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Numero do processo: 10437.720018/2014-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
NULIDADES. INOCORRÊNCIA.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento.
Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos.
Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito.
IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES.
Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização.
DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE.
Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontram-se nos autos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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INOCORRÊNCIA. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 7. 72 00 18 /2 01 4- 69 Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.222 2 seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização. DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE. Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontramse nos autos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração (fl. 2.098) relativo ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, do exercício de 2010, ano calendário de 2009, no valor de R$ 8.335.104,93, acrescido de multa de ofício proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora calculados pela taxa Selic, onde são apontadas duas infrações à legislação tributária: I Omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido da empresa distribuidora e II Acréscimo Patrimonial a Descoberto. Narra a Autoridade Fiscal responsável, no seu Termo de Verificação Fiscal (fl. 2.087), que: Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.223 3 1 O contribuinte fora intimado a comprovar todos os valores recebidos a título de rendimentos tributáveis, isentos e de tributação exclusiva na fonte, apresentar movimentação patrimonial, extratos bancários, comprovantes de despesas e outros gastos. A solicitação foi atendida parcialmente, o que levou à emissão de outros termos de intimação. Além das informações prestadas por ele, foram observadas outras fontes como DIRPF dele e do cônjuge; DIPJ, livros contábeis e demonstrações da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., e documentos apresentados pelo cônjuge. 2 Analisando a DIPJ da empresa supracitada, constatouse a opção pelo regime de tributação do Lucro Presumido. Consta a informação de que o lucro distribuído a Walter Zagari foi de R$ 13.179.807,45, o que diverge do valor aposto em sua DIRPF. De acordo com a legislação, a empresa poderia distribuir lucro até o limite do lucro presumido apurado, diminuído de todos os impostos e contribuições. Acima desse valor, para distribuição de lucros sem incidência do imposto de renda, poderseia fazer até o limite do lucro contábil efetivo, "desde que seja demonstrado via escrituração contábil de acordo com as leis comerciais, que este lucro é maior que o lucro presumido." Analisando a documentação, concluiu que a empresa envolvida não cumpriu as formalidades legais para sua escrituração contábil, o que levou a fiscalização a desconsiderála e considerar como isentos na DIRPF somente o valor correspondente ao lucro presumido, declarado na respectiva DIPJ, diminuído dos impostos e contribuições, reclassificando a parcela excedente. 3 Constatouse ainda a existência de acréscimo patrimonial a descoberto, a partir da elaboração de um fluxo de análise patrimonial e financeira, computado em conjunto com a cônjuge, que apresentou, naquele ano, declaração em separado (ambos utilizaram em suas declarações o modelo simplificado). Foi verificado excesso de aplicações sobre as origens de recursos, não respaldado por rendimentos declarados, nos meses de janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. A tributação foi feita em separado, na proporção de 50% para cada cônjuge. 4 Foram considerados como "recursos" na análise da evolução patrimonial e financeira os rendimentos omitidos apurados pela fiscalização referentes à parcela de lucros distribuídos excedente ao limite do lucro presumido, acima tratada. O contribuinte apresentou impugnação, conforme folha 2.112, alegando em resumo que não concordava com a exigência fiscal pois a empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., embora tenha optado pelo regime do lucro presumido, possui contabilidade idônea e suficiente para comprovar que foi auferido, no ano de 2009, lucro superior ao presumido, viabilizando as distribuições ao impugnante. Fala em razoabilidade, proporcionalidade e verdade material. Além disso, quanto ao outro ponto da autuação, a apuração da variação patrimonial não poderia ser mensal, mas sim anual. Havia outras fontes que não foram consideradas pela fiscalização em sua apuração. Houve também a consideração indevida de saldos no exterior, que, caso excluídos, revertem os valores da planilha. Essa manifestação de inconformidade foi analisada pela DRJ em São Paulo/SP, que, em suma, assim dispôs: a) preliminarmente: não se verifica qualquer nulidade na autuação, uma vez que obedecidos os ditames do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não havendo enquadramento em nenhuma das hipóteses do artigo 59, do mesmo diploma legal; os valores de aplicações e contas mantidas no exterior estão devidamente suportados por documentos que constam destes autos, conforme indicado; as leis nº 7.713, de 1988, e nº 8.134, de 1990, determinam a apuração do imposto mensalmente, à medida em que os rendimentos forem Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.224 4 auferidos. Portanto, a análise da evolução patrimonial está correta, na forma como efetuada, mês a mês; b) para que a distribuição de valor excedente ao lucro presumido seja isenta do imposto, necessário se faz que a empresa demonstre, por meio de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo de sua opção; caso contrário, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, devendo submeterse ao ajuste anual do imposto devido pela pessoa física beneficiária. A apuração do lucro efetivo, conforme previsto pela norma, deve seguir as mesmas regras estabelecidas para a apuração do lucro real. Assim, há necessidade de que essa demonstração seja feita com observância às formalidades exigidas em relação aos livros obrigatórios. Não cumpridas todas as formalidades exigidas pela legislação, a escrituração contida nesse livro não possui o condão de fazer prova da apuração do lucro efetivo da pessoa jurídica. c) na apuração da variação patrimonial, cabe ao contribuinte, se pretende refutar a presença da omissão de rendimentos estabelecida contra ele, provar por meio de documentação hábil e idônea a existência dos recursos, ao passo que ao Fisco compete provar a aplicação destes. o impugnante alega que foi distribuída a quantia de R$ 600.000,00 no dia 20/01/2009. Entretanto, o contribuinte não aponta a transferência desses recursos para suas contas correntes, limitandose a argumentar que estaria comprovada nos autos. Os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 6712326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá, em março e abril de 2009. Quanto ao acréscimo patrimonial apurado nos meses de agosto e setembro de 2009, argumenta o contribuinte que no mês de agosto de 2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do contribuinte, referente a empréstimo bancário tomado da empresa da qual é sócia majoritária. não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). d) é prescindível e meramente protelatória a realização da diligência solicitada, pelo que indeferese o seu pedido. Decidiuse, assim, pela improcedência da impugnação. Cientificado dessa decisão em 12/09/2014 (sexta feira), conforme Aviso de Recebimento na fl. 2.178, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/10/2014, com protocolo na folha 2.189. Em sede de recurso, em síntese, alega que: 1 Em 2009 recebeu da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda. o valor de R$ 31.843.324,44 a título de lucros e dividendos, rendimentos isentos e não tributáveis. Comprovou o valor através de cópias do Livro Razão Analítico bem como de recibos de retirada. Entretanto, a fiscalização constatou que não obstante toda a escrituração estivesse correta, o Livro Diário fora registrado a destempo. Ignorando os demais documentos, desconsiderou a existência de lucro maior que o apurado pelo regime de tributação presumido, declarado em DIPJ. Insiste que a contabilidade é hábil e idônea a demonstrar a existência desse lucro que poderia ser distribuído. Repete a impugnação. Fala de ofensa à verdade material e de proporcionalidade, razoabilidade e motivação. Pede, se for o caso, a conversão do julgamento Fl. 2224DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.225 5 em diligência para que seja apurado efetivamente o lucro auferido pela empresa em questão, no ano de 2009. 2 Insiste que a apuração do acréscimo patrimonial deve darse de forma anual e não mensal. Mesmo assim, não existe tal infração, uma vez que em janeiro os dispêndios são cobertos por R$ 600.000,00 que foram recebidos em conta de titularidade do casal. A aplicação de recursos no exterior em março e abril é "impossível de compreender" e não estão identificadas nos extratos bancários. Ainda, em agosto deixouse de considerar uma entrada financeira decorrente de empréstimo de sua esposa junto à empresa da qual é sócia majoritária. Considerandose isso, haveria uma "sobra de caixa" e não acréscimo a descoberto. PEDE que seja reformada a decisão recorrida, extinguindose o crédito tributário em questão. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR Em termos preliminares, as alegações de nulidade da autuação e do procedimento fiscal não procedem. O recurso repete a impugnação em seus fundamentos, em grande parte não levando em conta as considerações feitas pela Autoridade Julgadora de 1ª instância. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda deve ser feita a partir de fluxo mensal de receitas e despesas e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Vejamos: Lei 7.713, de 1988 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Lei nº 8.134, de 1990 Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11. Não há porque pretender que a apuração seja em base anual, citando posições externadas em votos vencidos no antigo Conselho de Contribuintes. Vejamos, em contrário: Acórdão 9202003.687 – CSRF 2ª Turma Sessão de 27 de janeiro de 2016 Fl. 2225DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.226 6 Exercício: 2003 IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO. A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte. Recurso especial provido.(destaquei) Acórdão 2202003.147 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara Sessão de 15/02/2016 (...) PLANILHAS DE FLUXO FINANCEIRO. ELABORAÇÃO. APURAÇÃO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. COMPROVAÇÃO DOS RECURSOS. Para apuração de variação patrimonial a descoberto devem ser elaboradas planilhas de fluxo financeiro mensal, considerandose as origens e aplicações de recursos existentes em cada mês, computandose os saldos positivos de um no mês seguinte. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um anocalendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens e/ou comprovados pelo contribuinte. A transferência de recursos de um ano para outro é admitida quando há prova inconteste da efetiva disponibilidade da quantia requerida, mediante extratos bancários, por exemplo.(destaquei) No que diz respeito a terem sido consideradas aplicações e resgates em contas mantidas no exterior, sem documentação comprobatória ou indicação específica, o que inviabilizaria a defesa do contribuinte, já indicara a DRJ em sua decisão, sem que o recorrente tenha contradito esse ponto, apenas repetindo os mesmos termos da impugnação, que (fl. 2165): Para as contas bancárias mantidas no exterior, foram computados mensalmente como “recursos” na análise da Evolução Patrimonial e Financeira os valores efetivamente resgatados. E foram computados mensalmente como dispêndios, os valores aplicados. E ao contrário do alegado pelo interessado, há sim documentação comprobatória dessas aplicações. As fls. 2.048 a 2.050, encontramse, discriminado em planilhas, os valores aplicados e os valores resgatados em contas no exterior, com identificação do Banco e n.º das contas. Ademais, as fls. 792/804 consta a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior, apresentada pelo cônjuge do contribuinte e documentos bancários de movimentação de contas Fl. 2226DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.227 7 no exterior. Também as fls. 828/917 e 1.123/1.174 encontramse extratos bancários de contas mantidas no exterior. Na declaração de bens e direitos da DIRPF/2010, do Sr, Walter Zagari estão registradas as contas mantidas no exterior (fls. 1.179 a 1.188). E, especificamente na parte em que trata do acréscimo patrimonial a descoberto, novamente foi indicado no Voto condutor que (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que a planilha de fl. 2.049 discrimina mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantida no Banco RBC Dominion Securities Inc.(destaquei) No mais, observo que não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. MÉRITO I No que diz respeito à infração capitulada como omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido, temos que a Lei nº 9.249, de 1995 trouxe a seguinte disposição: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.(grifei) Tratase de uma isenção legalmente prevista, para os rendimentos que se enquadrem no dispositivo. Façamos ainda breve digressão sobre o instituto da isenção tributária: CTN Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e Fl. 2227DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.228 8 requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração Conforme art. 175, caput, a isenção exclui o crédito tributário, ou seja, surge a obrigação, mas o respectivo crédito não será exigível; logo, o cumprimento da obrigação resta dispensado. Citese: Para Rubens Gomes de Souza, favor legal consubstanciado na dispensa do pagamento de tributo. Para Alfredo Augusto Becker e José Souto Maior Borges, hipótese de não incidência da norma tributária. Para Paulo de Barros Carvalho, o preceito de isenção subtrai parcela do campo de abrangência do critério antecedente ou do conseqüente da norma tributária, paralisando a atuação da regra matriz de incidência para certos e determinados casos.(PAULSEN. Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 10 ed – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE, 2008, p.1179) O dispositivo legal não estabelece limites à distribuição do lucro, podendo ser todo ele distribuído, mesmo, no caso, a parcela que exceda ao apurado pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Mas, como um "favor legal", existem condições para a isenção. No caso, é preciso que se conheça o lucro da pessoa jurídica, para se saber quanto poderia ser distribuído à pessoa física, na condição de isento. Se a empresa apura o lucro de forma "presumida", a existência da parcela excedente deve ser efetivamente demonstrada. Regulamentando tal interpretação, temos a Instrução Normativa SRF nº 93/1997, citada pela DRJ, que foi substituída pela Instrução Normativa nº 1.515, de 2014, mas onde permanecem as exigências para que se considere isenta a parcela dos lucros distribuídos que exceder ao lucro presumido. Vejamos: IN/SRF 1.515/2014 Art. 141. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Fl. 2228DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.229 9 IN SRF 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999: Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º). § 1º Admitese a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 3º). (...) § 4º Os livros ou fichas do Diário, bem como os livros auxiliares referidos no § 1º, deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 3.470, de 1958, art. 71, e Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 2º). Na exposição de motivos do Projeto de Lei nº 913, de 1995 (convertido na Lei nº 9.249/95, disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei924926 dezembro1995349062exposicaodemotivos149781pl.html), o então Ministro Pedro Malan afirma, dirigindose ao Presidente da República: Fl. 2229DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.230 10 “2. A reforma objetiva simplificar a apuração do imposto, reduzindo as vias de planejamento fiscal, uniformizar o tratamento tributário dos diversos tipos de renda, integrando a tributação das pessoas físicas e jurídicas, ampliar o campo de incidência do tributo, com vistas a alcançar os rendimentos auferidos no exterior por contribuintes estabelecidos no País e, finalmente, articular a tributação das empresas com o Plano de Estabilização Econômica. [....] 12. Com relação à tributação dos lucros e dividendos, estabelecese a completa integração entre a pessoa física e a pessoa jurídica, tributandose esses rendimentos exclusivamente na empresa e isentandoos quando do recebimento pelos beneficiários. Além de simplificar os controles e inibir a evasão, esse procedimento estimula, em razão da equiparação de tratamento e das alíquotas aplicáveis, o investimento nas atividades produtivas.”(grifei) A isenção em comento, portanto, não é sem causa ou desmedida. Visa, concentrando a tributação na pessoa jurídica, "simplificar controles e inibir evasão". Por óbvio que devam, portanto, existir controles e por isso se impõe a observância estrita da apuração do lucro da pessoa jurídica que distribui os dividendos na forma da legislação contábil e comercial, para cujos efeitos na seara tributária, como estatui o Regulamento do Imposto de Renda acima transcrito, é imprescindível a existência do Livro Diário, escriturado e registrado em época devida. Buscouse, com o estabelecimento dessa sistemática que enfim redundou em não tributação dos dividendos distribuídos na apuração das pessoas físicas, não uma redução de carga tributária, mas, repito, concentrar controles e inibir evasão. O que a lei define é o momento da tributação da renda, ou seja, o imposto já é pago, pela empresa, quando da apuração do lucro, e não quando da sua distribuição ao sócio. Tratase, simplesmente, da escolha do momento em que se dará a tributação da renda. No sentido da consecução das finalidades legais, citese: “O postulado da proporcionalidade exige que o Poder Legislativo e o Poder Executivo escolham, para a realização de seus fins, meios adequados, necessários e proporcionais. Um meio é adequado se promove o fim. Um meio é necessário se, dentre todos aqueles meios igualmente adequados para promover o fim, for o menos restritivo relativamente aos direitos fundamentais. E um meio é proporcional, em sentido estrito, se as vantagens que promove superam as desvantagens que provoca”. (ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição á aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 102) Razoável e proporcional que seja demonstrado o efetivo lucro, no caso, e que essa demonstração deva se revestir de formalidades a fim de possibilitar controles e inibir evasão. Fl. 2230DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.231 11 Neste caso, observase que o imprescindível Livro Diário, e isso está inquestionável, não fora registrado em momento devido, ou seja, não se pode precisar nem mesmo quando foi escriturado. Disse a fiscalização (fl. 2090): Analisando a documentação verificamos que o Livro Diário do ano calendário de 2009 somente foi registrado no órgão de registro competente (JUCESP) em 14/11/2012. (...) Ressaltese que o presente procedimento fiscal iniciouse em 23/04/2012 e a ciência da intimação pela empresa em questão para apresentação dos livros contábeis ocorreu em 11/10/2012. Observouse ainda que a DIPJ entregue pela pessoa jurídica que distribuiu os lucros apresentou um total de receita bruta declarada de R$ 16.533.913,42, no ano de 2009 (Termo de Verificação fiscal, fl. 2090). Ora, uma empresa que teve receita bruta total de R$ 16,5 milhões não pode, em hipótese alguma, ter um lucro de R$ 31 milhões para distribuir, independentemente de apurar, para fins fiscais, esse lucro de forma real, presumida ou arbitrada. Então não se tratou apenas de um esquecimento de registrar o Livro Diário, uma vez que a declaração entre à Receita Federal também não espelhava a existência de tal montante de lucros para distribuir. De onde foram tirados os dados para se preencher a declaração entregue à Receita Federal? A escrituração estava correta e regular lá em 2009/2010, prescindindo apenas de "um mero" registro que só foi feito em 2012, após o início da fiscalização na pessoa física, detentora de 95% das quotas da sociedade? Concluise que não foi "só isso". Aqui, portanto, não se trata de mera formalidade, mas de condição razoável e proporcional que possibilite que a tributação vislumbrada pela lei se dê na forma escorreita, atingindose os objetivos do dispositivo legal, que tem por escopo não reduzir carga tributária, mas deslocar o momento da tributação, para o que são necessários controles estritos, na forma da lei aplicável. Nesse sentido, vem decidindo este CARF: Acórdão 2802003.256 – 2ª Turma Especial Sessão de 02 de dezembro de 2014 Exercício: 2006 Ementa IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. São tributáveis os rendimentos recebidos a titulo de lucros ou dividendos, na parte em que superam o lucro tributado e ajustado pelos impostos e contribuições correspondentes, se não é apresentada escrituração que corrobore a existência de resultado contábil a amparar a distribuição ocorrida. Fl. 2231DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.232 12 No caso, o recorrente limitouse a apresentar balanços e balancetes sem comprovar a transcrição em Livro Diário, os quais também não foram apresentados. Voto (...) A tese do recorrente depende da comprovação, com suporte na escrituração contábil feita com base na lei comercial, de que a empresa Advocacia ... S/C apurou lucros acima do valor do lucro presumido deduzido dos pagamentos de IRPJ e CSLL, como previsto no art. 48 da IN SRF nº 93/1997. Como o recurso voluntário é desacompanhado de documentos, a análise baseiase nos mesmos documentos apreciados pela instância a quo (fls. 247/261). Esta comprovação se faz por meio do Livro Diário, todavia, o contribuinte omite receitas da DIPJ e apresenta somente Balanços e Balancetes. (sublinhei) Acórdão 2101002.686 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de fevereiro de 2015 Ano calendário: 2008, 2009 Ementa DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. LUCRO PRESUMIDO. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Para a distribuição de lucros isentos além do percentual permitido pela legislação, é indispensável que o excesso de lucro esteja comprovado através de escrituração contábil em conformidade como art. 258 do Decreto 3000/1999. