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Numero do processo: 13878.000210/2004-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. SANEAMENTO. SEM EFEITO MODIFICATIVO
Configurada a omissão e contradição na decisão recorrida, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeito modificativo, para suprir os vícios apontados no acórdão embargado.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 3402-003.247
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios, sem efeito modificativo, para suprir a omissão e contradição apontadas pela Embargante, inclusive na ementa constante do Acórdão nº 3402-002.824, de 25/01/2016.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. SANEAMENTO. SEM EFEITO MODIFICATIVO Configurada a omissão e contradição na decisão recorrida, acolhemse os embargos de declaração, sem efeito modificativo, para suprir os vícios apontados no acórdão embargado. Embargos Acolhidos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos declaratórios, sem efeito modificativo, para suprir a omissão e contradição apontadas pela Embargante, inclusive na ementa constante do Acórdão nº 3402002.824, de 25/01/2016. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Redator designado Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 87 8. 00 02 10 /2 00 4- 62 Fl. 487DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Relatório Tratase de Embargos de declaração, tempestivo, interposto pelo Contribuinte acima identificado (fls. 404/408), ao amparo do art. 65 e seguintes, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, em face do Acórdão nº 3402002.824, de 25/01/2016 (fls. 342/369), que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 COFINS.REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. UTILIZAÇÃO DE BENS E SERVIÇOS . CREDITAMENTO. AMPLITUDE DO DIREITO. No regime de incidência não cumulativa do PIS/Pasep e da COFINS, as Leis 10.637/02 e 10.833/03 (art. 3º, inciso II) possibilitam o creditamento tributário pela utilização de bens e serviços como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, ou ainda na prestação de serviços, com algumas ressalvas legais. Diante do modelo prescrito pelas retrocitadas leis dadas as limitações impostas ao creditamento pelo texto normativo vêse que o legislador optou por um regime de não cumulatividade parcial, onde o termo “insumo”, como é e sempre foi historicamente empregado, nunca se apresentou de forma isolada, mas sempre associado à prestação de serviços ou como fator de produção na elaboração de produtos destinados à venda, e, neste caso, portanto, vinculado ao processo de industrialização. COFINS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO DECORRENTE DE CUSTOS E DESPESAS COM INSUMOS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA APLICAÇÃO DOS INSUMOS NO PROCESSO PRODUTIVO OU NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. O creditamento objeto do regime da não cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, além da necessária observação das exigências legais, requer a perfeita comprovação, por documentação idônea, dos custos e despesas decorrentes da aquisição de bens e serviços empregados como insumos na atividade da pessoa jurídica. CRÉDITO. EMBALAGENS DE TRANSPORTE. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Os gastos com embalagens de transporte pallet, papelão e os filmes strech, integram o custo dos produtos fabricados e exportados pela recorrente, gerando créditos passíveis de desconto da contribuição apurada sobre o faturamento mensal e/ ou de ressarcimento/compensação do saldo credor trimestral. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. NÃO COMPROVAÇÃO. GLOSA. A não comprovação dos créditos, Fl. 488DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13878.000210/200462 Acórdão n.º 3402003.247 S3C4T2 Fl. 488 3 referentes à não cumulatividade, indicados no Dacon, implica sua glosa por parte da fiscalização. Na apuração de PIS/Cofins não cumulativo,aprovada existência do direito de crédito incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização promover o lançamento com os dados que se encontram ao seu alcance. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado para ciência da Embargante em 11/04/2016 (segunda feira, data da abertura do DTE eletrônico à fl. 402). Cientificado do referido Acórdão, em 18/04/2016, tempestivamente portanto, foi interposto os Embargos de declaração de fls. 404/408, apontando omissão e contradição no referido julgado. Quando da análise dos referidos arestos, o Presidente da 2ª Turma, conforme o Despacho S/Nº (4ª Câmara/2ª Turma Ordinária) à fl. 478, encaminhou o processo a este Conselheiro para análise dos aclaratórios argumentados em sua petição e que após manifestação por meio de informação escrita nos autos, solicita que o processo seja restituído à presidência, a fim de que seja ouvido também o redator designado. Vejase: "(...) Os embargos alcançam tanto o voto vencido do relator originário, quanto o voto vencedor do redator designado. Tendo em vista o disposto art. 65, § 7º, do RICARF, encaminho o processo inicialmente ao relator originário, a fim de que se manifeste sobre a admissibilidade dos embargos de declaração na parte em que apontou vícios no voto vencedor. Após sua manifestação por meio de informação escrita nos autos, solicito que o processo seja restituído a esta presidência, a fim de que seja ouvido o redator designado. Pois bem. Como demonstrado no Acórdão embargado, no caso concreto, trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento, cujo crédito provém do saldo credor da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), relativo a receitas de exportação, apurado no regime de incidência não cumulativa, referente ao 2º trimestre de 2005. Este Colegiado, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso para reverter as seguintes glosas dos créditos tomados: (i) gastos com embalagens de transporte pallet, papelão e os filmes strech; e (ii) água e seu tratamento 40% que foram glosados por não ser utilizada no processo produtivo. Posto isto, a Embargante colaciona a seguir, no seu entender, os 3 vícios apontados pelo Acórdão embargado, na parte em que reverteu a glosa e a exigência do crédito tributário, os quais justificariam a oposição dos Embargos de declaração: 1ª contradição e omissão Fl. 489DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 Aduz que ao redigir o Voto Vencedor, os fundamentos utilizados pelo Conselheiro designado contradizem o disposto na ementa do Acórdão embargado. "(...) Isto porque, o Voto Vencedor reverteu a glosa de crédito de PIS e COFINS sobre 40% do total de água (e seu respectivo tratamento) consumida pela Embargante em seu processo de produção. Entretanto, o trecho do Termo de Informação Fiscal colacionado pelo Relator não corresponde à glosa de créditos sobre água e produtos químicos acrescidos à água, mas, sim, à glosa de créditos oriundos dos gastos com produtos químicos acrescidos à água que se transforma em vapor durante o processo produtivo, in verbis (fls. 354, do v. acórdão): "Acerca da glosa de 40% sobre o total de água consumida, entendo Que tal vedação de creditamento não deva prosperar, sobretudo diante do minucioso trabalho do fiscal durante o procedimento de fiscalização, como se vê no item 16 do Termo de Informação Fiscal elaborado pelo Fisco, argumenta que: "(...) A água que e utilizada nos processos produtivos da empresa, unidades matriz e filial, recebe inúmeros produtos químicos para garantir sua qualidade (ver fls 464 item 1). Inicialmente parte da água será utilizada nas caldeiras para produção de vapor, e a outra nos processos de fermentação, isolação e purificação. Ao final, 40% (quarenta por cento) da água será descartada, retornando ao rio, e os outros 60% (sessenta por cento) irão compor o fertilizante nitrogenado. Dos gastos tidos com a água e seu tratamento, 60% geram direito a crédito, pois irão compor o fertilizante nitrogenado (...)" [g n]. O trecho do Termo de Informação Fiscal colacionado no v. acórdão enfoca o "item 16", do referido Termo, como se este item contivesse a glosa de créditos oriundos de 40% do volume de água descartada e dos produtos químicos necessários à sua utilização e purificação. Entretanto, ao cotejar o "item 16" com os fundamentos expostos no acórdão, a Embargante observou que todos os valores glosados contidos no "item 16" correspondem, na realidade, a produtos químicos utilizados no processo de vaporização da água. Fica, portanto, demonstrada a contradição entre a ementa do v. acórdão e o Voto Vencedor. A glosa de créditos sobre o volume de 40% da água utilizada no processo produtivo e seu tratamento está contida no "item 17". Entretanto o Voto Vencedor do acórdão foi omisso por não incluir o "item 17" em sua fundamentação. Devese, portanto, sanar esta omissão, incluindo, na fundamentação do Voto Vencedor, o "item 17", para que ocorra, efetivamente, a reversão da glosa da água (e seu respectivo tratamento) que é descartada ao final do processo produtivo. 2ª contradição Argumenta que o acórdão contém uma segunda contradição entre a decisão prolatada e o item "5d", do voto do relator, que versa sobre a parcela de água que evapora antes de se incorporar ao processo produtivo. "(...) O Conselheiro Waldír Navarro Bezerra considerou procedente a glosa dos créditos originados na parcela de água que evapora durante o processo de produção, supostamente, porque a possibilidade de creditamento da energia sob a forma de vapor só teria sido concedida com a redação dada ao artigo 3º, da Lei n° 10.833/03, pela Lei n° 11.488/07. Ocorre que não há, na presente controvérsia, glosa de créditos sobre a água utilizada sob a forma de vapor, mas, sim e exclusivamente sobre os produtos químicos adicionados à água utilizada nas caldeiras para a produção de vapor, conforme descrição contida no "item 16". Fl. 490DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13878.000210/200462 Acórdão n.º 3402003.247 S3C4T2 Fl. 489 5 Ora, os créditos glosados no "item 16" correspondem aos gastos com produtos acrescidos à água dedicada às caldeiras que se transforma em vapor. Consequentemente, tem a mesma natureza que os créditos glosados decorrentes das despesas com os produtos utilizados no tratamento da água utilizada no processo produtivo e descartada ao final do processo ("item 17", do Termo de Informação Fiscal"). No presente caso, reconhecese o direito ao crédito sobre os produtos necessários ao tratamento da água descartada que fez parte do processo produtivo da Embargante (item 17"), mas, contraditoriamente, mantémse a glosa de créditos sobre as despesas com produtos utilizados no tratamento da água utilizada nas caldeiras ("item 16") que gerarão o vapor utilizado no processo de produção. Deste modo, o item "5d", do voto do Relator, é contraditório, a uma por versar sobre elemento desconhecido, já que o "vapor" não foi glosado, mas, sim, as despesas com os produtos químicos utilizados na água que gerará o vapor e, a duas, porque concedeu o direito ao crédito sobre os gastos com o tratamento da água descartada, mas não com o tratamento da água que será transformada em vapor. 3ª contradição apontada Informa que há, ainda, contradição na ementa do acórdão que mencionou a suposta ausência de comprovação, por parte da Embargante, da utilização dos insumos no processo de produção. Ora, a única suposta glosa mantida foi a de produtos químicos utilizados na água que gerará o vapor ("item 16), sendo certo que restou comprovado, pelo voto vencedor, que toda a água é utilizada no processo produtivo, inclusive a água que gerará o vapor. Portanto, não há que se falar em ausência de comprovação. Além disso, consta do acórdão, que a glosa (inexistente) sobre o "vapor" foi acertada, já que a legislação que permitiria o seu creditamento (2007) é posterior aos fatos geradores do crédito (2005). Ou seja, ainda que subsista o erro, o motivo da manutenção da glosa (indevida) do "vapor" não é a ausência de comprovação, mas, sim, aplicação ou não da legislação (Lei n° 11.488/07). Ao final, requer que sejam os presentes embargos admitidos, postos para apreciação do Colegiado, para que sejam acolhidos para sanar os vícios apontados, na forma do art. 65, §§ 2º ao 6º, do RICARF. Esses são os fatos. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, relator. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 343, de 9 de junho de 2015 – RICARF, cabem Embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus Fl. 491DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma, e poderão ser opostos, mediante petição fundamentada, no prazo de 5 dias contados da ciência do acórdão. Nesse espeque, foi procedida à análise dos Embargos de declaração apresentados, verificado que atendem aos requisitos de admissibilidade e considerando a omissão e as contradições acima expostas, os mesmos devem ser admitidos, a fim de serem corrigidos os vícios apontadas pela Embargante (omissão e contradição), conforme Despacho do Presidente desta Turma Ordinária à fl. 486 e do Despacho elaborado pelo Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto designado pelo Voto Vencedor à fl. 485. É cediço que o objeto dos Embargos de declaração tem como fulcro permitir que a decisão seja a mais hígida possível, de modo a permitir sua execução, sem margem à dúvida, quer quanto ao seu teor quer quanto à sua liquidação. Passamos, então, à análise dos pontos elencados pela Embargante e as considerações proferidas pelo Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, quanto ao voto vencedor: 1) Quanto ao Voto Vencedor: da alegada omissão e contradição no voto vencedor de que "A glosa de créditos sobre o volume de 40% da água utilizada no processo produtivo e seu tratamento está contida no 'item 17', do TIF Termo de Informação Fiscal", fazse necessária o seguinte aclaramento: A Embargante alega que na redação do Voto Vencedor foram invocados fundamentos que não se aplicariam à reversão da glosa proposta, nominalmente a menção ao item 16, mencionado no Acórdão embargado. Diante disso, apontou a existência de contradição, pelo fato do item 16 do Termo de Informação Fiscal versar sobre gastos com embalagens de transporte, pallet, papelão e filme stretch. Verificando às fls. 209/211 do processo, se verifica que o Embargante tem razão. Invocouse o item errado para reverter as glosas sobre a água evaporada, que não se integrou no fertilizante nitrogenado. Em rigor, o fundamento reside no item 18, verbis: Como se interpreta claramente da descrição acima dada, 100% da água é utilizada no processo produtivo, de diversas formas (produção de vapor, processos de fermentação, isolação e purificação, e composição do fertilizante nitrogenado), apesar de que apenas 60% dele será incorporado efetivamente ao produto final, restando 40% descartado após tratamento químico. Caso essa turma adotasse o vetusto conceito de insumo de IPI para os casos de PIS e COFINS, faria sentido a glosa de parcela da água que não fora incorporada ao produto. Todavia, temos firme entendimento de que a noção de insumo está relacionada ao processo produtivo como um todo e as despesas necessárias para sua ocorrência, ainda que não haja a incorporação física ao produto. Fl. 492DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 13878.000210/200462 Acórdão n.º 3402003.247 S3C4T2 Fl. 490 7 Desse modo, corrigese a fundamentação da decisão embargada, para sanar a contradição apontada, mantendo a reversão da glosa de crédito de PIS e COFINS sobre os 40% da água descartada, contido no item 18 do TIF. 2) Quanto ao Voto do Relator: No que pertine à alegação de que o acórdão contém uma segunda contradição entre a decisão prolatada e o item "5, letra 'd" do Acórdão, que versa sobre a parcela de água que evapora antes de se incorporar ao processo produtivo, também assiste razão à Embargante e, portanto, aclarase o seguinte: De fato o Acórdão embargado considerou procedente a glosa elaborada pelo Fisco, dos créditos originados na parcela de água que evapora durante o processo de produção, porque a possibilidade de creditamento da energia sob a forma de vapor só teria sido concedida com a redação dada pelo artigo 3º, da Lei n° 10.833/03, incluído pela Lei n° 11.488/07. No entanto, na controvérsia, verificase que não há glosa de créditos sobre a água utilizada sob a forma de vapor, mas sim sobre os produtos químicos adicionados à água utilizada nas caldeiras para a produção de vapor, conforme descrição contida no "item 16" do Termo de Constatação Fiscal (tratamento, que correspondem aos gastos com produtos acrescidos à água dedicada às caldeiras que se transforma em vapor). Verificase isto pelas alegações da Recorrente em seu recurso: "(...) Incorreta também é a glosa dos créditos correspondentes a parcela da água que não teve contato com o produto, uma vez que 100% da água utilizada é necessária para o processo produtivo, tal qual o vapor utilizado na secagem e finalização do produto, ou seja, parte indispensável na cadeia produtiva". Por outro lado, no presente caso, reconheceuse, pelo voto vencedor, o direito ao crédito sobre os produtos necessários ao tratamento da água descartada que fez parte do processo produtivo da Embargante (item 17, do TIF). Assim, o item "5, letra 'd" do voto (Da parcela da água que evapora antes de se incorporar ao processo produtivo (produção vapor), tornouse realmente contraditório, por versar sobre "vapor" (um tipo de energia), insumo este que não foi glosado pelo Fisco. O que foi objeto de glosa foram as despesas com os produtos utilizados na água que produzirá o vapor (tratamento), e tal glosa foi revertida pelo voto vencedor do Acórdão (conforme item (ii), dar provimento parcial, para reverter as seguintes glosas [...] água e seu tratamento). 3) Por fim, quanto à alegada contradição contida na ementa do acórdão que mencionou a suposta ausência de comprovação, por parte da Embargante, da utilização dos insumos no processo de produção, entendo que também assiste razão à Recorrente. Como a única glosa mantida foi a de produtos químicos utilizados na água que gerará o vapor (item 16, do TIF), sendo certo que restou comprovado pelo voto vencedor, que toda a água é utilizada no processo produtivo, inclusive a água que gerará o vapor (água e seu tratamento), não há mais que se falar em ausência de provas na ementa do Acórdão. Ressaltese que, com relação a glosa (inexistente) sobre o "vapor", muito embora se encontra fundamentada no Acórdão, já que a legislação que permitiria o seu creditamento (2007) é posterior aos fatos geradores do crédito (2005), o motivo da manutenção da glosa (indevida) do "vapor" não seria a ausência de comprovação, mas, sim, a aplicabilidade ou não da legislação do art. 3º, III, da Lei n° 10.833/07. Fl. 493DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Conclusão Assim, voto no sentido de acolher os embargos declaratórios, sem efeito modificativo, para aclarar as contradições e omissão apontadas pela Embargante, inclusive na ementa da decisão constante no Acórdão nº 3402002.824, uma vez que não há que se falar em ausência de comprovação dos créditos referente ao "vapor". É como voto. (assinatura digital) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 494DF CARF MF Impresso em 05/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 03/10/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/10/2016 por CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO, As sinado digitalmente em 01/10/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10469.905872/2009-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO.
É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.273
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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DIREITO CREDITÓRIO INCONTROVERSO. É de se reconhecer o direito creditório utilizado em compensação declarada pelo contribuinte quando ratificado pelo próprio Fisco em atendimento à diligência. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório A empresa em epígrafe enviou PER/DCOM, com base em crédito oriundo de suposto "pagamento indevido ou a maior". Foi exarado despacho decisório eletrônico que não homologou a compensação sob o fundamento de que só foram encontrados pagamentos, "mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 90 58 72 /2 00 9- 69 Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 10469.905872/200969 Acórdão n.º 3402003.273 S3C4T2 Fl. 3 2 O contribuinte manifestou sua inconformidade contra esse despacho, alegando que havia calculado as contribuições PIS/COFINS sobre seu faturamento total, quando, na verdade, a grande maioria de suas vendas são de frutas e verduras, as quais têm sua alíquota reduzida a 0% quando destinadas ao mercado interno, conforme art. 28 da Lei 10.865/2004. Contudo, alega que recalculou os impostos mas não retificou a DCTF, pelo que a RFB não teria encontrado a existência de crédito. Informa que para corrigir a situação foi feita retificação na DCTF relativa ao período. A DRJ/Recife julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Contra essa decisão a empresa manejou recurso voluntário, no qual repisa o disposto em sua manifestação de inconformidade, juntando notas fiscais. A 2ª Turma Especial desta 3ª Seção, por meio da Resolução 3802000.042, converteu o julgamento em diligência nos seguintes termos: Assim, diante dos elementos constantes dos autos, voto para a conversão do presente julgamento em diligência a fim de que a unidade preparadora, frente à documentação anexa ao processo e demais documentos e esclarecimentos que julgar necessários indagar à suplicante, se manifeste sobre a COFINS efetivamente devida no período de que trata o pleito. Considerando que o presente é um dos 31 processos em nome da interessada que trata de aduzido direito creditório pelo pagamento indevido da COFINS nos anosbase de 2005 e de 2006, poderão ser elaborados, para fins de atendimento à presente diligência, relatório e, sendo o caso, planilha demonstrativa única, em que sejam discriminadas as bases de cálculo mensais, a COFINS efetivamente devida e a COFINS paga em cada um dos períodos correspondentes. Em seu Relatório de Diligência Fiscal, a DRF/Natal reconheceu o direito creditório do contribuinte, em montante suficiente para homologar a compensação declarada, assim concluindo: (...)Assim sendo, esta unidade preparadora oferece ao CARF parecer pugnando pelo provimento do Recurso Voluntário apresentado nos processos em epígrafe relacionados. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.260, de 27 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10469.903727/200943, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.260): Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 10469.905872/200969 Acórdão n.º 3402003.273 S3C4T2 Fl. 4 3 "Emerge do relatado que a própria RFB entende que o contribuinte tem direito ao crédito utilizado na compensação declarada. Assim, diante do resultado da diligência fiscal, é de ser reconhecido o crédito utilizado na compensação declarada, cujo montante é suficiente para sua homologação. Diante do exposto, dou provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório utilizado na compensação declarada. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 2733DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.902467/2011-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI.
Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratar-se de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES.
OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI.
Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações.
Numero da decisão: 3402-003.705
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas glosas, mantendo-se apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,00 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz,Waldir Navarro Bezerra e Paulo Roberto Duarte Moreira.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI. Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratar-se de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI. Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações.
