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Numero do processo: 13784.720437/2014-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
RENDIMENTOS RECEBIDOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS.
Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos.
Numero da decisão: 2202-003.568
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 RENDIMENTOS RECEBIDOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS. Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos.
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EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS. Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 78 4. 72 04 37 /2 01 4- 49 Fl. 470DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/201449 Acórdão n.º 2202003.568 S2C2T2 Fl. 471 2 Trata o presente processo de Notificação de Lançamento em virtude de uma omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação da Justiça Federal, no valor de R$ 16.188,65, no anocalendário de 2011, resultando em uma exigência crédito tributário de R$ 8.710,54, incluídos multa de ofício e juros de mora calculados até 30/09/2014. O Contribuinte apresentou a impugnação alegando que não houve omissão de rendimentos, pois o valor apurado pela fiscalização foi declarado como rendimento isento e não tributável, uma vez que é relativo ao processo judicial nº 011423271.1991.4.02.5101 (91.01142321), que tramitou na 2ª Vara Federal do Rio de Janeiro, referente ao imposto compulsório sobre compra de veículo. Aduz que o rendimento foi declarado como isento por orientação do manual de perguntas e respostas da Receita Federal do Brasil. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS) julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA, DECORRENTE DE AÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL. Deve ser mantido o lançamento quando demonstrada a omissão de rendimentos na declaração de ajuste anual. A conclusão da DRJ foi pela improcedência da impugnação, por entender que não foi apresentado nenhum documento que comprovasse que os rendimentos referiamse à devolução de empréstimo compulsório. Cientificado dessa decisão em 16/01/2015, por via postal (A.R. de fl. 50), o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 04/02/2015 (fls. 51 a 80), no qual repisa os argumentos da impugnação e anexa cópias dos seguintes documentos: apelação cível junto ao TRF da 2ª Região; petição solicitando desarquivamento do processo na Justiça Federal; DIRPF do exercício 2012 (anocalendário 2011); recibo do Banco do Brasil; perguntas e respostas do manual da Receita Federal. Informa, ainda, o Recorrente que ficou pendente a entrega de cópia do processo judicial, pois ainda não havia conseguido por estar arquivado. Em 03/03/2015, o Contribuinte apresenta nova petição reforçando seus argumentos e apresentando cópia do processo judicial em referência (fls. 84 a 98). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/201449 Acórdão n.º 2202003.568 S2C2T2 Fl. 472 3 Trata o presente processo de lançamento de ofício em virtude de uma omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação da Justiça Federal, no valor de R$ 16.188,65, no anocalendário de 2011. Alega o Contribuinte que se trata de recebimento de devolução de empréstimo compulsório sobre compra de veículo, decorrente de ação judicial contra a União, que tramitou na Justiça Federal do Rio de Janeiro (Processo nº 91.01142321). Visando comprovar as suas alegações, o Recorrente, por ocasião do seu Recurso Voluntário, apresentou os documentos de fls. 54/80, além dos documentos de fls. 85/410 (cópia do processo judicial), anexados posteriormente. Sobre a tributação incidente sobre devolução de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos, o "Perguntas e Respostas IRPF/2012" assim dispõe: EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO SOBRE AQUISIÇÃO DE VEÍCULOS 277 — Qual é o tratamento tributário do empréstimo compulsório recebido em 2011 sobre aquisição de veículos? Esse valor não se caracteriza como rendimento tributável, devendo ser informado como rendimento não tributável na declaração. Não resta dúvidas acerca da não tributação sobre valores recebidos a título de repetição de indébito, como no caso do empréstimo compulsório sobre compra de veículos. Compulsando os autos, notadamente os documentos de fls. 56/64, 86/87 e 291/293, trazidos pelo Contribuinte, concluo que se encontra comprovado que os valores recebidos da Justiça Federal, objeto do presente lançamento de ofício, são decorrentes de devolução de empréstimo compulsório incidente sobre aquisição de veículo, os quais não são tributáveis. Reconheço que o Decreto 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal, limita a apresentação posterior de provas, restringindoa aos casos previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte ou integralmente a pretensão fiscal, bem como se prestam a corroborar alegações suscitadas desde o início do processo. Nesse sentido os seguintes acórdãos da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais: 9202002.587, 920201.633, 920202.162 e 920201.914. Dessa forma, penso que deve ser cancelado o lançamento de ofício. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 472DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/201449 Acórdão n.º 2202003.568 S2C2T2 Fl. 473 4 Fl. 473DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
score : 1.0
Numero do processo: 10882.002802/2007-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática entre os julgados em confronto.
Recurso Especial do Procurador não conhecido
Numero da decisão: 9202-004.276
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 15/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente em exercício), PATRÍCIA DA SILVA, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO. Ausente, justificadamente o conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática entre os julgados em confronto. Recurso Especial do Procurador não conhecido
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática entre os julgados em confronto. Recurso Especial do Procurador não conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente em exercício. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 15/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 28 02 /2 00 7- 12 Fl. 1291DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 2 (Presidente em exercício), PATRÍCIA DA SILVA, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO. Ausente, justificadamente o conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de multa de ofício e juros de mora, tendo em vista a apuração de omissão de rendimentos de aluguéis e royalties recebidos de pessoas jurídicas no anocalendário de 2002, ganhos de capital na alienação de bens nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2002 e janeiro de 2003, e omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem identificação de origem, tendo em vista a constatação de remessas para conta no exterior, nos meses de fevereiro e março de 2002. A multa relativa ao ganho de capital foi qualificada, aplicada no percentual de 150%. No caso dos depósitos bancários, tratase de duas operações, nos valores de US$ 200.000,00 e US$ 182.927,00, efetuadas em 05/02/2002 e 14/03/2002, respectivamente, em que o Contribuinte foi identificado como beneficiário de divisas creditadas por meio de conta mantida e/ou administrada no "Valley National Bank", ordenadas por Carolina Nolasco. Os recursos foram creditados no Bank Audi, em Nova York. No julgamento em Primeira Instância o lançamento foi considerado procedente em parte, desqualificandose a multa incidente sobre os ganhos de capital, que foi reduzida ao percentual de 75%. Em sessão plenária de 19/01/2012, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 210201.729 (fls. 487 a 498), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 DECADÊNCIA. Conforme precedente do Superior Tribunal de Justiça, para a hipótese de inocorrência de dolo, fraude ou simulação, a existência de pagamento antecipado leva a regra para as balizas do art. 150, § 4 0, do CTN; já a inexistência do pagamento antecipado, para o art. 173, I, do CTN. IRPF. DECADÊNCIA. GANHOS DE CAPITAL. Nos casos de ganhos de capital, o imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao regime do denominado lançamento por homologação, cujo prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que ocorre no mês da sua percepção. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de oficio, operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está Fl. 1292DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/200712 Acórdão n.º 9202004.276 CSRFT2 Fl. 1.292 3 tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4º e do artigo 156, inciso V, ambos do CTN. COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS TRAZIDA NA FASE DA AUTUAÇÃO. AUSÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO DOS DEPOSITANTES PELA FISCALIZAÇÃO. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA PRESUNÇÃO DO ART. 42 DA LEI N° 9.430/96. Comprovada a origem dos depósitos bancários, caberá a fiscalização aprofundar a investigação para submetêlos, se for o caso, às normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos, na forma do art. 42, § 2°, da Lei n° 9.430/96. Não se pode, simplesmente, ancorarse na presunção do art. 42 da Lei n° 9.430/96, obrigando o contribuinte a fazer a prova detalhadamente, quando este assevera a impossibilidade do mister. Conhecendo a origem dos depósitos, quedandose inerte a fiscalização, inviável a manutenção da presunção de rendimentos com fulcro no art. 42 da Lei n° 9.430/96. SÚMULA CARF N°4 ‘A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. JURISPRUDÊNCIA ARGUIDA Não sendo parte nos litígios objetos da jurisprudência trazida aos autos, não pode o sujeito passivo beneficiarse dos efeitos das sentenças ali prolatadas, uma vez que tais efeitos são inter partes e não erga omnes. Recurso Voluntário Provido em Parte” A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR parcial provimento ao recurso para cancelar a infração oriunda dos depósitos bancários de origem não comprovada. Fez sustentação oral o patrono do contribuinte, Dr. Amaury Maciel, OABSP n 212.481.” Cientificada do acórdão em 11/06/2012 (fls. 286), a Fazenda Nacional interpôs, na mesma data (RM – Relação de Movimentação de fls. 505), o Recurso Especial de fls. 495 a 504, visando rediscutir a seguinte matéria: “a mera indicação da origem, sem a sua efetiva comprovação, não é suficiente para afastar a presunção juris tantum do art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o despacho de 30/10/2012 (fls. 506). No apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: Fl. 1293DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 4 o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em seu caput, disciplina uma presunção legal de omissão de rendimentos que permite o lançamento do tributo correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento; tratase de presunção legal relativa de omissão de receitas ou rendimentos, que somente será afastada no caso de o contribuinte, através de documentação hábil e idônea, comprovar a origem dos valores depositados/creditados em sua conta bancária. Verificase, assim, que a referida presunção legal é a favor do Fisco; portanto, o citado diploma atribui ao particular o ônus da prova quanto a origem dos valores que circulam, em seu nome, em instituições bancárias, e nesse sentido, o contribuinte deve comprovar a origem dos depósitos individualmente, com coincidência de datas e valores das operações que alega para justificálos; com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o legislador estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos e, não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, temse a autorização legal para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, para presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte. É evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais, cabendo ao contribuinte demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável; assim, desde que o procedimento fiscal esteja lastreado nas condições impostas pelo permissivo legal, é do contribuinte o ônus de provar a origem dos recursos depositados em sua conta corrente, ou seja, de provar que há depósitos, devidamente especificados, que representam aquisição de disponibilidade financeira não tributável ou que já foi tributado; desta forma, para que se proceda a exclusão da base de cálculo de algum valor considerado, indevidamente, pela fiscalização, se faz necessário que o contribuinte apresente elemento probatório que seja hábil e idôneo; indiscutivelmente, tal presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos questionados; não há dúvidas que a Lei n º 9.430, de 1996, definiu, portanto, que os depósitos bancários, de origem não comprovada, efetuados a partir do anocalendário de 1997, caracteriza omissão de rendimentos, estando, por conseguinte, sujeito a tributação pelo Imposto de Renda nos termos do art. 3, § 4 2, da Lei n2 7.713, de 1988; no presente processo, a constituição do credito tributário decorreu em face de o contribuinte não ter provado com documentação hábil ou idônea a origem dos recursos que dariam respaldo aos referidos depósitos/créditos, dando ensejo a omissão de receita ou rendimento (Lei nº 9.430, de 1996, art. 42) e, refletindo, conseqüentemente, na lavratura do instrumento de autuação em causa; à luz da Lei nº 9.430, de 1996, cabe ao sujeito passivo demonstrar o nexo causal entre os depósitos existentes e o beneficio que tais créditos tenham lhe trazido, pois somente ele pode discriminar que recursos já foram tributados e quais se derivam de meras transferências entre contas, ou seja, cabe a ele comprovar a origem de tais depósitos bancários de forma tão substancial quanto o é a presunção legal autorizadora do lançamento; Fl. 1294DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/200712 Acórdão n.º 9202004.276 CSRFT2 Fl. 1.293 5 além do mais, é cristalino na legislação de regência (§ 3º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996), a necessidade de identificação individualizada dos depósitos, sendo necessário coincidir valor, data e até mesmo depositante, com os respectivos documentos probantes, não podendo ser tratadas de forma genérica e nem por médias; nos autos ficou evidenciado, através de indícios e provas, que o fiscalizado recebeu os valores questionados neste auto de infração, sendo que neste caso está clara a existência de indícios de omissão de rendimentos, situação em que se inverte o ônus da prova do fisco para o sujeito passivo. Isto e, ao invés de a Fazenda Pública ter de provar que o contribuinte possuía fontes de recursos para receber estes valores ou que os valores são outros, já que a base arbitrada não corresponderia ao valor real recebido, competirá ao autuado produzir a prova da improcedência da presunção, ou seja, que os valores recebidos estão lastreados em documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores; a presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova, e neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimento (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil; cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta, registrandose que, para a comprovação da origem dos depósitos, é indispensável que os documentos idôneos indiquem o pagamento de rendimentos em data e valor coincidentes com os depósitos, ou seja, é necessária a vinculação de cada depósito a uma operação realizada, já tributada, isenta ou não tributável ou que será tributada após ser identificada, por meio de documentos hábeis e idôneos, o que não ocorreu na espécie. cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. Portanto, consoante consignado no acórdão paradigma 10421546, “não é licito obrigarse a Fazenda Nacional a substituir o particular no fornecimento da prova que a este competia”, como procedeu a decisão recorrida. o entendimento adotado pelo colegiado a quo, no sentido de considerar comprovada a origem do valor constante de depósito bancário mediante a simples alegação da origem, sem a correspondente comprovação, além de configurar ofensa literal e expressa disposição do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, viola o principio da verdade material, critério balizador da instância administrativa, pela contrariedade evidente ao conjunto probatório, em favorecimento de uma mera alegação; sendo assim, o acórdão recorrido merece ser reformado, pois considerou como justificados valores, sem lastro em operações que demonstrassem a coincidência em valores e datas com os depósitos bancários individualmente considerados; Ao final, a Fazenda Nacional pede seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose o acórdão recorrido, mantendose o lançamento em sua integralidade. Cientificado em 15/02/2013 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 1.201), o Contribuinte ofereceu, em 28/02/2013, as ContraRazões de fls. 1.203 a 1.212 e, em 04/03/2013, o Recurso Especial de fls. 1.215 a 1.234. Fl. 1295DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 6 Ao Recurso Especial do Contribuinte foi negado seguimento, conforme Despacho de 04/02/214 (fls. 1.246 a 1.248), o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame de fls. 1.249/1.250. O Contribuinte foi cientificado em 20/08/2014 (AR de fls. 1.253). Em sede de Contrarrazões, o Contribuinte reitera os fundamentos do acórdão recorrido e aduz, em síntese: o item 3 do Auto de Infração não faz qualquer referência ao art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996; ainda que assim não fosse, a origem das aplicações no exterior foi comprovada. Em 29/01/2015, o Contribuinte protocolou o documento de fls. 1.261 a 1.279, informando a desistência do recurso, tendo em vista a adesão a parcelamento em 22/08/2014. O processo foi incluído na pauta de 10/12/2015, oportunidade em foi exarada a Resolução nº 9202000.014 (fls. 1.281 a 1.286), por meio da qual o julgamento foi convertido em diligência ao Órgão Preparador, para que este informasse o limite do parcelamento concedido ao Contribuinte. Em atendimento, a DRF em Barueri/SP assim respondeu (fls. 1.290): "Em consultas aos sistemas da Receita Federal, verificouse que o contribuinte é optante pelo parcelamento concedido pela lei 12.996/2014. Nas telas de fls. 1288 a 1289 constatase que o único processo consolidado neste parcelamento é de nº 13896.722961/201497, processo em que constam os créditos tributários mantidos pelo CARF no processo de nº 10882.002802/200712 os quais foram transferidos para este. Quanto ao crédito tributário objeto do Recurso Especial da Fazenda Nacional cancelamento da infração oriunda dos depósitos bancários de origem não comprovada, informo que este não se encontra parcelado." Assim, tendo em vista que o crédito tributário objeto do presente Recurso Especial da Fazenda Nacional não integrou o parcelamento, retornam os autos à pauta de julgamento, para apreciação. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. O objeto do apelo é a autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem, fundamentada no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996 (Termo de Verificação Fiscal, fls. 265). Tratase de duas operações, nos valores de US$ 200.000,00 e US$ 182.927,00, efetuadas em 05/02/2002 e 14/03/2002, respectivamente, em que o Contribuinte foi identificado como beneficiário de divisas creditadas por meio de conta mantida e/ou Fl. 1296DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/200712 Acórdão n.º 9202004.276 CSRFT2 Fl. 1.294 7 administrada no "Valley National Bank", ordenadas por Carolina Nolasco. Os recursos foram creditados no Bank Audi, em Nova York. O Contribuinte informou que as remessas acima haviam decorrido da alienação de imóveis de valor vultoso, a prazo, cujas parcelas foram por ele recebidas de janeiro a março de 2002 e em janeiro de 2003, apresentando a respectiva documentação. Nesse passo, foilhe efetivamente imputada a infração de omissão de ganhos de capital na alienação de imóveis, nos meses de janeiro a março de 2002 e em janeiro de 2003 (item 002 do Auto de Infração, fls. 272. Ao mesmo tempo, foi mantida a omissão com base em depósitos bancários, relativa às duas remessas nos meses de fevereiro e março de 2002. Nesse contexto, o acórdão recorrido assim registra: "MÉRITO. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ITEM 003 DO AUTO DE INFRAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Conforme indica a Conclusão do Termo de Verificação Fiscal, fl. 267, essa infração foi enquadrada como rendimentos omitidos, por depósitos bancários de origens não comprovas. Bem, ocorre que assim sendo, seria necessário a presença dos respectivos extratos bancários dessa conta mas compulsandose os autos não encontramos nada além dos formulários de transferência de fls. 176/177. Entendo que sem os extratos bancários demonstrando a existência dos depósitos, não há substância documental que suporte um lançamento baseado justamente em mandamento legal que trata de depósitos bancários em favor do contribuinte sem origem comprovada. Ainda, contribuinte vem insistindo desde a fiscalização que os recursos presumidos como omissão de receita por depósitos cuja origem não foi justificada, são na verdade decorrentes de alienação de um bem imóvel. A própria fiscalização de posse dessa informação, apurou um ganho de capital e procedeu o lançamento nesse mesmo auto de infração. O Termo de Verificação Fiscal à fl. 267 mostra tabela dos valores recebidos pelo recorrente. (...) Em seu recurso, o contribuinte elaborou planilha com base nos valores levantados pela própria fiscalização na apuração do ganho de capital para justificar a origem dos depósitos, conforme se vê a seguir. (...) Bem, fica patente a coerência de valores e datas. Entendo que no contexto dos lançamentos dos depósitos bancários, uma vez que o autuado mostrou que houve a venda do bem que foi, inclusive, objeto de apuração do ganho de capital, é plenamente factível a alegação do contribuinte. Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 8 Dessa forma, associado com o fato da ausência dos extratos bancários comprovando o depósito em conta corrente a fiscalização deveria ter investigado a origem dos eventuais fatos geradores a serem imputados ao contribuinte e sob pena de se estar tributando duplamente o mesmo rendimento como ganho de capital e omissão de rendimentos por depósitos bancários. Assim, considero que devese cancelar a infração 003, uma vez que não aperfeiçoou a presunção do art. 42 da lei n° 9.430/96." (destaques no original) Com efeito, o exame das duas tabelas constantes do voto condutor do acórdão recorrido, permite concluir que: nos dias 02 e 04/02/2002, o Contribuinte recebeu o total de R$ 880.000,00, referente à alienação do imóvel, efetuando a primeira remessa, no valor de R$ 484.120,00, em 05/02/2002; no dia 04/03/2002, recebeu mais uma parcela de R$ 370.000,00, referente à alienação do imóvel, efetuando em 14/03/2002 a segunda remessa para o exterior, no valor de R$ 428.652,83. Registrese que tais valores foram utilizados pela própria fiscalização para efetuar os lançamentos. Assim, constatase que se trata essencialmente de matéria de prova, que não se harmoniza com o Recurso Especial de Divergência, cujo objetivo é dirimir conflitos de interpretação em face da lei tributária. Nesse passo, a alegada divergência somente restaria demonstrada com a colação de acórdão contendo todas as nuances do recorrido, do ponto de vista fático autuação com base em depósitos bancários sem identificação de origem, envolvendo remessas de divisas para o exterior em valores e datas compatíveis com o recebimento de rendimentos tributados de forma específica na mesma autuação em que o Colegiado tenha negado provimento ao recurso do Contribuinte. Com estas considerações, verificase que, relativamente ao primeiro paradigma indicado Acórdão nº 220100.424 a Fazenda Nacional limitouse a reproduzir a respectiva ementa, conforme a seguir: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2000, 2001 OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS A presunção legal de omissão de rendimento, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. Recurso voluntário negado." (destaques da Recorrente) Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/200712 Acórdão n.º 9202004.276 CSRFT2 Fl. 1.295 9 Com efeito, a ementa acima, mormente o trecho destacado, não permite qualquer comparação com o caso tratado acórdão recorrido, sobre o qual não se pode falar em "meras alegações", uma vez que o Contribuinte apresentou documentos que efetivamente resultaram na autuação específica de ganhos de capital na alienação de imóveis. Ademais, no trecho do paradigma colacionado no apelo não há qualquer referência acerca de tratarse de remessas para o exterior, ou da ausência do respectivo extrato bancário, como se verificou no caso do acórdão recorrido. Quanto ao segundo paradigma indicado Acórdão nº 10421.546 a Fazenda Nacional colaciona os seguintes trechos: Ementa "QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA ACESSO AS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. DADOS DA CPMF INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO PROCESSO FISCAL O lançamento se rege pelas leis vigentes à época da ocorrência do fato gerador, porém os procedimentos e critérios de fiscalização regemse pela legislação vigente à época de sua execução. Assim, incabível a decretação de nulidade do lançamento, por vício de origem, pela utilização de dados da CPMF para dar início ao procedimento de fiscalização. INSTITUIÇÃO DE NOVOS CRITÉRIOS DE APURAÇÃO OU PROCESSOS DE FISCALIZAÇÃO APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO Aplicase ao lançamento legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas (§1º, do artigo 144, da Lei n? 5.172, de 1966 CTN). OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI N. 9.430, DE 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA As presunções legais relativas obrigam a autoridade Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 10 fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam a referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. Preliminares rejeitadas. Recurso negado." (destaques da Recorrente) Voto "(...) A jurisprudência deste Primeiro Conselho de Contribuintes é clara a respeito do ônus da prova. Pretender a inversão do ônus da prova, como formalizado na peça recursal, agride não só a legislação, como a própria racionalidade. Assim, se de um lado, o contribuinte tem o dever de declarar, cabe a este, não à administração, a prova do declarado. De outro lado, se o declarado não existe, cabe a glosa pelo fisco. O mesmo vale quanto à formação das demais provas, as mesmas devem ser claras, não permitindo dúvidas na formação de juízo do julgador. Ora, não é licito obrigarse a Fazenda Nacional a substituir o particular no fornecimento da prova que a este competia. Muito embora o impugnante tenha argumentado que a origem dos créditos/depósitos em sua conta corrente tratase de valores pertencentes a empresa LC Factoring Ltda., não há comprovação nos autos, de que os depósitos efetuados que constituíram a base tributável da presente autuação tiveram origem comprovada, como pretende o suplicante, uma vez que os documentos anexados aos autos não comprovam, de forma inequívoca, a origem dos recursos utilizados nos depósitos efetuados em sua conta corrente. Para que a tese do suplicante pudesse vingar deveria lastrear de provas convincentes que as operações tributadas tinham origem nestas operações, o que não fez. Fica na situação cômoda de que todos os créditos lançados em suas contas bancárias provem destas operações. Fazse necessário consignar, que o interessado foi devidamente intimado a comprovar mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados/creditados em sua conta corrente, o que não o fez, permitindo, assim, ao Fisco, lançar o credito tributário aqui discutido, valendose de uma presunção legal de omissão de receitas. Nesse sentido, compete ao interessado não só alegar, mas também provar, por meio de documentos, hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores, que tais valores não são provenientes de rendimentos omitidos. Portanto, sem respaldo as alegações do autuado, que devidamente intimado a comprovar origem dos recursos dos créditos/depósitos listados no anexo à intimação não produziu provas no sentido de elidi la.(...)" (destaques da Recorrente) Fl. 1300DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/200712 Acórdão n.º 9202004.276 CSRFT2 Fl. 1.296 11 Tal como ocorreu com o primeiro paradigma, este segundo julgado também não retrata situação comparável com o que foi verificado no acórdão recorrido. Os trechos acima evidenciam tratarse de caso típico de autuação com base em depósitos bancários em conta no País, em que se apresenta uma lista de valores obtidos nos extratos bancários, para que o Contribuinte comprove a origem dos recursos, e este limitase a fornecer uma origem genérica, sem colacionar documentação hábil e idônea. Com efeito, não foi isso que ocorreu no caso do julgado guerreado. Diante do exposto, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os julgados em confronto, e considerandose que a solução do litígio passaria necessariamente pela reavaliação do conjunto probatório constante dos autos, não comparável com os conjuntos probatórios dos paradigmas, concluise que não foi demonstrada a alegada divergência jurisprudencial, razão pela qual não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10920.003239/2004-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 09 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Exercício. 2003
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. INSUFICIÊNCIA DE SALDO
Correta a decisão de parcial homologação de compensação de saldo
negativo do IRPJ, quando este é apurados com base em deduções de
estimativas de IRPJ, objeto de anterior compensação que foram indeferidas, provocando insuficiência de saldo para compensação.