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. COMPROVAÇÃO. Para serem considerados como rendimentos isentos, os lucros e dividendos distribuídos devem estar registrados na escrituração contábil da empresa e o pagamento ao sócio efetivamente comprovado. Voto (...) Observo, contudo, que além da empresa ... (omiti o nome da empresa) não ter apresentado documentação contábil hábil e idônea para comprovar as atividades desenvolvidas (livros fiscais, etc.), observei que os livros fiscais (diário, razão) das empresas que distribuíram lucros à recorrente, acostados aos autos, também não possuem autenticação da Junta Comercial, conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999. (...) Fl. 2232DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.233 13 Apesar da possibilidade de existência de receita que comporte a distribuição dos lucros à contribuinte, este não pode ser considerado como rendimento isento e não tributável se não cumpridas as exigências formais legais, e se não demonstrado que tal lucro existiu conforme a escrituração da época dos fatos. Os rendimentos só são considerados isentos se cumpridas as exigências legais, o que não ocorreu. (destaquei/sublinhei) (...) Desta forma, considerando que não foram cumpridas as obrigações acessórias relativas à escrituração fiscal, e também quanto à legitimidade da comprovação do lucro a ser distribuído, e em observância ao disposto no art. 111 da Lei 5172/66, entendo que tais lucros não podem ser distribuídos isentos de tributação de imposto de renda. No que diz respeito a recibos assinados pelo contribuinte dizendo do recebimento dos lucros, como meio de prova, transcrevo e ratifico o entendimento exarado pela DRJ (fl. 2.169): Os demais documentos apresentados pelo contribuinte não se prestam para comprovar o lucro contábil auferido, sendo que os recibos de recebimento de dividendos, assinados apenas pelo contribuinte, que detém 95% de participação na pessoa jurídica, não podem ser aceitos como prova de lucro contábil, mas apenas dos valores recebidos. Reputase, então, como regular, apenas a distribuição de lucros na forma do inciso I, § 2º, do dispositivo abaixo transcrito, que regulamenta o artigo 10 da Lei nº 9.249, de 1995, conforme calculado pela Auditora Fiscal, na folha 2.090: IN SRF nº 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica;(destaquei) II No que tange à outra infração apontada, o acréscimo patrimonial a descoberto, foi realizada análise conjunta do fluxo de origens e dispêndios, no ano de 2009, do contribuinte e sua esposa, registrando que ambos entregaram DIRPF pelo modelo simplificado Fl. 2233DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.234 14 e em separado. As planilhas com a apuração estão nas folhas 2.037 a 2.040 e encontraram um valor de dispêndio/aplicação superior ao valor das origens/recursos em janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. O lançamento foi realizado na razão de 50% para cada cônjuge. O recurso aponta que no mês de janeiro além dos R$ 202.423,11 considerados como distribuição de lucros da empresa WZ Publicidade, haveria outros R$ 600.000,00 distribuídos no dia 20/01/2009, depositados na conta de titularidade do recorrente e sua esposa, no Citibank. Bem, a questão da distribuição de lucros já foi tratada no item anterior, juntamente com a imprestabilidade do Livro Diário que não foi registrado em seu devido tempo, o que, justamente, motivou a outra infração. Quanto à verificação da entrada do numerário na conta mantida junto ao Citibank, observo que na planilha de folha 2.045, intitulada "saldos iniciais e finais de conta corrente/poupança/investimento no Brasil" consta que no mês de janeiro de 2009 o saldo inicial no Citibank era de R$ 19.218,86 (fl. 84) e o saldo final de R$ 19.909,00 (fl. 88). Esses saldos, juntamente com os saldos das outras contas, foram totalizados e transportados para a planilha de apuração "demonstrativo mensal da evolução patrimonial e financeira" (fl. 2037 linha 5). É fato que no extrato de folha 86 consta uma entrada na conta do Citibank no valor R$ 600.000,00 no dia 20 de janeiro de 2009 com a rubrica “transf. Sem CPMF”. O contribuinte afirma que: Com relação ao suposto APD apurado em janeiro/2009, foi ocasionada por mero erro cometido pelo contador da empresa, que informou como distribuídos ao Recorrente apenas R$ 202.423,11, ignorando a quantia de R$ 600.000,00, recebida no dia 20/01/2009, como se verifica da cópia da fl. 02 do Livro Diário da empresa em conjunto com o extrato bancário da conta de titularidade do Recorrente e sua esposa no Citibank. De se ressaltar que a empresa possuía Lucros Acumulados de dezembro de 2008, conforme transferência constante da linha 02 da p. 02 de seu Livro Diário, no valor de R$ 13.873.102,64, tendo apurado em janeiro, ainda, lucro líquido de R$ 1.342.376,21, o que demonstra a total viabilidade da distribuição dos R$ 600.000,00.(destaques originais) Observandose a citada folha do Livro Diário, que o contribuinte traz como prova de suas alegações, que se encontra na folha 1.216, verificase que existe o registro de "transferência" R$ 600.000,00. É de se perquirir: "transferência" a que título? Pagamento de pro labore? Retirada feita pelo sócio? Como se pode concluir que seria uma distribuição de lucros e, mais especificamente, uma distribuição de lucros isenta, na forma da legislação aplicável? Porque para se considerar esse depósito de R$ 600.000,00 como origem de recursos, para fins de apuração de variação patrimonial, a fim de justificar uma aplicação, é Fl. 2234DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.235 15 preciso que seja comprovado que eles ou já foram tributados ou são rendimentos isentos ou não tributáveis. Não foram tributados porque não informados na declaração de rendimentos e não são isentos, justamente pelo todo que se expôs no tópico anterior em relação a lucros isentos, sendo que todo o montante que se poderia considerar como distribuição regular de lucros isentos já o foi assim considerado nas planilhas de apuração. Quanto a serem lucros de período anterior, passados para 2009, deveria ser apresentada documentação onde constasse "distribuição de lucros". E, mais, se demonstrasse com documentos do período correspondente, no caso 2008, que já haviam sido tributados na pessoa jurídica e poderiam ser regularmente distribuídos à pessoa física, sem tributação. Mas só a cópia do Livro Diário de janeiro de 2009 não permite chegar a essa conclusão. Observo que na folha 1275, onde consta cópia do Livro Razão Analítico, o registro a crédito na conta Banco Citibank dos R$ 600.000,00 foi feito apenas como "transferência", diferente, por exemplo, de um registro na mesma conta, no dia 09/02, onde se escriturou "retirada sobre lucro Aline", no valor de R$ 5.000,00. Ou como consta na fl. 1956, em relação à empresa Atrevida Produções Artísticas, "retirada sobre lucro Angelina". Em relação ao mês de abril, ainda, o recurso apenas repete o que dissera na impugnação, que "impossível compreender as apurações referentes a supostos depósitos e aplicações tidos por ocorridos em contas bancárias no exterior, já que apresentadas pela fiscalização de forma global, não individualizada..." (fl. 2136 e 2212). Referese a aplicações no banco RBC Dominion Securities Inc, em Toronto, Canadá. Pede que sejam desconsideradas essas aplicações na planilha de apuração, falando em cerceamento de defesa. A razão do pedido seria, então, a falta de individualização das aplicações e a demonstração de seus valores. Mas, simplesmente ignorou o que foi colocado pela DRJ. Vejamos (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Além disso, na planilha de folha 2049 estão especificadas as contas, os valores em dólar, a cotação da moeda estrangeira e o valor em reais, mês a mês. No TVF explicou a Auditora Fiscal que para contas mantidas no exterior, foram computados mensalmente como recursos os valores efetivamente resgatados e, em contrapartida, foram computados mensalmente como dispêndios os valores aplicados. Notese Fl. 2235DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.236 16 que na planilha de apuração da evolução patrimonial, de fato, na linha 7, constam como origens de recursos "resgates em contas mantidas no exterior" , mas o contribuinte não se manifesta quanto a essas origens, questiona apenas as aplicações, que foram retiradas dos mesmos documentos, conforme acima indicado desde o Acórdão de impugnação, o que não foi rebatido em sede recursal. Por exemplo, na planilha de folha 2049 consta que no mês de abril foram depositados na conta nº 6712326427, US$ 288.562,04, que convertidos pelo câmbio de 2,1775, representaram R$ 628.343,84. O extrato da conta está na folha 1148, onde consta "capital review", depósitos ("deposits") entre 1º de abril e 30 de junho US$ 288.562,04. Portanto, querendo, é possível identificar todos os valores e documentos, dentro do processo. Assim sendo, não há porque excluir tais valores da apuração, conforme pleiteado e não se alteram, por isso, saldos posteriores. Dispensável, ainda, a realização de diligência para esclarecer tal ponto, como também requereu o contribuinte. No mês de agosto, diz o recorrente que haveria uma entrada de R$ 3.593.745,68, não considerada pela fiscalização, na conta do Citibank, em 21/08/2009, decorrente de empréstimo obtido pelo cônjuge junto à empresa Atrevida Produções Ltda, da qual é sócia majoritária. Disse ele: ... em agosto/2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do Recorrente – em razão de seu regime matrimonial e de as contas bancárias serem conjuntas, a apuração do APD foi feita conjuntamente –, referente a empréstimo tomado da empresa da qual é sócia majoritária (“Atrevida Produções Artísticas e Culturais Ltda.” – CNPJ n.º 57.646.119/000153). Isto se comprova através do simples confronto entre as informações constantes do Livro Diário de mencionada pessoa jurídica e extrato da conta mantida junto ao Citibank, quando se verifica que no dia 21/08/2009 houve transferência do valor de R$ 3.593.745,68 da empresa para a sócia, referente a empréstimo por ela tomado. A DRJ já afirmara que (fl. 2172): Contudo, conforme já afirmado anteriormente, foram considerados como origens de recursos todos os saldos bancários em ContasCorrentes e Poupança no início de cada mês, tanto do contribuinte quanto de sua esposa, os quais englobariam tal valor depositado em suas contascorrentes. Ademais, não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). Bem, em relação à documentação acima criticada, o que está na folha 2150 (“extrato de uma conta corrente sem identificação do titular”, no dizer da DRJ, acima) é o Fl. 2236DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.237 17 mesmo que está na folha 172, onde estão os extratos completos, que indicam ser a conta de Angelina Maria e Walter Zagari. Mas em relação à natureza dessa retirada de dinheiro da empresa Atrevida Produções ser um "empréstimo", o que faria o valor ser não tributável, não há provas. O Livro Diário (fl. 1919) foi escriturado: "valor referente a classificar". E quando foi classificado como "empréstimo"? Quando foi pago o empréstimo? Porque na folha 1931 consta o Balanço Patrimonial da empresa Atrevida, encerrado em dezembro de 2009. O Ativo total era de R$ 811.654,46. Um empréstimo feito a um dos sócios deveria ser classificado como "direito a receber". Se não consta ali esse direito de receber o empréstimo de mais de R$ 3 milhões é porque ele foi pago no mesmo ano. Quando? Em que termos foi feito esse empréstimo, quando seria pago, qual a taxa de juros, em quantas prestações? Na realidade, parece existir uma confusão entre o patrimônio dos sócios e das pessoas jurídicas, o que é inaceitável em termos contábeis. A sócia retira um valor da empresa, deposita em sua conta corrente para fazer face a suas despesas e aplicações e diz que foi um "empréstimo". É isso que a documentação apontada pelo Recorrente demonstra: que houve uma transferência de valores entre a empresa e a contribuinte. Não se comprova, entretanto, que seja de fato um empréstimo. Para que esse valor fosse considerado na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, repito, deveria ser demonstrado que se refere a rendimentos já tributados ou que sejam isentos ou não tributados. DILIGÊNCIAS O contribuinte pleiteou realização de diligências para primeiro apurar qual foi o real lucro da empresa WZ Publicidade Ltda , empresa da qual é sócio com 95% do capital. Como se procurou demonstrar, tal é desnecessário porque indiscutivelmente foi descumprido um requisito legal para reconhecimento do lucro excedente que pretende considerar como distribuição isenta para a pessoa física. Segundo, para que se individualizassem e explicassem certas aplicações de recursos no exterior, em conta no Canadá. Também como se procurou demonstrar, é possível, dentro dos autos, indicar perfeitamente como se chegou ao valor das planilhas elaboradas pela fiscalização, tendo como base extratos bancários que constam do processo. Ademais, a DRJ já havia indicado os extratos e as folhas respectivas e o contribuinte nada contradisse, especificamente em relação a esses documentos. Assim, reputo desnecessária a realização de qualquer diligência. CONCLUSÃO Em conclusão, VOTO por rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 2237DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.238 18 Fl. 2238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720987/2012-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Uma vez que a autuação se embasou em livros e documentos contábeis e fiscais fornecidos pelo próprio sujeito passivo e os argumentos da defesa evidenciam ter havido compreensão da motivação para a formalização dos autos de infração, não houve cerceio à defesa.
CRÉDITO DE IPI. COMPROVAÇÃO.
A escrituração e utilização de crédito de IPI dependem da demonstração do direito creditório por meio de documentação comprobatória.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA.
Verificando-se prática injustificada, sistemática e reiterada nas ações ou omissões que impediram ou retardaram, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária de fatos de interesse tributário, evidencia-se o dolo, resta caracterizada a sonegação e torna-se aplicável a multa qualificada de 150%.
Recurso negado.
Numero da decisão: 3402-003.258
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
assinado digitalmente
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Uma vez que a autuação se embasou em livros e documentos contábeis e fiscais fornecidos pelo próprio sujeito passivo e os argumentos da defesa evidenciam ter havido compreensão da motivação para a formalização dos autos de infração, não houve cerceio à defesa. CRÉDITO DE IPI. COMPROVAÇÃO. A escrituração e utilização de crédito de IPI dependem da demonstração do direito creditório por meio de documentação comprobatória. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA QUALIFICADA. Verificandose prática injustificada, sistemática e reiterada nas ações ou omissões que impediram ou retardaram, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária de fatos de interesse tributário, evidenciase o dolo, resta caracterizada a sonegação e tornase aplicável a multa qualificada de 150%. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Antônio Carlos Atulim Presidente. assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 09 87 /2 01 2- 52 Fl. 394DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 395 2 Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Por bem descrever os fatos e com a devida concisão, adoto o relatório da r. decisão, vazado nos seguintes termos: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no Auto de Infração de fls. 146/151, cientificado em 10/05/2012 (fl. 146) totalizando o crédito tributário de R$ 3.586.254,83, inclusos multas e juros de mora. O processo administrativo correspondente foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as referências a folhas dos autos pautarseão na numeração estabelecida no processo eletrônico. Segundo o exposto no Termo de Verificação Fiscal (fls. 134/145), na execução de procedimento de fiscalização iniciado em 11/05/2011, foram identificados valores de IPI escriturados nos livros fiscais e não declarados em DCTF, e incongruências nos créditos escriturados na documentação fiscal, que foram glosados/lançados por meio do auto de infração originário do presente processo. O estabelecimento da contribuinte importou e revendeu no mercado interno produtos tributados equiparandose a estabelecimento industrial nessas operações, tendo sido identificadas pela fiscalização situações em que o imposto apurado nos livros não foi declarado em DCTF, situações em que o crédito de IPI registrado não corresponde ao valor efetivamente recolhido na importação e situações na qual não foram apresentadas notas fiscais registradas no livro fiscal. Em paralelo, o saldo credor inicial (01/2008) registrado no período não foi justificado em resposta a intimação emitida. Conseqüentemente, o autuante apurou a diferença de imposto devida, considerando os créditos pelas entradas dos produtos que foram comprovadamente recolhidos na importação e glosando as diferenças associados às diversas irregularidades identificadas. A fiscalização informa ter aplicado a multa qualificada por entender caracterizada ação ou omissão tendente a impedir ou Fl. 395DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 396 3 retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal (fl. 143). A fundamentação legal para o lançamento consta dos autos às fls. 147 e 151. Foi emitido também o Termo de Responsabilidade Tributária Solidária (fls. 152) contra o sócio administrador Sung Hoon Kim, em razão da falta de declaração dos tributos em DCTF e da correspondente falta de recolhimento, nos termos dos art. 124 e 135 da Lei nº 5.172/1966 e do DecretoLei nº 1.736, de 20/12/1979. Inconformada com a autuação, a contribuinte, por intermédio de seu representante legal, protocolizou, em 04/06/2012, a impugnação de fls. 163/212 e documentos anexos aduzindo em sua defesa as razões que se seguem. 1. Preliminarmente, alega ter havido cerceamento do direito de defesa, por supostamente não terem sido fornecidos todos os documentos que ensejaram a autuação, pois não teria sido dado vista aos autos do processo nem fornecida cópia do mesmo, mesmo tendo sido apresentada Solicitação de Cópia de Documentos em 25/05/2012, às vésperas da data fatal, a qual não teria sido atendida por ainda estar o processo em outra unidade da RFB. 2. Insurgese contra a aplicação da multa qualificada, por entender que não teria sido caracterizado nos autos a prática de ação ou omissão com a finalidade de impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador do imposto, ou ainda, o intuito de excluir ou modificar suas características par reduzir o montante do imposto devido e evitar ou diferir seu pagamento. Sustenta que somente poderia ser aplicada a multa qualificada se estivessem presentes os fatos caracterizadores de evidente intuito de fraude, conluio ou sonegação e que, caso houvesse o desatendimento às intimações, deveria ter sido lavrado o auto de infração correspondente, o que não foi feito. Traz decisões administrativas, em especial a Súmula CARF nº 14 e a nº 25. 3. Combate as glosas referentes às diferenças apuradas entre o valor do crédito escriturado pela contribuinte e o valor efetivamente recolhido a título de IPI pelos fornecedores dos insumos, sustentando que o valor a ser considerado é o valor do imposto mencionado na nota fiscal que acompanhar produtos de procedência estrangeira, nos termos do art. 164, inciso VI, do Decreto 4.544/2002 (Regulamento do IPI – RIPI/2002). Expõe que a fiscalização teria se equivocado ao considerar a impugnante como empresa importadora ao invés de empresa comercial adquirente. Traz jurisprudência. 4. Defende que o saldo credor inicial existente em 01/01/2008 decorre da acumulação de saldo credor desde 2006. Fl. 396DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 397 4 5. Apresenta cópias das notas fiscais emitidas pela empresa TRILOGUI INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, que a fiscalização afirmou não terem sido apresentadas ao longo da ação fiscal. Contesta a acusação de registro em duplicidade de notas fiscais dessa mesma empresa, esclarecendo ter havido erro no lançamento das notas fiscais nº 10036, 10037 e 10039, que teriam sido lançadas no livro nos registros de março/2008, apesar de terem sido emitidas em fevereiro/2008, mas que o valor do IPI não teria sido registrado no campo próprio e o procedimento não influenciou a apuração do tributo, o mesmo equívoco tendo se repetido no registro dos meses de maio e agosto/2008. Traz doutrina e clama pela aplicação do princípio da segurança jurídica. Finaliza pedindo o cancelamento do auto de infração de IPI, promovendo o reajuste da base de cálculo. Não foi apresentada contestação específica contra o Termo de Responsabilidade Tributária Solidária. A 8ª Turma da DRJ/RPO, em 11/12/2012, julgou parcialmente procedente a impugnação (fls. 286/300), reconhecendo crédito adicional no valor de R$ 79.647,67, conforme quadro à fl. 296, resultante da diferença entre o IPI pago na importação e o IPI destacado nas NF quando da remessa do importador à autuada, uma vez ter a decisão recorrida entender como correto o procedimento adotado pelo contribuinte que se creditou pelo valor constante nas notas fiscais de saída da importadora. Irresignada com a r. decisão, foi interposto recurso voluntário (fls. 328/380), no qual, em síntese, a autuada repisa os argumento articulados em sede de impugnação. que a r. decisão "não examinou os argumentos de defesa em sede de impugnação", pelo que pede a decretação de sua nulidade "por cerceamento de direito de defesa"; repisa o argumento de impugnação no sentido de que não lhe foram fornecidos todos os documentos que ensejaram à autuação, não tendo lhe sido dada vista do processo e tampouco fornecimento de cópia do mesmo, e que somente às vésperas do prazo para apresentação da impugnação é que teve acesso ao inteiro teor do processo. Diante desses fatos, entende ter havido cerceamento ao seu direito de defesa, em função do que pede a nulidade do auto de infração; quanto à multa qualificada, alega que para sua aplicação deve restar comprovada "conduta concernente à falsidade material, ideológica e/ou desatendimento injustificado à intimação". Acresce que a aplicação dessa multa "pode ser feita se estivesse presente os fatos caracterizadores de evidente intuito de fraude, conluio e sonegação definido nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64, fato este que não ocorreu no presente caso"; pede o reconhecimento dos créditos de IPI entre o valor deste recolhido no desembaraço aduaneiro e aquele destacado pelas importadoras quando da remessa a seu estabelecimento (fl. 192), parecendo desconhecer o teor da r. decisão que, embora em valor distinto, reconheceu o mérito arguído; Fl. 397DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 398 5 quanto ao saldo credor em 01/01/2008, afirma que o mesmo vem se acumulando desde 2006 e que o saldo de R$ 208.659,45 corresponde ao saldo credor acumulado em 31/12/2007 (tabela fl. 228), conforme no RAIPI de 2008 (fl. 229); pede que sejam considerados os créditos referente às notas fiscais que lista às fls. 197/198 e que anexa cópia às fls. 265/281; É o relatório Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, relator. Quanto à preliminar de nulidade, quer da r. decisão quer do lançamento, hão de ser espancadas. A r. decisão não padece de qualquer vício e enfrentou devidamente a questão acerca do alegado prejuízo à defesa, assim como todas as demais questões ventiladas na peça impugnatória. Aliás, valhome dela para afastar a pugnada nulidade do lançamento pelo alegado prejuízo à defesa por ter tido acesso ao inteiro teor do processo próximo ao esgotamento do prazo para impugnar a exação. A contribuinte restringese a afirmar que não teve acesso aos autos no mesmo dia em que os solicitou, 25/05/2012, por estarem em uma unidade diversa, mas não nega ter tido acesso a esses autos em algum momento a partir dessa data. Observase que o formulário de solicitação (fl. 219) não se encontra sequer protocolado, contendo apenas a assinatura do representante da contribuinte e sem nenhuma chancela por parte da RFB. Portanto, a partir dos elementos trazidos aos autos, não há como concluir que o acesso da contribuinte aos autos não tenha ocorrido no próprio dia 25/05/2012 ou nos dias subseqüentes, sem lhe causar maiores prejuízos. Outrossim, a falta de acesso aos autos no período anterior a 25/05/2012 não pode ser imputada à Administração Tributária, pois deveuse a inércia da própria contribuinte, que só solicitou a vista dos autos nessa data. Aliado a isso, há que se considerar que cópia do auto de infração e seus anexos, com a fundamentação fática e jurídica do mesmo, lhes foram entregues quando da ciência pessoal da exigência, bem como todos os termos e intimações ao longo da ação fiscal lhe permitiram enfrentar adequadamente o núcleo do auto de infração. O Termo de Verificação Fiscal (fls. 134/145) é minudente quanto aos fatos que ensejaram a autuação, e dele o Sr. Kenji Kiyohara, procurador da empresa, tomou ciência pessoal em 10/05/2012 (fl. 145), ficando com cópia, como de praxe. Portanto, muito frágil a alegação de que o não conhecimento do inteiro teor do processo lhe prejudicou a defesa. Demais disso, a defesa técnica denota a perfeita compreensão do lançamento, enfrentando todos seus pontos. Deveras, não demonstrado o efetivo prejuízo a defesa, não há causa a ensejar a decretação de nulidade da exação. No que tange à discussão acerca dos valores dos créditos de IPI de produtos importados por conta e ordem, a r. decisão já espancou o equívoco perpetrado no auto de infração, considerando como valor do crédito de IPI a ser escriturado aquele constante do Fl. 398DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 399 6 documento fiscal emitido pela importadora ao enviar os produtos para a recorrente, e não aquele constante do despacho aduaneiro de importação, como entendeu a agente fiscal que lavrou o auto de infração. Em verdade, parece que a recorrente sequer leu a r. decisão, pois esta acatou exatamente os valores pugnados pela empresa, apenas desconsiderando aquele escriturado em 12/2008 porque o lançamento não abrangeu este mês. Da mesma forma, sem reparos à r. decisão quanto à manutenção da glosa do saldo credor inicial em 01/01/2008, por falta de documentos que amparem o mesmo. A motivação da glosa teve a seguinte redação: Alega a empresa que o valor do saldo credor em 01/01/2008 viria se acumulando desde 2006, porém sem livro de registro de apuração escriturado que sustente essa tese. Livro esse, gizese, de escrituração obrigatória. Agora quer a empresa com base em valores por ela apurados que o Fisco saia a refazer o que é seu dever. Nesse tópico, age a empresa sem o devido cuidado, pois quase todos os documentos que faz referência e que anexa cópia, referemse a devoluções de venda, o que demandaria, antes, a prova da saída do produto devolvido com o devido destaque do IPI. Mas mesmo assim, esses documentos soltos não substituem sua obrigação de escriturar devidamente o Livro de Apuração do IPI. Nos termos do Decreto nº 4.544 (RIPI/2002), de 26 de dezembro de 2002, aplicável à época dos fatos, o estabelecimento que recebe o produto em devolução de venda deve cumprir as exigências complementares de mencionar o fato nas vias das notas fiscais originárias conservadas em seus arquivos, de escriturar as notas fiscais recebidas nos livros Registro de Entradas e Registro de Controle da Produção e do Estoque, ou em sistema equivalente, e de comprovar, pelos registros contábeis e demais elementos de sua escrita, o ressarcimento do valor dos produtos devolvidos, de acordo com as condições veiculadas no art. 169, do RIPI/2002, as quais não foram atendidas em sua inteireza. Da mesma forma, como pontuado pela r. decisão, as poucas notas de entrada referidas não comprovam que os produtos nela descritos atendam as condições do art. 164 do RIPI/2002 para dar azo a creditamento. Ou seja, o valor do saldo credor inicial de 2008 é uma peça de ficção, pelo que corretamente glosado. Como dito pela decisão vergastada, "a mera apresentação do documento não apresentado ao longo da ação fiscal não supre todo o procedimento probatório não possibilitado na ocasião". Por fim, quanto à aplicação da multa qualificada, igualmente sem reparos. A motivação para sua aplicação foi a seguinte: Fl. 399DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 400 7 No tópico anterior, a fiscalização versou sobre a representação fiscal para fins penais, onde expôs os fatos que a levaram a concluir que o agir do contribuinte caracterizou o dolo específico da sonegação fiscal, de acordo com o que segue: Portanto, o lastro jurídico para a qualificação da multa foi o art. 71 da Lei 4.502/64, que dispõe: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; O dolo específico da conduta acima transcrita restou evidenciado e provado pela continuada ocultação e redução do imposto devido em todos os períodos do lançamento, seja pela sistemática não entrega da DCTF, seja pelo não recolhimento do imposto devido ou a menor. De sua feita o art. 80 da Lei 4.502, prescreve: Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. ... § 6o O percentual de multa a que se refere o caput deste artigo, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis, será: ... Fl. 400DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 19515.720987/201252 Acórdão n.