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Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratarse de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. OPERAÇÃO DE REMESSA E RETORNO. IPI. Comprovado através da escrituração regular o Livro de Registro do IPI a entrada e saída das mesmas mercadorias, a título de devolução, não há irregularidade na compensação dos créditos e débitos de IPI dessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reverter todas glosas, mantendose apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,00 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. O Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire, que se declarou impedido. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 90 24 67 /2 01 1- 21 Fl. 269DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim (Presidente), Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz,Waldir Navarro Bezerra e Paulo Roberto Duarte Moreira. Relatório Por razões de economia, recorrese ao relatório da DRJ: Tratase de manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório (Eletrônico) DDE de fl. 05, do Delegado da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre, emitido em 01 de abril de 2011, que deferiu parcialmente o ressarcimento de saldo credor de IPI relativo ao 3º trimestre de 2006, pleiteado através do PER/DCOMP nº 40345.02729.180509.1.5.011573 e homologou parcialmente as compensações a ele vinculadas. O montante solicitado corresponde a RS 138.180,68 e foi reconhecido o crédito de R$ 134.449,17. Os motivos para o deferimento parcial foram a ocorrência de glosas de créditos considerados indevidos e a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Foi apresentada manifestação de inconformidade parcial, tempestiva, de fls. 2 a 4, acompanhada de documentos, subscrita por representante legal da empresa, na qual o interessado concorda expressamente com a glosa de R$ 1.106,10, referente às Notas Fiscais nº 46689, 46690 e 325242 e contesta as demais glosas, conforme abaixo. R$ 218,10, pelo motivo 7 Empresa Emitente da Nota Fiscal Optante do SIMPLES referente às Notas Fiscais emitidas pela empresa inscrita no CNPJ sob nº 02.966.293/000191:alega que pesquisa realizada no site da RFB demonstra que não haveria opção pelo Simples Nacional pela referida empresa; R$ 2.407,31, também pelo motivo 7: tratase de remessa de produtos em garantia e teste, com destaque do IPI na saída do estabelecimento da interessada, bem como no retorno destas dos estabelecimentos de empresas optantes do Simples, anulandose a operação, sem prejuízo fiscal. A impugnação do contribuinte foi julgada improcedente em acórdão assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 RESSARCIMENTO DO SALDO CREDOR DO IPI. Somente se reconhece o direito ao aproveitamento de créditos básicos de IPI a que se refere o art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999, quando tratarse de aquisições de insumos empregados em produtos industrializados pelo requerente, Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11080.902467/201121 Acórdão n.º 3402003.705 S3C4T2 Fl. 3 3 e desde que estas não tenham sido feitas a empresas optantes do SIMPLES. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando as razões de sua impugnação, pelo que o Colegiado competente para a apreciação de tal recurso achou por bem converter o julgamento em diligência, através da Resolução nº 3403000.589, onde se determinou o seguinte: Voto, pois, pela conversão do julgamento em diligência, para que a Delegacia de Origem providencie o seguinte: 1. informar e apresentar os documentos que comprovam em qual período a empresa Advance e Goldtek Ltda encontravase submetida aos efeitos do Simples Nacional, indicando o momento em que tal empresa manifestou por não optar por este regime e esclarecendo a partir de qual momento começa a surtir os efeitos da saída do Simples Nacional, concluindo se na data da emissão das referidas Notas Fiscais o emissor estava sujeito ao IPI, ou ainda permanecia sob os efeitos do Simples Nacional; 2. verificar e confirmar a vinculação entre as notas fiscais apresentadas pelo contribuinte na planilha de fl. 180 e cópias de fls. 55/93, confirmando a confrontação de mesmo valor de IPI na entrada e saída de mesma mercadoria, bem como conferindo e confirmando se tanto os créditos na entrada como os débitos da saída foram escriturados no Livro de Apuração do IPI. Ao final deve a Delegacia de origem fazer relatório da diligência, intimando o contribuinte a se manifestar, se quiser, no prazo de 10 (dez) dias, devolvendo os autos a este Conselho para julgamento. Cumprida a diligência e intimado o contribuinte, retornam os autos a este relator em razão de novo sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Alvissareira a diligência fiscal sugerida pelo ilustre Conselheiro Ivan Allegretti, cujo relatório traz subsídios para que o feito seja seguramente decidido. Fl. 271DF CARF MF 4 Com efeito, a primeira parte da autuação se refere à vedação prevista no art. 166 do Decreto nº 4.544, de 26/12/2002 (RIPI/2002), cuja base legal é o § 5º do art. 5º, da Lei nº 9.317, de 1996, a seguir transcrito para maior clareza: “Art. 166. As aquisições de produtos de estabelecimentos optantes pelo SIMPLES, de que trata o art. 117, não ensejarão aos adquirentes direito a fruição de crédito de MP, PI e ME (Lei nº 9.317, de 1996, art. 5º, § 5º).”. A esse respeito, a diligência verificou o seguinte: 1) Em consulta ao sistema CNPJ, verificouse que a empresa Advance e Goldtek Produtos Eletrônicos Ltda foi optante do Simples Federal, instituído pela Lei nº 9.317 de 1996, no período de 01/01/2000 a 30/06/2007. 1.1) Portanto, as notas fiscais nº 5117 de 07/07/2006, nº 5168 de 19/07/2006, nº 5257 de 14/08/2006, nº 5290 de 22/08/2006 e nº 5337 de 06/09/2006 foram emitidas quando a referenciada empresa era optante do Simples Federal, o que veda a transferência de créditos relativos ao IPI, de acordo com o disposto no art. 5º, § 5º, da Lei 9.317 de 1996. 1.2) A pesquisa apresentada pelo contribuinte no recurso voluntário, às fls. 54, referese ao regime do Simples Nacional, estabelecido pela Lei Complementar nº 123 de 2006, com vigência a partir de 01/07/2007. Portanto, correta a glosa do crédito relativo às aquisições de empresa optante do SIMPLES. Quanto à remessa e retorno de produtos, a diligência demonstrou que os valores de entrada e saída, bem como o bem referido são idênticos, deixando claro tratarse efetivamente da operação descrita pelo Recorrente: 2) Em análise às notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180, anexadas às fls.55 a 93, é possível verificar que a descrição dos produtos entrados e saídos é idêntica. É de se salientar que não foi carreada aos autos a cópia da nota nº 5256, emitida pela Video Point Serviços, Comércio e Importação Ltda, CNPJ 66.964.545/000126, relativa a entrada ocorrida em 31/07/2006, cujo registro na escrita fiscal foi confirmada no Livro de Entradas n.º 00013. 2.1) Verificase, ainda, que a quantidade dos produtos saídos e entrados é a mesma nas notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180, com exceção da nota de saída nº 47441 (fls. 67) e de entrada nº 47629 (fls. 65), nas quais as quantidades são 3 (três) e 2 (dois), respectivamente. 2.2) Ademais, o montante do IPI destacado nas notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 180 perfaz R$ 2.437,31 nas operações de saídas e R$ 2.407,31, nas entradas. A diferença, no valor de R$ 30,00, diz respeito às notas nº 47441 (fls. 67) e nº 47629 (fls. 65), mencionadas no item anterior, cujos valores dos impostos destacados são R$ 90,00 e R$ 60,00, respectivamente. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11080.902467/201121 Acórdão n.º 3402003.705 S3C4T2 Fl. 4 5 Desse modo, resta claro não ter havido qualquer crédito aproveitado indevidamente pelo contribuinte, visto que todo ele foi compensado pelo destaque do IPI nas saídas para devolução dos produtos. Frisese, inclusive, que todos os créditos de entrada e débitos de saída estão escriturados no Livro de Registro do IPI, como verificado pelo relatório de diligência. Assim, deve ser revertida a glosa do crédito no valor de R$ 2.407,31, relativo à remessa de produtos em garantia e teste, com destaque do IPI na saída do estabelecimento da interessada, bem como no retorno destas dos estabelecimentos de empresas optantes do Simples, anulandose a operação, sem prejuízo fiscal. Em conclusão, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário, mantendose apenas a glosa de crédito no valor de R$ 218,10 relativo às aquisições de pessoa jurídica optante do SIMPLES. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 273DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.911522/2010-86
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004
ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.406
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Alargamento da base de cálculo. Recorrente CONSTRUTORA TOMASI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2004 a 31/05/2004 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 15 22 /2 01 0- 86 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Curitiba/PR que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório, que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. A não homologação se deveu a inexistência do crédito informado, vez que o mesmo havia sido integralmente utilizado. Em sua manifestação a interessada alega que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do §1º do art. 3º da Lei nº9.718, de 1998, e que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Cita e transcreve jurisprudência administrativa e, ressaltando o contido no art. 165 do CTN, insiste no direito à restituição. Ao final, pede a homologação da compensação. Sobreveio então o Acórdão 06041.129, da DRJ/CTA/PR, julgando improcedente a manifestação de inconformidade da Contribuinte. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.399, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10980.911525/201010, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.399): "O recurso voluntário é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 3 A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 4 Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; conclui se pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento. 2 Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 5 Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, tornase imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 6 compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 7 ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerêla em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 8 Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10980.911522/201086 Acórdão n.º 3402003.406 S3C4T2 Fl. 0 9 base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos valores recolhidos com amparo no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 (declarado inconstitucional pelo STF), devendo o montante do direito creditório ser apurado pela unidade de origem. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 68DF CARF MF
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Numero do processo: 10830.917858/2011-57
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2001, 2002, 2003, 2005
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98.
A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006.
PER/DCOMP. DIREITO DEMONSTRADO. EFEITO
Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, demonstrou nos autos, em parte, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o reconhecimento do direito à restituição pleiteada.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3402-003.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº nº 161.891 (SP).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2005 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o faturamento, assim compreendido como a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, afastado o disposto no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 por sentença proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal em 09/11/2005, transitada em julgado em 29/09/2006. PER/DCOMP. DIREITO DEMONSTRADO. EFEITO Realidade em que o sujeito passivo, abrigado pela inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, demonstrou nos autos, em parte, o alegado recolhimento indevido, requisito indispensável ao gozo do direito à restituição previsto no inciso I do artigo 165 do CTN, enseja o reconhecimento do direito à restituição pleiteada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 78 58 /2 01 1- 57 Fl. 3028DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, o Dr. Maurício Bellucci, OAB nº nº 161.891 (SP). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão nº 0947.712, da 2a Turma da DRJ de Juiz de Fora (MG), a qual, por unanimidade de votos, indeferiu a Manifestação de Inconformidade formalizada pela interessada em face da não homologação de compensação declarada em PER/DECOMP nº 06549.99796.100506.1.2.046691, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. A decisão de primeira instância, não reconheceu o direito creditório sob os argumentos sintetizados na Ementa do Acórdão abaixo transcrita: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI Não cabe ao julgador administrativo apreciar a matéria do ponto de vista constitucional. COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à Dcomp. PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. CONTROLE DIFUSO. A decisão exarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito de recurso extraordinário, que reconheceu a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuições, surte efeitos jurídicos apenas entre as partes envolvidas no processo, eis que proferida em sede de controle difuso de constitucionalidade, não produzindo efeitos erga omnes, não podendo beneficiar ou prejudicar terceiros. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 10830.917858/201157 Acórdão n.º 3402003.500 S3C4T2 Fl. 3.029 3 A ciência da decisão que indeferiu o pedido da Recorrente ocorreu em 03/12/2013 (fl. 78). Inconformada, apresentou em 17/12/2013, Recurso Voluntário (fls. 80/100), onde se insurge contra o indeferimento de seu pleito, argumentando, em síntese, que: a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Informa que a contribuição em tela foi apurada sobre a “receita bruta”, com base no dispositivo referenciado ainda em vigor. Com a declaração de inconstitucionalidade do parágrafo acima, que promoveu o alargamento da base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS, houve por bem a recorrente efetuar uma revisão contábil interna, ocasião em que se constatou recolhimento a maior da contribuição no período mencionado; sustenta ainda que a decisão do STF deve ser reproduzida pelos Conselheiros do CARF, por força do disposto no artigo 62A, Regimento Interno (Portaria MF nº 256/09). Aduz a prescindibilidade da retificação da DCTF, apresentando, ao final, documentação contábil e fiscal, bem como demonstrativo do débito; informa que acosta aos autos os seguintes documentos: demonstrativo denominado “Planilha de Apuração da COFINS”, cópia do “Razão Contábil do Período” e cópia do “Comprovante de Arrecadação (DARF)”. Ao final, requer que seu recurso seja conhecido e provido, reformandose o acórdão recorrido e subsidiariamente, caso não seja esse o entendimento deste colegiado, o retorno do autos a DRJ de origem para que, em instancia inicial, proceda a análise de toda documentação apresentada, pugnando pela juntada posterior de documentos, bem como, sendo necessária, a conversão do julgamento em diligência. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para serem analisados. Como se sabe, o §1º do art. 3º da Lei no 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que Fl. 3030DF CARF MF 4 ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF. T. Pleno. RE 346.084/PR. Rel.Min. ILMAR GALVÃO. Rel. p/ Acórdão Min. MARCO AURÉLIO. DJ 01/09/2006). Esse entendimento foi reafirmado pela jurisprudência do STF no julgamento de questão de ordem no RE no 585.235/MG (questão constitucional versada nos RE nº 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG), decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B), no qual também foi deliberada a edição de súmula vinculante sobre a matéria: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS.COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (STF. RE 585235 RGQO. Rel. Min.CEZAR PELUSO. DJ 28/11/2008). Assim, apesar de ainda não editada a súmula vinculante, deve ser aplicado o disposto no §2º do art. 62 do Regimento Interno do CARF, o que implica o reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998. No entanto, o Colegiado entendeu que não seria possível, o exame das demais questões de mérito sem que as receitas especificadas nas contas juros recebidos, juros sobre aplicações, descontos obtidos, royalties, franquias e venda de sucata tenha sido efetivamente incluídas na base das contribuições do PIS/Pasep e da COFINS. Neste contexto, os membros da extinta 2ª Turma Especial, (Terceira Seção de julgamento), resolveram converter o julgamento em DILIGÊNCIA, conforme Resolução nº 3802000.185, de 27/05/2014, concluindo nos seguintes termos (fls. 127/129): "(...) Entendese, assim, que o julgamento deve ser convertido em diligência para que a unidade de origem verifique se as receitas contabilizadas nas contas em questão foram efetivamente incluídas na base de cálculo da contribuição, intimando o contribuinte e a Fazenda Nacional para se manifestarem". Com efeito, a Turma decidiu pela realização de diligência para verificar a legitimidade dos créditos de PIS e da COFINS, sobre as “outras receitas”, pleiteados pela Recorrente para o período abrangendo o período do crédito objeto do PER controlado neste processo. Em cumprimento a solicitação do CARF, o Fisco emitiu o Termo de Intimação Fiscal nº 1275/2014 e 60/2015, o qual requereu planilhas demonstrativas da composição da base de cálculo das contribuições, acompanhadas da respectiva escrita contábil (Livro Razão, balanços/balancetes), e notas explicativas do conteúdo das rubricas utilizadas, assim como fundamentação acerca das receitas excluídas da base de cálculo das contribuições. Após a conclusão da Diligência a fiscalização formalizou suas conclusões constante na Informação Fiscal de fls. 2.927/2.928. Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 10830.917858/201157 Acórdão n.º 3402003.500 S3C4T2 Fl. 3.030 5 Cientificada do resultado da Diligência, a Recorrente manifestouse, conforme documentos de fls. 2.933//2.936 e 2.963/2.964. Após o cumprimento do disposto na Resolução, o processo retornou a este CARF para prosseguimento. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Da admissibilidade Por conter matéria de competência deste Colegiado e presentes os demais requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pela Recorrente. MÉRITO Tratase de recurso voluntário interposto, em face da não homologação de Compensação declarada em PER/DCOMP, visando a restituição do crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior a título de COFINS. Como já relatado, a origem do crédito decorre da inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, declarada pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Os autos foram convertidos em diligência para retorno a Unidade origem a fim de se verificar, se as receitas financeiras e outras receitas não operacionais compuseram a base de cálculo das contribuições, e, caso positivo, seu montante, a fim de que se determine o valor do indébito correspondente a essas receitas. O Fisco, então, após concluir a Diligência solicitada, prolatou a Informação Fiscal, concluindo o seguinte (fl. 2.928) grifei: "(...) Portanto, tendo em vista o prosseguimento do julgamento do documento de número 06549.99796.100506.1.2.046691, tratado pelo processo epigrafado, o qual requer R$ 6.866,44 referente a crédito de COFINS relativo ao período de apuração 11/2002, ao compararmos a base de cálculo declarada em DIPJ, no valor de R$ 7448999,38, com a calculada com base nos balancetes, no valor de R$ 7055229,13, concluise que integrou a base de cálculo o montante de R$ 146174,86 a título das receitas que se pretende excluir. Por conseguinte, temse que as receitas as quais alega inclusão indevida para o cálculo da COFINS totalizam R$ 146174,86. Assim, a parcela de COFINS relativa a essas receitas somam R$ 4.385,25. Após intimada desse relatório, a Recorrente, em sua manifestação de fl. 2.936, desta forma se pronunciou: Fl. 3032DF CARF MF 6 "(...) a Recorrente manifesta a sua concordância com o resultado da diligência e requer o reconhecimento de seu direito de crédito com base nas Informações Fiscais emitidas para os pedidos de restituição, bem como o posterior encaminhamento dos autos à DRF de origem para atualização e correção monetária dos valores que deverão restituídos a Recorrente, pois dados em valores históricos." Mais adiante, reitera o seu pedido, nos seguintes termos (fl. 2.965): "(...)Assim, vislumbrase que a própria Receita Federal do Brasil já reconheceu parcialmente os créditos ora discutidos, de forma que resta claro que a Recorrente possui o direito creditório da forma como apontado pelo órgão competente na diligência. Desse modo, considerando o resultado da diligência, requer o provimento do Recurso Voluntário para o devido reconhecimento do pleito restituitório, com base nas Informações Fiscais emitidas pela Receita Federal, para o pedido de restituição de COFINS relativo à competência de novembro de 2002, no valor de R$ 4.385,25, (original), com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial Selic, consoante os documentos anexos. Desta forma, conforme o resultado da apuração em diligência, restou comprovado que para os créditos pleiteados neste processo, a Recorrente possui o direito ao credito no valor de R$ 4.385,25, relativos a recolhimento indevido a título de COFINS. Conclusão Assim, voto para dar parcial provimento ao presente recurso, concernente a legitimidade da apuração do crédito em favor da recorrente, em vista da inconstitucionalidade do § 1o do artigo 3o da Lei no 9.718/98, reconhecendose, neste PAF, o valor de R$ 4.385,25, referente ao recolhimento indevido de COFINS, com o acréscimo de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, conforme legislação vigente. É como voto. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 3033DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934216/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.755
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 42 16 /2 00 9- 84 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10909.720514/2011-76
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 24/09/2009
DOMICÍLIO ELEITO. CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE.
É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais.
Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público.
MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto-lei nº 1.455/76.
Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei.
SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE.
Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõe-se a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações.
O §1º-A do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem.
A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-003.440
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, manteve-se a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; manteve-se a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e manteve-se a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negou-se provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.158-35/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula.
