Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 10909.720682/2016-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 14/01/2015 a 10/02/2015
VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103
O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103).
Recurso de ofício não conhecido.
Numero da decisão: 3402-004.225
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 14/01/2015 a 10/02/2015 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO - SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10909.720682/2016-76
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5752353
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.225
nome_arquivo_s : Decisao_10909720682201676.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 10909720682201676_5752353.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6877853
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468071313408
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1565; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10909.720682/201676 Recurso nº 2 De Ofício Acórdão nº 3402004.225 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de junho de 2017 Matéria AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente CAPITAL TRADE IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 14/01/2015 a 10/02/2015 VALOR DE ALÇADA PARA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO DE OFÍCIO SÚMULA CARF 103 O Ministro da Fazendo, consoante os termos do art. 1º da Portaria MF 63, de 09/02/2017, estabeleceu que só haverá recurso de ofício de Turma julgadora de DRJ quando a decisão exonerar o sujeito passivo de pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Sendo inferior o valor exonerado, não se conhece do recurso de ofício, uma vez que a aferição do valor de alçada se dá na data do julgamento do mesmo (Súmula CARF 103). Recurso de ofício não conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Presidente em exercício e relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 06 82 /2 01 6- 76 Fl. 408DF CARF MF Processo nº 10909.720682/201676 Acórdão n.º 3402004.225 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso de ofício interposto pela autoridade julgadora de primeira instância, nos termos do Acórdão 07039.115, que ao julgar a impugnação cancelou a exação objeto dos autos em montante que, à época da decisão, ultrapassou o limite de alçada. O valor exonerado (principal + multa de ofício), contudo, é inferior ao limite atualmente vigente, estabelecido pela Portaria MF nº 63, de 09/02/2017. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.199, de 26 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10410.720607/201445, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.199): "Como relatado, o valor exonerado objeto do recurso de ofício foi inferior à R$ 2.500.000,00. A Portaria MF nº 63, de 09/02/2017 (DOU 10/02/2017), estabeleceu que: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Por seu turno, a Súmula CARF, abaixo transcrita, explicita o direito intertemporal para aplicação do teor da transcrita Portaria Ministerial, consoante o brocardo que é princípio do direito adjetivo, qual seja, tempus regit actum. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10909.720682/201676 Acórdão n.º 3402004.225 S3C4T2 Fl. 4 3 Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Com efeito, sendo o valor de alçada nesta data inferior à R$ 2.500.000,00, o presente recurso não pode ser conhecido. Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso de ofício. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 410DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15165.003455/2008-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA.
Demonstrado que o ponto omisso no acórdão embargado não foi apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser conhecidos.
MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO.
Afasta-se a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro - multa com tipificação mais específica.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO.
Incabível a análise e o pronunciamento sobre fato superveniente alegado após o julgamento, uma vez que ao Colegiado cumpre apreciação das razões e contrarrazões de recurso e fatos processuais ocorridos até a data do julgamento.
Numero da decisão: 3201-003.129
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos declaratórios, com efeitos infringentes.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. Demonstrado que o ponto omisso no acórdão embargado não foi apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser conhecidos. MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO. Afasta-se a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro - multa com tipificação mais específica. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. Incabível a análise e o pronunciamento sobre fato superveniente alegado após o julgamento, uma vez que ao Colegiado cumpre apreciação das razões e contrarrazões de recurso e fatos processuais ocorridos até a data do julgamento.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 15165.003455/2008-37
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5781669
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3201-003.129
nome_arquivo_s : Decisao_15165003455200837.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
nome_arquivo_pdf_s : 15165003455200837_5781669.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos declaratórios, com efeitos infringentes. Winderley Morais Pereira - Presidente. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira de Avila.
dt_sessao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
id : 6965871
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468073410560
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1602; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15165.003455/200837 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3201003.129 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de agosto de 2017 Matéria IPI Embargante MARCELO ADORNO, EBIS EMPRESA BRASILEIRA DE COMÉRCIO, INTEGRAÇÃO E SERVIÇO DE TECNOLOGIA LTDA. WILLIAM HADDAD UZUM e MARCELO RALO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. OCORRÊNCIA. Demonstrado que o ponto omisso no acórdão embargado não foi apreciado pelo Colegiado, os embargos declaratórios devem ser conhecidos. MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO. Afastase a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro multa com tipificação mais específica. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. Incabível a análise e o pronunciamento sobre fato superveniente alegado após o julgamento, uma vez que ao Colegiado cumpre apreciação das razões e contrarrazões de recurso e fatos processuais ocorridos até a data do julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos declaratórios, com efeitos infringentes. Winderley Morais Pereira Presidente. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 00 34 55 /2 00 8- 37 Fl. 8635DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira de Avila. Relatório Tratamse de tempestivos Embargos de Declaração opostos pelos responsáveis solidários MARCELO ADORNO, EBIS EMPRESA BRASILEIRA DE COMÉRCIO, INTEGRAÇÃO E SERVIÇO DE TECNOLOGIA LTDA. WILLIAM HADDAD UZUM e MARCELO RALO contra decisão proferida pela 1ª Turma Ordinária, 2ª Câmara da 3ªSeção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A decisão embargada possui a seguinte ementa: " ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003 VALORAÇÃO ADUANEIRA. DESCARACTERIZAÇÃO DO PRIMEIRO MÉTODO. FRAUDE. Em regra, a valoração aduaneira de mercadorias deve ser regida pelas normas do Acordo de Valoração Aduaneira, implementado pelo GATT. Porém, na hipótese de fraude do valor aduaneiro os procedimentos de valoração são regulado por regras próprias. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003 VALORAÇÃO ADUANEIRA. DESCARACTERIZAÇÃO DO PRIMEIRO MÉTODO. FRAUDE. Em regra, a valoração aduaneira de mercadorias deve ser regida pelas normas do Acordo de Valoração Aduaneira, implementado pelo GATT. Porém, na hipótese de fraude do valor aduaneiro os procedimentos de valoração são regulado por regras próprias. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003 INFRAÇÕES. RESPONSABILIDADE. SOLIDARIEDADE. INTERESSE COMUM. SIMULAÇÃO. São solidariamente obrigadas as pessoas físicas e jurídicas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. SUCESSÃO DE EMPRESAS. AQUISIÇÃO DE ESTABELECIMENTO OU FUNDO DE COMÉRCIO. CESSAÇÃO DA ATIVIDADE PELA ALIENANTE. Fl. 8636DF CARF MF Processo nº 15165.003455/200837 Acórdão n.º 3201003.129 S3C2T1 Fl. 3 3 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA INTEGRAL DA SUCESSORA. MESMO GRUPO ECONÔMICO. A empresa adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento responde integralmente pelos tributos e multas devidos pela sucessora até a data da sucessão, quando o alienante cessar a exploração da atividade, notadamente quando as empresas sucedidas e sucessora são controladas pelas mesmas pessoas físicas. RESPONSÁVEIS SOLIDÁRIOS. São responsáveis solidários pelo crédito tributário regularmente constituído as pessoas jurídicas e físicas que, embora não constam formalmente indicadas nas operações de importação e nem figurem como sócias das empresas importadoras, efetivamente gerenciam e/ou comandam as importações, seja de forma direta ou por meio de prepostos. PRAZO DECADENCIAL. FRAUDE. Nos lançamentos por homologação, quando comprovados o dolo, a fraude ou a simulação o prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 14/01/2003 a 31/03/2003 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos regularmente editados. FASE LITIGIOSA. IMPUGNAÇÃO. A fase litigiosa do procedimento começa com a apresentação da defesa. A fase anterior é meramente inquisitiva e serve para a coleta de provas pelas fiscalização. Recursos voluntários negados. " Alegam os embargantes que a decisão embargada foi omissa quanto a questões preliminares e de mérito, bem como que houve manifestos erros de fato e de direito, aduzindo, em breve síntese, conforme consignado no despacho de admissibilidade que: "a) ilegitimidade passiva da EBIS; b) ilegalidade na responsabilização dos Embargantes, irrazoabilidade e inconstitucionalidade em atribuir responsabilidade de terceiros, para aplicação de penalidades incidentes sobre mercadorias após a sua nacionalização; c) violação à lei complementar (CTN), à lei ordinária (Decretolei nº 37/66) e à Constituição Federal; d) entendimento das Cortes Superiores sobre a Fl. 8637DF CARF MF 4 necessidade de prova prévia da ilicitude; e) comprovação de que a EBIS jamais adquiriu mercadorias importadas da importadora autuada; f) impossibilidade de agravamento das penalidades; g) falsidade e inexistência dos motivos determinantes do auto de infração; h) ilicitude das provas fornecidas pelo Ministério Público que embasaram o procedimento fiscal, obtidas por intercepção telefônica; i) nulidade na apreciação das provas (EBIS); j) regularidade das operações regularmente retratadas em notas fiscais e livros fiscais; k) inconsistências dos critérios utilizados pela fiscalização para desconsiderar os valores das transações; l) erros na valoração dos preços; m) violação ao princípio da tipicidade cerrada; e n) ilegalidade na cumulação das multas." Pugnam os embargantes pela reforma do decisum. Os embargos foram admitidos pelo Sr. Conselheiro Presidente da 1ª Turma Ordinária, 2ª Câmara da 3ªSeção deste colegiado, tão somente para fins de apreciação de uma única omissão apontada, conforme a seguir: "É que não se tratou da cumulação das multas, embora o tema tenha sido expressamente referido em dois dos recursos voluntários. As demais alegações, contudo, ou não foram suscitadas nos recursos voluntários, ou não havia a necessidade de serem apreciadas (o julgador não está obrigado a se manifestar sobre todas as alegações trazidas pelo Recorrente, desde que tenha analisado todos os pontos controvertidos e conste fundamentação adequada e suficiente para respaldar a conclusão nela exposta). " No caderno processual, consta, ainda, petição protocolizada em 19/09/2016 em que as partes Marcelo Adorno, Marcelo Ralo e William Haddad Uzum alegam a ocorrência de fato novo, consistente em prolação de decisão definitiva pelo Superior Tribunal de Justiça no HC 142.045/PR decretou a ilegalidade de todas as provas obtidas mediante interceptação das comunicações, na chamada "Operação Dilúvio" e que nos autos de ação penal n° 2007.70.00.0261642/PR. o Juízo da 3ª Vara Federal Criminal de Curitiba absolveu os réus do "Grupo MAN" objeto da dita "Operação Dilúvio". Ressaltam que foi proferido o v. acórdão n° 3402003.195, pela C. 4ª Câmara da 3ª Seção, no processo administrativo n° 15165.003460/200840, em que são parte os recorrentes e que tratam dos mesmos fatos, de Relataria do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro, julgado, por unanimidade, em 23/08/2016, sob a seguinte ementa: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Período de apuração: 15/12/2004 a 05/04/2005. Ementa: ACUSAÇÃO DE SIMULAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR. PROVAS ILÍCITAS RECONHECIDAS JUDICIALMENTE. NULIDADE DA AUTUAÇÃO FISCAL. Exigência fiscal pautada em provas produzidas em processo criminal que, por sua vez, foram reconhecidas como ilícitas no âmbito judicial. Ante a impossibilidade de segregar as provas que seriam lícitas daquelas reconhecidas como ilícitas, todo o Fl. 8638DF CARF MF Processo nº 15165.003455/200837 Acórdão n.º 3201003.129 S3C2T1 Fl. 4 5 acervo probatório é contaminado pela ilicitude, o que se dá por derivação (teoria dos frutos da árvore envenenada)." Pugnam ao final, pelo conhecimento dos embargos de declaração, com a consequente reforma da decisão. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Entendo que no caso em apreço procede, em parte, a irresignação posta pelos embargantes, somente em relação a cumulação das multas. Com relação às multas aplicadas, dois dos recorrentes arguiram a impossibilidade da aplicação concomitante da multa regulamentar prevista no Regulamento Aduaneiro e a prevista no Regulamento do IPI. É, portanto, de se afastar a aplicação da multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, pois o Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/09) prescreve multa com tipificação mais específica. A Lei 4502/1964 assim disciplina: "Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente: I Os que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dêle saído ou nêle permanecido desacompanhado da nota de importação ou da notafiscal, conforme o caso;" Por sua vez, o Decreto 6759/2009 (regulamento Aduaneiro) anota que: "Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Fl. 8639DF CARF MF 6 Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto." Na situação em apreço, com razão os embargantes, pois conforme alegado, tem aplicação o contido no dispositivo que prevê a multa do § 1º, do inciso XXII, do artigo 689 do Regulamento Aduaneiro, tipificada como infração por dano ao erário, por interposição fraudulenta. Tal dispositivo está ementado nos seguintes termos: "Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): (...) XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 1972 (DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, § 3º, com a redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010, art. 41). (Redação dada pelo Decreto nº 8.010, de 2013" Há jurisprudência recente do CARF neste sentido, conforme precedentes a seguir transcritos: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007 (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2006, 2007 MULTA REGULAMENTAR DO IPI. VALOR COMERCIAL DA MERCADORIA. AFASTAMENTO. Afastase a multa regulamentar do IPI, equivalente ao valor comercial da mercadoria, quando houver no Regulamento Aduaneiro Decreto 6.759/09 multa com tipificação mais específica. No caso concreto, é o dispositivo que prevê a multa contida no § 1º, do inciso XXII, do artigo 689 do Regulamento,tipificada como infração por dano ao erário, por interposição fraudulenta." (Processo 13971.722501/201176; Acórdão 3302003.506; Relatora Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza; Sessão de 24 de janeiro de 2017). Fl. 8640DF CARF MF Processo nº 15165.003455/200837 Acórdão n.º 3201003.129 S3C2T1 Fl. 5 7 "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário:2005, 2006, 2007, 2008 PROVAS. INQUÉRITO. COMPARTILHAMENTO. DECISÃO JUDICIAL. As provas coletadas no âmbito do inquérito policial, que foram compartilhadas com a Receita Federal por expressa ordem do Poder Judiciário, podem e devem ser usadas para instruir as exigências fiscais. A legitimidade do uso dessas provas não pode ser questionada administrativamente enquanto vigente a referida ordem judicial de compartilhamento de provas. (...) MULTA REGULAMENTAR DO IPI. CONSUMO. INTRODUÇÃO REGULAR. BIS IN IDEM. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. A multa regulamentar, que pune a introdução irregular ou clandestina de mercadorias estrangeiras no País, prevista no art. 83, I da Lei nº 4.502/64, tem caráter residual, somente sendo aplicável na hipótese de não haver tipificação mais específica. (...)" (Processo nº 13971.005156/20102; Acórdão n° 3402 003.443; Relatora Conselheira Thais De Laurentiis Galkowic; sessão de 22/11/2016) Destaco, ainda, excerto do voto proferido pela Conselheira Maria Aparecida de Paula no julgamento do processo n° 13971.722494/201111, Acórdão n° 3402003.144, sobre a proibição do bis in idem, que deve reger as sanções administrativas, nos seguintes termos: "Conforme se vê abaixo, a multa administrativa, prevista no art. 88, parágrafo único da Medida Provisória nº 215835, que diz a respeito à diferença entre o preço declarado e o praticado, é muito mais específica para designar a prática de subfaturamento e superfaturamento do que a segunda multa, que pune qualquer tipo de introdução fraudulenta ou clandestina de mercadoria no País: “Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: (...) Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço Fl. 8641DF CARF MF 8 declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis.” Nesse sentido, releva mencionar o art. 704, parágrafo único do Regulamento Aduaneiro 2009, embora não vigente à época dos fatos, que orienta no sentido de que a referida multa, proveniente da legislação do IPI, tem caráter residual, sendo aplicável somente quando não haja outra infração mais específica para a introdução irregular da mercadoria estrangeira no País: Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1º, alteração 2ª). Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto." Com relação à petição em que é alegada a ocorrência de fato novo, entendo que, muito embora sejam relevantes os argumentos e possam influir no resultado final do julgamento do presente processo administrativo, em conformidade com o disposto no Regimento Interno do CARF (art. 65), tal matéria não pode ser apreciada nesta fase processual, podendo ser arguida em eventual recurso especial. A jurisprudência deste Conselho entende inviável a apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração, conforme precedentes a seguir elencados: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/1999 a 30/06/2000 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. Incabíveis embargos de declaração se não estiver manifestada a omissão ou outra das situações previstas no art. 65 do Anexo II do RICARF. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. FATO NOVO. NÃO CABIMENTO. Incabíveis embargos de declaração para apresentação de fato novo." (Processo nº 13808.004587/0083; Acórdão nº 3403 001.855; Relator Conselheiro Rosaldo Trevisan; Sessão de 29/11/2012) "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2000, 2003 Fl. 8642DF CARF MF Processo nº 15165.003455/200837 Acórdão n.º 3201003.129 S3C2T1 Fl. 6 9 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma, não se acatando o recurso se não configurada alguma dessas hipóteses. DECISÃO PROLATADA. SITUAÇÃO SUPERVENIENTE. A análise e a avaliação quanto a fatos supervenientes só pode ocorrer em fase posterior do processo, se já prolatado o acórdão da turma ordinária em decorrência do Recurso Voluntário." (Processo nº 15578.000206/200757; Acórdão nº 1201001.653; Relator Conselheiro Paulo Cezar Fernandes de Aguiar; Sessão de 12/04/2017) "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/01/1992, 28/02/1992, 31/03/1992 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. FATO SUPERVENIENTE. Incabível a oposição de Embargos de Declaração que pleiteie o pronunciamento sobre fato superveniente ao julgamento, uma vez que ao Colegiado cumpre apreciação das razões e contrarrazões de recurso e fatos processuais ocorridos até a data do julgamento. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NÃO CONHECIDOS" (Processo nº 13808.000131/9489; Acórdão nº 3101001.338; Relator Conselheiro Luiz Roberto Domingo; Sessão de 27/02/2013) Diante do exposto, voto em conhecer os embargos de declaração interpostos, para no mérito, darlhes parcial provimento, para tão somente excluir a multa regulamentar do IPI prevista no art. 83, inc. I da Lei 4502/1964. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 8643DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.001766/2001-11
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 07 00:00:00 UTC 2004
Numero da decisão: 203-00.530
Decisão: RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, declinar competência ao Primeiro Conselho de Contribuintes, nos termos do voto do Relator
Nome do relator: Valdemar Ludvig
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 200407
turma_s : Primeira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 11060.001766/2001-11
conteudo_id_s : 5760577
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 203-00.530
nome_arquivo_s : Decisao_11060001766200111.pdf
nome_relator_s : Valdemar Ludvig
nome_arquivo_pdf_s : 11060001766200111_5760577.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, declinar competência ao Primeiro Conselho de Contribuintes, nos termos do voto do Relator
dt_sessao_tdt : Wed Jul 07 00:00:00 UTC 2004
id : 6901953
ano_sessao_s : 2004
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468076556288
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: 20300530_11060001766200111_200407; xmp:CreatorTool: Smart Touch 1.7; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dcterms:created: 2017-04-10T10:31:23Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: 20300530_11060001766200111_200407; pdf:docinfo:creator_tool: Smart Touch 1.7; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:encrypted: false; dc:title: 20300530_11060001766200111_200407; Build: FyTek's PDF Meld Commercial Version 7.2.1 as of August 6, 2006 20:23:50; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: ; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:subject: ; meta:creation-date: 2017-04-10T10:31:23Z; created: 2017-04-10T10:31:23Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; Creation-Date: 2017-04-10T10:31:23Z; pdf:charsPerPage: 748; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; pdf:docinfo:custom:Build: FyTek's PDF Meld Commercial Version 7.2.1 as of August 6, 2006 20:23:50; meta:keyword: ; producer: Eastman Kodak Company; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Eastman Kodak Company; pdf:docinfo:created: 2017-04-10T10:31:23Z | Conteúdo => •• Processo nº Recurso nº Recorrente Recorrida Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes 11060.001766/2001-11 123.168 COOPERATIVA AGRÍCOLA MÉDIO JACUÍ LTDA. DRJ em Santa Maria - RS RESOLUÇÃO N° 203-00.530 ~bJ •• Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por: COOPERATIVA AGRÍCOLA MÉDIO JACUÍ LTDA. RESOLVEM os Membros da Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, declinar competência ao Primeiro Conselho de Contribuintes, nos termos do voto do Relator. Participaram, ainda, do presente julgamento os Conselheiros Antônio Zomer (Suplente), Maria Teresa Martinez López, Luciana Pato Peçanha Martins, Cesar Piantavigna, Emanuel Carlos. Dantas de Assis e Francisco Maurício R. de Albuquerque Silva. Ausente, justificadamente, a Conselheira Maria Cristina Roza da Costa. Eaal/mdc ..•.... - A interessada teve contra si a lavratura de um auto de' infração exigindo o recolhimento da importância de R$750.404,14, por falta de recolhimento da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS, referente aos períodos de apuração de janeiro de 1998 a maio de 200l. Segundo consta do Relatório de Fiscalização, "a entidade objeto da presente fiscalização está constituída sob a forma de Sociedade Cooperativa Agrícola. A Cooperativa, segundo seu Estatuo Social (fls, 20 a 29), tem como principais objetivos, em relação a seus associados, o estímulo, o desenvolvimento progressivo e a defesa de suas atividades econômicas, de caráter comum e A venda em comum, dos produtos abaixo mencionados nos mercados locais, nacionais ou internacionais a seus associados ou terceiros. • I I1- J. " . I I I I I I Processo nº Recurso nº Recorrente Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes 11060.001766/2001-11 123.168 COOPERATIVA AGRÍCOLA MÉDIO JACUÍ LTDA. RELATÓRIO. ~bJ ~- • o que ocorre na prática é que a Cooperativa matem um estabelecimento matriz onde funcionam um ponto de venda de bens de uso doinéstico e pessoal - nos moldes de um supermercado - e uma loja de ferragens, bem como um estabelecimento filial que também funciona como um supermercado. Desse modo, a sociedade caracteriza-se como uma cooperativa de consumo, exclusivamente, o que é reforçado pela informação (folha 31) dada pelo contribuinte de que, mesmo havendo eventuais aquisições de produtos de associados, não há segregação contábil entre essas aquisições e aquelas procedidas junto a terceiros." Em sua impugnação apresentada tempestivamente a impugnante, contesta a autuação, com base em alegações contidas no relatório da decisão recorrida fls. 314/315, que serão lidas em sessão, como parte integrante deste relatório. A 2a Turma de Julgamento da DRJ/SANTA MARIA - RS, considerou o lançamento procedente em decisão. sintetizada na seguinte ementa. "Ementa: PRELIMINAR. INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de alegações de inconstitucionalidade de ato legal regularmente editado compete exclusivamente ao Poder Judiciário. Ementa: COOPERATIVA DE CONSUMO. REGIME DE TRlBUTAÇA-O DAS RECEITAS. Caracterizado que a sociedade cooperativa, apesar de ter sido constituida como de produção, exerce somente a atividade de cooperativa de consumo, sua receita deve ser tributada como as demais pessoas juridicas. " lnconformada com a decisão supra, a recorrente apresenta recurso voluntário dirigido a este Colegiado, reiterando suas razões de defesa já apresentadas na fase impugnatória. li o"'''ório. ~ 2 , •• Processo nº Recurso nº Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes 11060.00176612001-11 123.168 VOTO DO CONSELHEIRO-RELATOR VALDEMAR LUDVIG . I "=M'/FI. '. • O Recurso é tempestivo e preenche todos os demais requisitos exigidos para sua admissibilidade, estando, portanto, apto a ser conhecido. Conforme relatado, a exigência da Contribuição pará. Financifiáiênto da Seguridade Social - COFINS, decorre do fato de a recorrente, sociedade cooperativa mista de produção e de consumo, ter excluído da base de cálculo da contribuição receitas atribuídas a atos que denomina de 'atos não cooperativos'. Por sua vez, quando da lavratura da presente autuação, foi também lavrado auto de infração exigindo o recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, consubstanciada no Processo Administrativo n0 11060.001763/2001-79, com base nos mesmos atos acima relatados. A DRJ em Santa Maria - RS, ao apreciar a impugnação interposta no processo acima indicado, julgou o lançamento improcedente, em decisão assim ementada: "Ementa: So.CIEDADES Co.o.PERATIVAS MISTAS. TRATAMENTO. TRIBUTÁRIO. Não se aplica às cooperativas mistas o disposto no .art. 69 da Lei n° 9.532, deI 997, que estabelece o tratamento tributário das sociedades cooperativas de consumo. LANÇAMENTO. DECo.RRENTE. CSLL. Dada a íntima relação de causa e efeito que vincula um ao outro, a decisão proferida no lançamento principal é aplicável, no que couber, ao lançamento decorrente. " Temos que a exigência em tela está lastreada no todo em fatos cuja apuração serviram para determinar a prática de infração a dispositivos do imposto de renda. Assim sendo, permanece no Primeiro Conselho de Contribuintes a competência para julgar o presente recurso, nos termos do disposto no parágrafo único do artigo 1° do Decreto n° 2.191/97, e na alínea "d" do artigo 7° do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, aprovado pela Portaria MF n° 55/98, com as alterações introduzidas pela Portaria MF n0 103/2002. "Decreto n° 2.191/97. Art. 1"... Parágrafo único. A competência para julgar os recursos interpostos em processos fiscais relativos às contribuições de que trata o caput deste artigo, permanece no Primeiro Conselho de Contribuintes, quando suas exigências estejam lastreadas no todo ou em parte, em fatos cuja apuração serviram para~determinar a prática de infração a dispositivos legais do imposto de renda. Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes: Art. r Compete ao Primeiro Conselho de Contribuintes julgar os recursos de oficio e voluntários de decisão de primeira instância sobre a aplicação da legislação referent o f Ministério da Fazenda Segundo Conselho de Contribuintes I "'c~ IFI. •• Processo nº Recurso nº 11060.00176612001-11 123.168 imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, adicionais, emprestzmos compulsórios a ele vinculados e contribuições, observada a seguinte distribuição: '. •• d) os relativos à exigência da contribuição social sobre o faturamento instituída pela Lei Complementar n° 70/91, e das contribuições sociais par ao PIS, PASEP e FINSOCIAL, instituídas pela Lei Complementar n° 7/70, pela Lei Complementar n° 8/70 e pelo Decreto-lei n° 1.940/82, respectivamente, quando essas exigências estejçlr1Jlastreadas, no todo ou em parte, em fatos cuja apuração serviu para determinar a prática de infração à legislação pertinente à tributação de pessoa jurídica. " Vale ainda registrar que, em situações semelhantes à hipótese dos autos, o entendimento acima exposto vem sendo reiteradamente adotado neste Egrégio Segundo Conselho de Contribuintes, como nos dá conta a Resolução n° 203-00.498, de 11105/2004. Isto posto, suscito a preliminar de falecer competência a este Conselho para julgar o presente recurso e voto no sentido de declinar da competência para o Primeiro Conselho de Contribuintes. sões, em 07 de julho de 2004. ) 4 00000001 00000002 00000003 00000004
score : 1.0
Numero do processo: 10675.900791/2006-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1402-000.447
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Por unanimidade de votos, resolvem converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Demetrius Nichele Macei, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella.