º 3402003.258 S3C4T2 Fl. 401 8 II duplicado, ocorrendo reincidência específica ou mais de uma circunstância agravante e nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 desta Lei. Sem embargo, correta a aplicação da multa em sua forma qualificada. Ante o exposto, nego provimento ao recurso. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 401DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10730.003025/95-18
Turma: Segunda Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
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MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo N.° 1 3 . 884-000 . 432/87-I 6 .LTN Sessão de 15 de setembro de l988 ACORDÃO N o 202-02 . 004 Recumon.° 79.621 Recorrente GARANTEX COMERCIO E INDOSTRIA DE TINTAS LTDA. Recorrida DRF EM TAUBATE - SP IPI - FALTA DE LANÇAMENTO E RECOLHIMENTO DO TRIBUTO. Comprovado, nos autos, que a empresa exercia, no pe rrodo fiscalizado, atividades de industrialização7 torna-se devido o lançamento e o recolhimento do im_ posto. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de re curso interposto por GARANTEX COMERCIO E INDÚSTRIA DE TINTAS LTDA. ACORDAM os Membros da Segunda Câmara do Segundo Conse lho de Contribuintes, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Sala das,SessOes, em 15 de setembro de 1988 JOSE ALVES DA FONSECA - PRESIDENTE , 4.• 0{A, Wt_ MAR , il— ..IH' A JAIME - RELATORA4/'' - ,r CIL, AR O 5 •, , P 0 , NJOS - PROCURADOR-REPRESENTANTE DA FAZENDA NACIONAL VISTA EM SESSÃO DE 1 5 DEZ 1988 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: OSVAL DO TANCREDO DE OLIVEIRA, ELIO ROTHE, ERNESTO FREDERICO ROLLER (SU plente), ALDE DA COSTA SANTOS JONIOR, JOSE LOPES FERNANDES e SEBA-Ç TIA0 BORGES TAQUARY. I-I/ / g , n, MINISTÉRIO DA FAZENDA SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Processo N. 9 13.884-000.432/87-16 Recurso n.°: 79.621 Acorde° nY: 202.c02,004 Recorrente: GARANTEX COMERCIO E INDÚSTRIA DE TINTAS LTDA. RELATÓRIO Foi lavrado o auto de infração de fls. 05 contra a em presa em questão, pela falta de lançamento do Imposto sobre Produ tos industrializados em suas notas fiscais de venda de produtos de sua fabricação, no período de outubro de 1985 a janeiro de 1987, tendo, conseqUentemente, deixado de recolher a diferença que se ria apurada em seus registros fiscais, ora levantados. Infringiu a empresa, com isso, o disposto no artigo 29, inciso II; no artigo 55, inciso I, alinea "b" e II, alínea "c"; no artigo 107, inciso II; e no artigo 112, inciso IV, sujeitando-se ã penalidade previs ta no artigo 364, inciso II, todos do Regulamento do IP! de 1982, mais os acréscimos legais. Impugnando tempestivamente a exigência fiscal (fls. 10/12), a empresa alega, em sua defesa, que: a) é ineficaz e improcedente a ação fiscal, tendo em vista que a quantia de Cz$ 42,663,85, lançada como IPC devido, foi obtida atreves da aplicação da alíquota de 10% sobre os valo res constantes das Notas Fiscais de n?s 001 a 230, Série BI (reven da por simples comercio), sem o auxilio de qualquer outro expedien te que pudesse configurar atividade industrial da empresa; b) em 26.06.1985, requereu sua inscrição no Minis tério da Fazenda (fls. 18), descrevendo como atividade "COMERCIO DE TINTAS EM GERAL", visto que somente iria ser comerciante; c) em 13.11,1986, pretendendo, além do comercio, passar ã industrialização de tintas, também deu entrada no argão Or \if segue - SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL Processo n? 13.884-000.432/87-16 02- AcOrdão n? 202-02.004 competente da Receita Federal, da "FICHA DE ALTERAÇÃO" (f Is. 19), de clarando sua nova atividade: "COMÉRCIO E FNDUSTRIALIZAÇÃO DE TINTAS E SERVIÇOS NO RAMO"; d) o grande volume de notas fiscais de compra de - produto acabado, durante o período fiscalizado, atesta o seu único objetivo aquela época: a comercialização; e) a fiscalização pede verificar que, a partir de março de 1987, jã então com a atividade industrial, ao lado da comer cial, quando se esgotou o estoque de produto acabado, anteriormente adquirido, começou a lançar o EM, realmente agora devido, e a fazer o recolhimento, conforme faz prova o DARF de fls. 20, referente aos fatos geradores de março de 1987, com pagamento dentro do prazo legal. Finaliza a impugnante, pedindo seja cancelado o auto de infração, pois a simples comercialização de produtos acabados não se sujeita ao IPI. Foi proferida a informação fiscal de fls. 50/51, e, a seguir, prolatada a decisão de primeira instância (fls. 52/54), a qual julgou procedente a ação fiscal, anãs considerar que: a) deve ser rejeitada a alegação da autuada de que o lançamento foi baseado em Notas Fiscais Serie BI (revenda por sim pies comercio), sem o auxilio de qualquer outro expediente que pudes se configurar sua atividade industrial, pois o mesmo está estribado na farta documentação que constitui as fls. 22/49, onde fica patente a atividade industrial da empresa, tendo em vista tratar-se de notas fiscais devidamente lançadas na sua escrituração (veja carimbo apos to), relativas aquisição, a partir de outubro de 1985, de insumos para a produção, bem como de embalagens vazias para o acondicionamen to das tintas e de outros produtos afins de sua fabricação, fazendo prova disso, também, a "Lista de Preços Garantex" anexada às fls.42; b) a utilização da Série BI no levantamento fiscal em nada desmerece o feito, uma vez que obviamente se deu porque a empresa sequer possuía as Notas Fiscais das Series "A" e "C" exigi c‘,\ Wr segue P° SERVIÇO PUBLICO FEDERAL Processo n? 13.884-000.432/87-16 03- Acórdão n? 202-02.004 das pela legislação de regenera; c) com relação à pretensão da impugnante de ilidir a ação fiscal, com base na ficha de inscrição no CGC, e suas altera çoes, com referencia â primeira, acostada ãs fls. 18, onde a ativi dade principal consta como "Comercio de Tintas em Geral" (6199), ve rifica-se que se refere ao seu estabelecimento filial (quadro 03), onde, de acordo com a informação fiscal, pratica-se somente o comer d) no que concerne ficha de alteração de fls.19, esta refere-se ao estabelecimento-sede, de que trata o presente processo, e foi utilizada, apenas, para alterar sua atividade prin cipal de "Comercio e Indústria de Tintas em Geral-COdigo 20.70",que constava da ficha de inscrição no CGC (fls. 43), para "Comercio e Indestria de Tintas e Serviços do Ramo - Código 20.99", sendo que, quando da inscrição, a empresa demonstrou, claramente, o seu objeti vo, ao assinalar, no Quadro 06, a quadrícula do IPI dentre os tribu tos a serem recolhidos habitualmente; e) assim, cai por terra toda a argumentação da im pugnante, no sentido de dizer que, à epoca da autuação, era meramen te comerciante, e não fabricante de tintas e produtos correlatos. Em seguida, a empresa recorre tempestivamente a este Conselho (fls. 57/59), oferecendo, como razOes, as mesmas alegaçOes contidas em sua impugnação. E o relatório., VOTO DA CONSELHEIRA-RELATORA MARFA HELENA JAIME Do exame dos autos, verifica-se não merecer reparos a decisão recorrida. Com efeito, o lançamento não foi baseado, apenas, nas Notas Fiscais Serie BI, de revenda por simples comercio (fls. 44/49), mas, principalmente, na farta documentação de fls. 22/49, constituí Ásegue - St2) SERVIÇO PUBLICO FEDERAL Processo n? 13.884-000,432/87-16 o4- Acerdeo n9 202-02.004 da por cOpias de notas fiscais de aquisição de insumos para produ çao, bem como de embalagens vazias para acondicionamento de tintas e outros produtos afins de fabricação da empresa, datadas a partir de outubro de 1985, termo inicial do perTodo fiscalizado. Examinando tais notas ficais de aquisição de fls. 22/49, observa-se que os produtos eram adquiridos em grandes quantidades, a exemplo das latas de 18 litros, com tampa de pressão, com verniz interno e chapada branca, as quais foram assim compradas: a) em 10,10.1985 - 154 latas (fls. 24); b) em 11.12,1985 - 120 latas (fls. 27); c) em 28.01.1986 - 552 latas (fls. 31); d) em 29.04.1986 - 504 /atas (fls. 33); e) em 18.06,1986 - 504 latas (fls. 36); f) em 18.08.1986 - 504 latas (fls. 41); Alem disso, para reforçar ainda mais a autuação, consta, is fls. 42, a lista de preços dos produtos industrializados da empre sa, que são os mesmos constantes das notas fiscais Serie BI de fls. 44/49. Nessa lista de preços, há' a seguinte observação: "Os preços desta tabela são compreensivos de rpr". Com efeito, a ficha de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes de fls. 18, datada de 26.06,1985, juntada pela recor rente em sua impugnação, onde consta como atividade principal "Co mercio de Tintas em Geral" COdigo 6199, a mesma diz respeito ao seu estabelecimento filial, o qual, de acordo com a informação fiscal de fls. 50/51, dedica-se somente ao com&rcio, Quanto à ficha de alteração de fls. 19, e que se refere ao estabelecimento autuado, a mesma visou, apenas, alterar sua ati vidade principal de "Comercio e indlistria de Tintas em Geral" para 01 44 segue - SERVIDO PUBLICO FEDERAL Processo n? 13.884-000,432187-16 05- Acórdão n? 202-02.004 "Comercio e Indústria de Tintas e Serviços do Ramo". Alem do mais, na ficha de inscrição do estabelecimento autuado no Cadastro Geral de Contribuintes, datada de 23.05.1985 (fls. 43), a empresa assinalou o [1 5 1 dentre os tributos a serem re colhidos habitualmente. Em seu recurso a este Conselho, a recorrente não ofere ce argumentos e provas capazes de descaracterizar o feito. Pelo exposto, nego provimento ao recurso. Sala das Sess6es, em 15 de setembro de 1988 MARIA E ENA JAIME
score : 1.0
Numero do processo: 11610.002614/00-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/1991 a 31/12/1994
PIS SEMESTRALIDADE. SUMULA CARF 15. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária.
RESTITUIÇÃO. PRAZO DE PRESCRIÇÃO.
Para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo qüinqüenal estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador.
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA.
É na data da ciência da decisão de não homologação que ela é aperfeiçoada para fins de concluir o pedido de compensação. Ultrapassado o prazo de cinco anos desde o pedido de compensação sem que a contribuinte não tenha sido intimado da decisão de não homologação, deve ser ele considerado homologado tacitamente.
COMPENSAÇÃO. CÁLCULO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543-C do CPC, com base no artigo 62-A do Regimento do CARF.
Numero da decisão: 3401-003.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o advogado Renato Silveira, OAB/SP n.º 222.047.
Robson José Bayerl - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice Presidente).
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1991 a 31/12/1994 PIS SEMESTRALIDADE. SUMULA CARF 15. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. RESTITUIÇÃO. PRAZO DE PRESCRIÇÃO. Para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo qüinqüenal estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. É na data da ciência da decisão de não homologação que ela é aperfeiçoada para fins de concluir o pedido de compensação. Ultrapassado o prazo de cinco anos desde o pedido de compensação sem que a contribuinte não tenha sido intimado da decisão de não homologação, deve ser ele considerado homologado tacitamente. COMPENSAÇÃO. CÁLCULO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543-C do CPC, com base no artigo 62-A do Regimento do CARF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o advogado Renato Silveira, OAB/SP n.º 222.047. Robson José Bayerl - Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice Presidente).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1991 a 31/12/1994 PIS SEMESTRALIDADE. SUMULA CARF 15. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. RESTITUIÇÃO. PRAZO DE PRESCRIÇÃO. Para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo qüinqüenal estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. É na data da ciência da decisão de não homologação que ela é aperfeiçoada para fins de concluir o pedido de compensação. Ultrapassado o prazo de cinco anos desde o pedido de compensação sem que a contribuinte não tenha sido intimado da decisão de não homologação, deve ser ele considerado homologado tacitamente. COMPENSAÇÃO. CÁLCULO. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 26 14 /0 0- 65 Fl. 598DF CARF MF 2 STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543C do CPC, com base no artigo 62A do Regimento do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, dar parcial provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o advogado Renato Silveira, OAB/SP n.º 222.047. Robson José Bayerl Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (Presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice Presidente). Relatório Trata o presente de pedido de restituição de PIS referente aos períodos de apuração de janeiro a dezembro de 1989, janeiro a abril de 1990, junho a dezembro de 1993, janeiro a dezembro de 1994 e janeiro a setembro de 1995. A esse pedido de restituição há vinculação de pedidos de compensação. A contribuinte alega seu direito à restituição pelo fato de ter havido pagamento indevido do PIS fundado na inconstitucionalidade dos decretosleis n.º 2.445/88 e 2.449/88 e na apuração da contribuição com base no faturamento do sexto mês anterior. A autoridade de administração de jurisdição local indeferiu o pedido de restituição com o seguinte fundamento: (a) o transcurso do prazo decadencial/prescrição de cinco anos (art. 168, I, do CTN; Ato Declaratório DRF n. 96/1999), excepcionando apenas o pagamento efetuado em 13/10/1995; (b) e que o prazo de seis meses para o recolhimento da contribuição, previsto na Lei Complementar n. 7/1970, foi alterado pela Lei n. 7.691/1988. Após a manifestação de inconformidade da contribuinte, a autoridade de administração de jurisdição local complementou seu despacho decisório para acrescer a não homologação dos pedidos de compensação vinculados ao pedido de restituição. O Colegiado de 1º piso, após apreciar a manifestação de inconformidade e demais atos e documentos que instruem o processo, decidiu deferir em parte da petição da contribuinte, definindo a procedência da base de cálculo do PIS pela semestralidade, sem correção monetária, mas mantendo o entendimento da ocorrência da decadência para parte dos períodos de apuração pleiteados pela contribuinte. O acórdão n. 1621.561, proferido em 25 de maio de 2009 pela respeitável 9ª Turma da 1ª Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (DRJ SPO I) ficou assim ementada: Fl. 599DF CARF MF Processo nº 11610.002614/0065 Acórdão n.º 3401003.231 S3C4T1 Fl. 3 3 DECADÊNCIA O direito de pleitear restituição de tributo ou contribuição pago a maior ou indevidamente extinguise com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da extinção do crédito tributário. observância da Lei Complementar n. 118, inclusive. PIS SEMESTRALIDADE. A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar n. 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. A contribuinte ingressou com recurso voluntário por meio do qual argumenta e pede: · preliminarmente o reconhecimento da prejudicialidade do fato da decisão de não homologar os pedidos de compensação apresentados em 13/07/2001, 14/09/2001 e 15/10/2001 não ter sido dada ciência á contribuinte, implicando em cerceamento do direito de defesa; · preliminarmente o reconhecimento de que a esses pedidos de compensação se deu a homologação tácita pelo decurso de mais de cinco anos entre a data do pedido de compensação e a ciência da decisão de não homologação; · inocorrência de preclusão para análise de matéria de ordem pública, no caso a homologação tácita e a decadência e a prescrição; · inocorrência da decadência do direito de pleitear a restituição; que a data a quo desse prazo deveria ser a da Resolução do Senado que declarou a inconstitucionalidade, e não a do pagamento indevido como adotou os julgadores de 1º piso ; cita jurisprudência; que não se aplica ao caso a Lei Complementar n. 118/2005; que o prazo seria de 10 anos, cinco mais cinco, considerando o dedicado à homologação tácita e o de autorização para a restituição; · que ao caso de aplica o que dispõe o artigo 1º do Decreto n. 20.910/1932 (princípio da Actio Nata), segundo o qual a ação surge com a pretensão, ou seja, o termo inicial do direito de agir corresponde ao momento em que pode ser exercida; no caso, não pode ser considerado prescrito ou decaído um direito que não poderia ter sido exercido perante a administração pública; a declaração de inconstitucionalidade corresponde ao fato originário da pretensão. É o relatório. Voto Fl. 600DF CARF MF 4 Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Tempestivo o recurso e atendidos os demais requisitos de admissibilidade. Preliminares Peço para apresentar, como preliminares, entendimentos que, a meu ver, alcançam o contraditório deste processo, são eles: (a) sobre a semestralidade e base de cálculo do PIS; (b) sobre o prazo decenal para se pedir restituição antes de 09/06/2005, e (c ) sobre a aplicação obrigatória dos índices dos expurgos inflacionários. Sobre o PIS e a base de cálculo: A meu ver, irretocável a decisão que reconhece o direito da requerente quanto à forma de apuração dos valores, pela definição de que a base de cálculo do PIS é o faturamento do sexto mês anterior (art. 6º da LC n. 7/1970). Nesse sentido, temos a Súmula CARF n. 15 que pacifica esse entendimento na esfera administrativa. Súmula CARF nº 15: A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Esta é matéria incontroversa, pois já definida jurisprudencialmente, e incide sobre o contraditório para estabelecer a solução ao caso. Proponho que esta matéria seja decretada por este Colegiado como decidida, nos termos da Súmula n. 15. Sobre o prazo para pedir restituição Ainda antes de adentrarmos à alegações da contribuinte e as razões da autoridade de administração de jurisdição local e dos julgadores a quo, outra matéria de ordem pública, acima do contraditório, se impõe à apreciação deste processo administrativo. Tratase de matéria que creio resolvida pelo STF por decisão com eficácia erga omnes. O prazo para a contribuinte pleitear a restituição ou a compensação consoante decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621 (transitado em julgado em 27/02/2012), submetido a sistemática da repercussão geral, ficou pacificado que o prazo estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que antes dessa data se aplica a tese de que o prazo para repetição ou compensação é de dez anos contados de seu fato gerador. O pedido de restituição deste processo foi protocolizado em 09/10/2000, antes de 09 de junho de 2005, data da inflexão definida pelo STF no RE 566.621. Assim, este pedido está albergado pelo prazo de 10 anos admitido para requerer restituição. A declaração de inconstitucionalidade dos Decretos lei n. 2.445/1988 e 2.449/1988 é datada de 09 de outubro de 1995 pela Resolução do Senado Federal n. 49. O pedido de restituição do contribuinte é de 09/10/2000, portanto, ele alcança os fatos geradores com pagamentos indevidos de tributo nos 10 anos que o antecedem, ou seja a partir de 09/10/1990. Fl. 601DF CARF MF Processo nº 11610.002614/0065 Acórdão n.º 3401003.231 S3C4T1 Fl. 4 5 Os períodos de apuração objeto do pedido de restituição abrangem janeiro de 1989 a abril de 1990 e de junho de 1993 a setembro de 1995. Portanto, a aplicação do prazo decenal impede o direito a reconhecer o pagamento indevido dos períodos de apuração de janeiro de 1989 a abril de 1990, mas possibilita quanto ao restantes períodos de apuração pleiteados. Proponho a este Colegiado a adoção deste entendimento como definidor do prazo fatal decadencial ou prescricional. Sobre a atualização dos valores pelos expurgos inflacionários: Trago à consideração dos Senhores Conselheiros mais um ponto. A partir da edição do Ato Declaratório PGFN n. 10/2008, entendo que é mandatório a aplicação nos pedidos de restituição/ compensação, em procedimento pela via administrativa, dos índices de atualização monetária (expurgos inflacionários) previstos na Resolução n.