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6522659 #
Numero do processo: 13784.720437/2014-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 RENDIMENTOS RECEBIDOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL. EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO. RENDIMENTOS NÃO TRIBUTÁVEIS. Não se caracterizam como rendimentos tributáveis os valores recebidos judicialmente relativos à restituição de empréstimo compulsório sobre aquisição de veículos.
Numero da decisão: 2202-003.568
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/2014­49  Acórdão n.º 2202­003.568  S2­C2T2  Fl. 471          2 Trata o presente processo de Notificação de Lançamento em virtude de uma  omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação da Justiça Federal, no  valor  de  R$  16.188,65,  no  ano­calendário  de  2011,  resultando  em  uma  exigência  crédito  tributário de R$ 8.710,54, incluídos multa de ofício e juros de mora calculados até 30/09/2014.  O Contribuinte apresentou a impugnação alegando que não houve omissão de  rendimentos,  pois  o  valor  apurado  pela  fiscalização  foi  declarado  como  rendimento  isento  e  não  tributável,  uma  vez  que  é  relativo  ao  processo  judicial  nº  0114232­71.1991.4.02.5101  (91.0114232­1),  que  tramitou  na  2ª  Vara  Federal  do  Rio  de  Janeiro,  referente  ao  imposto  compulsório sobre compra de veículo.   Aduz que o rendimento foi declarado como isento por orientação do manual  de perguntas e respostas da Receita Federal do Brasil.   A Delegacia  da Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em  Porto  Alegre  (RS) julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­  IRPF  Ano­calendário: 2012  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS  RECEBIDOS  DE  PESSOA  JURÍDICA, DECORRENTE DE AÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL.  Deve ser mantido o lançamento quando demonstrada a omissão  de rendimentos na declaração de ajuste anual.  A conclusão da DRJ foi pela improcedência da impugnação, por entender que  não  foi  apresentado  nenhum documento  que  comprovasse  que  os  rendimentos  referiam­se  à  devolução de empréstimo compulsório.  Cientificado dessa decisão em 16/01/2015, por via postal (A.R. de fl. 50), o  Contribuinte  apresentou Recurso Voluntário  em 04/02/2015  (fls.  51  a 80),  no  qual  repisa os  argumentos da impugnação e anexa cópias dos seguintes documentos: apelação cível junto ao  TRF da 2ª Região; petição solicitando desarquivamento do processo na Justiça Federal; DIRPF  do exercício 2012 (ano­calendário 2011); recibo do Banco do Brasil; perguntas e respostas do  manual da Receita Federal. Informa, ainda, o Recorrente que ficou pendente a entrega de cópia  do processo judicial, pois ainda não havia conseguido por estar arquivado.  Em  03/03/2015,  o  Contribuinte  apresenta  nova  petição  reforçando  seus  argumentos e apresentando cópia do processo judicial em referência (fls. 84 a 98).  É o relatório.   Voto             Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator.  O  recurso  é  tempestivo  e  atende  às  demais  condições  de  admissibilidade.  Portanto, merece ser conhecido.  Fl. 471DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/2014­49  Acórdão n.º 2202­003.568  S2­C2T2  Fl. 472          3 Trata  o  presente  processo  de  lançamento  de  ofício  em  virtude  de  uma  omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de ação da Justiça Federal, no  valor de R$ 16.188,65, no ano­calendário de 2011.  Alega  o  Contribuinte  que  se  trata  de  recebimento  de  devolução  de  empréstimo compulsório sobre compra de veículo, decorrente de ação judicial contra a União,  que tramitou na Justiça Federal do Rio de Janeiro (Processo nº 91.0114232­1).  Visando  comprovar  as  suas  alegações,  o  Recorrente,  por  ocasião  do  seu  Recurso  Voluntário,  apresentou  os  documentos  de  fls.  54/80,  além  dos  documentos  de  fls.  85/410 (cópia do processo judicial), anexados posteriormente.  Sobre  a  tributação  incidente  sobre  devolução  de  empréstimo  compulsório  sobre aquisição de veículos, o "Perguntas e Respostas ­ IRPF/2012" assim dispõe:  EMPRÉSTIMO  COMPULSÓRIO  SOBRE  AQUISIÇÃO  DE  VEÍCULOS  277  —  Qual  é  o  tratamento  tributário  do  empréstimo  compulsório recebido em 2011 sobre aquisição de veículos?  Esse  valor  não  se  caracteriza  como  rendimento  tributável,  devendo  ser  informado  como  rendimento  não  tributável  na  declaração.  Não resta dúvidas acerca da não tributação sobre valores recebidos a título de  repetição de indébito, como no caso do empréstimo compulsório sobre compra de veículos.  Compulsando  os  autos,  notadamente  os  documentos  de  fls.  56/64,  86/87  e  291/293,  trazidos  pelo  Contribuinte,  concluo  que  se  encontra  comprovado  que  os  valores  recebidos  da  Justiça  Federal,  objeto  do  presente  lançamento  de  ofício,  são  decorrentes  de  devolução de empréstimo compulsório incidente sobre aquisição de veículo, os quais não são  tributáveis.   Reconheço  que  o  Decreto  70.235/72,  que  regulamenta  o  processo  administrativo  fiscal,  limita  a  apresentação  posterior  de  provas,  restringindo­a  aos  casos  previstos no § 4º do seu art. 16, porém a jurisprudência deste Conselho vem se consolidando no  sentido de que essa regra geral não impede que o julgador conheça e analise novos documentos  ofertados  após  a  defesa  inaugural,  em  observância  aos  princípios  da  verdade  material  e  da  instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando são capazes de rechaçar em parte  ou  integralmente  a pretensão  fiscal,  bem  como  se  prestam  a  corroborar  alegações  suscitadas  desde  o  início  do  processo.  Nesse  sentido  os  seguintes  acórdãos  da  2ª  Turma  da  Câmara  Superior de Recursos Fiscais: 9202­002.587, 9202­01.633, 9202­02.162 e 9202­01.914.  Dessa forma, penso que deve ser cancelado o lançamento de ofício.  Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário.  Assinado digitalmente  Marco Aurélio de Oliveira Barbosa ­ Relator    Fl. 472DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13784.720437/2014­49  Acórdão n.º 2202­003.568  S2­C2T2  Fl. 473          4                             Fl. 473DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA

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6468692 #
Numero do processo: 10882.002802/2007-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática entre os julgados em confronto. Recurso Especial do Procurador não conhecido
Numero da decisão: 9202-004.276
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 15/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente em exercício), PATRÍCIA DA SILVA, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO. Ausente, justificadamente o conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 15/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente em exercício), PATRÍCIA DA SILVA, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI, GERSON MACEDO GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO. Ausente, justificadamente o conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1849; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRF­T2  Fl. 1.291          1 1.290  CSRF­T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10882.002802/2007­12  Recurso nº               Especial do Procurador  Acórdão nº  9202­004.276  –  2ª Turma   Sessão de  19 de julho de 2016  Matéria  IRPF ­ OMISSÃO DE RENDIMENTOS ­ DEPÓSITOS BANCÁRIOS  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  ADIR LEME DA SILVA     ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2002, 2003  PROCESSO  ADMINISTRATIVO  FISCAL.  RECURSO  ESPECIAL  DE  DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.  Não  se  conhece  de  Recurso  Especial  de  Divergência,  quando  não  resta  demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, por falta de similitude fática  entre os julgados em confronto.  Recurso Especial do Procurador não conhecido      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  não  conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Votaram pelas conclusões os conselheiros  Patrícia  da  Silva,  Ana  Paula  Fernandes,  Gerson Macedo Guerra  e  Rita  Eliza  Reis  da  Costa  Bacchieri.   (assinado digitalmente)  LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS ­ Presidente em exercício.   (assinado digitalmente)  MARIA HELENA COTTA CARDOZO ­ Relatora.    EDITADO EM: 15/08/2016  Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: HEITOR DE SOUZA  LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 28 02 /2 00 7- 12 Fl. 1291DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO     2 (Presidente  em  exercício),  PATRÍCIA  DA  SILVA,  ELAINE  CRISTINA  MONTEIRO  E  SILVA  VIEIRA,  RITA  ELIZA  REIS  DA  COSTA  BACCHIERI,  GERSON  MACEDO  GUERRA e MARIA HELENA COTTA CARDOZO. Ausente, justificadamente o conselheiro  CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).      Relatório  Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física,  acrescido  de  multa  de  ofício  e  juros  de  mora,  tendo  em  vista  a  apuração  de  omissão  de  rendimentos de aluguéis e royalties recebidos de pessoas jurídicas no ano­calendário de 2002,  ganhos  de  capital  na  alienação  de  bens  nos meses  de  janeiro,  fevereiro  e março  de  2002  e  janeiro de 2003, e omissão de rendimentos com base em depósitos bancários sem identificação  de  origem,  tendo  em  vista  a  constatação  de  remessas  para  conta  no  exterior,  nos meses  de  fevereiro e março de 2002. A multa  relativa ao ganho de capital  foi qualificada, aplicada no  percentual de 150%.  No caso dos depósitos bancários,  trata­se de duas operações, nos valores de  US$ 200.000,00 e US$ 182.927,00, efetuadas em 05/02/2002 e 14/03/2002,  respectivamente,  em  que  o Contribuinte  foi  identificado  como  beneficiário  de  divisas  creditadas  por meio  de  conta mantida e/ou administrada no "Valley National Bank", ordenadas por Carolina Nolasco.  Os recursos foram creditados no Bank Audi, em Nova York.  No  julgamento  em  Primeira  Instância  o  lançamento  foi  considerado  procedente em parte, desqualificando­se a multa incidente sobre os ganhos de capital, que foi  reduzida ao percentual de 75%.   Em  sessão  plenária  de  19/01/2012,  foi  julgado  o  Recurso  Voluntário  s/n,  prolatando­se o Acórdão nº 2102­01.729 (fls. 487 a 498), assim ementado:  “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA  ­ IRPF  Exercício: 2002, 2003  DECADÊNCIA.  Conforme  precedente  do  Superior  Tribunal  de  Justiça,  para  a  hipótese  de  inocorrência  de  dolo,  fraude  ou  simulação,  a  existência de pagamento antecipado leva a regra para as balizas  do  art.  150,  §  4  0,  do  CTN;  já  a  inexistência  do  pagamento  antecipado, para o art. 173, I, do CTN.  IRPF. DECADÊNCIA. GANHOS DE CAPITAL.  Nos casos de ganhos de capital, o imposto de renda pessoa física  é  tributo  sujeito  ao  regime  do  denominado  lançamento  por  homologação,  cujo  prazo  decadencial  para  a  constituição  de  créditos  tributários  é  de  cinco  anos  contados  do  fato  gerador,  que  ocorre  no mês  da  sua  percepção. Ultrapassado  esse  lapso  temporal  sem  a  expedição  de  lançamento  de  oficio,  opera­se  a  decadência,  a  atividade  exercida  pelo  contribuinte  está  Fl. 1292DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/2007­12  Acórdão n.º 9202­004.276  CSRF­T2  Fl. 1.292          3 tacitamente  homologada  e  o  crédito  tributário  extinto,  nos  termos do artigo 150, § 4º e do artigo 156,  inciso V, ambos do  CTN.  COMPROVAÇÃO  DA  ORIGEM  DOS  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS TRAZIDA NA FASE DA AUTUAÇÃO. AUSÊNCIA  DE  INVESTIGAÇÃO  DOS  DEPOSITANTES  PELA  FISCALIZAÇÃO.  NÃO  APERFEIÇOAMENTO  DA  PRESUNÇÃO DO ART. 42 DA LEI N° 9.430/96.  Comprovada  a  origem  dos  depósitos  bancários,  caberá  a  fiscalização aprofundar a  investigação para submetê­los, se  for  o  caso,  às  normas  de  tributação  especificas,  previstas  na  legislação  vigente  à  época  em  que  auferidos  ou  recebidos,  na  forma  do  art.  42,  §  2°,  da  Lei  n°  9.430/96.  Não  se  pode,  simplesmente,  ancorar­se  na  presunção  do  art.  42  da  Lei  n°  9.430/96,  obrigando  o  contribuinte  a  fazer  a  prova  detalhadamente,  quando  este  assevera  a  impossibilidade  do  mister. Conhecendo a origem dos depósitos, quedando­se inerte  a  fiscalização,  inviável  a  manutenção  da  presunção  de  rendimentos com fulcro no art. 42 da Lei n° 9.430/96.  SÚMULA CARF N°4  ‘A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes  sobre  débitos  tributários  administrados  pela  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  são  devidos,  no  período  de  inadimplência,  à  taxa  referencial  do  Sistema  Especial  de  Liquidação e Custódia ­ SELIC para títulos federais.  JURISPRUDÊNCIA ARGUIDA  Não  sendo  parte  nos  litígios  objetos  da  jurisprudência  trazida  aos  autos,  não  pode  o  sujeito  passivo  beneficiar­se  dos  efeitos  das  sentenças ali  prolatadas,  uma vez que  tais efeitos  são  inter  partes e não erga omnes.  Recurso Voluntário Provido em Parte”  A decisão foi assim registrada:  “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos,  em DAR parcial provimento ao recurso para cancelar a infração  oriunda  dos  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada.  Fez  sustentação  oral  o  patrono  do  contribuinte,  Dr.  Amaury  Maciel, OAB­SP n 212.481.”  Cientificada  do  acórdão  em  11/06/2012  (fls.  286),  a  Fazenda  Nacional  interpôs, na mesma data (RM – Relação de Movimentação de fls. 505), o Recurso Especial de  fls. 495 a 504, visando rediscutir a seguinte matéria: “a mera indicação da origem, sem a sua  efetiva comprovação, não é suficiente para afastar a presunção juris tantum do art. 42, da  Lei nº 9.430, de 1996”.  Ao  Recurso  Especial  foi  dado  seguimento,  conforme  o  despacho  de  30/10/2012 (fls. 506). No apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese:  Fl. 1293DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO     4 ­ o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, em seu caput, disciplina uma presunção  legal de omissão de rendimentos que permite o lançamento do tributo correspondente, sempre  que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove,  mediante  documentação  hábil  e  idônea,  a  origem  dos  recursos  creditados  em  sua  conta  de  depósito ou de investimento;  ­ trata­se de presunção legal relativa de omissão de receitas ou rendimentos,  que somente será afastada no caso de o contribuinte, através de documentação hábil e idônea,  comprovar  a  origem  dos  valores  depositados/creditados  em  sua  conta  bancária.  Verifica­se,  assim, que a referida presunção legal é a favor do Fisco;  ­  portanto,  o  citado  diploma  atribui  ao  particular  o  ônus  da prova quanto  a  origem dos valores que circulam, em seu nome, em instituições bancárias, e nesse sentido, o  contribuinte  deve  comprovar  a  origem  dos  depósitos  individualmente,  com  coincidência  de  datas e valores das operações que alega para justificá­los;  ­ com o advento do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, o legislador estabeleceu  uma presunção legal de omissão de rendimentos e, não logrando o titular comprovar a origem  dos  créditos  efetuados  em  sua  conta  bancária,  tem­se  a  autorização  legal  para  considerar  ocorrido  o  fato  gerador,  ou  seja,  para  presumir  que  os  recursos  depositados  traduzem  rendimentos do contribuinte. É evidente que nestes casos existe a inversão do ônus da prova,  característica  das  presunções  legais,  cabendo  ao  contribuinte  demonstrar  que  o  numerário  creditado não é renda tributável;  ­  assim,  desde  que  o  procedimento  fiscal  esteja  lastreado  nas  condições  impostas  pelo  permissivo  legal,  é  do  contribuinte  o  ônus  de  provar  a  origem  dos  recursos  depositados  em  sua  conta  corrente,  ou  seja,  de  provar  que  há  depósitos,  devidamente  especificados, que representam aquisição de disponibilidade financeira não tributável ou que já  foi tributado;  ­ desta  forma, para que  se proceda  a exclusão da base de cálculo de algum  valor  considerado,  indevidamente,  pela  fiscalização,  se  faz  necessário  que  o  contribuinte  apresente elemento probatório que seja hábil e idôneo;  ­ indiscutivelmente, tal presunção em favor do fisco transfere ao contribuinte  o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação da origem dos recursos questionados;  ­  não  há  dúvidas  que  a  Lei  n  º  9.430,  de  1996,  definiu,  portanto,  que  os  depósitos bancários, de origem não comprovada, efetuados a partir do ano­calendário de 1997,  caracteriza omissão de rendimentos, estando, por conseguinte, sujeito a tributação pelo Imposto  de Renda nos termos do art. 3, § 4 2, da Lei n2 7.713, de 1988;  ­ no presente processo, a constituição do credito tributário decorreu em face  de o contribuinte não  ter provado com documentação hábil ou  idônea  a origem dos  recursos  que  dariam  respaldo  aos  referidos  depósitos/créditos,  dando  ensejo  a  omissão  de  receita  ou  rendimento  (Lei  nº  9.430,  de  1996,  art.  42)  e,  refletindo,  conseqüentemente,  na  lavratura  do  instrumento de autuação em causa;  ­ à luz da Lei nº 9.430, de 1996, cabe ao sujeito passivo demonstrar o nexo  causal  entre  os  depósitos  existentes  e  o  beneficio  que  tais  créditos  tenham  lhe  trazido,  pois  somente  ele  pode  discriminar  que  recursos  já  foram  tributados  e  quais  se  derivam  de meras  transferências entre contas, ou seja, cabe a ele comprovar a origem de tais depósitos bancários  de forma tão substancial quanto o é a presunção legal autorizadora do lançamento;  Fl. 1294DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/2007­12  Acórdão n.º 9202­004.276  CSRF­T2  Fl. 1.293          5 ­ além do mais, é cristalino na legislação de regência (§ 3º do art. 42 da Lei nº  9.430, de 1996), a necessidade de identificação individualizada dos depósitos, sendo necessário  coincidir valor, data e até mesmo depositante, com os respectivos documentos probantes, não  podendo ser tratadas de forma genérica e nem por médias;  ­ nos autos ficou evidenciado, através de indícios e provas, que o fiscalizado  recebeu  os  valores  questionados  neste  auto  de  infração,  sendo  que  neste  caso  está  clara  a  existência de indícios de omissão de rendimentos, situação em que se inverte o ônus da prova  do  fisco  para  o  sujeito  passivo.  Isto  e,  ao  invés  de  a  Fazenda  Pública  ter  de  provar  que  o  contribuinte possuía fontes de recursos para receber estes valores ou que os valores são outros,  já  que  a  base  arbitrada  não  corresponderia  ao  valor  real  recebido,  competirá  ao  autuado  produzir  a  prova  da  improcedência  da  presunção,  ou  seja,  que  os  valores  recebidos  estão  lastreados em documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores;  ­  a  presunção  legal  juris  tantum  inverte  o  ônus  da  prova,  e  neste  caso,  a  autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato  indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimento (fato jurídico tributário),  nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil;  ­  cabe  ao  contribuinte  provar  que o  fato  presumido não  existiu  na  situação  concreta, registrando­se que, para a comprovação da origem dos depósitos, é indispensável que  os  documentos  idôneos  indiquem o  pagamento  de  rendimentos  em  data  e  valor  coincidentes  com  os  depósitos,  ou  seja,  é  necessária  a  vinculação  de  cada  depósito  a  uma  operação  realizada, já tributada, isenta ou não tributável ou que será tributada após ser identificada, por  meio de documentos hábeis e idôneos, o que não ocorreu na espécie.  ­  cabe  ao  contribuinte  provar  que o  fato  presumido não  existiu  na  situação  concreta.  Portanto,  consoante  consignado  no  acórdão  paradigma  104­21546,  “não  é  licito  obrigar­se  a  Fazenda Nacional  a  substituir  o  particular  no  fornecimento  da prova que  a  este  competia”, como procedeu a decisão recorrida.  ­  o  entendimento  adotado  pelo  colegiado  a  quo,  no  sentido  de  considerar  comprovada a origem do valor constante de depósito bancário mediante a simples alegação da  origem,  sem  a  correspondente  comprovação,  além  de  configurar  ofensa  literal  e  expressa  disposição do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, viola o principio da verdade material, critério  balizador da  instância administrativa, pela contrariedade evidente ao conjunto probatório, em  favorecimento de uma mera alegação;  ­  sendo  assim,  o  acórdão  recorrido merece  ser  reformado,  pois  considerou  como  justificados  valores,  sem  lastro  em  operações  que  demonstrassem  a  coincidência  em  valores e datas com os depósitos bancários individualmente considerados;  Ao  final,  a  Fazenda  Nacional  pede  seja  conhecido  e  provido  o  Recurso  Especial, reformando­se o acórdão recorrido, mantendo­se o lançamento em sua integralidade.  Cientificado em 15/02/2013  (AR – Aviso de Recebimento de  fls.  1.201),  o  Contribuinte  ofereceu,  em  28/02/2013,  as  Contra­Razões  de  fls.  1.203  a  1.212  e,  em  04/03/2013, o Recurso Especial de fls. 1.215 a 1.234.  Fl. 1295DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO     6 Ao  Recurso  Especial  do  Contribuinte  foi  negado  seguimento,  conforme  Despacho de 04/02/214 (fls. 1.246 a 1.248), o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame  de fls. 1.249/1.250. O Contribuinte foi cientificado em 20/08/2014 (AR de fls. 1.253).  Em sede de Contrarrazões, o Contribuinte reitera os fundamentos do acórdão  recorrido e aduz, em síntese:  ­ o item 3 do Auto de Infração não faz qualquer referência ao art. 42 da Lei nº  9.430, de 1996;  ­  ainda  que  assim  não  fosse,  a  origem  das  aplicações  no  exterior  foi  comprovada.  Em 29/01/2015, o Contribuinte protocolou o documento de fls. 1.261 a 1.279,  informando a desistência do recurso, tendo em vista a adesão a parcelamento em 22/08/2014.  O processo foi incluído na pauta de 10/12/2015, oportunidade em foi exarada  a Resolução nº 9202­000.014 (fls. 1.281 a 1.286), por meio da qual o julgamento foi convertido  em  diligência  ao  Órgão  Preparador,  para  que  este  informasse  o  limite  do  parcelamento  concedido ao Contribuinte.  Em atendimento, a DRF em Barueri/SP assim respondeu (fls. 1.290):  "Em consultas aos sistemas da Receita Federal, verificou­se que  o  contribuinte  é  optante  pelo  parcelamento  concedido  pela  lei  12.996/2014.  Nas  telas  de  fls.  1288  a  1289  constata­se  que  o  único  processo  consolidado  neste  parcelamento  é  de  nº  13896.722961/2014­97,  processo  em  que  constam  os  créditos  tributários  mantidos  pelo  CARF  no  processo  de  nº  10882.002802/2007­12 os quais foram transferidos para este.  Quanto  ao  crédito  tributário  objeto  do  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional  ­  cancelamento  da  infração  oriunda  dos  depósitos  bancários  de  origem  não  comprovada,  informo  que  este não se encontra parcelado."  Assim,  tendo  em  vista  que  o  crédito  tributário  objeto  do  presente  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional  não  integrou  o  parcelamento,  retornam  os  autos  à  pauta  de  julgamento, para apreciação.    Voto             Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo  O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando  perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade.  O  objeto  do  apelo  é  a  autuação  com  base  em  depósitos  bancários  sem  identificação  de  origem,  fundamentada  no  art.  42,  da  Lei  nº  9.430,  de  1996  (Termo  de  Verificação Fiscal, fls. 265). Trata­se de duas operações, nos valores de US$ 200.000,00 e US$  182.927,00,  efetuadas  em 05/02/2002  e  14/03/2002,  respectivamente,  em que  o Contribuinte  foi  identificado  como  beneficiário  de  divisas  creditadas  por  meio  de  conta  mantida  e/ou  Fl. 1296DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/2007­12  Acórdão n.º 9202­004.276  CSRF­T2  Fl. 1.294          7 administrada no "Valley National Bank", ordenadas por Carolina Nolasco. Os recursos foram  creditados no Bank Audi, em Nova York.  O  Contribuinte  informou  que  as  remessas  acima  haviam  decorrido  da  alienação  de  imóveis  de  valor  vultoso,  a  prazo,  cujas  parcelas  foram  por  ele  recebidas  de  janeiro a março de 2002 e em janeiro de 2003, apresentando a respectiva documentação. Nesse  passo, foi­lhe efetivamente imputada a infração de omissão de ganhos de capital na alienação  de imóveis, nos meses de janeiro a março de 2002 e em janeiro de 2003 (item 002 do Auto de  Infração, fls. 272. Ao mesmo tempo, foi mantida a omissão com base em depósitos bancários,  relativa às duas remessas nos meses de fevereiro e março de 2002.  Nesse contexto, o acórdão recorrido assim registra:  "MÉRITO.  RENDIMENTOS  TRIBUTÁVEIS.  ITEM  003  DO  AUTO  DE  INFRAÇÃO.  OMISSÃO  DE  RENDIMENTOS.  DEPÓSITOS BANCÁRIOS.  Conforme  indica a Conclusão  do Termo de Verificação Fiscal,  fl.  267,  essa  infração  foi  enquadrada  como  rendimentos  omitidos, por depósitos bancários de origens não comprovas.  Bem,  ocorre  que  assim  sendo,  seria  necessário  a  presença  dos  respectivos extratos bancários dessa conta mas compulsando­se  os  autos  não  encontramos  nada  além  dos  formulários  de  transferência  de  fls.  176/177.  Entendo  que  sem  os  extratos  bancários  demonstrando  a  existência  dos  depósitos,  não  há  substância  documental  que  suporte  um  lançamento  baseado  justamente  em  mandamento  legal  que  trata  de  depósitos  bancários em favor do contribuinte sem origem comprovada.  Ainda,  contribuinte  vem  insistindo  desde  a  fiscalização  que  os  recursos presumidos como omissão de receita por depósitos cuja  origem  não  foi  justificada,  são  na  verdade  decorrentes  de  alienação de um bem imóvel.  A  própria  fiscalização  de  posse  dessa  informação,  apurou  um  ganho de capital e procedeu o lançamento nesse mesmo auto de  infração. O Termo de Verificação Fiscal à fl. 267 mostra tabela  dos valores recebidos pelo recorrente.  (...)  Em seu recurso, o contribuinte elaborou planilha com base nos  valores  levantados  pela  própria  fiscalização  na  apuração  do  ganho  de  capital  para  justificar  a  origem  dos  depósitos,  conforme se vê a seguir.  (...)  Bem, fica patente a coerência de valores e datas. Entendo que no  contexto dos lançamentos dos depósitos bancários, uma vez que  o autuado mostrou que houve a venda do bem que foi, inclusive,  objeto de apuração do ganho de capital, é plenamente factível a  alegação do contribuinte.  Fl. 1297DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO     8 Dessa  forma,  associado  com  o  fato  da  ausência  dos  extratos  bancários  comprovando  o  depósito  em  conta  corrente  a  fiscalização deveria ter investigado a origem dos eventuais fatos  geradores a  serem  imputados ao  contribuinte  e  sob pena de  se  estar  tributando  duplamente  o  mesmo  rendimento  como  ganho  de  capital  e  omissão  de  rendimentos  por  depósitos  bancários.  Assim, considero que deve­se cancelar a  infração 003, uma vez  que não aperfeiçoou a presunção do art. 42 da lei n° 9.430/96."  (destaques no original)  Com efeito, o exame das duas tabelas constantes do voto condutor do acórdão  recorrido, permite concluir que:  ­ nos dias 02 e 04/02/2002, o Contribuinte recebeu o total de R$ 880.000,00,  referente à alienação do imóvel, efetuando a primeira remessa, no valor de R$ 484.120,00, em  05/02/2002;  ­ no dia 04/03/2002, recebeu mais uma parcela de R$ 370.000,00, referente à  alienação do imóvel, efetuando em 14/03/2002 a segunda remessa para o exterior, no valor de  R$ 428.652,83.  Registre­se  que  tais  valores  foram  utilizados  pela  própria  fiscalização  para  efetuar os lançamentos.  Assim, constata­se que se trata essencialmente de matéria de prova, que não  se  harmoniza  com  o  Recurso  Especial  de  Divergência,  cujo  objetivo  é  dirimir  conflitos  de  interpretação  em  face  da  lei  tributária.  Nesse  passo,  a  alegada  divergência  somente  restaria  demonstrada com a colação de acórdão contendo  todas as nuances do recorrido, do ponto de  vista  fático  ­  autuação  com  base  em  depósitos  bancários  sem  identificação  de  origem,  envolvendo  remessas  de  divisas  para  o  exterior  em  valores  e  datas  compatíveis  com  o  recebimento  de  rendimentos  tributados  de  forma  específica  na mesma  autuação  ­  em  que  o  Colegiado tenha negado provimento ao recurso do Contribuinte.  Com  estas  considerações,  verifica­se  que,  relativamente  ao  primeiro  paradigma indicado ­ Acórdão nº 2201­00.424 ­ a Fazenda Nacional limitou­se a reproduzir a  respectiva ementa, conforme a seguir:   "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA  ­ IRPF  Ano­calendário: 2000, 2001  OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM  DEPÓSITOS  BANCÁRIOS  ­  A  presunção  legal  de  omissão  de  rendimento,  prevista  no  art.  42,  da  Lei  n°  9.430,  de  1996,  autoriza  o  lançamento  com  base  em  depósitos  bancários  de  origem não comprovada pelo sujeito passivo.  DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÔNUS DA PROVA ­ Se o ônus da  prova,  por  presunção  legal,  é  do  contribuinte,  cabe  a  ele  a  prova  da  origem  dos  recursos  utilizados  para  acobertar  seus  depósitos  bancários,  que  não  pode  ser  substituída  por  meras  alegações.  Recurso voluntário negado." (destaques da Recorrente)  Fl. 1298DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/2007­12  Acórdão n.º 9202­004.276  CSRF­T2  Fl. 1.295          9 Com  efeito,  a  ementa  acima,  mormente  o  trecho  destacado,  não  permite  qualquer comparação com o caso tratado acórdão recorrido, sobre o qual não se pode falar em  "meras  alegações",  uma  vez  que  o  Contribuinte  apresentou  documentos  que  efetivamente  resultaram na autuação específica de ganhos de capital na alienação de imóveis. Ademais, no  trecho  do  paradigma  colacionado no  apelo  não  há  qualquer  referência  acerca  de  tratar­se de  remessas para o exterior, ou da ausência do respectivo extrato bancário, como se verificou no  caso do acórdão recorrido.  Quanto ao segundo paradigma indicado ­ Acórdão nº 104­21.546 ­ a Fazenda  Nacional colaciona os seguintes trechos:  Ementa  "QUEBRA  DE  SIGILO  BANCÁRIO  VIA  ADMINISTRATIVA  ­  ACESSO AS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA  DA  RECEITA  FEDERAL  ­  É  lícito  ao  fisco,  mormente  após  a  edição  da  Lei  Complementar  nº  105,  de  2001,  examinar  informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos,  livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas  equiparadas,  inclusive os  referentes a  contas de depósitos  e de  aplicações  financeiras,  quando  houver  procedimento  de  fiscalização  em  curso  e  tais  exames  forem  considerados  indispensáveis, independentemente de autorização judicial.  DADOS DA CPMF ­  INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL ­  NULIDADE DO  PROCESSO  FISCAL  ­  O  lançamento  se  rege  pelas leis vigentes à época da ocorrência do fato gerador, porém  os  procedimentos  e  critérios  de  fiscalização  regem­se  pela  legislação vigente à época de sua execução.  Assim,  incabível  a  decretação  de  nulidade  do  lançamento,  por  vício  de  origem,  pela  utilização  de  dados  da  CPMF  para  dar  início ao procedimento de fiscalização.  INSTITUIÇÃO  DE  NOVOS  CRITÉRIOS  DE  APURAÇÃO  OU  PROCESSOS DE FISCALIZAÇÃO  ­  APLICAÇÃO DA  LEI NO  TEMPO  ­  Aplica­se  ao  lançamento  legislação  que,  posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação tenha  instituído  novos  critérios  de  apuração  ou  processos  de  fiscalização,  ampliando  os  poderes  de  investigação  das  autoridades administrativas (§1º, do artigo 144, da Lei n? 5.172,  de 1966 CTN).  OMISSÃO DE RENDIMENTOS ­ DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE  ORIGEM NÃO COMPROVADA ­ ARTIGO 42, DA LEI N. 9.430,  DE 1996  ­ Caracteriza omissão de  rendimentos a existência de  valores  creditados  em  conta  de  depósito  ou  de  investimento  mantida  junto  a  instituição  financeira,  em  relação  aos  quais  o  titular,  pessoa  física  ou  jurídica,  regularmente  intimado,  não  comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos  recursos utilizados nessas operações.  PRESUNÇÕES  LEGAIS  RELATIVAS  ­  DO  ÔNUS  DA  PROVA ­ As presunções legais relativas obrigam a autoridade  Fl. 1299DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO     10 fiscal  a  comprovar,  tão­somente,  a  ocorrência  das  hipóteses  sobre as quais se sustentam a referidas presunções, atribuindo  ao  contribuinte  o  ônus  de  provar  que  os  fatos  concretos  não  ocorreram na forma como presumidos pela lei.  Preliminares rejeitadas.  Recurso negado." (destaques da Recorrente)  Voto  "(...)  A  jurisprudência  deste  Primeiro  Conselho  de  Contribuintes  é  clara a respeito do ônus da prova. Pretender a inversão do ônus  da prova,  como  formalizado na peça  recursal, agride não  só a  legislação, como a própria racionalidade. Assim, se de um lado,  o  contribuinte  tem  o  dever  de  declarar,  cabe  a  este,  não  à  administração,  a  prova  do  declarado.  De  outro  lado,  se  o  declarado  não  existe,  cabe  a  glosa  pelo  fisco.  O  mesmo  vale  quanto  à  formação  das  demais  provas,  as  mesmas  devem  ser  claras,  não  permitindo  dúvidas  na  formação  de  juízo  do  julgador.  Ora, não é licito obrigar­se a Fazenda Nacional a substituir o  particular no fornecimento da prova que a este competia.  Muito embora o impugnante tenha argumentado que a origem  dos créditos/depósitos em sua conta corrente trata­se de valores  pertencentes  a  empresa  LC  Factoring  Ltda.,  não  há  comprovação  nos  autos,  de  que  os  depósitos  efetuados  que  constituíram  a  base  tributável  da  presente  autuação  tiveram  origem comprovada, como pretende o suplicante, uma vez que  os documentos anexados aos autos não comprovam, de forma  inequívoca,  a  origem  dos  recursos  utilizados  nos  depósitos  efetuados em sua conta corrente.  Para que a tese do suplicante pudesse vingar deveria lastrear de  provas convincentes que as operações tributadas tinham origem  nestas operações, o que não fez.  Fica na situação cômoda de que todos os créditos lançados em  suas contas bancárias provem destas operações.  Faz­se necessário consignar, que o  interessado foi devidamente  intimado a comprovar mediante documentação hábil e idônea, a  origem  dos  valores  depositados/creditados  em  sua  conta  corrente, o que não o fez, permitindo, assim, ao Fisco, lançar o  credito  tributário  aqui  discutido,  valendo­se  de  uma  presunção  legal de omissão de receitas.  Nesse  sentido,  compete  ao  interessado  não  só  alegar,  mas  também  provar,  por  meio  de  documentos,  hábeis  e  idôneos,  coincidentes  em  datas  e  valores,  que  tais  valores  não  são  provenientes  de  rendimentos  omitidos.  Portanto,  sem  respaldo  as  alegações  do  autuado,  que  devidamente  intimado  a  comprovar  origem  dos  recursos  dos  créditos/depósitos  listados  no anexo à  intimação não produziu provas no  sentido de  elidi­ la.(...)" (destaques da Recorrente)  Fl. 1300DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10882.002802/2007­12  Acórdão n.º 9202­004.276  CSRF­T2  Fl. 1.296          11 Tal como ocorreu com o primeiro paradigma, este segundo julgado também  não  retrata  situação  comparável  com  o  que  foi  verificado  no  acórdão  recorrido.  Os  trechos  acima  evidenciam  tratar­se  de  caso  típico  de  autuação  com base  em depósitos  bancários  em  conta no País,  em que se apresenta uma  lista de valores obtidos nos extratos bancários, para  que o Contribuinte  comprove a origem dos  recursos,  e  este  limita­se  a  fornecer uma origem  genérica, sem colacionar documentação hábil e idônea. Com efeito, não foi isso que ocorreu no  caso do julgado guerreado.  Diante  do  exposto,  tendo  em  vista  a  ausência  de  similitude  fática  entre  os  julgados  em  confronto,  e  considerando­se  que  a  solução  do  litígio  passaria  necessariamente  pela reavaliação do conjunto probatório constante dos autos, não comparável com os conjuntos  probatórios  dos  paradigmas,  conclui­se  que  não  foi  demonstrada  a  alegada  divergência  jurisprudencial,  razão  pela  qual  não  conheço  do  Recurso  Especial  interposto  pela  Fazenda  Nacional.  (assinado digitalmente)  Maria Helena Cotta Cardozo ­ Relatora                                Fl. 1301DF CARF MF Impresso em 18/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 17/0 8/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 15/08/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO

