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Numero do processo: 19515.003053/2005-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2001
JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PROVAS OU INDÍCIOS DE PROVA
A juntada posterior de documentos pode ser admitida quando o contribuinte apresenta aos autos mínima documentação com força probatória, não cabendo o pedido genérico de realização de diligência.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2001
ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. TAXA SELIC E MULTA DE OFÍCIO. SÚMULAS CARF Nº 2 E 4.
Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Nos casos de lançamento de ofício, em que restou demonstrado o não oferecimento de receitas à tributação, é exigível a multa de ofício ao percentual de 75%, por expressa determinação legal.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Exercício: 2001
FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO.
As parcelas integrantes da receita bruta, para fins de recolhimento da COFINS, são todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Se a empresa não justifica o motivo da divergência a maior entre os valores declarados na DIPJ e na DCTF, válida é a exigência fiscal.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Exercício: 2001
FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO.
As parcelas integrantes da receita bruta, para fins de recolhimento da COFINS, são todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Se a empresa não justifica o motivo da divergência a maior entre os valores declarados na DIPJ e na DCTF, válida é a exigência fiscal.
Numero da decisão: 3201-003.304
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente Substituto.
TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: TATIANA JOSEFOVICZ BELISARIO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2001 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. NECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE PROVAS OU INDÍCIOS DE PROVA A juntada posterior de documentos pode ser admitida quando o contribuinte apresenta aos autos mínima documentação com força probatória, não cabendo o pedido genérico de realização de diligência. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. TAXA SELIC E MULTA DE OFÍCIO. SÚMULAS CARF Nº 2 E 4. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Nos casos de lançamento de ofício, em que restou demonstrado o não oferecimento de receitas à tributação, é exigível a multa de ofício ao percentual de 75%, por expressa determinação legal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Exercício: 2001 FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. As parcelas integrantes da receita bruta, para fins de recolhimento da COFINS, são todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 30 53 /2 00 5- 23 Fl. 259DF CARF MF 2 irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Se a empresa não justifica o motivo da divergência a maior entre os valores declarados na DIPJ e na DCTF, válida é a exigência fiscal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 2001 FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. As parcelas integrantes da receita bruta, para fins de recolhimento da COFINS, são todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Se a empresa não justifica o motivo da divergência a maior entre os valores declarados na DIPJ e na DCTF, válida é a exigência fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente Substituto. TATIANA JOSEFOVICZ BELISÁRIO Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte em face do acórdão nº 1620.058, proferido pela 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento São Paulo I (SP), que assim relatou o feito: Trata o presente feito de autos de infração de COFINS e PIS, relativos ao exercício de 2002, anocalendário de 2001 (fls. 46/52 e 104/110). De acordo com os Termos de Verificação Fiscal (fls. 44 e 102), a empresa deixou de recolher os valores relativos a essas contribuições, os quais foram declarados na DIPJ retificadora n° 1238653, apresentada em 12/09/2005, sem, contudo, terem sido informados na DCTF do período. As disposições legais citadas nos autos de infração são as seguintes: Fl. 260DF CARF MF Processo nº 19515.003053/200523 Acórdão n.º 3201003.304 S3C2T1 Fl. 260 3 Em 03/11/2005, a interessada tomou ciência dos autos de infração (fls. 50 e 108) e, em 02/12/2005, apresentou defesa relativa à COFINS (fls. 119/139), resumidamente, nos seguintes termos: • Apesar de existir autorização constitucional para instituição da COFINS sobre a receita, o legislador optou pelo conceito de "faturamento", que foi ampliada pelas Leis 10.833/2003 e 9.781/1998. • O próprio termo "faturamento" é um conceito comercial, decorrente do ato de emitir faturas, que a Lei 5.474/1968 autoriza a quem pratica o comércio, pois somente este pode emitir título de crédito denominado duplicata, atividade essa diversa daquela exercida pela impugnante. • Nos termos do artigo 110 do Código Tributário Nacional, a legislação tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o conceito utilizados no Direito Privado. • Podese dizer que a Lei em tela simplesmente comete uma atecnia ao definir faturamento como receita, ou seja, o legislador mostrase despreocupado com o rigor técnico no que tange ao sentido semântico dos institutos. • A sistemática não cumulativa da COFINS, apesar de ter sido instituída sob o fito de desonerar a cadeia produtiva, tem representado um efetivo aumento na carga tributária. • É o que ocorre com as empresas prestadoras de serviços, cujo maior custo é a folha de salários, bem como as empresas do início da cadeia produtiva, que estão recolhendo a contribuição em valor maior, tendo em vista a falta de lb se para formação de crédito em valor relevante. • Uma das grandes discussões que norteiam as contribuições do PIS e da COFINS é acerca da cumulatividade das duas contribuições dado que ambas incidem sobre a mesma base de cálculo. • No tocante ao processo legislativo, a questão pontual se refere à hierarquia das leis e a miscelânia jurídica que o legislador realiza em matéria tributária. • Cada matéria exige um determinado tratamento jurídico e devese observar o texto constitucional. Em outras palavras, se a Fl. 261DF CARF MF 4 Constituição Federal estipula uma espécie normativa para tratar de determinado assunto, não poderá outra espécie regulamentar sobre esse mesmo tema. • Com relação ao Demonstrativo de Apuração do Auto de Infração, foi exigida erroneamente multa de 75%. • A autuação deve ser anulada, por total falta de amparo jurídico, além do que os créditos tributários foram formalizados de maneira equivocada, posto que baseados em valores inexistentes. • A autuação é ilegal e arbitrária, por não considerar a totalidade da atividade da empresa, a fim de formalizar o crédito tributário. • A apuração do crédito tributário se baseou em meros indícios, observandose que a requerente sempre atendeu prontamente às exigências do fisco, franqueando seus arquivos e controles contábeis. • A União Federal, embora proclame a diversidade de natureza jurídica dos fatos, impede aos particulares exceder à multa de 2%, do valor da obrigação. Resta patente o seu contrasenso, ao se avocar do privilégio de cobrar multa acima desse limite, o que se caracteriza confisco do patrimônio do contribuinte, além de ferir o princípio da isonomia. • • A SELIC foi criada pela Lei 8.981/1995 para regular as operações do sistema " financeiro. É evidente que por se tratar de lei ordinária, é inaplicável aos tributos, os quais são regidos pelo princípio da estrita legalidade. • Frisese que a SELIC não se compõe apenas de juros moratórios, mas incorpora percentual equivalente à correção monetária no período de sua apuração. Destarte, a sua cumulação com a correção monetária ou outro índice como a TR é ilegal por incorrer em bis in idem. • Além disso, o artigo 145, § 1% da Constituição Federal traz o princípio da capacidade contributiva, com vistas a não onerar em demasia o contribuinte. Por fim, a impugnante afirma pretender provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente a juntada de documentos e demais que se fizerem necessários. Quanto ao PIS, a empresa apresenta a respectiva contestação às fls. 147/170, cujo teor é basicamente o mesmo da impugnação da COFINS. Após exame da Impugnação apresentada pelo Contribuinte, a DRJ proferiu acórdão assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001 JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 19515.003053/200523 Acórdão n.º 3201003.304 S3C2T1 Fl. 261 5 Em regra, no processo administrativo fiscal, as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação do lançamento, salvo nas hipóteses expressamente previstas em lei. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2001 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de constitucionalidade ou legalidade de' norma é atribuição do Poder Judiciário; não cabe à Administração proceder a tal exame a fim de afastar a • aplicação de lei corretamente inserida no ordenamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2001 FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. As parcelas integrantes da receita bruta, para fins de recolhimento da COFINS, são todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Se a empresa não justifica o motivo da divergência a maior entre os valores declarados na DIPJ e na DCTF, válida é a exigência fiscal. JUROS DE MORA. SELIC. A falta de pagamento do tributo na data o vencimento implica a exigência de juros moratórios, calculados até a data do efetivo pagamento, com base na taxa SELIC. MULTA DE OFÍCIO. Nos casos de lançamento de oficio, em que restou demonstrado o não oferecimento de receitas à tributação, é exigível a multa de ofício ao percentual de 75%, por expressa determinação legal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PISIPASEP Anocalendário: 2001 FATURAMENTO. BASE DE CÁLCULO. As parcelas integrantes da receita bruta, para fins de recolhimento da contribuição para o PIS, são todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Se a empresa não justifica o motivo da divergência a maior entre os valores declarados na DIPJ e na DCTF, válida é a exigência fiscal. JUROS DE MORA. SELIC. Fl. 263DF CARF MF 6 A falta de pagamento do tributo na data do vencimento implica a exigência de juros moratórios, calculados até a data do efetivo pagamento, com base na taxa SELIC. MULTA DE OFÍCIO. Nos casos de lançamento de ofício, em que restou demonstrado o não oferecimento de receitas à tributação, é exigível a multa de ofício ao percentual de 75%, por expressa determinação legal. Lançamento Procedente Inconformado, o Contribuinte apresentou Recurso Voluntário reiterando os argumentos de defesa apresentados quanto ao crédito tributário mantido. Após os autos foram remetidos a este CARF e a mim distribuídos por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Tatiana Josefovicz Belisário Preliminarmente, a Recorrente alega a ocorrência de prescrição intercorrente, uma vez que, entre a apresentação da Manifestação de Inconformidade e a respectiva decisão administrativa, transcorreu mais de 3 anos. Pede a aplicação do disposto no §1º do artigo 1º da Lei n° 9.873 de 23 de Novembro de 1.999: Art.1oPrescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. §1oIncide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso. Todavia, tal instrumento normativo aplicase apenas ao "exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal", não se aplicando ao contencioso tributário administrativo tendente à constituição de crédito tributário, regulado por legislação própria. Ademais, o próprio caput do art. 1º afirma que o prazo prescricional em questão é aplicável apenas em processos que tenho por objeto o exercício do Poder de Polícia da Administração, o que, efetivamente, não é a hipótese do lançamento tributário. Assim, deve ser afastada a preliminar. Fl. 264DF CARF MF Processo nº 19515.003053/200523 Acórdão n.º 3201003.304 S3C2T1 Fl. 262 7 Quanto ao mérito, vêse que a autuação foi lavrada com base em divergências entre declarações apresentadas pelo próprio contribuinte. Desse modo, até mesmo em obediência ao princípio da verdade material, caberia ao contribuinte esclarecer a razão da divergência, por meio de informações e documentos hábeis, o que não logrou realizar; Vale salientar que, na hipótese, os lançamentos foram realizados com base na DIPJ da Recorrente que, embora não possua a natureza constitutiva da DCTF, é a declaração que efetivamente espelha a contabilidade do contribuinte e foi dado ao contribuinte a oportunidade de demonstrar eventuais equívocos no seu preenchimento. E, na hipótese, vejo que a Recorrente não trouxe qualquer informação acerca de eventual necessidade de se rever a declaração prestada em DIPJ. E, no caso, a realização de diligência apenas se justificaria caso o contribuinte tivesse ao menos apresentado indícios de qualquer irregularidade real, o que, entendo, não ocorreu nos autos. Mesmo raciocínio se aplica ao requerimento de aplicação da decisão proferida pelo STF que declarou a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS. Para a aplicação de tal entendimento, seria necessário que a Recorrente demonstrasse que a base de cálculo por ela mesma declarada em DIPJ possuia em sua composição parcelas não afetas ao faturamento. Assim, em que pese a obrigatoriedade de aplicação da decisão proferida pelo STF quanto à inconstitucionalidade do alargamento, sua aplicação ao presente caso não se aplica tãosomente porque a Recorrente não logrou demonstrar a composição da sua base de cálculo de modo a indicar que, dentre os valores por ela mesma declarados, existiram parcelas não entendidas como faturamento. Não cabe a essa Corte a prolação de decisão em hipótese. Ademais, é certo que, acaso tal prova venha a ser feita no momento de execução ao Julgado, não se escusará a Autoridade Tributária em promover a devida exclusão de eventuais receitas não operacionais, exatamente porque a decisão do STF obriga a Administração Pública, independentemente de decisão proferida em sede de contencioso. Por fim, quanto aos requerimentos pela exclusão da Taxa SELIC e da multa de Ofício, sob alegações de inconstitucionalidade, aplico as seguintes Súmulas CARF: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO. Tatiana Josefovicz Belisário Relatora Fl. 265DF CARF MF 8 Fl. 266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.720850/2016-72
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE DOCUMENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Notas fiscais de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos comprovantes de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos documentos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
PRÓTESE ORTOPÉDICA. LAUDO MÉDICO.
