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Numero do processo: 11075.000556/96-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2001
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2001
Ementa: IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇO PELO IPC EM 1.990 - EFEITOS EM PERÍODOS SUBSEQUENTES: Autorizada pela Lei n°8.200/91 a apuração de diferença de correção monetária entre os indexadores do IPC e BTNF, e reconhecida a sua apropriação integral no ano de 1.990, em respeito ao regime de competência, improcede qualquer ajuste ou glosa dos efeitos da correção monetária das contas patrimoniais nos períodos subsequentes.
Recurso provido
Numero da decisão: 108-06536
Decisão: Por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso.
Nome do relator: Marcia Maria Loria Meira
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MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES OITAVA CÂMARA Processo n° : 11075.000556/96-37 Recurso n° : 125.521 Matéria : IRPJ — Ex.: 1992 Recorrente : PILECCO & CIA LTDA Recorrida : DRJ - SANTA MARIA/RS Sessão de : 23 de maio de 2001 Acórdão n° : 108-06.536 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇO PELO IPC EM 1.990 - EFEITOS EM PERÍODOS SUBSEQUENTES: Autorizada pela Lei n°8.200/91 a apuração de diferença de correção monetária entre os indexadores do IPC e BTNF, e reconhecida a sua apropriação integral no ano de 1.990, em respeito ao regime de competência, innprocede qualquer ajuste ou glosa dos efeitos da correção monetária das contas patrimoniais nos períodos subsequentes. Recurso provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por PILECCO & CIA LTDA. ACORDAM os Membros da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar9 presente julgado. i MANOEL ANTÔNIO GADELHA DIAS PRESIDENTE MARCIA IA ME I RAMARIA L. RELATORA FORMALIZADO EM: 22 JUN 2001 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros NELSON LóSSO FILHO MÁRIO JUNQUEIRA FRANCO JÚNIOR, IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, TÂNIA KOETZ MOREIRA, JOSÉ HENRIQUE LONGO E LUIZ ALBERTO CAVA MACEIRA. Processo n° : 11075.000556/96-37 Acórdão n° : 108-06.536 Recurso n° : 125.521 Recorrente : PILECCO & CIA LTDA. RELATÓRIO Contra a Recorrente foi lavrado o auto de infração de fls. 02/06, em virtude de compensação indevida de prejuízos fiscais, apurado até 31/12/89, considerando a diferença de correção monetária complementar IPC/BTNF, Tempestivamente, a autuada impugnou o lançamento, em cujo arrazoado (fls. 27/33) alegou, em breve síntese, que o procedimento adotado está correto, citando diversos acórdãos deste E. Primeiro Conselho. Sobreveio a decisão de primeiro grau, acostada às fls. 37/42, pela qual a autoridade monocrática manteve parcialmente o crédito tributário lançado, pelos fundamentos que estão sintetizados na ementa abaixo transcrita: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 1992 Ementa: PREJUÍZO FISCAL. CORREÇÃO MONETÁRIA COMPLEMENTAR IPC/BTNF A correção monetária complementar IPC/BTNF relativa ao ano de 1990, de prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1989, somente é passível de compensação a partir de janeiro de 1993, conforme inc. I, art. 3° da Lei n°8.200, de 1991, com a redação determinada pela Lei n°8.682, de 1993, e desde que atendidas as disposições do art. 40 do Decreto n°332, de 1991. LEI. LEGALIDADE. O controle da legalidade de leis é prerrogativa outorgada pela Constituição Federal ao Poder Judiciário. Caso se manifestasse a Administração a respeito da legalidade de leis ou atos normativos por 2 Cht% Processo n° : 11075.000556/96-37 Acórdão n° : 108-06.536 ela emanados, estaria configurada uma invasão na esfera de competência exclusiva do Poder Judiciário, ferindo assim a independência dos Poderes da República preconizada no art.2° da Carta Magna. MULTA DE OFICIO Nos casos de lançamento de oficio aplicam-se as multas de oficio vigentes à época da ocorrência dos fatos geradores. Entretanto, em face das disposições constantes do art.44, inciso I, da Lei n `9.430, de 1996, e em obediência ao princípio da retroatividade da lei mais benigna, consagrado no art. 106, inciso II, alínea "c", do Código Tributário Nacional, a multa de 100% deve ser reduzida para 75%. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE". Irresignada com a decisão singular, interpôs recurso a este Colegiado, fls.48/57, com os mesmos argumentos apresentados na impugnação inicial. Tendo a recorrente efetuado o depósito recursal, conforme f1.58, correspondente a 30% do valor do débito, os autos foram encaminhados a este E. 1° Conselho. É o relatório. 3(8 3 Processo n° : 11075.000556/96-37 Acórdão n° : 108-06.536 VOTO Conselheira MARCIA MARIA LORIA MEIRA, Relatora O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Como se vê do relatório, trata-se de exigência lançada a título de compensação indevida de prejuízos fiscais, no ano de 1991, considerando a diferença de correção monetária complementar IPC/BTNF. No Relatório de f1.03, o autor do procedimento fiscal constatou que, nos termos da Lei n°8.200/91 e Decreto n°332/91, o contribuinte apurou a diferença de correção monetária IPC/BTNF do saldo de prejuízos compensáveis até 31/12/89, no valor de Cr$42.520.993,32. Tal montante foi corretamente corrigido em 31/12/91, resultando em Cr$245.269.593,66 (f1.029 do LALUR 01). No entanto, o contribuinte utilizou integralmente este valor para compensação com o lucro real apurado no ano- calendário de 1991, quando essa diferença de • correção somente poderia ser. compensada a razão de 25% ao ano, a partir do exercício de 1993. A matéria já é do conhecimento desta E. Câmara, que tem pautado suas decisões no sentido de admitir a apuração da diferença de correção monetária dos indexadores (PC x BTNF, integralmente no período-base de 1.990, em obediência ao regime de competência. Em conseqüência, os valores já reconhecidos passaram a integrar as respectivas contas patrimoniais e produzirão efeitos legítimos nos períodos-base subsequentes, razão pela qual qualquer ajuste ou glosa decorrente daquele procedimento é impertinente. 0mill 4 6‘1‘ Processo n° : 11075.000556/96-37 Acórdão n° : 108-06.536 Sobre o assunto, a Lei 8.200/91 não só explicitou o índice adequado, mas expressamente determinou a sua adoção, como se verifica do art. 32 do Decreto n°332, publicado no D.O.U. de 05 de novembro de 1.991, que assim dispõe: "Art. 32 - As pessoas jurídicas que, no exercício financeiro de 1991, período-base de 1990, tenham determinado o imposto de renda com base no lucro real deverão proceder a correção monetária das demonstrações financeiras desse período com base no índice de Preços ao Consumidor -1PC." Embora reconhecido "a posteriori", zelou o mencionado Decreto no sentido de precisar a verdadeira localização desse ajuste, consignando que mesmo que registrada aquela diferença no curso do período-base de 1.991, seria ela sempre referida ao ano de 1.990, conforme redação do parágrafo 4° do artigo acima reproduzido, abaixo transcrito: "§ 40 - A correção monetária deverá ser registrada contabilmente no curso do período-base de 1991, mas referida a 31 de dezembro de 1990." Logo, aquela diferença compete ao período-base encerrado em 31 de dezembro de 1.990 e lá deve ser alocada para que produza todos os seus efeitos. Portanto, é totalmente imprópria a regra contida no artigo 38 do Decreto 332/91, que determinou a postergação compulsória da dedução da parcela devedora, a partir do período-base de 1.993, inicialmente rateada em quatro parcelas anuais, posteriormente estendido o rateio para seis parcelas. Sobre o assunto, a professora MISABEL DE ABREU MACHADO DERZI, assim se pronunciou: "A indexação deve expressar sempre a inflação real do período, tratando as partes envolvidas de forma isonômica. É ou deveria ser um instrumento neutro que recompõe débitos e créditos, assegura a 5 5tt QIY6 Processo n° : 11075.000556196-37 Acórdão n° :108-06.536 exatidão das demonstrações financeiras, em beneficio de contribuintes, Fazendas Públicas, credores e terceiros direta ou indiretamente envolvidos. Quando, entretanto, se converte em instrumento político de camuflagem da inflação, ou meramente arrecadatório, unilateralmente manipulado pelo Poder Executivo, em beneficio próprio, assentando-se em índices inicióneos ou irreais, gera graves distorções, alterando a própria natureza especifica do tributo, falseando a discriminação constitucional de competência tributária ou ofendendo os princípios constitucionais da igualdade, da capacidade contributiva ou da não cumulatividade ..." (in "REVISTA DE DIREITO TRIBUTÁRIO" n°60, pág. 82- grifos do original) Concluiu a tributarista, asseverando que o retardamento compulsório da dedução da parcela devedora de correção monetária do ano de 1.990 constitui-se em grave ofensa "...à irretroatividade das leis, uma vez que o direito à dedução das perdas de valor, expressas nos encargos de inversão já era amplamente assegurado pelas leis em vigor, no ano de 1.990." ( o. citada - pág. 92) Essa conclusão é relevante porque acena na diretriz já inicialmente Caçada, no sentido de que era o IPC o indexador hábil para fixar a variação do valor das OTNs no ano de 1.990, como também já observara a iminente jurista citada, em parecer específico sobre a Lei 8.200/91. Com base nessas lições, entendo que são legítimos os efeitos da correção monetária nos períodos subsequentes, que tomou como ponto de partida os saldos das contas patrimoniais já ajustados pela correção complementar em 1.990. Para conhecimento dos meus pares, registro que esta Colenda Câmara também já se pronunciou sobre essa matéria, no julgamento do Recurso n°105.384, oportunidade em que o Colegiado acompanhou o voto da ex-conselheira relatora, Dra. Sandra Maria Dias Nunes, dando provimento ao recurso do contribuinte, em acórdão assim ementado: c\„,,Q„. 6 Processo n° : 11075.000556/96-37 Acórdão n° : 108-06.536 "CORREÇÃO MONETÁRIA DE BALANÇO: O índice legalmente admitido incorpora a variação do /PC, que serviu para alimentar os índices oficiais, sendo aplicável a todas as contas sujeitas à sistemática de tal correção, inclusive no cálculo das depreciações. Recurso a que se dá provimento." (Acórdão n°108-01.123 - sessão de 18.05.94) Outro julgado que merece ser mencionado é o Acórdão 108-03.460, de 18.09.96, do eminente ex. Conselheiro José Antônio Minatel. No entanto, para não alongar em matéria já pacificada no âmbito deste Tribunal Administrativo, registro o pronunciamento da Colenda CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS , que assim decidiu: "IRPJ - CORREÇÃO MONETÁRIA - PREJUÍZOS FISCAIS: O artigo 30 da Lei 8.200/91, ao admitir a dedutibilidade de diferença verificada no ano de 1.990 entre a variação do índice de Preços ao Consumidor - IPC e a variação do BTN Fiscal, validou os procedimentos adotados pelos contribuintes que utilizaram os índices relativos ao 1PC, que serviu para alimentar os índices oficiais, sendo aplicável a todas as contas sujeitas à sistemática de ta/ correção, inclusive os prejuízos fiscais compensáveis." (Acórdão CSRF 01-02.251, sessão de 15.09.97 - D.O.U. de 15.10.97) Por todos os fundamentos expostos, entendo que deve ser excluída, integralmente, a exigência em exame. Face ao exposto, Voto no sentido de Dar provimento ao recurso Sala de Sessões - DF em, 23 de maio de 2001. MARCIA MA4Rf11lA MERA 7 Page 1 _0029700.PDF Page 1 _0029800.PDF Page 1 _0029900.PDF Page 1 _0030000.PDF Page 1 _0030100.PDF Page 1 _0030200.PDF Page 1
score : 1.0
Numero do processo: 11060.002530/99-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2001
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2001
Ementa: JULGAMENTO ADMINISTRATIVO DE CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO - É a atividade onde se examina a validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do fisco. Não tem competência para conhecer de legalidade ou constitucionalidade de dispositivo legal validamente editado.
IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS – LIMITE DE 30% DO LUCRO REAL – Para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL nos períodos de apuração do ano calendário de 1995 e seguintes, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em no máximo trinta por cento.
Recurso negado
Numero da decisão: 108-06767
Decisão: Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso.
Nome do relator: Ivete Malaquias Pessoa Monteiro
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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-08-31T15:06:25Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-08-31T15:06:25Z; Last-Modified: 2009-08-31T15:06:25Z; dcterms:modified: 2009-08-31T15:06:25Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-08-31T15:06:25Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-08-31T15:06:25Z; meta:save-date: 2009-08-31T15:06:25Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-08-31T15:06:25Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-08-31T15:06:25Z; created: 2009-08-31T15:06:25Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; Creation-Date: 2009-08-31T15:06:25Z; pdf:charsPerPage: 1482; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-08-31T15:06:25Z | Conteúdo => :,' n::•;4 • . .MINISTÉRIO DA FAZENDA . ;}»;4' PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES OITAVA CÂMARA Processo n°. :11060.002530/99-17 Recurso n°. :127.632 Matéria: : IRPJ — Ano: 1995 Recorrente : TRANSPORTES ALVORADA LTDA Recorrida : DRJ -SANTA MARIA/RS Sessão de : 09 de novembro de 2001 Acórdão n°. :108-06.767 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO DE CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO - É a atividade onde se examina a validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do fisco. Não tem competência para conhecer de legalidade ou constitucionalidade de dispositivo legal validamente editado. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA - COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS — LIMITE DE 30% DO LUCRO REAL — Para determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL nos períodos de apuração do ano calendário de 1995 e seguintes, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido em no máximo trinta por cento. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso voluntário interposto por TRANSPORTES ALVORADA LTDA ACORDAM os Membros da Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. MANOEL ANTÔNIO GADELHA DIAS PR AIDENTE 1:R IV TE " ifirb0 UIAS PESSOA MONTEIRO R LATORA FORMALIZADO EM: 1 2 Nov 2001 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros: NELSON LOSS° FILHO, MÁRIO JUNQUEIRA FRANCO JUNIOR, TÂNIA KOETZ MOREIRA, JOSÉ -- HENRIQUE LONGO, MARCIA MARIA LORIA MERA e LUIZ ALBERTO CAVA MACEIRA. Processo n°. : 11060.002530/99-17 Acórdão n°. :108-06.767 Recurso n°. : 127.632 Recorrente : TRANSPORTES ALVORADA LTDA RELATÓRIO TRANSPORTES ALVORADA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos, recorre voluntariamente a este Colegiado, contra decisão da autoridade singular, que julgou procedente o crédito tributário constituído através do lançamento de fls. 01/02 para o IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA no valor de R$ 14.932,72, nos meses de janeiro, fevereiro, setembro e outubro de 1995. Decorreu o lançamento de revisão sumária da declaração do imposto de renda pessoa jurídica no exercícios de 1996, onde foi detectada: a) a compensação a maior do saldo de prejuízos fiscal, na apuração do lucro real, com infrigência dos artigos 196,111, 502 e 503 do RIR/ 1994; artigo 42 da Lei 8981 e 12 da Lei 9065 ambas editadas em 1995; b) compensação indevida de prejuízos fiscais apurado, por inobservância do limite de compensação de 30% do lucro líquido, ajustado pelas adições e exclusões previstas em lei. Enquadramento legal : artigos 42 da Lei 8981 e 12 da Lei 9065 de 1995. Impugnação é apresentada às fls. 47/61 onde alega, resumidamente, o conceito de renda e provento de qualquer natureza, referir-se a acréscimo patrimonial, nos termos do artigo 43 do CTN. Neste campo, o legislador ordinário não 2 1 Processo n°. : 11060.002530/99-17 Acórdão n°. :108-06.767 poderia ter acesso. Tal pretensão restaria excessiva. Os dispositivos da Lei 8981/1995 que restringem indevidamente a compensação de prejuízos fiscais, teriam características de confisco, por tributar patrimônio, em frontal inconstitucionalidade. As Instruções da SRF que normatizaram a Lei, contrariaram o conceito de lucro e instituíram empréstimo compulsório sem Lei Complementar. Além do que, a regra fixada no artigo 42 da Lei 8981/1995, não observou o ato jurídico perfeito e o direito adquirido, em afronta ao inciso XXXVI do artigo 5° e item IV do parágrafo 4° do artigo 60 da Constituição Federal. A decisão monocrática às fls. 67/81 julga procedente, em parte, o lançamento. Transcreve o artigo 42 e parágrafo, da Lei 8981/1995, dizendo-os a forma atual para compensação dos prejuízos fiscais. Explica que o conceito de tributação sobre a renda , salientando que a base de cálculo do IRPJ não é o resultado contábil, mas o lucro real (artigo 44 do CTN) A Compensação de prejuízos fiscais não esta contida apenas na definição de fato gerador do IRPJ (disponibilidade econômica ou jurídica de renda) mas diz respeito à políticas específicas sobre tributação. Refere- se a não poder negar vigência a norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico. Transcrevendo Doutrina e Jurisprudência ratifica o lançamento, exceto a parcela de R$ 12,50 de IRPJ lançado a maior em fevereiro de 1995. Ciência da Decisão em 11/05/2001, recurso interposto em 11 de junho seguinte, fls. 85/106. Reclama da inconstitucionalidade do procedimento. Quanto ao direito, fora inobservado o conceito de renda no direito privado (artigo 153, III e 195 da Carta Magna ). A definição de renda e lucro, seguiria os ditames do artigo 43, incisos 1° e 2° do CTN. O artigo 179 do RIR, traduziria o DL 5844/43, Lei 5172/66, 8541/92. O Conceito de Lucro Real estaria contido no DL 1598/77. À CSLL seria estendida as regras para compensação das bases de cálculo negativas. Transcreve os artigos12,38,39 parágrafo 2°, a e b da Lei 8541/92, dizendo que seus preceitos foram O alterados pelos artigos 42 e 58 da Lei 8541/95. 