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6497720 #
Numero do processo: 10920.003239/2004-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 09 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício. 2003 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. INSUFICIÊNCIA DE SALDO Correta a decisão de parcial homologação de compensação de saldo negativo do IRPJ, quando este é apurados com base em deduções de estimativas de IRPJ, objeto de anterior compensação que foram indeferidas, provocando insuficiência de saldo para compensação.
Numero da decisão: 1202-000.253
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Orlando José Gonçalves Bueno

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Turma / DRJ - Curitiba/PR ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Exercício. 2003 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. INSUFICIÊNCIA DE SALDO Correta a decisão de parcial homologação de compensação de saldo negativo do IRPJ, quando este é apurados com base em deduções de estimativas de IRPJ, objeto de anterior compensação que foram indeferidas, provocando insuficiência de saldo para compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade votos, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. NELSON SO , 7; residente ORLANDO ' OSE GON LVES BUENO - Relator EDITADO EM: 07 MA 20 10 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cândido Rodrigues Neuber, Valéria Cabral Géo Verçoza, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Orlando José Gonçalves Buena e Nelson Lósso Filho. r, Processo ic 10920.00323912004-45 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.153 A. 2 • Relatório Por presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, dele tomo conhecimento. Trata de declarações de compensação (Dcomp) em que foram declarados créditos de saldo negativo de IRPJ do ano calendário de 2002, a serem compensados com débitos de IRRI, IRPJ, CSLL, Retenção sobre Cofins, PIS e CSLL, PIS e COFINS não cumulativos, todos do ano calendário de 2004. Para elucidar a matéria submetida a análise deste .colegiado do presente pleito, refiro-me ao quanto relatado pela digna autoridade julgadora de primeira instância, a fls. 256 a 258, que leio em sessão. Isto posto, a DRJ de Curitiba indeferiu a solicitação, com a seguinte ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2002 REUNIÃO DE PROCESSOS. CONEXÃO. Não há como atender pedido de reunião de processos, por conexão de matéria, quando se encontram pendentes de julgamento junto ao Conselho de Contribuintes, ou quando não repercutem na decisão do processo sendo apreciado. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. AUSÊNCIA DE QUESITOS OU INDICAÇÃO DE PERITO. PEDIDO NÃO FORMULADO. Nos termos da legislação do PAF, os pedidos de diligência ou perícia sem elaboração de quesitos ou indicação de perito são considerados não formulados. "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA —IRPJ Ano-calendário: 2002 COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. INSUFICIÊNCIA DE SALDO. Correta a decisão de parcial homologação de compensação de saldo negativo do IRPJ, quando este é apurados com base em deduções de • estimativas de IRPJ, objeto de anterior compensa ção,que foram indeferidas, provocando insuficiência de saldo para compensação. COMPENSAÇÃO. MATÉRIA REFERENTE A OUTRO PROCESSO ADMINISTRATIVO JÁ JULGADO. ESGOTAMENTO DA FUNÇÃO JULGADORA. 3 Não se conhece de impugnação contra fatos discutidos e já julgados em outro processo administrativo, cuja decisão provocou o esgotamento da fimção julgadora em primeira instância, impondo-se o reconhecimento do que ali restou decidido." O Contribuinte, tempestivamente, interpôs seu recurso voluntário, reiterando as razões iniciais de inconformidade enfatizando que o presente processo é o recalculo feito pelo Fisco no processo no. 13971.000325/00-11, posto que as glosas efetuadas naquele processo comprometeram as compensaçães efetuadas no exercício de 2001 e 2002, reiterando o pedido de análise conjunta, para o apensamento. Eis o breve relato 111 Processo n° 10920.003239/2004-45 SI-C2T2 Acórdão n.° 1202-00.253 Fl. 3 Voto Conselheiro Orlando José Gonçalves Bueno, Relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. A Recorrente insiste na análise conjunta ao processo administrativo 13971.000325/00-11, o qual, em face a presente sessão junto a este colegiado administrativo, foi julgado perante a 51 Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes, em 19 de setembro de 2008, mediante o Acórdão 105-17.245,tendo sido negado provimento, por unanimidade, o recurso voluntário. A ementa do aludido julgamento é a seguinte: "DECLARA çÃo DE COMPENSAÇÃO HOMOLOGAÇÃO: O inicio da contagem para a homologação tácita da compensação é a data de apresentação da declaração e não dos fatos geradores dos tributos. (Ç 50 do art. 74 da Lei 9.430/96). IRRF — REAL ANUAL — APLICAÇÕES FINANCEIRAS — Os rendimentos bem como os RAF sobre aplicações financeiras integrarão a apuração anual. O fato da fiscalização em autuação não levar em consideração o IRRF em virtude de já ter sido utilizado pela empresa não implica em modificar a sistemática de tratamento do IRRF na apuração do resultado anual das pessoas jurídicas." O voto do eminente Conselheiro relator, José Clovis Alves, registra a seguinte decisão de mérito: "MÉRITO. Entende a recorrente ter o direito a compensar o IRRF, pois a fiscalização quando da autuação relativa ao excesso de compensação de prejuízos acima dos 30% não levou em consideração o IRRF porque já teria sido utilizado pela empresa em compensação. Afirma que o fisco federal não fora prejudicado, pois o crédito foi reconhecido pelo próprio sistema. Não assiste razão ao recorrente, eis que o IRRE no sistema de lucro real anual deve ser levado em conta na apuração anual, assim como os rendimentos das respectivas aplicações, conforme legislação, verbis: Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Art. 76- O imposto de renda retido na fonte sobre os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável, ou pago sobre os ganhos líquidos mensais, será: 1- deduzido do apurado no encerramento do período ou na data da extinção, no 4.: caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real; \ 5 § 2° - Os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável e os ganhos líquidos produzidos a partir de I° de janeiro de 1995 integrarão o lucro real. O fato da fiscalização no momento da lavratura dos autos de infrações relativos à trava dos 30% não ter considerado o IRRF porque já teria sido utilizado pela empresa, não significa criar-lhe um direito de utilizar tal imposto retido de forma distinta daquela prevista na legislação eis que o IRRF se transforma em saldo de IRPJ negativo no final do ano quando a apuração resulta em crédito a favor do contribuinte. Se ocorrer falha, e a empresa não considera o IRRF na apuração anual, não significa que automaticamente poderá pedir sua restituição em data futura, eis que demandaria auditoria para verificar se os correspondentes rendimentos que geraram implicaram nas referidas retenções foram, ou não considerados na apuração anual, visto que s6 há direito à consideração da fonte se as receitas foram consideradas na base de cálculo. Ratifico a decisão recorrida e a adoto em seu inteiro teor como se aqui estivesse escrita. Pelo exposto, meu voto é no sentido de negar provimento ao recurso." Evidencia-se, pela análise do mérito do aludido processo, que a decisão administrativa nele exarada está a confirmar a estrita observância da sistemática do IRRE com a base de cálculo do IR anual a pagar não tendo sido reformada pelo Primeiro Conselho de Contribuintes, que gerou um tratamento para redução do crédito objeto do referido processo, produzindo efeitos neste presente processo, como assevera a Recorrente a fls. 271 em sua peça recursal. Em se mantendo a correção do entendimento fazendário, não há porque reparar a conseqüência junto a este processo administrativo fiscal. Como esclareceu também a decisão "a quo", a Recorrente se atém a suscitar suas razões recursais pela conexão com o processo no. 13971.000325/00-11, argüindo que o teor deste processo implica efeito direto neste. Portanto, correto o indeferimento daquele, certa a decisão neste que homologou parcialmente as compensações, decorrentes da operação fiscal já julgada como acima citada. • A decisão de primeira instância, a fls. 259 ratificou a homologação parcial das compensações efetuadas pelo contribuinte uma vez demonstrada a insuficiência de saldo negativo do IRPJ no ano calendário de 2002, pelo que correto o indeferimento parcial por compensações indevidas nestes autos. Diante o exposto e mais o que consta dos autos, acompanho a decisão de primeira instância, adotando também seus fundamentos para mantê-la e negar provimento ao recurso voluntário. kih Jc)., c/) Eis como voto. ) á ) Orlando José G çalves i • eno-Relator t

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Numero do processo: 19515.002675/2009-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2004 INCONSTITUCIONALIDADE. Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Súmula CARF nº 02. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO. Atendidas as condições previstas na LC nº 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação às garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente, sobretudo quando o STF decreta a constitucionalidade da referida Lei, por entender que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. Comprovada a falta de pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação e/ou constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que dá suporte à auditoria tributária autoriza o arbitramento dos lucros. DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas à tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito e débito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, COFINS E CSLL Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a “0,00”(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações à Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1º de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Súmula CARF nº 04.
Numero da decisão: 1401-001.695
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, AFASTAR a decadência, vencida a conselheira Livia De Carli Germano que acolhia a decadência do 1º e 2º Trimestres de 2004, para o IRPJ e CSLL, e do mês 01 a 06/2004, para o Pis e Cofins. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, nos seguintes termos: I) Pelo voto de qualidade, NEGARAM provimento ao recurso quanto à manutenção da multa qualificada. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano, que desqualificavam a multa de ofício, reduzindo-a para 75%. II) Por unanimidade de votos, NEGARAM provimento ao recurso em relação às demais matérias de mérito.
Nome do relator: Luiz Rodrigo de Oliveira barbosa

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Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Súmula CARF nº 02. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO. Atendidas as condições previstas na LC nº 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação às garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente, sobretudo quando o STF decreta a constitucionalidade da referida Lei, por entender que a norma não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. A transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto não há ofensa à Constituição Federal. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2004 DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. Fl. 4300DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 2 Comprovada a falta de pagamento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação e/ou constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que dá suporte à auditoria tributária autoriza o arbitramento dos lucros. DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas à tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito e débito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS, COFINS E CSLL. Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a “0,00”(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações à Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1º de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Súmula CARF nº 04. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 4301DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.231 3 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, AFASTAR a decadência, vencida a conselheira Livia De Carli Germano que acolhia a decadência do 1º e 2º Trimestres de 2004, para o IRPJ e CSLL, e do mês 01 a 06/2004, para o Pis e Cofins. E, quanto ao mérito, NEGAR PROVIMENTO, nos seguintes termos: I) Pelo voto de qualidade, NEGARAM provimento ao recurso quanto à manutenção da multa qualificada. Vencidos os Conselheiros Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Aurora Tomazini de Carvalho e Lívia De Carli Germano, que desqualificavam a multa de ofício, reduzindo-a para 75%. II) Por unanimidade de votos, NEGARAM provimento ao recurso em relação às demais matérias de mérito. (Assinado Digitalmente) Antônio Bezerra Neto - Presidente (Assinado Digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Marcos de Aguiar Villas-Bôas, Ricardo Marozzi Gregório, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa (Relator), Aurora Tomazini de Carvalho e Livia De Carli Germano. Relatório Trata-se de Recurso Voluntário interposto contra decisão proferida pela 3ª Turma da DRJ/SP1, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O crédito tributário lançado se refere à exigência do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS devidos nos períodos de apuração do 1º, 2º, 3º e 4º Trimestres do ano de 2004, os quais totalizaram, na época do lançamento, o montante de R$ 2.393.737,33, incluídos multa e juros de mora. O lançamento, que teve como apuração o lucro arbitrado, decorre de omissão de receita de vendas de mercadorias, apuradas a partir de informações fornecidas por operadoras de cartão de crédito e débito com as quais a fiscalizada transacionou. A fiscalização aplicou, para os tributos acima destacados, a multa qualificada de 150%, fundada na omissão integral da totalidade das receitas de vendas - em que a Recorrente deixou de informá-las na Fl. 4302DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 4 DIPJ (declaração integralmente preenchida com "0,00" nos valores) - e, principalmente, por ter deixado de declarar e recolher os tributos e contribuições incidentes sobre as vendas. Por conseguinte, a fiscalização preparou e encaminhou Representação Fiscal para Fins Penais, com base no art. 1º, incisos I e II, e art. 2º, ambos da Lei 8.137/90. Por bem descrever, adoto o relatório da decisão hostilizada. É de se reparar que o Acórdão da DRJ utilizou a numeração do processo físico. Entretanto, utilizarei em minhas próprias citações a numeração eletrônica gerada pelo e-processo. Trata-se de impugnação ao Auto de Infração de IRPJ, fls. 2.096/2.103, e aos Autos reflexos PIS, fls. 2.104/2.111; CSLL, fls. 2.112/2.119 e Cofins, fls.2.120/2.128), lavrados e cientificados em 24 de julho de 2009(AR fl. 2.129), relativos ao ano-calendário de 2004, em razão de haver sido apurado omissão de receitas decorrente de revenda de mercadorias com recebimentos em cartões de crédito/débito. Os valores relativos aos fatos geradores verificados encontram-se indicados nos corpos dos autos de infração, nos quais também constam os enquadramentos legais respectivos, atingindo o crédito tributário consolidado o montante de R$ 2.393.737,33 na data da lavratura, compreendendo os valores dos tributos e contribuições, acrescidos da multa de ofício de 150%, e dos juros de mora calculados até 30/06/2009, apurados sob a forma de lucro arbitrado, assim distribuídos: IRPJ..................................................R$ 753.945,97 PIS....................................................R$ 225.549,30 CSLL................................................R$ 373.244,35 Cofins............................................... R$ 1.040.997,71 Os valores da omissão de receita apurados em base mensal, foram os seguintes: 31/01/2004 R$ 839.513,04 29/02/2004 R$ 839.286,33 31/03/2004 R$ 865.936,21 30/04/2004 R$ 873.745,50 31/05/2004 R$ 888.685,56 30/06/2004 R$ 893.174,43 31/07/2004 R$ 946.207,97 31/08/2004 R$ 928.818,24 30/09/2004 R$ 911.499,20 31/10/2004 R$ 968.650,98 30/11/2004 R$ 954.096,69 31/12/2004 R$ 1.087.686,80 Para efeito do cálculo do IRPJ e da CSLL, em base trimestral, foram apurados os seguintes valores: Fl. 4303DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.232 5 1º Trimestre R$ 2.544.735,58 2º Trimestre R$ 2.655.605,49 3º Trimestre R$ 2.786.525,41 4º Trimestre R$ 3.010.434,47 Conforme se vê do “Termo de Verificação e Constatação Fiscal” de fls. 2.086/2.095, foram relatados os seguintes fatos: – o Termo de Início de Ação Fiscal datado de 26/12/2007, enviado ao domicílio fiscal do contribuinte foi devolvido pelo Correio com a informação “mudou-se”; – em 28/12/2007, foi enviada intimação, por via postal, para o mesmo endereço, novamente devolvida; – na mesma data foram enviadas intimações aos sócios da empresa Sr. Roberto Otávio Andreiu(a intimação foi devolvida após três tentativas de entregas); e Sr. Fábio Ribeiro da Silva(apesar da intimação ter sido recebida não houve manifestação nem comparecimento do intimado); – em 31/03/2008, foi enviada por via postal nova intimação à empresa, no endereço do sócio Fábio Ribeiro da Silva, na qual foram requisitados os extratos de contas bancárias, dentre outros elementos. Essa intimação, embora recebida, também não foi atendida; – em 15/04/2008 e 02/06/2008 foram lavrados Termos de Re-intimação Fiscal, reiterando as intimações de 31/03/2008 e 15/04/2008, tendo sido concedido prazos adicionais ao contribuinte. Entretanto, apesar dos longos prazos concedidos, não houve qualquer manifestação por parte da empresa fiscalizada; – em 04/08/2008, foi enviada nova intimação por via postal ao sócio Roberto Otávio Andreiu, a qual, foi devolvida com a informação “desconhecido”; – como não foram respondidas as intimações enviadas aos atuais sócios da empresa fiscalizada, resolveu-se intimar os sócios anteriores, os quais eram titulares da empresa à época dos fatos, Srª Shirlei Aparecida Yamasaki Sampaio Figueiredo e Sr. Sussumu Honda, o qual embora tendo recebido a intimação não se manifestou; – em razão do não atendimento às intimações enviadas, a Fiscalização lavrou o Termo de Embaraço à Fiscalização, fls.139/140; – tendo em vista a falta de atendimento aos Termos Fiscais enviados à empresa e aos sócios atuais e anteriores, a Fiscalização emitiu as requisições de Informações sobre Movimentação Financeira(RMF) às administradoras de cartões de crédito e de débito, para obtenção das informações necessárias aos exames determinados para a presente fiscalização; – recebidos os extratos fornecidos pelas referidas administradoras de cartões de crédito e de débito, os valores ali consignados foram somados mês a mês, tendo sido apurado o valor total de R$10.997.300,95, no ano-calendário de 2004, relativos a vendas com recebimentos por meio de referidos cartões; – ocorre que, para o ano-calendário de 2004, o contribuinte apresentou DIPJ sem qualquer informação sobre as receitas obtidas no período (declaração Fl. 4304DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 6 integralmente preenchida com “0,00” nos valores). Ou seja, as receitas de vendas com cartões de crédito e/ou débito, acima demonstradas, foram integralmente omitidas na apuração dos tributos e contribuições administrados pela RFB; – em 16/06/2009 foram enviadas intimações por via postal ao atual sócio Fábio Ribeiro da Silva, bem como ao ex-sócio, à época dos fatos, Sussumu Honda, tendo sido os interessados intimados a demonstrar e comprovar a escrituração, nos livros contábeis e fiscais, das vendas acima demonstradas, assim como a inclusão desses valores na apuração dos tributos e contribuições administrados pela RFB; – embora recebidas, A R com recebimento em 17/06/2009, fls. 2.056 e 2.060, não houve manifestação por parte do referido ex-sócio, bem como do sócio atual da empresa intimada; – também foi afixado nas dependências da Delegacia franqueada ao público, o Edital de Intimação nº 97/2009, intimando a fiscalizada, de modo a cientificar os interessados a respeito da intimação de idêntico teor às enviadas ao supracitado sócio Fábio Ribeiro da Silva e ao ex-sócio à época dos fatos Sussumu Honda; – já concluída a digitação do presente Termo foram recebidas duas respostas à intimação de 16/06/2009: uma de Sussumu Honda e outra da empresa Supermercado Terra Nova Ltda., cujas respostas não trazem nenhum esclarecimento aos fatos apurados. Regularmente intimado, A R de fls. 2.129 a 2.134, e Edital de Intimação de fl. 2.139, apresentou a impugnação de fls. 2.141 a 2.186, onde em síntese, alega: – que devido a grandes dificuldades financeiras, o Sr. Roberto Otavio Andreiu, sócio/representante do supermercado executado, houve por bem, em efetuar o arrendamento do seu negócio, transferindo o seu estabelecimento comercial a um determinado arrendatário, de acordo com os termos estipulados no instrumento de arrendamento de estabelecimento comercial, cuja cópia segue acostada. Este arrendatário possuía a cessão total do supermercado, com todas as instalações, maquinários, etc...; – diz que em seguida o arrendatário vendeu o estabelecimento comercial para terceiros, o qual teria sumido com todas as mercadorias, documentos, e não efetuou o pagamento à fornecedores, funcionários, água, luz, etc...; – desta forma o intimado não teve como apresentar a documentação solicitada; – diz que a tributação nos moldes efetuados torna-se notoriamente gravosa e deve ser repudiada, pois, evidencia aplicação de penalidade baseada em valores levantados por amostragem, o que evidencia “presunção”, que não pode embasar a autuação fiscal; – alega que é patente a ocorrência do lapso prescricional, tendo a Receita Federal decaído do seu direito de cobrar da requerente qualquer parcela a título de tributo até o mês de junho de 2004, uma vez que, o contribuinte somente foi devidamente intimado em julho de 2009; – combate a quebra de sigilo decorrente da obtenção, pelo fisco, de informações junto às operadoras de cartões de crédito, onde era gerado a movimentação financeira do contribuinte, por entendê-la inconstitucional; – Alega que a Lei Complementar nº 105, de 2001, regulada pelo Decreto nº 3.724, de 2001, deve obedecer à lei maior do país, qual seja, a Constituição Federal de 1988, sendo que no caso vertente, há uma gritante oposição da primeira em relação à segunda; Fl. 4305DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.233 7 – questiona a base de cálculo utilizada para fins de arbitramento do IRPJ e das contribuições sociais, tecendo as seguintes considerações: “ A autuada, como empresa que desenvolve, entre outras atividades, a compra e venda de aeronaves, teve sua base de cálculo estipulada pela fiscalização da seguinte forma(ano base 2000/20001): - no caso do Imposto de renda- no percentual de 15% sobre a receita bruta, mais adicional de 10% sobre os 15%, tudo a título de lucro arbitrado; no caso da CSLL- 12% da receita bruta assim considerada toda a movimentação financeira; no caso do PIS e da Cofins- utilizou a receita bruta da mesma forma que a utilizada para a CSLL; por outro lado, no caso do imposto de renda, foi aplicado, o percentual sobre toda a movimentação financeira”; – discorre sobre o conceito de “receita bruta”, aduzindo que “se o contribuinte logrou apontar os valores realmente percebidos por ela na sua atividade comercial, que, diga-se de passagem estão bem abaixo aos valores transacionados, torna-se inadmissível a exigência de tributo sobre valores que não representam sua receita”; – “o equívoco perpetrado quanto à apuração da base de cálculo ocasiona a cobrança de imposto sobre valor indevido,ou melhor dizendo, incide sobre base de cálculo a maior. Assim evidencia exigência de imposto sem fato gerador, o que é expressamente proibido pela CF/88”; – a seguir faz uma longa exposição sobre o PIS e a Cofins, passando pela Lei Complementar nº 7, de 1970, o art. 195 da CF de 1988, a Lei Complementar nº 70 de 1991, a Lei nº 9.718, de 1998, a Emenda Constitucional nº 20, e art. 110 do CTN, questionando a constitucionalidade da Lei nº 9.718, de 1998, que convalidou a Medida Provisória n° 1.724, de 1998, tecendo criticas sobre a exigência fiscal; – cita jurisprudência sobre o tema, reproduzindo algumas ementas; – insurge-se contra a multa aplicada de 150%, que entende como confisco, e a aplicação da taxa Selic como fator de juros, que considera inconstitucional; – solicita o acolhimento, nesta instância administrativa, de todas as ilegalidades suscitadas em sua defesa. Ao final requer: – a nulidade da autuação fiscal; – alteração da base de cálculo utilizada; – exclusão da tributação das contribuições sociais pela sua inconstitucionalidade; – substituição da multa aplicada de 150% por 10%; e – substituição da taxa Selic por juros não superiores a 1%. É a síntese do essencial. Cumpre-nos esclarecer neste ponto que o mencionado Sr. Roberto Otavio Andreiu, juntamente com o Sr. Fábio Ribeiro da Silva, adquiriram a empresa “Supermercado Terranova” dos senhores Sussumu Honda e Shirlei Aparecida Yamasaki Sampaio de Figueiredo na data de 25/10/2006, conforme atesta alteração contratual juntada aos autos às fls. 4.112. Fl. 4306DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 8 Conforme já informado acima, a Impugnação foi julgada improcedente pela turma da DRJ/SP1, cujo teor da ementa transcrevo abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. Ano-calendário: 2004. INCONSTITUCIONALIDADE. Falece competência à autoridade julgadora administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade e/ou legalidade das normas tributárias regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÕES. QUEBRA DE SIGILO. Atendidas as condições previstas na LC n° 105, de 2001, a obtenção de provas pelo Fisco junto às Administradoras de Cartões de Crédito/Débito não constitui violação as garantias individuais asseguradas na Constituição Federal, nem quebra de sigilo, nem ilicitude, porquanto é um procedimento fiscal amparado legalmente. PRINCÍPIOS DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA VEDAÇÃO AO CONFISCO. O princípio da capacidade contributiva e da vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigido ao legislador, cabendo à autoridade administrativa aplicar a lei, presumidamente sancionada com respeito aos preceitos constitucionais. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ. Ano-calendário: 2004 DECADÊNCIA. CONTAGEM DE PRAZO. Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Exegese que direciona para aplicação da regra geral estampada no art. 173, I, do Código Tributário Nacional. ARBITRAMENTO. A falta de apresentação de livros contábeis e fiscais e da respectiva documentação que lhe dá suporte A autoridade tributária autoriza o arbitramento dos lucros. DETERMINAÇÃO DO LUCRO ARBITRADO. RECEITA BRUTA CONHECIDA. O lucro arbitrado será determinado mediante a aplicação de um percentual previsto em lei, sobre a receita bruta, quando conhecida, preferencialmente. OMISSÃO DE REGISTRO DE RECEITAS. VENDAS MEDIANTE CARTÕES DE CRÉDITO/DÉBITO NÃO-REGISTRADAS. Constituem receitas omitidas A tributação o valor das vendas mediante o uso de cartões de crédito/débito não registrado nos livros contábeis e fiscais e nem computado na DIPJ, identificados em extratos emitidos em nome do contribuinte pelas administradoras dos cartões de crédito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP, COFINS E CSLL. Fl. 4307DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.234 9 Tratando-se de lançamentos reflexos, a decisão prolatada no lançamento matriz é aplicável, no que couber, aos decorrentes, em razão da intima relação de causa e efeito que os vincula. MULTA QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. CARACTERIZAÇÃO DA INTENÇÃO DO AGENTE NA PRÁTICA DA INFRAÇÃO. A falta de escrituração e a declaração na DIPJ de valores de receitas igual a "0,00"(zero), praticadas de forma reiterada, evidencia a intenção dolosa do agente no cometimento da infração, mormente quando tal prática foi motivada pela sonegação de informações A Receita Federal do Brasil, constando, para o mesmo ano fiscalizado, valores de receitas relevantes nos arquivos das administradoras de cartões de crédito. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo A autoridade administrativa apenas aplicá-la nos moldes da legislação que a instituiu. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os tributos e contribuições sociais não pagos até o seu vencimento, com fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1995, serão acrescidos de juros de mora, equivalentes, a partir de 1° de abril de 1995, à taxa referencial do Selic para títulos federais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário (fls. 4.224) ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, alegando o que segue: - Decadência: A lavratura deste auto sucedeu-se em 23/07/2009, tendo sido o contribuinte notificado em julho de 2009. Os lançamentos ora exigidos tiveram seu vencimento em 2004. Assim, nos termos do artigo 173, I (sic), o período compreendido entre janeiro de 2004 a junho de 2004, estaria abrangido pelo prazo decadencial. - Nulidade do auto de infração em decorrência da quebra de sigilo bancário: O fornecimento das informações oriundas das operadoras de cartões de crédito deveriam preceder de ordem judicial, logo afrontam ao disposto na CF/88. - Impossibilidade de apresentar documentos: O senhor Roberto Otavio Adreiu arrendou o Supermercado Terranova, razão pela qual não tinha mais acesso às informações e os documentos haviam sido dolosamente extraviados pelo arrendatário. - Desproporcionalidade da aplicação da multa de 150%: pugna pela aplicação do montante de 10%. - Inconstitucionalidade dos juros com base na SELIC. Fl. 4308DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 10 - Base de Cálculo: Impossibilidade de considerar a movimentação dos cartões de crédito/débito como receita bruta para fins de apuração dos impostos. - Reconhecimento da inconstitucionalidade em sede administrativa. Como a discussão acerca da constitucionalidade da requisição de movimentação financeira pelas autoridades fiscais estava pendente de julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, com declaração de repercussão geral no RE 601.314 e com sobrestamento do feito no RE 410.054 AgRg até o julgamento do processo em repercussão geral (RE 601.314), e ante o disposto no artigo 62-A, §1º, do antigo Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 256, de 22/06/2009), o processo conservou-se sobrestado, inicialmente, até decisão final do STF, conforme Resolução n° 1401-000.176 (fls. 4.295). Uma vez que o citado dispositivo legal do Regimento Interno do CARF foi revogado pela Portaria MF nº 545/2013, na data de 30/01/2014 foi proferido Despacho de Reinclusão de Processo Sobrestado (fls. 4.298), cujo teor transcrevo abaixo: “A Portaria MF nº 545, de 28 de novembro de 2013, revogou os §§ 1º e 2º do art.62 do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Tendo em vista a edição desse ato normativo devem ser incluídos em pauta para julgamento os processos referentes às matérias que estão em repercussão geral no Supremo Tribunal Federal (STF) sem trânsito em julgado, de acordo com o rito do art. 543B do Código de Processo Civil (CPC). Em vista do exposto, o presente processo deve retornar, para prosseguimento do julgamento, em conformidade com as normas do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972”. Em razão da renúncia do mandato do antigo conselheiro relator Alexandre Antônio Alkmin Teixeira, o processo foi novamente distribuído a esta Turma. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Relator O Recurso Voluntário apresentado é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Para melhor elucidação, passarei a discutir cada tópico do Recurso Voluntário em separado: - Da Decadência. Alega a Recorrente que a lavratura do auto de infração se deu 23/07/2009, tendo sido o contribuinte notificado em julho de 2009. Os lançamentos tiveram seu vencimento em 2004. Assim, nos termos do artigo 173, I, o período compreendido entre janeiro de 2004 a junho de 2004, estariam abrangidos pelo prazo decadencial. Fl. 4309DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.235 11 Esta preliminar confunde-se em partes 1 com a aplicação da multa qualificada de 150%, que será mais detalhada adiante. Como se pode observar, a própria recorrente apela à aplicação art. 173, I do CTN, que foi exatamente o dispositivo legal utilizado pela fiscalização para a contagem do prazo decadencial. Mesmo que se argumente que a Recorrente cometera um equívoco na fundamentação legal da contagem do prazo decadencial - pois, para que o período de janeiro a julho de 2004 tivesse sido alcançado pela decadência, assim como alega a autuada, deveria, pois, rogar pela aplicação do art. 150, §4º, do CTN -, entendo que também não cabe razão à Recorrente. É cediço que os tributos objetos do auto de infração (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) estão sujeitos ao lançamento por homologação, conforme dita o caput art. 150 do CTN: Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. Exsurge da interpretação do caput do artigo a 1ª condição - mas não a única - para que o lançamento por homologação ocorra: o efetivo pagamento do tributo, pelo sujeito passivo, sem o prévio exame da autoridade administrativa. Posteriormente, para que o lançamento seja homologado, a autoridade administrativa deve validar o pagamento antecipadamente efetuado pelo contribuinte. Mesmo que a autoridade administrativa não homologue expressamente o pagamento efetuado pelo sujeito passivo, o §4º do mesmo dispositivo legal constituiu um prazo (decadencial) para que o pagamento seja homologado tacitamente: § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (grifei) Ou seja, na hipótese de lançamento por homologação, a data inicial da contagem do prazo decadencial está condicionada ao pagamento antecipado do tributo e à constatação (mesmo que tácita) da antecipação deste pagamento, pela autoridade administrativa. Logo, em havendo pagamento antecipado, aplica-se a contagem do prazo decadencial conforme disposto no artigo 150, §4º, do CTN. Por outro lado, não existindo o pagamento, a contagem do prazo decadencial desloca-se para o prazo contido no artigo 173, I do mesmo diploma: 1 A fiscalização aplicou o prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, também pelo fato de não haver pagamento antecipado dos tributos lançados no auto de infração. Fl. 4310DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 12 Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; O próprio STJ já se manifestou quanto à necessidade de pagamento antecipado do tributo para que o prazo decadencial seja contado com base no art. 150, §4º, proferindo o Acórdão no REsp 973.733/SC, que foi submetido à sistemática dos recursos repetitivos: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Fl. 4311DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.236 13 Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Mas não é só isso! Mesmo que haja pagamento antecipado do tributo pelo sujeito passivo, há outra possibilidade de aplicação do art. 173, I do CTN na contagem do prazo decadencial, quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, conforme se depreende da leitura da parte final do §4º, do art. 150 do CTN. Quer dizer, o prazo decadencial do art. 150, §4º do CTN é deslocado para o art. 173, I do mesmo diploma legal em duas situações distintas, as quais não são, necessariamente, dependentes: 1) não há pagamento antecipado do tributo por parte do sujeito passivo; e/ou 2) independentemente de pagamento, constata-se a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No caso concreto, a fiscalização fundamentou a exigência do tributo com base no art. 173, I, do CTN a partir das duas situações acima descritas, conforme se observa de trecho extraído do Termo de Verificação Fiscal (fl. 4.003): Diante dos fatos acima relatados, conclui-se que houve omissão no registro de receitas de vendas e, conseqüentemente, falta de pagamento dos tributos e contribuições incidentes sobre tais receitas. Primeiramente, a fiscalização constatou o dolo pela prática reiterada de omissão de declaração dos tributos aqui lançados, uma vez que a Recorrente sequer informou valores na DIPJ em relação aos 4 (quatro) trimestres do ano de 2004. Ainda assim, mesmo que vencida a aplicação da parte final do 150, §4º, "... salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação", para o deslocamento do início da contagem do prazo decadencial para o "primeiro dia do exercício seguinte ..." ainda assim deve ser aplicado o art. 173, I do CTN para fins de apuração da contagem do prazo decadencial, visto que a Recorrente deixou de apresentar comprovação de pagamento antecipado dos tributos aqui lançados, não cabendo, por conseguinte, fundamentar o alcance da decadência com a justificativa de que o lançamento havia se concretizado em cada período de apuração dos tributos. Desta feita, em razão da ocorrência de dolo e fraude e da não comprovação do pagamento antecipado pelo sujeito passivo, e tendo em vista que o lançamento ocorreu em julho de 2009, deve ser afastada a arguição de que parte do lançamento esteja alcançado pela decadência, com base na tabela a seguir: Tributo Fato Gerador (2004) (A) Mês do Lançamento (B) Decadência (C) IRPJ e CSLL 31/03, 30/06, 30/09 Abril, julho e outubro/2004 01/01/2010 IRPJ e CSLL 31/12 Janeiro/2005 01/01/2011 PIS e COFINS 31/01 a 30/11 Fevereiro a dezembro/2004 01/01/2010 Fl. 4312DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 14 PIS e COFINS 31/12 Janeiro/2005 01/01/2011 (A) - Período de apuração trimestral para IRPJ e CSLL e mensal para PIS e COFINS. (B) - Período em que deveria ocorrer o lançamento por homologação. (C) - Um dia após o prazo contado de 5 anos do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. - Da Quebra de sigilo bancário. Em que pese o argumento da Recorrente sobre a ordem de quebra de sigilo, entendemos que este assunto está superado por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal, proferida em sede de repercussão geral, no Recurso Extraordinário n° 601.314, que reconheceu a legalidade do fornecimento de informações sobre movimentação bancária dos contribuintes pelas instituições financeiras para apuração de créditos tributários, confira: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DOS CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. Dessa forma, descabido o argumento da Recorrente sobre a ilegalidade da aplicação da Lei Complementar n° 105 de 2001 no presente caso. - Da omissão de receitas Como já tratado, a omissão de receitas foi apurada a partir do cruzamento das informações contidas nos extratos de cartões de crédito e débito, fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito/débito a partir da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira, e os valores informados na DIPJ pela fiscalizada, que, diga-se, foi entregue com informações 'zeradas'. Outrossim, a Recorrente deixou de apresentar seus livros contábeis e fiscais que pudessem, mesmo que, previamente, refutar as alegações feitas pela fiscalização. Como foi feito no brilhante voto condutor do Acórdão da DRJ, reproduzo as várias tentativas, pelo fisco, de se alcançar os documentos e esclarecimentos fundamentais para o aclaramento da real movimentação da Recorrente. A ação fiscal teve início em 28/12/2007, com o envio do respectivo Termo de Inicio de Ação Fiscal fl.98, no qual o Contribuinte foi intimado a apresentar livros contábeis e fiscais, Estatuto Social e devidas alterações e a exibir os comprovantes de repasses efetuados pelas empresas Administradoras de Cartões de Crédito. Já no Termo de Ciência e de Continuação de Ação Fiscal de fl. 104, datado de 18/02/2008, o Fiscalizado foi re-intimado a apresentar os documentos solicitados no Termo de Início acima citado. Fl. 4313DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.237 15 Posteriormente, em 02/04/2008, fls. 107/108, foi novamente intimado a apresentar os extratos e/ou comprovantes de recebimentos por conta de operações com cartões de crédito/débito; escrituração dos livros contábeis e fiscais e documentação correspondente; e o livro Modelo 6. Seguiram-se as re-intimações de 17/04/2008 e 04/06/2008, que também não foram atendidas. Em 04/08/2008, foi enviada nova intimação, desta vez para o domicílio fiscal do sócio Roberto Otávio Andreiu, que retornou com a informação “desconhecido”. Em 30/12/2008, foram enviadas intimações para os ex-sócios da empresa Shirlei Aparecida Yamasaki Sampaio de Figueiredo e Sussumu Honda, que eram titulares da empresa no ano-calendário sob fiscalização(2004). Tendo em vista o não atendimento a nenhuma das intimações a Fiscalização lavrou em 02/03/2009, o termo de Embaraço À Ação Fiscal, fls. 139/140. Não sendo atendidas as intimações acima especificadas, e configurando-se a hipótese prevista nos artigos 6º, da Lei Complementar nº 105, de 2001, e 1º a 3º, do Decreto nº 3.724, de 2001, foram providenciadas as correspondentes Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) encaminhadas às administradoras de cartões de crédito com as quais a empresa operava, o que resultou na juntada dos documentos de fls. 147 a 2016(Visanet) e 2.019 a 2.053(Redecard). De posse das informações fornecidas, o autor do feito elaborou o Demonstrativo de fl. 2.054, contendo os recebimentos concernentes às vendas mensais realizadas pela empresa em 2004, por meio dos cartões de crédito/débito, e a intimou em 17/06/2009 a “ Demonstrar e comprovar a escrituração, nos livros contábeis e fiscais, das vendas com cartões de crédito e/ou débito, abaixo demonstradas, cujos valores foram extraídos dos extratos fornecidos pelas administradoras dos cartões” e a “Demonstrar e comprovar a inclusão dos valores acima mencionados, na base de cálculo dos impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil” Ressalte-se que essa intimação foi enviada, concomitantemente, para o domicílio fiscal da empresa; do sócio Fábio Ribeiro da Silva e do ex-sócio Sussumu Honda. Diante - mais uma vez - do silêncio da Fiscalizada, do sócio e do ex-sócio foi emitido Edital de Intimação nº 97/2009, afixado em 10/06/2009 e retirado em 16/07/2009. Em 29/06/2009, por meio de sua advogada, o Sr. Sussumu Honda respondeu à Fiscalização, informando que teria se retirado da sociedade em 25 de outubro de 2006, e que os novos proprietários teriam assumido todo ativo e passivo do Interessado, e que ele, desde então, não teria acesso às dependências da empresa. Em 16/07/2009, por intermédio de procuradora, o Supermercado Terra Nova Ltda., informou que devido a grandes dificuldades financeiras o Sr. Roberto Otávio Andreiu, sócio/representante do supermercado, efetuou o arrendamento do mesmo transferindo o seu estabelecimento comercial a um determinado arrendatário com a cessão total do supermercado. Alega que ato contínuo o arrendatário vendeu o estabelecimento comercial para terceiros, que teria sumido com todas as mercadorias, documentos, etc... e desta forma não tem como apresentar a Fl. 4314DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 16 documentação solicitada, pois seu estabelecimento comercial encontra-se com as portas fechadas e a documentação extraviada. Juntou os documentos de fls. 2.078/2.081(Instrumento Particular de Arrendamento) e 2.082/2.083 (Representação Criminal). Pelo acima exposto, verifica-se que, regularmente intimada e re-intimada, a empresa deixou de apresentar ao Fisco os livros contábeis e fiscais, a documentação respectiva, e tampouco informou os valores recebidos por meio de cartões de crédito/débito que permitissem o cotejo com os valores consignados nos extratos dos cartões de crédito/débito fornecidos pelas administradoras, nem se manifestou sobre os dados coletados acerca dos valores a ela repassados pelas citadas administradoras. Preferiu, na fase impugnatória, contestar a exigência com base em argumentos que, diante dos passos procedimentais do feito, denota a intenção de somente protelar a realização do crédito tributário, ao levantar questões que estariam a viciar as exigências formalizadas. O fato é que a empresa não possui os livros contábeis/fiscais ou qualquer documentação, e na sua impugnação manteve-se no campo das alegações não trazendo à colação nenhum documento que pudesse infirmar a autuação fiscal. Registre-se o equívoco do contribuinte ao afirmar “que desenvolve entre outras atividades, a compra e venda de aeronaves”(fl. 2.153), pois segundo seu objeto social(Cláusula 3ª da Consolidação da Alteração Contratual, fl.2.074) suas atividades são de “supermercado e importação de produtos alimentícios e bebidas em geral”. Da mesma forma equivocou-se ao citar “ano base 2000/2001”(fl. 2.154), pois, o ano-calendário fiscalizado é 2004. Como visto, a Recorrente sequer apresentou algum documento durante o procedimento fiscal. Somente a partir do cruzamento das informações fornecidas por terceiros (operadoras de cartão) com a DIPJ é que a fiscalização teve a plena convicção de que a Recorrente omitira todas as informações decorrentes de sua real movimentação, razão pela qual fundamentou, acertadamente, seu auto de infração com base na omissão de receitas (e arbitramento) constantes nos artigos 224, 283, 285, 288, 528, 532 e 537 do RIR/99. - Da falta de apresentação de documentos Alega a Recorrente que, por ter arrendado o estabelecimento comercial, não havia como cumprir as intimações da Receita Federal, muito embora as tenha recebido. Por mais que este Relator entenda que tal argumento não tenha o condão de alterar a constituição do crédito, impende salientar que a legislação tributária prevê situações como esta, conforme preconiza o artigo 195 do Código Tributário Nacional: Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibi-los. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Fl. 4315DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.238 17 Como amplamente citado no Termo de Verificação Fiscal, a Recorrente e todos os sócios foram intimados e reintimados a apresentar os documentos e esclarecimentos necessários ao deslinde da questão argüida pela fiscalização, qual seja, se os valores constantes nos extratos de cartão de crédito/débito haviam sido oferecidos à tributação, solicitando à Recorrente que demonstrasse sua real movimentação com base em seus livros contábeis e fiscais, uma vez que na DIPJ a Recorrente havia informado que apurava o IRPJ pelo regime de tributação do lucro real trimestral. Caso a Recorrente verdadeiramente desejasse comprovar que não praticou a referida omissão, e em sendo extraviados seus documentos, deveria ao menos solicitar à fiscalização prazo para que preparasse e encaminhasse seus livros contábeis e fiscais, uma vez que a apuração do IRPJ com base no lucro real trimestral exige a manutenção, pela empresa, em boa guarda dos livros comerciais e fiscais. Ao contrário, a Recorrente e seus sócios permaneceram inertes, acreditando que este seria o melhor caminho para se evadir de suas obrigações. Nesse sentido, entendo que não tem razão a Recorrente. - Da base de cálculo (Lucro Arbitrado) A Recorrente alega que houve erro na apuração da base de cálculo dos tributos lançados. Argumenta que o Imposto sobre a Renda foi aplicado sobre toda a movimentação financeira, e não sobre sua receita bruta, que, segundo a Recorrente, é obtida pela diferença entre o valor de face do título adquirido e o montante pago pela sua aquisição, condicionando ainda na efetiva liquidação do título. Diz ainda que demonstrou, com base em documentos, que os valores realmente percebidos por ela estão bem abaixo daqueles levantados pela fiscalização. Cita que a receita das empresas de factoring decorrem da diferença entre a quantia expressa no título de crédito adquirido e o valor pago. Por fim, em relação ao Pis e à Cofins, aduz que a diferença entre bases é mais gritante porque a legislação define o que é receita bruta. Entendo que as argumentações da recorrente não merecem ser acolhidas. De plano, deve-se afastar a comparação da apuração da base de cálculo da Recorrente com as atividades de factoring. Ora, a atividade da Recorrente - (re)venda de mercadorias - não tinha qualquer similaridade com a atividade de factoring, trazida aqui pela Recorrente com objetivo de confrontar e, conseqüentemente, reduzir a base de cálculo dos tributos lançados no auto de infração. Vencido isto, impende ressaltar que a Recorrente informou na DIPJ que apurava o IRPJ com base no lucro real trimestral. Logo, como dita a legislação de regência do imposto de renda, deveria manter e apresentar, quando solicitados, seus livros contábeis (diário e razão) e seu livro fiscal de apuração do lucro real (Lalur), que demonstrassem todas as suas movimentações, independentemente das atividades por ela exercidas. Não foi o que ocorreu! Fl. 4316DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 18 A Recorrente escolheu permanecer imóvel, omitindo inclusive informações básicas solicitadas pelo fisco, as quais não dependeriam de grandes esforços para que fossem apresentadas. Desta forma, não houve outra alternativa ao Fisco a não ser lavrar o competente Termo de Embaraço à Fiscalização, que lhe permitiu solicitar as informações sobre os cartões de crédito e débito junto às operadoras de cartões com as quais a Recorrente transacionou, que, assente-se, a própria Recorrente deveria ter em mãos, para apresentação imediata à fiscalização. Após respostas das operadoras referentes aos pagamentos decorrentes de cartões de crédito e débito, a Recorrente (via Edital), o ex-sócio, à época dos fatos, Sussumu Honda, e o atual sócio, na época da lavratura do auto de infração, Fábio Ribeiro da Silva, ambos via postal, foram intimados a demonstrar e comprovar a escrituração, nos livros contábeis e fiscais, das vendas acima demonstradas, assim como a inclusão desses valores na apuração dos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Porém, apesar de regularmente intimados, a Recorrente e seus sócios preferiram a inércia. Em decorrência desta conduta, a fiscalização não teve acesso aos livros contábeis e fiscais da Recorrente para que convalidasse a apuração do resultado fiscal da empresa com base no lucro real trimestral, que fora indicado pela Recorrente na DIPJ. Nesse sentido, perfeitamente cabível a apuração do lucro arbitrado, com base nos elementos de posse da fiscalização, que, frise-se, foram levantados junto a terceiros. Reproduzo abaixo a fundamentação e os motivos para o arbitramento constantes no Acórdão da DRJ/SP1, os quais adoto como razões de decidir do meu voto: Diante de tal fato, agiu corretamente a autoridade fiscal, pois, outra não é a determinação, devidamente atendida pelo autuante, trazida pelo art. 530, incisos I e III, do mencionado RIR/1999, que dispõe: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano- calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): I- o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; (...) III- o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; Aliás, outro não é o entendimento da jurisprudência administrativa, conforme se pode ver por meio da ementa, abaixo reproduzida, do seguinte Acórdão: ARBITRAMENTO – A falta de escrituração na forma das leis comerciais e fiscais autoriza o arbitramento do lucro para efeito de tributação pelo imposto de renda (Ac. 101-92.692/1999 – DOU 29/07/1999) Fl. 4317DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.239 19 A tributação das receitas omitidas, em vigor no ano-calendário de 2004, e adotada pela autoridade fiscal, está prevista nos artigos 532 e 537 do RIR/1999, que assim dispõem: Art.532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, § 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I). Art. 537. Verificada omissão de receita, o montante omitido será computado para determinação da base de cálculo do imposto devido e do adicional, se for o caso, no período de apuração correspondente, observado o disposto no art. 532 (Lei nº 9.249, de 1995, art. 24). (...). No caso concreto, a Alteração Contratual de Sociedade Empresária Limitada, fls. 93/97, informa em sua cláusula 3ª que o objeto da sociedade é “supermercado e importação de produtos alimentícios e bebidas em geral”. Assim, o coeficiente de determinação do lucro arbitrado aplicado sobre a receita bruta conhecida, ou seja, os valores informados pelas Administradoras de Cartões de Crédito/Débito, no percentual de 9,6% (nove inteiros e seis décimos) está em perfeita sintonia com a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores em análise. Portanto, diante do exposto, correto o método utilizado pelo autuante, para fins de apuração dos resultados da interessada, tornando-se, dessa forma, descabidas as alegações trazidas pela defesa quanto a tal tópico. Convém ainda observar que o trabalho da fiscalização seguiu rigorosamente a legislação tributária quanto à apuração da CSLL e da contribuição para o PIS e da COFINS a partir da apuração do lucro arbitrado, considerando para o IRPJ e CSLL a base de presunção destacada na legislação e para o PIS e COFINS a base de cálculo do regime cumulativo, qual seja, receita bruta decorrente de sua atividade. - Das penalidades 1) Desproporcionalidade da aplicação da multa de 150% A Recorrente alega absurda a multa de 150%, que não guarda relação com a atual situação econômica nem com a gravidade da infração (princípio da proporcionalidade razoável) e que tem natureza de confisco. Ainda, como prega que a multa tem caráter moratório, cita processo judicial em que o juízo a quo, segundo a recorrente, reduziu uma multa de 30% para 10%, concluindo (e solicitando no recurso) que esta multa (10%) é que deveria ser aplicada. Fl. 4318DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 20 Ab initio, convém advertir que não cabe a este tribunal administrativo emitir juízo de valor quanto à aplicação de multa(s) diversa(s) daquela(s) estabelecida(s) em lei, devendo observar estritamente os fatos e o seu respectivo enquadramento na legislação tributária. No caso concreto, a multa aplicada têm fundamento no inciso II do art. 44 da Lei 9.430/96, que posteriormente foi alterado para o § 1º do mesmo artigo, que prescreve que a multa de ofício (75%) - que é a multa aplicável em decorrência de um procedimento fiscalizatório - deve ser aplicada em dobro (150%) nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64: Lei nº 9.430, de 1996: (à época dos fatos) Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I – de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II – cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. No Recurso Voluntário, a Recorrente requer que a multa de 150% seja reduzida para o montante de 10%. Entretanto, conforme se depreende do artigo mencionado acima, não há fundamento legal que autorize o pretendido. A Recorrente tampouco requer em seu Recurso Voluntário que a multa seja reduzida nos montantes previstos em Lei, qual seja 75%. Dessa forma, é de rigor a manutenção da multa de ofício qualificada. Não obstante o requerimento inadequado da Recorrente, cabe tecer alguns comentários sobre a necessidade da manutenção da multa qualificada, veja: Como restou comprovado no auto de infração, a Recorrente omitiu todas as informações sobre a receita de (re)venda de mercadorias, apresentando DIPJ com informações 'zeradas' em relação aos 4 trimestres do ano de 2004 (fls. 15 a 92), apesar de ter movimentado a cifra de R$ 10.997.300,95. Esta movimentação decorre, a meu ver, de receita da atividade de revenda de mercadorias da fiscalizada, pois, como as informações foram fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito e débito, não vislumbro outra possibilidade a não ser de elementos decorrentes de pagamentos efetuados pelos clientes da fiscalizada ao efetuarem suas compras nos estabelecimentos da empresa Recorrente. Isto porque as informações fornecidas pelas operadoras de cartão de crédito e débito diferem das informações constantes nos extratos bancários das entidades financeiras, que, por vezes, podem apresentar valores que não necessariamente decorrem do exercício da própria atividade empresarial, como, por exemplo, empréstimos tomados, resgates de Fl. 4319DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Processo nº 19515.002675/2009-68 Acórdão n.º 1401-001.695 S1-C4T1 Fl. 4.240 21 aplicação, transferências de mesma titularidade e outros valores que não advém, necessariamente, do exercício da atividade empresarial. Aliás, os extratos dos cartões de crédito e débito (fls. 163 a 3.965) se referem à movimentação financeira de 7 estabelecimentos da empresa fiscalizada (CNPJ 43.043.918/0001-20, 0002-01, 0003-92, 0005-54, 0006-35, 0007-16, 0009-88), o que afasta qualquer alegação da Recorrente de que houve um lapso na apuração e pagamento de tributos, diante da relevante movimentação financeira. Soma-se a isso o fato de que a Recorrente, apesar de regularmente intimada e reintimada, sequer apresentou um livro contábil/fiscal - nem mesmo com resultado deficitário (prejuízo contábil e/ou fiscal) - com fins de afastar as acusações da fiscalização. Pelo contrário, conforme conta dos autos, a empresa permaneceu inerte, sendo que, a partir da autuação, não restou outra alternativa a não ser atacar as medidas tomadas pelo fisco (inconstitucionalidade da RMF, multa confiscatória, desenvolvimento de outras atividades não verificadas pelo fisco) para tentar se desprender da exação lhe imposta. É de se reparar que o próprio ex-sócio da empresa, Sr. Sussumu Honda, em resposta apresenta a posteriori, mas ainda antes da lavratura do auto de infração, confessa que será responsabilizado penalmente pela ocorrência da omissão da receita objeto da presente autuação: Já concluida a digitação do presente Termo, foram recebidas duas respostas à intimação de 16/06/2009, a saber: 1) a primeira de SUSSUMU HONDA, alegando, através de sua advogada, que, pelo fato de ter-se retirado da sociedade em 25/10/2006, e transferido todo o ativo e passivo aos novos sócios, não teria acesso As dependências da empresa, bem como a nenhum tipo de documentação; deve-se ressaltar que SUSSUMU HONDA era sócio da empresa no ano-calendário de 2004, época da ocorrência da omissão de receita objeto da presente autuação, e que, por isso, será responsabilizado penalmente; (gn) Assim, entendo que a postura da Recorrente tinha fim específico de fraudar o Fisco, sendo cabível portanto a multa no montante aplicado pela fiscalização, que deve se manter pelos seus próprios fundamentos aqui narrados. 2) Selic A Recorrente alega inconstitucionalidade da aplicação da Selic. Conforme já mencionado acima, não cabe ao julgador administrativo inferir acerca de inconstitucionalidade de lei até que esta seja declarada pelo Tribunal competente. Não obstante, este E. Conselho possui entendimento consubstanciado na Súmula n° 04 no sentido de que “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais”. Fl. 4320DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA 22 Dessa forma, descabido o argumento da recorrente pela ilegalidade da aplicação da SELIC. - Multa A Recorrente também alega inconstitucionalidade da aplicação da multa. Em relação às supostas inconstitucionalidades alegadas, é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade em sede de recurso administrativo. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. A autoridade administrativa é vinculada à legalidade estrita, seja nos termos da Lei 8.112 de 1990, em seu artigo 116, III, como bem assinalou a decisão recorrida, seja pelo artigo 41, inciso IV, do Anexo II, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Assim, a partir do momento em que a norma é inserida em nosso sistema legislativo, esta é dotada de presunção de legitimidade, legalidade e constitucionalidade, e é obrigação da autoridade administrativa a sua aplicação, não cabendo ao julgador administrativo apontar eventuais vícios desta norma, papel este incumbido ao Poder Judiciário pelo princípio da unidade da jurisdição. - Lançamentos Reflexos (CSLL, PIS e COFINS): Quanto ao lançamento dos tributos reflexos decorrentes do procedimento de ofício, não havendo nenhum fato que enseje uma conclusão diversa e somado ao fato de decorrerem dos mesmos fatos e mesmas provas, o que restar aplicado em relação ao IRPJ repercutirá no PIS, COFINS e CSLL. Conclusão Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Fl. 4321DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente e m 11/09/2016 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 09/09/2016 por LUIZ RODRIGO DE OLIVE IRA BARBOSA Relatório Voto