Notas fiscais com identificação do paciente e médico. Laudo médico apresentado. Comprovação realizada.
Numero da decisão: 2001-000.204
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(Assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente (Assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
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DEDUÇÃO MEDIANTE DOCUMENTAÇÃO. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Notas fiscais de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos comprovantes de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos documentos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. PRÓTESE ORTOPÉDICA. LAUDO MÉDICO. Notas fiscais com identificação do paciente e médico. Laudo médico apresentado. Comprovação realizada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (Assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 72 08 50 /2 01 6- 72 Fl. 79DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas com prótese ortopédica. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte o valor de R$ 44,33, a título de imposto de renda pessoa física, suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2013, ao invés do valor R$ 4.169,33, como imposto a restituir, conforme consta na declaração do imposto sobre a renda apresentada pelo Recorrente. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que o Recorrente deveria ter apresentado comprovação da necessidade de utilização da prótese ortopédica, mediante laudo médico. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere à apresentação do laudo médico que identifique a necessidade da utilização da prótese ortopédica, não bastando para tal a descrição do nome do paciente e a identificação do médico responsável pelo procedimento e receituário, sucintamente, como segue: De acordo com o relatório fiscal, o contribuinte não apresentou comprovantes hábeis para dedução da despesa com aquisição de prótese ortopédica, conforme havia sido intimado. O impugnante apresenta nota fiscal e documentos bancários para comprovar a despesa declarada. A impugnação foi apresentada com observância do prazo estabelecido no artigo 15 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, cabendo a apreciação do seu mérito. De acordo com o art. 8º, §2º, V da Lei 9.250/1995: V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. Apesar de intimado (fls. 51), o contribuinte não apresentou receituário médico em seu nome. De acordo com o art. 80 §1º II, do Decreto nº 3.000/1999, somente são dedutíveis as despesas para tratamento do próprio contribuinte e dos seus dependentes. Sem o receituário médico não há prova de quem é o paciente. Não bastam Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13830.720850/201672 Acórdão n.º 2001000.204 S2C0T1 Fl. 80 3 para tanto informações contidas na nota fiscal de venda da prótese, que não é documento médico. Por estas razões, voto pela improcedência da impugnação. Portanto, ao final, conclui o acórdão vergastado pela improcedência da impugnação para manter o crédito tributário exigido, pela glosa do valor das despesas médicas, com prótese ortopédica. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) (...) Fl. 81DF CARF MF 4 (...) (...) É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13830.720850/201672 Acórdão n.º 2001000.204 S2C0T1 Fl. 81 5 A questão aqui tratada é de natureza de comprovação material frente a exigência da legislação tributária no que respeita ao fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro a busca do direito, pelo contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à idoneidade ou inidoneidade do documento comprobatório. O texto base da divergência interpretativa está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na Fl. 83DF CARF MF 6 questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagadorrecebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma. No caso, há que se considerar a presunção de idoneidade da comprovação apresentada em obediência ao que dispõe a legislação. Mais ainda, em razão da ausência da apresentação, por parte do fisco, de indícios que coloquem em dúvida a idoneidade dos recibos apresentados pela Recorrente. Não basta a simples desconfiança do agente público incumbido da auditoria para que se obrigue o contribuinte a apresentar prova suplementar se não há elementos desabonadores da boa fé de quem usa a documentação especificada em lei para o exercício do direito à dedução na apuração do resultado tributário da pessoa física. O Código Civil, Lei nº 10.406/2002, em seu art. 219 diz que: “As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiros em relação aos signatários.” Neste sentido, os recibos em questão presumemse verdadeiros porque aceitos pelas partes contratantes identificadas no documento, de forma que não é razoável a decisão do Fisco de rejeitar os comprovantes como prova válida, sem a indicação de elementos que os desqualifiquem. Se os documentos são válidos para o prestador dos serviços oferecer os valores à tributação, os mesmos documentos deverão ser válidos também para a dedução legal de quem os recebe como comprovação de pagamentos. Por juízo subjetivo ou simples desconfiança, sem sequer a indicação de indícios de inidoneidade da documentação, não pode a autoridade lançadora fazer exigências fora dos limites da lei. O Novo Código de Processo Civil, embora posterior aos fatos da ocorrência do lançamento, pode ser utilizado em apoio à interpretação aqui esposada, porque mais benéfico à Recorrente, contém dispositivos pertinentes que devem ser trazidos à colação, de vez que transitam na mesma linha de entendimento que aborda a observância do direito do contribuinte de forma moderna e em consideração ao Estado de Direito. O Código avança no sentido de estabelecer o equilíbrio de forças das partes no processo de julgamento, como se vê na orientação do art. 7º, como segue: “Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. (grifei) Traz reforço ainda o CPC para esse entendimento quando suaviza o posicionamento anterior que atribuía ao contribuinte, de forma quase que exclusiva, o ônus da prova, e inaugura a possibilidade das partes atuarem em prol de uma instrução colaborativa, a fim de oferecer ao julgador melhores subsídios para proferir a decisão, sem que se faça uso da Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13830.720850/201672 Acórdão n.º 2001000.204 S2C0T1 Fl. 82 7 regra do ônus da prova de forma unilateral. Este novo procedimento está explicitado no § 1º, do art. 373, da seguinte forma: § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. De forma semelhante o art. 6º do CPC reforça este entendimento colaborativo ao dizer que “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. CONCLUSÃO Legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pelo contribuinte, comprovado mediante apresentação de nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado, pois tais documentos guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento. Desnecessária qualquer declaração posterior firmada pelo profissional prestador do serviço porque aqueles comprovantes já cumprem a função legalmente exigida. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. A contestação da Autoridade Fiscal sobre a validade da documentação comprobatória deve ser apresentada com indícios consistentes e não somente por simples dúvida ou desconfiança. É de se acolher como verdadeira a prova apresentada pelo contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação pertinente e, para eventual convicção contrária da Autoridade Lançadora, esta deverá ser posta com fundamentos consistentes que a sustentem legalmente e não subjetivamente. Por fim, incabível a exigência que perpassa a relação fiscocontribuinte no intento de comprovar a necessidade do atendimento médico sobre informações que dizem respeito tão somente a relação médicopaciente, em resguardo a intimidade pessoal na questão de saúde da pessoa fiscalizada, de vez que situações absolutamente diferentes e sem pertinência simultânea, com exceção ditada pela lei tributária, neste caso, em que exige o laudo médico para a indicação da necessidade da utilização da prótese ortopédica. No exame da documentação acostada ao processo verificase que o Recorrente apresentou a documentação comprobatória estipulada em lei para a comprovação da despesa e por isso a utilizou como dedutível na declaração de ajuste do imposto. Foram anexados ao processo, em complementação, documentos que suprem as exigências da autoridade autuante, notadamente no que se refere à identificação do paciente na nota fiscal da prótese ortopédica, com a indicação do médico e informações correspondentes, além da manifestação do mesmo profissional que realizou o procedimento médico. Neste sentido, a Fl. 85DF CARF MF 8 apresentação de documentação complementar não inova e supre a exigência fiscal, como constatável no processo. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, restabelecendose a dedução das despesas médicas com aquisição de prótese ortopédica. (Assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.904581/2012-27
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS.