(Assinatura Digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente
(Assinatura Digital)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator
(Assinatura Digital)
Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Data do fato gerador: 24/09/2009 DOMICÍLIO ELEITO. CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE. É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais. Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decreto-lei nº 1.455/76. Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei. SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõe-se a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações. O §1º-A do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem. A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, manteve-se a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; manteve-se a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e manteve-se a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negou-se provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.158-35/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (Assinatura Digital) Antônio Carlos Atulim - Presidente (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula - Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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CADASTRO. INTIMAÇÃO. REGULARIDADE. É regular a intimação efetuada, por via postal, com prova de recebimento no no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, assim considerado o endereço postal por ele fornecido à Administração Tributária para fins cadastrais. Não pode a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta de cumprimento pelo contribuinte de seu dever de manter as informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. MULTA SUBSTITUTIVA AO PERDIMENTO. MULTA PELA CESSÃO DE NOME. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. A multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa que lhe substitui, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76. Configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras, não há como se afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações na forma da lei. SUBFATURAMENTO. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. CONDUTAS INDEPENDENTES. PENALIDADES. CUMULAÇÃO. POSSIBILIDADE. Tendo se configurado numa mesma importação, de forma individualizada, as materialidades das condutas de subfaturamento e de interposição fraudulenta, impõese a aplicação das penalidades correspondentes às duas infrações. O §1ºA do art. 703 do Regulamento Aduaneiro/2009 não coíbe a aplicação concomitante de duas penalidades numa mesma importação, mas sim a dupla penalização de uma "mesma conduta ilícita", em consonância ao princípio do non bis in idem. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 72 05 14 /2 01 1- 76 Fl. 750DF CARF MF 2 A importação é um procedimento que envolve múltiplas condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais são puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em negar provimento aos recursos voluntários da seguinte forma: a) pelo voto de qualidade, mantevese a EMPRESA PARTNER no pólo passivo da autuação; mantevese a multa de 10% pela cessão nome em relação a todos os responsáveis solidários; e mantevese a multa substitutiva do perdimento em relação a todos os responsáveis solidários. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto; b) por maioria de votos, negouse provimento quanto à exclusão da multa do art. 88 da MP 2.15835/2001. Vencido, o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto. Designada a Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula. (Assinatura Digital) Antônio Carlos Atulim Presidente (Assinatura Digital) Carlos Augusto Daniel Neto Relator (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Trata o presente processo de autuação com pluralidade de sujeitos passivos, PARTNER TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, doravante denominada PARTNER; ANTARES COMÉRCIO E SERVIÇOS, doravante denominada ANTARES; ANTÔNIO THAUMATURGO RODRIGUES DE ARAÚJO, doravante denominado ANTÔNIO THAUMATURGO e INDIANARA TAVARES COSTA ME, doravante denominada INDIANARA, cujos lançamentos estão formalizados nos Autos de Infração de fls. 02/23, referentes ao Imposto sobre produtos Industrializados, vinculado à importação, acrescido de juros de mora e da multa de 150% no total de R$ 5.023,13; à COFINS Importação, acrescida de juros de mora e da multa de 150%, no total de R$ 3.465,04; e PIS/PASEPImportação, acrescido de juros de mora e da multa de 150% no total de R$ 752,27; à Multa prevista no art. 88, parágrafo único, da Medida Provisória nº 2.15835/2001, em face da diferença apurada entre o preço declarado na Declaração de Importação DI e o preço efetivamente praticado, no valor de R$ 12.548,78; à Multa por interposição fraudulenta na importação, no valor de R$ 31.614,59 e à multa por cessão de nome, no valor de R$ 5.000,00 Fl. 751DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 751 3 totalizando o montante de R$ 58.403,81, em decorrência das seguintes situações identificadas pela fiscalização: a) Diferença Apurada entre o Preço Declarado e o Preço Efetivamente Praticado; b) Cessão do Nome da Pessoa Jurídica com Vistas ao Acobertamento dos reais dos Reais Intervenientes ou Beneficiários; c) Interposição Fraudulenta na Importação Impossibilidade de Apreensão da mercadoria. Em favor da minúcia do relatório do Acórdão da DRJ, aproveitarseá aqui trechos daquele: DA CIÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO Constatase pelo despacho de fl. 1001 que a ANTARES foi cientificada por via postal em 27/07/2011(quartafeira), conforme Aviso de Recebimento (AR) à fl. 1.000. A PARTNER TRADING (AR à fl. 997), a ACTISA (AR à fl. 998) e INDIANARA T. COSTA ME (AR à fl. 999) foram cientificadas em 26/07/2011(terçafeira). Devidamente cientificadas do auto de Infração, as empresas ANTARES e INDIANARA comparecerceram aos autos através das petições a seguir identificadas. ANTARES, fls. 1002/1025, em 25/08/2011(quintafeira). INDIANARA, fls.1027/1.039 em 29/08/2011(segundafeira). As empresas PARTNER e ACTISA não apresentaram impugnação. A Impugnação apresentada pro INDIANARA T COSTA ME foi considerada imtempestiva e não foi conhecida. Em sua Impugnação, a ANTARES sustentou os seguintes argumentos: a) nulidade do Auto de Infração por ilicitude das provas; b) idoneidade e valor probatório dos documentos contábeis da empresa; c) ausência de motivação; d) bis in idem na aplicação de multas; e) aplicação da regra penal da absorção às infrações imputadas; f) a não ocorrência de subfaturamento; g) desproporcionalidade da multa do art.33 da lei 11.488/2007; h) impossibilidade de solidariedade tributária nas multas. A DRJ/Fortaleza decidiu o pleito em acórdão cuja ementa se reproduz, por sintetizar bem a demanda: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 IMPUGNAÇÃO. PRAZO. REVELIA. PRECLUSÃO. É preclusivo o prazo de trinta dias, contado da data da ciência do auto de infração, facultado ao sujeito passivo Fl. 752DF CARF MF 4 para apresentação de impugnação contra o lançamento tributário. Expirado tal prazo, sem que o sujeito passivo tenha exercido esse direito, será declarada a sua revelia, em razão do que ficará impedido de intervir litigiosamente no processo, aproveitandolhe, contudo, a suspensão da exigibilidade motivada por impugnação ofertada por qualquer dos demais sujeitos passivos solidários. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO E/OU IMPUGNAÇÃO INTEMPESTIVA. REVELIA. EFEITOS. A ausência de impugnação por parte de sujeito passivo solidário acarreta, contra os revéis, a preclusão temporal do direito de praticar os atos impugnatórios, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. Todavia, havendo pluralidade de sujeitos passivos, a impugnação tempestiva apresentada por um dos autuados suspende a exigibilidade do crédito tributário em relação aos demais. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA POR INFRAÇÕES. DA SUJEIÇÃO PASSIVA. Respondem de forma conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora, não cabendo benefício de ordem. DO ARTIGO 112 DO CTN. NÃO APLICABILIDADE. Diante da inexistência de dúvidas quanto: à capitulação legal dos fatos; à natureza ou às circunstâncias materiais do fato ou à natureza ou extensão de seus efeitos; à autoria, imputabilidade ou punibilidade; nem à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação, tornase inaplicável o art. 112 e incisos do CTN. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. MULTA. A ocultação do sujeito passivo, do real comprador ou do responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, consistem em infrações puníveis com a pena de perdimento, devendo ser substituída por multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou tenha sido consumida. CESSÃO DE NOME. ACOBERTAMENTO DE INTERVENIENTES. Fl. 753DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 752 5 MULTA. PROCEDÊNCIA A pessoa jurídica que ceder seu nome, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros, com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, observado o valor mínimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). IMPORTAÇÃO FRAUDULENTA. DIFERENÇA ENTRE O PREÇO DECLARADO E O PREÇO EFETIVAMENTE PRATICADO NA IMPORTAÇÃO. APLICAÇÃO DA MULTA DE 100% PREVISTA NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 88 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.15835, de 2001. Aplicável ao caso, a multa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação e/ou o preço declarado e o preço arbitrado, prevista no parágrafo único do artigo 88 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 VALOR ADUANEIRO. SUBFATURAMENTO. INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO. Comprovado que os reais valores transacionados nas operações de importações são superiores aos valores declarados, fato que caracteriza o subfaturamento, cabe exigir a diferença do imposto que deixou de ser recolhida, acrescida dos juros de mora e das multas. FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. Em caso de infração praticada mediante fraude, aplicase a multa qualificada por insuficiência de recolhimento, no percentual de 150% sobre a diferença do imposto, sem prejuízo de outras penalidades cabíveis. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 13/08/2009 a 22/07/2010 COFINS IMPORTAÇÃO. PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. VALOR ADUANEIRO. RECONSTITUIÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Reconstituído o valor aduaneiro declarado pelo importador, cabe reconstituir o valor tributável dos demais tributos incidentes na importação, para exigir as diferenças que deixaram de ser recolhidas por ocasião do despacho aduaneiro, acrescidas dos juros de mora e das multas. Fl. 754DF CARF MF 6 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Em seu Recurso Voluntário, a ANTARES repisou as razões de sua impugnação, pelo que deixo de reiterálas aqui. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Relator Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário da ANTARES é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, e dele tomo conhecimento. Anteriormente à análise do Recurso Voluntário da ANTARES, há que se apontar vício processual relativo à empresa PARTNER. Quanto à primeira, verificase que, em 23/09/2010, a PARTNER foi cientificada do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fl. 22), no endereço abaixo indicado: Da mesma forma, o contribuinte também foi intimado a apresentar documentos e esclarecimentos acerca de suas operações de comércio exterior, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 133/2010 (fls. 2631), bem como a providenciar o comparecimento dos sócios da pessoa jurídica na repartição, conforme Termo de Intimação Fiscal n° 134/2010 (fl. 32), no mesmo endereço: Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 753 7 E da mesma forma procedeu a fiscalização nos demais atos registrados nas fls.2238 do processo, sempre realizando a intimação fiscal no endereço Av. Marcos Konder, 1313, Sala 606, Centro, Itajaí/SC, que de resto corresponde ao endereço da sede da empresa conforme o 8º Instrumento Particular de Alteração Contratual (fls.7986), registrado em 03/02/2009 (fl.86) endereço este alterado para a Av. Joca Brandão, nº744, sala 02, Centro, ItajaíSC, CEP 88.301441, conforme o 12º Instrumento Particular de Alteração Contratual (fls.109115), registrado em 24/09/2010 (com protocolo em 14/09/2010, conforme fl.115). Tal alteração fora constatada pessoalmente pelo próprio fiscal, conforme relato no Termo de Intimação Fiscal e outros (fl.22, fl.24): Todavia, a PARTNER foi notificada da autuação fiscal no endereço Rua Luiz Berlim, 321, Centro, ItajaíSC, conforme o Aviso de Recebimento de fls.997, datado de 26/07/2011: Fl. 756DF CARF MF 8 Diante da notificação feita em endereço distinto daquele onde consta no contrato social, o qual tinha posse o AuditorFiscal da Receita Federal, a empresa não apresentou qualquer impugnação, sobrevindo a decisão da DRJ, a qual foi novamente intimada no endereço da notificação, conforme o AR abaixo colacionado, de fl.1208: A intimação do resultado do julgamento de 1ª instância retornou com um documento do escritório de advocacia SCHAPIESKI E TOMAZONI, informando que recebeu equivocadamente a intimação em seu endereço profissional, consignando não representar a intimada em qualquer procedimento e desconhecendo os representantes ou sua sede (fl.1209). Em razão disso, procedeu o Fisco à intimação por via editalícia (fl.1211), com base no art. 23, § 1º, inciso II, do Decreto nº 70.235/72, que determina que: § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 754 9 inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. Acerca da notificação e intimação do contribuinte, determina o próprio Decreto 70.235/72, em seu art.23,II que: Art. 23. Farseá a intimação: II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; Verificase nos autos que não há qualquer demonstração ou documento que denote eleição expressa de domicílio tributário, pelo que há que se aplicar in casu o art.127 do Código Tributário Nacional: Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma da legislação aplicável, considerase como tal: I quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade; II quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento; III quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da entidade tributante. Portanto, no caso em tela, há que se considerar o domicílio tributário como aquele onde a empresa realiza suas atividades econômicas, qual seja, aquele indicado em seu contrato social como local de sua sede que fora claramente identificado pela autoridade fiscalizadora na Av. Marcos Konder, 1313, Sala 606, Centro, Itajaí/SC, haja vista que os termos de intimação durante a fiscalização foram lavrados no endereço da sede da empresa à época. Todavia, como se verifica das imagens colacionadas acima, tanto a notificação do auto de infração quanto a intimação da decisão da DRJ foram feitas em endereço absolutamente diferente daquele onde o Termo de Intimação Fiscal fora lavrado, e igualmente distinto daquele constante no contrato social da empresa. A respeito das intimações realizadas no endereço acima indicado, causa espécie a sua realização, vista que o mesmo AuditorFiscal da Receita Federal, Rolf Abel Fl. 758DF CARF MF 10 (Matrícula 676.300), foi o responsável pela realização da fiscalização pessoal no local correto da sede da empresa, desde o início do procedimento fiscalizatório, através do qual recebeu plena cooperação da PARTNER, com apresentação de todos os documentos solicitados e comparecimento presencial de seus sócios para esclarecimentos, mas em se tratando da notificação do auto de infração, o fez em endereço que tinha ciência não ser mais ocupado pela PARTNER (como de resto fora depreendido dos documentos societários e da fiscalização in loco) e com a perfeita ciência do endereço ocupado pela empresa à época, fato declarado expressamente pelo próprio nos termos de fiscalização adrede colacionados. Há, claramente, um vício na notificação do lançamento e na intimação da decisão da DRJ, que impossibilitou a defesa administrativa da empresa PARTNER, haja vista que os atos informativos se deram em endereço distinto daquele em que a empresa mantém domicílio fiscal, qual seja, o endereço de sua sede (Av. Joca Brandão, nº744, sala 02, Centro, ItajaíSC, CEP 88.301441, conforme último aditivo contratual constante nos autos). Frisese, ademais, que como cabalmente demonstrado, o Fisco tinham inteira ciência do local onde as atividades da empresa se desenvolviam, como de resto fica claro dos Termos de Intimações Fiscais de fls.2238, inclusive indo ao endereço citado no parágrafo anterior para efetuar os atos fiscalizatórios. A Lei 9.784/1999, reguladora do processo administrativo federal, possui diversos dispositivos que pretigiam expressamente o direito e a garantia do contribuinte à informação e ao direito de defesa, verbis: Art. 2o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; X garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; Art. 3o O administrado tem os seguintes direitos perante a Administração, sem prejuízo de outros que lhe sejam assegurados: II ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles contidos e conhecer as decisões proferidas; III formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente; É por demais minuciosa a legislação procedimental acerca do direito de ampla defesa e contraditório, que abarca inclusive o direito de comunicação de atos administrativos e procedimentais, com vistas a possibilitar manifestação do contribuinte. Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 755 11 Acerca especificamente das intimações, verificase que a lei não é silente: Art. 26. O órgão competente perante o qual tramita o processo administrativo determinará a intimação do interessado para ciência de decisão ou a efetivação de diligências. § 5o As intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do administrado supre sua falta ou irregularidade. Portanto, a intimação feita sem respeito à lei é nula de pleno direito, não se prestando a qualquer efeito. Conforme demonstrado anteriormente, por meio da aplicação do art. 23, II do Decreto 70.235, cumulado com o art.127, II do CTN, a intimação realizada em local distinto da sede da empresa à época do ato deve ser tratada como nula. Ademais, a constituição efetiva do crédito tributário se dá, nos termos do art.145 do CTN, com notificação regular do sujeito passivo, isto é, com a notificação deste em seu domicílio fiscal, bem como com atendimento aos demais requisitos formais do ato. A necessidade de respeito ao direito de defesa do contribuinte não passou desapercebida, também, pelo Decreto 70.235, que em seu art.59 determina: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. Pois bem, os dispositivos mencionados acima não apenas determinam que nos casos em que despachos ou decisões gerem preterição do direito de defesa devem ser tratados como nulos, como atribui a este Colegiado, em seu art.61, a competência para declarar a sua nulidade e dos atos posteriores que dele dependam ou dele sejam consequência. Resta no caso evidente o intuito do fiscal de prejudicar o direito de defesa da PARTNER, vez que, tendo ciência do local onde estava sediada, optou por enviar a notificação para endereço que sabia não mais estar estabelecida a empresa. Se não se trata de algo mais grave, que demandaria uma investigação específica e não conjecturas, minimamente é um vício de moralidade administrativa com vistas ao prejuízo do direito de defesa do contribuinte. Portanto, em se tratando o vício na notificação do auto de infração de uma nulidade absoluta deste ato, nos termos de todas os dispositivos acima mencionados, sem prejuízo de farta e pacífica jurisprudência judicial e administrativa acerca disto, é mister Fl. 760DF CARF MF 12 compreender o dever deste Colegiado de reconhecêla ex officio, em vista da sua natureza de questão de ordem pública. Em razão disso, entendo nula a notificação da autuação, bem como os atos que lhe seguiram, nominalmente: a decisão da DRJ, a intimação da PARTNER no endereço equivocado, e o edital de intimação que lhe sucedeu. Portanto, reconheço de ofício a nulidade da notificação de lançamento e da decisão da DRJ, determinando a exclusão da PARTNER do polo passivo da obrigação tributária. b) Da ilicitude das provas Alega a Recorrente ter havido coação na obtenção dos arquivos de dados, especialmente os emails, junto à PARTNER, que foram utilizados como provas no Auto de Infração, além de alegar inconstitucional quebra do sigilo das comunicações. Diferentemente do alegado pela Recorrente, parecenos que o procedimento fiscalizatório foi feito dentro das balizas legais traçadas pelo Código Tributário Nacional, em seus arts. 194, 195, 196 e 200, bem como do Decreto nº 7.212/2010, art. 510, verbis: Art. 510. A entrada dos AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil nos estabelecimentos, bem como o acesso às suas dependências internas, não estarão sujeitos à formalidade diversa da sua imediata identificação, pela apresentação de identidade funcional aos encarregados diretos e presentes ao local de entrada. No mesmo sentido também é o Decreto nº 6.759/2009, que em seu art.19 assevera: Art. 19. As pessoas físicas ou jurídicas exibirão aos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil, sempre que exigidos, as mercadorias, livros das escritas fiscal e geral, documentos mantidos em arquivos magnéticos ou assemelhados, e todos os documentos, em uso ou já arquivados, que forem julgados necessários à fiscalização, e lhes franquearão os seus estabelecimentos, depósitos e dependências, bem assim veículos, cofres e outros móveis, a qualquer hora do dia, ou da noite, se à noite os estabelecimentos estiverem funcionando (Lei n o 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 94 e parágrafo único; e Lei n o 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 34). §1 º As pessoas físicas ou jurídicas, usuárias de sistema de processamento de dados, deverão manter documentação técnica completa e atualizada do sistema, suficiente para possibilitar a sua auditoria, facultada a manutenção em meio magnético, sem prejuízo da sua emissão gráfica, quando solicitada (Lei n o 9.430, de 1996, art. 38). §2º As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Fl. 761DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 756 13 Federal do Brasil, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária Conforme se verifica no TVF, os AuditoresFiscais compareceram ao estabelecimento do contribuinte, coletando documentos e arquivos magnéticos os quais foram retidos e lacrados conforme termos correspondentes de fls. 2325, ficando intimado o Contribuinte a comparecer na repartição competente para o procedimento de deslacração dos arquivos. Consta no termo de deslacração de fls. 3541 que o procedimento foi acompanhado por funcionário da empresa, atendendo aos requisitos procedimentais cabíveis. À partir daí foi a ANTARES intimada à apresentação de documentos e esclarecimentos acerca de certas Declarações de Importação, amparado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° 09278002011000516, tendo por objetivo, nos termos do art. 638 do Regulamento Aduaneiro, apurar a exatidão das informações prestadas nas Declarações de Importação, nas quais a ANTARES constou como adquirente da mercadoria importada. Ademais, registrese que a empresa ANTARES após intimações e reintimações ofereceu à fiscalização a escrituração contábil referente aos anos de 2009/2010, bem como os extratos bancários referentes ao período de maio/2009 a junho/2010 e agosto/2010 a novembro/2010 possibilitando à fiscalização empreender as verificações necessárias para a perfeita compreensão dos fatos consignados no já referenciado relatório fiscal. Verificase que todo o procedimento fiscalizatório correu sob o trilho da legalidade, com ciência das fiscalizadas de todos os atos de fiscalização, inclusive com assinatura de seus representantes legais. A respeito do sigilo de documentos e livros relacionados a obrigações tributárias, a jurisprudência assente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem orientação no sentido de que documentos e livros relacionados com as obrigações tributárias não estão protegidos por nenhum tipo de sigilo e são, inclusive, de apresentação obrigatória por ocasião das atividades fiscais, sendo passíveis de exame e apreensão pela administração fazendária, conforme se verifica no RHC 8.679/SC e no HC 18.612/RJ. Ademais, o precedente invocado pelo Recorrente, relativo ao HC 82.788 8/RJ, julgado no Supremo Tribunal Federal, pressupõe o ingresso forçado, contra a vontade do dono do estabelecimento, com recurso à violência ou à força o que não se verificou, visto não haver nos autos qualquer prova de que o acesso dos Auditores Fiscais tenha sido rechaçado em algum momento. Quanto ao precedente invocado do HC 80.949/RJ, julgado pelo STF, o mesmo se refere a comunicações telefônicas, especialmente à instalação de grampos, e não ao acesso a emails presentes nos sistemas e meios magnéticos apreendidos. Ante os argumentos fundantes acima expendidos, concluise pela admissibilidade, no processo administrativo, da prova documental trazida pela fiscalização, uma vez que foi obtida por meio lícito, com observância das garantias constitucionais e da legislação processual, inexistindo assim qualquer ofensa aos incisos LV e LVI do art. 5º da Constituição Federal, rejeitandose de plano a nulidade suscitada pela Recorrente. Fl. 762DF CARF MF 14 c) Da existência do bis in idem em relação à multa do art. 88 da MP nº 2.15835/2001. Alega o Recorrente que há bis in idem entre a Multa do Controle Administrativo (parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001) e a Multa pecuniária substitutiva do perdimento (parágrafo 3º do art. 23 do Decretolei nº 1.455/1976). Nesse caso, correta a alegação do Recorrente. Há que se verificar, na aplicação das sanções, a regra da especificidade, conforme o §1ºA do art. 703 do RA/2009 deixa especialmente claro, em relação às multas analisadas: Art.703.Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único).(Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1ºA Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (grifei) §2oO disposto neste artigo não prejudica a aplicação da penalidade referida no inciso VI do art. 689, na hipótese de ser encontrada, em momento posterior à aplicação da multa, a correspondente fatura comercial falsificada ou adulterada. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). No mesmo sentido, é a solução da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial – Cocaj, conforme Consulta Interna nº 01/2013, verbis: (...) A rigor, a multa equivalente a cem por cento sobre a diferença de preços só deve ser aplicada para as demais situações que não caracterizem dano ao Erário e desde que este dano só venha a exteriorizarse em momento posterior à aplicação dessa penalidade.