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6640111 #
Numero do processo: 10980.934216/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.755
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM

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3402­003.755  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  24 de janeiro de 2017  Matéria  PIS/COFINS. COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE  CÁLCULO.  Recorrente  BRASILSAT LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/09/2003 a 30/09/2003  PIS/PASEP.  COFINS.  BASE  DE  CÁLCULO.  INCONSTITUCIONALIDADE  DO  §  1º  DO  ARTIGO  3º,  DA  LEI  Nº  9.718/98,  QUE  AMPLIAVA  O  CONCEITO  DE  FATURAMENTO.  NÃO  INCIDÊNCIA  DA  CONTRIBUIÇÃO  SOBRE  RECEITAS  NÃO  COMPREENDIDAS  NO  CONCEITO  DE  FATURAMENTO  ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À  PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.  A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido  a  receita  bruta  das  vendas  de mercadorias,  de mercadorias  e  serviços  e  de  serviços  de  qualquer  natureza.  Inadmissível  o  conceito  ampliado  de  faturamento  contido  no  §  1º  do  art.  3º  da  Lei  nº  9.718/98,  uma  vez  que  referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo  Tribunal Federal (STF).  Diante  disso,  não  poderão  integrar  a  base  de  cálculo  da  contribuição  as  receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195,  I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à  publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.  Recurso Voluntário Provido.      Acordam  os  membros  do  Colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  dar  provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo  que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de  apuração quanto à exatidão do montante compensado.  (assinado digitalmente)  Antonio Carlos Atulim ­ Presidente e Relator      AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 42 16 /2 00 9- 84 Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.934216/2009­84  Acórdão n.º 3402­003.755  S3­C4T2  Fl. 0          2  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  Conselheiros  Antonio  Carlos  Atulim,  Jorge  Freire,  Diego  Diniz  Ribeiro,  Waldir  Navarro  Bezerra,  Thais  De  Laurentiis  Galkowicz,  Maria  Aparecida  Martins  de  Paula,  Maysa  de  Sá  Pittondo  Deligne  e  Carlos  Augusto Daniel Neto.    Relatório  1.  Trata­se  de  processo  administrativo  decorrente  da  apresentação  de  manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação  declarada pelo contribuinte.  2.  Segundo  consta  dos  autos,  o  contribuinte  alega  possuir  um  crédito  tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º  da  Lei  nº  9.718/98,  o  qual  foi  julgado  inconstitucional  pelo  Supremo  Tribunal  Federal,  por  intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral.  3.  Referida manifestação  de  inconformidade  foi  julgada  improcedente  pela  DRJ­Curitiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse  ao presente julgamento:  ALEGAÇÕES  DE  INCONSTITUCIONALIDADE.  COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS.  O  julgador da esfera administrativa deve  limitar­se a aplicar a  legislação  vigente,  restando,  por  disposição  constitucional,  ao  Poder  Judiciário  a  competência  para  apreciar  inconformismos  relativos à sua validade ou constitucionalidade.  Manifestação de Inconformidade Improcedente.  Direito Creditório Não Reconhecido.  4. Diante deste quadro, o contribuinte  interpôs  recurso voluntário alegando,  em suma, o que segue:  (i)  nulidade  da  decisão  atacada,  uma  vez  que  ao  pretexto  de  não  poder  analisar  constitucionalidade  de  norma,  a  decisão  vergastada  deixou  de  analisar  outros  fundamentos  jurídicos  desenvolvidos  pelo  recorrente  e  que  seriam  autônomos  e  suficientes  para a procedência do seu pleito; e, ainda  (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já  citada  decisão  Pretoriana,  a  qual  apresentaria  caráter  vinculativo  para  este  CARF,  conforme  previsto no então vigente art. 62­A do RICARF.  5. É o relatório.      Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.934216/2009­84  Acórdão n.º 3402­003.755  S3­C4T2  Fl. 0          3  Voto             Antonio Carlos Atulim, Relator   O  julgamento  deste  processo  segue  a  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de  junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica­se o decidido no Acórdão 3402­003.723, de  24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/2009­66, paradigma  ao qual o presente processo foi vinculado.  Transcreve­se,  como  solução  deste  litígio,  nos  termos  regimentais,  o  entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402­003.723):  "6.  O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  preenche  os  demais  pressupostos  formais  de admissibilidade, motivo  pelo  qual  dele  tomo conhecimento.  I. Da nulidade da decisão atacada  7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da  própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano  de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é  a  inconstitucionalidade  do  art.  3º,  §1º  da  Lei  nº  9.718/98,  reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da  sua manifestação:  O  contribuinte  extinguiu  o  débito  da  COFINS,  apurada  conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período  de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido  em 14/03/2003.  Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade  do  art. 3º,  parágrafo  1º,  da Lei  nº  9.718/98  surgiu  para  o  contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente  a COFINS incidente sobre as receitas  financeiras no valor  de R$ 18.459,40.  8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a  questão  em  apreço  tocava  a  análise  quanto  à  (in)constitucionalidade  de  normas,  o  que  não  seria  passível  de  apreciação  na  instância  administrativa,  nos  exatos  termos  da  Súmula CARF no 2.  9.  Assim,  uma  vez  reconhecida  a  sua  incompetência  para  a  questão de  fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde  da  questão  debatida,  a  DRJ  não  poderia  seguir  adiante  na  análise  da  manifestação  de  inconformidade  proposta  pelo  contribuinte.  10.  Todavia,  ainda  que  se  considere  que  a  decisão  recorrida  apresenta  uma mácula,  o  que  se  afirma  aqui  a  título  de obiter  dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise  do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59,  Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.934216/2009­84  Acórdão n.º 3402­003.755  S3­C4T2  Fl. 0          4  §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise  de mérito do presente recurso.  II. Do mérito da compensação perpetrada  11.  Superada  a  questão  preliminar,  não  há  dúvida  que,  nos  mérito,  a  juridicidade  do  crédito  do  contribuinte  deve  ser  reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre  da  reconhecida  inconstitucionalidade  do  art.  3º,  §1º  da  Lei  nº  9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do  RE  nº  357.950,  afetado  por  repercussão  geral,  e  que  restou  assim ementado:  CONSTITUCIONALIDADE  SUPERVENIENTE  ­  ARTIGO  3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998  ­  EMENDA  CONSTITUCIONAL  Nº  20,  DE  15  DE  DEZEMBRO DE 1998.  O  sistema  jurídico  brasileiro  não  contempla  a  figura  da  constitucionalidade superveniente.  TRIBUTÁRIO  ­  INSTITUTOS  ­  EXPRESSÕES  E  VOCÁBULOS ­ SENTIDO.  A  norma  pedagógica  do  artigo  110  do  Código  Tributário  Nacional  ressalta  a  impossibilidade  de  a  lei  tributária  alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados  institutos,  conceitos  e  formas  de  direito  privado  utilizados  expressa ou implicitamente. Sobrepõe­se ao aspecto formal  o  princípio  da  realidade,  considerados  os  elementos  tributários.  CONTRIBUIÇÃO  SOCIAL  ­  PIS  ­  RECEITA  BRUTA  ­  NOÇÃO  ­  INCONSTITUCIONALIDADE  DO  §  1º  DO  ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98.  A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195  da  Carta  Federal  anterior  à  Emenda  Constitucional  nº  20/98,  consolidou­se  no  sentido  de  tomar  as  expressões  receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindo­as à  venda  de  mercadorias,  de  serviços  ou  de  mercadorias  e  serviços.  É  inconstitucional  o  §  1º  do  artigo  3º  da  Lei  nº  9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para  envolver  a  totalidade  das  receitas  auferidas  por  pessoas  jurídicas,  independentemente  da  atividade  por  elas  desenvolvida e da classificação contábil adotada.  (STF;  RE  390840,  Relator:  Min.  MARCO  AURÉLIO,  Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15­08­2006 PP­ 00025  EMENT  VOL­02242­03  PP­00372  RDDT  n.  133,  2006, p. 214­215)                                                               1 "Art. 59. São nulos:  (...).  § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a  autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir­lhe a falta.  (...)."  Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.934216/2009­84  Acórdão n.º 3402­003.755  S3­C4T2  Fl. 0          5  12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art.  62, § 2º, do RICARF, in verbis:  Art.  62.  Fica  vedado  aos  membros  das  turmas  de  julgamento  do  CARF  afastar  a  aplicação  ou  deixar  de  observar  tratado, acordo  internacional,  lei ou decreto, sob  fundamento de inconstitucionalidade.   (...).  §  2º  As  decisões  definitivas  de  mérito,  proferidas  pelo  Supremo  Tribunal  Federal  e  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  em matéria  infraconstitucional,  na  sistemática  dos  arts. 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts.  1.036  a  1.041  da  Lei  nº  13.105,  de  2015  ­  Código  de  Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros  no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação  dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)   13.  Assim,  o  crédito  do  contribuinte  é  juridicamente  válido,  cabendo  à  fiscalização  tão  somente  apurar  se  o  montante  aproveitado  pelo  contribuinte  efetivamente  retrata  o  aludido  crédito.  Dispositivo  14.  Diante  do  exposto  voto  por  dar  provimento  ao  recurso  voluntário  interposto  pelo  contribuinte,  reconhecendo  o  direito  ao  crédito  por  ele  vindicado,  de  modo  que  a  compensação  apresentada  pelo  contribuinte  seja  analisada  pela  RFB  apenas  para  fins  de  apuração  quanto  à  exatidão  do  quantum  compensado."  Aplicando­se  a  decisão  do  paradigma  ao  presente  processo,  em  razão  da  sistemática  prevista  nos  §§  1º  e  2º  do  art.  47  do  RICARF,  dou  provimento  ao  recurso  voluntário,  para  reconhecer  a  juridicidade  do  crédito  por  ele  vindicado,  de  modo  que  a  compensação  apresentada  pelo  contribuinte  seja  analisada  pela  RFB  apenas  para  fins  de  apuração quanto à exatidão do quantum compensado.   assinado digitalmente  Antonio Carlos Atulim                                Fl. 52DF CARF MF

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6547388 #
Numero do processo: 11080.011062/2006-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004 CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula n° 02 do CARF). EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. Esta pretensão não encontra respaldo no ordenamento jurídico, pois o comando normativo é claro ao determinar a incidência das aludidas contribuições sobre o faturamento. QUALIFICAÇÃO DA MULTA. ART. 44, § 1°, DA LEI Nº 9.430/96. Estando devidamente consubstanciado nos autos a atividade fraudulenta do contribuinte, o percentual de multa deve ser duplicado.
Numero da decisão: 1301-002.141
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/2006­14  Acórdão n.º 1301­002.141  S1­C3T1  Fl. 1.639          2   Relatório  Cuida  o  presente  processo  de  auto  de  infração  de  IRPJ,  com  reflexos  de  CSLL, PIS e COFINS, relativo aos anos­calendário de 2003 e 2004 (fls. 1462/1511).  Nos termos do Relatório da Ação Fiscal (fls. 1453/1461), foram apuradas as  seguintes infrações: (i) omissão de receitas nas declarações entregues ao fisco, no valor de R$  671.390,51,  tendo  em  vista  a  falta  de  registro  de  notas  fiscais  de  venda  de mercadorias  nos  livros  fiscais  e  contábeis;  (ii)  superavaliação  de  custos  no  valor  total  de  R$  108.373,95,  reduzindo indevidamente o lucro líquido por meio do registro de compra de mercadorias para  revenda  em valores  superiores  aos  de  fato  ocorridos;  (iii)  não  recolhimento  do  IRPJ, CSLL,  PIS e COFINS em função das citadas infrações tributárias, além do não recolhimento do IRPJ e  da CSLL  em  relação  ao  ano­calendário  de  2004,  tendo  sido  lavrados  autos  de  infração  que  totalizam R$ 565.409,69.  Ademais,  foi  realizado  o  recálculo  dos  valores  mensais  devidos  por  estimativa  a  título  de  IRPJ  e  CSLL  no  ano­calendário  de  2003  em  virtude  das  infrações  apuradas, sendo aplicada multa isolada de 50% sobre esses valores.  Foi,  ainda,  cominada multa  de ofício  qualificada  no  patamar  de 150%,  nos  termos do artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96 em razão do evidente intuito de fraude.  Apenso aos autos tramita o processo administrativo n° 11080.01 1056/2006­ 67 que formalizou Representação Fiscal para Fins Penais.  Inconformado,  o  contribuinte  apresentou  Impugnação  (fls.  1516/1531),  alegando, em síntese, que (i) o valor do ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da  COFINS, em função da inconstitucionalidade da legislação que rege a matéria; (ii) a exclusão  das receitas não operacionais da base de cálculo do PIS e da COFINS; (iii) redução da multa de  ofício  ao  patamar  de  75%  por  não  ter  sido  comprovado  o  evidente  intuito  de  fraude;  (iv)  desproporcionalidade  das  multas  aplicadas  e  afronta  ao  princípio  do  não­confisco;  e  (v)  necessidade de aplicação das multas no percentual de 50% em virtude da retroatividade da lei  mais benigna.  A  5°  Turma  da  DRJ/POA  decidiu,  por  unanimidade  de  votos,  em  julgar  improcedente  a  impugnação  (fls.  1611/1616),  mantendo  o  crédito  tributário,  conforme  consignado na seguinte ementa:  Assunto: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA ­ IRPJ  Ano­calendário: 2003, 2004  ARGÚIÇAO  DE  INCONSTITUCIONALIDADE.  As  autoridades  administrativas não podem negar aplicação às leis regularmente emanadas do Poder  Legislativo. O exame da constitucionalidade ou Iegalidade das leis é tarefa reservada  ao Poder Judiciário.  ICMS; EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E COFINS. Não há  base legal para exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS.  Fl. 1639DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/2006­14  Acórdão n.º 1301­002.141  S1­C3T1  Fl. 1.640          3 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. CABIMENTO. Cabível a imposição  da multa qualificada de 150% quando demonstrada a ocorrência de evidente intuito  de  fraude.  A  sistemática  omissão  de  receitas  e  majoração  de  custos  evidencia  a  intenção dolosa da contribuinte.  COMPENSAÇÃO. Eventual direito creditório da empresa deve ser apurado e  compensado em processo próprio, refugindo ao escopo do presente processo.  Lançamento Precedente  Contra essa decisão, foi interposto Recurso Voluntário (fls. 1619/), no qual o  contribuinte  repisa  os  argumentos  expostos  na  impugnação  e  alega,  preliminarmente,  que  houve cerceamento de defesa, haja vista que a decisão de 1° instância não apreciou as questões  suscitadas em sua defesa por se tratarem arguições de inconstitucionalidade ou ilegalidade da  legislação tributária.  É o relatório. Passo a decidir.    Voto             Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator  O Recurso Voluntário é tempestivo e, portanto, dele conheço.  Em seu  recurso, o Recorrente  sustenta  a nulidade da decisão prolatada pela  DRJ,  por  entender  que  houve  cerceamento  de  defesa  ao  não  terem  sido  apreciadas  suas  arguições relativas à inconstitucionalidade ou ilegalidade da lei tributária.  A decisão recorrida desconhece essas alegações nos seguintes termos:  As  demais  reclamações  da  interessada,  no  tocante  ao  mérito,  se  dirigem  à  suposta  ilegalidade  ou  inconstitucionalidade  dos  atos  legais  que  suportam  os  lançamentos. A apreciação de argüições de inconstitucionalidade ou ilegalidade da  legislação  tributária  foge  do  alcance  das  autoridades  administrativas  de  qualquer  instância,  uma  vez  que  não  detém  competência  para  examinar  a  legitimidade  de  normas inseridas no ordenamento jurídico nacional. Essa tarefa acha­se reservada ao  Poder Judiciário. (...)  Desconheço,  portanto  dessas  alegações  de  inconstitucionalidade  ou  ilegalidade.  Primeiramente,  entendo  que  a  suscitada  nulidade  da  decisão  recorrida  não  encontra amparo legal.  O  art.  59  do  Decreto  nº  70.235/72  estabelece  as  seguintes  hipóteses  de  nulidade das decisões:  Art. 59. São nulos:  I ­ os atos e termos lavrados por pessoa incompetente;  Fl. 1640DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/2006­14  Acórdão n.º 1301­002.141  S1­C3T1  Fl. 1.641          4 II  ­  os  despachos  e  decisões  proferidos  por  autoridade  incompetente ou com preterição do direito de defesa.  (...)  Observa­se, pois, que este dispositivo não é aplicável ao presente caso, visto  que o acórdão de 1ª instância foi proferido por autoridade competente. Ademais, não há que se  falar em preterição do direito de defesa.  Conforme dispõe a Súmula n° 02 do CARF, este Colegiado não é competente  para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, estando, a meu ver, correto o  entendimento adotado pelo julgador da DRJ.  Não há, portanto, que se falar em nulidade da decisão recorrida.  Quanto  ao  mérito,  importante  registrar  que  o  contribuinte  não  trouxe  aos  autos quaisquer alegações ou documentos visando afastar as infrações cometidas. O Recorrente  aduz somente que o valor do ICMS e as receitas não operacionais devem ser excluídas da base  de cálculo do PIS e da COFINS, bem como requer a redução da multa de ofício.  Em  relação  à  exclusão  do  ICMS da  base  de  cálculo  do PIS  e  da COFINS,  entendo  que  tal  pretensão  não  encontra  respaldo  no  ordenamento  jurídico,  pois  o  comando  normativo é claro ao determinar a  incidência das aludidas contribuições sobre o faturamento,  que por sua vez é entendido/confundido comumente com o conceito de receita bruta.   Todavia,  tal discussão,  trazida aos autos, não pode prosperar  e nem de  fato  existir aqui neste tribunal adminsitrativo.  Isso  porque,  o  argumento  trazido  pela  Recorrente  sobre  o  resultado  do  julgamento do RE 240.785/MG, o qual decidiu­se pela exclusão do ICMS da base de cálculo  do PIS e da COFINS,  foi proferido em sede do citado Recurso Extraordinário o que, per se,  não possui o condão da repercussão geral.   Logo, não há como se discutir nos autos a tese da exclusão do ICMS da base  de cálculo do PIS e da COFINS.  Portanto, o argumento da Recorrente é, mais uma vez, descabido.  Também não merece prosperar o  agumento  relativo  à exclusão das  receitas  não operacionais da base de cálculo das referidas contribuições.  Conforme  bem  apontado  pelo  julgador  da  DRJ,  “as  receitas  omitidas,  ora  tributadas,  são  decorrentes  de  vendas  de  mercadorias,  portanto,  são  receitas  operacionais.  Com isso, é impertinente o pedido de exclusão de receitas não operacionais da base de cálculo  do lançamento”.  No que se refere à redução das multas aplicadas, o contribuinte alega que, em  nenhum  momento  do  relatório  de  fiscalização,  bem  como  do  auto  de  infração,  restou  caracterizado o dolo, ou seja, a intenção de sonegar tributos ou fraudar a fiscalização.   Fl. 1641DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/2006­14  Acórdão n.º 1301­002.141  S1­C3T1  Fl. 1.642          5 O agravamento da multa, na forma prevista pelo § 1º, do artigo 44, da Lei nº  9.430/96, pode ser aplicado tão­somente aos casos em que o contribuinte incorra em uma das  hipóteses descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64.  De fato, não pode ser presumida pela autoridade fiscalizadora a atividade de  sonegação,  fraude  ou  conluio,  devendo  o  lançamento  da  multa  qualificada  de  150%  ser  minuciosamente descrito e comprovado pelo agente fiscal.  No  caso  em  questão,  contudo,  entendo  que  o  dolo  do  contribuinte  está  perfeitamente identificado no Relatório da Ação Fiscal (fls. 1453/1461). O agente fiscal aponta  que  o  contribuinte  deixou  de  registrar  as  notas  fiscais  de  venda  de  produtos  em  seus  livros  fiscais e contábeis. Além do mais, foram realizados lançamentos dos produtos adquiridos em  valores superiores aos constantes nas notas fiscais.  Nos termos do relatório fiscal, “a prática executada pela fiscalizada consistia  em acrescentar um zero ao valor real, efetuando o registro nos livros fiscais em valor dez vezes  superior ao efetivo da operação”.  Não bastassem as infrações cometidas em 2003, no ano­calendário de 2004, o  contribuinte não declarou em DCTF e nem recolheu os valores apurados em sua DIPJ.  Resta, portanto, nítida a intenção do sujeito passivo em lesar o fisco, tendo as  notas fiscais sido indevidamente registradas, ou não registradas, em seus livros.  Considero,  portanto,  correta  a  aplicação  da  multa  de  ofício  no  patamar  de  150% do valor dos tributos devidos.  Igualmente,  não  merecem  guarida  as  alegações  do  Recorrente  quanto  à  afronta  aos  princípios  da  proporcionalidade  e  do  não­confisco  à  aplicação  das  penalidades  aplicadas.   A  autoridade  autuante  observou  a  legislação  tributária  na  cominação  das  multas.  Ademais,  não  compete  a  este  Colegiado  julgar  a  inconstitucionalidade  das  leis  tributárias vigentes, conforme entendimento já pacificado pela Súmula n° 02 do CARF.  Por  último,  julgo  improcedente  o  pedido  de  compensação  do  saldo  remanescente  de  PIS  e  COFINS  com  o  valor  devido  IRPJ  e  CSLL,  nos  termos  da  Lei  nº  9.250/95. Caso o contribuinte entenda que possui direito creditório contra a Fazenda Nacional,  deverá formular pedido próprio e dirigi­lo à autoridade competente para realizar sua análise.  Ante todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e, no mérito, nego­lhe  provimento, mantendo­se o lançamento tributário.  É como voto.  (documento assinado digitalmente)  Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro ­ Relator             Fl. 1642DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 11080.011062/2006­14  Acórdão n.º 1301­002.141  S1­C3T1  Fl. 1.643          6                   Fl. 1643DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA

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Numero do processo: 10183.004911/2005-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Ano-calendário: 2002 ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; - DATA ANTERIOR AO FATO GERADOR - ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-Ia da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA tempestivo. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-004.408
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para considerar isenta somente a área de reserva legal tempestivamente averbada, de 7.195,96 ha, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para considerar isenta somente a área de reserva legal tempestivamente averbada, de 7.195,96 ha, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.