A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-005.046
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
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PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 45 81 /2 01 2- 27 Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 2 Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de Contribuição para COFINS. O Despacho Decisório denegatório do direito pleiteado inicialmente, fundamentou a não homologação da compensação sob a justificativa de que o pagamento referente ao DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ciente do Despacho Decisório, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva, na qual alega em síntese que: • A legislação federal referente à restituição/compensação assegura em caso de não homologação da compensação o direito a interposição de manifestação de inconformidade; • O Despacho Decisório de não homologação foi demasiadamente sucinto e não esclareceu o porquê da decisão. • Os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa não foram respeitados pela administração tributária. O Despacho Decisório deve ser considerado nulo uma vez que não expôs os motivos da não homologação prejudicando seu direito de defesa; • É “empresa industrial com projeto aprovado na SUFRAMA e detentora de incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967, bem como sujeita ao regime de apuração pela sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, podendo descontar créditos que poderão ser deduzidos do montante devido de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.” • Faz jus aos créditos de PIS e COFINS, com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, especificamente com relação ao inciso III: “energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica.” • Levantou os créditos no mês de competência e utilizou parte do crédito oriundo do previsto no inciso III dos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, para compensar com as Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 3 contribuições vencidas no período, conforme DACONs retificadoras; “A manifestante, inclusive, providenciou a retificação da DCTF correspondente, regularizando qualquer pendência que ainda pudesse haver.” A defesa relaciona os Acórdãos nºs 1246124 de 10 de maio de 2012 da 17ª Turma e 1638673 de 11 de maio de 2012 da 3ª Turma. (...) • Ao final requer que se julgue procedente a Manifestação de Inconformidade, para o efeito de reformar o Despacho Decisório exarado no processo. Sobreveio então o Acórdão 08033.059, da DRJ/FOR, negando provimento à manifestação de inconformidade, por entender que "a eficácia da retificação da DCTF, quando apresentada após a ciência do Despacho Decisório, depende de comprovação, a cargo do contribuinte, do erro em que se funda, mediante escrituração e documentos", comprovação esta que não restou satisfeita. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação ao lançamento tributário com relação ao mérito da questão, bem como alegando que a decisão recorrida não analisou a documentação apresentada no seu entender, suficiente para garantir o crédito pleiteado , deixando prevalecer erro material nas declarações inicialmente prestadas pela Contribuinte, mas depois devidamente sanadas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402005.034, de 22 de março de 2018, proferida no julgamento do processo 10283.904567/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu no Acórdão nº 3402005.034: "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 4 pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à Contribuição ao PIS, decorrente de pagamentos indevidos e créditos que teria direito pela sistemática da não cumulatividade da contribuição social (incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967 e 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 5 com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, respectivamente). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon e da DCTF, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 6 a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Quanto à DCTF, cuja retificação foi feita posteriormente à prolação do despacho decisório, tampouco salvaguarda o pleito da Recorrente. Explico. Este Conselho possui pacífica jurisprudência, tanto nas turmas ordinárias (e.g. Acórdãos 3801004.289, 3801004.079, 3803003.964) como na Câmara Superior de Recursos Fiscais (e.g. Acórdão 9303005.519), no sentido de que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do crédito quando acompanhada de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original. Tal entendimento fundase na letra do artigo 147, § 1º do Código Tributário Nacional, a seguir transcrito: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na for ma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Portanto, a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não é suficiente para a demonstração do crédito pleiteado em PER/DCOMP, sendo imprescindível que a Contribuinte faça prova do erro em que se fundou a retificação. Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 7 Nesse sentido, destaco a ementa do Acórdão nº 9303005.708, cujo julgamento na CSRF, por unanimidade, ocorreu em 19 de setembro de 2017: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/04/2001 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado.) Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. No caso em análise, a Contribuinte esclarece que teria apurado créditos de PIS, contudo, para comprovar a liquidez e Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10283.904581/201227 Acórdão n.º 3402005.046 S3C4T2 Fl. 0 8 certeza do crédito informado nas declarações (DCTF e DACON) é imprescindível que seja demonstrada através da escrituração contábil e fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A Contribuinte não juntou aos autos nenhum documento contábil ou fiscal capaz de comprovar a liquidez e certeza do credito apontado. Somente insistiu que as declarações retificadoras seriam suficientes para tanto, mesmo após a decisão da DRJ ter expressamente colocado quais documentos seriam necessários para a efetividade da prova do crédito. Sobre esse ponto, saliento que este Colegiado vem admitindo provas apresentadas em sede de recurso voluntário, haja vista o princípio da verdade material e da informalidade moderada que reinam na esfera do processo administrativo. Todavia, nem em sede recursal a Recorrente se desincumbiu do ônus da prova. Dessarte, não tendo sido comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 408DF CARF MF
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Numero do processo: 12448.733190/2011-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Mar 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 30/04/2007
CONCOMITÂNCIA. PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula Carf nº 1).
Numero da decisão: 2401-005.280
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e José Alfredo Duarte Filho. Ausentes os conselheiros Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Data do fato gerador: 30/04/2007 CONCOMITÂNCIA. PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula Carf nº 1).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e José Alfredo Duarte Filho. Ausentes os conselheiros Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Fernanda Melo Leal.
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CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSOS JUDICIAL E ADMINISTRATIVO Recorrente JOÃO PEDRO GOUVEA VIEIRA FILHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Data do fato gerador: 30/04/2007 CONCOMITÂNCIA. PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula Carf nº 1). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e José Alfredo Duarte Filho. Ausentes os conselheiros Miriam Denise Xavier, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Fernanda Melo Leal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 73 31 90 /2 01 1- 36 Fl. 380DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 381 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 20ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), por meio do Acórdão nº 1256.337, de 27/05/2013, cujo dispositivo tratou de considerar parcialmente procedente a impugnação, mantendo em parte o crédito tributário exigido neste processo administrativo (fls. 320/330): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/04/2007 LANÇAMENTO. CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEPÓSITO JUDICIAL. JUROS DE MORA. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidem juros moratórios sobre o crédito tributário que esteja com sua exigibilidade suspensa em razão do depósito judicial do seu montante integral. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/04/2007 NULIDADE. INOCORRÊNCIA O atendimento aos preceitos estabelecidos na legislação tributária e de processo administrativo, especialmente a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte, afastam a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. AÇÃO JUDICIAL E PROCESSO ADMINISTRATIVO Em face do princípio constitucional da unidade de jurisdição, a existência de ação judicial proposta pelo contribuinte importa renúncia às instâncias administrativas quanto à mesma matéria. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 2. Extraise do Termo de Constatação Fiscal, acostado às fls. 139/141, que o processo administrativo, na origem, é composto da exigência do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF), relativamente ao anocalendário de 2007, acrescido apenas dos juros de mora, incidente sobre o ganho de capital obtido na alienação de participações societárias no dia 18/04/2007 em decorrência da venda de ações das empresas Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S/A e Refinaria de Petróleo Ipiranga S/A. O Auto de Infração encontrase juntados às fls. 142/149. Fl. 381DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 382 3 2.1 Segundo a autoridade lançadora, a exigibilidade do imposto sobre a renda foi suspensa por força do depósito judicial nos autos do Mandado de Segurança cadastrado sob o nº 2007.51.01.0105121, com tramitação perante a 26ª Vara da Justiça Federal do Rio de Janeiro. 2.2 O contribuinte impetrou a ação de segurança com vistas a assegurar o seu direito de usufruir da isenção prevista na alínea "d" do art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, com relação a ganhos de capital auferidos nas alienações de ações das empresas do Grupo Ipiranga, adquiridas até o dia 31 de dezembro de 1983, ou seja, há mais de cinco anos da data da revogação do benefício pela Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, inclusive no tocante às vendas das ações recebidas em bonificação correspondentes àquelas participações societárias. 3. A ciência do auto de infração aconteceu no dia 17/10/2011, tendo o contribuinte impugnado, em 16/11/2011, a exigência fiscal (fls. 143 e 243/269). 4. Intimado em 14/06/2013, por meio de procurador constituído nos autos, da decisão do colegiado de primeira instância, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 334/340, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 11/07/2013, em que aduz as seguintes questões de fato e direito contra a decisão de piso (fls. 344/369): (i) é nulo o acórdão recorrido, ante a recusa em avaliar os fundamentos de mérito da impugnação, tendo concluído de maneira equivocada que houve renúncia ao contencioso administrativo fiscal pela autuada; (ii) a medida judicial não foi proposta com o mesmo objeto da impugnação, porquanto o mandado de segurança preventivo não tem por finalidade a anulação ou declaração de nulidade de crédito tributário regularmente constituído pelo lançamento; (iii) a renúncia ao direito de defesa ou desistência de pedido formulado na esfera administrativa deve ocorrer a partir de manifestação escrita, sendo inviável a atribuição de efeito tácito a ato praticado antes mesmo da notificação regular do lançamento ao contribuinte; e (iv) cabe a apreciação dos argumentos de mérito suscitados pela contribuinte, com aplicação ao auto de infração da alínea "d" do art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, autorizandose, desde já, o provimento do recurso voluntário interposto. É o relatório. Fl. 382DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 383 4 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Mérito 6. Cingese o recurso voluntário à irresignação do sujeito passivo em face do acórdão recorrido que deixou de apreciar a aplicação da isenção do imposto sobre a renda, com fulcro no Decreto nº 1.510, de 1976, na hipótese de ganho de capital auferido pela autuada na alienação de participações societárias após a Lei nº 7.713, de 1988, cujas ações foram adquiridas anteriormente ao ano de 1984, ou decorrentes de bonificações correspondentes a essas participações societárias, por entender a decisão de piso que a matéria de mérito foi previamente levada à apreciação judicial consoante o Mandado de Segurança nº 2007.51.01.0105121. 7. Pois bem. A toda a evidência, o pleito do recorrente encontra óbice manifesto no enunciado da Súmula nº 1 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, cuja observância é obrigatória pelos conselheiros nos julgamentos em segunda instância administrativa: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. 