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Numero do processo: 11065.722656/2011-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009
AUTO DE INFRAÇÃO -NULIDADE - AUSÊNCIA DE EMISSÃO DE ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES PELA SRF - INOCORRÊNCIA DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - INAPLICABILIDADE DA EXIGÊNCIA.
O ATO DECLARATÓRIO seria exigido, caso houvesse a desconsideração da opção pelo SIMPLES, devendo, apenas neste caso, ser feita a comunicação a então Secretaria da Receita Federal, para realizar a emissão do Ato Declaratório.
No procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a caracterização do vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização do vínculo para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato.
LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, com esteio na legislação que disciplina a matéria, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA DO AUDITOR FISCAL.
Conforme preceitua o artigo 142 do CTN, artigo 33, caput, da Lei nº 8.212/91 e artigo 8º da Lei nº 10.593/2002, c/c Súmula nº 05 do Segundo Conselho de Contribuintes, compete privativamente à autoridade administrativa - Auditor da Receita Federal do Brasil -, constatado o descumprimento de obrigações tributárias principais e/ou acessórias, promover o lançamento, mediante NFLD e/ou Auto de Infração.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2401-003.511
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, I) Pelo voto de qualidade, rejeitar as preliminares de nulidade, Vencidos os conselheiros Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que votaram por anular o lançamento por não haver ato declaratório de exclusão do SIMPLES; II) Por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora) e Elias Sampaio Freire, que dar provimento parcial ao recurso somente para que fossem apropriadas as guias recolhidas na sistemática do Simples, proporcionalmente a cota destinada à Seguridade Social. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Kleber Ferreira de Araújo Redator Designado
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO DA TOMADORA. Nos lançamentos em que o fisco desconsidera os vínculos empregatícios firmados com a empresa prestadora e atribui a relação de emprego diretamente com a tomadora dos serviços, é imprescindível que haja a cabal demonstração de que os trabalhadores atuavam a serviço desta, sendo a contratada mera empresa interposta sem existência no mundo dos fatos. APROVEITAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES FEITOS NA MODALIDADE DO SIMPLES Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2009 AUTO DE INFRAÇÃO NULIDADE AUSÊNCIA DE EMISSÃO DE ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES PELA SRF INOCORRÊNCIA DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INAPLICABILIDADE DA EXIGÊNCIA. O ATO DECLARATÓRIO seria exigido, caso houvesse a desconsideração da opção pelo SIMPLES, devendo, apenas neste caso, ser feita a comunicação a então Secretaria da Receita Federal, para realizar a emissão do Ato Declaratório. No procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a caracterização do vínculo empregatício com empresa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 26 56 /2 01 1- 18 Fl. 2653DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização do vínculo para efeitos previdenciários na empresa notificada, que era a verdadeira empregadora de fato. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, com esteio na legislação que disciplina a matéria, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. LANÇAMENTO. COMPETÊNCIA DO AUDITOR FISCAL. Conforme preceitua o artigo 142 do CTN, artigo 33, caput, da Lei nº 8.212/91 e artigo 8º da Lei nº 10.593/2002, c/c Súmula nº 05 do Segundo Conselho de Contribuintes, compete privativamente à autoridade administrativa Auditor da Receita Federal do Brasil , constatado o descumprimento de obrigações tributárias principais e/ou acessórias, promover o lançamento, mediante NFLD e/ou Auto de Infração. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2654DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 3 3 ACORDAM os membros do colegiado, I) Pelo voto de qualidade, rejeitar as preliminares de nulidade, Vencidos os conselheiros Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que votaram por anular o lançamento por não haver ato declaratório de exclusão do SIMPLES; II) Por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira (relatora) e Elias Sampaio Freire, que dar provimento parcial ao recurso somente para que fossem apropriadas as guias recolhidas na sistemática do Simples, proporcionalmente a cota destinada à Seguridade Social. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Kleber Ferreira de Araújo. Elias Sampaio Freire Presidente Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Kleber Ferreira de Araújo – Redator Designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Elias Sampaio Freire, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 2655DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Relatório O presente processo correspondente ao lançamento de contribuições previdenciárias, incidentes sobre os valores pagos pela USAFLLEX INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A. aos seus empregados, no período de 01/2008 a 12/2009, sobre os valores pagos aos segurados empregados e contribuintes individuais encontrase assim dividido: 1. AI DEBCAD nº 37.303.4296, compreende as contribuições patronais e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT), no período de 01/2008 a 13/2009; 2. AI DEBCAD nº 37.303.4300, compreende as contribuições para as terceiras entidades e fundos (Salário Educação, INCRA, SEBRAE e SENAI E SESI), que tiveram como fatos geradores as remunerações de segurados empregados no período de 01/2008 a 12/2008, cujo valor consolidado em 09/10/2012 corresponde a R$ 1.107.164,94, conforme Discriminativo do Débito (DD) de fls. 149 a 152; e 3. AI DEBCAD nº 37.345.2802, decorrente do descumprimento da obrigação acessória de deixar de informar em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias no período de 01/2008, 03/3008 e 05/2008. 4. AI DEBCAD nº 37.345.2810, decorrente do descumprimento da obrigação acessória de deixar de informar em Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias no período de 02/2008, 04/3008 e 06/2008 a 11/2008. Nos AI DEBCAD nº 37.303.4296 e Debcad nº 37.303.4300), foram aplicados os seguintes percentuais de multas: Multa de mora (24%), para as competências 01/2008 a 11/2008; Multa de ofício qualificada (150%), para as competências de 12/2008 a 13/2009, aplicada com base no art. 44, inciso I e parágrafo primeiro, da Lei nº 9.430/1996. A multa qualificada de 150% foi aplicada em virtude de a Fiscalização ter constatado que a empresa USAFLEX utilizouse da mãodeobra de empresas optantes do sistema SIMPLES, um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido, com a finalidade de reduzir a contribuição previdenciária, configurando uma simulação (item 3 do Relatório Fiscal, fls. 86). Fl. 2656DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 4 5 Conforme descrito no relatório fiscal, fl. 77 a 90, Através de auditoriafiscal realizada junto à empresa USAFLEX INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A, CNPJ 86.900.925/000104, doravante denominada USAFLEX, foram constatadas situações fáticas que levaram a Fiscalização ao entendimento de que terceiras empresas, no caso, a) Elvídio Luiz Dill EPP, CNPJ 09.182.324/000162, doravante denominada ELVÍDIO; b) M.R.L Atelier de Calçados Ltda. EPP, CNPJ 07.103.055/000176, doravante MRL e c) Valtoir Nunes Fagundes EPP, CNPJ 09.005.219/000158, doravante denominada VALTOIR, foram criadas para registro de mãode obra da autuada, com o objetivo de reduzir os encargos tributários previdenciários utilizandose dos benefícios do Sistema Simples, configurando simulação. Em virtude da situação fática verificada, a Fiscalização vinculou os segurados empregados e contribuintes individuais daquelas empresas à USAFLEX INDÚSTRIA E COMÉRCIO S/A, lançando os créditos previdenciários contra esta empresa. Todas as empresas arroladas foram intimadas a apresentar documentos, conforme Termos de Início de Procedimento Fiscal, de 18/04/2011. Os créditos foram apurados através de aferição indireta, tomando como base as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais, constantes nas folhas de pagamento das empresas MRL, VALTOIR e ELVÍDIO e declaradas nas suas GFIPs – Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (item 2.2 do Relatório Fiscal, fls. 77). Importante, destacar que a lavratura da NFLD deuse em 29/06/2011, tendo a cientificação ao sujeito passivo ocorrido no mesmo dia. Não conformada com a autuação, foi apresentada defesa, fls. 336 a 1733. O recorrente anexou diversos documentos que entende pertinentes a comprovação do alegado. O processo foi baixado em diligência, no intuito da fiscalização demonstrar outros elementos quanto a ingerência da USAFLEX em relação às demais em presas. O auditor elaborou informação prestando os seguintes esclarecimentos: Da resposta à Diligência (fls. 2488/2496) Folhas de pagamento A Fiscalização se manifestou respondendo que a folha de pagamento das empresas MRL, VALTOIR e ELVÌDIO foi apresentada em mídia não regravável (CDR), em forma de arquivos. À vista do pedido da diligência para anexar as folhas de pagamento a Fiscalização relata que extraiu dos arquivos digitais os dados que conformariam uma folha de pagamento e elaborou os Anexos A, B e C, detalhando por CNPJ a remuneração tomada como base de cálculo, por segurado (nome e NIT) em cada competência. Os totais demonstrados nos Anexos conformam o montante das exações previdenciárias do crédito previdenciário em discussão, demonstrando inclusive os valores da contribuição a cargo dos segurados, do saláriofamília e do saláriomaternidade. Despesas No tocante às despesas contabilizadas pelas empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR, a Fiscalização anexou aos autos os Razões das contas de despesas e/ou custos (Anexos Fl. 2657DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 6 D e D1 para MRL; Anexos F e F1 para Elvídio e Anexos E e E1 para VALTOIR), os quais foram extraídos dos arquivos digitais da contabilidade de cada uma das prestadoras, esclarecendo ainda que já constam anexados aos autos os demonstrativos de resultado de exercício – DRE (DRE´s 2008 e 2009 da MRL às fls. 183/184; DRE´s 2008/2009 da ELVÍDIO às fls. 235/236 e DRE´s 2008 e 2009 da VALTOIR às fls. 266/267). A Fiscalização relata que as despesas que a USAFLEX tinha interesse que as prestadoras (empresas interpostas) assumissem como suas, estão contabilizadas na contabilidade destas. Frisa que para TODAS as prestadoras os custos com pessoal representam mais de 70% da receita. E que dentro do universo das despesas, a quase totalidade é representada por custos de pessoal. O relato fiscal enfatiza que a compreensão adequada requer a análise global da contabilidade das empresas interpostas, avaliando não só as despesas como também as receitas. E neste aspecto, as receitas provém exclusivamente de serviços prestados à USAFLEX, a significar que indiretamente as despesas são suportadas por recursos provindos da USAFLEX. A Fiscalização procedeu à análise das despesas como a seguir relatado: Conta aluguéis: Esta conta traria os supostos pagamentos de aluguéis por parte das prestadoras à USAFLEX. Foram apresentados somente recibos. Não foram apresentados documentos de quitação. Para esta despesa o contador justificou por escrito não possuir tais comprovantes ao argumento de que “era deduzido dos valores totais das Notas Fiscais de industrialização por encomenda”. Conta 3103021900002664 Despesas jurídicas da MRL pagamento de parcelas relativas a acordos trabalhistas. Os lançamentos datados de 25/04/2008, 25/06/2008, 25/07/2008 todos com valor de R$ 500,00 e 08/09/2008 com valor de R$ 380,00, possuem como contrapartida a conta número 2106010160002 USAFLEX. Conciliando os mesmos com os lançamentos registrados na conta 1101020500000013 Caixa Econômica Federal, verificase nas datas mencionadas a existência de depósitos efetuados pela USAFLEX em favor da MRL, em valores idênticos aos referidos. O depósito do valor de R$ 380,00 ocorreu em 28/08/2008. Através deste exemplo a Fiscalização percebeu uma vinculação específica dos adiantamentos da USAFLEX com as despesas da empresa referida. Em razão deste fato a Fiscalização efetuou a análise da conta “bancos” das três empresas prestadoras (interpostas). Fl. 2658DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 5 7 Para tanto a Fiscalização selecionou alguns lançamentos, a título exemplificativo e o resultado é o seguinte: a) Conta contábil número 1101020300000011 Banco Bradesco S/A C/C – VALTOIR Em 03/01/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 35.000,00. Em 04/01/2008, utilizando a mesma conta o contribuinte VALTOIR pagou salários no valor de R$ 34.550,00. Em 17/01/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 28.000,00. No dia seguinte 18/01/2008 a VALTOIR efetuou adiantamento de salários no montante de R$ 27.741,00. Em 31/01/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 31.000,00. Na mesma data a VALTOIR transferiu R$ 30.994,00 para as contas dos funcionários para pagamento de salários. Em 22/02/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 12.300,00. Na mesma data a VALTOIR pagou energia elétrica no valor de R$ 12.299,46. Na data de 05/03/2008 a USAFLEX transferiu para a referida conta R$ 44.377,00. Neste dia a VALTOIR pagou os salários do mês 02/2008 através de transferência para a conta dos funcionários no montante de R$ 44.377,00. b) Conta número 1101020100000009 Banco do Brasil S/A C/C VALTOIR Em 19/06/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 3.472,00. No dia seguinte o contribuinte VALTOIR transferiu da mesma conta os mesmos R$ 3.472,00 para as contas dos funcionários a título de adiantamento de salário. Em 04/09/2008 a USAFLEX transferiu R$ 6.485,00 para esta conta. Em 05/09/2008 a empresa VALTOIR fez transferência para as contas dos funcionários a título de pagamento de salários no valor de R$ 6.482,00. Em 06/01/2009 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 13.300,00 e em 07/01/2009 a VALTOIR pagou salário dos funcionários via transferências da mesma conta no valor de R$ 13.210,00. No dia 02/04/2009 a USAFLEX transferiu para a mesma conta R$ 21.000,00. No dia seguinte o contribuinte VALTOIR efetuou transferências para as contas dos funcionários nos valores de R$ 1.924,00 e R$ 19.029,00, perfazendo um montante de R$ 20.953,00. c) Conta número 1101020300000011 Banco Bradesco S/A C/C da MRL Dada a similaridade dos lançamentos em todas as competências, a Fiscalização selecionou dois, a título exemplificativo: Em 04/01/2008 a USAFLEX efetuou depósito nesta conta no valor de R$ 400,00. No mesmo dia o banco debitou nesta conta o Fl. 2659DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 8 valor de R$ 392,49 referente ao pagamento de seguro de vida da MRL. O lançamento contábil debita a conta de despesas da MRL "Seguros". Em 06/02/2008 a USAFLEX efetuou depósito nesta conta no valor de R$ 400,00. No dia 29/02/2008 o banco debitou nesta conta o valor de R$ 392,49 referente ao pagamento de seguro de vida da MRL. O lançamento contábil debita a conta de despesas da MRL "Seguros". d) Conta número 10101020513 Caixa Econômica Federal C/C da ELVÍDIO Em 22/06/2009 a ELVÍDIO emitiu cheque no valor de R$ 13.794,73 para pagamento de DARF e empréstimo de funcionários. Na mesma data recebeu nesta conta um depósito da USAFLEX no montante de R$ 13.800,00. Em 25/06/2009 constam lançados os seguintes pagamentos feitos pela ELVÍDIO, R$ 6.043,95, título da Gutten Appetit Alimentação, R$ 166,27 referente a adiantamento de salários, R$ 56,85 multa rescisória do FGTS e R$ 328,64 referente a pagamento de verbas rescisórias a funcionário, perfazendo um total de R$ 6.595,71. Na mesma data a USAFLEX efetuou transferência bancária para esta conta no valor de R$ 6.600,00. A Fiscalização relata que embora a contrapartida para esta transferência de recursos seja a conta adiantamento de fornecedores, a qual é conciliada posteriormente com a conta industrialização por encomenda, procedimento regular, o que chama a atenção neste caso é o número de adiantamentos, com valores muitos específicos similares ou idênticos aos das despesas pagas pelas prestadoras e em datas também similares ou idênticas à liquidação das despesas das prestadoras. A Fiscalização concluiu que a USAFLEX vai "abastecendo" ou liberando recursos às empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR, não na medida em que a industrialização por encomenda vai ocorrendo como seria usual, mas na medida em que despesas das prestadoras vão ocorrendo. Em outras palavras, o que comanda a liberação destes recursos é a necessidade de pagamento das despesas das prestadoras. A explicação do contador das empresas interpostas reforça este entendimento quando afirma que "os lançamentos foram efetuados sob Adiantamento do Fornecedor para pagamento das despesas inerentes do Atelier" (Vide explicações aos Anexos 3, 4, 5 e 6 ao Termo de Intimação Fiscal 2 de VALTOIR Nunes Fagundes, aos Anexos 3, 4, 5 e 6 de MRL e 3, 4, 5 e 6 de ELVÍDIO Luiz Dill). Portanto, os adiantamentos ao invés de serem regidos pela paulatina prestação de serviços, vinculados em cada lançamento a uma nota fiscal de prestação de serviços, estão primordialmente vinculados a uma despesa. Destas, selecionou uma pequena amostragem em razão do grande volume, segundo informou. Frisa que existem muitas outras onde as afirmações são similares às que são citadas a seguir: No processo 000573.03.2012.5.04.0383 (primeira reclamada MRL ATELIER DE CALÇADOS LTDA, segunda reclamada Fl. 2660DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 6 9 USAFLEX CALÇADOS LTDA) em sua peça inicial o reclamante afirma: "A segunda Reclamada, a empresa USAFLEX, deverá ser responsabilizada solidária e/ ou subsidiariamente pelos eventuais créditos trabalhistas, advindos da presente reclamatória, em favor do Autor, eis que fazia parte do mesmo grupo econômico da Primeira Ré, bem como se beneficiava dos serviços prestados pelo autor." "Frisese que, toda a produção da Primeira Reclamada é sob orientação, Fiscalização e subordinação da Segunda Reclamada" Processo 000765.33.2012.5.04.0383 (primeira reclamada MRL, segunda reclamada USAFLEX) em sua petição inicial o reclamante afirma: “A reclamante foi contratada pela primeira reclamada com quem mantinha vínculo empregatício, no entanto sempre prestou seus serviços para a segunda reclamada, que era quem se beneficiava com seu trabalho...." "A segunda reclamada fornecia os pedidos, modelos, matéria prima e ainda fiscalizava a produção, exigindo qualidade e produtividade" No mesmo sentido, e mais contundentes ainda são as afirmações feitas pelo reclamante na peça vestibular do processo 000816.44.2012.5.04.0383 (Primeira reclamada ELVÍDIO LUIZ DILL EPP, segunda reclamada USAFLEX, terceira reclamada STEBRAS IND. E TRANSP): “O autor foi contratado pela primeira ré. Assim, não se discute o vínculo com ela. No entanto, propõe a ação também contra a segunda e a terceira rés porque elas, juntamente com a primeira ré, formam um grupo empresarial" "A primeira ré presta serviços de forma exclusiva para a segunda e funciona no prédio dela (da segunda)" "Tendo em vista que a segunda ré comercializa os calçados produzidos pela primeira, é crível concluirse que ambas trabalham em conjunto e que a primeira, na prática, é uma seção de produção.." “Ademais, diariamente, o autor almoça no refeitório da segunda ré, bem como utiliza o veículo que transporta o pessoal das duas primeiras rés" "As rés simulam a criação de empresas para se eximir dos tributos devidos" "Evidenciase a prática de crime de sonegação fiscal..." Da mesma forma afirma o reclamante na petição inicial do processo 000751.49.2012.5.04.0383 (Primeira reclamada ELVÍDIO LUIZ DILL EPP, segunda reclamada USAFLEX, terceira reclamada STEBRAS IND. E TRANSP): "...todas as rés pertencem ao mesmo grupo econômico. Assim, deverão responder de forma solidária pelos créditos trabalhistas do autor em relação à contratualidade " "Outrossim, a segunda fornecia o ônibus que transportava o pessoal de todas as rés." Fl. 2661DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 10 Na peça inicial do processo 000770.55.2012.5.04.0383 (primeira reclamada VALTOIR NUNES FAGUNDES, segunda reclamada USAFLEX o reclamante afirma: "A Primeira e a Segunda Reclamadas fazem parte do mesmo grupo econômico, pois seus sócios proprietários são os mesmos. O Reclamante sempre trabalhou no mesmo parque fabril, utilizando o mesmo maquinário e os mesmos funcionários" Em relação aos processos trabalhistas a Fiscalização também verificou que os advogados representantes das reclamadas (USAFLEX, MRL, ELVÍDIO e VALTOIR) nas audiências são, invariavelmente, os mesmos, conforme registrado nas atas de audiência. Assinaturas e rubricas em documentos contábeis de MRL, VALTOIR e ELVÍDIO. Analisando os documentos apresentados pelos contribuintes para comprovação dos lançamentos contábeis, a Fiscalização verificou que em todos os recibos de adiantamento a fornecedores analisados, emitidos por MRL, VALTOIR e ELVÍDIO consta a assinatura da Sra Sueli Marmitt que é contabilista da USAFLEX, seguido do nome da empresa prestadora (MRL, VALTOIR ou ELVÌDIO). A Sra. Sueli foi quem assinou o Termo de Início de Procedimento Fiscal junto à USAFLEX, conforme fls. 74 do presente processo. Há vários Termos de Rescisão de Contrato de Trabalho (doc anexo) de segurados empregados das prestadoras nos quais a Sra. Sueli é quem assina no local destinado à assinatura do empregador. Também os cheques administrativos das empresas MRL, VALTOIR e ELVÌDIO, analisados pela Fiscalização e utilizados por aquelas para pagamento de despesas lançadas nas suas contabilidades possuem duas rubricas, uma delas sendo da Sra. Sueli. Estes elementos, segundo a Fiscalização, denotam a ingerência da USAFLEX em relação às empresas MRL, VALTOIR e ELVÌDIO. Devidamente cientificado o recorrente rebate os argumentos da fiscalização, descrevendo: Da manifestação da Impugnante frente à diligência (fls. 2498/2501) Alega que a afirmação contida no item 5 do Relatório Fiscal está baseada no subjetivismo pessoal da auditora, sem qualquer comprovação documental de quais seriam as despesas realizadas pelas prestadoras e que não estariam contabilizadas, sequer mencionandoas. Relata que não foi anexado qualquer demonstrativo comprovando sua alegação de que os custos com pessoal representariam quase a totalidade do universo das despesas. Fl. 2662DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 7 11 Reclama que a auditoria desconsiderou por completo as peculiaridades das empresas executoras da industrialização. Repisa que referidas empresas vendem serviços de industrialização cuja execução exige menos produtos intermediários e mais empregados o que representa um maior peso em relação ao custo total de sua atividade. Quanto ao item 6 do Relatório, alega que a Fiscalização utilizou expressão injuriosa ao taxar o contribuinte de “falacioso”. Contesta, afirmando que todas as despesas incorridas pelas prestadoras são por estas suportadas e que elas assumem os riscos dos seus empreendimentos. Relata que os recursos financeiros com os quais as prestadoras fazem frente às despesas decorrem dos serviços prestados à autuada, sendo irrelevante a relação de exclusividade entre as empresas, fato que advém da relação comercial entre elas e do conjunto de variáveis presentes em qualquer negociação mercantil. Alega que é equivocado o entendimento fiscal em relação aos adiantamentos de recursos que a autuada fazia às prestadoras na medida em que as despesas destas iam incorrendo. Primeiro porque é adiantamento de clientes e não adiantamento de fornecedores. A autuada seria cliente das prestadoras e não fornecedora e segundo porque a dinâmica dos negócios e a relação de parceria existente entre as empresas, por si só, justifica o procedimento adotado. Explica que a USAFLEX, com base na programação mensal de calçados a serem produzidos, sabe de antemão qual parcela (quantidade) da produção será remetida para industrialização nas prestadoras e quanto isso lhe custará, afirmando que os adiantamentos foram realizados na medida em que a industrialização foi ocorrendo e que os relatórios anexos estariam a comprovar este fato. O Livro Registro de Entradas da autuada estaria a demonstrar a movimentação de materiais entre as empresas e o retorno dos insumos remetidos para utilização no processo industrial e o produto acabado resultante da industrialização. Assim, a USAFLEX já conhecia de antemão o custo dos serviços de industrialização, o que lhe permitia realizar a antecipação de valores às prestadoras. Explica o procedimento às fls. 2.499 dos autos (sem mencionar os lançamentos contábeis), concluindo que os depósitos bancários realizados pela USAFLEX nas contas correntes das prestadoras foram apropriados em suas respectivas contabilidades a título de Fl. 2663DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 12 “adiantamento de clientes” para posterior liquidação da nota fiscal emitida pelos serviços de industrialização. Com este raciocínio aproveita para explicar a declaração do contador de que o valor do aluguel “era deduzido dos valores das notas de industrialização por encomenda”, sendo lançado a crédito na conta “adiantamento de clientes” para posterior “compensação” no pagamento pela industrialização por encomenda demonstrando que tal despesa é suportada financeiramente pelas prestadoras. Quanto às despesas jurídicas, alega que a conta “2106010160002 –USAFLEX”, não citada pela Fiscalização, também estava classificada no passivo circulante, na qual eram lançadas as antecipações realizadas pela autuada por conta da industrialização. Observa que a partir de 2009 a conta passou a ser classificada como adiantamento de clientes. Reclama que o fisco colheu os elementos probatórios que lhe interessam ignorando os que possam interessar ao contribuinte. Quanto às ações trabalhistas reclama que as petições iniciais em reclamatórias trabalhistas, sem qualquer prova produzida nos autos dos respectivos processos, não podem servir de elemento para a acusação grave de simulação fraudulenta. Enfatiza que as ações trabalhistas foram objeto de conciliação e que conciliar não significa reconhecer como verdadeiros os fatos narrados na petição inicial pelo autor. Afirma que inexiste sentença trabalhista condenatória em que tenha sido reconhecida a existência de fraude trabalhista e/ou de empresa interposta. O fato das empresas constituírem o mesmo advogado é justificado para evitar o conflito de teses defensivas. Alega que cada empresa suportava o ônus financeiro decorrente das ações trabalhistas, inclusive em relação a honorários advocatícios conforme documentação que teria acostado aos autos e que cada empresa esteve representada por prepostos distintos. Alega que maliciosamente tais fatos foram deixados de lado pela auditoria. No tocante às supostas assinaturas em documentos das prestadoras diz que as alegações fiscais estão condicionadas à prova técnica (perícia grafodocumentoscópica), sem a qual não é possível reconhecer a autenticidade de assinaturas ou rubricas e que não é papel da Fiscalização emitir juízo de valor com base em mero cotejo visual. Conclui que não se pode admitir que meras interpretações pessoais, no sentido de que se determinada operação fosse realizada de modo diverso ensejaria tributação maior possa ser o motivo para desconsiderar as operações formalmente queridas e realizadas pelo contribuinte e, por conseqüência, exigir tributo de acordo com suas convicções subjetivas, por suposição. Foi exarada Decisão confirmou a procedência, total do lançamento, fls. 2577 a 2604, conforme ementa transcrita: Fl. 2664DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 8 13 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2008 a 31/12/2009 AI Debcad nº 37.303.4296 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES A CARGO DA EMPRESA. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. SIMULAÇÃO. MULTA DE MORA. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CONFISCO. SELIC. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/11/2008 a 31/12/2008 AI Debcad nº 37.303.4300 AUTO DE INFRAÇÃO. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS PARA TERCEIROS. O Auto de Infração que observa o regramento administrativo próprio à espécie, garante o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, não gerando a nulidade do lançamento. No tocante à relação previdenciária, os fatos devem prevalecer sobre a aparência que, formal ou documentalmente, possam oferecer, ficando a empresa autuada, na condição de efetiva beneficiária do trabalho dos segurados que lhe prestaram serviços através de empresa interposta, obrigada ao recolhimento das contribuições devidas. O lançamento é efetuado e revisto de ofício quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação. Cabível a aplicação da multa qualificada de 150% quando constatado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadrase nas hipóteses previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964. A multa aplicada nos estritos limites previstos em lei não caracteriza confisco, não sendo competência funcional do órgão julgador administrativo apreciar alegações de inconstitucionalidade da legislação vigente. Os juros, calculados pela variação da taxa Selic, têm caráter irrelevável e estão de acordo com a legislação vigente na data da ocorrência dos fatos geradores. A legalidade/constitucionalidade das leis é vinculada para a Administração Pública, não cabendo tal questionamento senão perante o Poder Judiciário. Fl. 2665DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 14 O recolhimento efetuado por uma empresa não aproveita outra. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/11/2008 AI Debcad nº 37.345.2802 INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA.GFIP. DECLARAÇÃO COM OMISSÃO DE FATOS GERADORES Apresentar a GFIP com omissão de fatos geradores constitui infração à legislação previdenciária. AI Debcad nº 37.345.2810 INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. GFIP. INFORMAÇÕES INCORRETAS OU OMISSAS. Apresentar a GFIP com informações incorretas ou omissas constitui infração à legislação previdenciária. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não concordando com a decisão do órgão previdenciário, foi interposto recurso pela notificada, conforme fls. 7224 a 7263. Em síntese, a recorrente em seu recurso alega o seguinte: 1. acusa que o lançamento encontrase eivado de vícios formais, caracterizados por omissões no relatório fiscal, cerceando o direito de defesa e ensejando a nulidade do Auto de Infração. 1.1. Inova alegando que a primeira nulidade diz respeito a ausência de ato declaratório de exclusão do SIMPLES para lançamento a partir da desconsideração da personalidade jurídica. 1.2. reclama que não consta a fundamentação fática e jurídica que ampara a constituição do crédito previdenciário, ensejando a nulidade do Auto de Infração com fulcro nos arts. 202 e 203 do CTN (inscrição e cobrança em dívida ativa) ou no art. 37 da Lei nº 8.212/1991(discriminação clara e precisa do fato gerador) e art. 50 da Lei nº 9.784/1999 (motivação do ato administrativo), arts. 243 e 293 do Decreto nº 3.048/1999 e no art. 11, inciso III e art. 59 do Decreto nº 70.235/1972 (disposição legal infringida), impossibilitando o pleno exercício do direito de defesa. 1.3. aponta que a Fiscalização lançou mão da aferição indireta, sequer fazendo referência a este procedimento. Também acusa que o Fisco não elencou os dispositivos legais que fundamentam a desconsideração jurídica entre a impugnante e as empresas MRL, VALTOIR e ELVÍDIO. Refere que a falta de referência ao fundamento legal que sustenta o lançamento ou a sua menção de forma genérica, gera cerceamento do exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório. 1.4. entende que a ausência de comprovação da existência dos pressupostos da relação empregatícia, notadamente a subordinação, entre os segurados das empresas contratadas e a autuada, impede de exercer o amplo direito de defesa. Fl. 2666DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 9 15 2. Pede a nulidade do Auto de Infração por erro/vício formal insanável. 3. Aduz que a Medida Provisória n° 449, de 03/12/2008 (DOU de 04/12/2008), posteriormente convertida na Lei n° 11.941/2009 (DOU de 28/05/2009), revogou expressamente os parágrafos 3º, 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991. Portanto, na data da lavratura do AI 37.345.2802 não mais vigia o dispositivo legal da multa aplicada, não podendo, assim servir de fundamento legal para sua imposição, devendo ser declarada a nulidade do Auto de Infração. 4. MÉRITO 5. Da Insubsistência do Lançamento Da operação de industrialização por encomenda Relata que os atos negociais descritos e apurados pela Fiscalização referemse à terceirização, como forma de redução dos custos de produção, objetivando reforçar a competitividade e que no âmbito calçadista este procedimento se dá através da industrialização por encomenda, onde a autuada –USAFLEX é a empresa “encomendante” e as empresas MRL, VALTOIR e ELVÍDIO são as “industrializadoras”, conforme corroboram os contratos de industrialização por encomenda, acostados aos autos pela Fiscalização (item 7.7 do Relatório Fiscal), sendo descabida a alegação fiscal de simulação. 6. Explicita o procedimento adotado como sendo a operação de industrialização destinada à comercialização ou à nova etapa de industrialização, na qual determinado estabelecimento remete insumos para estabelecimento de terceiros, para que este execute parcial ou complementarmente a operação de industrialização. As matériasprimas necessárias à industrialização são adquiridas e remetidas pelo encomendante através de nota fiscal (CFOP 5.901). Posteriormente, a executora da industrialização, quando da devolução do produto final, emite nota fiscal contendo o valor dos materiais utilizados no processo (CFOP 5.902) mais o cobrado pela industrialização (CFOP 5.124). 7. Da impossibilidade de Desconsiderar Negócios Jurídicos Indiretos Diferencia negócio jurídico indireto de simulação, referindo que nesta há desconformidade entre o desejado e o praticado, obrigando as partes a realizar atos paralelos ocultos e que na primeira hipótese as partes desejam e mantêm o ato praticado que poderá resultar em eventual economia de tributos. 8. Defende que no caso não há simulação porque todas as cláusulas do negócio jurídico realizado são verdadeiras e que o contribuinte tem o direito de se autoorganizar, não estando obrigado a optar pela forma fiscalmente mais onerosa, concluindo que a relação empresarial existente entre as empresas não pode ser qualificada como simulada, eis que os negócios entre elas realizados (todos às claras, sem qualquer ocultação) têm natureza jurídica distinta da relação de emprego, sendo autêntica descentralização da produção (terceirização) pela autuada, típica hipótese de negócio jurídico indireto, sendo todas as declarações de vontade verdadeiras (a USAFLEX quer descentralizar a produção e as demais, MRL, ELVÍDIO e VALTOIR, querem realizar a industrialização por encomenda). 9. Reclama que o Fisco não demonstrou a existência de pacto simulatório entre as partes, e de nenhum "contrato de gaveta" e que ao alegar que as empresas existem apenas para que a autuada possa se beneficiar do Sistema SIMPLES, indiretamente está alegando que seus proprietários não passam de "laranjas". Logo, deveria o Fisco comprovar a Fl. 2667DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 16 existência de um pacto simulatório entre estes e os sócios da autuada, o que não ficou provado nos autos. 10. Da Licitude da Operação de Industrialização por Encomenda, reconhecimento e regulação destas Atividades pela RFB Discorre sobre a licitude da industrialização por encomenda e sobre o reconhecimento e regulação dessa atividade pela RFB, concluindo que a atividade narrada no Auto de Infração tem natureza jurídica de industrialização, não envolvendo cessão de mãodeobra nem prestação de serviços, restando isolado o entendimento expresso na autuação fiscal. 11. Do princípio da tipicidade cerrada – Da impossibilidade de tributar com uso de interpretação extensiva Refere que a autoridade fiscal pretende a aplicação de uma cláusula geral antielisiva, positivada no art. 116, parágrafo único do CTN, que não é autoaplicável e padece de regulamentação. Cita julgado do 1º Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, a respeito da impossibilidade de interpretação extensiva de norma jurídica para imposição de tributos. 