3 Processo n°. :11060.002530/99-17 Acórdão n°. : 108-06.767 Discorre sobre o conceito de renda e sua periodicidade, conceito e natureza do capital, do conceito de despesa necessária, do conceito de realização, expendendo estudo doutrinário. Refere-se ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito, com transcrições de doutrina e jurisprudência requerendo a nulidade do feito. Arrolamento de bens às fls. 108, extrato às fls. 115. ott É o Relatório. 4 t Processo n°. :11060.002530/99-17 Acórdão n°. :108-06.767 VOTO Conselheira IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO - Relatora O recurso sobe amparado por medida judicial. É o objeto do pedido, a possibilidade de se compensar prejuízo fiscal no exercício de 1995, em limite superior ao permitido na Lei 8981/1995, repetido na Lei 9065/1995. Aduz a recorrente, matérias de direito que dizem respeito a legalidade e constitucionalidade dessa lei. A inconformação decorre de matéria objeto de reserva legal e com pronunciamentos do poder judiciário admitindo a trava na compensação dos prejuízos e por conseqüência da base de cálculo negativa da Contribuição Social. O Acórdão de 22/04/1997 — MAS 96.04.53859-4/PR. está assim ementado: "TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. Não é inconstitucional a limitação imposta à compensação de prejuízos, prevista nos artigos 42 e 58 da Lei 8981/1995. Acórdão :Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a 1 Turma do Tribunal Regional Federal da 4 Região, por unanimidade, dar provimento ao apelo e à remessa oficial, para denegar a segurança, prejudicado o apelo da impetrante, na forma do relatório e notas taquigrá ficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado." À afirmação do dever observar-se o direito adquirido à compensação dos prejuízos anteriormente ocorridos e a insurreição contra a possibilidade de absorver todo prejuízo fiscal incorrido, entendendo estar este procedimento ferindo princípios constitucionais da tributação, sobrepõe-se que, a edição da Lei 8981/1995, limitou expressamente a compensação dos preiuízos acumulados tanto para o imposto de renda, quanto para a contribuição social sobre o lucro. 5 Processo n°. :11060.002530/99-17 Acórdão n°. :108-06.767 Às demais argüições da recorrente quanto a limitação imposta com a trava dos 30%, são devidamente explicados nas decisões judiciais, das quais peço vênia para as reproduções seguintes: Recurso Especial no. 188.855- GO ( 98/0068783-1) Ementa Tributário - Compensação - Prejuízos Fiscais - Possibilidade A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31.12.1994, não compensados poderá ser utilizada nos anos subsequentes. Com isso, a compensação passa a ser integral. Recurso Improvido. VOTO O Sr. Ministro Garcia Vieira (Relato* Sr. Presidente: Aponta a recorrente, como violados, os artigos 43 e 10 do CTN, versando sobre questões devidamente pre questionadas e demonstrou a divergência. Conheço do recurso pelas letras "a" e " c". Insurge-se a recorrente contra o disposto nos artigos 42, 57 e 58 da Lei 8981/1995 e artigos 42 e 52 da Lei 9065/95. Depreende-se desses dispositivos que, a partir de 1 de Janeiro de 1995, na determinação do lucro real, o lucro líquido poderia ser reduzido em no máximo 30% (artigo 42). Aplicam-se à Contribuição Social Sobre o Lucro (Lei 7689/88) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas juridicas, mantidas a base de cálculo e as aliquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas pela Medida Provisória 812 (artigo 57). Na fixação da base de cálculo da contribuição sobre o lucro, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodos bases anteriores em, no máximo, trinta por cento. Como se vê, referidos dispositivos legais limitaram a redução em, no máximo, 30%, mas a parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31.12.94, não compensados, poderá ser utilizada nos anos subsequentes. Com isso, a compensação passa a ser integral . Esclarecem as informações de fls. 65/72 que: 'Outro argumento improcedente é quanto à ofensa a direito adquirido. A legislação anterior garantia o direito à compensação dos prejuízos fiscais. Os dispositivos atacados, não alteram este direito. Continua a impetrante podendo compensar ditos prejuízos integralmente. É certo que o artigo 42 da lei 8981/95 e o artigo 15 da Lei 9065/95 impuseram restrições à proporção com que estes prejuízos podem ser apropriados a cada apuração do lucro real. Mas é cedo, que também este aspecto não está abrangido pelo direito adquirido invocado pela impetrante. Segundo a legislação do imposto de renda, o fato gerador deste tributo é do tipo conhecido como complexívo , ou seja, ele apenas se perfaz após o transcurso de determinado período de apuração. A lei que haja sido publicada antes deste momento está apta a alcançar o fato gerador ainda pendente e obviamente o Muro. A tal respeito prediz o artigo 105 do CTNAH 6 &g( inZ Processo n°. : 11060.002530/99-17 Acórdão n°. :108-06.767 'Art. 105 — A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes , assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116' A jurisprudência tem se posicionado neste sentido. Por exemplo, o STF decidiu no R .Ex. n°. 103.553-PR, relatado pelo Min. Octávio Gaito" que a legislação aplicável é vigente na data de encerramento do exercício social da pessoa jurídica. Nesse mesmo sentido, por fim a Súmula no. 584 do Excelso Pretório: 'Ao imposto calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.' Assim não se pode falar em direito adquirido porque se caracterizou o fato gerador. Por outro lado, não se confunde o lucro real e o lucro societário . O primeiro é o lucro líquido do preço de base ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pelo Regulamento do Imposto de Renda (decreto-lei 1598/77, artigo 6° ). Esclarecem as informações de fls. 68/71 que: 'Quanto à alegação concernente aos artigos 43 e 110 do CTN, a questão fundamental, que se impõe, é quanto à obrigatoriedade do conceito tributário de renda (lucro) adequar-se àquele elaborado sob as perspectivas econõmicas ou societárias. A nosso ver, tal não ocorre. A lei 6404/1976 (Lei das SIA) claramente procedeu a um corte entre a norma tributária e a societária. Colocou-as em comportamentos estanques. Tal se depreende do conteúdo do parágrafo 2°, do artigo 177: 'Art. 177 — (...) Parágrafo 20 - A companhia observará em registros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil e das demonstrações reguladas nesta Lei, as disposições da lei tributária, ou de legislação especial sobre a atividade que constitui seu objeto, que prescrevam métodos ou critérios contábeis diferentes ou determinem a elaboração de outras demonstrações financeiras. (destaque nosso) Sobre o conceito de lucro o insigne Min. Aliomar Baleeiro assim se pronuncia citando Rubens Gomes de Souza: 'Como pondera Rubens Gomes de Souza, se a Economia Política depende do Direito para impor praticamente suas conclusões, o Direito não depende da Economia, nem de qualquer ciência , para se tornar obrigatório: o conceito de renda é fixado livremente pelo legislador, segundo considerações pragmáticas, em função da capacidade contributiva e da comodidade técnica de arrecadação . Serve-se ora de um, ora de outro dos dois conceitos teóricos para fixar o fato gerador (in Direito Tributário Brasileiro, Ed. Forense, 1995, pp.183/184). Desta forma o lucro para efeitos tributários, o chamado lucro real, não se confunde com o lucro societário, restando incabível a afirmação de ofensa ao artigo 110 do CTN, de alteração de institutos e conceitos do direito privado, pela norma tributária ora atacada. O lucro real vem definido na legislação do imposto de renda, de forma clara, nos artigos 193 e 196 do RIR/94, verbis': 'Art. 193 — Lucro real é o lucro líquido do período-base ajustado pelas adições, exclusões ou compensagões prescritas ou autorizadas por este regulamento (decreto-lei 1598/77, art. 6 ) (..) Parágrafo segundo — Os valores que por competirem a outro período-base, forem, para efeito de determinação do lucro real, adicionados ao lucro líquido do período- base em apuração, ou dele excluídos, serão na determinação do lucro real do período-base competente, excluídos do lucro líquido ou a ele adicionados, respectivamente, corrigidos monetariamente (decreto-lei 1598/77, art. fi parágrafo 4°). 7 gji Processo n°. : 11060.002530/99-17 Acórdão n°. :108-06.767 Art. 196 - Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro do período- base (Decreto-lei 1598177, art. 6 , parágrafo 3° ): (...) III - o prejuízo fiscal apurado em períodos-base anteriores, limitado ao lucro real do período da compensação, observados os prazos previstos neste Regulamento (decreto-lei 1598/77, art. 6). Faz-se mister destacar que a correção monetária das demonstrações financeiras foi revogada, com efeitos a partir de 01/01/96( art.4° e 35 da Lei 9249/95). Ressalte-se ainda, quanto aos valores que devam ser computados na determinação do lucro real, o que consta de normas supervenientes do RIR/94. Há que se compreender que o artigo 42 da Lei 8981/95 e o artigo 15 da Lei 9065/95 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspectos temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensaL Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes . Se houver renda (lucro) tributa-se. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional, Os prejuízos remanescentes de outros períodos , que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período de apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores.' Conclui-se não ter havido vulneração ao artigo 43 do CTN ou alteração da base de cálculo, por lei ordinária. A questão foi bem examinada e decidida pelo venerando acórdão recorrido (fls. 136/137) e, de seu voto condutor, destaco o seguinte trecho: 'A primeira inconstitucionalidade alegada é a impossibilidade de ser a matéria disciplinada por medida provisória, dado principio da reserva legal em tributação. Embora a disciplina da compensação seja hoje estritamente legal, eis que não mais sobrevivem os dispositivos da MP 812/95, entendo que a MP constitui instrumento legislativo idôneo para dispor sobre tributação, pois não vislumbro na constituição a limitação impetrada pela Impetrante. O mesmo se diga em relação à pretensa retroatividade da lei e sua não publicação no exercício de 1995, e não mais na MP 812/94, não cabendo qualquer discussão sobre o imposto de renda de 1995, visto que o mandado de segurança foi impetrado em 1996. Publicado o novo diploma legal em junho de 1995, não se pode validamente argüir ofensa ao principio da irretroatividade ou da não publicidade em relação ao exercício de 1996. De outro lado não existe direito adquirido à imutabilidade das normas que regem a tributação. Estas são imutáveis, como qualquer regra jurídica desde que observados os princípios constitucionais que lhes são próprios. Na hipótese, não vislumbro as alegadas inconstitucionalidades. Logo, não tem a Impetrante direito adquirido ao cálculo Imposto de Renda segundo a sistemática revogada, ou seja, compensando os prejuízos integralmente , sem a limitação de 30% do lucro líquida Por último, não me convence o argumento de que a limitação configuraria empréstimo compulsório em relação ao prejuízo não compensado imediatamente. 8 tis\ Processo n°. : 11060.002530/99-17 Acórdão n°. : 108-06.767 Para sustentar a sua tese, a impetrante afirma que o lucro conceituado no artigo 189 da Lei 6404/76 prevê a compensação dos prejuízos para sua apuração. Contudo o conceito estabelecido na Lei das Sociedades Anônimas, reporta-se exclusivamente à questão da distribuição do lucro que não poderá ser efetuada antes de compensados os prejuízos anteriores, mas não obriga o Estado a somente tributar quando houver lucro distribuído, até porque os acionistas poderão optar pela sua não distribuição, hipótese em que, pelo raciocínio da impetrante não haveria tributação. Não nega a impetrante a ocorrência de lucro, devido, pois, o imposto de renda. Se a lei permitia, anteriormente, que dele fossem deduzidos, de uma só vez, os prejuízos anteriores, hoje não mais o faz, admitindo que a base de cálculo do IR seja deduzida. Pelo mecanismo da compensação, em no máximo 30% . Evidente que tal limitação traduz aumento de imposto, mas aumentar imposto não é , em si, inconstitucional , desde que observados os princípios estabelecidos na Constituição. Na espécie não participo da tese da impetrante, cuja alegação de inconstitucionalidade não acolho, Nego provimento ao recurso'. No mesmo sentido, Acórdão do STJ: IMPOSTO DE RENDA — COMPENSAÇÃO DE PREJUIZOS — LIMITAÇÃO — AUSENCIA DE OFENSA Embargos de Declaração no Recurso Especial no.198403/PR (9810092011-0) Relator : Ministro José Delgado Ementa: Processo Civil. Tributário. Embargos de Declaração. Imposto de Renda. Prejuízo. Compensação. 1. Embargos colhidos para, em atendimento ao pleito da Embargante, suprir as omissões apontadas. 2. Os artigos 42 e 58 da Lei 8981/95 impuseram restrição por via de percentual para a compensação de prejuízos fiscais , sem ofensa ao ordenamento jurídico tributário. a O artigo 42 da Lei 8981, de 1995, alterou, apenas, a redação do artigo e do DL 1598/77 e, consequentemente modificou o limite do prejuízo fiscal compensável de 100% para 30% do lucro real, apurado em cada período-base. 4. Inexistência de modificação pelo referido dispositivo no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda, haja vista que tal, no seu aspecto temporal, abrande período de 1 de Janeiro a 31 de Dezembro. Embargos acolhidos. Decisão mantida.( DJU 1 de 06/09/99, p. 54). Quanto ao estudo conceituai apresentado nas razões recursais sobre renda e sua periodicidade; natureza do capital; despesa necessária e o momento de realização, embora registrando o brilhantismo da tese, há o comando da Lei atacada que respalda o lançamento, obrigando-se à sua observância. 9 . .. Processo n°. :11060.002530/99-17 Acórdão n°. : 108-06.767 A jurisprudência trazida à colação, faz lei entre as partes, em nada aproveitando à recorrente. Por todo exposto, deixo de comentar sobre os demais argumentos expendidos na peça recursal, por desnecessário. Nenhum reparo resta a ser feito na decisão recorrida. Voto no sentido de negar provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, em 09 de novembro 2001 AR..áR G4 I ETE • • QUIAS PESSOA MONTEIRO lo - Page 1 _0018000.PDF Page 1 _0018100.PDF Page 1 _0018200.PDF Page 1 _0018300.PDF Page 1 _0018400.PDF Page 1 _0018500.PDF Page 1 _0018600.PDF Page 1 _0018700.PDF Page 1 _0018800.PDF Page 1
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Numero do processo: 13706.000882/2004-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2000
DEDUÇÕES DE DESPESAS MÉDICAS. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO.
As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, está sob reserva de lei em sentido formal.
Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. A simples indicação na Declaração de Ajuste Anual de despesas médicas, por si só, não autoriza a sua dedução, mormente quando o contribuinte, sob procedimento fiscal, apresenta recibos médicos, cuja efetividade do pagamento e/ou da prestação de serviços não foi confirmada pelo prestador e o mesmo deixa de apresentar documentação hábil e idônea complementar que comprove que cumpriu os requisitos determinados pela legislação de regência.
DESPESAS MÉDICAS. PLANOS DE SAÚDE. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO.
Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, poderá ser deduzido o total dos valores das prestações mensais pagas para participação em planos de saúde que assegurem direitos de atendimento ou ressarcimento de despesas de natureza médica, odontológica ou hospitalar, prestado por empresas domiciliadas no País, em benefício do contribuinte ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual, desde que os pagamentos sejam devidamente comprovados, por meio da apresentação de documentação hábil e idônea INFORMAÇÃO E COMPROVAÇÃO DOS DADOS CONSTANTES DA
DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. DEVER DO CONTRIBUINTE.
CONFERÊNCIA DOS DADOS INFORMADOS. DEVER DA
AUTORIDADE FISCAL.
É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados.
Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA.
A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte não descaracteriza o poder-dever
da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste.
ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC
para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.824
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: NELSON MALLMANN
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2000 DEDUÇÕES DE DESPESAS MÉDICAS. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO. As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, está sob reserva de lei em sentido formal. Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. A simples indicação na Declaração de Ajuste Anual de despesas médicas, por si só, não autoriza a sua dedução, mormente quando o contribuinte, sob procedimento fiscal, apresenta recibos médicos, cuja efetividade do pagamento e/ou da prestação de serviços não foi confirmada pelo prestador e o mesmo deixa de apresentar documentação hábil e idônea complementar que comprove que cumpriu os requisitos determinados pela legislação de regência. DESPESAS MÉDICAS. PLANOS DE SAÚDE. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, poderá ser deduzido o total dos valores das prestações mensais pagas para participação em planos de saúde que assegurem direitos de atendimento ou ressarcimento de despesas de natureza médica, odontológica ou hospitalar, prestado por empresas domiciliadas no País, em benefício do contribuinte ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual, desde que os pagamentos sejam devidamente comprovados, por meio da apresentação de documentação hábil e idônea INFORMAÇÃO E COMPROVAÇÃO DOS DADOS CONSTANTES DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. DEVER DO CONTRIBUINTE. CONFERÊNCIA DOS DADOS INFORMADOS. DEVER DA AUTORIDADE FISCAL. É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados. Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver má-fé do contribuinte não descaracteriza o poder-dever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Recurso negado.