8. Embora o recorrente defenda a possibilidade de convivência entre processo judicial e processo administrativo, os documentos que instruem os autos, longe de amparar o seu ponto de vista, confirmam a inviabilidade da pretensão de discussão administrativa do mérito. 9. Com efeito, o recorrente juntou uma cópia da inicial do Mandado de Segurança nº 2007.51.01.0105121, proposto em 29/05/2007 (fls. 273/292). Fl. 383DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 384 5 9.1 De acordo com o documento carreado aos autos, o sujeito passivo, em litisconsórcio ativo com os demais acionistas, decidiu pelo ajuizamento de um mandado de segurança preventivo, impetrado em face do Delegado da Receita Federal do Brasil, para garantir o direito de (fls. 274/275): (...) usufruir da isenção prevista na alínea "d" do artigo 4º do Decretolei nº 1.510/1976, com relação aos ganhos de capital auferidos nas vendas de ações adquiridas até 31.12.1983, ou seja, há mais de 5 (cinco) anos antes da data em que foi revogado aquele dispositivo, inclusive nas vendas das ações recebidas em bonificação correspondentes àquelas ações (...). 9.2 A respeito dos fatos e do direito, a descrição dos impetrantes aponta para a venda de participações societárias ocorridas no dia 18/04/2007, nas circunstâncias abaixo mencionadas (fls. 279/280): 1.10. Desse modo, quando, em 18/04/2007, os IMPETRANTES venderam para a Ultrapar Participações S.A todas as ações ordinárias e preferenciais que possuíam da Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga, da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga, da Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S.A e da Refinaria de Petróleo Ipiranga S.A: a) apuraram o imposto de renda sobre os ganhos de capital verificado nessas operações, que será recolhido no prazo legal, conforme solicitação já dirigida ao Banco Itaú S.A (doc. 2); b) salvo com relação a uma menor parte que, como comprovam as declarações em anexo (doc. 3), prestadas pelo Diretor de Relações com o Mercado daquelas companhias, instruídas com os respectivos demonstrativos de apuração dos ganhos de capital e do imposto de renda sobre eles incidente, entendem amparadas pela isenção prevista na alínea "d" do artigo 4º do Decretolei nº 1.510/1976, por dizerem respeito a ações: b.1) originalmente adquiridas até 31.12.1983; b.2 emitidas no período de 01.01.1984 a 31.12.1988, a título de bonificações, mas correspondentes às ações mencionadas na letra "a"; e b.3) emitidas após 31.12.1988, igualmente a título de bonificações correspondentes às ações mencionadas nas letras "a" e "b". (...) 9.3 Por fim, constitui um dos pedidos deduzidos pelos impetrantes a determinação judicial para que a autoridade coatora abstenhase de (fls. 291): "(...) autuálos por não ter recolhido o imposto de renda sobre o ganho de capital auferido na venda de ações mencionadas na letra "b" do subitem 1.10 da presente. (...)" Fl. 384DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 385 6 10. Como se observa, existe concomitância entre processos administrativo e judicial, tendo em vista as partes, causa de pedir e pedido, que caracterizam o objeto da demanda. 10.1 As partes são as mesmas, irrelevante aqui a ordem delas nos polos das demandas. Na ação de segurança, tendo em conta a relação jurídica expressa em juízo, é cediço que a pessoa jurídica, a que a autoridade coatora integra, desfruta da qualidade de parte na demanda. 10.2 A causa de pedir remota é o resultado positivo na alienação de participações societárias ocorrida no dia 18/04/2007, relativa a empresas do Grupo Ipiranga, cujas ações ordinárias e preferenciais o contribuinte possuía há mais de cinco anos do início da vigência da Lei nº 7.713, de 1988, que revogou o art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, ou são ações recebidas em bonificação correspondentes a essas participações societárias. Ao passo que a causa de pedir próxima consiste na não incidência do imposto de renda sobre o ganho de capital, com fundamento na isenção prevista na alínea "d" do art. 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976. 10.3 Quanto aos pedidos, a relação de implicação é incontestável. O mandado de segurança preventivo visa à tutela do direito da pessoa física acionista de não recolher o imposto de renda na alienação das participações societárias, com espeque na legislação revogada, impedindo o ato de lançamento de ofício pelo Fisco. Na esfera administrativa, o pedido é exatamente pela improcedência do auto de infração lavrado, com base no reconhecimento do direito à isenção do DecretoLei nº 1.510, de 1976. 11. Acrescento que, segundo o Termo de Constatação Fiscal, o imposto de renda lançado no auto de infração correspondente ao montante depositado judicialmente no âmbito do mandado de segurança, o que coloca em evidência uma mesma relação jurídica de direito material (fls. 293/294). 12. De mais a mais, o entendimento da Súmula CARF nº 1 mantém harmonia com a legislação tributária vigente. Nesse sentido, reproduzo o art. 38 da Lei nº 6.830, de 22 de setembro de 1980, e o art. 87 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011: Lei nº 6.830, de 1980 Art. 38 A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo Único A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 386 7 Decreto nº 7.574, de 2011 Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no 6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. 13. Conveniente a seus propósitos, o recorrente procura reduzir o alcance da exegese do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830, de 1980, limitando a renúncia ou desistência tão somente nas hipóteses de discussões judiciais quando houve prévia inscrição do crédito tributário em Dívida Ativa. 14. O dispositivo de lei contém apenas uma enumeração exemplificativa das ações judiciais. Aparentemente olvidase o recorrente do princípio da jurisdição una, em que a decisão judicial transitada em julgado, oriunda de propositura de ação judicial em qualquer momento, anterior ou posterior ao lançamento tributário, prevalece sobre a decisão administrativa. 15. É impraticável a discussão paralela de mesma matéria, pois a Administração Tributária estará submetida ao resultado, favorável a ela ou não, da prestação jurisdicional que lhe for determinada para a composição da lide. 16. Sendo assim, ao optar pela discussão judicial com o mesmo objeto, ainda que proposta antes do lançamento fiscal, o sujeito passivo abdica da esfera administrativa. A apreciação no contencioso administrativo é possível quanto à matéria distinta ou mais ampla que a da ação judicial, o que não é o caso da questão devolvida a apreciação em segunda instância por meio do recurso voluntário sob exame. 17. Assinalo que não há impedimento para a lavratura de auto de infração contendo crédito tributário com exigibilidade suspensa. A título exemplificativo, o art. 63 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, prevê a hipótese de lançamento sob condição suspensiva dos atos de cobrança e assemelhados. 18. Mister realçar, por fim, que a notícia do trânsito em julgado da ação mandamental com decisão favorável à recorrente em nada altera o raciocínio exposto linhas acima, visto que restou devidamente caracterizada a renúncia pelo sujeito passivo às instâncias administrativas. Cabe à unidade preparadora da RFB dar cumprimento ao decidido pelo Poder Judiciário. 19. Em suma, não merece reforma a decisão de piso. Fl. 386DF CARF MF Processo nº 12448.733190/201136 Acórdão n.º 2401005.280 S2C4T1 Fl. 387 8 Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário e, no mérito, NEGOLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 387DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14474.000229/2007-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2003 a 31/07/2004
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. REMUNERAÇÃO. INCENTIVE HOUSE.
O valor pago pela empresa ao segurado por intermédio de programa de incentivo administrado, programa INCENTIVE HOUSE, constitui-se remuneração pelo trabalho, portanto, é fato gerador de contribuição previdenciária. Estando a verba no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver tributação sobre ela é necessário haver previsão legal nesse sentido.
Numero da decisão: 2401-005.336
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Andrea Viana Arrais Egypto e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho.
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DÉBITO. REMUNERAÇÃO. INCENTIVE HOUSE. O valor pago pela empresa ao segurado por intermédio de programa de incentivo administrado, programa INCENTIVE HOUSE, constituise remuneração pelo trabalho, portanto, é fato gerador de contribuição previdenciária. Estando a verba no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver tributação sobre ela é necessário haver previsão legal nesse sentido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 47 4. 00 02 29 /2 00 7- 67 Fl. 318DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 318 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Andrea Viana Arrais Egypto e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho. Fl. 319DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 319 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão 0625.533 (fls. 278/290) da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (DRJ/CTA), que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2003 a 31/07/2004 CRÉDITOS EM CARTÕES ELETRÔNICOS. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. INCIDÊNCIA CONTRIBUTIVA. Conforme prevê a legislação, integram o salário de contribuição do segurado empregado todos os rendimentos recebidos a qualquer título como contraprestação do seu trabalho, ainda que pagos indiretamente sob a forma de créditos em cartões eletrônicos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Extraise do Discriminativo Analítico de Débito (fls. 5/9), NFLD DEBCAD 37.040.9485, que o crédito tributário, relativo ao período 02/2003 a 07/2004, originouse a partir do levantamento de pagamentos de Incentive Houve (PIH), não declarado em GFIP. O sujeito passivo foi cientificado da Notificação Fiscal em 04/12/2006 e apresentou sua defesa em 15/12/2006 (fls. 42/53). Em síntese, argumenta que a base de cálculos das contribuições previdenciárias é a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, destinado a retribuir o trabalho, e que os pagamentos a título de Incentive House não compõem essa base. Entende que o empregado não está sendo remunerado pelos serviços objeto do contrato de trabalho, mas sim pelo reconhecimento da empresa pelo esforço extraordinário por esse desempenhado nas campanhas promovidas, além de suas obrigações contratuais. Ainda aborda a questão do nãoconfisco, e que no caso não ocorreu o fato gerador, não havendo que se falar em remuneração ou salário, mas tãosomente em incentivos mediante recarga de cartões Flexcard. Ao final, propugna pelo reconhecimento da insubsistência dos valores lançados na NFLD. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba considerando os argumentos da impugnação e a juntada de diversos documentos baixou os autos em diligencia para: 6. Tendo em vista a contestação do arbitramento e da base de cálculo pela Impugnante e a juntada de diversos documentos, foram os autos baixados em diligência para pronunciamento da autoridade lançadora, o que ocorreu às fls. 176 a 178, no sentido de esclarecer que apenas por ocasião da diligência lhe foi entregue planilha contendo, discriminadamente, o nome do premiado, número do CPF, valor do prêmio, data de emissão e credito das notas fiscais Fl. 320DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 320 4 emitidas pela empresa Incentive House, o que lhe possibilitou proceder a retificação das bases de cálculo, separando valores pagos a segurados empregados e a contribuintes individuais. Como consequência, informa o AuditorFiscal que a parte relativa a contribuintes individuais deverá ser objeto de nova NFLD, ficando na presente notificação, exclusivamente, as contribuições incidentes sobre a remuneração dos segurados empregados. Em relação ao pedido de diligência, colhemse do relatório de primeira instância, os seguintes pontos: 8. Em face da apresentação das folhas de pagamento e respectivas GFIPS, bem como de planilha contendo, discriminadamente, o nome do premiado, número do CPF, valor do prêmio, datas de emissão e de crédito das notas fiscais, quando da diligência fiscal e, considerando que com a simples retificação das bases de cálculo persistiria, em relação à contribuição dos segurados, o critério de aferição pela alíquota mínima, determinouse nova diligência para manifestação conclusiva da autoridade lançadora acerca da situação apontada. 9. Às fls. 215 informa o AuditorFiscal que procedeu à retificação, conforme planilhas de fls. 216 a 227, “considerando o limite máximo de salário de contribuição e respectivas alíquotas, mês a mês, em relação aos valores recebidos pelo cartão flexcard”. 10. Deuse ciência à Contribuinte (AR de fl. 232), com abertura de prazo para manifestação, o que ocorreu às fls. 238 a 244. Alega a lmpugnante violação do princípio da segurança jurídica, “haja vista a inclusão indevida dos valores supostamente pagos aos contribuintes individuais” e a mudança de valores em razão da utilização da alíquota mínima e, posteriormente, da alíquota máxima. Em relação aos valores que integram a base de cálculo, a Contribuinte repisa os argumentos já apresentados por ocasião da impugnação. 