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Numero do processo: 18471.000746/2007-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2201-000.231
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Carlos César Quadros Pierre - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1502; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 524 1 523 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 18471.000746/200717 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2201000.231 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 20 de setembro de 2016 Assunto PEDIDO DE DILIGÊNCIA Recorrente INSTITUTO METODISTA BENETT Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência para que se verifique a alegação de parcelamento do crédito tributário em litígio. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 2ª Turma da DRJ/RJOI (Fls. 473), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Relatório O presente processo tem origem no Auto de Infração de fls. 1561166, lavrado pela Delegacia da Receita Federal de Fiscalização no Rio de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 71 .0 00 74 6/ 20 07 -1 7 Fl. 525DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 525 2 Janeiro RJ, do qual o interessado acima identificado foi intimado em 1911012007, consubstanciando a exigência do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF, referente ao ano calendário de 2005 no valor de R$ 1.201.535,73, acrescidos de juros de mora e multa de ofício de 75%. ENQUADRAMENTO LEGAL Arts. 620, 621, 624, 625, 626, 636, 637, 638, 641 a 646, do RIR/99 c/c art. 1° da Lei n° 9.987/99. Arts. 620, 628, 629, 630, 641 a 644 e 646 do RIR/99 c/c art. 1° da Lei no 9.987/99. DESCRIÇÃO DOS FATOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. CONFRONTO DIRF X DARF. Conforme Termo de Verificação de Infração Fiscal de fls. 154, o interessado foi selecionado previamente em programa de revisão sistemática de declaração (verificação obrigatória), onde foram encontradas irregularidades que implicaram no procedimento administrativo em questão. Foi aberta a ação fiscal por meio da qual foi constatado, através do cotejamento dos valores de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) constantes da DIRF, das DCTF e no Livro Razão com o somatório dos pagamentos efetuados através de DARF, que o interessado, na condição de responsável tributário pela retenção na fonte, apesar de ter descontado o valor do imposto por ocasião do pagamento dos salários a seus empregados para o código de receita 0561, e os relativos a trabalhos sem vínculo empregatício, código de receita 0588, não efetuou totalmente os recolhimentos referentes aos valores do IRRF constantes em sua escrituração e informados na DIRF relativa ao exercício de 2006, ano de retenção 2005, restando configurado em tese, a ocorrência de crime contra a ordem tributária na forma prevista no artigo 2 0, inciso Il, da Lei n° 8.137/90 formalizandose a Representação Fiscal para Fins Penais em 2510112007 (fls. 153). Às fls. 171/174, foi juntada cópia da Representação Fiscal para Fins Penais, onde está registrado às fls. 172 "Descrição dos Fatos Caracterizadores do Ilícito', que como "não restou configurado o evidente intuito de fraude, conforme disposto nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, não coube a aplicação da multa prevista no inciso II do artigo 957 do RIR/99, de 150%". Às fls. 175, está registrado que foi apensado a este o processo no 18471.001172/200702, referente à Representação Fiscal para Fins Penais. DA IMPUGNAÇÃO. Regularmente cientificado em 19/10/2007, às fls. 156, da autuação referente ao IRRF, apresenta o interessado em 19/11/2007, impugnação (fls. 177/181), através de seu procurador habilitado às fls. 182, alegando que: Fl. 526DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 526 3 • nenhuma irregularidade foi cometida pelo interessado que pudesse motivar a autuação, como a seguir será provado; • os valores discriminados no auto de infração estão sendo pagos religiosamente, tendo em vista pedido de parcelamento efetuado em 15110/2007, com base na Lei n° 11.345, de 14 de setembro de 2006; • embora a Receita Federal não tenha se manifestado quanto ao pedido de parcelamento, certo é que, estando preenchido os requisitos para obtenção do mesmo, nada pode ser questionado; • o parcelamento é um direito subjetivo do interessado e não 4uma faculdade do Poder Público em conceder o benefício; • não se justifica a autuação, pois nenhuma irregularidade ou ilegalidade foi cometida; • é uma entidade educacional filantrópica sem fins lucrativos, e reconhecida como de utilidade pública; • o auto de infração não preenche os requisitos legais, eis que é por demais genérico, uma vez que o auditor menciona no seu trabalho que a instituição não recolheu os impostos que discrimina, destoando da base legal; • pelas razões já expostas pede seja julgado totalmente improcedente a autuação em questão; • requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas. As fls 214, foi efetuado pedido de diligência através da Resolução n° 00612008 de 10/01/2008, objetivando verificar se os débitos constantes da lide, têm relação com pedido de parcelamento constante do processo no 10070.001765/200771. Às fls. 222, o interessado foi intimado a apresentar planilha demonstrando os valores incluídos no parcelamento do processo no 10070.001765/200771, mês a mês, para o ano de 2005, código 0561, com as respectivas DCTF, tendo por finalidade justificar a possível inclusão dos débitos em questão, no citado parcelamento. A documentação solicitada foi juntada as fls. 218/354. Passo adiante, a 2ª Turma da DRJ/RJOI entendeu por bem julgar o lançamento procedente em parte, em decisão que restou assim ementada: NULIDADE Não está inquinado de nulidade o Auto de Infração lavrado por autoridade competente e em consonância com o que preceituam os artigos 142, do CTN, e 10 e 59 do Decreto n° 70.235/1972. PEDIDO DE PARCELAMENTO ANTERIOR À CIÊNCIA DA AUTUAÇÃO. ESPONTANEIDADE READQUIRIDA. Se entre a data de início da fiscalização e da ciência do lançamento transcorreu mais de sessenta dias sem nenhum ato escrito, que Fl. 527DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 527 4 indicasse o prosseguimento dos trabalhos, e o interessado, neste período, efetuou pedido de parcelamento dos débitos referentes a retenções na fonte sobre o trabalho assalariado, considerase espontâneo o seu procedimento. DIFERENÇA ENTRE VALORES INFORMADOS EM DIRF E AQUELES RECOLHIDOS EM DARF. Não comprovado o recolhimento integral dos valores retidos na fonte sobre rendimentos pagos, mantémse o lançamento de ofício da diferença apurada pela fiscalização. Cientificado em 07/08/2008 (Fls. 487), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 08/09/2008 (fls. 489 a 494), argumentando em síntese: (...) 4 Com efeito, os valores discriminados no auto estão sendo pagos religiosamente, tendo em vista um pedido de parcelamento efetuado em data de 15 de outubro de 2007, com base na Lei n° 11.345 de 14 de setembro de 2006. 5 E muito embora não tenha havido qualquer manifestação da Receita Federal quanto ao pedido de parcelamento, o certo é que estando preenchidos os requisitos para obtenção do Parcelamento, como de fato tais requisitos foram preenchidos, tratase de um direito subjetivo da instituição autuada e não uma faculdade do Poder Público em conceder o beneficio. Assim, não se justifica o auto de infração, pois nenhuma irregularidade ou ilegalidade foi cometida. (...) 11 Assim, pelas razões ora: expostas, tornase imperioso reconhecer que o Auto de Infração ora guerreado, deverá ser julgado totalmente improcedente, por estar ausente qualquer base legal para a autuação e a instituição alegante não transgrediu qualquer norma relativamente ao imposto de renda. 12 Salientase que conforme auto de infração, existe possibilidade de parcelamento, com desconto da multa. Diante do parcelamento realizado e recolhimento do tributo não podese falar agora de novo parcelamento com desconto apenas da multa. Havido o pedido de parcelamento e pagamento conseqüente deverá ser julgado. IMPROCEDENTE a notificação realizada ou deferido o parcelamento sem pagamento de multa. É o Relatório Voto. Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Fl. 528DF CARF MF Processo nº 18471.000746/200717 Resolução nº 2201000.231 S2C2T1 Fl. 528 5 Após consulta nos autos se verifica que a contribuinte indica adesão ao parcelamento especial disciplinado pela Lei 11.345/2006. Embora se verifique nos autos às fls 295 e 298 petição informando a adesão ao parcelamento, no presente caso, não é possível verificar se realmente ocorreu a adesão da contribuinte ao parcelamento. Não se sabendo exatamente se ainda há matéria em litígio, não há como proferir um julgamento. Ante o acima exposto, proponho o retorno dos autos à DRFB de origem para que a autoridade preparadora informe se a contribuinte confessou e parcelou ou não o débito do presente lançamento; bem como, se for o caso, informe se o débito já se encontra quitado. Ao final, com vistas a garantir o contraditório e o amplo direito de defesa, cientificar à contribuinte acerca desta diligência e dos resultados dela decorrentes, assegurandolhe prazo para sua manifestação. Tomadas as providências acima, os autos devem retornar a este Colegiado para apreciação. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 529DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.028410/99-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1992, 1993
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, deve-se aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF.
PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO.
O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2201-003.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1992, 1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, deve-se aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF. PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2146; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 676 1 675 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10768.028410/9965 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.298 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2016 Matéria IRPF Recorrente CE PARTICIPAÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 1992, 1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, devese aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF. PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 02 84 10 /9 9- 65 Fl. 676DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 677 2 Assinado digitalmente. Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 1ª Turma da DRJ/RJOI (Fls. 582), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Trata o presente processo do pedido de restituição de fl. 01 e dos pedidos de compensação, feitos nas fls. 400; 402; 404 e por meio dos processos n° 10768.001181/200324 e 10768.000030/2003 59, juntados ao presente, com débitos de PIS, COFINS, IRPJ E CSLL, para os quais o interessado, acima qualificado, alega possuir crédito contra a Fazenda Nacional no valor de R$ 180.618,40 (cento e oitenta mil, seiscentos e dezoito reais e quarenta centavos), anexando planilhas demonstrativas do IRRF referente aos períodos de 1992 a 1998 (fls. 03/09), com valores corrigidos até outubro de 1999. 2 O despacho decisório de fl. 428 reconheceu parcialmente o direito creditório do interessado, com base no Parecer Conclusivo Diort/Derat/RJO de fls. 426/427, no valor máximo de R$ 45.511,05 (quarenta e cinco mil, quinhentos e onze reais e cinco centavos), homologando as compensações pleiteadas até o limite deste valor, para os períodos de abril e dezembro de 2001 e outubro, novembro e dezembro de 2002. 3. O interessado, inconformado com o despacho decisório e com o Parecer Conclusivo n° 230/2004, de fls. 426/428, que reconheceu apenas parcialmente o seu direito creditório e por isso mesmo somente homologou parte das compensações pleiteadas, apresentou, em 13 de janeiro de 2005, a impugnação de fls. 439/488, acompanhada dos documentos de fls. 489/529, na qual alega em síntese o seguinte: A impugnação é tempestiva. O despacho decisório reconheceu parcialmente o crédito pretendido, deixando de reconhecer os pedidos relativos aos períodos de 1992 a 1993 e 1994 a 1995. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 678 3 O imposto de renda tratase de tributo objeto de lançamento por homologação, cujo pagamento não tem o condão de extinguir o crédito tributário. Considerando que o pedido de restituição foi protocolizado em 21/12/1999, não há que se falar em decurso do prazo para ação de repetição do indébito, o qual somem poderia ocorrer após contados cinco anos da homologação tácita, ocorrida nos anos de 1997 e 1998, para os tributos pagos nos períodos de 1992 e 1993. O prazo para pedir restituição só viria a se extinguir, pela prescrição, em 2002 e 2003, para os valores recolhidos de IRRF nos anos de 1992 e 1993. De acordo com o princípio da moralidade, ao qual a Administração Pública está adstrita, esta tem o dever moral de restituir tributo indevidamente pago, ainda que prescrita a ação correspondente. Não assiste razão ao ilustríssimo auditor, chefe da Diort, em adotar o Parecer Diort/Derat/RJO n° 230, no sentido de deixar de reconhecer o direito ao crédito do IRRF, relativo aos anos calendário de 1994 a 1995, sob o argumento de que os mesmos não foram informados nas DIPJ. Deixou de lançar o IRRF nas DLPJ dos anos de 1994 e 1995, admite. Entretanto, é induvidoso que os valores foram corretamente contabilizados conforme se pode verificar nos livros Diários dos períodos em questão, cujas cópias seguem anexas. Não obstante os valores não terem sido registrados nas DIPJ, eles foram efetivamente retidos pelas empresas tomadoras do seu serviço, quando do respectivo pagamento. Apesar do esforço empregado, não foi possível levantar todos os documentos necessários à comprovação pretendida, pelo fato de que parcela da documentação em questão ser fornecida por terceiros. Confia que a mesma (documentação) possa ser facilmente obtida na Delegacia de Ramos à qual as empresas retentoras do tributo estavam, à época, jurisdicionadas, ou na própria matriz. Tratase um erro de fato no preenchimento das DIPJ de 1994 e 1995 que não pode ser utilizado para negar o direito à restituição do seu crédito, por mais uma vez violar o princípio da moralidade. Esclarece que procederá à retificação das DIPJ daqueles períodos, no momento e na forma que a Receita Federal determinar. Não se pode antepor dúvidas ao direito que lhe assiste, de reconhecimento à restituição do imposto retido na fonte nos períodos relativos aos anos de 1992; 1993; 1994 e 1995. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 679 4 O pedido de restituição dos valores relativos ao IRRF dos períodos de 1992 a 1993 foi tempestivamente formulado e o lançamento dos valores relativos ao IRRF dos períodos de 1994 e 1995 decorreu de erro de fato no preenchimento das DIPJ, razão pela qual vem requerer seja a presente manifestação de inconformidade conhecida e provida, para o fím de reformar a decisão proferida no presente processo e conseqüentemente restituído o valor pleiteado. Passo adiante, a 1ª Turma da DRJ/RJOI entendeu por bem indeferir a solicitação, em decisão que restou assim ementada: Exercício: 1992, 1993 Ementa: DECADÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. O prazo decadencial de cinco anos contados a partir do fato gerador operase tanto para o Fisco, impedindoo de constituir o crédito tributário, quanto para o contribuinte, cujo direito à restituição não seja exercido no mesmo prazo. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 1992, 1993, 1994, 1995 Ementa: PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Cientificada em 08/08/2005 (Fls. 595), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 05/09/2005 (fls. 596 a 615), reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação. Em 25 de janeiro de 2007, aprouve a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, converter o julgamento em diligência (fls. 644 a 651) no sentido de: a) Que seja fornecido à contribuinte demonstrativo sobre a metodologia utilizada na apuração dos créditos e dos débitos, incluindo os índices de correção utilizados, de forma a evidenciar a apuração do saldo devedor dos débitos que foram objeto da carta de cobrança. Após, a empresa poderá se manifestar se entender necessário; b) Para que a contribuinte seja intimada a comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586. Após, a autoridade competente se for o caso, poderá realizar as diligências que forem necessárias, e deverá elaborar relatório circunstanciado sobre a comprovação. Do relatório produzido deve a contribuinte ter ciência, que poderá se manifestar se entender necessário. Fl. 679DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 680 5 Em 04/12/2011 a DRF/RJOI apresentou a resposta à diligência (fls.664 e 665): Lastreados no direito creditório reconhecido no Parecer Conclusivo e Despacho Decisório 230/2004 de fls. 435/437 , efetuamos a compensação dos débitos relacionados nas Dcomp às fls.400 , 402 , 404 do presente bem como nas Dcomp de fls.01 dos apensos 10768.001181/200324 e 10768.000030/200359 nos termos dos demonstrativos de compensação às fls. 607 a 615. Dêse ciência à interessada : a) dos demonstrativos de compensação de fls. 607 a 615 e do presente despacho; b) da comunicação referente à compensação de ofício a ser efetuada com os saldos credores remanescentes dos AC 96 , 97 e 98 , estando o primeiro cadastrado no presente e os outros dois cadastrados nos apensos (extratos fls.608/609) e c) do encaminhamento após a ciência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para prosseguimento quanto aos créditos pleiteados nos AC 92 A 95. Intimado e reintimado (fls.667 e 670), para comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586, o contribuinte restou silente, não trazendo nenhum documento ou resposta aos autos. Desta forma o processo foi direcionado a este conselheiro. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Trata o recurso de pedido de restituição dos valores de IRRF dos períodos 1992, 1993, 1994 e 1995 tendo a contribuinte requerido a restituição em 21/12/1999. A restituição do IRRF dos anos de 1992 e 1993 foi indeferida, com fulcro no inciso I do art. 168 e art. 165, inciso I do CTN, estabelecendo o entendimento que o prazo decadencial de 5 anos é contado da data do recolhimento do imposto. Sobre a decadência dos pedidos de restituição, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, após reconhecer a existência de repercussão geral da questão constitucional do prazo decadencial de restituição de tributos pagos indevidamente ou a maior, julgou o RE 566.621/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, nele proferindo decisão consubstanciada em acórdão assim ementado: Fl. 680DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 681 6 “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA 'VACATIO LEGIS' – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a 'vacatio legis', conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de 'vacatio legis' de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Fl. 681DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 682 7 Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da 'vacatio legis' de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Portanto, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento de matéria sob a égide de repercussão geral, de aplicação obrigatória para os Conselheiros do CARF, entendeu que o prazo decadencial de restituição, aplicado para os pedidos formalizados antes de 09 de junho de 2005, é de 10 anos, contados do pagamento indevido ou a maior. No caso presente o pagamento indevido se deu nos anos de 1992 a 1993, tendo o pedido de restituição sido protocolado no ano de 21/12/1999; portanto não se encontrava esgotado o prazo decadencial. Deste modo, não há o que se falar em decadência do pedido de restituição do IRRF dos anos de 1992 e 1993. Já a restituição do IRRF dos anos de 1994 e 1995 foi indeferida em razão de ausência nas DIPJ'S das informações relativas a apuração do IRRF retido indevidamente. Ao contrário do alegado pela Recorrente, não foi um simples erro de preenchimento nas DIPJ'S que impossibilitou a restituição. Neste ponto, adoto os argumentos do Acórdão recorrido, nos seguintes termos: "Em relação aos recolhimentos do imposto de renda retido na fonte de 1994 e de 1995, verificase que de fato existiram (fls. 409/415), no entanto, somente lhe ser, cabível alguma restituição se, em 31 de dezembro dos mencionados anos se encerrarem os exercícios, o valor apurado pelo próprio interessado no ajuste anual apontasse excesso de retenções do imposto durante o ano, em montante superior ao valor realmente devido a título de imposto de renda, situação em que tal valor seria precedido de um sinal de menos. Há a necessidade da demonstração inequívoca e precisa do valor retido a mais, o qual se pede seja restituído. Este saldo negativo de imposto de renda deveria constar, no anocalendário de 1994, do Anexo 03, Quadro 04, linha 14 (fl. 411/412), entretanto, em todos os meses de 1994, não há registro de qualquer valor. Deste modo, não se pode autorizar a restituição/compensação requerida. No anocalendário de 1995, consta, na Ficha 08, linha 14 (fl. 415) como saldo negativo de imposto de renda o valor de R$3.120,56, proveniente da antecipação mensal obrigatória apurada com base na receita bruta. Ao se pesquisar na declaração de rendimentos do ano calendário de 1995, exercício Fl. 682DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 683 8 de 1996, a Ficha 09, em que se registra o IR e a CSLL devidos com base na receita bruta, verificase um único valor registrado em janeiro de 1995, que é de R$ 2.658,90 (fl. 534). Constatase, portanto, uma divergência de valores, para a qual não há elementos probatórios capazes de dirimir a dúvida e propiciar o caráter de liquidez e certeza, indispensáveis à restituição do crédito tributário pleiteado. Logo, para os anos de 1994 e 1995, não há elementos suficientes para se autorizar as restituições/compensações solicitadas." Cabe ressaltar que, como dito no relatório, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, converteu o julgamento em diligência (fls. 644 a 651) no sentido de que a contribuinte fosse intimada a comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586. Também como já relatado, intimado e reintimado (fls.667 e 670), para comprovar o requerido na diligência, o contribuinte restou silente. Assim, como bem dito pela DRJ, para os anos de 1994 e 1995, não há elementos suficientes para se autorizar as restituições/compensações solicitadas Diante de todo o exposto e do que consta dos autos, voto por dar provimento parcial ao Recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 683DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 10280.723046/2014-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2012
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
NECESSIDADE DE PROVAR AS ORIGENS DOS RECURSOS.