(...) A partir do que foi dito acima, compartilhase da conclusão do Julgador Ricardo Serra Rocha de que o entendimento mais acertado é que nos casos de dano ao Erário, a penalidade a ser aplicada deve ser a pena de perdimento ou, como conseqüência, sua multa pecuniária substitutiva, não sendo estas cumuladas com a multa prevista pelo parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001, nem tampouco substituídas pela referida reprimenda. Tal afirmativa fica claro ao fugirmos de uma interpretação rasa do art. 663 e 634, I do RA/2002, que dava a entender à primeira vista que tais multas poderiam ser cumuladas, senão vejamos: Art. 633. Aplicamse, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas (Decretolei no 37, de 1966, art. 169 e § 6o, com a redação dada pela Lei no 6.562, de 18 de setembro de 1978, art. 2o): Fl. 763DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 757 15 I de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único); Art. 634. As infrações de que trata o art. 633 (Lei no 6.562, de 1978, art. 3o): I não excluem aquelas definidas como dano ao Erário, sujeitas à pena de perdimento; (...) Parágrafo único. Para os efeitos do inciso I, as multas relativas às infrações administrativas ao controle das importações somente poderão ser lançadas antes da aplicação da pena de perdimento da mercadoria. Como se vê em leitura mais atenta, o parágrafo único do art. 634 já assentava que a multa do parágrafo único art. 88 da MP 2.15834/2001 somente poderá ser aplicada antes da pena de perdimento, de modo que, se constatado que o caso é punível com ela, esta deverá ser aplicada, vedandose a cumulação de punições. Ainda que não se reconheça a procedência do argumento delineado, há que se reconhecer a retroatividade benigna do §1ºA do art. 703 do RA/2009, de modo que a penalidade a ser aplicada na ocorrência de dano ao Erário deve ser a pena de perdimento ou, sua multa substitutiva. Desse modo, afasto a aplicação da multa do parágrafo único art. 88 da MP 2.15834/2001, decorrente de subfaturamento. d) Da nulidade por vício formal de ausência de motivação Alega o Recorrente que não há motivação em provas inidôneas para a imputação de interposição fraudulenta na importação. Tal alegação foi trazida pelo Recorrente apenas em seu Recurso Voluntário, estando, devendo a matéria não ser conhecida com fulcro no art. 58 do Decreto 7.574/2011 (Art.58.Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.). A despeito disso, como enfrentado acima, há farta produção probatória idônea, apta a fundamentar pelo menos aprioristicamente, já que o mérito será enfrentado adiante a autuação fiscal. e) Da nulidade por ausência da individualização da pena Alega o Recorrente nulidade por ausência da individualização das penas. Fl. 764DF CARF MF 16 Tal alegação foi trazida pelo Recorrente apenas em seu Recurso Voluntário, estando, devendo a matéria não ser conhecida com fulcro no art. 58 do Decreto 7.574/2011 (Art.58.Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.). Todavia, conforme se verifica no TVF em fls. 987995, o AuditorFiscal fez a individualização das penas em relação aos sujeitos passivos, ainda que em relação a certas multas tal imputação tenha se dado equivocadamente, como verificado anteriormente. Não há uma imputação genérica que prejudique o direito de defesa dos Contribuintes, mas uma aplicação individualizada das penas, o que afasta a alegação de nulidade. II) Do Mérito a) Da existência de bis in idem em relação à multa do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 Alega o Recorrente a existência de bis in idem na aplicação das multas administrativas, pois entende que se neste processo lhe é cobrada a multa do artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007, por cessão de nome, não caberia a aplicação, pelos mesmos fatos, da multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, conforme previsto no art. 23, inc. V e § 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976. Alega, ademais, que a multa por cessão de nome deveria preponderar sobre a multa da interposição fraudulenta. Este tema, assaz polêmico, foi enfrentado com acerto pelo Conselheiro Fernando Luiz Da Gama D’Eça, no Processo n. 10314.724447/201230, Acórdão n. 3402002.362, com razões às quais adiro aqui: Por derradeiro, entendo que com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07 aplicável à hipótese de pessoa jurídica que ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários – não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, somente aplicável ao real comprador, interveniente ou responsável pela operação de importação, oculto “mediante fraude ou simulação”. A aplicação cumulativa dessas sanções sobre a importadora ostensiva não somente viola o princípio da especialidade, como constitui um ilegal bis in idem. Realmente, tratandose de dispositivos legais que tipificam uma única conduta “acobertamento” ou “ocultação” dos reais intervenientes ou beneficiários das operações de comércio exterior, evidenciase o conflito aparente de normas, que impõe a observância do princípio da especialidade que por sua vez determina a prevalência da norma especial, não sendo lícito ao fisco cumulála ou agravála sequer pela via transversa de suposta solidariedade em penalidade aplicada a outro infrator, pois como expressamente determina o art. 100 do Decretolei nº 37/66, “in verbis”: Fl. 765DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 758 17 “Art. 100 – Se do processo se apurar responsabilidade de duas ou mais pessoas, será imposta a cada uma delas a pena relativa à infração que houver cometido.” Considerando que para a caracterização dos atos típicos de interposição fraudulenta “há necessidade de dois sujeitos de direito distintos” (cf. Acórdão nº 320100398 da 1ª TO da 2ª Turma da 3ª Seção do CARF, Rec. nº 140.698, Proc. nº 12466 004068/200673, em sessão de 08/12/10, Rel. Cons. Alfredo Ribeiro Nogueira; cf. tb. Acórdão nº 320100.515 da 1ª TO da 2ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Rec. n° 344.701, Proc. n° 10936.000499/200813, em sessão de 01/07/10, Rel. Cons. Luciano Lopes de Almeida Moraes), parece evidente que a única multa aplicável à Recorrente seria a de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, prevista para quem ceder o nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, caso não fosse elidida a presunção de interposição fraudulenta de terceiros pela suposta “não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados” (art. 23, § 2º do Decretolei nº 1455/76, na redação da Lei nº 10.637, de 30.12.2002). Nesse sentido já decidiu esta C. Turma como se pode ver da seguinte e elucidativa ementa: “ (...). IMPORTAÇÃO – INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA – MULTA APLICÁVEL AO IMPORTADOR OSTENSIVO CESSÃO DE NOME PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE DA SANÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO. Com o advento da multa de 10% instituída pelo art. 33 da Lei nº 11.488/07, em face do princípio da especialidade da sanção, não mais se justifica a aplicação ao importador ostensivo da multa de 100% prevista no art. 23, inc. V do Decretolei nº 1455/76, sob pena de ilegal bis in idem.” (cf. Acórdão nº 3402002.262 da 2ª TO da 4ª Câm. da 3ª Seção do CARF, Proc. nº 10314.724447/201230, em sessão de 23/04/14, Rel. Gilson Macedo Rosenburg Filho) Ressalto ainda que tal entendimento em nada contradiz o quanto disposto no artigo 727, §3º do Regulamento Aduaneiro, cujo conteúdo estabelece que: Art. 727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). (...) Fl. 766DF CARF MF 18 § 3o A multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (grifei) Ou seja, com advento do artigo 33 da Lei nº 11.488/07, esta passou a ser a multa aplicável ao importador ostensivo, com a permanência da perda de perdimento como penalidade atribuída ao importador oculto, conforme art. 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76. Vale dizer, a multa de 10% do valor da operação pela cessão de nome não prejudica a pena de perdimento das mercadorias na importação ou exportação, justamente como impõe do §3º do artigo 727 do Regulamento Aduaneiro. De fato, ambas as penalidades serão aplicáveis em caso de constatação de interposição fraudulenta, contudo sendo cada qual imposta para o respectivo infrator das normas aduaneiras, e não conjuntamente para um único sujeito passivo. Portanto, não se aplica a penalidade imposta pelo artigo 23, inciso V e §3º do Decretolei n. 1.455/76 ao importador ostensivo, mas sim aquela de 10% do valor da operação peça cessão de nome (artigo 33 da Lei nº 11.488/07), devendo, portanto, ser cancelada a presente autuação fiscal enquanto lhe imputa a multa equivalente à pena de perdimento das mercadorias importadas. Além disso, há que se reconhecer que a mesma deve incidir exclusivamente sobre a empresa que cedeu seu norma para a operação de interposição fraudulenta, como o próprio caput do art.727 do Regulamento Aduaneiro deixa claro. Desse modo, a Multa de cessão de nome deve ser aplicada de modo exclusivo àquela pessoa jurídica que cedeu o nome não havendo falar em solidariedade das demais pessoas jurídicas apontadas, quais sejam: Actisa Comércio de Materiais Ltda., Partner Trading Importação e Exportação Ltda., e Indianara Tavares Costa ME. Com a vigência da Lei nº 11.488/2007, nos casos que ela especifica, não há mais que se aplicar o disposto no art. 81 da Lei nº 9.430/96, relativa à declaração de inaptidão de CNPJ, pois o legislador assim o prescreveu por considerar a Multa por cessão de nome uma reprimenda menos danosa do que a declaração de inaptidão de CNPJ, certamente, por não ocasionar ao menos de modo direto uma descontinuidade nas atividades empresariais da apenada. Portanto, o sentido da lei é que a Multa de cessão de nome foi estabelecida para ser utilizada no lugar da declaração de inaptidão de CNPJ nos casos em que especifica, devendo ser destinada exclusivamente à pessoa jurídica que cedeu seu nome. Nesse sentido é a Solução de Consulta Interna nº 9 COSIT de 22/04/2014, ao tratar da qualificação dos sujeitos passivos envolvidos na interposição fraudulenta na importação: 15. Vêse que, no caso de importação com interposição fraudulenta, tanto o importador oculto como o ostensivo possuem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Embora a operação seja formalmente registrada em nome da interposta pessoa, em regra, é o real interessado quem toma a iniciativa e impulsiona o processo de importação. Portanto, ambos podem ser qualificados como contribuintes dos tributos e penalidades incidentes, exceto quanto à multa por cessão do nome, que é específica do importador ostensivo. (...) Fl. 767DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 759 19 Conclusão (...) 18.1 Na importação realizada com interposição fraudulenta de terceiro, em que for identificado o real adquirente da mercadoria, tanto o importador oculto como o ostensivo podem ser qualificados como contribuintes dos tributos e penalidades incidentes na operação, exceto em relação à multa por cessão do nome, que é específica da interposta pessoa. Portanto, há no caso erro na identificação do sujeito passivo da infração relativa ao art. 33 da Lei nº 11.488/07, devendo tal multa incidir apenas sobre a PARTNER (importadora ostensiva) e a ANTARES (adquirente ostensiva), que se interpuseram no intuito de ocultar a ACTISA (real adquirente), cedendo indevidamente os próprios nomes, devendo ser autuadas em Autos de Infração individualizados, pela Multa por cessão de nome. Diferentemente do alegado pelo Recorrente no seu Recurso Voluntário, tal vício não determina a nulidade do Auto de Infração, mas apenas a exclusão daqueles a quem a multa foi indevidamente estendida. Além disso, não há qualquer dúvida quanto a aplicação das sanções que justifique a invocação do art. 112 do CTN, alegado genericamente pela Recorrente em sua peça. As duas sanções coexistem em relação àqueles que cederam seu nome para acobertar os reais intervenientes ou beneficiários, devendo ser excluída em relação aos demais. Desse modo, voto pela exclusão da multa por cessão de nome em relação aos sujeitos passivos ACTISA e INDIANARA. Por fim, frisese que não cabe à autoridade administrativa graduar a multa do art. 33 da Lei nº 11.488/07. A cominação de uma penalidade ex vi do art. 97 do CTN está inserida nas hipóteses adstritas à reserva legal, estando a fixação de seu quantum pela autoridade julgadora permitida somente nas hipóteses acima discriminadas, logo não dispõe essa autoridade julgadora de competência para requantificar a multa ora exigida em face da proporcionalidade arguída pela defesa, visto a que o artigo 33 da Lei nº 11.488, de 2007 como norma cogente fixa o percentual sobre o valor da operação e o valor mínimo para sua cominação, logo não há respaldo legal para que seja acatada a tese quanto à proporcionalidade suscitada pela defesa. b) Da ausência de solidariedade quanto às multas Alega o Recorrente que não há que se falar em solidariedade passiva das empresas no caso de multas, tendo em vista o art. 124 do CTN. Todavia, não há que se olvidar que a lei aduaneira definiu as relações entre os coobrigados no caso de infrações conforme a seguir indicado: DecretoLei nº 37, de 1966: Fl. 768DF CARF MF 20 Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; [...] a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória n° 2.15835, de 2001). Decreto nº 6.759, de 2009: Art.674.Respondem pela infração (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 95): I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie; [...]V conjunta ou isoladamente, o importador e o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por conta e ordem deste, por intermédio de pessoa jurídica importadora (DecretoLei nº 37, de 1966, art. 95, inciso V, com a redação dada pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 78); e (grifei) [...]Parágrafo único. Para fins de aplicação do disposto no inciso V, presumese por conta e ordem de terceiro a operação de comércio exterior realizada mediante utilização de recursos deste, ou em desacordo com os requisitos e condições estabelecidos na forma da alínea “b” do inciso I do §1o do art. 106 (Lei nº 10.637, de 2002, art. 27; e Lei nº 11.281, de 2006, art. 11, §2º). Portanto, o instituto da solidariedade não está afeto apenas à co responsabilidade quanto ao pagamento do tributo mas também com relação ao vínculo obrigacional entre os coobrigados responsáveis pela prestação pecuniária decorrente do cometimento de infrações, conforme definido em lei como acima exposto. Caracterizada a responsabilidade solidária da empresa ANTARES, e das demais empresas que integram o pólo passivo visto que restou demonstrada a forma de participação de cada uma delas no cometimento dos ilícitos praticados, resta igualmente configurado o vínculo de responsabilidade quanto às infrações já demonstradas. Naturalmente, a responsabilidade solidária cingese à multa decorrente do art. 23, inc. V e § 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, e não as demais, que foram tratadas anteriormente. c) Da existência de subfaturamento. Quanto à existência de subfaturamento na DI nº 10/03613391, de 05/03/2010, destacou a fiscalização que: Fl. 769DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 760 21 A mercadoria importada compreende 2.073,6 m2 de revestimento cerâmico (porcelanato) em diversas dimensões e referências, no valor FOB de US$ US$ 14.204,16, correspondendo ao valor aduaneiro de R$ 36.956,35. São documentos instrutivos do despacho aduaneiro, as faturas comerciais n°s LG10021A e LG 10021B, de 28/01/2010 (fls. 410411), packing l ists de mesmo número (fls. 413413) e o Conhecimento de transporte n° ENZEA1001029, de 28/01/2010 (fls. 414415). O pagamento da mercadoria ao exportador foi efetuado em 18/01/2010, conforme Contratos de Câmbio n° 10/000836, no valor de US$ 7.464,96 (fls. 181184), e 10/000837, no valor de US$ 9.849,60 (fls. 185188), num total de US$ 17.344,56 (valor superior ao declarado, por ter ocorrido subfaturamento, conforme será demonstrado). Os referidos contratos foram celebrados pela PARTNER TRADING, na condição da importadora,(gn). Os câmbios contratados em 18/01/2010 foram amparados justamente por estas proformas. O Contrato n° 10/000837, de US$ 9.849,60 corresponde a Proforma n° LG10012A, e o Contrato n° 10/000836, de US$ 7.464,96 corresponde a Proforma n° 10012B. Tal fato demonstra que são esses os preços de venda acordados. No caso da operação de importação relativa à DI nº 10/03613391, de 05/03/2010, constatouse a ocorrência de subfaturamento. O despacho aduaneiro encontrase amparado por duas faturas comerciais: Nas faturas comerciais ou na DI não consta o nome do fabricante, mas sabese que não é o exportador, posto que este é de Hong Kong e a mercadoria é proveniente da China. Porém, nas faturas proformas correspondentes consta que o fabricante é FOSHAN LUNGO CERAMICS CO. LTD. Na DI nº 09/1631151 6, de que trata o item 5.2, a importação foi efetuada diretamente da FOSHAN LUNGO CERAMICS e, entre as referências importadas, consta a ref. 2 CCK8110, nas dimensões Fl. 770DF CARF MF 22 800x800mm, adquirida ao preço unitário de US$ 8,20/m2. Já na importação em questão, que teria ocorrido com a intervenção de uma terceira empresa sediada em Hong Kong, o preço do produto de mesma referência reduziuse de US$ 8,20 para US$ 6,55/m2. Em mensagem do dia 15/01/2010, enviada pela ACTISA à PARTNER, estavam anexadas as faturas proformas de números LG1012A e LG1012B, emitidas por FAVOUR WORLD INTERNATIONAL. Nesses documentos, os preços são superiores: Os câmbios contratados em 18/01/2010 foram amparados justamente por estas proformas. O Contrato nº 10/000837, de US$ 9.849,60 corresponde a Proforma nº LG10012A, e o Contrato nº 10/000836, de US$ 7.464,96 corresponde a Proforma nº 10012B. Tal fato demonstra que são esses os preços de venda acordados. Além disso, foram localizadas trocas de mensagens entre MARCELO/ACTISA e HENRY HUO (fls. 569570), do departamento de exportação da empresa FOSHAN LUNGO CERAMICS, relativas à operação. Em 28/01/2010 (data do embarque no exterior), HENRY HUO envia para MARCELO o rascunho do conhecimento de transporte e cópia das faturas para verificação. Com razão o juízo a quo, no arbitramento do valor aduaneiro diante da constatação da fraude, como por ele explicitado nos termos abaixo reproduzidos: O Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio GATT 1994, constante do Anexo 1A ao Acordo Constitutivo da Organização Mundial de Comércio (OMC), comumente conhecido como Acordo de Valoração Aduaneira (AVA), foi concebido para ser aplicado nas operações legítimas e leais de comércio, nas quais, segundo a acusação da fiscalização, as do presente caso concreto não se enquadram. Assim, o AVA remete para a legislação de cada país o tratamento a ser dado nos casos de prática de infrações ou crimes. No Brasil, o art. 88 da Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001, determina expressamente a valoração das mercadorias, segundo os critérios que especifica, quando da ocorrência de fraude, sonegação ou conluio com a seguinte redação: Art. 88. No caso de fraude, sonegação ou conluio, em que não seja possível a apuração do preço efetivamente praticado na importação, a base de cálculo dos tributos e demais direitos incidentes será determinada mediante arbitramento do preço da mercadoria, em conformidade com um dos seguintes critérios, observada a ordem seqüencial: I preço de exportação para o País, de mercadoria idêntica ou similar; II preço no mercado internacional, apurado: a) em cotação de bolsa de mercadoria ou em publicação especializada; Fl. 771DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 761 23 b) de acordo com o método previsto no Artigo 7 do Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT/1994, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15 de dezembro de 1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30 de dezembro de 1994, observados os dados disponíveis e o princípio da razoabilidade; ou c) mediante laudo expedido por entidade ou técnico especializado. Parágrafo único. Aplicase a multa administrativa de cem por cento sobre a diferença entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado na importação ou entre o preço declarado e o preço arbitrado, sem prejuízo da exigência dos impostos, da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e dos acréscimos legais cabíveis. Nesse contexto, observase pelos excertos acima transcritos do relatório da fiscalização, que a infração constatada e demonstrada no presente auto de infração ficou tipicamente caracterizada pelo subfaturamento nas operações de importação, haja vista a declaração de preço inferior ao efetivamente praticado, na medida em que restou constatado pela fiscalização a existência de proformas invoices, utilizadas para fechamento do câmbio em valor superior ao valor declarado na DI respectiva, cujas faturas que a instruíam com idênticas referências da mercadoria importada, consignavam valor inferior, restando assim caracterizada a falsificação documental dos documentos instrutórios do despacho, com o intuito de alterar preços e outras informações, como o nome do nome do exportador. Assim, na importação analisada pela fiscalização, restou demonstrado que os valores declarados na DI são inferiores aos valores efetivamente praticados, conforme apurado através as faturas proformas de números LG1012A e LG1012B, emitidas por FAVOUR WORLD INTERNATIONAL. É importante assinalar que não houve a comparação de valores com uma DI de importação anterior para fundamentar a existência de subfaturamento, apenas como reforço argumentativo mencionou a fiscalização essa DI visto tratarse de mesmo fabricante e idênticas mercadorias: Porém, nas faturas proformas correspondentes consta que o fabricante é FOSHAN LUNGO CERAMICS CO. LTD. Na DI n° 09/16311516, de que trata o item 5.2, a importação foi efetuada diretamente da FOSHAN LUNGO CERAMICS e, entre as referências importadas, consta a ref. 2CCK8110, nas dimensões 800x800mm, adquirida ao preço unitário de US$ 8,20/m2. Já na importação em questão, que teria ocorrido com a intervenção de uma terceira empresa sediada em Hong Kong, o preço do produto de mesma referência reduziuse de US$ 8,20 para US$ 6,55/m2. Restou assim caracterizada a prática de subfaturamento, por meio de declarações inexatas, inclusive, de falsificações dos documentos instrutórios das DIs. Desse modo, não procedem as alegações do Recorrente a esse respeito. Fl. 772DF CARF MF 24 d) Da ocorrência da interposição fraudulenta Em primeiro lugar, devese frisar que o Recorrente sequer esboça alguma defesa técnica acerca da interposição fraudulenta caracterizada no Auto de Infração e suas peças anexas, tampouco apresentando qualquer elemento probatório contrário ao farto caderno probatório levantado na atividade fiscalizatória. Em sua defesa, limitase a alegar que a narrativa do TVF é frágil e inverídica, reafirmando a idoneidade e valor probatório dos documentos contábeis, e que os recursos utilizados na importação são pertencentes à Recorrente. Compulsando a decisão a quo, verificase que não apenas o TVF foi excepcionalmente minucioso, como também a decisão da DRJ foi especialmente analítica, apontando precisamente os elementos caracterizadores da interposição para cada uma das DIs sob análise. Esclarece a fiscalização: Através de mensagens de correio eletrônico coletadas por ocasião da diligência realizada na PARTNER TRADING é possível reconstituir a sequência de ações que deram origem à parceria entre a PARTNER TRADING, a ACTISA e a ANTARES, com objetivo de efetuar importações de mercadorias adquiridas pela ACTISA, declarandose falsamente se tratar de aquisições efetuadas pela ANTARES. De fato, verificase farta quantidade de mensagens eletrônicas trocadas entre as empresas autuadas, revelando o esquema praticado para a interposição, com vistas à chegada da mercadoria à ACTISA, a real adquirente. A Recorrente teve sua insuficiência de recursos demonstrada na decisão a quo nos seguintes termos: Como demonstrado pela fiscalização, em análise minudente dos lançamentos contábeis da empresa ANTARES relativos aos anos de 2009/2010, conforme item 6 do relatório fiscal, inclusive com a elaboração de planilhas demonstrando a situação financeira da citada empresa, bem como a análise para cada DI objeto deste processo quanto à contabilização da operação de importação, restou evidenciado: a) durante a maior parte do período a ANTARES mantinha concomitantemente saldo negativo na conta corrente e empréstimos junto ao Banco do Brasil, enquanto declarava possuir valores vultosos na conta caixa; b) não há qualquer lançamento contábil que demonstre que a empresa ANTARES adiantou recursos à PARTNER ou a SOULLER, dessa forma restou evidenciado que a empresa ANTARES utiliza o seu saldo de caixa para ocultar a origem dos recursos recebidos e para simular desembolso de recursos como se tivessem sido efetuados por ela, quando o foram por terceiro. Da análise do subitem 6.3 do relatório, relativo à DI n° 10/03613391 esse fato está cabalmente demonstrado pela discrepância dos lançamentos contábeis na empresa PARTNER e ANTARES com relação à mesma operação, ficando evidente o Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 762 25 intuito de dissimular o adiantamento de fato pela empresa ACTISA, real adquirente da operação de importação; c) que a escrituração contábil da ANTARES é inidônea, visto que elaborada com o intuito de dissimular os fatos e negócios efetivamente ocorridos, tal como discriminados com relação à cada DI nos subitens 6.1 a 6.6 do relatório, fazendo nesse caso prova a favor do fisco, uma vez que os lançamentos contábeis foram efetuados sem observância das formalidades exigidas na legislação de regência, DecretoLei n° 486, de 1969, artigos 1º e 8º; d) a empresa ANTARES é orientada a ocultar a origem dos recursos em suas contas correntes e na contabilidade. A PARTNER, por sua vez, se compromete a simular trocas de mensagens com os fornecedores estrangeiros "falando em nome" da ANTARES, com o objetivo de "fundamentar a compra", bem como encaminhar uma purchase order (pedido de compra,) ao fornecedor. Também fica claro que a ANTARES não efetuará qualquer pagamento sem antes receber a antecipação dos recursos financeiros. Desse modo, a ANTARES não corre qualquer risco na operação e será remunerada unicamente pelo fato de ceder seu nome para viabilizar importações de terceiros. E acerca da documentação bancária asseverou: Conforme se verifica, na maior parte do período, enquanto a conta CAIXA apresentava saldos elevados, a conta corrente bancária possuía saldo negativo e a ANTARES mantinha valores consideráveis de empréstimos bancários. Mesmo no período em que a conta corrente bancária apresentava saldo positivo seria totalmente injustificável a existência de empréstimos bancários, face à suposta existência de valores muito superiores a tais empréstimos no caixa da empresa. Constatase que a situação financeira da empresa era, na verdade, precária, já que precisava manter empréstimos bancários e saldo negativo em conta corrente para financiar suas atividades, bem como que o saldo contábil da conta caixa é FICTÍCIO, pois ou a empresa não mantém recursos em espécie ou os mantém em quantia pouco significativa, apenas para pagamento de pequenas despesas. Resta demonstrado que a escrituração contábil da ANTARES é INIDÔNEA, elaborada para dissimular os fatos e negócios efetivamente ocorridos. Diante dos fatos e provas acima explicitados ficou demonstrado pela fiscalização que a empresa ANTARES não tinha capacidade econômica para o pagamento, pela via cambial, da importação. Não tinha portanto suficiência de recursos, seja quanto à origem, disponibilidade ou transferência para promover as operações de comércio exterior através da DIs já identificadas no litígio em exame. E quanto à interposição fraudulenta comprovada, adiro à fundamentação a quo, vazada nos seguintes termos: Fl. 774DF CARF MF 26 Após a análise quanto à validade jurídica dos meios de prova utilizados pela fiscalização e constatado, a) que os recursos financeiros utilizados nas operações de importação não se originaram da empresa ANTARES; b) a antecipação de recursos pela empresa ACTISA (empresa que de fato promoveu as operações de importação, porque dela se originaram os recursos financeiros), cujos valores eram depositados em contas de pessoas físicas vinculadas às empresas PARTNER e ANTARES restou demonstrado que a PARTNER TRADING IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA submeteu a despacho aduaneiro as Declarações de Importação n°s 09/10653687, 09/16311516, 10/03613391, 10/05021980, 10/08606385 e 10/12405208, declarando como adquirente das mercadorias a empresa ANTARES COMÉRCIO E SERVIÇOS, quando o efetivo adquirente responsável pela compra internacional e pelo aporte de recursos financeiros foi a ACTISA COMÉRCIO DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO LTDA (adquirente oculta nas respectivas operações de importação). Essas três empresas, juntamente com a SOULLER ASSESSORIA (INDIANARA TAVARES COSTA ME que também recebia depósitos da empresa ACTISA para dissimular a verdadeira importação), em conluio, promoveram importações mediante INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA, dissimulando o negócio jurídico verdadeiramente ocorrido. A ocultação do real adquirente (empresa ACTISA) na espécie dos autos restou explicitada por um encadeamento de ações de natureza simulatória que tiveram o intuito de dissimular a real operação e consequentemente a real adquirente da mercadoria, pressuposto fático que se subsume ao tipo legal disposto no artigo 23, inciso V, §§ 1º e 3º, do DecretoLei nº 1.455, de 1976, com redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002. As ações perpetradas com vistas a ocultar a empresa que efetivamente promoveu a importação das mercadorias através das citadas DIs foram efetivadas através de falsa declaração a Aduana dos reais intervenientes na operação de comércio exterior, além de falsidade documental quanto aos documentos de instrução das referidas DIs, situação que se enquadra no conceito de fraude e conluio, por força do art. 