º 561 do Egrégio Conselho da Justiça Federal, inclusive de aplicação do entendimento do E STJ no REsp 1.112.524/DF julgado na sistemática do art. 543C do CPC, com base no artigo 62A do Regimento do CARF. Portanto, carece a verificação dos valores de direito creditório da adoção desses índices, nos termos aqui postos. Preliminar da contribuinte que pede nulidade da decisão administrativa pelo cerceamento de defesa Preliminarmente, a recorrente roga pelo reconhecimento da prejudicialidade do fato da decisão de não homologar os pedidos de compensação apresentados em 13/07/2001, 14/09/2001 e 15/10/2001 não ter sido dada ciência á contribuinte, implicando em cerceamento do direito de defesa. Como vimos anteriormente neste voto, nas considerações das preliminares que se debruçaram sobre matéria de ordem pública, De fato, a contribuinte não foi intimada da não homologação dos pedidos de compensação. Ela não pode exercer plenamente o contraditório e, assim, apresentar suas razões de defesa contra essa decisão. A meu ver, a situação se enquadra no que prevê o artigo 59 do Decreto n. 70.235, de 1972, o que, a priori, se imporia a nulidade da decisão da administração. Entretanto, como discutido e aprovado pelo Colegiado, a nulidade pode não ser declarada que a alternativa seria favorável à contribuinte. è o que dispõe o parágrafo 3º do artigo 59 dessa lei do processo administrativo. Vejamos: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 602DF CARF MF 6 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3° Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Medida Provisória nº 367, de 1993) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Como se pode verificar no exposto nas preliminares anteriores e como está argumentado e proposto pelo voto do relator, no mérito, o acórdão é favorável à contribuinte. Por essa base, proponho a este Colegiado que não seja acatada essa preliminar de cerceamento de defesa pelo fato de que a decisão de mérito lhe é favorável, nos termos do § 3º do art. 59 do Decreto 70.235, de 1972. MÉRITO Antes de adentrarmos no mérito, recomponho a cronologia dos fatos para facilitar, aos Senhores Conselheiros, a visualização das etapas e fatos do processo administrativo; 09/10/2000 protocolo do pedido de restituição; 13/07/2001 protocolo de pedido de compensação; 14/09/2001 protocolo de pedido de compensação; 15/10/2001 protocolo de pedido de compensação; 02/04/2002 despacho decisório indeferindo o pedido de restituição; 26/04/2002 intimação do despacho decisório para a contribuinte; 22/05/2002 protocolo da manifestação de inconformidade; 22/11/2005 despacho da DRJ para processo retornar à autoridade local para decidir os pedidos de compensação; 13/04/2006 despacho decisório confirmando o anterior e indeferindo e não homologando as compensações; 13/04/2006 intimação deste despacho decisório à contribuinte (mas não há provas de que ela tenha sido recebida); 18/02/2009 procurador da recorrente pede vista do processo; 27/05/2009 acórdão da DRJ acolhendo parcialmente a manifestação de inconformidade; 25/11/2010 intimação desse acórdão da DRJ à contribuinte; 23/12/2010 protocolo do recurso voluntário. Sobre a homologação tácita dos pedidos de compensação Fl. 603DF CARF MF Processo nº 11610.002614/0065 Acórdão n.º 3401003.231 S3C4T1 Fl. 5 7 A Lei n. 9.430, de 1996, estabeleceu regra para lidar com os pedidos de compensação apresentados antes de 2002, e também estabeleceu um prazo limite de cinco anos para a administração se manifestar a respeito da procedência de compensações declaradas pelo contribuinte. Lei n. 9430, de 1996: artigo 74 ....... (...) § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5º A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. (Incluído pela Medida Provisória nº 66, de 2002) § 5o A Secretaria da Receita Federal disciplinará o disposto neste artigo. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 135, de 2003) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) As normas advindas em 2002 foram efetivas para os processos e pedidos de compensação pendentes de decisão administrativas naquela ocasião, como foi a situação deste processo administrativo. Como se vê, o § 4º converteu em declaração de compensação os pedidos de compensação anteriores a 2002. No caso deste processo, os pedidos de compensação foram apresentados em 2001. Sendo assim, em 2002, eles foram convertidos em declaração de compensação para os efeitos da legislação que disciplina a matéria. A autoridade de administração proferiu seu despacho decisório de não homologação dos pedidos de compensação em 13 de abril de 2006 (fls. 166). Apesar de orientar para ser dada ciência à contribuinte por via de intimação, não consta dos autos registro de tal procedimento. A contribuinte tomou ciência da não homologação quando obteve visto deste processo em 18 de fevereiro de 2009 (fls. 421 Termo de Visto Processual). As normas emitidas pela Receita Federal esclareceram que é na data da ciência da decisão de não homologação que ela é aperfeiçoada para fins de concluir o pedido de compensação. Vejamos como consta da Instrução Normativa vigente à época dos fatos: IN SRF n. 600, de 2005 Art. 73. Considerase pendente de decisão administrativa, para fins do disposto nos arts. 57, 62 e 64, a Declaração de Compensação, o Pedido de Restituição ou o Pedido de Ressarcimento em relação ao qual ainda não tenha sido intimado o sujeito passivo do despacho decisório proferido pelo titular da DRF, Derat, Deinf, IRFClasse Especial ou ALF competente para decidir sobre a compensação, a restituição ou o ressarcimento Fl. 604DF CARF MF 8 Para o caso aqui sob análise, os pedidos de compensação foram protocolados em 2001 e a ciência da decisão se deu em 2009, ou seja, quando já passados mais de cinco anos de seu protocolo. A meu ver, não há dúvida de que esses pedidos de compensação foram alcançados pelo prazo legal da homologação tácita durante 2006, uma vez que a contribuinte não fora cientificada via intimação, como reza a norma infra legal, da posição de não homologação por parte da autoridade de jurisdição. Por estas razões proponho a este Colegiado seja reconhecido a homologação tácita dos pedidos de compensação apresentados em 2001 e tratados neste processo. Quanto às outras alegações da recorrente constas do resumo do relatório deste voto , foram elas analisadas nas preliminares com entendimento a ela favorável. Portanto, proponho a este colegiado seja dado provimento ao recurso voluntário para afastar as razões que motivaram o indeferimento do pedido de reconhecimento de direito creditório e dos pedidos de homologação, devendo se aplicar ao caso o que posto neste voto: a Súmula CARF 15, o prazo de dez anos para peticionar restituição de tributo, a atualização dos valores, e a homologação tácita dos pedidos de compensação ingressados em 2001. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira Relator Fl. 605DF CARF MF
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Numero do processo: 13975.000215/2005-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO RESULTADO DO JULGAMENTO.
Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração para correção de erro material na formalização do acórdão.
O resultado do julgamento constante do acórdão deve ser retificado de forma a corresponder ao que restou decidido em votação.
Numero da decisão: 3201-002.315
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos para correção do erro material no acórdão embargado.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer De Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko Dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO RESULTADO DO JULGAMENTO. Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração para correção de erro material na formalização do acórdão. O resultado do julgamento constante do acórdão deve ser retificado de forma a corresponder ao que restou decidido em votação.
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ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO RESULTADO DO JULGAMENTO. Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração para correção de erro material na formalização do acórdão. O resultado do julgamento constante do acórdão deve ser retificado de forma a corresponder ao que restou decidido em votação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos para correção do erro material no acórdão embargado. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer De Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko Dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 5. 00 02 15 /2 00 5- 78 Fl. 849DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 2 Consoante acórdão proferido em sede de Recurso Voluntário, é o relatório do feito: Adoto o relatório da decisão de primeira instância por entender que o mesmo resume bem os fatos dos autos até aquele momento processual: Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de créditos da Contribuição para o Programa de Integração Social— PIS de que trata o art. 5° da Lei 10.637/2002, relativo ao segundo trimestre de 2004. A DRF/BLUMENAU exarou o Despacho Decisório de fls. 639 a 666 deferindo parcialmente o pedido da interessada para reconhecer o direito creditório no valor de R$88.740,85, referente ao saldo remanescente da apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS. No relatório e na fundamentação que embasaram a decisão proferida consta consignado, em resumo, que: a) A análise do direito creditório pleiteado no processo foi suscitada em sede do Mandado de Segurança n° 2006.72.05.0047318/ SC; b) A análise teve como base as informações prestada nos documentos apresentados pela interessada e acostados ao processo, bem como as informações obtidas por meio de consultas aos sistemas informatizados da RFB; c) A partir de uma amostragem das notas fiscais de exportação, procedeuse à verificação da efetividade das exportações nos sistemas internos da RFB, tendo sido possível comprovar, por meio do confronto do Demonstrativo de Despachos de Exportação (fl. 46) com suas respectivas notas fiscais, a exportação das mercadorias informadas nas notas fiscais amostradas; d) Foi selecionada para verificação uma amostragem das notas fiscais de aquisições. Da verificação foram constatadas divergências entre os valores informados no DACON e os valores informados pela interessada na documentação apresentada; e) A requerente incluiu na formação da base de cálculo dos créditos de PIS, aquisições de bens de pessoa física, contrariando o disposto no § 3° do art. 3° da Lei 10.637/02. As cópias das notas fiscais encontramse em fls. 346, 409 e 476. Procedeuse à glosa da totalidade desses valores; f) As notas fiscais do fornecedor Vidroforte Indústria e Comércio de Vidros Ltda, CNPJ 92.639.954/000167 foram emitidas com o CFOP 6.501 (remessa com fim específico de exportação) e escrituradas pela requerente com o CFOP 2.101 (compras para industrialização); g) A venda com fim específico de exportação só se efetiva quando a mercadoria vai diretamente do estabelecimento Fl. 850DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 850 3 do produtorvendedor para embarque ao exterior ou para depósito em entreposto, o que não ocorreu no caso em tela, mas sim para seu próprio estabelecimento e a incorporação desse insumo (vidro) ao produto final; h) A aquisição desse insumo se deu sem a devida tributação quando da saída do estabelecimento fornecedor, já que foi alcançado pela imunidade afeta às exportações por causa da emissão de nota fiscal com CFOP 6.501. A concessão de créditos sobre tais aquisições implicaria na inobservância ao princípio da nãocumulatividade; i) De acordo com os arts. 5°, III e 3°, § 2° da Lei 10.637/2002, as aquisições de mercadorias com fim específico de exportação não geram direito a créditos de PIS. Foram glosadas as aquisições do referido fornecedor, conforme notas fiscais anexas ao processo; j) A requerente incluiu no rol dos serviços passíveis de creditamento, os prestados pela empresa Bráulio Reif, CNPJ 00.249.264/000183, relativos a transporte de passageiros. Somente dão direito a crédito as despesas com transporte relacionadas aos custos de produção na aquisição de insumos, desde que suportados pelo adquirente e, a partir de 01/02/2004, os relacionados ao frete na operação de venda, desde que suportado pelo vendedor. Assim, procedeuse à glosa da totalidade das notas fiscais; k) A grande maioria dos CTRC (Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas) de CFOP 1.352 padecem dos requisitos formais exigidos pelo regulamento do ICMS a que se sujeita a requerente. Dentre as irregularidades destacamse as relativas à emissão do CTRC posteriormente à prestação do serviço de transporte; 1) Constatouse que o problema ocorreu exclusivamente com os transportes locais ou de cidades limítrofes à sede da requerente. Em relação aos serviços de transporte interestadual (CFOP 2.352), a totalidade dos conhecimentos foram deferidos: m) Na memória de cálculo para os créditos referentes a serviços utilizados como insumos, a requerente incluiu, dentre outros, os CFOP 1.949 e 2.949 (outra entrada de mercadoria ou prestação de serviço não especificado). Por se referirem a outras entradas não previstas nos demais códigos, a princípio, não correspondem a bens ou Fl. 851DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 4 serviços utilizados como insumo, razão pela qual se efetuou a glosa dessas quantias; n) Constatouse da conferência das faturas de energia elétrica a inclusão no cômputo do crédito para o PIS, de valor referente à doação ao Hospital Armegret Neitzke, no valor de R$ 100,00. A previsão legal de desconto de créditos calculados em relação à energia elétrica não contempla tais valores, motivo pelo qual foram da glosados; o) Intimada a comprovar os valores informados na linha seis (Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas) da ficha quatro de DACON, a requerente apresentou cópia de contrato de locação de um caminhão e duas carrocerias reboques, de propriedade da controladora Rohden Artefatos de Madeiras Ltda. Em relação aos comprovantes do efetivo pagamento, informou que a operação estava coberta por contrato de mútuo. A inclusão desta despesa evidencia um equívoco por parte da requerente, pois a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) utiliza capítulos distintos para classificar máquinas e veículos. Assim, foram glosados tais valores; p) Intimada a demonstrar a memória de cálculo dos valores informados na linha treze da ficha quatro do DACON, a interessada apresentou as contas contábeis "Fretes de exportação" — 4.236 e "Serviço de armazena" gem" — 4.271. Em relação às despesas com transporte, repetiuse a deficiência na formalização dos CTRC de CFOP 1.352 — nos mesmos termos dos fretes relativos à aquisição de insumos transcrito no item "Despesas com transporte rodoviário de cargas" do Despacho decisório; q) A requerente incluiu entre as despesas financeiras passíveis de creditamento, as relacionadas às despesas decorrentes de contrato de câmbio (conta 4.314 — Juros pagos ACC/ACE). Tais valores não se enquadram no conceito de despesa financeira decorrente de empréstimo ou financiamento, motivo pelo qual foram glosados; r) A conferência por amostragem das notas fiscais e dos documentos apresentados pela interessada foi o ponto de partida para a elaboração da planilha do Anexo I do despacho. Levouse em consideração o resultado da análise do trimestre anterior através do processo n° 13975.000218/200510. Assim, os créditos do período anterior solicitados no citado processo não afetam o estoque de créditos no mercado externo do período ora analisado; s) O crédito de mercado interno do trimestre foi integralmente utilizado para descontar os débitos do período, razão pela qual o saldo inicial do período subseqüente será igual a zero. Foi apurado crédito Fl. 852DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 851 5 disponível para compensação ou ressarcimento no valor de R$ 88.740,85 a título de mercado externo. Cientificada da decisão em 05/09/2007 (fl. 674), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 02/10/2007 (fis. 675 a 687), alegando, em síntese que a) As notas fiscais que comprovam as aquisições do fornecedor Vidroforte Indústria e Comércio de Vidros Ltda foram emitidas com CFOP 6.501, destinado a vendas com fim específico de exportação. Contudo, foram utilizadas pela requerente como matéria prima em seu processo de industrialização; b) O CFOP foi utilizado de forma equivocada 'pelo fornecedor, sem qualquer responsabilidade da recorrente; c) Notese que a empresa Vidroforte destacou o ICMS nas operações, contudo, a venda . com fim específico de exportação não tem destaque de ICMS. Assim, a recorrente pagou o ICMS, o PIS e a COFINS à empresa fornecedora, os dois últimos embutidos no preço dos produtos; d) Caso o fornecedor não tenha recolhido o PIS e a COHNS, a empresa recorrente não pode ser prejudicada, vez que referido recolhimento é de responsabilidade de terceiro, cabendo ao fisco a cobrança da empresa responsável pelo pagamento; e) Na época das aquisições sequer havia lei autorizando a suspensão do PIS e da COFINS, tanto que no campo "observações" das notas fiscais constou apenas a suspensão do A recorrente passou a estar autorizada a efetuar a compra com suspensão do PIS e da COFINS somente após a publicação do Ato Declaratório Executivo n° 1, de 06/01/2006. A partir dessa data, a Vidroforte passou a vender para a recorrente com suspensão das contribuições, passando a conceder desconto relativo à suspensão; f) Não existem os supostos "vícios formais" a ensejar a glosa referente aos fretes das aquisições de insumos mas, quando muito, meras irregularidades. O transporte utilizado para levar a madeira bruta das florestas até o estabelecimento da recorrente é efetuado por pessoas humildes que, ao invés de emitirem uma nota fiscal (conhecimento de frete) para cada operação de transporte, emitiam uma nota fiscal conjunta com a totalidade dos serviços prestados em determinado período; g) Referida falha não prejudicou o fisco pois não houve omissão dos valores referentes aos fretes. O fato de ter havido irregularidades não impediu que a empresa transportadora recolhesse PIS e COFINS sobre esses valores; Fl. 853DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 6 h) Caso se entenda que não tem como auferir os valores a serem ressarcidos, que se determine o retorno dos autos à DRF em Blumenau para análise do crédito; i) Os valores incluídos nos CFOP 1.949 e 2.949 não apresentam qualquer incorreção, vez que se tratam de importâncias relativas a serviços de pessoa jurídica utilizados na extração de madeira, manutenção de florestas e manutenção de máquinas, cujo direito ao crédito está previsto no art. 3 0, II, da Lei 10.637/02; j) De fato, no mesmo CFOP existem entradas com direito ao crédito e outras sem. Contudo, a autoridade administrativa deveria ter intimado a recorrente para prestar as informações necessárias. Anexa aos autos as notas fiscais que comprovam o direito pleiteado; k) Relativamente às despesas com transporte na venda da produção do estabelecimento não há que se falar em "vícios formais relevantes" porquanto cada conhecimento de frete foi devidamente vinculado a uma nota de venda de produtos encaminhados ao porto para exportação; 1) Caso se entenda que não tem como auferir os valores a serem ressarcidos, que se determine o retorno dos autos à DRF em Blumenau para análise do crédito; m) As vendas ao exterior são efetuadas por meio de Contrato de Câmbio, que impõe ao exportador o pagamento de uma taxa de câmbio para receber em moeda nacional o valor que foi pago pelo importador em moeda estrangeira. Não resta dúvida de que a taxa de câmbio decorrente do contrato de câmbio configurase como despesa financeira; n) A interpretação da redação original do inciso V, do art. 3°, da Lei 10.637/02 não pode restringir o direito ao ressarcimento às despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos; o) Há ainda situações em que o banco onde o Contrato de Câmbio foi celebrado adianta o valor e cobra juros do exportador. Tal procedimento é uma espécie de empréstimo; p) Requer o recebimento, e a apreciação da manifestação de inconformidade e a reforma da decisão proferida. O processo foi encaminhado a esta DRURJ02 tendo em vista o disposto na Portaria RFB n° 535, de 28/03/2008. A decisão recorrida recebeu de seus julgadores a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Fl. 854DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 852 7 A aquisição de bens utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda gera direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativo, quando não comprovado que a aquisição tenha sido efetuada com o fim específico de exportação. PIS NÃOCUMULATIVO. GLOSA DE CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. Não é cabível a glosa de crédito a ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativo calculado em relação a serviços utilizados como insumo, quando devidamente escriturados e amparados por documentos hábeis que lhe dêem suporte. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da não cumulatividade. PIS NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. DESPESAS FINANCEIRAS. As despesas financeiras sobre contratos de câmbio não dão direito a crédito para ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep apurada segundo o regime de incidência nãocumulativa. DECISÃO ADMINISTRATIVA. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Consideramse definitivos os ajustes efetuados na base de cálculo dos créditos a descontar relativamente aos itens que não foram expressamente contestados. Solicitação Deferida em Parte O contribuinte, restando inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário no qual ratifica e reforça os argumentos trazidos em sua peça de impugnação. Os autos foram enviados a este Conselho e fui designado como relator do presente recurso voluntário, na forma regimental, tendo requisitado a sua inclusão em pauta para julgamento. Em sessão de julgamento ocorrida em 04 de maio de 2011, esse Turma Julgadora, por maioria, negou provimento o Recurso Voluntário do contribuinte, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 855DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 8 Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. PROVA. INSUMO. Não havendo prova da sua aplicação direta no processo produtivo, de venda, de serviço ou qualquer combinação destes; ou a essencialidade deste para processo produtivo, de venda, de serviço ou qualquer combinação destes, não merece provimento o pedido formulado no recurso voluntário. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. JUROS. CONTRATO DE CÂMBIO. É possível descontar créditos calculados em relação a despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica, contudo, o Contrato de Câmbio não tem natureza jurídica de empréstimo, nem de financiamento, não sendo possível tal aproveitamento. Intimada, a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração de fls. 843/844, aduzindo material no resultado do julgamento consignado no acórdão embargado. Os referidos Embargos foram admitidos por despacho de fls. 846/848 e a mim distribuídos por sorteio, vez que o Relator original do feito não mais compõe este colegiado. É o Relatório. Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário A questão posta a exame deste Colegiado em sede de Embargos de Declaração é de mero erro material. Alega a Procuradoria da Fazenda Nacional que houve contradição entre a parte dispositiva do Voto condutor do Acórdão recorrido e o resultado de julgamento que restou consignado quando da formalização do acórdão. Confirase: Parte dispositiva do voto condutor (fl. 822) Assim, também não como prover o recurso neste particular, logo, VOTO por conhecer do recurso para negarlhe provimento. (destaques nossos) Fl. 856DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 853 9 Acórdão formalizado (fl. 810): Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes. (destaques nossos) Como se percebe pelos excertos colacionados, a omissão está presente. De acordo com a fundamentação do voto condutor do acórdão proferido em sede de Recurso Voluntário, bem como da sua parte dispositiva, o resultado do julgamento deve ser consignado como negativa de provimento ao Recurso Voluntário. Assim, voto por conhecer e prover os Embargos de Declaração, sem efeitos infringentes, para simples correção de erro material apresentado na formalização do acórdão recorrido, que passa a ter a seguinte redação: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por maioria, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes. É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 857DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 11080.726185/2014-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011, 2012
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO.
O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2011, 2012
LANÇAMENTO REFLEXO. APLICAÇÃO DO RESULTADO.
Tratando-se de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplica-se o mesmo entendimento à CSLL.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2011, 2012
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 1402-002.264
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella que votou por dar provimento ao recurso.