Por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar individualizadamente as origens dos valores que lhe forem creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE ORIGEM EM RAZÃO DE ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DE RESULTADO TRIBUÁVEL DA ATIVIDADE RURAL. POSSIBILIDADE.
Uma vez comprovada a origem de parte dos recursos relativos a valores creditados em conta-corrente do contribuinte, o lançamento deve ser ajustado com a exclusão dos respectivos depósitos ou com a apuração de novo resultado tributável. Não havendo ilegalidade na apuração do resultado da atividade rural realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.587
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
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FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do anocalendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. NECESSIDADE DE PROVAR AS ORIGENS DOS RECURSOS. Por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar individualizadamente as origens dos valores que lhe forem creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE ORIGEM EM RAZÃO DE ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DE RESULTADO TRIBUÁVEL DA ATIVIDADE RURAL. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada a origem de parte dos recursos relativos a valores creditados em contacorrente do contribuinte, o lançamento deve ser ajustado com a exclusão dos respectivos depósitos ou com a apuração de novo resultado tributável. Não havendo ilegalidade na apuração do resultado da atividade rural realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 30 46 /2 01 4- 69 Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 756 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10280.723046/201469, em face do acórdão nº 1276.927, julgado pela 19ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (DRJ/RJO) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar procedente em parte a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Tratase de Auto de Infração (fls. 94/98) em nome do sujeito passivo em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2012 (fls. 100/112). A autoridade lançadora apurou a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, no valor total de R$ 2.081.741,32 ao longo do anocalendário 2011, em relação aos quais o Interessado, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. No Relatório Fiscal de fls. 113/114, a autoridade lançadora narrou, em síntese, os seguintes fatos: a) em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, o Interessado apresentou os extratos bancários do Bradesco e do Banco do Brasil; Fl. 756DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 757 3 b) em 04/12/2014, foi solicitado ao Interessado que fosse esclarecida a origem dos créditos bancários relacionados, dos quais foram excluídos os valores que não tinham característica de receita, tais como estornos bancários, cheques devolvidos, entre outros; c) o Interessado alegou que a maioria dos depósitos corresponde a receitas da atividade rural e parte do valor vem da venda de uma fazenda no anocalendário 2009, mas não juntou qualquer documento que desse respaldo às suas afirmativas; e d) a não comprovação da origem dos créditos de suas contas bancárias corresponde à diferença não declarada. Em virtude deste lançamento, apurouse IRPF suplementar de R$ 563.791,41, multa de ofício de R$ 422.843,56, além de juros de mora de R$ 131.701,67 (calculados até dezembro de 2014). Com a ciência pessoal do Auto de Infração em 26/12/2014 (fls. 115/116), o Interessado apresentou impugnação (fls. 117/128) em 26/01/2015, alegando, em síntese, que: a) a fiscalização deduziu apenas parte dos cheques devolvidos pelas câmaras de compensação bancária e não deduziu os rendimentos declarados, os resgates de aplicações comprovadamente existentes nos extratos bancários e nem as transferências entre contas com a mesma titularidade; b) por manter a atividade de agricultor e pecuarista durante o anocalendário 2011, escriturou Livro Caixa, no qual registrou, além das vendas de gado já declaradas, as vendas realizadas do produto açaí com documentos denominados de “Notas Promissórias Rurais”; c) apresenta as planilhas de fls. 129/142, que discriminam mês a mês a origem dos depósitos; e d) ao longo do ano recebeu aluguéis de pessoas físicas, valor este declarado com desconto da comissão paga ao administrador do imóvel. A DRJ de origem entendeu pela procedência em parte da impugnação apresentada pelo contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 734/737, onde alega que a DRJ ao entender como comprovado os depósitos no valor de R$ 998.833,91, não poderia ter lançado tais valores como decorrentes de atividade rural, realizando a apuração do resultado da atividade rural, encontrando um "resultado tributável" no valor de R$ 219.338,78. Alega também o contribuinte que fez depósitos com recursos próprios, decorrente de uma venda de área de terras no ano de 2009 no valor de R$ 2.295.500,00, referindo que declarou tal valor naquele anocalendário (2011), com pagamento de imposto sobre ganho de capital. Sustenta, também, que recebeu transferências de pessoas ligadas a ele, razão pela qual requer seja afastado o lançamento. Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 758 4 Por fim, apresenta em anexo ao recurso voluntário os documentos de fls. 740/751: · DARF paga no valor de R$ 84.278,02 (pagamento em 28/08/2009), em fl. 740; · DARF paga no valor de R$ 76.266,28 (pagamento em 30/06/2009), em fl. 741; · DARF paga no valor de R$ 68.770,32 (pagamento em 29/05/2009), em fls. 742/743; · Demonstrativo de apuração dos ganho de capital anocalendário 2009, em fls. 744/747; · Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Rural, de 29.06.2009, em fl. 748/750; · Recibo de pagamento, de 03.07.2009, em fl. 751. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da apuração do resultado da atividade rural No presente caso, entendeu a DRJ de origem que ficou comprovada como receita bruta não declarada da atividade rural a origem de parte dos depósitos lançados, conforme valores mensais abaixo descritos: Faz parte do procedimento de verificação de depósitos bancários não apenas a mera identificação da origem em si dos créditos, mas também, complementarmente, a Fl. 758DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 759 5 verificação se tais valores correspondem a rendimentos tributáveis e, em caso positivo, se foram devidamente declarados como tais na DIRPF. Caso a origem dos depósitos acima listados fosse comprovada satisfatoriamente durante o procedimento fiscal, caberia à autoridade lançadora a apuração do resultado da atividade rural, efetuando, em consequência, o lançamento da infração de omissão de acordo com a natureza do rendimento em questão, e não mais como a presunção legal prevista no art. 42 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Uma vez que a identificação satisfatória da origem dos depósitos foi realizada apenas em sede de impugnação contra o lançamento, para afastar definitivamente a presunção legal em questão, o Interessado deveria ter comprovado também que efetivamente declarou tal receita bruta em sua DIRPF/2012. Ocorre que o Interessado reconheceu em sua impugnação que os valores decorrentes de vendas do produto açaí, que é o caso de todas as notas promissórias rurais acima listadas, não foram declarados originalmente como receita bruta em sua DIRPF/2012. Assim, como os depósitos acima listados correspondem à receita bruta não declarada na DIRPF/2012, a apuração do resultado da atividade rural deve ser realizada no presente voto, uma vez estar concretizada a presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O resultado da atividade rural do Interessado no anocalendário 2011 ficou assim apurado: Com base no princípio da livre formação de convicção da autoridade julgadora (art. 29 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972), estando correto a retificação da base de cálculo do tributo, face as informações apresentadas pelo contribuinte, de modo que seja considerado como resultado tributável de R$ 219.338,78 a título de atividade rural. A DRJ de origem, ao assim proceder, não cometeu ilegalidade ou realizou inovação no lançamento. Tão somente foi ajustado o lançamento diante das informações prestadas pelo contribuinte em impugnação. Se o contribuinte tivesse informado a fiscalização no momento adequado, não teria sido necessário que a DRJ realizasse o referido ajuste. Depósitos com recursos próprios O recorrente não apresenta documento algum que comprove ter ele próprio realizado estes depósitos (comprovantes de depósitos em seu nome, comprovação da origem destes recursos, etc.). O Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, assim dispõe sobre a impugnação: Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 760 6 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. As alegações desprovidas de meios de prova que as justifiquem não podem prosperar, visto que é assente em Direito que alegar e não provar é o mesmo que não alegar. Conforme preceitua o art. 15 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, a impugnação deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos que fundamentem os argumentos de defesa. Portanto, as alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando esse for o meio pelo qual sejam provados os fatos alegados, não são eficazes. Ressaltese, ainda, que não foram localizadas nos extratos do Banco do Brasil e do Bradesco movimentações bancárias compatíveis em datas e valores que pudessem justificar uma transferência entre contas da mesma titularidade. Por fim, quanto aos documentos anexados ao recurso voluntário de fls. 740/751, quais sejam, DARF paga no valor de R$ 84.278,02 (pagamento em 28/08/2009), em fl. 740; DARF paga no valor de R$ 76.266,28 (pagamento em 30/06/2009), em fl. 741; DARF paga no valor de R$ 68.770,32 (pagamento em 29/05/2009), em fls. 742/743; Demonstrativo de apuração dos ganho de capital anocalendário 2009, em fls. 744/747; Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Rural, de 29.06.2009, em fl. 748/750; Recibo de pagamento, de 03.07.2009, em fl. 751, entendo que estes não provam a origem de qualquer depósito bancário de origem não comprovada no anocalendário 2011, em razão deles, embora tenha sido apresentados em fase recursal, eles se referem ao anocalendário 2009. Ou seja, o contribuinte, ainda que não refira isso expressamente, sustenta que os valores que ele recebeu em 2009 somente foram depositados na sua conta bancária em 2011. Tal operação é desprovida de qualquer prova, sendo que este ônus incumbia ao contribuinte. Fl. 760DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 761 7 Desta forma, fica mantida a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Transferências de Pessoas Ligadas O contribuinte alega que os dois depósitos abaixo listados foram realizados pela pessoa jurídica Mendonça Castro & Cia Ltda., que teria sua filha no quadro societário, e por seu filho Gino Melazzo Mendonça: Apesar de o extrato bancário do Bradesco comprovar que os depósitos realmente foram realizados pelas pessoas indicadas, tal informação por si só não é suficiente para afastar a presunção legal de omissão de rendimentos. Ocorre que faz parte do procedimento de verificação de depósitos bancários não apenas a mera identificação da origem em si dos créditos, mas também, complementarmente, a verificação se tais valores correspondem a rendimentos tributáveis e, em caso positivo, se foram devidamente declarados como tais na DIRPF. O contribuintenão apresenta documento algum que explique a que título estas transferências foram realizadas, não permitindo, assim, que seja identificada a natureza tributária destes valores depositados. Assim, fica mantida a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada no valor de R$ 3.740,00 (art. 42 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996). Desta forma, fica mantida a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Conclusão. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 761DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001290/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL.
A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional.
Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento.
IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF.
Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF.
Numero da decisão: 2201-003.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 17/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL. A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF. Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora. EDITADO EM: 17/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
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IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL. A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF. Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 12 90 /2 00 9- 83 Fl. 5312DF CARF MF 2 Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 17/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: O interessado foi autuado no IRRF, em 27/04/2009, em relação ao período de 01/2004 a 12/2007, em razão de diferenças entre os valores escriturados e os valores declarados e/ou pagos de IRRF, tendo sido exigido um crédito tributário total de R$ 2.337. 305, 81, incluindo imposto, multa de ofício de 150 % e juros de mora calculados até 31/03/2009 (fls. 292 a 332). 2. Em 27/04/2009, a DEFIC/SP lavrou Termo de Sujeição Passiva Solidária TSPS n° 1, relacionando como Sujeitos Passivos Solidários Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 264 e 265), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 267 e 268), Walter da. Silva Vieira Filho (fls. 271 e 272), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 275 e 276) e Márcia D. Assunção Vieira (fls. 279 e 280). 2.1. Referidos termos informam que: "... constatamos , nos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, que o Sujeito Passivo reteve o Imposto de Renda na Fonte sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício e não recolheu à Fazenda Nacional. Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124 da Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional)..." 2.2. Na mesma data, a DEFIC/SP lavrou Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 282 a 291), que assim descreve, resumidamente. 2.2.1. Constatamos, ao procedermos a auditoria Verificações Preliminares, anoscalendário (AC) 2004, 2005, 2006 e 2007, a escrituração de retenção do Imposto de Renda na Fonte (IRRF) sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício, como demonstrado a seguir. Fl. 5313DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 3 3 I IMPOSTO RETIDO NA FONTE E NÃO RECOLHIDO A DOS FATOS 2.2.2. O Sujeito Passivo, nos AC de 2004 a 2007, reteve o IRRF nos códigos 0561 e 0588 informados nos demonstrativos de fls. 233/245, em resposta ao Temo Intimação Fiscal (TIF), lavrado em 18/11/2008 (ciência em 21/11/2008; fls. 203/231). 2.2.3. Após exames nos sistemas Sinal e DCTF, constatamos que muitos valores não foram recolhidos, apesar de registrados contabilmente. 2.2.4. Novamente elaboramos planilhas dos valores não localizados nos sistemas da RFB e intimamos o contribuinte, TIF lavrado em 02/12/2008 (ciência em 04/12/2008; fls. 246/252). 2.2.5. Como o Sujeito Passivo ficou silente dentro do prazo legal, novamente foi intimado por meio de TIF, lavrado em 20/01/2009 (ciência em 22/01/2009; fls. 255/256). 2.2.6. O contribuinte não se manifestou sobre as duas intimações, ficando sujeito às penalidades legais pela retenção e não recolhimento. Para melhor visualização da base tributável, estamos inserindo nas folhas seguintes os valores retidos e não recolhidos. 2.2.7. Do exposto, estamos constituindo o crédito tributário sobre as diferenças apuradas que ficará demonstrado à saciedade quando do direito. B DO DIREITO 2.2.8. A empresa em questão, ao pagar ou creditar os rendimentos das pessoas físicas sobre as rubricas dos códigos 0561 e 0588, descontou dos beneficiários dos rendimentos e não comprovou o recolhimento aos cofres públicos. 2.2.9. Conforme legislação, toda obrigação tributária tem sujeito passivo. E, às vezes, ele repassa a terceiros os tributos, mas figura na relação tributária. Ao reter o tributo, como responsável, fica obrigado a recolhêlos. O fato de deixar de fazêlo, no prazo legal, constitui a ação física do delito, conforme legislação penal transcrita. 2.2.10. No caso sob análise, ocorreu fraude ao fisco, caracterizada pela apropriação indevida (indébita) mediante retenção e não recolhimento, até o termo fatal. Do exposto, estamos exigindo os valores retidos e não recolhidos, com multa de 150%, conforme previsto na legislação de regência. II DO ENQUADRAMENTO LEGAL 2.2.11. O contribuinte infringiu aos artigos Io , 2o , 3 o e 7o , incisos I e II, § 1°, da Lei n° 7.713/88 e ao artigo 2 o da Lei n° 8.134/90, c/c os artigos 620, 624, 628, 631, 632, 646 e 841 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto Fl. 5314DF CARF MF 4 n° 3.000/99, art. 77, inciso II, do DecretoLei n° 5.844/43 e art. 149 da Lei n° 5.172/66. III DO ENCERRAMENTO 2.2.12. Do que, para constar e surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo em três vias, (...). 3. Foi formalizado processo relativo a "Representação Fiscal para Fins Penais", que levou o número 19515.001267/200999. 3.1. Foi também lavrado Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, conforme fls. 333 e 334. 4. O contribuinte foi cientificado do teor do referido Auto de Infração em 27/04/2009 (fl. 332), dele discordando, em 27/05/2009, por meio de seu representante legal (fls. 349 a 365), impugnouo (fls. 343 a 349), acostando documentos (fls. 258 a 1.405), alegando, em síntese, que: DO AUTO DE INFRAÇÃO 4.1. Como se verá, a fiscalização incorreu em diversos erros no auto de infração, que resultaram na exigência de tributo absolutamente ilegal. Os equívocos aqui tratados podem ser resumidos nos seguintes itens, adiante expostos individualmente: (i) apontamento de serviços prestados por pessoas físicas, uma vez que a impugnante tomou serviços de pessoas jurídicas; (ii) desconsideração de recolhimentos realizados pela impugnante em suas épocas próprias, apesar de devidamente informados em DCTF. II SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS JURÍDICAS 4.2. Os serviços apontados na planilha do auto de infração (fls. 284 e ss.) foram executados por pessoas jurídicas (cód. Tributo 1708), conforme DARFs e planilhas em anexo, que demonstram inequivocamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos de IRRF realizados pela impugnante. 4.3. O livro razão demonstra que os valores utilizados pelo auto de infração não foram prestados por pessoas físicas (doe. 03). Houve erro da fiscalização em decorrência de resposta encaminhada pela impugnante, onde apontado que os referidos serviços haviam sido prestados por pessoas físicas, quando, em verdade, o foram por pessoas jurídicas. Tal equívoco fez com que a fiscalização não considerasse os recolhimentos realizados pela impugnante. III RECOLHIMENTOS REALIZADOS PELA IMPUGNANTE 4.4. A fiscalização deixou de observar recolhimentos realizados pela impugnante relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado (cód. 0561). Os DARF em anexo comprovam o recolhimento, em época própria, dos tributos exigidos pelo auto de infração. (doc. 02), assim como esses pagamentos constaram nas DCTF por ela informadas (doe. 04). Fl. 5315DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 4 5 4.5. Além disso, percebese que a fiscalização lançou valores em duplicidade ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pelo auto de infração. IV RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS 4.6. A conseqüência da ilegal tipificação de fraude realizada pelo auto de infração é a sujeição passiva solidária dos sócios da impugnante em relação aos tributos lançados, realizada pela ação fiscal com base no art. 135, III, do Código Tributário Nacional CTN. 4.7. Traz doutrina e jurisprudência do STJ a embasar seu entendimento de que a simples mora de obrigações tributárias não configura infração à lei (como exige o art. 135 do CTN). Afirma que a impugnante não praticou nenhum ato fraudulento, razão pela qual cai por terra a tentativa da ação fiscal de querer responsabilizar individualmente os sócios. V DOS PEDIDOS 4.8. Requer: (i) seja reformado o auto de infração em relação aos lançamentos por ele abrangidos; e (ii) seja afastada a responsabilidade tributária dos sócios da impugnante, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do art. 135 do CTN. 4.8.1. Requer ainda que "as intimações sejam endereçadas ao signatário desta petição". 5. Em 27/05/2009, foram também protocolizadas impugnações pelo representante legal dos Srs. Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 1.406 a 1.412), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 1.416 a 1.422), Walter da Silva Vieira Filho (fls. 1.426 a 1.432), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 1.436 a 1.442) e Márcia D'Assunção Vieira ( a 1.452), nos mesmos termos da apresentada pela empresa (fls. 343 a 349). 5.1. De se observar que tanto na impugnação apresentada pela empresa, quanto nas demais cinco acima referidas, a autoridade preparadora anotou nas páginas iniciais que a assinatura do representante legal não conferia com o documento apresentado, além de não ter sido anexado cópia do auto de infração (no primeiro caso). 5.1.1. Em 22/07/2009, a empresa peticionou, por meio de seu representante legal (fls. 1.456 a 1.469), anexando cópia do Auto de Infração. Acerca da legitimidade da assinatura atribuída ao procurador, acostou aos autos declaração deste, com firma reconhecida, atestando que a assinatura constante da documentação de defesa apresentada foi, de fato, por ele firmada, de próprio punho, se responsabilizando para todos os efeitos legais (fl. 1.458). Fl. 5316DF CARF MF 6 6. É o relatório. Passo ao voto. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E VALORES DECLARADOS. Tendo sido apuradas diferenças entre os valores escriturados e aqueles declarados pelo contribuinte, diferenças estas por ele não esclarecidas, correta a tributação do valor do imposto não recolhido, devendose abater os valores informados em DCTF. MULTA QUALIFICADA. DOLO. A prática reiterada de informar em DCTF valores inferiores aos contabilizados, resultando em recolhimentos de imposto, ao longo dos anos analisados, em valores menores que os devidos, é procedimento doloso tendente à fraude e à sonegação, o que respalda a aplicação da multa qualificada. Sendo vinculada e obrigatória a atividade administrativa, ocorrido o fato gerador resta à autoridade fiscal o dever de constituir o crédito tributário, calculando a exigência de acordo com a lei vigente à época do fato, nos termos do artigo 142, do CTN. ASSUNTO: NORMAS GERAIS D E DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Não procedem as alegações da Impugnante no sentido de que: (i) a sujeição passiva solidária dos sócios decorreu do previsto no art. 135, III, sócios (acionistas) tinham interesse comum na situação que constituiu o fato gerador do tributo lançado, correta a autuante ao imputarlhes responsabilidade solidária. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foram interpostos recursos voluntários pela contribuinte e pelos responsáveis solidários, que sustentaram, em síntese: a) a ausência de responsabilidade tributária dos sócios da recorrente, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do artigo 135 do Código Tributário Nacional; b) os serviços apontados na planilha do auto de infração (fl. 284 e seguintes) foram executados por pessoas jurídicas (cód. tributo 1708) e não por pessoas físicas, tendo a recorrente promovido o recolhimento do tributo sobre ele incidente (os DARFs anexos e Fl. 5317DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 5 7 as planilhas que acompanham a impugnação demonstram a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos realizados a título de IRRF pela recorrente); c) quanto aos recolhimentos realizados pela recorrente relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado, os DARFs comprovam que a recorrente recolheu, em suas épocas próprias, os tributos exigidos pelo auto de infração, assim como esses pagamentos constaram nas DCTFs por ela informadas; d) a fiscalização lançou valores em duplicidade, ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso pela recorrente. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da recolhimento do imposto retido Conforme narrado, a autuação em análise ocorreu em razão da auditoria realizada, em relação aos anoscalendários 2004 a 2007, ter apurado que foram retidos e não recolhidos valores de IRRF referente aos códigos 0561 e 0588, após comparação entre os valores de retenção escriturados (conforme resposta do contribuinte à intimação recebida; fls. 232 a 245) e aqueles efetivamente recolhidos. A decisão de piso consignou que embora a impugnante tenha afirmado que os DARFS em anexo (código 1708) demonstravam inequivocadamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização (código 0588), não é isso que se verifica, tendo sido informado por ela o montante de RS 646.188,91 no código 0588 (fls. 240 a 245), enquanto que o informado em DCTF para o código 1708 somou R$ 45.436,99 (dos quais somente foi comprovado o recolhimento/compensação de R$ 34.052,54; fls. 1.536, 1538, 1.539, 1.543 a 1.545, 1.547 a 1.550, 1.621, 1.631, 1.632 e 1.636 a 1.640). Além disso, restou disposto na decisão mencionada que, na autuação, não foram considerados os valores informados em DCTF, devendo ser abatidos os respectivos valores, tendo em vista que foi demonstrado o efetivo recolhimento (consulta ao Sistema Sinal código 0561 e 0588). No que se refere à alegação da impugnante de que os valores por ela escriturados relativos ao código 0588 se referem, na verdade, ao código 1708, salientase que Fl. 5318DF CARF MF 8 não foram trazidas provas que demonstrassem tal afirmação, sendo insuficientes as cópias do Livro Razão anexadas. Em sede de recurso voluntário, foram apresentados documentos comprobatórios de que os valores autuados sobre o código 0588 (serviços prestados por pessoa física) referemse ao código 1708 (serviços prestados por pessoa jurídica), de modo que encontrase equivocada a autuação. Corroborando o exposto, cabe mencionar como exemplo a retenção do valor de R$ 122, 69, conforme consta da planilha anexa ao acórdão de impugnação, fl. 1956. Tal valor se refere à prestação de serviços da CSI Tecnologia do Varejo, consoante planilha disposta pela recorrente, fl. 2.141, acompanhada dos comprovantes de arrecadação, fls. 2.156 e 2.157; do Livro Razão Consolidado, fl. 1956; e do Livro Diário n. 17, fl. 2045. Diante da vasta documentação apresentada pelo contribuinte, inclusive com notas fiscais, não há como afastar o fato de que, com relação ao código 0588, na verdade, não se tratam de serviços prestados por pessoas físicas, mas sim por pessoas jurídicas, bem como que, em alguns casos, tratavase de IRRF sobre juros de mútuo (doc. 03 a doc. 07). Assim, em razão da distinção das alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, sob essa rubrica (0588), tendo em vista o vício material do lançamento. No que se refere ao adimplemento da obrigação referente ao código 0561 IRRF sobre o rendimento do trabalho assalariado, asseveram os recorrentes que, mesmo não tendo a pessoa jurídica declarado tais débitos, os pagamentos foram efetuados (doc. 08 e doc. 09). Compulsandose os autos, fls. 4.988 e seguintes, verificase que assiste razão ao contribuinte, pois, consoante planilha anexa, existiram períodos com recolhimento a menor e períodos com recolhimento a maior, como comprovam os DARFs respectivos, de modo que os valores exigidos na autuação já foram recolhidos. Como exemplo, temse a exigência do valor de R$ 4.927,70, de acordo com a planilha anexa à impugnação: Período autuado 31/01/2004 Vencimento 04/02/2004 (A) Planilha 4.927,70 (B) DCTF Ativa R$ 4.734,66 A B = R$ 193,04 Valor autuado 4.927,00 Foi recolhido o valor de R$ 4.734,66, conforme DARF de fls. 4.992 e 4.993, restando uma diferença de R$ 193,04, que foi compensada pelo recolhimento a maior do período seguinte (R$ 900,00) e assim sucessivamente. A determinação da base de cálculo e da alíquota aplicável, ou seja o cálculo do tributo devido, é requisito do lançamento tributário segundo o artigo 142 do CTN: Fl. 5319DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 6 9 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Por ser atividade vinculada e obrigatória, é dever da autoridade fiscal a determinação do critério material da regra matriz de incidência tributária, base de cálculo do tributo e alíquota aplicável. Assim, verificase o patente vício material do auto de infração, de modo que a contribuinte logrou êxito em afastar os fundamentos da decisão recorrida. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 5320DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.725837/2015-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE.
Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora.
O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revela-se de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2201-003.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE. Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora. O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revelase de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 58 37 /2 01 5- 58 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 166 2 Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suple nte Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 28 a 30, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2012, que constatou a seguinte infração: dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 20.000,00, referente à Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, psicóloga por falta de comprovação do efetivo pagamento das despesas. Consta ainda da descrição dos fatos que o contribuinte, apesar de intimado, alegou que os serviços foram realizados semanalmente e pagos em espécie. Cientificado do lançamento e 26/05/2015 (fl. 33), o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02 a 05, em 05/06/2015, alegando que o valor contestado de R$ 20.000,00 referese a despesas médicas do cônjuge, Suzana Loureiro Filgueiras Emerenciano. Às fls. 16 a 17 consta a complementação da impugnação, onde afirma que além dos recibos de pagamento das sessões de psicoterapia, apresentou à fiscalização, declaração firmada pela profissional Dra. Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, atestando a efetiva prestação dos serviços. Alega também que a prova dos pagamentos só poderia ser realizada nos termos do Decreto n.º 3.000/99 mediante indicação dos cheques nominais e/ou extratos bancários, se não fossem apresentados os recibos e que o auditor fiscal tem que demonstrar objetivamente que os recibos apresentados são inválidos”. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que não houve a efetiva comprovação do pagamento à psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos. Não obstante a existência de recibos de despesas médicas, a autoridade lançadora solicitou a prova do pagamento através da microfilmagem dos cheques emitidos, comprovantes de transferências bancárias ou, ainda, os extratos bancários que demonstrassem os saques dos valores pagos ao profissional de saúde. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 167 3 Cientificado do acórdão da DRJ em 12/11/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário tempestivamente em 07/12/2015, alegando em síntese que: Os recibos emitidos pela psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, desde que preenchidos de acordo com o que exige a legislação, são provas do efetivo pagamento das despesas de saúde deduzidas. Não há nada que obrigue o contribuinte a efetuar pagamentos em cheques ou em cartão de crédito, sendo o pagamento em espécie uma prática regular. As despesas com tratamento psicológico da esposa do contribuinte, que é sua dependente, se deram após o diagnóstico de um câncer de mama, na tentativa de devolverlhe a auto estima. O valor questionado pela Receita Federal do Brasil de R$ 10.340,00 referese a pagamentos comprovados à psicóloga no ano de 2012. Os recibos apresentados estão de acordo com a legislação vigente. Alfim, requer o provimento do recurso com o arquivamento do presente processo. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da dedução de despesas com saúde A matéria de fundo se relaciona à presunção relativa dos recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde para legitimar a dedução levada a cabo pelo sujeito passivo. A controvérsia reside no fato de que para o Fisco, não basta o mero recibo assinado pelo profissional competente, ainda que esse preencha os requisitos da legislação. A seu juízo, poderá exigir a comprovação do efetivo dispêndio, que poderá consistir em uma cópia de cheque emitido, comprovante de transferência bancária, dentre outros meios de prova legalmente admitidos. Por seu turno, o sujeito passivo alega que efetuava os pagamentos à psicóloga mensalmente em espécie, não tendo optado por cartão de crédito ou cheque, meio de pagamento, segundo ele, quase em desuso. A fundamentação legal para a exigência da autoridade lançadora é o artigo 73 e § 1º do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, que estabelece: Fl. 167DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 168 4 “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º).” Por sua vez, o art. 8.º, II, “a”, da Lei n.º 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabelece que: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais,bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (Grifouse). (...).” Assim, é cediço que todos os pagamentos objeto de dedução devem ser justificados e comprovados a juízo da autoridade lançadora e, na falta de documentação poderá ser aceito com meio de prova a indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. No caso em concreto sob análise, temse que nem a autoridade lançadora nem o colegiado a quo negaram validade aos recibos apresentados pelo sujeito passivo, eis que os mesmos preenchem os requisitos do art. 8º, § 2º, III, da Lei nº 9.250/1995. O que houve foi a exigência de uma prova adicional, eis que foi relativizada a força probatória consistente apenas na apresentação dos recibos. É certo que o mero recibo de pagamento tem presunção relativa, ainda que firmado pelo profissional de saúde e preenchendo todos os requisitos legais para sua validade. Todavia, a autoridade lançadora, a meu ver, deverá apontar os motivos que a levaram a não dar valor probatório aos documentos apresentados. Exemplifico. Valores vultosos, incompatíveis com o cobrado pelo mercado, recibos firmados por profissionais reconhecidamente inidôneos, Fl. 168DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 169 5 dedução de valores exagerados, que representem significativo percentual em relação aos rendimentos declarados, tratamentos de saúde incompatíveis com a pessoa do contribuinte e seus dependentes, dentre outras inúmeras situações. No caso concreto, contudo, o valor deduzido para o custeio de tratamento psicológico da dependente do sujeito passivo era de pouco mais de um salário mínimo à época e representou pouco mais de 6% (seis por cento) dos rendimentos declarados do contribuinte para o anocalendário. De outro lado, restou comprovado nos autos que a dependente do contribuinte esteve acometida de câncer de mama, sendo certo que o tratamento psicológico é de fundamental importância para o êxito do tratamento da doença. O Fisco deve exigir a justificação e comprovação do pagamento a seu juízo. Entretanto, a liberdade que a autoridade fiscal detém de exigir provar deve possuir contornos e ser fundamentada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. O sujeito passivo apresentou recibos de pagamentos efetuados em espécie, firmado por profissional em que foi possível identificar nome completo, endereço, CPF, número de inscrição no CRP Conselho Regional de Psicologia, em valor compatível com o tratamento de uma pessoa que foi acometida por uma enfermidade grave. De outra sorte, a autoridade lançadora exigiu, mesmo com a apresentação dos recibos e sem apresentar nenhuma justificativa para tanto, que o sujeito passivo colacionasse prova excessivamente difícil de ser produzida. Assim, entendo que os recibos de pagamentos apresentados pelo contribuinte comprova a regularidade da dedução do valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 169DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA
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Numero do processo: 11050.001549/2005-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Direitos Antidumping, Compensatórios ou de Salvaguardas Comerciais
Período de apuração: 04/01/2002 a 14/04/2004
AUTO DE INFRAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE DE LAVRATURA. AFASTAMENTO DA MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. SÚMULAS CARF Nº 48, 1, 5 E 17.
Nos termos das Súmulas CARF nº 48 e 1, é legítimo o lançamento para fins de prevenção de decadência quando há discussão judicial do débito, o que, por sua vez, impede a apreciação da matéria discutida em juízo em sede de contencioso administrativo.
Conforme Súmulas CARF nº 5 e 17, nas hipótese de lançamento para prevenção de decadência, quando não há depósito judicial do crédito tributário discutido, é válida a cobrança de juros de mora. A multa de mora não será cabível quando houver suspensão judicial do crédito tributário.
Numero da decisão: 3201-002.250
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a cobrança dos juros de mora.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Tatiana Josefovicz Belisario e Jorge Rubem Folena De Oliveira
Ausente, justificadamente, os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Charles Mayer de Castro Souza.
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ASSUNTO: DIREITOS ANTIDUMPING, COMPENSATÓRIOS OU DE SALVAGUARDAS COMERCIAIS Período de apuração: 04/01/2002 a 14/04/2004 AUTO DE INFRAÇÃO PARA PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE DE LAVRATURA. AFASTAMENTO DA MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. SÚMULAS CARF Nº 48, 1, 5 E 17. Nos termos das Súmulas CARF nº 48 e 1, é legítimo o lançamento para fins de prevenção de decadência quando há discussão judicial do débito, o que, por sua vez, impede a apreciação da matéria discutida em juízo em sede de contencioso administrativo. Conforme Súmulas CARF nº 5 e 17, nas hipótese de lançamento para prevenção de decadência, quando não há depósito judicial do crédito tributário discutido, é válida a cobrança de juros de mora. A multa de mora não será cabível quando houver suspensão judicial do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em provimento parcial ao recurso de ofício para restabelecer a cobrança dos juros de mora. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 15 49 /2 00 5- 65 Fl. 447DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 2 Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Tatiana Josefovicz Belisario e Jorge Rubem Folena De Oliveira Ausente, justificadamente, os Conselheiros Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Charles Mayer de Castro Souza. Relatório O feito foi assim relatado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (SC), conforme acórdão de fls. 394 e seguintes (eprocesso): O Auto de Infração de fls. 01 a 38 exige a importância de R$1.972.910,09, a titulo de direito antidumping, de R$733.996,81, a titulo de juros de mora (calculados até 31/05/2005) e de R$ 394.582,02, a titulo de multa de mora de 20%, conforme o dispõem os §§ 22 e 32 do artigo 61 da Lei n2 9.430, de 1996, pelo fato de a empresa ter submetido a despacho aduaneiro, por meio das Declarações de Importação registradas entre 04/01/2002 a 14/04/2004 (fls. 39 a 304), 2.345.997 unidades de ampolas de vidro para garrafas térmicas, classificável no código NCM 7012.00.00 da TEC, sem o recolhimento do direito antidumping de que tratava a Portaria Interministerial MICT/MF n 0 7/99, que vigorou de 21/07/1999 a 21/07/2004. As importações em tela foram processadas sem o devido recolhimento do direito antidumping acima mencionado por conta de que a contribuinte se encontrava amparada por medida judicial concedida na Ação Ordinária n2 1999.00.0330036, em tramitação na 95 Vara Federal Cível da Justiça Federal em Porto Alegre (fls. 318 a 337). Tempestivamente, às fls. 308 a 316, a interessada apresenta impugnação ao feito para sustentar o impedimento da Administração Tributária relativamente A. exigência do direito antidumping, aplicado em decorrência das importações de ampolas de vidro ou de garrafas térmica produzidas pela República Popular da China, efetuadas a partir de 17 de dezembro de 1999, por expressa determinação judicial, sob pena de a autoridade administrativa cometer crime de desobediência. Sustenta a alegação no entendimento de que enquanto viger a tutela antecipada a si concedida o fisco deve aguardar a sentença a ser prolatada na ação judicial impetrada ou ate que a mesma seja revogada. Adverte que a tutela foi concedida antes do lançamento e da suposta ocorrência da hipótese de incidência da exação lançada, sendo, por conseguinte, nulo o crédito tributário constituído, quer em relação h. obrigação principal quer em relação aos juros moratórios e a multa lançada; Salienta que o disposto no inciso V, do art. 151, do Código Tributário Nacional não deixa dúvida acerca da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, tendo em vista a concessão da tutela antecipada, impossibilitando o fisco de exigir o crédito Fl. 448DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11050.001549/200565 Acórdão n.º 3201002.250 S3C2T1 Fl. 448 3 tributário abrangido por medida judicial, mormente quanto A. exigência de juros e multa de mora, uma vez que somente são devidos quando constatada a mora no pagamento de tributo, o que não é caso dos autos. Esclarece que os encargos da mora têm como fundamento o art. 61 da Lei IV 9.430/96, que só admite a sua cobrança após o vencimento da obrigação tributária, conforme o disposto no art. 161 do CTN. Ademais, o art. 63 da Lei n° 9.430/96, com redação do art. 70 da MP n° 2.158 34, considera indevido os encargos da mora, desde a concessão da medida judicial até 30 dias da data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição; Prossegue contestando o cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC por ferir diversos princípios expressos na Constituição Federal, quando confere ao CUPOM e subsidiariamente ao BACEN sua fixação mensal, dado que se trata de competência exclusiva do Poder Legislativo, conforme expressa o § 1 0 do art. 161 do CTN. Ainda, que a cobrança dos juros de mora seriam inaplicáveis por conta, também, de sua derrogação pela lei que instituiu o Refis (inciso I do § 4° da Lei n° 9.964, de 2000), que determina que o juros de mora deve ser calculado pela variação da TJLP, devendo ser esta a legislação aplicável ao caso, por conta dos princípios constitucionais da igualdade e da isonomia. Ante o exposto, pede que seja declarado insubsistente o crédito tributário lançado no auto de infração. Este é o Relatório. O acórdão proferido deixou de conhecer a impugnação apresentada relativamente à matéria de mérito, posto que havia concomitância com ação judicial, e, quanto às penalidades decorrentes da mora (multa e juros), decidiu pela sua exclusão, conforme ementado: Assunto: Direito Antidumping Período de apuração: 04/01/2002 a 14/04/2004 Ementa: TRAMITAÇÃO SIMULTÂNEA DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. Não existe vedação legal que impeça a tramitação simultânea dos processos administrativo e judicial, uma vez que a norma legal determina que o fisco proceda à autuação dos valores que estiverem em discussão no judiciário, para preservar os créditos tributários dos efeitos da decadência. LEGITIMIDADE DOS ATOS LEGAIS. Descabe ao aplicador da norma legal cogente, de natureza tributária, discutir seu mérito ou legitimidade, cumprindolhe Fl. 449DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 4 apenas zelar por sua correta aplicação, por transcender aos limites de sua competência. DIREITO ANTIDUMPING. MULTA E JUROS DE MORA. INCABÍVEL. Indevida a cobrança da multa e dos juros de mora, em face da suspensão da exigibilidade do débito, ocorrida antes do inicio de qualquer procedimento de oficio a ele relativo. Lançamento Procedente em Parte Em virtude do valor exonerado, os autos foram remetidos a este CARF por meio de Recurso de Ofício. A então Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, em julgamento realizado em 11 de novembro de 2008, houve por bem declarar a nulidade do processo a partir da intimação do contribuinte acerca do acórdão da DRJ, uma vez que esta deixou de intimar o contribuinte acerca da possibilidade de interposição de Recurso Voluntário. O Acórdão nº 30335.746 (fls. 405 e seguintes do eprocesso) foi assim ementado: ASSUNTO: DIREITOS ANTIDUMPING, COMPENSATÓRIOS OU DE SALVAGUARDAS COMERCIAIS Período de apuração: 04/01/2002 a 14/04/2002 Processo administrativo fiscal. Nulidade. Supressão de instância. Cerceamento do direito de defesa. As normas que regem o Processo administrativo fiscal concedem ao contribuinte o direito de ver apreciada toda a matéria litigiosa em duas instâncias. Supressão de instância é fato caracterizador do cerceamento do direito de defesa. Nulo é o ato administrativo maculado com vicio dessa natureza. Processo que se declara nulo a partir do documento de folha 393, inclusive. Por conseguinte, os autos retornaram à DRF de Rio Grande (RS), que procedeu nova intimação do contribuinte, desta feita outorgando ao contribuinte o prazo de 30 (trinta) dias para interposição de Recurso Voluntário (fl. 420 eprocesso). Devidamente intimado, o contribuinte não apresentou Recurso Voluntário. Assim, os autos retornaram a este CARF para julgamento do Recurso de Ofício, sendo a mim redistribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Fl. 450DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11050.001549/200565 Acórdão n.º 3201002.250 S3C2T1 Fl. 449 5 Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário O Recurso de Ofício interposto em razão do valor do débito exonerado é próprio e dele conheço. Conforme se verifica pelo relato dos fatos, tratase de Auto de Infração lavrado apenas para prevenção de decadência, uma vez que a matéria de direito encontravase sob discussão judicial, com decisão que garantia a suspensão da exigibilidade do tributo lançado. O lançamento compreendeu a cobrança de valores supostamente devidos a título de "direito antidumping" de que tratava a Portaria Interministerial MICT/MF n 07/99, que vigorou de 21/07/1999 a 21/07/2004. Esta cobrança foi objeto de discussão judicial por meio da Ação Ordinária nº 1999.71.00.0330036, proposta pelo contribuinte, em sede da qual houve a concessão de tutela antecipada que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário nos termos do art. 151, V do Código Tributário Nacional. Inicialmente, arguiu o contribuinte a improcedência da autuação fiscal pelo fato de a matéria ser objeto de discussão judicial. Contudo, conforme corretamente afirmou a DRJ, "não existe no ordenamento jurídico pátrio norma legal que estabeleça qualquer vedação a que o processo administrativo tramite simultaneamente ao processo judicial, pelo contrário, o art. 63 da Lei nº 9.430/96 expressamente se reporta ao lançamento da exigência que estiver sendo contestada na Justiça, justamente para prevenir contra os efeitos da decadência". Referido entendimento resta acolhido pela Súmula CARF nº 48: Súmula CARF nº 48: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial não impede a lavratura de auto de infração. Assim, a DRJ, acertadamente, deixou de conhecer a Impugnação apresentada no que diz respeito à legitimidade da cobrança do referido "direito antidumping", em consonância com o disposto na Súmula CARF nº 1: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Não obstante, o Auto de Infração lavrado contemplou, além do principal, valores lançados a título de multa e juros de mora. Tais acréscimos moratórios foram excluídos do lançamento pela DRJ: Fl. 451DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 6 Pelas razões expostas, voto por rejeitar a preliminar de nulidade argüida, para julgar procedente em parte o lançamento de que trata o presente processo em conseqüência da improcedência da exigência da multa de 20% e dos juros de mora, o valor a ser exonerado do montante inscrito no Auto de Infração ora examinado é de R$ 1.128.578,83. Em sua fundamentação, a DRJ defendeu que o contribuinte, ao deixar de recolher o direito antidumping, informando estar tal cobrança suspensa por decisão judicial, efetuou verdadeira denúncia espontânea do débito, o que afastaria a cobrança dos acréscimos moratórios: Assim, sobretudo por não ser essa a hipótese dos autos, em que o contribuinte ao declararse protegido por tutela antecipada concedida em sede de ação judicial de sua autoria praticou, efetivamente, uma denúncia espontânea da existência do débito em questão cuja exigibilidade encontravase suspensa, considero indevida a cominação de que se trata, depois de subsidiariamente consideradas as determinações constantes do art. 3°, §1º, da Lei nº 9.010, de 1995 Não obstante e com a ressalva do entendimento pessoal dessa Relatora quanto à natureza da Taxa SELIC, que abrange não apenas a correção monetária, mas também juros moratórios o entendimento manifestado pela DRJ está em confronto com as Súmulas CARF nº 5 e 17, razão pela qual deve ser parcialmente reformada. As referidas Súmulas CARF nº 5 e 10 dispõem, respectivamente, acerca da cobrança dos juros de mora e multa de ofício nos lançamentos efetuados para prevenção da decadência, como na hipótese dos autos: Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. Súmula CARF n° 17: Não cabe a exigência de multa de ofício nos lançamentos efetuados para prevenir a decadência, quando a exigibilidade estiver suspensa na forma dos incisos IV ou V do art. 151 do CTN e a suspensão do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. Assim, o Recurso de Ofício deve ser parcialmente provido apenas para o restabelecimento da parcela relativa aos juros de mora, que são devidos ainda que suspensa a exigibilidade do crédito tributário. Por oportuno, cabe consignar que, às fls. 423 e seguintes (eprocesso), o contribuinte informa que, em sede da referida Ação Ordinária nº 1999.71.00.0330036, houve trânsito em julgado de decisão favorável ao contribuinte quanto à impossibilidade de cobrança do direito antidumping. Assim, uma vez confirmada a informação trazida pelo contribuinte, será certo que não remanescerá qualquer valor a ser cobrado do contribuinte, inclusive quanto aos juros de mora ora restabelecidos. É de competência da Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte aplicar integralmente a decisão judicial noticiada no momento de aplicação / liquidação do presente acórdão. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 11050.001549/200565 Acórdão n.º 3201002.250 S3C2T1 Fl. 450 7 Pelo exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso de Ofício apenas para restabelecer a legitimidade da cobrança dos juros de mora sobre os valores lançados a título de direito antidumping para fins de prevenção da decadência, nos termos da Súmula CARF nº 5. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 453DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 19 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13706.004654/2008-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DESPESAS EXCLUÍDAS.
