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Numero do processo: 19515.002989/2004-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2000
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE. NATUREZA DO VÍCIO.
A declaração de nulidade sem indicação expressa acerca se ser uma nulidade por vício material ou formal, por implicar prejuízo à defesa da Fazenda Nacional constitui omissão a ser sanada.
LANÇAMENTO. NULIDADE, VÍCIO MATERIAL.
A ausência da descrição dos fatos e da indicação do enquadramento legal correta, determinam a nulidade do ato administrativo de lançamento por vício de natureza material.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 2401-004.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a omissão apontada, declarar a nulidade do lançamento por vício material
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Marcio de Lacerda Martins, Andre Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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NULIDADE. NATUREZA DO VÍCIO. A declaração de nulidade sem indicação expressa acerca se ser uma nulidade por vício material ou formal, por implicar prejuízo à defesa da Fazenda Nacional constitui omissão a ser sanada. LANÇAMENTO. NULIDADE, VÍCIO MATERIAL. A ausência da descrição dos fatos e da indicação do enquadramento legal correta, determinam a nulidade do ato administrativo de lançamento por vício de natureza material. Embargos Acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 29 89 /2 00 4- 56 Fl. 176DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer dos embargos de declaração, para, sanando a omissão apontada, declarar a nulidade do lançamento por vício material (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Marcio de Lacerda Martins, Andre Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 19515.002989/200456 Acórdão n.º 2401004.552 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório ROBERTO MYUNG JIN CHOI, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, teve contra si lavrado o Auto de Infração exigindolhe crédito tributário concernente a6o Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da constatação de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada e transferência de recursos ao exterior mediante operação Beacon Hill, em relação ao exercício 2000, conforme Auto de Infração, às fls. 78/79, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à 2ª Seção de Julgamento do CARF, contra decisão de primeira instância, a egrégia 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, em 21/10/2010, por unanimidade de votos, achou por bem conhecer do Recurso do contribuinte e DARLHE PROVIMENTO, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão nº 210100.832, com sua ementa abaixo transcrita: "IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. TRANSFERÊNCIA DE RECURSOS AO EXTERIOR NO ÂMBITO DA OPERAÇÃO "BEACON HILL". RECORRENTE IDENTIFICADA COMO ORDENANTE E BENEFICIÁRIA FINAL EM DOCUMENTO ANEXO A LAUDO DE EXAME ECONÔMICOFINANCEIRO. O Recorrente foi identificado, ao mesmo tempo, como remetente e beneficiário final de recursos ao exterior, não se lhe podendo atribuir a presunção de omissão de rendimentos de que trata o artigo 42 da Lei 9.430/96, uma vez que, na origem, supostamente transferiu recursos para conta corrente de sua titularidade. A única presunção que poderia eventualmente ter sido utilizada é a de acréscimo patrimonial a descoberto, o que não foi feito pela fiscalização. Ainda que a acusação fosse de acréscimo patrimonial a descoberto, caberia à fiscalização comprovar de forma inequívoca a entrega do numerário aos doleiros ou a titularidade da conta no exterior. Precedentes. Recurso voluntário provido." Irresignada, a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, à efl. 168/169, com fulcro no artigo 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pugnando pela sua reforma em virtude da omissão a seguir exposta. Insurgese contra o Acórdão recorrido, por entender ter havido omissão na sua fundamentação, eis que o crédito exonerado do lançamento, pela leitura do corpo, foi anulado por vício, não constando a natureza deste. Fl. 178DF CARF MF 4 Entende a embargante tratar de uma nulidade formal, pois seu fulcro estaria centrado em fato procedimental. Por fim, pugna pelo recebimento e acolhimento dos presentes Embargos de Declaração, para que a Turma recorrida se pronuncie a respeito da omissão suscitada, capaz de justificar a conclusão levada a efeito no resultado final do julgamento. Submetido à análise de admissibilidade, por parte da nobre Conselheiro, Heitor de Souza Lima Junior, este entendeu por bem acolher o pleito da PGFN inscrito nos Embargos de Declaração, propondo inclusão em nova pauta de julgamento para sanear a omissão apontada, onde se explicite a natureza do vício que maculou o lançamento por nulidade, nos termos do Despacho de efls. 173/174. Distribuídos os presentes Embargos, ad hoc, a este Relator já com Despacho de acolhimento e determinação de inclusão em pauta, consoante Despacho encimado, assim o faço. É o relatório. Fl. 179DF CARF MF Processo nº 19515.002989/200456 Acórdão n.º 2401004.552 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, uma vez tempestivos e comprovada a omissão apontada pela Embargante, acolho os Embargos de Declaração, pelas razões de fato e de direito a seguir esposadas. Como já devidamente lançado no Despacho que propôs o acolhimento dos presentes Embargos, constatase que, de fato, o Acórdão guerreado deixou de explicitar qual teria sido a natureza do vício que ensejou a nulidade do lançamento. Com mais especificidade, constatase do voto a nulidade, mas não contempla aludida matéria de maneira a esclarecer qual fora a natureza do referido vicio levado a efeito no julgamento, impondo seja conhecido os Embargos para fins de esclarecimento em relação ao tema. Nesse sentido, procedem os Embargos de Declaração opostos pela douta representante da Fazenda Nacional, impondo seja acolhida sua pretensão para que aludida omissão seja devidamente saneada. De fato houve declaração de nulidade sem indicação expressa acerca de ser uma nulidade por vício material ou por vício formal, sendo certo que na segunda modalidade a Fazenda tem prazo específico para promover novo lançamento, nos termos do inciso II do art. 173 do CTN, de forma que não ter constado essa informação no acórdão, em tese, implica prejuízo à Fazenda Nacional por lhe vedar a aplicação do dispositivo do CTN encimado, motivo pelo qual defende o vício formal. A nulidade declarada por meio da Decisão Guerreada decorre das seguintes deficiências do auto de infração, senão vejamos: Fl. 180DF CARF MF 6 Como se observa, entendeu a Turma recorrida que os vícios presentes no lançamento estão intimamente ligados à materialidade do crédito tributário, posto que são a própria verificação da ocorrência do fato gerador, determinação da matéria tributável etc, ou seja, são intrínsecos ao lançamento, portanto, ostentam a natureza de vício material. Para melhor elucidar a questão, válido transcrever o disposto no artigo 142 do CTN, que trata do lançamento, in verbis: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” Os requisitos definidos no artigo 142 acima transcrito representam elementos essenciais para a formação e existência do lançamento, sendo que sua ausência gera insubsistência da autuação, não sua anulação por vício formal. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 19515.002989/200456 Acórdão n.º 2401004.552 S2C4T1 Fl. 5 7 Na presente hipótese, verificase a existência de vício material que macula o lançamento em questão. Com efeito, o auto de infração possui vícios quanto à descrição dos fatos e ao enquadramento legal, comprometendo o direito de defesa da contribuinte. A este respeito, é pacífica a jurisprudência deste CARF, inclusive o próprio relator tem acórdão neste sentido: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 LANÇAMENTO. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. Reconhecese a nulidade material do lançamento quando inexiste descrição da infração, que ofende o direito à ampla defesa e ao contraditório pelo contribuinte. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICASE O PRAZO DECADENCIAL PREVISTO NO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE ACORDO COM A SISTEMÁTICA PREVISTA PELO ARTIGO 543C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62A, DO ANEXO II, DO SEU REGIMENTO INTERNO. Consoante entendimento consignado no Recurso Especial n.º 973.733/SC, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Nos casos em que a lei prevê o pagamento antecipado e esse ocorre, a contagem do prazo decadencial deslocase para a regra do art. 150, §4º, do CTN. Hipótese em que houve princípio de pagamento, reconhecendose a decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos" (Acórdão n° 2101002.168 1° Câmara/1° Turma Ordinária Rel Alexandre Naoki Nishioka) Fl. 182DF CARF MF 8 Por todo o exposto VOTO NO SENTIDO DE ACOLHER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, exclusivamente para incluir no acórdão a descrição de que a motivação da nulidade foi por vício material, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 183DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.933422/2009-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.748
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 22 /2 00 9- 77 Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.933422/200977 Acórdão n.º 3402003.748 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934217/2009-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.756
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 42 17 /2 00 9- 29 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.934217/200929 Acórdão n.º 3402003.756 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.934217/200929 Acórdão n.º 3402003.756 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.934217/200929 Acórdão n.º 3402003.756 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.934217/200929 Acórdão n.º 3402003.756 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.721688/2011-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AGROINDÚSTRIA. NÃO ENQUADRAMENTO.
Para o enquadramento na condição de Agroindústria, é necessário a comprovação de tratar-se de produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção rural própria ou de produção rural própria e adquirida de terceiros, além de desenvolver duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos.
MULTA PREVIDENCIÁRIA. FATOS GERADORES ANTERIORES À MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449, DE 2008, NÃO DECLARADOS EM GFIP. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS INFRALEGAIS.
Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplica-se a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado entre: (a) a soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores (obrigação principal) e da multa por falta de declaração em GFIP vigente à época da materialização da infração (obrigação acessória), com (b) a multa de ofício (75%) prevista no artigo 35-A, da Lei nº 8.212/1991.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu.
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI nº 13.097/2015. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. INTERPRETAÇÃO LITERAL.
A anistia prevista no art. 49 da Lei nº 13.097/2015 restringe-se às multas aplicadas por descumprimento de obrigação acessória com fundamento no art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Inaplicável às multas capituladas no art. 32 da mesma Lei.
A legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente, a teor do art. 111, I, do Código Tributário Nacional.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2301-004.877
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso com relação à alegação de vedação ao confisco, para, na matéria conhecida,
I) por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo a questão do erro no enquadramento como agroindústria, vencidos os conselheiros Fábio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Maria Anselma Coscrato dos Santos ;
II) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo, Jorge Henrique Backes e Maria Anselma Coscrato dos Santos; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, pela maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; com isto, as multas restaram mantidas, como constam no lançamento; e
III) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso com relação à aplicação da anistia prevista no art. 49, da Lei nº 13.097/2015.
Fez sustentação oral o Dr. Jhonata Lauermann, OAB/SC nº 29.516.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente Substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos.