Relatório
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10675.900791/2006-94
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5787746
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1402-000.447
nome_arquivo_s : Decisao_10675900791200694.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
nome_arquivo_pdf_s : 10675900791200694_5787746.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, resolvem converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto- Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Demetrius Nichele Macei, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella. Relatório
dt_sessao_tdt : Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
id : 6981752
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468082847744
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1100; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 339 1 338 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10675.900791/200694 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1402000.447 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 16 de agosto de 2017 Assunto IRPJ Recorrente PEIXOTO COMERCIO INDUSTRIA SERVICOS E TRANSPORTES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Por unanimidade de votos, resolvem converter o julgamento em diligência nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Demetrius Nichele Macei, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias e Leonardo de Andrade Couto. Ausente justificadamente o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .9 00 79 1/ 20 06 -9 4 Fl. 339DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 340 2 Relatório Para evitar repetições, colaciono o relatório da Resolução 1302000.351 proferida pela 3ª Câmara da 2ª Turma Ordinária deste E. CARF/MF, que converteu o julgamento em diligência para que a Recorrente regularizasse a representação processual (fls.282/286). Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 0940.479 da 2ª Turma da DRJ/JFA, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 15/09/2003, 01/11/2007 HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação a que se refere. COMPENSAÇÃO Homologase a compensação declarada até o limite do direito creditório reconhecido. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte A decisão recorrida restou assim fundamentada: “1) HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DCOMPS 06193.85960.150903.1.3.027548 e 40630.26330.150903.1.7.027017 As declarações de compensação foram transmitidas em 15/09/2003. Como se verifica pelo AR juntado ao processo, a ciência do despacho decisório, que não homologou as compensações declaradas pela contribuinte, especificadas neste item, deuse somente em 18/04/2012. Considerando que os atos administrativos somente se aperfeiçoam com a ciência do contribuinte, devese aplicar ao caso o disposto no § 5º do artigo 17 da Lei nº 10.833, de 2003, que dispõe o que se segue: § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Desta forma, tendo a lei especificado que a compensação declarada à RFB extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, esta se dará no prazo de cinco anos contados da data da entrega da mencionada declaração. Pelo exposto, uma vez que a autoridade fiscal se manifestou depois de transcorrido o prazo legal, devem ser consideradas homologadas tacitamente as compensações declaradas nas DCOMPs 06193.85960.150903.1.3.027548 e 40630.26330.150903.1.7.027017, Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 341 3 independentemente de análise da existência de direito creditório. Ressaltandose que o total do crédito a elas vinculado não pode ser utilizado com outra finalidade, ou seja: não gera direito a compensação em outras DCOMP ou a restituição. 2) MÉRITO 2.1) Pagamentos de estimativas – erro de fato – valor não informado R$ 214.891,62. Os comprovantes de arrecadação, juntados ao processo e confirmados no sistema Sinal, registram pagamentos de estimativa de IRPJ, código de receita 2362, relativos ao anocalendário 2002, na monta de R$ 357.087,06. O saldo negativo apurado na DIPJ, do anocalendário 2002, no valor de R$ R$ 1.034.426,11, levou em consideração essa importância (R$ 357.087,06) e foi esse o saldo negativo informado na DCOMP n° 23664.47541.150903.1.7.022015. Portanto, caracterizado erro de fato na informação prestada em DCOMP, no tocante aos pagamentos de estimativas que integraram o saldo negativo apontado, deve ser acatada a manifestação da contribuinte sob essa questão. 2.2) IRRF não confirmado – R$ 211.863.97 A contribuinte traz Informes de Rendimentos para comprovar a retenção sofrida e alega que: “a fonte pagadora que efetivamente promoveu tais retenções foi o Banco Bradesco S/A (CNPJ n° 60.746.948/00011200) tal qual declarado pela Manifestante em suas DCOMPs. Ocorre que, tendo em vista reorganização societária sofrida por tal instituição financeira naquele período, provavelmente, as retenções em tela foram informadas na DIRF do banco sucessor, qual seja, o Banco BCN SA (CNPJ n° 060.898.723/000181).” Efetivamente, os Informes de Rendimentos são elementos necessários na comprovação dos rendimentos percebidos e do imposto retido, porém podem não ser suficientes para gerar o direito creditório pretendido pela defendente. Tratandose de reconhecimento de direito creditório, cumpre à contribuinte comprovar inequivocamente a existência desse seu direito e, no presente caso, as provas trazidas não se mostram satisfatórias, como demonstrado a seguir. Nas telas do sistema DIRF, anexadas ao processo, verificase que: 1) o Banco BCN S/A, CNPJ 60.898.723/000181, apresentou DIRF informando rendimentos no importe de R$ 1.791.807,06 com IRRF correspondente à R$ 358.361,39, sendo R$ 1.472.894,67(IRRF R$ 294.578,92) referente ao código de receita 3426 e R$ 318.912,39 (IRRF R$ 63.782,47) referente ao código de receita 5273, valores confirmados no despacho decisório; 2) o Banco Bradesco S/A, CNPJ 60.746.948/000112, apresentou DIRF informando rendimentos no importe de R$ 888.515,94 com IRRF correspondente à R$ 177.703,12, relativo ao código de receita 3426, e ainda rendimentos no montante de R$ 822.942,38 com IRRF de R$ 164.588,20, para o código de Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 342 4 receita 6800, valores confirmados no despacho decisório; 3) Os rendimentos relativos ao código de receita 6800, informados pelo Bradesco, reportamse aos PA janeiro até junho de 2002. Os Informes de Rendimentos trazidos pela contribuinte têm com fonte pagadora o Bradesco. Seu argumento de que provavelmente a retenção foi informada pelo Banco BCN, em função de reorganização societária, não se sustenta, uma vez que, como comprovado nas telas do sistema DIRF, as informações prestadas por tal instituição financeira, relacionadas no item 1 supra, foram todas consideradas pela autoridade preparadora, ou seja: não foi apresentada DIRF pelo Banco BCN, no tocante ao código de receita 6800 tendo como beneficiária a manifestante. Para o código de receita 6800, o Bradesco prestou as informações mencionadas nos itens 2 e 3 acima, correspondentes aos períodos registrados nos informes de rendimentos apresentados pela defesa (janeiro a junho), divergindo somente quanto a valores. Para caracterizar que recebeu os rendimentos constantes dos informes apresentados, além daqueles declarados em DIRF pelo Bradesco ou seja: que a DIRF, por abranger igual período (janeiro a junho), não estaria registrando os valores corretos, implicando em retificação do informe inicialmente enviado à beneficiaria a contribuinte teria que juntar ao processo os Informes de Rendimentos correspondentes às informações inseridas na DIRF para o código de receita 6800 pelo Bradesco, provando que para o código receita 6800, no tocante à igual período (janeiro a junho), existiriam informes distintos. Portanto, por insuficientes as provas constantes do processo, ratifica se o IRRF não confirmado no despacho decisório, no valor de R$ 211.863.97.” Em sua peça recursal, a contribuinte alega as seguintes razões, em síntese: (i) Que restou plenamente comprovada a totalidade das retenções declaradas pela recorrente relativas a fonte pagadora Banco Bradesco S.A. no valor de R$ 376.451,70, devendo ser homologada a compensação pleiteada; (ii) Que os informes de rendimentos apresentados devem ser considerados como prova cabal de retenções de imposto de renda, devendo tal documento prevalecer sobre as informações declaradas em DIRF pela fonte pagadora. Ato contínuo, foi proferido v. acórdão pela DRJ reconhecendo em parte o crédito e homologando até o limite do crédito reconhecido de R$ 214.891,62 relativo ao erro de fato constante na informação prestada em DCOMP, no tocante aos pagamentos de estimativas que integraram o saldo negativo apontado Vejamos a conclusão do v. acórdão: Pelo exposto, voto pelo reconhecimento parcial do direito creditório, no montante original de R$ 822. 562,14 (607.670,52 + 214.891,62), e homologação das DCOMPs 23664.47541.150903.1.7.022015, 06193.85960.150903.1.3.027548, 40630.26330.150903.1.7.027017 e 32754.06055.011107.1.7.025071, até o limite do direito creditório reconhecido. Ressaltandose que devem ser consideradas homologadas Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 343 5 tacitamente as compensações declaradas nas DCOMPs 06193.85960.150903.1.3.027548 e 40630.26330.150903.1.7.027017, independentemente da existência de direito creditório que lhes suportem. Inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos em relação ao credito não reconhecido e não homologado. Em seguida, devido a problemas no representação processual do Recurso, o julgamento foi convertido em diligência para que a Recorrente regularizasse a falha. Novamente o processo retornou para julgamento. É o relatório. Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 344 6 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche todos os requisitos previstos na legislação, motivo pelo qual deve ser admitido. Ao analisar os autos, notei que a Recorrente não apresentou nenhum documento em relação a parte que foi mantida do IRRF do meses janeiro à junho de 2002. O v. acórdão recorrido fundamentou sua decisão no fato de que a Recorrente não conseguiu comprovar eis que não constam as DIRFs nos autos e o informe de Rendimentos emitido pelo Banco BCN não indica expressamente a Peixoto Comercial Indústria como beneficiária. Vejamos os fundamentos do v. acórdão recorrido utilizados para não reconhecer e homologar o crédito residual de R$ 211.863,50: 2.2) IRRF não confirmado – R$ 211.863.97 A contribuinte traz Informes de Rendimentos para comprovar a retenção sofrida e alega que: “a fonte pagadora que efetivamente promoveu tais retenções foi o Banco Bradesco S/A (CNPJ n° 60.746.948/00011200) tal qual declarado pela Manifestante em suas DCOMPs. Ocorre que, tendo em vista reorganização societária sofrida por tal instituição financeira naquele período, provavelmente, as retenções em tela foram informadas na DIRF do banco sucessor, qual seja, o Banco BCN SA (CNPJ n° 060.898.723/000181).” Efetivamente, os Informes de Rendimentos são elementos necessários na comprovação dos rendimentos percebidos e do imposto retido, porém podem não ser suficientes para gerar o direito creditório pretendido pela defendente. Tratandose de reconhecimento de direito creditório, cumpre à contribuinte comprovar inequivocamente a existência desse seu direito e, no presente caso, as provas trazidas não se mostram satisfatórias, como demonstrado a seguir. Nas telas do sistema DIRF, anexadas ao processo, verificase que: Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 345 7 1) o Banco BCN S/A, CNPJ 60.898.723/000181, apresentou DIRF informando rendimentos no importe de R$ 1.791.807,06 com IRRF correspondente à R$ 358.361,39, sendo R$ 1.472.894,67(IRRF R$ 294.578,92) referente ao código de receita 3426 e R$ 318.912,39 (IRRF R$ 63.782,47) referente ao código de receita 5273, valores confirmados no despacho decisório; 2) o Banco Bradesco S/A, CNPJ 60.746.948/000112, apresentou DIRF informando rendimentos no importe de R$ 888.515,94 com IRRF correspondente à R$ 177.703,12, relativo ao código de receita 3426, e ainda rendimentos no montante de R$ 822.942,38 com IRRF de R$ 164.588,20, para o código de receita 6800, valores confirmados no despacho decisório; 3) Os rendimentos relativos ao código de receita 6800, informados pelo Bradesco, reportamse aos PA janeiro até junho de 2002. Os Informes de Rendimentos trazidos pela contribuinte têm com fonte pagadora o Bradesco. Seu argumento de que provavelmente a retenção foi informada pelo Banco BCN, em função de reorganização societária, não se sustenta, uma vez que, como comprovado nas telas do sistema DIRF, as informações prestadas por tal instituição financeira, relacionadas no item 1 supra, foram todas consideradas pela autoridade preparadora, ou seja: não foi apresentada DIRF pelo Banco BCN, no tocante ao código de receita 6800 tendo como beneficiária a manifestante. Da leitura do v. acórdão recorrido, acima colacionado, se pode verificar que os valores a título de IRRF constantes nas DIRFs acostadas aos autos com o código 6800, que conferem com o Informe de Rendimento do Banco Bradesco, foram reconhecidos pelo r. Despacho Decisório (o valor de R$ 164.588,20), restando não comprovado o valor ora em análise, de R$ 211.863,50, que não consta em DIRF. Continuando a analise da r. decisão "a quo", em relação ao valor remanescente de R$ 211.863,50, os D. Julgadores da DRJ entenderam que apenas o Informe de Rendimento do Banco BCN, sem a indicação expressa no documento de que o beneficiário seria a Recorrente, não serve para comprovar a retenção do imposto que compõe o saldo negativo que se pretende compensar. Ademias, o v. acórdão recorrido acrescenta a informação de que não se trata de mero erro do CNPJ, mas que não se consegue encontrar no Informe de Rendimentos do Banco BNC a indicação expressa de que a Recorrente foi a beneficiária das retenções, inexistindo a efetiva prova cabal para reconhecimento do crédito. Assim, entenderam os Julgadores da DRJ que sem as respectivas DIRFs acostadas aos autos, não se consegue confirmar que os valores indicados no Informe de Rendimentos do Banco BCN se referem exatamente ao imposto retido com o código 6800, que compôs o saldo negativo que se pretende compensar. Ou seja, da leitura da decisão acima, se pode verificar que o não reconhecimento e a não homologação do crédito se baseou exclusivamente no fato de não ser possível se chegar a conclusão de que o IRRF indicado no Informe de Rendimentos foi retido em nome da Recorrente. Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 346 8 Entretanto, em uma análise mais detida notase que no Informe de Rendimentos do Banco BCN os valores estão indicados com código 6800 e conferem com o imposto que possivelmente foi retido em nome da Recorrente, levantando dúvida que deve ser respondida antes do julgamento do recurso. Tais coincidências demonstram que possivelmente o Informe de Rendimentos pode ter sido preenchido equivocadamente e por um lapso não foi expressamente indicado a Recorrente como beneficiaria das retenções. Sendo assim entendo que deve ser feita uma análise mais profunda em relação ao direito creditório pleiteado pela Recorrente, sendo necessário que a requerente demonstre contabilmente que o valor (R$ 211.863,97) escriturado no item 7 da Ficha 43 da DIPJ, são referentes aos valores indicados como IRRF no Informe de Rendimentos de fls. 170. Vejamos o item 7 da Ficha 43 da DIPJ onde consta a indicação do valor de R$ 211.863,97, em análise neste julgamento: Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10675.900791/200694 Resolução nº 1402000.447 S1C4T2 Fl. 347 9 Consta na DIPJ o valor que a Recorrente pretende o reconhecimento do crédito e sua homologação da compensação. Sendo assim, entendo que a dúvida acima apontada neste voto deve ser sanada; motivo pelo qual, entendo que o julgamento do recurso deve ser convertido em diligência, intimando a Recorrente para que no prazo de 30 dias: 1 demonstre contabilmente que o valor escriturado no item 7 da Ficha 43 da DIPJ, no valor de R$ 211.863,97, é referente aos valores indicados como IRRF no Informe de Rendimentos de fls. 170. 2 demonstre que tais valores/respectivos rendimentos, foram oferecidos a tributação. 3 em seguida, também no prazo de 30 dias, se manifeste a unidade de origem sobre a resposta da Recorrente. Pelo exposto, converto o julgamento em diligência para que a Recorrente demonstre contabilmente que o valor escriturado no item 7 da Ficha 43 da DIPJ no valor de R$ 211.863,97 são referentes aos valores indicados como IRRF no Informe de Rendimentos de fls. 170, bem como o oferecimento à tributação dos respectivos rendimentos. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Fl. 347DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.007118/2007-24
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 25 00:00:00 UTC 2011
Ementa: SIMPLES NACIONAL
Ano-calendário: 2007
ATIVIDADE VEDADA. INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS.
Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste
serviços de instrutor, corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios.
Numero da decisão: 1801-000.458
Decisão: ACORDAM, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201101
ementa_s : SIMPLES NACIONAL Ano-calendário: 2007 ATIVIDADE VEDADA. INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios.
turma_s : Primeira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 10830.007118/2007-24
conteudo_id_s : 5778832
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1801-000.458
nome_arquivo_s : Decisao_10830007118200724.pdf
nome_relator_s : Maria de Lourdes Ramirez
nome_arquivo_pdf_s : 10830007118200724_5778832.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator
dt_sessao_tdt : Tue Jan 25 00:00:00 UTC 2011
id : 6956965
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468122693632
conteudo_txt : Metadados => date: 2011-01-26T19:55:54Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Microsoft Word - 2658388_0.doc; xmp:CreatorTool: PScript5.dll Version 5.2; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dc:creator: e_processo; dcterms:created: 2011-01-26T19:55:54Z; Last-Modified: 2011-01-26T19:55:54Z; dcterms:modified: 2011-01-26T19:55:54Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Microsoft Word - 2658388_0.doc; xmpMM:DocumentID: uuid:d95f3333-9335-4473-adbc-fd7579dd475d; Last-Save-Date: 2011-01-26T19:55:54Z; pdf:docinfo:creator_tool: PScript5.dll Version 5.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2011-01-26T19:55:54Z; meta:save-date: 2011-01-26T19:55:54Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Microsoft Word - 2658388_0.doc; modified: 2011-01-26T19:55:54Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: e_processo; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: e_processo; meta:author: e_processo; meta:creation-date: 2011-01-26T19:55:54Z; created: 2011-01-26T19:55:54Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2011-01-26T19:55:54Z; pdf:charsPerPage: 1571; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; Author: e_processo; producer: Acrobat Distiller 6.0.1 (Windows); access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Acrobat Distiller 6.0.1 (Windows); pdf:docinfo:created: 2011-01-26T19:55:54Z | Conteúdo => S1-TE01 Fl. 62 1 61 S1-TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.007118/2007-24 Recurso nº 511.517 Voluntário Acórdão nº 1801-00.458 – 1ª Turma Especial Sessão de 25 de janeiro de 2011 Matéria Inclusão Simples Nacional Recorrente FORSTER DES. HUMANO LTDA. ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Ano-calendário: 2007 ATIVIDADE VEDADA. INTERMEDIAÇÃO DE NEGÓCIOS. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) ______________________________________ Ana de Barros Fernandes – Presidente (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Editado em 25/01/2011. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 27/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carmem Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Maria de Lourdes Ramirez, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Sandra Maria Dias Nunes e Ana de Barros Fernandes. Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto contra a decisão da 1ª Turma da Delegacia de Julgamento em Campinas/SP que, por unanimidade de votos, indeferiu a manifestação de inconformidade da interessada apresentada contra a negativa do pleito de inclusão no Simples Nacional, exarado pela Delegacia da Receita Federal em Campinas/SP, em razão da atividade econômica retratada no código CNAE – Fiscal 7020-4/00 consignado no Termo de Opção: “consultoria em gestão empresarial, exceto consultoria técnica”, vedada para ingresso na sistemática. Na manifestação de inconformidade apresentada contra o indeferimento do pleito a interessada alega praticar atividade não impeditiva e já ter providenciado a alteração do código CNAE-Fiscal na Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica para 85 99-6-04: “treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial”. Apreciando o litígio a DRJ/CPS indeferiu a solicitação. Estudando o alcance das vedações impostas pelo inciso XI do artigo 17 da Lei Complementar 123, de 2006, analisou o conteúdo semântico da expressão “serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não” consignado no referido dispositivo legal. Ao interpretar o mencionado comando legal, tomou o auxílio do disposto no artigo 966 do Código Civil – Lei no. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, concluindo que o inciso XI, parte primeira do artigo 17 da Lei Complementar 123, de 2006, cuidaria de vedar o não empresário ao ingresso Simples Nacional. Assim, valendo-se de pesquisas realizadas junto aos sistemas informatizados da Receita Federal, estudou as atividades exercidas pela contribuinte solicitante para deduzir que, em que pese haver registrado seus estatutos sociais junto ao órgão de registro típico dos empresários e sociedades empresárias – Registro Público de Empresas Mercantis – deduziu que “o interessado não se valeu do fator de produção trabalho/mão-de-obra, pois é certo que nas GFIP’s entregues anota-se pagamento de remuneração justa e simplesmente para um dos sócios, isto é, a Sra. Evelyn Kaufmann Correia. Donde se vê que, de fato, não se destaca neste Contribuinte como elemento autônomo o fator de produção trabalho/mão-de-obra. São os próprios sócios (no caso, a sócia), e exclusivamente eles (exclusivamente ela), que concorrem com sua força intelectual/laborativa para dar cabo do objeto social anunciado nos atos constitutivos”. Assim, o objeto social constante do estatuto social estaria submisso a primeira parte do inciso XI do artigo 17 da LC 123, de 2006: “Prestação de Serviços de Fl. 2DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 27/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10830.007118/2007-24 Acórdão n.º 1801-00.458 S1-TE01 Fl. 63 3 Desenvolvimento Humano, Cursos de Capacitação e Orientação Profissional e Educação Corporativa Empresarial”, atividade vedada para ingresso no sistema. Cientificada, em 05/05/2009, do indeferimento de sua solicitação, como comprova o Aviso de Recebimento de fl. 51, apresenta, a contribuinte, em 12/05/2009, Recurso Voluntário em face deste Colegiado. Depois de oferecer justificativas a respeito da tempestividade da manifestação de inconformidade, o que já havia sido superado pela própria DRJ em Campinas/SP, ressalta ser sociedade empresária nos termos do artigo 966 do Código Civil. Afirma que a atividade econômica explorada pela empresa não necessitaria de mão-de-obra externa, mas que isso não seria impedimento ao ingresso no Simples, observando, ainda, que o código CNAE-Fiscal estaria em consonância com os serviços prestados de cursos gerenciais, atividade permitida na sistemática simplificada como determinaria o parágrafo 3 o . do artigo 12. da Resolução CGSN no. 4, de 2007. Ao final pugna pelo deferimento do pleito. É o relatório. Voto Conselheira Maria de Lourdes Ramirez, Relatora O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. No mérito verifica-se que a empresa recorrente teve indeferido seu pleito de inclusão na sistemática do Simples Nacional por praticar atividades consideradas vedadas pela legislação de regência.. A Lei Complementar no. 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, dispôs, no artigo 17, sobre vedações ao ingresso no Simples Nacional, elencando, dentre outras, as seguintes situações: Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: ... XI – que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza Fl. 3DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 27/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES 4 técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios; ... XIII - que realize atividade de consultoria; O fundamento legal para indeferimento do ingresso da empresa no Simples Nacional foi o inciso XIII do artigo 17 acima citado. De acordo com a 2 a . Alteração de Contrato Social, datada de 16/07/2007 e registrada na JUCESP em 13/09/2007 (fls. 03/08) o objeto social da empresa é o seguinte: “Prestação de Serviços de Consultoria, Capacitação e Suporte Empresarial, Bem Como Desenvolvimento Humano, Mercadológico e Orientação Profissional e Representações Comerciais por Conta e Ordem de Terceiros para Prestação de Serviços de Desenvolvimento Humano, Cursos de Capacitação e Orientação Profissional e Educação Corporativa Empresarial” É verdade que o parágrafo 3 o . do artigo 12. da Resolução CGSN no. 4, de 2007 excluiu das vedações impostas pelo inciso XI do artigo 17 da Lei Complementar no. 123, de 2006, as escolas livres, de línguas estrangeiras, artes, cursos técnicos e gerenciais. Entretanto, o objeto social da solicitante descrito na 2 a . Alteração do Contrato Social, cuja cópia encontra-se à fls. 03 a 08, é vasto e muito abrangente e enumera diversas outras atividades que também se enquadram nas referidas vedações. As atividades descritas no objeto social definido nos atos constitutivos da pessoa jurídica relacionam-se diretamente às seguintes atividades vedadas, elencadas no citado dispositivo legal: (i) Atividade Intelectual: Prestação de Serviços de Capacitação e Suporte Empresarial, Bem Como Desenvolvimento Humano, Mercadológico e Orientação Profissional; (ii) Serviços de Instrutor: Cursos de Capacitação e Orientação Profissional e Educação Corporativa Empresarial; (iii) Intermediação de Negócios: Representações Comerciais por Conta e Ordem de Terceiros; (iv) Atividade de Consultoria: Prestação de Serviços de Consultoria. Também é verdade que o código CNAE-Fiscal da empresa foi alterado em 20/08/2007 para 85 99-6-04: “treinamento em desenvolvimento profissional e gerencial”. Todavia não é o código CNAE-Fiscal o fator determinante da atividade da pessoa jurídica e sim o que vai descrito em seus estatutos sociais, especificamente no objeto social da empresa. Observe-se que até a presente data não consta dos autos qualquer alteração no objeto social da empresa, que permanece o mesmo descrito às fls. 03 a 08. Ademais, uma rápida visita ao sítio da empresa na “internet” – www.forsterbr.com.br - demonstra ser a interessada uma companhia de grande porte, especializada em treinamento e desenvolvimento humano, gestão de negócios e desenvolvimento de mercado, tendo como principais clientes, dentre outros, a 3M, Banco do Brasil, Ciesp, CPFL, DHL, Dow Corning, Karcher, para os quais fornece os seguintes serviços: - Palestras, Cursos, Workshops, Programas de Educação, Treinamento; - Gestão Empresarial, Implantação de Sistemas de Gestão Integrada, da Qualidade, Ambiental e Saúde e Segurança Ocupacional; Fl. 4DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 27/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES Processo nº 10830.007118/2007-24 Acórdão n.º 1801-00.458 S1-TE01 Fl. 64 5 - Educação e Desenvolvimento Humano Organizacional - Recrutamento e Seleção; - Planejamento de Carreira; - Desenvolvimento de Negócios em Novos Mercados. - Estudos de viabilidade e otimização de produção. Assim, diante da prova da prática de atividades que impedem o ingresso da empresa interessada na sistemática do Simples Nacional não há como atender o seu pleito. Por todo o exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Sala de Sessões, 25 de janeiro de 2011. (assinado digitalmente) ______________________________________ Maria de Lourdes Ramirez – Relatora Fl. 5DF CARF MF Emitido em 02/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ Assinado digitalmente em 26/01/2011 por MARIA DE LOURDES RAMIREZ, 27/01/2011 por ANA DE BARROS FERNA NDES
score : 1.0
Numero do processo: 10640.723631/2011-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Devem ser desconsiderados na apuração do custo de aquisição os valores relativos a benfeitorias não comprovadas por documentação hábil e idônea.
VALOR DE ALIENAÇÃO. CORRETAGEM.
As despesas com corretagem somente podem ser excluídas do valor da alienação para cálculo do ganho de capital quando efetivamente comprovadas.
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO.
É devida a glosa de despesas médicas quando o contribuinte não comprove que suportou o ônus do seu pagamento.