12. Da regra matriz de incidência tributária da contribuição previdenciária patronal Alega que não há possibilidade de aplicação da tributação veiculada no Auto de Infração, bem como das respectivas penalidades acessórias, eis que o sujeito passivo do qual está sendo exigida não ocupa a posição de empregador na relação de emprego da qual decorreria o pagamento de salários, não sendo, portanto, contribuinte da exação. Por outro 13. lado, não procedeu a pagamento de remuneração, o que se constitui no “fato gerador” das obrigações tributárias (principais e acessórias) exigidas. 14. Da Compensação dos valores recolhidos no regime Simplificado de tributação – Simples Conclui que o regime tributário favorecido do Simples restou mantido pela Fiscalização para as empresas ELVÍDIO, M.R.L e VALTOIR haja vista que não constou nos autos qualquer informação contrária. 15. Pede a compensação, mês a mês, dos valores relativos aos tributos federais recolhidos indevidamente pelas empresas por via do SIMPLES (Federal e Nacional) com os créditos ora constituídos, alegando que todos são tributos administrados pelo mesmo Órgão. 16. Salienta que o art. 23 da Lei n° 9.317/1996 (Simples Federal) e o Anexo II da LC 123/2006 permitem a visualização do montante referente a cada um dos tributos federais consolidados nos respectivos regimes, o que afasta qualquer óbice à compensação por eventual dificuldade de operacionalização deste procedimento. Em não sendo acatados os argumentos anteriores, pelo menos, o montante da contribuição patronal previdenciária inserido no recolhimento unificado do SIMPLES deverá ser compensado, sob pena da ocorrência de "bis in idem", vedado pelo ordenamento jurídico. 17. iDos supostos indícios da ação fiscal Acusa que a desconsideração das relações jurídicas entre as empresas está baseada em conjecturas e conclusões subjetivas, tendo a Fiscalização presumido que a empresa USAFLEX utilizou de empresas interpostas, optantes pelo sistema SIMPLES de tributação, com a finalidade de omitir e/ou reduzir a contribuição previdenciária, e que os serviços prestados por pessoas jurídicas não podem ser desconsiderados sem prova robusta e concreta. 18. Alega que a Fiscalização não logrou êxito em demonstrar que os atos realizados entre as empresas tenham sido praticados com a finalidade de ocultar ao fisco a ocorrência de fato gerador ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Fl. 2668DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 10 17 19. Aduz que a terceirização está longe de ser aparente, tendo, na prática, efetivamente se consumado sob a forma de industrialização por encomenda. 20. Contesta os argumentos da Fiscalização, chamandoos de “indícios”, referindo que eles não levam à presunção de ocorrência de uma simulação. Destes argumentos destacase: 21. Quanto à atividade e localização: A atividade das quatro empresas não é a mesma. A USAFLEX é fabricante de calcados, detentora de marcas próprias, responsável pelo desenvolvimento das coleções, fabricação e comercialização. Já as empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR dedicamse ao beneficiamento de calçados, isto é, são os atelieres que executam uma etapa da cadeia produtiva, no caso a costura, nem mesmo são fabricantes de partes e ou componentes para calçados. As atividades, embora integrantes do mesmo ramo (setor calçadista), são completamente distintas. 22. As empresas ELVÍDIO e VALTOIR estão instaladas na mesma área geográfica, mas em prédios industriais distintos e separados fisicamente, conforme os respectivos Alvarás de Licença para Localização (docs. Anexo 04). 23. Ressalta que a Fiscalização deixou de mencionar a existência de condomínio industrial (docs. Anexo 05). Tratase de um complexo industrial composto por 12 prédios, sendo alguns de uso comum. Os imóveis pertencem à USAFLEX (à época o nome empresarial da autuada era Stebrás Calçados Ltda), mas tanto a empresa ELVÍDIO quanto a empresa VALTOIR pagam aluguel (docs. Anexo 06) pelo uso dos pavilhões onde exercem sua atividade empresarial, além das despesas condominiais (docs. Anexo 07). No tocante às despesas com aluguéis, registra que a MRL também responde por tal custo, conforme contrato de locação anexo (docs. Anexo 06). Destaca que estas empresas têm acessos distintos ao local de trabalho; cada uma possui relógios pontos e banheiros próprios e registro de domínio na internet, além do que os empregados usam uniformes identificando cada uma delas. Conclui que inexiste vedação legal a que duas ou mais empresas operem no mesmo logradouro. 24. 2) Quanto ao quadro societário: Aduz que a constatação do fato de que sócios das empresas são exempregados ou até mesmo parentes, não é suficiente para a descaracterização das relações empresariais entre elas existentes, se não concorrerem outros requisitos necessários, o que não vê nos autos. Acusa que a descaracterização das relações jurídicas entre a autuada USAFLEX e as empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR está pautada em ilações, conjecturas e conclusões desprovidas do indispensável suporte probatório. 25. 3) Quanto à exclusividade na prestação dos serviços: Admite que existem estabelecimentos industriais com número reduzido de clientes a quem prestam serviços, muitos de forma exclusiva, sem que isso represente simulação de negócios. Informa que há contrato de industrialização por encomenda entre as empresas fiscalizadas firmado em período anterior ao início da presente ação fiscal (docs. anexos ao Relatório Fiscal). Referidos contratos prevêem que as contratadas respondem exclusivamente pelo passivo trabalhista, inclusive prevendo o exercício do direito de regresso em caso de eventual responsabilização. 26. Ressalta que inexiste exclusividade de parte da USAFLEX para com as empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR, salientando que a política da autuada é a terceirização de determinadas etapas do processo produtivo, com diversas outras empresas. Fl. 2669DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 18 27. Afirma que existe autêntica relação empresarial entre a encomendante (USAFLEX) e as empresas responsáveis pela execução da etapa do processo de fabricação de calçados que foi encomendada (MRL, ELVÍDIO e VALTOIR). 28. 4) Quanto à inexistência de máquinas próprias: Informa que as máquinas de costura foram cedidas em comodato para as empresas executoras da industrialização encomendada através de contrato (tudo às claras, sem ocultações), objetivando zelar pela qualidade, observando que a USAFLEX realiza esta operação com diversas outras empresas. 29. 5) Quanto à relação faturamento x custo da mãodeobra: Entende que esta comparação não se presta para descaracterizar a terceirização, justificando que a autuada compra a matéria prima e as remete à industrialização. Posteriormente, faz a venda final do produto para industrializar por encomenda. Em razão da terceirização, visando unicamente a melhor eficiência de suas operações, e melhor competitividade, o custo com pessoal representa um menor peso em relação ao faturamento. As demais empresas arroladas pela Fiscalização vendem os serviços de industrialização, cuja execução exige menos produtos intermediários e mais empregados, o que representa um maior peso em relação a sua receita. 30. Outros aspectos relevantes não levantados pela Fiscalização alega que a denominada terceirização, não proibida pelo ordenamento jurídico, realizada entre empresas com personalidade jurídica distinta, em que uma encomenda e a outra industrializa, não pode ser tipificada como operação simulada, sobretudo quando se teve por escopo a busca de melhor eficiência das operações da impugnante, indicando, no máximo, planejamento tributário, aceito tanto pela doutrina quanto na jurisprudência. O argumento de que a operação de terceirização (industrialização por encomenda) foi realizada apenas para economizar tributos não é apto para a desconsideração de negócios jurídicos; 31. objetivando corroborar a licitude da relação empresarial entre as empresas relacionadas no Relatório Fiscal, cita que no período amostral de 03/2009 e 10/2009 foram emitidas pela autuada 3.741 notas fiscais de remessa de matéria prima para industrialização por terceiros (Anexo 12), e que através de perícia poderão ser verificados os fornecedores (dentre eles a MRL, ELVÍDIO e VALTOIR), as quantidades e os volumes, sendo que tal operação é realizada com diversas outras empresas, identificandoas através da razão social e do CNPJ (fls. 368); 32. apresenta o quantitativo de segurados da autuada no período de 2009, 2010 e 2011, questionando como explicar o aumento substancial (500%) do quadro de empregados da USAFLEX, que passou de 337, em janeiro/09, para 1.682, em junho/11 se a intenção fosse simular a terceirização; 33. Refere tratarse de planejamento tributário, por meio de um negócio jurídico válido e lícito, não cabendo à Fiscalização exigir tributo onde não existe hipótese de incidência, já que os segurados prestam serviços às empresas industrializadoras, sendo elas quem lhes paga a remuneração, não ocorrendo o fato gerador. Sob esta ótica, entende que o contribuinte não pode ser acusado de fraude fiscal por organizar suas atividades de modo menos oneroso, respeitando os princípios constitucionais da legalidade e da livre iniciativa, buscando formas de reduzir custos e economizar tributos. 34. Conclui referindo que não procedem as alegações fiscais de simulação, uma vez que o negócio jurídico (descentralização/terceirização/industrialização por encomenda) não foi efetuado com o único propósito de escapar de tributos, mas sim efetuado com objetivos Fl. 2670DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 11 19 econômicos e empresariais verdadeiros, ainda que o resultado proporcione uma economia tributária, impondose a insubsistência do Auto de Infração lavrado. 35. Do risco econômico do empreendimento: Aduz que a documentação probatória anexada demonstra, de forma inequívoca, que as empresas indevidamente consideradas "fictícias" pela Fiscalização, assumem integralmente o risco econômico do empreendimento, eis que todos os custos e despesas são por estas suportadas. Portanto, não há relação de dependência econômica entre a USAFLEX e as empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR. São estas que efetivamente pagam suas contas, inclusive sendo responsáveis por buscar recursos financeiros junto a instituições financeiras quando necessário. Enfim, são efetivamente autônomas e independentes, não havendo qualquer indício de ingerência da autuada e também que: 36. através de perícia contábil restará devidamente comprovado que as despesas e os custos operacionais são suportados integralmente pelas empresas industrializadoras da encomenda e que as operações bancárias são realizadas pelos próprios titulares/sócios das empresas; 37. os custos com as indenizações trabalhistas são devidamente pagos e lançados na contabilidade das empresas que efetivamente foram empregadoras dos reclamantes (docs. Anexo 14 por amostragem); que inexiste sentença trabalhista condenatória em que tenha sido reconhecido o grupo econômico mencionado no item 2.6.5 do Relatório Fiscal; 38. os gastos com energia elétrica, água, telefone, aluguel e despesas condominiais (docs. Anexos 06 e 07 por amostragem) são efetivamente pagos pelas empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR e devidamente apropriados em suas respectivas contabilidades. 39. Ou seja, nenhuma despesa de tais empresas é apropriada no custo dos produtos vendidos pela autuada; 40. os gastos com software de ponto eletrônico/folha de pagamento, bem como os honorários do contador, são suportados pelas empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR (docs. Anexo 08 por amostragem); 41. as empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR, suportam todos os gastos com alimentação, transporte, uniformes e EPIs (docs. Anexo 09 – por amostragem). Os documentos suporte dos lançamentos contábeis evidenciam que as empresas adquirem quantidades compatíveis com os segurados a sua disposição. 42. as empresas MRL, ELVÍDIO e VALTOIR possuem implementados programas como PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais e PCMSO Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional, além de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) atuante (docs. Anexo 15 – por amostragem). 43. as supostas empresas interpostas, em momentos de dificuldades financeiras, não são beneficiadas com repasse de recursos efetuados pela autuada. Em diversas oportunidades tiveram que contratar mútuos junto a instituições financeiras para honrar com suas obrigações (docs. Anexo 16 por amostragem). Fl. 2671DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 20 44. Da Multa Aplicada da inexistência do dolo específico – Insurgese contra a aplicação da multa qualificada de 150%, acusando que o fisco presumiu que a autuada utilizouse de empresas interpostas, optantes pelo SIMPLES, com a finalidade de omitir e ou reduzir a contribuição social previdenciária. Alega que a multa determinada pelo art. 44, § 1º da Lei nº 9.430/1996 somente se justifica nos casos de evidente intuito de fraude definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964, devendo ser interpretada restritivamente. No caso em tela, é inaplicável a multa de ofício qualificada de 150%, porquanto não ficou demonstrado nos autos pela autoridade lançadora o "evidente intuito de fraude", caracterizado pelo dolo específico, elemento essencial, para se promover a qualificação da multa de ofício. 45. do efeito confiscatório da multa – alega que a multa aplicada é confiscatória por seu montante excessivo e desproporcional, além de não ser permitida pela Constituição que obsta a imposição de penas que exorbitem a capacidade econômica dos indivíduos a ponto de dilapidar o direito de propriedade. 46. acusa de ilegal a aplicação da taxa SELIC sobre débitos tributários, devendo incidir, na espécie, os juros de mora à razão de 1% ao mês, na forma do art. 161, § 1º do CTN. 47. Das Obrigações Acessórias: Debcad nº 37.345.2802 e Debcad nº 37.345.2810 Relata que os Autos de Infração por descumprimento de obrigação acessória foram lavrados por ter a autuada apresentado o documento a que se refere o art. 32, inciso IV da Lei n° 8.212/1991 (GFIP) com omissões e que no entender da autoridade fiscal, a autuada "não declarou na sua GFIP os segurados empregados e contribuintes individuais formalmente vinculados à MRL, ELVÍDIO e VALTOIR, mas que de fato, estão vinculados à USAFLEX". 48. Contrariamente, ressalta que tanto as GFIPs da USAFLEX quanto das empresas VALTOIR, ELVÍDIO e MRL foram entregues corretamente, razão pela qual os Autos de Infração carecem de substância. 49. No entanto, por cautela, argui: 50. Do Descabimento da Multa Aplicada – repisa que o critério de fixação da multa apresentase desproporcional, violando os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em evidente efeito de confisco. 51. Da Retroatividade da Norma Mais Benéfica Refere que não há respaldo legal para o critério adotado pela Fiscalização com vistas a confirmar a penalidade mais benéfica, qual seja, a comparação entre a aplicação da multa de ofício estabelecida pelo inciso I do art. 44 da Lei n° 9.430/1996 (75%) e o somatório da multa de mora do inciso II do art. 35 (24%) mais a multa formal prevista no § 5º do art. 32 (100% com limites), ambos da Lei n° 8.212/1991, na sua redação anterior, ou seja, não se pode comparar as multas anteriores reunidas com a multa de ofício prevista na legislação atual, como se fossem uma coisa só. 52. Entende que a penalidade prevista para cada infração deve ser confrontada isoladamente com a penalidade de igual natureza prevista na legislação analisada, admitindo se, até mesmo, forte nos arts. 106 e 112 do CTN, prevalecer a multa prevista para o descumprimento de obrigação acessória na legislação atual e a multa relativa à obrigação principal constante da legislação revogada, desde que seja mais benéfico ao contribuinte. Fl. 2672DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 12 21 53. Caso mantida a autuação, pede a aplicação da penalidade do art. 32A da Lei nº 8.212/1991, inclusive para fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, nos termos dos art. 106 e 112 do CTN. 54. Do pedido de perícia requer a realização de perícia com vistas à busca da verdade material, objetivando comprovar que existe uma política de descentralização/terceirização das etapas do processo produtivo da autuada, revelando a existência de razões empresariais e autêntico negócio jurídico indireto: que o caso dos autos é de industrialização por encomenda e não há interposição de empresas e nem intermediação de mãodeobra; que não há fato gerador de contribuição previdenciária em relação ao sujeito passivo do qual está sendo exigida e que as empresas consideradas "fictícias" pela Fiscalização operam de forma autônoma e independente, assumindo os riscos do empreendimento. Para tanto, indica contador e formula os quesitos a serem respondidos, consoante fls. 386/388. 55. Por último, requer seja recebida a impugnação para o fim de: 56. a) declarar a nulidade do Auto de Infração por conta dos erros/vícios apontados; 57. b) caso não seja este o entendimento, pede a realização de perícia na documentação acostada aos autos e na escrituração contábil das empresas fiscalizadas, pelas razões expendidas; 58. c) no mérito, seja declarada a improcedência do lançamento, cancelandose o crédito tributário exigido; 59. d) Sucessivamente: 60. d.1) A retificação do AI 37.303.4296 para que sejam compensados, mês a mês, os valores relativos aos tributos federais recolhidos indevidamente pelas empresas ELVÍDIO Luiz Dill EPP, VALTOIR Nunes Fagundes EPP e M. R. L. Atelier de Calçados Ltda EPP por via do SIMPLES com os créditos ora constituídos; 61. d.2) A retificação do AI 37.345.2802 para que seja aplicada a penalidade menos onerosa em todas as competências (art. 32A da Lei n° 8.212/1991), em observância ao princípio da retroatividade da lei mais benéfica, nos termos da fundamentação supra. A unidade da DRFB encaminhou o recurso a este Conselho para julgamento. É o relatório. Fl. 2673DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 22 Voto Vencido Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE: O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação à fl. 7754. Superados os pressupostos, passo as preliminares ao exame do mérito. DAS QUESTÕES PRELIMINARES: QUANTO A NULIDADE PELA NÃO EMISSÃO DO ATO DECLARATÓRIO DE EXCLUSÃO DO SIMPLES. A primeira preliminar argüida pelo recorrente diz respeito a nulidade pela ausência de ato declaratório. Contudo, entendo que, no caso, não há que se falar em nulidade pela AUSÊNCIA DE EMISSÃO DO ATO DECLARATÓRIO SRF PARA EXCLUSÃO DAS EMPRESAS DO SIMPLES, tendo em vista que no lançamento em questão não houve a desconsideração das pessoas jurídicas, ou mesmo sua desconsideração enquanto optantes pelo SIMPLES. Realmente, em alguns procedimentos fiscais, dependendo da realidade encontrada na empresa, opta a autoridade fiscal, por desenquadrar todas as empresas que entende participarem da simulação, do sistema SIMPLES, face existência de grupo econômico. Contudo, não foi essa a linha adotada pela autoridade fiscal no presente caso. Entendo que no procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a condição de vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu o auditor fiscal ao redirecionamento do vínculo empregatício para efeitos previdenciários na empresa autuada, que era a verdadeira empregadora de fato, assumindo gerenciamento direto ou indireto de todos os segurados. Pela análise do relatório fiscal, resta claro que não houve simplesmente caracterização do vínculo de emprego, visto que os segurados já estavam enquadrados como empregados nas empresas auditadas em conjunto; porém constatouse que as características inerentes ao vínculo de emprego levaram a autoridade fiscal a desconsideração das contratações de determinadas empresas fiscalizadas em conjunto, vinculando seus supostos empregados a empresa notificada, já que constatou que a mesma é que preenchia os condição de empregadora, gerenciando de fato toda a atividade. Caso levasse a efeito o entendimento trazido pelo recorrente, o levantamento nem mesmo seria feito na empresa USAFLEX, mas sim, na empresas interpostas, por meio de levantamento da parcela patronal, desconsiderando a condição de optante pelo SIMPLES. Quanto a possibilidade de exclusão de empresas do SIMPLES, ressaltese que não cobrou o auditor contribuições patronais das empresas optante pelo SIMPLES, portanto não houve desenquadramento, para que se determinasse a emissão do Ato de Exclusão. O que ocorreu em verdade, é que em constatando realidade diversa da pactuada inicialmente, procedeu o auditor para efeitos previdenciários ao vínculo dos trabalhadores das empresas interpostas diretamente com a AUTUADA, o que encontra respaldo na própria legislação previdenciária. Fl. 2674DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 13 23 Assim, entendo que o ATO DECLARATÓRIO seria exigido, caso houvesse a desconsideração da opção pelo SIMPLES das referidas empresas, devendo, apenas neste caso, ser feita a comunicação a então Secretaria da Receita Federal, para realizar a emissão do Ato Declaratório. Em nenhum momento a autoridade fiscal disse que as empresas encontravamse irregulares e que dessa forma não poderiam mais funcionar. Pelo contrário, observase, conforme descrito no relatório fiscal, durante o procedimento de auditoria, constatou a fiscalização a existência de estabelecimentos que embora possuam CNPJ próprios, estão de fato, sob a administração das mesma pessoa. O que vislumbrou o auditor, conforme descrito no relatório fiscal, é a possibilidade de utilização indevida do Sistema simplificado, pela transferência de empregados, porém restou constatado que a subordinação continuou com a empresa notificada. Tais procedimentos e artifícios, conjugados com a utilização dos mesmo empregados, entre as empresas, conspiraram para o mesmo resultado: Sonegação de tributos devidos à Previdência Social, que agora, os lançamentos fiscais buscaram resgatar. A aparente distinção entre as empresa permitiu aos empresários usufruírem indevidamente do tratamento tributário simplificado e favorecido instituído pela Lei nº 9317/96 (Lei do Simples), mas constatandose que na verdade quem detinha a gerência sobre os ditos empregados era a empresa autuada. Dessa forma, a confusão entre gerência e desempenho de atividades corrobora com as informações trazidas pela autoridade fiscal neste AIOP Por fim, cumprenos esclarecer que a autoridade fiscal não extrapolou de seus limites, quando da cobrança do crédito, desrespeitando os limites legais. A fiscalização previdenciária é competente para constituir os créditos tributários decorrentes dos fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme descrito no art. 1º da Lei 11.098/2005: Art. 1o Ao Ministério da Previdência Social compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento, em nome do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição, bem como as demais atribuições correlatas e conseqüentes, inclusive as relativas ao contencioso administrativo fiscal, conforme disposto em regulamento. Ademais, não compete ao auditor fiscal agir de forma discricionária no exercício de suas atribuições. Desta forma, em constatando a falta de recolhimento, face a ocorrência do fato gerador, cumprilhe lavrar de imediato a notificação fiscal de lançamento de débito de forma vinculada, constituindo o crédito previdenciário. O art. 243 do Decreto 3.048/99, assim dispõe neste sentido: Art.243. Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Fl. 2675DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 24 Assim, não consigo identificar a nulidade apontada pelo patrono da recorrente. Não estamos falando diretamente de desconsideração de pessoa jurídica, mas observância dos princípios, por exemplo da primazia da realidade, onde valem mais os fatos que os documentos. Em restando demonstrado que o verdadeiro empregador era único, compete a fiscalização simplesmente proceder a vinculação das pessoas que lhe prestavam serviços enquanto segurados empregados para efeitos previdenciários. Portanto, não assiste razão ao recorrente, pois a presente notificação encontrase revestida das formalidades legais, tendo sido lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, consoante disposto no artigo 33 da lei n° 8.212, de 1991, senão vejamos: Art. 33 Ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "a" , "b" e "c" do parágrafo único do art. 11. bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "d" e "e" do parágrafo único do art. lI, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. Ainda apenas para efeitos de esclarecimento ao recorrente nos termos do artigo 229 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.o 3.048, de 06 de maio de 1999, também é muito claro ao dispor que: Art.229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: 1 arrecadar e fiscalizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nos incisos 1, 11, 111, IVe V do parágrafo único do art. 195. bem como as contribuições incidentes a título de substituição; (Redação dada pelo Decreto n" 4.032, de 26/11/2001) 11 constituir seus créditos por meio dos correspondentes lançamentos e promover a respectiva cobrança; III aplicar sanções; e IV normatizar procedimentos relativos à arrecadação, fiscalização e cobrança das contribuições referidas no inciso 1. § 1" Os Auditores Fiscais da Previdência Social terão livre acesso a todas as dependências ou estabelecimentos da empresa, com vistas à verificação física dos segurados em selviço. para confronto com os registros e documentos da empresa, podendo requisitar e apreender livros, notas técnicas e demais documentos necessários ao perfeito desempenho de suas funções, caracterizandose como embaraço à fiscalização qualquer dificuldade oposta à consecução do objetivo. (Redação dada pelo Decreto n" 3.265, de 29/11/99) Fl. 2676DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 14 25 § 2" Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9~ deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (Redação dada pelo Decreto nU 3.265, de 29/11/99) (grifo nosso). Destaco aqui as palavras do ilustre Ministro Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do Trabalho. Ed. LTR. 5° Edição, 2006, pág. 363364), quando sendo identificada relação fática diversa da realidade, compete as autoridades públicas, cada uma em seu campo de atuação, proceder a correção das mesmas, e quando necessário proceder a aplicação das penalidades a ela inerentes. A dinâmica judicial trabalhista também registra a ocorrência de uma situação fáticojurídica curiosa: tratase da utilização do contrato de sociedade (por cotas de responsabilidade limitada ou outra modalidade societária existente) como instrumento simula tório, voltado a transparecer, formalmente, uma situação fáticojurídica de natureza civil/comercial, embora ocultando uma efetiva relação empregatícia. Em tais situações simulatórias, há que prevalecer o contrato que efetivamente rege a relação jurídica entre as partes, suprimindose a simulação evidenciada. PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO Destacase, ainda em sede de preliminar que o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento de defesa, ou ofensa ao princípio do contraditório e da ampla defesa, tampouco pela falta de fundamentação legal. Destacase que todos os passos necessários a realização do procedimento: encontramse devidamente descritos no processo, inclusive com encontramse anexados os respectivos termos que não apenas demonstram a regularidade do procedimento, como as devidas intimações, TIAD, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária e prestasse os esclarecimentos necessários. Quando do encerramento do procedimento, foram entregues ao recorrentes os relatórios e documentos descrevendo os fatos geradores e fundamentação legal que constituíram a lavratura do AI ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes. Notese, que as alegações de que o procedimento não poderia prosperar por não ter a autoridade realizado a devida fundamentação das contribuições, baseandose em presunções, não lhe confiro razão. Não só o relatório fiscal se presta a esclarecer as contribuições objeto de lançamento, como também o DAD – Discriminativo analítico de débito, que descreve de forma pormenorizada, mensalmente, a base de cálculo, as contribuições e respectivas alíquotas. Sem contar, ainda, o relatório FLD – Fundamentos Legais do Débito que traz toda a fundamentação legal que embasou o lançamento. Merece destaque o fato de ter a autoridade julgadora detalhado enumeras situações fáticas, que demonstravam verdadeira confusão entre os empregados da empresa USAFLEX e suas supostas contratadas terceirizadas. Fl. 2677DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 26 Quanto a suposta simulação entendo que logrou êxito a autoridade fiscal em demonstrar por meio dos relatórios, documentos, anexos as situações fáticas que o levaram a caracterizar para efeitos previdenciários, os segurados inicialmente contratados pela empresas. DA INDICAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL DA AFERIÇÃO INDIRETA O primeiro argumento do recorrente de que não houve fundamentação da aferição indireta, encontrase superado pelo próprio relatório fiscal que destaca no item 2.1 que a autoridade fiscal valeuse da apuração indireta das base de cálculo, tomando como base documentos inicialmente não pertencentes a autuada. Aliás, esse fato já restou devidamente esclarecido pelo julgador de primeira instância, razão pela qual não merece maiores considerações, fl. 23 da decisão (2589 dos autos). Quanto a indicação do dispositivo legal da aferição, embora não esteja o mesmo expresso do relatório, não entendo que isso cause qualquer nulidade no procedimento. Ora, já encontrase pacificado no âmbito deste Conselho, que o contribuinte defendese dos fatos que lhe são imputados, e não de dispositivos legais. Por inúmeras vezes, no passado, ao apreciar casos em que mencionava o auditor a utilização da aferição indireta, procediam os colegiados a nulidade dos lançamentos, contudo, a base para o fundamento não deve ser a ausência de um dispositivo, mas, sim a impossibilidade do recorrente de defenderse, ou seja, o cerceamento do direito de defesa. Foi esse fato, que ensejou a mudança do posicionamento dos colegiados. Hoje, pelo menos em sua maioria, não se determina nulidade pela simples ausência do dispositivo, mas, apenas quando constatada a ausência de elementos claros sobre o procedimento realizado, dos fatos geradores apurados, não permitindo ao recorrente defender se adequadamente. No presente caso, observase que o recorrente entendeu não apenas os fatos geradores ora lançados, como defendeuse das acusações que lhes foram imputadas. Porém o fato de não concordar com as conclusões da autoridade fiscal não torna o lançamento nulo. Assim, entendo que realizou o auditor devidamente o lançamento, tendoo fundamentado na legislação que rege a matéria, qual seja: lei 8212/91, Decreto 3.48/99. Ressalto, que não apenas o auditor realizou de forma adequada as fundamentações e descrições necessárias para caracterizar a simulação, como a autoridade julgadora de 1ª instância ao rebater os mesmos argumentos apontados na defesa, destacou de forma detalhada os dispositivos legais, descritos no relatório FLD, que também fundamentaram o lançamento. Assim, razão não assiste ao recorrente. No que diz respeito aos autos de infrações lavrados também não há que se falar em nulidade, pois os mesmos encontrase devidamente fundamentados, inclusive em relação as multas aplicadas e as alterações promovidas pela MP 449, convertida na lei 11.941 DO MÉRITO Quanto a inexistência de relação direta entre a empresa USAFLEX e as empresas MRL, ELVÍDIO E VALTOIR contratadas e que segundo o recorrente seriam os empregadores, entendo que novamente não logrou êxito o recorrente em demonstrar a inexistência de relação. Basta uma leitura do relatório fiscal e do relatório complementar realizado quando da conversão do julgamento em diligência e dos inúmeros anexos que o compõem para que se chegue a mesma conclusão trazidas pelo auditor fiscal no lançamento em questão e em todos os demais lavrados durante o mesmo procedimento. Fl. 2678DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 15 27 Conforme já afastado em sede de preliminar, entendo que longe está o lançamento em questão de fundarse em mera presunção. O que restou exaustivamente descrito no relatório e pelo que se pode constatar da análise dos autos, é que a autoridade fiscal, buscou demonstrar que as empresas, ditas como contratadas como meras prestadoras de serviço, eram na verdade fachada, posto que não se identificou a existência de comando gerenciamento, nem tampouco estavam os seus empregados a lhe prestar serviços verdadeiramente. Entendo que diversos são os fatos que devem ser considerados no lançamento em questão, nenhum deles tido de forma isolada. O que se nota é uma espécie de terceirização sim, conforme argumentou o próprio recorrente, contudo realizado de forma irregular, o que ensejou conforme preceitua o princípio trabalhista da Primazia da Realidade o vínculo entre a USAFLEX e os empregados das EMPRESAS: Conforme trazido pelo próprio recorrente, entendo perfeitamente cabível a especialização e descentralização de suas atividades, (adotando uma sistemática de planejamento tributário) contudo, para tanto deve primeiramente observar parâmetros legais, para só em observandoos, valerse de estratégias administrativas para busca da excelência e redução de custos. Todavia o que não se admite é contratar empresas, para que seus funcionários prestem serviços dentro do próprio estabelecimento da tomadora, em sua atividade fim, com evidente confusão entre as funções exercidas, visto que o auditor demonstrou em seus relatórios, por meio de narrativas sobre as constatações e diversos documentos a que teve acesso, que os mesmos prestam verdadeiramente serviços para empresa USAFLEX, sendo que em muitos casos, os seus funcionários, tratam as supostas empresas contratadas como prestadoras como verdadeiras filiais da primeira, conforme as reclamatórias trabalhistas citadas pelo auditor. Nos termos da Súmula 331 do TST, dispositivo hoje que regula a terceirização do Direito Trabalhista Brasileira, visto ausência de norma específica, vejamos: Contrato de Prestação de Serviços Legalidade I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 TST) III Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 2006 1983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. V Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei n.