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Numero do processo: 16327.901092/2009-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.988
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta Câmara-Terceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra-Presidente
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo-Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta Câmara-Terceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra-Presidente (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo-Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
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RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta CâmaraTerceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro BezerraPresidente (assinado digitalmente) Pedro Sousa BispoRelator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. RELATÓRIO Trata o processo de pedido de compensação formulado pelo contribuinte, por meio de PER/DCOMP, que não foi homologado pela DEINF SÃO PAULO porque foi constatado que inexistia crédito disponível suficiente relativo ao DARF indicado, conforme o constante do despacho decisório em anexo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 01 09 2/ 20 09 -4 1 Fl. 93DF CARF MF Processo nº 16327.901092/200941 Resolução nº 3402001.988 S3C4T2 Fl. 94 2 Cientificada desse despacho decisório, a empresa apresentou sua manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que “deixou de corrigir o valor declarado em sua DCTF referente ao 2° (segundo) decêndio, fato esse que gerou inconsistência entre os valores declarados em DCTF e PER/DCOMP, assim impossibilitando o devido cruzamento das informações via sistema”. Ato contínuo, a DRF JUIZ DE FORA (MG) julgou a manifestação de inconformidade nos seguintes termos; ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Ano calendário:2006 COMPENSAÇÃO. Se o pagamento utilizado como crédito encontrase alocado a débito declarado pela empresa, não existe o crédito pretendido. COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE DCTF ANTERIOR À TRANSMISSÃO DA DCOMP. A compensação pressupõe a existência de direito creditório líquido e certo, direito esse evidenciado na DCTF anterior ou, no máximo, contemporânea à Dcomp. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em seguida, devidamente notificada, a Empresa interpôs o presente Recurso Voluntário pleiteando a reforma do acórdão. No Recurso Voluntário, a Empresa suscitou as mesmas questões de mérito, repetindo as argumentações apresentadas na manifestação de inconformidade. É o relatório. VOTO O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. A lide trata de direito creditório da Recorrente decorrente de suposto pagamento de Darf a maior de IOF ocorrido no período de 25/10/2006. Visando utilizar o suposto crédito, a Recorrente apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 41550.46058.061105.1.03.044764) que foi indeferida pela Autoridade Tributária sob o argumento de que inexistia crédito disponível relativo ao referido DARF, o que impediu a homologação da compensação. Em seu Recurso, a Empresa alega que cometeu erro de fato ao preencher incorretamente a DCTF com valor maior ao efetivamente devido. A fim de comprovar o seu direito, juntou aos autos a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório Fl. 94DF CARF MF Processo nº 16327.901092/200941 Resolução nº 3402001.988 S3C4T2 Fl. 95 3 denegatório, contratos, lançamentos contábeis, os extratos da operação específica que gerou o crédito e a composição do DARF relacionados ao IOF pago a maior. Nesse passo, a Recorrente ainda explica detalhadamente os fatos que ensejaram o pagamento indevido: 6. Conforme robustamente demonstrado na Manifestação de Inconformidade no 2º decênio de outubro de 2006 a Recorrente apurou IOF a pagar no valor de R$ 3.345.281,71 (três milhóes, trezentos e quarenta e cinco mil, duzentos e oitenta e um reais e setenta e um centavos). 7. Entretanto, por equívoco, a Recorrente recolheu valor superior ao de fato apurado, no montante de R$ 3.498.263,21 (três milhõe, quatrocentos e noventa e oito mil, duzentos e sessenta e três reais e vinte e um centavos), o que ocasionou erro quanto ao valor do IOF declarado em sua DCTF correspondente aquele decêndio. 8. Ao apurar o 3º decêndio do mês de outubro de 2006, a Recorrente identificou o erro cometido (pagamento a maior), constituindo, consequentemente, crédito tributário a compensar no valor de R$ 152.981,50 (cento e cinquenta e dois mil, novecentos e oitenta e um reais e cinquenta centavos), cujo valor foi utilizado naquele mesmo decêndio 3º decêndio out/2006objeto desta PER/DCOMP. 9. Todavia, a Recorrente deixou de corrigir o valor declarado em sua DCTF referente ao 2º decêndio, fato esse que gerou inconsistência entre os valores declarados em DCTF e PER/DCOMP. Isso porque, com base apenas na DCTF original, de fato, não se apuraria crédito algum. 10. Nesse passo, objetivando sanar tal pendência, a Recorrente providenciou a referida retificadora, corrigindo o valor do débito do IOF apurado. Vale frisar que a retificadora em questão encontra suporte em documento contábil demonstrando a correta apuração do imposto, levantado na época dos fatos, conforme já acostado aos autos. De plano, constatase, no caso ora analisado, que, embora a Recorrente tenha feito a retificação da DCTF intempestivamente, constam nos autos documentos que sugerem a existência do crédito da Recorrente, tais como: a DCTF retificadora entregue após a ciência do Despacho Decisório denegatório e lançamentos contábeis. Assim, tendo em vista esse conjunto indiciário de elementos trazidos pela Recorrente, entendo que há necessidade de conversão do processo em diligência para que a Autoridade Fiscal os analise quanto a sua potencialidade para comprovar o direito creditório da Recorrente, bem como solicite outros elementos necessários à análise do pleito, conforme indicado nos quesitos dessa diligência. Diante dessas considerações, à luz do princípio da verdade material e do art. 29 do Decreto n.º 70.235/72, proponho a conversão do presente processo em diligência para que a Autoridade Fiscal de origem (DEINF SÃO PAULO) realize os seguintes procedimentos: a) intimar a Recorrente a apresentar os seguintes itens: Fl. 95DF CARF MF Processo nº 16327.901092/200941 Resolução nº 3402001.988 S3C4T2 Fl. 96 4 a.1) demonstrativo comparativo que discrimine a formação da base de cálculo que serviu ao pagamento a maior e a base pretensamente correta; a.2) extratos financeiros relativos aos lançamentos geradores do crédito; a.3) apresentar contratos lavrados com clientes, se aplicável ao caso; a.4) comprovar que efetuou o recolhimento do valor retido e que devolveu/estornou ao cliente a quantia retida indevidamente ou a maior, bem como promoveu os estornos contábeis devidos; b) que a Autoridade Fiscal realize qualquer outra verificação ou intimação que entender necessária para atingir os objetivos da diligência; c) informar justificadamente se, independentemente de retificação da DCTF, a documentação juntada aos autos pela Recorrente e a por ventura obtida por meio de intimação são suficientes para comprovar que houve pagamento indevido e a maior do IOF no período de apuração de 25/10/2006, no montante indicado pela Recorrente. Em caso de apuração de valor divergente com aquele informado pela Empresa, elaborar demonstrativo e indicar, de forma fundamentada, os motivos da divergência; d) após a análise da documentação, a Autoridade Fiscalizadora deverá elaborar relatório, com os procedimentos realizados e conclusões tomadas; e e) elaborado o Relatório, devese dar ciência ao contribuinte para manifestação sobre o teor do relatório da diligência, retornando então o processo a este Colegiado para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.908420/2012-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.059
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Presidente Substituto e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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decisao_txt : Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. RELATÓRIO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente Substituto e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. RELATÓRIO Trata o presente processo de pedido de restituição (PER) de contribuição, que restou indeferido, por ausência de crédito, nos termos do Despacho Decisório que instrui os autos. Regularmente cientificado desta decisão, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, sintetizada nos seguintes termos: Alega que a atividade da empresa é de montagens de estruturas metálicas, prestando serviços de execução de obras por empreitada de construção civil. Por isso, afirma que a partir de 01/05/2004, com base na Lei n° 10.865/2004, passou a se submeter ao sistema cumulativo do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 20 .9 08 42 0/ 20 12 -6 6 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 11020.908420/201266 Resolução nº 3302001.059 S3C3T2 Fl. 3 2 PIS e da Cofins. Porém, continuou a recolher a contribuição pelo sistema não cumulativo, o que gerou o pagamento a maior. Demonstra, então, o valor a restituir a que entende ter direito. Anexa a relação de notas fiscais do período de apuração em análise, buscando comprovar o total da receita mensal sobre o qual a contribuição deve incidir e o Darf, comprovando o pagamento. Requer a acolhida da Manifestação de Inconformidade A 3ª Turma da DRJ Curitiba (PR) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme acórdão acostado aos autos, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO. DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o pagamento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado em DCTF para a quitação de débito confessado. PROVAS. INSUFICIÊNCIA. CONTRATO DE EMPREITADA. Apenas as notas fiscais trazidas aos autos, embora importantes, não são suficientes para comprovar que a contribuinte executou obras por empreitada de construção civil, sendo imprescindível a juntada do contrato de empreitada. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Irresignada com a decisão da primeira instância administrativa, a recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em relação a não retificação da DCTF, o próprio relator menciona a possibilidade de retificação de ofício pela autoridade fiscal; b) As empresas que tiveram receitas decorrentes da execução por administração, empreitada e subempreitada, de construção civil estão sujeitas ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins; e c) De fato, as notas fiscais não discriminam os serviços. Por esse motivo, estão em anexo ao recurso voluntário os respectivos contratos de prestação de serviços. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF Fl. 142DF CARF MF Processo nº 11020.908420/201266 Resolução nº 3302001.059 S3C3T2 Fl. 4 3 343, de 24 de abril de 2019. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302001.058, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 11020.908418/201297, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3302001.058): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. A instância a quo, utilizou como razão de decidir a falta de provas do direito creditório, de acordo com trecho do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: Portanto, para que se possa acolher a alegação da contribuinte, ou seja, de que exerceu, no período analisado, “obras por empreitada de construção civil” é imprescindível o cumprimento de dois requisitos essenciais: a existência do contrato de empreitada e a relação de serviços efetivamente executados neste contrato. Ressaltese que o campo “discriminação” das notas fiscais trazidas pela manifestante aos autos não permite conhecer quais foram os serviços realizados (se a montagem de estruturas é permanente ou temporária, por exemplo) e, portanto, se enquadram na norma supra. Enfim, apenas as notas fiscais trazidas aos autos, embora importantes, não são suficientes para comprovar o que se pretende. Por tal razão, não é possível reconhecer que houve pagamento indevido ou a maior no Darf objeto da Dcomp em análise. O recorrente, em sede de recurso voluntário, apresentou cópias das notas fiscais referentes aos valores em discussão e os respectivos contratos. Requer que esse Colegiado defira a juntada dos documentos, os analise e se posicione acerca de seu direito creditório. A questão que surge está ligada ao direito de apresentação de documentos a qualquer momento processual em nome da verdade material. Entendo que a decisão dependerá do tipo de processo que está em análise. Nos casos de procedimentos referentes a despacho eletrônico de pedido de restituição, onde o sujeito passivo não é intimado pela unidade preparadora para prestar informações jurídicas acerca do crédito requisitado, o primeiro momento que ele tem para se pronunciar sobre questões de direito é na manifestação de inconformidade. Porém, nem todo patrono é operador do direito ou está familiarizado com a instrução probatória, podendo deixar de providenciar documentos relevantes, pelo simples fato de desconhecer sua importância. Por esse motivo, se o sujeito passivo não se manteve inerte, buscando sempre participar da instrução probatória, não vejo motivos para negar a apreciação de documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário.Tratase de processo de restituição em que o contribuinte teve seu pedido de Fl. 143DF CARF MF Processo nº 11020.908420/201266 Resolução nº 3302001.059 S3C3T2 Fl. 5 4 indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Regressando aos autos, temos que na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que o objeto social da sociedade é montagens de estruturas metálicas, prestando serviços de execução de obras por empreitada de construção civil. Por isso, afirma que a partir de 01/05/2004, com base na Lei n° 10.865/2004, passou a se submeter ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins. Não obstante, continuou a recolher a contribuição pelo sistema não cumulativo, o que gerou o pagamento a maior. A DRJ de Curitiba julgou improcedente a manifestação de inconformidade tendo como fundamento a falta de comprovação de seu direito por intermédio de contratos. Em sede de recurso voluntário, o sujeito passivo, ao interpor, acostou aos autos contratos de prestação de serviços, documentos, segundo a primeira instância, essenciais para comprovação de seu direito. Os contratos apresentados, em uma análise perfunctória, sugerem a modalidade empreitada e podem indicar que o sujeito passivo possuía o direito de recolher as contribuições no regime cumulativo. Não posso deixar de admitir que os fatos produzidos extemporaneamente geraram grande dúvida, o que impossibilita meu julgamento nesta assentada. Consoante noção cediça, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, é a literalidade do art. 29 do Decreto nº 70.235/72. Assim, entendo que as alegações e as provas produzidas pelo recorrente nesta fase recursal devem ser analisadas com mais profundidade pela Unidade Preparadora nos termos do Parecer Cosit n° 02/2015. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem analise os documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário pleiteado e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essa dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos Fl. 144DF CARF MF Processo nº 11020.908420/201266 Resolução nº 3302001.059 S3C3T2 Fl. 6 5 que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem analise os documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário pleiteado e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essa dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 145DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720082/2016-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011
ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO.
1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB.
2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos.
3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF.
CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. NEGOCIAÇÃO. COMISSÃO PARITÁRIA. PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO.
A não incidência de contribuições sociais previdenciárias sobre valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados exige que a negociação entre a empresa e os empregados, realizada mediante comissão paritária, tenha a efetiva participação do sindicato dos empregados da respectiva categoria.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. BÔNUS DE ADMISSÃO. CIRCUNSTÂNCIAS E PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. EXISTÊNCIA REMUNERAÇÃO TRIBUTÁVEL. PRÊMIO DE RECONHECIMENTO E DIVIDENDOS. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. LANÇAMENTO PROCEDENTE.
1. Não importa a nomenclatura que se dê à verba. É necessário, sim, definir a sua natureza jurídica, pois o princípio da realidade sobrepõe-se ao aspecto formal, considerados os elementos tributários.
2. Em havendo demonstração de pagamento de remuneração, são devidas as contribuições devidas à seguridade social.
ABONO ÚNICO. CONVENÇÃO COLETIVA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. VINCULAÇÃO AO TRABALHO PRESTADO. GANHO NÃO EVENTUAL. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA.
Valores pagos a título de abono único, não previsto em convenção coletiva e vinculado ao trabalho prestado, bem como os ganhos não eventuais, estão sujeitos à incidência de contribuições sociais previdenciárias.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA A EX-EMPREGADOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE. LANÇAMENTO PROCEDENTE.
A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar (art. 15 do Decreto 70235/72), de modo que, não havendo comprovação das alegações formuladas pelo sujeito passivo, e estando a autuação devidamente fundamentada e amparada em provas, é procedente o lançamento.
Numero da decisão: 2402-007.168
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Fernanda Melo Leal, Wilderson Botto e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento ao recurso em relação à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), ao bônus de rescisão e ao acordo coletivo idade/férias. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto (Suplente Convocado) e Gregório Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado).
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO. 1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. 2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos. 3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. NÃO INCIDÊNCIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. NEGOCIAÇÃO. COMISSÃO PARITÁRIA. PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO. A não incidência de contribuições sociais previdenciárias sobre valores pagos a título de Participação nos Lucros e Resultados exige que a negociação entre a empresa e os empregados, realizada mediante comissão paritária, tenha a efetiva participação do sindicato dos empregados da respectiva categoria. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 00 82 /2 01 6- 14 Fl. 1790DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.791 2 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. BÔNUS DE ADMISSÃO. CIRCUNSTÂNCIAS E PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO. EXISTÊNCIA REMUNERAÇÃO TRIBUTÁVEL. PRÊMIO DE RECONHECIMENTO E DIVIDENDOS. PAGAMENTO DE REMUNERAÇÃO. LANÇAMENTO PROCEDENTE. 1. Não importa a nomenclatura que se dê à verba. É necessário, sim, definir a sua natureza jurídica, pois o princípio da realidade sobrepõese ao aspecto formal, considerados os elementos tributários. 2. Em havendo demonstração de pagamento de remuneração, são devidas as contribuições devidas à seguridade social. ABONO ÚNICO. CONVENÇÃO COLETIVA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. VINCULAÇÃO AO TRABALHO PRESTADO. GANHO NÃO EVENTUAL. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA. Valores pagos a título de abono único, não previsto em convenção coletiva e vinculado ao trabalho prestado, bem como os ganhos não eventuais, estão sujeitos à incidência de contribuições sociais previdenciárias. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPLEMENTO DE APOSENTADORIA A EXEMPREGADOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. AFERIÇÃO INDIRETA. POSSIBILIDADE. LANÇAMENTO PROCEDENTE. A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar (art. 15 do Decreto 70235/72), de modo que, não havendo comprovação das alegações formuladas pelo sujeito passivo, e estando a autuação devidamente fundamentada e amparada em provas, é procedente o lançamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Fernanda Melo Leal, Wilderson Botto e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento ao recurso em relação à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), ao bônus de rescisão e ao acordo coletivo idade/férias. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto Fl. 1791DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.792 3 (Suplente Convocado) e Gregório Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado). Relatório A 6ª Turma da DRJ/POA fez um relato preciso do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até a prolatação do acórdão de impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Do lançamento Os Autos de Infração constantes deste processo administrativo fiscal nº 19515.720082/201614 abrangem o lançamento nas competências 01/2011 a 12/2011: a) das contribuições previdenciárias da empresa correspondentes à quota patronal de 20%, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, e às contribuições destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, cujo crédito tributário totalizou R$ 20.175.361,45 (vinte milhões, cento e setenta e cinco mil, trezentos e sessenta e um reais e quarenta e cinco centavos); b) das contribuições da empresa destinadas a outras entidades e fundos (terceiros), incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados, cujo crédito tributário totalizou R$ 3.093.072,34 (três milhões, noventa e três mil, setenta e dois reais e trinta e quatro centavos). De acordo com o Termo de Verificação Fiscal TVF de fls. 629 a 642, a base de cálculo das contribuições exigidas no lançamento foi identificada da seguinte forma: a) no cotejo entre as folhas de pagamento e as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIPs, quando verificou que as seguintes verbas remuneratórias constavam apenas das folhas de pagamento: a1) rubrica 147 bônus de admissão (discriminado no item 24 do TVF); a2) rubrica 47 prêmio de reconhecimento (planilha às fls. 643 a 669); a3) rubrica 121 acordo coletivo idade/férias (planilha às fls. 670 e 671); a4) rubrica 110 bônus de rescisão (discriminado no item 27 do TVF); a5) valores pagos aos segurados Diego Inacio Arango Palacio (01/2011), Rhonda Louise Pelton (01/2011) e Luis Claudio Fl. 1792DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.793 4 Bittencourt Cirihal (04/2011), conforme descrito no item 34 do TVF; b) na comparação entre as Declarações do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte – DIRFs e as GFIPs: b1) pagamentos efetuados a pessoas físicas sem vínculo empregatício, cujos valores constavam na DIRF mas não foram informados nas GFIPs (discriminativo no item 37 do TVF); b2) pagamentos efetuados a título de dividendos equivalentes ou “deferred stocks”, que fazem parte da política de retenção, reconhecimento e incentivo de longo prazo aos empregados (discriminativo no item 38 do TVF). São dividendos de ações da empresa que são entregues ao empregado em data futura, sem qualquer custo. A fiscalização conclui que os dividendos pagos em razão do contrato de trabalho, como retribuição ao trabalho prestado, tem natureza remuneratória e integram o salário de contribuição; b3) pagamentos que, segundo a empresa, foram realizados a título de complemento de aposentadoria (planilha às fls. 672 e 673). Existindo dúvidas acerca da natureza destes pagamentos declarados em DIRF, mas não nas GFIPs, a fiscalização intimou o contribuinte a apresentar a documentação comprobatória, que afirmou não ter logrado êxito em localizálos no seu arquivo. Por descumprir o dever legal de fornecer a documentação solicitada e necessária à fiscalização, o saláriodecontribuição foi aferido indiretamente, com base nos valores declarados em DIRF; c) no exame do Programa de Participação nos Lucros e Resultados – PLR (planilha às fls. 674 a 693). A fiscalização constatou que a empresa incluiu, sob o título de Participação nos Lucros ou Resultados, não só o PLR propriamente dito, que é isento das contribuições previdenciárias, desde que estabelecido de acordo com a Lei nº 10.101/2000, como também o Programa de Bônus de seus executivos, que não goza de isenção, e, em conseqüência, não poderia estar registrado juntamente com aquele; que o sindicato dos trabalhadores não participou do acordo, e, portanto, o negócio não é válido; que, apesar de no acordo constar o nome de dez pessoas da comissão de empregados, os únicos dois empregados da Dow Brasil que participaram da comissão não foram eleitos pelos trabalhadores da empresa, ao contrário, representam o seu interesse, um dos quais sob o ponto de vista tributário; que a meta é informada ao trabalhador no momento da contratação, não sendo fixada entre a empresa e o trabalhador; que a participação não tem a ver com o lucro da empresa ou com o desempenho do trabalhador, já que varia em razão do cargo e da localidade que o empregado se encontra; que existe um percentual (“meta participação” ou “PAP/PLR” ou “PA target”) utilizado indevidamente que não guarda relação com o atingimento de meta ou com o lucro, mas que tem o potencial de fazer com que executivos da empresa recebam somas desproporcionalmente altas em comparação ao Fl. 1793DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.794 5 que se paga aos empregados, constituindo, na realidade, pagamento disfarçado de bônus; que o programa não guarda relação com a produtividade, pois é definida a priori, nem promove a integração entre capital e trabalho, pois reserva aos trabalhadores da empresa tratamento bastante distinto do dado a seus executivos. Por terem sido pagos ou creditados sem a observância dos requisitos da legislação específica regulamentadora, os valores a título de PLR sofreram a incidência das contribuições devidas. Da impugnação Cientificado do lançamento em 29/01/2016 (fls. 732), o sujeito passivo apresentou tempestivamente a impugnação de fls. 734 a 831 em 29/02/2016, alegando, em síntese, que: PLR 1) cumpriu todos os requisitos legais para o pagamento a título de PLR, o que já foi, inclusive, chancelado pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF em análise do seu programa relativo aos anos de 2001 a 2005 (Acórdão CARF 2403000.947, prolatado pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção); 2) a fórmula para se chegar ao valor do PLR a ser pago aos seus funcionários corresponde a: 3) a % de meta do PAP/PLR, também denominada “PA Target”, é um percentual fixo calculado pela impugnante e seus empregados durante as negociações para elaboração do acordo de PLR, levando em conta o cargo que o empregado ocupará, bem como a localidade em que exercerá a função, de modo que para cada nível e estabelecimento haverá um percentual correspondente. O percentual é disponibilizado na intranet da impugnante, acessível a todos os funcionários, e é informado por seu líder no mês de março, por meio do documento denominado “Notificação de Ação Salarial (CAN)”. Sua fixação não é subjetiva, sendo definida com base em critérios estritamente objetivos a partir da combinação de três fatores criados pela impugnante, que são a família de cargo (reúne as divisões de cargos de acordo com a expertise, complexidade de funções a serem exercidas e qualificações educacionais requeridas; as principais são administração, técnico/tecnólogo, especialista funcional/líder funcional e liderança global), o nível de cargo e o plano de salário (estes são fixados de acordo com o nível de experiência e grau de qualificação educacional do funcionário dentro de cada posição existente). A título de exemplo, informa que a família de cargo “Administração” poderá ter “PA Target” de 6% ou 10% a depender da atribuição do “Plano de Cargo” e Fl. 1794DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.795 6 do “Plano de Salário”. Os funcionários elegíveis ao menor “PA Target”, isto é, 6%, estão alinhados ao Plano de Salário “513”, que pertencem a áreas estritamente operacionais da empresa, relativas a atividades ligadas à produção e que, geralmente, requerem um grau de capacitação bem inferior às demais famílias. Tratandose de funcionário novo na companhia, referido percentual será informado no momento da contratação, o qual servirá de base para cálculo de seu PLR desde que a companhia atinja seus resultados e o funcionário cumpra as metas individuais fixadas; 4) o nível de pagamentobase total é fator de desempenho da impugnante, formado pelos seguintes indicadores: lucro líquido, sinergia e economia de custos e EBTIDA do negócio. A impugnante possui dois modelos de cálculo do seu fator de desempenho: (1) grade corporativa, o qual é aplicável para os funcionários que não estão alinhados a um determinado negócio, modelo que não utiliza o EBTIDA no cômputo do fator de desempenho, e (2) grade de negócio, aplicável aos funcionários da divisão de negócio, no qual o EBTIDA do negócio será utilizado no cômputo do fator de desempenho; 5) o fator de desempenho individual é determinado pelo líder juntamente com o liderado, o qual tem participação ativa, em reunião realizada no início de cada ano, onde são definidas metas individuais, sempre ligadas intrinsecamente ao trabalho a ser desenvolvido, bem como aos objetivos da empresa, e, por isso, apenas líder e liderado tem capacidade para estabelecêlas, já que requerem um conhecimento técnico profundo e específico da função e de sua integração na área para atingir os objetivos esperados pela empresa. As metas fixadas pela impugnante seguem regras claras e objetivas, as quais serão objeto de avaliação do líder que, ao final, aplicará uma nota média que variará de 1 a 5, sendo o 5 (cinco) a nota máxima que o empregado pode vir a receber. O liderado efetua uma auto avaliação que passa pela consideração e crivo final de seu líder; 6) resta cristalina a existência de regras claras e objetivas dos critérios a serem atendidos pelos seus empregados para o recebimento de verba a título de PLR; 7) as metas e critérios para fixação dos pagamentos de PLR podem ser livremente negociadas entre empresa e empregados, de modo que não existe qualquer critério legal definido para instituição de metas, o que permite a criação de diversos tipos de programas, de acordo com a atividade de cada instituição; 8) não há qualquer contradição na cláusula 5.2, uma vez que o “PA Target” é sim fixado entre a empresa e funcionários, mas apenas com aqueles que integram a comissão de empregados participantes das negociações e tratativas para elaboração do acordo de PLR. Os demais são informados do PA Target definido nas negociações; 9) o saláriobase anual e a % da meta do PAP/PLR ou PA Target, únicos conhecidos pelo funcionário no momento de sua Fl. 1795DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.796 7 contratação ou no início de cada período concessivo do PLR, são insuficientes para se chegar ao valor final do PLR a ser recebido, o qual depende obrigatoriamente do conhecimento dos fatores “nível de pagamentobase total” e do “fator de desempenho individual”; 10) o programa promove a integração entre capital e trabalho, pois o fator “nível de pagamentobase total” está totalmente ligado ao capital gerado pela empresa, vez que composto do lucro líquido, da sinergia e economia de custos e da EBTIDA do negócio da impugnante. No mesmo sentido, o “fator de desempenho individual” está intrinsecamente