Numero da decisão: 2201-003.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros José Alfredo Duarte Filho e Ana Cecília Lustosa da Cruz, que davam provimento parcial ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 24/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. Devem ser desconsiderados na apuração do custo de aquisição os valores relativos a benfeitorias não comprovadas por documentação hábil e idônea. VALOR DE ALIENAÇÃO. CORRETAGEM. As despesas com corretagem somente podem ser excluídas do valor da alienação para cálculo do ganho de capital quando efetivamente comprovadas. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO. É devida a glosa de despesas médicas quando o contribuinte não comprove que suportou o ônus do seu pagamento.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10640.723631/2011-80
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5777421
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.893
nome_arquivo_s : Decisao_10640723631201180.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
nome_arquivo_pdf_s : 10640723631201180_5777421.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros José Alfredo Duarte Filho e Ana Cecília Lustosa da Cruz, que davam provimento parcial ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator. EDITADO EM: 24/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
id : 6948266
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468132130816
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1528; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 232 1 231 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10640.723631/201180 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.893 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 13 de setembro de 2017 Matéria IRPF GANHO DE CAPITAL Recorrente ARISTOTELES LADEIRA ROCHA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007, 2008, 2009 CUSTO DE AQUISIÇÃO. COMPROVAÇÃO. Devem ser desconsiderados na apuração do custo de aquisição os valores relativos a benfeitorias não comprovadas por documentação hábil e idônea. VALOR DE ALIENAÇÃO. CORRETAGEM. As despesas com corretagem somente podem ser excluídas do valor da alienação para cálculo do ganho de capital quando efetivamente comprovadas. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO. É devida a glosa de despesas médicas quando o contribuinte não comprove que suportou o ônus do seu pagamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros José Alfredo Duarte Filho e Ana Cecília Lustosa da Cruz, que davam provimento parcial ao recurso. Votou pelas conclusões o Conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 72 36 31 /2 01 1- 80 Fl. 232DF CARF MF 2 EDITADO EM: 24/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório O presente processo trata de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, fl. 02 a 14, pelo qual a Autoridade Administrativa lançou crédito tributário consolidado conforme resumo abaixo: CRÉDITO TRIBUTÁRIO LANÇADO Imposto 26.298,47 Juros de Mora (calculado até 10/2011) 10.369,24 Multa Proporcional (75%) 19.723,86 TOTAL 56.391,57 Analisando as informações contidas na Descrição dos Fatos de fl. 03, constatase que, na Ação Fiscal, foram identificadas as seguintes infrações à legislação tributária: I Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais; II Dedução indevida de despesas médicas. No Relatório Fiscal de fl. 15 a 20, constam os motivos de convencimento da Autoridade lançadora, a saber: Das despesas médicas: foram glosadas parcialmente as despesas médicas supostamente efetuadas com o Plano de Saúde PLASC , por se referirem a beneficiário que não integra o rol de dependentes declarado; foram glosados os valores das despesas médicas com os profissionais André Lima Viana (fisioterapeuta) e Débora Andrade Guedes (dentistas), por não terem sido comprovados os seus efetivos pagamentos. Do ganho de capital na alienação de imóvel: foi tributada a diferença entre a venda do imóvel situado na Eua Albino Martins Ribeiro nº 15, no valor de R$ 375.000,00, e o custo de aquisição registrado pelo contribuinte em sua declaração no ano anterior, R$ 250.000,00, já que o fiscalizado não teria comprovado o aumento do custo de aquisição consignado em sua declaração relativa ao exercício de 2008 (até 28/02/2007) o qual teria elevado o valor do bem em R$ 125.000,00, em apenas dois meses, exatamente até o montante da venda. Ciente do lançamento em 07 de outubro de 2011, conforme AR de fl. 127, tempestivamente, o sujeito passivo apresentou a impugnação de fl. 129/137, na qual pontuou: despesas médicas glosadas: contestou o amparo legal para exigência do efetivo pagamento, afirmando que o pagamento se comprova por meio do recibo; ganho de capital: alega que a autoridade fiscal deixou de considerar que todo o produto obtido com a venda do imóvel foi utilizado para pagamento de dívidas contraídas junto a bancos e financeiras; sustenta que, na ausência de valor pago para Fl. 233DF CARF MF Processo nº 10640.723631/201180 Acórdão n.º 2201003.893 S2C2T1 Fl. 233 3 demonstrar o custo de aquisição, o valor atribuído deve ser aquele utilizado com base para pagamento do ITBI (art. 129 do RIR/99); afirma ter adquirido imóvel no lapso de 180 dias contado da venda, com a aplicação de parte do produto da venda (R$ 215.000,00 Escritura em fl. 150 e ss), o que deveria ser considerado para redução do débito apurado pela fiscalização. Debruçada sobre os termos da Impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC, julgou a impugnação procedente em parte, fl. 192 a 197, lastreada nas razões que podem ser assim resumidas: DO GANHO DE CAPITAL (...)Desta forma, tendo em vista a comprovação efetuada nos autos, considero presente as prerrogativas para a aplicação da isenção prevista no art. 39 da Lei n.º 11. 196/2005 e no art. 2.º da Instrução Normativa SRF n.º 599, de 28 de dezembro de 2005, tendo em vista que o impugnante demonstrou ter adquirido imóvel residencial em 08/03/2007, no prazo de 180 dias da alienação, que ocorreu em 05/03/2007, pelo valor de R$ 215.000,00.. (...) DAS DESPESAS MÉDICAS (...) No caso em análise, nenhuma documentação foi apresentada pelo interessado para comprovar as transferências de valores entre o contribuinte e os prestadores de serviço, como também não foi apresentado a indicação de cheques para comprovar o pagamento, sendo que o impugnante se limita a afirmar que as despesas médicas foram pagas em dinheiro, bem como apresenta cópias de diversos exames médicos e laboratoriais. (...) Assim, há que se afastar os argumentos apresentados pelo impugnante, pois não pode o contribuinte se limitar a fazer alegações sem apresentar os documentos em que se baseia ou tampouco atribuir ao fisco o ônus da comprovação de suas justificativas, conforme demonstrado. Ciente do Acórdão da DRJ, conforme AR de fl. 210, ainda inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, o recurso voluntário de fl. 212 a 221, em que pleiteia o cancelamento da exigência fiscal ou, subsidiariamente, a redução do crédito tributário lançado, sob o amparo dos seguintes argumentos: Da nulidade da decisão recorrida por cerceamento de defesa: insurgese o contribuinte contra a decisão de piso que, invertendo o ônus da prova, indeferiu o pleito para produção de provas, em particular pela oitiva ou encaminhamento de ofício aos profissionais de saúde para confirmação das despesas efetuadas. Das despesas médicas: reitera os exatos temos já expressos em sede de impugnação. Ganho de Capital requer que seja considerado, como incremento do custo de aquisição do imóvel vendido, o valor de R$ 54.499,50, relativo a crédito consignado tomado junto ao Banco Panamericano no decorrer de 2007, o qual teria sido integralmente aplicado na Fl. 234DF CARF MF 4 construção do seu único imóvel, afirmando não possuir os comprovantes das despesas efetuadas por, à época, entender desnecessário. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por preencher as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. DA NULIDADE DA DECISÃO POR CERCEAMENTO DE DEFESA O recorrente inicia sua pela recursal pugnando pela nulidade de decisão recorrida por entender que esta incorreu em cerceamento do direito de defesa ao indeferir o pedido de produção de provas, em particular a oitiva ou envio de ofícios aos profissionais de saúde que receberam pelas despesas médias glosadas no curso do procedimento fiscal. Amparado por precedentes administrativos e entendimento doutrinário, o interessado afirma que, nos termos do art. 142 da Lei 5.172/66 ( CTN), é dever do Fisco comprovar a ocorrência do fato gerador, mas que o julgador de 1ª Instância Administrativa optou por inverter o ônus probatório, para que o contribuinte a efetiva prestação do serviço. Sustenta que as partes devem ser alertadas para eventual inversão do ônus da prova no curso do julgamento, para que apresentem fatos constitutivos de seus direitos ou mesmo fatos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito da parte contrária. Afirma que não existe regra processual na legislação tributária que autorize o julgador a inverter o ônus da prova e que o preceito contido no § 3º, do art. 11, do DecretoLei nº 5.844/43 estabelece apenas que o contribuinte seja instado a comprovar ou justificar as deduções pleiteadas. No que se refere às despesas dessa natureza, há de se ressaltar que a dedução de despesas médicas tem previsão no Decreto 3.000 (Regulamento do Imposto de Renda), de 26 de março de 1999, art. 80, que dispõe: “Art. 80 – Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250/95, art. 8º, II, alínea “a”). § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250/95, art. 8º, §2º): (...) II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes – CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de Fl. 235DF CARF MF Processo nº 10640.723631/201180 Acórdão n.º 2201003.893 S2C2T1 Fl. 234 5 documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” Assim, pra fazer jus a tal dedução, além de comprovar o gasto, é indispensável que o contribuinte demonstre que sofreu o ônus da despesa. Devendose ressaltar que, em termos tributários, a regra é a incidência do tributo, sendo as isenções exceções que devem ser provadas por quem delas aproveita. Assim, o ônus da prova da regularidade das exclusões de parcelas do rendimento tributável é do contribuinte e é este o espírito do teor do art. 73 do Decreto 3000/99 (RIR), ao estabelecer que todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. Diferentemente do que alega o recorrente, no caso em tela, não se pretende comprovar a efetiva prestação do serviço, já que, para tanto, os documentos apresentados não foram questionados. O que se busca, desde o procedimento fiscal, é a comprovação do efetivo pagamento das despesas médicas, de modo a demonstrar quem sofreu o ônus do pagamento. Imaginemos uma situação não tão incomum em que despesas médicas são pagas por um parente ou por um amigo. Nestes casos, embora os gastos tenham ocorrido de fato, não preenchem os requisitos da legislação para se verem deduzidos do rendimento bruto, seja na declaração de ajuste de quem pagou, seja na declaração de ajuste de quem se beneficiou do tratamento. Assim, correta a decisão de piso ao considerar desnecessárias a oitiva dos profissionais ou o envio de ofícios solicitando comprovação, já que o único que poderia demonstrar que suportou o ônus das despesas é o próprio contribuinte. Ademais, frisese que não se trata de inversão do ônus da prova a juízo do julgador administrativo, mas inversão decorrente do próprio texto legal. Quanto à alegação de que o contribuinte deveria ser instado a comprovar ou justificar as deduções pleiteadas, não merecem prosperar as razões recursais, pois a necessidade de comprovação do efetivo pagamento foi formalizada no curso do procedimento fiscal (fl. 57), ratificada no julgamento de 1ª Instância e, já em sede recurso voluntário, o contribuinte ainda não se empenhou em demonstrar que sofreu o ônus de tais pagamentos. DAS DESPESAS MÉDICAS Reitera o recorrente seus argumentos relativos à impossibilidade de inversão do ônus da prova em desfavor do contribuinte verificada na decisão a quo, sustentando que a legislação não o obriga a fazer prova da entrega dos recursos pagos relativamente às despesas médicas, bastando a demonstração do pagamento por meio de recibo. Alega que a expressão comprovação ou justificação contida no art. 73 do RIR/99 deve ser entendida como determinação para que o contribuinte prove o pagamento e justifique a despesas, já que nem todas poderiam reduzir o tributo devido, citando como exemplo a prática de pilates para fins estéticos e como tratamento para alívio de dores lombares, mesmo que ambos sejam prestados por fisioterapeutas. Sustenta que a Autoridade lançadora agiu com dois pesos e duas medidas ao acatar despesas com plano de saúde sem exigir a efetiva comprovação dos pagamentos efetuados, mas exigindo tal comprovação no caso dos pagamentos efetuados diretamente aos profissionais. Fl. 236DF CARF MF 6 Afirma que tinha recursos suficiente para fazer pagamento em espécie, não sendo necessário se valer de cheques ou cartões de crédito ou débito. Alega que juntou aos autos declaração de próprio punho do fisioterapeuta André Lima Viana sobre a enfermidade que acometia sua esposa, além de ressonância que corrobora a moléstia. Com relação às despesas com dentistas, afirma que juntou aos autos artigos que tratam da necessidade de acompanhamento profissional periódico em virtude de diabetes. Desnecessário retomarmos neste tema as razões e fundamentos legais já expressos no curso do voto no item anterior, em particular no que se relaciona à procedência da exigência de comprovação do efetivo pagamento, que nada tem a ver com a comprovação da efetiva prestação do serviço. Cotejandose os preceitos legais citados alhures (art. 73 e 80 do Decreto 3000/99) fica muito claro que, a juízo da autoridade lançadora, todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação. Ademais, no caso de despesas médicas, para fins de dedução da base de cálculo do tributo devido pelas pessoas físicas, estas se restringem aos pagamentos especificados, comprovados e efetuados pelo próprio contribuinte e que sejam relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes. Assim, para gozar do benefício fiscal, o interessado deve comprovar o serviço prestado, os recibos ou notas fiscais devem ser especificados e, ainda, sempre a juízo da autoridade lançadora, o contribuinte pode ser instado a comprovar que sofreu o ônus da despesa. Portanto, o espírito da norma não se prende unicamente à necessidade de comprovação da natureza dos serviços prestados. Por outro lado, não contribui para a presente demanda o fato da Autoridade Fiscal não ter exigido a comprovação do efetivo pagamento dos valores relativos ao plano de saúde, pois a necessidade de comprovação é um juízo do responsável pelo procedimento fiscal, que, neste caso, inclusive, deixou expresso que a comprovação da entrega dos recursos fazse necessária principalmente no que diz respeito às despesas de maior multo, que se afastam em demasia da média de preços de serviços da mesma natureza. Desta forma, não merecem reparos o lançamento fiscal e a decisão recorrida. DO GANHO DE CAPITAL: O recorrente requer que seja considerado, como incremento do custo de aquisição do imóvel vendido, o valor de R$ 54.499,50, relativo a crédito consignado tomado junto ao Banco Panamericano no decorrer de 2007, e devidamente informado em sua declaração de ajuste no campo de Dívidas e Ônus Reais, o qual teria sido integralmente aplicado na construção do seu único imóvel, afirmando não possuir os comprovantes das despesas efetuadas por, à época, entender desnecessário. Ademais, pleiteia a dedução do valor de R$ 10.000,00, relativos a comissão de corretagem paga à Universal Imóveis e devidamente lançada no campo de pagamento e doações efetuados. Inicialmente é importante ressaltar que as questões suscitadas pelo contribuinte neste tema não contemplaram a impugnação formalizada após a ciência do lançamento, configurando inovação à lide administrativa, razão pela qual sobre elas não se instaurou o contencioso fiscal. Fl. 237DF CARF MF Processo nº 10640.723631/201180 Acórdão n.º 2201003.893 S2C2T1 Fl. 235 7 Não obstante, por simpatia ao debate, entendo relevante destacar os termos da IN SRF 84/2001: Art. 17. Podem integrar o custo de aquisição, quando comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na Declaração de Ajuste Anual, no caso de: I bens imóveis: a) os dispêndios com a construção, ampliação e reforma, desde que os projetos tenham sido aprovados pelos órgãos municipais competentes, e com pequenas obras, tais como pintura, reparos em azulejos, encanamentos, pisos, paredes; (...) Art. 19. Considerase valor de alienação: I o preço efetivo da operação de venda ou de cessão de direitos; (...) § 4º O valor da corretagem, quando suportado pelo alienante, é deduzido do valor da alienação e, quando se tratar de venda a prazo, com diferimento da tributação, a dedução farseá sobre o valor da parcela do preço recebida no mês do pagamento da referida corretagem. Como se vê, no que se refere ao empréstimo obtido junto ao Banco Panamericano, não há amparo legal para que, a partir da mera formalização do empréstimo, o montante contratado possa compor o custo do bem alienado. Há necessidade de que os dispêndios com a construção sejam comprovados com documentação hábil e idônea (notas fiscais de aquisição de materiais de construção, recibos de prestação de serviço emitidos por pessoa física, etc). Já em relação à despesa com corretagem, esta sim poderia deduzir o valor da alienação que serviu de base para o cálculo do ganho de capital obtido na operação. Contudo, tal valor não foi comprovado no curso do procedimento fiscal, não foi suscitado na impugnação administrativa e, embora tratado no recurso voluntário, não foi comprovado no julgamento de 2ª instância. Por fim, convém destacar que embora o contribuinte tenha afirmado que teria aplicado o produto do tal empréstimo na construção de seu único imóvel, as declarações de rendimentos acostadas às folhas 39 e seguintes evidenciam que o recorrente possuía outros bens imóveis. Desta forma, não merecem retoques o lançamento e a decisão recorrida. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais acima expostos, nego provimento ao Recurso Voluntário. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 238DF CARF MF 8 Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.901938/2008-75
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ENFRENTAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO.
O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado, estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal.
PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO.
Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo acórdão.
Recurso Especial do Contribuinte Provido.
Numero da decisão: 9303-005.077
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza e Júlio César Alves Ramos, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise dos novos documentos juntados pelo sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201705
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ENFRENTAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO. O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado, estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal. PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO. Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo acórdão. Recurso Especial do Contribuinte Provido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10166.901938/2008-75
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5764033
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-005.077
nome_arquivo_s : Decisao_10166901938200875.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : RODRIGO DA COSTA POSSAS
nome_arquivo_pdf_s : 10166901938200875_5764033.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza e Júlio César Alves Ramos, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise dos novos documentos juntados pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran.
dt_sessao_tdt : Tue May 16 00:00:00 UTC 2017
id : 6910513
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468137373696
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1847; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10166.901938/200875 Recurso nº 1 Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303005.077 – 3ª Turma Sessão de 16 de maio de 2017 Matéria PROVAS. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Recorrente AUTOTRAC COMÉRCIO E TELECOMUNICAÇOES S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. ENFRENTAMENTO DA FUNDAMENTAÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO. CONHECIMENTO. O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado, estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal. PROVAS DOCUMENTAIS NÃO CONHECIDAS. REVERSÃO DA DECISÃO NA INSTÂNCIA SUPERIOR. RETORNO DOS AUTOS PARA APRECIAÇÃO E PROLAÇÃO DE NOVA DECISÃO. Considerado equivocado o acórdão recorrido ao entender pelo não conhecimento de provas documentais somente carreadas aos autos após o prazo para apresentação da impugnação, estes devem retornar à instância inferior para a sua apreciação e prolação de novo acórdão. Recurso Especial do Contribuinte Provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 19 38 /2 00 8- 75 Fl. 655DF CARF MF Processo nº 10166.901938/200875 Acórdão n.º 9303005.077 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Charles Mayer de Castro Souza e Júlio César Alves Ramos, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem para análise dos novos documentos juntados pelo sujeito passivo. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3803000.943, de 28/10/2008, proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (...) PROVA AUSÊNCIA DA ESCRITURAÇÃO A ausência nos autos de material comprobatório consistente na escrituração contábil e fiscal que justifique a redução da base de cálculo da contribuição na DCTF retificadora, impede formar convicção sobre as alegações de existência de crédito. Contra a decisão, a contribuinte apresentou embargos de declaração, que, acolhidos, mas sem modificação do julgamento, resultou em acórdão assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (...) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA JULGADA. IMPOSSIBILIDADE. Os Embargos de Declaração são modalidade recursal de integração e objetivam, tão somente, sanar obscuridade, contradição ou omissão, de maneira a permitir o exato conhecimento do teor do julgado. ALEGAÇÕES E PROVAS APRESENTADAS SOMENTE NO RECURSO. PRECLUSÃO. Consideramse precluídos, não se tomando conhecimento, os argumentos e provas não submetidos ao julgamento de primeira instância, apresentados somente na fase recursal. Embargos Acolhidos Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 656DF CARF MF Processo nº 10166.901938/200875 Acórdão n.º 9303005.077 CSRFT3 Fl. 4 3 A contribuinte, então, apresentou novos embargos, aos quais, todavia, foi negado seguimento. No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente suscita divergência quanto à inadmissibilidade da prova apresentada pela Recorrente, apenas no recurso voluntário, tendo sido aplicado ao caso o princípio da preclusão, à luz do que reza o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72. Alega divergência de entendimento em relação ao que decidido no Acórdão nº 902001.634. Mediante Despacho do Presidente da Terceira Câmara da Terceira Seção do CARF, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela contribuinte. Cientificada, a Procuradoria apresentou contrarrazões ao recurso especial. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.065, de 16/05/2017, proferido no julgamento do processo 10166.900706/200808, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.065): Da Admissibilidade "Com a devida vênia ao bem fundamento voto do Ilustre Conselheiro Relator, a maioria dos membros do Colegiado divergiu do seu entendimento quanto à admissibilidade do recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte, prevalecendo o entendimento pelo prosseguimento do apelo especial. O presente processo administrativo originouse de pedido de compensação transmitido pela Contribuinte, em 11/03/2004, de créditos de COFINS decorrentes de pagamento indevido ou a maior, para liquidação de débitos próprios. Sobreveio despacho decisório não homologando o pedido de compensação, sob o fundamento de inexistência de crédito disponível para compensação com os débitos informados. Fl. 657DF CARF MF Processo nº 10166.901938/200875 Acórdão n.º 9303005.077 CSRFT3 Fl. 5 4 Tendose insurgido a Contribuinte por meio de manifestação de inconformidade, a DRJ entendeu por manter a não homologação da compensação em razão do saldo insuficiente para compensar e, ainda, acrescentou os seguintes argumentos: a Contribuinte não trouxe aos autos elemento de prova de erro material no preenchimento da DCTF; e a simples apresentação das cópias da DIPJ e da DCTF, bem como de planilha elaborada pelo Sujeito Passivo, sem a devida escrituração, não são suficientes para comprovar as suas alegações. Em sede de julgamento de recurso voluntário, sobreveio o acórdão nº 380300.949, ora recorrido, que lhe negou provimento em razão da ausência de provas nos autos, consistente na escrituração contábil e fiscal da empresa, que justificassem a redução da base de cálculo da contribuição na DCTF retificadora, conforme trecho destacado acima pelo nobre Relator, in verbis: [...] No entanto, a contribuinte não trouxe aos Autos material probatório que comprovasse o erro cometido no preenchimento da DCTF, o que demonstraria a existência do crédito alegado referente ao DARF recolhido, bem como a possibilidade de utilizálo para quitar os débitos apurados em outros períodos. Apresentar apenas cópias da DIPJ, da DCTF e da planilha elaborada pela própria contribuinte, sem a devida escrituração, não é suficiente para comprovar as alegações da contribuinte, não sendo, portanto, capaz de "desconstituir o que foi constituído". [...] Opostos embargos de declaração pela Contribuinte, a decisão de negativa de provimento ao recurso voluntário foi complementada, nos termos do acórdão nº xxx, para acrescentar considerações quanto aos documentos e esclarecimentos trazidos aos autos sobre o equívoco das informações prestadas em DCTF, in verbis: [...] Compulsando o voto condutor da decisão embargada, há que se dar razão à Embargante, já que, aparentemente, o relator limitou se a refutar o poder probante das provas acostadas aos autos até o momento processual da Manifestação de Inconformidade, sem nada acrescentar quanto aos documentos e esclarecimentos trazidos aos autos no recurso voluntário, no sentido de evidenciar o erro cometido nas informações prestadas em DCTF. [...] Talvez tal omissão expliquese pela preclusão temporal que se operou. É que, de acordo com as normas processuais, é na manifestação de inconformidade que a lide é demarcada e o processo administrativo propriamente dito tem início, com a instauração do litígio, não se permitindo, a partir daí, a abertura de novas teses de defesa ou a apresentação de novas provas, a não ser nas situações legalmente excepcionadas. A este respeito, Marcos Vinícius Neder de Lima e Maria Tereza Martínez López asseveram que “a inicial e a impugnação fixam os limites da controvérsia, integrando o objeto da defesa as afirmações contidas na petição inicial e na documentação que a acompanha”. Fl. 658DF CARF MF Processo nº 10166.901938/200875 Acórdão n.º 9303005.077 CSRFT3 Fl. 6 5 As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. [...] Este colegiado já teve oportunidade de manifestarse nesse sentido, por meio do Acórdão nº 380302.042, de 6 de outubro de 2011: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2003, 2004 ALEGAÇÕES E PROVAS APRESENTADAS SOMENTE NO RECURSO. PRECLUSÃO. Consideramse precluídos, não se tomando conhecimento, os argumentos e provas não submetidos ao julgamento de primeira instância, apresentados somente na fase recursal. Ainda que, por liberalidade injustificada, se conhecesse dos documentos aportados aos autos intempestivamente, o recorrente o recorrente não se preocupou em identificar, inequivocamente, a ocorrência do fato gerador, a base de cálculo sujeita à tributação e o correspondente tributo devido, limitandose a apresentar planilha de demonstração do valor recolhido a maior de cálculo e demonstrativos outros, sem resguardo de qualquer formalidade e, principalmente, sem o necessário lastro na sua escrita contábil e em documentação idônea e hábil para atestar a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada. [...] Conforme se depreende da fundamentação do acórdão que acolheu os embargos de declaração, não houve alteração do resultado do julgamento do recurso voluntário, nem mesmo acréscimo de argumentos à decisão, mas sim restou esmiuçado e detalhado o entendimento de que a não apresentação das provas do crédito tributário em momento oportuno implica na preclusão de o contribuinte fazêlo. Além disso, no acórdão de embargos de declaração não houve a apreciação dos documentos juntados com o recurso voluntário, conforme pretendia o Recorrente, mas simplesmente foram listados e concluiu o julgador, nos mesmos termos do acórdão então embargado, ser imprescindível a juntada de escrita fiscal e contábil para comprovação da certeza e liquidez do crédito tributário pretendido compensar. A Contribuinte interpôs, ainda, novos embargos de declaração por entender que permanecia a omissão no julgado quanto à documentação apresentada, e a existência de contradição e obscuridade, tendo sido os mesmos rejeitados consoante despacho nº 3803000.154, de 21/09/2012 (fls. 581 a 584), de cujo inteiro teor extraise que: Fl. 659DF CARF MF Processo nº 10166.901938/200875 Acórdão n.º 9303005.077 CSRFT3 Fl. 7 6 [...] Inexiste no acórdão embargado qualquer omissão a reclamar o acolhimento dos presentes embargos, pois tanto os fatos quanto os fundamentos da decisão foram expostos de forma clara, concisa e nítida. Digno de nota, a decisão recorrida enfrentou expressamente a questão, ao declinar que os documentos apresentados na manifestação de inconformidade não eram hábeis e suficientes para atestar a liquidez e certeza dos créditos opostos em compensação e que a documentação aportada aos autos juntamente com o recurso voluntário, ainda insuficiente para o mesmo fim, não seria conhecida em razão de sua intempestividade. Inexiste vício a sanar na decisão embargada. [...] Portanto, com a devida vênia ao entendimento contrário, um único fundamento prevaleceu para negar provimento ao recurso voluntário: a não apresentação de documentos hábeis a comprovar a pretensão compensatória da empresa quando da apresentação da manifestação de inconformidade, nesses compreendidos a escrita fiscal e contábil, acarreta a preclusão e impede o julgador de formar convicção quanto ao direito creditório. Não há de se falar, assim, em fundamentos autônomos e suficientes, cada um por si só, para manutenção da decisão recorrida. O recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte face à negativa de provimento ao recurso voluntário, atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009 e reproduzido na Portaria MF nº 343/2015, devendo ter prosseguimento. Ao invocar a existência de dissenso jurisprudencial quanto à "inadmissibilidade da prova apresentada pela Recorrente, apenas no recurso voluntário, tendo sido aplicado ao caso o princípio da preclusão", colacionou o acórdão paradigma nº 902001.634, comprovando a divergência de entendimentos, conforme se extrai da ementa do julgado paradigmático: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 1999 APRESENTAÇÃO DE PROVAS APÓS A IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO PROCESSUAL E PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Nos processos de determinação e exigência de crédito tributário, a impugnação fixará os limites da controvérsia, sendo considerada como não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Fl. 660DF CARF MF Processo nº 10166.901938/200875 Acórdão n.º 9303005.077 CSRFT3 Fl. 8 7 No entanto, a noção de preclusão não pode ser levada às últimas conseqüências, devendo o julgador ponderar sua aplicação no caso concreto à luz dos elementos constantes dos autos e que conduzem à identificação plena da matéria tributável, em homenagem ao princípio da verdade material. Recurso especial negado. O recurso especial de divergência que combate a fundamentação do acórdão recorrido, demonstrando a comprovação do dissenso jurisprudencial, deve ser conhecido, consoante art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Além disso, mesmo após complementada a decisão ora recorrida com relação à ocorrência da preclusão para a produção de provas, pela via dos embargos de declaração, não se caracterizou a hipótese de fundamentos autônomos suficientes, cada um por si só, para manutenção do julgado, estando correta a insurgência pela via especial enfrentando o argumento da possibilidade de apresentação e análise de documentos novos em sede recursal. Diante do exposto, entendeu a maioria do Colegiado por conhecer do recurso especial da Contribuinte, nos termos do voto que me coube redigir apenas quanto à admissibilidade do recurso." Do Mérito (...) Todavia, como este não foi o entendimento da Turma, aderimos à tese prevalecente quanto ao mérito do litígio, uma vez que, no caso, a Recorrente sequer foi intimada a apresentar provas do direito que alegava seu antes de proferido o Despacho Decisório, em desconformidade com o que preceitua o art. 3º, III, da Lei nº 9.784, de 1999. Donde o necessário envio dos autos à Câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial do Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento, determinando o envio dos autos à Câmara baixa para apreciação das provas carreadas aos autos, ainda que em sede de recurso voluntário. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 661DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.932722/2009-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005
INTEMPESTIVIDADE.
É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração/despacho decisório, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3302-004.587
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Vencida a Conselheira Lenisa Prado, que declarava a nulidade da decisão recorrida.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração/despacho decisório, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Não Conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10980.932722/2009-39
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5787738
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3302-004.587
nome_arquivo_s : Decisao_10980932722200939.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 10980932722200939_5787738.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Vencida a Conselheira Lenisa Prado, que declarava a nulidade da decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6981723
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468163588096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1528; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.932722/200939 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302004.587 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Matéria PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Recorrente VS SUPRIMENTOS PARA COMUNICAÇÃO VISUAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2005 a 31/10/2005 INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração/despacho decisório, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso voluntário. Vencida a Conselheira Lenisa Prado, que declarava a nulidade da decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Walker Araujo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Rodrigues Prado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 27 22 /2 00 9- 39 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10980.932722/200939 Acórdão n.º 3302004.587 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório A questão tem início em Declaração de Compensação em que se objetivava quitar débitos tributários utilizandose de créditos de COFINS. A justificativa apresentada pela autoridade fiscal para não homologar a compensação foi que: "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Em decorrência da não homologação, as autoridades competentes formalizaram a cobrança dos valores indicados na DCOMP, acrescidos ainda de multa e juros. Cientificada sobre o teor do despacho decisório, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, oportunidade na qual alega que a decretação de inexistência do crédito se deu porque não foram apresentadas as retificadoras das DCTFs, DIPJs e DACONs, que se prestariam a notificar as autoridades sobre o recolhimento à maior realizado. Na manifestação de inconformidade a contribuinte informa que ao solicitar a Certidão Negativa de Débitos foi surpreendida com a informação sobre a existência de um novo processo administrativo fiscal, onde foi lavrada a exigência do exato valor que constava no despacho decisório, e que teria como documento de origem a mesma DCOMP motivadora do processo cuja cobrança acreditava que tivesse sido baixada. A contribuinte esclareceu, ainda, que apresentou manifestação de inconformidade naqueles autos, requerendo que os processos fossem unificados, posto que tratam sobre os mesmos fatos, e que fossem apreciadas as razões que fundamentam a existência de seu direito ao crédito, que é, essencialmente, a inconstitucionalidade da inclusão do valor do ICMS na base de cálculo da COFINS. Noticia, também, que procedeu à retificação dos DCTF, DACON e DIPJ relativamente ao período de apuração em debate, indicando o valor do ICMS que deveria ser destacado da base de cálculo da COFINS, o que geraria o saldo credor a seu favor a ser utilizado na compensação declarada. A instância de origem julgou improcedente a manifestação de inconformidade acima descrita, nos termos do Acórdão 06037.274. O fundamento adotado, em síntese, foi a intempestividade da impugnação/manifestação de inconformidade apresentada. Irresignada a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que motivou a subida dos autos a este Conselho. É o relatório. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10980.932722/200939 Acórdão n.º 3302004.587 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302004.583, de 25 de julho de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.932718/200971, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302004.583) 1: "Em que pese as razões arroladas pela ilustre Relatora, peço licença para divergir dos fundamentos e do resultado dado ao presente o processo administrativo. Com efeito, a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente em sede de manifestação de inconformidade por considerar: i) intempestiva a impugnação/manifestação de inconformidade apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, não instaurando a fase litigiosa do procedimento nem comportando julgamento de primeira instância, exceto no tocante a arguição preliminar de tempestividade, acaso suscitada pelo sujeito passivo, nos termos do artigo 15, do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 19722 c/c §2º, do artigo 56, da Lei nº. 7574/20113; e ii) que a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade ofertada pela Recorrente, limitouse somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida, seja na revisão de ofício, seja em ulterior recurso voluntário eventualmente interposto pela impetrante. Neste contexto, entendo inexistir omissão no julgamento de primeira instância e desrespeito aos princípios do contraditório e ampla da defesa, posto que diante da apresentação de defesa fora do prazo previsto nas normas 1 Deixo de transcrever o voto vencido, que pode ser facilmente consultado no Acórdão paradigma, mantendo apenas o entendimento predominante da Turma expresso no voto vencedor. 2 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. 3 Art. 56. A impugnação, formalizada por escrito, instruída com os documentos em que se fundamentar e apresentada em unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, bem como, remetida por via postal, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da intimação da exigência, instaura a fase litigiosa do procedimento (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 14 e 15). (...) § 2o Eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10980.932722/200939 Acórdão n.º 3302004.587 S3C3T2 Fl. 5 4 anteriormente citada, não houve instauração de fase litigiosa, afastando, assim, o dever/obrigação da autoridade julgadora analisar os argumentos suscitados pelo contribuinte. Não bastasse isso, e ao contrário do que restou defendido neste processo, a decisão proferido no Mandado de Segurança n. 5005529 63.2010.404.7000, em trâmite perante a 5ª Vara Federal de Curitiba/PR, não superou a questão concernente a intempestividade da manifestação de inconformidade, limitouse somente a determinar a suspensão da exigibilidade dos débitos tributários objeto das PER/DCOMP´s até a decisão final administrativa a ser proferida. Portanto, entendo não ser o caso de nulidade do julgamento de primeira instância, considerando que o julgadores aplicaram ao presente caso as determinações contidas no Decreto 70.235/72 e na Lei nº 7.574/2011. Diante do exposto, considerando que não houve instauração da fase litigiosa do procedimento administrativo, por intempestividade da manifestação de inconformidade, voto por não conhecer do recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a decisão de piso deixou de apreciar os argumentos apresentados pela Recorrente, em sede de manifestação de inconformidade, em razão de sua intempestividade. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 108DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720167/2012-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri May 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA.
Não há que se falar em ilegalidade na IN SRF nº 243/2002, cujo modelo matemático é uma evolução das instruções normativas anteriores. A metodologia leva em conta a participação do valor agregado no custo total do produto revendido. Adotando-se a proporção do bem importado no custo total, e aplicando-se a margem de lucro presumida pela legislação para a definição do preço de revenda, encontra-se um valor do preço parâmetro compatível com a finalidade do método PRL 60 e dos preços de transferência.
ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL.
As operações decorrentes do acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca enquadram-se no conceito legal de industrialização, vez que há agregação de valor ao produto, razão pela qual é correta a aplicação do PRL60.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. LEI 9.430 DE 1996. MECANISMO DE COMPARABILIDADE. PREÇOS PRATICADO E PARÂMETRO. INCLUSÃO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO.
Operação entre pessoas vinculadas (no qual se verifica o preço praticado) e a operação entre pessoas não vinculadas, na revenda (no qual se apura o preço parâmetro) devem preservar parâmetros equivalentes. Analisando-se o método do PRL, a comparabilidade entre preços praticado e parâmetro, sob a ótica do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, opera-se segundo mecanismo no qual se incluem na apuração de ambos os preços os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. LEI 12.715, DE 2012. MECANISMO DE COMPARABILIDADE. PREÇOS PRATICADO E PARÂMETRO. EXCLUSÃO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO.
Com a Lei nº 12.715, de 2012 (conversão da MP nº 563, de 2012) o mecanismo de comparabilidade passou por alteração em relação à Lei nº 9.430, de 1996, no sentido de se excluir da apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros (mediante atendimento de determinadas condições) e tributos incidentes na importação.