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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AGROINDÚSTRIA. NÃO ENQUADRAMENTO. Para o enquadramento na condição de Agroindústria, é necessário a comprovação de tratarse de produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção rural própria ou de produção rural própria e adquirida de terceiros, além de desenvolver duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. MULTA PREVIDENCIÁRIA. FATOS GERADORES ANTERIORES À MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449, DE 2008, NÃO DECLARADOS EM GFIP. RETROATIVIDADE BENIGNA. CRITÉRIO. OBSERVÂNCIA ÀS NORMAS INFRALEGAIS. Aos processos de lançamento fiscal dos fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, e não declarados em GFIP, aplicase a multa mais benéfica, obtida pela comparação do resultado entre: (a) a soma da multa vigente à época da ocorrência dos fatos geradores (obrigação principal) e da multa por falta de declaração em GFIP vigente à época da materialização da infração (obrigação acessória), com (b) a multa de ofício (75%) prevista no artigo 35A, da Lei nº 8.212/1991. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 16 88 /2 01 1- 06 Fl. 1627DF CARF MF 2 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. ANISTIA DADA PELA LEI nº 13.097/2015. INAPLICABILIDADE AO CASO CONCRETO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. A anistia prevista no art. 49 da Lei nº 13.097/2015 restringese às multas aplicadas por descumprimento de obrigação acessória com fundamento no art. 32A, da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Inaplicável às multas capituladas no art. 32 da mesma Lei. A legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente, a teor do art. 111, I, do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso com relação à alegação de vedação ao confisco, para, na matéria conhecida, I) por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo a questão do erro no enquadramento como agroindústria, vencidos os conselheiros Fábio Piovesan Bozza, Alexandre Evaristo Pinto e Maria Anselma Coscrato dos Santos ; II) quanto às multas relacionadas à GFIP, submetida a questão ao rito do art. 60 do Regimento Interno do CARF, foram apreciadas as seguintes teses: a) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei 11.941, de 2009; b) aplicação das regras estabelecidas pela Portaria Conjunta PGFN/RFB 14, de 2009; c) aplicação da regra do artigo 35 da Lei 8.212, de 1991, vigente à época dos fatos geradores, limitada ao percentual de 75%, previsto no artigo 44, I, da Lei 9.430, de 1996; em primeira votação, se manifestaram pela tese "a" os Conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; pela tese "b" os Conselheiros Andrea Brose Adolfo, Jorge Henrique Backes e Maria Anselma Coscrato dos Santos; e pela tese "c" o Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes; excluída a tese "c" por força do disposto no art. 60, parágrafo único, do Regimento Interno do CARF, em segunda votação, pela maioria de votos, restou vencedora a tese "b", vencidos os conselheiros Fabio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto; com isto, as multas restaram mantidas, como constam no lançamento; e III) por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso com relação à aplicação da anistia prevista no art. 49, da Lei nº 13.097/2015. Fez sustentação oral o Dr. Jhonata Lauermann, OAB/SC nº 29.516. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente Substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Fl. 1628DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.627 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos. Relatório Tratase de recurso voluntário (efls. 386/411) interposto em face da decisão da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador DRJ/SDR, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal, nos termos do Acórdão nº 15 35.694, de 11 de junho de 2014 (efls. 341/380): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AGROINDÚSTRIA. INDUSTRIALIZAÇÃO PRÓPRIA ÍNFIMA. ENCARGO DE MÃODEOBRA MÍNIMO. FALTA DE SEGREGAÇÃO EM DEPARTAMENTOS, DIVISÕES OU SETORES. Para o enquadramento na condição de Agroindústria, fazse necessária a comprovação de se tratar de produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica é a industrialização de produção rural própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, além de desenvolver duas atividades em um mesmo empreendimento econômico com departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. O regime substitutivo previsto no artigo 22A da Lei n° 8.212/1991, com a redação dada pela Lei n°10.256/2001, abrange a agroindústria, que por definição legal tratase de produtor rural que industrializa a sua própria produção ou, ainda, soma a esta a de terceiros. Não se considera agroindústria, a empresa que industrializa parcela ínfima da produção própria comparada com a adquirida de terceiros, e também que apresenta dispêndio insignificante de mãodeobra empregada na atividade rural. RECOLHIMENTOS DESCONSIDERADOS. APROPRIAÇÃO. Fl. 1629DF CARF MF 4 Os recolhimentos efetuados e não considerados no lançamento devem ser apropriados durante o contencioso administrativo. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. GFIP. FATOS GERADORES. OMISSÃO. Constitui infração apresentar, a empresa, a GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. ARGÜIÇÃO. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade ou legalidade de ato normativo em vigor. TERMO DE ARROLAMENTO DE BENS. DRJ. NÃO CONHECIMENTO. A DRJ não tem competência para a análise do inconformismo do sujeito passivo e dos responsáveis em relação ao Termo de Arrolamento de Bens lavrado pela fiscalização. Conforme informação da recorrente o recurso apresentado é parcial, referindose apenas aos débitos nº 37.308.8175 e nº 37.308.8183, sendo que os demais débitos lançados neste processo foram parcelados nos termos da Lei nº 11.941/2009, com a redação que lhe deu a Lei nº 12.973/2015. Portanto este relatório se limitará à matéria objeto de análise recursal. Conforme relatório fiscal (efls. 144/164): 3.1. AUTO DE INFRAÇÃO DEBCAD 37.308.8183: 3.1.1. DESCRIÇÃO Lançamento que referese à CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DA EMPRESA, incidente sobre remunerações pagas pela fiscalizada a segurados empregados que lhe prestaram serviços durante o período auditado e cujos valores não foram recolhidos à Previdência e nem declarados em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) até o início da ação fiscal, em função de indevido autoenquadramento na condição de agroindústria nas GFIP's apresentadas pela empresa, existindo débito nas competências de 01/2007 a 13/2008. 3.1.2. CONTRIBUIÇÕES INCIDENTES O débito referente à contribuição exigida destinase à Previdência Social e corresponde à contribuição da empresa incidente sobre remunerações pagas a segurados empregados (20% + 3% (adicional GIL/RAT)). 3.1.3. Este Auto de Infração é composto pelos seguintes levantamentos: 3.1.3.1. FG FOLHA EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da Fl. 1630DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.628 5 empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujas contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP; OBS: não obstante as remunerações dos segurados empregados tenham sido declaradas em GFIP, as contribuições previdenciárias da empresa foram omitidas, como conseqüência de indevido autoenquadramento no FPAS 833 (agroindústria) realizado pela fiscalizada; 3.1.3.2. FG1 FOLHA EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujas contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP; OBS: não obstante as remunerações dos segurados empregados tenham sido declaradas em GFIP, as contribuições previdenciárias da empresa foram omitidas, como conseqüência de indevido autoenquadramento no FPAS 833 (agroindústria) realizado pela fiscalizada; 3.1.3.3. FG2 FOLHA EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujas contribuições incidentes não foram declaradas em GFIP; OBS: não obstante as remunerações dos segurados empregados tenham sido declaradas em GFIP, as contribuições previdenciárias da empresa foram omitidas, como conseqüência de indevido autoenquadramento no FPAS 833 (agroindústria) realizado pela fiscalizada; 3.1.3.4. FN SALÁRIOS EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujos valores não foram declarados em GFIP; Obs: este levantamento contém fatos geradores (remunerações de empregados) cuja empresa deixou de declarar em GFIP, independentemente do erro no autoenquadramento como agroindústria constatado pela auditoria; 3.1.3.5. FN2 SALÁRIOS EMPREGADOS: levantamento que diz respeito ao cálculo das contribuições previdenciárias da empresa ((20% + 3% (adicional GILRAT)) incidentes sobre remunerações pagas a segurados empregados que prestaram serviços à fiscalizada durante o período auditado e cujos valores não foram declarados em GFIP; Fl. 1631DF CARF MF 6 Obs: este levantamento contém fatos geradores (remunerações de empregados) cuja empresa deixou de declarar em GFIP, independentemente do erro no autoenquadramento como agroindústria constatado pela auditoria; ... 3.6. AUTO DE INFRAÇÃO DEBCAD TAL 37.308.8175 3.6.1. DESCRIÇÃO Lançamento que referese à autuação por descumprimento de obrigação acessória, com fundamento no CFL 68, pelo fato do contribuinte ter apresentado GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) nas competências de 01 a 12/2007 e de 01 a 10/2008 com omissão/erros de informações, conforme esclarecem ANEXOS 6, 7 e 8. 3.6.2. DO FUNDAMENTO LEGAL DA INFRAÇÃO O fato narrado constitui infração à obrigação disposta na Lei no 8.212/91, art. 32, inc. IV e parágrafo 5°, acrescentado pela Lei no 9.528, de 10/12/1997, combinado com art. 225, IV, §4° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 06/05/1999. 3.6.3. DISPOSITIVO LEGAL PARA APLICAÇÃO DA MULTA Em função do fato infracional verificado, foi aplicada a multa prevista no Art. 32, §5°, da Lei 8212/91, combinado com Art. 28 4, inciso II, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto no 3.048, de 06/05/1999. Para fins de esclarecer a situação fática encontrada na fiscalizada, o Auditor Fiscal anexa ao relatório fiscal da autuação, o Relatório de Análise da Natureza Jurídica da Empresa (Anexo 1 e.fls. 165/175): 2. A fiscalizada dedicase à atividade de fabricação de madeira laminada e de chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada. Possuía dois estabelecimentos no período fiscalizado, sendo a sua sede localizada na Rodovia BR 116, S/NR, KM 06, MAFRASC. ... IV – ANÁLISE DO CASO CONCRETO 1. Conforme concluído nos itens 3.1 a 3.14 do capítulo anterior (IV AGROINDÚSTRIA CONCEITUAL E DEMAIS CONSIDERAÇÕES) o fato de a legislação não ter definido literalmente o mínimo necessário de produção rural própria a ser industrializada, em relação à matériaprima ou à produção rural total industrializada pela agroindústria, não quer dizer que a correta interpretação do conceito de empresa agroindustrial possa ser feita de maneira a desprezar critérios de razoabilidade. 2. Assim sendo, tornase obrigatório a identificação do total de madeira industrializada pelo sujeito passivo, bem como da parcela correspondente à madeira advinda de sua produção Fl. 1632DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.629 7 própria e de terceiros, a fim de concluirse se de fato a empresa faz ou não jus ao enquadramento como agroindustrial. origem da matéria prima própria 2.1 O primeiro ponto da imposição acima mencionada, sobre o qual passase a discorrer, corresponde à identificação da origem da madeira industrializada pela empresa. 2.1.1 No caso sob exame, no período fiscalizado a empresa possuía diversas áreas de reflorestamento de pinus, entretanto, conforme informação da própria auditada, ela não os utilizava em seu processo produtivo, em virtude dessas plantações não estarem no ponto certo para corte, uma vez que para uso em laminação há necessidade de árvores adultas e bem desenvolvidas, assim, a fiscalizada preferia reservar tais áreas de reflorestamento para uso futuro e enquanto isso, adquiria junto a terceiros a madeira necessária ao desenvolvimento de seus negócios (conforme informação fornecida pela própria empresa, confirmada pelos lançamentos nas C/C 4302, 4303,4305, 4322, 8002, 8013) 2.1.2. De fato, analisada a contabilidade da empresa não foi verificada a existência de registro de entrada de madeiras provenientes de plantações da própria empresa ou mesmo a existência de contas de exaustão dos recursos florestais da empresa. Não obstante esse fato a auditoria localizou algumas transferências de madeira própria da filial para o estabelecimento principal em contas contábeis diversas das usuais (conforme informação fornecida pela própria empresa, confirmada pelos lançamentos nas C/C 80001). 2.1.3. Com o intuito de esclarecer a origem da matériaprima rural utilizada pela empresa em seu processo produtivo no período de 01/2007 a 12/2008, foi confeccionado o quadro abaixo, baseado na contabilidade e em planilhas apresentadas pela fiscalizada durante a auditoria: 2.1.4. Da análise da planilha, extraise que no período de 01/2007 a 12/2008, a empresa utilizou apenas 1,36% de matéria prima rural própria em seu processo produtivo, ou em outros termos, adquiriu junto a terceiros 98,64% da madeira por ela utilizada no período fiscalizado. Fl. 1633DF CARF MF 8 Estruturação da empresa Par 1. do art. 240 da IN MPS/SRP nº 03, de 14 de julho de 2005 §1° Não se considera atividade de industrialização , para efeito do enquadramento do produtor rural pessoa jurídica como agroindústria: I –omisss; II quando o produtor rural pessoa jurídica realiza processo de industrialização sem departamentos, divisões ou setores rural e industrial distintos. 3.1. no período em que a empresa declarou ser agroindústria (01/2007 12/2008) foi verificado que a empresa possuía dois estabelecimentos ativos, sendo que na estrutura desses estabelecimentos não foi localizado qualquer departamento ligado à atividade rural. 3.2. Da mesma forma, analisada a estrutura contábil da fiscalizada, não foi localizado qualquer setor rural ou contas que distingam custos rurais e industriais, como exige a norma que rege a matéria. 3.3. Analisado as GFIP’s apresentadas pela empresa nesse período, verificouse que a fiscalizada declarou que possuía segurados empregados apenas no setor industrial (FPAS 833), ou seja, a empresa não possuía qualquer trabalhador empregado no setor rural (FPAS 604). 3.4. Foi verificado, também, que a folha de pagamento da empresa não apresenta qualquer departamento, divisão, setor, etc, que distinga atividade rural de atividade industrial. 