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Numero do processo: 13881.000040/2001-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
CRÉDITO PRESUMIDO. CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO.
Se comprovado que as alegações da fiscalização quanto à inadequação e
inconfiabilidade dos sistemas de controle de estoques e produção do
contribuinte eram infundadas, de se reconhecer a adequação não apenas de
seus controles, mas dos cálculos dos créditos efetuados com base nestes. No
caso foi comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado
nãoforam afetados por eventuais erros na sua alimentação no curso do mês.
Logo, os dados do sistema servem perfeitamente para apurar o crédito
presumido, ficando prejudicada a glosa de todos os créditos apurados pelo
contribuinte, com base na imprestabilidade de seu sistema.
CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE.
CONDIÇÃO.
É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo
registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle
equivalente, mormente quando comprovado que o sistema questionado pela
fiscalização funciona adequadamente.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI LEI
Nº 9.363/96 RESSARCIMENTO
PRODUTOS
CONSUMIDOS INTEIRAMENTE NA PRODUÇÃO NÃO
INTEGRANTES DO PRODUTO FINAL DIREITO
AO CRÉDITO
Em sede de Recurso Repetitivo (Resp nº 1.075.508), o Superior Tribunal de
Justiça reconheceu o direito ao crédito presumido de IPI sobre insumos
integralmente consumidos no processo produtivo, ainda que não integrantes
do produto final. Desta feita, em respeito à decisão do órgão e ao Regimento
Interno deste Conselho, é de se garantir o direito ao crédito presumido de IPI
sobre os insumos em tais condições.
CRÉDITOS SOBRE PRODUTOS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO.
ADOÇÃO DE PREMISSAS E CONCEITOS EQUIVOCADOS, PELA
FISCALIZAÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DEVOLUÇÃO.
O regime de consignação industrial é amplamente utilizado para recebimento
de insumos a serem utilizados no processo produtivo, facilitando o trânsito e
a utilização dos insumos. A consignação não implica necessariamente em
devolução dos produtos recebidos, ao consignante. Ao contrário, o natural é
que os produtos sejam utilizados e, somente quando não o são, por qualquer
motivo, são objeto de devolução ao consignante. A premissa adotada pela
fiscalização de
que sempre, obrigatoriamente, há devolução portanto,
está
equivocada. Não tendo feito, tampouco, prova de que, no presente caso
ocorrera a devolução e não a utilização dos produtos no processo produtivo,
carece de fundamento a não aceitação dos créditos tomados sobre tais
insumos.
TAXA SELIC RESSARCIMENTO
APLICAÇÃO
Uma vez que o ressarcimento é espécie do gênero restituição deve incidir,
sobre o valor a ser ressarcido, juros de mora calculados com base na taxa
SELIC.
Recurso Voluntário Provido Parcialmente.
Numero da decisão: 3302-001.549
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Gileno Gurjão Barreto declarou-se impedido.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 CRÉDITO PRESUMIDO. CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO. Se comprovado que as alegações da fiscalização quanto à inadequação e inconfiabilidade dos sistemas de controle de estoques e produção do contribuinte eram infundadas, de se reconhecer a adequação não apenas de seus controles, mas dos cálculos dos créditos efetuados com base nestes. No caso foi comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado nãoforam afetados por eventuais erros na sua alimentação no curso do mês. Logo, os dados do sistema servem perfeitamente para apurar o crédito presumido, ficando prejudicada a glosa de todos os créditos apurados pelo contribuinte, com base na imprestabilidade de seu sistema. CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE. CONDIÇÃO. É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle equivalente, mormente quando comprovado que o sistema questionado pela fiscalização funciona adequadamente. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI LEI Nº 9.363/96 RESSARCIMENTO PRODUTOS CONSUMIDOS INTEIRAMENTE NA PRODUÇÃO NÃO INTEGRANTES DO PRODUTO FINAL DIREITO AO CRÉDITO Em sede de Recurso Repetitivo (Resp nº 1.075.508), o Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito ao crédito presumido de IPI sobre insumos integralmente consumidos no processo produtivo, ainda que não integrantes do produto final. Desta feita, em respeito à decisão do órgão e ao Regimento Interno deste Conselho, é de se garantir o direito ao crédito presumido de IPI sobre os insumos em tais condições. CRÉDITOS SOBRE PRODUTOS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO. ADOÇÃO DE PREMISSAS E CONCEITOS EQUIVOCADOS, PELA FISCALIZAÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DEVOLUÇÃO. O regime de consignação industrial é amplamente utilizado para recebimento de insumos a serem utilizados no processo produtivo, facilitando o trânsito e a utilização dos insumos. A consignação não implica necessariamente em devolução dos produtos recebidos, ao consignante. Ao contrário, o natural é que os produtos sejam utilizados e, somente quando não o são, por qualquer motivo, são objeto de devolução ao consignante. A premissa adotada pela fiscalização de que sempre, obrigatoriamente, há devolução portanto, está equivocada. Não tendo feito, tampouco, prova de que, no presente caso ocorrera a devolução e não a utilização dos produtos no processo produtivo, carece de fundamento a não aceitação dos créditos tomados sobre tais insumos. TAXA SELIC RESSARCIMENTO APLICAÇÃO Uma vez que o ressarcimento é espécie do gênero restituição deve incidir, sobre o valor a ser ressarcido, juros de mora calculados com base na taxa SELIC. Recurso Voluntário Provido Parcialmente.
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CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO. Se comprovado que as alegações da fiscalização quanto à inadequação e inconfiabilidade dos sistemas de controle de estoques e produção do contribuinte eram infundadas, de se reconhecer a adequação não apenas de seus controles, mas dos cálculos dos créditos efetuados com base nestes. No caso foi comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado nãoforam afetados por eventuais erros na sua alimentação no curso do mês. Logo, os dados do sistema servem perfeitamente para apurar o crédito presumido, ficando prejudicada a glosa de todos os créditos apurados pelo contribuinte, com base na imprestabilidade de seu sistema. CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE. CONDIÇÃO. É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle equivalente, mormente quando comprovado que o sistema questionado pela fiscalização funciona adequadamente. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI LEI Nº 9.363/96 RESSARCIMENTO PRODUTOS CONSUMIDOS INTEIRAMENTE NA PRODUÇÃO NÃO INTEGRANTES DO PRODUTO FINAL DIREITO AO CRÉDITO Em sede de Recurso Repetitivo (Resp nº 1.075.508), o Superior Tribunal de Justiça reconheceu o direito ao crédito presumido de IPI sobre insumos integralmente consumidos no processo produtivo, ainda que não integrantes do produto final. Desta feita, em respeito à decisão do órgão e ao Regimento Interno deste Conselho, é de se garantir o direito ao crédito presumido de IPI sobre os insumos em tais condições. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 8 2 CRÉDITOS SOBRE PRODUTOS RECEBIDOS EM CONSIGNAÇÃO. ADOÇÃO DE PREMISSAS E CONCEITOS EQUIVOCADOS, PELA FISCALIZAÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO DA DEVOLUÇÃO. O regime de consignação industrial é amplamente utilizado para recebimento de insumos a serem utilizados no processo produtivo, facilitando o trânsito e a utilização dos insumos. A consignação não implica necessariamente em devolução dos produtos recebidos, ao consignante. Ao contrário, o natural é que os produtos sejam utilizados e, somente quando não o são, por qualquer motivo, são objeto de devolução ao consignante. A premissa adotada pela fiscalização de que sempre, obrigatoriamente, há devolução portanto, está equivocada. Não tendo feito, tampouco, prova de que, no presente caso ocorrera a devolução e não a utilização dos produtos no processo produtivo, carece de fundamento a não aceitação dos créditos tomados sobre tais insumos. TAXA SELIC RESSARCIMENTO APLICAÇÃO Uma vez que o ressarcimento é espécie do gênero restituição deve incidir, sobre o valor a ser ressarcido, juros de mora calculados com base na taxa SELIC. Recurso Voluntário Provido Parcialmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da TERCEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Gileno Gurjão Barreto declarouse impedido. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 8DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 9 3 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber Jose da Silva (Presidente), Jose Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes, José Evande Carvalho Araújo. Relatório Tratase de Pedido de Ressarcimento de IPI (fl. 01), protocolado em 09/04/01, relativo a créditos instituídos pela Lei nº 9.363/96 e créditos em razão de saídas suspensas, totalizando R$ 1.029.831,88 Na mesma data foi protocolado Pedido de Compensação (fls. 24), no valor de R$ 724.473,23, para quitação de débitos de PIS, COFINS e IPI, de competência 31/03/01. Na sequência, há Termo de Anexação (fls. 26) que traz aos autos diversos Pedidos de Compensação (fls. 27/32), todos vinculados ao mesmo Pedido de Ressarcimento (objeto dos autos), protocolados em 17/04/01; 24/04/01; 26/04/01; 03/05/01; 07/05/01 e 11/05/01. Há, ainda, MPF para verificações obrigatórias de IPI, apurado no período de 01/2001 a 06/2001 (fls. 33) e respectivas prorrogações e alterações (fls. 35/37). O termo de Informação Fiscal (fls. 39/58) se refere a diversos pedidos de ressarcimento, apresentados pela Recorrente, para períodos do ano de 2001. Referido termo atesta que: a) Em decorrência da fiscalização realizada para verificação da adequação dos créditos cujo ressarcimento foi requerido, foi lavrado um auto de infração para cobrança de IPI (processo nº 10860.005574/200278) e, assim, do total objeto do Pedido de Ressarcimento foi descontado o valor do IPI não destacado nas saídas objeto do lançamento; b) O controle de estoques da empresa é irregular e inadequado, do que se concluiu que a Recorrente não possuía registro algum de quantidade e valores de seus produtos; c) Em relação ao crédito presumido de IPI a Recorrente não apresentou memórias de cálculo que justificassem os valores cujo ressarcimento foi requerido, tampouco possuía registros físicos e contábeis de suas mercadorias, que pudessem suportar com exatidão os valores pleiteados; d) A falta de registro de custo integrado e registro adequado dos custos, fluxos, quantidades e estoque dos produtos impede a correta apuração do crédito presumido requerido, o que ocasionou sua glosa (fls. 224/225); e) Quanto aos créditos pleiteados, que seriam originários de devoluções de vendas (CFOP 1.31 – devolução de venda de produção; 1.32 – devolução de venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros; 2.31 – devolução de venda de produção), também porque a empresa não mantinha controle adequado de seus estoques, não foi possível atestar a existência de tais créditos; Fl. 9DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 10 4 f) Promoveu, ainda, a glosa de créditos apurados sobre determinados produtos (CFOP 1.11 e 2.11 – compra para industrialização), por entender que não se enquadravam no conceito de matériaprima, materiais de embalagem ou produto intermediário – que gerariam direito ao crédito; A fiscalização glosou, também, os créditos de entradas por CFOP 1.99, 2.99 e 3.99, por entender que se tratavam de produtos não integrados ao processo produtivo – seriam, dentre outros, produtos recebidos em consignação, amostras para demonstração e para testes com/sem retorno, partes e peças de máquinas, remessa, em depósito, de moldes industriais de clientes. Em relação a este Pedido de Ressarcimento a conclusão da fiscalização, apontada nas planilhas de fls. 224/226, é de que diante das glosas promovidas, nos termos relatados, o valor a ser ressarcido seria de R$ 696.646,12. Sobreveio Despacho Decisório (fls. 231/ 233), no qual a autoridade fiscal deferiu parcialmente o pedido, reconhecendo o crédito pleiteado apenas nos termos e valores apontados pela fiscalização. Foi anexado aos autos mais um Pedido de Compensação (fls. 234 – de 02/05/01) e uma listagem de créditos (saldos) e débitos (compensações) remanescentes (fls. 236/238), seguido de despacho (fls. 240) que homologou apenas parcialmente as compensações efetuadas pela Recorrente, com os créditos pleiteados no Pedido de Ressarcimento objeto dos autos (nos termos e limites apontados nos referidos demonstrativos). Notificada das decisões proferidas a Recorrente apresentou sua Manifestação de Inconformidade (fls. 254/284), na qual alega, em síntese: a) Ofensa ao princípio da não cumulatividade, devido à glosa indevida de créditos a que a Recorrente teria direito; b) Ilegalidade da glosa de valores relacionados ao auto de infração objeto do Processo nº 10860.005574/200278, pois naqueles autos o IPI foi lançado com base em suposições/presunções de quais seriam os preços praticáveis nas operações objeto da tributação. A tributação por suposição e/ou presunção não é legalmente aceitável, de modo que a glosa dela decorrente também seria ilegal; c) Dado o cumprimento, pela Recorrente, do requisito para obter o direito ao crédito presumido conferido pela Lei nº 9.363/96 – qual seja, ser empresa produtora e exportadora de mercadorias não poderia ter questionado seu direito, como pretendeu a Fiscalização, sob a alegação de que “não comprovou a correção de seu crédito presumido”; d) A Recorrente sempre apurou o crédito presumido pelo método de custos integrados – conforme autoriza o art. 3º da Portaria MF 38/97 – e, embora tenha percebido erros na apuração, no curso da fiscalização, promoveu a adequação dos cálculos (e colocou a documentação correlata à disposição do Fisco), apresentado novos valores de crédito a serem ressarcidos; Fl. 10DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 11 5 e) A Recorrente possui controle de estoques e produção, a despeito do que foi informado pela fiscalização, o qual, apesar de ter apontado alguns erros em determinado período, não comprometeu a apuração dos créditos de IPI, o que se comprova da análise da documentação relativa às suas entradas; f) Ademais, ainda que houvesse alguma dúvida ou irregularidade na contabilização dos estoques da Recorrente, isso não poderia ocasionar a glosa total e integral dos créditos pleiteados, pois há outras formas de se verificar a regularidade dos créditos – como, por exemplo, a análise das notas fiscais de entrada, comparadas à produção da empresa; g) Há flagrante inconsistência no posicionamento da Fiscalização que, por um lado efetua um lançamento com base em seus controles de estoque, e, por outro – o presente caso, glosa os créditos pleiteados sob a alegação de que os mesmos controles são imprestáveis; h) Em relação à glosa de créditos por entender que determinados produtos não poderiam ser considerados insumos, a fiscalização não promoveu nenhuma verificação quanto à utilização dos produtos em seu processo de industrialização, limitandose a analisar o nome dos produtos e sua utilização provável (e não real). Os produtos são de fato utilizados, consumidos, desgastados, destruídos e/ou perdem suas qualidades específicas no processo produtivo – como se constata de Declaração dos engenheiros da empresa (fls. 305), e laudo pericial a ser apresentado – o que, segundo a jurisprudência do CARF é suficiente para serem considerados insumos, geradores do direito ao crédito pleiteado; i) A glosa dos créditos derivados de devoluções (CFOP 1.11 e 2.11) também não poderia ser realizada sob a alegação (contraditória) de que a Recorrente não possui sistema de controle de estoques, pois tais devoluções podem ser constatadas da simples análise da documentação física a elas pertinentes Notas Fiscais das operações – e/ou por meio de perícia, desde então requerida; j) A glosa dos créditos relativa a produtos de CFOP 1.99, 2.99 e 3.99 também não procede, pois mesmo que tenham entrado no estabelecimento através de operações de consignação, e alguns para testes e/ou demonstração, ao contrário do que concluiu a fiscalização – por avaliar equivocadamente a natureza das operações, especialmente a consignação cuja finalidade é a venda , foram todos utilizados, consumidos e/ou destruídos no processo, na medida em que as operações tiveram esta finalidade; k) Por fim, requer a correção dos valores dos créditos pela taxa SELIC e apresenta quesitos para perícia contábil (fls. 306/307) e perícia de engenharia (fls. 308). Fl. 11DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 12 6 A DRJ (fls. 312/327) indeferiu a manifestação de inconformidade da Recorrente. Negou o pedido de perícia por entender que as questões em discussão eram “conceituais”, além de ter entendido que o contribuinte visava “inverter o ônus da prova” através do pedido de perícia, bem como porque no processo administrativo o princípio da verdade material é mitigado pela produção concentrada de provas. A decisão restou assim ementada, verbis: “Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 Ementa: PEDIDO DE PERÍCIA. Apesar de ser facultado ao sujeito passivo o direito de solicitar a realização de diligências ou perícias, compete à autoridade julgadora decidir sobre sua efetivação, podendo ser indeferidas as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 Ementa: CRÉDITOS BÁSICOS DE IPI. RESSARCIMENTO. INSUMOS NÃO APLICADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO. De acordo com o art. 11 da Lei n° 9.779/99, somente os créditos decorrentes de aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, podem ser objeto de ressarcimento. INSUMOS CONSUMIDOS OU UTILIZADOS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO. DIREITO A CRÉDITO. Para que os insumos consumidos ou utilizados no processo de produção sejam caracterizados como matériaprima ou produto intermediário, fazse necessário o consumo, o desgaste ou a alteração do insumo, em função de ação direta exercida sobre o produto em fabricação, ou viceversa. Entendase "consumo" como decorrência de um contato físico exercido pelo insumo sobre o produto em fabricação ou deste sobre aquele. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. SISTEMA DE CUSTOS INTEGRADO. Se a empresa não mantém um sistema de custos integrado com a escrituração comercial, deve, obrigatoriamente, calcular o crédito presumido de IPI com base no método estabelecido no parágrafo 7°, do art. 3°, da Portaria MF n° 38/97. RESSARCIMENTO DE IPI. INCIDÊNCIA DA TAXA SELIC. Fl. 12DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 13 7 É incabível, por ausência de base legal, a atualização, pela taxa SELIC, de valores objeto de pedido de ressarcimento. Solicitação Indeferida.” Intimada do acórdão a Recorrente apresentou o competente Recurso Voluntário (fls. 331) a este Egrégio Tribunal Administrativo, articulando, novamente, as razões antes expostas na manifestação de inconformidade, e reafirmando seu pedido de que as intimações sejam feitas em nome do advogado da Recorrente, bem como afirmando estar havendo cerceamento de seu direito de defesa, em razão do infundado indeferimento de seu pedido de perícia, pois restou comprovado que suas alegações a respeito da existência de meios para comprovar a existência de registros regulares, bem como de documentos auxiliares e físicos que comprovam a existência e montante dos créditos pleiteados – o que não poderia ser ignorado pela DRJ e justificaria seu pedido de perícia. Ademais, diante do indevido indeferimento de seu pedido de perícia, apresenta Laudo Técnico (fls. 377/385), visando comprovar que os insumos considerados no pedido de ressarcimento e objeto de glosa indevida, são materiais efetivamente empregados e consumidos no processo produtivo, bem como um Parecer Técnico de Natureza Contábil (fls. 386/403), visando “avaliar os critérios utilizados pelo Fisco Federal que deram origem às glosas aplicadas ao Pedido de Ressarcimento / Compensação de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, relativo ao 1º trimestre de 2001” analisando inclusive as questões relacionadas à contabilidade e documentação suporte. Traz ainda extensa documentação produzida com vistas a comprovar o alegado, além de demonstrar que em sua contabilidade possuía os registros necessários à verificação da adequação do crédito pleiteado. Posteriormente (fls. 716/723), a Recorrente apresenta Parecer Técnico (acompanhado de documentação comprobatória de sua movimentação de estoque – fls. 724/843) em retificação àquele anteriormente apresentado junto com seu Recurso Voluntário, considerando especialmente que “em caso idêntico ao presente, esta Colenda Câmara reconhecendo o cerceamento de defesa ocorrido e a força probante dos laudos técnicos juntados houve por bem converter o julgamento em diligência apenas para verificação de alguns aspectos específicos da prova produzida (Recurso 130.763)” Vieramme, então, os autos para decisão, ocasião em que esta Turma entendeu pela remessa dos autos à Secretaria, para que fosse juntada cópia de relatório da diligência realizada nos autos do Processo nº 13881.000165/0056, que trata da mesma matéria objeto destes autos, pois originário do mesmo processo de fiscalização, referindo se, apenas, a período de apuração distinto. A diligência foi realizada, especialmente, para dirimir dúvidas quanto à adequação e validade do sistema de controle de estoque e produção da Recorrente, bem como em relação às devoluções questionadas pela Fiscalização. Foi determinada, também, a juntada do Acórdão proferido por esta mesma Turma, no julgamento do mencionado Processo. Fl. 13DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 14 8 Após a juntada do relatório da diligência realizada, e do acórdão proferido naqueles autos, o processo retornou para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele conheço. Da análise dos autos constatase que houve indeferimento parcial do pedido de ressarcimento dos créditos de IPI pleiteados, em razão da não aceitação, pelo Fisco, dos seguintes créditos: (i) Créditos apurados com base em sistema não confiável e, portanto, inadequado; (ii) Créditos sobre produtos que teriam sido objeto de devolução, não comprovada; (iii) Créditos sobre aquisição de produtos que não se enquadrariam no conceito de MP, PI e ME, tanto no CFOP 1.11 e 2.11 (compras para industrialização); (iv) Créditos de CFOP 1.99, 2.99 e 3.99, que a fiscalização entendeu não terem sido utilizados no processo produtivo porque foram recebidos em consignação. Ademais, ainda houve a redução de parte do crédito pleiteado correspondente ao desconto de valores de IPI não destacado nas saídas objeto do lançamento realizado nos autos do processo nº 10860.005574/200278 (auto de infração para cobrança de multa por falta de destaque do IPI). Passo, assim, a análise apartada de cada uma das respectivas causas de indeferimento do ressarcimento, dos créditos pleiteados. Indeferimento de créditos relativos ao IPI não destacado em saídas relacionadas ao Processo nº 10860.005574/200278 (AI para cobrança de multa por falta de destaque do imposto) Em relação a esta redução do valor pleiteado, para compensar os valores não destacados na saída de produtos, vale ressaltar que o auto de infração lavrado nos autos do Processo nº 10860.005574/200278 referiuse exclusivamente à aplicação da multa pela falta de destaque do IPI. O desconto que a fiscalização promoveu, nestes autos, por sua vez, referese ao IPI derivado da reconstituição do saldo credor da Recorrente, considerando que nas operações objeto do referido Processo nº 10860.005574/200278 o IPI não foi destacado. Embora o contribuinte tenha apresentado argumentos contra a cobrança do IPI nestes autos, a DRJ decidiu pela impossibilidade de o contribuinte defenderse a respeito do Fl. 14DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 15 9 IPI ora cobrado, pelo simples fato de, nos autos do Processo nº 10860.005574/200278, ter optado pelo pagamento do auto de infração. Segundo entendimento da DRJ, ao ter optado pelo pagamento, a Recorrente teria aberto mão de sua defesa. Ao meu sentir, tal entendimento está equivocado. Afinal, o pagamento do auto de infração lavrado para a cobrança da multa não significa, necessariamente, que a Recorrente tenha admitido que o IPI era, de fato, devido. A análise de conveniência quanto ao pagamento do auto de infração pode ter sido realizada levando em consideração outros elementos, como a questão econômica na manutenção da discussão, a eventual necessidade de obtenção de certidão negativa para realização de outros negócios ou a opção do contribuinte de discussão do caso pela via judicial. Enfim, não é razoável concluir – diante do cenário econômico e tributário atual – que um contribuinte que paga um auto de infração necessariamente concorda com os termos autuados. Pareceme um tanto ingênua, tal afirmação. Desta feita, entendo que a Recorrente poderia sim, nestes autos, discutir a incidência do IPI sobre as operações que também foram objeto do Processo nº 10860.005574/200278. Até mesmo porque, naqueles autos a Recorrente discutiria a aplicação da penalidade, e nestes, poderia discutir a incidência em si. Contudo, apesar de a Recorrente ter trazido seus argumentos visando a reversão da glosa de créditos em razão da reconstituição de seu saldo credor (em decorrência das operações que não se submeteram ao destaque do IPI), limitouse a alegar que a exigência do IPI, nestes casos, se fundaram em indícios e suposições da Fiscalização. Se de fato entendeu que não havia sustentação fática e jurídica para a exigência fiscal, deveria ter comprovado que tais indícios e suposições eram inverídicos e não representavam os fatos realmente ocorridos. Todavia, a Recorrente não comprova, com argumentos nem com documentos sua alegação. Assim como não cabem exigências fundadas em indícios e suposições superficiais, a prova da superficialidade e incoerência de tais indícios e suposições deve ser realizada, de forma robusta, pelo contribuinte que pretende afastar a exigência. Assim, pela insuficiência de argumentos e provas trazidas pela Recorrente, entendo que deve ser mantida a glosa dos créditos em questão. Indeferimento de créditos presumidos – Inconsistência e imprestabilidade do sistema de controle de estoques e produção Em relação ao indeferimento do ressarcimento de parcela do crédito, fundado na inadequação do sistema de controles de estoque e produção da Recorrente – o que, segundo o Fisco teria impossibilitado a adequada apuração do valor do crédito pleiteado, bem como sua verificação, por parte da fiscalização entendo que também não pode ser mantido. Isto porque, conforme amplamente abordado e esclarecido por esta Turma, por ocasião do julgamento do Processo Administrativo nº 13881.000165/0056, e no Acórdão nº 330200.460 (anexo aos autos), o sistema de controle de estoques e produção da Recorrente não impediu a apuração adequada dos créditos pleiteados. Segundo restou comprovado naqueles autos, embora tenham sida identificadas algumas (poucas) falhas no sistema, os problemas além de pontuais foram identificados pela própria empresa, a tempo de corrigilos. Ademais, as falhas identificadas não comprometeram a apuração dos saldos mensais, o que, por si só, afasta a alegação da Fiscalização de imprestabilidade e comprometimento do sistema. Destaco a ementa do referido Acórdão, proferido por esta Turma, verbis: Fl. 15DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 16 10 “(...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 31/07/2000 CRÉDITO PRESUMIDO. MÉTODO DO CUSTO INTEGRADO. CONTROLE DE ESTOQUE. REQUISITO. Se comprovado que os saldos mensais do sistema de custos integrado não foram afetados por erros na sua alimentação no curso do mês, serve referido sistema para apurar o crédito presumido. CRÉDITO BÁSICO. DEVOLUÇÕES. CONTROLE DO ESTOQUE. CONDIÇÃO. É permitida a escrituração de créditos por devoluções se houver efetivo registro da produção em livro previsto no regulamento ou em controle equivalente.