Numero da decisão: 9101-002.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, (i) quanto à ilegalidade da IN/SRF 243, de 2002, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento, sendo que o conselheiro Gerson acompanhou o relator pelas conclusões; e, por voto de qualidade, acordam em negar-lhe provimento (ii) quanto ao acondicionamento para fins comerciais e (iii) quanto à inclusão ou não das despesas de frete, seguro e tributos, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que deram provimento ao recurso nas matérias (ii) e (iii). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro André Mendes de Moura.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Flávio Neto - Relator
(assinado digitalmente)
André Mendes Moura - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201705
camara_s : 1ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em ilegalidade na IN SRF nº 243/2002, cujo modelo matemático é uma evolução das instruções normativas anteriores. A metodologia leva em conta a participação do valor agregado no custo total do produto revendido. Adotando-se a proporção do bem importado no custo total, e aplicando-se a margem de lucro presumida pela legislação para a definição do preço de revenda, encontra-se um valor do preço parâmetro compatível com a finalidade do método PRL 60 e dos preços de transferência. ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL. As operações decorrentes do acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca enquadram-se no conceito legal de industrialização, vez que há agregação de valor ao produto, razão pela qual é correta a aplicação do PRL60. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. LEI 9.430 DE 1996. MECANISMO DE COMPARABILIDADE. PREÇOS PRATICADO E PARÂMETRO. INCLUSÃO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Operação entre pessoas vinculadas (no qual se verifica o preço praticado) e a operação entre pessoas não vinculadas, na revenda (no qual se apura o preço parâmetro) devem preservar parâmetros equivalentes. Analisando-se o método do PRL, a comparabilidade entre preços praticado e parâmetro, sob a ótica do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, opera-se segundo mecanismo no qual se incluem na apuração de ambos os preços os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. LEI 12.715, DE 2012. MECANISMO DE COMPARABILIDADE. PREÇOS PRATICADO E PARÂMETRO. EXCLUSÃO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Com a Lei nº 12.715, de 2012 (conversão da MP nº 563, de 2012) o mecanismo de comparabilidade passou por alteração em relação à Lei nº 9.430, de 1996, no sentido de se excluir da apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros (mediante atendimento de determinadas condições) e tributos incidentes na importação.
turma_s : 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 16561.720167/2012-17
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5754022
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9101-002.840
nome_arquivo_s : Decisao_16561720167201217.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIS FLAVIO NETO
nome_arquivo_pdf_s : 16561720167201217_5754022.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, (i) quanto à ilegalidade da IN/SRF 243, de 2002, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento, sendo que o conselheiro Gerson acompanhou o relator pelas conclusões; e, por voto de qualidade, acordam em negar-lhe provimento (ii) quanto ao acondicionamento para fins comerciais e (iii) quanto à inclusão ou não das despesas de frete, seguro e tributos, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que deram provimento ao recurso nas matérias (ii) e (iii). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro André Mendes de Moura. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto - Relator (assinado digitalmente) André Mendes Moura - Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
dt_sessao_tdt : Fri May 12 00:00:00 UTC 2017
id : 6881277
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468178268160
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 54; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2053; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT1 Fl. 653 1 652 CSRFT1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 16561.720167/201217 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9101002.840 – 1ª Turma Sessão de 12 de maio de 2017 Matéria IRPJ ILEGALIDADE DA IN SRF Nº 243/2002 Recorrente MERIAL SAUDE ANIMAL LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em ilegalidade na IN SRF nº 243/2002, cujo modelo matemático é uma evolução das instruções normativas anteriores. A metodologia leva em conta a participação do valor agregado no custo total do produto revendido. Adotandose a proporção do bem importado no custo total, e aplicandose a margem de lucro presumida pela legislação para a definição do preço de revenda, encontrase um valor do preço parâmetro compatível com a finalidade do método PRL 60 e dos preços de transferência. ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL. As operações decorrentes do acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca enquadramse no conceito legal de industrialização, vez que há agregação de valor ao produto, razão pela qual é correta a aplicação do PRL60. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. LEI 9.430 DE 1996. MECANISMO DE COMPARABILIDADE. PREÇOS PRATICADO E PARÂMETRO. INCLUSÃO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Operação entre pessoas vinculadas (no qual se verifica o preço praticado) e a operação entre pessoas não vinculadas, na revenda (no qual se apura o preço parâmetro) devem preservar parâmetros equivalentes. Analisandose o método do PRL, a comparabilidade entre preços praticado e parâmetro, sob a ótica do § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, operase segundo mecanismo no qual se incluem na apuração de ambos os preços os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 01 67 /2 01 2- 17 Fl. 653DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 654 2 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL. LEI 12.715, DE 2012. MECANISMO DE COMPARABILIDADE. PREÇOS PRATICADO E PARÂMETRO. EXCLUSÃO. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Com a Lei nº 12.715, de 2012 (conversão da MP nº 563, de 2012) o mecanismo de comparabilidade passou por alteração em relação à Lei nº 9.430, de 1996, no sentido de se excluir da apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros (mediante atendimento de determinadas condições) e tributos incidentes na importação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, (i) quanto à ilegalidade da IN/SRF 243, de 2002, por maioria de votos, acordam em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento, sendo que o conselheiro Gerson acompanhou o relator pelas conclusões; e, por voto de qualidade, acordam em negarlhe provimento (ii) quanto ao acondicionamento para fins comerciais e (iii) quanto à inclusão ou não das despesas de frete, seguro e tributos, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Gerson Macedo Guerra, que deram provimento ao recurso nas matérias (ii) e (iii). Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro André Mendes de Moura. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Relator (assinado digitalmente) André Mendes Moura Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, Andre Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado em substituição à ausência da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Fl. 654DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 655 3 Relatório Tratase de recurso especial interposto por MERIAL SAÚDE ANIMAL LTDA. (doravante “contribuinte” ou “recorrente”), em que é recorrida a Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrida”), em face do Acórdão nº 1302001.588 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela então 3a Turma Ordinária da 1a Câmara (doravante “Turma a quo”). Após ter a sua impugnação administrativa julgada improcedente pela DRJ, o contribuinte interpôs recurso voluntário, o qual também não foi provido pela Turma a quo, em decisão assim ementada (efls. 587 e seg): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. IN SRF 243/02. PROPORCIONALIZAÇÃO. LEGALIDADE. A proporcionalização determinada pelos incisos do § 11 do art. 12 da IN SRF 243/02 é uma interpretação razoável e que não desborda dos parâmetros hermenêuticos do art. 18, II, da Lei 9.430/96. ACONDICIONAMENTO PARA FINS COMERCIAIS. PRL 60. APLICÁVEL. As operações que se restringem ao acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca se enquadram no conceito legal de industrialização, pois, inegavelmente, há agregação de valor ao produto, razão pela qual, correta a aplicação do PRL60. Apenas o acondicionamento feito unicamente com o propósito de facilitar o transporte do produto fica afastado do conceito de industrialização. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS SOBRE IMPORTAÇÃO. A norma aplicável à época do lançamento expressamente determinava que os valores relativos ao frete, seguro e tributos sobre importação compusessem o preçopraticado (§ 6 º do art. 18 da Lei 9.430/96). Sendo o PRL um método facultativo e presuntivo é lógico que cabe ao contribuinte analisar quando é vantajoso a sua aplicação. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Tratandose da mesma situação fática e do mesmo conjunto probatório, a decisão prolatada sobre o lançamento do IRPJ é aplicável, mutatis mutandis, ao lançamento da CSLL. Intimada da referida decisão, a contribuinte interpôs recurso especial (efls. 607/arquivo não paginável e seg.), o qual foi integralmente admitido quanto aos seguintes temas (efls. 613 e seg.): a) Legalidade e aplicabilidade do disposto no artigo 12, § 11 da Instrução Normativa n° 243/02, no cálculo do Método PRL 60, face ao disposto no artigo 18, Inciso II, “d”, item 1 da Lei 9430/96 com a nova redação dada pela Lei n° 9.959/2000 e Regulamentada pela IN – 32/2001. b) Aplicabilidade do Método PRL 60 aos Princípios Ativos importados da Pessoa Jurídica vinculada do exterior, e não do Método PRL 20. c) Inclusão do frete, seguro e do imposto de importação no preço de aquisição do bem da PJ vinculada, do exterior, no método PRL. A PFN apresentou contrarrazões ao recurso especial (efls. 626 e seg.). Concluise, com isso, o relatório Fl. 655DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 656 4 Voto Vencido Luís Flávio Neto, Relator. Em seu recurso especial, o contribuinte apresentou analiticamente argumentos para a demonstração da divergência jurisprudencial arguida, cumprindo com o que requer o art. 67 do RICARF. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou os requisitos de admissibilidade, não merecendo reparos. 1. A ILEGALIDADE DA FÓRMULA PREVISTA PELA IN 243 PARA O CÁLCULO DO MÉTODO PRL60. 1.1. A evolução legislativa do método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL). A legislação brasileira dos preços de transferência deve ser observada por pessoas jurídicas nacionais que realizem operações com pessoas jurídicas vinculadas residentes no exterior. Suas normas encontram fundamento especialmente nos princípios da igualdade e da capacidade contributiva, de forma a estabelecer, por meio de fórmulas prédeterminadas pelo legislador ordinário, um preço que seria praticado por partes independentes (“preço parâmetro” ou “preço arm’s length”), de tal forma que operações realizadas entre partes vinculadas que destoem desse padrão, sejam tributadas como se houvessem praticado o preço parâmetro. Assim, por exemplo, se em uma operação de importação entre partes vinculadas o importador brasileiro realizar o pagamento de $25,00 por um bem cujo preço parâmetro seja de $10,00, a legislação dos preços transferência determinará um ajuste na base de cálculo do IRPJ e da CSL, de forma a se adicionar a parcela excedente ($15,00) e, assim, acrescer a base tributável e consequentemente aumentar o montante dos tributos devidos. O preço parâmetro, nesse exemplo, corresponde ao limite da dedutibilidade do custo do bem, serviço ou direito importado de parte vinculada. Por meio do controle dos preços de transferência, o sistema jurídico não procura majorar o percentual de tributos cobrados da sociedade, mas simplesmente garantir, nas operações internacionais, tratamento tributário isonômico, de forma que, independente de relações societárias mantidas entre as partes, todos que se encontrem em situação semelhante tenham a sua capacidade contributiva tributada de forma equivalente. A matriz legal da legislação brasileira dos preços de transferência é a Lei n. 9.430/96, com as sucessivas alterações que lhe foram realizadas. Nela estão contemplados os diferentes métodos de controle dos preços de transferência, que consistem em fórmulas e regras para a determinação se deve ou não ser realizado ajustes na base de cálculo do IRPJ e da CSL e, ainda, de quanto seria o referido ajuste. Entre os referidos métodos, interessa ao recurso especial em julgamento o Preço de Revenda menos Lucro (PRL). Em sua redação original, o art. 18. II, da Lei n. 9.430/96, previa apenas a margem de lucro de 20% para o cálculo do preço parâmetro conforme o método PRL (doravante “PRL20”): Fl. 656DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 657 5 Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (…) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) de margem de lucro de vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda; Em 1999, por meio da Medida Provisória nº 2.0134, convertida na Lei n. 9.959/2000, foi introduzida alteração na alínea “d” desse dispositivo, que passou a dispor quanto à possibilidade da adoção da margem de lucro de 60% para o cálculo do método PRL dos preços de transferência (PRL60), com especial destaque à parte em negrito: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (…) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. Na sequência, foi editada pela Secretaria da Receita Federal a IN 113/2000, que dispunha “sobre as hipóteses de utilização do Método do Preço de Revenda menos Lucro”. Em 2001, foi editada a IN 32, que incorporou os enunciados da IN 113/2000 ao indicar a adoção da seguinte fórmula para o cálculo do PRL 60, com especial destaque à parte em negrito: Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens; b) sessenta por cento, na hipótese de bens importados aplicados na produção. § 1º Os preços de revenda, a serem considerados, serão os praticados pela própria empresa importadora, em operações de venda a varejo e no atacado, com compradores, pessoas físicas ou jurídicas, que não sejam a ela vinculados. Fl. 657DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 658 6 § 2º Os preços médios de aquisição e revenda serão ponderados em função das quantidades negociadas. § 3º Na determinação da média ponderada dos preços, serão computados os valores e as quantidades relativos aos estoques existentes no início do período de apuração. § 4º Para efeito desse método, a média aritmética ponderada do preço será determinada computandose as operações de revenda praticadas desde a data da aquisição até a data do encerramento do período de apuração. § 5º Se as operações consideradas para determinação do preço médio contiverem vendas à vista e a prazo, os preços relativos a estas últimas deverão ser escoimados dos juros neles incluídos, calculados à taxa praticada pela própria empresa, quando comprovada a sua aplicação em todas as vendas a prazo, durante o prazo concedido para o pagamento. § 6º Na hipótese do parágrafo anterior, não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base na taxa: I referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), para títulos federais, proporcionalizada para o intervalo, quando comprador e vendedor forem domiciliados no Brasil; II Libor, para depósitos em dólares americanos pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizada para o intervalo, quando uma das partes for domiciliada no exterior. § 7º Para efeito deste artigo, serão considerados como: I incondicionais, os descontos concedidos que não dependam de eventos futuros, ou seja, os que forem concedidos no ato de cada revenda e constar da respectiva nota fiscal; II impostos, contribuições e outros encargos cobrados pelo Poder Público, incidentes sobre vendas, aqueles integrantes do preço, tais como ICMS, ISS, Pis/Pasep e Cofins; III comissões e corretagens, os valores pagos e os que constituírem obrigação de pagar, a esse título, relativamente às vendas dos bens, serviços ou direitos objeto de análise. § 8º A margem de lucro a que se refere o inciso IV, alínea "a" do caput será aplicada sobre o preço de revenda, constante da nota fiscal, excluídos, exclusivamente, os descontos incondicionais concedidos. § 9º O método do Preço de Revenda menos Lucro mediante a utilização da margem de lucro de vinte por cento somente será aplicado nas hipóteses em que não haja agregação de valor no País ao custo dos bens , serviços ou direitos importados, configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos bens, serviços ou direitos importados. § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens aplicados à produção. § 11. Na hipótese do parágrafo anterior, o preço a ser utilizado como parâmetro de comparação será a diferença entre o preço líquido de venda e a margem de lucro de sessenta por cento, considerandose, para este fim: I preço líquido de venda, a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II margem de lucro, o resultado da aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a média aritmética dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas, das comissões e corretagens pagas e do valor agregado ao bem produzido no País. Fl. 658DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 659 7 Em 2002, embora não tenha sido realizada nenhuma reforma por meio de Lei, a IN 243 tornou público que a SRF conduziria uma ampla mudança na metodologia de cálculo do PRL60, com o abandono das fórmulas anteriormente adotadas na IN 113/2000 e na IN 32/2001. Esse é o cerne do recurso especial em análise. Os enunciados da IN 243/2002 relativos à matéria seguem transcritos, com destaque à parte em negrito: MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO (PRL) Art. 12. A determinação do custo de bens, serviços ou direitos, adquiridos no exterior, dedutível da determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, poderá, também, ser efetuada pelo método do Preço de Revenda menos Lucro (PRL), definido como a média aritmética ponderada dos preços de revenda dos bens, serviços ou direitos, diminuídos: I dos descontos incondicionais concedidos; II dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; III das comissões e corretagens pagas; IV de margem de lucro de: a) vinte por cento, na hipótese de revenda de bens, serviços ou direitos; b) sessenta por cento, na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. § 1º Os preços de revenda, a serem considerados, serão os praticados pela própria empresa importadora, em operações de venda a varejo e no atacado, com compradores, pessoas físicas ou jurídicas, que não sejam a ela vinculados. § 2º Os preços médios de aquisição e revenda serão ponderados em função das quantidades negociadas. § 3º Na determinação da média ponderada dos preços, serão computados os valores e as quantidades relativos aos estoques existentes no início do período de apuração. § 4º Para efeito desse método, a média aritmética ponderada do preço será determinada computandose as operações de revenda praticadas desde a data da aquisição até a data do encerramento do período de apuração. § 5º Se as operações consideradas para determinação do preço médio contiverem vendas à vista e a prazo, os preços relativos a estas últimas deverão ser escoimados dos juros neles incluídos, calculados à taxa praticada pela própria empresa, quando comprovada a sua aplicação em todas as vendas a prazo, durante o prazo concedido para o pagamento. § 6º Na hipótese do § 5º, não sendo comprovada a aplicação consistente de uma taxa, o ajuste será efetuado com base na taxa: I referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), para títulos federais, proporcionalizada para o intervalo, quando comprador e vendedor forem domiciliados no Brasil; II Libor, para depósitos em dólares americanos pelo prazo de seis meses, acrescida de três por cento anuais a título de spread, proporcionalizada para o intervalo, quando uma das partes for domiciliada no exterior. § 7º Para efeito deste artigo, serão considerados como: I incondicionais, os descontos concedidos que não dependam de eventos futuros, ou seja, os que forem concedidos no ato de cada revenda e constar da respectiva nota fiscal; II impostos, contribuições e outros encargos cobrados pelo Poder Público, incidentes sobre vendas, aqueles integrantes do preço, tais como ICMS, ISS, PIS/Pasep e Cofins; III comissões e corretagens, os valores pagos e os que constituírem obrigação a pagar, a esse título, relativamente às vendas dos bens, serviços ou direitos objeto de análise. Fl. 659DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 660 8 § 8º A margem de lucro a que se refere a alínea "a" do inciso IV do caput será aplicada sobre o preço de revenda, constante da nota fiscal, excluídos, exclusivamente, os descontos incondicionais concedidos. § 9º O método do Preço de Revenda menos Lucro mediante a utilização da margem de lucro de vinte por cento somente será aplicado nas hipóteses em que, no País, não haja agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados, configurando, assim, simples processo de revenda dos mesmos bens, serviços ou direitos importados. § 10. O método de que trata a alínea "b" do inciso IV do caput será utilizado na hipótese de bens, serviços ou direitos importados aplicados à produção. § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. Em 2012, por sua vez, por meio da Medida Provisória nº 563, convertida na Lei n. 12.715/2012, foram introduzidas amplas alterações na Lei n. 9.430/96, contemplando todo o inciso II desse dispositivo e tornandoo mais apto a fundar a fórmula indicada pela IN 243/02 para o cálculo do PRL60. Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (…) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética ponderada dos preços de venda, no País, dos bens, direitos ou serviços importados, em condições de pagamento semelhantes e calculados conforme a metodologia a seguir: a) preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem, direito ou serviço produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; Fl. 660DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 661 9 b) percentual de participação dos bens, direitos ou serviços importados no custo total do bem, direito ou serviço vendido: a relação percentual entre o custo médio ponderado do bem, direito ou serviço importado e o custo total médio ponderado do bem, direito ou serviço vendido, calculado em conformidade com a planilha de custos da empresa; c) participação dos bens, direitos ou serviços importados no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido: aplicação do percentual de participação do bem, direito ou serviço importado no custo total, apurada conforme a alínea b, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com a alínea a; d) margem de lucro: a aplicação dos percentuais previstos no § 12, conforme setor econômico da pessoa jurídica sujeita ao controle de preços de transferência, sobre a participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado de acordo com a alínea c; e 1. (revogado); 2. (revogado); e) preço parâmetro: a diferença entre o valor da participação do bem, direito ou serviço importado no preço de venda do bem, direito ou serviço vendido, calculado conforme a alínea c; e a "margem de lucro", calculada de acordo com a alínea d; e (…) É evidente a distinção dos textos adotados, de um lado, pela IN 243/2002, e de outro lado, pela IN 32/2001 e especialmente pela Lei n. 9.430/96, com as alterações introduzidas pela Lei n. 9.959/2000. O quadro a seguir compara os dispositivos mais dessas três fontes do Direito mais relevantes à solução do presente caso concreto: FONTE PRIMÁRIA: Lei n. 9.430/96, com as alterações introduzidas pela Lei n. 9.959/2000 FONTE SECUNDÁRIA: IN 32/2001 FONTE SECUNDÁRIA: IN 243/2002 II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: (...) d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; § 11. Na hipótese do parágrafo anterior, o preço a ser utilizado como parâmetro de comparação será a diferença entre o preço líquido de venda e a margem de lucro de sessenta por cento, considerandose, para este fim: § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: (...) V preço parâmetro: a diferença entre o valor da "participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido", calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. Fl. 661DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 662 10 As diferenças textuais em questão são relevantes para a solução do recurso especial em análise, conforme tópicos abaixo. 1.2. As fórmulas adotadas em cada etapa dessa evolução legislativa para o cálculo do PRL60. O inciso II do art. 18 da Lei n. 9.430/96, conforme a sua redação mantida entre 2000 e 2012 por força da Lei n. 9.959/2000, prescrevia de forma imediata a adoção da seguinte fórmula para o cálculo do preço parâmetro, para fins de possíveis ajustes no cálculo do IRPJ e da CSL: PP = PR – L L = 60% (PR − VA) Em que: PP à preço parâmetro, preço arm’s lenght. PR à preço de revenda líquido. VAà valor agregado na produção nacional L à lucro Considerando o conhecido valor líquido da operação de revenda (PR) e a margem de lucro (L) apurada conforme a fórmula legal, determinase o preço parâmetro (PP), que será o valor limite para que o correspondente bem, serviço ou direito importado de parte vinculada seja dedutível da base de cálculo do IRPJ ou da CSL. Notese que cada um desses fatores possui uma função determinante na fórmula prescrita no art. 18. II, da Lei n. 9.430/96, o que evidencia a decisão consciente do legislador ordinário ao enunciar a Lei n. 9.959/2000, sendo relevante destacar que: quanto maior o valor agregado no Brasil (“VA”), menor será “L” (lucro). Como o lucro deverá ser subtraído do preço de revenda (“PR”) para a composição preço parâmetro (“PP”), quanto menor “L”, maior será “PP”. E , quanto maior “L” e, portanto, o lucro tributável, menor será o “PP”. para a composição de “L”, o percentual de 60%, adotado pelo legislador ordinário para o cálculo do PLR, deveria ser aplicado sobre a totalidade do preço de venda do bem ao qual tenha sido agregado o insumo importado e sujeito ao controle dos preços de transferência. Nesse seguir, quanto maior for o preço parâmetro (“PP”), mais liberdade terá o contribuinte para negociar com a empresa fornecedora (relacionada) sem o controle da administração tributária dos preços de transferência. Quanto maior for “PP”, menor serão as chances do contribuinte necessitar realizar ajustes nas bases de cálculo do IRPJ e da CSL para adicionar parcelas dos custos de bens, serviços e direitos que, por ultrapassar o preço parâmetro, passam a ser indedutíveis. Fl. 662DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 663 11 Essa fórmula foi acatada pela administração fiscal na IN 113/2000 e na IN 32/2001 e encontrou justificativas por diferentes perspectivas, a saber: Equilíbrio. A adoção de uma margem de lucro de elevada, de 60%, seria balanceada pela subtração do valor agregado no Brasil dessa base; Indução positiva. O legislador ordinário teria aliado o controle de preços de transferência com medidas indutoras de comportamento e de incentivo à produção nacional, de forma que: quanto maior for a agregação de valor no Brasil, maior será o preçoparâmetro e, consequentemente, menor será o ajuste na base de cálculo do IRPJ e da CSL. A referida fórmula estabelecida pela da Lei n. 9.959/2000 foi submetida a críticas, em especial por não considerar a proporção do insumo importado de parte vinculada aplicada ao bem produzido no Brasil. Como se evidenciou no tópico “1”, acima, o legislador ordinário apenas realizou uma reforma legal para incorporar essa “melhoria” em 2012, com a edição da Lei n. 12.715. Por sua vez, em 2002, a IN 243 indicou a necessidade da adoção de uma outra fórmula para o cálculo do PRL60, diferente daquela que até então se compreendia a correta decorrência da Lei n. 9.959/2000. Analiticamente, o “Estudo comparativo dos normativos da legislação brasileira para o cálculo do preço parâmetro de bem importado usado em produção”, elaborado por VLADIMIR BELITSKY, “Ph.D em Matemática Aplicada pelo Instituto Tecnológico de Israel, Professor Associado do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo, USP”, abstrai a seguinte fórmula da IN 243/2002: PP =VDBI * 100% * PR – L60% * VDBI * 100% * PR) VDBI + VA VDBI + VA Em que: VDBI à valor declarado do bem importado PP à preço parâmetro, preço arm’s lenght. PR à preço de revenda líquido. VAà valor agregado na produção nacional L à lucro Como se pode observar, a fórmula indicada pela IN 243/2002 alterou fatores na fórmula abstraída dos enunciados prescritivos do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96 e pela IN 32/2001. Supõese que a intenção da SRF seria possibilitar a verificação da proporcionalidade do insumo importado agregado à produção nacional, pois isso não teria sido contemplado pelo legislador. A partir da publicação da IN 243/2002, sem que nenhuma alteração legal tenha sido realizada, a PFN também passou a sustentar que o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, possibilitaria a construção de uma segunda fórmula, diversa daquela que até então seria de aceitação geral: Fl. 663DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 664 12 PP = PR − L − VA L = 60% PR A fórmula da IN 243/2002, conforme alegado, expressaria com maior clareza e, ainda, imprimiria melhorias a essa segunda fórmula que supostamente seria possível abstrair do texto do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96. Conforme a fórmula que se abstrai imediatamente da Lei n. 9.430/96, com as alterações introduzidas pela Lei n. 9.959/2000, na linha do que indicava a IN n. 32/2001, o percentual de 60% deve ser aplicado sobre a totalidade do preço de venda do bem ao qual o insumo importado tenha sido agregado. Já a “segunda fórmula”, que supostamente fundamentaria a IN 243/2002, estabeleceria que a margem de lucro de 60% deveria incidir apenas sobre a parte do preço líquido de venda do produto referente à participação do bem, serviço ou direito importados: o percentual legal em questão seria aplicável tão somente sobre a parcela do preço líquido de venda proporcional ao custo do bem importado. Conforme citado estudo elaborado pelo Prof. Dr. VLADIMIR BELITSKY, in verbis: “Constatação 4. O cálculo de PP segundo a fórmula da IN 243 pode ser visto como um procedimento de duas etapas consecutivas, sendo que: (i) a primeira etapa baseiase, plena e exclusivamente, no princípio da proporcionalidade em participação ao lucro; e (ii) a segunda baseiase, plena e exclusivamente, no postulado de que a margem de lucro em cima de bem importado é de 60%”. O quadro a seguir procura sistematizar algumas características das normas, a fim de evidenciar a diferença entre elas: Primeira interpretação da Lei 9.430/96 e IN 32/01 Segunda interpretação da Lei 9.430/96 (IN 243/2002) Fórmula de cálculo do PRL60 ü PP = PR – L ü L = 60% (PR − VA) ü PP = PR − L − VA ü L = 60% * PR Analítico da fórmula para o cálculo da “margem de lucro” 60% sobre o valor integral do preço líquido de venda diminuído do valor agregado no Brasil. 