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Numero do processo: 36624.014089/2006-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/10/2006 RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas relativas à Gfip foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, esta mais benéfica para o infrator com a inclusão do art. 32-A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. RELEVAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CORREÇÃO DA FALTA ATÉ A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. A relevação prevista no art. 291, § 1º do RPS necessitava dos seguintes requisitos: Pedido no prazo de defesa, mesmo que não contestada a infração; Primariedade do infrator; Correção da falta até a decisão do INSS; Sem ocorrência de circunstância agravante. A relevação não é faculdade da autoridade administrativa, uma vez o infrator atendendo aos requisitos do art. 291, § 1º do RPS, quais sejam: primariedade do infrator; correção da falta e sem ocorrência de circunstância agravante; surge para a autoridade o dever de relevar a multa. Contudo, essa autoridade não pode agir de ofício, é necessária a provocação da parte. Analisando os requisitos e os autos, verifica-se que a recorrente não é primária.
Numero da decisão: 2302-001.870
Decisão: ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32-A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32-A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991.
Nome do relator: MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Recorrente ASSIST CARD DO BRASIL LTDA Recorrida DRJ SÃO PAULO SP ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/10/2006 RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas relativas à Gfip foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, esta mais benéfica para o infrator com a inclusão do art. 32A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. RELEVAÇÃO DA MULTA. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CORREÇÃO DA FALTA ATÉ A DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. 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Fl. 1762DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991. Marco André Ramos Vieira Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Marco André Ramos Vieira (Presidente), Liege Lacroix Thomasi, Arlindo da Costa e Silva, Adriana Sato, Jhonatas Ribeiro da Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior. Fl. 1763DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.014089/200603 Acórdão n.º 230201.870 S2C3T2 Fl. 1.763 3 Relatório O presente auto de infração foi originado do descumprimento do art. 32, inciso IV da Lei 8.212 (acrescentado pela Lei n. 9.528, de 10121997 na redação da MP n. 449, de 3122008, convertida na Lei n. 11.941, de 2752009). Segundo a fiscalização federal, a autuada teria apresentado a Gfip com informações incorretas ou omissas nas competências dezembro de 2003 a dezembro de 2005, conforme relatório fiscal às fls. 17 e seguintes. Não conformada com a autuação, a sociedade empresária apresentou impugnação, fls. 77 a 87. Foi comandada diligência fiscal, fls. 1.658 a 1.663. A fiscalização prestou informações às fls. 1.665 a 1.666, a qual foi cientificada à autuada, fl. 1.670. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento apreciou os argumentos de defesa e emitiu a decisão de fls. 1.691 a 1.699, mantendo a autuação em parte. O lançamento foi retificado nos termos da diligência fiscal. Não concordando com a decisão do órgão fazendário, foi interposto recurso, conforme fls. 1.714 a 1.722. Em síntese, a recorrente alegou o seguinte: a) devia ser relevada a multa aplicada; b) não havia qualquer dano ao erário; c) devia ser aplicada a retroatividade benigna; d) não cabia a responsabilização dos sócios; Não foram apresentadas contrarrazões pelo órgão fazendário. É o relato suficiente. Fl. 1764DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 4 Voto Conselheiro Marco André Ramos Vieira, Relator O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 1.766. Pressuposto superado, passo ao exame das questões preliminares ao mérito. Quanto ao mérito de serem devidas ou não as contribuições, não há litígio, haja vista a recorrente ter confessado os valores por meio de LDC. Quanto ao cabimento da relevação da multa teço a seguinte análise. A relevação prevista no art. 291, § 1º do RPS necessita dos seguintes requisitos: I. Pedido no prazo de defesa, mesmo que não contestada a infração; II. Primariedade do infrator; III. Correção da falta até a decisão do INSS; IV. Sem ocorrência de circunstância agravante. Art.291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até a decisão da autoridade julgadora competente. § 1º A multa será relevada, mediante pedido dentro do prazo de defesa, ainda que não contestada a infração, se o infrator for primário, tiver corrigido a falta e não tiver ocorrido nenhuma circunstância agravante. A relevação não é faculdade da autoridade administrativa, uma vez o infrator atendendo aos requisitos do art. 291, § 1º do RPS, quais sejam: primariedade do infrator; correção da falta e sem ocorrência de circunstância agravante; surge para a autoridade o dever de relevar a multa. Contudo, essa autoridade não pode agir de ofício, é necessária a provocação da parte. Analisando os requisitos e os autos, verificase que o recorrente não é primário, conforme informação às fls. 71, 1.665 e 1.666. Além do mais, não foi corrigida a infração para todas as competências, conforme resultado da diligência fiscal. A atenuação e a relevação da multa são benefícios concedidos ao infrator, sendo uma contrapartida oferecida pela legislação previdenciária. Caso esse infrator corrija a falta, ficará responsável por um débito de menor valor, caso atenda aos demais requisitos a multa será relevada. Uma vez sendo em beneficio do infrator, é necessário que este atenda aos requisitos exigidos pela Previdência Social e na forma pelo órgão estabelecida, traduzida no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999. Corroborando esse entendimento foi publicado o Parecer CJ/MPS n ° 3.194/2003, que assim dispõe: Fl. 1765DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.014089/200603 Acórdão n.º 230201.870 S2C3T2 Fl. 1.764 5 23. Ante o exposto, este membro da AdvocaciaGeral da União, por meio desta Consultoria Jurídica, manifestase no seguinte sentido: a) o pedido de relevação da multa previsto no art. 291, § 1º, do Regulamento da Previdência Social deve ser feito no prazo de impugnação ao auto de infração lavrado pela fiscalização do INSS; b) a autoridade julgadora competente referida no caput do art. 291, citado, é aquela integrante dos quadros da autarquia previdenciária INSS. c) a multa somente será relevada na hipótese de o infrator ter corrigido a falta até decisão originária, ou seja, do órgão próprio do INSS. (grifei) A responsabilidade pela infração é objetiva, independe da culpa ou da intenção do agente para que surja a imposição do auto de infração. Assim, o fato de trazer ou não prejuízo ao Fisco é irrelevante, pois a obrigação sendo instrumental, qualquer descumprimento por presunção legal, acarreta dificuldade na ação fiscal. Conforme disposto no art. 136 do CTN, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, a não ser que haja disposição em contrário. Deve ficar claro que as obrigações acessórias são impostas aos sujeitos passivos como forma de auxiliar e facilitar a ação fiscal. Por meio das obrigações acessórias a fiscalização conseguirá verificar se a obrigação principal foi cumprida. Como é cediço, a obrigação acessória é decorrente da legislação tributária e não apenas da lei em sentido estrito, conforme dispõe o art. 113, § 2º do CTN, nestas palavras: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. A legislação engloba as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes, conforme dispõe o art. 96 do CTN. Contudo, a Receita Federal não observou, de forma correta, a retroatividade benigna prevista no art. 106, inciso II do CTN. Fl. 1766DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 6 As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, sendo mais benéficas para o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212, nestas palavras: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3o; e II de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o, as multas serão reduzidas: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos.” (NR) A conduta de apresentar a Gfip com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitava o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do artigo 32 da Lei n º 8.212 de 1991. Agora, com a Medida Provisória n º 449 de 2009, convertida na Lei n º 11.941, a tipificação passou a ser apresentar a GFIP com incorreções ou omissões, com multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. O núcleo do tipo infracional seja na redação anterior à MP n º 449, seja com o novo ordenamento é o mesmo: apresentar a Gfip com erros. A multa será aplicada ainda que o contribuinte tenha pago as contribuições, conforme previsto no inciso I do art. 32 A. Resta demonstrado, assim, que estamos diante de uma obrigação puramente formal, devendo ser aplicada a multa isolada. Não há razão para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e da acessória antes da MP n º 449 e após, para verificar qual a mais vantajosa. A análise tem que ser multa por descumprimento de obrigação principal antes e multa por tal descumprimento após; e multa por descumprimento de obrigação acessória antes Fl. 1767DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.014089/200603 Acórdão n.º 230201.870 S2C3T2 Fl. 1.765 7 e após. A análise tem que ser realizada dessa maneira, pois como já afirmado tratase de obrigação acessória independente da obrigação principal. A conduta de não apresentar declaração, ou apresentar de forma inexata, somente se subsumiria à multa de 75%, prevista no art. 44 da Lei n º 9.430, nas hipóteses em que não há penalidade específica para ausência de declaração ou declaração inexata. Para a Gfip – assim como para a DCTF e a DIRPF – há multa com tipificação específica; desse modo inaplicável o art. 44. Em relação à Gfip aplicase o art. 32A da Lei n º 8.212 de 1991. Conforme previsto no art. 44 da Lei n º 9.430, a multa de 75% incidirá sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Desse modo, há três condutas no art. 44 que não precisam ocorrer simultaneamente para ser aplicada a multa. Há a conduta deixar de pagar ou recolher; outra conduta é ausência de declaração, e a terceira é a apresentação de declaração inexata. Essa conclusão é facilmente alcançável pela aplicação da regra de paralelismo sintático da língua portuguesa, haja vista – no art. 44 – a repetição da preposição “de” indicar o referencial “no caso”. Esquematicamente terseia: Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: 1) 75% sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos: 1.1 de falta de pagamento ou recolhimento, 1.2 de falta de declaração e 1.3 nos de declaração inexata; Logicamente, se o contribuinte tiver recolhido os valores devidos antes da ação fiscal, não se aplica a multa de 75% prevista no art. 44 da Lei n º 9.430; mas se a despeito do pagamento não declarou em Gfip, é possível a aplicação da multa isolada do art. 32A da Lei n º 8.212. Essa aplicação de multa isolada somente é possível pelo fato de serem condutas distintas. Agora, se o contribuinte tiver declarado em Gfip não se aplica a multa do art. 44 da Lei n º 9.430, sendo aplicável somente a multa moratória do art. 61 da Lei n º 9430, pois os débitos já estão confessados e devidamente constituídos, sendo prescindível o lançamento. Afinal, a multa do art. 44 da Lei n º 9.430 somente se aplica nos lançamentos de ofício. Desse modo, se o contribuinte tiver declarado em Gfip, mas não tiver pago, não se aplica o art. 44 da Lei 9.430. Esse artigo não se impõe pelo fato de o contribuinte não ter recolhido e ter declarado, deveras não se aplica o art. 44 em função de não haver lançamento de ofício, pois o crédito já está constituído pelo termo de confissão que é a Gfip. E nas hipóteses em que o contribuinte não recolhe e não declara em Gfip, há duas condutas distintas: por não recolher o tributo e ser realizado o lançamento de ofício, aplicase a multa de 75%; e por não ter declarado em Gfip a multa prevista no art. 32A da Lei n º 8.212. Como já afirmado, a multa será aplicada ainda que o contribuinte tenha pago as contribuições, conforme previsto no inciso I do art. 32 A, o que demonstra serem condutas independentes. Pelo exposto, é de fácil constatação que as condutas de não recolher ou pagar o tributo e de não declarar em Gfip, não estão tipificadas no mesmo artigo de lei, no caso o art. 44 da Lei nº 9.430/96. Assim, não há que se falar em bis in idem, tampouco em consunção. Pelo contrário, a lei ao tipificar essas infrações, inclusive em dispositivos distintos, demonstra estar tratando de obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se Fl. 1768DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 8 confundem e tampouco são excludentes. Logo, não há consistência nos entendimentos que pretendem dispensar a multa isolada, por ter sido aplicada a multa genérica. A Receita Federal do Brasil editou a Instrução Normativa RFB n º 1.027 de 22 de abril de 2010 que assim dispõe em seu artigo 4º: Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista.? Entendo inaplicável a referida Portaria por ser ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em Gfip, independentemente de o contribuinte ter pago, conforme dispõe o art. 32A da Lei n º 8.212. Uma vez que a penalidade está prevista em lei, somente quem pode dispensála é o Poder Legislativo. A interpretação da Receita Federal gera a concessão de uma anistia sem previsão em lei, o que contraria o art. 150, parágrafo 6º da Constituição Federal. A Portaria também viola o art. 182 do CTN que exige a concessão de anistia por meio de lei, além de violar os artigos 32A da Lei n º 8.212 e 44 da Lei n º 9.430. A Portaria também viola o art. 182 do CTN que exige a concessão de anistia por meio de lei. Além de violar, os artigos 32A da Lei n º 8.212 e 44 da Lei n º 9.430. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Fl. 1769DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA Processo nº 36624.014089/200603 Acórdão n.º 230201.870 S2C3T2 Fl. 1.766 9 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Entendo que há cabimento do art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN. Desse modo, deve ser corrigido o lançamento quanto à aplicação da multa imposta. A Receita Federal não tem que somar multa por descumprimento de obrigação com multa por descumprimento de acessória. A análise tem que ser isolada. Dessa forma, conforme planilha à fl. 23, há casos em que o valor de 100% da contribuição devida e não declarada é menor que o mínimo de R$ 500,00. Para as competências em que isso ocorreu deve ser aplicado o menor valor. Quanto à alegação de que devem ser excluídos os dirigentes da relação de co responsáveis, não procede o argumento da recorrente. A relação de coresponsáveis é meramente informativa do vínculo que os dirigentes tiveram com a entidade em relação ao período dos fatos geradores. Não foi objeto de análise no relatório fiscal se os dirigentes agiram com infração de lei, ou violação de contrato social, ou com excesso de poderes. Uma vez que tal fato não foi objeto do lançamento, não se instaurou litígio nesse ponto. Ademais, os relatórios de coresponsáveis e de vínculos fazem parte de todos processos como instrumento de informação, a fim de se esclarecer a composição societária da empresa no período do lançamento ou autuação, relacionando todas as pessoas físicas e jurídicas, representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação. O art. 660 da Instrução Normativa SRP n° 03 de 14/07/2005 determina a inclusão dos referidos relatórios nos processos administrativofiscais e esclarece: Art. 660. Constituem peças de instrução do processo administrativofiscal previdenciário, os seguintes relatórios e documentos: (...) X Relação de CoResponsáveis CORESP, que lista todas as pessoas físicas e jurídicas representantes legais do sujeito passivo, indicando sua qualificação e período de atuação; XI Relação de Vínculos VÍNCULOS, que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas de interesse da administração previdenciária em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, representantes legais ou não, indicando o tipo de vínculo existente e o período correspondente; CONCLUSÃO Pelo exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para no mérito CONCEDERLHE PROVIMENTO PARCIAL. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991. É como voto. Fl. 1770DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA 10 Marco André Ramos Vieira Fl. 1771DF CARF MF Impresso em 20/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/06/2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA, Assinado digitalmente em 24/06/ 2012 por MARCO ANDRE RAMOS VIEIRA
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Numero do processo: 10314.007413/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2012
Numero da decisão: 3102-000.201
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Ricardo Paulo Rosa – Presidente Substituto e Relator. EDITADO EM: 07/06/2012 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ricardo Paulo Rosa, Winderley Morais Pereira, Luciano Pontes de Maya Gomes, Mara Cristina Sifuentes, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. RELATÓRIO Por bem descrever os fatos, adoto o relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. A interessada, através das declarações de importação constantes nas fls. 224 a 263, importou a mercadoria por ela descrita como ácido oléico a 70%, matériaprima utilizada na indústria de surfactantes, utilizando a classificação fiscal 2916.15.19, relativa a ácido oléico, outros sais e ésteres. A fiscalização entendeu que a classificação utilizada faz parte do Procedimento 6 do Anexo XLIV da Resolução (ANVISA)RDC 350/05, que entrou em vigor em 15/02/2006, necessitando de anuência da ANVISA, uma vez que a importação de mercadorias cuja finalidade indica exercício fiscal de outro órgão público anuente junto ao SISCOMEX, ainda que importado como remessa expressa ou postal, cuja classificação tarifária integre a listagem e os procedimentos previstos, deverá ter licenciamento de importação exercido em consonância com a autoridade da ANVISA, no local do desembaraço aduaneiro. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.007413/200710 Resolução n.º 3102000.201 S3C1T2 Fl. 3 2 Em razão disso, a fiscalização entendeu que a mercadoria em questão necessitava de prévio licenciamento de importação, concedido pelo Ministério da Saúde, através da ANVISA. Dessa forma, a interessada foi autuada por falta de licenciamento de importação, sendo aplicada a penalidade prevista no artigo 169, I, b e § 2o , I do Decretolei 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei 10833/03. A interessada apresentou impugnação de fls. 275 a 299, alegando, em síntese, que: o produto importado não está sujeito à prévia anuência da ANVISA e à emissão de L.I. não automática. sem laudo técnico há vício formal insanável no auto de infração. deve ser declarada a nulidade em função de utilização de legislação já revogada, pois a RDC ANVISA 217/2006 revogou a RDC ANVISA 350/2005. não ficou comprovado que tratamse de produtos de origem animal, sujeitos à prévia anuência da ANVISA. quando muito, poderia ter ocorrido erro de classificação fiscal, podendo ser considerados os produtos importados como outros ácidos graxos monocarboxílicos industriais, passíveis de classificação 3823.12.00. não pode prosperar a multa por falta de licenciamento de importação em decorrência de reclassificação tarifária. a manterse a autuação violamse os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. os juros de mora são ilegais. protesta por laudo técnico, sem o qual está prejudicado o seu direito de defesa. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 20/02/2006 a 16/02/2007 FALTA DE LICENCIAMENTO DE IMPORTAÇÃO. Ao ácido oléico aplicase a legislação que prevê licença de importação anterior ao embarque, sujeitandose à fiscalização sanitária, antes do seu desembaraço aduaneiro, a ser realizada pela Autoridade Sanitária do Ministério da Saúde, que finalizará o processo de concessão da Licença de Importação. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a recorrente apresenta recurso voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por meio do qual repisa argumentos contidos na impugnação ao lançamento. Sustenta que “o produto importado do exterior e despachado pelas Declarações de Importação objeto do ato revisional (fls. 04/05 dos autos) NÃO ESTA SUJEITO A PREVIA ANUÊNCIA DA ANVISA, E TAMPOUCO, A EMISSÃO DE L.I. NÃO AUTOMÁTICA”. Fl. 496DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.007413/200710 Resolução n.º 3102000.201 S3C1T2 Fl. 4 3 Que é “imprescindível, no caso, a realização de exame laboratorial pelo LABANA/8a R.F., a fim de que se comprove, de forma inquestionável, tratarse de produto origem animal, o que comprovadamente não é o caso”. Ainda em “sede de preliminares, entende a ora Recorrente, que deve ser declarada a nulidade do Auto de Infração de que trata o Processo Administrativo em tela, vez que fundamentado em legislação já revogada”. No mérito, entende inaplicáveis as normas previstas na Resolução RDC ANVISA no 350/2.005 (Procedimento 6) para os produtos importados porque, “ao formular a consulta a ANVISA, previamente a lavratura do Auto de Infração, o ilustre AFRFB apenas mencionou a classificação tarifária dos produtos importados (TECNCM 2916.15.19), sem mencionar a descrição/finalidade/uso e emprego de tais produtos. Enfim, não restou comprovado que tratamse de produtos de origem animal, sujeitos a prévia anuência da AN VISA”. Não havendo na descrição dos produtos informada nas Declarações de Importação qualquer menção de que se tratam de produtos de origem animal e sendo o destaque NCM 030 previsto na TECNCM aplicável somente aos produtos de origem animal, especificados na Portaria SVS no 344/98, resta indevidamente imposta a pena contida nos autos. Considera ter havido apenas “erro de classificação tarifária pela ora Recorrente (TECNCM 2916.15.19 adotadas nas DI's objeto do Auto de Infração de que se cuida), vez que, de acordo com Literatura Técnica especifica, os produtos importados pela mesma do exterior, tratamse de "OUTROS ACIDOS GRAXOS MONOCARBOXÍLICOS INDUSTRIAIS", cuja correta classificação tarifária dáse no Código TECNCM 3823.12.00” e que os produtos classificados nesse código não estariam sujeitos a LI não automática e anuência da ANVISA. Considera que “jamais poderia a fiscalização fazendária aplicar a penalidade de multa do artigo 633, inciso II, letra "a", do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto no 4.543/2.002, a pretexto de que em decorrência do não atendimento as normas prevista na Resolução RDC ANVISA No 350/2.001, as importações realizadas pela Requerente do exterior, passaram a ser consideradas como tendo sido realizadas ao desamparo de Licença de Importação”. Que, “a prevalecer a exigência penalidade de que trata o Auto de Infração ora impugnado (multa por falta de L.I.), restarão violados, também, os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade”. Que o produto está corretamente descrito nas Declarações de Importação, com todos os elementos necessários a sua correta identificação, devendo ser aplicada a orientação contida no Ato Declaratório (Normativo) COSIT no 12/97. Considera ilegal a cobrança de juros de mora. Requer a produção oportuna de todos os meios de prova destinados comprovação dos fatos questionados nos autos. Apresenta quesitos. É o relatório. Conselheiro Ricardo Paulo Rosa. Fl. 497DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.007413/200710 Resolução n.º 3102000.201 S3C1T2 Fl. 5 4 Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. Liminarmente, deve ser apreciado o pedido de perícia contido no corpo do Recurso Voluntário apresentado a este Colegiado. Segundo entendimento da recorrente, a mercadoria importada objeto do presente não está sujeita à previa anuência da ANVISA e tampouco à emissão de LI não automática, por não tratarse de produto de origem animal, condição essencial para exigência em foco. Considera também não ter sido esclarecida a finalidade na qual a mercadoria é empregada. A seguir a manifestação da ANVISA contida nos autos quanto à necessidade de anuência prévia dos produtos importados. "A importação de matériaprima, produto semielaborado, produto a granel ou produto acabado, vinculada a material de partida tecidos(s)/fluidos(s) de animais ruminantes, sob medida de prevenção e controle de modo a .evitarse a introdução no território nacional de ocorrências de encefalopatias espongiformes transmissíveis “vaca louca" , deverá ser submetida obrigatoriamente a licenciamento de importação no SISCOMEX. A classificação que vc faz referencia, 2916.15.19, faz parte do procedimento 6 da RDC 350/05 e suas alterações, portanto necessita de anuência ANVISA. A importação de mercadorias cuja finalidade indica exercício fiscal de outro órgão público anuente junto ao Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, ainda que importado por meio de outras modalidades, como remessa expressa e remessa postal, cuja classificação tarifária NCM/SH integrem a listagem e os procedimentos previstos no Anexo XLIV da RDC 350/05, deverá ter licenciamento de importação exercido em consonância com a autoridade ANVISA, no local do desembaraço aduaneiro." Salvo melhor juízo, não vejo como ter certeza quanto à necessidade de anuência prévia para as mercadorias importadas. O texto, tal como me parece, dá margem a mais do que uma interpretação. Explico. Inicialmente, lêse a informação de que a “importação de matériaprima (...) vinculada a material de partida tecidos(s)/fluidos(s) de animais ruminantes” deverá ser submetida obrigatoriamente a licenciamento de importação no SISCOMEX. Mais adiante, que classificação 2916.15.19, faz parte do procedimento 6 da RDC 350/05 e necessitando de anuência ANVISA. No parágrafo seguinte, informa que a “importação de mercadorias cuja finalidade indica exercício fiscal de outro órgão público anuente (...) cuja classificação tarifária NCM/SH integrem a listagem e os procedimentos previstos no Anexo XLIV da RDC 350/05, deverá ter licenciamento de importação (...)”. Restam dúvidas se todas as mercadorias classificadas na NCM 2916.15.19 fazem parte do procedimento 6 da RDC 350/05, como parece orientar o texto em um primeiro momento, ou se apenas as que se classificam nesse código e são originadas de animais ruminantes incluemse na exigência. Da mesma forma, não me parece claro se basta a mercadoria integrar a listagem do Anexo XLIV da RDC 350/05 para estar sujeita ao controle, ou se além disso sua finalidade precisa “indicar exercício fiscal” de outro órgão. Fl. 498DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.007413/200710 Resolução n.º 3102000.201 S3C1T2 Fl. 6 5 De se acrescentar que a classificação tarifária propriamente dita comporta mercadorias de todas as origens, já que integram o Capítulo 29 todos os Produtos Químicos Orgânicos, indistintamente. O texto da posição e desdobramentos são os seguinte. 2916ÁCIDOS MONOCARBOXÍLICOS ACÍCLICOS NÃO SATURADOS E ÁCIDOS MONOCARBOXÍLICOS CÍCLICOS, SEUS ANIDRIDOS, HALOGENETOS, PERÓXIDOS E PERÁCIDOS; SEUS DERIVADOS HALOGENADOS, SULFONADOS, NITRADOS OU NITROSADOS 2916.1Ácidos monocarboxílicos acíclicos não saturados, seus anidridos, halogenetos, peróxidos e perácidos e seus derivados 2916.15Ácidos oléico, linoléico ou linolênico, seus sais e seus ésteres 2916.15.1Ácido oléico, seus sais e seus ésteres 2916.15.11Oleato de manitol 2916.15.19Outros Ante tais circunstâncias, entendo prudente acolher o pedido de diligência apresentado pela recorrente, para que sejam esclarecidas as questões até aqui suscitadas. Neste ponto, deve ser levado em conta a alegação de equívoco na classificação fiscal das mercadorias importadas, circunstância que, sendo corretas as informações veiculadas no Recurso, afastaria a penalidade aplicada, já que a NCM correta não estaria sujeita a licenciamento não automática nem anuência prévia da ANVISA. No julgamento de piso, a Delegacia da Receita Federal entendeu que a classificação fiscal das mercadorias não era objeto do processo, afastando de plano a discussão sobre o tema. Embora possa compreender o entendimento do Órgão de primeira instância, já que a autuação não foi motivada por erro de classificação e o assunto sequer foi examinado na autuação, o fato é que, uma vez que a recorrente alega tal equívoco em sua defesa e apresenta provas de que lhe assiste razão, não vejo como esquivarse de enfrentar a questão, ainda mais se considerarmos que o processo ainda exige melhor instrução. Por todo o exposto, VOTO POR CONVERTER o julgamento em diligência para que seja realizado laudo técnico e respondidos os quesitos apresentados pela autuada no corpo do Recurso Voluntário. Antes disso, seja oferecida oportunidade à fiscalização para formulação de quesitos ao perito. Após, seja oficiada a ANVISA para, com base nos resultados técnicos obtidos, sejam esclarecidas as questões suscitadas no presente voto, especialmente se (i) todas as mercadorias classificadas na NCM 2916.15.19 fazem parte do procedimento 6 da RDC 350/05, ou se apenas as que se classificam nesse código e são originadas de animais ruminantes incluemse na exigência e (ii) se basta a mercadoria integrar a listagem do Anexo XLIV da RDC 350/05 para estar sujeita ao controle, ou se além disso sua finalidade precisa “indicar exercício fiscal”. Finalmente, se especificamente as mercadorias importadas pela recorrente estão sujeitas ao controle ao qual a empresa não se submeteu. Isto resolvido, abrase prazo de 10 (dez) dias para manifestação da Fiscalização Federal sobre os esclarecimentos técnicos e 10 (dez) dias para a contribuinte. Após, retorne a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para decisão final. Sala de Sessões, 22 de março de 2012. Fl. 499DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 10314.007413/200710 Resolução n.º 3102000.201 S3C1T2 Fl. 7 6 Ricardo Paulo Rosa – Relator. Fl. 500DF CARF MF Impresso em 20/06/2012 por EUNICE AUGUSTO MARIANO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/06/2012 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 07/06/2012 p or RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002478/2003-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL
Ano-calendário: 1998
Ementa: AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO. DESCRIÇÃO EM DESACORDO COM A REALIDADE DOS FATOS. ART. 90 DA MP nº 2.15835/2001. CANCELAMENTO.