11. Embora a autoridade lançadora tenha infomiado a observância do limite máximo e a aplicação das respectivas alíquotas, mês a mês, no cálculo da contribuição dos segurados, verificouse não ter sido considerada a remuneração total (salário + flexcard) para aplicação do limite e alíquotas, bem como os recolhimentos porventura efetuados pela empresa, o que motivou nova diligência fiscal. 12. Na Informação Fiscal de fl. 261, o AuditorFiscal esclarece que a empresa autuada não fez constar das folhas de pagamento e respectivas GFlPs os valores apurados e devidos acerca da contribuição dos segurados incidente sobre a remuneração a título de marketing de incentivo, afirmando que as planilhas de fls. 217 a 227 retratam explicitamente e conclusivamente os Fl. 321DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 321 5 valores apurados e devidos, inclusive quanto à contribuição dos segurados. 13. Em que pese ter sido regularmente cientificada (AR fls. 264), a lmpugnante deixou de manifestarse acerca da diligência fiscal. Cientificada da decisão de primeira instância em 14/04/2010 (fls.295), apresentou Recurso Voluntário em 13/05/2010 (fls. 296/305), do qual retiramse os seguintes argumentos de defesa: a) De proêmio, diz que houve equívoco do auditor fiscal, que mesmo tendo analisado a documentação apresentada, considerou como tributáveis a totalidade dos valores levantados a partir das notas fiscais, pois incluiu na base de cálculo os repasses efetuados aos contribuintes individuais, como se trabalhadores fossem; b) Cita os arts. 198 e 214 do Decreto nº 3.048, de 1999, e art. 20 da Lei nº 8.212, de 1991, para enfatizar a contribuição previdenciária do segurado empregado incidente sobre o salário de contribuição; c) Entende que, com base na interpretação legal, a base de cálculo das contribuições previdenciárias é a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados destinados a retribuir o trabalho, não se podendo compreender neste conceito, qualquer outro; d) Diz que os valores reembolsados ou adiantados, mediante cartão de premiação Incentive House, são destinados a cobrir custos de viagem, alimentação e hospedagem, de seus empregados e de clientes e fornecedores da empresa, traduzindose, portanto em custos de publicidade e propaganda da empresa, tendo assim sido contabilizado; e) Declara que: ".. a fiscalização previdenciária vislumbra natureza salarial nos pagamentos de "incentive house", suas autuações relativas as contribuições devidas pela empresa não diferenciam empregados de contribuintes individuais, sendo aplicada, em todos os casos, a alíquota de 20%, acrescida de todos os encargos que, pela lei, são devidos apenas em relação aos empregados, vale dizer, da contribuição para o seguro contra acidente do trabalho ("SAT" de 1% a 3%), da contribuição para 0 salário educação (2,5%), da contribuição para o INCRA (O,2%) e das contribuições devidas ao denominado Sistema "S" (SESC, SENAC, SESI, SENAl, SEBRAE etc. até 2,7%)". f) Informa que a fiscalização ao efetuar os lançamentos da parte do empregado desconsiderou os valores já descontados em cada competência, o teto do salário de contribuição e a progressividade de alíquotas. g) Cita parecer publicado pelo Boletim IOB 18/85, no sentido de que os prêmios, por constituírem forma de incentivo, objetivando maior participação do empregado no trabalho, com maior rendimento e melhor comportamento, não representam salário. Fl. 322DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 322 6 h) Especifica que o item 2.1.4 do contrato obriga a Incentive House oferecer: "... terminais eletrônicos, bem como possibilidade de utilização dos cartões, nos estabelecimentos credenciados à Rede Shop e Cheque Eletrônico. Serviços básicos que podem ser oferecidos: transporte (aéreo, terrestre ou marítimo); hospedagem durante todo o periodo da viagem; serviço de “transfer”( em táxis, ônibus ou vans); coquetel de boasvindas; refeições; acompanhamento de guias durante toda a viagem; seguro de viagem". i) Enfatiza o princípio do não confisco. Ao final, propugna pelo reconhecimento da insubsistência dos valores declinados na presente NFLD, com sua devida anulação, ou alternativamente sua redução para aplicação da base de cálculo mínima ocorrida pelo lançamento. É o relatório. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 323 7 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. De início, convém destacar que a matéria que chega a fase recursal referese apenas a incidência das contribuições sociais sobre valores pagos a segurados empregados, mediante crédito em cartões de premiação denominados "flexcard", nos termos do voto do acórdão recorrido (fls. 282): 16. Em diligência fiscal, a autoridade lançadora reconhece a inclusão de segurados contribuintes individuais (e não apenas empregados), deixando claro que, quando da ação fiscal, não teve acesso à totalidade dos documentos da empresa “para saber quem foram os segurados creditados com os prêmios, e nem seus respectivos valores”, e que somente na diligência fiscal lhe foi fornecida planilha contendo, discriminadamente, o nome dos premiados, CPF, valor do prêmio, data de emissão e crédito das notas fiscais emitidas pela empresa Incentive House S/A, o que lhe permitiu verificar a existência de pagamentos a contribuintes individuais (sócios administradores da empresa) e, então, retificar as bases de cálculo, separando os valores pagos a segurados empregados e contribuintes individuais, conforme planilhas de fls. 180 a 189. 17. Dessa forma, os valores relativos às contribuições dos segurados contribuintes individuais serão excluídos da presente NFLD, devendo ser objeto de nova Notificação (Informação Fiscal fl. 177, item 3). Portanto, a NFLD em tela passa a contemplar apenas as contribuições sociais incidentes sobre valores pagos a segurados empregados, mediante crédito em cartões de premiação denominados “flexcard”. (grifouse) Portanto, após julgamento de primeira instância, restou retificada a base de cálculo constante do DAD Discriminativo Analítico de Débito (fls. 04/08), conforme abaixo: Fl. 324DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 324 8 56. Ressalvese, todavia, que em relação às competências 03 e 07/2003, conforme já esclarecido no item 39 deste voto, a base de cálculo sofreu alteração para maior, ou seja, o valor informado pela própria Contribuinte, por ocasião da diligência fiscal, como pago aos segurados empregados, mediante crédito em cartões eletrônicos, supera aquele inicialmente aferido pela Fiscalização, conforme Relatório Fiscal Complementar de fl. 178 e planilha de fl. 179. Portanto, em relação às competências 03 e 07/2003, devem ser desconsideradas as contribuições constantes do DADR, devendo ser consideradas as seguintes contribuições: Portanto, entendo que o argumento da inclusão indevida dos valores supostamente pagos aos contribuintes individuais (sócios administradores da empresa) está Fl. 325DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 325 9 superado considerando que, após as diligências e havendo o sujeito passivo se manifestado, os valores das base de cálculos foram alterados, conforme acima demonstrado. Também entendo que o argumento do arbitramento está superado, pelas seguintes razões: a) a uma, porque é legítimo o lançamento operado por aferição indireta (arbitramento) em relação a débitos relativos a contribuição previdenciária, considerando que na ação fiscal, a autoridade lançadora não teve acesso à totalidade dos documentos da empresa, nos termos do art. 33 da Lei nº 8.212, de 1991. Ressalte que a aferição indireta está consignada no termo de Fundamentos Legais do Débito (fls. 15), bem como no Relatório fiscal (fls. 30). 2.1.4. As bases de cálculo correspondem aos valores pagos aos segurados empregados por meio de cartões de premiação, denominado “flexcard“, conforme contrato entre o sujeito passivo e a empresa Incentive House fimrado em 25 de fevereiro de 2003, e termo de aditamento respectivo, datado de 16 de outubro de 2003. Em anexo a NFLD n° 37.040.9485 encontra se planilha discriminado as bases de cálculo, valores e números das notas fiscais da Incentive House, mês a mês, correspondentes ao período do crédito previdenciário. 2.1.5. As alíquotas aplicadas foram as seguintes: Empresa: 20 %; GILRAT: 2 %; Terceiros: 5,2 %; Segurados: 8 %. 2.1.6. As contribuições previdenciárias devidas pelos segurados empregados foram aferidas pela alíquota mínima, visto que o sujeito passivo, devidamente intimado, não apresentou as folhas de pagamento detalhando os valores pagos, devidos ou creditados aos seus segurados empregados, impossibilitando assim a apuração real. Pelo descumprimento dessa obrigação acessória, foi lavrado o correspondente Auto de Infração. b) a duas, porque foi efetivamente identificada a matéria tributável no presente NFLD, ou seja, a incidência das contribuições sociais sobre valores pagos a segurados empregados. Sem razão a recorrente. No mérito, argumenta a recorrente que os valores reembolsados ou adiantados, mediante cartão de premiação Incentive House, não constituem em remuneração e não integram o salário de contribuição dos empregados, destinamse a cobrir custos de viagem, alimentação e hospedagem, traduzindose, portanto, em custos de publicidade e propaganda da empresa, tendo assim sido contabilizado. A matéria está regulado no art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991, que assim dispõe sobre o salário de contribuição para fins de incidência da contribuição previdenciária: CAPÍTULO IX Fl. 326DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 326 10 DO SALÁRIODECONTRIBUIÇÃO Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) [...] Veja que o legislador adotou o conceito bem mais amplo de remuneração, para efeitos de apuração da contribuição previdenciária, abrangendo o salário, com todos os componentes, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma. Do contrato de prestação de serviços firmado entre a Alternativa Express Serviços Auxiliares e a Incentive House S.A. (fls. 65/67), destacase a forma de pagamento destas remunerações, conforme a seguir: 1. OBJETO 1.1 O presente contrato tem por objeto a prestação de serviços de planejamento, desenvolvimento e gerenciamento de programas de marketing de relacionamento, motivação, incentivo e fidelidade, promovidos pelo CLIENTE a seus colaboradores, canais de distribuição, clientes e/ou terceiros, mediante a utilização de sistemas de premiação. Esses programas visam aumentar a produtividade, estreitar relacionamentos, e/ou divulgar marcas do CLIENTE junto a seus públicos alvo. (grifouse) Pois bem. Entendo que essa cláusula contratual é clara no sentido de que os empregados recebem a premiação em razão do trabalho (pelo trabalho), mediante critérios pré estabelecidos (desempenho, esforço e produtividade), obtendo assim um ganho econômico, uma vantagem financeira, em razão dos serviços que foram prestados à recorrente. Portanto, foram valores pagos pelo trabalho realizado, sendo uma retribuição pelo mesmo. Neste sentido, são as conclusões da decisão de piso, que abaixo reproduzo: 22. A lei não estabelece que a remuneração esteja relacionada ao esforço extraordinário do empregado e nem que para que ocorra seja necessário o cumprimento de metas. Basta o desempenho laboral dos empregados para comprovar a contraprestação pelo serviço prestado, não importando a nomenclatura que se queira dar aos pagamentos: incentivos, Fl. 327DF CARF MF Processo nº 14474.000229/200767 Acórdão n.º 2401005.336 S2C4T1 Fl. 327 11 prêmios, etc. A verdade e' que se trata de remuneração pelo serviço prestado (ainda que indiretamente) à Contribuinte. Repise que, no caso, o salário de contribuição, definido na legislação previdenciária, abrange o conceito de remuneração, definido como todos os rendimentos pagos, devidos ou creditados aos empregados, a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho. Ademais, o sujeito passivo não trouxe à baila nenhum argumento jurídico capaz de enquadrar suas alegações nas hipóteses contidas no§ 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991, que dispõem sobre as verbas que não integram o salário de contribuição para os fins do referido diploma legal. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 328DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002555/2006-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2001
DECADÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL.
O direito de a Fazenda lançar o Imposto de Renda Pessoa Física devido no ajuste anual decai após cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador que se perfaz em 31 de dezembro de cada ano, desde que não seja constada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do art. 150, §4º, do CTN.
DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. FALTA DE PAGAMENTO.
O fato gerador do imposto de renda em relação aos rendimentos oriundos de ganho de capital obtido na alienação de bens e direitos é mensal e, não havendo pagamento, o prazo de decadência para constituição do crédito tributário começa a fluir a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que podia ter sido lançado (CTN, art. 173, I).
