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Numero do processo: 10880.979327/2009-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2001
PEDIDO DE PERÍCIA.
No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide.
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação.
Numero da decisão: 1201-001.733
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2001 PEDIDO DE PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 PEDIDO DE PERÍCIA. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, as provas documentais devem ser apresentadas na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972. O pedido de realização de perícia é uma faculdade da autoridade julgadora, que deve assim proceder apenas se entender imprescindível à solução da lide. COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e liquidez do crédito são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de prova da sua origem, não autoriza a homologação da compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Eva Maria Los, Gustavo Guimarães da Fonseca (Suplente) e José Carlos de Assis Guimarães. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 97 93 27 /2 00 9- 48 Fl. 29DF CARF MF Processo nº 10880.979327/200948 Acórdão n.º 1201001.733 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de pedido de compensação de crédito tributário com determinado débito de responsabilidade do próprio contribuinte. A DCOMP, após análise eletrônica, gerou a emissão de Despacho Decisório que não homologou o pleito do contribuinte, sob a alegação de inexistência de crédito. Segundo o despacho, o pagamento indicado pelo contribuinte não possuiria saldo disponível para compensação, uma vez que já foi integralmente utilizado para quitação de outro débito tributário apurado pelo contribuinte. Inconformada com a exigência, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, alegando que o crédito é sim legítimo, pois decorrente de pagamento de tributo indevido. Tramitado o feito, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade, sob o entendimento de que a contribuinte não teria comprovado o seu direito creditório. Intimada da decisão de primeira instância, a Recorrente interpôs recurso voluntário. Reitera os argumentos contidos na manifestação de inconformidade e pede perícia para verificar o crédito. É o relatório. Voto Roberto Caparroz de Almeida, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201001.692, de 17.05.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.691176/200907, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201001.692): De acordo com o despacho decisório, o crédito pleiteado pela Recorrente não existiria, uma vez que teria sido utilizado para quitar outros débitos de sua responsabilidade. Também por esse mesmo motivo, e adotada a premissa de que a Recorrente não comprovou o direito líquido e certo do direito creditório, a decisão de primeiro grau não homologou a compensação. Fl. 30DF CARF MF Processo nº 10880.979327/200948 Acórdão n.º 1201001.733 S1C2T1 Fl. 4 3 Por ocasião do recurso voluntário, a Recorrente não apresenta nenhum esclarecimento ou prova complementar ou adicional, requerendo que seja feita perícia a fim de comprovar a origem do crédito alegado. No âmbito do Processo Administrativo Fiscal, a produção de prova pericial deve ser determinada pela autoridade julgadora quando imprescindível à solução da lide. Tratase de medida que busca esclarecer eventuais dúvidas dos julgadores, que possuem a faculdade, e não a obrigatoriedade, de se valerem ou não de tal expediente. Nessa situação particular, a solução da presente demanda não requer uma perícia em sentido técnico, limitando se a análise ou não do direito creditório na forma pela qual o processo está instruído. Isso porque as autoridades julgadoras devem apreciar as provas conforme produzidas no processo. E no âmbito do Processo Administrativo Fiscal, como se sabe, a produção de provas documentais deve ser feita na impugnação, a não ser que isso seja impraticável, nos termos do art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: “Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior”. Nesse sentido, entendo que o pedido de perícia requerido pela interessada não merece ser acolhido. A interessada, na verdade, ao requerer uma perícia, busca, de forma indevida, livrarse de seu ônus de prova o direito creditório alegado. Com efeito, a comprovação da liquidez e certeza do crédito constitui ônus da contribuinte, conforme prescreve o artigo 170 do CTN, in verbis: “Artigo 170 A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.” Grifei. Resta patente, portanto, que a Recorrente já deveria ter trazido aos autos os documentos comprobatórios do pretenso crédito Fl. 31DF CARF MF Processo nº 10880.979327/200948 Acórdão n.º 1201001.733 S1C2T1 Fl. 5 4 tributário, não podendo valerse de um pedido de perícia para afastar este ônus. Ademais, convém assinalar que alegações genéricas sobre a origem do direito creditório, desacompanhadas de documentos hábeis, são incapazes de fazer prova acerca da liquidez e certeza do crédito. Nesse caso concreto, a Recorrente não apresentou sua escrituração contábil, apurações fiscais, cópia de pedido de restituição, relatório de auditoria independente ou qualquer outra documentação pertinente a fazer prova do crédito que pleiteia. Pelo contrário, as alegações e documentos trazidos aos autos não são capazes de provar o direito creditório que o contribuinte busca ser reconhecido. O que se tem no caso, pois, é uma compensação cujo crédito não restou efetivamente comprovado, prejudicando o direito correlato de compensação. Vale assinalar que a jurisprudência do CARF admite a possibilidade de compensação de indébito, mas desde que haja comprovação cabal quanto à liquidez e certeza do crédito pleiteado. É o que se verifica dos julgados abaixo: “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PROVA. ÔNUS. O ônus da prova do crédito tributário pleiteado no Per/Dcomp Pedido de Restituição é da contribuinte (artigo 333, I, do CPC). Não sendo produzida nos autos, indeferese o pedido e não homologase a compensação pretendida entre crédito e débito tributários.” (Ac. 1102000.890. Sessão de 14/08/2013). “DESPACHO DECISÓRIO E DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. São válidos o despacho decisório e a decisão que apresentam todas as informações necessárias para o entendimento do contribuinte quanto aos motivos da nãohomologação da compensação declarada. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte”. (Ac. 3302 002.383. Sessão de 02/11/2013). “PER/DCOMP. RETIFICAÇÃO DA DCTF. PROVA DO DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O contribuinte, a despeito da retificação extemporânea da Dctf, tem direito subjetivo à compensação, desde que apresente prova da liquidez e da certeza do direito de crédito. A simples retificação, desacompanhada de qualquer prova, não autoriza a homologação da compensação” (Ac. 3802002.076. Sessão de 14/08/2013). Nesse sentido, e em face do que foi exposto, CONHEÇO do Recurso para NEGARLHE provimento. Fl. 32DF CARF MF Processo nº 10880.979327/200948 Acórdão n.º 1201001.733 S1C2T1 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Fl. 33DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.016522/2009-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS.
Incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a titulo de participação nos lucros e resultados da empresa quando em desacordo com a Lei nº 10.101/2000.
Tratando-se de negociação através de comissão de empregados, a efetiva participação de representante do sindicato nas deliberações, inclusive com direito a voto, é requisito essencial para a legitimidade dos termos acordados.
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR.
Tratando-se de previdência complementar por entidade fechada, a empresa está obrigada a oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes. Não se considera disponível a todos, quando a empresa se nega a realizar aportes a alguns de seus segurados, especialmente em razão da faixa salarial.
PREVIDENCIÁRIO. MULTAS. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. PORTARIA CONJUNTA PGFN/RFB 14/2009.
Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%, nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB 14/2009.
Numero da decisão: 2301-005.043
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito: I) quanto ao levantamento Previdência Privada: por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos o relator e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; II) quanto ao levantamento Participação nos Lucros e Resultados: a) por unanimidade de votos, negar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada a inexistência de instrumento de acordo; b) por maioria de votos, dar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada a assinatura do instrumento de acordo no final do período de apuração, vencida a conselheira Andrea Brose Adolfo; c) por voto de qualidade, negar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada: falta de participação do sindicato, restrição ao poder de voto do sindicato e existência de fórmula pré-estabelecida, vencidos o relator e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; III) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e Jorge Henrique Backes; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por voto de qualidade, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal. Designado para redigir o voto vencedor em relação à Previdência Privada e Participação nos Lucros (participação do sindicato, restrição de poder de voto dos sindicatos e existência de fórmula pré-estabelecida), o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, e quanto á retroatividade benigna a conselheira Andrea Brose Adolfo.
(assinado digitalmente)
Andréa Brose Adolfo Presidente em exercício e Redatora
(assinado digitalmente)
Fábio Piovesan Bozza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: FABIO PIOVESAN BOZZA
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camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a titulo de participação nos lucros e resultados da empresa quando em desacordo com a Lei nº 10.101/2000. Tratando-se de negociação através de comissão de empregados, a efetiva participação de representante do sindicato nas deliberações, inclusive com direito a voto, é requisito essencial para a legitimidade dos termos acordados. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Tratando-se de previdência complementar por entidade fechada, a empresa está obrigada a oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes. Não se considera disponível a todos, quando a empresa se nega a realizar aportes a alguns de seus segurados, especialmente em razão da faixa salarial. PREVIDENCIÁRIO. MULTAS. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. PORTARIA CONJUNTA PGFN/RFB 14/2009. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%, nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB 14/2009.
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secao_s : Segunda Seção de Julgamento
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito: I) quanto ao levantamento Previdência Privada: por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos o relator e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; II) quanto ao levantamento Participação nos Lucros e Resultados: a) por unanimidade de votos, negar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada a inexistência de instrumento de acordo; b) por maioria de votos, dar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada a assinatura do instrumento de acordo no final do período de apuração, vencida a conselheira Andrea Brose Adolfo; c) por voto de qualidade, negar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada: falta de participação do sindicato, restrição ao poder de voto do sindicato e existência de fórmula pré-estabelecida, vencidos o relator e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; III) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e Jorge Henrique Backes; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por voto de qualidade, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal. Designado para redigir o voto vencedor em relação à Previdência Privada e Participação nos Lucros (participação do sindicato, restrição de poder de voto dos sindicatos e existência de fórmula pré-estabelecida), o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, e quanto á retroatividade benigna a conselheira Andrea Brose Adolfo. (assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo Presidente em exercício e Redatora (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Fernanda Melo Leal.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. Incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a titulo de participação nos lucros e resultados da empresa quando em desacordo com a Lei nº 10.101/2000. Tratandose de negociação através de comissão de empregados, a efetiva participação de representante do sindicato nas deliberações, inclusive com direito a voto, é requisito essencial para a legitimidade dos termos acordados. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. Tratandose de previdência complementar por entidade fechada, a empresa está obrigada a oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes. Não se considera disponível a todos, quando a empresa se nega a realizar aportes a alguns de seus segurados, especialmente em razão da faixa salarial. PREVIDENCIÁRIO. MULTAS. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. FATOS GERADORES NÃO DECLARADOS EM GFIP. PORTARIA CONJUNTA PGFN/RFB 14/2009. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplicase a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado da soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e a multa por falta de declaração em GFIP, vigente à época da materialização da infração, com o resultado da incidência de multa de 75%, nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB 14/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 65 22 /2 00 9- 51 Fl. 3229DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito: I) quanto ao levantamento Previdência Privada: por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, vencidos o relator e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; II) quanto ao levantamento Participação nos Lucros e Resultados: a) por unanimidade de votos, negar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada a inexistência de instrumento de acordo; b) por maioria de votos, dar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada a assinatura do instrumento de acordo no final do período de apuração, vencida a conselheira Andrea Brose Adolfo; c) por voto de qualidade, negar provimento em relação aos fatos geradores em que caracterizada: falta de participação do sindicato, restrição ao poder de voto do sindicato e existência de fórmula préestabelecida, vencidos o relator e os conselheiros Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; III) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo e Jorge Henrique Backes; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, por voto de qualidade, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Fernanda Melo Leal. Designado para redigir o voto vencedor em relação à Previdência Privada e Participação nos Lucros (participação do sindicato, restrição de poder de voto dos sindicatos e existência de fórmula préestabelecida), o conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, e quanto á retroatividade benigna a conselheira Andrea Brose Adolfo. (assinado digitalmente) Andréa Brose Adolfo – Presidente em exercício e Redatora (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andréa Brose Adolfo (presidente em exercício), Júlio César Vieira Gomes, Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Alexandre Evaristo Pinto, Fernanda Melo Leal. Relatório Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Tratase de recurso voluntário interposto pela Eaton Ltda. contra o acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP (DRJ/Campinas), que julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário lançado. Fl. 3230DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 3 3 A fiscalização lavrou diversos autos de infração com o intuito de exigir da ora Recorrente o recolhimento de contribuições previdenciárias e de terceiro, além de multas e de juros de mora, incidentes sobre os pagamentos de contribuições à previdência privada complementar e de participações sobre lucros ou resultados aos seus empregados, ocorridos no período compreendido entre janeiro/2005 e dezembro/2008. A ciência das autuações ocorreu em 03/12/2009 e as exigências fiscais encontramse assim distribuídas: 1. Auto de Infração de Obrigação Principal DEBCAD nº 37.257.9655 (processo administrativo nº 10830.016522/200951), relativo às contribuições previdenciárias patronais; 2. Auto de Infração de Obrigação Principal DEBCAD nº 37.257.9663 (processo administrativo nº 10380.016523/200903), relativo às contribuições previdenciárias dos segurados empregados; 3. Auto de Infração de Obrigação Principal DEBCAD nº 37.257.9671 (processo administrativo nº 10380.016524/200940), relativo às contribuições devidas a outras entidades e fundos (terceiros), relativas à contribuição do salárioeducação e as destinadas ao INCRA, SENAI, SESI e SEBRAE 4. Auto de Infração de Obrigação Acessória DEBCAD nº 37.257.9680 (processo administrativo nº 10380.016525/200994), relativo à multa por entrega de GFIP com omissão das remunerações pagas aos segurados empregados, a título de previdência privada complementar de caráter fechado (Eatonprev) e Participação nos Lucros ou Resultados (PLR), nos termos do art. 32, inciso IV, parágrafo 5º da Lei n° 8.212/91, na redação da Lei n° 9.528/97. A acusação fiscal escorase nas seguintes irregularidades (fls. 12): (i) pagamentos realizados à entidade fechada de previdência privada (EatonPrev), sem disponibilizar o benefício à totalidade dos empregados da Recorrente, circunstância que descaracterizaria a desoneração de contribuição previdenciária prevista em lei; somente os empregados com salários superiores a dez vezes o salário unitário definido em regulamento receberiam contrapartida ao plano de previdência privada por parte da Recorrente; (ii) pagamento de participação sobre lucros ou resultados (PLR) relativamente a alguns grupos de empregados em descumprimento com os requisitos legais (falta ou restrição indevida da participação do sindicato nas negociações ou na celebração do acordo de PLR, assinatura do instrumento em data próxima ao pagamento). Irresignada, a Recorrente apresentou impugnação (fls. 941), a qual foi julgada improcedente pela DRJ/Campinas. O acórdão de primeira instância possui a seguinte ementa (fls. 1947): Assumo: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2008 Fl. 3231DF CARF MF 4 LANÇAMENTO FISCAL. PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR CUSTEIO SEM ATENDIMENTO AOS PRESSUPOSTOS DA LEI. SALÁRIODECONTRIBUICAO. Integra o saláriodecontribuição o valor pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, quando não custeado à totalidade de seus empregados e dirigentes. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. Integra o saláriodecontribuição a verba intitulada participação nos lucros ou resultados da empresa quando paga ou creditada em desacordo com a lei específica. INCRA A contribuição destinada ao INCRA é devida tanto pela empresa urbana como pela empresa rural em face do princípio constitucional da solidariedade social. MULTA. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplicase a lei superveniente quando cominar penalidade menos severa que a prevista naquela vigente ao tempo de sua lavratura. PROVAS. O momento para a apresentação de documentos se dá com a impugnação precluindo o direito de apresentação de provas após o decurso do prazo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Ainda irresignada, a Recorrente apresentou recurso voluntário defendendo (fls. 1988): (a) a nulidade da autuação por ausência de verificação da verdade material; (b) a concessão de previdência privada não tem caráter remuneratório e foi oferecida a todos os empregados – conforme atestam o informativo dos Recursos Humanos, o Regulamento do Plano de Benefícios Eaton e o Termo de Opção assinado pelos empregados – cumprindose assim todos os requisitos legais para a desoneração do benefício; (c) a legislação previdenciária não impõe a realização de aporte de valores pela empregadora em favor da previdência privada de todos os funcionários; (d) mesmo assim, a Recorrente é obrigada pelo plano de previdência privada a realizar uma contribuição mínima creditada na conta coletiva do fundo, de modo a beneficiar todos os empregados; (e) a Recorrente jamais implementou o referido programa como “manobra” para evitar tributação de suposta remuneração paga aos empregados, tendo em vista que todos os requisitos estabelecidos na legislação previdenciária foram seguidos, e que os valores depositados nos fundos do programa de previdência privada não podiam ser sacados Fl. 3232DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 4 5 mensalmente e/ou aleatoriamente senão após a ocorrência de determinados eventos geralmente atrelados a aposentadoria do empregado ou sua demissão; (f) os diversos acordos de PLR firmados pela Recorrente contaram com a participação do sindicato local, sendo a eventual falta de assinatura no instrumento suprida pelos comunicados e pela lista de presença; (g) nem a legislação previdenciária e muito menos a Lei n° 10.101/2000 estipulam a obrigatoriedade de poder de veto ao sindicato; pelo contrário, a lei simplesmente estabelece que o sindicato deverá participar das negociações como forma de assessorar e garantir os direitos dos trabalhadores; (h) apesar dos insistentes comunicados da Recorrente, em pouquíssimos casos, a participação sindical não foi tão ativa nas tratativas para fixação de PLR em favor dos funcionários, não podendo a Recorrente ser penalizada pela inércia, má vontade ou indisponibilidade de horário do sindicato; (i) nos casos em que o sindicado, embora intimado, não compareceu às reuniões, a Recorrente viuse obrigada a iniciar as negociações diretamente com os empregados, conforme autorizado pelo art. 617, §1º da CLT; (j) haveria um apego exagerado ao formalismo e lesão ao espírito da Lei nº 10.101/2000 por parte da fiscalização, relativamente ao início da vigência dos acordos em data próxima ao pagamento da PLR e à falta de participação ou de assinatura dos sindicatos nos acordos; (k) a aplicação da retroatividade benigna relativamente à multa lançada de ofício está incorreta, devendo ser revista. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Fábio Piovesan Bozza Após verificações e diligências (Resolução nº 2301000.541 e informação fiscal às fls. 3149), restou comprovado que a intimação do acórdão de primeira instância ocorreu em 03/09/2010 (sextafeira) e o recurso voluntário foi interposto em 05/10/2010 (data da postagem no correio). Por ser tempestivo e por cumprir com as formalidades legais, dele tomo conhecimento. Nulidade do Lançamento A Recorrente argui nulidade do lançamento em razão de a fiscalização ter analisado superficialmente a documentação, violando, assim, a busca da verdade material. Aduz que a fiscalização limitouse apenas a constatar a existência de pagamentos realizados, deixando de perquirir a que título tais pagamentos teriam sido efetuados, assim como sua natureza e habitualidade. No entanto, sem razão a Recorrente. Fl. 3233DF CARF MF 6 O teor do relatório fiscal revela uma descrição minuciosa das situações que motivaram o lançamento de ofício nas situações envolvendo os pagamentos de previdência privada complementar e de participação nos lucros ou resultados, descritos nos anexos I, II e III. Além disso, a fiscalização não lastreou o lançamento de ofício exclusivamente em pagamentos realizados. A respectiva natureza dos pagamentos foi sim considerada. Entretanto, como na visão da fiscalização a Recorrente teria descumprido requisitos legais para aplicar a desoneração pretendida, promoveuse a requalificação dos valores pagos. Se as conclusões fiscais foram corretas ou não, tratase de matéria de mérito a ser analisada a seguir. Dessa forma, a preliminar de nulidade não merece ser acolhida. Previdência Privada Complementar de Entidade Fechada A fiscalização sustenta que a Recorrente não cumpriu com os requisitos contidos na legislação para fazer jus à desoneração das contribuições previdenciárias, exigindo o recolhimento das exações incidentes sobre o valor dos aportes realizados em planos de previdência privada dos empregados, mantidos em entidade fechada (EatonPrev): Conforme constatado, somente empregados com remuneração superior a determinado parâmetro – o qual variou de R$ 3.474,80 a R$ 4.695,30 entre os anos de 2005 e 2008 – receberiam contrapartida ao referido plano por parte da Recorrente. Os empregados com remuneração inferior ao parâmetro poderiam participar do plano mediante aportes próprios, mas não receberiam aportes da empregadora. No entender da fiscalização, tal circunstância vulneraria a condição posta pelo art. 28, §9º, alínea “p” da Lei nº 8.212/91 para assegurar a não incidência das contribuições previdenciárias sobre os valores aportados pela Recorrente nos planos de previdência privada dos empregados: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9° e 468 da CLT; A interpretação dada pelas autoridades fiscais, no sentido de que os aportes patronais devem ser estendidos à totalidade dos empregados, também foi compartilhada pelo acórdão de primeira instância, conforme atesta a transcrição do seguinte trecho do voto do relator (fls. 1967 – grifos nossos): Ora, a norma acima estabelece de forma clara que não há incidência se os valores efetivamente pagos pela pessoa jurídica, a título de previdência complementar, forem extensivos a todos os seus segurados, o que de forma alguma ocorreu no caso em questão, pois efetivamente a empresa arcava com a contribuição de sua parte denominada de contribuição básica, somente àqueles funcionários que pertencessem a certa faixa salarial, como demonstrado no relatório fiscal. Fl. 3234DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 5 7 Não obstante as alentadas considerações desenvolvidas pelas autoridades fiscais e pelo acórdão de primeira instância, não concordo com tal entendimento. O art. 202, §2º da Constituição Federal de 1988, na redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98, estabelece que as contribuições do empregador a planos de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, nos termos da lei1. As disposições legais existentes a respeito não se resumem ao estabelecido pelo art. 28, §9º, alínea “p” da Lei nº 8.212/91, havendo outras disposições igualmente relevantes, a exemplo do art. 458 da CLT2 e dos art. 68 e 69 da Lei Complementar nº 109/20013. Todas essas prescrições devem ser interpretadas de maneira sistemática e, sempre que possível, de forma harmoniosa. Além disso, o art. 28, §9º da Lei nº 8.212/91 elenca verbas que não integram a base de cálculo e, em algumas situações, impõe condições para a fruição da desoneração (por exemplo, a extensão do benefício a todos os empregados). Considero que tal dispositivo não encerra propriamente uma norma de isenção, mas sim uma norma declaratória de não incidência tributária, tal como revela a exposição de motivo de uma das leis que o alterou4. As condições existentes em algumas alíneas do §9º não prejudicam tal conclusão e podem ser vistas como normas específicas antievasão, impostas pelo legislador 1 Art. 202. (...) § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 2 Art. 458. Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações "in natura" que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (...) § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: VI – previdência privada; 3 Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. § 1º Os benefícios serão considerados direito adquirido do participante quando implementadas todas as condições estabelecidas para elegibilidade consignadas no regulamento do respectivo plano. § 2º A concessão de benefício pela previdência complementar não depende da concessão de benefício pelo regime geral de previdência social. Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1º Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. § 2º Sobre a portabilidade de recursos de reservas técnicas, fundos e provisões entre planos de benefícios de entidades de previdência complementar, titulados pelo mesmo participante, não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. 4 “19. A alteração do art. 28 da Lei nº 8.212 de 1991, fazse necessária para melhor caracterizar o saláriode contribuição, identificando, detalhadamente, as parcelas que o integram e as que não sofrem a incidência de contribuições previdenciárias, possibilitando maior segurança ao contribuinte nessa obrigação que ora se lhe pretende imputar, além de reunir num só ato legal diversas disposições esparsas em várias leis. Por outro lado, é antecipada, no âmbito da Previdência Social, a alteração do conceito de remuneração, para fins de incidência de contribuição previdenciária, visando à unificação com o Fundo de Garantia do Tempos de Serviço – FGTS, que, em breve, darseá na área trabalhista” (exposição de motivos da Medida Provisória nº 1.59614, convertida na Lei nº 9.528/97, publicada no Diário do Congresso Nacional de 02/12/1997, p. 17834). Fl. 3235DF CARF MF 8 com o objetivo de evitar que verbas tributáveis sejam pagas travestidas de verbas não tributáveis. E mais. A interpretação realizada do disposto no art. 28, §9º, alínea “p” da Lei nº 8.212/91 pelas autoridades fiscais e pelo acórdão recorrido está equivocada. O que deve estar disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes não é o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica, mas sim o programa de previdência complementar, aberto ou fechado. Tal entendimento alinhase ao disposto no art. 16 da Lei Complementar nº 109/2001, que ao tratar dos planos de benefícios de entidades fechadas, estabeleceu que a empregadora deve obrigatoriamente oferecer o plano a todos os empregados (e não obrigatoriamente custeálo). A obrigação de oferecer o plano de previdência privada não impõe à empregadora a obrigação de obter a adesão efetiva de todos os seus empregados, muito menos a compele a realizar aportes em favor de todos eles (destaques nossos): Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. § 1º Para os efeitos desta Lei Complementar, são equiparáveis aos empregados e associados a que se refere o caput os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. § 2º É facultativa a adesão aos planos a que se refere o caput deste artigo. § 3º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos planos em extinção, assim considerados aqueles aos quais o acesso de novos participantes esteja vedado. Há mais. O plano de previdência privada ora examinado notabilizase por proporcionar um complemento àquele empregado que recebe remuneração acima do teto da aposentadoria pago pelo INSS. Se o empregado recebe remuneração abaixo do mencionado teto – pela finalidade deste plano de previdência privada – não há necessidade de complementar o valor de benefício pago pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS), muito embora o plano lhe proporcione outros amparos, a exemplo de um valor de benefício mínimo (conforme item 7.25 do plano, abaixo transcrito). É bem verdade que os parâmetros para realização de aportes patronais no período fiscalizado (R$ 3.474,80 a R$ 4.695,30) não são idênticos aos tetos do RGPS (R$ 2.668,15 a R$ 3.038,99), mas há certa proximidade. Além disso, é preciso considerar a evolução salarial do empregado ao longo da carreira. Consequentemente, o critério de diferenciação utilizado afigurase razoável para atingir a finalidade proposta pelo plano, que é complementar a aposentadoria daqueles que recebem acima do teto do RGPS. E isso não atenta contra a isonomia. A questão não é nova neste CARF, havendo diversos precedentes que se posicionam no sentido ora esposado (grifos nossos): PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. EXCLUSÃO DOS TRABALHADORES QUE RECEBEM ABAIXO DO TETO DO RGPS. Fl. 3236DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 6 9 A questão da incidência ou não de contribuições previdenciárias sobre o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar não decorre de norma isentiva a ser interpretada literalmente. Em verdade, tratase de uma imunidade tributária, prevista no art. 202, § 2º da Constituição Federal. A interpretação restritiva, aplicada nas hipótese de imunidade tributária, não reduz o campo da norma, mas determinalhe as fronteiras exatas. Não conclui de mais, nem de menos do que o texto exprime, mas declara o sentido verdadeiro e o alcance exato da norma, tomando em apreço todos os fatores jurídico sociais que influíram em sua elaboração. O sistema de previdência complementar, de caráter privado, facultativo e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, objetiva garantir a continuidade do padrão de bemestar correspondente a fase em que o individuo laborava. A finalidade precípua da previdência complementar é a de complementar os benefícios de aposentadoria daqueles que auferem remuneração superior ao limite imposto para o RGPS. Não restou violada a norma contida no art. 28, § 9º, “p” da Lei n° 8.212/1991, por considerar que, não obstante o plano de previdência complementar ser voltado tão somente aqueles que percebam remuneração superior ao limite do RGPS, caracterizado está que este plano de previdência complementar encontrase disponível à totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. (ac. 920202.265, de 08/08/2012) ISENÇÕES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PREVIDÊNCIA PRIVADA. CONDIÇÕES DIFERENCIADAS PARA ADESÃO. As disposições legais sobre a isenção de contribuições previdenciárias sobre contribuições pela pessoa jurídia a programa de previdência complementar condicionam o benefício à extensão à totalidade de empregados e dirigentes. A intenção da norma, ao exigir que o benefício fosse estendido a todos, foi de evitar privilégios a determinados segmentos de empregados. Assim, se o benefício foi ofertado a todos, embora em condições objetivamente distintas, dependendo da condição de cada trabalhador, devese reconhecer que o plano estava "disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes", incidindo na hipótese a alínea p do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei n° 8.212/91. (ac. 2401004.221, de 09/03/2016) Fl. 3237DF CARF MF 10 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. EXCLUSÃO DOS TRABALHADORES QUE RECEBEM ABAIXO DO TETO DO RGPS E QUE POSSUEM ACIMA DE SESSENTA ANOS DE IDADE. POSSIBILIDADE. A questão da incidência ou não de contribuições previdenciárias sobre o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar não decorre de norma isentiva a ser interpretada literalmente. Em verdade, tratase de uma imunidade tributária, prevista no art. 202, § 2º da Constituição Federal de 1988. Não restou violada a norma contida no art. 28, § 9º, “p” da Lei n ° 8.212/1991, por considerar que, não obstante o plano de previdência complementar ser voltado tão somente aqueles que percebam remuneração superior ao limite do RGPS e com idade inferior a sessenta anos, caracterizado está que este plano de previdência complementar encontrase disponível à totalidade dos empregados e dirigentes da empresa. (ac. 2202003.080, de 10/12/2015) A própria Administração Tributária posicionouse no sentido de ser o plano (e não o pagamento) disponível à totalidade de empregados e dirigentes, por meio da Solução de Consulta COSIT nº 3/2015. Naquela ocasião, foi analisada a necessidade de extensão do plano de previdência privada a todos os estabelecimentos da mesma empregadora, em função da existência de convenções coletivas de trabalho firmadas com diferentes sindicatos (grifos nossos): 12. Da leitura dos dispositivos acima transcritos, temse que o valor das contribuições pago a título de plano de previdência privada não integrará o salário de contribuição somente se o referido plano estiver disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes. 13. Para fins de incidência do dispositivo, é preciso que a empresa proporcione a todos os seus empregados e dirigentes um plano que lhes seja facultado aderir e que esteja a seu alcance; não o fazendo, ou beneficiando apenas dirigentes ou um grupo restrito de empregados, a parcela paga de forma diferenciada deverá ser tratada como parte do salário ou remuneração – sobre a qual deverá incidir a contribuição previdenciária. 14. A finalidade da restrição imposta pela legislação é garantir que a empresa ofereça um tratamento isonômico em relação a todos os seus empregados e dirigentes. Nesse sentido, entendese que a norma deve ser aplicada sob o prisma da pessoa jurídica também considerada em sua integralidade, não se revelando adequada a interpretação no sentido da aplicação da norma de forma compartimentada por estabelecimento ou CNPJ. Não obstante as considerações acima, o plano de previdência privada oferecido pela Recorrente apresentava importantes particularidades, que igualmente convergem para afastar a exigência fiscal (fls. 1030). É bem verdade que o acórdão de primeira instância procura relativizar tais fatos, oferecendo contraponto a enriquecer o debate. Não obstante a Fl. 3238DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 7 11 tenacidade dos julgadores da DRJ/Campinas, tais argumentos não me convenceram do contrário, diante da consistência e relevância dos seguintes fatos: – todos os empregados da Recorrente são elegíveis ao plano de previdência complementar, independentemente do valor da remuneração, havendo exemplos de empregados que aderiram ao plano ganhando tanto acima quanto abaixo do patamar estabelecido para a realização de aportes por parte da Recorrente (fls. 1092); – a finalidade principal do plano de previdência privada oferecido é complementar os benefícios da previdência oficial (fls. 1028), o que explica por que empregados que são remunerados abaixo de certo patamar (valor máximo do benefício previdenciário distribuído pela previdência oficial) não receberiam aportes diretos da empregadora; – mesmo que indiretamente, a Recorrente participava do financiamento da previdência privada de todos os participantes do plano de previdência privada ao efetuar, de forma universal e regular, aportes ao fundo com o objetivo de garantir o pagamento do denominado “benefício mínimo”: CAPÍTULO V – DO SALÁRIO DE PARTICIPAÇÃO, DAS CONTRIBUIÇÕES E DAS DISPOSIÇÕES FINANCEIRAS Seção III Das Contribuições das Patrocinadoras 5.21. Adicionalmente às contribuições descritas nas Seções II e III deste Capítulo, o Atuário estabelecerá as contribuições de Patrocinadora necessárias à garantia do Benefício Mínimo ou à neutralização de eventuais insuficiências para a cobertura dos Benefícios concedidos. 5.21.2. As Contribuições de que trata o item 5.21 serão alocadas em uma conta coletiva do Plano, inclusive quando pagas pelo Participante. CAPÍTULO VII DOS BENEFÍCIOS Seção VIII – Benefício Mínimo 7.25. Nos casos de Aposentadoria Normal, Aposentadoria Antecipada, Aposentadoria por Invalidez, Pensão por Morte do Participante que não esteja recebendo Benefício de renda mensal e Benefício Proporcional, o Saldo de Conta Total, excluídas as Contribuições Especiais, Suplementares e Suplementares Adicionais efetuadas pelo Participante e o saldo de Conta Portabilidade, na Data do Cálculo do Benefício, observado o disposto na Seção IX deste Capítulo, não poderá ser inferior ao resultado obtido em (a) x (b) / (c), onde: (a) 4 (quatro) vezes o Salário de Participação; (b) Serviço Creditado, limitado até 30 (trinta) anos; (c) 30 (trinta) anos. Fl. 3239DF CARF MF 12 Enfim, ao condicionar a aplicação da desoneração previdenciária prevista na Lei nº 8.212/91 à realização de aporte da Recorrente ao plano de previdência privada em favor de todos os empregados – e não apenas ao oferecimento do plano a todos eles – as autoridades fiscais e o acórdão de primeira instância inseriram discrímen não contemplado na norma. Adicionalmente, tal interpretação criou um descompasso com os preceitos já mencionados de outras leis, especialmente o art. 16 da Lei Complementar nº 109/2001. Em vista do exposto, considero que o requisito contido no art. 28, §9º, alínea “p” da Lei nº 8.212/91 foi cumprido, fazendo a Recorrente jus à desoneração da contribuição previdenciária sobre os aportes feitos aos planos de previdência privada de seus empregados. Dessa forma, a exigência fiscal deve ser cancelada. Participação nos Lucros ou Resultados – PLR Com relação ao pagamento das participações nos lucros ou resultados (PLR), é importante registrar que não existe um acordo único que contemple todos os empregados da Recorrente. Em virtude da existência de filiais localizadas em diferentes unidades da federação, foram firmados acordos de PLR por estabelecimento, com a participação do sindicato local dos empregados. Dos acordos de PLR firmados entre 2004 e 2008, que foi o período auditado, a fiscalização entendeu que uma parte considerável atendia a todos os requisitos legais elencados pela Lei nº 10.101/2000, sendo os respectivos pagamentos desonerados validamente da incidência de contribuição previdenciária, ao passo que outra parte também considerável desses acordos não atendia a esses mesmos requisitos, fato que ensejou a cobrança da exação sobre os pagamentos realizados a título de PLR. A depender do estabelecimento envolvido, as irregularidades apontadas pela fiscalização podem se referir: (i) à inexistência de acordo do PLR; (ii) à falta de participação dos sindicatos nas negociações e na celebração do acordo de PLR; (iii) à restrição, por parte da Recorrente, do poder de voto dos sindicatos nas negociações; (iv) à existência de fórmula pré estabelecida para o cálculo da PLR, não negociada no âmbito da comissão; e (v) à data da assinatura do acordo de PLR no final do período de referência. Cada uma dessas situações encontrase identificada no quadro abaixo. Inexistência de Acordo de PLR Realmente, as acusações de inexistência de acordo de PLR com relação aos períodos e aos estabelecimentos adotados no quadro abaixo não foram rebatidas pela Recorrente. Por esse motivo, mantenho a exigência fiscal para tal situação. Falta de Participação dos Sindicatos nas Negociações ou na Celebração do Acordo de PLR O art. 2º da Lei nº 10.101/2000 consagra as formas para deliberação da PLR, merecendo destacar o denominado “plano próprio” oriundo das decisões tomadas pela comissão formada por representantes da empregadora, dos empregados e também do sindicato: Art. 2º. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: Fl. 3240DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 8 13 I – comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II – convenção ou acordo coletivo. A fiscalização alega que determinados planos próprios firmados pela Recorrente não contaram com a participação do sindicato local dos empregados, seja na fase de negociação seja na fase de assinatura do instrumento. Tal circunstância já autorizaria, a seu ver, o lançamento das contribuições previdenciárias sobre os valores de PLR então distribuídos. A Recorrente, por seu turno, refuta a ausência dos sindicatos e aduz que “...em todo momento, a Recorrente afirmou que o Sindicato foi convocado e participou das negociações de PLR, conforme se verifica dos comunicados aos sindicatos competentes juntados aos autos do processo administrativo e que aqui se juntam novamente” (fls. 2016). Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar. A questão é tratada com simplicidade por ambos os lados, seja para extrair efeitos jurídicos de um fato supostamente objetivo, sem considerar o contexto no qual inserido; seja para negarlhe a ocorrência, embora os instrumentos finais assinados pelos participantes contestem tal versão. Ao analisar os documentos juntados, é possível perceber a oposição de interesses aflorar entre a Recorrente e o sindicato dos empregados. Veja o seguinte trecho de carta endereçada pela Recorrente ao sindicato do estabelecimento matriz (fls. 1186): Considerando que diante da impossibilidade de acordo entre esse sindicato e as Eatons, Eaton Ltda. Divisão Transmissões e Eaton Ltda., no que tange a Participação dos Trabalhadores nos Lucros ou Resultados dáse então por encerrada a negociação sobre o assunto e, de acordo com a previsão normativa legal, Lei n°. 10.101 de 19122000, as Eatons informam que dão início à motivação dos empregados para participarem de candidatura e eleição, para formação de uma Comissão representativa para negociar e decidir sobre o assunto em pauta. Nesse contexto, não seria de se estranhar eventual relutância do sindicato local em indicar representantes para participar da comissão responsável pela negociação do PLR. De qualquer forma, a Recorrente mostrouse ciente dos requisitos exigidos pela legislação para produzir um plano de PLR válido, tanto que a fiscalização auditou os planos próprios de outras filiais e não encontrou irregularidade. Diante das dificuldades de formar uma comissão com o representante sindical em algumas filiais, a Recorrente decidiu seguir com as negociações somente com representantes da empresa e representantes dos empregados. Concomitantemente, a Recorrente noticiava os acontecimentos relevantes ao sindicato, ao mesmo tempo em que o convidava a participar, informandolhe local, dia e horário das reuniões (vide quadro abaixo). Como o pagamento da PLR deriva do art. 7º, inc. XI da CF/88, todos os agentes envolvidos (empresas, empregados, sindicatos, autoridades fiscais etc.) estão vinculados a promover a realização do comando constitucional. Não se trata, pois, de uma Fl. 3241DF CARF MF 14 isenção, de uma desoneração ordinária, cujo adimplemento encontrase condicionado ao disposto no art. 111 do CTN, isto é, à observância literal da legislação tributária. Existe um preceito constitucional a ser promovido – no caso, a integração entre capital e trabalho – que influencia a interpretação e aplicação da norma. Por isso, eventual ausência do sindicato – seja nas negociações, seja na formalização do plano – não invalida ou desnatura automaticamente a PLR, principalmente nos casos em que o sindicato foi convocado para a reunião, mas não compareceu, como ocorreu na espécie. Vale frisar que o caso analisado está repleto de evidências que comprovam: (a) as intensas negociações entre os representantes da Recorrente e os representantes dos empregados (eleições, reuniões etc.); (b) a existência de um padrão de apuração da PLR, apenas variando anualmente os indicadores e as metas; (c) a preocupação de a Recorrente informar o sindicato local da evolução das negociações da PLR. Tais fatores concorrem para afastar a preocupação do legislador de ver a PLR indevidamente desnaturada e transmutada em remuneração de trabalho. Assim, não cabe ao Fisco, a pretexto de tutelar os interesses dos empregados, desconsiderar as negociações realizadas entre a empregadora e os empregados e tributar as distribuições de PLR como se fossem remuneração do trabalho. O entendimento acima externado não é inédito, havendo precedentes do CARF nesse sentido, a exemplo do acórdão nº 2401004.218, de 08/03/2016, Rel. André Luís Mársico Lombardi, cuja ementa é a seguinte (grifos nossos): PLR. NEGOCIAÇÃO. OPÇÃO LEGAL ENTRE CONVENÇÃO/ACORDO COLETIVO E COMISSÃO PARITÁRIA. ART. 616 DA CLT. ALCANCE. É facultado à empresa e aos empregados negociarem a participação nos lucros ou resultados via (i) convenção / acordo coletivo (art. 8°, VI, da CF) ou por intermédio de (ii) comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria (art. 8°, III, da CF). Art. 2° da Lei n° 10.101/2000. O art. 616 da CLT alude a procedimento a ser adotado pelo empregador quando da recusa à negociação coletiva para fins de celebração de acordo ou convenção coletiva, não havendo previsão legal de tal exigência procedimental na hipótese de celebração de acordo de PLR por comissão paritária. COMISSÃO ESCOLHIDA PELAS PARTES. PARTICIPAÇÃO DE REPRESENTANTE SINDICAL. Consta do art. 2°, I, da Lei n° 10.101/2000, a exigência legal de que o sindicato indique um representante para a comissão paritária de negociação da participação nos lucros ou resultados. Se a ausência de representante do sindicato ocorre a despeito da comunicação formal da realização das reuniões (local, data e horário), na qual se solicita a presença de um representante do sindicato, não podem empregados e empresa ser prejudicados, pois a ilicitude não foi perpetrada por eles, mas pelo sindicato, que deixou de cumprir sua função constitucionalmente prevista (art. 8°, III, da CF). Fl. 3242DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 9 15 A jurisprudência judicial também não destoa, consoante comprova a ementa do seguinte acórdão proferido pela 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no RESP nº 865.489, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/10/2010 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. CARACTERIZAÇÃO. MATÉRIA FÁTICO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ. PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. SÚMULA 07/STJ. 1. A isenção fiscal sobre os valores creditados a título de participação nos lucros ou resultados pressupõe a observância da legislação específica a que refere a Lei n.º 8.212/91. 2. Os requisitos legais inseridos em diplomas específicos (arts. 2º e 3º, da MP 794/94; art. 2º, §§ 1º e 2º, da MP 860/95; art. 2º, § 1º e 2º, MP 1.53934/ 1997; art. 2º, MP 1.69846/1998; art. 2º, da Lei n.º 10.101/2000), no afã de tutelar os trabalhadores, não podem ser suscitados pelo INSS por notória carência de interesse recursal, máxime quando deduzidos para o fim de fazer incidir contribuição sobre participação nos lucros, mercê tratar se de benefício constitucional inafastável (CF, art. 7º, IX). 3. A evolução legislativa da participação nos lucros ou resultados destacase pela necessidade de observação da livre negociação entre os empregados e a empresa para a fixação dos termos da participação nos resultados. 4. A intervenção do sindicato na negociação tem por finalidade tutelar os interesses dos empregados, tais como definição do modo de participação nos resultados; fixação de resultados atingíveis e que não causem riscos à saúde ou à segurança para serem alcançados; determinação de índices gerais e individuais de participação, entre outros. 5. O registro do acordo no sindicato é modo de comprovação dos termos da participação, possibilitando a exigência do cumprimento na participação dos lucros na forma acordada. 6. A ausência de homologação de acordo no sindicato, por si só, não descaracteriza a participação nos lucros da empresa a ensejar a incidência da contribuição previdenciária. 7. O Recurso Especial não é servil ao exame de questões que demandam o revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos, em face do óbice erigido pela Súmula 07/STJ. 8. In casu, o Tribunal local afastou a incidência da contribuição previdenciária sobre verba percebida a título de participação nos lucros da empresa, em virtude da existência de provas acerca da existência e manutenção de programa espontâneo de efetiva participação nos lucros da empresa por parte dos empregados no período pleiteado, vale dizer, à luz do contexto Fl. 3243DF CARF MF 16 fáticoprobatório engendrado nos autos, consoante se infere do voto condutor do acórdão hostilizado, verbis: "Embora com alterações ao longo do período, as linhas gerais da participação nos resultados, estabelecidas na legislação, podem ser assim resumidas: a) deve funcionar como instrumento de integração entre capital e trabalho, mediante negociação; b) deve servir de incentivo à produtividade e estar vinculado à existência de resultados positivos; c) necessidade de fixação de regras claras e objetivas; d) existência de mecanismos de aferição dos resultados. Analisando o Plano de Participação nos Resultados (PPR) da autora, encontramse as seguintes características: a) tem por objetivo o atingimento de metas de resultados econômicos e de produtividade; b) há estabelecimento de índices de desempenho econômico para a unidade e para as equipes de empregados que a integram; c) fixação dos critérios e condições do plano mediante negociação entre a empresa e os empregados, conforme declarações assinadas por 38 (trinta e oito) funcionários (fls. 352/389); d) existência de regras objetivas de participação e divulgação destas e do desempenho alcançado. Comparandose o PPR da autora com as linhas gerais antes definidas, bem como com os demais requisitos legais, verificase que são convergentes, a ponto de caracterizar os valores discutidos como participação nos resultados. Desse modo, estão isentos da contribuição patronal sobre a folha de salários, de acordo com o disposto no art. 28, § 9.º, alínea "j", da Lei n.º 8.212/91". (fls. 596/597) 9. Precedentes:AgRg no REsp 1180167/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, DJe 07/06/2010; AgRg no REsp 675114/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, DJe 21/10/2008; AgRg no Ag 733.398/RS, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ 25/04/2007; REsp 675.433/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, DJ 26/10/2006; 10. Recurso especial não conhecido. Por esse motivo, a acusação fiscal deve ser afastada. Restrição do poder de voto dos sindicatos nas negociações A fiscalização alega que a Recorrente teria restringido indevidamente a participação dos sindicatos nas comissões, assegurandolhe apenas participação, sem poder de voto. Embora concorde com a fiscalização quanto à inadequação de tal restrição, ela não se estendeu além das comunicações feitas ao sindicato. Não há prova de sua concretização, mesmo porque a participação do sindicato como membro da comissão constitui prerrogativa assegurada legalmente. Nesse sentido, a acusação fiscal deve ser afastada. Fórmula préestabelecida de cálculo, não negociada Também não restou demonstrada pela fiscalização a existência de fórmula préestabelecida para cálculo do PLR, sem ter sido objeto de negociação no âmbito da comissão. O contexto das informações prestadas pela Recorrente à fiscalização sugere que os Fl. 3244DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 10 17 critérios de apuração haviam sido estabelecidos previamente ao término do período de referência, e não posteriormente. Por esse motivo, a acusação fiscal deve ser afastada. Data da assinatura do acordo de PLR no final do período de referência Esta acusação restringese ao acordo coletivo de trabalho sobre o PLR de 2004, assinado com a filial de Caxias do Sul em 02/12/2004 (à época, assinado por outra empresa, posteriormente sucedida pela Recorrente). A questão envolvendo o momento da assinatura do plano de PLR – seja ele formalizado por convenção ou acordo coletivo de trabalho, seja por plano próprio – não encontra normatização específica pela Lei nº 10.101/2000. Isso não significa que tal informação seja sempre neutra. Contudo, a eventual relevância deverá ser demonstrada e contextualizada pela fiscalização, por exemplo, nos casos em que a distribuição de PLR teria servido para acobertar o pagamento de remuneração do trabalho. Não se trata, portanto, de uma presunção cuja ocorrência inverta automaticamente o ônus probatório contra o contribuinte. Mesmo porque existem várias circunstâncias que podem contribuir para eventual atraso na formalização do plano de PLR, como o prolongamento das negociações sobre algum item específico. Por isso, a acusação fiscal deve ser afastada. Quadro As informações do PLR de cada estabelecimento da Recorrente autuado e o respectivo ano de referência foram consolidadas no quadro abaixo. Vale enfatizar que, em algumas situações, além das comunicações entre a Recorrente e os sindicatos, há também comunicações dirigidas à Delegacia Regional do Trabalho. Alguns acordos de PLR contaram com a participação do sindicato na assinatura do instrumento final, conforme atesta a aposição do respectivo carimbo. Filial (CNPJ) Ano Acusação Fiscal Observações 0001 Valinhos 2004 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) Restrição do poder de voto do sindicato (fls. 28) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1149) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 01/07/2004 (fls. 1186), 05/07/2004 (fls. 1190) Há também comunicado da Recorrente a Delegacia Regional do Trabalho, de 14/07/2004, informando das comunicações ao sindicato das reuniões e dos acordos firmados (fls. 1180) Fl. 3245DF CARF MF 18 0001 Valinhos 2005 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) Restrição do poder de voto do sindicato (fls. 29) No PLR 2005, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 29, 30) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1193) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 22/04/2005 (fls. 1214 e 1230) e 24/05/2005 (fls. 1226) e 22/06/2005 (fls. 1229) 0001 Valinhos 2006 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) Restrição do poder de voto do sindicato (fls. 29) No PLR 2006, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 29, 30) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1233) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 23/06/2006 (fls. 1275), de 10/07/2006 (fls. 1277), de 17/07/2006 (fls. 1280) 0001 Valinhos 2007 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) No PLR 2007, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 29, 30) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1284) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 18/06/2007 (fls. 1321), de 05/07/2007 (fls. 1323), de 15/08/2007 (fls. 1326) => agradecimento aos sindicalistas pela participação na apuração de votos e negociações. Relatório fiscal reconhece participação dos sindicatos nas negociações, mas sem poder decisório (fls. 30) 0001 Valinhos 2004 Folha confidencial (nível gerencial) – inexistência de acordo de PLR (fls. 28) Não foi apresentado instrumento próprio formalizado, sendo que o acordo de PLR dos mensalistas exclui a sua aplicação para os funcionários da folha confidencial 0001 Valinhos 2005 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1217) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 22/04/2005 (fls. 1214 e 1230) e 24/05/2005 (fls. 1226) e 22/06/2005 (fls. 1229) 0001 Valinhos 2006 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1270) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 23/06/2006 (fls. 1275), de 10/07/2006 (fls. 1277), de 17/07/2006 (fls. 1280) Fl. 3246DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 11 19 0001 Valinhos 2007 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1316) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 18/06/2007 (fls. 1321), de 05/07/2007 (fls. 1323), de 15/08/2007 (fls. 1326) 0028 Valinhos 2004 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) Restrição do poder de voto do sindicato (fls. 28) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1149) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 01/07/2004 (fls. 1186), 05/07/2004 (fls. 1190) Há também comunicado da Recorrente a Delegacia Regional do Trabalho, de 14/07/2004, informando das comunicações ao sindicato das reuniões e dos acordos firmados (fls. 1180) 0028 Valinhos 2005 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) Restrição do poder de voto do sindicato (fls. 29) No PLR 2005, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 29, 30) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1193) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 22/04/2005 (fls. 1214 e 1230) e 24/05/2005 (fls. 1226) e 22/06/2005 (fls. 1229) 0028 Valinhos 2006 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) Restrição do poder de voto do sindicato (fls. 29) No PLR 2006, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 29, 30) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1233) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 23/06/2006 (fls. 1275), de 10/07/2006 (fls. 1277), de 17/07/2006 (fls. 1280) 0028 Valinhos 2007 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 28) TVF reconhece participação dos sindicatos nas negociações, mas sem poder decisório (fls. 30) No PLR 2007, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 29, 30) Relatório fiscal reconhece participação dos sindicatos nas negociações, mas sem poder decisório 0028 Valinhos 2004 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das Fl. 3247DF CARF MF 20 negociada com sindicato (fls. 27) negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1328) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 01/07/2004 (fls. 1186), 05/07/2004 (fls. 1190) Há também comunicado da Recorrente a Delegacia Regional do Trabalho, de 14/07/2004, informando das comunicações ao sindicato das reuniões e dos acordos firmados (fls. 1180) 0028 Valinhos 2005 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1333) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 22/04/2005 (fls. 1214 e 1230) e 24/05/2005 (fls. 1226) e 22/06/2005 (fls. 1229) 0028 Valinhos 2006 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1340) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 23/06/2006 (fls. 1275), de 10/07/2006 (fls. 1277), de 17/07/2006 (fls. 1280) 0028 Valinhos 2007 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1316) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 18/06/2007 (fls. 1321), de 05/07/2007 (fls. 1323), de 15/08/2007 (fls. 1326) 0030 Mogi Mirim 2006 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações (fls. 26 e 30) No PLR 2006, o sindicato foi convidado para assistir aos empregados, mas sem poder de negociação (fls. 31) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1360) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 21/06/2006 (fls. 1374) Há protocolo de recebimento do acordo assinado pelo sindicato (fls. 1372) Há requerimento do sindicato endereçado à Delegacia Regional do Trabalho de arquivamento do acordo de PLR (fls. 1373) 0030 Mogi Mirim 2004 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano Fl. 3248DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 12 21 próprio (fls. 1345) 0030 Mogi Mirim 2005 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1349) Há protocolo de recebimento de documentos pelo sindicato sobre as deliberações de PLR de 13/05/2005 (fls. 1353), 07/06/2005 (fls. 1355) e 25/10/2005 (fls. 1357) Há requerimento do sindicato endereçado à delegacia regional do trabalho de arquivamento do acordo de PLR (fls. 1356) 0030 Mogi Mirim 2006 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1368) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 21/06/2006 (fls. 1374) Há protocolo de recebimento do acordo assinado pelo sindicato (fls. 1372) Há requerimento do sindicato endereçado à delegacia regional do trabalho de arquivamento do acordo de PLR (fls. 1373) 0030 Mogi Mirim 2007 Folha confidencial (nível gerencial) – existência de fórmula préestabelecida, não negociada com sindicato (fls. 27) No instrumento assinado, não há indicação de que o sindicato tenha participado das negociações ou da formalização do plano próprio (fls. 1377) Há comunicados da Recorrente ao sindicato de 07/05/2007 (fls. 1383), de 15/05/2007 (fls. 1386), de 17/05/2007 (fls. 1389), de 28/05/2007 (fls. 1390) Há protocolo de recebimento de documentos pelo sindicato (fls. 1385) Há requerimento do sindicato endereçado à Delegacia Regional do Trabalho de arquivamento do acordo de PLR (fls. 1394) 0037 Caxias do Sul 2004 Único – Acordo Coletivo de Trabalho de PLR 2004 assinado originalmente pela Pigozzi (sucedida pela Recorente) apenas em 02/12/2004, embora previamente ao pagamento (fls. 31) Acordo coletivo de trabalho firmado entre Recorrente e sindicato (fls. 1144) Recorrente alega que o acordo entre a Recorrente e empregados ocorreu no início do período, embora formalizado só no final 0037 Caxias do Sul 2005 Único – inexistência de acordo de PLR – pagamento a demitidos sem justa causa entre 03/2005 e 07/2006 sem lastro em Não foi apresentado instrumento próprio formalizado Fl. 3249DF CARF MF 22 acordo de PLR (fls. 32) 0037 Caxias do Sul 2006 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações e assinatura do acordo (fls. 32) Há carimbo do sindicato na formalização do plano próprio (fls. 1397) 0037 Caxias do Sul 2007 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações e assinatura do acordo (fls. 32) Há carimbo do sindicato na formalização do plano próprio (fls. 1418) 0037 Caxias do Sul 2008 Mensalistas – falta de participação do sindicato nas negociações e assinatura do acordo (fls. 32) Há carimbo do sindicato na formalização do plano próprio (fls. 1429) 0037 Caxias do Sul 2006 Folha confidencial (nível gerencial) – inexistência de acordo de PLR (fls. 28) Não foi apresentado instrumento próprio formalizado 0037 Caxias do Sul 2007 Folha confidencial (nível gerencial) – inexistência de acordo de PLR (fls. 28) Não foi apresentado instrumento próprio formalizado Em suma, mantenho apenas as exigências fiscais sobre a PLR nos casos em que a Recorrente não apresentou instrumento próprio formalizado, conforme indicado no quadro acima, cancelandose as demais. Multa e Retroatividade Benigna Previamente à edição da Lei nº 11.941/2009, o sistema de penalidades da legislação previdenciária de custeio apresentava diversas particularidades. A redação do antigo art. 35 previa a exigência de penalidade sobre as contribuições previdenciárias em atraso – denominada como multa de mora – com