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PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS   2   Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  o  Recurso  Especial  da  Fazenda  Nacional  e,  no  mérito,  por  voto  de  qualidade,  em  dar­lhe  provimento  parcial  para  considerar  isenta  somente  a  área  de  reserva  legal  tempestivamente  averbada,  de  7.195,96  ha,  vencidos  os  conselheiros  Patrícia  da  Silva, Ana  Paula  Fernandes,  Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.    (assinado digitalmente)  Luiz Eduardo de Oliveira Santos ­ Presidente em Exercício    (assinado digitalmente)  Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora    Participaram  do  presente  julgamento,  os  Conselheiros  Luiz  Eduardo  de  Oliveira  Santos  (Presidente  em  Exercício),  Maria  Helena  Cotta  Cardozo,  Patricia  da  Silva,  Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior,  Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.   Fl. 778DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/2005­81  Acórdão n.º 9202­004.408  CSRF­T2  Fl. 3          3 Relatório  Trata­se de auto de infração (fls. 01/09) relativo ao Imposto Territorial Rural  –  ITR,  relativo  ao  exercício  de  2002,  do  imóvel  denominado  Fazenda  Saudade,  (NIRF  0.544.699­6),  localizado no município de Cocalzinho/MT, por meio do qual  se exige crédito  tributário no valor de R$ 745.995,91, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e  cinco por cento) e juros de mora.  Conforme  Descrição  dos  Fatos  e  Enquadramento  Legal  de  fls.  06/07,  foi  glosada  a  área  de  Utilização  Limitada  informada  na  Declaração  do  Imposto  sobre  a  Propriedade  Territorial  Rural  _  ITR,  em  virtude  do  não  cumprimento  dos  requisitos  estabelecidos na lei para a exclusão dessa área da incidência do imposto.   As  alterações  no  cálculo  do  imposto  estão  demonstradas  á  fl.  02.  A  glosa  efetuada culminou com a redução do grau de utilização de 100,0% para 0,0%, com a alteração  da alíquota aplicável do imposto, de 0,45% para 20,0%, conforme a tabela mencionada no art.  11 da Lei nº 9.393/96. Conseqüentemente, a área tributável sofreu aumento de 20.072,7 ha para  33.374,9 ha.   A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de  Julgamento  em Campo Grande/MS  julgado  o  lançamento  procedente  em  parte,  mantendo  o  valor  do  imposto  de R$  101.636,49,  com  a multa  de  ofício  e  juros  de mora  calculados  nos  mesmos percentuais do auto de infração.  Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados  ao CARF para julgamento do mesmo.   No Acórdão de Recurso Voluntário, o Colegiado, por unanimidade de votos,  deu parcial provimento ao recurso para considerar como área de reserva legal a de 13.252,65  ha.  Portanto,  em  sessão  plenária  de  21/10/2010,  deu­se  parcial  provimento  ao  recurso, prolatando­se o Acórdão nº 2201­001.250, assim ementado:  “ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  PROPRIEDADE  TERRRITORIAL RURAL ­ ITR  Exercício: 2002  ÁREA DE RESERVA LEGAL. COMPROVAÇÃO.   A averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no  registro de imóveis competente, faz prova da existência da área  de reserva legal, independentemente da apresentação tempestiva  do Ato Declaratório Ambiental (ADA).”  O  processo  foi  encaminhado  para  ciência  da  Fazenda  Nacional,  em  10/02/2012  para  cientificação  em  até  30  dias,  nos  termos  da  Portaria  MF  nº  527/2010.  A  Fazenda  Nacional  interpôs,  tempestivamente,  no  mesmo  dia,  o  Recurso  Especial.  Em  seu  Fl. 779DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS   4 recurso visa a reforma da decisão recorrida, restaurando o inteiro teor da decisão de primeira  instância.    Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº da 2ª  Câmara, de 04/06/2012.  Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações:  · ­ que da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo  contribuinte, cuja finalidade é ver reconhecida a isenção sobre a área  apontada,  confirma­se  o  não  cumprimento,  de  forma  tempestiva,  da  exigência da protocolização do Ato Declaratório Ambiental – ADA,  perante  o  IBAMA  ou  órgão  conveniado,  relativamente  ao  ITR  do  exercício de 2002.  · ­ que o citado dispositivo legal trata de concessão de benefício fiscal,  razão  pela  qual  deve  ser  interpretado  literalmente,  de  acordo  com o  art.  111  do  Código  Tributário  Nacional,  e  que,  inclusive,  o  CARF  editou  a  Súmula  nº  41  sobre  o  tema:  “A  não  apresentação  do  Ato  Declaratório  Ambiental  (ADA)  emitido  pelo  IBAMA,  ou  órgão  conveniado, não pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos  geradores ocorridos até o exercício de 2000”.  · ­  que,  pelo  enunciado  transcrito  acima  podemos  deduzir  que,  se  a  ausência do ADA não poderia motivar lançamento de ofício relativo a  fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000, após este período,  com a publicação da Lei nº 10.165/00, que alterou o conteúdo do art.  17­O,  §1º  da  Lei  nº  6.938/81,  o  lançamento  pode  e  deve  ser  feito,  como ocorreu no caso dos autos.  · ­ que a exigência do ADA encontra­se consagrada na Lei nº 6.938, de  31 de agosto de 1981, art. 17­0, §1º, com a redação dada pelo art. 1º  da Lei nº 10.165, de 27/12/2000, já em vigor para o ITR do exercício  de 2002, e que esse diploma reitera os termos da Instrução Normativa  n°  43/97,  no  que  concerne  ao  meio  de  prova  disponibilizado  aos  contribuintes  para  o  reconhecimento  das  áreas  de  preservação  permanente  e  de  utilização  limitada,  com  vista  à  redução  da  incidência do ITR.  · ­  que,  para  efeito  de  exclusão  das  áreas  de  reserva  legal  e  de  preservação  permanente  da  incidência  do  ITR,  é  necessário  que  o  contribuinte  comprove  o  reconhecimento  formal  específica  e  individualmente da área como tal, apresentando o ADA respectivo ou  protocolizando  requerimento  de  ADA  perante  o  IBAMA  ou  em  órgãos ambientais delegados por meio de convênio, no prazo de seis  meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da  declaração,  conforme  IN  SRF  nº  43/97,  com  redação  dada  pela  IN  SRF nº 67/97.  · ­ que a exigência do ADA não caracteriza obrigação acessória, visto  que a sua exigência não está vinculada ao interesse da arrecadação ou  da fiscalização de tributos, nem se converte, caso não apresentado ou  não  requerido  a  tempo,  em  penalidade  pecuniária,  definida  no  art.  Fl. 780DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/2005­81  Acórdão n.º 9202­004.408  CSRF­T2  Fl. 4          5 113, §§ 2° e 3º, da Lei n°5.172/1966 (Código Tributário Nacional —  CTN), ou seja, a ausência do ADA não enseja multa regulamentar ­ o  que  ocorreria  caso  se  tratasse  de  obrigação  acessória  ­,  mas  sim  incidência do imposto.  · ­ que o que não é exigido do declarante é a prévia comprovação das  informações  prestadas,  ficando  o  contribuinte  responsável  por  preencher os dados relativos às áreas de preservação permanente e de  utilização limitada, apurar e recolher o imposto devido, e apresentar a  sua DITR,  sem  que  lhe  seja  exigida  qualquer  comprovação  naquele  momento; e somente se solicitado pela Secretaria da Receita Federal,  o  contribuinte  deverá  apresentar  as  provas  das  situações  utilizadas  para dispensar o pagamento do tributo.  · ­  que  o  prazo  para  apresentação  do  requerimento  para  emissão  do  ADA  jamais  deixou  de  existir,  tanto  que  o  Decreto  nº  4.382,  de  19/09/2002, que regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e  administração do ITR (Regulamento do ITR), e que consolidou toda a  base legal deste tributo, assim dispõe em seu art. 10:  · ­ que não é juridicamente sustentável a tese segundo a qual, diante da  declaração  do  contribuinte  de  que  sua  propriedade  está  inserida  em  área de utilização limitada e de preservação permanente, não possa a  autoridade  pública  exigir  a  comprovação  do  alegado  através  da  documentação competente, uma vez que o direito ao beneficio  legal  deve estar documentalmente comprovado, e que o ADA, apresentado  tempestivamente, é o documento exigido para tal fim.  Cientificado do Acórdão nº 2201­001.250, do Recurso Especial da Fazenda  Nacional  e  do Despacho de Admissibilidade  admitindo  o Resp  da PGFN,  em 31/07/2012,  o  contribuinte não apresentou contrarrazões.  É o relatório.  Fl. 781DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS   6 Voto             Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira ­ Relatora  PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE  O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende  aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido.  Da  análise  dos  autos,  vê­se  que  a  discussão  trata  da  necessidade  de  protocolização  tempestiva  do  Ato  Declaratório  Ambiental  (ADA)  junto  ao  IBAMA  e  de  averbação  tempestiva  no  registro  de  imóvel  para  fins  dedução  de  área  de  Reserva  Legal,  quando  da  apuração  da  base  de  cálculo  do  ITR,  relativo  ao  exercício  de  2002,  do  imóvel  denominado  Fazenda  Saudade,  (NIRF  0.544.699­6),  localizado  no  município  de  Cocalzinho/MT.  É  sabido  que  na  legislação  que  abarca  a matéria  a  Reserva  Legal  tem  por  requisito  formal, ou seja, condição para sua consideração  tributária, ou seja, dedução da área  para apuração do ITR, a existência dos seguintes procedimentos:  (a) apresentação tempestiva de requerimento ao IBAMA de Ato  Declaratório Ambiental (ADA), no qual é informada a metragem  da  área  destinada  à  Reserva  Legal  que,  de  acordo  com  a  localização, corresponde a um percentual da área do imóvel;  e,   (b)  a  averbação dessa  área  na matrícula  da  propriedade  rural  no Registro de Imóveis antes da ocorrência do fato gerador, em  1º de janeiro do ano calendário. Saliente­se que o ADA somente  passou a ser requisito com o advento da Lei no 10.165, de 27 de  dezembro  de  2000,  e  a  averbação,  com  o  advento  da  Lei  nº  7.803, de 18 de julho de 1989  Vejam­se os seguintes dispositivos extraídos da Lei nº 9.393/96:  Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo  contribuinte,  independentemente  de  prévio  procedimento  da  administração  tributária,  nos  prazos  e  condições  estabelecidos  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  sujeitando­se  a  homologação posterior.  § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá:  (...)  II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas:  a)  de  preservação  permanente  e  de  reserva  legal,  previstas  na  Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012   b)  de  interesse  ecológico  para  a  proteção  dos  ecossistemas,  assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou  Fl. 782DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/2005­81  Acórdão n.º 9202­004.408  CSRF­T2  Fl. 5          7 estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea  anterior;   c)  comprovadamente  imprestáveis  para  qualquer  exploração  agrícola,  pecuária,  granjeira,  aqüícola  ou  florestal,  declaradas  de  interesse  ecológico  mediante  ato  do  órgão  competente,  federal ou estadual;   d) sob regime de servidão ambiental;   e)  cobertas  por  florestas  nativas,  primárias  ou  secundárias  em  estágio médio ou avançado de regeneração;   f)  alagadas  para  fins  de  constituição  de  reservatório  de  usinas  hidrelétricas autorizada pelo poder público.  (...)  § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas  de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo,  não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante,  ficando  o  mesmo  responsável  pelo  pagamento  do  imposto  correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique  comprovado  que  a  sua  declaração  não  é  verdadeira,  sem  prejuízo de outras sanções aplicáveis.  O artigo 17­O da Lei nº 6.938/81, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº  10.165/2000, passou a prever que:  Art.  17­O.  Os  proprietários  rurais  que  se  beneficiarem  com  redução  do  valor  do  Imposto  sobre  a  Propriedade  Territorial  Rural  –  ITR,  com  base  em  Ato  Declaratório  Ambiental  ADA,  deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11  do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título  de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)  § 1º A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo  não  poderá  exceder  a  dez  por  cento  do  valor  da  redução  do  imposto  proporcionada  pelo ADA.(Incluído  pela  Lei  nº  10.165,  de 2000)  §  1º  A  utilização  do  ADA  para  efeito  de  redução  do  valor  a  pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de  2000)  Percebe­se  que  a  apresentação  do  ADA  pelo  contribuinte  ao  IBAMA  ou  órgão  conveniado  –  até  que  haja  uma  vistoria  pelo  órgão  competente  e  a  ratificação  ou  retificação  das  declarações  ali  contidas  –  restringe­se  a  informações  prestadas  pelo  próprio  contribuinte  ao  órgão  ambiental  acerca  da  existência  de  áreas  que  possuem  algum  interesse  ecológico.   Tenho  que  o  §  1º  do  art.  17­O  instituiu  a  obrigatoriedade  apenas  para  situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, ou seja, depende do  reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público.   Fl. 783DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS   8 Quanto  aos  documentos  necessários  para  comprovação  da  ARL  ­  área  de  Reserva Legal podemos concluir que a própria Administração Pública entende que o ADA tem  efeito meramente declaratório, não sendo o único documento comprobatório da área de reserva  legal,  podendo  ser  levado  em  conta,  dentre  outros,  ∙  Certidão  de  registro  ou  cópia  da  matrícula  do  imóvel  com  averbação  da  Área  de  Reserva  Legal,  ,  que  especifique  e  discrimine a área de interesse ambiental.  Assim,  no  exame  do  caso  concreto,  se  faz  necessário  investigar  se  o  contribuinte, até o início do procedimento fiscal – 27/06/2005, data da ciência da intimação, já  havia  informado  a  órgão  ambiental  estadual  ou  federal  a  existência  da  área  de  reserva  legal  pleiteadas,  se  houve  averbação  da  área  de  reserva  legal,  e  se  tais  áreas  estão  devidamente  identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes.   Com  o  objetivo  de  comprovar  a  existência  da  área  de  reserva  legal,  o  contribuinte fez prova do registro da área no Registro de imóveis.  Conforme  descrito  pelo  acórdão  recorrido,  consta  a  apresentação  de  ADA,mas não é possível atestar a data do seu protocolo, senão vejamos:  O presente  lançamento decorre da glosa pela autoridade  fiscal  das  áreas  declaradas  pela  Recorrente  a  título  de  utilização  limitada  (13.302,2ha),  de  pastagens  (19.572,7ha)  e  de  implementação de projeto técnico.  Após a decisão proferida pela DRJ, que deu parcial provimento  a impugnação, a Recorrente interpôs seu recurso voluntário por  meio  do  qual  sustenta  a  legitimidade  da  exclusão  da  área  de  reserva legal.  Inicialmente verifico que a cópia do ADA de fls. 573 não permite  concluir  sobre  a  sua  efetiva  apresentação  ao  Ibama  tendo  em  vista a ausência de protocolo.  Nada obstante, ao examinar a documentação trazida aos autos,  especialmente  as  cópias  das  matrículas  que  compõe  o  imóvel  (fls. 25/46), verifico que inicialmente havia averbação de reserva  legal de 7.195,96ha.  A existência da averbação em questão foi, inclusive, reconhecida  pela d.Autoridade Fiscal conforme se verifica da fundamentação  do  Auto  de  Infração  (fls.  06),  sendo  que  a  glosa  da  área  em  questão  decorre  (i)  do  fato  dessa  averbação  ter  sido  em  valor  menor  do  que  a  área  declarada  como  Reserva  Legal  (13.302,2ha),  bem como  (ii)  pela ausência de demonstração da  apresentação tempestiva de ADA.  Juntamente com seu recurso voluntário a Recorrente trouxe aos  autos os Termos de Retificação de Reserva Legal (fls. 574/578),  por  meio  dos  quais  se  verifica  que  em  06/01/2005,  o  total  da  área de reserva legal anteriormente averbado foi alterado para  13.252,65ha.  Importante  destacar  que  os Termos de Retificação  em questão,  embora  apresentados  juntamente  com  o  recurso  voluntário,  foram executados antes do  início da ação  fiscal que se deu em  13/06/2005  (fls15),  o  que  me  motiva  a  aceitá­los  como  comprovação da exclusão.  Fl. 784DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10183.004911/2005­81  Acórdão n.º 9202­004.408  CSRF­T2  Fl. 6          9 No presente caso, entendeu o acórdão recorrido, que a retificação da área de  reserva  legal antes do  ínício do procedimento  fiscal  seriam suficientes para comprovar a sua  existência, caracterizando a espontaneidade do contribuinte em face da autoridade fiscalizadora  tributária.  Contudo, não comungo dessa interpretação. Na verdade, entendo que em não  havendo  a  comprovação  da  entrega  do  ADA,  a  comprovação  da  referida  área  pode  ser  comprovada pelo competente registro, desde que o mesmo tenha sido feito em data anterior ao  fato gerador, por constituir elemento constitutivo da destinação a ser dada a área, para feitos de  ter  o  sujeito  passivo  o  direito  de  deduzir  referida  área  de  reserva  legal,  daquela  sujeita  a  tributação do ITR. Dessa forma, como já trazido pelo acórdão recorrido, anteriormente ao fato  gerador, só existia averbação de reserva legal de 7.195,96ha ­ matrículas que compõe o imóvel  (fls. 08), conforme destaca o próprio auto de infração Não aceito Retificação de Reserva Legal  (fls.  574/578),  tendo  em  vista  que  apenas  em  06/01/2005,  o  total  da  área  de  reserva  legal  anteriormente averbado foi alterado para 13.252,65ha, ou seja, em data posterior a ocorrência  do fato gerador.  Nestes termos, restando comprovada a averbação da área de reserva legal em  data  anterior  ao  fato  gerador,  devem  ser  computadas  as  áreas  de  reserva  legal  7.195,96ha,  excluindo­as  desse modo,  da  área  tributável  do  ITR  no  exercício  em  exame,  posto  ser  esse  instrumento  capaz  de  constituir,  independente  da  apresentação  do  ADA.  Esse  só  se  faria  exigível  caso  fosse  o  instrumento  adotado  pelo  sujeito  passivo  como  elemento  único  e  suficiente para comprovar a área descrita na DITR.  CONCLUSÃO  Face todo o exposto voto por CONHECER DO RECURSO da procuradoria,  para no mérito DAR­LHE PROVIMENTO PARCIAL para considerar isenta somente a área de  reserva legal tempestivamente averbada, de 7.195,96 ha.  É como voto.    (assinado digitalmente)  Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira.                               Fl. 785DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digital mente em 27/09/2016 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS

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6465758 #
Numero do processo: 10630.000917/2003-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1998 a 30/04/1998 TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. A determinação do termo inicial para contagem do prazo decadencial depende da existência de pagamento ou de alguma atividade que o substitua ou que autorize o não pagamento. Caso não seja identificada a antecipação do pagamento, sem que haja qualquer atividade de autorize o não pagamento,o termo inicial será o primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, conforme determina o art. 173, I, do CTN. Caso contrário, o termo inicial será a data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. Recurso Especial do Procurador Negado Aguardado Nova Decisão
Numero da decisão: 9303-004.124
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO

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conteudo_txt : Metadados => date: 2016-08-02T14:49:31Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2016-08-02T14:49:31Z; Last-Modified: 2016-08-02T14:49:31Z; dcterms:modified: 2016-08-02T14:49:31Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:becab564-7d5b-4a02-ad64-0fe8cd20c486; Last-Save-Date: 2016-08-02T14:49:31Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2016-08-02T14:49:31Z; meta:save-date: 2016-08-02T14:49:31Z; pdf:encrypted: true; modified: 2016-08-02T14:49:31Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2016-08-02T14:49:31Z; created: 2016-08-02T14:49:31Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2016-08-02T14:49:31Z; pdf:charsPerPage: 2176; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2016-08-02T14:49:31Z | Conteúdo => CSRF­T3  Fl. 236          1 235  CSRF­T3  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS    Processo nº  10630.000917/2003­01  Recurso nº  232.798   Especial do Procurador  Acórdão nº  9303­004.124  –  3ª Turma   Sessão de  7 de junho de 2016  Matéria  PIS ­ AUTO DE INFRAÇÃO ELETRÔNICO ­ REVISÃO INTERNA DE  DCTF  Recorrente  FAZENDA NACIONAL  Interessado  GUANAÚPE GUANHÃES AUTOMÓVEIS E PEÇAS LTDA    ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO  Período de apuração: 01/01/1998 a 30/04/1998  TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO  DECADENCIAL.  A  determinação  do  termo  inicial  para  contagem  do  prazo  decadencial  depende da existência de pagamento ou de alguma atividade que o substitua  ou que autorize o não pagamento. Caso não seja identificada a antecipação do  pagamento, sem que haja qualquer atividade de autorize o não pagamento,o  termo  inicial  será o primeiro dia do  exercício  seguinte  ao da ocorrência do  fato  gerador,  conforme  determina  o  art.  173,  I,  do CTN. Caso  contrário,  o  termo inicial será a data do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN.  Recurso Especial do Procurador Negado  Aguardado Nova Decisão      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, nos termos do voto do relator.  (assinado digitalmente)  Carlos Alberto Freitas Barreto ­ Presidente.  (assinado digitalmente)  Gilson Macedo Rosenburg Filho ­ Relator.  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros  Henrique  Pinheiro  Torres,  Tatiana Midori Migiyama,  Júlio César Alves Ramos  (Substituto  convocado), Demes  Brito,  Gilson  Macedo  Rosenburg  Filho,  Érika  Costa  Camargos  Autran,  Rodrigo  da  Costa     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 63 0. 00 09 17 /2 00 3- 01 Fl. 248DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO     2 Pôssas,  Vanessa Marini  Cecconello, Maria  Teresa Martínez  López  e  Carlos  Alberto  Freitas  Barreto (Presidente).  Relatório  Trata­se de recurso especial de interposto pela Fazenda Nacional ao amparo  do  art.  67  do Regimento  Interno  do Conselho Administrativo  de Recursos Fiscais RICARF,  aprovado  pela  Portaria MF  nº  256,  de  25  de  junho  de  2009,  em  face  do Acórdão  nº  3801­ 00.360, de 2 de fevereiro de 2010, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos.  ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP  Ano­calendário: 1998  AUTUAÇÃO  POR  SUPOSTA  FALTA  DE  RECOLHIMENTO  ­  DECADÊNCIA ­ PRAZO DE 5 ANOS  Tributos e contribuições sujeitos a homologação somente podem  ser  lançados  dentro  de  um  prazo  de  5  anos  a  contar  do  fato  gerador. Não havendo  lançamento nem homologação expressa,  fica configurada a homologação tácita da Fazenda.  O  recurso  teve  seguimento  nos  termos  do  Despacho  nº  3100­211,  de  23/04/2012, fls. 192 e 193.  Em  sua  peça  recursal,  a  que  o  pressuposto  primordial  para  a  aplicação  da  regra  de  decadência  constante  do  art.  150,  §4°,  da Lei  nº  5.172,  de  25  de  outubro  de  1966  –  Código Tributário Nacional ­ CTN, é o pagamento antecipado parcial do tributo exigido, e que,  diante da inexistência de qualquer pagamento, o prazo decadencial para a cobrança dos tributos  sujeitos a lançamento por homologação é aquele constante do art. 173, I, do CTN, nos exatos  termos do decidido no RESP 973.733 ­ SC.  Salienta  que,  no  caso  dos  autos,  ao  contrário  do  que  foi  reconhecido  pelo  Colegiado  recorrido,  o  contribuinte  não  efetuou  qualquer  antecipação  de  pagamento  das  contribuições  relativas  às  rubricas  lançadas,  razão  pela  qual  a  regra  a  ser  utilizada  para  a  contagem do prazo decadencial é a constante do artigo 173, I, do CTN, e não a do artigo 150,  §4°, do mesmo diploma legal.  Conclui,  requerendo  o  provimento  do  recurso,  com  a  reforma  do  acórdão  recorrido, a fim de que a decadência seja contada na forma prevista no art. 173, I, e não do art.  150, § 4.°, ambos do CTN.  O sujeito passivo apresentou contrarrazões às fls. 198 a 227.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator  O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos  demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo a decidir.  Fl. 249DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10630.000917/2003­01  Acórdão n.º 9303­004.124  CSRF­T3  Fl. 237          3 A controvérsia  se  instaurou por  entendimentos divergentes quanto  ao prazo  decadencial para a constituição do crédito tributário referente a tributos sujeitos ao lançamento  por homologação. O acórdão vergastado defendeu que a decadência, no caso do lançamento de  ofício de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, rege­se pela regra do § 4º do art.  150  do CTN. A  recorrente  entende  que  o  instituto  da  decadência  para  o  presente  caso  deve  observar  os  ditames  do  art.  173,  inciso  I,  do CTN,  haja  vista  a  inexistência  de  pagamentos  antecipados  Para a solução da presente  lide, merece ser colacionada a jurisprudência do  STJ no REsp 879.058/PR (DJ 22.02.2007, ­ 1ª Turma):  "PROCESSUAL  CIVIL.  RECURSO  ESPECIAL.  ACÓRDÃO  RECORRIDO  ASSENTADO  SOBRE  FUNDAMENTAÇÃO  DE  NATUREZA  CONSTITUCIONAL.  OMISSÃO  NÃO  CONFIGURADA.  TRIBUTÁRIO.  TRIBUTO  SUJEITO  A  LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  PRAZO  DECADENCIAL DE CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. TERMO  INICIAL: (A) PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE AO  DA  OCORRÊNCIA  DO  FATO  GERADOR,  SE  NÃO  HOUVE  ANTECIPAÇÃO  DO  PAGAMENTO  (CTN,  ART.  173,  I);  (B)  FATO  GERADOR,  CASO  TENHA  OCORRIDO  RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL  (CTN, ART.  150,  §  4º).PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO.  1.  omissis  2.  omissis  3.  O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é,  em regra, o do art.173, I, do CTN, segundo o qual 'direito de  a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue­se  após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado.  4.  Todavia,  para  os  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação  —  que,  segundo  o  art.  150  do  CTN,  'ocorre  quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo  o  dever  de  antecipar  o  pagamento  sem  prévio  exame  da  autoridade  administrativa'  e  'operase  pelo  ato  em  que  a  referida  autoridade,  tomando  conhecimento  da  atividade  assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa' —,  há  regra  específica.  Relativamente  a  eles,  ocorrendo  o  pagamento  antecipado  por  parte  do  contribuinte,  o  prazo  decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de  cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o §  4º  do  art.  150  do  CTN.  Precedentes  da  1ª  Seção:  ERESP  101.407/SP, Min. Ari Pargendler, DJ de 08.05.2000; ERESP  278.727/DF,  Min.Franciulli  Netto,  DJ  de  28.10.2003;  ERESP 279.473/SP, Min. Teori Zavascki, DJ de 11.10.2004;  AgRg  nos  ERESP  216.758/SP, Min.  Teori  Zavascki, DJ  de  10.04.2006.  Fl. 250DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO     4 5.  No caso concreto, todavia, não houve pagamento. Aplicável,  portanto, conforme a orientação acima indicada, a regra do  art. 173, I, do CTN.  6.  Recurso especial a que se nega provimento."  Mais uma vez a 1ª Turma do STJ pronunciou­se sobre o tema:  “EMENTA  CONSTITUCIONAL,  PROCESSUAL  CIVIL  E  TRIBUTÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  ARTIGO  45  DA  LEI  8.212/91.  OFENSA  AO  ART.  146,  III,  B,  DA  CONSTITUIÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR  HOMOLOGAÇÃO.  PRAZO  DECADENCIAL  DE  CONSTITUIÇÃO  DO  CRÉDITO.  TERMO  INICIAL:  (A)  PRIMEIRO  DIA  DO  EXERCÍCIO  SEGUINTE  AO  DA  OCORRÊNCIA  DO  FATO  GERADOR,  SE  NÃO  HOUVE  ANTECIPAÇÃO  DO  PAGAMENTO  (CTN,  ART.  173,  I);  (B)  FATO  GERADOR,  CASO  TENHA  OCORRIDO  RECOLHIMENTO, AINDA QUE PARCIAL  (CTN, ART.  150,  §  4º). PRECEDENTES DA 1ª SEÇÃO.  1.  "As contribuições sociais, inclusive as destinadas a financiar  a  seguridade  social  (CF,  art.  195),  têm,  no  regime  da  Constituição de 1988, natureza  tributária. Por  isso mesmo,  aplica­se  também  a  elas  o  disposto  no  art.  146,  III,  b,  da  Constituição, segundo o qual cabe à lei complementar dispor  sobre normas gerais em matéria de prescrição e decadência  tributárias, compreendida nessa cláusula inclusive a fixação  dos  respectivos  prazos.  Conseqüentemente,  padece  de  inconstitucionalidade  formal  o  artigo  45  da  Lei  8.212,  de  1991, que  fixou em dez anos o prazo de decadência para o  lançamento das contribuições sociais devidas à Previdência  Social"  (Corte  Especial,  Argüição  de  Inconstitucionalidade  no REsp nº 616348/MG)  2.   O prazo decadencial para efetuar o lançamento do tributo é,  em regra, o do art. 173, I, do CTN, segundo o qual "o direito  de  a  Fazenda  Pública  constituir  o  crédito  tributário  extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter sido efetuado ".  3.  Todavia,  para  os  tributos  sujeitos  a  lançamento  por  homologação —  que,  segundo  o  art.  150  do CTN,  "ocorre  quanto  aos  tributos  cuja  legislação  atribua  ao  sujeito  passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame  da autoridade administrativa” e "opera­se pelo ato em que a  referida  autoridade,  tomando  conhecimento  da  atividade  assim  exercida  pelo  obrigado,  expressamente  a  homologa”  —,  há  regra  específica.  Relativamente  a  eles,  ocorrendo  o  pagamento  antecipado  por  parte  do  contribuinte,  o  prazo  decadencial para o lançamento de eventuais diferenças é de  cinco anos a contar do fato gerador, conforme estabelece o §  4º do art. 150 do CTN. Precedentes jurisprudenciais.  4.  No  caso,  trata­se  de  contribuição  previdenciária,  tributo  sujeito  a  lançamento  por  homologação,  e  não  houve  Fl. 251DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10630.000917/2003­01  Acórdão n.º 9303­004.124  CSRF­T3  Fl. 238          5 qualquer  antecipação de  pagamento. Aplicável,  portanto,  a  regra do art. 173, I, do CTN.  5.  Recurso especial a que se nega provimento.  Por  derradeiro,  no Resp  nº  973.733,  o  STJ  já  decidiu  sobre  a matéria,  sob  sistemática  prevista  pelo  art.  543­C  do CPC,  de  forma  que,  nos  termos  do  art.  62,  §  2°,  do  Regimento  Interno do CARF,  toca a  este Colegiado  reproduzir o mesmo entendimento neste  julgamento.  Compulsando os  autos,  constato que  a autuada,  no mérito,  argumentou,  em  sua impugnação e no recurso voluntário, a extinção dos débitos lançados de oficio pela via de  sua compensação com créditos reconhecidos em decisão judicial exarada nos autos do MS nº  1997.38. 0051538­2.  Ressalto que o  sujeito passivo  recolheu R$ 10,00 nos períodos de apuração  compreendidos entre 01/98 e 04/98.   Verifica­se,  outrossim,  que  o  sujeito  passivo  tomou  ciência  do  auto  de  infração em 09/07/2003, que houve antecipação de pagamento, conforme exige o art. 150, § 4º  do CTN, de sorte que o prazo decadencial deverá começar a fluir a partir da ocorrência do fato  gerador  Do  exposto,  nego  provimento  ao  recurso  da  Fazenda  Nacional,  já  que  o  direito  de  constituir  o  crédito  tributário  havia  sido  fulminado  pelo  efeitos  da  decadência  à  época do lançamento.  Sala de sessões, em 07/06/2016  Gilson Macedo Rosenburg Filho                                Fl. 252DF CARF MF Impresso em 15/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 2/08/2016 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 08/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO

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Numero do processo: 10860.721963/2013-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. NORMAS GERAIS DIREITO TRIBUTÁRIO. LIVRE CONVICÇÃO JULGADOR. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Com fulcro no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas e razões ofertadas pela contribuinte, formará livremente sua convicção, podendo determinar diligência que entender necessária, não se cogitando em nulidade da decisão quando não comprovada a efetiva existência de preterição do direito de defesa do contribuinte. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa fiscalizadora pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com o fito de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributos por ser tal prática inerente a suas atribuições. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Em face da natureza eminentemente não remuneratória do verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543-C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. SALÁRIO INDIRETO. ABONO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA. INOBSERVÂNCIA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. PARECER PGFN/CRJ nº 2114/2011 e ATO DECLARATÓRIO PGFN nº 16/2011. INAPLICABILIDADE. Desincumbindo-se o Fisco do ônus de comprovar o fato gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação hábil e idônea, que as verbas concedidas aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais se enquadram em uma das hipóteses previstas no § 9°, do artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Na hipótese dos autos, assim não o tendo feito, relativamente a verba intitulada Abono Especial, é de se manter a exigência fiscal na forma lançada. Destarte, após o advento do Decreto nº 3.265/99, somente as importâncias pagas aos empregados a título de abonos desvinculados expressamente por lei do salário, não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme preceitua o artigo 214, § 9º, alínea “j”, do RPS. Mais a mais, sequer pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, uma vez não se vislumbrar a necessária eventualidade, bem como a desvinculação ao respectivo salário. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA - PLR. OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. IMUNIDADE. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS E MECANISMOS DE AFERIÇÃO. NECESSIDADE. A Participação nos Lucros e Resultados - PLR concedida pela empresa aos seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial, estando ausentes os requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho. Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica - artigo 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91-, mais precisamente MP nº 794/1994, c/c Lei nº 10.101/2000, é que incidirão contribuições previdenciárias sobre tais importâncias, em face de sua descaracterização como Participação nos Lucros e Resultados. In casu, não obstante a contribuinte ter comprovado ter efetuado os pagamentos a título de PLR com lastro em Programas devidamente formalizados (Acordos Coletivos), nestes não se vislumbra a existência de regras claras e objetivas, bem como mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO - PESSOAS JURÍDICAS E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. A simples procedência de autuação fiscal, estribada na desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com a conseqüente caracterização de segurados empregados, sem que haja uma perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de sonegar tributos, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Ademais, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social-RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o qual oferece guarida a aludido procedimento, exige tão somente a demonstração da existência dos requisitos do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada, não implicando, necessariamente, que um fato conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação à imputação do crime fiscal. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2401-004.513
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, para: a) por unanimidade, afastar as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão recorrida; b) no mérito: b.1) quanto à caracterização dos segurados empregados e contribuintes individuais como prestadores de serviços da autuada, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos F1 e F2, vencidos os conselheiros RAYD Santana Ferreira(relator), Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa; b.2) quanto ao pagamento de valores a título de aviso prévio indenizado, por maioria, dar provimento ao recurso, para excluir do lançamento os levantamentos A1 e A2, vencida a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini; b.3) quanto ao pagamento de valores a título de participação nos lucros e resultados, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos P1 e P2; b.4) quanto ao pagamento de valores a título de abono especial, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos E1 e E2; b.5) quanto à caracterização de grupo econômico, por unanimidade, negar provimento ao recurso; b.6) quanto à multa qualificada, por maioria, dar provimento ao recurso, para reduzir o percentual da multa aplicada para 75%, vencidos os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini; b.7) quantos às demais alegações, negar provimento ao recurso. Assim, é dado provimento parcial ao recurso, devendo ser excluído do lançamento apurado os levantamentos AI e A2, e reduzir o percentual da multa de ofício para 75%. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini. - Presidente e Redatora designada (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso, para: a) por unanimidade, afastar as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão recorrida; b) no mérito: b.1) quanto à caracterização dos segurados empregados e contribuintes individuais como prestadores de serviços da autuada, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos F1 e F2, vencidos os conselheiros RAYD Santana Ferreira(relator), Carlos Alexandre Tortato, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa; b.2) quanto ao pagamento de valores a título de aviso prévio indenizado, por maioria, dar provimento ao recurso, para excluir do lançamento os levantamentos A1 e A2, vencida a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini; b.3) quanto ao pagamento de valores a título de participação nos lucros e resultados, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos P1 e P2; b.4) quanto ao pagamento de valores a título de abono especial, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os levantamentos E1 e E2; b.5) quanto à caracterização de grupo econômico, por unanimidade, negar provimento ao recurso; b.6) quanto à multa qualificada, por maioria, dar provimento ao recurso, para reduzir o percentual da multa aplicada para 75%, vencidos os conselheiros Maria Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini; b.7) quantos às demais alegações, negar provimento ao recurso. Assim, é dado provimento parcial ao recurso, devendo ser excluído do lançamento apurado os levantamentos AI e A2, e reduzir o percentual da multa de ofício para 75%. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini. - Presidente e Redatora designada (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.