IRPF. GANHO DE CAPITAL. BEM PARTICULAR DO CÔNJUGE. ILEGITIMIDADE PASSIVA.
A lei civil prevê que, no regime de comunhão parcial, os bens que cada cônjuge possuir ao casar se excluem da comunhão. Assim, não pode o contribuinte figurar no polo passivo do lançamento relativo ao ganho de capital na alienação de imóvel quando constatado que este era bem particular do seu cônjuge.
DEPÓSITO BANCÁRIO A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA
Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. De acordo com a Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.
SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001.
O art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 concedeu ao Fisco o poder de examinar os dados de constas bancárias quando houvesse procedimento administrativo em curso. Portanto, não se pode falar em qualquer ilegalidade cometida pela autoridade lançadora, visto que esta detém a prerrogativa concedida pelo art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 para requisitar informações às instituições financeiras sem que isso se caracterize como quebra de sigilo bancário.
SIGILO BANCÁRIO. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001.
O art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 concedeu ao Fisco o poder de examinar os dados de constas bancárias quando houvesse procedimento administrativo em curso. Desta forma, nos termos do art. 144, § 1º, do Código Tributário Nacional - CTN, é autorizada a aplicação desses novos critérios para apuração de tributos aos fatos geradores pretéritos.
Numero da decisão: 2201-004.155
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
EDITADO EM: 07/03/2018
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausente justificadamente a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski.
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Recorrente JASON PAULO DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 DECADÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS AO AJUSTE ANUAL. O direito de a Fazenda lançar o Imposto de Renda Pessoa Física devido no ajuste anual decai após cinco anos contados da data de ocorrência do fato gerador que se perfaz em 31 de dezembro de cada ano, desde que não seja constada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, nos termos do art. 150, §4º, do CTN. DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. FALTA DE PAGAMENTO. O fato gerador do imposto de renda em relação aos rendimentos oriundos de ganho de capital obtido na alienação de bens e direitos é mensal e, não havendo pagamento, o prazo de decadência para constituição do crédito tributário começa a fluir a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que podia ter sido lançado (CTN, art. 173, I). IRPF. GANHO DE CAPITAL. BEM PARTICULAR DO CÔNJUGE. ILEGITIMIDADE PASSIVA. A lei civil prevê que, no regime de comunhão parcial, os bens que cada cônjuge possuir ao casar se excluem da comunhão. Assim, não pode o contribuinte figurar no polo passivo do lançamento relativo ao ganho de capital na alienação de imóvel quando constatado que este era bem particular do seu cônjuge. DEPÓSITO BANCÁRIO A DESCOBERTO. ÔNUS DA PROVA. MATÉRIA SUMULADA Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Não comprovada a origem dos depósitos em conta corrente bancária, deve ser mantido o lançamento tributário. De acordo com a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 25 55 /2 00 6- 18 Fl. 150DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 151 2 Súmula CARF nº 26, a presunção estabelecida pelo citado dispositivo legal dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001. O art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 concedeu ao Fisco o poder de examinar os dados de constas bancárias quando houvesse procedimento administrativo em curso. Portanto, não se pode falar em qualquer ilegalidade cometida pela autoridade lançadora, visto que esta detém a prerrogativa concedida pelo art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 para requisitar informações às instituições financeiras sem que isso se caracterize como quebra de sigilo bancário. SIGILO BANCÁRIO. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001. O art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 concedeu ao Fisco o poder de examinar os dados de constas bancárias quando houvesse procedimento administrativo em curso. Desta forma, nos termos do art. 144, § 1º, do Código Tributário Nacional CTN, é autorizada a aplicação desses novos critérios para apuração de tributos aos fatos geradores pretéritos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. EDITADO EM: 07/03/2018 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Douglas Kakazu Kushiyama, Marcelo Milton da Silva Risso, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausente justificadamente a Conselheira Dione Jesabel Wasilewski. Relatório Fl. 151DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 152 3 Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 115/148, interposto contra decisão da DRJ em São Paulo/SP, de fls. 96/109, a qual julgou procedente o lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física – IRPF de fls. 64/66, lavrado em 23/11/2006, decorrente das seguintes infrações: (i) omissão de ganho de capital na alienação de bens e direitos, relativo a fato gerador ocorrido em junho/2001, que resultou no imposto de renda devido no valor de R$ 2.717,38 (fl. 62); e (ii) omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, no anocalendário 2001, que resultou no imposto de renda devido no valor de R$ 24.794,25 (fl. 62). A ciência do RECORRENTE ocorreu em 30/11/2006 (fl. 69). O crédito tributário objeto do presente processo administrativo foi apurado no valor de R$ 69.956,61, já inclusos juros de mora (até o mês da lavratura) e multa de ofício de 75%. De acordo com a Termo de Verificação Fiscal – TVF de fls. 58/61, a ação fiscal no RECORRENTE decorreu de procedimento instaurado em face do seu cônjuge, onde foi solicitada a apresentação dos extratos de movimentação das contas correntes e aplicações/investimentos mantidas em instituições financeiras no ano de 2001. Como não houve atendimento ao requisitado, os documentos foram solicitados às instituições financeiras por meio de Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira emitidas pela Delegada da Receita Federal em São Paulo. Encaminhados pelas instituições financeiras, os extratos solicitados, foi verificada a cotitularidade do RECORRENTE na conta corrente n° 53.7004 da Agência 05053 do Banco Bradesco S/A, na qual foram constatados depósitos/créditos no montante total de R$ 180.321,79, do qual 50% são atribuídos ao co titular. Sendo assim, foi encaminhado ao RECORRENTE Termo de Início de Fiscalização solicitando a comprovação da origem dos recursos (fls. 39/40). Todavia, a autoridade fiscal esclareceu que o RECORRENTE não apresentou qualquer esclarecimento ou documento comprobatório da origem do valor de R$ 180.321,79, depositado/creditado em conta bancária no ano de 2001. A fiscalização reiterou que o referido valor referese ao somatório dos depósitos/créditos constatados na conta corrente mantida pelo fiscalizado solidariamente (tipo e/ou) com o cônjuge Nádia Macruz Massih, CPF n° 151.134.79888, conforme informação fornecida pela instituição financeira (fls. 38) e ratificada pelo cônjuge em documento apresentado à fiscalização. Assim, ante a ausência de esclarecimentos, foram atribuídos ao RECORRENTE 50% dos valores depositados/creditados, num total de R$ 90.160,89 (demonstrativo de fls. 53/57). No que diz respeito à infração relativa ao ganho de capital, a autoridade fiscal explicou que esta teve origem na falta de apuração e recolhimento do imposto referente à alienação, em 12/06/2001, do apartamento n° 301 situado na Rua Dom Pedro, n° 59, na cidade de Marilia/SP, por R$ 45.000,00. Foi verificado não ter sido informada a propriedade do bem nas declarações de ajuste anual do ano calendário sob exame, apresentadas pelo fiscalizado e pelo cônjuge. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 153 4 Após oficiados, os Tabelionatos locais ofereceram as cópias das Escrituras de Venda e Compra relativas à alienação e aquisição do imóvel (fls. 48/51). Segundo consta das referidas escrituras, o imóvel foi adquirido por Nádia Macruz Massih (cônjuge do RECORRENTE) de Ana Maria Brabo Abdul Massih e Joseph Somaan Abdul Massih, conforme Instrumento Particular de Compromisso de Venda e Compra firmado em 20/05/1991, pelo preço de Cr$ 2.000.000,00 (dois milhões de cruzeiros) e alienado em 12/06/2001, à empresa Zuna Empreendimentos Imobiliários Sociedade Civil Limitada, pelo valor de R$ 45.000,00, já na constância da sociedade conjugal. Tendo em vista a omissão do imóvel na Declaração de Bens da Declaração de Ajuste Anual, a autoridade lançadora apurou o custo de aquisição conforme o disposto na Instrução Normativa/SRF n° 84/01, atualizandoo até 31/12/1995, mediante a utilização da Tabela de Atualização do Custo de Bens e Serviços, constante do Anexo Único da referida Instrução Normativa, resultando no valor de R$ 8.768,25. Assim, a autoridade fiscal apurou ganho de capital de R$ 36.231,75 (R$ 45.000,00 – R$ 8.768,25) e tributou à razão de 50% para cada cônjuge, conforme demonstrado à fl. 52. Impugnação O RECORRENTE apresentou sua Impugnação de fls. 70/88, postada nos Correios em 22/12/2006 (fl. 91). As razões de defesa foram assim sintetizadas pela DRJ de origem: “1 a fiscalização já estava se baseando em informações financeiras no início do procedimento. Era necessário que fosse informado se contra ele foi iniciado procedimento fiscalizatório e qual o tipo de fiscalização, bem como cientificálo do MPF; 2 a fiscalização possuía informações a respeito do sigilo financeiro do intimado, mas não foram cumpridas as formalidades dispostas no art. 6°, da Lei Complementar 105/2001 e Decreto 3.724/2001; 3 de acordo com as normas citadas, o impugnante tinha o direito de ser cientificado do procedimento e ter possibilidade de apresentar espontaneamente as informações de sua declaração, antes de ser quebrado o seu sigilo bancário; 4 no Termo de Verificação Fiscal, o autuante descreve uma série de intimações que precederam a quebra do sigilo bancário que o impugnante não recebeu, senão teria atendido; 5 o contribuinte teve cerceado seu direito de defesa, pois lhe foi expropriado o prazo útil de exercicio, conforme art. 59, do Decreto 70.235/72; 6 tendo o imposto de renda pessoa física fato gerador mensal e sendo esse imposto constituído na modalidade conhecida como lançamento por homologação, o prazo decadencial do imposto deve ser contado mensalmente; Fl. 153DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 154 5 7 fica patente que o ato de lançamento de ofício perpetrado pela autoridade fiscal em data na qual já estava plenamente configurado o efeito da decadência, confonne o art. 150, do Código Tributário Nacional, este é nulo de pleno direito; 8 o impugnante não deixou de prestar nenhum esclarecimento ao Fisco, apenas não teve tempo hábil para tanto; 9 em relação ao imóvel comercializado não teve oportunidade de se manifestar, porém o devedor e o comprador era seu tio e esposa; portanto o imóvel “passou pelo nome da mesma sem qualquer movimentação econômica e sem que a vida financeira do casal fosse alterada”; 10 o Manual de Preenchimento da Declaração não informa que o contribuinte tem que manter documentos relativos a sua movimentação bancária; 11 o imposto de renda possui fato gerador próprio com base de cálculo bem definida, não podendo ser estendido ou mesmo confundida a base de cálculo deste imposto com o da CPMF; 12 a Súmula 182, do TFR considera ilegítimo o lançamento com base apenas em extratos ou depósitos bancários; 13 houve aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e Decreto 3.724/2001; 14 seu sigilo bancário não poderia ter sido quebrado sem a devida autorização judicial.” Decisão da DRJ Quando do julgamento do caso, a DRJ em São Paulo/SP julgou procedente o lançamento (fls. 96/109). O acórdão proferido na ocasião possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2001 DECADÊNCIA O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. PRELIMINAR CERCEAMENTO DE DEFESA. Somente a partir da lavratura do auto de infração é que se instaura o litígio entre o fisco e o contribuinte, podendose, então, falar em contraditório e ampla defesa, sendo improcedente a preliminar de cerceamento do direito de defesa quando concedida, na fase de impugnação, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos. Fl. 154DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 155 6 PRELIMINAR SIGILO BANCÁRIO. Havendo procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelos órgãos fiscais do Ministério da Fazenda, não constitui quebra do sigilo bancário. INSTAURAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO COM BASE EM REGISTROS DA CPMF LEGISLAÇÃO POSTERIOR APLICADA A FATOS PRETERITOS. Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Após 1° de janeiro de 1997, com a entrada em vigor da Lei 9.430 de 1996, consideramse rendimentos omitidos, autorizando o lançamento do imposto correspondente, os depósitos junto a instituições financeiras, quando o contribuinte, regulannente intimado, não logra comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados. GANHO DE CAPITAL ALIENAÇÃO DE IMOVEL. Na apuração do ganho de capital são consideradas todas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição. Lançamento Procedente” Nas razões do voto proferido na ocasião, a autoridade julgadora de primeira instância rebatou as alegações de defesa do RECORRENTE e findou por manter o lançamento. O Recurso Voluntário O RECORRENTE, devidamente intimado da decisão da DRJ em 03/11/2009, conforme documento de fl. 112, apresentou o recurso voluntário de fls. 115/148 em 03/12/2009. Em suas razões de apelo, reiterou o alegado na Impugnação. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 155DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 156 7 O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. PRELIMINARES: Nulidade do lançamento O RECORRENTE alega que o presente lançamento seria nulo por cerceamento do seu direito de defesa. No entanto, não merece prosperar o argumento. Entendo que não foram apontados vícios relacionados ao ato de constituição do crédito tributário especificados no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, nem qualquer afronta ao art. 142 do CTN, quais sejam: Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Conforme Termo de Verificação Fiscal, mediante procedimento instaurado em face do cônjuge do RECORRENTE, onde foram emitidas as Requisições de Informações sobre Movimentações Financeiras, a autoridade lançadora constatou a existência de conta bancária mantida em cotitularidade com o RECORRENTE. Assim, justamente em respeito ao princípio da ampla defesa, a fiscalização expediu Mandado de Procedimento Fiscal em face do RECORRENTE (fl. 02) e enviou Termo de Início de Fiscalização intimandoo a comprovar a origem dos depósitos havidos na conta (fls. 39/40). Ora, não houve qualquer despacho ou decisão proferida com preterição do direito de defesa do RECORRENTE. Muito pelo contrário. Ele foi intimado a comprovar a origem dos depósitos antes do lançamento, no entanto deixou de responder à fiscalização. Consequentemente, em razão da ausência de comprovação por parte dos cotitulares, foi corretamente efetuado o lançamento em partes iguais contra cada contribuinte (50% para cada), nos termos do art. 42, § 6º, da Lei nº 9.430/96, que prevê o seguinte: “§ 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de Fl. 156DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 157 8 informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares.” Mesmo quando da apresentação da Impugnação e do Recurso Voluntário o RECORRENTE não apresentou qualquer comprovação dos depósitos havidos na conta corrente mantida. Para retificar a autuação, deveria o RECORRENTE trazer aos autos elementos e provas a fim de demonstrar a origem dos depósitos/créditos apontados pela fiscalização. Conforme acima exposto, o lançamento não se encontra eivado de vícios. Assim, entendo que não houve qualquer afronta ao art. 142 capaz de ensejar a anulação do auto. Portanto, não merecem prosperar esses argumentos da RECORRENTE. Inobservância das condições para a quebra do sigilo bancário O RECORRENTE afirma que o lançamento infringiu o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, pois “tinha o direito a ser cientificada do procedimento intentado contra ele, ter a possibilidade de apresentar espontaneamente as informações de sua Declaração de Imposto de Renda, antes de ser quebrado o seu sigilo bancário, e ter vista aos documentos de posse da fiscalização”. No entanto, houve um erro de interpretação dos fatos por parte do RECORRENTE. Conforme já exposto, a autoridade fiscal havia instaurado procedimento em face da esposa do RECORRENTE, em que a mesma foi intimada a apresentar os extratos bancários solicitados. Ante o não atendimento ao requisitado, a fiscalização solicitou os extratos por meio de Requisições de Informações sobre Movimentações Financeiras – RMF enviados às instituições financeiras. Assim, quando da análise dos extratos bancários a autoridade lançadora constatou a existência de conta bancária mantida em cotitularidade com o RECORRENTE e o intimou para comprovar a origem dos depósitos. Não havia a necessidade de intimar o contribuinte para apresentar os extratos bancários, ou de expedir nova RMF, uma vez que os extratos já estavam de posse da fiscalização. Quando verificou a cotitularidade, a autoridade fiscal agiu corretamente, pois expediu Mandado de Procedimento Fiscal em face do RECORRENTE (fl. 02) e enviou Termo de Início de Fiscalização intimandoo a comprovar a origem dos depósitos havidos na conta (fls. 39/40). No entanto, o RECORRENTE deixou de apresentar qualquer resposta dentro do prazo estipulado; nem solicitou adiamento do prazo. Assim, não vislumbro a irregularidade apontada pelo RECORRENTE. Decadência Fl. 157DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 158 9 O RECORRENTE afirma que o fata gerador do imposto de renda da pessoa física é mensal. Assim, defende a aplicação da decadência, com fulcro no artigo 150 §4º, o CTN, já que os fatos geradores ocorreram no período de janeiro a dezembro de 2001 e o lançamento somente ocorreu em novembro/2006. No entanto, entendo que não assiste razão ao RECORRENTE. Para o bom emprego do instituto da decadência previsto no CTN é preciso verificar o dies a quo do prazo decadencial de 5 (cinco) anos aplicável ao caso: se é o estabelecido pelo art. 150, §4º ou pelo art. 173, I, ambos do CTN. Em 12 de agosto de 2009, o Superior Tribunal de Justiça – STJ julgou o Recurso Especial nº 973.733SC (2007/01769940), com acórdão submetido ao regime do art. 543C do antigo CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), da relatoria do Ministro Luiz Fux, assim ementado: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). Fl. 158DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 159 10 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Portanto, sempre que o contribuinte efetue o pagamento antecipado, o prazo decadencial se encerra depois de transcorridos 5 (cinco) anos do fato gerador, conforme regra do art. 150, § 4º, CTN. Na ausência de pagamento antecipado ou nas hipóteses de dolo, fraude ou simulação, o lustro decadencial para constituir o crédito tributário é contado do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, CTN. Por ter sido sob a sistemática do art. 543C do antigo CPC, a decisão acima deve ser observada por este CARF, nos termos do art. 61, §2º, do Regimento Interno do CARF (aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015): § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. No caso concreto, uma parte do lançamento referese ao imposto de renda decorrente de ganho de capital proveniente de venda de imóvel por parte do contribuinte em Fl. 159DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 160 11 jun/2001. A autoridade fiscal expõe no Termo de Verificação Fiscal que o RECORRENTE não recolheu o imposto devido a título de ganho de capital. É notório que o RECORRENTE não promoveu o recolhimento, ainda que parcial, de tal exação, pois conforme consta do TVF, o imóvel alienado não constava da declaração de bens e direitos do RECORRENTE nem de sua esposa. Sendo assim, no caso concreto, o prazo decadencial para constituir o crédito tributário é contado nos termos do art. 173, I, CTN, uma vez que não há pagamento para se homologar. Ou seja, contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, sendo certo que este corresponde ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, conforme decisão do STJ acima exposta. O ganho de capital é relativo ao período de 06/2001. Assim, aplicandose a regra do art. 173, I, do CTN, o dies a quo do prazo decadência foi 01/01/2002, o que autoriza o lançamento do crédito tributário até 31/12/2006. Tendo o RECORRENTE sido notificado em novembro/2006, entendo que o lançamento ocorreu dentro do prazo decadencial. No que diz respeito à infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários, também entendo que não ocorreu a decadência. É que o fato gerador do IRPF é complexivo. Ou seja, embora apurado mensalmente, está sujeito ao ajuste anual quando é possível definir a base de cálculo e aplicar a tabela progressiva, aperfeiçoandose no dia 31/12 de cada anocalendário. Neste sentido, cito a Súmula CARF nº 38, que, inclusive, trata de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários: “Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário.” No caso concreto, o lançamento relativo aos depósitos bancários engloba o período de janeiro/2001 a dezembro/2001. Ou seja, o fato gerador ocorreu em 31/12/2001. Mesmo aplicandose a regra decadencial do art. 150, §4º, do CTN (05 anos a partir do fato gerador), temse que o lançamento poderia ser realizado até 31/12/2006. Assim, como não houve o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos entre a ocorrência do fato gerador e a intimação do contribuinte da lavratura do auto de infração (novembro/2006), devese afastar a alegação de decadência do crédito tributário. Ganho de Capital: Ilegitimidade passiva O julgador administrativo deve analisar, de ofício, quaisquer outras questões que impliquem a nulidade, ainda que parcial, do lançamento. Nesse sentido, convém destacar que o lançamento relativo ao ganho de capital não pode prosperar em face do RECORRENTE. É que, conforme exposto pela autoridade fiscal no TVF, o imóvel objeto da apuração do ganho de capital foi adquirido por Nádia Macruz Massih (cônjuge do RECORRENTE) em 20/05/1991, conforme Instrumento Particular de Compromisso de Venda Fl. 160DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 161 12 e Compra (fls. 50/51), e foi alienado em 12/06/2001, já na constância da sociedade conjugal, conforme instrumento de fls. 48/49. Ainda de acordo com o documento de fls. 48/49, o RECORRENTE casou com Nádia Macruz Massih em 10/06/1994 sob o regime de comunhão parcial de bens. Portanto, o imóvel alienado foi adquirido pela Sra. Nádia antes da constância do casamento com o RECORRENTE. O art. 1.658 do Código Civil prevê que, no regime de comunhão parcial, comunicamse os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento. Nos dispositivos seguintes, o mesmo Código Civil apresenta o que se excluem e o que entram na comunhão parcial: “Art. 1.659. Excluemse da comunhão: I os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os subrogados em seu lugar; II os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em subrogação dos bens particulares; III as obrigações anteriores ao casamento; IV as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; V os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; VI os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; VII as pensões, meiossoldos, montepios e outras rendas semelhantes. Art. 1.660. Entram na comunhão: I os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; II os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior; III os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; IV as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; V os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.” Sendo assim, verifico que o imóvel alienado