percentuais que aumentavam progressivamente, de acordo com a ocorrência de determinados atos administrativos e também com o passar do tempo. O fato de o contribuinte ter apresentado declaração (GFIP) à autoridade previdenciária não influenciava a evolução percentual da multa, o qual somente seria fixada no instante do efetivo pagamento. Vale lembrar que a falta de apresentação ou a apresentação com alguma incorreção da GFIP sujeitava o contribuinte à imposição de multa específica severa, por descumprimento de obrigação acessória, constante do art. 32 da Lei nº 8.212/91. Com a unificação da Secretaria da Receita Federal e da Secretaria da Receita Previdenciária, iniciada em 2007, uma série de modificações legislativas foi introduzida, a fim de harmonizar com o tratamento dado aos demais tributos federais. A fiscalização, ao lançar a multa por descumprimento de obrigação acessória, baseouse na seguinte redação do art. 32, IV e §5º da Lei º 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.528/97: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Fl. 3250DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 13 23 (...) § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). No entanto, referido dispositivo foi revogado, dando lugar ao art. 32A, cuja redação é a seguinte: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo. Com relação à multa sobre a falta de recolhimento de contribuição previdenciária, o antigo art. 35 da Lei nº 8.212/91 prescrevia o seguinte: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I – para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; b) quatorze por cento, no mês seguinte; c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; II – para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias Fl. 3251DF CARF MF 24 da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; III – para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; b) setenta por cento, se houve parcelamento; c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. Com a edição da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, o art. 35 da Lei nº 8.212/91 passou a tratar da multa de mora e o novel art. 35A cuidou de dispor sobre a multa de ofício: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). O art. 44 da Lei nº 9.430/96, mencionado no art. 35A supra, possui a seguinte redação: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I – de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Pois bem. Feita esta breve digressão sobre a evolução legislativa, há dois pontos que gostaria de examinar, com vistas à aplicação da retroatividade benigna: o emprego da chamada “cesta de multas” (Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009) e o limite do percentual da multa. Com o intuito de facilitar a compreensão do posicionamento ora esposado, as matérias foram separadas em dois tópicos. Fl. 3252DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 14 25 Conflito entre Multa por Descumprimento de Obrigação Acessória e Multa por Falta de Pagamento de Tributo – A Questão da “Cesta de Multas” O primeiro ponto a ser destacado, quando se analisa os regimes das penalidades constantes da Lei nº 8.212/91 – antes e depois da edição da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009 –, referese à identificação do comportamento sancionado. Tal providência afigurase importante para se aplicar adequadamente a retroatividade benigna aludida pelo art. 106, II do CTN, em virtude de alteração legislativa. A posição encampada pela Administração Tributária Federal, quando há lançamento de multas por falta de recolhimento de contribuição previdenciária e também de multas por descumprimento de obrigação acessória (GFIP), é convencionalmente denominada de “cesta de multas” e sua regulamentação encontrase detalhada na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009, nos seguintes termos: Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Ou seja, na “cesta de multas”, a aplicação da retroatividade benigna é condicionada à comparação entre: (i) o somatório entre as multas por descumprimento de obrigações acessórias (art. 32 da Lei nº 8.212/91, na redação anterior às alterações da Lei nº 11.941/2009) e as multas por falta de pagamento de contribuições previdenciárias (art. 35, nas mesmas condições); e (ii) o art. 35A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, o qual introduziu à legislação previdenciária a multa de ofício de 75% sobre o valor da contribuição previdenciária devida. Fl. 3253DF CARF MF 26 A redução da penalidade, em função da retroatividade benigna, terá lugar somente se o valor resultante da aplicação do critério (i) for superior ao resultado da aplicação do critério (ii). Nesse caso, a multa lançada deverá ser reduzida ao patamar do valor encontrado pelo critério (ii). A fundamentação do raciocínio que permitiu à Administração Tributária Federal alcançar tais conclusões não é explicitada pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009. Contudo, ao analisar a jurisprudência administrativa sobre o tema, é possível tecer conjecturas sobre os motivos que conduziram à elaboração do mencionado normativo. Nesse sentido, por ocasião da prolação do acórdão nº 9202003.795, de 17/02/2016, a eminente Conselheira Relatora Maria Helena Cotta Cardozo fez constar do seu voto o seguinte trecho esclarecedor (grifos nossos): Destarte, resta claro que, com o advento da Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Em outras palavras, o entendimento preconizado pelo acórdão nº 9202003.795, de 17/02/2016, foi o de que: – antes da edição da Lei nº 11.941/2009, a falta de declaração ou a declaração inexata (descumprimento de obrigação acessória), bem como a falta de recolhimento do tributo (descumprimento da obrigação principal) configuravam infrações autônomas, com sanções independentes e cumuláveis, sendo a primeira apenada pelo art. 32 e a segunda apenada pelo art. 35 da Lei nº 8.212/91; – depois da edição da Lei nº 11.941/2009, a falta de declaração ou a declaração inexata juntamente com a falta de recolhimento do tributo passaram a tipificar, de acordo com o mencionado julgado, condutas necessárias para a tipificação de uma única sanção, em função da redação do art. 44 da Lei nº 9.430/96, ao qual o art. 35A da Lei nº 8.212/91 faz remissão. No final, saber se a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/2009 atuou ou não dentro dos preceitos legais depende, em essência, da interpretação a ser dada à expressão “nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata”, contida no art. 44, inc. I da Lei nº 9.430/96. Não obstante a clareza do acórdão nº 920203.795, penso que tal exegese merece aprofundamento. Fl. 3254DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 15 27 De início, é possível afirmar que o legislador ordinário não está impedido de impor uma única sanção para mais de uma infração. Em tese, portanto, a finalidade do art. 44, I da Lei nº 9.430/96 poderia ser sancionar o contribuinte que não efetuou pagamento e não declarou ou declarou de forma inexata, sendo tais infrações identificadas pela autoridade fiscal, mediante lançamento de ofício. Não abrangeria a falta de recolhimento de tributo já declarado, cuja infração estaria sujeita apenas à multa de mora prevista no art. 35, nem o descumprimento isolado de obrigação acessória, passível de multa prevista no art. 32A, todos da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. O problema é que o art. 44, inc. I da Lei nº 9.430/96 possui redação truncada quando faz alusão “nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata”. Na literalidade do dispositivo, se a multa de 75% fosse aplicável quando houvesse cumulativamente falta de pagamento, falta de declaração e declaração inexata, isso consistiria um paradoxo, porque não seria possível, ao mesmo tempo, não existir declaração e existir declaração com inexatidão. Se, em outra leitura possível, a multa de 75% fosse aplicável quando houvesse alternativamente falta de pagamento ou falta de declaração ou declaração inexata seria criada uma antinomia em relação ao disposto no art. 32A, que igualmente cuida de penalizar a falta de declaração ou a declaração inexata. Diante da dúvida sobre a aplicação de sanções tributárias, o art. 112 do CTN prioriza a interpretação mais favorável ao acusado. Retrata a adoção do princípio “in dubio pro reo” em matéria de interpretação e deixa transparecer a vontade (vinculante) do legislador de favorecer o infrator com a aplicação da penalidade mais branda. Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I – à capitulação legal do fato; II – à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III – à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV – à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. A norma protege o acusado de injustiça na punição, quando houver incerteza a respeito do fato ou do direito aplicável. Assim, nas palavras de Hugo de Brito Machado (“Teoria das Sanções Tributárias”, in Sanções Administrativas Tributárias, Ed. Dialética, p. 177): Se o princípio de Direito Penal do in dubio pro reo exige certeza quanto ao fato, pela mesma razão deve exigir certeza quanto ao direito, pois a verificação da incidência da norma penal depende não apenas da constatação da ocorrência do fato, mas da delimitação do alcance da norma que é indispensável para que se saiba se está aquele fato abrangido, ou não, pela hipótese de incidência, vale dizer, pelo tipo penal. Fl. 3255DF CARF MF 28 No caso concreto, pareceme que a interpretação mais favorável ao acusado é considerar que as infrações (i) de falta de declaração ou de declaração inexata e (ii) de falta de recolhimento da contribuição previdenciária devam ser sancionadas globalmente pelo art. 35A da Lei nº 8.212/91. Conflito entre o Antigo Art. 35 e os Novos Art. 35 e Art. 35A, todos da Lei nº 8.212/91 – A Questão do Percentual da Multa O segundo ponto deste voto a ser tratado e que tem gerado controvérsia na jurisprudência referese ao limite do percentual da multa a ser observado, para fins de aplicação da retroatividade benigna. Sobre o tema, há essencialmente duas linhas de interpretação. A primeira linha de interpretação sustenta que somente o novo art. 35 poderá retroagir com o objetivo de limitar a 20% o percentual da multa constante do antigo art. 35. Por seu turno, o art. 35A, por inovar a legislação previdenciária de custeio, seria aplicável aos lançamentos de ofício realizados a partir da vigência da Lei nº 11.941/2009. Esta é a posição sustentada de maneira reiterada pelo Superior Tribunal de Justiça. Citese, a esse respeito, o seguinte enxerto do voto do Min. Humberto Martins (os grifos são nossos): A jurisprudência desta Corte é dominante no sentido de que se aplica o disposto no art. 106, inciso II, alínea "c", do CTN na execução fiscal não julgada definitivamente na esfera judicial, independentemente da natureza da multa, sem descaracterizar a liquidez e certeza da Certidão de Dívida Ativa, pois tal normativo estabelece que a lei aplicase a ato ou a fato pretérito quando lhe comina punição menos severa que a prevista por lei vigente ao tempo de sua prática. Verificase que o art. 35 da Lei n. 8.212∕91 foi alterado pela Lei n. 11.941∕09, devendo o novo percentual aplicável à multa moratória seguir o patamar de 20%, que, sendo mais benéfico ao contribuinte, deve lhe ser aplicado, por se tratar de lei mais benéfica, cuja retroação é autorizada com base no art. 106, II, do CTN. (...) Cumpre destacar que o art. 35 da Lei n. 8.212∕91, com a redação anterior à Lei n. 11.940∕09, não distinguia a aplicação da multa em decorrência da sua forma de constituição (de ofício ou por homologação), mas levando em consideração, essencialmente, o momento em que constatado o atraso no pagamento: antes da notificação fiscal, durante a notificação e existência de recurso administrativo, e após a inscrição em dívida ativa. (...) Com efeito, a nova redação do art. 35 da Lei n. 8.212∕91, dada pela Lei n. 11.941∕09, ao prever que as multas aplicadas obedecerão os parâmetros estabelecidos no art. 61 da Lei n. 9.430∕96, possibilitou a aplicação da multa reduzida aos processos ainda não definitivamente julgados. Fl. 3256DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 16 29 (...) A distinção quanto à forma de lançamento para fixação de multa somente foi prevista com o advento da Lei n. 11.940∕09, que introduziu o art. 35A à Lei n. 8.212∕91 (...) Com efeito, sua aplicação restringese aos lançamentos de ofício existentes após sua vigência, sob pena de retroação. STJ, 2ª Turma, EDcl no AgRg no RESP nº 1.275.297/SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 03/12/2013 No mesmo sentido, citese também o seguinte trecho do voto da Min. Regina Helena Costa (os grifos são nossos): Controvertese acerca do percentual de multa moratória aplicável ao lançamento de ofício após a alteração do art. 35 da Lei n. 8.212∕91 pela Lei n. 11.941∕09 que, ao incluir o art. 35A naquele diploma normativo, determinou a observância do parâmetro mais gravoso do art. 44 da Lei n. 9.430∕96, qual seja, de 75% (setenta e cinco por cento). Com efeito, esta Corte possui entendimento segundo o qual deve ser observado o percentual original da multa moratória previsto no art. 35 da Lei n. 8.212∕91, porquanto as ulteriores disposições do art. 35A cominam penalidade mais severa, autorizando a aplicação do preceito anterior, mais benéfico, a teor do disposto no art. 106, II, c, do CTN. (...) Isto posto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Especial para fixar o percentual da multa moratória em 20% (vinte por cento). STJ, 1ª Turma, RESP nº 1.585.929/SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 19/04/2016 A segunda linha de interpretação, por seu turno, considera que o antigo art. 35 da Lei nº 8.212/91 já previa em seu bojo tanto a multa moratória, para os recolhimentos espontâneos, quanto a multa de ofício, em decorrência de autuação da fiscalização (emissão de notificação fiscal de lançamento), não obstante o “caput” do dispositivo faça referência à “multa de mora”. Afinal, não será o “nomen iuris” que determinará o regime jurídico da multa. No fundo, a natureza jurídica dessas multas – moratória ou de ofício – seria a mesma, possuindo caráter sancionador, punitivo e nãoindenizatório. Em consequência, o lançamento de multa relativa a fatos geradores das contribuições previdenciárias ocorridos até 03/12/2008 deverá observar, por essa vertente interpretativa, os percentuais do antigo art. 35 (em respeito ao art. 144 do CTN), ficando limitado ao disposto (i) no novo art. 35 (20%), no caso de declaração entregue pelo contribuinte, ou (ii) no art. 35A (75%), no caso de ausência da mencionada declaração e existência de lançamento de ofício. Fl. 3257DF CARF MF 30 Esta é a posição que tem prevalecido no CARF, pelo voto de qualidade ou, quando menos, por maioria de votos. De forma exemplificativa, vale citar os seguintes julgados: ac. 9202003.713, de 28/01/2016; ac. 9202004.344, de 24/08/2016; ac. 2202 003.445, de 14/06/2016; ac. 2301004.388, de 09/12/2015; ac. 2401004.286, de 13/04/2016). É indubitável a relevância dos fundamentos jurídicos apresentados pelas duas linhas de interpretação. Mas a existência dessa divergência jurisprudencial introduz, a meu ver, uma dúvida no sistema, de caráter objetivo, quanto à solução do conflito a respeito da retroatividade benigna da lei nova que define infrações, atraindo a aplicação do art. 112 do CTN, já reproduzido acima. Nesse cenário de incerteza normativa quando à natureza da penalidade aplicável ou à graduação da multa originalmente lançada (inc. IV), novamente o art. 112 do CTN é invocado para a solução do caso concreto. Tratase de corolário que não pode ser ignorado pelo intérprete, ainda que ele particularmente não apresente dúvida acerca do relacionamento entre o antigo art. 35, o novo art. 35 e o art. 35A. Isso porque a referida dúvida, pressuposto para aplicação do art. 112 do CTN, é objetiva e advém das decisões divergentes entre os membros da mesma turma, entre turmas diversas do mesmo tribunal ou entre tribunais diferentes. A jurisprudência judicial não destoa a esse respeito (grifamos): Além disso, o art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação anterior à Lei nº 11.941/2009, estabelece somente multas de mora, inclusive quando houver lançamento de ofício. O legislador considerou irrelevante, para efeito de aplicação da multa de mora, o fato de haver ou não informação a respeito do débito na GFIP. Isso porque as hipóteses de falta de declaração ou declaração inexata eram penalizadas com as multas previstas no art. 32, §§ 4º e seguintes, da Lei nº 8.212/91, que foram revogadas pela Lei nº 11.941/2009. De qualquer sorte, mesmo que haja dúvida quanto à natureza da penalidade aplicável (se é multa de mora ou de ofício), a lei deve ser interpretada da maneira mais favorável ao contribuinte, nos termos do art. 112 do CTN. TRF da 4ª Região, 1ª Turma, Apelação Cível nº 2005.71.11.0045302/RS, Rel. Des. Federal Joel Ilan Paciornik, julgado em 24/02/2010 Posto isso, para fins de aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN, voto por comparar a multa por descumprimento de obrigação acessória e a multa por falta de pagamento de contribuição previdenciária impostas ao contribuinte de forma englobada, limitandoas ao percentual de 20% constante do novo art. 35 da Lei nº 8.212/91 (já com as alterações promovidas pela Lei nº 11.941/2009), por força interpretação mais favorável ao acusado, conforme determina o art. 112 do CTN. Conclusão Em face do exposto, voto por conhecer e dar provimento parcial ao recurso voluntário, a fim de rejeitar a preliminar de nulidade e manter apenas as exigências fiscais incidentes sobre planos de PLR, cuja existência não foi comprovada, cancelandose as demais. Quanto às exigências mantidas, para fins de aplicação da retroatividade benigna prevista no Fl. 3258DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 17 31 art. 106 do CTN, voto por comparar a multa por descumprimento de obrigação acessória e a multa por falta de pagamento de contribuição previdenciária impostas ao contribuinte de forma englobada, limitandoas ao percentual de 20% constante do novo art. 35 da Lei nº 8.212/91 (já com as alterações promovidas pela Lei nº 11.941/2009), por força interpretação mais favorável ao acusado, conforme determina o art. 112 do CTN. É como voto. (assinado digitalmente) Fábio Piovesan Bozza – Relator. Voto Vencedor Conselheira Andrea Brose Adolfo redatora ad hoc na data da formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato do conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, redator de parte do voto vencedor, ter deixado os quadros do CARF antes da formalização do acórdão, formalizo o acórdão na qualidade de redatora ad hoc para o voto vencedor nas matérias "Previdência Complementar e PLR". Esclareço que aqui reproduzo o voto deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Matérias Previdência Complementar e Participação nos Lucros e Resultados Com a devida vênia, divirjo do relator quanto aos dois levantamentos: previdência complementar privada de entidade fechada e participação nos lucros ou resultados. Previdência complementar privada de entidade fechada O benefício tem previsão constitucional no artigo 202, com a redação trazida pela Emenda Constitucional n° 20, de 15/12/98; portanto, tratase de imunidade de contribuição previdenciária: Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. ... § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e Fl. 3259DF CARF MF 32 planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). ... Em destaque nas transcrições acima, temse que, atendidos os requisitos da lei, as contribuições vertidas pelo empregador não integram a remuneração e, conseqüentemente, sobre as quais não incidem contribuições previdenciárias. De fato, outra não poderia ser a interpretação. Isto porque somente se pode falar em Previdência Complementar quando suas características estão presentes. Aliás, qualquer que seja o benefício oferecido, são justamente as características que evidenciam sua natureza. E não é diferente com a Previdência Complementar Privada. Para que assim seja considerada e daí não incidirem contribuições previdenciárias devem estar presentes as características exigidas pela Lei Complementar n° 109, de 29/05/2001 que regulou o artigo 202 da Constituição Federal e revogou a Lei n° 6.435, de 15/07/1977. Quanto à LC n° 109/2001, selecionamos as principais disposições para este estudo: Lei Complementar nº 109, de 29 de Maio de 2001 Art. 1o O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, é facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício, nos termos do caput do art. 202 da Constituição Federal, observado o disposto nesta Lei Complementar. Art. 4o As entidades de previdência complementar são classificadas em fechadas e abertas, conforme definido nesta Lei Complementar. Seção II Dos Planos de Benefícios de Entidades Fechadas ... Art. 16. Os planos de benefícios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os empregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores. § 1o Para os efeitos desta Lei Complementar, são equiparáveis aos empregados e associados a que se refere o caput os gerentes, diretores, conselheiros ocupantes de cargo eletivo e outros dirigentes de patrocinadores e instituidores. ... Seção III Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: Fl. 3260DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 18 33 I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. § 1o O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2o O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo referese aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. § 3o Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos. § 4o Para efeito do disposto no parágrafo anterior, são equiparáveis aos empregados e associados os diretores, conselheiros ocupantes de cargos eletivos e outros dirigentes ou gerentes da pessoa jurídica contratante. ... CAPÍTULO VIII DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. ... Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. § 2o Sobre a portabilidade de recursos de reservas técnicas, fundos e provisões entre planos de benefícios de entidades de previdência complementar, titulados pelo mesmo participante, não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. Fl. 3261DF CARF MF 34 Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 68 e 69 são apenas partes do estatuto da previdência complementar, veiculado pela LC n° 109/2001. Inicialmente, dispõe a lei que os programas podem ser abertos ou fechados, de acordo com a natureza da entidade de previdência complementar. Após, trata de cada um nas seções que se seguem: na Seção II os programas em regime fechado e na Seção III, regime aberto. Para o primeiro, através de seu artigo 16, é exigido, obrigatoriamente, que o benefício seja oferecido à totalidade dos empregados, tal como no artigo 28, § 9º, “p” da Lei n° 8.212, de 24/07/1991: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: ... p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluído pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Portanto, um suposto programa de previdência complementar em regime fechado não oferecido à totalidade dos empregados não pode ser considerado como tal e as contribuições vertidas devem ser tributadas normalmente, eis que carecem de característica essencial. As entidades fechadas são instituídas para o conjunto de empregados da patrocinadora e não para grupos de categorias específicas de empregados de um mesmo empregador. No presente caso sob exame, os fatos geradores ocorreram posteriormente à LC n° 109/2001. Tratandose da modalidade de previdência complementar em regime fechado, de acordo com a tese aqui desenvolvida, há necessidade de disponibilização dos planos de previdência complementar à totalidade dos dirigentes e empregados. No presente caso, embora o acordo coletivo de trabalho permita o ingresso ao programa de previdência complementar de todos os segurados, somente aqueles com remuneração a partir de determinado valor terão direito à principal vantagem que é o aporte da empresa. Assim, não vejo como acatar a alegação de ser extensivo a todos quando para alguns foilhes retirado o principal atrativo. E observo que esses valores são superiores ao teto de contribuição da previdência social na época: 2005 R$ 2.668,15, 2006 R$ 2.801,56, 2007 R$ 2.894,28 e 2008 R$ 3.038,99. Assim, não se trata de restrição por conta da impossibilidade de se complementar o benefício concedido pelo INSS. Por tudo, entendo que não assiste razão ao recorrente. Participação nos lucros ou resultados A participação do trabalhador nos lucros e resultados da empresa é um marco histórico dos direitos trabalhistas. Com todas as conquistas: saláriomínimo, limitação da jornada de trabalho, proteção contra a demissão sem justa causa, férias, descanso semanal Fl. 3262DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 19 35 remunerado, apenas para mencionar algumas, ainda assim capital e trabalho se opunham, um ao outro, como realidades inconciliáveis. Foi com a Constituição Federal que se abriu a possibilidade de o trabalhador auferir parte do resultado de sua força laboral entregue à empresa. No artigo 7º, Inciso XI, junto com outros direitos sociais do trabalhador está a participação nos lucros ou resultados, desvinculada da remuneração; portanto, tratase imunidade tributária: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Entretanto, apenas com a Medida Provisória nº 794, de 22/12/94, convertida na Lei nº 10.101, de 19/12/2000, a matéria foi regulamentada: Art.1oEsta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. a) Finalidades: integração entre capital e trabalho; e ganho de produtividade. Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Fl. 3263DF CARF MF 36 b) Negociação entre empresa e empregados, através de acordo coletivo ou comissão de trabalhadores. No instrumento de negociação devem constar, com clareza e objetividade, as condições a serem satisfeitas (regras adjetivas) para a participação nos lucros ou resultados (direitos substantivos). Entre outros, podem ser considerados como critérios ou condições: produtividade, qualidade, lucratividade, programas de metas e resultados mantidos pela empresa. Vêse que no instrumento de negociação deve constar o que dispõe o artigo 2°, §1° e, no caso dos critérios para se fazer jus ao benefício, o legislador cuidou apenas de exemplificá los. Como se constata pelas disposições acima, a regulamentação é no sentido de proteger o trabalhador para que sua participação nos lucros se efetive. Não há regras detalhadas na lei sobre os critérios e as características dos acordos a serem celebrados. Os sindicatos envolvidos ou as comissões, nos termos do artigo 2º, têm liberdade para fixarem os critérios e condições para a participação do trabalhador nos lucros e resultados. A intenção do legislador foi impedir que critérios ou condições subjetivos obstassem a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados. As regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições possam ser aferidos. Com isto, são alcançadas as duas finalidades da lei: a empresa ganha em aumento da produtividade e o trabalhador é recompensado com sua participação nos lucros. Em razão de tudo aqui exposto, vêse que prevalece a livre negociação para a participação nos lucros ou resultados. Porém, é possível que esse importante direito trabalhista seja malversado em prejuízo dos próprios trabalhadores e do fisco. Comprovando a autoridade fiscal dissimulação do pagamento de salários com participação nos lucros, deverá aplicar o Princípio da Verdade Material para considerar os valores pagos integrantes da base de cálculo das contribuições previdenciárias. Nesse sentido, preocupouse o legislador com essa possibilidade de se desvirtuar a finalidade da lei e se utilizar a participação nos lucros e resultados da empresa para a sonegação de contribuições sociais: Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. ... §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. No caso, a recorrente oferece a seus segurados empregados uma participação nos lucros. O instrumento que disciplina o pagamento do benefício a todos é a formalização dos termos acordados através de comissão formada por empregados; contudo, carente de representante do sindicato. Diferentemente dos casos de acordos ou convenções coletivas de trabalho em que o sindicato já participa como parte das negociações, a ausência do representante do sindicato na comissão de empregados prejudica a legitimidade dos termos acordados. Os empregados ficam mais vulneráveis a contrapartidas ao benefício que podem frustrar completamente as expectativas dos trabalhadores. Devese lembrar também que os termos negociados pela comissão obrigarão a todos os empregados da empresa. Assim, para que tenha esse efeito erga omnes a presença do sindicato é requisito essencial de legitimidade. Fl. 3264DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 20 37 No caso de suposta negativa do sindicato, deve se aguardar que os representados interessados solucionem a controvérsia. Em razão dos fundamentos que adoto voto por negar provimento ao recurso voluntário. Foi assim que o conselheiro redator do voto vencedor votou na sessão de julgamento. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Redatora ad hoc na data da formalização do acórdão Conselheira Andrea Brose Adolfo Redatora Retroatividade Benigna. Multas Aplicadas. O instituto das multas em matéria previdenciária foi profundamente alterado pela Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei 11.941/2009. De acordo com o relatório fiscal, o processo trata do lançamento referente a contribuições sociais devidas à Seguridade Social, correspondentes a: contribuição da empresa sobre a remuneração de empregados e contribuição da empresa para financiamento dos benefícios concedidos em razão da incapacidade laborativa, portanto, não é aplicável a sistemática da multa para falta de pagamento espontâneo. A multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação entre o valor resultante do cálculo vigente à época dos fatos geradores e o valor resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei 8.212/91, com a redação da MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) Fl. 3265DF CARF MF 38 b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) Notase que o auditorfiscal, no momento da autuação já elaborou planilha comparativa entre as multas vigentes na data do fato gerador e as multas supervenientes, em virtude das alterações promovidas na Lei nº 8.212/91, pela Lei nº 11.941, de 2009, conforme seguintes os trechos extraídos do relatório fiscal: X APLICAÇÃO TEMPORAL DA LEI EM RELAÇÃO ÀS PENALIDADES 10.1 Considerando as alterações da Lei 8.212/1991 pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, e em atenção ao disposto na alínea "c" do inciso ll do artigo 106 da Lei 5.172/1966 Código Tributário Nacional, foram comparadas as multas impostas pela legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e as impostas pela legislação superveniente, tendo sido aplicadas as penalidades mais benéficas para o contribuinte, conforme demonstrativo apresentado no relatório “COMPArA", em CD anexo ao Auto. 10.2 Para as competências de 01/2005, 03/2005, 06/2005, 01/2006, 03/2006, 07/2006, 01/2007, 03/2007, 07/2007, 02/2008 a 04/2008, foi aplicada a multa incluída no Auto de Infração Al DEBCAD 37.257.9680, de Código de Fundamentação Legal CFL 68, prevista na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32, § 5°, acrescentado pela Lei n° 9.528, de 10/12/1997, e Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, art. 284, inc. ll, e art. 373, além da multa incluída no presente Auto, prevista na Lei n° 8.212, de 24/07/91, art. 35, I, ll, Ill (com a redação dada pela Lei n° 9.876, de 26/11/99); Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/99, art. 239, Ill, "a", “b" e parágrafos 2° ao 6° e 11, e art. 242, parágrafos 1° e 2° (com a redação dada pelo Decreto n° 3.265, de 29/11/99). 10.3 Para as competências de 02/2005, 04/2005, 05/2005, 07/2005 a 12/2005, 02/2006, 04/2006 a 06/2006, 08/2006 a 12/2006, 02/2007, 04/2007 a 06/2007, 08/2007 a 12/2007, 01/2008, 05/2008 a 12/2008, foi aplicada a multa prevista no artigo 35A da Lei n° 8.212, de 24/07/91 (combinado com o art. 44, inciso I da Lei n° 9.430, de 27/12/96), ambos com redação da MP n°449 de 04/12/2008, convertida na Lei n°11.941, de 27/05/2009. Pelos excertos acima, constatase que a multa mais benéfica já foi calculada no momento da autuação, de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB 971/2009, acima transcrito, e nos termos do art. 2º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009. Portanto não há que se falar em aplicação do princípio da retroatividade benigna, consoante o disposto no artigo 106, II, c, do CTN, uma vez que tal procedimento já Fl. 3266DF CARF MF Processo nº 10830.016522/200951 Acórdão n.º 2301005.043 S2C3T1 Fl. 21 39 foi realizado pela fiscalização no momento da lavratura do auto de infração, nos termos do artigo 476A da IN RFB 971/2009 e de acordo com o art. 2º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009. Pelo exposto, entendo que devam sem mantidos os valores da multa apurada incidente sobre a obrigação principal. É como voto. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Redatora Fl. 3267DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.912118/2012-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.832
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 18 /2 01 2- 13 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.859, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912118/201213 Acórdão n.º 3301003.832 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 198DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.003299/2002-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 28/02/1999
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. RECURSO DE OFÍCIO. VALOR DE ALÇADA. SÚMULA 103, CARF. NÃO CONHECIMENTO.
Não há como se conhecer de recurso de ofício, cujo valor faz parte do chamado "limite do valor de alçada", fixado pela Portaria MF 63/2007 e por óbice da Súmula 103 do CARF.
Numero da decisão: 3401-003.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício apresentado.
ROSALDO TREVISAN Presidente.
ANDRÉ HENRIQUE LEMOS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ANDRE HENRIQUE LEMOS
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RECURSO DE OFÍCIO. VALOR DE ALÇADA. SÚMULA 103, CARF. NÃO CONHECIMENTO. Não há como se conhecer de recurso de ofício, cujo valor faz parte do chamado "limite do valor de alçada", fixado pela Portaria MF 63/2007 e por óbice da Súmula 103 do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício apresentado. ROSALDO TREVISAN – Presidente. ANDRÉ HENRIQUE LEMOS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente da turma), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Robson José Bayerl, Mara Cristina Sifuentes, Augusto Fiel Jorge O'Oliveira, Fenelon Moscoso de Almeida, André Henrique Lemos (relator) e Tiago Guerra Machado. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 32 99 /2 00 2- 81 Fl. 372DF CARF MF Processo nº 16327.003299/200281 Acórdão n.º 3401003.870 S3C4T1 Fl. 333 2 Versam os autos sobre recurso de ofício, cuja origem da relação jurídico tributária se deu por meio de lançamento da contribuição para o PIS, referente aos movimentos contábeis, da conta dos ganhos em operações de SWAP, da empresa DB SERVICE S/C LTDA., incorporada pelo Recorrido DEUTSCHE BANK SA BANCO ALEMÃO, assim destacada: Entendeu a fiscalização que os valores estão sujeitos à incidência do PIS e que não configuraria mera antecipação de receitas sem efeitos tributários, visto que a alocação das receitas de "swap" nos seus respectivos períodos de competência resultaria na incidência da tributação não ocorrida em janeiro de 1999. A Recorrida apresentou impugnação, defendendo, em síntese que (1) teria adotado o procedimento contábil de valorar mensalmente os contratos de acordo com a curva dos índices envolvidos no ajuste; (2) a base de cálculo do PIS, relativa aos meses de fevereiro e março de 1999 períodos de liquidação das operações fosse apurada com base na totalidade das variações existentes no seu decorrer, mediante o confronto de todas as perdas e todos os ganhos, a fim de extrair se o "resultado" do contrato fora positivo (receita) ou negativo (despesa); (3) a invalidação da autuação, pois a base de cálculo do PIS recai sobre a receita, pressupondo a totalidade dos ganhos e perdas verificados nos transcurso do contrato de "swap", sendo que a autoridade fiscal elegeu um ganho isolado (janeiro de 1999) e o transpôs para o cálculo do tributo nos meses de fevereiro e março de 1999; (4) houve imprecisão na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS, violando o artigo 142 do CTN; (5) atendeu o regime de competência, obedecendo a legislação tributária, vez que o ganho derivado da oscilação combaial nos contratos de "swap" corresponde a uma variação monetária ativa, devendo compor o lucro operacional segundo o regime de competência, de acordo com o artigo 18 do DL 1.598/77; (6) o artigo 375 do RIR/99 não deixa dúvidas de que as variações monetárias ativas são uma espécie de "receitas financeiras", devendo seguir o regime de competência; (7) a alocação de um ganho contabilizado e tributado no mês de janeiro de 1999 para os meses subsequentes, ofende o princípio da legalidade (artigo 97 do CTN), corroborado pela exegese do artigo 16 da IN 72/97; (8) o regime de caixa somente sobreveio com a MP 2.15835, de 2001, eliminando qualquer dúvida quanto ao correto procedimento adotado pelo Recorrido; (9) é inconstitucional a aplicação retroativa da Lei 9.718/98, vigente somente a partir de 1o de fevereiro de 1999, ao passo que o ganho fora percebido em janeiro de 1999; (10) a necessidade de perícia, a fim de aferir com exatidão a dimensão da base de cálculo, pois a autoridade fiscal teria desconsiderado as perdas e os ganhos globais verificados no decorrer dos contratos de "swap". Às fls. 116132 sobreveio decisão da DRJ de Campinas/SP, na qual, por unanimidade de votos, rejeitou a preliminar e julgou improcedente o lançamento, nos termos da ementa abaixo transcrita: Fl. 373DF CARF MF Processo nº 16327.003299/200281 Acórdão n.º 3401003.870 S3C4T1 Fl. 334 3 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 2810211999, 31/03/1999 Ementa: NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa, o que não ocorreu nos presentes autos. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 28/02/1999, 31103/1999 Ementa: APLICAÇÕES FINANCEIRAS DE RENDA VARIÁVEL. CONTRATOS DE "SWAP". CONTABILIZAÇÃO. REGIME DE COMPETÊNCIA. A variação monetária relativa aos contratos bilaterais de operações financeiras do tipo "swap" deve ser reconhecida e registrada na contabilidade ao fim de cada períodobase de incidência, de acordo com o regime de competência, independente do vencimento do contrato financeiro. Lançamento Improcedente Houve interposição de recurso de ofício, sendo que à fl. 139, por maioria de votos, deuse provimento ao recurso de ofício, nos termos da ementa abaixo citada: PIS. CONTRATOS DE SWAP. GANHOS EFETIVOS. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO. Por determinação legal e para fins de apuração do PIS, os ganhos decorrentes de operações sn ap consideramse como receita aqueles auferidos na data da liquidação do contrato. Recurso de ofício provido. Desta decisão, o Recorrido opôs embargos de declaração (fls. 150156), alegando omissão quanto aos argumentos sobre a nulidade e o pedido de perícia. O parecer de fl. 168, opinou pela procedência parcial dos embargos, apenas quanto à nulidade do auto de infração, o que fora acolhido pela Presidente da Primeira Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 169170), determinandose a inclusão do feito em pauta de julgamento. Às fls. 171174, sobreveio decisão da Primeira Câmera do Segundo Conselho de Contribuintes, a qual, por unanimidade de votos, acolheu os embargos de declaração para reratificar o acórdão proferido. Fl. 374DF CARF MF Processo nº 16327.003299/200281 Acórdão n.º 3401003.870 S3C4T1 Fl. 335 4 Às fls. 181217, o contribuinte interpôs recurso voluntário, basicamente repisando os argumentos até então expendidos. À fl. 275 foi atestada a tempestividade do RV, sendo interposto dia 18/1/08, tendo tomado ciência do acórdão em 19/12/07 (AR, fl. 180). A Procuradoria da Fazenda Nacional fora intimada para apresentar contrarrazões, o que fora feito às fls. 280288, defendendo, em suma, que o procedimento adotado pela fiscalização, em considerar na base de cálculo do PIS a receita efetivamente auferida pelo Recorrente nos meses de fevereiro e março de 1999, ou seja, o ganho efetivo com as operações de "swap" na data da liquidação dos contratos, se mostrou correta, não merecendo reparos, razão pela qual, requereu fosse negado provimento ao recurso voluntário, mantendose incólume a decisão recorrida. Às fls. 289293, a CSRF, decidiu, à unanimidade de votos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL i_. Data do fato gerador: 28/02/1999, 31/0311999 PEDIDO DE PERÍCIA NÃO APRECIADO CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA CONFIGURADO. O fato de no julgamento de primeira instância não haver apreciação de pedido de perícia formulado na peça impugnatória, macula a decisão entãó ` proferida, com o vício insanável do cerceamento do direito de defesa. Devendo o julgador ad quem, em sede de preliminar, decretar a nulidade do processo a partir do ato viciado. Processo que se anula a partir do acórdão recorrido, inclusive. Às fls. 297301, o Contribuinte protocolou petição informando que o Plenário do STF, ao julgar o RE 357.950, declarou a inconstitucionalidade da ampliação do conceito de faturamento, sendo que, no caso dos autos, o presente auto de infração advém de variação monetária ativa decorrente de "swap", consideradas receitas financeiras, logo, não inseridas no conceito de faturamento, devendo as decisões administrativas observar a jurisprudência firmada no STF e STJ, nos termos do artigo 1o, do Decreto 2.346/97. Ressaltou ainda que o valor recebido a título de variação monetária ativa não faz parte das atividades empresárias principais da DB SERVICE S/C LTDA., por não ser fruto do seu objeto social. Informou que, no caso da autuação da COFINS, referente aos autos do PAF 16327.003300/200278, foi cancelada em razão da declaração de inconstitucionalidade do § 1°, do artigo 3o, da Lei 9.718/98. É o relatório. Voto Conselheiro André Henrique Lemos Fl. 375DF CARF MF Processo nº 16327.003299/200281 Acórdão n.º 3401003.870 S3C4T1 Fl. 336 5 Como se viu, o feito trata de auto de infração da contribuição do PIS sobre receitas financeiras auferidas por instituição não financeira (DB Service S/C Ltda., incorporada pelo Recorrente), cujo crédito fora exonerado pela DRJ de origem, em 16/02/2004, perfazendo o valor de R$ 1.978.794,17, portanto, abaixo do previsto pela Portaria MF 63/2007, a qual fixa em R$ 2.500.000,00. Vêse que o valor do recurso de ofício está contido no valor de alçada, incidindo a Súmula 103 do CARF: "Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância." Por tal razão, não merece ser conhecido o Recurso de Ofício. Dispositivo Com estas considerações, não conheço do recurso de ofício. André Henrique Lemos Relator Fl. 376DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.720912/2007-28
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL
A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão, o ADA não foi apresentado. Assim, não é possível a exclusão da área de AP P declarada da base de cálculo do ITR.