3.5. Não obstante a empresa haver declarado não possuir trabalhadores no setor primário, tendo incluído toda a sua massa salarial no FPAS 833 (setor industrial da empresa) a auditoria, analisando detidamente a folha de pagamento da empresa e considerando informações por ela prestadas, concluiu que a contribuinte teve ao longo do período fiscalizado 10 trabalhadores ligados a atividades primárias e que a remuneração desse pessoal representou 0,92% do total da massa salarial da empresa no período, conforme planilha abaixo: VII CONCLUSÃO 1. considerando que o percentual de matériaprima rural própria consumida no processo produtivo da empresa, no período de 01/2007 a 12/2008, representa apenas 1,36% do total Fl. 1634DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.630 9 da utilizado pela empresa, ou seja a empresa comprou de terceiros mais de 98,64% da matériaprima (madeira) consumida em seu processo industrial; 2. considerando que a empresa não possuiu nenhum departamento ou setor ligado a atividades primárias ou mesmo segregação contábil de custos de atividades rurais e industriais no período fiscalizado, desatendendo, assim, ao requisito objetivo previsto na IN MPS/SRP nº 03/2005 (instrumento normativo vigente à época dos fatos); 3. considerando que a empresa não apresentou nenhuma GFIP’s de FPAS 604 (massa salarial empregada no setor rural) e só apresentou GFIP’s no FPAS 833 (trabalhadores do setor industrial); 4. considerando que a massa salarial ligada a atividade primária representou apenas 0,92% do total da remuneração paga pela empresa no período; 5. a auditoria conclui que a empresa não se enquadra na situação de agroindústria prevista no art. 22A da Lei 8212/91, no período de 01/2007 a 12/2008, devendo, por isso, sujeitarse à tributação como indústria comum, enquadrada no FPAS 507. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação em 27/09/2011, alegando, em síntese: a) a nulidade da autuação em face do não cumprimento dos requisitos legais para a sua constituição válida e regular; b) a improcedência da autuação uma vez que: b.1) é pessoa jurídica que desempenha as atividades de industrialização de madeira para comercialização e exportação, inclusive florestamento, reflorestamento, extração de madeira e agricultura, para uso próprio, comercialização e ou exportação e ainda representação comercial de compra e venda de imóveis e comercial exportadora, denominada pela legislação como Agroindústria. b.2) que com a publicação da Lei n° 10.256, de 09 de julho de 2001, a agroindústria foi equiparada ao produtor rural pessoa jurídica, assim, para efeitos desta lei, a agroindústria é o produtor rural pessoa jurídica que desenvolve atividade econômica de industrialização de produção própria e adquirida de terceiros, cuja contribuição social tem como base de cálculo a receita bruta proveniente da comercialização da produção. Desta maneira, a Impugnante tem direito de recolher a contribuição previdenciária instituída pela Lei n° 10.256/01. b.3) em que pese a definição legal de agroindústria, sendo indiscutível a aplicação direta e válida da Lei n° 10.256/01, o agente fiscal autuou a Impugnante desconsiderando todas as atividades desenvolvidas pela empresa e para tanto justificandoa em fundamentações que não procedem. b.4) na própria Notificação lavrada, o Agente fiscal menciona, no Relatório Natureza Jurídica da Empresa, (folhas 03 e 04) que a produção da agroindústria pode ser Fl. 1635DF CARF MF 10 própria "ou" de terceiros, através da citação da Instrução Normativa n° 03/2005 que vigorou até 2009. Portanto, concluise que a Impugnante cumpriu integralmente os requisitos conferidos pela Lei n° 10.256/01, sendo totalmente improcedente a justificativa utilizada pela fiscalização previdenciária para descaracterizar o direito da Impugnante de recolher a contribuição previdenciária nos termos estatuídos pela referida lei. A DRJ/SDR julgou a impugnação procedente em parte, nos termos do voto do relator, cuja conclusão transcrevese: 64. Dessa forma, VOTO para considerar PROCEDENTE EM PARTE a presente autuação, nos termos dos Discriminativos Analíticos do Débito Retificado (DADR), ora juntados aos autos às fls. 318/340: 64.1. Excluir do DEBCAD nº 37.308.8183 a Contribuição no valor de R$ 129.340,17 (cento e vinte e nove mil, trezentos e quarenta reais e dezessete centavos), mantendo, da Contribuição Previdenciária lançada, o valor atualizado de R$ 1.593.455,86 (um milhão, quinhentos e noventa e três mil, quatrocentos e cinquenta e cinco reais e oitenta e seis centavos), juntamente com os acréscimos legais correspondentes; ... 64.6. Manter a multa lançada no DEBCAD nº 37.308.8175 no valor atualizado de R$ 670.749,20 (seiscentos e setenta mil, setecentos e quarenta e nove reais e vinte centavos), juntamente com os acréscimos legais correspondentes. Cientificada da decisão em 12/01/2015, apresentou o recurso voluntário em 11/02/2015, alegando em síntese: 1) com relação ao DEBCAD nº 37.308.8183: a) que se enquadra como agroindústria, pois sempre exerceu atividade rural, bem como sempre industrializou sua produção, na integralidade ou em parte, e ainda, industrializa produção rural adquirida de terceiros; b) que o art. 22A da Lei nº 8.212/91 não estabelece que o contribuinte deva transformar um determinado percentual de produção própria para a caracterização como agroindústria, como entendeu a fiscalização; c) que a fiscalização deveria ter feito o cálculo entre produção própria e de terceiros pelo volume de matériaprima e não pelos valores, o que acarreta distorção no percentual obtido; d) que houve troca de matériaprima com outra empresa, equiparandose à utilização de matériaprima própria, conforme notas fiscais anexas; e) que a alegada ínfima proporção da massa salarial vinculada à atividade rural (mato), legalmente não é nenhum óbice ao seu enquadramento como agroindústria; f) que embora as contas de resultado (contabilidade) não estivessem segregadas por setores, a farta documentação solicitada pelo fiscal, como os livros contábeis em formato digital, não deixam dúvidas quanto à possibilidade de identificar os valores gastos Fl. 1636DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.631 11 no setor rural, podendo ser feita diligência ou perícia contábil para determinar claramente esses valores; g) que a falta de GFIP do setor rural, código 604, "foi mera formalidade, erro de interpretação por parte da recorrente, a qual não impediu a fiscalização de apurar quais funcionários estavam alocados ao referido setor. Ademais, como consta no auto de infração, a autoridade fiscal comprovou a existência de 10 (dez) funcionários ligados ao setor rural, ou seja, mesmo faltando a GFIP 604, todos os funcionários estavam lançados na GFIP 833, a autoridade fiscal conseguiu detectar a existência de funcionário exclusivos do setor rural." 2) Com relação ao DEBCAD nº 37.308.8175: a) que enviou GFIP contendo as informações completas de todos os funcionários, bases de cálculo das contribuições previdenciárias e demais informações, portanto não omitiu segurados e/ou indicou informações inexatas na GFIP; b) que a multa no montante exigido se afigura "exorbitante, irrazoável e desproporcional, considerando a nãopatrimonialidade da obrigação tributária acessória", sendo portanto nitidamente confiscatória, infringindo o disposto no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal; c) que o cálculo da multa não obedeceu ao princípio da retroatividade benigna, expresso no art. 106, II, c, do CTN, devendo ser recalculada, para aplicação da regra do art. 32A da Lei nº 8.212/1991, com redação dada pela Lei nº 11.941/2009; d) que, "em caso de manutenção da autuação, devem ser aplicadas as modificações trazidas pela Lei nº 13.097/2015, que alterou o artigo 32A, da Lei nº 8.212/1991, deixandoa ainda mais benéfica ao contribuinte". Por fim, requer o recebimento e a apreciação do recurso voluntário, para o efeito de reconhecer o correto enquadramento da recorrente como agroindústria, extinguindo o crédito tributário consubstanciado no DEBCAD n. 37.308.8183, e no que tange ao DEBCAD n. 37.308.8175, tendo em vista o correto enquadramento da recorrente como agroindústria, requer a extinção da multa lançada; quando não, a redução do montante lançado, em vista do seu caráter confiscatório, bem como a aplicação da penalidade mais benéfica. É o relatório. Voto Conselheira ANDREA BROSE ADOLFO Relatora Admissibilidade Verificados os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto e passo a sua análise. Mérito Fl. 1637DF CARF MF 12 Enquadramento como Agroindústria Requisitos A recorrente sustenta que ao industrializar produção rural própria e adquirida de terceiros estaria enquadrada no conceito de agroindústria devendo recolher as contribuições previdenciárias incidentes sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção rural, a teor do disposto no art. 22A da Lei nº 8.212, de 1991, com redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001. O cerne da discussão é se a circunstância de a produção rural própria da pessoa jurídica ser ínfima, inferior à adquirida de terceiros para a industrialização, afasta a caracterização como agroindústria, tal como a definida pelo artigo 22–A da Lei nº 8.212/91. A Lei nº 10.256, de 09 de julho de 2001, através de seu art. 1º, inseriu o artigo 22A na Lei nº 8.212/91, estabelecendo regra especial de contribuição para as empresas agroindustriais, ao dispor que as contribuições devidas por estas empresas, em substituição às previstas nos incisos I e II da Lei 8.212/91 (incidência sobre a folha de pagamento), passam a incidir sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção. Lei º 8.212, de 24 de julho de 1991: “Art. 22A. A contribuição devida pela agroindústria, definida, para os efeitos desta Lei, como sendo o produtor rural pessoa jurídica cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros, incidente sobre o valor da receita bruta proveniente da comercialização da produção, em substituição às previstas nos incisos I e II do art. 22 desta Lei, é de: (Incluído pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) I dois vírgula cinco por cento destinados à Seguridade Social; (incluído pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) II zero vírgula um por cento para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57 e 58 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade para o trabalho decorrente dos riscos ambientais da atividade. (incluído pela Lei nº 10.256, de 9.7.2001) § 1º (VETADO) (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 2º O disposto neste artigo não se aplica às operações relativas à prestação de serviços a terceiros, cujas contribuições previdenciárias continuam sendo devidas na forma do art. 22 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 3º Na hipótese do § 2º, a receita bruta correspondente aos serviços prestados a terceiros será excluída da base de cálculo da contribuição de que trata o caput. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 4º O disposto neste artigo não se aplica às sociedades cooperativas e às agroindústrias de piscicultura, carcinicultura, suinocultura e avicultura. (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 5º O disposto no inciso I do art. 3º da Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de 1991, não se aplica ao empregador de que trata este artigo, que contribuirá com o adicional de zero vírgula vinte e cinco por cento da receita bruta proveniente da Fl. 1638DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.632 13 comercialização da produção, destinado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). (Incluído pela Lei nº 10.256, de 2001). § 6º Não se aplica o regime substitutivo de que trata este artigo à pessoa jurídica que, relativamente à atividade rural, se dedique apenas ao florestamento e reflorestamento como fonte de matériaprima para industrialização própria mediante a utilização de processo industrial que modifique a natureza química da madeira ou a transforme em pasta celulósica. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 2003). § 7º Aplicase o disposto no § 6º ainda que a pessoa jurídica comercialize resíduos vegetais ou sobras ou partes da produção, desde que a receita bruta decorrente dessa comercialização represente menos de um por cento de sua receita bruta proveniente da comercialização da produção. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 2003). Com efeito, o dispositivo legal acima citado foi introduzido na ordem jurídica para estabelecer uma tributação diferenciada às agroindústrias, qual seja, ao invés de tradicionalmente recolher as contribuições previdenciárias sobre a folha de salários e demais rendimentos, passou a ser tributada pela receita bruta. Podese dizer que a norma procurou, sob o ponto de vista social, beneficiar o produtor rural pessoa jurídica que industrializasse a própria produção rural, desonerando a atividade da agroindústria de recolher contribuição social sobre a folha de salários, incentivando uma maior contratação de mãodeobra, utilizada em grande escala nesse setor. Não obstante, definiu o conceito de agroindústria como sendo o produtor rural pessoa jurídica que industrialize produção própria ou produção própria e adquirida de terceiros. Há, portanto, duas espécies de agroindústria, quais sejam: i) aquelas que só industrializam produção própria; e ii) aquelas que industrializam produção própria e de terceiros. Alega a fiscalização que a relação entre a produção própria e a adquirida de terceiros industrializada pela recorrente era ínfima, inferior a 2% no ano de 2007 e inferior a 1% no ano de 2008. Também a relação entre a remuneração da mão de obra empregada no setor rural em comparação com a do setor industrial oscilava entre 0,69% em 2007 e 1,16% em 2008. Ademais, informa a fiscalização que a recorrente "não possuiu nenhum departamento ou setor ligado a atividades primárias ou mesmo segregação contábil de custos de atividades rurais e industriais no período fiscalizado, desatendendo, assim, ao requisito objetivo previsto na IN MPS/SRP nº 03/2005 (instrumento normativo vigente à época dos fatos)". Verificamos que nas GFIP apresentadas a empresa informou sua atividade no CNAE (Cadastro Nacional de Atividades Econômicas) Fiscal na Classe 1621800, e, conforme consulta efetuado em 16/09/2016, no sítio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Fl. 1639DF CARF MF 14 http://cnae.ibge.gov.br/?view=subclasse&tipo=cnae&versao=9.1.0&subclasse=1621800&chav e=1621800, verificamos que esta subclasse compreende as atividades de fabricação de madeira laminada e chapas de madeira compensada, prensada e aglomerada, conforme abaixo: Pela situação fática descrita nos autos, vêse que a recorrente, recolhia as contribuições previdenciárias como se agroindústria fosse, mas a estruturação da empresa e toda a documentação apresentada, especialmente GFIP, Folhas de Pagamento e Livros Contábeis, demonstram que, na verdade é uma indústria, não podendo beneficiarse do tratamento tributário especial. Nesse sentido, trazse à colação excerto do voto do conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, proferido no Acórdão nº 9202.003.570, da 2ª Turma da CSRF, em sessão de 29/01/2015, no qual foi dado provimento ao Recurso Especial da Fazenda para desconsiderar o enquadramento do sujeito passivo como agroindústria: Dessa forma entendo que, como a lei não estipula limites mínimos de industrialização de produção própria, o não enquadramento de agroindústria com base na relação do faturamento decorrente da comercialização própria em relação ao total faturado pela empresa, como quer a recorrente, implica violação ao fundamental princípio da legalidade. Feitas essas considerações, entendo que no presente caso, a Recorrente dignou demonstrar que o Sujeito Passivo não é agroindústria, pois não se enquadra na capitulação legal – art. 