º 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como Fl. 2679DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 28 empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. Ou seja, da análise da referida Súmula, notase que não merece guarida a contratação de outras empresas, na forma como realizado pela recorrente e demonstrado pela autoridade fiscal. Observase de pronto o item III da referida súmula que não admite, em regra, a contratação de serviços terceirizados para atividades fim do empreendimento, formandose o vínculo diretamente com o tomados dos serviços. Ora, por si só esse argumento trazido pelo próprio recorrente, demonstra quão equivocada estava sua pretensão de valerse de empresas interpostas para executar sua atividade. Aqui independente do fato de as empresas contratadas estarem ou não sob a égide do Sistema de Tributação SIMPLES, correto o posicionamento adotado de formação do vínculo para efeitos previdenciários, sempre que constatado que a tomadora dos serviços agia como verdadeira empregadora. Novamente, conforme descrito pela autoridade julgadora e novamente trazido a baila pelo recorrente, a fiscalização não desconsiderou a personalidade jurídica das empresas contratadas, mas tão somente considerou que os seus empregados (já identificados como tal nas GFIP de cada um dos estabelecimentos), na verdade prestavam serviços para a USAFLEX, conforme descrito no relatório fiscal. Assim, não haveria porquê caracterizar os segurados como empregados da USAFLEX, visto que a condição de empregado já lhes era inerente, posto que constavam na GFIP das empresas MRL< ELVIDIO E VALTOIR. . Entendo que no caso, deve o auditor demonstrar a verdadeira confusão na prestação de serviços, o que no caso, serve para justificar a vinculação discutida pelo recorrente. Ademais, conforme visto acima, a suposta “terceirização”, não é cabível em atividades fim do tomador. e entendo que assim, como descrito pelo auditor, manter empresas, dentro de suas próprias instalações para cumprir etapa do seu processo produtiva, leva sim a uma confusão entre as diversas atividades desenvolvidas. Não estou dizendo com isso que uma industria tenha que desenvolver todas as fases da cadeia produtiva, mas ao trazêlas para suas próprias dependências ofertandolhes em comodado as máquinas para desenvolvimento da sua produção, com existência de reclamatórias trabalhistas (extintas por acordo), em que os reclamantes atestam a confusão no gerenciamento das atividades, outra conclusão não posso chegar, senão a de que o uso das supostas “empresas interpostas” deuse no sentido de simular a realidade dos fatos. Aliás, importante comentar uma citação trazida pelo patrono da empresa acerca da atividade de “beneficiamento dos calçados”, atividades que segundo ele, eram desenvolvidas pelas contratadas: “o Atelier de calçados pode ser definido como um pequeno empreendimento onde se confeccionam partes dos sapatos ou fases inteiras como o chamado préfabricado (que é parte do solado). NO geral, os atelieres são administrados por ex funcionários das empresas maiores, que se demitiram destas e passaram a prestar serviços de produção. Estas peças ou partes do sapato são produzidas fora da planta industrial das granes Fl. 2680DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 16 29 fábricas calçadistas. (SCHENEIDER, S. O mercado de trabalho da indústria coureiracalçadista do Rio Grande do Sul). Observe que no exemplo transcrito, os chamados atelieres desenvolviam as atividades fora das dependências dos contratantes, justamente para que fique clara a existência de empresas distintas. ENDEREÇOS ÚNICOS Traz o auditor no item 2.5 do REFISC, que os endereços das empresas eram diferenciados em sua maioria apenas pelo número DO ANEXO, tendo sido constatado por meio de diligências que nos respectivos endereços não havia organização física das empresas, dita por contratadas como prestadora de serviços. Entendo que nesse ponto, um comentário se mostra relevante. A contratação de prestadores de serviços, conforme argumentado pelo recorrente, possibilita que os trabalhadores (prestadores) estejam prestando serviços nas empresas tomadoras em atividades “meio”, ou de limpeza, conservação e vigilância, contudo, as empresa prestadoras deve possuir sede própria, com contabilidade regular, registro de todas as suas operações financeiras e contábeis. Ressaltese ainda, que as empresas ditas pela autoridade fiscal como fictícias não possuem sede própria, encontrandoinseridas nos prédios da USAFLEX, sem que houvesse prova do pagamento de aluguéis, (alegando o recorrente, que não procedia ao pagamento dos mesmos, tendo em vista que eram valores deduzidos dos valores pagos pela prestação de serviços.). Concordo que o elemento “endereço único”, tomado isoladamente não seria suficiente para descrever a prática simulatória, caso o recorrente demonostrasse a existência de estruturas reais que demonstrassem a viabilidade dos negócios. Contudo, carreado com os demais elementos que analisaremos adiante, servem sim de subsidio para as conclusões a que chegou o auditor fiscal. AUTONOMIA DAS EMPRESAS CONTRATADAS Dando continuidade ao raciocínio exposto acima, outro fato deve ser destacado. Existe verdadeira autonomia das empresas contratadas? Ora, é nesse ponto, que se encontra a falha do recorrente em comprovar que as empresas “interpostas” eram auto suficiente e autônomas. Primeiro, uma fato trazido pelo auditor, chama nossa atenção. O que leva um empresário a explorar uma atividade empresarial e realizar um contrato de prestação de serviços? Acredito que a única resposta plausível seria “aferir lucro”. Mas, como é possível aceitar o argumento de autonomia das empresas interpostas, quando o próprio auditor demonstra que o custo da mão de obra e encargos das contratadas absorve a quase totalidade do valor do seu faturamento, variando de 75% a 97% deste. Ou seja, restou demonstrado a inviabilidade do negócio, tendo em vista, que além da mão de obra, existiriam outros custos operacionais a cargos das referidas empresas. A narrativa do auditor a este respeito encontrase descrita no item 2.8. Conforme descrito acima, houve por parte da autoridade fiscal, relato com vistas a identificar uma a uma, todos os elementos de prova, pelos quais concluiu pela inexistência de empresas de fato vinculando seus trabalhadores a empresa USAFLEX, conforme destacamos a seguir de trechos extraídos do próprio relatório fiscal: QUANTO A EXCLUSIVIDADE DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. Fl. 2681DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 30 Também esse fato narrado pelo auditor, corrobora diversos de suas conclusões, mas não tomado isoladamente. Conforme argumenta o recorrente existiam lançamentos contábeis em nome das contratadas MRL, ELVÍDIO E VALTOIR, contudo toda a sua receita era advinda da prestação de serviços nas atividades junto a USAFLEX, o que levanos (assim como descrito pelo auditor) a uma conclusão: o ônus das despesas sempre foi arcado pela USAFLEX. Porém entendo que esse argumento, não sustentaria o lançamento tomado isoladamente. Destacase, assim como já informado anteriormente que não se trata de mera presunção, mas constatação de que as empresas não possuíam a dita autonomia gerencial, ou mesmo física, sendo que a condição de emprego era verdadeiramente prestada em nome da USAFLEXA. Observa o auditor no item 2.9 e posteriores do relatório, onde indica, que as empresas “prestadoras” não possuíam em seu ativo, máquinas e equipamentos que justificassem sua autonomia. Mesmo que se diga, que as mesmas existem no papel, ou seja, devidamente inscritas perante os órgãos governamentais, não há como afastar o fato que foram criadas para dar suporte as atividades da autuada. Senão vejamos: prestavam serviços relacionados a fabricação e acabamento de calçados, nas dependências da autuada, com equipamentos destas, prestando serviços exclusivamente. Essa situação já nos demonstra que a criação das mesmas, deuse no intuito que as mesmas prestassem serviços para autuada, o que corroborado aos aspectos que demonstram a inviabilidade de prosperidade (face a relação entre receitas e despesas). Alías assim descreveu o auditor: Observa se, como já amplamente explicitado no Relatório Fiscal do processo referido, que aquelas despesas nas quais a USAFLEX possuía interesse que as prestadoras MRL, ELVIDIO e VALTOIR assumissem como suas, estão sim contabilizadas na contabilidade destas. Frisese bem, para TODAS as prestadoras os custos com pessoal representam mais de 70% da Receita. Por sua vez, dentro do universo “despesas”, os custos com pessoal representam quase a totalidade destas. 6. Assim, o argumento apresentado pelo contribuinte em impugnação de que o fato das despesas transitarem pela contabilidade das prestadoras (MRL, ELVIDIO e VALTOIR) demonstra que as mesmas assumem o risco econômico do negócio, é falacioso. Ora, é evidente que todas as despesas, aquelas em que há interesse das envolvidas em assumir estarão lançadas nas prestadoras. E é exatamente disto que se trata, fazer transitar pela contabilidade das empresas interpostas, além das despesas diretas com pessoal, outras despesas, objetivando dissimular a realidade dos fatos e manter a “aparência” de que as prestadoras assumem o risco econômico do negócio.. 7. Para uma compreensão adequada do caso em tela, é necessária uma análise global das contabilidades das prestadoras referidas, isto é, não somente o aspecto “despesas” merece atenção, mas, também, o aspecto “receitas”. E, neste aspecto, conforme já exaustivamente demonstrado no Relatório Fiscal do processo em pauta, as receitas provém exclusivamente de serviços prestados a USAFLEX. O que significa dizer que indiretamente as despesas são suportadas por recursos Fl. 2682DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 17 31 provindos da USAFLEX. Ou seja, há uma dependência total dos recursos desta. FATOS CONTÁBEIS RELEVANTES PARA CARACTERIZAÇÃO Com relação a contabilizações destacou o auditor no relatório fiscal complementar: 8.1.2.1. Conta aluguéis (demonstrativos de lançamentos constantes no Anexo G Valtoir, Anexo H MRL, Anexo I Elvidio) Esta conta, compõemse de lançamentos de suposto pagamento de aluguéis por parte das prestadoras à USAFLEX. Solicitados os documentos comprobatórios destes lançamentos, os contribuintes referidos limitaramse a apresentar um simples recibo sem, no entanto, apresentar o respectivo documento de liquidação o qual comprovaria de forma inequívoca que esta despesa foi custeada pela prestadora. Além disso, os contribuintes, todos representados pelo mesmo contador Sr. Nereu Theobaldo Renck, CPF 317.268.44072 explicaram por escrito não possuir tais comprovantes pois nas palavras do contador “era deduzido dos valores totais das Notas Fiscais de Industrialização por encomenda”. 8.1.2.2. Conta 3103021900002664 – Despesas jurídicas da MRL (demonstrativo de lançamentos por amostragem constante do Anexo 3 ao TIF 2 de MRL). Conforme se depreende do demonstrativo e dos documentos apresentados pelo contribuinte os valores ali registrados referemse a pagamento de parcelas relativas a acordos trabalhistas. Os lançamentos datados de 25/04/2008, 25/06/2008, 25/07/2008 todos com valor de R$ 500,00 e 08/09/2008 com valor de R$ 380,00, possuem como contrapartida a conta número 2106010160002 – USAFLEX. Conciliando os mesmos com os lançamentos registrados na conta 1101020500000013 – Caixa Econômica Federal, verifica se nas datas mencionadas a existência de depósitos efetuados pela USAFLEX em favor da MRL, em valores idênticos aos referidos. Sendo que o depósito do valor de R$ 380,00 ocorreu em 28/08/2008. Assim, percebeuse uma vinculação muito específica dos adiantamentos da USAFLEX com as despesas da empresa referidas. A partir disto decidiuse analisar a conta bancos das três prestadoras. 8.1.2.3. Conta bancos: da análise desta conta tanto para Valtoir como para Elvidio e MRL foi possível observar uma sistemática bastante interessante dos lançamentos nelas constantes. Conta contábil número 1101020300000011 – Banco Bradesco S/A C/C Valtoir (demonstrativo de lançamentos por amostragem constante do Anexo 5 ao TIF 2, Valtoir Nunes Fl. 2683DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 32 Fagundes). Deste demonstrativo selecionamos a título exemplificativo alguns lançamentos conforme segue: Na data 03/01/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 35.000,00.. Por sua vez em 04/01/2008, utilizando a mesma conta o contribuinte VALTOIR pagou salários no valor de R$ 34.550,00. Em 17/01/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 28.000,00. No dia seguinte 18/01/2008 a Valtoir efetuou adiantamento de salários no montante de R$ 27.741,00. No dia de 31/01/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 31.000,00. Na mesma data a Valtoir transferiu R$ 30.994,00 para as contas dos funcionários para pagamento de salários. Em 22/02/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 12.300,00. Na mesma data a Valtoir pagou energia elétrica no valor de R$ 12.299,46. Na data de 05/03/2008 a USAFLEX transferiu para a conta referida R$ 44.377,00.Neste dia a Valtoir pagou os salário do mês 02/2008 através de transferência para a conta dos funcionários num montante idêntico de R$ 44.377,00 Conta número 1101020100000009 – Banco do Brasil S/A – C/C – Valtoir (demonstrativo de lançamentos por amostragem constante do Anexo 3 e 6 ao TIF 2 da Valtoir Nunes Fagundes). Deste demonstrativo selecionamos a título exemplificativo alguns lançamentos conforme segue: Em 19/06/2008 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 3.472,00. No dia seguinte o contribuinte Valtoir transferiu da mesma conta os mesmos R$ 3.472,00 para as contas dos funcionários a título de adiantamento de salário. Em 04/09/2008 a USAFLEX transferiu R$ 6.485,00 para esta conta. Em 05/09/2008 a empresa Valtoir fez transferência para as contas dos funcionários a título de pagamento de salários no valor de R$ 6482,00. Em 06/01/2009 a USAFLEX transferiu para esta conta R$ 13.300,00 e em 07/01/2009 a Valtoir pagou salário dos funcionários via transferências da mesma conta no valor de R$ 13.210,00. No dia 02/04/2009 a USAFLEX transferiu para a mesma conta R$ 21.000,00. No dia seguinte o contribuinte Valtoir efetuou transferências para as contas dos funcionários nos valores de R$ 1.924,00 e R$ 19.029,00, perfazendo um montante de R$ 20.953,00. Conta número 1101020300000011 – Banco Bradesco S/A C/C da MRL (demonstrativo de lançamentos por amostragem constante do Anexo 4 ao TIF 2 da MRL). Dada a similaridade dos lançamentos em todas as competências, mencionamos apenas dois a título de exemplo: Em 04/01/2008 a USAFLEX efetuou depósito nesta conta no valor de R$ 400,00. No mesmo dia o banco debitou nesta conta o Fl. 2684DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 18 33 valor de R$ 392,49 referente ao pagamento de seguro de vida da MRL. O lançamento contábil debita a conta de despesas da MRL “Seguros”. Em 06/02/2008 a USAFLEX efetuou depósito nesta conta no valor de R$ 400,00. No dia 29/02/2008 o banco debitou nesta conta o valor de R$ 392,49 referente ao pagamento de seguro de vida da MRL. O lançamento contábil debita a conta de despesas da MRL “Seguros”. Conta número 10101020513 – Caixa Econômica Federal – C/C da ELVIDIO (demonstrativo de lançamentos por amostragem constante do Anexo 4 ao TIF 2 da ELVIDIO). Em 22/06/2009 a ELVIDIO emitiu cheque no valor de R$ 13.794,73 para pagamento de DARF e empréstimo de funcionários. Na mesma data recebeu nesta conta um depósito da USAFLEX no montante de R$ 13.800,00. Em 25/06/2009 constam lançados os seguintes pagamentos feitos pela ELVIDIO, R$ 6.043,95, título da Gutten Appetit Alimentação, R$ 166,27 referente a adiantamento de salários, R$ 56,85 multa rescisória do FGTS e R$ 328,64 referente a pagamento de verbas rescisórias a funcionário, perfazendo um total de R$ 6.595,71. Na mesma data a USAFLEX efetuou transferência bancária para esta conta no valor de R$ 6.600,00 8.1.2.4..Observese que, embora a contrapartida para esta transferência de recursos seja a conta adiantamento de fornecedores, a qual posteriormente é conciliada com a conta industrialização por encomenda, procedimento regular, portanto, o que chama a atenção neste caso é o número de adiantamentos, com valores muitos específicos similares ou idênticos aos das despesas pagas pelas prestadoras e em datas também similares ou idênticas à liquidação das despesas das prestadoras. 8.1.2.5. O que se conclui é que a USAFLEX vai “abastecendo” ou liberando os recursos, não na medida em que a industrialização por encomenda vai ocorrendo como seria usual, e sim na medida em que despesas das prestadoras vão ocorrendo. Em outras palavras, o que comanda a liberação destes recursos é a necessidade de pagamento das despesas das prestadoras. 8.1.2.6. Nas explicações aos Anexos 3, 4, 5 e 6 ao Termo de Intimação Fiscal 2 de Valtoir Nunes Fagundes, aos Anexos 3, 4, 5 e 6 de MRL e 3, 4, 5 e 6 de Elvidio Luiz Dill, o contador afirma que “os lançamentos foram efetuados sob Adiantamento do Fornecedor para pagamento das despesas inerentes do Atelier”. Reforçando, assim, nosso entendimento. Quanto a alegação de que a fiscalização não logrou êxito em demonstrar que os atos praticados não foram realizados ou não eram válidos. Também não demonstrou a existência de negócio jurídico oculto, sem o qual não há que se falar em dissimulação, não lhe Fl. 2685DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 34 confiro razão. A leitura dos aspectos contábeis, assim, transcritos, levase sim, a conclusão de uma simulação oculta por parte da USAFLEX. E AS CONTRATADAS. Em uma negociação comercial, sem que as empresas tenham correlação, verificamos, a existência não apenas de uma contabilidade regular, mas em especial do lançamento de todas as despesas e o lançamento das receitas obtidas com vendas, mas no momentos em que cumprido os cronogramos de produção (assim, como mencionado pelo auditor). Essa série de adiantamentos a fornecedores, em momante igual as suas folhas de pagamentos, ou outras despesas, (como acordos trabalhistas), apenas ratificam, o que já podese concluir. Não existe uma administração independente de seu ativo e passivo, já que as próprias despesas operacionais básicas (FOPAG, por exemplo), são repassadas, nas datas em que são quitadas, por meio de contas bancárias. Isso, no meu entender, demonstra uma administração das contratadas pela autuada. DAS RECLAMATÓRIAS TRABALHISTAS – CONFIGURAÇÃO DE GERENCIAMENTO ÚNICO. Descreveu a autoridade fiscal em seu relatório complementar fl. 2493: 8.2.2.1. No processo 000573.03.2012.5.04.0383 (primeira reclamada MRL ATELIER DE CALÇADOS LTDA, segunda reclamada USAFLEX CALÇADOS LTDA) em sua peça inicial o reclamante afirma: “A segunda Reclamada, a empresa USAFLEX, deverá ser responsabilizada solidária e/ou subsidiariamente pelos eventuais créditos trabalhistas, advindos da presente reclamatória, em favor do Autor, eis que fazia parte do mesmo grupo econômico da Primeira Ré, bem como se beneficiava dos serviços prestados pelo autor.” “Frisese que, toda a produção da Primeira Reclamada é sob orientação, fiscalização e subordinação da Segunda Reclamada” (grifamos) 8.2.2.2. Da mesma forma, no processo 000765.33.2012.5.04.0383 (primeira reclamada MRL, segunda reclamada USAFLEX) em sua petição inicial o reclamante afirma: “A reclamante foi contratada pela primeira reclamada com quem mantinha vínculo empregatício, no entanto sempre prestou seus serviços para a segunda reclamada, que era quem se beneficiava com seu trabalho....” “A segunda reclamada fornecia os pedidos, modelos, matéria prima e ainda fiscalizava a produção, exigindo qualidade e produtividade” (grifamos) 8.2.2.3. No mesmo sentido, e mais contundentes ainda são as afirmações feitas pelo reclamante na peça vestibular do processo 000816.44.2012.5.04.0383 (Primeira reclamada ELVIDIO LUIZ DILL EPP, segunda reclamada USAFLEX, terceira reclamada STEBRAS IND. E TRANSP): “O autor foi contratado pela primeira ré. Assim, não se discute o vínculo com ela. No entanto, propõe a ação também contra a segunda e a terceira rés porque elas, juntamente com a primeira Fl. 2686DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 19 35 ré, formam um grupo empresarial” “A primeira ré presta serviços de forma exclusiva para a segunda e funciona no prédio dela (da segunda)” “Tendo em vista que a segunda ré comercializa os calçados produzidos pela primeira, é crível concluirse que ambas trabalham em conjunto e que a primeira, na prática, é uma seção de produção..” “Ademais, diariamente, o autor almoça no refeitório da segunda ré, bem como utiliza o veículo que transporta o pessoal das duas primeiras rés” “As rés simulam a criação de empresas para se eximir dos tributos devidos” “Evidenciase a prática de crime de sonegação fiscal...” Da mesma forma afirma o reclamante na petição inicial do processo 000751.49.2012.5.04.0383 (Primeira reclamada ELVIDIO LUIZ DILL EPP, segunda reclamada USAFLEX, terceira reclamada STEBRAS IND. E TRANSP): “...todas as rés pertencem ao mesmo grup econômico. Assim, deverão responder de forma solidária pelos créditos trabalhistas do autor em relação à contratualidade” “Outrossim, a segunda fornecia o ônibus que transportava o pessoal de todas as rés.” (grifamos) e) Já na peça inicial do processo 000770.55.2012.5.04.0383 (primeira reclamada Valtoir Nunes Fagundes, segunda reclamada USAFLEX o reclamante afirma: “A Primeira e a Segunda Reclamadas fazem parte do mesmo grupo econômico, pois seus sócios proprietários são os mesmos. O Reclamante sempre trabalhou no mesmo parque fabril, utilizando o mesmo maquinário e os mesmos funcionários” 8.2.2.5. Os trechos acima transcritos, frisamos, referemse a uma pequena amostragem de ações trabalhistas tendo sido encontrados termos similares em diversas outras ações, as quais não foram citadas aqui em virtude do volume de documentos que isso geraria. Citese também que o argumento do recorrente de que as informações constantes em reclamatórias são inverídicas, não condiz com os fatos narrados pelo auditor e pelo próprio recorrente, posto que foram apresentadas diversos outros elementos no processo, mencionadas pelo auditor. GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HUMANOS DISPONÍVEIS 8.2.3.1.Analisando os documentos apresentados pelos contribuintes para comprovação dos lançamentos contábeis das contas acima mencionadas, verificamos que em todos os recibos de adiantamento a fornecedores por nós analisados emitidos por MRL, VALTOIR e ELVIDIO consta a assinatura da Sra Sueli Marmitt. Por oportuno, informamos que Sueli Marmitt é contabilista da USAFLEX, tendo sido ela inclusive a assinar o Fl. 2687DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 36 Termo de Início de Procedimento Fiscal junto a USAFLEX conforme fls 74 do presente processo. Interessante observar que tais recibos são documentos emitidos pelas prestadoras referidas, pois são elas que devem atestar que receberam aqueles adiantamentos e, portanto, é a assinatura das mesmas nas pessoas dos seus representantes legais que deveria constar nestes recibos. No entanto, observase que quem assina é Sueli e abaixo da sua assinatura é preenchido apenas o nome das prestadoras MRL, VALTOIR ou ELVIDIO. 8.2.3.3. Verificamos, ainda, a existência de Termos de Rescisão de Contrato de Trabalho (doc anexo) de segurados empregados das prestadoras nos quais a Sra. Sueli assina no local destinado à assinatura do empregador . 8.2.3.4. Também constatamos que os cheques administrativos por nós analisados referentes a lançamentos nas contas supra citadas possuem duas rubricas, uma delas é, invariavelmente, a da Sra Sueli Marmitt com as iniciais “SM”. A convicção de que a rubrica de tais cheques pertence a ela foi obtida através do cotejamento visual entre as rubricas ali colocadas e as rubricas constantes nos contratos de industrialização por encomenda nos quais Sueli assinou e rubricou como testemunha. A cópia de tais documentos consta às fls 159 a 164 do processo em questão, 8.2.3.5. Tais cheques pertencem as prestadoras e foram emitidos para pagamento de despesas lançadas na contabilidade destas. Normalmente quem rubrica esse tipo de cheque nas empresas são aqueles que detém capacidade decisória para liberar ou não tais recursos. A rubrica de Sueli nos mesmos configurase em mais um claro indício de ingerência da USAFLEX nos negócios da MRL, ELVIDIO e VALTOIR. Ou seja, observase a designação de um empregado da USAFLEX, como responsável pelas contas das prestadoras. Novamente, não consegue o recorrente demonstrar a suposta autonomia gerencial, valendo da estrutura da USAFLEX, não apenas para arcar com o pagamento de suas despesas, mas tendo um de seus subordinados como responsável pela contabilização e administração financeira do seu negócio. DOS SÓCIOS DA EMPRESA DITAS COMO “PRESTADORAS DE SERVIÇOS”. Quanto a este item, descreveu o auditor também em item próprio do seu relatório os aspectos de convencimento inerentes a relação de sociedade, fl. 4599. CONCLUSÃO ACERCA DA PRÁTICA SIMULATÓRIA Na verdade o que se vislumbrou foi a simulação para que as empresas que prestavam os serviços pudessem se beneficiar do Sistema Simplificado de impostos – SIMPLES em um primeiro momento, mantendo o faturamento dentro dos limites da lei. Porém não é aceitável esse tipo de atitude, se constatado ter por objetivo distorcer a realidade dos fatos apenas como fim de lograr proveito, sem cumprir os preceitos legais. O que ocorreu durante o procedimento fiscal, por meio de diversos elementos de prova, observados pontualmente e em loco (não por mera presunção) foi a constatação, por Fl. 2688DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 20 37 parte do auditor fiscal, de que não existiam realmente diversos empregadores, e sim, que as empresas criadas não assumiram verdadeiramente o poder de direção, estando todos os empregados vinculados enquanto trabalhadores a um único empregador, qual seja a empresa USAFLEX Assim, entendo conforme descrito pela autoridade fiscal, que o liame empregatício entre os supostos sócios e os empregados das supostas “prestadoras de serviço” sempre existiu havendo, como dito anteriormente verdadeira CONFUSÃO entre os serviços prestados pela empresa notificada – USAFLEX e todas as empresas que lhe prestavam serviços descritas no presente AI. Importante observar que o recurso do recorrente em nada rebate pontualmente os argumentos aqui trazidos, buscando tão somente desqualificar o trabalho de auditoria, alegando tratarse de presunção, o que discordo veementemente. De posse de todo o detalhamento exposto pela empresa poderia a mesma rebater ponto a ponto trazido pelo auditor fiscal, o que não o fez, razão porque deve ser mantido o lançamento, quanto a inclusão de todos os empregados das empresas “dita pelo recorrente como prestadoras de serviços”, como verdadeiros empregados da empresa USAFLEX, face o liame fático e jurídico que os vincula. DO APROVEITAMENTO DOS RECOLHIMENTOS Quanto ao pedido de aproveitamento dos valores recolhidos na modalidade do SIMPLES, embora pessoalmente entenda por essa impossibilidade, face os regime de tributação ser distinto, acato o entendimento expresso na súmula n. 76 do CARF, posto a regra apli descrita aplicarse ao caso de simulação do SIMPLES ora sob julgamento: Súmula CARF nº 76: Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. DEBCAD 37.345.2802 E 37.345.2810 Contudo, no que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da referida MP 449, convertida na lei 11.941. A citada MP alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas à GFIP. Para tanto, a MP 449/2008, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da Fl. 2689DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 38 declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício (como no presente caso), a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, qual seja, aplicação de multa de ofício de 75%. Contudo, ao observar o auditor a ausência de pagamento e ausência de informação em GFIP, procedeu ao auditor ao comparativo da antiga legislação com a atual, de forma, que se aplicasse a multa mais benéfica ao contribuinte. Conforme descrito no relatório fiscal, fls. 87 a 89. Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Fl. 2690DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 21 39 Nesse sentido, entendo que a multa imposta, obedeceu a legislação pertinente, não havendo caráter confiscatório na sua aplicação, posto o estrito cumprimento dos ditames legais. \ Por todo o exposto o lançamento fiscal seguiu os ditames previstos, devendo ser mantido nos termos acima expostos, haja vista que os argumentos apontados pelo recorrente são incapazes de refutar em sua totalidade o lançamento. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto pelo CONHECIMENTO do recurso para rejeitar as preliminares de nulidade. No mérito voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao em relação aos DEBCADS Nº 37.303.4296, para que sejam apropriados os recolhimentos feitos pela sistemática do SIMPLES, observandose os percentuais previstos em lei , e no mérito em relação aos DEBCADS 37.303.4300, 37.345.2802 E 37.345.2810 NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 2691DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 40 Voto Vencedor Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo – Redator Designado Ouso divergir do excelente voto da Relatora Elaine Cristina Monteiro quanto ao mérito da contenda. Para mim, o fisco não logrou comprovar a vinculação direta existente entre os trabalhadores e a empresa autuada. Corriqueiramente essa Turma tem se deparado com casos em que o Fisco caracteriza como empregados da empresa autuada segurados que formalmente mantinham vínculo com empresa optante pelo Simples, supostamente criada no intuito de absorver mão de obra da real empregadora, reduzindo os recolhimentos para a Seguridade Social. Nessas situações temos adotado duas soluções conforme conjunto probatório carreado pelo Fisco para demonstrar a simulação. Quando este logra comprovar que efetivamente os empregados da empresa “de fachada” prestavam serviço para a empresa autuada, admitimos a caracterização direta com o verdadeiro empregador, com esteio no § 2.º do art. 229 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n.º 3.048/1999, assim redigido: Art. 229 (...) §2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (...) Situação diversa ocorre quando o Auditor Fiscal não consegue nos convencer de que os trabalhadores da empresa optante pelo Simples prestavam serviço à empresa fiscalizada, mas apresenta indícios da ocorrência de desmembramento de pessoa jurídica para que uma ou mais empresas cindidas pudessem se enquadrar no regime simplificado de pagamentos de tributos. Para esses casos, temos entendido que o Fisco teria que provocar o processo de exclusão da empresa do Simples e, somente depois do desfecho do mesmo, lançar as contribuições patronais em nome da empresa excluída e chamar a empresa não optante para ocupar o polo passivo na condição de responsável solidária. A situação fática que nos é posta leva ao entendimento de que estamos diante da segunda hipótese, ou seja, o Fisco não conseguiu se desincumbir do ônus de demonstrar que os trabalhadores das empresas MRL, ELVIDIO e VALTOIR efetivamente laboravam para a USAFLEX. Verifico que as evidência apresentadas pelo fisco para chegar à conclusão de que as empresas prestadoras de serviço inexistiam de fato, mas eram apenas parte de uma estratégia engendrada pela tomadora para reduzir a carga tributária, fincamse em diversas premissas. Essas podem ser resumidas em autuação na mesma área geográfica, vinculação dos Fl. 2692DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 22 41 sócios das prestadoras com a autuada, exclusividade na prestação dos serviços, excessivo peso da mãodeobra nos custos das prestadoras, existência de reclamatórias trabalhistas, inexistência de estrutura fabril pelas prestadoras, confusão operacional e financeira. Conforme já ponderei acima, tenho, nesses casos, centrado a minha atenção majoritariamente nos elementos que tragam convicção sobre a existência de trabalhadores das empresas prestadoras sob o comando a tomadora dos serviços. Isso não consegui visualizar na presente lavratura. Acerca da existência de empregados das empresas MRL, ELVIDIO e VALTOIR laborando para USAFLEX o fisco apresenta unicamente algumas reclamatórias trabalhistas em que no polo passivo figuravam contratante e contratada. Independentemente do desfecho desses processos trabalhistas, que a recorrente alega terem sido declarados improcedentes, chamame a atenção o fato de que os argumentos das peças iniciais estão mais a indicar a existência de grupo de empresas que contratação de trabalhadores por empregador de fachada. Peço licença para transcrever excerto do relatório fiscal, inclusive já transcrito no voto da Relatora. Vejamos: “8.2.2.1. No processo 000573.03.2012.5.04.0383 (primeira reclamada MRL ATELIER DE CALÇADOS LTDA, segunda reclamada USAFLEX CALÇADOS LTDA) em sua peça inicial o reclamante afirma: “A segunda Reclamada, a empresa USAFLEX, deverá ser responsabilizada solidária e/ou subsidiariamente pelos eventuais créditos trabalhistas, advindos da presente reclamatória, em favor do Autor, eis que fazia parte do mesmo grupo econômico da Primeira Ré, bem como se beneficiava dos serviços prestados pelo autor.” “Frisese que, toda a produção da Primeira Reclamada é sob orientação, fiscalização e subordinação da Segunda Reclamada” 8.2.2.2. Da mesma forma, no processo 000765.33.2012.5.04.0383 (primeira reclamada MRL, segunda reclamada USAFLEX) em sua petição inicial o reclamante afirma: “A reclamante foi contratada pela primeira reclamada com quem mantinha vínculo empregatício, no entanto sempre prestou seus serviços para a segunda reclamada, que era quem se beneficiava com seu trabalho....” “A segunda reclamada fornecia os pedidos, modelos, matéria prima e ainda fiscalizava a produção, exigindo qualidade e produtividade”. 8.2.2.3. No mesmo sentido, e mais contundentes ainda são as afirmações feitas pelo reclamante na peça vestibular do processo 000816.44.2012.5.04.0383 (Primeira reclamada ELVIDIO LUIZ Fl. 2693DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 42 DILL EPP, segunda reclamada USAFLEX, terceira reclamada STEBRAS IND. E TRANSP): “O autor foi contratado pela primeira ré. Assim, não se discute o vínculo com ela. No entanto, propõe a ação também contra a segunda e a terceira rés porque elas, juntamente com a primeira ré, formam um grupo empresarial” “A primeira ré presta serviços de forma exclusiva para a segunda e funciona no prédio dela (da segunda)” “Tendo em vista que a segunda ré comercializa os calçados produzidos pela primeira, é crível concluirse que ambas trabalham em conjunto e que a primeira, na prática, é uma seção de produção..” “Ademais, diariamente, o autor almoça no refeitório da segunda ré, bem como utiliza o veículo que transporta o pessoal das duas primeiras rés” “As rés simulam a criação de empresas para se eximir dos tributos devidos” “Evidenciase a prática de crime de sonegação fiscal...” Da mesma forma afirma o reclamante na petição inicial do processo 000751.49.2012.5.04.0383 (Primeira reclamada ELVIDIO LUIZ DILL EPP, segunda reclamada USAFLEX, terceira reclamada STEBRAS IND. E TRANSP): “...todas as rés pertencem ao mesmo grupo econômico. Assim, deverão responder de forma solidária pelos créditos trabalhistas do autor em relação à contratualidade” “Outrossim, a segunda fornecia o ônibus que transportava o pessoal de todas as rés.” (grifamos) e) Já na peça inicial do processo 000770.55.2012.5.04.0383 (primeira reclamada Valtoir Nunes Fagundes, segunda reclamada USAFLEX o reclamante afirma: “A Primeira e a Segunda Reclamadas fazem parte do mesmo grupo econômico, pois seus sócios proprietários são os mesmos. O Reclamante sempre trabalhou no mesmo parque fabril, utilizando o mesmo maquinário e os mesmos funcionários” 8.2.2.5. Os trechos acima transcritos, frisamos, referemse a uma pequena amostragem de ações trabalhistas tendo sido encontrados termos similares em diversas outras ações, as quais não foram citadas aqui em virtude do volume de documentos que isso geraria.” Verificase que em nenhum dos casos apresentados os trabalhadores afirmam que eram empregados da USAFLEX, mas asseveram que as duas empresas devem ser chamadas a responder pelas dívidas trabalhistas por fazerem parte de um mesmo grupo econômico. Sempre a primeira reclamada é a empresa prestadora de serviço. Ora se de fato essas empresas não existissem as reclamatórias seriam direcionadas diretamente para o verdadeiro empregador. Não é o que se vê dos autos. Os argumentos transcritos são típicos de processos trabalhistas em que ocorre terceirização de serviços ou existência de grupos de empresas. Os trabalhadores buscam Fl. 2694DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 11065.722656/201118 Acórdão n.º 2401003.511 S2C4T1 Fl. 23 43 sempre mais garantias para os seus créditos acionando também a tomadora dos serviços ou outras empresas do mesmo grupo empresarial. De se concluir que o conjunto probatório colacionado pelo Fisco é capaz de demonstrar o íntimo relacionamento entre as empresas, com fatos que até denunciam a existência de grupo econômico de fato, nada mais. Além de que no ramo de confecção de calçados, como bem explicitado no recurso é bastante comum a prática desse tipo de configuração, ressaltandose o fato de que as empresas mencionadas no relatório fiscal não eram as únicas que prestavam serviços à recorrente. Assim, a partir de todos os elementos presentes nos autos e da singularidade no ramo empresarial em que atuam as empresas, entendo que o lançamento é improcedente, pelo fato do Fisco não haver demonstrado que os empregados das empresas MRL, ELVIDIO e VALTOIR de fato prestavam diretamente serviço à empresa autuada. Conclusão Voto, no mérito, por dar provimento ao recurso voluntário. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 2695DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/07 /2014 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 14/07/2014 por KLEBER FE RREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 10140.720025/2007-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PERÍCIA.