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REQUISITOS PARA DEDUÇÃO. As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, está sob reserva de lei em sentido formal. Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. A simples indicação na Declaração de Ajuste Anual de despesas médicas, por si só, não autoriza a sua dedução, mormente quando o contribuinte, sob procedimento fiscal, apresenta recibos médicos, cuja efetividade do pagamento e/ou da prestação de serviços não foi confirmada pelo prestador e o mesmo deixa de apresentar documentação hábil e idônea complementar que comprove que cumpriu os requisitos determinados pela legislação de regência. DESPESAS MÉDICAS. PLANOS DE SAÚDE. REQUISITOS PARA DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do imposto, poderá ser deduzido o total dos valores das prestações mensais pagas para participação em planos de saúde que assegurem direitos de atendimento ou ressarcimento de despesas de natureza médica, odontológica ou hospitalar, prestado por empresas domiciliadas no País, em benefício do contribuinte ou de seus dependentes relacionados na Declaração de Ajuste Anual, desde que os pagamentos sejam devidamente comprovados, por meio da apresentação de documentação hábil e idônea Fl. 139DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 2 INFORMAÇÃO E COMPROVAÇÃO DOS DADOS CONSTANTES DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. DEVER DO CONTRIBUINTE. CONFERÊNCIA DOS DADOS INFORMADOS. DEVER DA AUTORIDADE FISCAL. É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados. Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFICIO. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. A responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou responsável. O fato de não haver máfé do contribuinte não descaracteriza o poderdever da Administração de lançar com multa de oficio rendimentos omitidos na declaração de ajuste. ACRÉSCIMOS LEGAIS. JUROS MORATÓRIOS. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odair Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório JOÃO BORSANI, contribuinte inscrito no CPF/MF 066.807.12734, com domicílio fiscal na cidade do Rio de Janeiro RJ, Estado do Rio de Janeiro, à Rua Dias da Rocha, nº 71 – apto 401, Bairro Copacabana, jurisdicionado a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária no Rio de Janeiro RJ, inconformado com a decisão de Primeira Instância de fls. 120/127, prolatada pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora MG, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 130/131. Contra o contribuinte acima mencionado foi lavrado, pela Delegacia da Receita Federal do Brasil na cidade de Manaus – AM, em 04/04/2003, Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (fls. 02/05), com ciência através de AR, em 29/01/2004 (fls. 113), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 11.932,47 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto de renda, relativo ao exercício de 2000, correspondente ao anocalendário de 1999. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização de revisão de Declaração de Ajuste Anual referente ao exercício de 2000 onde a autoridade lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: 1 – DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO A PREVIDÊNCIA OFICIAL NO VALOR DE R$ 1.652,69, POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'D', e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. 2 DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO A PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI NO VALOR DE R$ 1.017,00, POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'D', e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. 3 DEDUÇÃO INDEVIDA COM DEPENDENTES NO VALOR DE R$ 3.240,00, POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada nos artigos 8º, inciso II, alínea 'C' e 35, da Lei nº 9.250, de 1990. 4 DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE DESPESA COM INSTRUÇÃO NO VALOR DE R$ 6.800,00 POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'B', e §§ 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. 5 DEDUÇÃO INDEVIDA A TÍTULO DE DESPESAS MÉDICAS NO VALOR DE R$ 6.501,15 POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. Infração capitulada no artigo 8º, inciso II, alínea 'A', e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250, de 1990. Em sua peça impugnatória de fls. 01, instruída pelos documentos de fls. 03/103, apresentada, tempestivamente, em 27/02/2004, o contribuinte, se indispõe contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Fl. 141DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 4 Auto de Infração, com base, em síntese, no argumento de que as deduções estão comprovadas por meio dos documentos que anexa. Para embasar o pleito, anexou documentos de fls. 02 a 102. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pelo impugnante, os membros da Primeira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora MG concluíram pela procedência parcial da ação fiscal e pela manutenção, em parte, do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que questionou o contribuinte, em sua impugnação, as glosas de deduções efetuadas no procedimento de malha. Apresentou diversos documentos com a intenção de comprovar as deduções da base de calculo informadas em sua declaração de ajuste anual, exercício 2000 (fls. 114 a 116); que, quanto à contribuição à previdência oficial e privada, é de se dizer que o comprovante de folha 12 da conta de que houve pagamento de contribuição previdenciária oficial, no valor de R$ 1.652,69. Logo, tal valor pode ser considerado para abatimento da base de calculo do imposto de renda, já que constante do comprovante de rendimentos. Afastada a glosa da dedução de Contribuição Previdenciária Oficial, devendo ser restabelecido o valor de R$ 1.652,69, como dedução da base de cálculo; que quanto à contribuição A previdência privada, os documento de folhas 13 a 33 não tem serventia para comprovação da contribuição pleiteada, pois se tratam de pagamentos de plano de saúde à UNIMED Manaus relativos a Roberta Machado Borsani. Primeiramente, tais valores serviriam para comprovar despesas médicas da sacada, que, no caso, não é dependente do contribuinte para fins de imposto de renda. Logo, mantida a glosa do valor de R$ 1.017,00, indevidamente informado como Contribuição it Previdência Privada; que, quanto a glosa de dependentes, é de se dizer que os documentos de folhas 34 a 36 comprovam a relação de dependência para fins de imposto de renda de Rafael Machado Borsani, Fabio Machado Borsani e João Machado Borsani — filhos do contribuinte. Dessa forma, indevida a glosa efetuada pela fiscalização, devendo ser considerado o valor de R$ 3.240,00 a titulo de dedução de dependentes na declaração de imposto de renda, exercício 2000; que, quanto as despesas com instrução, é de se dizer que os documentos de folhas 37/38 comprovam o dispêndio de R$ 2.003,40 como despesas de instrução de Rafael Machado Borsani, para o curso de Informática na Fundação Educacional Dom André Arcoverde. Logo, respeitado o limite individual anual, é de se aceitar como dedução de despesas de instrução o valor de R$ 1.700 00; que já os documentos de folhas 42 a 64 comprovam gastos com educação de João Machado Borsani, na monta de R$ 3.132,25, pagos A Associação de Educação Lato Sensu do Brasil. Assim, também se respeitando o limite individual anual, acatase apenas o valor total de R$ 1.700 00; que, por fim, em relação a Fabio achado Borsani, também dependente do contribuinte, foram efetuados gastos de instrução no valor de total de R$ 3.345,30 (fls. 66 a 88). Logo, de acordo com a legislação vigente, também acatado o valor limite anual de R$ 1.700 00; Fl. 142DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 3 5 que não constam dos autos comprovação de despesas de instrução com o contribuinte, por isso apenas acatados os valores devidamente comprovados efetuados com os dependentes do contribuinte, no valor total de R$ 5.400,00 (com respeito ao limite individual anual de R$ 1.700,00); que quanto dedução das despesas médicas, é de se dizer que: (1) os documentos de folhas 89 a 91 não podem ser acatados como despesas médicas, pois foram emitidos em nome de Nely Pereira da Silva Machado Borsani (cônjuge), que não é dependente do contribuinte, além de que não constam nos recibos a especialidade do emitente, com seu número de inscrição no órgão de classe competente. Assim, mantida a glosa do valor de R$ 215,00, que se refere aos recibos emitidos por Yoshiuki Onogi; (2) o documento de folha 92, no valor de R$ 250,00, relativo a tratamento dentário do contribuinte, não será aceito, pois a distância entre o domicilio do contribuinte no anocalendário 1999, qual seja, Manaus, e o local do suposto tratamento dentário — Valença, deixa clara a impossibilidade de que tal tratamento tenha sido realizado; (3) mesmo raciocínio para os documentos de folhas 94 a 100, emitidos pela clinica odontológica Integral, localizada também em Valença, Rio de Janeiro, quando o contribuinte e seus dependentes residiam em Manaus; (4) ressaltese ainda, apenas para complementar o exposto no item 3 supra, a nota fiscal n° 1500, constante à folha 100, referese a suposto tratamento dentário do contribuinte no valor de 330,00 (fl. 98) e de Nelv Machado Borsani cônjuge nãodependente do contribuinte (apresentou declaração simplificada em separado), no valor de R$ 540,00 (fl. 99); (5) já os valores relativos aos recibos de folhas 101/102 não serão aceitos, pois foram emitidos pelo cônjuge do contribuinte, a odontóloga Nely , Machado Borsani, que supostamente teria cobrado valores relativos a tratamento dentário de seu cônjuge — o contribuinte — e de seus próprios filhos. Logicamente, incabível a aceitação de tais despesas médicas. As ementas que consubstanciam a presente decisão são as seguintes: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000 GLOSA DE PREVIDÊNCIA OFICIAL. Devem ser consideradas como dedução da base de calculo os valores comprovadamente pagos a titulo de previdência oficial. GLOSA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI. Apenas podem ser consideradas como dedução da base de cálculo os valores pagos a titulo de previdência privada. DEDUÇÃO DE DEPENDENTES. Na declaração de ajuste anual pode ser utilizada a dedução de dependentes, respeitandose os ditames legais. GLOSA DE DESPESAS DE INSTRUÇÃO. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos comprovadamente efetuados a estabelecimentos de ensino relativamente à educação préescolar, de 1 2, 29 e 39 graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do Fl. 143DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 6 contribuinte e de seus dependentes, respeitandose o limite anual individual. GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. É de se manter a glosa de despesas médicas, quando restam dúvidas sobre a efetividade dos supostos serviços médicos. Lançamento Procedente em Parte Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 05/10/2007, conforme Termo constante às fls. 128/135, e, com ela não se conformando, o contribuinte interpôs, em tempo hábil (30/10/2007), o recurso voluntário de fls. 130/131, sem instrução de documentos adicionais, no qual demonstra irresignação parcial contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória, reforçado pelas seguintes considerações: que, quanto a glosa da previdência privada e FAPI, é de se dizer que os valores forma pagos diretamente pelo contribuinte em favor da sua filha, que, embora não seja dependente de direito, estava desempregada e vivia sob sua dependência de fato, em detrimento do próprio que optou por assegurar um atendimento medico a filha; que, quanto a glosa de despesas médicas, é de se dizer que as despesas odontológicas efetuadas no estado do Rio de Janeiro tem procedência porque o contribuinte é oriundo do Rio de Janeiro, onde passava , as férias, mentinha residência e por vezes vinha a trabalho na sede da empresa. Por conseguinte, não foi apresentada nenhuma despesa de tratamento dentário dos dependentes por outro profissional, portanto é perfeitamente concebível que a odontóloga Nely Machado Borsani cobre pelos seus serviços, considerando que a mesma concorre com as despesas de material, impostos, luz e despesas de manutenção do consultório. É o Relatório. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 4 7 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Não há argüição de qualquer preliminar. Da análise dos autos do processo se verifica que a ação fiscal em discussão teve início em razão da revisão da Declaração de Ajuste Anual relativa ao exercício de 2000, correspondente ao anocalendário de 1999, onde a autoridade fiscal revisora entendeu haver irregularidades nas deduções da base de cálculo do imposto de renda relativo a dedução de despesas médicas. Assim, nesta fase recursal encontrase em discussão os valores pagos diretamente pelo contribuinte em favor da sua filha, que, embora não seja dependente de direito, estava desempregada e vivia sob sua dependência de fato, em detrimento do próprio que optou por assegurar um atendimento médico a filha, bem como as glosas de despesas odontológicas efetuadas no estado do Rio de Janeiro em razão tratamento dentário dos dependentes pela profissional Nely Machado Borsani (esposa e mãe dos clientes). Inconformado, em virtude de não ter logrando êxito total na instância inicial, o contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde, em sua defesa, apresenta razões de mérito sobre as deduções glosadas. Desta forma, a discussão neste colegiado se prende, tãosomente, na discussão se restringe sobre o artigo 8º da Lei nº 9.250, de 1995, que prevê as possibilidades das deduções da base de cálculo do imposto de renda na pessoa física. Inicialmente é de se esclarecer, que o Processo Administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal é regido pelo Decreto nº 70.235, de 1972, e alterações posteriores. O referido decreto tem status de lei, pois ele regula e não apenas regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União. Por isso, as alterações são processadas por dispositivo legal de igual natureza. Diz o Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: I – o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; Fl. 145DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 8 II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; (o destaque não é do original) III – o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1º O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Conforme se infere do citado artigo, o início do procedimento fiscal é objetivo, isto é, atuação da autoridade administrativa tendente a verificar a relação jurídico tributária sobre determinado fato para se apurar ou não infração à legislação tributária. Tanto é verdadeira essa afirmativa, que o inciso I, quando diz “o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto”, a exclusão da espontaneidade do contribuinte está vinculada aos termos de intimações emitidos. Ora, é cristalino nos autos que foi lavrado pela fiscalização da Secretaria da Receita Federal, em cumprimento ao Decreto nº 70.235, de 1972, o Termo de Inicio de Fiscalização. É o que basta para dar início ao procedimento fiscal e este ato exclui a espontaneidade do sujeito passivo e este somente se descaracteriza se ficar, por mais de sessenta dias, sem outro ato escrito de autoridade que lhe dê prosseguimento. Na questão de mérito, de acordo com a autoridade fiscal lançadora e endossada pela decisão recorrida a irregularidade praticado pelo contribuinte a título de dedução de despesas médicas e mantida no decisório do julgado se restringe à dedução indevida de despesas médicas. Ou seja, decidiu a turma de julgamento que as despesas médicas lançadas na Declaração de Ajuste Anual deveriam ser mantidas diante da falta de comprovação de terem sido realizadas pelo contribuinte ou pelo seus dependentes. Nesta fase recursal, o suplicante entende que com relação as despesas médicas e odontológicas decorrentes dos recibos, emitidos pelos profissionais citados na Declaração de Ajuste Anual, o mesma tem direito a dedução das despesas declaradas e comprovadas, sendo indevida a glosa existente. Para o deslinde da questão sobre a glosa de despesas médicas se faz necessário invocar a Lei nº 9.250, de 1995, verbis: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...). II – das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; b) a pagamentos efetuados a estabelecimento de ensino relativamente à educação préescolar, de 1º e 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do contribuinte e Fl. 146DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 5 9 de seus dependentes, até o limite individual de R$ 1.700,00 (um mil e setecentos reais); c) à quantia de R$ 1.080,00 (um mil e oitenta reais) por dependente; (...). f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; (...). § 2º O disposto na alínea “a” do inciso II: (...). II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes – CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (...). Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea “c” poderão ser considerados como dependentes: I – o cônjuge, II – o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III – a filha, o filho, a enteada ou enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV – o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V – o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI – os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; Fl. 147DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 10 VII – o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. § 2º Os dependentes comuns poderão, opcionalmente, ser considerados por qualquer um dos cônjuges. § 3º No caso de filhos de pais separados, poderão ser considerados dependentes os que ficarem sob a guarda do contribuinte, em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. § 4º É vedada a dedução concomitante do montante referente a um mesmo dependente, na determinação da base de cálculo do imposto, por mais de um contribuinte. Conforme se depreende dos dispositivos supracitados, todas as deduções estão sujeitas à comprovação, assim, para que fique caracterizada a efetividade da despesa passível de dedução no período assinalado, ao contribuinte cabe o ônus da demonstração inequívoca de que realmente efetuou o pagamento no valor pleiteado. Inicialmente se faz necessário esclarecer de que os filhos que possuem os requisitos para serem considerados dependentes e que recebam rendimentos próprios somente poderão ser incluídos nessa condição se forem somados seus rendimentos aos dos pais na Declaração de Ajuste Anual destes. A apresentação de Declaração de Ajuste Anual em separado pelos filhos exclui, automaticamente, a possibilidade de figurar como dependentes na Declaração de Ajuste Anual dos pais. A mesma situação se aplica para os filhos estudantes universitários que já completaram 26 anos com relação ao anocalendário da Declaração de Ajuste Anual. De acordo com a legislação tributária pode ser considerado dependente a filha, o filho, a enteada ou enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho. Podem ainda ser assim considerados, quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. Em relação às despesas efetuadas, nenhum documento também foi apresentado que demonstrasse o contrário, Ou seja efetivamente estes serviços foram prestados na forma como constam discriminados nos recibos apresentados. Acertadamente, desconsiderouse os valores assim declarados pelo contribuinte. No que diz respeito a dedução de despesas médicas, não tenho dúvidas, que legislação de regência, acima transcrita, estabelece que na declaração de ajuste anual possam ser deduzidos da base de cálculo do imposto de renda os pagamentos feitos, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas provenientes de exames laboratoriais e serviços radiológicos, restringindose aos pagamentos efetuados pelo contribuinte relativo ao seu tratamento e ao de seus dependentes. Sendo que esta dedução fica condicionada ainda a que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e CPF ou CGC de quem os recebeu, podendo na falta de documentação, ser feita indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Fl. 148DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 6 11 Como, também, não tenho dúvidas que a autoridade fiscal, em caso de dúvidas ou suspeição quanto à idoneidade da documentação apresentada, pode e deve perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não são considerados como dedução pela legislação. É evidente, que a princípio, a prova definitiva e incontestável da prestação de serviços de saúde é feita com a apresentação de documentos que comprovem a sua realização, como radiografias, receitas médicas, exames laboratoriais, notas fiscais de aquisição de remédios e outras, fichas clínicas. Só posso concordar, que somente são admissíveis, em tese, como dedutíveis, as despesas médicas que se apresentarem com a devida comprovação, com documentos hábeis e idôneos. Como, também, se faz necessário, quando intimado, comprovar que estas despesas correspondem a serviços efetivamente recebidos e pagos ao prestador. O simples lançamento na declaração de rendimentos pode ser contestado pela autoridade lançadora. Tendo em vista o precitado art. 73, cuja matriz legal é o § 3º do art. 11 do Decretolei nº 5.844, de 1943, estabeleceu expressamente que o contribuinte pode ser instado a comproválas ou justificálas, deslocando para ele o ônus probatório. Mesmo que a norma possa parecer, em tese, discricionária, deixando a juízo da autoridade lançadora a iniciativa. A inversão legal do ônus da prova, do fisco para o contribuinte, transfere para o suplicante o ônus de comprovação e justificação das deduções, e, não o fazendo, deve assumir as conseqüências legais, ou seja, o não cabimento das deduções, por falta de comprovação e justificação. Também importa dizer que o ônus de provar implica trazer elementos que não deixem nenhuma dúvida quanto ao fato questionado. Entretanto, uma vez apresentados os recibos em conformidade com a legislação de regência cabe ao fisco, neste caso, obter provas da inidoneidade do recibo. As despesas médicas, assim como todas as demais deduções, dizem respeito à base de cálculo do imposto que, à luz do disposto no art. 97, IV, do Código Tributário Nacional, estão sob reserva de lei em sentido formal. Assim, a intenção do legislador foi permitir a dedução de despesas com a manutenção da saúde humana, podendo a autoridade fiscal perquirir se os serviços efetivamente foram prestados ao declarante ou a seus dependentes, rejeitando de pronto àqueles que não identificam o pagador, os serviços prestados ou não identificam na forma da lei os prestadores de serviços ou quando esses não sejam habilitados. É dever do contribuinte informar e, se for o caso, comprovar os dados nos campos próprios das correspondentes declarações de rendimentos e, conseqüentemente, calcular e pagar o montante do imposto apurado, por outro lado, cabe a autoridade fiscal o dever da conferência destes dados. Assim, na ausência de comprovação, por meio de documentação hábil e idônea, das deduções realizadas na base de cálculo do imposto de renda, é dever de a autoridade fiscal efetuar a sua glosa. Por fim, se faz necessários tecer algumas considerações sobre as penalidades aplicadas. Há que se destacar que à autoridade fiscal cabe verificar o fiel cumprimento da legislação em vigor, independentemente de questões de discordância, pelos contribuintes, Fl. 149DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 12 acerca de alegadas ilegalidades/inconstitucionalidades, sendo a atividade de lançamento vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, como previsto no art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Não há dúvidas de que se entende como procedimento fiscal à ação fiscal para apuração de infrações e que se concretize com a lavratura do ato cabível, assim considerado o termo de início de fiscalização, termo de apreensão, auto de infração, notificação, representação fiscal ou qualquer ato escrito dos agentes do fisco, no exercício de suas funções inerentes ao cargo. Tais atos excluirão a espontaneidade se o contribuinte deles tomar conhecimento pela intimação. Os atos que formalizam o início do procedimento fiscal encontramse elencados no artigo 7º do Decreto n.º 70.235, de 1972. Em sintonia com o disposto no artigo 138, parágrafo único do Código Tributário Nacional, esses atos têm o condão de excluir a espontaneidade do sujeito passivo e de todos os demais envolvidos nas infrações que vierem a ser verificadas. Em outras palavras, deflagrada a ação fiscal, qualquer providência do sujeito passivo, ou de terceiros relacionados com o ato, no sentido de repararem a falta cometida não exclui suas responsabilidades, sujeitandoos às penalidades próprias dos procedimentos de ofício. Além disso, o ato inaugural obsta qualquer retificação, por iniciativa do contribuinte e torna ineficaz consulta formulada sobre a matéria alcançada pela fiscalização. Ressaltese, com efeito, que o emprego da alternativa “ou” na redação dada pelo legislador ao artigo 138, do Código Tributário Nacional, denota que não apenas a medida de fiscalização tem o condão de constituirse em marco inicial da ação fiscal, mas, também, consoante reza o mencionado dispositivo legal, “qualquer procedimento administrativo” relacionado com a infração é fato deflagrador do processo administrativo tributário e da conseqüente exclusão de espontaneidade do sujeito passivo pelo prazo de 60 dias, prorrogável sucessivamente com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos, na forma do parágrafo 2°, do art. 7°, do Dec. n° 70.235, de 1972. O entendimento, aqui esposado, é doutrina consagrada, conforme ensina o mestre FABIO FANUCCHI em “Prática de Direito Tributário”, pág. 220: O processo contencioso administrativo terá início por uma das seguintes formas: 1. pedido de esclarecimentos sobre situação jurídicotributária do sujeito passivo, através de intimação a esse; 2. representação ou denúncia de agente fiscal ou terceiro, a respeito de circunstâncias capazes de conduzir o sujeito passivo à assunção de responsabilidades tributárias; 3 autodenúncia do sujeito passivo sobre sua situação irregular perante a legislação tributária; 4. inconformismo expressamente manifestado pelo sujeito passivo, insurgindose ele contra lançamento efetuado. (...). A representação e a denúncia produzirão os mesmos efeitos da intimação para esclarecimentos, sendo peças iniciais do processo que irá se estender até a solução final, através de uma Fl. 150DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 7 13 decisão que as julguem procedentes ou improcedentes, com os efeitos naturais que possam produzir tais conclusões. No mesmo sentido, transcrevo comentário de A.A. CONTREIRAS DE CARVALHO em “Processo Administrativo Tributário”, 2ª Edição, págs. 88/89 e 90, tratando de Atos e Termos Processuais: Mas é dos atos processuais que cogitamos, nestes comentários. São atos processuais os que se realizam conforme as regras do processo, visando dar existência à relação jurídicoprocessual. Também participa dessa natureza o que se pratica à parte, mas em razão de outro processo, do qual depende. No processo administrativo tributário, integram essa categoria, entre outros: a) o auto de infração; b) a representação; c) a intimação e d) a notificação (...). Mas, retornando a nossa referência aos atos processuais, é de assinalar que, se o auto de infração é peça que deve ser lavrada, privativamente, por agentes fiscais, em fiscalização externa, já no que concerne às faltas apuradas em serviço interno da Repartição fiscal, a peça que as documenta é a representação. Notese que esta, como aquele, é peça básica do processo fiscal (...). Portanto, o Auto de Infração deverá conter, entre outros requisitos formais, a penalidade aplicável, a sua ausência implicará na invalidade do lançamento. A falta ou insuficiência de recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigilo com acréscimos e penalidades legais. É de se esclarecer, que a infração fiscal independe da boa fé do contribuinte, entretanto, a penalidade deve ser aplicada, sempre, levandose em conta a ausência de máfé, de dolo, e antecedentes do contribuinte. A multa que excede o montante do próprio crédito tributário, somente pode ser admitida se, em processo regular, nos casos de minuciosa comprovação, em contraditório pleno e amplo, nos termos do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, restar provado um prejuízo para fazenda Pública, decorrente de ato praticado pelo contribuinte. Por outro lado, a vedação de confisco estabelecida na Constituição Federal de 1988, é dirigida ao legislador. Tal princípio orienta a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Não observado esse princípio, a lei deixa de integrar o mundo jurídico por inconstitucional. Além disso, é de se ressaltar, mais uma vez, que a multa de ofício é devida em face da infração às regras instituídas pelo Direito Fiscal e, por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária prevista em lei é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V, do art. 150 da Constituição Federal, não cabendo às autoridades administrativas estendêlo. Assim, as multas são devidas, no lançamento de ofício, em face da infração às regras instituídas pela legislação fiscal não declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, cuja matéria não constitui tributo, e sim de penalidade pecuniária prevista em lei, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no art. 150, IV da CF., não conflitando Fl. 151DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN 14 com o estatuído no art. 5°, XXII da CF., que se refere à garantia do direito de propriedade. Desta forma, o percentual de multa aplicado está de acordo com a legislação de regência. Ora, os mecanismos de controle de legalidade / constitucionalidade regulados pela própria Constituição Federal passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, tal prerrogativa. É inócuo, portanto, suscitar tais alegações na esfera administrativa. De qualquer forma, há que se esclarecer que o Imposto Renda da Pessoa Física é um tributo calculado sobre a renda tributável auferida. Ou seja, é calculado levandose em consideração aos rendimentos tributáveis auferidos e em razão do valor é enquadrada dentro de uma alíquota, não estando o seu valor limitado à capacidade contributiva do sujeito passivo da obrigação tributária. Ademais, os princípios constitucionais têm como destinatário o legislador na elaboração da norma, como é o caso, por exemplo, do principio da Vedação ao Confisco, que orienta a feitura da lei, a qual deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco, cabendo à autoridade fiscal apenas executar as leis. Da mesma forma, não vejo como se poderia acolher o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade formal da multa de ofício e da taxa SELIC aplicada como juros de mora sobre o débito exigido no presente processo com base na Lei n.º 9.065, de 20/06/95, que instituiu no seu bojo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia de Títulos Federais (SELIC). É meu entendimento, acompanhado pelos pares desta Turma de Julgamento, que quanto à discussão sobre a inconstitucionalidade de normas legais, os órgãos administrativos judicantes estão impedidos de declarar a inconstitucionalidade de lei ou regulamento, face à inexistência de previsão constitucional. No sistema jurídico brasileiro, somente o Poder Judiciário pode declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, através do chamado controle incidental e do controle pela Ação Direta de Inconstitucionalidade. No caso de lei sancionada pelo Presidente da República é que dito controle seria mesmo incabível, por ilógico, pois se o Chefe Supremo da Administração Federal já fizera o controle preventivo da constitucionalidade e da conveniência, para poder promulgar a lei, não seria razoável que subordinados, na escala hierárquica administrativa, considerasse inconstitucional lei ou dispositivo legal que aquele houvesse considerado constitucional. Exercendo a jurisdição no limite de sua competência, o julgador administrativo não pode nunca ferir o princípio de ampla defesa, já que esta só pode ser apreciada no foro próprio. Se verdade fosse, que o Poder Executivo deva deixar aplicar lei que entenda inconstitucional, maior insegurança teriam os cidadãos, por ficarem à mercê do alvedrio do Executivo. O poder Executivo haverá de cumprir o que emana da lei, ainda que materialmente possa ela ser inconstitucional. A sanção da lei pelo Chefe do Poder Executivo afasta sob o ponto de vista formal a possibilidade da argüição de inconstitucionalidade, no seu âmbito interno. Se assim entendesse, o chefe de Governo vetálaia, nos termos do artigo 66, § 1º da Constituição. Rejeitado o veto, ao teor do § 4º do mesmo artigo constitucional, promulguea ou não o Presidente da República, a lei haverá de ser executada na sua inteireza, Fl. 152DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 13706.000882/200440 Acórdão n.º 220201.824 S2C2T2 Fl. 8 15 não podendo ficar exposta ao capricho ou à conveniência do Poder Executivo. Facultaselhe, tãosomente, a propositura da ação própria perante o órgão jurisdicional e, enquanto pendente a decisão, continuará o Poder Executivo a lhe dar execução. Imaginese se assim não fosse, facultandose ao Poder Executivo, através de seus diversos departamentos, desconhecer a norma legislativa ou simplesmente negarlhe executoriedade por entendêla, unilateralmente, inconstitucional. A evolução do direito, como quer o suplicante, não deve pôr em risco toda uma construção sistêmica baseada na independência e na harmonia dos Poderes, e em cujos princípios repousa o estado democrático. Não se deve a pretexto de negar validade a uma lei pretensamente inconstitucional, praticarse inconstitucionalidade ainda maior consubstanciada no exercício de competência de que este Colegiado não dispõe, pois que deferida a outro Poder. Ademais, matéria já pacificada no âmbito administrativo, razão pela qual o Presidente do Primeiro Conselho de Contribuintes, objetivando a condensação da jurisprudência predominante neste Conselho, conforme o que prescreve o art. 30 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes (RICC), aprovado pela Portaria MF nº 55, de 16 de março de 1998, providenciou a edição e aprovação de diversas súmulas, que foram publicadas no DOU, Seção I, dos dias 26, 27 e 28 de junho de 2006, vigorando para as decisões proferidas a partir de 28 de julho de 2006. Atualmente estas súmulas foram convertidas para o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, pela Portaria CARF nº 106, de 2009 (publicadas no DOU de 22/12/2009), assim redigidas: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2)” e “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).” Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 153DF CARF MF Impresso em 31/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por NELSON MALLMANN
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Numero do processo: 13886.000024/2008-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Mar 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 2004
IRPF. ISENÇÃO. CONTRIBUINTE PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(Súmula CARF no. 63). Recurso provido.