22A, da Lei n. 8.212/91. O aludido dispositivo legal é cristalino ao definir o que deve ser considerada como sendo agroindústria, ao exigir cumulativamente a ocorrência dos seguintes requisitos, a saber: ser Produtor Rural Pessoa Jurídica e industrializar produção própria, além da industrialização da produção de terceiros, se for o caso. Fl. 1640DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.633 15 Por certo, a legislação previdenciária tem clara intenção de fazer incidir a contribuição substitutiva prevista para as agroindústrias sobre as que possuam efetivamente esta característica, ou seja, um produtor rural que também industrialize sua produção. Nesse sentido a legislação busca incentivar ao produtor rural que realize o beneficiamento de sua produção (e eventualmente de terceiros), agregandolhe valor comercial. Não fosse assim, poderia uma pessoa jurídica eminentemente voltada para atividade industrial que com o objetivo de beneficiarse da tributação diferenciada destinada à agroindústria, realizar alguma atividade rural a fim de enquadrarse na hipótese legal, praticando, assim, uma evasão fiscal. É verdade que a legislação previdenciária não estipula o percentual de produção própria ou adquirida de terceiros suficiente para qualificação de uma pessoa jurídica como agroindústria, todavia não se pode deixar de analisar a realidade tal como ela se apresenta, em busca da Verdade Material, como meio garantidor da certeza do crédito tributário, no qual se deve buscar a realidade dos fatos. Em que pese a força da literalidade dos dispositivos legais, assume grande relevância o aspecto substancial da realidade sobre a qual a tributação incide. Não basta aterse simplesmente a literalidade do texto legal, é necessária a busca pela realidade fálica em perseguição à verdade material. A reunião desses dois aspectos resultará na aplicação adequada da lei. Caso contrário, qualquer indústria (inclusive os grandes complexos industriais) que utilizasse no seu processo produtivo apenas parte do insumo produzido por ela própria, por menos que fosse, poderia se beneficiar do tratamento tributário especial, o qual, na verdade, é um regime substitutivo criado para ser aplicado ao verdadeiro produtor rural. No presente caso, no entanto, observase que a empresa percorreu o caminho inverso do pretendido com a criação das contribuições substitutivas para as agroindústria. O que claramente se afigura é uma pessoa jurídica eminentemente voltada para atividade industrial que, com o objetivo de beneficiarse da tributação diferenciada destinada à agroindústria, procura realizar alguma atividade rural a fim de enquadrarse na hipótese legal à lei, muito embora não proíba esta prática, não pode ser utilizada para viabilizar a evasão fiscal e sangrar os cofres públicos. ... O reflorestamento não é sua principal atividade conforme informação trazida pela fiscalização, tanto em relação ao pessoal ocupado, quanto à produção própria em relação à adquirida de terceiros. (grifamos) Fl. 1641DF CARF MF 16 Ainda nesse sentido, extraise excerto de voto proferido em decisão exarada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, verbis: A atividade de agroindústria, no ramo de reflorestamento, no máximo, poderia envolver a produção de matéria prima primária para a indústria (toras, tábuas, etc.), mas não a complexa atividade de industrialização de madeira, especialmente quando se destina ao outro ramo de atividade do contribuinte, que é a industrialização de papel. Não fosse assim, qualquer indústria que utilizasse no seu processo produtivo apenas parte do insumo produzido por ela própria, por menor que fosse a quantidade, poderia se beneficiar do tratamento tributário especial. Como dito anteriormente, o regime substitutivo previsto no artigo 22A da Lei nº 8.212/1991, com a redação dada pela Lei nº 10.256/2001, tem por objetivo beneficiar o produtor rural que industrializa a sua própria produção ou, ainda, que soma a esta a de terceiros. A atividade preponderante da empresa é a industrialização da madeira, que além de empregar os insumos (toras, tábuas, etc.) que provêm da atividade de reflorestamento, agrega ainda outros materiais e envolve um complexo processo de industrialização de matériaprima beneficiada ou transformada, passando pela atividade papeleira. (TRF4, APELREEX 2005.72.11.0017539, SEGUNDA TURMA, Relatora VÂNIA HACK DE ALMEIDA, D.E. 24/02/2010) (grifamos) Pelo exposto, entendo que a empresa não pode ser enquadrada como agroindústria, mas sim como indústria que se destina a fabricação de chapas de compensado. AI DEBCAD nº 37.308.8175 Multa GFIP Retroatividade Benigna. Critérios do cálculo da multa mais benéfica A sistemática de cálculo das multas previdenciárias foi profundamente alterada com o advento da Medida Provisória nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. No presente caso, verificase que a autuação ocorreu em 22/08/2011, com ciência em 26/08/2011, portanto em data posterior à nova sistemática de cálculo das multas. Para as competências até novembro de 2008, inclusive, a multa mais benéfica deve ser apurada mediante comparação entre o valor resultante do cálculo vigente à época dos fatos geradores e o valor resultante da multa calculada com base no art. 35A da Lei nº 8.212/91, com a redação da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Este entendimento está explicitado no art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.634 17 será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei n º 8.212, de 1991 , em sua redação anterior à Lei n º 11.941, de 2009 , e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei n º 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei n º 8.212, de 1991 , acrescido pela Lei n º 11.941, de 2009 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei n º 9.430, de 1996 . (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 20 de abril de 2010) Notase que o Auditor Fiscal, no momento da autuação já elaborou planilha comparativa entre as multas vigentes na data do fato gerador e as multas supervenientes (alterações promovidas na Lei nº 8.212/91, pela Lei nº 11.941, de 2009), conforme os seguintes trechos extraídos do relatório fiscal: 4. DA APLICAÇÃO DA MULTA: ... 4.10. Desta forma, em respeito ao disposto no Artigo 106, Inciso II, “c” do Código Tributário Nacional, devese comparar as penalidades previstas antes da entrada em vigor da Medida Provisória 449/2008 com a penalidades previstas na citada Medida Provisória. 4.11. Para demonstrar essa comparação, foram anexadas a este Relatório Fiscal planilhas de Cálculo das Multas Aplicadas, das quais extraise que: 4.11.1. – no Anexo 6: para as competências de 01 a 12/2007 e de 01 a 10/2008 as multas a serem aplicadas são as previstas no Artigo 32, § 5. da Lei 8.212/91, (combinado com Art. 284, inc II, do Decreto 3048/99) e art. 35, inc. II, da Lei 8212/91 (multa referente ao código de fundamentação legal (CFL) 68 por descumprimento de obrigação acessória, exigida no auto de infração DebCad 37.308.8175 e multa de 24%, exigida nos demais autos de infrações aplicados), pois da comparação realizada, revelaram ser as menos onerosas à autuada. 4.11.2. – no Anexo 7 para a competência 13/2007, a multa a ser aplicada é a prevista no Artigo 35A da Lei 8.212/91, alterada pela Lei 11.941/2009, (multa de 75%, exigida nos autos de infrações Deb Cad 37.308.8183), pois da comparação realizada, revelou ser a menos onerosa à contribuinte. Fl. 1643DF CARF MF 18 4.1.2.3. – a partir da competência 11/2008 não mais cabe a comparação de multas, mas sim a aplicação direta do disposto na Medida Provisória 449/2008, de 04 de dezembro de 2008, convertida na Lei 11.941/2009 (multa de 75%). Portanto, ficou demonstrado que a multa mais benéfica já foi calculada no momento da autuação, de acordo com o disposto no art. 476A da IN RFB nº 971/2009, acima transcrito, e nos termos do art. 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14, de 04/12/2009, que dispõe sobre a aplicação dos artigos 35 e 35A da Lei nº 8.212/91. Assim, também não assiste razão à recorrente, em relação à alegação de aplicação errônea do princípio da retroatividade benigna. Do Caráter Confiscatório da Multa Aplicada Quanto ao valor da multa, a recorrente ressalta que a multa aplicada importa em ofensa ao princípio constitucional da vedação ao confisco, o qual veda a imposição de ônus insuportáveis, que ultrapasse os limites da capacidade contributiva. Em relação a esses argumentos sobre confisco, cumpre esclarecer que a vedação da utilização de tributo com efeito de confisco, preceito do art. 150, IV, da Constituição Federal, não se destina aos aplicadores da Lei, mas sim ao Poder Legislativo, que deve tomálo em consideração quando da elaboração das leis. À autoridade administrativa cabe apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Ademais, registrese que, nos termos do art. 62, do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 2015 Regimento Interno do CARF, fica vedado aos membros deste Conselho, afastar a aplicação de lei sob a alegação de inconstitucionalidade, exceção às situações descritas no seu § 1º, verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 10920.721688/201106 Acórdão n.º 2301004.877 S2C3T1 Fl. 1.635 19 pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1973. Não se enquadrando a situação abordada pela recorrente em nenhuma das exceções listadas, não assiste razão à recorrente. Anistia da Lei nº 13.097, de 2015 A Lei nº 13.097, de 19/01/2015, dispõe em seu art. 49 que ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, desde que cumpridos os demais requisitos do dispositivo, verbis: Art. 49. Ficam anistiadas as multas previstas no art. 32A da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, lançadas até a publicação desta Lei, desde que a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, tenha sido apresentada até o último dia do mês subsequente ao previsto para a entrega. No caso em tela, a autuação tem como fundamento legal o art. 32, IV e § 3º, da Lei nº 8.212, de 1991, e não o art. 32A, da mesma lei. O Código Tributário Nacional, a teor do art. 111, I, estabelece que a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário deve ser interpretada literalmente. Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário;(...) ... Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Assim, entendo que a anistia prevista no art. 49 da Lei nº 13.097/2015 restringese às multas aplicadas por descumprimento de obrigação acessória com fundamento no art. 32A, da Lei nº 8.212, de 24/07/1991, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, sendo inaplicável às multas capituladas no art. 32 da mesma Lei. Fl. 1645DF CARF MF 20 CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para negarlhe provimento. ANDREA BROSE ADOLFO Relatora Fl. 1646DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10517.720006/2013-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Exercício: 2010, 2011
VALOR ADUANEIRO. SUBFATURAMENTO. Os fatos apontados e as provas coligidas pela fiscalização são contundentes. Implicam a conclusão de que ocorreu subfaturamento dos preços de mercadorias e remessa de divisas de forma ilícita ao exterior em pagamento de tais importações.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Evidenciada a participação da empresa solidária na fraude fiscal, é de ser mantida sua responsabilização.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA DE NATUREZA CONFISCATÓRIA.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
TAXA SELIC.
Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Recurso negado.
Numero da decisão: 3402-003.772
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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EPP E OUTRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 2010, 2011 VALOR ADUANEIRO. SUBFATURAMENTO. Os fatos apontados e as provas coligidas pela fiscalização são contundentes. Implicam a conclusão de que ocorreu subfaturamento dos preços de mercadorias e remessa de divisas de forma ilícita ao exterior em pagamento de tais importações. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Evidenciada a participação da empresa solidária na fraude fiscal, é de ser mantida sua responsabilização. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. MULTA DE NATUREZA CONFISCATÓRIA. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. TAXA SELIC. Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 7. 72 00 06 /2 01 3- 63 Fl. 4073DF CARF MF 2 (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da r. decisão, vazado nos seguintes termos: O interessado — SYBERIA COMÉRCIO INTERNACIONAL LTDA. EPP (SYBERIA) — foi autuado em face das infrações “DECLARAÇÃO INEXATA DO VALOR DA MERCADORIA (VALOR DE TRANSAÇÃO INCORRETO)” e “MERCADORIA SUJEITA A PERDIMENTO – NÃO LOCALIZADA, CONSUMIDA OU REVENDIDA”. Segundo o “Relatório de Fiscalização” (fls. 551585): 1. A fiscalização originouse da análise de documentos e arquivos eletrônicos apreendidos na “Operação Hércules”, realizada pela Polícia Federal. Constatouse que a empresa adquirente das mercadorias importadas, DISTRIBUIDORA HORBICENTER EIRELI, CNPJ 04.535.566/000179 (HORBICENTER) promovia remessas clandestinas de divisas para pagamento de mercadorias estrangeiras. 2. Em outubro de 2011 foi deflagrada a “Operação Heráclitas”, cujos alvos foram empresas clientes dos “doleiros” indiciados em decorrência da citada “Operação Hércules”. 3. HORBICENTER operou no comércio internacional por meio de SYBERIA (importação por encomenda ou conta e ordem), comprando materiais e equipamentos de informática e/ou eletrônicos. As declarações de importação (DI) foram registradas e desembaraçadas com valores inferiores aos preços efetivamente praticados nas operações, com vistas a sonegar tributos incidentes nas importações. 4. A declaração de preços inferiores aos efetivamente praticados referiase às mercadorias adquiridas dos fornecedores SHENZEM SOHOO TECNOLOGY CO, LTD e CHINA ELECTRONICS SHENZEM COMPANY. Por esse motivo, em relação a esta fraude, a fiscalização restringiu a análise a estes Fl. 4074DF CARF MF Processo nº 10517.720006/201363 Acórdão n.º 3402003.772 S3C4T2 Fl. 4.074 3 dois fornecedores e tratou de reconstituir os preços efetivamente praticados. 5. “Para as operações, em relação às quais não foi possível identificar ou individualizar seus elementos específicos, tendo em vista a evidente ocorrência de fraude, procedemos ao arbitramento dos preços, utilizando sempre informações decorrentes de operações comerciais efetivamente ocorridas entre o comprador e o vendedor, e determinamos, assim, o valor aduaneiro de cada uma das importações, a partir do qual foi possível calcular o montante dos tributos sonegados.” (fl. 556). 6. A administração e o controle das aquisições de produtos estangeiros era realizada diretamente pelo sócio administrador da HORBICENTER, MOACIR ATILO DAMMANN ou por intermédio da funcionária DANIELA CONTE (Gerente Financeira), com participação de outros funcionários (fl. 557). 7. Apresenta diálogo eletrônico entre funcionários da HORBICENTER, o qual evidencia o “subfaturamento” (fls. 557 e 558). 