Verificado que a ocorrência e descrição dos fatos apontados no auto de infração eletrônico encontram-se em desacordo com a realidade provada nos autos, bem como, não caracterizada nenhuma das hipóteses previstas no art. 90 da MP nº 2.15835/2001, implica em violação ao pressuposto da correta determinação da matéria tributável, previsto no art. 142 do CTN, não podendo, dessa forma, subsistir o lançamento de ofício efetuado.
DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA.
Os valores declarados em DCTF tem o caráter de confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente à exigência do crédito tributário lá informado, atribuído pelo art. 5o, § 1o, do Decreto lei n° 2.124/84.
Numero da decisão: 1202-000.841
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DONASSOLO
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DESCRIÇÃO EM DESACORDO COM A REALIDADE DOS FATOS. ART. 90 DA MP nº 2.15835/2001. CANCELAMENTO. Verificado que a ocorrência e descrição dos fatos apontados no auto de infração eletrônico encontramse em desacordo com a realidade provada nos autos, bem como, não caracterizada nenhuma das hipóteses previstas no art. 90 da MP nº 2.15835/2001, implica em violação ao pressuposto da correta determinação da matéria tributável, previsto no art. 142 do CTN, não podendo, dessa forma, subsistir o lançamento de ofício efetuado. DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. Os valores declarados em DCTF tem o caráter de confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente à exigência do crédito tributário lá informado, atribuído pelo art. 5o, § 1o, do Decretolei n° 2.124/84. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente (documento assinado digitalmente) Fl. 186DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 2 2 Carlos Alberto Donassolo – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Nelson Lósso Filho, Orlando José Gonçalves Bueno, Carlos Alberto Donassolo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Geraldo Valentim Neto e Viviane Vidal Wagner. Relatório Tratase do exame de recurso de ofício e de recurso voluntário em razão da decisão proferida no Acórdão da DRJ/Campinas, que julgou procedente em parte, a exigência contida no Auto de Infração Eletrônico emitido para formalizar o lançamento das estimativas mensais da CSLL, dos períodos de apuração janeiro à novembro de 1998, fls. 28 e seguintes. A irregularidade apontada na autuação diz respeito à não confirmação do processo judicial informado em declaração DCTF (nº 9700073360), que teria sido utilizado para suspender, de forma indevida, os débitos lá declarados relativos às mencionadas estimativas mensais, acarretando o lançamento de ofício ao amparo do art. 90 da MP nº 2.158 35, de 24 de agosto de 2001. Por bem retratar os fatos ocorridos, passo a transcrever parte do relatório do Acórdão nº 0532.780 da DRJ/Campinas, de fls. 119 a 123: “Inconformado com a exigência fiscal, o contribuinte, por intermédio de seus advogados e procuradores, protocolizou a impugnação de fls. 01/14, em 30/07/2003, juntando os documentos de fls. 15/75 e apresentando, em sua defesa, as razões de fato e de direito a seguir sintetizadas. Afirma que falta motivação à exigência, pois a exigibilidade do crédito tributário está suspensa por força do Mandado de Segurança n° 97.00073360, como se pode constatar pela mera análise da petição inicial e demais documentos apresentados. Imperioso seria que houvesse justificativa ou intimação prévia à desconsideração do referido processo judicial. Demais disso, encerrado o período de apuração anual, não caberia exigência de valores relativos a estimativas mensais. E, ainda que assim fosse possível, as parcelas de janeiro a junho/98 já estariam extintas pela decadência. Subsidiariamente ainda informa que os valores autuados nos meses de junho a setembro/98 são superiores aos efetivamente devidos, vez que não foram consideradas as DCTFs retificadoras apresentadas em 1999, que se encontram pendentes de apreciação pela Delegacia da Receita Federal em Osasco. Por fim, também alega que seria incabível a aplicação da multa de ofício, sob pena de desobediência à liminar concedida no mandado de segurança, além de imprestável a taxa SELIC para cálculo dos juros de mora. Após juntada por anexação do processo de retificação de DCTF n° 10882.002041/9974 e atualização, no sistema, da situação do crédito tributário (fls. 97), a autoridade preparadora encaminhou o presente processo para julgamento.” Fl. 187DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 3 3 Na sequência, foi emitido o Acórdão nº 0532.780 da DRJ/Campinas, de fls. 119 a 123, decidindo por manter em parte o lançamento, com o seguinte ementário: DCTF. REVISÃO INTERNA. DECADÊNCIA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Incabível discutir o prazo para formalização do lançamento bem como aspectos que poderiam ensejar a sua nulidade se o crédito tributário subsistiria constituído pelo contribuinte, mediante formalização em declaração. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE CONFIRMADA. MULTA DE OFÍCIO. Confirmada a suspensão da exigibilidade por medida judicial favorável ao contribuinte no momento do procedimento fiscal e conseqüente lançamento, cancelase a multa de ofício aplicada. JUROS DE MORA. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA. Nos termos da Súmula n° 5 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, são devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade. TAXA SELIC. Nos termos da Súmula n° 4 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. LANÇAMENTO POSTERIOR À APURAÇÃO ANUAL. AÇÃO JUDICIAL. Confirmada a validade do lançamento tão só para aferição da regularidade da vinculação apontada em DCTF, não há impedimento à formalização do principal devido para demarcação do momento em que a estimativa deveria ter sido recolhida, como parâmetro para cálculo dos acréscimos moratórios cabíveis em eventual recolhimento decorrente da reversão da decisão judicial que suspendeu sua exigibilidade. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Os principais fundamentos utilizados no acórdão recorrido, podem ser assim sintetizados: 1 Embora o lançamento de ofício tenha por objeto o mesmo crédito tributário já confessado em DCTF, atendeu à exigência de formalização então preconizada no referido art. 90 da Medida Provisória n° 2.158/2001, posteriormente sobrepujada pelo art. 18 da Lei n° 10.833/2003. Portanto, em razão da nova ordem legal que rege a revisão/lançamento das DCTF, incabível discutir prazo para formalização do lançamento bem como aspectos que poderiam ensejar a sua nulidade, na medida que o crédito tributário subsistiria constituído pelo contribuinte, mediante formalização em declaração, restando, apenas, apreciar os argumentos de mérito para decidir sobre a procedência da vinculação indicada na DCTF. 2 Nas fls. 62/63, está juntada cópia da decisão exarada em 24/03/1997 que concedeu a liminar pleiteada, para desonerar as impetrantes do pagamento da contribuição Fl. 188DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 4 4 social sobre o lucro até a solução do presente feito, ficando à autoridade impetrada autorizada a perpetrar a necessária fiscalização quanto à situação das impetrantes. 3 Em que pese ter sido revertido o amparo inicialmente obtido e ainda não ter sido declarado o trânsito em julgado no Superior Tribunal de Justiça, confirmase a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por liminar em Mandado de Segurança, à época do lançamento, bem como a inaplicabilidade da multa de ofício em face do que dispõe o art. 63 da Lei n° 9.430, de 1996. Acerca da questão, aplicável também a Súmula CARF nº 17. 4 No que se refere aos juros de mora, depreendese que os mesmos decorrem da legislação de regência, e sua incidência será obrigatória se o débito for liquidado após o vencimento. Nesse sentido, foi editada a Súmula CARF nº 5. 5 Quanto à utilização da taxa Selic, como indexador dos juros de mora, tem se que a autoridade administrativa, por força de sua vinculação ao texto da norma legal, deve limitarse a aplicála, sem emitir qualquer juízo de valor acerca da sua constitucionalidade ou outros aspectos de sua validade. Confirmando este entendimento, foram editadas as Súmulas CARF n° 2 e nº 4. 6 Embora o presente lançamento se reporte aos débitos informados na DCTF originalmente entregue, foi formalizado pedido de retificação dos valores pertinentes aos períodos de junho/98 a setembro/98, como afirma o impugnante, e que consta do processo administrativo n° 10882.002041/9974, juntado a este. Nele o contribuinte alegou ter informado incorretamente a forma de apuração, que deveria ser balanço de redução (fl. 01 do processo apenso) e, dado que os débitos originais não haviam sido enviados à PFN, bem como havia correspondência entre os novos valores com aqueles informados na DIPJ, a retificação foi admitida pela autoridade competente da DRF, conforme consta da fl. 24 do processo apenso, impondose a redução dos valores aqui lançados para os períodos de junho a setembro/98. 7 Assim o crédito tributário exigido foi reduzido pela DRJ/Campinas para os valores abaixo reproduzidos: ................ Resumo do crédito tributário (valores em R$) Exigido Excluído Mantido (*) 01/98 108.519,10 0 108.519,10 02/98 105.460,31 0 105.460,31 03/98 5.094,62 0 5.094,62 04/98 125.109,00 0 125.109,00 05/98 107.275,11 0 107.275,11 06/98 1.679.560,94 1.165.262,90 514.298,04 07/98 99.674,54 6.710,35 92.964,19 08/98 839.568,31 750.606,77 88.961,54 09/98 497.151,14 383.727,57 113.423,57 10/98 129.578,27 0 129.578,27 11/98 71.095,23 0 71.095,23 Total 3.768.086,57 2.306.307,59 1.461.778,98 (*) Excluída, também, multa de ofício aplicada. Percentual mantido 22% Percentual exonerado 78% Fl. 189DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 5 5 8 Por fim, quanto à alegação de que não teria sentido a exigência de valores mensais após a apuração do valor efetivamente devido com base no lucro líquido apurado ao final do exercício, importa consignar que uma vez restabelecida a exigibilidade da parcela lançada, o cumprimento espontâneo da obrigação deverá ser feito com a incorporação não só da multa de mora, se devida nos termos do § 2o do art. 63 da Lei n° 9.430/96, como também dos juros de mora, mas estes desde o momento em que as estimativas eram originalmente devidas: in casu, desde o momento em que o contribuinte estava obrigado à antecipação da contribuição, a partir de 27/02/1998 (para a estimativa de janeiro/98). 9 – Em síntese, foram excluídos os valores das estimativas mensais da CSLL conforme quadro do item 7 deste relatório, acima reproduzido, no total de R$ 2.306.307,59, relativo aos períodos de junho a setembro/98, em razão da retificação da DCTF acatada pela autoridade da DRF, bem como foi excluída a incidência da totalidade da multa de ofício aplicada, sobre os valores amparados por liminar em Mandado de Segurança à época do lançamento, conforme quadro resumo ao final do voto do acórdão recorrido (reproduzido no item 7 acima), inclusive sem aplicação de multa de mora, posto que não cabível no momento do lançamento, dada a interrupção de sua incidência pelo prazo previsto no art. 63, § 2° da Lei 9.430/96. Dessa decisão, a DRJ/Campinas recorreu de ofício ao Conselho Administrativo de Recursos FiscaisCARF, na forma do art. 34, inciso I, do Decreto n.° 70.235, de 6 de março de 1972, com as alterações introduzidas pela Lei nº 9.532/97, e Portaria do Ministro da Fazenda n° 3, de 03 de janeiro de 2008. Irresignado com a decisão proferida pela DRJ, o interessado apresentou recurso voluntário, de fls. 130 a 154, repisando praticamente as mesmas alegações trazidas na peça impugnatória, requerendo, ao final, o cancelamento integral do auto de infração. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Donassolo, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e nos termos da lei. Portanto, dele tomo conhecimento. As matérias que remanescem no presente litígio dizem respeito ao exame das preliminares de nulidade e decadência e, no mérito, às seguintes matérias: (i) de estar suspensa a exigibilidade do crédito tributário por força de medida judicial, (ii) de ser incabível lançamento de estimativas após encerrado o período de apuração anual, (iíi) de serem indevidos juros de mora e a sua indexação com base na taxa Selic. Inicialmente, cumpre o exame da alegação de nulidade da autuação por falta de motivação, face ao fato de que todos os valores exigidos no auto de infração encontramse declarados em DCTF e com a exigibilidade suspensa, por força de liminar em Mandado de Segurança expedida no processo n° 97.00073360. Vejase o que menciona a defesa em seu recurso voluntário, fls. 131: Fl. 190DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 6 6 “Inconformada, tratou a Recorrente de interpor a sua impugnação, demonstrando que efetivamente todos os valores que estão sendo exigidos foram declarados em DCTF com sua exigibilidade suspensa por força do mandado de segurança n° 97.00073360, sendo que a simples análise da petição inicial daquele "writ" evidencia ser parte daquele feito, em que foi concedida medida liminar para ''desobrigar as impetrantes do pagamento da contribuição social sobre o lucro" (doc. 04 anexo à impugnação). Em face de tal constatação demonstrou, em suma, ser flagrante a nulidade do auto de infração lavrado, por absoluta falta de motivação, posto que a fiscalização não poderia jamais ter simplesmente desconsiderado o processo.” Analisando o Auto de Infração Eletrônico, de fls. 28 e seguintes, verifico que consta do mesmo o número do processo judicial acima mencionado, de nº 97.00073360, indicando a seguinte ocorrência, fls. 31 a 33: “Proc jud não comprova”, o que pode ser traduzido como “processo judicial não comprovado”. Entretanto, na realidade, verifico que dito processo judicial existe de fato, tratandose do Mandado de Segurança nº 97.00073360, proposto por várias empresas, dentre elas a autuada, conforme se constata da liminar concedida pela MMa. Juíza Federal Adriana Pillegi de Soveral, cuja decisão foi no sentido de desobrigar as impetrantes do pagamento da contribuição social sobre o lucro até a solução daquele processo judicial, fls. 62/63. Portanto, as informações prestadas pela interessada em DCTF (que é a origem dos dados constantes do Auto Eletrônico) encontramse corretas; i) o processo judicial existe; ii) a liminar suspendendo o crédito existia; e iii) o número do processo judicial estava correto. Com essas constatações, chegase à conclusão que a descrição da “ocorrência” constante do lançamento fiscal encontrase desconexa com as provas dos autos. Por seu turno, na “Descrição dos Fatos” da autuação, consta o seguinte texto, fls. 29: “FALTA DE RECOLHIMENTO OU PAGAMENTO DO PRINCIPAL, DECLARAÇÃO INEXATA, conforme Anexo III.” No entanto, mais uma vez, verificase que também a “Descrição dos Fatos” que levaram à emissão do Auto de Infração Eletrônico encontramse equivocada. A motivação da autuação pela “falta de recolhimento ou pagamento do principal” se justificava, pela existência, à época do lançamento, de medida liminar em mandado de segurança que suspendia o crédito tributário, nos termos do art. 151, IV do CTN. Além disso, a motivação constante na sequência da “Descrição dos Fatos”, “declaração inexata”, também não se comprova dos autos, posto que das informações prestadas em DCTF não foram apurados erros. Em síntese, a “Descrição dos Fatos” constante da autuação encontrase completamente desconexa da realidade fática documentada no presente processo. Vejase a respeito, a opinião de Marcos Vinícius Neder e Maria Tereza Martínez López, in Processo Administrativo Federal Comentado, São Paulo, Dialética, 2002, p. 140: Fl. 191DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 7 7 “Por meio da descrição, revelamse os motivos que levaram à autuação, estabelecendo a conexão entre os meios de prova coletados e/ou produzidos e a conclusão chegada pela autoridade fiscal. Seu objetivo é convencer o julgador da plausibilidade legal da autuação, demonstrando a relação entre a matéria constatada no auto com a hipótese descrita na norma jurídica.” Não bastasse os erros de autuação apontados nos itens anteriores, o acórdão recorrido justificou a autuação no art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, dispositivo que sequer consta na fundamentação legal do Auto Eletrônico, cuja parte do voto condutor necessário aqui transcrever para melhor exame, fls. 120: “Inicialmente, cumpre observar que a formalização do lançamento decorre do que dispunha a Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 90. Serão objeto de lançamento de oficio as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e às contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Todavia, o escopo de tal dispositivo foi reduzido pela Medida Provisória n° 135, de 30/10/2003, convertida na Lei n° 10.833/2003, que assim dispôs: Art. 18. O lançamento de oficio de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. [...] E, neste contexto, prevaleceu administrativamente o entendimento de que a DCTF teria mantido o caráter de confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente à exigência do crédito tributário da DCTF, atribuído pelo art. 5o, § Io, do Decretolei n° 2.124, de 13 de junho de 1984, inclusive durante a vigência do art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Assim, embora o presente lançamento de ofício tenha por objeto o mesmo crédito tributário já confessado pelo sujeito passivo em sua declaração encaminhada à Receita Federal, atendeu à exigência de formalização então preconizada no referido art. 90 da Medida Provisória n° 2.158/2001, posteriormente sobrepujada pelo art. 18 da Lei n° 10.833/2003.” Conforme art. 90 acima transcrito, as hipóteses para se efetuar o lançamento de oficio deveria ocorrer no caso de “diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados”. Pois bem. No caso em análise, na época da ciência do lançamento, em 02/07/2003, fls. 40, os débitos das estimativas mensais da CSLL informados em DCTF encontravamse com a exigibilidade suspensa, por força da medida liminar em mandado de segurança nº 97.00073360, nos termos do que dispõe o art. art. 151, IV do CTN. A sentença Fl. 192DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 8 8 denegatória da segurança somente foi publicada em 17/09/2004, fls. 98 a 100, portanto, após a ciência da autuação. Vejase o que menciona o voto condutor do acórdão recorrido a esse respeito, fls. 121: Assim, em que pese ter sido revertido o amparo inicialmente obtido e ainda não ter sido declarado o trânsito em julgado no STJ, confirmase a suspensão da exigibilidade do crédito tributário por liminar em Mandado de Segurança, à época do lançamento, (...) (grifei) Em vista do acima exposto, forçoso concluir que a hipótese de suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, previsto no art. 90 da MP nº 2.15835, de 2001, que autorizava o lançamento fiscal, também não encontra respaldo nos fatos apurados nos autos, face a existência do Mandado de Segurança nº 97.00073360, bem como da existência de liminar desobrigando a autuada do pagamento da contribuição social sobre o lucro, à época do lançamento fiscal, o que suspende a exigência do crédito tributário declarado em DCTF, tudo corretamente informado pelo interessado na sua respectiva declaração DCTF. Dessa forma, considerando que não se confirmou a “ocorrência” apontada na autuação, processo judicial não comprovado, considerando também não ter se confirmado a respectiva “descrição dos fatos”, falta de recolhimento ou pagamento do principal, declaração inexata e, finalmente, considerando que não se encontram presentes nenhuma das hipóteses contidas no art. 90 da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, dentre elas, a suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, entendo que o Auto Infração Eletrônico foi emitido com vício de erro, uma vez que não corresponde à realidade dos fatos. A autoridade lançadora, ao transcrever de forma errada o fato tributável, desatendeu à correta determinação da matéria tributável, conforme exige o artigo 142 do Código Tributário NacionalCTN, aqui reproduzido: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” Na atividade do lançamento, a caracterização plena da matéria tributável há de restar perfeitamente configurada, sob pena de não se poder sequer ter certeza do crédito tributário exigido, o que contamina o lançamento fiscal pela via da insegurança da relação jurídica entre os sujeitos ativo e passivo. Assim, uma vez que a ocorrência apontada na autuação, bem como a sua descrição de fatos não encontram correspondência com a realidade provada nos autos, o que faz com que se incorra em violação ao pressuposto da correta determinação da matéria tributável, previsto no art. 142 do CTN, entendo por cancelar o Auto de Infração Eletrônico, ora examinado. Nesse mesmo sentido, vejase a jurisprudência administrativa do antigo Conselho de Contribuintes: Fl. 193DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO Processo nº 10882.002478/200309 Acórdão n.º 1202000.841 S1C2T2 Fl. 9 9 Acórdão nº 10247201, sessão de 10/11/2005 LANÇAMENTO – NULIDADE VÍCIO MATERIAL – DECADÊNCIA Nulo o lançamento quando ausentes a descrição do fato gerador e a determinação da matéria tributável, por se tratar de vício de natureza material. Aplicável o disposto no artigo 150, § 4º, do CTN. Acórdão nº 10247709, sessão de 22/06/2006 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO LANÇAMENTO DE OFÍCIO NULIDADE A ordem jurídica vigente não permite a cobrança de tributo sem que seja procedida, no lançamento, a determinação da matéria tributável, consoante dispõe o artigo 142 do CTN e os arts. 9° e 10 do Decreto n° 70.235, de1972. A ausência de determinação da matéria tributável é vicio material que torna nulo o lançamento. Registrese, por oportuno, que continuam válidos os débitos das estimativas mensais da CSLL declarados pelo contribuinte nas declarações DCTFs, originais e retificadoras (processo n° 10882.002041/9974), posto que referida declaração tem o caráter de confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente à exigência do crédito tributário, atribuído pelo art. 5o, § 1o, do Decretolei n° 2.124, de 13 de junho de 1984, nos mesmos termos do que foi mencionado no voto condutor do acórdão recorrido. Em face dos fundamentos acima apontados, fica prejudicado o exame das demais matérias levantadas no recurso voluntário (decadência, lançamento de estimativas após o encerramento do período base e cabimento dos juros de mora). Com relação ao recurso de ofício, em face das razões expostas acima, entendo que deve ser negado o seu provimento, uma vez cancelada a autuação na íntegra. Por tudo o que foi exposto, voto para que seja negado provimento ao recurso de ofício e que seja dado provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Donassolo Fl. 194DF CARF MF Impresso em 23/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 20/08/ 2012 por CARLOS ALBERTO DONASSOLO, Assinado digitalmente em 22/08/2012 por NELSON LOSSO FILHO
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Numero do processo: 18471.000500/2007-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2012
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2007 COFINS E PIS. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Não cabe a apreciação pela autoridade administrativa de questões já submetidas à esfera judicial. Alteração normativa superveniente não descaracteriza o objeto da ação judicial, quando não acompanhada de alteração legal ou de norma interpretativa. INCONSTITUCIONALIDADE. RECURSO VOLUNTÁRIO. FALTA DE ATRIBUIÇÃO DO CARF. Não compete à autoridade administrativa apreciar arguições de inconstitucionalidade ou ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. O atributo de suspensão de exigibilidade do crédito tributário reconhecido no auto de infração somente pode ser alterado por revisão de lançamento. Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3302-001.586
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fizeram sustentação oral pela recorrente o advogado Paulo Fernando Souto Maior Borges – OAB/RJ 158037 e pela Fazenda Nacional a Procuradora Bruna Garcia Benevides.