Somente são excluídas das receitas de aluguéis as despesas previstas no art. 14 da Lei nº 7.739/1989 quando referentes ao período correspondente ao recebimento dos rendimentos.
COMPENSAÇÃO DE IRRF. RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO.
Quando comprovada a retenção, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora.
Numero da decisão: 2202-003.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir o valor de R$ 775,29 da base de cálculo da infração de omissão de rendimentos e o valor de R$ 170,97 do IRRF sobre essa omissão; b) excluir o valor de R$ 5.297,57 da infração de compensação indevida de IRRF.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DESPESAS EXCLUÍDAS. Somente são excluídas das receitas de aluguéis as despesas previstas no art. 14 da Lei nº 7.739/1989 quando referentes ao período correspondente ao recebimento dos rendimentos. COMPENSAÇÃO DE IRRF. RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. Quando comprovada a retenção, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir o valor de R$ 775,29 da base de cálculo da infração de omissão de rendimentos e o valor de R$ 170,97 do IRRF sobre essa omissão; b) excluir o valor de R$ 5.297,57 da infração de compensação indevida de IRRF. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 6. 00 46 54 /2 00 8- 72 Fl. 254DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 255 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório Reproduzo o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), que descreve os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Versa este processo sobre a NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO nº 2006/607450177414027 (fls. 19/23), lavrada pela DEFISRJ, para exigência do imposto de renda pessoa física – suplementar no valor de R$ 1.821,00 com multa de ofício de 75% e imposto de renda pessoa física no valor de R$ 7.228,01 com multa de mora de 20%, ambos acrescidos de juros de mora. A exigência decorreu pelas seguintes infrações: 1. Omissão de rendimentos de aluguéis ou royalties recebidos de pessoas jurídicas, no valor total de R$ 6.621,82 recebidos da Hotelaria Accor Brasil S.A (CNPJ 09.967.852/000127) no valor de R$ 5.846,53; e da Panificação Alves Ltda (CNPJ 33.465.063/000172) no valor de R$ 775,29, com compensação do IRRF sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 170,97; 2. Compensação Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 7.398,98 referentes às fontes pagadoras: Iron Muscle Academia Ltda (CNPJ 03.882.954/000163), Golden Gool Locação Esportiva Ltda (CNPJ 04.556.772/000188), Drogaria Promoção de Copacabana Ltda (CNPJ 05.556.163/000133), Inews Comércio de Jornais, Revistas e Periódicos Ltda (CNPJ 07.055.199/000102) e Patridany Calçados e Bolsas Ltda ME (CNPJ 31.638.372/000171). Os Demonstrativos de Apuração do Imposto Devido, de Apuração da Multa de Ofício e dos Juros de Mora e de Apuração da Multa de Mora e dos Juros de Mora encontramse em fls. 22 e 23. A descrição dos fatos e o enquadramento legal constam da referida Notificação. O interessado, cientificado em 17.06.2008 (fl. 175), apresentou impugnação em 09.07.2008 (fl. 02/07), alegando, em síntese, que: • Cumpriu rigorosamente a legislação em vigor, conforme documentos acostados em 24.04.2008, em resposta à Intimação Fiscal nº 2006/607137942421018, que não foram levados em conta pela fiscalização e que foram juntados na impugnação. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 256 3 • As cópias dos recibos de aluguéis e encargos de locação dos imóveis, de propriedade ou em usufruto do interessado, comprovam todos os rendimentos brutos, a retenção na fonte por ocasião de cada recebimento e o rendimento líquido efetivamente recebido das fontes pagadoras (pessoas jurídicas locatárias), que por lei, tem a obrigação de recolher o imposto de renda devido e que foi retido no ato do pagamento. • Por ocasião da Declaração de Ajuste Anual, o interessado solicita às fontes pagadoras comprovantes de rendimentos pagos e de recolhimento na fonte do IRRF. Algumas fontes fornecem, outras não. A maioria, porém, fornecem os comprovantes com discrepância e por este motivo prefere tomar por base, para a sua Declaração de Ajuste Anual, os recibos emitidos que demonstram os rendimentos efetivamente recebidos com a devida retenção na fonte. • Muitas vezes, a discrepância se explica pela diferença que existe entre o regime de apuração da pessoa física e o da pessoa jurídica. O regime de apuração da pessoa física é o de Caixa e o da pessoa jurídica é o de competência. Como exemplo cita a Drogaria Promoção de Copacabana Ltda que não declarou o valor do aluguel de dezembro/2004, pago em 05.01.2005. • A obrigação da locadora pessoa física é deduzir o IRRF devido no ato do recebimento do seu aluguel, conforme previsto desde o Decretolei 1642/1978. • Recebe o valor líquido e se houver glosa haverá locupletamento ilícito do locatário pessoa jurídica que é a fonte pagadora e tem a obrigação legal de recolher tal tributo já deduzido do aluguel bruto, que deveria ter sido pago ao locador, e não foi. • A Receita Federal deve notificar à pessoa jurídica locatária que, se não recolheu o tributo que foi deduzido, através da retenção no ato do pagamento do rendimento, cometeu, inclusive, o crime de apropriação indébita, além de crime contra a ordem tributária. • Que atendeu a Intimação Fiscal nº 2006/607137942421018 mas nada foi considerado. • É proprietária de 50% dos imóveis locados na Av. Paulo de Frontin, 651, Rio Comprido e Av. N.Sra. de Copacabana, 588, Copacabana e que os imóveis de sua propriedade são administrados direta e exclusivamente pelo próprio interessado, não havendo qualquer contrato de administração ou pagamento de taxa de administração, com exceção do “pool” Hotelaria AccorSCP Premium Suítes (fl. 27). • Foram utilizadas algumas exclusões permitidas dos rendimentos de tais aluguéis. Em sua impugnação o interessado anexou: Fl. 256DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 257 4 A) Termo da Intimação Fiscal nº 2006/607137942421018 e resposta à Intimação (fls. 24/27) B) Comprovantes de aluguéis, de rendimentos pagos e retenção de IRRF, certidões de propriedade de imóveis e contratos de locação (fls. 28/167). Requereu a suspensão da cobrança do crédito tributário (fl.168). À fl. 179, foi juntada consulta Sief com a suspensão requerida. É o relatório. A DRJ/RJ1 julgou procedente em parte a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Mantémse a omissão apurada, se o interessado não logra demonstrar, mediante a apresentação de documentos hábeis e idôneos, a inexistência da infração. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – GLOSA. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação. A parcela comprovada deve ser excluída do lançamento. A decisão da DRJ manteve o lançamento de omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas jurídicas no valor de R$ 6.621,82 (fontes pagadoras Hotelaria Accor Brasil S.A e Panificação Alves Ltda.), conforme abaixo: Fonte Pagadora Valor (R$) Hotelaria Accor Brasil S/A 5.846,53 Panificação Alves Ltda. 775,29 Total 6.621,82 Também manteve parcialmente o lançamento referente à compensação indevida, tendo acatado os valores retidos de IRRF relativos às empresas Drogaria Promoção de Copacabana Ltda. e Inews Comércio de Jornais, Revistas e Periódicos Ltda. e mantido as glosas a seguir: Fonte Pagadora Valor (R$) Iron Muscle Academia Ltda. 2,25 Fl. 257DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 258 5 Golden Gol Locação Esportiva Ltda. 5.235,92 Patridany Calçados e Bolsas Ltda. ME 59,40 Total 5.297,57 Cientificado dessa decisão em 15/09/2014, por via postal (A.R. de fl. 201), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 10/10/2014 (fls. 208 a 246), no qual repisa os argumentos da impugnação, acrescentando o seguinte: ocorreu violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa; o pool hoteleiro exigiu a adequação do imóvel para que pudesse participar da receita de locação no ano de 2005, razão pela qual devem ser acatadas as deduções das despesas realizadas nos meses de janeiro a março de 2005, no valor de R$ 5.846,53; a empresa Golden Gol, além de ser omissa em sua obrigação tributária principal e acessória, também não adimpliu o seu dever básico de paga os aluguéis e encargos, tendo sido despejada do imóvel. O mesmo ocorreu com a Patridany Calçados. Ao final, alega, preliminarmente, violação às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa e, sucessivamente, pugna pela improcedência do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. PRELIMINARES A Recorrente alega violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem especificar quais foram os vícios cometidos pelas autoridades fiscal e julgadora. Não há que se falar em cerceamento de defesa, ofensa ao princípio do contraditório ou qualquer outra nulidade, uma vez que se encontram preenchidos os preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, assim como não se identificou violação das disposições contidas nos artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal (PAF). CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 259 6 Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. [...] Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Também não ocorreu cerceamento de defesa, pois foram dadas à Contribuinte todas as oportunidades para sua manifestação, seja durante a ação fiscal, seja nas fases de impugnação e de recurso voluntário. Observase que lhe foi concedido o mais amplo direito de defesa. Ela apresentou impugnação e recurso voluntário ao Auto de Infração, exercendo o seu direito ao contraditório, perfeitamente amparado pelo Decreto n.º 70.235/72, tendo revelado conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, as quais rebateu mediante extensa e substanciosa impugnação, abrangendo não só questão preliminar como também razões de mérito. Portanto, rejeitamse as preliminares suscitadas. MÉRITO INFRAÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS Fl. 259DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 260 7 A decisão de primeira instância manteve o lançamento de omissão de rendimentos de aluguéis recebidos das pessoas jurídicas Hotelaria Accor Brasil S.A e Panificação Alves Ltda. no valor de R$ 6.621,82, conforme abaixo: Fonte Pagadora Valor declarado (R$) Valor recebido (R$) Valor omitido (R$) Hotelaria Accor Brasil S/A 5.846,53 Panificação Alves Ltda. 775,29 Total 6.621,82 Quanto aos pagamentos recebidos da Hotelaria Accor Brasil S.A, a Contribuinte alega que o valor omitido de R$ 5.846,53 referese a “despesas de condomínio, tarifas de luz e gás, além de encargos exigidos dela e arcados tão somente por ela”, as quais foram exigidas pelo pool hoteleiro para adequação do imóvel para que pudesse participar da receita de locação no ano de 2005, razão pela qual devem ser acatadas. Os artigos 49 e 50 do Decreto nº 70.235/99 (Regulamento do Imposto de Renda) dispõem: Art. 49. São tributáveis os rendimentos decorrentes da ocupação, uso ou exploração de bens corpóreos, tais como (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 3º, Lei nº 4.506, de 1964, art. 21, e Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º): I aforamento, locação ou sublocação, arrendamento ou subarrendamento, direito de uso ou passagem de terrenos, seus acrescidos e benfeitorias, inclusive construções de qualquer natureza; [...] § 2º Serão incluídos no valor recebido a título de aluguel os juros de mora, multas por rescisão de contrato de locação, e quaisquer outras compensações pelo atraso no pagamento, inclusive atualização monetária. Exclusões no Caso de Aluguel de Imóveis Art. 50. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto, no caso de aluguéis de imóveis (Lei nº 7.739, de 16 de março de 1989, art. 14): I o valor dos impostos, taxas e emolumentos incidentes sobre o bem que produzir o rendimento; II o aluguel pago pela locação de imóvel sublocado; III as despesas pagas para cobrança ou recebimento do rendimento; IV as despesas de condomínio Fl. 260DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 261 8 Entendo que não merece reparo a decisão da DRJ nesse ponto, uma vez que despesas foram efetuadas nos meses de janeiro a março de 2005, anteriores ao recebimento das receitas de locação, que foram auferidas de abril a dezembro de 2005. Portanto, tais despesas, que somam R$ 5.846,53 não podem ser deduzidas dos rendimentos recebidos, devendo ser mantida a exigência do lançamento. Sobre os pagamentos efetuados pela Panificação Alves Ltda., observase pelos documentos acostados aos autos às fls. 55/60, que, de fato, a Contribuinte tem razão em suas alegações, uma vez que a soma dos valores que constam dos recibos emitidos coincide com o valor por ela declarado (R$ 91.378,56). Não desprezo o conteúdo do "Comprovante de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda", anexado à fl. 92, porém penso que ele não tem valor probatório absoluto, podendo ser contraditado mediante outras provas apresentadas pelo contribuinte. E, nesse caso, entendo que os recibos acostados aos autos são suficientes para contrapor aquele comprovante. Verificase que o valor lançado de ofício como omissão (R$ 775,29) corresponde à diferença entre o valor informado pela fonte pagadora (R$ 92.153,85) e o valor declarado pela Contribuinte (R$ 91.378,56). Entretanto, pelo cotejo entre os valores informados pela fonte pagadora e os recibos apresentados pela Contribuinte, percebese, que, conforme exposto pela Fiscalizada, a pessoa jurídica locatária do imóvel informou os valores pelo regime de competência, quando deveria têlo feito pelo regime de caixa. A diferença encontrada, no valor de R$ 775,29, é justamente o valor do reajuste do aluguel ocorrido durante o ano. Assim, não deve prosperar o lançamento de omissão de rendimentos no valor de R$ 775,29. Ressaltese que foi considerado no lançamento o IRRF sobre a omissão no valor de R$ 170,97, o qual também deve ser excluído, por consequência. Dessa forma, somente deve ser mantida a omissão de R$ 5.846,53, referente à fonte pagadora Hotelaria Accor Brasil S.A. INFRAÇÃO DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF É de se ressaltar que o requisito necessário para que o contribuinte compense em sua declaração de ajuste anual o imposto retido na fonte é a sua efetiva retenção por parte da fonte pagadora, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, assim dispõe: Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12): [...] IV o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; [...] Fl. 261DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 262 9 O Parecer Normativo nº 01, de 24/09/2002, da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB dispõe sobre a responsabilidade pelo recolhimento do imposto. IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido. Foram mantidos pela decisão a quo as seguintes glosas de IRRF: Fonte Pagadora Valor (R$) Iron Muscle Academia Ltda. 2,25 Golden Gol Locação Esportiva Ltda. 5.235,92 Patridany Calçados e Bolsas Ltda. ME 59,40 Total 5.297,57 O argumento utilizado pela DRJ para não acatar as deduções dos valores de IRRF acima foi de que os documentos emitidos pela fonte pagadora divergem do valor do imposto informado pela contribuinte como retido pelas fontes pagadoras, e não foram anexados documentos que comprovassem o efetivo recebimento pela contribuinte dos valores de aluguéis constantes nos recibos acostados já com o desconto do imposto retido na fonte. A Contribuinte não pode ser penalizada pelo fato de as empresas locatárias não terem cumprido corretamente com as suas obrigações tributárias, seja principais ou acessórias. Entendo que a decisão da DRJ não está correta, pois se observa que a Contribuinte trouxe documentos que comprovam as suas alegações, relativas às locações de sua propriedade, tendo apresentado contrato de locação com as fontes pagadoras, além de ter declarado em sua Declaração de Ajuste Anual as correspondentes receitas de aluguéis. A Contribuinte também apresentou os recibos dos recebimentos dos aluguéis das empresas locatárias, referentes ao anocalendário de 2005. Às fls. 28/33 encontramse os recibos relativos aos recebimentos da empresa Iron Muscle Academia Ltda., onde se pode constatar a retenção na fonte do IRRF. Os recibos referentes aos recebimentos da empresa Golden Gol encontramse às fls. 35/40 e os da empresa Patridany estão às fls. 62/67, os quais demonstram os valores retidos de imposto de renda. Dessa forma, entendo como devidamente comprovados os valores de IRRF acima especificados e tidos como indevidamente compensados no lançamento de ofício, devendo, portanto, serem restabelecidos. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para: Fl. 262DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 263 10 a) excluir o valor de R$ 775,29 da base de cálculo da infração de omissão de rendimentos e o valor de R$ 170,97 do IRRF sobre a omissão; b) excluir o valor de R$ 5.297,57 da infração de compensação indevida de IRRF. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 263DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10850.001408/2003-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
DOCUMENTAÇÃO JUNTADA APÓS DILIGÊNCIA. ADMISSIBILIDADE. POSSIBILIDADE.