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011, 2012 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2011, 2012 LANÇAMENTO REFLEXO. APLICAÇÃO DO RESULTADO. Tratando-se de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplica-se o mesmo entendimento à CSLL. Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2011, 2012 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2095; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 912 1 911 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.726185/201463 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402002.264 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 9 de agosto de 2016 Matéria JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO Recorrente DANA INDÚSTRIAS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011, 2012 JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2011, 2012 LANÇAMENTO REFLEXO. APLICAÇÃO DO RESULTADO. Tratandose de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento à CSLL. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011, 2012 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 61 85 /2 01 4- 63 Fl. 915DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencidos o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella que votou por dar provimento ao recurso. Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto Fl. 916DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11080.726185/201463 Acórdão n.º 1402002.264 S1C4T2 Fl. 913 3 Relatório Tratamse de autos de infração para cobrança do IRPJ e da CSLL nos anos calendário de 2011 e 2012, nos montantes respectivos de R$ 19.745.584,43 e R$ 7.141.619,09; aí incluídos multa de ofício e juros de mora; decorrentes da dedução indevida de juros sobre o capital próprio (JCP) acima dos limites estabelecidos na legislação. Cientificada, a interessada apresentou impugnação onde alega, em esmigalhada síntese, quanto aos juros sobre capital próprio que o entendimento do Fisco caracteriza inadmissível ingerência na liberdade da pessoa jurídica decidir em que valor e quando efetuar pagamento de juros sobre capital próprio. Aduz que foi negado a dedutibilidade de despesa com expressa previsão legal e afirma que o fato de o pagamento dos juros sobre capital próprio ter sido deliberado em 2011e 2012 não impede que o valor pago seja dedutível se inferior ao que poderia ser pago em anos anteriores. Argumenta que o não pagamento em determinado período não implicaria em renúncia e sustenta não ter havido desobediência ao regime de competência. Defende com base no art. 273, do RIR/99 que a despesa não deduzida no período competente pode sêlo em períodos seguintes desde que não haja postergação do tributo ou indevida dedução do lucro real. Afirma que ao não deduzir a despesa anteriormente, houve verdadeiro adiantamento de IRPJ e CSLL; reclama não ter sido considerado, a partir da glosa, a alteração dos limites de dedutibilidade nos anos de 2011 e 2012 e requer a compensação dos valores pagos a título de IRRF. Por fim, contesta a incidência de juros sobre a multa. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento prolatou o Acórdão 0650.011considerando a impugnação totalmente improcedente, em decisão consubstanciada na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2011, 2012 JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. VARIAÇÃO PRO RATA DIA DA TJLP. CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO. A pessoa jurídica pode deduzir, na determinação do lucro real, o valor dos juros pagos ou creditados individualmente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido com base na variação pro rata dia da TJLP; o encargo dedutível com juros remuneratórios do capital fica limitado ao maior entre os seguintes valores: (i) 50% do lucro líquido do exercício antes da dedução desses juros; Fl. 917DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 4 ou (II) 50% do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros. JUROS SOBRE O CAPITAL PRÓPRIO. PAGAMENTO. REGIME DE COMPETÊNCIA E CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. O pagamento ou crédito de juros sobre o capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência; incabível a deliberação de juros sobre o capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e a societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011, 2012 DECORRÊNCIA. CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento à CSLL. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário a este colegiado ratificando em essência as razões expedidas na peça impugnatória. Acrescenta preliminar de nulidade da decisão recorrida por cerceamento do direito de defesa pois, sustenta, não teria enfrentado o argumento da ausência de efeito adverso decorrente da não dedução do JCP nos anos de 2006 e 2008 para que fosse feito em 2011, o que teria implicado em adiantamento do recolhimento do IRPJ e CSLL. É o Relatório. Fl. 918DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11080.726185/201463 Acórdão n.º 1402002.264 S1C4T2 Fl. 914 5 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado motivo pelo qual dele conheço. A argüição de nulidade da decisão recorrida por não ter enfrentado a questão do suposto adiantamento do recolhimento do IRPJ e da CSLL não merece prosperar, pois o tema foi abordado ainda que indiretamente. A afirmativa do acórdão no sentido de que “ a faculdade de pagamento ou crédito de JCP a acionista ou sócio devia ser exercida no devido momento...” implica, dentre outras conseqüências, na impossibilidade de dedução do JCP sem manifestação expressa nesse sentido. Assim, a “ausência de pagamento” em 2006 e 2008 não decorreu de prerrogativa não exercida, mas ausência de deliberação naquele sentido, posição que endosso. No mérito, o art. 9º, da Lei nº 9.249/95 estabeleceu a possibilidade de as pessoas jurídicas remunerarem o capital nelas investido através do pagamento de juros, por definição legal dedutíveis na apuração do lucro real sob a obediência de determinados limites e condições. Na regulamentação do tema, a Instrução Normativa SRF nº 11/96 trata os limites previstos no dispositivo supra mencionado para efeitos de dedução dos juros como despesa financeira. Sob esse prisma, o pagamento dos juros deve integrar o resultado do exercício e o valor não se insere em conta de patrimônio líquido. Como qualquer outra despesa, o pagamento e a contabilização dos juros deve estar atrelado a fatos considerados no mesmo período. Situações outras que, mesmo guardando alguma relação com a matéria, tenham ocorrido em períodos de apuração anteriores ou posteriores não podem influenciar a despesa incorrida. No caso dos juros sobre capital próprio, a despesa é considerada incorrida quando ocorre a deliberação pelo pagamento ou crédito nos termos da legislação. Os limites de dedução devem ter como escopo esse mesmo momento. Em outras palavras, a base de cálculo e a taxa percentual devem ser apuradas com base nas informações correspondentes exclusivamente ao período em que a despesa foi incorrida. Levando em consideração que os juros sobre capital próprio representam remuneração tendo como base o espaço temporal no qual o capital do sócio ficou investido na pessoa jurídica, tal investimento é representado pelas contas de patrimônio líquido. Sobre esa base econômica aplicase a taxa de juros proporcional pro rata dia. A proporcionalidade é efetuada em função do termo inicial e final desse período de investimento, que são, respectivamente, o início do período de apuração e o momento de deliberação dentro do mesmo período, pelo pagamento ou crédito. Como a despesa somente será considerada incorrida quando houver a deliberação, é incompatível defender a aplicação de TJLP sobre o saldo de contas do Fl. 919DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 6 patrimônio líquido de exercícios anteriores, quando já houve manifestação societária sobre o assunto e ficou decidido pelo pagamento da despesa abaixo do limite dedutível. O direito aos juros sobre o capital próprio nasce a partir da decisão societária, não sendo autorizado recuperar a dedutibilidade de despesa que, por determinação da própria empresa, não foi suportada em anos anteriores. Ratificase: sob a ótica societária, a deliberação acerca da destinação dos lucros referentes aos anos pretéritos é um ato jurídico perfeito. Cabe à empresa apenas cumprir as determinações constantes da assembléia onde houve a aprovação das demonstrações financeiras e ficou decidido sobre o tratamento a ser dado ao lucro apurado no período. Eventual modificação dependeria de alteração do balanço e a prova de algum vício no tocante à manifestação de vontade. Como já houve a destinação do lucro do período, não pode a pesoa jurídica simplesmente ignorar a deliberação e em períodos posteriores determinar o pagamento de JCP. Na Solução de Consulta Cosit nº 329/2014 é feita uma ilustrativa comparação dos juros sobre capital próprio com dividendos, que corrobora o entendimento supra esposado e merece transcrição: [...] Na distribuição de dividendos, o respectivo valor integra o saldo de contas do patrimônio líquido, de modo que a pessoa jurídica entrega aos destinatários uma parcela já registrada e incorporada ao grupo patrimonial, em nada afetando o resultado do exercício. Vale dizer que os lucros existentes no patrimônio líquido, em determinado exercício, podem ser distribuídos em períodos posteriores – a depender de deliberação e de recursos financeiros 28. Por outro lado, o pagamento de valores com a natureza de despesa, como é o caso dos JCP, implica conseqüência diversa ao patrimônio da pessoa jurídica e, com efeito, tratamento contábil diferente. 29. Nessa situação, como visto, o correspondente valor pago ou creditado ao beneficiário representa despesa incorrida e, como tal, transita pelo resultado do exercício a que competir. Seu efeito imediato é a redução do resultado do exercício, e não a baixa direta de conta do patrimônio líquido. 30. Como despesa, sua existência contábil resumese ao exercício social competente. É dizer: um valor estranho a qualquer área patrimonial em período posterior, de forma que os JCP somente podem ser levados ao resultado do exercício a que competir. 31. Significa que se a sociedade deixa de reconhecer como devidos os JCP no anocalendário a que correspondem, terá considerado como inexistente a despesa para fins de apuração do lucro real, o que implica a impossibilidade de deduzila em períodos seguintes, estranhos que são ao da sua competência. 32. Cuidase, pois, de dedutibilidade sujeita a um ato de manifestação de vontade a produzirse no tempo oportuno, em respeito ao princípio da competência que rege a contabilização de despesas. Incumbe à pessoa jurídica decidir, em relação a cada período de apuração, se deve ou não reconhecer como incorrida a correspondente despesa de JCP. [...] A inexistência de vedação expressa para que a sociedade delibere e realize o pagamento de juros sobre o capital próprio no momento em que lhe provier não pode se Fl. 920DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11080.726185/201463 Acórdão n.º 1402002.264 S1C4T2 Fl. 915 7 constituir em salvo conduto para ignorar os limites estabelecidos pela legislação ou dar a esses limites uma amplitude em violação aos princípios contábeis e societários. Conforme bem relatado pelo acórdão recorrido, tendo em vista que a faculdade de pagamento ou crédito de JCP a acionista ou sócio devia ser exercida no devido momento, não há que se falar em dedução de tal encargo em período de apuração subsequente, ainda que não tenha havido postergação de pagamento de tributo e nem redução indevida do lucro real de qualquer período. A solicitação para recálculo dos limites de JCP em 2011 e 2012 em função das glosas não merece melhor sorte. Não se pode confundir a realização da despesa em termos contábeis com a dedutibilidade fiscal sob o regramento pertinente. Nos anos anteriores os juros sobre o capital próprio foram pagos aos acionistas nos valores registrados na escrituração e geraram efeitos. Tal circunstância não se modifica com a glosa posterior da dedução. Também não há que se falar na dedução do IRRF pois, no caso, a recorrente agiu como responsável tributário e não como contribuinte. Assim, não sofreu o ônus daquele imposto que recaiu sobre os sócios beneficiários dos pagamentos. A jurisprudência administrativa não socorre a recorrente. A CSRF posicionouse em julgados recentes da mesma linha do aqui exposto, conforme Acórdãos 9101002.180, 9101002.181 e 9101002.182. No acórdão 9101002.180 o voto condutor analisa com precisão o real sentido da decisão do STJ trazida pela peça de defesa: 42. Para um acertado exame do precedente do STJ (Recurso Especial nº 1086752/PR, de 17/02/2009), é preciso diferenciar inicialmente o regime de competência do regime de caixa, especificamente aplicado à despesa. Em se tratando de despesas, o regime de competência estabelece que o reconhecimento da despesa se dá no mesmo exercício do incorrimento, já o regime de caixa estabelece que o reconhecimento da despesa não ocorre no exercício do incorrimento e sim no exercício do pagamento (parto do pressuposto que o pagamento se deu em exercício diferente do incorrimento; se se der no mesmo, a questão se torna diferenças mensais). 42.1. Diferentemente de regime de competência que é um conceito da legislação societária, adotada pela legislação fiscal, a expressão regime de caixa está mais associada à legislação fiscal pelo seguinte fato: não há aplicação do regime de caixa na lei das S.A; como se viu em tópico próprio, não há exceção a este regime no âmbito societário. Mas, mesmo quando o regime de caixa é permitido pela legislação fiscal, isso se reflete apenas para apuração de tributos, pois a sociedade, se submetida a Lei nº 6.404/76, ainda deverá apurar o lucro líquido do exercício pelo regime de competência. 43. Então o tratamento de uma despesa submetida a regime de caixa "fiscal"10 é:seguir o regime de competência para apuração do lucro líquido do exercício (ou seja, a despesa continua a ser reconhecida no momento em que incorrida) e ajustar esse lucro de forma a desconsiderar o reconhecimento desta despesa e controlála, fora da escrituração societária, de modo a vir a incluíla no lucro fiscal somente no momento do pagamento. Fl. 921DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 8 43.1. Assim, a adoção do regime de caixa permite a formação de um outro tipo de lucro, destinado a fins fiscais e que não é o lucro societário apurado para atendimento da Lei das S.A. 43.2. Chamo atenção então para o fato de que a despesa, ainda que submetida ao regime de caixa "fiscal", para a legislação societária, continua a ser reconhecida no momento em que incorrida, conseqüência esta da manutenção nesta seara do direito do regime de competência. 43.3. Assim, esta despesa não deixa de ser despesa do exercício; no exercício do pagamento não é despesa de exercício anterior, absolutamente, é apenas uma despesa diferida para fins fiscais, ou ainda, mantendo o estrito rigor técnico sequer é despesa, na realidade, é um valor diferido para fins fiscais ou então pode ser chamada de uma despesa "fiscal". 44. Examino então se esta dinâmica é apropriada aos Juros sobre Capital Próprio. A pergunta que se impõe: o regime de caixa que precisa ser aplicado para conservar as autuações envolvidas é o regime de caixa existente em alguns casos na legislação tributária (o que outrora denominei regime de caixa "fiscal") ou é um regime de caixa inédito (inovador) a ser aplicável mesmo no âmbito da Lei das S.A.? 44.1. Em resposta a esta pergunta, frente ao que se expôs no item 43 e em seus subitens, há que verificar que a aplicação do regime de caixa adotado pela legislação tributária não supre a necessidade do recorrido de fazer incorrer no exercício de 2007, na escrituração societária, despesas que deixaram de ser incorridas nos exercícios de 2002 a 2006. 44.2. Então, por exclusão, resta que o regime de caixa pretendido e ao qual o STJ atendeu em caso assemelhado, é um regime de caixa adequado ao caso, uma exceção jurisprudencial ao art. 177 da Lei nº 6.404/76. É difícil até mesmo conceber a redação de um dispositivo legal que permita um regime de caixa útil para manutenção da conduta que se deseja. 45. Assim, o exame do precedente do STJ nos coloca uma questão bem simples:existe a possibilidade de aplicação do regime de caixa no âmbito da legislação societária sem previsão legal e exclusivamente para os Juros sobre o Capital Próprio, mantendo o regime de competência quanto ao mais? Firmei convicção, mesmo sem aqui contraditar as razões de decidir ali apresentadas, que essa possibilidade não deve prevalecer. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso no que se refere à dedução de juros sobre capital próprio. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício também é matéria amplamente consolidada nesta Corte no âmbito das três turmas da CSRF: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão 9101002.180, CSRF, 1ª Turma) JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC.A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu inadimplemento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a Fl. 922DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11080.726185/201463 Acórdão n.º 1402002.264 S1C4T2 Fl. 916 9 obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic. (Acórdão 9202003.821, CSRF 2ª Turma) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (Acórdão 9303003.385, CSRF, 3ª Turma). De todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 923DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/09/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 08/09 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 15504.720977/2015-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA). RECEBIMENTO POR PARCELAS. NÚMERO DE MESES. FORMA DE CÁLCULO.
No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, deve-se multiplicar a quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas.
Numero da decisão: 2202-003.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2011 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA). RECEBIMENTO POR PARCELAS. NÚMERO DE MESES. FORMA DE CÁLCULO. No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, deve-se multiplicar a quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1953; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 156 1 155 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.720977/201538 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.591 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de setembro de 2016 Matéria IRPF Rendimentos Recebidos Acumuladamente Recorrente KELSEN DO PRADO CARNEIRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA). RECEBIMENTO POR PARCELAS. NÚMERO DE MESES. FORMA DE CÁLCULO. No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, devese multiplicar a quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) – DRJ/SPO, que descreveu os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 09 77 /2 01 5- 38 Fl. 156DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Contra o contribuinte em epígrafe foi emitida a Notificação de Lançamento de fls. 10/24, que exige crédito tributário referente ao anocalendário de 2010, no montante de R$ 27.627,98, sendo R$ 13.151,80, a título de imposto de renda pessoa física suplementar (sujeito à multa de ofício), R$ 9.863,85, de multa de ofício, e R$ 4.612,33, de juros de mora, calculados até 30/01/2015. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 13/15), o procedimento resultou na apuração da seguinte infração: Número de meses relativo a Rendimentos Recebidos Acumuladamente indevidamente declarado – Tributação Exclusiva “Constatouse informação inexata de número de meses referentes aos Rendimentos Recebidos AcumuladamenteRRA da fonte pagadora Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais TJMG, CNPJ 21.154.554/000113. O número de meses correspondente a cada rendimento consta do Comprovante de Rendimentos Recebidos Acumuladamente fornecido pelo TJMG.” Cientificado do lançamento em 14/01/2015 (fls. 31), o interessado apresentou, em 06/02/2015, a impugnação de fls. 02/05, complementada pela petição de fls. 60/72, protocolada em 26/02/2015, por meio da qual alega, em síntese, o que segue: 1. o número do CNPJ constante das páginas 3 e 4 da notificação de lançamento (11.545.540/001131) não condiz com o CNPJ da fonte pagadora do contribuinte, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, cujo numero é 21.154.554/00113; 2. apresentou, em atendimento à intimação da Receita Federal do Brasil, planilha de cálculo emitida pela fonte pagadora, com a comprovação do número dos meses declarados a que se refere o rendimento acumulado recebido no ano de 2010/2011; 3. para sua surpresa, recebeu a notificação de lançamento ora em discussão, dando conta da existência de um débito tributário que teria origem na divergência entre as informações de sua Declaração de Ajuste Anual de 2010/2011 e os dados fornecidos pela fonte pagadora; 4. seguro de que incorreção alguma havia cometido, diligenciou novamente à fonte pagadora a fim de esclarecer a questão; 5. em resposta à solicitação, informou a fonte pagadora, por meio do Ofício nº 023/COPAM/2015, que inexiste qualquer incorreção no informe de rendimento do anocalendário 2010, até porque no programa disponibilizado pela RFB para apresentação da Declaração de Ajuste Anual (DAA) sequer existe campo disponível para a informação da quantidade de meses a que se referem as verbas discriminadas mensalmente; 6. na oportunidade, apresentou uma segunda via do comprovante de RRA do anocalendário de 2010, devidamente assinado, por meio do qual ficou cabalmente demonstrado, uma Fl. 157DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 157 3 vez mais, que o número de meses a que se referiam as diferenças remuneratórias percebida no respectivo exercício fiscal correspondiam a 116 meses (URV) e 130 meses (Equivalência Salarial), dado este que foi informado na DAA; 7. o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais reconheceu, em junho de 2002, em favor dos magistrados, pensionistas e servidores do Poder Judiciário, o direito à fixação dos seus vencimento/proventos com base na URV praticada na data em que efetivamente eram pagos; 8. assim, foi incorporada aos vencimentos dos magistrados, pensionistas e servidores do Poder Judiciário a fração equivalente a 11,98%, sendo que, em relação aos períodos anteriores, o pagamento se dá em diminutas parcelas que representam pequena expressão do valor das diferenças apuradas; 9. portanto, os créditos de URV pagos ao contribuinte no ano de 2010 remontam uma diferença salarial que abrange período compreendido entre abril de 1994 até a implementalçao efetiva da citada decisão de junho de 2002, correspondendo, assim, aos 116 meses referidos no comprovante de RRA do anocalendário de 2010, que foi fornecido pela fonte pagadora e confirmado no relatório que acompanhou o Ofício nº 023/COPAM/2015; 10. o impugnante também faz jus ao recebimento de outro tipo de diferença, denominada “Equivalência Salarial”, resultante da equiparação de vencimentos entre parlamentares e integrantes do Poder Judiciário, a qual, em face das dificuldades financeiras e orçamentárias enfrentadas pelo Poder Judiciário Estadual, vem sendo pagas ao impugnante em parcelas; 11. nesse caso, somados todos os períodos em que o benefício salarial deixou de ser pago, como seria de rigor, apurouse que esta diferença remuneratória remonta 130 meses, número também referido no Comprovante de RRA, do anocalendário de 2010, fornecido pela fonte pagadora e igualmente confirmado no relatório que acompanhou o Ofício nº 023/COPAM/2015; 12. de acordo com a Instrução Normativa RFB nº 1.127, publicada no dia 08 de fevereiro de 2011, a apuração do imposto de renda das pessoas físicas, incidente sobre os rendimentos recebidos acumuladamente (RRA), provenientes do trabalho e os decorrentes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, deveria levar em conta o número dos meses a que se referia a diferença paga; 13. assim, multiplicandose o número de meses (116 e 130) por R$1.499,15 (tabela progressiva mensal 2010), chegase às faixas de isenção de R$ 173.901,40 e R$ 194.889,50, respectivamente; 14. portanto, considerando que o valor das parcelas mensais das diferenças é imensamente inferior às faixas de isenção, nenhum tributo seria devido; Fl. 158DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 15. em razão das incertezas que pairavam à época e, certamente, com o fito de tornar mais inteligível e clara a aplicação do novo instituto, a Receita Federal do Brasil publicou, em 06/04/2011, a IN RFB nº 1.145, a qual estabeleceu que, no caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, a quantidade de meses relativa a cada parcela seria obtida pela multiplicação da quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas; 16. esse dado somente passou a ser apurado e utilizado nos informes de rendimentos do exercício seguinte, dado que inexistia e inexiste na DAA de 2010 campo para sua informação; 17. assim, não se pode confundir a expressão “quantidade total de meses”, tal como precisamente referida em ambas as instruções normativas, com a “quantidade de meses relativa a cada parcela”, este último conceito introduzido pela IN RFB nº 1.145, que, editada após o encaminhamento, pela fonte pagadora, do comprovante de RRA, somente veio a ser efetivado a partir dos pagamentos realizados de abril de 2011 em diante, figurando na declaração de ajuste de 2012; 18. por todo o exposto, constatase que irregularidade alguma existe na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte do ano de 2010/2011, tendo em vista que os dados ali constantes refletem com absoluta fidelidade, o conteúdo do Comprovante de Rendimentos Recebidos Acumuladamente no período em questão, onde se encontra o registro de que as diferenças salariais recebidas referemse ao período de 116 meses, no caso das URVs, e 130 meses, no caso da equivalência salarial; 19. o contribuinte, magistrado de carreira que é, sempre pautou sua vida pelo estrito cumprimento da lei e de suas obrigações tributárias, jamais tendo sido questionado a respeito de sua conduta perante o Fisco, o que reclama rápida e adequada solução para o caso; 20. requer que seja acolhida a presente impugnação, dandose por insubsistente o lançamento informado por meio da notificação 2011/29268041684805. Visando instruir o presente processo, foram juntados os documentos de fls. 87/104. A 16ª Turma de Julgamento da DRJ/SPO julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 TRIBUTAÇÃO. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM MESES DISTINTOS. FORMA DE CÁLCULO. No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, devese multiplicar a quantidade de Fl. 159DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 158 5 meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas. In casu, considerando que os cálculos realizados pelo fiscal autuante observaram corretamente o que prescreve a legislação vigente, não há reparos a serem feitos no lançamento, devendo ser mantida a omissão de rendimentos apurada. Embora somente tenha sido cientificado da decisão em 23/09/2014 (fl. 153), o Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 126 a 151 em 1º/09/2015. Consta da fl. 115 um pedido de cópia do processo em 07/08/2015. Em seu recurso, o Contribuinte repisa os argumentos da impugnação acrescenta os seguintes argumentos: ainda que se entenda incorreto o cálculo utilizado, é necessário reconhecer que ele em nada concorreu para o fato, pois se baseou nas informações prestadas pela fonte pagadora; estando comprovado nos autos que o erro verificado deuse em razão das informações supostamente errôneas fornecidas pela fonte pagadora TJMG , resta evidente a sua boa fé, o que é suficiente para afastar a cobrança de multa e juros. Cita jurisprudência dos tribunais. Ao final, requer o cancelamento do auto de infração e, sucessivamente, o afastamento dos juros moratórios e da multa. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE O litígio resumese ao número de meses relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente pelo Contribuinte em parcelas, no anocalendário de 2010, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, a título de diferenças de URV e de equivalência salarial. O Contribuinte informou em sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2011 (anocalendário 2010) que o recebimento das parcelas mensais referentes às diferenças de URV seria equivalente a 116 meses, enquanto que as parcelas mensais relativas às diferenças de equivalência salarial, a 130 meses. Informa que se baseou no Comprovante de Rendimentos fornecido pela fonte pagadora (fl. 98). A Fiscalização, com base nas informações prestadas pela fonte pagadora (fl. 102), apurou a seguinte quantidade de meses: URV: Fl. 160DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 janeiro: 2,9; junho: 3,4; demais meses: 0,6 Equivalência salarial: janeiro: 2,1; junho: 3,0; demais meses: 0,4 A Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, até a publicação da MP Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, estabelecia quanto aos rendimentos recebidos acumuladamente, em seu artigo 12: Art 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Com a publicação da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, passou a vigorar acrescida do art. 12A: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. § 1º O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. § 2º Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. § 3º A base de cálculo será determinada mediante a dedução das seguintes despesas relativas ao montante dos rendimentos tributáveis: I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; e II – contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 159 7 § 4º Não se aplica ao disposto neste artigo o constante no art. 27 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, salvo o previsto nos seus §§ 1º e 3º. § 5º O total dos rendimentos de que trata o caput, observado o disposto no § 2º, poderá integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do anocalendário do recebimento, à opção irretratável do contribuinte. § 6º Na hipótese do § 5º, o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte será considerado antecipação do imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual. § 7º Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1º de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. § 8º (VETADO) § 9º A Secretaria da Receita Federal do Brasil disciplinará o disposto neste artigo. (destaquei) A Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 07 de fevereiro de 2011, e alterações posteriores, regulamentando a matéria, estabeleceu, quanto aos rendimentos recebidos acumuladamente no anocalendário de 2010: Art. 10. Para efeito de apuração do imposto de que trata o art. 3º no caso de parcelas de RRA pagas: I em meses distintos, a quantidade de meses relativa a cada parcela será obtida pela multiplicação da quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas, arredondandose com uma casa decimal, se for o caso. II em um mesmo mês: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) a) ao valor da parcela atual será acrescentado o total dos valores das parcelas anteriores apurandose nova base de cálculo e o respectivo imposto; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) b) do imposto de que trata a alínea “a”" será deduzido o total do imposto retido relativo às parcelas anteriores. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) [...] Art. 13. Os RRA a que se referem os arts. 2º a 6º quando recebidos no período compreendido de 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2010, poderão ser tributados na forma do previsto naqueles artigos, desde que efetuado ajuste específico na Fl. 162DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 apuração do imposto relativo àqueles rendimentos na DAA referente ao anocalendário de 2010, do seguinte modo: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) I a apuração do imposto darseá: a) em ficha própria; b) separadamente por fonte pagadora e para cada mês calendário, com exceção da hipótese em que a mesma fonte pagadora tenha realizado mais de um pagamento referente aos rendimentos de um mesmo mêscalendário, sendo, neste caso, o cálculo realizado de modo unificado; II – o imposto resultante da apuração de que trata o inciso I será adicionado ao imposto apurado na DAA, sujeitandose aos mesmos prazos de pagamento e condições deste. § 1º A opção de que trata o caput: (Renumerado com nova redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) I será exercida de modo definitivo na DAA do exercício de 2011, anocalendário de 2010; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) II não poderá ser alterada, ressalvadas as hipóteses em que: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) a) a sua modificação ocorra no prazo fixado para a apresentação da DAA; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) b) a fonte pagadora, relativamente à DAA do exercício de 2011, anocalendário de 2010, não tenha fornecido à pessoa física beneficiária o comprovante previsto na Instrução Normativa SRF nº 120, de 28 de dezembro de 2000, ou, quando fornecido, o fez de modo incompleto ou impreciso, de forma a prejudicar o exercício da opção; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011 ) III deverá abranger a totalidade dos RRA no anocalendário de 2010.(Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) § 2º No caso de que trata a alínea "b" do inciso II do § 1º, após o prazo fixado para a apresentação da DAA, a retificação poderá ser efetuada, uma única vez, até 31 de dezembro de 2011. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011). (destaquei) Diferentemente do que alega o Recorrente, está evidente que essa regra de proporcionalidade deve ser empregada a partir do anocalendário de 2010, conforme esclarecido pela IN RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011, que deu nova redação à IN RFB nº 1.127/2011. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 160 9 Observase que a IN RFB 1.170, de 1º/07/2011, abriu novo prazo para retificação da Declaração de Ajuste Anual para os casos em que a fonte pagadora, relativamente à DAA do exercício de 2011, anocalendário de 2010, não tenha fornecido à pessoa física beneficiária o comprovante previsto na Instrução Normativa SRF nº 120, de 28 de dezembro de 2000, ou, quando fornecido, o tenha feito de modo incompleto ou impreciso, de forma a prejudicar o exercício da opção, conforme § 1º, II, "b" do art. 13, acima transcrito. Assim, não tem razão o Contribuinte ao alegar que essa regra de proporcionalidade somente se aplicaria a partir do anocalendário de 2011. Caberia a ele observar as regras normativas em vigor e interpretálas de forma correta, não cabendo a justificativa de desconhecimento. Argumenta, ainda, o Recorrente que na DAA do exercício 2011 (ano calendário de 2010) não havia campo para informação da quantidade de meses relativa a cada parcela. No entanto, pelo exame da DAA anexa aos autos (fls. 35/37), constatase que existem os campos apropriados para se informar, mês a mês, a quantidade de meses. E o Contribuinte utilizouse desses campos para informar mensalmente os valores, porém, informouos de forma equivocada. Ressaltese que o cálculo efetuado pela autoridade fiscal teve como base documento emitido pela própria fonte pagadora, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (fl. 102). Dessa forma, entendo como correta a apuração feita pela Fiscalização, que observou as regras normativas, conforme prescreve a IN RFB nº 1.127/2011, com a redação dada pela IN RFB nº 1.145/2011. DOS JUROS DE MORA E DA MULTA DE OFÍCIO Quanto à alegação do Recorrente de que devem ser afastados os juros moratórios e a multa de ofício, por ter agido de boa fé e com base nas informações prestadas pela fonte pagadora, entendo que não lhe assiste razão. De fato, as informações da fonte pagadora que consta da fl. 98 encontramse imprecisas, pois não contém a quantidade de meses referente a cada parcela. Contudo, observa se que o próprio Contribuinte trouxe aos autos (fl. 102) as informações completas e necessárias ao cálculo do imposto de renda devido sobre os rendimentos recebidos acumuladamente. Para reforçar, esclareçase que foi com base nessas informações que a autoridade fiscal executou os cálculos do imposto devido. Em relação ao anocalendário de 2010, quando ocorreu a mudança da legislação sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, a própria Receita Federal admitiu a retificação da Declaração de Ajuste, por meio da IN RFB 1.127, de 07 de fevereiro de 2011, com a redação dada pela IN RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011, como exposto acima. Destaquese, ainda, que consta do Comprovante de Rendimentos de fl. 97 as seguintes orientações e observações da fonte pagadora: Fl. 164DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 Dessa forma, vêse que a própria fonte pagadora orientou o Contribuinte e o alertou sobre inconsistências no detalhamento das informações, decorrentes das alterações na legislação tributária, que poderiam acarretar possíveis pendências na malha eletrônica do processamento da sua Declaração de Ajuste Anual DAA. Caberia, assim, ao Contribuinte observar as regras normativas em vigor e interpretálas de forma correta ao efetuar o preenchimento da sua DAA, não se admitindo que se alegue desconhecimento, pois ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece, conforme art. 3º da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (DecretoLei nº 4.657/1942). Entendo, portanto, que o lançamento de ofício deve ser mantido em sua integralidade. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 165DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 161 11 Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 13706.002614/2003-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1983
IRPF. RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
A existência do direito à restituição é condicionada à comprovação de existência de pagamento, indevido ou maior que o legalmente devido e não previamente compensado ou restituído (fato constitutivo do direito em questão). O ônus da prova da existência de tal pagamento assim, recai, assim, sobre o contribuinte, autor do pedido de restituição.
Numero da decisão: 9202-004.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra..
(Assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A existência do direito à restituição é condicionada à comprovação de existência de pagamento, indevido ou maior que o legalmente devido e não previamente compensado ou restituído (fato constitutivo do direito em questão). O ônus da prova da existência de tal pagamento assim, recai, assim, sobre o contribuinte, autor do pedido de restituição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra.. (Assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 6. 00 26 14 /2 00 3- 81 Fl. 228DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13706.002614/200381 Acórdão n.º 9202004.295 CSRFT2 Fl. 229 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 210100.336, prolatado pela 1a Turma Ordinária da 1a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 29 de outubro de 2009 (efls. 165 a 170). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1983 IRPF VALORES RECEBIDOS COMO INDENIZAÇÃO — PDV Os valores pagos por pessoa jurídica a seus empregados, a título de incentivo à adesão a Programas de Desligamento Voluntário PDV, não se sujeitam à incidência do imposto de renda na fonte nem na declaração de ajuste anual(AD SRF no 003, de 07/01/1999), desde que reste demonstrado que as verbas recebidas se tratam de vantagem oferecida como incentivo à demissão voluntária, decorrente de programa de fomento ao desligamento. CORREÇÃO MONETÁRIA DO INDÉBITO — Cabível apenas a aplicação dos índices admitidos pela Administração Tributária na correção monetária dos indébitos. Decisão: por maioria de votos, em DAR provimento parcial ao recurso para restituir o IRRF que incidiu sobre o valor de Cr$ 13.275.179,00, corrigidos pelos índices adotados pela Administração Tributária, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Gonçalo Bonet Allage que admitia a correção dos valores pela tabela do CJF. Enviados os autos para fins de ciência da PGFN em 12/07/2010 (efl. 172) à PGFN para fins de ciência da decisão, insurgindose contra esta, a Fazenda apresenta, em 21/07/2010 (efl. 173), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 174 a 182 e anexos). Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido, em 22/06/2001 , no Acórdão 10612.068, de lavra da 6a. Turma do então 1o. Conselho de Contribuintes, cuja ementa e decisão são a seguir transcritas: Acórdão 10612.068 IRPF RESTITUIÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA DECADÊNCIA O prazo para pleitear a restituição de tributo Fl. 229DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13706.002614/200381 Acórdão n.º 9202004.295 CSRFT2 Fl. 230 3 retido e recolhido indevidamente é de 5 (cinco ) anos, contados da decisão judicial ou do ato normativo que reconheceu a impertinência do mesmo. PROGRAMA DE INCENTIVO À APOSENTADORIA As reiteradas decisões do poder Judiciário e o PGFN/CRJ/Nº 1278/98, aprovado pelo Ministro do Estado da Fazenda em 17/09/98, dão amparo para a exclusão da indenização pertinente a Programa de Demissão Voluntária, independentemente de o contribuinte estar aposentado ou pedir aposentadoria. Não tem amparo o pedido de restituição do imposto incidente sobre verbas tidas em lei como tributáveis. PROVA Indeferese o pedido de restituição de imposto tido como indevido, quando o autor do mesmo não logra êxito em comprovar que deixou de compensálo na declaração de rendimentos do exercício de 1989, cuja apresentação estava sujeito. Recurso negado. Decisão: Por maioria de votos, AFASTAR a decadência do direito de pedir do recorrente. Vencida a Conselheira Iacy Nogueira Martins Morais. E, no mérito, pelo voto de qualidade, NEGAR provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Romeu Bueno de Camargo, Orlando José Gonçalves Bueno (Relator), Edison Carlos Fernandes e Wilfrido Augusto Marques. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Sueli Efigênia Mendes de Britto. Em breve síntese, alega a Fazenda Nacional, em seu recurso, em linha com o entendimento adotado pelo acórdão paradigma, que o direito do sujeito passivo pleitear a restituição somente poderia ser reconhecido com a análise da declaração de ajuste anual referente ao ano em que o imposto fora equivocadamente retido (in casu, referente ao ano calendário de 1982), contrariando, assim, o entendimento do guerreado, no sentido de que a falta da entrega da declaração de ajuste anual para o referido ano em nada afetaria tal direito (vide voto à efl. 169). Cita a PGFN que se buscou, no caso, inclusive, através de diligência (Resolução 10601449, às efls 150 a 155) obter tal declaração. Deveria, segundo a PGFN, ser comprovado, para fins de restituição, que o contribuinte deixou de compensar o tributo tido como indevido no respectivo anocalendário, a fim de que pudesse deferir a restituição. Cita, inicialmente, como fundamento de seu posicionamento o princípio da verdade material, uma vez que caso não se analise, na situação dos autos, a declaração de ajuste anual para o anocalendário de 1982, a Receita Federal poderia restituir ao contribuinte montante já por ele recebido a título de compensação com o imposto devido para aquele AC (compensação mandatória segundo os ditames do art. 2o. do DecretoLei 1.968, de 23 de novembro de 1982, vigente à época), podendo, ainda, o contribuinte, inclusive, ter recebido restituição referente àquele anocalendário. Rejeita a construção do contribuinte de que a comprovação da citada compensação se trataria de fato modificativo do direito de restituição, uma vez que tal comprovação, em verdade, faz parte da comprovação do referido direito creditório, daí, inclusive, a existência de normas emanadas da Receita Federal do Brasil (Norma de Execução Fl. 230DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13706.002614/200381 Acórdão n.º 9202004.295 CSRFT2 Fl. 231 4 SRF/COTEC/COSIT/COSAR/COFIS no. 02, e AD COSIT no. 07, de 1999), que estabelecem como documentos obrigatórios a instruir o pedido de restituição de imposto retido sobre PDV: a) o comprovante de rendimentos do referido AC e b) a respectiva declaração retificadora, de forma a que somente seja repetida a diferença entre o novo imposto a restituir e o eventualmente já devolvido, quando do processamento da declaração original. Requer, assim, que o Recurso Especial seja conhecido e que, no mérito, lhe seja dado provimento, para que seja indeferido o pedido de restituição em questão. O recurso foi admitido através de despacho de efls. 185/186. Encaminhados os autos ao contribuinte para fins de ciência, inicialmente a autoridade preparadora ofereceu embargos de efls. 195 a 198, rejeitados por despacho de efls. 220/221. Cientificado o contribuinte ocorrida em 04/07/2012 (efl. 214), o autuado quedou inerte quanto à apresentação de contrarrazões ou recurso especial de sua iniciativa. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior Pelo que consta no processo quanto à tempestividade do recurso e às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Adentrando o mérito, verifico se estar diante de questão acerca do cabimento ou não de exigência de comprovação de não compensação e/ou restituição de imposto retido, quando do recebimento dos valores pelo requerente a título de PDV, durante o anocalendário de 1982, a partir de sua declaração de ajuste anual. A propósito, entendo que, conforme previsto no art. 165, I, da Lei no. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN), a restituição é direito do contribuinte, sempre que caracterizada a cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido. decorrendo daí, em meu entendimento, a aplicação subsidiária ao instituto do disposto no art. 333, I do CPC/1973, em vigor em todas as fases processuais do presente feito (e, notese, integralmente reproduzido pelo art. 373, I do CPC/2015), que estabelece, in verbis: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; (...) Assim, entendo que, aqui, em sede de repetição de indébito, não há que se falar em direito do requerente à eventual restituição, sem que antes estejam devidamente caracterizadas: a) a ocorrência de pagamento (ou retenção) indevido(a) ou maior que o (a) devido (a) e, notese, no mínimo, no montante pleiteado pelo requerente, incumbindo, destarte, ao interessado carrear aos autos provas no sentido do montante requerido a título de restituição Fl. 231DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13706.002614/200381 Acórdão n.º 9202004.295 CSRFT2 Fl. 232 5 ser indevido ou em excesso ao legalmente devido (a meu ver, no caso de retenção, a ser feita mediante comprovante de rendimentos emitido pela fonte pagadora, consoante art. 50 da Lei no. 7.450, de 23 de dezembro de 1985 e art. 943, § 2o. do RIR/99); b) A inexistência de compensação ou restituição prévia do montante objeto do pedido de restituição, visto que, nesta hipótese, o direito à restituição sob análise já resultaria, à época do pleito, extinto. Ou seja, entendo inexistir direito à restituição no montante objeto de pedido de restituição enquanto não comprovada a ocorrência de pagamento (ou retenção) indevido (a) ou em excesso ao quantum legalmente devido, pagamento (ou retenção) este não compensado (a) ou restituído(a) previamente. Assim, tratase este fato, o pagamento (ou retenção) não compensado(a) ou restituído(a) previamente, do fato constitutivo do direito à restituição (que inexiste, se não comprovado tal pagamento) e não de fato modificativo de tal direito à restituição, como defende o interessado, uma vez que, notese, a existência de compensação ou restituição prévia impede o surgimento de qualquer direito á restituição, no momento em que o pedido é protocolizado. Desta forma, entendo como em perfeita consonância com o arcabouço legal vigente a etapa inicial de reconhecimento do direito creditório do sujeito passivo prevista pela Instrução Normativa SRF no. 210, de 2002, cabível, assim, ao sujeito passivo, consoante dispositivo do CPC acima reproduzido, provar o fato constitutivo de seu direito á restituição, qual seja, a existência de pagamento indevido ou maior que o legalmente devido, não objeto de compensação ou de restituição já efetivada, sob pena de, em a autoridade administrativa abrindo mão desta última condição, se estar a validar enriquecimento ilícito às custas do erário. Ainda, noto que, in casu, quando do cumprimento da Resolução 10601449, de efls. 150 a 155, foi dada uma segunda oportunidade ao requerente (posterior ao momento da protocolização do pedido de restituição), a fim de que este produzisse prova definitiva acerca do fato constitutivo de seu direito (prova de pagamento indevido ou maior que o devido, não compensado ou anteriormente restituído), sem que o mesmo se desincumbisse a contento do referido ônus probatório, acedendose integralmente, aqui, à argumentação contida no voto condutor da referida Resolução, de que o eventual direito do contribuinte à restituição deva se limitar tão somente ao montante de tributo indevidamente pago ou pago a maior quando do recebimento de valores por adesão à PDV que não tiver sido objeto de compensação ou de restituição quando da apresentação da declaração de ajuste anual dos respectivo ano calendário. Conclusivamente, cabível, assim, ao requerente comprovar que o montante que tenciona restituir não tenha sido objeto de compensação na referida declaração de ajuste ou mesmo de restituição através daquela declaração, a fim de que se caracterize o fato constitutivo que ensejaria o direito à restituição pleiteado. Não tendo o contribuinte se desincumbido a contento deste ônus probante no caso em questão, de se negar provimento à restituição do contribuinte. Assim, voto por dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Fl. 232DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 13706.002614/200381 Acórdão n.º 9202004.295 CSRFT2 Fl. 233 6 Fl. 233DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 04/ 08/2016 por HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, Assinado digitalmente em 17/08/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
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Numero do processo: 10768.008689/2009-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
Ementa:
PARCELAMENTO. ART. 3° DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 470/09. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZO FISCAL PARA COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE RELATIVA À MATÉRIA (LEI 13.043/2014). Verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais, deve ser aplicado o art. 36 da Lei n° 13.043/14..
Numero da decisão: 1301-002.152
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário Os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator pelas conclusões.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Presentes os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo.
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2010 Ementa: PARCELAMENTO. ART. 3° DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 470/09. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZO FISCAL PARA COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE RELATIVA À MATÉRIA (LEI 13.043/2014). Verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais, deve ser aplicado o art. 36 da Lei n° 13.043/14..
