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Numero do processo: 10314.728564/2015-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1402-000.723
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marco Rogério Borges - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone.
RELATÓRIO:
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edeli Pereira Bessa, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Paulo Mateus Ciccone. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 14 .7 28 56 4/ 20 15 -1 5 Fl. 88231DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.232 2 RELATÓRIO: Trata o presente de Recurso Voluntário interposto em face de decisão proferida pela 1a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba PR, que julgou PROCEDENTE, EM PARTE, a impugnação do contribuinte em epígrafe. Igualmente, em virtude da exoneração promovida na decisão a quo, houve o recurso de ofício, nos termos da atualmente vigente Portaria MF nº 63/2017. Da autuação fiscal: Trata o presente processo de autos de infração de IRPJ e CSLL referentes ao anocalendário de 2010, nos seguintes montantes: IRPJ CSLL Total Principal 181.886.107,75 63.129.811,97 245.015.919,72 Multa (75%) 89.215.135,85 30.965.172,77 120.180.308,62 Juros 136.414.580,81 47.347.358,97 183.761.939,78 Total 407.515.824,41 141.442.343,71 548.958.168,12 Valores em R$ 1,00 corrigidos até dezembro/2015. Por bem retratar a autuação fiscal, replico o relatório pertinente do mesmo que consta na decisão a quo: Do Procedimento Fiscal 3. A ação fiscal iniciouse com a ciência da contribuinte, em 17/04/2014, do Termo de Início de Procedimento Fiscal (fls. 004 a 009) e teve como escopo inicial o exame da folha de pagamento da empresa. 4. Em momento posterior, em 16/03/2015, a Autoridade Fiscal passou a examinar também os valores lançados a título de baixa de imobilizado, depreciação, amortização, exaustão e despesas não operacionais (TIF de folhas 073 a 077), através de arquivos digitais a serem apresentados pela fiscalizada. 5. Após várias apresentações parciais e algumas prorrogações de prazo, em 24/11/2015 a empresa apresentou o arquivo digital relativo ao cadastro dos bens. Analisando o referido arquivo, a Fiscalização entendeu serem necessárias a apresentação de mais informações, tendo em vista que o montante demonstrado no arquivo (R$ 653.692.325,42) é inferior ao informado na contabilidade (R$ 1.183.620.935,69). 6. Assim, a contribuinte foi intimada, em 09/12/2015 (fls. 180 a 187) a apresentar os seguintes documentos e esclarecimentos: Fl. 88232DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.233 3 ∙ “Os bens informados no arquivo 4.7.1 estão sujeitos à depreciação, amortização ou exaustão? Criar coluna na planilha para informar (‘depreciação’; ou ‘amortização’; ou ‘exaustão’); ∙ “Apresentar, em meio digital .pdf, arrazoado detalhado sobre cada bem constante da planilha anexada na intimação, para que esta fiscalização conclua pela existência, necessidade, ou não, das despesas tratadas na referida planilha, assim como da possibilidade de dedução dos valores no lucro real e na base de cálculo da CSLL. A empresa deverá apresentar também planilha (em meio digital .pdf e .xls) que contemple, ano a ano, desde a aquisição e uso do bem, toda a despesa de depreciação e depreciação acumulada e taxas de depreciação aplicadas, indicando o fundamento legal para tanto, assim como de eventuais efeitos da Lei 11.638/2007 e normas contábeis editadas após a vigência da referida Lei. Apresentar, ainda, o controle da depreciação no lucro real e na base de cálculo da CSLL”; ∙ “Apresentar, em meio digital .pdf, todos os documentos que dão suporte aos valores constantes na planilha anexa, principalmente o valor apropriado como depreciação lançada. No mínimo, a empresa deverá apresentar: contrato, documento fiscal de aquisição e comprovante de pagamento, contrato, documento fiscal de venda e comprovante de recebimento, controle de depreciação de todo o período em que o bem foi depreciado, mesmo que seja antes e depois do ano de 2010, matrícula da obra (caso seja obra de construção civil), comprovante de regularização da obra (caso seja obra de construção civil), CND da obra (caso seja obra de construção civil) e arrazoado detalhado sobre a aplicação de cada bem no processo produtivo da empresa, incluindo controle da depreciação no lucro real e na base de cálculo da CSLL”; ∙ “Apresentar arrazoado, em meio digital .pdf, sobre a alienação de ativos imobilizado, investimento, intangível e/ou diferido do ano de 2010, com documentos que deram suporte às vendas: contrato, documento fiscal de aquisição e comprovante de pagamento, contrato, documento fiscal de venda e comprovante de recebimento, matrícula da obra (caso seja obra de construção civil), comprovante de regularização da obra (caso seja obra de construção civil), CND da obra (caso seja obra de construção civil) controle de depreciação de todo o período em que o bem foi depreciado, mesmo que seja antes do ano de 2010, e arrazoado detalhado sobre a aplicação de cada bem no processo produtivo da empresa, incluindo controle da depreciação no lucro real e na base de cálculo da CSLL”; ∙ “Esclarecer e apresentar todos os documentos de suporte, tudo em meio digital .pdf, porque a empresa Aracruz Celulose S/A, CNPJ 42.157.511/000161, tinha despesa de depreciação não dedutível e, após ser incorporada pela Fibra Celulose S/A, a própria Fibria deixou de reconhecer tais despesas de depreciação como não dedutíveis, ou seja, todas as despesas de depreciação da Fibria foram consideradas dedutíveis para fins do cálculo do IRPJ e da CSLL”. 7. Em resposta, em 17/12/2015, “... a empresa informou que todos os bens informados no arquivo entregue por esta fiscalização estão sujeitos à depreciação e são utilizados para produção e fabricação de celulose; sendo fundamentais e necessários para a atividade produtiva da empresa”. 8. Apresentou também planilha gerada a partir da elaborada pela Fiscalização, na qual estaria contemplada toda despesa de depreciação acumulada e taxa de depreciação aplicada conforme vida útil econômica do bem, ressaltando “... que as taxas de depreciação são revisadas periodicamente e Fl. 88233DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.234 4 fundamentamse na vida útil dos bens, conforme pronunciamentos contábeis baseados nos padrões internacionais de contabilidade, introduzidos no Brasil por meio da Lei 11.638/2007 e que as informações prestadas representam o total da despesa dedutível com depreciação de imobilizado no ano sob fiscalização. Salientou ainda que não há diferença entre a depreciação contábil e a reconhecida para fins fiscais”. 9. Em relação às despesas de depreciação, reconhecidas como não dedutíveis na Aracruz, “... esclareceu que equivalem aos custos reconhecidos na ficha 04A, Linha 10, conforme extratos da DIPJ 2009 em anexo; salientando que as mesmas foram reconhecidas como não dedutíveis para que não houvesse duplicidade de despesas na apuração do Imposto de Renda, uma vez que se tratavam de custo de arrendamento mercantil”. Informou também “... que após a incorporação, pela Fibria Celulose S/A, essas operações de arrendamento mercantil deixaram de ser realizadas e, portanto, a totalidade das despesas de depreciação seria dedutível e que a diferença entre as despesas contábeis e o montante verificado em ‘Doc.01’ referese aos valores de despesas de exaustão de florestas, não contemplados no arquivo”. 10. A contribuinte “... apresentou em meio digital (CD) algumas notas fiscais de aquisição de bens e serviços. Entretanto, tais notas não vieram acompanhadas de mais nenhum documento de suporte para que fossem aceitas por esta fiscalização como aquisição de bens que dessem direito à depreciação/amortização/exaustão fiscais. Outrossim, não há como se fazer a vinculação entre as notas apresentadas e os valores lançados na planilha de depreciação anexa ao Termo de 09/12/2015, tampouco com os lançamentos contábeis”. 11. Outrossim, foram apresentadas “... algumas notas fiscais de venda de bens, as quais não comprovam em nada os custos equivalentes à baixa de ativo imobilizado, tampouco em relação às demais despesas não operacionais”. Dos Lançamentos 12. Entendeu a Fiscalização que “... a empresa não obteve êxito em comprovar no decorrer da fiscalização e das inúmeras oportunidades que teve os valores deduzidos a título de depreciação/amortização/exaustão contidos no resultado contábil e no Lalur, assim como dos valores de despesas referentes a baixa do imobilizado e de outras despesas não operacionais, razão pela qual será efetuado o lançamento de IRPJ e seus reflexos”. Despesas de depreciação 13. Argumenta a Autoridade Fiscal “... que o contribuinte que optou pela dedução da depreciação mantenha os documentos (notas fiscais de aquisição, contratos, recibos de pagamento, comprovantes de pagamento, laudos técnicos, documentos de regularização de obra, etc) em salvaguarda pelo período mínimo de depreciação de determinado bem, ou seja, enquanto estiver sendo depreciado com a consequente dedução do Lucro Real, deve manter em boa guarda os comprovantes específicos dos bens depreciados”. 14. No caso concreto, especificamente a título de depreciação, observouse que a empresa registrou contabilmente os seguintes valores: Fl. 88234DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.235 5 15. Esclarece ainda “... que, na conta intitulada de Depreciações Crédito PIS/COFINS, em que pese esta nomenclatura, fomos informados pela empresa, sendo também possível verificar na análise do Razão anexo, que foram valores de despesa de depreciação referentes a bens do imobilizado que dariam direito a crédito do Pis e da Cofins, por isso a contabilização desses valores em conta distinta das demais. Entretanto, como se tratam de valores de depreciação deduzidas do resultado contábil e fiscal, seguindo a lógica desta autuação também será objeto de lançamento, por não haver comprovação”. 16. Na contramão das “... regras de dedução da depreciação, a empresa não apresentou os documentos em sua grande maioria e quando o fez, a qualidade da informação não permitiu a esta fiscalização uma vinculação inequívoca de que a despesa de depreciação poderia ter sido deduzida da base fiscal, haja vista que a empresa apresentou apenas notas esparsas de entrada de poucos bens se comparado ao montante deduzido, não havendo outra alternativa a esta fiscalização que não a glosa destas despesas”. 17. Dessa forma, o lançamento referente aos valores deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL à título de depreciação sem a devida comprovação teve como base o seguinte: 18. Salienta ainda a Autoridade Fiscal “... que não há ajustes no FCONT com o propósito de anular os efeitos decorrentes da Lei 11.638/2007. O que se verifica é que a empresa efetuou ajustes no próprio Lalur, os quais foram considerados para o cálculo da base tributável”. Despesas de exaustão 19. A dedução foi efetuada, segundo a Fiscalização, sem qualquer estudo pormenorizado que atestasse a idoneidade dos “... valores, uma vez que, quando intimada a esclarecer, a empresa novamente não apresentou a documentação necessária tais como: memória de cálculo, descritivo das áreas no início e no final do período de apuração, contratos de exploração em áreas de terceiros, comprovante de pagamento, dentre outros”. 20. Assim, o lançamento referente aos valores deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL à título de exaustão sem a devida comprovação teve como base o seguinte: Fl. 88235DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.236 6 21. Do mesmo modo como verificado na depreciação, “... não há ajustes no FCONT com o propósito de anular os efeitos decorrentes da Lei 11.638/2007. O que se verifica é que a empresa efetuou ajustes no próprio Lalur, os quais foram considerados para o cálculo da base tributável”. Despesas de amortização 22. Esclarece a Autoridade Fiscal “... que a conta ‘0033114060 Amortizações Créditos PIS/Cofins’ embora possua esta nomenclatura, se trata de despesa de amortização de bens que, de acordo com a empresa, dariam direito a crédito de PIS/COFINS, razão pela qual possui essa segregação”. 23. No caso de “... florestas, embora no presente caso não seja possível afirmar que se trate de amortização deste tipo de bem em razão da falta de comprovação, a quota anual de amortização do valor dos direitos contratuais de exploração de florestas terá como base de cálculo o valor do contrato e será calculada em função do prazo de sua duração ou poderá ser considerada como data do início do prazo contratual a do início da efetiva exploração dos recursos”. 24. No presente processo, “... seguindo a mesma lógica já discorrida sobre as despesas de depreciação e exaustão, os valores informados à título de amortização não possuem justificativa que atestem sua idoneidade e estrita atinencia aos requisitos legais, principalmente pelo fato da empresa não ter apresentado nenhum documento de suporte”. 25. Dessa forma, o lançamento referente aos valores deduzidos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL à título de amortização sem a devida comprovação teve como base o seguinte: Despesas não operacionais e baixa do imobilizado 26. Mesmo regularmente intimada, a empresa não apresentou documentos que justificassem os valores lançados na contabilidade e na DIPJ. 27. Com relação ao valor glosado, a Autoridade Fiscal destaca que o montante de R$ 23.318.907,71 “... está contido no montante de R$ 40.138.405,15, contabilizado na conta contábil de Despesas Não Operacionais que, por sua vez, está contido no montante de R$ 56.014.091,21 constante nas linhas 61 e 63 da ficha 06A da DIPJ 2011, ac 2010”, valor este considerado como base tributável. 28. Entretanto, separouse o “... montante de R$ 23.318.907,71 no lançamento, por se referir a baixa de imobilizado, tratandoo distintamente das outras despesas não operacionais”. Fl. 88236DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.237 7 29. Assim, o lançamento será efetuado da seguinte forma: Da Recomposição do Prejuízo Fiscal e da Base de Cálculo Negativa 30. No cálculo do IRPJ e da CSLL, foram aproveitados o prejuízo fiscal e a base de cálculo negativa da CSLL que a empresa possuía em relação ao período autuado. Da impugnação: Inconformada com a autuação, a recorrente apresentou impugnação, a qual aproveito a sua descrição no relatório do v. acórdão recorrido: Ciência e Impugnação 31. Em 30/12/2015, a contribuinte foi cientificada, via postal, dos autos de infração (fls. 814 a 816) e, em 29/01/2016, apresentou impugnação, a qual foi juntada às folhas 858 a 915. Impugnação 32. A contribuinte inicia sua impugnação fazendo um resumo dos fatos e trazendo os argumentos que seguem. Preliminar O contexto da Autuação Fiscal e a Nulidade dos Autos de Infração 33. A fim de contextualizar os fatos descritos pela Autoridade Fiscal, argumenta a contribuinte que, no início da ação fiscal, os documentos solicitados relacionavamse à folha de pagamento e aos tributos informados na GFIP e na DIRF, ou seja, relacionados à remuneração dos empregados e ao plano de participação nos lucros e resultados. 34. Em 12/03/2015, a Fiscalização passou a solicitar documentos relativos à baixa de ativos imobilizados e a despesas nãooperacionais, não tendo sido, até tal data, solicitado qualquer documento para a comprovação das despesas de depreciação, amortização ou exaustão. 35. Admite a fiscalizada que, no curso do procedimento, teve dificuldades para apresentar os arquivos solicitados no formato da Instrução Normativa SRF nº 86/2001, porém, entende que deve ser reconhecido que apenas no dia 09/12/2015 a Fiscalização “... intimou a impugnante a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, planilha com a indicação dos bens sujeitos a depreciação, exaustão e amortização, com descrição detalhada de cada bem, da taxa de depreciação utilizada, do valor da depreciação acumulada, bem como dos eventuais efeitos decorrentes da adoção dos novos critérios contábeis introduzidos pela Lei n. 11.638, de 28.12.2007”, além da apresentação de todos Fl. 88237DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.238 8 os documentos que suportam os valores indicados na referida planilha, principalmente em relação às despesas de depreciação. 36. Com isso, alega a empresa que “... a fiscalização não estabeleceu um parâmetro de amostragem entre os bens do ativo nãocirculante, para fins de apresentação dos documentos que comprovam a aquisição dos ativos e o controle da depreciação, amortização ou exaustão. Pelo contrário, solicitou que todos os documentos de suporte fossem apresentados e no prazo de 5 dias”. 37. Mais ainda, continua a contribuinte, “... a lista de documentos exigida pela fiscalização, por seu conteúdo, dificulta sensivelmente o seu cumprimento pelo contribuinte, pois apresenta (i) itens desnecessários para o controle da depreciação, como o comprovante de regularização e a certidão negativa de débitos da obra, bem como (ii) itens de abrangência indefinida e que ultrapassam o escopo do trabalho fiscal, como o controle da depreciação em anoscalendário anteriores e posteriores a 2010” (vide folhas 183, 184 e 861). 38. Neste ponto, destaca a impugnante que o procedimento adotado pela fiscalização se deu justamente no momento em que o prazo final para o lançamento da exigência do IRPJ e da CSLL, relativos ao anocalendário de 2010, estava se aproximando (31/12/2015), tendo em vista que em pouco mais de três semanas (a partir de 01/01/2016) tais fatos estariam decaídos. 39. De acordo com a fiscalizada, “... caso a fiscalização estabelecesse um parâmetro de amostragem e a impugnante conseguisse fornecer os documentos solicitados em tempo hábil, seria necessário examinar todos os documentos em um curto prazo de tempo, para evitar que o instituto da decadência afetasse o direito do fisco de constituir o crédito tributário”. 40. Tal postura, continua, ficou “... mais nítida a partir da leitura do parágrafo 27 do TCIF, no qual a autoridade fiscal responsável prenuncia a sua intenção de efetuar a glosa das despesas de depreciação, exaustão e amortização, caso a impugnante não apresente todos os documentos solicitados no prazo assinalado”. 41. Ademais, afirma a impugnante não ter contribuído “... para a postura rígida adotada pela fiscalização ao atrasar a entrega dos arquivos solicitados no formato da Instrução Normativa SRF n. 86. Apesar das solicitações de dilação de prazo apresentadas pela Impugnante, é certo que a fiscalização poderia ter solicitado, em caráter geral, a apresentação de documentos que comprovam as despesas de depreciação, amortização e exaustão, como a escrituração contábil e os seus documentos de suporte”. 42. Outrossim, “... embora as informações da folha de pagamento também estejam compreendidas no âmbito da Instrução Normativa SRF n. 86, a fiscalização não esperou a entrega dos arquivos no formato eletrônico para solicitar os documentos de suporte para a Impugnante, bem como para lavrar o auto de infração de contribuição previdenciária que decorre do mesmo MPF. Ao contrário, ciente de que os arquivos digitais não representam condição essencial para o seguimento do trabalho fiscal, a fiscalização solicitou antecipadamente os documentos que entendeu conveniente e efetuou o lançamento de ofício”. Fl. 88238DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.239 9 43. Segundo a contribuinte, “... o procedimento adotado pela fiscalização é ainda mais inaceitável, pois o número de documentos envolvidos é bastante expressivo, o que dificulta a sua localização no prazo de 30 dias para a apresentação da defesa”. 44. Assim, entende que é inegável que a “... dificuldade de carrear aos autos a totalidade dos documentos que comprovam as despesas de depreciação, exaustão e amortização incorridas no anocalendário de 2010 impossibilita o adequado exercício do direito de defesa por parte da impugnante, em patente violação ao principio do contraditório e da ampla defesa, consagrado artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal de 1988, bem como no art. 2º da Lei n. 9784, de 29.1.1999, que regulamenta o processo administrativo federal”. 45. Tal postura malfere também “... os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que informam a atuação dos entes da Administração Pública, por não existir, no caso concreto, razoável compatibilidade entre o fim almejado (evitar a decadência do direito de constituição do crédito tributária) e a severa restrição imposta ao direito de defesa da Requerente (30 dias para juntar em sua defesa um infindável número de documentos, que não foram examinados no procedimento fiscal)”. 46. A fiscalização, de acordo com a empresa, “... poderia ter atingido o mesmo fim realizando o procedimento fiscal de forma consistente e solicitando os documentos com antecedência razoável, ao invés de deixar a solicitação dos documentos necessários para o mês de dezembro de 2015 e simplesmente iniciar o contencioso administrativo, transferindo à Impugnante o ônus de amealhar, no prazo de 30 dias para a apresentação da defesa, todos os documentos que comprovam as despesas de depreciação, exaustão e amortização”. 47. Nesse sentido, entende que lançamentos efetuados sem o devido aprofundamento na investigação dos fatos não são válidos e devem ser cancelados, pois, não foi verificada a liquidez e certeza do crédito tributário. 48. Cita respeitável jurisprudência do CARF. 49. Além disso, a falta da razoabilidade do procedimento adotado pela fiscalização também se evidencia no fato de que foi considerado que nenhum bem do ativo da impugnante estava sujeito à depreciação, exaustão, amortização ou baixa, situação que não parece crível para uma empresa de grande porte e com receitas expressivas. 50. Desse modo, “... em decorrência da manifesta falta de aprofundamento na investigação dos fatos, a Impugnante entende que deve ser reconhecida a nulidade da autuação fiscal, por absoluta insuficiência de elementos que a justifiquem”. A Comprovação das Despesas de Depreciação 51. Inicialmente, argumenta a fiscalizada que “... não foi relapsa no cumprimento da intimação fiscal. O problema é que é absolutamente impossível apresentar, no prazo de 5 dias concedido pela fiscalização, as notas fiscais que comprovam os mais de 100.000 itens constantes do ativo imobilizando (sic) da Impugnante, ainda mais quando se considera que um único componente do ativo pode ser formado por centenas de documentos fiscais”. Fl. 88239DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.240 10 52. Traz também considerações que, ao seu ver, reforçam os comentários gerais feitos no tópico anterior em relação à nulidade dos autos de infração. 53. De qualquer forma, caso assim não se entenda, “... a impugnante passa a demonstrar a total improcedência da autuação fiscal, seja em razão da decadência do direito questionar os bens adquiridos há mais de cinco anos da data do fato gerador do tributo, seja em virtude da apresentação de documentos para comprovar as despesas de depreciação incorridas no anocalendário de 2010”. Decadência: a Impossibilidade de o Fisco Questionar os Bens Adquiridos há Mais de Cinco Anos da Data do Fato Gerador do Tributo 54. Inicialmente, destaca a empresa que a maioria de seus bens registrados no ativo nãocirculante “... foi adquirida antes do anocalendário de 2010. Na verdade, a maior parte dos bens do ativocirculante foi adquirida ainda na década de 90 do século passado, de modo que, entre a data de aquisição e a data de lavratura dos autos de infração, houve o decurso do prazo de que o fisco dispõe para questionar a existência dos ativos depreciados”, nos termos do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional. 55. Assim, “... é evidente que não pode a Administração Tributária, a pretexto de verificar o impacto da contrapartida da despesa de depreciação na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSL, exigir documentos que comprovam a compra de ativos adquiridos em períodosbase atingidos pela decadência”. 56. Cita respeitável jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes e afirma “... que a Fazenda Nacional tem o prazo de cinco anos para rever as aquisições de bens e direitos do ativo da impugnante. Logo, é incabível a glosa das despesas de depreciação de exercícios futuros quando, no momento oportuno, a fiscalização não inspecionou os lançamentos de aquisição dos referidos bens, que deram origem aos encargos de depreciação glosados”. 57. Frisa ainda “... que a regra insculpida no parágrafo 4º do art. 150 do CTN é clara: a fiscalização possui o prazo de cinco anos, da ocorrência do fato gerador, para verificar se o sujeito passivo cumpriu corretamente a sua obrigação tributária, apurando adequadamente a respectiva base de cálculo e aplicando sobre ela a correspondente alíquota e, se for o caso, efetuando o recolhimento do tributo devido. Decorrido esse prazo, o lançamento será considerado homologado, não mais podendo ser alterado pela autoridade fiscal”. 58. Além disso, destaca a contribuinte “... que a decadência tem o intuito de preservar a irreversibilidade da apuração fiscal realizada pelo sujeito passivo e afastar as dificuldades comprobatórias que surgem com o decurso do prazo do tempo. Por isso, a decadência opera de forma estritamente objetiva, com o mero transcurso do tempo”. 59. Traz também respeitável doutrina e afirma que “... após o decurso do prazo decadencial para homologação, o fisco não pode mais recompor as bases de cálculo do IRPJ e da CSL, com o objetivo de efetuar ajustes que repercutirão no cálculo dos tributos devidos em anoscalendário subsequentes”. Fl. 88240DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.241 11 60. Desse modo, entende que deve ser reconhecida a decadência do direito do fisco de questionar os fatos registrados na contabilidade da empresa e devidamente informados em suas declarações fiscais, que repercutiram nas quotas de depreciação de bens de seu ativo imobilizado adquiridos até 31/12/2009. Bens do Ativo NãoCirculante: Prova da sua Aquisição 61. Inicialmente, a empresa traz “... os Relatórios de Avaliação Patrimonial da Aracruz Celulose S/A e da Votorantim Celulose e Papel (doc. 01), emitidos em 2009 pela Deloitte Touche Tohmatsu, para avaliar os bens que foram adquiridos pela Impugnante (que na época denominavase Votorantim Celulose e Papel Ltda.) no contexto de uma operação de combinação de negócios. Esses documentos comprovam o valor justo de diversos ativos não circulantes depreciados pela Impugnante no decorrer do período fiscalizado, os quais correspondem a grande parte das despesas com encargos de depreciação registrada nas contas contábeis 33114010, 33114012, 33114040 e 33114100” (fls. 947 a 1812). 62. Tais “... documentos, apesar de não conterem comprovação do valor de aquisição de cada item do ativo, servem como indício da existência dos bens que geraram os encargos de depreciação que foram glosados pela fiscalização por falta de comprovação”. 63. A contribuinte junta também os “... Laudos elaborados nos anos de 2013 e 2014 pela empresa Advanced Appraisal Group para fins de contratação de seguro, documentos esses que avaliaram os itens do ativo não circulante da ora Impugnante e também comprovam a existência desses ativos, os quais geraram os encargos de depreciação glosados pela fiscalização no presente processo. Ao todo, são três laudos, relativos às unidades de Jacareí SP (doc. 02), Três Lagoas MS (doc. 03) e Aracruz ES (doc. 04)” (fls. 1813 a 23617), dos quais, cada descritivo analítico recebeu um número de resumo, “... sendo que anexo ao laudo estão os correspondentes resumos detalhados, nos quais cada planta é devidamente destrinchada, com a composição dos valores indicados no resumo analítico constante do laudo” (às folhas 874 a 876 a contribuinte demonstra como foram concebidos tais laudos). 64. Através de outros documentos (planilhas e notas fiscais fls. 23621 a 24308), a empresa demonstra de forma mais concreta os ativos que geraram os encargos de depreciação glosados pela fiscalização. Às folhas 877 a 890, que se referem à impugnação, a contribuinte traz alguns exemplos de ativos, que constam nos referidos documentos, que demonstram os valores, as taxas e valores das depreciações e as respectivas notas fiscais. 65. Ademais, esclarece a impugnante “... que em diversas notas fiscais juntadas aos autos aparece como adquirente a Aracruz Celulose S.A., o que se deve ao fato de a impugnante, à época denominada Votorantim Celulosa (sic) ter adquirido a Aracruz Celulose S.A., e, posteriormente, ter incorporado esta empresa (2009)”. 66. Diante do exposto, a contribuinte “... pugna pelo reconhecimento da nulidade do trabalho fiscal, diante da sua evidente precariedade, ou, caso assim não se entenda, pelo reconhecimento da decadência relativa do direito do fisco de questionar os fatos registrados na contabilidade da Impugnante e devidamente informados em suas declarações Fl. 88241DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.242 12 fiscais, que repercutiram nas quotas de depreciação de bens de seu ativo imobilizado adquiridos até 31.12.2009”. 67. Outrossim, na hipótese de tais pedidos não serem admitidos, “... requerse seja julgada procedente a presente Impugnação, para que se restabeleça as despesas com encargos de depreciação incorridas pela Impugnante no anocalendário de 2010, tudo nos termos do mencionado art. 57 da Lei n. 4506”. A Comprovação das Despesas de Exaustão 68. Alega a empresa que a acusação fiscal é infundada, pois, “... a lei tributária não exige a elaboração de um estudo pormenorizado para a dedução dos encargos de exaustão, a ser arquivado pelo contribuinte como comprovante dos valores registrados em sua contabilidade”. 69. Por esse motivo, é evidente que o contribuinte pode demonstrar os valores deduzidos do lucro contábil “... com base em quaisquer documentos hábeis e idôneos, como relatórios internos que evidenciem o volume dos recursos florestais utilizados, a quantidade de árvores extraídas ou, ainda, a área explorada no período de apuração”. 70. Pontua a empresa “... que a glosa integral das despesas de exaustão decorre de uma atitude arbitrária da fiscalização, pois a atividade principal da Impugnante consiste justamente na industrialização e no comércio de papel, celulose e produtos derivados, a formação e exploração de floretas próprias e de terceiros, bem como a administração de projetos de florestamento e reflorestamento”. 71. Dessa forma, entende que “... é inconcebível a atitude da fiscalização de pretender tributar o lucro proveniente da venda de papel e celulose e, ao mesmo tempo, glosar integralmente os encargos de exaustão de ativos biológicos, como se as florestas não existissem”. 72. Ressalta ainda “... que a fiscalização não questionou o custo de formação e manutenção das florestas, limitandose a arguir sobre a falta de apresentação de documentos que demonstram os recursos florestais exauridos. Assim, a composição dos custos envolvidos na formação das florestas de eucaliptos exauridas pela Impugnante representa matéria incontroversa”. 73. No mérito, esclarece a contribuinte que os encargos de exaustão são calculados com base no corte das florestas “... de eucalipto provenientes exclusivamente de plantios renováveis e são destinados para produção de celulose branqueada. O processo de colheita e replantio tem um ciclo aproximado de sete anos, pois, no caso da Impugnante, o eucalipto é utilizado para a produção de polpa como matériaprima para a fabricação de papel, celulose, pasta, fibra, entre outros produtos”. 74. Para o cálculo dos referidos encargos, a fiscalizada afirma ter seguido “... estritamente as disposições do art. 59 da Lei n. 4.506, de 30.11.1964, bem como do art. 4º do DecretoLei n. 1.483, de 6.10.1976, que estão consolidadas nos art. 334 do Regulamento do Imposto de Renda”. 75. Assim, foram computados “... como encargo de exaustão, no anocalendário de 2010, o valor correspondente à diminuição do valor de recursos florestais. Para tanto, a Impugnante calculou o volume dos recursos Fl. 88242DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.243 13 florestais utilizados em 2010, em confronto com volume de árvores que compunha a floresta no início do período de apuração”. 76. A composição do valor “... glosado pela fiscalização corresponde à soma dos valores de R$ 221.553.425,58 (Aracruz), R$ 96.251.827,26 (Jacarei) e R$ 27.051.530,28 (Compacel). Para fins de comprovação, a Impugnante irá focar nos valores de R$ 221.553.425,58 e R$ 96.251.827,23, que representam mais de 90% do valor total dos encargos de exaustão apropriados no anocalendário de 2010”. Encargos de exaustão da Aracruz 77. O valor correspondente aos encargos de exaustão da Aracruz (R$ 221.553.425,58) decorre da soma do valor de R$ 148.991.832,71 (encargos de exaustão apropriados entre janeiro e setembro de 2010) com o valor de R$ 72.561.592,87 (encargos de depreciação do período de outubro a dezembro de 2010) – vide folha 894. 78. As tabelas colacionadas à folha 894 evidenciam os encargos de exaustão apropriados pela contribuinte em cada mês na contacontábil 33114020, especificamente em relação à Aracruz, no valor total de R$ 221.553.425,58, cuja comprovação encontrase no Relatório de Detalhe de Exaustão (fls. 24309 a 24974). 79. Como forma de facilitar a compreensão, a empresa utiliza os dados do mês de março de 2010 como exemplo e demonstra a composição dos valores lançados como exaustão naquele mês (mais detalhes às folhas 895 a 897). 80. Afirma ainda que os relatórios mencionados atendem “... integralmente ao exigido pela fiscalização no item 64 do TVF, ao mencionar que o contribuinte deveria fornecer ‘memória de cálculo, descritivo das áreas no início e no final do período de apuração, contratos de exploração em áreas de terceiros, comprovante de pagamento, dentre outros’”, pois, apresentam “... informações como início do plantio, área plantada exaurida, número de árvores atraídas, valor proporcional do custo de formação e manutenção, entre outras informações”. Encargos de exaustão de Jacareí 81. O valor total dos encargos de depreciação relativo à unidade de Jacareí foi de R$ 96.251.827,26, cuja composição se encontra nas tabelas à folha 898. 