Numero da decisão: 2202-001.659
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ISENÇÃO. CONTRIBUINTE PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(Súmula CARF no. 63). Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Fl. 48DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiros Helenilson Cunha Pontes. Fl. 49DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13886.000024/200858 Acórdão n.º 220201.659 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, MARLENE GALANTE SPAGNOL, foi lavrado NL relativo ao IRPF, ano calendário 2003, que alterou o resultado da Declaração de Ajuste de imposto a restituir de R$ 6.750,56 para R$ 1.468,99, com saldo de imposto a restituir ajustado de R$ 1.127,08, tendo em vista imposto já restituído de R$ 341,91. O lançamento foi decorrente de omissão de rendimentos tributáveis recebidos da Prefeitura Municipal de Americana, CNPJ 45.781.176/000166, no valor de R$ 43.009,18. A filha da contribuinte, Regina Célia Galante Spagnol, tornou ciência do lançamento em 11/01/2008, via postal, conforme fl. 07, e ingressou com a impugnação (fl. 01), em 17/01/2008, na qual alega, em síntese, que não concorda com a notificação de lançamento, uma vez que o relatório médico entregue constava a doença na qual dá direito ao gozo da isenção do rendimento, porém com palavras técnicas usadas nos meios médicos. Apresenta novo relatório médico comprovando a doença como consta na lei. A DRJ ao apreciar os argumento do recorrente, julgou o lançamento procedente, tendo em vista que não estaria comprovado que os rendimentos seriam decorrentes de aposentadoria. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FíSICA IRPF Anocalendário: 2003 PORTADORA DE MOLÉSTIA GRAVE ISENÇÃO Para a contribuinte portadora de moléstia grave ter direito à isenção são necessárias duas condições concomitantes, urna é que os rendimentos sejam oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão, c sua complementação, e a outra é que seja portadora de urna das doenças previstas no texto legal. Impugnação Improcedente Insatisfeita a contribuinte interpõe recurso voluntário reiterando suas razões e fazendo acostar aos autos os documentos de fls.51, onde visa demonstrar a natureza de sua enfermidade. É o relatório. Fl. 50DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço. A discussão no presente processo cingese à exigência de crédito tributário decorrente do imposto de renda pessoa física, relativo ao exercício de 2004. O recorrente considerou como isento os rendimentos da Prefeitura Municipal de Americana. Segundo a autoridade recorrida não estaria demonstrado que os rendimentos seriam decorrentes de aposentadoria. O inciso XXXIII do artigo 39, do Decreto n.o 3000/99, assim dispõe: "Art. 39 Não entrarão do cômputo do rendimento bruto: XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira ... " No que se refere a moléstia grave, essa estava devidamente comprovada.Entretanto o que não estava claro, é se a recorrente encontravase aposentada. Segundo o documento de fls.34 e 35, efetivamente estava aposentada, fazendo jus a isenção prescrita em lei. Cabe registrar a posição sumulada sobre essa matéria, tal como se depreende a seguir: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. (Súmula CARF Nº 43). Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 51DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 24/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 13706.005409/2007-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Ano-calendário: 2004
RENDIMENTOS DE ANISTIADO POLÍTICO.
ISENÇÃO.
Os rendimentos recebidos pelos anistiado s político s, nos termos da Lei nº 10.559, de 2002, são isentos do imposto de renda apenas a partir de 29 de agosto de 2002. RENDIMENTOS DE ANISTIADO POLÍTICO. ISENÇÃO. A isenção do imposto de renda dos rendimentos relacionados § 1º do Decreto nº 4.897/03 não está condicionada a prévio requerimento de substituição do pagamento daqueles rendimentos pelo regime de prestação mensal, permanente e continuada, instituído pela Lei nº 10.559/2002. Recurso provido.
Numero da decisão: 2202-001.780
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Conselheiro Relator.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ISENÇÃO. Os rendimentos recebidos pelos anistiado s político s, nos termos da Lei nº 10.559, de 2002, são isentos do imposto de renda apenas a partir de 29 de agosto de 2002. RENDIMENTOS DE ANISTIADO POLÍTICO. ISENÇÃO. A isenção do imposto de renda dos rendimentos relacionados § 1º do Decreto nº 4.897/03 não está condicionada a prévio requerimento de substituição do pagamento daqueles rendimentos pelo regime de prestação mensal, permanente e continuada, instituído pela Lei nº 10.559/2002. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Conselheiro Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Fl. 175DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13706.005409/200700 Acórdão n.º 220201.780 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, MYRA SABOYA BEZERRA DE MENEZES, foi lavrada Notificação de Lançamento (NL) em 01/10/2007 (fl. 46/49), que alterou o valor do Imposto a Restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual — DAA Exercício 2005, entregue (transmitida) em 30/07/2006, de R$ 25.555,55 para R$ 415,88, apurando o saldo de Imposto a Restituir de R$ 137,50. No procedimento de revisão da referida DAA Exercício 2005, foram confrontados os valores de rendimentos tributáveis declarados com os valores de rendimentos informados pelas Fontes Pagadoras em Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), constatandose a omissão dos rendimentos sujeitos A tabela progressiva no valor de R$.113.032,06, recebidos da Fonte Pagadora COMANDO DA AERONÁUTICA, CNPJ 00.394.429/008276. Cientificada do lançamento em 12/12/2007 (fl. 42) e não se conformando, a Interessada apresentou impugnação em 20/12/2007, requerendo prioridade de tramitação em consonância com o art. 71, §3°, da Lei 10.741/2003 e alegando em síntese que: Não houve omissão de rendimentos, pois a Interessada é viúva e sucessora de José Guilherme Bezerra de Menezes, militar da Aeronáutica, declarado anistiado em 24/06/1980, conforme cópia de publicação no D.O.U. em anexo (fl. 12 dos presentes autos), estando isenta do Imposto de Renda, conforme dispõe o art. 9° c.c art 19 da lei 10599/2002, que trata do regime do anistiado politico, a qual regulamentou o art. 8° do ADCT; art. 1° do Decreto 4.897 e art. 106, I do CTN. em 30/09/2002 a impugnante protocolou requerimento junto ao Ministério da Justiça sob n° 2002.01.12017 para alteração do regime de anistiado politico, visando formalizar a situação jurídica préexistente definidora do direito A isenção que tem eficácia imediata conforme art. 5° §1° da CRFB/88; a demora no desfecho do referido requerimento viola a garantia constitucional prevista no art 50, LXXVIII, da CRFB/88, e a Interessada não pode ser alijada de suas garantias constitucionais e legais até a sua conclusão, sendo neste sentido a Exposição de motivos n° 197 do Ministério da Justiça, DOU de 09/12/2003, que determinou que a isenção independe da análise do requerimento ; embora a isenção fosse um direito da impugnante desde agosto de 2002, o Ministério da Aeronáutica ilegalmente continuou retendo o Imposto de Renda na fonte, reconhecendo a isenção somente a partir de junho de 2006, com a devida restituição das retenções dos meses de janeiro de 2006 a maio de 2006, dai porque a Dirf do exercício 2005 está em desacordo com a legislação; Fl. 177DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 a Solução de consulta n° 192 , de 29/07/2004, da SRF, reconhece a isenção do Imposto de Renda dos anistiados, independente da análise do requerimento de substituição de regime; considerando a legislação citada e a orientação obtida no Plantão Fiscal, de que deveriam ser retificadas as declarações da impugnante a partir de 2002, foi efetuada a retificação da DAA Exercício 2005, informando os rendimentos tributáveis de R$ 6.246,38, com direto a restituição de R$ 25.555,55, não podendo ser aplicada qualquer sanção, mormente a suposta omissão de rendimentos; a Interessada assentou sua confiança na orientação que lhe foi dada e na legislação, com base no Principio da Confiança que se infere dos Princípios da Moralidade Administrativa (art. 37 da CRFB/88). Transcreve doutrina de Humberto Avila. A Interessada menciona outro contribuinte que em situação análoga teria procedido A retificação da DAA Exercício 2005 e teria obtido a restituição do IR a partir de 2002, argumentando que a Administração Pública Fazendária deve dispensar o mesmo tratamento aos contribuintes conforme Principio da isonomia constitucional (art. 50, caput, da CRFB). Anexa os documentos de fls. 07 a 41, e conclui por requerer o acolhimento da impugnação para o fim de desconstituição do auto de infração e reconhecimento dos valores de rendimentos tributáveis informados na DAA Exercício 2005, Ano—calendário 2004 Retificadora, bem como dos valores a serem restituídos desde 29/08/2002, afastandose qualquer sanção notadamente a omissão de rendimentos. Do Aditamento a defesa Em aditamento A defesa, a Interessada apresentou a petição de fls.52/58, alegando que, ao contrário do entendimento da autoridade julgadora da la Turma da DRJ/RJ2, nos julgamentos dos processos n° 13706.001929/200735 e 13706.002501/2007 18, que concluíram pelo não conhecimento das impugnações em razão de concomitância entre processo administrativo e judicial, face A existência de Mandado de Segurança (MS), não houve coincidência na causa de pedir e identidade no conteúdo material em discussão. Esclarece a interessada que o referido MS, extinto sem resolução do mérito por ilegalidade passiva ad causam, foi impetrado contra ato ilegal e abusivo do Ministro da Aeronáutica, não se prestando para obter efeitos patrimoniais pretéritos perquiridos na presente via administrativa, dada a sua própria natureza mandamental. Acrescenta que a Solicitação de Retificação de Lançamento — SRL referente A Notificação de Lançamento 2006/607435134192031 teria sido deferida, acatando a retificação do total dos rendimentos tributáveis na declaração, promovida pela contribuinte, referente ao exercício 2006, não sendo cabível não conhecer da presente impugnação, versando sobre a mesma matéria relativa ao exercício 2005. Junta cópia Fl. 178DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13706.005409/200700 Acórdão n.º 220201.780 S2C2T2 Fl. 3 5 da SRL e do seu resultado, bem como do Acórdão proferido no MS n° 11.264DF (200502077630). A DRJ RJ ao apreciar as razões da contribuinte, julga a impugnação improcedente, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ANISTIA POLÍTICA. Os rendimentos percebidos a partir de agosto de 2002, em decorrência de anistia política, sobre os quais houve retenção de imposto de renda na fonte, deverão ser informados como tributáveis na Declaração de Ajuste Anual, enquanto não verificada a substituição de regime prevista no art. 19 da Lei n2 10.559, de 2002. O lançamento é efetuado de oficio quando o contribuinte deixa de informar rendimentos em sua Declaração de Ajuste Anual, implicando redução do imposto a pagar ou devido. ANISTIA POLÍTICA.RETENÇÃO DO IR PELA FONTE PAGADOR.RESTITUIÇÃO VIA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL ANTES DA SUBSTITUIÇÃO DE REGIME.IMPOSSIBILIDADE A isenção aplicável aos valores pagos a titulo de aposentadoria, pensões ou proventos de qualquer natureza aos anistiados políticos, recebidos a partir da vigência da MP 65 de 28.08.2002, posteriormente convertida na Lei 10.559/2002, abrange os benefícios deferidos na vigência da Lei 6.682/79, ainda que pendente de exame, a conversão prevista no art. 19 da citada Lei, porém a restituição de Imposto de Renda porventura retido, somente se dará após deferimento da substituição de regime. Impugnação Improcedente A contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou o Recurso Voluntário, onde reitera os argumentos da impugnação. Que podem ser sintetizados da seguinte forma: 1. cabe registrar que o Ministério da Justiça, nos autos do Processo n. 2002.01.12017, requerido pela ora recorrente, reconheceu a condição de anistiado político do Sr. José Guilherme Bezerra de Menezes, no dia 23/06/2009,; 2. o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que os anistiados políticos como é o caso da recorrente têm direito A isenção do imposto de renda da prestação mensal (indenização) ainda antes da substituição pelo regime (art. 5 da Lei 10.559/2002). É o relatório. Fl. 179DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. O § 6° do art, 150 da Constituição Federal de 1988, com a redação dada pela Emenda Constitucional no. 3, de 17 de março de 1993, assim dispõe § 6° Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativas a impostos, taxas ou contribuições, .vá poderá ser concedido mediante lei especifica, .federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, ,§ 2°, XII, g. Por sua vez, o Código Tributário Nacional (Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1966) ao tratar das isenções, assim determina: Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Portanto, verificase, de pronto, que isenção é sempre decorrente de lei especifica. Os rendimentos de aposentadoria em regime excepcional, na condição de anistiados, têm o mesmo tratamento tributário das demais aposentadorias, ou seja, submetem se às regras da Lei n° 7,713, de 22 de dezembro de 1988, com as alterações posteriores. Tanto a Lei n° 6..683, de 1979, quanto a EC ri' 26, de 27 de novembro de 1985, concederam a anistia política e permitiram o retorno ou a reversão ao serviço ativo dos servidores civis e militares demitidos, postos em disponibilidade, aposentados, transferidos para a reserva ou reformados. Dispôs, ainda, que aqueles que não requeressem o retorno ou a reversão às atividades ou tivessem seu pedido indeferido, seriam considerados aposentados, transferidos para a reserva ou reformados, contandose o tempo de afastamento do serviço ativo para efeito de cálculo de proventos da inatividade ou da pensão, Esses atos não trataram de reparação econômica ou de isenção aos rendimentos que os anistiados passassem a receber, quer na ativa, quer na aposentadoria excepcional. Ao contrário, a Lei IV 6.683, de 1979, em seu art. 11, dispôs que, além dos direitos nela expressos, não geraria quaisquer outros, inclusive aqueles relativos a vencimentos, soldos, salários, proventos, restituições, atrasados, indenizações, promoções ou ressarcimentos. Com o advento da medida provisória n" 65/2002, convertida na Lei n° 10.559, de 2002, que regulamenta o art. 8° do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias Fl. 180DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13706.005409/200700 Acórdão n.º 220201.780 S2C2T2 Fl. 4 7 ADCT, estabelecendo o Regime do Anistiado Político, foi garantido ao anistiado político, entre outros direitos, o da reparação econômica, de caráter indenizatório, em prestação única ou em prestação mensal, permanente e continuada (art. 1°, II), bem assim, dispôs que os valores pagos a título de indenização são isentos do imposto de renda (art. 9 o , parágrafo único). O imposto de renda das pessoas físicas, em obediência ao regime de caixa, deve ser retido pela fonte pagadora no momento do pagamento do rendimento, aplicandose a legislação tributária vigente à época em que estiver sendo efetuado este pagamento. Antes da edição da Medida Provisória n° 65, de 28 de agosto de 2002, posteriormente convertida na Lei n° 10.559, de 13 de novembro de 2002, os valores pagos a título de reparação econômica aos anistiados políticos encontravamse no campo de incidência do imposto de renda. A isenção do imposto de renda, prevista no parágrafo único do art. 90 da Lei n° 10,559, de 2002, alcança os valores pagos a titulo de reparação econômica de caráter indenizatório a anistiado político a partir de 29 de agosto de 2002, data em que a referida medida provisória foi publicada no Diário Oficial da União. Ressaltase que o Decreto n° 4.897, de 25 de novembro de 2003, que regulamentou o parágrafo único do art.. 9' da Lei n° 10,559, de 2002, em seu art.. 2° estabeleceu que as disposições do referido Decreto produziam efeitos a partir de 29 de agosto de 2002 (data da publicação da medida provisória n" 65/2002), nos termos do art. 106, inciso I, da Lei 5.172, de 1966, Código Tributário Nacional. Adicionalmente, quanto à isenção, vale a pena relembrar que os rendimentos recebidos pelos anistiados políticos ao abrigo da Lei n° 6,686, de 1979, não têm caráter indenizatório, por falta de previsão legal, portanto estão sujeitos à tributação pelo imposto de renda. Em face da documentação acostada aos autos, comprovase que houve o reconhecimento da condição de anistiado do Sr. José Guilherme Bezerra de Menezes. Ante ao exposto, voto por dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 181DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 25/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 13839.001836/2003-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Ano-calendário: 1998 DECADÊNCIA. IRRF O direito atribuído à Fazenda Nacional para a constituição do crédito tributário referente ao Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF , tributo sujeito ao lançamento por homologação, extingue-se após cinco anos contados da data do pagamento, crédito, entrega ou remessa dos rendimentos ao beneficiário, conforme o caso. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados de 31 de dezembro de cada ano-calendário questionado, entretanto, na inexistência de pagamento antecipado a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, exceto nos casos de constatação do evidente intuito de fraude. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Argüição de decadência acolhida. Recurso Provido.