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964. Notese que o elemento subjetivo da conduta das autuadas visando mascarar perante a Aduana a real transação ocorrida, fica evidenciado não apenas nos lançamentos contábeis e na pulverização da antecipação de recursos nas contas das pessoas físicas visando impedir ao fisco a identificação da origem dos recursos utilizados, mas bem explicitados pelos excertos das mensagens eletrônicas, colacionadas nos autos e parcialmente já reproduzidas no presente voto que exteriorizam o modus operandi utilizado e a participação das empresas que compõem o polo passivo na prática da ocultação da verdadeira adquirente das mercadorias. Portanto, não restam dúvidas da ocorrência da interposição fraudulenta na importação pelas autuadas. Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 763 27 III) Conclusão Ante o exposto, dou PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário para: a) De ofício, excluir a PARTNER do polo passivo em razão de vício na notificação do Auto de Infração. b) Excluir a aplicação da multa substitutiva do perdimento à importadora ostensiva, ANTARES, aplicandose a ela apenas a multa por cessão de nome. c) Excluir a multa por cessão de nome em relação aos sujeitos passivos ACTISA e INDIANARA. d) Afastar a aplicação da multa do parágrafo único art. 88 da MP 2.158 34/2001, decorrente de subfaturamento. e) Manter a autuação quanto as demais ponto. É como voto. Relator Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 776DF CARF MF 28 Voto Vencedor Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Na sessão de julgamento deste processo ousei divergir do Ilustre Relator, no que fui acompanhada por outros conselheiros, somente quanto à parte dos recursos voluntários que ele daria provimento parcial (itens "a" a "d" da Conclusão do Voto Vencido acima). i) Responsabilidade da empresa PARTNER: Sobre a intimação no processo administrativo fiscal, assim estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235/72: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) (...) § 1o Quando resultar improfícuo um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 2° Considerase feita a intimação: § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) No caso concreto, a empresa PARTNER foi regularmente intimada, por via postal, no endereço por ela fornecido à Receita Federal para fins cadastrais (vide extrato do seu CNPJ nos autos), tanto do auto de infração como da decisão de primeira instância, sendo que, neste último caso, diante da recusa de recebimento, foi efetuada a intimação editalícia, como se vê, tudo em conformidade com o disposto no dispositivo transcrito acima. Também não há qualquer discrepância com o disposto no art. 127 do CTN, vez que não há que se falar em "falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário", quando a própria contribuinte forneceu o endereço à Receita Federal no cadastro do seu CNPJ. Nessa esteira, bem esclarece Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário, 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 1996, p. 210) que: "Todas as comunicações fiscais, de avisos e esclarecimentos, bem como os atos, propriamente, de intercâmbio procedimental intimações e notificações serão dirigidas àquele lugar escolhido, que consta dos cadastros das repartições tributárias, e onde o fisco espera encontrar a pessoa, para a satisfação dos mútuos interesses." Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 764 29 Assim, foi plenamente regular as intimações efetuadas à empresa PARTNER no âmbito do presente processo administrativo, não havendo qualquer nulidade nesse aspecto. Ademais, não poderia a Administração tributária, que agiu em conformidade com a lei, restar prejudicada pela falta do cumprimento pela própria contribuinte de seu dever de manter as suas informações cadastrais atualizadas perante o órgão público. ii) Multa por cessão de nome: Alega a recorrente a existência de bis in idem na aplicação da multa por cessão de nome, prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, conjuntamente com a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, veiculada pelo art. 23, inc. V e § 3º, do Decreto Lei nº 1.455, de 1976. Em matéria de infrações administrativas no âmbito aduaneiro, a pessoa física ou jurídica pode ser punida como agente direto da infração, que praticou a ação ilícita ou incorreu na omissão ilícita, nos termos do art. 94 do Decretolei nº 37/66, ou como "responsável" pela infração, em conformidade com o disposto no art. 95 desse Decretolei: Art. 94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; II conjunta ou isoladamente, o proprietário e o consignatário do veículo, quanto à que decorrer do exercício de atividade própria do veículo, ou de ação ou omissão de seus tripulantes; III o comandante ou condutor de veículo nos casos do inciso anterior, quando o veículo proceder do exterior sem estar consignada a pessoa natural ou jurídica estabelecida no ponto de destino; IV a pessoa natural ou jurídica, em razão do despacho que promover, de qualquer mercadoria. V conjunta ou isoladamente, o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso da importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) VI conjunta ou isoladamente, o encomendante predeterminado que adquire mercadoria de procedência estrangeira de pessoa jurídica importadora. (Incluído pela Lei nº 11.281, de 2006) Fl. 778DF CARF MF 30 No caso dos autos, tratase da possibilidade de cumulação da multa por cessão de nome, veiculada pelo artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, com a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria em face da ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, prevista no art. 23, V, §§1º e 3º do Decretolei nº 1.455/76: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Parágrafo único. À hipótese prevista no caput deste artigo não se aplica o disposto no art. 81 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei n° 10.637, de 30.12.2 002) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) No caso da infração por ocultação do sujeito passivo na importação mediante fraude ou simulação, como não está expresso no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76, o agente direto da infração deve ser deduzido da conduta coibida por esse dispositivo, qual seja, a ocultação do sujeito passivo, daí se concluindo que o agente direto dessa infração é o importador ostensivo, que é quem efetivamente pratica a ação de "ocultar" o verdadeiro sujeito passivo na importação, sem prejuízo de outras pessoas poderem também responder por essa infração com fundamento do art. 95 do Decretolei nº 37/66, em especial, o adquirente da mercadoria na importação por sua conta e ordem ou o encomendante predeterminado, se for o caso. Ocorre, no entanto, que na hipótese da aplicação da pena de perdimento às mercadorias, em que a fiscalização encontrálas, não obstante o agente direto da infração prevista no art. 23, V do Decretolei nº 1.455/76 seja mesmo o importador ostensivo, como se disse acima, sendo a ele aplicada a penalidade, quem pode acabar ao final suportando o efeito dessa penalidade é o importador oculto real adquirente da mercadoria no exterior, que será privado do seu uso e gozo. Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 765 31 Nessa esteira, é que o legislador ordinário optou por inserir no ordenamento jurídico a multa prevista no art. 33 da Lei 11.488/2007 com intuito de penalizar concretamente a conduta irregular do importador ostensivo, que cedeu seu nome a outrem, eis que ele poderia restar sem punição na hipótese de aplicação da pena de perdimento às mercadorias. Com efeito, no caso da infração por cessão de nome, consta consignado no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 que o agente direto da infração é a "A pessoa jurídica que ceder seu nome (...)", que é o importador ostensivo, sem prejuízo, obviamente, de outras pessoas poderem figurar no polo passivo do auto de infração com base no disposto no art. 95 do Decretolei nº 37/66, se for o caso. Assim, independentemente de qualquer juízo de valor acerca de o importador ostensivo ser duplamente penalizado, entendo que a segunda multa, por cessão de nome, foi criada pelo legislador ordinário para conviver com a pena de perdimento das mercadorias e, em consequência, também a multa que lhe substitui, o que se confirma com o disposto no art. 727, §3o do Regulamento Aduaneiro/2009: Art.727. Aplicase a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §1oA multa de que trata o caput não poderá ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais)(Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). §2oEntendese por valor da operação aquele utilizado como base de cálculo do imposto de importação ou do imposto de exportação, de acordo com a legislação específica, para a operação em que tenha ocorrido o acobertamento. §3oA multa de que trata o caput não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias na importação ou na exportação. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). No Acórdão n° 310100.431 1ª Camara / 1ª Turma Ordinária, de 25 de maio de 2010, Redator designadoTarásio Campelo Borges, foi decidido que "O dano ao erário nas infrações enumeradas no caput do artigo 23 do Decretolei 1.455, de 1976, com as modificações introduzidas pela Lei 10.637, de 2002, não é fato típico para a exigência da multa cominada no artigo 33 da Lei 11.488, de 2007". Também este Colegiado decidiu recentemente, por unanimidade, no Acórdão nº 3402003.008– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de abril de 2016, Relator: Antonio Carlos Atulim, no sentido de que a multa por cessão de nome não prejudica a aplicação da pena de perdimento ou a multa substitutiva ao perdimento. Assim, configuradas as materialidades das duas infrações aduaneiras acima, não há como este Conselho Administrativo afastar a aplicação das penalidades respectivas aos seus agentes diretos e aos responsáveis pelas infrações. iii) Multa administrativa pela diferença de preço: Fl. 780DF CARF MF 32 Alega, sem razão, a recorrente que haveria bis in idem entre a Multa do Controle Administrativo (parágrafo único do artigo 88 da MP nº 2.15835/2001) e a Multa pecuniária substitutiva do perdimento (parágrafo 3º do art. 23 do Decretolei nº 1.455/1976). Conforme disposto no §1ºA do art. 703 do RA/2009, abaixo transcrito, o que se veda é que a "conduta praticada", certamente ilícita, seja penalizada duas vezes, pelo perdimento ou pela multa administrativa pela diferença de preços: Art. 703. Nas hipóteses em que o preço declarado for diferente do arbitrado na forma do art. 86 ou do efetivamente praticado, aplicase a multa de cem por cento sobre a diferença, sem prejuízo da exigência dos tributos, da multa de ofício referida no art. 725 e dos acréscimos legais cabíveis (Medida Provisória no 2.15835, de 2001, art. 88, parágrafo único).(Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). § 1ºA Verificandose que a conduta praticada enseja a aplicação tanto de multa referida neste artigo quanto da pena de perdimento da mercadoria, aplicase somente a pena de perdimento. (Incluído pelo Decreto nº 8.010, de 2013) (negritei) §2oO disposto neste artigo não prejudica a aplicação da penalidade referida no inciso VI do art. 689, na hipótese de ser encontrada, em momento posterior à aplicação da multa, a correspondente fatura comercial falsificada ou adulterada. (Redação dada pelo Decreto nº 7.213, de 2010). O que tal dispositivo tutela é o princípio do non bis in idem, de que ninguém pode ser condenado duas ou mais vezes por uma mesma conduta, que é reconhecido pela doutrina como decorrência direta dos princípios constitucionais da legalidade, da tipicidade, do devido processo legal e da proporcionalidade. A importação é um procedimento que envolve uma série de condutas dos intervenientes, importadores, transportadores e exportadores, as quais podem, eventualmente, ser puníveis quando importem inobservâncias de normas estabelecidas na legislação aduaneira. Com efeito, o §1ºA do art. 703 do RA/2009 não coíbe a aplicação concomitante das duas multas numa mesma importação, mas tão somente a dupla penalização de uma mesma conduta ilícita. No presente caso, conforme se observa no Voto acima do Relator, configurouse, de forma individualizada, as materialidades das duas condutas, de subfaturamento e de interposição fraudulenta, não sendo o caso de afastar a multa pela diferença de preços com base no §1ºA do art. 703 do RA/2009. Assim, tendo em vista as divergências acima apontadas em relação ao Voto do Ilustre Relator, e acompanhandoo quanto aos demais pontos, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula, Redatora Designada Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10909.720514/201176 Acórdão n.º 3402003.440 S3C4T2 Fl. 766 33 Fl. 782DF CARF MF
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Numero do processo: 10860.900271/2008-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003
Ementa:
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL
Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido.
Numero da decisão: 3402-003.784
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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Recorrida UNIÃO ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 Ementa: COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE PIS. PROVA DO CRÉDITO EM DCTF E DIPJ RETIFICADORAS APRESENTADAS EM SEDE RECURSAL Em sede de recurso voluntário o contribuinte apresentou DCTF e DIPJ retificadoras que atestam seu direito creditório, o que foi chancelado por meio de diligência fiscal. Crédito reconhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para reconhecer o direito de crédito nos termos da diligência efetuada. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar os fatos aqui analisados, me valho do Relatório desenvolvido por este Tribunal administrativo quando da resolução n. 3801000.471 (fls. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 90 02 71 /2 00 8- 56 Fl. 441DF CARF MF 2 123/128), da lavra do Conselheiro Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira, o qual adoto como meu nos termos abaixo: (...). Tratase de Declaração de Compensação (DCOMP) com aproveitamento de suposto pagamento a maior. A Delegacia da Receita Federal de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação (fl. 6), tendo em vista que o pagamento apontado como origem do direito creditório estaria integralmente utilizado na quitação de débito do contribuinte. Cientificada do despacho decisório em 05/05/2008 (fl. 7), a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 03/06/2008 (fl. 8/13), na qual alegou que o despacho decisório decorre do fato de não terem sido retificadas as DCTFs que identificam os pagamentos realizados durante o ano de 2003 e em janeiro de 2004 em relação aos débitos de PIS, e informa que estava apresentando as correspondentes declarações retificadoras, conforme cópia que anexava aos autos. A interessada alegou, ainda, que, em conformidade ao disposto no § 10 do art. 11 da Instrução Normativa RFB no 786, de 2007, a declaração retificadora substitui integralmente a original, sendo que os valores corretos devidos a titulo de PIS são aqueles declarados na DIPJ 2004. Assim, conclui que os créditos decorrentes de pagamento indevido ou a maior de PIS foram devidamente demonstrados por meio das DCTF retificadoras, restando comprovado que o crédito que possui é suficiente para compensar os débitos da DCOMP. Ao final, entendendo que o procedimento adotado estava em consonância com a legislação vigente ã época, a contribuinte requer a nulidade do despacho decisório.” A Delegacia de Julgamento em Campinas (SP) proferiu a seguinte decisão, nos termos da ementa abaixo transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2003 a 31/03/2003 DCOMP. CREDITO INTEGRALMENTE ALOCADO. PROVA. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, quando o recolhimento alegado como origem do crédito estiver integralmente alocado na quitação de débitos confessados. O reconhecimento do direito creditório aproveitado em DCOMP não homologada requer a prova de sua existência e montante. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos elementos que permitam a legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido”. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 10860.900271/200856 Acórdão n.º 3402003.784 S3C4T2 Fl. 3 3 Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, conforme recurso de fls. 2937, onde reprisa as razões apresentadas na manifestação de inconformidade de fls. 0914. Aduz ainda que a autoridade competente não observou o procedimento previsto no art. 65 da Instrução Normativa nº 900, de 2008, devendo ser aplicado ao caso o princípio da verdade material, uma vez que ocorreu erro material na apuração do crédito, por parte da recorrente, o que foi levado a conhecimento da DRF posteriormente através da apresentação regular da PER/DCOMP, requerendo seja conhecido e provido o recurso para seja reconhecido o direito creditório relativo aos pagamentos efetuados a maior ou indevidos de IPI, acrescidos de juros equivalentes a taxa SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada, podendo ainda estes valores serem compensados com quaisquer tributos ou contribuições sob a administração da SRF, ainda que não sejam da mesma espécie nem tenham a mesma destinação constitucional. 2. Uma vez distribuído o recurso voluntário interposto neste tribunal, o então Relator do caso, acompanhado pela turma julgadora, baixou o processo diligência nos seguintes temos: (...). Não obstante a ausência de parte da documentação comprobatória necessária na origem, motivo do indeferimento do pedido de homologação, a contribuinte recorre a este Conselho de Contribuintes anexando às suas razões a integralidade da documentação comprobatória necessária, o que justifica uma nova análise do seu pedido de homologação da compensação. Desta forma, verificada a documentação apresentada juntamente com o presente recurso, fazse necessária a análise do seu conteúdo probatório. (...). No caso dos autos, ainda que juntada posteriormente ao despacho decisório, bem como à decisão da DRJ de origem, a prova trazida aos autos deve ser apreciada para a melhor solução da controvérsia, uma vez que, de fato, comprova o alegado. Se o contribuinte alega ter o direto ao crédito,o qual requer a compensação, e traz aos autos, ainda que somente nesta fase processual, a prova deste direito, não há razão para negarlhe a homologação da compensação. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: Fl. 443DF CARF MF 4 a) aprecie e informe a existência de créditos e débitos, especialmente pela análise da DIPJ onde consta o crédito apontado e a alegada a veracidade das suas informações; b) cientifique a interessada quanto ao teor da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de dez dias.julgamento. É assim que voto. 3. Realizada a diligência, assim concluiu a fiscalização (fls. 433/434): (...). Primeiramente, cabe destacar que com o advento da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro real e cujas receitas não se enquadrassem naquelas para as quais a forma de apuração foi mantida nos moldes da legislação anterior, passaram a apurar o PIS, a partir de dezembro de 2002, sob o regime nãocumulativo. Assim, a única possibilidade do interessado (optante do Lucro Real) haver apurado débitos de PIS para o período de 2003 seria no caso de ter auferido alguma das receitas dentre aquelas que permaneceram no regime cumulativo. Verificando as DIPJ/2004 apresentadas à Receita Federal do Brasil pelo interessado, constatase que foram apresentadas três DIPJ, a saber: ® DIPJ Original – apresentada em 29/06/2004 (fls. 173/253); ® DIPJ Retificadora – apresentada em 01/09/2004 (fls. 254/334); ® DIPJ Retificadora – apresentada em 29/08/2008 (fls. 335/415). Da análise dos dados informados em cada uma das DIPJ, em especial na ficha 21 – Cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP – Regime Nãocumulativo, verificase que desde a DIPJ original, cuja apresentação à RFB se deu em junho de 2004, não fora apurado qualquer valor de PIS a pagar, seja na modalidade cumulativa ou na nãocumulativa. As alterações efetuadas por intermédio das DIPJ Retificadoras, em relação ao PIS e a COFINS, resumemse no aumento do valor das referidas contribuições no mês de dezembro/2003. As outras alterações efetuadas referiramse ao IRPJ e a CSLL. Da mesma sorte, os DACON apresentados pelo interessado, conforme tela de consulta à fl. 152, foram todos entregues entre os meses de março e setembro de 2004 e sem qualquer valor de PIS a pagar apurado (fls. 153/172). (...). As DCTF Retificadoras, cancelando os débitos de PIS informados nas ORIGINAIS (entregues entre os meses de maio de 2003 e fevereiro de 2004), foram apresentadas à RFB em 03/06/2008 quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade (fls. 425/432). Fl. 444DF CARF MF Processo nº 10860.900271/200856 Acórdão n.º 3402003.784 S3C4T2 Fl. 4 5 Analisando as informações acerca do PIS e da COFINS constantes nas DCTF originais observase que foram informados débitos de PIS como se a pessoa jurídica estivesse no regime cumulativo, ou seja, sem o desconto de créditos permitido pelo novo regime (art. 3º da Lei nº 10.637/2002), porém com a alíquota nãocumulativa de 1,65%, pois conforme se constata pelos valores, a seguir demonstrados, a relação percentual entre os valores declarados de PIS e de COFINS é a mesma entre os valores das alíquotas utilizadas pelo interessado na apuração das referidas contribuições (1,65 / 3,00 => 0,55 %). (...). Portanto, verificase que o erro na apuração dos valores do PIS deuse em função do interessado, quando da apuração dos débitos a serem informados nas DCTF, não ter se atentado para o desconto dos créditos previstos no art. 3º da Lei nº 10.637/2002, situação essa que não ocorreu nas apurações constantes na DIPJ e respectivos DACON. Em 19/11/2013 o interessado foi intimado a declarar, sob as penas da Lei, se se enquadrou, no período de 2003, nas hipóteses previstas no art . 8º da Lei nº 10.637/2002 (fls. 132/134). Em resposta, o interessado declarou, em 03/12/2013, sob as penas da Lei, não haver se enquadrado, no período de 2003, nas hipóteses previstas no art. 8º da referida Lei, exceto no caso das receitas previstas no item “a” do inciso VII do seu art. 8º (receitas decorrentes da venda de produtos de que trata a Lei 10.485/2002), cuja alíquota à época era 0 (zero) (fls. 135/137). (...). 4. Diante deste quadro, o contribuinte foi intimado para se manifestar a respeito, ficando inerte. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso sub judice preenche os pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual passo ao seu conhecimento. I. Do crédito compensado 7. Em suma, o contribuinte apresentou Compensação (DCOMP) alegando que houve equívoco no preenchimento da DCTF remetida à Receita Federal, o que foi posteriormente corrigido por intermédio da entrega da DCTF retificadora, corroborada pelas informações constantes nas DIPJ's original e retificadoras apresentadas. Fl. 445DF CARF MF 6 8. A Delegacia da Receita Federal entendeu por não homologar a compensação ao fundamento que o pagamento apontado como origem do direito creditório fora integralmente utilizado na quitação de débitos da contribuinte. 9. Em manifestação de inconformidade o contribuinte não apresentou toda a documentação necessária para atestar seu crédito, em especial DCTF retificadora e DIPJ's retificadoras, o que só foi realizado em sede de recurso voluntário, fato este, inclusive, que motivou a diligência aqui tratada. 10. Referida diligência foi conclusiva no sentido de que, diante da retificação alhures mencionada, o contribuinte não possuía débito de PIS para o período mencionado, o que redundou no crédito utilizado na presente compensação em indevidamente glosado pela fiscalização. Dispositivo 11. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário, de modo a reconhecer o crédito pleiteado pelo contribuinte e, por conseguinte, homologar a compensação perpetrada. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 446DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934835/2009-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.763
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 48 35 /2 00 9- 79 Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de PIS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10980.934835/200979 Acórdão n.º 3402003.763 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 127DF CARF MF
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Numero do processo: 11543.003201/2005-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
Ementa:
SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925/2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004.
Em conformidade com o disposto no art. 17, III da Lei nº 10.925/2004, aplica-se desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESCONTOS OBTIDOS. RECEITA FINANCEIRA.Nos termos do art. 373 do RIR/99, os descontos são considerados receitas financeiras, sujeitando-se à alíquota zero das contribuições sociais não cumulativas por força do Decreto nº 5.442/05, vigente à época dos fatos.