(...)” Constatase, da análise realizada naqueles autos do relatório da diligência, da documentação apresentada pela Recorrente e especialmente da decisão proferida por esta Turma, no caso em destaque, que a apuração dos créditos pleiteados pela Recorrente não foi comprometida por eventuais falhas em seu sistema. Assim, diante da ausência de fundamento da Fiscalização, naqueles autos foi deferido o ressarcimento dos créditos que havia sido negado anteriormente, por suposta falha nos sistemas de controle da Recorrente. Desta feita, considerando que se trata da mesma discussão nestes autos, e levando em consideração que as provas realizadas naqueles autos são suficientes para dirimir a controvérsia deste processo – que se refere, afinal, apenas a período de apuração distinto, mas que tem origem e fundamento no mesmo procedimento fiscalizatório – entendo por reformar a decisão de indeferimento do ressarcimento com base nas alegações de inconsistência na apuração dos créditos, em razão de falhas nos sistemas da Recorrente. Assim, defiro o ressarcimento dos créditos que haviam sido objeto de glosa por estas razões. Indeferimento de créditos relativos a retorno de mercadorias – Inconsistência e imprestabilidade do sistema No que tange aos créditos indeferidos por ter entendido a fiscalização que não foram comprovadas adequadamente a devolução de produtos, tal conclusão só foi alcançada pelo Fisco por ter entendido que o controle de estoques e produção da Recorrente eram imprestáveis. Na medida em que restou comprovado que tais controles eram válidos, não há razão para se manter a glosa dos créditos. Neste ponto, destaco trecho do Acórdão proferido por esta Turma, nos autos do Processo Administrativo nº 13881.000165/0056 (relativo ao caso análogo a este), verbis “No tocante aos créditos de CFOP 1.31, 1.32 e 2.31, tratase de retornos de produtos que saíram com débito, para o qual o Regulamento exige o registro de controle de estoque ou Fl. 16DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 17 11 equivalente, única razão pela qual os créditos foram glosados, nos termos do art. 169 do Ripi/2002: (...) Portanto, a razão da glosa foi a inexistência de controle equivalente de estoque. Como o controle de estoque da Interessada foi considerado hábil (efetivamente equivalente), a glosa não deve ser mantida.” Logo, em relação ao indeferimento do ressarcimento destes créditos, sendo a única razão apontada pela fiscalização como impeditiva de seu aproveitamento a inconsistência do sistema da Recorrente – comprovada a regularidade do sistema, deve ser reformada a decisão, para garantir o ressarcimento dos valores ao contribuinte. Indeferimento de créditos relativos a produtos não considerados como insumos Outra razão de indeferimento parcial do pedido de ressarcimento sob análise, foi a alegação da fiscalização de que parte das aquisições geradoras de créditos não se referiam a matéria prima, produtos intermediários ou materiais de embalagem que pudessem gerar direito ao crédito de IPI. Ou seja, tais produtos, segundo entendimento do Fisco não se enquadraria no conceito de insumo. Segundo as razões apresentadas pela Fiscalização, a Recorrente teria qualificado como insumos, produtos que não o seriam. Nos termos do Relatório da Fiscalização, verbis: “Algumas das aquisições, até por seus próprios nomes correntes, válvulas, rolamentos ou classificações fiscais 8479.90.90, exemplo são manifestamente estranhas ao direito de crédito. Outras, por serem de evidente uso e consumo, tais como, graxa e spray protetivo para máquinas; parafuso e calço que, respectivamente, fixam e ajustam o ângulo do inserto/pastilha tipo de lâmina que desbasta a peça e lhe dá acabamento. Ou, então, mesmo sendo produtos de uso continuo, nem por isso dão direito a crédito de IPI, caso dos acessórios para o processo de solda isqueiro, bocal, bico, mangueira, etc – que sequer entram em contato com o produto em confecção. A razão de fundo para estas glosas é que Maxion tinha um entendimento equivocado do que, tributariamente, pode e o que não pode ser considerado insumo que propicia crédito de IPI. A confirmar em listagens de fls. 187/190, 191/193 e 200/207.” A base, apontada no próprio Relatório de Fiscalização, que serviu para as conclusões de que tais produtos não seriam insumos, são listagens dos produtos (fls. 187/207), em que há uma coluna que indica o “Destino” de cada produto, ou “Onde é utilizado”. A descrição, evidentemente, não é detalhada, e limitase a indicar se o produto é usado em uma Fl. 17DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 18 12 “máquina”, “peça de chassi”, ou em “solda”, por exemplo. No entanto, seja porque não é possível definir, da simples leitura da planilha, o que seria utilização em “serviço/ferramental”, seja porque a utilização em “pintura” e em “acabamento/decapagem”, me parece que lhes confere a qualidade de insumos, entendo que a mera análise das referidas planilhas não poderia levar à conclusão, com a devida clareza e certeza, de que um ou outro produto seria ou não insumo. Segundo a defesa apresentada pela Recorrente o Fisco teria se limitado a analisar apenas a descrição e/ou o nome de cada um dos insumos, para daí tirar suas conclusões de que não seriam, de fato, insumos. Por esta razão solicitou a perícia, que foi indeferida pela DRJ, mas visava justamente esclarecer como cada um dos produtos objeto de glosa integravam seu processo produtivo. Diante deste cenário a Recorrente anexou laudo técnico visando esclarecer como cada classe de produtos era utilizada em sua produção (fls. 377/385). Entendo, portanto, que diante do cenário, é necessário analisar com a devida atenção tais laudos, justamente para que seja possível compreender como os produtos eram utilizados pela Recorrente, para daí sim concluir se poderiam ou não enquadrarse no conceito de insumos, garantindo, assim, o respectivo crédito do IPI. Antes da análise de cada um destes grupos de produtos esclareço que mantenho entendimento de que quando o produto é integralmente consumido no processo produtivo – seja ele material de uso e consumo, seja classificado como matéria prima – deve ser concedido o direito ao crédito presumido de IPI sobre tal aquisição. Afinal, a meu ver, tais produtos geram direito ao crédito presumido, uma vez que foram totalmente consumidos no processo produtivo. Neste sentido, entendo que não é necessário o contato direto do insumo com o produto final, bastando que este seja integralmente consumido no processo. Tal interpretação está baseada no art. 82 do RIPI/82 e 164 do RIPI/02 "embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente". É possível citar como exemplo precedentes desta Turma (quando Primeira Câmara do Segundo Conselho de Contribuinte), Recursos nº 116.199; 111.516; 11.579; 110.075; 116.436, além de precedentes da Câmara Superior, também nestes termos, conforme decisão proferida no Recurso nº 202109.885. Importa, ainda, ressaltar que o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo (Resp nº 1.075.508) decidiu que os materiais que são consumidos no processo industrial, ainda que não integrem o produto final, geram direito ao crédito presumido de IPI ora sob análise, verbis: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1. A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I, Fl. 18DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 19 13 do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009; AgRg no REsp 1.063.630/RJ, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2. Deveras, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose "aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente.” 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuidase de estabelecimento industrial que adquire produtos "que não são consumidos no processo de industrialização (...), mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final", razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” destaquei Assim, entendo ser possível o aproveitamento de créditos decorrentes dos insumos adquiridos para utilização na produção industrial, em especial quando totalmente consumidos no processo de produção, ainda que não integrem o produto final. Finalmente, registro que o crédito não pode ser apurado sobre nenhum produto ou bem que esteja classificado no ativo imobilizado do contribuinte. Todavia, registro que o conceito de ativo imobilizado deve ser corretamente empregado pelo Fisco, devendo ser verificados os documentos contábeis do contribuinte, bem como a sua atividade específica. Feitas estas considerações iniciais, passo a análise dos produtos que foram objeto da glosa, utilizando a classificação apontada no Laudo Técnico de fls. 377/385. 1) FERRAMENTAIS – há referência na planilha utilizada pela Fiscalização, para avaliação da classificação de produtos como insumos (fls. 187/207) de utilização de diversos produtos em “serviços/ferramentais”, “ferramentais” e/ou “ferramental/brocas”. Fl. 19DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 20 14 Segundo informações constantes nos laudos técnicos, a Recorrente chama de ferramentais os produtos específicos de seus clientes remetidos para industrialização por encomenda de determinados bens que se tornarão ativos de seus clientes (são peças montadas e acopladas à prensas de estamparia de autopeças). Nessa categoria de insumos estão incluídos, segundo referido Laudo, os seguintes produtos e serviços: aço, alargadores de furo, serviço de adaptação de ferramental, anéis de retenção, buchas, colunas, serviço de construção e montagem de ferramenta, dispositivo auxiliar e de montagem, mancais, módulos de junção e de estrados, limitadores, máscaras de furação, bases dos moldes dos ferramentais, pinos. A questão aqui é que o insumo não é custo da Recorrente, mas de seu cliente. Não vejo como conceder crédito para a Recorrente se o custo efetivo foi de terceiros. Da mesma forma, no que se refere aos serviços, embora tenham sido elevados à categoria de insumo pela legislação do PIS e da COFINS, em relação aos créditos de IPI tal equiparação não é válida. Portanto, em relação aos serviços incluídos na categoria de ferramentais, entendo que deve ser mantida a negativa de ressarcimento de créditos de IPI. 2) ÁCIDOS Segundo o laudo técnico tais produtos são utilizados na preparação e no acabamento de diversas matériasprimas, utilizadas no processo produtivo, e considerados indispensáveis na produção. São citados o ácido clorídrico e o ácido nítrico. Pareceme que, embora não se incorporem ao produto final, na medida em que sua função é transformar a matériaprima, integram o processo de produção. Desta feita, entendo que deve ser garantido o direito ao crédito sobre tais insumos. 3) ÓLEOS DE LAMINAÇÃO: segundo o laudo tais produtos são utilizados na laminação dos componentes que são utilizados na conformação das peças – que é processo através do qual se produz as peças produzidas pela Recorrente. Seriam consumidos no processo, por meio de arraste na superfície da peça e/ou por evaporação (devido às altas temperaturas). Os produtos classificados neste grupo são: Aditivo Lorn, Óleo de Corte, Óleo Emulsão/Mineral, Óleo Hidráulico, Óleo para estampagem, Óleo protetivo, Óleo ultraform, Lubrificante de deformação. Mais uma vez, pareceme que tais produtos podem ser considerados insumos, pois possuem uma função específica, de transformação das peças que são produzidas pela Recorrente. Se a finalidade de tais óleos é justamente a preparação da chapas de aço que são usadas na fabricação das peças, entendo que fazem parte do processo produtivo, ainda que não se integrem ao produto final (pois, de todo modo, o transforma). Concluo, portanto, que deve ser garantido o direito ao crédito sobre tais insumos. 4) SISTEMA DE TRANSPORTADORES – nesta categoria estão classificados diversos bens que servem, segundo informações constantes no laudo técnico, pra transportar os produtos que estão em fase de fabricação. Tais produtos têm um peso médio elevado, razão pela qual é necessário utilizar um sistema especial de transporte. Enquadramse neste grupo os seguintes bens: rolamentos, tubo cilíndricos, eixos, cabo de aço, carros, correntes, esteiras, grampos, hastes, transportadores, trilhos, trolley, reparos de rolamento, rodízios, empilhadeiras e gás combustível destes veículos. Neste caso, entendo que, embora tais bens entrem em contato direto com os produtos em fabricação (e se desgastem bastante, como informado no laudo técnico), não os transformam, alteram, ou modificam de qualquer maneira. Sendo assim, não me parece que possam ser Fl. 20DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 21 15 considerados como insumos utilizados na produção. Ademais, pareceme que poderiam, inclusive, estar contabilizados como ativo – dadas suas características – o que, por si só, impediria a apuração dos créditos sobre tais bens. 5) SISTEMAS DE IÇAMENTO E TRANSPORTE enquadramse nesta categoria as correntes, ganchos, guias, hastes e carregadores, além de válvulas pneumáticas e tombadores de peças. São todos relacionados ao sistema de transporte, cuja finalidade é a movimentação interna dos bens durante o processo produtivo. Pelas mesmas razões expostas em relação aos bens que se enquadram na categoria anterior (Sistemas de Transportadores), entendo que não há direito ao crédito pleiteado em relação a estes bens. 6) GRAXA em relação à graxa, ainda que utilizada em diversos pontos da linha de produção, entendo que, por não ter o condão de modificar ou transformar os produtos fabricados, não pode ser considerada como parte integrante do processo de produção, no sentido do conceito de insumo. Embora necessária ao bom funcionamento de máquinas, entendo que não entram em contato com as peças produzidas – senão eventual e aleatoriamente, mas nunca com a finalidade de modificálas. Assim, concluo que em relação a este produto, não há que se falar em crédito a ser apurado/ressarcido. 7) QUÍMICOS são produto utilizados na limpeza das peças, especialmente para retirada de outros produtos que são utilizados em sua produção, para modificação e/ou transformação de tais bens, no produto final. Há necessidade de que todos os produtos utilizados no processo de produção sejam retirados das peças, a fim de que estas sejam encaminhadas para a fase de pintura. São eles: cal hidratada, cloreto de sódio, hipoclorito de sódio, metabissulfito de sódio e desengraxante. É imprescindível, para o processo produtivo, na medida em que somente a aplicação dos produtos químicos permite a pintura do produto, razão pela qual concedo o crédito pleiteado. 8) PINTURA neste grupo encontramse os produtos que são utilizados na fase de produção em que ocorre a pintura dos bens em fabricação. São incluídos neste grupo: esmaltes sintéticos, thinner, wash primer, pastas, solventes, água raz, tintas, xilen, fosfatizante, refinador, acelerador, passivante, desengraxante, butilglicol, solventes especiais, coagulantes, polieletrólito, ácido clorídrico, soda caustica, cloro. Também são utilizados os filmes stretch para proteção dos furos dos produtos objeto de pintura (selagem). Por se tratar de fase do processo de produção, por transformarem o produto e por se integrarem a ele (ainda que indiretamente), entendo que os insumos em questão são passíveis de crédito de IPI. 9) PARAFUSO E CALÇO QUE FIXAM O ÂNGULO DO INSERTO/PASTILHA segundo consta no laudo técnico tais produtos são utilizados para prender os insertos de usinagem, desgastandose no processo produtivo, seja pelas vibrações, aquecimento e/ou elevados esforços, derivados do processo de usinagem do aço. Entendo que faz parte de partes e peças, portanto do ativo imobilizado, razão pela qual indefiro o crédito pleiteado. 10) GASES utilizados no processo de solda dos produtos em fabricação. Fazem parte deste grupo os seguintes gases: Argônio Liquido, Gás Carbônico, Nitrogênio, Oxigênio Industrial. Ainda que não se integrem ao produto final, parecemme serem essenciais ao processo de solda Fl. 21DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 22 16 e, portanto, na transformação dos bens em produção. Assim, entendo que o crédito de IPI sobre estes produtos deve ser garantido. 11) ARAME, FLUXO, ELETRODOS E GASES DE SOLDA neste grupo estão inseridos produtos que são utilizados de forma diferente, nas diversas etapas da fabricação. Na fase chamada MIG (Metal Inert Gas) são utilizados o arame de solda e gases de proteção (Argônio 80% e CO2 20%). Segundo consta do laudo técnico “através de um processo elétrico de abertura de arco, o arame é depositado na região de solda. A mistura de gases é aplicada sobre a área para evitar o contato imediato da junta soldada com o ar, impedindo a oxidação”. No processo chamado de arco submerso, são utilizados como insumos: arame de solda, fluxo e antirespingo. Segundo descrição do laudo técnico se realiza “um processo elétrico de abertura de arco, o arame é depositado na região de solda. O fluxo recobre a área para evitar o contato imediato da região soldada com o ar, impedindo a oxidação.” Em relação aos produtos classificados nesta categoria, entendo que podem ser considerados insumos na medida em que se desgastam no processo produtivo e não são partes e peças. 12) ACESSÓRIOS PARA O PROCESSO DE SOLDA nesta categoria se incluem os produtos utilizados no processo de solda e/ou recuperação de componentes. São eles: bico, bocal, spray protetivo, fluxo, mangueira, cabo flexível. Pareceme que bico, bocal, mangueira e cabo flexível fazem parte da máquina de solda, logo são partes e peças e portanto não geram direitos à crédito. Por outro giro, spray protetivo e fluxo, não consistem em partes e peças e se consomem no processo de industrialização. 13) ACESSÓRIOS PARA O PROCESSO DE CORTE A QUENTE se enquadram nesta categoria: isqueiro, bico, bocal, mangueira, molas e porta bico. Segundo o laudo técnico são produtos utilizados de formas distintas no processo de corte do aço, bico, bocal e mangueiras conduzem os gases, no processo. O isqueiro é o ignitor do processo. Entendo que são partes e peças, razão pela qual não geram direito a crédito. 14) SABÃO DE ESTAMPAGEM tratase de insumo utilizado no processo de estampagem de componentes que auxilia na conformação da peça. Assim como outros produtos acima já apontados, este transforma os produtos em fabricação, na medida em que são utilizados no processo de conformação. Logo, entendo que geram direito ao crédito de IPI pleiteado. 15) GRANALHAS DE AÇO – são utilizados no processo de decapagem mecânica de parte da matéria prima utilizada na manufatura. Assim, por se tratar de produto utilizados na transformação dos produtos em fabricação, geram direito ao crédito. 16) MATERIAIS UTILIZADOS PARA IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS ACABADOS neste grupo estão componentes utilizados para fazer marcação nos produtos acabados (códigos e identificações). Classificamse nesta categoria: marcadores industriais e gravadores. Entendo que por se referirem a marcações que não alteram ou modificam os produtos, especialmente em razão da referência do laudo de que se aplicam sobre produtos acabados, não poderiam ser qualificados como insumos e, portanto, não geram direito ao crédito de IPI. Fl. 22DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 23 17 17) MATERIAIS UTILIZADOS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS DO PROCESSO PRODUTIVO – nesta categoria estão enquadrados diversos produtos que se qualificam como componentes dos equipamentos utilizados na produção e que, por seu desgastes, são constantemente substituídos. São eles: motores, pinos, adaptadores, bolsas plásticas, bujões, caixas de ferramentas, carcaças, conectores, cotovelos, curvas, distribuidores, eixos, engates, fixação, flange, fresas, jogos de reparo, junções, juntas, mancais, mangueiras, metalon, óleos, prisioneiros, revestimentos, saídas, sensores, sinaleiros, sondas de imersão, tampas, trenas, tubos, uniões, válvulas, garras, graxas, kit peças, kits reparo, brocas, movitrac, parafusos, porcas. Neste caso, embora haja consumo no processo produtivo, entendo que só geram direito ao crédito as aquisições de produtos que não se destinem ao ativo imobilizado da Recorrente e, pelo que entendo, este item trata de partes e peças de máquinas, que compõe o ativo imobilizado. Diante do exposto, reconheço o direito ao crédito de IPI sobre os produtos referenciados nos itens 2, 3, 7, 8, 10, 11, 14 e 15 acima referenciados. Não reconheço o direito ao crédito sobre produtos incluídos nos itens 1, 4, 5, 6, 9, 13, 16 e 17. Concedo parcialmente o crédito pleiteado no item 12, nos termos mencionados. Indeferimento de créditos relativos a produtos recebidos em consignação A última categoria de produtos em relação aos quais a fiscalização entendeu não haver direito ao crédito de IPI pode ser classificada como aquela em que foram incluídos os produtos recebidos pela Recorrente no regime de consignação. Segundo entendimento do Fisco, apresentado no Relatório Fiscal, os produtos que foram recebidos pela Recorrente sob o regime de consignação não poderiam ser considerados insumos (passíveis de creditamento do IPI) porque equiparou a consignação ao depósito e, assim, entendeu que, em decorrência do regime de consignação, a Recorrente estaria obrigada a devolver os produtos consignados ao consignante, de maneira que tal obrigação inviabilizaria a utilização dos produtos em seu processo de industrialização. Ocorre que a premissa adotada pela fiscalização – de que todo produto remetido em consignação deve ser devolvido ao consignante – é uma premissa equivocada. Isto porque, nem toda consignação importa em devolução do produto. Ao contrário, a consignação é regime através do qual se remete um produto para que outrem o revenda, ou faça uso do bem, como melhor lhe convir. Se, na eventualidade de não ocorrer a revenda e/ou sua utilização pelo consignatário, aí sim há obrigatoriedade de devolução do bem. Estas características básicas estão descritas no Código Civil, que trata do regime de consignação como sendo um contrato estimatório – justamente porque se estima uma venda a se perfazer, verbis: "Artigo 534 Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao consignatário, que fica autorizado a vendêlos, pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituirlhe a coisa consignada." Fl. 23DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 24 18 Constatase da análise do dispositivo legal que é possível ocorrer a devolução da coisa consignada, mas que esta não é a regra. Ao contrário, justamente por se tratar de um contrário estimatório, a finalidade da consignação é que ocorra a utilização do bem, pelo consignatário (seja própria, seja em revenda). Aliás, a consignação na modalidade industrial – na qual há remessa de bens para utilização como insumo na industrialização – tornouse uma modalidade bastante usual de consignação, especialmente porque permite a entrega estimada de produtos/insumos ao industrial, que através de controles próprios do contrato, utiliza os produtos na medida em que necessita, e efetua o pagamento, periodicamente, na medida desta utilização e sem que precise preocuparse constantemente com a compra de insumos (e recebimento) eventualmente faltantes em seus estoques. A consignação mercantil foi, inclusive, objeto de regulamentação pelo CONFAZ, para padronização das operações de remessas dos produtos sob tal regime, inclusive em relação a cumprimento de obrigações acessórias do ICMS e do IPI. Neste sentido, destaco a qualificação da operação, expressamente estabelecida pelo Protocolo ICMS n.º 52/00, verbis: “PROTOCOLO ICMS 52/00 Estabelece disciplina para as operações relacionadas com as remessas de mercadorias remetidas em consignação industrial para estabelecimentos industriais. (...) Cláusula primeira Acordam os Estados da Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo em permitir que fornecedores estabelecidos nos seus territórios promovam a saída de mercadorias a título de “consignação industrial” com destino a estabelecimentos industriais localizados no território de qualquer dos Estados signatários, nos termos deste protocolo. § 1º Para efeito deste protocolo, entendese por consignação industrial a operação na qual ocorre remessa, com preço fixado, de mercadoria com a finalidade de integração ou consumo em processo industrial, em que o faturamento darseá quando da utilização dessa mercadoria pelo destinatário”. (destaquei) Portanto, o argumento utilizado pela Fiscalização para promover a glosa de créditos de IPI, apurados sobre insumos recebidos sob o regime de consignação, apenas por entender que tais produtos deveriam ser obrigatoriamente devolvidos ao consignante, não tem fundamento. Afinal, tais produtos não teriam, necessariamente, de ter sido devolvidos – pelo contrário, o normal é que fossem consumidos na produção da Recorrente, como ela alega que foram. Ademais, se ao menos a fiscalização tivesse feito prova desta devolução – que entendeu ser obrigatória – comprovando que a consignação culminada na não utilização dos produtos pela Recorrente, com sua posterior devolução – aí sim seria possível admitir o argumento utilizado para desconsiderar os créditos de IPI sobre tais produtos. Ao deixar de fazer tal prova, a Fiscalização limitou seus argumentos ao campo conceitual no qual, Fl. 24DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 25 19 entretanto, entendo que não se sustentam. Vale destacar que não é razoável condicionar o aproveitamento do crédito em comento à prova, por parte do contribuinte, de que não houve devolução dos bens – especialmente considerando que esta é a exceção à regra da consignação industrial. Ademais, não é aceitável exigir que o contribuinte faça prova negativa, de fato que não restou demonstrado pelo Fisco, quando este era fundamento de suas conclusões. Assim, voto no sentido de que os créditos de IPI sobre produtos recebidos em consignação, como amostras para demonstrações e testes, sejam garantidos à Recorrente, na medida em que não restou comprovado que os mesmos não foram utilizados em seu processo produtivo, pois teriam sido devolvidos ao consignante. Atualização dos Créditos pela Taxa SELIC Finalmente, no que se refere ao pedido de atualização monetária dos créditos pleiteados, pela Taxa SELIC, com razão a Recorrente. Para melhor compreensão, transcrevo abaixo o acórdão proferido pelo processo nº 1.088.292292, Recurso Repetitivo que trata da incidência da Taxa Selic, verbis: “PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. CRÉDITO PRESUMIDO DO ART. 1º DA LEI N. 9.363/96. PEDIDO DE RESSARCIMENTO EM DINHEIRO. MORA DA FAZENDA PÚBLICA FEDERAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 411/STJ. TEMA JÁ JULGADO PELO REGIME CRIADO PELO ART. 543C, CPC, E DA RESOLUÇÃO STJ 08/2008 QUE INSTITUÍRAM OS RECURSOS REPRESENTATIVOS DA CONTROVÉRSIA. 1. O ressarcimento em dinheiro ou a compensação, com outros tributos, dos créditos adquiridos por força do art. 1º, da Lei n. 9.363/96 créditos presumidos de IPI adquiridos como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS) quando efetuados com demora por parte da Fazenda Pública, ensejam a incidência de correção monetária. 2. Incidência do enunciado n. 411, da Súmula do STJ: "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" e mudança do ponto de vista do Relator em razão do decidido no recurso representativo da controvérsia REsp.nº 1.035.847 RS, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24.6.2009. 3. Precedentes em sentido contrário: REsp. Nº 1.115.099 SC, Primeira Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 16.3.2010; AgRg no REsp. Nº 1.085.764 SC, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 18.8.2009. 4. Agravo regimental não provido.” (STJ AgRg no AgRg no recurso especial Nº 1.088.292 RS (2008/02047717), Relator: Ministro Mauro Campbell Marques – destaquei) Fl. 25DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 26 20 Ademais, a Câmara Superior de Recursos Fiscais, órgão máximo do então Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), já aplicava o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a saber: “IPI. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. Cabe a atualização monetária dos ressarcimentos de IPI pela aplicação da Taxa SELIC, em atendimento ao princípio da isonomia, da equidade e da repulsa do enriquecimento sem causa. Precedentes do colegiado. Recurso negado.” (acórdão CSRF/ 02 –01.690, 2ª Câmara da CSRF destaquei) “TAXA SELIC. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Incidindo a Taxa Selic sobre a restituição, nos termos do art. 39, § 4º, da Lei nº 9.250/95, a partir de 01.01.96, sendo o ressarcimento uma da espécie do gênero restituição, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão CSRF/020.708, de 04.06.98, além do que, tendo o Decreto nº 2.138/97 tratado de restituição e ressarcimento da mesma maneira, a referida taxa incidirá também, sobre o ressarcimento. (Recurso 116.636, 1ª Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes; Serafim Fernandes Corrêa, sessão de 17/04/01 destaquei) No mesmo sentido, também neste tribunal administrativo 202113.770; 201 110.145; 201110.981; 201110.657; 202106.561; 114.964; 116.492; 110.145; 114.851; 116.491. Logo, entendo cabível a aplicação da atualização monetária sobre o valor do crédito tributário que foi obstaculizado, ou seja, que apesar de não ter sido concedido pela Delegacia da Receita Federal – DRF – está sendo concedido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. A taxa SELIC deverá ser aplicada desde o pedido do contribuinte. Por todo o exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, garantindolhe o ressarcimento dos créditos de IPI pleiteados, devidamente atualizados pela Taxa SELIC nos termos mencionados, exceto em relação (i) aos valores derivados da recomposição do saldo credor, em razão da falta de destaque do IPI nas operações que também foram objeto do Processo Administrativo nº 10860.005574/200278 (AI para cobrança de multa por falta de destaque do imposto) e (ii) a alguns produtos que não foram considerados como insumo, quais sejam, aqueles incluídos nos itens 1, 4, 5, 6, 9, 13, 16, 17 e parcialmente no item 12. Homologo, ainda, as compensações objeto destes autos, até o limite do crédito concedido. É como voto. Sala das Sessões, em 24 de abril de 2012 (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 26DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 13881.000040/200114 Acórdão n.º 3302 001.549 S3C3T2 Fl. 27 21 Fl. 27DF CARF MF Impresso em 02/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 04/0 6/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/06/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 11618.001522/2007-71