8. Apresenta cada uma das declarações de importação (DI) em que houve registro a menor do valor de transação: item 3.1 (fls. 558 e ss.) — DI 10/13933410, 10/14721549 e 10/15795112: “(…) Finalmente, relatamos que, no fechamento do negócio, os valores incorridos foram os seguintes: 1. USD 85.512,50 – este valor representou 50% do valor efetivo da transação internacional. Foi o valor efetivamente declarado nas 3 (três) DIs, conforme PLANILHA I antes referida. Registrase que os valores das 3 (três) faturas apensadas às DIs montam USD 84.780,50. 2. USD 170.240,00 – este foi o valor real (efetivo) da importação, conforme provas acostadas aos autos (ver faturas “reais” anexas – Docs. 06, 07 e 08, folhas 119 a 124). (…) Pelo exposto, constatase que o “câmbio” foi fechado em valor menor (subfaturado) do que o REALMENTE contratado. A seguir, expõemse as informações fiscais relativas a cada uma das 3 (três) DIs, no sentido de se comprovar o subfaturamento. 3.1.1. DI nº 10/13933410, registrada em 13/08/2010: A fatura (invoice) que instruiu esta declaração de importação foi a de nº 10XY3201, cujo valor é de USD 14.562,00, consoante extrato anexo (Doc. 09, folhas 125 a 136), no entanto foi Fl. 4075DF CARF MF 4 declarado o valor de USD 14.912,00, consoante Anexo das Importações, Planilha I (Doc. 03, folhas 81 a 108). Levantaramse 2 (dois) arquivos eletrônicos relacionados a essa DI, os quais foram copiados no estabelecimento da HORBICENTER: a) “calculo.xls” (Doc. 10, folhas 137 a 145) a planilha “custo” registra o valor da importação “POR FORA”. Segundo a coluna “T”, linhas 03 a 16, o valor POR FORA foi de R$ 28.479,75, ou seja, de USD 16.123,96 (taxa de conversão na data de registro da DI = R$ 1,7663). Considerando que o valor real da importação foi USD 31.025,96, houve portanto SUBFATURAMENTO em torno de 50%. (…) 3.1.2. DI nº 10/14721549, registrada em 25/08/2010: A fatura (invoice) que instruiu essa declaração de importação foi a de nº 10XY3201, cujo valor é de USD 32.711,40, consoante extrato anexo (Doc. 11, folhas 146 a 154), no entanto foi declarado o valor de USD 32.981,90, conforme Anexo das Importações, Planilha I. Identificamos 2 (dois) arquivos eletrônicos relacionados a essa DI, os quais foram copiados no estabelecimento da HORBICENTER: a) “calculo do preço.xls” (Doc. 12, folhas 155 a 169) a planilha “custo” registra o valor da importação “POR FORA”. Segundo a coluna “U”, linhas 03 a 24, o valor POR FORA foi de R$ 64.251,33, ou seja, de USD 36.533,42 (taxa de conversão na data de registro da DI = R$ 1,7587). Considerandose que o valor real da importação foi 69.515,32, houve portanto SUBFATURAMENTO em torno de 50%. (…) 3.1.3. DI nº 10/15795112, registrada em 10/09/2010: A fatura (invoice) que instruiu essa declaração de importação foi a de nº 10XY3203, cujo valor é de 37.507,10, consoante extrato anexo (Doc. 13, folhas 170 a 177), no entanto foi declarado o valor de USD 37.618,60 conforme Anexo das Importações, Planilha I (Doc. 03, folhas 81 a 108). Levantaramse 3 (três) arquivos eletrônicos relacionados a essa DI, os quais foram copiados no estabelecimento da HORBICENTER: a) “preço de venda.xls” (Doc. 14, folhas 178 a 198) a planilha “custo” registra o valor da importação “POR FORA”. Segundo a coluna “V”, linhas 03 a 25, o valor POR FORA foi de R$ 73.252,92, ou seja, de USD 42.512,28 (taxa de conversão na data de registro da DI = R$ 1,7231). Fl. 4076DF CARF MF Processo nº 10517.720006/201363 Acórdão n.º 3402003.772 S3C4T2 Fl. 4.075 5 Considerando que o valor real da importação foi USD 80.130,88, houve portanto SUBFATURAMENTO em torno de 50%. (…)” item 3.2 (fls. 566 e 567) — DI 10/11187053: subfaturamento em torno de 50%. item 3.3 (fl. 567) — DI 11/000806204: subfaturamento em torno de 50%. item 3.4 (fls. 567 e ss.) — DI 11/00995082 e 11/01250412: valores declarados nas DI estão próximos de um subfaturamento de 50%. item 3.5 (fls. 570 e 571) — DI 11/12645146: subfaturamento em torno de 50%. item 3.6 (fls. 571 e 572) — DI 11/00813561: “Os itens de produtos importados registrados por esta DI (Doc. 27, folhas 472 a 479) estão sendo arbitrados com base em documentos vinculados a outras DIs em razão da descrição dos produtos.” item 3.7 (fl. 572) — DI 11/08707213: arbitramento. item 3.8 (fl. 572) — DI 11/11025250: arbitramento. 9. O arbitramento da base de cálculo dos tributos observou o artigo 88 da Medida Provisória nº 2.15835/2001 e o artigo 77 do Regulamento Aduaneiro (inclusão dos custos de transporte e seguro). 10. Conclui que SYBERIA incorreu em “importação com registro a menor dos valores de operação (subfaturamento)” (fl. 578). 11. Cita artigo 31, inciso I, do DecretoLei nº 37/1966 — o importador é contribuinte do imposto sobre a importação (II). 12. O adquirente de mercadoria estrangeira (no caso de “importação realizada por sua conta e ordem”), bem como o “encomendante predeterminado”, é responsável solidário pelo II (DecretoLei nº 37/1966, artigo 32, parágrafo único, “c” e “d”). 13. Tanto SYBERIA quanto HORBICENTER encontramse na condição de sujeito passivo, por força do artigo 121 do Código Tributário Nacional (CTN). 14. Fundamenta a aplicação da multa substitutiva da pena de perdimento (fl. 581). 15. Fundamenta a multa do lançamento de ofício agravada (fl. 583). Fl. 4077DF CARF MF 6 16. Foi formalizada Representação Fiscal para Fins Penais. Foram lançados tributos, juros e multas, no valor total de R$ 1.941.485,94. A repartição de origem informa as fls. em que foram juntadas impugnações e documentos de intimação dos autuados (fl. 3989). SYBERIA foi intimada em 20/12/2013 (fls. 693 e 694). Apresentou impugnação em 20/1/2014 (fls. 700 a 715). Alega: 1. A autuação da Syberia se deu por imposição indevida (artigo 31, inciso I, do DecretoLei nº 37/1966), que estabelece o importador como contribuinte do imposto. 2. SYBERIA não tinha conhecimento de negociação de preços entre HORBICENTER e o fornecedor estrangeiro. Procedeu às importações com as informações e documentos disponibilizados pela tomadora do serviço (HORBICENTER). 3. SYBERIA prestou serviços de importação por conta e ordem de HORBICENTER. Firmouse contrato, foram emitidas notas fiscais e houve pagamento de R$ 27.833,68 (fl. 702). 4. Não participou da intermediação da relação comercial com fornecedor estrangeiro. 5. Não pode ser apenada por atos de terceiro. 6. Por conseguinte, não tem condições de questionar a base de cálculo arbitrada/apurada pela Receita Federal. 7. Não pode a pena de dano ao Erário (artigo 618, § 1º, Decreto nº 4.543/2002) ser aplicada a pessoa que não causou prejuízo ao Erário, não adquiriu produtos e desconhecia preços e condições de pagamento entabulados entre HORBICENTER e a exportadora. 8. Não há qualquer suposição de que havia conluio da SYBERIA ou conhecimento de ilegalidade de qualquer documento ou operação da adquirente das mercadorias. Cita legislação e julgados. 9. Nenhuma pena passará da pessoa dos condenado (Constituição Federal, artigo 5º, inciso XLV). 10. SYBERIA não concorreu para a infração capitulada pela Receita Federal. 11. Os tributos na importação são desembolsados pelo adquirente, sendo que o importador apenas repassa os valores ao Fisco. 12. Os valores, neste caso, sequer foram depositados para a importadora. Coube tal providência ao despachante aduaneiro contratado pela HORBICENTER. 13. O contribuinte de fato da obrigação tributária é exclusivamente o adquirente HORBICENTER. Fl. 4078DF CARF MF Processo nº 10517.720006/201363 Acórdão n.º 3402003.772 S3C4T2 Fl. 4.076 7 14. Também é o adquirente que possui relação pessoal com a situação (entrada de produtos em território brasileiro), pois é o destinatário dos produtos. 15. SYBERIA não pode ser apenada por multa agravada em função de fraude, sonegação ou conluio. 16. O disposto no artigo 31 do DecretoLei nº 37/1966 alcançaria apenas o imposto sobre a importação (II), não podendo se estender aos demais tributos —imposto sobre produtos industrializados (IPI), Pis/Pasep e Cofins. 17. A Receita Federal calculou o Pis/Pasep e a Cofins na forma disciplinada na Lei nº 10.865/2004, artigo 7º. A legislação ultrapassa o limite constitucionalmente estabelecido (Constituição Federal, artigo 149, § 2º, III, “a”). 18. O Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) não permite a inclusão de outras rubricas estranhas na composição do valor aduaneiro. Faz citações. 19. Requer seja julgado improcedente o auto de infração contra SYBERIA. HORBICENTER foi intimada em 20/12/2013 (fls. 664 e 692). Apresentou impugnação em 21/1/2014 (fls. 770 a 782). Alega: 1. Não possuía qualquer informação e não tinha como saber das irregularidades apontadas pela fiscalização. Os pagamentos foram realizados, na forma legal, à fornecedora das mercadorias adquiridas. Inexistem subfaturamento e evasão fiscal. Os pagamentos realizados em agências de turismo foram feitos a pedido dos fornecedores e sob orientação destes. A impugnante entregava valores em reais e não retirava dólares. 2. A impugnante sentese na condição de vítima de pessoas que se utilizaram da boafé da impugnante. 3. Não podem ser imputadas a HORBICENTER irregularidades porventura praticadas por seus fornecedores. Adquiriu mercadorias com notas fiscais e pagou regularmente, na forma da lei. 4. Não pode a impugnante, adquirente de boafé, ser responsabilizada por atos de importadores inescrupulosos. As mercadorias tinham origem em fornecedores nacionais. 5. Discorre sobre a boafé. Faz citações. 6. São infundadas as assertivas da fiscalização, vez que todas as aquisições foram alicerçadas em documentos fiscais idôneos e os valores efetivamente correspondiam com os preços praticados no mercado. 7. A fiscalização concluiu, de forma equivocada, que haveria irregularidades nas importações. O auto de infração é insubsistente. Fl. 4079DF CARF MF 8 8. Os juros são muito acima de 6% e a multa é abusiva, constituindo confisco, que é vedado pela Constituição. 9. A multa deveria ser reduzida para o máximo de 20% sobre o montante devido a título de impostos. 10. Faz citações a respeito da multa com efeitos confiscatórios. 11. Questiona a utilização da taxa SELIC para cálculo dos juros de mora. 12. Requer: o recebimento da impugnação; que os documentos juntados com a impugnação constante do processo 10517.720005/201319 sejam considerados como prova emprestada; a nomeação de perito para realizar laudo e identificar o enquadramento dos produtos e o respectivo valor, permitindose à impugnante apresentar perito assistente e formular quesitos; seja julgada procedente a impugnação e declarado insubsistente o auto de infração. A DRJ/SPO, em 12/11/2014, julgou improcedente a impugnação (fls. 3991/4012). A empresa importadora Syberia, intimada por edital (fl. 4023), não recorreu da r. decisão. A responsável solidária, Distribuidora Horbicenter EIRELI, interpôs recurso voluntário (fls. 4025/4035), no qual, em suma, alega: em preliminar postula "a realização de perícia técnica na documentação constante dos autos administrativos, para efeito de identificar, enquadrar e apurar o respectivo valor dos produtos importados, facultandolhe a apresentação de quesitos e indicação de assistente técnico". Averba que tal se impõe porque o levantamento foi feito de forma unilateral, não lhe tendo sido propiciado fazer questionamentos e ponderações, "a fim de evitar cerceamento de defesa"; no mérito consigna que as mercadorias foram adquiridas com documentos idôneos, pontuando que a empresa Syberia encontravase regularmente inscrita, tendo tomado a precaução de certificarse quanto à regularidade da documentação daquela empresa junto às Receitas estadual e federal. Afirma que não tinha como saber das irregularidades apontadas pela fiscalização e que os pagamentos foram realizados em agências de turismo a pedido dos fornecedores e sob orientação destes, sendo que entregava valores em reais "e não retirava os dólares que estes eram por conta e ordem dos fornecedores". Pugna que não lhe pode ser imputada as irregularidades praticadas por seus fornecedores, vez que adquiriu mercadorias com notas fiscais e as pagou na forma da lei, de boafé; entende infundadas as assertivas feitas pela fiscalização e acolhidas pela r. decisão quando se refere que a recorrente teria introduzido mercadorias no país de forma clandestina e subfaturadas, "uma vez que todas as aquisições se encontravam alicerçadas em documentos fiscais idôneos e os valores efetivamente correspondiam com os preços praticados no mercado; insurgese contra a multa agravada, entendendo que no percentual de 150% constituise "em verdadeiro confisco", vedado pela legislação constitucional. Postula a redução daquela "para o máximo de 20% sobre o montante eventualmente devido a título de imposto"; Fl. 4080DF CARF MF Processo nº 10517.720006/201363 Acórdão n.º 3402003.772 S3C4T2 Fl. 4.077 9 por fim, insurgese contra a aplicação da taxa SELIC como juros de mora, "em vista de sua flagrante inconstitucionalidade". É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, relator. Inicialmente, gizese que a empresa importadora Syberia não apresentou recurso voluntário, pelo que em relação à ela o crédito tributário está com sua plena exigibilidade. Assim, o que passamos a analisar é, exclusivamente, o recurso interposto pela responsável solidária Distribuidora Horbicenter Eireli EPP. Quanto ao pedido de perícia, há de ser indeferido por absolutamente prescindível à solução da lide. Primeiro, porque a Fazenda provou documentalmente que os valores de várias importações foram subfaturados de forma fraudulenta, de acordo com a vasta documentação apreendida nas operações Hércules e Heráclitas, sobre as quais a recorrente quedase silente. Os demais foram arbitrados de acordo com os parâmetros legais estipulados pelo Regulamento Aduaneiro, cuja metodologia não foi contestada. E, segundo, porque o pedido de perícia não atendeu aos preceitos do art. 16, IV, do Decreto 70.235/72, sequer apontando quesitos e perito. Portanto, denego tal pleito. Como relatado, a fiscalização originouse da análise de documentos e arquivos eletrônicos apreendidos na “Operação Hércules”, realizada pela Polícia Federal. Constatouse que a empresa adquirente das mercadorias importadas, a DISTRIBUIDORA HORBICENTER EIRELI, CNPJ 04.535.566/000179 (HORBICENTER), ora recorrente, promovia remessas clandestinas de divisas para pagamento de mercadorias estrangeiras. As DI objeto da revisão dos valores aduaneiros (efetivos ou arbitrados) estão arroladas à fl. 573 (relatório fiscal). Os valores arbitrados o foram com arrimo no art. 88, I, da MP 2.15835/2001 (preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar). A recorrente, operou no comércio internacional por meio de SYBERIA (importação por encomenda ou conta e ordem), comprando materiais e equipamentos de informática e/ou eletrônicos. As declarações de importação (DI) foram registradas e desembaraçadas com valores inferiores aos preços efetivamente praticados nas operações com vistas a sonegar tributos incidentes nas importações. A declaração de preços inferiores aos efetivamente praticados referiase às mercadorias adquiridas dos fornecedores SHENZEM SOHOO TECNOLOGY CO, LTD e CHINA ELECTRONICS SHENZEM COMPANY. Por esse motivo, em relação a esta fraude, a fiscalização restringiu a análise a estes dois fornecedores e tratou de reconstituir os preços efetivamente praticados. Tais fatos são incontroversos e sobre os mesmos a recorrente sequer fez menção. Em seu recurso, restringese a alegar que as mercadorias foram compradas de forma idônea e que a importadora, Syberia, encontravase regularmente inscrita nos fiscos federal e estadual, e que não teria como saber das irregularidades apontadas no auto de infração. Não é o que as provas carreadas aos autos demonstram. Afirma a fiscalização na motivação do lançamento: Fl. 4081DF CARF MF 10 a) a HORBICENTER promovia remessas clandestinas de divisas para pagamento de mercadorias estrangeiras. Dentre as empresas identificadas nas referidas operações em conjunto com a polícia federal, como supostos clientes do esquema criminoso figurava a DISTRIBUIDORA HORBICENTER LTDA, razão pela qual a mesma foi objeto de diligências policiais e fiscais, tendo sido apreendidos em seu estabelecimento grande quantidade de documentos e computadores encontrados no local. Toda a documentação foi digitalizada e os arquivos eletrônicos copiados, com autorização do juiz federal da 1ª Vara de Porto Alegre, sendo os mesmos analisados minuciosamente, conforme se denota da leitura do acurado relato fiscal (fls. 551/585). b) A administração e o controle das aquisições de produtos estangeiros era realizada diretamente pelo sócio administrador da HORBICENTER, MOACIR ATILO DAMMANN ou por intermédio da funcionária DANIELA CONTE (Gerente Financeira), com participação de outros funcionários (fl. 557). c) Apresenta diálogo eletrônico entre funcionários da HORBICENTER, o qual evidencia o “subfaturamento” (fls. 557 e 558). Vejase, a título ilustrativo: d) Apresenta detalhes do subfaturamento em relação às DI autuadas (itens 3.1 a 3.8 do “Relatório de Fiscalização”). Fl. 4082DF CARF MF Processo nº 10517.720006/201363 Acórdão n.