planilha de cálculo, informações e cópia de documentos, demonstrativos e extrato de livros contábeis e fiscais), levandose em conta a DCTF e DACON, retificados, e considerando as disposições contidas no artigo 3º das Leis nº 10.833/03, analisar se os dispêndios alegados pela Recorrente são passíveis de apropriação de créditos da COFINS, conforme demonstrativo de apuração elaborado às fls. 460 do recurso voluntário; 2) elaborar demonstrativo e respectivo parecer, informando se as informações apontadas pela Recorrente em seu recurso refletem a realidade dos fatos apontados. Após a conclusão da diligência, devem ser intimadas sucessivamente a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional PFN, para, querendo, dentro do prazo fixado, manifestaremse sobre as conclusões exaradas no citado parecer. Após, retornemse os autos a esta 2ª Turma Especial/3ª Seção, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 1582DF CARF MF Impresso em 09/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 02/03/20 15 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 06/03/2015 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 14098.720030/2013-31
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 19 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO.
O prazo para interposição de recurso é peremptório. A peça impugnatória apresentada após o prazo legal não deve ser conhecida, por não preencher os requisitos de admissibilidade.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2803-004.104
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da intempestividade. Declarou-se impedido de votar o Conselheiro Gustavo Vettorato.
(assinatura digital)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente
(assinatura digital)
Ricardo Magaldi Messetti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira
Nome do relator: RICARDO MAGALDI MESSETTI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 RECURSO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. O prazo para interposição de recurso é peremptório. A peça impugnatória apresentada após o prazo legal não deve ser conhecida, por não preencher os requisitos de admissibilidade. Recurso Voluntário Não Conhecido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da intempestividade. Declarou-se impedido de votar o Conselheiro Gustavo Vettorato. (assinatura digital) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira
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NÃO CONHECIMENTO. O prazo para interposição de recurso é peremptório. A peça impugnatória apresentada após o prazo legal não deve ser conhecida, por não preencher os requisitos de admissibilidade. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, unanimidade de votos, em não conhecer do recurso em razão da intempestividade. Declarouse impedido de votar o Conselheiro Gustavo Vettorato. (assinatura digital) Helton Carlos Praia de Lima Presidente (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 09 8. 72 00 30 /2 01 3- 31 Fl. 193DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 2 Fl. 194DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 14098.720030/201331 Acórdão n.º 2803004.104 S2TE03 Fl. 194 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pelo Município de Nova Mutum em face acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belém (PA), assim ementado: IMPUGNAÇÃO PARCIAL DELIMITAÇÃO DA LIDE. COBRANÇA IMEDIATA. Tendo o interessado apresentado impugnação parcial, a lide fica restrita apenas à parte impugnada. Os valores correspondentes à matéria não impugnada sujeitamse à cobrança imediata. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES SOBRE REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Incide contribuição a cargo da empresa ou equiparada sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título a contribuintes individuais que lhes prestarem serviços. ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS. As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Trata o processo em epígrafe de lançamento de créditos tributários envolvendo os seguintes Autos de Infração: a) Debcad nº 51.037.3194: Auto de Infração, referente a lançamento de contribuições previdenciárias patronais incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados contribuintes individuais, não declaradas em GFIP, consolidada em 12/03/2013, no montante de R$ 323.647,51, referente ao período de 01/2009 a 12/2010; b) Debcad nº 51.037.3208: Auto de Infração, referente a lançamento de contribuições previdenciárias devidas pelos segurados contribuintes individuais, incidentes sobre o respectivo salário de contribuição, não declaradas em GFIP, consolidada em 12/03/2013, no montante de R$134.103,71, referente ao período de 01/2009 a 12/2010. A Prefeitura Municipal apresentou impugnação na qual argumenta que: a) a autuação abarcou valores que foram pagos a servidores em razão de diárias e adiantamentos, bem como valores que foram quitados sob forma de precatórios decorrentes de decisões judiciais, tudo conforme documentos juntados; Fl. 195DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 4 b) que as diárias consistem na indenização paga ao servidor em decorrência de despesas por este contraídas para deslocamento, hospedagem e repouso, quando em viagem, revestindose de natureza indenizatória, sob a qual não incide contribuições previdenciárias, como previsto no art. 28, § 9º, alínea h, da Lei 8.212/91; c) quanto ao adiantamento, ressalta que se trata de valor destinado ao servidor para que aquisição de bens ou serviços para a administração, cuja urgência impede a realização de regular processo licitatório. Tratase de ressarcimento financeiro ou mesmo antecipação de valores que não se destinam a utilização pelo próprio servidor seja sob o aspecto remuneratório seja sob o indenizatório, motivo pelo qual não há que se falar em incidência de contribuição previdenciária; d) em relação ao pagamento de precatórios argumenta que definição de incidência ou não de contribuição previdenciária passa pela análise da natureza da verba a ser paga. Podese ter tanto pagamentos de natureza remuneratória quanto de natureza indenizatória, fato este que somente será definido com a análise individual de cada um deles e com a devida comprovação de sua natureza. Ao analisar as alegações da contribuinte, a DRJ de origem acatou em parte as ponderações apresentadas, mantendo parcialmente o crédito tributário lançado. Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário, reiterando, em apertado escorço, as alegações trazidas em sua peça de impugnação. Sem apresentação de contrarrazões por parte da Fazenda, os autos foram encaminhado a este Conselho, sendo a mim sorteada a relatoria. É o relatório. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 14098.720030/201331 Acórdão n.º 2803004.104 S2TE03 Fl. 195 5 Voto Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti Da Admissibilidade Preliminarmente, enfrento a questão da tempestividade do recurso voluntário interposto pelo contribuinte. Para tanto, importante ressaltar que o sistema da oficialidade, que preside o processo administrativo, caracterizase como uma sequência lógica e ordenada de atos rumo à solução final da demanda, iniciandose com a intimação do sujeito passivo e caminhando até alcançar uma decisão final. Nesse sentido, permitome tecer algumas considerações. Todo o prazo processual é delimitado por dois termos: o inicial (dies a quo), pelo qual surge a faculdade da parte em realizar algum ato, e o final (dies ad quem), em que se extingue efetivamente a faculdade assegurada inicialmente, tenha o interessado praticado ou não o ato processual a ele assegurado. E a norma adjetiva, disciplinando a matéria, estabeleceu um limite de prazo para que as partes possam produzir, de maneira válida, suas manifestações no processo. Com efeito, o artigo 33, do Decreto nº 70.235/72, dispõe que “da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão”. No mesmo sentido, o artigo 5º do Decreto nº 70.235/72, que rege o processo administrativo fiscal, assevera que os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento, sendo que somente se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que ocorra o processo ou deva ser praticado o ato. E sobre a questão, o Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União, o processo de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal e outros processos que especifica, repete a redação citada acima em seu artigo 9º, verbis: Art. 9º. Os prazos serão contínuos, com início e vencimento em dia de expediente normal da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil em que corra o processo ou deva ser praticado o ato (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 5º). De igual sorte, esta também é a determinação dos artigos 184 e 240, parágrafo único, do Código de Processo Civil, in verbis: Art. 184. Salvo disposição em contrário, computarseão os prazos, excluindo o dia do começo e incluindo o do vencimento. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 6 § 1º Considerase prorrogado o prazo até o primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado ou em dia em que: I for determinado o fechamento do fórum; II o expediente forense for encerrado antes da hora normal. § 2º Os prazos somente começam a correr do primeiro dia útil após a intimação (art. 240 e parágrafo único). [...] Art. 240. Salvo disposição em contrário, os prazos para as partes, para a Fazenda Pública e para o Ministério Público contarseão da intimação. Parágrafo único. As intimações consideramse realizadas no primeiro dia útil seguinte, se tiverem ocorrido em dia em que não tenha havido expediente forense. Importante também frisar que o próprio Código Tributário Nacional – CTN tratou da matéria, como segue: Art. 210. Os prazos fixados nesta Lei ou legislação tributária serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia de início e incluindose o de vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem em dia de expediente normal na repartição em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. In casu, verificase que a contribuinte foi cientificado do acórdão nº 0128.613, prolatado pela 4ª Turma da DRJ/BEL, no dia 31/03/2014 (segundafeira), conforme cópia do AR juntado às fls. 168, começando a contar o prazo de 30 dias no dia 01/04/2014 (terçafeira), por ser o primeiro dia útil seguinte ao da intimação. Contudo, o recurso voluntário foi protocolado apenas no dia 02/05/2014, conforme fls. 148 e despacho da autoridade fiscal de fls. 191. Portanto, o recurso foi interposto fora do prazo recursal – o último dia para recorrer seria dia 30/04/2014. Dessa forma, não conheço do recurso, por não preencher o requisito formal (tempestividade) para admissibilidade recursal. Conclusão Por todo o exposto, NÃO CONHEÇO do recurso voluntário, por tratarse de peça intempestiva. É como voto. (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti Relator Fl. 198DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 14098.720030/201331 Acórdão n.º 2803004.104 S2TE03 Fl. 196 7 Fl. 199DF CARF MF Impresso em 19/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 18/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA
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Numero do processo: 18471.000274/2007-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE
Ano-calendário: 2003, 2004
CIDE. SERVIÇOS TÉCNICOS EM CHAMADA DE LONGA DISTÂNCIA INTERNACIONAL. BASE DE CÁLCULO.
A base de cálculo da CIDE, nos serviços técnicos realizados em chamadas de longa distância internacional, iniciadas no Brasil, é o valor total da operação, ainda que não sejam as remessas integralmente enviadas ao exterior, e não apenas o saldo liquido resultante de encontro de contas envolvendo débitos e créditos entre o tomador e o prestador dos serviços.
Numero da decisão: 3101-001.574
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso de voluntário. Vencidos os Conselheiros Luiz Roberto Domingo (Relator), Valdete Aparecida Marinheiro e Vanessa Albuquerque Valente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes. Fizeram sustentação oral o Dr. João Marcos Colussi, OAB/SP nº 109.143, advogado do sujeito passivo, e a Dra. Bruna Garcia Benevides, Procuradora da Fazenda Nacional.
Henrique Pinheiro Torres - Presidente.
Luiz Roberto Domingo - Relator.
Rodrigo Mineiro Fernandes - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Jose Henrique Mauri (Suplente), Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente)
Nome do relator: LUIZ ROBERTO DOMINGO
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ementa_s : Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - CIDE Ano-calendário: 2003, 2004 CIDE. SERVIÇOS TÉCNICOS EM CHAMADA DE LONGA DISTÂNCIA INTERNACIONAL. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da CIDE, nos serviços técnicos realizados em chamadas de longa distância internacional, iniciadas no Brasil, é o valor total da operação, ainda que não sejam as remessas integralmente enviadas ao exterior, e não apenas o saldo liquido resultante de encontro de contas envolvendo débitos e créditos entre o tomador e o prestador dos serviços.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso de voluntário. Vencidos os Conselheiros Luiz Roberto Domingo (Relator), Valdete Aparecida Marinheiro e Vanessa Albuquerque Valente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes. Fizeram sustentação oral o Dr. João Marcos Colussi, OAB/SP nº 109.143, advogado do sujeito passivo, e a Dra. Bruna Garcia Benevides, Procuradora da Fazenda Nacional. Henrique Pinheiro Torres - Presidente. Luiz Roberto Domingo - Relator. Rodrigo Mineiro Fernandes - Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Jose Henrique Mauri (Suplente), Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente)
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EMBRATEL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Anocalendário: 2003, 2004 CIDE. SERVIÇOS TÉCNICOS EM CHAMADA DE LONGA DISTÂNCIA INTERNACIONAL. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da CIDE, nos serviços técnicos realizados em chamadas de longa distância internacional, iniciadas no Brasil, é o valor total da operação, ainda que não sejam as remessas integralmente enviadas ao exterior, e não apenas o saldo liquido resultante de encontro de contas envolvendo débitos e créditos entre o tomador e o prestador dos serviços. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso de voluntário. Vencidos os Conselheiros Luiz Roberto Domingo (Relator), Valdete Aparecida Marinheiro e Vanessa Albuquerque Valente. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes. Fizeram sustentação oral o Dr. João Marcos Colussi, OAB/SP nº 109.143, advogado do sujeito passivo, e a Dra. Bruna Garcia Benevides, Procuradora da Fazenda Nacional. Henrique Pinheiro Torres Presidente. Luiz Roberto Domingo Relator. Rodrigo Mineiro Fernandes Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 02 74 /2 00 7- 01 Fl. 1491DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Valdete Aparecida Marinheiro, Jose Henrique Mauri (Suplente), Vanessa Albuquerque Valente, Luiz Roberto Domingo e Henrique Pinheiro Torres (Presidente) Relatório Tratase de Recurso Voluntário, cujo julgamento convertido em diligência conforme Resolução nº 310100.225, de 21 de março de 2012, que ordenou: Destarte, com o objetivo de enriquecer a instrução dos autos deste processo, voto pela conversão do julgamento do recurso em diligência à repartição de origem para que a auditora fiscal que lavrou o auto de infração, ou outro auditor para essa tarefa designado, informe, fundamentadamente, sobre a certeza, a liquidez e a exigibilidade de todos os valores lançados como base de cálculo da contribuição na data indicada como fato gerador da obrigação tributária. Por bem descrever a lide, adoto o relatório da Resolução às fls. 1301/1305, o qual peço vênia para transcrever: “Cuidase de retorno de diligência à repartição de origem nos autos de recurso voluntário contra acórdão unânime da Oitava Turma da DRJ Rio de Janeiro (RJ) que julgou procedente o lançamento da contribuição de intervenção no domínio econômico (Cide)[ 1], acrescida de juros de mora equivalentes à taxa Selic e de multa de ofício (75%, passível de redução) [2], vinculada aos fatos geradores do período de janeiro de 2003 a setembro de 2004. A ciência dos lançamentos se deu no dia 26 de março de 2007. Segundo a denúncia fiscal [3], o tributo exigido é decorrente de creditamento de valores para pagamento da prestação de serviços de telecomunicações iniciados no território nacional e completados em outros países (tráfego sainte), cuja base de cálculo foi indevidamente reduzida mediante exclusão de valores oportunamente compensados porque então devidos à autuada pela operadora estrangeira em face do tráfego entrante. Regularmente intimada do lançamento, a interessada instaurou o contraditório com as razões de folhas 847 a 885 (volume V), assim sintetizadas no relatório do acórdão recorrido [4]: houve violação ao conceito de disponibilidade jurídica e econômica, uma vez que, tratando o caso de regime de caixa, não houve a realização do fato gerador da Cide em face da inexistência de remessa dos valores utilizados como base de cálculo para a autuação; assim, a exação deveria incidir somente sobre os valores efetivamente enviados para o exterior; 1 Lei 10.168, de 29 de dezembro de 2000, artigos 2o e 3o, com as modificações introduzidas pela Lei 10.332, de 19 de dezembro de 2001. Auto de infração às folhas 768 (volume IV) a 840 (volume V). 2 Enquadramento legal da multa de ofício (75%): Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, artigo 44, inciso I. 3 Descrição dos fatos às folhas 775 a 778 (volume IV). 4 Inteiro teor do acórdão recorrido às folhas 1.134 a 1.145 (volume VI). Fl. 1492DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 4 3 houve violação ao artigo 146, [sic] do CTN, pois, houve mudança de critério jurídico introduzido pelo ADI SRF no. 25, de 2004, em relação ao manifestado no âmbito do PA nº. 15374.000029/0085, fls. 912/953 [acórdão DRJ Rio de Janeiro] e 955/962 [acórdão Primeiro Conselho de Contribuintes] [5]; tratandose de fatos supostamente ocorridos em 2003 e 2004, houve violação ao princípio da irretroatividade, decorrente da aplicação do ADI SRF no. 25, de 15102004; não se aplica o artigo 106, [sic] do CTN, nem o Parecer Normativo no. 05, de 1994, ao referido ADI, uma vez que, este não é lei em sentido formal; o princípio da irretroatividade do direito também se aplica às normas e atos administrativos ou judiciais; ainda que se admita a aplicação do artigo 106, [sic] do CTN, é inaplicável a penalidade, [sic] (multa), em decorrência da regra do inciso I, do mesmo artigo; não cabe a aplicação de penalidade, juros de mora e atualização monetária da base de cálculo do tributo, sob pena de violação ao parágrafo único do artigo 100, [sic] do CTN, uma vez que, vinha se pautando em decisões e práticas reiteradas, que se alteraram com a edição do ADI; não se pode exigir a Cide em face da inexistência de destinação que legitime a sua exigência; o FNDCT mencionado no artigo 4o, [sic] da Lei no. 10.168, de 2000, como destinatário da Cide, foi extinto, na medida que [sic] não foi ratificado pelo Congresso Nacional, nos moldes do artigo 36, [sic] do ADCT, e não foi utilizada Lei Complementar para restabelecêlo, conforme determina o artigo 165, parágrafo 9o, inciso II, da CF, [sic] (fls. 877/879); o STF já se pronunciou pela necessidade da previsão desta destinação na ADIN 2.9258, que tratou da constitucionalidade da Lei Orçamentária no 10.640, de 2003, [sic] (fls. 875); o STF já reconheceu a necessidade de serem os contribuintes da Cide os seus beneficiários; conforme se depreende do artigo 4o, [sic] da Lei 10.168, de 2000, a Interessada não é beneficiária da Cide; não se pode exigir a Cide, uma vez que, [sic] já há a contribuição específica ao FUNTTEL, voltada ao desenvolvimento da competitividade da indústria brasileira de telecomunicações criada nos termos da Lei no. 10.052, de 2000; a Cide destinada ao FNDCT não teve definida no texto constitucional, os seus elementos, hipótese de incidência, sujeito passivo e base de cálculo; portanto, deveria ter sido instituída por lei complementar conforme determinam os artigos 149, [sic] e 146, III, da CF; por todas estas razões, é inconstitucional a cobrança da Cide. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido estão consubstanciados na ementa que transcrevo: 5 Objeto do processo administrativo: IRRF, rendimentos pagos a beneficiários no exterior. Fl. 1493DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 4 Assunto: Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico CIDE Anocalendário: 2003, 2004 CIDE. INCIDÊNCIA. A Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, CIDE, incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações referentes a licença de uso, aquisição de conhecimentos tecnológicos, e de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. Leis nºs. 10.168 de 2000, e 10.332 de 2001. CIDE. FATO GERADOR. O fato gerador ocorre no simples registro do crédito contábil se, no momento do registro, o beneficiário passa a juridicamente dele dispor, embora ainda não esteja, em suas mãos, os respectivos valores. Parecer [Normativo] CST no. 121 de 1973. CIDE. BASE DE CÁLCULO. A base de Cálculo da Cide é o valor total da operação, ainda que não sejam as remessas integralmente enviadas ao exterior, e não apenas o saldo líquido resultante de encontro de contas envolvendo débitos e créditos entre o tomador e o prestador dos serviços, beneficiário do crédito. Leis nºs. 10.168 de 2000, e 10.332 de 2001. Lançamento Procedente Ciente do inteiro teor do acórdão originário da DRJ Rio de Janeiro (RJ), recurso voluntário foi interposto às folhas 1.153 a 1.199 (volume VI). Nessa petição, as razões iniciais são reiteradas noutras palavras. A Fazenda Nacional manifestase contraria ao provimento do recurso voluntário no memorial acostado às folhas 1.208 a 1.232 (volume VII). Na sessão de julgamento de 16 de novembro de 2009, por intermédio da Resolução 310100.067, a conversão do julgamento do recurso em diligência à repartição de origem foi conduzida pelo voto que transcrevo: Conheço do recurso voluntário interposto às folhas 1.153 a 1.199 (volume VI), porque tempestivo e atendidos os demais requisitos para sua admissibilidade. Versa o litígio, conforme relatado, acerca da exigência da contribuição de intervenção no domínio econômico (Cide) decorrente de remessa de valores ao exterior para pagamento da prestação de serviços de telecomunicações iniciados no território nacional e completados em outros países (tráfego sainte), cuja base de cálculo foi indevidamente reduzida mediante compensação de valores devidos pela operadora estrangeira em face do tráfego entrante. Na fase recursal, memorial da Procuradoria da Fazenda Nacional foi acostado às folhas 1.208 a 1.232 (volume VII). Assim, em respeito ao princípio do contraditório, voto pela conversão do julgamento deste recurso voluntário em diligência à repartição de origem para que seja oferecida oportunidade de manifestação da ora recorrente a respeito do documento citado no parágrafo imediatamente anterior. Fl. 1494DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 5 5 Vale lembrar que provas documentais oferecidas por fotocópias sem autenticação por tabelião de notas devem ser autenticadas pelo servidor público que as recepcionar mediante confronto de cada uma delas com os respectivos originais. Posteriormente, providenciar o retorno dos autos para esta câmara. Em atendimento à determinação deste colegiado, a recorrente conheceu do memorial da Fazenda Nacional e manifestouse às folhas 1.264 a 1.294 (volume VII), discorrendo sobre: (a) fundamentação jurídica adotada pela administração até o advento do ato declaratório interpretativo SRF 25, de 15 de outubro de 2004; (a.1) inocorrência do fato gerador da Cide em face da inexistência de remessa dos valores apontados como base de calculo para o lançamento ora recorrido; (a.2) flagrante violação ao artigo 146 do CTN; (b) violação ao princípio da irretroatividade (b.1) inaplicabilidade do artigo 106 do CTN ao Ato Declaratório Interpretativo 25, de 2004, e ao Parecer Normativo 5, de 1994; (b.2) inaplicabilidade de penalidade em face do disposto no artigo 106, inciso I, do CTN; (c) não cabimento de penalidades, juros de mora e atualização de valor monetário da base de cálculo do tributo, sob pena de violação do artigo 100 do CTN; (d) inexigibilidade da contribuição em face da inexistência de destinação que legitime sua exigência; (e) inconstitucionalidades; (e.1) exigência da Cide face à superposição contributiva em razão da contribuição ao Funttel; (e.2) instituição da Cide por meio de lei formalmente ordinária. Concluída a diligência, a autoridade preparadora devolve os autos para julgamento em sete volumes [6].” Como relatado, o julgamento foi novamente convertido em diligência, sendo que autoridade fiscal indicou que as bases foram tomadas trimestralmente e que tal procedimento não colidiu com o alegado pela PGFN em sua manifestação, alegando em síntese que: (i) a recorrente e o agente fiscal convergiram no entendimento de que o fato gerador da CIDE se dá em períodos trimestrais; (ii) os valores lançados no Auto de Infração foram obtidos através das planilhas entregues pela Recorrente; (iii) a base de cálculo da contribuição é o valor do serviço prestado às operadoras estrangeiras. A Recorrente apresenta sua manifestação discordando do resultado da diligência e apontando a irregularidade da exigência em períodos trimestrais. É o relatório. Fl. 1495DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 6 Voto Vencido Conselheiro Luiz Roberto Domingo Conheço do Recurso por atender aos requisitos de admissibilidade. A questão que nos cumpre analisar referese ao lançamento da CIDE em face das operações de tráfego de telefonia internacional, cujos valores remetidos a título de tráfego sainte decorrem de uma apuração líquida das operação de trafego entrante e tráfego sainte, pela qual, entendeu a Fiscalização que o crédito realizado nesse procedimento de apuração de valores líquidos seria fato imponível da contribuição, realizando o lançamento em períodos trimestrais, coincidentes com as remessas realizadas pela Recorrente. Aduz a Recorrente em preliminar que o auto de infração apresente vício em sua elaboração uma vez que, apesar de o Fisco entender que os créditos do tráfego sainte seria fato gerador da CIDE, fez a apuração trimestral. Entendo que tal inconsistência tem procedência. Notese que o fato gerador da CIDE ocorre em períodos mensais, conforme art. 2º, § 5º, da Lei 10.168/2000: Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. (Vide Decreto nº 6.233, de 2007) (Vide Medida Provisória nº 510, de 2010) § 5o O pagamento da contribuição será efetuado até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês de ocorrência do fato gerador.(Parágrafo incluído pela Lei nº 10.332, de 19.12.2001) Desta forma, se a fiscalização considerou que o fato gerador da CIDE era o crédito e não a remessa, esse (crédito) ocorreu em períodos mensais conforme os serviços foram prestados e não em períodos trimestrais conforme se fazia a apuração para pagamento do valor líquido. Nesse ponto, andou bem o Recurso Voluntário a diferenciar o regime caixa do regime de competência ao explicar a sistemática das operações de tráfegos saintes e entrantes: Quando uma ligação telefônica para o exterior é efetuada a partir do Brasil, tal ligação iniciase na rede telefônica da RECORRENTE, e esta rede conectase com redes telefônicas do país de destino da ligação. A partir dessa conexão, a empresa estrangeira de telefonia (“operadora internacional”) presta serviços à RECORRENTE de finalização de ligação telefônica iniciada no Brasil. Por estes serviços, a RECORRENTE remunera a operadora internacional, contabilizando a respectiva despesa, denominada despesa de tráfego saínte. Nos termos expressamente reconhecidos pela D. Autoridade Fiscalizadora, “a sistemática de liquidação das dívidas no tráfego internacional de telefonia revestese de inúmeras particularidades”. Fl. 1496DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 6 7 De fato, a liquidação dos valores a serem remetidos em decorrência da prestação das atividades denominadas tráfego saínte se revestem de determinadas características a ela inerentes e resultam dos contratos firmados entre as operadoras e a RECORRENTE, nos moldes da Regulamentação da Organização Internacional de Telecomunicações. Referida liquidação dos valores a serem remetidos em decorrência da prestação das atividades denominadas tráfego saínte podem ser resumidas nas seguintes etapas: Autorizações de Pagamentos.