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1995 a 31/01/2005 COMPENSAÇÃO, DIREITOS CREDITÓRIOS PLEITEADOS NA JUSTIÇA. AÇÃO PROPOSTA APÓS A LC 104/01. COMPENSAÇÃO DECLARADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA MEDIDA JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial apresentada pelo sujeito passivo após a edição da Lei Complementar nº 104/01, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Somente com o trânsito em julgado os créditos pleiteados se revestem da certeza e liquidez indispensáveis à compensação tributária. Inteligência do art. 170-A do CTN. Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-001.705
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1730; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 187 1 186 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11618.001522/200771 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 330201.705 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de junho de 2012 Matéria PIS Recorrente J CARNEIRO COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1995 a 31/01/2005 COMPENSAÇÃO, DIREITOS CREDITÓRIOS PLEITEADOS NA JUSTIÇA. AÇÃO PROPOSTA APÓS A LC 104/01. COMPENSAÇÃO DECLARADA ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA MEDIDA JUDICIAL. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial apresentada pelo sujeito passivo após a edição da Lei Complementar nº 104/01, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Somente com o trânsito em julgado os créditos pleiteados se revestem da certeza e liquidez indispensáveis à compensação tributária. Inteligência do art. 170A do CTN. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 2 EDITADO EM: 19/07/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratasse de compensação de créditos de PIS indicados como indevidos em razão da inconstitucionalidade dos DecretosLei 2445 e 2449, ambos de 1988; da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo promovida pelas Leis nº 9.715 e 9.718, ambas de 1998; bem como da inconstitucionalidade do sistema não cumulativo, instituído pela Lei nº 10.637/02. A Recorrente realizou a compensação em sua conta contábil, declarandoa em DCTF, oportunidade em que informou que os crédito têm amparo judicial no processo nº 2005.82.000096837. O Delegado da receita Federal em João Pessoa proferiu o Despacho Decisório de fls.78, por meio do qual não homologou as compensações referenciadas, com base no PARECER N° 040/2007 Sacat /DRFJPA, de fls.72 a 77, que aplicou ao caso as restrições do artigo 170A do Código Tributário Nacional – CTN. Irresignada a Recorrente interpôs manifestação de inconformidade, com base nos argumentos da seguinte forma relatados pela decisão de primeira instância administrativa, a saber: “I considera ilegítima a exigência do pagamento do PIS com base nos Decretos Lei nos 2.445 e 2.449, de 1988, os quais já foram considerados inconstitucionais pelo STF e nas Leis 9.715, de 1998, 9.718, de 1998 e 10.637, de 2002, tendo ingressado inclusive com Mandado de Segurança de n°2005.82.00.0096837, ora sob análise em segunda instância no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, pleiteando a declaração de inexistência de relação jurídica que legitime a cobrança da contribuição ao PIS, bem como a declaração do direito à compensação dos valores preteritamente recolhidos a este título; II informa que, assim, com base no art.66 da Lei n° 8.383/91, c/c o art. 74 da Lei n° 9.430 de 1996, bem como na existência de discussão judicial do tributo em comento, nos autos do MS supramencionado, procedeu à compensação do respectivo indébito; Fl. 188DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11618.001522/200771 Acórdão n.º 330201.705 S3C3T2 Fl. 188 3 III discorda, portanto, da decisão ora recorrida, na qual a autoridade fazendária entendeu que "fica demonstrada a necessidade de a decisão judicial transitar em julgado, para que o sujeito passivo realiza a habilitação do seu crédito obtido junto ao Poder Judiciário, com a conseqüente tributação pela via do PerDcomp.", pelo fato de considerar inconstitucionais os diplomas legais com base nos quais foram recolhidas as exações ora pleiteadas; IV assim entende que tem direito, com base no art.66 da Lei n° 8.383/91, c/c o art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, de proceder à compensação, independentemente de autorização administrativa ou judicial dos respectivos valores com quaisquer tributos ou contribuições administrados pela Receita Federal, direito já pacificado pelo Superior Tribunal de Justiça, nos Embargos de Divergência em Recurso Especial n° 78.301, que ora transcreve; V aduz que nesse contexto, fezse necessário o socorro ao judiciário apenas para que a recorrente não sofresse retaliações por parte do Fisco, o que é, em síntese, o objetivo primordial da aludida ação, sendo equivocada eventual argumentação no sentido de que a discussão em juízo impediria a compensação, sendo outrossim, descabida também a alegação de suposta necessidade de trânsito em julgado; VI recorre à doutrina e conclui que não se aplica ao presente caso o regime dos artigos 170 e 170A do CTN, pois o que está em debate repitase é a compensação no regime do lançamento por homologação (autolançamento), previsto no art. 66 da Lei n° 8.383/91; VII Requer, à vista do exposto: a) que a presente manifestação de inconformidade seja conhecida, suspendendose a exigibilidade do crédito tributário ora debatido; b) que a presente manifestação de inconformidade seja considerada procedente, homologandose as compensações em tela.” Após analisar os argumentos trazidos à colação a 2ª Turma da DRJ/REC proferiu o acórdão nº 1128.495, por meio do qual indeferiu o pleito da Recorrente, mantendo a decisão da DRF sob a seguinte ementa, a saber: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/1995 a 31/01//2005 COMPENSAÇÃO TRIBUTARIA. A compensação, nos termos em que está definida em lei (art. 170 do CTN), só poderá ser homologada se os créditos do contribuinte em relação Fazenda Pública, vencidos ou vincendos estejam revestidos dos atributos de Fl. 189DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 4 liquidez e certeza. Dai a vedação contida no art.170A do mesmo CTN quanto à sua efetivação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1995 a 31/01//2005 DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato especifico do Sr. Secretário da Receita Federal nesse sentido. Não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos para as partes entre as quais são dadas, não beneficiando nem prejudicando terceiros.” Irresignada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário no qual reiterou os argumentos trazidos em sua inconformidade. É o relatório. Voto Conselheira Relatora FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Dos termos relatados percebese que a questão fulcral do presente recurso referese à impossibilidade de compensação contábil dos créditos pleiteados pela Recorrente. De acordo com os fatos trazidos aos autos, o direito ao crédito está em discussão no processo judicial nº 2005.82.000096837. A decisão que não homologou compensações declaradas pela Recorrente, o fez sob o fundamento de que os créditos estariam, na data da compensação, ainda em discussão judicial. Ou seja, segundo a DRJ, a compensação não foi homologada porque ainda não ocorrera o trânsito em julgado da ação judicial na qual discutiase a existência dos créditos utilizados, o que ofenderia o artigo 170A do CTN. Ademais, o v. acórdão recorrido afastou a possibilidade de que a compensação fosse realizada com base na Lei nº 8.383/91, uma vez que os débitos compensados (IRPJ/CSL) não são da mesma espécie que os créditos (PIS/COFINS). Constatase da análise dos autos que a medida judicial foi ajuizada no ano de 2005, portanto, após a edição da Lei Complementar nº 104/01, que inseriu o artigo 170A Fl. 190DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11618.001522/200771 Acórdão n.º 330201.705 S3C3T2 Fl. 189 5 no texto do Código Tributário Nacional. Referido dispositivo legal tem a seguinte redação, verbis: “Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial.” Considerando que o ajuizamento da medida judicial se deu após a entrada em vigor da disposição em tela, é de se concluir que a limitação imposta, ao contrário do pleiteado pela Recorrente, se aplica ao procedimento de compensação, bem como aos créditos objeto da discussão levada ao Judiciário. Ou seja, de fato, antes do trânsito em julgado da ação judicial os créditos dela oriundos não poderiam ser utilizados em procedimento administrativo de compensação. Todavia, a Recorrente não observou tal disposição, procedendo à compensação em sua escrita contábil. Importa observar, ainda, que não houve decisão judicial favorável à não aplicação do artigo 170A ao caso em análise. Impera registrar que, ante a vigência e plena validade da LC 104/01 no momento do ajuizamento da ação judicial, apenas uma determinação judicial que afastasse a aplicação da norma viabilizaria à Recorrente proceder a compensação de seus créditos, o que não ocorreu in casu. Assim, não só ao arrepio da Lei, mas também sem qualquer supedâneo jurisdicional, foram efetuadas as compensações ora sob análise. De se destacar que, do que consta dos autos, a medida judicial ainda não transitou em julgado. Não pode, evidentemente, prosperar a indignação da Recorrente. Assim como não prosperam seus argumentos, pois o CTN é claro e a jurisprudência mansa, a respeito da impossibilidade de aproveitamento de créditos tributários, para fins de compensação, quando tais créditos são oriundos de ação judicial interposta após a LC 104/01 e ainda não transitada em julgado. No mais, no que se refere à possibilidade de compensação nos termos da Lei nº 8.383/91, o que por si só, no entender da Recorrente, afastaria a aplicação do artigo 170A, com razão a decisão recorrida. O dispositivo legal aplicavase apenas aos tributos de mesma espécie (o que não é o caso) e era procedimento anterior aquele trazido pela Lei nº 9.430/96. Adoto, portanto, como razão de decidir a decisão proferida, verbis: “Nesse passo, foi editada a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991, que em seu art.66, com a redação dada pelo art.39 da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995, assim dispôs sobre a compensação: 'Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatária, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. Fl. 191DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 6 §1° A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. §2° É facultado ao contribuinte optar pelo pedido de restituição. 24. Assim, no regime da Lei n° 8.383/91, a compensação era possível apenas entre indébito e débito fiscal, vincendos, da mesma espécie e destinação constitucional (FINSOCIAL com COFINS; e PIS com PIS); 25. Posteriormente foi editada a Lei n° 9.430 de 27 de dezembro de 1996, que em seu art.74 (redação original) autorizava a compensação entre créditos e débitos relativos a espécies tributárias distintas, por meio de requerimento administrativo e com autorização do Fisco, vedada a consecução do procedimento, sem tais formalidades, por iniciativa unilateral do contribuinte. 26. O dispositivo legal acima foi posteriormente regulamentado pelo Decreto n° 2.138, de 29 de janeiro de 1997, que assim dispôs, em seus arts.1° a 3°, verbis: Art. 1° É admitida a compensação de créditos do sujeito passivo perante a Secretaria da Receita Federal, decorrentes de restituição ou ressarcimento, com seus débitos tributários relativos a quaisquer tributos ou contribuições sob administração da mesma Secretaria, ainda que não sejam da mesma espécie nem tenham a mesma destinação constitucional. Parágrafo único. A compensação será efetuada pela Secretaria da Receita Federal, a requerimento do contribuinte ou de oficio, mediante procedimento interno, observado o disposto neste Decreto. (o grifo não é original) Art. 2° 0 sujeito passivo, que pleitear a restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, pode requerer que a Secretaria da Receita Federal efetue a compensação do valor do seu crédito com débito de sua responsabilidade. Art. 3° A Secretaria da Receita Federal, ao reconhecer o direito de crédito do sujeito passivo para restituição ou ressarcimento de tributo ou contribuição, mediante exames fiscais para cada caso, se verificar a existência de débito do requerente, compensará os dois valores. 27. Assim, para que a Receita Federal pudesse proceder à compensação desses tributos, por terem destinação constitucional e orçamentária diferentes, a legislação supracitada exigia que houvesse o requerimento do contribuinte, para que a repartição pudesse proceder compensação mediante procedimento interno. Isso porque não existia o mecanismo da PER/DcomP que é uma declaração registrada nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil e que permite um maior controle das compensações entre tributos. 28. Por fim, com a edição Lei n° 10.637, de 30 de dezembro 2002, que em seu art.49 deu nova redação ao art.74 da Lei n° 9.430, 1996, a compensação para os tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, passou a ser efetivada pelo Fl. 192DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 11618.001522/200771 Acórdão n.º 330201.705 S3C3T2 Fl. 190 7 sujeito passivo mediante entrega de declaração contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, cujo efeito é o de extinguir o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, consoante se depreende da leitura do texto abaixo: "Art. 74. 0 sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados per aquele Orgão. 1° A compensação de que trata o caput sera efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados." ( o grifo não é original) 29. Por último, há de ser lembrado, por oportuno, que, de acordo com o art.51 da IN SRF no 600, de 28 de dezembro de 2005, quando os créditos pleiteados pela contribuinte forem reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado, deverão ser submetidos à prévia habilitação pela Delegacia da Receita Federal (DRF), com jurisdição sobre o domicilio tributário do sujeito passivo, com as regras determinadas no mesmo dispositivo infralegal: "Art. 51. Na hipótese de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a Declaração de Compensação, o Pedido Eletrônico de Restituição e o Pedido Eletrônico de Ressarcimento, gerados a partir do Programa PER/DCOMP, somente serão recepcionados pela SRF após prévia habilitação do crédito pela Delegacia da Receita Federal (DRF), Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária (Derat) ou Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinj) com jurisdição sobre o domicilio tributário do sujeito passivo. (grifei) 30. Dessa forma, o procedimento adotado pela impugnante de efetivar as compensações em discussão sem a apresentação das PERDCOMP, mas apenas declarandoas em DCTF é totalmente inválido, uma vez efetuado em total dissonância com a legislação acima citada as DCTF de fls.58 a 65 correspondem aos 1° e 4° Trimestres de 2004 — já em pleno vigor a legislação supracitada e, em sendo inválido, não poderá surtir nenhum efeito em relação aos débitos compensados.” – destaquei. Pelo exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, nos termos expostos. É com voto. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS 8 Sala das Sessões, 28 de junho de 2012. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Fl. 194DF CARF MF Impresso em 06/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 20/0 7/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 19/07/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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Numero do processo: 16327.915402/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano-calendário: 2005 COMPENSAÇÃO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Acórdão nº 3302-01.406 sessão de 26/01/2012.
Numero da decisão: 3302-001.506
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Nome do relator: FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ
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NÃO HOMOLOGAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. A DCTF retificadora, nas hipóteses em que é admitida pela legislação, substitui a original em relação aos débitos e vinculações declarados, sendo consequência de sua apresentação, após a não homologação de compensação por ausência de saldo de créditos na DCTF original, a desconstituição da causa original da não homologação, cabendo à autoridade fiscal apurar, por meio de despacho devidamente fundamentado, a liquidez e certeza do crédito do sujeito passivo. Acórdão nº 330201.406 sessão de 26/01/2012. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Fl. 73DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalme nte em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 2 Relatório Tratase de PER/DCOMP transmitido em 24/06/2008 (fls. 17), no qual é pretendida a compensação de IOF no valor de R$40.730,00, com vencimento em 25/06/2008, cujo crédito teria se originado de recolhimento indevido de CPMF. Através do Despacho Decisório Eletrônico de fls. 15, de 07/10/2009, a DRF de origem denegou a compensação pleiteada, considerando que o alegado direito creditório já fora utilizado para a quitação de débito da requerente, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A manifestação de inconformidade apresentada pelo interessado (fls. 01/08) foi considerada improcedente pela Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas – SP, através do Acórdão nº 0532.457, sessão de 07/02/2011 (fls. 33/36), assim ementado: Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2006 Ementa: DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. Correto o despacho decisório que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integralmente alocado na quitação de débitos confessados. O reconhecimento do direito creditório aproveitado em DCOMP não homologada requer a prova de sua existência e montante. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos elementos que permitam a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. DIREITO DE CRÉDITO. REGIME DE RETENÇÃO. ÔNUS FINANCEIRO. COMPROVAÇÃO. Tratandose de crédito envolvendo tributo retido pela instituição financeira na qualidade de responsável, cabe a esta a comprovação de que alegado pagamento a maior foi por ela suportado. Cientificado dessa decisão em 18 de março de 2011 (sextafeira AR. fls. 39), no dia 19 de abril seguinte o interessado apresentou recurso voluntário a este Conselho, no qual foram trazidos os argumentos de defesa a seguir sintetizados: que o tributo não compensado não lhe poderia ser exigido em face de o direito creditório terse originado de recolhimento indevido de CPMF em valor maior que o devido, relativo ao período de 03/2005 (venc. 02/03/2005), conforme DCTF e guia DARF anexadas à defesa, valor esse que equivocadamente fora retido e posteriormente estornado, sendo, assim, legítimo o direito ao crédito e a conseqüente homologação da compensação declarada; Fl. 74DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalme nte em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.915402/200912 Acórdão n.º 330201.506 S3C3T2 Fl. 2 3 que a decisão recorrida não reconhecera o direito creditório sob o fundamento de que o argüido pagamento indevido ou a maior não fora devidamente comprovado, sendo que os documentos então acostados à manifestação de inconformidade comprovariam, de forma inequívoca, o seu direito creditório; que, conforme amplamente exposto na defesa apresentada, o Recorrente recolheu CPMF, indevidamente, no mês de março de 2005; que o estorno dos valores da CPMF retida indevidamente, da conta dos seus correntistas (doc. 04), tornoua indevida, conforme se pode verificar do quadro que a seguir apresenta, fazendo a seguir exposição sobre os valores envolvidos na operação que equivocadamente teria sido realizada; que sobre a operação financeira equivocada e seu respectivo estorno não incide CPMF, nos termos do artigo 3º, inciso II, da Lei nº 9.311/1996, que transcreve; que é evidente que foi o Recorrente quem assumiu o encargo financeiro do pagamento da CPMF, uma vez que o valor retido a tal título foi devidamente estornado na conta corrente do cliente do Recorrente, conforme extrato anexo (doc. 04); que no processo administrativo, diferentemente do que ocorre no processo judicial, prevalece o princípio da verdade material em detrimento da verdade formal, cumprindo à autoridade administrativa, para a solução do litígio, promover a incessante busca do que realmente traduz a verdade dos fatos, fazendo citações doutrinárias para corroborar seus argumentos. É o relatório. Fl. 75DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalme nte em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 4 Voto Conselheiro Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, Relator. O recurso é tempestivo e assente em lei, devendo ser conhecido. Extraise do relatório que o pleito do recorrente é no sentido de serlhe reconhecido direito creditório que teria se originado de recolhimentos da Contribuição CPMF que fora retida em montante superior ao que seria devido. O Despacho Decisório Eletrônico, emitido em 07/10/2009 (fls. 15), considerou não mais existente o direito creditório, porquanto o mesmo já teria sido utilizado para a compensação de débitos do requerente. Ao julgar a manifestação de inconformidade, a decisão recorrida, além de considerar que o direito creditório não fora devidamente comprovado quanto à sua real existência, trouxe mais um fator que também impediria a homologação pretendida, qual seja, o fato de a CPMF ser um tributo cujo ônus recai sobre o titular da movimentação financeira, sendo a instituição que a retém apenas responsável pela sua cobrança e recolhimento, cabendo a esta a comprovação de que o pagamento a maior ou indevido fora por ela suportado. Conclui o órgão de julgamento administrativo de primeiro grau que, faltando aos autos a comprovação da existência de pagamento indevido ou a maior, o direito creditório não pode ser admitido e a compensação que dele se aproveita não pode ser homologada. Consta às fls. 23/24 dos autos que em 24/07/2009 fora transmitida pela internet DCTF retificadora, portanto em data anterior à emissão do Despacho Decisório, ocorrido em 07/10/2009. Sendo assim, convém verificar se, de fato, a mencionada retificação merece ser validada, até porque na manifestação de inconformidade é asseverado que a não homologação teria ocorrido pela entrega da DCTF original sem a contemplação do valor desse crédito, o que é indispensável para o cruzamento de informações nos sistemas da RFB, acrescentando que, no entanto, mencionada DCTF original foi retificada em 04/08/2009, apresentando o crédito controvertido (fls. 03). Assevera ainda na manifestação de inconformidade (fls. 04) que, consoante se observa dos documentos anexos, na primeira semana de março de 2005 a empresa apresentou sua Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais – DCTF, apurando para extinção por pagamento o valor da CPMF (586903) o montante de R$84.812.760,00, tendo sido efetuado o recolhimento mediante guias DARF’s (anexas), no valor total de R$84.877.045,89, ou seja, em valor maior que o devido e declarado para pagamento em espécie, conforme abaixo relacionado: (...). A esse propósito, peço vênia para transcrever o voto condutor do Acórdão nº 330201.406, julgado na sessão desta Turma realizada em 26/01/2012, da qual participei como membro do Colegiado, sendo relator do i. Conselheiro José Antonio Francisco, que com muita precisão soube equacionar o caso e delinear a solução mais adequada, a cujos fundamentos me filio e adoto como razões de decidir, conforme segue: (...). Fl. 76DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalme nte em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.915402/200912 Acórdão n.º 330201.506 S3C3T2 Fl. 3 5 O acórdão de primeira instância indeferiu o pedido, considerando que, embora houvesse efetuado a retificação da DCTF, seria necessária a comprovação da liquidez e certeza dos indébitos, o que a Interessada não teria efetuado. Ocorre que a retificação de DCTF tem efeitos desconsiderados pelo acórdão de primeira instância. É certo que, anteriormente à atual sistemática, a DCTF retificadora somente se prestava a reduzir o montante do tributo declarado, sujeitandose a um processo tributário de análise de mérito por parte da autoridade fiscal, de forma que o valor inicialmente declarado somente seria alterado para o menor se houvesse prova antecipada do erro. Atualmente, entretanto, desde as alterações introduzidas pela Medida Provisória no 2.18949, de 23 de agosto de 2001, art. 18, a DCTF retificadora, quando admitida, tem os mesmos efeitos da original (art. 9º, I, da IN RFB no 1.110, de 2010). De acordo com a IN citada acima, que é a mais recente, somente não seriam admitidas para reduzir o tributo declarado as DCTF retificadoras relativas a tributos cuja cobrança tenha sido enviada à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional ou que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. Obviamente, não foi o que ocorreu nos presentes autos, uma vez que o procedimento eletrônico referiuse à declaração de compensação e não à DCTF. Portanto, o despacho que não homologou a compensação não impedia a DCTF retificadora, que, por sua vez, substituiu completamente a original. Para que não houvesse tal situação, a Receita Federal teria que prever que o despacho de não homologação da declaração de compensação, baseado na inexistência de saldo de crédito pela sua alocação a débito declarado em DCTF, fosse causa de não admissão da DCTF. Como não é, a DCTF retificadora apresentada alterou a situação jurídica anteriormente constatada pelo despacho decisório, de que inexistiria indébito pela ausência de saldo de crédito. Diante do quadro acima exposto, concluise que, primeiramente, as compensações foram não homologadas corretamente, de acordo com os fatos existentes à época do despacho decisório. O acórdão de primeira instância considerou não demonstrado o direito de crédito, no que tem razão, mas, com a retificadora, o ônus de prova não era mais do sujeito passivo. Dessa forma, tal indébito tem que ser devidamente apurado pela autoridade fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente Fl. 77DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalme nte em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 6 após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a compensação. Assim, os autos devem retornar à delegacia de origem, para que o fisco apure os indébitos, mediante procedimento de diligência, para, então, o parecer ser submetido ao exame da seção competente da delegacia de origem, que deve novamente apreciar a compensação. À vista do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para determinar a apuração da liquidez e certeza do crédito da Interessada pela autoridade fiscal, submetendose a homologação das compensações a novo despacho decisório. A respeito do segundo ponto levantado na decisão recorrida, sobre a quem coubera o ônus pelo alegado pagamento indevido, a recorrente aduz que esses valores retidos indevidamente teriam sido estornados e que assumira todo o encargo financeiro ocasionado pelo equívoco cometido, ressaltando que os extratos das contas demonstram o estorno dos valores. Dessa forma, até por uma questão de economia processual, fazse necessário que a autoridade de fiscalização verifique também se a documentação apresentada é suficiente para comprovar se, de fato, o ônus financeiro pelo alegado pagamento indevido recaíra sobre o interessado. Nessa ordem de juízos, adotando os fundamentos do voto condutor do Acórdão nº 330201.406, acima transcrito, voto por dar provimento parcial ao recurso, para determinar a apuração da liquidez e certeza do crédito do interessado pela autoridade fiscal, submetendose a homologação das compensações a novo despacho decisório. É como voto. (assinado digitalmente) Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz Fl. 78DF CARF MF Impresso em 24/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalme nte em 25/07/2012 por FRANCISCO DE SALES RIBEIRO DE QUEIROZ, Assinado digitalmente em 26/07/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 11065.723041/2011-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/10/2009
PRELIMINAR DE NULIDADE. LANÇAMENTO. UTILIZAÇÃO DE DADOS INFORMADOS EM DIMOF.