DEPRECIAÇÃO. BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. VAGÕES. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
Os encargos de depreciação do ativo imobilizado só geram direito ao crédito das contribuições no regime não cumulativo quando vinculados a bens do ativo imobilizado diretamente empregados na produção. Tratando-se de bens do ativo imobilizado empregados no transporte de produtos acabados entre a fábrica e o porto, a depreciação dos vagões não gera direito a crédito.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3402-003.505
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir da base de cálculo das contribuições dos valores relativos às contas 388130 (Distribuição de Despesas com exportação), 411050 e 411550 (descontos nas compras de matéria-prima); b) reconhecer o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004; c) reverter as glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922; e d) reverter as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. Vencido o Conselheiro Jorge Freire, que deu provimento parcial em menor extensão, apenas quanto ao item b), reconhecendo apenas o direito em relação às vendas efetuadas pela filial Porto Alegre. Sustentou pela recorrente o Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP nº 222.503.
assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 Ementa: SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925/2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Em conformidade com o disposto no art. 17, III da Lei nº 10.925/2004, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESCONTOS OBTIDOS. RECEITA FINANCEIRA.Nos termos do art. 373 do RIR/99, os descontos são considerados receitas financeiras, sujeitandose à alíquota zero das contribuições sociais não cumulativas por força do Decreto nº 5.442/05, vigente à época dos fatos. DEPRECIAÇÃO. BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. VAGÕES. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Os encargos de depreciação do ativo imobilizado só geram direito ao crédito das contribuições no regime não cumulativo quando vinculados a bens do ativo imobilizado diretamente empregados na produção. Tratandose de bens do ativo imobilizado empregados no transporte de produtos acabados entre a fábrica e o porto, a depreciação dos vagões não gera direito a crédito. Recurso voluntário provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir da base de cálculo das contribuições dos valores AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 32 01 /2 00 5- 61 Fl. 1566DF CARF MF 2 relativos às contas 388130 (Distribuição de Despesas com exportação), 411050 e 411550 (descontos nas compras de matériaprima); b) reconhecer o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004; c) reverter as glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922; e d) reverter as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. Vencido o Conselheiro Jorge Freire, que deu provimento parcial em menor extensão, apenas quanto ao item b), reconhecendo apenas o direito em relação às vendas efetuadas pela filial Porto Alegre. Sustentou pela recorrente o Dr. Diogo de Andrade Figueiredo, OAB/SP nº 222.503. assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais de Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da 5ª Turma da DRJ/Rio de Janeiro II, de 28 de setembro de 2010, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, conforme ementa abaixo transcrita: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PERÍCIA. DILIGÊNCIAS. A autoridade julgadora de primeira instância indeferirá as diligências e perícias que considerar prescindíveis ou impraticáveis, fazendo constar do julgamento o seu indeferimento fundamentado. VENDAS COM SUSPENSÃO. ARTIGO 9º DA LEI 10.225/2004. APLICAÇÃO. A suspensão da exigibilidade da Cofins prevista no artigo 9o da Lei 10.225/2004 só se aplica a partir de 4 de abril de 2006, após a sua regulamentação pela Instrução Normativa SRF 636/2006, posteriormente revogada pela Instrução Normativa SRF 660/2006. COFINS NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. A base de cálculo da Cofins no regime de incidência nãocumulativo é o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. COFINS NÃOCUMULATIVA. CRÉDITOS. INSUMOS. Para fins de apuração de créditos da nãocumulatividade, consideram se insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto. ALUGUÉIS DE PRÉDIOS. COMPROVAÇÃO. Os créditos calculados em relação a despesas com aluguéis de prédios devem ser comprovados através de contratos, faturas ou comprovantes de pagamento. AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEL. INSUMO. Fl. 1567DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.567 3 Os combustíveis utilizados ou consumidos em veículos ou equipamentos diretamente empregados na execução do serviço contratado geram créditos do regime de apuração nãocumulativa da Cofins. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. AVISO DE COBRANÇA. DRJ. INCOMPETÊNCIA. Não compete às Delegacias da Receita Federal de Julgamento (DRJ) apreciar recurso do contribuinte de caráter impugnatório a avisos ou cartas de cobrança. Por retratar os fatos que sucederam no processo até a apresentação da manifestação de inconformidade, adotase aqui o relatório da decisão recorrida, que abaixo se transcreve: Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação de débitos de IRPJ e IRRF com créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS nãocumulativa de que trata o art. 3o da Lei 10.833/2003 apurados no terceiro trimestre de 2005. A DRF/VITÓRIA exarou o Despacho Decisório de fls. 476/477, com base no Parecer SEORT nº 783/2009 de fls. 458 a 476 deferindo parcialmente o pedido da interessada para reconhecer o direito creditório no valor de R$ 500.268,15 referente ao saldo remanescente da apuração nãocumulativa da Cofins concernente ao mês de julho de 2005 e, por conseguinte, homologar as compensações efetuadas, até o limite do crédito reconhecido. No Parecer Conclusivo consta consignado, em resumo, que: 1) A empresa atua na comercialização e industrialização de óleo de soja, além de atuar na comercialização de fertilizantes. A partir de 02/2004, a empresa interessada ficou sujeita ao regime de incidência nãocumulativo da Cofins; 2) Ao analisar o DACON e as Planilhas de Apuração enviadas pelo sujeito passivo, foi constatada divergência entre os valores informados. A análise da escrituração contábil, das planilhas e outros elementos apresentados demonstraram inconsistências nos valores dos créditos compensados. Conseqüentemente, foram realizados ajustes e foi gerada a Planilha de Glosas dos Créditos a Descontar, a fim de discriminar por filiais as eventuais glosas efetuadas; 3) O sujeito passivo equivocouse ao excluir da base de cálculo da Cofins nãocumulativa os valores decorrentes das vendas de mercadorias com suspensão. A ADM não poderia fazer jus ao benefício da suspensão prevista no art. 9o da Lei 10.925/04 anteriormente à edição da IN SRF 660 em 04/04/2006. 4) A ADM não se enquadra na definição de cerealista definida pela IN SRF 660/2006, conforme resposta ao Termo de Solicitação de Documentos 0203/2008. Também não se enquadra na definição de atividade agropecuária e nem de cooperativa de produção agropecuária delineada pelos incisos II e III do § 1o da mencionada IN; Fl. 1568DF CARF MF 4 5) As rubricas “desconto na compra de m. prima e diversos outras rendas”, registradas nos balancetes sob a codificação fiscal 411550, 411050 e 748950 deixaram de ser adicionadas à base de cálculo. Em outras situações, foram informados valores a menor em relação ao registrado nos balancetes; 6) Destarte, foram realizadas as devidas adições nas Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas, com vistas a atender ao que dispõe a legislação; 7) Foram excluídos créditos calculados sobre aquisições de água mineral, bens de informática, materiais de higiene pessoal, de vestuários e medicamentos por não se caracterizarem no conceito de insumos. Também foram excluídas aquisições dos setores administrativos como por exemplo lápis, caneta, papel, dentre outros e dos setores de segurança, como por exemplo manutenção nos equipamentos de segurança e vestuário do pessoal encarregado; 8) O contribuinte apresentou Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas por filiais e consolidado. Foram efetuadas glosas nos itens “bens utilizados insumo industrialização: compras p/ material intermediário” nas filiais de Campo Grande, Joaçaba, Paranaguá, Passo Fundo e Uberlândia, por não se enquadrarem na definição de insumos; 9) A partir dos relatórios enviados em meio magnético, foram elaboradas as Planilhas 1 (fls. 408/416), discriminando por filiais os bens desconsiderados no cálculo dos créditos. Tais valores foram transportados para a Planilha de Glosas dos Créditos a Descontar (fls. 451) e posteriormente para a Planilha de Apuração das Contribuições nãocumulativas (fls 452/457); 10) Foram glosados os valores informados a maior nas Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas em relação ao que foi informado nos relatórios em meio magnético, no que tange às filiais de Campo Grande, Paranaguá e Uberlândia, conforme Planilha 2 (fls. 417/443); 11) Com relação ao item “Bens utilizados insumo industrialização: compras p/ industrialização material de embalagem”, foi apurada diferença entre as Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas e os relatórios em meio magnético na filial de Campo Grande. As diferenças foram demonstradas na Planilha 3 (fls. 444); 12) Foram efetuadas glosas no item “serviços utilizados como insumo na industrialização: despesa com classificação” visto que estes serviços não se enquadram na definição de insumos delineada pela legislação; 13) No que se refere ao item “serviços utiliz. Insumos industrializ.:MãodeObra P. Jurídica (Manutenção/ Conservação/Limpeza Máq. e Equip.)”, foi constatada a inclusão de serviços não aplicados ou consumidos na fabricação do produto, no que tange às filiais de Catalão, Joaçaba, Paranaguá, Rondonópolis e Uberlândia. Por não se caracterizarem no conceito de insumo foram glosados os serviços discriminados na Planilha 4 (fls. 445/449); 14) Pelos mesmos motivos foram glosados no item “serviços utilizados como insumos nas atividades portuárias: Unidades Santos e Vitória”, serviços destinados à área de comercialização; Fl. 1569DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.568 5 15) O contribuinte foi intimado a apresentar os contratos de locação e comprovantes de pagamentos dos aluguéis da filial Santos. Da análise dos comprovantes, constatouse que foram informados valores a maior nas Planilhas de Apuração das Contribuições nãocumulativas. A diferença foi considerada não comprovada e excluída da base de cálculo dos créditos; 16) Foram excluídos da apuração dos créditos, os encargos de depreciação referentes às aquisições de vagões pela filial de Rondonópolis, por não serem utilizados na produção dos bens, mas sim no transporte dos bens produzidos. As glosas foram efetuadas nos meses de 2004, mas com impacto nos meses de 2005, visto que os encargos de depreciação se exaurem em 48 meses; 17) Foram efetuadas glosas no item energia elétrica nas filiais de Santos e Uberlândia, por não ter sido apresentada documentação comprobatória que lastreasse a totalidade dos valores informados; 18) Foram constatadas irregularidades na apuração dos créditos presumidos relacionados à filial de Uberlândia. Não é possível o aproveitamento de créditos decorrentes de compra para recebimento futuro (CFOP 1.922). Dos relatórios em meio magnético foi constatado o aproveitamento de crédito de compras registradas sob o CFOP 1.922 e nas compras registradas sob o CFOP 1.116, quando da entrada real da mercadoria. A Planilha 5 (fls. 450) discrimina as compras que foram desconsideradas para fins de cálculo dos créditos; 19) Uma vez preenchidas as Planilhas de Apuração das contribuições nãocumulativas, pôdese constatar que ao final do mês de julho de 2005, o sujeito passivo possuía saldo de créditos decorrentes do mercado externo no valor de R$ 500.268,15 passível de compensação. Este saldo foi integralmente utilizado para fins de compensação, não restando saldo de crédito a transferir para o mês seguinte. Nos meses de agosto e setembro não foi apurado saldo de créditos a compensar, mas sim saldo de Cofins a pagar. Destarte, foi emitido Auto de Infração para os referidos meses; 20) A despeito de o sujeito passivo ter informado no DACON saldo de créditos a compensar de períodos anteriores, ele não apresentou pedido de ressarcimento com vistas a compensar suposto saldo. Portanto, o saldo credor de períodos anteriores foi desconsiderado na análise da declaração de compensação de que trata o presente processo; 21) O processo administrativo nº 11543.003200/200516 foi apensado ao presente processo por se referir ao mesmo trimestrecalendário. Cientificada da decisão em 03/07/2009 (fls. 485/486), a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 04/08/2009 (fls. 490 a 539), alegando, em síntese que: 1) Merece correção o posicionamento do agente Fiscal exposto no item 12, no sentido de desprezar as informações do DACON e considerar as planilhas fornecidas pela empresa. Agindo assim, passou a excluir saldos legitimamente apurados. Tal premissa Fl. 1570DF CARF MF 6 não encontra guarida no ordenamento legal e deve ser reparada; 2) Verificase a necessidade expressa de se realizar perícia contábil a fim de não restar dúvida quanto à existência de créditos por parte da contribuinte, bem como sobre a regularidade do procedimento de compensação adotado, sob pena de eivar de nulidade a decisão a ser proferida. Formula os quesitos a serem respondidos; 3) Com relação a vendas de mercadorias com suspensão, a Lei 10.925/04 não é norma de eficácia contida, até porque contém todos os elementos necessários (hipóteses de incidência, condições de aplicabilidade e momento da ocorrência do fato gerador). A simples demora por parte da Receita em publicar Instrução Normativa não pode ensejar vacância legal; 4) A IN 636/06 dispôs que seus efeitos retroagiam à publicação da Lei em abril de 2004. A referida IN foi revogada pela IN 660/06 que deixou de informar a retroatividade de seus efeitos. Nem mesmo esta IN veio dispor de forma contrária aos procedimentos adotados. O Sr. Auditor deixou de citar que uma das principais atividades é o comércio de vegetais a granel, o que se constata pelo CNAE das dezenas de filiais comerciais espalhadas pelo Brasil; 5) Com relação ao item Outras Receitas Operacionais, as alegações fiscais maculam a segurança jurídica, vez que não existem demonstrações do que fora supostamente encontrado. Na conta 388130 consta no mês de abril de 2005 a adição feita pela autoridade no montante de R$ 4.848.139,96, sendo que a parte relativa à referida conta representa R$ 4.520.085,81; 6) A conta 381020 considerada pelo fiscal como outras receitas operacionais a tributar se refere a faturamento de serviços tendo sido tributada normalmente pela manifestante. Para comprovar, junta todos os lançamentos contábeis feitos nestas contas; 7) Com relação à glosa de créditos calculados sobre bens utilizados como insumos, é importante destacar que, segundo o disposto na legislação brasileira, os insumos incluem todos os itens que são comprados e utilizados intrinsecamente na produção de bens. Alguns dos itens excluídos contrariam até mesmo orientação da Receita Federal, conforme Solução de Consulta 174/2009; 8) O serviço de classificação de mercadorias é absolutamente inerente e imprescindível na aquisição de soja e outros vegetais. Tanto é verdade que existem normas do Ministério da Agricultura que demonstram que não se trata de serviço administrativo; 9) O serviço de tratamento de água e efluentes é inerente ao processo de fabricação de óleo de soja, como é o caso da unidade de Três Passos. Foram apresentados à fiscalização os documentos que suportaram o lançamento deste item na contabilidade; 10) Como suporte dos serviços adquiridos de pessoa jurídica tais como limpeza e manutenção de máquinas e equipamentos foram apresentadas à fiscalização notas fiscais, contratos e relatórios detalhados; 11) A unidade de Santos localizase no porto e contrata serviços de despachantes aduaneiros, de controle de qualidade e inspeção, como insumo para que possa realizar a prestação de Fl. 1571DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.569 7 serviços a terceiros. Existe uma racionalização dos cálculos dos créditos, ao realizar o rateio dos embarques, que passa a juntar pela presente. O mesmo ocorre na unidade em Vitória; 12) Com relação às despesas com aluguéis de prédios é importante destacar que os valores constantes da DACON são os corretos e seu suporte são os contratos com a CODESP; 13) Foram glosados os valores referentes à depreciação de vagões adquiridos para transporte de farelo de produção da manifestante, portanto o uso das máquinas é intrínseco às atividades de produção e ao seu escoamento devendo ser mantido; 14) Tal qual constam das planilhas de apuração da regional Uberlândia e dos bancos de dados fornecidos pela empresa, os cálculos foram feitos tão somente sobre as notas de remessas 1.922 e não duplamente como afirmado, o que se comprova pelos relatórios e bancos de dados juntados ao presente. O crédito calculado pela manifestante foi de 35% e não 80%; 15) A autoridade fiscal desconsiderou os saldos credores de períodos anteriores constantes da DACON e passou a fazer a apuração por mês isoladamente, contrariando as disposições da Lei e da IN 600/05; 16) A fiscalização, ao cometer o erro de desconsiderar o saldo de meses anteriores e refazer a planilha de apuração, consumiu indevidamente os créditos decorrentes de exportação; 17) Tendo a manifestante direito a utilizar a Cofins paga nas entradas de insumos para abater débito de Cofins pelas saídas tributadas, cuidou de corretamente fazer tal dedução, de maneira a preservar os créditos relativos à exportação, para que estes valores pudessem ser objeto de pedido de compensação; 18) O Conselho de Contribuintes tem proferido reiteradas decisões no sentido de que a verdade material deve prevalecer em todo o processo administrativo; 19) A autoridade administrativa tem total liberdade investigativa, devendo apurar e lançar exclusivamente com base na verdade material. Se os elementos probatórios não foram examinados anteriormente, os mesmos não podem deixar de ser considerados por ocasião do exame da manifestação de Inconformidade; 20) O agente fiscal, ao proferir o Despacho Decisório, entendeu como devida a multa de mora, que deve ser excluída, por não haver qualquer ilícito tributário que justifique a sua imputação, já que a manifestante não agiu com máfé, baseandose o seu pedido de ressarcimento em direito amparado na legislação federal (art. 6º da Lei nº 10.833/03); 21) O legislador infraconstitucional estabeleceu, tanto na lei 10.637/02 quanto na Lei 10.833/03 que o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes; 22) O entendimento da SRF sobre o tema fica claro em seu sítio na internet e na Solução de Consulta 215/09 da SRRF da 9a Região Fiscal. Assim, o tratamento dispensado pelo Agente Fiscal destoa dos princípios basilares da nãocumulatividade e da própria legislação aplicável; Fl. 1572DF CARF MF 8 23) O novo ordenamento jurídico imposto pela IN SRF 660/06 não tem razão de ser, uma vez que contradiz estrutura lógica disposta anteriormente de maneira clara pela IN SRF 636/06 de forma a revogála expressamente, sem nenhuma mudança na obrigação principal, em afronta aos princípios da segurança jurídica e da legalidade; 24) É equivocada a interpretação restritiva oficial manifestada no art. 66 § 5o, inciso I da IN SRF 247/02, inserido pela IN SRF 358/03 e repetida no art. 8o, § 4o, inciso I da IN SRF 404/04. Essa interpretação está influenciada pelo conceito de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que geram créditos de IPI e ICMS. A afirmação das normas infralegais citadas não encontram respaldo legal. (...) A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão de primeira instância em 20/12/2012, tendo apresentado Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em 19/01/2013, alegando, em síntese: II PRELIMINARMENTE II.1Da Superficialidade do Trabalho Fiscal / Ofensa ao Princípio da Verdade Material Caberia à Fiscalização analisar todos os fatos para fins de verificação da existência, ou não, do crédito apurado pela Recorrente e, não somente, como efetivamente ocorreu, proceder ao lançamento com base em análises superficiais das planilhas de apuração da Cofins elaboradas pela Recorrente. O exame da documentação apresentada durante a fiscalização revela que os valores apurados nas contas n°s 381020 e 396020 referemse a receitas de serviços já tributados pela Recorrente, bem como que a conta n° 388130 é usada apenas para rateio de gastos com exportação entre unidades de negócios da Recorrente, não havendo impacto fiscal. Sendo assim, jamais poderia a Fiscalização considerar como não tributadas as receitas decorrentes de prestação de serviços registradas nas contas n°s 381020 e 396020, bem como, como não comprovados as despesas relativas ao consumo de energia elétrica ou, ainda, os dispêndios com aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos (sem falar nos créditos presumidos referentes à filial Uberlândia), sem realizar, contudo, o devido exame de toda a documentação fiscal apresentada. Assim, por não ter a Fiscalização buscado a verdade material, nem tampouco apresentado motivação para tanto, temse que a decisão proferida pela DRJ não poderá subsistir. II.2 Da Nulidade da Decisão da DRJ / Do Cerceamento do Direito de Defesa O indeferimento do pedido de perícia na decisão recorrida, por se tratar de típico caso em que se demanda o juízo técnico de um contabilista, caracterizase como cerceamento do direito de defesa da Recorrente, conforme é o entendimento manifestado pela jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes, o que enseja a nulidade da decisão, nos termos do artigo 59 do Decreto n° 70.235/72. III DO MÉRITO: III.1 Outras Receitas Operacionais (a) Receitas Financeiras Descontos Obtidos nas Aquisições de Mercadorias Fl. 1573DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.570 9 A Turma Julgadora entendeu correta a classificação dos valores registrados a título de descontos obtidos nas aquisições de mercadorias como receitas operacionais, feita pelo Sr. Agente Fiscal, e não como receitas financeiras, conforme haviam sido registrados pela Recorrente, o que não pode prosperar. O DecretoLei n° 1.598, de 26 de dezembro de 1977, estabelece, em seu artigo 171, quais receitas têm natureza financeira. São elas: (i) os juros; (ii) o desconto; (iii) a correção monetária prefixada; (iv) o lucro na operação de reporte; e (v) o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte. Dessa forma, a legislação do imposto sobre a renda e, consequentemente, o conceito aplicável à COFINS não dá margem a dúvidas: os descontos obtidos na aquisição de mercadorias e/ou produtos são considerados receita financeira e, portanto, devem se submeter ao tratamento tributário inerente a tais receitas. Aliás, a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil traz no "Perguntas e Respostas DIPJ 2010", disponibilizado em seu endereço eletrônico, quais receitas são consideradas financeiras, dentre as quais incluemse os descontos obtidos. Nos termos do Decreto n° 5.442/05, os descontos obtidos pela Requerente nas operações comerciais, por serem considerados receitas financeiras, estão beneficiados pela alíquota zero da COFINS, aliás, tal entendimento já foi também confirmado pela Superintendência Regional da Receita Federal da 9ª Região Fiscal, com a edição da Solução de Consulta n° 10/06. (b) Contas n°s 388130 e 304530 Rateio de Gastos com Exportação De acordo com o entendimento do Sr. Agente Fiscal, a Recorrente teria deixado de computar, para fins de apuração da COFINS, os "resultados auferidos" na conta n° 388130, razão pela qual adicionou o montante de R$ 15.793.164,69 na base de cálculo da COFINS, referente aos meses de julho a setembro de 2005. Contudo, conforme se passará a demonstrar, os valores creditados na conta n° 388130 tiveram por débito a conta n° 304530, tratandose de mero alocamento de custos entre divisões da Recorrente, não havendo, dessa forma, impacto contábil. A contrapartida de tais lançamentos ocorre na conta n° 304530 DESPESAS C/EXPORTAÇÃO onde são registradas todas as notas de débito emitidas pela divisão portuária (filial Santos) contra as demais filiais da Recorrente (doc. 04). A Recorrente elaborou a conciliação anexa (doc. 05), por