Via de regra, a prova documental deve ser apresentada em sede de impugnação, sob pena de preclusão. No entanto, em razão do Princípio da Verdade Material, deve-se analisar os documentos apresentados pelo Contribuinte após a impugnação, uma vez que tal documentação visa reforçar seu direito em face da argumentação apresentada pelo julgador a quo.
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. IRRF. APLICAÇÃO RENDA FIXA. Ao pleitear compensação, a Contribuinte deve comprovar a existência de seu crédito frente ao Fisco. Tratando-se de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), a Súmula CARF nº 80 exige a comprovação, cumulativa, da retenção e da inclusão da respectiva receita na apuração do lucro tributável.
MULTA. APLICAÇÃO ALÍQUOTA INFERIOR À LEI. IMPOSSIBILIDADE. O CARF, conforme estabelece a Súmula CARF nº 2, não tem competência para analisar inconstitucionalidade da lei tributária. Da mesma forma, este tribunal administrativo só está adstrito à jurisprudência do poder judiciário quando houver decisão definitiva, proferida nos termos dos arts. 543-B e 543-C do Código de Processo Civil.
JUROS. APLICAÇÃO DE TAXA DIVERSA DA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. O CARF já tem posição consolidada no sentido de ser observada a taxa Selic como índice de juros, conforme estabelece a Súmula CARF nº 4.
Numero da decisão: 1201-001.447
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, por falta de provas da existência do crédito pleiteado, mantendo integralmente a decisão recorrida, que homologou parcialmente a declaração de compensação.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
RONALDO APELBAUM Redator Designado ad hoc.
EDITADO EM: 05/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luiz Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Ronaldo Apelbaum e Lizandro Rodrigues de Sousa.
Nome do relator: JOAO CARLOS DE FIGUEIREDO NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 DOCUMENTAÇÃO JUNTADA APÓS DILIGÊNCIA. ADMISSIBILIDADE. POSSIBILIDADE. Via de regra, a prova documental deve ser apresentada em sede de impugnação, sob pena de preclusão. No entanto, em razão do Princípio da Verdade Material, deve-se analisar os documentos apresentados pelo Contribuinte após a impugnação, uma vez que tal documentação visa reforçar seu direito em face da argumentação apresentada pelo julgador a quo. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. IRRF. APLICAÇÃO RENDA FIXA. Ao pleitear compensação, a Contribuinte deve comprovar a existência de seu crédito frente ao Fisco. Tratando-se de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), a Súmula CARF nº 80 exige a comprovação, cumulativa, da retenção e da inclusão da respectiva receita na apuração do lucro tributável. MULTA. APLICAÇÃO ALÍQUOTA INFERIOR À LEI. IMPOSSIBILIDADE. O CARF, conforme estabelece a Súmula CARF nº 2, não tem competência para analisar inconstitucionalidade da lei tributária. Da mesma forma, este tribunal administrativo só está adstrito à jurisprudência do poder judiciário quando houver decisão definitiva, proferida nos termos dos arts. 543-B e 543-C do Código de Processo Civil. JUROS. APLICAÇÃO DE TAXA DIVERSA DA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. O CARF já tem posição consolidada no sentido de ser observada a taxa Selic como índice de juros, conforme estabelece a Súmula CARF nº 4.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ ANOCALENDÁRIO: 2002 DOCUMENTAÇÃO JUNTADA APÓS DILIGÊNCIA. ADMISSIBILIDADE. POSSIBILIDADE. Via de regra, a prova documental deve ser apresentada em sede de impugnação, sob pena de preclusão. No entanto, em razão do Princípio da Verdade Material, devese analisar os documentos apresentados pelo Contribuinte após a impugnação, uma vez que tal documentação visa reforçar seu direito em face da argumentação apresentada pelo julgador a quo. COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE IRPJ. IRRF. APLICAÇÃO RENDA FIXA. Ao pleitear compensação, a Contribuinte deve comprovar a existência de seu crédito frente ao Fisco. Tratandose de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), a Súmula CARF nº 80 exige a comprovação, cumulativa, da retenção e da inclusão da respectiva receita na apuração do lucro tributável. MULTA. APLICAÇÃO ALÍQUOTA INFERIOR À LEI. IMPOSSIBILIDADE. O CARF, conforme estabelece a Súmula CARF nº 2, não tem competência para analisar inconstitucionalidade da lei tributária. Da mesma forma, este tribunal administrativo só está adstrito à jurisprudência do poder judiciário quando houver decisão definitiva, proferida nos termos dos arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 00 14 08 /2 00 3- 01 Fl. 667DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 2 JUROS. APLICAÇÃO DE TAXA DIVERSA DA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. O CARF já tem posição consolidada no sentido de ser observada a taxa Selic como índice de juros, conforme estabelece a Súmula CARF nº 4. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, por falta de provas da existência do crédito pleiteado, mantendo integralmente a decisão recorrida, que homologou parcialmente a declaração de compensação. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) RONALDO APELBAUM – Redator Designado “ad hoc”. EDITADO EM: 05/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luiz Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los, Ronaldo Apelbaum e Lizandro Rodrigues de Sousa. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 336/340 e docs. anexos fls. 341/541) interposto contra Acórdão nº 1233.464 (fls. 309 a 315) proferido em 29/09/2010, pela 5ª Turma da DRJ/RJ1. Em apertada síntese, a Contribuinte apresentou Declarações de Compensação, na qual registrava a existência de um Imposto a Recuperar no total de R$ 208.551,39. Apenas parte do crédito foi aceito, negandose o restante por falta de provas. A Contribuinte insurgese, apresentando Manifestação de Inconformidade e, posteriormente, Recurso Voluntário, sempre juntando mais provas. Também, este e. CARF já determinou a realização de diligência para levantar as provas necessárias. Tendo contextualizado a lide, passamos ao relatório pormenorizado. Fl. 668DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 668 3 A Contribuinte apresentou a primeira Declaração de Compensação em 15/05/2003 (fl. 2), alegando ter crédito contra a fazenda pública, de imposto de renda a recuperar no montante de R$ 208.551,39 (fl. 4), em decorrência de retenção na fonte sobre aplicações financeiras. Em 12/04/2007 a Contribuinte foi intimada (fl. 33) de despacho pelo qual a DRF de origem não conhecia da DCOMP por não ter a contribuinte discriminado qual débito desejava compensar (fl. 32). Em seguida, foram anexados aos autos os seguintes PER/DCOMPs: Número Data de Transmissão Valor do débito Folha Observação 01015.00144.130204.1.3.021452 13/02/2004 R$ 84.815,69 34/49 Original 16580.40787.171204.1.3.020316 17/12/2004 R$ 25.976,28 50/53 Sequencial 001 31305.00522.161006.1.7.020208 16/10/2006 R$ 535,24 54/57 Sequencial 002 36179.09180.161006.1.7.022535 16/10/2006 R$ 50.870,53 58/64 Retificadora 30052.13783,131107.1.7.025667 13/11/2007 R$ 50.870,53 65/71 Retificadora Frente a essas DCOMPs, o AFRFB propôs a juntadas e tratamento manual no mesmo processo, devolvendoo para análise. Posteriormente, em 11/01/2008, foi proferido Despacho Decisório (fls. 83/84), reconhecendo o direito creditório do contribuinte no valor integral pleiteado de saldo negativo do IRPJ no anocalendário de 2002 (R$ 208.551,39), homologandose as compensações declaradas. Em seguida, outras DCOMPs – que não haviam sido incluídas no primeiro despacho por erro na informação prestada (fl. 110) – foram juntadas aos autos: Número Data de Transmissão Valor do débito Folha Observação 12506.21523.141103.1.3.024862 R$ 29.433,65 85 Retificada 24265.25463.290108.1.7.020852 29/01/2008 R$ 29.433,65 86/91 Retificadora 14979.67882.141103.1.3.023776 R$ 23.557,93 92 Retificada 03130.97834.290108.1.7.023043 29/01/2008 R$ 23.557,93 93/96 Retificadora 21574.54343.141103.1.3.027546 R$ 21.763,25 97 Retificada 29519.21224.290108.1.7.021197 29/01/2008 R$ 21.763,25 98/101 Retificadora Em vista dessas novas DCOMPs, foi proferido novo Despacho Decisório em 09/04/2008 (fl. 109/112), no qual foi declarado sem efeito o despacho de fls. 83/84, bem como reconhecido o direito creditório a apenas R$ 182.868,28, ante ao reconhecimento integral do Fl. 669DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 4 despacho precedente, sendo homologadas as compensações apenas até esse montante. O motivo do reconhecimento parcial foi que na Ficha 06 da DIPJ (Demonstração de Resultado) (fl. 108), foi registrado como Receita Financeira apenas R$ 914.342,51, e não R$ 1.042.757,28, sendo, portanto, o valor retido de 20%, igual a R$ 182.868,28 e não R$ 208.5510,39. Intimada do Despacho Decisório em 30/04/2009 (fl. 128), a Contribuinte se contrapôs a essa decisão, protocolando manifestação de inconformidade (fls. 129/137 e docs. anexos fls. 138/272) em 29/05/2009 (fl. 129). Argumentou que houve “DECADÊNCIA do lançamento fiscal que indeferiu seu pedido de compensação tendo em visa (sic) o transcurso do prazo de 5 (cinco) da (sic) apresentação de seu pedido de compensação” (fl. 134), e que “a diferença ocorre devido aos lançamentos feitos pro rata, não ocorrem necessariamente no mesmo período em que ocorre o resgate” (fl. 136). A DRJ julgou a manifestação de inconformidade procedente em parte no Acórdão n° 1233.464, proferido na sessão de 29 de Setembro de 2010, que ficou assim ementado (fls. 302/315): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO POR DECURSO DE PRAZO. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE – IRRF Anocalendário: 2002 RECEITA BRUTA DECLARADA. DEDUÇÃO DO IRRF DO IMPOSTO DEVIDO. Pede a pessoa jurídica, para apurar o saldo de imposto a pagar, deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda pago ou retido na fonte incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Fl. 670DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 669 5 As questões, assim foram fundamentadas: DA DECADÊNCIA “Acima, vemos que apenas a DCOMP nº 01015.00144.130204.1.3.021452, transmitida em 13 de fevereiro de 2004 pode ser considerada tacitamente homologada, a teor do artigo 74, §5º da Lei 9.430/96, com a redação dada pela Lei 10.833/2003” – fl. 313. DO MONTANTE DE IRRF A SER DEDUZIDO NO AC 2002 “Ademais, em sua manifestação de inconformidade, a interessada arguiu que as receitas já haviam sido levadas a resultado, mas não cuidou de juntar aos autos tal comprovação, uma vez que os balancetes apresentados, fls. 136/8 não possibilitam justificar tal alegação.” – fl. 314. CONCLUSÃO “Por todo o exposto, voto por dar parcial provimento à manifestação de inconformidade, devendo ser considerada homologada tacitamente a DCOMP nº 01015.00144.130204.1.3.021452 e compensados os débitos confessados e nela declarados, até o valor do crédito na data da transmissão, no valor de R$ 70.398,15 (fl. 42), e não homologar as DCOMP 16580.40787.171204.1.3.020316, de 17 de dezembro de 2004 e 31305.00522.161006.1.7.020208, de 16 de outubro de 2008.” – fl. 315. A Recorrente tomou ciência da decisão no dia 10/02/2011 (fl. 335) e, nesse caminho, protocolou Recurso Voluntário em 11/03/2011 (fls. 336/340 e docs. anexos fls. 341/541). Seus pedidos foram: “Diante do exposto, requerse seja provido o presente recurso, para fins de reformar a decisão recorrida e homologar as DCOMP nº 16580.40787.171204.1.3.020316, de 17/12/2004 e 31305.00522.161006.1.7.020208 de 16/10/2008, bem como reconhecer a inexistência de quaisquer diferenças. Em caso de manutenção da exigência fiscal, requerse a redução da multa para 30% (trinta por cento), nos termos do entendimento do Supremo Tribunal Federal, bem como seja adequada a taxa de juros de mora ao percentual estabelecido no art. 59 da Lei 8.383/91 (1% a.m.), taxa esta que deverá incidir até a data do efetivo pagamento.” – fl. 340. Fl. 671DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 6 As razões apresentadas no Recurso Voluntário para fundamentar estes pedidos são as seguintes: DO MONTANTE DE IRRF A SER DEDUZIDO NO AC 2002 “A escrituração está correta, os lançamentos efetuados na mais perfeita consonância com os documentos legais pelo que deve ser reconhecida a correção do procedimento da recorrente e julgar insubsistentes as diferenças e multas aplicadas.” – fls. 339/340. Assim, a discussão restringiuse as seguintes DCOMPs: Original DCOMP Nº 01015.00144.130204.1.3.021452 Envio: 13/02/2004 Crédito: Saldo Negativo de IRPJ de 2002 Valor : R$ 208.551,39 R$ 84.815,69 out e nov/03 IRRF Débitos: TOTAL R$ 84.815,69 Acórdão DRJ Conforme fl. 309 foi homologada tacitamente art. 74, §5º da Lei 9.430/96 Sequencial 001 DCOMP Nº 16580.40787.171204.1.3.020316 Envio: 17/12/2004 Crédito: Saldo Negativo de IRPJ de 2002 Valor : R$ 208.551,39 R$ 16.521,93 jan/03 IRPJ R$ 9.454,35 fev/03 IRPJ Débitos: TOTAL R$ 25.976,28 Despacho Decisório Conforme fl. 111 não foi homologada por insuficiência de crédito. Sequencial 002 DCOMP Nº 31305.00522.161006.1.7.020208 Envio: 16/10/2006 Crédito: Saldo Negativo de IRPJ de 2002 Valor : R$ 208.551,39 R$ 535,24 nov/03 IRRF Débitos: TOTAL R$ 535,24 Despacho Decisório Conforme fl. 111 não foi homologada por insuficiência de crédito Recebido no CARF, o recurso voluntário foi pautado e, em 09 de outubro de 2013, foi prolatada a Resolução CARF nº 1102000.202 (fls. 543/549), na qual se determinou “a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de origem: analise se o valor Fl. 672DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 670 7 reivindicado pela Recorrente foi ou não oferecido à tributação e em qual momento” (fl. 549). Para tanto, elaborou os seguintes quesitos: (i) ateste de forma conclusiva se o valor de R$ 128.414,77 (diferença entre o total das receitas financeiras tributadas pelo IRRF R$ 1.042.757,28 e as receitas financeiras levadas à tributação no ano calendário de 2002 R$ 914.342,51) foi oferecido à tributação e em qual ano calendário, a fim de se estabeleça o real direito da Recorrente; (ii) intimar a Recorrente para que apresente, no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis a critério da Fiscalização, documentos hábeis que provem a tributação de referida receita; (iii) do resultado apurado pela unidade de origem, intimar a Recorrente para que no prazo de 30 dias se pronuncie sobre o resultado a ser apontado pela unidade de origem.” – fl. 549. Devolvidos os autos à DRF, essa lavrou Intimação Fiscal (fls. 552/553), da qual a Recorrente foi intimada em 14/07/2014 (fl. 554), determinando a apresentação, no prazo de 20 (vinte) dias, de documentos comprobatórios e demonstrativos “apontando em quais meses as receitas financeiras foram contabilizadas e oferecidas à tributação” (fl. 552). A Contribuinte protocolou pedido de dilação do prazo (fls. 555/556), o que foi concedido em 05/08/2014 (fl. 555). Em 22/08/2014 a Recorrente protocolou petição (fls. 557/558 e docs. anexos fls. 559/595), juntando documentação e requerendo, “supletivamente a expedição de intimação fiscal ou ofício, às instituições financeiras Bradesco e ao sucessor do Banco Real, para comprovar e corroborar as informações e documentos juntados ao presente em ____ docs anexos.” – fl. 558. Em 25/08/2014 foi lavrado e aprovado relatório de Informação Fiscal pela DRF (fls. 596/599), no qual se descreveu a intimação da recorrente e os documentos por essa entregues, bem como se defendeu a prescindibilidade da intimação das instituições financeiras haja vista que essas “informaram nas DIRFs os valores das receitas financeiras ocorridos, bem como os valores dos IRRFs retidos” (fl. 597). Passa a analisar a documentação juntada e os valores declarados: Fl. 673DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 8 “Concluímos que, não é possível comprovar que, contabilmente, essas receitas financeiras foram oferecidas à tributação, uma vez que esses documentos contábeis não foram apresentados.” – fl. 598. Elaborada intimação desse relatório, a DRF juntou aos autos “Termo de Abertura de Documento”, registrando que a Contribuinte teve acesso à intimação em 27/08/2014, às 17:35 (fl. 601) e “Termo de Ciência por Decurso de Prazo”, no qual constou que a intimação foi cientificada em 11/09/2014, pelo decurso de 15 (quinze) dias desde a sua disponibilização digital (fl. 602). Em 22/09/2014 a Recorrente manifestouse sobre o relatório (fls. 603/604 e docs. anexos fls. 605/663), relatou que a DRF continuava negando seu crédito e explicou “que apenas após o processo de conversão de microfichas (microfilmagem) conseguiu disponibilizar os documentos abaixo” (fl. 603). Enfim, requereu o seguinte: “Assim, com base na documentação ora anexada e ainda na planilha elaborada em anexo, a Requerente requer a reconsideração manifestação da unidade de origem. Não sendo possível, requer ainda, com base no Princípio da Verdade Real dos Fatos que norteia todos os processos administrativos a juntada de referidos documentos ao processo principal para ulterior remessa a Primeira Seção de Julgamento Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.” (fl. 603). Em 28/07/2015 seguida, dando continuidade ao comando da Resolução CARF nº 1102000.202, os autos retornaram a essa relatoria (fl.666). É o suficiente para o relatório. Passo ao voto. Voto Conselheiro Ronaldo Apelbaum Considerando a renúncia do relator originário, João Carlos de Figueiredo Neto, após a decisão prolatada por essa Eg. Turma, fui designado redator “ad hoc” nos termos da Portaria CARF 107/2016. Fl. 674DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 671 9 O arquivo presente encontravase disponível em Caixa de Trabalho da Turma e representa, em sua integralidade, o acórdão prolatado e julgado por essa Turma, o qual reproduzo abaixo: I. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE Tendo em vista que o Recurso Voluntário já foi admitido quando da Resolução CARF nº 1102000.202, não havendo nenhum fato superveniente que retire a competência dessa turma para julgar o processo, passamos à análise da questão. II. DOS PONTOS CONTROVERTIDOS Ultrapassado o juízo de admissibilidade, os pontos controvertidos são: 1. É possível aceitar os documentos juntados pela Contribuinte após a realização de diligência? 2. Se positiva a resposta da questão anterior, os documentos juntados têm o condão de comprovar o direito creditório? 3. Se, ao final, o crédito não restar comprovado, é possível reduzir a multa para 30%? 4. É possível aplicar o juro de 1% a. m.? III. DO MÉRITO 1. DA DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA APÓS A DILIGÊNCIA Como relatado, os autos já vieram a esse juízo, quando foi percebido que o ponto central em discussão era apenas a análise de provas documentais. Assim, transformado o julgamento em resolução, foi determinada diligência para que se intimasse a contribuinte para apresentar tais provas. A diligência foi realizada satisfatoriamente, sendo a contribuinte adequadamente intimada e posteriormente produzido relatório com base nos novos documentos ofertados. Acontece que a empresa apresentou, quando intimada desse relatório da diligência, i.e., após lhe ser ofertado prazo para produção de provas, nova documentação. Por um lado, a legislação afirma, nos termos do art. 15, e mais especificamente no §4º do 16, ambos do Decreto nº 70.235/72: Fl. 675DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 10 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Acontece que a jurisprudência do e. CARF vem se estabelecendo no sentido de mitigar tal essa formalidade, buscando atender ao princípio da verdade material. Nesse sentido, esta mesma turma já tem acórdãos nesse sentido, como, reproduzo, o de nº 1102 000.940, de 08/10/2013, assim ementado: “PRODUÇÃO DE PROVAS NO VOLUNTÁRIO. POSSIBILIDADE PARA SE CONTRAPOR ÀS RAZÕES DO JULGALMENTO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Como regra geral, a prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo do direito de fazêlo em outro momento processual. Contudo, tendo o contribuinte trazido os documentos que julgava aptos a comprovar o seu direito, ao não ser bem sucedido no julgamento de 1ª instância, razoável se admitir a juntada das provas no voluntário, pois é exceção à regra geral de preclusão a produção de novos documentos destinados a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Ademais, seria por demais gravoso, e contrário ao princípio da verdade material, a manutenção da glosa de deduções sem a análise das provas constantes nos autos. E ainda, sendo esta a última instância administrativa, tal postura exigiria do contribuinte a busca da tutela do seu direito no Poder Judiciário, o que exigiria do Fisco a análise das provas Fl. 676DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 672 11 apresentadas em juízo, e ainda condenaria a União pelas custas do processo”. No voto, ainda explicou que: “No caso, penso ser possível se admitir a análise das novas provas, aplicandose a exceção do inciso ‘c’ do mesmo dispositivo legal [art. 16, §4º, do Decreto nº 70.235/72], que permite a juntada de prova em momento posterior quando se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Afinal, o contribuinte trouxe na impugnação os documentos que julgava aptos a comprovar seu direito, e, ao analisar os argumentos do julgador a quo que não lhe foram favoráveis, trouxe novas provas para reforçar o seu direito. Assim, no caso concreto, a apresentação das provas no voluntário é resultado da marcha natural do processo, sendo razoável sua admissão”. Ressaltamos que a apresentação de novas provas decorre ainda de iniciativa, no processo, da extinta 1ª Câmara/2ª TO, quando determinou o retorno dos autos para que a DRF realizasse diligência e coletasse mais provas. Consequentemente, entendo que é necessário que devam ser aceitas as provas apresentadas, mesmo após a elaboração do relatório de diligência. 2. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS Para aceitar o saldo negativo de IRPJ composto de IRRF é necessário demonstrar que houve efetiva retenção na fonte e que a Contribuinte ofereceu aquela receita à tributação. Nesse sentido temos a Súmula CARF nº 80: “a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto”. Nos termos da Súmula CARF nº 80, “a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor do imposto de renda retido na fonte, desde que comprovada a retenção e o cômputo das receitas correspondentes na base de cálculo do imposto”. No mesmo sentido, o acórdão CARF nº 1402001.861, de 23/10/2014, assim ementado: Fl. 677DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 12 “ASSUNTO: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2006 SALDO NEGATIVO DE IRPJ. REQUISITOS DE DEDUTIBILIDADE DA RETENÇÃO NA FONTE. A retenção na fonte sobre rendimentos declarados somente poderá ser compensado na declaração da pessoa jurídica se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora. Não apresentados os comprovantes é plausível a apuração do valor retido mediante pesquisa em DIRF. O saldo negativo de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica apurado em Declaração de Rendimentos, decorrente de retenção na fonte, só pode ser reconhecido como direito creditório até o montante efetivamente confirmado, se comprovado que as receitas que lhe deram origem foram oferecidas à tributação. IRRF. COMPROVAÇÃO EFETIVADA. COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. POSSIBILIDADE. O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos pode ser utilizado como componente do saldo negativo de IRPJ, se ficar comprovado, mediante documentação hábil e idônea, que o contribuinte sofreu a retenção deste imposto, e que os respectivos rendimentos foram oferecidos à tributação no período correspondente.” No voto, explicouse: “Assim sendo, o ponto central da discussão nestes autos é a exigência de comprovação da retenção do imposto de renda na fonte, que gerou saldo negativo de IRPJ. (...) Segundo a autoridade revisora a contribuinte não logrou demonstrar que imposto de renda retido na fonte tem vinculação e foi efetivamente recolhido pela fonte pagadora, por isso indeferiu a compensação nesta parte.” Utilizamos os mesmos parâmetros: para aceitar o saldo negativo de IRPJ composto de IRRF é necessário demonstrar que houve efetiva retenção na fonte e que a Contribuinte ofereceu aquela receita à tributação. Nos autos ora analisados, não há discussão sobre a retenção na fonte no montante de R$ 208.551,39, tendo sido comprovada logo no momento da emissão das DCOMPs pela apresentação de extratos bancários e de informes de rendimentos financeiros (fls. 4/32), e confirmada pela autoridade fiscalizadora (fl. 110). Por outro lado, conforme o despacho decisório de 09/04/2008 (fls. 109/112), na DIPJ 2003, anocalendário 2002, foi declarado na Demonstração de Resultado (Ficha 06A) receitas financeiras de R$ 914.342,51, “valor esse inferior ao rendimento bruto recebido” (fl. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 673 13 110). Por isso, com base nesse valor, entende que só “poderá ser deduzido do imposto devido o valor proporcional ao computado na determinação do lucro real, ou seja: 20% x R$ 914.342,51 = R$ 182.868,28” (fl. 111). A Contribuinte explicou na Manifestação de Inconformidade (fls. 129/137) que a receita de aplicação financeira é atualizada e reconhecida “prorata” devendo ser atualizada ao final do exercício e reconhecido o rendimento bruto, sem dedução do IRRF e oferecido a tributação independente de ter havido ou não resgate ao final do exercício. Assim, é possível entender que as aplicações geraram receitas financeiras em anos anteriores, as quais não tiveram IRRF porque não foram efetivamente auferidas (sacadas). A decisão da DRJ esclareceu que “o valor a deduzir deverá guardar relação de proporcionalidade entre o valor de receitas financeiras utilizado para compor o lucro tributável e o total das receitas financeiras” (fl. 314). Em seguida, admitiu a arguição da contribuinte, da possibilidade de que as receitas tivessem sido levadas a resultado em outros períodos, porém ressalvou que não haviam provas nos autos, entendendo que os balancetes não eram suficientes para justificar a alegação. No recurso voluntário, simplesmente reafirma seu posicionamento, insistindo na adequação de sua escrituração. Em seu Recurso Voluntário, a Contribuinte simplesmente reafirma seu posicionamento, insistindo na adequação de sua escrituração. Em outras palavras, a controvérsia não trata de comprovar a retenção na fonte, mas restringese, isto sim, a saber se a Contribuinte ofereceu os valores de receita à tributação, neste ou em outro exercício. Para resolver o dilema, a c. 1ª Câmara/2ª TO essa turma determinou a realização de diligência. A DRF intimou a contribuinte a apresentar “documentos comprobatórios (Ex: documentos bancários, escrituração contábil, etc.), e demonstrativo apontando em quais meses as receitas financeiras foram contabilizadas e oferecidas à tributação”. A Contribuinte apresentou então Balancete Analítico dos meses de dez/2000, dez/2001 e dez/2002, bem como a Ficha 43A dos respectivos anoscalendário, e ainda quadro demonstrativo (fls. 559/566). Analisando esses documentos, a DRF entendeu que “não é possível comprovar que, contabilmente, essas receitas financeiras foram oferecidas à tributação, uma vez que esses documentos contábeis não foram apresentados” (fl. 598). Em seguida, a Contribuinte manifestouse sobre o relatório da diligência, apresentando mais documentação, especificamente os Balancetes Analíticos, com Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultado de todos os meses de 2000 e 2001. Fl. 679DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 14 Pois bem. Tendo extremado de dúvidas que o valor de R$ 208.551,39 fora retido na fonte pelas instituições financeiras, a Contribuinte deveria provar ainda que o montante de R$ 1.042.757,28 – suficiente para justificar que o montante retido representava os 20% – fora declarado e ofertado à tributação. Ao argumentar que parte dos valores foram oferecidos à tributação em períodos anteriores, tem a obrigação de provar que as receitas financeiras compuseram os lucros tributados naqueles exercícios. Para tanto, deveria demonstrar, primeiro, que o investimento/aplicação foi feito e o resultado positivo naquele ano, o que seria feito pela apresentação do (i) documento do investimento, (ii) extratos bancários do anocalendário de 2000 e 2001, a (iii) escrituração contábil, demonstrando que aquela receita – ainda que não sacada – foi considerada na composição do lucro, e (iv) o LALUR, registrando que o valor foi considerado no lucro tributado. Acontece que, desta documentação, a Contribuinte trouxe apenas a escrituração contábil (fls. 606/663), e as Fichas 43A das DIPJs 2001 (anocalendário 2000); 2002 (anocalendário 2001); e 2003 (anocalendário 2002) e algumas notas da operação emitidas pelo Banco Real. Observando essas Fichas – que já haviam sido juntadas antes do Relatório –, percebese que efetivamente os valores ali declarados tiveram seus respectivos impostos retidos, não tendo deixado margem de retenção postergada. Nessa esteira, não há nenhuma prova nos autos de que aquelas aplicações resgatadas em 2002 geraram receita em períodos anteriores – ressalvando que as receitas registradas na contabilidade podem ser das mesmas aplicações ou de outras –, nem, muito menos, que a Contribuinte levou tais receitas à tributação ou, por fim, que tendo oferecido à tributação, houve postergação da retenção do imposto na fonte. Interessante observar o acórdão CARF nº 130100.229, de 05/11/2009: RENDIMENTO DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS. REGIME DE COMPETÊNCIA. A apropriação das aplicações financeiras deve seguir o regime de competência. Na sistemática de tributação vigente até o anocalendário de 1998, inclusive, a incidência do imposto de renda na fonte ocorria apenas no vencimento ou resgate da aplicação, como num regime de caixa. Ainda que tal fato, em tese, justifique diferenças entre o valor da receita escriturada e aquele informado no comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora, cabe ao sujeito passivo, se demandado, apresentar demonstrativos do histórico das aplicações de forma a comprovar inequivocamente a contabilização da receita, ainda que em período diverso. Fl. 680DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 674 15 Consequentemente, tendo em vista não haver provas nos autos de que os rendimentos foram oferecidos à tributação em período diverso, não é possível atender ao pleito da Contribuinte. 3. DA MULTA Subsidiariamente, porém sem maiores explicações ou fundamentações legais, a Contribuinte pleiteia, ao final de seu recurso voluntário, que seja reduzida a “multa para 30% (trinta por cento), nos termos do entendimento do Supremo Tribunal Federal” (fl. 340). O CARF já tem posicionamento firmado quanto à sua incompetência para julgar inconstitucionalidade de lei (Súmula CARF nº 02), bem como impossibilidade de julgar em sentido contrário à lei. Assim, interessante o acórdão CARF nº 1101001.169, de 26/08/2014: “MULTA QUALIFICADA. ARGUMENTAÇÃO QUANTO AO PATAMAR CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE PELO CARF. Inconstitucionalidade e/ou ilegalidade que embasou a autuação tratase de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário, razão por que o percentual da multa qualificada aplicável é aquele determinado expressamente em lei.” De qualquer forma, quanto ao Supremo Tribunal Feral, necessária a leitura do art. 62A 62, §2º do RICARF: Art. 62. Omissis § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 681DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 16 Assim, caso os tribunais judiciais superiores profiram decisões que vinculem erga omnes, então tal entendimento vinculará também os conselheiros do CARF. Acontece que, pesquisando na jurisprudência da corte constitucional pátria, não encontramos nenhum acórdão que preencha os requisitos, i.e., que tenha sido proferido em sede de recurso especial ou extraordinário, que tenha transitado em julgado, que esteja submetido à sistemática dos recursos repetitivos ou repercussão geral e que, simultaneamente, tenha determinado a redução da multa para 30%. Portanto, não assiste razão à Contribuinte. não tem razão a contribuinte, esse ponto. 4. DOS JUROS No recurso voluntário, também de forma sucinta, a Contribuinte pleiteia que seja aplicada taxa de juros do art. 59 da Lei nº 8.383/91, i.e., 1% a.m. Acontece que este e. CARF já tem posicionamento estabelecido no sentido de que a taxa aplicável aos juros é a SELIC. Se não, vejamos a Súmula CARF nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais.” Portanto, novamente não assiste razão à Contribuinte. É necessário negar provimento ao recurso da Contribuinte. IV. CONCLUSÃO Tendo em vista tudo quanto exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário, por falta de provas da existência do crédito pleiteado, mantendo integralmente a decisão recorrida, que homologou parcialmente a declaração de compensação. (assinado digitalmente) Ronaldo Apelbaum – redator “ad hoc” Fl. 682DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10850.001408/200301 Acórdão n.º 1201001.447 S1C2T1 Fl. 675 17 Fl. 683DF CARF MF Impresso em 20/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 20/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 10437.720018/2014-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
NULIDADES. INOCORRÊNCIA.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento.
Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos.
Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito.
IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES.
Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização.
DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE.
Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontram-se nos autos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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INOCORRÊNCIA. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 7. 72 00 18 /2 01 4- 69 Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.222 2 seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização. DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE. Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontramse nos autos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração (fl. 2.098) relativo ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, do exercício de 2010, ano calendário de 2009, no valor de R$ 8.335.104,93, acrescido de multa de ofício proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora calculados pela taxa Selic, onde são apontadas duas infrações à legislação tributária: I Omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido da empresa distribuidora e II Acréscimo Patrimonial a Descoberto. Narra a Autoridade Fiscal responsável, no seu Termo de Verificação Fiscal (fl. 2.087), que: Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.223 3 1 O contribuinte fora intimado a comprovar todos os valores recebidos a título de rendimentos tributáveis, isentos e de tributação exclusiva na fonte, apresentar movimentação patrimonial, extratos bancários, comprovantes de despesas e outros gastos. A solicitação foi atendida parcialmente, o que levou à emissão de outros termos de intimação. Além das informações prestadas por ele, foram observadas outras fontes como DIRPF dele e do cônjuge; DIPJ, livros contábeis e demonstrações da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., e documentos apresentados pelo cônjuge. 2 Analisando a DIPJ da empresa supracitada, constatouse a opção pelo regime de tributação do Lucro Presumido. Consta a informação de que o lucro distribuído a Walter Zagari foi de R$ 13.179.807,45, o que diverge do valor aposto em sua DIRPF. De acordo com a legislação, a empresa poderia distribuir lucro até o limite do lucro presumido apurado, diminuído de todos os impostos e contribuições. Acima desse valor, para distribuição de lucros sem incidência do imposto de renda, poderseia fazer até o limite do lucro contábil efetivo, "desde que seja demonstrado via escrituração contábil de acordo com as leis comerciais, que este lucro é maior que o lucro presumido." Analisando a documentação, concluiu que a empresa envolvida não cumpriu as formalidades legais para sua escrituração contábil, o que levou a fiscalização a desconsiderála e considerar como isentos na DIRPF somente o valor correspondente ao lucro presumido, declarado na respectiva DIPJ, diminuído dos impostos e contribuições, reclassificando a parcela excedente. 3 Constatouse ainda a existência de acréscimo patrimonial a descoberto, a partir da elaboração de um fluxo de análise patrimonial e financeira, computado em conjunto com a cônjuge, que apresentou, naquele ano, declaração em separado (ambos utilizaram em suas declarações o modelo simplificado). Foi verificado excesso de aplicações sobre as origens de recursos, não respaldado por rendimentos declarados, nos meses de janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. A tributação foi feita em separado, na proporção de 50% para cada cônjuge. 4 Foram considerados como "recursos" na análise da evolução patrimonial e financeira os rendimentos omitidos apurados pela fiscalização referentes à parcela de lucros distribuídos excedente ao limite do lucro presumido, acima tratada. O contribuinte apresentou impugnação, conforme folha 2.112, alegando em resumo que não concordava com a exigência fiscal pois a empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., embora tenha optado pelo regime do lucro presumido, possui contabilidade idônea e suficiente para comprovar que foi auferido, no ano de 2009, lucro superior ao presumido, viabilizando as distribuições ao impugnante. Fala em razoabilidade, proporcionalidade e verdade material. Além disso, quanto ao outro ponto da autuação, a apuração da variação patrimonial não poderia ser mensal, mas sim anual. Havia outras fontes que não foram consideradas pela fiscalização em sua apuração. Houve também a consideração indevida de saldos no exterior, que, caso excluídos, revertem os valores da planilha. Essa manifestação de inconformidade foi analisada pela DRJ em São Paulo/SP, que, em suma, assim dispôs: a) preliminarmente: não se verifica qualquer nulidade na autuação, uma vez que obedecidos os ditames do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não havendo enquadramento em nenhuma das hipóteses do artigo 59, do mesmo diploma legal; os valores de aplicações e contas mantidas no exterior estão devidamente suportados por documentos que constam destes autos, conforme indicado; as leis nº 7.713, de 1988, e nº 8.134, de 1990, determinam a apuração do imposto mensalmente, à medida em que os rendimentos forem Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.224 4 auferidos. Portanto, a análise da evolução patrimonial está correta, na forma como efetuada, mês a mês; b) para que a distribuição de valor excedente ao lucro presumido seja isenta do imposto, necessário se faz que a empresa demonstre, por meio de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo de sua opção; caso contrário, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, devendo submeterse ao ajuste anual do imposto devido pela pessoa física beneficiária. A apuração do lucro efetivo, conforme previsto pela norma, deve seguir as mesmas regras estabelecidas para a apuração do lucro real. Assim, há necessidade de que essa demonstração seja feita com observância às formalidades exigidas em relação aos livros obrigatórios. Não cumpridas todas as formalidades exigidas pela legislação, a escrituração contida nesse livro não possui o condão de fazer prova da apuração do lucro efetivo da pessoa jurídica. c) na apuração da variação patrimonial, cabe ao contribuinte, se pretende refutar a presença da omissão de rendimentos estabelecida contra ele, provar por meio de documentação hábil e idônea a existência dos recursos, ao passo que ao Fisco compete provar a aplicação destes. o impugnante alega que foi distribuída a quantia de R$ 600.000,00 no dia 20/01/2009. Entretanto, o contribuinte não aponta a transferência desses recursos para suas contas correntes, limitandose a argumentar que estaria comprovada nos autos. Os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 6712326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá, em março e abril de 2009. Quanto ao acréscimo patrimonial apurado nos meses de agosto e setembro de 2009, argumenta o contribuinte que no mês de agosto de 2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do contribuinte, referente a empréstimo bancário tomado da empresa da qual é sócia majoritária. não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). d) é prescindível e meramente protelatória a realização da diligência solicitada, pelo que indeferese o seu pedido. Decidiuse, assim, pela improcedência da impugnação. Cientificado dessa decisão em 12/09/2014 (sexta feira), conforme Aviso de Recebimento na fl. 2.178, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/10/2014, com protocolo na folha 2.189. Em sede de recurso, em síntese, alega que: 1 Em 2009 recebeu da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda. o valor de R$ 31.843.324,44 a título de lucros e dividendos, rendimentos isentos e não tributáveis. Comprovou o valor através de cópias do Livro Razão Analítico bem como de recibos de retirada. Entretanto, a fiscalização constatou que não obstante toda a escrituração estivesse correta, o Livro Diário fora registrado a destempo. Ignorando os demais documentos, desconsiderou a existência de lucro maior que o apurado pelo regime de tributação presumido, declarado em DIPJ. Insiste que a contabilidade é hábil e idônea a demonstrar a existência desse lucro que poderia ser distribuído. Repete a impugnação. Fala de ofensa à verdade material e de proporcionalidade, razoabilidade e motivação. Pede, se for o caso, a conversão do julgamento Fl. 2224DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.225 5 em diligência para que seja apurado efetivamente o lucro auferido pela empresa em questão, no ano de 2009. 2 Insiste que a apuração do acréscimo patrimonial deve darse de forma anual e não mensal. Mesmo assim, não existe tal infração, uma vez que em janeiro os dispêndios são cobertos por R$ 600.000,00 que foram recebidos em conta de titularidade do casal. A aplicação de recursos no exterior em março e abril é "impossível de compreender" e não estão identificadas nos extratos bancários. Ainda, em agosto deixouse de considerar uma entrada financeira decorrente de empréstimo de sua esposa junto à empresa da qual é sócia majoritária. Considerandose isso, haveria uma "sobra de caixa" e não acréscimo a descoberto. PEDE que seja reformada a decisão recorrida, extinguindose o crédito tributário em questão. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR Em termos preliminares, as alegações de nulidade da autuação e do procedimento fiscal não procedem. O recurso repete a impugnação em seus fundamentos, em grande parte não levando em conta as considerações feitas pela Autoridade Julgadora de 1ª instância. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda deve ser feita a partir de fluxo mensal de receitas e despesas e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Vejamos: Lei 7.713, de 1988 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Lei nº 8.134, de 1990 Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11. Não há porque pretender que a apuração seja em base anual, citando posições externadas em votos vencidos no antigo Conselho de Contribuintes. Vejamos, em contrário: Acórdão 9202003.687 – CSRF 2ª Turma Sessão de 27 de janeiro de 2016 Fl. 2225DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.226 6 Exercício: 2003 IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO. A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte. Recurso especial provido.(destaquei) Acórdão 2202003.147 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara Sessão de 15/02/2016 (...) PLANILHAS DE FLUXO FINANCEIRO. ELABORAÇÃO. APURAÇÃO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. COMPROVAÇÃO DOS RECURSOS. Para apuração de variação patrimonial a descoberto devem ser elaboradas planilhas de fluxo financeiro mensal, considerandose as origens e aplicações de recursos existentes em cada mês, computandose os saldos positivos de um no mês seguinte. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um anocalendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens e/ou comprovados pelo contribuinte. A transferência de recursos de um ano para outro é admitida quando há prova inconteste da efetiva disponibilidade da quantia requerida, mediante extratos bancários, por exemplo.(destaquei) No que diz respeito a terem sido consideradas aplicações e resgates em contas mantidas no exterior, sem documentação comprobatória ou indicação específica, o que inviabilizaria a defesa do contribuinte, já indicara a DRJ em sua decisão, sem que o recorrente tenha contradito esse ponto, apenas repetindo os mesmos termos da impugnação, que (fl. 2165): Para as contas bancárias mantidas no exterior, foram computados mensalmente como “recursos” na análise da Evolução Patrimonial e Financeira os valores efetivamente resgatados. E foram computados mensalmente como dispêndios, os valores aplicados. E ao contrário do alegado pelo interessado, há sim documentação comprobatória dessas aplicações. As fls. 2.048 a 2.050, encontramse, discriminado em planilhas, os valores aplicados e os valores resgatados em contas no exterior, com identificação do Banco e n.º das contas. Ademais, as fls. 792/804 consta a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior, apresentada pelo cônjuge do contribuinte e documentos bancários de movimentação de contas Fl. 2226DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.227 7 no exterior. Também as fls. 828/917 e 1.123/1.174 encontramse extratos bancários de contas mantidas no exterior. Na declaração de bens e direitos da DIRPF/2010, do Sr, Walter Zagari estão registradas as contas mantidas no exterior (fls. 1.179 a 1.188). E, especificamente na parte em que trata do acréscimo patrimonial a descoberto, novamente foi indicado no Voto condutor que (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que a planilha de fl. 2.049 discrimina mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantida no Banco RBC Dominion Securities Inc.