É legítima a utilização de dados existentes em Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira (Dimof), para caracterizar a responsabilidade do sujeito passivo por infração à legislação tributária.
RETIFICAÇÃO FRAUDULENTA DE DCTFs.
A retificação fraudulenta de DCTFs, reduzindo débitos de tributos anteriormente informados nas declarações originais, justifica a formalização da exigência dos débitos indevidamente reduzidos e o lançamento da multa de ofício majorada, de 150%, por circunstância qualificativa (fraude).
EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE.
O início do procedimento fiscal excluiu a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-002.007
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termo do voto do relator
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 24/03/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Jonathan Barros Vita.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termo do voto do relator (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator. EDITADO EM: 24/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Jonathan Barros Vita.
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LANÇAMENTO. UTILIZAÇÃO DE DADOS INFORMADOS EM DIMOF. É legítima a utilização de dados existentes em Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira (Dimof), para caracterizar a responsabilidade do sujeito passivo por infração à legislação tributária. RETIFICAÇÃO FRAUDULENTA DE DCTFs. A retificação fraudulenta de DCTFs, reduzindo débitos de tributos anteriormente informados nas declarações originais, justifica a formalização da exigência dos débitos indevidamente reduzidos e o lançamento da multa de ofício majorada, de 150%, por circunstância qualificativa (fraude). EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. O início do procedimento fiscal excluiu a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/10/2009 PRELIMINAR DE NULIDADE. LANÇAMENTO. UTILIZAÇÃO DE DADOS INFORMADOS EM DIMOF. É legítima a utilização de dados existentes em Declaração de Informações sobre Movimentação Financeira (Dimof), para caracterizar a responsabilidade do sujeito passivo por infração à legislação tributária. RETIFICAÇÃO FRAUDULENTA DE DCTFs. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 30 41 /2 01 1- 09 Fl. 1775DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 3 2 A retificação fraudulenta de DCTFs, reduzindo débitos de tributos anteriormente informados nas declarações originais, justifica a formalização da exigência dos débitos indevidamente reduzidos e o lançamento da multa de ofício majorada, de 150%, por circunstância qualificativa (fraude). EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. O início do procedimento fiscal excluiu a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação, a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termo do voto do relator (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 24/03/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Jonathan Barros Vita. Relatório Contra a empresa recorrente foi lavrado autos de infração para exigir o pagamento de PIS e de COFINS, relativos a fatos geradores ocorridos entre janeiro e outubro de 2009, tendo em vista que a Fiscalização constatou que a retificação fraudulenta de DCTFs zerando os débitos tributários originalmente declarados, consform descrito no Relatório Fiscal de fls. 1.558/1.584. Inconformada com a autuação a empresa interessada impugnou o lançamento, cujos fundamentos da contestação foram resumidos pela decisão recorrida nos seguintes termos: Em síntese o contribuinte faz as seguintes alegações: QUE o Auto de Infração parte de premissa falsa ao incluir o impugnante dentro do esquema ilícito doloso que objetivava a Fl. 1776DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 4 3 redução de tributos, pois foi vítima de quadrilha especializada (fls. 1591/1592). QUE a motivação da contratação de empresa especializada em assessoria tributária era para a apuração dos débitos e revisão de suas exigibilidades, como a extinção pela compensação/pagamento de débitos apurados com créditos escriturais específicos da Receita Federal (fl. 1592/1593). QUE não poderia imaginar o impugnante que a realização do trabalho acordado seria feita de forma ilícita, não convencional, à margem do procedimento fiscal correto e do contrato celebrado (fl. 1593). QUE o indivíduo que transmitiu as DCTFs retificadoras, Sr. Cláudio Alexandre, disse que o objetivo era a obtenção de CND – Certidão Negativa de Débitos, sendo que não houve solicitação do impugnante de expedição de qualquer tipo de certidão (fl. 1594). QUE inicialmente a sua posição de isentar a MP Consultoria não foi nenhuma demasia, tendo em vista a falta de elementos mais concretos dos ilícitos; somente após ter noção de toda a extensão das irregularidades que concluiu pelo envolvimento da MP Consultoria com o ilícito e pela máfé da contratada (fl. 1596). QUE o impugnante não obteria nenhum benefício se estivesse envolvido nas irregularidades, pois na época o valor total da sua dívida era de mais de setenta milhões, não fazendo sentido a empresa buscar economia por via tortuosa de menos de 10% do débito tributário – aproximadamente 4 milhões de reais (fl. 1597). QUE diante dos elementos que constam nos autos se evidencia que a empresa foi vítima de quadrilha de estelionatários, e, portanto, é demasiado o enquadramento do Auto de Infração em multa qualificada de 150%, invocando o art. 112, do Código Tributário Nacional – interpretação da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida (fl. 1598). QUE o procedimento investigativo fiscal, ao tomar informações financeiras dos investigados pela DIMOF, contaminou com vício insanável as provas, como se depreende da atual jurisprudência do STF (fls. 1600/1601). A 2a Turma de Julgamento da DRJ em Porto Alegre RS julgou procedente o lançamento, nos termos do Acórdão no 1034.746, de 06/10/2011, cuja ementa abaixo se transcreve. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/10/2009 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MANUTENÇÃO. Fl. 1777DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 5 4 Correta a constituição de crédito tributário, mediante lançamento de ofício, para a exigência de tributo que deixou de ser recolhido e declarado em DCTF. Não há discussão do crédito tributário se os valores apurados na fiscalização estão de acordo com os livros fiscais e contábeis da empresa. FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. APLICABILIDADE. O intuito de fraude com base em esquema ilícito alicerçado em contrato com assessoria tributária com o objetivo de não cumprimento de obrigações tributárias, e com a informação da inexistência de contribuição devida, enseja a aplicação da multa de ofício qualificada. Percentual de multa de 150% previsto legalmente. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. Iniciado qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização não se fala em denúncia espontânea a apresentação de novos demonstrativos ou declarações por parte do contribuinte. DIMOF. NULIDADE. NÃO CABIMENTO. A DIMOF é uma declaração para uso da própria Receita Federal e traz como informação os montantes globais mensalmente movimentados, sem especificação da origem e destino dos recursos. Não há vedação de utilização dessa informação em procedimento investigativo fiscal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 31/10/2009 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MANUTENÇÃO. Correta a constituição de crédito tributário, mediante lançamento de ofício, para a exigência de tributo que deixou de ser recolhido ou declarado em DCTF. Não há discussão do crédito se os valores apurados na fiscalização estão de acordo com os livros fiscais e contábeis da empresa. FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. APLICABILIDADE. O intuito de fraude com base em esquema ilícito alicerçado em contrato com assessoria tributária com o objetivo de não cumprimento de obrigações tributárias, e com a informação da inexistência de contribuição devida, enseja a aplicação da multa de ofício qualificada. Percentual de multa de 150% previsto legalmente. EXCLUSÃO DA ESPONTANEIDADE. Iniciado qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização não se fala em denúncia espontânea a apresentação de novos demonstrativos ou declarações por parte do contribuinte. Fl. 1778DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 6 5 DIMOF. NULIDADE. NÃO CABIMENTO. A DIMOF é uma declaração para uso da própria Receita Federal e traz como informação os montantes globais mensalmente movimentados, sem especificação da origem e destino dos recursos. Não há vedação de utilização dessa informação em procedimento investigativo fiscal. Ciente desta decisão em 07/12/2011 (AR de fl. 1.760/1.761), a interessada ingressou, no dia 29/12/2011, com o recurso voluntário de fls. 1.762/1.770, no qual renova os argumentos da impugnação, acima resumidos. Na forma regimental, o recurso voluntário foi distribuído para relatar. É o Relatório. Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais preceitos legais. Dele se conhece. Como relatado, a recorrente apresentou DCTFs retificadoras, do período objeto da autuação, zerando o valor do PIS e da COFINS informados das declarações originais. A operação foi detectada pela RFB e instaurado procedimento fiscal para a sua apuração. O trabalho fiscal desenvolvido está bem descrito no Relatório Fiscal, integrante do auto de infração. Em seu protesto, a empresa autuada, basicamente, alega que as retificações das DCTF foram feitas sem o seu conhecimento e autorização, se constituindo em um golpe contra ela aplicado pelo conjunto de pessoas envolvidas na operação, pleiteando, ao final, o direito de declarar os débitos novamente e o cancelamento da autuação ou, no mínimo, a redução da multa que fora majorada indevidamente. O litígio instaurado não envolve o valor das contribuições lançadas, restringindose à questão da responsabilidade da recorrente pelas retificações fraudulentas das DCTFs. Sobre a alegação de nulidade do lançamento por ter os agentes do Fisco utilizado informações da Dimof para demonstrar movimentações financeiras das pessoas arroladas na investigação, não há nenhum óbice para a utilização dos dados da Dimof com esta finalidade, ainda mais que os valores movimentados não serviram de base para efetuar lançamento de tributos, embora também não exista vedação neste sentido. Portanto, não há reparos a fazer na decisão recorrida, nesta parte. Sobre o mérito, ou seja, a responsabilidade da recorrente pelas retificações fraudulentas das DCTF, não há nenhuma dúvida de que este fato ocorreu. Fl. 1779DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 7 6 Quanto à responsabilidade da recorrente, a decisão recorrida faz uma descrição impecável sobre o envolvimento da recorrente no esquema ilícito doloso, que ratifico, para concluir pela manutenção da majoração da multa de ofício, nos seguintes termos: Correta a aplicação da multa qualificada de 150%, prevista no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, quando concluímos pela responsabilidade da empresa no esquema detalhado no item anterior. Uma vez que as provas carreadas aos autos evidenciam a conduta fraudulenta com a participação do contribuinte, no sentido de se utilizar de esquema com o objetivo de impedir o conhecimento, por parte do fisco, da ocorrência do fato gerador. Eis o fundamento legal do art. 44: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I – de 75% sobre a totalidade ou diferença do imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata (redação dada pela Lei nº 11.488/2007) § 1º. O percentual de multa que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.” (redação dada pela Lei nº 11.488/2007) O impugnante em sua defesa se restringe a alegar que teria sido vítima do esquema ilícito, o que em nosso entender não é crível, visto ter sido o responsável pela contratação dos serviços na busca da extinção dos débitos tributários. Não há dúvidas de que a empresa queria o resultado ilícito, ou seja, a extinção de seus débitos tributários, o que só poderia ocorrer de forma irregular, e assumiu o risco quando contratou os serviços da MP Consultoria, sem, conforme a sua versão, ter conhecimento de como a contratada iria proceder essa extinção. Como consta no relatório fiscal, o Código Penal em seu art. 18, inciso I, preceitua que há dolo “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzilo”. O que nos leva a convicção de ser exatamente que ocorreu nesse caso. A tipificação da Lei nº 4.502/64 é caracterizada em seu art. 72 que trata de fraude: “Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Como se verifica, a figura jurídica de que se trata consiste na prática de ato doloso com a intenção de impedir o fisco de tomar conhecimento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Fl. 1780DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 8 7 Dessa forma, como a conduta descrita pela fiscalização caracteriza o intuito de fraude, pela tentativa do contribuinte de se furtar à tributação mediante o artifício de apresentação de declarações totalmente “zeradas”, como se não estivesse auferindo receitas, deve ser mantida a multa de 150%, eis que condizente com a legislação que rege a matéria. Uma vez que, diante dos elementos constantes dos autos, não existe dúvida quanto à capitulação legal dos fatos, à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos, à autoria, imputabilidade, ou punibilidade e à penalidade aplicável, ou à sua graduação, não cabe a aplicação do disposto no artigo 112 do CTN, como requer o impugnante. Por fim, a representação fiscal para fins penais foi formalizada através do processo nº 11065.723046/201123 No recurso voluntário a empresa autuada não trouxe nenhum fato novo ou prova nova capaz de infirmar o apurado pela Fiscalização e o acima dito pela decisão recorrida. Portanto, sem reparos a fazer na decisão recorrida. Sobre o pedido para cancelar as declarações retificadoras e fazer uma reconstituição dos débitos, como bem disse a decisão recorrida, não pode ser atendido em face do que dispõe o art. 138, Parágrafo Único, do CTN, e o art. 7º do Decreto nº 70.235/72, transcritos na decisão recorrida. No mais, com fulcro no art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19991, adoto e ratifico os fundamentos do acórdão de primeira instância. Por tais razões, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 1781DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11065.723041/201109 Acórdão n.º 3302002.007 S3C3T2 Fl. 9 8 Fl. 1782DF CARF MF Impresso em 03/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 24/03/2013 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 10680.012352/2002-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 17 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Dec 10 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/1990 a 31/08/1991
PIS. DECADÊNCIA. LEI Nº 8.212/91. INAPLICABILIDADE. SÚMULA Nº 8 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
O prazo para constituição das contribuições sociais, incluindo as previdenciárias, é de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Inteligência da Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decreto-lei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.
CORREÇÃO MONETÁRIA. DECISÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO.
Para interpretar a decisão judicial deve-se utilizar os critérios e premissas do judiciário, por isso, quando a decisão judicial dispor genericamente sobre a atualização do crédito do contribuinte, devem ser aplicados os índices aceitos pelo Judiciário, no caso, pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. MULTA. CANCELAMENTO.
De acordo com a alínea e, do artigo 18, da Lei nº 6.024/74, a decretação da liquidação extrajudicial impede a exigência de penas pecuniárias por infrações de leis, penais e administrativas. Aplicação do artigo 112 do Código Tributário Nacional.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. JUROS. MANUTENÇÃO.
A alínea d, do artigo 18, da Lei nº 6.024/74, determina que a decretação da liquidação extrajudicial produzirá, imediatamente, a suspensão da incidência de juros, mesmo que estes tenham sido estipulados, enquanto não tiver sido pago integralmente o passivo. Não há previsão para o cancelamento dos juros de mora sobre débitos tributários, que são previstos em lei e não estipulados em contrato.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3302-001.714
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos seguintes termos: por maioria de votos, para incluir os expurgos inflacionários no cálculo do indébito e declarar a improcedência da compensação de ofício, nos termos do voto da relatora. Vencidos, na primeira matéria, os conselheiros Walber José da Silva e José Antonio Francisco e, na segunda matéria, o conselheiro Walber José da Silva; pelo voto de qualidade, para declarar devidos os juros de mora e a multa de mora nas compensações realizadas após a data do vencimento do tributo compensado, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto, que consideravam suspensos os juros de mora. Designado o conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Fabiola Cassiano Keramidas
Relatora
(assinado digitalmente)
José Antonio Francisdo
Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Amauri Amora Câmara Júnior, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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DECADÊNCIA. LEI Nº 8.212/91. INAPLICABILIDADE. SÚMULA Nº 8 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O prazo para constituição das contribuições sociais, incluindo as previdenciárias, é de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Inteligência da Súmula Vinculante nº 8 do Supremo Tribunal Federal: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. CORREÇÃO MONETÁRIA. DECISÃO JUDICIAL. APLICAÇÃO. Para interpretar a decisão judicial devese utilizar os critérios e premissas do judiciário, por isso, quando a decisão judicial dispor genericamente sobre a atualização do crédito do contribuinte, devem ser aplicados os índices aceitos pelo Judiciário, no caso, pelo Superior Tribunal de Justiça STJ. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. MULTA. CANCELAMENTO. De acordo com a alínea ‘e’, do artigo 18, da Lei nº 6.024/74, a decretação da liquidação extrajudicial impede a exigência de penas pecuniárias por infrações de leis, penais e administrativas. Aplicação do artigo 112 do Código Tributário Nacional. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL. JUROS. MANUTENÇÃO. A alínea ‘d’, do artigo 18, da Lei nº 6.024/74, determina que a decretação da liquidação extrajudicial produzirá, imediatamente, a suspensão da incidência de juros, mesmo que estes tenham sido estipulados, enquanto não tiver sido pago integralmente o passivo. Não há previsão para o cancelamento dos juros AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 23 52 /2 00 2- 20 Fl. 7DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 666 2 de mora sobre débitos tributários, que são previstos em lei e não estipulados em contrato. Recurso Voluntário Parcialmente Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos seguintes termos: por maioria de votos, para incluir os expurgos inflacionários no cálculo do indébito e declarar a improcedência da compensação de ofício, nos termos do voto da relatora. Vencidos, na primeira matéria, os conselheiros Walber José da Silva e José Antonio Francisco e, na segunda matéria, o conselheiro Walber José da Silva; pelo voto de qualidade, para declarar devidos os juros de mora e a multa de mora nas compensações realizadas após a data do vencimento do tributo compensado, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto, que consideravam suspensos os juros de mora. Designado o conselheiro José Antonio Francisco para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora (assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISDO Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Amauri Amora Câmara Júnior, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Fl. 8DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 667 3 Tratase de pedido de restituição de PIS, recolhido indevidamente com base nos Decretoslei nº 2445 e 2449/88, nos anos de 1990 e 1991. O pedido está fundamentado na ação judicial nº 92.00018084, na qual a Recorrente obteve decisão judicial favorável para a declaração de inconstitucionalidade dos Decretoslei, conforme depreendese das fls. 560, Vol. II, verbis: Acórdão do STF – RE 192.091/MG “Em face do exposto, conheço do presente recurso e lhe dou provimento, para julgar procedente a ação, restituindose o indevidamente recolhido com atualização e com juros de mora a partir do trânsito em julgado, condenada a recorrida nas custas e nos honorários de advogado que fixo em 10% do valor da condenação.” Parte do PIS referente ao período declarado inconstitucional estava depositado nos autos (fatos geradores ocorridos no ano de 1992 e seguintes), e foi levantado pela Recorrente (fls. 731/732 – Vol. II) e o restante (maio de 1990 a agosto de 1991) foi recolhido aos cofres públicos e, portanto, gerou o presente processo administrativo. Registrase que a Recorrente desistiu da execução dos valores nos autos do processo judicial, optando pela via administrativa (fls. 54/55 – Vol. I). O valor pleiteado pela Recorrente foi de R$1.994.607,63 e o deferido por meio do Despacho Decisório de fls. 1078/1081, foi de R$ 43.429,55, em 02/01/96. Inconformada com o Despacho Decisório que indeferiu grande parte de seu crédito, a Recorrente opôs manifestação de inconformidade às fls. 1095/1110 alegando, em resumo, nos termos relatados na decisão de primeira instância administrativa: “ Discorda da apuração procedida pela DRF BHE, afirmando fazer “jus à correção de seus créditos por meio da aplicação de correção monetária integral, juros remuneratórios e juros de mora, tudo nos termos da lei e de ordem judicial específica”. Acrescenta que, conforme estabelecido em decisão judicial transitada em julgado, uma vez realizados os recolhimentos indevidos de PIS, a requerente faz jus à repetição de tais valores, integralmente corrigidos, de forma que seja recomposto o seu poder aquisitivo e afastado o enriquecimento ilícito do Estado. Aduz que, além de necessária a aplicação dos mesmos índices de correção utilizados pelo Fisco para cobrar seus créditos, é justo que os valores a serem restituídos aos contribuintes sejam atualizados de forma a recompor a real desvalorização da moeda, inclusive no que se refere aos expurgos inflacionários perpetrado pelo Poder Público. Nesse contexto, atendendo à ordem judicial que determina a correção integral dos créditos da Requerente, o crédito a ser restituído há de ser integralmente corrigido, inclusive com a aplicação da UFIR, acrescida do IPC integral de 1990 (84,32% março/90 e 44,80% abril/90) e o INPC de 1991 (21,87% fevereiro/91), além do IGPM para junho e julho de 1994. Após citar jurisprudência judicial e administrativa, afirma fazer jus ainda à incidência de juros moratórios de 1% sobre seu Fl. 9DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 668 4 crédito, contados a partir do trânsito em julgado, em vista do disposto nas Súmulas nºs 12 e 102 do STJ, pois a exigência de juros compensatórios não exclui a dos moratórios, previsto no art. 167 do CTN. Com relação à suposta existência de créditos tributários em aberto relativos ao PIS, os quais deveriam ser compensados por meio de imputação com os créditos da requerente, não assiste razão à decisão da DRF BHE. O próprio Fisco reconhece (fls. 1.026/1.034) que os mencionados débitos se referem ao períodos compreendido entre 1993 e 1994, ou seja, época posterior àquela em que foram realizados os pagamentos indevidos (até setembro/91). No período compreendido entre 1993 e 1994, foram efetuados depósitos judiciais objetivando a suspensão da exigibilidade do PIS, e sendo, assim, qualquer crédito em aberto deveria ser extinto por meio da conversão de depósitos judiciais em renda da União. No entanto, tal conversão não foi levada a efeito, e exclusivamente porque o Fisco não constituiu seu crédito por meio do lançamento tributário de ofício, conforme art. 142 do CTN; limitouse a estimar o valor que seria devido a título de PIS por meio das informações prestadas pela requerente e outras empresas do grupo, relativas ao IRPJ, não havendo razão nem mesmo para se falar na existência de autolançamento no presente caso. Portanto, ante a inexistência de créditos tributários constituídos, não há que se falar em débitos fiscais em aberto, e mesmo se estes fossem existentes, a compensação de ofício destes valores deveria se dar dentro do prazo prescricional e não quase doze anos depois da suposta ocorrência do fato gerador do tributo. Historia o tratamento dado à compensação pela legislação tributária, para concluir que o encontro de contas entre o crédito de PIS e os débitos objeto das compensações apresentadas pela requerente deve ocorrer na data do respectivo pedido de compensação, 28/08/2002, como faz citar. Estando a empresa em processo de liquidação extrajudicial, regida pela Lei nº 6.024, de 1974, não incidem juros nem multa de qualquer espécie sobre seus eventuais débitos, conforme expressamente consignado no art. 18, alíneas “d” e “f” daquela lei, entendimento já sedimentado pelo STJ, conforme decisão que faz citar. Uma vez que a efetivação das compensações realizadas pela requerente não se deu na forma pleiteada e nos termos da legislação em vigor à data das compensações, requerse seja corrigido o procedimento adotado pela Delegacia da Receita Federal.” Após analisar as razões apresentadas, a Primeira Turma da Delegacia de Julgamento de Belo Horizonte/MG proferiu o acórdão nº 0214.238, fls. 1130/1133 verso – Vol. IV, por meio do qual manteve o Despacho Decisório mencionado, a saber: Fl. 10DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 669 5 “Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/1990 a 31/08/1991 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. Somente são passíveis de restituição/compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozar de liquidez e certeza.” Inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário às fls. 1131/1159, por meio do qual reiterou os argumentos trazidos em sua impugnação, a saber: (i) a decisão judicial e a própria legislação, prevêem a aplicação da correção monetária integral (UFIR acrescida de IPC integral de 1990 – 84,32% março/90 e 44,80% abril/90 – INPC de 1991, 21,87% fevereiro/91; IGPM para junho e julho/94); dos juros compensatórios pela Taxa SELIC (Lei nº 9.250/95) e os juros moratórios de 1%, nos termos do artigo 167, § único do Código Tributário Nacional (Súmulas 12 e 102 do STJ); (ii) a administração pública não pode reduzir seu crédito com a compensação de ofício de valores que seriam devidos nos anos de 1993 e 1994 a título de PIS, isso porque os valores referentes a este período foram depositados judicialmente e levantados pela Recorrente por ausência de lançamento de valores e porque já ocorreram há bem mais de 5 anos (praticamente 12 anos); (iii) não há impeditivo para as compensações indicadas pela Recorrente, sendo que a compensação deve ser considerada como realizada no momento de vencimento do débito a compensar e no momento do pedido de restituição no que se refere aos débitos vencidos; (iv) os débitos vencidos não podem sofrer a incidência de juros após a decretação da liquidação extrajudicial, por força do artigo 18 da Lei nº 6.024/74; (v) Não são exigíveis as multas em razão da liquidação extrajudicial, também em virtude do artigo 18 da Lei nº 6.024/74. Em 05/05/2011, o presente processo foi trazido a julgamento, tendo a Turma optado por maioria – por converter o julgamento em diligência (Resolução nº 330200.116), para que fosse anexado aos autos cópia da petição inicial da ação ordinária nº 92.00018084. Em 23/02/2012, o ilustre Conselheiro Relator do pedido de diligência, apresentou Embargos de Declaração, informando