Incabível o deferimento da prova pericial ou a conversão dos autos em diligência se o contribuinte não indica na peça de defesa os motivos que as justifiquem, a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ABRANGÊNCIA.
Somente áreas tipificadas como Área de Preservação Permanente na forma dos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771/65 podem ser excluídas da base de cálculo do ITR.
VTN ARBITRADO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). POSSIBILIDADE. MODIFICAÇÃO. LAUDO TÉCNICO. OBSERVÂNCIA NORMAS MÍNIMAS ABNT. IMPRESCINDIBILIDADE.
Nos termos dos dispositivos legais que regulamentam a matéria, especialmente o artigo 14 da Lei n° 9.393/1996, o Laudo Técnico de avaliação de imóvel rural somente tem o condão de alterar o VTN arbitrado pela fiscalização com base no SIPT, na hipótese de encontrar-se revestido de todas as formalidades exigidas pela legislação de regência, impondo seja elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotado no CREA, além da observância das normas formais mínimas contempladas na NBR 14.653/04 da Associação Brasileiras de Normas Técnicas - ABNT.
Numero da decisão: 2201-002.321
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente.
Assinado Digitalmente
NATHÁLIA MESQUITA CEIA - Relatora.
EDITADO EM: 14/04/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), EDUARDO TADEU FARAH, GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), NATHALIA MESQUITA CEIA, WALTER REINALDO FALCAO LIMA (Suplente convocado), ODMIR FERNANDES (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente aos julgamentos o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA.
Nome do relator: NATHALIA MESQUITA CEIA
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PERÍCIA. Incabível o deferimento da prova pericial ou a conversão dos autos em diligência se o contribuinte não indica na peça de defesa os motivos que as justifiquem, a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ABRANGÊNCIA. Somente áreas tipificadas como Área de Preservação Permanente na forma dos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771/65 podem ser excluídas da base de cálculo do ITR. VTN ARBITRADO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). POSSIBILIDADE. MODIFICAÇÃO. LAUDO TÉCNICO. OBSERVÂNCIA NORMAS MÍNIMAS ABNT. IMPRESCINDIBILIDADE. Nos termos dos dispositivos legais que regulamentam a matéria, especialmente o artigo 14 da Lei n° 9.393/1996, o Laudo Técnico de avaliação de imóvel rural somente tem o condão de alterar o VTN arbitrado pela fiscalização com base no SIPT, na hipótese de encontrarse revestido de todas as formalidades exigidas pela legislação de regência, impondo seja elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotado no CREA, além da observância das normas formais mínimas contempladas na NBR 14.653/04 da Associação Brasileiras de Normas Técnicas ABNT. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 00 25 /2 00 7- 67 Fl. 301DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 2 Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente. Assinado Digitalmente NATHÁLIA MESQUITA CEIA Relatora. EDITADO EM: 14/04/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), EDUARDO TADEU FARAH, GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), NATHALIA MESQUITA CEIA, WALTER REINALDO FALCAO LIMA (Suplente convocado), ODMIR FERNANDES (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente aos julgamentos o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA. Relatório Por meio da Notificação de Lançamento nº 01401/00013/2006 lavrada em 20/09/2006, exigiuse do contribuinte AGROPECUÁRIA GLIMDAS ITR complementar, referente ao do exercício de 2004 do imóvel rural denominado Fazenda Sete no Município de Miranda/MS. O lançamento decorreu da não comprovação de Área de Preservação Permanente (APP) e Valor da Terra Nua (VTN). O Contribuinte tomou ciência em 26/09/2006 conforme fls. 44 e certidão de fls. 67, vindo a apresentar, em 26/10/2006, Impugnação (fls. 45) argumentando em suma o que se segue: · Houve ilegal inversão do ônus da prova, pois, de acordo com o disposto no §7º acrescido ao art. 10 da Lei nº 9.393/96, o contribuinte está dispensado da comprovação prévia das áreas de reserva legal e preservação permanente. Foi atendida a intimação para comprovação das áreas de preservação permanente do VTN declarados e não restou comprovado que a declaração não é verdadeira. · A área de preservação permanente não é tributável e, independentemente de quaisquer condições é excluída da área tributável do imóvel, conforme inciso II do art. 10 da Lei n ° 9.393/1996, sendo restrito o direito de propriedade nessa área, conforme artigos 2° e 3º do Código Florestal, assim como a mesma e inaproveitável, devendo retornar o grau de utilização para 100%. · A Certidão do CRI demonstra em seu R27.071, de 23 de abril de 1998, que a interessada adquiriu o imóvel em 02/01/1997, "por contrato social registrado na Junta Comercial, sendo avaliado, com todas as benfeitorias, em R$ 4.803.420,91, por cisão da Nova Miranda Agropecuária Ltda. A interessada demonstra em seu balanço os valores contábeis válidos para o dia 31 de dezembro de cada ano, o que se reflete no VTN, conforme comando do art. 8ª da Lei n.° 9.393/1996, ficando comprovado que é verdadeiro o VTN declarado. Em 14/03/2007, às fls., 69 o Delegado da Receita Federal efetuou o cancelamento da notificação de lançamento 01401/00013/2006 que deu origem ao processo nº Fl. 302DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10140.720025/200767 Acórdão n.º 2201002.321 S2C2T1 Fl. 3 3 10768.7200161/200607 em virtude de erro de identificação da autoridade tributária relacionada no documento, promovendo, nesta data nova Notificação de Lançamento nº 01401/00010/2007, que gerou o processo em epígrafe (10140.720025/200767), conforme Termo de Informação da Notificação de Lançamento de fls. 70. O processo nº 10768.7200161/200607 foi apensado ao presente processo por anexação às fls. 36 a 68, conforme certidão de fls. 03. Nesta senda a nova Notificação de Lançamento nº 01401/00010/2007 de fls. 04 lavrada em 14/03/2007, exige do Contribuinte o montante de R$ 3.029.859,23 de imposto, R$ 1.168.919,69 de juros de mora e R$ 6.471.173,34 de multa de ofício (atualizados até a lavratura do auto de infração), referente ao ITR do exercício de 2004 incidente sobre o imóvel rural denominado Fazenda Sete no Município de Miranda/MS em razão da não comprovação de APP e VTN. O Termo de Verificação Fiscal de fls. 05 relata: · O contribuinte apresentou laudo comprovando área total de 777,02 ha como Área de Preservação Permanente (APP) – áreas ao longo de córregos. Considerou também como APP 19.138,48 ha de áreas de vazantes, úmidas, lagoas e nascentes intermitentes, áreas glosadas pela autoridade lançadora por não serem consideradas como APP pela Lei nº 4.771/65 e Lei nº 7.803/89. · O laudo apresentado pelo contribuinte para comprovar o VTN do imóvel não atende o item 9.2.3.5 da norma ABNT NBR 146353/2004, que exige no mínimo cinco dados de mercado efetivamente utilizados, razão pela qual o VTN inicialmente de R$ 3.963.794,82 foi arbitrado com base no SIPT no valor de R$ 32.326.823,02. O Contribuinte foi notificado pelos correios em 11/04/2007, conforme página dos correios de fls. 10 e aviso de recebimento de fls. 73, tendo apresentado em 14/05/2007 às fls. 11 ratificação a Impugnação anteriormente prestada, vindo a aduzir: · Ilegalidade da documentação solicitada na intimação, tendo em vista que o parágrafo 7º do artigo 10 da Lei nº 9.393/96 , estabelece que o contribuinte está dispensado de comprovação prévia da APP. · A área de 19.138,48 ha, constante como preservação permanente no Laudo Técnico e não aceita pela fiscalização, é área prevista nas alíneas b e c do artigo 2° da Lei n° 4.771/1965, (Código Florestal) como preservação permanente, devendo ser excluída da área tributada do imóvel. · Com relação ao VTN, afirma que adquiriu a área em 1997 pelo valor de R$ 4.803.420,91 e o VTN é apurado anualmente na contabilidade através do balanço patrimonial. Assim, deve ser considerado o VTN declarado que condiz com a realidade. · Ilegalidade na versão do ônus da prova quanto ao ônus do contribuinte em comprovara Área de Preservação Permanente e Valor da Terra Nua, quando a fiscalização afastar os meios de prova produzidos pelo contribuinte, vindo a ressaltar que são variados os meios de prova para os itens susomencionados. Tendo em vista que o Contribuinte tomou ciência em 11/04/2007, conforme AR de fls. 73 e sua Impugnação só ocorreu em 14/05/2007 foi lavrado contra o contribuinte Termo de Revelia às fls. 76. Fl. 303DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 4 A Delegacia da Receita Federal de Campo Grande/MS – SACAT emitiu Parecer n.º 833/2007 de fls. 119 propondo o indeferimento do pleito do contribuinte pelos seguintes razões de direito: · O art. 14 da Lei nº 9.393/96 prevê que a Secretaria da Receita Federal procederá ao lançamento de ofício caso seja constada alguma irregularidade na DITR, podendo solicitar ao contribuinte qualquer documento necessário a comprovação das informações na DITR conforme art. 44 da IN SRF nº 256/2002. Logo, o contribuinte tinha a obrigação de apresentar a documentação solicitada para demonstrar a veracidade dos dados informados. · As APP previstas no art. 2º da Lei nº 4.771/65 abrogada são as áreas ao redor das lagoas, não havendo previsão para se considerar as próprias lagoas ou áreas de vazantes como preservação permanente. · O §2º do art. 8º da Lei nº 9.393/96 determina que o VTN deve refletir o preço de mercado em primeiro de janeiro do ano da declaração e não o preço de aquisição do valor do imóvel. O Contribuinte tomou ciência do Parecer nº. 833/207 proferido pelo Delegado da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Campo Grande em 27/07/2007 conforme aviso de recebimento de fls. 124. O Contribuinte apresentou, em 22/10/2007, às fls. 127, nova petição endereçada ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Campo Grande, aduzindo: · Cerceamento do direito de defesa, pois compareceu a DRF/Campo Grande para ter vista do processo, mas lhe foi informado que se tratava de processo eletrônico cujos autos estavam na DRF/Cuiabá e não poderia ter acesso ao processo. · O cancelamento da primeira notificação de lançamento, que correia no processo nº 10768.7200161/200607, foi desnecessária já que em sua primeira Impugnação, que estava tempestiva, não questionou a legitimidade da autoridade lançadora e que o erro na identificação da autoridade lançadora não seria fato caracterizador de nulidade. · O Despacho Decisório que cancelou a notificação original padeceu de vício, já que não esclareceu os atos alcançados e as providências necessárias ao prosseguimento do processo, como determina os parágrafos 2° e 3° do artigo 59 do Decreto n° 70.235/72. · Assim, como sua primeira Impugnação foi tempestiva e instaurou a fase litigiosa e a segunda notificação foi desnecessária e o Despacho Decisório sofreu de vício, a segunda Impugnação deveria ser considera somente ratificação da primeira e considerada também tempestiva. A Delegacia da Receita Federal de Campo Grande/MS – SACAT emitiu em 30/11/2007 Parecer nº 1010/2007 de fls. 141 propondo o indeferimento do pleito do Contribuinte pelas seguintes razões de direito: · O fato do processo não estar na DRF/Campo Grande no momento em que o contribuinte compareceu a esta unidade, não impediu o contribuinte de se defender no processo, pois tomou ciência do lançamento em 11/04/2007. · O inciso IV juntamente com o parágrafo único, ambos do art. 11 do Decreto nº 70.235/72 determinam que a notificação de lançamento conterá obrigatoriamente a indicação do chefe do órgão expedidor que administra o tributo, no caso a Delegacia da Receita Federal de Campo Grande/MS. Como na primeira notificação houve erro na identificação do Delegado desta DRF, Fl. 304DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10140.720025/200767 Acórdão n.º 2201002.321 S2C2T1 Fl. 4 5 a notificação teve que ser cancelada para ser emitida outra notificação de lançamento sanando o vício. · Quanto ao vício no despacho decisório, o despacho é claro ao informar que a primeira notificação estava sendo cancelada e outra notificação estava sendo emitida substituindo integralmente à primeira. O crédito tributário foi encaminhado à PGFN para inscrição em dívida ativa conforme documento de fls. 158. Às fls. 160 foi juntado o Termo de Inscrição em Dívida Ativa. O Ofício nº 487/2008 – SRF/DRFCGE/Sacat/1ª RF de 29/08/2008, às fls. 165, solicitou o retorno dos processos ns° 10140.720024/200712, 10140.720025/200767 e 10140.720026/200710 com baixa das inscrições do Contribuinte, tendo em vista o Mandado de Segurança n° 200860000013934 impetrado pelo Contribuinte. Às fls. 166 foi juntado Mandado de Intimação endereçado ao Delegado da Receita Federal em Campo Grande para tomar ciência da sentença proferida pela 1ª Vara Federal de Campo Grande, nos autos do Mandado de Segurança nº 2008.60.00.0013934 onde se deu efeitos infringentes aos embargos de declaração à sentença embargada concedendo a segurança, resumidamente pelas seguintes razões de direito: · Embora tenha ocorrido um novo lançamento, a Delegacia da Receita Federal não efetuou o cancelamento do primeiro lançamento, mas apenas o cancelamento da primeira notificação de lançamento. Assim, uma vez que o crédito tributário já estava lançado, e não tendo havido cancelamento do lançamento, mas tão somente da sua notificação, não havia razão para deixar de conhecer da Impugnação já apresentada. · Apontou que lançamento e sua notificação não se confundem. A finalidade da notificação é levar ao conhecimento do contribuinte o fato do lançamento, para que possa exercer o seu direito de defesa. O lançamento de um crédito já lançado com uma nova notificação foi considerado nulo. · Desta feita, considerou tempestiva e válida a primeira Impugnação não podendo deixar de ser reconhecida, concedendo assim a segurança declarando suspensa a exigibilidade do crédito tributário e determinando a autoridade impetrada que remeta a Impugnação apresentada pela impetrante à Delegacia da Receita Federal de Julgamento para apreciação. A 1ª Turma da DRJ/CGE através do acórdão nº 0418.162 de 17/07/2009, manteve o lançamento nos seguintes termos: · O § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96 dispensa a prévia comprovação dos dados declarados por ocasião da entrega da DITR, o que é observado pela Receita Federal. Todavia, não dispensa o contribuinte de comprovar o declarado, quando assim solicitado pelo Fisco, e tampouco afasta a atribuição da autoridade fiscal de proceder à verificação desses dados e de efetuar o lançamento de ofício, se o contribuinte não lograr êxito em comprovar, quando solicitado, que os dados declarados correspondem à situação existente no imóvel na data do fato gerador do ITR. · O contribuinte além da área APP de 777,02 ha considera também como APP as áreas úmidas, próxima ao rio Aquidauana (cuja faixa marginal corresponde à preservação permanente que já tinha sido considerada na área de 777,02 ha aceita pela autoridade fiscal) e que estão Fl. 305DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 6 localizadas no Pantanal e ficam permanentemente alagadas, características que não definem APP, na forma do Código Florestal. · Os imóveis localizados no Pantanal que possuem áreas alagáveis, as quais, não ficam alagadas durante o ano todo não tem sua exploração econômica totalmente inviabilizada. Tal situação já é considerada pela legislação tributária ao prever índice de produtividade para imóveis situados no Pantanal bem inferiores aos fixados para o resto do país. Afastadas as áreas não tributáveis, as demais áreas do imóvel são tributadas normalmente pelo ITR. · O valor contábil do imóvel não reflete o valor de mercado em cada exercício, assim o valor do imóvel registrado na contabilidade da empresa não é prova da apuração do VTN na data do fato gerador. O procedimento utilizado pela fiscalização está tipificado no art. 14 da Lei nº 9.393/96, onde o valor do SIPT só é utilizado quanto, após intimado, o contribuinte não apresenta elementos suficientes para comprovar o valor por ele declarado. O laudo apresentado em atendimento à intimação fiscal foi rejeitado por não observar as determinações contidas na NBR 146353/2004 da ABNT, não vindo o contribuinte a apresentar outro laudo para suprir as deficiências. Destacou que os imóveis parâmetros estavam situados no município de Corumbá enquanto o imóvel ora em tela está situado no município de Miranda. O Contribuinte tomou ciência do acórdão nº 0418.162, em 24/07/2009, às fls. 192, vindo a apresentar Recurso Voluntário em 20/10/2009, às fls. 194, requerendo o que se segue: · O §7º do art. 10 da Lei nº 9.393/1996 preceitua que o contribuinte está dispensado da comprovação prévia das áreas de reserva legal e preservação permanente, vindo a ser responsabilizado caso fique comprovado que sua declaração não é verdadeira. A comprovação de que a declaração não é verdadeira compete ao fisco, bastando para o gozo do benefício fiscal a simples declaração do contribuinte. · A autoridade do laudo técnico acostado aos autos do processo administrativo com todas as formalidades legais atendidas não foi contestada por prova pericial ou qualquer outra prova idônea da inexistência das áreas declaradas como isentas. · Ausência de provas produzidas pelo fisco quanto à inexistência a área de preservação permanente discriminadas no Laudo Técnico e na declaração apresentada ao IBAMA. · Quanto ao VTN o lançamento descumpriu o art. 9º do PAF e os art. 8º e 14 da Lei nº 9.393/96, pois compete ao fisco o ônus de provar a falsidade na declaração demonstrando a subavaliação ou qualquer outro tipo de fraude quanto ao VTN declarado. O fato das referências valorativas estarem no município de Corumbá não é suficiente para exasperação da exigência tributária, pois a propriedades compreendidas no Pantanal sulmatogrossense têm seus preços equivalentes. · Alternativamente requereu a produção de perícia técnica para apuração das verdades e fatos alegados pelo fisco no lançamento caso compreendase que há provas do fisco contra o lançamento por homologação efetuado pela recorrente de modo a macular o Laudo Técnico apresentado. É o relatório. Voto Conselheira NATHÁLIA MESQUITA CEIA. O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10140.720025/200767 Acórdão n.º 2201002.321 S2C2T1 Fl. 5 7 I. Da Preliminar I.1. Pedido de Perícia O Contribuinte requer a produção de perícia técnica para apuração das verdades e fatos alegados pela fiscalização, no tocante à desconsideração do Laudo Técnico apresentado. De acordo com o disposto no art. 16 do Decreto nº 70.235/72, a requisição de perícia pelo contribuinte na Impugnação deve ser acompanhada dos quesitos a serem analisados, bem como o nome, endereço e qualificação do profissional que exercerá a perícia. Confirase. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. Desta feita, como tais requisitos legais não foram observados na peça recursal, rejeito o pedido de perícia. II. Do Mérito II.1. Da Área de Preservação Permanente A Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal da Notificação de Lançamento relata que foi glosada a área de 19.138,48 ha considerada pelo Contribuinte como Área de Preservação Permanente, pois as áreas de vazantes, úmidas, lagoas e nascentes intermitentes não se encontram tipificadas como APP na forma da Lei nº 4.771/65 e Lei nº 7.803/89. O Laudo Técnico entregue pelo Contribuinte, às fls 98, relata: 1. Áreas de preservação permanente existentes numa faixa de 30,00 metros de cada lado dos cursos d'água (Córrego Boné, Córrego Touro Morto, Córrego Latrina e Cabeceiras sem denominação) existentes dentro da propriedade e numa faixa de 100,00 metros existente ao longo do Rio Aquidauana (largura do Rio . varia de 100,00 a 140,00 metros): Área considerada (01): 777,02 hectares. 2. Áreas de preservação permanente existentes ao redor de nascentes ou olho d'água ainda que intermitentes com raio mínimo de 50,00 metros e ao redor de lagoas (permanentes e sazonais), corixos e vazante. As áreas de preservação permanente considerada abrange nascentes intermitentes, lagoas e principalmente área de vazantes, que são áreas úmida que recebem grande quantidade de água e que está próxima ao Rio Aquidauana (está definida na planta de uso do solo parte integrante deste laudo técnico). Dessa forma essas áreas consideradas de preservação permanente não estão cercadas, pois economicamente ou operacionalmente se torna inviável devido a extensão da área. A área Fl. 307DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 8 considerada de preservação permanente está localizada no Pantanal baixo com áreas permanentemente alagadas e que está próxima ao Rio Aquidauana. Embora o tópico 2 se referia ao entorno, a avaliação procedida afirma que a APP abrange, não só o entorno, mas a própria nascente intermitente, lagoa e área de vazantes, demonstrando ser um complemento do tópico 1 que aborda o entorno. A 1ª Turma da DRJ/CGE também chegou a esta constatação ao analisar o item 2 susumencionado do Laudo Técnico apresentado pelo Contribuinte. Confirase: “Vêse que o profissional iniciou a descrição da área em questão identificandoa com as mesmas características da área de preservação permanente já aceita pela autoridade fiscal, como estando localizada ao redor de cursos d'água, lagos, corixos, etc., o que está de acordo com as características previstas no Código Florestal para essas áreas, mas, em seguida, deixa claro que a dimensão considerada abrange também áreas úmidas, próximas ao rio Aquidauana (cuja faixa marginal correspondente à preservação permanente já tinha sido considerada na área de 777,02 ha. aceita pela autoridade fiscal), e que estão localizadas no Pantanal e ficam permanentemente alagadas, características que não definem áreas de preservação permanente, conforme dispositivos do Código Floresta acima transcritos. Com • base no mapa e laudo técnico apresentados pela contribuinte é possível concluir que foram somadas como de preservação permanente, para se chegar ao total pretendido de 19.138,48 ha., áreas que não correspondem à definição legal. Do exposto, há que se reconhecer que o interessado não logrou comprovar efetivamente que a área de' preservação permanente existente no imóvel é superior à aceita no lançamento de ofício.” O Contribuinte alega que por força do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96 o ônus quanto a comprovação de que a declaração do contribuinte não é verdadeira compete ao fisco, prova esta não produzida pela Autoridade Lançadora. “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. (...) § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001).” Todavia, o ponto de divergência entre Contribuinte e autoridade fiscal, no caso em tela, não reside na existência de lagos, nascentes, matas ciliares ou afins. A Autoridade Lançadora e o Acórdão recorrido não contestam a existência dos acidentes geográficos descritos no Laudo Técnico apresentado pelo Contribuinte, mas sim, quais destes acidentes se subsumem nos arts. 2º e 3º da Lei nº 4.771/65: “Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d'água, em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de largura: 2 igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200 (duzentos) metros de distancia entre as margens; 3 de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior a 200 (duzentos) metros. Fl. 308DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10140.720025/200767 Acórdão n.º 2201002.321 S2C2T1 Fl. 6 9 1. de 30 (trinta) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.511, de 1986) 2. de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.511, de 1986) 3. de 100 (cem) metros para os cursos d’água que meçam entre 50 (cinqüenta) e 100 (cem) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.511, de 1986) 4. de 150 (cento e cinqüenta) metros para os cursos d’água que possuam entre 100 (cem) e 200 (duzentos) metros de largura; igual à distância entre as margens para os cursos d’água com largura superior a 200 (duzentos) metros; (Incluído dada pela Lei nº 7.511, de 1986) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, mesmo nos chamados "olhos d'água", seja qual for a sua situação topográfica; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos taboleiros ou chapadas; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres. a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; (Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. (Redação dada pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) i) nas áreas metropolitanas definidas em lei. (Incluído pela Lei nº 6.535, de 1978) (Vide Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, obervarseá o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo.(Incluído pela Lei nº 7.803 de 18.7.1989) Art. 3º Consideramse, ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; Fl. 309DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 10 h) a assegurar condições de bemestar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.” Desta feita, a análise em questão não aborda matéria fática, mas sim matéria de direito, o fato é incontroverso, razão pela qual não se acolhe o argumento levantado pelo Contribuinte quanto à ausência de provas da autoridade lançadora para desconsiderar as informações apresentadas. A literalidade do art. 2º e 3º da Lei nº 4.771/65 é de clareza hialina, ao incluir como APP apenas a vegetação. Desta feita, entendo que a área de 19.138,48 ha não deve ser considerada como APP, uma vez que os referidos acidentes geográficos não estão previstos no art. 2º e 3º da Lei nº 4.771/65. II.2. Do Valor da Terra Nua A Autoridade Lançadora aponta que o Contribuinte não comprovou o VTN declarado, pois o Laudo Técnico apresentado não atende o item 9.2.3.5 da norma ABNT NBR 146353/2004, que exige no mínimo 05 dados de mercado efetivamente utilizados, e que embora a quantidade de amostra coletadas tenha sido de 07, após sanar a mesmas, resultaram 03 amostras: “Valoração da Terra Nua: Laudo de Avaliação de Imóvel Rural, apresentado pelo contribuinte, foi elaborado de forma a não atender o que está preconizado na norma ABNT NBR 14635 3:2004 , mais precisamente quanto ao item 9.2.3.5 que exige no mínimo cinco dados de mercado e efetivamente utilizados. A quantidade de amostras coletadas foi em número de 07, porém ao sanear as mesmas, resultaram 3 amostras efetivamente utilizadas não oferecendo condições para atingir o grau de fundamentação II exigido para a apuração do VTN. A média do VTN/ha apurada utilizando as 7 amostras foi de R$ 449,43, enquanto que a média saneada com 3 amostras foi de 404,50/ha.” Diante da inconsistência do Laudo Técnico apresentado pelo Contribuinte, o VTN declarado foi desconsiderado e aplicouse o VTN por Hectare com base no SIPT. O acórdão relata que as inconsistências apontadas pela autoridade lançadora não foram sanadas ressaltando que as amostras de valores foram realizadas com imóveis do município vizinho, Corumbá/MS. O Contribuinte defendese apontando que o arbitramento do VTN descumpriu o art. 9º do Decreto nº 70.235/72 e os art. 8º e 14 da Lei nº 9.393/96, vez que, compete ao fisco o ônus de provar a falsidade na declaração do contribuinte, vindo a demonstrar a subavaliação ou qualquer outro tipo de fraude quanto ao VTN declarado. Na verdade, quem não produziu a prova foi o Contribuinte. De fato a legislação do ITR determina que resta dispensada prévia comprovação do valor da terra nua. Isso implica dizer que o contribuinte não precisa apresentar prova do valor da terra nua quando da entrega da DITR. Porém, quando fiscalizado, o Contribuinte deve comprovar com documentação hábil e idônea o valor declarado. Fl. 310DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO Processo nº 10140.720025/200767 Acórdão n.º 2201002.321 S2C2T1 Fl. 7 11 Pois bem. O Contribuinte apresentou Laudo Técnico com vistas a comprovar o VTN. Entretanto, o referido laudo não atendeu aos requisitos necessários para sua validade, observância da NBR 146353/2004 da ABNT. Assim, como o Contribuinte não conseguiu comprovar os valores reportados na DITR com Laudo Técnico que atendesse aos requisitos necessários, entendo que o Laudo Técnico não deve ser utilizado para fins de determinação do VTN. O § 1º do art. 14 da Lei nº 9.393/96 supracitado determina que as informações sobre preços de terras deverão observar os critérios contidos no art. 12 § 1º, inciso II da Lei nº 8.629/93. O referido artigo foi alterado pela MP nº 2.18356, de 2001 passando os critérios para apuração do atual valor de mercado do imóvel constarem nos incisos vinculados diretamente ao caput do art. 12 e não mais ao parágrafo: “Art. 12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: (Redação dada Medida Provisória nº 2.183 56, de 2001) I localização do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II aptidão agrícola; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) III dimensão do imóvel; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV área ocupada e ancianidade das posses; (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias. (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) Neste esteio, depreendese que as informações sobre preços de terras deverão observar os critérios estabelecidos no artigo 12 da Lei nº 8.629/93 devendo considerar os levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos municípios. Desta feita, tendo em visa que o Laudo Técnico apresentado pelo Contribuinte não atendeu aos requisitos da norma, agiu acertadamente a autoridade fiscalizadora em arbitrar o VTN com base no SIPT (fls. 176), tendo considerado o menor valor constante de sua tela (R$ 715,00). Conclusão Diante do exposto, oriento meu voto no sentido de rejeitar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Nathália Mesquita Ceia Fl. 311DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO 12 Fl. 312DF CARF MF Impresso em 11/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/04/2014 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 21/04/20 14 por NATHALIA MESQUITA CEIA, Assinado digitalmente em 22/04/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Numero do processo: 13868.000007/2003-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3402-000.657
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente
(assinado digitalmente)
João Carlos Cassuli Junior - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, LUIZ CARLOS SHIMOYAMA (SUPLENTE), SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, JOãO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente, justificadamente, a conselheira NAYRA BASTOS MANATTA.