Matéria: Cofins - ação fiscal (todas)
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AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Não cabe a apreciação pela autoridade administrativa de questões já submetidas à esfera judicial. Alteração normativa superveniente não descaracteriza o objeto da ação judicial, quando não acompanhada de alteração legal ou de norma interpretativa. INCONSTITUCIONALIDADE. RECURSO VOLUNTÁRIO. FALTA DE ATRIBUIÇÃO DO CARF. Não compete à autoridade administrativa apreciar arguições de inconstitucionalidade ou ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DE EXIGIBILIDADE. O atributo de suspensão de exigibilidade do crédito tributário reconhecido no auto de infração somente pode ser alterado por revisão de lançamento. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fizeram sustentação oral pela recorrente o advogado Paulo Fernando Souto Maior Borges – OAB/RJ 158037 e pela Fazenda Nacional a Procuradora Bruna Garcia Benevides. (Assinado digitalmente) Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 2 Walber José da Silva Presidente (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Walber José da Silva, José Antonio Francisco, Fabiola Cassiano Keramidas, José Evande Carvalho Araújo, Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto.. Relatório Tratase de recurso recurso voluntário (fls. 922 a 954) apresentado em 15 de agosto de 2008 contra o Acórdão no 1320.022, de 30 de maio de 2008, da 5ª Turma da DRJ/RJOII (fls. 896 a 920), cientificado em 21 de julho de 2008, que, relativamente a auto de infração de Cofins e PIS dos períodos de janeiro de 2005 a março de 2007, considerou procedente o lançamento efetuado, nos termos de sua ementa, a seguir reproduzida: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 30/11/2005, 01/01/2006 a 31/08/2006, 01/10/2006 a 31/10/2006, 01/12/2006 a 31/03/2007 AÇÃO JUDICIAL PROPOSTA PELO CONTRIBUINTE RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS Não cabe a apreciação pela autoridade administrativa de questões já submetidas à esfera judicial. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE Não compete à autoridade administrativa apreciar argüições de inconstitucionalidade ou ilegalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. DECISÃO JUDICIAL ALCANCE Somente é alcançada pela decisão judicial a norma expressamente contestada na correspondente ação, não se estendendo tais efeitos à norma editada posteriormente ao ajuizamento, ainda que trate de matéria idêntica. PIS/COFINS PREÇO PREDETERMINADO REAJUSTE CONTRATUAL A partir de 01/02/04, para fins de apuração do PIS e da COFINS, o preço predeterminado não é descaracterizado apenas quando o reajuste de preços se dá em percentual não superior ao correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. PIS/COFINS. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. Com o advento da Lei nº 10.865, de 2004, que deu nova redação ao art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, não mais se poderá Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 964 3 descontar créditos relativos à COFINS e ao PIS/Pasep, decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero, utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. Lançamento Procedente O auto de infração foi lavrado em 24 de maio de 2007, de acordo com o termo de fls. 8 a 10. A Primeira Instância assim resumiu o litígio: Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado contra a contribuinte acima identificada, relativo à falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, abrangendo os períodos de apuração (PA) 01/05 a 11/05, 01/06 a 08/06, 10/06, 12/06 a 03/07 (fls. 553 a 562), no valor (principal) de R$ 13.471.553,08, sem multa de ofício e com juros de mora, calculados até 30/04/2007, no valor de R$ 2.141.906,78, totalizando um crédito tributário apurado de R$ 15.613.459,86, em decorrência de ação fiscal efetuada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Fiscalização no Rio de Janeiro (Defic/RJO), conforme Mandado de Procedimento Fiscal à fl. 01. 2. Foi também lavrado auto de infração relativo à falta de recolhimento da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, abrangendo os mesmos períodos de apuração (PA) acima discriminados (fls. 563 a 572), no valor (principal) de R$ 2.946.467,60, sem multa de ofício e com juros de mora, calculados até 30/04/2007, no valor de R$ 468.571,03, totalizando um crédito tributário apurado de R$ 3.415.038,63, em decorrência da mesma ação fiscal. 3. Na Descrição dos Fatos de fl. 554 (COFINS) e de fl. 564 (PIS), a autoridade autuante registra que, durante o procedimento de verificações obrigatórias, foram constatadas diferenças (divergências) entre os valores escriturados e os valores declarados/pagos para ambas as contribuições acima referidas (PIS/COFINS), conforme Relatório Fiscal de fls. 08/10, que, por sua vez, esclarece que: a empresa sob ação fiscal se dedica à atividade de Geração de Energia Elétrica a partir de uma usina termoelétrica à base de gás natural, e, em 31/08/2001, firmou contrato de fornecimento com a empresa Light Serviços de Eletricidade S/A, com duração de vinte anos; apesar do advento da Lei nº 10.833, de 29/12/2003, que instituiu o regime da nãocumulatividade para a COFINS a partir de 01/02/2004, a fiscalizada entendeu que teria o direito de permanecer sujeita ao regime cumulativo, no tocante às receitas oriundas do contrato firmado com a Light, para efeito do cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS, baseando Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 4 se, para isto, no disposto no art. 10, inc. XI, letra b, c/c art. 15 da Lei acima referida; posteriormente, com a edição da IN SRF nº 468/2004, revogada pela IN SRF nº 658/2006, a Receita Federal esclareceu, em seu art. 3º, o que estava citado na Lei no tocante à expressão “preço determinado”, deixando de considerar como “preço determinado”, em resumo, aquele fixado no contrato, após o primeiro reajuste, mesmo na situação em que este visasse à manutenção de seu equilíbrio econômicofinanceiro; sendo assim, a empresa estaria sujeita ao regime de apuração das contribuições (PIS/COFINS) pela nãocumulatividade a partir de 30/11/2004, data em que o contrato com a Light teve o preço do GWH (Giga Watt Hora), reajustado de R$ 125,53 para R$ 134,25, conforme nota fiscal em anexo (Doc. 1, fl. 11); inconformada, a empresa buscou junto à Justiça Federal o reconhecimento do direito de permanecer na cumulatividade, pois este método lhe seria bem mais vantajoso, do ponto de vista do pagamento do PIS e COFINS, que seriam inferiores do que no regime da nãocumulatividade, conforme levantamento feito pela autuada e conferido por amostragem pela fiscalização, que compõe este Auto de Infração (doc. 2, fls. 12/18); em 27/06/2006, a autuada obteve junto à Justiça Federal do Ceará, em 1ª. Instância, o reconhecimento provisório deste direito (doc. 3, fls. 19/26), ou seja, o de permanecer no regime da cumulatividade referente às receitas provenientes do contrato com a Light, e a respectiva sentença determina, de forma clara, a abstenção da cobrança por parte da União da diferença apurada de forma diversa; sendo assim, procedeuse à lavratura do Auto de Infração com exigibilidade suspensa, a fim de resguardar futuro direito da Fazenda Nacional de se ressarcir da diferença dos valores do PIS e da COFINS, provenientes do cálculo destas contribuições pelo regime da cumulatividade, em detrimento da apuração pelo regime da nãocumulatividade, que não foram recolhidos pela autuada, por força da disposição judicial supracitada; a partir da memória de cálculo já citada (doc. 2), a fiscalização elaborou planilhas (fl. 10), segregando, mês a mês, os valores quando devidos, a título de diferença não lançada ou paga do PIS e da COFINS. 4. O enquadramento legal do lançamento fiscal da COFINS (fl. 555), cientificado ao contribuinte em 24/05/2007, consoante se observa à fl. 553, consistiu nos arts. 2º, inciso II e parágrafo único, 3º, 10, 22 e 51 do Decreto nº 4.524/2002; Lei nº 10.833/2003, art. 10, inc. XI, letra b; IN SRF nº 658/2006, art. 3º. 5. Já o enquadramento legal do lançamento fiscal para o PIS (fl. 565), também cientificado ao contribuinte em 24/05/2007, consoante se observa à fl. 563, consistiu nos arts. 2º, inciso I, alínea “a” e parágrafo único, 3º, 10, 26 e 51 do Decreto nº 4.524/2002; Lei nº 10.833/2003, art. 10, inc. XI, letra b, e art. 15; IN SRF nº 658/2006, art. 3º. Fl. 1030DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 965 5 6. No que se refere à multa de ofício e aos juros de mora, os dispositivos legais aplicados foram relacionados nos demonstrativos de fls. 560/561 e fls. 570/571 (PIS). 7. Após tomar ciência das autuações, a empresa fiscalizada, inconformada, apresentou, em 25/06/2007, as impugnações juntadas às fls. 589/618 (PIS) e fls. 730/759 (COFINS), e documentos anexos de fls. 619/729 (PIS) e fls. 760/874 (COFINS) – doc. 01, contendo procuração, documentos de identificação e CPF dos representantes da empresa, cartão do CNPJ na obtido na internet, estatuto e ata; doc. 02, contendo cópia dos autos de infração; doc. 03, contendo cópia do Relatório Fiscal; doc. 04, contendo cópia do contrato de fornecimento de energia elétrica Light x UTE Norte Fluminense S/A; doc. 05, contendo cópia da petição inicial de que trata a ação de rito ordinário nº 2005.34.00.0007150; doc. 06, contendo cópia de decisão, deferindo o pedido de antecipação de tutela nos autos da ação nº 2005.34.00.0007150; doc.07, contendo cópia da sentença de mérito, prolatada nos autos da ação nº 2005.34.00.0007150 com as alegações assim resumidas: 7.1. a impugnante é pessoa jurídica de direito privado, que tem por objeto principal financiar, construir e operar uma usina termoelétrica, à base de gás natural, de 780MW de potência, situada no Município de Macaé, Estado do Rio de Janeiro, com vistas à comercialização da energia originada a partir de tal usina, como se depreende de uma rápida leitura do Capítulo I de seu Estatuto Social (doc. 1); 7.2. com o propósito de eliminar a cumulatividade na apuração do PIS e da COFINS, foram publicadas as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, alterando a dinâmica de recolhimento das referidas contribuições sociais para o denominado regime não cumulativo tributário; 7.3. o legislador ordinário, contudo, fez constar exceções à aplicação do regime da nãocumulatividade, como, por exemplo, a exclusão de diversas receitas ou atividades do seu campo de incidência, provavelmente reconhecendo as distorções que a aplicação pura e simples de tal regime a todas as situações poderia gerar, sendo uma destas exceções aquela prevista no inciso XI, art. 10, da Lei nº 10.833/2003, vigente tanto para o PIS quanto para a COFINS, por força das disposições do art. 15 da referida Lei; 7.4. existe um contrato firmado entre a impugnante e a empresa Light Serviços de Eletricidade (“Light”), de fornecimento de bens, no caso, energia elétrica, anterior a 31/10/03, em que a impugnante se obriga a fornecer, por quatro anos, certa quantidade de energia elétrica, obrigandose a Light a comprar energia elétrica da impugnante, pelo prazo estipulado e a preço predeterminado (doc. 4, fls. 653/689); 7.5. assim, a impugnante, em relação às receitas auferidas em virtude desse contrato, nos termos do artigo 10, inciso XI, alínea Fl. 1031DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 6 “b” da Lei nº 10.833/03, vinha se sujeitando, desde o início de suas operações de venda, em março de 2004, ao regime cumulativo do PIS e da COFINS, sem o cômputo de qualquer crédito; 7.6. contudo, a IN/SRF nº 468/04 inovou no mundo jurídico, elegendo critérios não previstos na Lei nº 10.833/2003 para definição do conceito de preço predeterminado; 7.7. ante a flagrante inconstitucionalidade de tal norma, a impugnante ajuizou a Ação Ordinária nº 2005.34.00.0007150, com pedido de “antecipação dos efeitos da tutela”, a fim de resguardar seu direito de permanecer sob o regime da cumulatividade, em relação às receitas provenientes dos contratos firmados com a Light (doc. 5, fls. 690/721), sendo que, após distribuída a referida medida judicial para a 17ª. Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, deferiuse o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, e, ainda na seqüência, julgouse, em sentença de mérito, procedente a postulação autoral (docs. 6 e 7, fls. 722/729); 7.8. não obstante haver medida judicial resguardando o procedimento adotado pela impugnante, e a suspensão da exigibilidade desta parcela do crédito por força do artigo 151V do CTN, foi lavrado o auto de infração ora impugnado; 7.9. acerca do tema, trazse o disposto no artigo 62 do Decreto nº 70.235/72; 7.10. é preciso distinguir a constituição do crédito tributário, que se dá pelo lançamento, de sua exigibilidade, que decorre de sua cobrança, não se podendo olvidar que o ato de lançamento busca evitar a ocorrência da decadência do direito do Fisco em constituir o crédito tributário; 7.11. por outro lado, a ação judicial ainda não teve decisão final transitada em julgado e, assim sendo, caso a impugnante logre se vencedora, tal fato afetará o processo administrativo fiscal, pois acarretará o cancelamento da presente autuação, nos termos do disposto no artigo 149VIII do CTN; 7.12. portanto, concluise que o fiscal não poderá dar prosseguimento à cobrança do crédito, uma vez que sua exigibilidade encontrase suspensa por força de decisão judicial; porém, na hipótese de vir a fazêlo, não poderá exigir a parcela correspondente à multa de ofício, face à sua manifesta ilegalidade; 7.13. para a aplicação do regime cumulativo do PIS e da COFINS (art. 10 da Lei nº 10.833/03) são necessários os seguintes requisitos: seja o contrato de fornecimento de bens e serviços; o prazo de duração do contrato seja no mínimo superior a um ano; assinatura de contrato anteriormente a 31/10/03; e o preço do fornecimento de bens e serviços esteja predeterminado no contrato; 7.14. Tanto a IN/SRF nº 468/04 quanto a IN/SRF nº 658/06 inovaram no mundo jurídico, criando requisitos não previstos para o enquadramento no regime cumulativo das contribuições; Fl. 1032DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 966 7 7.15. no contexto da profunda reforma institucional e direcional por que passa o setor elétrico brasileiro, com a transferência do controle das referidas atividades das mãos do Estado para a iniciativa privada, e, por conseqüência, com a sujeição desse segmento a práticas comerciais competitivas, é que se insere o Contrato de Fornecimento de Energia Elétrica entre a impugnante e a Light (conhecido no jargão setorial como “PPA”, abreviação do inglês “power purchase agreement”), o qual segue um padrão consistente com a legislação e o modelo do setor elétrico brasileiro; 7.16. por meio do referido contrato PPA (doc. 4), a impugnante obrigouse a vender à Light praticamente toda a quantidade de energia elétrica que sua usina é capaz de gerar (cf. Cláusula 1ª e definições de Energia Contratada e Potência Garantida); 7.17. tratase do único contratos de venda celebrados pela impugnante, e, portanto, sua única fonte de receitas; 7.18. assim, presente o primeiro requisito previsto no artigo 10, inciso XI, alínea “b” da Lei nº 10.833/03, qual seja, a existência de contrato de fornecimento de bem, no caso, energia elétrica; 7.19. também se constata o segundo requisito, qual seja, a existência de contrato com prazo de duração superior a um ano, já que, aprovado o contrato pelos órgãos deliberativos das partes, o compromisso de venda tornouse “incondicional e irretratável” (cf. Cláusula 1º, § 1º) pelo prazo mínimo de 20 (vinte) anos (Cláusula 6ª, “Da Vigência”), muito superior, portanto, ao prazo mínimo previsto na Lei nº 10.833/2003, para o enquadramento da exceção ao regime da nãocumulatividade; 7.20. o terceiro requisito também se encontra presente, qual seja, assinatura do contrato anterior a 31/10/2003, haja vista ter sido o contrato originalmente assinado pelas partes em 31/08/2001; 7.21. quanto ao quarto requisito, qual seja, que o preço do fornecimento esteja predeterminado no contrato, cabe esclarecer que não existe em lei definição do que venha a ser preço predeterminado, sendo possível, no entanto, extrair a definição a partir de uma interpretação sistemática do nosso ordenamento jurídico, com base nos princípios do direito privado, nos termos do artigo 109 do CTN; 7.22. preço, como elemento fundamental de validade do contrato de compra e venda, “é a quantia que o comprador se obriga a pagar ao vendedor”, muito embora o mesmo não precise ser exato, mas apenas determinável; 7.23. preço determinado é o preço fixo, já conhecido pelas partes desde a celebração do contrato (art. 483 do Código Civil), e preço determinável é “aquele de que não se tem conhecimento objetivo do quanto, ou dele não se tem conhecimento subjetivo, mas já se sabe como se há de determinar”; Fl. 1033DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 8 7.24. nessa última classificação se insere o que se denomina de preço variável, ou seja, aquele que não tem um preço inicial estipulado, porém, deve se ajustar a um parâmetro qualquer escolhido pelas partes para sua aferição, sendo passível de determinação objetiva no futuro; 7.25. no preço variável inexiste qualquer preço inicial fixado, estando ele dependente do evento ou critério escolhido pelas partes para se determinar futuramente o preço; 7.26. o preço predeterminado não se insere na classificação de preço determinável, pois a característica daquele é a fixação inicial do preço do negócio acordado entre as partes; 7.27. contudo, eventual cláusula de reajuste não descaracteriza a natureza do preço predeterminado quando tal reajuste tem por objetivo somente preservar o poder aquisitivo do preço nominal inicialmente pactuado e a equação econômicofinanceira originalmente estabelecida entre as partes; 7.28. ou seja, no preço predeterminado, as partes têm conhecimento objetivo e real do preço acordado, ainda que sujeito a eventuais ajustes futuros, diferentemente do que ocorre no preço determinável, em que as partes não têm, no momento da celebração do contrato, qualquer conhecimento objetivo do quantum a ser fixado apenas em momento futuro; 7.29. o preço reajustado nada mais é do que a tradução do preço nominal originalmente pactuado segundo o novo cenário econômico verificado, ou seja, o preço passado trazido para o presente; 7.30. esse mesmo pensamento era encontrado na IN/SRF nº 21/79, utilizada como base de resposta à consulta de contribuintes sobre a matéria, pela qual não seria requisito essencial à caracterização de preço predeterminado a inexistência de cláusulas de reajuste, mas sim a necessidade de o preço estar inicialmente fixado no contrato; 7.31. a grande volatilidade dos preços da energia traz enorme incerteza aos investidores, que não podem confiar na evolução do preço de curto prazo para justificar seus investimentos; 7.32. para fazer frente aos elevados investimentos, a impugnante assumiu financiamento de longo prazo, o que só poderia ser atendido se pudesse contar com uma fonte previsível de receitas, também a longo prazo, livre do risco de oscilação de preços e diminuição de demanda; 7.33. notase, portanto, a existência de preço fixado pelas partes no contrato desde o início de sua vigência, ou seja, preço de conhecimento objetivo e prévio das partes, sendo este o requisito caracterizador do preço predeterminado; 7.34. existe no contrato preço firme estipulado de antemão, devendo assim a impugnante submeter as receitas advindas desse contrato ao regime cumulativo das contribuições sociais (PIS e COFINS); Fl. 1034DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 967 9 7.35. da análise do contrato, é possível verificar que o preço inicialmente fixado está sujeito à alteração quando do reajustamento anual necessário à preservação do seu poder aquisitivo (Cláusula 19), porém, esse fator não tem o condão de retirar a característica peculiar presente no contrato firmado pela impugnante, que é a existência de preço predeterminado; 7.36. da análise das Cláusulas 18 e 19, verificase que a previsão de reajuste do preço do contrato do PPA é anual e se baseia em índice que afere a inflação, e, portanto, a desvalorização da moeda no período, tratandose de mera cláusula de reajuste de preço do valor do bem em fornecimento, ou seja, mera cláusula de correção monetária, não se tratando, assim, de qualquer “plus” ou acréscimo ao valor original; 