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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos moldes da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. NORMAS GERAIS DIREITO TRIBUTÁRIO. LIVRE CONVICÇÃO JULGADOR. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Com fulcro no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora de primeira instância, na apreciação das provas e razões ofertadas pela contribuinte, formará livremente sua convicção, podendo determinar diligência que entender necessária, não se cogitando em nulidade da decisão quando não comprovada a efetiva existência de preterição do direito de defesa do contribuinte. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO. A autoridade administrativa fiscalizadora pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com o fito de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributos por ser tal prática inerente a suas atribuições. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. JURISPRUDÊNCIA UNÍSSONA. RECURSO REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. Em face da natureza eminentemente não remuneratória do verba denominada Aviso Prévio Indenizado, na forma reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos do Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543-C, do CPC, o qual é de observância obrigatória por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar em incidência de contribuições previdenciárias sobre aludida rubrica, impondo seja rechaçada a tributação imputada. SALÁRIO INDIRETO. ABONO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INCIDÊNCIA. INOBSERVÂNCIA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. PARECER PGFN/CRJ nº 2114/2011 e ATO DECLARATÓRIO PGFN nº 16/2011. INAPLICABILIDADE. Desincumbindo-se o Fisco do ônus de comprovar o fato gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação hábil e idônea, que as verbas concedidas aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais se enquadram em uma das hipóteses previstas no § 9°, do artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada. Na hipótese dos autos, assim não o tendo feito, relativamente a verba intitulada Abono Especial, é de se manter a exigência fiscal na forma lançada. Destarte, após o advento do Decreto nº 3.265/99, somente as importâncias pagas aos empregados a título de abonos desvinculados expressamente por lei do salário, não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme preceitua o artigo 214, § 9º, alínea “j”, do RPS. Mais a mais, sequer pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório PGFN nº 16/2011, uma vez não se vislumbrar a necessária eventualidade, bem como a desvinculação ao respectivo salário. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA - PLR. OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. IMUNIDADE. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS E MECANISMOS DE AFERIÇÃO. NECESSIDADE. A Participação nos Lucros e Resultados - PLR concedida pela empresa aos seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial, estando ausentes os requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho. Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica - artigo 28, § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91-, mais precisamente MP nº 794/1994, c/c Lei nº 10.101/2000, é que incidirão contribuições previdenciárias sobre tais importâncias, em face de sua descaracterização como Participação nos Lucros e Resultados. In casu, não obstante a contribuinte ter comprovado ter efetuado os pagamentos a título de PLR com lastro em Programas devidamente formalizados (Acordos Coletivos), nestes não se vislumbra a existência de regras claras e objetivas, bem como mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. SIMPLES DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO - PESSOAS JURÍDICAS E CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. A simples procedência de autuação fiscal, estribada na desconsideração da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços, com a conseqüente caracterização de segurados empregados, sem que haja uma perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de sonegar tributos, não é capaz de comprovar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Ademais, o artigo 229, § 2º, do Regulamento da Previdência Social-RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048/99, o qual oferece guarida a aludido procedimento, exige tão somente a demonstração da existência dos requisitos do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada, não implicando, necessariamente, que um fato conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação à imputação do crime fiscal. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. Com arrimo nos artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Recurso Voluntário Provido em Parte.