82. De acordo com a empresa, o “... custo de exaustão por metro cúbico é obtido após o término do processo de formação da floresta, por meio da divisão do custo total de formação da floresta pelo volume total de área plantada em metros cúbicos. Após esse cálculo, chegase ao custo de exaustão por metro cúbico de árvore. No momento do corte, o volume total cortado é multiplicado pelo custo do metro cúbico de árvore, para determinação da quota de exaustão”. 83. No presente caso, o referido valor pode ser desmembrado de acordo com a sua origem, que compreende as florestas próprias (FPRO e FARD) e as madeiras adquiridas de terceiro/fomento florestal (FFOM e FFOR): Fl. 88243DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.244 14 84. A impugnante apresenta também a composição dos dois maiores valores indicados na tabela acima, a saber: R$ 44.261.867 (FPRO) e R$ 50.816.597 (FARD), conforme tabelas colacionadas às folhas 899 a 900, e ilustra o funcionamento do controle realizado, conforme detalhamento às folhas 901 a 902. 85. Com base em tais argumentos e demonstrativos, a contribuinte alega que “... mantém o controle não apenas das despesas de exaustão, mas também dos diversos custos envolvidos na formação das florestas, que compõem os encargos de exaustão apropriados no anocalendário de 2010. Assim, o controle elaborado pela Impugnante apresenta o custo total da formação da floresta, bem como o valor total exaurido no anocalendário de 2010. É evidente que tais documentos poderiam ter sido examinados pela fiscalização no procedimento fiscal, o que, por si só, demonstra a insubsistência do lançamento de oficio”. 86. Com relação aos custos de formação das florestas, repisa a empresa que a Fiscalização “... não questionou a sua composição, limitandose a arguir sobre a falta de apresentação de documentos que demonstram os recursos florestais exauridos. Assim, a composição dos custos envolvidos na formação das florestas de eucaliptos exauridas pela Impugnante representa matéria incontroversa”. 87. Na planilha de exaustão de Jacareí juntada foi apresentada, “... para efeito de amostragem, os detalhes relativos aos projetos F533, F750, F531, F337, F667, F653, F666, cujas despesas de exaustão foram glosadas pela fiscalização”. 88. Com relação aos casos que envolvem as operações de fomento florestal, como o projeto F052 (despesas de amortização no valor de R$ 697.217,00, a fiscalizada apresenta não apenas o controle dos custos e das despesas de amortização, mas também os contratos de compra e venda de madeira de eucaliptos e outras avenças (fls. 24482 a 24622). 89. Além disso, a empresa apresenta os Relatórios de Exaustão das operações de fomento florestal, relativo aos meses de janeiro a dezembro de 2010 (fls. 24623 a 24956) e o seu Relatório de Gerência Florestal relativo ao mês de dezembro de 2010 (fls. 24957 a 24974), “... no qual é possível encontrar diversas informações sobre a sua atividade florestal e os recursos naturais que sofrem exaustão”. 90. Finaliza a contribuinte com o argumento de que “A glosa integral dos encargos de exaustão apenas poderia ser justificada, quando muito, se houvesse fundada dúvida acerca da própria existência das florestas ou dos recursos naturais exauridos. Porém, em um caso em que não há qualquer dúvida quanto à existência das plantações de eucalipto, o procedimento seguido Fl. 88244DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.245 15 pela fiscalização se mostra absolutamente contrário às regras que conformam a atuação dos agentes da Administração Pública”. Os equívocos da fiscalização em relação ao CPC 29 91. Na composição das despesas glosadas, a fiscalização incluiu a conta contábil 33114022, no valor de R$ 190.191.112,87, tendo sido excluído do cálculo os valores adicionados pela própria empresa no LALUR, que totalizam R$ 114.869.729,08, glosando a diferença de R$ 75.321.383,79: 92. Entretanto, “... a parcela dos encargos de exaustão decorrente da avaliação de ativos biológicos a valor justo não foi deduzida pela Impugnante para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, como sugerido pela fiscalização. Assim, o valor de R$ 75.321.383,79, glosado pela fiscalização, decorre novamente da falta de aprofundamento do procedimento fiscal”. 93. Esclarece a contribuinte “... que o valor de R$ 190.191.112,87 não afetou o lucro líquido da Impugnante, que serviu de ponto de partida para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, no âmbito do RTT”, pois, “... os encargos de exaustão passam a compor o custo da mercadoria vendida no estoque, afetando o lucro liquido contábil apenas no momento da venda definitiva, no qual o custo da mercadoria vendida é definitivamente baixado”. 94. Desse modo, “... apenas o valor de R$ 137.590.205,58 afetou o resultado do anocalendário de 2010, sendo, por consequência, adicionado no LALUR para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL”. 95. Às folhas 906 a 907 a contribuinte traz maiores detalhes (exemplos) sobre o assunto. 96. Outrossim, “... com relação à exclusão de R$ 22.720.476,50, tratase de valor decorrente da avaliação dos ativos biológicos a valor justo, com contrapartida em conta de receita, o que autoriza a sua exclusão do lucro real e da base de cálculo da CSLL mediante ajuste no LALUR”. 97. Assim, conclui a interessada que a parcela da autuação fiscal relativa ao valor de R$ 75.321.383,79, glosado pela fiscalização, deve ser cancelada. A Comprovação das Despesas de Amortização 98. A empresa apresentou, às folhas 24975 a 25042, para efeito de comprovação, o Relatório de Avaliação de Ativos Intangíveis da Aracruz Fl. 88245DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.246 16 Celulose S/A, “... que foram adquiridos no contexto de uma operação de combinação de negócios. Esse documento, emitido por terceiros, comprova o valor justo de diversos ativos intangíveis amortizados pela Impugnante, que corresponde à maior parte das despesas de amortização registrada na conta contábil 0033114030”. 99. Tal relatório comprova a existência de ativos intangíveis no montante de R$ 779.000.000,00: (i) DATABASE, que engloba o conjunto de informações sobre as tecnologias florestais e industriais acumuladas ao longo dos anos, bem como a base de conhecimento técnico desenvolvida internamente através de pesquisas e processos de aprimoramento (R$ 456.000.000,00); (ii) PATENTE, que corresponde ao processo de metalocationização de polpa celulósica desenvolvida pela área de pesquisa e desenvolvimento (R$ 129.000.000,00); (iii) RELACIONAMENTO COM FORNECEDOR DE ÓLEO DIESEL E ÁLCOOL COMBUSTÍVEL, que diz respeito ao contrato de fornecimento mantido com a PETROBRÁS, para a aquisição de óleo diesel e álcool combustível (R$ 29.000.000,00); (iv) RELACIONAMENTO COM FORNECEDOR DE PRODUTOS QUÍMICOS, que envolve o contrato de fornecimento mantido com a CANEXUS, para o fornecimento de produtos químicos pelo prazo de 16 anos (R$ 165.000.000,00). 100. Ademais, a empresa trouxe “... os documentos societários de incorporação da Aracruz Celulose S/A, que abrangem: ata de assembleia geral extraordinária que aprovou a incorporação; protocolo e justificação de incorporação; e laudo preparado pela PWC, com a avaliação do patrimônio liquido para fins de incorporação (doc. 58). Dessa forma, resta claro que, em razão da incorporação, Impugnante se tornou sucessora a titulo universal da Aracruz Celulose S/A”. 101. Ressalta ainda que os ativos intangíveis indicados “... foram amortizados de acordo com a vida útil indicada no laudo preparado pela Deloitte Touche Tohmatsu, o que gerou o reconhecimento de despesas de amortização no valor de R$ 83.122.892,04 no anocalendário de 2010”: 102. Assim, conclui a interessada “... que, do valor total de R$ 95.799.842,90 glosado pela fiscalização a Impugnante comprovou, em caráter de amostragem, o valor de R$ 83.122.892,04, que corresponde a aproximadamente 87% do valor total autuado. Por consequência, deve ser Fl. 88246DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.247 17 integralmente cancelada a parcela da autuação fiscal relativa às des asas de amortização deduzidas pela Impugnante no anocalendário de 2010”. A Comprovação das Despesas NãoOperacionais e a Baixa de Ativo Imobilizado 103. Para comprovar a baixa dos itens do ativo imobilizado, a empresa apresentou planilha de controle com a composição completa dos ativos baixados (fls. 25043 a 25064), bem como documentos internos e telas de seu sistema contábil que suportam parte dos itens baixados no anocalendário de 2010 (fls. 25065 a 25141). 104. Ademais, às folhas 911 a 912, a interessada traz exemplos para um melhor entendimento. 105. Assim, conclui a contribuinte “... que deve ser cancelada a parcela da autuação fiscal relativa à baixa de ativo imobilizado, no valor total de R$ 23.318.907,71, assim como o valor de R$ 32.695.183, qualificado como despesas nãooperacionais”. Pedido de Diligência 106. Requer a impugnante “... a conversão do julgamento em diligência, a fim de que sejam examinados os inúmeros documentos que comprovam as despesas glosadas pela fiscalização nos autos de infração ora combatidos. Para fins de atendimento ao disposto no art. 16, inciso VI, do Decreto n. 70235, de 6.3.1972, a Impugnante formula os quesitos a serem respondidos na diligência ou perícia técnica, sem prejuízo da formulação de questões suplementares, caso seja necessário” (fls. 912 a 913). As Demonstrações Financeiras da Impugnante 107. Em complemento e confirmação a toda a exposição realizada, a empresa juntou também as Demonstrações Financeiras do exercício de 2010, as quais foram divulgadas ao Mercado (fls. 25142 a 25268), pois, entende que o procedimento adotado pela impugnante, no que se refere à depreciação, amortização e exaustão dos bens do ativo não circulante, está de acordo com as normas contábeis. Dos Juros de Mora Sobre a Multa 108. Requer a impugnante que seja afastada a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de oficio, pois, “... o art. 61, ‘caput’ e parágrafo 3º, da Lei n. 9430, de 27.12.1996, somente autoriza a incidência de juros sobre débitos ‘decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal’, sendo que os parágrafos 1º e 2º tratam minuciosamente do cálculo das multas sem prescrever a incidência de juros sobre elas”. 109. Desse modo, “... não cabe a aplicação do art. 61 da Lei n. 9430/96, que não previu a incidência de juros sobre as multas, mas apenas sobre o valor do principal de tributos e contribuições”. Outrossim, o parágrafo único do art. 43 da mesma lei determinou a incidência de juros sobre a multa cobrada isoladamente, ou seja, a “... comparação entre os dispositivos citados demonstra que a lei determina a cobrança je juros apenas sobre a multa isolada, que se constitui em crédito tributário principal, e não a determina sobre o valor da multa calculada proporcionalmente ao principal do tributo devido, pois é este que constitui o crédito tributário principal”. Fl. 88247DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.248 18 110. Assim, não cabe a exigência de juros sobre a multa de ofício. Juntada Posterior de Documentos 111. A interessada “... protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a realização de diligências e a juntada de outros documentos, mais especificamente laudo elaborado por especialistas, confirmando a regularidade dos procedimentos adotados em relação aos itens em discussão no presente processo. Vale ressaltar que a juntada posterior de documentos está fundamentada no art. 16, inciso IV, do Decreto n. 70235 e se justifica diante do exíguo prazo legal para impugnação diante do volume de documentos relativos às glosas efetuadas pela fiscalização”. Pedido 112. Por todo o exposto, a impugnante requer a admissão, conhecimento e integral provimento da presente defesa, para o fim de determinar o cancelamento das exigências fiscais consubstanciadas nos autos de infração ora questionados. Do pedido de diligência da DRJ Em 22/04/2016, por meio do Despacho nº 004 (fls. 25.275 a 25.277), o presente processo foi encaminhado à unidade de origem a fim de que se efetuasse diligência para que fossem analisados os documentos trazidos pela impugnante e justificasse a sua conclusão. Em 07/08/2017, a Autoridade Fiscal elaborou o Relatório Final de Diligência (fls. 25431 a 25435), no qual a mesma, em resumo, entendeu que nenhuma das despesas glosadas foi comprovada. A contribuinte foi cientificada de tal relatório em 10/08/2017 (fl. 25437) e apresentou suas contrarazões ao resultado da diligência em documento juntado às folhas 25.444 a 25.465. No referido documento a empresa reforça os argumentos trazidos na impugnação e contesta o resultado da diligência apresentado pela Fiscalização. Da decisão da DRJ: A ementa da decisão é a seguinte: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2010 NULIDADE DO PROCEDIMENTO POR SUPOSTO NÃO APROFUNDAMENTO DA INVESTIGAÇÃO. REJEIÇÃO DA ALEGAÇÃO. A Autoridade Fiscal tem ampla liberdade para decidir quais investigações deve fazer. Não é a contribuinte quem Fl. 88248DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.249 19 decide quais diligências devem ser feitas ou qual o grau de profundidade das investigações durante a ação fiscal. PROCESSO ADMINISTRATIVO. NULIDADE. As causas de nulidade são aquelas previstas na legislação do processo administrativo em geral e do processo administrativo fiscal. Não tendo ocorrido nenhuma das hipóteses lá previstas, não há que se falar em nulidade. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO. Nos termos do que dispõe o Processo Administrativo Fiscal, a juntada de documentos deverá ser feita por ocasião da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em momento posterior, salvo nos casos expressamente previstos no PAF. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2010 DECADÊNCIA. FATOS PASSADOS COM REPERCUSSÃO EM EXERCÍCIOS FUTUROS. FISCALIZAÇÃO. O sujeito passivo está sujeito à fiscalização de fatos ocorridos em períodos passados quando eles repercutirem em lançamentos contábeis de exercícios futuros, devendo conservar os documentos de sua escrituração, até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios. GLOSA DE DESPESAS. DESPESAS NÃO COMPROVADAS. É cabível a glosa das despesas quando o contribuinte não comprova, mediante documentação idônea a sua existência. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 2010 CONSERVAÇÃO DE LIVROS E COMPROVANTES FISCAIS A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial. GLOSA DE DESPESAS. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ÔNUS DA PROVA. DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. A escrituração contábil faz prova dos fatos correspondentes, a favor do contribuinte, desde que Fl. 88249DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.250 20 acompanhada por documentação hábil que os suporte, descabendo atribuir ao fisco a incumbência de provar a existência e dedutibilidade da despesa, quando inexistentes tais documentações. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Não havendo, no lançamento questionado, a incidência de juros sobre a multa de ofício, não se conhece do recurso quanto à matéria por falta de competência. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 2010 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. A decisão relativa ao auto de infração matriz deve ser igualmente aplicada no julgamento do auto de infração conexo, decorrente ou reflexo, no que couber, uma vez que ambos os lançamentos, matriz e reflexo, estão apoiados nos mesmos elementos de convicção. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extraise os seguintes excertos e destaques que entendo mais importantes para dar guarida a sua decisão final: da questão de nulidade a intimação para entregar todos os documentos comprobatórios está previsto na legislação (art. 264, RIR/99) e não por amostragem, como desejaria a recorrente; da alegação de decadência a documentação que comprova eventos anteriores que refletem no período não decaído sob fiscalização devem ser guardados e apresentados quando intimados se refletem nos fatos geradores em análise; a diligência serve para formar convicção do julgador, não o vinculando; da glosa de despesas com depreciação o litígio se resume à comprovação destas despesas. Dos documentos trazidos na impugnação, alguns foram considerados como inadequados. Contudo, alguns (planilhas e notas fiscais) foram considerados e serviram de comprovação para alguns bens, conforme listagem na decisão a quo. Desta feita, foram considerados comprovados R$ 25.324.670,76 relativo às depreciações; da glosa de despesas com exaustão a discussão se resume à comprovação destas despesas. Após analisar os elementos trazidos na impugnação, a autoridade julgadora a quo reconheceu como comprovado parte dos valores glosados (R$ 244.954.967,51 dos R$ 420.178.166,91 glosados); da glosa de despesas com amortização igualmente, se resumiu a questão de prova, entendendo a autoridade julgadora a quo que os elementos trazidos na Fl. 88250DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.251 21 impugnação não foram adequados para tanto, não dando nenhum valor como comprovado; da glosa de despesas nãooperacionais e de baixas do imobilizado a planilha apresentada como comprovação e respectivos documentos internos e telas de seu sistema contábil foram entendidas como não satisfatórios para comprovação; quanto à matéria da cobrança de juros sobre multa de ofício, a DRJ não deu provimento; quanto ao protesto pela possibilidade de apresentação posterior de provas a DRJ não deu provimento. Do recurso voluntário: Tomando ciência da decisão de primeiro grau administrativo em 19/10/2017, a recorrente apresentou o recurso voluntário em 19/11/2017, ou seja, tempestivamente. Na sua peça recursal apresenta as seguintes alegações, muitos das quais repisa o que já apresentara na sua peça impugnatória: entende que a autuação fiscal estaria nula, pela exiguidade de prazo para apresentar a documentação; que a intimação deveria ser por amostragem dado o expressivo volume de documentos; haveria uma inversão de ônus da prova que afrontaria os princípios do contraditório e da ampla defesa; não houve o aprofundamento da investigação dos fatos ocorridos; reclama que certas provas são mais complexas para serem produzidas; falta razoabilidade ao glosar a totalidade das despesas relacionadas a bens do ativo não circulante, e se assim prosperasse, seria então caso de arbitramento; . no mérito: das despesas de depreciação: repisa alegações do tópico da nulidade; reanalisa os documentos apresentados na peça impugnatória, os que entende representarem prova por amostragem da correição dos seus procedimentos; entende que os documentos não considerados como comprovação na decisão da DRJ (docs. 01 a 04 (fls. 947/23617)) não deve prevalecer, pois demonstram a existência de ativos imobilizados depreciáveis; reitera a necessidade de prova por amostragem; reafirma a impossibilidade de se questionar os bens adquiridos há mais de cinco anos da data do fato gerador do tributo; entende impossível colacionar aos autos documentos que comprovem a aquisição da totalidade dos bens de seu ativo não circulante, já que são mais de 100.000 itens; apresenta anexa a peça recursal arquivo não paginável denominado "Fibria Celulose Ativos Imobilizados" que trata da aquisição dos seus ativos imobilizados; das despesas de exaustão: entende que a lei tributária não exige a elaboração de um estudo pormenorizado para dedução dos encargos de exaustão a ser arquivado. Entende que qualquer documento que demonstre os valores deduzidos Fl. 88251DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.252 22 bastaria; apresenta novos documentos para comprovar a parte não cancelada pela DRJ; entende que houve equívoco da fiscalização quanto ao CPC 29; das despesas de amortização: entende que a documentação apresentada na sua peça impugnatória já seria hábil o bastante, apesar do entendimento contrário da turma julgadora da DRJ; o laudo preparado pela Deloitte, para o processo de aquisição da Aracruz em período anterior (database em 31/12/2008), serviu de base para os cálculos das despesas de amortização deduzidos pela recorrente teria a validade necessária; da comprovação das despesas nãooperacionais e a baixa de ativo imobilizado: entende que já colacionou documentação contábil hábil o bastante na sua peça impugnatória, e não procede a decisão da DRJ. Refaz análise destes documentos anteriormente acostados aos autos (doc. 59 e 60 fls. 25044/25118 da impugnação) e pede provimento pela comprovação; requer diligência para que sejam novamente examinados os inúmeros documentos colacionados aos autos; pede a não incidência de juros sobre a multa de ofício. Do recurso de ofício: A decisão da turma julgadora a quo promoveu a exoneração de R$ 97.292.033,58 (IRPJ, CSLL e respectivas multas), o que se aplica o reexame necessário nos moldes do art. 34, I do Decreto nº 70.235/1972. É o relatório. Fl. 88252DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.253 23 VOTO: Conselheiro Marco Rogério Borges Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Em relação ao recurso de ofício, considerando a exoneração promovida pela turma julgadora a quo, está acima dos limites da Portaria MF nº 63/2017, o que se faz necessário a sua reanálise. Das nulidades suscitadas na peça recursal: Na sua peça recursal, a recorrente entende que a autuação fiscal estaria nula, pela exiguidade de prazo para apresentar a documentação; que a intimação deveria ser por amostragem dado o expressivo volume de documentos. Haveria, no seu entender, uma inversão de ônus da prova que afrontaria os princípios do contraditório e da ampla defesa. Igualmente, entende que não houve o aprofundamento da investigação dos fatos ocorridos; reclamando que certas provas são mais complexas para serem produzidas; e que faltaria razoabilidade ao glosar a totalidade das despesas relacionadas a bens do ativo não circulante, e se assim prosperasse, seria então caso de arbitramento. Antes de qualquer manifestação ulterior, cabe ressaltar que a análise pela autoridade fiscal autuante das despesas inerentes da comprovação da baixa de ativos imobilizados e das despesas nãooperacionais começou em 12/03/2015, através de intimação específica a respeito. Nesta intimação fiscal a autoridade fiscal autuante solicita, além de elementos de matéria que vinha analisando desde o termo de início do procedimento fiscal (cuja ciência ocorreu em 17/04/2014), que fosse apresentado nos termos da IN 86/2001, os arquivos magnéticos que constassem os arquivos de vários itens da contabilidade, quais sejam notas fiscais de entrada, controle de estoque, registro de inventário, cadastro de bens, entre outros (fls. 73 a 77). Ao longo dos meses seguintes, compulsando os autos, vislumbramos vários pedidos de dilação de prazo e respostas parciais que foram detalhadas no termo de constatação fiscal datado de 29/06/2015 e cientificada à recorrente (fls. 160 a 162). Neste termo, a autoridade fiscal autuante informa que estava pendente o item 4.7.1 da intimação fiscal (arquivo de cadastro de bens). Após alguns respostas, em 09/12/2015, a autoridade fiscal autuante lavra outro termo de constatação e intimação fiscal (fl. 180 e segs.), em que informa que o arquivo 4.7.1 estariam com informações incompletas, e haveria discrepâncias entre os valores de depreciação dos constantes nos arquivos apresentados e os valores informados na DIPJ do mesmo anocalendário. Por conseguinte, intimou a recorrente a Fl. 88253DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.254 24 apresentar no prazo de 5 dias úteis os documentos pertinentes aos bens informados no arquivo 4.7.1 que estão sujeitos à depreciação, amortização ou exaustão, devendo ser tal relação em meio magnético. Na sua resposta a esta intimação fiscal, há a informação da recorrente de que todos os bens estão sujeitos à depreciação e são necessários para a atividade produtiva, e as informações prestadas até então representariam o total da despesa dedutível. Apresentou um CD, nas palavras do termo de verificação fiscal, com algumas notas fiscais de aquisição de bens e serviços, desacompanhadas de qualquer documento de suporte para demonstrar a depreciação/amortização/exaustão ocorridas. Com base neste histórico, e na falta da apresentação dos documentos que entenderia satisfatório, a autoridade fiscal autuante procedeu à autuação fiscal, glosando os montantes das despesas de depreciação, amortização e exaustão constantes na contabilidade da recorrente. Verificase pelo relatado acima que a exiguidade de prazo alegada pela recorrente foi decorrente do insatisfatório atendimento, ao menos no entender da autoridade fiscal autuante, quanto aos valores em análise, na sua completude que deveriam ter sido apresentados em meio magnético desde 12/03/2015, que culminou na intimação fiscal lavrada em 09/12/2015, a apresentar os documentos que davam suporte a tais lançamentos. Cabe destacar que se houvesse ocorrido a apresentação dos arquivos digitais como intimado, e a autoridade fiscal tivesse condições de cotejar tais valores com os informados na sua contabilidade e DIPJ, haveria maior precisão e quiçá uma análise amostral logo em seguida para enfrentar a questão probatória, se eventualmente essa surgisse. Não prevalece agora a alegação da recorrente que só dia 09/12/2015 houve intimação fiscal da matéria envolvendo os valores deduzidos pela recorrente quanto à depreciação, amortização e exaustão. E também não é satisfatório, e muito menos aceitável, o que se vê nas defesas da recorrente, tanto na sua peça impugnatória quanto na sua peça recursal, querem estabelecer os critérios de amostragem, dizendo que o que trouxe parcial de comprovação já seria o bastante para demonstrar o integral. Seria o esperado, nas circunstâncias acima, que a recorrente dispusesse de todos os controles adequados, não importando os quantitativos de itens envolvidos, dos valores que estaria deduzindo de depreciação, amortização e/ou exaustão. De qualquer forma, dado o contexto apresentado acima, puramente fático encontrável nos autos, não vislumbrei nenhuma nulidade como alega a recorrente, e nenhuma falta de razoabilidade na decisão da autoridade fiscal autuante, no momento que decidiu pela autuação fiscal, pois não houvera a apresentação dos documentos nos termos da legislação fiscal pertinente. Mesmo na instância impugnatória, quando apresentou uma pequena parcela dos documentos (fls. 947 a 25.268), eles foram apreciados e analisados pela Fl. 88254DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.255 25 instância julgadora a quo, quando solicitou conversão em diligência para apreciação dos mesmos. Em sede recursal, traz mais documentos comprobatórios fls. 25.629 a 78.947, bem como às vésperas do presente julgamento outros documentos e um laudo de empresa de auditoria Deloitte. De qualquer forma, sem adentrar ainda no mérito, apenas no compasso da preliminar da nulidade suscitada, e já tratado na decisão a quo, a recorrente está obrigada a conservar os livros e comprovantes em ordem, nos termos do art. 264 do RIR/991 e do art. 1.194 do Código Civil 2 Destarte, REJEITO as alegações de nulidade suscitadas pela recorrente. Da proposta em conversão em diligência: Como já analisado anteriormente no relatório, o caso aqui em discussão se cinge à questão probatória, essencialmente. Os valores glosados pela autoridade fiscal autuante foram os seguintes: depreciação R$ 488.454.569,35 exaustão R$ 420.178.166,91 amortização R$ 95.799.842,90 não operacional e baixas do imobilizado R$ 56.014.091,21 adições não computadas na CSLL R$ 63.129.811,97 Após análise dos elementos apresentados em sede de impugnação, se valendo de diligência para tanto, a autoridade julgadora a quo considerou como comprovados os seguintes valores: depreciação R$ 25.324.670,76 exaustão R$ 244.954.967,51 1 Conservação de Livros e Comprovantes Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). (...) § 3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37). 2 Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Fl. 88255DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.256 26 Já em segunda instância administrativa, na sua peça recursal, traz novos elementos para dar suporte comprobatório, quais sejam as notas fiscais de aquisição dos bens do imobilizado e as respectivas notas fiscais ou equivalente de aquisição dos mesmos. Envolve as folhas 25.629 a 78.947, e alguns arquivos não pagináveis neste conjunto probatório apresentado. Ou seja, são mais de 53 mil folhas de documentos apresentadas. Nas palavras da recorrente: Isso porque a recorrente havia julgado que a amostragem colacionada em sua defesa era suficiente para que a DRJ/CTA admitisse a integralidade dos encargos incorridos. Contudo, como a DRJ/CTA não considerou suficiente esse conjunto de provas, a recorrente colaciona no presente momento conjuntos de documentos comprobatórios do valor de aquisição de mais de 8.000 itens do ativo imobilizado, nos mesmos moldes da documentação juntada na impugnação, que foi reputada como suficiente para a decisão da DRJ/CTA. Tendo em vista o grande volume de documentos, a recorrente chama atenção para a planilha excel juntada em arquivo não paginável, denominada "Fibria Celulose Ativos Imobilizados", a qual possui duas abas, uma relativa aos ativos imobilizados cuja comprovação é juntada nesse momento e outra com a relação de notas fiscais relativas a esses ativos. Vejase que se trata de um total de mais de 20.000 notas fiscais e documentos comprobatórios do valor de aquisição dos ativos, relativos a mais de 8.000 ativos imobilizados. Contudo, em parágrafo anterior da sua peça recursal, a recorrente já fala em mais de 100.000 itens no seu ativo não circulante: Antes de iniciar a presente exposição, importa repisar que é impossível colacionar nos autos documentos que comprovem a aquisição da totalidade dos bens de seu ativo não circulante, eis que, conforme destacado acima, são mais de 100.000 itens, o que representa mais de 1.000.000 de páginas de documentos. Ou seja, foram apresentados menos de 10% das comprovações de aquisições dos bens do ativo não circulante, em todas as instâncias administrativas até o momento. De qualquer forma, dado o volume de documentos há a necessidade de uma análise dos mesmos. Cabe destacar que o presente colegiado tem aceito documentos mesmo após o recurso voluntário, desde que não prejudiquem a apreciação e voto do relator, e se mostrem hábeis à busca da verdade material dos fatos ocorridos. Não se pretende que substitua a peça recursal, que deve respeitar o rito processual devido e seu prazo, mas Fl. 88256DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.257 27 seria um complementar probatório ao alegado, que eventualmente pode ficar disponível após expirado o prazo devido. Há nesta postura uma primazia da busca da verdade material, a qual se rege o processo administrativo fiscal. Em recente decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), sobre a matéria, decidiu que por força do princípio da verdade material e do princípio da ampla defesa, as provas podem ser apresentadas também “em sede de recurso voluntário, desde que sejam documentos probatórios que estejam no contexto da discussão de matéria em litígio, sem trazer inovação, e dentro do prazo temporal de trinta dias a contar da data da ciência da decisão recorrida” (Número do Processo 16327.001227/200542, Data da Sessão 08/08/2017, Acórdão 9101003.003). Neste cenário, considerando a importância de uma análise mais detida de tais documentos para o deslinde do julgamento, algo que não pode ser feito a contento neste CARF, até por eventuais necessidades de esclarecimentos adicionais, algo que só poderia ser obtido na unidade de origem, entendo oportuno a conversão do presente julgamento em diligência. Destarte, nos termos do Parecer Cosit nº 2, de 15 de janeiro de 2018, proponho diligência em que a autoridade fiscal designada, em relação a estes documentos anexos à peça recursal, proceda a uma análise e batimento, ainda que por amostragem devidamente justificada, que permita aduzir com a documentação trazida aos autos, os montantes a serem considerados comprovados. Igualmente, a autoridade fiscal poderá trazer aos autos, utilizandose dos meios que entender necessários, qualquer elemento ou informação, mesmo que não contemplado nos explicitado acima, mas que no seu entender seja relevante para um melhor resultado da diligência e esclarecimento dos valores glosados, para a adequada apreciação das infrações impostas à recorrente. Caso entendido necessário, seja intimada a recorrente para apresentar esclarecimentos e documentos complementares e adicionais julgados devidos no que concerne às infrações aplicadas e o devido esclarecimento a respeito das comprovações apresentadas nos autos. Igualmente, solicito incluir nos autos a DIPJ integral referente ao ano calendário em questão (2010). Após estas providências, elabore relatório DETALHADO e CONCLUSIVO circunstanciando todas as informações possíveis e juntando documentos comprobatórios necessários. Do procedimento de diligência, inclusive do relatório referido no parágrafo anterior, cientificar o contribuinte, com reabertura do prazo de 30 (trinta) dias para que, querendo, venha a se manifestar exclusivamente sobre os fatos articulados e narrados na referida diligência, sendo desconsideradas manifestações de outra espécie. Fl. 88257DF CARF MF Processo nº 10314.728564/201515 Resolução nº 1402000.723 S1C4T2 Fl. 88.258 28 Transcorrido o prazo de trinta dias da ciência, com ou sem nova intervenção do contribuinte, o presente processo deverá retornar a esta 2ª Turma da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, para prosseguimento de seu julgamento. Destarte, PROPONHO A CONVERSÃO DO PRESENTE PROCESSO EM DILIGÊNCIA, nos termos supracitados. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 88258DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.721724/2012-45
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2010
PRELIMINAR. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA.