(AP) De acordo com o período definido, é gerado um documento denominado AP – Autorização de Pagamento. Esse documento reflete a dívida final que a Recorrente reconhece dever a outra operadora. Statements Para chegar ao valor devido, e consignado na AP acima referenciada, as operadoras trocam entre si documentos denominados Statements, os quais reconhecem créditos ainda não líquidos entre uma e outra. Após processados e conferidos esses créditos é que as operadoras liquidam tais valores, cabendo a Recorrente quando for o caso (situação de devedora) , emitir a respectiva Autorização de Pagamento AP. Liquidação da dívida Aquisição da disponibilidade jurídica e ocorrência do fato gerador da CIDE. Após processados os statements e emitidas as AP´s, cada uma das operadoras dá o aceite final para fins de liquidação da dívida, processandose então a remessa desses valores às operadoras estrangeiras por parte da Recorrente, quando se situar na posição de devedora. Pagamento Consumada a aceitação, a operadora no Brasil, no caso a Recorrente, disponibiliza à operadora situada no exterior um determinado numerário6, cujo montante (valor líquido entre débitos e créditos entre as operadoras) será a base imponível para fins de cálculo da CIDE. Somente a partir deste momento, e sobre esses valores que considerarseiam, repitase, para fins de incidência da CIDE, disponibilizados juridicamente à operadora estrangeira o valor devido pela Recorrente. Com efeito, todas as despesas e receitas de uma pessoa jurídica são reconhecidas na medida em que são incorridas, independentemente da sua liquidação financeira (“regime de competência”), e não no momento das efetivas entradas e saídas de caixa resultantes de tais receitas e despesas (“regime de caixa”), conforme determina a Lei das S.A. (Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976, artigo 177). Confirase: “Art. 177 A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial e desta lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, devendo observar métodos ou critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência. (...).” (destacamos) 6 Tal disponibilização pode ser feita através de documentos de contratação de câmbio quando a remessa se der do Brasil para fora, ou diretamente no exterior na medida em que a Recorrente encontrese autorizada pelo Banco Central do Brasil, para fins de pagamento de receitas de “tráfego mútuo” de telecomunicações. Fl. 1497DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 8 Logo, pelo princípio da competência, os resultados devem ser reconhecidos quando da ocorrência do fato, da operação, que gera direitos ou obrigações para a RECORRENTE, independentemente de sua efetiva realização (recebimento/pagamento), como ocorre no regime de caixa. ... De acordo com o princípio contábil da competência, o valor da referida fatura deve ser registrado no período em que os serviços contratados foram efetivamente prestados, tendo o prestador de serviços cumprido sua obrigação e gerado uma outra obrigação – uma contraprestação – para o contratante. O fato de a liquidação da contraprestação ocorrer em outro período, não deve ser considerado para fins de registro contábil da despesa com prestação de serviços e do respectivo passivo de prestação de serviços a pagar. No momento em que o passivo é reconhecido, há o “crédito” contábil do respectivo valor da obrigação. Diante disso considero irregular o lançamento uma vez que o fato gerador do crédito não poderia ser confundido com o fato gerador da remessa por serem critérios temporais distintos de hipóteses de incidências distintas, o que fulmina o lançamento de nulidade. Inobstante há outros motivos para afastar o lançamento constituído pelo Fisco. Vejamos. A Lei estabelece que a CIDE é “devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior”. Esse era o campo de incidência originário previsto que, por conta de sua especificidade, não traria maiores controvérsias para sua identificação no universo de relações jurídicas de direito privado que as pessoas jurídicas nacionais estabelecem com pessoas residentes ou domiciliadas no exterior. Mas, posteriormente, com a edição da Lei nº 10.332/2001 e Lei nº 11.452/2007, houve ampliação do campo de incidência e exclusão expressa dos negócios jurídicos cujo objeto fosse a licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, o que trouxe diversas dúvidas acerca dos limites jurídicos a serem estabelecidos para essa incidência, que era CIDE Tecnologia, passou a ser conhecida também como CIDERoyalties, apesar de incidir sobre muitas outras remessas ao exterior. Assim, as remessas relativas a outros contratos que não os relacionados expressamente pela lei, em especial as intituladas como sendo serviços técnico, entendo que há incidência da CIDE, a partir das alterações trazidas pela Lei n° 10.332/2001, no art. 2° da Lei n° 10.168/2000, que passou a dispor sobre a incidência da CIDE sobre as remessas realizadas ao exterior, conforme segue: Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. (Vide Medida Provisória nº 510, de 2010) § 1o Consideramse, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes Fl. 1498DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 7 9 ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. § 1oA. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei nº 11.452, de 2007) § 2o A partir de 1o de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior.(Redação da pela Lei nº 10.332, de 19.12.2001) Apesar de ter explanado entendimento de que o § 2º acima não teria alcance genérico, ao me deparar com a exposição de motivos da Lei n° 10.332/2001, passei a rever meu posicionamento anterior uma vez que a redação da norma teve a intenção de trazer para a CIDE o regime jurídico do Imposto de Renda Retido na Fonte, a saber: 17. Finalmente, cabe destacar as ações de estímulo à inovação visando a ampliação da competitividade empresarial no Brasil. Ao destacar dez por cento dos recursos da contribuição criada pela Lei n° 10.168, de 2000, para tal atividade o projeto que ora lhe submetemos pretende disponibilizar recursos financeiros para estimular a pesquisa cooperativa, permitir a equalização de encargos financeiros em operações de financiamento à inovação tecnológica, incentivar a participação minoritária no capital de microempresas e pequenas empresas de base tecnológica e fundos de investimento, conceder subvenção econômica a empresas inovadoras e viabilizar a Iiquidez dos investimentos privados em fundos de investimento em empresas de base tecnológica. 18. Adicionalmente, propõemse uma destinação de recursos não inferiores ao equivalente a quarenta e três por cento da receita estimada da arrecadação do Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI incidente sobre os bens e produtos beneficiados com os incentivos fiscais previstos na Lei n° 10.176, de 11 de janeiro de 2001 ao Programa de Estímulo à Interação UniversidadeEmpresa para o Apoio à Inovação, de forma a ampliar os recursos disponíveis para o estímulo à competitividade empresarial. 19. O projeto de lei prevê ainda a adequação da base de incidência da contribuição, criada pela Lei n° 10.168, de 2000, ampliando sua abrangência de forma a coincidir plenamente com a base de incidência do imposto de renda, com a redução concomitante do mesmo. 20. Cabe ressaltar que esta iniciativa permitirá uma maior eficácia no controle e fiscalização da arrecadação da Fl. 1499DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 10 contribuição, bem como uma maior transparência para o contribuinte dos fatos geradores da referida contribuição. 21. No mesmo sentido, destaquese a proposição de dispositivo que reitera o crédito tributário para as empresas inovadoras referente à contribuição incidente sobre royalties referentes a contratos patentes e uso de marcas, tornando mais clara a redação vigente em medida provisória em tramitação. (Diário da Câmara dos Deputados, Ano LVI, n° 150, de 09/10/2001) Pois bem, a par das eventuais irregularidade que possa conter tal alargamento da base de incidência da CIDE Tecnologia, em face da materialidade da contribuição e do quanto dispõe a Lei Complementar n° 95/1998, fato é que a norma incluída no § 2º do art. 2º da Lei n° 10.168/2000, criou uma nova Contribuição de intervenção no domínio econômico que tem materialidade idêntica a do IRRF de remessas ao exterior. Nesse diapasão os pagamentos realizados ao exterior que sejam base de incidência do IRRF também serão base de incidência da CIDE, exceção feita à “remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador” que não envolvam a transferência da correspondente tecnologia. Desta forma, é imprescindível que se aplique aqui o regime jurídico do IRRF em especial quanto às manifestações firmadas pela Administração de que a incidência da retenção fonte, e agora da CIDE, devem ser apenas sobre o valor remetido. Na linha do que aduziu a Recorrente, entendo que a hipótese de incidência do IRRF e da CIDE são as mesmas, aplicandose ao presente caso o quanto já decidido nos autos do PAF nº 15374.00029/0085, no qual a decidiu a DRJ Rio de Janeiro, entendeu que o tributo somente incide sobre o valor efetivamente remetido às operadoras internacionais, ou seja sobre o efetivo acréscimo patrimonial por estas suportado: “Ementa: (...) SERVIÇOS DE TELCOMUNICAÇÕES. BENEFICIÁRIO DOMICILIADO NO EXTERIOR. BASE DE CÁCLULO. TRATADO CONTRA A DUPLA TRIBUTAÇÃO. EXCLUSÃO. – A liquidação dos passivos referentes ao tráfego mútuo de telecomunicações é feita mediante compensação dos serviços prestados. Somente incide imposto de renda na fonte sobre o valor efetivamente remetido às operadoras internacionais, por corresponderem ao efetivo acréscimo patrimonial por elas suportadas. Excluise da base de cálculo os valores remetidos aos países com os quais foram assinados tratados para evitar dupla tributação. BENEFICIÁRIO DOMICILIADO NO EXTERIOR. MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR – O fato gerador do tributo, entre outras hipóteses, surge no momento em que o rendimento é pago ou remetido ao beneficiário, ocasião em que se materializa a disponibilidade econômica ou jurídica da renda. (...)” Os fundamento do Acórdão estão consubstanciados nos seguintes trechos do voto: Fl. 1500DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 8 11 “dentro da sistemática vigente, por via de regra, prevalece que o imposto de renda na fonte é regido pelo regime de caixa, ou seja, é devido quando haja a percepção efetiva, traduzida pelos fatos jurídicos concretamente verificados, do que são exemplos as formas pelos quais o devedor da renda, ou fonte pagadora, coloca o objeto da obrigação na livre disposição do beneficiário, seja pelo crédito, pagamento, emprego, entrega ou remessa” “conforme já falado anteriormente, a renda não se confunde com sua disponibilidade. Inconteste é o fato de que a partir do momento em que as operadoras internacionais prestaram o serviço de finalização de ligação telefônica iniciada no Brasil passaram a ter direito a percepção da receita ou rendimento. Todavia, para que esse crédito possa se configurar em disponibilidade jurídica é mister que ele seja incondicional, conforme texto de ementa do Acórdão n.º CSRF/010820, abaixo reproduzido: “IRPF – DISPONIBILIDADE JURÍDICA DE RENDIMENTO CREDITADO. – O Crédito de rendimento só configura disponibilidade jurídica se incondicional, isto é, se o recebimento do respectivo numerário depender exclusivamente do beneficiário, o que não ocorre na hipótese de rendimento creditado por rescisão de contrato de trabalho, pendente de homologação por sindicato, que consumou no ano subseqüente, quando então se tornou disponível para efeito de tributação.” “...ressaltase que o momento da ocorrência do fato gerador não está atrelado ao vencimento da obrigação, e sim a possibilidade de se converter a disponibilidade jurídica em econômica, conforme decisões abaixo transcritas: “DISPONIBILIDADE ECONÔMICA Comprovando que os vencimentos de dezembro foram pagos no mês seguinte, ou seja, em janeiro, tais vencimentos não devem ser incluídos na declaração de rendimentos daquele anobase, um vez que a disponibilidade econômica somente ocorreu no anobase seguinte.” (Acórdão n.º 104 – 6. 824, DO de 31/05/1991) TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA – VARIAÇÕES CAMBIAIS CONSIDERADAS COMO RENDA ANTES DO PAGAMENTO E DA OBRIGAÇÃO – MOMENTO DA DISPONIBILIZAÇÃO ECONÔMICA – INCIDÊNCIA DO TRIBUTO – O imposto de renda só incide sobre os ganhos decorrentes de variações cambiais quando realizado o pagamento das obrigações financeiras relativas àquelas variações, porque é a partir daí que serão incluídos na receita e na apuração do lucro real obtido (Recurso especial n.º 320.455RJ (2001/00489834) Depreendese do acima exposto que as transações relativas ao tráfego internacional revestemse de inúmeras particularidades, as quais não podem ser ignoradas pela autoridade tributária para a correta aferição da matéria tributável e determinação do aspecto temporal do fato gerador do tributo ora exigido. Verificase que entre o momento em que o serviço é prestado até que ele se traduza em valores financeiros ocorre um grande lapso, ainda mais se considerar que a liquidação desses valores, muitas vezes, está sujeita a fatores externos à vontade das partes contratantes. Citase, por exemplo, a operadora situada no Iraque em que os embargos impostos pela ONU impossibilita a liquidação de qualquer dívida que o interessado tenha com aquela operadora. Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 12 Diferente, também, não é a situação das operadoras situadas em outros países que se encontram em estado de guerra. Assim, tendo em mente o disposto no art. 745 do RIR/1994 que estabelece que estão sujeitos à incidência do IRRF os rendimentos pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, creio ser possível delimitar a matéria tributável. No caso, seriam os valores efetivamente disponibilizados às operadoras estrangeiras (após o encontro de contas), que, em última análise, correspondem ao acréscimo patrimonial estatuído no art. 43 do CTN como elemento caracterizador do fato gerador do imposto sobre a renda.” (Os destaques são nossos) Tal entendimento foi ratificado pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, no Acórdão nº 10613.741, de 04/12/2003. “IRRF – RENDIMENTOS PAGOS A BENEFICIÁRIOS NO EXTERIOR – FATO GERADOR E BASE DE CÁLCULO A incidência do imposto de renda retido na fonte, sobre pagamentos feitos por operadoras de telefonia no Brasil, por serviços prestados (trafego saínte) por operadoras situadas no exterior, ocorre sob a disciplina do regime de caixa, sem prejuízo da escrituração e controle contável dos serviços prestados, conforme o regime de competência. Assim, a data e os montantes tributáveis são definidos com base nos rendimentos efetivamente remetidos aos beneficiários no exterior. Tratase de processo que discutiu lançamento tributário efetivado contra a própria Recorrente, o que impõe reconhecer que esta agiu de “acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado”. Da mesma forma ocorre com relação à interpretação dada pela Solução de Consulta nº 101/2004, cujos critérios se aplicam ao IRRF e à CIDE da mesma forma, pois incidem sobre a mesma materialidade: “SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. BENEFICIÁRIO DOMICILIADO NO EXTERIOR. BASE DE CÁLCULO. Nas relações entre duas prestadoras de serviços de telecomunicações localizadas em países diferentes, a liquidação dos valores devidos pelos serviços de complementação das ligações reciprocamente prestados é feita por compensação, ocorrendo pagamento apenas em relação ao eventual saldo apurado em prol de uma delas. À luz da norma de incidência do imposto na fonte sobre rendimentos auferidos por não residentes pela prestação de serviços, a imposição recai apenas sobre o saldo apurado em prol da operadora estrangeira que seja efetivamente pago, creditado, entregue, empregado ou remetido. Dispositivos Legais: RIR/1999, art. 685. Processo de Consulta n.º 101/2004. Órgão: SRRF/ 7ª Região Fiscal no DOU: 18.06.2004.” Desta forma, não poderia o Ato Declaratório Normativo nº 25/2004 operar retroativamente em relação às operações realizadas pela Recorrente sob pena de violação do artigo 146 do Código Tributário Nacional. Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 9 13 Mesmo que assim não seja o entendimento da maioria dos meus pares, tenho entendimento que, vencido nessa posição, as penalidades e os juros sejam excluídos nos termos do que dispõe o parágrafo único do art. 100 do CTN: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. É de notarse que na linha de interpretação do art. 100 do CTN está o art. 76 da Lei nº 4.502/66, ao tratar da interpretação de atos e fatos para graduação e exclusão de penalidades, de modo que uma determinada conduta do contribuinte ou determinada manifestação oficial por parte do Fisco devem ser consideradas na graduação e exclusão da punibilidade. Neste caso, há diversas manifestações da administração que entendem que a incidência de tributação sobre os contratos internacionais de tráfego de telecomunicações se dá apenas sobre o valor efetivamente remetido, não podendo de rompante exigirse outra conduta da Recorrente que não seja agir dessa forma, tributar apenas o que fora remetido ao exterior relativamente ao tráfego sainte. É inegável que houve uma mudança de critério jurídico na interpretação da incidência dos tributos sobre as operações de tráfego entrante e sainte que se coaduna com as repercussões jurídicas previstas pelo Parecer/PGFN/CDA/CRJ n.º 396/2013, que reconhece o cumprimento do disposto no art. 146 do CTN, quando da alteração de critérios jurídicos adotados expressamente pela administração, cuja aplicação deve se dar de forma prospectiva se ofensa ao princípio da irretroatividade normativa: “82. A modificação dos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa – a partir da constatação de errônea interpretação ou aplicação da lei , deve ser formalmente introduzida na ordem jurídica. Com efeito, dado o status de normas complementares que ostentam os atos e decisões administrativos, cujos efeitos projetamse em relação aos contribuintes, entendese que a superação do entendimento anterior há de ser efetuado de maneira ostensiva e geral, ainda que a nova interpretação seja mais benéfica ao administrado, a fim de que: Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 14 (...) 83. É o sentido que se extrai, inclusive, da própria dicção do art. 146, que prega a incidência da nova orientação jurídica aos fatos geradores posteriores à sua introdução, guardando perfeita sintonia com os imperativos da segurança jurídica, da publicidade e da isonomia no tratamento dos administrados.” Portanto, a novel interpretação não poderia alcançar os fatos pretéritos. Diante do exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário. Luiz Roberto Domingo Relator Voto Vencedor Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, redator designado. Como bem relatado pelo i.Conselheiro Luiz Roberto Domingo, o presente feito trata de exigência de CIDE, decorrente de valores referentes à prestação de serviços de telecomunicações iniciados no território nacional e completados em outros países (tráfego sainte), com alegada redução indevida da base de cálculo, mediante exclusão de valores devidos à autuada pela operadora estrangeira em face do tráfego entrante. Inobstante os relevantes argumentos trazidos pelo i.Conselheiro Relator, ouso discordar de suas conclusões. A questão é tratada no Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 25, de 13 de outubro de 2004, que assim dispõe: Art. 1º As disposições do Regulamento de Melbourne, trazidas pelo Tratado de Melbourne, celebrado em 09 de dezembro de 1988, não foram legitimamente incorporadas ao Direito Brasileiro, não tendo eficácia no Pais no tocante ao Imposto sobre a Renda e à Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) incidentes sobre as remessas efetuadas por empresas de telecomunicações pela prestação de serviços técnicos realizados em chamadas de longa distância internacional, iniciadas no Pais, ou em chamadas de longa distância nacional, em circunstâncias em que haja a utilização de redes de propriedade de não domiciliadas no Brasil. Art. 2° É devido o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte, à aliquota de 15%, e a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), à aliquota de 10%, sobre o total dos valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos às empresas de telecomunicações domiciliadas no exterior, a titulo de pagamento pela contraprestação de serviços técnicos realizados em chamadas de longa distância internacional, iniciadas no Brasil, ou a chamadas de longa distância nacional, em que haja a utilização de redes de propriedade de empresas congêneres, domiciliadas no exterior. Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 10 15 Art. 3° A base de cálculo do Imposto sobre a Renda e da Cide, incidentes nas hipóteses previstas no art. 2º é o valor total da operação, ainda que não sejam as remessas integralmente enviadas ao exterior, e não apenas o saldo liquido resultante de encontro de contas envolvendo débitos e créditos entre o tomador e o prestador dos serviços. Art. 4° Os rendimentos decorrentes da prestação de serviços técnicos de telecomunicações que sejam pagos, creditados, entregues ou remetidos a residentes ou domiciliados em países com os quais o Brasil mantenha tratados para evitar a dupla tributação (regularmente incorporados ao ordenamento jurídico brasileiro) estão sujeitos ao tratamento especifico neles constantes. O ilustre relator afirma que o Ato Declaratório Normativo nº 25/2004 não poderia operar retroativamente em relação às operações realizadas pela Recorrente sob pena de violação do artigo 146 do Código Tributário Nacional. Segundo seu entendimento, haveria diversas manifestações da administração no sentido de que a incidência de tributação sobre os contratos internacionais de tráfego de telecomunicações se daria apenas sobre o valor efetivamente remetido, citando a Solução de Consulta nº 101/2004. A referida Solução de Consulta não trouxe uma posição sólida e uníssona da administração tributária, que vincula todos os contribuintes. Tratavase apenas de uma solução que tratou do caso concreto apresentado pela parte, com vínculo exclusivamente entre os envolvidos e relacionados naquele caso. Não se equipara a normas complementares de direito tributário de que trata o art. 100 do CTN. Constatase, também, que outra manifestação da autoridade tributária tratou da matéria de forma divergente, em período próximo daquela Solução de Consulta: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 18 de 13 de Outubro de 2003 Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Ementa: REMESSAS AO EXTERIOR. PAGAMENTO PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. TRÁFEGO “SAINTE”. OBRIGATORIEDADE DE RETENÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. É devido o Imposto de Renda na Fonte, à alíquota de 15%, sobre o total dos valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos às empresas de telecomunicações domiciliadas no exterior, a título de pagamento pela contraprestação de serviços de telecomunicações, relativos a chamadas de longa distância internacionais, iniciadas no Brasil. . Assunto.: Outros Tributos ou Contribuições Ementa.: REMESSAS AO EXTERIOR. PAGAMENTO PELA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES. Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S 16 TRÁFEGO “SAINTE”. OBRIGATORIEDADE DE PAGAMENTO DE CIDE. É devida a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), à alíquota de 10%, sobre o total dos valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos às empresas de telecomunicações domiciliadas no exterior, a título de pagamento pela contraprestação de serviços de telecomunicações relativos a chamadas de longa distância internacionais, iniciadas no Brasil. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expressamente manifestouse na referida Solução de Divergência acerca da impossibilidade de incidência do IRRF apenas sobre o montante oriundo da compensação entre os valores a pagar e a receber. Reproduzimos trecho dos fundamentos legais do referido ato: 39. A adoção desses diferentes critérios de conexão reforçam o entendimento segundo o qual há impossibilidade de incidência do imposto de renda apenas sobre o montante oriundo da compensação entre o que as operadoras de telefonia brasileira devem e o que têm a receber das congêneres domiciliadas no exterior. A adoção de posicionamento diverso desnaturaria toda a metodologia na qual se baseia a legislação tributária brasileira, incidente sobre as espécies de operações sujeitas a diferentes ordenamentos. 40. Ante todo o exposto, concluise que a base de cálculo do imposto de renda nessas circunstâncias é o valor total devido às operadoras situadas no exterior pela prestação de serviços de telecomunicações relativos à terminação das chamadas internacionais aqui iniciadas e não apenas a diferença entre o que devem e o que têm a receber. Dessa forma, não está configurada a sólida manifestação da administração tributária no sentido indicado pelo i. relator, inexistindo a confiança alegada passível de ser protegida. Também não há que se alegar proteção da confiança em função de uma decisão obtida num processo que tratava de IRRF, não de CIDE. Não há como tratar a CIDE como um mero adicional do IRRF, coincidindo seus regimes jurídicos. Ainda que a materialidade dos tributos sejam próximos, tratamse de gravames distintos, sujeitos cada um a seu regime próprio, com destinações distintas. Também não é possível a aplicação do art. 146 do CTN, que trata de situação diversa da tratada nos presentes autos. Lá, é tratado a modificação de critério jurídico no exercício do lançamento, para um mesmo contribuinte, fato inexistente nos presentes autos. Aqui, não havia lançamento anterior no mesmo contribuinte, relativo a um mesmo tributo, com a manifestação expressa de um critério jurídico adotado pela administração. Dessa forma, entendo como perfeitamente aplicável ao caso em questão o Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 25, de 13 de outubro de 2004, por ser um ato interpretativo, de natureza declaratória, retroagindo sua eficácia ao momento em que a norma por eles interpretada começou a produzir efeitos. Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S Processo nº 18471.000274/200701 Acórdão n.º 3101001.574 S3C1T1 Fl. 11 17 Também ouso discordar do i. Relator acerca de suas conclusões sobre a nulidade do lançamento, especialmente quanto ao elemento temporal da hipótese de incidência da CIDE e a apuração fiscal. Entendo que a autoridade fiscal obedeceu rigorosamente ao critério de apuração da contribuição, impondo tributação apenas sobre fatos econômicos consistentes e definitivos, ou seja, sobre créditos certos, líquidos e exigíveis. A disponibilidade jurídica esteve presente em todos as importâncias lançadas e os elementos exigidos para lançamento da CIDE restaram atendidos. O lançamento fiscal considerou na base de cálculo da CIDE os valores creditados pela EMBRATEL após os seus vencimentos. Constatase que, somente quando vencidos os prazos trimestrais, os valores foram tributados, considerando o vencimento da obrigação como aspecto temporal do fato gerador da contribuição. A autoridade fiscal não impôs tributação sobre os valores mensais decorrentes de meros registros contábeis. Foi observado o vencimento trimestral de cada período e apurada a base de cálculo levando em conta a existência, na data do encontro de contas, de créditos certos, líquidos e exigíveis. Ou seja, o Fiscal considerou que, no vencimento do período, todos os valores creditados estavam disponíveis juridicamente. Por opção das contratantes, parte desses créditos foram compensados e parte deles remetidos. A Fiscalização não lançou mensalmente os registros contábeis efetuados segundo o regime de competência. Corretamente, a autoridade fiscal compreendeu que, somente no vencimento, tais créditos contábeis efetivamente representavam montantes juridicamente disponíveis e definitivos, impondo a devida tributação. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 1507DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 02/03 /2015 por RODRIGO MINEIRO FERNANDES, Assinado digitalmente em 10/03/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRE S
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720690/2012-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2007, 2008
AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO PARA DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL. PREVISÃO LEGAL. PROCEDÊNCIA.
Aplicam-se à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente para apuração do IRPJ. Logo, é procedente a adição na base de cálculo da CSLL da despesa com amortização de ágio.
DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. INDEDUTIBILIDADE.