ligado ao trabalho exercido pelo funcionário, vez que calcado no atingimento ou não de metas individuais fixadas de acordo com regras claras e objetivas; 11) em nenhum momento o legislador vedou a fixação de metas diferenciadas em função do cargo ocupado pelo empregado, e nem determinou que o pagamento da PLR seja realizado no mesmo percentual a todos os funcionários; 12) convocou formalmente todos os sindicatos representativos das classes de trabalhadores para participação da reunião para discussão sobre PLR, mas estes deixaram de comparecer sem quaisquer explicações que justificassem suas ausências. Este fato é comprovado pelas declarações emitidas pelos próprios sindicatos. Visando não deixar margem de dúvidas para quaisquer questionamentos legais, encaminhou aos sindicatos duas vias originais do acordo de PLR para o seu devido arquivo, em cumprimento ao disposto no § 2º do artigo 2º da Lei nº 10.101/2000. A participação do sindicato nas negociações entre empresa e empregados não deve ser vista como requisito formal, cuja inobservância teria o condão de invalidar o acordo firmado, mas sim tem por finalidade tutelar e garantir o interesse dos empregados durante as negociações, sem guardar qualquer relação com o conteúdo do acordo que deverá ser firmado; 13) é incorreta a alegação de que apenas dois dos dez representantes da comissão de empregados eram, de fato, empregados da Dow Brasil. Pleiteia a juntada das Fichas de Cadastro realizadas pelo RH de todos os empregados integrantes das comissões para afastar qualquer nebulosidade quanto à real relação de trabalho com a impugnante; 14) a alegação de que os currículos dos empregados Paulo César Pereira e Fernão Villela Silveira representariam o interesse da impugnante e não dos empregados não passa de simples ilação, uma vez que, independente dos cargos exercidos, são, como quaisquer outros colaboradores, empregados da empresa, conforme demonstram as Fichas de Cadastro do RH. A legislação de regência não especifica quais cargos devem ser exercidos pelos representantes da empresa na negociação do PLR, exigindo, apenas, que seja formada comissão paritária ou convenção ou acordo coletivo, o que foi devidamente atendido; Fl. 1796DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.797 8 15) todos os seus administradores/executivos estatutários, participantes ou não do risco econômico do empreendimento, são celetistas, não havendo que diferenciálos dos demais empregados no que se refere aos colaboradores elegíveis ao recebimento do PLR. Esta matéria já foi objeto de análise na Solução de Consulta COSIT nº 368, de 18/12/2014; Demais verbas 16) as verbas “prêmio de reconhecimento”, “bônus de rescisão”, “acordo coletivo idade/férias”, “bônus de admissão”, “complemento de aposentadoria” e “deferred stocks” tem ora natureza indenizatória, ora ausência de habitualidade em seu pagamento, não havendo que se falar em remuneração; 17) o “prêmio de reconhecimento” referese a gratificações pagas a determinados empregados que realizaram trabalhos que superaram todas as expectativas, impactando os negócios da impugnante até de forma global, inexistindo, assim, qualquer aviso ou documento informando os empregados da possibilidade de receber tais valores. O pagamento deste bônus é definido pelos líderes da empresa, os quais possuem ciência e capacidade suficientes para avaliar os resultados e repercussão do trabalho de forma macro. O bônus de reconhecimento é ganho eventual, que não integra o saláriodecontribuição para fins de incidência das contribuições previdenciárias; 18) o bônus de rescisão é pago uma única vez por ocasião da rescisão do contrato de trabalho, levando em consideração para a elaboração do cálculo o tempo em que o empregado prestou serviços à companhia. Não está atrelado a qualquer desempenho ou participação nos lucros/resultados da empresa. Tem natureza indenizatória, por tratarse de importância destinada à mera recomposição patrimonial. O fato de não haver previsão legal sobre o pagamento de indenização pelo desligamento do empregado não pode chegar à ilação equivocada de que esse valor deve integrar o saláriodecontribuição. O alcance da expressão remuneração não deve incluir outras verbas que não tenham o escopo de retribuir o trabalho; 19) o abono idade/férias, de caráter indenizatório e previsão na Convenção Coletiva de Trabalho 2010/2012, é pago na rescisão do contrato de trabalho, quando ocorrida por iniciativa da empresa, exigindose que o empregado possua a partir de quarenta anos de idade e, concomitantemente, no mínimo cinco anos de trabalho na empresa. O Parecer PGFN/CRJ nº 2.114/2011 e o Ato Declaratório nº 16/2011 estabeleceram a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária; Fl. 1797DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.798 9 20) o bônus de admissão (bônus de contratação, luvas ou hiring bônus) configurase como uma prática corporativa comum de incentivo consistente no oferecimento de verba para atração de empregados de alto escalão, em regra executivos. É uma soma em dinheiro paga a futuros empregados, como um incentivo ao seu ingresso no quadro de empregados da empresa, bem como uma forma de indenizálo por ter deixado seu antigo posto de trabalho. Os valores são negociados entre a empresa e o profissional visado antes do início das atividades laborais deste, não representando, em qualquer momento, uma remuneração ou contraprestação pelo trabalho prestado. Não há habitualidade em seu pagamento, e tem caráter indenizatório, vez que pago em detrimento do emprego anterior do profissional que, por muitas vezes, opta pela nova empresa, ainda que na anterior obtivesse maiores garantias face ao tempo já trabalhado e à confiança conquistada; 21) o complemento de aposentadoria é pago para ex empregados e, em muitos casos, até para viúvas de ex empregados, de modo que a verba em discussão jamais foi paga a empregados/trabalhadores/contribuintes individuais ou trabalhadores avulsos ativos. O auto de infração é nulo no que tange às exigências relativas ao complemento de aposentadoria, visto estar sustentado em dispositivos legais inaplicáveis ao caso em discussão. Caso não seja esse o entendimento dos julgadores, a exigência não deve prosperar porque não existe contrato de trabalho ou qualquer relação contraprestacional entre a impugnante e os exempregados que receberam as verbas discutidas. A partir da modificação pela Lei nº 9.582/1997, a Lei nº 8.212/1991, que dispõe sobre a organização da Seguridade Social, passou a prever que há exclusão de forma expressa do expurgo da base de cálculo do que for pago a título de programa de previdência complementar, de modo que também por esse motivo não deve prevalecer a exigência fiscal sobre as verbas pagas a título de complemento de aposentadoria; 22) em relação aos dividendos “deferred stocks”, determinados empregados, aos alcançarem grandes resultados que tragam relevante impacto para os negócios da empresa, podem também vir a receber ações da empresa. O pagamento das ações não segue qualquer critério objetivo, ou préfixado, inexistindo qualquer habitualidade em seu pagamento, vez que totalmente eventual. Ao receberem tais ações, os empregados são obrigados a permanecer nos quadros da impugnante por um determinado período de tempo para que possam vir a receber as ações oferecidas pela companhia. Em que pese os funcionários só possam vir a vender as ações ao final de determinado período, eles já passam a receber os dividendos gerados a partir do recebimento de tais ações. Dividendos não são objeto de incidência de contribuições previdenciárias. Ao final, requer o acolhimento dos argumentos expostos para que os Autos de Infração sejam julgados totalmente improcedentes, e protesta por provar o alegado por todos os Fl. 1798DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.799 10 meios de prova em direito admitidos, inclusive com a juntada de novos documentos. A 6ª Turma da DRJ/POA julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: PRODUÇÃO DE PROVAS. A produção de provas deve obedecer às disposições da legislação que rege o processo administrativo fiscal federal. [...] PAGAMENTOS A TÍTULO DE PLR. AUSÊNCIA DE PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO. É obrigatória a participação do representante indicado pelo sindicato da categoria na comissão formada para negociar os termos da participação nos lucros ou resultados da empresa. PAGAMENTOS A TÍTULO DE PLR. AUSÊNCIA DE CLAREZA NA DEFINIÇÃO DE PERCENTUAL. As regras e os critérios do percentual denominado de “% da Meta do PAP/PLR” ou “PA Target”, que altera o resultado do pagamento da participação nos lucros ou resultados, devem estar perfeitamente definidas nos instrumentos de negociação. PRÊMIO DE RECONHECIMENTO. BÔNUS DE RESCISÃO. ACORDO COLETIVO IDADE/FÉRIAS. BÔNUS DE ADMISSÃO. DIVIDENDOS. VERBAS REMUNERATÓRIAS. BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa, integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. ÔNUS DA PROVA. AFERIÇÃO INDIRETA. A empresa tem o ônus da prova acerca daquilo que alega. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, a Secretaria da Receita Federal do Brasil pode, sem prejuízo da penalidade cabível, lançar de ofício a importância devida. Fl. 1799DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.800 11 O sujeito passivo foi intimado da decisão em 18/06/2017, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, e interpôs seu recurso voluntário em 17/07/2017, no qual basicamente reiterou os fundamentos de sua impugnação. Iniciado o julgamento neste Conselho, o representante do contribuinte apresentou petição requerendo a aplicação do DecretoLei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LINDB), com as alterações dadas pela Lei nº 13.655/2018. Na sequência, a Fazenda Nacional requereu sua notificação formal de referida petição. Em virtude disso, o processo foi retirado de pauta com vista ao atendimento da solicitação da PGFN. Em sua manifestação, a Procuradoria basicamente pediu o indeferimento da aplicação do art. 24 da LINDB. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da LINDB Basicamente, e no entender da recorrente, a revisão quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, deve levar em consideração as orientações gerais da época, entre as quais se incluiria a jurisprudência judicial ou administrativa, tendo em vista a norma do art. 24 da LINDB. Vejase o texto legal: Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. Consideramse orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Em sendo assim, e de acordo com a tese do sujeito passivo, a observância do artigo retro mencionado implicaria afastar os efeitos do lançamento. No entanto, entendo que o Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição Fl. 1800DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.801 12 administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Sobre esse dispositivo, segue a inexcedível doutrina do Prof. Luís Eduardo Schoueri: Devese atentar que meras decisões de órgãos julgadores administrativos não são as "normas complementares" a que se refere o Código. Apenas aquelas cuja eficácia normativa seja assegurada por lei é que ali estariam. Assim, por faltar lei federal que dê eficácia normativa às decisões administrativas, em processos administrativos em geral não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter adotado tal entendimento. A tal contribuinte não virá em socorro o parágrafo único do artigo 100 do Código Tributário Nacional. Sua adoção consistente, entretanto, poderá indicar "prática reiterada", como se verá abaixo. Tratandose solução de consulta Cosit ou solução de divergência, seu efeito vinculante é assegurado no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, respaldando o sujeito passivo que a aplicar, independentemente de ser o consulente, nos termos do artigo 9º da Instrução Normativa (RFB) n. 1.396/2013, na redação dada pela Instrução Normativa (RFB) n. 1.434/20131. Quer dizer, em confronto com o art. 100, a recorrente pretende atribuir eficácia normativa às decisões do Conselho, com efeitos ainda mais extensos do que aqueles atribuídos pelo Código (o art. 24 afastaria todo o lançamento, diferentemente do art. 100), o que me parece equivocado. Vejase que a observância das decisões a que a lei atribua eficácia normativa excluiria a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 133. Fl. 1801DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.802 13 monetária, mas não o próprio tributo; e a doutrina retro mencionada evidencia que, "por faltar lei federal que dê eficácia normativa às decisões administrativas, em processos administrativos em geral não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter adotado tal entendimento". O art. 146, inc. III, da Constituição Federal, preleciona que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, entre as quais se inclui a norma do art. 100 do CTN, que enumera as normas complementares das leis, das convenções internacionais e dos decretos. Além disso, o próprio art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos, ao contrário do que pretende fazer crer a recorrente. Por outro lado, a interpretação da recorrente não resiste às normas processuais que tratam, entre outras questões, das decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade, dos enunciados de súmula vinculante, dos acórdãos em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos, etc, estes sim de observância obrigatória por parte deste Conselho, ex vi do disposto no art. 62 do seu Regimento Interno. No mais, adiro às seguintes razões de decidir, do voto proferido pelo ilustre Conselheiro Daniel Ribeiro Silva, no PAF 16561.720065/201382, neste ponto julgado por unanimidade de votos: Não há como negar que o valor que se busca com tal norma é nobre, qual seja, o de garantir a segurança jurídica, em especial aos contribuintes que acabam por serem obrigados a interpretar e aplicar uma legislação tributária absolutamente complexa. Entretanto, entendo que não se pode buscar, sob esse pretexto, ampliar o alcance ou impor a aplicação de uma norma (expressiva de um valor jurídico importante), sobre outras normas jurídicas já postas e absolutamente aplicáveis. Seria, a meu ver, buscar a segurança gerando ainda mais insegurança ao próprio sistema jurídico. É fato conhecido que o contexto de criação da norma tiveram como pano de fundo os processos de controle das contratações públicas, em especial aqueles das instâncias de controle dos gastos públicos, como o TCU e a CGU. Tal fato é manifestado claramente quando se aprecia a justificação do PL, de autoria do Senador Antônio Anastasia: Como fruto da consolidação da democracia e da crescente institucionalização do Poder Público, o Brasil desenvolveu, com o passar dos anos, ampla legislação administrativa que regula o funcionamento, a atuação dos mais diversos órgãos do Estado, Fl. 1802DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.803 14 bem como viabiliza o controle externo e interno do seu desempenho. Ocorre que, quanto mais se avança na produção dessa legislação, mais se retrocede em termos de segurança jurídica. O aumento de regras sobre processos e controle da administração têm provocado aumento da incerteza e da imprevisibilidade e esse efeito deletério pode colocar em risco os ganhos de estabilidade institucional. Outrossim, exatamente por isso que o texto da norma fala em ato administrativo, contrato administrativo, ajuste administrativo, processo administrativo ou norma administrativa. É a conclusão que se chega da concordância verbal do dispositivo, bem como da interpretação sistemática do seu parágrafo único e demais artigos inseridos da alteração legislativa. [...] Como bem manifestado pela Conselheira Livia Di Carli em voto sobre o tema: A entrega de declaração pelo contribuinte, pelo que se opera o "autolançamento" ou o "lançamento por homologação", não gera situação plenamente constituída, já que por definição a apuração feita pelo contribuinte é sempre provisória e precária, sujeita a homologação da autoridade competente, não havendo que se falar em "situação plenamente constituída" antes da homologação (expressa ou tácita) pela autoridade fiscal. [...] Entretanto, ressalto que o direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseado no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo de decisões com repercussão geral ou as próprias súmulas administrativas vinculantes deste CARF. Entretanto, em todos esses casos há um procedimento específico para sua produção, e defender a aplicação direta do art. 24 da LINDB me parece ser tentar burlar um sistema de precedentes já posto. Ainda, necessário lembrar que o direito tributário possui regramento próprio na Constituição Federal que não pode ser ignorado, em especial quando se analisa a hierarquia das fontes normativas. O artigo 146 da Constituição Federal estabelece que a edição de normas gerais em matéria tributária é matéria reservada à lei complementar. E tem uma razão de ser em função da repartição de competências tributárias entre diversos entes federativos. É esse o status do Código Tributário Nacional e de qualquer norma que pretenda veicular norma geral em matéria tributária. Assim, já causa estranheza que o legislador tenha pretendido o Fl. 1803DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.804 15 alcance que defende a Recorrente por meio da edição de uma lei ordinária federal. Ademais, merece menção que o Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) da FGV Direito SP realizou recente colóquio com o objetivo de debater os possíveis impactos da Nova Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) no direito tributário (https://direitosp.fgv.br/evento/novaleideintroducaonormasdireit obrasileirolindbobjetivandoprincipiosestruturantesd). No referido evento, um dos idealizadores do projeto de lei que gerou a alteração da LINDB (Prof. Carlos Ari Sundfeld) ao ser indagado sobre a aplicação do art. 24 da LINDB ao processo administrativo tributário, foi contundente ao afirmar que no direito tributário já existem os artigos 100 e 146 do CTN que trazem o "mesmo valor" buscado pela LINDB, e que o art. 24 não se prestaria como algo novo, mas sim um reforço de aplicação à norma já existente. Isto porque que o CTN possui regramento específico sobre a matéria, estabelecendo o artigo 100 que a observância das chamadas normas complementares (das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos) exclui tão somente a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Jamais o principal de tributo. Da mesma forma, o artigo 146 do CTN traz regramento próprio sobre o efeito intertemporal da introdução de novos critérios jurídicos – leiase, nova interpretação – no processo de constituição do crédito tributário. Ou ainda, o próprio art. 112 do CTN determina a interpretação mais benéfica ao contribuinte de normas que cominem penalidade. Diante disso, dar ao artigo 24 da LINDB o alcance que a Recorrente pretende é, ao fim e ao cabo, acreditar que lei ordinária federal poderia trazer uma espécie de exceção à norma do artigo 100 do CTN, o que vai de encontro a regras básicas de interpretação das normas em um sistema constitucional complexo como o brasileiro. Permitome citar, novamente, trecho de voto da Conselheira Livia Di Carli sobre o tema: o alcance pretendido pela Recorrente em nome da "segurança jurídica" acabaria por "engessar" o contencioso administrativo, impossibilitandoo de evoluir com eficiência, retirando dos debates tributários a tecnicidade da especialização dos Tribunais/Conselhos de Recursos Fiscais, que diuturnamente lidam com casos que envolvem critérios contábeis, situações e documentos específicos que o Poder Judiciário não tem condição (e nem estrutura) para analisar, o que acabaria por aumentar a vulnerabilidade dos contribuintes trazendo, veja só, insegurança jurídica. Fl. 1804DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.805 16 Nesse contexto, entendo que uma interpretação do sistema jurídico constitucional, tributário e processual resulta na conclusão de que o art. 24 não tem os efeitos pretendidos pela recorrente. 3 Da PLR 3.1 DA PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO A fiscalização identificou que os valores a título de participação nos lucros ou resultados teriam sido pagos em desacordo com a Lei 10101/00 e efetuou o lançamento das contribuições incidentes sobre estes pagamentos. No entender da autoridade administrativa, a primeira infringência seria a de que o sindicato não teria participado do acordo. Vejase: A DRJ não divergiu desse entendimento. Vejase: Embora conste do termo do acordo como integrante, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas, Plásticas e Similares de São Paulo e Região na realidade não participou da comissão. Na declaração juntada às fls. 95 e 1.234, datada de 30/09/2015, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas, Plásticas e Similares de São Paulo, Taboão da Serra, Embu, EmbuGuaçu e Caieiras informa que em 15/04/2010 foi formalmente convocado pela Dow Brasil S/A a participar da reunião para discussão sobre a Participação dos Trabalhadores nos Lucros e Resultados da Empresa realizada em 26/04/2010. No entanto, conforme demonstram os documentos trazidos aos autos, o Acordo já havia sido assinado em 23/04/2010. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Jundiaí e Região não consta do termo de acordo e não participou da comissão. Este Sindicato declarou em 15/10/2015 que foi formalmente convocado pela Dow Brasil S/A a participar da reunião para discussão sobre a Participação dos Trabalhadores nos Lucros e Resultados da Empresa, realizada em 22/04/2010 (declaração às fls. 143). No entanto, de acordo com o documento juntado às fls. 105 e 1.240, a reunião anteriormente marcada teve a data alterada pela Dow para 26/04/2010, às 14 horas, mesma data da assinatura do acordo e, sobre esta reunião, o Sindicato não se manifestou. Em Pindamonhangaba também não houve a participação do sindicato da categoria, como determina a lei. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Pindamonhangaba, Aparecida, Potim e Arapeí declarou em 30/09/2015 que foi formalmente convocado para participar da reunião realizada em 20/04/2010 (fls. 117 e 1.235). Ocorre que esta reunião foi alterada pela Dow para 28/04/2010, às 09 horas Fl. 1805DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.806 17 (fls. 115 e 1.242), mesma data da assinatura do acordo relativo ao PLR. Não há manifestação do Sindicato quanto a esta reunião do dia 28/04/2010. Segundo a empresa informou à fiscalização nos esclarecimentos adicionais ao Termo de Intimação Fiscal nº 3, somente o Sindicato dos Trabalhadores do Ramo Químico/Petroleiro do Estado da Bahia participou efetivamente da reunião. Dos autos é possível verificar que este Sindicato firmou o Acordo relativo à localidade Candeias/Camaçari/Vera Cruz. Observase das Fichas de Cadastro dos empregados apresentadas pela impugnante (fls. 1.252 a 1.511) que, para o período do lançamento, existiam nas empresas várias categorias representadas por outros sindicatos, que não foram chamados a participar da formulação do acordo relativo ao PLR. A conclusão, diante dos fatos apontados, é de que não houve o atendimento à norma legal que exige a presença do representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria. Pois bem. A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos dessa não vinculação. A execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA. No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10101/00, que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências”. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR/PPR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. Em se tratando, como é o caso, de negociação estabelecida através de comissão paritária, a legislação igualmente estabeleceu que ela (comissão) deveria ser integrada por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria. A combinação entre o caput do art. 2º e o seu inc. I deixa claro que a integração do representante do sindicato deve ser na própria negociação do plano, como se pode ver abaixo, com destaques: Fl. 1806DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.807 18 Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) (Produção de efeito) É assente que a necessidade de participação do sindicato visa a evitar planos desfavoráveis aos trabalhadores, tanto é que o representante sindical é da entidade representativa dos seus direitos (dos trabalhadores). Neste caso concreto, o que se observa é o seguinte: (a) o acordo próprio de São Paulo (fls. 83/95) descreveu a comissão dos empregados, a qual estaria integrada pelo sindicato que realmente aparenta concentrar os trabalhadores mais ligados à atividadefim da empresa. O documento foi assinado pelos vários trabalhadores da comissão, mas não pela entidade sindical. Todavia, o sindicato assinou uma declaração que demonstra que foi convocado pela empresa antes da assinatura do acordo e que o acordo está registrado em seus arquivos (fl. 95 do eProcesso); (b) o acordo próprio de Jundiaí (fls. 96/106) descreveu a comissão dos empregados, a qual não estaria, aparentemente, integrada pelo sindicato. O documento foi assinado pelos dois trabalhadores da comissão, mas não pela entidade sindical. Todavia, o acordo foi protocolado no sindicato em 11/10/11 (fl. 102). Ademais, às fls. 103/106 constam os documentos que demonstram que a aludida entidade foi formalmente notificada para comparecer à reunião que trataria da PLR; (c) o acordo próprio de Pindamonhangaba (fls. 107/117) descreveu a comissão dos empregados, a qual não estaria, aparentemente, integrada pelo sindicato. O documento foi assinado pelos três trabalhadores da comissão, mas não pela entidade sindical. Todavia, o sindicato assinou uma declaração que demonstra que foi convocado pela empresa antes da assinatura do acordo e que o acordo está registrado em seus arquivos. Os próprios documentos colacionados às fls. 113/116 demonstram a veracidade da citada declaração. As partes estipularam o pagamento de PLR mediante planos próprios instituídos por comissões paritárias, sendo que, do lado da comissão dos empregados, há demonstração inequívoca da participação e sobretudo da anuência dos sindicatos locais representativos daquilo que a empresa denominou de "core business". No seu entender, e ela tem razão neste ponto, ela "é empresa multinacional de grande porte, contando com profissionais das mais variadas e diferentes áreas, tornandose impossível a participação dos sindicatos de todas as categorias de profissionais, o que certamente levaria à inviabilidade de sequer notificar todas as categorias existentes, que dirá de realizar as negociações". A Constituição incentivou e estimulou as empresas a implementarem planos de tal natureza, como se observa textualmente no § 4º do art. 218 da Constituição. A par do estímulo constante do art. 7º, a Lei Maior dedicou outro dispositivo ao tema, tamanha a sua importância social: Fl. 1807DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.808 19 Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. (destacouse) Muito embora a lei regulamentadora pareça ter negligenciado a participação nos lucros ou resultados como um direito social, pois nem mesmo faz qualquer menção a esse respeito, fato é que a Constituição a outorgou como um efetivo direito daquela natureza, o que deve ser levado em consideração pelo aplicador da lei, na busca da máxima eficácia da norma constitucional. Os direitos sociais visam a criar as condições materiais necessárias ao alcance da igualdade real entre o dono do capital e o trabalhador. Segundo José Afonso da Silva, "são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais"2. Buscando igualar o empregador e o trabalhador, a Constituição lhe outorgou o direito à participação nos lucros ou resultados e na própria gestão da empresa. Não fosse a Constituição e a consequente regra imunizante, o trabalhador não teria as condições materiais necessárias para participar dos lucros ou resultados, os quais, por consectário lógico, decorrem do capital do qual ele não é dono. Toda interpretação, portanto, deve ter como norte os direitos sociais. Nesse contexto, a recorrente tem razão quando suscita o voto do então ministro do STJ, Luiz Fux, no REsp 865489/RS, segundo o qual, "atendidos os demais requisitos da legislação que tornem possível a caracterização dos pagamentos como participação nos resultados, a ausência de intervenção do sindicato nas negociações e a falta de registro do acordo apenas afastam a vinculação dos empregados aos termos do acordo, podendo rediscutilos novamente". Nesse REsp, o Ministro arrematou dizendo o seguinte: Deveras, mencionadas irregularidades não afetam a natureza dos pagamentos, que continuam sendo participação nos resultados: podem interferir, tãosomente, na forma de participação e no montante a ser distribuído, fatos irrelevantes para a tributação sobre a folha de salários. Poderia a empresa, pelo fato de alguns planos não estarem assinados pelos sindicatos, deixar de pagar a participação? É óbvio que não. Se por um lado, portanto, a empresa estava juridicamente obrigada ao pagamento da PLR, por outro lado não se pode negar os efeitos tributários decorrentes do seu adimplemento. O fator mais relevante é a caracterização dos pagamentos como distribuições de lucros ou resultados. Essa interpretação está em conformidade com a Constituição, convindo ressaltar a doutrina do professor e ministro Luís Roberto Barroso, que decompõe o princípio da interpretação conforme a Constituição nos seguintes termos: 2 Curso de Direito Constitucional Positivo, 12ª ed., rev., Malheiros Editores, 1996, p. 277. Fl. 1808DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.809 20 1) Tratase da escolha de uma interpretação da norma legal que a mantenha em harmonia com a Constituição, em meio a outra ou outras possibilidades interpretativas que o preceito admita. 2) Tal interpretação busca encontrar um sentido possível para a norma, que não é o que mais evidentemente resulta da leitura de seu texto. 3) Além da eleição de uma linha de interpretação, procedese à exclusão expressa de outra ou outras interpretações possíveis, que conduziriam a resultado contrastante com a Constituição. 4) Por via de conseqüência, a interpretação conforme a Constituição não é mero preceito hermenêutico, mas, também, um mecanismo de controle de constitucionalidade pelo qual se declara ilegítima uma determinada leitura da norma legal. 3 Deve ser abandonado o rigor interpretativo e o eventual formalismo exacerbado, para compatibilizar a leitura da Lei 10101/00 com a Constituição, a qual, lembre se, visou a igualar materialmente o trabalhador e o empregador. De toda forma, e como dito, a participação do sindicato foi sim comprovada, cabendo, em desfecho deste tópico, destacar o seguinte ponto da ementa do REsp 865489/RS, totalmente aplicável ao caso ora sob julgamento: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. CARACTERIZAÇÃO. MATÉRIA FÁTICO PROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ. PROCESSO CIVIL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. SÚMULA 07/STJ. [...] 5. O registro do acordo no sindicato é modo de comprovação dos termos da participação, possibilitando a exigência do cumprimento na participação dos lucros na forma acordada. [...] (REsp 865.489/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26/10/2010, DJe 24/11/2010) A acusação fiscal, portanto, é improcedente nesse tocante, razão pela qual serão analisados as demais acusações fiscais. 