(destaquei) No mais, observo que não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. MÉRITO I No que diz respeito à infração capitulada como omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido, temos que a Lei nº 9.249, de 1995 trouxe a seguinte disposição: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.(grifei) Tratase de uma isenção legalmente prevista, para os rendimentos que se enquadrem no dispositivo. Façamos ainda breve digressão sobre o instituto da isenção tributária: CTN Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e Fl. 2227DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.228 8 requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração Conforme art. 175, caput, a isenção exclui o crédito tributário, ou seja, surge a obrigação, mas o respectivo crédito não será exigível; logo, o cumprimento da obrigação resta dispensado. Citese: Para Rubens Gomes de Souza, favor legal consubstanciado na dispensa do pagamento de tributo. Para Alfredo Augusto Becker e José Souto Maior Borges, hipótese de não incidência da norma tributária. Para Paulo de Barros Carvalho, o preceito de isenção subtrai parcela do campo de abrangência do critério antecedente ou do conseqüente da norma tributária, paralisando a atuação da regra matriz de incidência para certos e determinados casos.(PAULSEN. Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 10 ed – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE, 2008, p.1179) O dispositivo legal não estabelece limites à distribuição do lucro, podendo ser todo ele distribuído, mesmo, no caso, a parcela que exceda ao apurado pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Mas, como um "favor legal", existem condições para a isenção. No caso, é preciso que se conheça o lucro da pessoa jurídica, para se saber quanto poderia ser distribuído à pessoa física, na condição de isento. Se a empresa apura o lucro de forma "presumida", a existência da parcela excedente deve ser efetivamente demonstrada. Regulamentando tal interpretação, temos a Instrução Normativa SRF nº 93/1997, citada pela DRJ, que foi substituída pela Instrução Normativa nº 1.515, de 2014, mas onde permanecem as exigências para que se considere isenta a parcela dos lucros distribuídos que exceder ao lucro presumido. Vejamos: IN/SRF 1.515/2014 Art. 141. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Fl. 2228DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.229 9 IN SRF 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999: Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º). § 1º Admitese a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 3º). (...) § 4º Os livros ou fichas do Diário, bem como os livros auxiliares referidos no § 1º, deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 3.470, de 1958, art. 71, e Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 2º). Na exposição de motivos do Projeto de Lei nº 913, de 1995 (convertido na Lei nº 9.249/95, disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei924926 dezembro1995349062exposicaodemotivos149781pl.html), o então Ministro Pedro Malan afirma, dirigindose ao Presidente da República: Fl. 2229DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.230 10 “2. A reforma objetiva simplificar a apuração do imposto, reduzindo as vias de planejamento fiscal, uniformizar o tratamento tributário dos diversos tipos de renda, integrando a tributação das pessoas físicas e jurídicas, ampliar o campo de incidência do tributo, com vistas a alcançar os rendimentos auferidos no exterior por contribuintes estabelecidos no País e, finalmente, articular a tributação das empresas com o Plano de Estabilização Econômica. [....] 12. Com relação à tributação dos lucros e dividendos, estabelecese a completa integração entre a pessoa física e a pessoa jurídica, tributandose esses rendimentos exclusivamente na empresa e isentandoos quando do recebimento pelos beneficiários. Além de simplificar os controles e inibir a evasão, esse procedimento estimula, em razão da equiparação de tratamento e das alíquotas aplicáveis, o investimento nas atividades produtivas.”(grifei) A isenção em comento, portanto, não é sem causa ou desmedida. Visa, concentrando a tributação na pessoa jurídica, "simplificar controles e inibir evasão". Por óbvio que devam, portanto, existir controles e por isso se impõe a observância estrita da apuração do lucro da pessoa jurídica que distribui os dividendos na forma da legislação contábil e comercial, para cujos efeitos na seara tributária, como estatui o Regulamento do Imposto de Renda acima transcrito, é imprescindível a existência do Livro Diário, escriturado e registrado em época devida. Buscouse, com o estabelecimento dessa sistemática que enfim redundou em não tributação dos dividendos distribuídos na apuração das pessoas físicas, não uma redução de carga tributária, mas, repito, concentrar controles e inibir evasão. O que a lei define é o momento da tributação da renda, ou seja, o imposto já é pago, pela empresa, quando da apuração do lucro, e não quando da sua distribuição ao sócio. Tratase, simplesmente, da escolha do momento em que se dará a tributação da renda. No sentido da consecução das finalidades legais, citese: “O postulado da proporcionalidade exige que o Poder Legislativo e o Poder Executivo escolham, para a realização de seus fins, meios adequados, necessários e proporcionais. Um meio é adequado se promove o fim. Um meio é necessário se, dentre todos aqueles meios igualmente adequados para promover o fim, for o menos restritivo relativamente aos direitos fundamentais. E um meio é proporcional, em sentido estrito, se as vantagens que promove superam as desvantagens que provoca”. (ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição á aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 102) Razoável e proporcional que seja demonstrado o efetivo lucro, no caso, e que essa demonstração deva se revestir de formalidades a fim de possibilitar controles e inibir evasão. Fl. 2230DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.231 11 Neste caso, observase que o imprescindível Livro Diário, e isso está inquestionável, não fora registrado em momento devido, ou seja, não se pode precisar nem mesmo quando foi escriturado. Disse a fiscalização (fl. 2090): Analisando a documentação verificamos que o Livro Diário do ano calendário de 2009 somente foi registrado no órgão de registro competente (JUCESP) em 14/11/2012. (...) Ressaltese que o presente procedimento fiscal iniciouse em 23/04/2012 e a ciência da intimação pela empresa em questão para apresentação dos livros contábeis ocorreu em 11/10/2012. Observouse ainda que a DIPJ entregue pela pessoa jurídica que distribuiu os lucros apresentou um total de receita bruta declarada de R$ 16.533.913,42, no ano de 2009 (Termo de Verificação fiscal, fl. 2090). Ora, uma empresa que teve receita bruta total de R$ 16,5 milhões não pode, em hipótese alguma, ter um lucro de R$ 31 milhões para distribuir, independentemente de apurar, para fins fiscais, esse lucro de forma real, presumida ou arbitrada. Então não se tratou apenas de um esquecimento de registrar o Livro Diário, uma vez que a declaração entre à Receita Federal também não espelhava a existência de tal montante de lucros para distribuir. De onde foram tirados os dados para se preencher a declaração entregue à Receita Federal? A escrituração estava correta e regular lá em 2009/2010, prescindindo apenas de "um mero" registro que só foi feito em 2012, após o início da fiscalização na pessoa física, detentora de 95% das quotas da sociedade? Concluise que não foi "só isso". Aqui, portanto, não se trata de mera formalidade, mas de condição razoável e proporcional que possibilite que a tributação vislumbrada pela lei se dê na forma escorreita, atingindose os objetivos do dispositivo legal, que tem por escopo não reduzir carga tributária, mas deslocar o momento da tributação, para o que são necessários controles estritos, na forma da lei aplicável. Nesse sentido, vem decidindo este CARF: Acórdão 2802003.256 – 2ª Turma Especial Sessão de 02 de dezembro de 2014 Exercício: 2006 Ementa IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. São tributáveis os rendimentos recebidos a titulo de lucros ou dividendos, na parte em que superam o lucro tributado e ajustado pelos impostos e contribuições correspondentes, se não é apresentada escrituração que corrobore a existência de resultado contábil a amparar a distribuição ocorrida. Fl. 2231DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.232 12 No caso, o recorrente limitouse a apresentar balanços e balancetes sem comprovar a transcrição em Livro Diário, os quais também não foram apresentados. Voto (...) A tese do recorrente depende da comprovação, com suporte na escrituração contábil feita com base na lei comercial, de que a empresa Advocacia ... S/C apurou lucros acima do valor do lucro presumido deduzido dos pagamentos de IRPJ e CSLL, como previsto no art. 48 da IN SRF nº 93/1997. Como o recurso voluntário é desacompanhado de documentos, a análise baseiase nos mesmos documentos apreciados pela instância a quo (fls. 247/261). Esta comprovação se faz por meio do Livro Diário, todavia, o contribuinte omite receitas da DIPJ e apresenta somente Balanços e Balancetes. (sublinhei) Acórdão 2101002.686 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de fevereiro de 2015 Ano calendário: 2008, 2009 Ementa DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. LUCRO PRESUMIDO. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Para a distribuição de lucros isentos além do percentual permitido pela legislação, é indispensável que o excesso de lucro esteja comprovado através de escrituração contábil em conformidade como art. 258 do Decreto 3000/1999. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. COMPROVAÇÃO. Para serem considerados como rendimentos isentos, os lucros e dividendos distribuídos devem estar registrados na escrituração contábil da empresa e o pagamento ao sócio efetivamente comprovado. Voto (...) Observo, contudo, que além da empresa ... (omiti o nome da empresa) não ter apresentado documentação contábil hábil e idônea para comprovar as atividades desenvolvidas (livros fiscais, etc.), observei que os livros fiscais (diário, razão) das empresas que distribuíram lucros à recorrente, acostados aos autos, também não possuem autenticação da Junta Comercial, conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999. (...) Fl. 2232DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.233 13 Apesar da possibilidade de existência de receita que comporte a distribuição dos lucros à contribuinte, este não pode ser considerado como rendimento isento e não tributável se não cumpridas as exigências formais legais, e se não demonstrado que tal lucro existiu conforme a escrituração da época dos fatos. Os rendimentos só são considerados isentos se cumpridas as exigências legais, o que não ocorreu. (destaquei/sublinhei) (...) Desta forma, considerando que não foram cumpridas as obrigações acessórias relativas à escrituração fiscal, e também quanto à legitimidade da comprovação do lucro a ser distribuído, e em observância ao disposto no art. 111 da Lei 5172/66, entendo que tais lucros não podem ser distribuídos isentos de tributação de imposto de renda. No que diz respeito a recibos assinados pelo contribuinte dizendo do recebimento dos lucros, como meio de prova, transcrevo e ratifico o entendimento exarado pela DRJ (fl. 2.169): Os demais documentos apresentados pelo contribuinte não se prestam para comprovar o lucro contábil auferido, sendo que os recibos de recebimento de dividendos, assinados apenas pelo contribuinte, que detém 95% de participação na pessoa jurídica, não podem ser aceitos como prova de lucro contábil, mas apenas dos valores recebidos. Reputase, então, como regular, apenas a distribuição de lucros na forma do inciso I, § 2º, do dispositivo abaixo transcrito, que regulamenta o artigo 10 da Lei nº 9.249, de 1995, conforme calculado pela Auditora Fiscal, na folha 2.090: IN SRF nº 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica;(destaquei) II No que tange à outra infração apontada, o acréscimo patrimonial a descoberto, foi realizada análise conjunta do fluxo de origens e dispêndios, no ano de 2009, do contribuinte e sua esposa, registrando que ambos entregaram DIRPF pelo modelo simplificado Fl. 2233DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.234 14 e em separado. As planilhas com a apuração estão nas folhas 2.037 a 2.040 e encontraram um valor de dispêndio/aplicação superior ao valor das origens/recursos em janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. O lançamento foi realizado na razão de 50% para cada cônjuge. O recurso aponta que no mês de janeiro além dos R$ 202.423,11 considerados como distribuição de lucros da empresa WZ Publicidade, haveria outros R$ 600.000,00 distribuídos no dia 20/01/2009, depositados na conta de titularidade do recorrente e sua esposa, no Citibank. Bem, a questão da distribuição de lucros já foi tratada no item anterior, juntamente com a imprestabilidade do Livro Diário que não foi registrado em seu devido tempo, o que, justamente, motivou a outra infração. Quanto à verificação da entrada do numerário na conta mantida junto ao Citibank, observo que na planilha de folha 2.045, intitulada "saldos iniciais e finais de conta corrente/poupança/investimento no Brasil" consta que no mês de janeiro de 2009 o saldo inicial no Citibank era de R$ 19.218,86 (fl. 84) e o saldo final de R$ 19.909,00 (fl. 88). Esses saldos, juntamente com os saldos das outras contas, foram totalizados e transportados para a planilha de apuração "demonstrativo mensal da evolução patrimonial e financeira" (fl. 2037 linha 5). É fato que no extrato de folha 86 consta uma entrada na conta do Citibank no valor R$ 600.000,00 no dia 20 de janeiro de 2009 com a rubrica “transf. Sem CPMF”. O contribuinte afirma que: Com relação ao suposto APD apurado em janeiro/2009, foi ocasionada por mero erro cometido pelo contador da empresa, que informou como distribuídos ao Recorrente apenas R$ 202.423,11, ignorando a quantia de R$ 600.000,00, recebida no dia 20/01/2009, como se verifica da cópia da fl. 02 do Livro Diário da empresa em conjunto com o extrato bancário da conta de titularidade do Recorrente e sua esposa no Citibank. De se ressaltar que a empresa possuía Lucros Acumulados de dezembro de 2008, conforme transferência constante da linha 02 da p. 02 de seu Livro Diário, no valor de R$ 13.873.102,64, tendo apurado em janeiro, ainda, lucro líquido de R$ 1.342.376,21, o que demonstra a total viabilidade da distribuição dos R$ 600.000,00.(destaques originais) Observandose a citada folha do Livro Diário, que o contribuinte traz como prova de suas alegações, que se encontra na folha 1.216, verificase que existe o registro de "transferência" R$ 600.000,00. É de se perquirir: "transferência" a que título? Pagamento de pro labore? Retirada feita pelo sócio? Como se pode concluir que seria uma distribuição de lucros e, mais especificamente, uma distribuição de lucros isenta, na forma da legislação aplicável? Porque para se considerar esse depósito de R$ 600.000,00 como origem de recursos, para fins de apuração de variação patrimonial, a fim de justificar uma aplicação, é Fl. 2234DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.235 15 preciso que seja comprovado que eles ou já foram tributados ou são rendimentos isentos ou não tributáveis. Não foram tributados porque não informados na declaração de rendimentos e não são isentos, justamente pelo todo que se expôs no tópico anterior em relação a lucros isentos, sendo que todo o montante que se poderia considerar como distribuição regular de lucros isentos já o foi assim considerado nas planilhas de apuração. Quanto a serem lucros de período anterior, passados para 2009, deveria ser apresentada documentação onde constasse "distribuição de lucros". E, mais, se demonstrasse com documentos do período correspondente, no caso 2008, que já haviam sido tributados na pessoa jurídica e poderiam ser regularmente distribuídos à pessoa física, sem tributação. Mas só a cópia do Livro Diário de janeiro de 2009 não permite chegar a essa conclusão. Observo que na folha 1275, onde consta cópia do Livro Razão Analítico, o registro a crédito na conta Banco Citibank dos R$ 600.000,00 foi feito apenas como "transferência", diferente, por exemplo, de um registro na mesma conta, no dia 09/02, onde se escriturou "retirada sobre lucro Aline", no valor de R$ 5.000,00. Ou como consta na fl. 1956, em relação à empresa Atrevida Produções Artísticas, "retirada sobre lucro Angelina". Em relação ao mês de abril, ainda, o recurso apenas repete o que dissera na impugnação, que "impossível compreender as apurações referentes a supostos depósitos e aplicações tidos por ocorridos em contas bancárias no exterior, já que apresentadas pela fiscalização de forma global, não individualizada..." (fl. 2136 e 2212). Referese a aplicações no banco RBC Dominion Securities Inc, em Toronto, Canadá. Pede que sejam desconsideradas essas aplicações na planilha de apuração, falando em cerceamento de defesa. A razão do pedido seria, então, a falta de individualização das aplicações e a demonstração de seus valores. Mas, simplesmente ignorou o que foi colocado pela DRJ. Vejamos (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Além disso, na planilha de folha 2049 estão especificadas as contas, os valores em dólar, a cotação da moeda estrangeira e o valor em reais, mês a mês. No TVF explicou a Auditora Fiscal que para contas mantidas no exterior, foram computados mensalmente como recursos os valores efetivamente resgatados e, em contrapartida, foram computados mensalmente como dispêndios os valores aplicados. Notese Fl. 2235DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.236 16 que na planilha de apuração da evolução patrimonial, de fato, na linha 7, constam como origens de recursos "resgates em contas mantidas no exterior" , mas o contribuinte não se manifesta quanto a essas origens, questiona apenas as aplicações, que foram retiradas dos mesmos documentos, conforme acima indicado desde o Acórdão de impugnação, o que não foi rebatido em sede recursal. Por exemplo, na planilha de folha 2049 consta que no mês de abril foram depositados na conta nº 6712326427, US$ 288.562,04, que convertidos pelo câmbio de 2,1775, representaram R$ 628.343,84. O extrato da conta está na folha 1148, onde consta "capital review", depósitos ("deposits") entre 1º de abril e 30 de junho US$ 288.562,04. Portanto, querendo, é possível identificar todos os valores e documentos, dentro do processo. Assim sendo, não há porque excluir tais valores da apuração, conforme pleiteado e não se alteram, por isso, saldos posteriores. Dispensável, ainda, a realização de diligência para esclarecer tal ponto, como também requereu o contribuinte. No mês de agosto, diz o recorrente que haveria uma entrada de R$ 3.593.745,68, não considerada pela fiscalização, na conta do Citibank, em 21/08/2009, decorrente de empréstimo obtido pelo cônjuge junto à empresa Atrevida Produções Ltda, da qual é sócia majoritária. Disse ele: ... em agosto/2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do Recorrente – em razão de seu regime matrimonial e de as contas bancárias serem conjuntas, a apuração do APD foi feita conjuntamente –, referente a empréstimo tomado da empresa da qual é sócia majoritária (“Atrevida Produções Artísticas e Culturais Ltda.” – CNPJ n.º 57.646.119/000153). Isto se comprova através do simples confronto entre as informações constantes do Livro Diário de mencionada pessoa jurídica e extrato da conta mantida junto ao Citibank, quando se verifica que no dia 21/08/2009 houve transferência do valor de R$ 3.593.745,68 da empresa para a sócia, referente a empréstimo por ela tomado. A DRJ já afirmara que (fl. 2172): Contudo, conforme já afirmado anteriormente, foram considerados como origens de recursos todos os saldos bancários em ContasCorrentes e Poupança no início de cada mês, tanto do contribuinte quanto de sua esposa, os quais englobariam tal valor depositado em suas contascorrentes. Ademais, não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). Bem, em relação à documentação acima criticada, o que está na folha 2150 (“extrato de uma conta corrente sem identificação do titular”, no dizer da DRJ, acima) é o Fl. 2236DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.237 17 mesmo que está na folha 172, onde estão os extratos completos, que indicam ser a conta de Angelina Maria e Walter Zagari. Mas em relação à natureza dessa retirada de dinheiro da empresa Atrevida Produções ser um "empréstimo", o que faria o valor ser não tributável, não há provas. O Livro Diário (fl. 1919) foi escriturado: "valor referente a classificar". E quando foi classificado como "empréstimo"? Quando foi pago o empréstimo? Porque na folha 1931 consta o Balanço Patrimonial da empresa Atrevida, encerrado em dezembro de 2009. O Ativo total era de R$ 811.654,46. Um empréstimo feito a um dos sócios deveria ser classificado como "direito a receber". Se não consta ali esse direito de receber o empréstimo de mais de R$ 3 milhões é porque ele foi pago no mesmo ano. Quando? Em que termos foi feito esse empréstimo, quando seria pago, qual a taxa de juros, em quantas prestações? Na realidade, parece existir uma confusão entre o patrimônio dos sócios e das pessoas jurídicas, o que é inaceitável em termos contábeis. A sócia retira um valor da empresa, deposita em sua conta corrente para fazer face a suas despesas e aplicações e diz que foi um "empréstimo". É isso que a documentação apontada pelo Recorrente demonstra: que houve uma transferência de valores entre a empresa e a contribuinte. Não se comprova, entretanto, que seja de fato um empréstimo. Para que esse valor fosse considerado na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, repito, deveria ser demonstrado que se refere a rendimentos já tributados ou que sejam isentos ou não tributados. DILIGÊNCIAS O contribuinte pleiteou realização de diligências para primeiro apurar qual foi o real lucro da empresa WZ Publicidade Ltda , empresa da qual é sócio com 95% do capital. Como se procurou demonstrar, tal é desnecessário porque indiscutivelmente foi descumprido um requisito legal para reconhecimento do lucro excedente que pretende considerar como distribuição isenta para a pessoa física. Segundo, para que se individualizassem e explicassem certas aplicações de recursos no exterior, em conta no Canadá. Também como se procurou demonstrar, é possível, dentro dos autos, indicar perfeitamente como se chegou ao valor das planilhas elaboradas pela fiscalização, tendo como base extratos bancários que constam do processo. Ademais, a DRJ já havia indicado os extratos e as folhas respectivas e o contribuinte nada contradisse, especificamente em relação a esses documentos. Assim, reputo desnecessária a realização de qualquer diligência. CONCLUSÃO Em conclusão, VOTO por rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 2237DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.238 18 Fl. 2238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13975.000215/2005-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO RESULTADO DO JULGAMENTO.
Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração para correção de erro material na formalização do acórdão.
O resultado do julgamento constante do acórdão deve ser retificado de forma a corresponder ao que restou decidido em votação.
Numero da decisão: 3201-002.315
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos para correção do erro material no acórdão embargado.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer De Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko Dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos para correção do erro material no acórdão embargado. WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer De Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko Dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario.
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ACOLHIMENTO. ERRO MATERIAL NO RESULTADO DO JULGAMENTO. Devem ser acolhidos os Embargos de Declaração para correção de erro material na formalização do acórdão. O resultado do julgamento constante do acórdão deve ser retificado de forma a corresponder ao que restou decidido em votação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em ACOLHER os embargos para correção do erro material no acórdão embargado. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Jose Luiz Feistauer De Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko Dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi De Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 5. 00 02 15 /2 00 5- 78 Fl. 849DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 2 Consoante acórdão proferido em sede de Recurso Voluntário, é o relatório do feito: Adoto o relatório da decisão de primeira instância por entender que o mesmo resume bem os fatos dos autos até aquele momento processual: Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de créditos da Contribuição para o Programa de Integração Social— PIS de que trata o art. 5° da Lei 10.637/2002, relativo ao segundo trimestre de 2004. A DRF/BLUMENAU exarou o Despacho Decisório de fls. 639 a 666 deferindo parcialmente o pedido da interessada para reconhecer o direito creditório no valor de R$88.740,85, referente ao saldo remanescente da apuração nãocumulativa da contribuição para o PIS. No relatório e na fundamentação que embasaram a decisão proferida consta consignado, em resumo, que: a) A análise do direito creditório pleiteado no processo foi suscitada em sede do Mandado de Segurança n° 2006.72.05.0047318/ SC; b) A análise teve como base as informações prestada nos documentos apresentados pela interessada e acostados ao processo, bem como as informações obtidas por meio de consultas aos sistemas informatizados da RFB; c) A partir de uma amostragem das notas fiscais de exportação, procedeuse à verificação da efetividade das exportações nos sistemas internos da RFB, tendo sido possível comprovar, por meio do confronto do Demonstrativo de Despachos de Exportação (fl. 46) com suas respectivas notas fiscais, a exportação das mercadorias informadas nas notas fiscais amostradas; d) Foi selecionada para verificação uma amostragem das notas fiscais de aquisições. Da verificação foram constatadas divergências entre os valores informados no DACON e os valores informados pela interessada na documentação apresentada; e) A requerente incluiu na formação da base de cálculo dos créditos de PIS, aquisições de bens de pessoa física, contrariando o disposto no § 3° do art. 3° da Lei 10.637/02. As cópias das notas fiscais encontramse em fls. 346, 409 e 476. Procedeuse à glosa da totalidade desses valores; f) As notas fiscais do fornecedor Vidroforte Indústria e Comércio de Vidros Ltda, CNPJ 92.639.954/000167 foram emitidas com o CFOP 6.501 (remessa com fim específico de exportação) e escrituradas pela requerente com o CFOP 2.101 (compras para industrialização); g) A venda com fim específico de exportação só se efetiva quando a mercadoria vai diretamente do estabelecimento Fl. 850DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 850 3 do produtorvendedor para embarque ao exterior ou para depósito em entreposto, o que não ocorreu no caso em tela, mas sim para seu próprio estabelecimento e a incorporação desse insumo (vidro) ao produto final; h) A aquisição desse insumo se deu sem a devida tributação quando da saída do estabelecimento fornecedor, já que foi alcançado pela imunidade afeta às exportações por causa da emissão de nota fiscal com CFOP 6.501. A concessão de créditos sobre tais aquisições implicaria na inobservância ao princípio da nãocumulatividade; i) De acordo com os arts. 5°, III e 3°, § 2° da Lei 10.637/2002, as aquisições de mercadorias com fim específico de exportação não geram direito a créditos de PIS. Foram glosadas as aquisições do referido fornecedor, conforme notas fiscais anexas ao processo; j) A requerente incluiu no rol dos serviços passíveis de creditamento, os prestados pela empresa Bráulio Reif, CNPJ 00.249.264/000183, relativos a transporte de passageiros. Somente dão direito a crédito as despesas com transporte relacionadas aos custos de produção na aquisição de insumos, desde que suportados pelo adquirente e, a partir de 01/02/2004, os relacionados ao frete na operação de venda, desde que suportado pelo vendedor. Assim, procedeuse à glosa da totalidade das notas fiscais; k) A grande maioria dos CTRC (Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Cargas) de CFOP 1.352 padecem dos requisitos formais exigidos pelo regulamento do ICMS a que se sujeita a requerente. Dentre as irregularidades destacamse as relativas à emissão do CTRC posteriormente à prestação do serviço de transporte; 1) Constatouse que o problema ocorreu exclusivamente com os transportes locais ou de cidades limítrofes à sede da requerente. Em relação aos serviços de transporte interestadual (CFOP 2.352), a totalidade dos conhecimentos foram deferidos: m) Na memória de cálculo para os créditos referentes a serviços utilizados como insumos, a requerente incluiu, dentre outros, os CFOP 1.949 e 2.949 (outra entrada de mercadoria ou prestação de serviço não especificado). Por se referirem a outras entradas não previstas nos demais códigos, a princípio, não correspondem a bens ou Fl. 851DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 4 serviços utilizados como insumo, razão pela qual se efetuou a glosa dessas quantias; n) Constatouse da conferência das faturas de energia elétrica a inclusão no cômputo do crédito para o PIS, de valor referente à doação ao Hospital Armegret Neitzke, no valor de R$ 100,00. A previsão legal de desconto de créditos calculados em relação à energia elétrica não contempla tais valores, motivo pelo qual foram da glosados; o) Intimada a comprovar os valores informados na linha seis (Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas) da ficha quatro de DACON, a requerente apresentou cópia de contrato de locação de um caminhão e duas carrocerias reboques, de propriedade da controladora Rohden Artefatos de Madeiras Ltda. Em relação aos comprovantes do efetivo pagamento, informou que a operação estava coberta por contrato de mútuo. A inclusão desta despesa evidencia um equívoco por parte da requerente, pois a NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) utiliza capítulos distintos para classificar máquinas e veículos. Assim, foram glosados tais valores; p) Intimada a demonstrar a memória de cálculo dos valores informados na linha treze da ficha quatro do DACON, a interessada apresentou as contas contábeis "Fretes de exportação" — 4.236 e "Serviço de armazena" gem" — 4.271. Em relação às despesas com transporte, repetiuse a deficiência na formalização dos CTRC de CFOP 1.352 — nos mesmos termos dos fretes relativos à aquisição de insumos transcrito no item "Despesas com transporte rodoviário de cargas" do Despacho decisório; q) A requerente incluiu entre as despesas financeiras passíveis de creditamento, as relacionadas às despesas decorrentes de contrato de câmbio (conta 4.314 — Juros pagos ACC/ACE). Tais valores não se enquadram no conceito de despesa financeira decorrente de empréstimo ou financiamento, motivo pelo qual foram glosados; r) A conferência por amostragem das notas fiscais e dos documentos apresentados pela interessada foi o ponto de partida para a elaboração da planilha do Anexo I do despacho. Levouse em consideração o resultado da análise do trimestre anterior através do processo n° 13975.000218/200510. Assim, os créditos do período anterior solicitados no citado processo não afetam o estoque de créditos no mercado externo do período ora analisado; s) O crédito de mercado interno do trimestre foi integralmente utilizado para descontar os débitos do período, razão pela qual o saldo inicial do período subseqüente será igual a zero. Foi apurado crédito Fl. 852DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 851 5 disponível para compensação ou ressarcimento no valor de R$ 88.740,85 a título de mercado externo. Cientificada da decisão em 05/09/2007 (fl. 674), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 02/10/2007 (fis. 675 a 687), alegando, em síntese que a) As notas fiscais que comprovam as aquisições do fornecedor Vidroforte Indústria e Comércio de Vidros Ltda foram emitidas com CFOP 6.501, destinado a vendas com fim específico de exportação. Contudo, foram utilizadas pela requerente como matéria prima em seu processo de industrialização; b) O CFOP foi utilizado de forma equivocada 'pelo fornecedor, sem qualquer responsabilidade da recorrente; c) Notese que a empresa Vidroforte destacou o ICMS nas operações, contudo, a venda . com fim específico de exportação não tem destaque de ICMS. Assim, a recorrente pagou o ICMS, o PIS e a COFINS à empresa fornecedora, os dois últimos embutidos no preço dos produtos; d) Caso o fornecedor não tenha recolhido o PIS e a COHNS, a empresa recorrente não pode ser prejudicada, vez que referido recolhimento é de responsabilidade de terceiro, cabendo ao fisco a cobrança da empresa responsável pelo pagamento; e) Na época das aquisições sequer havia lei autorizando a suspensão do PIS e da COFINS, tanto que no campo "observações" das notas fiscais constou apenas a suspensão do A recorrente passou a estar autorizada a efetuar a compra com suspensão do PIS e da COFINS somente após a publicação do Ato Declaratório Executivo n° 1, de 06/01/2006. A partir dessa data, a Vidroforte passou a vender para a recorrente com suspensão das contribuições, passando a conceder desconto relativo à suspensão; f) Não existem os supostos "vícios formais" a ensejar a glosa referente aos fretes das aquisições de insumos mas, quando muito, meras irregularidades. O transporte utilizado para levar a madeira bruta das florestas até o estabelecimento da recorrente é efetuado por pessoas humildes que, ao invés de emitirem uma nota fiscal (conhecimento de frete) para cada operação de transporte, emitiam uma nota fiscal conjunta com a totalidade dos serviços prestados em determinado período; g) Referida falha não prejudicou o fisco pois não houve omissão dos valores referentes aos fretes. O fato de ter havido irregularidades não impediu que a empresa transportadora recolhesse PIS e COFINS sobre esses valores; Fl. 853DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 6 h) Caso se entenda que não tem como auferir os valores a serem ressarcidos, que se determine o retorno dos autos à DRF em Blumenau para análise do crédito; i) Os valores incluídos nos CFOP 1.949 e 2.949 não apresentam qualquer incorreção, vez que se tratam de importâncias relativas a serviços de pessoa jurídica utilizados na extração de madeira, manutenção de florestas e manutenção de máquinas, cujo direito ao crédito está previsto no art. 3 0, II, da Lei 10.637/02; j) De fato, no mesmo CFOP existem entradas com direito ao crédito e outras sem. Contudo, a autoridade administrativa deveria ter intimado a recorrente para prestar as informações necessárias. Anexa aos autos as notas fiscais que comprovam o direito pleiteado; k) Relativamente às despesas com transporte na venda da produção do estabelecimento não há que se falar em "vícios formais relevantes" porquanto cada conhecimento de frete foi devidamente vinculado a uma nota de venda de produtos encaminhados ao porto para exportação; 1) Caso se entenda que não tem como auferir os valores a serem ressarcidos, que se determine o retorno dos autos à DRF em Blumenau para análise do crédito; m) As vendas ao exterior são efetuadas por meio de Contrato de Câmbio, que impõe ao exportador o pagamento de uma taxa de câmbio para receber em moeda nacional o valor que foi pago pelo importador em moeda estrangeira. Não resta dúvida de que a taxa de câmbio decorrente do contrato de câmbio configurase como despesa financeira; n) A interpretação da redação original do inciso V, do art. 3°, da Lei 10.637/02 não pode restringir o direito ao ressarcimento às despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos; o) Há ainda situações em que o banco onde o Contrato de Câmbio foi celebrado adianta o valor e cobra juros do exportador. Tal procedimento é uma espécie de empréstimo; p) Requer o recebimento, e a apreciação da manifestação de inconformidade e a reforma da decisão proferida. O processo foi encaminhado a esta DRURJ02 tendo em vista o disposto na Portaria RFB n° 535, de 28/03/2008. A decisão recorrida recebeu de seus julgadores a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 VENDAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Fl. 854DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 852 7 A aquisição de bens utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda gera direito a crédito a ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativo, quando não comprovado que a aquisição tenha sido efetuada com o fim específico de exportação. PIS NÃOCUMULATIVO. GLOSA DE CRÉDITOS. COMPROVAÇÃO. Não é cabível a glosa de crédito a ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativo calculado em relação a serviços utilizados como insumo, quando devidamente escriturados e amparados por documentos hábeis que lhe dêem suporte. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. Os serviços caracterizados como insumos são aqueles diretamente aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Despesas e custos indiretos embora necessários à realização das atividades da empresa, não podem ser considerados insumos para fins de apuração dos créditos no regime da não cumulatividade. PIS NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. DESPESAS FINANCEIRAS. As despesas financeiras sobre contratos de câmbio não dão direito a crédito para ser descontado da contribuição para o PIS/Pasep apurada segundo o regime de incidência nãocumulativa. DECISÃO ADMINISTRATIVA. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Consideramse definitivos os ajustes efetuados na base de cálculo dos créditos a descontar relativamente aos itens que não foram expressamente contestados. Solicitação Deferida em Parte O contribuinte, restando inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário no qual ratifica e reforça os argumentos trazidos em sua peça de impugnação. Os autos foram enviados a este Conselho e fui designado como relator do presente recurso voluntário, na forma regimental, tendo requisitado a sua inclusão em pauta para julgamento. Em sessão de julgamento ocorrida em 04 de maio de 2011, esse Turma Julgadora, por maioria, negou provimento o Recurso Voluntário do contribuinte, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 855DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 8 Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. PROVA. INSUMO. Não havendo prova da sua aplicação direta no processo produtivo, de venda, de serviço ou qualquer combinação destes; ou a essencialidade deste para processo produtivo, de venda, de serviço ou qualquer combinação destes, não merece provimento o pedido formulado no recurso voluntário. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. JUROS. CONTRATO DE CÂMBIO. É possível descontar créditos calculados em relação a despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica, contudo, o Contrato de Câmbio não tem natureza jurídica de empréstimo, nem de financiamento, não sendo possível tal aproveitamento. Intimada, a Procuradoria da Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração de fls. 843/844, aduzindo material no resultado do julgamento consignado no acórdão embargado. Os referidos Embargos foram admitidos por despacho de fls. 846/848 e a mim distribuídos por sorteio, vez que o Relator original do feito não mais compõe este colegiado. É o Relatório. Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário A questão posta a exame deste Colegiado em sede de Embargos de Declaração é de mero erro material. Alega a Procuradoria da Fazenda Nacional que houve contradição entre a parte dispositiva do Voto condutor do Acórdão recorrido e o resultado de julgamento que restou consignado quando da formalização do acórdão. Confirase: Parte dispositiva do voto condutor (fl. 822) Assim, também não como prover o recurso neste particular, logo, VOTO por conhecer do recurso para negarlhe provimento. (destaques nossos) Fl. 856DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13975.000215/200578 Acórdão n.º 3201002.315 S3C2T1 Fl. 853 9 Acórdão formalizado (fl. 810): Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por maioria, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes. (destaques nossos) Como se percebe pelos excertos colacionados, a omissão está presente. De acordo com a fundamentação do voto condutor do acórdão proferido em sede de Recurso Voluntário, bem como da sua parte dispositiva, o resultado do julgamento deve ser consignado como negativa de provimento ao Recurso Voluntário. Assim, voto por conhecer e prover os Embargos de Declaração, sem efeitos infringentes, para simples correção de erro material apresentado na formalização do acórdão recorrido, que passa a ter a seguinte redação: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por maioria, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes. É como voto. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 857DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 20 /09/2016 por TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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