60% apenas da parcela do preço líquido de venda do produto proporcional à participação dos bens, serviços ou direitos importados. Analítico da fórmula para o cálculo do “preço parâmetro” Totalidade do valor líquido de venda diminuído da margem de lucro de 60%. Percentual da parcela dos insumos importados no preço líquido de venda diminuído da margem de lucro de 60%. Um exemplo poderá tornar mais clara a distinção entre essas duas fórmulas. Para tanto, considerese que um determinado produto, produzido no Brasil a partir de insumos nacionais e outros importados de partes vinculadas, seja vendido por R$ 100,00 (ou seja, PR = Fl. 664DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 665 13 100,00) e que o valor agregado no Brasil seja de R$ 50,00 (ou seja, VA = 50,00). Aplicandose as duas fórmulas, chegaremos a resultados muito distintos: Primeira interpretação da Lei 9.430/96 e IN 32/01 Segunda interpretação da Lei 9.430/96 (IN 243/2002) Fórmula de cálculo do PRL60: ü PP = PR – L ü L = 60% (PR − VA) ü PP = PR − L − VA ü L = 60% * PR Aplicação das fórmulas ao exemplo proposto: L = 60% (100,00 – 50,00) PP = 100,00 – 30,00 L = 60% * 100,00 PP = 100,00 – 60,00 – 50,00 RESULTADO 70,00 10,00 A função de tais fórmulas é determinar se deverá ser realizado ajuste na base de cálculo do IRPJ e da CSL. Se o custo do bem, serviço ou direito importado de parte vinculada for superior aos valores em questão, a parcela excedente deverá ser adicionada à base de cálculo do IRPJ e da CSL, pois não seria considerada dedutível. O exemplo demonstra que as referidas fórmulas conduzem a preços parâmetro muito distintos, de forma as operações consideradas arm’s length, conforme a primeira fórmula, seriam aquelas praticadas até o limite de “R$ 70,00”, enquanto que, para a segunda fórmula, possivelmente todas as importações estariam sujeitas a ajustes, pois o valor resultante como “PP” seria negativo, qual seja, “ R$ 10,00”, como se o importador pudesse, em condições de mercado, deixar de pagar pelos bens, serviços ou direitos e, ainda, receber troco. A doutrina há tempos denuncia essa divergência entre a IN 243/2002 e a Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00, como se observa da análise de LUÍS EDUARDO SCHOUERI1, em obra de referência sobre o tema dos preços de transferência: “7.8.2.2. A diferença pode ser explicada pelos seguintes motivos: Cálculo da ‘margem de lucro’: a divergência dos resultados da Lei n. 9.959/00 e da IN n. 243/02 decorre, em parte, porque a Lei, ao prescrever a fórmula de cálculo da ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% incida sobre o valor integral do preço líquido de venda do produto diminuído do valor agregado no país. Já a Instrução Normativa, para o cálculo da mesma ‘margem de lucro’, determina que o percentual de 60% seja calculado apenas sobre a parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação dos bens, serviços ou direitos importados, atingindo um resultado invariavelmente menor. Atua assim a IN n. 243/02 de forma inovadora e em flagrante excesso à Lei. Cálculo do ‘preçoparâmetro’: a expressão ‘preçoparâmetro’ é utilizada na legislação dos preços de transferência para denominar o preço obtido através do cálculo de um dos métodos prescritos e com o qual se deverá comparar o preço efetivamente praticado entre as partes relacionadas, na transação denominada ‘controlada’. O ‘preçoparâmetro’ é obtido de forma diversa na Lei n. 9.959/00 e na IN n. 243/02. Enquanto na Lei o limite do preço é estabelecido tomandose por base a totalidade do preço líquido de venda, a Instrução Normativa pretende 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 169. Fl. 665DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 666 14 que o limite seja estabelecido a partir, apenas, do percentual da parcela dos insumos importados no preço líquido de venda, o que claramente acaba por restringir o resultado almejado pelo legislador.” Do mesmo modo, as evidentes distinções em relação a essas fórmulas foram bem sintetizadas por LUCIANA ROSANOVA GALHARDO e ANA CAROLINA MONGUILOD2, in verbis: “(i) enquanto a Lei n. 9.959/00 estabelece o cálculo da margem de lucro de 60% sobre o valor do preço líquido de venda, diminuindose o valor agregado, a IN 243/02 determinou a incidência da margem de 60% sobre a parcela do preço líquido de venda do produto referente à participação do bem importado; e (ii) enquanto a Lei determina que o preçoparâmetro corresponde à diferença entre o preço líquido de venda e a margem de lucro de 60%, a IN 243/02 estabeleceu que corresponde à diferença entre o valor da participação do bem importado no preço de venda do bem produzido e a margem de lucro de 60%. Assim, o preço parâmetro calculado sob a sistemática da IN 243/02 será menor, resultando em maior risco de ajustes nos lucros tributáveis da empresa brasileira, tendo em vista o provável excesso de preço pago no exterior”. Restando evidenciado que a IN 243/02 veicula fórmula diversa, supostamente vocacionada a “melhor” tratar do problema da proporcionalidade do insumo utilizado na produção do produto nacional, surge a questão crucial do presente recurso especial: a referida Instrução Normativa possui legitimidade para tanto e agiu nos lindes de sua competência regulamentar? É o que será analisado no tópico seguinte do deste voto. 1.3. As fontes formais do Direito tributário e o extravasamento das funções da IN 243/2002. O tema das fontes é fundamental ao Direito tributário pátrio. Nosso ordenamento apresenta peculiar complexidade, com elevado número de espécies normativas, cada qual com uma função própria, vocacionadas à impressão juridicidade, eficiência, segurança jurídica, inteligibilidade, coesão, coerência e completude ao sistema jurídico. Sob uma perspectiva formalística3, as referidas espécies normativas podem ser organizadas em fontes primárias4 e fontes secundárias5 do Direito tributário. A Lei n. 9.430/96 é fonte primária do Direito tributário. Em face do princípio da reserva legal, o legislador ordinário possui competência privativa para estabelecer o método de cálculo do preço parâmetro para possíveis ajustes à base de cálculo do IRPJ e da CSL, adotando como diretriz fundamental a tributação da renda conforme o acréscimo patrimonial. Como a fórmula de cálculo do PRL60 irá influenciar na composição da base de cálculo desses 2 GALHARDO, Luciana Rosanova; MONGUILOD, Ana Carolina. A ilegalidade do mecanismo de aplicação do método PRL sob a IN 243/02, in Manual dos Preços de Transferência – celebração dos 10 anos de vigência da lei. São Paulo : MP, 2007, p. 241. 3 As fontes do Direito tributário podem também ser observada por uma perspectiva material, a qual não contribui imediatamente para o tema em análise. 4 Em especial: Constituição Federal, Lei Complementar, Lei Ordinária, Medida Provisória, Tratados Internacionais, Decreto legislativo, Decreto (casos especiais), Convênio, Resolução. 5 Em especial: Decreto regulamentar; Instruções Normativas; Portarias; Normas complementares. Fl. 666DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 667 15 tributos, com potencial de redução dos custos dedutíveis na apuração do acréscimo patrimonial tributável, tratase de matéria sob a competência privativa do legislador ordinário. É o que se depreende da Constituição Federal, art. 150, I, e do Código Tributário Nacional, art. 97. A IN 243/2002, por sua vez, é fonte secundária do Direito Tributário, cuja função subalterna é de aclarar ou atribuir maior operacionalidade à norma prescrita pela Lei n. 9.430/96, que é a fonte primária. Notese que nenhuma das partes discorda da função limitada e secundária das Instruções Normativas: essa é uma questão de direito incontroversa nesse processo administrativo. A questão que realmente desafia antagônicas posições neste processo administrativo é saber se a IN 243/02 extravasou os limites da Lei n. 9.430/96, descumprindo a sua função e restando despida de validade. De um lado, a administração fiscal atualmente argumenta que do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00, seria possível abstrair ao mesmo tempo duas diferentes fórmulas, ainda que estas possam conduzir a resultados muito diferentes: a primeira fórmula seria aquela admitida pela IN 32/2001 e, a segunda, que supostamente daria fundamento à IN 243/2002. De outro lado, o contribuinte argumenta que apenas a fórmula indicada pela IN 32/2001 seria compatível com o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00. Assim, nenhuma das partes discorda que as normas prescritas pelo art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com as alterações da Lei n. 9.959/2000, comportam a fórmula indicada pela IN 32/2001 para o cálculo do preço parâmetro apurado pelo método PRL60. A discordância se dá apenas em relação à fórmula prevista pela IN 243/2002, que é diferente. A discordância em questão exige o enfrentamento das seguintes questões: O legislador ordinário poderia outorgar à administração fiscal a escolha de uma entre diversas fórmulas para o cumprimento do método PRL60 de controle de preços de transferência? Se a resposta à questão precedente for positiva, o legislador ordinário efetivamente conferiu à administração fiscal tal outorga na vigência da Lei n. 9.430/96 com as alterações que lhe foram introduzidas com a Lei n. 9.959/2000? Se a resposta à questão precedente for positiva, a IN 243/2002 teria ou não adotado uma das possíveis fórmulas matemáticas comportadas pelos enunciados prescritivos do 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00? 1.3.1. A (im)possibilidade da outorga de discricionariedade à administração para o preenchimento de regras legais e a Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00. O princípio da legalidade em matéria tributária não requer que todos e quaisquer elementos necessários à operacionalização de uma norma tributária estejam expressa e exaustivamente previstos em lei ordinária. A adoção de cláusulas gerais ou conceitos indeterminados não representa uma ofensa a priori a esse princípio, pois não se pode exigir do Fl. 667DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 668 16 legislador ordinário o fechamento da totalidade dos conceitos6. Também não se pode afastar, a priori, a possibilidade de o legislador ordinário outorgar à administração fiscal dispor sobre elementos que favoreçam a aplicação da norma tributária, com procedimentos que lhe tornem mais operacionais, palatáveis e socialmente mais eficazes. No entanto, não pode o Poder Legislativo delegar ao Poder Executivo a competência para a seleção dos elementos componentes da hipótese de incidência ou do consequente normativo (obrigação tributária). A indelegabilidade da competência tributária, norma constitucional tão bem delineada na obra de ROQUE ANTONIO CARRAZZA7, impede que o legislador ordinário transfira à administração fiscal a eleição dos critérios componentes da base de cálculo do tributo ou de outros elementos atinentes à ocorrência do fato gerador do tributo, à sua quantificação ou à identificação do sujeito passivo. Como a fórmula de cálculo do PRL60 irá tutelar o controle dos preços de transferência e influenciar na composição do lucro real (IRPJ) e da base de cálculo da CSL, apenas a lei ordinária é competente para prescrever os seus termos. Aceita essa premissa, qualquer divergência de uma instrução normativa em relação à lei deverá ser resolvida com a vitória da lei, pois o legislador ordinário possui a competência privativa e indelegável de decidir sobre o matéria. Logo, diante de uma divergência entre a IN 243/2002 e a Lei n. 9.430/96, esta última deveria ser aplicada sem questionamentos. Uma observação é necessária por dever de ofício: ainda que a assertiva do parágrafo anterior possa ser inconteste, caso o legislador ordinário descumpra o seu dever e delegue a sua competência à administração fiscal para a eleição dos elementos da base de cálculo do IRPJ e da CSL, em tese, os julgadores do CARF, por força regimental, poderiam vir a ser constrangidos ao acatamento dessa lei ordinária e ao cumprimento da norma infralegal, editada diretamente pelo fisco. Ocorre que o RICARF8 reserva ao Poder Judiciário reconhecer inconstitucionalidades. Ao aceitarse tal situação em tese, tornase imediatamente relevante ao julgador administrativo a análise do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, para verificar se, no caso concreto, há em seus enunciados a decisão clara do legislador ordinário de outorgar à administração fiscal a escolha da fórmula inerente ao método PRL60. No entanto, não há outorga expressa do legislador ordinário no art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/00, para que a administração fiscal compusesse uma fórmula que “melhor” se prestasse ao controle dos preços de transferência. Pelo contrário, a referida fórmula foi expressamente prescrita pelo legislador ordinário no aludido dispositivo. Conforme evidenciado no tópico “2”, acima, o legislador ordinário conscientemente elegeu a função de cada um dos fatores componente da fórmula para o cálculo do PRL60, não deixando espaço de discricionariedade para a administração fiscal. As normas da Lei n. 9.430/96 que prescrevem a fórmula para o cálculo do PRL60 são autoaplicáveis, não tendo a sua eficácia condicionada a instruções normativas ou 6 Nesse sentido, vide: SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 290 e seg. 7 CARRAZZA, Roque Antonio. Curso de direito constitucional. São Paulo : Ed. Malheiros, 2003, p. 425. “As competências tributárias são indelegáveis. Cada pessoa política recebeu da Constituição a sua, mas não a pode renunciar, nem delegar a terceiros. É livre, até, para deixar de exercitala; não lhe é dado, porém, permitir, mesmo que por meio de lei, que terceira pessoa a encampe.” 8 RICARF, art. 62: “Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade” Fl. 668DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 669 17 outros atos infralegais. Por consequência, a administração fiscal tem o dever observar a fórmula compreendida imediatamente da Lei n. 9.430/96 para o cálculo do PRL60. 1.3.1.1. A tese da pluralidade semântica da Lei 9.430/96 e do papel integrativo da IN 243/2002. Se não houve outorga expressa do legislador ordinário à SRF, o intérprete persistente poderia cogitar da adoção, pelo legislador ordinário, de termos dotados de indeterminação semântica que implicitamente conferiria à administração fiscal a prerrogativa de arquitetar uma nova forma de cálculo do PLR60. Naturalmente tal expediente poderia ser questionado mesmo no âmbito do CARF, pois coerentes argumentos poderiam colocar em dúvida uma delegação implícita de tal nível. Ainda assim, não me furto de expor essa investigação, pois o seu resultado corrobora com a conclusão do presente voto: os enunciados prescritivos da Lei n. 9.430/96 seriam eivados de dubiedade suficiente para comportar pluralidade de fórmulas matemáticas capazes de conduzir a resultados muito diferentes o método PRL60? Um único elemento de dúvida parece surgir dos enunciados prescritivos do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com as alterações que lhe foram introduzidas pela Lei n. 9.959/2000. Ocorre que o legislador ordinário acresceu ao artigo “o” a preposição “de”, no seguinte trecho abaixo sublinhado: “d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção;” Ao que tudo indica, tal fator não altera a conclusão de que a fórmula que decorre imediatamente do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com as alterações da Lei n. 9.959/2000, é aquela indicada pela IN 32/01. Tratase de mero erro de grafia do legislador, que não enseja pluralidade de sentidos quanto aos enunciados em questão. No entanto, a administração fiscal passou a suscitar que a preposição “de” teria o mérito de assegurar que a parcela do valor agregado fosse deduzida do próprio preço de venda e não da base de cálculo da margem de lucro. O passo seguinte a essa assunção seria a restruturação do enunciado prescritivo, para “melhorálo” e tornálo compatível com a fórmula adotada pela IN 243/2002. Notese que o acatamento desse argumento, para a legitimação da IN 243/2002, demanda que o intérprete reordene a forma como as alíneas foram dispostas pelo legislador ordinário no art. 18, II, da Lei n. 9430/96, de modo a excluir a participação de parte do texto do item 1 da alínea “d” e, assim, “criar” uma nova alínea “e”, inexistente no texto aprovado pelo Congresso Nacional. A referida tese não esconde a sua complexidade. Concluída essa restruturação do texto da art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, ainda não chegaria à fórmula da IN 243/2002, pois novas concessões ainda deveriam ser feitas para acomodar as inovações na fórmula indicada pela SRF. A IN 243/2002 não assumiria apenas a função que originalmente lhe seria rotineira, de imprimir maior operacionalidade, tornar palatável a sua compreensão aos agentes fiscais. Essa instrução normativa teria função mais sofisticada, de traduzir uma linguagem do legislador ordinário que a todos se apresenta como inteligível, de forma a expressar, de forma Fl. 669DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 670 18 escorreita, a verdadeira mensagem que, embora de dificílima compreensão para a sociedade em geral, não teria passado desapercebida aos olhos da SRF. Tal como um oráculo, a IN 243/2002, então, conduz um rearranjo do art. 18, II, da Lei n. 9430/96, com a reconstrução estrutural do texto legal, uma série de novos fatores nas fórmulas “traduzidas” pela IN 243/2002. Em uma espiada muito brusca, o referido exercício pode aparentar tratarse de “interpretação” ou mesmo assumir o propósito de “integração”. Em teoria, no caso, o expediente da integração, tutelado pelo art. 108 do CTN, “pressupõe uma lacuna a ser preenchida, i.e., a falta de decisão do legislador acerca de determinada situação”9. Com isso, uma análise mais acurada evidencia que a IN 243/02 NÃO leva a cabo qualquer expediente de integração, mas realmente inova em matéria inserida no âmbito de competência privativa do legislador ordinário. Não há verdadeira lacuna no art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/2000. O legislador ordinário efetivamente manifestou decisão consciente quanto à formula a ser adotada para o cálculo do PRL60. A IN 243/02, em verdade, veicula uma segunda fórmula, capaz de alcançar resultados diversos da primeira e, com isso, desviase do plano normativo. Notese que um mero fator textual (acréscimo da preposição “de” ao objeto “o”), não é suficiente para se cogitar que esteja presente uma atribuição do legislador à SRF para que arquitetasse uma fórmula “melhor” ou de qualquer outra forma “diversa” daquela que se pode construir imediatamente do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/2000. É relevante repetir que a referida construção argumentativa, que supostamente daria suporte à IN 243/2002, conduz a uma fórmula muito distinta, com resultados extremamente dispares. Merece destaque o seguinte trecho, do acima referido estudo elaborado por VLADIMIR BELITSKY, in verbis: “3. Quesito. A Procuradoria da Fazenda Nacional argumenta que a fórmula da Lei 9.430 é plurívoca e sugere que a IN 243 apenas decorre de uma das interpretações possíveis da Lei 9.430. Do ponto de vista da matemática, é possível afirmar que a IN 243 apenas interpreta a Lei 9.430? É possível deduzir a fórmula da IN 243 dos comandos contidos na Lei 9.430? Conforme já afirmamos na Constatação 3, não é verdade que a IN 243 é uma interpretação possível da Lei 9.430. Em sua defesa, a Fazenda Nacional emprega a fórmula em situações hipotéticas e dessas situações extrai conclusões genéricas. Essas conclusões são incorretas do ponto de vista matemático.” Na doutrina nacional, uma série de autores se opõe a essa (re)construção. Nesse sentido, LUÍS EDUARDO SCHOUERI10 leciona, in verbis: “7.8.3.5.1. De imediato, devese notar que tal entendimento contrariaria a própria literalidade do método. Afinal, o legislador da Lei n. 9.430/96, com a redação da Lei n. 9.959/00, não acrescentou um quarto método àqueles aceitos para a apuração dos preços de transferência. Ou seja: o artigo 18 da referida Lei continuou contemplando, em seus três incisos, apenas três métodos. Nesse 9 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 675 e seg. 10 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 169. Fl. 670DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 671 19 sentido, o que se teve foi, apenas, um desdobramento de um mesmo método: o método denominado, pelo próprio legislador, ‘Preço de Revenda menos Lucro’. Assim, pressupõese, pela literalidade do método, que se apure o preço parâmetro pela fórmula ‘preço de revenda (líquido de tributos, descontos e comissões) menos margem de lucro’. Tivesse o legislador a intenção de modificar a fórmula, para passar a ser fórmula ‘preço de revenda (líquido de tributos, descontos e comissões) menos margem de lucro menos valor agregado’, então no mínimo deveria ele, por coerência, deixar de chamar o método de ‘Preço de Revenda menos Lucro’.” Assim, ainda que se considere possível abstrair mais do que uma fórmula do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, as seguintes constatações são suficientes para a desconsideração da fórmula indicada pela IN 243/2002: não há decisão expressa ou mesmo implícita do legislador ordinário para que a SRF procurasse arquitetar uma fórmula “melhor” do aquela que se compreende imediatamente do texto legal; a interpretação sustentada, que daria suporte à IN 243/2002, parte de uma construção argumentativa complexa, que por si só coloca em dúvida a sua correção; os limites da IN 243/2002 estão adstritos à regulamentação administrativa da aplicação do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, para tornálo mais operacional, possibilitar uma mais palatável intelecção pelos agentes fiscais, esclarecer à sociedade interpretações específicas e, assim, dotar a norma legal de maior eficácia social. Qualquer previsão presente na IN 243/2002 que conduza ao incremento de ônus tributário, que não decorra da precedente decisão do legislador ordinário, devem ser desconsideradas. No subtópico seguinte, será analisada sob uma série de perspectivas a (in)compatibilidade da fórmula indicada pela IN 243/2002 com a norma do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96. 1.3.2. A (in)compatibilidade da fórmula indicada pela IN 243/2002 com a norma do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação da Lei n. 9.959/2000. A fórmula indicada pela IN 243/2002, para o cálculo do método PRL60, é considerada por alguns como uma “melhoria” ao texto veiculado pelo art. 18, II, da Lei n. 9.430/96: supostamente, terseia uma fórmula “melhor” para regular a aplicação da legislação de preços de transferência. Tais “melhorias”, no caso, converteriam os “preços de revenda menos lucro” (“PRL”) em “PRLVA” (preço de revenda menos lucro menos valor agregado). Ainda que se considere, por hipótese, que o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, comporta mais do que uma fórmula matemática, seria preciso verificar se a IN 243/2002 teria adotado alguma destas (como sustenta a PFN) ou se teria extravasado os limites a que estaria adstrita (como sustenta o contribuinte). Os subtópicos seguintes apresentam fundamentos que conduzem à conclusão de que a fórmula indicada pela IN 243/96 para o cálculo dos preços de transferência é incompatível com a norma do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação da Lei n. 9.959/2000. Fl. 671DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 672 20 1.3.2.1. Incompatibilidades formais e a ofensa ao princípio da legalidade aferida por critérios objetivos. Não vem ao caso, nesse subtópico, saber se o comparativo de superioridade que adjetiva a fórmula indicada pela IN 243/02 seria “melhor” ou “pior”. Interessa, aqui, constatar que ambos os adjetivos comparativos pressupõem que a fórmula indicada pela IN 243/02 seja de algum modo ou grau diferente daquela estabelecida no art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/2000. É por si só relevante ou mesmo decisivo ao julgador aferir que a fórmula indicada pela IN 243/2002 é “diferente” daquela veiculada no art. 18, II, da Lei n. 9.430/96. Ocorre que a Instrução Normativa deveria assumir tão somente a função de tornar mais operacional a norma do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, possibilitar uma mais palatável intelecção pelos agentes fiscais e dotar a norma legal de maior eficácia social. Diante do monopólio reservado ao legislador ordinário para a decisão quanto à fórmula que deve ser adotada para o método PLR60, os pontos de distinção da IN 243/02 em relação à Lei 9.430/96 têm a validade fulminada de plano, reclamando desconsideração pelos aplicadores do Direito. Como se pôde observar no tópio “1”, acima, a Lei n. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n. 9.959/2000, NÃO autoriza uma série de elementos constantes na IN 243/2002, em especial: a exclusão do valor agregado no Brasil no cálculo do preço parâmetro. Conforme decisão do legislador ordinário, o valor agregado no País deveria ser subtraído do preço líquido de venda apenas para o cálculo da margem de lucro; atribuirse relevância ao percentual de participação dos bens importados no custo total do bem produzido e participação dos bens importados no preço de venda do produzido como fatores determinantes da margem de lucro e do preço parâmetro. Não obstante, por meio da IN 243/2002, a SRF não só tomou a decisão de eleger como fator determinante o percentual de participação dos bens importados no custo total do bem produzido na composição da fórmula de cálculo do PRL60, como também estipulou qual seria esse percentual de participação. Merece destaque o seguinte trecho, do já referido estudo elaborado por VLADIMIR BELITSKY, in verbis: “Constatação 3. A IN não pode seguir como uma direta interpretação da Lei 9.430/96; é inevitável o acréscimo de alguns postulados, pressupostos ou comandos à lei para que desta possa ser derivada a IN 243. Do ponto de vista da lógica matemática, esta constatação é a consequência da combinação de dois fatos já provados acima: de um lado, sabemos (cf. Constatação 2) que a fórmula da IN 243 é diferente da da Lei 9.430/96; de outro lado, sabemos (cf. Constatação 1 e sua demonstração) que cada fórmula é expressão algébrica, única e fiel, do respectivo normativo. Logo, nenhum dos normativos pode ser derivado do outro”. Fl. 672DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 673 21 Como o tema em análise envolve fórmulas matemáticas, é contundente o parecer do referido Ph.D em Matemática Aplicada pelo Instituto Tecnológico de Israel e Professor Associado do Instituto de Matemática e Estatística da USP. Se os matemáticos derivam uma determinada fórmula do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, mas uma outra fórmula da IN 243/2002, bem como afirmam que, sob o ponto de vista matemático, “nenhum dos normativos pode ser derivado do outro”, há evidência eloquente de que a Instrução Normativa divergiu da Lei, extravasando o seu âmbito de competência e infringindo a reserva legal. A IN 243/2002, como fonte secundária, teria a função de apenas atribuir maior operacionalidade, clareza e, assim, executar com fidelidade a fonte primária, que é a Lei 9.430/96. No entanto, a IN 243/2002 claramente nega eficácia à decisão do legislador ordinário, que supostamente não teria sido técnico o suficiente e dado ensejo a desequilíbrios. Correta ou não, cabe ao Poder Legislativo o monopólio da decisão sobre como será o controle dos preços de transferência no Direito tributário brasileiro. Antes de 1996, precisamente por decisão do legislador ordinário, sequer havia, no Brasil, qualquer controle sobre os preços de transferência. A ele, legislador ordinário, cabe tratar privativamente sobre a tema em discussão. Dessa forma, por obstaculizar que os agentes fiscais executem adequadamente a decisão do legislador ordinário, veiculada pelo art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n. 9.959/2000, a IN 243/2002 merece imediata repulsa. Como julgador administrativo, não afastar a aplicação da IN 243/2002 redundaria igualmente em negar eficácia à decisão enunciada pelo único agente competente para prescrever a fórmula de cálculo do PRL60, que é o legislador ordinário. Recusome a isso. Não se trata de saber qual das fórmulas é “melhor”: tratase de respeitar o monopólio da decisão detido pelo legislador ordinário. Esse entendimento encontra fundamento na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, como se observa desse trecho do conhecido voto do Min. ALIOMAR BALEEIRO, no RE 69784, in verbis: “A justiça é uma idéiaforça, no sentido de FOUILLÉ, mas varia no tempo e no espaço, senão de indivíduo. Fixao o legislador e o juiz há de aceitála como um autômato. Inúmeros Acórdãos do Supremo Tribunal Federal, declaram que lhe não é lícito corrigir a justiça intrínseca na lei, substituindose as escolhas do legislador.” A IN 243/2002 realmente violou o princípio da legalidade. Ao adotar fórmula diversa daquela prevista pelo art. 18, II, da Lei n. 9.430/96 e extravasar a sua função secundária e meramente regulamentar, a IN 243/2002 majorou tributos com o cerceamento da dedutibilidade do custo de bens, direitos e serviços importados de partes relacionadas e aplicados à produção em território brasileiro. Como a função precípua da CSRF é uniformizar entendimentos divergentes adotados pelas Turmas Ordinárias do CARF, insta observar que há uma série de decisões deste Tribunal que também concluíram ser ilegal a fórmula indicada pela IN 243/02 para o cálculo do método PLR60, como se observa das seguintes ementas: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2004 Ementa: AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DA MATÉRIA. A propositura de ação judicial, com o mesmo objeto do processo administrativo, implica na desistência de discutir essa matéria na esfera administrativa. Aplicação da Súmula CARF nº 1. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. DEFINITIVIDADE. Considerase definitiva, na esfera Fl. 673DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 674 22 administrativa, matéria não expressamente contestada. CÁLCULO DO PREÇO PARÂMETRO. MÉTODO PRL60 PREVISTO EM INSTRUÇÃO NORMATIVA. INAPLICABILIDADE. A função da instrução normativa é de interpretar o dispositivo legal, encontrandose diretamente subordinada ao texto nele contido, não podendo inovar para exigir tributos não previstos em lei. Somente a lei pode estabelecer a incidência ou majoração de tributos. A IN SRF nº 243, de 2002, trouxe inovações na forma do cálculo do preço parâmetro segundo o método PRL60%, ao criar variáveis na composição da fórmula que a lei não previu, concorrendo para a apuração de valores que excederam ao valor do preço parâmetro estabelecido pelo texto legal, o que se conclui pela ilegalidade da respectiva forma de cálculo. (CARF, Acórdão 1202000.835, sessão de 07.08.2012) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. LEI. NORMAS COMPLEMENTARES. As normas postas pelo executivo para operacionalizar ou interpretar lei devem estar dentro do que a lei propõe e ser com ela compatível. FÓRMULAS PREÇO DE TRANSFERÊNCIA. PRL 60%. LEI N° 9.430. IN SRF N°32. IN SRF N°243. A IN SRF n° 32, de 2001, propõe fórmula idêntica a posta pela lei no 9.430, de 1996. A IN SRF n° 243, de 2002, desborda da lei, pois utiliza fórmula diferente da prevista na lei, inclusive mencionando variáveis não cogitadas pela lei. LANÇAMENTO. IN SRF N° 243. Os ajustes feitos com base na fórmula estabelecida na IN SRF n° 243, de 2002, que sejam maiores do que o determinado pela fórmula prevista na lei, não têm base legal e devem ser cancelados. (CARF, Acórdão 1101000.864, sessão de 07.03.2013) Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2006 PESSOAS JURÍDICAS. EXTINÇÃO. RESULTADOS NEGATIVOS ACUMULADOS. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30%. Os arts. 15 e 16 da Lei n° 9.065/95 autorizam a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL acumulados em períodos anteriores, desde que o lucro líquido do período, ajustado pelas adições e exclusões previstas nas legislações daqueles tributos, não seja reduzido em mais de 30%. O limite à compensação aplicase, inclusive, ao período em que ocorrer a extinção da pessoa jurídica, haja vista a inexistência de norma, ainda que implícita, que o excepcione. Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2006 SUCESSÃO. MULTA DE OFÍCIO. IMPOSIÇÃO. Devese afastar a multa de ofício imposta por infração cometida pela sucedida, mas lançada somente após ocorrida a sucessão, quando o Fisco não demonstra que sucedida e sucessora estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. (CARF, Acórdão 1201000.803, sessão de 07.05.2013) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Exercício: 2007 RECURSO DE OFÍCIO. EXONERAÇÕES PROCEDENTES. Não é digna de reparo a decisão que, amparada por diligência fiscal efetuada pela própria autoridade autuante, acolhe argumento da contribuinte acerca da ocorrência de erro de fato no fornecimento de dados utilizados na determinação da matéria tributável, e, por meio de controles internos, apura que parte das exigências formalizadas já são objeto de outro feito administrativo, caracterizando, assim, duplicidade de lançamento. RECURSO VOLUNTÁRIO. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. PRL60. ILEGALIDADE DA IN SRF 243/2002. Restando reconhecida a ilegalidade das disposições da IN SRF 243/2002, Fl. 674DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 675 23 especificamente no que se refere aos critérios por ela indicados para a quantificação do preçoparâmetro e os conseqüentes ajustes na aplicação do método PRL60 (sobretudo antes da publicação da Lei 12.715/2012), é de reconhecer, portanto, a completa invalidade do lançamento. (CARF, Acórdão 1301001.235, sessão de 13.06.2013) Nesse mesmo sentido, há substancial consenso doutrinário quanto ao extravasamento da IN 243/2002 na regulamentação do PLR60. Citese, por exemplo, LUCIANA ROSANOVA GALHARDO e ANA CAROLINA MONGUILOD11, que suscitam, in verbis: “As disposições trazidas pela IN 243/02 têm implicações significativas, provocando um aumento substancial no valor dos ajustes tributáveis (...). Uma alteração na sistemática de cálculo do PRL implica mudança na determinação da base de cálculo do tributo e, consequentemente, do próprio montante tributável. A nosso ver, uma alteração de tal natureza só poderia ser implementada por lei, e não por meio de instrução normativa, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. As instruções normativas são normas secundárias cuja única função é esclarecer as disposições contidas em lei, não podendo nunca inoválas ou contrariálas. A IN 243/02 não poderia validamente alterar o critério legal de apuração do PRL ou contrariar as disposições da Lei n. 9.959/00, mas assim o fez” No mesmo seguir, assim se posiciona GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JR.12, in verbis: “Se compararmos as fórmulas acima, é possível verificar que a Instrução Normativa SRF 243/2002 reduziu consideravelmente o preço parâmetro que configura o limite de dedutibilidade para fins de IRPJ e CSLL, o que aumenta a base de cálculo das exações, sem qualquer fundamentação legal, ocasionando uma total incongruência com as disposições contidas na Lei n. 9.430/1996”. Por todos esses fundamentos já expostos, parece certo que a fórmula de cálculo do PRL60 indicada pela IN 243/2002 deve ser desconsiderada. 1.3.2.2. Incompatibilidades formais e o princípio da anterioridade em matéria tributária. Com o reforma de 2012, empreendida pela Lei n. 12.715 (dez anos após a edição da IN 243/2002), o legislador ordinário finalmente adotou enunciados que claramente prescrevem a adoção de uma fórmula diversa daquela adotada com a Lei n. 9.959/2000, mais apta a lidar com a proporção do insumo importado aplicado na produção nacional. Desse modo, somente após 10 anos da publicação da IN 243/2002 é possível identificar maior respaldo à fórmula então indicada pela SRF. Conforme dispõe a Constituição Federal e o Código Tributário Nacional, alterações legislativas: Como regra, devem respeitar o princípio da irretroatividade sempre que houver agravamento de ônus fiscal (CF, art. 150, III, “a”); Como regra, devem respeitar o princípio da anterioridade sempre que 11 GALHARDO, Luciana Rosanova; MONGUILOD, Ana Carolina. A ilegalidade do mecanismo de aplicação do método PRL sob a IN 243/02, in Manual dos Preços de Transferência – celebração dos 10 anos de vigência da lei. São Paulo : MP, 2007, p. 237. 12 MOREIRA JR., Gilberto de Castro. Método do preço de revenda menos lucro no caso de agregação de valor no país. Confronto entre a Lei n. 9.430/1996 e a Instrução Normativa n. 243/2002, in Tributos e Preços de Transferência – 3o Volume. São Paulo : Dialética, 2009, p. 105. Fl. 675DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 676 24 houver agravamento de ônus fiscal (CF, art. 150, III, “b”); Excepcionalmente, podem ter eficácia retroativa “quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados” ou, ainda, quando forem benéficas ao contribuinte em relação às penalidades (CTN, art. 106). A Lei n. 12.715/2012 inaugurou uma nova sistemática de cálculo do método PLR, com a decisão consciente do legislador de inovar o regime até então vigente e com o assumido potencial de aumento da carga tributária. Diante desse cenário, a fórmula para o cálculo do PRL que se obtém da norma enunciada pelo legislador ordinário na Lei n. 12.715/2012 deverá se submeter a dois corolários básicos do princípio da segurança jurídica: os princípios da anterioridade e da irretroatividade. O art. 78, da Lei n. 12.715/2012, expressamente resguardou a vigência da novel fórmula de cálculo do PLR para o dia 01.01.2013, fazendo referência específica à alteração que introduzira por meio seu art. 48 ao art. 18 da Lei n. 9.430/1996. É o que se observa textualmente na Lei n. 12.715/2012: Art. 48. Os arts. 12, 18, 19 e 22 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passam a vigorar com a seguinte redação: (…) Art. 78. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: (…) § 1. Os arts. 48 e 50 entram em vigor em 1 de janeiro de 2013. Caso a Lei n. 12.715/2012 apenas confirmasse a norma introduzida pela Lei n. 9.959/2000, ratificando os método PLR60 até então vigente sem qualquer incrementar a obrigação tributária, então não seria necessário observar o princípio da anterioridade. Além disso, referida norma poderia ser considerada interpretativa, com efeitos retroativos. Mas não é o caso: por tratarse de decisão consciente do legislador ordinário em alterar a metodologia do PLR com potencial de aumentar o ônus tributário imposto à sociedade, a referida deve respeitar a anterioridade e não pode ser aplicada retroatividade. A exposição de motivos da MP n. 563/2012, que foi convertida na aludida Lei n. 12.715/12, demonstra com nitidez a decisão do legislador em alterar a norma até então vigente para o cálculo do PLR e adotar vacatio legis em respeito ao princípio da anterioridade, de aplicação obrigatória na hipótese de majoração do ônus de IRPJ e CSL: “56. A medida proposta também visa a aperfeiçoar a legislação aplicável ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas IRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL no tocante a negócios transnacionais entre pessoas ligadas, visando a reduzir litígios tributários e a contemplar hipóteses e mecanismos não previstos quando da edição da norma, atualizandoa para o ambiente jurídico e de negócios atual. Destarte, a legislação relativa aos controles de preços de transferência aplicáveis a operações de importação, exportação ou de mútuo, empreendidas entre entidades vinculadas, ou entre entidades brasileiras e residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou ainda, que gozem de regimes fiscais privilegiados, restará atualizada e aperfeiçoada com as alterações propostas. (...) 61. Como fruto de toda a experiência até então angariada no que concerne à aplicação de referidos controles, com o intuito de minimizar a litigiosidade Fl. 676DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 677 25 FiscoContribuinte até então observada, e objetivando alcançar maior efetividade dos controles em questão, propõese alterações na legislação de regência. (...) 63. Como algumas das alterações introduzidas pelos arts. 38 e 40 da Medida Provisória podem implicar em aumento do tributo, em atenção ao princípio da anterioridade, foi estabelecido que a produção de efeitos ocorreria em 2013. O art. 42 do Projeto Medida Provisória possibilita que a pessoa jurídica opte pela aplicação das disposições contidas nos arts. 38 e 40 na apuração das regras de preços de transferência relativas ao anocalendário de 2012. A opção implicará na obrigatoriedade de observância de todas as alterações introduzidas pelos arts. 38 e 40.” Assim, se a Lei n. 12.715/2012 apresenta alguma eficácia interpretativa, seria a de esclarecer que a fórmula adotada pela IN 243/2002 não encontravam fundamento de validade na vigência do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/2000, devendo ser mantida a incontroversa fórmula indicada pela IN 32/2001. No caso concreto sob julgamento, em face do período de apuração relevante, não são aplicáveis as normas da Lei n. 12.715/2012, o que atentaria contra o princípio da irretroatividade da lei tributária. Para o período relevante, é preciso reconhecer que a IN 243/2002 extravasou os limites a que estaria adstrita. É necessário aplicar diretamente a norma prescrita pelo art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/2000, tal como interpretada pela IN 32/2001, que restou incontroversa. 1.3.2.3. Incompatibilidades materiais e a ofensa ao princípio da igualdade e da capacidade contributiva. Embora evidências matemáticas e demais constatações expostos nos subtópicos anteriores sejam suficientes para o afastamento da fórmula indicada pela IN 243/02 para o cálculo do PRL60, há ainda outras evidências jurídicas que justificam a desconsideração do ato infralegal. Tais evidências defluem de seu conteúdo, representando incompatibilidades materiais da IN 243/02 em face da Lei n. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n. 9.959/2000. A administração fiscal deve agir nos estritos limites normativos atinentes à matéria dos preços de transferência, respeitando os princípios e regras consagrados pelo legislador ordinário. E há, no caso da legislação dos preços de transferência, princípios e regras que não podem ser ignorados, especialmente pertinente à igualdade tributária e à capacidade contributiva. Nesse ponto, é importante fazer referência à seguinte passagem do estudo de LUÍS EDUARDO SCHOUERI13, que bem sintetiza alguns dos elementos essenciais para a solução do recurso especial em análise, in verbis “1.3.9. É, pois, sob pena de caracterizar o arbítrio, que o legislador se vê obrigado a eleger princípios e, uma vez escolhidos, aplicálos conscientemente. 1.3.10. Especialmente em matéria tributária, surge como princípio parâmetro, escolhido pelo próprio constituinte, a capacidade contributiva. Nesse sentido, 13 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 1415. Fl. 677DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 678 26 deve a tributação partir de uma comparação das capacidades econômicas dos potenciais contribuintes, exigindose tributo igual de contribuinte em equivalente situação. Por óbvio, tal princípio somente se concretiza quando é possível compararemse os contribuintes. 1.3.11. No caso de transações entre pessoas vinculadas, entretanto, as realidades econômicas comparadas são diversas, frustrandose qualquer comparação. 1.3.12. A diversidade acima apontada resulta da circunstância de as transações entre partes vinculadas não terem passado pelo mercado, como o fizeram as empresas independentes. 1.3.13. Assim, podese dizer que enquanto a moeda constante nas contas das empresas com transações controladas está expressa em unidades ‘reais de grupo’, empresas independentes têm seus resultados expressos em ‘reais de mercado’. 1.3.14. Nesta perspectiva, o papel da legislação de preços de transferência é apenas ‘converter’ valores expressos em ‘reais de grupo’ para ‘reais de mercado’, possibilitando, daí, uma efetiva comparação entre contribuintes com igual capacidade econômica. 1.3.15. Nesse sentido, verificase que a legislação de preços de transferência não distorce resultados da empresa. Apenas ‘converte’ para uma mesma unidade de referência (‘reais de mercado’) a mesma realidade expressa noutra unidade. 1.3.16. Nesse contexto, as disposições de controle de preços de transferência da Lei n. 9.430/96 somente se justificam caso corroborem essa conversão acima referida, o que se dá mediante a aplicação do princípio arm’s length, que será verificado mais profundamente nos capítulos posteriores. Vale dizer, caso a aplicação da lei ou de sua regulamentação em um caso concreto extrapole os limites dessa conversão, isso deverá ser considerado uma desobediência ao princípio constitucional da igualdade e da capacidade contributiva e, portanto, a aplicação nesse caso deverá ser corrigida ou até mesmo desconsiderada.” (negrito acrescido ao original) É fundamental para a matéria em análise, então, compreender que a legislação brasileira dos preços de transferência busca precisamente neutralizar a desigualdade nas operações entre partes vinculadas. Nos casos em que o método PLR60 seriam aplicáveis, a aludida norma se voltaria exclusivamente às operações de importação realizadas por empresas vinculadas e que, por meio de ajuste de preços de venda de bens, serviços ou direitos, apresentassem a potencialidade de transferir resultados ao exterior sem a correspondente tributação. Se era esse o objetivo do legislador ordinário, é de difícil aceitação que o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96 teria prescrito critérios de eliminação de desigualdades tão voláteis e indeterminados que possibilitassem à administração fiscal exigir ajustes a partir preços parâmetros compreendidos em um intervalo de “ R$10,00” a “R$ 70,00”. Ocorre que o princípio da igualdade vivificado pelo padrão arm’s length, pressupõe a eleição consciente, pelo legislador ordinário, de critérios de distinção aptos a tratar semelhantes de forma equivalente, com os ajustes que se façam necessários na base de cálculo do IRPJ e CSL para a corrigir diferenciações injustificadas. A tese de que, dos enunciados do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, seria possível abstrair duas fórmulas capazes de conduzir a preços parâmetros tão dispares (“10,00” ou “70,00”, por exemplo), conflita por si só com o princípio da igualdade, pois torna insustentável a sua concretização. Fl. 678DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 679 27 Na verdade, o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, efetivamente elegeu expressamente os critérios de distinção que, conforme a sua decisão, seriam aptos para vivificar o princípio da igualdade e da capacidade contributiva. A “segunda fórmula” indicada pela IN 243/2002, então, enfraquece arbitrariamente o princípio da igualdade, pois nega eficácia jurídica ao critérios de distinção eleitos pelo legislador ordinário (art. 18, II, da Lei n. 9.430/96), a quem compete o monopólio da decisão quanto à fórmula que deve ser adotada para o método PLR60. Nesse seguir, ao advogar que a Lei n. 9.430/96 teria concedido tamanha discricionariedade à administração, a PFN pode estar suscitando a ocorrência de delegação de competência tributária, o que é vedado pela Constituição Federal (art. 150) e pelo CTN (art. 97). Se a lei tivesse permitido a adoção de fórmulas que tão dispares, possivelmente a constitucionalidade de tal lei poderia inclusive vir a ser questionada perante o Poder Judiciário. 1.3.2.4. Incompatibilidades materiais e a falácia dos “fins” que justificariam os “meios”. O julgamento do presente recurso especial pode dar ensejo a um deslize no processo de concretização do Estado de Direito: relativizar o princípio da legalidade (meio), para que o Brasil conte com uma norma de preço de transferência supostamente “melhor” e vocacionada a aferir adequadamente os preços de mercado, inclusive com a consideração proporcional dos insumos importados de partes vinculadas (fins). Como já se constatou acima, esse argumento de que “os fins justificam os meios” esbarra no princípio da estrita legalidade em matéria tributária. No entanto, tendo em vista a importância do tema, não se pode deixar de investigar se os referidos “fins” apregoados para a legitimação da IN 243/2002 realmente teriam potencial de concretização. Sob a perspectiva matemática, o estudo desenvolvido pelo Prof. Dr. VLADIMIR BELITSKY, acima citado, apresentou as seguintes conclusões: “2. Quesito. A Fazenda Nacional alega que a fórmula da IN 243 corrige defeitos da Lei 9.430. Essa afirmação é correta do ponto de vista da matemática? Não. Essa manobra é parecida com os argumentos desvendados no quesito anterior, mas ela precisa ser tratada separadamente pois a derivação de sua conclusão é mais complexa. Na essência do método, mostrase que a fórmula da Lei 9.430 apresenta falhas as quais são corrigidas na fórmula da IN 243. A inadequação deste método como argumento em prol da eficácia da IN 243 está na omissão do fato de que a fórmula definida por esse normativo possui falhas semelhantes às da fórmula da Lei 9.430.” Também merece destaque o seguinte trecho, colhido da citada “Constatação 5” do mesmo estudo, in verbis: “(i) a fórmula da IN 243 resulta no valor de PP menor que o valor declarado do bem importado se e somente se a margem de lucro em cima de todos os insumos em conjunto for de 60%; (ii) a fórmula da IN 243 resulta no valor de PP igual ao valor declarado do bem importado se e somente se a margem de lucro em cima de todos os insumos em conjunto for menor que 60%; (iii) a fórmula da IN 243 resulta no valor de PP maior que o valor declarado do bem importado se e somente se a margem de lucro em cima de todos os insumos em conjunto for maior que 60%;” Fl. 679DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 680 28 Notese, ainda, a conclusão do mesmo matemático em relação a esse outro quesito que lhe foi apresentado, in verbis: “1. Quesito. A Fazenda Nacional alega que a aplicação da IN 243 pode ser benéfica aos contribuintes. Essa afirmação tem sustentação matemática? A alegação da Fazenda Nacional de que ‘... a metodologia prevista na IN SRF n. 243/2002 pode ser considerada benéfica ao importador’ (...) está errada pois sabemos, conforme provado em minha Constatação 5, que a fórmula da IN 243 acarreta ajuste tributário e, consequentemente, tributação, toda vez que a lucratividade da produção for inferior a 60%. (...)” Conclui o matemático que “a fórmula da IN 243 falha em apurar o valor justo do Preço Parâmetro a partir de valores de produtos corretamente declarados pelo contribuinte quando a margem de lucro efetiva sobre o PLV for menor que 60%”. A evidência matemática, então, aclara que a fórmula indicada pela IN 243/2002 não soluciona problemas presentes na fórmula legal, imediatamente construída a partir do art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n. 9.959/2000. Além disso, como evidenciou o matemático, a fórmula da IN 243/2002 tem o potencial de agravar o ônus fiscal sobre o contribuinte. Assim, se a IN 243/02 apresenta outros vícios, inclusive formais, que justificam a sua desconsideração para a apuração do PRL60, também é possível observar vícios materiais que a tornam imprópria para o controle dos preços de transferência. 2) Método aplicável a princípios ativos importados de pessoa jurídica vinculada do exterior. A investigação quanto ao sentido da “produção” e “aplicação” de bens importados, para o controle dos preços de transferência estabelecido pelo art. 18, II, “d”, “1” e “2”, da Lei n. 9.430/96, pode ser conduzida ao menos por duas vertentes: i) pela tomada em empréstimo dos significados tradicionais das expressões na legislação aplicável ao IPI; ii) pela construção de sentido a partir da Lei n. 9.430/96 e dos propósitos da legislação de preços de transferência. De início, é controvertida a tomada em empréstimo da legislação aplicável ao IPI para a interpretação da expressão “bens importados aplicados à produção”, contida no art. 18 da Lei n. 9.430/96. Não se trata apenas de tributos diversos, como também é muito distinto o contexto e a finalidade com que leva à escolha dos termos utilizados em seus enunciados prescritivos. Não obstante, esse foi o caminho trilhado pela i. Conselheira Relatora, que equiparou o termo “produção”, inserto no art. 18 da Lei n. 9430/96, ao termo “industrialização” para fins da legislação do IPI. Por esse expediente interpretativo, considerouse abarcadas por “produção” as condutas elencadas nos incisos do art. 4o do Decreto nº 7.212/2010 (Regulamento do IPI), em especial o “acondicionamento ou reacondicionamento”: Art. 4o Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como: I a que, exercida sobre matériasprimas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação); Fl. 680DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 681 29 II a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto (beneficiamento); III a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem); IV a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou V a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados. No entanto, ainda que se tome de empréstimo a legislação do IPI para o deslinde da demanda, permissa venia, não se pode concordar com a equiparação dos termos “produção” e “industrialização”. Essa assertiva pode ser confirmada pela investigação da própria legislação do IPI. Ocorre que, no âmbito do IPI, “industrialização” é gênero do qual “produção” e “acondicionamento” ou “reacondicionamento” são espécies. Ou seja, “industrializar” é mais amplo que “produzir”, não podendo ser equiparados tais termos. Por sua vez, “produzir” e “acondicionar” são espécies distintas do gênero “industrializar” precisamente devido às características que as distinguem e, portanto, não se confundem. De fato, a produção, para os propósitos do Regulamento do IPI, é melhor descrita no inciso II do art. 4o, como a conduta que, “exercida sobre matériasprimas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova”, de forma a ocorrer “transformação”. Por sua vez, “acondicionamento” ou “reacondicionamento” também são espécies do gênero industrialização, reguladas no inciso II do referido art. 4o, mas que não de confundem com produção ou transformação. Tratase de conduta “que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria”. A questão é conhecida pela doutrina. LUÍS EDUARDO SCHOUERI14 identifica a referida “produção” como “aquela etapa depois da qual o produto sofre tamanha mudança, que já não mais é possível dizer que de trata daquele mesmo produto”, que mais se aproxima da “transformação” referida na legislação do IPI. E conclui o referido professor: “7.2.4.5.3. Tal não é o caso de processos de beneficiamento, acondicionamento e reacondicionamento. Na montagem, pode ser possível fazer referencia a um todo, sem que se mencionem as partes. Estas, entretanto, são plenamente localizáveis e individualizáveis, caracterizando, à toda prova, uma revenda.” 14 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 140. Fl. 681DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 682 30 Embora o caso concreto possa ser solucionado desse modo, não se pode deixar de registrar que esse expediente interpretativo não é hábil para a solução de todas as situações. Ocorre que significado da expressão “bens importados aplicados à produção” deve ser construído a partir da Lei n. 9.430/96 e dos propósitos da legislação de preços de transferência. Nesse sentido, LUÍS EDUARDO SCHOUERI15 bem ilustra os riscos desse recurso à legislação do IPI sem a devida ponderação, in verbis: “7.2.4.5.4. Nesse sentido, o termo ‘produção’ deve se restringir aos casos de ‘transformação’ e, ainda assim, nem sempre. Com efeito, nos termos da legislação do IPI, basta que um produto obtenha nova classificação fiscal para que se tenha uma transformação. Ocorre que, muitas vezes, se dão classificações fiscais diversas a produtos idênticos, conforme o estado em que se apresentem. Isso é muito comum para os produtos químicos. Ora, tal ‘transformação’ não implica se perca o produto, que continua plenamente localizável e, portanto, sujeito a ser revendido, tal como entende a fiscalização.” Dessa forma, ainda que uma operação seja classificada para fins de IPI como “transformação”, não necessariamente deverá ser considerada “produção” para fins de preços de transferência. Não há comunicação obrigatória e necessária de tal jaez. De fato, a conduta do contribuinte corresponde à revenda, razão pela qual faz jus à adoção do PRL 20. Compreendo, portanto, que deve ser provido o recurso quanto a essa matéria. 3. NÃO INCLUSÃO, NA COMPOSIÇÃO DO PREÇO PARÂMETRO, DE FRETE, SEGURO E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO O art. 18 da Lei n. 9.430/96 prevê regras aplicáveis em geral a todos os métodos de preços de transferência: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (…) § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. O caput do dispositivo estabelece que dois fatores devem conjugarse para a incidência das normas de preços de transferência: (i) operações realizadas com pessoas vinculadas; e (ii) operações de importação. Como apenas quando esses dois fatores estiverem simultaneamente presentes deverá ser aplicada as normas de controle e ajuste prescritas pela Lei n. 9.430/96, tratase de um binômio essencial para a aplicação da legislação dos preços de transferência. 15 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de transferência no Direito tributário brasileiro. São Paulo : Dialética, 2006, p. 140. Fl. 682DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 683 31 O conceito de “pessoa vinculada” foi estabelecido pelo art. 23 da Lei n. 9.430/96: Art. 23. Para efeito dos arts. 18 a 22, será considerada vinculada à pessoa jurídica domiciliada no Brasil: I a matriz desta, quando domiciliada no exterior; II a sua filial ou sucursal, domiciliada no exterior; III a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, cuja participação societária no seu capital social a caracterize como sua controladora ou coligada, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; IV a pessoa jurídica domiciliada no exterior que seja caracterizada como sua controlada ou coligada, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; V a pessoa jurídica domiciliada no exterior, quando esta e a empresa domiciliada no Brasil estiverem sob controle societário ou administrativo comum ou quando pelo menos dez por cento do capital social de cada uma pertencer a uma mesma pessoa física ou jurídica; VI a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que, em conjunto com a pessoa jurídica domiciliada no Brasil, tiver participação societária no capital social de uma terceira pessoa jurídica, cuja soma as caracterizem como controladoras ou coligadas desta, na forma definida nos §§ 1º e 2º do art. 243 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; VII a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que seja sua associada, na forma de consórcio ou condomínio, conforme definido na legislação brasileira, em qualquer empreendimento; VIII a pessoa física residente no exterior que for parente ou afim até o terceiro grau, cônjuge ou companheiro de qualquer de seus diretores ou de seu sócio ou acionista controlador em participação direta ou indireta; IX a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, que goze de exclusividade, como seu agente, distribuidor ou concessionário, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos; X a pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no exterior, em relação à qual a pessoa jurídica domiciliada no Brasil goze de exclusividade, como agente, distribuidora ou concessionária, para a compra e venda de bens, serviços ou direitos. A Instrução Normativa SRF n. 38, de 30.04.97, estabeleceu a seguinte orientação em seu art. 4o, § 4o: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos nesta Seção exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. § 1º A determinação do preço a ser utilizado como parâmetro, para comparação com o constante dos documentos de importação, quando o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pelo própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito, somente será efetuada com base nos métodos de que tratam os arts. 6° e 13. § 1o A determinação do preço a ser utilizado como parâmetro, para comparação com o constante dos documentos de importação, quando o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pela própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito, Fl. 683DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 684 32 será efetuada com base nos métodos de que tratam o art. 6o , o § 10 do art. 12 e o art. 13." (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 113, de 19 de dezembro de 2000) § 2º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, devendo o método adotado pela empresa ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. § 3º A dedutibilidade dos encargos de depreciação ou amortização dos bens e direitos fica limitada, em cada período de apuração, ao montante calculado com base no preço determinado por um dos métodos de que tratam os arts. 6º e 13. § 4º Na determinação do custo de bens adquiridos no exterior, poderão, também, ser computados os valores do transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e dos tributos não recuperáveis, devidos na importação. Embora a IN 38/97 expressamente apontasse que o contribuinte possuiria a opção de incluir ou não frete, seguro e tributos de importação, muitos agentes fiscais passaram a ignorar essa orientação e a exigir, em todos os casos, a inclusão de tais valores para a composição do preço parâmetro do método PRL. A ideia de que fretes, seguros e tributos incidentes na importação deveriam compor o preço parâmetro se tornou popular no âmbito da fiscalização. Passado algum tempo, foi editada a Instrução Normativa SRF n. 243, de 11.11.2002 (doravante “IN 243”), que estabeleceu a seguinte orientação em seu art. 4o, § 4o: Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, nãoresidente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica importadora poderá optar por qualquer dos métodos de que tratam os arts. 8º a 13, exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. § 1º A determinação do preço a ser utilizado como parâmetro, para comparação com o constante dos documentos de importação, quando o bem, serviço ou direito houver sido adquirido para emprego, utilização ou aplicação, pela própria empresa importadora, na produção de outro bem, serviço ou direito, somente será efetuada com base nos métodos de que tratam o art. 8º, a alínea "b" do inciso IV do art. 12 e o art.13. § 2º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, devendo o método adotado pela empresa ser aplicado, consistentemente, por bem, serviço ou direito, durante todo o período de apuração. § 3º A dedutibilidade dos encargos de depreciação, exaustão ou amortização dos bens e direitos fica limitada, em cada período de apuração, ao montante calculado com base no preço determinado por um dos métodos de que tratam os arts. 8º a 13, vedada a utilização do método de que trata o art. 12, se não houver revenda. § 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço praticado na importação os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. § 5º Nos preços apurados com base nos métodos dos arts. 8º e 13, os valores referidos no § 4º poderão ser adicionados ao custo dos bens adquiridos no exterior desde que sejam, da mesma forma, considerados no preço praticado, para efeito de comparação. Fl. 684DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 685 33 A aludida orientação da IN 243/02, em seu art. 4o, § 4o, corresponde ao segundo núcleo da discussão do recurso especial ora em julgamento. Ocorre que, desde a sua edição (ou mesmo desde a edição da IN 32/01), os agentes fiscais passaram a exigir, invariavelmente, a inclusão de frete, seguro e tributos incidentes na importação como custos do bem importado. Com a intensificação das autuações fiscais e do correspondente contencioso gerado por contribuinte irresignados, a administração fiscal buscou alterar a Lei n. 9.430/96, a fim de que houvesse expresso respaldo legal para a orientação adotada na IN 243/02. Afinal, se o legislador concordasse com a ideia de incluir, na composição do preço parâmetro do método PRL, os custos de frete, seguro e tributos incidentes na importação, boa parte das discussões administrativas deixariam de existir. Para tanto, o Poder Executivo editou a Medida Provisória n. 478, de 29.12.2009, que atribuiria a seguinte redação ao referido art. 18, § 6o, da Lei n. 9.430/96. § 6o Integram o custo de aquisição, para efeito de cálculo do preço médio ponderado a que se refere o inciso III do caput, o valor do transporte e do seguro até o estabelecimento do contribuinte, cujo ônus tenha sido do importador, e os impostos não recuperáveis incidentes nessas operações e demais gastos com o desembaraço aduaneiro. No entanto, a referida ideia da administração fiscal, de sujeitar os custos de frete, seguro e tributos incidentes na importação ao controle da legislação de preços de transferência, foi solenemente rejeitada pelo Poder Legislativo. A MP 478/2009 não foi convertida em Lei e, conforme o Ato Declaratório do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 18/2010, vigorou apenas 01.06.2010. O legislador ordinário, com a rejeição da proposta em questão, mantevese coerente com a diretriz que rege o controle dos preços de transferência, edificada pelo art. 18, caput, da Lei n. 9.430/96, atinente às condições essenciais para a sua incidência: operações realizadas por pessoas jurídicas brasileiras com (i) partes vinculadas (ii) residentes em outros países. Esse binômio irredutível foi, então, reafirmado pelo legislador competente, que não se manteve inerte para a solução do conflito existente entre a administração fiscal e os contribuinte. Em 2012, foi publicada a Lei n. 12.715, com a seguinte redação: § 6. Não integram o custo, para efeito do cálculo disposto na alínea b do inciso II do caput, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, desde que tenham sido contratados com pessoas: I não vinculadas; e II que não sejam residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou que não estejam amparados por regimes fiscais privilegiados. § 6oA. Não integram o custo, para efeito do cálculo disposto na alínea b do inciso II do caput, os tributos incidentes na importação e os gastos no desembaraço aduaneiro. 3.1. A dedutibilidade do frete, seguro e tributos incidentes na importação O art. 47 da Lei n. 4.506/64 estabelece, como regra geral, que serão dedutíveis da base de cálculo do IRPJ as despesas operacionais pagas ou incorridas necessárias, assim compreendidas aquelas normais, usuais e necessárias às suas atividades geradoras do lucro que será tributado. Além dessa regra geral de dedutibilidade, o legislador prescreveu ainda uma série de normas específicas que devem ser observadas para a apuração do tributo, com destaque às regras de preços de transferência. Fl. 685DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 686 34 Embora a legislação de preços de transferência possa aparentar exceções à norma geral de dedutibilidade do art. 47 da Lei n. 4.506/64, representam a sua confirmação. As regras de preços de transferência correspondem mais precisamente a normas que procuram garantir que tal norma geral seja aplicada conforme os princípios da igualdade e da capacidade contributiva. Não obstante, seja sob uma perspectiva (exceção à regra geral) ou outra (confirmação à regra geral), a legislação dos preços de transferência, detalhada no tópico subsequente, está intimamente relacionada com a aludida regra geral do art. 47 da Lei n. 4.506/64. Com olhos exclusivamente na regra geral de dedutibilidade do art. 47 da Lei n. 4.506/64, o frete, o seguro e os tributos incidentes sobre a importação devem ser dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSL, pois se tratam indubitavelmente de dispêndios necessários, normais e usuários à respectiva atividade operacional do contribuinte. Quanto aos tributos incidentes sobre a importação, devese destacar a regra do artigo 41 da Lei nº 8.981/95, que prescreve expressamente a sua dedutibilidade. É preciso, contudo, verificar se o legislador, por regras específicas, de algum modo interferiu na dedutibilidade de tais dispêndios necessários, normais e usuais da pessoa jurídica. O art. 18, § 6º, da Lei n. 9.430/96, estabelece norma expressa quanto à dedutibilidade dos custos do importador com frete, seguro e tributos incidentes na importação: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (…) § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. O legislador prescreveu expressamente que frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação e suportados pelo importador brasileiro, ainda que os produtos importados tenham sido adquiridos de partes dependentes, devem ser consideradas custos dedutíveis pelo importador. Significa dizer que os dispêndios com frete, seguro e tributos incidentes sobre a importação, pagos a pessoas não vinculadas, não integram o preço parâmetro para fins de preços de transferência, devendo ser considerados dedutíveis independentemente de ajustes. No caso concreto, há uma operação de importação realizada entre partes vinculadas (aquisição do produto importado) e um conjunto de deveres e obrigações decorrentes e periféricos relacionados a partes não vinculadas (frete, seguro e tributos). É preciso, portanto, identificar duas sistemáticas distintas: (i) bens, serviços e direitos: serão dedutíveis até o limite do preço parâmetro, conforme a legislação dos preços de transferência; (ii) deveres e obrigações decorrentes e periféricos: serão dedutíveis em sua integralidade as despesas efetivamente incorridas com frete, seguro e tributos incidentes na importação. 3.2 O escopo de aplicação da legislação fiscal de preços de transferência. Fl. 686DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 687 35 O binômio essencial prescrito pelo art. 18, caput, da Lei n. 9.430/96, é determinante ao escopo das normas de preços de transferência, pois corresponde às condições essenciais para a sua incidência: tais normas alcançam operações realizadas por pessoas jurídicas brasileiras com (i) partes vinculadas (ii) residentes em outros países. Conforme se verifica dos autos, o contribuinte contratou a aquisição de determinados bens, fornecidos por uma empresa vinculada residente no exterior. Não há dúvida, portanto, que a aquisição dos aludidos bens está sujeita ao controle da legislação dos preços de transferência. O contrato de aquisição celebrado pelo contribuinte previa a sua responsabilidade pela contratação do frete e seguro necessários para a entrega dos produtos, bem como pelo recolhimento dos tributos incidentes na importação. Cumprindo com a sua obrigação contratual, o contribuinte contratou de terceiros, sem nenhum vínculo evidenciado nestes autos, o frete e o seguro, bem como arcou com os tributos incidentes na importação. No caso dos autos, a autoridade fiscal compreendeu que o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação deveriam submeterse ao controle dos preços de transferência. Urge, então, verificar se tais operações realmente estão sob o escopo do binômio essencial prescrito pela Lei n. 9.430/96. Para frete e o seguro, foram contratadas empresas sem vínculos com o contribuinte, o que inviabiliza, por si, o preenchimento do binômio essencial de incidência da Lei n. 9.430/96. Os tributos sobre a importação são devidos à União e aos Estados, que obviamente não são estrangeiros e nem são vinculados ao contribuinte. É o princípio da legalidade, em sua acepção mais explícita, que impede que se estenda a sanção normativa da Lei n. 9.430/96 ao frete, seguro e tributos incorridos pelo contribuinte, pois nenhuma dessas situações preenche o binômio prescrito como essencial pelo legislador, qual seja, (i) operação com partes vinculadas (ii) residentes em outros países. Essa mesma conclusão vêm sendo explicitada pela doutrina16. Citese GERD WILLI ROTHMANN17, para quem os valores de frete e seguro “não entram no cálculo do preço de transferência, nas duas modalidades (CIF e FOB), nem o imposto de importação. Se os custos efetivos de frete e seguro forem suportados pelo importador/revendedor (FOB), os mesmos poderão ser integralmente deduzidos para os efeitos do imposto de renda, da mesma forma que o imposto de importação”. Conforme esse professor, in verbis: “Assim, as deduções do preço médio de venda, para se chegar ao preço líquido de venda, são, exclusivamente, as previstas em lei: a) descontos incondicionais; b) impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) comissões e corretagens pagas; 16 Vide, por exemplo: SCHOUERI, Luis Eduardo. Preços de transferência no direito tributário brasileiro. 