3.2 DA COMISSÃO PARITÁRIA A fiscalização afirmou que os únicos dois empregados da Dow Brasil que participaram da comissão não foram eleitos pelos trabalhadores da empresa. Ao contrário, 3 Interpretação e aplicação da constituição : fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 3. ed. Saraiva, p. 181182. Fl. 1809DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.810 21 representariam o seu interesse, um dos quais sob o ponto de vista tributário. Tal acusação seria referente ao acordo de Jundiaí. Tal assertiva, entretanto, não tem a menor comprovação, tratandose, sim, de uma suspeita levantada pelo agente administrativo, mas sem a devida documentação probatória. É bem verdade que o número de representantes da comissão dos empregados no acordo de Jundiaí e de Candeias acabou sendo inexpressivo, mas o fato é que havia essa representação por dois empregados do sujeito passivo. 3.3 DAS METAS Segundo o acórdão recorrido, "os Acordos falam impropriamente em 'meta de participação do empregado', quando, na realidade, o que existe é apenas um percentual aplicado sobre o salário anual do empregado, com base na família de cargo, nível de cargo e plano de salário, conforme informado pela impugnante. Este percentual prescinde de qualquer ação do empregado para sua definição, já que não há qualquer meta a atingir, seja de produtividade, qualidade, lucratividade, prazos ou resultados, servindo apenas para reduzir ou aumentar o pagamento do PLR aos empregados". Não é verdade que a participação é calculada apenas com base em um percentual aplicado sobre o salário anual do empregado. Cotejandose o recurso voluntário com os planos de participação, observase que, além dessas duas variáveis, a PLR também era calculada com base em outras duas: (a) o nível de pagamento base total; e (b) o fator de desempenho individual. Vejase, abaixo, a fórmula que foi utilizada pela empresa para o pagamento dos valores: Da assertiva da DRJ, poderia parecer que o cálculo da PLR terminaria na segunda etapa do quadro acima, quando, em verdade, teria havido a aplicação de outras duas variáveis, entre as quais se destaca o fator de desempenho individual fator este diretamente ligado à produtividade da empresa e do trabalhador. Com efeito, depreendese dos acordos que anualmente os empregados participam do processo de gerenciamento de desempenho, através do qual alinham suas atividades individuais com as atividades e estratégias do negócio ou função, definindo metas mensuráveis e alcançáveis. Um exemplo dessas metas está colacionado à fl. 1657. No entender deste relator, não há qualquer falta de clareza e de objetividade neste processo. Tratase, sim, de procedimento complexo, mas devidamente alinhado com a finalidade de promover a integração entre o capital e o trabalho e de incentivar a produção. Para facilitar o trabalho da fiscalização, seria ideal que as metas fossem simples, mas a verdade é que o cotidiano empresarial nem sempre permite a contratação de metas facilmente inteligíveis. A complexidade, contudo, não tem o condão de retirar a clareza e a objetividade, Fl. 1810DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.811 22 mesmo porque, no quadro acima, vêse que o valor da participação era calculado com precisão aritmética, isto é, com objetividade. A recorrente colacionou à impugnação alguns exemplos que demonstram o caráter fidedigno dos cálculos da PLR, não tendo a DRJ demonstrado qualquer desacerto que pudesse desmerecer o trabalho da contribuinte. 3.4 DOS VALORES Quanto à desproporção entre os valores pagos entre as categorias de trabalhadores, parece intuitivo que, quanto maior o impacto de uma categoria na formação do lucro, maior pode ser a sua participação. Portanto, a desproporção, por si só, não milita em desfavor da contribuinte, mas está de acordo com a sua finalidade primordial: a geração de lucros. O que evidentemente não pode haver é a discriminação entre trabalhadores dentro da mesma categoria profissional ou econômica, o que não ocorreu no caso vertente. A Constituição e a lei regulamentadora também não vedam o pagamento de valores diferentes entre as diversas categorias de empregados, o que exalta a aplicação do princípio da autonomia da vontade das partes, que consiste justamente "no poder de estipular livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo de vontades, a disciplina dos seus interesses, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica"4. Sobre esse assunto, vale colacionar jurisprudência deste CARF: [...] PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PAGAMENTOS EM VALORES DESPROPORCIONAIS ENTRE OS EMPREGADOS DA EMPRESA. PAGAMENTO EM MONTANTE SUPERIOR AO SALÁRIO ANUAL.A Lei nº 10.101, de 2000, não contemplou a necessidade de pagamentos equânimes entre todos os funcionários da empresa, para fins de gozo do benefício fiscal, tampouco determinou um valor máximo a ser pago a título de Participação nos Lucros ou Resultados. O pagamento da participação em valor superior ao salário anual do trabalhador só ganha relevância, para fins tributários, na hipótese de demonstração pela fiscalização da sua utilização como substituição ou complementação da remuneração devida ao segurado empregado, ou quando em desacordo com as próprias regras estabelecidas pelo Programa de Participação nos Lucros ou Resultados. [...] (PAF 16327.721316/201319, Contribuinte BANCO ITAUCARD S.A., Data da Sessão 10/05/2017, Relator(a) CLEBERSON ALEX FRIESS, Nº Acórdão 2401004.797) 4 DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro Teoria das Obrigações Contratuais e Extracontratuais. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 32. Fl. 1811DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.812 23 3.5 DA PLR ADMINISTRADORES Neste tocante, a própria DRJ entendeu que a Lei não veda a participação nos lucros ou resultados dos administradores/executivos que forem empregados (vide abaixo). A impugnação foi julgada improcedente porque o órgão a quo, assim como a fiscalização, entendeu que os valores foram pagos em desacordo com a lei. A Lei nº 10.101/2000 não veda a participação nos lucros ou resultados dos administradores/executivos que forem empregados do sujeito passivo, assim como não veda o pagamento de valores diferenciados conforme a categoria do empregado, desde que objeto de acordo entre as partes. O relato fiscal também já havia destacado que “não há exigência legal de pagamentos iguais aos empregados, pois os seus salários são diferentes.” A própria administração pública entende que o administrador empregado pode receber PLR nos termos da Lei 10.101/00. Nesse sentido, eis o teor da Solução de Consulta COSIT 368/14: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS EMENTA: DIRETOR DE SOCIEDADE ANÔNIMA. CONDIÇÃO DE SEGURADO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. LEI Nº10.101, DE 2000. SALÁRIODE CONTRIBUIÇÃO. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. O diretor estatutário, que participe ou não do risco econômico do empreendimento, eleito por assembleia geral de acionistas para o cargo de direção de sociedade anônima, que não mantenha as características inerentes à relação de emprego, é segurado obrigatório da previdência social na qualidade de contribuinte individual, e a sua participação nos lucros e resultados da empresa de que trata a Lei nº10.101, de 2000, integra o salário decontribuição, para fins de recolhimento das contribuições previdenciárias. SEGURADO EMPREGADO. O diretor estatutário, que participe ou não do risco econômico do empreendimento, eleito por assembleia geral de acionistas para cargo de direção de sociedade anônima, que mantenha as características inerentes à relação de emprego, é segurado obrigatório da previdência social na qualidade de empregado, e a sua participação nos lucros e resultados da empresa de que trata a Lei nº10.101, de 2000, não integra o saláriode contribuição, para fins de recolhimento das contribuições previdenciárias. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº8.212, de 1991, art. 12, incisos I, alínea “a”, e V, alínea “f”, art. 22, incisos I e III, § 2º, e art. 28, incisos I e III, e § 9º, alín Logo, a PLR não foi paga em desacordo com a lei, nem mesmo em relação aos diretores empregados. 4 Do bônus de admissão A fiscalização relacionou os seguintes valores pagos a título de bônus de admissão, os quais, no seu entender, integrariam a remuneração dos seus beneficiários: Fl. 1812DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.813 24 Em contrapartida, o sujeito passivo alega que tais valores teriam sido pagos a empregados de alto escalão (em regra, executivos), tendo como objetivo incentiválos a tomar a decisão de deixar a empresa onde trabalhavam, visando à sua contração. Antes de iniciar a análise da natureza jurídica do bônus de admissão, é importante definir o conceito de remuneração tributável. O inc. I do art. 28 da Lei 8212/91 explicita que o "saláriodecontribuição" é uma remuneração destinada a retribuir o trabalho. Em consonância com o art. 195, inc I, alínea a, da CF, tal norma estabelece que as contribuições devidas à seguridade social incidem sobre a remuneração paga ao trabalhador, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. A base de cálculo da contribuição é composta de valores destinados à remuneração pelo trabalho prestado ou colocado à disposição do empregador ou tomador de serviços, não importando a forma e nem o nome que se dê à rubrica paga ou creditada ao trabalhador. O art. 22, inc. I, da Lei 8212/91, igualmente preleciona o total das remunerações como base imponível das contribuições. Em tese de repercussão geral, o STF, no RE 565160/SC, afirmou que “a contribuição social a cargo do empregador incide sobre ganhos habituais do empregado, quer anteriores ou posteriores à Emenda Constitucional 20/1998” 5. Quanto ao bônus de admissão, é corriqueira a tese, neste conselho, de que tal rubrica seria uma espécie de indenização pelo fato de o empregado deixar o seu trabalho anterior, estável e conhecido, sem que pretendesse fazêlo naquele momento, para arriscarse em um novo empreendimento laboral, sem garantia de que a mudança lhe seria vantajosa. Tal tese é bastante plausível, mas não é aplicável ao caso concreto. No entender deste relator, não é nada crível que um executivo de alto escalão (tomandose emprestada a expressão utilizada pelo sujeito passivo) realmente se sentisse incentivado a deixar uma empresa em troca de um bônus de tão baixo valor (vide tabela acima), muito menos se poderia afirmar que ele estaria sendo indenizado nesta hipótese. O fato de o valor ter sido alegadamente pago antes do início do contrato de trabalho não altera a circunstância de que ele destinouse a remunerar o trabalho que iria ser 5 http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=339440, acórdão ainda não publicado, acesso em 30 de março de 2017. Fl. 1813DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.814 25 prestado ao empregador. Ademais, e como já dito, não importa a nomenclatura que se dê à verba. É necessário, sim, definir a sua natureza jurídica, pois o princípio da realidade sobrepõe se ao aspecto formal, considerados os elementos tributários6. Nesse contexto, nem mesmo se pode afirmar que o valor foi pago eventualmente, pois, em verdade, não se tratou, a rigor, de um ganho eventual, tampouco de um bônus expressamente desvinculado do salário. Vejase, aliás, que o sujeito passivo alega que outras rubricas objeto de lançamento também teriam a natureza de ganhos eventuais, o que, de certa forma, fragiliza a sua tese. 5 Do prêmio de reconhecimento A respeito do prêmio de reconhecimento, a autuada, em sede de fiscalização, expressamente asseverou que seria uma verba paga a título de gratificação por reconhecimento. Não há dúvidas, nesse quadro, de que houve o pagamento de um valor no contexto do contrato de trabalho, sem que estivesse presente qualquer hipótese de isenção ou de não incidência pura e simples. Diante do que foi exposto no tópico anterior, é indubitável que o citado prêmio de reconhecimento foi uma forma que a empresa encontrou de remunerar os seus empregados. Lembrese, não importa a nomenclatura que se dê ao pagamento, mas sim a sua natureza jurídica. Assume pouca ou nenhuma relevância a tese de que os valores seriam eventuais, pois a fiscalização demonstrou que tais gratificações foram pagas durante todo o período autuado. Vejase, nesse contexto, o seguinte excerto da decisão recorrida: Da planilha de fls. 643 a 669 é possível verificar, quanto à periodicidade, que as gratificações foram pagas durante todo o período autuado. Existem segurados que receberam mais de um pagamento, a exemplo de Alexandre Antiqueira Assunção, nas competências 01/2011, 07/2011, 08/2011e 11/2011, e Bruno Rufato Pereira, nas competências 04/2011, 06/2011 e 07/2011. 6 Do pagamento de dividendos deferred stocks Durante a fiscalização, o sujeito passivo, com relação aos dividendos pagos aos seus empregados, informou que “adota uma política de retenção, reconhecimento e incentivo de Longo Prazo a seus empregados. Dentre os benefícios concedidos estão as “Deferred Stocks” correspondentes às ações da companhia que são entregues aos empregados em uma data futura, sem qualquer custo, cabendo ao empregado o recebimento trimestral de dividendos equivalentes num período de “vesting” de 3 a 5 anos.” “7. No caso dos empregados elegíveis que são desligados em função de uma questão interna de reestruturação, eliminação de cargo ou conseqüente antecipação de aposentadoria, a Contribuinte também mantém o pagamento do benefício, independentemente tal desligamento.” Diante de tais esclarecimentos, fica muito claro que a empresa pagou valores a empregados que ainda não eram seus acionistas. Dito de outra forma, os valores não eram realmente dividendos livres de tributação, mas sim remunerações pagas no contexto do 6 STF, RE 346084 / PR. Fl. 1814DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.815 26 contrato de trabalho. Transcrevese o seguinte trecho do recurso voluntário, que revela a inexistência do pagamento de dividendos propriamente ditos: 7 Do bônus de rescisão e do acordo coletivo idade/férias A fiscalização não contestou a afirmação do sujeito passivo de que o bônus de rescisão seria pago por conta da rescisão do contrato de trabalho e nem negou que o valor relativo ao acordo coletivo idade/férias seria igualmente pago naquele contexto de rescisão, tendo em vista a existência de acordo coletivo. Tais situações são similares a do aviso prévio indenizado, pois os pagamentos efetuados não se destinaram a retribuir o trabalho, o qual nem seria mais prestado por força da rescisão do contrato laboral. Se, por um lado, foi firmada a premissa de que o que o "salário decontribuição" é uma remuneração destinada a retribuir o trabalho, por outro lado deve ser firmada a conclusão de que sem trabalho não há que se cogitar de remuneração. O pagamento daqueles valores não tem caráter remuneratório, vez que o empregado, nas hipóteses, não estavam mais prestando serviços para o empregador e nem estavam à sua disposição. Não se tratou de rendimento pago, devido ou creditado, destinado a retribuir o trabalho. Inexistindo o pagamento de remuneração, inexiste o núcleo do fato gerador da contribuição em referência. Ainda que noutro giro verbal, podem ser citadas as conclusões constantes do REsp 1230957/RS, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIODOENÇA. [...] 2.2 Aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo Fl. 1815DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.816 27 empregador, nasce para o empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa a reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão contratual com a antecedência mínima estipulada na Constituição Federal (atualmente regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressaltese que, "se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe corresponderia o empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim, por ser ela estranha à hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não haver previsão legal de isenção em relação a tal verba" (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). A corroborar a tese sobre a natureza indenizatória do aviso prévio indenizado, destacamse, na doutrina, as lições de Maurício Godinho Delgado e Amauri Mascaro Nascimento. Precedentes: REsp 1.198.964/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.10.2010; REsp 1.213.133/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 1º.12.2010; AgRg no REsp 1.205.593/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 4.2.2011; AgRg no REsp 1.218.883/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 22.2.2011; AgRg no REsp 1.220.119/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 29.11.2011. [...] Acórdão sujeito ao regime previsto no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ. (REsp 1230957/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 18/03/2014) De outro modo, a importância paga a título de acordo coletivo idade/férias tinha, como o próprio nome sugere, previsão em acordo coletivo, além de ter sido paga uma única vez por trabalhador. No âmbito do Superior Tribunal de Justiça, é assente que o abono único, estabelecido em convenção ou acordo coletivo, a teor do art. 28, § 9º, alínea "e", item 7, da Lei 8.212/91, não integra a base de cálculo das contribuições. Vejase, nesse sentido, a ementa do seguinte julgamento da Segunda Turma com destaques: PROCESSO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA ABONO ÚNICO NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO. [...] 2 Por expressa determinação legal o abono único não integra a base de cálculo do saláriodecontribuição (Lei nº 8212/91, Fl. 1816DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.817 28 artigo 28 da, § 9º, acrescentado pela Lei 9528/97, letra "e", item 7, acrescentado pela Lei 9711/98). 3. Recurso especial provido. (REsp 434.471/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/12/2004, DJ 14/02/2005, p. 155) Da Primeira Turma, cabe colacionar o julgado abaixo: TRIBUTÁRIO E TRABALHISTA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE O CHAMADO "ABONO" DE FÉRIAS PREVISTO EM ACORDO COLETIVO (ART. 144 DA CLT). INADMISSIBILIDADE. 1 A redação do art. 144, da CLT, possui dicção cristalina ao dispor que "O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente a vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da legislação do trabalho e da previdência social" (redação anterior à Lei nº 9.528/97, que suprimiu a expressão "e da previdência social" da parte final do dispositivo). 2 O acordo coletivo celebrado pela empresa ora recorrida e o sindicato representante da categoria de seus empregados, que previu a possibilidade, em sua cláusula nº 23, de concessão de um "prêmio", por ocasião do primeiro pagamento após o retorno das férias, de um valor máximo correspondente a 80 (oitenta) horas sobre o salário nominal, possuiu vigência apenas no período de 01/09/86 a 31/08/87, durante a eficácia, portanto, da antiga redação do art. 144, da CLT, que admitia a não incidência da contribuição previdenciária desde que o abono não excedesse vinte dias do salário. 3 Há de ser respeitado, na hipótese, o ato jurídico perfeito, o qual se consumou segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (art. 6º, da LICC, e 5º, XXXVI, da CF/88), sendo perfeitamente aplicável o Princípio da Irretroatividade da Lei. 4 Recurso especial parcialmente conhecido e, nesta parte, improvido. (REsp 201.936/MG, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 27/04/1999, DJ 01/07/1999, p. 138) Esses e outros precedentes levaram a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional a prolatar o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011, que culminou com a edição do Ato Declaratório nº 16/2011, que dispensa a apresentação de contestação, a interposição de recursos e a desistência dos já interpostos em relação às demandas/decisões judiciais sobre o tema em análise. Deste Colegiado, pode ser citado o seguinte julgado, de relatoria do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo: Fl. 1817DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.818 29 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 [...] ABONO. ACORDO COLETIVO. PARCELA ÚNICA. NÃO INCIDÊNCIA. O abono salarial pago sem habitualidade e em parcela única, em decorrência de norma coletiva de trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. [...] Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF, acórdão 2402005.334, julgado em 14/06/2016) Logo, o recurso voluntário deve ser provido neste ponto. 8 Do complemento de aposentadoria Neste ponto, muito embora a recorrente afirme tratarse de valores pagos a exempregados de uma empresa incorporada, ela não juntou aos autos nenhum documento comprobatório de suas alegações, nem mesmo depois de alertada pela fiscalização e posteriormente pela DRJ. A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar, na dicção do art. 15 do Decreto 70235/72. Vejase que a autoridade administrativa, de forma fundamentada, procedeu à aferição indireta diante da falta de apresentação da documentação comprobatória, não subsistindo qualquer nulidade. O agente autuante ainda teve o cuidado de transcrever os dispositivos legais que permitem a aferição indireta para efeito de lançamento das contribuições, mais especificamente o art. 148 do CTN e o art. 33 da Lei 8212/91. Fl. 1818DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.819 30 Expressandose de outra forma, a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; a autuação, neste ponto, foi devidamente motivada e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito passivo e da penalidade aplicável; não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório da recorrente, que puderam ser exercidos na forma e no prazo legal. 9 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir o lançamento das contribuições sobre os valores pagos a título de PLR, de bônus de rescisão e de acordo coletivo idade/férias. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Conselheiro Denny Medeiros da Silveira – Redator Designado Acompanho o Ilustre Relator nas demais questões, porém, com a maxima venia, divirjo quanto à Participação nos Lucros e Resultados (PLR), quanto ao bônus de rescisão e quanto ao acordo coletivo idade/férias. Da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) Conforme informado pelo Relator, em seu voto, no documento do acordo de São Paulo, de Jundiaí e de Pindamonhangaba não consta a assinatura da respectiva entidade sindical, o que demonstra a sua não participação na negociação, em que pese, aparentemente, ter sido convocada e os acordos terem sido registrados em seus arquivos. Acontece que a Lei 10.101, de 19/12/00, é bem clara em seu art. 2º, inciso I, ao determinar que a negociação, ao ser feita mediante comissão paritária, tenha a participação de um representante da categoria sindical. Vejamos: Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. Fl. 1819DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.820 31 Conforme se observa na transcrição acima, o acordo de PLR deverá ser objeto de negociação entre empresa, empregados e sindicato. E a exigência quanto ao cumprimento dessa norma, longe de ser um rigor interpretativo ou um formalismo exacerbado, em verdade, visa proteger os interesses dos trabalhadores, que ocupam o polo mais frágil da relação estabelecida entre empregadores e empregados. Ademais, mesmo o Relator entendendo que a não incidência de contribuições sobre a PLR representa uma imunidade, vemos que no âmbito previdenciário, a regra do art. 28, § 9º, alínea “j”, da Lei 8.212/91, se amolda a uma verdadeira isenção, nos seguintes termos: Art. 28 [...] [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Nessa linha, inclusive, foi a decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e consignada no julgamento do RE 856.160, de relatoria da Ministra Eliana Calmon, realizado em 4/6/097: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. ISENÇÃO. NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. 1. Embasado o acórdão recorrido também em fundamentação infraconstitucional autônoma e preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido o recurso especial. 2. O gozo da isenção fiscal sobre os valores creditados a título de participação nos lucros ou resultados pressupõe a observância da legislação específica regulamentadora, como dispõe a Lei 8212/91. 3. Descumpridas as exigências legais, as quantias em comento pagas pela empresa a seus empregados ostentam a natureza de remuneração, passíveis, pois, de serem tributadas. 4. Ambas as Turmas do STF têm decidido que é legítima a incidência da contribuição previdenciária mesmo no período anterior à regulamentação do art. 7º, XI, da Constituição Federal, atribuindolhe eficácia dita limitada, fato que não pode ser desconhecido por esta Corte. 5. Recurso especial não provido Pois bem, nos termos do art. 111, do Código Tributário Nacional (CTN), Lei 5.172, de 25/10/66, a legislação que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente: 7 Informativo nº 397 do STJ. Fl. 1820DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.821 32 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: [...] II outorga de isenção; E nesse particular, tratandose de isenção tributária, entendemos que a interpretação deve estar limitada à expressão literal da norma, conforme assim leciona Hugo de Brito Machado8: Quem interpreta literalmente por certo não amplia o alcance do texto, mas com certeza também não o restringe. Fica no exato alcance que a expressão literal da norma permite. Nem mais, nem menos. Tanto é incorreta a ampliação do alcance, como sua restrição. Logo, se o art. 2º, inciso I, da Lei 10.101/00, estabelece que comissão paritária deverá ser integrada por um representante do sindicato da respectiva categoria, a ausência desse representante viola o comando legal e fere mortalmente o direito dos trabalhadores de se verem representados por sua entidade sindical, razão pela qual não há como ser flexibilizada essa norma. Devemos acrescentar, também, que mesmo a participação dos empregados parece não ter sido muito efetiva na negociação, segundo se extrai do seguinte excerto da decisão recorrida: O sujeito passivo afirma que é incorreta a alegação de que apenas dois dos dez representantes da comissão eram empregados da Dow Brasil, sustenta que todos os integrantes das comissões eram, de fato, seus empregados e junta as Fichas de Cadastro dos empregados integrantes das comissões para comprovar seu argumento (fls. 1.252 a 1.511). No entanto, estas fichas demonstram que os participantes das comissões eram empregados das várias empresas que firmaram o acordo, e não só da Dow Brasil, que é o sujeito passivo deste lançamento. Neste sentido ganha relevância o relato da fiscalização de que os Srs. Paulo César Pereira (advogado tributarista que prestava serviços de planejamento tributário, preços de transferência e conformidade ao sujeito passivo) e Fernão Villela Silveira não foram eleitos pelos trabalhadores da empresa, mas, ao contrário, são empregados que representam justamente o interesse da empresa, restando desatendida a determinação legal de que a comissão fosse escolhida pelas partes, e não somente pelo empregador. Portanto, ainda que, eventualmente, as entidades sindicais tenham anuído o plano de PLR, a sua não participação efetiva na negociação não pode ser admitida e, dessa forma, pelo não atendimento a uma exigência da Lei 10.101/00, a contribuição deve incidir sobre os valores pagos a esse título, conforme assim decidido pelo julgado a quo. 8 MACHADO, Hugo de Brito, Curso de Direito Tributário, 32ª edição, Malheiros, São Paulo, 2011, p. 114. Fl. 1821DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.822 33 Do bônus de rescisão Segundo o Relator, os valores pagos a título de “bônus de rescisão” não teriam “caráter remuneratório, vez que o empregado, nas hipóteses, não estavam mais prestando serviços para o empregador e nem estavam à sua disposição”, citando, inclusive, Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011, que propõe a dispensa de contestação e a interposição de recursos nas “ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária”. Todavia, a verba em questão foi paga no contexto da rescisão do contrato do de trabalho e teve o seu montante determinado pelo tempo de serviço, estando absolutamente vinculada ao trabalho prestado à empresa. Além do mais, segundo se observa no seguinte trecho da decisão recorrida, sequer houve convenção coletiva dando suporte a tal pagamento: Independente do nome que se dê ao pagamento, não é possível considerar como indenizatória uma verba que não encontra suporte na convenção coletiva da categoria, não tem regras formalizadas para sua concessão, e está vinculada ao salário do empregado. Ademais, a verba não está destinada à recomposição patrimonial do trabalhador, mas sim representa um acréscimo patrimonial, configurandose sua natureza remuneratória. Portanto, sujeitase à incidência das contribuições previdenciárias. Portanto, não vemos como afastar a exação previdenciária do bônus de rescisão, razão pela qual mantemos a decisão de primeira instância. Do acordo coletivo idade/férias Os valores recebidos a título de acordo coletivo idade/férias seguem na mesma linha do bônus rescisão. Em seu recurso voluntário, ao tratar da verba e ao qualificála como ganho eventual, assim dispõe o Recorrente: Em outras palavras, somente as parcelas que não se encontram na expectativa de direito do trabalhador e que por ventura venham a ser recebidas, por decorrerem de situação fortuita, é que podem ser caracterizadas como ganhos eventuais, não sujeitos, pois, às contribuições previdenciárias. Todavia, eventual é o que é aleatório, imprevisto e inesperado, e a verba sob foco não se enquadra nesse perfil, uma vez que os empregados tinham a expectativa de recebê la ao final do contrato de trabalho, na forma de complementação ao aviso prévio, segundo bem esclarecido pela decisão recorrida: De qualquer forma, o pagamento previsto na Convenção Coletiva não é um mero abono único, desvinculado do salário, com valor fixo para todos os empregados. Tratase, na realidade, de pagamento ao empregado que preenche as condições de idade e tempo de serviço de complementação do Fl. 1822DF CARF MF Processo nº 19515.720082/201614 Acórdão n.º 2402007.168 S2C4T2 Fl. 1.823 34 aviso prévio legal, vinculado ao salário nominal, já que correspondente a trinta dias deste. Desse modo, também improcede o recurso quanto aos valores pagos a título de acordo coletivo idade/férias. Conclusão Isso posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 1823DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13433.000179/2005-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
INCENTIVO FISCAL SUDENE. ISENÇÃO IRPJ.
Aplica-se a isenção do IRPJ quando o contribuinte, além de apresentar Portaria específica expedida pela Sudene, demonstra que o lucro da exploração corresponde, no período autuado, ao próprio lucro real.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2004
INCENTIVO FISCAL SUDENE. ISENÇÃO NÃO APLICÁVEL À CSLL.
A isenção que beneficia as empresas instaladas na área de atuação da Sudene é dirigida exclusivamente ao IRPJ incidente sobre o lucro da exploração do empreendimento, não podendo ser estendida à CSLL por falta de previsão legal.
RECEITAS DE EXPORTAÇÕES. IMUNIDADE.
A imunidade prevista no art. 149, §2°, inciso I, da Constituição Federal, alcança apenas as contribuições sociais que possuem como materialidade de incidência o faturamento ou a receita, não se aplicando, portanto, à CSLL, cuja base de cálculo corresponde ao Lucro Liquido ajustado.
RECEITAS DE VENDAS PARA ZONA FRANCA DE MANAUS. DECISÃO JUDICIAL QUE PERMITE SUA EXCLUSÃO PARA EFEITOS DE CSLL.
Tendo em vista que a contribuinte possui em seu favor decisão judicial transitada em julgado, reconhecendo o direito de não computar as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus na base de cálculo da CSLL, os valores ora cobrados devem ser re-apurados de forma a excluir essas receitas, em cumprimento ao provimento judicial em questão.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004
MULTA DE OFÍCIO DE 75%.
A multa de ofício de 75% está prevista em lei, razão pela qual deve ser exigida.