Numero da decisão: 9202-005.345
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Júnior - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão, o ADA não foi apresentado. Assim, não é possível a exclusão da área de AP P declarada da base de cálculo do ITR. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva (relatora), Ana Paula Fernandes, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 09 12 /2 00 7- 28 Fl. 455DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Júnior Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório A FAZENDA NACIONAL, por meio de sua procuradora, com fulcro nos arts. 67 e 68 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22/06/09, interpõe recurso especial em face do Acórdão no 280100.523, proferido pela Primeira Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento do CARF. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. COMUNICAÇÃO TEMPESTIVA A ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE. A partir do exercício de 2001, é indispensável que o contribuinte comprove que informou ao lhama ou a órgão conveniado, tempestivamente, mediante documento hábil, a existência das Areas de preservação permanente e de utilização limitada/reserva legal que pretende excluir da base de cálculo do ITR. AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. TERMO DE RESPONSABILIDADE AVERBADO. Cabe excluir da tributação do ITR as parcelas de áreas de utilização limitada/reserva legal reconhecidas em Termo de Responsabilidade de Manutenção de Floresta firmados entre o proprietário do imóvel e a autoridade florestal competente, devidamente averbado antes da ocorrência do fato gerador. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. AREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APA. As Leas de propriedades privadas inseridas dentro dos limites de uma APA podem ser exploradas economicamente, desde que observadas as normas e restrições imposta pelo órgão ambiental. Assim, para efeito de exclusão do ITR, somente serão aceitas como Leas de utilização limitada/área de interesse ecológico aquelas assim declaradas, em caráter especifico, mediante ato especifico da autoridade competente, estadual ou federal, conforme o caso. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10680.720912/200728 Acórdão n.º 9202005.345 CSRFT2 Fl. 456 3 VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO. LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO. O laudo técnico de avaliação hábil a comprovar o VTN pleiteado é aquele emitido por profissional habilitado, que faça expressa referência ao preço de mercado em 1° de janeiro do ano de ocorrência do fato gerador. Recurso parcialmente provido O acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer área de utilização limitada/reserva legal no montante de 228,7 ha,. O lançamento referese ao ITR do exercício 2003. A recorrente alega que as decisões proferidas nos Acórdãos no 30134.352 e no 30239.144 divergem do entendimento exarado no acórdão atacado, por entender que, enquanto este dispensa a comprovação por meio de ADA ou do protocolo do requerimento deste pelo contribuinte junto ao IBAMA ou órgão ambiental conveniado, em tempo hábil, para fins de exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR, os paradigmas não dispensam a referida exigência a partir do exercício de 2001, tendo como base legal o art. 17O da Lei nº 6.938/81. Acórdão de no 30134352 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR EXERCÍCIO: 2001 ITR EXERCÍCIO 2001. AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAçÃo DOADA. A partir do exercício de 2001 é indispensável a apresentação do Ato Declaratório Ambiental como condição para o gozo da redução do 'TR em se tratando de áreas de preservação permanente e de utilização limitada, tendo em vista a existência de lei estabelecendo expressamente essa obrigação (art. 170 da Lei no 6.938/81, na reda cão do art. 10 da Lei no 10.165/2000). RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Acórdão de no 30239144 Assunto: Imposto sobre a _Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2001 Ementa: ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. A partir do exercício de 2001, para os contribuintes que desejam se beneficiar da isenção da tributação do ITR, a apresentação do ADA passou a ser obrigatória (ou a comprovação do protocolo de requerimento daquele Ato, junto ao IBANIA, em tempo hábil), por forca da Lei n° 10.165, de 28/12/2000. (...) AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE OU AREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA COMPROVAÇÃO Fl. 457DF CARF MF 4 Para que as áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada estejam isentas do ITR, é preciso que as mesmas estejam perfeitamente identificadas por documentos idôneos e que assim sejam reconhecidas pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, ou que o contribuinte comprove ter requerido o referido ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. (...) RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. O Contribuinte tomou ciência do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional apresentou contrarrazões pugnando pela improcedência do Recurso da Procuradoria e apresentou Recurso Especial, que não foi admitido. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade razão pela qual o conheço. No tocante A. diferença apurada em levantamento topográfico entre a área real do imóvel e a de matricula, registrese que a interessada deverá tomar as providências cabíveis para retificar a matricula do imóvel, sendo incabível aceitar tal correção neste voto. Ademais, cabe destacar que a interessada informou na DITR/2003 apresentada a área de matricula do imóvel, não obstante tal apresentação tenha ocorrido depois de já efetuado o levantamento topográfico invocado (10/03/2003, fls. 197). Quanto ao objeto de litígio em apreço nestes autos, frisese que a contribuinte declarou que seu imóvel possui área total de 647,3 ha, sendo que deste total 550,0 ha seriam referentes à área de preservação permanente (APP) e 94,3 ha teriam sido utilizados com pastagens. Ao apresentar sua defesa, argumenta que dos 550,0 ha declarados como sendo APP, 228,7 ha seriam de área de utilização limitada/reserva legal (AUL/ARL), consoante documento de fls. 16 (Av 8 — Mat. 10.821, de 13/10/1989), que comprova a averbação de ARL em decorrência da assinatura de Termo de Responsabilidade de Preservação de Florestas. Além desses 228,7 ha de ARL, existiriam na propriedade 296,1 ha de APP inserida dentro da Área de Preservação Ambiental instituída pelo Decreto Estadual/MG n° 35.624, de 8 de junho de 1994 (APA SUL RMBH). A contribuinte defende que a apresentação de ADA é desnecessária para a exclusão das áreas acima mencionadas da área total do imóvel, para fins de apuração do ITR. Diante disso, vale fazer uma recapitulação de parte da legislação referente ao ADA. Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10680.720912/200728 Acórdão n.º 9202005.345 CSRFT2 Fl. 457 5 No caso, cabe examinar se o Laudo Técnico de Vistoria realizada pelo IBAMA em 10/07/2009, fls. 277 a 279, faz prova a favor da interessada para alterar o resultado do julgado anteriormente proferido. Examinandoo, verifico que a vistoria realizada foi motivada por apresentação do ADA de n° 10731310022815, cuja cópia não consta dos autos. De qualquer sorte, a autoridade fiscalizadora ambiental, na data da vistoria, constatou que no imóvel existiam 228,75 ha de Área de Reserva Legal e 296,17 ha de Área de Preservação Permanente, valores ,esses que teriam:sido os .declarados no ADA. Ora, essa Turma de Julgamento já aceitou no acórdão embargado os 228,7 ha de Area de Reserva Legal. Quanto a Área de Preservação Permanente, verificase que nada há nos autos que comprove que no prazo previsto na legislação, ou seja, seis meses contados da data da entrega da DITR, exercício 2003, já havia comunicação ao IBAMA ou órgão conveniado noticiando a existência das referidas areas e solicitando que fossem ratificadas em vistoria. Observese, ainda, que o laudo ora apreciado não se reporta a datas anteriores. Portanto, entendo que para o exercício em questão, 2003, a vistoria realizada em 2009 não é hábil para suprir as exigências legais para o fim que se pretende: exclusão de áreas isentas da tributação pelo ITR. A área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é o que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. Quanto a APP, saliento que no meu entendimento pessoal para configuração da área de preservação ambiental não é obrigatório que a comprovação da natureza da área se dê por meio da exibição de ADA, podendo esta ser feita por qualquer meio de prova. Diante de todo exposto nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Faço notar que o litígio envolve aqui áreas de Preservação Permanente assim declaradas pelo Contribuinte, no valor de 550,0 ha., na forma de declaração de efl. 10. Em tal declaração, não retificada, baseouse o lançamento aqui objeto de análise. Ainda, faço notar há evidência de entrega de ADA para o exercício em questão, mas somente em 03/08/2007 (fl. 14), posteriormente ao início da ação fiscal, ocorrido em 06/2007. Fl. 459DF CARF MF 6 Feita tal digressão, com a devida vênia ao voto da nobre relatora, ouso discordar de seu posicionamento quanto aos requisitos para exclusão das áreas de preservação permanente. Acerca do tema, entendo que a fruição da redução da base de cálculo do ITR (possuidora, a meu ver de natureza isentiva), seja por áreas de preservação permanente ou de interesse ecológico, encontra um de seus requisitos legais claramente estabelecido, desde 2000, a partir do disposto no art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em especial em seu caput e parágrafo 1º, com atual redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...)o. § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (g.n.) Ou seja, mandatório, para que se admita a redução da base tributável de áreas a título de Preservação Permanente ou de Interesse Ecológico, que constem as mesmas de ADA entregue ao IBAMA. Tratase aqui, notese, de dispositivo legal específico, posterior à Lei no. 9.393, de 1996, restando, assim, quando da instituição de tal requisito, plenamente respeitado o princípio da Reserva Legal. Notese ser plenamente consistente a coexistência de tal obrigação com a vigência e aplicação da Lei no. 9.393, de 1996, sem qualquer tipo de antinomia. Ainda, de se rejeitar qualquer argumentação de revogação do dispositivo pelo §7° do art. 10 da Lei n.° 9.393, de 1996, instituído pela Medida Provisória n.° 2.166 67/01. O que se estabelece ali é uma desnecessidade de comprovação prévia tão somente no momento da declaração (DITR), sendo perfeitamente factível, porém, que, posteriormente, em sede de ação fiscal, sejam demandados elementos necessários à comprovação do constante na DITR do declarante e realizado o lançamento no caso de insuficientes elementos comprobatórios, a partir do expressamente disposto nos arts. 14 e 15 daquela mesma Lei no. 9.393, de 1996. Tal posicionamento encontrase muito bem detalhado no âmbito do Acórdão CSRF 9202003.620, de 04 de março de 2015, no qual funcionei como Redator ad hoc do voto vencedor em substituição ao redator do voto designado, Dr. Alexandre Naoki Nishioka, adotando assim aqui seus fundamentos a seguir como razões de decidir, verbis: "(...) Pois bem. Muito embora inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer fundamento para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17 O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10680.720912/200728 Acórdão n.º 9202005.345 CSRFT2 Fl. 458 7 (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ora, de acordo com uma interpretação evolutiva do referido dispositivo legal, isto é, cotejandose o texto aprovado quando da edição da Lei n.° 9.960/00, em contraposição à modificação introduzida pela Lei n.° 10.165/00, verificase que, para o fim específico da legislação tributária, passouse a exigir a apresentação do ADA, como requisito inafastável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Assim, sendo certo que as normas que instituem isenções devem ser interpretadas de forma estrita, ainda que não se recorra somente ao seu aspecto literal, como se poderia entender de urna análise superficial do art. 111, do Código Tributário Nacional, fato é que, no que atine às regras tratadas como exclusão do crédito tributário pelo referido codex, a legislação não pode ser interpretada de maneira extensiva, de maneira que não há como afastar a exigência do ADA para o fim específico de possibilitar a redução da base de cálculo do ITR. (...)" Atendose mais especificamente ao caso em questão, notase, ao compulsar os autos, que o referido requisito de entrega do ADA foi efetivamente cumprido após o início da ação fiscal. Ainda a propósito, agora quanto à questão do momento da entrega do ADA, com a devida vênia aos Conselheiros que adotam posicionamento diverso, entendo que o melhor posicionamento é, novamente em linha com o adotado no âmbito do mesmo Acórdão CSRF 9202003.620, admitir a protocolização do Ato Declaratório Ambiental até o início da ação fiscal, com fulcro nos seguintes fundamentos: "(...) Feita esta observação, relativa, portanto, à obrigatoriedade de apresentação do ADA, cumpre mover à análise do prazo em que poderia o contribuinte protocolizar referida declaração no órgão competente. No que toca a este aspecto específico, tenho para mim que é absolutamente relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17O da Lei n.° 6.938/81. Analisandose, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, podese inferir que a mudança de paradigma deveuse a razões atinentes à efetividade da norma isencional, especialmente no que concerne à aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Fl. 461DF CARF MF 8 Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim específico da fruição da redução da base de cálculo do ITR foi permitir uma efetiva fiscalização por parte da Receita Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizandose, para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA. Em síntese, podese afirmar que a alteração no regramento legal teve por escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, como afirma Helenílson Cunha Pontes, uma "razoável efetividade da norma tributária'" (PONTES, Helenílson Cunha. O princípio da praticidade no Direito Tributário (substituição tributária, plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e seus limites. In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.° 2. Belo Horizonte, jul/dez2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine às áreas de interesse ambiental lato senso, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia, não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 17O da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA, não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, (...). (...) Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10680.720912/200728 Acórdão n.º 9202005.345 CSRFT2 Fl. 459 9 desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por Instrução Normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17O da Lei n.° 6.398/81. Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer à analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose à analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 17O da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir praticabilidade à apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base de cálculo do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi eaedem legis dispositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do Fl. 463DF CARF MF 10 contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/01, que assim dispõe, verbis: "Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. (grifei) (...)" Repetindose uma vez mais que como, no caso em questão, não houve, a partir dos elementos constantes dos autos, entrega do ADA para o exercício em questão antes do início da ação fiscal, é de se manter a glosa da área de preservação permanente da base de cálculo do ITR, perpretada pela autoridade lançadora. Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional quanto à matéria, reformandose o recorrido para manter a glosa realizada pela autoridade lançadora. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 464DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.722268/2009-05
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
Numero da decisão: 9303-005.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, re-ratificar o Acórdão nº, 9303-004.652, de 15/02/2017, com efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os Embargos de Declaração para, reratificar o Acórdão nº, 9303004.652, de 15/02/2017, com efeitos infringentes, nos termos do voto do relator. Ausente, momentaneamente, a conselheira Érika Costa Camargos Autran. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 22 68 /2 00 9- 05 Fl. 877DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Embargos de Declaração interpostos tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 9303004.652, 15/02/2017, proferido pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, aditivo dispersante e serviços de remoção de resíduos industriais. FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido. Recurso Especial do Procurador provido em parte Alega a Embargante que a decisão apresenta uma contradição, a saber: assentou que “...se o produto se enquadrar no conceito de insumo, sendo, de conseguinte, necessário à produção do contribuinte, o gasto com o seu transporte deverá ser incorporado ao custo do produtos transportados (...). Portanto, se o frete foi pago no transporte de produtos que sejam insumos (...)o valor assim despendido deve ser incorporado ao custo dos produtos transportados (...)", e a conclusão do voto, que findou por negar direito a tomada de créditos sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico, considerado como insumo pelo próprio relator. O exame de admissibilidade dos embargos encontrase às fls. 673/676. É o Relatório. Voto Fl. 878DF CARF MF Processo nº 10280.722268/200905 Acórdão n.º 9303005.591 CSRFT3 Fl. 878 3 Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Com efeito, o acórdão embargado incorreu numa contradição, o que autoriza o manejo dos aclaratórios, em conformidade com o que dispõe o art. 65 do Anexo II do atual RICARF/2015. Notese que, muito embora tenhamos afirmado que os serviços de transporte suportados pelo adquirente somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido, somente quando estes se qualifiquem como insumos, nos termos da legislação de regência (ver Solução de Consulta Cosit nº 99048, de 20 de março de 2017), não nos atentamos para o fato de que o frete pago pela Embargante se destinava unicamente ao transporte do ácido sulfúrico, o que poderia ter sido deduzido até mesmo das peculiaridades deste produto. Outra seria a solução se o frete fosse pago para o transporte de mais de um produto, uns qualificados como insumos, outros, não, hipótese em que deveria haver uma divisão proporcional do custo pelos produtos transportados. Não é o caso, porém. Ante o exposto, conheço e acolho os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para conferir à Embargante o direito ao crédito sobre o frete pago na aquisição de ácido sulfúrico. A ementa do acórdão embargado passa a ser a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, são exemplos de insumos ácido sulfúrico, aditivo dispersante e serviços de remoção de resíduos industriais. FRETE. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS. Os serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, quando estes se qualifiquem como insumos nos termos da legislação de regência, somente geram direito ao crédito de modo indireto, mediante incorporação ao custo do bem adquirido. No caso julgado, o frete pago para transporte do ácido sulfúrico gera direito ao crédito de PIS no regime não cumulativo. Recurso Especial do Procurador negado. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 879DF CARF MF 4 Charles Mayer de Castro Souza Fl. 880DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.904352/2009-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.668
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 43 52 /2 00 9- 22 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 11040.904352/200922 Acórdão n.º 1402002.668 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 58DF CARF MF Processo nº 11040.904352/200922 Acórdão n.º 1402002.668 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 11040.904352/200922 Acórdão n.º 1402002.668 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 60DF CARF MF Processo nº 11040.904352/200922 Acórdão n.º 1402002.668 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.679823/2009-02
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 17/08/2006
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS.
A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde.
Recurso Especial do Contribuinte negado.
Numero da decisão: 9303-005.516
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran.
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COMPENSAÇÃO Recorrente TIM CELULAR S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 17/08/2006 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 23 /2 00 9- 02 Fl. 255DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Erika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3803006.303, de 23/07/2014, proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 17/08/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGADA DCTF RETIFICADORA. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO. EFEITO. INEXISTENTE. A apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida. PROVA. RETIFICAÇÃO DE DCTF. REDUÇÃO DE DÉBITO. APÓS CIÊNCIA DE DECISÃO ADMINISTRATIVA. ÔNUS. CONTRIBUINTE. Compete ao contribuinte o ônus da prova de erro de preenchimento em DCTF, consubstanciada nos documentos contábeis que o demonstre. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido de que a comprovação do erro, com a respectiva juntada de documentação comprobatória, após o despacho decisório que indeferiu a compensação, deve ser feita no momento da manifestação de inconformidade/impugnação, não havendo ofensa a princípios constitucionais, ainda mais que somente a DCTF retificadora, após o despacho decisório que não tem vício de nulidade, não comprova o direito creditório, de forma que o pedido de diligência por erro formal não configurado não deve ser aceito. Alega divergência com relação ao que decidido nos Acórdãos nº 330201.406. O exame de admissibilidade do recurso especial encontrase às fls. 245/247. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso (fls. 249/252). É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Fl. 256DF CARF MF Processo nº 10880.679823/200902 Acórdão n.º 9303005.516 CSRFT3 Fl. 256 3 Conforme assentado no exame de sua admissibilidade, o acórdão recorrido entendeu que a apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, não tem o condão de alterar a decisão proferida, competindo ao contribuinte o ônus de provar o erro de preenchimento da declaração, mediante a apresentação de documentos contábeis e fiscais. Já no acórdão paradigma, em situação semelhante, concluiuse que a DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida a retificação, substitui a original em relação aos débitos e as vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, mesmo após proferida a decisão, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar a liquidez e certeza do crédito apontado (os autos foram baixados em diligência, a fim de que se apurasse o indébito). Atentese para o seguinte fato: no acórdão paradigma, o Colegiado, não obstante tenha firmado o entendimento de que a DCTF retificadora substituíra a original, curiosamente determinou o retorno dos autos para que se apurasse o crédito, de modo que não deu, pura e simplesmente, integral provimento ao recurso voluntário. A respeito, confiramse os seguintes parágrafos do paradigma: Diante do quadro acima exposto, concluise que, primeiramente, as compensações foram não homologadas corretamente, de acordo com os fatos existentes à época do despacho decisório. O acórdão de primeira instância considerou não demonstrado o direito de crédito, no que tem razão, mas, com a retificadora, o ônus de prova não era mais do sujeito passivo. Dessa forma, tal indébito tem que ser devidamente apurado pela autoridade fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a compensação. Assim, os autos devem retornar à delegacia de origem, para que o fisco apure os indébitos, mediante procedimento de diligência, para, então, o parecer ser submetido ao exame da seção competente da delegacia de origem, que deve novamente apreciar a compensação. (g.n.) A nosso sentir, a divergência é manifesta. Percebase que, no acórdão paradigma, o Colegiado resolveu inverter o ônus da prova, com a só apresentação de retificadora – mesmo após proferido o Despacho Decisório, enquanto que, no recorrido, outro Colegiado o atribuiu à contribuinte. No mérito, como já registramos noutros processos envolvendo matéria idêntica, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, conforme preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Fl. 257DF CARF MF 4 Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. No caso em exame, a contribuinte não trouxe aos autos, nas duas oportunidades em que neles compareceu, qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que cometera no preenchimento da DCTF (escrituração contábil e fiscal). Para nós, portanto, correta a Câmara baixa, ao afirmar que a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não seria óbice, mas também não seria suficiente para a demonstração do crédito vindicado, sendo indispensável, nos termos do § 1º do art. 147 do CTN, supra, a comprovação do erro em que se fundou a retificação, o que a Recorrente, conforme já ressaltamos, não logrou realizar. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 258DF CARF MF Processo nº 10880.679823/200902 Acórdão n.º 9303005.516 CSRFT3 Fl. 257 5 Fl. 259DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721450/2014-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2012 a 30/12/2012
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170-A DO CTN
Nos termos do art. 170-A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. FALSIDADE DE INFORMAÇÃO EM GFIP.