3ed. rev. e atual. São Paulo: Dialética, 2013, p. 287 e seg.; ROTHMANN, Gerd Willi. Preços de transferência – método do preço de revenda menos lucro: base CIF (+II) ou FOB. A margem de lucro (20% ou 60%) em processos de embalagem e beneficiamento. In: Revista Dialética de Direito Tributário, n. 165, jun/2009. São Paulo: Dialética; KRAKOWIAK, Ricardo. Preços de transferência: o método PRL e as despesas com frete, seguro e imposto de importação. In: Tributos e preço de transferência, 3º vol. SCHOUERI, Luis Eduardo (coord.) São Paulo: Dialética, 2009; BORGES, Alexandre Siciliano; ANDRADE JR., Luiz Carlos. Preços de transferência: o método PRL e os valores referentes a frete, seguro e tributos. In: Revista Eletrônica de Direito Tributário da ABDF. vol. 01, nº 5, ano 2011. 17 ROTHMANN, Gerd Willi. Preços de transferência – método do preço de revenda menos lucro: base CIF (+II) ou FOB. A margem de lucro (20% ou 60%) em processos de embalagem e beneficiamento. In: Revista Dialética de Direito Tributário, n. 165, jun/2009. São Paulo: Dialética, p. 5456. Fl. 687DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 688 36 d) ‘margem de lucro’ (20% ou 60%). Esta margem de revenda, impropriamente chamada de ‘margem de lucro’, compreende somente os custos decorrentes da função do próprio revendedor, tais como armazenamento, publicidade e, eventualmente, o ‘valor agregado’ em produção no País. Daí podemos concluir: a) Nem as despesas com frete, nem com seguro e, muito menos, o imposto de importação (que é receita da Administração Fiscal!) constam da lista taxativa das deduções para efeito de apuração do preço líquido de venda que, deduzida a ‘margem de lucro’, resulta no ‘preçoparâmetro’, ou seja, no preço hipotético de transferência. b) As despesas com frete e seguro e o imposto de importação não constituem custos decorrentes das funções desempenhadas pelo revendedor, mas são custos da importação, que não entram na apuração da margem de revenda. Como não entram no cálculo do hipotético ‘preçoparâmetro’, mas representam custos efetivos, os valores relativos a frete, seguro e ao imposto de importação, desde que seu ônus tenha sido do importador/revendedor (ou seja, na modalidade ‘FOB’), podem ser integralmente deduzidos para os efeitos de imposto de renda. Na modalidade CIF, o valor de frete e seguro já está embutido no ‘preço parâmetro’, de modo que não pode ser considerado, novamente, como despesa dedutível. Neste contexto, cabe apenas uma observação: se, na modalidade FOB, o transporte e o seguro são contratados com empresa coligada da matriz fornecedora da mercadoria, os respectivos valores pagos estão sujeitos à observância da legislação de preços de transferência.” Diante de mais essas evidências, é possível concluir que, no caso dos autos, o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação não preenchem os requisitos essenciais para que sejam tutelados regras de controle de preços de transferência. 3.4. A adoção de margens brutas pelo legislador no método PRL60. O método das margens prédeterminada para o controle dos preços de transferência, tal como o brasileiro, é único no mundo. Tratase de escolha do nosso legislador destoar da forma que os demais países adotam para definir o preço parâmetro (arm’s length) de operações realizadas entre partes vinculadas. Independentemente das vantagens e desvantagens da sistemática das margens prédeterminadas, o fato é que, para a sua aplicação, em conformidade ao princípio da igualdade que legitima o controle dos preços de transferência, é necessário que o legislador brasileiro equalize o índice que deve ser adotado em cada operação, de forma a possibilitar a adequada mensuração do preço parâmetro. No caso ora sob análise, o legislador determinou a aplicação da margem de 60% para a adoção do método PRL (que, conforme a fórmula abstraída pela IN 243/02, poderia exigir lucratividade de 150%). A exigência de percentual tão elevado pode ser justificado pela adoção de margens brutas, em que se consideram incluídos todos os custos e despesas incorridos pelo particular, como fretes, seguros, tributos, despesas de armazenagem etc. Com a adoção da referida margem, esta remuneraria todos os fatores necessários para importação do bem e, possivelmente, lhe possibilitaria obter algum resultado. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 689 37 A interpretação teleológica da norma demostra haver coerência na adoção de margens brutas pelo legislador, o que reforça a conclusão exposta acima. Como se viu, a inclusão de frete, seguro e tributos de importação, no presente caso, não seria coerente com o binômio “operações realizadas com pessoas vinculadas e residentes no exterior”, prescrito como condição para a incidência da legislação dos preços de transferencia. A análise teleológica, por sua vez, evidencia que a não inclusão de frete, seguro e tributos de importação é coerente com a adoção as margens adotadas pelo legislador, capazes de suportar todos os custos da operação. Sem observar esse binômio irredutível requerido pelo legislador, a IN 243/2002 inverteu essa lógica, como se o contribuinte estivesse obrigado a considerar margens líquidas. Há, portanto, mais uma razão para que este Colegiado declare que a referida instrução normativa contrariou extravasou limites legais que deveria respeitar. 3.5. A incompatibilidade da inclusão de fretes, seguro e tributos no cálculo do preço parâmetro para fins de preços de transferência O art. 18 inaugura a “Seção V” da Lei n. 9.430/96, que tem como Título “Preços de Transferência” e subtítulo “Bens, Serviços e Direitos Adquiridos no Exterior”. O referido dispositivo tutela de forma geral todos os métodos para a apuração do preço parâmetro, os quais, como já exposto, determinam se ajustes devem ou não ser realizados na base de cálculo do IRPJ e da CSL. Por conseguinte, a conclusão alcançada no julgamento do presente caso – no qual está em discução se frete, seguro e tributos devem ser incluídos na composição do preço parâmetro do método PRL – deve ser igualmente coerente com os métodos PIC e CPL, igualmente tutelados pela regra geral do art. 18 da Lei n. 9.430/96. Ocorre que seria impossível imaginar a inclusão de frete, seguro e tributos incidentes na importação na composição do preço parâmetro do método CPL, que apura o preçoparâmetro a partir do custo do exportador, acrescido de uma margem de 20%. Compreendo ser aplicável ao presente caso a máxima hermenêutica de que os textos jurídicos não devem ser interpretados de tal forma que conduzam ao absurdo. Como se ressaltou acima, o objetivo da legislação de preços de transferência é “converter” os valores expressos em ‘reais de grupo’ para valores “reais de mercado”, de tal forma que haja uma efetiva comparação entre contribuintes com capacidade contributiva equivalente. Nesse seguir, a legislação prevê que, para a composição do preçoparâmetro pelo método CPL, deverá ser considerado o custo do exportador, acrescido da margem de 20%. Em outras palavras, a margem de lucro bruta adotada no método CPL, limitada ao máximo de 20%, incluiria, além do lucro líquido e de todas as despesas do exportador que não estejam incluídas em seu custo, também o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação. Permissa vênia, a incongruência dessa interpretação salta aos olhos diante do fato de que os tributos brasileiros incidentes na importação facilmente podem, sozinhos, ultrapassar a margem de lucro bruto de 20% estabelecida pelo método CPL. 3.6. O extravasamento das funções da IN 243/2002, em cotejo às fontes formais do Direito tributários Fl. 689DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 690 38 Como é sabido, a IN 243/2002 é fonte secundária do Direito Tributário, cuja função subalterna é de aclarar ou atribuir maior operacionalidade à norma prescrita pela Lei n. 9.430/96, que é a fonte primária. A aludida instrução normativa, contudo, extravasou as suas funções ao prever, em seu art. 4o, § 4o, a inclusão do frete, seguro e tributos atinentes à importação na composição do preço parâmetro do método PRL. Por todo o exposto, resta claro que a IN 243/2002 não expressou uma possível interpretação que se pudesse abstrair do texto legal. E ainda que se pudesse argumentar alguma mensagem implícita do legislador descortinada por essa instrução normativa, é preciso ter claro que exceções ou limitações à regra geral de dedutibilidade – prescrita pelo art. 47 da Lei n. 4.506/64 e pelo art. 41 da Lei nº 8.981/95 – devem ser expressas. E o que há, de forma expressa (Lei n. 9.430/96, art. 18, § 6º) é a previsão de dedutibilidade dos dispêndios do importador com frete, seguro e tributos incidentes na importação. Dessa forma, compreendo não restar outra alternativa senão desconsiderar a recomendação veiculada pelo art. 4o, § 4o, da IN 243/2002. 3.7. A jurisprudência administrativa sobre o tema. O entendimento ora exposto encontra respaldo em uma série de julgados deste Tribunal, como por exemplo: Acórdão nº 10809763, de 13/11/2008. ‘Embora as despesas de fretes e seguros tenham sido incluídos nos documentos de importação, em se tratando de despesas necessárias, usuais e normais para o tipo de atividade desenvolvida pelo sujeito passivo, cuja dedutibilidade está prevista na legislação, estas despesas devem ser neutras para a apuração do preço de transferência no Método PRL’ Acórdão nº 110200.302, de 01/09/2010. IRPJ CSLL PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO (PRL) FRETES, SEGUROS E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO Os valores de frete, seguro e imposto de importação são custos efetivos do contribuinte que não foram pagos diretamente a pessoas vinculadas e, deste modo, não podem fazer parte do preço parâmetro. Acórdão nº 110200.302, de 16/05/2011 IRPJ – CSLL – PREÇO DE TRANSFERÊNCIAS – MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO (PRL) – FRETES, SEGUROS E TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO – Os valores de frete, seguro e imposto de importação são custos efetivos do contribuinte que não foram pagos diretamente a pessoas vinculadas e, deste modo, não podem fazer parte do preço parâmetro. 4. Conclusões Por todo o exposto, há evidências mais do que suficientes para se afirmar que a fórmula indicada pela IN 243/2002 descumpre com o art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 9.959/2000. Se há uma “segunda fórmula” alternativa Fl. 690DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 691 39 àquela da IN 32/2001, que se adeque à moldura prescrita pelo art. 18, II, da Lei n. 9.430/96, não se trata da fórmula indicada pela IN 243/2002. Voto, assim, para que seja dado PROVIMENTO ao recurso especial do contribuinte. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Voto Vencedor Conselheiro André Mendes de Moura Redator Designado. Apesar da bem fundamentada exposição do ilustre relator, peço vênia para divergir no mérito em relação às três matérias devolvidas ao Colegiado. I. Legalidade da IN SRF º 243, de 2002. Sobre a legalidade de IN SRF nº 243, de 2002, em face do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, tratase de assunto já bastante debatido, sendo objeto de profundas análises pela jurisprudência e pela doutrina. A normatização dos preços de transferência no Brasil inserese no contexto do fenômeno da globalização, em que a competição se desenvolve em escala global, e por consequência as empresas vem empreendendo esforços no sentido de reduzir a tributação das operações internacionais. Nesse contexto, vem sendo desenvolvidos mecanismos de planejamento, nem sempre adequados, dentre os quais o conhecido como transfer pricing, no qual são realizadas operações de compra e venda entre empresas vinculadas com sítio em países diferentes, no qual as fiscalizações tributárias tem verificado, em determinadas ocasiões, a utilização de preços artificiais, de modo a deslocar a tributação para países com carga tributária menor. Para monitorar tal sistemática, controles tem sido desenvolvidos pelos países, no sentido de comparar as operações transnacionais entre empresas e suas vinculadas, com operações no qual as mesmas empresas transacionam com outras sem qualquer espécie de vínculo. Verificase, assim, se o preço praticado nas operações entre a empresa e suas vinculadas tem similitude com o preço de mercado negociado entre empresas independentes, adotandose o princípio do arm's lenght. Não por acaso, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) editou convençãomodelo sobre os preços de transferência, no sentido de que, uma vez não observado o preço arm’s length nas transações entre empresas vinculadas em diferentes países, tem o Fisco a prerrogativa de tributar o lucro que teria sido obtido pela empresa em condições regulares de negociação, a preço de mercado. Fl. 691DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 692 40 O assunto também foi tratado pela Organização das Nações Unidas, no Conselho Econômico e Social, resultando na elaboração do UN Practical Manual for Developing Countries 18. No Brasil, a matéria referente aos preços de transferência foi introduzida pelo legislador por meio dos artigos 18 a 24 da Lei nº 9.430, de 1996, dispondo sobre operações relativas à importação e exportação de bens, serviços e direitos. Certamente que o legislador brasileiro, ao positivar a matéria, levou em consideração a realidade e as particularidades do país, mas não se pode deixar de verificar a adoção das diretrizes das organizações internacionais, principalmente sob a égide do princípio do arm's length. E, delimitando a discussão do presente voto às operações de importação, tratadas no caso concreto, observase que foram adotados pelo legislador brasileiro os métodos PIC (Preços Independentes Comparados), PRL (Preço de Revenda Menos Lucro) e CPL (Custo de Produção mais Lucro), inspirados, respectivamente, nos métodos internacionais Comparable Uncontrolled Price (CUP), Resale Price Method e o Cost Plus Method. Especificamente em relação ao método PRL, vale transcrever a redação em vigor à época dos fatos objeto da autuação: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. (Redação dada pela Lei nº 9.959, de 2000) Foram empreendidas grandes discussões em torno dos limites que a administração tributária teria que obedecer para encontrar um modelo matemático compatível com as diretrizes estabelecidas pela lei. 18 United Nations Practical Manual on Transfer Pricing for Developing Countries, http://www.un.org/esa/ffd/documents/UN_Manual_TransferPricing.pdf. Acesso em 15/03/2016. Fl. 692DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 693 41 E de fato, em razão da complexidade da matéria, foram editados vários atos administrativos, buscando encontrar um modelo adequado para a devida apuração do preço parâmetro. Debates intensos se sucederam analisando se os atos administrativos, editados com base no art. 100, inciso I do CTN 19, extrapolaram os limites da lei. Assunto tratado pela jurisprudência e doutrina, pelo vênia para transcrever as valiosas lições de Luís Eduardo Schoueri 20 : 3.11 Em certas circunstâncias, a regulamentação dos preços de transferência pode, sim, exigir a edição de ato administrativo para que se torne viável sua aplicação. (...) 3.12.2 Com efeito, a mera leitura dos dispositivos que tratam dos preços de transferência na Lei nº 9.430/96 revela que sua disciplina foi bastante enxuta. O legislador limitouse a definir os métodos aplicáveis e as consequências de os preços praticados superarem os limites legais. (...) 3.12.2.2 Obviamente, se a Instrução Normativa extrapolar a lei, será esta, e nunca aquela, que prevalecerá. Mas como saber se a Instrução Normativa ultrapassou a lei? 3.12.3 Surge, aqui, a importância do princípio do arm's lenght. Como já ficou esclarecido, é este princípio o bastião de constitucionalidade da Lei nº 9.430/96 21 Os ajustes impostos por esta lei se consideram constitucionais porque concretizam aquela princípio. 3.12.4 Nesse passo, surge a seguinte regra: a regulamentação da Lei nº 9.430/96 estará conforma a própria lei se estiver concretizando o princípio arm's length. 3.12.5 Quando, por outro lado, a regulamentação da Lei nº 9.430/96 emprestarlhe interpretação que se afaste do referido princípio, então há que se investigar a existência de outro princípio que justifique tal construção normativa. O desvio poderá indicar a concretização de outro valor constitucional, igualmente prestigiado pelo Ordenamento. Tal será o caso, por exemplo, quando a norma, desviandose do princípio arm's length, tiver sua justificativa em sua função indutora, ao buscar fomentar o desenvolvimento da economia nacional. 3.12.6 Não se encontrando a norma assim construída apoiada nem no princípio arm's length nem em outro fundamento constitucional, então tal interpretação será repudiada, denunciandose a ilegalidade da Instrução Normativa. Exemplos de tal afastamento não faltam. (grifei) 19 Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; (...) 20 SCHOUERI, Luís Eduardo. Preços de Transferência no Direito Tributário Brasileiro 3. ed. rev. a atual. São Paulo : Dialética, 2013, p. 5759 21 Cf. Ricardo Lobo Torres, "O Princípio Arm's Length, os Preços de Transferência e a Teoria de Interpretação do Direito Tributário", Revista Dialética de Direito Tributário nº 48, setembro de 1999, pp. 122135 (123) Fl. 693DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 694 42 Não obstante o autor, no decorrer de sua obra, entender pela ilegalidade da IN SRF nº 243, de 2002, entendo que a premissa colocada, no sentido de se verificar se o ato normativo concretizou o princípio do arm's length, mostrase como uma referência a ser prestigiada. A redação do artigo em debate foi construída de maneira a amparar diferentes modelos matemáticos, desde que estejam em consonância com o princípio arm's length. E é precisamente o que se verifica no decorrer das instruções normativas editadas visando regulamentar o previsto no art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. De fato, optou o legislador, ao positivar a matéria, dispor sobre diretriz a ser seguida pelo método, e não adentrar na fórmula matemática, que, por consequência, foi tarefa delegada a tarefa para o ato administrativo complementar. Natural, portanto, movimento no sentido de se buscar um modelo matemático adequado à realidade e ao espírito da norma. Tanto que a lei primeiro foi regulamentada pela IN SRF nº 113, de 2000, depois pela IN SRF nº 32, de 2001, e, sem seguida, pela IN SRF nº 243, de 2002. Discussões foram empreendidas no sentido de compreender com quem a expressão do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção estaria fazendo referência, se à redação dada pelo art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996 (1) do caput do inciso II, PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos:, ou (2) da alínea "d", "1", sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e (...). No primeiro caso, discorreuse que se trataria de erro técnica legislativa inapropriada, ou seja, a expressão do valor agregado estaria correta, mas deveria estar inserida como uma nova alínea. Na segunda situação, falouse em erro gramatical, no sentido de que não se quis dizer do valor agregado, e sim o valor agregado, que estaria concordando com a expressão deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e (...) 22. Aplicandose as orientações do modelo matemático proposto pela IN SRF nº 32, de 2001, quaisquer das interpretações conduziram a uma distorção na apuração do preço parâmetro, principalmente em razão do tratamento conferido ao valor agregado, considerado de maneira isolada, completamente desconectado do processo produtivo. Admitindose a técnica legislativa inapropriada, a fórmula teria os seguintes contornos: PP = PL 0,6xPL VA Desenvolvendo a equação, terseia: PP = 0,4xPL VA onde PP: preço parâmetro, PL: preço líquido de revenda, VA: valor agregado no país. Percebese PP e VA na condição de grandezas inversamente proporcionais. Com um VA elevado, o preço parâmetro poderia atingir um valor negativo. Ao ser tratado de maneira isolada, descontextualizada do processo produtivo, conferiuse ao valor agregado um peso desproporcional na equação. Ou seja, o modelo matemático não se prestaria a refletir a realidade da situação em análise. 22 GREGÓRIO, Ricardo Marozzi. Preços de Transferência: uma avaliação da sistemática do método PRL. In: Tributos e Preços de Transferência. 3º vol. São Paulo: Dialética, 2009. p. 170195. Fl. 694DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 695 43 Por outro lado, admitindose um erro gramatical, terseia a fórmula: PP = PL 0,6x(PL VA) Desenvolvendo a equação: PP = 0,4xPL + 0,6xVA onde PP: preço parâmetro, PL: preço líquido de revenda, VA: valor agregado no país. Neste caso a distorção seria tão evidente quanto a anterior, mas para um outro extremo. O PP e o VA estariam na condição de grandezas diretamente proporcionais. Da mesma maneira que na equação anterior, foi conferido ao valor agregado um peso desproporcional na equação. Percebese que, agregandose valor ao produto produzido no país, eventual distorção no preço do produto importado seria completamente neutralizada. O resultado implicaria em ausência de ajuste do preço do preço parâmetro mesmo diante da manipulação dos preços de produtos importados, quando o valor agregado respondesse por uma proporção significativa do produto. Várias demonstrações foram elaboradas, visando credenciar ou descredenciar a validade das fórmulas diante de vários casos concretos. Fato é que, com a IN SRF nº 243, de 2002, a nova fórmula desenhada mostrouse, indiscutivelmente, mais adequada e apta a refletir com maior realidade a metodologia do PRL, levando em consideração que a diminuição do valor agregado, a ser aplicada sobre o preço de revenda do bem ou direito, darseá de maneira proporcional, na medida da participação do custo do bem importado em relação ao preço do custo total do bem. Define com clareza que o valor agregado é parte da composição do custo total do bem, e não uma grandeza isolada, como na equação da IN SRF nº 32, de 2001. Não poderia ser diferente. O custo total é resultado da soma do custo do bem importado e do valor agregado no país. O valor agregado integra o custo, vez que agrega ao produto uma qualidade, um diferencial, que, por consequência, irá compor o custo total23. Assim, construiuse a fórmula no sentido de encontrar a proporção do custo do bem importado em relação ao custo total, dividindose o custo do bem importado pela soma do custo bem importado e o valor agregado: (custo do bem importado) / (custo do bem importado + valor agregado). A proporção encontrada foi aplicada para o cômputo do preço de transferência. Vale transcrever o § 11, do art. 12, da IN SRF nº 243, de 2002: § 11. Na hipótese do § 10, o preço parâmetro dos bens, serviços ou direitos importados será apurado excluindose o valor agregado no País e a margem de lucro de sessenta por cento, conforme metodologia a seguir: I preço líquido de venda: a média aritmética ponderada dos preços de venda do bem produzido, diminuídos dos descontos incondicionais concedidos, dos impostos e contribuições sobre as vendas e das comissões e corretagens pagas; II percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido: a relação percentual entre o valor do bem, serviço ou direito importado e o custo total do bem produzido, calculada em conformidade com a planilha de custos da empresa; 23 Ver Acórdão nº 9101002.175 (p. 22), do Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. Fl. 695DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 696 44 III participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido: a aplicação do percentual de participação do bem, serviço ou direito importado no custo total, apurado conforme o inciso II, sobre o preço líquido de venda calculado de acordo com o inciso I; IV margem de lucro: a aplicação do percentual de sessenta por cento sobre a " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado de acordo com o inciso III; V preço parâmetro: a diferença entre o valor da " participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido" , calculado conforme o inciso III, e a margem de lucro de sessenta por cento, calculada de acordo com o inciso IV. (grifei) O modelo matemático proposto pode ser apresentado na seguinte equação: PP = PLxPPart 0,6xPLxPPart Considerando PLxPPart = PBProd, então a fórmula seria: PP = PBProd 0,6xPBProd, ou PP = 0,4 x PBProd onde PP: preço parâmetro; PL: preço líquido de venda, PPart: percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido e PBProd: participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido. Destrinchando os elementos da equação, o PL (preço líquido de venda) é definido nos seguintes termos: PL = média aritmética ponderada de PV D I C onde PV: preços de venda do bem produzido, D: descontos incondicionais concedidos, I: impostos e contribuições sobre as vendas, C: comissões e corretagens pagas, e N: quantidade de produtos importados Por sua vez, o PPart (percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido), é definido por: CII PPart = CTBP ou, ainda, por: CII PPart = CII + valor agregado onde CII: custo do valor do bem, serviço ou direito importado e CTBP: o custo total do bem produzido, resultado da soma entre o CII e o valor agregado. A diminuição do valor agregado, pretendida pela lei, foi modelada na equação pela introdução do valor agregado no denominador da divisão. Quanto maior a participação no valor agregado, obviamente, menor a participação do preço do produto Fl. 696DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 697 45 importado na composição do custo total e, por isso, menor a sua colaboração na composição do preço de transferência. Observase que, numa situação limite, se não houvesse valor agregado (que receberia o valor zero), o percentual de participação do produto importado seria CII dividido por CII, resultando em 1, ou seja, 100%. Registrese que se trata de situação hipotética, que se presta a mostrar a validade do modelo proposto, isso porque a legislação trata da situação em que não há agregação de valor no art. 18, inciso II, alínea "d", item 2 da Lei nº 9.430, de 1996. Retomando à equação, de acordo com a definição da instrução normativa, a PBProd (participação dos bens, serviços ou direitos importados no preço de venda do bem produzido) é assim definida: CII PBProd = (média aritmética ponderada de PV D I C) x CTBP Enfim, o Preço Parâmetro, definido no inciso V, § 11, do art. 12, da IN SRF nº 243, de 2002, é a diferença entre a PBProd e o percentual de margem de lucro aplicado sobre o PBProd. Ou seja: PP = PBProd margem de lucro x PBProd Desenvolvendo a fórmula, temse: PP = PBProd x (1 margem de lucro) Observase que o PBProd é o preço de revenda do produto importado, calculado a partir de sua participação no preço de revenda do produto produzido que teve agregação de valor no país. E, aplicandose o percentual de presunção de margem de lucro de 60%: PP = PBProd x (1 0,6) PP = 0,4 x PBProd No mencionado UN Practical Manual for Developing Countries 24, ao discorrer sobre o Resale Price Method (que se trata do PRL), a fórmula empregada é a mesma. Vale transcrever o item 6.2.6.3 do documento: 6.2.6.3. . Consequently, under the RPM the starting point of the analysis for using the method is the sales company. Under this method the transfer price for the sale of products between the sales company (i.e. Associated Enterprise 2) and a related company (i.e. Associated Enterprise 1) can be described in the following formula: TP = RSP x (1 GPM), where: TP = the Transfer Price of a product sold between a sales company and a related company; RSP = the Resale Price at which a product is sold by a sales company to unrelated customers; and 24 United Nations Practical Manual on Transfer Pricing for Developing Countries, http:www.un.org/esa/ffd/documents/UN_Manual_TransferPricing.pdf. Acesso em 15/03/2016. Fl. 697DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 698 46 GPM = the Gross Profit Margin that a specific sales company should earn, defined as the ratio of gross profit to net sales. Gross profit is defined as Net Sales minus Cost of Goods Sold. Na equação TP = RSP x (1 GPM), TP é o preço praticado, RSP é o preço de revenda do produto importado, e o GPM o percentual de presunção de lucro aplicado sobre o preço de revenda. Vale transcrever, novamente, a fórmula empregada pela IN SRF nº 243, de 2002: PP = PBProd x (1 margem de lucro), onde PP é o preço praticado, PBProd é o preço de revenda do insumo importado levandose em consideração sua participação no preço de revenda total do produto, e a margem de lucro é o percentual de presunção do lucro aplicado sobre o preço de revenda. Aplicandose nas fórmulas o percentual de presunção de lucro de 60%, temos: UN Practical Manual for Developing Countries IN SRF 243, de 2002 TP = RSP x (1 0,6) TP = 0,4 x RSP, onde RSP é o preço de revenda do produto importado e o TP é o preço de transferência. PP = PBProd x (1 0,6) PP = 0,4 x PBProd, onde PBProd é o preço de revenda do produto importado e PP é o preço de transferência. Percebese que o modelo matemático adotado pela IN SRF nº 243, de 2002, guarda consonância com os padrões internacionais, e não foge das diretrizes estabelecidas pelo art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. Na realidade, a normatização empreendida pela instrução normativa foi uma evolução do modelo matemático perseguido pela lei. Primeiro, porque considerou, acertadamente, que a apuração do custo total do produto revendido consiste na soma do preço produto importado e mais o valor agregado no país, tornado possível calcular a efetiva participação do preço do produto importado na composição do custo total do produto revendido, base sobre a qual se aplica o preço de revenda e a margem de lucro presumida. Segundo, tratase de modelo em harmonia com as diretrizes internacionais, estabelecidas com sob a égide do princípio do arm's length. Tampouco há que se falar que os preços de transferência, no Brasil, tiveram como outro objetivo, além do princípio do arm's length, ser instrumento de fomento à indústria nacional, razão pela qual se poderia recepcionar entendimento de que teria havido o erro gramatical na redação da lei, o que conduziria o preço parâmetro à fórmula "PP = PL 0,6x(PL VA)". A exposição de motivos da Lei nº 9.430, de 1996, ao discorrer sobre os artigos 18 a 24, esclarece que a norma é instrumento de combate à elisão internacional: As normas contidas nos artigos 18 a 24 representam significativo avanço da legislação nacional face ao ingente processo de globalização experimentado pelas economias Fl. 698DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 699 47 contemporâneas. No caso específico, em conformidade com as regras adotadas da OCDE. São propostas normas que possibilitem o controle dos denominados “Preços de Transferência”, de forma a evitar a prática, lesiva aos interesses nacionais, de transferências de recursos para o Exterior, mediante a manipulação dos preços pactuados nas importações ou exportações de bens, serviços ou direitos, em operações com pessoas vinculadas, residentes ou domiciliadas no Exterior. De qualquer maneira, há que se considerar que o modelo preconizado pela OCDE trata de diretrizes, sem o condão de retirar a autonomia que cada país tem para dispor sobre a matéria em seu ordenamento jurídico. (grifei) Tratase de norma com objetivo primordial de corrigir distorções entre o preço praticado nas operações de uma empresa e suas vinculadas, adotandose como parâmetro o preço de mercado negociado entre empresas independentes, em referência clara ao princípio do arm's length. Não há, portanto, que se falar em ilegalidade da IN SRF nº 243, de 2002, em face do disposto no art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996. A jurisprudência vem ratificando tal entendimento. Recentemente, na sessão de janeiro de 2016, o presente Colegiado julgou, por maioria de votos, pela legalidade da IN SRF nº 243, de 2002, tendo o Acórdão nº 9101002.175 apresentado a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL60. AJUSTE, IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Descabe a argüição de ilegalidade na IN SRF nº 243/2002 cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência. O voto faz referência a jurisprudência judicial, como, por exemplo, da Terceira Turma Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que decidiu rever seu entendimento anterior e decidir pela legalidade da sistemática do PRL 60 estabelecida na IN SRF nº 243/2002, por unanimidade de votos, no julgamento do processo nº 2003.61.00.0173814/SP: APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA. MÉTODO DE PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL. LEI Nº 9.430/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 243/02. APLICABILIDADE. 1. Caso em que a impetrante pretende apurar o Método de Preço de Revenda menos Lucro PRL, estabelecido na Lei n.º 9.430/96, sem se submeter às disposições da IN/SRF n.º 243/02. Fl. 699DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 700 48 2. Em que pese sejam menos vantajosos para a impetrante, os critérios da Instrução Normativa n. 243/2002 para aplicação do método do Preço de Revenda Menos Lucro (PRL) não subvertem os paradigmas do art. 18 da Lei n. 9.430/1996. 3. Ao considerar o percentual de participação dos bens, serviços ou direitos importados no custo total do bem produzido, a IN 243/2002 nada mais está fazendo do que levar em conta o efetivo custo daqueles bens, serviços e direitos na produção do bem, que justificariam a dedução para fins de recolhimento do IRPJ e da CSLL. 4. Apelação improvida. (Divulgado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3ª Região, em 18/2/2011. A Terceira Turma rejeitou os embargos opostos contra o acórdão, e manteve a orientação pela legalidade da IN nº 243/2002, em 5/5/2011.) Vale também transcrever ementa de decisão do processo nº 2003.61.00.0061258/SP, da Sexta Turma do TRF3: TRIBUTÁRIO TRANSAÇÕES INTERNACIONAIS ENTRE PESSOAS VINCULADAS MÉTODO DO PREÇO DE REVENDA MENOS LUCRO PRL 60 APURAÇÃO DAS BASES DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL EXERCÍCIO DE 2002 LEIS NºS. 9.430/96 E 9.959/00 E INSTRUÇÕES NORMATIVAS/SRF NºS. 32/2001 E 243/2002 PREÇO PARÂMETRO MARGEM DE LUCRO VALOR AGREGADO LEGALIDADE INOCORRÊNCIA DE OFENSA A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DEPÓSITOS JUDICIAIS. 1. Constitui o preço de transferência o controle, pela autoridade fiscal, do preço praticado nas operações comerciais ou financeiras realizadas entre pessoas jurídicas vinculadas, sediadas em diferentes jurisdições tributárias, com vista a afastar a indevida manipulação dos preços praticados pelas empresas com o objetivo de diminuir sua carga tributária. 