Numero da decisão: 2202-001.806
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher a arguição de decadência suscitada pela Recorrente para declarar extinto o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário lançado, nos termos do voto do Relator.
Matéria: DCTF_IRF - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (IRF)
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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IRRF O direito atribuído à Fazenda Nacional para a constituição do crédito tributário referente ao Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF , tributo sujeito ao lançamento por homologação, extinguese após cinco anos contados da data do pagamento, crédito, entrega ou remessa dos rendimentos ao beneficiário, conforme o caso. Havendo pagamento antecipado o direito de a Fazenda Nacional lançar decai após cinco anos contados de 31 de dezembro de cada anocalendário questionado, entretanto, na inexistência de pagamento antecipado a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, exceto nos casos de constatação do evidente intuito de fraude. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Argüição de decadência acolhida. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher a arguição de decadência suscitada pela Recorrente para declarar extinto o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário lançado, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente Fl. 235DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Eivanice Canário da Silva, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann (Presidente). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Rafael Pandolfo e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 236DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13839.001836/200371 Acórdão n.º 220201.806 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, CONTINENTAL DO BRASIL PRODUTOS AUTOMOTIVOS LTDA, foi lavrado Auto de Infração eletrônico decorrente do processamento da DCTF do anocalendário 1998, lavrado em 23/06/2003, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 36.502,27, discriminado em imposto, multa vinculada e juros de mora calculados até 30/06/2003. A infração decorre da constatação da falta de localização de pagamento, tudo vinculado a débitos de IRRF, e foi enquadrada nos dispositivos legais indicados no demonstrativo de fls. 18. A interessada foi cientificada via postal, em 21/07/2003 (AR de fls. 78). Inconformada com a exigência fiscal, a contribuinte, por intermédio de seus representantes legais, apresentou, em 31/07/2003, impugnação de fls. 01/04, acompanhada de documentos de fls. 05/73. Inicialmente, protesta pela decadência do crédito tributário relativo ao IRF de abril a julho de 1998, com fundamento nos arts. 150, §4°, 156, V e 173 do Código Tributário Nacional. No mais, acrescenta que no ano de 1998 a empresa possuía a denominação de Continental do Brasil Produtos Automotivos Ltda, existindo a matriz em Jundiai/SP e uma filial em Ponta Grossa/PR, esta última identificada pelo CNPJ 02.036.483/000290. E que somente em 1999 a autuada foi incorporada como filial, recebendo o CNPJ 02.036.483/0004 52, passando a assumir a condição de matriz (CNPJ 02.036.483/000100), após a 22a alteração contratual. Explica que os recolhimentos alegados reportamse à época da matriz em Jundiai e da filial em Ponta Grossa, de sorte que os DARF foram recolhidos com os respectivos números de CNPJ. Voltandose ao Anexo III do Auto de Infração (doc. 03), afirma que os montantes exigidos foram recolhidos em sua totalidade, no tempo hábil e valores corretos, conforme DARF anexos (doc. 08), pelo que requer a improcedência do lançamento. Do contrário, protesta seja reconhecida a decadência dos créditos constituídos entre os meses de abril a julho de 1998 e declarada a sua extinção. Encerra requerendo que todas as intimações e notificações emitidas sejam enviadas para o departamento jurídico estabelecido no endereço que indica. Em 15/05/2006 a contribuinte novamente se manifesta nos autos (fls. 79/80), em virtude do recebimento da Comunicação de Revisão do Lançamento e Cobrança de fls. 81, protestando pela suspensão da exigibilidade do crédito tributário, ante a impugnação anteriormente apresentada. As fls. 94, revisando o lançamento ora impugnado, manifestouse a autoridade administrativa, opinando pelo cancelamento da exigência do crédito tributário Fl. 237DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 discriminado nos demonstrativos de consolidação e recálculo de fls. 90/93, uma vez que demonstrada a sua improcedência, face a comprovação apresentada. Em seu despacho de encaminhamento, a autoridade preparadora informa que "os débitos remanescentes foram constituídos para a 1° semana de abril e os pagamentos apresentados para os mesmos encontramse alocados a débitos de mesmo valor declarados para a 5a semana de marco". A DRJ – Campinas ao apreciar as razões do interessado, julgou o lançamento procedente em parte nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1998 ENDEREÇAMENTO DAS INTIMAÇÕES. É prevista a intimação do sujeito passivo apenas no domicilio tributário, assim considerado o do endereço postal, eletrônico ou de fax, pelo contribuinte fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1998 DECADÊNCIA. Incabível a argüição de decadência para débitos declarados em DCTF, em razão da regular constituição do crédito tributário mediante confissão de divida. DÉBITO DECLARADO EM DCTF. FALTA DE RECOLHIMENTO. Ausente da defesa apresentada a documentação hábil e idônea a comprovar eventual erro no preenchimento da declaração, mantémse a exigência fiscal do valor declarado em DCTF, cujo pagamento não foi comprovado. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do principio da retroatividade benigna, exonerase a multa de oficio no lançamento decorrente de pagamentos não comprovados, apurados em declaração prestada pelo sujeito passivo, por se configurar hipótese diversa daquelas versadas no art. 18 da Medida Provisória n° 135/2003, convertida na Lei n° 10.833/2003. Lançamento Procedente em Parte A autoridade recorrida entendeu por bem cancelar a multa de lançamento de ofício. Insatisfeito o interessado interpões recurso voluntário onde reitera a preliminar de decadência, indicando que o cobrança do credito tributário principal é improcedente por que teria ocorrido tão somente erros no preenchimento da declaração. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13839.001836/200371 Acórdão n.º 220201.806 S2C2T2 Fl. 3 5 A 2ª. Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, declinaram da competência para a 2ª. Secão de julgamento. É o relatório. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso voluntário preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço Cabe registrar que após a revisão de ofício restou para apreciação apenas os seguintes tributos: Desse modo antes da análise do mérito, notase questão prejudicial da decadência. De se dizer de início, que o Imposto de Renda Retido na Fonte — IRRF é um tributo sujeito ao lançamento por homologação, ou seja, aquele em que a lei determina que o sujeito passivo, interpretando a legislação aplicável, apure o montante tributável e efetue o recolhimento do imposto devido, sem prévio exame da autoridade administrativa, conforme definição contida no caput do art. 150 do CTN, tendo sua decadência regrada, em princípio, pelo § O deste mesmo artigo (cinco anos contados da data do fato gerador). Cumpre lembrar que o parágrafo O do art. 150 exclui expressamente do seu escopo os casos em que seja constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, aplicandose, por conseguinte, a regra geral prevista no art. 173 do CTN. Desta forma, não havendo nos autos evidências de que tenha ocorrido dolo, fraude ou simulação, aplicase a regra geral para o prazo decadencial prevista para os tributos sujeitos a lançamento por homologação (cinco anos da data da ocorrência do fato gerador). Em se tratando de lançamento de IRRF, o fato gerador é instantâneo ocorrendo na data do pagamento, crédito, entrega ou remessa dos rendimentos ao beneficiário, conforme o caso. No caso em análise, está se exigindo o IRRF referente a pagamento de Rendimento do Trabalho Assalariado (código 0561) relativo a fatos geradores ocorridos em abril de 1998. Uma vez que a contribuinte foi cientificada do presente Auto de Infração em 21/07/2003 (AR de fls. 78). em relação aos fatos gerados ocorridos em análise, constatase que já havia decaído o direito da Fazenda Pública constituir o crédito tributário referente ao 1RRF declarado e não recolhido. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 13839.001836/200371 Acórdão n.º 220201.806 S2C2T2 Fl. 4 7 É oportuno acrescentar que conforme verificase no termo de verificação fiscal houve o recolhimento de imposto retido na fonte sobre códigos naquele período de apuração. Desse modo não há como afirmar que não houve antecipação de pagamento. Assim como o lançamento não foi caracterizado como dolo ou com evidente intuito de fraude, o que justificaria a aplicação de art, 173 do CTN. Ante ao exposto, voto por acolher a argüição de decadência suscitada pelo Recorrente, para declarar extinto o direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 241DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 24/05/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 23/05/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Numero do processo: 10850.720761/2010-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Sun Jun 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2006
VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA FORNECIDO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA.
Deve ser mantido o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), cujo levantamento foi realizado mediante a utilização dos VTN médios por aptidão agrícola, fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, mormente, quando o contribuinte não comprova e nem demonstra, de maneira inequívoca, através da apresentação de documentação hábil e idônea, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado. Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.900
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR Exercício: 2006 VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA FORNECIDO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA. Deve ser mantido o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), cujo levantamento foi realizado mediante a utilização dos VTN médios por aptidão agrícola, fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, mormente, quando o contribuinte não comprova e nem demonstra, de maneira inequívoca, através da apresentação de documentação hábil e idônea, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado. Recurso negado.
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SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO POR APTIDÃO AGRÍCOLA FORNECIDO PELA SECRETARIA ESTADUAL DE AGRICULTURA. Deve ser mantido o Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), cujo levantamento foi realizado mediante a utilização dos VTN médios por aptidão agrícola, fornecidos pela Secretaria Estadual de Agricultura, mormente, quando o contribuinte não comprova e nem demonstra, de maneira inequívoca, através da apresentação de documentação hábil e idônea, o valor fundiário do imóvel e a existência de características particulares desfavoráveis, que pudessem justificar a revisão do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente Fl. 652DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez, Julianna Bandeira Toscano, Rafael Pandolfo e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Pedro Anan Junior, Odmir Fernandes e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 653DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, ELZA VETORASSO MENDES, foi lavrada Notificação de Lançamento, mediante a qual se exige a diferença de Imposto Territorial Rural ITR, Exercício 2006, no valor total de R$ 57.945,28, do imóvel rural denominado Fazenda Santa Cruz, com área total de 1.410 ha., Número de Inscrição – NIRF 3.104.0993, localizado no município de MeridianoSP. Na descrição dos fatos e enquadramento legal, o lançamento de ofício decorreu da alteração da Declaração de Imposto Sobre a Propriedade Territorial Rural – DITR em relação aos seguintes fatos tributários: Valor da Terra Nua VTN: o contribuinte apresentou valores de terras extraídos do sítio, na internet, do IEA – Instituto de Economia Agrícola (SAAESP), os quais foram rejeitados como prova do VTN porque, segundo a autoridade fiscal, não atestam os valores declarados Para a comprovação do Valor da Terra Nua, o sujeito passivo apresentou somente os valores contidos nas páginas obtidas através da internet do IEA – Instituto de Economia Agrícola (SAAESP) – f. 73 que não atestam os valores declarados. Portanto em relação ao Valor da Terra Nua, o interessado não apresentou o Laudo de avaliação do Valor da Terra Nua do imóvel emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, conforme estabelecido na NBR 14.653 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT com fundamentação e grau de precisão II, com anotação de responsabilidade técnica ART registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados e suas planilhas de cálculo, e preferivelmente pelo método comparativo direto de dados de mercado. Nem tampouco a apresentação de avaliação efetuada pelas Fazendas Públicas Estaduais (exatorias), Municipais, ou aquelas efetuadas pela Emater, não apresentando os métodos de avaliação e as fontes pesquisadas, que levassem à convicção do valor atribuído ao imóvel na Declaração do ITR DITR 2006.. Diante disso, o valor declarado pelo sujeito passivo foi substituído pelo VTN constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal – SIPT, apurado pela Secretaria Estadual de Agricultura. Foi adotada a menor avaliação disponível no SIPT, correspondente a R$ 6.611,57o hectare (f. 25). O sujeito passivo foi cientificado por aviso de recebimento postal em 22/11/2010, conforme consta da f. 337. Em 22/12/2010 a interessada, representada por advogado qualificado nos autos, apresentou impugnação, f. 349359, e, após relatar os motivos da autuação, passou a tecer suas alegações, cujos pontos relevantes para a solução do litígio são: Fl. 654DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Preliminar Sustenta que as Declarações do ITR de 2006 e 2007 foram regularmente declarados em nome do Espólio com a indicação da inventariante Elza Vetorasso Mendes. Alega nulidade do lançamento por não indicar corretamente o enquadramento legal, na medida em que é o art. 8o § 2o da Lei 9.393/96 que estabelece como será declarado o valor da terra nua. Mérito Alega que o valor da terra nua declarado encontrase correto e foi comprovado com base nos valores publicamente disponibilizados pelo IEA Instituto de Engenharia Agrícola, cuja idoneidade é incontestável, não havendo na lei nenhuma norma que obrigue a apresentação de laudo emitido por engenheiro agrônomo ou florestal nos termos 14.653 da ABNT da NBR. Não obstante isso, ora apresenta laudo técnico nos moldes requeridos pela fiscalização. A DRJ ao apreciar os argumentos do contribuinte, entendeu que o lançamento está correto, nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 HERDEIROS. LEGITIMIDADE PASSIVA. Após a data da partilha, os herdeiros passam a ser contribuintes do ITR na condição de proprietários do imóvel rural. MOTIVAÇÃO. VALIDADE DO LANÇAMENTO. Não há nulidade do lançamento quando não se configura óbice à defesa ou prejuízo ao interesse público. DILAÇÃO PROBATÓRIA. NÃO CABIMENTO. Em regra, a prova documental deve ser apresentada juntamente com a impugnação, sob pena de preclusão, com exceção das hipóteses do § 4º do art. 16 do Decreto n.º 70.235/1972. VALOR DA TERRA NUA. PROVA. O valor da terra nua, apurado pela fiscalização em procedimento de ofício nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passível de alteração quando o contribuinte não apresenta elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor. Impugnação Improcedente. Insatisfeito, o interessado interpõe recurso tempestivo, reiterando os mesmos argumentos da impugnação. Enfatiza particularmente o valor da terra nua. É o relatório. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Do VTN Quanto à discussão em torno do VTN. sabese que os dados constantes do SIPT são genéricos para a região, e alimentados em grande parte por informação de outros órgãos e também pelas Prefeituras, mas sempre de forma agregada. Ocorre entretanto que o recorrente não apresentou qualquer documentos que evidencie que os valores arbitrados não correspondem a realidade dos fatos. Deste modo, entendo que não demonstrada a existência de eventuais características particulares desvantajosas que desvalorizem o imóvel, prevalecem os valores constantes do SIPT Sistema de Preços da Terra. Acrescentese por pertinente que no documento de fls. 12, indicase os critérios para cálculo do VTN médio, incluindo ali a aptidão agrícola. No que diz respeito ao Valor da Terra Nua para fins de apuração do ITR, o artigo 8º, da Lei nº 9.393, de 1996, determina que ele refletirá o preço de mercado de terras apurado no dia 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado auto avaliação da terra nua a preço de mercado. Uma vez que o contribuinte não apresentou o laudo, elaborado por profissional devidamente cadastrado, foi arbitrado o valor do VTN com base nas informações constantes da IN 42/97, Entendo que os valores da IN podem ser utilizados nesse caso, uma vez que o Recorrente não apresentou laudo técnico de avaliação onde se demonstra de maneira técnica e clara o valor de hectare do imóvel objeto de lançamento. Desta forma, não há como acolher os argumentos do recorrente no tocante ao VTN. Na análise da matéria assim se pronunciou com pertinente a autoridade de primeira instância: Nessa fase processual a impugnante apresenta Laudo Técnico de avaliação emitido por engenheiro agrônomo, acompanhado de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, f. 380404, repetido às f. 556576. O laudo atesta que o VTN por hectare do imóvel é R$ 8.323,98, concluindo, portanto, que o valor da terra nua do imóvel é maior do que o arbitrado no lançamento. Eventual aceitação do laudo técnico ensejaria acréscimo do crédito tributário lançado, o que não é permitido nessa fase processual. Fl. 656DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Ademais, o fato é que o laudo técnico de avaliação apresentado pelo contribuinte é ineficaz para provar o valor da terra nua do imóvel em questão, por desatender os requisitos da Norma NBR 146533, pois: a) não está embasado em transações imobiliárias efetivas, no mínimo de cinco, as quais não são substituídas por meras ofertas extraídas de jornal ou da internet. O laudo está embasado em três anúncios de venda de imóveis rurais, extraídos da internet, sendo que um imóvel está localizado no município de Fernandópolis, um imóvel no município de Votuporanga e um imóvel sem informação de localização. Logo, as amostras não se referem ao mesmo município do imóvel avaliado; b) está embasado em uma opinião de profissional (RURAL Imóveis). Conforme consta do item 9.2.3.1 da norma NBR 146533 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABN, quando os elementos amostrais do laudo são formados em sua maioria de opiniões, fica caracterizado o grau I. Não obstante isso, o laudo que deixa de adotar no mínimo cinco elementos de mercado, por si só, não atinge o grau de fundamentação II, nos termos do item 9.2.3.5 da norma NBR 146533 da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, acima transcrito. O grau de fundamentação é um parâmetro objetivo estabelecido pela Norma para dimensionar, em sua maior parte, os recursos empregados na elaboração do laudo. No sopesamento das provas, o laudo técnico de avaliação com grau de fundamentação inferior a II dispõe de menor poder de convencimento para a autoridade julgadora, de molde que pende a balança pela manutenção do critério legal, qual seja, os preços previamente catalogados pela Receita Federal. Em síntese, não há prova eficaz do valor da terra nua da propriedade em questão e, na falta da peça técnica adequada, deve ser mantida a avaliação fiscal realizada combase no art. 14 da Lei 9.393/96. Uma vez que não foi apresentado pelo recorrente Laudo Técnico de Avaliação que atendesse as condições elencadas pela norma da ABNT. Não há, portanto, como alterar o valor da terra nua apurado no lançamento. Cabe registra que não entendo que apenas pela fato de um laudo estar subscrito por profissional devidamente habilitado, atende ao disposto no artigo 3º , parágrafo quarto, da Lei nº 8.847/94, que assim estabelece: “Art. 3º A base de cálculo do imposto é o Valor da Terra Nua (VTN), apurado no dia 31 de dezembro do exercício anterior. § 1º O VTN é o valor do imóvel, excluído o valor dos seguintes bens incorporados ao imóvel: I Construções, instalações e benfeitorias; II Culturas permanentes e temporárias; III Pastagens cultivadas e melhoradas; IV Florestas plantadas. Fl. 657DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 4 7 § 2º O Valor da Terra Nua mínimo (VTNm) por hectare, fixado pela Secretaria da Receita Federal ouvido o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária, em conjunto com a Secretaria de Agricultura dos Estados respectivos, terá como base levantamento de preços do hectare da terra nua, para os diversos tipos de terras existentes no Município. § 3º O VTN aceito será convertido em quantidade de Unidade Fiscal de Referência (Ufir) pelo valor desta no mês de janeiro do exercício da ocorrência do fato gerador. § 4º A autoridade administrativa competente poderá rever, com base em laudo técnico emitido por entidades de reconhecida capacitação técnica ou profissional devidamente habilitado, o Valor da Terra Nua mínimo (VTNm), que vier a ser questionado pelo contribuinte.” (grifamos) Com efeito, ainda que devidamente assinado por profissional habilitado, o Laudo Técnico somente terá o condão de modificar o VTN mínimo presumido da Região, na hipótese de alinhavarse com as normas procedimentais ditadas pela ABNT, mais especificadamente aquelas relativas à avaliação de imóveis rurais. Outro não é o entendimento levado a efeito por este Conselho Administrativo, ao tratar da matéria, como se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “ITR/94. VALOR DA TERRA NUA VTNm. LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO. REVISÃO. O laudo técnico de avaliação para que tenha validade e produza efeitos pretendidos através da revisão do VTNm, além de ser elaborado por profissional habilitado e acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica ART, deve revestirse de formalidades e exigências técnicas mínimas, que corroborem para a sua eficácia, não devendo limitarse a ser um mero documento informativo. A base de cálculo do imposto é o valor da terra nua – VTN, apurado no dia 31 de dezembro do exercício anterior. A data registrada no laudo técnico o torna inservível, por encontrarse em desacordo com a lei de regência sobre a matéria. Recurso especial provido.” (3a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, Recurso nº 325.167 – Acórdão nº CSRF/0304.255 – Sessão de 21/02/2005) (grifamos) “TR – EXERCÍCIO 1994. VALOR DA TERRA NUA. A revisão do VTN mínimo é condicionada à apresentação de laudo técnico de acordo com as exigências legais, especialmente as referentes ao valor e às fontes de sua pesquisa. JUROS DE MORA Os juros de mora têm caráter compensatório e são exigidos pela não disponibilização do valor devido à Fazenda Pública. Sua fluência só se interrompe se a impugnação for acompanhada do depósito integral do crédito tributário considerado devido. MULTA DE MORA Nos lançamentos de ITR em que não exista a obrigação de antecipação do imposto, havendo impugnação, a multa de mora só é cabível após o vencimento do prazo de intimação de decisão Fl. 658DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 8 final administrativa. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO POR UNANIMIDADE” (1a Câmara do 3o Conselho – Recurso nº 326.064, Acórdão nº 30130761, Sessão de 11/09/2003) “ITR/95. VTN. REVISÃO. LAUDO. PROVA INSUFICIENTE. Laudo Técnico de Avaliação que não atenda às exigências legais, especialmente as relativas à pesquisa e comprovação das fontes, é prova insuficiente para a revisão do lançamento em que se adotou o VTNm. CNA. LEGALIDADE. As contribuições lançadas com o ITR têm natureza tributária e fundamento nos art. 149 e 8º, inc. V, parte final, da CF/88, e art. 10, § 2 º do Ato das Disposições Constitucionais transitórias. MULTA DE MORA. A multa de mora só é exigível, na vigência da Lei 8.847/94, após a constituição definitiva do crédito tributário. JUROS DE MORA. A fluência dos juros de mora só é interrompida se a impugnação for acompanhada do depósito integral do crédito tributário contestado. Recurso parcialmente provido por unanimidade.” (1a Câmara do 3o Conselho – Recurso nº 322.872, Acórdão nº 30130534, Sessão de 25/02/2003) Na hipótese dos autos, da detida análise do Laudo de Avaliação apresentado pelo contribuinte, o documento não faz menção detalhada a “escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; a homogeneização dos elementos pesquisados, de acordo com o nível de precisão da avaliação; a pesquisa de valores, abrangendo avaliações e/ou estimativas anteriores, produtividade das explorações, e transações e ofertas” Destarte, o laudo apesar de descrever as dimensões do imóvel, os seus aspectos físicos e nível de manejo pela análise da vegetação, hidrografia, solos, relevo, tipo de exploração, clima, conservação do solo e recursos hídricos, quais as áreas são destinadas a pastagens, culturas, a preservação ambiental, inclusive as inaproveitáveis, pecou no sentido de trazer elementos imprescindíveis quanto a avaliação do VTN. Para tanto, deveria ter observado as normas constantes da ABNT, especialmente o disposto nos itens 2 e 3, de modo que restasse devidamente comprovada a justificativa da fixação do VTN de forma individualizada e específica para a propriedade do contribuinte, confirase: “ 2 – Pesquisa de valores, com identificação das fontes pesquisadas, abrangendo: 2.1 – avaliação e/ou estimativas anteriores; 2.2 – valores fiscais; 2.3 – transações e ofertas; 2.4 – valor dos frutos; 2.5 – produtividade das explorações; 2.6 – formas de arrendamento, locação e parcerias; 2.7 – informações (bancos, cooperativas, órgãos oficiais e de assistência técnica); 3 – Escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; Fl. 659DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10850.720761/201012 Acórdão n.º 220201.900 S2C2T2 Fl. 5 9 4 – Homogeneização dos elementos pesquisados, de acordo com o nível de precisão da avaliação; 5 – Determinação do valor final com indicação da data de referência; 6 – Conclusões com os fundamentos resultantes da análise final; e 7 – Data da vistoria;” Ademais, referido laudo, igualmente, não fez menção detalhada a metodologia utilizada, seja para a coleta ou mesmo para a homogeneização dos dados levantados, com o fito de justificar a conclusão levada a efeito pelo perito, sobretudo em relação ao procedimento adotado para a demonstração do valor da terra nua que, de fato, deveria ser aplicável a propriedade rural do contribuinte. Ante ao exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 660DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 10/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 11516.001485/2007-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 2202-000.237