7.37. no caso específico da impugnante, é o Valor Nominativo o índice de atualização monetária aplicável, tendo ele como premissa inclusive a sua regulamentação pelo órgão regulador, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; 7.38. essa definição de correção monetária, como forma de recomposição do valor no tempo, é corroborada pela doutrina e pela jurisprudência de nossos Tribunais; 7.39. no momento em que os preços sofrerem a adequada aplicação da cláusula de reajuste acima prevista, terseá apenas a preservação do valor inicialmente acordado pelas partes, ou seja, o preço real e originário da energia elétrica a ser fornecida, não havendo, assim, que se falar em qualquer variação descaracterizadora do preço inicial nem muito menos em preço supostamente desconhecido, já que a manutenção da expressão nominal do preço do contrato ao longo de sua vigência de 4 anos, além de inconcebível, propiciaria, ela sim, o efeito de mudança do preço real, já que o poder aquisitivo do preço declinaria inexoravelmente com o tempo, sendo certo, portanto, por incontroversos os requisitos previstos na Lei nº 10.833/2003, que a impugnante deve continuar a se sujeitar aos ditames do regime cumulativo do PIS e da COFINS; 7.40. As IN/SRF nºs 468/04 e 658/06 estão eivadas de vícios de ilegalidade e inconstitucionalidade, pois criam mandamentos novos não previstos em lei; 7.41. As instruções normativas, nos termos do artigo 100 do CTN, assim como qualquer ato expedido por autoridade administrativa, inseremse na classificação de normas complementares, que nada mais são do que espécies de norma pertencente à legislação tributária nacional, conforme artigo 96 do CTN, que têm por finalidade regulamentar mandamentos já existentes no ordenamento jurídico, não podendo inovar, modificar ou alterar a ordem jurídica vigente, criando ou extinguindo direitos; 7.42. a função de tais normas não poderia ser outra, haja vista que no ordenamento jurídico brasileiro prevalece o que se Fl. 1035DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 10 denomina de princípio da legalidade, que está expressamente previsto no artigo 5ºII da Constituição; 7.43. em matéria tributária este princípio tornase ainda mais rígido em virtude do que dispõe o artigo 150I da Constituição Federal, regra incorporada na legislação complementar tributária nacional, no artigo 97 do CTN, sendo a lei o instrumento capaz de criar direitos e impor obrigações, motivo que a leva a ser denominada de fonte primária; 7.44. assim, jamais um ato infralegal, como é o caso da IN nº 468/04, poderia ultrapassar os limites estabelecidos na lei que regulamenta, o que indevidamente aconteceu, pois a citada norma estabeleceu conceitos e critérios novos para a definição de preço predeterminado; 7.45. com isso, o Poder Executivo criou mandamentos não previstos em lei, haja vista que a Lei nº 10.833/03 não criou qualquer critério para definição de preço predeterminado, pelo contrário, apenas o citou como um dos requisitos para a manutenção do contribuinte no regime de cumulatividade; 7.46. não há na Lei nº 10.833/03, em nenhum de seus dispositivos, esse critério de que os contratos que contiverem cláusulas de reajuste ou, ainda, de revisão para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro, subsistirão na qualidade de possuidores de preço predeterminado somente até a eventual implementação de sua primeira alteração, como dispõe a IN/SRF nº 468/04; 7.47. tanto é assim que a SRF editou a IN/SRF nº 658/06, numa tentativa de minorar os impactos da IN anterior; porém, a interpretação dada pelo fiscal autuante ao seu texto é manifestamente equivocada e ilegal, pois buscou um entendimento que reafirme o teor da IN/SRF 468/04, a qual é inconstitucional; 7.48. é inquestionável que padeceria de invalidade qualquer pretensão em se tributar sob o regime da nãocumulatividade as receitas auferidas anteriormente à IN/SRF nº 468/04, sob pena de afronta ao princípio da irretroatividade da lei tributária, conforme artigo 150IIIa da Constituição Federal, como pretende o artigo 6º daquele ato normativo; 7.49. ainda que se considerem devidos os valores de PIS e COFINS apurados de forma nãocumulativa sobre as receitas decorrentes dos citados contratos, a impugnante deverá arcar apenas com o principal das contribuições, conforme artigo 100 do CTN, pois, se os recolhimentos foram efetuados com base no conceito de preço predeterminado trazido pela IN/SRF 21/79, a posterior modificação deste conceito pela IN/SRF 468/04 não tem o condão de cominar penalidade em relação ao período anterior à sua edição; 7.50. a matéria em discussão na presente autuação fiscal, embora nova, já foi apreciada pelo Poder Judiciário, conforme decisões transcritas; Fl. 1036DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 968 11 7.51. a Lei nº 11.196/05, em seu artigo 109, tentou reduzir o impacto tributário causado pela IN SRF nº 468/04, sendo que seu parágrafo único lhe atribui efeitos retroativos a 01/11/03; 7.52. tal norma extinguiu a presente celeuma, restando reconhecido o direito de a impugnante permanecer sujeita ao regime cumulativo das referidas contribuições, no tocante às receitas em questão, afastando a aplicação da IN/SRF nº 468/04; 7.53. no mesmo sentido foi editada a IN/SRF nº 658/06, que buscou ajustar o posicionamento da SRF com a norma contida na Lei nº 11.196/05; 7.54. portanto, a interpretação dada pelo fiscal autuante à IN/SRF nº 658/06 está em manifesto confronto com a norma contida na Lei nº 11.196/05, impondose o cancelamento da autuação; 7.55. ainda que não sejam acolhidos os fundamentos expostos, sujeitandose a impugnante ao regime da nãocumulatividade, é inequívoco o direito de apropriação do crédito das contribuições (PIS/COFINS) incidentes na aquisição de gás natural, tributadas à alíquota zero conforme disposto na Lei nº 10.312/2001, insumo essencial à produção de energia elétrica, necessitando a impugnante adquirir esse produto em grande volume, muito embora não seja essa a interpretação que vem sendo adotada pela Secretaria da Receita Federal, remetendose à Lei nº 10.865/2004; 7.56. há direito ao crédito do PIS e da COFINS não somente nos casos de aquisição de insumos isentos para posteriores vendas tributadas, mas também nos casos de aquisição de insumos adquiridos sob a alíquota zero, como é o caso da impugnante relativamente às suas aquisições de gás natural; 7.57. não aceitar o direito ao crédito na situação ora analisada implicaria frustrar o princípio da nãocumulatividade, previsto na Constituição Federal, porque a manutenção do crédito é a única maneira de garantir que o tributo pago nas operações subseqüentes não seja novamente pago pelo adquirente do bem adquirido sob alíquota zero ou isenção, o que acarretaria, isso sim, em cumulatividade do produto; 7.58. também o Supremo Tribunal Federal (STF) entende ser imprescindível o creditamento relativo à aquisição de bens isentos ou tributados à alíquota zero, a fim de dar aplicação ao princípio da nãocumulatividade, e a não anular o benefício da isenção ou alíquota zero, conforme apontado no Recurso Extraordinário (RE) nº 350446/PR, no qual se examinou questão análoga, referente ao IPI; 7.59. Pelo exposto, requer, preliminarmente, a suspensão do presente feito, vez que o crédito objeto da autuação se encontra com sua exigibilidade suspensa por força do artigo 151V do CTN, c/c o artigo 62 do Decreto nº 70.235/72; Fl. 1037DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 12 7.60. caso a impugnante saia vencedora do pleito judicial, requer a desconstituição do lançamento, nos termos do artigo 149VIII do CTN; 7.61. na hipótese de superado o pedido anterior, requer seja julgada procedente a impugnação, cancelandose o crédito exigido, em face das razões apresentadas. No recurso, a Interessada alegou, inicialmente, a impossibilidade de autuação à vista da existência de sentença a ela favorável, suspendendo a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 62 do Decreto n. 70.235, de 1972. Ademais, segundo a Interessada, não poderia ter sido exigida multa, em razão do disposto no art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. Em relação ao mérito, alegou que, “embora nessa parte da defesa exista uma identidade de argumentos com a ação judicial proposta pela Recorrente, deve este E. Conselho de Contribuintes, também, apreciála sob pena de nulidade [...]”. Tratou, na sequência, da “não definição do conceito de preço predeterminado em lei”, do entendimento da Receita Federal constante da IN SRF n. 21, de 1979, da presença de preço predeterminado nos contratos firmados pela Recorrente, da Inalterabilidade do preço inicialmente acordado pelas cláusulas de reajuste de preço, da criação de mandamentos não previstos em lei pela IN SRF n. 458, de 2004, do direito superveniente contido na Lei n. 11.196, de 2005, e de sua não consideração pelo acórdão de primeira instância. Em relação à última questão acima mencionada, acrescentou: 121. A única novidade na IN 658 (art. 3°, § 3º) diz respeito à inserção do artigo 109 da Lei 11.196/05, em especial, em relação à inalterabilidade do preço predeterminado na aplicação de cláusula de reajuste que reflita o custo de produção ou dos insumos utilizados. 122. Essa regra contida no artigo 109 da Lei 11.196/05 reconhece o direito buscado pela Recorrente. Isso porque, a cláusula de atualização de todos os contratos das Recorrentes tem o IGPM como índice, e a ANEEL, valendose de sua competência reguladora prevista em lei, confirmou de forma expressa que tal índice refletiria o custo de produção das empresas do setor elétrico (Nota Técnica 224/2006 e, Ofício n.° 1.431/2006). 123. Assim sendo, a aplicação de cláusulas de atualização pelo índice IGPM não alteraria o preço dos contratos inicialmente estipulado pela Recorrente, devendo, assim, ser as receitas originárias desses contratos mantidas no regime cumulativo das contribuições do PIS e da COFINS. Não abordou as questões relativas aos créditos das contribuições. É o relatório. Voto Fl. 1038DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 969 13 Conselheiro José Antonio Francisco, Relator O recurso é tempestivo e satisfaz os demais requisitos de admissibilidade, dele devendose tomar conhecimento, nos termos abaixo expostos. A alegação de que não seria possível efetuar o lançamento à vista do art. 62 do Decreto n. 70.235, de 1972, é improcedente, uma vez que tal norma foi revogada tacitamente pelo art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. Ademais, a sentença apenas vedou a adoção de “atos ostensivos” à cobrança (fl. 26), o que não ocorreu, pois a cobrança não seria possível com a auto de infração tendo sido lavrado com exigibilidade suspensa. No restante, inicialmente em relação às questões de inconstitucionalidade de lei e à matéria submetida ao Judiciário, aplicamse as Súmulas Carf abaixo reproduzidas, conforme Portaria Carf n. 106, de 21 de dezembro de 2009: Súmula CARF n. 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Súmula CARF n. 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Com relação à multa, a Fiscalização esclareceu o seguinte em seu relatório: Em 27 de junho de 2006 a autuada obteve junto à Justiça Federal do Ceará em 1a. Instância o reconhecimento provisório deste direito, (Doc. 3), ou seja, o de permanecer no regime da cumulatividade referente às receitas provenientes do contrato com a Light, e a respectiva sentença determina de forma clara a abstenção da cobrança por parte da União da diferença apurada de forma diversa. Sendo assim, lavramos este auto com exigibilidade suspensa a fim de resguardar futuro direito da Fazenda Nacional de se ressarcir da diferença dos valores do PIS e da COHNS provenientes do cálculo destas contribuições pelo regime da cumulatividade em detrimento da apuração pelo regime da não cumulatividade, que não foram recolhidos pela autuada, por força da disposição judicial supracitada. Segundo os autos de infração (fls. 554 e 555, 564 e 565), não foi aplicada multa de ofício e o lançamento foi efetuado para prevenir a decadência, nos termos do art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. A Primeira Instância discordou de tal entendimento, considerando o seguinte: Fl. 1039DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 14 Também não se aplica ao presente caso o disposto no artigo 149VIII, citado pela autuada, considerando que, na eventual hipótese de provimento judicial final favorável à empresa nos autos da Ação Ordinária nº 2005.34.00.0007150, este, como já demonstrado acima, não afetará o presente crédito, fundamentado em norma diversa da questionada judicialmente. No entanto, ainda que assim não fosse – ou seja, ainda que vinculação da discussão travada na ação nº 2005.34.00.000715 0 com o crédito tributário lançado existisse , não se cogitaria de eventual descabimento do lançamento, que se fez necessário, na forma do art. 63 da Lei nº 9.430/96, de modo a prevenir a decadência, sendo somente o caso, na hipótese de decisão final favorável à autuada – citamos, meramente a título de argumentação de extinção do crédito constituído em decorrência de decisão judicial transitada em julgado, nos termos do artigo 156X do CTN, nunca o sendo, tal como alegado, de aplicação do art. 149VIII, do CTN. A discordância da DRJ disse respeito às alterações posteriores ao lançamento, que capitulou como infringida a norma da IN SRF n. 658/2006, art. 30, não abrangida pela ação judicial. Em relação a tal questão, a Fiscalização a considerou irrelevante. Ademais, as IN não produzem norma por si só, uma vez que devem encontrar respaldo em lei, o que não foi alterado até a publicação da Lei n. 11.196, de 2005. Entretanto, tem razão a Primeira Instância na seguinte observação: É interessante observar, ainda, que a modificação na legislação aplicável não é abordada claramente pela autuada em sua impugnação, manifestandose a empresa de forma contraditória, ora inserindo a IN/SRF nº 658/06 nas alegações relativas à inconstitucionalidade/ilegalidade, repetindo os mesmos argumentos já submetidos ao Poder Judiciário, os quais somente se referiam à IN/SRF nº 468/04 (fls. 597 e 606), ora alegando que a IN/SRF nº 658/06 “buscou ajustar o posicionamento da Secretaria da Receita Federal com a norma contida na Lei nº 11.196/05”, sendo que a “interpretação dada pelo Fiscal autuante à Instrução Normativa SRF nº 658/06 está em manifesto confronto com a norma contida na Lei nº 11.196/05” (fl. 613). Assim, não resta claro se a autuada pretende invalidar também a IN/SRF nº 658/06 por inconstitucionalidade/ilegalidade, ou se considera a norma em questão aplicável, vindo ao encontro de suas pretensões, na medida em que corresponderia à adequação da SRF à determinação contida na Lei nº 11.196/05, sendo equivocada apenas a interpretação que lhe foi dada pela autoridade fiscal. É claro que a referida disposição legal estabeleceu que somente a adoção de índice de reajuste de custo não representaria violação à regra do preço predeterminado. Nesse contexto, não seria diferente o procedimento adotado pelo Fisco diante das duas instruções normativas citadas. Fl. 1040DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 18471.000500/200745 Acórdão n.º 330201.586 S3C3T2 Fl. 970 15 Ademais, a norma do art. 109 tem caráter interpretativo, respaldando a interpretação oficial. Por isso, tais questões trazidas pela Interessada ao recurso não lhe beneficiam no sentido de que tal norma lhe seria benéfica. Entretanto, as considerações acima expostas demonstram que, ainda que não tenham sido abordadas na ação judicial, as alterações legais e infralegais posteriores não afetariam o resultado da coisa julgada em relação ao período objeto do auto de infração. No caso específico do art. 109 da Lei n. 11.196, de 2005, publicada em novembro de 2005, tratase de norma interpretativa, como já esclarecido, com vigência a partir de novembro de 2003. Obviamente, a Interessada não poderia prever, ao propor a ação judicial, que no futuro houvesse a edição de uma norma interpretativa sobre o mérito da questão. Descabe, assim, razão à Primeira Instância, tendo sido o auto de infração lavrado corretamente nos termos do art. 63 da Lei n. 9.430, de 1996. De toda forma, tais efeitos não poderiam ser modificados pela DRJ, pois haveria uma alteração no lançamento efetuado, especificamente quanto à suspensão da exigibilidade do crédito por conta da decisão judicial. Tal alteração somente poderia ser efetuada por meio de revisão de lançamento, nos termos do art. 149, IX, do Código Tributário Nacional, uma vez que diz respeito à correta interpretação dos fatos. Por outro lado, tal situação implica reconhecer que o mérito legal do lançamento foi submetido ao Judiciário, descabendo sua apreciação no âmbito administrativo, conforme a súmula anteriormente citada. Esclareçase, ainda, que, na interpretação divergente (sustentada pela Interessada), se fosse o caso de não aplicar retroativamente as disposições do art. 109 da Lei n. 11.196, de 2005, ainda assim não deixaria de haver a renúncia às instâncias administrativas. Nessa eventualidade e sendo decidida a não aplicação retroativa da lei, ou a Interessada perderia o interesse processual (com a declaração, no processo, de tal situação) ou a não aplicação retroativa poderia lhe garantir o sucesso na ação. Num e noutro caso, a autoridade fiscal ficaria obrigada a aplicar a decisão judicial ao caso dos autos. Esclareçase que, como é elementar, se a antecipação de tutela for revogada, cassada ou reformada, a suspensão do crédito ficará prejudicada, uma vez que o auto de infração foi lavrado com a suspensão de exigibilidade pelo fato de existir decisão judicial que a determinava. É importante, ademais, esclarecer que o recurso versa sobre toda a matéria submetida ao contraditório. Nesse contexto, a Fiscalização lavrou o auto de infração com exigibilidade suspensa e, em decorrência, sem a aplicação da multa de ofício. A DRJ, por sua vez, não só decidiu o julgamento da impugnação em desfavor da Interessada, como agravou o lançamento, afastando a suspensão da exigibilidade. Nesse contexto, toda matéria decidida pela DRJ submetese também ao recurso da Interessada. Como a questão é de mérito, pois a suspensão da exigibilidade é aplicável ao caso dos autos, cabe decidir sobre a matéria em sede de mérito do recurso e não Fl. 1041DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA 16 somente declara a nulidade do acórdão de primeira instância por agravamento da exigência (já que a competência para tal agravamento caberia somente à Fiscalização). Vejase que na hipótese de a Primeira Instância reconhecer a renúncia às instâncias administrativas e ser essa posição mantida pelo Carf, em regra se nega provimento ao recurso voluntário, que pretenderia a alteração da decisão da primeira instância, mantendo se a renúncia e, em consequência, não se analisando as razões do recurso. Entretanto, no caso dos autos ocorre o oposto em relação a tais matérias. Portanto, cabe prover o recurso quanto ao que foi agravado pela Primeira Instância. À vista do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para declarar a de concomitância de processos administrativo e judicial e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, negando provimento em relação às demais matérias preliminares. Quanto ao mérito, voto por não tomar conhecimento do recurso, por estar sujeita a matéria ao Judiciário. (Assinado digitalmente) José Antonio Francisco Fl. 1042DF CARF MF Impresso em 13/06/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/05/2012 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/20 12 por JOSE ANTONIO FRANCISCO, Assinado digitalmente em 08/05/2012 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 13851.001218/99-43
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração:01/10/1989 a 31/10/1995
RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO.
Para os pedidos de restituição protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de 10 anos a partir do fato gerador, em conformidade com a tese cognominada de cinco mais cinco.
As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo.
Recurso Extraordinário do Procurador Provido em Parte.
Numero da decisão: 9900-000.673
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Extraordinário
OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente.
RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Extraordinário OTACÍLIO DANTAS CARTAXO - Presidente. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão.