Numero da decisão: 1202-000.253
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, negar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Orlando José Gonçalves Bueno
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Turma / DRJ - Curitiba/PR ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício. 2003 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. INSUFICIÊNCIA DE SALDO Correta a decisão de parcial homologação de compensação de saldo negativo do IRPJ, quando este é apurados com base em deduções de estimativas de IRPJ, objeto de anterior compensação que foram indeferidas, provocando insuficiência de saldo para compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. NELSON SO , 7; residente ORLANDO ' OSE GON LVES BUENO - Relator EDITADO EM: 07 MA 20 10 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cândido Rodrigues Neuber, Valéria Cabral Géo Verçoza, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Orlando José Gonçalves Buena e Nelson Lósso Filho. r, Processo ic 10920.00323912004-45 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.153 A. 2 • Relatório Por presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, dele tomo conhecimento. Trata de declarações de compensação (Dcomp) em que foram declarados créditos de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2002, a serem compensados com débitos de IRRI, IRPJ, CSLL, Retenção sobre Cofins, PIS e CSLL, PIS e COFINS não cumulativos, todos do ano calendário de 2004. Para elucidar a matéria submetida a análise deste .colegiado do presente pleito, refiro-me ao quanto relatado pela digna autoridade julgadora de primeira instância, a fls. 256 a 258, que leio em sessão. Isto posto, a DRJ de Curitiba indeferiu a solicitação, com a seguinte ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2002 REUNIÃO DE PROCESSOS. CONEXÃO. Não há como atender pedido de reunião de processos, por conexão de matéria, quando se encontram pendentes de julgamento junto ao Conselho de Contribuintes, ou quando não repercutem na decisão do processo sendo apreciado. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. AUSÊNCIA DE QUESITOS OU INDICAÇÃO DE PERITO. PEDIDO NÃO FORMULADO. Nos termos da legislação do PAF, os pedidos de diligência ou perícia sem elaboração de quesitos ou indicação de perito são considerados não formulados. "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA —IRPJ Ano-calendário: 2002 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. INSUFICIÊNCIA DE SALDO. Correta a decisão de parcial homologação de compensação de saldo negativo do IRPJ, quando este é apurados com base em deduções de • estimativas de IRPJ, objeto de anterior compensa ção,que foram indeferidas, provocando insuficiência de saldo para compensação. COMPENSAÇÃO. MATÉRIA REFERENTE A OUTRO PROCESSO ADMINISTRATIVO JÁ JULGADO. ESGOTAMENTO DA FUNÇÃO JULGADORA. 3 Não se conhece de impugnação contra fatos discutidos e já julgados em outro processo administrativo, cuja decisão provocou o esgotamento da fimção julgadora em primeira instância, impondo-se o reconhecimento do que ali restou decidido." O Contribuinte, tempestivamente, interpôs seu recurso voluntário, reiterando as razões iniciais de inconformidade enfatizando que o presente processo é o recalculo feito pelo Fisco no processo no. 13971.000325/00-11, posto que as glosas efetuadas naquele processo comprometeram as compensaçães efetuadas no exercício de 2001 e 2002, reiterando o pedido de análise conjunta, para o apensamento. Eis o breve relato 111 Processo n° 10920.003239/2004-45 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.253 Fl. 3 Voto Conselheiro Orlando José Gonçalves Bueno, Relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. A Recorrente insiste na análise conjunta ao processo administrativo 13971.000325/00-11, o qual, em face a presente sessão junto a este colegiado administrativo, foi julgado perante a 51 Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, em 19 de setembro de 2008, mediante o Acórdão 105-17.245,tendo sido negado provimento, por unanimidade, o recurso voluntário. A ementa do aludido julgamento é a seguinte: "DECLARA çÃo DE COMPENSAÇÃO HOMOLOGAÇÃO: O inicio da contagem para a homologação tácita da compensação é a data de apresentação da declaração e não dos fatos geradores dos tributos. (Ç 50 do art. 74 da Lei 9.430/96). IRRF — REAL ANUAL — APLICAÇÕES FINANCEIRAS — Os rendimentos bem como os RAF sobre aplicações financeiras integrarão a apuração anual. O fato da fiscalização em autuação não levar em consideração o IRRF em virtude de já ter sido utilizado pela empresa não implica em modificar a sistemática de tratamento do IRRF na apuração do resultado anual das pessoas jurídicas." O voto do eminente Conselheiro relator, José Clovis Alves, registra a seguinte decisão de mérito: "MÉRITO. Entende a recorrente ter o direito a compensar o IRRF, pois a fiscalização quando da autuação relativa ao excesso de compensação de prejuízos acima dos 30% não levou em consideração o IRRF porque já teria sido utilizado pela empresa em compensação. Afirma que o fisco federal não fora prejudicado, pois o crédito foi reconhecido pelo próprio sistema. Não assiste razão ao recorrente, eis que o IRRE no sistema de lucro real anual deve ser levado em conta na apuração anual, assim como os rendimentos das respectivas aplicações, conforme legislação, verbis: Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Art. 76- O imposto de renda retido na fonte sobre os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável, ou pago sobre os ganhos líquidos mensais, será: 1- deduzido do apurado no encerramento do período ou na data da extinção, no 4.: caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real; \ 5 § 2° - Os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável e os ganhos líquidos produzidos a partir de I° de janeiro de 1995 integrarão o lucro real. O fato da fiscalização no momento da lavratura dos autos de infrações relativos à trava dos 30% não ter considerado o IRRF porque já teria sido utilizado pela empresa, não significa criar-lhe um direito de utilizar tal imposto retido de forma distinta daquela prevista na legislação eis que o IRRF se transforma em saldo de IRPJ negativo no final do ano quando a apuração resulta em crédito a favor do contribuinte. Se ocorrer falha, e a empresa não considera o IRRF na apuração anual, não significa que automaticamente poderá pedir sua restituição em data futura, eis que demandaria auditoria para verificar se os correspondentes rendimentos que geraram implicaram nas referidas retenções foram, ou não considerados na apuração anual, visto que s6 há direito à consideração da fonte se as receitas foram consideradas na base de cálculo. Ratifico a decisão recorrida e a adoto em seu inteiro teor como se aqui estivesse escrita. Pelo exposto, meu voto é no sentido de negar provimento ao recurso." Evidencia-se, pela análise do mérito do aludido processo, que a decisão administrativa nele exarada está a confirmar a estrita observância da sistemática do IRRE com a base de cálculo do IR anual a pagar não tendo sido reformada pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, que gerou um tratamento para redução do crédito objeto do referido processo, produzindo efeitos neste presente processo, como assevera a Recorrente a fls. 271 em sua peça recursal. Em se mantendo a correção do entendimento fazendário, não há porque reparar a conseqüência junto a este processo administrativo fiscal. Como esclareceu também a decisão "a quo", a Recorrente se atém a suscitar suas razões recursais pela conexão com o processo no. 13971.000325/00-11, argüindo que o teor deste processo implica efeito direto neste. Portanto, correto o indeferimento daquele, certa a decisão neste que homologou parcialmente as compensações, decorrentes da operação fiscal já julgada como acima citada. • A decisão de primeira instância, a fls. 259 ratificou a homologação parcial das compensações efetuadas pelo contribuinte uma vez demonstrada a insuficiência de saldo negativo do IRPJ no ano calendário de 2002, pelo que correto o indeferimento parcial por compensações indevidas nestes autos. Diante o exposto e mais o que consta dos autos, acompanho a decisão de primeira instância, adotando também seus fundamentos para mantê-la e negar provimento ao recurso voluntário. kih Jc)., c/) Eis como voto. ) á ) Orlando José G çalves i • eno-Relator t
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002675/2009-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano-calendário: 2004 INCONSTITUCIONALIDADE. Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Súmula CARF nº 02.
OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO.
Atendidas as condições previstas na LC nº 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação às garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente, sobretudo quando o STF decreta a constitucionalidade da referida Lei, por entender que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal.
PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO.
O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004
DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO.
Comprovada a falta de pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação e/ou constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional.
ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que dá suporte à auditoria tributária autoriza o arbitramento dos lucros.
DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente.
OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas à tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito e débito.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, COFINS E CSLL
Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a “0,00”(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações à Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito.
MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1º de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Súmula CARF nº 04.
Numero da decisão: 1401-001.695
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, AFASTAR a decadência, vencida a conselheira Livia De Carli Germano que acolhia a decadência do 1º e 2º Trimestres de 2004, para o IRPJ e CSLL, e do mês 01 a 06/2004, para o Pis e Cofins. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, nos seguintes termos:
I) Pelo voto de qualidade, NEGARAM provimento ao recurso quanto à manutenção da multa qualificada. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano, que desqualificavam a multa de ofício, reduzindo-a para 75%.
II) Por unanimidade de votos, NEGARAM provimento ao recurso em relação às demais matérias de mérito.
Nome do relator: Luiz Rodrigo de Oliveira barbosa
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2004 INCONSTITUCIONALIDADE. Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Súmula CARF nº 02. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO. Atendidas as condições previstas na LC nº 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação às garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente, sobretudo quando o STF decreta a constitucionalidade da referida Lei, por entender que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. Comprovada a falta de pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação e/ou constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que dá suporte à auditoria tributária autoriza o arbitramento dos lucros. DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas à tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito e débito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, COFINS E CSLL Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a “0,00”(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações à Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1º de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Súmula CARF nº 04.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2016-09-09T15:44:27Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2016-09-09T15:44:27Z; Last-Modified: 2016-09-09T15:44:27Z; dcterms:modified: 2016-09-09T15:44:27Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2016-09-09T15:44:27Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-09-09T15:44:27Z; meta:save-date: 2016-09-09T15:44:27Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-09-09T15:44:27Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2016-09-09T15:44:27Z; created: 2016-09-09T15:44:27Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; Creation-Date: 2016-09-09T15:44:27Z; pdf:charsPerPage: 2279; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-09-09T15:44:27Z | Conteúdo => S1-C4T1 Fl. 4.230 1 4.229 S1-C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.002675/2009-68 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401-001.695 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de agosto de 2016 Matéria IRPJ e outros - arbitramento Recorrente SUPERMERCADO TERRANOVA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2004 INCONSTITUCIONALIDADE. Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Súmula CARF nº 02. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO. Atendidas as condições previstas na LC nº 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação às garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente, sobretudo quando o STF decreta a constitucionalidade da referida Lei, por entender que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. Fl. 4300DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 2 Comprovada a falta de pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação e/ou constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que dá suporte à auditoria tributária autoriza o arbitramento dos lucros. DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas à tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito e débito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, COFINS E CSLL. Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a “0,00”(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações à Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1º de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Súmula CARF nº 04. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 4301DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.231 3 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, AFASTAR a decadência, vencida a conselheira Livia De Carli Germano que acolhia a decadência do 1º e 2º Trimestres de 2004, para o IRPJ e CSLL, e do mês 01 a 06/2004, para o Pis e Cofins. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, nos seguintes termos: I) Pelo voto de qualidade, NEGARAM provimento ao recurso quanto à manutenção da multa qualificada. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano, que desqualificavam a multa de ofício, reduzindo-a para 75%. II) Por unanimidade de votos, NEGARAM provimento ao recurso em relação às demais matérias de mérito. (Assinado Digitalmente) Antônio Bezerra Neto - Presidente (Assinado Digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas-Bôas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa (Relator), Aurora Tomazini de Carvalho e Livia De Carli Germano. Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ/SP1, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O crédito tributário lançado se refere à exigência do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS devidos nos períodos de apuração do 1º, 2º, 3º e 4º Trimestres do ano de 2004, os quais totalizaram, na época do lançamento, o montante de R$ 2.393.737,33, incluídos multa e juros de mora. O lançamento, que teve como apuração o lucro arbitrado, decorre de omissão de receita de vendas de mercadorias, apuradas a partir de informações fornecidas por operadoras de cartão de crédito e débito com as quais a fiscalizada transacionou. A fiscalização aplicou, para os tributos acima destacados, a multa qualificada de 150%, fundada na omissão integral da totalidade das receitas de vendas - em que a Recorrente deixou de informá-las na Fl. 4302DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 4 DIPJ (declaração integralmente preenchida com "0,00" nos valores) - e, principalmente, por ter deixado de declarar e recolher os tributos e contribuições incidentes sobre as vendas. Por conseguinte, a fiscalização preparou e encaminhou Representação Fiscal para Fins Penais, com base no art. 1º, incisos I e II, e art. 2º, ambos da Lei 8.137/90. Por bem descrever, adoto o relatório da decisão hostilizada. É de se reparar que o Acórdão da DRJ utilizou a numeração do processo físico. Entretanto, utilizarei em minhas próprias citações a numeração eletrônica gerada pelo e-processo. Trata-se de impugnação ao Auto de Infração de IRPJ, fls. 2.096/2.103, e aos Autos reflexos PIS, fls. 2.104/2.111; CSLL, fls. 2.112/2.119 e Cofins, fls.2.120/2.128), lavrados e cientificados em 24 de julho de 2009(AR fl. 2.129), relativos ao ano-calendário de 2004, em razão de haver sido apurado omissão de receitas decorrente de revenda de mercadorias com recebimentos em cartões de crédito/débito. Os valores relativos aos fatos geradores verificados encontram-se indicados nos corpos dos autos de infração, nos quais também constam os enquadramentos legais respectivos, atingindo o crédito tributário consolidado o montante de R$ 2.393.737,33 na data da lavratura, compreendendo os valores dos tributos e contribuições, acrescidos da multa de ofício de 150%, e dos juros de mora calculados até 30/06/2009, apurados sob a forma de lucro arbitrado, assim distribuídos: IRPJ..................................................R$ 753.945,97 PIS....................................................R$ 225.549,30 CSLL................................................R$ 373.244,35 Cofins............................................... R$ 1.040.997,71 Os valores da omissão de receita apurados em base mensal, foram os seguintes: 31/01/2004 R$ 839.513,04 29/02/2004 R$ 839.286,33 31/03/2004 R$ 865.936,21 30/04/2004 R$ 873.745,50 31/05/2004 R$ 888.685,56 30/06/2004 R$ 893.174,43 31/07/2004 R$ 946.207,97 31/08/2004 R$ 928.818,24 30/09/2004 R$ 911.499,20 31/10/2004 R$ 968.650,98 30/11/2004 R$ 954.096,69 31/12/2004 R$ 1.087.686,80 Para efeito do cálculo do IRPJ e da CSLL, em base trimestral, foram apurados os seguintes valores: Fl. 4303DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.232 5 1º Trimestre R$ 2.544.735,58 2º Trimestre R$ 2.655.605,49 3º Trimestre R$ 2.786.525,41 4º Trimestre R$ 3.010.434,47 Conforme se vê do “Termo de Verificação e Constatação Fiscal” de fls. 2.086/2.095, foram relatados os seguintes fatos: – o Termo de Início de Ação Fiscal datado de 26/12/2007, enviado ao domicílio fiscal do contribuinte foi devolvido pelo Correio com a informação “mudou-se”; – em 28/12/2007, foi enviada intimação, por via postal, para o mesmo endereço, novamente devolvida; – na mesma data foram enviadas intimações aos sócios da empresa Sr. Roberto Otávio Andreiu(a intimação foi devolvida após três tentativas de entregas); e Sr. Fábio Ribeiro da Silva(apesar da intimação ter sido recebida não houve manifestação nem comparecimento do intimado); – em 31/03/2008, foi enviada por via postal nova intimação à empresa, no endereço do sócio Fábio Ribeiro da Silva, na qual foram requisitados os extratos de contas bancárias, dentre outros elementos. Essa intimação, embora recebida, também não foi atendida; – em 15/04/2008 e 02/06/2008 foram lavrados Termos de Re-intimação Fiscal, reiterando as intimações de 31/03/2008 e 15/04/2008, tendo sido concedido prazos adicionais ao contribuinte. Entretanto, apesar dos longos prazos concedidos, não houve qualquer manifestação por parte da empresa fiscalizada; – em 04/08/2008, foi enviada nova intimação por via postal ao sócio Roberto Otávio Andreiu, a qual, foi devolvida com a informação “desconhecido”; – como não foram respondidas as intimações enviadas aos atuais sócios da empresa fiscalizada, resolveu-se intimar os sócios anteriores, os quais eram titulares da empresa à época dos fatos, Srª Shirlei Aparecida Yamasaki Sampaio Figueiredo e Sr. Sussumu Honda, o qual embora tendo recebido a intimação não se manifestou; – em razão do não atendimento às intimações enviadas, a Fiscalização lavrou o Termo de Embaraço à Fiscalização, fls.139/140; – tendo em vista a falta de atendimento aos Termos Fiscais enviados à empresa e aos sócios atuais e anteriores, a Fiscalização emitiu as requisições de Informações sobre Movimentação Financeira(RMF) às administradoras de cartões de crédito e de débito, para obtenção das informações necessárias aos exames determinados para a presente fiscalização; – recebidos os extratos fornecidos pelas referidas administradoras de cartões de crédito e de débito, os valores ali consignados foram somados mês a mês, tendo sido apurado o valor total de R$10.997.300,95, no ano-calendário de 2004, relativos a vendas com recebimentos por meio de referidos cartões; – ocorre que, para o ano-calendário de 2004, o contribuinte apresentou DIPJ sem qualquer informação sobre as receitas obtidas no período (declaração Fl. 4304DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 6 integralmente preenchida com “0,00” nos valores). Ou seja, as receitas de vendas com cartões de crédito e/ou débito, acima demonstradas, foram integralmente omitidas na apuração dos tributos e contribuições administrados pela RFB; – em 16/06/2009 foram enviadas intimações por via postal ao atual sócio Fábio Ribeiro da Silva, bem como ao ex-sócio, à época dos fatos, Sussumu Honda, tendo sido os interessados intimados a demonstrar e comprovar a escrituração, nos livros contábeis e fiscais, das vendas acima demonstradas, assim como a inclusão desses valores na apuração dos tributos e contribuições administrados pela RFB; – embora recebidas, A R com recebimento em 17/06/2009, fls. 2.056 e 2.060, não houve manifestação por parte do referido ex-sócio, bem como do sócio atual da empresa intimada; – também foi afixado nas dependências da Delegacia franqueada ao público, o Edital de Intimação nº 97/2009, intimando a fiscalizada, de modo a cientificar os interessados a respeito da intimação de idêntico teor às enviadas ao supracitado sócio Fábio Ribeiro da Silva e ao ex-sócio à época dos fatos Sussumu Honda; – já concluída a digitação do presente Termo foram recebidas duas respostas à intimação de 16/06/2009: uma de Sussumu Honda e outra da empresa Supermercado Terra Nova Ltda., cujas respostas não trazem nenhum esclarecimento aos fatos apurados. Regularmente intimado, A R de fls. 2.129 a 2.134, e Edital de Intimação de fl. 2.139, apresentou a impugnação de fls. 2.141 a 2.186, onde em síntese, alega: – que devido a grandes dificuldades financeiras, o Sr. Roberto Otavio Andreiu, sócio/representante do supermercado executado, houve por bem, em efetuar o arrendamento do seu negócio, transferindo o seu estabelecimento comercial a um determinado arrendatário, de acordo com os termos estipulados no instrumento de arrendamento de estabelecimento comercial, cuja cópia segue acostada. Este arrendatário possuía a cessão total do supermercado, com todas as instalações, maquinários, etc...; – diz que em seguida o arrendatário vendeu o estabelecimento comercial para terceiros, o qual teria sumido com todas as mercadorias, documentos, e não efetuou o pagamento à fornecedores, funcionários, água, luz, etc...; – desta forma o intimado não teve como apresentar a documentação solicitada; – diz que a tributação nos moldes efetuados torna-se notoriamente gravosa e deve ser repudiada, pois, evidencia aplicação de penalidade baseada em valores levantados por amostragem, o que evidencia “presunção”, que não pode embasar a autuação fiscal; – alega que é patente a ocorrência do lapso prescricional, tendo a Receita Federal decaído do seu direito de cobrar da requerente qualquer parcela a título de tributo até o mês de junho de 2004, uma vez que, o contribuinte somente foi devidamente intimado em julho de 2009; – combate a quebra de sigilo decorrente da obtenção, pelo fisco, de informações junto às operadoras de cartões de crédito, onde era gerado a movimentação financeira do contribuinte, por entendê-la inconstitucional; – Alega que a Lei Complementar nº 105, de 2001, regulada pelo Decreto nº 3.724, de 2001, deve obedecer à lei maior do país, qual seja, a Constituição Federal de 1988, sendo que no caso vertente, há uma gritante oposição da primeira em relação à segunda; Fl. 4305DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.233 7 – questiona a base de cálculo utilizada para fins de arbitramento do IRPJ e das contribuições sociais, tecendo as seguintes considerações: “ A autuada, como empresa que desenvolve, entre outras atividades, a compra e venda de aeronaves, teve sua base de cálculo estipulada pela fiscalização da seguinte forma(ano base 2000/20001): - no caso do Imposto de renda- no percentual de 15% sobre a receita bruta, mais adicional de 10% sobre os 15%, tudo a título de lucro arbitrado; no caso da CSLL- 12% da receita bruta assim considerada toda a movimentação financeira; no caso do PIS e da Cofins- utilizou a receita bruta da mesma forma que a utilizada para a CSLL; por outro lado, no caso do imposto de renda, foi aplicado, o percentual sobre toda a movimentação financeira”; – discorre sobre o conceito de “receita bruta”, aduzindo que “se o contribuinte logrou apontar os valores realmente percebidos por ela na sua atividade comercial, que, diga-se de passagem estão bem abaixo aos valores transacionados, torna-se inadmissível a exigência de tributo sobre valores que não representam sua receita”; – “o equívoco perpetrado quanto à apuração da base de cálculo ocasiona a cobrança de imposto sobre valor indevido,ou melhor dizendo, incide sobre base de cálculo a maior. Assim evidencia exigência de imposto sem fato gerador, o que é expressamente proibido pela CF/88”; – a seguir faz uma longa exposição sobre o PIS e a Cofins, passando pela Lei Complementar nº 7, de 1970, o art. 195 da CF de 1988, a Lei Complementar nº 70 de 1991, a Lei nº 9.718, de 1998, a Emenda Constitucional nº 20, e art. 110 do CTN, questionando a constitucionalidade da Lei nº 9.718, de 1998, que convalidou a Medida Provisória n° 1.724, de 1998, tecendo criticas sobre a exigência fiscal; – cita jurisprudência sobre o tema, reproduzindo algumas ementas; – insurge-se contra a multa aplicada de 150%, que entende como confisco, e a aplicação da taxa Selic como fator de juros, que considera inconstitucional; – solicita o acolhimento, nesta instância administrativa, de todas as ilegalidades suscitadas em sua defesa. Ao final requer: – a nulidade da autuação fiscal; – alteração da base de cálculo utilizada; – exclusão da tributação das contribuições sociais pela sua inconstitucionalidade; – substituição da multa aplicada de 150% por 10%; e – substituição da taxa Selic por juros não superiores a 1%. É a síntese do essencial. Cumpre-nos esclarecer neste ponto que o mencionado Sr. Roberto Otavio Andreiu, juntamente com o Sr. Fábio Ribeiro da Silva, adquiriram a empresa “Supermercado Terranova” dos senhores Sussumu Honda e Shirlei Aparecida Yamasaki Sampaio de Figueiredo na data de 25/10/2006, conforme atesta alteração contratual juntada aos autos às fls. 4.112. Fl. 4306DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 8 Conforme já informado acima, a Impugnação foi julgada improcedente pela turma da DRJ/SP1, cujo teor da ementa transcrevo abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Ano-calendário: 2004. INCONSTITUCIONALIDADE. Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO. Atendidas as condições previstas na LC n° 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação as garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ. Ano-calendário: 2004 DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que lhe dá suporte A autoridade tributária autoriza o arbitramento dos lucros. DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas A tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP, COFINS E CSLL. Fl. 4307DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.234 9 Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a "0,00"(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações A Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo A autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1° de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 4.224) ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, alegando o que segue: - Decadência: A lavratura deste auto sucedeu-se em 23/07/2009, tendo sido o contribuinte notificado em julho de 2009. Os lançamentos ora exigidos tiveram seu vencimento em 2004. Assim, nos termos do artigo 173, I (sic), o período compreendido entre janeiro de 2004 a junho de 2004, estaria abrangido pelo prazo decadencial. - Nulidade do auto de infração em decorrência da quebra de sigilo bancário: O fornecimento das informações oriundas das operadoras de cartões de crédito deveriam preceder de ordem judicial, logo afrontam ao disposto na CF/88. - Impossibilidade de apresentar documentos: O senhor Roberto Otavio Adreiu arrendou o Supermercado Terranova, razão pela qual não tinha mais acesso às informações e os documentos haviam sido dolosamente extraviados pelo arrendatário. - Desproporcionalidade da aplicação da multa de 150%: pugna pela aplicação do montante de 10%. - Inconstitucionalidade dos juros com base na SELIC. Fl. 4308DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 10 - Base de Cálculo: Impossibilidade de considerar a movimentação dos cartões de crédito/débito como receita bruta para fins de apuração dos impostos. - Reconhecimento da inconstitucionalidade em sede administrativa. Como a discussão acerca da constitucionalidade da requisição de movimentação financeira pelas autoridades fiscais estava pendente de julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, com declaração de repercussão geral no RE 601.314 e com sobrestamento do feito no RE 410.054 AgRg até o julgamento do processo em repercussão geral (RE 601.314), e ante o disposto no artigo 62-A, §1º, do antigo Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 256, de 22/06/2009), o processo conservou-se sobrestado, inicialmente, até decisão final do STF, conforme Resolução n° 1401-000.176 (fls. 4.295). Uma vez que o citado dispositivo legal do Regimento Interno do CARF foi revogado pela Portaria MF nº 545/2013, na data de 30/01/2014 foi proferido Despacho de Reinclusão de Processo Sobrestado (fls. 4.298), cujo teor transcrevo abaixo: “A Portaria MF nº 545, de 28 de novembro de 2013, revogou os §§ 1º e 2º do art.62 do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Tendo em vista a edição desse ato normativo devem ser incluídos em pauta para julgamento os processos referentes às matérias que estão em repercussão geral no Supremo Tribunal Federal (STF) sem trânsito em julgado, de acordo com o rito do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC). Em vista do exposto, o presente processo deve retornar, para prosseguimento do julgamento, em conformidade com as normas do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972”. Em razão da renúncia do mandato do antigo conselheiro relator Alexandre Antônio Alkmin Teixeira, o processo foi novamente distribuído a esta Turma. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Relator O Recurso Voluntário apresentado é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Para melhor elucidação, passarei a discutir cada tópico do Recurso Voluntário em separado: - Da Decadência. Alega a Recorrente que a lavratura do auto de infração se deu 23/07/2009, tendo sido o contribuinte notificado em julho de 2009. Os lançamentos tiveram seu vencimento em 2004. Assim, nos termos do artigo 173, I, o período compreendido entre janeiro de 2004 a junho de 2004, estariam abrangidos pelo prazo decadencial. Fl. 4309DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.235 11 Esta preliminar confunde-se em partes 1 com a aplicação da multa qualificada de 150%, que será mais detalhada adiante. Como se pode observar, a própria recorrente apela à aplicação art. 173, I do CTN, que foi exatamente o dispositivo legal utilizado pela fiscalização para a contagem do prazo decadencial. Mesmo que se argumente que a Recorrente cometera um equívoco na fundamentação legal da contagem do prazo decadencial - pois, para que o período de janeiro a julho de 2004 tivesse sido alcançado pela decadência, assim como alega a autuada, deveria, pois, rogar pela aplicação do art. 150, §4º, do CTN -, entendo que também não cabe razão à Recorrente. É cediço que os tributos objetos do auto de infração (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) estão sujeitos ao lançamento por homologação, conforme dita o caput art. 150 do CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Exsurge da interpretação do caput do artigo a 1ª condição - mas não a única - para que o lançamento por homologação ocorra: o efetivo pagamento do tributo, pelo sujeito passivo, sem o prévio exame da autoridade administrativa. Posteriormente, para que o lançamento seja homologado, a autoridade administrativa deve validar o pagamento antecipadamente efetuado pelo contribuinte. Mesmo que a autoridade administrativa não homologue expressamente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo, o §4º do mesmo dispositivo legal constituiu um prazo (decadencial) para que o pagamento seja homologado tacitamente: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifei) Ou seja, na hipótese de lançamento por homologação, a data inicial da contagem do prazo decadencial está condicionada ao pagamento antecipado do tributo e à constatação (mesmo que tácita) da antecipação deste pagamento, pela autoridade administrativa. Logo, em havendo pagamento antecipado, aplica-se a contagem do prazo decadencial conforme disposto no artigo 150, §4º, do CTN. Por outro lado, não existindo o pagamento, a contagem do prazo decadencial desloca-se para o prazo contido no artigo 173, I do mesmo diploma: 1 A fiscalização aplicou o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, também pelo fato de não haver pagamento antecipado dos tributos lançados no auto de infração. Fl. 4310DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 12 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; O próprio STJ já se manifestou quanto à necessidade de pagamento antecipado do tributo para que o prazo decadencial seja contado com base no art. 150, §4º, proferindo o Acórdão no REsp 973.733/SC, que foi submetido à sistemática dos recursos repetitivos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Fl. 4311DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.236 13 Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Mas não é só isso! Mesmo que haja pagamento antecipado do tributo pelo sujeito passivo, há outra possibilidade de aplicação do art. 173, I do CTN na contagem do prazo decadencial, quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme se depreende da leitura da parte final do §4º, do art. 150 do CTN. Quer dizer, o prazo decadencial do art. 150, §4º do CTN é deslocado para o art. 173, I do mesmo diploma legal em duas situações distintas, as quais não são, necessariamente, dependentes: 1) não há pagamento antecipado do tributo por parte do sujeito passivo; e/ou 2) independentemente de pagamento, constata-se a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No caso concreto, a fiscalização fundamentou a exigência do tributo com base no art. 173, I, do CTN a partir das duas situações acima descritas, conforme se observa de trecho extraído do Termo de Verificação Fiscal (fl. 4.003): Diante dos fatos acima relatados, conclui-se que houve omissão no registro de receitas de vendas e, conseqüentemente, falta de pagamento dos tributos e contribuições incidentes sobre tais receitas. Primeiramente, a fiscalização constatou o dolo pela prática reiterada de omissão de declaração dos tributos aqui lançados, uma vez que a Recorrente sequer informou valores na DIPJ em relação aos 4 (quatro) trimestres do ano de 2004. Ainda assim, mesmo que vencida a aplicação da parte final do 150, §4º, "... salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação", para o deslocamento do início da contagem do prazo decadencial para o "primeiro dia do exercício seguinte ..." ainda assim deve ser aplicado o art. 173, I do CTN para fins de apuração da contagem do prazo decadencial, visto que a Recorrente deixou de apresentar comprovação de pagamento antecipado dos tributos aqui lançados, não cabendo, por conseguinte, fundamentar o alcance da decadência com a justificativa de que o lançamento havia se concretizado em cada período de apuração dos tributos. Desta feita, em razão da ocorrência de dolo e fraude e da não comprovação do pagamento antecipado pelo sujeito passivo, e tendo em vista que o lançamento ocorreu em julho de 2009, deve ser afastada a arguição de que parte do lançamento esteja alcançado pela decadência, com base na tabela a seguir: Tributo Fato Gerador (2004) (A) Mês do Lançamento (B) Decadência (C) IRPJ e CSLL 31/03, 30/06, 30/09 Abril, julho e outubro/2004 01/01/2010 IRPJ e CSLL 31/12 Janeiro/2005 01/01/2011 PIS e COFINS 31/01 a 30/11 Fevereiro a dezembro/2004 01/01/2010 Fl. 4312DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 14 PIS e COFINS 31/12 Janeiro/2005 01/01/2011 (A) - Período de apuração trimestral para IRPJ e CSLL e mensal para PIS e COFINS. (B) - Período em que deveria ocorrer o lançamento por homologação. (C) - Um dia após o prazo contado de 5 anos do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. - Da Quebra de sigilo bancário. Em que pese o argumento da Recorrente sobre a ordem de quebra de sigilo, entendemos que este assunto está superado por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal, proferida em sede de repercussão geral, no Recurso Extraordinário n° 601.314, que reconheceu a legalidade do fornecimento de informações sobre movimentação bancária dos contribuintes pelas instituições financeiras para apuração de créditos tributários, confira: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DOS CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Dessa forma, descabido o argumento da Recorrente sobre a ilegalidade da aplicação da Lei Complementar n° 105 de 2001 no presente caso. - Da omissão de receitas Como já tratado, a omissão de receitas foi apurada a partir do cruzamento das informações contidas nos extratos de cartões de crédito e débito, fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito/débito a partir da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira, e os valores informados na DIPJ pela fiscalizada, que, diga-se, foi entregue com informações 'zeradas'. Outrossim, a Recorrente deixou de apresentar seus livros contábeis e fiscais que pudessem, mesmo que, previamente, refutar as alegações feitas pela fiscalização. Como foi feito no brilhante voto condutor do Acórdão da DRJ, reproduzo as várias tentativas, pelo fisco, de se alcançar os documentos e esclarecimentos fundamentais para o aclaramento da real movimentação da Recorrente. A ação fiscal teve início em 28/12/2007, com o envio do respectivo Termo de Inicio de Ação Fiscal fl.98, no qual o Contribuinte foi intimado a apresentar livros contábeis e fiscais, Estatuto Social e devidas alterações e a exibir os comprovantes de repasses efetuados pelas empresas Administradoras de Cartões de Crédito. Já no Termo de Ciência e de Continuação de Ação Fiscal de fl. 104, datado de 18/02/2008, o Fiscalizado foi re-intimado a apresentar os documentos solicitados no Termo de Início acima citado. Fl. 4313DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.237 15 Posteriormente, em 02/04/2008, fls. 107/108, foi novamente intimado a apresentar os extratos e/ou comprovantes de recebimentos por conta de operações com cartões de crédito/débito; escrituração dos livros contábeis e fiscais e documentação correspondente; e o livro Modelo 6. Seguiram-se as re-intimações de 17/04/2008 e 04/06/2008, que também não foram atendidas. Em 04/08/2008, foi enviada nova intimação, desta vez para o domicílio fiscal do sócio Roberto Otávio Andreiu, que retornou com a informação “desconhecido”. Em 30/12/2008, foram enviadas intimações para os ex-sócios da empresa Shirlei Aparecida Yamasaki Sampaio de Figueiredo e Sussumu Honda, que eram titulares da empresa no ano-calendário sob fiscalização(2004). Tendo em vista o não atendimento a nenhuma das intimações a Fiscalização lavrou em 02/03/2009, o termo de Embaraço À Ação Fiscal, fls. 139/140. Não sendo atendidas as intimações acima especificadas, e configurando-se a hipótese prevista nos artigos 6º, da Lei Complementar nº 105, de 2001, e 1º a 3º, do Decreto nº 3.724, de 2001, foram providenciadas as correspondentes Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) encaminhadas às administradoras de cartões de crédito com as quais a empresa operava, o que resultou na juntada dos documentos de fls. 147 a 2016(Visanet) e 2.019 a 2.053(Redecard). De posse das informações fornecidas, o autor do feito elaborou o Demonstrativo de fl. 2.054, contendo os recebimentos concernentes às vendas mensais realizadas pela empresa em 2004, por meio dos cartões de crédito/débito, e a intimou em 17/06/2009 a “ Demonstrar e comprovar a escrituração, nos livros contábeis e fiscais, das vendas com cartões de crédito e/ou débito, abaixo demonstradas, cujos valores foram extraídos dos extratos fornecidos pelas administradoras dos cartões” e a “Demonstrar e comprovar a inclusão dos valores acima mencionados, na base de cálculo dos impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil” Ressalte-se que essa intimação foi enviada, concomitantemente, para o domicílio fiscal da empresa; do sócio Fábio Ribeiro da Silva e do ex-sócio Sussumu Honda. Diante - mais uma vez - do silêncio da Fiscalizada, do sócio e do ex-sócio foi emitido Edital de Intimação nº 97/2009, afixado em 10/06/2009 e retirado em 16/07/2009. Em 29/06/2009, por meio de sua advogada, o Sr. Sussumu Honda respondeu à Fiscalização, informando que teria se retirado da sociedade em 25 de outubro de 2006, e que os novos proprietários teriam assumido todo ativo e passivo do Interessado, e que ele, desde então, não teria acesso às dependências da empresa. Em 16/07/2009, por intermédio de procuradora, o Supermercado Terra Nova Ltda., informou que devido a grandes dificuldades financeiras o Sr. Roberto Otávio Andreiu, sócio/representante do supermercado, efetuou o arrendamento do mesmo transferindo o seu estabelecimento comercial a um determinado arrendatário com a cessão total do supermercado. Alega que ato contínuo o arrendatário vendeu o estabelecimento comercial para terceiros, que teria sumido com todas as mercadorias, documentos, etc... e desta forma não tem como apresentar a Fl. 4314DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 16 documentação solicitada, pois seu estabelecimento comercial encontra-se com as portas fechadas e a documentação extraviada. Juntou os documentos de fls. 2.078/2.081(Instrumento Particular de Arrendamento) e 2.082/2.083 (Representação Criminal). Pelo acima exposto, verifica-se que, regularmente intimada e re-intimada, a empresa deixou de apresentar ao Fisco os livros contábeis e fiscais, a documentação respectiva, e tampouco informou os valores recebidos por meio de cartões de crédito/débito que permitissem o cotejo com os valores consignados nos extratos dos cartões de crédito/débito fornecidos pelas administradoras, nem se manifestou sobre os dados coletados acerca dos valores a ela repassados pelas citadas administradoras. Preferiu, na fase impugnatória, contestar a exigência com base em argumentos que, diante dos passos procedimentais do feito, denota a intenção de somente protelar a realização do crédito tributário, ao levantar questões que estariam a viciar as exigências formalizadas. O fato é que a empresa não possui os livros contábeis/fiscais ou qualquer documentação, e na sua impugnação manteve-se no campo das alegações não trazendo à colação nenhum documento que pudesse infirmar a autuação fiscal. Registre-se o equívoco do contribuinte ao afirmar “que desenvolve entre outras atividades, a compra e venda de aeronaves”(fl. 2.153), pois segundo seu objeto social(Cláusula 3ª da Consolidação da Alteração Contratual, fl.2.074) suas atividades são de “supermercado e importação de produtos alimentícios e bebidas em geral”. Da mesma forma equivocou-se ao citar “ano base 2000/2001”(fl. 2.154), pois, o ano-calendário fiscalizado é 2004. Como visto, a Recorrente sequer apresentou algum documento durante o procedimento fiscal. Somente a partir do cruzamento das informações fornecidas por terceiros (operadoras de cartão) com a DIPJ é que a fiscalização teve a plena convicção de que a Recorrente omitira todas as informações decorrentes de sua real movimentação, razão pela qual fundamentou, acertadamente, seu auto de infração com base na omissão de receitas (e arbitramento) constantes nos artigos 224, 283, 285, 288, 528, 532 e 537 do RIR/99. - Da falta de apresentação de documentos Alega a Recorrente que, por ter arrendado o estabelecimento comercial, não havia como cumprir as intimações da Receita Federal, muito embora as tenha recebido. Por mais que este Relator entenda que tal argumento não tenha o condão de alterar a constituição do crédito, impende salientar que a legislação tributária prevê situações como esta, conforme preconiza o artigo 195 do Código Tributário Nacional: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Fl. 4315DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.238 17 Como amplamente citado no Termo de Verificação Fiscal, a Recorrente e todos os sócios foram intimados e reintimados a apresentar os documentos e esclarecimentos necessários ao deslinde da questão argüida pela fiscalização, qual seja, se os valores constantes nos extratos de cartão de crédito/débito haviam sido oferecidos à tributação, solicitando à Recorrente que demonstrasse sua real movimentação com base em seus livros contábeis e fiscais, uma vez que na DIPJ a Recorrente havia informado que apurava o IRPJ pelo regime de tributação do lucro real trimestral. Caso a Recorrente verdadeiramente desejasse comprovar que não praticou a referida omissão, e em sendo extraviados seus documentos, deveria ao menos solicitar à fiscalização prazo para que preparasse e encaminhasse seus livros contábeis e fiscais, uma vez que a apuração do IRPJ com base no lucro real trimestral exige a manutenção, pela empresa, em boa guarda dos livros comerciais e fiscais. Ao contrário, a Recorrente e seus sócios permaneceram inertes, acreditando que este seria o melhor caminho para se evadir de suas obrigações. Nesse sentido, entendo que não tem razão a Recorrente. - Da base de cálculo (Lucro Arbitrado) A Recorrente alega que houve erro na apuração da base de cálculo dos tributos lançados. Argumenta que o Imposto sobre a Renda foi aplicado sobre toda a movimentação financeira, e não sobre sua receita bruta, que, segundo a Recorrente, é obtida pela diferença entre o valor de face do título adquirido e o montante pago pela sua aquisição, condicionando ainda na efetiva liquidação do título. Diz ainda que demonstrou, com base em documentos, que os valores realmente percebidos por ela estão bem abaixo daqueles levantados pela fiscalização. Cita que a receita das empresas de factoring decorrem da diferença entre a quantia expressa no título de crédito adquirido e o valor pago. Por fim, em relação ao Pis e à Cofins, aduz que a diferença entre bases é mais gritante porque a legislação define o que é receita bruta. Entendo que as argumentações da recorrente não merecem ser acolhidas. De plano, deve-se afastar a comparação da apuração da base de cálculo da Recorrente com as atividades de factoring. Ora, a atividade da Recorrente - (re)venda de mercadorias - não tinha qualquer similaridade com a atividade de factoring, trazida aqui pela Recorrente com objetivo de confrontar e, conseqüentemente, reduzir a base de cálculo dos tributos lançados no auto de infração. Vencido isto, impende ressaltar que a Recorrente informou na DIPJ que apurava o IRPJ com base no lucro real trimestral. Logo, como dita a legislação de regência do imposto de renda, deveria manter e apresentar, quando solicitados, seus livros contábeis (diário e razão) e seu livro fiscal de apuração do lucro real (Lalur), que demonstrassem todas as suas movimentações, independentemente das atividades por ela exercidas. Não foi o que ocorreu! Fl. 4316DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 18 A Recorrente escolheu permanecer imóvel, omitindo inclusive informações básicas solicitadas pelo fisco, as quais não dependeriam de grandes esforços para que fossem apresentadas. Desta forma, não houve outra alternativa ao Fisco a não ser lavrar o competente Termo de Embaraço à Fiscalização, que lhe permitiu solicitar as informações sobre os cartões de crédito e débito junto às operadoras de cartões com as quais a Recorrente transacionou, que, assente-se, a própria Recorrente deveria ter em mãos, para apresentação imediata à fiscalização. Após respostas das operadoras referentes aos pagamentos decorrentes de cartões de crédito e débito, a Recorrente (via Edital), o ex-sócio, à época dos fatos, Sussumu Honda, e o atual sócio, na época da lavratura do auto de infração, Fábio Ribeiro da Silva, ambos via postal, foram intimados a demonstrar e comprovar a escrituração, nos livros contábeis e fiscais, das vendas acima demonstradas, assim como a inclusão desses valores na apuração dos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Porém, apesar de regularmente intimados, a Recorrente e seus sócios preferiram a inércia. Em decorrência desta conduta, a fiscalização não teve acesso aos livros contábeis e fiscais da Recorrente para que convalidasse a apuração do resultado fiscal da empresa com base no lucro real trimestral, que fora indicado pela Recorrente na DIPJ. Nesse sentido, perfeitamente cabível a apuração do lucro arbitrado, com base nos elementos de posse da fiscalização, que, frise-se, foram levantados junto a terceiros. Reproduzo abaixo a fundamentação e os motivos para o arbitramento constantes no Acórdão da DRJ/SP1, os quais adoto como razões de decidir do meu voto: Diante de tal fato, agiu corretamente a autoridade fiscal, pois, outra não é a determinação, devidamente atendida pelo autuante, trazida pelo art. 530, incisos I e III, do mencionado RIR/1999, que dispõe: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano- calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I- o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; (...) III- o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; Aliás, outro não é o entendimento da jurisprudência administrativa, conforme se pode ver por meio da ementa, abaixo reproduzida, do seguinte Acórdão: ARBITRAMENTO – A falta de escrituração na forma das leis comerciais e fiscais autoriza o arbitramento do lucro para efeito de tributação pelo imposto de renda (Ac. 101-92.692/1999 – DOU 29/07/1999) Fl. 4317DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.239 19 A tributação das receitas omitidas, em vigor no ano-calendário de 2004, e adotada pela autoridade fiscal, está prevista nos artigos 532 e 537 do RIR/1999, que assim dispõem: Art.532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, § 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I). Art. 537. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 532 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). (...). No caso concreto, a Alteração Contratual de Sociedade Empresária Limitada, fls. 93/97, informa em sua cláusula 3ª que o objeto da sociedade é “supermercado e importação de produtos alimentícios e bebidas em geral”. Assim, o coeficiente de determinação do lucro arbitrado aplicado sobre a receita bruta conhecida, ou seja, os valores informados pelas Administradoras de Cartões de Crédito/Débito, no percentual de 9,6% (nove inteiros e seis décimos) está em perfeita sintonia com a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores em análise. Portanto, diante do exposto, correto o método utilizado pelo autuante, para fins de apuração dos resultados da interessada, tornando-se, dessa forma, descabidas as alegações trazidas pela defesa quanto a tal tópico. Convém ainda observar que o trabalho da fiscalização seguiu rigorosamente a legislação tributária quanto à apuração da CSLL e da contribuição para o PIS e da COFINS a partir da apuração do lucro arbitrado, considerando para o IRPJ e CSLL a base de presunção destacada na legislação e para o PIS e COFINS a base de cálculo do regime cumulativo, qual seja, receita bruta decorrente de sua atividade. - Das penalidades 1) Desproporcionalidade da aplicação da multa de 150% A Recorrente alega absurda a multa de 150%, que não guarda relação com a atual situação econômica nem com a gravidade da infração (princípio da proporcionalidade razoável) e que tem natureza de confisco. Ainda, como prega que a multa tem caráter moratório, cita processo judicial em que o juízo a quo, segundo a recorrente, reduziu uma multa de 30% para 10%, concluindo (e solicitando no recurso) que esta multa (10%) é que deveria ser aplicada. Fl. 4318DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 20 Ab initio, convém advertir que não cabe a este tribunal administrativo emitir juízo de valor quanto à aplicação de multa(s) diversa(s) daquela(s) estabelecida(s) em lei, devendo observar estritamente os fatos e o seu respectivo enquadramento na legislação tributária. No caso concreto, a multa aplicada têm fundamento no inciso II do art. 44 da Lei 9.430/96, que posteriormente foi alterado para o § 1º do mesmo artigo, que prescreve que a multa de ofício (75%) - que é a multa aplicável em decorrência de um procedimento fiscalizatório - deve ser aplicada em dobro (150%) nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64: Lei nº 9.430, de 1996: (à época dos fatos) Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I – de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II – cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. No Recurso Voluntário, a Recorrente requer que a multa de 150% seja reduzida para o montante de 10%. Entretanto, conforme se depreende do artigo mencionado acima, não há fundamento legal que autorize o pretendido. A Recorrente tampouco requer em seu Recurso Voluntário que a multa seja reduzida nos montantes previstos em Lei, qual seja 75%. Dessa forma, é de rigor a manutenção da multa de ofício qualificada. Não obstante o requerimento inadequado da Recorrente, cabe tecer alguns comentários sobre a necessidade da manutenção da multa qualificada, veja: Como restou comprovado no auto de infração, a Recorrente omitiu todas as informações sobre a receita de (re)venda de mercadorias, apresentando DIPJ com informações 'zeradas' em relação aos 4 trimestres do ano de 2004 (fls. 15 a 92), apesar de ter movimentado a cifra de R$ 10.997.300,95. Esta movimentação decorre, a meu ver, de receita da atividade de revenda de mercadorias da fiscalizada, pois, como as informações foram fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito e débito, não vislumbro outra possibilidade a não ser de elementos decorrentes de pagamentos efetuados pelos clientes da fiscalizada ao efetuarem suas compras nos estabelecimentos da empresa Recorrente. Isto porque as informações fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito e débito diferem das informações constantes nos extratos bancários das entidades financeiras, que, por vezes, podem apresentar valores que não necessariamente decorrem do exercício da própria atividade empresarial, como, por exemplo, empréstimos tomados, resgates de Fl. 4319DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.240 21 aplicação, transferências de mesma titularidade e outros valores que não advém, necessariamente, do exercício da atividade empresarial. Aliás, os extratos dos cartões de crédito e débito (fls. 163 a 3.965) se referem à movimentação financeira de 7 estabelecimentos da empresa fiscalizada (CNPJ 43.043.918/0001-20, 0002-01, 0003-92, 0005-54, 0006-35, 0007-16, 0009-88), o que afasta qualquer alegação da Recorrente de que houve um lapso na apuração e pagamento de tributos, diante da relevante movimentação financeira. Soma-se a isso o fato de que a Recorrente, apesar de regularmente intimada e reintimada, sequer apresentou um livro contábil/fiscal - nem mesmo com resultado deficitário (prejuízo contábil e/ou fiscal) - com fins de afastar as acusações da fiscalização. Pelo contrário, conforme conta dos autos, a empresa permaneceu inerte, sendo que, a partir da autuação, não restou outra alternativa a não ser atacar as medidas tomadas pelo fisco (inconstitucionalidade da RMF, multa confiscatória, desenvolvimento de outras atividades não verificadas pelo fisco) para tentar se desprender da exação lhe imposta. É de se reparar que o próprio ex-sócio da empresa, Sr. Sussumu Honda, em resposta apresenta a posteriori, mas ainda antes da lavratura do auto de infração, confessa que será responsabilizado penalmente pela ocorrência da omissão da receita objeto da presente autuação: Já concluida a digitação do presente Termo, foram recebidas duas respostas à intimação de 16/06/2009, a saber: 1) a primeira de SUSSUMU HONDA, alegando, através de sua advogada, que, pelo fato de ter-se retirado da sociedade em 25/10/2006, e transferido todo o ativo e passivo aos novos sócios, não teria acesso As dependências da empresa, bem como a nenhum tipo de documentação; deve-se ressaltar que SUSSUMU HONDA era sócio da empresa no ano-calendário de 2004, época da ocorrência da omissão de receita objeto da presente autuação, e que, por isso, será responsabilizado penalmente; (gn) Assim, entendo que a postura da Recorrente tinha fim específico de fraudar o Fisco, sendo cabível portanto a multa no montante aplicado pela fiscalização, que deve se manter pelos seus próprios fundamentos aqui narrados. 2) Selic A Recorrente alega inconstitucionalidade da aplicação da Selic. Conforme já mencionado acima, não cabe ao julgador administrativo inferir acerca de inconstitucionalidade de lei até que esta seja declarada pelo Tribunal competente. Não obstante, este E. Conselho possui entendimento consubstanciado na Súmula n° 04 no sentido de que “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais”. Fl. 4320DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 22 Dessa forma, descabido o argumento da recorrente pela ilegalidade da aplicação da SELIC. - Multa A Recorrente também alega inconstitucionalidade da aplicação da multa. Em relação às supostas inconstitucionalidades alegadas, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. A autoridade administrativa é vinculada à legalidade estrita, seja nos termos da Lei 8.112 de 1990, em seu artigo 116, III, como bem assinalou a decisão recorrida, seja pelo artigo 41, inciso IV, do Anexo II, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Assim, a partir do momento em que a norma é inserida em nosso sistema legislativo, esta é dotada de presunção de legitimidade, legalidade e constitucionalidade, e é obrigação da autoridade administrativa a sua aplicação, não cabendo ao julgador administrativo apontar eventuais vícios desta norma, papel este incumbido ao Poder Judiciário pelo princípio da unidade da jurisdição. - Lançamentos Reflexos (CSLL, PIS e COFINS): Quanto ao lançamento dos tributos reflexos decorrentes do procedimento de ofício, não havendo nenhum fato que enseje uma conclusão diversa e somado ao fato de decorrerem dos mesmos fatos e mesmas provas, o que restar aplicado em relação ao IRPJ repercutirá no PIS, COFINS e CSLL. Conclusão Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 4321DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Relatório Voto
score : 1.0
Numero do processo: 10980.934216/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.755
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 42 16 /2 00 9- 84 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.934216/200984 Acórdão n.º 3402003.755 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 52DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.011062/2006-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF).
EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. Esta pretensão não encontra respaldo no ordenamento jurídico, pois o comando normativo é claro ao determinar a incidência das aludidas contribuições sobre o faturamento.
QUALIFICAÇÃO DA MULTA. ART. 44, § 1°, DA LEI Nº 9.430/96. Estando devidamente consubstanciado nos autos a atividade fraudulenta do contribuinte, o percentual de multa deve ser duplicado.
Numero da decisão: 1301-002.141
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF). EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. Esta pretensão não encontra respaldo no ordenamento jurídico, pois o comando normativo é claro ao determinar a incidência das aludidas contribuições sobre o faturamento. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. ART. 44, § 1°, DA LEI Nº 9.430/96. Estando devidamente consubstanciado nos autos a atividade fraudulenta do contribuinte, o percentual de multa deve ser duplicado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 01 10 62 /2 00 6- 14 Fl. 1638DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/200614 Acórdão n.º 1301002.141 S1C3T1 Fl. 1.639 2 Relatório Cuida o presente processo de auto de infração de IRPJ, com reflexos de CSLL, PIS e COFINS, relativo aos anoscalendário de 2003 e 2004 (fls. 1462/1511). Nos termos do Relatório da Ação Fiscal (fls. 1453/1461), foram apuradas as seguintes infrações: (i) omissão de receitas nas declarações entregues ao fisco, no valor de R$ 671.390,51, tendo em vista a falta de registro de notas fiscais de venda de mercadorias nos livros fiscais e contábeis; (ii) superavaliação de custos no valor total de R$ 108.373,95, reduzindo indevidamente o lucro líquido por meio do registro de compra de mercadorias para revenda em valores superiores aos de fato ocorridos; (iii) não recolhimento do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS em função das citadas infrações tributárias, além do não recolhimento do IRPJ e da CSLL em relação ao anocalendário de 2004, tendo sido lavrados autos de infração que totalizam R$ 565.409,69. Ademais, foi realizado o recálculo dos valores mensais devidos por estimativa a título de IRPJ e CSLL no anocalendário de 2003 em virtude das infrações apuradas, sendo aplicada multa isolada de 50% sobre esses valores. Foi, ainda, cominada multa de ofício qualificada no patamar de 150%, nos termos do artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96 em razão do evidente intuito de fraude. Apenso aos autos tramita o processo administrativo n° 11080.01 1056/2006 67 que formalizou Representação Fiscal para Fins Penais. Inconformado, o contribuinte apresentou Impugnação (fls. 1516/1531), alegando, em síntese, que (i) o valor do ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS, em função da inconstitucionalidade da legislação que rege a matéria; (ii) a exclusão das receitas não operacionais da base de cálculo do PIS e da COFINS; (iii) redução da multa de ofício ao patamar de 75% por não ter sido comprovado o evidente intuito de fraude; (iv) desproporcionalidade das multas aplicadas e afronta ao princípio do nãoconfisco; e (v) necessidade de aplicação das multas no percentual de 50% em virtude da retroatividade da lei mais benigna. A 5° Turma da DRJ/POA decidiu, por unanimidade de votos, em julgar improcedente a impugnação (fls. 1611/1616), mantendo o crédito tributário, conforme consignado na seguinte ementa: Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 ARGÚIÇAO DE INCONSTITUCIONALIDADE. As autoridades administrativas não podem negar aplicação às leis regularmente emanadas do Poder Legislativo. O exame da constitucionalidade ou Iegalidade das leis é tarefa reservada ao Poder Judiciário. ICMS; EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. Não há base legal para exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 1639DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/200614 Acórdão n.º 1301002.141 S1C3T1 Fl. 1.640 3 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a imposição da multa qualificada de 150% quando demonstrada a ocorrência de evidente intuito de fraude. A sistemática omissão de receitas e majoração de custos evidencia a intenção dolosa da contribuinte. COMPENSAÇÃO. Eventual direito creditório da empresa deve ser apurado e compensado em processo próprio, refugindo ao escopo do presente processo. Lançamento Precedente Contra essa decisão, foi interposto Recurso Voluntário (fls. 1619/), no qual o contribuinte repisa os argumentos expostos na impugnação e alega, preliminarmente, que houve cerceamento de defesa, haja vista que a decisão de 1° instância não apreciou as questões suscitadas em sua defesa por se tratarem arguições de inconstitucionalidade ou ilegalidade da legislação tributária. É o relatório. Passo a decidir. Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e, portanto, dele conheço. Em seu recurso, o Recorrente sustenta a nulidade da decisão prolatada pela DRJ, por entender que houve cerceamento de defesa ao não terem sido apreciadas suas arguições relativas à inconstitucionalidade ou ilegalidade da lei tributária. A decisão recorrida desconhece essas alegações nos seguintes termos: As demais reclamações da interessada, no tocante ao mérito, se dirigem à suposta ilegalidade ou inconstitucionalidade dos atos legais que suportam os lançamentos. A apreciação de argüições de inconstitucionalidade ou ilegalidade da legislação tributária foge do alcance das autoridades administrativas de qualquer instância, uma vez que não detém competência para examinar a legitimidade de normas inseridas no ordenamento jurídico nacional. Essa tarefa achase reservada ao Poder Judiciário. (...) Desconheço, portanto dessas alegações de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Primeiramente, entendo que a suscitada nulidade da decisão recorrida não encontra amparo legal. O art. 59 do Decreto nº 70.235/72 estabelece as seguintes hipóteses de nulidade das decisões: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 1640DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/200614 Acórdão n.º 1301002.141 S1C3T1 Fl. 1.641 4 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. (...) Observase, pois, que este dispositivo não é aplicável ao presente caso, visto que o acórdão de 1ª instância foi proferido por autoridade competente. Ademais, não há que se falar em preterição do direito de defesa. Conforme dispõe a Súmula n° 02 do CARF, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, estando, a meu ver, correto o entendimento adotado pelo julgador da DRJ. Não há, portanto, que se falar em nulidade da decisão recorrida. Quanto ao mérito, importante registrar que o contribuinte não trouxe aos autos quaisquer alegações ou documentos visando afastar as infrações cometidas. O Recorrente aduz somente que o valor do ICMS e as receitas não operacionais devem ser excluídas da base de cálculo do PIS e da COFINS, bem como requer a redução da multa de ofício. Em relação à exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, entendo que tal pretensão não encontra respaldo no ordenamento jurídico, pois o comando normativo é claro ao determinar a incidência das aludidas contribuições sobre o faturamento, que por sua vez é entendido/confundido comumente com o conceito de receita bruta. Todavia, tal discussão, trazida aos autos, não pode prosperar e nem de fato existir aqui neste tribunal adminsitrativo. Isso porque, o argumento trazido pela Recorrente sobre o resultado do julgamento do RE 240.785/MG, o qual decidiuse pela exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS, foi proferido em sede do citado Recurso Extraordinário o que, per se, não possui o condão da repercussão geral. Logo, não há como se discutir nos autos a tese da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Portanto, o argumento da Recorrente é, mais uma vez, descabido. Também não merece prosperar o agumento relativo à exclusão das receitas não operacionais da base de cálculo das referidas contribuições. Conforme bem apontado pelo julgador da DRJ, “as receitas omitidas, ora tributadas, são decorrentes de vendas de mercadorias, portanto, são receitas operacionais. Com isso, é impertinente o pedido de exclusão de receitas não operacionais da base de cálculo do lançamento”. No que se refere à redução das multas aplicadas, o contribuinte alega que, em nenhum momento do relatório de fiscalização, bem como do auto de infração, restou caracterizado o dolo, ou seja, a intenção de sonegar tributos ou fraudar a fiscalização. Fl. 1641DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/200614 Acórdão n.º 1301002.141 S1C3T1 Fl. 1.642 5 O agravamento da multa, na forma prevista pelo § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, pode ser aplicado tãosomente aos casos em que o contribuinte incorra em uma das hipóteses descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. De fato, não pode ser presumida pela autoridade fiscalizadora a atividade de sonegação, fraude ou conluio, devendo o lançamento da multa qualificada de 150% ser minuciosamente descrito e comprovado pelo agente fiscal. No caso em questão, contudo, entendo que o dolo do contribuinte está perfeitamente identificado no Relatório da Ação Fiscal (fls. 1453/1461). O agente fiscal aponta que o contribuinte deixou de registrar as notas fiscais de venda de produtos em seus livros fiscais e contábeis. Além do mais, foram realizados lançamentos dos produtos adquiridos em valores superiores aos constantes nas notas fiscais. Nos termos do relatório fiscal, “a prática executada pela fiscalizada consistia em acrescentar um zero ao valor real, efetuando o registro nos livros fiscais em valor dez vezes superior ao efetivo da operação”. Não bastassem as infrações cometidas em 2003, no anocalendário de 2004, o contribuinte não declarou em DCTF e nem recolheu os valores apurados em sua DIPJ. Resta, portanto, nítida a intenção do sujeito passivo em lesar o fisco, tendo as notas fiscais sido indevidamente registradas, ou não registradas, em seus livros. Considero, portanto, correta a aplicação da multa de ofício no patamar de 150% do valor dos tributos devidos. Igualmente, não merecem guarida as alegações do Recorrente quanto à afronta aos princípios da proporcionalidade e do nãoconfisco à aplicação das penalidades aplicadas. A autoridade autuante observou a legislação tributária na cominação das multas. Ademais, não compete a este Colegiado julgar a inconstitucionalidade das leis tributárias vigentes, conforme entendimento já pacificado pela Súmula n° 02 do CARF. Por último, julgo improcedente o pedido de compensação do saldo remanescente de PIS e COFINS com o valor devido IRPJ e CSLL, nos termos da Lei nº 9.250/95. Caso o contribuinte entenda que possui direito creditório contra a Fazenda Nacional, deverá formular pedido próprio e dirigilo à autoridade competente para realizar sua análise. Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, negolhe provimento, mantendose o lançamento tributário. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 1642DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/200614 Acórdão n.º 1301002.141 S1C3T1 Fl. 1.643 6 Fl. 1643DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
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Numero do processo: 10183.004911/2005-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Ano-calendário: 2002
ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; - DATA ANTERIOR AO FATO GERADOR - ATO CONSTITUTIVO.
A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-Ia da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA tempestivo.
Recurso Especial do Procurador Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-004.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para considerar isenta somente a área de reserva legal tempestivamente averbada, de 7.195,96 ha, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Anocalendário: 2002 ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; DATA ANTERIOR AO FATO GERADOR ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimiIa da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA tempestivo. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 49 11 /2 00 5- 81 Fl. 777DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para considerar isenta somente a área de reserva legal tempestivamente averbada, de 7.195,96 ha, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Fl. 778DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/200581 Acórdão n.º 9202004.408 CSRFT2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de auto de infração (fls. 01/09) relativo ao Imposto Territorial Rural – ITR, relativo ao exercício de 2002, do imóvel denominado Fazenda Saudade, (NIRF 0.544.6996), localizado no município de Cocalzinho/MT, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 745.995,91, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de fls. 06/07, foi glosada a área de Utilização Limitada informada na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural _ ITR, em virtude do não cumprimento dos requisitos estabelecidos na lei para a exclusão dessa área da incidência do imposto. As alterações no cálculo do imposto estão demonstradas á fl. 02. A glosa efetuada culminou com a redução do grau de utilização de 100,0% para 0,0%, com a alteração da alíquota aplicável do imposto, de 0,45% para 20,0%, conforme a tabela mencionada no art. 11 da Lei nº 9.393/96. Conseqüentemente, a área tributável sofreu aumento de 20.072,7 ha para 33.374,9 ha. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande/MS julgado o lançamento procedente em parte, mantendo o valor do imposto de R$ 101.636,49, com a multa de ofício e juros de mora calculados nos mesmos percentuais do auto de infração. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos, deu parcial provimento ao recurso para considerar como área de reserva legal a de 13.252,65 ha. Portanto, em sessão plenária de 21/10/2010, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2201001.250, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA DE RESERVA LEGAL. COMPROVAÇÃO. A averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, faz prova da existência da área de reserva legal, independentemente da apresentação tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA).” O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 10/02/2012 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, no mesmo dia, o Recurso Especial. Em seu Fl. 779DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 recurso visa a reforma da decisão recorrida, restaurando o inteiro teor da decisão de primeira instância. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº da 2ª Câmara, de 04/06/2012. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações: · que da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo contribuinte, cuja finalidade é ver reconhecida a isenção sobre a área apontada, confirmase o não cumprimento, de forma tempestiva, da exigência da protocolização do Ato Declaratório Ambiental – ADA, perante o IBAMA ou órgão conveniado, relativamente ao ITR do exercício de 2002. · que o citado dispositivo legal trata de concessão de benefício fiscal, razão pela qual deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 do Código Tributário Nacional, e que, inclusive, o CARF editou a Súmula nº 41 sobre o tema: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000”. · que, pelo enunciado transcrito acima podemos deduzir que, se a ausência do ADA não poderia motivar lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000, após este período, com a publicação da Lei nº 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17O, §1º da Lei nº 6.938/81, o lançamento pode e deve ser feito, como ocorreu no caso dos autos. · que a exigência do ADA encontrase consagrada na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, art. 170, §1º, com a redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27/12/2000, já em vigor para o ITR do exercício de 2002, e que esse diploma reitera os termos da Instrução Normativa n° 43/97, no que concerne ao meio de prova disponibilizado aos contribuintes para o reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, com vista à redução da incidência do ITR. · que, para efeito de exclusão das áreas de reserva legal e de preservação permanente da incidência do ITR, é necessário que o contribuinte comprove o reconhecimento formal específica e individualmente da área como tal, apresentando o ADA respectivo ou protocolizando requerimento de ADA perante o IBAMA ou em órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da declaração, conforme IN SRF nº 43/97, com redação dada pela IN SRF nº 67/97. · que a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou não requerido a tempo, em penalidade pecuniária, definida no art. Fl. 780DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/200581 Acórdão n.º 9202004.408 CSRFT2 Fl. 4 5 113, §§ 2° e 3º, da Lei n°5.172/1966 (Código Tributário Nacional — CTN), ou seja, a ausência do ADA não enseja multa regulamentar o que ocorreria caso se tratasse de obrigação acessória , mas sim incidência do imposto. · que o que não é exigido do declarante é a prévia comprovação das informações prestadas, ficando o contribuinte responsável por preencher os dados relativos às áreas de preservação permanente e de utilização limitada, apurar e recolher o imposto devido, e apresentar a sua DITR, sem que lhe seja exigida qualquer comprovação naquele momento; e somente se solicitado pela Secretaria da Receita Federal, o contribuinte deverá apresentar as provas das situações utilizadas para dispensar o pagamento do tributo. · que o prazo para apresentação do requerimento para emissão do ADA jamais deixou de existir, tanto que o Decreto nº 4.382, de 19/09/2002, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do ITR (Regulamento do ITR), e que consolidou toda a base legal deste tributo, assim dispõe em seu art. 10: · que não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da declaração do contribuinte de que sua propriedade está inserida em área de utilização limitada e de preservação permanente, não possa a autoridade pública exigir a comprovação do alegado através da documentação competente, uma vez que o direito ao beneficio legal deve estar documentalmente comprovado, e que o ADA, apresentado tempestivamente, é o documento exigido para tal fim. Cientificado do Acórdão nº 2201001.250, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 31/07/2012, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 781DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Da análise dos autos, vêse que a discussão trata da necessidade de protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental (ADA) junto ao IBAMA e de averbação tempestiva no registro de imóvel para fins dedução de área de Reserva Legal, quando da apuração da base de cálculo do ITR, relativo ao exercício de 2002, do imóvel denominado Fazenda Saudade, (NIRF 0.544.6996), localizado no município de Cocalzinho/MT. É sabido que na legislação que abarca a matéria a Reserva Legal tem por requisito formal, ou seja, condição para sua consideração tributária, ou seja, dedução da área para apuração do ITR, a existência dos seguintes procedimentos: (a) apresentação tempestiva de requerimento ao IBAMA de Ato Declaratório Ambiental (ADA), no qual é informada a metragem da área destinada à Reserva Legal que, de acordo com a localização, corresponde a um percentual da área do imóvel; e, (b) a averbação dessa área na matrícula da propriedade rural no Registro de Imóveis antes da ocorrência do fato gerador, em 1º de janeiro do ano calendário. Salientese que o ADA somente passou a ser requisito com o advento da Lei no 10.165, de 27 de dezembro de 2000, e a averbação, com o advento da Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 Vejamse os seguintes dispositivos extraídos da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou Fl. 782DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/200581 Acórdão n.º 9202004.408 CSRFT2 Fl. 5 7 estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão ambiental; e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (...) § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. O artigo 17O da Lei nº 6.938/81, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 10.165/2000, passou a prever que: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Percebese que a apresentação do ADA pelo contribuinte ao IBAMA ou órgão conveniado – até que haja uma vistoria pelo órgão competente e a ratificação ou retificação das declarações ali contidas – restringese a informações prestadas pelo próprio contribuinte ao órgão ambiental acerca da existência de áreas que possuem algum interesse ecológico. Tenho que o § 1º do art. 17O instituiu a obrigatoriedade apenas para situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, ou seja, depende do reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público. Fl. 783DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 Quanto aos documentos necessários para comprovação da ARL área de Reserva Legal podemos concluir que a própria Administração Pública entende que o ADA tem efeito meramente declaratório, não sendo o único documento comprobatório da área de reserva legal, podendo ser levado em conta, dentre outros, ∙ Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva Legal, , que especifique e discrimine a área de interesse ambiental. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se o contribuinte, até o início do procedimento fiscal – 27/06/2005, data da ciência da intimação, já havia informado a órgão ambiental estadual ou federal a existência da área de reserva legal pleiteadas, se houve averbação da área de reserva legal, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Com o objetivo de comprovar a existência da área de reserva legal, o contribuinte fez prova do registro da área no Registro de imóveis. Conforme descrito pelo acórdão recorrido, consta a apresentação de ADA,mas não é possível atestar a data do seu protocolo, senão vejamos: O presente lançamento decorre da glosa pela autoridade fiscal das áreas declaradas pela Recorrente a título de utilização limitada (13.302,2ha), de pastagens (19.572,7ha) e de implementação de projeto técnico. Após a decisão proferida pela DRJ, que deu parcial provimento a impugnação, a Recorrente interpôs seu recurso voluntário por meio do qual sustenta a legitimidade da exclusão da área de reserva legal. Inicialmente verifico que a cópia do ADA de fls. 573 não permite concluir sobre a sua efetiva apresentação ao Ibama tendo em vista a ausência de protocolo. Nada obstante, ao examinar a documentação trazida aos autos, especialmente as cópias das matrículas que compõe o imóvel (fls. 25/46), verifico que inicialmente havia averbação de reserva legal de 7.195,96ha. A existência da averbação em questão foi, inclusive, reconhecida pela d.Autoridade Fiscal conforme se verifica da fundamentação do Auto de Infração (fls. 06), sendo que a glosa da área em questão decorre (i) do fato dessa averbação ter sido em valor menor do que a área declarada como Reserva Legal (13.302,2ha), bem como (ii) pela ausência de demonstração da apresentação tempestiva de ADA. Juntamente com seu recurso voluntário a Recorrente trouxe aos autos os Termos de Retificação de Reserva Legal (fls. 574/578), por meio dos quais se verifica que em 06/01/2005, o total da área de reserva legal anteriormente averbado foi alterado para 13.252,65ha. Importante destacar que os Termos de Retificação em questão, embora apresentados juntamente com o recurso voluntário, foram executados antes do início da ação fiscal que se deu em 13/06/2005 (fls15), o que me motiva a aceitálos como comprovação da exclusão. Fl. 784DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/200581 Acórdão n.º 9202004.408 CSRFT2 Fl. 6 9 No presente caso, entendeu o acórdão recorrido, que a retificação da área de reserva legal antes do ínício do procedimento fiscal seriam suficientes para comprovar a sua existência, caracterizando a espontaneidade do contribuinte em face da autoridade fiscalizadora tributária. Contudo, não comungo dessa interpretação. Na verdade, entendo que em não havendo a comprovação da entrega do ADA, a comprovação da referida área pode ser comprovada pelo competente registro, desde que o mesmo tenha sido feito em data anterior ao fato gerador, por constituir elemento constitutivo da destinação a ser dada a área, para feitos de ter o sujeito passivo o direito de deduzir referida área de reserva legal, daquela sujeita a tributação do ITR. Dessa forma, como já trazido pelo acórdão recorrido, anteriormente ao fato gerador, só existia averbação de reserva legal de 7.195,96ha matrículas que compõe o imóvel (fls. 08), conforme destaca o próprio auto de infração Não aceito Retificação de Reserva Legal (fls. 574/578), tendo em vista que apenas em 06/01/2005, o total da área de reserva legal anteriormente averbado foi alterado para 13.252,65ha, ou seja, em data posterior a ocorrência do fato gerador. Nestes termos, restando comprovada a averbação da área de reserva legal em data anterior ao fato gerador, devem ser computadas as áreas de reserva legal 7.195,96ha, excluindoas desse modo, da área tributável do ITR no exercício em exame, posto ser esse instrumento capaz de constituir, independente da apresentação do ADA. Esse só se faria exigível caso fosse o instrumento adotado pelo sujeito passivo como elemento único e suficiente para comprovar a área descrita na DITR. CONCLUSÃO Face todo o exposto voto por CONHECER DO RECURSO da procuradoria, para no mérito DARLHE PROVIMENTO PARCIAL para considerar isenta somente a área de reserva legal tempestivamente averbada, de 7.195,96 ha. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 785DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10630.000917/2003-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1998 a 30/04/1998
TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL.
A determinação do termo inicial para contagem do prazo decadencial depende da existência de pagamento ou de alguma atividade que o substitua ou que autorize o não pagamento. Caso não seja identificada a antecipação do pagamento, sem que haja qualquer atividade de autorize o não pagamento,o termo inicial será o primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, conforme determina o art. 173, I, do CTN. Caso contrário, o termo inicial será a data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN.