A indedutibilidade de despesas consideradas desnecessárias também da base de cálculo da CSLL decorre do próprio conceito de resultado do exercício apurado com observância da legislação comercial. Se a despesa não é necessária, não pode ser considerada como despesa operacional quando da apuração do resultado do exercício. Caso tenha reduzido o resultado indevidamente, deve ser adicionada, tanto para a apuração do IRPJ quanto da CSLL.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 1402-001.950
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Cortez que votou por dar provimento.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente
(assinado digitalmente)
FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cristiane Silva Costa, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2007, 2008 AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO PARA DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL. PREVISÃO LEGAL. PROCEDÊNCIA. Aplicam-se à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente para apuração do IRPJ. Logo, é procedente a adição na base de cálculo da CSLL da despesa com amortização de ágio. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. INDEDUTIBILIDADE. A indedutibilidade de despesas consideradas desnecessárias também da base de cálculo da CSLL decorre do próprio conceito de resultado do exercício apurado com observância da legislação comercial. Se a despesa não é necessária, não pode ser considerada como despesa operacional quando da apuração do resultado do exercício. Caso tenha reduzido o resultado indevidamente, deve ser adicionada, tanto para a apuração do IRPJ quanto da CSLL. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007, 2008 AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. ADIÇÃO AO LUCRO LÍQUIDO PARA DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL. PREVISÃO LEGAL. PROCEDÊNCIA. Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente para apuração do IRPJ. Logo, é procedente a adição na base de cálculo da CSLL da despesa com amortização de ágio. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. INDEDUTIBILIDADE. A indedutibilidade de despesas consideradas desnecessárias também da base de cálculo da CSLL decorre do próprio conceito de resultado do exercício apurado com observância da legislação comercial. Se a despesa não é necessária, não pode ser considerada como despesa operacional quando da apuração do resultado do exercício. Caso tenha reduzido o resultado indevidamente, deve ser adicionada, tanto para a apuração do IRPJ quanto da CSLL. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Paulo Roberto Cortez que votou por dar provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 06 90 /2 01 2- 77 Fl. 2404DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.405 2 (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cristiane Silva Costa, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo de Andrade Couto e Paulo Roberto Cortez. Fl. 2405DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.406 3 Relatório BBBANCO DE INVESTIMENTO S.A. recorre a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1262.556 da 5ª Turma da Delegacia de Julgamento no Rio de Janeiro/DRF/RJ que julgou improcedente a impugnação apresentada. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto excertos do relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Trata o processo do auto de infração, com ciência em 30/11/2012, referente ao anocalendário de 2008, através do qual é exigida a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, no valor de R$ 3.798.373,12, acrescidos da multa de ofício de 75% e juros de mora. O lançamento decorre da falta de adição ao lucro líquido da amortização do ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo Patrimônio Líquido no cálculo da Contribuição sobre o Lucro Líquido, no montante de R$ 25.322.487,49. Enquadramento Legal: artigo 391 do RIR/99 c/c artigo 57 da Lei nº 8.981/95, com redação dada pela Lei nº 9.065/95. Inconformada, a autuada apresentou impugnação em 21/12/2012, fls. 2238/2248, com as seguintes alegações: não existe o fato gerador por ausência de previsão legal. a utilização do RIR/99 como principal fundamento legal é arcaico e divorciado da atual jurisprudência do CARF. a não adição da amortização de ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo Patrimônio Líquido no cálculo da CSLL fundamentase na ausência de vedação expressa da legislação pertinente, uma vez que o DecretoLei nº 1.598/77, em seu artigo 25, alterado pelo DecretoLei nº 1.730/79, apenas veda a dedução no lucro real. este entendimento coaduna com o artigo 57 da Lei nº 8.981/95, que estende à CSLL as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o IRPJ, preservando o fato de que as bases de cálculos e as alíquotas são específicas de cada tributo. cita jurisprudência do CARF neste sentido. o legislador, ao determinar a base de cálculo da CSLL (artigo 2º e §§ da Lei nº 7.689/88 e suas alterações) não elencou, como hipótese de adição ao lucro líquido, o valor correspondente à amortização do ágio nas Fl. 2406DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.407 4 aquisições de investimentos avaliados pelo Patrimônio Líquido, estando fora da hipótese legal. requer o cancelamento do lançamento. Em análise da impugnação apresentada, a 5ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro/DRJI julgoua improcedente. O contribuinte foi cientificado da decisão em 27 de fevereiro de 2014, (fl. 2352), apresentando em 24 de março de 2014 o recurso voluntário de fls. 23552371. Em síntese, reforça todos os argumentos expendidos em sua impugnação à respeito da suposta ausência de base legal que exija a adição de despesas com amortização de ágio para fins de apuração da base de cálculo da CSLL. É o relatório. Fl. 2407DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.408 5 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Dele, portanto, tomo conhecimento. 2. MÉRITO A exigência diz respeito à falta de adição ao lucro líquido da amortização do ágio nas aquisições de investimentos avaliados pelo Patrimônio Líquido. Conforme já relatado, a recorrente alega ausência de previsão legal para adição na base de cálculo da CSLL da despesa com amortização de ágio. Não há qualquer contestação quanto à base de cálculo do lançamento. A respeito da dedutibilidade do ágio para fins do IRPJ, reproduzo a explanação realizada pela decisão recorrida: Para dirimir a questão, trago a legislação acerca do tratamento contábil e fiscal do ágio. O ágio surge na aquisição de participação societária que deva, por imposição legal, ser avaliado pelo método da equivalência patrimonial e corresponde à diferença a maior entre o preço de aquisição e o valor de patrimônio líquido contábil da participação societária adquirida em sociedade coligada ou controlada. Essas parcelas, portanto, fazem parte do custo de aquisição da participação societária e têm grande relevância na determinação do valor de eventual ganho de capital. Assim, o artigo 385 do RIR/1999 determina que os contribuintes deverão desdobrar o custo de aquisição em valor de patrimônio líquido e ágio ou deságio, registrandoos em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento, e indicar o fundamento econômico do ágio, bem como o valor de rentabilidade da coligada ou controlada com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros. Art. 385 – “O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20): Fl. 2408DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.409 6 I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo seguinte; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o inciso anterior. §1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, §1º). §2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, §2º): I valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. §3 º O lançamento com os fundamentos de que tratam os incisos I e II do parágrafo anterior deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 20, §3º).” (grifei) Os artigos 391 e 426, ambos do RIR/99, dispõem sobre o tratamento tributário da amortização contábil do ágio, quando não ocorrem as transformações societárias previstas no artigo 386 do RIR/99: Art. 391 “As contrapartidas da amortização do ágio ou deságio de que trata o art. 385 não serão computadas na determinação do lucro real, ressalvado o disposto no art. 426 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 25, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso III). Parágrafo único. Concomitantemente com a amortização, na escrituração comercial, do ágio ou deságio a que se refere este artigo, será mantido controle, no LALUR, para efeito de determinação do ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação do investimento (art. 426).” (grifei) Fl. 2409DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.410 7 Art. 426 – “O valor contábil para efeito de determinar o ganho ou perda de capital na alienação ou liquidação de investimento em coligada ou controlada avaliado pelo valor de patrimônio líquido (art. 384), será a soma algébrica dos seguintes valores (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 33, e DecretoLei nº 1.730, de 1979, art. 1º, inciso V): I valor de patrimônio líquido pelo qual o investimento estiver registrado na contabilidade do contribuinte; II ágio ou deságio na aquisição do investimento, ainda que tenha sido amortizado na escrituração comercial do contribuinte, excluídos os computados nos exercícios financeiros de 1979 e 1980, na determinação do lucro real; III provisão para perdas que tiver sido computada, como dedução, na determinação do lucro real, observado o disposto no parágrafo único do artigo anterior.” (grifei) Pelo exposto no art. 391 do RIR/1999, constatase que a norma veda que as despesas com amortização de ágio, de que trata o art. 385 do RIR/1999, sejam deduzidas do lucro líquido, na apuração do lucro real, daí a obrigatoriedade de sua adição. Por outro lado, o art. 426 do RIR/1999, cuja base legal é o artigo 34 do DecretoLei nº 1.598/77, permite que o ágio seja deduzido do ganho de capital quando da alienação ou liquidação do investimento em coligada ou controlada, avaliado pelo valor de patrimônio líquido. Em suma, o ágio na aquisição de investimento em sociedade coligada ou controlada (avaliado pelo patrimônio líquido – equivalência patrimonial), fundado em valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros (ou mesmo por outros fundamentos), é indedutível na apuração do lucro real, considerando os citados artigos do RIR/99. O ponto controvertido dos autos é se tal se o ágio também seria indedutível na apuração da base de cálculo da CSLL, uma vez que o próprio recorrente já assim o considerou para fins de apuração do lucro real. Entendo que a decisão recorrida não merece reparos. Para fins de apuração do lucro é incontroverso que o recorrente não se encontrava em situação de exceção, uma vez que não ocorreu a absorção do patrimônio da investida pela investidora (ou viceversa), em virtude de incorporação, fusão ou cisão. Por decorrência, a amortização do ágio seguiu a regra geral de ser indedutível na do lucro real, conforme procedimento adotado pelo próprio recorrente. A meu ver, a indedutibilidade do ágio para fins de determinação da base de cálculo da CSLL é automática ao se concluir pela sua indedutibilidade para fins de Fl. 2410DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.411 8 determinação do lucro real. Isso porque, para determinação da base de cálculo da CSLL, deve se partir do próprio conceito de resultado do exercício apurado com observância da legislação comercial. Vejase que, na seara tributária, a Lei nº 7.689/88, que disciplina a CSLL, em seu art. 2° determina que sua base de cálculo é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda: Art. 2° A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: a) será considerado o resultado do períodobase encerrado em 31 de dezembro de cada ano; b) no caso de incorporação, fusão, cisão ou encerramento de atividades , a base de cálculo é o resultado apurado no respectivo balanço; c) o resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial. será ajustado pela: I. exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio liquido; 2. exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computado como receita: 3. exclusão do lucro decorrente de exportações incentivadas, de que trata o art. 1°, § 1º do Decreto Lei n° 2.113, de 10 de fevereiro de 1988, apurado segundo o disposto no art. 19 do Decreto Lei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e alterações posteriores; 4. adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio liquido. § 2° No caso de pessoa jurídica desobrigada de escrituração contábil, a base de cálculo da contribuição corresponderá a dez por cento da receita bruta auferida no período de 1° janeiro a 31 de dezembro de cada ano, ressalvado o disposto na alínea b do parágrafo anterior. A Lei nº 9.249/95, por seu turno, vedou em seu art. 13 diversas deduções da base de cálculo da CSLL, sem prejuízo do disposto no art. 47 da Lei n° 4.506/64: Art. 13. Para eleito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro liquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: [...] Por sua vez, o mencionado art. 47 da Lei n° 4.506/64 determina que as despesas desnecessárias à atividade da empresa também não poderiam ser consideradas na apuração do resultado do exercício, abaixo: Art. 47. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e a manutenção da respectiva fonte produtora. § I° São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa. § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Fl. 2411DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.412 9 [...] Disso se conclui que “aplicase à CSLL as mesmas normas de apuração relativas ao IRPJ até a apuração do lucro líquido, assim as glosas de despesas e omissões de receitas para efeito de IRPJ, tem efeito também para a CSLL” (AC 10517157). Logo, as conclusões fundamentadas quanto à determinação do IRPJ alcançam a Contribuição Social sobre o Lucro, pois, somente se observados os requisitos legais pertinentes à legislação do Imposto sobre a Renda da pessoa Jurídica é que estará assegurada a dedutibilidade de um dispêndio com idêntica repercussão na base de cálculo da CSLL, uma vez que tal despesa implica a redução do lucro líquido do período. Em outras palavras, se a despesa não é necessária, não pode ser considerada como despesa operacional quando da apuração do resultado do exercício. Caso tenha reduzido o resultado indevidamente, deve ser adicionada, tanto para a apuração do IRPJ (como fez o próprio recorrente) quanto da CSLL (no caso concreto, exigida de ofício). Vejase que a Instrução Normativa SRF nº 390, de 30 de janeiro de 2004, em seu art. 75, assim dispõe: Art. 75. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do Decretolei n º 1.598, de 1977, deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento econômico seja: I valor de mercado de bens ou direitos do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos períodos de apuração futuros, em contrapartida a conta do ativo diferido, se ágio, ou do passivo, como receita diferida, se deságio; III fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas, em contrapartida a conta do ativo diferido, se ágio, ou do passivo, como receita diferida, se deságio. § 1 º Alternativamente, a pessoa jurídica poderá registrar o ágio ou deságio a que se referem os incisos II e III do caput em conta do patrimônio líquido. § 2 º A opção a que se refere o § 1 º aplicase, também, à pessoa jurídica que tiver absorvido patrimônio de empresa cindida, na qual tinha participação societária adquirida com ágio ou deságio, com o fundamento de que trata o inciso I do caput , quando não tiver adquirido o bem a que corresponder o referido ágio ou deságio. § 3 º O valor registrado com base no fundamento de que trata: Fl. 2412DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.413 10 I o inciso I do caput integrará o custo do respectivo bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e para determinação das quotas de depreciação, amortização ou exaustão; II o inciso II do caput : a) poderá ser amortizado nos balanços correspondentes à apuração do resultado ajustado levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no máximo, para cada mês do período a que corresponder o balanço, no caso de ágio;(grifei) b) deverá ser amortizado nos balanços correspondentes à apuração do resultado ajustado levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período a que corresponder o balanço, no caso de deságio; III o inciso III do caput não será amortizado, devendo, no entanto, ser: a) computado na determinação do custo de aquisição na apuração de ganho ou perda de capital, no caso de alienação do direito que lhe deu causa ou de sua transferência para sócio ou acionista na hipótese de devolução de capital; b) deduzido como perda, se ágio, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa; c) computado como receita, se deságio, no encerramento das atividades da empresa. § 4 º As quotas de depreciação, amortização ou exaustão de que trata o inciso I do § 3 º serão determinadas em função do prazo restante de vida útil do bem ou de utilização do direito, ou do saldo da possança, na data em que o bem ou direito tiver sido incorporado ao patrimônio da empresa sucessora. § 5 º A amortização a que se refere a alínea "a" do inciso II do § 3 º , observado o máximo de 1/60 (um sessenta avos) por mês, poderá ser efetuada em período maior do que sessenta meses, inclusive pelo prazo de duração da empresa, se determinado, ou da permissão ou concessão, no caso de empresa permissionária ou concessionária de serviço público. § 6 º Na hipótese da alínea "b" do inciso III do § 3 º , a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa jurídica usuária ao pagamento da CSLL que deixou de ser recolhida, acrescida de juros de mora e multa, de mora ou de ofício, calculados de conformidade com a legislação vigente. Fl. 2413DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO Processo nº 16682.720690/201277 Acórdão n.º 1402001.950 S1C4T2 Fl. 2.414 11 § 7 º O valor que servir de base de cálculo da CSLL a que se refere o § 6 º poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. § 8 º O disposto neste artigo aplicase, também, quando: I o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; II a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. § 9 º O controle e as baixas, por qualquer motivo, dos valores de ágio ou deságio, na hipótese deste artigo, serão efetuados exclusivamente na escrituração contábil da pessoa jurídica. Conforme explanado pela decisão recorrida, “[...]se a regra tributária fosse a ilegalidade da adição das despesas de amortização na determinação da base de cálculo da CSLL, não seria necessário que a citada Instrução Normativa previsse uma situação específica na qual a despesa desta natureza fosse dedutível. Não haveria necessidade de prever exceções ao tratamento tributário”. Assim sendo, o lançamento realizado não merece reparos, devendo ser mantida a decisão recorrida. 3. CONCLUSÃO Isso posto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 2414DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 06/04/2015 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 07/04/2015 por LEONARD O DE ANDRADE COUTO
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Numero do processo: 19515.721634/2013-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Apr 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
IRPF. GANHO DE CAPITAL. TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS. INDEPENDE DA PARTILHA OU PAGAMENTO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO.
Na transferência de propriedade de bens e direitos, por sucessão causa mortis, os bens e direitos podem ser avaliados a valor de mercado ou considerados pelo valor constante na Declaração de Ajuste Anual do de cujus. O valor relativo à opção realizada, independe da avaliação adotada para efeito da partilha ou do pagamento do imposto de transmissão, deve ser informado na declaração final de espólio e na declaração do herdeiro ou legatário, correspondente ao ano-calendário da transmissão.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2202-003.017
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Fizeram sustentação oral pela Contribuinte, o Dr. Juan Pedro Brasileiro de Mello, OAB/SP nº. 173.644 e pela Responsável Solidária, o Dr. José Henrique Longo, OAB/SP nº. 86.901.
(Assinado digitalmente)
Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator
Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rafael Pandolfo, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Pedro Anan Junior, Antonio Lopo Martinez.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 IRPF. GANHO DE CAPITAL. TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS. INDEPENDE DA PARTILHA OU PAGAMENTO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO. Na transferência de propriedade de bens e direitos, por sucessão causa mortis, os bens e direitos podem ser avaliados a valor de mercado ou considerados pelo valor constante na Declaração de Ajuste Anual do de cujus. O valor relativo à opção realizada, independe da avaliação adotada para efeito da partilha ou do pagamento do imposto de transmissão, deve ser informado na declaração final de espólio e na declaração do herdeiro ou legatário, correspondente ao ano-calendário da transmissão. Recurso provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Fizeram sustentação oral pela Contribuinte, o Dr. Juan Pedro Brasileiro de Mello, OAB/SP nº. 173.644 e pela Responsável Solidária, o Dr. José Henrique Longo, OAB/SP nº. 86.901. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Presidente e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rafael Pandolfo, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Pedro Anan Junior, Antonio Lopo Martinez.
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GANHO DE CAPITAL. TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS. INDEPENDE DA PARTILHA OU PAGAMENTO DO IMPOSTO DE TRANSMISSÃO. Na transferência de propriedade de bens e direitos, por sucessão causa mortis, os bens e direitos podem ser avaliados a valor de mercado ou considerados pelo valor constante na Declaração de Ajuste Anual do de cujus. O valor relativo à opção realizada, independe da avaliação adotada para efeito da partilha ou do pagamento do imposto de transmissão, deve ser informado na declaração final de espólio e na declaração do herdeiro ou legatário, correspondente ao anocalendário da transmissão. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Fizeram sustentação oral pela Contribuinte, o Dr. Juan Pedro Brasileiro de Mello, OAB/SP nº. 173.644 e pela Responsável Solidária, o Dr. José Henrique Longo, OAB/SP nº. 86.901. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Presidente e Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Rafael Pandolfo, Dayse Fernandes Leite (Suplente Convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente Convocado), Pedro Anan Junior, Antonio Lopo Martinez. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 16 34 /2 01 3- 51 Fl. 1836DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Relatório Em desfavor da contribuinte, HILDA SUCHORSKI, foi emitido Auto de Infração do Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF (fls. 830/838; 794/ m829), referente ao exercício 2009, ano calendário 2008, por Auditor Fiscal da Receita Federal, da Defis/São Paulo. Após a revisão da Declaração foram apurados os seguintes valores (fl. 830): Imposto R$73.463.288,65 Multa Proporcional (Passível de Redução) R$ 7.346.328,87 Juros de Mora (calculados até 07/2013) R$ 33.690.264,17 Total do Crédito Tributário Apurado R$ 114.499.881,69 O lançamento acima foi decorrente da seguinte infração: Ganhos de Capital na Alienação de Bens e Direitos – Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa de valores. Enquadramento legal e detalhamento da infração nos autos (Auto de Infração e Termo de Verificação Fiscal; fls. 794/829; 830/838). Consta do Termo de Verificação Fiscal – TVF (fls. 794/838), aqui transcrito do relatório da DRJ. A fiscalização teve inicio quando a Sra. Hilda Suckorski foi intimada, através do Termo de Início de Procedimento Fiscal lavrado em 10/04/2011, enviado por via postal, a apresentar a documentação comprobatória de todos os valores lançados na sua Declaração de Ajuste Anual Exercício 2009, a título de Rendimentos Isentos e NãoTributáveis Transferências Patrimoniais (doações, heranças, meações e dissolução da sociedade conjugal ou unidade familiar). Em 04/05/2011, em atendimento ao Termo de Inicio de Procedimento Fiscal, foram apresentados os seguintes documentos: 1. Procuração 2. Escritura Pública de Inventário e Partilha, registrada no 7° Tabelião de Notas de São Paulo – SP 3. Cópia da Declaração Final de Espólio de Olga Silveira sem o comprovante de entrega No tocante aos valores lançados pela contribuinte na sua Declaração de Ajuste Anual Exercício 2009, a título de Rendimentos Isentos e NãoTributáveis Transferências Patrimoniais, estes foram considerados corretos quando comparados com os elementos apresentados à Fiscalização, mas na análise dos documentos apresentados, constatou se que o espólio de Olga Silveira – CPF 006.213.23853, conforme lhe faculta o art. 23 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, alguns bens foram transferidos aos herdeiros pelo valor de mercado, conforme consta da Escritura Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 3 3 Pública de Inventário e Partilha registrada no 7° tabelião de Notas da Capital do Estado de São Paulo e nos documentos fornecidos pelas instituições financeiras Banco Bradesco S/A e Banco Bradespar S/A. No entanto, não consta no banco de dados da Receita Federal do Brasil e nos documentos apresentados, até aquela data, a apuração e o comprovante de pagamento do imposto devido sobre o ganho de capital auferido pelo espólio. Em 04/07/2011, foi emitido o Termo de Intimação Fiscal 01, enviado por via postal à Sra. Hilda Suckorski, onde foram solicitados os documentos que compõem a partilha (fls. 795. 796). Considerando que os documentos apresentados pela fiscalizada não continham as informações sobre os valores dos custos de cada ação e a data de aquisição, foi reintimada diversas vezes a apresentar os documentos sobre a movimentação das ações do espólio de Olga Silveira. Em 10 de outubro de 2011, foi emitido o Oficio/Difis IV/SPO para o Oficial do Sétimo Tabelionato De Nota da Capital de São Paulo/SP, solicitando cópia do Formal de Partilha de Olga Silveira, CPF 006.213.23853. O processo do Espólio de Olga Silveira foi encaminhado através do Oficio E.G.95/2011 de 21 de outubro de 2011, contendo todos os documentos elencados às fls. 796/797. Na análise da Declaração de Ajuste Final Exercício 2009/ano calendário 2008, apresentada pelo inventariante e entregue, via internet em 30/04/2009, pela Sra. Terezinha Guimarães Ambroso CPF 016.110.60800, constata se que as informações prestadas estão em desacordo com o disposto no Art. 25, § 2°, da Lei n° 9.250, de 26/12/1995 e alterações posteriores e também, conforme orientações descritas na Instrução Normativa/SRF n° 81 de Outubro de 2001, com as alterações posteriores em seus artigos art 9° c/c o art. 10. Conforme determina a Lei 9.250/95, § 2°, Art. 25, os bens serão declarados discriminadamente pelos valores de aquisição em Reais, constantes dos respectivos instrumentos de transferência de propriedade ou da nota fiscal e serão parte integrante da declaração de rendimentos, a pessoa física apresentará relação pormenorizada dos bens imóveis e móveis e direitos que, no País ou no exterior, constituam o seu patrimônio e o de seus dependentes, em 31 de dezembro do ano calendário, bem como os bens e direitos adquiridos e alienados no mesmo ano. A seguir, transcreve se o quadro "Declaração de Bens e Direitos". Neste, o valor constante da transferência das ações foi informado pelo total aplicado na aquisição desses ativos até abril/2008, sendo ações Bradesco (ações ordinárias e ações preferenciais), no total de R$ 98.394.222,40, e ações Bradespar (ações ordinárias e ações preferenciais), no valor de R$5.703.911,66. Com base na Escritura Pública de Inventário e Partilha tais ativos foram transferidos aos herdeiros pelos seguintes valores: Ações Bradesco R$ 556.867.520,37 e Ações Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Bradespar R$ 52.412.410,80. O percentual desses valores (20%) foi efetivamente recebido pela fiscalizada Hilda Suchorski, conforme informações prestadas pelas instituições financeiras, valores estes muito superiores ao informado na declaração final de espólio. Comprovado que o valor de transferência de titularidade das ações foi muito superior àquele declarado pelo de cujus, fica evidenciado para a Fiscalização Tributária o ganho de capital do espólio na transferência dos referidos ativos. No TVF, demonstra se a situação na data da partilha, os valores de transferência e o destinado a cada herdeiro (fls. 800/802). Em 16/12/2011, devido a dificuldades encontradas em conseguir as informações solicitadas pela Fiscalização, perante as instituições financeiras envolvidas, a contribuinte concedeu autorização para que a Receita Federal do Brasil requisitasse diretamente ao Banco Bradesco S/A e ao Banco Bradespar S/A as informações necessárias para instrução dos autos. Desta forma, foram emitidos ofícios ao Banco Bradesco S/A e ao Banco Bradespar S/A, solicitando informações sobre a origem das ações de Olga Silveira De posse das informações prestadas pelas instituições financeiras e da Escritura Publica de Inventário e Partilha, a Auditoria Fiscal passou à análise e compilação dos dados e informações dos elementos que compõem os bens do espólio de Olga Silveira (fl. 803). Constatou a Fiscalização que os bens imóveis (casas, apartamentos, carros e outros bens não geradores de ganho de capital) foram transferidos pelo mesmo valor constante na última declaração de ajuste anual de bens e direitos apresentada pelo de cujus. No entanto, alguns ativos mobiliários, no caso ações do Banco Bradesco e Bradespar foram transferidos pelo valor de mercado. Até o advento da Lei 11.441/2007 Código de Processo Civil, o documento hábil a que se refere a lei que dispõe sobre as sociedades por ações, para transferência das ações nominativas, era única e exclusivamente o formal de partilha ou o alvará emanado do Poder Judiciário nas ações de arrolamento e inventário. Desde a vigência da Lei 11.441/2007, que alterou e acrescentou artigos ao Código de Processo Civil, o inventário pode ser realizado pela via judicial ou pela administrativa, mediante a lavratura de escritura pública. O art. 982 do Código de Processo Civil que prevê a realização de inventário administrativamente, em tabelionato de notas, dispensa a homologação judicial. De modo que a própria escritura pública é o documento hábil para a transferência de todos os bens e direitos aos sucessores do falecido. O Conselho Nacional de Justiça, por meio da Resolução n° 35, de 24/04/2007, tratou expressamente do assunto no artigo 3° , que assim dispõe: As escrituras públicas de inventário e partilha, separação e divórcio consensuais não dependem de homologação judicial e são títulos hábeis para o registro civil e o registro imobiliário, Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 4 5 bem como para promoção de todos os atos necessários à materialização das transferências de bens e levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial, Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições financeiras, companhias telefônicas, etc). Portanto, a escritura pública de inventário que contiver disposição relativa à transmissão de ações nominativas de propriedade do falecido constitui documento hábil a que se refere o artigo 31 da Lei 6.404/1976, do mesmo modo que o formal de partilha ou o alvará expedido no procedimento judicial. Na Escritura Pública de Inventário e Partilha de Olga Silveira apresentada à Fiscalização, consta claramente o valor pelo qual as ações pertencentes ao de cujus foram transferidas paras os herdeiros, conforme está demonstrado no quadro de folha 804. O espólio de Olga Silveira era constituído de bens imóveis e ativos financeiros (cadernetas de poupanças, aplicações financeiras em geral e ações). Em relação às ações, as instituições financeiras, em atendimento aos ofícios da Receita Federal do Brasil, enviaram os Extratos de Movimentação de Ativos das Contas enumeradas às fls 804/805. Com base nas informações constantes da Escritura Publica do Inventário e Partilha, dos Extratos de Movimentação de Ativos fornecidos pelos Bancos Bradesco e Bradespar e dados constantes no banco de dados da Receita Federal do Brasil, a Fiscalização compilou as informações sobres os valores dos bens do espólio de Olga Silveira conforme demonstrado no quadro de fls. 805/807. Da origem das ações de Olga Silveira. Parte das ações, recebeu como doação dos pais, conforme Escritura Pública de Doação de Bens com Vínculo de Usufruto Vitalício e outras Avenças registrada no Cartório Armando Salles Tabelião Dr. Armando Salles. No entanto, esse documento está ilegível e não foi possível identificar o quantitativo destas ações. Em 23/12/1988, a senhora Olga Silveira era detentora das seguintes contas listadas às fls. 807/808. Os saldos existentes nestas contas em 23/12/1988, foram deduzidos dos saldos das contas 0001/00017741 e 0001/21236605, conforme demonstrado nas planilhas em anexo ao TVF. O Saldo da conta do Ativo 0001/21236613 foi adicionada ao total da conta de Ativo: 0001/021236605. Foram apresentados pelas instituições financeiras os Extratos de Movimentação de Ativos das contas mantidas no Bradesco e Bradespar (fl. 808). Nestes extratos foram obtidas todas as informações sobre as quantidades movimentadas dos ativos da investidora, tais como, compra, subscrição, bonificação, desdobramento, etc, sem no entanto, apresentar os valores em moeda destas operações. As Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 informações sobre os custos dos ativos foram obtidas por meio das atas e informações disponíveis para consulta no site da Bolsa de Valores e no Site do Banco Bradesco S/A e Bradespar e nas Declarações de Ajuste Anual constante no Banco de Dados da Receita Federal do Brasil dos Exercícios de 1999 a 2009. Considerando a falta de informações dos custos de aquisição dos ativos, no período anterior a 2004, para efeito do cálculo do custo médio ponderado das ações em estoque declarado pela senhora Olga Silveira, em relação aos ativos das contas do Banco Bradesco e Bradespar S/A, considerou se, como partida do custo, o saldo existente em dezembro de 2004, tanto em numero de ações quanto em valores, ou seja, consideramos que os valores declarados pela investidora estavam exatos, pois os mesmos foram confrontados com outras informações disponíveis. A partir daí, a Fiscalização inseriu todos os dados disponíveis em planilhas, cuja cópia parte integrante do TVF, separadas por instituição financeira e por ativos, BBDC3 BRADESCO ON, BBDC4 BRADESCO PN, BRAP3 BRADESPAR ON e BRAP4 BRADESPAR PN. Delas constam todas as informações sobre as quantidades de ações incorporadas ao patrimônio de Olga Silveira no período, custos unitários, valores do estoque, deduções e o custo médio ponderado apurado, conforme disposto no artigo 16 da Lei 7.713 de 1988 e no Art. 16 da Instrução Normativa SRF n° 84 DE 2001. DO GANHO DE CAPITAL DEVIDO PELO ESPÓLIO DE OLGA SILVEIRA Considerando que as ações de propriedade da falecida foram transferidas aos herdeiros pelo valor de mercado, fica configurado um ganho de capital, apurado conforme planilhas anexas ao TVF (fls. 812/829) e, resumidamente demonstrado no quadro abaixo (fl. 810): Dos comprovantes apresentados relativos aos pagamentos efetuados com as despesas realizadas com o inventário, no total de R$ 67.186.473,63, foram considerados para efeito de dedução da base de cálculo do imposto devido sobre o Ganho de Capital na transferência das ações o percentual de 82,19% dessa despesa, em face de as ações representarem tal valor no bolo partilhado, ou seja, foi deduzido o valor R$ 55.220.562,68, conforme dedução demonstrada na planilha "OLGA SILVEIRA BRADESCO ON", na coluna " B Custos/ Despesas. Desta forma, foi cobrado o ganho de capital devido pelo espólio apurado na ação fiscal e demonstrado nas planilhas em anexo ao TVF. Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 5 7 Considerando ainda, que o processo de sucessão foi encerrado em 05/08/2008, conforme registro da Escritura de Inventário e Partilha e em função do determinado nos artigos 124, 129 e no inciso II do artigo 131, do Código Tributário Nacional, regulamentado pela Lei 5.172, de 25/10/1966, que trata da responsabilidade tributária dos sucessores, bem como no artigo 1796 do Código Civil, no inciso II do artigo 23, da IN SRF nº 81/2001 e no inciso I, do artigo 23 do RIR/1999, foi nomeada a herdeira Hilda Suckorski como sucessora e os demais herdeiros como responsáveis solidários pelo imposto devido decorrente de ganho de capital apurado na transferência de titularidade das ações do Bradesco e Bradespar. A apuração do imposto devido encontra se demonstrada em quadros específicos, anexos ao TVF, sendo, a pessoa física em questão Hilda Suchorski, CPF 084.205.17836, eleita como o sujeito passivo responsável pelo crédito tributário devido pelo espólio e os demais herdeiros relacionados na partilha, adiante qualificados e identificados, como solidariamente responsáveis pelo lançamento constituído. Do total do crédito tributário relativo ao ano calendário de 2008, 20% apenas coube ao sujeito passivo que capeia a ação fiscal, Hilda Suchorski (fl. 810), CPF 084.205.17836, herdeira colateral conforme documentos apresentados, enquanto que os demais herdeiros são solidariamente responsáveis pela parcela de 80%, a ser equitativamente repartida para cada um deles (20% para cada um), conforme consta da Escritura Pública de Inventário e Partilha. Assim sendo, foram constituídos como responsáveis solidários as seguintes pessoas físicas: 1. Terezinha Guimarães Ambroso, CPF 016.110.60800; 2. Ana Caserine, CPF n° 095.461.97815; 3. LuizCozalin CPF n° 060.768.31804; 4. Armando Casline CPF n° 028.456.44868. O crédito tributário foi constituído tributando se o Ganho de Capital apurado e devido pelo espólio, mediante a lavratura de Auto de Infração. Em nome de cada um dos demais herdeiros foi também emitido Termo de Sujeição Passiva Solidária, em atendimento ao disposto no artigo 124 do Código Tributário Nacional, e enviado a cada um deles, por via postal, juntamente com a cópia do Auto de Infração e seus anexos, do Termo de Verificação Fiscal e do Termo de Encerramento da ação fiscal. No Termo de Sujeição Passiva Solidária, bem como no TVF, há informação de que os herdeiros são sujeitos passivos solidários e que a responsabilidade está limitada ao montante do quinhão auferido por cada um. Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 IMPUGNAÇÕES Todos o herdeiros, Responsáveis Solidários, apresentam impugnações protocoladas nos momentos a seguir discriminados, após serem todos cientificados do Auto de Infração/TVF e dos Termos de Sujeição Passiva Solidária (fls. 3857; 839/840), nas quais, em síntese, expõem os motivos de fato e de direito que se seguem: Sra. HILDA SUCHORSKI – Impugnação protocolada em 23/08/2013 (fls. 902/951) A autora é herdeira colateral de Olga Silveira CPF n° 006.213.23853, e, juntamente com outros quatro herdeiros (Terezinha Guimarães Ambroso; Anna Caserine; Luiz Cozalin e Armando Casline), recebeu por transmissão causa mortis, no ano de 2008, o seu respectivo quinhão hereditário na proporção de 1/5 ou o equivalente a 20% dos bens e direitos deixados pelo de cujus, discriminados na Escritura Pública de Inventário e Partilha lavrada pelo 7º Tabelião de Notas de São Paulo/SP, conforme documentos que instruem o procedimento fiscal. Parte dos bens e direitos recebidos pela autuada e pelos outros quatro herdeiros qualificados neste Auto de Infração IRPF, a título de herança, é constituída por Ações do Banco Bradesco S.A. CNPJ n° 60.746.948/000112, e da Bradespar S.A. CNPJ n° 03.847.461/000192. Na indigitada Escritura pública de Inventário, em atendimento à legislação estadual paulista n° 10.705/2000, com alterações da Lei n° 10.992/2001, que rege o Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos — ITCMD, fez se referência ao valor dos ativos financeiros à época. Ato contínuo, a inventariante Terezinha Guimarães Ambroso apresentou à Secretaria da Receita Federal do Brasil a respectiva Declaração Final de Espólio (exercício 2009, ano calendário 2008), informando a transferência de todos os bens pelos valores constantes da última declaração de bens e direitos apresentada pelo de cujus. Conforme permissivo legal insculpido no art. 23, caput, da Lei n° 9.532/1997; na IN SRF n° 81/2001, artigo 10, caput, no art. 119, caput. Do RIR/99. PRELIMINARES DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO QUEBRA ILEGAL DE SIGILO FISCAL E BANCÁRIO Conforme consta deste Auto de Infração IRPF o lançamento foi efetuado exclusivamente em face da Impugnante Hilda Suchorski por suposta solidariedade, prescindindo a Auditora Fiscal de incluir os demais quatro herdeiros como sujeitos passivos da presente, limitando se a cientificá los deste procedimento fiscal e oportunizando lhes vistas dos autos. Ao proceder dessa forma, possibilitando que pessoas que não figuram como sujeito passivo deste Auto de Infração IRPF (terceiros) tenham acesso aos autos e às informações protegidas por sigilo fiscal, a exemplo da DIRPF e das movimentações bancárias da Impugnante Hilda Suchorski, a Auditora Fiscal malferiu o disposto no art. 198, da Lei n° 5.172/1966. Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 6 9 Inferese também a violação aos ditames emergentes da Lei Complementar n° 105/2001, que dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências, porquanto taxativa ao determinar o dever e a responsabilidade do servidor no tocante à preservação do sigilo bancário da Impugnante. Destaca que os quatro outros sucessores do de cujus pertencem à classe de herdeiros colaterais, não mantendo qualquer relação de proximidade ou intimidade com a Impugnante a ponto de sustentar a quebra de seu sigilo fiscal e bancário com a possibilidade de consulta de sua declaração de bens e rendimentos ou suas movimentações bancárias que constam dos autos. DA INEXISTÊNCIA DE BASE POSITIVA PARA O PROCEDIMENTO FISCAL SER LAVRADO EXCLUSIVAMENTE CONTRA A IMPUGNANTE POR SUPOSTA DÍVIDA ATRIBUÍDA AO ESPÓLIO DO DE CUJUS A Auditora Fiscal nomeou tão somente a herdeira Hilda Suchorski, que nunca respondeu pelo espólio, como sucessora e sujeito passivo da presente autuação, perseguindo o pagamento da integralidade da exação exclusivamente em desfavor da Impugnante. Conforme se verificará adiante, todas as normas apontadas como base positiva para este expediente não lhe emprestam substrato legal ou jurídico, levando em conta que o próprio CARF reconhece a impropriedade de tal lançamento, que, na esteira da jurisprudência colacionada abaixo, deveria ter sido lavrado individualmente contra cada herdeiro, respeitando os limites do quinhão hereditário percebido por cada sucessor. A própria Auditora Fiscal atribui à Impugnada a responsabilidade pelo pagamento de 20% ou o equivalente a 1/5 da exação lançada no presente Auto de Infração IRPF, destacando que os quatro outros herdeiros respondem pela diferença (folha 17 do Termo de Verificação Fiscal), contudo, prescindiu de incluí los neste procedimento sob o pretexto de suposta solidariedade da Impugnante para responder pelo todo, situação esta que, na esteira do entendimento sufragado pelo CARF, representa manifesto Erro na Identificação do Sujeito Passivo. O indigitado erro na identificação do sujeito passivo, que por certo inquina de nulidade absoluta o presente Auto de Infração IRPF, é corroborado pela inexistência de subsunção dos fatos (exação devida pelo espólio, apurada após a partilha) a todas as normas apontadas pela Auditora Fiscal como base positiva para a atribuição da solidariedade da Impugnante. Os dispositivos não validam o lançamento realizado em face da Impugnante, já que o artigo 134, inciso IV, do Código Tributário Nacional, ao tratar da responsabilização de terceiros, é taxativo ao distribuir tal responsabilidade ao inventariante. Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 10 Se o procedimento fiscal é no sentido de que o espólio é o devedor do tributo lançado nestes autos, não há qualquer embasamento legal para que a Impugnante tenha sido escolhida aleatoriamente como sujeito passivo da presente, já que há expressa previsão legal distribuindo tal responsabilidade ao inventariante. Enquanto a norma insculpida no artigo 124, incisos I e II, do Código Tributário Nacional apontada pela Auditora Fiscal como substrato para responsabilidade solidária da Impugnante para com dívidas do espólio se revela norma geral para diversas outras hipóteses (condomínio, composse, e etc.), é certo que a norma específica emergente do artigo134, inciso IV, atribui ao inventariante a responsabilidade pela exação perseguida nestes autos. A exegese da referida norma (art. 134, IV, CTN) não permite qualquer digressão sobre o manifesto erro de identificação do sujeito passivo do presente Auto de Infração IRPF, que, na esteira da legislação tributária, deveria estar direcionada ao inventariante, inquinando de nulidade o presente lançamento. As normas apontadas como base positiva não emprestam validade para que os demais herdeiros não figurem como sujeito passivo da presente ação fiscal na proporção de suas respectivas cota parte dos bens e direitos que compuseram o espólio. Pior e mais grave: qual a base legal para lançamento em nome da Impugnante de valor que excede seu quinhão? Por conseguinte, o presente Auto de Infração deve ser cancelado em razão de sua manifesta nulidade consubstanciada no erro na indicação do sujeito passivo e inexistência de solidariedade nos moldes do procedimento fiscal. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR INFRINGÊNCIA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CF/88) E AO DISPOSTO NO ARTIGO 142 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL A core allegation contida neste Auto de Infração IRPF, qual seja: “Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa de valores”, na essência, simplesmente carece de substrato legal ou jurídico, posto que os referidos ativos foram recebidos pelos herdeiros a título de sucessão causa mortis (direto de herança = gratuito), inexistindo alienação para fim de apuração de ganho de capital, que pressupõe onerosidade na alienação. Dentre as diversas legislações apontadas pela Auditora Fiscal de rendas como “enquadramento legal”, destaca se a Lei n° 7.713/1988, em especial o artigo 22, inciso III. Ora, a mesma norma que é utilizada pela Auditora Fiscal para fundamentar o procedimento lavrado neste Auto de Infração — IRPF (Lei n° 7.713/88) exclui taxativamente a transmissão causa mortis do campo de incidência do tributo alusivo ao ganho de capital. Conforme se verificará adiante, o ganho de capital somente incidiria na hipótese de venda desses ativos por parte da Impugnante, por valor superior ao informado em sua respectiva DIRPF (valores da declaração final de espólio) relativas ao ano calendário anterior, momento em que se Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 7 11 verificaria eventual realização de renda propriamente dita (já que, tratando se de Ações de natural volatilidade, poderia ser verificado prejuízo nesse momento). Repisa se que o art. 22, III, da Lei n° 7.713/88 (utilizada como enquadramento legal neste Auto de Infração), exclui o ganho de capital em relação à transmissão causa mortis, o que infirma o lançamento tributário constante destes autos por inexistência de fato gerador. O artigo 142 do Código Tributário Nacional é preciso ao determinar que: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do falo gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, (g.n.) Tratando se de Auto de Infração fulcrado em fato gerador inexistente, vez que excluído taxativamente por lei federal (art. 22, III, da Lei n° 7.713/88), é certo que a indigitada norma foi malferida pelo ato administrativo impugnado, inquinado de manifesta nulidade, por inobservância dos preceitos legais apontados, notadamente o princípio da legalidade. Por outro lado, impende trazer à lume que diversas normas apontadas pela Auditora Fiscal como “enquadramento legal” não tem relação alguma com a transmissão causa mortis apontada como fato gerador da exação lançada no presente Auto de Infração. Não se nega a incidência do ganho de capital nos termos constantes da indigitada norma, contudo, não houve na espécie tratada nestes autos o fato gerador “alienação”, que, na dicção do referido artigo, pressupõe o lucro obtido mediante venda onerosa. Sustentando essa linha colaciona se a ementa do RE n° 11.8876/SP, citada no corpo da decisão da 4ª Câmara do CARF, por ocasião do julgamento do Recurso Voluntário interposto nos autos do processo n° 10830.015682/201016, em seção realizada em 10.4.2013: "Rendas e proventos de qualquer natureza: o conceito implica em reconhecer a existência de receita, lucro, provento, ganho, acréscimo patrimonial, que ocorreram mediante o ingresso ou o aferimento de algo, a título oneroso." (DJ de 23.4.1993, p. 6.923). O recebimento das Ações pela Impugnante se deu de forma gratuita por meio de transmissão causa mortis, fato imponível tributado pelos Estados Membros por meio do ITCMD, em consonância com a competência privativa concedida para tanto pelo artigo 155, inciso I, da Constituição Federal de 1988. Portanto, não há subsunção do fato à referida norma. Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 12 O mesmo ocorre em relação às normas apontadas no presente Auto de Infração IRPF, que não possuem qualquer relação com o fato gerador alusivo ao recebimento Gratuito das Ações pela Impugnante por meio de transmissão causa mortis (tributada pelo ITCMD em relação ao valor atualizado dos bens à data do óbito), conforme legislação que transcreve. A primeira norma apontada (Lei n° 10.426/2002) é estranha à matéria em discussão, porquanto diz respeito ao “imposto de renda devido sobre ganhos líquidos em operações realizadas no mercado à vista de bolsa de valores, sem alienar a ação, à alíquota de dez por cento” em relação ao estoque de Ações existentes em 31 de dezembro de 2001. A segunda (Lei n° 11.033/2004), também não tem qualquer relação com os fatos, já que versa sobre “Os rendimentos auferidos em qualquer aplicação ou operação financeira de renda fixa ou de renda variável sujeitam se à incidência do imposto de renda na fonte, mesmo no caso das operações de cobertura (hedge), realizadas por meio de operações de swap e outras, nos mercados de derivativos”. A dissociação entre as normas que alicerçam este Auto de Infração IRPF também se estende aos dispositivos referentes ao “vencimento do tributo”. Ora, o art. 8° da Lei n° 7.713/88 (legislação esta que, a propósito, no art. 22, III, exclui a transmissão causa mortis do campo de incidência do ganho de capital) versa sobre matéria estranha à debatida nos autos Conforme já asseverado, todas as indigitadas legislações apontadas neste Auto de Infração IRPF se referem à fatos que desbordam da transmissão causa mortis recebidas pela Impugnante, porquanto referem se à tributação do ganho de capital decorrente de alienação onerosa de bens ou direitos, ou ainda da exação incidente sobre o ganho líquido decorrente de aplicações financeiras, situação inexistente na espécie! A Impugnante repisa que a Declaração Final de Espólio (exercício 2009, ano calendário 2008), informando a transferência de todos os bens pelos valores constantes da última declaração de bens e direitos apresentada pela “de cujus”, foi apresentada conforme permissivo legal insculpido no art. 23, caput, da Lei n° 9.532/1997; na IN SRF n° 81/2001, artigo 109, caput; no art. 119, caput, do RIR/99, na esteira dos documentos que aparelham o procedimento fiscal. Por sua vez, a declaração da Impugnante observou o mesmo valor da declaração final de espólio, com indicação de 1/5 do montante total, correspondente à parte cabível à Impugnante! Por sua vez, o valor dos referidos ativos, constante da escritura pública de inventário, foi atualizado para a cotação de mercado à data do óbito, por expressa previsão da Lei paulista n° 10.705/2000. com alterações da Lei n° 10.992/2001, que rege o Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos ITCMD. Não pode a Impugnante ser apenada pela União por cumprir a Lei estadual do ITCMD, pois o cumprimento dessa Lei não significa fato gerador do ganho de capital! Por conseguinte, a manifesta dissociação dos fundamentos legais em relação ao fato de a Impugnante haver recebido as Ações da Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 8 13 “de cujus” por meio de transmissão causa mortis, permite sustentar o total desatendimento de todos os princípios constitucionais insculpidos no artigo 37, da Carta Magna de 1988. Além de malferir os aludidos postulados constitucionais aos quais a administração pública se encontra vinculada, é certo que ao fundamentar a presente acusação fiscal com diversas normas estranhas ao tema central objeto dos autos, a Auditora Fiscal acaba por dificultar o exercício do direito de defesa por parte da Impugnante, compelida a se defender de comandos normativos que não se subsumem aos fatos descritos no procedimento. Tal fato, sem sombra de dúvidas, atrai a norma insculpida no artigo 59, inciso II, do Decreto n° 70.235/72, que assim dispõe: “Art. 59. São nulos (omissis) os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa”. Cediço que a defesa deve se ater aos fatos imputados pelo procedimento fiscal como causa do lançamento, contudo, a fundamentação legal que dá substrato ao presente Auto de Infração IRPF se revela dissociada dos fatos narrados, o que por certo representa manifesto cerceamento de defesa, já que a Impugnante não pode oferecer resistência à mera disposição de lei sem que dela se possa exercitar a subsunção dos fatos à norma legal. Nessa esteira, os fatos articulados até então permitem concluir pela aplicação do inciso II, do artigo 59. do Decreto n° 70.235/72. porquanto evidente o embaraço ao direito de defesa da Impugnante. reclamando o decreto de nulidade do presente Auto de Infração IRPF. Ressalta ainda que há diversas outras questões de fato descritas erroneamente no presente Auto de Infração IRPF, que por certo infirmam com um todo o trabalho realizado pela Auditora Fiscal, conforme destacado adiante. Prosseguindo à análise da fundamentação legal constante deste Auto de Infração — IRPF, consta de folha16 do Termo de Verificação Fiscal que foi calculado o “custo médio ponderado apurado, conforme disposto no artigo 16 da Lei 7.713 de 1998 e no Art. 10 da Instrução Normativa SRF n° 84 DE 2001. Ora, a princípio a transcrição feita no corpo do referido documento refere se ao art. 16, da IN SRF 84/2001, e não ao art. 10 como menciona equivocadamente a Auditora Fiscal. Por sua vez, o artigo 16 da IN SRF 84/2001, regula operações referentes à INTEGRALIZACÂO DE CAPITAL MEDIANTE ENTREGA DE BENS OU ATIVOS, instituto de DIREITO EMPRESARIAL que não guarda qualquer relação com a transmissão causa mortis de ativos financeiros de titularidade da “de cujus” aos herdeiros sucessíveis! Inexiste qualquer operação de integralização de capital em relação aos fatos descritos no presente Auto de Infração IRPF, que tratam exclusivamente de uma simples sucessão (direito de família), de tal sorte que a Impugnante, a despeito do esforço interlectivo Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 14 dedicado, não compreende a construção jurídica defeituosa feita pela Auditora Fiscal para dar substrato à presente autuação. As incongruências continuam ao se analisar a base positiva informada neste Auto de Infração — IRPF no tocante às “Multas Não Passíveis de Redução”, constante do Demonstrativo de multa e juros de mora IRPF, no campo “ENQUADRAMENTO LEGAL”, conforme segue: “10,00% Art. 964, inciso I, alínea “b” do RIR/99”. Ora, a própria Auditora Fiscal confirma, e consta destes autos, que “no dia 24/04/2008 foi entregue a última Declaração de Ajuste Anual Exercício 2008/Ano Calendário 2007 (em vida) de Olga Silveira CPF 006.213.23853”, conforme folha 4 do Termo de Verificação Fiscal. Nota se que o procedimento fiscal é de suposto ganho de capital devido pelo espólio (exclusivamente em relação às ações), incidente sobre a diferença a maior verificada entre o valor da transmissão das Ações aos herdeiros (constante da escritura pública de inventário) em confronto com o valor constante da declaração final de espólio (valor constante da última DIRPF da “de cujus ” entregue em 24/04/2008). O “de cujus” apresentou sua última DIRPF, pagou o IR devido conforme comprovante anexo, e não houve qualquer omissão sobre rendimentos até a abertura de sucessão! Ou seja, mais uma vez não há subsunção dos fatos à norma jurídica que alicerça a multa lançada em desfavor da Impugnante, situação tal que eiva de nulidade todo o lançamento realizado nestes autos. Com efeito, a teor de todas as incongruências relatadas até então, de fato e de direito, não tendo a Administração Tributária realizado prova suficiente das alegações que fundamentam a descabida exigência perseguida nestes autos, verifica se a carência de motivação do procedimento de lançamento do débito aqui combalido, rogando, pois, pela declaração de nulidade do Auto de Infração guerreado e seu consequente cancelamento, em consonância com a matéria articulada. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO — IRPF POR ERRO NA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO Conforme asseverado pela Auditora Fiscal à folha 7 do Termo de Verificação Fiscal, os valores aplicados na aquisição dos ativos até a data de abril de 2008 (data da última DIRPF do “de cujus ”) foram (i) Ações Bradesco ON e PN = R$98.394.222,40 e (ii) Ações Bradespar ON e PN = R$5.703.911,66, no total de R$104.098.134,06. Abaixo segue o quadro descritivo da quantidade e dos valores de transmissão dos referidos ativos conforme consta da escritura pública de inventário da “de cujus”: Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 9 15 Sendo assim, para apuração da correta base de cálculo, temos a seguinte operação aritmética: R$ 609.234.981,10 R$.104.098.134,06 = R$ 505.136.847,04. Descontando se desse valor os custos incorridos com o processamento do inventário no importe de R$ 55.220.562,68 (cf. fl. 17 do Termo de Verificação Fiscal) chegamos ao seguinte denominador: R$ 505.136.847,04 55.220.562,68 = R$ 449.916.284,35, ao revés dos R$ 489.750.256,87 apontados erroneamente pela Auditora Fiscal neste lançamento. Com efeito, admitindo se tão somente por amor à dialética processual que houve o pseudo ganho de capital apontado nestes autos, é certo que a base de cálculo lançada neste Auto de Infração IRPF está errada, apresentando um sobejo de nada menos do que R$ 39.833.972,52, situação esta que infirma todo o cálculo que aparelha o presente Auto de Infração IRPF, eivado, à evidência, de manifesta nulidade, sendo mais uma razão para o seu cancelamento. Há hipótese das preliminares argüidas serem superadas ou de, no entendimento de se confundirem com o mérito, melhor sorte não assiste à acusação fiscal, que por certo será cancelada em definitivo, a teor das consignações articuladas acima somadas às de fato e de direito que a Impugnante passa a articular. DA ATUALIZAÇÃO DOS VALORES DAS AÇÕES (ATIVOS FINANCEIROS) POR EXPRESSA DETERMINAÇÃO DA LEI ESTADUAL PAULISTA N° 10.705/2000 ITCMD E DA SÚMULA N° 113 DO E. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL FATO IRRELEVANTE PARA O IRPF POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO NORMATIVA Ilustríssimo julgador tributário, malgrado tenha a Auditora Fiscal consignado que: “o espólio de Olga Silveira — CPF 006.213.23853. conforme lhe faculta o Art. 23 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, alguns bens foram transferidos aos herdeiros pelo valor de mercado... ”, bem como que “Considerando que as ações de propriedade da falecida foram transferidas aos herdeiros pelo valor de mercado, fica configurado um ganho de capital...” (fls. 2 e 16, respectivamente, do Termo de Verificação Fiscal), é evidente que a situação não retrata qualquer hipótese de incidência de ganho de capital. A princípio destaca que a atualização do valor de mercado das indigitadas Ações para fim de transmissão causa mortis não decorreu de ato discricionário dos herdeiros, mas sim de legislação específica sobre o tema, norma cogente insculpida no Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 16 §2°, do artigo 14, da Lei paulista n° 10.750/2000 que determina, e não faculta, tal providência por ocasião do processamento do inventário dos bens do “de cujus”. A atualização do valor das ações (com base na cotação para a data do' óbito) nos termos determinados pela indigitada legislação é destinada para a apuração do ITCMD devido pela transmissão dos bens aos herdeiros (causa mortis). A propósito, colaciona se o verbete da Súmula n° 113, do E. Supremo Tribunal Federal, que corrobora a obrigatoriedade de atualização do valor dos bens para fim de cálculo do ITCMD devido na trasmissão causa mortis: “O IMPOSTO DE TRANSMISSÃO "CAUSA MORTIS" É CALCULADO SOBRE O VALOR DOS BENS NA DATA DA AVALIAÇÃO”. Ou seja, o aumento verificado entre o valor das Ações informado na última DIRPF apresentada pela “de cujus” (informado pela inventariante na Declaração Final de Espólio), em comparação com o valor de transmissão das ações constante da escritura pública de inventário já foi tributado pelo ITCMD, inexistindo outro fato gerador novo apto a emprestar substrato à cobrança de ganho de capital sobre a mesma verba. DA INEXISTÊNCIA DE GANHO DE CAPITAL PELO ESPÓLIO POR AUSÊNCIA DE SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA EMERGENTE DO ART. 43, DO CTN Conforme a Impugnante vem sustentando, a majoração decorrente da atualização do valor das Ações recebidas por transmissão causa mortis é proveniente de imposição legal (§2°, do art. 14, da Lei estadual paulista n° 70.705/2000). A previsão legal do fato gerador que agasalha a incidência do imposto de renda vem estampada no artigo 43, incisos I e II, do Código Tributário Nacional. A questão da disponibilidade econômica é o elemento basilar da hipótese de incidência da indigitada exação e é certo que o recebimento herança não se enquadra nesse conceito. Sobre o tema, colaciona se excerto extraído da decisão proferida pelo CARF, nos autos do processo n° 10830.015682/201016, em seção realizada em 10.4.2013: “Não se pode fundamentar lançamento por meio de jogo de palavras dando a entender que quem recebe doação tem disponibilidade econômica e que disponibilidade econômica, nos termos do artigo 43 do CTN, é fato gerador do imposto de renda. A disponibilidade econômica que se constitui em fato gerador do imposto de renda, de competência da União, é a que representa ingresso ou o aferimento de algo a título oneroso ”. Inexiste disponibilidade econômica no tocante ao recebimento dos aludidos ativos financeiros por meio de transmissão causa mortis por carência do requisito elementar da onerosidade. A par disso, não há causa jurídica ou legal para a exação lançada no presente Auto de Infração IRPF, pois é certo que o procedimento fiscal deturpa o espírito da norma que norteia o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital. Ora, a Impugnante está sendo compelida ao pagamento de suposto ganho de capital devido pelo espólio simplesmente por Fl. 1851DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 10 17 ter atendido o disposto no §2°, do art. 14, da Lei estadual paulista n° 70.705/2000, para fim de recolhimento do ITCMD, sem que tenha realizado qualquer renda efetiva em virtude disso, já que as Ações não foram alienadas, mas sim transmitidas por sucessão causa mortis {gratuita). Basta verificar nestes autos, por meio da GAREITCMD que aparelha o procedimento fiscal, para constatar que houve o pagamento de R$ 5.639.573,12 a tal título, calculado justamente sobre o mesmo acréscimo proveniente da atualização do valor das Ações pela cotação à data do óbito, exclusivamente para fim da lavratura da escritura pública de inventário, conforme consta da folha 2, do Termo de Verificação Fiscal. Cediço que eventual ganho de capital só poderia ser auferido por ocasião da venda dessas Ações por parte da Impugnante. momento em que a renda (ganho/lucro) poderia ser contabilizado, e não por conta da simples transmissão causa mortis pelo valor atualizado dos ativos, fato gerador já tributado pelo ITCMD, de competência privativa dos Estados Membros. A propósito, a Impugnante tem notícia de que um dos herdeiros já vendeu seus ativos à terceiros, apurando e recolhendo o respectivo imposto de renda incidente sobre o ganho de capital auferido na alienação das suas Ações, o que por certo só vem a corroborar a impropriedade de cobrança da exação lançada nestes autos de forma açodada porquanto antes de ser realizada qualquer renda/lucro propriamente dito. É evidente o ensejo do bis in idem tributário no tocante ao lançamento de imposto de renda sobre ganho de capital antes da alienação efetiva dos ativos financeiros (Ações), que, conforme sustentado alhures, pressupõe o requisito elementar de ONEROSIDADE, não verificado nas transmissões causa mortis. Ainda que a Auditora Fiscal tente dar outros contornos à exação, é certo que assim procedendo, está se imiscuindo em competência legislativa tributária privativa dos Estados Membros em relação à tributação da transmissão causa mortis de bens e direitos, ex vi do artigo 155, inciso I, da Constituição Federal de 1988. Não há mínimo elemento capaz de sustentar a tese de que a exação perseguida nestes autos não decorre da transmissão em si, mas sim do aumento do valor das Ações em relação à declaração final de espólio, comparada com o valor maior constante da escritura pública de inventário, pois, conforme já articulado, a atualização dos valores atribuídos aos indigitados ativos financeiros decorreu de imposição legal relativa ao ITCMD devido pela transmissão causa mortis. O comando emergente do artigo 23, §1°, da Lei n° 9.532/1997, utilizado como enquadramento legal para a lavratura do presente Auto de Infração IRPF, conta com a seguinte redação: Art. 23. Na transferência de direito de propriedade por sucessão, nos casos de herança, legado ou por doação em adiantamento da legítima, os bens e direitos poderão ser avaliados a valor de Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 18 mercado ou pelo valor constante da declaração de bens do de cujus ou do doador. § 1o Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus ou do doador sujeitar se á à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento. Ora, conforme já asseverado, a atualização do valor de Ações pela cotação de mercado à data do óbito é decorrente de imposição legal emergente do §2°, do artigo 14, da Lei estadual paulista n° 70.705/2000, que rege a incidência e forma de cálculo do Imposto Sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD). Se a referida Lei estadual paulista exige a atualização, não pode a Lei Federal se imiscuir na competência privativa dos Estados Membros para atribuir discricionariedade à mesma providência, com o escopo de instituir novo tributo, por razões de técnica legislativa! Conforme já asseverado, a Declaração Final de Espólio (exercício 2009, ano calendário 2008), informando a transferência de todos os bens pelos valores constantes da última declaração de bens e direitos apresentada pela “de cuias”, foi apresentada conforme permissivo legal insculpido no art. 23, caput, da Lei n° 9.532/1997; na IN SRF n° 81/2001, artigo 10, §3°; na IN SRF n° 84/2001, artigo 20, §2°, inciso I; e no art. 119, caput, do RIR/99, na esteira dos documentos que aparelham o procedimento fiscal. Nesse procedimento (Declaração Final de Espólio e na DIRPF) há discricionariedade, mas não para fim de apuração imediata de ganho de capital pela simples transferência gratuita, ao revés, é justamente para verificar se haverá ganho de capital por ocasião da futura alienação (onerosa) desses ativos, quando será possível ao Fisco verificar se os ativos foram negociados por valor superior ao recebido. Nesses termos, em relação à lavratura da escritura pública de inventário, é evidente que não há discricionariedade a cargo dos herdeiros no tocante à escolha entre receber os bens pelo valor constante da última DIRPF da “de Cujus” ou pelo seu valor de mercado, pois há legislação específica compelindo a transferência das Ações pelo valor atualizado (para fim de inventário = direito de família = sucessão ‘causa mortis’), nos termos da indigitada legislação do ITCMD paulista. O comando constitucional emergente do artigo 155, inciso I, da CF/88, não deixa margem para qualquer digressão sobre a competência privativa dos Estados Membros para legislar sobre a tributação das transmissões causa mortis e doação. Essa regra principiológica elementar do Federalismo ( = autonomia dos Estados Membros outorgadas pela CF/88 para legislar sobre determinadas matérias) é observada no inciso III, do artigo 22, da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que alterou a legislação do imposto de renda, a saber: “Art. 22. Na determinação do ganho de capital serão excluídos: (...) III as transferências causa mortis e as doações em adiantamento da legítima. Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 11 19 Àquele tempo, infere se que a indigitada legislação federal que determinava as diretrizes para a cobrança do Imposto de Renda no tocante ao ganho de capital, seguia o norte constitucional que atribuiu a competência privativa dos Estados Membros em relação à tributação da transmissão causa mortis e doação, excluindo taxativamente o ganho de capital do campo de incidência da referida exação. A propósito, conforme suscitado em preliminar, curiosamente e sem qualquer lógica, a auditora de rendas utiliza essa legislação federal (Lei n° 7.713/88) no enquadramento legal insculpido no presente Auto de Infração IRPF. A bem da verdade, as disposições constantes dos artigos 119, §§1° e 5º e 142, do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n° 3.000/99), artigo 10, §2°, da IN SRF 81/2001, artigo 3o, inciso II, da IN SRF 84/2001, foram todas cumpridas pela transferência das ações pelo valor constante da última declaração de bens e direitos apresentada pela “de cujus”, e repetidas na Declaração Final de Espólio e na DIRPF da Impugnante, normas estas adstritas às declarações para fim de apuração de Imposto de Renda sobre o ganho de capital, que, conforme já visto, não se relacionam com o valor constante da escritura pública de inventário para transmissão causa mortis. Vale ressaltar que no sistema tributário canarinho o conceito de renda não alcança os acréscimos patrimoniais a título gratuito, tal qual a transmissão causa mortis e a doação, já que esse fato imponível é tributado pelo ITCMD e não pelo imposto de renda. Não se tributa o patrimônio pelo imposto de renda. Da regularidade da Declaração Final de Espólio e da DIRPF da Impugnante em consonância com o disposto no §2° do art. 20, da Instrução Normativa SRF n° 84/2001 e no §3° do art. 10, da Instrução Normativa SRF n° 81/2001 A inventariante apresentou a Declaração Final de Espólio apontando a transferência das Ações aos herdeiros pelo valor constante da última DIRPF apresentada em vida pela “de cujus” na data de 24.4.2008. Nota se que o §2° da aludida norma é claro ao determinar que tal opção independe da avaliação adotada para efeito de partilha ou do pagamento do imposto de transmissão. Destaca, a propósito, que no próprio site da Receita Federal há menção expressa sobre a inexistência de ganho de capital quando os bens ou direitos são transmitidos aos herdeiros pelo valor declarado pelo “de cujus” em sua última DIRPF (tal qual informado na Declaração Final de Espólio). Por seu turno, a Impugnante apresentou sua DIRPF apontando o recebimento dos referidos ativos financeiros pelo exato valor constante da Declaração Final de Espólio, conforme consignado pela própria Auditora Fiscal. Ou seja, tanto a inventariante quanto a Impugnante cumpriram os iludidos normativos, e a impropriedade da autuação fiscal é retratada no próprio site da Receita Federal! Fl. 1854DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 20 A opção pela declaração de transferência dos bens e direitos pelo valor constante da última DIRPF da “de cujus” ou pelo seu valor de mercado é exercida por ocasião da Declaração Final de Espólio, conforme informação disponibilizada pela própria RFB (ver nota 20). Por sua vez, feita a opção de transferência dos bens pelo valor constante da última DIRPF da “de cujus” no momento da indigitada Declaração Final de Espólio, não haverá ganho de capital conforme consta do próprio site da Receita federal! DA APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO ARTIGO 100, INCISO I, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (EXCLUSÃO DE PENALIDADES) Conforme a Impugnante vem sustentado à exaustão, a Declaração Final de Espólio obedeceu às diretrizes das Instruções Normativas SRF n° 81 (art. 10, §3°) e n° 84 (art. 20, §2°, I), ambas de 2004, que, conforme já visto, facultam a declaração de recebimento dos bens por seu valor de mercado ou pelo último valor constante da última declaração de bens do “de cujus”. A Declaração Final de Espólio foi apresentada em consonância com as referidas normas, informando a transmissão das Ações pelo valor declarado pela “de cujus”. Por sua vez, a Impugnante apresentou sua DIRPF repetindo a indigitada informação. Ou seja, o procedimento adotado encontra arrimo nas aludidas Instruções Normativas, destacando que o §2°, do artigo 20, da IN SRF 84/2001 é taxativo ao determinar que tal providência “...independe da avaliação adotada para efeito de partilha ou do pagamento do imposto de transmissão...” justamente porque eventual ganho de capital só será apurado por ocasião da alienação (ONEROSA) desses ativos pela Impugnada ou pelos demais herdeiros, já que a avaliação para efeito de partilha é destinada ao cumprimento da legislação estadual do ITCMD, não representando alienação efetiva para fim de apuração de ganho de capital tributado pelo imposto de renda. O procedimento fiscal foi lavrado em função do exato cumprimento das indigitadas instruções normativas por parte da inventariante, que apresentou a Declaração Final de espólio conforme determinam os normativos citados. Em razão disso, resta evidente a impropriedade da presente acusação fiscal por trilhar caminho diametralmente oposto ao determinado pelo artigo 100, inciso I, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que isenta o contribuinte da “imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo ” na hipótese de atos praticados com arrimo nos normativos em comento. Nesses termos, admitindo setão somente por amor à dialética processual e em prestígio ao princípio da concentração da defesa, que é devido o imposto sobre o ganho de capital, cediço que os juros de mora aplicados (R$ 33.690.264,17) e a multa (R$ 7.346.328,87) devem ser afastados em razão de expressa previsão legal insculpida no artigo 100, inciso I, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Fl. 1855DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 12 21 Protesta pela produção de toda prova em direito admitida, em especial pela juntada de novos documentos, realização de novas diligências, sem prejuízo de qualquer outra necessária à elucidação da matéria controvertida nos autos, requerendo, por fim, seja ressalvado seu direito de ser notificada da juntada de qualquer documento pela d. autoridade fiscal, ou de qualquer outro fato superveniente que venha a ocorrer nos presentes autos, a fim de que possa se manifestar, sob pena de violação ao princípio do devido processo legal (art. 5o, LIV, da CF/88), do contraditório e ampla defesa (art. 5º, LV), além de representar inequívoca negativa de vigência ao princípio da verdade material (princípio maior informador do processo administrativo fiscal). Sra. ANNA CASERINE – Impugnação protocolada em 28/08/2013 (fls. 978/986) A representante da Responsável Solidária em epígrafe, falecida, alega que a apuração de custo unitário por parte da fiscalização padece de clareza e está dissociada dos documentos bancários que supostamente a sustentam, mostrando valores diferentes daqueles constantes da DIRPF. Está equivocada em sua apuração, bastando ver os valores atribuídos à evolução do estoque das ações pertencentes à Olga Silveira. A Impugnante pré questiona os referidos cálculos. O fato é que se tomados os valores informados na Declaração Final de Espólio não há Ganho de Capital a tributar, isso porque as ações foram transferidas aos herdeiros pelos valores de custo de aquisição, constante da referida declaração. A Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física do Ano Calendário 2008 de ANNA CASERINI, é clara em sua Declaração de bens, quando historia que as ações foram recebidas pelo mesmo valor que saiu da Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física de OLGA SILVEIRA. Verifique se que a coluna do ano calendário de 2008 encontra se zerada porque as referidas ações foram doadas. O Fisco apurou Ganho de Capital porque Insistiu nos valores constantes da ESCRITURA DE INVENTÁRIO E PARTILHA, como se fossem aqueles os escolhidos pelos interessados para valorar a transferência das ações. Tanto a Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física de final de Espólio de OLGA SILVEIRA, tanto como a Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física da herdeira ANNA CASERINI, foram entregues mencionando os valores de CUSTO para informar a transferência das ações e não o preço de Mercado. A menção e os termos da escritura foram em caráter meramente informativo, para apenas informar e esclarecer o valor atualizado do patrimônio transferido, naquela data. Com isso, não é correta a afirmação fiscal que houve descumprimento do artigo 25, 2º da Lei nº 9.250/95 e Instrução Normativa 81/2001, pois as Declarações de Imposto de Renda de Pessoa Física foram preenchidas e entregues em conformidade com os Fl. 1856DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 22 fatos fenomênicos, e, repete se,os valores mencionados na escritura foram meramente informativos. Dessa forma, verifica se que não existe o Ganho de Capital, vislumbrado pelo Fisco. Essa questão clara de mérito, por certo é o suficiente para infirmar a acusação fiscal, que deve ter como resultado o cancelamento do Auto de Infração. Além disso, como argumento lateral, verifica se que além de no mérito o feito ser improcedente, ele também é por ser nulo. Veja se o Termo de Verificação Fiscal noticia que o Fisco nomeou HILDA SUCHORSKI como “ sucessora” e os demais herdeiros “ responsáveis solidários”. No contexto do Código Tributário Nacional, é de se inferir que HILDA SUCHORSKI foi enquadrada no artigo 131, II (Responsável Pessoal por Sucessão) e os demais no artigo 124 (Responsáveis Solidários), muito embora não esteja claro se o enquadramento é no inciso I ou II. Ora, além de não se saber exatamente em que dispositivo legal cada um está enquadrado, que é um posto obscuro em total prejuízo à defesa, suscitando nulidade de ato administrativo guerreado, ainda é de se atentar ao fato de que HILDA SUCHORSKI encontra se na mesmíssima situação jurídica que os demais. Assim é um contra senso ela estar enquadrada em uma condição jurídica (sucessora) e os demais em outra (solidários), o que amontoa mais dúvidas sobre o enquadramento utilizado pelo Fisco. Pelo exposto, requer seja decretada a nulidade do Auto de Infração e, no Mérito, seja o mesmo considerado improcedente. Sra. TEREZINHA GUIMARÃES AMBROSO – Impugnação protocolada em 29/08/2013 (fls. 988/1042) Além de o auto de infração conter erros insanáveis, o procedimento tomado pela Requerente é estritamente legal e encontra guarida, inclusive, nas próprias orientações da Receita Federal do Brasil, motivo pelo qual o lançamento com um todo, inclusive pela suposta responsabilidade solidária, deve ser integralmente anulado. O Direito A INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Antes de tudo, é preciso registrar que, ao contrário do que foi consignado pelo AFRFB, é completamente descabida a imputação de responsabilidade solidária à Requerente e aos demais herdeiros de Olga, dado que o inventário se encerrou em 2008. Vê se da anexa “escritura de inventário e partilha” que a divisão dos bens de Olga aos herdeiros, realizada em ato único, foi encerrada em 05/08/2008. Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 13 23 O AFRFB, ao formalizar o lançamento de ofício, registrou o fato de que a partilha de Olga foi feita por meio do aludido instrumento público e concluída na referida data. O critério temporal para imputação da responsabilidade pessoal solidária prevista pelo dispositivo do CTN recai sobre a data da partilha dos bens, pois, apesar da transmissão universal se dar na data do falecimento, formalmente, até a divisão final do patrimônio, eles ainda são de propriedade conjunta dos herdeiros. Resolvida a herança com a formalização da partilha, não há como, posteriormente, impor responsabilidade solidária aos herdeiros, dado que, a partir da finalização do inventário, cada um deles responde individualmente pela propriedade e pela parte de tributo eventualmente devido. É esta a posição da doutrina pátria. Diante disso e levando em conta que a partilha se encerrou em 05/08/2008, não poderia o AFRFB, ao seu talante, eleger um dos herdeiros (Hilda) como sujeito passivo do IRPF sobre suposto ganho de capital da partilha do valor total das ações e impor responsabilidade solidária à Requerente e aos demais. À evidência, o ato do AFRFB fere de morte o art. 131, II, do CTN, quando formaliza responsabilidade tributária depois de encerrada a partilha e sobre obrigação tributária ulterior a ela. Mais do que isso, o AFRFB lançou à totalidade do IRPF, calculado sobre a integralidade das ações recebidas por todos os herdeiros, em desfavor de Hilda para depois, no Termo de Verificação Fiscal, dizer que ela seria responsável somente por 20% do montante do tributo. Se era sobre 20% que a Hilda deveria responder, o lançamento teria que ser sobre esta parte particular (relativa às ações por ela recebidas) e não sobre o sugerido ganho de capital sobre todos os bens, como se fosse possível exigir dela crédito tributário de R$114.499.881,69 (100%) e, no mesmo ato, “reduzir a responsabilidade” de pagamento a 1/5. Mas não é isso o que ocorreu: o total está estampado no lançamento e confirma o erro do AFRFB. O ato de lançamento seguido da divisão por responsabilidade solidária entre os herdeiros não se sustenta, uma vez que, na improvável hipótese de a exigência ser mantida, a Hilda, na figura de sujeito passivo único escolhido pelo AFRFB, sofrerá a cobrança de 100% do IRPF. Fica evidente que, apesar de o AFRFB escolher qualquer herdeiro como sujeito passivo, ele compôs o lançamento como se o espólio ainda existisse, os bens ainda não tivessem sido partilhados e a relação patrimonial entre os herdeiros ainda não tivesse se resolvido. A jurisprudência da Delegacia da Receita Federal de Julgamento corrobora o entendimento da Requerente, de que até a partilha há responsabilidade solidária e depois os herdeiros respondem individualmente pela parte do tributo correspondente ao seu quinhão, ou seja, por sua própria obrigação. Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 24 Ao tratar da aplicação do art. 139, II, do CTN, a jurisprudência judicial também demonstra que, encerrado o inventário, com a partilha dos bens, não existe mais responsabilidade solidária, mas tão somente obrigação tributária direta e individual de cada herdeiro. Cediço, ainda que, segundo princípio geral de direito, a solidariedade não se presume; resulta da lei (CC art. 265). Destarte, depois de finalizada a partilha, como ocorreu na situação em apreço, incabível a imposição da responsabilidade solidária aos herdeiros e, por conseguinte, à Requerente no caso concreto, sendo, pois, de rigor o cancelamento do lançamento em testilha. O ERRO NO LANÇAMENTO A ILEGALIDADE E O EQUÍVOCO NA ELEIÇÃO DO SUJEITO PASSIVO Além de inexistir responsabilidade solidária em razão do encerramento do inventário de Olga, o lançamento fiscal é imprestável, dada ilegalidade e o erro na eleição do sujeito passivo da obrigação tributária relativa ao IRPF. Lembre se que o AFRFB, mesmo ciente da partilha final, escolheu, de maneira discricionária e ilegal, a herdeira Hilda como único sujeito passivo da obrigação tributária do IRPF, como se ela houvesse recebido à totalidade das ações, repartidas entre os herdeiros, que geraram o suposto ganho de capital do espólio. Observa se que foi “nomeado” um herdeiro para ser sucessor do imposto devido pelo espólio, mesmo tendo havido o término da partilha e, por decorrência, a divisão dos bens do todo inventariado, inclusive das ações objeto do suposto ganho de capital. Deste fato, constatam se duas situações que tornam o lançamento nulo: (i) a ilegalidade da escolha, discricionária, de um dos herdeiros como sujeito passivo único do IRPF sobre o suposto ganho de capital dos bens já divididos; e (ii) o erro na eleição, depois de cerrada a partilha, visto que a partir dali cada herdeiro deve responder pelo quinhão recebido. Por esta falta de ajuste entre a norma e o lançamento há ofensa à legalidade e à tipicidade tributárias. O fato jurídico tributário, com a determinação do sujeito passivo, deve se adequar perfeitamente à descrição legal e se subsumir inteiramente ao desenho normativo, sem faltar nem sobrar, nem fato nem norma. A partir do momento que o AFRFB escolhe qualquer herdeiro, sem que tal espaço para faculdade esteja prevista em Lei, no sentido estrito da palavra, há grave ofensa à legalidade e à tipicidade, motivo pelo qual o lançamento é nulo. E não é só isto. Afora a arbitrariedade na escolha do sujeito passivo, ela, escolha, foi completamente incorreta. De acordo com art. 131, II, citado acima, e o art. 14'’., do CTN, o sujeito passivo deve ser fielmente indicado no lançamento, sem qualquer espaço para arbitrariedade distante da Lei. É este o posicionamento de Sacha Calmon Navarro Coelho, quanto à sujeição passiva. Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 14 25 Denota se que, com a partilha, a sujeição passiva tributária é dos herdeiros, cada qual individualizado pelo montante recebido, ao contrário do que foi feito pelo AFRFB, que exige o IRPF total incidente sobre os bens do espólio — já partilhados mas dirigiu a exigência para um só herdeiro por ele escolhido aleatoriamente. Novamente a jurisprudência da própria Delegacia da Receita Federal de Julgamento ratifica a posição da Requerente de que houve evidente erro na eleição do sujeito passivo. Da mesma forma, o CARF, ao tratar da responsabilidade por sucessão, deixa patente que o sujeito passivo deve ser o sucessor e, para o caso concreto ora tratado, os herdeiros, individualmente nas figuras de sucessores. A jurisprudência judicial também traz à tona o erro na eleição do sujeito passivo ora apontado, pois depois do encerramento da partilha cada herdeiro, individualmente, deve arcar com o tributo na medida de seu quinhão. Logo, também pelo fato de o AFRFB ter escolhido um único sujeito passivo para exigir o IRPF exigido sobre os bens (ações do Bradesco e Bradespar) já divididos por ocasião do encerramento da partilha, há nítido equívoco no lançamento, que gera a sua nulidade e a necessidade de cancelamento integral. O ERRO NA DELIMITAÇÃO DO FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO E DA BASE DE CÁLCULO DO IRPF, ALÉM DA MULTA Decorrência da ilegalidade e do erro na eleição do sujeito passivo é o equívoco na imposição do fato jurídico tributário, da quantificação da base de cálculo e na imposição da penalidade, o que, da mesma maneira, gera a nulidade do lançamento de ofício. Ao definir apenas um sujeito passivo entre os herdeiros, de maneira errônea pelos motivos expostos acima, o AFRFB também se equivocou no fato, no quantum debeatur e na imposição da multa, que foram lançadas como se o devedor pudesse, nesta situação, ser único. O AFRFB deixou saliente o fato de o lançamento ser feito pelo total da ações, o valor ser devido pelo espólio de Olga, o credito tributário ter sido constituído sobre uma única quantia total e exigido de única pessoa, Hilda, na figura de sujeito passivo sucessor . Sob este pensamento, a apuração, pelo AFRFB, do custo, do ganho de capital e da mensuração do montante exigido foram feitos pelo total de ações transferidas e lançados de uma só vez, como se o espólio ainda existisse. Ocorre que, como delineado acima, encerrado o espólio com a partilha de bens, deveria ter sido, se existisse mesmo o que tributar, realizado um lançamento para cada herdeiro. Isto implicaria, ao revés do que foi incorretamente formalizado no lançamento em destaque, na delimitação do custo, do suposto Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 26 ganho de capital, da base de cálculo, da multa e do IRPF de cada herdeiro, sobre a parte específica de seu quinhão, decorrente do recebimento parcial das ações (Bradesco e Bradespar). O resultado da ilegal unificação formalizada pelo AFRFB é que todo o lançamento está errado, haja vista que o fato, a base de cálculo e a multa deixaram de ser personificadas na pessoa de cada herdeiro, de maneira individual. A jurisprudência do CARF, de novo, socorre à Requerente, ao enfatizar a necessidade de definição específica do fato e, por conseguinte, do montante tributável. Como o lançamento foi feito somente em nome de um sujeito passivo (Hilda) e pelo todo partilhado (ações Bradesco/Bradespar), como o espólio ainda existisse, ele deve ser cancelado pelo erro na definição do fato, da base imponível e da multa, em homenagem ao disposto no art. 142, do CTN. A INEXISTÊNCIA DE FISCALIZAÇÃO EM RELAÇÃO À REQUERENTE LANÇAMENTO PRECÁRIO CERCEAMENTO DE DEFESA Do que já foi até aqui abordado, observa se que o AFRFB, ao lidar com a Declaração Final do Espólio de Olga, dirigiu a fiscalização somente a uma das herdeiras, a Hilda, que acabou sofrendo o lançamento integral por sujeição passiva. Este fato não só gerou as incorreções no lançamento acima deduzidas, como também, sob o prisma da defesa da Requerente, reduziu o seu campo de atuação e tornou o trabalho fiscal, em relação à sua suposta responsabilidade, imprestável. Isso porque a Requerente simplesmente não participou do procedimento de fiscalização, deixando, por conseqüência, de ter oportunidade alguma de esclarecer fatos e explicar procedimentos. Com a partilha, se encerrou o espólio. Sem o espólio, inexistia a figura da inventariante, logo nenhum dos demais herdeiros teve ciência dos fatos. Como a única fiscalizada e sujeito passivo do lançamento, Hilda, é pessoa distinta da Requerente, que não possui qualquer procuração dela para agir em seu nome, a ciência sobre o 'trabalho fiscal” foi exatamente nenhuma. Ademais, a Requerente não é responsável fiscal de Hilda, pois não há nenhuma relação jurídica relativa ao tema aqui tratado. Daí já se vê a fragilidade do procedimento fiscal. E tudo fica mais grave quando se verifica que, para efeito de lançamento, houve glosa de custo e recomposição dele pelo preço médio, cujo único mote do AFRFB teria sido a falta de apresentação de documentos sobre as ações (Bradesco e Bradespar) unicamente pela Hilda. Depreende se disto que o AFRFB e a Hilda tiveram mais de 2 (dois) anos para lançar e apresentar documentos, respectivamente, enquanto que a Requerente foi surpreendida pelo lançamento fiscal e teve o prazo de 30 (trinta) dias para se inteirar sobre o assunto e procurar se defender. A par disso, é bom ressaltar que o ponto inicial da fiscalização se refere ao falecimento de Olga, relativamente ao custo de Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 15 27 ações (Bradesco e Bradespar), o qual foi utilizado como valor de transferência na Declaração Final de seu Espólio. Por isso, em razão de o custo decorrer de informação de terceiro (parente colateral e distante) e também de instituições financeiras, fica evidente a dificuldade na obtenção de dados para quem está sendo fiscalizado. E se o é para quem foi fiscalizado e para o AFRFB que teve dificuldades na composição do número, imagine se para a Requerente que nem sequer recebeu uma mínima intimação sobre o assunto antes da formalização da imposição fiscal de responsabilidade solidária, ora combatida. Vale consignar, outrossim, que, mesmo depois de recebida a notificação, a Requerente teve dificuldade em obter cópia da íntegra dos autos e dos documentos neles constantes, pois houve demora na digitalização das peças dele constantes. Para se ter uma idéia da precariedade do trabalho fiscal e da supressão do direito de defesa em relação à Requerente, traz se à baila o seguinte julgado do CARF que, por muito menos, cancelou o lançamento fiscal pela falta de tempo hábil para manifestação do contribuinte. Percebe se que se em situações de arbitramento, o lançamento já é nulo se não houver prazo razoável dado ao contribuinte para apresentação de documentos, o que dizer então na situação em apreço na qual a Requerente não foi fiscalizada? Evidentemente que há claro cerceamento de defesa e a imposição fiscal deve, por isto, ruir. E óbvio que qualquer lançamento contra a Requerente só poderia ser feito mediante regular procedimento administrativo contra ela instaurado (CF, art. 5º, LIV e LV). Neste pormenor, é curial assentar que, nos termos do art. 142, do CTN, o fato jurídico tributário deve ser efetivamente verificado, para que se exija o valor correspondente a título de tributo. Deve, dessa maneira, ser acatada essa arguição de precariedade do trabalho fiscal e cerceamento de defesa, para que se proceda ao cancelamento da íntegra do lançamento fiscal ou, quando menos, o afastamento da responsabilidade tributária à Requerente. A PROVA OBTIDA DE FORMA ILÍCITA QUEBRA DE SIGILO Apesar de ter ciência de que os julgadores administrativos estão impedidos de reconhecer a inconstitucionalidade de lei, é indispensável enfatizar, com base no recente posicionamento do STF, ser nulo o lançamento, aí incluída a imputação de responsabilidade tributária, com base em prova obtida ilicitamente. Constata se do TVF que o AFRFB, descontente com os documentos apresentados pela Hilda, sujeito passivo do IRPF, solicitou informações sigilosas às instituições financeiras com Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 28 repercussão e referentes a todos os herdeiros, vez que ligados a Olga. Apesar de as informações serem sigilosas, a intimação do AFRFB à Hilda é ilegal, pois ela não era inventariante e nem dotada de poder para tratar de dados confidenciais de Olga depois da partilha. Do mesmo modo, a autorização é inválida, pois não alcança os demais herdeiros, que, repise se, não outorgaram procuração e nem sequer foram alvo de fiscalização. Dado este aspecto e considerando que, sem as informações das instituições financeiras, pelas próprias palavras do AFRFB, não seria possível a realização do lançamento, é certo que, sob o ângulo da atual jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, tais provas foram obtidas ilicitamente. Consoante o teor da decisão do STF, fica evidente que, além de o sigilo fiscal não ter sido autorizado pelos demais herdeiros, a quebra dele com conseqüência fiscal é inconstitucional e, por isso, o lançamento deve ser cancelado na plenitude ou na parte da responsabilidade atribuída à Requerente. A REGULARIDADE DO PROCEDIMENTO DO ESPÓLIO E DA REQUERENTE A OPÇÃO PELO VALOR DE CUSTO NA DECLARAÇÃO FINAL DO ESPÓLIO E NA DIRPF DA REQUERENTE Não bastassem todas as irregularidades suso indicadas, é preciso dizer que o valor de transferência das ações do Bradesco S/A e Bradespar S/A foi feita a valor de custo na Declaração Final de Espólio de Olga, de tal forma que é incabível a apuração de ganho de capital feita pelo AFRFB. Observa se da última DIRPF de Olga, relativa ao ano de 2007, que estão descritas as composições dos custos das ações do Banco Bradesco S/A e do Banco Bradespar. Depois do falecimento de Olga, o custo das referidas ações foi mantida na Declaração Final de Espólio pelos herdeiros, tendo sido acrescidas apenas as bonificações e subscrições do período, que foram, inclusive, verificadas como corretas pelo AFRFB. O demonstrativo abaixo reflete a situação: Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 16 29 A utilização fiel do custo da última DIRPF de Olga em vida (2007) na Declaração Final do Espólio (2008), decorrente de seu falecimento e da partilha, foi confirmada pelo AFRFB, de sorte que esta situação de fato é incontroversa. Verifica se que o AFRFB atesta a transição do valor de custo das ações da última DIRPF da falecia Olga para a Declaração Final de seu Espólio. Apesar de o AFRBF deixar de ressaltar no TVF o conteúdo da DIRPF/2009 do sujeito passivo, Hilda, subseqüente à Declaração Final do Espólio, é indispensável realçar que ela utiliza o mesmo valor de custo acima, a razão de 1/5, correspondentes ao seu quinhão. O mesmo se verifica com a Requerente, como se nota de sua DIRPF/2009: o valor é de custo. Ignorando esta situação de fato, reveladora da transferência a valor de custo das ações, a acusação da fiscalização consubstancia se apenas no montante indicado na escritura pública de inventário e partilha referente às ações, que foi superior ao custo declarado para efeito de atendimento à legislação do Imposto sobre Transmissão "Causa Mortis" e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos ITCMD. Todavia, a motivação do AFRFB não encontra respaldo legal, vez que pela legislação de regência e nas próprias orientações da Receita Federal do Brasil é dada a faculdade de se optar pelo valor de custo ou de mercado dos bens na Declaração de Espólio para fins de apuração de IRPF. Com efeito, o art. 23, da Lei n° 9.532/1997, revela que, na sucessão, a transferência de bens poderá ser feita a valor de mercador ou a valor de custo. Ao regulamentar tal dispositivo, a IN 84/2001 praticamente repete a faculdade prevista na aludida Lei e esclarece como será feita a opção acerca do valor de recebimento dos bens. Do enunciado normativo, constata se que, além de o valor do bem transmitido poder ser efetivado pelo valor de mercado ou de custo, tal faculdade será efetivada na Declaração Final de Espólio, sendo irrelevante o valor registrado na partilha. Tal prescrição é coerente com a natureza da sucessão, pois distingue os efeitos da partilha, sobretudo quanto ao valor, para efeito de ITCMD e de IRPF, uma vez que são impostos de competência e de hipótese de incidência distintas. Mais do que isso, esta previsão normativa é compatível com a legislação de IRPF sobre ganho de capital, na qual, nas hipóteses de transferência, sempre é preservada a faculdade de o contribuinte escolher se realizará a custo ou a mercado. Em perfeita harmonia com esta projeção, a legislação acima citada também previa que eventual IRPF sobre ganho de capital devia, em 2008, ser recolhido até a data limite de vencimento12 da entrega da Declaração Final de Espólio. Isto se deu, logicamente, porque era e, ainda, é na Declaração Final de Espólio que se faz a escolha para transferência de bens a valor de mercador ou de custo. Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 30 A IN 81/2001, por sua vez, evidencia a importância da opção, que é feita somente na Declaração Final de Espólio, ao proibir a sua retificação. E recorde se que da própria Escritura de Inventário e Partilha consta que a Requerente, na figura de inventariante se “responsabiliza, ainda, assim que concluso o presente inventário, a proceder junto à Secretaria da Receita Federal, Declaração Final do Espólio, quanto ao imposto de renda, nos termos da IN/SRF n° 81/2001, promovendo portanto, seu encerramento”. Veja se, a propósito, a Solução de Consulta n° 255/05, na qual é relatada que inexiste a possibilidade da retificação da Declaração Final de Espólio para alteração do bem a custo justamente porque é, neste ato especial, que se dá o exercício da opção para o contribuinte escolher a natureza da valoração. O interessante da resposta da Superintendência é que, se fosse permitida a alteração, os cofres federais engordariam, mas, mesmo diante de tal tentação, foi preservado o ordenamento jurídico: a opção da transferência do bem a mercado ou custo se dá tão somente na Declaração Final de Espólio. Trazendo a legislação aplicável ao caso concreto e a posição da própria Superintendência da Receita Federal, tem se que (i) o Espólio de Olga, (ii) a Hilda, como sujeito passivo indicado no lançamento, e (ii) a Requerente, na figura ilegal de responsável solidária por 20% do crédito tributário, agiram estritamente de acordo com a Lei e as normas regulamentares da Receita Federal do Brasil. A lisura do procedimento é tamanha, que a Receita Federal do Brasil, no bojo do rol de perguntas e respostas relativas ao IRPF, confirmam integralmente que a opção pela transferência das ações a valor de custo ou mercado se dá na Declaração Final de Espólio. O procedimento tomado pelas partes envolvidas não dá margem a qualquer questionamento: inexistiu ganho de capital e a transferência se deu a valor de custo. Sob este aspecto, dos registros consignados no âmbito de “perguntas e respostas”, aliás, é essência grafar que o art. 100, do CTN, estabelece que os atos normativos da Receita Federal do Brasil são normas complementares de direito tributário e devem ser obedecidas. A jurisprudência do CARF também retrata que a fiscalização deve seguir os desígnios de suas próprias normas internas. Reluzente, dessa forma, que o procedimento do Espólio de Olga (todos herdeiros), de Hilda (sujeito passivo) e da própria Requerente (responsável solidária), está lastreado na Lei n° 9.532/1997 e em norma complementar da própria Receita Federal e, por isso, o auto de infração deve ser cancelado na totalidade. O EQUÍVOCO FISCAL: CONFUSÃO ENTRE AS BASES DE CÁLCULO DO ITCMD E IPTU EM CONTRAPARTIDA À DO IRPF Em que pese a transferência das ações terem sido feitas a valor de custo, como opção na Declaração Final de Espólio, com Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 17 31 bases legais, regulamentares e jurisprudências fortíssimas, é indispensável afastar a errônea idéia do AFRFB de que a base utilizada para o ITCMD deve ser aproveitada para o IRPF. Como é cediço, a legislação do ITCMD de São Paulo (Lei Estadual n° 10.992/2001) prevê expressamente que a base de cálculo do referido imposto é o valor venal do bem havido: I por sucessão legítima ou testamentária, inclusive a sucessão provisória;” Art. 9º A base de cálculo do imposto é o valor venal do bem ou direito transmitido, expresso em moeda nacional ou em UFESPs (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo). § 1º Para os fins de que trata esta lei, considera se valor venal o valor de mercado do bem ou direito na data da abertura da sucessão ou da realização do ato ou contrato de doação. A mesma Lei Estadual n° 10.9922001, que dispõe sobre o ITCMD, quanto ao valor a ser atribuído às ações, determina: No caso de bem móvel ou direito não abrangido pelo disposto nos artigos 9º, 10 e 13, a base de cálculo é o valor corrente de mercado do bem, título, crédito ou direito, na data da transmissão ou do ato translativo. (...) § 2° O valor das ações representativas do capital de sociedades é determinado segundo a sua cotação média alcançada na Bolsa de Valores, na data da transmissão, ou na imediatamente anterior, quando não houver pregão ou quando a mesma não tiver sido negociada naquele dia, regredindo se, se for o caso, até o máximo de 180 (cento e oitenta) dias” (Redação dada ao § 2º pelo inciso II do art. 1º da Lei 10.992 de 21/12/2001; DOE 22/12/2001;efeitos a partir de 01/01/2002 Da norma estadual em epígrafe decorre que a base de cálculo do ITCMD é o valor venal do bem, isto é, o valor de mercado apurado na data da abertura da sucessão. Por ser necessária a expressão de valor de mercado para efeito de ITCMD, inexiste inventário ou partilha, sem que haja a necessidade de indicação de tal montante, sob pena da Fazenda Estadual opor se à homologação do Inventário e partilha. Em cumprimento à referida norma estadual, o Espólio de Olga cumpriu à risca a determinação e indicou o valor de mercado das ações (Bradesco e Bradespar) e dos demais bens partilhados. E agiu assim não só em reverência à legislação paulista, como também pela responsabilidade solidária adstrita à inventariante, ora Requerente, e ao próprio tabelião, na qual foi registrada a partilha pública, prevista na mesma Lei: Art. 8º Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 32 I o tabelião, escrivão e demais serventuários de ofício, em relação aos atos tributáveis praticados por eles ou perante eles, em razão de seu ofício; VIII o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio. No caso específico do tabelião, inclusive, há na referida norma outras obrigações, como a de exigência do pagamento do ITCMD e de informação da partilha, que devem ser por ele seguidas: Art. 25 Não serão lavrados, registrados ou averbados pelo tabelião, escrivão e oficial de Registro de Imóveis, atos e termos de seu cargo, sem a prova do pagamento do imposto. Art. 260 serventuário da Justiça é obrigado a facultar aos encarregados da fiscalização, em cartório, o exame de livros, autos e papéis que interessem à arrecadação e fiscalização do imposto. Art. 270 oficial do Registro Civil remeterá, mensalmente, à repartição fiscal da sede da comarca, relação completa, em forma de mapa, de todos os óbitos registrados no cartório, com a declaração da existência ou não de bens a inventariar. Parágrafo único Poderá a Secretaria da Fazenda estabelecer forma diversa para cumprimento da obrigação prevista neste artigo. Afora tudo isto, o Espólio de Olga apresentou à fiscalização estadual todos os bens do de cujus (fls. 296/308), mediante a apresentação da minuta de escritura de partilha, com os valores venais a eles correspondentes e, depois de ter a colação referendada, recolheu o ITCMD (fls. 310/311). Desta breve digressão, revela se que o Espólio de Olga foi obrigado a (i) informar o valor de mercado na partilha em razão do ITCMD; (ii) tal procedimento envolveu responsabilidade do tabelião e da inventariante e, por isso, foi triplamente assistido; e (iii) a minuta da partilha, com a valoração venal dos bens, foi entregue à fiscalização estadual, que a homologou. Baseado nisto, fica fulgente que o Espólio de Olga, em hipótese alguma, quis utilizar o instrumento público de partilha para transferir apenas as ações do Banco Bradesco S/A e Bradespar S/A a valor de mercado. Todos os bens foram indicados em valor venal (mercado) para um só fim: atender a legislação do ITCMD, conseguir a aquiescência do fisco estadual para, depois de pagar a exação, finalizar a partilha. Não havia nem sequer a preocupação de que os valores fossem considerados para efeito de IRPF, uma vez que a Lei e a orientação da própria Receita Federal do Brasil são no sentido de que a opção pelo valor da transferência ocorre com a Declaração Final do Espólio. Fica patente, se visto do prisma da legislação do ITCMD, que o Espólio tinha a obrigação de registrar no instrumento de partilha o valor venal de todos os bens, sem exceção. E assim o fez, sem qualquer intenção de transferir, para efeito de IRPF, ações a valor de mercado! Sob este ângulo, é que se percebe a incorreção do AFRFB, ao equiparar à obrigação inevitável do Espólio de Olga de Fl. 1867DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 18 33 representar o valor venal (mercado) de todos os bens na partilha e, utilizar tal registro, como pano de fundo para sustentar um infundado ganho de capital no tocante às ações. As competências são diferentes e as implicações também. Para o ITCMD há a necessidade de indicação a valor de mercado, sem margem para opção. Para o IRPF, como descrito acima, há a faculdade para escolha na Declaração Final de Espólio, entre custo e mercado, relativamente aos bens partilhados. Por esta razão, vale repetir, que a IN 84/2001 diz que “o valor relativo à opção por qualquer dos critérios de avaliação a que se refere este artigo, que independe da avaliação adotada para efeito da partilha ou do pagamento do imposto de transmissão, deve ser informado na declaração” (art. 20). E, se não fosse assim, e prevalecesse a posição do AFRFB, todas as partilhas (com divisão de ações) se submeteriam ao ganho de capital de IRPF, e a faculdade prevista pela Lei Federal, seria suprimida por uma imposição da legislação do ITCMD. Um absurdo, com a máxima vênia! Não é o caso, repise se. O IRPF dá a possibilidade de escolha na declaração final de espólio, de se manter o custo ou levar a mercado, obtendo ganho. E a do ITMCD, por sua vez, impõe a indicação do valor venal (mercado), porque há clara previsão em sua hipótese de base de cálculo. Em razão do ITCMD seria impossível transferir as ações pelo valor de declaração, dado que a base de cálculo é valor de mercado e que tal montante deve estar descrito na partilha. As normas em apreço convivem harmoniosamente (estadual e federal), desde que sejam respeitadas as suas peculiaridades (para o IRPF, irrelevância do valor de partilha, por exemplo), o que, notadamente, deixou de fazer o AFRFB, ao realizar o lançamento de IRPF em face de Hilda, com ilegal repercussão solidária aos herdeiros. Nada obstante esta interpretação equivocada do direito feita pelo AFRFB, que resultou no lançamento e na imputação de responsabilidade ora combatida, há um fato contundente que deve ser ressaltado: todos os bens foram transmitidos a valor de mercado para efeito de ITCMD. O AFRFB diz que só apurou o ganho de capital sobre as ações porque, em relação aos imóveis, a escritura pública de inventário e partilha teria descrito o valor de custo: Como os bens imóveis foram transferidos aos mesmos pelo valor constante na última declaração de ajuste anual de bens e direitos apresentadas pelo de cujus, neste tópico, será abordado apenas o assunto sobre os bens “ativos financeiros – AÇÕES. Insta asseverar, no entanto, que os imóveis foram registrados na escritura pública de inventário e partilha, também por obrigação da legislação do ITCMD (fls. 340/350), pelo valor venal, ou seja, valor de mercado dos bens. Fl. 1868DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 34 E tais valores também foram informados ao fisco paulista, que aquiesceu com tais montantes (fls. 340/350), em função do disposto no Decreto n° 46.655, que regulamenta o ITCMD em São Paulo, tudo para efeito de quantificação desta referida exação: Art. 16 O valor da base de cálculo, no caso de bem imóvel ou direito a ele relativo será (Lei 10.705/00, art. 13): I em se tratando de: a) urbano, não inferior ao fixado para o lançamento do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana IPTU; Frise se que a base para o IPTU de São Paulo, tal como é para o ITCMD, é o valor venal do imóvel, ou seja, o valor de mercado apurado pelo ente estatal. Levando se em conta este fato, em relação aos imóveis, percebe se que o Espólio de Olga utilizou o valor de mercado para todos os bens no instrumento de inventário e partilha com um único fim: atender a legislação do ITCMD, sem qualquer intenção de levar os bens a mercado para efeito de IRPF. Fato é que todos os bens foram indicados na partilha pelo valor venal (mercado) somente para atender à imposição do ITCMD; a opção foi feita a custo na Declaração Final de Espólio de Olga; e, por isso, inexistiu transferência a valor de mercado, razão pela qual o lançamento deve mesmo ser cancelado. A INEXISTÊNCIA DE GANHO DE CAPITAL E PREJUÍZO AO ERÁRIO FEDERAL O procedimento seguido pelo Espólio de Olga e pelos seus sucessores (Hilda e a Requerente), ao indicar o valor do custo nas ações na Declaração Final de Espólio e em suas DIRPF, respectivamente, nos termos da legislação de regência, revelam à inexistência de ganho de capital à época da transferência do Espólio para os herdeiros e de prejuízo ao erário. Foi demonstrado linhas atrás, que o valor de mercado das ações indicado a valor de mercado na escritura de inventário e partilha foi feito tão somente para atender a legislação do ITCMD. Com base nisto e lembrando que na Declaração Final de Espólio foi informado o valor da última DIRPF de Olga (2007), o espólio não experimentou ganho de capital algum. Seguindo esta trilha, as herdeiras Hilda, ora sujeito passivo, e a Requerente, suposta responsável solidária por 20% do lançamento, também indicaram o valor de custo das ações. Tem se, desse modo, que não houve ganho de capital algum que ensejasse a exigência de IRPF, além de o custo de declaração ter sido preservado. Tal custo das ações, em futuras e eventuais alienações, será preservado, de modo que, além de inexistir ganho de capital depois de partilhado os bens, não haverá qualquer prejuízo ao erário federal que, em momento adequado (venda a mercado com ganho, por exemplo), receberá o IRPF. Para a ilustre o AFRFB, o simples fato da escritura de inventário e partilha também constar o valor de mercado das ações, repetindo o que a lei do ITCMD exige, já configuraria o “ganho” do Espólio de Olga. Este “ganho de capital”, na ótica Fl. 1869DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 19 35 distorcida do AFRFB, valeria por si, não seria um meio, mas um fim em si mesmo. Não importa que a intenção espólio e dos herdeiros era a de manter o mesmo valor e custo declarado por Olga. Não importa a opção manifestada na via própria da Declaração Final do Espólio, como faculta a legislação federa. Não importa o fato de não ter havido ganho de capital, como se confirma da DIRPF da Requerente (Anexo VIII). Acima de tudo e de todos, na visão fiscal, estaria aquele valor constante da Escritura de Inventário, que foi indicado a mercado somente para atender a legislação estadual. É de estarrecer! Reluzente, pois, que não houve transferência a mercado, inexistiu ganho, o custo foi mantido, inexiste e inexistirá prejuízo ao erário e, portanto, o lançamento deve ser cancelado. O ERRO NA APURAÇÃO DO VALOR DE MERCADO OU A DECADÊNCIA O erro na cotação do valor de mercado Assentada a lisura do procedimento na transição de custo das ações da última DIRPF de Olga, é essencial salientar que, ao utilizar a cotação das ações na data do falecimento para formar o lançamento, o AFRFB errou na apuração do valor de mercado e, consequentemente, da base de cálculo do IRPF. Na escritura de inventário e partilha de bens, tal como prevê a legislação do ITCMD, o valor de cotação das ações (Bradesco e Bradespar) foi realizada na data do falecimento de Olga: 25/06/2013 (fls. 110/111). Vê se dos autos que o AFRFB utilizou o valor das ações indicado na referida escritura, ou seja, o valor conforme a cotação da BOVESPA na data de falecimento de Olga para apurar o valor de mercado (Anexo II). Novamente se constata que, ao apurar o valor de mercado, o AFRFB confundiu as disposições do ITCMD com as do IRPF. O “valor mercado” utilizado na escritura se refere à cotação da data de falecimento de Olga (para fins de ITCMD), não podendo ser aplicada para apuração da base tributável do imposto federal. Foi demonstrado em tópico precedente que, pelas orientações da Lei n° 9.532/1997, IN 84/2001 e IN 81/2001 acima transcritas, com as redações vigentes em 2008, a opção pelo valor de mercado e o pagamento do IRPF sobre ganho de capital devem ser feitos na data de transmissão da Declaração Final de Espólio. Se, é na data transmissão da Declaração de Espólio, sob o império da legislação federal, que se opta pelo valor de mercado é, logicamente, até aquele átimo de tempo que deve ser verificado o ganho de capital. Segundo, assim, a legislação de regência para o IRPF, a cotação das ações, para efeito de lançamento pelo suposto ganho de Fl. 1870DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 36 capital deveria ser o da cotação na BOVESPA na data de transmissão da Declaração do Espólio. Não o foi. Ao seguir a legislação do ITCMD e utilizar o valor de cotação das ações da data do falecimento de Olga, o AFRFB, mais uma vez, ignorou a legislação do IRPF; afinal a data do acréscimo patrimonial, se verificada, somente teria ocorrido com o envio da Declaração Final de Espólio em 30/04/2009. Considerando a data correta para cotação das ações e determinação do valor de mercado, se fosse o caso de ter havido a opção, os montantes seriam inferiores. Veja se a comparação: Decorre daí que o critério adotado pelo AFRFB para apuração do valor de mercado é dissociado da legislação federal, o cálculo por ele feito está incorreto, a utilização da cotação correta diminui o montante apurado no auto de infração e, por tudo isto, o lançamento também deve ser cancelado. Ainda que se admita, só para argumentar, que o AFRFB supôs que a transferência das ações foi a valor de mercado na data da escritura de inventário e partilha, o lançamento também não se sustenta. Se, na concepção do fiscal o ganho de capital se deu na data da assinatura da escritura, evidentemente que, para efeito de formação da base de cálculo do IRPF, deveria ser calculado por intermédio da cotação na data da assinatura da escritura. Mas nem mesmo distorcendo a legislação do IRPF e utilizando a do ITCMD o lançamento se mantém, pois, ao prevalecer a apuração da fiscalização, o valor de mercado seria apurado antes da transferência que gerou o ganho de capital. Ora, isto não é possível. Não há como admitir a utilização de valor de mercado das ações em momento anterior (data da morte) ao da própria transmissão. E um contrassenso sob o prisma do pensamento do AFRFB, pois o ganho de capital teria se materializado na efetiva transmissão. Se o AFRFB elegeu, ao seu talante, como data da ocorrência do fato jurídico tributário a assinatura da escritura, o valor de mercado a ser apurado seria o desta data e não a do falecimento de Olga. O comparativo abaixo, referente às cotações das ações (Bradesco e Bradespar) ratificam que mesmo se admitindo, por amor à argumentação, a transferência dos bens a mercado na data da assinatura da escritura, houve erro na formação da base de cálculo do IRPF: Fl. 1871DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 20 37 Depreende se da planilha, que, mesmo aceitando a premissa incorreta do AFRFB de que houve transmissão a mercado no instante da assinatura da partilha, o valor de cotação das ações deveria, quando menos, ser feita na aludida data. Do jeito que está o lançamento, o valor de mercado (no dia da morte) foi apurado em data antecedente à ocorrência do fato jurídico tributário (assinatura da escritura) sugerido pelo AFRFB e, por esta impossibilidade, o lançamento deve ser cancelado por erro na apuração do ganho de capital. A DECADÊNCIA Se mantida a motivação fiscal de que o correto é apurar o valor de mercado na data do falecimento de Olga, deve se reconhecer, igualmente, que o fato jurídico tributário do IRPF se deu naquela data e, se assim o foi, deve ser reconhecida a decadência. Rememore se que a decadência e a prescrição, em matéria tributária, estão sob reserva absoluta de Lei Complementar, a teor do que determina o art. 146, inciso III, alínea b, da CF/88. Partindo se das disposições do Código Tributário Nacional, sendo o IRPF um tributo sujeito ao lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial desloca se da regra geral do art. 173, do CTN, para encontrar fundamento no art. 150. § 4°. do mesmo diploma legal, especialmente porque houve antecipação do pagamento pelo Espólio de Olga. Diante disso e na hipótese de ser mantida a posição fiscal de que o ganho e o fato jurídico tributário de IRPF com base no princípio originário do “droit de saisine” se deram no falecimento, em 25/06/2008, houve a decadência. Com efeito, ultrapassado o prazo 5 (cinco) anos entre o sugerido fato jurídico tributário (25/06/2008) e a ciência da Requerente do lançamento de ofício de IRPF (31/07/2013), é evidente que o valor exigido se encontra extinto em razão da decadência, nos termos do art. 156, V, do CTN. A jurisprudência da Câmara Superior e do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF corrobora o entendimento do Recorrente. Destarte, mantida a equivocada premissa do AFRFB, devese reconhecer a extinção por decadência. Fl. 1872DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 38 A GLOSA INDEVIDA DO CUSTO ERRO NA BASE DE CÁLCULO FALTA DE MOTIVAÇÃO E INTIMAÇÃO DA REQUERENTE Consignou se, linhas atrás, que (i) não houve razão para recomposição do custo pelo AFRFB; (ii) tal trabalho foi feito pela suposta falta de apresentação de documentos pela Hilda (sujeito passivo); e (iii) a Requerente não participou da fiscalização e nem foi intimada a trazer à baila fiscal documentos e esclarecimentos. Todos estes elementos, vistos em conjunto, levam a ilação de que há falta de motivação para alteração do custo e, por conseguinte, erro na composição da base de cálculo do IRPF. A jurisprudência do CARF, como já noticiado acima, não permite arbitramento ou recomposição de números, sem que haja motivação e a intimação do contribuinte para se explicar. Assim, pela falta de motivação para recomposição de custo (arbitrado pelo custo médio) e de participação no procedimento de fiscalização, sem que tenha recebido qualquer intimação, verifica se o erro na adoção da base de cálculo arbitrada e, por decorrência, a necessidade de cancelamento do lançamento em relação à Requerente. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DO CUSTO Além da mácula na recomposição do custo pela falta de motivação e fiscalização da Requerente, o trabalho fiscal não remanesce, igualmente, porque o custo indicado na Declaração Final de Espólio já está homologado tacitamente. Lembre se, por importante, que o custo da última DIRPF (2007) de Olga foi fielmente transferido para Declaração Final de Espólio (2008). O AFRFB atestou isto. Se o número de 2007 é o mesmo indicado em 2008, é óbvio que ele já está homologado tacitamente pelo decurso do prazo de 5 anos para a fiscalização glosar o custo perpetuado há anos pela Olga. Como já sustentado acima, transcorridos cinco anos da data da ocorrência do registro fiscal, o procedimento adotado pelo contribuinte fica homologado tacitamente e o direito da Fazenda de revisá ló extinguese pela decadência (art. 150, § 4º, do CTN). Note se que a homologação tácita do lançamento não se restringe ao valor do tributo recolhido pelo contribuinte, mas a todos os procedimentos por ele adotados na apuração deste valor (a todos os elementos que compõem o direito subjetivo do sujeito passivo); todos os fatos, todos os registros, cada lançamento contábil, enfim, tudo é homologado e a Fazenda não poderá nem sequer revisar tais dados. É o que determina o art. 149, § único, do CTN, que nenhum lançamento, seja de ofício ou por homologação, poderá ser revisto após o transcurso do prazo decadencial. É inquestionável que o art. 835, do RIR/99, refere se à revisão de lançamento, procedimento previsto no art. 149, do CTN, e limitado por seu parágrafo único ao final do prazo decadencial. As decisões administrativas corroboram o entendimento da Requerente. Fl. 1873DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 21 39 Verifica se que, por força da impossibilidade de rever informações sacramentadas em DIRPF de 2007 (Olga), em 08/2013 o AFRFB não estava autorizado a fazer a recomposição do custo indicado na Declaração de Espólio. Saliente, dessa forma, o erro na formação da base de cálculo do IRPF pela recomposição do custo já homologado tacitamente, sendo, pois, de rigor o cancelamento integral do lançamento. INCONSISTÊNCIA E NA APURAÇÃO DO CUSTO ARBITRAMENTO A recomposição do custo realizada pelo AFRFB esbarra na falta de clareza, na fragilidade de dados e também em incorreções, o que leva à nulidade da composição da base de cálculo do IRPF. O AFRFB fez uma série de planilhas, mas não deixou muito claro os critérios para o custo médio ponderado e muito menos indicou de forma elucidativa as despesas por ele tidas como deduzidas. Na realidade, pela forma que foi feita a apuração pelo AFRFB, não há meios como criar uma linha lógica tênue, uma vez que os dados lá lançados são contraditórios quanto à quantidade de ações e valores temporais de custo. Demais disso, o próprio AFRFB retratou as dificuldades e os improvisos que teve de fazer para chegar num valor, valor este que evidentemente não expressa a realidade. Bem se nota que o AFRFB indica falta de informações e ao seu talante decide iniciar o seu trabalho em 2004, desconsiderando a apropriação inicial feita por Olga em 1982. Aliás, o AFRFB revela que a escritura de doação é ilegível (o principal documento para composição), mas, estranhamente, não pede uma nova via ao cartório competente, enquanto dirige inúmeras correspondências às instituições financeiras. O que se tem, na realidade, é o fechar de olhos para o custo tacitamente homologado de 2007 (Olga), para criação de um número que não possui substância, clareza e especificidade para trazer à tona realidade distinta daquela legalmente já concretizada contexto social. Destarte, pela deficiência na composição do custo, o lançamento deve ser cancelado integralmente, ou, quando menos, em relação à parte imputada à Requerente. NÃO INCIDÊNCIA DO IRPF Ainda que fosse possível admitir a ocorrência de ganho de capital nos moldes ilegais pretendidos pelo AFRFB, o que se admite apenas para argumentar, é certo dizer que o lançamento deve ser cancelado, em função da verificação da não incidência do IRPF prevista no Decreto lei 1.510/76, art. 4º, “d” no caso concreto. Com efeito, em 28/12/1982, Olga recebeu de seus pais, por meio de escritura pública, as ações objeto da controvérsia levantada pelo AFRFB. Tal informação consta também de sua DIRPF/2007. Fl. 1874DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 40 Pois bem. Ainda que se considere a hipótese do AFRFB de que teria havido ganho de capital, há direito à nãoincidência do IRPF, em virtude de a participação societária foi adquirida anteriormente ao prazo de 5 anos a contar da vigência da Lei 7.713/88, nos termos do Decreto lei 1.510/76, art. 4º ,“d”. Não obstante a revogação do dispositivo pela Lei 7.713, considerando que as ações ficaram na propriedade de Olga antes 1983, é evidente que foi cumprido, antes da mudança da regra (31/12/88, com a Lei 7.713), a condição para que o IRPF não incidisse sobre eventual ganho de capital: 5 (cinco) anos na propriedade das ações. A jurisprudência da Delegacia da Receita Federal de Julgamento e da Câmara Superior do CARF são pacíficas quanto ao direito à não incidência do IRPF na situação em testilha e também afastam a, com todo respeito, parca motivação da DRJ/SPO: (Processo n° 10830.003037/200241 Acórdão 17.22.798 – 6ª Turma da DRJ/SPOII Sessão de 07.02.2008; Ac. CSRF/0103.725 em 18.02.200217). Descabimento da Multa Por fim, é curial realçar que o AFRFB, apesar de ter feito o lançamento em nome de Hilda apenas, retratou que o IRPF seria devido pelo Espólio, motivo pelo qual não há como prevalecer a incidência da multa por ele lançada (Anexo II). Se o crédito tributário é devido pelo Espólio de Olga, nada obstante o erro na formalização, na pior das hipóteses não há como ser exigida a multa imputada no lançamento. Esta é a posição pacífica da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo. Portanto, se o valor lançado é devido pelo espólio de Olga, como afirmou o AFRFB, descabida é a aplicação da multa punitiva, sendo, assim, mister cancelar o auto de infração neste peculiar aspecto. Sr. ARMANDO CASLINE – Impugnação protocolada em 29/08/2013 (fls. 1235/1243) PRELIMINARMENTE ILEGITIMIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA Em uma análise perfunctória do Auto de Infração, verifica se que foi lavrado um único Auto de Infração em nome da Sra. Hilda Suchorski, sendo o autuado enquadrado como contribuinte solidário. Não obstante possa vir a Auditora Fiscal da Receita Federal efetuar sua fiscalização e lavrar o Auto de Infração, o expediente adotado no caso em tela é patente afronta a dispositivos legais, e, sobretudo, constitucionais. Conforme anteriormente mencionado, para a Auditora Fiscal o processo do Auto de Infração refere se à constituição do crédito tributário, decorrente da sucessão de Olga Silveira, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física do Ano Calendário 2008, de fato gerador ocorreu entre a data da abertura da sucessão e o Fl. 1875DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 22 41 trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha e que cada um dos herdeiros são sujeitos passivos solidários da obrigação. Ora, não há em que se falar solidariedade passiva, o artigo 264 do Código Civil, ao se referir à solidariedade, afirma que: "Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, à dívida toda". Para a Auditora Fiscal, existe apenas uma única relação obrigacional envolvendo as partes, entendimento aparentemente reforçado pela característica da unicidade do objeto da prestação, que é indivisível pela natureza do vínculo. Contudo, o entendimento da AuditoraFiscal está equivocado, preceitua o artigo 1.997 do Código Civil que a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido, mas após ser feita a partilha, respondem os herdeiros, cada qual até o limite do quinhão herdado. Assim a responsabilidade da herança é limitada a sua totalidade pelos pagamentos das dívidas do de cujus, enquanto a dos herdeiros é restrita a proporção da parte que coube a cada um na partilha. Quando existem vários herdeiros não há solidariedade entre eles, não podendo um credor querer cobrar de um só herdeiro o todo, o que existe é uma indivisibilidade da responsabilidade dos coherdeiros. Sendo vivo o sucedido poderia o credor cobrar dele, com a transferência da obrigação esta continua em relação aos herdeiros, que devem pagar o débito, cada um respondendo na proporção que lhe cabia na herança. Assim, é inaceitável a alegacão de solidariedade passiva, sendo certo que correto é o Auto de Infração ser direcionado individualmente para cada um dos herdeiros e não da forma como foi apresentada. Portanto, tendo em vista que o referido Auto de Infração não pode alcançar o autuado e os demais herdeiros ditos solidários, conclui se que o procedimento da fiscalização nos termos propostos agrediu a legalidade de ofício impõe e oportuniza o reconhecimento da nulidade da peca basilar oferecida pela Auditora fiscal Lúcia Maria Pires. In casu, a nulidade do ato ora atacado afeta a própria constituição do Auto de Infração, uma vez que a presença dos sujeitos passivos solidários poderão vir a influenciar o decisório final. Logo, necessário se faz anular os atos subsequentes à constatação da nulidade nos termos do artigo 248 do Código de Processo Civil. Destarte, mister sejam anulados os atos subsequentes à nulidade acima verificada, e, sobretudo o Auto de Infração em nome do autuado, cancelando se o débito fiscal reclamado. DO MÉRITO Fl. 1876DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 42 Com base na impugnação ora apresentada o Auto de Infração, deverá ser julgado totalmente improcedente, como adiante se demonstrará, considerando se para todos os efeitos os argumentos expendidos em preliminar como se aqui estivessem transcritos, o que se requer por medida de agilidade e economia processual. Em obediência ao princípio do contraditório, em não sendo admitida a preliminar arguida, o que se admite em tese somente em tese o autuado passa a contestar o mérito nos termos que se seguem: ANULAÇÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO Em preliminar, ficou demonstrado que no caso em questão não há possibilidade de se aventar a solidariedade passiva, uma vez que a solidariedade pressupõe que em uma mesma obrigação, concorra mais de um devedor, sendo cada um obrigado, à dívida toda. Sendo certo que, quando existem vários herdeiros não há solidariedade entre eles, não podendo um credor querer cobrar de um só