Não procedem as alegações de nulidade quando a decisão recorrida enfrentou adequadamente os pontos combatidos pelo contribuinte, sem que se vislumbre qualquer afronta ao seu direito de defesa.
Numero da decisão: 2002-000.382
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade arguida no recurso e, no mérito em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2010 PRELIMINAR. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Não procedem as alegações de nulidade quando a decisão recorrida enfrentou adequadamente os pontos combatidos pelo contribuinte, sem que se vislumbre qualquer afronta ao seu direito de defesa.
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DEDUÇÃO. DESPESA MÉDICA. Recorrente IZABEL DA SILVA RIBEIRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010 PRELIMINAR. NULIDADE DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. INOCORRÊNCIA. Não procedem as alegações de nulidade quando a decisão recorrida enfrentou adequadamente os pontos combatidos pelo contribuinte, sem que se vislumbre qualquer afronta ao seu direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade arguida no recurso e, no mérito em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 72 17 24 /2 01 2- 45 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 106 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Ausente justificadamente a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (fls. 21/25), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2011. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a restituir declarado de R$1.420,76 para saldo de imposto a pagar de R$4.315,41. A notificação noticia a dedução indevida de despesas médicas no valor de R$ 20.858,80, consignando: Foram glosadas despesas no valor de R$ 20.441,36 conforme abaixo demonstrado. 1 A contribuinte informou pagamento de despesa para ALINE FÁTIMA CORADI no valor de R$ 10.000,00. Para comprovação apresentou 12 (doze) recibos nos valores de R$ 830,00 cada um. Os recibos de janeiro/2010, setembro/2010, outubro/2010, novembro/2010 e dezembro/2010 não contém data. Tem recibo datado de DOMINGO (28/02/2010) e de SÁBADO (31/07/2010). Os recibos de maio/2010, junho/2010, julho/2010 e agosto/2010 não informam o tipo de serviço prestado e não contém o CPF ou CREFITO da fisioterapeuta. Os recibos de setembro/2010, outubro/2010, novembro/2010 e dezembro/2010 estão assinados com caneta diferente da utilizada para preenchimento dos demais dados. Os recibos não informam o nome do paciente atendido nem o endereço da profissional. Em vista desses fatos foi a contribuinte intimada a comprovar os efetivos desembolsos dos pagamentos dessas despesas. Em resposta apresentou extrato bancário da Caixa Econômica Federal sem indicar quais teriam sido os saques que foram utilizados para realização dos pagamentos das despesas. Analisando os extratos bancários não localizamos quaisquer cheques emitidos ou saques efetuados, que pudessem comprovar os pagamentos dessas despesas. Em vista das inconsistências apontadas e da falta de comprovação da efetividade do desembolso para pagamento das despesas declaradas, será glosado o valor de R$ 10.000,00. 2 A contribuinte informou pagamento de despesa para CESAR C. B. POSSETTI no valor de R$ 9.850,00. Para comprovação apresentou 1 (um) recibo nesse valor datado de 23/12/2010. Esse recibo é referente a tratamento odontológico, não informa o nome do paciente atendido e não é assinado pelo profissional; Esse odontólogo declara ter recebido rendimentos de pessoas Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 107 3 físicas de R$ 14.855,00 no anocalendário de 2010. Não é plausível que a contribuinte tenha sido responsável por mais de 65% dos rendimentos de pessoas físicas recebidos pelo contribuinte. Em vistas dessas inconsistências, a contribuinte foi intimada a comprovar o efetivo desembolso do pagamento dessa despesa. Em resposta apresentou extrato bancário da Caixa Econômica Federal sem indicar quais teriam sido os saques que foram utilizados para realização do pagamento da despesa. Analisando os extratos bancários não localizamos quaisquer cheques emitidos ou saques efetuados que pudessem comprovar o pagamento dessa despesa. Em vista de todas as incoerências e inconsistências apontadas e da falta de comprovação da efetividade do desembolso para pagamento da despesa declarada, será glosado o valor de R$ 9.850,00. 3 A contribuinte informou pagamento de Plano de Saúde no valor de R$ 5.792,30. Apresentou comprovação de pagamento de apenas R$ 4.783,50. Desta forma será. glosado o valor indevidamente deduzido de R$ 591,36. Impugnação Cientificada à contribuinte em 1/6/2012, a NL foi objeto de impugnação, em 29/6/2012, à fl. 11/25 dos autos, assim sintetizada na decisão de piso: Alega que os recibos justificam a dedução pleiteada. Com vistas a combater os pontos destacados pelo agente do fisco, frisa que: a) vários profissionais de saúde em Cascavel prestam serviços aos sábados e domingos, inclusive aqueles que a atenderam; b) por presunção e por lógica, os serviços prestados por fisioterapeuta são aqueles vinculados a sua atividade profissional; c) não pode ser imputada a ela a responsabilidade pela diferença da tonalidade das cores das canetas utilizadas no preenchimento dos recibos; d) os rendimentos auferidos pelo dentista não se restringem ao informado no lançamento, eis que ele também é funcionário do Exército Brasileiro, e que o valor a ele pago amparase na complexidade do procedimento odontológico. Protesta pela apresentação de laudos médicos para justificar o atendimento realizado pelo dentista. Insurgese contra o caráter confiscatório da multa, na eventualidade de não serem admitidos os argumentos outrora aduzidos. O dossiê fiscal encontrase anexado às fls. 27 a 66. A impugnação foi apreciada na 7ª Turma da DRJ/BHE que, por unanimidade, julgoua improcedente, em decisão assim ementada (fls. 70/75): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2011 Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 108 4 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. Considerase como nãoimpugnada a parte do lançamento com a qual o sujeito passivo concorda ou não se manifesta expressamente, ocorrendo a preclusão do direito à sua contestação em momento posterior. GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. EFETIVIDADE DOS PAGAMENTOS. AUSÊNCIA DA PROVA. Mantémse a glosa de dedução a título de despesas médicas quando o sujeito passivo é intimado a comprovar a efetividade dos desembolsos e deixa de apresentar documentos aptos a fazê lo. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Constatada a infração tributária, cabe à autoridade administrativa aplicar a multa, nos moldes da legislação de regência. DILAÇÃO PROBATÓRIA. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de dilação probatória quando não se ampara em quaisquer das hipóteses previstas no ordenamento jurídico que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 8/6/2016 (fl. 81), o contribuinte, em 30/6/2016 (fl. 83), apresentou recurso voluntário, às fls. 83/100, no qual alega, em apertado resumo, que: suscita a nulidade do processo administrativo, por cerceamento de defesa, em função da negativa de apresentação de laudos médicos a posteriori. Aponta que foi intimada a apresentar comprovação quanto ao efetivo pagamento, não tendo sido mencionada a apresentação de laudos médicos e exames. o Fisco teria desconsiderado os recibos, mas não solicitou outros elementos de prova, ainda que tenha protestado pelo direito de produzir outras provas além daquelas solicitadas. quanto ao mérito, aponta suposto equívoco da decisão de piso ao mencionar os extratos, uma vez que informou que os pagamentos se deram em espécie, não havendo que se falar em exame de extrato. após reproduzir dispositivos de regência da matéria, aduz que a apresentação do recibo é regra geral prevista em lei e, caso contenha todos os elementos, deve ser acatado pelo Fisco. Cita julgados do CARF abordando a matéria. caberia a decretação de nulidade absoluta de todo o procedimento administrativo, uma vez que a discussão em sede de 1º grau deuse em torno da afirmação de que ela não teria comprovado o pagamento mediante transação bancária, quando ela já havia informado que os pagamentos se deram em espécie. Fl. 108DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 109 5 diz que o Fisco não teria apontado indícios de fraudes ou idoneidades, nem excessos por parte da contribuinte, concluindo que os recibos deveriam ser acatados. ao final, requer que as intimações sejam feitas exclusivamente em nome da advogada, sob pena de nulidade. Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Pedido para intimação do representante legal Nesse tocante, foi editada a Súmula CARF nº110, de observância obrigatória por este Colegiado: Súmula CARF nº 110 No processo administrativo fiscal, é incabível a intimação dirigida ao endereço de advogado do sujeito passivo. Assim, o pedido da recorrente deve ser indeferido. Preliminar de Nulidade A recorrente suscita a nulidade da decisão do colegiado de primeira instância, por suposto cerceamento ao seu direito de defesa, ao não ter permitido a juntada posterior de provas e por ter se debruçado sobre a análise de seus extratos bancários quando já esclarecera na ação fiscal que os pagamentos teriam se dado em espécie. Não vislumbro preterição ao direito de defesa da recorrente na decisão ora guerreada. Quanto à primeira alegação, constatase que a decisão de piso fundamentou na forma devida o indeferimento do pleito para juntada posterior de provas, conforme se extrai do trecho a seguir: Dilação probatória. O protesto por posterior apresentação de laudos médicos de forma a justificar o atendimento odontológico deve ser indeferido, eis que o cancelamento da glosa, no caso concreto, demanda, cumulativamente, a correção das irregularidades apontadas nos recibos e a prova do efetivo pagamento dos serviços realizados. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 110 6 A juntada de documentos e provas em momento posterior à impugnação é hipótese vedada pelo Decreto nº 70.235/72, art. 16, §§ 4º e 5º, a menos que ocorra e se configure quaisquer das exceções dispostas no mencionado §4º, o que não foi demonstrado no caso em discussão. Art. 16. A impugnação mencionará: [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] Quanto aos extratos bancários, verificase que compõem os autos, tendo sido apresentados pela contribuinte no curso da ação fiscal, e foram citados na autuação. Dessa forma, sua menção na decisão a quo não implica qualquer violação ao seu direito de defesa. Da leitura da decisão, constatase ainda que a decisão não se fundamentou nesse fato, apenas consignando que existiu um esforço por parte do Fisco em identificar os pagamentos alegados pela contribuinte, já que, por ocasião da entrega dos extratos, ela não justificou a apresentação desses documentos. É o que se extrai do trecho abaixo reproduzido: Com fundamento no que até aqui foi exposto, em especial na regra contida no DecretoLei nº 5.844/43, art. 11, 3º, está claro que o legislador deslocou para o contribuinte o ônus da prova no que concerne à comprovação e justificação das deduções. Havendo questionamento por parte da autoridade fiscalizadora para a apresentação de elementos adicionais, hábeis a demonstrar a realização do seu efetivo pagamento, cabe ao sujeito passivo carrear aos autos elementos de prova complementares para fazer jus ao direito à dedução, não sendo suficientes apenas a apresentação de recibos/declarações emitidos pelos prestadores de serviços. As informações prestadas a título de despesas médicas na declaração de ajuste anual e os recibos juntados nos autos provam a declaração do fato aqui invocado, mas não o fato em Fl. 110DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 111 7 si, pois a presunção da veracidade, como estatui o art. 219 do Código Civil Brasileiro, operase em relação às pessoas envolvidas, mas não alcança terceiros. Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. A comprovação da efetividade dos pagamentos pode ocorrer, por exemplo, por meio de cópias de cheques microfilmados, transferência eletrônica de fundos ou ordem bancária em favor do prestador de serviços. Como bem informado na motivação do lançamento, os extratos bancários apresentados por ocasião da resposta ao Termo de Intimação Fiscal não indicaram as transações bancárias responsáveis pelo efetivo pagamento das despesas médicas pleiteadas como dedução e do exame dos mesmos pela autoridade lançadora não foi possível identificar quais cheques ou saques bancários teriam sido utilizados para o pagamento das supostas deduções. Na impugnação, momento processual onde é permitido o emprego máximo da ampla defesa e do contraditório, a autuada se silenciou sobre a ausência do efetivo pagamento e das considerações aduzidas pelo agente do fisco quanto a este tópico e, por outro lado, também deixou de suprir as irregularidades apontadas nos recibos médicos, limitandose a tecer argumentos insuficientes à reversão da infração em debate. Desse modo, com fundamento no raciocínio desenvolvido e considerando a formação da livre convicção da autoridade julgadora (Decreto nº 70.235/72, art. 29), concluo que não há reparo a ser efetuado na glosa de despesas médicas apurada pela autoridade lançadora. (destaques acrescidos) Pelo exposto, deve ser rejeitada a preliminar de nulidade arguida. Mérito Em relação às despesas médicas, são dedutíveis da base de cálculo do IRPF os pagamentos efetuados pelos contribuintes a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados. No que tange à comprovação, a dedução a título de despesas médicas é condicionada ainda ao atendimento de algumas formalidades legais: os pagamentos devem ser especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu (art. 8º, § 2º, inc. III, da Lei 9.250, de 1995). Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 112 8 Esta norma, no entanto, não dá aos recibos valor probante absoluto, ainda que atendidas todas as formalidades legais. A apresentação de recibos de pagamento com nome e CPF do emitente têm potencialidade probatória relativa, não impedindo a autoridade fiscal de coletar outros elementos de prova com o objetivo de formar convencimento a respeito da existência da despesa. Nesse sentido, o artigo 73, caput e § 1º do RIR/1999, autoriza a fiscalização a exigir provas complementares se existirem dúvidas quanto à existência efetiva das deduções declaradas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte. (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º. (Grifei). Sobre o assunto, seguem decisões emanadas da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) e da 1ª Turma, da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 113 9 A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) No caso, por ocasião do procedimento de fiscalização, a autoridade fiscal intimou a contribuinte para apresentação dos recibos e comprovação do efetivo pagamento de algumas despesas médicas declaradas, conforme consignado na autuação (fls. 22/23). Considerando que, em sede de impugnação, a contribuinte não juntou comprovação quanto aos pagamentos efetuados, o colegiado de primeira instância manteve a autuação. Em seu recurso, após suscitar a nulidade do feito fiscal, a recorrente defende que os recibos seriam os documentos hábeis e suficientes a fazer a prova exigida. Como já defendi acima, os recibos médicos não são uma prova absoluta para fins da dedução. Nesse sentido, entendo possível a exigência fiscal de comprovação do pagamento da despesa ou, alternativamente, a efetiva prestação do serviço médico, por meio de receitas, exames, prescrição médica. É não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais quanto à despesa declarada em caso de dúvida quanto a sua efetividade ou ao seu pagamento. Ao se beneficiar da dedução da despesa em sua Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte deve se acautelar na guarda de elementos de provas da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. Inexiste qualquer disposição legal que imponha o pagamento sob determinada forma em detrimento do pagamento em espécie, mas, ao optar por pagamento em dinheiro, o sujeito passivo abriu mão da força probatória dos documentos bancários, restando prejudicada a comprovação dos pagamentos. Acrescentese que, na ausência de comprovantes bancários, poderia ter juntado prontuários e receituários médicos ou exames realizados, mas a contribuinte nada apresentou nesse sentido. Cabe neste ponto trazer à baila o artigo 16 do Decreto nº 70,235, de 1972, que regula o processo administrativo fiscal: Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 114 10 Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) (destaques acrescidos) Entendendo a recorrente que laudos emitidos pelos profissionais se revelariam hábeis a fazer a prova exigida, caberia têlos juntados a sua defesa. No entanto, não o fez, seja na impugnação, seja em seu recurso. Importa salientar que não é o Fisco quem precisa provar que as despesas médicas declaradas não existiram, mas o contribuinte quem deve apresentar as devidas comprovações quando solicitado. Os recibos constituem declaração particular, com eficácia entre as partes. Em relação a terceiros, comprovam a declaração e não o fato declarado. E o ônus da prova do fato declarado compete ao contribuinte, interessado na prova da sua veracidade. É o que estabelece o artigo 408 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015): Art. 408. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou somente assinado presumemse verdadeiras em relação ao signatário. Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência de determinado fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de proválo ao interessado em sua veracidade. (destaques acrescidos) O Código Civil também aborda a questão da presunção de veracidade dos documentos particulares e seus efeitos sobre terceiros: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10935.721724/201245 Acórdão n.º 2002000.382 S2C0T2 Fl. 115 11 declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. ... Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.” (destaques acrescidos) Assim, na ausência da comprovação exigida, não há reparos a se fazer à decisão de piso. Conclusão Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade arguida e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 115DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15463.721131/2014-68
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
RENDIMENTOS ISENTOS. DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO.
O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão.
PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. DESNECESSÁRIA A APRESENTAÇÃO DE LAUDO MÉDICO OFICIAL.
É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova, para efeito de comprovação das moléstias enumeradas na Lei 7.713/1988, art. 6º, inc. XIV, conforme Súmula 598 do STJ.
INTERPRETAÇÃO LITERAL CASOS DE ISENÇÃO. ART. 111, II DO CTN. APLICAÇÃO.
A interpretação literal que dispõe o art. 111, inciso II do CTN, visa impedir que se estenda a exoneração fiscal a casos semelhantes, mas para saber se o caso em questão é o caso previsto em lei se utiliza o processo normal de apuração compreensiva do sentido da norma e do exame da prova.
Numero da decisão: 2001-000.322
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira (Relator), que lhe negou provimento e o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que lhe deu provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente e Redator Designado.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 RENDIMENTOS ISENTOS. DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO. O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. DESNECESSÁRIA A APRESENTAÇÃO DE LAUDO MÉDICO OFICIAL. É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova, para efeito de comprovação das moléstias enumeradas na Lei 7.713/1988, art. 6º, inc. XIV, conforme Súmula 598 do STJ. INTERPRETAÇÃO LITERAL CASOS DE ISENÇÃO. ART. 111, II DO CTN. APLICAÇÃO. A interpretação literal que dispõe o art. 111, inciso II do CTN, visa impedir que se estenda a exoneração fiscal a casos semelhantes, mas para saber se o caso em questão é o caso previsto em lei se utiliza o processo normal de apuração compreensiva do sentido da norma e do exame da prova.
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DOENÇA GRAVE. COMPROVAÇÃO. O contribuinte apresentou documentação comprovando doença grave, fazendo jus à isenção de imposto de renda dos rendimentos recebidos em razão de aposentadoria ou pensão. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. COMPROVAÇÃO. DESNECESSÁRIA A APRESENTAÇÃO DE LAUDO MÉDICO OFICIAL. É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova, para efeito de comprovação das moléstias enumeradas na Lei 7.713/1988, art. 6º, inc. XIV, conforme Súmula 598 do STJ. INTERPRETAÇÃO LITERAL CASOS DE ISENÇÃO. ART. 111, II DO CTN. APLICAÇÃO. A interpretação literal que dispõe o art. 111, inciso II do CTN, visa impedir que se estenda a exoneração fiscal a casos semelhantes, mas para saber se o caso em questão é o caso previsto em lei se utiliza o processo normal de apuração compreensiva do sentido da norma e do exame da prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira (Relator), que lhe negou provimento e o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que lhe deu provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Jorge Henrique Backes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 46 3. 72 11 31 /2 01 4- 68 Fl. 113DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente e Redator Designado. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), por meio da qual se exige crédito tributário do exercício de 2012, anocalendário de 2011, em que foi apurada omissão de rendimentos. O contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente, mediante Acórdão da DRJ BELO HORIZONTE. Cientificado, o interessado apresentou recurso voluntário de f. 106/107. Em síntese, alega ser portador de moléstia grave (alienação mental, desde 2007). Informa que recebe proventos de aposentadoria. Sustenta que a doença está descrita em Laudo Médico, complementados por receituário médico e demais documentação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Ricardo Moreira Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Temos que, em cumprimento à regra geral prevista no art. 176 do Código Tributário Nacional CTN, especificando o tributo a que se aplica, as condições e requisitos exigidos para sua concessão, a isenção do IRPF sobre os rendimentos, no caso do contribuinte ser portador de determinadas espécies de doenças, foi instituída pela Lei n° 7.713, de 1988, mais especificamente no inciso XIV do artigo 6º, com redação dada pelo artigo 47 da Lei nº 8.541, de 23/12/92 e artigo 30, § 2º da Lei nº 9.250/95, e pela Lei nº 11.052, de 2004, in verbis: “Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente sem serviços e os percebidos pelos portadores de Fl. 114DF CARF MF Processo nº 15463.721131/201468 Acórdão n.º 2001000.322 S2C0T1 Fl. 3 3 moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;” (Redação dada pela Lei nº 11.052, de 2004) Referida disposição encontrase regulamentada no Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, art. 39, XXXI, que estabelece: “Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) Proventos de aposentadoria por Doença Grave XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º);” (...) § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I – do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II – do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III – da data em que a doença for contraída, quando identificada no laudo pericial. Importa destacar que o art. 30 da Lei nº 9.250, de 1995, veio estabelecer que, a partir de 1996, a moléstia deveria ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, assim: Fl. 115DF CARF MF 4 “Art. 30. A partir de 1º de janeiro de 1996, para efeito do reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, com a redação dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541, de 23 de dezembro de 1992, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.” Assim, em observância ao comando normativo retrocitado, (art. 30 da Lei nº 9250/95), não há como acatar, para fins de reconhecimento de isenção de IRPF para o exercício do lançamento. Importante frisar acerca da documentação que a alegada alienação mental só pode ser reconhecida a partir de abril de 2014, conforme já explanado na decisão de primeira instância: "No caso em apreço, somente o laudo médico de serviço oficial de fls. 14 e 68, é documento hábil a atestar a moléstia grave acometida pelo contribuinte. A doença foi expressamente identificada no laudo, qual seja, “alienação mental”, listada no art. 6º, incisoXIV da Lei nº 7.713/88, e, na ausência da data do início da doença, a data a ser consideradapara fins de isenção é a da emissão do laudo médico (29/4/2014). " Convém ainda mencionar a regra inserta no artigo 111, do CTN, que determina que as normas que veiculam outorga de isenção devem ser interpretadas literalmente. Portanto, não há como reconhecer o direito à isenção pleiteado pelo recorrente, haja vista que não foi feita prova nos termos exigidos pela legislação. Desta forma, reitero a motivação do voto exposto na decisão de primeira instância, que indeferiu o reconhecimento da isenção. CONCLUSÃO: Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Fl. 116DF CARF MF Processo nº 15463.721131/201468 Acórdão n.º 2001000.322 S2C0T1 Fl. 4 5 Voto Vencedor Discordo do relator quanto sobre a caracterização da doença grave. Tratase de divergência principalmente quanto à necessidade de apresentação de laudo oficial. O contribuinte apresentou outros elementos de prova indicando possuir doença grave. Entendemos que a fundamentação baseada somente na falta de apresentação, ou problemas formais no documento, no laudo médico, não afastam por si a caracterização da doença grave quando há outros meios de prova indicando a doença. Trazemos entendimento do STJ com o qual concordamos, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça STJ, relator do caso, AREsp 81.149: “Ainda que conste como preceito legal, a perícia médica oficial não pode ser tida como indispensável ou como o único meio de prova habilitado, sendo necessário ponderarse a razoabilidade de tal exigência legal no caso concreto” E mais recente, mais no ponto do caso em questão e já sendo matéria sumulada pelo Superior Tribunal de Justiça, que é o órgão do Poder Judiciário do Brasil que assegura a uniformidade à interpretação da legislação federal., trazemos a Súmula 598, que assim dispôs: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimento judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente demonstrada a doença grave por outros meios de prova. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 08/10/2017. Sobre a interpretação literal do texto legal, em cumprimento ao art 111 do CTN, inciso II, que trata de isenção, questão trazida amiúde quando se fala de isenção tributária, trazemos o pensamento do tributarista Carlos da Rocha Guimarães, com o qual concordamos plenamente: O art. 111 "não quer realmente negar que se adote, na interpretação das leis concessivas de isenção, o processo normal de apuração compreensiva do sentido da norma, mas simplesmente impedir que se estenda a exoneração fiscal a casos semelhantes, alargando, além do seu exato limite, o que diz a letra da lei, sem, no entanto, deixar de incluir, na interpretação do texto legal, todos os casos que a sua significação indica como nele incluídos, sem o que a própria letra da lei também estaria ferida, e a exoneração, assim truncada, ficaria sem sentido." Explicase, em relação ao caso: não se poderia estender a isenção de doença grave para pessoas em casos semelhantes, pessoas com doenças não consideradas graves, pessoas idosas, pessoas desempregadas, pessoas presas, etc. Aqui, sim, não se pode estender porque se interpreta literalmente, a isenção é só para doença grave. Fl. 117DF CARF MF 6 No entanto, para a caracterização da doença grave prevista em lei, para o exame da prova sobre a doença, se utiliza o processo normal de apuração compreensiva do sentido da norma e processo normal do exame da prova. No exame da documentação entendemos estar caracterizada a doença grave. Os rendimentos recebidos por portador de doença grave são isentos, conforme Lei 7.713/1988, art. 6º. Conclusão Em razão do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Relator Designado. Fl. 118DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.910636/2015-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Dec 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 25/11/2011
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO.
Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10680.904943/2015-40, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 25/11/2011 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazê-lo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado
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PRECLUSÃO. Argumento trazido em sede de recurso voluntário não foi colocado ao tempo da manifestação de inconformidade, precluindo o direto fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Júnior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 06 36 /2 01 5- 06 Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10680.910636/201506 Acórdão n.º 3301005.295 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo pedido de restituição formalizado por meio de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. Em análise ao referido documento, a autoridade tributária proferiu Despacho Decisório Eletrônico, formalizado no sentido do indeferimento da restituição pretendida pela interessada, explicando que o pagamento indicado já estava integralmente alocado, não restando, assim, crédito disponível para restituição e eventuais compensações vinculadas à esse crédito. Inconformado, o interessado apresentou manifestação de inconformidade tempestiva esclarecendo que durante procedimento de auditoria interna, realizada nas apurações dos tributos da companhia, foram identificados pagamentos a maior em determinados períodos e a menor em outros. Para regularizar a situação fiscal perante a Receita Federal do Brasil, providenciou a quitação dos débitos pagos a menor e solicitou a restituição dos pagamentos a maior, retificando as DCTF para informar os novos valores. Entende que a Per/Dcomp está em conformidade com o art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996 e com a Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, restando demonstrada a insubsistência e improcedência do despacho decisório. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06058.517. Inconformada com decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, em síntese, trazendo argumento novo, de que o pagamento indevido seria da conta de Sociedades em Conta de Participação da qual é sócia ostensiva. É o relatório. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10680.910636/201506 Acórdão n.º 3301005.295 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.223, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10680.904943/201540, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301005.223): "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade1. A acórdão recorrido desce a detalhes do ocorrido: Segundo a versão apresentada pela defesa, o crédito apontado (R$ 275,20) decorreu da revisão da base de cálculo da COFINS de 31/03/2010, conforme informado na DCTF retificadora apresentada em 06/11/2014. Constatouse que o despacho decisório foi emitido levando em conta as informações contidas na DCTF retificadora, transmitida em 06/11/2014, a qual, como se vê, tratase da DCTF retificadora que a contribuinte alega conter as informações corretas correspondente ao débito do período. Nessa DCTF, o débito de COFINS confessado do período de apuração de 31/03/2010 é de R$ 1.134.352,27 – que foi quitado por meio de vários pagamentos (DARF) que totalizam R$ 871.733,98 e compensações no valor de R$ 696,80 – restando, saldo a pagar de R$ 261.921,49 – conforme a tela extraída do sistema de controle de declarações: 1 Ressaltese ser desnecessário responder todos as questões levantadas pelas partes, em já havendo motivo suficiente para decidir (Lei n° 13.105/15, art. 489, § 1o , IV. STJ, 1ª Seção, EDcl no MS 21.315DF, julgado de 8/6/2016, rel. Min. Diva Malerbi). Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10680.910636/201506 Acórdão n.º 3301005.295 S3C3T1 Fl. 5 4 Essas mesmas informações constam da DCTF que está ativa no sistema de controle de declarações, transmitida em 08/01/2015. No sistema de controle de arrecadação, verificouse que os pagamentos apontados na DCTF retificadora – no valor total de R$ 871.733,98 – foram validados e vinculados ao débito de Cofins do período (código 2172). No entanto, tendo em vista que os pagamentos validados foram insuficientes para a extinção do débito e verificada a existência de outros pagamentos para o mesmo período de apuração, dentre os quais o pagamento pleiteado no PER em tela, o sistema informatizado alocou esses pagamentos para amortizar parte do saldo devedor confessado na DCTF, como se vislumbra nas telas copiadas a seguir: Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10680.910636/201506 Acórdão n.º 3301005.295 S3C3T1 Fl. 6 5 Desse modo, o pagamento por meio do DARF discriminado no PER – de R$ 275,20 – foi integralmente utilizado para quitar o débito de COFINS de 31/03/2010, em face das informações prestadas pela própria contribuinte na DCTF retificadora apresentada à Receita Federal, não restando crédito para a restituição pretendida: [...] Destaca ainda a decisão de piso que "desde a constituição da DCTF pela Instrução Normativa SRF nº 126, de 30/10/1998, e suas alterações posteriores, e de acordo com o disposto no DecretoLei nº 2.124, de 13/06/1984", tal declaração constituise em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário. A recorrente, alega que o pagamento indevido de R$275,20, seria provenientes e originário "de SCP’s (Sociedades em Conta de Participação), das quais" [...] "é sócia ostensiva". E acrescenta: O débito montante de R$ 1134352,27, declarado em DCTF, alberga valores devidos de Cofins de várias SCP’s que tem a Recorrente como sócia ostensiva e outras empresas como sócias participantes. A título de lembrete sabese que os sócios ostensivos de SCP’s são aquelas pessoas jurídicas que se obrigam perante terceiros, enquanto que os sócios participantes (antigos sócios ocultos), não têm essa obrigação. Em vista dessa situação, a Recorrente é responsável pelas obrigações acessórias tributárias, dentre elas, a apresentação de DCTF com os competentes recolhimentos tributários. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10680.910636/201506 Acórdão n.º 3301005.295 S3C3T1 Fl. 7 6 No caso em questão, o valor recolhido, R$ 275,2 é proveniente da atividade da SCP, "Laguna Beach" contrato anexo, Doc. 1, que recolheu este valor. Contudo, como já informado, tinha como valor devido a quantia de R$ 0 Ao manter a decisão que indeferiu o crédito pleiteado, a Receita Federal acaba violando a individualidade de outra pessoa jurídica, uma vez que o crédito solicitado diz respeito a uma sociedade em conta de participação específica que tem a Recorrente como sócia ostensiva. O quadro abaixo, demonstra muito bem a composição deste crédito. Tanto que o código do imposto é o 217208, cujo dígito identifica ser o crédito decorrente de sociedade em conta de participação. Portanto, no caso da decisão ser mantida, permanecerseá uma verdadeira invasão no patrimônio da SCP Laguna Beach, visto o desrespeito à sua individualidade e atividade empresarial, pois está sendo punida por conta de débitos tributários que não são dela. “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2008 SOCIEDADES EM CONTA DE PARTICIPAÇÃO. SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA. Na apuração dos resultados da sociedade em conta de participação serão observadas as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Tendo em vista que a sociedade em conta de participação não se confunde com o sócio ostensivo, os resultados daquela não podem ser tributados diretamente neste mas apenas distribuídos na proporção da participação.” (CARF, Recurso Voluntário Recurso de Ofício, PTA 15504.724276/201314, Acórdão 1402 002.208. Relator Dr. Leonardo de Andrade Couto , DJ 27.06.2016) (destacouse) Diante do exposto, não há que se falar na aplicação da IN SRF 126/98, pois o saldo a pagar da Recorrente não pode prejudicar uma SCP em que ela é a sócia ostensiva e que, por isso, é obrigada ao cumprimento das obrigações acessórias, dentre elas, a entrega de DCTF. Ocorre, no entanto, que tal argumento de defesa não foi trazido em sede de manifestação de inconformidade, precluindo o direto de fazêlo em outro momento processual, nos termos do art. 17 do Decreto 70.235/72. Também não localizei a prova da liquidez e certeza do crédito em foco, que não a DCTF retificada e o DARF dado como pago indevidamente. Tal Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10680.910636/201506 Acórdão n.º 3301005.295 S3C3T1 Fl. 8 7 comprovação é exigência do art. 170 do Código Tributário Nacional e ônus do peticionário, nos termos do art. 373 do Código do Processo Civil. Assim, por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 87DF CARF MF
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Numero do processo: 10835.721301/2013-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerando-se a imprescindibilidade ou a importância de determinado item - bem ou serviço - para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR).
GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Os fretes e dispêndios para transferência de insumos entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte são componentes do custo de produção e essenciais ao contexto produtivo. Portanto, geram direito de crédito de PIS e Cofins, no regime não cumulativo, conforme artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, e Resp 1.221.170/PR.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. PRESERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO. DIREITO AO CRÉDITO.
As embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características do produto, devem ser consideradas como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS.
Os materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos na sistemática não cumulativa.
Numero da decisão: 3201-004.320
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo quanto à matéria que se refere à reclassificação do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, e, no mérito, quanto às demais matérias, acordam em dar-lhe provimento, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as suas características.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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CONCEITO DE INSUMO. DIREITO DE CRÉDITO. Recorrente LIDER ALIMENTOS DO BRASIL S.A EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. CONCEITO. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte (STJ, do Recurso Especial nº 1.221.170/PR). GASTOS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS DO CONTRIBUINTE. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Os fretes e dispêndios para transferência de insumos entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte são componentes do custo de produção e essenciais ao contexto produtivo. Portanto, geram direito de crédito de PIS e Cofins, no regime não cumulativo, conforme artigo 3º das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, e Resp 1.221.170/PR. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. PRESERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO. DIREITO AO CRÉDITO. As embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as características do produto, devem ser consideradas como insumos para fins de constituição de crédito de PIS/Pasep pela sistemática não cumulativa. REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Os materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos na sistemática não cumulativa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 13 01 /2 01 3- 34 Fl. 1387DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, não conhecendo quanto à matéria que se refere à reclassificação do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, e, no mérito, quanto às demais matérias, acordam em darlhe provimento, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as suas características. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório A interessada apresentou pedido de ressarcimento de contribuição não cumulativa, que foi objeto de ação fiscal por parte da DRF/Presidente Prudente. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, merecem transcrição fragmentos do relatório da decisão de primeira instância, que resumem o entendimento da autoridade fiscal manifestado no Despacho Decisório: De acordo com o despacho decisório, foram apuradas glosas de vários itens relativos aos créditos da não cumulatividade utilizados pela autuada que tem como principal objeto social a fabricação e comercialização de laticínios relativos a itens não considerados insumos pela fiscalização com base na definição contida nas Instruções Normativas (IN) SRF nºs 247, de 2002, e 404, de 2004, ou seja, que não foram consumidos no processo produtivo em função da ação exercida diretamente sobre o produto em fabricação. Abaixo discriminados: a.2) PLANILHA 02: GLOSAS de créditos relativos a Materiais de uso e consumo, conforme notas fiscais de entrada, CFOP: 1556 e 2556, referentes Peças e serviços de manutenção de frotas, cestas básicas e despesas de refeitórios, materiais de limpeza, materiais de higiene, uniformes e equipamento de proteção, materiais de manutenção consertos e reparos, lubrificantes, óleo diesel, óleo de motor, álcool, gasolina, Fl. 1388DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 4 3 pneus, e outros materiais relacionados, inclusos os lançados como débito direto. Estes bens e serviços não correspondem a matéria prima, produto intermediário ou material de embalagem, que exerçam ação diretamente sobre os produtos fabricados, não sendo, portanto, caracterizados como insumos. a.3 PLANILHA 03: Glosas de créditos relativos a aquisição de outras mercadorias e serviços, conforme notas fiscais de entrada enquadradas no CFOP: 1949 e 2949, referentes:materiais e serviços de manutenção, mão de obra de manutenção de Frotas, Pneus /Empilhadeira e RECAP, serviço de carga e descarga, serviços de análise, serviços de tratamento de afluentes, serviços de Lavagem, combustíveis como óleos de motor, diesel, álcool, gasolina e lubrificantes, serviços de consultoria e outros relacionados, inclusos os lançados como débito direto. Conforme a legislação e observações acima não geram direito a crédito os valores relativos às aquisição dos referidos bens/serviços não diretamente responsáveis pela produção dos bens ou produtos destinados à venda a.4) PLANILHA 04: Glosas de créditos relativos a mercadorias e serviços, de uso e consumo, conforme notas fiscais de entrada, CFOP: 1407, 1653, 1933, 2407 e 2653, referentes: Álcool, Gasolina, Lubrificante, Óleo Diesel, Óleo de Motor, Peças e serviços de manutenção de frota, Pneus, serviços de lavagem e outros materiais e serviços relacionados, inclusos os lançados como débito direto. Conforme observações acima não geram direito a crédito valores relativos a aquisição dos referidos bens/serviços não diretamente utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, assim entendidos aqueles que sejam consumidos, desgastados ou tenham suas propriedades físicoquímicas alteradas no processo produtivo. a.5) PLANILHA 05: Glosas de créditos relativos a material de embalagem para transporte “não insumos”, conforme notas fiscais de entrada, CFOP: 1101 e 2101. Referentes embalagens que não incorporam diretamente ao produto no processo de industrialização, mas apenas depois de concluído o processo produtivo e que se destinam tão somente a facilitar o transporte dos produtos acabados, portanto, conforme legislação acima, não geram direito a creditamento as relativas aquisições. Além das glosas dos bens e serviços não considerados insumos pela fiscalização, também foram glosados créditos referentes às seguinte despesas: a.1) – PLANILHA 01: GLOSAS de créditos relativos a Serviço de Transporte (FRETE), referentes notas fiscais de entrada, CFOP 1352, 2352, 1360,1353, 2353, 1949 e 2949 (...) As notas fiscais glosadas foram relacionadas pela empresa como sendo notas fiscais de entrada referentes aquisição de leite ou outras mercadorias adquiridas de pessoa jurídica (conforme planilhas de Notas fiscais de entrada PJ constantes dos arquivos não pagináveis anexados ao presente processo), quando “de fato”, referemse à “conhecimentos de transporte” relativos a aquisição de serviço de Fl. 1389DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 5 4 frete, sendo em sua maioria fretes entre estabelecimentos da empresa, conforme comprova o arquivo anexo..., b) Glosas de créditos referentes Locações/alugueis, relacionados no ANEXO III (...). do presente processo: Relativos a Locação/aluguel de bens/serviços não inclusos no conceito legal de insumos, ou seja, não são utilizados especificamente no processo produtivo da empresa. c) – Glosas de créditos referentes arrendamentos mercantis relativos aos bens/veículos relacionados no ANEXO IV (...) do presente processo: Relativos a arrendamentos mercantis de bens/serviços não inclusos no conceito legal de insumos, ou seja, não são utilizados especificamente no processo produtivo da empresa. d) – Glosas de Créditos Presumido, relativos a aquisição de Lenha de Eucalipto e outros materiais adquiridas de pessoas físicas relacionados no ANEXO V (...) do presente processo. No caso em questão a lenha de eucalipto é utilizada como combustível no processo de produção/fabricação. Entretanto, conforme legislação acima citada, o direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica (art. 3º, § 3º, I a Lei nº 10.637/2002 e art.3º, § 3º, I a Lei nº 10.833/2003). Observada a legislação, foram glosados os créditos relativos ás aquisições de lenha de eucalipto e outros produtos adquiridos de pessoa física. e.) Anexo VI – (...) RECLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITO: Cálculo de crédito integral sobre aquisições de leite efetuadas com benefício da suspensão Crédito Presumido. Inexiste a possibilidade de cálculo de créditos com base nos disposto nos art. 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, havendo previsão legal apenas de crédito presumido, nos termos da Lei nº 10.925/2004 (Art.8º §§ 1º ao 9º e Art. 9º) e Instrução Normativa SRF nº 660/2006 (Arts. 2º a 6º), em razão disso foram reclassificados os créditos referentes aquisições de leite, considerados pela empresa como ressarcíveis, para créditos presumidos nos termos da legislação. Observase que o fato de não constar na nota fiscal que a operação está ocorrendo com benefício da suspensão não pode ser utilizado como argumento para o creditamento nos termos do disposto no art. 3º, II das Leis nº 10.637/2003 e 10.833/2003. O Intuito do ressarcimento é o de ressarcir, de devolver à empresa um valor que foi recolhido aos cofres públicos. No caso da suspensão, como não houve recolhimento a título de PIS e de COFINS pelos fornecedores de leite não é devido qualquer valor a título de ressarcimento. Há previsão legal apenas para o cálculo de crédito presumido sobre essas aquisições, nos termos do disposto no art. 8 º da Lei 10.925/2004, valor que poderá apenas ser deduzido dos débitos da própria contribuição. O valor da base de cálculo constante do Anexo VI, foi lançado no Anexo I, com o título “Reclassificação de Créditos”, e deduzido da base de cálculo dos créditos apurados sobre aquisição de bens e serviços utilizados como insumos, e após a aplicação das alíquotas de 0,99% (PIS) e 4,56%(Cofins) sobre a Fl. 1390DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 6 5 respectiva base de cálculo, os valores apurados, foram lançados como acréscimos aos créditos presumidos calculados sobre insumos de origem animal. Foi informado ainda pela fiscalização o seguinte quanto a decisões judiciais obtidas pela contribuinte: Observase que em relação a empresa consta as ações judiciais Mandado de Segurança nº 2006.61.12.0085437/SP e nº 2006.61.12.0045543/SP, reconhecendo o direito da empresa à utilização do saldo credor da contribuição de PIS e COFINS, decorrente do crédito presumido instituído pela Lei nº 10925/2004, no pagamento de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art. 16 da Lei nº 11.116/2005, salvo quanto às operações de venda (eventuais) de leite a granel realizada na forma prevista no inciso II do parágrafo 1º do art.8º da Lei nº 10.925/04, afastando qualquer ato restritivo da autoridade impetrada. Porém, referidas decisões ainda não transitaram em julgado em razão de apelação da União Federal, encontrandose os autos no Tribunal Regional Federal da 3º Região Consta ainda a ação judicial Mandado de Segurança nº 000538802.2013.403.6112, proposta pela empresa, onde foi deferido parcialmente liminar para que a autoridade impetrada (Delegado da Receita Federal do Brasil em Presidente PrudenteSP)abstenhase de imporlhe multa em decorrência do simples indeferimento de seus pedidos de ressarcimento de crédito pendentes de julgamento, sem que realize análise prévia da máfé (ou não) do contribuinte em relação ao pedido formulado. Ficando a multa, portanto, condicionada a verificação da máfé por parte do contribuinte (...). No presente processo não foi constatado máfé da contribuinte. Cientificada do Despacho Decisório que deferiu parcialmente o seu pleito, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade. A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade, proferindo o Acórdão DRJ/RPO n.º 14063.429, de 16/12/2006, assim ementado: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. Os insumos utilizados no processo produtivo somente dão direito a crédito no regime de incidência nãocumulativa, se incorporados diretamente ao bem produzido ou se consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto e desde que não incorporados ao ativo imobilizado. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. Fl. 1391DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 7 6 Somente dão direito a crédito no regime de incidência não cumulativa, os gastos expressamente previstos na legislação de regência. ARRENDAMENTO. ALUGUÉIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. APROVEITAMENTO. São passíveis de aproveitamento os gastos com aluguéis e arrendamento de máquinas e equipamentos utilizados nas atividades da empresa. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. APROVEITAMENTO. São passíveis de aproveitamento os créditos presumidos da agroindústria quando o contribuinte atende às exigências contidas na Lei nº 10.925, de 2004. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. FRETES. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Somente dão direito a crédito no regime de incidência não cumulativa os gastos com frete na operação de venda quando suportados pelo vendedor. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 APRECIAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE. ESFERA ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. A argüição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria, do ponto de vista constitucional. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário por meio do qual alega, em apertada síntese, o seguinte: a) Reclassificação dos créditos básicos para crédito presumido relativos à aquisição de leite in natura: os créditos oriundos de aquisição de leite in natura devem ser considerados como créditos básicos, nos termos do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, pois tratase de insumo principal da produção. Acresce, no tópico seguinte (Do crédito presumido oriundo decorrente de atividades agroindustriais Aquisição de Leite in natura e Lenha de Eucalipto), que a empresa tem por objeto social, dentre outros, a atuação no ramo de produtos do laticínio. Assim, faz jus à utilização do benefício do crédito presumido de PIS/Cofins para as agroindústrias, disposto no ordenamento jurídico por meio da Lei n.º 10.925, de 2004. Contudo, restringiramse as possibilidades de utilização do saldo credor das contribuições em referência, ao firmar entendimento de que o crédito presumido, instituído justamente para o equilíbrio das contas daquelas empresas adquirentes de insumos, não poderia ser objeto de compensação ou ressarcimento; Fl. 1392DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 8 7 b) Créditos relativos a serviço de transporte (frete) entre estabelecimentos: transfere de uma unidade para outra sua matéria prima ou subproduto dele para devido tratamento e elaboração, sendo encaminhado para unidade industrial específica, onde, após devido tratamento o torna apto ao consumo e acondiciona para posterior revenda. O produto começa a ser elaborado em uma unidade e tem o seu processamento final em outra unidade; c) Créditos relativos a Materiais de Uso e Consumo e Serviços tomados: os gastos relativos à higienização na produção de alimentos podem ser considerados insumos para fins de creditamento de PIS/Cofins, pois pertinentes e viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, direta ou indiretamente empregados, cuja subtração importa na impossibilidade da mesma prestação de serviço ou produção, implicando substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes; d) Materiais de Embalagem: os materiais de embalagem glosados pela Fiscalização e mantidos pelo Acórdão recorrido são utilizados no acondicionamento e transporte do produto acabado. Todos os materiais utilizados para a embalagem acabam compondo o produto final da empresa, sendo de suma importância que o produto comercializado tenha sua integridade garantida até sua entrega definitiva. Convém esclarecer que todas as embalagens estão em contato direto com o produto e nenhuma delas retorna para a empresa. Assim, é evidente que a sua utilização é indispensável para o processo de geração de receitas, gerando custos a cada etapa, o que lhe assegura direito ao crédito pretendido. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.306, de 24/10/2018, proferido no julgamento do processo 10835.720775/201440, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.306): "O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. (...) Deferido em parte o pedido e apresentada manifestação de inconformidade, a DRJ julgoua procedente em parte, daí o recurso voluntário, ora apreciado. Da Reclassificação dos créditos básicos para crédito presumido (sic) Inicialmente, a Recorrente defende que os créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, sejam considerados como se créditos básicos fossem (como se vê, o contrário do que está no título deste tópico do recurso). Fl. 1393DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 9 8 Registra o voto condutor do acórdão recorrido que, não obstante tenha tentado viabilizar a compensação do valor a ser ressarcido com outros tributos administrados pela RFB, não mais havia decisão judicial autorizando o que pleiteara. A matéria, com efeito, é, nesta parte, idêntica a que ora enfrentamos, conforme facilmente se percebe do dispositivo da sentença transcrito no mesmo voto: DISPOSITIVO DA R. SENTENÇA: "Por todo o exposto: a) no que concerne ao pedido de afastamento do Ato Declaratório Interpretativo nº 15/2005, JULGO EXTINTO o presente feito, sem resolução do mérito, com amparo no artigo 267, inciso VI, do Código de Processo Civil, em razão da ausência de interesse de agir. b) No tocante ao pleito remanescente, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido e CONCEDO PARCIALMENTE A SEGURANÇA para reconhecer o direito líquido e certo da impetrante à utilização do saldo credor da contribuição para o PIS e da COFINS, decorrente do crédito presumido instituído pela Lei nº 10.925/2004, no pagamento de débitos próprios relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art. 16, inciso I, da Lei nº 11.116/2005, salvo quanto às operações de vendas (eventuais) de leite a granel realizadas na forma prevista no inciso II do 1º do art. 8º da Lei 10.925/04, afastando qualquer ato restritivo da autoridade impetrada no sentido de impedir a aplicação do disposto no art. 16, inciso I, da Lei 11.116/05, em especial a Instrução Normativa SRF nº 636, de 24 de março de 2006. Em conseqüência, julgo extinto o processo, com resolução do mérito, a teor do que dispõe o art.269, I, do Código de Processo Civil. Incabível a condenação em honorários advocatícios na quadra do mandado de segurança (Súmula 512 do Supremo Tribunal Federal). Sentença sujeita ao reexame necessário. Custas ex lege. P.R.I.O" Publicação D. Oficial de sentença em 27/11/2007, pag 83 (grifos do original) Portanto, não obstante não tenha reconhecido a concomitância, os processos judicial e administrativo apresentamse, ao menos em parte, com objetos idênticos. Afinal, considerar o crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, como se crédito básico fosse equivale a permitir o seu ressarcimento, não a sua utilização exclusiva para deduzir do PIS/Cofins em cada período de apuração (conforme o caput do mesmo dispositivo). Incide, na hipótese, a nosso juízo, a Súmula Vinculante CARF nº 1, segundo a qual "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial". Esse cenário, sublinhese, não se altera em face da introdução do art. 9ºA na Lei nº 10.925, de 2004, pela Lei nº 13.317, de 2015. 1 Dos Créditos relativos a serviço de transporte (frete) entre estabelecimentos A Recorrente sustenta que transfere de um dos seus estabelecimento para outro matéria prima ou subproduto dela para o devido tratamento e elaboração, sendo encaminhado para unidade industrial específica, onde, após o devido tratamento, tornaa apta ao consumo e a 1 Art. 9oA. A pessoa jurídica poderá utilizar o saldo de créditos presumidos de que trata o art. 8o apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à produção e à comercialização de leite, acumulado até o dia anterior à publicação do ato de que trata o § 8o deste artigo ou acumulado ao final de cada trimestre do ano calendário a partir da referida data, para: (Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) (Vigência) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação aplicável à matéria; ou (Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) (Vigência) II ressarcimento em dinheiro, observada a legislação aplicável à matéria. (Incluído pela Lei nº 13.137, de 2015) Fl. 1394DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 10 9 acondiciona para posterior revenda. O produto começa a ser elaborado em uma unidade e tem o seu processamento final em outra unidade Ora, a própria RFB consolidou o entendimento de que as despesas com frete no transporte de insumos incorporamse ao custo do produto adquirido, tal como prevê a Solução de Divergência nº 7 Cosit, de 23 de agosto de 2016: NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS. DIVERSOS ITENS. 1. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica. 2. In casu, tratase de pessoa jurídica dedicada à produção e à comercialização de pasta mecânica, celulose, papel, papelão e produtos conexos, que desenvolve também as atividades preparatórias de florestamento e reflorestamento. 3. Nesse contexto, permitese, entre outros, creditamento em relação a dispêndios com: 3.a) partes, peças de reposição, serviços de manutenção, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos que, no interior de um mesmo estabelecimento da pessoa jurídica, suprem, com insumos ou produtos em elaboração, as máquinas que promovem a produção de bens ou a prestação de serviços, desde que tais dispêndios não devam ser capitalizados ao valor do bem em manutenção; 3.b) combustíveis e lubrificantes consumidos em máquinas, equipamentos e veículos diretamente utilizados na produção de bens; 3.c) bens de pequeno valor (para fins de imobilização), como modelos e utensílios, e ferramentas de consumo, tais como machos, bits, brocas, pontas montadas, rebolos, pastilhas, discos de corte e de desbaste, bicos de corte, eletrodos, arames de solda, oxigênio, acetileno, dióxido de carbono e materiais de solda empregados na manutenção ou funcionamento de máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens para venda; 4. Diferentemente, não se permite, entre outros, creditamento em relação a dispêndios com: 4.a) partes, peças de reposição, serviços de manutenção, combustíveis e lubrificantes utilizados em máquinas, equipamentos e veículos utilizados em florestamento e reflorestamento destinado a produzir matériaprima para a produção de bens destinados à venda; 4.b) serviços de transporte suportados pelo adquirente de bens, pois a possibilidade de creditamento deve ser analisada em relação ao bem adquirido; 4.c) serviços de transporte, prestados por terceiros, de remessa e retorno de máquinas e equipamentos a empresas prestadoras de serviço de conserto e manutenção; 4.d) partes, peças de reposição, serviços de manutenção, combustíveis e lubrificantes utilizados em veículos utilizados no transporte de insumos no trajeto compreendido entre as instalações do fornecedor dos insumos e as instalações do adquirente; 4.e) combustíveis e lubrificantes consumidos em veículos utilizados no transporte de matéria prima entre estabelecimentos da pessoa jurídica (unidades de produção); Fl. 1395DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 11 10 4.f) bens de pequeno valor (para fins de imobilização), como modelos e utensílios, e ferramentas de consumo, tais como machos, bits, brocas, pontas montadas, rebolos, pastilhas, discos de corte e de desbaste, bicos de corte, eletrodos, arames de solda, oxigênio, acetileno, dióxido de carbono e materiais de solda empregados na manutenção ou funcionamento de máquinas e equipamentos utilizados nas atividades de florestamento e reflorestamento destinadas a produzir matéria prima para a produção de bens destinados à venda; 4.g) serviços prestados por terceiros no corte e transporte de árvores e madeira das áreas de florestamentos e reflorestamentos destinadas a produzir matériaprima para a produção de bens destinados à venda; 4.h) óleo diesel consumido por geradores e por fontes de produção da energia elétrica consumida nas plantas industriais, bem como os gastos com a manutenção dessas máquinas e equipamentos. Dispositivos Legais: Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Instrução Normativa SRF nº 247, de 2002, art. 66; Lei nº 4.506, de 1964, art. 48; Parecer Normativo CST nº 58, de 19 de agosto de 1976; DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13. Parcialmente vinculada à Solução de Consulta Cosit nº 76, de 23 de março de 2015, publicada no Diário Oficial da União de 30 de março de 2015. Parcialmente vinculada à Solução de Consulta Cosit nº 16, de 24 de outubro de 2013, publicada no Diário Oficial da União de 06 de novembro de 2013. Como deixa cristalino a Solução de Divergência e mesmo se extrai do art. 3º das Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, para que se permita a apropriação do créditos sobre o frete pago no transporte do insumo adquirido, há que se ter a aquisição do insumo, operação a que não corresponde a mera transferência de insumos entre estabelecimentos da mesma empresa. No caso, há a remessa de produtos em elaboração de um para outro estabelecimento da mesma empresa, no qual será submetido a um processo de industrialização – a um custo específico, que, portanto, incorporase ao produto final – , tornandoos aptos ao consumo e os acondicionando para posterior revenda. Nesse contexto, temos entendido possível o creditamento, em sintonia com o que decidido pela 3ª Turma da CSRF: DESPESAS. FRETES. TRANSFERÊNCIA/TRANSPORTE. PRODUTOS INACABADOS E INSUMOS. ESTABELECIMENTOS PRÓPRIOS, CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. As despesas com fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) e de insumos entre estabelecimentos do contribuinte integram o custo de produção dos produtos fabricados/vendidos e, consequentemente, geram créditos da contribuição, passíveis de desconto do valor apurado sobre o faturamento mensal. (Acórdão nº 9303007.285, de 15/08/2018) Dos Créditos relativos a Materiais de Uso e Consumo e Serviços tomados Aqui, a Recorrente contesta o acórdão recorrido, ao fundamento de que os gastos relativos à higienização na produção de alimentos – no seu caso, a fabricação de laticínios – podem ser considerados insumos para fins de creditamento de PIS/Cofins, pois, além de Fl. 1396DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 12 11 pertinentes, viabilizam o processo produtivo e cuja subtração implicando substancial perda de qualidade do produto. É evidente que, sendo a Recorrente fabricante de produtos laticínios, submetese a rigoroso controle de higienização e limpeza durante todo o seu processo produtivo. Assim, faz jus aos créditos sobre os produtos ou serviços que adquire para viabilizálo. A jurisprudência administrativa é remansosa a respeito do tema. Entre outras: REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da nãocumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais. (Acórdão nº 3401004.896, de 21/05/2018) PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS NA ASSEPSIA E HIGIENIZAÇÃO DOS TANQUES DE TRANSPORTE DE LEITE, SILOS EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS. Os produtos químicos utilizados na assepsia e higienização dos tanques de transportes do leite caminhões, silos e equipamentos industriais são considerados essenciais à atividade/produção do sujeito passivo, eis ser obrigatória a referida assepsia para evitar a contaminação da matériaprima e do produto acabado. O que, por conseguinte, há de se considerar a constituição de crédito das contribuições sobre os gastos com a aquisição dos referidos produtos químicos, em respeito à prevalência do critério da essencialidade para fins de conceituação de insumo para a geração do direito ao referido crédito. (Acórdão nº 9303005.652, de 19/09/2017) Dos Materiais de Embalagem Dizse que os materiais de embalagem glosados são utilizados no acondicionamento e transporte do produto acabado, compondo o produto final fabricado pela empresa, mantendo a sua integridade até sua entrega e a ela, posteriormente, não retornando. A glosa teve por fundamento o fato de que os gastos com embalagem somente poderiam ser considerados insumos quando incorporada ao produto em fabricação ou quando sofre alteração em suas propriedades, de modo que as embalagens destinadas a apenas proteger ou transportar o produto acabado não dão direito a crédito de PIS/Cofins. A propósito do tema, a 3ª Turma de CSRF já entendeu que as embalagens destinadas a viabilizar a preservação de suas características durante o seu transporte e cuja falta pode torná lo imprestável à comercialização devem ser consideradas como insumos utilizados na produção. É o que se decidiu no julgamento consubstanciado no Acórdão nº 9303004.174, de 05/07/2016, de relatoria da il. Conselheira Tatiana Midori Migiyama, assim ementado: NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS A DESCONTAR. EMBALAGEM DE TRANSPORTE. DIREITO AO CRÉDITO. É de se considerar as embalagens para transporte como insumos para fins de constituição de crédito da Cofins pela sistemática não cumulativa. Fl. 1397DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 13 12 No voto condutor do acórdão, a relatora reproduziu, em apoio à sua tese, aresto proferido pelo Superior Tribunal de Justiça STJ, o qual abraçou idêntico entendimento: PROCESSUAL CIVIL – TRIBUTÁRIO – PIS/COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos. Agravo regimental improvido. (g.n.) (STJ, Rel. Humberto Martins, AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.125.253 SC, julgado em 15/04/2010) Ressaltamos, também, o fato de que a própria RFB parece indicar uma alteração de entendimento (conceito próprio da legislação do IPI), uma vez que, na Solução de Divergência Cosit nº 7, de 23 de agosto de 2016, após a reprodução dos atos legais e infralegais que disciplinam o PIS/Cofins não cumulativo, concluiu que, no conceito de insumos, incluemse os bens ou serviços que "vertam sua utilidade" sobre o bem ou o serviço produzido. Confirase: 14. Analisandose detalhadamente as regras constantes dos atos transcritos acima e das decisões da RFB acerca da matéria, podese asseverar, em termos mais explícitos, que somente geram direito à apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a aquisição de insumos utilizados ou consumidos na produção de bens que sejam destinados à venda e de serviços prestados a terceiros, e que, para este fim, somente podem ser considerados insumo: a) bens que: a.1) sejam objeto de processos produtivos que culminam diretamente na produção do bem destinado à venda (matériaprima); a.2) sejam fornecidos na prestação de serviços pelo prestador ao tomador do serviço; a.3) que vertam sua utilidade diretamente sobre o bem em produção ou sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço (tais como produto intermediário, material de embalagem, material de limpeza, material de pintura, etc); ou a.4) sejam consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos que promovem a produção de bem ou a prestação de serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado da pessoa jurídica (tais como combustíveis, moldes, peças de reposição, etc); b) serviços que vertem sua utilidade diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços, o que geralmente ocorre: Fl. 1398DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 14 13 b.1) pela aplicação do serviço sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço; b.2) pela prestação paralela de serviços que reunidos formam a prestação de serviço final disponibilizada ao público externo (como subcontratação de serviços, etc); c) serviços de manutenção de máquinas, equipamentos ou veículos utilizados diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços. (g.n.) Ademais, e parecenos isso de fundamental importância, não obstante o conceito de insumos, para os fins da incidência do IPI, compreenda apenas as matériasprimas, os produtos intermediários e o material de embalagem, a legislação deste imposto faz uma expressa distinção entre o que é embalagem de apresentação e o que é embalagem para o transporte, de forma que a permitir o crédito apenas sobre a aquisição da primeira, mas não da segunda, consoante preconiza do art. 3º, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 4.502, de 1964 (regra matriz do IPI): Art . 3º Considerase estabelecimento produtor todo aquêle que industrializar produtos sujeitos ao impôsto. Parágrafo único. Para os efeitos dêste artigo, considerase industrialização qualquer operação de que resulte alteração da natureza, funcionamento, utilização, acabamento ou apresentação do produto, salvo: I o conserto de máquinas, aparelhos e objetos pertencentes a terceiros; II o acondicionamento destinado apenas ao transporte do produto; (g.n.) Norma semelhante, contudo, não existe nos diplomas legais que disciplinam o PIS/Cofins não cumulativo. Assim sendo, devem ser considerados insumos na sistemática não cumulativa do PIS/Cofins os materiais de embalagem utilizados no acondicionamento e transporte do produto acabado, compondo o produto final fabricado pela empresa, mantendo a sua integridade até sua entrega e a ela, posteriormente, não retornando. Ante o exposto, NÃO CONHEÇO do Recurso Voluntário, quanto à matéria que se refere à reclassificação do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, e, quanto às demais matérias, DOULHE PROVIMENTO, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as suas características." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado não conheceu do recurso Voluntário quanto à matéria que se refere à reclassificação do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, e, quanto às demais matérias, deulhe provimento, para reverter as glosas de créditos decorrentes dos gastos realizados sobre os seguintes itens: Fl. 1399DF CARF MF Processo nº 10835.721301/201334 Acórdão n.º 3201004.320 S3C2T1 Fl. 15 14 a) fretes para a transferência/transporte de produtos em elaboração (inacabados) entre os estabelecimentos da Recorrente; b) materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo; c) embalagens para transporte, incorporadas ao produto, destinadas a preservar as suas características. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 1400DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.000693/98-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 09 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 1993
EXCLUSÃO NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. RENDIMENTOS TRIBUTADOS EM SEPARADO
A insuficiência dos documentos apresentados para comprovar a exclusão na apuração do lucro real, relativa a rendimentos tributados em separado (aplicações em renda fixa), enseja a manutenção do lançamento suplementar.
PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS
Não comprovado que a diferença verificada na revisão da DIPJ deveu-se a erro de preenchimento acerca de provisões não dedutíveis mantém-se a exigência do crédito tributário.
Numero da decisão: 1201-000.828
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Nome do relator: Roberto Caparroz de Almeida
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário: 1993 EXCLUSÃO NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. RENDIMENTOS TRIBUTADOS EM SEPARADO A insuficiência dos documentos apresentados para comprovar a exclusão na apuração do lucro real, relativa a rendimentos tributados em separado (aplicações em renda fixa), enseja a manutenção do lançamento suplementar. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS Não comprovado que a diferença verificada na revisão da DIPJ deveu-se a erro de preenchimento acerca de provisões não dedutíveis mantém-se a exigência do crédito tributário.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1993 EXCLUSÃO NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. RENDIMENTOS TRIBUTADOS EM SEPARADO A insuficiência dos documentos apresentados para comprovar a exclusão na apuração do lucro real, relativa a rendimentos tributados em separado (aplicações em renda fixa), enseja a manutenção do lançamento suplementar. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS Não comprovado que a diferença verificada na revisão da DIPJ deveuse a erro de preenchimento acerca de provisões não dedutíveis mantémse a exigência do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 06 93 /9 8- 24 Fl. 156DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Roberto Caparroz de Almeida, José Sérgio Gomes, Rafael Correia Fuso, João Carlos de Lima Junior e Marcos Vinicius Barros Ottoni. Relatório Tratase de Auto de Infração com a exigência de recolhimento do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), relativo ao anocalendário de 1993, no valor de R$ 47.447,54, acrescido da multa de ofício de 75% e de juros de mora, com crédito tributário total de R$ 114.752,14. A autuação originouse da revisão da Declaração de Rendimentos do contribuinte, na qual foram alterados os valores informados no Quadro de Apuração do Imposto de Renda – Demonstração do Lucro Real (anexo 2, Quadro 04). As alterações promovidas pela revisão resultaram em diferenças nos valores de IRPJ a pagar em três meses do anocalendário de 1993, conforme quadro abaixo: Mês Valor Declarado (UFIR) Valor Alterado (UFIR) Diferença (UFIR) Junho 22.660,39 66.446,19 43.785,80 Julho 66.744,50 74.923,97 8.179,47 Novembro 87.965,13 88.094,22 129,09 Devidamente intimado dos lançamentos, o contribuinte apresentou impugnação em 17 de abril de 1998, acompanhada de documentos, na qual, em síntese, alegou que: Em JUNHO/93 foi deixado de lançar no Anexo 2 Quadro 04 linha 34 Rendimentos Tributados em Separado, o valor de CR$ 4.039.913,00 relativo a rendimentos obtidos em aplicações financeiras de renda fixa, efetuados através do Banco Multiplic S.A., devidamente escriturado à folha 24verso do LALUR Livro de Apuração do Lucro Real n° 01; Em JULHO/93 foi lançado incorretamente no Anexo Provisões Não Dedutíveis, o valor histórico de CR$ 6.973.088,00, quando o correto seria de CR$ 5.973.088,00, valor este que corresponde a CR$ 362.362,34, referente a Provisões para Perdas da Eletrobrás, conforme registro às fls. 3451 – do Livro Razão de 30.07.93; e CR$ 5.610.725,54, referente a Provisão para Perdas na Alienação de Investimentos em incentivos fiscais conforme lançamento às fls. 3450 do Livro Razão de 30.07.93 e depósitos a favor da Eletrobrás, conforme escriturado à folha 01verso do LALUR Livro de Apuração do Lucro Real n° 02. Fl. 157DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 4 3 Em NOVEMBRO/93 — foi lançado incorretamente em virtude de erro de datilografia no Anexo 2 Quadro 04 linha 33 Tributos e Contribuições Pagos, o valor de CR$ 11.704.747,00, quando o correto seria de CR$ 11.754.747,00, conforme planilha de atualização de tributos. Este valor é facilmente comprovado, pois tratase de exclusão de tributos não pagos, adicionados no mês anterior, ou seja, Outubro/93, na linha 09 do Quadro 04 do mesmo anexo, pelo valor de CR$ 8.896.492,00, que ora excluímos pelo seu valor atualizado, o que representa CR$ 11.754.747,00 e não CR$ 11.704.747,00 como lançados corretamente na parte A do LALUR FLS. 9. A decisão da Delegacia de Julgamento, de 4 de julho de 2003, considerou procedente em parte o lançamento e manteve os valores constituídos em relação aos rendimentos tributados em separado e à tributação de provisões não dedutíveis. Afastou, contudo, o crédito tributário oriundo de erro de preenchimento na declaração. As Ementas a seguir reproduzem o entendimento daquela instância de julgamento: Ementa: EXCLUSÃO NA APURAÇÃO DO LUCRO REAL. RENDIMENTOS TRIBUTADOS EM SEPARADO. Os documentos apresentados não comprovam o valor excluído do lucro líquido, na apuração do lucro real, referente a rendimentos tributados em separado (aplicações em renda fixa). PROVISÕES NÃO DEDUTíVEIS. Não comprovado que a diferença verificada na revisão da DIRPJ deveuse a erro de preenchimento, fica mantida a exigência. TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES PAGOS. Comprovado que a diferença verificada na revisão da DIRPJ deveuse a erro de preenchimento, exonerase o crédito tributário correspondente. Lançamento Procedente em Parte. Em 08 de fevereiro de 2007, os advogados da empresa (já sob nova denominação Symrise Aromas e Fragrâncias Ltda.) protocolizaram na Receita Federal um Termo de Renúncia, que incluía o presente auto de infração, bem com vários processos em trâmite perante diversas instâncias administrativas e judiciais. Posteriormente, o contribuinte foi intimado da decisão da Delegacia de Julgamento, em 26 de julho de 2007 e interpôs, por meio de seus novos procuradores, Recurso Voluntário, alegando, em síntese, que: Na apuração do lucro real do mês de junho de 1993, foi deixado de consignar no Anexo 2 — Quadro 04 — linha 33 da DIRPJ, correspondente a "Rendimentos Tributados em Separado", o valor de CR$ 4.039.913,00 relativo a rendimentos obtidos em aplicação financeira, efetuada através do Banco Multiplic; Fl. 158DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 5 4 Relativamente a esta exclusão na apuração do lucro real de rendimentos tributados em separado, o v. acórdão da DRJ entendeu que "Os documentos apresentados não comprovam o valor excluído do lucro líquido, na apuração do lucro real, referente a rendimentos tributados em separado (aplicações em renda fim)"; De acordo com a legislação vigente na época, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em operações de renda fixa ou variável, sujeitos a tributação em separado, deveriam ser objeto de exclusão na determinação do lucro real, conforme previam os artigos 29 e 36 da Lei n° 8.541/92, vigente à época. Referida exclusão poderia ser corrigida monetariamente com base na variação da UFIR diária verificada entre a data em que os rendimentos foram auferidos e a data do encerramento do período base. Desta forma, efetuandose a correção monetária pela variação da UFIR diária dos valores entre a data do resgate (29/06/1993) e data do encerramento do períodobase mensal (30/06/1993) terseia o valor objeto de exclusão. Não deve prosperar a singela observação de que os documentos apresentados não comprovam o valor objeto de tributação em separado, sob pena de tributar duplamente a mesma riqueza: uma vez na fonte e outra na apuração do lucro real, devendo prevalecer o princípio da verdade material. A respeito do item "Provisões Não Dedutíveis", como já relatado na impugnação, no demonstrativo do mês de julho de 1993, foi lançado incorretamente a esse título no Anexo 2 — Quadro 4 — linha 13 – o valor histórico de CR$ 6.973.088,00, quando o correto seria CR$ 5.973.088,00, que corresponde a: a) CR$ 362.362,34 referente a Provisão para perdas Eletrobrás, conforme registro contábil às fls. 3451 do Livro Razão em 30.07.93; b) CR$ 5.610.725,54 relativo a Provisão para Perdas na Alienação de Investimentos em Incentivos Fiscais, conforme lançamento contábil às fls. 3450 do Livro Razão em 30.07.93. Além disso, dos valores indicados na parte "A" do Livro de Apuração do Lucro Real — LALUR, conforme documento juntado às fls. 40/41 dos autos, destacase o valor de CR$ 5.973.088,00 a título de Provisões Não Dedutíveis, revelando que a soma do total de adições constante da DIRPJ (linha 20) no valor de CR$ 14.164.852,00 estava correto; Ou seja, houve evidente erro de datilografia no preenchimento da Declaração de IRPJ quando indevidamente constou originariamente o valor de CR$ 6.973.088,00 a título de Provisões não Dedutíveis e deveria constar CR$ 5.973.088,00 (como comprovado) não existindo portanto a diferença de CR$ 1.000.000,00 como entendeu a autoridade fiscal. Fl. 159DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 6 5 Não constam dos autos quaisquer dúvidas ou questionamentos quanto a regularidade da escrita fiscal e contábil da Recorrente, insta dizer: A CONTABILIDADE REGULAR DA RECORRENTE FAZ PROVA A FAVOR DA MESMA, cabendo a autoridade administrativa o ônus da prova da inveracidade dos fatos nela registrados. A recorrente não apresenta novos documentos ou provas, valendose, portanto, daqueles já acostados aos autos quando da impugnação. Este é o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator O Recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais, por isso o conheço. Como não há matéria preliminar a ser enfrentada, passamos ao mérito. O lançamento mantido pela DRJ diz respeito ao valor de CR$ 4.039.913,00 relativo a rendimentos obtidos em aplicação financeira, efetuada através do Banco Multiplic, que deveria ter sido indicado como “Rendimentos Tributados em Separado”, na linha 34 do Anexo 2 – Quadro 4, da DIPJ e também ao valor de CR$ 6.973.088,00 relativo a Provisões Não Dedutíveis, em que teria havido erro de datilografia no preenchimento da Declaração. Em relação ao primeiro caso, a análise dos documentos apresentados pelo contribuinte realmente não é suficiente para comprovar a origem dos rendimentos financeiros, conforme alegado. Tratase de um instrumento particular de Promessa de Cessão de Crédito, firmado com o Banco Multiplic S/A em 31 de março de 1993, no valor total de US$ 2.000.292,95, com vencimentos em 29/10/93, 29/04/94 e 28/10/94. No contrato há uma cláusula em que a recorrente se compromete a ceder ao Banco Multiplic S/A os direitos creditórios em 29 de junho de 1993. Também foi apresentada à DRJ, na impugnação, uma “Export Note Captação”, sem cabeçalho, rubrica ou assinatura, que teoricamente representaria a liquidação da operação. No mesmo sentido, a recorrente apresentou cópias de folhas manuscritas, da Parte A do LALUR, em que consta o valor de CR$ 4.039.913,00, escriturado como “Receitas Financeiras – Renda Fixa”. Embora os documentos apresentados tenham por objetivo demonstrar a origem dos recursos financeiros tributados, é fato que a Recorrente não prestou tal informação na DIPJ correspondente, o que ensejou o lançamento complementar. Nesse sentido, é irrelevante o fato de a Recorrente ter entregado uma Declaração Retificadora após a lavratura do Auto de Infração. Fl. 160DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 7 6 Reproduzimos abaixo, para melhor compreensão do tema, o artigo 36 da Lei n. 8.541/92, aplicável à matéria e citada pela Recorrente: Art. 36. Os rendimentos auferidos pelas pessoas jurídicas, inclusive isentas, em aplicações financeiras de renda fixa iniciadas a partir de 1° de janeiro de 1993 serão tributadas, exclusivamente na fonte, na forma da legislação vigente, com as alterações introduzidas por esta lei. § 1° O valor que servir de base de cálculo do imposto de que trata este artigo será excluído do lucro líquido para efeito de determinação do lucro real. § 2° O valor das aplicações de que trata este artigo deve ser corrigido monetariamente pela variação acumulada da Ufir diária da data da aplicação até a data da cessão, resgate, repactuação ou liquidação da operação. § 3° A variação monetária ativa de que trata o parágrafo anterior comporá o lucro real mensal ou anual, devendo ser apropriada pelo regime de competência. § 4° O imposto retido na fonte lançado como despesa será indedutível na apuração do lucro real. § 5° O disposto neste artigo contempla as aplicações efetuadas nos fundos de investimento de que trata o art. 25 da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 6° O disposto neste artigo se aplica às operações de renda fixa iniciadas e encerradas no mesmo dia (daytrade). § 7° Fica mantida a tributação sobre as aplicações em Fundo de Aplicação Financeira (FAF) (Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991, art. 21, § 4°), nos termos previstos na referida lei . § 8° O disposto neste artigo não se aplica aos ganhos nas operações de mútuo entre pessoas jurídicas controladoras, controladas ou coligadas. O que me parece importante para o deslinde da questão, ante a alegação da Recorrente de que haveria possibilidade de dupla tributação (na fonte e na declaração de ajuste) é que não constam dos autos quaisquer documentos relativos ao pagamento dos tributos referentes à operação, o que, somado ao fato de que o valor efetivamente não foi declarado na DIPJ /93, demanda a manutenção do crédito lançado. Esse entendimento afasta as alegações da Recorrente quanto à existência de sucessivos erros, que teriam ocorrido no caso em tela (erro no preenchimento da DIPJ, erro no cálculo da variação monetária pela UFIR – item 15 do Recurso, erro na escrituração do LALUR, já que a própria Recorrente afirma que o valor corrigido seria de CR$ 4.045.153,11 e não o que foi escriturado). Prejudicado o argumento na essência, por falta de comprovação documental, seus eventuais defeitos e decorrências (inclusive a questão sobre o eventual enquadramento da operação de cessão de créditos como renda fixa, nos termos da lei) restam afastados. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 8 7 No que tange ao crédito lançado em relação ao suposto erro de datilografia para a rubrica de Provisões Não Dedutíveis, penso que a decisão da DRJ também não merece reparos, pois caberia à Recorrente comprovar, efetivamente, o valor das provisões e sua respectiva composição. Neste ponto, convém reproduzir parte do voto proferido naquele juízo, que é exatamente o centro da tese defendida pela Recorrente: O Valor de Provisões não Dedutíveis, adicionado na apuração do lucro real (linha 13, do Quadro 04, do Anexo 2, da DIRPJ) foi, antes, deduzido no cálculo do lucro líquido do períodobase, no Quadro 04 do Anexo 1, da DIRPJ (quadro de Demonstração do Resultado do PeríodoBase). Para comprovar o valor exato destas provisões, o contribuinte deveria ter identificando os itens do quadro de Demonstração do Resultado do PeríodoBase em que eles foram incluídos e demonstrar a composição dos valores informados nestes itens. Assim, se tais provisões foram informadas como Outras Despesas Operacionais ou Despesas Não Operacionais, ou ainda, Outros Custos, estes itens deveriam ter sido demonstrados quanto à sua composição, a fim de que ficasse comprovado que não existem outras provisões correspondentes à diferença de CR$ 1.000.000,00, verificada na revisão da declaração. A justificativa para a decisão de 1ª instância me parece correta, pois cabe ao interessado comprovar, por meio de documentos e registros contábeis adequados, os fatos que julga representarem a verdade material, princípio essencial do processo administrativo e devidamente enfatizado pela Recorrente. Ocorre que a Recorrente simplesmente não apresentou qualquer nova informação que pudesse subsidiar suas alegações, embora tivesse a oportunidade de fazêlo no presente recurso. A título de exemplo, foram entregues, quando da impugnação parcial, apenas algumas folhas do LALUR, em vez de todo o Livro; do mesmo modo, não foram apresentados os documentos que originaram as respectivas provisões, nem tampouco qualquer quadro demonstrativo dos valores que foram apurados e carreados para a Declaração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas. Ao contrário, a Recorrente argumenta que se havia dúvida quanto aos valores deveria o julgador solicitar a instauração de diligência ou perícia, o que é claramente descabido na hipótese, visto que a contabilidade do contribuinte não foi questionada, mas sim a insuficiência dos documentos apresentados, que seriam necessários para demonstrar os supostos erros no preenchimento da Declaração. Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso e, no mérito, NEGOLHE provimento, mantendo a decisão recorrida. É como voto! Fl. 162DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 13811.000693/9824 Acórdão n.º 1201000.828 S1C2T1 Fl. 9 8 (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 163DF CARF MF Impresso em 20/09/2013 por POLIANNA DA SILVA RIBEIRO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 19/ 09/2013 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 11/09/2013 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 11080.927773/2011-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/08/2000 a 31/08/2000
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL.
Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.191
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/08/2000 a 31/08/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
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HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. INOCORRÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Inexiste norma legal que prescreva a homologação tácita do Pedido de Restituição no prazo de 5 anos. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput, da Constituição e art. 97 do CTN. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 77 73 /2 01 1- 70 Fl. 78DF CARF MF Processo nº 11080.927773/201170 Acórdão n.º 3301005.191 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferimento do Pedido de Restituição (PER) da Contribuição para o PIS, em virtude de o pagamento informado estar totalmente alocado para quitação de débito da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte havia alegado a ocorrência de decadência para a análise do PER, uma vez que fora transmitido havia mais de cinco anos, pleiteando a aplicação do prazo previsto no art. 74, § 5º, da Lei nº 9.430/1996, para reconhecimento da ocorrência de homologação tácita. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 10042.203, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, afastando o pleito por falta de previsão legal e por ausência de comprovação do direito creditório. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e requereu o reconhecimento do seu direito, repisando praticamente os mesmos argumentos de defesa encetados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 11080.927773/201170 Acórdão n.º 3301005.191 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.190, de 26/09/2018, proferida no julgamento do processo nº 11080.927782/201161, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.190): O recurso voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Como relatado, a Recorrente transmitiu Pedido de Ressarcimento, visando à restituição do crédito nele informado em razão de pagamento indevido ou a maior de PIS/Pasep. Cabe esclarecer que a prova do recolhimento indevido não foi objeto de defesa da empresa. A Delegacia de origem emitiu Despacho Decisório que indeferiu o pleito diante da inexistência do crédito, nos termos do art. 165 do CTN. Sustenta a contribuinte que entre a data de transmissão do PER, 11/11/2005, até a ciência do despacho decisório, 21/12/2011, transcorreu prazo superior a cinco anos, o que implica na homologação tácita do ressarcimento, nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430/1996. Dispõe o § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/1996 que: “o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação”. Ressaltese que a Declaração de Compensação DCOMP e o Pedido de Restituição PER são declarações diferentes com efeitos também diversos. Assim, não cabe aplicar ao Pedido de Restituição a homologação tácita prevista para a Declaração de Compensação. Como bem apontado pela DRJ, a compensação se viabiliza por via de um regime declaratório (Declaração de Compensação), enquanto que a restituição se viabiliza por um regime de requerimento (Pedido de Restituição), sendo a compensação operada e satisfeita de imediato, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, ao passo que o valor da restituição pleiteada não é entregue imediatamente ao contribuinte, havendo a necessidade de uma decisão explícita e nunca tácita da Administração Tributária. Não há como se acolher a pretensão da Recorrente, porquanto a previsão legal de homologação tácita referese tão somente ao pedido de compensação, não se aplicando à apreciação de Pedidos de Restituição ou Ressarcimento. Observese que neste processo não houve qualquer Fl. 80DF CARF MF Processo nº 11080.927773/201170 Acórdão n.º 3301005.191 S3C3T1 Fl. 5 4 vinculação entre crédito e débito, apenas houve o pleito de ressarcimento. Entender de forma diversa implicaria em violação aos art. 5º, II, e 37, caput da Constituição e art. 97 do CTN. Conclusão Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 81DF CARF MF
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Numero do processo: 10930.721699/2014-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012.
O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7º-A, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012.