Recurso Especial do Procurador Negado
Aguardado Nova Decisão
Numero da decisão: 9303-004.124
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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PRAZO DECADENCIAL. A determinação do termo inicial para contagem do prazo decadencial depende da existência de pagamento ou de alguma atividade que o substitua ou que autorize o não pagamento. Caso não seja identificada a antecipação do pagamento, sem que haja qualquer atividade de autorize o não pagamento,o termo inicial será o primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, conforme determina o art. 173, I, do CTN. Caso contrário, o termo inicial será a data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. Recurso Especial do Procurador Negado Aguardado Nova Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 00 09 17 /2 00 3- 01 Fl. 248DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 3801 00.360, de 2 de fevereiro de 2010, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Anocalendário: 1998 AUTUAÇÃO POR SUPOSTA FALTA DE RECOLHIMENTO DECADÊNCIA PRAZO DE 5 ANOS Tributos e contribuições sujeitos a homologação somente podem ser lançados dentro de um prazo de 5 anos a contar do fato gerador. Não havendo lançamento nem homologação expressa, fica configurada a homologação tácita da Fazenda. O recurso teve seguimento nos termos do Despacho nº 3100211, de 23/04/2012, fls. 192 e 193. Em sua peça recursal, a que o pressuposto primordial para a aplicação da regra de decadência constante do art. 150, §4°, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional CTN, é o pagamento antecipado parcial do tributo exigido, e que, diante da inexistência de qualquer pagamento, o prazo decadencial para a cobrança dos tributos sujeitos a lançamento por homologação é aquele constante do art. 173, I, do CTN, nos exatos termos do decidido no RESP 973.733 SC. Salienta que, no caso dos autos, ao contrário do que foi reconhecido pelo Colegiado recorrido, o contribuinte não efetuou qualquer antecipação de pagamento das contribuições relativas às rubricas lançadas, razão pela qual a regra a ser utilizada para a contagem do prazo decadencial é a constante do artigo 173, I, do CTN, e não a do artigo 150, §4°, do mesmo diploma legal. Conclui, requerendo o provimento do recurso, com a reforma do acórdão recorrido, a fim de que a decadência seja contada na forma prevista no art. 173, I, e não do art. 150, § 4.°, ambos do CTN. O sujeito passivo apresentou contrarrazões às fls. 198 a 227. É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a decidir. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10630.000917/200301 Acórdão n.º 9303004.124 CSRFT3 Fl. 237 3 A controvérsia se instaurou por entendimentos divergentes quanto ao prazo decadencial para a constituição do crédito tributário referente a tributos sujeitos ao lançamento por homologação. O acórdão vergastado defendeu que a decadência, no caso do lançamento de ofício de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, regese pela regra do § 4º do art. 150 do CTN. A recorrente entende que o instituto da decadência para o presente caso deve observar os ditames do art. 173, inciso I, do CTN, haja vista a inexistência de pagamentos antecipados Para a solução da presente lide, merece ser colacionada a jurisprudência do STJ no REsp 879.058/PR (DJ 22.02.2007, 1ª Turma): "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ACÓRDÃO RECORRIDO ASSENTADO SOBRE FUNDAMENTAÇÃO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL. OMISSÃO NÃO CONFIGURADA. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO (CTN, ART. 173, I); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART. 150, § 4º).PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO. 1. omissis 2. omissis 3. O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é, em regra, o do art.173, I, do CTN, segundo o qual 'direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. 4. Todavia, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação — que, segundo o art. 150 do CTN, 'ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa' e 'operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa' —, há regra específica. Relativamente a eles, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o § 4º do art. 150 do CTN. Precedentes da 1ª Seção: ERESP 101.407/SP, Min. Ari Pargendler, DJ de 08.05.2000; ERESP 278.727/DF, Min.Franciulli Netto, DJ de 28.10.2003; ERESP 279.473/SP, Min. Teori Zavascki, DJ de 11.10.2004; AgRg nos ERESP 216.758/SP, Min. Teori Zavascki, DJ de 10.04.2006. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 5. No caso concreto, todavia, não houve pagamento. Aplicável, portanto, conforme a orientação acima indicada, a regra do art. 173, I, do CTN. 6. Recurso especial a que se nega provimento." Mais uma vez a 1ª Turma do STJ pronunciouse sobre o tema: “EMENTA CONSTITUCIONAL, PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARTIGO 45 DA LEI 8.212/91. OFENSA AO ART. 146, III, B, DA CONSTITUIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR, SE NÃO HOUVE ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO (CTN, ART. 173, I); (B) FATO GERADOR, CASO TENHA OCORRIDO RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL (CTN, ART. 150, § 4º). PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO. 1. "As contribuições sociais, inclusive as destinadas a financiar a seguridade social (CF, art. 195), têm, no regime da Constituição de 1988, natureza tributária. Por isso mesmo, aplicase também a elas o disposto no art. 146, III, b, da Constituição, segundo o qual cabe à lei complementar dispor sobre normas gerais em matéria de prescrição e decadência tributárias, compreendida nessa cláusula inclusive a fixação dos respectivos prazos. Conseqüentemente, padece de inconstitucionalidade formal o artigo 45 da Lei 8.212, de 1991, que fixou em dez anos o prazo de decadência para o lançamento das contribuições sociais devidas à Previdência Social" (Corte Especial, Argüição de Inconstitucionalidade no REsp nº 616348/MG) 2. O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é, em regra, o do art. 173, I, do CTN, segundo o qual "o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado ". 3. Todavia, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação — que, segundo o art. 150 do CTN, "ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa” e "operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa” —, há regra específica. Relativamente a eles, ocorrendo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, o prazo decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o § 4º do art. 150 do CTN. Precedentes jurisprudenciais. 4. No caso, tratase de contribuição previdenciária, tributo sujeito a lançamento por homologação, e não houve Fl. 251DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10630.000917/200301 Acórdão n.º 9303004.124 CSRFT3 Fl. 238 5 qualquer antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 173, I, do CTN. 5. Recurso especial a que se nega provimento. Por derradeiro, no Resp nº 973.733, o STJ já decidiu sobre a matéria, sob sistemática prevista pelo art. 543C do CPC, de forma que, nos termos do art. 62, § 2°, do Regimento Interno do CARF, toca a este Colegiado reproduzir o mesmo entendimento neste julgamento. Compulsando os autos, constato que a autuada, no mérito, argumentou, em sua impugnação e no recurso voluntário, a extinção dos débitos lançados de oficio pela via de sua compensação com créditos reconhecidos em decisão judicial exarada nos autos do MS nº 1997.38. 00515382. Ressalto que o sujeito passivo recolheu R$ 10,00 nos períodos de apuração compreendidos entre 01/98 e 04/98. Verificase, outrossim, que o sujeito passivo tomou ciência do auto de infração em 09/07/2003, que houve antecipação de pagamento, conforme exige o art. 150, § 4º do CTN, de sorte que o prazo decadencial deverá começar a fluir a partir da ocorrência do fato gerador Do exposto, nego provimento ao recurso da Fazenda Nacional, já que o direito de constituir o crédito tributário havia sido fulminado pelo efeitos da decadência à época do lançamento. Sala de sessões, em 07/06/2016 Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 252DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10860.721963/2013-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
NORMAS GERAIS DIREITO TRIBUTÁRIO. LIVRE CONVICÇÃO JULGADOR. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
Com fulcro no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas e razões ofertadas pela contribuinte, formará livremente sua convicção, podendo determinar diligência que entender necessária, não se cogitando em nulidade da decisão quando não comprovada a efetiva existência de preterição do direito de defesa do contribuinte.
DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO.
A autoridade administrativa fiscalizadora pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com o fito de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributos por ser tal prática inerente a suas atribuições.
AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA.
Em face da natureza eminentemente não remuneratória do verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543-C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada.
SALÁRIO INDIRETO. ABONO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA. INOBSERVÂNCIA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. PARECER PGFN/CRJ nº 2114/2011 e ATO DECLARATÓRIO PGFN nº 16/2011. INAPLICABILIDADE.
Desincumbindo-se o Fisco do ônus de comprovar o fato gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação hábil e idônea, que as verbas concedidas aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais se enquadram em uma das hipóteses previstas no § 9°, do artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Na hipótese dos autos, assim não o tendo feito, relativamente a verba intitulada Abono Especial, é de se manter a exigência fiscal na forma lançada.
Destarte, após o advento do Decreto nº 3.265/99, somente as importâncias pagas aos empregados a título de abonos desvinculados expressamente por lei do salário, não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme preceitua o artigo 214, § 9º, alínea j, do RPS. Mais a mais, sequer pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, uma vez não se vislumbrar a necessária eventualidade, bem como a desvinculação ao respectivo salário.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA - PLR. OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. IMUNIDADE. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS E MECANISMOS DE AFERIÇÃO. NECESSIDADE.
A Participação nos Lucros e Resultados - PLR concedida pela empresa aos seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial, estando ausentes os requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho.
Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica - artigo 28, § 9º, alínea j, da Lei nº 8.212/91-, mais precisamente MP nº 794/1994, c/c Lei nº 10.101/2000, é que incidirão contribuições previdenciárias sobre tais importâncias, em face de sua descaracterização como Participação nos Lucros e Resultados.
In casu, não obstante a contribuinte ter comprovado ter efetuado os pagamentos a título de PLR com lastro em Programas devidamente formalizados (Acordos Coletivos), nestes não se vislumbra a existência de regras claras e objetivas, bem como mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba.
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO - PESSOAS JURÍDICAS E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS.
A simples procedência de autuação fiscal, estribada na desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com a conseqüente caracterização de segurados empregados, sem que haja uma perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de sonegar tributos, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Ademais, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social-RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o qual oferece guarida a aludido procedimento, exige tão somente a demonstração da existência dos requisitos do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada, não implicando, necessariamente, que um fato conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação à imputação do crime fiscal.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-004.513
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, para: a) por unanimidade, afastar as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão recorrida; b) no mérito: b.1) quanto à caracterização dos segurados empregados e contribuintes individuais como prestadores de serviços da autuada, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos F1 e F2, vencidos os conselheiros RAYD Santana Ferreira(relator), Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa; b.2) quanto ao pagamento de valores a título de aviso prévio indenizado, por maioria, dar provimento ao recurso, para excluir do lançamento os levantamentos A1 e A2, vencida a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini; b.3) quanto ao pagamento de valores a título de participação nos lucros e resultados, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos P1 e P2; b.4) quanto ao pagamento de valores a título de abono especial, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos E1 e E2; b.5) quanto à caracterização de grupo econômico, por unanimidade, negar provimento ao recurso; b.6) quanto à multa qualificada, por maioria, dar provimento ao recurso, para reduzir o percentual da multa aplicada para 75%, vencidos os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini; b.7) quantos às demais alegações, negar provimento ao recurso. Assim, é dado provimento parcial ao recurso, devendo ser excluído do lançamento apurado os levantamentos AI e A2, e reduzir o percentual da multa de ofício para 75%. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini. - Presidente e Redatora designada
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. NORMAS GERAIS DIREITO TRIBUTÁRIO. LIVRE CONVICÇÃO JULGADOR. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Com fulcro no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas e razões ofertadas pela contribuinte, formará livremente sua convicção, podendo determinar diligência que entender necessária, não se cogitando em nulidade da decisão quando não comprovada a efetiva existência de preterição do direito de defesa do contribuinte. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa fiscalizadora pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com o fito de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributos por ser tal prática inerente a suas atribuições. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Em face da natureza eminentemente não remuneratória do verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543-C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. SALÁRIO INDIRETO. ABONO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA. INOBSERVÂNCIA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. PARECER PGFN/CRJ nº 2114/2011 e ATO DECLARATÓRIO PGFN nº 16/2011. INAPLICABILIDADE. Desincumbindo-se o Fisco do ônus de comprovar o fato gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação hábil e idônea, que as verbas concedidas aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais se enquadram em uma das hipóteses previstas no § 9°, do artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Na hipótese dos autos, assim não o tendo feito, relativamente a verba intitulada Abono Especial, é de se manter a exigência fiscal na forma lançada. Destarte, após o advento do Decreto nº 3.265/99, somente as importâncias pagas aos empregados a título de abonos desvinculados expressamente por lei do salário, não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme preceitua o artigo 214, § 9º, alínea j, do RPS. Mais a mais, sequer pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, uma vez não se vislumbrar a necessária eventualidade, bem como a desvinculação ao respectivo salário. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA - PLR. OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. IMUNIDADE. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS E MECANISMOS DE AFERIÇÃO. NECESSIDADE. A Participação nos Lucros e Resultados - PLR concedida pela empresa aos seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial, estando ausentes os requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho. Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica - artigo 28, § 9º, alínea j, da Lei nº 8.212/91-, mais precisamente MP nº 794/1994, c/c Lei nº 10.101/2000, é que incidirão contribuições previdenciárias sobre tais importâncias, em face de sua descaracterização como Participação nos Lucros e Resultados. In casu, não obstante a contribuinte ter comprovado ter efetuado os pagamentos a título de PLR com lastro em Programas devidamente formalizados (Acordos Coletivos), nestes não se vislumbra a existência de regras claras e objetivas, bem como mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO - PESSOAS JURÍDICAS E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. A simples procedência de autuação fiscal, estribada na desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com a conseqüente caracterização de segurados empregados, sem que haja uma perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de sonegar tributos, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Ademais, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social-RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o qual oferece guarida a aludido procedimento, exige tão somente a demonstração da existência dos requisitos do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada, não implicando, necessariamente, que um fato conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação à imputação do crime fiscal. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. NORMAS GERAIS DIREITO TRIBUTÁRIO. LIVRE CONVICÇÃO JULGADOR. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Com fulcro no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas e razões ofertadas pela contribuinte, formará livremente sua convicção, podendo determinar diligência que entender necessária, não se cogitando em nulidade da decisão quando não comprovada a efetiva existência de preterição do direito de defesa do contribuinte. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa fiscalizadora pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com o fito de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributos por ser tal prática inerente a suas atribuições. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Em face da natureza eminentemente não remuneratória do verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 19 63 /2 01 3- 05 Fl. 511DF CARF MF 2 indumentária do artigo 543C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. SALÁRIO INDIRETO. ABONO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA. INOBSERVÂNCIA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. PARECER PGFN/CRJ nº 2114/2011 e ATO DECLARATÓRIO PGFN nº 16/2011. INAPLICABILIDADE. Desincumbindose o Fisco do ônus de comprovar o fato gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação hábil e idônea, que as verbas concedidas aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais se enquadram em uma das hipóteses previstas no § 9°, do artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Na hipótese dos autos, assim não o tendo feito, relativamente a verba intitulada Abono Especial, é de se manter a exigência fiscal na forma lançada. Destarte, após o advento do Decreto nº 3.265/99, somente as importâncias pagas aos empregados a título de abonos desvinculados expressamente por lei do salário, não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme preceitua o artigo 214, § 9º, alínea “j”, do RPS. Mais a mais, sequer pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, uma vez não se vislumbrar a necessária eventualidade, bem como a desvinculação ao respectivo salário. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA PLR. OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. IMUNIDADE. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS E MECANISMOS DE AFERIÇÃO. NECESSIDADE. A Participação nos Lucros e Resultados PLR concedida pela empresa aos seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial, estando ausentes os requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho. Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica artigo 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91, mais precisamente MP nº 794/1994, c/c Lei nº 10.101/2000, é que incidirão contribuições previdenciárias sobre tais importâncias, em face de sua descaracterização como Participação nos Lucros e Resultados. In casu, não obstante a contribuinte ter comprovado ter efetuado os pagamentos a título de PLR com lastro em Programas devidamente formalizados (Acordos Coletivos), nestes não se vislumbra a existência de regras claras e objetivas, bem como mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO PESSOAS JURÍDICAS E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 511 3 A simples procedência de autuação fiscal, estribada na desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com a conseqüente caracterização de segurados empregados, sem que haja uma perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de sonegar tributos, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Ademais, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o qual oferece guarida a aludido procedimento, exige tão somente a demonstração da existência dos requisitos do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada, não implicando, necessariamente, que um fato conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação à imputação do crime fiscal. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 513DF CARF MF 4 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, para: a) por unanimidade, afastar as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão recorrida; b) no mérito: b.1) quanto à caracterização dos segurados empregados e contribuintes individuais como prestadores de serviços da autuada, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos F1 e F2, vencidos os conselheiros RAYD Santana Ferreira(relator), Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa; b.2) quanto ao pagamento de valores a título de aviso prévio indenizado, por maioria, dar provimento ao recurso, para excluir do lançamento os levantamentos A1 e A2, vencida a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini; b.3) quanto ao pagamento de valores a título de participação nos lucros e resultados, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos P1 e P2; b.4) quanto ao pagamento de valores a título de abono especial, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos E1 e E2; b.5) quanto à caracterização de grupo econômico, por unanimidade, negar provimento ao recurso; b.6) quanto à multa qualificada, por maioria, dar provimento ao recurso, para reduzir o percentual da multa aplicada para 75%, vencidos os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini; b.7) quantos às demais alegações, negar provimento ao recurso. Assim, é dado provimento parcial ao recurso, devendo ser excluído do lançamento apurado os levantamentos AI e A2, e reduzir o percentual da multa de ofício para 75%. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini. Presidente e Redatora designada (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 512 5 Relatório GLOBO CENTRAL DE USINAGEM LTDA. E OUTROS., contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 16a Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, Acórdão nº 1450.342, às efls. 435/465, que julgou procedente os lançamentos fiscais lavrados em 17/12/2013, referente às contribuições sociais devidas ao INSS, correspondentes à parte de terceiros (Salário educação, Incra, Sesi, Senai e Sebrae), em relação ao período de 01/2009 a 13/2011, conforme Relatório Fiscal, às efls. 33/45, consubstanciados no seguintes Auto de Infração: 1) AIOP n° 51.044.8615 O presente lançamento decorre dos mesmos fatos e se fundamenta nos mesmos elementos de prova apresentados/expostos no Relatório Fiscal REFISC dos AIOP n° 51.044.8607 e 51.044.8593, que trata do lançamento das contribuições previdenciárias a cargo da empresa, e constituem o processo principal (10860.721949/2013 01), ao qual este AIOP se encontra apensado, exceto quanto a sujeição ao instituto da responsabilidade solidária prevista no inciso IX do art. 30, da Lei 8.212, de 24/07/1991 (subitem 3.10. daquele REFISC), tendo em vista que o presente AIOP trata, exclusivamente, das contribuições devidas e não recolhidas em épocas próprias, destinada aos Terceiros, que foram instituídas por leis específicas e não na Lei 8.212/91. De conformidade com o Relatório Fiscal, os fatos geradores das contribuições previdenciárias ora lançadas encontramse discriminados nos levantamentos abaixo elencados: Levantamento F1/F2 – “FP Globo Equipamentos declarada em GFIP” contribuições destinadas a terceiros incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados que prestaram serviços a autuada (Globo Central) mas formalmente estavam registrados na empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda/ME, nos estabelecimentos CNPJ nº 71.821.342/000110 (Lev. F1) e CNPJ nº 71.821.342/000200 (Lev. F2), apuradas nas folhas de pagamento e GFIP, conforme Anexo I; Levantamento A1/A2 Aviso Prévio Indenizado contribuições destinadas a terceiros incidentes sobre o aviso prévio indenizado e seus reflexos pago, aos segurados empregados por ocasião da rescisão do contrato de trabalho, não declarados em GFIP, cujos valores, discriminados no Anexo II, foram apurados nas folhas de pagamento de empregados que formalmente estavam registrados na empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda/ME, CNPJ nº 71.821.342/000110 (Lev. A1) e CNPJ nº 71.821.342/000200 (Lev. A2), mas que efetivamente prestavam serviços a autuada (Globo Central); Levantamento P1/P2 Participação nos Lucros e Resultados – contribuições destinadas a terceiros incidentes sobre remuneração indireta, não declaradas em GFIP, a título de Participação nos Lucros e Resultados em desacordo com a Lei nº 10.101/2000, conforme valores discriminados no Anexo III e apurados nas folhas de pagamento de empregados formalmente registrados na empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda/ME, CNPJ nº 71.821.342/000110 (Lev. P1) e CNPJ nº 71.821.342/000200 (Lev. P2), mas que efetivamente prestavam serviços a autuada (Globo Central); Fl. 515DF CARF MF 6 Levantamento E1/E2 Abono Especial contribuições destinadas a terceiros incidentes sobre remuneração indireta, a título de "Abono Salarial Especial/ASE", pago aos segurados empregados formalmente registrados na empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda. ME, CNPJ n° 71.821.342/000110 (Lev. El) e CNPJ n° 71.821.342/000200 (Lev. E2), mas que efetivamente prestavam serviços a autuada (Globo Central), relacionados no Anexo IV. A remuneração indireta não foi incluída em folha de pagamento normal, mas foi apresentada, após solicitação, folhas/relação de pagamentos suplementar exclusivo do Abono (doc. VII), cujos valores não foram declarados em GFIP e não foram considerados como basede cálculo sob o argumento de que estariam expressamente desvinculados do salário, conforme Convenção Coletiva de Trabalho CCT. Ainda, consta do relatório fiscal que foi aplicada a multa de ofício qualificada com base no artigo 44 da Lei n° 9.430/96 c/c art. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30/11/1964, pois a autuada omitiu, reiteradamente, ser o empregador/ contratante de fato dos segurados empregados que efetivamente lhe prestavam serviços mas estavam formalmente registrados ou vinculados em empresa diversa (Globo Equipamentos), visando usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional desta última, ocultando, desta forma, o efetivo valor da obrigação tributária principal e impedindo o conhecimento da ocorrência dos fatos geradores, evidenciando a intenção dolosa da empresa no cometimento da infração. Após regular processamento, interposta impugnação contra exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do feito, a autoridade julgadora de primeira instância achou por bem julgar procedente o lançamento. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão recorrida, a autuada GLOBO CENTRAL DE USINAGEM LTDA. apresentou Recurso Voluntário, às efls. 478/506, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Preliminarmente, suscita a ilegitimidade passiva da Globo Usinagem e, por conseguinte, a inexistência de responsabilidade solidária, uma vez que os supostos débitos se referem à contribuições previdenciárias incidentes sobre os pagamentos efetuados aos administradores e funcionários registrados pela empresa GLOBO EQUIPAMENTOS, portanto, não devidos pela ora autuada, sobretudo em razão de se caracterizaram, no período fiscalizado, como pessoas jurídicas completamente distintas. Esclarece que o Fiscal sequer realizou diligências para verificar se realmente os funcionários da Globo Equipamentos trabalhavam para a Globo Usinagem, baseandose exclusivamente em documentos e imagens extraídas da internet, meios que, isoladamente, não se prestam como provas do vínculo empregatício entre os funcionários e a autuada. Aduz que a fiscalização não poderia considerar como responsáveis solidários os sócios e a empresa Globo Equipamentos, impondo seja afastada a legitimidade passiva de aludidos contribuintes. Igualmente, em sede preliminar, requer seja decretada a nulidade da decisão de primeira instância, diante da inúmeras omissões/contradições incorridas, além da ausência da devida motivação, especialmente ao não adentrar à todas alegações de fato e de direito constantes da defesa inaugural. A título de exemplo, o julgador recorrido não se manifestou a respeito da cobrança de tributos retroativos por regime tributário mais oneroso em face da exclusão do Simples Nacional da empresa Globo Equipamentos, sob a alegação de que não foi interposta defesa nos autos do processo referente à exclusão daquele regime de tributação. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 513 7 Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo fiscal, insurgese contra a exclusão do SIMPLES com efeitos retroativos, alegando que as empresas Globo Equipamentos e Globo Usinagem foram constituídas em épocas distintas, com regimes tributários diversos, objetos sociais e quadros societários totalmente distintos, como se verifica das fichas cadastrais juntadas aos autos. Acrescenta que somente em 2012 referidas empresas foram registradas com o mesmo objeto social e o mesmo quadro societário, demonstrando que à época do período fiscalizado (01/2009 a 12/2011) referidas pessoas jurídicas eram completamente distintas. Esclarece que somente a partir de 09/2012 os sócios diretores e fundadores passaram a integrar de forma conjunta o quadro societário da Globo Usinagem, consoante se comprova no item 3.9.2 do Relatório Fiscal, não havendo se falar, portanto, em ocorrência de fraude ou simulação. Reconhece a existência de grupo econômico de fato, tendo em vista que à época da resposta à intimação fiscal, em 03/09/2013, as empresas já operavam com o mesmo objeto social e quadro societário, em que pese não ter ocorrido confusão patrimonial, mas simples transações negociais entre tais pessoas jurídicas. Afirma que a empresa Globo Equipamentos Industriais, à época dos fatos, estava enquadrada no regime tributário do Simples Nacional e recolheu os tributos devidos nesta sistemática conforme a Lei Complementar nº 123/2006, não podendo haver retrocesso na cobrança por outro regime mais oneroso, sob pena de ferir os princípios da segurança jurídica, capacidade contributiva e não confisco, bem como do artigo 103 do CTN. Contrapõese ao lançamento fiscal, sustentando não haver comprovação do vínculo empregatício entre os funcionários da empresa Globo Equipamentos com a Empresa Globo Usinagem, como já aduzido em sede de preliminar. Opõese à exigência consubstanciada na peça vestibular do feito, sob o argumento de inexistir natureza salarial nos pagamentos efetuados a título de abono especial e de participação nos lucros e resultados, pois realizados de forma eventual, sem habitualidade e de acordo com convenção coletiva, não havendo se falar em incidência de contribuições previdenciárias. Em defesa de sua pretensão, traz à colação jurisprudência administrativa a respeito da matéria. Relativamente aos valores pagos a título de Abono Especial, alegam que fora concedido com base em Convenções Coletivas com o SINDIPEÇAS e o Sindicato dos Metalúrgicos da Força Sindical 2009/2011 e 2011/2013, não se aplicando no caso o § 1º do artigo 457 da CLT, que conceitua salário. Ressalta que a Participação nos Lucros e Resultados tem natureza jurídica indenizatória e não se integra à remuneração do trabalhador, ainda que concedida em inobservância do período e quantidade de parcelas pagas, o mesmo ocorrendo com o aviso prévio indenizado que tem caráter indenizatório pelo ato imotivado de dispensa do trabalhador, conforme se extrai da jurisprudência transcrita na peça recursal. Defende que, não havendo incidência de contribuições previdenciárias sobre o aviso prévio indenizado, abono salarial e PLR, inexiste a necessidade de observância às obrigações acessórias pertinentes. Suscita a boa fé da contribuinte, eis que somente deixou observar aludidos deveres instrumentais por não considerar tais rubricas como base de cálculo Fl. 517DF CARF MF 8 de contribuições previdenciárias, não havendo, portanto, se falar em intuito de fraude na apuração dos tributos supostamente devidos. Opõese, igualmente, à aplicabilidade da multa qualificada, sobretudo diante da ausência da efetiva comprovação do dolo, fraude ou simulação, não sendo possível caracterizar as agravantes pela mera falta de recolhimento do tributo. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar os Autos de Infração, tornandoos sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 514 9 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO Preliminarmente, pretende a contribuinte seja decretada a nulidade do feito, sob o argumento de que a autoridade lançadora não logrou motivar/fundamentar o ato administrativo do lançamento, de forma a explicitar clara e precisamente os motivos e dispositivos legais que embasaram as autuações, contrariando a legislação de regência, notadamente o artigo 142 do Código Tribunal e, bem assim, os princípios da ampla defesa e do contraditório. Em que pesem as substanciosas razões ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento, corroborado pela decisão recorrida, apresentase formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhes deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com o presente lançamento. A simples leitura dos anexos da autuação, especialmente o “Fundamentos Legais do Débito – FLD”, Relatório Fiscal e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção do lançamento. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover o lançamento demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportou, ou melhor, os fatos geradores das contribuições previdenciárias e multas ora exigidas, não se cogitando na nulidade formal do procedimento. Melhor elucidando, os cálculos dos valores objetos do lançamento foram extraídos das informações constantes dos sistemas previdenciários e fazendários, bem como dos Livros Diários, folhas e recibos de pagamentos de salários, GFIP’s e demais documentos contábeis, fornecidos pela própria recorrente, rechaçando qualquer dúvida quanto à regularidade do procedimento adotado pelo fiscal autuante, como procura demonstrar à autuada, uma vez que agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência. Mais a mais, a exemplo da defesa inaugural, a contribuinte não trouxe qualquer elemento de prova capaz de comprovar que o lançamento encontrase maculado por vício em sua formalidade e/ou materialidade, escorando seu pleito em simples arrazoado desprovido de demonstração do sustentado. Fl. 519DF CARF MF 10 Destarte, quanto à pretensa ausência demonstração da existência dos requisitos do vínculo empregatício, tendente a amparar a caracterização procedida pela fiscalização, bem como outras questões relativas à pretensa insubsistência do trabalho fiscal, contemplaremos como razões de mérito no momento oportuno. PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO RECORRIDA Ainda preliminarmente, requer a autuada a decretação da nulidade da decisão recorrida, por entender que a autoridade julgadora de primeira instância deixou de apreciar parte das alegações inseridas em sua defesa inaugural, em total preterição do direito de defesa da contribuinte. Muito embora a contribuinte lance referida assertiva, não faz prova ou indica qual a efetiva omissão que o julgador guerreado teria incorrido, capaz de ensejar a preterição do seu direito de defesa. Como se observa do decisum atacado, de fato, a autoridade julgadora não adentrou a todas as alegações suscitadas pela então impugnante. Tal fato isoladamente, porém, não tem o condão de configurar preterição do direito de defesa da contribuinte, mormente quando esta não afirma qual teria sido o prejuízo decorrente da conduta do julgador de primeira instância. Ademais, a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, a qual vem sendo seguida à risca por esta instância administrativa, entende que o simples fato de o julgador não dissertar a propósito de todas as razões recursais do contribuinte não implica em nulidade da decisão, mormente quando a recorrente lança uma infinidade de argumentos desprovidos de qualquer amparo legal ou lógico ou mesmo impertinente, o que se vislumbra no caso vertente. A corroborar esse entendimento, cumpre trazer à baila Acórdão exarado pela 5ª Turma do STJ, nos autos do HC 35525/SP, com sua ementa abaixo transcrita: “HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. NEGATIVA DE AUTORIA. NULIDADE DA SENTENÇA. LIVRE CONVICÇÃO MOTIVADA DO MAGISTRADO. ORDEM PARCIALMENTE CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA. [...] 2. O só fato de o julgador não se manifestar a respeito de um ou outro argumento da tese defendida pelas partes não tem o condão de caracterizar ausência de fundamentação ou qualquer outro tipo de nulidade, por isso que não o exigem, a lei e a Constituição, a apreciação de todos os argumentos apresentados, mas que a decisão judicial seja devidamente motivada, ainda que por razões outras (Princípio da Livre Convicção Motivada e Princípio da Persuasão Racional, art. 157 do CPP). [...]” (Julgamento de 09/08/2007, Publicado no DJ de 10/09/2007) Nesse sentido, basta que o julgador adentre as questões mais importantes suscitadas pelo recorrente, decidindo de forma fundamentada e congruente, para que sua decisão tenha plena validade. No presente caso, extraise da defesa inaugural que a contribuinte traz à colação inúmeras alegações, inclusive, relativamente à exclusão do regime de tributação do SIMPLES, não oponíveis neste PF, eis que deveriam ter sido objeto de inconformismo nos Fl. 520DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 515 11 autos do processo administrativo próprio, bem como a propósito da suposta inconstitucionalidade da multa e outras que não são capazes de rechaçar a pretensão fiscal. Assim, não se pode exigir que o julgador exponha e refute tais razões infundadas ou impertinentes. DO MÉRITO DA DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA DA EMPRESA GLOBO EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA. Consoante relatado alhures, a presente autuação fora lavrada a partir da desconsideração da contabilidade e da personalidade jurídica da empresa GLOBO EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, prestadora de serviços à autuada, com a conseqüente caracterização dos valores pagos àquela empresa como remuneração dos segurados empregados e (prólabore) dos sócios da recorrente, apurada por arbitramento. Com mais especificidade, de acordo com o Relatório Fiscal, a ilustre autoridade lançadora achou por bem desconsiderar a personalidade jurídica da empresa GLOBO EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, considerando os seus segurados empregados e contribuintes individuais como, de fato, vinculados à autuada, diante da constatação de simulação, evasão e elisão fiscal na constituição da pessoa jurídica desconsiderada, com propósito exclusivo de se beneficiar de sistema de tributação menos oneroso – SIMPLES, não possuindo endereço ou estrutura própria, ocupando o mesmo domicílio da autuada, cujos sócios também compõe o seu quadro societário. Conclui que a contabilidade das empresas sob análise não espelha a realidade econômica e financeira da autuada, o que ensejou a desconsideração de sua escrita contábil e o levantamento das contribuições previdenciárias por arbitramento, com fulcro no artigo 33, § 6°, da Lei n° 8.212/91, vigente à época nos seguintes termos: “Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "a", ‘b" e "c" do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas "d" e "e" do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação alterada pela Lei nº 10.256/01) [...] § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro Social INSS e o Departamento da Receita Federal DRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. [...] Fl. 521DF CARF MF 12 § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.” Nesse sentido, estando o lançamento escorado em uma presunção legal, incumbe à fiscalização demonstrar e comprovar os motivos que a levaram a utilizar deste procedimento excepcional e, conseqüentemente, fundamentálo na legislação de regência, fazendo constar dos autos do processo, nos anexos pertinentes, a norma legal esteio da exigência fiscal, sob pena de nulidade e/ou improcedência do feito. Em suas razões recursais, pretende a contribuinte a reforma da decisão recorrida, a qual manteve a exigência fiscal em sua plenitude, aduzindo, dentre inúmeros argumentos, que o procedimento eleito pela fiscalização ao promover o lançamento não encontra amparo legal na legislação de regência, notadamente quando não se apresentou claro e preciso em suas conclusões ao desconsiderar a personalidade jurídica da empresa prestadora de serviços. Sustenta, ainda, não ter sido comprovada pelo fiscal autuante a ocorrência da hipótese de incidência prevista na legislação de regência, ou seja, o pagamento de remunerações a segurados empregados e contribuintes individuais, mormente quando considerou, indevidamente, pagamentos realizados pela autuada a outra pessoa jurídica regularmente constituída, dentro do padrão legal. Não obstante as substanciosas razões de fato e de direito ofertadas pela fiscalização e autoridade julgadora de primeira instância em defesa da manutenção da exigência fiscal em comento, o inconformismo da contribuinte merece prosperar, como demonstraremos ao longo desse arrazoado. Destarte, em que pese à grande celeuma que envolve o tema, é certo que atualmente o Fisco dispõe de alguns mecanismos para apuração de crédito tributário quando constatadas operações/transações realizadas pelo contribuinte com a finalidade de se esquivar da tributação. Em verdade, tratase da eterna discussão a propósito da legalidade do planejamento tributário e seus limites. Em outras palavras, o verdadeiro conflito existente entre a Elisão e Evasão Fiscal. Referido tema, aliás, vem tomando espaço em grandes Congressos e outros Encontros Tributários, com propostas, inclusive, de elaboração de normas antielisivas, buscando cercar as condutas dolosas, simuladas dos contribuintes objetivando se afastar do campo de incidência da obrigação tributária. Na seara do direito previdenciário, a própria legislação de regência oferece mecanismos para a desconsideração da relação contratual firmada entre o contribuinte e os prestadores de serviços, sejam segurados empregados, contribuintes individuais, outras pessoas jurídicas, etc. Exemplo de tais prerrogativas, o artigo 229, § 2°, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, impõe ao Auditor Fiscal a obrigação de considerar os contribuintes individuais (autônomos) ou outros prestadores de serviços como segurados empregados, quando verificados os requisitos legais, in verbis: Fl. 522DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 516 13 “Art. 229. [...] § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social, constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inc. I «caput» do art.9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado.” Observese do artigo supracitado, que o legislador ao mencionar “[...] ou sob qualquer outra denominação [...]”, deu margem a desconsideração da personalidade jurídica de empresas, quando constatados os requisitos para tanto. Indispensável ao deslinde da controvérsia, cumpre transcrever os preceitos do artigo 3º, da CLT, in verbis: “Art. 3º. Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.” Assim, verificados todos os requisitos necessários à caracterização do vínculo empregatício do suposto tomador de serviços com os tidos prestadores de serviços, a autoridade administrativa, de conformidade com os dispositivos legais encimados, tem a obrigação de caracterizar como segurado empregado qualquer trabalhador que preste serviço ao contribuinte nestas condições, fazendo incidir, conseqüentemente, as contribuições previdenciárias sobre as remunerações pagas ou creditadas em favor daqueles. A partir do permissivo legal encimado, inúmeros são os lançamentos em que o Fisco desconsidera o vínculo pactuado entre os prestadores de serviços (contribuintes individuais e empresas) e a contribuinte contratante, promovendo a caracterização dessas pessoas como segurados empregados, conquanto de devidamente demonstrada à existência dos pressupostos da relação empregatícia, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade. Neste caso, digase de passagem, inexiste a necessidade da comprovação de eventuais atos simulados, para a caracterização dos segurados empregados, bastando à demonstração da presença dos requisitos do vínculo laboral, podendo ou não haver o intuito doloso, fraudulento ou simulatório objetivando suprimir tributos. Na hipótese dos autos, relativamente aos segurados empregados caracterizados, o procedimento adotado pela autoridade lançadora fora aquele inscrito na norma legal retro. Entrementes, não basta que a autoridade lançadora inscreva no Relatório Fiscal tais requisitos, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade, o que, in casu, sequer ocorreu. Deve, em verdade, deixar explicitamente comprovada de forma individualizada a existência dos pressupostos legais da relação empregatícia, sob pena de improcedência do lançamento por ausência de comprovação do fato gerador do tributo, e cerceamento do direito de defesa do contribuinte. Fl. 523DF CARF MF 14 É o que determina o artigo 37 da Lei nº 8.212/91, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, nos seguintes termos: “Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento.” (grifamos) No caso vertente, inobstante o substancioso trabalho fiscal em relação à desconsideração da personalidade jurídica da empresa elencada no processo, a ilustre autoridade lançadora, ao promover a caracterização dos funcionários da pessoa jurídica desconsiderada como segurados empregados da autuada, não logrou motivar o presente lançamento, mais precisamente no Relatório Fiscal, deixando de demonstrar e comprovar, na forma que o caso exige, os requisitos legais necessários à configuração do vínculo empregatício, acima mencionados. Aliás, sequer listou quais seriam os segurados empregados caracterizados ou mesmo os serviços prestados, impossibilitando, além da defesa da contribuinte, o próprio julgamento da regularidade do feito. Ora, não se sabe sob quais condições os serviços eram prestados, qual a modalidade, etc. Referida omissão afronta de forma flagrante os preceitos contidos no artigo 142 do Código Tributário Nacional que, ao atribuir a competência privativa do lançamento a autoridade administrativa, igualmente, exige que nessa atividade o fiscal autuante descreva e comprove a ocorrência do fato gerador do tributo lançado, como segue: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” In casu, com mais razão a fiscalização deverá comprovar a ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias exigidas, tendo em vista tratarse de procedimento excepcional de desconsideração de personalidade jurídica e, conseqüente, caracterização de segurados empregados. Aliás, o artigo 37 da Lei nº 8.212/91, supratranscrito, com mais especificidade, impõe ao fiscal autuante a discriminação clara e precisa dos fatos geradores do débito constituído. Repitase, para que tal procedimento tenha validade e esteja em consonância com a legislação de regência, não é suficiente a alegação genérica da autoridade administrativa de que constatou a existência dos pressupostos da relação de emprego, devendo haver comprovação da existência efetiva do vínculo laboral, abordando cada requisito necessário para tanto, de maneira individualizada ou por tipo de trabalho desenvolvido pelos prestadores de serviços. Destarte, os atos administrativos, conforme se depreende do artigo 50 da Lei nº 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, devem ser motivados, sob pena de nulidade, in verbis: Fl. 524DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 517 15 “Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e fundamentos jurídicos [...] §1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente [...]” A jurisprudência administrativa oferece proteção a esse entendimento, como faz certo os Acórdãos com suas ementas abaixo transcritas: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/07/2004 NORMAS PROCEDIMENTAIS. DESCONSIDERAÇÃO PERSONALIDADE JURÍDICA E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. Somente nas hipóteses em que restar constatada a efetiva existência dos elementos constituintes da relação empregatícia entre o suposto "tomador de serviços" e os "prestadores de serviços", poderá o Auditor Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como segurado empregado, ou mesmo promover a desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com fulcro no artigo 229, § 2°, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto n" 3.048/99. RELATÓRIO FISCAL DA NOTIFICAÇÃO. OMISSÕES. O Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e contraditório. Omissões ou incorreções no Relatório Fiscal, relativamente aos critérios de apuração do crédito tributário levados a efeito por ocasião do lançamento fiscal, que impossibilitem o exercício pleno do direito de defesa e contraditório do contribuinte, enseja a nulidade material da notificação, mormente tratandose de caracterização de segurados empregados, onde os requisitos do vínculo empregatício devem restar circunstanciadamente comprovados.PROCESSO ANULADO.” (1ª TO da 4ª Câmara da 2ª SJ do CARF, Processo n° 35474.000201/200619 – Acórdão n° 240100.544, Sessão de 19/08/2009) (grifamos) Em outras palavras, deveria constar do Relatório Fiscal de forma destrinçada a demonstração da efetiva existência dos requisitos necessários à caracterização dos trabalhadores da pessoa jurídica desconsiderada como segurados empregados da autuada, corroborado, por exemplo, com quadro contendo nome de todos os prestadores de serviços tidos como empregados da recorrente e respectivos serviços desenvolvidos, possibilitando a contribuinte o exercício pleno da ampla defesa e do contraditório, sob pena de incorrer em cerceamento do direito de defesa. Mas não é o que se verifica no presente caso. No presente caso, ao promover o lançamento levando a efeito a caracterização dos prestadores de serviços da pessoa jurídica desconsiderada como segurados empregados da autuada, o ilustre fiscal autuante, em seu Relatório Fiscal, simplesmente inferiu ter efetuado tal enquadramento, a partir da desconsideração da personalidade jurídica da empresa GLOBO EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA, sem conquanto Fl. 525DF CARF MF 16 demonstrar/comprovar de forma pormenorizada seu entendimento, maculando o lançamento em comento. Relativamente, aos prestadores de serviços contribuintes individuais, vinculados de ofício à autuada, o mesmo entendimento encimado, quanto aos segurados empregados, se presta a rechaçar a pretensão fiscal. Isto porque, em que pese inexistir a necessidade de demonstração dos requisitos da relação laboral, pela própria essência eventual do serviço prestado, há a necessidade de se promover à vinculação de aludidos prestadores de serviços com a empresa autuada. Não basta para tanto, simplesmente, trazer à colação elementos se prestariam a demonstrar a vinculação societária entre as duas empresas, para se atribuir automaticamente a vinculação dos contribuintes individuais de uma pessoa jurídica para outra. Com efeito, é preciso que haja um mínimo aprofundamento nos serviços prestados, indicando as pessoas que figuram como contribuintes individuais, deslocados para outra empresa, de maneira a oferecer condições à validade do lançamento e a oportunizar a própria ampla defesa da contribuinte e, por conseguinte, viabilizar o julgamento da demanda, com elementos robustos, suscetíveis de comprovação. Ora, como se deslocar o vínculo de um prestador de serviço de uma empresa para outra, sem que decline ao menos a espécie de serviço prestado e, bem assim, o próprio prestador do serviço? É exatamente o que ocorrera no caso dos autos, onde a fiscalização entendeu por bem deslocar o vínculo dos segurados empregados e contribuintes individuais da empresa desconsiderada para a recorrente, sem conquanto se aprofundar no exame dos elementos que envolvem os fatos, sem listar tais segurados ou informar quais serviços eram prestados, por exemplo. A rigor, a partir da caracterização do Grupo Econômico de Fato procedida pela fiscalização, inexistiria razão para realizar a desconsideração da personalidade jurídica da empresa GLOBO EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA., com o consequente deslocamento de seus funcionários à autuada, bastando admitir a sua exclusão retroativa do SIMPLES, ensejando a constituição do presente crédito tributário, chamando a autuada GLOBO USINAGEM para responder solidariamente pelo débito. Partindo dessas premissas, ao deixar de demonstrar/comprovar a existência dos requisitos da relação laboral entre os prestadores de serviços com a empresa autuada, GLOBO CENTRAL DE USINAGEM Ltda., deixou a fiscalização do se desincumbir do ônus necessários a procedimentos dessa natureza, o que impõe reconhecer a improcedência do feito. DAS DEMAIS QUESTÕES SUSCITADAS PELA CONTRIBUINTE Na hipótese de restar vencido nas razões encimadas, mister ser faz contemplar as demais alegações de mérito suscitados pela contribuinte, o que passaremos a proceder. Em suas razões recursais, pretende a contribuinte a reforma da decisão recorrida, a qual manteve parte substancial da exigência fiscal, dissertando a propósito da pretensa não incidência de contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas a título de Aviso Prévio Indenizado, Participação nos Lucros e Resultados e Abono Especial, além de se Fl. 526DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 518 17 insurgir contra as penalidades aplicadas nas autuações por descumprimento de obrigações acessória e principal, como passaremos a analisar de maneira individualizada adiante. Em defesa de sua pretensão, elabora substancioso arrazoado contemplando com especificidade as verbas concedidas aos segurados empregados, acima elencadas, concluindo estarem fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias. Em virtude das 03 (três) verbas lançadas na presente autuação como salário indireto, cada uma com suas peculiaridades, analisaremos a questão posta nos autos de maneira individualizada, após transcrição dos dispositivos legais que regulamentam a matéria, senão vejamos. Antes de adentrar as questões de mérito, é de bom alvitre trazer à baila o disposto nos artigos 111, inciso II e 176, do CTN, indispensáveis ao deslinde da lide, in verbis: “Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I – suspensão ou exclusão do crédito tributário; II – outorga de isenção; III – dispensa do cumprimento de obrigações acessórias”” Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração.” Extraise dos dispositivos legais supracitados que qualquer espécie de isenção que o Poder Público pretenda conceder deve decorrer de lei disciplinadora, sendo sua interpretação literal e não extensiva. Por sua vez, as importâncias que não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias estão expressamente listadas no artigo 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91, o qual estabelece os pressupostos legais para que não se caracterizem como salário decontribuição, visando garantir os direitos dos empregados, como segue: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) a) os benefícios da previdência social, nos termos e limites legais, salvo o saláriomaternidade; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). b) as ajudas de custo e o adicional mensal recebidos pelo aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973; c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Fl. 527DF CARF MF 18 Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; d) as importâncias recebidas a título de férias indenizadas e respectivo adicional constitucional, inclusive o valor correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o art. 137 da Consolidação das Leis do TrabalhoCLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). e) as importâncias: (Alínea alterada e itens de 1 a 5 acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97 1. previstas no inciso I do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; 2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de outubro de 1988, do empregado não optante pelo Fundo de Garantia do Tempo de ServiçoFGTS; 3. recebidas a título da indenização de que trata o art. 479 da CLT; 4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei nº 5.889, de 8 de junho de 1973; 5. recebidas a título de incentivo à demissão; 6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e 144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 8. recebidas a título de licençaprêmio indenizada; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). 9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). f) a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado, na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). h) as diárias para viagens, desde que não excedam a 50% (cinqüenta por cento) da remuneração mensal; i) a importância recebida a título de bolsa de complementação educacional de estagiário, quando paga nos termos da Lei nº 6.494, de 7 de dezembro de 1977; j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 519 19 l) o abono do Programa de Integração SocialPIS e do Programa de Assistência ao Servidor PúblicoPASEP; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) m) os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) n) a importância paga ao empregado a título de complementação ao valor do auxíliodoença, desde que este direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) o) as parcelas destinadas à assistência ao trabalhador da agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870, de 1º de dezembro de 1965; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, despesas médicohospitalares e outras similares, desde que a cobertura abranja a totalidade dos empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) r) o valor correspondente a vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos ao empregado e utilizados no local do trabalho para prestação dos respectivos serviços; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) s) o ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Fl. 529DF CARF MF 20 u) a importância recebida a título de bolsa de aprendizagem garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo com o disposto no art. 64 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) v) os valores recebidos em decorrência da cessão de direitos autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) ” Com mais especificidade, contemplando as verbas em epígrafe, o Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, em seu artigo 214, § 9°, prescreve a não incidência de contribuições previdenciárias nas seguintes condições, in verbis: “Art. 214. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente: [...] VI a parcela recebida a título de valetransporte, na forma da legislação própria; [...] X a participação do empregado nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; § 10. As parcelas referidas no parágrafo anterior, quando pagas ou creditadas em desacordo com a legislação pertinente, integram o saláriodecontribuição para todos os fins e efeitos, sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. [...]” Como se observa, tendo a autoridade lançadora inserido os pagamentos realizados pela empresa aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais no conceito de remuneração (saláriodecontribuição), nos termos do artigo 28 da Lei n° 8.212/91, comprovando/demonstrado com especificidade a natureza remuneratória das verbas concedidas, impõese ao contribuinte afastar a pretensão fiscal enquadrando tais pagamentos em uma das hipóteses de não incidência, isenção ou imunidade elencadas na norma encimada, observando, porém, os requisitos legais para tanto. Em outras palavras, desincumbindose o Fisco do ônus de comprovar o fato gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação hábil e idônea, que as verbas concedidas aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais se enquadram em uma das hipóteses previstas no § 9°, do artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Voltando à análise do caso sub examine, a contribuinte se insurgiu contra a tributação de todas as verbas pagas aos seus funcionários, razão pela qual passaremos a analisar os argumentos relacionados a tais rubricas individualmente, em razão de suas Fl. 530DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 520 21 peculiaridades, arrimadas especialmente na jurisprudência administrativa e atual de nossos Tribunais Superiores, senão vejamos: A) DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO Consoante se infere do Relatório Fiscal, aludido levantamento se refere aos pagamentos concedidos pela empresa aos empregados a título Aviso Prévio Indenizado, remuneração paga ao empregado, assegurada pela CF nos termos do art. 7º, inciso XXI, correspondente a, no mínimo, 30 dias de serviços prestados. Mais precisamente, a autoridade lançadora utilizou como fundamento à sua empreitada o fato de, com o advento do Decreto nº 6.727, de 12/01/2009, a alínea "f" do inciso V do § 9º do art. 214 do Decreto nº 3.048//1999 foi revogada, portanto, o aviso prévio indenizado passa a ser base de cálculo das contribuições previdenciárias, razão pela qual procedeuse o presente lançamento adotandose os fatos geradores ocorridos posteriormente à 12/01/2009. Por sua vez, em sua peça recursal, afirma ser improcedente a incidência das contribuições sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado, por tratarse de verba indenizatória, não tendo natureza remuneratória, colacionando jurisprudência, legislação e posicionamentos doutrinários corroborando a sua tese. Afora os fundamentos da autoridade lançadora ao promover o lançamento, corroborados pelo julgador recorrido, o insurgimento da contribuinte merece acolhimento. Destarte, não vislumbramos na verba sub examine natureza remuneratória tendente a integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias. É bem verdade que as hipóteses de não incidência, isenção e/ou imunidade de contribuições previdenciárias encontramse previstas na legislação de regência, notadamente no artigo 28, § 9°, da Lei n° 8.212/91, c/c artigo 214, § 9°, do Decreto n° 3.048/99 – Regulamento da Previdência Social. Entrementes, a jurisprudência deste Colegiado já firmou entendimento no sentido de que, primeiramente, incumbe à autoridade lançadora demonstrar que a verba concedida aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais encontramse revestidas das características básicas do salário de contribuição. Em outras palavras, o simples fato de o benefício concedido pela contribuinte aos seus funcionários não se encontrar elencado nos dispositivos legais encimados, por si só, não o caracteriza automaticamente como remuneração. Mesmo porque, na hipótese de o benefício concedido ter natureza eminentemente indenizatória, por exemplo, não há se falar em incidência dos tributos ora lançados. Daí porque, é dever da autoridade fazendária adentrar aos aspectos peculiares de cada verba/benefício concedido pela contribuinte aos seus empregados, se aprofundando na questão de maneira a comprovar que, efetivamente, se apresenta como uma nítida remuneração, em razão de sua própria natureza, dos motivos e condições de pagamento, etc. Na hipótese dos autos, não obstante a vasta discussão a propósito da matéria, deixaremos de abordar a legislação de regência ou mesmo adentrar a questão da natureza/conceituação de aludida verba, uma vez que o Superior Tribunal de Justiça afastou qualquer dúvida quanto ao tema, reconhecendo a sua natureza indenizatória, nos autos do Fl. 531DF CARF MF 22 Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543C, do CPC, com a seguinte ementa: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DA EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DISCUSSÃO A RESPEITO DA INCIDÊNCIA OU NÃO SOBRE AS SEGUINTES VERBAS: TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS; SALÁRIO MATERNIDADE; SALÁRIO PATERNIDADE; AVISO PRÉVIO INDENIZADO; IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM O AUXÍLIODOENÇA. [...] 