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário Os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Presentes os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1570; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 2.067 1 2.066 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10768.008689/200949 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.152 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de outubro de 2016 Matéria Parcelamento Recorrente COMPANHIA SIDERURGICA NACIONAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 Ementa: PARCELAMENTO. ART. 3° DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 470/09. INSUFICIÊNCIA DE PREJUÍZO FISCAL PARA COMPENSAÇÃO. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE RELATIVA À MATÉRIA (LEI 13.043/2014). Verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais, deve ser aplicado o art. 36 da Lei n° 13.043/14.. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso voluntário Os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, Milene de Araújo Macedo e Waldir Veiga Rocha acompanharam o Relator pelas conclusões. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Presentes os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Flavio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 00 86 89 /2 00 9- 49 Fl. 2067DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.068 2 Relatório Por bem resumir a lide, adoto o relatório contido no Acórdão n° 1659.704 proferido pela 8° Turma da DRJ/SPO (fls. 1576/1590): Trata o presente processo de pedido de parcelamento ou pagamento à vista de débitos nos termos do art. 3º da Medida Provisória nº 470, de 13 de outubro 2009, alterada pela Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, com a regulamentação dada pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 30 de outubro de 2009 e Portaria Conjunta PGFN RFB nº 12, de 30 de junho de 2010. A contribuinte apresentou o requerimento de fls. 3/8, discriminando os débitos a serem parcelados. Nos termos do despacho de fls. 911/922, podem ser identificados dois grupos de débitos: · CRÉDITO PRÊMIO DE IPI – compensação com créditos indevidamente aproveitados do incentivo fiscal setorial instituído pelo art. 1º do DecretoLei nº 491, de 5 de março de 1969. · AQUISIÇÃO DE MP/ME/PI com alíquota zero ou não tributados (NT) – compensação com créditos do aproveitamento indevido do IPI, oriundos na aquisição de matériasprimas, material de embalagem e produtos intermediários com incidência de alíquota zero ou como não tributados. Notese que compensação com créditos de produtos isentos não se enquadram no campo previsto pela MP 470/2009. Nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB 19, de 25/10/2010, foi instituído o Grupo de Trabalho da MP 470/2009 (GT MP 470/2009), com a finalidade de analisar os processos relacionados aos parcelamentos do Artigo 3º da MP 470. A análise efetuada por este grupo trouxe as seguintes informações: · Para a quitação das quatro últimas parcelas junto à RFB, a contribuinte apresentou o Anexo da Portaria Conjunta PGFN/RFB 12, de 30/06/2010 fls. 191 com a indicação dos montantes e a destinação dos valores de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL. · A pesquisa no Sistema de Acompanhamento de Prejuízo, Lucro Inflacionário e Base de Calculo Negativa da CSLL (SAPLI) de fls. 779/783, identifica que os montantes existentes PF/BCN da CSLL são inferiores ao informado pela contribuinte, resultando num crédito menor. · A partir do valor das amortizações (pagamentos + créditos confirmados de PF/BCN, fls. 786), o GT apresenta uma Lista de Débitos e Saldo das Amortizações (fls. 788/792), na qual foram demonstrados quais débitos foram quitados e quais ultrapassam o valor das amortizações. Essa lista segue a ordenação efetuada pela data de vencimento. · Os créditos foram suficientes para amortizar os débitos listados até o item 174, sendo que o item 175 foi parcialmente quitado, e os demais permaneceram em aberto. Fl. 2068DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.069 3 O pedido de parcelamento foi deferido parcialmente, com base nos seguintes fundamentos: · A análise do GT MP 470/2009 não abrange a origem dos débitos objeto do pedido de parcelamento. · Quanto à adequação da origem dos débitos controlados pelo processo 18471.001381/200667, cumpre informar que trata o processo de auto de infração em que foram lançadas as multas regulamentares em razão da compensação de débitos com créditos decorrentes do Crédito Prêmio de IPI (fls. 847). Com efeito, os débitos do processo 18471.001381/200667 estão no campo previsto pelo artigo 3º da MP 470/2009. · Sobre a origem dos débitos do processo 10976.000057/200809, notase que: i) trata o processo do auto de infração em que foram lançadas as multas regulamentares em razão da compensação de débitos nos autos do processo n.° 10070.000047/200354, com crédito oriundo da ação judicial n.° 2003.51.01.0068660 da 28ª VFRJ, não transitada em julgada há época da compensação; ii) os valores do pedido de parcelamento correspondem a multas calculadas sobre débitos que foram objetos de DCOMP, cujo indébito era oriundo de aproveitamento indevido de créditos de IPI de produtos NT, de alíquota zero ou isento; iii) da mesma forma como o relatado no despacho de fls. 627, através do relatório do SEFIS/DRF/VOLTA REDONDARJ, fls. 613/617, que considera como créditos oriundos de produtos NT e de alíquota zero 40,93% (31,80% + 9,13%) do total do pedido de ressarcimento de IPI de R$ 662.101.393,63, o que nos dá um valor de R$ 270.998.100,41, suficiente para abranger todos os débitos da planilha de fls. 605/607 até o de ordem 131 em parte; iv) os débitos do processo 10976000057/200809 estão dentre os débitos oriundos de compensação com créditos oriundos de produtos NT ou tributados à alíquota “zero”, e, portanto, adequado para o previsto no artigo 3º da MP 470/2009. · Sobre a origem dos débitos do processo 17883.000272/200707, notase que: i) trata o processo de auto de infração em que foram lançadas as multas regulamentares em razão da compensação de débitos nos autos do processo n.° 10070.000047/200354, com crédito oriundo da ação judicial n.° 2003.51.01.0068660 da 28ª VFRJ, não transitada em julgada há época da compensação; ii) os valores parcelados correspondem a multas calculadas sobre débitos que foram objetos de DCOMP, cujo indébito era oriundo de aproveitamento indevido de créditos de IPI de produtos NT, de alíquota zero ou isento; iii) idêntico ao relatado no despacho de fls. 627, através do relatório do SEFIS/DRF/VOLTA REDONDARJ, fls. 613/617, que considera como créditos oriundos de produtos NT e de alíquota zero 40,93% (31,80% + 9,13%) do total do pedido de ressarcimento de IPI de R$ 662.101.393,63, o que nos dá um valor de R$ 270.998.100,41, suficiente para abranger todos os débitos da planilha de fls. 605/607 até o de ordem 131 em parte; iv) a revisão de fls. 907/910 ampliou a base de R$ 270.998.100,41 para R$ 500.085.182,61, atendendo até parte do débito de sequencial 140; v) os débitos do processo 17883.000272/200707 não estão dentre os débitos de compensação com créditos oriundos de produtos NT ou tributados à alíquota “zero”, conforme requer o artigo 3º da MP 470/2009. A contribuinte interpôs recurso administrativo contra o despacho decisório (fls. 1329/1343), alegando em síntese o seguinte: a) A empresa contribuinte impetrou o mandado de segurança n° 0001223 79.2012.4.03.6100. O MM. Juízo indeferiu a tutela liminar vindicada. Ventilou como fundamento para tanto que a quitação do parcelamento instituído pela MP nº Fl. 2069DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.070 4 470/09 com a utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL se daria na forma de compensação, a qual é regulada pelo art. 74 da Lei n° 9.430/96. b) Acaso não aplicado o art. 74 da Lei nº 9.430/96, não resta alternativa à Recorrente senão a utilização do recurso previsto no art. 56 da Lei nº 9.748/1999, já que, como visto: (i) o Decreto 70.235/72 não lhe daria guarida, vez que, para a adesão ao parcelamento, teve que desistir/renunciará discussão na via administrativa (contencioso administrativo), submetendose a novo regime jurídico; e (ii) a Medida Provisória nº 470/09, novo regime jurídico ao qual se submeteu, não prevê a possibilidade de interposição de recursos em face das decisões prolatadas em seu âmbito, tampouco sua regulamentação. c) A se admitir que o mero cotejo entre o SAPLI e as demais Declarações do contribuinte sempre fará prevalecer aquele é criar ficção legal inexistência no ordenamento jurídico. d) No caso concreto, não há qualquer presunção legal a prestigiar as informações do SAPLI sobre as informações do contribuinte, especialmente quando aventadas em declarações que constituem o crédito tributário como é o caso da DIPJ. Eventuais divergências devem ser "esclarecidas" junto ao contribuinte de modo a prestigiar a verdade material. e) O quadro da manifestação demonstra que o saldo de prejuízo fiscal em 2008 era de R$ 913.092.707,01 e de base de cálculo negativa de CSLL de R$ 928.561.478,26, sendo que após as compensações no anocalendário de 2009, o saldo de prejuízo fiscal, antes de indicação ao REFIS, era de R$ 515.840.388,38, e de base de cálculo negativa de CSLL, de R$ 545.093.124,50, o que daria suporte à quitação das 04 (quatro) parcelas remanescentes do programa instituído pela MP 470/09. f) A falta de fundamentação dificulta sobremaneira o exercício do direito de defesa, razão pela qual, para evitar nulidades do processo administrativo, fazse mister converter o feito em diligência para que a fiscalização disseque as origens dos dados tidos por presumidamente legítimos (SAPLI). g) A fiscalização adotou como certo o número a que se chegou a diligência, cujo relatório pode ser encontrado às fls. 589 e seguinte. Vejase, pegou de empréstimo um relatório direcionado aos processos administrativos nº 17883.000240/200884, 17883.000401/200759, 17883.000441/200881 e 10980.000866/200843, para aplicação ao processo administrativo nº 17883.000272/200707, sem mesmo analisar os autos do processo. Sem sequer aferir se, de fato, as premissas fáticas se identificavam. E partindo da informação aposta no relatório de fls. 589, as similitudes fáticas envolviam outros processos administrativos que não o 17883.000272/200707. Assim, também por esse motivo, deve ser anulada a decisão. h) O mérito se confunde mesmo com a preliminar de nulidade por ferimento ao devido processo legal e ao princípio da verdade material, razão pela qual, ultrapassada aquela, a Recorrente se reporta aos mesmos fundamentos para sustentá lo. O Delegado da DERAT SP, autoridade administrativa superior à autoridade que proferiu a decisão, apreciou a petição como recurso hierárquico nos termos do art. 56, da Lei nº 9.784/1999 (1061/1065). Fl. 2070DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.071 5 Em 27 de setembro de 2012, a contribuinte protocolou petição em que acrescenta argumentos contestando a decisão proferida pelo Delegado da DERAT SP (fls. 1070/1085): a) Nos autos do Mandado de Segurança n° 001543690.2012.4.03.6100 (doc.02), foi proferida decisão determinando que a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Requerente fosse processada nos termos do disposto no art. 74, da Lei n° 9.430/96 (doc.03). Noutras palavras, não poderia essa Respeitosa Delegacia recebêla como Recurso Hierárquico, tal como o fez. b) Requer que seja declarada nula a decisão de fls. 1.061/1.065, remetendose o presente feito para julgamento da Delegacia de Julgamento, em observância o previsto no Decreto n° 70.235/72 c/c Decreto n° 7.574/11. c) O grande mote para sustentar que a Requerente não possuía prejuízo fiscal suficiente para quitar as parcelas remanescentes do programa instituído pela Medida Provisória n° 470/09 foi a lavratura de auto de infração que exigiu IRPJ e CSLL sobre lucros auferidos por coligadas e controladas no exterior, os quais não teriam sido adicionados ao lucro líquido do período (doc. 4). Adicionandoos a fiscalização, reduziuse o prejuízo fiscal então existente. d) A recomposição do SAPLI ocorreu após o oferecimento do referido prejuízo à compensação das parcelas remanescentes do parcelamento. e) Jamais se poderia recompor o SAPLI antes de finalizado o processo administrativo no qual se exige o tributo incidente sobre os valores que serviram de base de cálculo. f) No mínimo, deveria este processo aguardar o deslinde daqueloutro, porquanto, se julgado improcedente o lançamento, a recomposição do SAPLI não subsistiria. g) Acaso reconhecido que a recomposição da base SAPLI foi indevida, o que só se saberá após o fim do processo administrativo nº 16682.720452/201181, seria necessário apreciar a verdadeira natureza das exigências que compunham este processo administrativo, em especial para saber se, efetivamente, a origem dos créditos eram ou não aqueles passíveis de inclusão do programa de parcelamento em voga. h) Fazse mister receber o presente como aditamente àquela (ou nova Manifestação de Inconformidade) já que a partir dos esclarecimento trazidos com o segundo Despacho Decisório foi possível à Requerente identificar a origem da recomposição do SAPLI e remetêla para apreciação da Delegacia de Julgamento, anulandose o último decisum. Em resposta à intimação da autoridade administrativa, a contribuinte protolocou mais uma petição, em 16/5/2014, alegando o seguinte (1395/1417): · A Receita Federal apresentou, em síntese, a seguinte decisão (fls. 911922): a) Não acatou parte do saldo de prejuízo fiscal apresentado pela Requerente, pelo fundamento de que a formação de parte deste saldo não se justificava (o que será analisado adiante), o que impediu que o parcelamento fosse dado como quitado integralmente, restando em aberto exclusivamente por este motivo o Processo Administrativo 10073720921/201153. Fl. 2071DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.072 6 b) Acatou como válido o restante do saldo de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa apresentada pela CSN e deu por quitada parte dos débitos relacionados. c) Não acatou a inclusão de parte de débitos, por entender que estes débitos não teriam a qualidade legal para ingressar nesta forma especial de pagamento (caso dos Processos Administrativo 17883000272/200707 e 17883.000441/200881). · Quanto a estes três itens, a Requerente apenas continua a discordar do item “a”. Pois, i) quanto aos débitos que foram efetivamente quitados com as previsões contidas na MP 470/2009, nada mais tem a ser tratado; e ii) quanto aos débitos que tiveram a sua natureza desqualificada pela Receita Federal para poderem usufruir do previsto no parcelamento da MP 470/2009, a Requerente já integrou estes débitos – processos administrativos 17883000272/200707 e 17883000441/200881 em outros parcelamentos, consoante se verifica dos documentos anexos (Doc.04 e Doc. 05), que demonstram que, apesar de, num primeiro momento, ter se insurgido contra a exclusão destes valores, a CSN, ora Requerente, entendeu que deveria pagálos sem os procedimentos e descontos previstos na Medida Provisória 470/09, motivo pelo qual renuncia expressamente aos argumentos jurídicos e fáticos trazidos neste processo, sobre este tema. · Há que se esclarecer que quanto a esta decisão, há duas frentes de discussão: a) a primeira, processual, que está sendo tratada, inclusive, pela via judicial; e b) a segunda, a meritória, sobre o valor efetivamente a ser considerado como formador do saldo de prejuízo fiscal. · A Requerente entende que a sentença vigente é clara no sentido da aplicabilidade do rito da Manifestação de Inconformidade, em vista de ter, expressamente, se pronunciado neste sentido. · A Requerente resolveu aderir ao parcelamento previsto na Lei 12.865/2013, como de fato o fez conforme comprovam os documentos anexos (Doc. 05). Como condição para ingresso no referido parcelamento, foi necessária a desistência de discussões judiciais e administrativas, de tal forma que a Requerente, expressamente, desistiu das discussões do Processo Administrativo 16682.72045/201181. (Doc. 06). · Somente no momento em que requereu a desistência, ou seja, em 29 de novembro de 2013, deixou de ter saldo para a quitação de parte da parcela final. · O crédito tributário advindo da redução do saldo de prejuízo fiscal no ano de 2008, que no caso era o valor do saldo do parcelamento, somente se tornou exigível, com a desistência da Requerente das discussões acerca da validade do auto de infração objeto do Processo Administrativo 16682.720452/201181, de tal modo, que a conclusão lógica é a de que houve o pagamento tempestivo do saldo restante do parcelamento. · O valor equivalente a 0,9 parcela relativo à parte do Processo Administrativo 10073720921/201153 que não foi quitado em razão da suposta falta de crédito foi devidamente pago, quando, de forma definitiva, houve a redução do saldo do prejuízo fiscal com a adição dos Lucros no Exterior cuja exigência estava sendo veiculada no Processo Administrativo 16682.720452/201181 que foi finalizado com a desistência por parte da Requerente em razão da adesão ao Parcelamento previsto na Lei 12.865/2013. Fl. 2072DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.073 7 · A leitura do parágrafo 8º da Portaria 12/2010, indica que se houver irregularidade "quanto aos montantes declarados de prejuízo fiscal ou de base de cálculo negativa da CSLL que implique redução, total ou parcial, dos valores utilizados, será observado o seguinte: I as prestações anteriormente liquidadas pelos valores declarados serão restabelecidas em cobrança; e, II se for o caso, o parcelamento será rescindido, observados os requisitos previstos no art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB 09/2009”. · O caso da Requerente jamais poderia ter sido enquadrado no citado dispositivo infralegal, porque havia menos de uma parcela a ser quitada e porque não houve intempestividade. · A Requerente apresentou o seu pedido de pagamento das últimas quatro parcelas em 30 de julho de 2010, por meio da compensação de seu saldo de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa na data de pagamento da 9ª parcela. Neste dia, em tese, teria quitado as 4 últimas parcelas, cujos vencimentos eram, respectivamente, 30/07/2010, 30/08/2010, 30/09/2010 e 30/10/2010. Ou seja, quitou, antecipadamente, as três últimas parcelas. A data da decisão de fls. 911/922 é de 13/06/2012, tendo o contribuinte sido intimado desta decisão em 21/06/2012 (fls. 924). · Quando a Requerente apresentou o requerimento para pagamento das 4 parcelas por meio de compensação com o saldo de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa, ela estava, para as últimas 3 parcelas, antecipando o pagamento, de tal modo, que a decisão deve se reportar para a realidade da data do pedido, isto é, para 30 de julho de 2010. · Se o saldo não foi aceito na sua integralidade, deve ser considerado que, na data do pedido, a Requerente não estaria inadimplente quanto à última parcela, porque nesta data (30/07/2010) ainda não estavam vencidas as três últimas parcelas. · A hipótese do inciso II somente pode ser utilizada quando, deliberadamente, a empresa que fez a opção pelo parcelamento, deixar em aberto até duas parcelas quando o restante já estiver quitado, o que não ocorreu, de forma alguma no presente processo. · A dívida total consolidada em novembro de 2009 com as reduções da MP 470/2009 era de R$ 416.902.075,87. Os pagamentos efetuados somaram o valor de R$ 282.890.869,84. O total do crédito aceito de Prejuízo Fiscal e de Base de Cálculo negativa foi de R$ 102.698.065,38. O saldo devedor decorrente do Prejuízo Fiscal e de Base de Cálculo Negativa não aceitos foi de R$ 31.313.140,65. · Pelos cálculos da Receita Federal do Brasil, se a dívida aceita como passível de parcelamento pela previsão da MP 470/09 era de R$ 416.902.075,87, se o parcelamento foi de 12 parcelas, o valor de cada parcela seria de R$ 34.741.839,66. · Após todos os cálculos efetuados internamente pela Receita Federal do Brasil, o valor faltante era de menos de uma parcela (até porque dois processos administrativos indicados pela Requerente para compor o parcelamento foram excluídos). · É indiscutível que o valor faltante, com todas as exclusões, era equivalente, de forma efetiva a menos de 1 parcela, pois o valor devedor que consta da referida decisão de fls. 911/922, especificamente na fls. 913/918, foi o valor de R$ 31.313.140,73, isto é, o mesmo valor referido na tabela de fls. 789 e que é o valor que consta ao final da tabela de fls. 918. Fl. 2073DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.074 8 · É evidente que houve um erro material na decisão que determinou a rescisão do parcelamento por falta de pagamento de até duas prestações, primeiro, porque na data do pedido ainda não estava vencida a última parcela e, segundo, porque só havia um saldo de menos de uma parcela a ser pago. · Uma vez que há um erro na referida decisão, ao determinar a rescisão do parcelamento quando deveria ter constado a intimação para pagamento do saldo em aberto, considerando a data do pedido de compensação e considerando que o saldo remanescente era inferior a uma parcela, a referida decisão de fls. 911/922 deve ser revista para se reportar à data do pedido, isto é 30/07/2010 e, por consequência, constar que, na referida data, haveria um saldo em aberto a vencer em 30/10/2010 e intimar a Requerente a pagar o referido débito, ainda com os benefícios da Medida Provisória 470/09. A DRJ, ao analisar a Manifestação de Inconformidade de fls. 1329/1343 e as petições de fls. 1070/1085 e 1395/1417, julgou procedente o lançamento fiscal. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 1863/1905), no qual repisa os argumentos da Manifestação de Inconformidade e contesta os motivos que levaram à DRJ a julgar seu pedido improcedente. Ademais, em 20/04/2016, o Recorrente apresentou nova petição (fls. 1944/1954), na qual informa a existência de legislação superveniente relativa à matéria (Lei 13.043/2014) e a quitação saldo remanescente do parcelamento depois de realizada a inclusão dos débitos do processo administrativo fiscal n° 16682.720452/201181 no parcelamento da Lei n° 12.865/2013. Eis a síntese do necessário. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário interposto é tempestivo, razão pela qual dele conheço. O contribuinte aderiu, em 27/11/2009, ao parcelamento previsto no art. 3° da Medida Provisória n° 470/09 (fl. 02), solicitando o pagamento em 12 (doze) parcelas, das quais 8 (oito) foram quitadas em dinheiro e para as últimas 4 (quatro) foi solicitada a compensação com saldo de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa do Recorrente. O pedido de compensação dos prejuízos fiscais foi formulado em 30/07/2010 (fls.190), sendo que, em tese, a última parcela venceria em 30/10/2010. Em 18/06/2012, decidiu a Receita Federal (fls. 911/922) que somente parte do parcelamento poderia ser quitado, tendo em vista a insuficiência de prejuízo fiscal. Ademais, os débitos dos processos administrativos n° 17883000272/200707 e 17883.000441/200881 não poderiam ser objeto do referido parcelamento em função de sua natureza. Fl. 2074DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.075 9 A insuficiência do prejuízo fiscal deuse em função de lançamento de ofício formalizado em 17/05/2011 por meio do processo administrativo n° 16682.720452/201181 decorrente do não oferecimento à tributação de lucros auferidos no exterior (fl. 1029/1033). Em 02/07/2012, foi apresentada Manifestação de Inconformidade (fls. 925/1022), a qual foi julgada pela DERAT/SP como Recurso Administrativo, conforme decisão de fls. 1061/1065. Ocorre que, em 27/09/2012, o contribuinte protocolou petição (fls. 1070/1085) informando que, por força de decisão nos autos do Mandado de Segurança n° 001543690.2012.4.03.6100, a petição protocolada em 02/07/2012 deveria ser acolhida e processada como Manifestação de Inconformidade, seguindo o rito do art. 74 da Lei n° 9.430/96. Em 16/05/2014, o contribuinte apresentou nova petição (fls. 1395/1417) informando que os débitos relativos aos processos administrativos n° 17883000272/200707 e 17883.000441/200881 foram incluídos em outro parcelamento, razão pela qual o Recorrente insurgese contra somente a insuficiência do prejuízo fiscal. Importante frisar que a PGFN manifestouse nos autos (fls. 1203/1207) no sentido de que o rito a ser seguido neste processo deve ser o da Lei n° 9.430/96 e do Decreto n° 70.235/72, em função da decisão concedida no âmbito judicial. Assim sendo, no presente momento, a discussão dos autos cingese apenas em relação à utilização do prejuízo fiscal e da base negativa de CSLL para pagamento das últimas quatro parcelas do parcelamento previsto pelo art. 3° da Medida Provisória 470/09. A DRJ apreciou a petição de fls. 1329/1343 como Manifestação de Inconformidade e tratou como aditamento à defesa as petições de fls. 1070/1085 e de fls. 1395/1417, julgando, contudo, improcedente a defesa apresentada pelo contribuinte. Entendeu a DRJ que a o saldo de prejuízo fiscal e de base negativa tornouse insuficiente a partir da lavratura do auto de infração, em 12/05/2011, devendo o contribuinte, neste momento, buscar quitar o parcelamento de outras formas, o que não ocorreu. Logo, havendo parcelas em aberto, correta seria a exclusão do Recorrente do parcelamento com base no art. 10, II, da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 9/2009. Em seu Recurso Voluntário, o contribuinte alega que a redução do saldo de prejuízo fiscal somente poderia ocorrer após o término do processo administrativo n° 16682.720452/201181, o que ocorreu com a inclusão desses débitos no parcelamento da Lei n° 12.865/13 e que culminou com a desistência da discussão administrativa em 27/12/2013 (fl. 1876). Tendo a adesão ao parcelamento ocorrido em 29/11/2013, o Recorrente realizou o pagamento do saldo restante do parcelamento, recolhendo, no mesmo dia, DARF no valor de R$ 102.562.811,28 (fl. 1877). Defende, ainda, que as Portarias Conjuntas PGFN/RFB n° 09/2009 e 12/2010 seriam ilegais, haja vista que a Medida Provisória n° 470/09 não versa sobre as hipóteses de rescisão do parcelamento. Sustenta que o art. 160 do Código Tributário Nacional – CTN e o art. 8° da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 12/10 conferem ao contribuinte o direito de quitar o saldo Fl. 2075DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.076 10 remanescente do parcelamento no prazo de 30 dias. Ademais, o contribuinte não teria incorrido nas hipóteses de exclusão do art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 09/2009, visto que o valor remanescente é inferior a uma parcela e o contribuinte realizou todos os atos que lhe cabiam tempestivamente. Em 20/04/2016, o Recorrente apresentou nova petição (fls. 1944/1954), na qual informa a existência de legislação superveniente relativa à matéria (Lei 13.043/2014) e a quitação saldo remanescente do parcelamento depois de realizada a inclusão dos débitos do processo administrativo fiscal n° 16682.720452/201181 no parcelamento da Lei n° 12.865/2013. 1. RITO PROCESSUAL No que tange à aplicação do rito processual previsto na Lei n° 9.430/96 e no Decreto n° 70.235/72, entendo que o presente Recurso Voluntário deve ser conhecido e devidamente processado nos termos da citada legislação. Não poderia ser outro o entendimento aqui adotado em função da sentença proferida no Mandado de Segurança n° 001543690.2012.4.03.6100, que passo a reproduzir parcialmente: Tratase de mandado de segurança, com pedido liminar, pelo qual a impetrante objetiva tutela jurisdicional que atribua efeito suspensivo à manifestação de inconformidade apresentada no PA nº 10768.008689/200949, de modo que seja alterado o status dos débitos materializados nos PA´s 10073.720921/2011 53, 17883.000272/200707, 10976.000057/200809, 10980.000866/200843, 17883.000240/200884, 17883.000401/200759, 18471.001381/200667, 18471.001382/200610 e 17883.000441/200881 para "exigibilidade suspensa" e não constituam óbice à expedição da Certidão Positiva de Débitos com efeitos de Negativa.(...) DECIDO.A segurança é de ser, em parte, concedida. Com efeito, a compensação é modalidade de extinção do crédito tributário que depende de autorização legal, inclusive no tocante à definição das condições e natureza da operação de liquidação (art. 156, II e 170, do Código Tributário Nacional).No caso vertente, a Medida Provisória 470/2009 autorizou o parcelamento e a liquidação do débito tributário que especifica, mediante a observância do regulamento editado pela Receita Federal (...) A Portaria Conjunta PGFN/RFB 12, de 30 de junho de 2010, ao esteio da MP 470/09, dispõe que a liquidação das prestações do parcelamento referido com a utilização de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL exige que o crédito seja titularizado pelo próprio contribuinte, passível de compensação e declarado ao tempo e modo previsto na lei tributária (art. 1º).Indene de dúvidas de que a lei instituidora do parcelamento aqui tratado autorizou a compensação do crédito tributário com prejuízos fiscais e base de cálculo negativa de CSLL apurados até 31/12/2009, de modo que a opção pelo contribuinte por essa modalidade de liquidação de dívida própria tem a natureza Fl. 2076DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.077 11 jurídica de compensação, que é regulada genericamente pela Lei 9.430/96. (...) Face o exposto, ratifico a liminar concedida e concedo parcialmente a segurança para reconhecer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário listado nos PA´s 10073.720921/201153, 17883.000441/200881 e 17883.000272/200707 (PA 10768.008689/200949 parcelamento), impedir sua inscrição no CADIN e para que não constituam óbice à emissão de Certidão Positiva de Débitos com efeitos de Negativa, caso não existam outros impedimentos aqui não discutidos.Sem condenação em honorários, na forma da lei.Custas na forma da lei." No presente momento, os autos encontramse aguardando decisão no Tribunal Regional Federal, conforme observado em consulta processual ao site do tribunal. Assim sendo, ainda deve prevalecer a decisão acima transcrita. Ademais, esta também foi a conclusão a que chegou a própria PGFN em manifestação de fls. 1203/1207 e 1367/1371 e a DRJ, nos termos do Acórdão acostado às fls. 1576/1590. 2. RETROATIVIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA Conforme alegado pelo contribuinte, em 14/11/2014, foi publicada a Lei n° Lei 13.043/14, cujo art. 36 traz as seguintes disposições: Art. 36. Na hipótese de indeferimento dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL utilizados para liquidar os débitos parcelados com base no art. 3º da Medida Provisória no 470, de 13 de outubro de 2009, e nos arts. 1o a 13 da Lei no 11.941, de 27 de maio de 2009, cabe manifestação de inconformidade que observará o rito do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. Parágrafo único. O contribuinte será intimado a pagar o saldo remanescente do parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias da intimação do indeferimento dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL ou da intimação da última decisão administrativa no processo administrativo fiscal de que trata o caput. Esse dispositivo foi regulamentado pela Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 02/2015 da seguinte forma: Art. 1º A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 30 de outubro de 2009, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 11A: “Art. 11A. A partir de 14 de novembro de 2014, havendo indeferimento pela RFB dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL utilizados para liquidar, total ou parcialmente, os débitos pagos ou parcelados, o sujeito passivo poderá, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da Fl. 2077DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.078 12 intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada: I pagar o saldo devedor decorrente da recomposição; ou II apresentar manifestação de inconformidade contra o indeferimento dos créditos. § 1º Se o indeferimento de que trata o caput for proveniente de glosa de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL objeto de Auto de Infração, não caberá a apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput. § 2º Na hipótese prevista no § 1º, havendo processo administrativo fiscal em trâmite decorrente do Auto de Infração, o sujeito passivo, no prazo previsto no caput, deverá informar à RFB o número do processo administrativo fiscal e a respectiva impugnação, a fim de suspender a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da impugnação enquanto não definitivo o respectivo julgamento. § 3º A apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput: I deverá ser dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento; II seguirá o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e III suspenderá a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da manifestação de inconformidade, enquanto não definitiva a decisão administrativa. § 4º Na hipótese de decisão definitiva desfavorável ao sujeito passivo total ou parcialmente: I os valores suspensos na forma prevista no inciso III do § 3º serão restabelecidos e poderão ser pagos com as reduções de que trata o art. 2º no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos definitivamente indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada; e II não sendo efetuado o pagamento dos valores apurados na forma prevista no inciso I no prazo ali estipulado, aplicase o disposto no art. 10. § 5º A constatação de fraude nos termos dos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, quando da declaração dos montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL, implicará a imediata cobrança dos débitos recalculados em razão do cancelamento da liquidação realizada, não sendo permitida a complementação dos valores, sem prejuízo de Fl. 2078DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.079 13 eventuais representações contra os responsáveis, inclusive para fins penais. § 6º O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade da pessoa jurídica relativamente aos tributos devidos, inclusive quanto às sanções e demais acréscimos aplicáveis, em decorrência da constatação de irregularidade.” Art. 2º A Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 12, de 30 de junho de 2010, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 1ºA: “Art. 1ºA A partir de 14 de novembro de 2014, havendo indeferimento pela RFB dos créditos de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL utilizados para liquidar, total ou parcialmente, os débitos pagos ou parcelados, o sujeito passivo poderá, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada: I pagar o saldo devedor decorrente da recomposição; ou II apresentar manifestação de inconformidade contra o indeferimento dos créditos. § 1º Se o indeferimento de que trata o caput for proveniente de glosa de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL objeto de Auto de Infração, não caberá a apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput. § 2º Na hipótese prevista no § 1º, havendo processo administrativo fiscal em trâmite decorrente do Auto de Infração, o sujeito passivo, no prazo previsto no caput, deverá informar à RFB o número do processo administrativo fiscal e a respectiva impugnação, a fim de suspender a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da impugnação enquanto não definitivo o respectivo julgamento. § 3º A apresentação da manifestação de inconformidade de que trata o inciso II do caput: I deverá ser dirigida ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento; II seguirá o rito previsto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972; e III suspenderá a exigibilidade dos débitos que seriam extintos pelos créditos objeto da manifestação de inconformidade, enquanto não definitiva a decisão administrativa. § 4º Na hipótese de decisão definitiva desfavorável ao sujeito passivo total ou parcialmente: I os valores suspensos na forma prevista no inciso III do § 3º serão restabelecidos e poderão ser pagos com as reduções de Fl. 2079DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.080 14 que trata o art. 2º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 30 de outubro de 2009, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da intimação realizada pela RFB quando da revisão para fins de cancelamento dos créditos definitivamente indeferidos e recomposição da dívida paga ou parcelada; e II não sendo efetuado o pagamento dos valores apurados na forma prevista no inciso I no prazo ali estipulado, aplicase o disposto no art. 10 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 9, de 2009. § 5º A constatação de fraude nos termos dos arts. 1º e 2º da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, quando da declaração dos montantes de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa da CSLL implicará a imediata cobrança dos débitos recalculados em razão do cancelamento da liquidação realizada, não sendo permitida a complementação dos valores, sem prejuízo de eventuais representações contra os responsáveis, inclusive para fins penais. § 6º O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade da pessoa jurídica relativamente aos tributos devidos, inclusive quanto às sanções e demais acréscimos aplicáveis, em decorrência da constatação de irregularidade.” Notese que a interpretação conferida pela PGFN e pela RFB ao art. 36 da Lei n° 13.043/14 é no sentido de que essas disposições seriam válidas somente para indeferimentos a partir de 14/11/2014. Impõese, portanto, estudar a possibilidade de retroagir os efeitos da novel legislação tributária no presente caso. Nos termos do art. 106 do CTN, as hipóteses em que a lei aplicase a fato pretérito são as seguintes: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Entendo que o presente caso adéquase à hipótese prevista pelo inciso II, alínea “a”, haja vista que a Lei n° 13.043/14 deixou de tratar como infração o fato de o prejuízo fiscal ser considerado insuficiente pelo fisco. Dessa forma, eventual insuficiência de prejuízo fiscal para compensação no âmbito do parcelamento, não é mais um ato imediatamente Fl. 2080DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.081 15 contrário às exigências da Portaria PGFN/RFB n° 09/2009, a qual impõe a rescisão imediata do parcelamento. É importante frisar que, conforme leciona José Eduardo Soares de Melo, “para adequada aplicação da retroatividade legal, o ato deverá estar sendo passível de processo (administrativo e/ou judicial), sem que tenha sido proferida decisão definitiva (...)”.1 No presente caso, verificase que este requisito está devidamente atendido, podendo a retroatividade benigna ser aplicada. Devese ressaltar, neste ponto, que, inobstante este Colegiado tenha acolhido as razões teleológicas do presente Voto, qual seja a de que a Lei n° 13.043/14 é aplicável ao caso. No entanto, a maioria dos Conselheiros presentes na sessão discordou do fundamento relativo à retroatividade da lei tributária para este caso. Assim, entende este Colegiado, por maioria de votos, que o quanto disposto na Lei n° 13.043/14 deve ser observado para a correta solução da lide, não sendo, contudo, aplicável a retroatividade da legislação tributária. Ademais, não me parece ser razoável que o contribuinte não tenha a oportunidade de quitar o saldo remanescente do parcelamento, quando verificado que o prejuízo fiscal, que antes era suficiente para realizar a compensação, foi diminuído em razão de lançamento de ofício posterior ao pedido de quitação do parcelamento com os citados prejuízos fiscais e base negativa. A demora da Administração Pública em analisar o pedido de compensação do saldo do parcelamento com prejuízo fiscal não pode prejudicar o contribuinte que, à época do pedido, possuía crédito suficiente para realizar a compensação. Reconheço, portanto, o pagamento do citado saldo do parcelamento e, dessa maneira se encontra devidamente quitado, conforme informado pelo contribuinte em DARF acostada às fl. 1877. Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe provimento a fim de que o saldo remanescente do parcelamento possa ser quitado com os benefícios previstos na Medida Provisória 470/09 no prazo de 30 dias a contar da intimação da última decisão administrativa no processo administrativo fiscal nº 16682.720452/201181. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator 1 Curso de Direito Tributário. 10ª Edição. Ed. Dialética. São Paulo. 2012.P. 236. Fl. 2081DF CARF MF Processo nº 10768.008689/200949 Acórdão n.º 1301002.152 S1C3T1 Fl. 2.082 16 Fl. 2082DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10540.721742/2013-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011
NULIDADE. LANÇAMENTO.
Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o lastreiam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade.
DIVERGÊNCIAS DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA.
Não apresentando o contribuinte elementos de prova aptos a esclarecer as divergências no recolhimento das contribuições previdenciárias apontadas pela fiscalização, deve ser mantida a exigência tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.386
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - , Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Recorrente MUNICÍPIO DE PIRIPA PREFEITURA MUNICIPAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 NULIDADE. LANÇAMENTO. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o lastreiam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade. DIVERGÊNCIAS DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. Não apresentando o contribuinte elementos de prova aptos a esclarecer as divergências no recolhimento das contribuições previdenciárias apontadas pela fiscalização, deve ser mantida a exigência tributária. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 17 42 /2 01 3- 41 Fl. 420DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Presidente Ronnie Soares Anderson , Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10540.721742/201341 Acórdão n.º 2402005.386 S2C4T2 Fl. 3.602 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO, que julgou procedente autos de infração (fls. 2/108) relativos a contribuições previdenciárias e obrigações acessórias. O Auto de Infração 51.050.9851 referese à multa por descumprimento de obrigação acessória por deixar de prestar à RFB os esclarecimentos necessários. O Auto de Infração 51.050.9860 referese à multa por descumprimento de obrigação acessória por deixar de exibir documentos relacionados com as contribuições previstas na Lei 8.212/91. O Auto de Infração 51.050.9878 referese à multa por descumprimento de obrigação acessória de deixar de preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB. O Auto de Infração 51.050.9827 referese às contribuições previdenciárias descontadas dos segurados empregados apuradas com base na folha de pagamento. O Auto de Infração 51.050.9835 referese às contribuições previdenciárias patronal e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada, a qualquer título, a segurados empregados, nos termos do artigo 22, incisos I e II, da Lei 8.212/91, apuradas com base nas folhas de pagamento e diferença de alíquota de GILRAT sobre valores declarados em GFIP. E o Auto de Infração 51.050.9843 referese às contribuições previdenciárias patronal e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada, a qualquer título, a segurados empregados e a contribuintes individuais, nos termos do artigo 22, incisos I, II e III, da Lei 8.212/91, apuradas com base nas divergências de valores de remuneração fornecidos pelo Tribunal de Contas dos Municípios – TCM e folha de pagamento e com base nos valores informados na DIRF. O Município apresentou impugnações às fls. 218/251, 261/294 e 304/337, referentes, respectivamente, aos autos de infração 51.050.9827, 51.050.9843 e 51.050.9835, as quais contudo, não foram acatadas pela instância de primeiro grau, que manteve a exigência em sua integralidade (fls. 349/355). O recurso voluntário interposto em 8/4/2015 (fls. 367/418) repisou o argumento ventilado nas impugnações, no sentido de existir nulidade naquelas autuações, alegando haver existência de vício material por inexistir descrição acerca dos fatos tributáveis. Aduz, também, ter havido inclusão indevida de verbas na base de cálculo da contribuição previdenciárias, a saber: aviso prévio indenizado; horas extras; gratificação sobre Fl. 422DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 o exercício de cargo de direção ou comissionado para servidores efetivos; terço constitucional de férias; férias indenizadas; vale transporte; quinze dias de afastamento do trabalhador em virtude de acidente de trabalho; diárias, ajuda de custo e saláriofamília. É o relatório. Fl. 423DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10540.721742/201341 Acórdão n.º 2402005.386 S2C4T2 Fl. 3.603 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Há que se rejeitar, de início, a aventada nulidade do lançamento por ausência de descrição do fato gerador. Apenas uma leitura açodada dos autos poderia contemplar tal pleito, pois o relatório fiscal de fls. 93/108 detalha de maneira minuciosa os fatos e fundamentos jurídicos que respaldaram as autuações, de maneira mais do que suficiente para a sua compreensão. Não se vislumbra na espécie, aliás, qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre de seus termos evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Frisese que o mencionado relatório fiscal discrimina os diversos levantamentos que compuseram as autuações. Há o levantamento GR, da diferença da alíquota do GILRAT sobre as bases de cálculos declaradas nas GFIP, referentes período janeiro 2009 a agosto de 2010. Já os levantamentos FP e SE são atinentes às divergências entre os dados informados no resumo da folha de pagamento apresentada e os valores informados em GFIP. Por sua vez, o levantamento TD corresponde à divergência entre os dados informados naquele resumo da folha de pagamento e entre a despesa com remuneração de pessoal ativo, subsídio de Prefeito, VicePrefeito e Secretários, constante dos dados informados ao Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia – TCM. E temse, ainda, o levantamento DI, rendimentos sem vínculo empregatício, relativo às contribuições (apenas quota patronal de 20%) sobre valores de pagamentos a contribuintes individuais, informados na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF com código de receita 0588, rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício. Como a Prefeitura não declarou nenhum valor pago a contribuinte individual na GFIP do período fiscalizado, o lançamento foi feito pelo valor integral da despesa informada na DIRF. O contribuinte foi seguidamente intimado para trazer os documentos necessários para o esclarecimento dos fatos e das divergências mencionadas (fls. 110/113, 115/118, e 119/161), cingindose a carrear, como referido, resumo da folha de pagamento mensal do período(fls. 167/205). Nesse rumo, buscou justificarse afirmando ter "suspeitas da gestão anterior ter desaparecido com documentos" (fl. 114), e que o Município "não dispõe da documentação relacionada neste procedimento" (fl. 164), havendo, em decorrência peticionado junto ao Fl. 424DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Ministério Público com vistas a apurar prática de crimes de responsabilidade por parte do ex prefeito da localidade (fls. 165/166). Muito embora tais aduções, o fato é que não restaram elucidadas, ainda que de um modo superficial, as diferenças apontadas nas intimações expedidas pela autoridade fazendária, e que lastrearam as autuações guerreadas. Importa destacar que não foram apresentadas as folhas de pagamento, não foram identificados os cogitados valores de natureza indenizatória por segurado, bem como não restou demonstrada a contabilização dessas remunerações e das respectivas contribuições, a despeito de terem sido propiciadas sucessivas oportunidades para tanto. Sob esse prisma, arrazoado genérico sustentando a existência, em tese, de verbas indenizatórias indevidamente alcançadas pela autuação não socorre o contribuinte. No tocante às diferenças de GILRAT/SAT, linha alguma foi redigida a título de razão recursal, o mesmo podendo ser dito quanto ao descumprimento das obrigações acessórias. Não é demasiado registrar, como salientado pela instância a quo, que inexiste tampouco evidência de que o autuado tenha provimento judicial a lhe assegurar o não recolhimento das verbas as quais alude. Ante o exposto, voto no sentido afastar a preliminar de nulidade suscitada, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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