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração:01/10/1989 a 31/10/1995 RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. Para os pedidos de restituição protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº 118/2005, o prazo prescricional é de 10 anos a partir do fato gerador, em conformidade com a tese cognominada de cinco mais cinco. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Recurso Extraordinário do Procurador Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Extraordinário OTACÍLIO DANTAS CARTAXO Presidente. RODRIGO DA COSTA PÔSSAS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo, Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 00 12 18 /9 9- 43 Fl. 345DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 08/03/2 013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martinez Lopez, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Possas, Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de Recurso Extraordinário interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão proferido pelo colegiado a quo, que deu provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte. A PGFN interpôs Recurso Extraordinário a este Pleno alegando, em síntese, que o direito de ação relativo ao exercício de um direito subjetivo de crédito, decorrente de pagamento indevido, é atribuído ao sujeito passivo, e o termo inicial do prazo prescricional de 05 (cinco) anos (art. 168 do CTN) para exercêlo começa da data da extinção do crédito tributário, operandose este tão logo efetue o pagamento indevido. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e deve ser admitido. O pedido de restituição foi apresentado em 24/11/1999, relativo ao período de apuração de 01/10/1989 a 31/10/1995. Não assiste razão à recorrente, pois, com a edição da Lei Complementar 118/2005, o seu artigo 3º foi debatido no âmbito do STJ no Resp 327043/DF, que entendeu tratarse de usurpação de competência a edição desta norma interpretativa, cujo real objetivo era desfazer entendimento consolidado. Entendendo configurar legislação nova e não interpretativa, os Ministros do STJ decidiram que as ações propostas até a data de 09/06/2005, não se submeteriam ao consignado na nova lei. Com efeito, de acordo com a decisão prolatada pelo pleno do STF, no RE nº 566.621, em 04/08/2011, em julgamento de mérito de tema com repercussão geral, o prazo prescricional para o contribuinte pleitear a restituição do indébito, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, relativamente a pedidos de restituição efetuados anteriormente à vigência da LC nº 118/05 (09/06/2005), é de cinco anos para a homologação do pagamento antecipado, acrescido de mais cinco para pleitear o indébito, em conformidade com a cognominada tese dos cinco mais cinco, sendo, portanto, de dez anos o prazo para pleitear a restituição do pagamento indevido. Fl. 346DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 08/03/2 013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 13851.001218/9943 Acórdão n.º 9900000.673 CSRFPL Fl. 3 3 Assim, somente os pleitos referentes aos fatos geradores ocorridos anteriormente a 10 anos da data do protocolo estariam com o eventual direito de restituição extinto, tendo em vista terem sido alcançados pela prescrição. No presente caso, houve a perda parcial do direito a se pleitear a restituição em relação à uma parcela do período objeto da solicitação. Assim, está prescrito o direito em relação ao período de 01/10/1989 a 31/10/1989. Portanto, em que pese a minha total discordância com tal entendimento, com fulcro no art. 62A do Anexo II à Portaria MF nº 256/09 (RICARF), deve ser reconhecida a aplicabilidade da tese dos cinco mais cinco. Ante o exposto, voto pelo provimento parcial do Recurso Extraordinário interposto pela PGFN, com a remessa dos autos à autoridade preparadora, para a análise do mérito do período não prescrito.. Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 347DF CARF MF Impresso em 23/04/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 08/03/2 013 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 11/03/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 10580.021409/99-71
Turma: PLENO DA CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: Pleno
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu May 02 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/1989 a 31/08/1994
PIS. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o PIS de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 04/11/1999, antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, prescrito encontra-se o pedido de restituição/compensação no que se refere apenas dos valores de PIS relativos aos períodos compreendidos entre maio e outubro de 1989.
Recurso Extraordinário Provido em Parte.
Numero da decisão: 9900-000.780
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso extraordinário.
Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente
Nanci Gama - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: NANCI GAMA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/05/1989 a 31/08/1994 PIS. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o PIS de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 04/11/1999, antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, prescrito encontra-se o pedido de restituição/compensação no que se refere apenas dos valores de PIS relativos aos períodos compreendidos entre maio e outubro de 1989. Recurso Extraordinário Provido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo - Presidente Nanci Gama - Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano DAmorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2477; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFPL Fl. 298 1 297 CSRFPL MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.021409/9971 Recurso nº Extraordinário Acórdão nº 9900000.780 – Pleno Sessão de 29 de agosto de 2012 Matéria PIS RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida LM TRANSPORTES LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/1989 a 31/08/1994 PIS. PRESCRIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. 5 (CINCO) ANOS PARA HOMOLOGAR (ARTIGO 150, § 4º, DO CTN) MAIS 5 (CINCO) ANOS PARA PROTOCOLAR O PEDIDO DE RESTITUIÇÃO (ARTIGO 168, I, DO CTN). IRRETROATIVIDADE DO ARTIGO 3º DA LC 118/2005. ARTIGO 65A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Este Conselho está vinculado às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em recurso especial repetitivo. Com efeito, cabe a aplicação simultânea dos entendimentos proferidos pelo STF no julgamento do RE nº 566.621, bem como aquele proferido pelo STJ no julgamento do REsp nº 1.002.932 (tese dos 5 + 5), para pedidos de restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação que tenham sido protocolados antes da aplicação, em 09/06/2005, da Lei Complementar 118, a qual não é interpretativa, conforme entendimento do STF. Em se tratando a contribuição para o PIS de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado em 04/11/1999, antes da vigência da Lei Complementar 118/2005, plenamente cabível a aplicação do prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 150, § 4º, do CTN somado ao de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I, desse mesmo diploma legal para o contribuinte pleitear restituição/compensação. Assim, prescrito encontrase o pedido de restituição/compensação no que se refere apenas dos valores de PIS relativos aos períodos compreendidos entre maio e outubro de 1989. Recurso Extraordinário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 02 14 09 /9 9- 71 Fl. 298DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso extraordinário. Otacílio Dantas Cartaxo Presidente Nanci Gama Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo, Marcos Tranchesi Ortiz que substituiu Susy Gomes Hoffmann, Valmar Fonseca de Menezes, Alberto Pinto Souza Júnior, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Júnior, Jorge Celso Freire da Silva, José Ricardo da Silva, Karem Jureidini Dias,Valmir Sandri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Elias Sampaio Freire, Gonçalo Bonet Allage, Gustavo Lian Haddad, Manoel Coelho Arruda Junior, Marcelo Oliveira, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Henrique Pinheiro Torres, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Júlio César Alves Ramos, Maria Teresa Martínez López, Nanci Gama, Rodrigo Cardozo Miranda, Rodrigo da Costa Pôssas, Mércia Helena Trajano D’Amorim que substituiu Marcos Aurélio Pereira Valadão. Relatório Tratase de recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão de nº 0203.006, proferido pela Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, que, por maioria de votos, negou provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional para reconhecer o direito de o contribuinte pleitear, em 04/11/1999, restituição/compensação de valores de PIS relativos aos períodos compreendidos entre maio de 1989 e agosto de 1994. Para tanto, a Segunda Turma considerou que o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de valores de PIS nos presentes autos seria de 5 (cinco) anos contados a partir da publicação da Resolução do Senado Federal de nº 49, a qual suspendeu a execução dos inconstitucionais DecretosLeis 2.445 e 2.449, ambos de 1988. Inconformada, a Fazenda Nacional, com fulcro nos artigos 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, interpôs recurso extraordinário com base no acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais utilizado como paradigma, qual seja, o de nº 0400.810, para aduzir que o prazo para pleitear restituição/compensação é de 5 (cinco) anos contados a partir da data de extinção do crédito tributário conforme previsão dos artigos 165 e 168, I, do CTN. O acórdão paradigma restouse assim ementado: “PEDIDO DE RESTITUIÇÃO – ILL – O direito de pleitear restituição de tributo indevido, pago espontaneamente, perece com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data de extinção do crédito tributário, sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro (art. Fl. 299DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10580.021409/9971 Acórdão n.º 9900000.780 CSRFPL Fl. 299 3 165, incisos I e II, e 168, inciso I, do CTN, e entendimento do Superior Tribunal de Justiça). Recurso Especial do Procurador Provido.” A Recorrente complementa, ainda, que o advento da Lei Complementar 118/2005 teria encerrado definitivamente a controvérsia sobre o tema, tendo em vista que o seu artigo 3º prevê que “para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei”. E, entendendo que aludido dispositivo deteria caráter interpretativo, a Fazenda Nacional alega que caberia a sua aplicação retroativa nos presentes autos, conforme previsão do artigo 106, I do CTN. A Recorrente alega, também, a necessidade de observância ao disposto no Ato Declaratório SRF nº 96, de 1999, o qual considera que “o prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, inclusive na hipótese de o pagamento ter sido efetuado com base em lei posteriormente declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação declaratória ou em recurso extraordinário, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado da data da extinção do crédito tributário”. O i. Presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais reconheceu o dissídio jurisprudencial e deu seguimento ao recurso extraordinário. Regularmente intimado, o contribuinte apresentou contrarrazões às fls. 548/561, por meio das quais requereu fosse negado provimento ao recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheira Nanci Gama, Relatora O recurso extraordinário é tempestivo, razão pela qual passo a analisar seus pressupostos de admissibilidade em conformidade ao Regimento Interno aprovado pela Portaria MF nº 147/2007. Primeiramente, quanto à divergência entre acórdãos recorrido e paradigma, entendo ter a mesma sido devidamente demonstrada. Isso porquê ao passo que o acórdão recorrido respaldou o entendimento de que o prazo de 5 (cinco) anos, para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação (PIS), se inicia a partir da edição do ato normativo que dispensa o pagamento desse tributo, o acórdão paradigma respaldou entendimento de que o prazo de 5 (cinco) anos, para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação (ILL), se inicia a partir da data da extinção do crédito tributário “sendo irrelevante que o indébito tenha por fundamento inconstitucionalidade ou simples erro”. Fl. 300DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 4 Quanto aos demais pressupostos de admissibilidade previstos nos artigos 9º e 43 do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 147/20071, o qual é aplicado por força do artigo 4º do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF nº 256/20092, também entendo terem os mesmos sido devidamente demonstrados, razão pela qual conheço do recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional. A controvérsia aduzida nos presentes autos cingese, basicamente, em determinar o prazo para o contribuinte pleitear restituição dos valores de PIS recolhidos com base nas sistemáticas instituídas pelos DecretosLeis nºs 2.445/88 e 2.448/88, os quais tiveram suas execuções suspensas por força da Resolução do Senado Federal de nº 49/95, publicada com base em decisão do STF que reconheceu as suas inconstitucionalidades. Conforme se infere do relatório, o acórdão recorrido entendeu que o prazo para pleitear restituição deve ser de 5 (cinco) anos contados a partir da data da publicação de aludida Resolução do Senado Federal. Em contrapartida, a Fazenda Nacional entende que o prazo para pleitear restituição é de 5 (cinco) anos contados a partir das datas de extinção do crédito tributário, ocorridas entre maio de 1989 e agosto de 1994, e que, portanto, o pedido de restituição, protocolado em 04/11/1999, já estaria prescrito. Considerando que o artigo 62A3 do atual Regimento Interno do CARF, qual seja, o aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vincula os Conselheiros do CARF às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF, bem como àquelas proferidas pelo STJ em sede de recurso especial repetitivo, cabe a esta Relatora aplicar ao presente caso o entendimento do STF consubstanciado no julgamento do RE nº 566.621, bem como o entendimento do STJ objeto do julgamento do REsp nº 1.002.932. De acordo com referida jurisprudência, o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação será, para os pedidos de compensação protocolados antes da vigência da Lei Complementar 118 ocorrida em 09/06/2005, o de 10 (dez) anos, ou seja, 5 (cinco) anos para homologar (artigo 150, § 4º, do CTN) mais 5 (cinco) anos, a partir dessa homologação, para pleitear restituição (artigo 168, I, do CTN). E, em se tratando a contribuição para o PIS de tributo sujeito a lançamento por homologação, bem como do fato de o pedido de restituição/compensação ter sido protocolado antes do dia 09/06/2005 (vigência da LC 118/05), plenamente aplicável ao presente caso a tese dos 5 (cinco) anos mais 5 (cinco) anos objeto do REsp nº 1.002.932, por força da decisão do STF objeto do RE nº 566.621. 1 “Art. 9º Compete ao Pleno julgar recurso extraordinário de decisão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Turma ou o Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais.” 2 “Art. 4º Os recursos com base no inciso I do art. 7º, no art. 8º e no art. 9º do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, interpostos contra os acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior à vigência do Anexo II desta Portaria, serão processados de acordo com o rito previsto nos artigos 15 e 16, no art. 18 e nos artigos 43 e 44 daquele Regimento. (Redação dada pela Portaria MF nº 446, de 27 de agosto de 2009).” 3 “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.” Fl. 301DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO Processo nº 10580.021409/9971 Acórdão n.º 9900000.780 CSRFPL Fl. 300 5 O acórdão do Supremo Tribunal Federal restou assim ementado: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, §4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO 6 Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, §3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Face ao exposto, conheço do recurso extraordinário interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, voto no sentido de lhe dar parcial provimento para reconhecer a prescrição do pedido de restituição/compensação, protocolado pelo contribuinte em 04/11/1999, no que se refere apenas aos valores de PIS relativos ao período de apuração de maio a outubro de 1989. Nanci Gama Fl. 303DF CARF MF Impresso em 02/05/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 24/04/2013 por NANCI GAMA, Assinado digitalmente em 26/04/2013 por OTACILIO DANTAS CARTAXO
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Numero do processo: 15586.000624/2005-83
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Ano-calendário: 1999
IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. IMPOSTO PAGO A TÍTULO DE CARNÊ LEÃO, MENSALÃO E NO EXTERIOR. APURAÇÃO DE IMPOSTO A RESTITUIR. APROVEITAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4º, CTN. ENTENDIMENTO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA.
Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, constatado a partir do imposto pago no exterior ou a título de mensalão ou carnê-leão, inclusive apurando-se restituição, é entendimento uníssono deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62-A, o qual impõe à observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos - Resp n° 973.733/SC. Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-002.305
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA ANTECIPAÇÃO PAGAMENTO. IMPOSTO PAGO A TÍTULO DE CARNÊ LEÃO, MENSALÃO E NO EXTERIOR. APURAÇÃO DE IMPOSTO A RESTITUIR. APROVEITAMENTO. APLICAÇÃO ARTIGO 150, § 4o, CTN. ENTENDIMENTO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, havendo a ocorrência de pagamento, constatado a partir do imposto pago no exterior ou a título de mensalão ou carnêleão, inclusive apurandose restituição, é entendimento uníssono deste Colegiado a aplicação do prazo decadencial de 05 (cinco) anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, ressalvados entendimentos pessoais dos julgadores a propósito da importância ou não da antecipação de pagamento para efeito da aplicação do instituto, sobretudo após a alteração do Regimento Interno do CARF, notadamente em seu artigo 62A, o qual impõe à observância das decisões tomadas pelo STJ nos autos de Recursos Repetitivos Resp n° 973.733/SC. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator EDITADO EM: 14/08/2012 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Alexandre Naoki Nishioka, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório GEORGEO CAUS BATISTA, contribuinte, pessoa física, já devidamente qualificado nos autos do processo administrativo em epígrafe, teve contra si lavrado Auto de Infração, em 03/10/2005 (AR 3.241), exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente de omissão de rendimentos caracterizada a partir da variação patrimonial a descoberto, em relação aos anoscalendário 1999 e 2000, conforme peça inaugural do feito, às fls. 3.225/3.231, e demais documentos que instruem o processo. Após regular processamento, interposto recurso voluntário ao então 1° Conselho de Contribuintes contra Decisão da 3a Turma da DRJ no Rio de Janeiro/RJ, consubstanciada no Acórdão nº 11.051/2005, às fls. 3.420/3.436, que julgou procedente em parte o lançamento fiscal em referência, a Egrégia 6a Câmara, em 05/03/2008, por unanimidade de votos, achou por bem DAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO DO CONTRIBUINTE, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 106 16.779, sintetizados na seguinte ementa: “PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL MULTA DE OFÍCIO MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL – SITUAÇÃO QUALIFICADORA FRAUDE – As condutas descritas nos arts. 71, 72 e 73, da Lei no 4.502, de 1964, exige do sujeito passivo a prática de dolo, ou seja, a deliberada intenção de obter o resultado que seria o impedimento ou retardamento da ocorrência do fato gerador, ou a exclusão ou modificação das suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. A multa aplicável é aquela a ser imposta pelo não pagamento do tributo Fl. 2DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.775 3 devido, cujo débito fiscal foi apurado em procedimento de fiscalização, com esteio no art. 44, I, da Lei no 9.430, de 1996. IRPF DECADÊNCIA – ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO – Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Devem ser apurados em base mensal e tributados anualmente, razão pela qual o fato gerador se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º do CTN). ORIGEM DE RECURSOS Tendo o contribuinte logrado comprovar integralmente a origem dos recursos capazes de justificar o acréscimo patrimonial, não é de se manter o lançamento de ofício. Recurso de ofício negado. Recurso voluntário provido.” Irresignada, a Procuradoria interpôs Recurso Especial, às fls. 3.711/3.720, com arrimo no artigo 7°, inciso II, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, procurando demonstrar a insubsistência do Acórdão recorrido, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra o Acórdão atacado, alegando ter contrariado entendimento levado a efeito pelas demais Câmaras dos Conselhos de Contribuintes/CARF e, bem assim, da Câmara Superior de Recursos Fiscais a respeito da mesma matéria, conforme se extrai do Acórdão nº 10321.025, impondo seja conhecido o recurso especial da recorrente, uma vez comprovada a divergência arguida. Sustenta que a jurisprudência deste Colegiado, corroborada pelo entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, impõe que a aplicação do prazo decadencial inserido no artigo 150, § 4º, do CTN, pressupõe a antecipação de pagamento, ainda que parcialmente. Contrapõese ao Acórdão recorrido, por entender que o artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, estaria dispondo sobre prazo para o ato de “homologação” de um procedimento do contribuinte, e não sobre o prazo para lançamento. Assevera que inexistindo recolhimento, ou seja, antecipação de pagamento, não há o que se homologar, não estando o lançamento de ofício previsto no artigo 150, § 4º, do CTN, mas, sim, no artigo 173, inciso I, daquele Diploma legal, conforme doutrina transcrita na peça recursal. Em defesa de sua pretensão, infere que adotandose o artigo 173, inciso I, do CTN, o prazo decadencial começaria a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido efetuado o lançamento. Portanto, o termo inicial da contagem do prazo decadencial é, no presente caso, 1o de janeiro de 2001, a teor do que dispõe o art. 173, inciso I, do CTN. Assim, teria o Fisco até 31 de dezembro de 2005 para efetuar o lançamento referente ao imposto de renda do anocalendário 1999/exercício 2000. Tendo o Contribuinte Fl. 3DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 4 Recorrido sido notificado do lançamento em 03 de dezembro de 2005, não há se falar em decadência. Por fim, requer o conhecimento e provimento do Recurso Especial, impondo a reforma do decisum ora atacado, nos termos encimados. Submetido a exame de admissibilidade, a ilustre Presidente da 6ª Câmara do 1o Conselho de Contribuintes, entendeu por bem admitir o Recurso Especial da Procuradoria, sob o argumento de que a recorrente logrou comprovar que o Acórdão recorrido divergiu do entendimento consubstanciado no paradigma, do Acórdão nº 10321.025, conforme Despacho nº 106036/2009, às fls. 3.723/3.725. Instado a se manifestar a propósito do Recurso Especial da Procuradoria, o contribuinte ofereceu suas contrarrazões, corroborando as razões de decidir do Acórdão recorrido, em defesa de sua manutenção, ressaltando a existência de antecipação de pagamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, sendo tempestivo e acatada pela ilustre Presidente da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes a divergência suscitada, conheço do Recurso Especial da Procuradoria e passo à análise das razões recursais. Conforme se depreende do exame dos elementos que instruem o processo, o contribuinte fora autuado, com arrimo nos artigos 1o, 2° e 3° da Lei n° 7.713/1988, os quais prescrevem a presunção de omissão de rendimentos caracterizada por acréscimo patrimonial a descoberto, impondo a confrontação, mensalmente, das mutações patrimoniais com os rendimentos auferidos para se apurar a evolução do patrimônio do contribuinte. Por sua vez, ao analisar o caso, a Câmara recorrida achou por bem rechaçar a pretensão fiscal, acolhendo a preliminar de decadência arguida, adotando o prazo decadencial insculpido no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, restando decaído a integralidade do crédito tributário. Inconformada, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, aduzindo, em síntese, que as razões de decidir do Acórdão recorrido contrariaram a jurisprudência deste Colegiado, traduzida no do Acórdão nº 10321.025 e, bem assim, do Superior Tribunal de Justiça a propósito da matéria, a qual exige a existência de recolhimentos, ou seja, a antecipação de pagamento, para que se aplique o prazo decadencial do artigo 150, § 4º, do CTN, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, impondo sejam levados a efeito os ditames do artigo 173, inciso I, uma vez que inexistindo autolançamento do autuado, com a ocorrência de recolhimentos antecipados, não há o que se homologar. Em que pesem os argumentos da recorrente, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Da simples análise dos autos, concluise que o Acórdão recorrido apresentase incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Fl. 4DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.776 5 Com efeito, a ilustre autoridade lançadora, ao promover o lançamento, utilizou como fundamento à sua empreitada os artigos 1o, 2° e 3o, §§ 1o e 4o, da Lei n° 7.713/88, c/c artigos 1o e 2o da Lei n° 8.134/90, que contemplam a caracterização de omissão de rendimentos com base acréscimo patrimonial a descoberto, nos seguintes termos: “ Lei n° 7.713/88 Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. [...] § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Lei n° 8.134/1990 Art. 1° A partir do exercício financeiro de 1991, os rendimentos e ganhos de capital percebidos por pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil serão tributados pelo Imposto de Renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta lei. Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11.” Afora a vasta discussão a propósito da matéria, o certo é que após a edição do Diploma legal encimado, o acréscimo patrimonial comprovadamente pelo Fisco como a descoberto, passou a ser presumidamente considerado omissão de rendimentos se o contribuinte não comprovasse a origem dos acréscimos com rendimentos já tributados, isentos, não tributáveis ou de tributação exclusiva, declarados em sua DIPF. Entrementes, a presunção legal encimada não afastou totalmente a celeuma que permeia a tributação de acréscimo patrimonial a descoberto. Destarte, uma vez consolidado Fl. 5DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 6 o entendimento suso mencionado, a controvérsia centrouse no prazo decadencial a ser aplicado nestes casos, mais precisamente se fixando no dispositivo legal a ser adotado, artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do CTN, dependendo ou não de antecipação de pagamento. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando o Imposto sobre a Renda de Pessoas Físicas IRPF sujeito ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos submetidos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que apurar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na Fl. 6DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.777 7 ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que o Imposto de Renda Pessoa Física deve observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento Fl. 7DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 8 antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 15586.000624/200583 Acórdão n.º 920202.305 CSRFT2 Fl. 3.778 9 Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento no Imposto de Renda Pessoa Física, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento relativamente ao anocalendário 1999, a partir do imposto pago no exterior ou a título de mensalão ou carnêleão, no valor de R$ 4.637,71, ensejando, inclusive, imposto a restituir, consoante informações constantes da Declaração de Ajuste Anual – AC 1999, às fls. 137/140, como o próprio autuado sustenta em suas contrarrazões. Na esteira dessas considerações, vislumbrandose a ocorrência de recolhimentos – antecipação de pagamento , fato relevante para a aplicação do instituto da decadência, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar, é de se manter a ordem legal no sentido de aplicar o prazo decadencial inscrito no artigo 150, § 4o, do CTN. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito tributário em 03/10/2005, com a devida ciência do contribuinte constante do Aviso de Recebimento – AR, de fl. 3.241, a exigência fiscal resta totalmente fulminada pela decadência, eis que o fato gerador ocorreu em 31/12/1999, fora do prazo decadencial de 05 (cinco) anos do artigo 150, § 4º, do Códex Tributário, impondo seja mantida a improcedência do feito. Assim, escorreito o Acórdão recorrido devendo, nesse sentido, ser mantido o provimento ao recurso voluntário do contribuinte, na forma decidida pela então 6a Câmara do 1o Conselho de Contribuintes, uma vez que a recorrente não logrou infirmar os elementos que serviram de base ao decisório atacado. Por todo o exposto, estando o Acórdão guerreado em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA PROCURADORIA, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. (Assinado digitalmente) Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 10 Fl. 10DF CARF MF Impresso em 21/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2012 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 17/08/2 012 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL
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Numero do processo: 12466.003494/2008-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 18 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II
Período de apuração: 20/10/2003 a 23/12/2003
IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA.
PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO
V.
Ficam sujeitas a pena de perdimento as mercadorias importadas cuja
operação foi realizada por meio de interposição fraudulenta, conforme
previsto no art. 23, inciso V, do DecretoLei
nº 37/66, não sendo aplicável a
multa prevista no art. 83, inciso I da Lei nº 4.502/64:
Numero da decisão: 3102-001.559
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. Ficam sujeitas a pena de perdimento as mercadorias importadas cuja operação foi realizada por meio de interposição fraudulenta, conforme previsto no art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 37/66, não sendo aplicável a multa prevista no art. 83, inciso I da Lei nº 4.502/64: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente. Winderley Morais Pereira Relator. Fl. 591DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luis Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Winderley Morais Pereira, Helder Kanamura, Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho e Nanci Gama. Relatório Trata o presente de Recurso de Ofício interposto pela turma julgadora da Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Por bem descrever os fatos, adoto com as devidas adições, o relatório da autoridade de primeira instância. "Versa o presente processo sobre Auto de Infração (fls. 01 a 13) lavrado contra a empresa em epígrafe, com vistas à constituição de crédito tributário, no valor total de R$ 1.271.921,77 (um milhão, duzentos e setenta e um mil, novecentos e vinte e um reais e setenta e sete centavos), consistente nas multas aplicadas com base no inciso I do art. 83 da Lei n.° 4.502, de 1964, com redação dada pelo art. Io do DecretoLei n.° 400, de 1968, para os fatos geradores ocorridos em 20/10/2003 e 23/10/2003, e no mesmo dispositivo combinado com o inciso V do art. 65 da Medida Provisória n.° 135, de 2003, para os fatos geradores ocorridos entre 31/10/2003 e 23/12/2003, ambas em virtude da entrega a consumo de produtos de procedência estrangeira, que foram importados de forma fraudulenta. Segundo relata a fiscalização às fls. 03 a 12, as provas caracterizadoras da infração cominada pela presente penalidade são constituídas pela cópia de atos e elementos probatórios constantes do processo administrativo fiscal n.° 12466.003452/200811, onde foram identificadas as importações realizadas fraudulentamente (fls. 52 a 521), e pelas notas fiscais colacionadas às fls. 16 a 50 do processo. Relativamente ao procedimento que constituiu o objeto do PAF n.° 12466.003452/200811, a fiscalização descreveu, em síntese, as seguintes irregularidades: a) as empresas DARCK e TEMA COMERCIAL LTDA estão envolvidas nas importações relacionadas à fl. 54, tidas como simuladas, e realizadas com o objetivo de nacionalizar mercadorias com valores subfaturados, além da prática de utilização de documentos ideológico e/ou materialmente falsos e declarações ideologicamente falsas; b) as importações acobertadas pelas DI sob apreço foram registradas pela empresa TEMA por conta e risco próprio, sendo que, na realidade, quem financiava as operações de importação era a empresa DARCK, configurando um quadro de simulação e interposição fraudulenta; c) a DARCK foi identificada como real compradora das mercadorias no exterior, real importadora e como real adquirente no mercado nacional ao passo que a TEMA, ao Fl. 592DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 12466.003494/200851 Acórdão n.º 3102001.559 S3C1T2 Fl. 2 3 revestirse da qualidade di importadora, serviu de escudo e blindagem para a real importadora; d) os fornecedores e a DARCK (real importadora) foram os que acertaram as condições dos contratos de compra e venda, definindo mercadorias, preços efetivos, formas de pagamento, etc, que representa a operação real, aquela que os intervenientes colimaram ocultar; e) os valores de transação declarados nas DI analisadas são muito inferiores aos valores efetivamente praticados, havendo a empresa fiscalizada incorrido na prática de subfaturamento. A este quadro, acrescenta, ainda, a autoridade autuante que, apesar de não terem sido identificadas declarações de importação referentes a cinco notas fiscais listadas à fl. 04, tais mercadorias foram nacionalizadas fraudulentamente já que a empresa TEMA jamais atuou efetivamente no comércio exterior, servindo unicamente de "prestanome" para blindagem do real adquirente, e foi, ainda, considerada inapta perante o CNPJ, com efeito a partir de 13/09/2003, em virtude de sua inexistência de fato. Regularmente cientificado, em 30/09/2008 (fl. 02), o sujeito passivo, irresignado, apresentou, em 30/10/2008, os documentos de fls. 544 a 553 e a impugnação de fls. 522 a 543, onde, em síntese: Alega que não pode ser responsabilizado pela infração descrita no presente processo, ao argumento de que todos os tributos incidentes nas operações que praticou, inclusive aqueles que incidiram na venda a varejo das mercadorias adquiridas foram recolhidos, além do que pagou pela aquisição no mercado interno das mercadorias importadas, fato este que foi desconsiderado pela fiscalização; Considera descabidas as acusações que lhe foram imputadas, já que as empresas que lhe venderam as mercadorias estavam habilitadas no RADAR para efetivar suas atividades na qualidade de trading company, além do que reclama de estar sendo acusado por condutas que não lhe dizem respeito e que, ante a ausência de documentos, os valores aduaneiros arbitrados pelo Fisco encontramse fulcrados em suposições e ficções, em flagrante desatendimento ao princípio do ônus da prova; Nega ter assumido financeiramente os custos incorridos nas operações de importação, ao que aduz não ser da atividade da empresa desincumbirse de operações de logística atinentes ao comércio internacional e que o aspecto mais importante das operações realizadas pelas trading é a necessidade de recursos financeiros e fluxo de caixa para fazer frente aos tributos no momento da nacionalização das mercadorias importadas; Alega que, em razão de os tributos incidentes nas operações de importação serem pagos antecipadamente, a terceirização das Fl. 593DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 4 atividades de logística internacional tornase conveniente, não só do ponto de vista de custos e de estrutura organizacional, mas também em face do próprio aspecto econômicofinanceiro inerente às trading, como o financiamento de todos os custos e tributos até a entrega do bem no armazém do distribuidor e a possibilidade da redução de custos oriundos de benefícios e créditos fiscais das trading; Reclama que a autoridade autuante desbordou do que determinam as disposições contidas no art. 10 do Decreto n.° 70.235, de 1972, e no caput do art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN), visto que trouxe para o feito, indevidamente, relatos e graves afirmações extraídos de procedimentos levados a efeito nas esferas policial e judicial, quando deveria limitarse aos fatos que ensejaram o ato do lançamento para a constituição do crédito tributário; Nesta mesma linha, reclama também ter sido violado o sigilo de seus dados, com a juntada de peças do processo de competência das autoridades policial e judicial, pelo que entende ter sido ofendido, na realização do feito ora atacado, o direito previsto no inciso XII do art. 5o da Constituição Federal; Insurgese contra a afirmação da autoridade autuante que se refere à prática de sonegação, fraude, conluio, falsificação de documentos, prestação de informações falsas e de benefícios obtidos com as ilegalidades praticadas, eis que jamais buscou o encerramento de suas atividades e ofereceu ao Fisco toda a documentação requerida, havendo, inclusive, incabível apreensão sem devolução de todos os documentos solicitados, em razão de que entende ter a presente autuação desrespeitado as disposições contidas nos artigos 2º e 3º da Lei n.° 9.784, de 1999, dentre os quais destaca a previsão de ser tratado com respeito pelas autoridades e servidores, que devem facilitar o exercício de seus direitos e o cumprimento de suas obrigações; Nega ter participado do esquema fraudulento apontado pela fiscalização, ao argumento de que não é empresa de grande porte, seu faturamento é limitado, não movimenta grande soma de recursos financeiros, além do que não é detentor de informações de natureza fiscal e procedimental relacionadas às demais empresas citadas no relatório da autuação; Reclama não poder ser equiparado à empresa industrial para efeito de exigir o IPI, pois jamais desenvolveu atividade industrial ou a ela equiparada, nem é importador, pelo que entende não poder ser responsabilizado pela exigência do IPI, nos moldes estabelecidos na autuação, ao que noticia ter recolhido todos os tributos que incidiram nas operações realizadas com a aquisição das mercadorias em relevo no mercado interno e posterior venda a varejo das mercadorias adquiridas; Em outro plano, contesta a cobrança de juros de mora calculados à taxa referencial Selic, eis que eivada de incerteza e iliquidez, por entender ser referida cobrança ilegal e inconstitucional; Fl. 594DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 12466.003494/200851 Acórdão n.º 3102001.559 S3C1T2 Fl. 3 5 Quanto à aplicação da multa veiculada no auto de infração, alega não ter sido demonstrada ou comprovada a prática da infração cominada pela mencionada penalidade que reputa ser confiscatória, violando o preceito contido no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal, ao que aduz não ter incorrido em qualquer fraude que desse azo a essa penalização; Finalmente, em face de tudo o quanto foi exposto, requer o cancelamento do auto de infração hostilizado." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento deu provimento parcial a impugnação para cancelar o lançamento referente a pena prevista no art. 83, inciso I da Lei nº 4.502/64, por entender que a tipificação dos fatos ensejaria a aplicação da penalidade prevista no art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 1.455/76, por tratarse de penalidade mais específica. Por fim, entendeu a autoridade de piso em manter a penalidade para a mercadoria constante da nota fiscal nº 3480, por entender que nesta operação restou caracterizado a entrega a consumo de mercadoria importada de forma iregular, sendo aplicável o art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64. A decisão foi assim ementada. “Assunto : Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 20/10/2003 a 23/12/2003 MULTA REGULAMENTAR DO IPI. E incabível a aplicação da multa regulamentar do IPI por entrega a consumo de mercadoria estrangeira importada de forma irregular ou fraudulentamente, quando a fraude ou a irregularidade que macula a importação é definida legalmente de forma mais específica como dano ao Erário, porquanto, nesses casos, a não localização da mercadoria sujeita a perdimento em face da entrega a consumo é penalizada expressamente na forma de outra disposição legal. IMPORTAÇÃO CLANDESTINA. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, todos aqueles que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" Diante da decisão da DRJ, cuja exoneração do sujeito passivo ultrapassou o limite de alçada, foi apresentado pela Turma Julgadora o competente recurso de ofício. Fl. 595DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 6 É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Do Recurso de Ofício O recurso de ofício apresentado pela turma da DRJ, que por atender os requisitos de admissibilidade, merece ser conhecido. A autoridade de primeira instância decidiu exonerar parcialmente o lançamento por entender que identificado pela Fiscalização Aduaneira a interposição fraudulenta, caberia a aplicação da pena de perdimento e na sua impossibilidade a conversão em multa nos termos do art. 23, do DecretoLei nº 1.455/76. Ao analisar os autos e o trabalho fiscal, entendo estar caracterizado a ocorrência da interposição fraudulenta nas operação da Recorrente. Apesar do caráter irregular das operações, tenho o mesmo entendimento da autoridade da primeira instância. Identificada a ocorrência da interposição é obrigatória a aplicação da penalidade prevista no art. 23, do DecretoLei nº 1.455/76, por tratarse de penalidade mais específica. Para esclarecer este entendimento, faço a análise a seguir da interposição fraudulenta nas operações de comércio exterior e as penalidades aplicadas a estes casos. O controle aduaneiro e a interposição fraudulenta O controle aduaneiro é matéria relevante em todos os países e a comunidade internacional busca de forma incessante o controle das mercadorias importadas, de forma a garantir a segurança e a concorrência leal dentro das regras econômicas e tributárias.. Desde da edição do DecretoLei 37/66, o Brasil busca coibir as irregularidades na importação. Este diploma legal, determinava a conferência física e documental da totalidade das mercadorias importadas. Com o crescimento da economia nacional, a crescente integração do País no plano internacional e o aumento significativo das operações de comércio exterior. O Estado Brasileiro, decidiu modificar os controles que até então vinha exercendo sobre a importação, desenvolvendo controles específicos que se adequassem ao incremento das operações na área aduaneira. A solução veio com a entrada em produção do SiscomexImportação em janeiro de 1997. A partir deste sistema, os controles de despacho aduaneiro de importação passaram a utilizar canais de conferência, que determinaram níveis diferentes de controles aduaneiros. Desde um controle total durante o despacho aduaneiro, com conferência documental, física das mercadorias e avaliação do valor aduaneiro até a um nível mínimo de conferência. Fl. 596DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 12466.003494/200851 Acórdão n.º 3102001.559 S3C1T2 Fl. 4 7 Ao modernizar o seu sistema de controle aduaneiro o País flexibilizou o controle individual das mercadorias importadas, mas, dai nasceu a necessidade de também trabalhar o controle em nível de operadores de comércio exterior. A partir desta premissa foram definidos controles aduaneiros em dois momentos distintos. O primeiro, anterior a operação de importação, quando é exigido uma habilitação prévia da empresas interessada em operar no comércio exterior. Este controle busca avaliar a idoneidade daquelas empresas que pretendem operar no comércio, e atualmente esta disciplinado na Instrução Normativa da SRF nº 228/2002. Apesar deste controle ser preferencialmente em momento anterior as operações. Existem situações em que não é suficiente para impedir operações irregulares. Para coibir estas irregularidades a Fiscalização Aduaneira também atua em momento posterior ao desembaraço aduaneiro, buscando identificar irregularidades nas operações realizadas. O caminho adotado vem sendo o de confirmar a idoneidade das empresas envolvidas nas operações e investigar a origem do recursos utilizados. A identificação de ilícitos nas operações ou a falta de comprovação da origem dos recursos implica na aplicação da pena de perdimento das mercadorias importadas por operações irregulares. Por força legal, considerase dano ao erário, punível com a pena de perdimento das mercadorias, a ocultação do real adquirente das mercadorias importadas, mediante fraude ou simulação, conforme o art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 1.455/76. " Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: ... V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Fl. 597DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 8 § 4o O disposto no § 3o não impede a apreensão da mercadoria nos casos previstos no inciso I ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território nacional.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002)" É mister salientar que não são todas as operações por conta e ordem de terceiros são consideradas interposição fraudulenta. O art. 80 da Medida Provisória nº 2.158 35/01 estabeleceu a possibilidade de pessoas jurídicas importadoras atuarem em nome de terceiros por conta e ordem destes. Os procedimentos a serem seguidos nestas operações estão atualmente disciplinados nas IN SRF nº 225/02 e 247/02. Considerando a possibilidade de importações, com a intervenção de terceiros, fato previsto em lei e disciplinado pela Receita Federal, torna mais forte a pena a ser aplicada quando importador e real adquirente, utilizando de fraude ou simulação oculta esta operação do conhecimento dos órgãos de controle aduaneiro, visto que, o fato de não seguir as determinações normativas para as importações por conta e ordem, acarretam prejuízo aos controles aduaneiros, fiscais e tributários. Contudo, a matéria ainda não fica totalmente resolvida, visto que em determinadas situações, a pena de perdimento por diversos motivos não pode ser aplicada. Aqui temos um empecilho ao cumprimento da norma, já que impedida de aplicar o perdimento, se não existir outra pena possível, equivaleria a uma ausência de punibilidade, o que poderia além do prejuízo não ser ressarcido, estimular futuros atos ilícitos, diante da não aplicação da pena aos infratores. Tal fato não ficou desconhecida pelo legislador, que de forma lúcida, criou a possibilidade da conversão da pena de perdimento em multa, no valor de 100% do valor da mercadoria, conforme previsto art. 23, § 3º do DecretoLei nº 1.455/76. Diante do arcabouço legal que trata a matéria, fica cristalino a procedência da aplicação da pena de perdimento nas situações em que for comprovada ou presumida a interposição fraudulenta, bem como a conversão da pena de perdimento em multa. Tal posição já é matéria assentada neste Conselho, conforme se verifica nos acórdãos nº 9303001.632, 320100.837 e 310200.792. A penalidade aplicada pela Fiscalização Aduaneira esta prevista no art. 704 do regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 6.579/2009. In verbis. "Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei no 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto. " Fl. 598DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 12466.003494/200851 Acórdão n.º 3102001.559 S3C1T2 Fl. 5 9 Conforme se depreende da leitura do Parágrafo único do artigo, a pena prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64 não se aplica quando houver tipificação mais específica. A penalidade prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76 esta prevista no art. 689 do mesmo Regulamento Aduaneiro. "Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei no 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1o, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): I em operação de carga ou já carregada em qualquer veículo, ou dele descarregada ou em descarga, sem ordem, despacho ou licença, por escrito, da autoridade aduaneira, ou sem o cumprimento de outra formalidade essencial estabelecida em texto normativo; II incluída em listas de sobressalentes e de provisões de bordo quando em desacordo, quantitativo ou qualitativo, com as necessidades do serviço, do custeio do veículo e da manutenção de sua tripulação e de seus passageiros; III oculta, a bordo do veículo ou na zona primária, qualquer que seja o processo utilizado; IV existente a bordo do veículo, sem registro em manifesto, em documento de efeito equivalente ou em outras declarações; V nacional ou nacionalizada, em grande quantidade ou de vultoso valor, encontrada na zona de vigilância aduaneira, em circunstâncias que tornem evidente destinarse a exportação clandestina; VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; VII nas condições do inciso VI, possuída a qualquer título ou para qualquer fim; VIII estrangeira, que apresente característica essencial falsificada ou adulterada, que impeça ou dificulte sua identificação, ainda que a falsificação ou a adulteração não influa no seu tratamento tributário ou cambial; IX estrangeira, encontrada ao abandono, desacompanhada de prova do pagamento dos tributos aduaneiros; X estrangeira, exposta à venda, depositada ou em circulação comercial no País, se não for feita prova de sua importação regular; XI estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso; XII estrangeira, chegada ao País com falsa declaração de conteúdo; Fl. 599DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA 10 XIII transferida a terceiro, sem o pagamento dos tributos aduaneiros e de outros gravames, quando desembaraçada com a isenção referida nos arts. 142, 143, 162, 163 e 187; XIV encontrada em poder de pessoa física ou jurídica não habilitada, tratandose de papel com linha ou marca d'água, inclusive aparas; XV constante de remessa postal internacional com falsa declaração de conteúdo; XVI fracionada em duas ou mais remessas postais ou encomendas aéreas internacionais visando a iludir, no todo ou em parte, o pagamento dos tributos aduaneiros ou quaisquer normas estabelecidas para o controle das importações ou, ainda, a beneficiarse de regime de tributação simplificada (Decreto Lei no 37, de 1966, art. 105, inciso XVI, com a redação dada pelo DecretoLei no 1.804, de 1980, art. 3o); XVII estrangeira, em trânsito no território aduaneiro, quando o veículo terrestre que a conduzir for desviado de sua rota legal, sem motivo justificado; XVIII estrangeira, acondicionada sob fundo falso, ou de qualquer modo oculta; XIX estrangeira, atentatória à moral, aos bons costumes, à saúde ou à ordem públicas; XX importada ao desamparo de licença de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa, na forma da legislação específica; XXI importada e que for considerada abandonada pelo decurso do prazo de permanência em recinto alfandegado, nas hipóteses referidas no art. 642; e XXII estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o A pena de que trata este artigo convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida (DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, § 3o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). § 2o A aplicação da multa a que se refere o § 1o não impede a apreensão da mercadoria no caso referido no inciso XX, ou quando for proibida sua importação, consumo ou circulação no território aduaneiro (DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, § 4o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). § 3o Na hipótese prevista no § 1o, após a instauração do processo administrativo para aplicação da multa, será extinto o processo administrativo para apuração da infração capitulada como dano ao Erário (Lei no 10.833, de 2003, art. 73, caput e § 1o). Fl. 600DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 12466.003494/200851 Acórdão n.º 3102001.559 S3C1T2 Fl. 6 11 § 3oA. O disposto no inciso VI do caput inclui os casos de falsidade ideológica na fatura comercial. § 4o Considerase falsa declaração de conteúdo, nos termos do inciso XII, aquela constante de documento emitido pelo exportador estrangeiro, ou pelo transportador, anteriormente ao despacho aduaneiro. § 5o Consideramse transferidos a terceiro, para os efeitos do inciso XIII, os bens, inclusive automóveis, objeto de: I transferência de propriedade ou cessão de uso, a qualquer título; II depósito para fins comerciais; ou III exposição para venda ou para qualquer outra modalidade de oferta pública. § 6o Para os efeitos do inciso XXII, presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados (DecretoLei no 1.455, de 1976, art. 23, § 2o, com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59). Ao ser comprovada a existência da interposição fraudulenta, o que se caracteriza como dano ao erário previsto no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76 e trazida no art. 689 do Regulamento Aduaneiro, não é aplicável nestes casos a penalidade prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso de Ofício. Winderley Morais Pereira Fl. 601DF CARF MF Impresso em 17/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/08/ 2012 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 27/08/2012 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
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Numero do processo: 10865.003013/2010-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/08/2009
CONTRIBUIÇÕES SEGURADO EMPREGADO E CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO.
Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando-as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado
na legislação de regência.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. CARACTERIZAÇÃO SEGURADOS EMPREGADOS. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. OCORRÊNCIA.
O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada
Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicou-se o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por trata-se de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos contribuintes individuais caracterizados como segurados empregados pela fiscalização, tendo a autuada promovido o recolhimento dos tributos concernentes aos autônomos, como o próprio fiscal autuante reconhece no item 11 do Relatório Fiscal, de fl. 46, fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ em Recurso Repetitivo, a qual
estamos obrigados a observar.
MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO.
Tratando-se de matéria de ordem pública, incumbe ao julgador reconhecer de ofício a decadência do crédito previdenciário lançado.
PREVIDENCIÁRIO. ISENÇÃO COTA PATRONAL.
Somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias a contribuinte entidade beneficente de assistência social que cumprir, cumulativamente, os requisitos inscritos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, relativamente ao período objeto da autuação.
CARACTERIZAÇÃO DE AUTÔNOMOS/CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS COMO SEGURADOS EMPREGADOS.
Constatando-se a existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto “tomador de serviços” e os “prestadores de serviços”, deverá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, conforme determina o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO
ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à
legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-002.342
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I)
acolher, de ofício, a decadência até a competência 09/2005; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Igor Araújo Soares.
Nome do relator: RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OLIVEIRA
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OBRIGAÇÃO RECOLHIMENTO. Nos termos do artigo 30, inciso I, alíneas “a” e “b”, da Lei nº 8.212/91, a empresa é obrigada a arrecadar as contribuições dos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço, descontando as das respectivas remunerações e recolher o produto no prazo contemplado na legislação de regência. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO QUINQUENAL. CARACTERIZAÇÃO SEGURADOS EMPREGADOS. ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. OCORRÊNCIA. O prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, nos termos dos dispositivos legais constantes do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, aplicouse o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, eis que restou comprovada a ocorrência de antecipação de pagamento, por tratase de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos contribuintes individuais caracterizados como segurados empregados pela fiscalização, tendo a autuada promovido o recolhimento dos tributos concernentes aos autônomos, como o próprio fiscal autuante reconhece no item 11 do Relatório Fiscal, de fl. 46, fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ em Recurso Repetitivo, a qual estamos obrigados a observar. Fl. 368DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 2 MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. DECADÊNCIA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. Tratandose de matéria de ordem pública, incumbe ao julgador reconhecer de ofício a decadência do crédito previdenciário lançado. PREVIDENCIÁRIO. ISENÇÃO COTA PATRONAL. Somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias a contribuinte entidade beneficente de assistência social que cumprir, cumulativamente, os requisitos inscritos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, relativamente ao período objeto da autuação. CARACTERIZAÇÃO DE AUTÔNOMOS/CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS COMO SEGURADOS EMPREGADOS. Constatandose a existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto “tomador de serviços” e os “prestadores de serviços”, deverá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, conforme determina o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos: I) acolher, de ofício, a decadência até a competência 09/2005; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o conselheiro Igor Araújo Soares. Elias Sampaio Freire Presidente. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Marcelo Freitas de Souza Costa e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 369DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 369 3 Relatório ASSOCIAÇÃO DE EDUCAÇÃO DO HOMEM DO AMANHÃ DE SÃO JOÃO DA BOA VISTA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 9a Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, Acórdão nº 1432.196/2011, às fls. 303/306, que julgou procedente o lançamento fiscal referente às contribuições sociais devidas pela notificada ao INSS, correspondentes à parte destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos empregados, assim caracterizadas as pessoas físicas/autônomos que prestaram serviços à autuada, uma vez observados os pressupostos do vínculo laboral, em relação ao período de 02/2005 a 08/2009, conforme Relatório Fiscal, às fls. 43/54. Tratase de Auto de Infração (antiga NFLD), lavrado em 13/10/2010, contra a contribuinte acima identificada, constituindose crédito no valor de R$ 5.938,73 (Cinco mil, novecentos e trinta e oito reais e setenta e três centavos). Inconformada com a Decisão recorrida, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às fls. 320/362, procurando demonstrar a improcedência do lançamento, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, insurgese contra a exigência consubstanciada na peça vestibular do procedimento, mormente em relação à caracterização dos prestadores de serviços pessoas físicas (considerados pela empresa como contribuintes individuais) como segurados empregados, sob o argumento de inexistirem os pressupostos legais do vínculo empregatício, inscritos no artigo 12 da Lei nº 8.212/91, ao contrário do entendimento do fiscal autuante. Disserta a propósito do histórico e respectivas atividades desenvolvidas pela recorrente, além dos conceitos e evolução da legislação que contempla imunidade e/ou isenção, asseverando que, na condição de Entidade de Assistência Social, nos termos do artigo 6º da CF, é isenta das contribuições previdenciárias para a seguridade social, conforme preceitos contidos no artigo 195, § 7º, da Carta Magna. Contrapõese à pretensão fiscal, trazendo à colação vasta argumentação a propósito da suposta isenção da contribuinte, elencando o histórico de suas atividades, sustentando que a entidade cumpre todos os requisitos exigidos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, como se extrai da documentação acostada aos autos e fora reconhecido pela própria autoridade lançadora no Relatório Fiscal, sendo totalmente improcedente o lançamento em epígrafe. Alega ser ilegal e inconstitucional a contribuição ao SAT, por desrespeitar o princípio da estrita legalidade, inscrito nos artigos 5º, inciso II; e 150, inciso I, da CF, eis que a Lei nº 8.212/91 não definiu a conceituação de atividades preponderantes nem delimitou os parâmetros dos três graus de risco das atividades econômicas, não podendo um Decreto Fl. 370DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 4 contemplar tais definições por afrontar com nossa Carta Magna, sendo competência do Poder Legislativo. Opõese à multa aplicada, por considerála confiscatória, sendo, por conseguinte, ilegal e/ou inconstitucional, devendo ser excluída do débito em questão. Argúi a inconstitucionalidade da TAXA SELIC, aduzindo para tanto que sua instituição decorreu de resolução do Banco Central, e não por lei, não podendo, dessa forma, ser utilizada em matéria tributária, por desrespeitar o Princípio da Legalidade. Infere, ainda, tratarse referida taxa de juros remuneratórios, o que a torna ilegal e inconstitucional. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar a Autuação Fiscal, tornandoa sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 370 5 Voto Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE DECADÊNCIA – RECONHECIMENTO DE OFÍCIO Preliminarmente, impõe suscitar questão relativa ao prazo decadencial, não aventada pela contribuinte em suas razões recursais que, por ser matéria de ordem pública, deve ser reconhecida de ofício nesta oportunidade, especialmente após a aprovação da Súmula Vinculante n° 08 pelo Supremo Tribunal Federal. Com efeito, a matéria objeto de inúmeras discussões na doutrina e judiciário diz respeito ao prazo decadencial a ser levado a efeito para as contribuições previdenciárias. Os contribuintes pretendem seja acolhida a decadência de 05 (cinco) anos do Código Tributário Nacional, em detrimento do prazo decenal insculpido no artigo 45 da Lei nº 8.212/91, por considerálo inconstitucional, restando maculada a exigência cujo fato gerador tenha ocorrido fora do prazo encimado, hipótese que se amolda ao presente caso. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...]” Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: “Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...]” Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: Fl. 372DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 6 “Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: “Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário.” Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido Fl. 373DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 371 7 e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos Fl. 374DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 8 relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições previdenciárias devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4o, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o Fl. 375DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 372 9 pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento nas contribuições previdenciárias, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. In casu, porém, despiciendas maiores elucubrações a propósito da matéria, uma vez que a simples análise dos autos nos leva a concluir pela existência de antecipação de pagamento, por tratase de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações dos contribuintes individuais caracterizados como segurados empregados pela fiscalização, tendo a autuada promovido o recolhimento dos tributos concernentes aos autônomos, como o próprio fiscal autuante reconhece no item 11 do Relatório Fiscal, Fl. 376DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 10 de fl. 46, fato relevante para a aplicação do instituto, nos termos da decisão do STJ acima ementada, a qual estamos obrigados a observar. Assim, é de se restabelecer a ordem legal no sentido de acolher o prazo decadencial de 05 (cinco) anos, na forma do artigo 150, § 4o, do Código Tributário Nacional. Destarte, tendo a fiscalização constituído o crédito previdenciário em 13/10/2010, com a devida ciência da contribuinte constante da folha de rosto da autuação, a exigência fiscal resta parcialmente fulminada pela decadência, em relação aos fatos geradores ocorridos no período de 02/2005 a 09/2005, os quais se encontram fora do prazo decadencial inscrito no dispositivo legal supra, impondo seja decretada a improcedência parcial do feito. DA CARACTERIZAÇÃO SEGURADOS EMPREGADOS Em suas razões recursais, pretende a contribuinte a reforma da decisão recorrida, a qual manteve o lançamento fiscal em sua plenitude, por entender que a autoridade lançadora não logrou comprovar a efetiva existência dos requisitos necessários à caracterização dos prestadores de serviços, pessoas físicascontribuintes individuais, como segurados empregados, tornando insubsistente a autuação em epígrafe. Conforme se depreende dos autos, o presente lançamento diz respeito às contribuições sociais devidas pela empresa ao INSS, incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados, assim considerados pela fiscalização os prestadores dos serviços elencados no Relatório Fiscal, pessoas físicas, face a constatação dos pressupostos essenciais da caracterização da relação laboral, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade. Não obstante os argumentos da recorrente contra referido procedimento levado a efeito na constituição do crédito tributário ora exigido, a legislação previdenciária, por meio do artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, impôs ao Auditor Fiscal a obrigação de considerar os contribuintes individuais (autônomos) ou outros prestadores de serviços como segurados empregados, quando verificados os requisitos legais, in verbis: “Art. 229. [...] § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social, constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inc. I «caput» do art.9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado.” Esse procedimento encontra respaldo, igualmente, no Parecer/MPAS/CJ nº 299/95, com a seguinte ementa: “EMENTA Débito previdenciário. Avocatória. Segurados empregados indevidamente caracterizados como autônomos. Procedente a NFLD emitida pela fiscalização do INSS. Revogação do Acórdão nº 671/94 da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho de Recursos da Previdência Social, que decidiu contrariamente a esse entendimento.” Fl. 377DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 373 11 Indispensável ao deslinde da controvérsia, cumpre transcrever os preceitos do artigo 3º, da CLT, in verbis: “Art. 3º. Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” Assim, verificados todos os requisitos necessários à caracterização da relação empregatícia do suposto tomador de serviços com os tidos prestadores de serviços, a autoridade administrativa, de conformidade com os dispositivos legais encimados, tem a obrigação de caracterizar como segurado empregado qualquer trabalhador que preste serviço ao contribuinte nestas condições, fazendo incidir, consequentemente, as contribuições previdenciárias sobre as remunerações pagas ou creditadas em favor daqueles. Entrementes, não basta que a autoridade lançadora inscreva no Relatório Fiscal da Autuação tais requisitos, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade. Deve, em verdade, deixar explicitamente comprovada a existência dos pressupostos legais do vínculo laboral, sob pena de improcedência do lançamento por ausência de comprovação do fato gerador do tributo, e cerceamento do direito de defesa do contribuinte. Na hipótese dos autos, a ilustre autoridade lançadora, ao proceder a caracterização dos prestadores de serviços (pessoas físicascontribuintes individuais) como segurados empregados, foi muito feliz em sua conduta, demonstrando e comprovando, no entendimento deste Conselheiro, os requisitos legais necessários à configuração do vínculo empregatício, acima elencados, consoante se positiva do Relatório Fiscal da autuação, não havendo dúvidas quanto a regularidade do feito, sobretudo quanto explicita que tais empregados cumpriam a uma grade horária preestabelecida pela entidade, evidenciando a não eventualidade e a subordinação nas atividades desenvolvidas. Constatase, assim, que o fiscal autuante, ao promover o lançamento, agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência, demonstrando circunstanciadamente os fatos que ensejaram a constituição do crédito previdenciário, impondo a manutenção da autuação. DA IMUNIDADE DA CONTRIBUINTE/ENTIDADE Insurgese, ainda, a contribuinte contra a exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do procedimento, suscitando deter imunidade da cota patronal das contribuições previdenciárias, nos termos do artigo 195, § 7o, da Constituição Federal, c/c artigo 55 da Lei n ° 8.212/91, notadamente quando sempre cumpriu os requisitos para concessão e manutenção de referido benefício, estando o procedimento fiscal apoiado em arbitrariedade sem qualquer fundamento legal. A corroborar ser entendimento, traz à colação vasta argumentação a propósito da pretensa isenção da contribuinte, elencando o histórico de suas atividades, sustentando que a entidade cumpre todos os requisitos exigidos no artigo 55 da Lei nº 8.212/91, como se extrai da documentação acostada aos autos e fora reconhecido pela própria autoridade lançadora no Relatório Fiscal, sendo totalmente improcedente o lançamento em epígrafe. Em que pesem as substanciosas razões de fato e de direito ofertadas pela contribuinte em seu recurso voluntário, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de Fl. 378DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 12 prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que a decisão recorrida encontrase incensurável, devendo ser mantida em sua plenitude. Como se verifica, a recorrente em momento algum se insurge contra as contribuições previdenciárias ora lançadas, se limitando a defender que possui imunidade da cota patronal. Destarte, o artigo 195, § 7º da Constituição Federal, ao conceder o direito à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, assim prescreveu: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.” Como se verifica, o dispositivo constitucional encimado é por demais enfático ao determinar que somente terá direito à isenção em epígrafe as entidades que atenderem as exigência definidas em lei. Ou seja, a CF deixou a cargo do legislador ordinário estipular as regras para concessão de tal benefício, a sua regulamentação. Por sua vez, o artigo 55 da Lei nº 8.212/91, veio aclarar referida matéria, estabelecendo que somente fará jus à isenção da cota patronal das contribuições previdenciárias, a contribuinte/entidade que cumprir, cumulativamente, todos os requisitos ali elencados, senão vejamos: “Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro Social Fl. 379DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 374 13 INSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido.” Na hipótese vertente, conforme se extrai dos elementos que instruem o processo, especialmente Relatório Fiscal e Decisão recorrida, a contribuinte em momento algum logrou comprovar ser efetivamente entidade isenta, cumpridora de todos os requisitos para tanto, em relação ao período objeto da autuação, inobstante as inúmeras alegações nesse sentido. Ao contrário, como se constata do bojo da decisão de primeira instância, a partir do Pedido de Isenção consubstanciado no processo n° 13841.000439/200848, a contribuinte somente passou a usufruir de referida benesse constitucional em face da expedição do Ato Declaratório n° 563, de 22/11/2010, o qual reconheceu a isenção da entidade com efeitos a partir de 01/10/2010, não havendo que se falar na pretensa isenção argüida pela autuada no que tange o período em comento, impondo seja mantida a exigência fiscal. DA APRECIAÇÃO DE QUESTÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Relativamente às questões de inconstitucionalidades suscitadas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como os tributos ora exigidos e multa aplicada, encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Com efeito, além da exigência dos tributos ora lançados, com os respectivos acréscimos legais, encontrar respaldo na legislação previdenciária/tributária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 380DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL 14 I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993.” Observese, que somente nas hipóteses contempladas no parágrafo único e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...]” Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Quanto às demais alegações da contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, porquanto incapazes de ensejar a reforma da decisão recorrida e/ou macular o crédito previdenciário ora exigido, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo Fl. 381DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL Processo nº 10865.003013/201002 Acórdão n.º 2401002.342 S2C4T1 Fl. 375 15 legal ou fático, bem como já devidamente debatidas/rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Assim, no mérito, escorreita a decisão recorrida devendo nesse sentido ser mantido o lançamento na forma ali decidida, uma vez que a contribuinte não logrou infirmar os elementos colhidos pela Fiscalização que serviram de base para constituição do crédito previdenciário, atraindo para si o ônus probandi dos fatos alegados. Não o fazendo razoavelmente, não há como se acolher a sua pretensão. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine parcialmente em consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, acolher de ofício a decadência em relação ao período de 02/2005 a 09/2005 e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 382DF CARF MF Impresso em 30/05/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/05/2012 por AMARILDA BATISTA AMORIM, Assinado digitalmente em 21/05/2 012 por ELIAS SAMPAIO FREIRE, Assinado digitalmente em 17/05/2012 por RYCARDO HENRIQUE MAGALHAES DE OL
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Numero do processo: 11065.001419/2005-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF
Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000
IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. BENEFÍCIOS E VANTAGENS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS INDIRETOS “FRINGE BENEFITS. BENEFÍCIOS INDIRETOS NÃO ADICIONADOS ÀS RESPECTIVAS REMUNERAÇÕES. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento de despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores. A efetuação do pagamento é pressuposto material para a ocorrência da incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme o disposto no artigo 61, da Lei n° 8.981, de 1995. Assim, nos casos em que a empresa não identifique e/ou não adicione os benefícios indiretos às respectivas remunerações, os valores pagos não integram os rendimentos tributáveis da pessoa física e o imposto será pago na fonte pela pessoa jurídica, à alíquota de 35%, o qual será considerado exclusivo na fonte. REMUNERAÇÃO INDIRETA. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeita-se à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2202-001.884