2.2 Aviso prévio indenizado. A despeito da atual moldura legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços prestados nem a tempo à disposição do empregador, não ensejam a incidência de contribuição previdenciária. A CLT estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo indeterminado, a parte que, sem justo motivo, quiser a sua rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida antecedência. Não concedido o aviso prévio pelo empregador, nasce para o empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o pagamento decorrente da falta de aviso prévio, isto é, o aviso prévio indenizado, visa a reparar o dano causado ao trabalhador que não fora alertado sobre a futura rescisão contratual com a antecedência mínima estipulada na Constituição Federal (atualmente regulamentada pela Lei 12.506/2011). Dessarte, não há como se conferir à referida verba o caráter remuneratório pretendido pela Fazenda Nacional, por não retribuir o trabalho, mas sim reparar um dano. Ressaltese que, "se o aviso prévio é indenizado, no período que lhe corresponderia o empregado não presta trabalho algum, nem fica à disposição do empregador. Assim, por ser ela estranha à hipótese de incidência, é irrelevante a circunstância de não haver previsão legal de isenção em relação a tal verba" (REsp 1.221.665/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). A corroborar a tese sobre a natureza indenizatória do aviso prévio indenizado, destacamse, na doutrina, as lições de Maurício Godinho Delgado e Amauri Mascaro Nascimento. Precedentes: REsp 1.198.964/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.10.2010; REsp 1.213.133/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 1º.12.2010; AgRg no REsp 1.205.593/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 4.2.2011; AgRg no REsp 1.218.883/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 22.2.2011; AgRg no REsp 1.220.119/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJe de 29.11.2011. [...]" (grifamos) E, de conformidade com o artigo 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF, impõese ao julgador deste Colegiado a observância às decisões do Superior Tribunal de Fl. 532DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 521 23 Justiça, tomadas em sede de Recurso Repetitivo, nos termos do artigo 543C, do CPC, hipótese que se amolda ao caso vertente, senão vejamos: "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016." Encampando a jurisprudência, bem como a disposição regimental supra, a jurisprudência administrativa vem reconhecendo a não incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos aos segurados empregados a título de aviso prévio indenizado, como se extrai dos recentes julgados abaixo ementados: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2009 a 31/12/2010 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. ABONO DE FÉRIAS. INCIDÊNCIA QUANDO EXCEDENTE OS LIMITES DA CLT. ABONO. INCIDÊNCIA QUANDO HABITUAL. O abono de férias previsto no artigo 143 da CLT não integra o salário de contribuição quando respeitados os limites previstos na norma trabalhista. O abono concedido por liberalidade passa a integrar o salário de contribuição, segundo expressa disposição constitucional (artigo 201, § 11), quando habitual. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO. INTEGRAÇÃO. O décimo terceiro salário sofre incidência das contribuições previdenciárias por expressa disposição da lei tributária. O salário de contribuição relativo ao décimo terceiro é obtido pela soma de todas as parcelas que o integram. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. AVISO PRÉVIO INDENIZADO E DÉCIMO TERCEIRO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA. A incidência da contribuição social previdenciária se dá, em regra, sobre as parcelas remuneratórias. Não se verifica incidência sobre parcelas de nítida natureza indenizatória por ausência de disposição legal. As parcelas pagas na rescisão do contrato de trabalho a título de aviso prévio indenizado e férias indenizadas não integram o salário de contribuição em razão Fl. 533DF CARF MF 24 de seu ínsito caráter indenizatório." (1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª SJ do CARF Acórdão nº 2201003.207, Processo nº 10120.727291/201305, Sessão de 14/06/2016) "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 30/09/2009, 01/11/2009 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 30/06/2011, 01/08/2011 a 31/12/2011 [...] AVISO PRÉVIO INDENIZADO. INCIDÊNCIA. O Superior Tribunal de Justiça já definiu, nos autos do Recurso Especial nº 1230957/RS, julgado sob a sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil de 1973, que não incide contribuição previdenciária sobre aviso prévio indenizado. [...]"(2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª SJ do CARF Acórdão nº 2202003.378, Processo nº 16327.720438/201479, Sessão de 10/05/2016) Partindo dessas premissas, diante da definitividade da decisão do STJ, tomada em sede de Recurso Repetitivo, impõese a esta Corte Administrativa adotar a jurisprudência mansa e pacífica dos nossos Tribunais Superiores, provendo o pleito da contribuinte no sentido de reconhecer a natureza indenizatória da verba concedida a título de Aviso Prévio Indenizado, em observância, inclusive, aos artigos 62, § 2º, do RICARF. B) DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS Pretende a contribuinte a reforma da decisão recorrida, aduzindo para tanto que as verbas pagas pela empresa aos segurados empregados a título de Participação nos Resultados não se equiparam àquelas que compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias, tendo em vista a inexistência dos requisitos necessários à caracterização de saláriodecontribuição. Em defesa de sua pretensão, elabora substancioso arrazoado contemplando com especificidade os requisitos dispostos na legislação de regência, concluindo estar fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias. Antes mesmo de se adentrar as questões de mérito propriamente ditas, em relação ao caso concreto, mister se faz trazer à baila a legislação de regência que regulamenta a verba sub examine, bem como alguns estudos a propósito da matéria, senão vejamos: A Constituição Federal, por meio de seu artigo 7º, inciso XI, instituiu a Participação dos empregados nos Lucros e Resultados da empresa, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, desvinculandoa expressamente da base de cálculo das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;” Fl. 534DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 522 25 Por seu turno, a legislação tributária ao regulamentar a matéria, impôs algumas condições para que as importâncias concedidas aos segurados empregados a título de participação nos lucros e resultados não integrassem o salário de contribuição, a começar pelo artigo 28, § 9º, alínea “j”, que assim preceitua: “Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta lei: [...] j – a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com a lei específica.” (grifos nossos) Em atendimento ao estabelecido na norma encimada, a Medida Provisória nº 794/1994, tratando especificamente da questão, determinou em síntese o seguinte: “Art. 2º Toda empresa deverá convencionar com seus empregados, mediante negociação coletiva, a forma de participação destes em seus lucros ou resultados. Parágrafo único. Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: a) índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; e b) programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Art. 3º A participação de que trata o artigo 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista ou previdenciário. [...] § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre. [...]” Após reedições a MP retro fora convertida na Lei nº 10.101/2000, trazendo em seu bojo algumas inovações, notadamente quanto a forma/periodicidade do pagamento de tais verbas, senão vejamos: Fl. 535DF CARF MF 26 “Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade funcional dos trabalhadores. [...] Art.3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. [...] § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação de lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. [...]” Em suma, extraise da evolução da legislação específica relativa à participação nos lucros e resultados que existem dois momentos a serem apartados quanto aos requisitos para não incidência das contribuições previdenciárias. Para o período até 29/06/1998, era vedado o pagamento em periodicidade inferior a um semestre. Posteriormente a 30/06/1998, além da exigência acima, passou a ser proibido o pagamento de mais de duas parcelas no mesmo ano civil. No que tange aos demais requisitos, especialmente àqueles inscritos no artigo 2º, as disposições legais continuaram praticamente as mesmas, exigindo regras claras e objetivas relativamente ao método de aferição e concessão da verba em comento. Atualmente, a Lei n° 10.101/2000 se apresenta com algumas alterações introduzidas pela Lei n° 12.832, de 20/07/2013, que deixaremos de contemplar em razão de Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 523 27 não fazer qualquer efeito na hipótese dos autos, que trata de fatos geradores pretéritos a aludido Diploma Legal. A teor dos preceitos inscritos na legislação encimada, constatase que a Participação nos Lucros e Resultados, de fato, constitui uma verdadeira imunidade, eis que desvinculada da tributação das contribuições previdenciárias por força da Constituição Federal, em virtude de se caracterizar como verba eventual e incerta. Entrementes, não é a simples denominação atribuída pela empresa à verba concedida aos funcionários, in casu, PLR, que irá lhe conferir a não incidência dos tributos ora exigidos. Em verdade, o que importa é a natureza dos pagamentos efetuados, independentemente da denominação pretendida pela contribuinte. E, para que a verba possua efetivamente a natureza de Participação nos Lucros e Resultados, indispensável se faz a conjugação dos pressupostos legais inscritos na MP nº 794/1994 e reedições, c/c Lei nº 10.101/2000, dependendo do período fiscalizado. Nessa esteira de entendimento, é de fácil conclusão que as importâncias pagas aos segurados empregados intituladas de PLR somente sofrerão incidência das contribuições previdenciárias se não estiverem revestidas dos requisitos legais de aludida verba. Melhor elucidando, a tributação não se dá sobre o valor da PLR, mas, tão somente, quando assim não restar caracterizada. Por sua vez, a interpretação do caso concreto deve ser levada a efeito de forma objetiva, nos limites da legislação específica. Em outras palavras, a autoridade fiscal e, bem assim, o julgador não poderão deixar de observar os pressupostos legais de caracterização de tal verba, sendo defeso, igualmente, a atribuição de requisitos/condições que não estejam contidos nos dispositivos legais que regulamentam a matéria, a partir de meras subjetividades, sobretudo quando arrimadas em premissas que não constam dos autos, sob pena, inclusive, de afronta ao Princípio da Legalidade. Por outro lado, convém frisar que tratandose de imunidade, os pagamentos a título de PLR não devem observância aos rigores interpretativos insculpidos nos artigos 111, inciso II e 176, do CTN, os quais contemplam as hipóteses de isenção, com necessária interpretação restritiva da norma. Ao contrário, no caso de imunidade, a doutrina e jurisprudência consolidaram entendimento de que a interpretação da norma constitucional poderá ser mais abrangente, de maneira a fazer prevalecer a própria vontade do legislador constitucional ao afastar a tributação de tais verbas, o que não implica dizer que a PLR não deve observância ao regramento específico e que a norma constitucional que a prescreve é de eficácia plena. Na hipótese vertente, passando à análise das razões do lançamento, impõese confrontar os fundamentos de fato e direito que escoram a pretensão fiscal, com as alegações recursais da contribuinte, alegando ter observado todos sos pressupostos legais de referida verba. Com efeito, ao considerar os valores pagos a título de PLR como remuneração, a autoridade fiscal adotou como fundamento à sua empreitada os seguintes fundamentos: "[...] Fl. 537DF CARF MF 28 6.9. A simples leitura dos acordos coletivos apresentados (acima extratificados) evidencia que os mesmos, independentemente de qualquer critério (regras, índices e programas de meta e resultados), fixam o valor total da participação nos PLR 2010 e 2011, respectivamente, como pagamento sendo feito, inclusive, em desacordo com o previsto na redação original do § 2º do Art. 3º da Lei nº 10.101/00. Assim sendo, não resta dúvida de que a norma legal de que devam ser estabelecidos parâmetros claros e objetivos para pagamento da PLR, bem como regras adjetivas, visa buscar o engajamento de cada empregado na obtenção das metas estabelecidas no acrdo ou convenção coletiva, que devam ser os mais específicos possíveis e estritamente vinculados à realidade laboral de cada trabalhador. Assim, o empregado sentirse motivado para atingir aquelas metas vinculadas diretamente a sua atuação ou, no mínimo, ao desempenho conjunto do setor em que exerce suas atividades. Deste modo, resta evidente que não atende ao bem jurídico tutelado pela previsão legal da participação nos lucros ou resultados a mera definição de valores a ser distribuídos aos empregados. 6.10. Concluise, então, que a "PLR Participação nos Lucros ou Resultados" paga no período de 01//2009 a 12/2011, objeto do presente Lançamento Fiscal, não se acha contemplada em nenhuma das hipóteses de exclusão de incidência de contribuições sociais, possuindo, isto sim, natureza salarial, logo integram o saláriodecontribuição, sofrendo, consequentemente, a incidência das contribuições devidas, uma vez que não nos foi apresentado o acordo coletivo estabelecendo/fixando os critérios (regras, índices, prazos e programas de meta e resultados). Tais valores estão devidamente discriminados e individualizados no ANEXO III do presente relatório, e lançados, de forma mensal, no Relatório de Lançamentos, parte integrante deste AIOP. [...]" Em que pesem as substanciosas razões ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que a decisão recorrida merece ser mantida, pelos seus próprios fundamentos. Não obstante as substanciosas razões de fato e de direito ofertadas pela contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar, impondo seja mantida a exigência fiscal, quanto a PLR, em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Isto porque, o requisito basilar para o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados é a instituição do Programa formalizado em uma das modalidades constantes da legislação de regência, estabelecendo, no mínimo, regras claras e objetivas, bem como mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba Sem a instrumentalização do Programa de PLR, com requisitos mínimos, não se pode aferir sob quais condições referida verba será paga, representando absoluta afronta aos preceitos da Lei n° 10.101/2000, os quais são de observância obrigatória para aqueles contribuintes que pretendem conceder a PLR. Não se sabe, por exemplo, se a empresa terá que obter lucro ou algum resultado no decorrer de um período de maneira a justificar tal pagamento. A rigor, na forma Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 524 29 que fora concedida a PLR, esta será paga independentemente de qualquer fato, bastando que seja empregado, o que reforça a tese de se caracterizar como efetiva remuneração. A fazer prevalecer este entendimento, como muito bem delineado pela autoridade fiscal ao promover o lançamento, do instrumento que pretendeu oferecer as condições à PLR paga pela contribuinte, inexistem a toda evidência regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, pressupostos mínimos ao pagamento de aludida verba. Como acima alinhavado, no presente caso a tributação da verba paga pela empresa se justifica exatamente em razão de não se revestir das características da PLR, o que se fosse verdade, afastaria a incidência de contribuições previdenciárias. Em outras palavras, o que se tributa é a verba que tem natureza eminentemente salarial, uma vez não observados os pressupostos para não incidência das contribuições previdenciárias, desnaturando, assim, a intitulada PLR concedida pela empresa que, em verdade, se apresenta como remuneração na sua essência. C) DO ABONO ESPECIAL No que tange aos pagamentos concedidos aos segurados a título de Abono Especial, contrapõese à pretensão fiscal, sustentando que estão fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias, porquanto pagos por mera liberalidade do empregador, de forma eventual, na forma do item 7, alínea "e", do § 9º, do artigo 28, da Lei nº 8.212, de 1991, não havendo a comprovação por parte da autoridade fiscal de que tais valores estivessem vinculados a fatores de eficiência, assiduidade, tempo de serviço e outros relacionados ao desenvolvimento do labor. Inobstante as alegações de fato e de direito ofertadas pela contribuinte, o entendimento acima alinhavado não é capaz de rechaçar a exigência fiscal, mormente quando pagos em desconformidade com a legislação de regência. Isto porque, uma vez a autoridade fiscal se desincumbindo do ônus de comprovar a ocorrência do fato gerador do tributo, o que ocorrera in casu, cabe ao contribuinte demonstrar que os pagamento concedidos aos seus segurados não possuem natureza remuneratória, o que não se vislumbra no caso vertente. Destarte, relativamente aos abonos pagos em virtude de Convenção Coletiva, o exame da matéria impõe sejam separados dois períodos. Anteriormente ao advento do Decreto nº 3.265/99, e após a sua edição, que, ao regulamentar referida hipótese de não incidência de contribuição previdenciária, impôs condição legal para tanto, senão vejamos. De conformidade com a legislação previdenciária, as importâncias recebidas pelos segurados empregados a título de abono, expressamente desvinculadas do salário, com espeque no artigo 28, § 9º, alínea “e”, item 7, da Lei nº 8.212/91, com redação dada pela Lei nº 9.711, de 21 de novembro de 1998, não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias, como segue: “Art. 28. [...] Fl. 539DF CARF MF 30 § 9º. Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] e) as importâncias: [...] 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;” Ao regulamentar o dispositivo legal encimado, o RPS, em seu artigo 214, § 9º, alínea “j”, na forma estabelecida pelo Decreto nº 3.265/99, restringiu seus efeitos, impondo nova condição nos seguintes termos: “Art. 214. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição, exclusivamente: [...] j) ganhos eventuais e abonos expressamente desvinculados do salário por força de lei;” Como se verifica, antes do Decreto nº 3.265/99, de 30 de novembro de 1999, para que os valores pagos aos segurados empregados a título de abono não integrassem o salário de contribuição, observados os requisitos legais, não precisariam estar desvinculados expressamente mediante lei. Bastaria, a não vinculação expressa, servindo para tanto Acordos/Convenções Coletivas. Na hipótese vertente, consoante se infere da análise dos autos, a recorrente pagou aos seus funcionários abonos decorrentes de Convenção Coletiva fora do período compreendido entre 21/11/1998 (edição da Lei 9.711) a 30/11/1999 (edição do Decreto 3.265), que não estariam sujeitas às contribuições previdenciárias, conquanto que expressamente desvinculadas pelos instrumentos que os concederam, e obedecidas às normas regulamentadoras. Assim, tratandose o presente caso de abonos decorrentes de Convenção Coletiva, relativamente a competência posterior à edição do Decreto 3.265 (30/11/99), o qual exigiu a desvinculação expressa em lei para não incidência de contribuições previdenciárias, ao regulamentar a Lei nº 8.212/91, por meio do artigo 214, § 9º, alínea “j”, do Decreto 3.048/99, deve ser mantido o lançamento na forma constituída pelas razões de fato e de direito que passamos a desenvolver. Ao admitir a não incidência de contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas pagas a título de abono, ainda que decorrentes de Convenção Coletiva, posteriormente a edição do Decreto nº 3.265/99, como pretende a contribuinte, teríamos que interpretar o artigo 214, § 9º, alínea “j”, do RPS, de forma extensiva, o que vai de encontro com a legislação de regência, como acima demonstrado. Com efeito, nos termos do dispositivo legal retro, não integram o salário de contribuição as importâncias recebidas pelo empregado ali elencadas, expressamente desvinculadas do salário mediante lei, não se podendo interpretar a legislação instituidora dessa isenção extensivamente, de forma a desconsiderar a exigência de “lei”, a pretexto da existência Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 525 31 de Convenção Coletiva que trouxe em seu bojo a desvinculação pretendida, tendo em vista que não pode ser considerada como “lei” stricto sensu, a qual emana do poder legislativo, muito embora não se negue a força normativa da Convenção Coletiva, conquanto que congruentes à legislação de regência. Em outra via, somente a título elucidativo, sequer pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, os quais afastam a incidência de Abonos Únicos nos termos da jurisprudência consolidada pelo STJ, uma vez não se vislumbrar a necessária eventualidade, bem como a desvinculação ao respectivo salário nos valores pagos pela contribuinte na hipótese dos autos: A propósito da matéria, o julgador de primeira instância foi muito feliz ao rechaçar o pleito da contribuinte, como segue: "[...] Por outra banda, ainda que se considere entendimento jurisprudencial do STJ no sentido de que o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, não sofre a incidência de contribuição previdenciária, o caso em questão não se subsume a situação posta no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e ato declaratório PGFN 16/2011, que determina a não interposição de recursos em casos como tal: Assunto: Nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária. A embasar tal ato declaratório extraio o seguinte acórdão do STJ: Processo Civil e Tributário. Contribuição Previdenciária e FGTS. Abono Único Previsto em Convenção Coletiva de Trabalho. Art. 28, § 9º, 'e', Item 7, da Lei 8.212/91. Eventualidade e Desvinculação do Salário, no Caso. Não Incidência. Precedentes de Ambas As Turmas da 1ª Seção. Recurso Especial Provido. VOTOVISTA O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI: 1. Tratase de recurso especial interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região que, em mandado de segurança preventivo visando à afastar a incidência da contribuição previdenciária e do FGTS sobre o abono único pago em função da Cláusula 46ª da Convenção Coletiva de Trabalho 2002/2003, deu provimento às apelações do INSS e da Fazenda Nacional e à remessa oficial, reformando a sentença que concedera a ordem. (...) Fl. 541DF CARF MF 32 Pedi vista. 2. Acompanho o relator apenas quanto à inexistência de violação ao artigo 535 do CPC. Divirjo, todavia, em relação à questão da incidência ou não da contribuição previdenciária e do FGTS sobre os valores pagos a título de "abono único" decorrentes de convenção coletiva de trabalho. (...) Ora, considerando a disposição contida no art. 28, § 9º, 'e', item 7, da Lei 8.212/91, é possível concluir que o referido abono não integra a base de cálculo do salário de contribuição, já que o seu pagamento não é habitual observese que, na hipótese, a previsão de pagamento é única, o que revela a eventualidade da verba , e não tem vinculação ao salário notese que, no caso, o benefício tem valor fixo para todos os empregados e não representa contraprestação por serviços, tendo em vista a possibilidade dos empregados afastados do trabalho também receberem a importância. Nesse contexto, é indevida a incidência da contribuição previdenciária sobre as importâncias recebidas a título de "abono único" previstas na cláusula acima referida. ( grifei) (...) (STJ, REsp 819.552/BA, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Rel. p/ acórdão Teori Albino Zavascki, DJe 18/5/2009) Como dito anteriormente, a situação posta nestes autos não se subsume ao enunciado do Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, como pode se verificar das cláusulas concessivas do abono nas convenções coletivas de trabalho 2009/2011: CLÁUSULA 2 ABONO PECUNIÁRIO As empresas concederão, em caráter especial e eventual, aos empregados um ABONO PECUNIÁRIO ESPECIAL, totalmente desvinculado do salário, equivalente a 17% (Dezessete por cento) do salário base vigente em 31 de Outubro de 2009, em duas parcelas de 8,5% (oito e meio por cento) cada, a serem pagas, a primeira até 04 de Dezembro de 2009 e a segunda até 18 de Dezembro de 2009, aplicados até o teto salarial de R$ 4.555,00 (quatro mil quinhentos e cinqüenta e cinco reais). 1 Os empregados que ganham acima do teto receberão o ABONO em duas parcelas nas seguintes condições: Até 04 de Dezembro/2009 : valor fixo de R$ 387,18 (trezentos e oitenta e sete reais e dezoito centavos) Até 18 de Dezembro/2009 :valor fixo de R$ 387,18 (trezentos e oitenta e sete reais e dezoito centavos) Parágrafo único: Estes abonos são devidos apenas aos empregados com contrato de trabalho vigente em 31 de Fl. 542DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 526 33 Outubro de 2009 e que estejam trabalhando na empresa na época de seus pagamentos. CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2011/2013 CLÁUSULA 2 ABONO PECUNIÁRIO As empresas concederão, em caráter especial e eventual, aos empregados um ABONO PECUNIÁRIO ESPECIAL, totalmente desvinculado do salário, equivalente a 26% (vinte seis por cento) do salário base vigente em 31 de Outubro de 2011, em duas parcelas de 13% (treze por cento) cada, a serem pagas, a primeira até 02 de dezembro de 2011 e a segunda até 16 de dezembro de 2011, aplicados até o teto salarial de R$ 6.000,00 (seis mil reais). 