Numero da decisão: 1201-002.924
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso, para (i) afastar integralmente as cobranças de IRPJ; e (ii) afastar a CSLL exigida em relação às receitas provenientes de vendas à Zona Franca de Manaus, nos termos da diligência de fls. 1.275/1.281.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigenio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 INCENTIVO FISCAL SUDENE. ISENÇÃO IRPJ. Aplica-se a isenção do IRPJ quando o contribuinte, além de apresentar Portaria específica expedida pela Sudene, demonstra que o lucro da exploração corresponde, no período autuado, ao próprio lucro real. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2004 INCENTIVO FISCAL SUDENE. ISENÇÃO NÃO APLICÁVEL À CSLL. A isenção que beneficia as empresas instaladas na área de atuação da Sudene é dirigida exclusivamente ao IRPJ incidente sobre o lucro da exploração do empreendimento, não podendo ser estendida à CSLL por falta de previsão legal. RECEITAS DE EXPORTAÇÕES. IMUNIDADE. A imunidade prevista no art. 149, §2°, inciso I, da Constituição Federal, alcança apenas as contribuições sociais que possuem como materialidade de incidência o faturamento ou a receita, não se aplicando, portanto, à CSLL, cuja base de cálculo corresponde ao Lucro Liquido ajustado. RECEITAS DE VENDAS PARA ZONA FRANCA DE MANAUS. DECISÃO JUDICIAL QUE PERMITE SUA EXCLUSÃO PARA EFEITOS DE CSLL. Tendo em vista que a contribuinte possui em seu favor decisão judicial transitada em julgado, reconhecendo o direito de não computar as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus na base de cálculo da CSLL, os valores ora cobrados devem ser re-apurados de forma a excluir essas receitas, em cumprimento ao provimento judicial em questão. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004 MULTA DE OFÍCIO DE 75%. A multa de ofício de 75% está prevista em lei, razão pela qual deve ser exigida.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 INCENTIVO FISCAL SUDENE. ISENÇÃO IRPJ. Aplicase a isenção do IRPJ quando o contribuinte, além de apresentar Portaria específica expedida pela Sudene, demonstra que o lucro da exploração corresponde, no período autuado, ao próprio lucro real. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004 INCENTIVO FISCAL SUDENE. ISENÇÃO NÃO APLICÁVEL À CSLL. A isenção que beneficia as empresas instaladas na área de atuação da Sudene é dirigida exclusivamente ao IRPJ incidente sobre o lucro da exploração do empreendimento, não podendo ser estendida à CSLL por falta de previsão legal. RECEITAS DE EXPORTAÇÕES. IMUNIDADE. A imunidade prevista no art. 149, §2°, inciso I, da Constituição Federal, alcança apenas as contribuições sociais que possuem como materialidade de incidência o faturamento ou a receita, não se aplicando, portanto, à CSLL, cuja base de cálculo corresponde ao Lucro Liquido ajustado. RECEITAS DE VENDAS PARA ZONA FRANCA DE MANAUS. DECISÃO JUDICIAL QUE PERMITE SUA EXCLUSÃO PARA EFEITOS DE CSLL. Tendo em vista que a contribuinte possui em seu favor decisão judicial transitada em julgado, reconhecendo o direito de não computar as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus na base de cálculo da CSLL, os valores ora cobrados devem ser reapurados de forma a excluir essas receitas, em cumprimento ao provimento judicial em questão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 43 3. 00 01 79 /2 00 5- 70 Fl. 1297DF CARF MF 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 MULTA DE OFÍCIO DE 75%. A multa de ofício de 75% está prevista em lei, razão pela qual deve ser exigida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso, para (i) afastar integralmente as cobranças de IRPJ; e (ii) afastar a CSLL exigida em relação às receitas provenientes de vendas à Zona Franca de Manaus, nos termos da diligência de fls. 1.275/1.281. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigenio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de Autos de Infração (fls. 223/239 e 507/517) que exigem IRPJ e CSLL referentes aos quatro trimestres do ano calendário de 2004, acrescidos de multa de ofício de 75% e juros Selic, em razão das seguintes constatações: IRPJ: DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS) Durante o procedimento de verificações obrigatórias foram constatadas divergências entre os valores declarados e os Fl. 1298DF CARF MF Processo nº 13433.000179/200570 Acórdão n.º 1201002.924 S1C2T1 Fl. 3 3 valores escriturados do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). A contribuinte, em suas DCTF originais e retificadoras dos 4 trimestres do ano 2004, não declarou qualquer valor de IRPJ devido, conforme fls. 53 a 77. Também não efetuou no período qualquer recolhimento do imposto de renda. A escrituração contábil e fiscal da empresa, contudo, evidencia que a mesma apurou lucro nos quatro trimestres do referido ano, conforme Demonstrativo de Apuração do IRPJ do ano calendário 2004 (fl. 109), integrante do presente auto de infração, e cópias do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) do mesmo ano (fls. 100 a 108). Nas Demonstrações dos Resultados (DR), devidamente escrituradas no Livro Diário n° 016, a entidade provisionou valores para recolher o IRPJ, conforme Demonstrativo de fl. 109 e cópias das DR (fls. 78 a 99). CSLL: Durante o procedimento de verificações obrigatórias foram constatadas divergências entre os valores declarados e os valores escriturados. A fiscalizada apresentou DCTF's originais nos dias 12 de maio de 2004, 13 de agosto de 2004, 12 de novembro de 2004 e 15 de fevereiro de 2005, correspondentes aos tributos e contribuições federais cujos fatos geradores ocorreram no 1° trimestre de 2004, 2 ° trimestre de 2004, 3 ° trimestre de 2004 e 4 ° trimestre de 2004, respectivamente (fls. 53 a 65). Mesmo sob procedimento fiscal e ciente da possibilidade de lançamento de oficio de eventuais diferenças apuradas de CSLL (intimações e AR's anexos, fls. 44 a 51), a empresa apresentou em 22 de março de 2005 DCTF's retificadoras de todos os trimestres de 2004 (fls. 66 a 81). Os valores da CSLL apurados e declarados nestas últimas declarações são, em regra, superiores aos constantes nas declarações originais. Evidente o intuito da contribuinte de livrarse da multa de oficio em razão da iminência do lançamento a ser efetuado. Inacatáveis, portanto, as retificações pretendidas nas mencionadas DCTF's, haja vista a empresa encontrarse sob procedimento fiscal e, em razão disso, não gozar de espontaneidade para confissão de novos débitos, mormente para elidir a incidência da multa de oficio, nos termos do art. 138, parágrafo único do Código Tributário Nacional. Demonstrativo de Apuração da CSLL anexo (fl. 109), integrante do presente auto de infração, demonstra os valores declarados nas DCTF's originais e retificadoras, o valor da base de cálculo da CSLL, conforme demonstrativos apresentados pela fiscalizada (fls. 104 a 108), o valor provisionado na CSLL nas Demonstrações de Resultado (fls. 82 a 103) escrituradas no Livro Diário n ° 016 e o valor da diferença de CSLL a lançar, Fl. 1299DF CARF MF 4 resultado da diferença entre o valor provisionado e o valor constante na respectiva DCTF original. A contribuinte apresentou impugnações (fls. 243/245 e 521/543), alegando, em síntese: que as DCTF foram retificadas para sanar determinadas falhas decorrentes do erro de não contabilizar determinadas receitas de exportações e de vendas para a Zona Franca de Manaus e para empresas comerciais exportadoras; que o lucro apurado corresponde à atividade incentivada pela SUDENE, conforme Portaria DAI/ITE 0168/2000, que reconheceu o direito à isenção total (100%) do IRPJ sobre o lucro da exploração de industrialização de produtos alimentares, referente ao ano calendário 1997 a 2006. que, por ser beneficiária da isenção do IRPJ, goza da isenção da parcela da CSLL que foi transformada em IRPJ ou, quando menos, que o incentivo da isenção do IRPJ enseja o reconhecimento de no mínimo 20% (vinte por cento) de isenção da CSLL, conforme EC n.° 27/2000 e suas alterações; e por ser empresa exportadora, não deve computar as receitas de exportação na determinação da base de cálculo da CSLL. Em Sessão de 29 de novembro de 2007 a DRJ/REC julgou as defesas improcedentes por meio de decisão de fls. 569/577, que restou assim ementada: DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E DECLARADOS/PAGOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Constatado que o sujeito passivo declarou/pagou a menor valores escriturados em seus livros fiscais/contábeis, legitima a tributação da diferença apurada. ISENÇÃO CONCEDIDA PELA SUDENE. ALCANCE DO BENEFÍCIO. 0 incentivo fiscal de isenção do Imposto de Renda Pessoa Jurídica deve incidir apenas sobre o resultado da atividade operacional objeto do beneficio, fazendose imprescindível a apuração do lucro da exploração, base de calculo do referido favor fiscal. DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E DECLARADOS/PAGOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Constatado que o sujeito passivo declarou/pagou a menor valores escriturados em seus livros fiscais/contábeis, legitima a tributação da diferença apurada. CSLL. ISENÇÃO SOBRE 0 LUCRO DA EXPLORAÇÃO. PREVISÃO LEGAL. AUSÊNCIA. Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 13433.000179/200570 Acórdão n.º 1201002.924 S1C2T1 Fl. 4 5 A isenção que beneficia as empresas instaladas na área de atuação da Sudene abrange apenas o Imposto de Renda e seus adicionais não restituíveis incidentes sobre o lucro da exploração do empreendimento, vedada a sua extensão à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, por ausência de amparo legal. RECEITAS DE EXPORTAÇÕES. IMUNIDADE. A imunidade de que trata o art. 149, §2°, inciso I, da Constituição Federal, alcança apenas as contribuições sociais que possuem como base de incidência o faturamento ou a receita, não se aplicando, portanto, à Contribuição Social sobre o Lucro Liquido. ALEGAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A impugnação deve estar instruída com todos os documentos e provas que possam fundamentar as contestações de defesa. Não têm valor as alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando for este o meio pelo qual devam ser provados os fatos alegados. DCTF. RETIFICAÇÃO. AÇÃO FISCAL. Não será aceita a retificação da DCTF que tenha por objeto alterar os débitos relativos a tributos e contribuições em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado do inicio de procedimento fiscal. Intimada dessa decisão em 24/01/2008 (fl. 587), a contribuinte interpôs, em 20/02/2008, recurso voluntário (fls. 589/663). Reitera os argumentos de defesa, anexa documentos que ratificariam seu direito à isenção e aduz que a multa de ofício de 75% seria confiscatória. Encaminhados os autos para o CARF, essa Colenda Turma converteu o julgamento do recurso voluntário em diligência (fls. 681/686), nos seguintes termos: Diante do exposto, voto no sentido de que os presentes autos sejam encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Mossoró/RN para: a) intimar a pessoa jurídica a apresentar a alegada Portaria/Declaração expedida pela SUDENE onde é reconhecida a isenção total do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ; e fazer juntada aos autos, e, b) juntar a DIPJ/2005, bem como outros elementos/informações que entender necessários. Realizada a diligência, deve ser elaborado relatório circunstanciado, do qual deve ser dada ciência ao Contribuinte Fl. 1301DF CARF MF 6 para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. Após intimada, a contribuinte apresentou resposta às fls. 694, anexando a DIPJ do exercício 2005 (fls. 696/733), Portaria expedida pela Sudene (fls. 734/736) e decisão judicial (fls. 737/748) que reconheceu o direito de excluir as receitas provenientes da Zona Franca de Manaus da base de cálculo da CSLL A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Mossoró/RN encaminhou o seguinte despacho (fl.870): DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO A Resolução 1201000.201 da 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, às folhas 681 a 686, requeria a intimação da pessoa jurídica para a apresentação de Portaria/Declaração expedida pela SUDENE e a anexação da DIPJ 2005. Uma vez cumpridas as exigências, requeria, ainda, a elaboração de relatório circunstanciados e a abertura de prazo ao contribuinte para a manifestação.Uma vez que o contribuinte, no próprio documento apresentado às folhas 694 a 748, já efetuou a manifestação reiterando os motivos pelos quais entende que o Auto de Infração deve ser anulado, inclusive com a juntada de uma Decisão Judicial, devolvo o processo ao setor oriundo da diligência para prosseguimento. Em seguida o CARF solicitou nova diligência (fls. 875/876), assim formulada: A decisão judicial com trânsito em julgado, a que se reporta o contribuinte (efl. 694), suscitada em sede de diligência, e confirmada pela DRF de Mossoró no Despacho de Encaminhamento (efl.870), referese ao direito de a pessoa jurídica excluir da base de cálculo da CSLL, os lucros decorrentes de vendas à Zona Franca de Manaus (ZFM). Desse modo, para complementar a Resolução nº 1201000.201, de 07/04/2016, proponho que os presentes autos retornem à DRF de Mossoró/RN para junto ao contribuinte verificar e informar se toda a base de cálculo da CSLL, dos trimestres do ano calendário de 2004, é composta apenas de receitas decorrentes de vendas à Zona Franca de Manaus (ZFM). Em caso negativo, demonstrar qual a base de cálculo e CSLL em comento deve restar após excluir da base de cálculo da CSLL, os lucros decorrentes de vendas à Zona Franca de Manaus (ZFM), em consonância com a decisão judicial apontada. Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 13433.000179/200570 Acórdão n.º 1201002.924 S1C2T1 Fl. 5 7 O resultado da diligência foi objeto de relatório circunstanciado (fls. 1.275/1.281), do qual a contribuinte se manifestou às fls. 1.293. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Henrique Marotti Toselli, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais pressupostos legais de admissibilidade, razão pela qual dele conheço e passo a apreciálo. Da isenção de IRPJ Em primeiro lugar, cumpre observar que, nos termos do Contrato Social (fl. 669), a Recorrente tem como objeto social: Por meio da Portaria DAI/ITE 0168/2000 (fls. 734/736), emitida pela Sudene, verificase que realmente a Recorrente pôde se valer da isenção de IRPJ, durante os anos calendário de 1997 a 2006, sobre o lucro da exploração dessa atividade. Assim dispõe o ato concessório: Fl. 1303DF CARF MF 8 Com base na DIPJ (fls. 696/733), a qual, digase, está em total conformidade com a escrituração (fls. 161/198), notase também que, no anocalendário de 2004 (período autuado), todas as receitas auferidas pela Recorrente e, consequentemente, o lucro do período, diz respeito às atividades incentivadas em questão. Houve, aliás, o preenchimento correto das fichas referentes ao Lucro da Exploração (fls. 712/715 e 720/723), que atestam que todo o lucro de fato seria proveniente do empreendimento enquadrado na referida Portaria e que nunca foram questionadas pela fiscalização. Feitas essas considerações, entendo que restou comprovado e demonstrado que o Lucro da Exploração do ano calendário de 2004 corresponde ao próprio Lucro Real, o que garante o direito da Recorrente quanto à isenção do IRPJ ora cobrado. Da CSLL No que diz respeito à CSLL, nenhum reparo cabe à decisão recorrida, quando assim concluiu: 13. A isenção que beneficia as empresas instaladas na área de atuação da Sudene abrange apenas o Imposto de Renda e seus adicionais não restituíveis incidentes sobre o lucro da exploração do empreendimento, inexistindo amparo legal para a extensão do beneficio CSLL. Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 13433.000179/200570 Acórdão n.º 1201002.924 S1C2T1 Fl. 6 9 14. A impugnante, a teor de sua defesa, não reclama propriamente a isenção sobre a CSLL, o que, como visto, carece de previsão legal. A tese construída pela empresa é no sentido de que, por razões que elenca, parte da contribuição se transforma no próprio IRPJ, e é sobre essa parcela que propugna pela isenção. 15. A tese não tem qualquer sustentação legal. [...] Da Imunidade da CSLL 16. No que respeita a receitas de exportação, cujo auferimento também não foi comprovado pela impugnante, cumpre enfatizar que, relativamente as contribuições sociais, a imunidade prevista na Constituição Federal abrange apenas aquelas cuja hipótese de incidência seja a receita, não alcançando, portanto, a CSLL, cuja incidência se dá sobre o lucro. Destaquese que o conceito de lucro não se confunde com o de receita, distinção esta albergada expressamente pela própria Constituição Federal (art. 195, I, "h" e "c"). Ressaltese, nesse contexto, que o STF já decidiu que a imunidade prevista no art. 149, § 2º, I, da Constituição, introduzida pela Emenda Constitucional nº 33/2001, não alcança a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), haja vista a distinção ontológica entre os conceitos de lucro e receita (RE 474.132, DJe 30/11/2010), o que significa dizer que a tese sustentada pelo contribuinte não tem como prosperar. No que concerne, porém, a incidência da CSLL sobre o lucro proveniente de vendas para a Zona Franca de Manaus, restou comprovado que a Recorrente possui amparo em decisão judicial (fls. 737/748), transitada em julgado, que reconheceu seu direito de não oferecêlas à essa tributação. Por ocasião da diligência, que resultou no relatório de fls. 1.275/1.281, a autoridade responsável percebeu que no demonstrativo apresentado pelo contribuinte (fls. 881) conteria equívocos, bem como que teriam sido contempladas notas fiscais que registraram vendas para localidades que não compõem a Zona Franca de Manaus. Em seguida, concluiu a diligência que: Fl. 1305DF CARF MF 10 O critério e metodologia empregados na diligência estão coerentes com o provimento judicial conferido ao contribuinte, devendo a CSLL ser reduzida nesses termos. Multa de ofício de 75% Quanto à incidência da multa de ofício, dispõe o artigo 44, I, da Lei nº 9.430/96 que: “Artigo 44 Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata.” Notase, assim, que a multa de ofício no percentual de 75% tem previsão legal, razão pela qual foi corretamente exigida pela autoridade fiscal autuante. Quanto ao argumento de que esse percentual representaria confisco, cumpre observar que trata de matéria que envolveria análise de constitucionalidade, matéria esta que foge da competência deste E. Tribunal Administrativo, conforme a Súmula nº 02 do CARF: Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 13433.000179/200570 Acórdão n.º 1201002.924 S1C2T1 Fl. 7 11 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Por todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO para (i) afastar integralmente as cobranças de IRPJ; e (ii) afastar a CSLL exigida em relação às receitas provenientes de vendas à Zona Franca de Manaus, nos termos da diligência de fls. 1.275/1.281. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 1307DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.000346/2009-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NECESSIDADE DE EFETIVA COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO RELATIVA. ÔNUS DA PROVA.
Tributam-se como rendimentos omitidos, os acréscimos patrimoniais a descoberto, caracterizados por sinais exteriores de riqueza, que evidenciam a renda auferida e não declarada, não justificados pelos rendimentos declarados, tributáveis, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte. Em se tratando de presunção legal relativa, cabe ao contribuinte o ônus da prova no que diz respeito à origem dos recursos que busquem justificar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO TRABALHISTA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DAS PARCELAS ISENTAS.
Não apresentando o contribuinte, quando intimado para tal, documentos hábeis a demonstrar que os rendimentos auferidos seriam isentos para fins de imposto sobre a renda, devem os mesmos ser tributados como rendimentos omitidos.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) Nº 614.406/RS. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA.
A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Os RRA devem ser apurados com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente.
DEDUÇÃO DE DEPENDENTES. CUMULAÇÃO COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. IMPOSSIBILIDADE.
É vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente quando já deduzida a pensão alimentícia judicial paga ao mesmo.
APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. FORMA QUALIFICADA. INTUITO DE FRAUDE.
O lançamento foi realizado com a aplicação da multa de ofício, nos termos do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996, de forma correta, não havendo, portanto, qualquer insubsistência quanto à incidência da multa aplicada. Aplicada em sua forma qualificada, no percentual de 150%, em razão de haver nos autos indícios que caracterizam o evidente intuito de fraude.
MULTA DE OFÍCIO E MULTA APLICADA ISOLADAMENTE DO CARNÊ-LEÃO. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
No tocante aos fatos geradores implementados até o ano-calendário de 2006 a concomitância da aplicação da multa aplicada isoladamente e da multa de oficio não se afigura legítima quando incidente sobre uma mesma base de cálculo. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 2401-006.156
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar, em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente, no valor de R$ 14.942,34, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência) e para excluir do lançamento a multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda (carnê-leão).
(Assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andréa Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier (Presidente). Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005, 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NECESSIDADE DE EFETIVA COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO RELATIVA. ÔNUS DA PROVA. Tributam-se como rendimentos omitidos, os acréscimos patrimoniais a descoberto, caracterizados por sinais exteriores de riqueza, que evidenciam a renda auferida e não declarada, não justificados pelos rendimentos declarados, tributáveis, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte. Em se tratando de presunção legal relativa, cabe ao contribuinte o ônus da prova no que diz respeito à origem dos recursos que busquem justificar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO TRABALHISTA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DAS PARCELAS ISENTAS. Não apresentando o contribuinte, quando intimado para tal, documentos hábeis a demonstrar que os rendimentos auferidos seriam isentos para fins de imposto sobre a renda, devem os mesmos ser tributados como rendimentos omitidos. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) Nº 614.406/RS. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Os RRA devem ser apurados com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. DEDUÇÃO DE DEPENDENTES. CUMULAÇÃO COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente quando já deduzida a pensão alimentícia judicial paga ao mesmo. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. FORMA QUALIFICADA. INTUITO DE FRAUDE. O lançamento foi realizado com a aplicação da multa de ofício, nos termos do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996, de forma correta, não havendo, portanto, qualquer insubsistência quanto à incidência da multa aplicada. Aplicada em sua forma qualificada, no percentual de 150%, em razão de haver nos autos indícios que caracterizam o evidente intuito de fraude. MULTA DE OFÍCIO E MULTA APLICADA ISOLADAMENTE DO CARNÊ-LEÃO. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. No tocante aos fatos geradores implementados até o ano-calendário de 2006 a concomitância da aplicação da multa aplicada isoladamente e da multa de oficio não se afigura legítima quando incidente sobre uma mesma base de cálculo. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2112; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11020.000346/200932 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401006.156 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de abril de 2019 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente ANDRE MENEGHETTI SIMON Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005, 2006 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. NECESSIDADE DE EFETIVA COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO RELATIVA. ÔNUS DA PROVA. Tributamse como rendimentos omitidos, os acréscimos patrimoniais a descoberto, caracterizados por sinais exteriores de riqueza, que evidenciam a renda auferida e não declarada, não justificados pelos rendimentos declarados, tributáveis, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte. Em se tratando de presunção legal relativa, cabe ao contribuinte o ônus da prova no que diz respeito à origem dos recursos que busquem justificar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AÇÃO TRABALHISTA. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DAS PARCELAS ISENTAS. Não apresentando o contribuinte, quando intimado para tal, documentos hábeis a demonstrar que os rendimentos auferidos seriam isentos para fins de imposto sobre a renda, devem os mesmos ser tributados como rendimentos omitidos. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). RECURSO EXTRAORDINÁRIO (RE) Nº 614.406/RS. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA. A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Os RRA devem ser apurados com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 03 46 /2 00 9- 32 Fl. 978DF CARF MF 2 DEDUÇÃO DE DEPENDENTES. CUMULAÇÃO COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. IMPOSSIBILIDADE. É vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente quando já deduzida a pensão alimentícia judicial paga ao mesmo. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. FORMA QUALIFICADA. INTUITO DE FRAUDE. O lançamento foi realizado com a aplicação da multa de ofício, nos termos do artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430/1996, de forma correta, não havendo, portanto, qualquer insubsistência quanto à incidência da multa aplicada. Aplicada em sua forma qualificada, no percentual de 150%, em razão de haver nos autos indícios que caracterizam o evidente intuito de fraude. MULTA DE OFÍCIO E MULTA APLICADA ISOLADAMENTE DO CARNÊLEÃO. CONCOMITÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. No tocante aos fatos geradores implementados até o anocalendário de 2006 a concomitância da aplicação da multa aplicada isoladamente e da multa de oficio não se afigura legítima quando incidente sobre uma mesma base de cálculo. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar, em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente, no valor de R$ 14.942,34, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência) e para excluir do lançamento a multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda (carnêleão). (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Andréa Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier (Presidente). Ausente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 979DF CARF MF Processo nº 11020.000346/200932 Acórdão n.º 2401006.156 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre – RS (DRJ/POA) que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo o Crédito Tributário exigido, conforme ementa do Acórdão nº 1020.038 (fls. 931/949): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006, 2007 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO OMISSÃO DE RENDIMENTOS Caracteriza a omissão de rendimentos o acréscimo patrimonial a descoberto apurado mensalmente e não elidido com a comprovação de rendimentos tributados, não tributáveis ou isentos e exclusivo de fonte. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos informados para acobertar seus dispêndios gerais e aquisições de bens e direitos. PROVA. REQUISITOS EXTRÍNSECOS. OPOSIÇÃO A FAZENDA PÚBLICA. Os contratos particulares, para serem oponíveis a Fazenda Pública, devem estar registrados no registro público (Código Civil, art. 221) e comprovados por outros subsídios. DEPENDENTES É vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO CARNÉLEÃO Não tendo sido efetuado o recolhimento mensal obrigatório (carnesleão) do imposto de renda pessoa física, cabível a aplicação da multa isolada MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA Mantido o lançamento da multa de oficio qualificada no percentual de 150%, tendo em vista os indícios e as circunstancias que levam caracterização do evidente intuito de fraude. Lançamento Procedente Fl. 980DF CARF MF 4 O presente processo trata de Auto de Infração (fls. 744/758), lavrado contra o Contribuinte em 28/01/2009, relativo aos exercícios 2006 e 2007, decorrente da omissão de rendimentos percebidos de pessoa jurídica, variação patrimonial a descoberto e glosa de dependentes, no qual é exigido a título de Imposto de Renda Pessoa Física IRPF o valor de R$ 152.970,80, Multa Proporcional, passível de redução, no valor de R$ 229.456,19, Multa Exigida Isoladamente, passível de redução, no valor de R$ 2.434,02 e Juros de Mora, calculados até 12/2008, no valor de R$ 46.460,69, ficando o Crédito Tributário exigido no montante total de R$ 431.321,70. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 760/792): 1. As declarações de IRPF do Contribuinte referente aos exercícios 2006 e 2007 foram objeto de fiscalização devidamente autorizados conforme Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização N° 10.1.06.002007005043, datado de 03/12/2007; 2. O contribuinte tomou ciência do Termo Fiscal em 10/12/2007, conforme consta em AR — Aviso de Recebimento dos Correios. Nessa intimação foram solicitados, relativamente aos anos de 2005 e 2006: os comprovantes desmembrados mensalmente de todos os rendimentos tributáveis recebidos de pessoa jurídica e/ou física, dos rendimentos isentos e não tributáveis e dos tributados exclusivamente na fonte; os Informes de Rendimentos Anuais fornecidos pelas 'Instituições Financeiras; a comprovação dos empréstimos obtidos; a confirmação ou não da existência dos valores declarados nas DIRPF como "dinheiro em espécie", informando a origem desses recursos; os documentos relativos as aquisições e alienações de bens e direitos, e copia do Contrato Social e respectivas alterações das empresas. das quais o contribuinte é sócio, dentre elas, Pousada Bell Mare LtdaME, CNPJ no 07.594.391/000169 e André Meneguetti Simon & Cia Ltda, CNPJ n° 06.140.340/000102. Também foi solicitado, ao contribuinte, a comprovação da relação de dependência daqueles relacionados como dependentes em suas Declarações do Imposto de Renda Pessoa Física, mediante apresentação de documentação, e cópia da sentença judicial ou acordo homologado judicialmente relativo às pensões alimentícias declaradas; 3. Após sucessivas dilações de prazo, em 29/04/2008, o contribuinte apresentou os documentos e esclarecimentos que julgou pertinentes. Cumprindo observar, que o contribuinte obteve 141 (cento e quarenta e um dias) para apresentar os documentos/esclarecimentos solicitados desde o inicio do procedimento fiscal; 4. A Variação Patrimonial a Descoberto verificada nos anos de 2005 e 2006 foi considerada como rendimento omitido e acrescida aos rendimentos tributados, de acordo com o que dispõe o art. 55 XIII do RIR/99, e demais atos legais mencionados no presente Auto de Infração; 5. Constatado que o contribuinte considerou como dedução da base de calculo do imposto em suas Declarações do Imposto de Renda Física dos anos de 2003 a 2006, o valor correspondente a 03 (três) dependentes (filhos), e ainda, deduziu o valor de pensão alimentícia Fl. 981DF CARF MF Processo nº 11020.000346/200932 Acórdão n.