que o documento solicitado foi localizado, razão pela qual o processo poderia voltar para julgamento, verbis: Fl. 11DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 670 6 “Entretanto, cópia da referida petição inicial encontrasse às fls. 59 a 70 dos autos, sendo desnecessária a realização de diligência. Assim, por analogia aos termos do art. 65 do Regimento Interno do Carf, aprovado pela Portaria MF no 256, de 2010, apresento embargos de declaração contra a resolução formalizada, por evidente contradição com os documentos contidos nos autos.” Nesta mesma data os Embargos de Declaração apresentado foram aceitos pelo d. presidente de Turma, tendo sido os autos remetidos à minha relatoria para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Relatora O Recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. A questão é complexa pela quantidade de detalhes que envolve o aproveitamento do crédito tributário. Que o crédito existe não se discute, uma vez que a Recorrente pleiteia a restituição do valor recolhido entre maio/90 e ago/91, em razão do ganho obtido em processo judicial. Passo a analisar as alegações isoladamente. (i) Da Correção Monetária dos Créditos O primeiro embate referese ao quantum. Tratase de crédito decorrente de ação judicial e a dúvida referese aos índices de correção monetária que devem incidir sobre o crédito da Recorrente. A base de interpretação é a decisão proferida no autos do processo judicial nº 92.00018084 – Recurso Extraordinário RE 192.091/MG: “Em face do exposto, conheço do presente recurso e lhe dou provimento, para julgar procedente a ação, restituindose o indevidamente recolhido com atualização e com juros de mora a partir do trânsito em julgado, condenada a recorrida nas custas e nos honorários de advogado que fixo em 10% do valor da condenação.” (destaquei) Entende a Recorrente que a decisão judicial viabiliza a correção monetária integral, nos termos da jurisprudência dos tribunais, citando especialmente o Superior Tribunal de Justiça, ou seja, UFIR acrescida de IPC integral no ano de 1990 – 84,32% março/90 e 44,80% abril/90; INPC no ano de 1991 21,87% fevereiro/91 e IGPM para junho e julho/94. Já as autoridades administrativas entendem que deve ser aplicada a Norma de Execução Conjunta COSIT/COSAR nº 08/97, lastreada no Parecer AGU nº 01, de 11 de janeiro de 1996, o qual reconheceu o direito à correção monetária em favor dos contribuintes, Fl. 12DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 671 7 relativamente a períodos anteriores a 01/01/92. Conforme mencionado na decisão de primeira instância administrativa: “Esse normativo determinou a correção monetária dos valores a compensar com base nos índices oficiais utilizados pela Receita Federal na exigência dos créditos tributários, bem como pelo INPC referente aos meses de fevereiro a dezembro de 1991, período para o qual não há previsão legal de atualização monetária dos tributos. Os coeficientes constantes da referida norma de execução foram determinados a partir da acumulação dos percentuais mensais correspondentes ao IPC no período de JAN/1988 a FEV/1990 (exceto o relativo a JAN/89, expurgado, inclusive, do reajuste da OTN), BTN no período de MAR/1990 a JAN/1991 e INPC de FEV/1991 a DEZ/1991, acrescentandose a variação da UFIR entre JAN/1992 e DEZ/1995. De se salientar que quaisquer outros índices ou expurgos inflacionários não contemplados pelos coeficientes constantes da Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/ COSAR nº 8, de 1997, somente serão aceitos administrativamente se em obediência a determinação judicial, o que não foi o caso dos autos.” Após analisar os termos da decisão judicial, verifiquei que em seus termos não consta, especificamente, quais índices deverão ser utilizados a título de correção monetária pela Recorrente. Todavia, também inexiste qualquer restrição à aplicação dos índices de correção monetária. Há, contudo, a determinação de que o valor seja restituído de forma atualizada, além de acrescido de juros de mora a partir do trânsito em julgado. Entendo que está com razão a Recorrente. É fato que a decisão judicial definiu que o crédito deve ser atualizado, assim como não restringiu os índices de correção. Da mesma forma, é fato que a decisão foi proferida no âmbito judicial. Para interpretar a decisão judicial, mister se faz utilizar os critérios utilizados judicialmente, que são, exatamente, os índices aceitos pelo Superior Tribunal de Justiça. Sem sentido seria interpretar a decisão judicial pelos olhos da Receita Federal, que possui interpretação própria acerca de quais índices podem ser utilizados pelos contribuintes. Concluo, portanto, que a decisão judicial proferida nos autos do processo ação judicial nº 92.00018084 viabiliza a aplicação da correção monetária integral, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, ou seja, UFIR acrescida de IPC integral no ano de 1990 – 84,32% março/90 e 44,80% abril/90; INPC no ano de 1991 21,87% fevereiro/91 e IGPM para junho e julho/94. Em relação aos juros, a partir de 1995, deve ser aplicada a Taxa Selic, conforme a legislação aplicável ao assunto. É importante ressaltar que o cálculo do crédito deverá ser apurado nos exatos termos indicados, ou seja, não se está necessariamente validando os números apresentados pela Recorrente, devendo o valor ser recalculado nos termos desta decisão. (ii) Da Compensação de Ofício Fl. 13DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 672 8 Conforme se extrai dos autos, as autoridades administrativas, ao verificar a existência do crédito da Recorrente, procederam à compensação de ofício de valores referentes a contribuição a título de PIS que seria devida nos anos de 1993 e 1994. Informa a fiscalização que os depósitos realizados nos autos do processo nº 92.00018084 foram totalmente levantados (no ano de 1997) pela Recorrente de forma indevida. De acordo com as autoridades administrativas, parte dos valores pertencia à Receita Federal e não deveria ter sido levantado, como a Instituição Financeira encontrase em liquidação extrajudicial, a única forma de garantir o recebimento dos valores devidos é por meio da compensação de ofício. Isto é, parte dos valores deixaram de ser destinados à compensação dos tributos indicados pela Recorrente em razão de terem sido aproveitados de forma diversa da indicada. Com razão a Recorrente. Realmente, está decaído o direito da Fazenda Nacional exigir os tributos relativos aos fatos geradores ocorridos em 1993/1994. O depósito integral do valor suspende a exigibilidade, mas não suspende o prazo decadencial de 5 anos para a constituição do tributo. Ademais, o depósito foi levantado no ano de 1997, e o Despacho Decisório que fez a “compensação de ofício” foi proferido apenas em 31/03/2006. Assim, na hipótese de entenderse que o crédito era autoexecutável, ainda assim não haveria mais prazo hábil para tanto. Sem ter sido constituído/exigido em tempo hábil, o tributo não pode ser aposto à Recorrente e, menos ainda, pode ser exigido compulsoriamente, por meio de compensação de ofício. Neste particular, indefiro a intenção das autoridades administrativas, as quais deverão restituir à Recorrente o valor indevidamente compensado. (iii) Da Incidência de Multa e Juros Outra questão debatida no presente processo, referese ao valor do débito compensado. É que a Recorrente indicou para compensação apenas o valor principal dos débitos, justificando a não incidência de juros e multa em virtude de a Recorrente estar em Liquidação Extrajudicial. A Recorrente pleiteia a aplicação do artigo 18 da Lei nº 6.024/74, verbis: “Art. 18. A decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de imediato, os seguintes efeitos: ... d) nãofluência de juros, mesmo que estipulados, contra a massa, enquanto não integralmente pago o passivo; ... e) nãoreclamação de correção monetária de quaisquer dívidas passivas, nem de penas pecuniárias por infrações de leis, penais e administrativas.” (destaquei) Almeja, a Recorrente, a incidência do artigo 112 do Código Tributário Nacional – CTN – que determina a aplicação de legislação mais benéfica no caso da imposição de penalidades aos contribuintes. Fl. 14DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 673 9 Pareceme claro que o ponto de discórdia entre Administração e Contribuinte, referese à natureza da multa e dos juros. É esta questão que deve ser enfrentada, pois a razão que impede os agentes administrativos de aplicarem o artigo 18, da Lei nº 6.024/74, é o fato de o Código Tributário Nacional, nos artigos 186/187/188 determinar que o crédito tributário não apenas é devido, mais tem preferência para pagamento no caso de tratarse de massa falida. Neste sentido, a fiscalização entende que a multa e os juros seguem a natureza do principal, sendo, portanto, tributária; enquanto a Recorrente defende que os consectários legais são penalidade administrativas. Discordo do entendimento de que os juros e a multa constituem tributo. Não tenho dúvida de que tanto os juros quanto as multas possuem natureza diversa, os primeiros de remuneração do capital e as segundas de penalidade propriamente dito, ambos constituindo acessórios ao tributo que é o principal. Todavia, esta razão não é suficiente para o cancelamento destes valores. Em relação aos juros, a legislação é clara ao definir o que passo a denominar, apenas para a boa compreensão, de “suspensão” da incidência, até que as demais dívidas sejam quitadas pela massa1. Logo, pareceme certo que o tratamento legal conferido aos juros não é o mesmo da dívida tributária, a qual tem preferência na lista de credores quando se trata de falência ou liquidação extra judicial. Corroborando com este entendimento, cito o posicionamento dos tribunais superiores no sentido de que os juros são devidos até o momento da decretação da quebra ou da liquidação extra judicial, restando suspensos até o momento em que a massa quita as demais dívidas, oportunidade em que volta a fluir. Vejamos a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: “TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO FISCAL. MASSA FALIDA. MULTA MORATÓRIA. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. 1. É entendimento pacífico deste Tribunal que não se inclui no crédito habilitado em falência a multa fiscal moratória, por constituir pena administrativa (Súmulas ns. 192 e 565 do STF). 2. Quanto aos juros de mora, o posicionamento da Primeira Turma desta Corte entende que: "A exigibilidade dos juros moratórios anteriores à decretação da falência independe da suficiência do ativo. Após a quebra, serão devidos apenas se existir ativo suficiente para pagamento do principal. Precedentes." (Resp 60.957/SP, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 17/09/2007). 3. Agravo regimental não provido.” (AgRg no Ag 1023989 / SP, AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO, 2008/00509687; DJe 19/08/2009; Primeira Turma – destaquei) 1 “Art. 18. A decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de imediato, os seguintes efeitos: ... d) nãofluência de juros, mesmo que estipulados, contra a massa, enquanto não integralmente pago o passivo; ..." Fl. 15DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 674 10 “TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. MASSA FALIDA. JUROS E MULTAS FISCAIS. EXCLUSÃO. NATUREZA DE PENA ADMINISTRATIVA. SÚMULAS 192 E 565 DO STF. ENCARGO DE 20% DO DECRETOLEI 1.025/69. EXIGIBILIDADE. TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. APÓS A QUEBRA, CONDICIONADA À SUFICIÊNCIA DO ATIVO PARA PAGAMENTO DO PRINCIPAL. PRECEDENTE DA 1ª SEÇÃO. 1. É indevida a cobrança de multa fiscal da massa falida, por possuir natureza de pena administrativa. Incidência das Súmulas 192 e 565 do STF. 2. Antes da decretação da falência, são devidos os juros de mora, sendo viável, portanto, a aplicação da taxa Selic, que se perfaz em índice de correção monetária e juros e, após a decretação da falência, a incidência da referida taxa fica condicionada à suficiência do ativo para pagamento do principal. Precedente: ERESp 631.658/RS, Primeira Seção, DJ de 9.9.2008. 3. Consoante entendimento firmado no julgamento do Resp 1.110.924/SP, mediante a sistemática prevista no art. 543C e na Resolução STJ n. 8/08, é exigível da massa falida, em execução fiscal, o encargo de 20% (vinte por cento) previsto no Decreto lei 1.025/69. 4. Agravo regimental não provido.” (AgRg no REsp 762420 / PR; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2005/01050520; DJe 19/08/2009; Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES; destaquei) Cito ainda precedente deste Egrégio Tribunal Administrativo, verbis: “(...) LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL.JUROS DE MORA ANTERIORES À DECRETAÇÃO DE FALÊNCIA. FLUÊNCIA. PERTINÊNCIA. Os juros de mora não se confundem com penalidade. Apenas cumprem a função de remunerar o capital do credor posto à disposição do devedor durante um lapso de tempo que medeia o vencimento e a liquidação da obrigação. A jurisprudência dos Tribunais Superiores assinala que são devidos os juros de mora anteriores à decretação da liquidação extrajudicial, bem assim os posteriores que somente serão excluídos se o ativo apurado for insuficiente para pagamento do passivo. (...)” (Processo nº 10768.015852/200253; Recurso n.º: 139736 – ex officio/voluntário; Sessão de : 23 de fevereiro de 2005; Acórdão n.º : 10707.954) É por causa desta interpretação que os juros incidentes nos débitos compensados devem ser mantidos em sua integralidade. In casu, a compensação ocorreu quando a Instituição Financeira já se encontrava em liquidação, do que se conclui que todo Fl. 16DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 675 11 valor a título de juros está com a denominada “condição de suspensão”. Isto é, no momento da execução do acórdão, deverá ser avaliada a possibilidade de exigência do valor relativo aos juros, pois somente poderá ser exigido se o ativo apurado for/tiver sido suficiente para pagamento do passivo. Mesma sorte não se aplica à multa pecuniária. É de clareza solar a qualidade de sanção da multa e, se não possui natureza penal, também não é tributária, vez que tributo não é penalidade por impedimento legal. Uma vez que é cobrada pelas vias administrativas, tenho que a multa em discussão é sanção administrativa e está contida no citado dispositivo legal de isenção2, até porque, conforme mencionado, a multa foi imputada após a liquidação judicial da Recorrente. Concordo com a Recorrente quanto à aplicação, ao caso em análise, do artigo 112 do Código Tributário Nacional – CTN – que determina a aplicação de legislação mais benéfica quando se trata da imposição de penalidades aos contribuintes. Também nesta direção está a jurisprudência supra citada, que exclui expressamente as multas fiscais incidentes sobre as dívidas tributárias nos casos de falência e/ou liquidação extra judicial. Ante o exposto, conheço do recurso apresentado, vez que presentes os pressupostos objetivos de admissibilidade para o fim de DAR PROVIMENTO PARCIAL ao mérito, para o fim de: (i) permitir a aplicação dos índices referentes aos expurgos inflacionários normalmente concedidos pelo judiciário, ressalvado à fiscalização a apuração de diferenças em relação aos valores indicados como devidos pela Recorrente; (ii) impedir a compensação realizada de ofício pela fiscalização, uma vez que os valores pretendidos não foram constituídos em tempo; (iii) aplicar a legislação específica aos casos de liquidação extrajudicial, com o cancelamento das multas dos débitos compensados e a suspensão dos juros incidentes. 2 “Art. 18. A decretação da liquidação extrajudicial produzirá, de imediato, os seguintes efeitos: ... e) nãoreclamação de correção monetária de quaisquer dívidas passivas, nem de penas pecuniárias por infrações de leis, penais e administrativas.” (destaquei) Fl. 17DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 10680.012352/200220 Acórdão n.º 3302001.714 S3C3T2 Fl. 676 12 É como voto. (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Voto Vencedor Conselheiro José Antonio Francisco, redator designado quanto aos juros de mora Divirjo do entendimento da ilustre Relatora em relação aos juros de mora, pelas razões seguintes. Primeiramente, conforme destacado no voto, se se fosse adotar a tese lá defendida, não haveria previsão para exclusão dos juros de mora, apenas de sua suspensão, o que ocorreria apenas como medida de proteção aos credores e de maior garantia ao sucesso da liquidação. No presente caso, tratase de compensação de débitos. Portanto, caso fossem excluídos os referidos juros de mora da compensação de débitos, somente seriam compensados os valores principais, ficando suspensa a cobrança dos juros de mora (incidentes sobre os débitos compensados), que poderiam, futuramente, ser cobrados. Em segundo lugar, deve prevalecer, conforme destacou a Primeira Instância, a regra do art. 161, caput, do CTN, que é específica para o crédito tributário, uma vez que os juros de mora não são estipulados, mas estabelecidos em lei. À vista do exposto, voto por negar provimento em relação a este item, votando de acordo com o exposto no resultado do julgamento em relação aos demais. (assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 18DF CARF MF Impresso em 15/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 11/09/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 12/09/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinad o digitalmente em 11/09/2012 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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Numero do processo: 10494.000660/2008-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 11/09/2003 a 22/08/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO.
Considera-se não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação, não competindo ao CARF apreciá-la.
Recursos de Ofício e Voluntário Negados
Numero da decisão: 3302-001.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator.
EDITADO EM: 01/12/2012
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
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PRECLUSÃO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação, não competindo ao CARF apreciála. Recursos de Ofício e Voluntário Negados Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator. EDITADO EM: 01/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 49 4. 00 06 60 /2 00 8- 03 Fl. 487DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10494.000660/200803 Acórdão n.º 3302001.870 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de crédito tributário referente a tributos aduaneiros (II, IPI Importação, PIS Importação e Cofins Importação) e as multas previstas no inciso I, do art. 83, da Lei nº 4.502/64, e no parágrafo único do art. 88 da MP nº 2.15835/2001. Conforme Relatório de Auditoria Fiscal (fls.128/185), a empresa Recorrente subfaturou o valor de mercadorias importadas com o fito se eximirse do pagamento dos tributos aduaneiro, além da remessa indevida de divisas para o exterior. Tempestivamente a contribuinte insurgese contra a exigência fiscal do II, do IPI, do PIS Importação e da Cofins Importação, acrescidos de juros de mora e da multa de ofício, conforme impugnação às fls. 320/350, cujos argumentos de defesa estão sintetizados no relatório do acórdão recorrido às fls. 374/379. Não impugnou o lançamento das multas previstas no inciso I, do art. 83, da Lei nº 4.502/64, e no parágrafo único do art. 88 da MP nº 2.15835/2001. Nos termos do Acórdão nº 0720.756, de 20/08/2010, a DRJ em Florianópolis SC deu parcial provimento à impugnação para exonerar parte do crédito tributário (tributos e multas) pelas seguintes razões (fls. 373/389): 1) erro no cálculo do valor aduaneiro das DI nºs. 06/02266259, 06/03599715 e 06/03621192; 2) falta de prova de que o valor aduaneiro foi subfaturado nas DI nºs. 07/09033430 e 07/11264530. Ciente da decisão de primeira instância em 09/09/2010, conforme AR de fl. 405, a empresa autuada interpôs recurso voluntário em 05/10/2010, no qual repisa os argumentos da impugnação, que podem ser resumidos nos seguintes tópicos: a) Nulidade do procedimento administrativo por falta de intimação do Mandado de Procedimento Fiscal; b) Nulidade ou invalidade do procedimento por desatendimento ao quanto regam as Portarias RFB nº 4.066/2007 e 11.371/2007 e artigo 196, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Falta de prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal; c) Nulidade do Auto de Infração em face do vício da prova obtida; d) Nulidade do procedimento administrativo por desatenção a regra do artigo 22, § 1° da Lei n. 97.784/99; e e) O erro no arbitramento da valoração aduaneira e conseqüente erro no arbitramento da base de cálculo do PIS e da COFINS. Inovando os argumentos trazidos na impugnação, a Recorrente contesta o lançamento das multas fiscais e aduaneiras sob o fundamento de que as mesmas não podem Fl. 488DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10494.000660/200803 Acórdão n.º 3302001.870 S3C3T2 Fl. 4 3 incidir simultaneamente e que a multa aduaneira deve ser de 1% sobre o valor das mercadorias importadas e declaradas com erro nas respectivas DI. No dia 31/03/2011, a Recorrente apresenta requerimento desistindo parcialmente do recurso voluntário por ter incluído os débitos de II, IPI, PIS e Cofins no parcelamento especial da Lei nº 11.941/09. Permanecendo o recurso voluntário quanto ao crédito tributário relativo às multas previstas no inciso I, do art. 83, da Lei nº 4.502/64, e no parágrafo único do art. 88 da MP nº 2.15835/2001 (fls. 448/456). A DRF em Florianópolis recorreu de ofício da decisão que exonerou parte do crédito tributário lançado (tributos e multas). Na forma regimental, o processo foi distribuído a este Conselheiro Relator. É o Relatório do essencial. Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator. Os recursos voluntário e de ofício atendem aos requisitos legais de admissibilidade. Deles se conhece. No recurso voluntário a Recorrente renova as preliminares de nulidade do lançamento e do processo, suscitadas na impugnação. Entende a Recorrente que o lançamento é nulo porque: 1) o Mandado de Procedimento Fiscal não respeitou as determinações contidas na Portaria RFB n° 4.006/2007. Defende que não teve cientificação do MPF ou de suas prorrogações, além de esse instrumento ter extrapolado seu prazo de validade; 2) existe vício nas provas obtidas porque as mesmas foram coletadas de forma irregular, sem amparo em mandado judicial, e que as declarações do sócio foram tomadas sem acompanhamento de seu advogado; 3) ocorreu infringência ao disposto no parágrafo 1°, do artigo 22, da Lei n° 97.784/99, porque no processo foi utilizado documentos redigidos em língua estrangeira sem a respectiva tradução. Sem razão a Recorrente. Quanto aos supostos vícios no Mandado de Procedimento Fiscal é imperioso esclarecer que o mesmo é um instrumento de controle administrativo e tem como objetivo regular a execução dos procedimentos fiscais no âmbito da RFB, e não aborda aspectos relacionados com a competência para constituição do crédito tributário pelo lançamento ou com os elementos intrínsecos do auto de infração. Fl. 489DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10494.000660/200803 Acórdão n.º 3302001.870 S3C3T2 Fl. 5 4 É imprescindível destacar que o regramento acerca do Mandado de Procedimento Fiscal não se sobrepõe à atividade vinculada e obrigatória a que estão submetidos os agentes tributários. A obrigatoriedade do lançamento tributário, sob pena de responsabilidade funcional, constatada irregularidade cometida pelo sujeito passivo da obrigação tributária, deflui do Código Tributário Nacional, arts. 3º e 142, §único, conforme transcrição a seguir. “Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. (grifos acrescidos) (...) “Art.142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, (...) Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional”. Como não poderia deixar de ser, tem se sedimentado neste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais o entendimento no sentido de que, sendo o MPF instrumento de mero controle administrativo, eventuais irregularidades em sua emissão ou utilização não têm o condão de macular o auto de infração. Cito, a título exemplificativo, os seguintes acórdãos nºs. 20177.567, de 17/03/04; 20177.576, de 13/04/04; 20177.665, de 16/06/04 e 20177.931, de 19/10/04. No caso concreto, o MPF foi regularmente emitido, dele a Recorrente tomou ciência e o trabalho fiscal foi concluído dentro do prazo de validade do mesmo, conforme bem disse a decisão recorrida. Por esta razão, adoto e ratifico integralmente os fundamentos da decisão recorrida. Também são absolutamente infundadas as alegações da recorrente de que houve vício na coleta das provas por falta de mandado judicial e por ter seu sóciogerente prestado declarações ao fisco sem a presença de advogado. Como bem disse a decisão recorrida, cujos fundamentos adoto integralmente, não há determinação legal que obrigue a conduta dos agentes do Fisco na forma postulada pela Recorrente. Quanto à necessidade de tradução dos documentos em língua estrangeira acostados aos autos, foi muito bem a decisão recorrida ao demonstrar que a tradução fica a critério da autoridade fazendária, inclusive a julgadora. No caso concreto, não há necessidade de realizar tradução porque os documentos acostados aos autos tratam de assuntos ligados ao comércio internacional, cuja linguagem, especialmente em inglês, é de conhecimento dos agentes fazendários que militam na área aduaneira, inclusive neste CARF. Pelas razões acima suscitadas, voto no sentido de rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas pela Recorrente. Fl. 490DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10494.000660/200803 Acórdão n.º 3302001.870 S3C3T2 Fl. 6 5 Quanto ao mérito, o erro de cálculo existente foi retificado pela decisão recorrida. Já os argumentos sobre a improcedência do lançamento das multas não podem ser conhecidos deste Colegiado porque não fizeram parte da impugnação e, portanto, não foram objeto de apreciação pela decisão recorrida. A impugnação estabelece a fase litigiosa do procedimento e o momento de sua apresentação é aquele estabelecido no art. 15 do Decreto no 70.235/72. O art. 17 deste mesmo diploma legal reza que “considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante”. O CARF é competente para julgar recursos de decisões de primeira instância. Se não houve decisão de primeira instância sobre as multas lançadas e controladas neste processo, não tem o CARF competência para a sua apreciação. É o que estabelece o art. 1º do Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 256/09), abaixo reproduzido: Art. 1° Compete aos órgãos julgadores do CARF o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Relativamente ao Recurso de Ofício, também não vejo reparos a fazer na decisão recorrida porque se trata (i) de erro de fato no cálculo do valor aduaneiro e (ii) falta de prova de que o valor declarado nas DI estavam subfaturados. Em ambos os casos, a verdade material foi prontamente restabelecida e, consequentemente, excluído o crédito tributário indevidamente lançado. Corretas as razões da decisão recorrida que levaram à exclusão do crédito tributário No mais, com fulcro no art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19991, adoto e ratifico os fundamentos do acórdão de primeira instância. Por tais razões, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e, na parte conhecida, também negar provimento ao voluntário. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator 1 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 491DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 10494.000660/200803 Acórdão n.º 3302001.870 S3C3T2 Fl. 7 6 Fl. 492DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 01/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 13971.002185/2002-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000
IPI. CRÉDITO BÁSICO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. TRIMESTRES ANTERIORES. PEDIDO PRÓPRIO.