º 3402003.772 S3C4T2 Fl. 4.078 11 Assim, o argumento da recorrente de que não tinha como saber das irregularidades, chega a ser um disparate ante o robusto conjunto probatório, no qual, inclusive, como acima ilustrado, as correspondências eletrônicas deixam isso mais que evidenciado. Portanto, quanto ao mérito do subfaturamento, entendo que não cabe maiores digressões, assim como a efetiva participação da recorrente na fraude perpetrada contra o Erário federal. Em relação às DI que o Fisco conseguiu documentar o valor subfaturado, sem discussão, pois baseada nas próprias correspondências arroladas no proficiente trabalho fiscal. As demais tiveram seu valor arbitrado, e não contestado, nos termos legais já referido. Por conseguinte, quanto à recomposição do valor aduaneiro, sem reparos à exação. Em conclusão, é de ser rechaçada a alegação de boafé da empresa solidária, uma vez comprovada a atuação da mesma na fraude fiscal. Em consequência, resta mantida a responsabilidade solidária da empresa Distribuidora Horbicenter Eireli EPP. Quanto à multa de ofício qualificada, esta foi aplicada de acordo com o art. 44, I, § 1º, da Lei 9.430/96 (fl. 583), com a redação da Lei 11.488/2007, que tem o seguinte teor: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) De acordo com a motivação do lançamento e com o até aqui exposto, resta evidente que a empresa agiu com o dolo específico de sonegar tributos, assim incidindo na espécie o art. 71 da Lei 4.502/64, alem do que, com seu agir fraudulento, prejudica deslealmente a concorrência, o que afronta sobremaneira não só a receita tributária como a economia como um todo. Portanto, escorreita a multa aplicada. Quanto à alegação de que a mesma no percentual de 150 % teria natureza confiscatória, refoge sua análise a competência deste colegiado administrativo, porque para tal teríamos que adentrar em mérito constitucional, o que nos é vedado. Quanto à essa questão, a matéria está pacificada nos termos do enunciado da súmula CARF, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Vale o mesmo raciocínio em relação aos juros de mora cobrados de acordo com a taxa SELIC. Ademais, quanto a esta, também matéria sumulada por este CARF, nos seguintes termos: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de Fl. 4083DF CARF MF 12 inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Forte em todo o exposto, nego provimento ao recurso voluntário da empresa solidária. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire relator Fl. 4084DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934833/2009-80
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.761
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 48 33 /2 00 9- 80 Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.934833/200980 Acórdão n.º 3402003.761 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de PIS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10980.934833/200980 Acórdão n.º 3402003.761 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10980.934833/200980 Acórdão n.º 3402003.761 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10980.934833/200980 Acórdão n.º 3402003.761 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 124DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.001976/2005-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2000
DEPÓSITOS BANCÁRIOS NO EXTERIOR. PROVA. Até que se prove o contrário, o documento emitido por administração pública nacional ou internacional tem fé pública e é considerado verídico e apto a dar suporte ao lançamento tributário deste processo. No caso dos autos, o lançamento foi efetuado com base em informações da Promotoria Distrital de Nova Iorque, Estados Unidos da América, que foram devidamente periciados e comprovados por laudo conclusivo pela Polícia Federal.
INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. Este Conselho, como órgão do poder executivo federal, não é competente para tratar sobre inconstitucionalidade de lei.
DECADÊNCIA. PAGAMENTO. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.
PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. Não há necessidade de perícia quando os documentos constantes dos autos são passíveis de compreensão pelas autoridades fiscal e julgadora. Caso dos autos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.531
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, pelo voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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PROVA. Até que se prove o contrário, o documento emitido por administração pública nacional ou internacional tem fé pública e é considerado verídico e apto a dar suporte ao lançamento tributário deste processo. No caso dos autos, o lançamento foi efetuado com base em informações da Promotoria Distrital de Nova Iorque, Estados Unidos da América, que foram devidamente periciados e comprovados por laudo conclusivo pela Polícia Federal. INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. Este Conselho, como órgão do poder executivo federal, não é competente para tratar sobre inconstitucionalidade de lei. DECADÊNCIA. PAGAMENTO. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. Não há necessidade de perícia quando os documentos constantes dos autos são passíveis de compreensão pelas autoridades fiscal e julgadora. Caso dos autos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 19 76 /2 00 5- 31 Fl. 600DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, pelo voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 601DF CARF MF Processo nº 18471.001976/200531 Acórdão n.º 2401004.531 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em 16/10/2008 com o objetivo de reverter a decisão no Acórdão 1321.001 da 2a. Turma da DRJ/RJOII que considerou improcedente a impugnação do contribuinte para o lançamento tributário de ofício objeto deste processo administrativo fiscal. A ciência à decisão recorrida deuse em 18/09/2008. Este lançamento é um dos desdobramentos da operação Beacon Hill dentro da Receita Federal. Através da operação Beacon Hill foram descobertas remessas de quantias milionárias através de contas CC5 mantidas em instituições financeiras em Foz do Iguaçú. A suspeita fundada é de que, boa parte dessas transações poderiam ser ilícitas, visto que o titular do numerário não depositava diretamente na conta denominada CC5, assim agindo apenas através de interposta pessoa, um "laranja", que abria conta fraudulenta em uma instituição financeira, normalmente também em Foz do Iguaçu. Por exemplo, uma empresa com capital de R$ 10.000,00, que enviou para o exterior US $ 106.241.912,77 mediante contas CC5. Para descobrir o destino final do numerário e possivelmente os verdadeiros titulares, foi decretada a quebra de sigilo bancário das movimentações bancárias das agências suspeitas. Assim foi possível separar os ativos lícitos dos ilícitos. A empresa Beacon Hill foi condenada nos Estados Unidos por receber e transferir ilegalmente bilhões de dólares em transações offshores mantidas por casas de câmbios sulamericanas. Por força dessas investigações, autoridades brasileiras receberam das autoridades norteamericanas dados e documentos bancários relativos a várias dessas investigações. Assim, descobriuse no Brasil um verdadeiro sistema financeiro paralelo, à margem do sistema oficial. Sistema esse controlado por doleiros cujas transações por eles realizadas mantinhamse à margem de qualquer controle oficial, constituindo ambiente propício à sonegação fiscal, evasão de divisas e ainda, lavagem de dinheiro. O numerário total transacionado através da conta ELEVEN (utilizada pelo contribuinte) está à efl. 385 (US$ 124 milhões e US$ 221 milhões, crédito e débito, respectivamente, no período 1997 a 2002). As infrações lançadas neste processo se referem a: a) OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS — conforme apurado no item 9 do Termo de Constatação Fiscal de fls. 185 a 192 (anocalendário 2000); b) ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO — omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto nos meses de janeiro a março e junho a dezembro do ano 2000, onde verificouse excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados, conforme descrição exposta no item 10 do Termo de Constatação Fiscal de fls. 185 a 192. As planilhas encontramse às fls. 201 a215; c) OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS omissão de Fl. 602DF CARF MF 4 ganhos de capital obtidos na alienação de bens e direitos, conforme demonstrado no item 11 do Termo de Constatação Fiscal de fls. 185 a 192. Os fatos geradores são março e abril do ano 2000. A decisão recorrida está assim ementada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA TRPF Anocalendário: 2000 NULIDADE NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade processual, nem em nulidade do lançamento enquanto ato administrativo. CERCEAMENTO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, inexistindo cerceamento do direito de defesa quando, na fase de impugnação, foi concedida oportunidade ao autuado de apresentar documentos e esclarecimentos. DECADÊNCIA. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (CTN, art. 173, I). A ciência do lançamento ocorre na data em que o contribuinte toma conhecimento do auto de infração. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. São tributáveis os valores relativos ao acréscimo patrimonial, quando não justificados pelos rendimentos tributáveis declarados, isentos/não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva. ILEGITIMIDADE PASSIVA NEGADA. REMESSAS DE RECURSOS EFETUADAS AO EXTERIOR. PROVAS CONSTANTES DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS ENVIADOS LEGALMENTE PARA O BRASIL. Os dados constantes de arquivos magnéticos e documentos, legalmente enviados ao Brasil pela Promotoria Distrital de Nova Iorque, Estados Unidos da América, periciados e objeto de laudo conclusivo pela Polícia Federal e fielmente reproduzidos no processo, constituemse em elementos de prova incontestes de que o sujeito passivo efetuou remessas de recursos, ao exterior. GANHOS DE CAPITAL. Deve ser mantido o ganho de capital lastreado em provas materiais para obtenção do valor de custo e alienação do bem. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Diante dos fatos que demonstram que o autuado recebeu os rendimentos considerados omitidos, há que ser mantida a infração tributária imputada ao contribuinte. MEIOS DE PROVA. A prova de infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva Fl. 603DF CARF MF Processo nº 18471.001976/200531 Acórdão n.º 2401004.531 S2C4T1 Fl. 4 5 com base em indícios veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador na apreciação das provas. PROVA ILÍCITA. Devem ser aceitas no processo administrativo fiscal as provas oriundas do exterior produzidas sem violação às leis material e processual. CITAÇÕES DOUTRINÁRIAS NA IMPUGNAÇÃO. Não compete à autoridade administrativa apreciar alegações mediante juízos subjetivos, uma vez que a atividade administrativa deve ser exercida de forma plenamente vinculada, sob pena de responsabilidade funcional. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aplicam a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa julgadora não é competente para se manifestar acerca da constitucionalidade de dispositivos legais, prerrogativa essa reservada ao Poder Judiciário. JUROS DE MORA. A partir de 01/04/1995, sobre os créditos tributários vencidos e não pagos incidem juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sendo cabível sua utilização, por expressa disposição legal. MULTA DE OFÍCIO DE 75%. A aplicação da multa de oficio decorre de expressa previsão legal, tendo natureza de penalidade por descumprimento da obrigação tributária. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei. PERÍCIA OU DILIGÊNCIA. Indeferese o pedido de perícia ou diligência quando a sua realização revelese prescindível para a formação de convicção pela autoridade julgadora. O recorrente repisa as razões já analisadas na impugnação, a seguir sumarizadas. 1. Tendo em vista o retorno do processo para que lhe fosse dada a ciência e possibilidade de obtenção de cópia integral do processo, terselheia conferido prazo adicional que extrapolaria o prazo permitido para o fisco efetuar o lançamento tributário de ofício para o ano calendário 2000. Assim, a notificação válida do lançamento teria ocorrido somente após o prazo decadencial. 2. A tributação sobre o ganho de capital, por ser definitiva, não sujeita a ajuste na declaração e independe de prévio exame da autoridade administrativa, sendo que o prazo decadencial deve ser contado da ocorrência do fato gerador que ocorre na alienação do bem imóvel, ocorrida em março e abril de 2000. Assim, em 09/12/2005 já estaria fulminada pela decadência. Fl. 604DF CARF MF 6 3. Nulidade da decisão por ocorrência do cerceamento do direito de defesa em virtude da desconsideração dos pedidos de diligências e perícias solicitados. 4. Reitera a obrigatoriedade da Administração em reconhecer vício de inconstitucionalidade, pois a defesa da constituição deve ser exercida por todos os poderes da República. Assim, se a autoridade administrativa entende que a lei que lhe incumbe executar é inconstitucional, o remédio imediato está em não executála. Assim, a decisão recorrida deve ser anulada porque se absteve de analisar as matérias constitucionais apresentadas pelo recorrente. 5. Deveria o fisco ter comprovado o destino que foi dado às remessas/recebimentos de recursos enviados/recebidos ao/do exterior. Mais ainda, a apuração deveria ter sido anual e não mensal como ocorreu no lançamento. O acréscimo patrimonial deve ser verificado ao final do ano base, considerando também as dívidas e bens do contribuinte. 