Nome do relator: JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Presidente (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior - Relator Participaram do julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO DEÇA, LUIZ CARLOS SHIMOYAMA (SUPLENTE), SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, JOãO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente, justificadamente, a conselheira NAYRA BASTOS MANATTA.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros deste Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Presidente (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior Relator Participaram do julgamento os Conselheiros GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO (Presidente Substituto), FERNANDO LUIZ DA GAMA LOBO D’EÇA, LUIZ CARLOS SHIMOYAMA (SUPLENTE), SILVIA DE BRITO OLIVEIRA, JOãO CARLOS CASSULI JUNIOR, FRANCISCO MAURICIO RABELO DE ALBUQUERQUE SILVA, a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Ausente, justificadamente, a conselheira NAYRA BASTOS MANATTA. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 68 .0 00 00 7/ 20 03 -2 4 Fl. 185DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/0 7/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 13868.000007/200324 Resolução nº 3402000.657 S3C4T2 Fl. 186 2 Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, incidente nas aquisições de insumos realizadas no período de 01/1999 a 12/2002, no montante de R$ 38.040,41, pedido este fundado no art. 11, da Lei nº 9.779/99. Por intermédio do Despacho Decisório de fls. 57/59 – (numeração eletrônica – n.e.), a autoridade administrativa indeferiu o direito creditório e não homologou as DCOMPs vinculadas o pedido, alegando que dentre os diversos pedidos eletrônicos de ressarcimento/compensação localizados em nome da contribuinte, nenhum deles informase como origem do crédito o pedido de ressarcimento em discussão. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do despacho em 01/11/2006, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 01/12/2006, argumentando, em síntese já elaborada pela DRJ e a qual transcrevo: a) não foi considerada na hipótese a escrituração extemporânea do saldo credor de IPI nos termos do art. 11, da Lei 9.779/1999; b) a interpretação excessivamente formalista da fiscalização entendeu que, pelo fato de não constar da escrituração da época o saldo credor (apurado posteriormente), não teria a Manifestante o direito ao crédito legalmente previsto; c) a legislação pátria jamais negou ao contribuinte o direito de apurar créditos extemporâneos de tributos que, por qualquer motivo não tenha sido contratado na época própria; d) não merece prosperar o entendimento da fiscalização fazendária no sentido de que não há saldos credores de IPI na escrituração fiscal e contábil da Manifestante que pudessem ser utilizados para ressarcimento. Ao contrário: os créditos de IPI existem e estão comprovados, houve o registro dos mesmos, mas escriturados posteriormente. Os créditos foram contabilizados em 2003, conforme a própria decisão reconhece. Ao final, requer a reforma do Despacho Decisório e o consequente reconhecimento do direito creditório, bem como a homologação das compensações declaradas. DO JULGAMENTO DE 1ª INSTÂNCIA Fl. 186DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/0 7/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 13868.000007/200324 Resolução nº 3402000.657 S3C4T2 Fl. 187 3 Em análise e atenção aos pontos suscitados pela interessada na manifestação de conformidade apresentada, a Terceira Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (DRJ/JFA), proferiu o Acórdão de nº. 0948.660, julgando improcedente a manifestação de inconformidade e não reconhecendo o direito creditório, nos seguintes termos: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2002 a 31/12/2002 IPI CONTABILIZADO COMO CUSTO. RESSARCIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A inclusão do imposto pago na aquisição de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem no custo de aquisição dos produtos com eles industrializados, implica considerar o imposto como não recuperável e impede que esses valores sejam utilizados no sistema de débito e crédito do IPI com vista à realização da não cumulatividade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório não Reconhecido.” Em apertada síntese a DRJ/JFA competente para o julgamento destaca que a motivação para o indeferimento do direito creditório pleiteado pela contribuinte foi o fato desta ter contabilizado o IPI como custo e não ter desfeito tal lançamento por ocasião da escrituração extemporânea de IPI e sua conseqüente escrituração como imposto a recuperar; diferente do alegado pela contribuinte, que se insurgiu contra um suposto indeferimento em virtude de escrituração extemporânea. Sobre a referida contabilização do IPI como custo, este refletirá diretamente no resultado do exercício, implicando na diminuição do lucro bruto e, consequentemente, reduzindo a base de cálculo do IRPJ e CSLL, sendo assim, não haveria possibilidade de ressarcimento sob os ditames do art. 11 da Lei 9.779/99. Destaca, ainda, que o desfazimento parcial da contabilização do IPI como custo de produção, procedimento este realizado pela contribuinte, refletiria tão somente no âmbito do IRPJ e CSLL. Em suma, entende que uma vez escriturado como custo, o IPI não gera direito a ressarcimento do montante pleiteado e, consequentemente, o não reconhecimento do direito creditório implica na não homologação das compensações vinculadas. DO RECURSO Cientificado do Acórdão supracitado em 09/01/2014, conforme AR de fl. 160 – n.e., o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 286/300) em 10/02/2014, alegando, em síntese que, diferente do proposto relatório fiscal impugnado, que tratava de contabilização extemporânea de créditos de IPI, o acórdão ora recorrido acata “de forma sutil” a escrituração extemporânea destes créditos, porém passa a desenvolver nova tese de acusação, que estaria baseada em presunções, qual seja a de que para o contribuinte se valer de seu direito, teria que Fl. 187DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/0 7/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 13868.000007/200324 Resolução nº 3402000.657 S3C4T2 Fl. 188 4 recompor seu lucro dos períodos de 1999 a 2002, rejeitando a suposta dedução que teria sido aplicada na apuração de IRPJ e CSLL. Sustenta que não há como chegar a estas conclusões com base nos autos, uma vez que não existem, nestes, demonstrativos de apuração de IRPJ e CSLL, o que inviabilizaria o conhecimento da existência de lucros ou prejuízos. Com base nisto, destaca que um ato decisório não pode se valer de mera presunção, pois que exige prova efetiva, nunca realizada. Em breve resumo, alega: “(i) não ter sido comprovada a inserção do IPI como custo de produção no período de 1999 a 2002, segundo aquisição de insumos na época; (ii) não ter sido verificado o direito ao crédito amparado pelas notas fiscais de compras de MP, PI e ME utilizados na produção, ainda isentos ou com alíquota zero; e (iii) não ter sido considerada a receita que anulou a inserção do IPI como custo”. Ao fim, requer que seja cancelado o lançamento e declarado correta a compensação glosada de ressarcimento do IPI do 4º trimestre de 2002, homologando as compensações, reiterando, ainda, as razões da impugnação. DA DISTRIBUIÇÃO Tendo o processo sido distribuído a esse relator por sorteio regularmente realizado, vieram os autos para relatoria, por meio de processo eletrônico, em 01 (um) Volume, numerado até a folha 183 (cento e oitenta e três), estando apto para análise desta Colenda 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o relatório. Fl. 188DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/0 7/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 13868.000007/200324 Resolução nº 3402000.657 S3C4T2 Fl. 189 5 Voto Conselheiro João Carlos Cassuli Junior, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos pressupostos de tempestividade e admissibilidade, devendose dele, portanto, tomar conhecimento. Do que se pode ler do relato acima, em resumo o processo se deslinda a partir do fato em que a autoridade administrativa indeferiu o pleito de ressarcimento e decidiu por não homologar as DCOMPs vinculadas, sob a alegação de que nenhum dos pedidos eletrônicos, realizados pela contribuinte, informa, como origem do crédito, o pedido de ressarcimento em discussão. Em sede de manifestação de inconformidade a contribuinte alega que o despacho decisório pautouse na extemporaneidade dos créditos, o que é prontamente esclarecido pela DRJ de Juiz de Fora/MG, que destaca que o motivo do referido indeferimento é o fato do IPI ter sido contabilizado como custo, e não como imposto a recuperar. Entendo que este motivo (inclusão do IPI como custo de aquisição) por si só, não deve impedir a busca da contribuinte aos créditos a que teria direito, já que o direito à manutenção dos créditos ressarciendos decorre da aquisição de insumos gravados pelo IPI, e, se este foi escriturado como custo e não como IPI a recuperar, apenas produz efeitos no âmbito do IRPJ/CSLL, o que, a rigor, na pior das hipóteses pode ter significado “postergação” da tributação destes tributos incidentes sobre o lucro, já que ao ser, eventualmente, deferido o ressarcimento, se deverá oferecer tais valores à tributação na formação do lucro. O que aparentemente emerge do caso em apreço, é que o contribuinte escriturou créditos relativos aos períodos de 01/99 a 12/2002, apenas na apuração de 2003, sem que tenha retificado a escrituração do IPI (e consequentemente do IRPJ e da CSLL) relativas aos anos anteriores. Em assim restando comprovado, tratase de eventual erro formal no registro dos créditos, sem que, a meu ver, inviabilize a análise do pleito dos referidos créditos, desde que registrados, efetivamente, em 2003, e, que, obviamente, exista o direito ao ressarcimento de tais créditos, o que até este momento não se chegou a perquirir. Em casos como o ora analisado, o próprio regulamento do Processo Administrativo Fiscal (Decreto nº 70.235/72) prevê, no art. 29, o seguinte: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Assim sendo, entendo que o processo não se encontra suficientemente instruído e as provas existentes não foram ainda totalmente exauridas e analisadas sob o pálio do contraditório, não se encontrando, consequentemente, em condições de receber um julgamento justo, razão pela qual voto por converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora adote as seguintes providências: a) Verifique, a partir dos documentos trazidos aos autos pela Recorrente na manifestação de inconformidade ou no Recurso Voluntário e de seu cotejo Fl. 189DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/0 7/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 13868.000007/200324 Resolução nº 3402000.657 S3C4T2 Fl. 190 6 com outros documentos a serem solicitados ou verificados na sede do contribuinte, os pressupostos dos créditos pleiteados, tais como a origem, os períodos, a quantidade e legitimidade destes; b) Verifique, se nos períodos de apuração dos créditos decorrentes das aquisições de insumos efetivados pelo contribuinte, o mesmo gerou IPI a pagar, se foram efetivamente quitados, e se os créditos escriturados extemporaneamente sobejariam nas apurações dos períodos respectivos; c) Verificar se os créditos decorrem das aquisições de insumos, assim entendidos como as matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem, e se as operações de venda do contribuinte ocorreram dentro das hipóteses legais autorizadoras da manutenção e ressarcimento dos créditos; d) Em caso afirmativo, quantificar eventuais créditos em comparação com os objeto dos pedidos de ressarcimento e respectivas declarações de compensação, manifestandose sobre sua legitimidade, existência e suficiência; e) Ao final, confeccionar “Relatório Conclusivo” da diligência, envolvendo os quesitos acima, após o que seja intimando o contribuinte para que se manifeste sobre o “Relatório Conclusivo”, querendo, em prazo não inferior a 30 (trinta) dias; f) Após, com ou sem manifestação, sejam os autos remetidos a este Conselho para reinclusão em pauta para prosseguimento no julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Junior – Relator. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 25/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 03/0 7/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 27/05/2014 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
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Numero do processo: 15504.019245/2009-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
ABONO DE FÉRIAS.
O abono de férias de que trata o artigo 143 da CLT, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrará a remuneração do empregado para os efeitos da Legislação do Trabalho, se consubstanciando na excludente do salário de contribuição prevista no § 9º, alínea e,item 6 do art. 28 da Lei n.º 8.212/91.
O pagamento condicionado a antiguidade do empregado não desvirtua a natureza da verba, se atendidos os requisitos expressamente previstos no artigo 144 da CLT.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA
Em virtude do disposto no art. 17 do Decreto n º 70.235 de 1972 somente será conhecida a matéria expressamente impugnada.
JUROS/SELIC
As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia - SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91.
Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
MULTA MORATÓRIA
A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e do lançamento traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.047
Decisão: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as verbas pagas a título de "Abono de Férias" recebidos nos moldes dos artigos 143 e 144 da Consolidação das Leis do Trabalho, por estarem ao abrigo das excludentes do salário de contribuição, conforme artigo 9º, letra "e", item 6 da Lei n.º 8.212/91. Quanto à multa, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso, para que seja aplicada considerando às disposições contidas no artigo 35, II da Lei n.º 8.212/91, para o período até 11/2008.Vencidos na votação os Conselheiros Bianca Delgado Pinheiro, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20% em decorrência das disposições introduzidas pela MP 449/2008 (art. 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação da MP n.º 449/2008 c/c art. 61, da Lei n.º 9.430/96).
Liege Lacroix Thomasi Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Andre Luís Mársico Lombardi , Leonardo Henrique Pires Lopes, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Bianca Delgado Pinheiro.
Nome do relator: LIEGE LACROIX THOMASI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 ABONO DE FÉRIAS. O abono de férias de que trata o artigo 143 da CLT, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrará a remuneração do empregado para os efeitos da Legislação do Trabalho, se consubstanciando na excludente do salário de contribuição prevista no § 9º, alínea “e”,item 6 do art. 28 da Lei n.º 8.212/91. O pagamento condicionado a antiguidade do empregado não desvirtua a natureza da verba, se atendidos os requisitos expressamente previstos no artigo 144 da CLT. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Em virtude do disposto no art. 17 do Decreto n º 70.235 de 1972 somente será conhecida a matéria expressamente impugnada. JUROS/SELIC As contribuições sociais e outras importâncias, pagas com atraso, ficam sujeitas aos juros equivalentes à Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do artigo 34 da Lei 8.212/91. Súmula do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais diz que é cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA MORATÓRIA A aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e do lançamento traz percentuais variáveis, de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 92 45 /2 00 9- 53 Fl. 248DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e se mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2009, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento as verbas pagas a título de "Abono de Férias" recebidos nos moldes dos artigos 143 e 144 da Consolidação das Leis do Trabalho, por estarem ao abrigo das excludentes do salário de contribuição, conforme artigo 9º, letra "e", item 6 da Lei n.º 8.212/91. Quanto à multa, por voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso, para que seja aplicada considerando às disposições contidas no artigo 35, II da Lei n.º 8.212/91, para o período até 11/2008.Vencidos na votação os Conselheiros Bianca Delgado Pinheiro, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes, por entenderem que a multa aplicada deve ser limitada ao percentual de 20% em decorrência das disposições introduzidas pela MP 449/2008 (art. 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação da MP n.º 449/2008 c/c art. 61, da Lei n.º 9.430/96). Liege Lacroix Thomasi – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liege Lacroix Thomasi (Presidente), Arlindo da Costa e Silva, Andre Luís Mársico Lombardi , Leonardo Henrique Pires Lopes, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Bianca Delgado Pinheiro. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019245/200953 Acórdão n.º 2302003.047 S2C3T2 Fl. 249 3 Relatório Trata o Auto de Infração de Obrigação Principal, lavrado e cientificado ao sujeito passivo em 04/12/2009, de contribuições previdenciárias relativas à cota do segurados empregado incidentes sobre valores pagos aos segurados empregados a título de “ABONOS”, no período de 01/2006 a 12/2007. Referese, também às contribuições relativas à cota do segurado contribuinte individual incidentes sobre valores pagos em reclamações trabalhistas, no mesmo período. O Relatório Fiscal de fls. 27/40, traz que os fatos geradores considerados na autuação foram apurados pelo exame dos arquivos digitais, Folhas de Pagamento e Livros Diário disponibilizados pela empresa e a seguir me reporto à trecho da decisão recorrida que bem esclareceu acerca dos levantamentos havidos: que foram pagos ou creditados "abonos" aos empregados por ocasião de seu retorno de férias, conforme pactuado nas convenções coletivas de trabalho CCT de 2006 e 2007. Em relação a esses abonos, a cláusula n° 8, das convenções dispunha que "(..) A empresa pagará ao empregado, nos termos dos artigos 144 da CLT e do artigo 28, §90, alínea 'e' item 6 da Lei 8.212, até o 10" (décimo) dia após o retorno de suas férias, um abono proporcional ao valor das mesmas, excluído o acréscimo de 1/3 (um terço) previsto em lei, que seguirá a seguinte escala: 10% para empregados com 02 (dois anos) de serviço; 15% para empregados com 03 (três)anos de serviço, 20% para empregados com 04 (quatro) anos de serviço; 30 % para empregados que tenham 05 (cinco) ou mais anos de serviço.(..)"; que foram pagos ou creditados "abonos especiais" a todos os empregados, conforme pactuado em convenção coletiva de trabalho CCT de 2007. Em relação a esses abonos, a cláusula de n° 64, dessa CCT dispunha que "(...) As empresas pagarão um abono especial a todos os empregados, desvinculado da remuneração, no importe de 22,5% (vinte e dois virgula cinco por cento) incidente sobre os salários nominais de cada empregado praticados em janeiro de 2007.(..)"; que foram pagos ou creditados valores a empregados por ocasião de sua demissão, na proporção de 1 dia de remuneração para cada 05 anos de duração do contrato de trabalho, conforme pactuado em convenções coletivas de trabalho CCT de 2006 e 2007. Em relação a essas importâncias, a cláusula de n° 50, dessas CCT dispunha que "(.) Concedese ao empregado, além do aviso prévio previsto em lei, mais um dia para cada 05/As empresas pagarão um abono especial a todos os empregados, desvinculado da Fl. 250DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 remuneração, no importe de 22,5% (vinte e dois virgula cinco por cento) incidente sobre os salários nominais de cada empregado praticados em janeiro de 2007.(..)"; que foi paga ou creditada gratificação em 11/2006 a Wilder de Souza Vargas (rubrica 0126 — Gratificação da Folha de Pagamento) que não foi , considerada parcela integrante do salário de contribuição; que essas rubricas não consideradas na apuração da base de cálculo das contribuições lançadas, foram identificados neste Auto de Infração — AI pelo levantamento "ACL — ABONOS CONCEDIDOS LIBERALIDADE"; que foi elaborado o "anexo 1" (fls. 46/64) por meio do qual está demonstrado, por competência: os empregados favorecidos com as rubricas mencionadas, o valor das rubricas, o valor da base de cálculo/salário de contribuição ajustado, o valor de contribuição do segurado declarado e o efetivamente devido (ajustado); que pela análise de termos de audiência, Guias da Previdência social —GPS, Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informação à Previdência Social — GFIP, conforme registro contábeis à conta "10174 Indenizações Trabalhistas", constatouse a existência de diferenças de contribuições relacionadas com processos de reclamatória trabalhista; que as bases de cálculo apuradas pela análise dos termos de audiência, sentenças ou planilhas homologadas são superiores àquelas utilizadas pela empresa para o recolhimento das contribuições; que as diferenças mencionadas foram discriminadas, por competência, no "Anexo 2" (fl. 65) e os fatos geradores são identificados neste Auto de Infração — AI pelo levantamento "RCL — RECLAMATORIAS TRABALHISTAS"e; que em atenção ao que dispõe o Código Tributário Nacional — CTN, artigo 106, inciso II, alínea "c", foi realizada a comparação entre a multa ("Anexo 7" de fl. 90) calculada conforme a legislação vigente na data da lavratura (após edição da Lei n° 11.941 de 27/05/2009) e a multa aplicável conforme o que previa a legislação de regência (ocorrência dos fatos geradores/infrações), com vistas a aplicar aquela mais favorável ao contribuinte. A multa aplicada por ser mais favorável é aquela calculada conforme a legislação atual (após a edição da Lei n° 11.941/2009). Após a impugnação, Acórdão de fls.204/208, julgou o lançamento procedente. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019245/200953 Acórdão n.º 2302003.047 S2C3T2 Fl. 250 5 Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, onde alega em síntese: a) que o abono de férias não integra o salário de contribuição; b) que os valores pagos a título de abono de férias estão em conformidade com o artigo 144 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, não possuindo natureza salarial; c) que o acordo coletivo previa o pagamento de máximo 30% do valor das férias e somente é pago no retorno das férias; d) que a vinculação ao tempo de serviço não desvirtua a natureza da verba e que não tem relação com o abono por tempo de serviço; e) argúi a inconstitucionalidade do salárioeducação; f) que é ilegal a cobrança para o INCRA por ser empresa urbana; g) que não está sujeita às contribuições para o SENAI, SESI e SEBRAE porque é prestadora de serviços; h) que os juros com base na taxa SELIC são indevidos por ilegais e inconstitucionais. i) Por fim, requer o provimento do recurso para declarar nulo os valores lançados e que seja declarada a ilegalidade da SELIC. É o relatório. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Voto Conselheira Liege Lacroix Thomasi, Relatora Cumprido o requisito de admissibilidade, frente à tempestividade, conheço do recurso e passo ao seu exame. O auto de infração em exame compõese de várias rubricas pagas a título de abonos, gratificações e verbas relativas a reclamações trabalhistas aos segurados empregados e já descritas no relatório deste voto. A recorrente em suas razões insurgese apenas quanto à verba paga a título de “Abono de Férias”. Assim, em virtude do disposto no art. 17 do Decreto n º 70.235 de 1972 , onde somente será conhecida a matéria expressamente impugnada, com exceção das matérias que podem ser conhecidas independentemente de impugnação, como a decadência, deixo de me manifestar sobre as demais rubricas constantes do lançamento, tendose como aceitas pelo sujeito passivo: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Quanto ao Abono de Férias, o Fisco considerou como verba integrante da remuneração, porque foi pago proporcionalmente ao tempo de serviço implementado pelo empregado, enquanto a recorrente afirma que tal abono, por estar em total consonância com o disposto na CLT, sujeitase à exceção prevista no § 9º, alínea “e”, item 6 do art. 28 da Lei n.º 8.212/91: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) e) as importâncias: (...) 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; Do exame dos citados artigos constantes da CLT, temos que a legislação trabalhista estabelece apenas que o abono de férias não deve exceder a vinte dias de salário para que seja excluído da remuneração, senão vejamos: Art. 143. É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes. Art. 144. O abono de férias de que trata o artigo anterior, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de Fl. 253DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019245/200953 Acórdão n.º 2302003.047 S2C3T2 Fl. 251 7 trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da legislação do trabalho. Portanto, se a lei não estipulou outra condição, que não a proibição quanto a não exceder vinte dias de salário, para restar excluído da remuneração, não pode o Fisco entender que o pagamento proporcional, dentro do limite legal imposto, mas variável conforme a antiguidade do empregado na empresa, seja causa bastante para desvirtuar a natureza da verba. É de se ver ainda, que este entendimento encontra respaldo no CARF, conforme julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1999 a 31/07/2005 ABONO DE FÉRIAS. O abono de férias de que trata o artigo 143 da CLT, bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, não integrarão a remuneração do empregado para os efeitos da Legislação do Trabalho. Recurso especial negado. (CARF, Acórdão 920200.485 2 ª Turma. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Sessão de 09.03.2010) Ademais, apenas a título ilustrativo, refiro que a Lei nº 8.212/91, em seu artigo 28, define o saláriodecontribuição, prevendo de forma taxativa as parcelas que não o integram em seu § 9º. Com relação ao abono pecuniário de férias, temos que a Lei Orgânica da Seguridade Social (Lei nº 8.212/91, de 24/07/1991), sofreu alterações no tempo: A alínea “d” do § 9° do art. 28 da Lei n° 8.212/91, em sua redação original, expressamente excluía do saláriodecontribuição previdenciário os abonos de férias não excedentes aos limites da legislação trabalhista; No período de 08/97 até 21/05/98, o abono de férias passou a sofrer incidência de contribuição, em razão da MP n º 1.5237, de 30/04/97, que alterou simultaneamente a seguinte legislação: * Art. 144 da CLT o qual passa a restringir a natureza não salarial do abono pecuniário até 20 dias de salário apenas para os efeitos da legislação do trabalho, vez que foi suprimida a expressão “previdência social”. * § 2° do art. 22 da Lei nº 8.212/91 determinou integrar a remuneração os abonos de qualquer espécie ou natureza * Alínea “b” do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212/91 o qual passa a prever que os abonos de qualquer espécie ou natureza integram o saláriodecontribuição. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 * Alínea “d” do § 9°do art. 28 da Lei nº 8.212/91 passa a excluir do saláriodecontribuição apenas as importâncias recebidas a título de férias indenizadas. Assim, 90 dias após a data da MP nº 1.5237, ou seja, a partir de 01/08/97, a contribuição previdenciária começou a incidir sobre a toda verba paga a título de “abono de férias”, independentemente de ser ou não o valor superior a 20 dias. O § 2º do art. 22 da Lei nº 8.212/91 assim como a alínea “b” do § 8º do art. 28 da mesma Lei foram mantidos nas reedições posteriores da MP nº 1.523 até a reedição com o nº 1.59614, de 10/11/97. A MP nº 1.59614, de 10/11/97, deu nova redação à alínea “d” do § 9° do art. 28 da Lei nº 8.212/91, excluindo do saláriodecontribuição as importâncias relativas a férias indenizadas, respectivo adicional constitucional e o valor da dobra previsto no art. 137 da CLT. Em 27/11/97, o STF suspendeu a aplicação do § 2º do art. 22 e da alínea “b” do § 8º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, em função das ADins 1.6652 e 1.6596. A MP nº 1.59614 foi convertida na Lei nº 9.528, em 10/12/97, acrescentando os itens 1 a 5 à alínea “e” do § 9° do art. 28 da Lei nº 8.212/91, silenciando quanto aos abonos de férias e tendo sido vetadas, pelo Presidente da República, a alteração do § 2º do art. 22 e a alínea “b” do § 8º do art. 28 da mesma Lei nº 8.212/91. Assim a partir de 10/12/1997 foi restabelecida a redação original do § 2° do art. 22 da Lei nº 8.212/91, dispondo que não integram a remuneração as parcelas de que trata o § 9° do art. 28 e, com o acréscimo dos itens 1 a 5 à alínea “e” do § 9° do art. 28, deixou a Lei de tratar especificamente de abonos, nas hipóteses de exclusão do saláriode contribuição. O veto do Presidente da República, portanto, não retirou o abono de férias do campo de incidência previdenciária, eis que a Lei nº 8.212/91 apenas excluía do saláriode contribuição as parcelas tratadas no § 9º do art. 28 da mesma Lei (dentre as quais não mais constava o abono de férias) e subsistiu válido o disposto no artigo 144 da CLT, que retirou a natureza salarial deste abono de valor até 20 dias de salário somente para os efeitos da legislação do trabalho. Com o advento da Medida Provisória nº 1.5869, de 21/05/98, posteriormente convertida na Lei nº 9.711/98, que introduziu o item 6 na alínea “e” do § 9º do citado artigo 28 da Lei nº 8.212/91, incluindo nas parcelas que não integram o saláriodecontribuição as importâncias recebidas a título de abono de férias na forma dos artigos 143 e 144 da CLT, retirouse do campo de incidência previdenciária o abono de valor até 20 dias de salário. Destarte, concluise que os abonos de férias previstos nos artigos 143 e 144 da CLT, quando pagos conforme o regramento daqueles dispositivos legais, não integram o saláriodecontribuição quando amparados por legislação previdenciária isentiva vigente. De todo o exposto, a incidência ou não de contribuição previdenciária sobre o denominado abono de férias, correspondente aos valores relativos à conversão de 1/3 (um terço) do período de férias a que o empregado tiver direito em abono pecuniário bem como o concedido em virtude de cláusula do contrato de trabalho, do regulamento da empresa, de convenção ou acordo coletivo, desde que não excedente de vinte dias do salário, como no caso em tela. A recorrente se insurge contra as contribuições arrecadadas para as Terceiras Entidades sob o argumento de ilegalidade e inconstitucionalidade.Todavia, o presente Auto de Infração referese exclusivamente às contribuições relativas à cota dos segurados, não contemplando contribuições patronais, tampouco aquelas arrecadadas para as Terceiras Entidades. Por este motivo deixo de me manifestar acerca das argüições relativas aos Terceiros, SalárioEducação, INCRA, SEBRAE, SESI, SENAI. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019245/200953 Acórdão n.º 2302003.047 S2C3T2 Fl. 252 9 No tocante à taxa SELIC, cumpre asseverar que sobre o principal apurado e não recolhido, incidem os juros moratórios, aplicados conforme determina o artigo 34 da Lei 8.212/91: “... As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC, a que se refere o artigo 13, da Lei n.º 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável.” O art. 161 do CTN prescreve que os juros de mora serão calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês, se a lei não dispuser de modo diverso. No caso das contribuições em tela, há lei dispondo de modo diverso, ou seja, o aludido art. 34 da Lei 8.212/91 dispõe que sobre as contribuições em questão incide a Taxa SELIC. Portanto, está correta a aplicação da referida taxa a título de juros, perfeitamente utilizável como índice a ser aplicado às contribuições em questão, recolhidas com atraso, objetivando recompor os valores devidos. Ainda, quanto à admissibilidade da utilização da taxa SELIC, ressaltamos que o Segundo Conselho, do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, aprovou na Sessão Plenária de 18 de setembro de 2007, publicada no D.O.U. de 26/09/2007, Seção 1, pág. 28 a Súmula 3, que dita: É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liqüidação e Custódia – Selic para títulos federais. E, com a criação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, tal súmula foi consolidada na Súmula CARF n.º 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Por derradeiro, me pronuncio acerca da multa de ofício aplicada pelo Fisco, que entendeu ser mais benéfica para o contribuinte, quando possuo entendimento diverso. No caso em tela, à época do fatos geradores, pelo não recolhimento em época própria do tributo devido, a legislação previdenciária previa a aplicação de multa moratória,conforme disposto pelo 35 da Lei n° 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99. A MP n° 449/08, posteriormente convertida na Lei nº 11.941/2008, excluiu do ordenamento jurídico a gradação da multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, Fl. 256DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 conferindolhe outras condições, eis que se tratando de recolhimento espontâneo pelo contribuinte de contribuições previdenciárias pagas em atraso, a multa de mora a ser aplicada será de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso, contados a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento, limitado a vinte por cento: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. §1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. §2 O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Quando se tratar de lançamento de ofício, como no saco da presente notificação fiscal de lançamento de débito –NFLD, a legislação superveniente determinou a incidência de multa de ofício, correspondente a 75% da totalidade ou diferença de imposto ou contribuição devidos e não recolhidos, podendo, inclusive ser duplicado o valor em caso de fraude, simulação ou conluio: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto Fl. 257DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15504.019245/200953 Acórdão n.º 2302003.047 S2C3T2 Fl. 253 11 no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2º desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488, de 2007) §1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) §2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o §1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 258DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Portanto, no exame do caso em questão é de se ver que a aplicação do artigo 35 da Lei n.º 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores e do lançamento traz percentuais variáveis, de acordo com a fase processual em que se encontre o processo de constituição do crédito tributário e mostra mais benéfico ao contribuinte, uma vez em que se aplicando a redação dada pela Lei n.º 11.941/2008, mais precisamente o artigo 35 A da Lei n.º 8.212/91, o valor da multa seria mais oneroso ao contribuinte, pois deveria ser aplicado o artigo 44, I da Lei n.º 9430/96, já transcrito anteriormente. Por todo o exposto, Voto pelo provimento parcial do recurso para excluir do lançamento as verbas pagas a título de “Abono de Férias” recebidos nos moldes dos artigos 143 e 144 da Consolidação das Leis do Trabalho, por estarem ao abrigo das excludentes do salário de contribuição, conforme artigo 9º, letra”e”, item 6 da Lei n.º 8.212/91 e para que a multa seja aplicada considerando as disposições contidas no artigo 35, II da Lei n.º 8.212/91, para o período até 11/2008. Liege Lacroix Thomasi Relatora Fl. 259DF CARF MF Impresso em 28/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI, Assinado digitalmente em 03/04/201 4 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 15578.000010/2010-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 07 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Jul 14 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1402-000.228
Decisão: Visto e discutidos este autos
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, determinar o encaminhamento dos autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória-ES, para juntada ao processo 10783.905665/2009-41, com vistas ao trâmite em conjunto.