O pedido de ressarcimento de créditos de IPI deve referir-se ao trimestre em que o crédito foi escriturado, não sendo possível a inclusão, no pedido, do saldo acumulado de períodos anteriores.
RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC.
Não incide atualização monetária, calculada pela variação da taxa Selic, sobre ressarcimento de créditos de IPI, por ser hipótese distinta da de restituição de imposto pago indevidamente ou a maior, a não ser no caso de óbice injustificado do Fisco à escrituração dos referidos valores.
Recurso Voluntário Negado
Somente se configura a denúncia espontânea, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, caso o pagamento, modalidade de extinção do crédito tributário distinta da de compensação, seja efetuada anterior ou concomitantemente à apresentação da DCTF ou de sua retificação, conforme o caso.
Numero da decisão: 3302-001.847
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
Walber José da Silva - Presidente
(Assinado digitalmente)
José Antonio Francisco - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 IPI. CRÉDITO BÁSICO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. TRIMESTRES ANTERIORES. PEDIDO PRÓPRIO. O pedido de ressarcimento de créditos de IPI deve referir-se ao trimestre em que o crédito foi escriturado, não sendo possível a inclusão, no pedido, do saldo acumulado de períodos anteriores. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Não incide atualização monetária, calculada pela variação da taxa Selic, sobre ressarcimento de créditos de IPI, por ser hipótese distinta da de restituição de imposto pago indevidamente ou a maior, a não ser no caso de óbice injustificado do Fisco à escrituração dos referidos valores. Recurso Voluntário Negado Somente se configura a denúncia espontânea, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, caso o pagamento, modalidade de extinção do crédito tributário distinta da de compensação, seja efetuada anterior ou concomitantemente à apresentação da DCTF ou de sua retificação, conforme o caso.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva - Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
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PERÍCIA NEGADA. ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Inexistindo previsão legal para o direito pleiteado (ressarcimento de saldos de créditos anteriores ao trimestrecalendário), o indeferimento de perícia não implica cerceamento de direito de defesa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 IPI. COMPENSAÇÃO. FORMA. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO E DCTF. A vinculação da compensação em DCTF tem efeito meramente informativo sobre o procedimento que deveria, à época dos fatos, ser efetuado por meio da apresentação de pedido de compensação. COMPENSAÇÃO. VALORAÇÃO. Na compensação requerida pelo sujeito passivo, os débitos vencidos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega do pedido de ressarcimento. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXIGÊNCIA DA MULTA DE MORA. Somente se configura a denúncia espontânea, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, caso o pagamento, modalidade de extinção do crédito tributário distinta da de compensação, seja efetuada anterior ou concomitantemente à apresentação da DCTF ou de sua retificação, conforme o caso. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 21 85 /2 00 2- 21 Fl. 400DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 2 IPI. CRÉDITO BÁSICO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. TRIMESTRES ANTERIORES. PEDIDO PRÓPRIO. O pedido de ressarcimento de créditos de IPI deve referirse ao trimestre em que o crédito foi escriturado, não sendo possível a inclusão, no pedido, do saldo acumulado de períodos anteriores. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Não incide atualização monetária, calculada pela variação da taxa Selic, sobre ressarcimento de créditos de IPI, por ser hipótese distinta da de restituição de imposto pago indevidamente ou a maior, a não ser no caso de óbice injustificado do Fisco à escrituração dos referidos valores. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 386 a 395) apresentado em 20 de junho de 2012 contra o Acórdão no 1437.554, de 08 de maio de 2012, da 8ª Turma da DRJ/RPO (fls. 370 a 383), cientificado em 21 de maio de 2012, que, relativamente a pedido de ressarcimento de IPI dos períodos de 3º trimestre de 2000, considerou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2000 a 30/09/2000 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO. A compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil será efetuada mediante a entrega, pelo Fl. 401DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13971.002185/200221 Acórdão n.º 3302001.847 S3C3T2 Fl. 400 3 sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. DCOMP. VALORAÇÃO. Na compensação declarada pelo sujeito passivo, os débitos vencidos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXIGÊNCIA DA MULTA DE MORA. A multa de mora é aplicável nos casos em que, embora espontaneamente, o recolhimento do crédito tributário pelo contribuinte se dê após a data de vencimento. IPI. CRÉDITO BÁSICO. PERIODICIDADE TRIMESTRAL. TRIMESTRES ANTERIORES. PEDIDO PRÓPRIO. O ressarcimento de IPI e/ou sua compensação com débitos de tributos e contribuições, efetuado por meio de PER/DCOMP, devem se referir somente aos créditos escriturados no trimestre de apuração. Se, no saldo credor apurado ao final do trimestre de referência, houver valores acumulados relativos a trimestres anteriores, tais quantias serão excluídas do pedido/declaração e deverão ser solicitadas em PER/DCOMP próprio. RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual da interessada fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Não incide atualização monetária, calculada pela variação da taxa Selic, sobre ressarcimento de créditos de IPI, por ser hipótese distinta de restituição de imposto pago indevidamente ou a maior. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O referido acórdão foi pronunciado após o acórdão anterior ter sido anulado pelo Acórdão n. 330201.369, de 24 de janeiro de 2012, desta Turma Ordinária, por não haver apreciado todas as alegações da Interessada. O relatório e o voto do Ac. n. 330201.369 são parcialmente reproduzidos abaixo: Fl. 402DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 4 O pedido de ressarcimento foi apresentado em 05 de agosto de 2002 (fl. 1) e a declaração de compensação transmitida em 19 de novembro de 2004 (fl. 259). A declaração foi não homologada parcialmente pelo parecer de fls. 263 a 266, de 03 de novembro de 2009, com ciência da Interessada em 06 de novembro de 2009. A ementa do despacho foi a seguinte: “O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei n° 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda. “A compensação tributária de débito vencido não afasta a incidência da multa moratória.” A Primeira Instância assim resumiu o litígio: “Trata o presente de declaração de compensação cujo direito creditório, advindo de pedido de ressarcimento totalmente reconhecido, no montante de R$133.026,19, foi insuficiente para a total exclusão dos débitos, em razão de estarem vencidos, o que acarretou a incidência dos encargos moratórios (multa e juros). “Regularmente cientificada da homologação parcial de sua compensação, a empresa manifestou sua inconformidade alegando, em síntese, que os valor do ressarcimento pleiteados foram devidamente informados em DCTF, na qual também foram realizadas as compensações de débitos, porém, à época não foi apresentada o devido pedido de compensação e que, constatada tal falha, a empresa, em 19/11/2004, encaminhou espontaneamente, as declarações de compensação pertinentes a cada débito e crédito. “Acrescentou que, de acordo com o artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN, a responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada do pagamento do tributo devido e do juros de mora e, no caso em concreto, as compensações realizadas são legalmente admissíveis e foram tempestivamente informadas nas DCTF referentes ao período de apuração, sendo a falta da entrega dos pedidos de compensação suprida de forma espontânea e regular em 19/11/2004. “Protestou pela atualização do crédito solicitado pela taxa Selic desde o protocolo do pedido de ressarcimento até seu efetivo aproveitamento, alegando que a partir do pedido o crédito deixa de ser simples crédito escritural de IPI, passando a constituir crédito oponível ao fisco para recebimento em moeda ou para compensação. Fl. 403DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13971.002185/200221 Acórdão n.º 3302001.847 S3C3T2 Fl. 401 5 “Por fim, solicitou que sejam homologadas as compensações, como tais descritas nos PER/Dcomp, sem qualquer lançamento à título de multa de mora ou de ofício, tendo em vista se tratarem de compensação legalmente efetuadas ao abrigo do artigo 138 do CTN.” Segundo a DRJ, a compensação somente poderia ser efetuada por meio da declaração de compensação e teria efeitos apenas a partir do momento de sua apresentação. Como a Interessada apresentou a declaração de compensação após a apresentação da DCTF, ainda que com vinculações, e do pedido de ressarcimento, somente ocorreu a compensação em data posterior à do vencimento dos débitos compensados, incidindo mula e juros de mora. Além disso, inexistiria previsão legal para incidência de juros sobre o saldo credor objeto do ressarcimento. No recurso, inicialmente a Interessada alegou não haver a Primeira Instância se manifestado em relação ao saldo credor existente anteriormente. Após, Interessada defendeu o direito à compensação com base nas Instruções Normativas SRF n. 21, de 1997, e 33, de 1999. Segundo a Interessada, as compensações foram efetuadas na DCTF e informadas nos formulários de “Pedido de Ressarcimento”, mas, “logo que percebeu tal deslize, encaminhou imediatamente a PER/DCOMP consignando novamente a mesma compensação informada anteriormente, segundo instruções recebidas da própria SRF”, sem incidência de máfé. A seguir, tratou da denúncia espontânea e da correção dos créditos pela taxa Selic. [...] VOTO O presente recurso versa sobre a não apreciação de parte das alegações pela Primeira Instância, a incidência de juros Selic sobre o ressarcimento de IPI, sobre as consequências da apresentação da declaração de compensação posteriormente ao vencimento dos débitos e a configuração de denúncia espontânea. De fato, conforme relatado, o despacho decisório tratou expressamente da questão do saldo credor existente anteriormente, matéria contestada pela Interessada na manifestação de inconformidade (item 8) e que não foi apreciada pelo acórdão de primeira instância. Dispõe o art. 12 do Decreto n. 7.574, de 2011, que trata da consolidação das normas do Processo Administrativo Fiscal: Fl. 404DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 6 [...] Obviamente, a não apreciação de matéria que tenha implicação sobre a apuração dos valores de restituição implica cerceamento de defesa e sua apreciação pela Segunda Instância, sem manifestação da Primeira, representaria supressão de instância. Em regra, considerase que não é necessário analisar todos os aspectos da manifestação de inconformidade. Entretanto, no caso dos autos, a DRJ sequer explicou o porquê da eventual irrelevância do argumento da interessada. Isso seria o mínimo necessário para que o acórdão não fosse nulo. À vista do exposto, voto por declarar a nulidade do acórdão de primeira instância, devendo a DRJ pronunciar novo acórdão, analisando todas as matérias contestadas pela Interessada. Cientificada do novo acórdão, a Interessada alegou, primeiramente, a sua nulidade por indeferimento da perícia, uma vez que a considerou desnecessária, mas considerou não comprovado o saldo credor de períodos anteriores. A seguir, repetiu as alegações de mérito apresentadas no primeiro recurso. Alegou ainda que, anteriormente à Lei n. 10.637, de 2002, não haveria impedimento à utilização de saldos de créditos anteriores na compensação. Quanto à comprovação do referido saldo, alegou que foram apresentados vários documentos, não considerados pela autoridade fiscal e pela DRJ. Por fim, tratou da denúncia espontânea e da correção dos créditos pela Selic. É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento. Em relação à nulidade do acórdão de primeira instância, descabe razão à Interessada, uma vez que se decidiu que o saldo credor acumulado de trimestres anteriores não poderia ser compensado, conforme ementa reproduzida no relatório. Portanto, com essa fundamentação legal, seria irrelevante apurar o montante em questão. Notese ainda que somente após concluir pela impossibilidade de compensação dos valores, o acórdão observa a falta de sua comprovação, além de não se poder saber se foi ou não compensado anteriormente o saldo. Passase ao mérito do recurso. O pedido de ressarcimento foi apresentado em 5 de agosto de 2002, relativamente a insumos aplicados em produtos de alíquota zero (art. 11 da Lei n. 9.779, de 1999) do 3° trimestre de 2000. Fl. 405DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13971.002185/200221 Acórdão n.º 3302001.847 S3C3T2 Fl. 402 7 À época, vigiam as disposições da IN SRF n. 21, de 1997, sobre o pedido de ressarcimento e de compensação. O que ficou evidenciado nos autos é que a Interessada informou as compensações na DCTF sem apresentar os pedidos de compensação, que foram protocolados somente em 2002. Posteriormente ao protocolo do pedido de compensação, a Interessada retificou a DCTF para efetuar a vinculação dos débitos ao processo de compensação. Em relação à forma de realização das compensações, descabe razão à Interessada. Conforme fundamentação do despacho decisório e do acórdão de primeira instância, não se realiza compensação em DCTF. De fato, a compensação deveria, mesmo sob a vigência da IN SRF n. 21, de 1997, ser requerida por meio do pedido de compensação, situação que deveria ser informada em DCTF. Ademais, a modalidade de compensação prevista no art. 66 da Lei n. 8.383, de 1991, que poderia ser realizada contabilmente sem o pedido era permitida apenas entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional. Portanto, não há como considerar realizada a compensação na data da apresentação da DCTF. A respeito da matéria em discussão nos autos, a IN determinava o seguinte: Art. 3º Poderão ser objeto de ressarcimento, sob a forma compensação com débitos do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, da mesma pessoa jurídica, relativos às operações no mercado interno, os créditos: I decorrentes de estímulos fiscais na área do IPI, inclusive os relativos a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem adquiridos para emprego na industrialização de produtos imunes, isentos e tributados à alíquota zero, para os quais tenham sido asseguradas a manutenção e a utilização; II presumidos de IPI, como ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para a Seguridade Social COFINS, instituídos pela Lei nº 9.363, de 1996; III presumidos de IPI, como ressarcimento das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, instituídos pela Medida Provisória nº 1.532, de 18 de dezembro de 1996. Art. 4º Poderão ser objeto de pedido de ressarcimento em espécie, os créditos mencionados nos inciso I e II do artigo anterior, que não tenham sido utilizados para compensação com débitos do mesmo imposto, relativos a operações no mercado interno. Art. 5º Poderão ser utilizados para compensação com débitos de qualquer espécie, relativos a tributos e contribuições Fl. 406DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 8 administrados pela SRF, os créditos decorrentes das hipóteses mencionadas no art. 2º , nos incisos I e II do art. 3º e no art. 4º. O art. 11 da Lei n. 9.779, de 1999, criou outra hipótese de ressarcimento e compensação (com o devido destaque): Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda. Portanto, a própria lei determina que somente é possível a apuração por “trimestrecalendário” dos saldos credores acumulados. Dessa forma, o saldo anterior acumulado na escrituração não pode ser ressarcido como se fosse valor relativo ao trimestre do pedido de ressarcimento. Teria que ser objeto, especificamente, de pedido relativo ao trimestre em que foi escriturado. Tal determinação não é preciosismo nem formalismo, uma vez que o pedido acumulado de saldos de períodos anteriores implicaria uma dificuldade extrema de controle dos créditos. Em relação à denúncia espontânea, ela não se aplica ao caso da compensação mencionada. Primeiramente por que o pedido de compensação, originalmente, não tinha efeito de extinção do crédito tributário (a compensação era realizada pela autoridade fiscal à vista de pedido do contribuinte). Ainda que se considere que o pedido tenha sido convertido em declaração de compensação, o art. 138 do CTN requer o pagamento da dívida com os juros de mora, o que não ocorreu, pelos fatos de compensação ser modalidade de extinção do crédito tributário diversa da de pagamento e por não terem sido incluídos os juros de mora (questão analisada mais adiante). Ademais, conforme entendimento pacífico do Superior Tribunal de Justiça (recurso repetitivo no REsp n. 962.379), não existe possibilidade de denúncia espontânea relativamente a tributos sujeitos ao lançamento por homologação e que tenham sido previamente declarados em DCTF. A configuração da denúncia espontânea exigiria o pagamento concomitante ou anterior à apresentação da DCTF. Esclareçase que a aplicação do entendimento do STJ em recurso repetitivo é obrigatória pela Carf, nos termos do art. 62A do Ricarf (Anexo II à Portaria Carf n. 256, de 2009, com a redação dada pela Portaria Carf n. 586, de 2010). No tocante aos juros de mora, aplicase o entendimento do STJ no recurso repetitivo nos EDcl no REsp n. 1.035.847: Fl. 407DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 13971.002185/200221 Acórdão n.º 3302001.847 S3C3T2 Fl. 403 9 “1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. “2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural , assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. “3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. “4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR , Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS , Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR , Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR , Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS , Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS , Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008).” Vale dizer, somente há possibilidade de incidência de correção quando tenha ocorrido óbice injustificado do Fisco ao registro do crédito, o que não ocorreu na hipótese dos autos, uma vez que o encontro de contas ocorreu em relação à data de apresentação do pedido de ressarcimento. À vista do exposto e adotando os demais fundamentos do acórdão de primeira instância, com fulcro no art. 50, § 1º, da Lei n. 9.784, de 1998, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 408DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 10 Fl. 409DF CARF MF Impresso em 14/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/11/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 06/11/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 07/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 15374.724370/2009-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Mar 04 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2006 a 30/03/2006
PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE IMPUGNADA. Defesa apresentada contra decisão que reconheceu em parte o direito creditório pleiteado deverá conter os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e deverá vir acompanhada dos dados e documentos comprovadores dos fatos alegados. A alegação trazida apenas em sede de Recurso Voluntário, quando não existe nenhum fato ou prova nova, ou qualquer outra razão que tivesse impedido a apresentação clara e expressa do argumento no momento inicial da defesa (Manifestação de Inconformidade), não pode ser conhecida, por ocorrência da preclusão.
BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO MENSAL. AJUSTES DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO ESPECÍFICO PREVISTO PELA LEGISLAÇÃO. A base de cálculo do tributo deve guardar relação intrínseca com o fato gerador. Sendo este o faturamento mensal, a base de cálculo não pode ir além do valor do faturamento devido no mês da ocorrência do fato gerador. Nenhum ajuste, derivado de valores pagos ou não, em outros meses, pode ser promovido. Há previsão legal específica que estabelece a forma adequada do contribuinte requerer a restituição de valores pagos a maior ou indevidamente. Não há autorização legal para realizar ajustes em bases de apuração de competências distintas daquela em que se deu o pagamento a maior ou indevido. O ajuste ofende, ainda, a própria hipótese de incidência tributária do tributo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-001.934
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
Fez sustentação oral: Victor Soares da Silva Cereja, OAB/RJ 168314
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA
Presidente
(assinado digitalmente)
FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes, Gileno Gurjão Barreto, José Antonio Francisco.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/2006 a 30/03/2006 PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE IMPUGNADA. Defesa apresentada contra decisão que reconheceu em parte o direito creditório pleiteado deverá conter os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e deverá vir acompanhada dos dados e documentos comprovadores dos fatos alegados. A alegação trazida apenas em sede de Recurso Voluntário, quando não existe nenhum fato ou prova nova, ou qualquer outra razão que tivesse impedido a apresentação clara e expressa do argumento no momento inicial da defesa (Manifestação de Inconformidade), não pode ser conhecida, por ocorrência da preclusão. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO MENSAL. AJUSTES DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO ESPECÍFICO PREVISTO PELA LEGISLAÇÃO. A base de cálculo do tributo deve guardar relação intrínseca com o fato gerador. Sendo este o faturamento mensal, a base de cálculo não pode ir além do valor do faturamento devido no mês da ocorrência do fato gerador. Nenhum ajuste, derivado de valores pagos ou não, em outros meses, pode ser promovido. Há previsão legal específica que estabelece a forma adequada do contribuinte requerer a restituição de valores pagos a maior ou indevidamente. Não há autorização legal para realizar ajustes em bases de apuração de competências distintas daquela em que se deu o pagamento a maior ou indevido. O ajuste ofende, ainda, a própria hipótese de incidência tributária do tributo. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2436; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 10 1 9 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.724370/200910 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302001.934 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de janeiro de 2013 Matéria COFINS Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2006 a 30/03/2006 PRECLUSÃO. MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE IMPUGNADA. Defesa apresentada contra decisão que reconheceu em parte o direito creditório pleiteado deverá conter os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e deverá vir acompanhada dos dados e documentos comprovadores dos fatos alegados. A alegação trazida apenas em sede de Recurso Voluntário, quando não existe nenhum fato ou prova nova, ou qualquer outra razão que tivesse impedido a apresentação clara e expressa do argumento no momento inicial da defesa (Manifestação de Inconformidade), não pode ser conhecida, por ocorrência da preclusão. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO MENSAL. AJUSTES DE VALORES PAGOS INDEVIDAMENTE. IMPOSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE PROCEDIMENTO ESPECÍFICO PREVISTO PELA LEGISLAÇÃO. A base de cálculo do tributo deve guardar relação intrínseca com o fato gerador. Sendo este o faturamento mensal, a base de cálculo não pode ir além do valor do faturamento devido no mês da ocorrência do fato gerador. Nenhum ajuste, derivado de valores pagos ou não, em outros meses, pode ser promovido. Há previsão legal específica que estabelece a forma adequada do contribuinte requerer a restituição de valores pagos a maior ou indevidamente. Não há autorização legal para realizar ajustes em bases de apuração de competências distintas daquela em que se deu o pagamento a maior ou indevido. O ajuste ofende, ainda, a própria hipótese de incidência tributária do tributo. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 72 43 70 /2 00 9- 10 Fl. 424DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 11 2 ACORDAM os membros da 3ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Fez sustentação oral: Victor Soares da Silva Cereja, OAB/RJ 168314 (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Alexandre Gomes, Gileno Gurjão Barreto, José Antonio Francisco. Relatório Tratase de Pedido de Restituição de crédito de COFINS, relativo à competência janeiro de 2004, cumulado com Declaração de Compensação do referido crédito, com COFINS apurada em março de 2006 (fl.03/07). A Recorrente promoveu recolhimento de COFINS, sob o código 2172, relativa ao mês de janeiro de 2004, no valor total de R$ 63.626.689,61, conforme extratos de pagamento de fls. 107/112. A empresa também recolheu COFINS, sob o código 6840, R$ 12.299.284,56, conforme mostra extrato de fls. 117. Na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF originalmente entregue em 14/05/2004 (fl. 113), a contribuinte informou, para o mês de janeiro de 2004, COFINS devida (cód. 2172) no montante de R$ 63.626.689,61. Em 17/02/2006, a Recorrente apresentou DCTF retificadora (fls. 114), reduzindo o valor da referida COFINS devida sob o código 2172, para R$ 41.479.154,19, bem como reduziu o montante da COFINS devida sob o código 6840, para R$ 8.860.931,12. O Pedido de Restituição objeto dos autos referese apenas à redução do valor da COFINS recolhida sob o código 2172, no valor original de R$ 22.147.535,42 (atualizado, até a data da compensação, para a quantia de R$ 29.976.689,19). Após a apresentação da DCOMP a Recorrente foi intimada a apresentar justificativa para a retificação promovida em sua DCTF, bem como comprovação documental da redução do débito de COFINS da competência janeiro de 2004 (fls. 16/17). Fl. 425DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 12 3 A Recorrente apresentou esclarecimentos no sentido de que a COFINS era recolhida com base em estimativa, pois o balancete da empresa somente era encerrado no dia 20 do mês seguinte ao da ocorrência do fato gerador, sendo que o recolhimento era devido no dia 15 daquele mês. Apresentou, também, uma série de documentos, conforme intimação recebida (fls. 21/85). Houve nova intimação para apresentação de planilha de apuração da base de cálculo da COFINS, de acordo com modelo apresentado pela Receita Federal (que teria sido utilizado em outros processos de compensação da empresa), demonstrando os ajustes extra contábeis efetuados pela Recorrente (receitas de exportação, devoluções, descontos e liminares – fls. 86). Foram apresentados pela Recorrente novos documentos, inclusive a planilha no modelo solicitado (fls. 102/106), além de reiterada a informação de que a base de cálculo utilizada no recolhimento foi estimada, sendo o ajuste na DCTF fruto das diferenças apuradas entre a COFINS realmente devida, e aquela recolhida, quando do encerramento do balancete relativo ao mês de janeiro de 2004. Sobreveio o Despacho Decisório (fls. 129), que acatou o Parecer Conclusivo n° 12/2011 (fls. 123/127), que reconheceu apenas parte do crédito pleiteado, homologando parcialmente a compensação efetuada pela Recorrente. Foram aceitos os ajustes extra contábeis da empresa, devido ao volume de suas operações. Contudo, a autoridade fiscal entendeu por afastar reduções da base de cálculo da COFINS realizadas em função de apuração de valores negativos, indicados nos balancetes da empresa, que no entender da Delegacia não poderiam impactar/reduzir a base de cálculo da contribuição, pois esta não advém de ajustes entre receitas positivas e negativas, mas sim apenas referese a receitas auferidas (sem reduções das perdas sofridas). Dentre os ajustes negativos que foram desconsiderados estão os das contas de: Naftas Nacionais, Frete de Cabotagem, Receitas Operacionais, Receitas de Resultados Financeiros, Variações Monetárias Ativas, dentre outros. Assim, foi deferida a restituição do valor de R$ 1.390.178,57, homologando se a compensação efetuada até este limite. Determinouse, ainda, a remessa para cobrança do valor restante, considerado não compensado, no montante de R$ 28.095.082,50. Foi apresentada Manifestação de Inconformidade (fls. 132/135), na qual a Recorrente apresentou os seguintes argumentos, pleiteando o deferimento total do direito creditório: em relação à divergência no valor de “Frete de cabotagem” o valor que foi reduzido da base de cálculo da COFINS, de janeiro de 2004, corresponde a quantias que foram indevidamente incluídas na base da contribuição, anteriormente, e ajustados nesta competência; em relação à conta “3540013 Receitas Financeiras Coligadas”, que foi efetuado um ajuste em determinado contrato de mútuo (Petrobrás x Termonio), no valor total de R$ 657.511.834,35, sendo que R$ 344.375.339,70 referese ao exercício de 2003 e R$23.132.149,30 ao mês de janeiro de 2004, porém ambos foram ajustados na competência janeiro de 2004; Fl. 426DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 13 4 apresenta uma planilha correspondente à diferença entre COFINS recolhida e devida, indicando crédito a ser restituído no valor de R$ 22.380.595,46. Anexa, ainda, documentos que comprovariam suas alegações: o Balancete competência janeiro de 2004, demonstrativo dos ajustes contábeis referentes ao mútuo mencionado, planilha demonstrativa da exportação de serviços, planilha de exportação mensal e demonstrativo da apuração COFINS janeiro e do valor devido (Docs. fls. 136/197). A DRJ julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mas alterou o valor do crédito reconhecido, por entender que houve erro na apuração do valor (Fls. 271/278). A decisão fundamentase nos seguintes argumentos: em relação ao valor de “Frete de Cabotagem” que a Recorrente alega ser um ajuste de valores tributados indevidamente em períodos anteriores, além de não haver comprovação de que tais receitas se referem a exportações, a maneira adequada de recuperar tributo indevidamente recolhido não é através de ajustes nas competências seguintes, mas sim via pedido de restituição da quantia paga a maior ou indevidamente; em relação às diferenças apontadas pela fiscalização relativamente às contas 3519099 – “Outras Receitas/despesas Operacionais”, 3540013 – “Receitas Financ. Coligadas” e 3540014 – “Rec. Financ. Endosso Tit. P/ Subsid”, embora a contribuinte tenha apresentado defesa apenas em relação à conta de “Receitas Financeiras Coligadas”, por se tratar de inclusão na base de cálculo de valores que não haviam sido declarados/constituídos pelo próprio contribuinte, tratase de lançamento de COFINS, nos termos do artigo 142 do CTN. Contudo, por se tratar de receitas financeiras/outras receitas, cuja inconstitucionalidade da incidência da COFINS já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, tais valores não poderiam ter sido constituídos, razão pela qual necessário ajuste na base de cálculo aplicada pelo Parecer Conclusivo n° 12/2010, para exclusão dos valores relativos a estas contas, cuja natureza é de “outras receitas”. Em relação ao ajuste determinado pela DRJ, consta assim retratado no acórdão recorrido, verbis: “Conforme tabela acima, a alteração promovida pela autoridade fiscal na base de cálculo apurada sobre “outras receitas” corresponde a um acréscimo de receitas financeiras no valor de R$ 372.395.131,50. A diferença apontada deve ser excluída da base de cálculo sobre as demais receitas apurada no Parecer para fins de cálculo da contribuição devida e do crédito decorrente de pagamento a maior. O quadro abaixo demonstra os ajustes a serem efetuados: (...) Tendo em vista todos os fundamentos expostos, Voto no sentido de julgar improcedente a Manifestação de Inconformidade, reconhecendo, contudo, o direito creditório no valor de R$ 11.171.853,95 e homologar a compensação declarada, até o limite do crédito reconhecido.” Fl. 427DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 14 5 Em seu Recurso Voluntário (fls. 285/ 298) a Recorrente alega, em síntese: nulidade da decisão da DRJ porque não aponta o dispositivo legal que indicaria a ofensa ao regime de competência, perpetrada pela contribuinte, quando requereu a compensação no mês de Janeiro/04 dos valores que foram tributados indevidamente em competências anteriores, relativamente ao “Frete de Cabotagem”; em relação ao valor negativo da nafta, o sinal negativo que acompanhou a indicação do valor da planilha não reduziu a base de cálculo da COFINS, mas apenas indicava o não auferimento da receita, e que aquele valor não teria sido considerado na apuração da contribuição. De toda forma, a venda de nafta às centrais petroquímicas não é tributada, razão pela qual se utilizou a alíquota zero sobre tais valores. Informa, ainda, que já constava nos autos planilha contendo a indicação deste valor, e, portanto, não procede a alegação da DRJ de que a questão da nafta não fora tratada pela Recorrente; em relação ao valor do frete, corresponde a valor de crédito derivado de recolhimento indevido na competência dezembro/03, compensado na apuração de janeiro/04, e que como o crédito existe não poderia ser tolhido o direito da contribuinte de compensálo. Anexou ao Recurso uma série de documentos (fls. 297/313), em especial planilha indicativa da “isenção” da COFINS sobre a nafta. Vieramme então, os autos para decisão. É o relatório. Voto Conselheira Fabiola Cassiano Keramidas, Relatora O recurso é tempestivo, atende aos requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele conheço. Cingese a controvérsia à questão da restituição e compensação de COFINS que foi recolhida pela Recorrente, a maior, no mês de janeiro de 2004. Segundo a Recorrente a divergência entre o valor efetivamente devido e o valor pago decorre do fato de apurar a contribuição devida sobre uma base estimada. Posteriormente, ao constatar qual teria sido sua receita tributável efetiva, promove o pedido de restituição dos valores pagos a maior. O valor da restituição pleiteada foi sensivelmente reduzido pelo Despacho Decisório, posteriormente reformado pela DRJ que entendeu por autorizar a restituição de valores que se referiam a receitas financeiras/outras receitas, em virtude da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo Supremo Tribunal Federal, quanto à incidência da COFINS sobre este tipo de receita. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 15 6 Assim, o mérito do Recurso Voluntário limitase à discussão de dois tipos de receitas objeto dos cálculos da COFINS da competência janeiro de 2004: (i) receitas de nafta e (ii) receitas de frete de cabotagem. Preliminarmente a Recorrente alega a nulidade da decisão da DRJ, na medida em que não teria indicado o fundamento para questionar os procedimentos adotados pela contribuinte, em relação justamente aos valores de frete de cabotagem, ao alegar que houve ofensa ao regime de competência. Neste ponto, observase que as autoridades fazendárias, assim como a DRJ, questionaram os procedimentos adotados pela Recorrente, quais sejam: por ter promovido recolhimento a maior de COFINS sobre uma base (super)estimada, correspondente a receita de frete de cabotagem não recebida efetivamente, em dezembro de 2003, a Recorrente reduziu, do valor de frete de cabotagem auferido em janeiro de 2004, o valor que havia computado a maior em dezembro de 2003. Vale dizer, promoveu uma compensação entre a base de cálculo (a maior) da COFINS de dezembro de 2003, com a base de cálculo da COFINS de janeiro de 2004. Em seu acórdão a DRJ afirma que, verbis: “Cumpre esclarecer ainda, que o procedimento de ajuste alegado fere o regime de competência que deve ser observado na apuração da COFINS e, por esta razão, não pode ser acatado. Na hipótese de ocorrência, em um determinado mês, de tributação indevida de receitas isentas ou fora do campo de incidência da COFINS, cabe ao contribuinte formalizar pedido de restituição/declaração de compensação da parcela da contribuição supostamente paga a maior, não sendo cabível o ajuste pretendido, consistente na exclusão de receitas que não se referem ao próprio período de apuração.” Da análise da argumentação apresentada pela DRJ constatase que o que foi apontado como erro, cometido pela recorrente, é o fato de ter promovido um ajuste de base de cálculo, envolvendo períodos de apuração (fatos geradores) distintos, promovendo uma verdadeira compensação de base de incidência, que não é permitida pela legislação vigente. Pareceme claro que a alegada ofensa ao regime de competência, a que se refere a DRJ, configurase pela própria confusão entre a base de cálculo de dezembro de 2003 e a competência de janeiro de 2004, perpetrada pela Recorrente, o que conduz à conduta vedada, qual seja, a compensação de bases com vistas a recuperar tributo recolhido a maior. Ademais, a restituição de tributo pago a maior ou indevidamente deve respeitar procedimento específico, o qual está previsto na legislação. Ainda, tal procedimento não contempla a possibilidade de compensação de bases de cálculo correspondentes a fatos geradores distintos, aí está a ilegalidade cometida pela Recorrente. Assim, a alegada preterição de direito que poderia levar à nulidade da decisão pareceme não estar presente, ainda que não tenha sido citado dispositivo legal específico vedando o procedimento da forma como realizado pela Recorrente. É que não existe opção para o procedimento de compensação, existe uma única forma legal (pedido de restituição/compensação) que não foi utilizada pela Recorrente. Fl. 429DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 16 7 Registrase que a Recorrente procedeu da forma adequada (pedido de restituição/compensação) em relação ao valor supostamente recolhido a maior, não havendo qualquer justificativa válida para deixar de proceder assim em relação às quantias recolhidas a maior em dezembro de 2003. No que se refere à discussão relacionada à nafta, a Recorrente alega que a afirmação contida no acórdão da DRJ, no sentido de que, não apresentou contestação – razão pela qual, não há discussão sobre o tema – é falsa, pois teria, no curso da fiscalização apresentado determinadas planilhas que contemplam os valores referentes às operações realizadas com estes produtos. Ocorre que, de fato, não há nos autos nenhum argumento ou esclarecimento, trazido pela Recorrente, para contrapor as conclusões dos agentes fiscais, que incluíram na base de apuração da COFINS os valores de nafta indicados nas mencionadas planilhas constantes dos autos. Apenas agora, por meio de seu Recurso Voluntário, é que a Recorrente manifestase pela inadequação da inclusão dos valores de nafta na apuração da COFINS de dezembro de 2003, apresentando argumentos para sustentar seu posicionamento. Contudo, em momento algum do processo foi apresentado qualquer esclarecimento, ou mesmo os esclarecimentos que constam do Recurso sob análise. Neste sentido, a legislação – em especial o Decreto n° 70.235/72 é clara ao determinar que a matéria não contestada expressamente será considerada não impugnada, verbis: “Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.” Diante do que consta dos autos, entendo que a DRJ estava correta ao entender que em relação a este tema a Recorrente não apresentou contestação. Afinal, as planilhas que alegadamente já se encontravam nos autos, não trouxeram nenhum esclarecimento que permitisse chegar aos argumentos ora apresentados. E mais, foram as próprias planilhas em questão que levaram a autoridade fazendária a negar o direito creditório sobre tais valores, incluindoos na base de cálculo da COFINS devida em janeiro de 2003, e determinado que a contribuição seria sobre eles devidos. Talvez se a Recorrente tivesse trazido seus argumentos, oportunamente, em Manifestação de Inconformidade, estes pudessem ser analisados e, eventualmente, providos. No entanto, ao deixar de fazêlo, impediu sua análise destes por este Conselho, razão pela qual, de se reconhecer sua preclusão, mantendose as conclusões anteriores. Em relação ao frete de cabotagem, de acordo com argumentos apresentados no Recurso Voluntário, a Recorrente promoveu a compensação de valores que integraram indevidamente a base de cálculo de dezembro de 2003, com a base de cálculo de janeiro de 2004. A Recorrente alega que haveria um “saldo negativo” de COFINS, apurado em janeiro de 2004, que foi composto por um “saldo negativo” (de base) de frete de cabotagem. Este “saldo negativo”, contudo, foi apurado porque na apuração da base de cálculo da contribuição, do mês de janeiro de 2004, foram computados valores de frete de cabotagem que haviam sido indevidamente tributados em dezembro de 2003 (incluídos indevidamente na base de cálculo da COFINS devida naquela competência). Contudo, tal procedimento (ajuste Fl. 430DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Processo nº 15374.724370/200910 Acórdão n.º 3302001.934 S3C3T2 Fl. 17 8 de bases de competências distintas), executado pela Recorrente, é vedado pela legislação vigente. O ajuste entre as bases de cálculo de dezembro de 2003 e janeiro de 2004 não possui previsão legal. Ao contrário, a legislação prevê que a base de cálculo do tributo corresponde ao fato gerador ocorrido que, no caso da COFINS, é mensal (conforme estabeleceu a Lei Complementar n° 70/91, instituidora da contribuição). A base de cálculo dimensiona o fato gerador tributário e, por isso, nenhum elemento estranho àquele fato pode vir a impactar a base de cálculo utilizada. Portanto, não pode ser incluído ou reduzido do faturamento mensal – base de cálculo da COFINS – qualquer valor decorrente da apuração de faturamento de outro mês, seja por absoluta falta de previsão legal que permita este ajuste, seja porque a base de cálculo do tributo deve guardar referibilidade com o fato gerador (no caso, faturar mensalmente), para adequadamente mensurálo. Logo, não merece prosperar o procedimento adotado pela Recorrente, devendo ser integralmente mantida a decisão recorrida. Em face do exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário, para que seja mantida integralmente r. decisão proferida pela DRJ. É como voto. Sala das Sessões, em 30 de janeiro de 2013 (assinado digitalmente) Relatora Fabiola Cassiano Keramidas Fl. 431DF CARF MF Impresso em 04/03/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS, Assinado digitalmente em 01/0 3/2013 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2013 por FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
score : 1.0
Numero do processo: 15956.000743/2010-48
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 22 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
GLOSA DE CRÉDITOS. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS.
A falta de comprovação da operação justifica a glosa de créditos suportados por notas fiscais reputadas inidôneas.
INCONSTITUCIONALIDADE. ARGUIÇÃO.
A autoridade administrativa é incompetente para apreciar arguição de inconstitucionalidade de lei.
DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO.
O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extinguese no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
JUROS DE MORA. SELIC.
A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal.
MULTA QUALIFICADA.
Mantém-se a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovada a conduta dolosa.
Numero da decisão: 3302-001.775
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(assinado digitalmente)
ALEXANDRE GOMES - Relator.
EDITADO EM: 04/11/2012
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes (Relator) e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: ALEXANDRE GOMES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (assinado digitalmente) ALEXANDRE GOMES - Relator. EDITADO EM: 04/11/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes (Relator) e Gileno Gurjão Barreto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 GLOSA DE CRÉDITOS. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. A falta de comprovação da operação justifica a glosa de créditos suportados por notas fiscais reputadas inidôneas. INCONSTITUCIONALIDADE. ARGUIÇÃO. A autoridade administrativa é incompetente para apreciar arguição de inconstitucionalidade de lei. DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO. O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extinguese no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. JUROS DE MORA. SELIC. A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal. MULTA QUALIFICADA. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovada a conduta dolosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 95 6. 00 07 43 /2 01 0- 48 Fl. 1080DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES 2 WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (assinado digitalmente) ALEXANDRE GOMES Relator. EDITADO EM: 04/11/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes (Relator) e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Por bem retratar a matéria tratada no presente processo, transcrevo o relatório produzido pela DRJ de Ribeirão Preto: Em ação fiscal levada a efeito contra a contribuinte em epígrafe, relativa ao anocalendário de 2005, foi efetuado lançamento para exigência de crédito tributário no valor total de R$ 1.187.723,51 (um milhão e cento e oitenta e sete mil e setecentos e vinte e três reais e cinqüenta e um centavos), conforme demonstrativo de fl. 1, tendo sido lavrado o auto de infração de fls. 2/11, para exigir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos seguintes termos: Imposto: R$ 306.965,28 Juros de mora: R$ 190.086,41 Multa proporcional: R$ 690.671,82 Enquadramento legal: Regulamento do IPI, aprovado pelo Decreto n° 4.544, de 26 de dezembro de 2002 (RIPI/2002), arts. 34, II, 122, 127, 130, 164, I, 165, 195, 199, 200, IV, e 202, que correspondem aos arts. 35, II, 181, 186, 189, 226,1, 227, 256, 260, IV, e 262, do Decreto n° 7.212, de 15 dejunho de 2010. O Termo de Verificação Fiscal de fls. 985/1.003 descreve em detalhes a ação fiscal e relata a constatação de que a fiscalizada lançou em sua escrita fiscal do anocalendário de 2005 créditos de IPI lastreados em notas fiscais inidôneas. Ressalta a fiscalização que, conforme termo de intimação fiscal de fl. 68, a contribuinte foi intimada a apresentar os originais das notas fiscais relacionadas na planilha de fls. 69/78, bem como foi notificada do entendimento fiscal de serem tais notas fiscais inidôneas e intimada a apresentar elementos hábeis e idôneos aptos a infirmar a inidoneidade apontada. Foram as seguintes razões apontadas pela fiscalização para considerar as notas fiscais inidôneas: a) em relação à Alfer Comércio e Construções Ltda., foi efetuada diligência no seu endereço cadastral e constatado que nos últimos oito anos jamais houve no local algum estabelecimento que promovesse o comércio de mercadorias, Fl. 1081DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15956.000743/201048 Acórdão n.º 3302001.775 S3C3T2 Fl. 1.081 3 conforme se depreende da informação de vizinhos e da estrutura física do imóvel residencial edificado em terreno pequeno, insuscetível de abrigar comércio de mercadorias; b) em relação à Mascote Distribuidora de Produtos Siderúrgicos Ltda., foi efetuada diligência em seu endereço cadastral e constatado que ela jamais esteve estabelecida no local, bem como diligência ao Fórum de Ribeirão Preto da Justiça Comum do Estado de São Paulo, na qual se constatou que a empresa teve sua falência decretada, conforme editais publicados no Diário Oficial do Estado de São Paulo nos dias 16 e 17 de março de 2000; c) em relação à Fácil Importação e Exportação Ltda., foi constatado que o Ato Declaratório Executivo n° 23, de 2 de agosto de 2007, da Inspetoria da Receita Federal do Brasil em São Paulo, publicado na página 150 do Diário Oficial da União (DOU) de 06/08/2007, declarou a inaptidão da inscrição CNPJ da empresa com efeitos a partir de 27/12/2004. Em resposta à intimação, a contribuinte solicitou prorrogação de prazo por mais 60 (sessenta) dias uma vez que os livros e documentos solicitados se encontrariam em poder da Polícia Federal (fl. 79). A fiscalização enviou termo de intimação (fl. 80), solicitando que ela especificasse quais os elementos estariam em poder da Polícia Federal, comprovando sua entrega ou apreensão, tendo a intimada apresentado cópia do Auto Circunstanciado de Busca e Arrecadação IPL n° 650/2010, do Departamento de Polícia Federal (fls. 82/107), bem como afirmado que, em relação às constatações da fiscalização, realizou a operação dentro da licitude e boafé, inclusive, com documentos que respaldam o negócio jurídico realizado, e que resta impossível a ela fazer ponderações concretas com base nas constatações levantadas pelo Fisco, uma vez que estas não foram enviadas com os documentos que respaldam tal entendimento. Diante da alegação de boafé e de que os documentos comprobatórios da licitude das operações comerciais estariam em poder da Polícia Federal, foi envido ofício à Justiça Federal solicitando o acesso da fiscalização aos documentos apreendidos, o qual foi deferido. Examinando a documentação apreendida, a fiscalização constatou que não há documentos que se prestem a afastar o entendimento fiscal de inidoneidade das notas fiscais e que, ao contrário, os documentos existentes laboram em desfavor da contribuinte, conforme descrito no TVF. Ressaltou, ainda, o autuante que as fichas do Razão da empresa Fácil e as relações de cheques destinados à Alfer e Mascote constituem a documentação com que a fiscalizada pretende justificar a escrituração das notas fiscais inidôneas, documentação que não logra demonstrar a efetiva aquisição de mercadorias que respaldem os custos e despesas lastreados nestas notas fiscais. Acrescentou que nem mesmo as notas fiscais Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES 4 foram apresentadas, tornando impossível verificar se as mercadorias foram necessárias para os negócios da empresa. Acrescentou que foram obtidas junto ao Fisco do Estado de São Paulo cópias de notas fiscais emitidas pela Mascote (fls. 306/433), muitas das quais informam mercadorias que não são insumos utilizados pela fiscalizada, conforme constatado em visita fiscal às unidades fabris (fls. 64/67). Constatou ainda a fiscalização a existência de duas notas diferentes com o mesmo número, emitidas com o nome Mascote (fls. 402/403), sendo a segunda registrada em 05/05/2005 pela autuada (fl. 188). Afirmou que os documentos em poder da Polícia Federal evidenciam que a empresa Fácil, inexistente de fato, era operada pela própria fiscalizada e servia de fachada para várias operações, inclusive com a movimentação financeira sendo feita pelo diretor financeiro da fiscalizada, assim as TEDs não servem para justificar a idoneidade das operações glosadas nem podem justificar os custos e despesas correspondentes. Ressaltou o autuante que os cheques com os quais a interessada pretendeu comprovar a idoneidade das notas fiscais de emissão das empresas Alfer e Mascote constituemse em simulações de pagamentos, de forma que os documentos em poder da Polícia Federal não se prestam a comprovar o efetivo pagamento de mercadorias e tampouco a sua efetiva compra, seu ingresso na empresa, seu consumo ou sua aplicação no processo produtivo. Concluiu que, como nada foi apresentado pela fiscalizada que comprovasse a licitude das operações contestadas pela fiscalização, não logrando a empresa infirmar o entendimento fiscal de que são inidôneas as notas fiscais relacionadas, não tendo sido apresentados documentos que comprovem a efetividade das compras e das entregas das mercadorias, foram glosados os valores correspondentes lançados como custos em sua escrita contábil e fiscal. Foi aplicada a multa qualificada, prevista na Lei n° 9.430, de 1996, art. 44, por considerar o autuante que restou comprovada a intenção da contribuinte de cometer fraudes em prejuízo do Fisco Federal, evidenciada pelo procedimento de fazer uso de notas fiscais inidôneas, simular pagamentos dessas notas, fazer usos de petrechos de falsificação e manter operação de empresas de fachada. Considerou, ainda, o autuante que cabe o agravamento do percentual da multa, diante da falta de atendimento das intimações feitas, respondidas com meras alegações protelatórias. Notificada do lançamento em 23/12/2010, conforme autos de infração, a interessada, representada pelos advogados José Luiz Matthes e Fábio Pallaretti Calcini (procuração de fls. 84/85), ingressou, em 05/01/2011, com a impugnação de fls. 1.007/1.027, alegando, em suma: • decadência, nos termos do Código Tributário Nacional (CTN), art. 150, § 4o , relativamente ao período de janeiro a novembro de 2005; Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15956.000743/201048 Acórdão n.º 3302001.775 S3C3T2 Fl. 1.082 5 • o princípio da nãocumulatividade garante seu direito ao crédito sem restrições, sendo que o princípio da boafé vige nas relações juridicas a impugnante agiu de boafé, pois comprou diversos produtos industrializados das empresas Mascote, Alfer e Fácil, o que permitiu o lançamento dos créditos de IPI referentes a essas operações; • portanto, o Fisco não comprovou a suposta infração, na medida em que todos os créditos de IPI estão amparados em notas fiscais que foram devidamente contabilizadas, ficando claro que a inidoneidade apontada no auto de infração é descabida; • todas essas notas fiscais estavam munidas dos requisitos legais previstos à época das operações, sendo certo que as duas empresas se encontravam regulares perante o Fisco Federal; • se essas pessoas jurídicas acabaram encerrando suas atividades posteriormente, tais situações jamais poderiam prejudicar a autuada, que agiu de acordo com a legislação tributária que permitia as deduções e créditos realizados; • é certo que as operações praticadas são totalmente regulares, pois houve aquisição de produtos efetivamente utilizados na atividade empresarial da impugnante, e elas foram devidamente retratadas em notas fiscais, corretamente contabilizadas, tendo ocorrido o pagamento do valor total avençado; ,; j para que a fiscalização pudesse efetivamente recusar os lançamentos contábeis realizados, deveria existir uma prova robusta de que, em 2005, não existiram as operações entre a impugnante e as aludidas empresas; • todas as diligências da Receita Federal foram realizadas no ano de 2010, ou seja, depois de cinco anos da ocorrência das operações averiguadas, o que denota sua fragilidade para desconstituição de negócios jurídicos válidos; • diante das provas e da busca pela retroatividade de declarações de inaptidão, tais condutas jamais poderiam desconstituir as operações de aquisição de produtos que foram devidamente amparadas em notas fiscais e corretamente contabilizadas; • o ordenamento jurídico prestigia a boafé, que deve ser presumida até cabal prova em contrário; • para desconstituição dessa situação o Fisco jamais poderia ter se baseado tãosomente em declarações e na ausência de documentos que estavam apreendidos pela Polícia Federal; • o auto de infração encontrase fundamentado tãosomente em mera presunção, eis que se utiliza de impressões pessoais e na ausência de documentos que estavam no poder da Polícia Federal; a fiscalização não demonstrou, como era de sua competência, os elementos que compõem o fato jurídico tributário, pois o ônus de demonstrar os elementos que deram Fl. 1084DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES 6 ensejo à ocorrência do fato gerador é do Poder Público não se pode vaticinar o comportamento cômodo do Fisco que, ao invés de buscar a verdade material, escondese em frágeis presunções, jogando, abusivamente, para o contribuinte, deveres legais que lhe incumbiam, isso sem contar que a própria atuação admite que a empresa apresentou as notas fiscais e as contabilizou corretamente nos livros próprios; • contrapondo à presunção de boafé e todas as provas da contribuinte (notas fiscais, contabilização, pessoa jurídica com CNPJs ativos em 2005), a única prova diretamente relacionada à questão seria depoimentos e alguns documentos que estavam apreendidos pela Polícia Federal; • a incidência da Taxa Selic sobre o débito apontado não encontra respaldo jurídico, uma vez que deve ser observado o previsto no art. 161 do CTN; • a multa aplicada ofende aos princípios da razoabilidade ou proporcionalidade (CF, art. 5o , LIV) e da proibição do confisco (CF, art. 150, IV); • a multa deve ser reduzida, no mínimo, ao patamar de 20% (vinte por cento), de conformidade com a Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 61, § 2o; • a multa há de ser reduzida uma vez que não houve qualquer prática de conduta por meio de fraude; • não houve a demonstração, comprovação e configuração de condutas que possam ser qualificadas como de evidente intuito de fraude por parte da impugnante. Requereu seja anulado o lançamento ou ao menos reduzido o valor por ele cobrado, tendo em vista sua insubsistência. A par dos argumentos lançados na manifestação de inconformidade apresentada, a DRJ entendeu por bem manter o lançamento em decisão que assim ficou ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2005 GLOSA DE CRÉDITOS. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. A falta de comprovação da operação justifica a glosa de créditos suportados por notas fiscais reputadas inidôneas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 INCONSTITUCIONALIDADE. ARGUIÇÃO. A autoridade administrativa é incompetente para apreciar arguição de inconstitucionalidade de lei. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 1085DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15956.000743/201048 Acórdão n.º 3302001.775 S3C3T2 Fl. 1.083 7 Anocalendário: 2005 DECADÊNCIA. DOLO COMPROVADO. O direito de a Fazenda Pública rever lançamento por homologação em que o sujeito passivo tenha se utilizado de dolo, fraude ou simulação, extinguese no prazo de 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. JUROS DE MORA. SELIC. A cobrança de juros de mora com base no valor acumulado mensal da taxa referencial do Selic tem previsão legal. MULTA QUALIFICADA. Mantémse a multa por infração qualificada quando reste inequivocamente comprovada a conduta dolosa. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá las nos moldes da legislação que a instituiu. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Contra esta decisão foi apresentado Recurso Voluntário onde são reprisados os argumentos lançados na Manifestação de Inconformidade apresentada. É o relatório. Voto Conselheiro ALEXANDRE GOMES O presente Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os demais requisitos e dele tomo conhecimento. Contra o estabelecimento filial da Recorrente foi lavrado auto de infração em decorrência do registro em seus livros fiscais de créditos de IPI decorrentes de aquisições de insumos lastreadas em notas fiscais consideradas inidôneas pela fiscalização. Estas notas fiscais seriam relativas a aquisições efetuadas de três empresas especificas: (i) Alfer Comércio e Construções Ltda; (ii) Mascote Distribuidora de Produtos Siderúrgicos Ltda; e, (iii) à Fácil Importação e Exportação Ltda. A autotidade autuante informou que, a empresa Alfer, após diligências realizadas ao seu endereço, não foi localizada. A partir de informações coletadas com vizinhos Fl. 1086DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES 8 do endereço, afirmou que a estrutura física do imóvel existente não comportaria as atividades comerciais. Já em relação a empresa Mascote, informou que a mesma não foi localizada no endereço de cadastro e que após consulta ao Fórum de Ribeirão Preto verificou que a mesma teve a falência decretada em março de 2000. Por fim, a respeito da em presa Fácil aduziu que a Receita Federal do Brasil, por meio do Ato Declaratório Executivo n° 23, de 2 de agosto de 2007, declarou a inaptidão da inscrição CNPJ da empresa com efeitos a partir de 27/12/2004. A partir desta constatações, a Recorrente foi intimada a apresentar documentos e informações que pudessem afastar as alegações efetuadas pelo auditor fiscal, bem como, apresentar cópia das notas fiscais que se encontravam escrituradas em sua contabilidade. Para tal mister foilhe concedido o prazo de 20 dias. Em petição assinada por seus procuradores, a Recorrente requereu prazo de 60 dias para a apresentação dos documentos solicitados, informando que tais documentos estariam em posse da Polícia Federal. Após ter sido requisitada a descrição dos documentos de posse da Policia Federal, respondeu Recorrente que os documentos solicitados teriam sido juntados ao IPL 650/2010. Novas intimações são enviadas a Recorrente, reintimandoo para apresentação de diversos documentos, entre eles cópia das notas fiscais listadas, e em reposta, novamente informa a Recorrente que diversos documentos encontramse apreendidos pela policia Federal. São apresentados, contudo, copias de livros (Razão e entradas) e planilhas elaboradas pela Recorrente Às fls. 224 e 226, encontramse expedientes encaminhados pela Receita Federal tanto a Polícia Federal quanto ao Juiz Federal responsável pela condução do IPL, questionando a existência, entre os documentos apreendidos, de notas fiscais e outros elementos que possam comprovar a existências das transações comerciais entre a Recorrente e as três empresas já citadas. Já nas folhas 234, consta decisão do Juiz Federal condutor do IPL que autoriza a fiscalização a analisar a docuemtação apreendida e, inclusive, tirar as cópias que achar necessárias. São trazidos a estes autos, diversos documentos entre eles notas fiscais emitidas em 2005 pela empresa Mascote, cópias de cheques emitidos pela empresa SMAR em favor da empresa Mascote que segundo declarações colhidas pela fiscalização teriam sido sacados na boca do caixa. Restou constatado que, das diversas notas fiscais que teriam sido emitidas pela Mascote, mesmo depois da decretação de sua falência, muitas não se referiam a insumos a serem utilizados pela Recorrente. Estes são alguns dos “indícios” que corroboraram o entendimento da fiscalização para tornar as notas fiscas inidôneas. Fl. 1087DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15956.000743/201048 Acórdão n.º 3302001.775 S3C3T2 Fl. 1.084 9 Ainda que não se admita tais conclusões, ainda resta uma questão que me parece de suma importância, qual seja, a prova de que as mercadorias que teriam sido adquiridas de fato permitiriam o creditamento que foi efetuado. Neste sentido concordo com a afirmação constante do voto condutor do acórdão recorrido quando diz que: “ Pois bem, não se pode olvidar que a contribuinte silenciou (e ainda silencia) quando intimado a responder sobre as especificações quanto aos produtos comprados e a necessidade de sua utilização, ou seja, mesmo que não estivesse em questão a contabilização de notas fiscais inidôneas, a empresa fiscalizada deixou de comprovar que tais aquisições seriam MP, PI e ME adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados.” A verdade é que oportunidades não faltaram, e até o momento não há nenhum indício de que as mercadorias sequer foram recebidas nas dependências da Recorrente, uma vez que os lançamentos efetuados nos livros fiscais devem, por determinação legal, estar consubstanciados em documentos hábeis para fazer prova da veracidade das informações apontadas. Assim, entendo que neste ponto não há reparos a fazer na decisão recorrida, e considero que diante das provas colhidas pela fiscalização e diante da ausência de qualquer indicio trazido aos autos pela Recorrente em contrário, que as notas de fato são inidôneas e a Recorrente não pode ser considerada adiquirente de boafé. No tocante à majoração da multa aplicada por conta da existência do evidente intuíto de fraude, também não assiste razão a Recorrente. A lei 9.430/96, assim determina: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: (•••) II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Já a Lei 4.502/64, por sua vez, assim esclarece: Art. 71 — Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: 1da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação principal ou o crédito tributário correspondente. Ari. 72 — Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o Fl. 1088DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES 10 montante do imposto devido, ou a evitar ou deferir o seu pagamento. Art. 73 — Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos no art. 71 e 72 (grifei). Como tenho defendido nesta casa, em outros casos, a aplicação da pena prevista no inciso II do art. 44 da Lei 9.430/96 depende, clara e inequivocamente, da comprovação de que houve o “evidente intuito de fraude”. Por isto é indispensável que a autoridade fiscal apresente esta prova. A este respeito, trazemos à baila importante ensinamento do renomado jurista Marco Aurélio Greco1, que assim trata o assunto: “À vista disso, entendo, neste ponto específico, que, pelo caráter absolutamente excepcional da previsão, os pressupostos de incidência da norma punitiva do inciso II (sem aqui examinar os relativos ao inciso I) devem ser fatos cuja qualificação jurídica deve ser incontroversa e resultar de aferição objetiva; vale dizer, desprovida de ponderações subjetivas ou de elementos metajurídicos. Em suma, havendo divergência relevante (dúvida razoável) quanto à cognição da qualificação jurídica dois fatos realizados, não cabe, a meu ver, aplicação do inciso II do artigo 44 da Lei nº 9.430/96.” Ou seja, para ser imputada a multa deve a autoridade fiscalizatória promover prova contundente de que os atos praticados pelo contribuinte de fato estavam revestidos de evidente intuíto de fraude. A meu ver, o extenso trabalho desenvolvido pela fiscalização de um lado e, de outro, a ausência de argumentos e provas capazes de, ao menos lançar uma dúvida razoável sobre as afrmações, levam a conclusão de que a havia de fato o evidente intuito de fraude. Neste contexto, também dever ser afastada a alegação de decadência parcial do auto de infração lavrado, nos exatos termos determinados pelo art. 150 § 4º do CTN, que diz: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.. (...) § 4o Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco anos), a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, 1 In Revista Dialética de Direito Tributário nº 76 – Multa Agravada e em Duplicidade. Pag 152 Fl. 1089DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES Processo nº 15956.000743/201048 Acórdão n.º 3302001.775 S3C3T2 Fl. 1.085 11 Tendo sido comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, deve ser aplicado o que dispõe o inciso I do art. 173 do CTN, in verbis: Art. 173 O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado Portanto, não há que se falar em decadência. Existe irresignação da Recorrente também quanto a alicação da taxa selic, bem como em relação ao caráter confiscatório das multas aplicadas. Como é cediço, é vedado ao julgador administrativo declarar a ilegalidade ou inconstitucionalidade de lei vigente e eficaz, matéria que já se encontra inclusive sumulada no âmbito do CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Também se encontra sumulada a possibilidade de aplicação da SELIC: Súmula CARF nº 4: A partir de Io de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito em complemento as razões exposto no acórdão recorrido as quais faço remissão nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99. (assinado digitalmente) ALEXANDRE GOMES Relator Fl. 1090DF CARF MF Impresso em 12/11/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 05/11/2012 por ALEXANDRE GOMES
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000154/2007-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Dec 13 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 29/11/2002
CPMF. MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
A concessão de medida judicial suspendendo a exigibilidade do crédito tributário não elide a aplicação da multa de ofício se já se encontrava em curso procedimento fiscal com vistas à apuração da correspondente falta de recolhimento.
Embargos Acolhidos em Parte
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-001.905
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos,
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para re-ratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JOSÉ ANTONIO FRANCISCO - Relator.
EDITADO EM: 04/12/2012
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: JOSE ANTONIO FRANCISCO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para re-ratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA - Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO - Relator. EDITADO EM: 04/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.
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DE SEGUROS GERAIS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 29/11/2002 OMISSÃO EM ACÓRDÃO. MATÉRIA NÃO ABRANGIDA POR AÇÃO JUDICIAL. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. CABIMENTO. São cabíveis embargos declaratórios para suprir a omissão contida no acórdão que considerou, incorretamente, abrangida por ação judicial matéria que deveria ser apreciada administrativamente. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 29/11/2002 CPMF. MULTA DE OFÍCIO. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. A concessão de medida judicial suspendendo a exigibilidade do crédito tributário não elide a aplicação da multa de ofício se já se encontrava em curso procedimento fiscal com vistas à apuração da correspondente falta de recolhimento. Embargos Acolhidos em Parte Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para reratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 01 54 /2 00 7- 33 Fl. 278DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 2 (Assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ANTONIO FRANCISCO Relator. EDITADO EM: 04/12/2012 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de embargos de declaração apresentados pela contribuinte contra o Acórdão nº 330201.076, de 07/07/2011. Os embargos foram admitidos parcialmente pelo Despacho Decisório de fls. 275 e 276, parcialmente reproduzido abaixo: Ciente do referido acórdão em 19/10/2011, a empresa autuada ingressou, no dia 24/10/2011, com embargos de declaração alegando existência das seguintes omissões no julgado: 1) o acórdão não se referiu à sentença proferida no mandado de segurança nº 2007.61.00.0009631, que afastou a multa de mora; 2) o acórdão não apreciou o argumento da inaplicabilidade da multa de ofício porque os débitos estão suspensos por liminar e sentença proferida no mandado de segurança nº 2007.61.00.0009631. Quanto à multa de mora, conforme bem disse a decisão de primeiro grau, a lide estabelecida neste processo versa unicamente sobre a não aplicação do método de imputação proporcional aos pagamentos realizados. O não pagamento da multa moratória está sendo discutido no Mandado de Segurança nº 2007.61.00.0009631 e não foi objeto de impugnação. Portanto, não vejo necessidade de, na parte do voto condutor do acórdão embargado que trata da imputação proporcional, fazer referência à sentença proferida no mandado de segurança nº 2007.61.00.0009631, posto que a mesma não tratou da forma de efetuar a imputação, aos débitos, dos pagamentos realizados pela embargante. Quanto à alegação de falta de apreciação dos argumentos da inaplicabilidade da multa de ofício, especialmente porque os débitos estão suspensos por liminar e sentença proferida no Fl. 279DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.000154/200733 Acórdão n.º 3302001.905 S3C3T2 Fl. 278 3 mandado de segurança nº 2007.61.00.0009631, entendo que assiste razão à embargante. De fato, o segundo objeto da lide deste processo é o lançamento da multa de ofício quando o Auto de Infração foi lavrado com suspensão da exigibilidade do crédito em face decisão judicial. Sobre este tema, a decisão embargada diz o seguinte: “No tocante a alegação de que, quando da lavratura do auto de infração, os valores cobrados estavam com a exigibilidade suspensa por força de medida liminar, nos termos do artigo 151, inciso IV do Código Tributário Nacional, descabendo a aplicação da multa por falta de recolhimento, entendo que não se deve tomar conhecimento desta matéria, em atendimento a súmula CARF n° 1, in verbis:” Aqui, SMJ, ocorreu evidente equívoco porque esta matéria (multa de ofício) não está sendo discutida em nenhuma ação judicial impetrada pela embargante e não cabe a aplicação da Súmula CARF nº 1. Deveria, sim, esta matéria ser enfrentada no acórdão embargado. Isto posto, vejo que ocorreu omissão no julgado quanto ao lançamento da multa de ofício e, portanto, com base nos §§ 1o e 3o do art. 65 do Regimento Interno do CARF (Anexo II à Portaria MF no 256/2009, com a redação da Portaria MF no 586/2010) entendo procedentes as alegações da embargante quanto a este matéria e, consequentemente, dou seguimento ao presente embargos declaratórios neste parte e nego seguimento quanto à outra matéria objeto dos embargos. É o relatório. Voto Conselheiro José Antonio Francisco Conforme esclarecido no relatório, os embargos foram admitidos exclusivamente em relação às questões da multa de ofício e da suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A interessada efetuou os pagamentos em 29 de novembro de 2002, relativamente a fatos geradores abrangidos pela período de junho de 1999 a outubro de 2002 (fl. 15). A relação constante da intimação de fl. 13 especifica os períodos para cada conta corrente. O auto de infração foi efetuado adotando como data do fato gerador a dos recolhimentos efetuados pela Interessada, à vista de efetuar uma imputação proporcional de pagamentos com essa data de valoração. A ação fiscal de que tratam os autos iniciouse em 21 de dezembro de 2005, tendo sido lavrado o auto de infração em 13 de fevereiro de 2007. Fl. 280DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 4 O segundo mandado de segurança foi apresentada em 15 de janeiro de 2007 (fl. 137) e a medida liminar foi concedida em 24 de janeiro de 2007, nos seguintes termos: Enfim, ante ao exposto, DEFIRO A LIMINAR REQUERIDA para que a autoridade impetrada reconheça a exclusão da multa moratória no caso de recolhimento da CPMF, em nome da parteimpetrante, no prazo de 30 dias, nas condições previstas no art. 63, § 2o, da Lei n° 9.430/1996, para tanto, contando tal prazo da data da publicação do acórdão dos embargos de declaração indicados às fls. 103/108 destes autos. A dispensa da exigência da multa abrange aquela decorrente da mora pertinente às obrigações tributárias cujos vencimentos de CPMF ocorreram desde a impetração do mandado de segurança noticiado nestes autos. A referida ação foi proposta à vista de um mandado de segurança impetrado anteriormente (1999.61.00.026966.6), visando à suspensão da exigibilidade da CPMF. A respeito de tal ação, a Fiscalização esclareceu o seguinte: (2 ) A referida medida judicial foi impetrada perante a 8a Vara Cível Federal de São Paulo, que concedeu em 17.06.1999 a Medida Liminar pretendida, confirmada pela Sentença proferida em 03.12.1999 ; (3 ) Foi interposto pela União Federal, perante o TRF, Recurso de Apelação, cujo feito foi recebido em seu regular efeito devolutivo ; (4 ) Submetido a julgamento o Recurso de Apelação interposto, o TRF opinou pela validade da EC n° 21/99 e afastou as arguições de inconstitucionalidade reformando integralmente a sentença proferida, conforme acórdão publicado em 18.04.2001; (5 ) O contribuinte interpôs Embargos de Declaração junto ao TRF alegando que a decisão proferida pecava pela falta de manifestação expressa quanto à aplicabilidade do art. 2° da LICC e do préquestionamento da matéria em discussão, culminando no não conhecimento do feito por aquele Pretório, conforme acórdão publicado em 11.11.2002; (6 ) Em decorrência, em 29.11.2002, o contribuinte procedeu ao recolhimento, sem o acréscimo da multa de mora, da CPMF no montante de R$ 16.606.055,48 (Principal = R$ 13.150.495,31 e SELIC = R$ 3.455.560,17), a qual se encontrava suspensa no período de 17.06.1999 a 12.11.2002 ; (7 ) Analisando o procedimento adotado, foi verificado que o contribuinte detinha o direito à dispensa de retenção da CPMF até 18.04.2001, ocasião em que foi publicado o Acórdão proferido pelo TRF revogando a sentença de 1º Grau e tornando exigível a Contribuição sob comento ; (8) Dali em diante iniciarseia a contagem do prazo de 30 (trinta) dias para o recolhimento da CPMF que se encontrava sub judice sem o acréscimo da multa de mora, nos termos do £ 2° do art. 63 da Lei n° 9.430/96, que estabelece o quanto segue : Fl. 281DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.000154/200733 Acórdão n.º 3302001.905 S3C3T2 Fl. 279 5 "Art. 63. “§2° A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. " (9 ) Entretanto, tal evento somente se consumou em 29.11.2002, fora, portanto, do prazo disposto no § 2° do Art. 63 da Lei n° 9.430/96; (10) Vale consignar, que os Embargos de Declaração interpostos face à decisão proferida em 21.02.2001 pelo TRF e publicada em 18.04.2001, não suspenderam ou fizeram cessar os efeitos da decisão emanada por aquela Corte, dado que a sistemática dos Embargos de Declaração, relativamente aos seus efeitos (art. 538 do CPC), são meramente interruptivas, ou seja, interrompem o prazo para a interposição de outros recursos por quaisquer das partes ; [...] (13) No curso da presente Ação Fiscal, foi interposto perante a 14a Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo o Mandado de Segurança n° 2007.61.00.0009631, pleiteando a suspensão da exigibilidade da multa moratória não incluída nos pagamentos efetuados em 29.11.2002, com a sustentação de que os Embargos de Declaração teriam, em tese, o condão de suspender os efeitos da decisão do acórdão publicado em 18.04.2001; (14) Aduziu, ainda, que o marco inicial para a contagem do prazo previsto no § 2° do art. 63 da Lei n° 9.430/96, iniciarseia a partir da data da decisão dos Embargos de Declaração; [...] Isto posto, procederseá, de oficio, à constituição do pertinente crédito tributário, através da lavratura do competente Auto de Infração de CPMF não recolhido no montante de R$ 1.727.977,96, conforme "Demonstrativo de Imputação de Débito" em anexo, com suspensão de sua exigibilidade a teor do disposto no artigo 63 da Lei n° 9.430/96, do qual o presente "Termo" fará parte integrante juntamente com seus anexos, sendo que a complementação do enquadramento legal encontrarseá alinhavada nas respectivas "Folhas de Continuação do Auto de Infração". Apesar de haver reconhecido a suspensão da exigibilidade do crédito lançado à vista do MS n. 2007.61.00.0009631, a Fiscalização exigiu a multa de ofício proporcional de 75%. A respeito da matéria, a DRJ decidiu que “A concessão de medida judicial suspendendo a exigibilidade do crédito tributário não elide a aplicação da multa de ofício se já se encontrava em curso procedimento fiscal com vistas à apuração da correspondente falta de recolhimento.” Fl. 282DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 6 Devese reconhecer que o acórdão embargado foi obscuro em relação à matéria, ao considerar que estaria submetida ao Judiciário, pelas seguintes razões. De fato, a multa de ofício não foi submetida à apreciação do Judiciário, mas, sim, a multa de mora. Isso por que o art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996, determinou o seguinte: Art.63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição. As disposições acima reproduzidas determinam que, caso tenha havido “suspensão da exigibilidade do débito [...] antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo”, configurase a hipótese de “constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência” e, nesse caso, descabe a exigência da multa de ofício. Ademais, dispõe também que, nesse caso (e somente nesse caso), a concessão de medida judicial para suspender a exigibilidade do débito interrompe a incidência da multa de mora, até 30 dias após a data de publicação “da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição”. A primeira hipótese acima descrito diz respeito ao procedimento de ofício (fiscalização), enquanto que a segunda referese ao procedimento que deve ser adotado pelo contribuinte. No segundo mandado de segurança impetrado, a Interessada pretendeu obter uma interpretação favorável em relação à segunda hipótese, que trata da multa de mora, uma vez que entendeu que os embargos declaratórios apresentados na primeira ação judicial descaracterizariam a condição prevista no § 2º para a fluência da multa de mora, que é a existência de decisão judicial que considere devido o tributo ou contribuição. Nessa matéria, o contribuinte obteve medida liminar, reconhecendo o descabimento da multa de mora no prazo de trinta dias contados da publicação da decisão em embargos de declaração. Portanto, ou prazo do § 2º contase da data da publicação do acórdão original do Tribunal ou do acórdão em embargos de declaração, questão que foi submetida ao Judiciário no segundo mandado de segurança. A Fiscalização, por sua vez, claramente discordou, na fundamentação constante do auto de infração e descrita anteriormente neste voto, do entendimento da Fl. 283DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 16327.000154/200733 Acórdão n.º 3302001.905 S3C3T2 Fl. 280 7 embargante, tendo a Primeira Instância também adotado a mesma linha de raciocínio ao defender a inaplicabilidade do § 1º ao caso dos autos (fl. 172): Evidenciado está que, quando a autoridade apontada como coatora no Mandado de Segurança n° 2007.61.00.0009631, impetrado em 15/01/2007, fls. 57/73, foi cientificada da decisão liminar, fls. 74/79, concedendo a suspensão da exigibilidade da multa de mora pretendida pelo fisco, há muito se encontrava a contribuinte sob procedimento fiscal com vistas à apuração relativa à insuficiência de recolhimento. Notese que o caput e o § 1º do art. 63 não exigem expressamente para a definição de “lançamento para prevenir a decadência” a vigência de medida judicial suspensiva de exigibilidade à época da lavratura do auto de infração. Entretanto, não faz o menor sentido admitir que, ainda que tenha sido revogada ou cassada a medida judicial suspensiva, considerese tratarse de “lançamento destinado a prevenir a decadência”, uma vez que, nesse caso, o crédito tributário é exigível. Não se olvide que o lançamento visa constituir o crédito tributário para ele possa ser exigido. Por isso, a definição de “lançamento destinado a prevenir a decadência” somente poderia referirse ao crédito tributário que não pode ser exigido, à vista de medida judicial que suspende sua exigibilidade. Portanto, o lançamento a que se refere o art. 63 é aquele realizado sob a vigência da suspensão de exigibilidade causada por medida judicial, que não é o caso dos autos, uma vez que, nas palavras da DRJ, “quando a autoridade apontada como coatora no Mandado de Segurança n° 2007.61.00.0009631, impetrado em 15/01/2007, fls. 57/73, foi cientificada da decisão liminar, fls. 74/79, concedendo a suspensão da exigibilidade da multa de mora pretendida pelo fisco, há muito se encontrava a contribuinte sob procedimento fiscal com vistas à apuração relativa à insuficiência de recolhimento”. O que ocorre é que a Interessada, ao apresentar o segundo mandado de segurança, já estava sob ação fiscal e pretendeu consolidar o seu procedimento de efetuar os recolhimentos sem a multa de mora. Dessa forma, o presente lançamento não se caracteriza com o fim de “prevenir a decadência”, em relação ao primeiro mandado de segurança, porque não fazia parte desse mandado de segurança a questão da incidência ou não da multa de mora. Caracterizase como tal em relação ao segundo mandado de segurança, à vista da medida liminar obtida, mas sem a satisfação da condição prevista no §1º do art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. Do que foi acima exposto, concluise que a exigência da multa de ofício, no caso dos autos, é plenamente cabível, independentemente da medida liminar obtida pela Interessada no segundo mandado de segurança, que suspendeu a exigibilidade do crédito lançado. Para esclarecimento, os efeitos de eventual decisão judicial transitada em julgado no segundo auto de infração favorável à Interessada implicará a improcedência integral do presente auto de infração. Caso contrário, o crédito tributário será devido com multa de Fl. 284DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 8 ofício e juros de mora, uma vez que a fiscalização iniciouse anteriormente à Interessada haver apresentado a segunda ação judicial. À vista do exposto, suprindo a omissão constante do acórdão embargado, voto por acolher os embargos na parte cujo seguimento foi deferido, para negar provimento ao recurso relativamente ao cabimento da multa de ofício, ratificando o acórdão embargado em relação às demais matérias. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 285DF CARF MF Impresso em 14/12/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/12/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 04/12/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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