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2401­004.513  –  4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  20 de setembro de 2016  Matéria  CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Recorrente  GLOBO CENTRAL DE USINAGEM LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011  NULIDADE.  CERCEAMENTO  DO  DIREITO  DE  DEFESA  E  DO  CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA.  Tendo o  fiscal  autuante  demonstrado  de  forma  clara  e  precisa  os  fatos  que  suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e  do  contraditório,  bem  como  em  observância  aos  pressupostos  formais  e  materiais  do  ato  administrativo,  nos  moldes  da  legislação  de  regência,  especialmente  artigo  142  do  CTN,  não  há  que  se  falar  em  nulidade  do  lançamento.  NORMAS  GERAIS  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  LIVRE  CONVICÇÃO  JULGADOR. DECISÃO RECORRIDA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.  Com fulcro no artigo 29 do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora de  primeira  instância,  na  apreciação  das  provas  e  razões  ofertadas  pela  contribuinte,  formará  livremente  sua  convicção,  podendo  determinar  diligência que entender necessária, não se cogitando em nulidade da decisão  quando  não  comprovada  a  efetiva  existência  de  preterição  do  direito  de  defesa do contribuinte.  DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGÓCIO JURÍDICO.   A  autoridade  administrativa  fiscalizadora  pode  desconsiderar  atos  ou  negócios  jurídicos  praticados  com o  fito  de  dissimular  a  ocorrência de  fato  gerador de tributos por ser tal prática inerente a suas atribuições.  AVISO  PRÉVIO  INDENIZADO.  NÃO  INCIDÊNCIA CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS.  JURISPRUDÊNCIA  UNÍSSONA.  RECURSO  REPETITIVO STJ. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA.   Em face da natureza eminentemente não remuneratória do verba denominada  Aviso  Prévio  Indenizado,  na  forma  reconhecida  pelo  Superior  Tribunal  de  Justiça  nos  autos  do  Recurso  Especial  nº  1.230.957/RS,  julgado  sob  a     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 19 63 /2 01 3- 05 Fl. 511DF CARF MF     2  indumentária do artigo 543­C, do CPC, o qual é de observância obrigatória  por este Colegiado nos termos do artigo 62, § 2º, do RICARF, não há se falar  em  incidência  de  contribuições  previdenciárias  sobre  aludida  rubrica,  impondo seja rechaçada a tributação imputada.  SALÁRIO  INDIRETO.  ABONO  ESPECIAL.  CONTRIBUIÇÕES  PREVIDENCIÁRIAS.  INCIDÊNCIA.  INOBSERVÂNCIA  LEGISLAÇÃO  DE  REGÊNCIA.  PARECER  PGFN/CRJ  nº  2114/2011  e  ATO  DECLARATÓRIO PGFN nº 16/2011. INAPLICABILIDADE.   Desincumbindo­se  o  Fisco  do  ônus  de  comprovar  o  fato  gerador  das  contribuições  previdenciárias,  cabe  ao  contribuinte  demonstrar,  com  documentação  hábil  e  idônea,  que  as  verbas  concedidas  aos  segurados  empregados  e/ou  contribuintes  individuais  se  enquadram  em  uma  das  hipóteses previstas no § 9°,  do  artigo 28, da Lei n° 8.212/91, de maneira  a  rechaçar  a  tributação  imputada.  Na  hipótese  dos  autos,  assim  não  o  tendo  feito,  relativamente  a  verba  intitulada  Abono  Especial,  é  de  se  manter  a  exigência fiscal na forma lançada.  Destarte,  após  o  advento  do Decreto  nº  3.265/99,  somente  as  importâncias  pagas aos empregados a título de abonos desvinculados expressamente por lei  do salário, não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias,  conforme preceitua o artigo 214, § 9º, alínea “j”, do RPS. Mais a mais, sequer  pode se admitir aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ  nº  2114/2011  e  Ato  Declaratório  PGFN  nº  16/2011,  uma  vez  não  se  vislumbrar  a  necessária  eventualidade,  bem  como  a  desvinculação  ao  respectivo salário.  PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA ­ PLR.  OBSERVÂNCIA  À  LEGISLAÇÃO  DE  REGÊNCIA.  IMUNIDADE.  REGRAS  CLARAS  E  OBJETIVAS  E  MECANISMOS  DE  AFERIÇÃO.  NECESSIDADE.   A Participação nos Lucros e Resultados  ­ PLR concedida pela empresa  aos  seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho  de  produtividade,  não  integra  a  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias,  por  força  do  disposto  no  artigo  7º,  inciso  XI,  da  CF,  sobretudo  por  não  se  revestir  da  natureza  salarial,  estando  ausentes  os  requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho.  Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não  observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica ­ artigo 28,  § 9º, alínea “j”, da Lei nº 8.212/91­, mais precisamente MP nº 794/1994, c/c  Lei nº 10.101/2000,  é que  incidirão contribuições previdenciárias  sobre  tais  importâncias,  em  face  de  sua  descaracterização  como  Participação  nos  Lucros e Resultados.  In  casu,  não  obstante  a  contribuinte  ter  comprovado  ter  efetuado  os  pagamentos  a  título  de  PLR  com  lastro  em  Programas  devidamente  formalizados  (Acordos  Coletivos),  nestes  não  se  vislumbra  a  existência  de  regras  claras  e objetivas,  bem como mecanismos de  aferição pertinentes  ao  acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida verba.  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  DOLO,  FRAUDE  OU  SIMULAÇÃO.  NÃO  OCORRÊNCIA.  SIMPLES  DESCONSIDERAÇÃO  DE  VÍNCULO  PACTUADO  ­  PESSOAS  JURÍDICAS  E  CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS.   Fl. 512DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 511          3  A  simples  procedência  de  autuação  fiscal,  estribada  na  desconsideração  da  personalidade  jurídica  das  empresas  prestadoras  de  serviços,  com  a  conseqüente  caracterização  de  segurados  empregados,  sem  que  haja  uma  perfeita  demonstração  da  conduta  do  contribuinte  com  o  fito  de  sonegar  tributos,  não  é  capaz  de  comprovar  a  ocorrência  de  dolo,  fraude  ou  simulação.  Ademais,  o  artigo  229,  §  2º,  do  Regulamento  da  Previdência  Social­RPS,  aprovado  pelo  Decreto  nº  3.048/99,  o  qual  oferece  guarida  a  aludido  procedimento,  exige  tão  somente  a demonstração  da  existência  dos  requisitos  do  vínculo  laboral  para  que  seja  procedente  o  lançamento,  nada  dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser demonstrada,  não  implicando,  necessariamente,  que  um  fato  conduz  a  outro,  sem  que  ocorra um aprofundamento em relação à imputação do crime fiscal.  PAF.  APRECIAÇÃO  DE  INCONSTITUCIONALIDADE  NO  ÂMBITO  ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.   Com  arrimo  nos  artigos  62  e  72,  e  parágrafos,  do  Regimento  Interno  do  Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ­ CARF, c/c a Súmula nº 2, às  instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de  inconstitucionalidade, cabendo­lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação  vigente, por extrapolar os limites de sua competência.  Recurso Voluntário Provido em Parte.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Fl. 513DF CARF MF     4    Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do  recurso,  para:  a)  por  unanimidade,  afastar  as  preliminares  de  nulidade  do  lançamento  e  da  decisão  recorrida;  b)  no  mérito:  b.1)  quanto  à  caracterização  dos  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais  como  prestadores  de  serviços  da  autuada,  por  voto  de  qualidade,  negar provimento  ao  recurso, mantendo os  levantamentos F1 e F2, vencidos os  conselheiros  RAYD  Santana  Ferreira(relator),  Carlos  Alexandre  Tortato,  Andréa  Viana  Arrais  Egypto  e  Luciana Matos Pereira Barbosa; b.2) quanto ao pagamento de valores a título de aviso prévio  indenizado,  por  maioria,  dar  provimento  ao  recurso,  para  excluir  do  lançamento  os  levantamentos A1 e A2, vencida a conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini; b.3) quanto ao  pagamento de valores a título de participação nos lucros e resultados, por unanimidade, negar  provimento  ao  recurso,  mantendo  os  levantamentos  P1  e  P2;  b.4)  quanto  ao  pagamento  de  valores a título de abono especial, por unanimidade, negar provimento ao recurso, mantendo os  levantamentos E1 e E2;  b.5) quanto  à  caracterização de grupo  econômico, por unanimidade,  negar provimento ao recurso; b.6) quanto à multa qualificada, por maioria, dar provimento ao  recurso, para reduzir o percentual da multa aplicada para 75%, vencidos os conselheiros Maria  Cleci Coti Martins, Márcio de Lacerda Martins e Miriam Denise Xavier Lazarini; b.7) quantos  às  demais  alegações,  negar  provimento  ao  recurso.  Assim,  é  dado  provimento  parcial  ao  recurso, devendo ser excluído do  lançamento apurado os  levantamentos AI e A2, e reduzir o  percentual da multa de ofício para 75%. Designado para redigir o voto vencedor a conselheira  Miriam Denise Xavier Lazarini.    (assinado digitalmente)  Miriam Denise Xavier Lazarini. ­ Presidente e Redatora designada    (assinado digitalmente)  Rayd Santana Ferreira ­ Relator    Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier  Lazarini,  Carlos Alexandre Tortato,  Cleberson Alex  Friess,  Luciana Matos  Pereira  Barbosa,  Marcio  de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais  Egypto, Maria Cleci Coti Martins  e Rayd  Santana Ferreira.  Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 512          5    Relatório  GLOBO  CENTRAL  DE  USINAGEM  LTDA.  E  OUTROS.,  contribuinte,  pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a  este Conselho da decisão da 16a Turma da DRJ em Ribeirão Preto/SP, Acórdão nº 14­50.342,  às  e­fls.  435/465,  que  julgou  procedente  os  lançamentos  fiscais  lavrados  em  17/12/2013,  referente  às  contribuições  sociais  devidas  ao  INSS,  correspondentes  à  parte  de  terceiros  (Salário educação, Incra, Sesi, Senai e Sebrae), em relação ao período de 01/2009 a 13/2011,  conforme Relatório Fiscal, às e­fls. 33/45, consubstanciados no seguintes Auto de Infração:  1) AIOP n° 51.044.861­5 ­ O presente lançamento decorre dos mesmos fatos  e se fundamenta nos mesmos elementos de prova apresentados/expostos no Relatório Fiscal ­  REFISC dos AIOP n° 51.044.860­7 e 51.044.859­3, que trata do lançamento das contribuições  previdenciárias  a  cargo  da  empresa,  e  constituem  o  processo  principal  (10860.721949/2013­ 01),  ao  qual  este  AIOP  se  encontra  apensado,  exceto  quanto  a  sujeição  ao  instituto  da  responsabilidade  solidária  prevista  no  inciso  IX  do  art.  30,  da  Lei  8.212,  de  24/07/1991  (subitem 3.10. daquele REFISC),  tendo em vista que o presente AIOP trata,  exclusivamente,  das  contribuições devidas  e não  recolhidas  em épocas próprias,  destinada  aos Terceiros,  que  foram instituídas por leis específicas e não na Lei 8.212/91.  De  conformidade  com  o  Relatório  Fiscal,  os  fatos  geradores  das  contribuições  previdenciárias  ora  lançadas  encontram­se  discriminados  nos  levantamentos  abaixo elencados:  ­ Levantamento F1/F2 – “FP Globo Equipamentos declarada em GFIP”­  contribuições destinadas a terceiros incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados  que  prestaram  serviços  a  autuada  (Globo  Central)  mas  formalmente  estavam  registrados  na  empresa  Globo  Equipamentos  Industriais  Ltda/ME,  nos  estabelecimentos  CNPJ  nº  71.821.342/0001­10 (Lev. F1) e CNPJ nº 71.821.342/0002­00 (Lev. F2),  apuradas nas  folhas  de pagamento e GFIP, conforme Anexo I;  ­  Levantamento  A1/A2  ­  Aviso  Prévio  Indenizado  ­  contribuições  destinadas  a  terceiros  incidentes  sobre  o  aviso  prévio  indenizado  e  seus  reflexos  pago,  aos  segurados  empregados  por  ocasião  da  rescisão  do  contrato  de  trabalho,  não  declarados  em  GFIP, cujos valores, discriminados no Anexo II, foram apurados nas folhas de pagamento de  empregados que formalmente estavam registrados na empresa Globo Equipamentos Industriais  Ltda/ME, CNPJ nº 71.821.342/0001­10 (Lev. A1) e CNPJ nº 71.821.342/0002­00 (Lev. A2),  mas que efetivamente prestavam serviços a autuada (Globo Central);  ­  Levantamento  P1/P2  ­  Participação  nos  Lucros  e  Resultados  – contribuições destinadas a terceiros incidentes sobre remuneração indireta, não declaradas em  GFIP,  a  título  de  Participação  nos  Lucros  e  Resultados  em  desacordo  com  a  Lei  nº  10.101/2000,  conforme  valores  discriminados  no  Anexo  III  e  apurados  nas  folhas  de  pagamento  de  empregados  formalmente  registrados  na  empresa  Globo  Equipamentos  Industriais Ltda/ME, CNPJ nº 71.821.342/0001­10  (Lev. P1) e CNPJ nº 71.821.342/0002­00  (Lev. P2), mas que efetivamente prestavam serviços a autuada (Globo Central);  Fl. 515DF CARF MF     6  ­  Levantamento  E1/E2  Abono  Especial  ­  contribuições  destinadas  a  terceiros  incidentes  sobre  remuneração  indireta,  a  título  de  "Abono  Salarial  Especial/ASE",  pago  aos  segurados  empregados  formalmente  registrados  na  empresa  Globo  Equipamentos  Industriais Ltda.­ ME, CNPJ n° 71.821.342/0001­10 (Lev. El) e CNPJ n° 71.821.342/0002­00  (Lev. E2), mas que efetivamente prestavam serviços a autuada  (Globo Central),  relacionados  no Anexo IV. A remuneração indireta não foi incluída em folha de pagamento normal, mas foi  apresentada, após solicitação,  folhas/relação de pagamentos suplementar exclusivo do Abono  (doc.  VII),  cujos  valores  não  foram  declarados  em  GFIP  e  não  foram  considerados  como  basede  cálculo  sob  o  argumento  de  que  estariam  expressamente  desvinculados  do  salário,  conforme Convenção Coletiva de Trabalho ­ CCT.  Ainda, consta do relatório fiscal que foi aplicada a multa de ofício qualificada  com base no artigo 44 da Lei n° 9.430/96 c/c art. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30/11/1964,  pois  a  autuada  omitiu,  reiteradamente,  ser  o  empregador/  contratante  de  fato  dos  segurados  empregados que efetivamente lhe prestavam serviços mas estavam formalmente registrados ou  vinculados  em  empresa  diversa  (Globo  Equipamentos),  visando  usufruir  artificial  e  indevidamente  dos  benefícios  do  regime  de  tributação  do  Simples  Nacional  desta  última,  ocultando,  desta  forma,  o  efetivo  valor  da  obrigação  tributária  principal  e  impedindo  o  conhecimento da ocorrência dos  fatos geradores,  evidenciando a  intenção dolosa da empresa  no cometimento da infração.  Após  regular  processamento,  interposta  impugnação  contra  exigência  fiscal  consubstanciada na peça vestibular do feito, a autoridade julgadora de primeira instância achou  por bem julgar procedente o lançamento.  Regularmente  intimada e  inconformada com a Decisão  recorrida, a autuada  GLOBO  CENTRAL  DE  USINAGEM  LTDA.  apresentou  Recurso  Voluntário,  às  e­fls.  478/506,  procurando  demonstrar  sua  improcedência,  desenvolvendo  em  síntese  as  seguintes  razões.  Preliminarmente,  suscita  a  ilegitimidade passiva  da Globo Usinagem e,  por  conseguinte, a inexistência de responsabilidade solidária, uma vez que os supostos débitos se  referem  à  contribuições  previdenciárias  incidentes  sobre  os  pagamentos  efetuados  aos  administradores e funcionários registrados pela empresa GLOBO EQUIPAMENTOS, portanto,  não devidos pela ora autuada, sobretudo em razão de se caracterizaram, no período fiscalizado,  como pessoas jurídicas completamente distintas.  Esclarece que o Fiscal sequer realizou diligências para verificar se realmente  os  funcionários  da  Globo  Equipamentos  trabalhavam  para  a  Globo  Usinagem,  baseando­se  exclusivamente em documentos e imagens extraídas da internet, meios que, isoladamente, não  se prestam como provas do vínculo empregatício entre os funcionários e a autuada.  Aduz que a fiscalização não poderia considerar como responsáveis solidários  os sócios e a empresa Globo Equipamentos,  impondo seja afastada a legitimidade passiva de  aludidos contribuintes.  Igualmente, em sede preliminar, requer seja decretada a nulidade da decisão  de primeira  instância, diante da inúmeras omissões/contradições  incorridas, além da ausência  da  devida  motivação,  especialmente  ao  não  adentrar  à  todas  alegações  de  fato  e  de  direito  constantes da defesa inaugural. A título de exemplo, o julgador recorrido não se manifestou a  respeito  da  cobrança  de  tributos  retroativos  por  regime  tributário  mais  oneroso  em  face  da  exclusão do Simples Nacional da empresa Globo Equipamentos, sob a alegação de que não foi  interposta defesa nos autos do processo referente à exclusão daquele regime de tributação.  Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 513          7  Após breve relato das fases ocorridas no decorrer do processo administrativo  fiscal,  insurge­se  contra  a  exclusão  do  SIMPLES  com  efeitos  retroativos,  alegando  que  as  empresas Globo Equipamentos e Globo Usinagem foram constituídas em épocas distintas, com  regimes tributários diversos, objetos sociais e quadros societários totalmente distintos, como se  verifica das fichas cadastrais juntadas aos autos.  Acrescenta que somente em 2012 referidas empresas foram registradas com o  mesmo  objeto  social  e  o  mesmo  quadro  societário,  demonstrando  que  à  época  do  período  fiscalizado  (01/2009  a  12/2011)  referidas  pessoas  jurídicas  eram  completamente  distintas.  Esclarece que somente a partir de 09/2012 os sócios diretores e fundadores passaram a integrar  de  forma  conjunta  o  quadro  societário  da Globo Usinagem,  consoante  se  comprova no  item  3.9.2  do  Relatório  Fiscal,  não  havendo  se  falar,  portanto,  em  ocorrência  de  fraude  ou  simulação.  Reconhece  a  existência  de  grupo  econômico  de  fato,  tendo  em  vista  que  à  época da resposta à intimação fiscal, em 03/09/2013, as empresas já operavam com o mesmo  objeto  social  e  quadro  societário,  em  que  pese  não  ter  ocorrido  confusão  patrimonial,  mas  simples transações negociais entre tais pessoas jurídicas.  Afirma  que  a  empresa Globo  Equipamentos  Industriais,  à  época  dos  fatos,  estava  enquadrada  no  regime  tributário  do  Simples  Nacional  e  recolheu  os  tributos  devidos  nesta sistemática conforme a Lei Complementar nº 123/2006, não podendo haver retrocesso na  cobrança por outro regime mais oneroso, sob pena de ferir os princípios da segurança jurídica,  capacidade contributiva e não confisco, bem como do artigo 103 do CTN.  Contrapõe­se  ao  lançamento  fiscal,  sustentando  não  haver  comprovação  do  vínculo empregatício entre os  funcionários da empresa Globo Equipamentos com a Empresa  Globo Usinagem, como já aduzido em sede de preliminar.  Opõe­se  à  exigência  consubstanciada  na  peça  vestibular  do  feito,  sob  o  argumento de inexistir natureza salarial nos pagamentos efetuados a título de abono especial e  de participação nos lucros e resultados, pois realizados de forma eventual, sem habitualidade e  de  acordo  com  convenção  coletiva,  não  havendo  se  falar  em  incidência  de  contribuições  previdenciárias.  Em  defesa  de  sua  pretensão,  traz  à  colação  jurisprudência  administrativa  a  respeito da matéria.  Relativamente aos valores pagos a título de Abono Especial, alegam que fora  concedido  com  base  em  Convenções  Coletivas  com  o  SINDIPEÇAS  e  o  Sindicato  dos  Metalúrgicos da Força Sindical 2009/2011 e 2011/2013, não  se  aplicando no caso o § 1º do  artigo 457 da CLT, que conceitua salário.  Ressalta  que  a  Participação  nos  Lucros  e  Resultados  tem  natureza  jurídica  indenizatória  e  não  se  integra  à  remuneração  do  trabalhador,  ainda  que  concedida  em  inobservância  do  período  e  quantidade  de  parcelas  pagas,  o mesmo  ocorrendo  com  o  aviso  prévio indenizado que tem caráter indenizatório pelo ato imotivado de dispensa do trabalhador,  conforme se extrai da jurisprudência transcrita na peça recursal.  Defende que, não havendo incidência de contribuições previdenciárias sobre  o  aviso  prévio  indenizado,  abono  salarial  e  PLR,  inexiste  a  necessidade  de  observância  às  obrigações  acessórias  pertinentes.  Suscita  a  boa  fé  da  contribuinte,  eis  que  somente  deixou  observar aludidos deveres instrumentais por não considerar tais rubricas como base de cálculo  Fl. 517DF CARF MF     8  de  contribuições  previdenciárias,  não  havendo,  portanto,  se  falar  em  intuito  de  fraude  na  apuração dos tributos supostamente devidos.  Opõe­se, igualmente, à aplicabilidade da multa qualificada, sobretudo diante  da  ausência  da  efetiva  comprovação  do  dolo,  fraude  ou  simulação,  não  sendo  possível  caracterizar as agravantes pela mera falta de recolhimento do tributo.  Por  fim,  requer  o  conhecimento  e  provimento  do  seu  recurso,  para  desconsiderar  os  Autos  de  Infração,  tornando­os  sem  efeito  e,  no  mérito,  sua  absoluta  improcedência.  Não houve apresentação de contrarrazões.  É o relatório.  Fl. 518DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 514          9    Voto Vencido  Conselheiro Rayd Santana Ferreira ­ Relator  Presente  o  pressuposto  de  admissibilidade,  por  ser  tempestivo,  conheço  do  recurso e passo ao exame das alegações recursais.  PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO  Preliminarmente, pretende a contribuinte  seja decretada a nulidade do  feito,  sob  o  argumento  de  que  a  autoridade  lançadora  não  logrou  motivar/fundamentar  o  ato  administrativo  do  lançamento,  de  forma  a  explicitar  clara  e  precisamente  os  motivos  e  dispositivos  legais  que  embasaram  as  autuações,  contrariando  a  legislação  de  regência,  notadamente o artigo 142 do Código Tribunal e, bem assim, os princípios da ampla defesa e do  contraditório.  Em  que  pesem  as  substanciosas  razões  ofertadas  pela  contribuinte,  seu  inconformismo,  contudo,  não  tem  o  condão  de  prosperar.  Do  exame  dos  elementos  que  instruem  o  processo,  conclui­se  que  o  lançamento,  corroborado  pela  decisão  recorrida,  apresenta­se formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude.  De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade  competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhes deram suporte, de  maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e  contraditório, sob pena de nulidade.  E  foi  precisamente o que  aconteceu com o presente  lançamento. A  simples  leitura  dos  anexos  da  autuação,  especialmente  o  “Fundamentos  Legais  do  Débito  –  FLD”,  Relatório Fiscal e demais  informações  fiscais, não deixa margem de dúvida  recomendando a  manutenção do lançamento.  Consoante  se  positiva  dos  anexos  encimados,  a  fiscalização  ao  promover  o  lançamento demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportou, ou melhor, os fatos  geradores  das  contribuições  previdenciárias  e  multas  ora  exigidas,  não  se  cogitando  na  nulidade formal do procedimento.  Melhor  elucidando,  os  cálculos  dos  valores  objetos  do  lançamento  foram  extraídos  das  informações  constantes  dos  sistemas  previdenciários  e  fazendários,  bem  como  dos Livros Diários, folhas e recibos de pagamentos de salários, GFIP’s e demais documentos  contábeis,  fornecidos  pela  própria  recorrente,  rechaçando  qualquer  dúvida  quanto  à  regularidade  do  procedimento  adotado  pelo  fiscal  autuante,  como  procura  demonstrar  à  autuada, uma vez que agiu da melhor forma, com estrita observância à legislação de regência.  Mais  a  mais,  a  exemplo  da  defesa  inaugural,  a  contribuinte  não  trouxe  qualquer elemento de prova capaz de comprovar que o lançamento encontra­se maculado por  vício  em  sua  formalidade  e/ou  materialidade,  escorando  seu  pleito  em  simples  arrazoado  desprovido de demonstração do sustentado.  Fl. 519DF CARF MF     10  Destarte,  quanto  à  pretensa  ausência  demonstração  da  existência  dos  requisitos  do  vínculo  empregatício,  tendente  a  amparar  a  caracterização  procedida  pela  fiscalização, bem como outras questões  relativas à pretensa  insubsistência do  trabalho  fiscal,  contemplaremos como razões de mérito no momento oportuno.  PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO RECORRIDA  Ainda preliminarmente, requer a autuada a decretação da nulidade da decisão  recorrida,  por  entender  que  a  autoridade  julgadora  de  primeira  instância  deixou  de  apreciar  parte das alegações inseridas em sua defesa inaugural, em total preterição do direito de defesa  da contribuinte.  Muito embora a contribuinte lance referida assertiva, não faz prova ou indica  qual a efetiva omissão que o julgador guerreado teria incorrido, capaz de ensejar a preterição  do seu direito de defesa. Como se observa do decisum atacado, de fato, a autoridade julgadora  não adentrou a todas as alegações suscitadas pela então impugnante.  Tal fato isoladamente, porém, não tem o condão de configurar preterição do  direito de defesa da contribuinte, mormente quando esta não afirma qual  teria sido o prejuízo  decorrente da conduta do julgador de primeira instância.  Ademais, a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, a qual vem sendo  seguida à risca por esta instância administrativa, entende que o simples fato de o julgador não  dissertar a propósito de todas as razões recursais do contribuinte não implica em nulidade da  decisão, mormente  quando  a  recorrente  lança  uma  infinidade  de  argumentos  desprovidos  de  qualquer amparo legal ou lógico ou mesmo impertinente, o que se vislumbra no caso vertente.  A corroborar esse entendimento, cumpre trazer à baila Acórdão exarado pela  5ª Turma do STJ, nos autos do HC 35525/SP, com sua ementa abaixo transcrita:  “HABEAS  CORPUS.  PROCESSO  PENAL.  NEGATIVA  DE  AUTORIA. NULIDADE DA SENTENÇA. LIVRE CONVICÇÃO  MOTIVADA  DO  MAGISTRADO.  ORDEM  PARCIALMENTE  CONHECIDA E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA.  [...]  2. O só fato de o julgador não se manifestar a respeito de um ou  outro  argumento  da  tese  defendida  pelas  partes  não  tem  o  condão de caracterizar ausência de fundamentação ou qualquer  outro  tipo  de  nulidade,  por  isso  que  não  o  exigem,  a  lei  e  a  Constituição,  a  apreciação  de  todos  os  argumentos  apresentados,  mas  que  a  decisão  judicial  seja  devidamente  motivada,  ainda  que  por  razões  outras  (Princípio  da  Livre  Convicção  Motivada  e  Princípio  da  Persuasão  Racional,  art.  157  do  CPP).  [...]”  (Julgamento  de  09/08/2007,  Publicado  no  DJ de 10/09/2007)  Nesse  sentido,  basta  que  o  julgador  adentre  as  questões  mais  importantes  suscitadas  pelo  recorrente,  decidindo  de  forma  fundamentada  e  congruente,  para  que  sua  decisão tenha plena validade.  No  presente  caso,  extrai­se  da  defesa  inaugural  que  a  contribuinte  traz  à  colação  inúmeras  alegações,  inclusive,  relativamente  à  exclusão  do  regime  de  tributação  do  SIMPLES,  não  oponíveis  neste  PF,  eis  que  deveriam  ter  sido  objeto  de  inconformismo  nos  Fl. 520DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 515          11  autos  do  processo  administrativo  próprio,  bem  como  a  propósito  da  suposta  inconstitucionalidade  da multa  e  outras  que  não  são  capazes  de  rechaçar  a  pretensão  fiscal.  Assim,  não  se  pode  exigir  que  o  julgador  exponha  e  refute  tais  razões  infundadas  ou  impertinentes.  DO MÉRITO  DA  DESCONSIDERAÇÃO  DA  PERSONALIDADE  JURÍDICA  DA  EMPRESA GLOBO EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS LTDA.  Consoante  relatado  alhures,  a  presente  autuação  fora  lavrada  a  partir  da  desconsideração  da  contabilidade  e  da  personalidade  jurídica  da  empresa  GLOBO  EQUIPAMENTOS  INDUSTRIAIS  LTDA,  prestadora  de  serviços  à  autuada,  com  a  conseqüente  caracterização  dos  valores  pagos  àquela  empresa  como  remuneração  dos  segurados empregados e (pró­labore) dos sócios da recorrente, apurada por arbitramento.  Com  mais  especificidade,  de  acordo  com  o  Relatório  Fiscal,  a  ilustre  autoridade  lançadora  achou  por  bem  desconsiderar  a  personalidade  jurídica  da  empresa  GLOBO  EQUIPAMENTOS  INDUSTRIAIS  LTDA,  considerando  os  seus  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais  como,  de  fato,  vinculados  à  autuada,  diante  da  constatação  de  simulação,  evasão  e  elisão  fiscal  na  constituição  da  pessoa  jurídica  desconsiderada,  com  propósito  exclusivo  de  se  beneficiar  de  sistema  de  tributação  menos  oneroso  –  SIMPLES,  não  possuindo  endereço  ou  estrutura  própria,  ocupando  o  mesmo  domicílio da autuada, cujos sócios também compõe o seu quadro societário.  Conclui que a contabilidade das empresas sob análise não espelha a realidade  econômica e financeira da autuada, o que ensejou a desconsideração de sua escrita contábil e o  levantamento das contribuições previdenciárias por arbitramento, com fulcro no artigo 33, § 6°,  da Lei n° 8.212/91, vigente à época nos seguintes termos:  “Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete  arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  nas  alíneas  "a",  ‘b"  e  "c"  do  parágrafo  único  do  art.  11,  bem  como  as  contribuições  incidentes  a  título  de  substituição;  e  à  Secretaria  da  Receita  Federal  –  SRF  compete  arrecadar,  fiscalizar,  lançar  e  normatizar  o  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  nas alíneas "d" e "e" do parágrafo único do art. 11, cabendo a  ambos  os  órgãos,  na  esfera  de  sua  competência,  promover  a  respectiva  cobrança  e  aplicar  as  sanções  previstas  legalmente.  (Redação alterada pela Lei nº 10.256/01)  [...]  § 3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou  informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional  do Seguro Social ­ INSS e o Departamento da Receita Federal ­  DRF  podem,  sem  prejuízo  da  penalidade  cabível,  inscrever  de  ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou  ao segurado o ônus da prova em contrário.  [...]  Fl. 521DF CARF MF     12  § 6º Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro  documento  da  empresa,  a  fiscalização  constatar  que  a  contabilidade  não  registra  o  movimento  real  de  remuneração  dos  segurados  a  seu  serviço,  do  faturamento  e  do  lucro,  serão  apuradas,  por  aferição  indireta,  as  contribuições  efetivamente  devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário.”  Nesse  sentido,  estando  o  lançamento  escorado  em  uma  presunção  legal,  incumbe  à  fiscalização  demonstrar  e  comprovar  os  motivos  que  a  levaram  a  utilizar  deste  procedimento  excepcional  e,  conseqüentemente,  fundamentá­lo  na  legislação  de  regência,  fazendo  constar  dos  autos  do  processo,  nos  anexos  pertinentes,  a  norma  legal  esteio  da  exigência fiscal, sob pena de nulidade e/ou improcedência do feito.  Em  suas  razões  recursais,  pretende  a  contribuinte  a  reforma  da  decisão  recorrida,  a  qual  manteve  a  exigência  fiscal  em  sua  plenitude,  aduzindo,  dentre  inúmeros  argumentos,  que  o  procedimento  eleito  pela  fiscalização  ao  promover  o  lançamento  não  encontra amparo legal na legislação de regência, notadamente quando não se apresentou claro e  preciso em suas conclusões ao desconsiderar a personalidade jurídica da empresa prestadora de  serviços.  Sustenta, ainda, não ter sido comprovada pelo fiscal autuante a ocorrência da  hipótese  de  incidência  prevista  na  legislação  de  regência,  ou  seja,  o  pagamento  de  remunerações  a  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais,  mormente  quando  considerou,  indevidamente,  pagamentos  realizados  pela  autuada  a  outra  pessoa  jurídica  regularmente constituída, dentro do padrão legal.  Não  obstante  as  substanciosas  razões  de  fato  e  de  direito  ofertadas  pela  fiscalização  e  autoridade  julgadora  de  primeira  instância  em  defesa  da  manutenção  da  exigência  fiscal  em  comento,  o  inconformismo  da  contribuinte  merece  prosperar,  como  demonstraremos ao longo desse arrazoado.  Destarte,  em  que  pese  à  grande  celeuma  que  envolve  o  tema,  é  certo  que  atualmente o Fisco dispõe de  alguns mecanismos para  apuração de  crédito  tributário quando  constatadas operações/transações realizadas pelo contribuinte com a finalidade de se esquivar  da tributação.  Em  verdade,  trata­se  da  eterna  discussão  a  propósito  da  legalidade  do  planejamento tributário e seus limites. Em outras palavras, o verdadeiro conflito existente entre  a Elisão e Evasão Fiscal.  Referido  tema, aliás, vem  tomando espaço em grandes Congressos  e outros  Encontros  Tributários,  com  propostas,  inclusive,  de  elaboração  de  normas  antielisivas,  buscando  cercar  as  condutas  dolosas,  simuladas  dos  contribuintes  objetivando  se  afastar  do  campo de incidência da obrigação tributária.  Na seara do direito previdenciário,  a própria  legislação de  regência oferece  mecanismos  para  a  desconsideração  da  relação  contratual  firmada  entre  o  contribuinte  e  os  prestadores de serviços, sejam segurados empregados, contribuintes individuais, outras pessoas  jurídicas, etc.  Exemplo  de  tais  prerrogativas,  o  artigo  229,  §  2°,  do  Regulamento  da  Previdência Social  – RPS,  aprovado pelo Decreto  nº  3.048/1999,  impõe ao Auditor Fiscal  a  obrigação  de  considerar  os  contribuintes  individuais  (autônomos)  ou  outros  prestadores  de  serviços como segurados empregados, quando verificados os requisitos legais, in verbis:  Fl. 522DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 516          13  “Art. 229.  [...]  § 2º ­ Se o Auditor Fiscal da Previdência Social, constatar que o  segurado  contratado  como  contribuinte  individual,  trabalhador  avulso,  ou  sob  qualquer  outra  denominação,  preenche  as  condições  referidas  no  inc.  I  «caput»  do  art.9º,  deverá  desconsiderar  o  vínculo  pactuado  e  efetuar  o  enquadramento  como segurado empregado.”  Observe­se do artigo supracitado, que o legislador ao mencionar “[...] ou sob  qualquer outra denominação [...]”, deu margem a desconsideração da personalidade  jurídica  de empresas, quando constatados os requisitos para tanto.  Indispensável ao deslinde da controvérsia, cumpre transcrever os preceitos do  artigo 3º, da CLT, in verbis:  “Art. 3º. Considera­se empregado toda pessoa física que prestar  serviços  de  natureza  não  eventual  a  empregador,  sob  a  dependência deste e mediante salário.”  Assim, verificados todos os requisitos necessários à caracterização do vínculo  empregatício  do  suposto  tomador  de  serviços  com  os  tidos  prestadores  de  serviços,  a  autoridade  administrativa,  de  conformidade  com  os  dispositivos  legais  encimados,  tem  a  obrigação de  caracterizar  como  segurado empregado qualquer  trabalhador que preste  serviço  ao  contribuinte  nestas  condições,  fazendo  incidir,  conseqüentemente,  as  contribuições  previdenciárias sobre as remunerações pagas ou creditadas em favor daqueles.  A partir do permissivo legal encimado, inúmeros são os lançamentos em  que  o  Fisco  desconsidera  o  vínculo  pactuado  entre  os  prestadores  de  serviços  (contribuintes  individuais  e  empresas)  e  a  contribuinte  contratante,  promovendo  a  caracterização  dessas  pessoas  como  segurados  empregados,  conquanto  de  devidamente  demonstrada  à  existência  dos  pressupostos  da  relação  empregatícia,  quais  sejam,  subordinação,  remuneração  e  não  eventualidade.  Neste  caso,  diga­se  de  passagem,  inexiste a necessidade da comprovação de eventuais atos simulados, para a caracterização  dos  segurados  empregados,  bastando  à  demonstração  da  presença  dos  requisitos  do  vínculo  laboral,  podendo  ou  não  haver  o  intuito  doloso,  fraudulento  ou  simulatório  objetivando suprimir tributos.  Na  hipótese  dos  autos,  relativamente  aos  segurados  empregados  caracterizados,  o  procedimento  adotado  pela  autoridade  lançadora  fora  aquele  inscrito  na  norma legal retro.  Entrementes,  não  basta  que  a  autoridade  lançadora  inscreva  no  Relatório  Fiscal tais requisitos, quais sejam, subordinação, remuneração e não eventualidade, o que,  in  casu,  sequer  ocorreu.  Deve,  em  verdade,  deixar  explicitamente  comprovada  de  forma  individualizada  a  existência  dos  pressupostos  legais  da  relação  empregatícia,  sob  pena  de  improcedência  do  lançamento  por  ausência  de  comprovação  do  fato  gerador  do  tributo,  e  cerceamento do direito de defesa do contribuinte.  Fl. 523DF CARF MF     14  É o que determina o artigo 37 da Lei nº 8.212/91, na redação vigente à época  da ocorrência dos fatos geradores, nos seguintes termos:  “Art. 37. Constatado o atraso  total ou parcial no recolhimento  de  contribuições  tratadas  nesta  Lei,  ou  em  caso  de  falta  de  pagamento  de  benefício  reembolsado,  a  fiscalização  lavrará  notificação  de  débito,  com  discriminação  clara  e  precisa  dos  fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que  se referem, conforme dispuser o regulamento.” (grifamos)  No  caso  vertente,  inobstante  o  substancioso  trabalho  fiscal  em  relação  à  desconsideração  da  personalidade  jurídica  da  empresa  elencada  no  processo,  a  ilustre  autoridade  lançadora,  ao  promover  a  caracterização  dos  funcionários  da  pessoa  jurídica  desconsiderada  como  segurados  empregados  da  autuada,  não  logrou  motivar  o  presente  lançamento, mais precisamente no Relatório Fiscal, deixando de demonstrar e comprovar, na  forma  que  o  caso  exige,  os  requisitos  legais  necessários  à  configuração  do  vínculo  empregatício, acima mencionados.  Aliás, sequer listou quais seriam os segurados empregados caracterizados ou  mesmo  os  serviços  prestados,  impossibilitando,  além  da  defesa  da  contribuinte,  o  próprio  julgamento  da  regularidade do  feito. Ora,  não  se  sabe  sob  quais  condições  os  serviços  eram  prestados, qual a modalidade, etc.  Referida omissão afronta de forma flagrante os preceitos contidos no artigo  142 do Código Tributário Nacional que, ao atribuir a competência privativa do lançamento a  autoridade administrativa,  igualmente, exige que nessa atividade o  fiscal autuante descreva e  comprove a ocorrência do fato gerador do tributo lançado, como segue:  “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa  constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido  o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  correspondente,  determinar  a  matéria  tributável,  calcular  o  montante  do  tributo  devido,  identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da  penalidade cabível.”  In casu, com mais razão a fiscalização deverá comprovar a ocorrência do fato  gerador  das  contribuições  previdenciárias  exigidas,  tendo  em vista  tratar­se de  procedimento  excepcional  de  desconsideração  de  personalidade  jurídica  e,  conseqüente,  caracterização  de  segurados  empregados.  Aliás,  o  artigo  37  da  Lei  nº  8.212/91,  supratranscrito,  com  mais  especificidade, impõe ao fiscal autuante a discriminação clara e precisa dos fatos geradores do  débito constituído.  Repita­se, para que tal procedimento tenha validade e esteja em consonância  com a legislação de regência, não é suficiente a alegação genérica da autoridade administrativa  de  que  constatou  a  existência  dos  pressupostos  da  relação  de  emprego,  devendo  haver  comprovação da existência efetiva do vínculo laboral, abordando cada requisito necessário para  tanto,  de maneira  individualizada  ou  por  tipo  de  trabalho  desenvolvido  pelos  prestadores  de  serviços.  Destarte, os atos administrativos, conforme se depreende do artigo 50 da Lei  nº 9.784/99, que  regulamenta o processo administrativo no âmbito da Administração Pública  Federal, devem ser motivados, sob pena de nulidade, in verbis:  Fl. 524DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 517          15  “Art.  50.  Os  atos  administrativos  deverão  ser  motivados,  com  indicação dos fatos e fundamentos jurídicos [...]  §1º A motivação deve ser explícita, clara e congruente [...]”  A jurisprudência administrativa oferece proteção a esse entendimento, como  faz certo os Acórdãos com suas ementas abaixo transcritas:  “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2002 a 31/07/2004  NORMAS  PROCEDIMENTAIS.  DESCONSIDERAÇÃO  PERSONALIDADE  JURÍDICA  E  CARACTERIZAÇÃO  DE  SEGURADOS EMPREGADOS. Somente nas hipóteses  em que  restar  constatada  a  efetiva  existência  dos  elementos  constituintes da relação empregatícia entre o suposto "tomador  de  serviços" e os "prestadores de  serviços", poderá o Auditor  Fiscal caracterizar o contribuinte individual (autônomo) como  segurado  empregado,  ou mesmo  promover  a  desconsideração  da personalidade jurídica das empresas prestadoras de serviços,  com fulcro no artigo 229, § 2°, do Regulamento da Previdência  Social­RPS, aprovado pelo Decreto n" 3.048/99.  RELATÓRIO  FISCAL  DA  NOTIFICAÇÃO.  OMISSÕES.  O  Relatório  Fiscal  tem  por  finalidade  demonstrar/explicitar  de  forma  clara  e  precisa  todos  os  procedimentos  e  critérios  utilizados  pela  fiscalização  na  constituição  do  crédito  previdenciário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da  ampla defesa e contraditório.   Omissões ou incorreções no Relatório Fiscal, relativamente aos  critérios de apuração do crédito tributário  levados a efeito por  ocasião  do  lançamento  fiscal,  que  impossibilitem  o  exercício  pleno do direito de defesa e contraditório do contribuinte, enseja  a  nulidade  material  da  notificação,  mormente  tratando­se  de  caracterização de segurados empregados, onde os requisitos do  vínculo  empregatício  devem  restar  circunstanciadamente  comprovados.PROCESSO ANULADO.” (1ª TO da 4ª Câmara da  2ª SJ do CARF, Processo n° 35474.000201/2006­19 – Acórdão  n° 2401­00.544, Sessão de 19/08/2009) (grifamos)  Em outras palavras, deveria constar do Relatório Fiscal de forma destrinçada  a  demonstração  da  efetiva  existência  dos  requisitos  necessários  à  caracterização  dos  trabalhadores  da  pessoa  jurídica  desconsiderada  como  segurados  empregados  da  autuada,  corroborado,  por  exemplo,  com  quadro  contendo  nome  de  todos  os  prestadores  de  serviços  tidos  como  empregados  da  recorrente  e  respectivos  serviços  desenvolvidos,  possibilitando  a  contribuinte  o  exercício  pleno  da  ampla  defesa  e  do  contraditório,  sob  pena  de  incorrer  em  cerceamento do direito de defesa. Mas não é o que se verifica no presente caso.  No  presente  caso,  ao  promover  o  lançamento  levando  a  efeito  a  caracterização dos prestadores de serviços da pessoa jurídica desconsiderada como segurados  empregados da autuada, o ilustre fiscal autuante, em seu Relatório Fiscal, simplesmente inferiu  ter  efetuado  tal  enquadramento,  a  partir  da  desconsideração  da  personalidade  jurídica  da  empresa  GLOBO  EQUIPAMENTOS  INDUSTRIAIS  LTDA,  sem  conquanto  Fl. 525DF CARF MF     16  demonstrar/comprovar  de  forma  pormenorizada  seu  entendimento, maculando  o  lançamento  em comento.  Relativamente,  aos  prestadores  de  serviços  contribuintes  individuais,  vinculados  de  ofício  à  autuada,  o  mesmo  entendimento  encimado,  quanto  aos  segurados  empregados, se presta a rechaçar a pretensão fiscal.  Isto  porque,  em  que  pese  inexistir  a  necessidade  de  demonstração  dos  requisitos  da  relação  laboral,  pela  própria  essência  eventual  do  serviço  prestado,  há  a  necessidade de se promover à vinculação de aludidos prestadores de serviços com a empresa  autuada.  Não basta para tanto, simplesmente, trazer à colação elementos se prestariam  a demonstrar a vinculação societária entre as duas empresas, para se atribuir automaticamente a  vinculação dos contribuintes individuais de uma pessoa jurídica para outra.  Com  efeito,  é  preciso  que  haja  um  mínimo  aprofundamento  nos  serviços  prestados,  indicando as pessoas que  figuram como contribuintes  individuais, deslocados para  outra  empresa,  de maneira  a  oferecer  condições  à  validade  do  lançamento  e  a  oportunizar  a  própria ampla defesa da contribuinte e, por conseguinte, viabilizar o julgamento da demanda,  com elementos robustos, suscetíveis de comprovação.  Ora, como se deslocar o vínculo de um prestador de serviço de uma empresa  para outra,  sem que decline ao menos a espécie de  serviço prestado e, bem assim, o próprio  prestador do serviço?  É exatamente o que ocorrera no caso dos autos, onde a fiscalização entendeu  por bem deslocar o vínculo dos segurados empregados e contribuintes individuais da empresa  desconsiderada para a  recorrente, sem conquanto se aprofundar no exame dos elementos que  envolvem  os  fatos,  sem  listar  tais  segurados  ou  informar  quais  serviços  eram  prestados,  por  exemplo.  A  rigor,  a  partir  da  caracterização  do Grupo Econômico  de Fato  procedida  pela fiscalização, inexistiria razão para realizar a desconsideração da personalidade jurídica da  empresa  GLOBO  EQUIPAMENTOS  INDUSTRIAIS  LTDA.,  com  o  consequente  deslocamento  de  seus  funcionários  à  autuada,  bastando  admitir  a  sua  exclusão  retroativa  do  SIMPLES,  ensejando  a  constituição  do  presente  crédito  tributário,  chamando  a  autuada  GLOBO USINAGEM para responder solidariamente pelo débito.  Partindo  dessas  premissas,  ao  deixar  de  demonstrar/comprovar  a  existência  dos  requisitos  da  relação  laboral  entre  os  prestadores  de  serviços  com  a  empresa  autuada,  GLOBO CENTRAL DE USINAGEM Ltda., deixou a fiscalização do se desincumbir do ônus  necessários a procedimentos dessa natureza, o que impõe reconhecer a improcedência do feito.  DAS DEMAIS QUESTÕES SUSCITADAS PELA CONTRIBUINTE  Na  hipótese  de  restar  vencido  nas  razões  encimadas,  mister  ser  faz  contemplar  as  demais  alegações  de mérito  suscitados  pela  contribuinte,  o  que  passaremos  a  proceder.  Em  suas  razões  recursais,  pretende  a  contribuinte  a  reforma  da  decisão  recorrida,  a  qual  manteve  parte  substancial  da  exigência  fiscal,  dissertando  a  propósito  da  pretensa  não  incidência  de  contribuições  previdenciárias  sobre  as  verbas  pagas  a  título  de  Aviso Prévio Indenizado, Participação nos Lucros e Resultados e Abono Especial, além de se  Fl. 526DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 518          17  insurgir  contra  as  penalidades  aplicadas  nas  autuações  por  descumprimento  de  obrigações  acessória e principal, como passaremos a analisar de maneira individualizada adiante.  Em  defesa  de  sua  pretensão,  elabora  substancioso  arrazoado  contemplando  com  especificidade  as  verbas  concedidas  aos  segurados  empregados,  acima  elencadas,  concluindo estarem fora do campo de incidência das contribuições previdenciárias.  Em virtude das 03 (três) verbas lançadas na presente autuação como salário  indireto, cada uma com suas peculiaridades, analisaremos a questão posta nos autos de maneira  individualizada,  após  transcrição  dos  dispositivos  legais  que  regulamentam  a matéria,  senão  vejamos.  Antes  de  adentrar  as  questões  de mérito,  é  de  bom  alvitre  trazer  à  baila  o  disposto nos artigos 111, inciso II e 176, do CTN, indispensáveis ao deslinde da lide, in verbis:  “Art. 111.  Interpreta­se literalmente a legislação tributária que  disponha sobre:  I – suspensão ou exclusão do crédito tributário;  II – outorga de isenção;  III – dispensa do cumprimento de obrigações acessórias””  Art.  176.  A  isenção,  ainda  quando  prevista  em  contrato,  é  sempre  decorrente  de  lei  que  especifique  as  condições  e  requisitos  exigidos  para  a  sua  concessão,  os  tributos  a  que  se  aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração.”  Extrai­se dos dispositivos legais supracitados que qualquer espécie de isenção  que  o  Poder  Público  pretenda  conceder  deve  decorrer  de  lei  disciplinadora,  sendo  sua  interpretação literal e não extensiva.  Por  sua  vez,  as  importâncias  que  não  integram  a  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias  estão  expressamente  listadas  no  artigo  28,  §  9º,  da  Lei  nº  8.212/91, o qual estabelece os pressupostos legais para que não se caracterizem como salário­ de­contribuição, visando garantir os direitos dos empregados, como segue:  “Art. 28. Entende­se por salário­de­contribuição:  [...]  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei,  exclusivamente:  (Redação  dada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10.12.97)  a)  os  benefícios  da  previdência  social,  nos  termos  e  limites  legais, salvo o  salário­maternidade;  (Redação dada pela Lei nº  9.528, de 10.12.97).   b)  as  ajudas  de  custo  e  o  adicional  mensal  recebidos  pelo  aeronauta nos termos da Lei nº 5.929, de 30 de outubro de 1973;   c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas  de  alimentação  aprovados  pelo  Ministério  do  Trabalho  e  da  Fl. 527DF CARF MF     18  Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de  1976;  d)  as  importâncias  recebidas  a  título  de  férias  indenizadas  e  respectivo  adicional  constitucional,  inclusive  o  valor  correspondente à dobra da remuneração de férias de que trata o  art. 137 da Consolidação das Leis do Trabalho­CLT;  (Redação  dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97).   e)  as  importâncias:  (Alínea  alterada  e  itens  de  1  a  5  acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97   1.  previstas  no  inciso  I  do  art.  10  do  Ato  das  Disposições  Constitucionais Transitórias;   2. relativas à indenização por tempo de serviço, anterior a 5 de  outubro  de  1988,  do  empregado  não  optante  pelo  Fundo  de  Garantia do Tempo de Serviço­FGTS;   3.  recebidas a  título da  indenização de que  trata o art.  479 da  CLT;   4. recebidas a título da indenização de que trata o art. 14 da Lei  nº 5.889, de 8 de junho de 1973;   5. recebidas a título de incentivo à demissão;  6. recebidas a título de abono de férias na forma dos arts. 143 e  144 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998).  7.  recebidas  a  título  de  ganhos  eventuais  e  os  abonos  expressamente  desvinculados  do  salário;  (Redação  dada  pela  Lei nº 9.711, de 1998).  8.  recebidas  a  título  de  licença­prêmio  indenizada;  (Redação  dada pela Lei nº 9.711, de 1998).  9. recebidas a título da indenização de que trata o art. 9º da Lei  nº 7.238, de 29 de outubro de 1984; (Redação dada pela Lei nº  9.711, de 1998).  f)  a  parcela  recebida  a  título  de  vale­transporte,  na  forma  da  legislação própria;  g) a ajuda de custo, em parcela única, recebida exclusivamente  em decorrência de mudança de local de trabalho do empregado,  na forma do art. 470 da CLT; (Redação dada pela Lei nº 9.528,  de 10.12.97).  h)  as  diárias  para  viagens,  desde  que  não  excedam  a  50%  (cinqüenta por cento) da remuneração mensal;  i)  a  importância  recebida a  título de bolsa de complementação  educacional  de  estagiário,  quando  paga  nos  termos  da  Lei  nº  6.494, de 7 de dezembro de 1977;   j)  a participação nos  lucros ou  resultados da  empresa, quando  paga ou creditada de acordo com lei específica;   Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 519          19  l)  o  abono  do  Programa  de  Integração  Social­PIS  e  do  Programa  de  Assistência  ao  Servidor  Público­PASEP;  (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)  m)  os  valores  correspondentes  a  transporte,  alimentação  e  habitação  fornecidos  pela  empresa  ao  empregado  contratado  para trabalhar em localidade distante da de sua residência, em  canteiro  de  obras  ou  local  que,  por  força  da  atividade,  exija  deslocamento  e  estada,  observadas  as  normas  de  proteção  estabelecidas pelo Ministério do Trabalho; (Alínea acrescentada  pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)  n)  a  importância  paga  ao  empregado  a  título  de  complementação  ao  valor  do  auxílio­doença,  desde  que  este  direito seja extensivo à totalidade dos empregados da empresa;  (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)  o)  as  parcelas  destinadas  à  assistência  ao  trabalhador  da  agroindústria canavieira, de que trata o art. 36 da Lei nº 4.870,  de  1º  de  dezembro  de  1965;  (Alínea  acrescentada  pela  Lei  nº  9.528, de 10.12.97).  p)  o  valor  das  contribuições  efetivamente  pago  pela  pessoa  jurídica  relativo  a  programa  de  previdência  complementar,  aberto  ou  fechado,  desde  que  disponível  à  totalidade  de  seus  empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º  e  468  da  CLT;  (Alínea  acrescentada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10.12.97)  q) o valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou  odontológico,  próprio  da  empresa  ou  por  ela  conveniado,  inclusive  o  reembolso  de  despesas  com  medicamentos,  óculos,  aparelhos  ortopédicos,  despesas  médico­hospitalares  e  outras  similares,  desde  que  a  cobertura  abranja  a  totalidade  dos  empregados e dirigentes da empresa; (Alínea acrescentada pela  Lei nº 9.528, de 10.12.97)   r)  o  valor  correspondente  a  vestuários,  equipamentos  e  outros  acessórios  fornecidos  ao  empregado  e  utilizados  no  local  do  trabalho  para  prestação  dos  respectivos  serviços;  (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)   s)  o  ressarcimento  de  despesas  pelo  uso  de  veículo  do  empregado e o reembolso creche pago em conformidade com a  legislação  trabalhista,  observado  o  limite máximo  de  seis  anos  de  idade,  quando  devidamente  comprovadas  as  despesas  realizadas; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)   t)  o  valor  relativo  a  plano  educacional  que  vise  à  educação  básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro  de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais  vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que  não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos  os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação  dada pela Lei nº 9.711, de 1998).  Fl. 529DF CARF MF     20  u)  a  importância  recebida  a  título  de  bolsa  de  aprendizagem  garantida ao adolescente até quatorze anos de idade, de acordo  com  o  disposto  no  art.  64  da  Lei  nº  8.069,  de  13  de  julho  de  1990; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)   v)  os  valores  recebidos  em  decorrência  da  cessão  de  direitos  autorais; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97)   x) o valor da multa prevista no § 8º do art. 477 da CLT. (Alínea  acrescentada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) ”  Com  mais  especificidade,  contemplando  as  verbas  em  epígrafe,  o  Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99, em seu artigo  214, § 9°, prescreve a não incidência de contribuições previdenciárias nas seguintes condições,  in verbis:  “Art. 214. Entende­se por salário­de­contribuição:  [...]  § 9º Não integram o salário­de­contribuição, exclusivamente:  [...]  VI ­ a parcela recebida a título de vale­transporte, na forma da  legislação própria;  [...]    X  ­  a  participação  do  empregado  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa,  quando  paga  ou  creditada  de  acordo  com  lei  específica;  § 10. As parcelas referidas no parágrafo anterior, quando pagas  ou  creditadas  em  desacordo  com  a  legislação  pertinente,  integram o  salário­de­contribuição para  todos os  fins  e efeitos,  sem prejuízo da aplicação das cominações legais cabíveis. [...]”  Como  se  observa,  tendo  a  autoridade  lançadora  inserido  os  pagamentos  realizados pela empresa aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais no conceito  de  remuneração  (salário­de­contribuição),  nos  termos  do  artigo  28  da  Lei  n°  8.212/91,  comprovando/demonstrado  com  especificidade  a  natureza  remuneratória  das  verbas  concedidas,  impõe­se  ao  contribuinte  afastar a pretensão  fiscal  enquadrando  tais pagamentos  em uma das hipóteses de não incidência, isenção ou imunidade elencadas na norma encimada,  observando, porém, os requisitos legais para tanto.  Em outras palavras, desincumbindo­se o Fisco do ônus de comprovar o fato  gerador das contribuições previdenciárias, cabe ao contribuinte demonstrar, com documentação  hábil  e  idônea,  que  as  verbas  concedidas  aos  segurados  empregados  e/ou  contribuintes  individuais  se  enquadram  em  uma  das  hipóteses  previstas  no  §  9°,  do  artigo  28,  da  Lei  n°  8.212/91, de maneira a rechaçar a tributação imputada.  Voltando à análise do caso sub examine, a contribuinte se insurgiu contra a  tributação  de  todas  as  verbas  pagas  aos  seus  funcionários,  razão  pela  qual  passaremos  a  analisar  os  argumentos  relacionados  a  tais  rubricas  individualmente,  em  razão  de  suas  Fl. 530DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 520          21  peculiaridades,  arrimadas  especialmente  na  jurisprudência  administrativa  e  atual  de  nossos  Tribunais Superiores, senão vejamos:  A) DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO  Consoante  se  infere do Relatório Fiscal,  aludido  levantamento se  refere aos  pagamentos  concedidos  pela  empresa  aos  empregados  a  título  Aviso  Prévio  Indenizado,  remuneração  paga  ao  empregado,  assegurada  pela  CF  nos  termos  do  art.  7º,  inciso  XXI,  correspondente a, no mínimo, 30 dias de serviços prestados.  Mais precisamente,  a autoridade  lançadora utilizou como fundamento  à  sua  empreitada o fato de, com o advento do Decreto nº 6.727, de 12/01/2009, a alínea "f" do inciso  V  do  §  9º  do  art.  214  do  Decreto  nº  3.048//1999  foi  revogada,  portanto,  o  aviso  prévio  indenizado  passa  a  ser  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias,  razão  pela  qual  procedeu­se o presente lançamento adotando­se os fatos geradores ocorridos posteriormente à  12/01/2009.  Por sua vez, em sua peça recursal, afirma ser improcedente a incidência das  contribuições sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado, por tratar­se de verba  indenizatória,  não  tendo  natureza  remuneratória,  colacionando  jurisprudência,  legislação  e  posicionamentos doutrinários corroborando a sua tese.  Afora  os  fundamentos  da  autoridade  lançadora  ao  promover  o  lançamento,  corroborados  pelo  julgador  recorrido,  o  insurgimento  da  contribuinte  merece  acolhimento.  Destarte, não vislumbramos na verba sub examine natureza remuneratória tendente a integrar a  base de cálculo das contribuições previdenciárias.  É bem verdade que as hipóteses de não incidência, isenção e/ou imunidade de  contribuições  previdenciárias  encontram­se  previstas  na  legislação  de  regência,  notadamente  no  artigo  28,  §  9°,  da  Lei  n°  8.212/91,  c/c  artigo  214,  §  9°,  do  Decreto  n°  3.048/99  –  Regulamento da Previdência Social. Entrementes, a  jurisprudência deste Colegiado  já  firmou  entendimento no  sentido de que, primeiramente,  incumbe à  autoridade  lançadora demonstrar  que a verba concedida aos segurados empregados e/ou contribuintes individuais encontram­se  revestidas das características básicas do salário de contribuição.  Em outras palavras, o simples fato de o benefício concedido pela contribuinte  aos seus funcionários não se encontrar elencado nos dispositivos legais encimados, por si só,  não  o  caracteriza  automaticamente  como  remuneração.  Mesmo  porque,  na  hipótese  de  o  benefício concedido ter natureza eminentemente indenizatória, por exemplo, não há se falar em  incidência dos tributos ora lançados.  Daí porque, é dever da autoridade fazendária adentrar aos aspectos peculiares  de cada verba/benefício concedido pela contribuinte aos seus empregados, se aprofundando na  questão  de  maneira  a  comprovar  que,  efetivamente,  se  apresenta  como  uma  nítida  remuneração, em razão de sua própria natureza, dos motivos e condições de pagamento, etc.  Na hipótese dos autos, não obstante a vasta discussão a propósito da matéria,  deixaremos  de  abordar  a  legislação  de  regência  ou  mesmo  adentrar  a  questão  da  natureza/conceituação  de  aludida  verba,  uma vez  que  o Superior Tribunal  de  Justiça  afastou  qualquer  dúvida  quanto  ao  tema,  reconhecendo  a  sua  natureza  indenizatória,  nos  autos  do  Fl. 531DF CARF MF     22  Recurso Especial nº 1.230.957/RS, julgado sob a indumentária do artigo 543­C, do CPC, com a  seguinte ementa:  "PROCESSUAL CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS. TRIBUTÁRIO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA  A  CARGO  DA  EMPRESA. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.  DISCUSSÃO  A  RESPEITO  DA  INCIDÊNCIA  OU  NÃO  SOBRE  AS  SEGUINTES  VERBAS:  TERÇO  CONSTITUCIONAL  DE  FÉRIAS;  SALÁRIO  MATERNIDADE;  SALÁRIO  PATERNIDADE;  AVISO  PRÉVIO  INDENIZADO;  IMPORTÂNCIA PAGA NOS QUINZE DIAS QUE ANTECEDEM  O AUXÍLIO­DOENÇA.   [...]  2.2  Aviso  prévio  indenizado.  A  despeito  da  atual  moldura  legislativa (Lei 9.528/97 e Decreto 6.727/2009), as importâncias  pagas a título de indenização, que não correspondam a serviços  prestados  nem  a  tempo  à  disposição  do  empregador,  não  ensejam  a  incidência  de  contribuição  previdenciária.  A  CLT  estabelece que, em se tratando de contrato de trabalho por prazo  indeterminado,  a  parte  que,  sem  justo  motivo,  quiser  a  sua  rescisão, deverá comunicar a outra a sua intenção com a devida  antecedência.  Não  concedido  o  aviso  prévio  pelo  empregador,  nasce para o empregado o direito aos salários correspondentes  ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período  no seu tempo de serviço (art. 487, § 1º, da CLT). Desse modo, o  pagamento  decorrente  da  falta  de  aviso  prévio,  isto  é,  o  aviso  prévio  indenizado,  visa  a  reparar  o  dano  causado  ao  trabalhador  que  não  fora  alertado  sobre  a  futura  rescisão  contratual  com  a  antecedência  mínima  estipulada  na  Constituição  Federal  (atualmente  regulamentada  pela  Lei  12.506/2011).  Dessarte,  não  há  como  se  conferir  à  referida  verba  o  caráter  remuneratório  pretendido  pela  Fazenda  Nacional,  por  não  retribuir  o  trabalho,  mas  sim  reparar  um  dano.  Ressalte­se  que,  "se  o  aviso  prévio  é  indenizado,  no  período  que  lhe  corresponderia  o  empregado  não  presta  trabalho  algum,  nem  fica  à  disposição  do  empregador.  Assim,  por  ser  ela  estranha  à  hipótese  de  incidência,  é  irrelevante  a  circunstância de não haver previsão legal de isenção em relação  a  tal  verba"  (REsp  1.221.665/PR,  1ª  Turma,  Rel.  Min.  Teori  Albino Zavascki, DJe de 23.2.2011). A corroborar a tese sobre a  natureza indenizatória do aviso prévio indenizado, destacam­se,  na doutrina, as  lições de Maurício Godinho Delgado e Amauri  Mascaro  Nascimento.  Precedentes:  REsp  1.198.964/PR,  2ª  Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe de 4.10.2010;  REsp 1.213.133/SC, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de  1º.12.2010;  AgRg  no  REsp  1.205.593/PR,  2ª  Turma,  Rel.  Min.  Herman  Benjamin,  DJe  de  4.2.2011;  AgRg  no  REsp  1.218.883/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de  22.2.2011;  AgRg  no  REsp  1.220.119/RS,  2ª  Turma,  Rel.  Min.  Cesar Asfor Rocha, DJe de 29.11.2011.   [...]" (grifamos)  E, de conformidade com o artigo 62, § 2º, do Regimento Interno do CARF,  impõe­se  ao  julgador  deste  Colegiado  a  observância  às  decisões  do  Superior  Tribunal  de  Fl. 532DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 521          23  Justiça, tomadas em sede de Recurso Repetitivo, nos termos do artigo 543­C, do CPC, hipótese  que se amolda ao caso vertente, senão vejamos:  "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do  CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo  internacional,  lei  ou  decreto,  sob  fundamento  de  inconstitucionalidade.  [...]  § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo  Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria  infraconstitucional,  na  sistemática  dos  arts.  543­B  e  543­C  da  Lei  nº  5.869,  de  1973,  ou  dos  arts.  1.036  a  1.041  da  Lei  nº  13.105,  de  2015  ­  Código  de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas pelos conselheiros no  julgamento dos recursos no  âmbito do CARF.  (Redação dada pela Portaria MF nº  152,  de  2016."  Encampando  a  jurisprudência,  bem  como  a  disposição  regimental  supra,  a  jurisprudência  administrativa  vem  reconhecendo  a  não  incidência  de  contribuições  previdenciárias  sobre  os  valores  pagos  aos  segurados  empregados  a  título  de  aviso  prévio  indenizado, como se extrai dos recentes julgados abaixo ementados:  "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/09/2009 a 31/12/2010  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO.  ABONO  DE  FÉRIAS.  INCIDÊNCIA  QUANDO  EXCEDENTE OS  LIMITES  DA  CLT.  ABONO. INCIDÊNCIA QUANDO HABITUAL.  O abono de férias previsto no artigo 143 da CLT não integra o  salário de  contribuição quando  respeitados os  limites previstos  na norma trabalhista. O abono concedido por liberalidade passa  a  integrar  o  salário  de  contribuição,  segundo  expressa  disposição constitucional (artigo 201, § 11), quando habitual.  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO.  DÉCIMO  TERCEIRO  SALÁRIO. INTEGRAÇÃO.  O  décimo  terceiro  salário  sofre  incidência  das  contribuições  previdenciárias  por  expressa  disposição  da  lei  tributária.  