1 Os empregados que ganham acima do teto receberão o ABONO em duas parcelas nas seguintes condições: • Até 02 de dezembro de 2011: valor fixo de R$ 780,00 (setecentos e oitenta reais). • Até 16 de dezembro de 2011: valor fixo de R$ 780.00 (setecentos e oitenta reais). Parágrafo único: Estes abonos são devidos apenas aos empregados com contrato de trabalho vigente em 31 de Outubro de 2011 e que estejam trabalhando na empresa na época de seus pagamentos. Vejase que os pagamentos foram feitos em duas parcelas no ano, e com vinculação ao salário (porcentagem do salário) condições estas impostas também na cláusula na convenção coletiva 2011/2013. Ademais, se considerarmos que em todo o período de 2008 a 2013 o abono especial foi pago em continuidade, não há que se falar em eventualidade pois já se incorporaram a expectativa do trabalhador em receber tal verba. Como é cediço os ganhos habituais integram a remuneração do segurado empregado, a teor do artigo 201, § 11 da Constituição Federal, verbis: [...] O que é determinante para caracterizar a habitualidade é o conhecimento prévio de que os valores serão concedidos, ou seja, uma vez que se torna uma prática constante, como no caso do abono especial, existe a expectativa do empregado no recebimento destes valores. Essa previsão retira o caráter de eventualidade, constituindo tais valores em base de cálculo de contribuição previdenciária. Dessa forma, o lançamento das contribuições incidentes sobre o abono pecuniário especial deve ser mantido nos seus exatos termos. Fl. 543DF CARF MF 34 [...]" Nesse sentido, não se cogita da exclusão dos levantamentos relativos as verbas sub examine posteriormente ao advento do Decreto nº 3.265/99, uma vez que o fiscal autuante, bem como autoridade recorrida, em posterior análise do processo, agiram da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência, especialmente ao artigo 214, § 9º, alínea “j”, do RPS. DA MULTA QUALIFICADA Consoante acima explicitado, ao constituir o crédito tributário, o fiscal autuante aplicou a multa qualificada inscrita no artigo 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, por considerar que a contribuinte agiu de forma reiteradamente fraudulenta, ao adotar a conduta de utilização de empresas interpostas na contratação de seus empregados, bem como praticou sonegação de contribuições previdenciárias, conduta esta que é trata nos arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/1964; Em suas razões recursais, aduz a contribuinte que a Fiscalização não se deu ao trabalho de identificar, taxativamente, além de comprovar, a conduta da Recorrente nas situações descritas pelos dispositivos legais utilizados para fundamentação do Auto de Infração, não havendo se falar em aludida penalidade, mesmo porque não se comprovou o evidente intuito doloso ou mesmo a ocorrência simultânea de sonegação, fraude e conluio por parte da autuada, capaz de justificar referida imputação, ao contrário do assentado no Relatório Fiscal. No âmbito das contribuições previdenciárias, anteriormente administradas pela Secretaria da Receita Previdenciária, na maioria dos casos inexistia o devido cuidado em caracterizar a conduta dolosa do contribuinte para efeito de comprovação dos crimes fiscais do dolo, fraude ou simulação. A fiscalização tão somente informava à notificada da existência de Representação Fiscal para Fins Penais quando da lavratura da notificação fiscal. Isto porque, além de inexistir multa de ofício qualificada, àquela época, vigia o artigo 45 da Lei nº 8.212/91, o qual contemplava o prazo decadencial de 10 (dez) anos, independentemente de antecipação de pagamento e/ou ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Após a unificação das Secretarias das Receitas Previdenciária e Federal, em Receita Federal do Brasil (“Super Receita”), as contribuições previdenciárias passaram a ser administradas pela RFB que, em curto lapso temporal, compatibilizou os procedimentos fiscalizatórios e, por conseguinte, de constituição de créditos tributários, estabelecendo, igualmente, para os tributos em epígrafe multas de ofício a serem aplicadas em observância à Lei n° 9.430/1996, conforme alterações na legislação introduzidas pela Lei nº 11.941/2009. Diante desses fatos, com a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, associada com os novos procedimentos adotados pela RFB e a transferência de competência para julgamento das contribuições previdenciárias do CRPS para o CARF, passou a ser de extrema importância a comprovação da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, para efeito de aplicação do prazo decadencial, do artigo 150, § 4, ou artigo 173, inciso I, do CTN. Na esteira desse raciocínio, antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que atualmente regulamentam a matéria, que assim prescrevem: Fl. 544DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 527 35 “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, estabelecem o que segue: “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Consoante se infere dos dispositivos legais acima transcritos, impõese à autoridade lançadora a observância dos parâmetros e condições básicas previstas na legislação de regência em casos de imputação da multa qualificada (in casu, exclusivamente do crime), que somente poderá ser levada a efeito quando àquela estiver convencida do cometimento do crime (dolo, fraude ou simulação), devendo, ainda, relatar todos os fatos de forma pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo atribuída e, bem assim, ao procurador de que o delito fora efetivamente praticado. Em outras palavras, não basta à indicação da conduta dolosa, fraudulenta ou simulatória, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Fl. 545DF CARF MF 36 Este entendimento, aliás, encontrase sedimentado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: “MULTA AGRAVADA – Fraude – Não pode ser presumida ou alicerçada em indícios. A penalidade qualificada somente é admissível quando factualmente constatada as hipóteses de fraude, dolo ou simulação.” (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.561, Sessão de 16/10/2003) (grifamos) “ MULTA QUALIFICADA – NÃO CARACTERIZAÇÃO – Não tendo sido comprovada de forma objetiva o resultado do dolo, da fraude ou da simulação, descabe a qualificação da penalidade de ofício agravada.” (2ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10245.625, Sessão de 21/08/2002) “MULTA DE OFÍCIO – AGRAVAMENTO – APLICABILIDADE – REDUÇÃO DO PERCENTUAL – Somente deve ser aplicada a multa agravada quando presentes os fatos caracterizadores de evidente intuito de fraude, como definido nos artigos 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, fazendose a sua redução ao percentual normal de 75%, para os demais casos, especialmente quando se referem à infrações apuradas por presunção.” (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.356, Sessão de 16/04/2003) (grifamos) Em decorrência da jurisprudência uníssona nesse sentido, o então 1º Conselho de Contribuintes consagrou de uma vez por todas o entendimento acima alinhavado, editando a Súmula nº 14, determinando que: “ Súmula 1ºCC nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo.” Assim, impende analisar os autos detidamente de maneira a elucidar se o fiscal autuante logrou comprovar que a contribuinte agiu com dolo, com o intuito de fraudar ou simular a hipótese de incidência da obrigação tributária. Com efeito, cabe à autoridade lançadora demonstrar de forma pormenorizada suas razões no sentido de que a contribuinte agiu com dolo, fraude ou simulação, para efeito da conclusão/comprovação do crime arquitetado pela autuada. Na hipótese vertente, o ilustre fiscal autuante escorou a aplicação da multa qualificada nos seguintes termos constantes do Relatório Fiscal, item 9, in verbis: "[...] Como base nas informações e/ou documentos informados exaustivamente no item 3 deste Relatório Fiscal REFISC, fica evidente que buscando a extinção/redução dos tributos devidos à Fazenda Nacional, o sujeito passivo (GLOBO CENTRAL) omitiu, reiteradamente, ser o empregador/contratante DE FATO dos segurados empregados que efetivamente lhe prestavam serviços mas estavam formalmente registrados ou vinculados em empresa diversa (GLOBO EQUIPAMENTOS Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 528 37 SOLIDÁRIA), visando usufruir artificial e indevidamente dos benefícios do regime de tributação do Simples Nacional desta última, ocultando, desta forma, o efetivo valor da obrigação tributária principal e impedindo o conhecimento da ocorrência dos fatos geradores, evidencia a intenção dolosa da empresa no cometimento da infração e implica qualificação da multa de ofício, aplicada com base no §1º do art. 44 da Lei n° 9.430/96 c/c art. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30/11/1964. [...]” Como se observa, da leitura do excerto do Relatório Fiscal acima transcrito, não podemos afirmar com a segurança que o caso exige ter a contribuinte agido com dolo objetivando suprimir tributos, mesmo porque não houve um aprofundamento do fiscal autuante a este respeito, de maneira a proceder à subsunção do fato (conduta da empresa) à norma (tipificação penal). Em verdade, a fiscalização fez uma verdadeira remissão ao mérito da própria demanda, relativamente à contratação de empresas para prestar serviços com natureza da relação empregatícia, não declinando precisamente qual teria sido a conduta dolosa da contribuinte no sentido de suprimir tributos e/ou mascarar o seu fato gerador. Com efeito, o fato de constar do Relatório Fiscal da Autuação as razões que levaram à fiscalização a desconsiderar a personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, caracterizando os respectivos sócios como segurados empregados da autuada não suprime o dever legal do fisco de justificar e comprovar o crime a ser imputado ao contribuinte. A Egrégia Segunda Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, adotando o mesmo entendimento encimado, já se manifestou a propósito da matéria em caso da mesma natureza, nos seguintes termos: “[...] NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO PESSOAS JURÍDICAS E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. A simples procedência de notificação fiscal, estribada na desconsideração de personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com a consequente caracterização de segurados empregados, sem que haja uma perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de sonegar tributos, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação de maneira a deslocar o prazo decadencial do artigo 150, § 4°, para o artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Ademais, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o qual oferece guarida a aludido procedimento, exige tão somente a demonstração da existência dos requisitos do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada, não implicando, necessariamente, que um fato conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação Fl. 547DF CARF MF 38 à imputação do crime fiscal.” (Acórdão n° 920201.127 – Processo n° 16095.000604/200769, Sessão de 19/10/2010) Não bastasse isso, no presente caso, o que torna ainda mais digno de realce é que a própria Lei n° 11.196/2005 contempla a possibilidade de prestação de serviços de natureza intelectual mediante pessoa jurídica. Assim, independentemente da comprovação efetiva da prestação de serviços nesta modalidade, é certo que a própria legislação de regência possibilita inúmeras interpretações quanto à forma de contratação de prestadores de serviços. Neste sentido, a mera interpretação equivocada da contribuinte quanto a aplicabilidade da norma legal, não pode ensejar a aplicação de multa qualificada, arrimada em crime de sonegação fiscal, sem que a fiscalização se aprofunde na matéria, demonstrando cabalmente a conduta dolosa da empresa com maiores elementos e esclarecimentos, não se prestando para tanto a justificativa da desconsideração da personalidade jurídica daquelas prestadoras de serviços. Partindo dessa premissa, o simples fato da pretensa procedência do lançamento em relação ao mérito, legitimando a desconsideração procedida pela autoridade lançadora, a partir da comprovação dos requisitos do vínculo laboral, não implica dizer necessariamente que a contribuinte cometeu o CRIME de simulação e/ou sonegação. Mesmo porque o dispositivo legal que contempla tal procedimento, qual seja, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência SocialRPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, exige exclusivamente a comprovação dos pressupostos da relação empregatícia, inscritos no artigo 12, inciso I, alínea “a” da Lei nº 8.212/91. Nada menciona sobre dolo, fraude ou simulação. Nesse sentido, a análise fática de casos dessa natureza impõe primeiramente e necessariamente a verificação da demonstração da existência de tais requisitos (do vínculo empregatício), o que não ocorre quanto à simulação, que poderá vir elucidada/comprovada ou não. Dessa forma, repitase, o fato de se considerar procedente o lançamento, se for o caso, estribado na desconsideração da personalidade jurídica e consequente caracterização de segurados empregados, não quer dizer necessariamente que há o crime de simulação, dolo ou fraude comprovados. Impõese, assim, um aprofundamento maior no tema por parte do fiscal autuante ao pretender imputar tais crimes ao contribuinte, de forma a comprovar, além dos pressupostos do vínculo laboral, a conduta criminosa da autuada. No caso sob análise, não vislumbramos a demonstração da ocorrência do CRIME de simulação, com a segurança que o caso exige. Pretender vincular uma conduta a outra (desconsideração de personalidade jurídica com a caracterização de segurados empregados e crime de simulação) implicará considerar a existência de simulação em todo lançamento julgado procedente, em que houver referido procedimento, olvidandose que o fundamento legal que o justifica nada fala sobre simulação, não exigindo a sua comprovação para justificálo. A rigor, podemos traçar um paralelo entre essa situação com a simples constatação de omissão de receitas/rendimentos, em que a Sumula nº 14 do Primeiro Conselho de Contribuintes já firmou o entendimento que, isoladamente, não se presta a caracterizar a conduta dolosa do contribuinte. Em outras palavras, tal qual no caso de simples omissão de receitas/rendimentos, a simples demonstração da existência dos pressupostos da relação laboral entre os prestadores de serviços e a contribuinte, ainda que a partir da desconsideração do Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 529 39 vínculo pactuado e da personalidade jurídica de empresas, por si só, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, como se vislumbra na hipótese dos autos. Não fosse assim, teríamos que considerar automaticamente dolosa, fraudulenta ou simulatória a conduta do contribuinte toda vez que houver a caracterização de prestadores de serviços como segurados empregados, o que, em nosso entender, não representa a intenção do legislador ao impor a comprovação daquelas condutas para efeito da demonstração do crime. DA APRECIAÇÃO DE QUESTÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Relativamente às questões de inconstitucionalidades arguidas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como a multa e juros ora exigida encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 353/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado Fl. 549DF CARF MF 40 pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)” Observese, que somente nas hipóteses contempladas nos parágrafos e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...]” Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 530 41 Quanto às demais argumentações da contribuinte, não se cogita em analisá las, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Por todo o exposto, estando a Autuação Fiscal sub examine em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO: 1) CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO da autuada, Globo Central de Usinagem Ltda., E DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, no sentido de afastar a incidência das contribuições quanto ao lançamento de "Aviso Prévio Indenizado", bem como a qualificação da multa de ofício, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 551DF CARF MF 42 Voto Vencedor Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini – Redatora Designada Este voto limitase à parte em que o conselheiro relator restou vencido. CARACTERIZAÇÃO DOS SEGURADOS COMO PRESTADORES DE SERVIÇOS DA AUTUADA O lançamento teve por base o que determina a Lei 8.212/91, artigo 30, inciso I, alínea ‘b’ e artigo 33: Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: I a empresa é obrigada a: [...] b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como as contribuições a seu cargo incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a seu serviço [...] Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. Conforme Relatório Fiscal, fls. 29/54, a fiscalização concluiu, pela análise da documentação que lhe foi apresentada, que apesar de existirem duas empresas formalmente constituídas, a Globo Equipamentos Industriais Ltda ME (optante pelo Simples Nacional) tem servido tão somente para abrigar de forma simulada a prestação de serviços do sujeito passivo Globo Central de Usinagem Ltda. Assim, concluiu que os trabalhadores formalmente registrados na Globo Equipamentos estão vinculados a Globo Central de Usinagem, ora autuada, que se utiliza da Globo Equipamentos, por meio de simulação/fraude, com a finalidade de usufruir indevidamente dos benefícios tributários do regime do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar 123/06. Consta do Relatório fiscal, em síntese, que: · As despesas com a remuneração de segurados da empresa Globo Equipamentos superam em 438% a receita bruta declarada, enquanto que na Globo Central a massa salarial representa apenas 2,4% do faturamento, que é 26 vezes maior que da Globo Equipamentos. Fl. 552DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 531 43 · No período de 01/08 a 12/11, em média, 90% das operações de "vendas de produtos e/ou industrialização efetuada para terceiros" da Globo Equipamentos tinham como cliente principal a Globo Central. · Da análise realizada nos documentos auditados da empresa Globo Equipamentos Industriais, constatouse que pagamentos foram realizados de forma direta com recursos oriundos exclusivamente da Globo Central de Usinagem, tais como: remuneração dos segurados empregados e prólabore dos segurados contribuintes individuais; recolhimento de GPS(Guia da Previdência Social); recolhimento de GRF (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço); e DARF 0561 (Documento de Arrecadação de Receitas Federais). · Nas Folhas de Pagamentos e GFIP da Globo Equipamentos, competências 01/08 e 02/08, 04/08 a 08/08, foram constatados pagamentos de prólabore aos sócios, Mauro Aparecido de Paula Ferreira e Antonio Claudio Chavette, porém estes foram formalmente excluídos do quadro societário da referida empresa desde 12/11/2007, o que demonstra confusão patrimonial e gestão empresarial atípica entre as duas empresas. · Na análise da contabilidade da Globo Equipamentos, a fiscalização constatou: o em todo o período auditado (01/2008 a 12/2011) a ausência de registros de despesas com aquisição de matérias primas, energia elétrica, combustíveis, aluguel ou depreciação de instalações e equipamentos e ausência de registros de instalações e equipamentos no ativo; o os custos ou despesas com mãodeobra (salários, prólabore, férias, 13° salário, rescisões), os encargos sociais (INSS, FGTS), bem como, despesas com alimentação do trabalhador, valetransporte, assistência médica e demais benefícios, foram registrados à crédito na conta “1.01.01.04.01 – Globo Central”; o a existência de valores nos exercícios de 2008 a 2011, na conta “2.01.01.02.01 Empréstimos Coligadas Globo Central”, em contrapartida com a conta “1.01.01.01.01 Caixa Geral” ou “1.01.01.04.01 Globo Central”, sem que houvesse comprovação dos créditos. A Globo Equipamentos foi intimada mediante o Termo de Intimação nº 01, a apresentar documentos referentes aos empréstimos, tais como contratos de mútuo, depósitos ou cheques, porém limitouse a informar que faz parte de um grupo econômico reconhecido. · Na análise da contabilidade da Globo Central, a fiscalização constatou: Fl. 553DF CARF MF 44 o os empréstimos citados anteriormente não estão lançados na contabilidade do credor (Globo Central); o no ano calendário 2008, os custos/despesas com mãodeobra (salários, férias e 13° salário), encargos sociais com FGTS, despesas com alimentação do trabalhador, o valetransporte, assistência médica e demais benefícios, lançados na conta "4.02.01.01.01 Apuração do Resultado do Exercício" da Globo Central estavam incompatíveis com a massa salarial/número de segurados declarados em GFIP em 2008. o nos anos calendário 2009 a 2011, há valores lançados a Débito, nas contas de "Serviços Prestados Por Pessoa Jurídica", e a Crédito na conta "Banco” com histórico contendo as expressões genéricas "Pago Globo Equipamentos ", dentre outras, a indicar que as despesas com mãodeobra, encargos sociais, despesas com demais benefícios referentes aos colaboradores registrados na Globo Equipamentos estão “camuflados” na escrituração contábil da Globo Central, como custos/despesas com prestação de serviços por pessoa jurídica, no caso, pela Globo Equipamentos. · Concluiu a fiscalização que houve utilização indevida de microempresa/empresa de pequeno porte (Globo Equipamentos), optante pelo Simples Nacional, para registrar os empregados nesta, com a finalidade de deixar de reconhecer as contribuições sociais patronais incidentes sobre a folha de pagamento, sendo desconsiderada a prestação de serviços formalmente constituída entre as empresas. A recorrente afirma não haver comprovação do vínculo empregatício entre os funcionários da empresa Globo Equipamentos com a Empresa Globo Usinagem. Entendeu o relator que houve desconsideração da personalidade jurídica da empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda e que não houve a demonstração dos requisitos da relação de emprego dos trabalhadores com a autuada. Em que pese o entendimento da autuada e o do relator, eles não podem prosperar. A Lei 12.529/11, que dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, determina: Art. 34. A personalidade jurídica do responsável por infração da ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da parte deste abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. Assim, a lei determina a desconsideração da personalidade jurídica quando constatado abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação do estatuto ou contrato, não importando qual a aparência ou a forma com a qual se pretendeu revestir o sujeito passivo. Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 532 45 Contudo, o que se verifica nos autos não é a desconsideração da personalidade jurídica da empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda, mas sim a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo. O próprio CTN, art. 149, VII, e a Lei 8.212/91, art. 33, § 3o, estabelecem a obrigação do Fisco realizar o lançamento, em se constatando irregularidades ou ilegalidades. A identificação de situações de fato que possam constituir irregularidades visando à elisão ou sonegação de tributos constitui atividade inerente e vinculada da auditoria fiscal. Por isso, constatado o fato, impõese o lançamento fiscal, e, uma vez que seja realizado com a observância dos princípios constitucionais aplicáveis, não há que se falar em irregularidade. A fiscalização, diante da situação fática verificada, conforme suficientemente descrito e comprovado no Relatório Fiscal, concluiu que todos os funcionários formalmente contratados pela empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda são trabalhadores empregados ou contribuintes individuais da empresa ora autuada. Desta forma, desconsiderou o negócio jurídico praticado com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, entendendo que, na verdade, é a Globo Central de Usinagem Ltda que contrata e remunera todos os trabalhadores que lhe prestam serviço. A Lei 8.212/91, que estabelece as regras que regem a filiação obrigatória de trabalhadores ao Regime Geral de Previdência Social, dispõe que: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: [...] V como contribuinte individual: [...] Assim, uma vez constatado pela fiscalização que há a vinculação obrigatória de um trabalhador ao Regime Geral de Previdência Social, cabe à autoridade fiscal, sob pena de responsabilidade funcional, desconsiderar a forma sob a qual a prestação se deu, para, com base na realidade emergente, apurar contribuições devidas e condutas incompatíveis com a legislação tributária aplicável. Do contrário, esvaziarseia inteiramente a obrigatoriedade das normas previdenciárias e da filiação dos segurados, deixando a questão inteiramente ao arbítrio, interesses e conveniências dos pactuantes, causando, conforme o caso, prejuízo ao financiamento da previdência social decorrente de fraude. Por sua vez, o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99, dispõe que: Art.229. [...] Fl. 555DF CARF MF 46 § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado (grifo nosso) Vêse que a autoridade administrativa fiscal possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos que não reflitam a realidade, notadamente, na hipótese de ocorrência de simulação/fraude como ocorrido no presente caso, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora que não pode ficar adstrita aos aspectos formais dos atos e fatos. Logo, uma vez verificado que o sujeito passivo utiliza de simulação/fraude para esquivarse do pagamento de tributo, o auditor fiscal tem o dever de aplicar a legislação tributária de acordo com os fatos por ele constatados em detrimento da verdade jurídica aparente (formal). Dito de outra forma, uma vez evidenciada a conduta simulatória ou fraudulenta, não resta outra opção à fiscalização, a não ser descaracterizar a relação formal existente e considerar, para efeitos do lançamento tributário, a relação real entre as pessoas jurídicas e segurados, identificando corretamente o sujeito passivo da relação jurídica tributária. Isso é o que se depreende, inclusive, do disposto no CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. [...] Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: [...] VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; No presente caso, a auditoria fiscal (que se baseou em informações e situações de fato) concluiu que durante o período fiscalizado, em relação aos fatos geradores de contribuições previdenciárias e para outras entidades e fundos, apesar de, do ponto de vista formal, os segurados estarem registrados em uma pessoa jurídica, a Globo Equipamentos Industriais Ltda ME, a prestação de serviços e a remuneração formalizada se referia à empresa Globo Central de Usinagem Ltda. Uma vez que os trabalhadores que constam das folhas de pagamento da Globo Equipamentos (empresa optante do Simples), na realidade, prestam serviços para a autuada, são devidas as contribuições patronais ora lançadas. Fl. 556DF CARF MF Processo nº 10860.721963/201305 Acórdão n.º 2401004.513 S2C4T1 Fl. 533 47 Não há que se falar que não foram caracterizados os vínculos empregatícios. A fiscalização considerou como segurados empregados e contribuintes individuais os reconhecidamente como tal na folha de pagamento da empresa Globo Equipamentos. Os argumentos apresentados pela impugnante, contrapondose aos elementos fáticos verificados pela fiscalização, não são suficientes para afastar o trabalho fiscal. Importante esclarecer que a Administração deve aterse aos enunciados da legislação que norteiam as obrigações do contribuinte perante a Seguridade Social. Acrescente se que, nos termos do art. 123 do CTN, as convenções particulares não podem ser opostas à Fazenda Pública. CONCLUSÃO Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário quanto à caracterização dos segurados empregados e contribuintes individuais como prestadores de serviços da autuada. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini. Fl. 557DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.721813/2010-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL.
A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 2301-004.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
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ISENÇÃO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 18 13 /2 01 0- 69 Fl. 145DF CARF MF 2 Tratase de notificação de lançamento nº 06101/00075/2010 resultante de lançamento suplementar do ITR/2005, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Campestre” (NIRF 4.609.4946), com área total declarada de 327 ha, localizado no município de Itabirito/MG, tendo a autoridade fiscal glosado integralmente a área de reserva legal informada 183,2 ha, além de desconsiderar o VTN declarado de R$ 170.069,54 (R$ 1.182,68/ha), arbitrandoo em R$ 555.900,00 (R$ 1.700,00/ha), conforme demonstrativo de e fl. 05. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese que: a) discorda do procedimento fiscal, por glosar as áreas declaradas de reserva legal, devidamente averbadas em 2003, e arbitrar o VTN com base no SIPT, discricionário e inacessível à contribuinte, em evidente cerceamento ao seu direito de defesa; b) é desnecessária a apresentação do ADA ou qualquer outra prova da área ambiental declarada, para fins de sua isenção do ITR; para contestar o VTN arbitrado anexa laudo de avaliação, que indica o valor de mercado da terra nua; c) transcreve parcialmente a legislação de regência, acórdãos do TRF1ª R e do antigo Conselho de Contribuintes, atual CARF, além de ensinamentos doutrinários, para referendar seus argumentos. d) requer seja julgada procedente sua impugnação e declarada a total insubsistência da autuação fiscal, ou seja conhecido o laudo técnico apresentado, para determinação do VTN. Em 31/08/2012, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília DRJ/BSB, por unanimidade de votos, julgou a impugnação procedente em parte, para acatar o Valor da Terra Nua conforme laudo técnico, mantendo a glosa da área de reserva legal declarada, nos termos do Acórdão nº 0349.241 (efls. 111/119): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 DA PRELIMINAR DE NULIDADE. Tendo o procedimento fiscal sido instaurado de acordo com os princípios constitucionais vigentes, possibilitando à contribuinte o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa, é incabível a nulidade requerida. DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL. Para fins de isenção do ITR/2005, exigese que a área de reserva legal declarada, além de estar averbada tempestivamente à margem da matrícula do imóvel, tenha sido objeto de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolado em tempo hábil no IBAMA. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. Deverá ser revisto o VTN arbitrado para o ITR/2005, com base em laudo técnico de avaliação, emitido por profissionais Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10680.721813/201069 Acórdão n.º 2301004.869 S2C3T1 Fl. 146 3 habilitados e com ART/CREA, demonstrando de maneira convincente o valor fundiário do imóvel rural avaliado, a preços da época do fato gerador do imposto, bem como suas peculiaridades desfavoráveis. Impugnação Procedente em Parte Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 132/138) alegando que é desnecessária a apresentação do ADA ou qualquer outra prova da área ambiental declarada como reserva legal, para fins de sua isenção do ITR. É o relatório. Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Verificada a tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a sua análise. A questão cingese à glosa da área de reserva legal declarada de 183,2 ha, uma vez que não foi apresentado ADA tempestivamente. Alega o recorrente que a declaração da referida área na DITR, para fins de exclusão da base de cálculo do ITR, goza de presunção relativa, com fundamento no § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: ... II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; ... § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, Fl. 147DF CARF MF 4 não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Com relação a este argumento, cumpre salientar que referido parágrafo visava, essencialmente, permitir que a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA fosse realizado em momento posterior ao da entrega da DITR, sem que com isso, o contribuinte fosse prejudicado em eventual isenção a que fizesse jus, com relação às áreas de reserva legal e de preservação permanente. Por sua vez, a necessidade de apresentação do ADA para fins de isenção do ITR encontra respaldo no art. 17O da Lei nº 6.938, de 1981, conforme a seguir. Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural –ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (...) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Conforme o art. 111 da Lei nº 5172, de 1966 Código Tributário Nacional (CTN), a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. O recorrente não apresentou ADA tempestivamente requerido ao IBAMA, entretanto apresentou a Matrícula do Imóvel nº 9.054 (efls. 37/39), "Fazenda Campestre" na qual constam as averbações (AV4 e AV5), efetuadas em 08/07/2003, de áreas de reserva legal de 65,90ha e 117,30ha, totalizando 183,2ha, conforme Termo de Responsabilidade de Preservação de Floresta, datado de 18/06/2003, portanto, antes da data da ocorrência do fato gerador. Nesse sentido o Acórdão nº 9202003.437, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, julgado na sessão de 22/10/2014, entendeu que averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10680.721813/201069 Acórdão n.º 2301004.869 S2C3T1 Fl. 147 5 Exercício: 2005 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.º 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17O, §1º, da Lei n.º 6.938/81. A partir do exercício de 2.002, regra geral, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observandose a função social da propriedade e os critérios previstos no §4º do art. 16 do Código Florestal. A averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel é, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto. A jurisprudência do CARF tem entendido que documentos emitidos por órgãos ambientais e a averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel suprem referida exigência. Hipótese em que a Recorrida não apresentou o ADA, mas averbou na matrícula do imóvel área de reserva legal antes da data da ocorrência do fato gerador. Recurso especial provido em parte. (grifamos) Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 149DF CARF MF
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