Decisão: RESOLVEM os Membros da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Marcos Joaquim Gonçalves Alves, inscrito na OAB/DF sob o nº 20.389.
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Conselheiro Relator. Fez sustentação oral, o seu representante legal, Dr. Marcos Joaquim Gonçalves Alves, inscrito na OAB/DF sob o nº 20.389. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiros Helenilson Cunha Pontes. Fl. 1002DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 2 2 RELATÓRIO Em desfavor da contribuinte, IDELI SALVATI, foi lavrado auto de infração de folhas 797 a 808, onde exigese a importância de R$ 27.984,00, acrescida de multa de oficio de 75% e juros de mora, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2004 e 2005, anoscalendário 2003 e 2004. Da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is), às folhas 798 a 802, verificase que a autuação é decorrente da apuração de omissão de rendimentos do trabalho com vinculo empregatício recebidos de pessoa jurídica. A autoridade fiscal fundamenta o lançamento: Conforme os comprovantes de rendimentos emitidos pela fonte pagadora SENADO FEDERAL, CNPJ 00.530.279/000115, a interessada recebeu rendimentos a titulo de Ajuda de Custo, informados como rendimentos isentos e não tributáveis, conforme segue (fls. 26, 28, 33, 39, 40, 41 e 52); [..] [R$ 50.880,00, em uma parcela de R$ 25.440,00 e duas de R$ 12.720,00, no anocalendário 2003; e R$ 50.880,00, em quatro parcelas de R$ 12.720,00, no anocalendário 2004] Como se pode observar, no presente caso, o pagamento feito contribuinte a titulo de "Ajuda de Custo" não se enquadra dentro da previsão legal para a concessão de isenção do imposto. O rendimento em questão, ainda que denominado "Ajuda de Custo", pela fonte pagadora, traduz, na realidade, aquisição de disponibilidade econômica, porquanto acresce o patrimônio do beneficiário e não repõe patrimônio anteriormente existente. Tanto isso é verdade que se não considerarmos os valores recebidos a titulo de "Ajuda de Custo" ocorre o acréscimo patrimonial a descoberto — ou seja, os recursos declarados se mostram insuficientes para cobrir todas as aplicações realizadas pela interessada no ano de 2003 — nos seguintes meses: Setembro de 2003 — R$ 1.763,83 Dezembro de 2003 — R$ 8.639,12 A contribuinte foi intimada a prestar esclarecimentos acerca do acréscimo patrimonial a descoberto e assim se manifestou: Quanto ao item (h), essa D. Fiscalização apresenta Demonstrativo Mensal de Evolução Patrimonial 2003 e requer à contribuinte que apresente as explicações que entender necessárias. Assim, vem a contribuinte esclarecer, de inicio, que não foram considerados por essa D. Fiscalização, como recursos recebidos em 2003, os valores pagos pelo Senado Federal nos dias 02/07/2003, 31/07/2003 e 09/12/2003, no montante de R$ 12.720,00 cada depósito, valores esses que, conforme comprovam os extratos e as folhas de pagamento anexos, foram efetivamente recebidos pela contribuinte em casos de convocação extraordinária durante o período de férias/recesso, e não poderiam ter sido desconsiderados por essa D. Fiscalização. Destaquese que tais valores não foram tributados na fonte em razão do que já restou Fl. 1003DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 3 3 decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: 'Súmula 125 — pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito á incidência do Imposto de Renda' [..] Apesar das alegações da interessada, consideramos que os valores recebidos pela contribuinte a titulo de "Ajuda de Custo" nos anos calendário de 2003 e 2004 se configuram como remuneração por serviços prestados, constituindo rendimento produzido pelo trabalho, revestindose de todas as características formais e legais de fato gerador do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Inconformada com o lançamento, a contribuinte, mediante procurador (folhas 23 e 24) apresenta a impugnação de folhas 812 a 841, na qual, após a descrição dos fatos, expõe suas razões de contestação: Sob o titulo Da descaracterização da Ajuda de Custo e das Diárias como Renda a contribuinte tece diversas considerações acerca do conceito de renda e da natureza jurídica de ajuda de custo/diária, como verbas indenizatórias. A contribuinte, com base nos conceitos jurídicos expostos, discorda do entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB de que seus rendimentos, recebidos do Senado sob a rubrica diárias/ajudas de custo, sofram incidência do imposto de renda. Defende a impugnante que os valores recebidos a titulo de diárias e ajudas de custo, nos anoscalendário 2003 e 2004, se coadunam com a situação hipotética prevista em lei. Alega que todos os documentos necessários e solicitados pela autoridade fiscal foram entregues, cumprindo o que determina a legislação. Explica que os valores recebidos e creditados em conta corrente foram destinados a cobrir despesas de alimentação, deslocamento, com o fim de se realizar serviços eventuais por determinação do empregador. Ressalta o caráter de indenização — com o fim inegável de ressarcir despesas — e conclui que, como não configura acréscimo patrimonial para fins de imposto de renda, as verbas são isentas. A contribuinte transcreve parte da Portaria n° 02/2003, editada pelo próprio Senado Federal, que regulamenta o pagamento da verba indenizatória pelo exercício da atividade parlamentar, instituída pelo Ato da Comissão Diretora n° 3/2003, a qual dispõe que o pagamento da verba indenizatória farseá por meio de ressarcimento ao Senador das despesas efetuadas, entre outras, com aluguel de imóvel e outras taxas; aquisição de material de consumo para o escritório; locomoção do parlamentar e de servidores em cargos de comissão de seu gabinete; combustível; contratação de serviços de apoio ao mandato parlamentar e divulgação da atividade parlamentar. E, conclui: Assim, não obstante que a terminologia utilizada no Ato en, comento se refira a ajuda de custo com caráter indenizatório, é nítida afina/idade exclusivamente repara/ária do pagamento das verbas indeniza/árias aqui tratadas (ajudas de custo/diárias), não sendo possível caracterizá las como qualquer tipo de beneficio tributável, pois, como manifestado Fl. 1004DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 4 4 reiteradas vezes anteriormente, não representam acréscimo patrimonial. Em sua defesa a contribuinte cita jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, do Conselho de Contribuinte do Ministério da Fazenda e de órgãos da RFB, bem como junta, As folhas 843 a 848, Parecer n° 151/2007 da Advocacia Geral do Senado Federal — ADVOSF. Por fim, a impugnante transcreve trechos da Lei n° 8.112/90 — Estatuto dos Servidores Públicos, a fim de reforçar a tese de que indenizações, ajudas de custo e diárias não são tributáveis. No tópico III Da Falta de Sujeição Passiva por Parte da Impugnante, As folhas 834 a 837, a contribuinte alega não ser o sujeito passivo da obrigação tributária. Ao defender sua tese, fundamentada no artigo 121 do CTN e doutos doutrinadores, a impugnante argumenta que a responsabilidade pela retenção do Imposto de Renda Pessoa Física é da fonte pagadora, no caso, o Senado Federal. A impugnante cita, ainda, o Parecer Normativo COSIT n° 01/2002 que determina que, no caso do imposto de renda incidente exclusivamente na fonte, a responsabilidade pela retenção e recolhimento do imposto é da fonte pagadora e a Instrução Normativa n° 306/2003, a qual esclarece que a obrigação pela retenção do imposto de renda incidente sobre o pagamento efetuado é da fonte pagadora. Em sua defesa, a contribuinte cita jurisprudência do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda para concluir que a responsabilidade pelo recolhimento do imposto de renda é exclusiva da fonte pagadora. Como última contestação, a contribuinte alega no tópico IV — Da taxa Selic, As folhas 878 a 881, por razões de variada ordem, a inconstitucionalidade e ilegalidade da utilização da taxa Selic como juros de mora. Por fim, solicita a impugnante — IV— Do Pedido — por todos os meios de prova em direito admitidos, requerendo a improcedência total do lançamento. Os membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Florianópolis proferiram Acórdão que considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003, 2004 SUJEITO PASSIVO. CONTRIBUINTE.APURAÇÃO DEFINITIVA. BENEFICIÁRIO DO RENDIMENTO. 0 sujeito passivo da relação jurídico tributária é o contribuinte, obrigado a informar todos os rendimentos quando da apuração definitiva do imposto de renda na declaração de ajuste anual, independentemente de ter havido a retenção do imposto por antecipação, cuja responsabilidade é da fonte pagadora. Fl. 1005DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 5 5 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003, 2004 NATUREZA INDENIZATÓRIA NA.0 COMPROVADA. TRIBUTAÇÃO. Não logrando o contribuinte comprovar a natureza indenizatória/reparatória dos rendimentos recebidos a titulo de ajuda de custo paga com habitualidade a membros do Senado Federal, constituem eles acréscimo patrimonial incluído no âmbito de incidência do imposto de renda. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003, 2004 ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no Pais, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. JUNTADA DE PROVAS. LIMITE TEMPORAL. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, ou que se refira ela a fato ou direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas por Conselhos de Contribuintes não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, sendo aquela objeto da decisão. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais contrárias à disposição literal de lei, quando não comprovado que o contribuinte figurou como parte na referida ação judicial. Lançamento Procedente A contribuinte, se mostrando irresignada, apresentou o Recurso Voluntário, de fls. 905/932, onde reitera as razões da impugnação, que podem aqui ser sintetizadas: Da preliminar de nulidade do lançamento por ilegitimidade passiva, atribuindo a responsabilidade a fonte pagadora; Da descaracterização de ajuda de custo e das diárias como renda; Fl. 1006DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 6 6 Da natureza jurídica das diárias e da ajuda de custo; Da ilegalidade e da inconstitucionalidade da utilização da taxa selic. Em memorial distribuído na sessão de julgamento de 16/06/2012, a recorrente representado por seu patrono, solicita que seja baixado o processo em diligência, intimando o Senado Federal para que este apresente os comprovantes de gastos relativos a “ajuda de custos”. É o relatório. Fl. 1007DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 7 7 VOTO Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O recurso é tempestivo e preenche o seu pressuposto de admissibilidade. Dele, então, tomo conhecimento. O lançamento teve por base valores recebidos pela Contribuinte, na condição de Parlamentar, a título de “ajuda de custo”. A autoridade lançadora entendeu que tais verbas constituem rendimento tributável. Vale ressaltar que não é a denominação que se dá aos rendimentos pagos que vai determinar sua natureza tributável (ou não), mas os efeitos que esses recebimentos têm sobre o patrimônio do Autuado. No caso de verbas destinadas à reposição de gastos, de fato, não se configura o fenômeno renda, pois não se verifica o acréscimo patrimonial. Para tanto, todavia, é indispensável que o pagamento desses valores esteja vinculado à efetiva comprovação dos gastos a cuja reposição se destina. E, neste caso, o Contribuinte não comprovou a efetividade desses gastos. Importante destacar que a contribuinte apresenta nos autos uma série de recibos com os quais justifica perante o Senado Federal o recebimento de “verba indenizatória”, que é diferente da “ajuda de custo” que foi objeto do lançamento. É certo que a possibilidade de recebimento de verbas indenizatórias destinadas a reposição de gastos não se limita àquelas mencionadas no referido dispositivo, mas é incontestável que tais gastos, em qualquer caso, devem ser comprovados para que se considerem os pagamentos destinados à sua reposição como sendo indenizatórios. Conforme alegado pela Recorrente, esta teria apresentado os devidos requerimentos e comprovações exigidas de todas as despesas em caráter de ajuda de custo, apontando os seguintes documentos (i) Ofício no. 174/2003 (fls.700), (ii) Memorando No. 000243/2003 (fls.738), (iii) Memorando no. 0013/2003 (fl.741) e (iv) Ofício No. 00501/2004 (fl. 793) Para que não reste qualquer dúvida no julgamento, bem como para atender o pleito da Recorrente que em Memorial, reiterou que teria entregue ao Diretor da Secretaria de Fiscalização e Controle do Senado Federal a comprovação das despesas dos valores recebidos como “ajuda de custo”, voto no sentido de ser convertido em diligência para que a repartição de origem tome as seguintes providências: Intimese o Senado Federal a apresentar os comprovantes apresentados pela Recorrente, com os quais alega que comprovaria a “ajuda de custo”. Fl. 1008DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 11516.001485/200740 Resolução n.º 220200.237 S2C2T2 Fl. 8 8 Que a autoridade fiscal se manifeste, em relatório circunstanciado e conclusivo, sobre a validade das provas eventualmente apresentadas, dandose vista a Recorrente, com prazo de 20 (vinte) dias para se pronunciar, querendo. Após vencido o prazo, os autos deverão retornar a esta Câmara para inclusão em pauta de julgamento. É o meu voto. (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 1009DF CARF MF Impresso em 13/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 13/08/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 11/08/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 10240.000275/2004-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 16 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 1999 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXIGÊNCIA DE ADA - A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000 (Súmula CARF Nº 41). JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2202-001.974
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo do imposto a área de preservação permanente (restabelecer a área declarada pela Recorrente), nos termos do voto do Relator.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: ANTONIO LOPO MARTINEZ
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EXIGÊNCIA DE ADA A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000 (Súmula CARF Nº 41). JUROS TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. (Súmula CARF nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo do imposto a área de preservação permanente (restabelecer a área declarada pela Recorrente), nos termos do voto do Relator. Fl. 297DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/09/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 2 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Antonio Lopo Martinez – Relator Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Antonio Lopo Martinez, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausente justificadamente o Conselheiros Helenilson Cunha Pontes. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/09/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10240.000275/200414 Acórdão n.º 220201.974 S2C2T2 Fl. 2 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, AGROPECUARIA R J R LTDA., foi lavrado, em 12/04/2010, a Notificação de Lançamento, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário a título de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, do exercício de 1999, acrescido de multa de ofício (75,0%) e juros legais. A ação fiscal proveniente dos trabalhos de revisão das DITR/2000, determinou a glosa da área de preservação permanente, já que o ADA era intempestivo, bem como da área de pastagens já que não houve confirmação da existência de rebanho compatível. Cientificada, a contribuinte alega que a área de preservação existe, não se manifesta sobre a área de pastagens. A DRJ Campo Grande ao apreciar as razões da interessada, julgou a impugnação procedente. Insatisfeito o interessado interpõe recurso voluntário onde reiterando ponto descritos na impugnação. Desta a existência da APP e questia a taxa selic e a multa confiscatória. É o relatório. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/09/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 4 Voto Conselheiro Antonio Lopo Martinez, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Da Exigência do ADA A exigência do ADA como requisito para a exclusão das áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR encontrase estabelecida no 10 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal nº 43, de 1997, com redação da IN SRF nº 67, de 1997: Art 10. Área tributável é a área total do imóvel excluídas as áreas: I de preservação permanente; II de utilização limitada. (...) § 4º As áreas de preservação permanente e as de utilização limitada serão reconhecidas mediante ato declaratório do IBAMA, ou órgão delegado através de convênio, para fins de apuração do ITR, observado o seguinte: I as áreas de reserva legal, para fins de obtenção do ato declaratório do IBAMA, deverão estar averbadas à margem da inscrição da matrícula do imóvel no registro de imóveis competente, conforme preceitua a Lei n° 4.771, de 1965; II o contribuinte terá o prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR, para protocolar requerimento do ato declaratório junto ao IBAMA; III se o contribuinte não requerer, ou se o requerimento não for reconhecido pelo IBAMA, a Secretaria da Receita Federal fará lançamento suplementar recalculando o ITR devido. A exigência da apresentação tempestiva do ADA para fins de exclusão da área de preservação permanente, estabelecida em legislação infralegal, contrapõese ao princípio da reserva legal, posto que a desconsideração das áreas de preservação permanente e de reserva legal, como tal, representam sua inclusão na área tributável pelo ITR. Assim, qualquer restrição à exclusão de áreas da tributação do ITR, por corresponder a aumento de tributo, deve ser instituída por lei, ex vi do inciso II combinado com o § 1º do art. 97 do Código Tributário Nacional: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: Fl. 300DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/09/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ Processo nº 10240.000275/200414 Acórdão n.º 220201.974 S2C2T2 Fl. 3 5 (...) II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; (...) § 1º Equiparase à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em tornálo mais oneroso. Tanto é assim que o art. 1º da Lei nº 10.165, de 2000 estabeleceu aquela condição ao incluir o art. 17O na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, para os exercícios a partir de 2001, verbis: Art. 17O Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria." (NR) (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. Portanto, se a obrigação de apresentação do ADA foi instituída posteriormente por lei, não poderia o órgão de administração tributária antecipar tal exigência, que resulta majoração de tributo, por meio de instrução normativa. Esse posicionamento inclusive já se encontra sumulado no CARF: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000 (Súmula CARF Nº 41) Acrescentese, por pertinente que a área de pastagem não foi objeto da impugnação e do recurso, portanto não há o que se alterar nessa parte do lançamento. Da Multa Confiscatória No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, que determinariam a aplicação de multas e juros de natureza confiscatória, acompanho a posição sumulada pelo CARF de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). Cabe esclarecer o contribuinte que a falta de recolhimento do tributo ou declaração inexata, apurada em lançamento de ofício, enseja o lançamento da multa de 75%, prevista no art. 44, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não podendo a autoridade lançadora deixar de aplicála ou reduzir seu percentual ao seu livre arbítrio. Fl. 301DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/09/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ 6 Nestes termos, como a multa de ofício está prevista em disposições literais de lei e como as instâncias julgadoras não podem negar validade a estas disposições, não se pode aqui acatar a alegação da contribuinte. É de se manter, assim, a penalidade de 75%. Portanto em se tratando de lançamento de ofício, é legítima a cobrança da multa correspondente, por falta de pagamento do imposto, sendo inaplicável o conceito de confisco que é dirigido a tributos. Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Ante ao exposto, voto por DAR provimento PARCIAL ao recurso para restabelecer o valor declarado de área de preservação permanente. (Assinando digitalmente) Antonio Lopo Martinez Fl. 302DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 20/09/201 2 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 16/09/2012 por ANTONIO LOPO MARTINEZ
score : 1.0
Numero do processo: 11080.005777/2006-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Ano-calendário: 2002, 2003
LANÇAMENTO. IRRF. PAGAMENTO SEM CAUSA.