(assinado digitalmente)
Moisés Giacomelli Nunes da Silva relator (assinado digitalmente)
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade.
Nome do relator: Não se aplica
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Multa isolada. Recorrente CIA ESPÍRITO SANTENSE DE SANEAMENTO CESAN Recorrida FAZENDA NACIONAL Visto e discutidos este autos Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, determinar o encaminhamento dos autos à Delegacia da Receita Federal do Brasil em VitóriaES, para juntada ao processo 10783.905665/200941, com vistas ao trâmite em conjunto. (assinado digitalmente) Moisés Giacomelli Nunes da Silva – relator (assinado digitalmente) (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto – Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez e Leonardo de Andrade. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 78 .0 00 01 0/ 20 10 -6 8 Fl. 516DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 10/07/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 15578.000010/201068 Resolução nº 1402000.228 S1C4T2 Fl. 7 2 CIA ESPÍRITO SANTENSE DE SANEAMENTO CESAN recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela DRJ em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): Tratase de multa isolada no valor de R$ 918.854,69 constituída em conseqüência de as compensações informada na PER/DCOMP 24075.06359.170407.1.3.021392 ter sido considerada não declarada. Inicialmente a interessada transmitiu à RFB a supracitada PER/DCOMP e objetivando compensar com débitos próprios, crédito relativo a saldo negativo de Imposto de Renda Pessoa Jurídica — IRPJ, anocalendário 2002, no valor de R$ 720.585,57. A pretensão da Interessada foi negada pelo Despacho Decisório de fl. 139, sob a justificativa de que, em vez de saldo negativo, consta imposto a pagar, no valor de R$ 1.667.748,83, na DIPJ relativa ao período do alegado crédito. Ato contínuo apresentou Manifestação de Inconformidade contra o citado despacho decisório, julgado nulo pela 1ª Turma desta DRJ em 05/11/2009 (Acórdão às fls 160/164) Em 15 de janeiro de 2010 o Seort/DRF/VIT exarou o Parecer de nº 160 (fls. 165/172) que tomou como não declarada a compensação sob os seguintes argumentos e fundamentação, em síntese: A Contribuinte pretende extinguir débitos de sua responsabilidade perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil por meio de compensações com créditos que lhe teriam sido assegurados no âmbito da Ação Ordinária n° 97.00110001. Destaquese que a Empresa não informou na DCOMP 24075.06359.170407.1.3.021392 que o crédito era oriundo de ação judicial. Contudo tal decisão ainda não transitou em julgado devendo ser trazido à baila Lei Complementar n° 104/2001, acrescentou o art. 170 A ao Código Tributário Nacional, cujo comando dispõe que "é vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo suieito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão JUDICIAL". Fl. 517DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 10/07/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 15578.000010/201068 Resolução nº 1402000.228 S1C4T2 Fl. 8 3 A compensação, posto modalidade extintiva do crédito tributário (artigo 156, do CTN), exsurge quando o sujeito passivo da obrigação tributária é, ao mesmo tempo, credor e devedor do erário público, sendo mister, para sua concretização, autorização por lei especifica e créditos líquidos e certos, vencidos e vincendos, do contribuinte para com a Fazenda Pública (artigo 170, do CTN). Na situação em pauta, o trânsito em julgado da ação é elemento essencial para a existência da compensação. Logo, os dados transmitidos pela Cesan, por meio da utilização indevida do programa PER/DCOMP, como pretensas compensações devem ser tomadas por não declaradas. Tais fatos impõem o lançamento da multa isolada, que, à época em que fora transmitida a PER/DCOMP nº 24075.06359.170407.1.3.021392 tem amparo no caput do art. 18 Lei n° 10.833/03 c/c o art. 44, inciso I da Lei nº 9430/96. Em decorrência do Parecer SEORT/DRF/VIT nº 160/2010 foi lavrado o auto de infração de fls 08/12 constituindo multa regulamentar no valor de R$ 918.854,69 cuja descrição dos fatos menciona: 001 MULTA ISOLADA COMPENSAÇÃO INDEVIDA COMPENSAÇÃO INDEVIDA EFETUADA EM DECLARAÇÃO PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO 0 sujeito passivo efetuou compensação indevida de valores em declaração prestada, conforme relatório de fiscalização, o qual é parte integrante do presente auto de infração. O enquadramento legal é Art. 18 da Lei n° 10.833/03, com redação dada pelas Leis n's 11.051/04 e 11.196/05 e pelo art. 18 da Medida Provisória n o 351/07 . Cientificada em 07/04/2010 conforme AR às fls. 15 do volume II deste processo apresentou sua manifestação de inconformidade em 7/05/2010 (fls. 193/194 , volume II). A manifestação de inconformidade, que na íntegra encontrase às fls. 18/37 traz, em apertada síntese, o seguinte: não produzem efeitos jurídicos a não homologação, e outras decisões lesivas ao contribuinte, sendo depois de confirmadas por decisão de que não caiba mais recurso. Assim, não cabe aplicação de multa em razão de o pedido de compensação ter sido considerado como não declarado, se esta decisão ainda não está apta a produzir efeitos jurídicos. (Menciona e transcreve doutrina) Em 1º de março de 2001 foi proferida sentença julgando procedentes os pleitos autorais na ação ordinária com pedido de Fl. 518DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 10/07/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 15578.000010/201068 Resolução nº 1402000.228 S1C4T2 Fl. 9 4 antecipação de tutela (documento 7), declarando a inexistência de relação jurídicotributária que obrigue a autora a apurar e recolher o Imposto de Renda incidente sobre o lucro inflacionário acumulado até 31 de dezembro de 1995. A sentença foi mantida pelo Tribunal Regional Federal (documento 7). Em razão do êxito obtido, a CESAN buscou compensar o saldo de imposto de renda pago a maior com outros valores de impostos devidos, utilizando, para isso, o modelo de compensação instituído pela Lei ng 9.430/96, com o preenchimento da respectiva declaração de compensação, por meio do Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e da Declaração de Compensação PER/DCOMP. de número 24075.06359.170407.1.3.021392. Cabe dizer ainda que, não obstante a Lei Complementar nº 104/2001 tenha introduzido o art. 170A no Código Tributário Nacional, prescrevendo que "É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão", tal regra não se aplica ao caso em tela, já que, por trazer restrições ao direito do contribuinte, não pode ser aplicada de forma retroativa. Percebase que o artigo referido (170A) foi inserido no CTN em 2001, ou seja, depois do ingresso da ação judicial (1997) e do inicio da relação jurídicotributária que garantiu o direito de compensação, razão pela qual não pode ser aplicado, sob pena de afronta direta ao principio da irretroatividade das leis, dentre outros. (Transcreve ensinamentos de José Afonso da Silva e Celso Antônio Bandeira de Mello e súmula do STF) Ora, o direito à compensação exsurge no momento em que o contribuinte efetua um pagamento indevido. Assim, tendo o direito de compensar sido adquirido antes da alteração efetuada pela Lei complementar nº 104/2001, deve pela legislação anterior ser regulado. (cita ensinamentos e jurisprudência) Resta clara a inaplicabilidade do art. 170A do CTN (redação dada pela Lei Complementar n2 104/2001) e da alínea "d" do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (redação dada pela Lei nº 11.051/2004) a compensação em tela. Finaliza pedindo: Que seja acolhida a presente impugnação, admitindoa em seu efeito suspensivo, com a conseqüente declaração de inexistência da obrigação do pagamento de multa; a produção de todos os meios de prova em direito admitidas e, em especial, documental e oral. Fl. 519DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 10/07/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 15578.000010/201068 Resolução nº 1402000.228 S1C4T2 Fl. 10 5 A decisão recorrida está assim ementada: MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO CONSIDERADA NÃO DECLARADA. Considerada não declarada a compensação aplicase a penalidade prevista no art. 18 da Lei n° 10.833/03, com redação dada pelas Leis nºs 11.051/04 e 11.196/05 e pelo art. 18 da Medida Provisória nº 351/07. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. No voto condutor do aludido acórdão destacamse os seguintes fundamentos: “(...) 9. Não há dúvidas de que a contribuinte não observou uma das condições básicas para que pudesse proceder à compensação, qual seja, a de que seu crédito fosse líquido e certo, o que só pode se dar com o trânsito em julgado da ação ordinária que o pleiteia e sua habilitação prévia pela unidade de sua circunscrição na RFB. 10. Apenas à guisa de esclarecimento, pois não seria o trânsito em julgado posterior à transmissão da Per/dcomp ora em análise que lograria tornála hígida, o acompanhamento processual indica que a ação ainda encontrase pendente de decisão final, conforme se constata pelo andamento do recurso extraordinário 628099 a seguir demonstrado: (...)” Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. É o relatório. Fl. 520DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 10/07/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA Processo nº 15578.000010/201068 Resolução nº 1402000.228 S1C4T2 Fl. 11 6 Voto Conselheiro MOISÉS GIACOMELLI NUNES DA SILVA, relator O recurso manuseado pela parte encontrase previsto no artigo 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, é tempestivo, está devidamente fundamentado e foi interposto por parte legítima que pretende ver a decisão da DRJ reformada. Assim. conheçoo e passo ao exame das questões pertinentes. Conforme relatado, em litígio a multa isolada em face de compensação considerada “não declarada”. A matéria de fundo referese a existência, ou não, de Saldo Negativo de Recolhimentos do IRPJ do anocalendário de 2002. Originalmente a contribuinte apurou imposto a pagar, porem, ingressou com ação ordinária, com pedido de antecipação de tutela, a fim de se eximir do pagamento do IRPJ, no valor de R$ 36.536.687,27, incidente sobre saldo de Lucro Inflacionário, acumulado até 31/12/1995, cuja tributação foi diferida até o ano calendário de 2005. Ao excluir a parcela do Lucro Inflacionário tributada no anocalendário de 2002, o resultado encontrado foi um saldo negativo de IRPJ no montante de R$ 720.585,57. Consoante registrado na própria decisão recorrida, aludido direito creditório encontrase em litígio no processo 10783.905665/200941, cuja decisão de 1a. instância da mesma DRJ, nº 1227.034, proferida em 5/11/2009 foi no sentido de “DECLARAR NULO o Despacho Decisório nº 834751986 (fl.14) e demais atos dele decorrentes (devendo ser proferida nova decisão, com a análise das questões novas trazidas à lide pela interessada).” Ocorre que aquele processo ainda se encontra aguardando nova decisão da DRF Vitória (ES). É certo que eventual decisão administrativa favorável ao contribuinte no processo 10783.905665/200941, implicando no reconhecimento do direito creditório, acarretara a homologação da compensação e, por conseguinte, repercussão na presente exigência. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de encaminhar o presente processo à DRF Vitória (ES) para que seja juntado ao processo 10783.905665/200941 e passe a tramitar em conjunto àquele. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva Fl. 521DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA, Assinado digitalmente e m 10/07/2014 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 25/06/2014 por MOISES GIACOMELL I NUNES DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10073.902522/2012-90
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jul 09 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 31/08/2008
INVALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. INOCORRÊNCIA.
Estando presentes os requisitos formais previstos nos atos normativos que disciplinam a compensação, não há que se falar em invalidade do despacho decisório por vícios relativos à forma.
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO-HOMOLOGADA.
A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido.
TAXA SELIC. APLICABILIDADE.
Nos termos da Súmula CARF nº 4, a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3801-003.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Flávio De Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges e Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: MARCOS ANTONIO BORGES
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INOCORRÊNCIA. Estando presentes os requisitos formais previstos nos atos normativos que disciplinam a compensação, não há que se falar em invalidade do despacho decisório por vícios relativos à forma. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. ERRO DE FATO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS CRÉDITOS. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o pagamento indevido ou maior que o devido. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. Nos termos da Súmula CARF nº 4, “a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Flávio De Castro Pontes Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 3. 90 25 22 /2 01 2- 90 Fl. 139DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10073.902522/201290 Acórdão n.º 3801003.518 S3TE01 Fl. 140 2 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes (Presidente), Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antonio Borges e Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10073.902522/201290 Acórdão n.º 3801003.518 S3TE01 Fl. 141 3 Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP cujo crédito seria decorrente de pagamento indevido ou a maior no valor original na data de transmissão de R$ 23.902,02. Após processada foi exarado o Despacho Decisório no qual consta que o pagamento descrito no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Intimado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade aonde alega, em síntese: Em sede preliminar, a invalidade do ato administrativo por não ter preenchido o requisito com relação à Forma, perdendo o Despacho Decisório o seu objeto; No mérito aduz que a compensação originouse de sobra de valor de COFINS pago a maior e não retificado em DCTF, sendo certo que, persistindo a não homologação do PER/DCOMP apresentado, estará sendo o contribuinte obrigado a pagar tributos duplamente, em flagrante desrespeito à legislação vigente; Tece considerações acerca da ilegalidade da aplicação da taxa Selic para fins tributários e sua inaplicabilidade como índice de atualização de débitos fiscais, fazendo menção a jurisprudência do Judiciário, devendo ser aplicado o percentual de 1% ao mês e sem capitalização, previsto no CTN; Da ilegalidade da multa proposta, fazendo menção a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais, para enfatizar o efeito confiscatório da multa exigida. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (MG) julgou improcedente a manifestação de inconformidade com base na seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/08/2008 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. Deve ser rejeitada a preliminar de invalidade do ato administrativo, quando o Despacho Decisório contém a fundamentação legal e as informações e orientações necessárias ao exercício da plena defesa do contribuinte, em observância estrita ao rito do processo administrativo fiscal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Fl. 141DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10073.902522/201290 Acórdão n.º 3801003.518 S3TE01 Fl. 142 4 Data do fato gerador: 31/08/2008 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. ACRÉSCIMOS LEGAIS. Os débitos indevidamente compensados serão exigidos com os respectivos acréscimos legais. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho, através de Recurso Voluntário apresentado, no qual reproduz, na essência, as razões apresentadas por ocasião da manifestação de inconformidade e requer seja acolhida a preliminar alegada referente à invalidade do ato administrativo, caso não seja este o entendimento, requer seja dado provimento ao recurso, reconhecendose o seu direito creditório e homologandose a compensação dos valores. É o Relatório. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10073.902522/201290 Acórdão n.º 3801003.518 S3TE01 Fl. 143 5 Voto Conselheiro Marcos Antonio Borges O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos recursais, portanto dele tomase conhecimento. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre de recolhimento a maior de COFINS, Código de Receita 2172, cujo período de apuração se deu em 31/08/2008 e não retificado em DCTF. Preliminarmente, quanto à alegação de invalidade do ato administrativo entendo que não assiste razão à recorrente. O instituto da compensação está previsto no artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. In casu, o contribuinte apresentou declaração de compensação de débitos diversos e apontou o documento de arrecadação (DARF) referente a COFINS, Código de Receita 2172, como origem do crédito, alegando “pagamento indevido ou a maior”, conforme disposto nas normas regulamentadoras. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. A fundamentação da não homologação da compensação pleiteada reside no cotejo entre as próprias declarações apresentadas pelo contribuinte e os documentos apontados como origem do direito creditório. A analise eletrônica do PERDCOMP se deu com base nas declarações ativas quando da apresentação do mesmo. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10073.902522/201290 Acórdão n.º 3801003.518 S3TE01 Fl. 144 6 Uma vez que o direito creditório não foi reconhecido, a compensação foi não homologada e o sujeito passivo foi cientificado e intimado a efetuar o pagamento dos débitos indevidamente compensados com os respectivos acréscimos legais. Tal procedimento, conforme o disposto no aludido diploma legal, foi disciplinado pela Receita Federal através de diversas Instruções Normativas ao longo do tempo, não se verificando no despacho decisório combatido qualquer inobservância das formalidades ali prescritas, não caracterizando assim o alegado vicio de forma que poderia levar a eventual invalidade do ato administrativo. Quanto ao mérito, melhor sorte não assiste à recorrente. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. No entanto, o Recorrente não trouxe aos autos qualquer elemento que pudesse comprovar a origem do seu crédito. Se limitou, tãosomente, a argumentar que houve um erro de fato no pagamento do DARF e preenchimento da DCTF e que, por isso, faz jus ao reconhecimento do crédito. A alegação de erro na apuração dos débitos que teriam dado ensejo ao crédito de pagamento indevido ou a maior não foram acompanhadas na peça impugnatória da retificação da respectiva DCTF, instrumento de confissão de dívida, que a princípio estaria na esfera de responsabilidade do contribuinte, ainda mais porque não foi acompanhada de qualquer alegação de impossibilidade na sua apresentação, bem como, dos documentos comprobatórios que poderiam até embasar uma eventual retificação de ofício. Para que se possa superar a questão de eventual erro de fato e analisar efetivamente o mérito da questão, deveriam estar presentes nos autos os elementos comprobatórios que pudéssemos considerar no mínimo como indícios de prova dos créditos alegados, o que não se verifica no caso em tela. Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte certeza e liquidez, que são indispensáveis para a compensação pleiteada. Em relação à alegação de que não é devida a multa de mora na cobrança dos débitos indevidamente compensados, igualmente não assiste razão à recorrente. A IN RFB 900/2008, vigente à época, assim como as alterações posteriores, que disciplinava o procedimento de compensação, previa no seu art. 38 que o tributo ou contribuição objeto de compensação nãohomologada será exigido com os respectivos acréscimos legais. O art. 61 da Lei 9.430/1996, por sua vez, dispõe que os débitos não recolhidos no vencimento estão sujeitos à incidência da multa moratória. Fl. 144DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10073.902522/201290 Acórdão n.º 3801003.518 S3TE01 Fl. 145 7 Art. 61. Os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela SRF, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. A alegação de que essa multa possui caráter confiscatório não pode ser analisada por este Conselho já que o afastamento da aplicação da Legislação referente, indubitavelmente, ensejaria o reconhecimento de inconstitucionalidade de lei em vigor, o que é vedado, conforme entendimento consolidado por meio do enunciado da Súmula n. 02, a seguir: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. No que se refere à legalidade da cobrança de juros de mora com base na taxa SELIC, a matéria já fora pacificada no âmbito deste Conselho Administrativo por meio da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário, para NÃO HOMOLOGAR as compensações. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 145DF CARF MF Impresso em 09/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/07/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 07/07/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001044/2010-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 11 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/2006 a 01/12/2007
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ALTERAÇÃO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Eventual alteração ou vícios no mandado de procedimento fiscal não possuem o condão de justificar a nulidade do lançamento (Precedente da Câmara Superior de Recursos Fiscais), sobretudo nos casos em que o Mandado fora devidamente emitido e engloba a fiscalização de contribuições previdenciárias no período lançado, ao revés do alegado em sede de recurso voluntário.
AUTO DE INFRAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. MULTA. CABIMENTO. Tendo em vista que a recorrente deixou de apresentar documentação contábil que lhe fora requerida em sede de ação fiscal, sem qualquer prova que justificasse sua omissão, é de ser mantida a multa aplicada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-003.599
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso.
Elias Sampaio Freire - Presidente
Igor Araújo Soares - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/07/2006 a 01/12/2007 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ALTERAÇÃO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Eventual alteração ou vícios no mandado de procedimento fiscal não possuem o condão de justificar a nulidade do lançamento (Precedente da Câmara Superior de Recursos Fiscais), sobretudo nos casos em que o Mandado fora devidamente emitido e engloba a fiscalização de contribuições previdenciárias no período lançado, ao revés do alegado em sede de recurso voluntário. AUTO DE INFRAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. MULTA. CABIMENTO. Tendo em vista que a recorrente deixou de apresentar documentação contábil que lhe fora requerida em sede de ação fiscal, sem qualquer prova que justificasse sua omissão, é de ser mantida a multa aplicada. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/2006 a 01/12/2007 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ALTERAÇÃO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Eventual alteração ou vícios no mandado de procedimento fiscal não possuem o condão de justificar a nulidade do lançamento (Precedente da Câmara Superior de Recursos Fiscais), sobretudo nos casos em que o Mandado fora devidamente emitido e engloba a fiscalização de contribuições previdenciárias no período lançado, ao revés do alegado em sede de recurso voluntário. AUTO DE INFRAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. MULTA. CABIMENTO. Tendo em vista que a recorrente deixou de apresentar documentação contábil que lhe fora requerida em sede de ação fiscal, sem qualquer prova que justificasse sua omissão, é de ser mantida a multa aplicada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 10 44 /2 01 0- 65 Fl. 112DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 31/07/20 14 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) rejeitar a preliminar de nulidade; e II) no mérito, negar provimento ao recurso. Elias Sampaio Freire Presidente Igor Araújo Soares Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Elias Sampaio Freire, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 31/07/20 14 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 19515.001044/201065 Acórdão n.º 2401003.599 S2C4T1 Fl. 113 3 Relatório Tratase de recurso de voluntário interposto por VIAÇÃO BRISTOL LTDA., em face do acórdão de fls. 74/83, por meio do qual foi considerada improcedente a impugnação e mantida a integralidade do crédito tributário constituído pelo Auto de Infração n. 37.233.181 53, lavrado para a cobrança de multa por ter deixado a recorrente de apresentar documentos que lhe foram solicitados em sede de ação fiscal. Consta do relatório fiscal de fls. 09 que a empresa foi intimada pelo TIPF a apresentar os seguintes livros e documentos, porém não o fez: (i) as Folhas de Pagamento Analíticas de todo o período auditado; (ii) as Folhas de Pagamento de 13.o. Salários de 2000 e 2007 Analíticas e Resumos; (iii) as Folhas de Pagamento a Contribuintes Individuais e Transportadores Autônomos Rodoviários; (iv) o Livro Diário, Livro Razão e LALUR 2006 e 2007 como optante pelo regime de tributação pelo Lucro Real; O lançamento compreende as competências de 07/2006 a 12/2007, com a ciência do contribuinte acerca do lançamento efetivada em 11/05/2010 (fls. 50). Do acórdão de primeira instância depreendese que a multa aplicada foi mantida visto que não preencheu todos os requisitos necessários para seja relevada. Em seu recurso preliminarmente sustenta a nulidade do presente Auto de Infração em razão de que o MPF inicial que previa a fiscalização dirigida ao Imposto de Renda do ano de 2005 foi alterado sem a sua ciência para a inclusão de fiscalização de contribuições previdenciárias no período de 07/2006 a 12/2007, situação que configurou o cerceamento de seu direito de defesa. Acrescenta que já havia sido anteriormente fiscalizado no período em questão, de forma que segundo sua tese não seria justificável novas intimações para se apresentar novos documentos. Sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, vieram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 31/07/20 14 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE 4 Voto Conselheiro Igor Araújo Soares, Relator CONHECIMENTO Tempestivo o recurso, dele conheço. PRELIMINARES A recorrente pretende seja anulado o lançamento em virtude da ocorrência de vícios ocorridos na modificação do objeto do Mandado de Procedimento Fiscal originalmente emitido. Alega que a alteração do objeto da fiscalização inicialmente dirigida ao Imposto de Renda do ano de 2005 para a verificação das contribuições previdenciárias dos anos de 2006 e 2007. Todavia, os documentos integrantes dos autos comprovam que o procedimento realizado pelo Auditor Fiscal, além de estar em conformidade com as normas em vigor, previa inicialmente que a fiscalização darseia inclusive no tocante a verificação do cumprimento das obrigações previdenciárias, conforme bem apontou a DRJ no seguinte excerto do voto condutor: a ação fiscal foi instaurada mediante o Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização n° 08.1.90.002008022126, emitido em 27/03/2008, com as devidas prorrogações, sendo a última com validade até 16/05/2010, cópias às fls. 01/02 e fls. 10/11; conforme se verifica às fls. 01, o MPF inicial, emitido em 27/03/2008, já autorizava a fiscalização dc contribuições previdenciárias c para Outras Entidades c Fundos referente ao período de 07/2006 a 12/2007: Assim, rejeito a preliminar. MÉRITO No tocante ao mérito, a não apresentação dos documentos fora contestada apenas no sentido de que os documentos estavam disponíveis à fiscalização, no entanto, não trouxe o contribuinte qualquer prova de tais alegações, tendo, inclusive efetuado pedido de relevação da multa em primeira instância, o que demonstra que de fato não havia qualquer disponibilidade dos documentos. Ademais, os documentos nem mesmo foram apresentados quando de sua impugnação, o que motivou a rejeição do pedido de relevação da multa formulado em primeira instancia e não repetido em sede de recurso voluntário. Muito menos trouxe prova aos autos no sentido de que já fora objeto de fiscalização anterior das mesmas contribuições objeto de lançamento nos autos do presente Fl. 115DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 31/07/20 14 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE Processo nº 19515.001044/201065 Acórdão n.º 2401003.599 S2C4T1 Fl. 114 5 processo, sobretudo a demonstrar que, mesmo novamente fiscalizado, não houvesse qualquer justificativa para que a auditoria viesse a lhe requerer a apresentação dos documentos indicados no relatório fiscal do presente Auto de Infração. Ante todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito em NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Igor Araújo Soares Relator Fl. 116DF CARF MF Impresso em 11/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/07/2014 por SELMA RIBEIRO COUTINHO, Assinado digitalmente em 31/07/20 14 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 05/08/2014 por ELIAS SAMPAIO FREIRE
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Numero do processo: 10675.003265/2002-51
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 02/09/1999 a 07/06/2000
COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXTINTO.
Tendo sido comprovada a extinção do crédito tributário por meio de pagamento, deve-se cancelar o auto de infração.
Numero da decisão: 3803-005.993
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para cancelar o auto de infração.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado Presidente
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Demes Brito e Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: HELCIO LAFETA REIS
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 02/09/1999 a 07/06/2000 COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXTINTO. Tendo sido comprovada a extinção do crédito tributário por meio de pagamento, deve-se cancelar o auto de infração.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para cancelar o auto de infração. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Demes Brito e Jorge Victor Rodrigues.