herdeiro o todo, o que existe é uma indivisibilidade da responsabilidade dos coherdeiros. Veja, que o contribuinte nos termos do Auto de Infração apresentado fica impossibilitado de avaliar o exato grau de sua responsabilidade relativo a proporção que lhe coube na partilha. Podemos afirmar, portanto, que o erro na interpretação no que concerne ao sujeito passivo da obrigação tributária gerou um lançamento nulo por vício material. O Coordenador Geral de Tributação aprovou recentemente a Solução de Consulta Interna Cosit 8/2013. esclarecendo dúvidas internas, no âmbito da própria Receita Federal, sobre a anulação de lançamentos tributários nas hipóteses de erro na identificação do sujeito passivo. Embora seja um documento destinado ao uso interno da RFB, suas conclusões servem como parâmetro para que o contribuinte conheça o entendimento adotado pela referida autarquia, de forma a auxiliar no balizamento de eventuais processos de impugnação. O referido texto afirma que na ocorrência de lançamento errôneo do sujeito passivo, nos casos de erros formais que geram a invalidade do lançamento, tornandoos anuláveis ou nulos, se o sujeito passivo correto impugnar o mérito do ato basta ao fisco consignar no processo a correta identificação do sujeito passivo e dar andamento a processo, estando o ato convalidado. Porém, se houve manifestação quanto ao erro na identificação do sujeito passivo, o ato não mais é possível de convalidação, havendo a necessidade do fisco efetuar novo lançamento. Na ocorrência lançamento errôneo do sujeito passivo nos casos de vício material (erro de direito), afirma que: 10.1 No erro de direito há incorreção no cotejo entre a norma tributária (hipótese de incidência) com o fato jurídico tributário em um dos elementos do consequente da regra matriz de incidência, qual seja, o pessoal. Há erro no atonorma. É vício material e, portanto, impossível de ser convalidado. Fl. 1877DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 23 43 Deste modo. acompanhando o entendimento da própria Receita Federal é que em caso de erro na interpretação no que concerne ao sujeito passivo da obrigação tributária (o que inclui tanto o contribuinte como o responsável tributário) gera um lançamento nulo por vício material. Para constatação do erro na interpretação no que concerne ao sujeito passivo da obrigação tributária, basta o breve questionamento dos motivos que levaram a escolha exclusiva da Sra. Hilda Suchorski como sujeito passivo, ora, por que não a escolha da inventariante ou do autuado? Essa imprecisão técnica é marca de vício formal e material. Data vênia, não merecem respaldos os fundamentos da Auditora Fiscal, com relação a sujeição passiva solidária, baseados nos artigos 124 e 131, inciso II, ambos do CTN. Não há dúvidas de que a solidariedade tributária foi criada para oferecer maior conveniência e eficácia na exigência de tributos, além de possibilitar tal exigência diante do desaparecimento do contribuinte, como no caso da sucessão, servindo também como forma de sanção contra pessoas que prejudicaram os interesses da fiscalização. A solidariedade tributária baseada no art. 124, I do CTN somente pode existir entre sujeitos que figurem no mesmo pólo de relação obrigacional. Ainda que a Fazenda Pública insista que qualquer tipo de interesse, notadamente o interesse econômico, seja capaz de gerar a solidariedade, é certo que apenas o interesse jurídico pode fazê lo, sendo que o interesse jurídico é aquele que deriva de uma relação jurídica de qual o sujeito de direito seja parte integrante, e que interfira em sua esfera de direitos e deveres. Assim, sempre que a imputação da solidariedade tributária for realizada de forma a extrapolar os seus restritos limites legais, exigindo se tributos de pessoas que não seriam obrigadas a tal de acordo com uma interpretação coerente da lei, haverá potencial ferimento a princípios e direitos constitucionais. Portanto, é de se concluir que o Auto de Infração apresentado padece de vícios formais e materiais, esses insanáveis, não havendo outro caminho a ser trilhado senão o cancelamento do débito fiscal. Por seu turno, com relação ao suposto débito tributário constituído tributando se o Ganho de Capital apurado e devido pelo espólio, acrescido de juros e multa de oficio, entende o autuado eu o referido débito fiscal não é devido, uma vez que cumpriu a legislação vigente, sobretudo a Instrução Normativa SRF n° 81. de 11 de Outubro de 2001, que dispõe sobre as declarações de espólio e a Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de Outubro de 2001, que dispõe sobre a apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos por pessoas físicas. Por tudo o quanto acima foi exposto, sendo indubitável que no caso vertente o autuado não tem nenhuma solidariedade passiva com a autuada Sra. Hilda Suchorski, e demonstrada a Fl. 1878DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 44 insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer o cancelamento do débito fiscal reclamado. Sr. LUIZ COZALIN – Impugnação protocolada em 29/08/2013 (fls. 1301/1309) PRELIMINARMENTE ILEGITIMIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA Em uma análise perfunctória do Auto de Infração, verifica se que foi lavrado um único Auto de Infração em nome da Sra. Hilda Suchorski, sendo o autuado enquadrado como contribuinte solidário. Não obstante possa vir a Auditora Fiscal da Receita Federal efetuar sua fiscalização e lavrar o Auto de Infração, o expediente adotado no caso em tela é patente afronta a dispositivos legais, e, sobretudo, constitucionais. Conforme anteriormente mencionado, para a Auditora Fiscal o processo do Auto de Infração refere se à constituição do crédito tributário, decorrente da sucessão de Olga Silveira, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física do Ano Calendário 2008, de fato gerador ocorreu entre a data da abertura da sucessão e o trânsito em julgado da sentença que homologou a partilha e que cada um dos herdeiros são sujeitos passivos solidários da obrigação. Ora, não há em que se falar solidariedade passiva, o artigo 264 do Código Civil, ao se referir à solidariedade, afirma que: "Há solidariedade, quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, dívida toda". Para a Auditora Fiscal, existe apenas uma única relação obrigacional envolvendo as partes, entendimento aparentemente reforçado pela característica da unicidade do objeto da prestação, que é indivisível pela natureza do vínculo. Contudo, o entendimento da Auditora Fiscal está equivocado, preceitua o artigo 1.997 do Código Civil que a herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido, mas após ser feita a partilha, respondem os herdeiros, cada qual até o limite do quinhão herdado. Assim a responsabilidade da herança é limitada a sua totalidade pelos pagamentos das dívidas do de cujus, enquanto a dos herdeiros é restrita a proporção da parte que coube a cada um na partilha. Quando existem vários herdeiros não há solidariedade entre eles, não podendo um credor querer cobrar de um só herdeiro o todo, o aue existe é uma indivisibilidade da responsabilidade dos coherdeiros. Sendo vivo o sucedido poderia o credor cobrar dele, com a transferência da obrigação esta continua em relação aos herdeiros, que devem pagar o débito, cada um respondendo na proporção que lhe cabia na herança. Assim, é inaceitável a alegacão de solidariedade passiva, sendo certo que correto é o Auto de Infração ser direcionado individualmente para cada um dos herdeiros e não da forma como foi apresentada. Portanto, tendo em vista que o referido Auto de Infração não pode alcançar o autuado e os demais herdeiros ditos solidários, Fl. 1879DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 24 45 conclui se que o procedimento da fiscalização nos termos propostos aarediu a legalidade de ofício impõe e oportuniza o reconhecimento da nulidade da peca basilar oferecida pela Auditora fiscal Lúcia Maria Pires. In casu, a nulidade do ato ora atacado afeta a própria constituição do Auto de Infração, uma vez que a presença dos sujeitos passivos solidários poderão vir a influenciar o decisório final. Logo, necessário se faz anular os atos subsequentes à constatação da nulidade nos termos do artigo 248 do Código de Processo Civil. Destarte, mister sejam anulados os atos subsequentes à nulidade acima verificada, e, sobretudo o Auto de Infração em nome do autuado, cancelandose o débito fiscal reclamado. DO MÉRITO Com base na impugnação ora apresentada o Auto de Infração, deverá ser julgado totalmente improcedente, como adiante se demonstrará, considerando se para todos os efeitos os argumentos expendidos em preliminar como se aqui estivessem transcritos, o que se requer por medida de agilidade e economia processual. Em obediência ao princípio do contraditório, em não sendo admitida a preliminar arguida, o que se admite em tese somente em tese o autuado passa a contestar o mérito nos termos que se seguem: ANULAÇÃO DE LANÇAMENTO POR ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO Em preliminar, ficou demonstrado que no caso em questão não há possibilidade de se aventar a solidariedade passiva, uma vez que a solidariedade pressupõe que em uma mesma obrigação, concorra mais de um devedor, sendo cada um obrigado, à dívida toda. Sendo certo que, quando existem vários herdeiros não há solidariedade entre eles, não podendo um credor querer cobrar de um só herdeiro o todo, o que existe é uma indivisibilidade da responsabilidade dos coherdeiros. Veja, que o contribuinte nos termos do Auto de Infração apresentado fica impossibilitado de avaliar o exato grau de sua responsabilidade relativo a proporção que lhe coube na partilha. Podemos afirmar, portanto, que o erro na interpretação no que concerne ao sujeito passivo da obrigação tributária gerou um lançamento nulo por vício material. O Coordenador Geral de Tributação aprovou recentemente a Solução de Consulta Interna Cosit 8/2013. esclarecendo dúvidas internas, no âmbito da própria Receita Federal, sobre a anulação de lançamentos tributários nas hipóteses de erro na identificação do sujeito passivo. Embora seja um documento destinado ao uso interno da RFB, suas conclusões servem como parâmetro para que o contribuinte conheça o entendimento adotado pela referida autarquia, de Fl. 1880DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 46 forma a auxiliar no balizamento de eventuais processos de impugnação. O referido texto afirma que na ocorrência de lançamento errôneo do sujeito passivo, nos casos de erros formais que geram a invalidade do lançamento, tornando os anuláveis ou nulos, se o sujeito passivo correto impugnar o mérito do ato basta ao fisco consignar no processo a correta identificação do sujeito passivo e dar andamento a processo, estando o ato convalidado. Porém, se houve manifestação quanto ao erro na identificação do sujeito passivo, o ato não mais é possível de convalidação, havendo a necessidade do fisco efetuar novo lançamento. Na ocorrência lançamento errôneo do sujeito passivo nos casos de vício material (erro de direito), afirma que: 10.1 No erro de direito há incorreção no cotejo entre a norma tributária (hipótese de incidência) com o fato jurídico tributário em um dos elementos do consequente da regra matriz de incidência, qual seja, o pessoal. Há erro no ato norma. É vício material e, portanto, impossível de ser convalidado. Deste modo. acompanhando o entendimento da própria Receita Federal é que em caso de erro na interpretação no que concerne ao sujeito passivo da obrigação tributária (o que inclui tanto o contribuinte como o responsável tributário) gera um lançamento nulo por vício material. Para constatação do erro na interpretação no que concerne ao sujeito passivo da obrigação tributária, basta o breve questionamento dos motivos que levaram a escolha exclusiva da Sra. Hilda Suchorski como sujeito passivo, ora, por que não a escolha da inventariante ou do autuado? Essa imprecisão técnica é marca de vício formal e material. Data vênia, não merecem respaldos os fundamentos da Auditora Fiscal, com relação a sujeição passiva solidária, baseados nos artigos 124 e 131, inciso II, ambos do CTN. Não há dúvidas de que a solidariedade tributária foi criada para oferecer maior conveniência e eficácia na exigência de tributos, além de possibilitar tal exigência diante do desaparecimento do contribuinte, como no caso da sucessão, servindo também como forma de sanção contra pessoas que prejudicaram os interesses da fiscalização. A solidariedade tributária baseada no art. 124, I do CTN somente pode existir entre sujeitos que figurem no mesmo pólo de relação obrigacional. Ainda que a Fazenda Pública insista que qualquer tipo de interesse, notadamente o interesse econômico, seja capaz de gerar a solidariedade, é certo que apenas o interesse jurídico pode fazê lo, sendo que o interesse jurídico é aquele que deriva de uma relação jurídica de qual o sujeito de direito seja parte integrante, e que interfira em sua esfera de direitos e deveres. Assim, sempre que a imputação da solidariedade tributária for realizada de forma a extrapolar os seus restritos limites legais, exigindo se tributos de pessoas que não seriam obrigadas a tal de acordo com uma interpretação coerente da lei, haverá potencial ferimento a princípios e direitos constitucionais. Fl. 1881DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 25 47 Portanto, é de se concluir que o Auto de Infração apresentado padece de vícios formais e materiais, esses insanáveis, não havendo outro caminho a ser trilhado senão o cancelamento do débito fiscal. Por seu turno, com relação ao suposto débito tributário constituído tributando se o Ganho de Capital apurado e devido pelo espólio, acrescido de juros e multa de oficio, entende o autuado eu o referido débito fiscal não é devido, uma vez que cumpriu a legislação vigente, sobretudo a Instrução Normativa SRF n° 81. de 11 de Outubro de 2001, que dispõe sobre as declarações de espólio e a Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de Outubro de 2001, que dispõe sobre a apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos por pessoas físicas. Por tudo o quanto acima foi exposto, sendo indubitável que no caso vertente o autuado não tem nenhuma solidariedade passiva com a autuada Sra. Hilda Suchorski, e demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer o cancelamento do débito fiscal reclamado. A DRJ julgou o impugnação improcedente, nos termo da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 SUCESSORES. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. SOLIDARIEDADE. A responsabilidade do sucessor a qualquer título e do cônjuge meeiro pelos tributos devidos pelo “de cujus” é solidária e limitada ao montante do quinhão ou meação, quando referente a infrações cujos fatos geradores ocorreram até a data da partilha ou sobrepartilha. IMPOSTO DE RENDA. DECLARAÇÃO FINAL DE ESPÓLIO. TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS. ITCMD. BITRIBUTAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. A incidência do Imposto de Renda quando da apresentação da declaração final de espólio tem por fato gerador o acréscimo patrimonial caracterizado pela diferença entre os valores atribuídos aos bens na declaração final e os informados na declaração anterior, situação que não se confunde com o fato gerador do imposto estadual incidente sobre heranças e doações. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem indispensáveis, independentemente de autorização judicial. PRELIMINAR. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. Fl. 1882DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 48 No caso do Imposto de Renda Pessoa Física, quando não houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue se após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. GANHO DE CAPITAL. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO INICIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se houver antecipação de pagamento, o prazo de decadência do direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário é de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador. Nos casos em que não há antecipação de pagamento, o referido prazo tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA DE MORA. RESPONSABILIDADE. O espólio, representado pelo inventariante, responde pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão e pelas dívidas próprias apuradas posteriormente ao falecimento, mas antes de encerrado o processamento do inventário. Concluída a partilha, o sucessor a qualquer título é responsável pelas dívidas do de cujus e do espólio não satisfeitas por este, limitada a imputação ao montante do quinhão ou legado. Aplica se, no caso de lançamento de ofício constituído após a partilha, somente a multa de mora de 10%, a mesma que seria aplicada ao espólio. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado, o contribuinte e os responsáveis solidários se mostrando irresignado, apresentam o Recurso Voluntário, reiterando os argumentos da impugnação Recurso Voluntário da Hilda Suchorki de fls 1491/1551 Nesse recurso a recorrente reitera os argumentos efetuados, confrontando especificamente cada questão enfrentada pela DRJ; Recurso Voluntário do Luiz Cozalin de fls. 1577 a 1604 Neste recurso o responsável solidário, reitera argumentos apresentados para DRJ; Recurso Voluntário de Armando Casline de fls. 1607 a 1619 Neste recurso o responsável solidário, reitera argumento apresentados na inpugnação. Recurso Voluntário de Terezinha Guimarães de fls. 1622 a 1702 Neste recurso o responsável solidário, reitera argumento apresentados na inpugnação. O processo foi sorteado a este relator em Dezembro de 2014. É o relatório. Fl. 1883DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 26 49 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator Os recursos estão dotados dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Antes de entrar na análise das preliminares, cabe apontar questão prejudicial ao lançamento tributário Na transferência de direito de propriedade por sucessão, nos casos de herança, legado, ou por doação em adiantamento da legítima, os bens e direitos poderão ser avaliados a valor de mercado ou pelo valor constante da declaração de bens do de cujus ou do doador, a critério do(s) herdeiro(s), legatário(s) ou donatário(s), conforme previsão legal, vigente entre nós desde 1997, quando da edição da Lei nº 9.532/97 (art. 23, § 1º). Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre este e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus ou do doador sujeitarseá à incidência do IRPF sobre ganhos de capital na alienação de bens e direitos. Está positivado na legislação atualmente em vigor, que, para os efeitos de apuração de ganho de capital auferido na alienação de bens e direitos nas hipóteses em comento, será considerado como custo de aquisição o valor pelo qual houverem sido transferidos e a diferença positiva entre este valor e o que constar da declaração do de cujus ou do doador será tomada como base de cálculo do tributo, sobre a qual é de ser aplicada a alíquota de 15% (quinze por cento). Depreendese de tais disposições legais, então, que as partes devem, ao atribuir os valores aos bens a serem partilhados, atentar para a questão tributária relacionada com a incidência do IR, caso haja diferença positiva entre o valor atribuído e o que consta da declaração do de cujus, nos casos de alienação decorrente da sucessão causa mortis. O art. 23 da Lei nº 9.532/97 assim dispõe acerca da apuração do ganho de capital em transferências por sucessão: Art. 23. Na transferência de direito de propriedade por sucessão, nos casos de herança, legado ou por doação em adiantamento da legítima, os bens e direitos poderão ser avaliados a valor de mercado ou pelo valor constante da declaração de bens do de cujus ou do doador. § 1º Se a transferência for efetuada a valor de mercado, a diferença a maior entre esse e o valor pelo qual constavam da declaração de bens do de cujus ou do doador sujeitarseá à incidência de imposto de renda à alíquota de quinze por cento. §2o O imposto a que se referem os §§ 1o e 5o deverá ser pago: I pelo inventariante, até a data prevista para entrega da declaração final de espólio, nas transmissões mortis causa, observado o disposto no art. 7o, § 4o da Lei no 9.250, de 26 de dezembro de 1995; (Incluído pela Lei nº 9.779, de 1999) § 3º O herdeiro, o legatário ou o donatário deverá incluir os bens ou direitos, na sua declaração de bens correspondente à declaração de rendimentos do anocalendário da homologação Fl. 1884DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 50 da partilha ou do recebimento da doação, pelo valor pelo qual houver sido efetuada a transferência. § 4º Para efeito de apuração de ganho de capital relativo aos bens e direitos de que trata este artigo, será considerado como custo de aquisição o valor pelo qual houverem sido transferidos. § 5º As disposições deste artigo aplicamse, também, aos bens ou direitos atribuídos a cada cônjuge, na hipótese de dissolução da sociedade conjugal ou da unidade familiar. Como se vê, para fins fiscais, o custo de aquisição deve ser para o sucessor herdeiro, como é o caso da Recorrente nos autos – o valor constante para o bem na Declaração final do Espólio. No que toca a utilização dos valores da partilha, cabe transcrever o que dispõe o art. 20 da a IN no. 84/2001. Art. 20 . Na transferência de propriedade de bens e direitos, por sucessão causa mortis, a herdeiros e legatários; por doação, inclusive em adiantamento da legítima, ao donatário; bem assim na atribuição de bens e direitos a cada excônjuge ou ex convivente, na hipótese de dissolução da sociedade conjugal ou união estável, os bens e direitos são avaliados a valor de mercado ou considerados pelo valor constante na Declaração de Ajuste Anual do de cujus, doador, excônjuge ou exconvivente declarante, antes da dissolução da sociedade conjugal ou união estável. § 1º Nos casos em que o de cujus, doador, excônjuge ou ex convivente não houver apresentado Declaração de Ajuste Anual, por não se enquadrar nas condições de obrigatoriedade estabelecidas pela legislação tributária, a avaliação deve ser realizada em função do custo de aquisição conforme o disposto nos arts. 5º a 8º. § 2º O valor relativo à opção por qualquer dos critérios de avaliação a que se refere este artigo, que independe da avaliação adotada para efeito da partilha ou do pagamento do imposto de transmissão, deve ser informado na declaração: I final de espólio e na declaração do herdeiro ou legatário, correspondente ao anocalendário da transmissão; II do doador e donatário, correspondente ao anocalendário do recebimento da doação; III do excônjuge ou exconvivente a quem foi atribuído o bem, correspondente ao anocalendário da dissolução da sociedade conjugal ou união estável. § 3º Se a transferência for efetuada por valor superior ao constante na Declaração de Ajuste Anual referida no caput, ou do custo de aquisição referido no § 1º, a diferença a maior constitui ganho de capital tributável. (grifo nossos) Com a morte considerase aberta a sucessão, isto é, a herança transmitese, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Contudo, se faz necessária a realização de Inventário por Escritura Pública (extrajudicial) ou pela via judicial. Ultimado o Inventário, os bens devem ser transferidos também perante o Imposto de Renda. É certo que o valor a ser atribuído independe da avaliação adotada para efeito de partilha ou do pagamento do imposto de transmissão. Em outras palavras, um bem ou Fl. 1885DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 19515.721634/201351 Acórdão n.º 2202003.017 S2C2T2 Fl. 27 51 direito avaliado no Inventário por um milhão de reais e tributado por um milhão e meio de reais para efeito do imposto de transmissão, poderá ser transferido na declaração de ajuste anual do imposto de renda por outro valor, diferente dos dois anteriormente citados. Caberá ao Inventariante apurar se: a) haverá ganho de capital; b) qual o valor do imposto decorrente do lucro; c) se podem os herdeiros se valer de redutores no cálculo do imposto decorrente do ganho de capital; d) a data de vencimento do aludido imposto. No caso concreto notase que a fiscalização, conforme se depreende da fls.800 (TVF), entendeu que os valores transmitidos deveriam ter sido feito pelo valor espelhado na escritura pública, ignorando o comando da legislação que prescreve ao contribuinte a opção de transmitir pelo valor original ou por valor superior ao constante na declaração do de cujus. Deste modo, pareceme desarrazoado o lançamento que entendeu que o valor de transferência deve ser aquele prescrito no formal de partilha e sobre o qual se pagou o imposto de transmissão. Entendo que não há como manter o lançamento nesse contexto. Ante ao exposto, voto por dar provimento aos recursos voluntários, cancelando o lançamento. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 1886DF CARF MF Impresso em 10/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/04/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 07/04/201 5 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 11020.902549/2008-84
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2003
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não se desincumbindo deste ônus, impossível apurar direito ao crédito.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3801-004.944
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinatura digital)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinatura digital)
Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Flávio de Castro Pontes.
Nome do relator: PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2003 ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não se desincumbindo deste ônus, impossível apurar direito ao crédito. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinatura digital) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Redator designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 90 25 49 /2 00 8- 84 Fl. 121DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 01/04/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Cassio Schappo, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Flávio de Castro Pontes. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 01/04/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.902549/200884 Acórdão n.º 3801004.944 S3TE01 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 11020.902549/200884, contra o acórdão nº 04.24791, julgado pela 2ª. Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Campo Grande (DRJ/CGR), na sessão de julgamento de 03 de junho de 2011, em que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia Regional de Julgamento de origem, que assim os relatou: “Foi exarado despacho decisório não homologando a compensação declarada pelo contribuinte acima identificado de PIS com crédito de mesma contribuição do ano calendário de 2003 no valor original, de R$773,25 conforme descrição dos fatos e enquadramento legal de fl. 04. A autoridade fiscal não homologou a compensação declarada pelo contribuinte em face de não ter encontrado saldo disponível no sistema da SRFB e o crédito indicado na D/COMP estava totalmente alocado a débito declarado. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando em síntese que a não homologação de sua compensação ocorreu pelo fato de ter indicado como dada de arrecadação 30/07/2004 e nãocomo efetivamente ocorreu em 01/07/2004.” A DRJ de Campo Grande (DRJ/CGE) decidiu pela improcedência da manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte. Colaciono a ementa do referido julgado: Fl. 123DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 01/04/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA 4 Inconformada com improcedência de sua manifestação de inconformidade, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário a fl.41/42, no qual afirma que recolheu PIS referente a fevereiro de 2003 o valor de R$2.513,31, recolhido por DARF código 8109 em 14.03.2003,quando era devido na realidade o valor de R$1.274. Posteriormente teria apresentado REDARF para a modificação do código para 6012, com multa e juros na data de R$3.617, na data de 01/04/2004, entendendo que tem crédito sobre este valor, mesmo não tendo sido mencionado em qualquer DCTF do período correspondente. É o sucinto relatório. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 01/04/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA Processo nº 11020.902549/200884 Acórdão n.º 3801004.944 S3TE01 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira Relator. O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. O recorrente afirma que teria feito pagamento não apenas a maior como também dobrado do valor de R$2.513,31, referente ao mês de fevereiro de 2003 da Contribuição para o Financiamento do PIS/PASEP, conforme DCTF fl. 71, ao invés de R$1.274,00 conforme ficou expresso na DIPJ de 2004 no que se refere ao mês de fevereiro. Argui que apesar de não ter comprovado por DCTF o segunda pagamento do valor de R$2.513,31, afirma que tem direito a crédito a este valor igualmente. Percebese, ao consultar os autos, que ao invés de um segundo recolhimento de PIS no valor de R$2.513,31, o que a recorrente promoveu foi a correção da DARF anteriormente paga, alterando o código de arrecadação e incluindo multa e juros na referida, gerando o valor de R$3.617,90, promovendo novamente o seu pagamento. Nestes termos, no ponto quanto ao valor realmente devido, fica vazio o argumento de que era o valor de R$1.274,00, ao invés de R$2.513,31, pois o contribuinte não promoveu a retificadora da DCTF, nem ao menos promoveu a juntada de documentação contábil que demonstrasse que possui crédito equivalente a diferença dos valores, não obstante tenha colacionado a DIPJ, esta não seria suficiente para se chegar a conclusão sobre o crédito. Em um segundo ponto, quanto ao recolhimento em tese em duplicidade, tenho que a partir do momento em que se faz o procedimento de REDARF o que se faz é a correção de dados da guia antiga já paga para que fique correta. Como não foi localizado pela receita o pagamento em duplicidade, mas o valor realmente devido de acordo com a DCTF, presumisse que houve realmente só um pagamento e, como o contribuinte não apresentou documentação contábil que comprovasse o recolhimento em duplicidade, os seus argumentos carecem de comprovação, sendo ônus do contribuinte comprovar a existência do crédito no que se refere aos pedidos de compensação. Portanto, com fundamento no artigo 333 do CPC e artigo 36 da Lei n° 9.784/99, devese considerar correto o acórdão recorrido. Ocorre que temos que no processo administrativo fiscal, tal qual no processo civil, o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, in casu, da contribuinte ora recorrente. Neste sentido, prevê a Lei n° 9.784/99 em seu art. 36: “Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei.” Em igual sentido, temos o art. 333 do CPC: “Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 125DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 01/04/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA 6 II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.” Assim, conforme a jurisprudência deste Egrégio Conselho necessário que a contribuinte apresente a documentação adequada e suficiente para provar o que alega. Neste sentido, a jurisprudência está já sedimentada neste Conselho. Desta forma, encaminho o voto para negar provimento ao recurso voluntário. É assim que voto. (assinatura digital) Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira – Relator. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 02/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO ANTONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA, Assinado digi talmente em 01/04/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assinado digitalmente em 25/03/2015 por PAULO AN TONIO CALIENDO VELLOSO DA SILVEIRA
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Numero do processo: 10166.729655/2012-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/01/2008 a 31/12/2008
INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. VENDA DE APARELHOS DE TELECOMUNICAÇÃO MÓVEL. DESCONTOS CONDICIONAIS.
Na operação de venda de aparelhos de telecomunicação móvel a preços reduzidos, o benefício concedido no ato da venda caracteriza desconto condicionado, sujeito à incidência do PIS e da COFINS.
Numero da decisão: 3102-002.369
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso de ofício. Vencidos os conselheiros Andréa Medrado Darzé (relatora), Ricardo Vieira de Carvalho Fernandes e Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz. O conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira foi designado para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral pelo contribuinte o Dr. Luis Eduardo Schoueri, OAB/SP 95.111 e pela Fazenda Nacional, a Procuradora Indiara Arruda de Almeida Serra.
[assinado digitalmente]
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
[assinado digitalmente]
Andréa Medrado Darzé - Relatora.