6. Não há qualquer suporte fático ou jurídicolegal para validar o procedimento fiscal atinente a pessoa do impugnante/recorrente. Também não existe determinação judicial autorizativa de quebra do sigilo fiscal do contribuinte. As remessas de divisas analisadas foram feitas através de uma subconta bancária ELEVAN FINANCE CORPORATION N. 310057, mantidas e administradas pela empresa Beacon Hill Service Corporation BHSC. O sigilo bancário dessa empresa teria sido quebrado e transferido para a Receita Federal, contudo não existe determinação judicial para a quebra de sigilo bancário do contribuinte. Tampouco qualquer vínculo entre a mencionada empresa e o impugnante/recorrente. O simples fato do nome do contribuinte constar nas mídias relativas às transferências de recursos da empresa Beacon Hill não atesta jamais o seu envolvimento e autoria em tais remessas. Os materiais constantes dos autos não são suficientes para firmar convicção de que o recorrente seria o titular das remessas de valores. A autoridade lançadora deve demonstrar com exatidão se os valores remetidos são rendimentos e a que título e ainda, a origem e destino dos mesmos. 7. Apesar de enviar correspondência ao banco Pactual, entidade arrolada no procedimento fiscal, não obteve êxito. Solicitou a interferência da autoridade fazendária para esclarecer os fatos, proceder diligências e perícias, mas não houve manifestação. 8. As remessas de valores expressivos para o exterior não guardam qualquer relação com a realidade patrimonial do recorrente. Desta forma, não pode prosperar o lançamento fiscal baseado em mera suposição de remessas, sem comprovação da realidade. 9. No direito brasileiro vigente, a presunção/mera suposição de renda não constitui fonte válida de obrigação tributária. Com relação ao lançamento sobre ganho de capital de bem imóvel, a legislação vigente não permite o arbitramento do custo de aquisição de um imóvel cuja construção foi suportada por pessoas distintas ao recorrente que se comprometeram a entregar a referida unidade inteiramente concluída conforme escritura de 21/05/1999. A autoridade fiscal utilizou o único valor de custo que tinha conhecimento, ou seja, o custo do terreno utilizado para a construção do apartamento 201 do edifício na avenida Lúcio Costa, 15.950, posteriormente alienado. Deve ser adicionado ao custo de aquisição o valor do ITBI, atualizado, o que não ocorreu. Assim, tal lançamento deve ser considerado nulo. A multa aplicada tem caráter confiscatório, pois inconstitucional, conforme cláusula proibitiva contida no inc. IV do art. 150 da CF/88. Fl. 605DF CARF MF Processo nº 18471.001976/200531 Acórdão n.º 2401004.531 S2C4T1 Fl. 5 7 A aplicação da taxa SELIC como forma de atualização dos valores devidos carece de legalidade e é inconstituicional. A Lei 9430/96 apenas determina a aplicação da mesma sem indicar qualquer percentual, delegando seu cálculo a ato governamental. Documento com assinatura do contribuinte está à efl. 18. O processo foi baixado em diligência para que a autoridade fiscal juntasse aos autos provas definitivas de que o contribuinte seria o responsável pelas referidas transferências, como por exemplo, ficha de abertura de conta nos bancos utilizados para enviar ou receber valores, aonde conste a assinatura do contribuinte. No retorno da diligência, a autoridade fiscal se limitou a informar as bases de informações sob as quais os procedimentos fiscais foram desenvolvidos. Corroborou o fato de que se trata de operação Beacon Hill, que visava o envio de recursos de clientes (como por exemplo, do fiscalizado) para o exterior através de contas a margem do sistema financeiro oficial. Auto de infração à efl. 234, seguindose o relatório fiscal. É o relatório. Fl. 606DF CARF MF 8 Voto Conselheira Maria Cleci Coti Martins Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. A diligência solicitada restou improfícua no sentido de que nenhum documento novo foi juntado aos autos, nem pela autoridade fiscal, nem pelo contribuinte. Desta forma, passo a analisar o recurso. O crédito foi constituído à luz de documentos judiciais, com fé pública e dos quais existe presunção de veracidade. A diligência era também uma oportunidade do contribuinte juntar aos autos documentos comprobatórios das alegações de que não seria o responsável pelas remessas ao exterior, ou alguma comprovação de que estaria buscando reparação de danos em função do mal uso do seu nome e o de sua família para operações ilegais. Trata o lançamento de evasão de divisas sem a confirmação de que tais valores são lícitos e que foram tributados no Brasil. O envio dos valores para a conta no exterior foi considerado como aplicação de recursos na planilha de variação patrimonial efls. 242 e 243, item <outros dispêndios/aplicações>. As ordens de remessa identificam claramente remetentes e destinatários. 1. Com relação à decadência, o auto de infração se refere a tributos devidos no ano calendário 2000. O auto de infração fora entregue via postal ao contribuinte no dia 09/12/2015 (efl. 433). Observo que o prazo para o fisco fazer o lançamento de ofício do crédito tributário, sem a ocorrência de dolo, e com pagamento parcial, é de 5 anos a contar do fato gerador, para tributos lançados por homologação. No caso do IRPF, o fato gerador se aperfeiçoou em 31/12/2000, e, portanto, o lançamento não estaria fulminado pela decadência quando da ciência do auto de infração. 2. Não foi questionada a decadência relativamente ao ganho de capital na impugnação e, portanto, entendo preclusa. Entretanto, por ser matéria que pode ser conhecida de ofício, passo a analisar. No presente caso, devemos observar o entendimento do STJ, o qual, através de sua Primeira Seção, no julgamento do REsp 973.733/SC de relatoria do Min. Luiz Fux, submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), firmou entendimento no sentido de que, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, para a fixação do prazo decadencial para a constituição do crédito tributário é necessária a consideração sobre (i) constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, e (ii) a existência ou não de pagamento antecipado para se decidir sobre a aplicação do inciso I do art. 173 ou do § 4º do art. 150, ambos do CTN: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A Fl. 607DF CARF MF Processo nº 18471.001976/200531 Acórdão n.º 2401004.531 S2C4T1 Fl. 6 9 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a Fl. 608DF CARF MF 10 obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) O lançamento relativo ao ganho de capital decorreu de venda de imóveis em março e abril de 2000. Conforme a decisão do STJ, o prazo decadencial iniciouse em 01/01/2001 e, portanto, não assiste razão ao recorrente. 3. A diligência é uma forma de esclarecer os julgadores sobre provas que exigiriam conhecimento especializado(art. 464 da lei 13105/2015). No caso dos autos, o contribuinte argue pela diligência para trazer aos autos provas que o mesmo deveria ter produzido. Todos os documentos e provas dos autos são passíveis de conhecimento tanto pela autoridade fiscal quanto pelas autoridades julgadoras. Assim, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. § 1o O juiz indeferirá a perícia quando: I a prova do fato não depender de conhecimento especial de técnico; II for desnecessária em vista de outras provas produzidas; III a verificação for impraticável. 4. Conforme Súmula CARF n. 2, este Conselho, por ser instância do Poder Executivo não possui competência para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei, nem mesmo para afastar a aplicação de lei vigente enquanto não declarada inconstitucional pelo poder competente. Assim, não pode este CARF se pronunciar sobre o caráter confiscatório da multa e nem sobre a aplicação da taxa SELIC, que o contribuinte considera inconstitucionais. Transcrevo o entendimento sumulado deste Conselho relativamente à taxa SELIC: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. 5. A apuração do acréscimo patrimonial a descoberto é feito observando o definido no inc. XIII, art. 55 do decreto 3000/99, a seguir transcrito. Os destinatários das Fl. 609DF CARF MF Processo nº 18471.001976/200531 Acórdão n.º 2401004.531 S2C4T1 Fl. 7 11 remessas estão expressos nos documentos oficiais, que, a princípio, têm fé pública. O contribuinte não indicou qualquer razão válida para que a apuração do acréscimo patrimonial a descoberto fosse apurado anualmente. Art. 55. São também tributáveis [...] XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; 6. O fisco efetuou o lançamento com base em documentação oficial que, em princípio, possui fé pública. O contribuinte alega que o fato das suas informações pessoais constarem nos registros da empresa Beacon Hill Service Corporation BHSC não significa a existência de vínculo entre o mesmo e a empresa. Contudo, os esforços do contribuinte para contestar a documentação oficial foram mínimos, para não dizer, inexistentes. Bastante intrigante a inércia do contribuinte frente ao arguido uso indevido de suas informações pessoais e de sua família, num esquema criminoso e ilegal de transferência de divisas. Em 2005 teria enviado carta ao banco, contudo, nenhuma resposta recebera. Ora, a resposta do banco de que não possui informações de cadastro relativas ao contribuinte, juntada aos autos, já poderia ser uma prova positiva a favor do mesmo. Mas nem isso foi feito. Ou porque não houve interesse do contribuinte em perseguir a resposta, ou porque a resposta não o beneficiaria. Utilizando um paralelo com o entendimento deste Conselho na Súmula n. 32, a titularidade das remessas enviadas para o exterior pertencem ao contribuinte, salvo se comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. Súmula CARF nº 32: A titularidade dos depósitos bancários pertence às pessoas indicadas nos dados cadastrais, salvo quando comprovado com documentação hábil e idônea o uso da conta por terceiros. 7. O contribuinte anexou aos autos carta que teria encaminhado ainda no ano 2005 ao Banco Pactual Overseas Bank and Trust Ltd., para que esclarecesse a transação datada de 31 de outubro de 2000, pois estaria surpreso por constar o seu nome como cliente da ordem. Ora, não me parece que uma carta datada de 2005 e, ainda sem resposta nos autos, seria propriamente o que se chama de indignação. Pois essa foi a única ação do contribuinte para tentar provar que não seria o envolvido nas remessas internacionais ilegais. 8. Alega o contribuinte que as remessas para o exterior não guardam qualquer relação com a sua realidade patrimonial. Entendo que tal argumento não se sustenta. O fato de estar enviando para o exterior recursos não declarados ao fisco impossibilita a averiguação do patrimônio do contribuinte com base nas informações contidas nas bases de dados da Receita Federal. Ora, hipoteticamente, se os valores foram obtidos à margem da tributação, é evidente que também não teriam sido declarados como existentes no exterior. 9. Sem razão o contribuinte, pois o lançamento tributário considera os depósitos bancários no exterior como origem de recursos que influenciaram na variação patrimonial. Observase, contudo, que ao contribuinte foi dada oportunidade para justificar a origem dos valores transferidos ao exterior. O aperfeiçoamento do lançamento decorre da não Fl. 610DF CARF MF 12 apresentação de documentação que justificasse tanto a origem dos recursos quanto a tributação dos mesmos. 10. No caso do item 10 do relatório, a autoridade fiscal utilizou as informações disponíveis para o cálculo do custo de aquisição do bem. Caberia ao contribuinte apresentar documentação hábil e idônea de que o custo de aquisição adotado pela autoridade fiscal estaria incorreto, o que não ocorreu. Argumenta ainda o recorrente que deveria ter sido adicionado ao custo de aquisição o valor do ITBI. Contudo, não anexou comprovante de que teria sido o responsável e efetivamente pagou o tributo. 19. Convém analisar os documentos probantes e o ônus da prova à luz do novo Código de Processo Civil, artigos 373 e 374, a seguir transcritos. Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. § 2o A decisão prevista no § 1o deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. § 3o A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I recair sobre direito indisponível da parte; II tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. § 4o A convenção de que trata o § 3o pode ser celebrada antes ou durante o processo. Art. 374. Não dependem de prova os fatos: I notórios; II afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; III admitidos no processo como incontroversos; IV em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade. Entendo que os documentos oficiais (tanto brasileiros quanto americanos) gozam de presunção de veracidade e, portanto, deveriam ter sido desconstituídos pelo contribuinte, o que não aconteceu. A anexação de uma simples carta solicitando informações à Fl. 611DF CARF MF Processo nº 18471.001976/200531 Acórdão n.º 2401004.531 S2C4T1 Fl. 8 13 entidade bancária envolvida, e sem qualquer resposta há mais de 5 anos não é suficiente para se aceitar que o recorrente empreendeu esforços no sentido de provar que não seria o mesmo o remetente dos valores ao exterior através das contas CC5. Ao recorrente foi dado o direito da ampla defesa para que apresentasse provas, no caso, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do seu direito. Contudo, a defesa do recorrente se resumiu a argumentar que não existem provas no processo de que seria o mesmo o responsável pelas remessas irregulares. Dado o exposto, voto por afastar as preliminares e, no mérito, por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins. Fl. 612DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.724176/2013-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
INTEMPESTIVIDADE. Conforme o art. 33 do Decreto 70.235/72, o prazo para interposição do Recurso Voluntário é de 30 dias, a contar da ciência do Acórdão de Impugnação. No caso dos autos, a ciência à decisão de primeira instância deu-se em 26/08/2013 e o Recurso fora interposto em 22/10/2013 conforme efl. 74 dos autos.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-004.528
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do Recurso Voluntário, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins, Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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score : 1.0
Numero do processo: 10882.000880/2007-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Feb 06 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2001 a 28/02/2007
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO.
Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando-se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Precedente do STJ RESP 973.733.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3402-003.775
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2001 a 28/02/2007 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento de ofício rege-se pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando-se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Precedente do STJ RESP 973.733. Recurso de Ofício Negado.