O  salário de contribuição relativo ao décimo terceiro é obtido pela  soma de todas as parcelas que o integram.  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO.  AVISO  PRÉVIO  INDENIZADO E DÉCIMO TERCEIRO INDENIZADO. NÃO  INCIDÊNCIA.  A  incidência  da  contribuição  social  previdenciária  se  dá,  em  regra,  sobre  as  parcelas  remuneratórias.  Não  se  verifica  incidência  sobre parcelas de nítida natureza  indenizatória por  ausência de disposição legal. As parcelas pagas na rescisão do  contrato de trabalho a título de aviso prévio indenizado e férias  indenizadas  não  integram o  salário  de  contribuição  em  razão  Fl. 533DF CARF MF     24  de  seu  ínsito  caráter  indenizatório."  (1ª Turma Ordinária da 2ª  Câmara da 2ª SJ do CARF ­ Acórdão nº 2201­003.207, Processo  nº 10120.727291/2013­05, Sessão de 14/06/2016)  "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período  de  apuração:  01/01/2009  a  30/09/2009,  01/11/2009  a  31/05/2010, 01/08/2010 a 30/06/2011, 01/08/2011 a 31/12/2011  [...]  AVISO PRÉVIO INDENIZADO. INCIDÊNCIA.  O Superior Tribunal de Justiça já definiu, nos autos do Recurso  Especial  nº  1230957/RS,  julgado  sob  a  sistemática  do  artigo  543­C  do  Código  de  Processo  Civil  de  1973,  que  não  incide  contribuição  previdenciária  sobre  aviso  prévio  indenizado.  [...]"(2ª  Turma  Ordinária  da  2ª  Câmara  da  2ª  SJ  do  CARF  ­  Acórdão  nº  2202­003.378,  Processo  nº  16327.720438/201479,  Sessão de 10/05/2016)  Partindo  dessas  premissas,  diante  da  definitividade  da  decisão  do  STJ,  tomada  em  sede  de  Recurso  Repetitivo,  impõe­se  a  esta  Corte  Administrativa  adotar  a  jurisprudência  mansa  e  pacífica  dos  nossos  Tribunais  Superiores,  provendo  o  pleito  da  contribuinte no sentido de reconhecer a natureza indenizatória da verba concedida a  título de  Aviso Prévio Indenizado, em observância, inclusive, aos artigos 62, § 2º, do RICARF.  B) DA PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS  Pretende a contribuinte  a  reforma da decisão  recorrida, aduzindo para  tanto  que  as  verbas  pagas  pela  empresa  aos  segurados  empregados  a  título  de  Participação  nos  Resultados  não  se  equiparam  àquelas  que  compõem  a  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias,  tendo  em  vista  a  inexistência  dos  requisitos  necessários  à  caracterização  de  salário­de­contribuição.  Em  defesa  de  sua  pretensão,  elabora  substancioso  arrazoado  contemplando  com especificidade os requisitos dispostos na legislação de regência, concluindo estar fora do  campo de incidência das contribuições previdenciárias.  Antes mesmo  de  se  adentrar  as  questões  de mérito  propriamente  ditas,  em  relação ao caso concreto, mister se faz trazer à baila a legislação de regência que regulamenta a  verba sub examine, bem como alguns estudos a propósito da matéria, senão vejamos:  A  Constituição  Federal,  por  meio  de  seu  artigo  7º,  inciso  XI,  instituiu  a  Participação dos empregados nos Lucros e Resultados da empresa, como forma de integração  entre capital e  trabalho e ganho de produtividade, desvinculando­a expressamente da base de  cálculo das contribuições previdenciárias, como segue:  “Art.  7º  São  direitos  dos  trabalhadores  urbanos  e  rurais,  além  de outros que visem à melhoria de sua condição social:  [...]  XI  –  participação  nos  lucros,  ou  resultados,  desvinculada  da  remuneração,  e,  excepcionalmente,  participação  na  gestão  da  empresa, conforme definido em lei;”  Fl. 534DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 522          25  Por  seu  turno,  a  legislação  tributária  ao  regulamentar  a  matéria,  impôs  algumas condições para que as importâncias concedidas aos segurados empregados a título de  participação nos lucros e resultados não integrassem o salário de contribuição, a começar pelo  artigo 28, § 9º, alínea “j”, que assim preceitua:  “Art. 28. [...]  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  lei:  [...]  j – a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando  paga  ou  creditada  de  acordo  com  a  lei  específica.”  (grifos  nossos)  Em atendimento ao estabelecido na norma encimada, a Medida Provisória nº  794/1994, tratando especificamente da questão, determinou em síntese o seguinte:  “Art.  2º  Toda  empresa  deverá  convencionar  com  seus  empregados,  mediante  negociação  coletiva,  a  forma  de  participação destes em seus lucros ou resultados.  Parágrafo  único.  Dos  instrumentos  decorrentes  da  negociação  deverão constar  regras  claras e objetivas quanto à  fixação dos  direitos  substantivos  da  participação  e  das  regras  adjetivas,  inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao  cumprimento  do  acordado,  periodicidade  da  distribuição,  período de  vigência e prazos para  revisão do acordo, podendo  ser  considerados,  entre  outros,  os  seguintes  critérios  e  condições:  a)  índices  de  produtividade,  qualidade  ou  lucratividade  da  empresa; e  b)  programas  de  metas,  resultados  e  prazos,  pactuados  previamente.  Art.  3º A participação de que  trata o artigo 2º não  substitui  ou  complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem  constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista ou  previdenciário.  [...]  §  2º  É  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  nos  lucros  ou  resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre.  [...]”  Após reedições a MP retro fora convertida na Lei nº 10.101/2000,  trazendo  em seu bojo algumas inovações, notadamente quanto a forma/periodicidade do pagamento de  tais verbas, senão vejamos:  Fl. 535DF CARF MF     26  “Art.  2º A participação nos  lucros ou  resultados  será objeto de  negociação  entre  a  empresa  e  seus  empregados,  mediante  um  dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de  comum acordo:   I ­ comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um  representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria;   II ­ convenção ou acordo coletivo.   §  1º  Dos  instrumentos  decorrentes  da  negociação  deverão  constar  regras  claras  e  objetivas  quanto  à  fixação dos  direitos  substantivos  da  participação  e  das  regras  adjetivas,  inclusive  mecanismos  de  aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  periodicidade  da  distribuição,  período de vigência e prazos para  revisão do acordo, podendo  ser  considerados,  entre  outros,  os  seguintes  critérios  e  condições:  I  ­  índices  de  produtividade,  qualidade  ou  lucratividade  da  empresa;   II  ­  programas  de  metas,  resultados  e  prazos,  pactuados  previamente.   §  2º  O  instrumento  de  acordo  celebrado  será  arquivado  na  entidade funcional dos trabalhadores.  [...]  Art.3º  A  participação  de  que  trata  o  art.  2º  não  substitui  ou  complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem  constitui  base  de  incidência  de  qualquer  encargo  trabalhista,  não se lhe aplicando o princípio da habitualidade.   [...]  §  2º  É  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  de  lucros  ou  resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre  civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.   [...]”  Em  suma,  extrai­se  da  evolução  da  legislação  específica  relativa  à  participação nos lucros e resultados que existem dois momentos a serem apartados quanto aos  requisitos  para  não  incidência  das  contribuições  previdenciárias.  Para  o  período  até  29/06/1998, era vedado o pagamento em periodicidade inferior a um semestre. Posteriormente  a 30/06/1998, além da  exigência acima, passou a  ser proibido o pagamento de mais de duas  parcelas no mesmo ano civil.  No que tange aos demais requisitos, especialmente àqueles inscritos no artigo  2º,  as  disposições  legais  continuaram  praticamente  as  mesmas,  exigindo  regras  claras  e  objetivas relativamente ao método de aferição e concessão da verba em comento.  Atualmente,  a  Lei  n°  10.101/2000  se  apresenta  com  algumas  alterações  introduzidas pela Lei n° 12.832, de 20/07/2013, que deixaremos de  contemplar  em  razão de  Fl. 536DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 523          27  não fazer qualquer efeito na hipótese dos autos, que trata de fatos geradores pretéritos a aludido  Diploma Legal.  A  teor  dos  preceitos  inscritos  na  legislação  encimada,  constata­se  que  a  Participação  nos  Lucros  e  Resultados,  de  fato,  constitui  uma  verdadeira  imunidade,  eis  que  desvinculada da tributação das contribuições previdenciárias por força da Constituição Federal,  em virtude de se caracterizar como verba eventual e incerta.  Entrementes,  não  é  a  simples  denominação  atribuída  pela  empresa  à  verba  concedida aos funcionários, in casu, PLR, que irá lhe conferir a não incidência dos tributos ora  exigidos.  Em  verdade,  o  que  importa  é  a  natureza  dos  pagamentos  efetuados,  independentemente da denominação pretendida pela contribuinte. E, para que a verba possua  efetivamente  a  natureza  de  Participação  nos  Lucros  e  Resultados,  indispensável  se  faz  a  conjugação  dos  pressupostos  legais  inscritos  na  MP  nº  794/1994  e  reedições,  c/c  Lei  nº  10.101/2000, dependendo do período fiscalizado.  Nessa  esteira  de  entendimento,  é  de  fácil  conclusão  que  as  importâncias  pagas  aos  segurados  empregados  intituladas  de  PLR  somente  sofrerão  incidência  das  contribuições  previdenciárias  se  não  estiverem  revestidas  dos  requisitos  legais  de  aludida  verba. Melhor  elucidando,  a  tributação  não  se  dá  sobre  o  valor  da  PLR, mas,  tão  somente,  quando assim não restar caracterizada.  Por  sua  vez,  a  interpretação  do  caso  concreto  deve  ser  levada  a  efeito  de  forma objetiva, nos limites da legislação específica. Em outras palavras, a autoridade fiscal e,  bem assim, o julgador não poderão deixar de observar os pressupostos legais de caracterização  de  tal  verba,  sendo defeso,  igualmente,  a  atribuição de  requisitos/condições que não  estejam  contidos nos dispositivos legais que regulamentam a matéria, a partir de meras subjetividades,  sobretudo quando arrimadas em premissas que não constam dos autos, sob pena, inclusive, de  afronta ao Princípio da Legalidade.  Por outro lado, convém frisar que tratando­se de imunidade, os pagamentos a  título de PLR não devem observância aos  rigores  interpretativos  insculpidos nos artigos 111,  inciso  II  e  176,  do  CTN,  os  quais  contemplam  as  hipóteses  de  isenção,  com  necessária  interpretação  restritiva  da  norma.  Ao  contrário,  no  caso  de  imunidade,  a  doutrina  e  jurisprudência  consolidaram  entendimento  de  que  a  interpretação  da  norma  constitucional  poderá  ser  mais  abrangente,  de  maneira  a  fazer  prevalecer  a  própria  vontade  do  legislador  constitucional  ao  afastar  a  tributação de  tais verbas,  o que não  implica dizer que  a PLR não  deve observância ao regramento específico e que a norma constitucional que a prescreve é de  eficácia plena.  Na hipótese vertente, passando à análise das razões do lançamento, impõe­se  confrontar os fundamentos de fato e direito que escoram a pretensão fiscal, com as alegações  recursais  da  contribuinte,  alegando  ter  observado  todos  sos  pressupostos  legais  de  referida  verba.  Com  efeito,  ao  considerar  os  valores  pagos  a  título  de  PLR  como  remuneração,  a  autoridade  fiscal  adotou  como  fundamento  à  sua  empreitada  os  seguintes  fundamentos:  "[...]  Fl. 537DF CARF MF     28    6.9.  A  simples  leitura  dos  acordos  coletivos  apresentados  (acima  extratificados)  evidencia  que  os  mesmos,  independentemente  de  qualquer  critério  (regras,  índices  e  programas  de  meta  e  resultados),  fixam  o  valor  total  da  participação  nos  PLR  2010  e  2011,  respectivamente,  como  pagamento  sendo  feito,  inclusive, em desacordo com o previsto  na redação original do § 2º do Art. 3º da Lei nº 10.101/00. Assim  sendo, não resta dúvida de que a norma legal de que devam ser  estabelecidos parâmetros claros e objetivos para pagamento da  PLR, bem como regras adjetivas, visa buscar o engajamento de  cada empregado na obtenção das metas estabelecidas no acrdo  ou  convenção  coletiva,  que  devam  ser  os  mais  específicos  possíveis e estritamente vinculados à realidade laboral de cada  trabalhador. Assim, o empregado sentir­se motivado para atingir  aquelas  metas  vinculadas  diretamente  a  sua  atuação  ou,  no  mínimo,  ao  desempenho  conjunto  do  setor  em  que  exerce  suas  atividades. Deste modo,  resta  evidente  que  não  atende  ao  bem  jurídico tutelado pela previsão legal da participação nos lucros  ou resultados a mera definição de valores a ser distribuídos aos  empregados.    6.10.  Conclui­se,  então,  que  a  "PLR  ­  Participação  nos  Lucros ou Resultados" paga no período de 01//2009 a 12/2011,  objeto do presente Lançamento Fiscal, não se acha contemplada  em  nenhuma  das  hipóteses  de  exclusão  de  incidência  de  contribuições sociais, possuindo, isto sim, natureza salarial, logo  integram o salário­de­contribuição, sofrendo, consequentemente,  a incidência das contribuições devidas, uma vez que não nos foi  apresentado o acordo coletivo estabelecendo/fixando os critérios  (regras, índices, prazos e programas de meta e resultados). Tais  valores  estão  devidamente  discriminados  e  individualizados  no  ANEXO III do presente relatório, e  lançados, de forma mensal,  no Relatório de Lançamentos, parte integrante deste AIOP. [...]"  Em  que  pesem  as  substanciosas  razões  ofertadas  pela  contribuinte,  seu  inconformismo,  contudo,  não  tem  o  condão  de  prosperar.  Do  exame  dos  elementos  que  instruem  o  processo,  conclui­se  que  a  decisão  recorrida  merece  ser  mantida,  pelos  seus  próprios fundamentos.  Não  obstante  as  substanciosas  razões  de  fato  e  de  direito  ofertadas  pela  contribuinte,  seu  inconformismo,  contudo,  não  tem  o  condão  de  prosperar,  impondo  seja  mantida a exigência fiscal, quanto a PLR, em sua plenitude, como passaremos a demonstrar.  Isto porque, o requisito basilar para o pagamento da Participação nos Lucros  e Resultados é a instituição do Programa formalizado em uma das modalidades constantes da  legislação  de  regência,  estabelecendo,  no  mínimo,  regras  claras  e  objetivas,  bem  como  mecanismos de aferição pertinentes ao acordado, capazes de legitimar a concessão de aludida  verba  Sem a instrumentalização do Programa de PLR, com requisitos mínimos, não  se pode aferir sob quais condições referida verba será paga, representando absoluta afronta aos  preceitos  da  Lei  n°  10.101/2000,  os  quais  são  de  observância  obrigatória  para  aqueles  contribuintes que pretendem conceder a PLR.  Não  se  sabe,  por  exemplo,  se  a  empresa  terá  que  obter  lucro  ou  algum  resultado no decorrer de um período de maneira a justificar tal pagamento. A rigor, na forma  Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 524          29  que fora concedida a PLR, esta será paga  independentemente de qualquer  fato, bastando que  seja empregado, o que reforça a tese de se caracterizar como efetiva remuneração.  A  fazer  prevalecer  este  entendimento,  como  muito  bem  delineado  pela  autoridade  fiscal  ao  promover  o  lançamento,  do  instrumento  que  pretendeu  oferecer  as  condições à PLR paga pela contribuinte,  inexistem a  toda evidência  regras claras e objetivas  quanto  à  fixação  dos  direitos  substantivos  da  participação  e  das  regras  adjetivas,  inclusive  mecanismos  de  aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  pressupostos mínimos ao pagamento de aludida verba.  Como  acima  alinhavado,  no  presente  caso  a  tributação  da  verba  paga  pela  empresa se justifica exatamente em razão de não se revestir das características da PLR, o que  se fosse verdade, afastaria a incidência de contribuições previdenciárias.  Em  outras  palavras,  o  que  se  tributa  é  a  verba  que  tem  natureza  eminentemente  salarial,  uma  vez  não  observados  os  pressupostos  para  não  incidência  das  contribuições previdenciárias,  desnaturando,  assim,  a  intitulada PLR concedida pela  empresa  que, em verdade, se apresenta como remuneração na sua essência.  C) DO ABONO ESPECIAL  No que  tange  aos  pagamentos  concedidos  aos  segurados  a  título  de Abono  Especial,  contrapõe­se à pretensão  fiscal,  sustentando que estão  fora do campo de  incidência  das  contribuições  previdenciárias,  porquanto  pagos  por mera  liberalidade  do  empregador,  de  forma eventual, na forma do item 7, alínea "e", do § 9º, do artigo 28, da Lei nº 8.212, de 1991,  não  havendo  a  comprovação  por  parte  da  autoridade  fiscal  de  que  tais  valores  estivessem  vinculados  a  fatores  de  eficiência,  assiduidade,  tempo  de  serviço  e  outros  relacionados  ao  desenvolvimento do labor.  Inobstante  as  alegações  de  fato  e  de  direito  ofertadas  pela  contribuinte,  o  entendimento acima alinhavado não é capaz de rechaçar a exigência fiscal, mormente quando  pagos em desconformidade com a legislação de regência.  Isto  porque,  uma  vez  a  autoridade  fiscal  se  desincumbindo  do  ônus  de  comprovar a ocorrência do fato gerador do tributo, o que ocorrera in casu, cabe ao contribuinte  demonstrar  que  os  pagamento  concedidos  aos  seus  segurados  não  possuem  natureza  remuneratória, o que não se vislumbra no caso vertente.  Destarte, relativamente aos abonos pagos em virtude de Convenção Coletiva,  o  exame  da  matéria  impõe  sejam  separados  dois  períodos.  Anteriormente  ao  advento  do  Decreto  nº  3.265/99,  e  após  a  sua  edição,  que,  ao  regulamentar  referida  hipótese  de  não  incidência de contribuição previdenciária, impôs condição legal para tanto, senão vejamos.  De conformidade com a legislação previdenciária, as importâncias recebidas  pelos  segurados empregados a  título de abono,  expressamente desvinculadas do salário,  com  espeque no artigo 28, § 9º, alínea “e”, item 7, da Lei nº 8.212/91, com redação dada pela Lei nº  9.711,  de  21  de  novembro  de  1998,  não  integram  a  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias, como segue:  “Art. 28. [...]  Fl. 539DF CARF MF     30  § 9º. Não integram o salário­de­contribuição para os fins desta  Lei, exclusivamente:  [...]  e) as importâncias:  [...]  7.  recebidas  a  título  de  ganhos  eventuais  e  os  abonos  expressamente desvinculados do salário;”  Ao regulamentar o dispositivo legal encimado, o RPS, em seu artigo 214, §  9º, alínea “j”, na forma estabelecida pelo Decreto nº 3.265/99, restringiu seus efeitos, impondo  nova condição nos seguintes termos:  “Art. 214. Entende­se por salário­de­contribuição:  [...]  § 9º ­ Não integram o salário­de­contribuição, exclusivamente:  [...]  j)  ganhos  eventuais  e  abonos  expressamente  desvinculados  do  salário por força de lei;”  Como se verifica, antes do Decreto nº 3.265/99, de 30 de novembro de 1999,  para  que  os  valores  pagos  aos  segurados  empregados  a  título  de  abono  não  integrassem  o  salário  de  contribuição,  observados  os  requisitos  legais,  não  precisariam  estar  desvinculados  expressamente  mediante  lei.  Bastaria,  a  não  vinculação  expressa,  servindo  para  tanto  Acordos/Convenções Coletivas.  Na hipótese vertente,  consoante  se  infere da  análise dos  autos,  a  recorrente  pagou  aos  seus  funcionários  abonos  decorrentes  de  Convenção  Coletiva  fora  do  período  compreendido entre 21/11/1998 (edição da Lei 9.711) a 30/11/1999 (edição do Decreto 3.265),  que  não  estariam  sujeitas  às  contribuições  previdenciárias,  conquanto  que  expressamente  desvinculadas  pelos  instrumentos  que  os  concederam,  e  obedecidas  às  normas  regulamentadoras.  Assim,  tratando­se  o  presente  caso  de  abonos  decorrentes  de  Convenção  Coletiva, relativamente a competência posterior à edição do Decreto 3.265 (30/11/99), o qual  exigiu a desvinculação expressa em lei para não incidência de contribuições previdenciárias, ao  regulamentar a Lei nº 8.212/91, por meio do artigo 214, § 9º, alínea “j”, do Decreto 3.048/99,  deve  ser  mantido  o  lançamento  na  forma  constituída  pelas  razões  de  fato  e  de  direito  que  passamos a desenvolver.  Ao admitir a não incidência de contribuições previdenciárias incidentes sobre  as  verbas  pagas  a  título  de  abono,  ainda  que  decorrentes  de  Convenção  Coletiva,  posteriormente  a edição  do Decreto nº 3.265/99,  como pretende  a contribuinte,  teríamos  que  interpretar o artigo 214, § 9º,  alínea “j”, do RPS, de  forma extensiva, o que vai de encontro  com a legislação de regência, como acima demonstrado.  Com efeito, nos termos do dispositivo legal retro, não integram o salário de  contribuição  as  importâncias  recebidas  pelo  empregado  ali  elencadas,  expressamente  desvinculadas do salário mediante lei, não se podendo interpretar a legislação instituidora dessa  isenção extensivamente, de forma a desconsiderar a exigência de “lei”, a pretexto da existência  Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 525          31  de Convenção Coletiva que trouxe em seu bojo a desvinculação pretendida, tendo em vista que  não pode ser considerada como “lei”  stricto  sensu,  a qual emana do poder  legislativo, muito  embora não se negue a força normativa da Convenção Coletiva, conquanto que congruentes à  legislação de regência.  Em  outra  via,  somente  a  título  elucidativo,  sequer  pode  se  admitir  aplicabilidade dos preceitos inscritos no Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e Ato Declaratório  PGFN  nº  16/2011,  os  quais  afastam  a  incidência  de  Abonos  Únicos  nos  termos  da  jurisprudência  consolidada pelo STJ,  uma vez  não  se  vislumbrar  a  necessária  eventualidade,  bem  como  a  desvinculação  ao  respectivo  salário  nos  valores  pagos  pela  contribuinte  na  hipótese dos autos:  A propósito  da matéria,  o  julgador  de primeira  instância  foi muito  feliz  ao  rechaçar o pleito da contribuinte, como segue:  "[...]    Por  outra  banda,  ainda  que  se  considere  entendimento  jurisprudencial do STJ no sentido de que o abono único, previsto  em Convenção Coletiva de Trabalho, não sofre a incidência de  contribuição previdenciária, o caso em questão não se subsume  a  situação  posta  no  Parecer  PGFN/CRJ  nº  2114/2011  e  ato  declaratório PGFN 16/2011,  que determina  a  não  interposição  de recursos em casos como tal:  Assunto: Nas ações judiciais que visem obter a declaração  de  que  sobre  o  abono  único,  previsto  em  Convenção  Coletiva  de Trabalho,  desvinculado do  salário  e  pago  sem  habitualidade,  não  há  incidência  de  contribuição  previdenciária.  A  embasar  tal  ato  declaratório  extraio  o  seguinte  acórdão  do STJ:  Processo Civil  e Tributário. Contribuição Previdenciária  e  FGTS.  Abono  Único  Previsto  em  Convenção  Coletiva  de  Trabalho.  Art.  28,  §  9º,  'e',  Item  7,  da  Lei  8.212/91.  Eventualidade  e  Desvinculação  do  Salário,  no  Caso.  Não  Incidência. Precedentes de Ambas As Turmas da 1ª Seção.  Recurso Especial Provido.  VOTO­VISTA  O EXMO. SR. MINISTRO TEORI ALBINO ZAVASCKI:  1. Trata­se de recurso especial interposto contra acórdão do  Tribunal Regional Federal da 1ª Região que,  em mandado  de  segurança preventivo  visando à afastar a  incidência da  contribuição previdenciária e do FGTS sobre o abono único  pago em função da Cláusula 46ª da Convenção Coletiva de  Trabalho 2002/2003, deu provimento às apelações do INSS  e  da  Fazenda  Nacional  e  à  remessa  oficial,  reformando  a  sentença que concedera a ordem.  (...)  Fl. 541DF CARF MF     32  Pedi vista.  2.  Acompanho  o  relator  apenas  quanto  à  inexistência  de  violação ao artigo 535 do CPC.  Divirjo, todavia, em relação à questão da incidência ou não  da contribuição previdenciária e do FGTS sobre os valores  pagos a  título de  "abono único" decorrentes de  convenção  coletiva de trabalho.  (...)  Ora, considerando a disposição contida no art. 28, § 9º, 'e',  item 7, da Lei 8.212/91, é possível concluir que o referido  abono  não  integra  a  base  de  cálculo  do  salário  de  contribuição,  já  que  o  seu  pagamento  não  é  habitual  ­  observe­se  que,  na  hipótese,  a  previsão  de  pagamento  é  única, o que revela a eventualidade da verba ­, e não  tem  vinculação  ao  salário  ­  note­se  que,  no  caso,  o  benefício  tem valor fixo para todos os empregados e não representa  contraprestação  por  serviços,  tendo  em  vista  a  possibilidade  dos  empregados  afastados  do  trabalho  também  receberem  a  importância.  Nesse  contexto,  é  indevida a  incidência da contribuição previdenciária sobre  as  importâncias  recebidas  a  título  de  "abono  único"  previstas na cláusula acima referida. ( grifei)  (...)  (STJ, REsp 819.552/BA, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, Rel.  p/ acórdão Teori Albino Zavascki, DJe 18/5/2009)    Como dito anteriormente, a situação posta nestes autos não  se subsume ao enunciado do Ato Declaratório PGFN nº 16/2011,  como pode se verificar das cláusulas concessivas do abono nas  convenções coletivas de trabalho 2009/2011:  CLÁUSULA 2 ­ ABONO PECUNIÁRIO  As  empresas  concederão,  em  caráter  especial  e  eventual,  aos  empregados  um  ABONO  PECUNIÁRIO  ESPECIAL,  totalmente  desvinculado  do  salário,  equivalente  a  17%  (Dezessete  por  cento)  do  salário  base  vigente  em  31  de  Outubro  de  2009,  em  duas  parcelas  de  8,5%  (oito  e meio  por  cento)  cada,  a  serem  pagas,  a  primeira  até  04  de  Dezembro  de  2009  e  a  segunda  até  18  de  Dezembro  de  2009,  aplicados até  o  teto  salarial  de R$ 4.555,00  (quatro  mil quinhentos e cinqüenta e cinco reais).  1  ­ Os empregados que ganham acima do  teto receberão o  ABONO em duas parcelas nas seguintes condições:  Até  04  de  Dezembro/2009  :  valor  fixo  de  R$  387,18  (trezentos e oitenta e sete reais e dezoito centavos)  Até  18  de  Dezembro/2009  :valor  fixo  de  R$  387,18  (trezentos e oitenta e sete reais e dezoito centavos)  Parágrafo  único:  Estes  abonos  são  devidos  apenas  aos  empregados  com  contrato  de  trabalho  vigente  em  31  de  Fl. 542DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 526          33  Outubro de 2009 e que estejam trabalhando na empresa na  época de seus pagamentos.  CONVENÇÃO  COLETIVA  DE  TRABALHO  2011/2013  CLÁUSULA 2 ­ ABONO PECUNIÁRIO  As  empresas  concederão,  em  caráter  especial  e  eventual,  aos  empregados  um  ABONO  PECUNIÁRIO  ESPECIAL,  totalmente  desvinculado  do  salário,  equivalente  a  26%  (vinte  seis  por  cento)  do  salário  base  vigente  em  31  de  Outubro  de  2011,  em  duas  parcelas  de  13%  (treze  por  cento) cada, a serem pagas, a primeira até 02 de dezembro  de  2011  e  a  segunda  até  16  de  dezembro  de  2011,  aplicados até o teto salarial de R$ 6.000,00 (seis mil reais).  1 ­ Os empregados que ganham acima do teto receberão o  ABONO em duas parcelas nas seguintes condições:  •  Até  02  de  dezembro  de  2011:  valor  fixo  de  R$  780,00  (setecentos e oitenta reais).  •  Até  16  de  dezembro  de  2011:  valor  fixo  de  R$  780.00  (setecentos e oitenta reais).  Parágrafo  único:  Estes  abonos  são  devidos  apenas  aos  empregados  com  contrato  de  trabalho  vigente  em  31  de  Outubro de 2011 e que estejam trabalhando na empresa na  época de seus pagamentos.    Veja­se  que  os  pagamentos  foram  feitos  em  duas  parcelas  no  ano,  e  com  vinculação  ao  salário  (porcentagem do  salário)  condições  estas  impostas  também  na  cláusula  na  convenção  coletiva 2011/2013.    Ademais, se considerarmos que em todo o período de 2008  a 2013 o abono especial foi pago em continuidade, não há que se  falar em eventualidade pois já se incorporaram a expectativa do  trabalhador em receber tal verba.    Como  é  cediço  os  ganhos  habituais  integram  a  remuneração do segurado empregado, a teor do artigo 201, § 11  da Constituição Federal, verbis:  [...]    O que é determinante para caracterizar a habitualidade é o  conhecimento  prévio  de  que  os  valores  serão  concedidos,  ou  seja, uma vez que se torna uma prática constante, como no caso  do  abono  especial,  existe  a  expectativa  do  empregado  no  recebimento  destes  valores.  Essa  previsão  retira  o  caráter  de  eventualidade,  constituindo  tais  valores  em  base  de  cálculo  de  contribuição previdenciária.    Dessa  forma,  o  lançamento  das  contribuições  incidentes  sobre  o  abono  pecuniário  especial  deve  ser  mantido  nos  seus  exatos termos.  Fl. 543DF CARF MF     34  [...]"  Nesse  sentido,  não  se  cogita  da  exclusão  dos  levantamentos  relativos  as  verbas sub examine posteriormente ao advento do Decreto nº 3.265/99, uma vez que o fiscal  autuante, bem como autoridade recorrida, em posterior análise do processo, agiram da melhor  forma,  com  estrita  observância  à  legislação  de  regência,  especialmente  ao  artigo  214,  §  9º,  alínea “j”, do RPS.  DA MULTA QUALIFICADA  Consoante  acima  explicitado,  ao  constituir  o  crédito  tributário,  o  fiscal  autuante  aplicou  a  multa  qualificada  inscrita  no  artigo  44,  §  1º,  da  Lei  nº  9.430/96,  por  considerar que a contribuinte agiu de forma reiteradamente fraudulenta, ao adotar a conduta de  utilização  de  empresas  interpostas  na  contratação  de  seus  empregados,  bem  como  praticou  sonegação de contribuições previdenciárias, conduta esta que é trata nos arts. 71 e 72 da Lei nº  4.502/1964;  Em suas razões recursais, aduz a contribuinte que a Fiscalização não se deu  ao  trabalho  de  identificar,  taxativamente,  além  de  comprovar,  a  conduta  da  Recorrente  nas  situações  descritas  pelos  dispositivos  legais  utilizados  para  fundamentação  do  Auto  de  Infração,  não  havendo  se  falar  em  aludida  penalidade,  mesmo  porque  não  se  comprovou  o  evidente intuito doloso ou mesmo a ocorrência simultânea de sonegação, fraude e conluio por  parte da autuada, capaz de justificar referida imputação, ao contrário do assentado no Relatório  Fiscal.  No  âmbito  das  contribuições  previdenciárias,  anteriormente  administradas  pela Secretaria da Receita Previdenciária, na maioria dos casos inexistia o devido cuidado em  caracterizar a conduta dolosa do contribuinte para efeito de comprovação dos crimes fiscais do  dolo, fraude ou simulação. A fiscalização tão somente informava à notificada da existência de  Representação Fiscal para Fins Penais quando da lavratura da notificação fiscal.  Isto porque, além de inexistir multa de ofício qualificada, àquela época, vigia  o  artigo  45  da  Lei  nº  8.212/91,  o  qual  contemplava  o  prazo  decadencial  de  10  (dez)  anos,  independentemente  de  antecipação  de  pagamento  e/ou  ocorrência  de  dolo,  fraude  ou  simulação.  Após a unificação das Secretarias das Receitas Previdenciária e Federal, em  Receita Federal  do Brasil  (“Super Receita”),  as  contribuições previdenciárias passaram a  ser  administradas  pela  RFB  que,  em  curto  lapso  temporal,  compatibilizou  os  procedimentos  fiscalizatórios  e,  por  conseguinte,  de  constituição  de  créditos  tributários,  estabelecendo,  igualmente, para os tributos em epígrafe multas de ofício a serem aplicadas em observância à  Lei n° 9.430/1996, conforme alterações na legislação introduzidas pela Lei nº 11.941/2009.  Diante desses  fatos, com a declaração da  inconstitucionalidade do artigo 45  da Lei nº 8.212/91, associada com os novos procedimentos adotados pela RFB e a transferência  de  competência  para  julgamento  das  contribuições  previdenciárias  do  CRPS  para  o  CARF,  passou  a  ser  de  extrema  importância  a  comprovação  da  ocorrência  de  dolo,  fraude  ou  simulação,  para  efeito  de  aplicação  do  prazo  decadencial,  do  artigo  150,  §  4,  ou  artigo  173,  inciso I, do CTN.  Na esteira desse raciocínio, antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão,  cumpre trazer à baila os dispositivos legais que atualmente regulamentam a matéria, que assim  prescrevem:  Fl. 544DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 527          35  “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as  seguintes multas:  I  ­  de  75%  (setenta  e  cinco  por  cento)  sobre  a  totalidade  ou  diferença  de  imposto  ou  contribuição  nos  casos  de  falta  de  pagamento  ou  recolhimento,  de  falta  de  declaração  e  nos  de  declaração inexata;  [...]  § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste  artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da  Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de  outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.  Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as  figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, estabelecem o que segue:  “Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a  impedir ou retardar,  total ou parcialmente, o conhecimento por  parte da autoridade fazendária:   I  ­  da  ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal, sua natureza ou circunstâncias materiais;   II ­ das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar  a  obrigação  tributária  principal  ou  o  crédito  tributário  correspondente.   Art  .  72.  Fraude  é  toda  ação  ou  omissão  dolosa  tendente  a  impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato  gerador  da  obrigação  tributária  principal,  ou  a  excluir  ou  modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o  montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.   Art  . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas  naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos  arts. 71 e 72.”  Consoante  se  infere  dos  dispositivos  legais  acima  transcritos,  impõe­se  à  autoridade lançadora a observância dos parâmetros e condições básicas previstas na legislação  de regência em casos de  imputação da multa qualificada (in casu, exclusivamente do crime),  que somente poderá ser  levada a efeito quando àquela estiver convencida do cometimento do  crime  (dolo,  fraude  ou  simulação),  devendo,  ainda,  relatar  todos  os  fatos  de  forma  pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo  atribuída e, bem assim, ao procurador de que o delito fora efetivamente praticado.  Em outras palavras, não basta à indicação da conduta dolosa, fraudulenta ou  simulatória, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação  por  parte  da  autoridade  fiscal  da  intenção  pré­determinada  do  contribuinte,  demonstrada  de  modo  concreto,  sem  deixar  margem  a  qualquer  dúvida,  visando  impedir/retardar  o  recolhimento do tributo devido.  Fl. 545DF CARF MF     36  Este  entendimento,  aliás,  encontra­se  sedimentado  no  âmbito  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais  –  CARF,  conforme  se  extrai  dos  julgados  com  suas  ementas abaixo transcritas:  “MULTA AGRAVADA – Fraude – Não pode  ser presumida ou  alicerçada  em  indícios.  A  penalidade  qualificada  somente  é  admissível  quando  factualmente  constatada  as  hipóteses  de  fraude,  dolo  ou  simulação.”  (8ª  Câmara  do  1°  Conselho  de  Contribuintes – Acórdão n° 108­07.561, Sessão de 16/10/2003)  (grifamos)  “ MULTA QUALIFICADA  – NÃO CARACTERIZAÇÃO  –  Não  tendo sido comprovada de forma objetiva o resultado do dolo, da  fraude  ou  da  simulação,  descabe  a  qualificação  da  penalidade  de  ofício  agravada.”  (2ª  Câmara  do  1°  Conselho  de  Contribuintes – Acórdão n° 102­45.625, Sessão de 21/08/2002)  “MULTA DE OFÍCIO – AGRAVAMENTO – APLICABILIDADE  – REDUÇÃO DO PERCENTUAL – Somente deve ser aplicada a  multa  agravada  quando  presentes  os  fatos  caracterizadores  de  evidente intuito de fraude, como definido nos artigos 71 a 73 da  Lei n° 4.502/64, fazendo­se a sua redução ao percentual normal  de 75%, para os demais casos, especialmente quando se referem  à  infrações  apuradas  por  presunção.”  (8ª  Câmara  do  1°  Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 108­07.356, Sessão de  16/04/2003) (grifamos)  Em  decorrência  da  jurisprudência  uníssona  nesse  sentido,  o  então  1º  Conselho de Contribuintes consagrou de uma vez por todas o entendimento acima alinhavado,  editando a Súmula nº 14, determinando que:   “ Súmula 1ºCC nº 14: A simples apuração de omissão de receita  ou  de  rendimentos,  por  si  só,  não  autoriza  a  qualificação  da  multa  de  ofício,  sendo  necessária  a  comprovação  do  evidente  intuito de fraude do sujeito passivo.”  Assim,  impende  analisar  os  autos  detidamente  de  maneira  a  elucidar  se  o  fiscal autuante logrou comprovar que a contribuinte agiu com dolo, com o intuito de fraudar ou  simular a hipótese de incidência da obrigação tributária.  Com efeito, cabe à autoridade lançadora demonstrar de forma pormenorizada  suas razões no sentido de que a contribuinte agiu com dolo, fraude ou simulação, para efeito da  conclusão/comprovação do crime arquitetado pela autuada.  Na hipótese vertente,  o  ilustre  fiscal  autuante  escorou  a aplicação da multa  qualificada nos seguintes termos constantes do Relatório Fiscal, item 9, in verbis:  "[...]    Como  base  nas  informações  e/ou  documentos  informados  exaustivamente no  item 3 deste Relatório Fiscal  ­ REFISC,  fica  evidente que buscando a extinção/redução dos tributos devidos à  Fazenda  Nacional,  o  sujeito  passivo  (GLOBO  CENTRAL)  omitiu,  reiteradamente,  ser  o  empregador/contratante  DE  FATO  dos  segurados  empregados  que  efetivamente  lhe  prestavam  serviços  mas  estavam  formalmente  registrados  ou  vinculados  em  empresa  diversa  (GLOBO  EQUIPAMENTOS  ­  Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 528          37  SOLIDÁRIA),  visando  usufruir  artificial  e  indevidamente  dos  benefícios  do  regime  de  tributação  do  Simples  Nacional  desta  última,  ocultando,  desta  forma,  o  efetivo  valor  da  obrigação  tributária principal  e  impedindo o  conhecimento da ocorrência  dos fatos geradores, evidencia a intenção dolosa da empresa no  cometimento  da  infração  e  implica  qualificação  da  multa  de  ofício, aplicada com base no §1º do art. 44 da Lei n° 9.430/96  c/c art. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30/11/1964. [...]”  Como se observa, da leitura do excerto do Relatório Fiscal acima transcrito,  não  podemos  afirmar  com  a  segurança  que  o  caso  exige  ter  a  contribuinte  agido  com  dolo  objetivando suprimir tributos, mesmo porque não houve um aprofundamento do fiscal autuante  a  este  respeito,  de  maneira  a  proceder  à  subsunção  do  fato  (conduta  da  empresa)  à  norma  (tipificação penal).  Em verdade, a fiscalização fez uma verdadeira remissão ao mérito da própria  demanda,  relativamente  à  contratação  de  empresas  para  prestar  serviços  com  natureza  da  relação  empregatícia,  não  declinando  precisamente  qual  teria  sido  a  conduta  dolosa  da  contribuinte no sentido de suprimir tributos e/ou mascarar o seu fato gerador.  Com efeito, o fato de constar do Relatório Fiscal da Autuação as razões que  levaram  à  fiscalização  a  desconsiderar  a  personalidade  jurídica  das  empresas  prestadoras  de  serviços,  caracterizando  os  respectivos  sócios  como  segurados  empregados  da  autuada  não  suprime  o  dever  legal  do  fisco  de  justificar  e  comprovar  o  crime  a  ser  imputado  ao  contribuinte.  A  Egrégia  Segunda  Turma  da  Câmara  Superior  de  Recursos  Fiscais,  adotando o mesmo entendimento encimado, já se manifestou a propósito da matéria em caso da  mesma natureza, nos seguintes termos:  “[...]  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  DOLO,  FRAUDE  OU  SIMULAÇÃO.  NÃO  OCORRÊNCIA.  SIMPLES  DESCONSIDERAÇÃO DE VÍNCULO PACTUADO ­ PESSOAS  JURÍDICAS  E  CARACTERIZAÇÃO  DE  SEGURADOS  EMPREGADOS.  A  simples  procedência  de  notificação  fiscal,  estribada  na  desconsideração  de  personalidade  jurídica  das  empresas  prestadoras  de  serviços,  com  a  consequente  caracterização  de  segurados  empregados,  sem  que  haja  uma  perfeita demonstração da conduta do contribuinte com o fito de  sonegar  tributos,  não  é  capaz  de  comprovar  a  ocorrência  de  dolo,  fraude  ou  simulação  de  maneira  a  deslocar  o  prazo  decadencial do artigo 150, § 4°, para o artigo 173, inciso I, do  Código  Tributário  Nacional.  Ademais,  o  artigo  229,  §  2º,  do  Regulamento da Previdência Social­RPS, aprovado pelo Decreto  nº  3.048/99,  o  qual  oferece  guarida  a  aludido  procedimento,  exige  tão  somente  a  demonstração  da  existência  dos  requisitos  do vínculo laboral para que seja procedente o lançamento, nada  dissertando a respeito da simulação, que poderá ou não vir a ser  demonstrada,  não  implicando,  necessariamente,  que  um  fato  conduz a outro, sem que ocorra um aprofundamento em relação  Fl. 547DF CARF MF     38  à  imputação  do  crime  fiscal.”  (Acórdão  n°  9202­01.127  –  Processo n° 16095.000604/2007­69, Sessão de 19/10/2010)  Não bastasse isso, no presente caso, o que torna ainda mais digno de realce é  que  a  própria  Lei  n°  11.196/2005  contempla  a  possibilidade  de  prestação  de  serviços  de  natureza  intelectual  mediante  pessoa  jurídica.  Assim,  independentemente  da  comprovação  efetiva da prestação de serviços nesta modalidade, é certo que a própria legislação de regência  possibilita inúmeras interpretações quanto à forma de contratação de prestadores de serviços.  Neste  sentido,  a  mera  interpretação  equivocada  da  contribuinte  quanto  a  aplicabilidade da norma legal, não pode ensejar a aplicação de multa qualificada, arrimada em  crime  de  sonegação  fiscal,  sem  que  a  fiscalização  se  aprofunde  na  matéria,  demonstrando  cabalmente  a  conduta  dolosa  da  empresa  com maiores  elementos  e  esclarecimentos,  não  se  prestando  para  tanto  a  justificativa  da  desconsideração  da  personalidade  jurídica  daquelas  prestadoras de serviços.  Partindo  dessa  premissa,  o  simples  fato  da  pretensa  procedência  do  lançamento  em  relação  ao  mérito,  legitimando  a  desconsideração  procedida  pela  autoridade  lançadora,  a  partir  da  comprovação  dos  requisitos  do  vínculo  laboral,  não  implica  dizer  necessariamente que a contribuinte cometeu o CRIME de simulação e/ou sonegação. Mesmo  porque o  dispositivo  legal  que  contempla  tal  procedimento,  qual  seja,  o  artigo  229,  §  2º,  do  Regulamento  da  Previdência  Social­RPS,  aprovado  pelo  Decreto  nº  3.048/99,  exige  exclusivamente  a  comprovação  dos  pressupostos  da  relação  empregatícia,  inscritos  no  artigo  12, inciso I, alínea “a” da Lei nº 8.212/91. Nada menciona sobre dolo, fraude ou simulação.  Nesse sentido, a análise fática de casos dessa natureza impõe primeiramente e  necessariamente  a  verificação  da  demonstração  da  existência  de  tais  requisitos  (do  vínculo  empregatício), o que não ocorre quanto à simulação, que poderá vir elucidada/comprovada ou  não.  Dessa  forma,  repita­se, o  fato de se considerar procedente o  lançamento, se  for o caso, estribado na desconsideração da personalidade jurídica e consequente caracterização  de segurados empregados, não quer dizer necessariamente que há o crime de simulação, dolo  ou  fraude  comprovados.  Impõe­se,  assim,  um  aprofundamento  maior  no  tema  por  parte  do  fiscal autuante ao pretender  imputar  tais crimes ao contribuinte, de forma a comprovar, além  dos pressupostos do vínculo laboral, a conduta criminosa da autuada.  No  caso  sob  análise,  não  vislumbramos  a  demonstração  da  ocorrência  do  CRIME de simulação, com a segurança que o caso exige.  Pretender  vincular  uma  conduta  a  outra  (desconsideração  de  personalidade  jurídica  com  a  caracterização  de  segurados  empregados  e  crime  de  simulação)  implicará  considerar a existência de simulação em todo lançamento julgado procedente, em que houver  referido  procedimento,  olvidando­se  que  o  fundamento  legal  que  o  justifica  nada  fala  sobre  simulação, não exigindo a sua comprovação para justificá­lo.  A  rigor,  podemos  traçar  um  paralelo  entre  essa  situação  com  a  simples  constatação de omissão de receitas/rendimentos, em que a Sumula nº 14 do Primeiro Conselho  de Contribuintes  já  firmou  o  entendimento  que,  isoladamente,  não  se  presta  a  caracterizar  a  conduta dolosa do contribuinte.  Em  outras  palavras,  tal  qual  no  caso  de  simples  omissão  de  receitas/rendimentos, a simples demonstração da existência dos pressupostos da relação laboral  entre  os  prestadores  de  serviços  e  a  contribuinte,  ainda  que  a  partir  da  desconsideração  do  Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 529          39  vínculo pactuado e da personalidade jurídica de empresas, por si só, não é capaz de comprovar  a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, como se vislumbra na hipótese dos autos.  Não  fosse  assim,  teríamos  que  considerar  automaticamente  dolosa,  fraudulenta ou simulatória a conduta do contribuinte toda vez que houver a caracterização de  prestadores de serviços como segurados empregados, o que, em nosso entender, não representa  a  intenção  do  legislador  ao  impor  a  comprovação  daquelas  condutas  para  efeito  da  demonstração do crime.  DA  APRECIAÇÃO  DE  QUESTÕES  DE  INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES  NA  ESFERA  ADMINISTRATIVA.  Relativamente  às  questões  de  inconstitucionalidades  arguidas  pela  contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como a multa e juros ora  exigida encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a  declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da  Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais.  Note­se,  que  o  escopo  do  processo  administrativo  fiscal  é  verificar  a  regularidade/legalidade  do  lançamento  à  vista  da  legislação  de  regência,  e  não  das  normas  vigentes  frente  à  Constituição  Federal.  Essa  tarefa  é  de  competência  privativa  do  Poder  Judiciário.  A  própria  Portaria MF  nº  353/2015,  que  aprovou  o  Regimento  Interno  do  Conselho Administrativo  de  Recursos  Fiscais  ­  CARF,  é  por  demais  enfática  neste  sentido,  impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de  inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos:  “Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do  CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo  internacional,  lei  ou  decreto,  sob  fundamento  de  inconstitucionalidade.  §  1º  O  disposto  no  caput  não  se  aplica  aos  casos  de  tratado,  acordo internacional, lei ou ato normativo:  I  ­  que  já  tenha  sido  declarado  inconstitucional  por  decisão  definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;  II ­ que fundamente crédito tributário objeto de:  a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos  do art. 103­A da Constituição Federal;  b)  Decisão  definitiva  do  Supremo  Tribunal  Federal  ou  do  Superior  Tribunal  de  Justiça,  em  sede  de  julgamento  realizado  nos termos dos arts. 543­B e 543­C da Lei nº 5.869, de 1973, ou  dos arts.  1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015  ­ Código de  Processo  Civil,  na  forma  disciplinada  pela  Administração  Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016)  c)  Dispensa  legal  de  constituição  ou  Ato  Declaratório  da  Procuradoria­Geral  da  Fazenda  Nacional  (PGFN)  aprovado  Fl. 549DF CARF MF     40  pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos  termos dos arts. 18 e  19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002;  d)  Parecer  do  Advogado­Geral  da  União  aprovado  pelo  Presidente  da  República,  nos  termos  dos  arts.  40  e  41  da  Lei  Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e  e) Súmula da Advocacia­Geral da União, nos termos do art. 43  da  Lei  Complementar  nº  73,  de  1993.  (Redação  dada  pela  Portaria MF nº 39, de 2016)  § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo  Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria  infraconstitucional,  na  sistemática  dos  arts.  543­B  e  543­C  da  Lei  nº  5.869,  de  1973,  ou  dos  arts.  1.036  a  1.041  da  Lei  nº  13.105,  de  2015  ­  Código  de  Processo  Civil,  deverão  ser  reproduzidas pelos conselheiros no  julgamento dos recursos no  âmbito do CARF.  (Redação dada pela Portaria MF nº  152,  de  2016)”  Observe­se, que somente nas hipóteses contempladas nos parágrafos e incisos  do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o  que não se vislumbra no presente caso.  A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece:  “O  CARF  não  é  competente  para  se  pronunciar  sobre  a  inconstitucionalidade de lei tributária.”  E,  segundo  o  artigo  72,  e  parágrafos,  do  Regimento  Interno  do  CARF,  as  Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação  obrigatória por este Conselho.  Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a  propósito da discussão sobre  inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder  Judiciário, senão vejamos:  “Art.  102.  Compete  ao  Supremo  Tribunal  Federal,  precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo­lhe:  I – processar e julgar, originariamente:  a)  a  ação  direta  de  inconstitucionalidade  de  Lei  ou  ato  normativo  federal  ou  estadual  e  a  ação  declaratória  de  constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal;  [...]”  Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em  relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram  o presente lançamento.  No  que  tange  a  jurisprudência  trazida  à  colação  pela  recorrente,  mister  elucidar,  com  relação  às  decisões  exaradas  pelo  Judiciário,  que  os  entendimentos  nelas  expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão  dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha  se manifestado em definitivo a respeito do tema.  Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 530          41  Quanto às demais argumentações da contribuinte, não se cogita em analisá­ las,  uma  vez  não  serem  capazes  de  ensejar  a  reforma  da  decisão  recorrida,  especialmente  quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas  pelo julgador de primeira instância.  Por todo o exposto, estando a Autuação Fiscal sub examine em consonância  com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO:  1) CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO da autuada, Globo Central  de  Usinagem  Ltda.,  E  DAR­LHE  PROVIMENTO  PARCIAL,  no  sentido  de  afastar  a  incidência das contribuições quanto ao lançamento de "Aviso Prévio Indenizado", bem como a  qualificação da multa de ofício, pelas razões de fato e de direito acima esposadas.  É como voto.    (assinado digitalmente)  Rayd Santana Ferreira.  Fl. 551DF CARF MF     42    Voto Vencedor    Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini – Redatora Designada  Este voto limita­se à parte em que o conselheiro relator restou vencido.   CARACTERIZAÇÃO DOS SEGURADOS COMO PRESTADORES DE  SERVIÇOS DA AUTUADA  O lançamento teve por base o que determina a Lei 8.212/91, artigo 30, inciso  I, alínea ‘b’ e artigo 33:  Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de  outras  importâncias  devidas  à  Seguridade  Social  obedecem  às  seguintes normas:  I ­ a empresa é obrigada a:  [...]  b) recolher o produto arrecadado na forma da alínea anterior, a  contribuição a que se refere o inciso IV do art. 22, assim como  as  contribuições a  seu  cargo  incidentes  sobre as  remunerações  pagas,  devidas  ou  creditadas,  a  qualquer  título,  aos  segurados  empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais a  seu serviço [...]  Art.  33.  À  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  compete  planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas  à  tributação,  à  fiscalização,  à  arrecadação,  à  cobrança  e  ao  recolhimento  das  contribuições  sociais  previstas  no  parágrafo  único do art. 11 desta Lei, das contribuições  incidentes a  título  de substituição e das devidas a outras entidades e fundos.  Conforme Relatório Fiscal, fls. 29/54, a fiscalização concluiu, pela análise da  documentação  que  lhe  foi  apresentada,  que  apesar  de  existirem  duas  empresas  formalmente  constituídas, a Globo Equipamentos Industriais Ltda ­ ME (optante pelo Simples Nacional) tem  servido tão somente para abrigar de forma simulada a prestação de serviços do sujeito passivo  Globo  Central  de  Usinagem  Ltda.  Assim,  concluiu  que  os  trabalhadores  formalmente  registrados  na  Globo  Equipamentos  estão  vinculados  a  Globo  Central  de  Usinagem,  ora  autuada,  que  se  utiliza  da  Globo  Equipamentos,  por  meio  de  simulação/fraude,  com  a  finalidade de usufruir indevidamente dos benefícios tributários do regime do Simples Nacional,  instituído pela Lei Complementar 123/06.   Consta do Relatório fiscal, em síntese, que:  ·  As  despesas  com  a  remuneração  de  segurados  da  empresa  Globo  Equipamentos superam em 438% a receita bruta declarada, enquanto  que  na  Globo  Central  a  massa  salarial  representa  apenas  2,4%  do  faturamento, que é 26 vezes maior que da Globo Equipamentos.  Fl. 552DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 531          43  ·  No  período  de  01/08  a  12/11,  em  média,  90%  das  operações  de  "vendas de produtos e/ou industrialização efetuada para terceiros" da  Globo Equipamentos tinham como cliente principal a Globo Central.  ·  Da  análise  realizada  nos  documentos  auditados  da  empresa  Globo  Equipamentos  Industriais,  constatou­se  que  pagamentos  foram  realizados de forma direta com recursos oriundos exclusivamente da  Globo Central  de Usinagem,  tais  como:  remuneração  dos  segurados  empregados  e  pró­labore  dos  segurados  contribuintes  individuais;  recolhimento  de GPS(Guia  da  Previdência  Social);  recolhimento  de  GRF  (Guia  de  Recolhimento  do  Fundo  de  Garantia  por  Tempo  de  Serviço);  e  DARF  0561  (Documento  de  Arrecadação  de  Receitas  Federais).  ·  Nas  Folhas  de  Pagamentos  e  GFIP  da  Globo  Equipamentos,  competências  01/08  e  02/08,  04/08  a  08/08,  foram  constatados  pagamentos  de  pró­labore  aos  sócios,  Mauro  Aparecido  de  Paula  Ferreira e Antonio Claudio Chavette, porém estes foram formalmente  excluídos do quadro societário da referida empresa desde 12/11/2007,  o  que  demonstra  confusão  patrimonial  e  gestão  empresarial  atípica  entre as duas empresas.  ·  Na  análise  da  contabilidade  da  Globo  Equipamentos,  a  fiscalização  constatou:  o  em todo o período auditado (01/2008 a 12/2011) a ausência de  registros  de  despesas  com  aquisição  de  matérias  primas,  energia  elétrica,  combustíveis,  aluguel  ou  depreciação  de  instalações  e  equipamentos  e  ausência  de  registros  de  instalações e equipamentos no ativo;  o  os custos ou despesas com mão­de­obra (salários, pró­labore,  férias,  13°  salário,  rescisões),  os  encargos  sociais  (INSS,  FGTS), bem como, despesas com alimentação do trabalhador,  vale­transporte, assistência médica e demais benefícios, foram  registrados  à  crédito  na  conta  “1.01.01.04.01  –  Globo  Central”;  o  a  existência  de  valores  nos  exercícios  de  2008  a  2011,  na  conta “2.01.01.02.01 Empréstimos Coligadas Globo Central”,  em contrapartida com a conta “1.01.01.01.01 Caixa Geral” ou  “1.01.01.04.01­  Globo  Central”,  sem  que  houvesse  comprovação  dos  créditos.  A  Globo  Equipamentos  foi  intimada mediante o Termo de  Intimação nº 01,  a  apresentar  documentos  referentes  aos  empréstimos,  tais  como  contratos  de mútuo, depósitos ou cheques, porém limitou­se a informar  que faz parte de um grupo econômico reconhecido.  ·  Na  análise  da  contabilidade  da  Globo  Central,  a  fiscalização  constatou:  Fl. 553DF CARF MF     44  o  os  empréstimos  citados  anteriormente  não  estão  lançados  na  contabilidade do credor (Globo Central);  o  no ano calendário 2008, os custos/despesas com mão­de­obra  (salários,  férias  e  13°  salário),  encargos  sociais  com  FGTS,  despesas com alimentação do trabalhador,  o  vale­transporte,  assistência  médica  e  demais  benefícios,  lançados na conta "4.02.01.01.01­ Apuração do Resultado do  Exercício"  da  Globo  Central  estavam  incompatíveis  com  a  massa  salarial/número  de  segurados  declarados  em GFIP  em  2008.  o  nos  anos  calendário  2009  a  2011,  há  valores  lançados  a  Débito,  nas  contas  de  "Serviços  Prestados  Por  Pessoa  Jurídica",  e  a  Crédito  na  conta  "Banco”  com  histórico  contendo as expressões genéricas "Pago Globo Equipamentos  ", dentre outras,  a  indicar que as despesas  com mão­de­obra,  encargos  sociais,  despesas  com  demais  benefícios  referentes  aos  colaboradores  registrados  na  Globo  Equipamentos  estão  “camuflados”  na  escrituração  contábil  da  Globo  Central,  como  custos/despesas  com  prestação  de  serviços  por  pessoa  jurídica, no caso, pela Globo Equipamentos.  ·  Concluiu  a  fiscalização  que  houve  utilização  indevida  de  microempresa/empresa  de  pequeno  porte  (Globo  Equipamentos),  optante  pelo  Simples  Nacional,  para  registrar  os  empregados  nesta,  com  a  finalidade  de  deixar  de  reconhecer  as  contribuições  sociais  patronais  incidentes  sobre  a  folha  de  pagamento,  sendo  desconsiderada a prestação de serviços formalmente constituída entre  as empresas.  A recorrente afirma não haver comprovação do vínculo empregatício entre os  funcionários da empresa Globo Equipamentos com a Empresa Globo Usinagem.  Entendeu o  relator que  houve desconsideração  da personalidade  jurídica da  empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda e que não houve a demonstração dos requisitos  da relação de emprego dos trabalhadores com a autuada.  Em  que  pese  o  entendimento  da  autuada  e  o  do  relator,  eles  não  podem  prosperar.  A  Lei  12.529/11,  que  dispõe  sobre  a  prevenção  e  repressão  às  infrações  contra a ordem econômica, determina:  Art. 34. A personalidade jurídica do responsável por infração da  ordem econômica poderá ser desconsiderada quando houver da  parte deste abuso de direito,  excesso de poder,  infração da  lei,  fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social.   Assim,  a  lei  determina  a  desconsideração  da  personalidade  jurídica  quando  constatado  abuso  de  direito,  excesso  de  poder,  infração  da  lei,  fato  ou  ato  ilícito  ou  violação do estatuto ou contrato, não  importando qual a aparência ou a  forma com a qual se  pretendeu revestir o sujeito passivo.  Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 532          45  Contudo,  o  que  se  verifica  nos  autos  não  é  a  desconsideração  da  personalidade  jurídica  da  empresa  Globo  Equipamentos  Industriais  Ltda,  mas  sim  a  desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a  ocorrência do fato gerador do tributo.  O próprio CTN, art. 149, VII, e a Lei 8.212/91, art. 33, § 3o, estabelecem a  obrigação do Fisco realizar o lançamento, em se constatando irregularidades ou ilegalidades.  A  identificação  de  situações  de  fato  que  possam  constituir  irregularidades  visando à elisão ou sonegação de tributos constitui atividade inerente e vinculada da auditoria­ fiscal. Por isso, constatado o fato, impõe­se o lançamento fiscal, e, uma vez que seja realizado  com  a  observância  dos  princípios  constitucionais  aplicáveis,  não  há  que  se  falar  em  irregularidade.  A fiscalização, diante da situação fática verificada, conforme suficientemente  descrito  e  comprovado  no Relatório  Fiscal,  concluiu  que  todos  os  funcionários  formalmente  contratados pela empresa Globo Equipamentos Industriais Ltda são trabalhadores empregados  ou  contribuintes  individuais  da  empresa  ora  autuada. Desta  forma,  desconsiderou  o  negócio  jurídico praticado com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador da contribuição  previdenciária, entendendo que, na verdade, é a Globo Central de Usinagem Ltda que contrata  e remunera todos os trabalhadores que lhe prestam serviço.  A Lei 8.212/91, que estabelece as regras que regem a filiação obrigatória de  trabalhadores ao Regime Geral de Previdência Social, dispõe que:  Art.  12.  São  segurados  obrigatórios  da  Previdência  Social  as  seguintes pessoas físicas:  I ­ como empregado:   [...]  V ­ como contribuinte individual: [...]  Assim, uma vez constatado pela fiscalização que há a vinculação obrigatória  de um trabalhador ao Regime Geral de Previdência Social, cabe à autoridade fiscal, sob pena  de responsabilidade funcional, desconsiderar a forma sob a qual a prestação se deu, para, com  base  na  realidade  emergente,  apurar  contribuições  devidas  e  condutas  incompatíveis  com  a  legislação tributária aplicável.  Do  contrário,  esvaziar­se­ia  inteiramente  a  obrigatoriedade  das  normas  previdenciárias  e  da  filiação  dos  segurados,  deixando  a  questão  inteiramente  ao  arbítrio,  interesses  e  conveniências  dos  pactuantes,  causando,  conforme  o  caso,  prejuízo  ao  financiamento da previdência social decorrente de fraude.  Por  sua  vez,  o  Regulamento  da  Previdência  Social,  aprovado  pelo Decreto  3.048/99, dispõe que:  Art.229.   [...]  Fl. 555DF CARF MF     46  § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o  segurado  contratado  como  contribuinte  individual,  trabalhador  avulso,  ou  sob  qualquer  outra  denominação,  preenche  as  condições  referidas  no  inciso  I  do  caput  do  art.  9º,  deverá  desconsiderar  o  vínculo  pactuado  e  efetuar  o  enquadramento  como segurado empregado (grifo nosso)  Vê­se  que  a  autoridade  administrativa  fiscal  possui  a  prerrogativa  de  desconsiderar atos ou negócios jurídicos que não reflitam a realidade, notadamente, na hipótese  de ocorrência de simulação/fraude como ocorrido no presente caso, sendo tal poder da própria  essência da atividade fiscalizadora que não pode ficar adstrita aos aspectos formais dos atos e  fatos.   Logo, uma vez verificado que o  sujeito passivo  utiliza de  simulação/fraude  para esquivar­se do pagamento de tributo, o auditor fiscal tem o dever de aplicar a legislação  tributária  de  acordo  com  os  fatos  por  ele  constatados  em  detrimento  da  verdade  jurídica  aparente  (formal).  Dito  de  outra  forma,  uma  vez  evidenciada  a  conduta  simulatória  ou  fraudulenta,  não  resta  outra  opção  à  fiscalização,  a  não  ser  descaracterizar  a  relação  formal  existente  e  considerar,  para  efeitos  do  lançamento  tributário,  a  relação  real  entre  as  pessoas  jurídicas  e  segurados,  identificando  corretamente  o  sujeito  passivo  da  relação  jurídica  tributária.   Isso é o que se depreende, inclusive, do disposto no CTN:  Art.  142.  Compete  privativamente  à  autoridade  administrativa  constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido  o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência  do  fato  gerador  da  obrigação  correspondente,  determinar  a  matéria  tributável,  calcular  o  montante  do  tributo  devido,  identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da  penalidade cabível.  Parágrafo  único.  A  atividade  administrativa  de  lançamento  é  vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.  [...]  Art.  149.  O  lançamento  é  efetuado  e  revisto  de  ofício  pela  autoridade administrativa nos seguintes casos:  [...]  VII ­ quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em  benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação;  No  presente  caso,  a  auditoria  fiscal  (que  se  baseou  em  informações  e  situações de fato) concluiu que durante o período fiscalizado, em relação aos fatos geradores de  contribuições  previdenciárias  e  para  outras  entidades  e  fundos,  apesar  de,  do  ponto  de  vista  formal,  os  segurados  estarem  registrados  em  uma  pessoa  jurídica,  a  Globo  Equipamentos  Industriais  Ltda  ­  ME,  a  prestação  de  serviços  e  a  remuneração  formalizada  se  referia  à  empresa Globo Central de Usinagem Ltda.  Uma  vez  que  os  trabalhadores  que  constam  das  folhas  de  pagamento  da  Globo  Equipamentos  (empresa  optante  do  Simples),  na  realidade,  prestam  serviços  para  a  autuada, são devidas as contribuições patronais ora lançadas.  Fl. 556DF CARF MF Processo nº 10860.721963/2013­05  Acórdão n.º 2401­004.513  S2­C4T1  Fl. 533          47  Não há que se falar que não foram caracterizados os vínculos empregatícios.  A  fiscalização  considerou  como  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais  os  reconhecidamente como tal na folha de pagamento da empresa Globo Equipamentos.  Os argumentos apresentados pela impugnante, contrapondo­se aos elementos  fáticos verificados pela fiscalização, não são suficientes para afastar o trabalho fiscal.  Importante  esclarecer  que  a  Administração  deve  ater­se  aos  enunciados  da  legislação que norteiam as obrigações do contribuinte perante a Seguridade Social. Acrescente­ se que, nos  termos do art. 123 do CTN, as convenções particulares não podem ser opostas à  Fazenda Pública.  CONCLUSÃO  Pelo  exposto,  voto  por  negar  provimento  ao  recurso  voluntário  quanto  à  caracterização  dos  segurados  empregados  e  contribuintes  individuais  como  prestadores  de  serviços da autuada.    (assinado digitalmente)  Miriam Denise Xavier Lazarini.                Fl. 557DF CARF MF