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CRÉDITO TRIBUTÁRIO EXTINTO. Tendo sido comprovada a extinção do crédito tributário por meio de pagamento, devese cancelar o auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para cancelar o auto de infração. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado – Presidente (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Demes Brito e Jorge Victor Rodrigues. Relatório Tratase de retorno dos autos de diligência à repartição de origem, onde se cumpriram as determinações contidas na Resolução nº 380300.017, de 19 de outubro de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 32 65 /2 00 2- 51 Fl. 136DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 30/04/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10675.003265/200251 Acórdão n.º 3803005.993 S3TE03 Fl. 137 2 O presente processo originouse do lançamento de ofício da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores, Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF) por força de medida judicial posteriormente revogada que garantia a não tributação no período sob comento. No auto de infração de fls. 1 a 13, exigiramse os valores da contribuição devidos, tendo por base declarações prestadas pelas instituições financeiras. Inconformado, o contribuinte impugnou o lançamento (fls. 16 a 47) e alegou que procedera ao pagamento do tributo devido numa única parcela, com base em informações prestadas pelos bancos (fls. 32 a 34), trazendo aos autos cópias dos respectivos Documentos de Arrecadação de Receitas Federais – DARF (fl. 31). Em relação à parcela de CPMF exigida contra a qual se insurgia, alegou o contribuinte que a diferença apurada não havia sido informada pelo Banco Bandeirantes S/A e que não concordava com a exigência relativa à movimentação financeira junto aos bancos Itaú e Unibanco. A DRJ Belo Horizonte/MG julgou o lançamento parcialmente procedente (fls. 55 a 64), excluindo do crédito tributário o valor pago pelo contribuinte, apurado de acordo com informações prestadas pela Caixa Econômica Federal e comprovado por DARF. Em relação ao outro DARF apresentado por cópia pelo impugnante (fl. 31), relativo ao principal de R$ 44.541,64, que, conforme relações trazidas pelo contribuinte aos autos, referiase, segundo o julgador de primeira instância, ao valor de CPMF não recolhido pelo Unibanco (fls. 32 a 33), a Turma de Julgamento concluiu que, no lançamento de ofício, referido valor de contribuição não havia sido computado, tendo havido, tão somente, a inclusão de R$ 0,03 de CPMF informada à Repartição Fazendária por aquela instituição financeira (fl. 5). Inconformado, em 13 de janeiro de 2006, o contribuinte recorreu a este Conselho (fls. 71 a 86) e alegou que a Turma Julgadora da DRJ Belo Horizonte/MG ignorara o pagamento efetuado em 5 de novembro de 2002, no valor de R$ 44.541,64, que se baseara em informação prestada pelo Unibanco, mas referente ao Banco Bandeirantes, em razão do fato de que este último havia sido incorporado pelo primeiro. Informou, ainda, que, após ciência da decisão a quo, procedera ao recolhimento da diferença de CPMF relativa ao período anterior à incorporação do Banco Bandeirantes pelo Unibanco, cujo principal totalizara R$ 5.838,81 (fl. 79). Em 19 de outubro de 2009, esta 3ª Turma Especial, por meio da Resolução nº 380300.017, decidiu por converter o julgamento em diligência à repartição de origem para que se verificassem as seguintes questões: a) atestar a legitimidade da cópia do documento de arrecadação presente à fl. 79, bem como confirmar o efetivo recolhimento do respectivo valor aos cofres públicos; b) submeter a matéria ora suscitada ao exame da autoridade fiscal para seu pronunciamento – se for o caso, após intimação do contribuinte e/ou da instituição financeira – quanto à correspondência ou não entre os valores informados à Receita Federal pelo Banco Bandeirantes e aqueles repassados pelo Unibanco (incorporador do Banco Bandeirantes) ao Fl. 137DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 30/04/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10675.003265/200251 Acórdão n.º 3803005.993 S3TE03 Fl. 138 3 contribuinte, apresentando planilhas demonstrativas dos resultados apurados, abarcando, inclusive, pagamentos comprovadamente efetuados; c) cientificar o contribuinte acerca do resultado do exame requerido no item anterior, oportunizandolhe o prazo regulamentar para manifestação. Por meio do Relatório de Diligência Fiscal (fls. 121 a 124), a Fiscalização, após minudente exposição dos fatos apurados, concluiu que todo o crédito tributário controvertido nos autos encontravase extinto por pagamento. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis Conforme já havia constado da Resolução nº 380300.017, o recurso é tempestivo, atende as demais condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Nos termos do relatório supra, após a realização da diligência determinada por esta Turma, constatouse que todo o crédito tributário sobre o qual se controverte nos autos já havia sido extinto por meio de pagamento. Conforme consta do Relatório de Diligência, o valor do principal lançado no auto de infração, no montante de R$ 58.115,56, foi extinto da seguinte forma: (i) R$ 7.735,11 acolhidos pela DRJ em razão da comprovação do recolhimento e (ii) R$ 44.541,64 e R$ 5.838,81 pagos por meio de DARFs. Os pagamentos de R$ 7.735,11 e R$ 44.541,64 foram realizados em data anterior ao início do procedimento fiscal, ou seja, antes da ciência do auto de infração (fl. 31), e o recolhimento de R$ 5.388,81 após a decisão de primeira instância, mas devidamente acompanhado dos acréscimos legais (fl. 79). Nesse sentido, tendo sido confirmadas as razões de defesa do Recorrente, a este Colegiado só resta acolher o pleito do interessado, em razão do que voto por DAR PROVIMENTO ao recurso, para cancelar o auto de infração. É como voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator Fl. 138DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 30/04/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10675.003265/200251 Acórdão n.º 3803005.993 S3TE03 Fl. 139 4 Fl. 139DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 30/04/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por HELCIO LAFETA REIS
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Numero do processo: 10831.011104/2004-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri May 30 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 03/05/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE DO JULGADOR APRECIAR, PONTO A PONTO, TODAS AS TESES DE DEFESA. LIVRE CONVENCIMENTO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DA DECISÃO.
O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a ater-se aos fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos. Não há nulidade da decisão de primeira instância que deixa de analisar ponto a ponto as teses de defesa elencadas pela impugnante, quando referida decisão traz fundamentação coerente acerca das razões de decidir.
INDEFERIMENTO DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INEXISTÊNCIA.
O indeferimento do pedido de diligência pelo julgador de primeira instância, por entendê-la desnecessária ao deslinde do litígio, não se configura cerceamento do direito de defesa, posto que o livre convencimento da autoridade julgadora é assegurado no processo administrativo fiscal, na forma do art. 29 do Decreto nº. 70.235/72.
SAÍDA DE VEICULO DE LOCAL SOB CONTROLE ADUANEIRO. AUTORIZAÇÃO PRÉVIA. NECESSIDADE.
Para veículos carregados com mercadorias submetidas ao regime de trânsito aduaneiro, a autorização de saída do veiculo efetiva-se no momento do desembaraço da Declaração de Trânsito Aduaneiro, o qual ocorre quando do registro dos dispositivos de segurança no SISCOMEX.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3202-001.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente o conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES
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MULTA REGULAMENTAR. Recorrente TRANSPORTE E COMÉRCIO FASSINA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 03/05/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INEXISTÊNCIA DE OBRIGATORIEDADE DO JULGADOR APRECIAR, PONTO A PONTO, TODAS AS TESES DE DEFESA. LIVRE CONVENCIMENTO. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DA DECISÃO. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos. Não há nulidade da decisão de primeira instância que deixa de analisar ponto a ponto as teses de defesa elencadas pela impugnante, quando referida decisão traz fundamentação coerente acerca das razões de decidir. INDEFERIMENTO DE REALIZAÇÃO DE DILIGÊNCIA. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 1. 01 11 04 /2 00 4- 52 Fl. 268DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 2 Recurso Voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso. Ausente o conselheiro Rodrigo Cardozo Miranda Irene Souza da Trindade Torres Oliveira – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, o qual passo a transcrever: “Trata o presente processo de auto de infração no valor de R$ 5.000,00 referente à multa pela não prestação de informação sobre veículo ou carga transportada ou sobre operações que executar, prevista no art.107, inciso IV, "d" do DecretoLei no 37/1966, com a redação dada pelo art. 77 da Lei n° 10.833/2003. De acordo com a descrição dos fatos, a autoridade autuante, em procedimento fiscal de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, constatou: a empresa em epígrafe efetuou o transporte de mercadorias em regime de trânsito aduaneiro, veiculo placa CPJ4245 pertencente a interessada, também beneficiária do regime, na data de 03/05/2004, ao amparo das DTA's n° 04/0118181 2 e n° 04/01171787. Nas citadas DTA's figura como beneficiária a própria transportadora. Os fluxos das declarações de trânsito, extraídos do sistema SISCOMEX Trânsito Aduaneiro — Web, demonstram que as citadas declarações tiveram suas concessões no dia 03/05/2004, às 9:49:34h, e que o carregamento das mercadorias no veiculo encerrouse, quanto às DTA's acima, às 15:39:17h e 15:40:24h, respectivamente. A informação e os elementos de segurança (lacres 175402 e 175406) foi registrada apela Aduana As 17:20:45h, sendo o desembaraço, automático, registrado neste mesmo horário. Ocorre que, destacou a fiscalização, foi registrada a chegada do veiculo em questão ao destino ás 17:26:57h, horário este expressamente corrigido pelo AFRF em serviço no Porto Seco para 17:20, conforme fl. 05 do processo administrativo de número 19675.000513/200448. Constatouse, pois, um tempo de trânsito incompatível com a realidade, de sorte que o mesmo registrou ocorrência, de nível grave, para a DTA 04/01171787 (DTA chegada antes do desembaraço). Conforme informado pela unidade de destino, a carga e os elementos de segurança estavam em ordem e conforme descritos e declarados. Fl. 269DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10831.011104/200452 Acórdão n.º 3202001.112 S3C2T2 Fl. 268 3 A beneficiária do regime, cientificada da ocorrência, solicitou, em petição anexa à fl. 06 do processo retro citado, a exclusão daquela. Na petição, declara o representante da transportadora que de fato o veiculo teria sido "liberado pelo escritório" por equivoco, erro que também se estendeu ao motorista do caminhão. Concluiu, por fim, a fiscalização que houve confissão pela interessada, da saída do veiculo anteriormente ao desembaraço, por iniciativa do preposta da transportadora.” Ciente do lançamento, a interessada apresentou a impugnação de fls. 27/41, onde alegou, em síntese: em que pese a ocorrência dos fatos acima expostos, entende a ora Requerente, "data máxima vênia", que na questão ventilada nos autos, quando da remoção das mercadorias sob o regime de Trânsito Aduaneiro, ao amparo da DTA no 04/1171787, não restou configurada a prática da infração prevista no artigo 107, inciso IV, letra "d", do Decreto n° 37/66, com a atual redação do artigo 77, da Lei n° 10.833/2003; a exigência do recolhimento da penalidade de multa formalizada no Auto de Infração ora impugnado, carece de total respaldo legal, não podendo, pois, prosperar, conforme a seguir ficará demonstrado; inicialmente, fazse necessário destacar, as seguintes considerações relacionadas com a operação de Trânsito Aduaneiro de que trata a DTA no 04/1171787, onde a Requerente figura como beneficiária; relativamente a D.T.A. n° 04/1171787, o Regime Especial de Trânsito Aduaneiro, foi regularmente concedido pela Alfândega do Aeroporto Internacional de ViracoposCampinasSP, conforme aliás, consta da fundamentação legal do Auto de Infração: já por volta das 15:39:17.h, e 15:40:24h., quando da conclusão do carregamento das mercadorias de que trata as D.T.As nos 04/1181812 e n° 04/01171787 no veiculo transportador (PLACA CPJ 4245), já haviam sido aplicados os dispositivos os dispositivos de segurança (lacres) por parte da fiscalização da ALF/VIRACOPOSCAMPINAS SP; no caso, os AFRFBs vinculados à Alf/ViracoposCampinasSP, apesar de aplicarem os lacres de segurança no veiculo transportador (PLACA CR1 4245), às 15:39:17 h e 15:40:24 do dia 03.05.2004, SOMENTE PROCEDERAM 0 REGISTRO NO SISCOMEX SOBRE A APLICAÇÃO DOS DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA, ÀS 17:20h., OU SEJA, APROXIMADAMENTE DUAS HORAS APÓS O CARREGAMENTO E COLOCAÇÃO DOS LACRES NO REFERIDO VEÍCULO; (destacou) tanto é verdade, que a DRF/SorocabaSP, que jurisdiciona o Recinto Alfandegado de destino (EADIAURORASOROCABASP), confirmou a regular conclusão da operação de trânsito Aduaneiro de que trata a DTA n° 04/01171787 (lacres sem quaisquer indícios de violação, mercadorias intactas, conforme descritas, etc.); a operação de Trânsito Aduaneiro de que trata a DTA n° 04/1171787, foi regularmente concluída pela Requerente, com a chegada da carga ao Recinto Alfandegado de destino (EADIAURORASOROCABASP), em perfeita ordem, Fl. 270DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 4 com os lacres de segurança intactos, estando as mercadorias em perfeita conformidade como descritas e declaradas na referida D.T.A; o prazo para conclusão da referida operação de Trânsito, determinado na ¡ rota estabelecida pela Alf./ViracoposCampinasSP., (TRES HORAS), também foi cumprido à risca pela Requerente, haja vista que o veiculo transportador das mercadorias a que se refere a D.T.A n° 04/1171787 (PLACA CPJ 4245), deixou o Aeroporto de Viracopos Campinas SP., às 15:40:24h., e chegou ao EADI AURORASOROCABASP., as 17:20h. ou seja, com cerca de uma hora e meia de antecedência (poderia ter chegado até às 18:40h.); a Requerente, em Petição protocolizada junto à AlfândegaViracopos CampinasSP, antes de iniciado qualquer procedimento fiscal, confessa o lapso cometido, além do fato de motorista do veiculo transportador (PLACA CPJ 4245) ter sido induzido a erro. Tal procedimento, enfatizese, caracteriza verdadeira "denúncia espontânea", para fins de aplicação de penalidades, conforme previsão legal contida no artigo 138 do CTN; a penalidade de multa proposta pela Fiscalização Fazendária no Auto de Infração ora Impugnado, não se aplica ao fato ocorrido, por total ausência de tipicidade; a Requerente jamais praticou a infração que lhe foi imputada pela Fiscalização Fazendária no Auto de Infração de que se cuida; não se causou qualquer prejuízo à Fazenda Nacional; requer diligência, formula quesitos e indica perito.” A DRJSão Paulo II/SP julgou procedente o lançamento (efls. 126/136), nos termos da ementa adiante transcrita : ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Data do fato gerador: 03/05/2004 Saída de Veiculo de Local Sob Controle Aduaneiro. Autorização Prévia. Necessidade. A saída de veiculo que se encontra em local sob controle aduaneiro deve ser previamente autorizada pela autoridade aduaneira. Lançamento Procedente Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário perante este Colegiado (efls. 146/198). A peça de defesa, entremeando argumentos preliminares com os de mérito, e viceversa, alegou, em síntese: Nulidade da decisão recorrida, em razão de i. não terem sido apreciadas todas as preliminares e razões de defesa trazidas na impugnação; ii. o pedido de diligência formulado na impugnação ter sido indeferido pela autoridade julgadora de forma arbitrária e em confronto à garantia constitucional da ampla defesa e do contraditório. Entende que a autoridade julgadora, ao indeferir o pedido sob o argumento de que a diligência seria desnecessária para o deslinde da questão, agiu de forma discricionária, afrontando o parágrafo único do art. 27 da lei n º. 9.784/99, que garante o direito à ampla defesa; Fl. 271DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10831.011104/200452 Acórdão n.º 3202001.112 S3C2T2 Fl. 269 5 que não houve infração; quando muito, poderseia dizer que houve mera irregularidade formal, tornadose, assim, indevida a penalidade aplicada, visto que, nas situações da espécie, há expressa previsão legal (..) que autoriza a relevação de penalidades quando tratase de eventuais infrações praticadas no curso do despacho aduaneiro. Cita o art. 654 do Regulamento Aduaneiro; que, quando da conclusão do carregamento das mercadorias de que tratam as DTA n°s. 0411181812 e 04/01171787, o veiculo transportador, de placa CPJ 4245, já estava devidamente seguro, tendo em vista que já haviam sido aplicados os dispositivos de segurança (lacres) pela Fiscalização Alfandegária. Contudo, a Fiscalização somente efetuou o registro no SISCOMEX, referente à aplicação dos dispositivos de segurança, às 17h20, aproximadamente duas horas após o carregamento e a colocação dos lacres; que o recinto alfandegado de destino (EADI Aurora – Sorocaba/SP) confirmou que não havia qualquer indício de violação ou avaria da mercadoria; que o prazo de três horas para a conclusão da operação de Trânsito Aduaneiro, determinado na rota estabelecida pela Alfândega do Aeroporto de Viracopos, também foi cumprido à risca pela ora Recorrente, tendo em vista que o veiculo transportador deixou a origem às 15h40’24’’, e, chegou ao destino à 17h20; que a multa que lhe foi aplicada visa coibir a saída de veículos de Recinto Alfandegados quando não tenha sido realizado qualquer procedimento de fiscalização pelos agentes do Fisco, o que comprovadamente não é o caso de que se trata; e que a conduta praticada pela recorrente é fato atípico, pois não guarda tipicidade àquela descrita no art. 77, inciso IV, alínea "d", do DecretoLei n° 37/66, com a redação do dada pelo art. 107 da Lei 10.833/2003, inexistindo na legislação vigente norma específica que determine a tipicidade da conduta praticada; deste modo, o Auto de Infração feriria o princípio da legalidade. Ao final, requer seja declarado efeito suspensivo ao recurso, para suspender a exigibilidade do crédito tributário até decisão final administrativa. Requer, ainda, seja declarada nula a decisão de primeira instância e, caso superada a preliminar, seja a decisão reformada, julgandose improcedente a autuação. Subsidiariamente, pede que seja relevada a penalidade aplicada e, por último, caso não atendidos os pedidos anteriores, seja determinada a conversão do julgamento em diligência. É o Relatório. Voto Conselheira Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, razões pelas quais dele conheço. Das Preliminares Fl. 272DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 6 Logo de plano, suscita a recorrente nulidade da decisão administrativa de primeira instância, em razão desta ter deixado de apreciar todas as preliminares e razões de defesa trazidas na impugnação.Tal nulidade, entretanto, não tem procedência. Conforme entendimento já manifestado pela Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Embargos de Declaração no Recurso Especial 2005/01635640, por força do princípio do livre convencimento, o julgador, ao apreciar a lide, não está obrigado a emitir pronunciamento, ponto a ponto, sobre as teses elencadas pelas partes, mas tãosomente a fundamentar coerentemente as razões que o levaram a decidir desta ou daquela maneira, utilizandose dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso. Isto porque o livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessária a análise de todos os argumentos invocados pela parte. In casu, o acórdão recorrido abordou os aspectos principais atinentes à lide, analisando a fundamentação legal que entendeu cabível ao seu posicionamento, não se podendo falar, portanto, em nulidade da decisão julgamento em razão de não ter enfrentado uma a uma as preliminares e questões apontadas na impugnação. Alega, ainda, a recorrente que a decisão administrativa de primeira instância seria nula, em razão de ter indeferido o pedido de diligência formulado, o que representaria ofensa aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório. Também quanto a tal questão não lhe assiste razão. Estatui o caput do art. 18 do Decreto nº. 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal: Art. 18 – A autoridade julgadora de primeira instância determinará de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine Assim, conforme previsto em lei, é perfeitamente admissível, no processo administrativo fiscal, o indeferimento do pedido de diligência pela autoridade julgadora, uma vez que a esta cabe avaliar os elementos constantes dos autos capazes de firmar a sua convicção. In casu, concluiu a autoridade julgadora ser prescindível a realização de diligência, por entender que os elementos constantes dos autos mostravamse suficientes para dirimir o cerne da questão litigiosa e que a diligência requerida em nada contribuiria para a solução do litígio. Utilizouse, portanto, da faculdade que a lei lhe assegura, formando livremente a sua convicção na apreciação das provas carreadas aos autos, na forma do art. 29 do mesmo Decreto nº. 70.235/72, não havendo, pois, qualquer nulidade na decisão. Ressaltese que a avaliação da prescindibilidade da diligência é prerrogativa que a lei confere à autoridade julgadora, e não à parte, de forma que as diligências serão efetuadas na medida em que a autoridade julgadora entendêlas necessárias, e não de acordo com o que a parte entender ser necessário para o deslinde do litígio. Do mérito Fl. 273DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10831.011104/200452 Acórdão n.º 3202001.112 S3C2T2 Fl. 270 7 Tratase de Auto de Infração lavrado contra a contribuinte retro identificada, para exigência de multa, no valor de R$ 5.000,00, prevista no art. 107, IV, d do DL nº. 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº. 10.833/2003. É fato incontroverso nos autos que o transportador chegou à unidade de destino em horário incompatível ao registro no SISCOMEX. Consta dos autos que o carregamento encerrouse às quase 15h40, sendo que o desembaraço foi registrado às 17h20’45’’, praticamente no mesmo horário em que o transportador chegou ao local de destino (às 17h20’). O que alega a recorrente em sua defesa são aspectos irrelevantes à aplicação da penalidade. A lei é clara e a responsabilidade pela infração cometida é objetiva, bastando que seja praticada a conduta pelo sujeito passivo. O Decretolei n.° 37/66, com redação dada pelo artigo 77 da Lei n.° 10.833/2003, assim estabelece: Art. 107 Aplicamse as seguintes multas: ........................................................................................................ IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): ......................................................................................................... d) a quem promover a saída de veiculo de local ou recinto sob controle aduaneiro, sem autorização prévia da autoridade aduaneira; A autorização da autoridade aduaneira para saída do veículo deuse quando do desembaraço da Declaração de Trânsito Aduaneiro, quando, então, ocorreu o registro no SISCOMEX da aplicação dos dispositivos de segurança, nos termos do que dispõe a IN/SRF nº. 248/2002: Art. 49. O desembaraço será automático, após o registro da aplicação dos dispositivos de segurança ou, no caso de sua dispensa, após o carregamento do veiculo pelo transportador. Assim, a autuada estava autorizada a retirarse do local somente após as 17h20’45’’, horário em que foi efetuado o registro dos lacres de segurança no SISCOMEX, ocorrendo, nesse momento, o desembaraço automático, nos termos da IN acima transcrita. A retirada do veículo às 15h40’ configurouse, indubitavelmente, na saída do veículo de local sob controle aduaneiro sem autorização prévia, conduta apenada prevista no art. 107, IV, d, do DL nº 37/66, já transcrito. Para aplicação da multa, são irrelevantes os argumentos da recorrente de que os lacres de segurança já haviam sido colocados desde as 15h40 e de que não houve qualquer violação da mercadoria. A lei não traz qualquer valoração a estes elementos para a aplicação da multa em questão. Por outro lado, está perfeitamente caracterizada a conduta típica descrita no art. 77, inciso IV, alínea "d", do DecretoLei n° 37/66, com a redação do dada pelo art. 107 da Lei 10.833/2003, vez que, ao sair da Alfândega de Viracopos às 15h40, a recorrente ainda não detinha autorização para saída. Fl. 274DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 8 Quanto à questão relativa à relevação da penalidade, temse que tal refoge do campo de competência desta autoridade julgadora, visto que é de competência do Ministro da Fazenda, não havendo qualquer delegação de competência para tanto dirigida ao CARF, muito menos a esta julgadora. Por último, em relação ao pedido de diligência, utilizandome dos mesmos fundamentos trazidos neste voto referentes ao indeferimento do pedido de diligência pela autoridade julgadora a quo, tenho por indeferir o pedido, visto entender que constam dos autos elementos suficientes para firmar a minha convicção no sentido de dirimir o litígio. Pelo exposto, REJEITO AS PRELIMINARES suscitadas e, no mérito, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Fl. 275DF CARF MF Impresso em 30/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 01/04/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES
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Numero do processo: 16707.100656/2005-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jun 20 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
RECEITAS NÃO-DECLARADAS. FALTA DE PAGAMENTO DO IMPOSTO LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
A constatação de não-declaração de receitas, tampouco do pagamento do concernente imposto, enseja a formalização do crédito por meio de lançamento de oficio.
RESPONSABILIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA. COMPROVAÇÃO DO INTERESSE DE TERCEIRO NOS FATOS QUE GERARAM A EXIGÊNCIA FISCAL. Segundo o art. 124,1, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Comprovado nos autos que o obrigado efetivamente conduzia os negócios da empresa, deve ser mantida a sujeição passiva solidária daquele.
INTUITO DE FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. APLICABILIDADE.
O evidente intuito de fraude, consistente na não-declaração de receitas de forma reiterada, bem assim a utilização de interposta pessoa, enseja a aplicação da multa de ofício qualificada, prevista no inciso II do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.
ARBITRAMENTO DO LUCRO. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO REGULAR. O arbitramento do lucro decorre de expressa previsão legal, segundo a qual a autoridade tributária
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula 1ºCC nº 2).
TRIBUTAÇÃO REFLEXA - PIS, COFINS e CSLL. Estende-se aos lançamentos decorrentes a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1401-001.158
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM NEGAR provimento ao recurso
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva.