º 2401006.156 S2C4T1 Fl. 4 5 relativamente a pagamentos efetuados a Rosângela Maria Angrizani Simon e Ana Mariza Peres Rios, foi o mesmo, por meio do Termo de Inicio de Fiscalização Intimação Fiscal nº 001/2007, datado de 04/12/2007, com ciência em 10/12/2007, intimado a apresentar relativamente as deduções da base de calculo do imposto nos anos calendário de 2003 a 2006. Destaca o contribuinte que "o profissional que confeccionou a declaração do contribuinte indicou como dedução os valor das pensões judiciais descontadas em folha, mas manteve os filhos do contribuinte como seus dependentes. Protesta o contribuinte pela correção da informação”; 6. O contribuinte firmou contrato de prestação de Serviços em 05/11/2005, com a empresa Kiwito Malhas e' Confecções Ltda, CNPJ n° 00.223.482/000149, pelo qual recebeu a título de honorários o valor de R$ 10.000,00, da seguinte forma: uma parcela de R$ 3.000,00 por ocasião da contratação dos trabalhos ou seja, 05/11/2005, e mais duas parcelas de R$ 3.500,00 com vencimento em 05/12/2005 e 05/01/2006. Portanto, para o ano de 2005 recebeu o valor de R$ 6.500,00 (uma parcela 3.000,00 e uma de R$ 3.500,00). Tendo o contribuinte declarado na DIRPF/2006 o valor de R$ 6.000,00, apurouse omissão de rendimento tributável no valor de R$ 500,00. Já para o ano de 2006, o contribuinte não declarou os honorários recebidos correspondente à parcela de R$ 3.500,00 recebida em 05/01/2006, sendo este valor levado á tributação a título de omissão de rendimentos. Com relação ao valor de R$ 14.942,34 declarado pelo contribuinte como isento em sua DIRPF/2007, o mesmo informou que referido valor foi recebido em 23/08/2006 relativamente a uma ação trabalhista movida contra a Caixa Econômica Federal. Intimado a apresentar o comprovante dos rendimentos recebidos, petição inicial e sentença, bem como o demonstrativo dos cálculos (para verificação de parcelas isentas), e recibo de honorários advocatícios pagos vinculados à ação, caso existente, o contribuinte não se manifestou a respeito. Portanto, como o contribuinte não apresentou comprovação hábil para comprovar que o rendimento auferido é isento para fins do imposto de renda, o valor recebido na ação trabalhista no valor de R$ 14.942,34 está sendo levado à tributação a título de omissão de rendimentos. 7. Como houve o pagamento de CarnêLeão calculado sobre rendimentos mensais de valores inferiores ao total do rendimento apurado, cabe a cobrança de multa isolada sobre a diferença sobre a diferença do imposto que deixou de ser recolhido. 8. Aplicouse o percentual de 150% da multa de ofício com base no art. 44 da Lei 9.430/96, uma vez que o contribuinte utilizouse de documentos os quais deveria saber ser falso ou inexato (contrato de compra e venda e aditivo contratual referente ao imóvel adquirido em Fl. 982DF CARF MF 6 FlorianópolisSC); omitiu informação na DIRPF/2006 referente à aquisição de bens (imóvel em Florianópolis SC), ainda inserindo informação falsa na DIRPF/2007 relativamente a empréstimo contraído no ano para aquisição deste imóvel, o qual segundo informação do contribuinte não existe; utilizouse de dedução indevida de dependentes para redução de base de cálculo do imposto e omitiu rendimentos tributáveis, caracterizando, em tese, evidente intuito de fraude/sonegação. O Contribuinte foi cientificado do Auto de Infração, via Correio, em 03/02/2009 (AR fl. 796) e, em 02/03/2009, apresentou sua Impugnação de fls. 803/823, instruída com os documentos de fls. 825 a 928. O Processo foi encaminhado à DRJ/POA para julgamento, onde, através do Acórdão nº 1020.038, em 24/06/2009 a 4ª Turma resolveu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação apresentada, mantendo o lançamento. O Contribuinte tomou ciência do Acórdão da DRJ/POA, via Correio (AR fl. 955), em 06/07/2009 e, inconformado com a decisão prolatada, em 31/07/2009, tempestivamente, apresentou seu RECURSO VOLUNTÁRIO de fls. 957/971, por meio da qual contesta o lançamento e, em síntese, argumenta que: 1. O julgamento proferido pela DRJ/POA não logrou êxito em desqualificar a documentação apresentada em sede de impugnação; 2. Aponta como cerne da questão do acréscimo patrimonial a descoberto e consequente omissão de rendimentos o valor do imóvel adquirido, uma vez que alega que fora adquirida apenas a posse do mesmo e não a propriedade, razão pela qual a avaliação apresentada pelo Fisco não condiz com o valor declarado como pago pelo Contribuinte, sendo, portanto, descabido o arbitramento realizado; 3. No tocante à omissão de rendimentos decorrente de Ação Trabalhista limitase a argumentar que o imposto deve ser recolhido na fonte, cabendo ao Fisco solicitar o comprovante de recolhimento à fonte pagadora; 4. Em relação à glosa dos dependentes alega apenas que o mesmo é descontado na folha de pagamento. 5. Seguindo, atesta ser o Contribuinte trabalhador assalariado e como tal deveria ter seus rendimentos pagos exclusivamente na fonte, cabendo assim, ao banco empregador reter o imposto de renda, em virtude de sua natureza de substituto tributário. Afirma ainda que neste ponto não foi especificada qual a irregularidade encontrada, devendo ser desconsiderada posto que impossibilita seu direito de defesa. 6. Por fim, no que diz respeito à multa de ofício atesta ser a mesma acessória à autuação realizada e por ser esta inválida aquela também o seria. Defende ainda que, caso a mesma seja mantida não seja em sua forma qualificada, posto que o Contribuinte é primário e não conta com outras autuações. Fl. 983DF CARF MF Processo nº 11020.000346/200932 Acórdão n.º 2401006.156 S2C4T1 Fl. 5 7 Finaliza seu RV requerendo que o Auto de Infração seja anulado em decorrência da boafé do Contribuinte em relação ao contrato de compra e venda do bem imóvel. É o relatório. Voto Conselheiro Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Acréscimo patrimonial a descoberto Em razões recursais, o contribuinte se insurge contra a imputação de variação patrimonial a descoberto. Alega a insubsistência do lançamento posto que para fins de lançamento o Fisco considerou como pago pela compra e venda de imóvel um valor diferente daquele informado pelo contribuinte em sua DIRPF, bem como do constante do contrato apresentado. A fiscalização chegou à conclusão de que o contribuinte apresentou Acréscimo Patrimonial a Descoberto incompatível aos seus rendimentos declarados e tributados, cujos resultados finais foram considerados como base de cálculo para lançamento e constituição do crédito tributário através da lavratura do Auto de Infração. Pois bem. A legislação tributária define o acréscimo patrimonial a descoberto como fato gerador do imposto de renda, conforme CTN, art. 43, II: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Fl. 984DF CARF MF 8 § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) (Grifei) No mesmo sentido temos o artigo 3º da Lei nº 7.713 de 1988 dispõe que o imposto de renda incide sobre o rendimento bruto constituído, também, pelos acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados, in verbis: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. [...] § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. […] § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (Grifei) Conforme dispunha o Regulamento do Imposto de Renda (Decreto no 3.000/1.999) são tributáveis o acréscimo patrimonial da pessoa física quando não estiver justificado, podendo a autoridade fiscal exigir do contribuinte os esclarecimentos que se fizerem necessários para justificar a origem dos recursos e o destino dos dispêndios. Vejamos: Art. 55. São também tributáveis: [...] XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; Art. 806. A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessários acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio (Lei no 4.069, de 1962, art. 51, § 1º). Art. 807. O acréscimo do patrimônio da pessoa física está sujeito à tributação quando a autoridade lançadora comprovar, à vista das declarações de rendimentos e de bens, não corresponder esse aumento aos rendimentos declarados, salvo se o contribuinte provar que aquele acréscimo teve origem em rendimentos não tributáveis, sujeitos à tributação definitiva ou já tributados exclusivamente na fonte. (Grifamos). Fl. 985DF CARF MF Processo nº 11020.000346/200932 Acórdão n.º 2401006.156 S2C4T1 Fl. 6 9 Como se verifica, a própria lei define que na ocorrência de um acréscimo patrimonial incompatível com os rendimentos declarados, presumese a existência de aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica de renda. Destarte, para que o contribuinte não sofra a tributação do Imposto de Renda após a constatação da variação patrimonial a descoberto, necessário se faz que ele demonstre que os acréscimos patrimoniais levantados são suportados por rendimentos já tributados, isentos ou não tributáveis, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea. Passamos assim à análise da documentação apresentada pelo Recorrente. Em sede de Recurso Voluntário limitase a argumentar a inexistência de referido acréscimo patrimonial a descoberto, uma vez que o valor efetivamente pago pelo imóvel teria sido, de fato, aquele constante do contrato de compra e venda apresentado por ocasião da fiscalização, e não o arbitrado pela autoridade fiscal. Para justificar a significativa diferença entre o valor que afirma ter pago e o valor de avaliação do referido imóvel, afirma que por meio do negócio jurídico celebrado adquiriu exclusivamente a posse do imóvel e não sua propriedade. Entretanto, ao compulsarse sobre os documentos apresentados pelo Recorrente, quais sejam, o Contrato de Compra e Venda (fls. 49 a 53) e o Aditivo Contratual (fls. 303 a 305) vislumbrase que ambos dispõem acerca da aquisição da PROPRIEDADE do imóvel, não fazendo qualquer menção à aquisição de mera posse. De se ressaltar ainda que o contribuinte, por ocasião do procedimento fiscal, fora intimado e reintimado a apresentar documentação que comprovasse deter unicamente a posse do imóvel, sendo que a esse respeito nada apresentou. Igualmente não custa repisar a ausência de força probante do aditivo contratual apresentado com fito de comprovar a operação de compra e venda, bem como sua forma de pagamento. Isto se diz porque há significativa distinção entre a assinatura do vendedor por ocasião do contrato original e do aditivo e o número de CPF de ambas testemunhas é inexistente. Não há, portanto, como se considerar o argumento trazido pelo contribuinte, posto que não munido de qualquer meio probatório que lhe dê substrato. Havendo, neste caso, que prevalecer o valor do imóvel arbitrado pelo Fisco e apurado por meio de Laudo de Avaliação elaborado pela Caixa Econômica Federal sendo, portanto, adotada a avaliação de mercado em janeiro de 2005 no valor de R$ 1.320.000,00 (Um milhão, trezentos e vinte mil reais), posto que é caso de aplicação do o art. 124 do RIR/99, que dispõe: Art. 124. A autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará o valor ou prego, sempre que não mereça fé, por notoriamente diferente do de mercado, o valor ou preço informado pelo contribuinte, ressalvada, em caso, de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. É sabido, outrossim, que em se tratando de acréscimo patrimonial a descoberto referida comprovação ocorre por meio da elaboração de planilhas (fluxos de caixa), que são alimentadas com todas as origens de recurso constatadas no curso da ação fiscal e de outro lado todas as disponibilidades e dispêndios verificados no referido período. A partir daí, Fl. 986DF CARF MF 10 constatandose que as aplicações superam as origens declaradas sucede a figura do acréscimo patrimonial a descoberto. No caso presente, a fiscalização elaborou o Demonstrativo de Apuração de Variação Patrimonial – Fluxo Financeiro Mensal (fls. 728 a 730). Ocorre que, por existir presunção legal que milita em favor da Fazenda Pública, caberia ao então Recorrente a incumbência de demonstrar de maneira satisfatória que o acréscimo patrimonial experimentado encontrase consubstanciado em rendimentos já tributados, isentos ou não tributáveis. Entretanto, através da análise da documentação apresentada pelo mesmo não há qualquer comprovação de sua alegação capaz de ilidir a presunção sobre a qual fundase a autuação fiscal. Desta feita, provada pelo fisco a aquisição de bens e aplicações de recursos, bem como não logrando êxito o Recorrente em fazer prova do contrário, de forma clara e consistente, há que ser mantida a autuação. Omissão de rendimentos decorrentes de Ação Trabalhista No tocante ao valor de R$ 14.942,34 (fl. 925) lançado como omissão de rendimentos decorrentes de Ação Trabalhista o Recorrente argumenta em sede de recurso que o imposto deve ser recolhido na fonte, cabendo ao Fisco solicitar o comprovante de recolhimento à fonte pagadora. Afirma que o pagamento foi realizado pela Instituição Financeira, CEF, sem a correspondente Retenção do Imposto de Renda na Fonte, tendo em vista o disposto no Art. 2°, inciso V da Instrução Normativa n.° 02/92, que prevê isenção. Cumpre esclarecer ainda que mesmo competindo à fonte pagadora a responsabilidade pela retenção do imposto, o referido não escusa o contribuinte da obrigação de tributar os rendimentos em sua declaração de ajuste anual. Ocorre que tratam de rendimentos que foram recebidos de forma acumulada por força de ação trabalhista. Em sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) realizada no dia 23/10/2014, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 614.406/RS, com repercussão geral reconhecida, redator para o acórdão Ministro Marco Aurélio, o Plenário da Corte admitiu a invalidade do art. 12 da Lei nº 7.713, de 27 de dezembro de 1988, no que tange à sistemática de cálculo para a incidência do imposto sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, por violar os princípios da isonomia e da capacidade contributiva. Com efeito, afastando o regime de caixa, o Tribunal acolheu o regime de competência para o cálculo mensal do imposto de renda devido pela pessoa física, com a utilização das tabelas progressivas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Eis a ementa desse julgado: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para Fl. 987DF CARF MF Processo nº 11020.000346/200932 Acórdão n.º 2401006.156 S2C4T1 Fl. 7 11 efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. Em 09/12/2014, o Recurso Extraordinário nº 614.406/RS transitou em julgado, tornando definitiva a decisão. Diante desse contexto fático, o § 2º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, com a redação dada pela Portaria MF nº 152, de 3 de maio de 2016, assim estabelece: Art. 62. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. A exigência de que o imposto incidirá no mês da percepção dos valores, sobre o total de rendimentos acumulados, aplicandose a tabela progressiva vigente no mês desse recebimento, foi considerada em descompasso com o texto constitucional, em decisão definitiva de mérito na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil. O entendimento da Corte Suprema deverá ser reproduzido no âmbito deste Conselho. Desse modo, a unidade da RFB encarregada da liquidação e execução deste acórdão deverá manter a incidência do imposto de renda no mês de recebimento, porém o cálculo deve considerar as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos, realizandose o cálculo de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. Dedução indevida de dependentes No tocante à dedução indevida de dependentes, por ocasião de seu recurso, de forma confusa e em apenas um parágrafo limitase a explicitar que os valores são descontados diretamente de sua folha de pagamento. Entretanto, é necessário esclarecer que o contribuinte apresentou em sua DIRPF deduções relativas a dependentes bem como de pagamento daquela relativa ao pagamento de pensão alimentícia referente aos mesmos beneficiários, acumulação esta inadmissível nos termos do artigo 78, § 1° do RIR 1999, que dispõe: Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). Fl. 988DF CARF MF 12 § 1º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. Resta claro então que o filho somente pode constar como dependente na declaração daquele que detém a sua guarda judicial. Pode o responsável pelo pagamento da pensão alimentícia deduzir o valor efetivamente pago a este título, sendo vedada a dedução do valor correspondente ao dependente. Em razão disso há que ser mantida a glosa dos dependentes. Multa de ofício qualificada Considera o Recorrente que no tocante à multa aplicada em razão de descumprimento de obrigação tributária, a partir do momento que a obrigação principal encontrase viciada, esta por deter natureza acessória segue a mesma sorte. Ocorre que, em razão de entenderse pela manutenção do lançamento (obrigação principal) ainda é devida a obrigação acessória de pagamento da multa. Pugna ainda para que em sendo a mesma mantida, não o seja em sua forma qualificada, posto que o Contribuinte é primário e não conta com outras autuações. No tocante à aplicação da multa de ofício necessário trazer à tona a legislação que trata do tema, qual seja a Lei n° 9.430, de 1996 em seu artigo 44: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II de cento e cinquenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n.° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. De seu turno os supramencionados artigos da Lei n.° 4.502, de 1964, preceituam, in verbis: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impediu retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; Fl. 989DF CARF MF Processo nº 11020.000346/200932 Acórdão n.º 2401006.156 S2C4T1 Fl. 8 13 II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Verificase, pois, que para a incidência da multa de ofício em sua forma qualificada independem as condições pessoais do autuado, devendo, em realidade, aterse à comprovação das hipóteses previstas na supracitada legislação. A autoridade fiscal entendeu pelo cabimento da multa qualificada em razão de haver o Recorrente utilizadose de documentos sabidamente falsos e/ou inexatos, quais sejam, contrato de compra e venda e aditivo contratual referentes ao imóvel adquirido em Florianópolis, nos quais foi constatado que: 1) o preço de aquisição do imóvel foi subavaliado no contrato de compra venda de R$ 270.000,00 quando o valor de mercado em janeiro/2005 era de R$ 1.320.000,00; 2) a assinatura do promitente vendedor Ahamd Kassen Abdul Fattah no Aditivo Contratual é completamente distinta da assinatura aposta no contrato; 3) não houve reconhecimento de firma das assinaturas;4) os CPFs indicados das duas testemunhas constam como inválidos junto à base da SRFB. O conjunto probatório é suficiente para a qualificação da multa. Portanto, sendo a multa qualificada prevista pela legislação de regência e tendo sido apurados pela autoridade lançadora, conforme visto anteriormente, correto foi o seu lançamento. De fato, resta clara a presença dos pressupostos para sua aplicação, devendo ser mantida a multa de ofício em sua forma qualificada. Multa do carnêLeão Percebese do Auto de Infração que estão sendo exigidas concomitantemente as multas de ofício e a aplicada isoladamente, sendo ambas decorrentes do mesmo fato gerador, qual seja, a omissão de rendimentos decorrentes de ação trabalhista e ausência de recolhimento de IRPF a título de carnêleão. Vale salientar que até a vigência da Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007 inexistia havia previsão legal para a incidência cumulativa das penalidades supramencionadas. Tal entendimento já se encontra pacificado no seio deste Órgão, uníssono à ementa da CSRF: Fl. 990DF CARF MF 14 MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO – CONCOMITÂNCIA – MESMA BASE DE CÁLCULO – A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996) e da multa de ofício (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo”. (Câmara Superior do Conselho de Contribuintes / Primeira turma, Processo 10510.000679/200219, Acórdão n° 0104.987, julgado em 15/06/2004). MULTA ISOLADA DO CARNÊLEÃO E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. Em relação aos fatos geradores ocorridos até o anocalendário de 2006, a aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. Precedentes da Câmara Superior de Recursos Fiscais. (Acórdão nº 2201002.54107/10/2014) Desta feita, no caso em análise, levandose em consideração que o fato gerador ocorreu em 2005 e 2006, afigurase ilegal a cobrança cumulada de ambas as penalidades, devendo a multa isolada ser cancelada. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário, e, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para determinar, em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente, no valor de R$ 14.942,34, o recálculo do imposto sobre a renda, com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência) e para excluir do lançamento a multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda (carnêleão). (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 991DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.005375/2001-29
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 06 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS - IPI
Período de apuração: 01/01/2000 a 31/12/2000
TAXA SELIC.
Inviável a incidência de correção monetária ou o pagamento de juros equivalentes à variação da taxa Selic a valores objeto de ressarcimento de crédito presumido de IPI em contas gráficas, dada a inexistência de previsão legal.
CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. INSUMOS ADMITIDOS NO CALCULO. AQUISIÇÕES A PESSOAS FÍSICAS.
As aquisições de insumos feitas a pessoas físicas se incluem na base de cálculo do crédito presumido do IPI. desde que consumidos no processo produtivo, nos termos da legislação do IPI.
Recursos Especiais do Procurador e do Contribuinte Providos.
Numero da decisão: 9303-001.269
Decisão: Acordam os membros do Colegiado: I) pelo voto de qualidade. cm dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama. Gileno Gurjão Barreto, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martinez Lopez e Susy Gomes Hoffmann, que negavam provimento; e II) por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial do sujeito passivo. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Nayra Bastos Manatta e anos Alberto Freitas Barreto que negavam provimento.
Matéria: IPI- processos NT - ressarc/restituição/bnf_fiscal(ex.:taxi)
Nome do relator: Judith do Amaral Marcondes Armando
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Inviável a incidência de correção monetária ou o pagamento de juros equivalentes à variação da taxa Selic a valores objeto de ressarcimento dc crédito presumido de IPI em contas gráficas, dada a inexistência de previsão legal. CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. INSUMOS ADMITIDOS NO CALCULO. AQUISIÇÕES A PESSOAS FÍSICAS. As aquisições de insumos feitas a pessoas físicas se incluem na base de cálculo do crédito presumido do IPI. desde que consumidos no processo produtivo, nos termos da legislação do IPI. Recursos Especiais do Procurador e do Contribuinte Providos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: I) pelo voto de qualidade. cm dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Vencidos os Conselheiros Nanci Gama. Gileno Gurjão Barreto, Leonardo Siade Manzan, Maria Teresa Martinez L6pez e Sus)' Gomes Hoffmann, que negavam provimento; e II) por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial do sujeito passivo. Vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Nayra Ba tos Manatta e anos Alberto Freitas Barreto. que negavam provimento. Carlos Alberto Freit arreto - Presi ente judi&L'Amaral Marcondes Ar iando - Relatora Participaram do presente jul mento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, anci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Gileno Gurjdo Barreto, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Nayra Bastos Manatta, Maria Teresa Martinez López, Susy Gomes Hoffmann e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Por bem descrever os fatos adoto o Relatório do acórdão recorrido: Pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI cii. 01), apresentado em 07/06/2001, solicitava o pagamento da importância de RS 5.063.486,75, correspondente ao ano de 2000. "Informação Fiscal" qls. 265/272) posiciona-se a favor do ressarcimento da importância de R$ 884.093,00 272), descartando da apuração do incentivo aquisições de "feijeio sojaVeitas perante pessoas fisicas, e parte das realizadas diante de cooperativas, compras de carvão mineral e "fueloil" e energia elétrica, como também de solventes. Despacho Decisório 7. 273) acolhe o ressarcimento do valor mencionado na informação fiscal. Manifestação de Inconformidade 274/289) na qual a empresa sustentou, basicamente, a ilegalidade da glosa dos valores de parte das aquisições de feijão soja de cooperativas, e das compras de tal insumo realizada frente a pessoas fisicas, bem como das compras de carvão mineral, "fueloil" e energia elétrica implementadas pela empresa, pois a recusa de integrar os respectivos montantes na apuração do crédito presumido de IPI violaria os artigos 1° e 2° da Lei n° 9.363/96, além de revelar-se atentatória ao primado da isonomia. Os referidos elementos configuram exemplares de Sumos, razão pela qual seus valores não poderiam ser descartados da yuração do crédito presumido de IPL Finahnente, a empresa postulou o cômputo de correção monetária, representada pela selic, no crédito decorrente do incentivo em comento. As fls. 294/297 a empresa anexou laudo técnico descrevendo o processo produtivo de que se ocupa nas suas atividades. Decisão (fls. 302/310) da instância de piso manteve o indeferimento da pretensão da Recorrente. Recurso Voluntário (fls. 315/332) reprisou os argumentos deduzidos em manifestação de inconformidade apresentada nesses autos. É o relatório, 710 essencial. A Camara a quo deu parcial provimento ao recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: 2 Processo n0 11080.005375/2001-29 (;S121:-T3 Acórdao n.° 9303-01.269 H. 496 IPI. BASE DE CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO LEI N° 9.363/96. IMPOSSIBILIDADE DE INCLUSÃO DE VALORES CORRESPONDENTES A MATERIAIS QUE NÃO SE ENCAIXAM NA DEFINIÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA E PRODUTO INTERMEDIÁRIO. A energia elétrica, o carvão e o 'fue loil" (óleo combustível) somente podem ser reputados matéria-prima ou produto intermediário caso sejam aplicados diretamente na industrialização de determinado produto. AQUISIÇÕES DE MATÉRIAS-PRIMAS DE COOPERATIVAS. POSSIBILIDADE. A revogação, pelo ctrtigo 93, IL "a", da Medida Provisória n°2.15835/ 2001, da isenção das cooperativas à Colitis, então prevista no artigo 6° cla Lei Complementar n° 70/91, implicou na exigência da citada exação das referidas associações. Conseqüentemente, CÍS vendas • realizadas pelas mesmas, por se sujeitarem ao encargo fiscal aludido, devem ser consideradas na cipurctção cio crédito presumick de IPL Isto porque, o industrial e exportador, ao promover aquisição de matérias-primas c/c cooperativas, realiza compra frente a entidade submetida à carga da exação cujo retomo é propiciado excnamente pelo referido incentivo. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COF1NS. PESSOAS FÍSICAS. Matérias-primas, produtos intermedicirios e materials de embalagem adquiridos de pessoas físicas, que 100 contribuintes de PIS e COFINS, não cicio direito ao crédito presumido instituído pelct Lei n° 9.363/96 como ressarcimento dessas ducts Contribuições, devendo seus vctlores ser excluhlos dct base c/c cálculo do incentivo. SELIC. A selic ckve ser adotada conto Inc/ice de atualização de valor objeto de ressarcimento, e ser computctda da data da protocolização do pedido até o dia da efetiva satisfação do pretensão do contribuinte, manifestada 170 respectivo processo administrativo. Precedentes da CSRF. Recurso provido em parte. A Fazenda Nacional recorreu da aplicação da taxa Selic; O sujeito passivo dissentiu da decisão que lhe foi desfavorável e apresentou recurso especial, fls. 364/424, por meio do qual requereu a reforma do acórdão ora fustigado. 0 recurso foi parcialmente admitido pelo Presidente da 2' Camara du Segunda Seca() do CARF, por meio de despacho As fls. 478. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contra razões As lis. 484/493. o relatório. Voto Conselheira Judith do Amaral Marcondes Armando, Relatora Aprecio o Recursos Especiais interpostos em nome da Fazenda Nacional e do contribuinte, ambos em boa forma. Conforme relatado, as matérias em questão são a aplicação da taxa selic como atualização do ressarcimento solicitado, e a aquisição de insumos a pessoas fisicas não contribuintes do IPI. Quanto à Se lic, adoto o voto proferido pelo Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, com o qual comungo inteiramente: O recurso apresentado pelo foi admitido, tão-somente, no que lave à incidência de juros Selic sobre os créditos a ressarcir. As demais questões trazidas no apelo da reclamante foram rejeitadas pelo presidente da câmara recorrida, e, posteriormente, pelo presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais que rejeitou o agravo de reexame de admissibilidade interposto pelo sujeito passivo. Desta feita, a matéria devolvida a este Colegiado em razão do especial do sujeito passivo cinge-se â incidência de Selic sobre os valores a ressarcir. Essa matéria foi muito bent enfrentada pelo saudoso conselheiro Antônio Carlos Bueno Ribeiro, no voto vencedor proferido no acórdão n° 202.13.651, cujos excertos transcrevo como fimdamento deste voto: A propósito da aplicação da denominada Taxa SELIG' sobre o valor de créditos incentivados do IPI em pedidos de ressarcimento, à guisa de correção monetária, por aplicação analógica do art. 39, § 4o, da Lei n° 9.250/95, assim me manifestei em casos semelhantes ao presente: Neste Colegiado é pacifico o entendimento quanto ao direito ix atualização monetária, segundo a variação da UFIR, no período entre o protocolo do pedido e a data do respectivo crédito em conta corrente do valor de créditos incentivados do IPI em pedidos de ressarcimento, conforme muito bem expresso no Acórdão CSRF/020.723 e segundo a metodologia de cálculo ali referendada, válida até 31.12.1.995. No entanto, não vejo amparo nessa mesma jurisprudência para a pretensão de dar continuidade à atualização desses créditos, a partir de 31.12.95, com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIG' para títulos federais (Taxa Selic), consoante o disposto no § 4° do art. 39 da Lei n° 9.250, de 26.12.1995 (DOU 27.12.1995). 1 1 AR r.39 A compensação de que trata o art.66 da Lei n°8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art.58 da Lei n° 9.069, de 29 de junho de 1995, somente poderá ser efetuada com o recolhimento de importãncia correspondente a imposto, taxa, contribuição federal ou receitas patrimoniais de mesma espécie e destinação constitucional, apurado em períodos subseqüentes. § I° (VETADO). 