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Nome do relator: NELSON MALLMANN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000 IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. BENEFÍCIOS E VANTAGENS. PAGAMENTO DE SALÁRIOS INDIRETOS “FRINGE BENEFITS. BENEFÍCIOS INDIRETOS NÃO ADICIONADOS ÀS RESPECTIVAS REMUNERAÇÕES. Está sujeito à incidência do imposto, exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento de despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores. A efetuação do pagamento é pressuposto material para a ocorrência da incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, conforme o disposto no artigo 61, da Lei n° 8.981, de 1995. Assim, nos casos em que a empresa não identifique e/ou não adicione os benefícios indiretos às respectivas remunerações, os valores pagos não integram os rendimentos tributáveis da pessoa física e o imposto será pago na fonte pela pessoa jurídica, à alíquota de 35%, o qual será considerado exclusivo na fonte. REMUNERAÇÃO INDIRETA. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeitase à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Fl. 302DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 2 (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, Rafael Pandolfo, Odmir Fernandes, Pedro Anan Junior e Nelson Mallmann. Ausentes justificadamente, os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Helenilson Cunha Pontes. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 129 3 Relatório ARTECOLA INDÚSTRIA QUIMICAS LTDA., contribuinte inscrita no CPF/MF 458.166.38904, com domicílio fiscal na cidade de Campo Bom, Estado do Rio Grande do Sul, à Estrada RS 239, nº 5801, Bairro Industrial, jurisdicionada a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Novo Hamburgo RS, inconformada com a decisão de Primeira Instância (fls. 258/259), prolatada pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre RS, recorre, a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, pleiteando a sua reforma, nos termos da petição de fls. 263/271. Contra a contribuinte acima mencionada foi lavrado, em 29/04/2005, Auto de Infração de Imposto de Renda Retido na Fonte (fls. 201/208), com ciência pessoal, em 29/04/2005 (fls. 201), exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 743.094,15 (padrão monetário da época do lançamento do crédito tributário), a título de Imposto de Renda Retido na Fonte, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do imposto de renda, relativo aos período de apuração 01/01/2000 a 28/11/2000. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização externa, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver falta de recolhimento do Imposto de Renda na Fonte sobre remuneração indireta, relativo pagamentos efetuados a titulo de remunera indireta, aos sócios, administradores, diretores, gerentes e seus assessores. Infração capitulada nos arts. 358, 622 e 675 do RIR/1999. A AuditoraFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, ainda, através do Relatório do Trabalho Fiscal, datado de 28/04/2005 (fls. 189/198), entre outros, os seguintes aspectos: que a fiscalizada é uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada que tem por atividade principal a indústria, comercio, importação e exportação de adesivos, colas, tintas, solventes, elastfteros, calçados, equipamentos de proteção individual, materiais tintoriais produtos químicos, produtos de limpeza em geral, borracha, matéria plástica em geral, dentre outras, conforme consta na Consolidação do Contrato Social Artecola Indústrias Químicas Ltda. arquivado na Junta Comercial do Estado de São Paulo, sob o n ° 270.197/047; que examinando a escrituração contábil da fiscalizada, verificamos que a mesma registrou despesas realizadas com a empresa Incentive House S/A que caracteriza remuneração indireta de diretores, gerentes e seus assessores; que diante da constatação das diversas despesas correspondente aos pagamentos a Incentive House S/A, escrituradas em sua grande maioria a débito da conta de resultado Promoções e Marketing a fiscalizada foi intimada a disponibilizar os documentos comprobatórios dos respectivos lançamentos; que em análise as notas fiscais apresentadas, tendo como emitente a Incentive House S/A, verificamos que no corpo de algumas constava a informação "carga nos cartões Flexcard" (ex. fls. 124) em outras "recarga de Cartões Flexcard" (ex. fls. 139), sendo Fl. 304DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 4 que em uma' também constava a informação "programa de estimulo ao aumento da produtividade” (ex. fls. 128); que, desta forma, a Artecola foi intimada a esclarecer de forma pormenorizada o que seriam os cartões Flexcard (fls. 129 a 131), a informar a totalidade dos valores pagos a Incentive House S/A no decorrer do anocalendário de 2000, bem como, relacionar os beneficiários dos cartões Flexcard, informando o nome, CPF e cargo/função que exerciam no Artecola. Foi solicitado, ainda, relativamente ao anocalendário de 2000, que apresentasse, individualizadamente para cada beneficiário, relação dos benefícios concedidos, data do pagamento/crédito e o valor do beneficio; que em resposta a fiscalizada informou que o serviço descrito como carga o suprimento de numerário dos cartões pelo valor correspondente ao incentivo da produção face à existência do "PPR" Programa de participação dos empregados nos resultados das empresas (fls. 132); que a fiscalizada informou, ainda, que os cartões Flexcard constituíam um beneficio a titulo de prêmio como incentivo A produtividade sendo que a Incentive House tem por objeto a prestação de serviços de desenvolvimento de programas de marketing de relacionamento, motivação, incentivo e fidelidade. A contratação desta empresa foi com o fulcro da aplicação desta tecnologia como incentivo A produtividade mediante pagamento de prêmio; que foi fornecida pela fiscalizada a relação dos beneficiários dos cartões Flexcard com informação do cargo/função por eles ocupados na Artecola (fls. 134). Foi, também, fornecida a relação dos valores pagos como prêmio individualizadamente para cada beneficiário (fls. 160 a 167) onde consta a data do pagamento e a nota fiscal a que se referem; que, em 13/04/2005, foi lavrado o Termo Solicitação de Informações e Documentos N ° 05 (fls. 174 a 176) perguntando a fiscalizada se benefícios pagos através dos cartões FLEXCARD foram adicionados aos salários/remuneração dos beneficiários identificados no termo; que, na mesma oportunidade, indagouse a fiscalizada se os valores correspondentes As notas fiscais/faturas emitidas pela Incentive House foram integralmente pagos pela Artecola Indústrias Químicas Ltda. ou se ocorreu algum rateio, com as demais empresas do grupo, quando dos pagamentos; que a Artecola em resposta ao Termo de Solicitação de Informações e Documentos N ° 05 informou que não adicionou aos salários/remuneração dos respectivos beneficiários os valores pagos através dos cartões FLEXCARD (fls. 178); que segundo informações da própria fiscalizada os beneficiários recebiam os cartões e faziam seu uso na forma de cartões de crédito que serviam para a aquisição de bens (fls. 178); que na mesma data informou que o sacado das notas fiscais/faturas foi sempre a Artecola Indústrias Químicas Ltda. sendo que posteriormente efetuava o rateio As demais empresas do grupo, tendo entregue uma planilha onde consta o nome do beneficiário, o valor do beneficio, nota fiscal, data do pagamento e a empresa responsável pelo pagamento daquele beneficiário; que de acordo com o Art. 358 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3.000/98, integrarão a remuneração dos beneficiários as despesas com Fl. 305DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 130 5 benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, pagas diretamente ou através da contratação de terceiros, tais como a aquisição de alimentos ou quaisquer outros bens para utilização pelo beneficiário fora do estabelecimento da empresa; que, ainda, de acordo com o art. 358 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto 3.000/98 a empresa deverá identificar os beneficiários dos rendimentos e adicionará aos respectivos salários os valores a elas correspondentes. Caso os valores não tenham sido adicionados da forma descrita haverá a tributação dos respectivos valores, exclusivamente na fonte, observado o disposto no art. 675 do RIR/99; que conforme resposta da própria fiscalizada ela não adicionou os valores dos prêmios de produtividade aos salários/remuneração dos beneficiários, o que implica a tributação exclusiva na fonte dos respectivos valores, à alíquota de trinta e cinco por cento (35%), nos termos do art. 675 do RIR/99. O art. 61 da Lei n ° 8981/95 estabelece que rendimento será considerado liquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto. Em sua peça impugnatória de fls. 210/215, instruída pelos documentos de fls. 216/250, apresentada, tempestivamente, em 27/05/2005, a contribuinte, se indispõe, de forma parcial, contra a exigência fiscal, solicitando que seja acolhida à impugnação para declarar a insubsistência do Auto de Infração, com base, em síntese, nos seguintes argumentos: que o valor do imposto efetivamente devido de R$ 379.508,97, considerando ainda a redução da multa em 50%, correspondente aplicação da alíquota de 27,5% sobre os valores dos prêmios atribuídos a cada um dos beneficiários foi devidamente recolhido. 0 valor do imposto foi registrado contabilmente na forma de crédito da Empresa perante cada um dos beneficiários em vista do pagamento ter sido efetuado a maior, ou seja, sem a dedução do imposto; que no anobase de 2000 foram realizados pagamentos em favor dos gerentes e administradores em forma de prêmio produtividade. Os benefícios a titulo de prêmio foram realizados através de uma empresa terceirizada, mediante a prestação de serviços tecnologicamente desenvolvidos de programas de marketing de relacionamento, motivação, incentivo e fidelidade; que os pagamentos dos prêmios foram realizados por intermédio da Incentive House, mediante apresentação de Notas Fiscais Faturas contemplando os valores do incentivo produção por funcionário e o valor correspondente a comissão desta Empresa pelos serviços prestados. Ainda com relação às Notas Fiscais, foram prestadas todas as informações necessárias a perfeita identificação de todos os beneficiários dos prêmios inclusive com a indicação do cargo/função por estes exercidos; que diante da análise realizada pela fiscalização sobre todas as informações e documentos apresentados, entendeu a autoridade fiscal tratarse de remuneração indireta, prevista no art. 358 do RIR/99; que em face da não inclusão dos rendimentos nos salários, incide a tributação na fonte a alíquota de 35%, de forma exclusiva; que o rendimento foi classificado como remuneração indireta, como beneficio e vantagem concedida em favor de administradores, diretores, gerentes e seus assessores. Outrossim, equivocadamente foi atribuída ao referido rendimento a titulo de prêmio Fl. 306DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 6 a tributação a alíquota de 35%, de forma exclusiva, com o reajustamento da base de cálculo sobre o valor efetivamente recebido, considerado como liquido; que ocorre que este tratamento só é aplicável nas hipóteses de os rendimentos não terem sido agregados ao salário e não identificados os beneficiários, situação esta que não ocorreu. Em todos os pagamentos efetuados os funcionários foram devidamente identificados, inclusive com a indicação das atribuições exercidas na Empresa. Oportunamente destacamos a redação dos arts. 358 e 622 do RIR/99; que em todos os dispositivos mencionados verificase que a condição para a aplicação da alíquota majorada e ao reajustamento da base de cálculo é a falta de identificação dos beneficiários e a falta da adição ao salário. Caso o legislador quisesse dar o mesmo tratamento aos rendimentos somente pela não inclusão aos salários teria utilizado a conjunção "ou"; que verificase que o simples fato de na época tais valores não terem sido incorporados aos salários não impede que seja agora reconhecido, pois neste momento também é que está sendo oferecido A tributação, onde deverá ser calculada mediante a aplicação da tabela. Não há que se falar em tributação exclusiva com majoração da alíquota para 35% em vista de que os dois requisitos para a aplicabilidade nesta forma de tributação não foram satisfeitos, pois todos os beneficiários foram identificados; que tendo em vista a falha cometida pela Empresa, agora corrigida pelo recolhimento efetuado nos termos do item 02 anterior, sem dúvida o fisco recebeu o imposto de renda correspondente As vantagens pagas aos colaboradores da Empresa. Em face da não retenção, cabe a Empresa recuperar o valor do imposto de renda junto a cada um dos que receberam valores com vista a refazerse do prejuízo decorrente do erro em que incidiu; que, ante o exposto, pelas razões de fato e de direito, requer a impugnante seja cancelado o lançamento com a tributação à alíquota de 35% sobre uma base reajustada, limitandose ao cálculo mediante a aplicação da tabela progressiva, qual seja, a 27,5% sobre os valores efetivamente pagos. Após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante, os membros da Primeira Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Porto Alegre RS, concluíram pela procedência da ação fiscal e pela manutenção do crédito tributário, com base, em síntese, nas seguintes considerações: que a contribuinte não tem razão. 0 lançamento baseouse nos arts. 622 e 675 do RIR/99, os quais encontram suas fontes no art. 74 da Lei n° 8.383/91 e no art. 61 da Lei 8.981/95, adiante transcritos; que o silogismo estabelecido pela legislação é o seguinte: (a) premissa maior: em caso de remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, diretamente ou através da contratação de terceiros, se não houver identificação dos beneficiários e adição dos valores correspondentes aos respectivos salários, os rendimentos devem ser tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% e com reajustamento do respectivo valor bruto; (b) premissa menor: a autuada identificou os beneficiários, mas não adicionou os valores correspondentes aos salários (cumpriu apenas uma das exigências legais); (c) conclusão: os rendimentos são tributados exclusivamente na fonte, à alíquota de 35% e com reajustamento do respectivo valor bruto; Fl. 307DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 131 7 que a tese exposta pela impugnante altera a lógica da lei, instituindo silogismo equivocado: (a) premissa maior: a tributação exclusiva na fonte da remuneração indireta, à alíquota de 35% e com reajuste da base de cálculo, depende da ocorrência conjunta de duas condições: os rendimentos não terem sido agregados aos salários e os beneficiários não terem sido identificados; (b) premissa menor: os beneficiários foram identificados (apesar de os rendimentos não terem sido agregados aos salários); (c) conclusão: não deve haver a tributação exclusiva na fonte. A ementa que consubstancia a presente decisão é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Período de apuração: 20/01/2000 a 28/11/2000 REMUNERAÇÃO INDIRETA. A remuneração indireta paga a administradores, diretores, gerentes e assessores, cujos rendimentos não tenham sido incorporados aos salários dos beneficiários, sujeitase à aplicação da alíquota na fonte de 35%, com reajuste da base de cálculo. Lançamento Procedente Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 09/04/2009, conforme Termo constante às fls. 260/262, e, com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, em tempo hábil (06/05/2009), o recurso voluntário de fls. 263/271, instruído pelos documentos de fls. 272/284, no qual demonstra irresignação parcial contra a decisão supra, baseado, em síntese, nas mesmas razões expendidas na fase impugnatória. É o relatório. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 8 Voto Conselheiro Nelson Mallmann, Relator O presente recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal e deve, portanto, ser conhecido por esta Turma de Julgamento. Não há argüição de qualquer preliminar. Da análise da matéria contida nos autos, verificase que a autoridade lançadora entendeu haver falta de recolhimento de Imposto de Renda na Fonte sobre remuneração indireta. Ou seja, não houve recolhimento de imposto sobre o valor de pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas a titulo de remuneração indireta, aos sócios, administradores, diretores, gerentes e seus assessores. Observase que a própria fiscalizada concorda de que ela não adicionou os valores dos prêmios de produtividade aos salários/remuneração dos beneficiários, o que, a princípio, implica a tributação exclusiva na fonte dos respectivos valores, a alíquota de trinta e cinco por cento (35%), nos termos do art. 675 do RIR/99. O art. 61 da Lei n° 8.981, de 1995 estabelece que o rendimento será considerado liquido, cabendo o reajustamento o respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o imposto. Inconformada, inicialmente, apresenta a sua peça impugnatória de forma parcial, alegando que o valor do imposto efetivamente devido de R$ 379.508,97, considerando ainda a redução da multa em 50%, correspondente aplicação da alíquota de 27,5% sobre os valores dos prêmios atribuídos a cada um dos beneficiários foi devidamente recolhido. O valor do imposto foi registrado contabilmente na forma de crédito da Empresa perante cada um dos beneficiários em vista do pagamento ter sido efetuado a maior, ou seja, sem a dedução do imposto e requer que seja cancelado o lançamento com a tributação à alíquota de 35% sobre uma base reajustada, limitandose ao cálculo mediante a aplicação da tabela progressiva, qual seja, a 27,5% sobre os valores efetivamente pagos. Agora em virtude de não ter logrando êxito na instância inicial, a contribuinte apresenta a sua peça recursal a este E. Conselho de Contribuintes pleiteando a reforma da decisão prolatada na Primeira Instância onde, argúi a improcedência parcial da autuação com base, em síntese, nos mesmos argumentos apresentados na fase impugnatória. Desta forma, a discussão neste colegiado se restringe sobre a interpretação do art. 74 da Lei 8.383, de 1991, combinado com o art. 61 da Lei nº 8.981, de 1995: Diz a Lei n° 8.383, de 1991: Art. 74 – Integrarão a remuneração dos beneficiários: I – a contraprestação de arrendamento mercantil ou o aluguel ou, quando for o caso, os respectivos encargos de depreciação, atualizados monetariamente até a data do balanço: Fl. 309DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 132 9 a) de veículo utilizado no transporte de administradores, diretores, gerentes e seus assessores ou de terceiros em relação à pessoa jurídica; b) de imóvel cedido para uso de qualquer pessoa dentre as referidas na alínea precedente; II – as despesas com benefícios e vantagens concedidos pela empresa a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, pagos diretamente ou através da contratação de terceiros, tais como: a) a aquisição de alimentos ou quaisquer outros bens para utilização pelo beneficiário fora do estabelecimento da empresa; b) os pagamentos relativos a clubes e assemelhados; c) o salário e respectivos encargos sociais de empregados postos à disposição ou cedidos, pela empresa, a administradores, diretores, gerentes e seus assessores ou de terceiros; d) a conservação, o custeio e a manutenção dos bens no item I. § 1° A empresa identificará os beneficiários das despesas e adicionará aos respectivos salários os valores a elas correspondentes. Diz a Lei n° 8.981, de 1995: Art. 61 Fica sujeito à incidência do imposto de renda exclusivamente na fonte, à alíquota de 35%, todo pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas a beneficiário não identificado, ressalvado o disposto em normas especiais. § 1° A incidência prevista no caput aplicase, também, aos pagamentos efetuados ou aos recursos entregues a terceiros ou sócios, acionistas ou titular, contabilizados ou não, quando não for comprovada a operação ou sua causa, bem como à hipótese de que trata o § 2°, do art. 74, da Lei n° 8.383, de 1991. § 2° Considerase vencido o imposto de renda na fonte no dia do pagamento da referida importância. § 3° O rendimento de que trata este artigo será considerado líquido, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto. No passado, em razão de dúvidas suscitadas pelos contribuintes do imposto de renda acerca do tratamento tributário dos salários indiretos, também chamados “fringe benefits”, concedidos pelas empresas a administradores, diretores, gerentes ou seus assessores, ou a terceiros que a Coordenação do Sistema de Tributação emitiu o Parecer Normativo n° 11, de 30 de setembro de 1992, que em suma diz sobre o assunto em questão: Os salários indiretos concedidos pelas empresas e pagos a administradores, diretores, gerentes e seus assessores como benefícios e vantagens adicionais, decorrentes de cargos, Fl. 310DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 10 funções ou empregos, serão considerados como custos ou despesas operacionais, dedutíveis para efeito de apuração do lucro real, se atenderem as condições e limites previstos na legislação do imposto de renda. O valor do imposto pago nas condições previstas no § 2° do art. 74 da Lei n° 8.383, de 1991, poderá ser considerado custo ou despesa operacional caso os salários indiretos pagos também o sejam. (...). 7 – Preliminarmente, cumpre esclarecer que apenas são tributáveis, na forma do art. 74, da Lei n° 8.383, de 1991, os benefícios e vantagens concedidos a administradores, diretores, gerentes e seus assessores, ou a terceiros em relação à pessoa jurídica, sendo excluídos deste regime de tributação os benefícios e vantagens quando concedidos a empregados não integrantes das categorias funcionais referidas expressamente no dispositivo legal citado. 8 – É no Parecer Normativo CST n° 48/72 e na Instrução Normativa SRF n° 2/69 que vamos encontrar o conceito de administradores, diretores e sócios, cuja remuneração sujeitase aos limites e condições estabelecidos na legislação do imposto de renda para efeito de dedutibilidade de tais dispêndios como despesa operacional: 8.1 – Administradores – Pessoas que praticam, com habitualidade, atos privativos de gerência ou de administração de negócios da empresa, e o fazem por delegação ou designação de assembléia, de diretoria ou de diretor. São excluídos desta conceituação, os empregados que trabalham com exclusividade, em caráter permanente, para uma empresa, subordinada hierárquica e juridicamente e, como meros prepostos ou procuradores, mediante outorga de instrumento de mandato, exercem essa função cumulativamente com as de seus cargos efetivos e percebem remuneração ou salário constante do respectivo contrato de trabalho, provado com carteira profissional. 8.2 – Diretores – Denominação dada a toda pessoa que dirige ou administra um negócio ou uma soma determinada de serviços. Exercem a direção mais elevada de um instituição ou associação civil, de uma companhia ou sociedade comercial, podendo ou não ser acionistas ou associados. Os diretores são, em princípio, escolhidos por eleição de assembléia, aos períodos assinalados nos estatutos ou nos contratos sociais. 8.3 – Sócio, Diretor ou AdministradorEmpregado. Nos casos de sócio, diretor ou administrador que sejam, concomitantemente, empregados da empresa, os rendimentos auferidos, seja a título de remuneração como dirigente, seja como retribuição do trabalho assalariado, estão sujeitos, no seu total, aos limites e condições estabelecidos pela lei. (...). Fl. 311DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 133 11 12 – A despeito de os salários indiretos abrangerem as despesas particulares dos administradores, diretores, gerentes e seus assessores, nela incluídas despesas de supermercado e cartões de crédito, pagamento de anuidade de colégios, clubes, associações, etc., julgamos despiciendo tecer maiores considerações acerca da indedutibilidade de tais gastos para fins de apuração do lucro real, face à sua obviedade. Uma vez adicionados às remunerações dos beneficiários, os salários indiretos serão tratados como despesas operacionais dedutíveis, observadas as condições previstas na legislação tributária.” Segundo se infere da legislação mencionada, é cristalino que procede o argumento da fiscalização que no caso em pauta, qual seja da autuada propiciar o pagamento de prêmios para os funcionários graduados da empresa (diretores, gerentes, assessores, etc.), caracteriza salários indiretos e se sujeitam as normas do art. 74, da Lei n° 8.383, de 1991, combinado com o art. 61, da Lei n° 8.981, de 1995. De acordo com as normas, acima reproduzidas, a lei estabelece 3 (três) hipóteses distintas de incidência do Imposto de Renda exclusivamente na fonte, a saber: a) – Pagamentos efetuados a beneficiários não identificados – quando a Pessoa Jurídica, devidamente intimada, não logra êxito em identificar para quem efetuou o pagamento, ou se o Fisco fizer prova de que o beneficiário que a Pessoa Jurídica registrou e aponta como recebedor do pagamento, de fato, nada tenha recebido; b) – Pagamentos sem causa – a Pessoa Jurídica não logra êxito em comprovar a efetividade da operação relacionada ao pagamento, ou se o Fisco fizer prova de sua inidoneidade, ou seja, de que a operação não se realizou. No caso de pagamentos efetivos de operações inexistentes, lastreados em documentação inidônea, além do lançamento do IRF, é cabível a glosa dos custos/despesas, tratandose de Pessoa Jurídica optante pelo lucro real; c) – Concessão de benefícios indiretos de que tratam o artigo 74 da Lei nº 8.383, de 1991 – se o valor correspondente ao benefício for tratado como remuneração dos beneficiários para fins de incidência do imposto de renda. Em relação às hipóteses “a” e “b” cabe ao fisco, antes de qualquer coisa, assegurarse de que os pagamentos foram realizados, pois o fato gerador ocorre justamente pela percepção desses valores pelos beneficiários. A ocorrência do pagamento deve estar provada. Todavia, essa prova pode ser feita com a própria contabilidade da empresa. Nesse caso, se houver erro nos registros contábeis, o ônus da prova é do interessado. No que tange ao item “c”, cabe ao fisco fazer prova da ocorrência dos benefícios indiretos. É de se frisar, que o que está sendo tributado, exclusivamente na fonte, são os rendimentos recebidos pelos terceiros, sócios ou pessoas não identificadas. O interessado é o sujeito passivo da obrigação tributária por ter realizado o pagamento irregular. Não se trata de tributação dos recursos utilizados nos pagamentos, até porque, em princípio, o ingresso de tais recursos se deu de forma regular. Todavia, em que pese tudo isso, data máxima vênia, entendo que ficou perfeitamente definido o fato gerador do Imposto de Renda na Fonte com base no artigo 61 da Fl. 312DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN 12 Lei n.º 8.981, de 1995. Já que o seu aparente nó górdio situase na fronteira entre a ocorrência ou não da efetuação do pagamento dos valores lançados, pressupostos materiais para o necessário enquadramento naquele tipo legal. Nos autos, restou devidamente comprovado que os pagamentos existiram. Como visto na legislação de regência, nos casos em que for confirmado o pagamento dos salários indiretos, também chamados “fringe benefits”, concedidos pelas empresas a administradores, diretores, gerentes ou seus assessores, cujos valores não foram adicionados as respectivas remunerações, na época própria, serão considerados como valores líquidos recebidos cabendo o reajustamento da base de cálculo, cujo imposto será calculado a uma alíquota de 35%, como sendo exclusivo de fonte. No presente caso, os rendimentos pagos serão considerados líquidos, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto sobre o qual recairá o imposto a alíquota de 35%. Assim sendo, improcedente o pedido da recorrente para que seja cancelado o lançamento com a tributação à alíquota de 35% sobre a base de cálculo reajustada, limitandose ao cálculo mediante a aplicação da tabela progressiva, qual seja, a 27,5% sobre os valores efetivamente pagos. Diante do conteúdo dos autos e pela associação de entendimento sobre todas as considerações expostas no exame da matéria e por ser de justiça, voto no sentido de negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Nelson Mallmann Fl. 313DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN Processo nº 11065.001419/200563 Acórdão n.º 220201.884 S2C2T2 Fl. 134 13 Declaração de Voto Fl. 314DF CARF MF Impresso em 14/08/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN, Assinado digitalmente em 27/06/2012 por NELSON MALLMANN
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