Nome do relator: ANTONIO BEZERRA NETO
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FALTA DE PAGAMENTO DO IMPOSTO LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A constatação de nãodeclaração de receitas, tampouco do pagamento do concernente imposto, enseja a formalização do crédito por meio de lançamento de oficio. RESPONSABILIDADE PASSIVA SOLIDÁRIA. COMPROVAÇÃO DO INTERESSE DE TERCEIRO NOS FATOS QUE GERARAM A EXIGÊNCIA FISCAL. Segundo o art. 124,1, do CTN, são solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Comprovado nos autos que o obrigado efetivamente conduzia os negócios da empresa, deve ser mantida a sujeição passiva solidária daquele. INTUITO DE FRAUDE. MULTA QUALIFICADA. APLICABILIDADE. O evidente intuito de fraude, consistente na nãodeclaração de receitas de forma reiterada, bem assim a utilização de interposta pessoa, enseja a aplicação da multa de ofício qualificada, prevista no inciso II do art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. ARBITRAMENTO DO LUCRO. AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO REGULAR. O arbitramento do lucro decorre de expressa previsão legal, segundo a qual a autoridade tributária INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula 1ºCC nº 2). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 70 7. 10 06 56 /2 00 5- 27 Fl. 688DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 689 2 TRIBUTAÇÃO REFLEXA PIS, COFINS e CSLL. Estendese aos lançamentos decorrentes a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, EM NEGAR provimento ao recurso (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva – Presidente (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto, Alexandre Antônio Alkmim Teixeira, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Maurício Pereira Faro, Sérgio Luiz Bezerra Presta e Jorge Celso Freire da Silva. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 690 3 Relatório Por pertinente, transcrevo o relatório da Resolução nº 140200.084: Tratase de lançamento dos anoscalendário de 2002 a 2004, em que se exige o IRPJ, CSLL, PTS e COFINS, com aplicação da multa de 150%. Dante da falta de apresentação dos livros Diário, Razão e Lalur, apesar do contribuinte ter sido intimado e reintimado a apresentálos, bem como dos documentos que embasaram sua escrituração contábil, o lucro foi arbitrado no período de julho de 2002 a dezembro de 2004, com base na receita bruta escriturada nos livros de registro de apuração do ICMS. Do total das vendas foram subtraídas as transferências entre a matriz e o depósito fechado, além de outras saídas que não representavam vendas (cópia do livro às fls. 94/125). Com o objetivo de apurar a responsabilidade de terceiros, diversas empresas foram intimadas a apresentar a relação de compras efetuadas à fiscalizada e indicar o nome do preposto com quem eram tratados os negócios. Responderam que o preposto da empresa era o Sr. Josival Barbosa da Silva (fls. 130/142). Em circularização aos cartórios foi detectada uma procuração outorgada pela fiscalizada, por meio de seu titular, com conferência de amplos poderes, inclusive a movimentação bancária para os Srs. Josival Barbosa da Silva e Edmilson Coutinho dos Santos (fls. 126/129). Foi considerado como responsável solidário o Sr. Josival Barbosa da Silva, CPF 331.347.82472, conforme Termo de apuração de sujeição passiva solidária, nos termos dos artigos 124, I e 135, II, do CTN (fls. 78/79). Consta no referido Termo que o sujeito passivo solidário pode ter vista ao processo, na DRF. O fato do Sr. Josival negociar em nome da empresa, aliado à sua condição de procurador com amplos poderes, levou o autuante a concluir pela sua participação na gestão da empresa atuando como sócio de fato. Consta às fls. 148 consulta ao sistema CNPJ que indica que no período de até 2005, foram apresentadas declarações de inatividade para os anoscalendário de 2002 e 2003. Foi lavrada representação fiscal para fins penais. Consta na descrição dos fatos caracterizadores do ilícito que a empresa apresentou declarações de IRPJ dos anos calendário de 2002 e 2003, na condição de inativa, enquanto que escriturou no Livro Registro de Apuração do ICMS, faturamento de R$ 2.825.551,04 em 2002 e R$ 13.273.648,01 em 2003. No anocalendário de 2004, a fiscalização apurou R$ 13.262.915,60 de receitas escrituradas nos livros fiscais e não declaradas, fatos esses, que motivaram a aplicação da multa de 150%. A Turma Julgadora considerou o lançamento procedente. A impugnação contraposta pelo Sr. Josival Barbosa da Silva não foi apreciada, com o argumento de incompetência da Turma Julgadora com base no art. 224, da Portaria MF 30, de 25.02.2005. Destacouse que a responsabilidade de terceiro pode ser discutida numa eventual execução forçada do crédito, pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Fl. 690DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 691 4 A ciência da decisão foi dada em 19.10.2006. O recurso foi apresentado em 31.10.2006 e foi assinado pelo titular da empresa e pelo responsável solidário. A recorrente discorda do arbitramento do lucro. Afirma que havia condições de ser apurado lucro real, mediante a documentação que dispunha, ou que deveria ter sido demonstrada a inviabilidade da apuração pelo regime do lucro real, o que não ocorreu. Cita jurisprudência do TRF da Primeira Região, sobre a impossibilidade do fisco valerse da escrituração e registros pertinentes ao ICMS para arbitrar o lucro. Destacou que a fiscalização utilizou a receita total de vendas e que subtraiu apenas as transferências entre matriz e o depósito fechado, e que deveriam ser excluídas as vendas canceladas, os descontos incondicionais e os impostos cumulativos cobrados destacadamente do contribuinte substituto, bem como considerar a natureza específica de cada operação, fatos que não teriam sido respeitados pelos autuantes. Sobre a qualificação da multa, aduz que a fiscalização não logrou demonstrar que a recorrente praticou as condutas de sonegação, fraude ou conluio, exigidas para a aplicação da multa de 150%. Afirma que não foi comprovada a conduta dolosa e nem o evidente intuito de fraude. Cita jurisprudência do 1° CC. e doutrina. Alega a violação do princípio da capacidade contributiva, princípio da estrita legalidade tributária e o caráter confiscatório da multa. A recorrente discute a aplicação de juros de mora pela taxa selic. Também discutese no recurso a sujeição passiva solidária. Argumenta que o julgamento de primeira instância deve ser anulado, para que a impugnação relativa à sujeição passiva seja apreciada, de acordo com o art. 224, I, da Port. MF 30/2005, uma vez que o Sr. Josival tornouse sujeito passivo da obrigação tributária e é exatamente por meio da impugnação que se defende da exigência do crédito tributário, do qual dele será exigido, caso permaneça na posição de sócio de fato da empresa autuada. Entende que o fato da DRJ não ter apreciado a impugnação configurase ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório, implicando em violação ao princípio insculpido no inciso XXXV, do art. 5° da CF, combinado com o inciso LC, da mesma Carta. Aduz que em nenhum momento tomou conhecimento dos atos e procedimentos ocorridos no âmbito do feito administrativo, bem como das provas juntadas ao processo, salvo quando do momento do próprio lançamento de oficio. Diz que ficou de mãos atadas porque os dados coletados pela fiscalização não foram levados ao seu conhecimento. Na sessão de 16.12.2008, a Sétima Câmara do 1° CC, anulou a decisão de primeira instância para que fosse apreciada a impugnação apresentada pelo Sr. Josival Barbosa da Silva. Pelo acórdão 11 27.736 – 3a Turma da DRJ/REC, o lançamento foi considerado procedente e foi confirmada a sujeição passiva solidária atribuída ao Sr. Josival Barbosa da Silva. Fl. 691DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 692 5 Transcrevo do voto condutor do acórdão da DRJ, trecho relativo à apreciação da sujeição passiva solidária: Na referida impugnação, fls. 242/249, questionase a atribuição, pela fiscalização, de responsabilidade tributária com supedâneo no artigo 135II do Código Tributário Nacional. Alega o impugnante que o referido dispositivo alça o mandatário à condição de pessoalmente responsável pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de somente poderia ser responsabilizado pelo crédito tributário lançado contra a pessoa jurídica apenas na hipótese de ter agido em excesso de mandato, fato que não restou provado nos autos. Em seguida, realiza digressão acerca do conceito e natureza jurídica do contrato de mandato defendendo que ao se imputar ao mandatário solidariedade passiva, quando este não atua com excesso de mandato ou em desconformidade com a lei, ofenderseia a legislação civil que regulamenta o contrato de mandato e sua execução. Aduz que "o fato de um mandatário cumprir com o seu mister, comprando e vendendo por ordem do mandante, não tem o condão de classificálo como sócio de fato, sob pena de se anular a própria natureza jurídica do contrato de mandato, que se resume no agir em nome do mandatário." Finaliza requerendo a desconstituição da relação jurídica entre o impugnante e o Fisco Federal nascida com o termo de sujeição passiva solidária. Através do Termo de Encerramento de Ação Fiscal, fls.47/49, a autoridade fiscal informa: "Com o intuito de se apurar a responsabilidade de terceiros nas infrações legislação tributária imputadas ao contribuinte, diversas empresas foram intimadas a apresentar a relação de compras efetuadas à empresa Sebastião de Lima Delfino e indicar o nome do preposto com quem eram tratados os negócios. Em respostas as empresas responderam que o preposto da empresa Sebastião de Lima Delfino, era o Sr. Josival Barbosa da Silva, fls.130/142. Em circularização aos cartórios, foi detectada a existência de uma procuração outorgada pela empresa Sebastião de Lima Delfino, através do seu titular, da qual foram conferidos amplos poderes, inclusive a movimentação bancária, para os Srs. Josival Barbosa da Silva e Edmilson Coutinho dos Santos, fls. 126 a 129." Conclui a autoridade fiscal ante o fato de o Sr. Josival Barbosa da Silva negociar em nome da empresa aliado ao fato de ser procurador com amplos poderes, que o referido senhor participava da gestão dos negócios da empresa atuando como sócio de fato. lnicialmente, cumpre salientar que a autoridade fiscal fundamentou a caracterização da sujeição passiva solidária contida nos Termos de Sujeição Passiva Solidária (fls. 78/79), nos termos do art. 124,1 da Lei n° 5.172/1966 (Código Tributário Nacional CTN), que assim fala: (...) Ao falar sobre solidariedade tributária passiva que nos interessa no caso presente Bernardo Ribeiro de Moraes, em sua obra 'Compêndio de Direito Tributário", 2° Volume, páginas 302/305, 1997, Forense, assim se expressa: Fl. 692DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 693 6 "22.5.6 Solidariedade tributária passiva Dispondo sobre a matéria, assim se expressa o código Tributário Nacional: O Código Tributário Nacional, conforme se verifica, admite duas modalidades de solidariedade passiva, assim especificadas: a) solidariedade de fato (CTN art. 124, inciso I), quando há uma pluralidade de pessoas com interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal". Seria o caso, v.g., de três pessoas importarem determinada mercadoria estrangeira ou de cinco pessoas coproprietárias de um bem imóvel. Todas elas ficarão responsáveis, solidariamente, perante a Fazenda Pública respectiva, pelo pagamento do imposto sobre a importação ou do imposto sobre a propriedade predial. A solidariedade nasce em razão da própria natureza do fato gerador da respectiva obrigação, pela própria natureza do imposto em causa. Se várias pessoas participam de fato de determinada obrigação tributária, os efeitos jurídicos abrangerão todas elas, que passam a ser solidárias diante do cumprimento da prestação tributária. Isto, acrescenta Hugo de Brito Machado, "mesmo que a lei especifica do tributo em questão não o diga."; Concluise portanto, que, quando duas ou mais pessoas estiverem ligadas por interesse comum ao fato gerador darseá a solidariedade legal presumida. Desta forma, a pessoa que esteja vinculada ao fato gerador é devedora solidária em relação ao crédito tributário. É próprio da atividade negocial a busca do resultado econômico através da realização de operações que caracterizam fatos geradores. O Sr. Josival Barbosa da Silva não consta oficialmente como sócio da empresa autuada, mas, efetivamente, pelas informações e depoimentos obtidos pela fiscalização, era o representante e responsável pela administração das atividades comercial, financeira e administrativa da pessoa jurídica autuada. Deve ser lembrando que os atos da empresa são sempre praticados através da vontade de seus dirigentes, e assim é inegável a solidariedade destes em relação As obrigações que contraem em nome daquela, pois a responsabilidade solidária em tal caso é objetiva, presumida, posto que a situação configurada na lei (art. 124, I) é aquela em que todos os envolvidos ganham simultaneamente com o fato econômico (fato gerador). Com todos os elementos coligidos pela fiscalização é inegável que o Sr.Josival Barbosa da Silva tinha interesse comum na situação que configura o fato gerador da obrigação; razão pela qual a responsabilidade solidária está , de acordo com as disposições do inciso I do art. 124 do CTN. Por outro lado, não cabe a discussão que pretende travar quanto a ter ou não agido com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Esta é uma hipótese de responsabilização pessoal sobre os créditos correspondentes aos atos cometidos com excesso de poderes ou infração de lei, mas que tem como pressuposto o fato de os sócios da pessoa jurídica terem sido vitimas da conduta dolosa de seu administrador. Não é o que se verifica no presente caso, pois o Sr. Josival Barbosa da Silva revestese tanto da qualidade de administrador com plenos poderes como, também, de sócio de fato da pessoa jurídica. Nessa condição de sócio, inegável que possuía interesse direto sobre o resultado obtido dos atos por ele próprio praticados na condição de administrador. Dai o perfeito enquadramento de sua responsabilidade como solidária nos termos do art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 693DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 694 7 Nesse sentido o entendimento da Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA — Comprovado nos autos os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas ("laranjas') que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contascorrentes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 124. I, do Código Tributário Nacional, pelo interesse comum na situação que constituía o fato gerador da obrigação principal. (.. ) (Acórdão n° 10708692, de 18.8.2006). Diante do exposto, voto no sentido de julgar procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido e confirmar a sujeição passiva solidária atribuída ao Sr.Josival Barbosa da Silva, por estar de acordo com as disposições do art. 124 do CTN. A pessoa jurídica autuada foi intimada da segunda decisão da Turma Julgadora, por edital de fls. 312. Dada ciência da decisão ao Sr. Josival Barbosa da Silva, em 29.10.2009, o mesmo apresentou recurso voluntário, em 25.11.2009, com os seguintes argumentos: a) que o termo de sujeição passiva solidária atribuída ao recorrente pela fiscalização tem como fundamento jurídico, o art. 135, II, do CTN, enquanto que a decisão de primeira instância, apreciou o dispositivo contido no art. 124, I, do CTN, não sendo possível à Turma Julgadora alterar a capitulação legal para conferir legalidade à responsabilização; b) que à luz do art. 135, II, do CTN, a responsabilidade pessoal dos mandatários vinculase à cabal delineação nos atos processuais de que a obrigação decorre da atuação com excesso de poderes, infração à lei ou contrato social, sendo que, somente repousa sobre o recorrente a mera circunstância de o mesmo haver participado, como procurador, das atividades empresariais da pessoa jurídica devedora, e nada mais; c) ainda que sob o espectro do art. 124, I, do CTN, sobressai desarrazoada a sujeição passiva solidária, por inexistência de interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação, visto especialmente, que às pessoas físicas não é dado praticar o fato gerador de tributos atinentes às pessoas jurídicas. d) discorre sobre o contrato de mandato e infere que o mandatário exclusivamente poderá ser responsabilizado pelos atos que praticar no momento em que agir com excesso de mandato, ou seja, quando a sua forma de proceder, ao administrar interesses e patrimônio do mandante, não for condizente com as disposições do contrato celebrado, e que no caso, o recorrente não agiu com excesso de mandato ou infração à lei, de modo que os efeitos jurídicos dos atos que levou a cabo por conta e ordem do mandante não podem projetar em sua esfera jurídica, até porque tais atos foram praticados dentro dos parâmetros legais; e) afirma que é inaplicável o art.135, II, do CTN, pois os autuantes sequer mencionaram a os que o recorrente pudesse haver realizado em contradição a lei ou com excesso de mandato, e que a exegese desse dispositivo legal, especialmente orientandose pela jurisprudência do STJ, conduz à construção de que a responsabilização pessoal vinculase, obrigatoriamente, à demonstração indelével da prática dos atos com excesso de poderes ou em Fl. 694DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 695 8 desconformidade ao contrato social, por parte dos mandatários, não nascendo do simples inadimplemento tributário a possibilidade de subsunção deste artigo ao caso em concreto,.pois, a deflagração de responsabilidade pessoal requer a demonstração prática de atos com excesso de poderes ou infração a lei, contrato social ou estatutos, e que tais atos hajam sido levados a efeitos por quem fosse mandatários, preposto ou empregados; f) que procedimento de tamanha repercussão, que carece da mínima comprovação dos fatos afronta a boafé e à lealdade com que o fisco deve pautar sua relação com os contribuintes, mas que, a fiscalização sequer tentou comprovar a atuação com excesso de mandato ou em infração à lei por parte do recorrente, tendo o mesmo agido nos limites outorgados por meio do contrato de mandato; g) que embora os autuantes hajam afirmado que o recorrente configuravase como sócio de fato da empresa, porquanto negociaria com plenos poderes em seu nome, não seria isto que se depreenderia dos autos, pois, conforme os documentos de fls. 134/141/142, outras duas pessoas, de nome Lúcia e Edmilson, como se notaria das declarações fornecidas pelas empresas MULT VENDAS Representações e Distribuição e Altogiro Representações Ltda; h) aborda também a inaplicabilidade do art. 124, do CTN, seja porque a Turma Julgadora teria inovado, seja porque estaria ausente a ocorrência da situação fática que tipifica tal relação jurídica obrigacional, por inexistir interesse comum jurídico ou econômico, no que diz respeito na situação comum que promoveu a realização dos fatos geradores apontados; salienta que para que o recorrente pudesse ser qualificado como sujeito passivo da obrigação, uma vez que não teria incorrido na situação definida em lei como necessária e suficiente à ocorrência do fato gerador, o fisco, deveria ter, obrigatoriamente, demonstrado o conjunto fático e/ou a conduta daqueles para desencadear tal obrigação solidária, apresentando ainda a norma autorizativa de tal responsabilização diante das provas dos autos, hipótese que não ocorreu; afirma que interesse comum é conceito vago, não oferecendo roteiro seguro para se estabelecer um nexo entre os devedores e que o legislador, no antecedente da norma fixaria os deveres para pessoas não praticantes do fato jurígeno tributário, enquanto em seu conseqüente, ma vez não observadas as prescrições estabelecidas, resultaria na aplicada sanção; seria caso de responsabilidade de terceiros, somente nas hipóteses configuradas em lei; i) distingue a responsabilidade solidária da responsabilidade tributária, a primeira só existiria numa única relação obrigacional em que dois ou mais sujeitos estejam obrigados a satisfazer a integralidade da prestação; destaca que o recorrente não realizou o fato tributável, ou tomou parte dele, até mesmo porque pessoas físicas, sequer poderiam praticar os fatos a partir dos quais se projeta o lançamento tributário e que, o interesse comum hábil a desafiar a responsabilidade solidária não corresponde ao interesse comum de fato, e sim ao interesse jurídico, além de necessitar que as pessoas partícipes do fato jurídico tributário encontremse em situação de comunhão, como no caso de coproprietários e a incidência do IPTU; traz jurisprudência administrativa e judicial j) para suceder a solidariedade tributária prescrita no art. 124, I, do CTN, duas ou mais pessoas, devem, conjuntamente, praticar o fato tributável, devem participar da relação jurídica cuja conseqüência é a obrigação tributária consubstanciada no crédito, sendo que no caso concreto, o recorrente pessoa física que é, não poderia encontrarse Fl. 695DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 696 9 concorrentemente à pessoa jurídica devedora como praticante do fato gerador da obrigação tributária, considerando decorrer o crédito de obrigações tributárias exclusivamente suscetíveis aos entes jurídicos, e que por exemplo, a pessoa física não poderia realizar o fato tributável concernente ao IRPJ, CSLL, PIS e COFINS do presente lançamento; salienta que sem previsão legal que possa definir condutas que levariam à responsabilidade tributária, a autoridade tributária estaria impedida de definir tais condutas para incluir pessoas alheias aos fatos desencadeadores da relação jurídico tributária; k) a possibilidade de aplicação do art. 124 do CTN assentase obrigatoriamente na apresentação dos atos praticados com participação pessoal e direta dos demandados, justamente para caracterizar e comprovar o interesse comum; procedimento de tamanha repercussão, que carece da mínima comprovação dos fatos supostamente desafiadores da aplicação do art. 124 do CTN ao caso; l) salienta que é solidária a pessoa que realiza conjuntamente com outra(s), o acontecimento tipificado na hipótese de incidência e que na configuração da solidariedade é relevante que haja participação pessoal e comum na formação do lucro, e não a mera participação em algum fato econômico ou nos lucros, com vínculo pessoal e diretamente com o fato gerador, fazendo o que está previsto na regra matriz; m) Destaca que a legislação tributária não admite a eleição de sujeição passiva solidária por presunção legal; n) a responsabilidade tributária de terceiros decorrentes de relações jurídicas integradas por sujeitos alheios aos fatos tributados apresentam natureza de sanção administrativa, contudo, a previsão de condutas que levam à responsabilidade deve estar fincada na lei, ante a disposição geral sobre responsabilidade trazida pelo art. 128 do CTN, ou seja, somente a lei, de modo expresso, poderá delinear os contornos das situações fáticas que atribuem responsabilidade pelo crédito tributário; que no caso, em nenhum momento, a fiscalização capitulou as condutas que ele entendia ensejadoras de responsabilidade pelo crédito tributário em qualquer dispositivo legal, falecendo assim, a responsabilização; o) ao caracterizar as relações entre empresas, pessoas e empregados como autorizadoras da sujeição passiva solidária, capitulando o art. 124 do CTN, a fiscalização errou muito, primeiro porque a pessoa que arrolou não integra uma relação obrigacional única, que em virtude de lei, fosse obrigado pela totalidade do adimplemento da obrigação tributária; afastada a sujeição passiva solidária pela inexistência de interesse comum e designação expressa em lei (art. 124, I, II, do CTN), e a responsabilidade pelo crédito tributária estar regulada pelos artigos 128 et seq do CTN, que em nenhum momento foram ventilados pelo fisco, portanto, ambas inaplicáveis; p) a ausência de disposição legal a caracterizar que as condutas ou fatos relatados nos autos são autorizadores de responsabilidade tributária queda por terra o liame integrantes do pólo passivo; a eleição de pessoas, tanto na sujeição passiva solidária como na responsabilidade pelo crédito tributário regemse pelo princípio da tipicidade cerrada, devendo a lei, de modo expresso, designar estas pessoas ou as condutas que as ligarão à obrigação tributária, quer na qualidade de solidário, quer como responsável, devendo ser afastadas de plano face à ausência de suporte fático e/ou previsão legal, excluindose o recorrente, de qualquer obrigação pelos créditos tributários constituídos contra a pessoa jurídica. Fl. 696DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 697 10 O processo foi baixado em diligência pela então 7a Câmara do 1o CC para que a autoridade fiscal, mediante a realização das diligências que forem necessárias, esclareesse quais atos de gestão foram praticados pelo Sr. Josival Barbosa da Silva, inclusive na condição de procurador da autuada, como por exemplo, se assinava cheques em nome da empresa, etc Tanto a diligência fiscal quanto a insurgência do interessado quanto a essa diligência não serão aqui relatados minudentemente, pois não serão tomados em consideração para o que será decidido no voto em face de a diligência ter se desviado do foco solicitado. O foco Relatório de conclusão da Diligência solicitado dá conta de que o Sr. Josival era o verdadeiro proprietário da empresa e não o Sr. Sebastião, nos seguintes termos: Devido ao lapso temporal, já se passaram mais de oito anos da lavratura do Auto de Infração, não foi possível apontar atos de gestão praticados pelo Sr. Josival Barbosa da Silva. Não obstante, outros elementos foram pesquisados com o intuito de comprovar que o Sr. Josival era de fato o proprietário da empresa Sebastião de Lima Delfino, considerando que, na busca da verdade material, é licito à autoridade julgadora apreciar novos fatos apresentados. (...) Às fls. 651/683 consta dos autos a insurgência do Sr. Josival Barbosa quanto ao resultado de diligência, principalmente em relação ao rumo que tomou a diligência trazendo dados que segundo o mesmo seria caso de inovação. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator Os recursos do sujeito passivo e do Sr. Josival Barbosa da Silva atendem às condições de admissibilidade e devem ser conhecidos. Foi considerado como responsável solidário o Sr. Josival Barbosa da Silva, nos termos dos artigos 124, I e 135, II, do CTN (fls. 78/79). Conforme relatado, o primeiro recurso voluntário foi assinado conjuntamente pela empresa e pelo Sr. Josival Barbosa da Silva. Tendo a decisão de piso sido anulada pela não apreciação da responsabilidade solidária, foi proferida nova decisão, com a manutenção da atribuição da responsabilidade solidária. O Sr. Josival apresentou recurso voluntário no qual, em síntese, pede o improvimento ao auto de infração com a desconstituição da relação jurídica entre o recorrente e o fisco federal, nascida com o termo de sujeição passiva solidária. O fato do Sr. Josival negociar em nome da empresa, aliado à sua condição de procurador com amplos poderes, levou o autuante a concluir pela sua participação na gestão da empresa atuando como sócio de fato. Fl. 697DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 698 11 A decisão de piso também manteve esse mesma linha de entendimento, conforme trecho que destaco abaixo: Na referida impugnação, fls. 242/249, questionase a atribuição, pela fiscalização, de responsabilidade tributária com supedâneo no artigo 135II do Código Tributário Nacional. Alega o impugnante que o referido dispositivo alça o mandatário à condição de pessoalmente responsável pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de somente poderia ser responsabilizado pelo crédito tributário lançado contra a pessoa jurídica apenas na hipótese de ter agido em excesso de mandato, fato que não restou provado nos autos. Em seguida, realiza digressão acerca do conceito e natureza jurídica do contrato de mandato defendendo que ao se imputar ao mandatário solidariedade passiva, quando este não atua com excesso de mandato ou em desconformidade com a lei, ofenderseia a legislação civil que regulamenta o contrato de mandato e sua execução. Aduz que "o fato de um mandatário cumprir com o seu mister, comprando e vendendo por ordem do mandante, não tem o condão de classificálo como sócio de fato, sob pena de se anular a própria natureza jurídica do contrato de mandato, que se resume no agir em nome do mandatário." Finaliza requerendo a desconstituição da relação jurídica entre o impugnante e o Fisco Federal nascida com o termo de sujeição passiva solidária. Através do Termo de Encerramento de Ação Fiscal, fls.47/49, a autoridade fiscal informa: "Com o intuito de se apurar a responsabilidade de terceiros nas infrações legislação tributária imputadas ao contribuinte, diversas empresas foram intimadas a apresentar a relação de compras efetuadas à empresa Sebastião de Lima Delfino e indicar o nome do preposto com quem eram tratados os negócios. Em respostas as empresas responderam que o preposto da empresa Sebastião de Lima Delfino, era o Sr. Josival Barbosa da Silva, fls.130/142. Em circularização aos cartórios, foi detectada a existência de uma procuração outorgada pela empresa Sebastião de Lima Delfino, através do seu titular, da qual foram conferidos amplos poderes, inclusive a movimentação bancária, para os Srs. Josival Barbosa da Silva e Edmilson Coutinho dos Santos, fls. 126 a 129." Conclui a autoridade fiscal ante o fato de o Sr. Josival Barbosa da Silva negociar em nome da empresa aliado ao fato de ser procurador com amplos poderes, que o referido senhor participava da gestão dos negócios da empresa atuando como sócio de fato. lnicialmente, cumpre salientar que a autoridade fiscal fundamentou a caracterização da sujeição passiva solidária contida nos Termos de Sujeição Passiva Solidária (fls. 78/79), nos termos do art. 124,1 da Lei n° 5.172/1966 (Código Tributário Nacional CTN), que assim fala: (...) Ao falar sobre solidariedade tributária passiva que nos interessa no caso presente Bernardo Ribeiro de Moraes, em sua obra 'Compêndio de Direito Tributário", 2° Volume, páginas 302/305, 1997, Forense, assim se expressa: "22.5.6 Solidariedade tributária passiva Dispondo sobre a matéria, assim se expressa o código Tributário Nacional: O Código Tributário Nacional, conforme se verifica, admite duas modalidades de solidariedade passiva, assim especificadas: Fl. 698DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 699 12 a) solidariedade de fato (CTN art. 124, inciso I), quando há uma pluralidade de pessoas com interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal". Seria o caso, v.g., de três pessoas importarem determinada mercadoria estrangeira ou de cinco pessoas coproprietárias de um bem imóvel. Todas elas ficarão responsáveis, solidariamente, perante a Fazenda Pública respectiva, pelo pagamento do imposto sobre a importação ou do imposto sobre a propriedade predial. A solidariedade nasce em razão da própria natureza do fato gerador da respectiva obrigação, pela própria natureza do imposto em causa. Se várias pessoas participam de fato de determinada obrigação tributária, os efeitos jurídicos abrangerão todas elas, que passam a ser solidárias diante do cumprimento da prestação tributária. Isto, acrescenta Hugo de Brito Machado, "mesmo que a lei especifica do tributo em questão não o diga."; Concluise portanto, que, quando duas ou mais pessoas estiverem ligadas por interesse comum ao fato gerador darseá a solidariedade legal presumida. Desta forma, a pessoa que esteja vinculada ao fato gerador é devedora solidária em relação ao crédito tributário. É próprio da atividade negocial a busca do resultado econômico através da realização de operações que caracterizam fatos geradores. O Sr. Josival Barbosa da Silva não consta oficialmente como sócio da empresa autuada, mas, efetivamente, pelas informações e depoimentos obtidos pela fiscalização, era o representante e responsável pela administração das atividades comercial, financeira e administrativa da pessoa jurídica autuada. Deve ser lembrando que os atos da empresa são sempre praticados através da vontade de seus dirigentes, e assim é inegável a solidariedade destes em relação As obrigações que contraem em nome daquela, pois a responsabilidade solidária em tal caso é objetiva, presumida, posto que a situação configurada na lei (art. 124, I) é aquela em que todos os envolvidos ganham simultaneamente com o fato econômico (fato gerador). Com todos os elementos coligidos pela fiscalização é inegável que o Sr.Josival Barbosa da Silva tinha interesse comum na situação que configura o fato gerador da obrigação; razão pela qual a responsabilidade solidária está , de acordo com as disposições do inciso I do art. 124 do CTN. Por outro lado, não cabe a discussão que pretende travar quanto a ter ou não agido com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Esta é uma hipótese de responsabilização pessoal sobre os créditos correspondentes aos atos cometidos com excesso de poderes ou infração de lei, mas que tem como pressuposto o fato de os sócios da pessoa jurídica terem sido vitimas da conduta dolosa de seu administrador. Não é o que se verifica no presente caso, pois o Sr. Josival revestese tanto da qualidade de administrador com plenos poderes como, também, de sócio de fato da pessoa jurídica. Nessa condição de sócio, inegável que possuía interesse direto sobre o resultado obtido dos atos por ele próprio praticados na condição de administrador. Dai o perfeito enquadramento de sua responsabilidade como solidária nos termos do art. 124 do Código Tributário Nacional (CTN). (...) Diante do exposto, voto no sentido de julgar procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido e confirmar a sujeição passiva solidária atribuída ao Sr.Josival Barbosa da Silva, por estar de acordo com as disposições do art. 124 do CTN. Apesar de a diligência solicitada pela então 7a Câmara ter sido infrutífera, uma vez que o fiscal não conseguiu agregar mais informações de fato a respeito da forma como atuava o responsável tributário, não tenho nada a reparar na decisão de piso quanto ao que fora decidido no que se refere à manutenção da responsabilidade tributária. Fl. 699DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 700 13 É compreensível que a diligência não tenha trazido os dados pretendidos pelo então Relator da 7a Câmara, dado o lapso temporal, mas para não cercear o direito de defesa em etapa já avançada do julgamento não se pode tomar conhecimento dos novos fatos trazidos à baila pelo fiscal autuante que a princípio corroborariam com a manutenção da responsabilidade tributária. Portanto, o que se decide agora não leva em consideração tais informações trazidas supervenientemente. Posto isso passo a fundamentar a minha decisão. O fato do Sr. Josival negociar em nome da empresa foi amplamente demonstrado pelo autuante com circularizações diversas. A esse respeito, através do Termo de Encerramento de Ação Fiscal, fls.47/49, a autoridade fiscal informa: "Com o intuito de se apurar a responsabilidade de terceiros nas infrações à legislação tributária imputadas ao contribuinte, diversas empresas foram intimadas a apresentar a relação de compras efetuadas à empresa Sebastião de Lima Delfino e indicar o nome do preposto com quem eram tratados os negócios. Em respostas as empresas responderam que o preposto da empresa Sebastião de Lima Delfino, era o Sr. Josival Barbosa da Silva, fls. 130/142. Em circularização aos cartórios, foi detectada a existência de uma procuração outorgada pela empresa Sebastião de Lima Delfino, através do seu titular, da qual foram conferidos amplos poderes, inclusive a movimentação bancária, para os Srs. Josival Barbosa da Silva e Edmilson Coutinho dos Santos, fls. 126 a 129. A procuração de fato dá poderes bastante amplos ao Sr.Josival Barbosa. Vejamos os termos da procuração, de 26.09.2001, 13.06.2003 e 02.02.2005: a) praticar diversos atos perante a DRF em Natal, INSS e Repartições públicas, municipais, estaduais, federais e autarquias; b) praticar atos junto a qualquer instituição bancária para o fim de movimentar a conta corrente, contratar empréstimo; c) alienar, hipotecar, dar em penhor, assinar fiança, transigir, firmar compromissos, renunciar direitos, aceitar e avalizar títulos. Ora, o fato de ter ficado bem provado que o Sr. Josival Barbosa da Silva negociava em nome da empresa, juntandose ao fato de ser procurador com amplos poderes, por óbvio que a ilação que se pode tirar disso é que a referida pessoa participava da gestão dos negócios da empresa atuando como sócio de fato, mormente quando se constata também que o Sr. Sebastião era homem de poucas posses a ponto de declarase isento do Imposto de Renda. Posto isso, a responsabilidade do art. 124, I se adequa perfeitamente a essa situação de fato, como inclusive é o entendimento da jurispruência do CARF: RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Comprovado nos autos os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas ("laranjas") que apenas emprestavam o nome para que e/es realizassem operações em nome da pessoa jurídica, Fl. 700DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 701 14 da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contascorrentes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 124. I, do Código Tributário Nacional, pelo interesse comum na situação que constituía o fato gerador da obrigação principal. (...) (Acórdão n° 10708692, de 18.8.2006) Essa situação também conduz para que o enquadramento legal referido pelo fiscal relativo ao art. 135, também não seja considerado equivocado como posto pela DRJ. Embora fosse desnecessário, não é equivocado, uma vez que o art. 124, I fosse suficiente. Outrossim, é sabido que quando a descrição do fato está correta, como é o caso, o mero erro no enquadramento legal não é suficiente para macular o auto de infração, porquanto não há o aventado prejuízo à defesa. Portanto, mantenho a responsabilidade tributária do Sr. Josival Barbosa da Silva. MÉRITO Apesar de a DRJ ter atacado quase que totalmente as suas razões de defesa neste ponto, a recorrente faz ouvido de mercador e desconsidera os fundamentos aduzidos pela mesma. Os princípios da ampla defesa e do contraditório garantem ao defendente o direito de tomar conhecimento de tudo o que consta nos autos e de se manifestar a respeito, trazendo para o processo todos os elementos tendentes a esclarecer a verdade. Apesar desses princípios se caracterizarem como direitos dos contribuintes, estão implícitos nos mesmos, também deveres, de forma a regulamentar o processo para que chegue a um fim. Nesse passo, é inerente ao princípio do contraditório que o processo deva caminhar através de um caráter dialético que perpassa, se for o caso, as duas instâncias do Processo Administrativo Fiscal. Dessa forma, é imperioso, em acontecendo de a lide atingir a segunda instância, que se ofereçam razões ou contraargumentações claras e específicas contra não somente a manutenção do lançamento, mas também levando em consideração, um mínimo que seja, o que ficou dito na decisão de primeira instância, mormente em se tratando de matéria probatória, como é o caso. Isso porque as contradições ou erros ainda por ventura existentes por ocasião da decisão de primeira instância devem ser apontadas especificamente para que a instância ad quem, tome conhecimento, e se for o caso, corrijaos e supereos pela sua atividade sintetizadora de órgão revisor. Dessa forma, em vista das explicações escorreitas da decisão de piso e do que se colocou nos parágrafos anteriores, complemento as minhas razões de decidir adotando também os fundamentos utilizados pela decisão de piso, abaixo reproduzidos: "7. Efetuaremos a análise do auto de infração do IRPJ e estenderemos o resultado aos autos reflexos, em virtude da íntima relação de causa e efeito que os vincula. 8. O presente lançamento, como relatado, foi efetuado em virtude de a interessada ter auferido receita e não a ter declarado, tampouco pago o concernente Fl. 701DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 702 15 imposto, nos anos objeto da autuação. Porquanto não mantinha escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, haja vista a nãoapresentação dos concernentes livros quando intimada nesse sentido, fato este que se subsume ao disposto no inciso III do art. 530 do RIR, de 1999, o seu lacro foi arbitrado. 9. Na peça de defesa, como se vê, ela não se contrapôs diretamente à sobredita infração. Questionou, entretanto, que o autuante teria condições de apurar o seu lucro real, e que teria olvidado algumas deduções na formação da base do referido arbitramento, além de verberar a aplicação da multa e dos juros. 10. Não se há como concordar com ela. Senão vejamos. 11. Em primeiro lugar, não havia subsidias bastante à apuração do lucro real, quando da lavratura do auto, tampouco foram trazidos na impugnação (nada obstante não existir arbitramento condicional). Convém esclarecer a propósito, nesta maneira de apuração é obrigatória a escrituração de livros contábeis e fiscais, a teor do art. 251 do RIR, de 1999 —tal exigência, de certo, visa dar suporte à averiguação do lucro, por meio do confronto entre os registros das receitas, despesas, custos, etc. 12. Em segundo lugar, também não foi trazido á colação nenhum elemento comprobatório de que houvera "vendas canceladas, descontos incondicionais ou impostos cumulativos cobrados destacadamente à titulo de contribuinte substituto", tampouco verificamos isso compulsandose o referido livro de apuração de 1CMS. Em vão, por conseguinte, a referida contraposição (allegatio et non probatio, quasi non allegatio). 13. Quanto à verberação acerca da multa e dos juros, o que, na realidade, encerra a suscitação de inconstitucionalidade dos respectivos dispositivos legais subsiinsores, cumpre esclarecer que as DRJs não são competentes para julgar inconstitucionalidade de lei, como é cediço, tal competência é própria do Judiciário. (...) 16. Aditese, correta foi a aplicação da multa qualificada — o que foi feito com suporte inciso lido art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996 — haja vista restar evidente que ao ocultar receitas, de forma reiterada, com o fito de eximirse do pagamento de tributos, a interessada teve sim a intenção de fraudar o fisco. Em relação à qualificação da multa de ofício acrescento o fato ainda de que o caso concreto ensejou a utilização de interposta pessoa que apenas emprestava o nome para que se realizassem operações em nome da pessoa jurídica, o que evidencia claramente o intuito de fraude. Ademais a empresa declaravase ativa, mantendo auferimento de receitas vultuosas à margem da tributação. Em relação ainda a sua insurgência quanto à multa com caráter confiscatório e contra a suposta ilegalidade da taxa selic, acrescento o seguinte: Multa confiscatória Sobre a argüição de ser confiscatória a multa aplicada, cumpre gizar que ao julgador administrativo, que se encontra totalmente vinculado aos ditames legais, mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional CTN), não é dado apreciar questões – como a de que a multa fiscal seria confiscatória – que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal válido e vigente. Tal prática encontra óbice, inclusive na Súmulas nº 2 deste CARF: Fl. 702DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 16707.100656/200527 Acórdão n.º 1401001.158 S1C4T1 Fl. 703 16 Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (PORTARIA MF N.° 383 – DOU de 14/07/2010). Legalidade dos Juros de Mora Em relação aos juros de mora, determina a legislação que sobre os débitos pagos fora de prazo, independente de qualquer causa, incidirão eles a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.Não cabe, portanto, a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicálos, encontrando óbice, inclusive nas Súmula nº 4 do CARF, in verbis: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. INCONSTITUCIONALIDADE Quanto às alegações de ofensa a princípios constitucionais, cabe esclarecer que a a autoridade administrativa é vinculada a lei válida e vigente, não cabendo a este órgão do Poder Executivo deixar de aplicálas, encontrando óbice, inclusive na Súmula nº 2 deste Conselho (atual Primeira Sessão do CARF): Súmula 1ºCC nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (PORTARIA MF N.° 383 – DOU de 14/07/2010). Por todo o exposto, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 703DF CARF MF Impresso em 20/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 16/06/2014 por JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, Assinado digitalmente em 12/06/2014 por ANTONIO BEZERRA NETO
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