O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-005.431
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI 10.925/2004. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ACÚMULO EM RAZÃO DE EXPORTAÇÃO. POSSIBILIDADE. SALDO APURADO ATÉ 01/01/2012. O crédito presumido da contribuição (PIS/Cofins) para a agroindústria apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº10.925/2004 só pode ser compensado com débitos próprios da contribuição. A Lei nº 12.995/2014, art. 7ºA, permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pudesse ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Impossibilidade de ressarcir créditos apurados em outra data, na medida em que a lei escolheu uma data específica. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 72 16 99 /2 01 4- 10 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 3 2 Angelotti Meira, Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado), Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferimento do Pedido de Ressarcimento (PER) de Crédito Presumido da Contribuição (PIS/Cofins), em virtude do fato de que o art. 8º da Lei nº 10.925/2004 autorizava a utilização do crédito presumido somente para dedução das próprias contribuições não cumulativas. De acordo com a repartição de origem, a Lei 12.995/2014 passou a autorizar que empresas da agroindústria que possuíssem, em 01/01/2012, saldo de crédito presumido calculado e acumulado na forma da Lei 10.925/2004 pudessem utilizar esse saldo via compensação ou ressarcimento. Contudo, ainda de acordo com a autoridade administrativa de origem, no presente caso, mesmo preenchendo todos os requisitos legais para apuração e aproveitamento dos créditos em referência, o requerimento do ressarcimento fora protocolizado após o prazo prescricional de cinco anos. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte arguiu que a lei que concedera o direito ao ressarcimento do crédito presumido acumulado havia sido publicada em 18/06/2014, inexistindo, até então, direito ao ressarcimento, apenas sendo possível o aproveitamento com débitos das contribuições (PIS/Cofins), em razão do quê, somente se aplicaria a regra da prescrição a partir daquela data. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 14062.458, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando que o prazo para se pedir ressarcimento de créditos da não cumulatividade, básicos ou presumidos, é de cinco anos contados da data de sua apuração. Em suas razões de voto, a DRJ trouxe os seguintes argumentos: a) no formulário do pedido, consta “CRÉDITO PRESUMIDO vinculado à receita de exportação com base na Lei nº 12.995/2014”; b) cita o Decreto nº 20.910/1932, em que se prevê, em seu art. 1º, que qualquer dívida da União, de qualquer natureza, prescreve em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem; c) a possibilidade de crédito prevista no art. 7ºA da Lei nº 12.599/2012 (acrescentado pela Lei nº 12.995/2014), e de seu ressarcimento, é um direito “novo” e não a implementação de uma condição suspensiva que impedia o referido aproveitamento; d) a norma que instituiu o aproveitamento dos referidos créditos presumidos, expressamente previu a aplicação da prescrição; Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 4 3 e) cita o art. 29D da Instrução Normativa RFB nº 1.300/2012, onde resta previsto que o ressarcimento do saldo de créditos presumidos de que trata o caput pode ser solicitado somente para créditos apurados até 5 (cinco) anos anteriores, contados da data do pedido. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e repisou os argumentos trazidos em sua Manifestação de Inconformidade, insistindo que a Lei nº 12.995/2014, ao acrescentar o art. 7A à Lei nº 12.599/2012, conferira o direito ao contribuinte de obter créditos que, até então, não podiam ser utilizados, não tendo ocorrido, portanto, a prescrição. É o relatório. Voto Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3301005.430, de 25/10/2018, proferida no julgamento do processo nº 10930.721698/201467, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3301005.430): O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição, portanto, merece conhecimento. A partir do relato acima, constatase que a discussão dos autos não está na legitimidade ou não do montante de crédito, pois este foi conferido e admitido pelo Fisco. Centrase a discussão em saber se o pedido de ressarcimento formulado pela Recorrente está prescrito ou não. Assim, para fins de realizar uma análise do prazo prescricional, necessário traçar a linha do tempo. Até 18 de junho de 2014, a pessoa jurídica que desenvolvesse atividades agroindustriais, poderia apurar crédito presumido de PIS e COFINS, na forma como previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, para compensar, exclusivamente, com débitos destas mesmas contribuições (caput). No dia 18 de junho de 2014 entrou em vigor a Lei nº 12.995/2014 que acrescentou o art. 7ºA na Lei nº 12.599/2012, permitindo que o saldo de créditos presumidos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 até 01/01/2012 pudessem ser compensados com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, vencidos ou vincendos, ou ainda requerer o ressarcimento em dinheiro, observandose a legislação aplicável sobre os prazos extintivos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1o de janeiro de 2012 em relação Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 5 4 à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos; ou (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria, inclusive quanto a prazos extintivos. (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) (grifei) Em 26/08/2014 a Recorrente protocolizou seu pedido de ressarcimento de créditos apurados na forma do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, conforme permissivo implementado pela novel Lei nº 12.995/2014. Resta, portanto, determinar quando surge o direito de ressarcimento de crédito, para fins de contagem da prescrição, se de sua apuração ou da publicação da lei que confere o direito, e qual é o prazo prescricional, bem como determinar o que se entende por "saldo de crédito presumido" apurado até 01/01/2012. I) Do prazo de prescrição e de seu marco inicial A prescrição é um instituto jurídico previsto no ordenamento jurídico com a finalidade de fornecer estabilidade às relações jurídicas, em homenagem à segurança jurídica, estabelecendo um prazo para o exercício de um direito. A premissa é que não se tem como desejável a permanência indefinida de um direito, estabelecendose, assim, um prazo para o exercício de sua pretensão. Caso o titular de um direito não exerça este direito no prazo, isto é, não exercite sua pretensão para ver satisfeito seu direito, considerase extinta esta pretensão, impossibilitandose que este direito seja, juridicamente, exercido. Com isso, para que o prazo prescricional tenha início, é preciso haver um direito, a possibilidade de exercêlo (pretensão) e a inércia do titular deste direito. Neste sentido, Caio Mário da Silva Pereira1: O sujeito não conserva indefinidamente a faculdade de intentar um procedimento judicial defensivo de seu direito. A lei, ao mesmo tempo em que o reconhece, estabelece que a pretensão deve ser exigida em determinado prazo, sob pena de perecer. Pela prescrição, extinguese a pretensão, nos prazos que a lei estabelece. (...) É, então, na segurança da ordem jurídica que se deve buscar o seu verdadeiro fundamento. O direito exige que o devedor cumpra o obrigado e permite ao sujeito ativo (credor) valerse da sanção contra quem quer que vulnere o seu direito. Mas se ele se mantém inerte, por longo tempo, deixando que se constitua uma situação contrária ao seu direito, permitir que mais tarde reviva o passado é deixar em perpétua incerteza a vida social. Há, pois, um interesse de ordem pública no afastamento das incertezas em torno da existência e eficácia dos direitos, e este interesse justifica o instituto da prescrição, em sentido genérico. Na seara tributária o instituto da prescrição se funda, também, na segurança jurídica, conforme ensinamentos de Luís Eduardo Schoueri, no 1 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Teoria Geral de Direito Civil. Volume 1. 26ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 6 5 sentido de que a prescrição surge "da necessidade de garantir a desejada estabilidade das relações jurídicas"2. No direito tributário, portanto, também há prazos extintivos por prescrição tanto para o crédito tributário, conforme art. 156, V do CTN, extinguese o próprio direito de crédito da Fazenda Pública, como há também prazo de prescrição extintivo do direito de requerer (pretensão) a restituição de um indébito, ou de cobrar créditos que o particular tenha contra a Fazenda Pública. Assim, a hipótese de incidência da prescrição é a existência de um direito sem que seja exercido por seu titular, tendo como consequente a extinção do respectivo direito. Discutiase se o prazo prescricional para ressarcimento de créditos acumulados seria aquele do art. 168, CTN, no qual tinha início com o pagamento indevido, ou se seria outro, como o do artigo 1º do Decreto nº 20.910/1932. Não me parece adequado que o prazo prescricional, bem como seu marco de início de contagem, sejam aqueles previstos no CTN para a repetição do indébito, na medida que o pedido de ressarcimento não se funda em pagamento indevido. Assim, o crédito presumido é, veramente, um direito de crédito que o particular possui contra a Fazenda Pública em razão de alguma determinação legal. Portanto, se é um direito de crédito contra a Fazenda Pública, não decorrente de pagamento indevido, mas por alguma disposição legal, creio ser mais adequada aplicação do prazo prescricional existente no Decreto nº 20.910/1932 para a cobrança das dívidas passivas das entidades públicas. Neste diapasão, de acordo com o Decreto nº 20.910/1932, as dívidas passivas da União Federal, bem como qualquer direito ou ação contra a Fazenda Nacional, seja qual for a sua natureza, prescrevem em 5 anos, contados da data do ato ou fato do qual se originaram, verbis: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. (grifei) A Câmara Superior de Recursos Fiscais, para um caso de crédito presumido de IPI, em sessão de 15/03/2018, proferiu o Acórdão CSRF nº 9303006.519, de relatoria do ilustre Conselheiro Rodrigo da Costa Possas, onde restou consignado que o prazo prescricional para ressarcimento deste crédito presumido observa o Decreto nº 20.910/1932: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/1995 a 31/12/1995 RESSARCIMENTO. PEDIDO FEITO EM RAZÃO DE OUTRO ANTERIOR INDEFERIDO. SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO DURANTE A ANÁLISE DO PRIMEIRO. INOCORRÊNCIA. Conforme art. 1º do Decreto nº 20.910/32 , prescreve em cinco anos o direito à apresentação de Pedido de Ressarcimento de créditos contra a Fazenda Pública, contados da data do fato do qual se originarem. Tendo sido feito um pedido considerado pela Administração como em desacordo com a legislação 2 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 7 6 tributária, não fica suspensa a prescrição para a apresentação de um novo, relativo ao mesmo crédito, após o indeferimento do primeiro, não se aplicando o art. 4º do mesmo Decreto, pois quem deu causa foi o sujeito passivo, além do que a não é líquida a dívida passiva da União. Recurso Especial do Procurador Provido. No mesmo sentido, o Acórdão CSRF nº 9303006.519, proferido em sessão de 21/03/2017, de relatoria do Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/1997 a 31/03/1997 IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. O direito de pleitear o ressarcimento do crédito presumido do IPI prescreve em cinco anos contados do último dia do trimestre em que se deu a entrada dos insumos no estabelecimento industrial. Aplicação do Decreto n° 20.910, de 1932, combinado com Portaria MF n° 38/97. Recurso Especial do Contribuinte negado Em síntese, para que seja possível se falar em prescrição, necessário, preliminarmente, a existência de um direito. Somente após verificada a existência de um direito é que passa a ser possível se falar em início de prazo prescricional, extinguindose este direito caso não exercido por seu titular. No caso dos autos, é preciso discernir, o direito que se pleiteia não é o crédito presumido em si, qual seja, o crédito presumido apurado da forma em que previsto no art. 8º da Lei 10.925/2004 e passível de utilização desde 2004. Repitase, não é esse o direito que se pretende exercer. O direito que se discute nestes autos é o direito de utilizar este crédito para compensar com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal, bem como o direito de requerer o ressarcimento em dinheiro deste crédito. E este direito apenas surgiu no ordenamento jurídico quando da publicação Lei nº 12.995 em 18 de junho de 2014. Não se pode admitir o fluxo do lapso temporal para a prescrição extintiva de um direito se o direito não existia e não podia ser exercido. Não se trata de causa interruptiva ou suspensiva da prescrição, mas sim da própria impossibilidade de início do curso do prazo diante da inexistência do direito a ser exercido. Não há como falar de inércia do titular do direito se direito não havia. Como dito, para se falar em prescrição é preciso que o direito exista e que o titular deste direito fique inerte por certo período de tempo. Assim, o ato ou fato que origina este direito, para utilizar a dicção do Decreto nº 20.910/1932, é a Lei nº 12.995 que permite novas formas de utilização de um crédito, criando, portanto, um novo direito a ser exercido. Desta feita, se o direito de ressarcimento em dinheiro do crédito presumido apenas surgiu em 18 de junho de 2014, é a partir deste momento que o prazo de prescrição tem início. No entanto, não se quer dizer, com Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 8 7 isso, que o crédito presumido que se quer ver ressarcido é irrelevante, muito ao contrário, a meu ver, a lei estabeleceu um marco temporal para o crédito presumido para que o direito de ver este crédito ressarcido em dinheiro possa ser fruído a partir de 18 de junho de 2014. II) Do saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012 A apuração do PIS e da COFINS no regime não cumulativo se faz no confronto dos débitos decorrentes de receitas auferidas em face de créditos apurados em razão de custos e despesas permitidos na legislação. Incluem se nestes créditos, os créditos presumidos permitidos pela lei. Ao final do período de apuração, o saldo de débito é levado à DCTF e recolhido pelo contribuinte, mas o saldo de crédito, por sua vez, pode ser mantido e transferido para o próximo período de apuração, e assim indefinidamente por tantos quantos períodos de apuração sejam necessários até que o montante de débito supere o montante de crédito. No caso em análise, a Recorrente pretende ver ressarcido um montante de crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009. A fiscalização afirma nestes autos, fls. 151156, que este crédito presumido foi apurado conforme o que estabelece o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Entretanto, salvo melhor juízo, não foi o crédito presumido apurado em seu respectivo período de apuração que a Lei nº 12.995/2014 permitiu que fosse objeto de pedido de ressarcimento, mas sim o saldo de crédito presumido que permaneceu escriturado em 01/01/2012, vejamos: Art. 7ºA. O saldo do crédito presumido de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, apurado até 1º de janeiro de 2012 em relação à aquisição de café in natura poderá ser utilizado pela pessoa jurídica para: (Incluído pela Lei nº 12.995, de 2014) Ao que parece, o problema não é de prescrição. O legislador escolheu um momento no tempo, como um incentivo fiscal, permitindo que o saldo de crédito presumido apurado e existente na escrita fiscal em 01/01/2012 pode ser objeto de pedido de ressarcimento ou para compensar com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. Desta feita, não se permitiu ressarcir o montante de crédito de cada período de apuração, individualmente, até 01/01/2012, mas sim o saldo ainda existente nesta data. Até porque, conforme salientado acima, a apuração do PIS e da COFINS se faz por confronto de créditos e débitos por período de apuração, podendose manter escriturado o saldo de crédito para abatimento das contribuições devidas nos próximos períodos de apuração. Desta feita, não há como identificar nestes autos se este crédito presumido apurado no primeiro trimestre de 2009 já não foi superado por algum montante de débito de algum período de apuração que o sucedeu até janeiro de 2012. Nem poderia ser assim, já que não me parece ter sido esta a escolha do legislador, já que foi definido um momento específico no tempo. Com isso, creio que o pedido de ressarcimento está equivocado, pois o que deve ser objeto de ressarcimento é o saldo de crédito presumido apurado até 01/01/2012. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10930.721699/201410 Acórdão n.º 3301005.431 S3C3T1 Fl. 9 8 Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento. Importa registrar que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 197DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.902941/2011-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Dec 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INOVAÇÃO EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
No Processo Administrativo Fiscal devem ser observados os Princípios Processuais da Impugnação Específica e da Preclusão, sendo que as matérias não propostas em sede de Manifestação de Inconformidade não podem ser deduzidas em Recurso Voluntário. Impossibilidade de inovação recursal, nos termos do artigo 17 do Decreto nº 70.235/72.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3402-005.808
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que conheceram do Recurso. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2005 a 30/09/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. INOVAÇÃO EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. No Processo Administrativo Fiscal devem ser observados os Princípios Processuais da Impugnação Específica e da Preclusão, sendo que as matérias não propostas em sede de Manifestação de Inconformidade não podem ser deduzidas em Recurso Voluntário. Impossibilidade de inovação recursal, nos termos do artigo 17 do Decreto nº 70.235/72. Recurso Voluntário Não Conhecido. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Rodrigo Mineiro Fernandes, Maria Aparecida Martins de Paula e Pedro Sousa Bispo, que conheceram do Recurso. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Cynthia Elena de Campos, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Rodrigo Mineiro Fernandes e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 29 41 /2 01 1- 16 Fl. 54DF CARF MF Processo nº 10980.902941/201116 Acórdão n.º 3402005.808 S3C4T2 Fl. 0 2 Renato Vieira de Ávila (suplente convocado em substituição à conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz). Ausente, justificadamente, a conselheira Thais de Laurentiis Galkowicz. Relatório Trata o presente processo da Declaração de Compensação por meio da qual a contribuinte realizou a compensação de débitos tributários próprios utilizandose de crédito de Cofins cumulativa. Foi emitido despacho decisório de não homologação da compensação, pelo fato de que o DARF discriminado na Dcomp estava integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, não restando saldo de crédito disponível para a compensação. A contribuinte foi cientificada do citado despacho decisório e apresentou Manifestação de Inconformidade cujo conteúdo é resumido a seguir. Após um breve relato dos fatos, a interessada defende a existência de crédito no pagamento indicado na Dcomp bem como a falta de motivação para o indeferimento das compensações pleiteadas. Relata que, após ter identificado a existência de pagamento a maior do que o devido da contribuição, providenciou a retificação da DCTF e DIPJ respectivas, informando o valor correto da mesma, e a entrega da Per/Dcomp tratada no presente processo, para o fim de utilizar o crédito gerado pelo pagamento indevido. Argumenta que sua solicitação de compensação foi indeferida sob o fraco argumento de inexistência de crédito e sem qualquer espécie de verificação do mesmo. Diz que tomou todas as medidas administrativas necessárias para que a compensação fosse reconhecida (retificação das declarações e entrega da Dcomp) mas que, por outro lado, a autoridade administrativa não fundamentou o indeferimento do pedido. Por fim, suscita a nulidade do despacho decisório, tendo em vista a ausência de motivação jurídica e falta de elementos indispensáveis como clareza, lógica e precisão. Diante do exposto, requer o acolhimento da manifestação para o fim de homologar a compensação pleiteada." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR proferiu o Acórdão nº 06042.934, pelo qual julgou pela improcedência da manifestação de inconformidade, mantendo os termos do Despacho Decisório e a não homologação da compensação. Cientificada desta decisão, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário tempestivo, pugnando pelo provimento para que seja reformada a decisão recorrida e homologada a compensação formalizada. Em Recurso Voluntário a Contribuinte alegou que: i) O direito creditório tem origem em pagamento indevido ou a maior, tendo em vista a ilegalidade e inconstitucionalidade da inclusão de valores de ICMS na base de cálculo de PIS e COFINS; ii) Foram adotadas as medidas administrativas, retificações de declarações e protocolo das DCOMP's, dando conta dos créditos geradores e a forma de utilização; Fl. 55DF CARF MF Processo nº 10980.902941/201116 Acórdão n.º 3402005.808 S3C4T2 Fl. 0 3 iii) Foi induzida a erro e a pagar valores indevidos ou a maior, a título de PIS e COFINS, em virtude de legislação que se verifica ilegal e inconstitucional. iv) Após exposição legislativa da contribuição e forma de apuração, a Recorrente invocou a Lei nº 9.718/70 para as empresas optantes pelo Lucro Presumido. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.795, de 25 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 10980.902926/201160, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.795): "Pressupostos legais de admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo. Como relatado na decisão de primeira instância, a Recorrente havia apresentado Manifestação de Inconformidade com os seguintes argumentos: "Após um breve relato dos fatos, a interessada defende a existência de crédito no pagamento indicado na Dcomp bem como a falta de motivação para o indeferimento das compensações pleiteadas. Relata que, após ter identificado a existência de pagamento a maior do que o devido da contribuição, providenciou a retificação da DCTF e DIPJ respectivas, informando o valor correto da mesma, e a entrega da Per/Dcomp tratada no presente processo,para o fim de utilizar o crédito gerado pelo pagamento indevido. Argumenta que sua solicitação de compensação foi indeferida sob o fraco argumento de inexistência de crédito e sem qualquer espécie de verificação do mesmo. Diz que tomou todas as medidas administrativas necessárias para que a compensação fosse reconhecida (retificação das declarações e entrega da Dcomp) mas que, por outro lado, a autoridade administrativa não fundamentou o indeferimento do pedido. Acrescenta que “No caso em tela, verificase que além dos elementos não terem sido analisados suficientemente, conforme legislação e a jurisprudência, há ausência de fundamentação jurídica que baseie a decisão e que mostre de maneira convincente o motivo pelo qual a Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10980.902941/201116 Acórdão n.º 3402005.808 S3C4T2 Fl. 0 4 Impugnante não pôde ter seu crédito compensado.” Por fim, suscita a nulidade do despacho decisório, tendo em vista a ausência de motivação jurídica e falta de elementos indispensáveis como clareza, lógica e precisão." Outrossim, verificase do PERD/COMP de fls. 610 as seguintes informações, o que demonstra que não foi informado crédito oriundo de ação judicial: Diante dos argumentos da Contribuinte, a DRJ enfrentou a preliminar de nulidade e, no mérito, concluiu pela improcedência do pedido nos seguintes termos: "A compensação declarada na Dcomp não foi reconhecida (homologada) porque o crédito indicado não existia, ou seja, na data da emissão do despacho decisório o DARF de Cofins, no valor de R$ 46.497,20, recolhido em 12/11/2004, indicado como origem do crédito para compensação, estava totalmente utilizado para a quitação de débito da contribuinte. Notese, aliás, que essa situação, diferentemente do que afirma a interessada na manifestação, não sofreu qualquer alteração, nem mesmo após a emissão do Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10980.902941/201116 Acórdão n.º 3402005.808 S3C4T2 Fl. 0 5 Despacho Decisório, conforme demonstram as declarações (DCTF) entregues pela interessada. A última DCTF relativa ao débito de Cofins do setembro de 2004 apresentada pela interessada foi a DCTF do 3º trimestre de 2004 (Retificadora), entregue em 17/11/2004, por meio da qual esse débito foi confessado no valor de R$ 42.432,20, e para o qual foi vinculado o DARF de Cofins, no valor de R$ 46.497,20, recolhido em 12/11/2004 (justamente o DARF apontado como crédito na Dcomp tratada no presente processo). Lembrese, nesse ponto, que a DCTF constitui em confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos tributários nelas declarados, de acordo com o que dispõe o § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 13 de junho de 1984. Como se vê, o Despacho Decisório contestado relata exatamente a situação acima identificada, ou seja, a ausência de crédito em face da utilização de todo o valor do DARF indicado como origem do crédito em outro débito da própria contribuinte. É evidente, portanto, que inexiste nesse ato administrativo falta de clareza,precisão e lógica, afinal ele está a retratar a situação que a própria interessada declarou (através de DCTF) para o órgão administrativo." A motivação da improcedência decorreu da ausência de provas apresentadas pela Contribuinte sobre o direito creditório passível de surtir os efeitos legais. Ocorre que em análise às razões de Recurso Voluntário, constatase que a Recorrente abordou, de maneira genérica, pela ilegalidade e inconstitucionalidade de inclusão de valores de ICMS na base de cálculo de PIS e COFINS, conforme colacionado abaixo: Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10980.902941/201116 Acórdão n.º 3402005.808 S3C4T2 Fl. 0 6 (...) Ou seja, além de não haver nenhuma informação e/ou comprovação de que o alegado crédito teve origem nas razões demonstradas em Recurso Voluntário, resta flagrante que a Recorrente inaugura nova discussão, sem amparo, portanto, no artigo 17 do Decreto n.º 70.235/72. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10980.902941/201116 Acórdão n.º 3402005.808 S3C4T2 Fl. 0 7 Neste sentido, foi proferido o v. Acórdão nº 3401004.446 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vejamos: DEFESA. MATÉRIAS NÃO PROPOSTAS EM IMPUGNAÇÃO. APRESENTAÇÃO EM RECURSO VOLUNTÁRIO. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO. As matérias não propostas em sede impugnatória não podem ser deduzidas em recurso voluntário, devido à perda da faculdade processual de seu exercício, configurandose a preclusão consumativa, ex vi dos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. Por sua vez, resta igualmente impossibilitado o conhecimento de questões inovadoras, não levadas antes ao con hecimento do Órgão Julgador de Primeira Instância, sob pena de supressão de instância e negativa de vigência ao artigo 17 do Decreto nº 70.235/72. Dispositivo Ante o exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por não conhecer do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.722774/2016-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011
BÔNUS DE EFICIÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO DE MÁ-FÉ DOS JULGADORES ADMINISTRATIVOS. SOBRESTAMENTO DO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE
Não há como se presumir a má-fé ou parcialidade dos julgadores administrativos ligados à Receita Federal do Brasil, a ensejar o impedimento destes, pelo o fato de eventualmente receberem o "bônus de eficiência", que foi instituído originariamente pela Medida Provisória n° 765/16.
Não há nas disposições legais e regimentais que regem o processo administrativo tributário em âmbito federal qualquer disposição que imponha o sobrestamento do julgamento até a análise, pelo Poder Judiciário, de eventual vício de inconstitucionalidade de norma vigente e válida.
VÍCIO DE MOTIVAÇÃO E VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO.
Não há que se falar em nulidade da autuação, quando o Auto de Infração e o respectivo Termo de Verificação Fiscal indicam de forma precisa os dispositivos legais supostamente infringidos e os motivos que levaram à conclusão de que houve cometimento de ilícito por parte do contribuinte.
NULIDADE. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
Eventuais equívocos cometidos pela fiscalização, quando da lavratura de Auto Infração, devem ser corrigidos no âmbito administrativo ou, em último caso, no âmbito do Poder Judiciário. Não pode ser configurada como falta de liquidez e certeza do crédito tributário a irresiganção do contribuinte quanto à constituição de ofício do crédito por parte da administração tributária.
VARIAÇÃO CAMBIAL. MOMENTO DO RECONHECIMENTO. MP 1.858/99.
Nos termos da redação originária do artigo 30 da Medida Provisória 1.858/99, a partir de primeiro de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas quando da liquidação da correspondente operação.
Para fins de reconhecimento da variação monetária, não há que se falar em liquidação da operação, quando se verifica que houve uma cessão de crédito da obrigação, sem a efetiva baixa dos títulos.