4 Process() n' 11080.005375/2001-29 CSRF-T3 Acórdão n." 9303-01.269 H. 497 Apesar desse dispositivo legal ter derrogado e substituído, partir de 1° de janeiro de 1.996, o § 3o do art. 66 da Lei n° 8.383/91, que foi utilizado, por analogia, para estender a correção monetária nele estabelecida parer a compensação ou restituição de pagamentos indevidos ou a maior de tributos e contribuições ao ressarcimento de créditos incentivados de IN. COM efeito, todo o raciocínio desenvolvido no cduclido acórdão, bent C01110 no Parecer AGU n° 01/96 e às decisões judiciais a que se reporta, dizem respeito exclusivamente à correção monetária como "..simples resgate da expressão real do incentivo, 11C70 constituindo 'plus' a exigir express(' previsão legal Ora, em sendo a referida taxa a media mensal dos juros pagos pela União na capktção de recursos através de títulos lançados no mercado financeiro, é evidente a sua natureza de taxa de juros e, assim, ct sua desvalia como h7CliCe de inflação, já que informados por pressupostos econômicos distintos. De se ressaltar que, no período em referência, a Taxa Selie refletiu pc/ia/flares muito superiores aos correspondentes indices de inflação, em virtude da política monetária em curso, o que traduziria, caso adotada, na conce.s.silo de uni "plus", o que manifestamente só é possível por expressa previsão legcd Desse niodo, C017Siderando o novo contexto económico introduzido pelo Plano Real de unia economia desinclexada e as distinções existentes entre o ressarcimento e o instituto da restituição, conform assinalado pela decisão recoffickt, aqui não pode Illais se invocar os princípios da igualdade, finalidade e da repulsa ao enriquecimento sem i causa para lambent aplicar, por analogia, a Taxa Selic ao ressarcimento de créditos incentivados de Pois, se assim ocorresse, poderia advir, na realidade, um tratamento privilegiado, mercê dos acréscimos derivados da Taxa Selic, para os contribuintes que não tivessem como aproveitar cndomaticamente os créditos incentivados na escrita fiscal, que seria o procedimento usual, CM COMparaCC70 COM a maioria que CISSi171 o faz. Agora passo a fazer apreciações adicionais para realçar os motivos que me levant a nicuner essa posição. E171 primeiro lugar, 111071i.feStO Minh(' diSCOrdallCiC1 COM o entendimento manifeslado, inclusive nos tribunais superiores, c/c que a taxa SELIC possuiria a ncdureza mista de juros e correção monetária, o que se depreenderia c/a definição a ela conferida § 2° (VETADO). § 3° (VETADO). § 40 A partir de 1° de janeiro de 1996, a compensação ou restituição ser á acrescida de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação c de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. calculados a partir da data do pagamento indevido ou a maior até o mês anterior ao da compensação ou restituição e de 1% relativamente ao mês em que estiver sendo efetuada. 5 pelo Banco Central e da afericdo de sua metodologia, consoante afirmado no voto condutor do RESP no 215.881 — PR, da lavra do ilustre Ministro Franciulli Nato, no qual é realizada uumita extensa análise sobre vários aspectos dessa tam culminando justamente por suscitar o incidente de inconstitucionalidade do art. 39, § 4o, da Lei 9.250/95, aqui adotado analogicamente para estender a aplicação da taxa SELIC no ressarcimento de créditos incentivados do IPL Da definição do que seja a taxa SELIG' só vislumbro taxa de juros, como se pode conferir, dentre outros normativos, nas Circulares BACEN nos 2.868 e 2.900/99, ambas no art. 2o, § lo, a saber: "Define-se Taxa SELIG conto a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (SELIG) para títulos federais." No que respeita à metodologia de cálculo da Taxa SELIC, segundo as informações colhidas em consulta junto ao Banco Central, citadas no indigitado RESP no 215.881 — PR, só vejo refbroda a sua exclusiva natureza de juros, a saber: "... as taxas das operações overnight, realizadas no mercado aberto entre diferentes instituições financeiras, que envolvem títulos de emissão do Tesouro Nacional e do Banco Central, fOrmam a base para o cálculo da taxa SELIC. Portanto, a Taxa SELIC é um indicador diário da taxa de juros, podendo ser definida como a taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados com títulos públicos federais. Essa taxa média é calculada com precisão, tendo em vista que, por força da legislação, os títulos encontram-se registrados no Sistema SELIC e todas as operações são por ele processadas. A taxa média diária ajustada das mencionadas operações compromissadas overnight é calculada de acordo com a seguinte fórmitla: Com a finalidade de dar maior representatividade à referida taxa, são consideradas as taxas de juros de todas as operações overnight ponderadas pelos respectivos montantes em reais" (negritel). Ent resposta a essa mesma consulta é dito pelo Banco Central que "a taxa SELIG reflete, basicamente, as condições instantâneas de liquidez no mercado monetário (oferta versus demanda por recursos financeiros). Finalmente, ressalte-se que a taxa SELIC acumulada para determinado período de tempo correlaciona-se positivamente con: a taxa de inflação apurada "evost", embora a sua fórmula de cálculo não contemple a participação expressa de indices de preços". (negritei e sitbscritei)) Aqui releva salientar que a ocorrência du aludida "correlação" nada afeta a natureza de juros da Taxa SELIG' e nem a torna híbrida pela incorporação da taxa de inflação, mas 6 Processo n° 11080.005375/2001-29 Ac6rddo n.° 9303-01.269 CSRF-T3 11. 498 simplesmente indica que, em termos estatisticos, tem-se verificado 111170 relação positiva entre essas dims variáveis, ou seja, que as suas grandezas variaram 00 mesmo sentido no período considerado, sem que haja alteração na especificidade de cada uma dessas variáveis. A Taxa SELIC em si não está investida de nenhum propósito, sendo, inclusive, impróprio acoimá-la de neutralizadora dos efeitos da inflação, já que, C01110 visto, é unta variável de resultado que reflete a média das taxas de juros praticadas pelo mercado nas operações overnight coin títulos públicos, que reconhecida pela teoria econômica C01110 11117 ilkiriC(10101' das condições de liquidez do mercado 111011C1(7140, constimindo também na denominada taxa básica da economia. Por outro ludo, é certo que o Banco Central na qualidade de autoridade monetária (CF, art. 164) dispõe de um amplo arsenal de instrumentos de política monetária com vistas a assegurar o nível de liquidez adequada para a economia, inclusive 170 sentido de prevenir a ocorrência de surtos inflacionários, que, em áltinia análise, influencia as Oxus praticadas no merecido de financiamentos por 11177 diCI 10,511"eadOS C0111 títulos públicos e, consequentemente, a taxa SELIC. Mais recententente foi estabelecido como instrumento de política monetária afixação de meta para a Taxa SELIC e seu eventual viés 2, visando o cumprimento da meta para a Inflação, estabelecida pelo Decreto no 3.088, de 21 de junho de 1999. É importante salientar que esse instrumento apenas fixa a meta para a taxa SELIG e 17(70 essa taxa em si, valendo mais 111110 vez repisar que a taxa de financiamento, como qualquer outro prego, determinada no mercado pelas forcas de procura e oferta de financiamento, refletindo a situação das reservas do sistema bancário a cada momento. Com o estabelecimento da inc/a, obvicimente que o Banco Central na condução da política nzonetária e da política de títulos públicos buscará induzir o mercado na direção da meta para a Taxa SELIC estabelecida, julgada, por sua vez, adequada para assegurar a meta de inflação perseguida. Portanto, na realidade, C0111 essas políticas o Banco Central objetiva que a taxa de juros básica praticada 17(1 economic' seja suficiente para prevenir a inflação ou mantê-la nos limites da mela fixacki, atuando, assim, a autoridade monetária na esfera das expectativas inflacionárias dos agentes econômicos, aspecto esse que também realça a distinção entre tam de juros e taxa de inflação, já que esta Wilma é voltada para mensuração da inflaçáO pretérita. Aliás, considerando a similaridade entre a Taxa SELIC e a TR, é de se notar que a impropriedade e desvalia de se pretender valer de taxa de juros dessa natureza, C01110 if/SIM/Wilk) de correção 2 Circulares Bacen nos 2.868 e 2.900 de 1999. 7 monetária, foi muito percebida pelo STF ao declarar a inconstitucionalidade da TR como tal, na AD1N 493 — DF, como se verifica no excerto do voto do ilustre Ministro Moreira Alves: "a taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita variação do poder aquisitivo da moeda ..." Do exposto, tenho também como equivocado o entendimento de que a Fazenda Nacional estaria se valendo da Taxa SELIG como tuna fbrma velada de dar continuidade a correção monetária dos créditos tributários não integralmente pagos no vencimento emit face do advento do Plano Real, a partir do qual paulatinamente foi extinta a utilização da correção monetária para fins tributários. Ent verdade o emprego da Taxa SELIC como juros de mora, no ambiente económico de uma economia desindexada, está em consonância com o imperativo económico de inibir os contribuintes a adiarem o adimplemento de suas obrigações tributárias como forma alternativa de se financiarem junto ao sistema bancário. Com isso, mais uma vez impende gizar que a natureza da Taxa SELIG é exclusivamente de juros e como tal é a lógica econômica de seu uso para fins tributários, o que tornam prejudicadas as ilações extraídas a partir do falso pressuposto de ela estar mesclada com iiiii componente de correção monelciria. Quanto à incidência da Taxa SELIC sobre indébitos tributários a partir do pagamento indevido, instituída pelo art. 39, sç' 4o, da Lei n° 9.250/95, é indisfarcável a motivação isonômica dessa medida ao garantir o mesmo tratamento, neste particular, para os créditos da Fazenda Pública e aos dos contribuintes, quando decorrentes do pagamento indevido ou a maior de tributos, chegando, inclusive, a preponderar sobre a disposição do parágrafo único do art. 167, do Código Tributário Nacional, que faculta ei Fazenda Pública restituir o indébito com vencimento de juros não capitalizáveis a partir do trânsito em julgado da decisão definitiva que a determinar. Agora, como já havia dito alhures, não vejo como justo e nem próprio, ninho pelo contrário, pretender lançar mão da analogia, Coln base nos princípios constitucionais da isonomia e da moralidade, para estender a incidência da Taxa SEL1C aos valores a serem ressarcidos oriundos de créditos incentivados na área do IPI, a exemplo do decidido no Acórdão CSRF/020.723, no que diz respeito et atualização monetária, segundo a variação da UFIR, no período entre o protocolo do pedido e a data do respectivo crédito em conta corrente, do valor de créditos incentivados do IPI e segundo a metodologia de cálculo ali rderendada, válida até 31.12.95. Aqui não se está a tratar de recursos do contribuinte que foram indevidamente carreados para a Fazenda Pública, mas Sill' de renúncia fiscal com o propósito de estimular setores da economia, c nja concessão, à evidência, se subordina aos termos 8 Process° if 11080.005375/2001-29 CSI2F-T3 Acórao n.° 9303-01.269 Fl. 499 e, e condições cio poder concedente e necessariamente deve ser objeto de estrila delimitação pela lei, que, por se tratar de disposição excepcional em proveito de empresas, como sabido, não permite ao interprete ir além do que nela estabelecido. Numa conjuntura econômica de inflação aha, como a vigente antes do Plano Real, em que o valor da importancia a ser ressarcida ctcusava perda de até 95% devido ao fenómeno inflacionário, se justificou, forte no principio da fincdidade, que se recorresse ao processo normal de apuração compreensiva do sentido (la norma para que fosse deferida a correção moneiciria aos pleitos de ressarcimento em espécie de créditos incentivados cio IPI, sob pen(' de, em cellos casos, tornar inócuo o incentivo fiscal, conforme asseverado no aludido Acórdão it° CSRF/020.723. De se ressaltar, ainda, que a extensão da correção monetária, sent expressa previsão legal, ali defendida também se escorou 110 entendimento do Parecer da Advocacia Gercd (la União no GO — 96 e na jurisprudência dos tribunais superiores, no sentido de que "a correção monetária não constitui Was' a exigir expressa previsão (negritei) A partir do Plano Real, pela primeira ve:, com 11111 sucesso duradouro, logrou-se reduzir os efeitos da inflação inercicd, passando a economic' a apresentar iiíveis de inflação significativamente inferiores ao período anterior, tendo sido crucial para isso a eliminação ou alargamento dos prazos para a incidência da correção monetária, ou seja, pela progressiva atenuação do nível de indexação até então vigente na economia, que se prestava 1111111 111010 continuo a rectlimentar ci inflação. Nesse novo contexto. não há mais 11C111 mesmo como invocar o principio da finalidade para tout court justificar a recorrência ao principio de integração analógica para a correção monetária como firma de simples resgate de da expressão real dos créditos incentivados do IPI, em rehtção ao período de tramitação do pleito correspondente, que na qUaSe totalidade são soluci011adOS em prazos inferiores a um ano. O que não dizer então do emprego da taxa SELIC com esse propósito que, a par de não guardar a ',tenor Vel'OSSilllilhallCU C0111 indices de preps, consoante já exaustivamente asseverado, apresentou, no período, patamares muito superiores aos correspondentes indices de inflação, em virtude da politico monetária praticada desde a eciição cio Plano Real, ent ra:c7o, inclusive, de contingências exógenas tais C01110 ct necessidade de defender a economic' nacional de choques externos provocudos por crises como a calcitic(' ct russa e, presentemente, a Argentina e a relacionada com o atentacio ás torres cio Word Trade Center. 3 Inflação inercial. Econ. 1. A que se origina da repetição dos aumentos passados de preços, pela ação dos (Dicionário Aurélio — Século XXI) anismos de indexação. 9 Quanto ao CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. INSUMOS ADMITIDOS NO CALCULO. AQUISIÇÕES A PESSOAS FÍSICAS. As aquisições de insumos feitas a pessoas físicas se incluem na base de calculo do crédito presumido do IPI, desde que consumidos no processo produtivo, nos termos da legislação do IPI. A Lei 9.363, de 13 de dezembro de 1996 criou o crédito presumido de IPI. Entendo que o crédito presumido do IPI é uma arquitetura conceitual que permitiu ao legislador desonerar parte dos tributos incidentes em produto final exportável, no caso, expressamente, parte das contribuições ao PIS E COFINS, determinando que o pagamento do crédito presumido, na forma estabelecida na lei, fosse correspondente a um direito de crédito de IPI. Na realidade, tal crédito deve ser inscrito na classe dos incentivos gerais da caixa verde, da Organização Mundial do Comércio: incentivo ao comércio. Nesse sentido, busca o Estado o desenvolvimento do comércio, de forma generalizada, ampla e leal, fazendo com que a economia brasileira, como um todo, possa ser beneficiada pela sua melhor inserção no mercado internacional. E essa melhor inserção, de forma justa e leal, não pode ser outra, para um membro da Organização Mundial do Comércio, que a exclusão dos tributos do custo das mercadorias, uma vez que, sabidamente, não se exportam tributos. Observe-se que a lei que instituiu o crédito presumido não fala em ajuda, ou doação, em incentivo ou beneficio tributário. É um crédito de IPI, ainda que presumido por razões operacionais do Estado, conforme se pode ver na Exposição de Motivos que acompanhou a proposta de lei: Permitir a desoneração fiscal da COFINS e PIS/PASEP incidente sobre illS111110S, objetivando possibilitar a redução dos custos e o aumento da competitividade dos produtos brasileiros exportados,dentro da premissa básica da diretriz política do setor, de que não se deve exportar tributos.... i Assim, deve estar lançado na conta do IPI, naturalmente, tal como dispõe a Lei. podendo ser utilizado para deduzir parte do IPI débito, ou para compensar débitos de outros tributos ou ainda ser restituído em espécie. Vendo tal entrada de recursos como ingressos compensatórios da desoneração feita pelo exportador a priori, atua o Estado como promotor do desenvolvimento, tendo o cuidado de não se valer de valores inexplicáveis, tais como prêmios à exportação, ou outros benefícios e incentivos tributários. Ao agir o Estado como facilitador de negócios de exportação pela via do não repasse de tributos ao consumidor internacional, não deve esbarrar nos incentivos proibidos pela Organização Mundial do Comércio, e, não deve ainda, influir em outras contas do patrimônio da empresa, para que não se confunda o direito dado ao exportador corn uma transferência indireta de encargos do Estado para o contribuinte. Com toda essa introdução, feita com intuito de mostrar com clareza minha percepção do que seja crédito presumido do IPI, resta claro que entendo o ressarcimento 10 Judithi do -na m ral Marcondes Arando Processo n° I 1080.005375/2001-29 Acórdão n.° 9303-01.269 solicitado pela empresa, nas bases em que o fez. considerando que seus insumos foram utilizados na produção que exportou, cabível. Nos termos da Lei 9.363, de 1996, art. 2° a base de cálculo do credito presumido é obtido pela a partir da relação entre receita de exportação e receita operacional bruta , resultado sobre o qual se aplica 5, 37%. A Lei não fez qualquer exclusão, a exposição de motivos, que sinaliza espirito da lei também não fez. Portanto, não se pode, pela via da interpretação, apequenar o alcance da restituição dos impostos pagos internamente, que foi a proposta do legislador no caso da criação do crédito de IPI. Tenho me deparado com a mitologia grega em meus estudos de hermenêutica. Hermes, um dos deuses mais populares da antiguidade clássica, tinha com o um de seus atributos interpretar o LOGOS. (a palavra escrita ou falada). Mas, mesmo na mitologia . Logos- fi lho tem uma certa subordinação ao Logos-Pai. Assim, a metáfora me conduz ao axioma de que a palavra de I lermes não pode, ou melhor, não deve, se contrapor ao Logos. Também considerando a hierarquia das normas, a infra-legal não pode modificar o espirito da legal, pode dar exeqüibilidade, completar sem modificar o conteúdo ou o alcance. Na esteira desse raciocínio, a base de cálculo do crédito presumido é o valor total das aquisições de matérias primas, materiais de embalagens e outros insumos, aplicados no processo produtivo direto de bens exportáveis, e as receitas consideradas incluem as provenientes de venda daqueles que constam como não tributados. Pelo exposto, dou provimento ao recurso interposto pelo contribuinte.
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Numero do processo: 10980.723641/2010-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2005, 2006
IRPF.COMPETÊNCIA DECLINADA.
Em existindo despacho do Presidente do CARF a decidir conflito negativo de competência de processo conexo a este, devem os autos serem redistribuídos para a 2ª Seção de Julgamento.
Competência declinada para a 2ª Seção de Julgamento.
Numero da decisão: 1401-003.398
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência para o julgamento do processo à 2ª Seção de Julgamento, além de determinar a vinculação dos presentes autos aos processos nº 10980.723447/2009-64 e 10980.723564/2010-61 (ambos em nome de OLIVEIROS PAZ KING).
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente a Conselheira Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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Em existindo despacho do Presidente do CARF a decidir conflito negativo de competência de processo conexo a este, devem os autos serem redistribuídos para a 2ª Seção de Julgamento. Competência declinada para a 2ª Seção de Julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, declinar da competência para o julgamento do processo à 2ª Seção de Julgamento, além de determinar a vinculação dos presentes autos aos processos nº 10980.723447/200964 e 10980.723564/2010 61 (ambos em nome de OLIVEIROS PAZ KING). (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira, Eduardo Morgado Rodrigues e Luiz Augusto de Souza Gonçalves. Ausente a Conselheira Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 36 41 /2 01 0- 83 Fl. 890DF CARF MF 2 Relatório Trata o presente processo de auto de infração do imposto de renda pessoa física IRPF, através do qual se exige da Contribuinte o tributo no valor de R$584.950,27, acrescido de multa de ofício de R$877.425,40 (valores originais). A Autoridade Fiscal apurou omissão de rendimentos, em face de variação patrimonial a descoberto, nos meses de dezembro de 2005 e dezembro de 2006, em que se verificou excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados. No Termo de Verificação Fiscal de efls. 763/787, parte integrante do Auto de Infração, consta o detalhamento do procedimento fiscal e dos fatos que motivaram o lançamento. Cientificada do lançamento, em 17/09/2010 (efl. 792), a interessada, por intermédio de procurador (efl. 633), apresentou a impugnação de efls. 800/810. A impugnação foi apreciada pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba (PR), em 09 de novembro de 2010, que proferiu o Acórdão nº 06 29.116 4ª Turma, cuja ementa reproduzo abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005, 2006 VARIAÇÃO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. RECURSOS ALEGADOS. MATÉRIA DE MÉRITO. IRREGULARIDADE PRELIMINAR. INEXISTÊNCIA. A inconformidade acerca do tratamento dispensado, pela fiscalização, a recursos aventados como justificativa para a variação patrimonial constatada, alegados como provenientes de pessoa jurídica em face de distribuição de lucros, não enseja irregularidade sob o ponto de vista preliminar, haja vista que tal discussão é referente ao mérito do lançamento. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM DE RECURSOS. À míngua de comprovação hábil de origem de recursos que dê suporte ao acréscimo patrimonial a descoberto, mantémse inalterado o lançamento efetuado, por presunção de omissão de rendimentos. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Demonstrada a intenção deliberada em inserir informações inverídicas em declaração de ajuste anual, com o objetivo de impedir o conhecimento pela autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador, além de ação dolosa tendente a excluir ou modificar as características essenciais do fato gerador da obrigação tributária principal, de modo a reduzir o montante do imposto devido, aplicável a multa qualificada. Não satisfeita com a decisão retro, a Interessada apresentou o recurso voluntário de efls. 837/848. Fl. 891DF CARF MF Processo nº 10980.723641/201083 Acórdão n.º 1401003.398 S1C4T1 Fl. 891 3 Inicialmente, o processo foi distribuído à 1ª Turma da 2ª Câmara da 2ª Seção, que declinou de sua competência para a primeira Seção de Julgamento, conforme o disposto no Acórdão nº 2101001.390, que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006, 2007 IRPF. COMPETÊNCIA DE JULGAMENTO. PREJUDICIALIDADE COM JULGAMENTOS DE PESSOAS JURÍDICAS. NECESSIDADE DE APRECIAÇÃO EM CONJUNTO. COMPETÊNCIA DECLINADA. É da Primeira Seção de Julgamento a competência para julgar recursos voluntários que versem sobre IRPF, quando procedimentos conexos, decorrentes ou reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ (art. 2o, inciso IV, do RICARF). Hipótese onde o lançamento sob análise está lastreado na imprestabilidade da contabilidade de pessoas jurídicas, que tiveram seus resultados arbitrados, o que fez com que não se admitisse a distribuição dos lucros para as pessoas físicas. Recurso Voluntário Não Conhecido. Competência Declinada. Os processos a que se refere a 1ª Turma da 2ª Câmara da 2ª Seção e que estariam prejudicando a apreciação destes autos são os seguintes: a) 10980.006088/200987 REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA – Auto de IRPJ; b) 10980.006084/200907 REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA – Auto de IRRF; c) 10980.007918/200993 REFLORESTADORA OVE LTDA Auto de IRPJ; d) 10980.724879/201026 ROYAL EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS LTDA – Auto de IRPJ. Em consulta ao sistema eprocesso, verifico que os três primeiros estão definitivamente julgados, com resultado adverso para os Contribuintes. O último processo, de nº 10980.724879/201026 foi recentemente objeto de julgamento por parte desta mesma Turma, que editou o Acórdão nº XXXXXXX, também negando provimento ao recurso da Recorrente. Chegando à 1ª Seção de Julgamento, o processo foi distribuído ao Conselheiro Fernando Luiz Gomes de Mattos, desta 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, que elaborou voto no sentido de promover a redistribuição ao Conselheiro Maurício Pereira Faro, da mesma Turma, haja vista que o citado Conselheiro estava responsável pela apreciação do processo nº 10980.724879/201026 (ROYAL EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS LTDA). Fl. 892DF CARF MF 4 Também restou determinado o julgamento em conjunto com os de nº 10980.006088/200987, 10980.006084/200907 (REFLORESTADORA BOM SUCESSO LTDA), 10980.007918/200993 (REFLORESTADORA OVE LTDA) e 10980.723564/201061 (OLIVEIROS PAZ KING). Por conta do término do mandato do Conselheiro Maurício Pereira Faro, os autos foram redistribuídos ao Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, que os analisou e propôs, em julgamento realizado no dia 16 de março de 2018, a conversão do mesmo em diligência para que fosse feita a redistribuição do processo nº 10980.724879/2010 26 (ROYAL EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS LTDA) para que fossem ambos apreciados em conjunto. Pertinente para o deslinde deste processo é o fato de que o presente Auto de Infração tem origem no mesmo procedimento fiscal que redundou nos vários processos acima citados. Também de fundamental importância a informação de que além de formalizar a presente exigência contra a ora Recorrente, a Fiscalização também autuou o seu cônjuge, o Sr. OLIVEIROS PAZ KING, em processo próprio, que recebeu o nº 10980.723564/201061. A autuação é relativa à omissão de rendimentos apurada em face da constatação de variação patrimonial a descoberto, encontrandose no presente processo a tributação referente à proporção de 50%, sendo que ao cônjuge (OLIVEIROS PAZ KING) foram atribuídos os outros 50% dos rendimentos omitidos. Este processo referese aos anos calendários de 2005 e 2006. Também foram autuados os anos calendários de 2003 e 2004, de idêntica matéria, consubstanciados nos processos nº 10980.723447/200964 (Contribuinte OLIVEIROS PAZ KING) e 10980.723579/200996 (Contribuinte TAISA BERNADETE BAUER). Com o término do mandato do Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, o processo foi redistribuído para este Conselheiro. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Apesar de todas as idas e vindas deste processo, entendo que o mesmo não tem condições de ser julgado por esta Turma. Analisando o processo nº 10980.723564/201061, autuado em nome do Contribuinte OLIVEIROS PAZ KING, cônjuge da Recorrente, onde se discute a mesma matéria de fato presente nestes autos, me deparei com um despacho assinado pelo Presidente do CARF, o Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, em que se decide conflito negativo de competência entre a 1ª TO/ 1ª Câmara/ 2ª Seção e a 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 10980.723641/201083 Acórdão n.º 1401003.398 S1C4T1 Fl. 892 5 Resolveu o Presidente do CARF, após informação prestada pelo Ilustríssimo Conselheiro e então Presidente da 1ª Seção, o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, declarar a competência da 2ª SEJUL para julgamento do recurso voluntário. Vejam abaixo a transcrição do referido despacho: Analisando os dispositivos regulamentares temse que a competência da 1ª SEJUL restringese às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ. No presente caso, a legislação que foi indicada no enquadramento legal do lançamento é afeta ao IRPF, qual seja, Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, Lei nº 11.119, de 25 de maio de 2005, Lei nº 11.311, de 13 de junho de 2006, bem como art. 55, art. 806 e art. 807 do Regulamento de Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999. Como a legislação não é pertinente à tributação do IRPJ, restou caracterizado que a competência para julgamento dos presentes autos é da 2ª SEJUL, conforme está fundamentado no Despacho 1ª SEJUL Redistribuição Processo, de 05.07.2012, fl. 876. Em assim sucedendo, proponho que o presente processo seja encaminho a 2ª SEJUL para julgamento do recurso voluntário. À consideração de V.Sa. (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente da Primeira Seção de Julgamento/CARF Com fundamento nas razões expendidas nas informações acima, declaro a competência da 2ª SEJUL para julgamento do recurso voluntário. Encaminhese conforme proposto. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais Considero que o presente processo, assim como o de nº 10980.723579/2009 96 (também da ora Recorrente), bem assim os de nº 10980.723447/200964 e 10980.723564/201061 (ambos em nome de OLIVEIROS PAZ KING), que tratam da mesma matéria fática, diferindo apenas nos anos calendários autuados, deveriam estar vinculados para serem julgados em conjunto e concomitantemente. Para que não haja nenhum questionamento futuro acerca da competência para o julgamento dos presentes autos, e considerando o teor do referido despacho em conflito negativo de competência, creio ser necessário que esta Turma decida por declinar da competência para a apreciação pela 2ª Seção de Julgamento. Nenhum prejuízo advirá desta determinação, ainda mais se considerarmos que todos os demais processos, relativos às pessoas jurídicas envolvidas no mesmo procedimento fiscal, já foram objeto de julgamento por parte da 1ª Seção. Fl. 894DF CARF MF 6 Por todo o exposto, declino a competência para julgamento do presente feito para a 2ª Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Por oportuno, alerto à Coordenação de Gestão do Acervo de Processos Cegap para, quando do retorno do processo ao CARF, após a ciência da Recorrente, que efetive a vinculação dos presentes autos aos processos nº 10980.723447/200964 e 10980.723564/201061 (ambos em nome de OLIVEIROS PAZ KING). (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 895DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13981.000156/2005-59
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/07/2005
ETIQUETAS. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO.
A operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas, havendo, assim, na aquisição de etiquetas, direito ao crédito (entendimento expressamente consignado no Parecer Normativo Cosit nº 4/2014).
EMBALAGENS PARA TRANSPORTE, NÃO RETORNÁVEIS, ESSENCIAIS À GARANTIA DA INTEGRIDADE DO PRODUTO. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO.
As embalagens, ainda para transporte (desde que não retornáveis), essenciais à garantia da integridade de seu conteúdo - como as que acondicionam portas de madeira, algumas inclusive partes de móveis - vertem sua utilidade diretamente sobre os bens em produção, os quais, sem elas, não se encontram ainda prontos para venda, gerando, assim, a sua aquisição, direito a crédito.
ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO SISTEMA DE VENTILAÇÃO E REMOÇÃO DE PARTÍCULAS. DIREITO AO CRÉDITO.
A remoção de resíduos de madeira no processo de fabricação de portas, feita por meio de ventiladores, filtros, e ciclones, armazenando-os em silos, faz parte do processo produtivo - ainda que indiretamente, e sem ela, inviável é a atividade, pelo que o industrial tem direito ao crédito sobre os encargos de depreciação destes bens do ativo permanente.