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DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. Restando configurado o lançamento por homologação pelo pagamento antecipado do tributo, o prazo de decadência do direito de o Fisco efetuar o lançamento de ofício regese pela regra do art. 150, § 4º do CTN, operando se em cinco anos, contados da data do fato gerador. Precedente do STJ RESP 973.733. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 08 80 /2 00 7- 74 Fl. 1247DF CARF MF 2 Tratase de autos de infração relativos ao PIS e COFINS com ciência pessoal do contribuinte em 24/04/2007, lavrados para exigir diferenças apuradas entre os valores escriturados e os pagos/declarados, relativamente aos fatos geradores ocorridos entre fevereiro de 2002 e fevereiro de 2007 (PIS) e julho de 2001 e fevereiro de 2007 (COFINS). Por meio do Acórdão nº 25.727, de 18 de maio de 2009, a DRJ CAMPINAS julgou a impugnação parcialmente procedente e excluiu do lançamento o fato gerador do PIS ocorrido em 28/02/2002 e os fatos geradores da COFINS ocorridos entre 31/07/2001 e 28/02/2002, em virtude da decadência. Houve interposição de recurso de ofício por parte do presidente da turma de julgamento da DRJ Campinas. Por meio do Acórdão 3202002.485 este colegiado, com outra composição, deu provimento parcial ao recurso voluntário, mas não julgou o recurso de ofício. Quando da execução do Acórdão 3202002.485, a autoridade administrativa percebeu que o recurso de ofício não havia sido julgado e devolveu o processo ao CARF para o devido saneamento. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. O dispositivo da decisão da DRJ consta à fl. 507, in verbis: "(...) (...)" Conforme se pode constatar, a DRJ considerou decaídos todos os valores lançados cujos fatos geradores ocorreram até 28/02/2002, por aplicação da regra do art. 150, § 4º do CTN. Em matéria de decadência do direito de lançar os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, este Colegiado deve obrigatoriamente aplicar a Súmula Vinculante nº 8 do STF e a decisão do STJ proferida no RESP nº 973.733, sob o regime do art. Fl. 1248DF CARF MF Processo nº 10882.000880/200774 Acórdão n.º 3402003.775 S3C4T2 Fl. 3 3 543C do CPC, que considera que o pagamento antecipado do tributo, antes de qualquer iniciativa do fisco, é relevante para caracterizar o lançamento por homologação. Eis a ementa do referido julgado: “RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR : PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR : MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Fl. 1249DF CARF MF 4 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Analisando os demonstrativos de fls. 176 e seguintes, verificase que no período correspondente ao crédito tributário exonerado pela DRJ houve pagamento antecipado das contribuições, uma vez que sob a coluna "Créditos Apurados" a fiscalização registrou os pagamentos antecipados encontrados no período. Desse modo, não merece reparo a decisão recorrida na parte em que exonerou o crédito tributário lançado até fevereiro de 2002, por aplicação da regra do art. 150, § 4º do CTN. Com esses fundamentos, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício para manter a decisão de primeira instância por seus próprios e jurídicos fundamentos. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 1250DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.900037/2012-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/07/2003
BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE.
A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.576
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente BEBIDAS NOVA GERAÇÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/07/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, incluise na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Tratase de Pedido de Restituição cujo direito creditório é oriundo de recolhimento informado como indevido ou a maior que o devido a título de PIS, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 00 37 /2 01 2- 49 Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 3 2 A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico indeferindo a restituição pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débito(s) do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Após ser intimada, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade que foi julgada improcedente por intermédio do Acórdão 06045.803. Em síntese, entendeu a DRJ que não existe previsão legal para excluir o ICMS da base de cálculo das contribuições, do que resultou mantido o indeferimento do pleito de restituição. Inconformada, a Recorrente interpôs recurso voluntário pugnando pelo reconhecimento de seu direito creditório. O principal argumento da defesa é o de que o ICMS não pode ser considerado como faturamento da empresa, não podendo, desta forma, compor a base de cálculo das contribuições. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.520, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10875.906543/201249, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, na parte aplicável ao presente caso (Acórdão 3302003.520): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. No que tange à exclusão do ICMS devido nas operações de venda, na condição de contribuinte, o §2º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 estabeleceu as hipóteses de exclusão da base de cálculo das contribuições, à época dos fatos: § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 4 3 que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (Vide Medida Provisória nº 1.99118, de 2000) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Verificase no inciso I, que o ICMS incidente nas operações na condição de contribuinte (próprio) não foi elencado como parcela a ser excluída da base de cálculo. Juridicamente e contabilmente, o ICMS compõe a receita de venda e consiste em redutor da receita bruta. A legislação, ao longo do tempo, dispôs sobre a receita bruta, sempre indicando que os impostos incidentes sobre a venda a compunham. Assim, citamse o artigo 12 do Decretolei nº 1.598/1977, o artigo 187 da Lei nº 6.404, o artigo 31 da Lei nº 8.981/1995, bem como a IN SRF nº 51/1978: Decretolei nº 1.598/1977: Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 6.404/1976: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 5 4 II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; IN SRF nº 51/1978: 1. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens, nas operações de conta própria, e o preço dos serviços prestados (artigo 12 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977). 2. Na receita bruta não se incluem os impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante (imposto sobre produtos industrializados e imposto único sobre minerais do País) e do qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário. Imposto não cumulativo é aquele em que se abate, em cada operação, o montante de imposto cobrado nas anteriores. 3. Igualmente não se computam no custo de aquisição das mercadorias para revenda e das matériasprimas os impostos mencionados no item anterior, que devam ser recuperados. 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. 4.1 Vendas canceladas correspondentes a anulação de valores registrados como receita bruta de vendas e serviços; eventuais perdas ou ganhos decorrentes de cancelamento de venda, ou de rescisão contratual, não devem afetar a receita líquida de vendas e serviços, mas serão computados nos resultados operacionais. 4.2 Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. Neste sentido o STJ publicou as súmulas 69 e 94, cujos enunciados dispõem: Súmula n. 68 : "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". É de se concluir que a legislação inclui o ICMS incidente sobre as vendas no conceito de receita bruta, excluindoo apenas do conceito de receita líquida. Sobre o tema, há decisões recentes do STJ entendendo pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, como o AgRg no REsp 1576424 / RS, de 10/03/2016, cuja ementa transcrevese: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUTIVA. ARTS. 7º e 8º DA LEI Nº 12.546/2011. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. INCLUSÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO, MUTATIS Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 6 5 MUTANDIS, DA ORIENTAÇÃO FIRMADA NO RESP Nº 1.330.737/SP, REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RELATIVA À INCLUSÃO DO ISSQN NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP E DA COFINS NA SISTEMÁTICA NÃOCUMULATIVA. 1. A possibilidade de inclusão, na receita bruta, de parcela relativa a tributo recolhido a título próprio foi pacificada, por maioria, pela Primeira Seção desta Corte em 10.6.2015, quando da conclusão do julgamento do recurso representativo da controvérsia REsp nº 1.330.737/SP, de relatoria do Ministro Og Fernandes, ocasião em que se concluiu que o ISSQN integra o conceito maior de receita bruta, base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS. 2. As razões que fundamentam o supracitado recurso especial representativo de controvérsia se aplicam, mutatis mutandis, à inclusão das parcelas relativas ao ICMS na base de cálculo da contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011. Precedente: REsp nº 1.528.604, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.9.2015. 3. A contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011, da mesma forma que as contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS na sistemática não cumulativa previstas nas Leis n.s 10.637/2002 e 10.833/2003, adotou conceito amplo de receita bruta, o que afasta a aplicação ao caso em tela do precedente firmado no RE n. 240.785/MG (STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08.10.2014), eis que o referido julgado da Suprema Corte tratou das contribuições ao PIS/Pasep e COFINS regidas pela Lei n. 9.718/98, sob a sistemática cumulativa que adotou, à época, um conceito restrito de faturamento. Precedente. 4. Agravo regimental não provido. Ressaltase que a inclusão do ISS na base de cálculo das contribuições foi considerada legítima e julgada sob a sistemática de recursos repetitivos no REsp 1.330.737/SP, em 10/06/2015, que possuiu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N. 8/2008. PRESTADOR DE SERVIÇO. PIS E COFINS. INCLUSÃO DO ISSQN NO CONCEITO DE RECEITA OU FATURAMENTO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 109 E 110 DO CTN. 1. Para efeitos de aplicação do disposto no art. 543C do CPC, e levando em consideração o entendimento consolidado por esta Corte Superior de Justiça, firmase compreensão no sentido de que o valor suportado pelo beneficiário do serviço, nele incluindo a quantia referente ao ISSQN, compõe o conceito de receita ou faturamento para fins de adequação à hipótese de incidência do PIS e da COFINS. 2. A orientação das Turmas que compõem a Primeira Seção deste Tribunal Superior consolidouse no sentido de que "o valor do ISSQN integra o conceito de receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas com o exercício da atividade econômica, de modo que não pode ser dedutível da base de cálculo do PIS e da COFINS" (REsp 1.145.611/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 8/9/2010; AgRg no REsp 1.197.712/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 9/6/2011; AgRg nos EDcl no REsp 1.218.448/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 24/8/2011; AgRg no AREsp 157.345/SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 2/8/2012; AgRg no AREsp 166.149/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 28/08/2012, DJe 4/9/2012; EDcl no AgRg no Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 7 6 REsp 1.233.741/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 7/3/2013, DJe 18/3/2013; AgRg no AREsp 75.356/SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/10/2013, DJe 21/10/2013). 3. Nas atividades de prestação de serviço, o conceito de receita e faturamento para fins de incidência do PIS e da COFINS deve levar em consideração o valor auferido pelo prestador do serviço, ou seja, valor desembolsado pelo beneficiário da prestação; e não o fato de o prestador do serviço utilizar parte do valor recebido pela prestação do serviço para pagar o ISSQN Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Isso por uma razão muito simples: o consumidor (beneficiário do serviço) não é contribuinte do ISSQN. 4. O fato de constar em nota fiscal informação no sentido de que o valor com o qual arcará o destinatário do serviço compreende quantia correspondente ao valor do ISSQN não torna o consumidor contribuinte desse tributo a ponto de se acolher a principal alegação das recorrentes, qual seja, de que o ISSQN não constituiu receita porque, em tese, diz respeito apenas a uma importância que não lhe pertence (e sim ao município competente), mas que transita em sua contabilidade sem representar, entretanto, acréscimo patrimonial. 5. Admitir essa tese seria o mesmo que considerar o consumidor como sujeito passivo de direito do tributo (contribuinte de direito) e a sociedade empresária, por sua vez, apenas uma simples espécie de "substituto tributário", cuja responsabilidade consistiria unicamente em recolher aos cofres públicos a exação devida por terceiro, no caso o consumidor. Não é isso que se tem sob o ponto de vista jurídico, pois o consumidor não é contribuinte (sujeito passivo de direito da relação jurídicotributária). 6. O consumidor acaba suportando o valor do tributo em razão de uma política do sistema tributário nacional que permite a repercussão do ônus tributário ao beneficiário do serviço, e não porque aquele (consumidor) figura no polo passivo da relação jurídicotributária como sujeito passivo de direito. 7. A hipótese dos autos não se confunde com aquela em que se tem a chamada responsabilidade tributária por substituição, em que determinada entidade, por força de lei, figura no polo passivo de uma relação jurídico tributária obrigacional, cuja prestação (o dever) consiste em reter o tributo devido pelo substituído para, posteriormente, repassar a quantia correspondente aos cofres públicos. Se fosse essa a hipótese (substituição tributária), é certo que a quantia recebida pelo contribuinte do PIS e da COFINS a título de ISSQN não integraria o conceito de faturamento. No mesmo sentido se o ônus referente ao ISSQN não fosse transferido ao consumidor do serviço. Nesse caso, não haveria dúvida de que o valor referente ao ISSQN não corresponderia a receita ou faturamento, já que faticamente suportado pelo contribuinte de direito, qual seja, o prestador do serviço. 8. Inexistência, portanto, de ofensa aos arts. 109 e 110 do CTN, na medida em que a consideração do valor correspondente ao ISSQN na base de cálculo do PIS e da COFINS não desnatura a definição de receita ou faturamento para fins de incidência de referidas contribuições. 9. Recurso especial a que se nega provimento. De fato, as mesmas razões utilizadas no repetitivo acima são aplicáveis na análise da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, o que restou Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 8 7 configurado no julgamento do REsp nº 1.144.469, em 10/08/2016, sob a sistemática de recursos repetitivos, embora não possa ser aplicado pelo artigo 62 do RICARF, pois que ainda não transitado em julgado. A certidão deste julgamento constante no site do Superior Tribunal de Justiça traz o seguinte teor: AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRENTE: HUBNER COMPONENTES E SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA ADVOGADOS: ANETE MAIR MACIEL MEDEIROS HENRIQUE GAEDE E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO Crédito Tributário Base de Cálculo CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Relator e Regina Helena Costa, negou provimento ao recurso especial da empresa recorrente, nos termos do voto do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, que lavrará o acórdão." Votaram com o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins. Quanto à jurisprudência do STF, não obstante o RE 240.785 ter sido julgado favorável à tese defendida pela recorrente, não há, ainda, posicionamento definitivo no STF, uma vez que o RE 574.906 RG/PR, sob repercussão geral, ainda não foi julgado. Assim, enquanto não julgado o recurso extraordinário sob repercussão geral, devese prestigiar a legislação vigente que considera o ICMS das operações próprias como componente do preço de venda. Neste mesmo sentido, é a posição pacífica deste Conselho, como decidido no Acórdão nº 9303003549, de 17/03/2016, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 Cofins. Base de Cálculo. Exclusão ICMS. Por se tratar de imposto próprio, que não comporta a transferência do encargo, a parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS. Precedentes do STJ (Súmulas n°s 68 e 94). Às autoridades administrativas e tribunais que não dispõem de função legislativa não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, benefícios de exclusão da base de cálculo do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador não contemplou com a vantagem A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS. (...) Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 9 8 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 54DF CARF MF
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