meio da qual restou demonstrado que os lançamentos a crédito realizadas na Conta n° 388130 no 3º trimestre de 2005, no valor total de R$ 15.793.164,69, foram debitados na conta n° 304530, nesse mesmo montante. Os valores creditados na conta n° 388130 representam apenas e tão comente a contabilização das notas de débito emitidas pela filial Santos, de modo a alocar custos e despesas com o escoamento da produção para cada filial competente, não havendo que se falar de adição de tais valores na base de cálculo da COFINS. Estando devidamente comprovado, por meio dos documentos contábeis e planilha de conciliação, que os valores registrados a crédito na conta n° 388130 correspondem " Art. 17. Os juros, o desconto, a correção monetária prefixada, o lucro na operação de reporte e o prêmio de resgate de títulos ou debêntures, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do exercício social, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem." Fl. 1574DF CARF MF 10 à contabilização das notas de débito emitidas pela filial Santos para fazer o rateio de gastos com o escoamento de produtos com as demais unidades de negócio da Recorrente, temse que a adição de tais valores na base de cálculo da COFINS não poderá prevalecer, devendo a decisão proferida pela DRJ ser reformada por esse E. Conselho. (c) Contas n°s 381020 e 396020 Receitas de Serviços já Tributadas Conforme comprovam os documentos acostados ao presente recurso, os valores registrados nas contas n°s 381020 e 396020, por corresponderem a receitas decorrentes da prestação de serviços, já foram devidamente tributadas pela Recorrente. III.2 Da venda de mercadorias com suspensão A Lei n° 10.925/04 é autoaplicável e não prevê alternativa a sua aplicação. Não fosse assim, a IN SRF n° 636, de 24 de março de 2006, não teria retroagido os seus efeitos aos fatos ocorridos a partir de 1o de agosto de 2004. Ora, a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil reconheceu e corroborou a autoaplicação do dispositivo contido na Lei n° 10.925/04, ao retroagir os seus efeitos para a data de sua publicação. Nesse contexto, temse cronologicamente que i) a Lei n° 10.925/04 é autoaplicável e contém os requisitos necessários à sua aplicabilidade; ii) a IN SRF n° 636/06 trouxe novos requisitos de observância obrigatórios pelos contribuintes, retroagindo os seus efeitos até a data de publicação da Lei n° 10.925/04, ou seja, os novos requisitos deveriam ser observados desde julho de 2004; e iii) a IN SRF 660/06 trouxe requisitos complementares à aplicação da Lei n° 10.925/10, já alterados pela IN SRF n° 636/06, com observância obrigatória a partir de abril de 2006. Dessa forma, ao aplicar a suspensão, a Recorrente deveria ter observado, primeiramente, a partir de agosto de 2004 até abril de 2006, a Lei n° 10.925/04 com normatização pela IN SRF n° 636/06 e, posteriormente, a partir de abril de 2006, a Lei n° 925/04 com normatização pela IN SRF n° 660/06. Por fim, mencionese que a IN SRF n° 660/06 não permite outra interpretação, vez que o seu artigo 11 expressamente prevê que as regras atinentes ao crédito presumido, previstas nos seus artigos 5o a 8o, retroagem a agosto de 2004. Ora, o crédito presumido e a suspensão são institutos independentes, mas interligados e a aplicação de regras diversas, com prazos de vigência diversos, geraria um desalinhamento entre ambos os institutos. Portanto, deve haver outra interpretação que não a exposta no presente recurso, razão pela qual temse que a decisão proferida pela DRJ não poderá prosperar, devendo ser reformada por essa colenda Turma de Julgamento. III.3 Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia/ Legitimidade do Procedimento Adotado pela Recorrente Conforme se passará a demonstrar, a decisão da DRJ não poderá subsistir, devendo ser reformada por esse E. Conselho, tendo em vista que, de acordo com a documentação acostada ao presente recursos, que, contempla, inclusive, vários documentos já disponibilizados ao Sr. Agente Fiscal, não houve a tomada de créditos em duplicidade pela Recorrente. Como pessoa jurídica produtora de mercadoria de origem vegetal destinada à alimentação humana ou animal que é, a Recorrente encontrase sujeita às disposições do artigo 8o da Lei n° 10.925/04, que confere a possibilidade de tomada de crédito presumido de PIS e COFINS, calculado sobre o valor dos bens utilizados como insumos na sua produção, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Fl. 1575DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.571 11 Sendo assim, nos meses de julho e agosto de 2005, a Recorrente, embora tenha realizado aquisições, geradoras de crédito presumido nos termos do referido artigo 8o, nos montantes de R$ 13.658.760,82 e R$ 9.619.199,92, respectivamente, utilizou, para fins de cálculo do crédito presumido, apenas o montante de R$ 8.380.455,96, como base para o mês de julho, e R$ 10.165.852,89, relativamente ao mês de agosto. Tais fatos podem ser facilmente constatados por meio da análise dos livros Razão referentes aos meses de julho e agosto de 2005 (doe. 54), bem como pelo exame da Planilha de Apuração da Base de Cálculo dos meses de julho e agosto de 2005, relativamente à filial Uberlândia (doc. 36), e das Planilhas de Apuração Consolidadas por Regional da Recorrente, referentes a esses períodos (doc. 37). Ressaltese que, conforme se verifica pela análise dos Livros Razão da Recorrente (doc. 54), bem como por meio de um exame da planilha de aquisição de insumos por ela elaborada (doc. 38), não houve a apropriação de créditos presumidos referentes às notas registradas sob o Código Fiscal de Operações e Prestações ("CFOP") n° 1.116. Não houve sequer lançamentos contábeis, para fins de tomada do crédito presumido, de notas efetuadas com o CFOP, aplicável às notas de "Compra para industrialização originada de encomenda para recebimento futuro". Tal fato, por si só, já descaracteriza toda a argumentação fiscal no sentido de que a Recorrente teria se creditado tanto das compras efetuadas sob o CFOP n° 1.922, quanto das compras registradas sob o CFOP 1.116. Ademais, conforme se observa pela análise dos Livros Razão, bem como por meio de um exame da planilha de aquisição de insumos elaborada pela Recorrente, ela não só não teve lançamentos, para fins de apuração do crédito presumido previsto no artigo 8o da Lei n° 10.925/04, de compras registradas sob o CFOP 1.116, como também excluiu, para fins de cálculo do aludido crédito, todas as compras efetuadas sob o CFOP n° 1.922. Verificase, portanto, que a Recorrente não só não se creditou duas vezes quando da compra para recebimento futuro e quando da entrada efetiva da mercadoria no estabelecimento como não se considerou, para fins de apuração do crédito presumido da COFINS, nenhuma das compras efetuadas sob o CFOP em questão, quer sob o n° 1.116, quer sob o n° 1.922. Dessa forma, estando devidamente comprovado e demonstrado, inclusive por meio do Livro de Entradas e Saídas de Mercadorias (doc. 54) referente ao período em questão, que não houve o aproveitamento de créditos em duplicidade pela Recorrente, temse que o entendimento da DRJ no sentido de que "diante da falta de elementos comprobatóríos capazes de sustentar as alegações do contribuinte, deve ser mantida a glosa efetuada pela fiscalização" não poderá prosperar, devendo ser reformado por essa colenda Turma Julgadora, a fim de que seja devidamente reconhecido o direito creditório da Recorrente. III.4 Da Sistemática Não Cumulativa do PIS/ Da Legitimidade dos Créditos Apropriados pela Recorrente (i) Bens e Serviços utilizados como insumos Diferentemente do que ocorre com o IPI, em que a definição de insumo está atrelada à formação de um produto industrializado, a acepção do vocábulo "insumo" na sistemática não cumulativa da COFINS é muito mais abrangente, englobando todo e qualquer dispêndio inerente ao processo de prestação de serviços ou de produção de um bem ou produto, ou seja, todos e quaisquer dispêndios que participam da formação da receita. Dessa forma, estando devidamente demonstrado que os bens e serviços adquiridos pela Recorrente enquadramse dentro do conceito de insumos previsto no artigo 3o, inciso II, da Lei n° 10.833/03, aguardase que esse E. Conselho dê provimento ao presente Fl. 1576DF CARF MF 12 recurso, reformandose a decisão proferida pela DRJ e reconhecendose o direito creditório da Recorrente. (ii) Dispêndios com classificação de mercadorias Não há dúvidas de que a classificação da soja seja inerente à sua venda e/ou produção de óleo, farelo, dentre outros. De fato, como matériaprima que é, a soja vinda de vários lugares precisa ser segregada de modo a identificar o nível de umidade, de ardidos, de queimados, se há picadas de insetos, se existem grãos verdes etc. Tanto é assim que, em 15 de maio de 2007, sobreveio a Instrução/Normativa n° 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ("MAPA"), a qual, por meio do seu artigo 1o, estabeleceu "o regulamento técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem". Notese que o artigo 4o, parágrafo 1o, do Anexo da referida instrução normativa é expresso ao estabelecer que, de acordo com o uso proposto, a soja será classificada em dois grupos, sendo o interessado (leiase a Recorrente) responsável por essa informação. Dependendo da classificação da soja ela terá uma destinação, isto é, a soja classificada no Grupo I, por exemplo, seguirá para o consumo, ao passo que a soja classificada/no Grupo II será destinada à produção de óleo e farelo de soja. Dessa forma, tendo em vista que os serviços de classificação da soja são necessários ao fator de produção da Recorrente e que, portanto, são considerados insumos nos termos do artigo 3º, inciso II, da Lei n° 10.637/02, temse que a decisão da DRJ não poderá prosperar, devendo ser reformada por esse E. Conselho, no que tange à glosa de créditos relativos aos serviços de classificação de soja contratados pela Recorrente. (iii) Encargos e depreciação de máquinas e equipamentos A Recorrente tem o direito de apropriação de créditos relativamente à aquisição de vagões utilizados, tanto para viabilizar o recebimento de matériaprima como no transporte de farelo de soja por ela produzido, nos termos do artigo 3º, inciso VI da Lei n° 10.637/02. Os vagões são registrados no ativo imobilizado da Companhia, nos termos do artigo 179 da Lei n° 6.404/76. Além de cumprir com o pressuposto objetivo, não é necessário esforço para concluir que também está presente, no caso concreto, o pressuposto funcional, ou seja, o fato de que os vagões são adquiridos para integrarem o ciclo produtivo destinado à venda de farelo de soja produzido pela Recorrente, auxiliando, decisivamente, na obtenção de receitas sobre as quais incidirá a Cofins. (iv) Energia Elétrica O Sr. Agente Fiscal houve por bem glosar créditos decorrentes do consumo de energia elétrica pela Recorrente, nos meses de julho e agosto de 2005, nos valores de R$ 52.913,45 e R$ 1.522,88. Nos termos do artigo 3o, inciso III, da Lei n° 10.833/03, as pessoas jurídicas podem descontar créditos, para fins de redução do montante de COFINS devida em um determinado período de apuração, calculados em relação à energia elétrica consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. Sendo assim, no mês de julho de 2005, a Recorrente, pessoa jurídica sujeita ao regime não cumulativo do PIS/COFINS, apurou créditos de energia elétrica, relativamente à filial de Santos, tendo como base o montante de R$ 288.710,12 (doc. 39). Salientese que, conforme demonstram as "Notas Fiscais Conta de Energia Elétrica" acostadas ao presente recurso (doc. 40), o valor efetivamente despendido pelos estabelecimentos da Recorrente, no mês de julho e relativamente à filial Santos, monta a Fl. 1577DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.572 13 quantia de R$ 290.701,61. Contudo, por um equívoco, a Recorrente creditouse de valor tendo como base o montante de R$ 288.710,12. Isto é R$ 1.991,49 inferior ao montante despendido pela Recorrente a título de energia elétrica consumida nos estabelecimentos referentes à filial Santos. Tal fato pode ser facilmente constatado por meio da análise do Livro Razão (doc. 41), bem como por meio do exame do "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Energia Elétrica Julho", elaborado pela Recorrente (doc. 42) De outro lado, relativamente ao mês de agosto de 2005, a Recorrente apurou créditos de PIS/COFINS decorrente do consumo de energia elétrica na filial Uberlândia, tendo como base o montante de R$ 374.494,18 (doc. 43). Para comprovar o consumo de energia elétrica e, consequentemente, os valores utilizados como base para a tomada do crédito, a Recorrente está anexando ao presente recurso as "Notas Fiscais Conta de Energia Elétrica" emitidas pela CEMIG Distribuição S/A contra a Recorrente (doc. 44), bem como "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Energia Elétrica Agosto", elaborado pela Recorrente (doc. 45). Portanto, que os montantes glosados pela Fiscalização encontramse devidamente escriturados nos registros contábeis da Recorrente, bem como podem ser comprovados por meio das "Notas Fiscais Conta de Energia Elétrica" emitidas em nome da Recorrente, não podendo a decisão recorrida prevalecer. (v) Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos A Recorrente apurou créditos de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica e utilizados em suas atividades, relativamente à filial de Santos, tendo como base o montante de R$ 334.659,65 (doc. 46). Salientese que, diferentemente do que informado na planilha de apuração do PIS e da COFINS, relativamente à filial Santos e referente ao mês de julho de 2005, elaborada pela Recorrente (doc. 46), o valor de R$ 334.659,65 não se refere apenas aos dispêndios da Recorrente com o aluguel de prédios, mas é formado por todas as despesas da Recorrente com aluguéis pagos para pessoa jurídica e utilizados nas suas atividades, sejam eles de prédios, máquinas e equipamentos. Tal fato pode ser constatado por meio da análise do Livro Razão (doc. 49), bem como por meio do exame do "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Locação de Prédios, Máquinas e Equipamentos Julho", elaborado pela Recorrente (doc. 47), e comprovantes fiscais de locação (doc. 48). De outro lado, relativamente ao mês de agosto de 2005, a Recorrente apurou créditos de COFINS decorrente da locação de prédios, máquinas e equipamentos, tendo como base o montante de R$ 368.160,59 (doc. 50). Salientese que, a exemplo do mês de julho de 2005, o valor de R$ 368.160,59 não se refere apenas aos dispêndios da Recorrente com o aluguel de prédios, mas é formado por todas as despesas da Recorrente com aluguéis pagos para pessoa jurídica e utilizados nas suas atividades, sejam eles de prédios, máquinas e equipamentos. Para comprovar o alegado e, consequentemente, os valores utilizados como base para a tomada do crédito, a Recorrente está anexando ao presente recurso os comprovantes fiscais de locação emitidos contra a Recorrente (doc. 51), bem como cópia do Livro Razão (doc. 52) e "Demonstrativo do Reconhecimento de Crédito de PIS/COFINS Locação de Prédios, Máquinas e Equipamentos Agosto", elaborado pela Recorrente (doc. 53). Temse, portanto, que eventual diferença entre o montante informado a título de aluguel de prédios pela Requerente incluiu, por um equívoco, os valores despendidos a título de locação de máquinas e equipamentos, repitase, pagos a pessoas jurídicas e utilizados nas atividades da Recorrente. De qualquer forma, diante dos documentos juntados ao recurso voluntário, não há dúvidas de que os montantes glosados pela Fiscalização encontramse Fl. 1578DF CARF MF 14 devidamente escriturados nos registros contábeis da Recorrente, bem como podem ser comprovados por meio das comprovantes fiscais emitidos em nome da Recorrente Assim, estando devidamente demonstrado o direito aos créditos de aluguel de prédios, máquinas e equipamentos apurados pela Recorrente, concluise que a decisão recorrida não poderá prevalecer, devendo ser reformada por essa colenda Turma Julgadora. III.5 Da Glosa dos Créditos de PIS e seus Efeitos na Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido No processo de fiscalização ao Sr. Agente Fiscal entendeu por bem glosar créditos de Cofins, relacionados as diversas despesas incorridas pela Recorrente. Especificamente, foram glosados os créditos de Cofins calculados sobre, por exemplo, aquisição de água mineral, energia elétrica, de equipamentos, tomada de serviços de classificação, serviços de atividades portuárias, entre outros, sob o fundamento de que tais bens ou serviços adquiridos não se enquadram no conceito de "insumos", previsto pela legislação tributária vigente (aplicável ao IPI). Contudo, conforme já exaustivamente analisado no decorrer do presente Recurso, a glosa dos créditos de Cofins não pode prosperar. No entanto, ainda que esse E. Conselho entenda pela manutenção das glosas efetuadas pelo Sr. Agente Fiscal, e mantidas pela DRJ, o que se admite somente para fins de argumentação, devese analisar mais detidamente os seus efeitos na apuração de Lucro Real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucros ("CSLL"). Ao adquirir bens e serviços relacionados com a sua atividade, a Recorrente acertadamente contabilizou o seu valor líquido (descontado os créditos de Cofins) em ativo ou conta de resultado, a depender do bem ou serviço adquirido, e os créditos de Cofins como um ativo a recuperar. Dessa forma, a contabilização considerou, em todos esses casos, dois lançamentos distintos: i) o reconhecimento do valor/líquido do bem ou serviço adquirido, e ii) ativo a recuperar (crédito de Cofins). Se as glosas do Sr. Auditor Fiscal restarem mantidas, o que somente se admite a título de argumentação, então, o valor do crédito de Cofins anteriormente registrado em ativo "a recuperar", deverá ser baixado em contrapartida a conta de resultado; mais especificamente, a baixa do ativo recuperável aumentará o custo da mercadoria vendida ("CMV"), reduzindo o lucro. Conforme jurisprudência colacionada, a Autoridade Julgadora pode, ao entender improcedente a declaração de compensação efetuada, determinar a compensação de outro tributo recolhido indevidamente pelo contribuinte com débitos cobrados no mesmo processo ou relativos a outros tributos administrados pela RFB. Logo no presente caso, é plenamente possível o aproveitamento dos créditos IRPJ e CSLL resultantes de eventual, mas improvável, confirmação da não homologação das declarações de compensação efetuadas pela Recorrente, para abatimento do IRPJ devido. Em sendo assim, na remota hipótese de prevalecer a não homologação das declarações de compensação realizadas pela Recorrente, o que se admite apenas a título argumentativo, deverá, ao menos, essa colenda Turma Julgadora reconhecer os créditos de IRPJ e CSLL e autorizar a compensação com eventuais créditos tributários a serem apurados/cobrados neste processo administrativo. Requer, ao final, a Recorrente a reforma da r. decisão proferida pela 5a Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II, julgando procedente o Recurso Voluntário e, consequentemente, reformandose, in totum, o Despacho Decisório DRFA/IT/ES, que acolheu integralmente o Parecer SEORT n° 783/2009, a fim de que sejam homologadas as declarações de compensação apresentadas. Fl. 1579DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.573 15 Mediante a Resolução nº 3402000.756 deste Colegiado, de 23 de fevereiro de 2016, o julgamento foi convertido em diligência nos seguintes termos: (...) Assim, por todo o exposto no presente Voto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para solicitar à fiscalização da Unidade RFB de Origem que: a) Requisite Laudo Técnico, para detalhamento, por profissional habilitado, da atividade exercida pela recorrente, em especial, se algumas de suas filiais exerce, efetivamente, a atividade de "cerealista", tal como definida no art. 8º, §1° da Lei nº 10.925/04, antes de comercializar os seus produtos in natura de origem vegetal. b) Caso alguma de suas filiais exerça efetivamente a atividade de "cerealista", considerando, preliminarmente, vigente no período de apuração a suspensão prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004, analise conclusivamente se a contribuinte faz jus ou não ao benefício de suspensão pleiteado e, sendo o caso, efetue o ajuste do saldo do valor a ressarcir ou compensar. c) Apresente Relatório com os esclarecimentos solicitados acima, relativamente aos seguintes itens do recurso voluntário: III.1 (b) Contas n°s 388130 e 304530/Rateio de Gastos com Exportação e (c) Contas n°s 381020 e 396020 Receitas de Serviços já Tributadas; III.2 Da venda de mercadorias com suspensão; III.3 Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia/ Legitimidade do Procedimento Adotado pela Recorrente; III.4 (iv) Energia Elétrica e (v) Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos; e III.5 Da Glosa dos Créditos de PIS e seus Efeitos na Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido; bem como outras informações que entender relevantes à solução da lide. d) Cientifique a interessada do resultado da diligência, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. e) Devolva os autos a este Conselho Administrativo para prosseguimento após decorrido prazo de manifestação da interessada. (...) Os fatos apurados na diligência constam no Termo de Encerramento de Diligência, do qual a recorrente foi cientificada e apresentou manifestação. É o relatório Voto Fl. 1580DF CARF MF 16 Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade e dele se toma conhecimento. As preliminares suscitadas pela recorrente de nulidade do despacho decisório ou decisão recorrida não podem prosperar. Como se sabe, nos casos de pedidos do contribuinte de reconhecimento de direito creditório, como o presente, o ônus da prova se inverte ao contribuinte, a quem cabe a demonstração cabimento do seu pleito, nos termos do art. 36 da Lei nº 9.784/99. Assim, exige se do requerente a apresentação dos documentos comprobatórios da existência do direito creditório alegado para o seu reconhecimento. Com efeito, entendendo a autoridade fiscal, competente para análise e reconhecimento do crédito pleiteado, que os documentos e informações produzidas pelo contribuinte não são hábeis a demonstrar, de forma inequívoca, o crédito pretendido, cabe negar o direito, total ou parcialmente, explicitando claramente sua motivação, como aconteceu no despacho decisório sob análise, sem qualquer lesão à verdade material. Em nada macula o trabalho fiscal, pelo contrário, atende à verdade material, a utilização de planilhas elaboradas pela própria contribuinte, interessada no reconhecimento do direito creditório pleiteado, em conjunto com as declarações, livros fiscais e documentos que os amparam, como já bem esclarecido pela decisão recorrida: (...) Preliminarmente cumpre esclarecer que a adoção, pela autoridade fiscal, das planilhas apresentadas pela interessada e anexadas às fls. 88 a 90 como base para o levantamento do crédito a ser ressarcido, em detrimento das informações constantes do DACON é procedimento correto e que não invalida de forma alguma a apuração fiscal e as conclusões expressas no Parecer contestado. O próprio contribuinte é o responsável pelas informações contidas tanto no DACON quanto nas planilhas citadas. A utilização das planilhas, contudo, justificase por serem estas muito mais detalhadas, uma vez que especifica os diversos componentes de cada item informado no DACON, seja no demonstrativo da base de cálculo da contribuição, seja no demonstrativo da base de cálculo dos créditos a descontar. Além disso, as planilhas complementares em fls. 92 a 215 demonstram os créditos e débitos apurados por cada filial. É importante frisar ainda que as planilhas apresentadas pela interessada em resposta à intimação fiscal foram adotadas apenas como suporte para a conferência dos débitos e créditos no período em análise. No entanto, os valores considerados pela fiscalização foram aqueles efetivamente apurados nos livros fiscais da empresa, notas fiscais, relatórios e diversos elementos disponibilizados pela interessada durante o procedimento de diligência. (...) A decisão recorrida também foi proferida sem qualquer cerceamento do direito de defesa. O julgador de primeira instância apresentou seu conceito de bens e serviços Fl. 1581DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.574 17 utilizados como insumo para fins de creditamento das contribuições não cumulativas, em consonância com as Instruções Normativas que regem a matéria, e a seguir, decidiu, motivadamente sobre todas as glosas objeto de contestação cotejandoas com os argumentos apresentados pela ora recorrente. Tampouco houve qualquer nulidade no indeferimento do pedido de perícia contábil, conforme o disposto no art. 18 c/c art. 28 do Decreto nº 70.235/72, sob o fundamento de que "o próprio auditorfiscal lotado na unidade de jurisdição da contribuinte é capaz de realizar tal exame", o que, inclusive, é matéria sumulada neste Conselho: "Súmula CARF nº 8: O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador". No mais, as outras questões aventadas preliminarmente pela recorrente não demandariam nulidade da decisão recorrida que considerou ausentes as provas das alegações da então impugnante, mas acarretariam somente as correspondentes modificações na decisão recorrida acaso procedentes com as provas posteriormente apresentadas, as quais foram devidamente analisadas na diligência no âmbito deste CARF e serão objeto de decisão abaixo no mérito. Outras Receitas Operacionais (a) Receitas Financeiras Descontos Obtidos nas Aquisições de Mercadorias Segundo o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, os descontos obtidos pela recorrente nas aquisições de mercadorias incluemse entre as receitas financeiras: Seção IV Outros Resultados Operacionais Subseção I Receitas e Despesas Financeiras Receitas Art. 373. Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, e Lei nº 8.981, de 1995, art. 76, § 2º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 11, § 3º). (sem os destaques no original) Dessa forma, a decisão recorrida deve ser reformada nessa parte, para a exclusão da tributação dos valores relativos a descontos nas compras de matériaprima, eis que se tratam de receitas financeiras, sujeitas à alíquota zero das contribuições não cumulativas, nos termos do Decreto nº 5.442/2005, vigente à época. (b) Contas n°s 388130 e 304530 Rateio de Gastos com Exportação Alega a recorrente que os valores creditados na conta n° 388130 tiveram por débito a conta n° 304530, sem impacto contábil, o que foi confirmado pela fiscalização na diligência, nesses termos: "Ao analisar as contas 388130 e 304530, podese constatar que se Fl. 1582DF CARF MF 18 tratavam de mera alocação de custos e despesas entre as diversas unidades da empresa, e, por essa razão, a conta 388130 deve ser excluída da base de cálculo das contribuições não cumulativas". Assim, a decisão recorrida deve ser reformada nesse sentido. (c) Contas n°s 381020 e 396020 Receitas de Serviços já Tributadas Sustenta a recorrente que os valores registrados nas contas n°s 381020 e 396020, por corresponderem a receitas decorrentes da prestação de serviços, já foram devidamente tributadas, o que foi ratificado na diligência pela fiscalização, a qual verificou, entretanto, que não houve nenhuma inclusão ou adição dessa conta na base de cálculo das contribuições, nada havendo a modificar na decisão recorrida nesta parte. Da venda de mercadorias com suspensão Entendeu a fiscalização que a contribuinte não poderia fazer jus ao benefício da suspensão prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004 anteriormente à edição da IN SRF 660 em 04/04/2006, bem como que ela não se enquadraria na definição de cerealista, nem de atividade agropecuária e nem de cooperativa de produção agropecuária. Sobre a suspensão das contribuições não cumulativas, dispõe o art. 9º da Lei nº 10.925/2004: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1º do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) § 2º A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) Conforme expresso no art. 17 da própria Lei nº 10.925/2004, a referida suspensão deveria produzir efeitos a partir de 1º de agosto de 2004: Art. 17. Produz efeitos: (...) III a partir de 1º de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8º e 9º desta Lei; (...) A então Secretaria da Receita Federal veio regulamentar a referida suspensão, nos termos do §2º do art. 9º acima transcrito, com a Instrução Normativa SRF nº 636, de 24/03/2006, que entrou em vigor na data de sua publicação 04/04/2006, mas produzia efeitos desde 1º de agosto de 2004, em consonância ao disposto no art. 17 da Lei. Ocorre que, posteriormente, essa Instrução Normativa foi revogada pela IN SRF nº 660/2006, a qual veio dispor que a suspensão das contribuições produziria efeitos a partir de 04/04/2006, data da publicação da primeira regulamentação (Instrução Normativa SRF nº 636/2006). Assim, a fiscalização excluiu o benefício da recorrente relativo ao primeiro trimestre de 2006, pois anterior a 04/04/2006. A matéria não comporta, a meu ver, maiores digressões, eis que a própria Lei nº 10.925/2004 determinou que o referido benefício produziria efeitos a partir de 1º de agosto de 2004. Fl. 1583DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.575 19 Estando perfeitamente definida a data do início da suspensão pela Lei, é certo que a regulamentação reservada à Secretaria da Receita Federal, nos termos do §2º do art. 9º da Lei, não dizia respeito a esse aspecto. Nesse sentido, a primeira regulamentação da suspensão dada pela Instrução Normativa SRF nº 636/2006, já tinha reconhecido a sua produção de efeitos retroativa, a partir de 1º de agosto de 2004. Conforme bem lembrou a recorrente, a matéria já foi objeto de análise por esse CARF no Acórdão nº 3401002.078 da 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária desta 3ª Seção, j. 28.11.2012, Relator Emanuel Carlos Dantas de Assis, no qual se fixou o entendimento de que a suspensão das contribuições prevista no art. 9º da Lei nº 10.925/2004 aplicase desde 1º de agosto de 2004, conforme trecho da ementa abaixo: (...) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 VENDA DE PRODUTOS IN NATURA. SOJA E CAFÉ. SUSPENSÃO. ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. EFICÁCIA DESDE 1º DE AGOSTO DE 2004. Em conformidade com o art. 17, III, da Lei nº 10.925, de 2004, e a Instrução Normativa nº 636, de 2006, aplicase desde 1º de agosto de 2004 a suspensão da incidência do PIS e da Cofins prevista no art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004, que atinge a venda de soja e café in natura efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no Lucro Real. (...) Também no Acórdão nº 3402003.171, 20/07/2016, este Colegiado, por unanimidade de votos, reconheceu para a ora recorrente o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004, no período de apuração de 01/01/2006 a 31/03/2006. Quanto à questão da recorrente fazer jus ou não ao benefício da suspensão previsto na Lei, o julgamento foi convertido em diligência para tal apuração, concluindo a fiscalização que: (...) No tocante à essa descrição por filiais, constatamos que as filiais de Campo Grande, Rondonópolis, Três Passos e Uberlândia realizaram a produção de óleo vegetal, e por essa razão, agiram como indústria, não sendo possível considerálas como empresas cerealistas, muito embora também tenham realizado as etapas de limpeza, padronização e armazenamento de soja. No arquivo digital apresentado pela empresa durante o procedimento fiscal, no tocante à filial de Rondonópolis, foram informadas vendas de mercadorias com suspensão nos montantes de R$ 3.392.168,87, R$ 4.228.125,67, e R$ 3.196.219,88 nos meses de julho, agosto e setembro de 2005, respectivamente. Fl. 1584DF CARF MF 20 Consequentemente, foram mantidas as glosas, já que, segundo o entendimento da presente diligência, tal filial realizou atividades industriais, e não de empresas estritamente cerealistas. As filiais de Balsas, Correntina e Paranaguá não desenvolveram todas as etapas características de empresas cerealistas, e as filiais de Santa Maria da Serra, Perdeneiras, São Paulo, Santos e Panorama desenvolveram outros tipos de atividades, como atividades meios e de produção e comercialização de fertilizantes. Mas como no arquivo digital apresentado pela empresa durante o procedimento fiscal não foram informadas vendas com suspensão para estas filiais, nenhum ajuste se mostrou necessário. O restante das filiais, segundo a documentação apresentada pela empresa na presente diligência, desenvolveram atividades de empresas cerealistas. A despeito disso, no arquivo digital apresentado pela empresa durante o procedimento fiscal, foram informadas vendas com suspensão apenas pela filial de Porto Alegre, além da filial de Rondonópolis, conforme mencionado acima. Assim sendo, em atendimento à Resolução, foram realizados ajustes, com vistas a garantir a suspensão apenas em relação às vendas realizadas pela filial de Porto Alegre, já que para a filial de Rondonópolis a suspensão não foi reconhecida. (...) De outra parte, em sua manifestação, sustenta com razão a recorrente, dentre outros pontos, que a legislação não determina que, para gozar da suspensão, a empresa deva exercer exclusivamente a atividade de cerealista, sendo que, caso desenvolva diversas atividades, a suspensão das contribuições deveria recair apenas sobre as receitas decorrentes da atividade de cerealista. Assim, há de ser concedido o benefício da suspensão pleiteado, reformando se a decisão recorrida nesta parte. Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia A fiscalização excluiu da base de apuração dos créditos presumidos, em relação à filial Uberlândia, os valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922, em razão de ter constatado, através dos relatórios enviados em meio magnético, que a interessada teria se aproveitado dos referidos créditos em duplicidade, apropriandoos no momento da compra para recebimento futuro e também quando da entrada real da mercadoria. A recorrente alegou não ter havido a referida duplicidade, uma vez que não foram computadas as notas fiscais referentes a compras efetuadas para entrega futura, o que poderia ser constatado pela análise dos relatórios e bancos de dados. Em análise de tal questão na diligência, concluiu a fiscalização que assiste razão à recorrente: (...) III.3 Créditos Presumidos Relativos à Filial Uberlândia/ Legitimidade do Procedimento Adotado pela Recorrente; Fl. 1585DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.576 21 Ao analisar o arquivo digital apresentado pela empresa, de fato não há registros de créditos com o CFOP 1.116, apenas no CFOP 1.922. Neste sentido, não houve lançamento em duplicidade com relação ao crédito presumido. (...) Assim, a decisão recorrida deve ser reformada para a reversão das glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922. Da Sistemática Não Cumulativa do PIS/ Da Legitimidade dos Créditos Apropriados pela Recorrente (i) Bens e Serviços utilizados como insumos Insurgiuse, genericamente, a recorrente em face da interpretação da fiscalização e da autoridade julgadora de primeira instância do conceito restrito de insumos para o reconhecimento dos créditos das contribuições não cumulativas, levando em consideração a regulamentação das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004. Ocorre que este Conselho Administrativo não tem adotado, para fins de aproveitamento de créditos do PIS/Pasep e da Cofins, a interpretação restrita de insumos veiculada pelas Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004, e nem tão amplo como o da legislação do Imposto de Renda, conforme bem esclarece o Acórdão nº 3403002.656, julgado em 28/11/2013, Relator Conselheiro Rosaldo Trevisan, cuja ementa ora se transcreve parcialmente: (...) O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...) Filiome ao entendimento deste CARF que tem aceitado os créditos relativos a bens e serviços utilizados como insumos que são pertinentes e essenciais ao processo produtivo ou à prestação de serviços, ainda que neles sejam empregados indiretamente, conforme ilustra a parte da ementa abaixo do Acórdão nº 3403003.052, julgado em 23/07/2014, por voto condutor do Relator Conselheiro Alexandre Kern: (...) Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Fl. 1586DF CARF MF 22 (...) Há de se ressaltar, no entanto, com relação à insurgência genérica de recorrente ao conceito de insumo aplicado nas glosas, que o fato de este Colegiado ter entendimento divergente da autoridade de primeira instância no que concerne ao conceito de insumos para fins de creditamento das contribuições não cumulativas não acarreta, de forma alguma, a revisão total das glosas mantidas pela decisão recorrida, a qual foi legitimamente emitida em conformidade com a regulamentação trazida pelas referidas Instruções Normativas. Não há que se olvidar que cada órgão julgador age, dentro da sua esfera de competência, segundo o princípio da livre persuasão racional. Por certo, não basta ao contribuinte contestar genericamente a interpretação da legislação adotada pela fiscalização e pela Delegacia de Julgamento, sem apresentar todas as razões de fato e de direito com que contesta as glosas efetuadas pela fiscalização e mantidas pelo órgão julgador de primeira instância. O direito ao crédito da Cofins e do PIS/Pasep não é tão abrangente como quer a recorrente e deve ser interpretado com as peculiaridades e restrições que lhe são próprias. A não cumulatividade das contribuições está totalmente regulamentada por lei ordinária, na qual houve a opção de enumerar, de forma exaustiva, os custos, encargos e despesas que são capazes de gerar o direito ao crédito. Com efeito, no presente caso concreto, incumbe a análise por este Colegiado, dentro do seu livre convencimento racional, das glosas que foram especificamente contestadas pela recorrente. (ii) Dispêndios com classificação de mercadorias Esclarece a recorrente que a classificação da soja é inerente à sua venda e/ou produção de óleo, de farelo e de outros produtos, eis que, como matériaprima que é, a soja vinda de vários lugares precisa ser segregada de modo a identificar o nível de umidade, de ardidos, de queimados, se há picadas de insetos, se existem grãos verdes, etc. Tanto é assim que a Instrução/Normativa n° 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ("MAPA"), por meio do seu artigo 1o, estabelece "o regulamento técnico da Soja, definindo o seu padrão oficial de classificação, com os requisitos de identidade e qualidade extrínseca, a amostragem e a marcação ou rotulagem". Assim, por serem essenciais ao produto final destinado à venda, conforme o conceito de insumo adotado neste Voto, devem ser revertidas as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. (iii) Encargos e depreciação de máquinas e equipamentos A recorrente alega que o transporte dos produtos da fábrica para o porto é absolutamente essencial às suas atividades fabris, de forma que a depreciação dos vagões deve dar direito a crédito do PIS e da COFINS, sendo que o artigo 3º, inciso IX da Lei n.° 10.833/2004 prevê a geração de créditos sobre fretes de produtos acabados. Assim, se o pagamento a terceiros de frete gera direito a crédito, não haveria porque negar o crédito de depreciação de vagão que faz exatamente a mesma função que um transportador terceirizado. Os vagões utilizados para transportar produtos da fábrica para o porto, embora sejam essenciais às atividades da recorrente, não se tratam de equipamentos utilizados no seu processo produtivo, conforme exige o art. 3º, VI da Lei 10.637/2002 ("VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para Fl. 1587DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.577 23 locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;"). Nesse mesmo sentido foi decidido no Acórdão nº 3403002.761, da 4ª Câmara/3ª Turma Ordinária desta Seção, j. 25/02/2014, em outro processo de interesse da recorrente, em relação a vagões utilizados para o transporte de produtos entre a fábrica e o porto, conforme trecho abaixo transcrito do Voto do Relator Antonio Carlos Atulim, que ora adoto como fundamentação, nos termos do art. 50, §1° da Lei nº 9.784/99: (...) DEPRECIAÇÃO DE ITENS DO ATIVO IMOBILIZADO (VAGÕES) A fiscalização motivou esta glosa no fato de que os vagões não são bens utilizados diretamente na produção. A recorrente alegou, em síntese, que os vagões são utilizados no transporte de produtos entre a fábrica e o porto. Alegou que se o art. 3º, IX, da Lei nº 10.833/03 autoriza a tomada do crédito sobre fretes de produtos acabados, não haveria motivo para negar o crédito sobre a depreciação dos vagões, que cumprem a mesma função de um transportador terceirizado. O problema no argumento da recorrente é que o custo com frete na operação de venda está previsto expressamente na lei como hipótese autorizadora do crédito, enquanto que em relação a bens do imobilizado esse direito só existe em relação aos bens aplicados diretamente na produção, conforme dispõem os arts. 3º, VI, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Também o art. 290, III, do RIR/99 estabelece que a despesa de depreciação só será considerada como custo de produção se estiver vinculada a bem aplicado na produção. No caso concreto, não há direito de tomar o crédito sobre a depreciação dos vagões, pois é incontroverso que os vagões não são utilizados na produção de bens ou na prestação de serviços. (...) Assim nada há a reformar nesta parte da decisão recorrida. (iv) Energia Elétrica Relativamente à filial Santos, no mês de julho de 2005, a contribuinte apurou o valor de R$288.710,12 a título de despesa de energia elétrica. Tendo em vista que ela apresentou à fiscalização somente as notas fiscais nos valores de R$30.152,44; R$57.345,88 e R$148.298,35, no total de R$235.796,67, foi glosado o montante de R$52.913,45. No recurso voluntário a contribuinte apresentou duas notas fiscais adicionais, mas que não se referiam a despesas de energia elétrica, mas de água e esgoto, conforme apurado na diligência: (...) Ao analisar as notas fiscais apresentadas (doc. 41), constatamos que a empresa apresentou como prova uma nota fiscal no valor de R$ 52.952,88 e outra de R$ 1.938,93, ambas referentes a despesas com água e esgoto, e não de energia elétrica. Fl. 1588DF CARF MF 24 E, de acordo com o Demonstrativo de créditos apresentado, foram identificadas no item “I” nas linhas 5 e 7, as seguintes rubricas de créditos: 5. Energia Elétrica consumida nos estabelecimentos de Pessoa Jurídica, no valor de R$ 288.710,12; 7. Tabela I, II, Condomínio Portuário, Movimentação, Classificação, Água (CODESP) 514200501 /2/4/5/ 516120, no valor de R$ 1.978.267,48; Notese que existe uma linha própria para apuração de créditos para as despesas de água e uma outra linha exclusivamente para as despesas de energia elétrica. As notas fiscais de montantes R$ 52.952,88 e R$ 1.938,93 não são decorrentes da linha 5, e sim da linha 7. Por essa razão, as notas fiscais trazidas à baila pela empresa não tiveram o condão de comprovar a alegação de que sua despesa de energia elétrica no mês de julho, para a filial de Santos, foi de R$ 288.710,12, ou muito menos de R$ 290.701,61. (...) Em sua manifestação, a recorrente alega que não se mencionou na diligência as demais notas apresentadas, que demonstrariam as despesas de energia elétrica no montante de R$290.701,61, conforme tabela abaixo: Ocorre que as notas fiscais nºs 36662, 36663 e 36664 já foram consideradas no despacho decisório e a nota fiscal nº 237993333 referese à competência de junho de 2005. De forma que nada há a reformar na decisão recorrida no que concerne às glosas de julho/2005 da filial Santos. No que concerne à filial Uberlândia, no mês de agosto de 2005, a contribuinte apurou créditos de PIS/Cofins decorrente do consumo de energia elétrica na filial Uberlândia, tendo como base o montante de R$ 374.494,18. Tendo em vista que ela apresentou à fiscalização somente as notas fiscais nos valores de R$106.601,02, R$233.679,70 e R$32.690,58, no total de R$372.971,30, foi glosado o montante de R$1.522,88. Os documentos adicionais apresentados pela recorrente foram examinados na diligência, tendo a fiscalização consignado que: (...) Ao analisar as notas fiscais apresentadas (doc. 45), verificamos que foram apresentadas apenas as notas fiscais nos montantes de R$ 32.690,58, R$ 106.601,02, e R$ 761,44, que somadas chegam a R$ 140.053,04, sendo que esta última no valor R$ 761,44 é referente ao mês de competência de julho de 2005 e não de agosto de 2005. No Demonstrativo apresentado (doc. 46), de fato houve o lançamento de R$ R$ 374.494,18. No entanto, não só não foram apresentadas todas essas notas fiscais, como a última apresentada no valor R$ 761,44 é referente ao mês de competência de julho de 2005 e não de agosto de 2005. Fl. 1589DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.578 25 Pelos motivos expostos acima, entendese que a empresa não logrou êxito ao tentar comprovar tais despesas. (...) Em sua manifestação, sustenta a recorrente que: Ocorre a nota fiscal de R$233.679,70 já foi computada nos dispêndios de energia elétrica no mês de agosto no despacho decisório, como acima relatado, além do que a nota fiscal de R$761,44 (doc. 06 da manifestação) referese à competência do mês de julho de 2005. Assim, devem ser mantidas as glosas de energia elétrica efetuadas pela fiscalização. (v) Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos Sobre esse item, na diligência apurou a fiscalização que: (...) Ao analisar as alegações trazidas à baila pela empresa, foi constatado que foram informados como documentos comprobatórios despesas de Locação da área da Tabela II e Locação da área da Tabela V (água e esgoto), justamente itens específicos no Demonstrativo de créditos, qual seja: item “7. Tabela I, II, Condomínio Portuário, Movimentação, Classificação, Água (CODESP) 514200501 /2/4/5/ 516120”. Ademais, no mês de julho de 2005 deixaram de ser comprovadas despesas no montante de R$ 1.192,20 (GAP doc. 48). Neste sentido, entendese que a empresa não logrou êxito em sua comprovação, uma vez que as despesas de Locação da área da Tabela II e de Locação da área da Tabela V (água e esgoto) já compõem o item 7 da Planilha de apuração do PIS e da COFINS (Tabela I, II, Condomínio Portuário, Movimentação, Classificação, Água (CODESP) 514200501 /2/4/5/ 516120”). (...) A recorrente alega que tais itens não estariam incluídos no item 7 da planilha, mas nada demonstra nesse sentido, devendo a decisão recorrida ser mantida nessa parte. Da Glosa dos Créditos de PIS e seus Efeitos na Apuração do Lucro Real e da Base de Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido Fl. 1590DF CARF MF 26 Alega a recorrente que, se as glosas restarem mantidas, o valor do crédito de Cofins anteriormente registrado em ativo "a recuperar", deveria ser baixado em contrapartida a conta de resultado; mais especificamente, a baixa do ativo recuperável aumentará o custo da mercadoria vendida ("CMV"), reduzindo o lucro. Assim entende que deveria esta Turma Julgadora reconhecer os créditos de IRPJ e CSLL e autorizar a compensação com eventuais créditos tributários a serem apurados/cobrados neste processo administrativo. Sobre essa questão, a fiscalização bem esclareceu na diligência que: (...) Caso a empresa desejasse, poderia ter revisto toda sua contabilidade, a partir dos ajustes efetuados por essa fiscalização, e, consequentemente apurado novos montantes de CMV e, decorrentemente, de IRPJ e CSLL. Não obstante, como tal análise não foi feita no tempo devido, houve a preclusão do direito da empresa de solicitar uma pretensa restituição de saldos negativos de IRPJ e CSLL. Ademais, conforme disposto no art. 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, abaixo transcrito, o desconto de créditos é uma faculdade da empresa, e não uma imposição, e na presente situação entendeu a fiscalização que a empresa ao exercer esse direito, no momento em que contabilizou os créditos de Pis e Cofins, abriu mão de apurar um saldo a menor de IRPJ e CSLL. (...) Ademais, não poderia esta turma julgadora autorizar a referida compensação, cuja competência originária é dos titulares das Unidades RFB, a qual deveria também ser precedida de requerimento em conformidade com as normas dispostas na legislação de regência. Assim, o pedido da recorrente nesse sentido deve ser indeferido. Assim, pelo exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para: a) excluir da base de cálculo das contribuições dos valores relativos as contas 388130 (Distribuição de Despesas com exportação), 411050 e 411550 (descontos nas compras de matériaprima); b) reconhecer o benefício pleiteado de suspensão de que trata o art. 9º da Lei nº 10.925/2004. c) reverter as glosas do crédito presumido dos valores das compras para recebimento futuro, registradas sob o CFOP 1.922; e d) reverter as glosas dos dispêndios com classificação de mercadorias. É como voto. (Assinatura Digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 1591DF CARF MF Processo nº 11543.003201/200561 Acórdão n.º 3402003.505 S3C4T2 Fl. 1.579 27 Fl. 1592DF CARF MF
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