Numero da decisão: 9303-008.305
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe deram provimento parcial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 31/07/2005 ETIQUETAS. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO. A operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas, havendo, assim, na aquisição de etiquetas, direito ao crédito (entendimento expressamente consignado no Parecer Normativo Cosit nº 4/2014). EMBALAGENS PARA TRANSPORTE, NÃO RETORNÁVEIS, ESSENCIAIS À GARANTIA DA INTEGRIDADE DO PRODUTO. INSUMOS. DIREITO AO CRÉDITO. As embalagens, ainda para transporte (desde que não retornáveis), essenciais à garantia da integridade de seu conteúdo como as que acondicionam portas de madeira, algumas inclusive partes de móveis vertem sua utilidade diretamente sobre os bens em produção, os quais, sem elas, não se encontram ainda prontos para venda, gerando, assim, a sua aquisição, direito a crédito. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DO SISTEMA DE VENTILAÇÃO E REMOÇÃO DE PARTÍCULAS. DIREITO AO CRÉDITO. A remoção de resíduos de madeira no processo de fabricação de portas, feita por meio de ventiladores, filtros, e ciclones, armazenandoos em silos, faz parte do processo produtivo ainda que indiretamente, e sem ela, inviável é a atividade, pelo que o industrial tem direito ao crédito sobre os encargos de depreciação destes bens do ativo permanente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 1. 00 01 56 /2 00 5- 59 Fl. 696DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 697 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire, que lhe deram provimento parcial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 510 a 532), contra o Acórdão 380302.496, proferido pela 3ª Turma Especial da 3ª Sejul do CARF (fls. 493 a 507), sob a seguinte ementa (no que interessa à discussão): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 31/07/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Tratandose de indústria de artefatos de madeira, ensejam o creditamento os gastos com etiquetas adesivas, chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme stretch e fita de aço, utilizados em embalagens de transporte dos produtos fabricados, e os encargos de depreciação de sistema de ventilação e remoção de partículas, bem incorporado ao ativo permanente, em outubro de 2004, que guarda absoluta pertinência com o processo fabril desse ramo. Em seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento (fls. 571 a 575), a PGFN defende a aplicação, para fins de creditamento, do mesmo conceito de insumo da legislação do IPI, ou seja, “para considerar embalagens e depreciação de máquinas ou equipamentos do ativo imobilizado como insumos, fazse necessário o emprego destes diretamente na fabricação de produtos destinados à venda ... que sofram, em função de ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação, ou por ele diretamente sofrida, Fl. 697DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 698 3 alterações tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas”, concluídose que “1) a legislação não autoriza que os materiais utilizados no transporte sejam considerados insumos 2) somente considera os encargos de depreciação como insumos quando as máquinas são utilizadas diretamente no processo produtivo”. O contribuinte apresentou Contrarrazões (fls. 582 a 592). É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Considerando que a PGFN apresenta um Acórdão paradigma que versa tanto sobre embalagens de transporte de produtos acabados, como de depreciação de itens do ativo imobilizado, e, ainda, foram preenchidos os demais requisitos e respeitadas as formalidades regimentais, conheço do Recurso Especial. No mérito, como há tempo já o tem feito, de forma majoritária, o CARF, aqui não se adota o conceito do IPI, tampouco o do IRPJ, mas sim, um intermediário, hoje consagrado e melhor delineado – ainda que não seja possível, à vista da legislação posta, se chegar a um grau de determinação “cartesiano” – nas mais recentes decisões do STJ (mais especificamente, no REsp nº 1.221.170/PR), que levaram inclusive a que a PGFN e a RFB editassem normas interpretativas, para elas vinculantes, quais sejam, a Nota SEI nº 63/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF e o Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, sendo que transcrevo a ementa deste: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o "critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço": a.1) "constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço"; a.2) "ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência"; Fl. 698DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 699 4 b) já o critério da relevância "é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja": b.1) "pelas singularidades de cada cadeia produtiva"; b.2) "por imposição legal". Dispositivos Legais. Lei n° 10.637, de 2002, art. 3°, inciso II; Lei n° 10.833, de 2003, art. 3°, inciso II. Em relação às etiquetas e às embalagens para transporte (estas, em casos específicos) há Acórdãos desta Turma relativamente recentes (antes mesmo dos posicionamentos contundentes do STJ e da edição do citado Parecer Normativo), de minha relatoria, reconhecendo o direito ao creditamento. Tratemos primeiro das etiquetas (Acórdão nº 9303006.090, de 12/12/2017): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP AnoCalendário 2005 ETIQUETAS. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. A operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas, havendo, assim, na aquisição de etiquetas, direito ao crédito (Inteligência do Parecer Normativo Cosit nº 4/2014). Como trazido na Ementa, desde 2014 há Parecer Normativo da Cosit em que a RFB reconhece, sem deixar margem a dúvidas, o direito ao crédito: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI. ETIQUETAS APLICADAS EM PRODUTOS TRIBUTADOS. CREDITAMENTO. POSSIBILIDADE. Ementa: O estabelecimento industrial poderá creditarse do imposto relativo a etiquetas compostas de qualquer matéria, adquiridas para serem aplicadas em produtos tributados. (...) 5. A etiqueta não tem a função de acondicionamento do material de embalagem e também não entra na composição do produto final em si, fugindo portanto ao conceito estrito de matériaprima, mas a ele se integra – seja diretamente, seja pela aposição na sua embalagem – podendo, assim, mais propriamente, ser tida como produto intermediário, para os efeitos em estudo. 6. E se mostra induvidoso que a operação de etiquetagem é uma das fases do processo de industrialização, tal como acontece com a rotulagem e a marcação por estampagem, que são análogas. Fl. 699DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 700 5 Passando à análise se são enquadráveis ou não no conceito de insumo os materiais (chapas de papelão ondulado, cantoneiras, filme stretch e fita de aço) utilizados na embalagem para transporte, neste caso, em que o industrial fabrica portas, com relevos decorativos ou “vazadas”, algumas delas partes de móveis, entendo que se aplica o mesmo entendimento consignado no Acórdão nº 9303005.934, de 28/11/2017, em um Processo de um fabricante de móveis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 COFINS NÃOCUMULATIVA. EMBALAGENS PARA TRANSPORTE, NÃO RETORNÁVEIS, ESSENCIAIS À GARANTIA DA INTEGRIDADE DO PRODUTO. DIREITO A CRÉDITO. As embalagens, ainda para transporte (desde que não retornáveis), essenciais à garantia da integridade de seu conteúdo – como as que acondicionam partes de móveis –, vertem sua utilidade diretamente sobre os bens em produção (requisito trazido no Subitem 14, “a.3”, da Solução de Divergência Cosit nº 7/2016, para que se enquadre no conceito de insumo), os quais, sem elas, não se encontram ainda prontos para venda, gerando, assim, a sua aquisição pelo industrial, direito a crédito na sistemática de apuração da contribuição, conforme inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. Novamente, tínhamos uma norma da RFB – neste caso não expressamente aplicável, mas que interpretei como tal – que trazia o entendimento sobre o conceito de insumo antes da edição do Parecer Normativo Cosit/RFB nº 05/2018, e, no dispositivo citado, convergia com ele, dizendo o seguinte: 14. Analisandose detalhadamente as regras constantes dos atos transcritos acima e das decisões da RFB acerca da matéria, podese asseverar, em termos mais explícitos, que somente geram direito à apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a aquisição de insumos utilizados ou consumidos na produção de bens que sejam destinados à venda e de serviços prestados a terceiros, e que, para este fim, somente podem ser considerados insumo: a) bens que: (...) a.3) que vertam sua utilidade diretamente sobre o bem em produção ou sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço (tais como produto intermediário, material de embalagem, material de limpeza, material de pintura, etc); ou ... Minhas razões de decidir já estão aí embasadas, mas se mostram mais claras transcrevendo partes dos Votos Condutores dos Acórdãos citados (no caso do primeiro, tratase de uma “introdução”, já que, naquele caso, não foi reconhecido o direito ao crédito para as Fl. 700DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 701 6 embalagens, pois se tratava de uma indústria de cortes de frango congelados, já prontos, em sua embalagem de apresentação, para venda ao consumidor final): Acórdão nº 9303006.090: No que tange às embalagens para transporte, podemos dizer que há dois “tipos”: (1) aquelas que simplesmente servem para o transporte de produtos já prontos e acabados para venda a varejo nas embalagens para apresentação e (2) aquelas que são absolutamente essenciais para a garantia da integridade do produto transportado, tanto é que estes são vendidos a varejo nelas acondicionados. Como exemplos das primeiras, temos as caixas de papelão, sacos plásticos e semelhantes que acondicionam, por exemplo, a grande maioria dos produtos expostos nas prateleiras dos varejistas, e que são adquiridos da forma em que estão, em suas embalagens de apresentação. Já as segundas seriam, por exemplo, as caixas que acondicionam partes de móveis, os isopores, fitas metálicas e plásticos que protegem fogões e outros eletrodomésticos que, desta forma embalados, são entregues ao adquirente. A jurisprudência é tendente a admitir o crédito em relação às segundas, pois fazem parte do processo produtivo (o produto não está pronto e acabado sem elas). Quanto às primeiras, já ocorre o contrário, pois não se integram ao produto final, ou seja, não vertem sua utilidade diretamente sobre o bem em produção. Acórdão nº 9303005.934: “Não é de se imaginar, por exemplo, que um tampo de mesa – ou o que quer que seja da espécie – seja simplesmente colocado no caminhão sem uma embalagem que o proteja. Apenas na área de exposição das lojas é que se encontram os móveis montados e, obviamente, fora de qualquer embalagem. Não estamos aqui diante de um saquinho de batatas fritas, de maçãs, ou de uma lata de leite condensado. No caso concreto, qual é o produto destinado à venda a que se refere o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637/2002 ?? Os móveis ou (em regra) suas partes, devidamente embalados – sem que necessariamente este acondicionamento “objetive valorizar o produto em razão da qualidade do material nele empregado, da perfeição do seu acabamento ou da sua utilidade adicional” (conceito, a contrario sensu, da embalagem para apresentação, trazido no art. 6º, § 1º, I, do RIPI/2002, vigente à época dos fatos geradores). Assim, nesta vasta gama de produtos aqui citados – ou cujas características se amoldam à categoria a qual aqui se pretendeu Fl. 701DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 702 7 caracterizar –, com a necessária redundância, o produto efetivamente só está acabado quando acondicionado nas embalagens em que vai ser transportado, pelo que elas fazem, sim, parte do processo produtivo, havendo portanto o direito ao creditamento na sua aquisição. Ressalvese, no entanto, que embalagens retornáveis, como pallets, as quais servem unicamente ao transporte de qualquer produto que seja, não se enquadram no conceito de bens utilizados como insumos, pois, sobre elas ou em seu interior, já estão perfeitamente acabados os produtos destinados à venda”. Por fim, no que concerne encargos de depreciação do sistema de ventilação e remoção de partículas, o que o contribuinte diz em suas Contrarrazões (fls. 590 e 591) é bastante esclarecedor: “ esse sistema é composto pelos seguintes equipamentos: 26 unidades de exaustão, compostos por ventiladores e filtros de mangas; 4 ventiladores de transporte; 4 filtros de manga; e 4 ciclones instalados sobre dois silos para armazenagem de partículas de madeira. As unidades de exaustão têm como finalidade sugar as partículas geradas nas operações de usinagem dos materiais usados na produção de componentes, para portas de madeira. Essas partículas são transportadas pelo fluxo de ar gerado pelos ventiladores através de tubos que ligam os equipamentos de usinagem até o filtro de mangas. Nos filtros, o ar é devidamente filtrado e liberado para o ambiente enquanto as partículas são descarregadas por uma válvula rotativa na tubulação de transporte. Frisase que todo o material aspirado e transportado corresponde a partículas de madeira e compostos de madeira como MDF, compensados e aglomerado. De pontuar, ainda, que a massa de partículas gerada na produção de portas de madeira, com utilização da capacidade de 70%, em 16 horas diárias de trabalho, é estimada em 85.455 kg. A densidade dessas partículas não comprimidas é de 70 kg/m3, portanto o volume diário de partículas gerado é de 1.220,80 m3. Portanto, esse sistema está estritamente vinculado ao processo produtivo da Contribuinte. Sem a aspiração desse considerável volume de partículas, a produção de portas tornase praticamente inviável, sendo, esse sistema, imprescindível para o processo produtivo da Recorrida”. O Acórdão Recorrido admite o creditamento dos encargos depreciação destes bens do ativo permanente pelo critério da “pertinência”, conforme já se depreende da Ementa e está claramente consignado no Voto Condutor (fls. 506 e 507): “É notório, os materiais pulverulentos (reduzidos a pó) que se produzem nas mais diversas atividades industriais, em função de Fl. 702DF CARF MF Processo nº 13981.000156/200559 Acórdão n.º 9303008.305 CSRFT3 Fl. 703 8 suas características físico químicas, podem apresentar externalidades de ordem legal e ocupacional. Nesse aspecto, a pertinência requerida pelo conceito de insumo aqui defendido situase numa área gris. No entanto, não é necessário adentrála para que se conclua pela pertinência do equipamento com o processo produtivo. Basta que se perceba que as indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem tomar as precauções cabíveis para a proteção humana e patrimonial e também para a eficiente persecução de seus objetivos sociais. Nesse sentido, entendo que um sistema de aspiração e transporte de partículas, numa indústria de artefatos de madeira, é absolutamente pertinente”. “Essencial” ou relevante”? Bem o diz o relator do Acórdão Recorrido quando fala em “área gris”, ou seja, em uma “zona cinzenta”, já que esta remoção de resíduos faz parte do processo produtivo, mas não diretamente, e configurase essencial, pois sem ela efetivamente inviável é a atividade industrial, havendo, assim, uma combinação dos critérios hoje decisivos, pelo que, entendo, há que se reconhecer o direito ao crédito também neste caso. À vista de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 703DF CARF MF
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Numero do processo: 10909.900182/2008-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003
CONCOMITÂNCIA AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO COM O MESMO OBJETO EM DISCUSSÃO. PREVALÊNCIA DA ESFERA JUDICIAL SOBRE A ADMINISTRATIVA EM RESPEITO AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DAS DECISÕES JUDICIAIS. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA.
A existência de ação judicial com o mesmo objeto da discussão na esfera administrativa pressupõe a sua concomitância, tendo como consequência a desistência da discussão na esfera administrativa, por respeito ao Princípio da Supremacia das Decisões Judiciais, estabelecendo a prevalência da esfera judicial sobre a esfera administrativa.
Diante desta concomitância aplica-se ao caso a Súmula CARF nº 1, a qual estabelece que importa renúncia ás instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Numero da decisão: 3301-006.015
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão da concomitância.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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PREVALÊNCIA DA ESFERA JUDICIAL SOBRE A ADMINISTRATIVA EM RESPEITO AO PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DAS DECISÕES JUDICIAIS. DESISTÊNCIA DA DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A existência de ação judicial com o mesmo objeto da discussão na esfera administrativa pressupõe a sua concomitância, tendo como consequência a desistência da discussão na esfera administrativa, por respeito ao Princípio da Supremacia das Decisões Judiciais, estabelecendo a prevalência da esfera judicial sobre a esfera administrativa. Diante desta concomitância aplicase ao caso a Súmula CARF nº 1, a qual estabelece que importa renúncia ás instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário em razão da concomitância. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira – Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 90 01 82 /2 00 8- 14 Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini. Relatório Tratase de processo formalizado para o tratamento do contencioso referente á Declaração de Compensação onde se pleiteia a compensação de pagamento indevido ou a maior de contribuição não cumulativa com débitos próprios. Em análise dos pedidos transmitidos, foi emitido Despacho Decisório que não reconheceu o pleito na forma requerida. Contra esta decisão a recorrente apresentou suas razões de irresignação, via Manifestação de Inconformidade, onde discorda do critério de imputação adotado pela unidade de origem. Alega que a autoridade fiscal partiu da equivocada e ilegal premissa de que, sendo o débito em questão vencido em data anterior e tendo sido efetivada a compensação via DCOMP apenas em período posterior, haveria a incidência de multa mora sobre a compensação. Entende que, em face do artigo 138 do Código Tributário Nacional – CTN, o adimplemento de um valor já vencido, antes da instauração de procedimento de ofício e antes da declaração em DCTF, torna inaplicável a imposição da multa de mora. Junta jurisprudência e doutrina que estariam a corroborar sua tese. Decidindo a matéria impugnada, a DRJ/FLORIANÓPOLIS exarou o Acórdão nº 0715.782, que não acolheu integralmente seu pleito. Inconformado com tal decisão, o requerente apresentou Recurso Voluntário, onde traz, como razões de defesa os mesmos fundamentos e argumentos apresentados na Manifestação de Inconformidade dirigida á DRJ, defendendo a tese de que, havendo a transmissão da DCOMP antes da entrega da DCTF, teria ocorrido o fenômeno da Denúncia Espontânea, portanto, a multa de mora não seria devida, pois não havendo mora, não há multa. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301006.011 de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10909.900178/200848, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 4 3 Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301006.011): "8. Em consulta ao eprocesso nº 10909.900105/2006 56, citado pela DRF/ITAJAÍ , encontramos, ás fls. 95/133, peças do MS nº 2008.72.08.0022084/SC, sendo que ás fls. 101/125 consta a petição inicial da ação judicial demandada e ás fls. 130/132 consta a sentença monocrática exarada pelo Juízo Federal da Seção Judiciária de Santa Catarina/ 2ª Vara Federal de Itajaí. 9. Da petição inicial extraímos os seguintes trechos ; A requerente é pessoa jurídica de direito privado, constituída nos termos e na forma da legislação comercial vigente e, consoante o que estabelece o Edital n° 005/2001, da Superintendência do Porto de Itajaí, "tem por objeto única e exclusivamente a administração e exploração do Terminal de Contêineres localizado dento da área Porto Organizado de Itajaí, compreendendo a movimentação e armazenagem de contêineres, cargas unitizadas e veículos", conforme art. 3 0 de seu Estatuto Social. Ocorre que a impetrante, no período compreendido entre janeiro de 2002 e junho de 2004, realizou diversos recolhimentos a maior/indevidamente, a titulo de PIS — códigos de arrecadação 8109 e 6912 e de COFINS — códigos de arrecadação 2172 c 5856. Os referidos pagamentos à maior/indevidos, realizados "em DARF", cuja comprovação foi reconhecida pelos próprios agentes fiscais do ente tributante, foram objeto de Despachos Decisórios que reconheceram a existência do direito creditário. Porém, com base em argumentação desprovida de fundamentação legal, a despeito de reconhecer o crédito (volume e origem), de reconhecer e tratarem de pagamentos à maior que o devido "em DARF" muito anterioreas aos vencimentos dos débitos compensados, tratou de propor a incidência de multa sob as compensações admitidas por terem sido objeto de regulares "Per/Dcomp" enviados via Internet para a Receita Federal do Brasil, em momento posterior ao vencimento dos débitos compensados. Primeiramente, assentemos que, com todo o respeito, com 'a devida vênia, é absurdo cogitar que, por exemplo, o valor da COFINS da competência jan/2002, recolhido à maior que o devido em 15/02/2002, que foi oferecido para a liquidação por compensação da competência 11/2002 de IRPJ, através da Per/Dcomp 30874.09986.231004.1.7.04 2853 em outubro de 2004, possa sofrer a imposição de "multa de mora" por que a "informação" ocorreu em 10/2004, cm relação a um débito vencido em 31/12/2002, Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 5 4 sendo que o ENTE TRIBUTANTE JÁ TEVE INGRESSADO O RECURSO A MAIOR EM SEUS COFRES, PARA SEU USO E PROVEITO DESDE 15/02/2002. Mora de quem? …………………………………………………. Além de serem constituídos duas vezes de oficio, os referidos débitos não poderiam ser lançados antes mesmo da própria formalização do Despacho Decisório que propôs sua existência !!! Qual seria a fundamentação legal e/ou motivação técnica pará a realização de tal procedimento mediúnico, onde o débito é constituído antes de ser formalizado? Nesse sentido, mister se faz a realização do detalhamento dos processos como segue (Doc 01): 1) PA 10909.900.181/200861 — 2) PA 10909.900.168/200811 — 3) PA 10909.900.174/200860 — 4) PA 10909.900.180/200817 — 5) PA 10909.900.176/200817 — 6) PA 10909.900.170/200881 — 7) PA 10909.900.1791200892 — 8) PA 10909.900.177/200801 — 9) PA 10909.900.123/200838 — 10) PA 10909.900.105/200856 —11) PA 10909.900.184/200803 — 12) PA 10909.900.140/2008 75 — 13) PA 10909.900.182/200814 — 14) PA 10909.900.165/200879 — 15) PA 10909.900.169/2008 57 16) PA 10909.900.183/200851 — 17) PA 10909.900.178/200851 — pagamento à maior de PIS nãocumulativo em 15/05/2003 — suposto valor devido de IRPJ (2362) — 08/2003 — vencido em 30/09/2003 original de R$ 13.535 13 e IRPJ (2362) — 09/2003 — vencido em 31/10/2003 original de R$ 1.877,32 — Total de R$ 15.412 45 ciente em 0S/05/2008 impugnado em 04/06/2008 Exigibilidade Suspensa Nova cobrança PA 10909.900.356/200831 — criado do nada em 04/04/2008 — não foi dado ciência ao contribuinte — lançado indevidamente na conta corrente do contribuinte como "Débito SIEÉ" o mesmo valor de IRPJ (2362) — 08/2003 — original de R$ 13.535,13 e, IRPJ (2362)] 09/2003 original de R$ 1.877 32 — Total de R$ 15.412 45. 18) PA 10909.900.145/200860 …………………………………………………………… …………………. IV. DO PEDIDO Demonstrado o direito líquido e certo da impetrante, e a possibilidade de sofrer violação desses direitos, requer: Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 6 5 • a) a concessão de liminar inaudita altera pars, • determinando a autoridade coatora, no caso o Delegado da Receita Federal em Itajai — SC, que se abstenha de promover qualquer procedimento, no sentido de promover a cobrança de valores cuja exigibilidade encontrase suspensa por impugnaçao administrativa em Manifestações de Inconformidade, ou de promover atos à inscrição de divida ativa da impetrante e mesmo a sua inscrição no CADIN, determinandose assim, a imediata emissão de Certidão Positiva com Efeitos de Negativa de Débitos, vez que presentes os pressupostos delicados no art. 7° da Lei n° 1.533/51, até julgamento final do presente mandado; b) seja expedido oficio à autoridade coatora para que preste, no prazo de lei, as informações que entender cabíveis; • c) após prestadas as informações, seja ouvido o representante do Ministério Público; d) a concessão em definitivo da segurança pleiteada,reconhecendo a ilegitimidade do procedimento adotado pelo ente tribuntante para promover qualquer procedimento, no sentido de promover a cobrança de valores cuja exigibilidade encontrase suspensa por impugnação administrativa em Manifestações de Inconformidade, face às flagrantes ilegalidades sobejamente apontadas, que contrariam as prescrições legais aplicáveis a matéria. e) a concessão cm definitivo da segurança pleiteada, determinando o cancelamento dos lançamentos indevidamente administrativo pendente de julgamento, em atendimento a disposto no art. 151, III, do CTN. 12. Da sentença monocrática extraímos os trechos : Tratase de mandado de segurança postulando expedição de CND ou CPD/EN, além da declaração da impossibilidade de promoverse a cobrança de valores com exigibilidade suspensa por impugnação administrativa, bem como o cancelamento destes lançamentos fiscais. ………………………… A autoridade explicou que a impetrante teve créditos reconhecidos a seu favor, sendo que compensou estes créditos com débitos confessados (DCOMP). O sistema de processamento de dados aplicou automaticamente sistemática proporcional de quitação do débito, utilizando o crédito reconhecido para pagamento parcial do principal do débito, para pagamento parcial da multa moratória e pagamento parcial dos juros de mora. Assim, o valor do Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 7 6 débito remanescente especificado, em cada um dos 53 despachos decisórios da PER/COMP, é composto de parcela remanescente do principal, da multa de mora e dos juros de mora, que não foram quitados, impedindo a aplicação do art. 138 do CTN (denúncia espontânea). Aduziu que todos os lançamentos hostilizados no writ decorrem da compensação proporcional dos valores principal, multa e juros, sendo que os novos lançamentos representam apenas a diferença encontrada a favor do Fisco, recebendo estes créditos novos números de processo administrativo. Por fim, diz que a impetrante, quando do ajuizamento, tinha outros débitos, os quais foram quitados somente em 28/07/2008 – fis. 630/642. …………………………….. 3. Dispositivo Concedo a segurança, com base no art. 138 do CTN, para anular todos os despachos decisórios emitidos contra a impetrante (relacionados na inicial e nas informações) que incluam a multa de mora (ainda que parcial) no lançamento, em face da denúncia espontânea efetuada nos débitos confessados/declarados pela impetrante através de DCOMP. Ordeno que a autoridade coatora expeça CND ou CPD EN, salvo se por outros motivos deva ser negada, na forma do art. 151,1V, do CTN. Custas na forma da Lei. Sem honorários. Espécie sujeita ao reexame necessário. Itajaí, 12 de novembro de 2008. Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva Juiz Federal 13. Em pesquisa no sítio do TRF4, encontramos as seguintes informações a respeito do MS 2008.72.08.002208 4/SC: APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 2008.72.08.0022084/SC RELATORA: Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE APELANTE: UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) ADVOGADO: ProcuradoriaRegional da Fazenda Nacional Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 8 7 APELADO: TECONVI TERMINAL DE CONTEINERES DO VALE DO ITAJAÍ ADVOGADO: Jackeline Daros Abreu de Oliveira REMETENTE: JUÍZO FEDERAL DA 02ª VF e JEF PREVIDENCIÁRIO DE ITAJÁI EMENTA TRIBUTÁRIO. APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO. PRELIMINARES REJEITADAS. CABIMENTO DE MANDADO DE SEGURNÇA. INCOMPATIBILIDADE DAS RAZÕES DO APELO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ARTIGO 138, CAPUT E PARÁGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. PRESENÇA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES. O mandado de segurança visa proteger direito líquido e certo, assim considerado aquele que pode ser reconhecido só pela leitura da documentação anexada à inicial do mandado de segurança. No caso dos autos, as alegadas irregularidades foram sobejamente detalhadas pela impetrante na peça vestibular, com amparo na farta documentação que a acompanhou. O Juízo acolheu a pretensão da empresa com base na inobservância do instituto da denúncia espontânea e a consequente exclusão da multa de mora dos débitos cobrados pelo Fisco, tendo a ré dirigido sua inconformidade dentro de tais parâmetros, de modo que as razões do recurso mostramse compatíveis em face da decisão de primeiro grau. A dívida não foi paga no vencimento (incidindo juros de mora), mas a compensação (entendase pagamento) deu se no momento em que remetida a DCOMP ao órgão fazendário. Daí não ser cabível a multa de mora em virtude da denúncia espontânea, já que nenhum procedimento administrativo fora até então instaurado. "[...] 4. Todavia, conforme ressalvou o eminente Ministro Teori Albino Zavascki no julgamento do REsp 962.379/RS, a aplicação da Súmula 360 do STJ não é absoluta. Ainda que se trate de tributo sujeito a lançamento por homologação, se o crédito não foi previamente declarado pelo contribuinte, podese configurar a denúncia espontânea, desde que concorram as demais hipóteses do art. 138 do Código Tributário Nacional. [...]" (STJ, AGEDAG nº 1009777, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJE 19/02/2010) As diferenças de principal e de juros de mora, apontadas pela Fazenda Nacional como impeditivo da denúncia espontânea, decorrem da indevida inclusão da multa Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 9 8 moratória no montante do débito atualizado. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, decide a Egrégia 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, por unanimidade, em preliminar, rejeitar as teses de descabimento do mandado de segurança e de incompatibilidade das razões recursais e, no mérito, negar provimento ao apelo e à remessa oficial, nos termos do relatório, votos e notas taquigráficas que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Porto Alegre, 26 de janeiro de 2011. Des. Federal MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE Relatora FASES MANDADO DE SEGURANÇA Nº 2008.72.08.0022084 (SC) Data: 30/09/2010 Tipo: SUBSTABELECIMENTO Número: 10/1223191 Peticionante: APM TERMINALS ITAJAÍ S.A. Órgão atual: SCITA02 Status: Aguardando Juntada 29/03/2011 18:10 Remessa Externa Remessa Vara de origem GUIA NR.: 110042774 ORIGEM: EXPED DESTINO: 02a VF e JEF REVIDENCIÁRIO DE ITAJAÍ 29/03/2011 18:10 Recebimento 22/03/2011 15:05 Baixa Definitiva remetido a(o) GUIA NR.: 110038005 ORIGEM: ST1 DESTINO: EXPEDIÇÃO JUDICIÁRIA E ADMINISTRATIVA 22/03/2011 15:04 Trânsito em Julgado conforme certidão constante nos autos ……………………………….. 01/12/2010 19:00 Julgamento APÓS O VOTO DA DES. FEDERAL MARIA DE FÁTIMA FREITAS LABARRÈRE NO SENTIDO DE, EM PRELIMINAR, REJEITAR AS TESES DE DESCABIMENTO DO MANDADO DE SEGURANÇA E DE INCOMPATIBILIDADE DAS RAZÕES RECURSAIS E, NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO AO APELO E À REMESSA OFICIAL, PEDIU VISTA O DES. FEDERAL ALVARO EDUARDO JUNQUEIRA. AGUARDA A DES. FEDERAL LUCIANE AMARAL CORRÊA MÜNCH. 19/11/2010 13:50 Pauta de Julgamentos Inclusão pelo Relator DO DIA 01.12.2010 SEQ.: 009 Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 10 9 ……………………………….. 19/02/2009 18:40 Distribuição Ordinária por sorteio eletrônico – n. 54310 14. Verificase, no caso presente em exame, que as razões de recurso administrativo são idênticas ás causas de pedir da ação judicial impetrada pela recorrente. 15. As razões do recurso voluntário trazem á tona a questão do adimplemento da obrigação tributária principal, por compensação, antes de ser o valor da obrigação tributária principal declarado em DCTF, mesmo que em atraso o que, no entendimento da recorrente, afastaria a mora e, por consequência, multa de mora, por aplicação do instituto da denúncia espontânea, nos moldes do artigo 138 do Código Tributário Nacional. 16. A ação judicial demandada, no caso, mandado de segurança contra ato do Delegado da Receita Federal em Itajaí/SC, qual seja despacho decisório eletrônico que homologou parcialmente a compensação declarada na Declaração de Compensação – DCOMP, transmitida pelo sistema eletrônico PER/DCOMP, da Secretaria da Receita Federal, discute o mesmo tema, tendo tifo como resultado a sentença monocrática, confirmada em acórdão do TRF4, que teve como decisão a anulação do despacho decisório emitido. 17. Portanto, clara está a coincidência dos objetos dos pedidos, tanto na esfera administrativa, como na esfera judicial. 18. Desta forma, devese obediência ao Princípio Constitucional da Supremacia das Decisões Judiciais e da Prevalência da Esfera Judicial sobre a Administrativa, ambos insculpidos no Inciso XXXV do Artigo 5ª da Constituição Federal : Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ………………………………. XXXV a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito. 19. Para tanto, este CARF emitiu a Súmula nº 1 Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10909.900182/200814 Acórdão n.º 3301006.015 S3C3T1 Fl. 11 10 órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Vinculante, conforme Portaria nº 227, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Conclusão 20. Assim, diante da coincidência de objetos entre as razões de recurso administrativo apresentado e a causa de pedir das ações judiciais impetradas, caracterizada está a concomitância entre elas e a consequente renúncia á esfera administrativa. 21. Portanto, em razão da matéria em julgamento por este CARF encontrarse contida na matéria submetida á análise do Poder Judiciário, é de se aplicar ao caso concreto em exame a Súmula CARF nº 1. 22. Quanto aos efeitos da concomitância, deixase de conhecer as alegações relativas á matéria objeto das ações judiciais, cabendo á Unidade Administrativa de origem (DRF/ITAJAÍ/SC) a verificação do atual andamento das ações judiciais e os efeitos das suas decisões sobre a matéria em questão, para seu cumprimento. Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por não conhecer do recurso voluntário em razão da concomitância. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 105DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.721673/2015-15
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 31/03/2011 a 31/12/2015
IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. FRETE.
O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete, inteligência do art. 56 da MP n° 2.15835/ 2001, está condicionado à comprovação de que esse foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos.
AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. PEÇAS E COMPONENTES DESTINADOS À INDÚSTRIA DE AUTOPROPULSADOS.