Constitui infração, passível de aplicação de multa isolada agravada, a compensação das contribuições sociais feita em desconformidade da legislação previdenciária, nos termos do art. 89, §§ 9º e 10, da Lei nº 8.212/91.
Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, §10º da Lei nº 8.212/1991, necessário que a autoridade fiscal demonstre a efetiva falsidade de declaração, ou seja, a inexistência de direito "líquido e certo" à compensação, sem a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte.
MULTA DE MORA. CABIMENTO.
A multa de mora decorre do atraso pagamento, sendo devida quando o atraso do tributo ocorre.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Nos termos na Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento parcial ao recurso para excluir a multa isolada de 150%. A Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio informou que apresentará declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2012 a 30/12/2012 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170-A DO CTN Nos termos do art. 170-A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. FALSIDADE DE INFORMAÇÃO EM GFIP. Constitui infração, passível de aplicação de multa isolada agravada, a compensação das contribuições sociais feita em desconformidade da legislação previdenciária, nos termos do art. 89, §§ 9º e 10, da Lei nº 8.212/91. Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, §10º da Lei nº 8.212/1991, necessário que a autoridade fiscal demonstre a efetiva falsidade de declaração, ou seja, a inexistência de direito "líquido e certo" à compensação, sem a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte. MULTA DE MORA. CABIMENTO. A multa de mora decorre do atraso pagamento, sendo devida quando o atraso do tributo ocorre. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Nos termos na Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado
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COMPENSAÇÃO INDEVIDA. COMPENSAÇÃO REALIZADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA RESPECTIVA DECISÃO JUDICIAL. 170A DO CTN Nos termos do art. 170A do Código Tributário Nacional, é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA. FALSIDADE DE INFORMAÇÃO EM GFIP. Constitui infração, passível de aplicação de multa isolada agravada, a compensação das contribuições sociais feita em desconformidade da legislação previdenciária, nos termos do art. 89, §§ 9º e 10, da Lei nº 8.212/91. Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, §10º da Lei nº 8.212/1991, necessário que a autoridade fiscal demonstre a efetiva falsidade de declaração, ou seja, a inexistência de direito "líquido e certo" à compensação, sem a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte. MULTA DE MORA. CABIMENTO. A multa de mora decorre do atraso pagamento, sendo devida quando o atraso do tributo ocorre. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. Nos termos na Súmula CARF nº 2, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 14 50 /2 01 4- 13 Fl. 1035DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.036 2 Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento parcial ao recurso para excluir a multa isolada de 150%. A Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio informou que apresentará declaração de voto. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10580.721450/201413, em face do acórdão nº 0261.276, julgado pela 8ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), na sessão de julgamento de 22 de outubro de 2014, no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar improcedente a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem, que assim relatou os fatos: "Compõem o processo 10580.721450/201413 os seguintes autos de infração lavrados em 19/3/2014: AI 51.056.2310 no valor de R$ 1.990.396,42, referente à glosa de compensação, nas competências 01/2012 a 12/2012. AI 51.056.2302, no valor de R$ 2.274.006,28, referese à multa isolada de 150% decorrente da declaração pelo contribuinte em GFIP de créditos inexistentes, como demonstrado nas tabelas I e II de fl. 24. Conforme relatório fiscal, fls. 19 a 27, a empresa Praia Grande Transportes Ltda considerou como recolhidas indevidamente contribuições previdenciárias incidentes sobre verbas que a legislação previdenciária reputa como devidas e as compensou em GFIP. Informa a fiscalização que de acordo com a memória de cálculo apresentada pelo contribuinte (anexo III – fls. 91/92) para o CNPJ 01.026.732/000113 foram compensadas contribuições incidentes sobre auxílio doença (licença médica Fl. 1036DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.037 3 até quinze dias), férias gozadas e 1/3 de férias sem o devido suporte legal ou jurídico. Para o CNPJ 01.026.732/000202 foram compensados valores pagos incidentes sobre férias gozadas (fls. 95/96). O contribuinte possui o Mandado de Segurança 2009.33.00.0179490/BA, com decisão favorável proferida em 8/4/2011 pela Oitava Turma do Tribunal Regional da 1ª Região, para compensação das contribuições recolhidas sobre os quinze primeiros dias de auxílio doença/acidente, após trânsito em julgado da decisão judicial. Apurou a fiscalização que o autuado, apesar da decisão judicial citada, compensou, no ano de 2012, as contribuições incidentes sobre as rubricas paras as quais não obteve decisão favorável (férias gozadas e 1/3 de férias), bem como não aguardou o trânsito em julgado da sentença quanto aos quinze primeiros dias de afastamento por motivo de doença/acidente (item 3.1.2 do relatório fiscal). O contribuinte teve ciência das autuações em 26/3/2014, e apresentou impugnação em 25/4/2014, fls. 196 a 221, onde alega: PRELIMINAR – CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Alega que a auditora fiscal não lhe permitiu que anexasse aos esclarecimentos prestados os documentos que demonstrariam os créditos compensados, desrespeitando princípios processuais básicos e cerceandolhe o direito de defesa. DIREITO AOS CRÉDITOS Diz que as compensações efetuadas estão amparadas pelas instruções normativas da RFB, legislação adequada e jurisprudência dos tribunais superiores. As parcelas pagas a título de aviso prévio indenizado, 13º salário proporcional ao aviso prévio indenizado, férias não gozadas, todas as verbas de cunho estritamente social, terço constitucional de férias, quinze primeiros dias que antecedem os auxílios doença e acidente, férias gozadas, horas extras, salário maternidade e adicionais de insalubridade, noturno e periculosidade não devem integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias por serem indenizatórias, além de não pagas com habitualidade e não corresponderem à compensação por serviços prestados. Discrimina às fls. 199/200 os créditos separados por matriz e filial (doc. 6) por parcela, sobre a qual entende ser indevida a incidência de contribuições sociais. São elas licença médica até quinze dias que antecedem os auxílios doença/acidente, 1/3 constitucional de férias, férias gozadas, horas extras e salário maternidade. JURISPRUDÊNCIA Fl. 1037DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.038 4 Descreve às fls. 200 a 216 jurisprudência dos tribunais superiores acerca da natureza dos quinze primeiros dias que antecedem os auxílios doença e acidente, terço constitucional de férias, férias gozadas, salário maternidade, horas extras, adicionais de insalubridade, noturno e periculosidade. NECESSIDADE DE AFASTAMENTO DA MULTA ISOLADA DE 150% E TAMBÉM DA MULTA DE MORA DE 20% CARÁTER CONFISCATÓRIO E BOA FÉ DO IMPUGNANTE (OBEDIÊNCIA A PRECEDENTE DE TRIBUNAL SUPERIOR) Alega que a compensação realizada está amparada em jurisprudência pacificada do STF e STJ em sede de uniformização e de recursos repetitivos ou em decisões que refletem os posicionamentos atuais/recentes dos tribunais superiores. Entende que não pode ser penalizado com multas exorbitantes, quando faz valer determinações dos tribunais superiores. Diz que a compensação antes do trânsito em julgado da sentença judicial por si só não pode caracterizar fraude e motivar a aplicação de multa isolada em dobro. Aduz que a aplicação de multas confiscatórias é vedada pela Constituição Federal, no artigo 150, IV. Requer o afastamento da multa isolada de 150% e da multa de mora de 20% por serem confiscatórias e em face da inexistência de fraude ou dolo. Acrescenta que o fundamento jurídico que ensejou as compensações tem o aval dos Tribunais Superiores. Requer ainda, na hipótese do não reconhecimento dos créditos apresentados, a exclusão das multas isolada e de mora, uma vez que seus créditos estão fundamentados na atual jurisprudência dos tribunais superiores. CRÉDITOS EXTRAS NÃO COMPENSADOS E/OU NÃO CALCULADOS Ressalta que ainda possui diversos créditos oriundos das mesmas verbas expostas relativas a meses posteriores às compensações e/ou que não foram inseridos nas memórias de cálculo, em anexo. PEDIDOS Pede o cancelamento do crédito previdenciário, a homologação das compensações efetuadas, bem como o afastamento da multa isolada de 150% e de mora de 20%, tendo em vista a ausência de dolo ou fraude, seu caráter confiscatório e o fato de que a fundamentação das compensações está em consonância com o entendimento recente dos tribunais superiores." A DRJ de origem julgou pela improcedência da impugnação, para manter o crédito tributário exigido nos autos de infração nº 51.056.2310 e 51.056.2302. Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 774/804, reiterando as alegações expostas em impugnação. Fl. 1038DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.039 5 É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. O objeto do lançamento fiscal é a constituição de crédito tributário decorrente de glosa de contribuição previdenciária correspondente a compensações feitas pelo contribuinte, sob o argumento de que teria pago valor a maior, em razão da inclusão na base de cálculo, indevidamente, de verbas de natureza indenizatória. As compensações foram realizadas nas GFIP relativas ao período de 01/2012 a 12/2012 e englobaram as contribuições pagas sobre licença médica até quinze dias, férias gozadas e 1/3 de férias, conforme anexo de fls. 91 a 100. O contribuinte impetrou o Mandado de Segurança 2009.33.00.0179490/BA, com decisão favorável proferida em 8/4/2011 pela Oitava Turma do Tribunal Regional da 1ª Região, para compensação das contribuições recolhidas sobre os quinze primeiros dias de auxílio doença/acidente, após trânsito em julgado da decisão judicial. O relatório da apelação, foi assim relatado pelo Desembargado Relator: "Cuidase de apelação interposta contra sentença proferida pelo douto juízo da 12ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado da Bahia que, nos autos do mandado de segurança impetrado por Praia Grande Transportes Ltda contra ato do Delegado da Receita Federal do Brasil em Salvador/BA, concedeu parcialmente a segurança buscada, “para declarar, por ilegalidade, a inexistência de relação jurídicotributária que obrigue a parte autora recolher as contribuições previdenciárias (folha de salários – art. 22, I, da Lei nº 8.212/91) incidentes sobre os valores pagos relativamente aos quinze primeiros dias de afastamento dos segurados a título de auxíliodoença, auxílio acidente e sobre 1/3 (um terço) constitucional de férias e, condenando a ré a garantir o direito do autor à utilização dos valores recolhidos indevidamente a tal título, a partir de 20.11.1999, através de compensação com tributo da mesma espécie e destinação constitucional após o trânsito em julgado desta sentença, valores que deverão ser devidamente corrigidos pela SELIC na forma do art. 39, § 1º, da Lei 9.250/96 e art. 89, § 4º da Lei nº 8.212/91” (fls. 343/350). Em suas razões recursais (fls. 360/368), sustenta a União Federal, preliminarmente, a ocorrência de prescrição quinquenal. No mérito, aduz, em síntese, que o salário se define como as verbas pagas em decorrência do contrato de trabalho e não em decorrência da contraprestação pelo trabalho. Afirma que as verbas de caráter não remuneratório foram Fl. 1039DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.040 6 expressamente excluídas pela legislação de regência da hipótese de incidência da contribuição em comento, em cujo rol não se encontra as parcelas ora em discussão. Defende a incidência da exação sobre o pagamento devido nos quinze primeiros dias de afastamento do empregado por motivo de doença, uma vez que se trata de verba de natureza salarial. Por outra vertente, alega que o afastamento por quinze dias será computado para a percepção de outros benefícios, o que impõe a necessidade de recolhimento da aludida contribuição, sob pena de violação ao caráter contributivo do regime e à relação custeio benefício. Defende, ainda, o caráter não indenizatório da verba, uma vez que o pagamento é realizado independentemente da necessidade de reparar algum dano ou ressarcir gastos. Requer, pois, o provimento do recurso, a fim de que seja reformada a sentença recorrida. Com as contrarrazões de fls. 374/389, subiram os autos a este egrégio Tribunal, também, por força da remessa oficial interposta, opinando a douta Procuradoria Regional da República pelo provimento do apelo (fls. 393/401). Este é o relatório." (grifouse) Em consulta ao site do Tribunal Regional Federal da 1a. Região, verificase que na data deste julgamento (08/08/2017) o processo encontrase "SOBRESTADO AGUARDANDO JULGAMENTO DE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA NO STJ". Ou seja, ainda não há trânsito em julgado. Assim, quanto à glosa das compensações efetuadas, a recorrente alega, essencialmente, que possuía decisão judicial que lhe permitiria excluir da base de cálculo das contribuições previdenciárias, consequentemente do SAT/RAT e terceiros, as seguintes exações que foram objeto de compensação: auxílio pago nos primeiros 15 dias de afastamento do trabalho por doença, terço constitucional incidente sobre as férias e férias gozadas. Aduziu que, por meio de tal sentença, foi autorizado a repetir ou a compensar, com a devida correção pela Selic, toda a contribuição que recolheu indevidamente. Contudo essas alegações não podem prosperar pelas razões que seguem. A compensação de valores discutidos judicialmente deve obedecer o que determina o CTN, no artigo 170A: Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. (grifouse) Observase, por meio de consulta efetuada no sítio do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Fiscal que na época da realização das compensações, bem como ainda hoje, o referido processo ainda não foi definitivamente julgado. Dessa feita, em que pese o fato de haver discussão judicial acerca da incidência de contribuições previdenciárias sobre algumas verbas pagas a empregados, temse que não há nos autos nenhuma decisão judicial que, contrariando a legislação tributária de Fl. 1040DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.041 7 regência, autorizasse o contribuinte a compensar, durante o ano de 2012, valores decorrentes de discussão judicial ainda não transitada em julgado com contribuições apuradas, conforme realizou. Portanto, em conformidade com o dispositivo citado, e em respeito à decisão judicial referida pela recorrente, as compensações, objeto de glosa por meio da autuação tratada no presente processo, foram efetuadas sem que, na oportunidade de sua realização, existissem créditos que lhes amparassem, devendo tais glosas serem mantidas. Multa por compensação indevida. A contribuinte realizou compensações consideradas indevidas, por utilizarse créditos antes do trânsito em julgado. Constitui infração, passível de aplicação de multa isolada agravada, a compensação das contribuições sociais feita em desconformidade da legislação previdenciária, nos termos do art. 89, §§ 9º e 10, da Lei nº 8.212/91. Relativamente à aplicação da multa isolada de 150%, a Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, assim dispõe: Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. ... § 10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. O art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, com a redação da Lei nº 11.488, de 2007, dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata Da leitura destes dispositivos, não resta dúvida no sentido de que a constatação da falsidade da declaração é suficiente para a aplicação da multa isolada de 150%, sem a necessidade de comprovação de existência de dolo, ou qualquer uma das figuras penais descritas no §1º do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996. A multa de 150% é cabível não apenas em Fl. 1041DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.042 8 função da compensação indevida mas pela declaração falsa do contribuinte de possuir créditos em seu favor. Nesse passo, a compensação de créditos tributários inexistentes caracterizaria a falsidade requerida no dispositivo legal acima transcrito, restando perquirir, no presente caso, qual foi a situação que ensejou a glosa das compensações. O Relatório Fiscal fornece os fundamentos para a multa, descrevendo os supostos créditos que o contribuinte teria utilizado para as compensações. Tais compensações foram indevidas. Assim sendo, as importâncias utilizadas como crédito pelo contribuinte não gozavam do pressuposto de liquidez e certeza, levando à conclusão de que este contribuinte compensouse de créditos inexistentes. Por pertinente, transcrevo trecho do voto vencedor da Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, proferido no Acórdão nº 9202004.341, em julgamento na Câmara Superior deste Conselho (sessão de 24/08/2016), sobre a aplicação da multa ora examinada: "Ou seja, o legislador determina a aplicação de multa de 150% quando se trata de falsidade de declaração, sem que no mencionado dispositivo, tenha a autoridade fiscal, mencionado a necessidade de imputação, de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte. Mas, qual o limite entre a caracterização de simples informação inexata, ou sem que o recorrente tenha legitimidade para exercer naquele momento o direito e a falsidade propriamente dita? Ao efetivar compensação sobre valores de contribuições ao qual não demonstrou o recorrente ter efetivamente promovido o recolhimento, procedeu o recorrente a informação de existência de crédito na verdade inexistente, indicando nítida falsidade de declaração. ... Neste ponto, entendo pertinente transcrever o voto do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araujo, que tratou com muita propriedade a questão: "Verificase de início que a lei impõe como condição para aplicação da multa isolada que tenha havido a comprovada falsidade na declaração apresentada. Assim, para que o fisco possa impor a penalidade de 150% sobre os valores indevidamente compensados, é imprescindível a demonstração de que a declaração efetuada mediante a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP contém falsidade, ou seja, não retrata a realidade tributária da declarante. Pesquisando o significado do termo falsidade em http://www.dicionariodoaurelio.com, obtémse o seguinte resultado: “s.f. Propriedade do que é falso. / Mentira, calúnia. / Hipocrisia; perfídia. / Delito que comete aquele que conscientemente esconde ou altera a verdade.” Inserindo esse vocábulo no contexto da compensação indevida é de se concluir que se o sujeito passivo inserir na guia Fl. 1042DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.043 9 informativa créditos que decorrentes de contribuições incidentes sobre parcelas integrantes do saláriodecontribuição, evidentemente cometeu falsidade, haja vista ter inserido no sistema da Administração Tributária informação inverídica no intuito de se livrar do pagamento dos tributos. Vale ressaltar que legislador foi bastante feliz na redação do dispositivo encimado, posto que utilizouse do art. 44 da ei n. 9.430/1996 apenas para balizar o percentual de multa a ser aplicado, não condicionando à aplicação da multa à ocorrência das condutas de sonegação, fraude e conluio, definidas respectivamente nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/1964. Esse opção legislativa serviu exatamente para afastar os questionamentos de que a mera compensação indevida não representaria os ilícitos acima, nos casos em que o sujeito passivo tivesse declarado corretamente os fatos geradores, posto que não se poderia falar em sonegação ou fraude fiscal." ... Contudo, não há que se confundir fraude com falsidade, tendo em vista que se o legislador, quisesse atribuir a mesma natureza as duas penalidades, teria simplesmente determinado a aplicação do art. 44, § 1º da 9430/1996. ... De se concluir que na imposição da multa isolada, relativa à compensação indevida de contribuições previdenciárias, a única demonstração que se exige do fisco é a ocorrência de falsidade na GFIP apresentada pelo sujeito passivo, como no presente caso. (sem grifos no original.)" Deste modo, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal, com relação à multa isolada, considerando que a informação em GFIP de compensações realizadas, sem que o contribuinte encontrese exercendo direito líquido e certo, leva sim, a uma declaração falsa, capaz de ensejar a aplicação da multa prevista no §10 do artigo 89 da Lei nº 8.212/91. Registro, ainda, que esta Turma, em julgamento em 04 de abril de 2017, por maioria de votos, entendeu pela manutenção da multa isolada de 150%, consoante ementa abaixo parcialmente transcrita: "[...] COMPENSAÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES COM CRÉDITOS INEXISTENTES. INSERÇÃO DE DECLARAÇÃO FALSA NA GFIP. APLICAÇÃO DE MULTA ISOLADA. PROCEDÊNCIA. O sujeito passivo deve sofrer imposição de multa isolada de 150%, incidente sobre as quantias indevidamente compensadas, quando insere informação falsa na GFIP, declarando créditos inexistentes, de fato ou de direito, seja por utilizar créditos Fl. 1043DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.044 10 prescritos, seja pela compensação antes do trânsito em julgado de ação judicial. Para a aplicação de multa de 150% prevista no art. 89, §10º da Lei nº 8.212/1991, necessário que a autoridade fiscal demonstre a efetiva falsidade de declaração, ou seja, a inexistência de direito "líquido e certo" à compensação, sem a necessidade de imputação de dolo, fraude ou mesmo simulação na conduta do contribuinte. [...]" (Acórdão 2202003.786. Conselheira Relatora Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Redatora designada: Conselheira Cecília Dutra Pillar. Sessão de 04/04/2017) Assim, restando evidenciado que na declaração em GFIP houve falsidade da declaração apresentada, está configurada a situação prevista na Lei para a aplicação da penalidade de 150%. Multa de mora A contribuinte requer o afastamento da multa de mora, em percentual de 20%, por ausência de dolo ou fraude, bem como alega que ela teria caráter confiscatório. Ocorre, contudo, que a multa de mora decorre do atraso no pagamento, sendo irrelevante se há dolo ou fraude para a sua incidência. Alegações de inconstitucionadalide Em relação a alegação de caráter confiscatório de ambas as multas aplicadas (isolada e de mora), deixo de apreciála, por força do disposto na Súmula CARF nº 2, que assim dispõe: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Declaração de Voto Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio Em que pese o bem fundamentado voto do ilustre Conselheiro Relator Martin da Silva Gesto, peço vênia para divergir pelos argumentos que serão expostos a seguir. Fl. 1044DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.045 11 O Recorrente opõese à incidência da multa isolada, de que trata o artigo 89 da Lei n° 8.212/1991 e artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, alegando, em síntese, que não estaria caracterizada a sonegação ou a máfé. Nesse ponto, entendo corretas as alegações do contribuinte. Isso porque o erro quanto a matéria jurídica (natureza indenizatória ou não das verbas e prescrição dos créditos) não se confunde com a fraude elemento essencial do tipo penal. Nesse sentido, valiosa a decisão do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Habeas Corpus nº 72.5848: CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA ICMS ALÍQUOTAS DIFERENCIADAS CREDITAMENTO FRAUDE. A fraude pressupõe a vontade livre e consciente. Longe fica de configurála, tal como tipificada no inciso II do art. 1º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, o lançamento de crédito, considerada a diferença de alíquotas praticadas no Estado de destino e no de origem. Descabe confundir interpretação errônea de normas tributárias, passível de ocorrer quer por parte do contribuinte ou da Fazenda, com o ato penalmente glosado, em que se presume o consentimento viciado e objetivo de alcançar proveito sabidamente ilícito. Esclarecedor o seguinte trecho do voto do Ministro Relator Marco Aurélio: "conforme salientado pelo Juízo, ao proferir sentença absolutória, passouse ao fisco a informação de que o creditamento resultava da diferença de alíquota, isso mediante lançamento claro e preciso, nas respectivas guias. Como, então, falar em fraude? O que houve foi impropriedade da interpretação conferida à legislação tributária, e issopode acontecer, sem configuração de crime, na vida de qualquer contribuinte e, também, no atuar da própria Fazenda, o que, aliás, é repetitivo. A "informação falsa" que justifica a imputação da penalidade qualificada de 150% está relacionada a ocultação de fato e não questionamento sobre o seu significado jurídico. Essa distinção fundamental fica mais clara com os exemplos fornecidos por HUGO DE BRITO MACHADO em sua obra "Estudos de Direito Penal Tributário". Vejamos: Primeiro exemplo: dizer que ocorreu ou não ocorreu, um acréscimo patrimonial, em determinada empresa, é uma questão de fato. Dizer que esse acréscimo patrimonial está, ou que não está, determinado de acordo com a legislação tributária é uma questão de direito, como é também uma questão de direito saber se o dito acréscimo patrimonial é, ou não é, tributável pelo imposto de renda. Segundo exemplo: dizer que determinado produto industrializado tem determinadas características materiais, ou que não as tem, é uma questão de fato. Dizer que o mesmo produto está classificado nesta ou naquela posição da Tabela de Incidências do IPI é uma questão de direito. (...) Fl. 1045DF CARF MF Processo nº 10580.721450/201413 Acórdão n.º 2202004.083 S2C2T2 Fl. 1.046 12 Muitos outros exemplos podem ser citados. Importante, porém, é perceber que, nas questões de fato, a divergência não se estabelece a respeito do significado jurídico dos fatos, mas sobre os próprios fatos, nos aspectos perceptíveis independentemente de conhecimento jurídico. Dessa forma, para que se pudesse falar em "informação falsa" seria necessário demonstrar, por exemplo, que o Recorrente alegou o recolhimento de salário maternidade quando não possuía qualquer empregada. Inteiramente distinto é entender que o valor recolhido à título de salário maternidade não integra o salário de contribuição e, por isso, foi um recolhimento indevido. (assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Fl. 1046DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.720357/2010-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO IRPJ. PREJUDICIAL DE MÉRITO. MODIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO SEM FORMALIZAÇÃO DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO IMPOSSIBILIDADE.