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Numero do processo: 10680.721813/2010-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ÁREA DE RESERVA LEGAL. ISENÇÃO. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 2301-004.869
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, dando provimento para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).

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2301­004.869  –  3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária   Sessão de  18 de janeiro de 2017  Matéria  Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ­ ITR  Recorrente  MINERAÇÕES BRASILEIRAS REUNIDAS S/A ­ MBR  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ­ ITR  Exercício: 2005  ÁREA  DE  RESERVA  LEGAL.  ISENÇÃO.  AVERBAÇÃO  NA  MATRÍCULA DO IMÓVEL.   A averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes da data da  ocorrência  do  fato  gerador  é  condição  suficiente  para  fins  de  sua  dedução,  mesmo se desacompanhada de ADA.  Recurso Voluntário Provido.  Crédito Tributário Exonerado.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer  do  recurso  voluntário,  dando  provimento  para  restabelecer  a  Área  de  Reserva  Legal  de  183,2ha.  (assinado digitalmente)  ANDREA BROSE ADOLFO ­ Presidente substituta e Relatora.  EDITADO EM: 23/01/2017  Participaram  da  sessão  de  julgamento  os  conselheiros:  Alexandre  Evaristo  Pinto,  Andrea  Brose  Adolfo  (Presidente  Substituta),  Fábio  Piovesan  Bozza,  Jorge  Henrique  Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).  Relatório     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 18 13 /2 01 0- 69 Fl. 145DF CARF MF     2 Trata­se  de  notificação  de  lançamento  nº  06101/00075/2010  resultante  de  lançamento  suplementar  do  ITR/2005,  incidente  sobre  o  imóvel  rural  denominado  “Fazenda  Campestre” (NIRF 4.609.494­6), com área total declarada de 327 ha, localizado no município  de  Itabirito/MG,  tendo  a  autoridade  fiscal  glosado  integralmente  a  área  de  reserva  legal  informada  183,2  ha,  além  de  desconsiderar  o  VTN  declarado  de  R$  170.069,54  (R$  1.182,68/ha), arbitrando­o em R$ 555.900,00 (R$ 1.700,00/ha), conforme demonstrativo de e­ fl. 05.  Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando,  em síntese que:  a) discorda do procedimento fiscal, por glosar as áreas declaradas de reserva  legal, devidamente averbadas em 2003, e arbitrar o VTN com base no SIPT, discricionário e  inacessível à contribuinte, em evidente cerceamento ao seu direito de defesa;  b) é desnecessária a apresentação do ADA ou qualquer outra prova da área  ambiental declarada, para  fins de sua  isenção do  ITR; para contestar o VTN arbitrado anexa  laudo de avaliação, que indica o valor de mercado da terra nua;  c) transcreve parcialmente a legislação de regência, acórdãos do TRF­1ª R e  do  antigo Conselho  de  Contribuintes,  atual  CARF,  além  de  ensinamentos  doutrinários,  para  referendar seus argumentos.  d)  requer  seja  julgada  procedente  sua  impugnação  e  declarada  a  total  insubsistência  da  autuação  fiscal,  ou  seja  conhecido  o  laudo  técnico  apresentado,  para  determinação do VTN.  Em  31/08/2012,  a  1ª  Turma  da Delegacia  da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  em  Brasília  ­  DRJ/BSB,  por  unanimidade  de  votos,  julgou  a  impugnação  procedente  em parte,  para  acatar o Valor da Terra Nua  conforme  laudo  técnico, mantendo  a  glosa da área de reserva legal declarada, nos termos do Acórdão nº 03­49.241 (e­fls. 111/119):  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  PROPRIEDADE  TERRITORIAL RURAL ­ ITR  Exercício: 2005  DA PRELIMINAR DE NULIDADE.  Tendo o procedimento  fiscal  sido  instaurado de acordo com os  princípios constitucionais vigentes, possibilitando à contribuinte  o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa, é incabível  a nulidade requerida.  DA ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA/RESERVA LEGAL.  Para fins de isenção do ITR/2005, exige­se que a área de reserva  legal  declarada,  além  de  estar  averbada  tempestivamente  à  margem  da  matrícula  do  imóvel,  tenha  sido  objeto  de  Ato  Declaratório Ambiental  ­ ADA, protocolado em  tempo hábil no  IBAMA.  DO VALOR DA TERRA NUA ­ VTN.   Deverá ser revisto o VTN arbitrado para o ITR/2005, com base  em  laudo  técnico  de  avaliação,  emitido  por  profissionais  Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10680.721813/2010­69  Acórdão n.º 2301­004.869  S2­C3T1  Fl. 146          3 habilitados  e  com  ART/CREA,  demonstrando  de  maneira  convincente o valor fundiário do imóvel rural avaliado, a preços  da  época  do  fato  gerador  do  imposto,  bem  como  suas  peculiaridades desfavoráveis.  Impugnação Procedente em Parte  Irresignado,  o  contribuinte  apresentou  Recurso  Voluntário  (e­fls.  132/138)  alegando  que  é  desnecessária  a  apresentação  do  ADA  ou  qualquer  outra  prova  da  área  ambiental declarada como reserva legal, para fins de sua isenção do ITR.  É o relatório.    Voto             Conselheira Andrea Brose Adolfo ­ Relatora  Verificada a  tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a  sua análise.  A questão  cinge­se  à  glosa da  área  de  reserva  legal  declarada  de  183,2  ha,  uma vez que não foi apresentado ADA tempestivamente.  Alega o  recorrente que  a declaração da  referida  área na DITR, para  fins de  exclusão da base de cálculo do ITR, goza de presunção relativa, com fundamento no § 7º do  art. 10 da Lei nº 9.393/96:  Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo  contribuinte,  independentemente  de  prévio  procedimento  da  administração  tributária,  nos  prazos  e  condições  estabelecidos  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  sujeitando­se  a  homologação posterior.  § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar­se­á:  ...  II ­ área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas:  a)  de  preservação  permanente  e  de  reserva  legal,  previstas  na  Lei nº 4.771, de 15 de  setembro de 1965,  com a  redação dada  pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989;  b)  de  interesse  ecológico  para  a  proteção  dos  ecossistemas,  assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou  estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea  anterior;  ...  § 7º A declaração para fim de  isenção do ITR relativa às áreas  de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo,  Fl. 147DF CARF MF     4 não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante,  ficando  o  mesmo  responsável  pelo  pagamento  do  imposto  correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique  comprovado  que  a  sua  declaração  não  é  verdadeira,  sem  prejuízo  de  outras  sanções  aplicáveis. (Incluído  pela  Medida  Provisória nº 2.166­67, de 2001)  Com  relação  a  este  argumento,  cumpre  salientar  que  referido  parágrafo  visava,  essencialmente,  permitir  que  a  apresentação  do  Ato  Declaratório  Ambiental  ­  ADA  fosse  realizado  em  momento  posterior  ao  da  entrega  da  DITR,  sem  que  com  isso,  o  contribuinte fosse prejudicado em eventual isenção a que fizesse jus, com relação às áreas de  reserva legal e de preservação permanente.  Por sua vez, a necessidade de apresentação do ADA para fins de isenção do  ITR encontra respaldo no art. 17­O da Lei nº 6.938, de 1981, conforme a seguir.  Art.  17­O.  Os  proprietários  rurais  que  se  beneficiarem  com  redução  do  valor  do  Imposto  sobre  a  Propriedade  Territorial  Rural  –ITR,  com  base  em  Ato  Declaratório  Ambiental  ­  ADA,  deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11  do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título  de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)  (...)  §  1º  A  utilização  do  ADA  para  efeito  de  redução  do  valor  a  pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de  2000)   Conforme o art. 111 da Lei nº 5172, de 1966 ­ Código Tributário Nacional  (CTN),  a  legislação  tributária  que  disponha  sobre  outorga  de  isenção  deve  ser  interpretada  literalmente.  Art.  111.  Interpreta­se  literalmente  a  legislação  tributária  que  disponha sobre:  I ­ suspensão ou exclusão do crédito tributário;  II ­ outorga de isenção;  III  ­  dispensa  do  cumprimento  de  obrigações  tributárias  acessórias.  O  recorrente  não  apresentou  ADA  tempestivamente  requerido  ao  IBAMA,  entretanto apresentou a Matrícula do Imóvel nº 9.054 (e­fls. 37/39), "Fazenda Campestre" na  qual  constam  as  averbações  (AV­4  e  AV­5),  efetuadas  em  08/07/2003,  de  áreas  de  reserva  legal  de  65,90ha  e  117,30ha,  totalizando  183,2ha,  conforme  Termo  de  Responsabilidade  de  Preservação de Floresta, datado de 18/06/2003, portanto, antes da data da ocorrência do  fato  gerador.   Nesse sentido o Acórdão nº 9202­003.437, da Câmara Superior de Recursos  Fiscais, julgado na sessão de 22/10/2014, entendeu que averbação da área de reserva legal na  matrícula do imóvel antes da data da ocorrência do fato gerador é condição suficiente para fins  de sua dedução, mesmo se desacompanhada de ADA.  ASSUNTO:  IMPOSTO  SOBRE  A  PROPRIEDADE  TERRITORIAL RURAL ITR   Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10680.721813/2010­69  Acórdão n.º 2301­004.869  S2­C3T1  Fl. 147          5 Exercício: 2005   ITR.  ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E  DE  RESERVA  LEGAL.  ATO  DECLARATÓRIO  AMBIENTAL  (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00.  A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou­se  requisito  para  a  fruição  da  redução  da  base  de  cálculo  do  Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser,  regra  geral,  uma  isenção  condicionada,  tendo  em  vista  a  promulgação  da  Lei  n.º  10.165/00,  que  alterou  o  conteúdo  do  art. 17­O, §1º, da Lei n.º 6.938/81.  A  partir  do  exercício  de  2.002,  regra  geral,  a  localização  da  reserva  legal  deve  ser  aprovada  pelo  órgão  ambiental  competente, observando­se a  função social da propriedade e os  critérios previstos no §4º do art. 16 do Código Florestal.  A averbação da área de reserva legal à margem da matrícula do  imóvel é, regra geral, necessária para sua exclusão da base de  cálculo do imposto.  A  jurisprudência  do  CARF  tem  entendido  que  documentos  emitidos  por  órgãos  ambientais  e  a  averbação  da  área  de  reserva legal à margem da matrícula do imóvel suprem referida  exigência.  Hipótese  em  que  a  Recorrida  não  apresentou  o  ADA,  mas  averbou na matrícula do  imóvel área de reserva  legal antes da  data da ocorrência do fato gerador.  Recurso especial provido em parte. (grifamos)  Pelo  exposto,  voto  por  conhecer  do  recurso  voluntário,  dando  provimento  para restabelecer a Área de Reserva Legal de 183,2ha.  É como voto.  Andrea Brose Adolfo ­ Relatora                               Fl. 149DF CARF MF

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