O lançamento de ofício, conforme retrata o art. 142 do CTN, constitui ato administrativo vinculado, sendo ônus da Fazenda a comprovação da situação reputada ocorrida, a partir da qual subsume determinada situação à hipótese legal aplicada.
É condição indispensável à aplicação do art. 674 do RIR a comprovação da efetividade saída de recursos da empresa para pagamento de despesa a qual, efetivamente, não ocorreu. Isto é, de que os recursos tiveram destinatário distinto daquele apontado nos registros contábeis e documentos da contribuinte.
ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 2002, 2003
DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO
Descabe qualquer pedido de diligência estando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção, não podendo este servir para suprir a omissão do contribuinte na produção de provas que ele tinha a obrigação de trazer aos autos.
Numero da decisão: 2202-001.713
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, indeferir o pedido de diligência solicitada pela Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga (Relatora), que negava provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fez sustentação oral, seu representante legal, Dr. Dalton Cesar Cordeiro de Miranda, inscrito na OAB/DF sob o nº. 11.853
Nome do relator: MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALOMINO ASTORGA
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IRRF. PAGAMENTO SEM CAUSA. O lançamento de ofício, conforme retrata o art. 142 do CTN, constitui ato administrativo vinculado, sendo ônus da Fazenda a comprovação da situação reputada ocorrida, a partir da qual subsume determinada situação à hipótese legal aplicada. É condição indispensável à aplicação do art. 674 do RIR a comprovação da efetividade saída de recursos da empresa para pagamento de despesa a qual, efetivamente, não ocorreu. Isto é, de que os recursos tiveram destinatário distinto daquele apontado nos registros contábeis e documentos da contribuinte. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2002, 2003 DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO Descabe qualquer pedido de diligência estando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção, não podendo este servir para suprir a omissão do contribuinte na produção de provas que ele tinha a obrigação de trazer aos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, indeferir o pedido de diligência solicitada pela Recorrente e, no mérito, por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencida a Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga (Relatora), que negava provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Rafael Pandolfo. Fez sustentação oral, seu representante legal, Dr. Dalton Cesar Cordeiro de Miranda, inscrito na OAB/DF sob o nº. 11.853. Fl. 551DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 2 2 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga – Relatora Rafael Pandolfo – Redator Designado Composição do colegiado: Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Odmir Fernandes, Pedro Anan Júnior e Nelson Mallmann. Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 3 3 Relatório Contra a contribuinte acima qualificada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 370 a 372, integrado pelos demonstrativos de fls. 364 a 369, pelo qual se exige a importância de R$2.678.063,62, a título de Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, acrescida de multa de ofício de 75% e juros de mora. DA AÇÃO FISCAL O procedimento fiscal encontra-se resumido no Relatório de Atividade Fiscal de fls. 342 a 352, no qual o autuante esclarece que: • por meio do Termo de Início, lavrado em 28/07/2005, a contribuinte foi intimada a apresentar Livro Razão e Diário, Livro Registro de Inventário, balancetes mensais e balanços patrimoniais, e documentação comprobatória de todos os lançamentos contábeis relativos às exportações efetuadas no período de janeiro/2002 a dezembro/2003. Em resposta, apresentou os livros solicitados em meio magnético, bem como documentos relativos às exportações; • em 13/09/2005, a fiscalizada foi intimada a esclarecer a natureza e a forma de contabilização das operações de aquisição e exportação de soja, especificamente aquelas que tiveram a participação das empresas Centúria S/A Indústria Comercial Agrícola e Cooperativa Agropecuária Norte Pioneiro Ltda – CANORP, apresentando os documentos comprobatórios da sua efetiva realização, tais como notas fiscais de entrada e saída, conhecimentos de transporte e comprovantes de pagamento e recebimento; • a fiscalizada, em 03/10/2005, apresentou as cópias das notas fiscais relativas às operações e descrição dos lançamentos contábeis, declarando que não possuía os conhecimentos de transporte solicitados, uma vez que o transporte era realizado pela vendedora dos produtos diretamente a exportadora. Informou, ainda, que os pagamentos eram efetuados por meio de depósitos bancários, dinheiro e títulos de crédito, especialmente duplicatas, sempre com lançamento contábil do valor pago pela mercadoria e do valor recebido; • as notas fiscais apresentadas indicam que a mercadoria foi comprada pela fiscalizada da CANORP e vendida, na mesma data, para Centúria, em cujos armazéns o farelo de soja estaria estocado, contudo, não foi comprovada a efetiva armazenagem e posterior exportação da mercadoria; • conforme informado pela própria contribuinte, o valor devido por ela à vendedora da soja (CANORP) era parcialmente quitado com o valor devido a ela pela compradora (Centúria); o restante, correspondente ao Fl. 553DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 4 4 valor do ICMS da operação de compra, era quitado, mediante transferências financeiras, na razão de 85% do saldo e, a diferença, transferida para a conta de contingências legais (passivo). • o saldo transferido para contingências tem natureza de uma receita pelo recebimento de um desconto, pois corresponde a um valor que deixou de ser pago pela fiscalizada ao seu fornecedor e, por conseguinte, deveria ter sido imediatamente oferecido à tributação e não transferido para o passivo; • analisando a operação como um todo, a fiscalização concluiu que o objetivo era gerar crédito de ICMS, mediante um pagamento, feito pela fiscalizada às empresas participantes, de parte daquele valor que corresponde justamente ao valor transferido para a conta de “provisões para contingências”. Esse é o único efeito no resultado da empresa fiscalizada, uma vez que a venda se dá por valor inferior ao da compra, correspondente ao custo, descontado o equivalente ao ICMS, conforme exemplo às fls. 346 e 347; • a contribuinte apresentou documentação objetivando comprovar operações de compra e venda de soja, sendo que sobre a receita da venda, sendo feita à comercial exportadora, não incidiriam a Contribuição para o PIS e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS, nos termos do art. 5o da Lei no 10.637, de 2002, art. 6o da Lei no 10.833, de 2003, respectivamente; • verificou-se que a empresa compradora, a Centúria, assim como a empresa vendedora, a CANORP, não possuem o Registro Especial exigido para que se caracterizem como Comercial Exportadora para fins de usufruto de benefícios fiscais nem constam na Relação de Empresas Comerciais Exportadora habilitadas na Secretaria de Comércio Exterior - SECEX; • ainda que fossem regulares as operações de compra e venda de soja, a contribuinte estaria em falta no que se refere às obrigações tributárias concernentes às referidas contribuições (PIS e COFINS); • além disso, em fiscalização procedida pelo fisco estadual nas empresas que negociaram com a contribuinte apurou-se que uma autuou como vendedora e outra como beneficiadora de operações fictícias de soja. Dessa forma, não comprovada a efetividade das transações de compra e venda de soja, os pagamentos efetuados à empresa CANORP foram considerados como pagamentos a terceiros, sem causa, ou sem comprovação da efetiva operação, sobre os quais incidem o Imposto de Renda Retido na Fonte à alíquota de 35%, nos termos do art. 674, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99. Fl. 554DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 5 5 DA IMPUGNAÇÃO Inconformada, a contribuinte apresentou a impugnação de fls. 377 a 404, instruída com os documentos de fls. 407 a 488, cujo resumo se extraí da decisão recorrida (fls. 495 a 499): O contribuinte apresentou a impugnação de fls. 377/404 alegando, em síntese, o seguinte: 11. De acordo com o Anuário Expressão de Exportações a Canorp foi a maior exportadora do setor de cooperativa (doc. 6 — fls.455/464), da qual adquiriu farelo de soja para a consecução de seus objetivos sociais. A compra de farelo de soja junto à Canorp foi efetuada por orientação de uma outra empresa, denominada Centúria S/A, que era sua devedora relativamente a créditos de IPI, cuja cessão havia sido prometida e paga (doc. 7 — fls. 465/468), porém não efetivada em razão da posterior publicação da Instrução Normativa da Receita Federal n° 041, de 2000, vedando a compensação de débitos, relativos a impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, com créditos de terceiros. 12. Como era credora de valores pagos à Centúria, esta se comprometeu a exportar farelo de soja que viesse a ser adquirido da Canorp, de tal forma que os saldos credores de ICMS da operação fossem utilizados para pagamento de seus saldos devedores decorrentes de suas operações internas. 13. Assim, por meio do Instrumento Particular de Confissão de Dívida firmado em 05 de janeiro de 2001 (doc. 8 — fls. 469/496), a Canorp obrigou-se a lhe vender os produtos que seriam posteriormente revendidos para a Centúria com fins de exportação. Nesse mesmo instrumento a Centúria se obrigou a adquirir e a exportar tais produtos e quitar inclusive os valores devidos para a Canorp, de tal forma que ao fim da operação lhe fosse garantido resultado positivo na forma de aproveitamento de saldo credor de ICMS. 14. Baseados nesse compromisso, a operação passou a ser realizada tendo a Centúria assumido todo o custo junto à Canorp até que seu débito fosse esgotado. A partir de janeiro de 2002, uma vez quitado o débito da Centúria, as partes deram seqüência à operação, porém passou a fazer pagamentos à Canorp, correspondente a 85% do valor do ICMS que aproveitaria, ficando a Centúria obrigada a quitar o restante do débito referente a aquisição do farelo de soja junto à Canorp. Isso porque a Centúria e Canorp se apresentaram como empresas relacionadas, sendo que a Centúria não só era depositária do farelo de soja que lhe era vendido pela Canorp, mas também a adquirente, para fins de exportação, de farelo de soja proveniente da Canorp. 15. Em outubro de 2003 suspendeu essas operações, pois não recebeu da Centúria os documentos relativos à exportação do farelo de soja. No mesmo mês, foi procurada e autuada pela fiscalização da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo com base na presunção de inexistência da soja adquirida e, por conseqüência, inexistência dos créditos de ICMS apropriados. Lançamento em meras presunções, que não foram até agora comprovadas. 16. Por sua vez, a Receita Federal, sem desenvolver qualquer prova quanto a existência ou não do farelo de soja adquirido junto à Canorp, acabou por presumir a inexistência do produto, lavrando o auto de infração com base no art. 674 do Regulamento do Imposto de Renda, calculando o IRRF sobre os valores pagos à Canorp em complementação àqueles quitados pela Centúria junto à Canorp. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 6 6 17. Todos os pagamentos foram realizados com a absoluta identificação do beneficiário, no caso a Canorp, mediante depósito na conta bancária da mesma, e após a apresentação das notas fiscais contendo os elementos identificadores da operação e das partes envolvidas, tais como razão social, endereço, CNPJ, descrição da mercadoria, local onde se encontrava depositada, etc. 18. Uma vez que o beneficiário do pagamento encontra-se perfeitamente identificado, não só nos comprovantes de pagamento, mas também nos documentos que deram suporte a operação, o Fisco não só poderia, como deveria certificar-se do oferecimento desses valores à incidência do IRPJ pela Canorp, ao menos circularizando-a para verificar das alegações e pagamentos efetuados. 19. Da mesma forma que foi identificado o beneficiário dos pagamentos, as operações e respectivas causas que deram origem a esses pagamentos também foram esclarecidos à autoridade lançadora, que recebeu a documentação que lhe dá suporte, consistente em notas fiscais, que atendem todos os requisitos de validade previstos em lei, sendo documentos absolutamente idôneos, tanto é que em nenhum momento foi questionado nos autos. 20. A Canorp é empresa que atua até hoje, fortemente, no setor de compra e venda de grãos, tendo sido inclusive uma das maiores exportadoras do setor, conforme demonstrado. A documentação por ela apresentada atende os requisitos prescritos em lei. O estabelecimento da Centúria, que lhe foi apresentado como sendo o local onde se encontrava depositado o farelo de soja, demonstra claramente a razoabilidade do afirmado nas notas fiscais e confirma o porte e a então boa reputação das empresas envolvidas na operação. Assim, como resumir que a operação de compra de farelo de soja não teria ocorrido? Onde estariam as provas concretas de que não adquiriu o farelo de soja da Canorp? 21. O fato de a Centúria não apresentar registro de trading company e que não teria, portanto, processado a exportação do produto que lhe foi vendido, não tem o condão de gerar qualquer presunção quanto à inocorrência da compra daquele farelo de soja junto à Canorp. Lá se fala em exportação, aqui se perquire a aquisição do farelo de soja que gerou os pagamentos base de incidência do IRRF. 22. A questão da exportação diz respeito única e exclusivamente respeito ao PIS e Cofins incidentes nessas operações, que foram realizados com a Centúria e que nada tem com os pagamentos realizados com a Canorp, sendo circunstância totalmente irrelevante na espécie e só eventualmente interessaria para a cobrança dessas contribuições. 23. Para que as operações de compra e venda de farelo de soja com a Canorp não tivessem de fato ocorrido deveria ter havido simulação na espécie. Ou seja, as partes deveriam dolosa, intencionalmente, não ter desejado a negociação do farelo de soja, declarando inverdades. Acontece que no auto de infração não existe absolutamente, nem de perto, qualquer prova ou indicio de que as partes não desejaram a realização da compra e venda do farelo de soja. Diga-se mais, a autoridade lançadora sequer se preocupou ou muito menos investigou tal hipótese. A investigação do Fisco Estadual, citado no auto de infração, apenas conclui quanto a infrações cometidas pela Centúria e pela Canorp. Não há sequer uma palavra ou, muito menos, prova de que tenha concorrido para a prática de atos fraudulentos, dolosos ou simulações. 24. A fiscalização confunde a causa dos pagamentos com o motivo determinante do negócio celebrado. A causa dos pagamentos é a obrigação assumida junto à Canorp como contraprestação ao seu direito de receber farelo de soja, ou Fl. 556DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 7 7 como se preferir, como contraprestação à obrigação da Canorp de lhe transferir o farelo de soja objeto da compra e venda descrito nas notas fiscais. 25. Já os motivos, ou seja, aquele interesse subjetivo de ordem econômica, social, ou moral, que conduzem o agente a praticar um determinado ato e que, na espécie, o levaram a adquirir farelo de soja da Canorp podem bem ter sido os créditos de ICMS que a operação proporcionaria. É um fato que lhe beneficiaria e por isso lhe motivou a realização da operação, como a própria autoridade lançadora afirmou. 26. Não há nos autos prova de que as operações de compra e venda de farelo de soja não ocorreram e de que as notas fiscais apresentadas, documentos idôneos, sem qualquer rasura ou inconformidade com a lei e emitidos por empresa idônea, não refletem a ocorrência das operações. Também, não há prova de que os pagamentos efetuados não tem como causa a obrigação de pagar a Canorp pelas vendas que esta lhe fez. A autoridade lançadora em nenhum momento perguntou à Canorp se ela se considerava credora dos valores que lhe foram pagos. 27. Também, não há nos autos prova de que o farelo de soja não se encontrava efetivamente nos depósitos da Centúria e que a BL conhecia este fato. Se de fato o farelo de soja não existia e a Canorp e a Centúria vierem a ser declaradas inidôneas, o que desconhece até o presente momento e com o que não se preocupou a autoridade lançadora em fazer prova, tal circunstância apenas denota que a BL foi mais uma vítima de uma ação fraudulenta daquelas empresas. Tal fato, entretanto, jamais terá condão de alterar a ocorrência das operações de compra e venda do farelo de soja ou a causa dos pagamentos realizados, conforme se depreende da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. 28. Para que a autoridade lançadora chegasse a conclusão de que os pagamentos feitos à Canorp não tiveram como causa a compra de farelo de soja descrito nas notas fiscais apresentadas, deveria ter produzido prova inequívoca da ocorrência da simulação e não se agarrado a simples presunção, conforme esclarece a jurisprudência do Conselho de Contribuintes. 29. Dos fatos expostos, verifica-se que não ocorreu o suporte fático necessário à aplicação do disposto no art. 674, §1o, do RIR, e art. 61, §1o, da Lei no 8.981, de 1995, sendo que a exigência do IRRF sobre os pagamentos à Canorp não se configura tributação da renda e assim afronta o disposto no art. 43 do CTN. 30. Além disso, a presunção adotada pela autoridade lançadora afronta o art. 112 do CTN e o art. 9o do Decreto n° 70.235, de 1972. Por último, requer o cancelamento do auto de infração e protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito. Requer, também, que o Fisco apresente todas as operações realizadas pela Centúria que estejam registradas no Siscomex, de sorte a comprovar que a Centúria é uma empresa comercial exportadora. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Apreciando a impugnação apresentada, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Santa Maria (RS) manteve integralmente o lançamento, proferindo o Acórdão no 18-11.468 (fls. 492 a 501), de 22/10/2009, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Fl. 557DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 8 8 Ano-calendário: 2002, 2003 TRIBUTAÇÃO EXCLUSIVA. PAGAMENTO SEM CAUSA OU OPERAÇÃO NÃO COMPROVADA Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo o pagamento efetuado por pessoa jurídica cuja operação ou a sua causa não for devidamente comprovada. DO RECURSO Cientificada do Acórdão de primeira instância, em 08/02/2010 (vide AR de fl. 505), a contribuinte apresentou, em 05/03/2010, tempestivamente, o recurso de fls. 506 a 526, no qual, após breve relato dos fatos, reitera os termos de sua impugnação e aduz os argumentos a seguir sintetizados: 1. A recorrente defende que a legalidade da tributação depende da verificação da verdade material acerca dos elementos da obrigação tributária e, portanto, o fisco não poderia furtar-se do dever de averiguar se o tributo ora cobrado da Recorrente, a título de retenção na fonte, não havia sido recolhido pelo verdadeiro contribuinte, a CANORP. Entende, assim, que caberia apenas a cobrança de multa de ofício e os juros de mora isolados, calculados desde a data prevista para recolhimento do imposto que deveria ter sido retido até a data do encerramento do período de apuração. 