Numero da decisão: 1302-003.162
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a suspeição dos conselheiros representantes da Fazenda Nacional, suscitada em face da percepção do bônus de eficiência instituído pela MP. nº 765/2016 e o pedido de sobrestamento do julgamento; em rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas; e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário e em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Flávio Machado Vilhena Dias - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias, Gustavo Guimarães da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Maria Lúcia Miceli, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
Nome do relator: FLAVIO MACHADO VILHENA DIAS
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NÃO CONFIGURAÇÃO DE MÁFÉ DOS JULGADORES ADMINISTRATIVOS. SOBRESTAMENTO DO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE Não há como se presumir a máfé ou parcialidade dos julgadores administrativos ligados à Receita Federal do Brasil, a ensejar o impedimento destes, pelo o fato de eventualmente receberem o "bônus de eficiência", que foi instituído originariamente pela Medida Provisória n° 765/16. Não há nas disposições legais e regimentais que regem o processo administrativo tributário em âmbito federal qualquer disposição que imponha o sobrestamento do julgamento até a análise, pelo Poder Judiciário, de eventual vício de inconstitucionalidade de norma vigente e válida. VÍCIO DE MOTIVAÇÃO E VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO. Não há que se falar em nulidade da autuação, quando o Auto de Infração e o respectivo Termo de Verificação Fiscal indicam de forma precisa os dispositivos legais supostamente infringidos e os motivos que levaram à conclusão de que houve cometimento de ilícito por parte do contribuinte. NULIDADE. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Eventuais equívocos cometidos pela fiscalização, quando da lavratura de Auto Infração, devem ser corrigidos no âmbito administrativo ou, em último caso, no âmbito do Poder Judiciário. Não pode ser configurada como falta de liquidez e certeza do crédito tributário a irresiganção do contribuinte quanto à constituição de ofício do crédito por parte da administração tributária. VARIAÇÃO CAMBIAL. MOMENTO DO RECONHECIMENTO. MP 1.858/99. Nos termos da redação originária do artigo 30 da Medida Provisória 1.858/99, a partir de primeiro de janeiro de 2000, as variações monetárias dos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 27 74 /2 01 6- 79 Fl. 2906DF CARF MF 2 direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas quando da liquidação da correspondente operação. Para fins de reconhecimento da variação monetária, não há que se falar em liquidação da operação, quando se verifica que houve uma cessão de crédito da obrigação, sem a efetiva baixa dos títulos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a suspeição dos conselheiros representantes da Fazenda Nacional, suscitada em face da percepção do bônus de eficiência instituído pela MP. nº 765/2016 e o pedido de sobrestamento do julgamento; em rejeitar as preliminares de nulidade suscitadas; e, no mérito, em dar provimento ao recurso voluntário e em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Machado Vilhena Dias Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Flávio Machado Vilhena Dias, Gustavo Guimarães da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Maria Lúcia Miceli, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil e Luiz Tadeu Matosinho Machado. Relatório Tratase de Auto de Infração lavrado em face da contribuinte Cosan S/A Indústria e Comércio, ora Recorrente, através do qual a fiscalização constituiu créditos tributários de IRPJ e CSLL, com a aplicação das penalidades previstas na legislação, no valor originário total de R$76.368.762,83. Como se depreende do TVF (fl. 2210 e seguintes dos autos), ao proceder fiscalização junto à Recorrente, o agente fiscal entendeu que houve uma postergação indevida no reconhecimento das variações cambiais decorrentes de Bônus Perpétuos, que foram ofertados pelo contribuinte no mercado internacional no ano de 2006. Na narrativa do agente fiscal, podese depreender que, naquele ano 2006 visando a captação de recursos no mercado internacional, a Recorrente emitiu os denominados Bônus Perpétuos no valor de US$450.000.000,00, com juros de 8,25% ao ano e com pagamento trimestral em todos os dias 15 dos meses de fevereiro, maio, agosto e novembro, tendo como "agente pagador" o Banco JP Morgan, que foi posteriormente substituído na operação pelo Bank of NY Mellon. Neste sentido, no que tange à emissão dos Bônus Perpétuos, é elucidativo o trecho da Demonstração Financeira da Recorrente de 30/04/2006, que foi transcrito no TVF: Fl. 2907DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.907 3 “Bônus Perpétuos: Em 24 de janeiro e 10 de fevereiro de 2006, a Companhia emitiu Bônus Perpétuos no mercado internacional de acordo com os “Regulations S” e “Rule 144A” no montante de US$ 450.000 mil para investidores institucionais qualificados. Os Bônus Perpétuos estão listados na bolsa de Luxemburgo (Luxemburg Stock Exchange – EURO MTF) e estão sujeitos a juros de 8,25% ao ano, pagáveis trimestralmente nos meses de maio, agosto, novembro e fevereiro de cada ano, com o primeiro pagamento em 15 de maio de 2006. Esses bônus poderão, por opção da Companhia, ser resgatados a partir de 15 de fevereiro de 2011 em qualquer data de pagamento de juros, pelo valor de face. Os Bônus Perpétuos estão garantidos pela própria Companhia e pela Usina da Barra. A Companhia e suas controladas estão sujeitas a determinadas cláusulas restritivas, sendo a mais significativa a limitação de concessão de garantia sobre os seus ativos” No Termo de Verificação Fiscal, o agente autuante argumenta acerca da "variação cambial negativa" (queda do valor da moeda nacional), que decorreria em uma aumento da obrigação e, por consequência, o surgimento de uma despesa, e da "variação cambial positiva" que, ao contrário da primeira, apareceria com o aumento do valor da moeda nacional, com a redução da obrigação, fazendo surgir uma receita passível de tributação pelo IRPJ e pela CSLL. Restou esclarecido, ainda, a autorização da legislação em especial do artigo 30 da MP nº 1.858/99 para o diferimento do reconhecimento daquela variação cambial (seja positiva ou negativa), para quando "da liquidação da correspondente operação". Analisando as operações financeiras e societárias da Recorrente e verificando que, no início de 2011, havia uma expressiva variação cambial positiva, não realizada pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que houve, em verdade, um "planejamento tributário" ilícito, para que aquele reconhecimento fosse realizado apenas em momento oportuno, ou seja, quando a variação cambial, geradora de receita tributável, fosse mais vantajosa ao contribuinte. Para chegar a esta conclusão, o agente fiscal analisa todo o rearranjo financeiro e societário da Recorrente, inclusive a criação de uma Joint Venture denominada RAÍZEN, no ano 2011, com a empresa Royal Dutch Shell, e a abertura de subsidiárias nas Ilhas Cayman, que culminou, dentre outras medidas, na recompra dos Bônus Perpétuos emitidos pela Recorrente. Aos olhos da fiscalização, "o conjunto de operações financeiras e societárias realizadas em 2011, envolvendo subsidiárias abertas nas Ilhas Cayman, teve como único objetivo a recompra das Notas Perpétuas, liquidando a obrigação registrada no Passivo de COSAN S/A." A fiscalização, assim, concluiu que, ao contrário do reconhecimento da variação cambial positiva feita pelo contribuinte nos dias 05/10/2011 e 28/12/2011, a data em que efetivamente ocorreu esta liquidação foi em 15/05/2011. Citase trecho do TVF neste sentido: Há que se considerar, contudo, que COSAN S/A utilizou recursos de novo empréstimo, a juros menores, para recomprar dívida Fl. 2908DF CARF MF 4 anterior (com juros maiores), liquidando a obrigação, para todos os efeitos, em 15/05/2011. Portanto, a quitação dos Bônus ocorreu, de fato, em 15/05/2011, sendo esta, igualmente, a data da realização da variação cambial acumulada. COSAN S/A utilizouse de subsidiárias estrangeiras para “mascarar” a liquidação deste Passivo, visando ao diferimento da realização (e tributação) da variação cambial positiva acumulada. Notese que, ao longo de todo o ano de 2011, houve uma relação de correspondência entre o valor principal dos Bônus Perpétuos e as posições acionárias (quantidades de ações) mantidas por COSAN S/A e CLE nas empresas das Ilhas Cayman. Todas as operações envolvendo a transferência dos Bônus para empresas nas Ilhas Cayman foram iniciadas e concluídas ao longo do ano de 2011, com o propósito de viabilizar a liquidação dos Bônus sem a imediata tributação da variação cambial positiva acumulada. As operações foram estruturadas de forma que o grupo Cosan pudesse escolher a situação cambial conveniente para a tributação. Assim, após citar a "legislação aplicável" ao caso, o agente fiscal conclui que: Restou amplamente demonstrado, no curso do presente procedimento fiscal, que o conjunto de operações efetuadas em 2011, envolvendo os Bônus Perpétuos e as empresas COSAN CAYMAN LTD. e COSAN CAYMAN II, configura verdadeiro planejamento tributário, com objetivo de travestir os ganhos cambiais já acumulados, decorrentes dos Bônus Perpétuos, em lucros de coligadas estrangeiras situadas em paraíso fiscal. Cabe lembrar que a roupagem de lucros auferidos no exterior viabilizou o diferimento da tributação: os ganhos não seriam tributados na aparente origem, um paraíso fiscal; e passariam a figurar, na contabilidade da fiscalizada, como resultados de equivalência patrimonial, excluídos do lucro real até o momento da baixa do “investimento” na coligada estrangeira, à conveniência da fiscalizada. Os Bônus foram efetivamente recomprados pela fiscalizada em 15/05/2011, sendo esta a data de sua quitação e, portanto, de efetiva realização da respectiva variação cambial acumulada. Além de entender pela indevida postergação do reconhecimento da variação cambial positiva, que resultou no recálculo do IRPJ e da CSLL devidos, o agente autuante também glosou as despesas incorridas com juros a partir da data que, nos termos da acusação fiscal, se deu a efetiva recompra dos bônus perpétuos: 15/05/2011. Ainda, houve a imputação de penalidade pelo "não recolhimento do IRPJ e da CSLL por estimativa", uma vez que, como consta do TVF, "o cálculo das estimativas mensais da empresa tomou por base a variação do dólar até as supostas datas de 'quitação' dos bônus, em 05/10/2011 e 28/12/2011, datas em que considerou que os bônus foram quitados. Diante disso, as estimativas mensais devidas foram recalculadas considerando a variação cambial positiva integral até 05/2011, que conforme demonstrado no item anterior alcançou a monta de R$ 317.385.000,00, tendo sido excluídos os valores considerados pela empresa a partir de 10/2011". Fl. 2909DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.908 5 Por outro lado, como também consta do TVF, "os valores apurados pela Fiscalização foram compensados, de ofício, com saldos de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL", sendo o contribuinte instado, no mesmo ato, "a retificar os registros de Prejuízos Fiscais e de Base Negativa de CSLL do ano calendário de 2011, ajustando o saldo a compensar em conformidade com o demonstrativo de apuração gerado" no Auto de Infração. Ao ser intimado do teor da autuação, o contribuinte apresentou extensa Impugnação administrativa, na qual rebate, na integralidade, os fundamentos lançados pelo agente autuante, sendo os pontos levantados no apelo assim sintetizados no acórdão recorrido, proferido pela DRJ de Belo Horizonte (MG), in verbis: Histórico da operação – Existência de propósito negocial 9. As operações societárias efetuadas foram decorrentes de uma decisão gerencial do grupo à qual pertence, que teve como fundamento econômico em uma expressiva vantagem financeira, e não tributária. Descreve a seguir, as operações efetuadas. Vício na fundamentação do Auto de Infração 10. A premissa apontada pelo fisco seria de que a impugnante teria postergado a liquidação de Bônus Perpétuos emitidos no exterior por meio de operações societárias. Não há dispositivo legal que permita ao fisco interferir na gestão dos negócios dos contribuintes. O agente fiscal incorreu em flagrante vício de fundamentação legal, fulminando os autos de infração de nulidade. Ilustra com passagens doutrinárias. Vício de Motivação do Auto de Infração 11. Além da ausência de fundamento legal para a desconsideração das operações societárias, o agente fiscal também não motivou a glosa das despesas com os juros calculados sobre os Bônus Perpétuos após maio/2011. Outra motivação para a nulidade dos lançamentos. Da nulidade do Lançamento Fiscal – Iliquidez e Incerteza do crédito tributário 12. O não cumprimento das formalidades essenciais aos atos de lançamento, tais como a liquidez e certeza do montante exigido tornaos nulos. Invoca o art. 142 do CTN e art. 10 d0 Decreto no 70.235, de 1972. Ilustra com passagem doutrinária e jurisprudência administrativa. Desconsideração dos valores pagos a título de Imposto de Renda sobre os lucros auferidos pela CAYMAN II. 13. No AC de 2011 foram oferecidos à tributação R$ 16.697.723,51 em lucros auferidos no exterior, dos quais R$ 11.269.382,20 correspondiam a lucros auferidos pela COSAN CAYMAN II, com os juros pagos pela impugnante em decorrência dos Bônus Perpétuos. 13.1 Ao glosar as despesas incorridas pela impugnante, o fisco esqueceuse de recompor a base de cálculo do IRPJ e CSLL para Fl. 2910DF CARF MF 6 excluir a tributação dos lucros que foram disponibilizados pela COSAN CAYMAN II, em decorrência do recebimento de tais juros pagos pela impugnante. Desconsideração do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa na apuração das estimativas 14. O impugnante alega que, ao calcular a multa isolada supostamente incidente sobre as estimativas mensais de IRPJ e CSLL, deixou de considerar o prejuízo fiscal e base de cálculo negativa da CSLL acumulados de períodos anteriores, que levariam à redução do imposto mensal, se devido fosse. Apresenta planilha demonstrativa. Desconsideração das estimativas recolhidas em outubro e dezembro/2011. 15. O fisco equivocouse ao apurar o suposto crédito tributário referente a multa isolada de 50% uma vez que esqueceu de deduzir os valores que foram adicionados em outubro e dezembro de 2011, período em que ocorreu a efetiva liquidação dos bônus perpétuos. Do Direito Conceito de liquidação dos Bônus Perpétuos e sua inocorrência em maio de 2011 16. O fisco lavrou os autos de infração por entender que os Bônus Perpétuos, emitidos em 2006, teriam sido liquidados em maio/2011, quando transmitidos à COSAN CAYMAN LTDA, e não em outubro e dezembro/2011, quando efetivamente extintos por pagamento. Tal entendimento vai de encontro ao Código Civil. A seguir, tece diversas considerações acerca do assunto. Ilustra com passagem doutrinária. A contabilidade faz prova em favor da impugnante 17. A contabilidade faz prova em favor do contribuinte. A escrituração contábil da impugnante comprova que a liquidação dos Bônus Perpétuos não se deu em maio de 2011, nos termos do art. 276 do RIR, de 1999. Cita passagem doutrinária. Impossibilidade de ingerência do fisco na atividade do contribuinte – da opção legal 18. Não pode o fisco pretender adentrar à liberdade individual dos contribuintes, por não possuir poder de ingerência sobre os negócios particulares realizados na administração da sociedade empresária, como pretendeu o fisco, ao tentar antecipar a liquidação para a data que julgou conveniente. Cita doutrina acerca do assunto e jurisprudência administrativa. Ad Argumentandum – Necessidade, usualidade e normalidade das despesas com juros 19. A impugnante menciona que cumpre demonstrar a dedutibilidade das despesas com juros, nos termos do art. 299 do Decreto no 3000, de 1999. A seguir, tece extensa argumentação acerca do assunto, acrescentando que, independentemente do fisco concordar ou não com a reestruturação havida envolvendo Fl. 2911DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.909 7 os Bônus Perpétuos, é fato que a impugnante incorreu no pagamento dos juros previstos em contrato. Da impossibilidade da cobrança da multa isolada em razão da falta de recolhimento do IRPJ e CSLL por estimativa 20. A impugnante argumenta que a multa isolada aplicada pelo fisco somente pode ser exigida caso o fisco verifique a falta de recolhimento dos tributos, ou recolhimento insuficiente, com base em estimativas mensais, antes do término do ano base. Cita jurisprudência administrativa e Súmula 82 do CARF. Da impossibilidade de cumulação da multa isolada decorrente da insuficiência do recolhimento de estimativas com a multa de ofício – Duplicidade de cobrança 21. Não pode haver, sobre a mesma base de cálculo, a cumulação da multa isolada com qualquer outra penalidade. Cita doutrina e jurisprudência administrativa e judicial. Da impossibilidade de exigência da multa em caso de dúvida 22. Na hipótese da manutenção do lançamento pelo voto de qualidade, é razoável considerar que, no mínimo, há dúvida quanto à ocorrência da infração. Nesta hipótese, nos termos do art. 112 do CTN, requer a exclusão das multas exigidas. Das compensações e retificações indevidas de prejuízo fiscal e base negativa da CSLL 23. Demonstrada a improcedência dos lançamentos, não há que se falar em retificação do saldo de prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa da CSLL. Da ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa 24. Se mantido o lançamento, é certo que os juros calculados com base na taxa SELIC não poderão ser exigidos sobre a multa de ofício lançada, por absoluta ausência de previsão legal. Do Pedido 25. Por fim, requer o recebimento, o conhecimento e o provimento da impugnação, quer pelas preliminares, quer pelas questões de mérito, com o cancelamento integral dos autos de infração e o restabelecimento dos saldos de prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL. Ao apreciar os argumentos lançados na Impugnação Administrativa, aquele colegiado deu parcial provimento ao apelo do contribuinte, tendo o acórdão recebido a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2011 Ementa: NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais e não havendo prova de violação das Fl. 2912DF CARF MF 8 disposições contidas no artigo 142 do CTN e artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se falar em nulidade do lançamento em questão. DIREITO DE DEFESA. CERCEAMENTO. É incabível a alegação de cerceamento ao direito de defesa, quando as infrações apuradas estiverem identificadas e os elementos dos autos demonstrarem a que se refere a autuação, dandolhe suporte material suficiente para que o sujeito passivo possa conhecêlos e apresentar sua defesa sem empecilho de qualquer espécie. VARIAÇÕES MONETÁRIAS DE DIREITOS DE CRÉDITO E OBRIGAÇÕES. As variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. À opção da pessoa jurídica, estas variações podem ser computadas segundo o regime de competência. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVA MENSAL. BASE DE CÁLCULO. BALANCETES DE SUSPENSÃO/REDUÇÃO. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DE CSLL. Na apuração da estimativa mensal, com base em balancetes de suspensão/redução, sobre a qual incide multa isolada, devem ser compensados, nos limites previstos em lei, os saldos de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL apurados em períodos anteriores. MULTA ISOLADA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS A antecipação mensal do IRPJ e da CSLL é obrigatória e seu recolhimento não fica afastado seja em função de apuração de prejuízo, seja em função de apuração de tributo em valor menor que o total das estimativas não pagas. O não recolhimento ou recolhimento a menor do valor devido submetese à incidência da multa isolada prevista em lei. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Devidamente intimado, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, no qual, em síntese, repisa os argumentos apresentados em sua Impugnação, acrescentando, contudo, mais uma preliminar, na qual requer o reconhecimento do impedimento dos conselheiros ligados à Receita Federal do Brasil para julgar os processos administrativos tributários e/ou a Fl. 2913DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.910 9 necessidade de suspensão do processo, em virtude da instituição do "bônus de eficiência" pela MP nº 765/16. Como houve exoneração de parte do crédito tributário, também foi apresentado Recurso de Ofício para análise deste colegiado. Este é o relatório. Voto Conselheiro Flávio Machado Vilhena Dias DA TEMPESTIVIDADE Como se denota dos autos, a Recorrente teve ciência do teor do acórdão recorrido em 03/05/2017 (termo de fl. 2.715), apresentando o Recurso Voluntário ora analisado no dia 30/05/2017 (fl. 2.717), ou seja, dentro do prazo de 30 dias, nos termos do que determina o artigo 33 do Decreto nº 70.235/72. Portanto, sem maiores delongas, é tempestivo o Recurso Voluntário, devendo ser analisado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, uma vez que cumpre os demais requisitos de admissibilidade. DAS PRELIMINARES DO BÔNUS DE EFICIÊNCIA INTRODUZIDO PELA MEDIDA PROVISÓRIA N° 765/16. Em sede preliminar, a Recorrente argumenta que, com a instituição, pelo artigo 5º da MP nº 765/16, do chamado "bônus de eficiência", os Conselheiros Representantes da Receita Federal do Brasil estariam impedidos de exercer o cargo junto a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, uma vez que estes "julgadores são diretamente interessados na manutenção das autuações, o que revelará a aludida 'produtividade' e impactará no aumento do pagamento do 'bônus'”. Desta feita, após tecer comentários acerca do referido bônus e da inconstitucionalidade daquela MP que o instituiu, em especial a violação ao princípio da imparcialidade, consagrado no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, o Recorrente requer "a suspensão do julgamento administrativo nos presentes autos até que seja definitivamente julgada a (in)constitucionalidade deste Programa/Bônus". Não assiste razão à Recorrente. Primeiro, devese pontuar que as alegações de impedimento dos Conselheiros ligados à Receita Federal do Brasil, por terem, supostamente, interesse em manter as multas aplicadas, porque se beneficiariam de alguma forma com esta manutenção, não tem qualquer fundamento. Em verdade, o que o Recorrente faz, data venia, é presumir uma máfé dos julgadores, sem trazer qualquer elemento concreto para respaldar a sua afirmação. Não se pode admitir, neste ponto, uma presunção de máfé, sem que haja qualquer indicativo de condutas intencionadas e parciais dos julgadores. Fl. 2914DF CARF MF 10 Há que se ressaltar, ainda, que aquela MP foi convertida na Lei 13.464/2017 e, nesta conversão, a princípio, as "multas tributárias e aduaneiras" foram excluídas da base de cálculo do malfadado bônus de eficiência, o que por si já joga por terra toda a argumentação da Recorrente, quanto a (im)parcialidade dos julgadores do CARF vinculados à Receita Federal do Brasil. O Tribunal Regional Federal da 1ª Região, apreciando os mesmos argumentos ora analisados, em recurso submetido ao "Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas" (IRDR), entendeu que o mencionado Bônus não implica, de forma alguma, em parcialidade do julgador. Veja a ementa que recebeu o julgado proferido por aquele Tribunal Federal: PROCESSUAL CIVIL. INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS (IRDR). BÔNUS DE EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE NA ATIVIDADE TRIBUTÁRIA E ADUANEIRA. INEXISTÊNCIA DE SUSPEIÇÃO/ IMPEDIMENTO DE CONSELHEIROS/AUDITORES FISCAIS DO CARF. ALTERAÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA 765/2016 PELA LEI 13.464/2017. 1. Ofende a dignidade humana presumir a máfé ou a desonestidade das pessoas, especialmente de agentes públicos no exercício de suas funções (Constituição, art. 1º/III). Daí que é incompreensível supor que, no julgamento de recursos no Carf, os auditores/conselheiros mantenham as "multas tributárias e aduaneiras incidentes sobre a receita de tributos" simplesmente movidos pelo sentimento ou interesse de não ver reduzido seu "bônus de eficiência". 2. O Decreto 70.235/1972 (com força de lei), que dispõe sobre o "processo administrativo fiscal" e a Lei 9.784/1999, sobre o "processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal", não preveem a suspeição ou impedimento de auditores/conselheiros por esse motivo. 3. As hipóteses de impedimento/suspeição de membros do Carf, portanto, são somente aquelas previstas no seu Regimento Interno aprovado pela Portaria MF 152/2016. O impedimento de que trata o art. 42/II do Regimento Interno do Carf não se aplica aos conselheiros/auditoresfiscais, senão apenas aos membros representantes dos contribuintes. 4. Na conversão da MP 765/2016 na Lei 13.464 de 20.07.2017, as "multas tributárias e aduaneiras" foram excluídas da base de cálculo do bônus de eficiência. Não mais existe o suposto impedimento/suspeição de auditoresfiscais da Receita Federal de participar do CARF. Todavia, como essa medida provisória tem força de lei e produziu efeitos imediatos após sua publicação (30.12.2016), impõese julgar o incidente relativamente às decisões controvertidas proferidas até quando essa medida foi convertida na Lei 13.464 de 10.07.2017. Tese firmada 5. "Durante a vigência da Medida Provisória 765 de 29.12.2016, não havia impedimento nem suspeição de auditoresfiscais participar de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Carf, recebendo o bônus de eficiência instituído por essa medida. Com o advento da Lei 13.464 de Fl. 2915DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.911 11 10.07.2017 ficou prejudicada essa discussão".A Seção, por unanimidade, firmou a seguinte tese: "Durante a vigência da Medida Provisória 765 de 29.12.2016, não havia impedimento nem suspeição de auditoresfiscais participar de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais/Carf, recebendo o bônus de eficiência instituído por essa medida. Com o advento da Lei 13.464 de 10.07.2017 ficou prejudicada essa discussão". (IRDR 000808781.2017.4.01.0000, DESEMBARGADOR FEDERAL NOVÉLY VILANOVA, TRF1 QUARTA SEÇÃO, e DJF1 DATA:24/10/2017 PAGINA:.) (destacouse) Em que pese a decisão tomada em sede de IRDR pelos Tribunais não ser de cumprimento obrigatório por este Colegiado, uma vez que este dispositivo processual não está elencado expressamente no artigo 62, do Anexo II do RICARF, não se pode deixar de reconhecer a implicação desse incidente no âmbito processual brasileiro. É que, como se observa da leitura do artigo 985 do Código de Processo Civil, a tese jurídica firmada em sede de IRDR se aplica a todos os casos, inclusive futuros, que tramitem na área de atuação do respectivo Tribunal. Vejase o que dispõe no NCPC: Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: I a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região; II aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986. § 1o Não observada a tese adotada no incidente, caberá reclamação. Não se pode olvidar que este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, com sede no Distrito Federal, está dentro da jurisdição do Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Assim, qualquer demanda que envolva a suposta parcialidade dos conselheiros, tendo como argumento o Bônus de Eficiência, será examinada por aquele Tribunal que, como mencionado, já se manifestou definitivamente sobre a questão. Por fm, este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já editou Portaria indicando de forma precisa e insofismável as hipóteses que podem levar ao impedimento dos Conselheiros vinculados à Receita Federal do Brasil. Estas hipóteses estão elencadas no artigo 2º da Portaria CARF nº 01, de 18 de janeiro de 2017, quais sejam: Art. 2º Há impedimento do conselheiro da representação da Fazenda Nacional: I na hipótese em que tenha atuado como autoridade lançadora, ou praticado ato decisório monocrático, nos termos do inciso I do art. 42 do Anexo II do RICARF; Fl. 2916DF CARF MF 12 II quando o interesse for presumido pelo vínculo de parentesco ou de afinidade, nos termos do inciso III do mesmo artigo; e III na qualidade de relator, quando tiver atuado na condição de relator ou redator em decisão anterior. Por outro lado, não se pode deixar de ressaltar que não há, s.m.j., no Regimento Interno do CARF e muito menos na legislação que rege o processo administrativo tributário federal, qualquer dispositivo que imponha o sobrestamento do julgado, "até que seja definitivamente julgada a (in)constitucionalidade" da legislação que impôs o pagamento do mencionado bônus, como requereu a Recorrente. Assim, neste ponto, REJEITASE a preliminar, em que o Recorrente invoca o impedimento dos Conselheiros ligados à Receita Federal do Brasil e INDEFERESE o pedido de sobrestamento, por ausência de previsão legal. DO VÍCIO DE FUNDAMENTAÇÃO E DE MOTIVAÇÃO DO AUTO DE INFRAÇÃO. Em duas outras preliminares arguidas pela Recorrente em seu Recurso Voluntário, alegase, basicamente, suposto vício na fundamentação e na motivação do Auto de Infração, que, aos olhos do contribuinte, ensejaria a nulidade do lançamento. Em sua longa argumentação neste ponto, a Recorrente afirma que "no presente caso, o Sr. Agente Fiscal não fundamentou o lançamento fiscal" e, por isso, concluiu "que o ato administrativo do lançamento em questão (autos de infração) é inválido e ilegal." O entendimento da Recorrente, que se confunde, em última análise, com o mérito da discussão, é de que o agente fiscal não poderia "interferir na gestão dos negócios dos contribuintes" e, com base nesta interferência, apurar "a variação cambial a ser oferecida à tributação pela Recorrente, com base na taxa de câmbio do mês de maio de 2011", sem legislação prévia que desse essa possibilidade ao agente fiscal no exercício das suas funções. No que tange à suposta falta de motivação, a Recorrente alega que "tendo sido evidenciada a ausência de motivação da glosa das despesas com juros, resta nítida a nulidade do lançamento fiscal." Argumenta, neste sentido, que o agente fiscal não motivou de forma clara as razões pelas quais glosou as despesas incorridas. Contudo, entendese que não assiste razão à Recorrente, quanto ao que foi argumentado nas duas preliminares. Explicase. Nos termos dos artigos 142 e 149 do Código Tributário Nacional, é de competência da autoridade administrativa a constituição do crédito tributário, podendo revisar, de ofício, as declarações prestadas pelo contribuinte ou terceiro. Não está, a fiscalização, vinculada ao que o contribuinte declara como sendo o fato imponível do tributo. No presente caso, a fiscalização, identificando operações financeiras e societárias realizadas pelo contribuinte com o suposto objetivo de retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (procedimento que será analisado em seguida), fez o lançamento de ofício do crédito tributário que entendeu devido, de acordo com a bem construída fundamentação constante no Termo de Verificação Fiscal. Não há vícios de fundamentação e/ou de motivação no Auto de Infração a ensejar a sua nulidade, como pretende a Recorrente. Neste sentido, são precisas as colocações do acórdão Recorrido. Vejase: Fl. 2917DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.912 13 31. Quanto à fundamentação legal, constatase que os Autos de Infração às fls. 2251 a 2271 contêm, expressamente o enquadramento legal para o lançamento; por sua vez, o TVF (Termo de Verificação Fiscal) detalha, minuciosamente, a motivação para os lançamentos. 32. Neste contexto, acerca da nulidade invocada pelo impugnante, o artigo 59 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal, assim prescreve: “Art. 59 – São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ” 32.1. No presente caso, não se vislumbra qualquer óbice que determine a precariedade do ato realizado pelo Fisco, uma vez que efetuado nos moldes estabelecidos pela legislação afeta ao procedimento. Constatase que os Autos de Infração combatidos foram prolatados por autoridade administrativa plenamente vinculada, respeitando os devidos procedimentos fiscais, previstos na legislação, e com a correta identificação do sujeito passivo da obrigação tributária, portanto, norteados dentro do Princípio da Legalidade. 32.2. Por outro lado, constatase ainda que a motivação para os lançamentos foi perfeitamente identificada pela autoridade competente no Auto de Infração e no Relatório Fiscal anexados ao processo; por sua vez, a argumentação desenvolvida pelo interessado na peça impugnatória permite concluir que esta motivação foi compreendida, tanto que contestada. 