2. A apuração do lucro real, base de cálculo do IRPJ, e da base de cálculo da CSLL, segundo o Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL, era disciplinada pelo art. 18, II e suas alíneas, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 9.959/00 e regulamentada pela IN/SRF nº 32/2001, sistemática pretendida pela contribuinte para o ajuste de suas contas, no exercício de 2002, afastandose os critérios previstos pela IN/SRF nº 243/2002. 3. Contudo, ante à imprecisão metodológica de que padecia a IN/SRF nº 32/2001, ao dispor sobre o art. 18, II, da Lei nº 9.430/96, com a redação que lhe deu a Lei nº 9.959/00, a qual não espelhava com fidelidade a exegese do preceito legal por ela regulamentado, baixou a Secretaria da Receita Federal a IN/SRF nº 243/2002, com a finalidade de refletir a mens legis da regramatriz, voltada para coibir a evasão fiscal nas transações comerciais com empresas vinculadas sediadas no exterior, Fl. 700DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 701 49 envolvendo a aquisição de bens, serviços ou direitos importados aplicados na produção. 4. Destarte, a IN/SRF nº 243/2002, sem romper os contornos da regramatriz, estabeleceu critérios e mecanismos que mais fielmente vieram traduzir o dizer da lei regulamentada. Deixou de referirse ao preço líquido de venda, optando por utilizar o preço parâmetro daqueles bens, serviços ou direitos importados da coligada sediada no exterior, na composição do preço do bem aqui produzido. Tal sistemática passou a considerar a participação percentual do bem importado na composição inicial do custo do produto acabado. Quanto à margem de lucro, estabeleceu dever ser apurada com a aplicação do percentual de 60% sobre a participação dos bens importados no preço de venda do bem produzido, a ser utilizada na apuração do preço parâmetro. Assim, enquanto a IN/SRF nº 32/2001 considerava o preço líquido de venda do bem produzido, a IN/SRF nº 243/2002, considera o preço parâmetro, apurado segundo a metodologia prevista no seu art. 12, §§ 10, e 11 e seus incisos, consubstanciado na diferença entre o valor da participação do bem, serviço ou direito importado no preço de venda do bem produzido, e a margem de lucro de sessenta por cento. 5. O aperfeiçoamento fezse necessário porque o preço final do produto aqui industrializado não se compõe somente da soma do preço individuado de cada bem, serviço ou direito importado. À parcela atinente ao lucro empresarial, são acrescidos, entre outros, os custos de produção, da mão de obra empregada no processo produtivo, os tributos, tudo passando a compor o valor agregado, o qual, juntamente com a margem de lucro de sessenta por cento, mandou a lei expungir. Daí, a necessidade da efetiva apuração do custo desses bens, serviços ou direitos importados da empresa vinculada, pena de a distorção, consubstanciada no aumento abusivo dos custos de produção, com a consequente redução artificial do lucro real, base de cálculo do IRPJ e da base de cálculo da CSLL a patamares inferiores aos que efetivamente seriam apurados, redundar em evasão fiscal. 6. Assim, contrariamente ao defendido pela contribuinte, a IN/SRF nº 243/2002, cuidou de aperfeiçoar os procedimentos para dar operacionalidade aos comandos emergentes da regra matriz, com o fito de determinarse, com maior exatidão, o preço parâmetro, pelo método PRL60, na hipótese da importação de bens, serviços ou direitos de coligada sediada no exterior, destinados à produção e, a partir daí, comparandoseo com preços de produtos idênticos ou similares praticados no mercado por empresas independentes (princípio arm's length), apurarse o lucro real e as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. 7. Em que pese a incipiente jurisprudência nos Tribunais pátrios sobre a matéria, ainda relativamente recente em nosso meio, temna decidido o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, do Ministério da Fazenda, não avistando o Colegidado em seus julgados administrativos qualquer eiva na IN/SRF nº 243/2002. Confirase a respeito o Recurso Voluntário nº 153.600 processo nº 16327.000590/200460, julgado na sessão de Fl. 701DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 702 50 17/10/2007, pela 5ª Turma/DRJ em São Paulo, relator o conselheiro José Clovis Alves. No mesmo sentido, decidiu a r. Terceira Turma desta Corte Regional, no julgamento da apelação cível nº 001738130.2003.4.03.6100/SP, Relator o e. Juiz Federal Convocado RUBENS CALIXTO. 8. Outrossim, impõese destacar não ter a IN/SRF nº 243/2002, criado, instituído ou aumentado os tributos, apenas aperfeiçoou a sistemática de apuração do lucro real e das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, pelo Método PRL60, nas transações comerciais efetuadas entre a contribuinte e sua coligada sediada no exterior, reproduzindo com maior exatidão, o alcance previsto pelo legislador, ao editar a Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Lei nº 9.959/2000, visando coibir a elisão fiscal. [...] (Divulgado no Diário Eletrônico da Justiça Federal da 3ª Região, em 1/9/2011. Grifos nossos) Portanto, não há que se falar em ilegalidade na IN SRF nº 243/2002, cujo modelo matemático é uma evolução das instruções normativas anteriores. A metodologia leva em conta a participação do valor agregado no custo total do produto revendido. Adotandose a proporção do bem importado no custo total, e aplicando a margem de lucro presumida pela legislação para a definição do preço de revenda, encontrase um valor do preço parâmetro compatível com a finalidade do método PRL 60 e dos preços de transferência. Assim, nego provimento ao recurso quanto à matéria. II. Aplicação do PRL60 na Importação de Princípios Ativos. Em relação à matéria, adoto na integralidade as razões da decisão recorrida25, do qual transcrevo na sequência. A segunda questão posta em julgamento reside, primeiramente, em saber se o processo de embalagem e aposição de marca porque passaram os produtos importados a granel impunha a adoção do PRL60. Inicialmente, saliento que o art. 18, II, d, 1 da Lei 9.430/96 (vigente à época) dispunha que o PRL60 era aplicável em caso de “na hipótese de bens importados aplicados na produção”. Ora, bens aplicados na produção são insumos no processo de industrialização, logo, há que se perquirir se o processamento 25 Nos termos do art. 50, § 1º da Lei nº 9.784, de 1999: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) V decidam recursos administrativos; (...) § 1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 702DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 703 51 consistente no acondicionamento e aposição de marca podem ser entendido como industrialização segundo o Direito pátrio. O art. 3º, II, da Lei 4.502/64 dispõe que não se considera industrialização o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto. Ou seja, apenas o acondicionamento feito unicamente com o propósito de facilitar o transporte do produto fica afastado do conceito de industrialização. Tanto é assim, que o RIPI/10, no seu art. 4º, IV, ao interpretar o art. 3º, II, da Lei nº 4.502/64, dispõe que se considera industrialização a operação que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento). Ora, no presente caso, fica claro que a operação não se restringia ao acondicionamento apenas para o transporte, mesmo porque havia a alteração da apresentação do produto. Ademais, é inegável que a aposição de marca agrega valor ao produto, pois, por exemplo, 50 mg de ácido acetilsalicílico valem menos do que 50 mg de Aspirina, ainda que aquele seja o princípio ativo desse, tendo em vista a reputação da marca no mercado. Por último, não há como negar que a blisterização (colocação dos comprimidos em cartelas) ou qualquer modo técnico de acondicionamento de medicamentos também agregam valor ao produto, já que facilita o manuseio e aumenta a segurança contra a violação do produto. Assim, pelas razões antes expostas, mesmo naquelas operações que se restringem ao acondicionamento para fins comerciais e aposição de marca (“Sintoxan polivalente” – código 100105144, e “Antígeno Tetânico” – código IS 0226), está perfeito o enquadramento no conceito legal de industrialização, pois, inegavelmente, há agregação de valor ao produto, razão pela qual, correta a aplicação do PRL60. No que tange a maior parte dos produtos em tela, porém, a situação ainda é mais tranquila, pois é a própria recorrente que reconhece que os produtos finais não são compostos unicamente do princípio ativo importado e que há adição de excipientes, tais como elementos inertes, diluentes ou aditivos, sendo que, após devidamente embalados, facilitam ou possibilitam a ingestão ou aplicação dos princípios ativos importados do exterior. Ora, ela mesmo reconhece que o produto final é mais fácil de ser ingerido ou aplicado, logo, não há como negar que houve a produção de um bem com característica diferente do que a resultante do simples fracionamento do princípio ativo ativo importado a granel. Nesse sentido, nego provimento ao recurso quanto à matéria. III. Inclusão de Fretes, Seguros e Tributos no Preço Praticado. Para discorrer sobre a matéria "indevida inclusão de fretes, seguros e impostos no preço praticado para fins de comparação com o preço parâmetro", cabe Fl. 703DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 704 52 transcrever a redação do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, caput e § 6º, dada antes da alteração promovida pela Lei nº 12.715, de 2012, transcrito na sequência: Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: I Método dos Preços Independentes Comparados PIC: [...] II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: [...] III Método do Custo de Produção mais Lucro CPL: [...] (...) § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. Primeira constatação é que a comparabilidade é o valor principal a ser tutelado na matéria atinente aos preços de transferência. E, recusar a aplicação da comparabilidade é o mesmo que ignorar o princípio do arm's length. A operação entre pessoas vinculadas (no qual se verifica o preço praticado) e a operação entre pessoas não vinculadas, na revenda (no qual se apura o preço parâmetro) devem preservar parâmetros equivalentes. E, quanto ao caso em análise, concernente aos valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação, só dois mecanismos podem ser seguidos: (1) incluindose na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação, ou (2) excluindose na apuração dos preços praticado e parâmetro os valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação. Precisamente nesse contexto se justifica a existência do § 6º do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, porque apresenta um tratamento diferente daquele previsto na regra geral para a apuração do custo contábil pelo art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977: Art 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1° O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo. Não há coincidência na construção do sistema de tributação. Como regra geral de dedutibilidade, incluemse os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. Por isso, a legislação de preços de transferência, para buscar um parâmetro de comparação adequado entre preço praticado e preço parâmetro, teve que expressamente se manifestar, por meio do § 6º do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996, para esclarecer que a regra geral de dedutibilidade não seria aplicável. Ou seja, para fins de apuração do preço de transferência, os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação não são dedutíveis, devendo integrar o custo. Fl. 704DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 705 53 Portanto, como se pode observar, a redação do § 6º do art. 18, da Lei nº 9.430, de 1996 consagra o mecanismo de inclusão, na apuração dos preços praticado e parâmetro, dos valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação. Inclusive, a IN SRF nº 243, de 2002, não vacila sobre o entendimento: Art. 4º (...) § 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço praticado na importação os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. Em suma, sob a égide do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, não restam dúvidas sobre o assunto: integram o custo (apuração do preço praticado), para efeito de dedutibilidade (registrase a exceção à regra geral disposta no art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977), o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. E não há que se falar que a nova redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012, teria alterado tal entendimento. Pelo contrário, confirmou que a comparabilidade sempre foi o valor principal a ser tutelado. Basta observar nova redação dada ao § 6º em debate, e ao novel § 6º A: § 6º Não integram o custo, para efeito do cálculo disposto na alínea b do inciso II do caput, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, desde que tenham sido contratados com pessoas: (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012) I não vinculadas; e (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) II que não sejam residentes ou domiciliadas em países ou dependências de tributação favorecida, ou que não estejam amparados por regimes fiscais privilegiados. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) § 6ºA. Não integram o custo, para efeito do cálculo disposto na alínea b do inciso II do caput, os tributos incidentes na importação e os gastos no desembaraço aduaneiro. (Incluído pela Lei nº 12.715, de 2012) Primeiro, ao se revogar a redação antiga do § 6º, eliminase a restrição colocada ao preço praticado aplicável sobre a regra de dedutibilidade geral do art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977. Ou seja, passase a permitir a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na apuração do preço praticado. Ou seja, os dispêndios voltam a seguir a regra geral e passam a ser dedutíveis. E, na mesma medida, com a nova redação do § 6º e o novo § 6ºA, determinase que na apuração do preço parâmetro pelo método PRL, não serão mais considerados os valores de frete, seguro (mediante atendimento de determinadas condições) e tributos na importação na apuração do preço praticado. Ora, no ordenamento anterior à redação da Lei nº 12.715, de 2012, o § 6º dirigiase ao preço praticado, e estabelecia exceção à regra geral de dedutibilidade, Fl. 705DF CARF MF Processo nº 16561.720167/201217 Acórdão n.º 9101002.840 CSRFT1 Fl. 706 54 determinando pela inclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação, vez que, na determinação do preço parâmetro, tais dispêndios eram considerados. Como já dito, a comparabilidade se operava mediante o mecanismo de inclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na determinação dos preços praticado e preço parâmetro. Por sua vez, com a redação da Lei nº 12.715, de 2012, operacionalizouse caminho inverso. O § 6º e § 6ºA dirigemse ao preço parâmetro. Revogase a restrição à regra de dedutibilidade geral (art. 13 do DecretoLei nº 1.598, de 1977), ou seja, na determinação do preço praticado passa a ser permitida a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação. E, precisamente por isso, a nova redação do § 6º e § 6ºA determina que passam a não integrar a apuração do preço parâmetro os valores de frete, seguro e tributos na importação. A comparabilidade passa a ser operada mediante o outro mecanismo: a exclusão dos valores de frete, seguro e tributos na importação na determinação dos preços praticado e preço parâmetro. Preservada, portanto, a comparabilidade entre os preços parâmetro e praticado. Cabe, assim, negar provimento ao recurso quanto à matéria. IV. Conclusão. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso da Contribuinte. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 706DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.001316/2005-31
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
Numero da decisão: 9202-005.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, por concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10820.001316/2005-31
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5755271
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9202-005.608
nome_arquivo_s : Decisao_10820001316200531.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 10820001316200531_5755271.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, por concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
dt_sessao_tdt : Thu Jun 29 00:00:00 UTC 2017
id : 6883356
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:31 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049468211822592
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1621; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 284 1 283 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10820.001316/200531 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202005.608 – 2ª Turma Sessão de 29 de junho de 2017 Matéria ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ANALTIVA SILVA JUNQUEIRA DE ANDRADE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento no âmbito administrativo, por concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 13 16 /2 00 5- 31 Fl. 284DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase de exigência de ITR – Imposto Territorial Rural do exercício de 2001, acrescido de multa de ofício e juros de mora, relativa ao imóvel rural denominado “Fazenda Macaúbas”, no Município de Santo Antônio do Aracanguá/SP. Em sessão plenária de 17/06/2010, foi julgado o Recurso Voluntário nº 341.557, prolatandose o Acórdão nº 210200.662 (efls. 196 a 217), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO DA ÁREA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS ANTERIOR AO FATO GERADOR. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). ADA APRESENTADO EXTEMPORANEAMENTE. CONDIÇÕES IMPLEMENTADAS PARA EXCLUSÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL DA ÁREA TRIBUTÁVEL PELO ITR. A averbação cartorária da área de reserva legal é condição imperativa para fruição da benesse em face do ITR, sempre lembrando a relevância extrafiscal de tal imposto, quer para os fins da reforma agrária, quer para a preservação das áreas protegidas ambientalmente, neste Ultimo caso avultando a obrigatoriedade do registro cartorário da área de reserva legal, condição especial para sua proteção ambiental. Havendo tempestiva averbação da área do imóvel rural no cartório de registro de imóveis, a apresentação do ADA extemporâneo não tem o condão de afastar a fruição da benesse legal, notadamente que há laudo técnico corroborando a existência da reserva legal. JURISPRUDÊNCIA ARGÜIDA' Não sendo parte nos litígios objetos da jurisprudência trazida aos autos, não pode o sujeito passivo beneficiarse dos efeitos das sentenças ali prolatadas, uma vez que tais efeitos são inter partes e não erga omnes. Recurso Voluntário Provido em Parte.” A decisão foi assim registrada: “Acordam os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso, nos termos do voto do Relator, para reconhecer uma área de 74,0 ha como de preservação permanente e 404,8 ha como de utilização limitada, vencida a Conselheira Núbia Matos Moura que somente reconhecia a área de preservação permanente." Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10820.001316/200531 Acórdão n.º 9202005.608 CSRFT2 Fl. 285 3 O processo foi recebido na PGFN em 16/12/2010 (carimbo aposto à Relação de Movimentação de efls.219) e, em 20/12/2010 (Relação de Movimentação de efls.220), a Fazenda Nacional opôs os Embargos de Declaração de efls. 221 a 224, prolatandose o Acórdão de Embargos nº 2102002.419, de 22/01/2013 (efls. 225 a 228) assim ementado: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2001 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. Constatado que os fundamentos do acórdão embargado foram expostos com contradição, cabe conhecer dos embargos com a finalidade de esclarecer onde necessário. Embargos acolhidos” A decisão foi assim resumida: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos opostos pela PGFN, rerratificando o Acórdão no 210200.662, para que se altere a ementa, nos termos do voto do relator, sem efeitos infringentes.” De acordo com esse último julgado, a ementa do acórdão de recurso voluntário passou a ser redigida da seguinte forma: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001 ITR. ÁREAS DE RESERVA LEGAL. OBRIGATORIEDADE DE AVERBAÇÃO DA ÁREA NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. A averbação cartorária da área de reserva legal é condição imperativa para fruição da benesse em face do ITR, sempre lembrando a relevância extrafiscal de tal imposto, quer para os fins da reforma agrária, quer para a preservação das áreas protegidas ambientalmente, neste último caso avultando a obrigatoriedade do registro cartorário, condição especial para proteção da área de reserva legal. JURISPRUDÊNCIA ARGÜIDA Não sendo parte nos litígios objetos da jurisprudência trazida aos autos, não pode o sujeito passivo beneficiarse dos efeitos das sentenças ali prolatadas, uma vez que tais efeitos são inter partes e não erga omnes. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE" Dessa forma, o processo foi novamente enviado à PGFN em 12/01/2015 (Despacho de Encaminhamento de efls.237) e, em 15/01/2015 (Despacho de Encaminhamento de efls.248), foi interposto o Recurso Especial de efls. 238 a 247. Fl. 286DF CARF MF 4 O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a necessidade de averbação tempestiva da ARL Área de Reserva Legal. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o despacho s/n de 29/05/2015 (efls. 249 a 251). Cientificada em 22/06/2015 (AR Aviso de Recebimento de efls. 281), a Contribuinte ofereceu, por meio de correspondência postada em 07/07/2015 (envelope de efls. 23), as Contrarrazões de efls. 256 a 279, contendo os seguintes argumentos, em síntese: o acerto da decisão encontra fundamento no fato de o lançamento do ITR se dar por autolançamento, ou melhor, por homologação, uma vez que o valor do tributo é apurado e pago pelo próprio contribuinte, tal como dispõe o art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996: "independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior.' nessa linha, o § 1o do mencionado dispositivo (art. 10), estabelece as diretrizes para a elaboração do DIAT, com vista à apuração do tributo em testilha, interessando, aqui, as previstas no inciso II, alínea "a": "§ 1 °. Para efeito de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n. 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n. 7.803, de 18 de julho de 1989f sob o pálio desse regramento legal, a Contribuinte apresentou a declaração do ITR, na qual excluiu as frações do imóvel caracterizadas como de áreas de preservação permanente e de utilização limitada, ou seja, de reserva legal, as quais, acrescidas àquelas ocupadas por benfeitorias, justificaram a exclusão da área total do imóvel, de 2.024,7 hectares, para fins de determinação da área tributável, de parcela equivalente a 1.180,2 hectares; é certo que a apuração e o pagamento do valor do ITR sujeitamse à fixação de prazo e de condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal, no entanto essas condições não podem extrapolar os limites da Lei; foi justamente para evitar postura equivocada do Fisco, que a Medida Provisória n°. 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que alterou o "Código Florestal", também acrescentou o § 7o ao art. 10 da Lei n° 9.393, de 19.9.96, segundo o qual: "A declaração para fim de isenção do ITR relativa as áreas de que tratam as alineas "a" e "d" do inciso II,§1º, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com Juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis." Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10820.001316/200531 Acórdão n.º 9202005.608 CSRFT2 Fl. 286 5 a disposição nova é de clareza solar: o contribuinte do ITR não está sujeito à prévia comprovação da existência das áreas de reserva legal e de preservação permanente e também das áreas sob regime de servidão florestal, a MP referese expressamente às situações referidas nas alíneas "a" e "d", do inciso II, § 1o, do art. 10; destarte, ante a disposição supracitada, o Fisco não pode fincar a sua atuação na IN SRF nº 60/2001, que, a exemplo das anteriores 43/97, 67/97, 73/2000, ao arrepio da Lei, faz exigências inadmissíveis, máxime depois do advento da disposição acrescentada à lei de regência do ITR; o acerto do legislador monocrático é indiscutível, a dispensa da comprovação prévia da existência das áreas de reserva legal e de preservação permanente reside num fato inquestionável: ou elas existem de fato e valem por si mesmas, isto é, pela sua presença física no imóvel, ou, então, não existem e, comprovada esta hipótese, incide a penalidade prevista no mesmo dispositivo; a reserva legal e a área de preservação permanente não nascem da burocracia estatal, não é a averbação da reserva legal na matrícula imobiliária e nem o ato declaratório do IBAMA, que lhes dão nascimento e vida, elas existem por si sós, como fatos da natureza, a não ser que o imóvel rural, por força, por exemplo, de desmatamentos, seja delas despido; nesse caso, se o proprietário declarar que o imóvel é dotado de tais atributos e não os tem, merecerá a punição legalmente prevista. contudo, esse não é o caso da Contribuinte, cuja fazenda possui área de reserva legal superior ao mínimo de 20% (vinte por cento) de sua área, o que atende sobejamente às prescrições cogentes do Código Florestal; ademais, é certo que a Contribuinte procedeu à averbação da área de reserva legal nas matrículas referentes ao domínio da "Fazenda Macaúbas", de sua propriedade; com efeito, a especialização da reserva legal operouse nas Matrículas números 70.937, 70.938 e 70.939, na mesma data de 21/11/2006, e na Matrícula número 74.873 a especificação foi lançada em 16.04.2009, no Ofício de Registro de Imóveis da Comarca de Araçatuba; dessa forma, de acordo com o disposto no art. 106, inciso I, do Código Tributário Nacional, o § 7o, do art. 10, da Lei n°. 9.393/96, por erigirse em lei mais benéfica ao contribuinte, pode retroagir à data da declaração do ITR referente ao exercício de 1998: "Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;" a respeito da matéria ora percutida, há precedente precioso no STJ, a saber: "PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. Fl. 288DF CARF MF 6 DESNECESSIDADE DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. MP 2.16667/2001. APLICAÇÃO DO ART. 106, DO CTN. RETROOPERÂNCIA DA LEX MITIOR. 1.Recorrente autuada pelo fato objetivo de ter excluído da base de cálculo do ITR área de preservação permanente, sem prévio ato declaratório do IBAMA, consoante autorização da norma interpretativa de eficácia ex nunc consistente na Lei 9.393/96. 2. A MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, ao inserir ao art. 10 da lei 9.393/96, dispensando a apresentação, pelo contribuinte, de ato declaratório do IBAMA, com a finalidade de excluir da base de cálculo do ITR áreas de preservação permanente e de reserva legal, é cunho interpretativo, podendo, de acordo com o permissivo do art. 106, I, do CTN, aplicarse a fatos pretéritos, pelo que indevido o lançamento complementar, ressalvada a possibilidade da Administração demonstrar a falta de veracidade da declaração do contribuinte. 3. Consectariamente, forçoso concluir que a MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante o § 7o, do art. 10, da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art. 106, do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior. 4. Recurso especial improvido. (STJ Resp n0 587.429AL Primeira Turma rei. Min. Luiz Fux j. l°/6/2004 v.u. DJ 2/8/2004). não diverso era o entendimento do antigo Terceiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, bastando colacionar o julgamento seguinte: "IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR. RESERVA LEGAL. A falta de averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel, ou a averbação feita alguns meses após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento de isenção de tal área na apuração do valor do ITR. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA TERRA NUA. PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO. A declaração do recorrente, para fins de isenção do ITR, relativa à área de preservação permanente, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, conforme dispõe o art. 10, parágrafo 1º, da Lei n° 9.393/96, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. UTILIZAÇÃO DAS ÁREAS DO IMÓVEL. ÁREA DE PASTAGENS. Não comprovada, através de documentação hábil, a existência do total do rebanho declarado, deve ser mantida a glosa parcial da área de pastagens efetuada pela fiscalização. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10820.001316/200531 Acórdão n.º 9202005.608 CSRFT2 Fl. 287 7 RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO." (Acórdão 303 32.058) além da averbação da reserva legal nas matrículas do imóvel, a Contribuinte apresentou comprovação da existência da área de reserva legal na "Fazenda Macaúbas" ao tempo da apresentação do DIAT atinente ao exercício de 1998, por meio de laudo técnico elaborado e subscrito por engenheiro agrônomo, datado de 13/06/2002; a leitura do trabalho permite constatar, sem qualquer dúvida, a presença no imóvel no ano de 1998 das áreas de reserva legal e de preservação permanente, com extensão superficial obediente à proporção de 20% da área total, tal como prevista no antigo "Código Florestal", de uma área de 2.021.10 ha., existia uma fração preservada de 476.00 ha; no mesmo encarte está uma declaração subscrita por funcionário do escritório regional do IBAMA de Araçatuba, datada de 31.05.2002, em que afirmada a existência na "Fazenda Macaúbas" de 630.00 hectares de floresta estacionai semidecidual e de áreas de preservação permanente; a declaração resultou de vistoria realizada pelo órgão ambiental na propriedade da Agravante para fins de dar início ao procedimento de averbação da área de reserva legal; também é demonstrada a área preservada pela Recorrida pelas aerofotos tiradas pela empresa Base Aerofotogrametria e Projetos S.A. em vôo realizado no dia 05.08.2000, podendo ser vislumbrada a porção atingida por incêndio criminoso ocorrido no ano de 1999. o reconhecimento da área de reserva legal por meio de laudos técnicos e por outros meios, não era fato raro no antigo 3o. Conselho de Contribuintes, competente para dirimir na via administrativa as controvérsias em derredor do ITR até o mês de março de 2009, substituído desde então pelo CARF (cita jurisprudência); dessa forma, há que se considerar a peculiaridade do caso em tela, em que resta inequivocamente demonstrado que a Contribuinte tem preservado a reserva legal da fazenda, embora anteriormente não ter sido averbada nas matrículas imobiliárias, o que foi sanado, como demonstrado, nos anos de 2006 e 2009; não obstante os argumentos acima, vale ainda salientar que deve ser considerado fato relevante, superveniente à lavratura do auto de infração, o advento do novo Código Florestal por meio da Lei n°. 12.651, de 28/05/2012, que revogou expressamente o anterior e não mais prevê a averbação da área de reserva legal no registro imobiliário; de efeito, o art. 18 do Código atual dispõe que a área de reserva legal deverá ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR Cadastro Ambiental Rural cuja criação é prevista no art. 29 do mesmo diploma legal, destinado a concentrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, a fim de compor uma base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento; o § 4o do art. 18, na redação original, dispôs que "O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis"; Fl. 290DF CARF MF 8 tal redação foi alterada por força da Lei n°. 12.727, de 17/10/2012, ficando assim enunciada: "§ 4° O registro da Reserva Legal no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta Lei e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato." assim, forçoso concluir que o proprietário ou possuidor rural não está obrigado a averbar a reserva legal no registro para o titular do domínio ou da posse de imóvel rural que deve ser levada em consideração por esta D. Câmara; fica, pois, expressamente requerida, a apreciação do fato superveniente como mais um elemento ensejador do não provimento do recurso especial interposto pela União Federal. Ao final, o Contribuinte pede o não provimento do recurso, conforme os seguintes argumentos, em síntese: (i) não consta como exigência legal para o deferimento da benesse fiscal a prévia averbação na matrícula do imóvel da reserva legal, há apenas instruções normativas que dispõem a respeito, extrapolando a sua competência; (ii) ainda que se entenda que tal averbação é imprescindível, o caso em tela é peculiar, pois a Contribuinte procedeu às devidas averbações e comprovou inequivocamente que a reserva legal existia à época do fato gerador, o que não pode ser desprezado e, por fim (iii) o novo código florestal dispensa a averbação da reserva legal na matrícula do imóvel. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e visa rediscutir a necessidade de averbação tempestiva da ARL Área de Reserva Legal. Tratase de exigência de ITR Imposto Territorial Rural do exercício de 2001, acrescido de multa de ofício e juros de mora, relativa ao imóvel rural denominado “Fazenda Macaúbas”, no Município de Santo Antônio do Aracanguá/SP. De plano, registrase que a própria Contribuinte, em sede de Contrarrazões oferecidas no processo nº 10820.001993/200631 (efls. 237 a 275), em julgamento nesta mesma assentada, declara haver ajuizado ação junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (processo 000867781.2010.403.6100), que abrange o objeto do presente processo. Confirase: "Ou seja, a Recorrida tem a seu favor uma decisão que não apenas afasta a exigência do ITR sobre o exercício de 1998, como também declarou a inexistência de relação jurídico tributária com a União que a obrigue a recolher o ITR sobre as Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10820.001316/200531 Acórdão n.º 9202005.608 CSRFT2 Fl. 288 9 áreas de reserva legal e permanente no imóvel Fazenda Macaúbas, independentemente do exercício a que se refira." A questão da concomitância entre ação judicial e processo administrativo, versando sobre o mesmo objeto, já se encontra sumulada: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, nada resta a esta Segunda Turma senão, tal como no processo nº 10820.001993/200631, dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, declarando a definitividade do lançamento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0