É vedado ao estabelecimento industrial apropriar-se de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com suspensão do imposto
Numero da decisão: 9303-008.500
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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CRÉDITO PRESUMIDO. FRETE. O direito ao crédito presumido de IPI relativamente à parcela do frete, inteligência do art. 56 da MP n° 2.15835/ 2001, está condicionado à comprovação de que esse foi efetivamente cobrado juntamente com o preço dos produtos vendidos. AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. PEÇAS E COMPONENTES DESTINADOS À INDÚSTRIA DE AUTOPROPULSADOS. É vedado ao estabelecimento industrial apropriarse de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com suspensão do imposto Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 16 73 /2 01 5- 15 Fl. 14472DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício). Relatório Trata o presente processo auto de infração (efls. 04 a 23) referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI apurado no período de 31/03/2011 a 31/12/2015, no valor de R$ 270.951.448,15, aí somados: principal de R$ 132.180.949,85, multa de ofício de R$ 99.135.712,15, e juros de mora (calculados até 30/03/2016) de R$ 39.634.786,55. A contribuinte teve ciência da autuação em 31/03/2016. As infrações que deram azo à autuação foram: a) aquisição de terceiros e importação em nome próprio de mercadorias que deveriam entrar no estabelecimento com suspensão de IPI, em razão de que este regime é de adoção obrigatória para indústrias do setor automotivo quando tais mercadorias forem destinadas à sua produção; além disso, mercadorias de uso e consumo propiciaram, indevidamente, créditos de IPI, bem como, mercadorias descritas em língua estrangeira, ou seja, indeterminadas, também propiciaram créditos de IPI; b) deixar de recolher IPI em decorrência da utilização indevida de créditos relativos à devolução de mercadorias vendidas; c) utilizarse, indevidamente, de valores escriturados a seu favor em razão de fruição indevida de "crédito presumido IPIfrete". O detalhamento das infrações encontrase na Relatório Fiscal, às efls. 24 a 47. A empresa apresentou impugnação ao lançamento, às efls. 1268 a 1300. Já a 2ª Turma da DRJ/RPO, em 26/08/2016, no acórdão nº 1462.509, às efls. 14015 a 14032, apreciou a impugnação para considerála improcedente, mantendo o crédito tributário lançado. Irresignada, a empresa interpôs recurso voluntário ao CARF, às efls. 14042 a 14079. Em apertada síntese, a contribuinte, conforme extraído do relatório do acórdão recorrido, alegou: (i) Decadência parcial das operações realizadas até 30/03/2011, vez que o sujeito passivo somente tomou ciência do lançamento em 31/03/2016; (ii) a improcedência da glosa dos créditos realizadas : Fl. 14473DF CARF MF Processo nº 10860.721673/201515 Acórdão n.º 9303008.500 CSRFT3 Fl. 14.473 3 (ii.1) quanto à suspensão do IPI previsto no art. 5º da Lei n.º 9.826/99: (ii.1.1) não restou comprovado pela fiscalização que as mercadorias objeto da glosa foram destinadas à produção de veículos, conforme exigido pelo §2º do referido artigo. Sustenta a Recorrente que, "dada as características dos produtos envolvidos (v.g. paralama dianteiro, tampa traseira, painel interno porta dianteira, filtro de ar, buxa, luz, arruela), seguramente eles poderiam ser revendidos no estado em que adquiridos como itens de reposição, usualmente instalados pelos distribuidores Volkswagen em veículos usados" (efl.14.047) (ii.1.2) a fiscalização considerou produtos cujas NCMs não estão descritas no texto legal, abrangendo produtos classificados nas posições da NCM 1516, 2710, 3214, 3403, 3819, 3820, 3907, 3923, 3926, 4011, 5906, 7007, 7209, 7210, 7306, 7318, 8301, 8308, 8409, 8421, 8481, 8536, 8544, 8708 e 9003; (ii.1.3) é inaplicável a suspensão quando comprovado que as mercadorias importadas foram revendidas. Afirma a Recorrente que anexou aos autos os comprovantes de revenda de forma exemplificativa, cuja verificação poderá ser feita com a conversão do processo em diligência se for necessário; (ii.1.4) ainda que aplicável a suspensão, o registro do crédito não implicou prejuízo ao Erário, vez que os insumos foram adquiridos com débito do imposto. Afirma a Recorrente que recebeu os produtos com destaque do IPI, procedendo com a apropriação do crédito em boa fé e sem prejuízo ao erário. (ii.2) quanto aos créditos de devolução de mercadorias: (ii.2.1) afirma a recorrente que trouxe documentação probatória e suficiente para comprovar a saída e retorno das mercadorias. O controle foi realizado em sistema equivalente (sistema de gestão empresarial SAP). Além disso teria apresentado à fiscalização os documentos contábeis, notas fiscais, livros e registros e entradas e saída, planilhas e os prints do sistema SAP comprovando a devolução; (ii.2.2) especificamente em maio/2012 ocorreram devoluções e saídas fictas previstas no art. 2o do Decreto n. 7.725/2012, fugindo à regra geral trazida pela fiscalização. (ii.3) quanto ao crédito presumido do art. 56 da MP 2.158 35/2001: diferentemente do que aduz a fiscalização, afirma a Recorrente que não há obrigação legal explícita ou implícita de destaque do IPI sobre o frete na nota de venda, sendo que a indicação de que se trata de venda CIF constitui prova presuntiva de que o frete integrou o preço, capaz de ser elidida apenas mediante demonstração em contrário pela fiscalização; (ii.4) quanto aos bens de uso e consumo, afirma o Recorrente que a ocorreu por dois motivos que não merecem prosperar: Fl. 14474DF CARF MF 4 (ii.4.1) em razão da descrição da mercadoria estar em língua estrangeira desconsiderando o NCM das mercadorias constantes das notas estrangeiras, ponto sobre o qual a decisão de primeira instância não se manifestou; e (ii.4.2) as mercadorias glosadas são utilizadas no processo produtivo (desengraxante isento de boro, chave de fenda, adesivo exposito expansivo para veículos, desengraxante sistema spray, fluído de limpeza e óleo lubrificante). A 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, no acórdão nº 3402004.087, apreciou o recurso voluntário em 27/04/2017, às efls. 14106 a 14138, dandolhe provimento parcial. Tal acórdão teve as seguintes ementas: REGIME ESPECIAL ART. 56, MP 2.15835/ 2001. CRÉDITO PRESUMIDO. O valor do frete somente deve ser segregado na nota fiscal quando esse valor for cobrado ou debitado em separado do adquirente, exigência esta que não é feita pela legislação sob análise, que exige expressamente que os valores de frete "sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos" (art. 56, II, 'b', MP 2.158/2001). AUTOMOTIVO. SUSPENSÃO. PEÇAS E COMPONENTES DESTINADOS À INDÚSTRIA DE AUTOPROPULSADOS. É vedado ao estabelecimento industrial apropriarse de créditos de IPI decorrentes da aquisição de componentes, chassis, carroçarias, acessórios, partes e peças dos produtos autopropulsados classificados nas posições 84.29, 84.32, 84.33, 87.01 a 87.06 e 87.11 da TIPI, que deveriam ter saído do estabelecimento fornecedor com a suspensão do imposto. CRÉDITO. LÍNGUA ESTRANGEIRA. Uma vez apresentados outros elementos capazes de confirmar a natureza do produto, como admitido pela própria decisão recorrida, descabida a glosa perpetrada pela fiscalização quanto aos produtos descritos em língua estrangeira na contabilidade. CRÉDITO. INSUMOS. CONCEITO JURÍDICO. MATERIAIS DE LIMPEZA, FERRAMENTAS, LÍQUIDOS PARA LAVAGEM E LUBRIFICAÇÃO. Só geram direito ao crédito presumido os materiais intermediários que se enquadrem no conceito jurídico de insumo, ou seja, aqueles que se desgastem ou sejam consumidos mediante contato físico direto com o produto em fabricação. Parecer Normativo CST nº 65/79. IPI. CRÉDITO. DEVOLUÇÕES E RETORNOS DE PRODUTOS. FALTA DA ESCRITURAÇÃO DAS NF NO LIVRO REGISTRO DA PRODUÇÃO E DO ESTOQUE OU SISTEMA EQUIVALENTE. IMPOSSIBILIDADE O aproveitamento de créditos de IPI relativos a devoluções e retornos de produtos tributados está condicionado à comprovação de escrituração do Livro de Registro de Controle Fl. 14475DF CARF MF Processo nº 10860.721673/201515 Acórdão n.º 9303008.500 CSRFT3 Fl. 14.474 5 da Produção e do Estoque ou de sistema de controle equivalente. O sistema adotado pela empresa apenas indica a data da emissão da nota de devolução/cancelamento e o seu motivo, não constando o número das notas de devolução cuja escrituração no sistema equivalente de controle de estoque é exigida pelos artigos 231, II, 'b' e 234 do RIPI/2010 como condicionante para o aproveitamento do crédito. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO. SALDO DEVEDOR. Ainda que aplicável à hipótese o art. 150, §4º, do CTN, em razão da própria sistemática da não cumulatividade do IPI, considera se ocorrido o fato gerador, para fins de contagem deste prazo decadencial, no encerramento do período de apuração desse tributo. O referido acórdão teve a seguinte redação: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, por dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para cancelar o crédito tributário lançado relativo: (i) à Rubrica "CRÉDITO PRESUMIDO CIF MP 215835/ 01", diante da ausência de respaldo legal; e (ii) à glosa perpetrada pela fiscalização quanto aos produtos descritos em língua estrangeira, dentre os quais "ZUSATZ FUER NACHSP" , "ZNNIMNSPRITZPH", "ZN" "SPRITZ", "CLEAR COAT", "TRANSPORTSCHUTZ (CG 04 0A)", "EPDXIDKLEBSTOFF MIFU", "LACKGRUNDIERUNG FU". Vencidos os Conselheiros Jorge Freire, Waldir Navarro Bezerra e Maria Aparecida Martins de Paula, que negaram provimento na íntegra. Vencidos os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Carlos Augusto Daniel Neto, que deram provimento em maior extensão para reconhecer os créditos por devolução ou retorno, em razão do controle apresentado pelo contribuinte substituir o livro de controle da produção e do estoque. Recurso especial da Fazenda A Procuradoria da Fazenda Nacional foi intimada para ciência do acórdão de recurso voluntário, em 18/05/2017 (efl. 14140), e interpôs o recurso especial de divergência de efls. 14141 a 14155, em 19/06/2017. Aponta divergência quanto a matéria relativa à glosa dos créditos presumidos relativos ao frete, fundamentados no art. 56 da MP 2.15835/2001. Toma por base o acórdão nº 3201002.247 como paradigma da divergência e, com base nele conclui: Enquanto o acórdão recorrido cancelou a glosa por entender desnecessária a segregação dos valores do frete em nota fiscal, o acórdão paradigma manteve a exigência sob o entendimento de que há necessidade do destaque na nota fiscal. Em 04/08/2017, o então Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, com amparo no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 343 de Fl. 14476DF CARF MF 6 09/06/2015, apreciou o recurso especial da Fazenda, no despacho de efls. 14158 a 14161, e deulhe seguimento, admitindo a discussão na Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF. Contrarrazões da contribuinte A contribuinte foi cientificada (efl. 14170) do acórdão nº 3402004.087, do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, de efls. 14.141 a 14.155, e do despacho de sua admissibilidade, em 19/03/2018 (efl. 14173). Em 03/04/2018, ela apresentou contrarrazões ao recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, às efls. 14209 a 14229. Preliminarmente, aponta razões para o não conhecimento do Recurso especial da Procuradora, pois tratarseia de situações fáticas diversas, cada qual com seu conjunto probatório específico. O acórdão paradigma conclui que não teria havido a comprovação da inclusão do frete no preço do produto, seja pelo destaque na nota fiscal, seja por qualquer outro meio de prova. Já o acórdão recorrido admite que houve comprovação da inclusão do preço do frete no preço dos produtos (por meio de contratos e demonstrativos), ainda que de forma exemplificativa, e isso não foi posto em cheque na autuação. Logo, infere que se houvesse a mesma comprovação no caso do paradigma, a decisão seria pela regularidade dos créditos presumidos em relação aos fretes. Além do exposto anteriormente, não houve a análise da legislação tributária que ensejaria a divergência, isso porque o recorrido toma por base a Solução de Consulta nº 26/2012, uma de suas principais fundamentações para formação da convicção do relator, e o paradigma, não a analisa. Já em relação ao mérito, reforça a argumentação utilizada em seu recurso voluntário quanto desnecessidade de que o frete seja destacado nas notas fiscais para a obtenção dos créditos pretendidos, desde que seja ele cobrado juntamente com o preço dos produtos, integrando a base de cálculo do IPI, conforme exigência legal. Tal integração no preço foi reconhecida pela decisão recorrida, em vista dos elementos probatórios carreados pela empresa, quais sejam: (1) demonstrativo analítico dos valores que compõem o preço dos produtos (os quais compreendem receita de transporte); (2) CTRCs emitidos em face da Recorrida; (3) registro do valor do CTRC no livro de entrada; (4) controle do sistema interno; e (5) DANFEs. Assim, comprovado o atendimento da condição legal de o frete compor o preço de venda e não exclusivamente o seu destaque na nota fiscal, atingindo o objetivo buscado no regime especial do art. 56 da MP 2.15835/2001, haveria que ser mantido o acórdão recorrido, com a negativa de provimento ao recurso especial de divergência da Fazenda. Embargos de declaração da contribuinte A contribuinte foi cientificada (efl. 14170) do acórdão nº 3402004.087, do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, de efls. 14.141 a 14.155, e do despacho de sua admissibilidade, em 19/03/2018 (efl. 14173). Em 26/03/2018, às efls. 14176 a 14182, manejou embargos de declaração àquele acórdão, indicando nele a existência de omissões e contrariedades. Nos embargos, alega omissão do aresto na análise de documentação comprobatória de que os fornecedores destacaram o IPI tributado, o que a induziria, de boafé, a considerar não serem eles sujeitos a suspensão e realização do registro do créditos Fl. 14477DF CARF MF Processo nº 10860.721673/201515 Acórdão n.º 9303008.500 CSRFT3 Fl. 14.475 7 correspondente; o referido aresto não fez qualquer consideração quanto à boafé da contribuinte. Além disso, ao deixar de ter apreciado argumentação específica, no sentido de que, para as devoluções e saídas fictas do Decreto 7.725/2012, para as quais houve o estabelecimento de sistema próprio de registro, apenas seriam aplicáveis as disposições do art. 388 do RIPI/02, incidiu, igualmente, em outra omissão. Outrossim, o aresto embargado incorreria em obscuridade, por referendar a glosa do crédito registrado com base no Decreto nº 7.725/2012, que de fato regeria os deveres instrumentais em discussão, alegando descumprimento de determinações impostas pelo RIPI/2002. O Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento no despacho de efls. 14231 a 14235, em 11/04/2018, rejeitou os embargos da contribuinte, forte no § 3º do art. 65 do Anexo II do RICARF. Recurso especial de divergência da contribuinte A contribuinte interpôs recurso especial de divergência ao acórdão nº 33402 004.087, em 14/05/2018, às efls. 14360 a 14384. Aponta a divergência em 3 matérias, com os respectivos acórdãos paradigmas, conforme tabela resumo a seguir: DIVERGÊNCIA MATÉRIA ACÓRDÃOS PARADIGMAS 1. Validade da apropriação de créditos de IPI em função do afastamento indevido da suspensão 3401003.189 2. Direito ao crédito de IPI decorrente de devoluções e retornos 9303006.481 3302003.056 3. Direito ao crédito de IPI decorrente da aquisição de produtos de uso e consumo 3402000.375 3402003.810 Indica a divergência 1. com a seguinte conclusão: De um lado, o acórdão recorrido entendeu que a subsunção dos produtos em questão ao regime de suspensão impede o creditamento pelo adquirente, ainda que haja destaque do tributo pelo fornecedor. De outro, o acórdão paradigma consignou que “o aproveitamento de créditos por sistemática indevida é neutralizada pelo fato de que a materialidade que baseou o equívoco interpretativo ao mesmo tempo justifica a existência de um direito creditório de igual valor e sentido contrário”. A divergência 2. é assim resumida: Enquanto o acórdão recorrido entendeu que seria indispensável o registro de uma série de informações, inclusive das notas fiscais, no Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque ou equivalente para assegurar o crédito, os acórdãos paradigmas entenderam que bastaria a prova de reintegração dos produtos ao estoque, o que poderia ser feito por qualquer meio que permita atingir tal finalidade Por fim, com relação à divergência 3., a recorrente assim a demonstra: a) no recorrido: Fl. 14478DF CARF MF 8 (...) foram mantidas glosas de itens que têm exatamente a mesma natureza, sem que tenha existido uma efetiva verificação presencial do uso desses produtos – o lançamento se deu com base exclusivamente na “descrição trazida pela fiscalização, de que se tratam de ‘materiais de limpeza, ferramentas, líquidos para lavagem e lubrificação”. b) no paradigma: (...) a Turma concluiu por “reverter as glosas que recaíram sobre os seguintes itens: (i) óleos e lubrificantes (destinados à limpeza e assepsia); e, ainda (ii) outros produtos (aditivos, detergentes e sanitizante) utilizados para a assepsia, limpeza e tratamento da água” Nessa matéria conclui que seria ônus da fiscalização demonstrar que os produtos não se subsumiam ao conceito de insumo, havendo divergência quanto ao ônus probatório entre os paradigmas. O então Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, no despacho de efls. 14388 a 14399, em 18/05/2018, com base nos arts. 67 e 68 do Anexo II do RICARF, analisou o recurso especial, concluindo por darlhe parcial seguimento, para admitir a discussão da matéria 1. em relação à divergência quanto à possibilidade de apropriação de crédito de IPI indevidamente destacado em notas fiscais que documentaram saídas que deveriam ter sido cursadas sob suspensão do imposto. Cientificada do despacho em 08/06/2018 (efl. 14403), a contribuinte a ele interpôs o agravo de efls. 14407 a 14414, em 14/06/2018, com base no inc. III do art. 71 do Anexo II do RICARF. Quanto a não admissão do recurso para a matéria 2 (créditos das devoluções e retornos) a agravante afirma, em resumo, que a decisão agravada se equivocou quanto aos aspectos fáticos e jurídicos dos acórdãos paradigmas. Ao contrário do que sustenta o r. despacho, os acórdãos paradigmas e recorrido deram interpretação diversa à legislação tributária, notadamente quanto à necessidade de preenchimento do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque e da escrituração de notas fiscais para fins de creditamento quando há devoluções e retornos de produtos ao estoque. Relativamente à inadmissão da matéria 3 (créditos de produtos de uso e consumo), preliminarmente, afirma que o despacho agravado deixou de se pronunciar acerca da divergência apontada no recurso especial relativamente ao acórdão nº 3402003.810, também indicado como paradigma. No mérito, que o paradigma nº 3402000.375, demonstrou cabalmente a divergência, pois o nele consta que não há necessidade de contato físico com o produto final para serem caracterizados como matériaprima ou produto intermediário, contrariando o entendimento do acórdão a quo. A Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF apreciou o agravo, em 04/07/2018, no despacho de efls. 14426 a 14428 e acatou a preliminar de falta de análise da divergência em relação ao acórdão paradigma nº 3402003.810, acolhendo parcialmente o agravo para que retornassem os autos à 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento visando a exteriorização do juízo de admissibilidade do recurso especial acerca da divergência considerandose também esse paradigma. No despacho de efls. 14430 a 14436, em 10/07/2018, o Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, retomou a apreciação do recurso especial de Fl. 14479DF CARF MF Processo nº 10860.721673/201515 Acórdão n.º 9303008.500 CSRFT3 Fl. 14.476 9 divergência da contribuinte, relativamente à matéria 3, apenas. Nesse quadro, adotou a análise do despacho de efls. 14388 a 14399 com relação ao paradigma 3402000.375 e apreciou a divergência posta em relação ao paradigma nº 3402003.810. Relativamente a este, afastou a análise por se tratar de interpretações dadas pelo mesmo colegiado prolator do acórdão recorrido, o que descumpre o requisito do caput do art. 67 do RICARF, considerandoo sua definitividade em razão do disposto no § 2º do art. 71 do RICARF. O despacho de admissibilidade de recurso especial de efls. 14430 a 14436 foi cientificado à contribuinte em 20/07/2018 (efl. 14442), sem que constasse qualquer manifestação dela até 28/09/2018, data em que houve a apreciação do agravo. Essa apreciação levou em consideração a integração desse despacho àquele de efls. 14388 a 14399. A análise resultou no despacho de efls. 14445 a 14452, com a rejeição do agravo da contribuinte, prevalecendo o seguimento parcial ao recurso especial, conforme proposto pelo Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento. Por fim, foi dada ciência à agravante do despacho de efls. 14445 a 14452, em 03/10/20188 (efl. 14457). Contrarrazões da Fazenda A Procuradoria da Fazenda Nacional foi intimada do despacho em 17/10/2018 (efl. 14461) e apresentou contrarrazões ao recurso especial de divergência da contribuinte em 24/10/2018, às efls. 14462 a 14469. O Procurador, com base no Relatório Fiscal, adota a argumentação do acórdão recorrido para sustentar a denegação de seguimento do recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Análise do recurso especial de divergência da Fazenda Conhecimento O recurso é tempestivo. Em que pesem as considerações da contribuinte em sua contrarrazões, concordo com o entendimento da Presidente da CSRF, quanto à existência de divergência jurisprudencial. De fato, como salientou a empresa em suas contrarrazões, o acórdão recorrido centrouse na questão probatória, acerca da inclusão do valor do frete no preço do produto. Sabemos que a divergência não se estabelece em sede de instrução probatória. Assim, poderseia concluir pela inocorrência da divergência suscitada. Ocorre que, tanto no recorrido, como nos paradigmas, a prova é a mesma (mesma empresa, mesma escrituração e mesma contabilização). Portanto, a diferença entre essas decisões somente pode ser atribuída ao critério jurídico aplicado sobre essa prova. Fl. 14480DF CARF MF 10 Com efeito, nesse caso não se discute o mérito da prova, mas sim o critério de incidência da norma sobre ela, para definir se, para o creditamento do valor do frete: seria necessário o destaque do valor na NF; bastaria que a venda posterior tenha sido realizada na modalidade CIF; ou outro critério jurídico aplicável. Nesse caso, a divergência jurisprudencial fica patente e, portanto, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional. Mérito Recentemente, 24/01/2019, e adotei o posicionamento expresso no acórdão nº 9303007.911, do processo nº 10860.721154/201212, justamente, porque naquele processo, ficou evidenciado que os valores de fretes pagos aos transportadores não eram diretamente atribuídos às vendas realizadas, talvez o fossem de forma indireta, pela média, ou por critérios outros que não os exigidos pela legislação que concedia o crédito presumido. A admissão em bloco de provas nos autos, pelo acórdão recorrido, como suficientes para concluir que os fretes estariam incluídos nos preços de vendas, não permitem reavaliálas em sede de recurso especial de divergência. Contudo, há dois pontos importantes para construção do meu posicionamento: 1) legislação vigente à época dos fatos geradores; e 2) necessidade de comprovação dos valores dos fretes relacionadas individualmente com cada venda realizada. O primeiro ponto afasta de plano a ideia trazida pela contribuinte de que seria possível admitirse alguma forma de equalização dos valores de frete, ou mesmo um preço médio. A legislação da época, MP 2.15835/2001, dispunha: (...) §1o O regime especial: (...) II será concedido mediante opção e sob condição de que os serviços de transporte, cumulativamente: b) sejam cobrados juntamente com o preço dos produtos referidos no caput, em todas as operações de saída do estabelecimento industrial; (...) Da leitura do dispositivo acima, poderseia ter uma interpretação mais restritiva, de que a cobrança conjunta do frete com o preço do serviço deveria ser expressa no documento fiscal. Poderseia, ainda, ter uma interpretação mas aberta do dispositivo, de que, mesmo sem a informação expressa no documento fiscal, esse valor poderia ser apresentado em documentação complementar. Fl. 14481DF CARF MF Processo nº 10860.721673/201515 Acórdão n.º 9303008.500 CSRFT3 Fl. 14.477 11 Porém, no entender deste conselheiro, não cabe a interpretação de que o valor do frete tenha sido integralmente repassado ao cliente, por sua pretensa alocação ao preço de venda de cada respectivo produto. De outra forma, o dispositivo restaria sem aplicação nenhuma, pois o preço de venda é destinado justamente à recuperação dos custos e despesas necessários à manutenção da operação das empresas. Logo, para subsunção do caso à condição normativa de comprovação do repasse do valor, a cada venda deveria ser possível a comprovação da cobrança do valor do frete específico da operação. Pela leitura da decisão recorrida, verificase que, no caso, não havendo cobrança do frete na nota fiscal, comprovouse apenas que a contribuinte: a) paga frete à transportadora e b) cobra preço fechado do cliente. Ora, isso implica a inevitável conclusão de que o que está sendo eventualmente repassado no preço é, no máximo, um valor médio de frete e não o valor específico do frete de cada venda. Para fins de esclarecimento, encontramse a seguir reproduzidos os termos da referida decisão, na parte que interessa, à efl. 14113: De fato, considerando todos os requisitos apontados acima, a fiscalização indicou que a Recorrente não teria adimplido aquela trazida nos pontos (c.2) e (c.3) por não ter segregado o valor do frete na nota fiscal. Contudo, todo o requisito (c) foi devidamente adimplido pela Recorrente vez que, como informado pela própria fiscalização, ela realizou as operações de saída com uma cláusula C&F, qual seja, cláusula CIF3, arcando com o valor do frete realizado entre o estabelecimento industrial e o local de entrega do produto ao adquirente, incluindo esse valor na composição do preço da mercadoria (em conformidade, como visto, com o art. 2º, §2º e art. 5º da IN n.º 91/2001). Da mesma forma, indicou em todas as suas notas fiscais que o frete foi por ela arcado na condição de "Emitente" das notas fiscais. Acrescese que a Recorrente trouxe aos autos contratos de transporte firmados com empresas para realizar o transporte do estabelecimento industrial aos adquirentes dos veículos novos (efls. 13.826/13.961), bem como demonstrativo de que os valores dos fretes foram incluídos no preço dos produtos (efls. 13.819/13.825), demonstrando, de forma exemplificativa, o adimplemento dos requisitos legais. Entretanto, salientese que em qualquer momento essas questões foram postas em xeque na presente autuação, vez que a fiscalização relatou o procedimento adotado pela Recorrente de incluir o preço do frete por ela contratado no preço das mercadorias. Contudo, no seu entendimento, esse frete deveria vir apartado na nota fiscal. Ou seja, os valores de fretes pagos aos transportadores não eram diretamente atribuídos às vendas realizadas, talvez o fossem de forma indireta, por critérios outros que não os exigidos pela legislação que concedia o crédito presumido. Quiçá isso fosse relevante para a contribuinte por questões de mercado ou de logística na distribuição dos veículos, mas, no meu entender, não atendia a condição da norma Fl. 14482DF CARF MF 12 então vigente: cobrar o preço do serviço de transporte juntamente com o preço dos veículos em todas as operações de saída. Me parecem irrelevantes as considerações sobre vantagens ou desvantagens para a tributação do IPI na aplicação deste ou daquele critério, o que deve valer é o critério disposto na lei à época dos fatos. Dessa forma, voto por dar provimento ao recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, quanto a essa matéria, restabelecendo a glosa do crédito presumido de IPI sobre o frete. Análise do recurso especial de divergência do sujeito passivo O recurso especial da contribuinte é tempestivo, cumpre os requisitos regimentais, por isso dele conheço. Mérito Tal matéria já foi abordada nesta Turma, em 13/03/2018, no acórdão nº 9303 006.481, em relação à mesma contribuinte, inclusive com oposição do mesmo paradigma. Naquele aresto, a Turma por maioria, seguiu o voto do relator, i. conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, que peço vênia para aqui reproduzir tomandoo como razão de decidir: ... matéria controvertida diz com os créditos referentes às aquisições de materiais que saíram do fornecedor com suspensão de IPI e que foram empregados em certos produtos autopropulsados. A divergência também aqui é manifesta, uma vez que, enquanto o acórdão recorrido decidiu no sentido de que as aquisições assim realizadas não geram direito ao crédito, mesmo que indevidamente destacado nas notas fiscais, o acórdão paradigma entendeu de forma divergente, como facilmente comprova a própria ementa da decisão: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI Período de apuração: 01/07/2008 a 31/12/2008 CRÉDITO. IMPOSTO DESTACADO INDEVIDAMENTE. POSSIBILIDADE. Pode gerar crédito o IPI relativo a aquisições de insumos com destaque indevido do imposto nas notas fiscais quando há elementos concorrentes que comprovam a veracidade material da operação. (Acórdão nº 3401003.189). E, no mérito, diferentemente da matéria anterior, concordamos com a interpretação encartada no acórdão recorrido. Se o pagamento foi indevido – e isso o recurso especial já não discute mais –,vale dizer, se os materiais saídos do estabelecimento do fornecedor foram tributados, quando, pela suspensão prevista em lei, não deveriam, o caso trata, pura e simplesmente, de pagamento indevido, hipótese em que exsurge legítimo o direito à restituição, com fundamento no art. 165, inciso I, do CTN. Ora, para que o crédito de IPI seja legítimo, não basta tão só o pagamento. É necessário que o IPI seja devido, em conformidade com a legislação que o disciplina. De outro modo, Fl. 14483DF CARF MF Processo nº 10860.721673/201515 Acórdão n.º 9303008.500 CSRFT3 Fl. 14.478 13 quem passaria a legislar seria o contribuinte, não mais o legislador. Imaginese o seguinte exemplo: um determinado contribuinte de IPI, que, em determinado período de apuração, tem créditos em valores significativamente superiores ao débitos do imposto, resolve acertarse com um outro contribuinte de IPI, no qual a situação é inversa (mais débitos do que créditos), a fim de que, a despeito da previsão de suspensão do imposto nas saídas de seus produtos industrializados para este último, passem a tributálas, como se devido fosse o IPI. Obviamente, ambos se beneficiariam: o primeiro, porque reduziria, por via oblíqua, o montante dos créditos do IPI, recebendo do segundo, em pecúnia, o valor correspondente à redução (e nada pagaria de imposto, em face da cobertura de crédito). O segundo, porque recolheria menos imposto do que o que seria devido fosse o imposto não destacado (obviamente, o valor do imposto indevidamente pago por este àquele seria compensado com o seu recolhimento a menor no prazo de vencimento). No exemplo dado, haveria como que uma antecipação de ressarcimento, pois o contribuinte não precisaria encerrar o trimestrecalendário para, aí sim, apresentar o correspondente pedido na forma preconizada nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996 (vide art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999). O exemplo que de vimos de fornecer somente reafirma o que antes já antecipamos: o IPI, como de resto todos os demais tributos, incidem ou não incidem a depender da subsunção do fato ocorrido à previsão legal, a sua hipótese de incidência – hipótese que, obviamente, não pode ser modificada pela intenção (ou "distração") dos contribuintes envolvidos na operação. Dessarte, voto por negar provimento ao recurso especial de divergência da contribuinte. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por: a) conhecer do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional e darlhe provimento; e b) conhecer do recurso especial de divergência da contribuinte para negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 14484DF CARF MF 14 Fl. 14485DF CARF MF
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