33. Enfim, a argumentação acerca da nulidade apresentada pelo impugnante não tem razão de ser: o ato em questão não resultou em cerceamento do direito de defesa do interessado, uma vez que o mesmo tomou ciência do procedimento, da sua motivação e da capitulação legal correspondente. Prova inequívoca de que inocorre o cerceamento do direito de defesa é que o ato foi impugnado e a impugnação está sendo examinada por essa autoridade julgadora. Ressaltese ainda que, se as razões apresentadas pelo impugnante forem procedentes, a solução para o litígio será a exoneração do crédito tributário parcial ou total e não a sua nulidade. Há de se ressaltar, ainda, que tanto no TVF, como no Auto de Infração, o agente fiscal indicou de forma precisa os dispositivos legais supostamente infringidos e os motivos que levaram à conclusão de que houve cometimento de ilícito por parte do contribuinte. E foi inclusive com base nestes dispositivos e fundamentos, na tentativa de desconstruir as ilações da fiscalização, que a Recorrente elaborou toda a sua tese defesa. Não houve qualquer prejuízo aos princípios do contraditório e da ampla defesa, princípios estes que norteiam todo o processo administrativo. Fl. 2918DF CARF MF 14 Portanto, REJEITASE as preliminares de nulidade do lançamento, por supostos vícios de fundamentação e/ou motivação da autuação ora em análise DA NULIDADE DO LANÇAMENTO POR AFRONTA AO ARTIGO 142 DO CTN. Em outra preliminar levantada no Recurso Voluntário, o Recorrente alega a nulidade da autuação, com base no artigo 142 do Código Tributário Nacional. Neste ponto, a Recorrente aduz que "o não cumprimento das formalidades essenciais (intrínsecas) aos atos de lançamento, tais como a liquidez e certeza do montante exigido, tornaos nulos, uma vez que, por força da Lei, compete à autoridade administrativa aferir, precisamente e com base em provas irrefutáveis, a base de cálculo do crédito tributário.". Pois bem. No que se refere à falta de liquidez e certeza do crédito tributário, entendese que não há nulidade no Auto de Infração a ensejar o seu cancelamento. O crédito foi devidamente constituído e quantificado, em que pese a Recorrente não concordar com as ilações da fiscalização. Por outro lado, eventual erro da fiscalização no cálculo dos tributos e respectivas penalidades poderá ser ajustado no âmbito do processo administrativo, como, inclusive, já o fez a DRJ, que, acatando em parte a Impugnação do contribuinte, recalculou os valores das multas isoladas de IRPJ e CSLL indicadas no Auto de Infração. E mais: ainda há possibilidade de o contribuinte, não vendo reconhecidos os seus pedidos em âmbito administrativo, de ingressar com ação própria junto ao Poder Judiciário, que poderá corrigir eventuais erros do Auto de Infração, no que tange à quantificação do crédito tributário. Devese pontuar ainda, data maxima venia, que os supostos erros apontados pela Recorrente "Desconsideração dos valores pagos a título de imposto de renda sobre lucros auferidos pela Cayman II" e "Desconsideração das estimativas recolhidas em outubro e dezembro de 2011 no cálculo das multas isoladas de maio de 2011" acabam por se confundir com o mérito e serão analisados a seguir. Por tudo aqui exposto, também REJEITASE a preliminar de nulidade do lançamento com base no artigo 142 do CTN arguida pela Recorrente. DO MÉRITO DA DELIMITAÇÃO DO TEMA E DA FIXAÇÃO DE PREMISSAS Como se denota do relato acima, a acusação fiscal está arrimada, basicamente, no fato de que as operações financeiras e societárias da Recorrente, junto com suas subsidiárias com domicílio no exterior, teriam sido realizadas com o único objetivo de retardar (diferir) o reconhecimento da variação cambial positiva nas obrigações decorrentes dos Bônus Perpétuos lançados no mercado internacional. Pois bem. Primeiramente, antes de se analisar os fatos e documentos acostados aos autos, entendese como necessário a fixação de algumas premissas que serão indispensáveis ao deslinde da presente controvérsia. Fl. 2919DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.913 15 É que, em última análise, a discussão travada entre o contribuinte e o fisco federal perpassa nos limites impostos pela legislação para a realização de negócios comerciais, financeiros, societários, que acabam por reduzir a carga tributária das entidades envolvidas. De pronto, como não poderia deixar de ser, a presente análise se inicia do texto da Constituição Federal de 1988, que tem diversos dispositivos que dão ao cidadão plena liberdade para realizar os seus negócios, desde que sua atuação não seja contrária ao que dispõem os textos legais, ou seja, desde que não haja nenhuma ilicitude nas ações praticadas. O artigo 1º, inciso IV da CF/88 é claro no sentido de que a livre iniciativa é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituise em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) IV os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Já o artigo 5º, inciso II da CF/88 é cristalino, no sentido de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei. Vejase: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) II ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Por outro lado, o constituinte de 1988 foi muito claro, como se depreende da redação do caput do artigo 170, ao afirmar que a ordem econômica será fundada, dentre outros princípios, na livre iniciativa. Vejase a redação do mencionado dispositivo: Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) Assim, não é por outro motivo que o Paulo Ayres Barreto leciona pela liberdade dos contribuintes em gerirem seus negócios, desde que atuem de forma lícita. Eis seus ensinamentos: "(...)Salientese que a livreiniciativa consubstancia princípio cujo sentido é amplo, alcançando a liberdade de empresa, de investimento, de organização e de contratação. No âmbito Tributário, o contribuinte tem o direito subjetivo de gerir suas atividades e negócios, buscando a menor onerosidade tributária, desde que atue de forma lícita. Fl. 2920DF CARF MF 16 Como ensina Aires Barreto, pode o contribuinte atuar dentro de um amplo espectro de alternativas igualmente lícitas, sopesandolhes as vantagens e desvantagens, avaliando os ganhos e perdas que decorrerão de cada qual e, afinal, adotando aquela que mais vantagens ou ganhos lhe possam proporcionar, inclusive no que respeita à carga tributária que deverá surportar. Nesse passo, somente lhe é defeso 'enveredar por trilhas que constituam ilicitude, que envolvam simulação ou fraude'. Logo, desde que se mova por 'comportamentos lícitos, não proibidos, sua atuação constituirá elisão fiscal, perfeitamente admitida, sem risco de ser confundida com a evasão fiscal essa vedada pelo direito'. Em síntese, os contribuintes têm o direito, constitucionalmente assegurado, de estruturarem sues negócios livremente. Tratase de garantia que não pode ser suprimida, nem mesmo por intermédio de emenda constitucional, por força do que dispõe o art. 60, § 4º, IV, da Magna Carta. " (BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. 1ª ed. São Paulo: Noeses, 2016. págs. 103 e 104) Ademais, em que pese não ser o objetivo, neste momento, de se fazer uma reconstrução histórica da legislação pátria, no que tange às tentativas de se limitar a atuação dos contribuintes (se é que estes limites realmente existem ou podem existir), quando da realização de negócios, de alguma forma, tem como consequência a redução da carga tributária, não se pode desprezar a redação do parágrafo único do artigo 116 do CTN, que foi introduzido pela Lei Complementar 104/2001, da seguinte forma: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (destacouse) Pela redação do artigo, não há dúvidas de que, mesmo não havendo sido editada a lei ordinária a que faz menção do citado parágrafo, uma vez caracterizada a ocorrência de atos ou negócios dissimulados, estes poderão ser desconsiderados pelo agente fiscal. Contudo, como boa parte da doutrina admite, este dispositivo seria dispensável, uma vez que, dentro do ordenamento jurídico pátrio, já existem outros textos legais que autorizam a desconsideração (anulação) de atos ou negócios jurídicos realizados com dissimulação. Mas, o mais importante é que não existe nenhum texto legal que proíba a Fl. 2921DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.914 17 realização de negócios com a intenção de redução de tributos. Neste ponto, se vale, mais uma vez, dos ensinamentos de Paulo Ayres Barreto: "Com efeito, não há enunciado prescritivo que proíba, direta ou indiretamente, a estruturação, por meios lícitos, de operação tributária com o único propósito de reduzir ou mesmo não pagar tributos. Não há regra específica que vede tal procedimento, mas figuras como a simulação e a fraude são aptas a demonstrar que a busca pela economia tributária não pode ultrapassar os limites normativos, como bem demonstra o mencionado art. 149 do CTN, em seus incisos V, VI e VII." (BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. 1ª ed. São Paulo: Noeses, 2016. págs. 219) (destacouse) Desta feita, podese chegar à primeira premissa: o propósito negocial, para fins de aferição da legalidade ou não de eventual planejamento tributário, não é um requisito essencial. E mais: não se pode perder de vista que o administrador/sócio de qualquer entidade tem como dever a busca de eficiência em todos os aspectos, inclusive os econômicos, que podem ser tributários, ainda mais nos dias atuais, em que a carga tributária é extremamente relevante no dia a dia das empresas. Não se pode dar ao aplicador da lei (in casu, o agente autuante) a possibilidade de questionar o intento negocial das empresas nos chamados planejamentos tributários, uma vez que este pode se dar por diversos motivos, inclusive com o fito de reduzir a carga tributária. O que se pode, devese ressaltar, é a verificação da legalidade das operações e a prática ou não de condutas dissimuladas ou fraudulentas. Não mais do que isso. Assim, a princípio, entendese como dispensável a análise dos argumentos da Recorrente que, em um esforço argumentativo, tenta demonstrar que, nas operações realizadas, houve propósito negocial, em especial quando demonstra a criação Da Joint Venture com a empresa Shell e a "troca" da dívida dos Bônus Perpétuos, por uma menos onerosa à entidade. Sabese que parte da doutrina e da jurisprudência, em especial a administrativa, têm dado outros contornos ao tema, arrimados na importação de doutrina estrangeira trazida ao Brasil. Vários julgados deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais buscam o propósito negocial dos contribuintes (que não seja apenas a redução de tributos), para validar planejamentos tributários. Entretanto, temse a convicção de que, sendo a eficiência econômica um princípio que deve ser perseguido por qualquer gestor e sendo a carga tributária extremamente relevante no dia a dia das empresas, não se pode afastar a possibilidade (e/ou facultatividade) de haver rearranjos societários, econômicos e/ou financeiros com o intuito de reduzir o pagamento de tributos. Contudo, não se pode permitir que, na busca desta eficiência econômica, sejam praticados atos simulados, fraudulentos, em contrariedade com a lei, principalmente quando praticados entre partes relacionadas, pertencentes ao mesmo grupo econômico. No que tange à simulação, o Código Civil, independentemente da redação do parágrafo único do artigo 116 do CTN, preceitua que é nulo o negócio jurídico simulado. Veja se a redação do artigo 167 do CC: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. Fl. 2922DF CARF MF 18 § 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós datados. § 2o Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado. A doutrina civilista entende que a simulação pode ser absoluta ou relativa. O saudoso Caio Mário da Silva Pereira é cirúrgico ao conceituar o instituto. Confirase: "Pode a simulação ser absoluta ou relativa. Será absoluta quando o ato encerra confissão, declaração, condição ou cláusula não verdadeira, realizandose para não ter eficácia nenhuma. Dizse aqui absoluta, porque há uma declaração de vontade que se destina a não produzir resultado. (...) A simulação se diz relativa, também chamada dissimulação, quando o ato tem por objeto encobrir outro de natureza diversa (e.g. uma compra e venda para dissimular uma doação), ou quando aparenta conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem realmente se conferem ou transmitem (e.g. a venda realizada a um terceiro para que este transmita a coisa a um descendente do alienante, a quem este, na verdade, tencionava desde logo transferila). E é relativa em tais hipóteses, porque à declaração de vontade deve seguirse um resultado, efetivamente querido pelo agente, porém diferente do que é o resultado normal do negócio jurídico. O agente faz a emissão de vontade, e quer que produza efeitos; mas é uma declaração enganosa, porque a consequência jurídica em mira é diversa daquela que seria a regularmente consequente ao ato.(...)" (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume 1. Rio de Janeiro, Forense, 2001. pág. 339) (destacouse) Portanto, na simulação relativa ou dissimulação, dois negócios existem: o aparente (o simulado) e o oculto (o dissimulado), sendo este o que as partes efetivamente desejavam realizar. Ainda, na dissimulação, nem tudo é fictício, tendo em vista que o seu objetivo é justamente ocultar a verdadeira natureza do ato praticado. Existe licitude, mas esta não representa o real negócio praticado. Fabiana Del Padre Tomé assim leciona: "Para que haja simulação, é necessário (i) divergência entre a real vontade das partes e o negócio por ela declarados e (ii) intenção de lograr o Fisco. Esses são, por conseguinte, pressupostos indeclináveis da desconsideração das operações jurídicas praticadas pelos contribuintes, devendo estar demonstrado por meio de provas constituídas pela Administração (...)". (TOMÉ, Fabiana Del Padre. A prova no Direito Tributário. São Paulo: Noeses, 2008. Pág. 312). Fl. 2923DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.915 19 Desta feita, chegase à segunda premissa necessária para a análise do presente caso: a fiscalização, caso demonstre (prove) que houve dissimulação nos negócios jurídicos praticados, poderá desconsiderálos e, com esta desconsideração, imputar obrigações tributárias de acordo com a realidade da operação praticada. Todavia, não se pode perder de vista que, como ensina Caio Mário da Silva Pereira, "a prova da simulação nem sempre se poderá fazer diretamente; ao revés, frequentemente tem o juiz de se valer de indícios e presunções, para chegar à convicção de sua existência.". (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume 1. Rio de Janeiro, Forense, 2001. pág. 341) Ou seja, cabe a fiscalização comprovar, mesmo que com indícios e presunções, a prática de atos simulados, descaracterizandose assim o negócio, para que possa, ao final, constituir créditos tributários de acordo com o real negócio realizado. Ao comentar o disposto no artigo 167 do Código Civil, Paulo Ayres Barreto chega a esta mesma conclusão. Confirase: "Consoante a dicção legal, a simulação pode decorrer (i) da interposição de pessoa(s); (ii) da ocultação da verdade; e (iii) da oposição de data falsa. Por se tratar de hipótese de nulidade, prescreve o art. 168 do CC que a ocorrência de simulação pode ser alegada por qualquer parte interessada ou pelo Ministério Público, quando lhe couber investir. Nessa perspectiva, as Fazendas Públicas, prejudicadas por força da verificação de ato ou negócio simulado, têm legitimidade para pleitear o reconhecimento judicial da simulação perpetrada. " BARRETO, Paulo Ayres. Planejamento tributário: limites normativos. 1ª ed. São Paulo: Noeses, 2016. págs. 143) Assim, fixadas as seguintes premissas: (i) o propósito negocial, para fins de aferição da legalidade ou não de eventual planejamento tributário, não é um requisito essencial e (ii) a fiscalização, caso demonstre que houve dissimulação nos atos praticados, poderá desconsiderálos e, com esta desconsideração, imputar obrigações tributárias de acordo com o real negócio praticado entre as partes, passase a analisar as imputações da fiscalização, os argumentos apresentados pela Recorrente e as provas carreadas aos autos. DAS OPERAÇÕES FINANCEIRAS E SOCIETÁRIAS PRATICADAS PELA RECORRENTE. Como relatado acima, ao proceder a fiscalização da Recorrente, em especial no que tange às operações societárias e financeiras realizadas no ano de 2011, o agente fiscal concluiu que os procedimentos adotados foram com o intuito de retardar o reconhecimento da variação cambial positiva, para que "o grupo Cosan pudesse escolher a situação cambial conveniente para a tributação". Primeiramente, é importante pontuar que o artigo 30 da MP 1.858/99 é claro ao dizer que, a partir de 01/01/2000, as variações monetárias, em função da taxa de câmbio, só serão consideradas quando da liquidação da correspondente operação. Não há dúvidas na interpretação do dispositivo. Vejase: Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, Fl. 2924DF CARF MF 20 para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação. (destacouse) Assim, no presente caso, há que se verificar, dentro das ilações da fiscalização, dos argumentos apresentados pela Recorrente e dos documentos carreados aos autos, quando houve, de fato, a liquidação dos Bônus Perpétuos, ou seja, qual era o momento correto para o reconhecimento da variação cambial positiva, uma vez que a fiscalização entende que a liquidação se deu em 15/05/2011 e a Recorrente entende que houve dois momentos para esta liquidação: 05/10/2011 e 28/12/2011. E, ainda, nos termos das premissas fixadas acima, há que se perquirir se, dentro das operações realizadas pelo contribuinte, houve alguma dissumulação, com o intuito de dar aparente legalidade a um ato viciado, cometido à margem do que determina a legislação, quando se poderá concluir se a acusação fiscal se sustenta ou não. Pois bem. Partindo do início, como já relatado alhures, em 2006, a Recorrente emitiu Bônus Perpétuos perante o mercado internacional, no valor de US$450.000.000,00, com juros previamente fixados em 8,25% ao ano. Assim, se obrigou, junto aos investidores estrangeiros, a pagar a remuneração pelo capital investido trimestralmente, no dia 15 de cada mês (fevereiro, maio, agosto e novembro). A garantia dos bônus se deu através da Usina da Barra S.A. – Açúcar e Álcool e da FBA – Franco Brasileira S.A. Açúcar e Álcool . Como consta do TVF, "os Bônus Perpétuos representavam um Passivo para COSAN S/A, que seria carregado até os eventos de 2011". E no início deste ano, como bem pontuado pelo agente fiscal, aqueles Bônus acumulavam "valor expressivo de variação cambial positiva diferida, ou seja, ainda não realizada (e não tributada)". As demonstrações financeiras da Recorrente apontavam, em 31/03/2011, o valor de R$741.553.000,00 da dívida do Bônus Perpétuo, ante os R$960.577.000,00 apontados nas demonstrações de 30/04/2006. Contudo, com a concretização da constituição de uma Joint Venture (Raízen) com a empresa Shell (*o início das tratativas entre as empresas se deu em 01/02/2010, com a assinatura de um memorando de entendimento, sendo definitivamente firmado o acordo em 01/06/2011), a Recorrente Cosan S/A, se viu obrigada a repensar a sua posição financeira, já que os juros previamente contratados, quando da emissão dos Bônus Perpétuos, eram extremamente elevados e, a princípio, não valia a pena contribuir com essa dívida no capital social da Raízen. Por outro lado, as garantidoras dos Bônus Perpétuos Usina da Barra S.A. – Açúcar e Álcool e FBA – Franco Brasileira S.A. Açúcar e Álcool também seriam contribuídas na constituição da Joint Venture e, por isso, haveria uma necessidade de recompra daqueles Bônus. Devese ressaltar, neste ponto, que não se pode desprezar a criação da Joint Venture e as obrigações assumidas pela Recorrente perante terceiros. Obrigações estas que, de alguma forma, refletiriam na obrigação anteriormente assumida, quando da emissão dos Bônus Perpétuos. Fl. 2925DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.916 21 E mais: não se pode perder de vista que uma Joint Venture, nos termos da definição encontrada no "Dicionário Financeiro" (disponível em https://www.dicionariofinanceiro.com/jointventure/), "é um acordo entre duas ou mais empresas que estabelece alianças estratégicas por um objetivo comercial comum, por tempo determinado. As companhias concordam em unir seus recursos para o desenvolvimento de um negócio conjunto e dividem os resultados, sejam eles lucros ou prejuízos". Assim, como parte da estratégia para o reposicionamento financeiro da Recorrente, tendo em vista, em especial, as novas obrigações assumidas na Joint Venture criada com a empresa Shell, a Cosan, através da sua subsidiária integral CLE, criou duas empresas no exterior: Cosan Cayman Ltd. e Cosan Cayman II. A primeira delas Cosan Cayman Ltd., como consta do próprio TVF, contratou um empréstimos no valor de US$450.000.000,00, com juros de libor + 2,15% ao ano, juros estes, como declarado pelo próprio contribuinte, menores dos que pactuados, quando da emissão dos Bônus Perpétuos. O referido empréstimo teve como garantidora a empresa Cosan S/A, ora Recorrente. Ainda, como consta daquele TVF, verificouse, da análise do contrato de empréstimo firmado, o seguinte: (...) ,cópia do contrato de empréstimo, tomado por COSAN CAYMAN LTD. O próprio contrato afirma que os recursos obtidos deveriam ser transferidos de COSAN CAYMAN LTD. para COSAN S/A via outro empréstimo, intercompanhias. À evidência, os mesmos recursos retornaram para COSAN CAYMAN LTD., via integralização de capital, e esta utilizouos para a recompra dos Bônus Perpétuos. Como se verifica, os valores decorrentes do empréstimo tomado pela empresa Cosan Cayman Ltd., após serem transferidos para Cosan S/A, retornaram à empresa Cosan Cayman Ltd., que os utilizou para recompra dos Bônus Perpétuos perante o mercado, sem, ainda, liquidálos. Pelo que se denota do TVF, a recompra dos Bônus Perpétuos foi amplamente divulgada, sendo que, no comunicado emitido ao mercado em 02/05/2011, a entidade deixou claro que "em virtude do sucesso no resultado do Consentimento, os Bônus Perpétuos 8,25% serão adquiridos na sua totalidade pela subsidiária da Cosan em 15 de maio de 2011, não sendo cancelados na data de resgate ("Call Date")" (destacouse). Já no outro comunicado, emitido em 17/05/2011, após informar o sucesso da operação financeira, a Cosan explicitou para o mercado que "esta operação reflete a gestão ativa do endividamento da Companhia, resultando numa economia de aproximadamente US$25 milhões ao ano em despesas com juros para a Raízen." Prosseguindo nas operações financeiras e societárias praticadas ao longo daquele ano, "em 27/05/2011 COSAN CAYMAN LTD. transferiu os Bônus para COSAN CAYMAN II, via integralização de capital. Na mesma data, foi alterado o Contrato de Custódia dos Bônus, substituindo COSAN CAYMAN LTD. (ExCliente) por COSAN CAYMAN II (Nova Cliente). (...) Desta forma, os Bônus no Passivo de COSAN S/A passaram a ser um Ativo de sua subsidiária COSAN CAYMAN II". É que consta do TVF. Fl. 2926DF CARF MF 22 Vejase que, até este momento, em que pese as alegações em contrário da fiscalização, os Bônus Perpétuos ainda não haviam sido liquidados e, por isso, não havia, ainda, necessidade de reconhecimento da variação cambial (positiva ou negativa). Posteriormente, ainda dentro do ano de 2011, como consta do TVF, a empresa "COSAN CAYMAN LTD. transferiu as ações que detinha, no capital COSAN CAYMAN II, para COSAN S/A e CLE". Assim, a Recorrente, seja direta ou indiretamente (através da CLE) detinha 100% da participação societária da empresa COSAN CAYMAN II, que, por sua vez, era ainda detentora dos Bônus Perpétuos. Ainda, como consta do Termo de Verificação Fiscal: Em 05/10/2011, operouse o cancelamento das 231 milhões de ações de COSAN CAYMAN II detidas por COSAN S/A. Simultaneamente, COSAN S/A e COSAN CAYMAN II assinam ordem dirigida ao BANK OF NY MELLON, para o cancelamento de USD 231 milhões no valor principal dos Bônus Perpétuos. Naquele ponto, CLE passou a deter 100% de COSAN CAYMAN II, mantendo a mesma quantidade de 219 milhões de ações: (...) Em 28/12/2011, COSAN S/A comprou todas as ações de COSAN CAYMAN II detidas por CLE: 219 milhões de ações, pelo valor de R$ 409.142.415,63, conforme contrato particular fornecido à Fiscalização. O pagamento pelas ações foi de duas formas: a) R$ 368.829.414,06 na forma de dividendos; e b) R$ 40.313.001,57 mediante depósito em conta bancária. Paralelamente, COSAN CAYMAN II reduziu seu capital no mesmo valor de R$ 409.142.415,63: E foram nestas datas 05/10/2011 e 28/12/2011 que a Recorrente considerou como efetivamente liquidados os Bônus Perpétuos, como o próprio Termo de Verificação Fiscal constatou. Vejase: A empresa considerou que os bônus foram “quitados” nas datas de 05/10/2011 e 28/12/2011. Em 05/10/2011 teria sido quitada parcela de USD 231 milhões do valor principal da dívida, e em 28/12/2011 o valor principal restante de USD 219 milhões. Nos dois casos, o valor do dólar na data de quitação era inferior à taxa inicial do diferimento; em consequência, a empresa apurou variação cambial acumulada, supostamente realizada em 05/10/2011 e 28/12/2011, de R$ 216.147.000,00. Segundo a empresa, este valor foi incluído na adição efetuada na Ficha 09 A, linha 13 (variações cambiais ativas – oper liquidadas). Portanto, o procedimento adotado pela fiscalizada, no que tange aos Bônus Perpétuos, teve como único efeito fiscal a adição ao lucro real de R$ 216.147.000,00. Feito todo esse arrazoado, voltase ao questionamento inicial: a liquidação das obrigações dos Bônus Perpétuos se deu quando a Recorrente resgatou esses títulos no mercado (15/05/2011) ou quando efetivamente os liquidou perante a instituição financeira custodiante? Fl. 2927DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.917 23 A fiscalização, como mencionado, entendeu, em síntese, que os Bônus Perpétuos foram de fato liquidados no dia 15/05/2011, porque, nesta data, teria ocorrido recompra daqueles Bônus no mercado, mesmo afirmando ao longo do TVF que a "COSAN S/A utilizouse de subsidiárias estrangeiras para efetuar a liquidação deste Passivo, buscando o benefício do diferimento da realização (e tributação) da variação cambial positiva acumulada". Ou seja, a própria fiscalização afirma que, após o resgate dos Bônus Perpétuos, a Recorrente continuava com a obrigação, mas desta vez em nome de suas subsidiárias integrais. Ainda, de acordo com a acusação fiscal, "as operações foram estruturadas de forma que o grupo Cosan pudesse escolher a situação cambial conveniente para a tributação. (...)" Entendese que não assiste razão à fiscalização nestas ilações. Primeiramente, convence o argumento desenvolvido pelo Recorrente, no sentido de que não havia como prever qual seria a variação da taxa de câmbio no decorrer dos anos e, em especial, que esta teria uma variação negativa no ano de 2011. Pelo contrário: o que restou demonstrado no apelo apresentado é que o Boletim Focus, emitido pelo Banco Central do Brasil, previa uma variação positiva. Vejase as expectativas do mercado obtidas no site do próprio Banco Central (https://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20110513.pdf consulta em 03/10/2018), que também foram apresentadas pelo Recorrente em seu Recurso Voluntário: Não se pode desprezar que o Boletim Focus é um documento preparado semanalmente pelo Banco Central do Brasil, que busca, junto aos economistas de inúmeras instituições financeiras, as expectativas do mercado sobre diversas variáveis, inclusive sobre as variações da Taxa de Câmbio. O Boletim Focus, em que pese não trazer uma certeza, mostra como o mercado financeiro interpreta as variáveis da economia e é utilizado por inúmeros setores na tomada de decisões estratégicas. Fl. 2928DF CARF MF 24 Assim, não se sustenta a afirmação da fiscalização de que a Recorrente, com os rearranjos financeiros e societários feitos no decorrer do ano de 2011, teria como intenção aguardar uma taxa de câmbio mais favorável, para liquidar os Bônus Perpétuos e, consequentemente, reconhecer a receita da variação cambial positiva, para fins de tributação, quando fosse mais interessante financeiramente. Ora, se o mercado precificava uma desvalorização da moeda norte americana frente ao real, por qual motivo a Recorrente deveria postergar o reconhecimento da receita até então implementado? Teria a Recorrente mais elementos do que as instituições financeiras consultadas pelo Banco Central do Brasil na elaboração do Boletim Focus, que pudesse lhe garantir uma variação cambial mais vantajosa? Com toda certeza, não! E se tivesse, não há nos autos elementos que comprovem tal afirmativa. Com toda venia, são meras elucubrações do agente autuante, sem qualquer lastro probatório. Ademais, como consta do Recurso Voluntário apresentado, "era da própria natureza do bônus perpétuos que a Recorrente tivesse discricionariedade para liquidar a obrigação no momento em que entendesse ser mais oportuno", levando à tributação eventual variação cambial no momento da liquidação, como autorizado expressamente pelo já transcrito artigo 30 da MP 1.858/99. Não poderia a fiscalização impor essa liquidação ou apontar qual o momento ela deveria ser realizada, a não ser que houvesse a constatação de algum ato dissimulado por parte do contribuinte. E, neste ponto, com todo respeito ao brilhante trabalho desenvolvido pelo agente fiscal, não há nos autos comprovação de que houve qualquer tipo de dissimulação por parte da Recorrente para "mascarar" o momento de liquidação dos Bônus Perpétuos. Todas as operações foram informadas ao mercado, com a transparência que é exigida às entidades do porte da Recorrente. Não houve o cometimento de nenhum ato dissimulado, a ensejar a desconstituição dos negócios jurídicos. Por outro lado, apesar de ser irrelevante para este julgador, nos termos das premissas fixadas, a transferência/resgate dos Bônus Perpétuos teve um propósito específico e claro, qual seja: viabilizar a constituição e operação da então criada Joint Venture com a empresa Shell. Verificouse linhas acima que, financeiramente, não se mostrava viável afetar o acordo firmado com dívida com juros altos, que a troca do endividamento tinha um ganho financeiro considerável e que as garantias dadas aos Bônus Perpétuos seriam transferidas para àquela Joint Venture. O propósito negocial está mais do que configurado nas operações realizadas. Ademais, entendese que a liquidação dos Bônus Perpétuos só pode ser considerada no momento em que estes foram efetivamente liquidados junto à instituição financeira. Não se pode olvidar que o pagamento é o meio clássico de liquidação das obrigações. O saudoso civilista Caio Mário da Silva Pereira assim leciona sobre este instituto de Direito Civil: "O desfecho natural da obrigação é o seu cumprimento. Da sua própria noção conceitual, como vínculo jurídico atando temporariamente os dois sujeitos, decorre a existência de uma operação inversa, pela qual os vinculados se desatam. A isto davase ao nome de solutio, vocábulo que herdamos solução e nos dá a idéia de estar o vínculo desfeito e o credor satisfeito. Fl. 2929DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.918 25 Paralelamente se emprega, como o mesmo sentido de ato libertório, e com muito maior frequência, a palavra pagamento, que no rigor da técnica jurídica significa o cumprimento voluntário da obrigação, seja quando o próprio devedor lhe toma iniciativa, seja quando atende à solicitação do credor, desde que não o faça compelido. (...) Aqui tratamos do pagamento como forma de liberação do devedor, mediante a prestação do obrigado, conceito que reúne as preferências dos escritores mais modernos". (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume II. Rio de Janeiro, Forense, 2001. págs. 105 e 106) Por outro lado, o mesmo professor ensina que, na cessão de crédito, em que pese haver uma transferência de um direito a terceiros, não há extinção da obrigação. Confira se a sua lição: "Chamase cessão de crédito o negócio jurídico em virtude do qual o credor transfere a outrem a sua qualidade creditória contra o devedor, recebendo o cessionário o direito respectivo, com todos os acessórios e todas as garantias. É uma alteração subjetiva da obrigação, indiretamente e realizada, porque se completa por via de uma transladação da força obrigatória, de um sujeito ativo para outro sujeito ativo, mantendo em vigor o vinculum iuris originário. Difere da novação e do pagamento com subrogação, em que não opera a extinção da obrigação, mas, ao revés, permanece esta viva e eficaz. Apenas, a soma dos poderes e das faculdades inerentes à razão creditória, sem modificação no conteúdo ou natureza da obligatio, deslocamse da pessoa do cedente para a daquele que lhe ocupa o lugar na relação obrigacional." (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Volume II. Rio de Janeiro, Forense, 2001. pág. 227) (destacouse) E não há reparos a se fazer nas alegações da Recorrente, quando afirma, em seu Recurso Voluntário, que houve uma cessão de crédito com a recompra dos Bônus Perpétuos. Vejase o que constou daquele apelo: Com a transferência dos títulos em maio de 2011, o que ocorreu foi que a posição de credor passou para a Cosan Cayman Ltd., permanecendo a Recorrente como devedora dos mesmos bônus perpétuos, tendo o BNY Mellon como custodiante dos títulos, conforme se verifica do Contrato de Custódia Global de fls. 327 a 528 dos autos, verbis: (...) Se os bônus perpétuos tivessem sido pagos pela Cosan Cayman Ltd., caberia a ela apenas o direito de regresso, de modo que os títulos seriam extintos e os juros seriam devidos pela Recorrente apenas com caráter compensatório e não remuneratório, como estipulado no memorando da oferta. Em maio de 2011, houve mera recompra dos bônus, como previsto no memorando da oferta (vide Doc. 03 da Impugnação), Fl. 2930DF CARF MF 26 mantendo a Cosan Cayman Ltd. todos os direitos detidos pelos antigos proprietários dos bônus perpétuos. A recompra constituiu, portanto, em uma cessão de crédito, nos termos do artigo 286 do Código Civil, pois ocorreu transferência, não extinção de obrigação, (...) Vejase: a opção do contribuinte, em um primeiro, ao invés de cancelar (liquidar) os Bônus Perpétuos perante o agente financeiro custodiante, foi de manter os títulos como ativos do grupo, sendo indiferente, para fins tributários, a motivação dessa decisão. Apesar disso, é plausível a justificativa que a Recorrente apresenta no Recurso Voluntário, no sentido de que " o capital de terceiro é fundamental para o desenvolvimento das atividades" da empresa e das demais entidades do grupo. Há de se ressaltar, inclusive, que um dos pontos da autuação foi a "glosa das despesas de juros relativas aos Bônus Perpétuos, posteriores a 15/05/2011", data que a fiscalização entendeu como liquidada a obrigação da Recorrente. Contudo, o cálculo dos juros decorrente dos Bônus só demonstra ou confirma que a Recorrente não tinha liquidado a obrigação, tanto que assumiu o pagamento de juros pela obrigação ainda válida e vigente. Se esta tivesse sido liquidada, por qual motivo haveria, ainda, a incidência de juros por uma obrigação já extinta? Desta forma, entendese que não se sustentam as ilações da fiscalização no sentido de que houve a liquidação dos Bônus Perpétuos em 15/05/2011 e que todo os eventos financeiros e societários realizados no decorrer daquele ano seriam uma forma que o contribuinte elaborou para postergar indevidamente o reconhecimento de uma receita tributável. Como restou demonstrado, os eventos foram realizados para dar viabilidade à Joint Venture então criada pela Recorrente, quando esta assumiu uma série de obrigações e, também, para sanear um endividamento importante da entidade. Qualquer gestor teria essa preocupação. Seria temerário se essa conduta não tivesse sido adotada. Por outro lado, ficou comprovado nos autos que não houve a liquidação dos Bônus Perpétuos na data do resgate perante o mercado. Houve, sim, uma cessão da obrigação para outra entidade, ficando a Recorrente obrigada à liquidação, que se operou posteriormente, quando houve a expedição das ordens para que o Banco Custodiante baixasse os títulos sob a sua guarda. Assim, entendese que assiste razão à Recorrente e, por isso, DÁSE PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO, para cancelar, na integralidade, o Auto de Infração, restaurandose, por consequencia, os saldos de prejuízos fiscais e de base de cálculo negativa da CSLL que foram compensados quando da lavratura do Auto. Tendo em vista o provimento ao Recurso Voluntário, não se analisará, por lógica, os argumentos subsidiários apresentados pela Recorrente em atendimento ao princípio da eventualidade. Também, por consequência lógica, tendo em vista que a DRJ de Belo Horizonte (MG) deu provimento parcial à Impugnação Administrativa, NEGASE PROVIMENTO ao Recurso de Ofício. É como se vota. Fl. 2931DF CARF MF Processo nº 16682.722774/201679 Acórdão n.º 1302003.162 S1C3T2 Fl. 2.919 27 (assinado digitalmente) Flávio Machado Vilhena Dias Relator Fl. 2932DF CARF MF
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