[assinado digitalmente]
José Luiz Feistauer de Oliveira Redator Designado.
Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Ricardo Vieira de Carvalho Fernandes.
Nome do relator: ANDREA MEDRADO DARZE
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COFINS Recorrente DRJ EM BRASÍLIA Recorrida AMERICEL S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/01/2008 a 31/12/2008 INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. VENDA DE APARELHOS DE TELECOMUNICAÇÃO MÓVEL. DESCONTOS CONDICIONAIS. Na operação de venda de aparelhos de telecomunicação móvel a preços reduzidos, o benefício concedido no ato da venda caracteriza desconto condicionado, sujeito à incidência do PIS e da COFINS. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao recurso de ofício. Vencidos os conselheiros Andréa Medrado Darzé (relatora), Ricardo Vieira de Carvalho Fernandes e Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz. O conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira foi designado para redigir o voto vencedor. Fez sustentação oral pelo contribuinte o Dr. Luis Eduardo Schoueri, OAB/SP 95.111 e pela Fazenda Nacional, a Procuradora Indiara Arruda de Almeida Serra. [assinado digitalmente] Ricardo Paulo Rosa Presidente. [assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Relatora. [assinado digitalmente] José Luiz Feistauer de Oliveira – Redator Designado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 96 55 /2 01 2- 76 Fl. 8638DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA 2 Participaram, ainda, da sessão de julgamento os conselheiros Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Ricardo Vieira de Carvalho Fernandes. Relatório Tratase de Recurso de Ofício em face da decisão da DRJ em Brasília que julgou a impugnação procedente para cancelar integralmente o crédito impugnado, por entender que os descontos concedidos pelo contribuinte nas operações de venda de aparelhos celulares objeto da autuação são incondicionados e, como tais, não compõem seu faturamento, tampouco se sujeitam à incidência da Contribuição ao PIS e da COFINS. Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados com riqueza de detalhes, adoto o relatório da decisão recorrida, transcrevendoo abaixo na íntegra: Contra a contribuinte identificada no preâmbulo foram lavrados os autos de infração às fls. 8.492/513, formalizando lançamento de ofício do crédito tributário abaixo discriminado, relativo aos períodos de apuração de 31/01/2008 a 31/12/2008, incluindo juros de mora e multa proporcional de 75%, totalizando R$ 54.524.745,04: De acordo com a descrição dos fatos, que remete ao Relatório de Verificação Fiscal (RVF) integrante dos autos de infração (fls. 8.470/91), a fiscalização constatou insuficiência de recolhimento das contribuições sob enfoque, em razão de exclusões indevidas ou falta de inclusão nas bases de cálculo, de valores provenientes das operações a seguir expostas. 1) DESCONTOS NAS VENDAS DIRETAS DE EQUIPAMENTOS Foi constatado que a contribuinte deduziu valores significativos da base de cálculo do PIS e da Cofins apurados no regime não cumulativo, a título de descontos diversos concedidos na comercialização de equipamentos, considerandoos como descontos incondicionais cuja dedução é admitida pelas Leis nºs. 10.637, de 2002 e 10.833, de 2003. Sob a ótica da fiscalização, embora haja o permissivo legal, não se pode olvidar que o conceito de descontos incondicionais está declinado na IN SRF nº. 51, de 1978, compreendendo tão somente aqueles efetivamente ocorridos, que constem da nota fiscal ou fatura e que não dependam de eventos posteriores à emissão desses documentos, porque nesta situação seriam descontos condicionais, cuja dedução não é admitida pela legislação. Analisando os termos contratuais dos negócios celebrados entre a empresa e os adquirentes dos equipamentos, a fiscalização constatou que fica clausulado que, para adquirir os equipamentos em condições especiais, o usuário fica vinculado a uma contrapartida na qual se obriga a permanecer com um plano de prestação de serviços de telefonia por determinado tempo ou a manter um consumo mínimo prépactuado, inclusive com previsão de multas que acarretam cancelamento total ou Fl. 8639DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10166.729655/201276 Acórdão n.º 3102002.369 S3C1T2 Fl. 11 3 parcial dos descontos, no caso de cumprimento dos acordos, nos termos das cláusulas transcritas no RFV anteriormente mencionado. Diante destas circunstâncias, a fiscalização concluiu que os descontos assim praticados não são de natureza incondicional, independente de qualquer evento futuro, e, por conseguinte, não são passíveis de dedução. 2) DESCONTOS NAS VENDAS INDIRETAS DE EQUIPAMENTOS O fato é do mesmo tipo, desta feita em relação às vendas realizadas por meio de revendedores e de parceiros comerciais da fiscalizada (dealers), quando se tem o seguinte modelo de negócios: a Americel vende os equipamentos a seus parceiros/revendedores a preços reduzidos, para posterior comercialização ao consumidor final, ao qual os equipamentos chegam gratuitamente ou com o valor reduzido, mediante compromisso de fidelização e/ou consumo mínimo dos serviços contratados. No caso do cliente final não honrar o acordado, fica sujeito a multas e penalidades que serão pagas à Americel, ou seja, as condições para fruição dos benefícios são as mesmas daquelas decorrentes dos produtos vendidos nas lojas próprias da Americel, e, portanto, também não há a prática de descontos incondicionais passíveis de dedução. 3) RECEITAS CONTABILIZADAS COMO “RECUPERAÇÃO DE CUSTO” No entendimento do autor do feito, as receitas desta espécie, provenientes de bonificações concedidas à fiscalizada pelos fabricantes dos equipamentos vendidos em quantidades e condições especiais (bônus de volume), representam receitas operacionais da beneficiária, e não uma redução do custo de aquisição, como está sendo contabilizado pela fiscalizada, e, nesta circunstância, devem integrar a base de cálculo das contribuições. Cientificada pessoalmente das exigências em 09/11/2012 (fls. 8.515/16), a autuada apresentou em 11/12/2012 a petição impugnativa acostada às fls. 8.522/87, na qual, em suma, aborda inicialmente as matérias objeto da autuação, para, em seguida, se contrapor parcialmente ao procedimento fiscal, discordando das exclusões consideradas indevidas pela fiscalização a título de “descontos incondicionais”, e, quanto às receitas contabilizadas como “recuperação de custo”, noticia que terminou por efetuar o recolhimento do débito correspondente a essa infração. Em face da impugnação parcial, as parcelas não contestadas foram apartadas para os autos do processo nº. 10166.731047/201221, conforme Termo de Transferência anexado às fls. 8.588/89, permanecendo sob litígio as parcelas demonstradas no extrato acostado às fls. 8.590/93, que correspondem às exclusões consideradas indevidas, contra as Fl. 8640DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA 4 quais a impugnante se insurge, com longa argumentação da qual se extrai, por sua relevância para deslinde do litígio, os fundamentos a seguir sumariados. Introdutoriamente, a impugnante se apresenta como empresa notoriamenteconhecida no mercado nacional de telecomunicação móvel, em que atua sob a marca “Claro”, explorando um segmento altamente competitivo, do qual participam outras operadoras tais como Tim, Oi e Vivo, e, neste contexto, efetua duas atividades econômicas distintas: (a) venda de aparelhos telefônicos e acessórios; e (b) prestação de serviços de telecomunicação, oferecendo uma gama de serviços que extrapolam a mera telefonia em si, incluindo transferência de dados, acesso a internet, interatividade, etc. Essas duas atividades, embora economicamente distintas, estão diretamente relacionadas entre si, pois a venda de aparelhos (atividade secundária) a preços vantajosos visa atrair novos clientes para a contratação de serviços de telecomunicação (atividade principal), e, neste contexto, os contratos dela decorrentes são coligados, na medida em que o vínculo entre eles se estabelece de tal forma que cada qual, isoladamente, seria desinteressante para as partes, formando uma unidade econômica. Neste cenário, ressalta que o ponto fundamental a esclarecer é se a interpretação dada pela autoridade fiscal seria (a) compatível com a natureza jurídica dos negócios praticados pela impugnante; e (b) se esse natureza seria conciliável com a norma tributária invocada como sustentáculo da autuação. Relembra que, segundo o autor do feito, a impugnante venderia aparelhos mediante concessão de descontos (diretamente ao consumidor ou aos dealers), gerando tais descontos uma imediata redução do preço ofertado ao público, porém sujeitos a uma condição que teria como efeito a “revogação”, o “desfazimento”, a “neutralização” da vantagem concedida, e, portanto, utilizando a linguagem técnico jurídica, implicaria, uma vez sobrevinda, à resolução do desconto anteriormente concedido. Em suma, a tese da fiscalização vislumbra, na prática comercial da impugnante, a concessão de descontos submetidos a condição resolutiva, que, por não serem incondicionais, como reza a norma invocada, seriam insuscetíveis de abatimento da receita bruta para incidência do PIS e da Cofins. Atacando a tese do fisco, a impugnante inicialmente suscita a argumentação de erro na matéria tributável e na motivação dos autos de infração, porque no caso concreto não houve a concessão de desconto, e, assim, não poderia a autoridade fiscalizadora considerar que os supostos “abatimentos concedidos” integrariam a receita bruta, podendo, quando muito, ter efetuado o lançamento do valor que denominou de “multas contratuais”, pagas apenas pelos assinantes que não cumprissem o prazo contratual de permanência mínima no plano. Afirma que o baixo valor dos aparelhos e acessórios comercializados não advém de desconto concedido, mas de mera Fl. 8641DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10166.729655/201276 Acórdão n.º 3102002.369 S3C1T2 Fl. 12 5 fixação do preço do produto, pouco importando se essa fixação está sujeita ou não a cláusula de condição. Desse modo, esclarecer a exata extensão dos conceitos de desconto e preço é a premissa fundamental para a comprovação desta assertiva. Neste aspecto, tomando como ponto de partida o dispositivo da IN SRF nº. 51, de 1978, invocado pela autoridade lançadora, destaca que o próprio texto em comento também explicita o conceito de desconto em si, ao preceituar que descontos são parcelas redutoras do preço de vendas, o que, logicamente, pressupõe existir um anterior preço de venda originalmente fixado para determinada mercadoria. Cita lições doutrinárias e reproduz gráfico esquemático para concluir que, se do ponto de vista conceitual, o desconto pressupõe a fixação de preço prévio anterior à sua concessão, sob a ótica jurídica e econômica, o preço líquido do desconto pressupõe: (a) fixação original de um preço para determinada mercadoria; (b) constituição de um vínculo obrigacional e consequente contabilização da receita bruta correspondente; e c) um fato superveniente que implique redução ou abatimento da obrigação anteriormente constituída. A partir do exposto, após outros comentários, a impugnante prossegue afirmando que nas vendas de aparelhos que efetua a preços diferenciados não se fazem presentes os pressupostos necessários que caracterizam a concessão de desconto, como entendeu a fiscalização, que, na realidade, confundiu os conceitos de “não receita” com “receita descontada”, pois não existe desconto sujeito a condição resolutiva quando o preço cobrado se reporta ao momento inicial da operação, como é o caso concreto: há um preço subsidiado para os aparelhos vendidos concomitantemente com a adesão à assinatura do serviço de telefonia móvel , isto é, a prática do preço reduzido de venda do aparelho não fica condicionado a um evento posterior. A cláusula de fidelidade constante no contrato de adesão da assinatura, na visão da impugnante, não está vinculada à concessão do benefício na venda do aparelho, mas ao uso do serviço contratado durante o tempo avençado, de sorte que se o usuário descumprir esta cláusula, será onerado por multa contratual, que, na hipótese de ocorrência, fica sujeita somente neste momento à incidência da contribuição para o PIS e da Cofins, o que a impugnante afirma ter observado, embora tal matéria não tenha sido objeto da ação fiscal. Observa que seria defeso sustentar que os registros contábeis e as notas fiscais às quais as autoridades fazendárias tiveram acesso constituem prova da ocorrência da concessão de descontos condicionais, pois a qualificação jurídica dos fatos deve sempre advir da lei e dos efeitos que atribui a esses fatos, sendo pacífico que há muito tempo a jurisprudência do atual CARF tem reconhecido a prevalência da substância dos fatos econômicos praticados sobre a forma de sua exteriorização. Fl. 8642DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA 6 Aduz que, ainda que se entenda que houve a prática venda de desconto, tratarseia de desconto comercial que foi oferecido pela impugnante aos seus clientes sem qualquer vinculação a evento futuro ou incerto, citando, neste sentido, posições doutrinárias e jurisprudenciais; em suma, os descontos classificados como condicionados pela autoridade fiscalizadora se tratam, na realidade, de descontos incondicionados, porque concedidos no momento da compra, sem subordinação a evento dependente de futuridade e incerteza. Ao contrário, no caso concreto há um evento presente e certo, bastando o cliente aderir a um plano de telefonia para adquirir o aparelho a preço promocional. Também afirma ser insustentável a versão de que o “desconto condicional” estaria mascarado por cláusula contratual que obriga o cliente a devolver determinado valor à impugnante, no caso de descumprimento do prazo de fidelidade, pois esta multa se trata de cláusula penal prevista no contrato de prestação de serviços de telefonia, cujo objeto é distinto da compra e venda do aparelho adquirido, que sequer é citado no acordo de fidelização. Destaca que os argumentos expendidos abrangem tanto as vendas efetuadas diretamente quanto as intermediadas por dealers, esclarecendo, quanto a estes últimos, que os contratos examinados pela fiscalização possuem disciplina jurídica específica, regulada pelo direito privado, que tratam dos contratos de agência, distribuição, prestação de serviços e de varejo, cujas operações, ao final, são semelhantes àquelas praticadas diretamente pela própria impugnante. Adicionalmente, argumenta que, diante do que todo o exposto, na hipótese de não serem cancelados os autos de infração impugnados, o que admite apenas para argumentar, protesta (a) contra a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, sob a alegação de que de acordo com o art. 3º. do art. 61 da Lei nº. 9.430, de 1996, c/c o art. 161 do CTN, a incidência dos juros de mora é restrita ao valor principal lançado, não alcançando a penalidade, invocando, em reforço de sua tese, decisões proferidas pelo então 1º Conselho de Contribuintes; e (b) pela produção de todas as provas em direito admitidas. A DRJ em Ribeirão Preto julgou improcedente a impugnação apresentada, nos seguintes termos: INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. VENDA DE APARELHOS DE TELECOMUNICAÇÃO MÓVEL. DESCONTOS INCONDICIONAIS. EXCLUSÃO. Na operação de venda de aparelhos de telecomunicação móvel a preços reduzidos, o benefício concedido no ato da venda caracteriza desconto incondicional, ainda que atrelado à adesão do adquirente a um contrato de prestação de serviços de telecomunicações, tendo em vista que a concessão do benefício é imediata, não dependendo de evento posterior à emissão da nota fiscal de venda, porque o contrato de compra e venda do aparelho e o contrato de prestação de serviços de telecomunicações são negócios jurídicos distintos, o que leva a Fl. 8643DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10166.729655/201276 Acórdão n.º 3102002.369 S3C1T2 Fl. 13 7 concluir que esses descontos não integram o faturamento da empresa, sujeito à incidência da contribuição. PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA Aplicase ao lançamento da contribuição para o PIS o decidido em relação à Cofins exigida de ofício a partir da mesma matéria fática. Tendo em vista o valor do crédito tributário exonerado, a DRJ em Brasília recorreu de ofício, nos termos do art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e Portaria MF n° 3, de 3 de janeiro de 2008. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Andréa Medrado Darzé. Conforme é possível perceber do relato acima, o deslinde da presente controvérsia gira em torno da definição da classificação jurídica dos descontos concedidos pelo contribuinte: se condicionados ou incondicionados. Afinal, restou incontroverso nos autos que a redução do valor de venda dos aparelhos celulares tem natureza de desconto e, inclusive, que eles estão corretamente contabilizados. Pois bem. Prescreve o art. 1º, § 3º, V, “a”, da Lein°10.833/03 (cuja redação é idêntica na Lei nº 10.637/02) o seguinte: Art. 1º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...) § 3º Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo as receitas: (...) V referentes a: a) vendas canceladas e aos descontos incondicionais concedidos; Referidas leis são claras ao determinar que os valores referentes aos descontos incondicionais não integram a base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS. O legislador, todavia, não trouxe a definição de descontos incondicionais, o que fora feito pela Instrução Normativa SRF nº 51/78, nos seguintes termos: Fl. 8644DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA 8 4.2 Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de venda, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. De acordo com a presente regra, para receber o qualificativo jurídico de incondicional os descontos devem preencher cumulativamente dois requisitos: (i) deverão constar na nota fiscal de venda dos bens ou fatura de prestação de serviços; e (ii) não poderão depender de evento posterior à emissão desses documentos, ou seja, não poderão depender de condição posterior. O instituto da condição, por sua vez, é disciplinado pelo Capítulo III do Código Civil, que a define como a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Ainda de acordo com o Código, seriam duas as espécies de condição: suspensiva e resolutiva. Esses conceitos estão assim definidos: CAPÍTULO III Da Condição, do Termo e do Encargo Art. 125. Subordinandose a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercerse desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido. Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extinguese, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos ditames de boafé. Art. 129. Reputase verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerandose, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento. Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conserválo. Como é possível perceber, na condição suspensiva, o negócio jurídico não tem eficácia enquanto o evento futuro e incerto não se verificar. Diante da presença de cláusula desta natureza, os efeitos do negócio ficam suspensos até o implemento da condição, que é necessariamente um evento futuro e incerto. Por outro lado, na condição resolutiva, o negócio jurídico produz efeitos desde o momento da sua celebração, porém, deixa de produzilos se e quando sobrevier o evento futuro e incerto. Fl. 8645DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10166.729655/201276 Acórdão n.º 3102002.369 S3C1T2 Fl. 14 9 No caso concreto, a fiscalização entendeu que o contribuinte teria realizado a concedido, na venda de aparelhos celulares, descontos sob condição resolutória. Para assim entender, partiu da premissa de que os adquirentes dos aparelhos poderiam gozar do desconto desde o momento da celebração do contrato de compra e venda, cessando a sua eficácia, todavia, caso sobreviesse o evento futuro e incerto, que, no caso, seria a interrupção de sua permanência no plano de telefonia contratado dentro do período mínimo de carência. Por outro lado, defende o contribuinte que a o desconto concedido na venda de aparelhos seria incondicionado, vez que não dependeria de qualquer evento futuro e incerto. Segundo o contribuinte, o desconto em análise teria uma condição: um evento certo e presente à celebração do contrato de compra e venda do aparelho, o que impediria tratálo como condicionado, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 51/78. Nas suas palavras: Assim, não há que se confundir a opção pelo plano, a qual já se dá no momento da compra do aparelho (evento presente e certo e suficiente para a concessão dos descontos), com a permanência no plano (evento que diz respeito ao adimplemento de outro contrato e que se subordina a consequências que lhe são próprias, como é o caso da multa contratual). Tanto é verdade, que o valor da multa relativa à cláusula penal dos contratos de prestação de serviços não corresponde ao valor do desconto concedido na venda dos aparelhos celulares. Isso porque além de se tratarem de negócios jurídicos distintos, como já se demonstrou, o valor do desconto varia conforme o preço e o modelo do aparelho escolhido pelo consumidor. Neste contexto, entendo que assiste razão ao contribuinte. O que se verifica no caso concreto é a celebração simultânea de dois contratos conexos, porém autônomos. O primeiro deles é o contrato de compra e venda de aparelho, com redução de custos, desde que o contribuinte, no próprio ato da venda, celebre outro contrato, o de fidelização pelo período de carência. Já o segundo, é o próprio contrato de prestação de serviços de telefonia, com cláusulas de fidelização e com previsão de multa contratual por seu descumprimento pelo assinante. Neste primeiro contrato (o de compra de aparelho), o desconto é concedido no ato da venda, não se vinculando a nenhuma condição futura ou incerta. Uma vez adquirido o aparelho, com a emissão da respectiva nota fiscal na qual já prevê o desconto concedido, o usuário poderá utilizálo como bem lhe aprouver, não sendo sequer obrigatório o uso do aparelho nos serviços de telecomunicações contratados em instrumento distinto. E mais, em nenhuma situação (mesmo de quebra do contrato conexo, de prestação de serviços), o adquirente fica obrigado a devolver o desconto recebido. Como bem ressaltado pelo contribuinte, mesmo em caso de cancelamento do plano pelo consumidor, fato é que o valor do desconto concedido na venda do aparelho jamais é devolvido à Recorrida. É ele definitivo desde o momento em que ocorre a adesão ao plano, pouco importando os eventos futuros que sucederem. Com efeito, diante dos elementos de prova trazidos pelo contribuinte, fica claro que o desconto, sob análise, é irretratável e concedido independentemente de qualquer evento futuro e incerto posterior à emissão da nota fiscal de venda. Pelo contrário, depende exclusivamente de evento certo e contemporâneo ao ato de concessão: a adesão ao plano, que se dá no mesmo momento do ato da compra do equipamento telefônico. Fl. 8646DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA 10 A multa a que se refere a fiscalização é estipulada exclusivamente no outro instrumento contratual (de prestação de serviço de telefonia) e tem, aqui sim, como condição futura e incerta o descumprimento das cláusula do plano se serviços contratado. Mas esta penalidade não está prevista no contrato de compra e venda de aparelho com desconto, tampouco, interfere naquele acordo de vontades, perfeito e acabado com a sua própria celebração, acompanhada do pagamento do preço e da tradição do bem. Tanto é verdade que a condição futura e incerta se refere apenas ao contrato de prestação de serviços, que o valor da multa relativa à cláusula penal desse contrato não corresponde ao valor do desconto concedido na venda dos aparelhos celulares, variando exclusivamente acordo com o próprio tipo de plano de serviços adquirido. Enquanto o valor do desconto varia conforme o preço e o modelo do aparelho escolhido pelo consumidor, a multa é fixa para cada plano de adesão, o que corrobora a demonstração de que se trata de contratos conexos, porém autônomos e que a cláusula penal pela realização de evento futuro e incerto está presente apenas no segundo pacto (prestação de serviços). Em síntese, o desconto sobre a aquisição do aparelho é concedido no ato da venda, sem dependência de qualquer evento futuro e incerto posterior à emissão da nota fiscal. Assim, deve receber o qualificativo de incondicional, na medida em que preenche cumulativamente os dois requisitos prescritos pela legislação: (i) consta na nota fiscal de venda dos bens; e (ii) não depende de evento posterior à emissão desses documentos. Como bem colocado pela decisão recorrida, nesta hipótese, se trata de desconto incondicional, de natureza comercial, em que faturamento da empresa sujeito à incidência das contribuições em foco é o valor líquido da venda consignado na nota fiscal correspondente, tanto nas operações realizadas nos pontos de venda próprios da empresa como nos estabelecimentos parceiros que praticam operações similares. Cabe aqui mais um pequeno esclarecimento. É bem verdade que o desconto na venda de aparelhos somente é concedido caso o consumidor celebre também um contrato de prestação de serviços de telefonia, com cláusulas de fidelização e previsão de multa contratual por seu descumprimento pelo assinante. Ocorre que esta condição (celebrar outo contrato) não é suficiente para desqualificar juridicamente o desconto como incondicional, uma vez que, ainda assim, ele permanece se encaixando na definição legal trazida pela Instrução Normativa SRF nº 51/78. Não é qualquer condição que é suficiente para qualificar um desconto como condicional. Nos termos estabelecidos pela própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, descontos concedidos com condições atuais e certas permanecem sendo classificados como incondicionais, na medida em que continuam sendo parcelas redutoras do preço de venda, que constam da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependem de evento posterior à emissão desses documentos. Assim, restando evidente que os descontos concedidos pelo contribuinte são incondicionados, já que, reafirmese: (i) constam na nota fiscal de venda dos bens; e (ii) não dependem de evento posterior à emissão desses documentos, não se sujeitam à incidência do PIS e da COFINS, não merecendo qualquer reparo a decisão recorrida. Em face do exposto, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício. [Assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Fl. 8647DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10166.729655/201276 Acórdão n.º 3102002.369 S3C1T2 Fl. 15 11 Voto Vencedor Em primeiro lugar, destaco o brilhante voto da ilustre relatora, que didaticamente definiu os conceitos de descontos condicionais e incondicionais. Contudo, embora concorde com as definições ali apresentadas, discordo das suas conclusões. No caso, entendo que os descontos destacados nas notas fiscais de vendas de equipamentos de telefonia e transmissão de dados, na verdade se tratam de descontos condicionais, já que dependem de evento futuro e incerto, o qual seria a permanência do adquirente do aparelho (quem usufruiu do desconto) no plano de telefonia contratado, durante o prazo de carência prédeterminado pelo contrato de prestação de serviços, assinado simultaneamente à compra e venda do telefone/modem sobre a qual incidiu o desconto. Conforme sustenta o próprio impugnante, a venda de aparelhos e a prestação de serviços de telecomunicação, embora se tratem de atividades economicamente distintas, estão diretamente relacionadas entre si, pois a venda de aparelhos a preços vantajosos visa atrair novos clientes para a contratação de serviços de telecomunicação, e, neste contexto, os contratos decorrentes são coligados e formam uma unidade econômica. Uma vez estabelecido o vínculo contratual entre a operadora de telefonia e o adquirente do aparelho (que simultaneamente contrata o plano de prestação de serviços), é determinado um prazo de carência (dentro do que se chama como “acordo de fidelização”) durante o qual o contratante fica obrigado a permanecer filiado ao plano contratado, pagando as respectivas mensalidades. Caso opte por se desligar do plano antes do final do referido prazo, será aplicada a multa contratualmente prevista. Ou seja, além de existir uma primeira condição para se obter o desconto, que consiste na exigência simultânea de adesão contratual a um dos planos da operadora, o mesmo contrato de prestação de serviços prevê ainda uma multa para evitar que o contratante se desvincule do plano antes do prazo previsto. Pelo acima exposto, fica evidente que a exigência de permanência do adquirente do aparelho no plano de serviços contratado também se trata de uma condição que, se for descumprida, terá como efeito a anulação/redução da vantagem econômica concedida através do desconto destacado na nota fiscal de venda do aparelho, através da aplicação da multa contratualmente prevista para a hipótese do rompimento do acordo de fidelização. Observese que a mesma empresa Claro S/A, em ação cível (TJRS Nº 70060221652 N° CNJ: 021472867.2014.8.21.7000) onde se questiona a aplicação da referida multa de fidelização, obteve provimento favorável, cujo entendimento é similar ao que aqui se sustenta (grifo nosso): APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. TELEFONIA MÓVEL. AQUISIÇÃO DE CELULAR MEDIANTE DESCONTO SUBSIDIADO PELA OPERADORA. PLANO DE FIDELIDADE. DESCUMPRIMENTO. MULTA CONTRATUAL. CABIMENTO. PREJUÍZO NÃO VERIFICADO. Fl. 8648DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA 12 1. Não há falar em julgamento extra petita, pois, embora o reconhecimento da chamada venda casada não tenha integrado, expressamente, os pedidos da parte autora, o reconhecimento da inexigibilidade do débito, oriundo de desatendimento de cláusula de fidelidade, passa, necessariamente, pela análise do contrato entabulado entre as partes. 2. Consoante entendimento pacífico desta Corte, não há ilegalidade na cláusula de fidelidade, restando possível a exigência da multa contratual estabelecida para o caso de rescisão antecipada da avença. 3. A empresa autora adquiriu aparelhos de celular com um desconto considerável em seu preço, de modo que o período de 24 meses de fidelização visa retribuir à operadora o montante subsidiado na compra. Destarte, não há como extinguir a contratação em tela sem que seja integralmente cumprido tal período, ou paga a multa contratual prevista, como tem exigido a operadora de telefonia. 4. Não há falar em reparação material, pois o valor exigido pela operadora é devido, ao passo que os aparelhos adquiridos não apresentaram qualquer vício ou defeito. De outra parte, mostrandose regular a inscrição do nome da requerente em cadastros restritivo de crédito – considerando ser incontroverso o inadimplemento – não há falar em prejuízo extrapatrimonial, descabendo a fixação de indenização em seu favor. APELAÇÃO PROVIDA. Ainda, o fato do valor da multa não se vincular diretamente ao valor do desconto concedido é irrelevante, pois o que se discute aqui é se o desconto seria condicional ou incondicional. No caso, uma vez caracterizado que de fato existe uma condição, cujo descumprimento poderá neutralizar o desconto concedido, não há mais que se falar em desconto incondicional. Conforme já explicado no voto da ilustre relatora, a definição de descontos incondicionais, que não integram a base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS, foi instituída pela Instrução Normativa SRF nº 51/78 e exige que os mesmos constem da nota fiscal e não dependam de evento posterior à emissão desses documentos. Por todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso de Ofício. [Assinado digitalmente] José Luiz Feistauer de Oliveira Fl. 8649DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 18/03/2015 por ANDREA MEDRADO DARZE, Assinado digitalmente em 19/03/2015 por JOSE LUIZ FEISTAUER DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 02/04/2015 por RICARDO PAULO ROSA
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