Não deve a autoridade administrativa, na análise da compensação, rever a apuração do IRPJ, quanto mais se não efetuou a revisão pela única via que era possível para incluir na apuração receita ou excluir qualquer despesa ou custo: o lançamento.
Numero da decisão: 1301-002.560
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em acolher a preliminar de mérito e dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Roberto Silva Junior e Milene de Araújo Macedo que rejeitavam a preliminar.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em acolher a preliminar de mérito e dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Roberto Silva Junior e Milene de Araújo Macedo que rejeitavam a preliminar. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1705; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 863 1 862 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.720357/201017 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.560 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 15 de agosto de 2017 Matéria DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO SALDO NEGATIVO Recorrente TELE NORTE LESTE PARTICIPAÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. SALDO NEGATIVO IRPJ. PREJUDICIAL DE MÉRITO. MODIFICAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO SEM FORMALIZAÇÃO DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO IMPOSSIBILIDADE. Não deve a autoridade administrativa, na análise da compensação, rever a apuração do IRPJ, quanto mais se não efetuou a revisão pela única via que era possível para incluir na apuração receita ou excluir qualquer despesa ou custo: o lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em acolher a preliminar de mérito e dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencidos os Conselheiros Roberto Silva Junior e Milene de Araújo Macedo que rejeitavam a preliminar. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 72 03 57 /2 01 0- 17 Fl. 863DF CARF MF Processo nº 15374.720357/201017 Acórdão n.º 1301002.560 S1C3T1 Fl. 864 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte acima identificado contra o acórdão n°: 1236.557, de 6 de abril de 2011, proferido pela 7ª Turma da DRJ/RJ1 que, por unanimidade de votos, não reconheceu o direito creditório pleiteado e não homologou as compensações pleiteadas. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Versa o presente processo inicialmente sobre a declaração de compensação n° 03908.19352.220507.1.7.020033, fls. 01/05, retificadora de outra DCOMP entregue em 04/01/2007, na qual a interessada objetiva compensar débito de IRRF, período de apuração 3º dec. dezembro/2006, no valor de R$ 23.715.194,65, com crédito de Saldo Negativo de IRPJ, apurado no anocalendário de 2002, cujo valor original na data da transmissão era de R$ 14.091.641,73, fl. 02. Ao longo do processo foram agregadas outras 24 DCOMPs relacionadas ao mesmo crédito. Através do Despacho Decisório da DEMAC/RJO/DIORT, fls. 44/45, de 28/09/2010, com base no Parecer 014/2010, fls. 40/43, não se homologaram as DCOMP listadas às fls. 44, bem como foram consideradas não declaradas as DCOMP 29011.47304.141205.1.3.028602 e 03908.19352.220507.1.7.020033, pelos motivos abaixo: . o crédito se refere a Saldo Negativo de IRPJ do anocalendário de 2002, informado na DCOMP n° 18347.50275.150503.1.3.027991, objeto de análise no Processo n° 13708.000627/200304, assim como 08 (oito) DCOMPs listadas às fls. 40, que não foram homologadas no referido processo por inexistência do crédito, conforme Parecer/Despacho n° 208/2005, fls. 11/13, cientificado em 21/11/2005, e objeto de Acórdão n° 1213.181/2007 da DRJ/RJOI, fls. 22/30; . em consulta aos sistemas da RFB, contatouse entrega de mais 25 (vinte e cinco) DCOMPs listadas às fls. 40/41 objeto do mesmo crédito, vinculadas à DCOMP 18347.50275.150503.1.3.027991, que estão sendo ora analisadas; . de acordo com as IN SRF n°s. 460/2004, 600/2005 e 900/2008, a interessada não poderia apresentar DCOMP quando já apreciada DCOMP anterior de origem do crédito e não reconhecido o direito creditório; . ocorreu ainda que as DCOMP retificadas entregues em 2003 e 2004 e listadas à fl. 42, foram apresentadas antes da ciência da decisão, mas não foram identificadas e vinculadas pelo Sistema SIEF/PERDCOMP ao crédito analisado no Processo n° 13708.000627/200304, em razão da informação de que o Saldo se referia ao exercício de 2002, o qual foi retificado para exercício de 2003 através das retificadoras apresentadas em 2007, listadas às fls. 42; . tais 23 ( vinte e três) DCOMPs retificadoras serão consideradas "não homologadas" pelos motivos já expostos; . além disso, tendo em vista que a DCOMP retificada de n° 25347.78987.040107.1.3.020973 foi transmitida em data posterior à ciência da decisão em tela, conforme destaque em sua numeração, sua retificadora de n° 03908.19352.220507.1.7.020033, assim como a DCOMP original n° Fl. 864DF CARF MF Processo nº 15374.720357/201017 Acórdão n.º 1301002.560 S1C3T1 Fl. 865 3 29011.47304.141205.1.3.028602, serão consideradas "Nãodeclaradas", nos termos do inciso I do § 12 do art. 74 da Lei 9.430/96, alterado pela Lei 11051/2004 c/c inciso I do § I o do art. 31 da IN SRF 460/2004, incluído pela IN SRF 534/2005 e inciso I do § I o do art. 31 da IN SRF 600/2005. Sendo assim, não surtem os efeitos próprios das DCOMP , não extinguindo o crédito sob condição resolutória da ulterior homologação e não possibilitando manifestação de inconformidade. Cientificada em 08/11/2010, fl. 64, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 65/74, em 30/11/2010, fl.226, alegando, em síntese: . preliminarmente, o efeito suspensivo da manifestação de inconformidade em relação aos débitos controlados nos processos apensos, pois, quando do protocolo do recurso, todos os processos devem estar com sua exigibilidade suspensa no conta corrente; . o crédito pleiteado é objeto do Processo 13708.000627/200304 que ainda está aguardando julgamento perante o CARF; . a existência de saldo negativo não chegou a ser analisada no referido Processo porque o não reconhecimento do crédito decorreu unicamente da existência de lançamento para o período, objeto do Processo 18471.000999/200529, ainda não julgado definitivamente na esfera administrativa, portanto, o motivo, também adotado no despacho decisório ora recorrido não é válido, razão pela qual a decisão padece de nulidade; . se ao final for julgada procedente a impugnação, a conseqüência será a homologação da apuração do contribuinte e o reconhecimento do crédito pleiteado; . além do lançamento, o despacho do Processo se limitou a afirmar existência de supostas divergências entre a DIPJ e planilhas demonstrativas de crédito sem explicitar as divergências; . alega os requisitos dos atos administrativos, bem como da busca da verdade material, a teoria dos motivos determinantes, cita doutrina e Acórdão da DRJ/RJOI que anulou Despacho Decisório que tratou de situação idêntica, a merecer igual tratamento; . por fim, caso se rejeite a preliminar de nulidade, dada a correlação entre o presente processo e o Processo n° 13708.000627/200304, que por sua vez tem sua sorte vinculada ao Processo n° 18471.000999/200529, devem ser julgados em conjunto, nos termos do art. 1º, I, "a" da Portaria SRF n° 6129 de 02/12/2005; . pede seja reconhecida a nulidade do Despacho Decisório, em razão da inexistência de motivação autônoma para não homologar as compensações; e . requer a reunião do presente ao Processo n° 13708.000627/200304, para serem decididos em conjunto, após a decisão final do Processo n° 18471.000999/200529. Encontrase apenso ao presente processo o Processo de n° 16682.720.103/201169, cujo Despacho de fl. 09 esclarece que este foi formalizado para cadastramento do crédito informado na DCOMP n° 18347.50275.150503.1.3.027991, cuja cópia encontrase às fls. 01/06. Juntei às fls. 238/239 a localização do Processo n° 13708.000627/200304 ( DCOMP original do direito creditório), com a informação de que foi juntado ao processo n° 16682.720007/201030 e que se encontra atualmente na DRFRJ1 DIORT. Fl. 865DF CARF MF Processo nº 15374.720357/201017 Acórdão n.º 1301002.560 S1C3T1 Fl. 866 4 Juntei, também, às fls. 240/245, a Resolução n° 130100.019 da 3ª Câmara/la Turma Ordinária do CARF referente ao citado Processo n° 13708.000627/200304, que converteu o julgamento em diligência na sessão de 28/09/2009. É o relatório. O presente processo somente agora está sendo analisado, em face do volume e das condições dos serviços. A 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Rio de Janeiro analisou a manifestação de inconformidade apresentada pela contribuinte e, mediante Acórdão DRJ/RJ1 n°: 1236.557, de 6 de abril de 2011, indeferiu a solicitação, conforme ementa a seguir transcrita: Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2002 NULIDADE. Inexistindo qualquer indício de violação às determinações contidas nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972, não há que se cogitar de nulidade do Despacho Decisório. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Não cabe a homologação das compensações quando o direito creditório já foi objeto de análise em outro processo, e não foi reconhecido, não permitindo nova apreciação por esta Delegacia de Julgamento, por ferir o Princípio da Segurança Jurídica. Manifestação de Inconformidade Improcedente Outros Valores Controlados Ciente da decisão de primeira instância, e com ela inconformada, a empresa apresentou recurso voluntário, tempestivamente, mediante o qual pugna pelo provimento de seu recurso. Na apreciação inicial realizada por este Conselho, através da Resolução nº 1402000.246, a 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção declinou a competência do julgamento deste processo para julgamento em conjunto com o processo nº 13708.000627/200304, tendo em vista a distribuição original deste último processo ao Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães. Reiniciado o julgamento, desta vez por parte deste Colegiado, através da Resolução nº 1301000.274, determinouse que este processo seja apensado para julgamento conjunto com o Processo de nº 13708.000627/200304, apreciandose assim, definitivamente, o alegado direito creditório. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator Fl. 866DF CARF MF Processo nº 15374.720357/201017 Acórdão n.º 1301002.560 S1C3T1 Fl. 867 5 O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, razão pela qual deve ser conhecido. Da nulidade do despacho decisório Como visto, trata a lide de Declarações de Compensação, por meio das quais a TELE NORTE LESTE PARTICIPAÇÕES S/A pretende compensar débitos diversos, com crédito decorrente de saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), apurado no anocalendário de 2002, que o deslinde do presente processo está formal e materialmente ligado ao direito creditório relativo ao Saldo Negativo de Recolhimentos do anocalendário de 2002, tratado originalmente no processo 13708.000627/200304. Naqueles autos afastouse alegação de nulidade do Despacho Decisório, sob o argumento de que inexiste vinculação entre os processos nº 13708.000627/200304 e nº 18471.000999/200529, e que a autoridade prolatora do despacho decisório analisou sim o mérito do seu pedido, nos termos do Parecer Conclusivo n° 208/05, de fls. 97/98 do processo nº 13708.000627/200304, consignando que o citado Parecer integra o despacho decisório, sendo parte inseparável do mesmo. Além do que, consignouse ainda que eventual impropriedade daquele despacho decisório foi corrigido em segunda instância, quando da realização da primeira diligência, que teve por objetivo exatamente identificar eventual saldo negativo da requerente no anocalendário de 2002, sem levar em consideração eventuais efeitos decorrentes da autuação promovida por meio do processo administrativo nº 18471.000999/200529, sendo a referida diligência devidamente realizada. Assim, adoto as razões consignadas naquela decisão para afastar a alegação de nulidade aqui trazida pela recorrente. Por outro lado, a solução da presente controvérsia, no meu modo de ver, reside na apreciação da preliminar a seguir. Passo a analisála: Da prejudicial de mérito Através do procedimento de diligência, a fiscalização majorou a base de cálculo do IRPJ devido, concluindo pela inexistência de saldo negativo do IRPJ apurado no anocalendário em referência. Tal procedimento não ocorreu mediante lançamento tributário, e sim quando da análise da certeza e liquidez do crédito apresentado, e resultou na majoração de ofício do IRPJ apurado pela recorrente no período. De acordo com o diploma que rege o processo administrativo fiscal, a formalização da exigência é feita mediante auto de infração ou notificação de lançamento, não havendo previsão no sentido de ser usado em outro instrumento, com exceção de confissão de débito, o que não é o caso. Assim, verificado que se trata de apuração indevida de tributo, deve a fiscalização promover o lançamento de ofício do crédito tributário, sendo que eventuais impugnações e recursos suspendem sua exigibilidade. Fl. 867DF CARF MF Processo nº 15374.720357/201017 Acórdão n.º 1301002.560 S1C3T1 Fl. 868 6 Entretanto, não pode a autoridade administrativa, na análise da compensação, rever a apuração do IRPJ, quanto mais se não efetuou a revisão pela única via que era possível para incluir na apuração receita ou excluir qualquer despesa ou custo: o lançamento. Isto porque, uma coisa é a verificação dos pagamentos ou outras formas de quitação efetuados anteriormente e que justificariam em tese a restituição pela via da compensação. Outra coisa é a revisão da própria apuração do tributo devido à época do pagamento indevido ou a maior. Ou seja, a revisão da própria apuração do saldo a restituir em nada se relaciona com o direito do fisco de averiguar a existência do pagamento ou quitação que justifica o saldo a restituir. Penso que qualquer revisão que implique em alteração de tributo declarado e/ou prejuízo e base de cálculo apurada, só poderá fazêlo por meio de veículo necessário e suficiente à revisão do crédito tributário até então legalmente constituído pelo contribuinte, quer dizer só pode ser feito pela via lançamento de ofício. Aliás, este é o comando previsto no art. 9º, §4º, do Decreto 70.235/72, a seguir transcrito: Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). § 4o O disposto no caput deste artigo aplicase também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Notese o § 4º do art. 9º do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê que seja efetuado o lançamento “também nas hipóteses em que, constatada infração à legislação tributária, dela não resulte exigência de crédito tributário.” Assim sendo, deve ser cancelada a majoração feita na apuração do IRPJ devido, do anocalendário 2002, devendo ser restabelecido o IRPJ apurado pela recorrente, reconhecendose assim a totalidade do direito creditório pleiteado pelo contribuinte. Conclusão Diante de todo o exposto, acolho a prejudicial de mérito acima mencionada, dandose provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório pleiteado, homologando se as declarações de compensação até o limite desse crédito. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 868DF CARF MF Processo nº 15374.720357/201017 Acórdão n.º 1301002.560 S1C3T1 Fl. 869 7 Fl. 869DF CARF MF
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