2. Argumenta que a retenção na fonte do imposto de renda realizada sobre pagamentos para contribuintes identificados deve sempre ser vista como uma antecipação do imposto, sob pena de se desvirtuar a hipótese de incidência do próprio imposto de renda, aplicando-se, no caso, o Parecer Normativo no 1, de 2002. Acrescenta que qualquer entendimento em sentido contrário, violaria a hipótese de incidência determinada constitucionalmente para o Imposto de Renda. 3. Sustenta que realizar pagamento não é hipótese de incidência do Imposto sobre a Renda, uma vez que não traduz acréscimo patrimonial, ao contrário, representa decréscimo patrimonial e, portanto, se algum valor é devido em relação aos pagamentos realizados pela recorrente à CANORP, deve ser exigido desta última. 4. Discorda do entendimento da decisão recorrida no sentido de que a fiscalização não tem que provar que as operações não ocorreram, mas o contribuinte é que de provar que elas ocorreram. Entende que, diante dos documentos apresentados as operações estariam comprovadas e, portanto, o ônus da prova é do fisco, não podendo tais provas serem suprimidas por simples presunção. 5. Discorre sobre o ônus da prova em item específico, afirmando que a lei determina a necessidade do ato jurídico administrativo ser devidamente fundamentado, devendo o fisco oferecer prova conclusiva de que o evento ocorreu na estrita conformidade da previsão genérica da hipótese normativa, o que não foi respeitado no presente processo, baseando o lançamento unicamente na presunção de que os pagamentos realizados pela recorrente não tiveram causa. 6. Ainda que as empresas Centúria e CANORP tenham sido objeto de fiscalização e autuação por parte do Fisco do Estado de São Paulo, o que se admite apenas para fins de Fl. 558DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 9 9 argumentação, não se pode admitir a simples alegação da fiscalização como prova nesse sentido, uma vez que sequer foram juntadas cópias das supostas autuações, violando o princípio do contraditório e da ampla defesa. 7. Repisa que não existe prova no sentido de que os pagamentos efetuados pela Recorrente em favor da CANORP não fossem referentes à compra do farelo soja, ao contrário, existe prova documental (contratos, notas fiscais e, inclusive, fotos do estabelecimento industrial da empresa em questão) que dá suporte à causa dos referidos pagamentos. 8. Invoca o art. 131 do Código de Processo Civil Brasileiro, para lembrar que, ainda que o julgador seja livre para decidir de acordo com a sua convicção, deve julgar com base nas provas que estão nos autos, não podendo basear-se unicamente na presunção de legitimidade do Auto de Infração e taxar as provas da recorrente de “frágeis”. 9. Alega que a compra do farelo de soja foi a causa dos pagamentos realizados pela recorrente em favor da CANORP e se houve ou não posterior exportação por parte da Centúria, tal fato não afeta a causa dos referidos pagamentos, razão pela qual não se aplicaria art. 61, §1o, da Lei no 8.981, de 1995 (reproduzido no art. 674, §1o, do RIR/99). 10. Por fim, caso se mantenha a exigência do imposto lançado, seria impossível aplicar a multa de oficio de 75% conforme realizado pelo Auto de Infração, pois isso representa um bis in idem inadmissível. DA DISTRIBUIÇÃO Processo que compôs o Lote no 02, distribuído para esta Conselheira na sessão pública da Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais de 24/10/2011, veio numerado até à fl. 531 (última folha digitalizada)1. 1 Não foi encaminhado o processo físico a esta Conselheira. Recebido apenas o arquivo digital. Fl. 559DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 10 10 Voto Vencido Conselheira Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Pagamento sem causa A questão central que motivou o lançamento, e que deve ser aqui enfatizada, foi a falta de comprovação das transações de compra e venda de soja realizadas pela contribuinte dando origem a exigência do Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os pagamentos efetuados à empresa CANORP, considerados como pagamentos a terceiros, sem causa, nos termos do art. 674, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99, cuja matriz legal é o art. 61 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. §1o A incidência prevista no caput aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2o , do art. 74 da Lei no 8.383, de 1991. §2o Considera-se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. §3o O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. O dispositivo acima transcrito prevê a incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte em três hipóteses distintas: (a) pagamentos efetuados a beneficiários não identificados, quando a pessoa jurídica, regularmente intimada, não identifica a quem os recursos foram pagos; (b) pagamentos sem causa, quando a pessoa jurídica não comprova a efetividade da operação relacionada ao pagamento; (c) concessão de benefícios indiretos, na situação prevista no art. 74, §2o, da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Nas duas primeiras situações, deve o fisco comprovar a ocorrência do pagamento, uma vez que o fato gerador decorre justamente pela percepção desses valores pelos beneficiários, o que pode ser feito por meio dos registros na contabilidade da própria empresa. Na hipótese “c”, compete ao fisco provar os benefícios indiretos recebidos. Trata de tributação exclusiva na fonte, em que a pessoa jurídica que realizou o pagamento irregular é o sujeito passivo da obrigação tributária. Fl. 560DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 11 11 No caso dos autos, o beneficiário do pagamento foi identificado (empresa CANORP), porém a contribuinte não comprovou a efetividade da operação registrada em sua contabilidade que teria dado causa ao referido pagamento. Dessa forma, os argumentos da recorrente no sentido de que caberia ao fisco averiguar se o tributo devido a título de retenção na fonte não foi recolhido pelo beneficiário e, portanto, seria exigível apenas a multa de ofício e os juros de mora isolados, aplicando-se, no caso, o Parecer Normativo no 1, de 2002, não procede. Isto porque não se trata de retenção de imposto devido a título de antecipação, mas de tributação exclusiva na fonte em que não cabe exigir do beneficiário do rendimento qualquer tributo, sendo a fonte pagadora o sujeito passivo da obrigação tributária na qualidade de responsável (art. 121, parágrafo único, inciso II, do Código Tributário Nacional – CTN). O que está em discussão no presente processo é a efetividade das operações de compra e venda de soja registradas na contabilidade da contribuinte. Não obstante alegue a contribuinte que caberia ao fisco provar que as operações de compra e venda não ocorreram, o art. 61 da Lei no 8.981, de 1995, anteriormente transcrito, autoriza a tributação exclusivamente na fonte no caso de “pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa”, ou seja, o ônus da prova é sem dúvida da contribuinte, resumindo-se a lide à valoração das provas apresentadas pelas partes. A contribuinte defende que os contratos, as notas fiscais e, inclusive, as fotos do estabelecimento industrial da empresa em questão seriam suficientes para dar suporte aos pagamentos questionados. Como bem observou a fiscalização, as notas fiscais apresentadas pela contribuinte indicam que a compra e a venda ocorriam na mesma data e que as operações eram sempre realizadas com prejuízo, ou seja o valor de venda inferior ao da compra. A diferença entre esses valores equivale ao ICMS, conforme exemplificado no Relatório de Atividade Fiscal (fls. 346 e 347). A recorrente procura justificar a inusitada operação alegando que a compra de farelo de soja junto à CANORP foi efetuada por orientação da empresa Centúria, que era sua devedora relativamente a créditos de IPI, cuja cessão havia sido prometida e paga, conforme documento de fls. 465 a 468, porém não efetivada em razão de alteração da legislação que passou a vedar a compensação de débitos com créditos de terceiros. Assim, por meio do Instrumento Particular de Confissão de Dívida de fls. 469 a 496, firmado em 05/01/2001, a CANORP obrigou-se vender à contribuinte os produtos que seriam posteriormente revendidos para a Centúria com fins de exportação. No mesmo instrumento, a Centúria se obrigou a adquirir e a exportar tais produtos e quitar inclusive os valores devidos para a CANORP, de tal forma que ao fim da operação lhe fosse garantido resultado positivo na forma de aproveitamento de saldo credor de ICMS. Como informado pela própria contribuinte à fiscalização, o valor devido por ela à vendedora da soja (CANORP) era parcialmente quitado com o valor devido a ela pela compradora (Centúria); o restante, correspondente ao valor do ICMS da operação de compra, era quitado, mediante transferências financeiras, na razão de 85% do saldo e, a diferença, transferida para a conta de contingências legais (passivo). O autuante concluiu, o que não foi contestado pela defesa, que o objetivo era gerar crédito de ICMS, mediante um pagamento Fl. 561DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 12 12 feito pela fiscalizada de parte daquele valor e que a diferença entre o crédito do ICMS e valor pago era transferido para a conta de “provisões para contingências”. Sem que se entre no mérito da legalidade das transações efetuadas pela contribuinte, verdade é que não se está diante de uma compra e venda usual, fato este inconteste. Nesse contexto, a apresentação das notas fiscais, por si só, diante dos questionamentos feitos pela fiscalização, não é suficiente para comprovar a efetividade da compra e venda de farelo de soja. Regularmente intimada, a contribuinte não apresentou qualquer documento que comprovasse a existência física da mercadoria (conhecimento de carga, comprovante de estocagem etc) e sua posterior exportação. Adicionalmente, verificou-se que a empresa compradora, a Centúria, assim como a empresa vendedora, a CANORP, não possuem o Registro Especial exigido para que se caracterizem como Comercial Exportadora para fins de usufruto de benefícios fiscais nem constam na Relação de Empresas Comerciais Exportadora habilitadas na Secretaria de Comércio Exterior — SECEX. Além disso, há notícia dos autos de que o fisco estadual teria apurado que as empresas CANORP e Centúria autuavam como vendedora e beneficiadora de operações fictícias de soja. Pelos fatos acima relatados, entendo que as provas carreadas aos autos pela contribuinte não foram suficientes para comprovar a efetividade das operações que teriam dado suporte aos pagamentos efetuados à CANORP, ficando caracterizado o fato gerador do IRRF nos termos do art. 61 da Lei no 8.981, de 1995. Multa de ofício A recorrente alega que a exigência do imposto seria incompatível com a aplicação conjunta a multa de ofício de 75% conforme realizado pelo auto de infração, pois isso representa um bis in idem inadmissível. Em se tratando de falta de pagamento ou recolhimento de tributo, apurada em procedimento de ofício, a autoridade lançadora deve aplicar a multa de lançamento de ofício, prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não podendo deixar de aplicá- la ou reduzir seu percentual ao seu livre arbítrio. No presente Auto de Infração (fls. 370 a 372), observa-se que foi lançado o Imposto de Renda Retido na Fonte, acompanhado da multa de ofício vinculada de 75% e dos juros de mora, conforme previsto na legislação de regência, não havendo reparos a fazer. Destarte, mantém a multa de ofício de 75%. Produção de provas Por fim, quanto ao pedido genérico de produção de provas, assim, como para que o fisco apresente todas as operações realizadas pela Centúria que estejam registradas no Siscomex, convém ressaltar que teve a contribuinte a oportunidade de apresentar todas as provas que entendessem necessárias durante a ação fiscal, bem como quando da interposição da impugnação. Fl. 562DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 13 13 Cabe lembrar que o deferimento da juntada de prova posterior à fase impugnatória, nos termos do § 4o do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, depende de ficar demonstrada uma das circunstâncias estabelecidas no referido dispositivo: (a) impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (b) referir-se a fato ou a direito superveniente; ou (c) destinar-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Assim, pedido de juntada de novos elementos de provas aos autos não pode ser concedido de forma genérica, devendo ser avaliado quando da situação em concreto. Da mesma forma, embora a autoridade julgadora possa determinar todas as diligências que julgar necessárias para formar a sua convicção, conduto, descabe qualquer pedido de diligência para suprir a omissão da contribuinte na produção de provas que ela tinha a obrigação de trazer aos autos, como no caso que aqui se tem. Destarte, rejeita-se o pedido genérico de produção de provas e a diligência solicitada. Conclusão Diante do exposto, voto por INDEFERIR a diligência solicitada e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga Fl. 563DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 14 14 Voto Vencedor Peço licença para divergir do respeitável voto proferido pela culta Conselheira Relatora. Não obstante a acurada análise nele contida, entendo que o deslinde do caso deve partir de premissas jurídicas distintas, abaixo referidas. O lançamento realizado teve esteio no art. 674, do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99 (art. 61 da Lei no 8.981/95) abaixo transcrito: Art. 61. Fica sujeito à incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, à alíquota de trinta e cinco por cento, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. §1o A incidência prevista no caput aplica-se, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou a sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2o , do art. 74 da Lei no 8.383, de 1991. §2o Considera-se vencido o Imposto de Renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. §3o O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. Segundo a Fiscalização (fl.346), “a análise, como um todo, das operações avençadas entre a recorrente, a Cooperativa (Carnop) e a empresa Centúria, revela que a aquisição (e posterior venda) de soja não teve outro objetivo que o de gerar crédito de ICMS para a recorrente”. Desse modo, valendo-se das conclusões alinhadas pela Fiscalização Estadual, que glosou os créditos de ICMS (fls. 349-350), a autoridade lançadora concluiu que as operações eram apenas escriturais. Assim, não estando comprovada a efetiva transferência de soja, os pagamentos realizados pela recorrente à Carnop deveriam ser enquadrados como pagamentos sem causa, sujeitos à incidência da alíquota de 35%, prevista no art. 674 do RIR. Penso que a desconsideração das operações realizadas entre a recorrente, Carnop e Centúria, para fins de acumulação de créditos de ICMS, não autoriza a conclusão, via presunção, de que os pagamentos realizados pela recorrente à Carnop não existiram. Se realizados com a finalidade adquirir e vender soja, ou acumular créditos de ICMS, pouco importa. Essa constatação, aliás, revela que os pagamentos não foram desprovidos de causa. Talvez os efeitos, no âmbito da legislação estadual, dos pagamentos realizados pela recorrente, tenham sido desconsiderados pela Fiscalização Estadual, o que é outro problema. Remanesce, entretanto, incólume a segunda causa, retratada ao longo do presente procedimento administrativo, qual seja: pagamentos realizados tendo como causa a acumulação de créditos de ICMS. O lançamento de ofício, conforme retrata o art. 142 do CTN, constitui ato administrativo vinculado, sendo ônus da Fazenda a comprovação da situação reputada ocorrida, a partir da qual subsume determinada situação à hipótese legal aplicada. A respeito do Fl. 564DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 15 15 tema não seria demasiado reproduzir a lição proferida pelo Prof. Paulo de Barros Carvalho, a seguir transcrita: “Com a evolução da doutrina, nos dias de hoje, não se acredita mais na inversão da prova por força da presunção de legitimidade dos atos administrativos e tampouco se pensa que esse atributo exonera a administração de provar as ocorrências que se afirma terem existido. Na própria configuração oficial do lançamento, a lei institui a necessidade de que o ato jurídico administrativo seja devidamente fundamentado, o que significa dizer que o fisco tem que oferecer prova concludente de que o evento ocorreu na estrita conformidade da previsão genérica da hipótese normativa. Seguindo adiante, vindo o sujeito passivo a contestar a fundamentação do ato aplicativo lavrado pelo Fisco, o ônus de exibir a improcedência dessa iniciativa impugnatória volta a ser, novamente, da Fazenda, a quem quadrará provar o descabimento jurídico da impugnação, fazendo remanescer a exigência. Vê-se, no fundo, que é função precípua do Estado- Administração, empregar a linguagem jurídica competente nos atos de gestão tributária. O pressuposto de fato da incidência há que ser relatado de maneira transparente e cristalina, revestido com os meios de prova admitidos nesse ramo do direito.” (A Prova do Procedimento Administrativo Tributário, RDDT, nº 34, pp.105 a 116). O lançamento fiscal deve basear-se em prova concreta e não em simples indícios. Como bem salientou Luiz Eduardo Schoueri: “A razão porque não cabe o emprego de presunções simples em lugar das provas é imediata: estando o sistema tributário brasileiro submetido à rigidez do princípio da legalidade, a subsunção dos fatos à hipótese de incidência tributária é mandatória para que se dê o nascimento da obrigação do contribuinte. Admitir que mero raciocínio de probabilidade por parte do aplicador da lei substitua a prova é conceber a possibilidade - ainda que remota diante da altíssima probabilidade que motivou a ação fiscal - de que se possa exigir um tributo sem que necessariamente tenha ocorrido o fato gerador"2 No caso em tela, em que se discute a existência de pagamento sem causa, entendo que o lançamento deveria ter comprovado o não recebimento dos valores pela Carnop, uma vez que a documentação acostada pela recorrente comprova sua efetivação. Na realidade, o auto de infração se valeu do caminho já trilhado pela fiscalização estadual, cujos fundamentos e constatações, dotados de foco e fundamento normativo distintos, não infirmam a ocorrência do pagamento, que remanesce hígido mesmo que sua conseqüência, perante a legislação estadual (acumulação de créditos de ICMS), tenha sido afastada. Enfim, o pagamento contabilmente registrado não foi desconstituído pela peça fiscal, visto que não há comprovação de que seu ingresso no patrimônio do destinatário deixou de ocorrer. Esse requisito constitui fundamento de validade à correta aplicação do preceito contido no art. 674 do RIR, como bem apontado pela 4ª Câmara do Primeiro Conselho 2 "Presunção Simples e Indícios no Processo Administrativo Fiscal", in Processo Administrativo Fiscal, 2º volume, Ed. Dialética, pp. 81-88. Fl. 565DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO Processo nº 11080.005777/2006-38 Acórdão n.º 2202-01.713 S2-C2T2 Fl. 16 16 de Contribuintes (processo 10805.000658/2006-11, acórdão 104-22.364), em caso semelhante ao ora julgado: São condições indispensáveis para a aplicação desse dispositivo a comprovação da efetividade saída de recursos da empresa para pagamento de despesa a qual, efetivamente, não ocorreu. Isto é, de que os recursos tiveram destinação incerta ou diversa daquela apontada nos registros contábeis e documentos da contribuinte. Diante do exposto, voto para que seja dado PROVIMENTO ao recurso voluntário interposto pela recorrente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 566DF CARF MF Impresso em 01/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO, Assinado digitalmente e m 13/07/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 12/07/2012 por MARIA LUCIA MONIZ DE ARAGAO CALO
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