era bem particular da esposa do RECORRENTE, pois adquirido por ela antes do casamento. O valor obtido em decorrência de Fl. 161DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 162 13 sua venda também não pode ser atribuído ao RECORRENTE; tanto que o inciso II do art. 1.659, acima transcrito, prevê que também se excluem da comunhão “os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em subrogação dos bens particulares”. Ou seja, a lei civil trata como particular um bem que porventura venha a ser adquirido em subrogação do bem particular vendido. Sendo assim, é evidente que o ganho de capital auferido com a venda do bem partícula é exclusivo do proprietário desse bem, não havendo que se falar em qualquer comunicação com o cônjuge. Portanto, o RECORRENTE não tem qualquer participação no imóvel alienado, mesmo que em decorrência do casamento. Sendo assim, não pode figurar no polo passivo do lançamento envolvendo imposto de renda relativo à venda do citado imóvel. Em razão do exposto, conheço, de ofício, a ilegitimidade passiva do RECORRENTE tãosomente no que diz respeito ao lançamento do imposto de renda em razão do ganho de capital na alienação do imóvel. MÉRITO: Da presunção de omissão de receitas (art. 42 da Lei nº 9.430/96) O RECORRENTE apresenta argumentos no sentido de não ser possível realizar o lançamento do imposto de renda com base em depósitos bancários, haja vista a existência de uma mera presunção de renda. Em princípio, conforme detalhado pela autoridade lançadora no TVF, a apuração dos valores depositados nas contas que o RECORRENTE mantém em cotitularidade com seu cônjuge ocorreu a partir de fiscalização efetuada em desfavor deste último, e foram tributados de acordo com o art. 42, § 6º, da Lei nº 9.430/96. O RECORRENTE não contesta a titularidade da conta bancária. Intimado durante a ação fiscal para comprovar, mediante documentação hábil e idônea, as fontes de recursos que deram origem aos depósitos bancários em seu nome, o RECORRENTE nada respondeu. Quando da apresentação de sua impugnação, o RECORRENTE teve a oportunidade de comprovar a origem dos recursos que ocasionaram o presente lançamento através de documentação hábil e idônea. Ocorre que limitouse a declarar que o presente lançamento estaria atingido pela decadência, que seria nulo, que não poderia prosperar lançamento de imposto de renda com base em depósitos bancários, etc. Contudo, deixou de trazer aos autos qualquer prova de suas alegações. Quando da apresentação de seu recurso voluntário, também não trouxe aos autos qualquer documentação capaz de comprovar a origem dos recursos. Quanto à alegação do RECORRENTE de que não haveria ocorrido o fato gerador do imposto de renda, cumpre esclarecer que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 prevê expressamente que os valores creditados em conta de depósito que não tenham sua origem comprovada caracterizamse como omissão de rendimento para efeitos de tributação do imposto de renda, nos seguintes termos: Fl. 162DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 163 14 “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.” A referida matéria já foi, inclusive, sumulada por este CARF, razão pela qual é dever invocar a Súmula nº 26 transcrita a seguir: “SÚMULA CARF Nº 26 A presunção estabelecida no art. 42 da Lei Nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.” Desta forma, é legal a presunção de omissão de rendimentos por depósitos bancários de origem não comprovada, a qual pode ser elidida por prova em contrário, o que não aconteceu no presente caso. Apesar da intimação procedida pela fiscalização, através do Termos de Início de fiscalização, o RECORRENTE não apresentou qualquer resposta ou esclarecimento. Portanto, não pode, agora, embasar sua defesa no fato de que não teve tempo hábil para prestar os esclarecimentos. Ora, o lançamento é datado de 2006 e até a presente data (mais de 10 anos depois) o RECORRENTE não apresentou qualquer documentação hábil a comprovar a origem dos depósitos/créditos apontados pela fiscalização. Desta forma, ante a presunção de omissão de receita caracterizada pelos depósitos bancários, deveria o RECORRENTE ter comprovado a origem do dinheiro. Por exemplo, se foi decorrente de atividade rural, de rendimentos isentos, etc. Importante transcrever acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF sobre o tema: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2000, 2001, 2002 LEI COMPLEMENTAR N. 105/2001. LEI N. 10.174/2001. VIOLAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA IRRETROATIVIDADE E ANTERIORIDADE. QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. INEXISTÊNCIA. RE 601.314/SP. O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN (...) Fl. 163DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 164 15 IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. PRESUNÇÃO. COMPROVAÇÃO INDIVIDUALIZADA. ART. 42 DA LEI N. 9.430/96. ENUNCIADO DE SÚMULA CARF N. 26. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A presunção estabelecida no art. 42 da Lei n. 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada, consoante disposto no enunciado de Súmula CARF n. 26. A origem dos depósitos bancários deve ser demonstrada com elementos de prova objetivos que permitam estabelecer correspondência individualizada entre os créditos e as origens alegadas. (...)” (acórdão nº 2402006.005; data da sessão: 14/09/2017) Portanto, não há que se falar em nulidade do lançamento visto que existe previsão legal que autoriza ao Fisco tributar os depósitos de origem não comprovada. Esclareçase, também, que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a autoridade fiscal agir conforme estabelece a lei, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN: “Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.” Inaplicabilidade da Súmula 182 do antigo TFR Também não se pode falar em desrespeito à Súmula nº 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos – TFR, uma vez que o presente lançamento foi efetuado com base na presunção legal de omissão de rendimentos prevista pelo art. 42 da Lei nº 9.430/96. Referida Súmula é antiga e referese a fatos geradores ocorridos em já distantes anos, quando ainda não existia a autorização por lei para a tributação de depósitos bancários sem comprovação de origem, conforme julgado abaixo transcrito: Fl. 164DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 165 16 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracteriza omissão de rendimentos, sujeitos ao lançamento de ofício, os valores creditados em contas de depósito mantidas junto às instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. O art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, cuida da inversão do ônus da prova e da presunção legal de omissão de rendimentos, se o contribuinte não comprovar a origem dos depósitos apurados pela fiscalização. SÚMULA 182 DO TFR. FATOS GERADORES OCORRIDOS SOB A ÉGIDE DE LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. INAPLICABILIDADE. A Súmula 182 do exTFR, encontrase superada pela Lei nº 9.430, de 1996, que inverteu o ônus da prova. (acórdão nº 2202002.222; data da sessão: 13/03/2013)” Da quebra do sigilo bancário. Inocorrência No presente caso, não há que se falar em qualquer tipo de quebra de sigilo bancário por parte da autoridade fiscal, tendo em vista que os extratos bancários de fls. 10/35 foram fornecidos pela instituição financeira após a regular emissão de Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF pela Delegada da Receita Federal em São Paulo/SP em procedimento instaurado em face do cônjuge do RECORRENTE, conforme informa o Termo de Verificação Fiscal (fl. 58). No que diz respeito à alegação de ilegalidade de quebra do sigilo bancário, cumpre esclarecer o art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, autoriza ao Fisco “examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso”. Por óbvio, de posse dos extratos bancários apresentados pela instituição bancária, e observando que a conta corrente era mantida em cotitularidade com o RECORRENTE, a Secretaria da Receita Federal passou a solicitar as informações acerca dos depósitos também ao RECORRENTE. Portanto, não se pode falar em qualquer ilegalidade cometida pela autoridade lançadora, visto que esta detém a prerrogativa concedida pelo art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 para requisitar informações às instituições financeiras sem que isso se caracterize como quebra de sigilo bancário. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 166 17 Assim, não merece prosperar a alegação de houve a quebra do seu sigilo bancário sem a sua prévia intimação. A partir do momento que o RECORRENTE foi intimado para prestar os esclarecimentos e deixou de apresentar resposta, a autoridade fiscal tinha o poder/dever de efetuar o lançamento caso fosse constatada qualquer irregularidade, desde que respeitado o prazo decadencial de 05 anos. Ademais, sobre o questionamento levantado pelo RECORRENTE, de que a movimentação financeira sobre a qual incide a CPMF, bem como o fornecimento dessa informação pelas instituições financeiras não são base para lançamentos de outros tributos, cumpre esclarecer que o art. 11, § 2º, da Lei nº 9.311/96 prevê que as instituições financeiras prestem à Secretaria da Receita Federal do Brasil informações acerca dos valores recolhidos a título de Contribuição Provisória da Movimentação Financeira – CPMF. Por sua vez, o § 3º deste mesmo dispositivo legal (com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001) prevê que a autoridade fiscal pode utilizar tais informações para instaurar procedimento administrativo e lançar, se for o caso, crédito tributário, verbis: “Art. 11. Compete à Secretaria da Receita Federal a administração da contribuição, incluídas as atividades de tributação, fiscalização e arrecadação. § 1° No exercício das atribuições de que trata este artigo, a Secretaria da Receita Federal poderá requisitar ou proceder ao exame de documentos, livros e registros, bem como estabelecer obrigações acessórias. § 2° As instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identificação dos contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 3º A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das informações prestadas, facultada sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente, observado o disposto no art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores.” Assim, restam infundadas tais alegações, tendo em vista que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória, devendo a autoridade fiscal agir conforme estabelece a lei, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142 do CTN, já acima transcrito. Portanto, ao verificar que o presente caso se enquadrava na hipótese de omissão de receita do art. 42 da Lei nº 9.430/96, a autoridade fiscal tinha o dever de efetuar o lançamento, como de fato o fez. Desta forma, não há qualquer irregularidade cometida pela autoridade lançadora. Irretroatividade da Lei Complementar nº 105/2001 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 167 18 O RECORRENTE alegou também que a Lei Complementar nº 105/2001 não poderia retroagir para atingir fatos anteriores a publicação da mesma. Ocorre que a tese apresentada não merece prosperar, tendo em vista que a referida lei complementar não instituiu novo tributo ou nova obrigação para os contribuintes. Ela tãosomente concedeu ao Fisco o poder de examinar os dados de constas bancárias quando houvesse procedimento administrativo em curso. Na verdade, a citada lei estabeleceu novo critério para apuração de tributos. Nestes casos, o art. 144, § 1º, do Código Tributário Nacional – CTN autoriza a aplicação desses novos poderes de fiscalização aos fatos geradores pretéritos, verbis: “Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.” Sobre a constitucionalidade e retroatividade das leis que embasaram o lançamento, cito jurisprudência deste CARF: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Anocalendário: 2005, 2006, 2007 (...) SIGILO DAS OPERAÇÕES DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001, LEI ORDINÁRIA Nº 10.174/01 E SEUS DECRETOS REGULAMENTARES (DECRETOS Nº 3.724, DE 2001, E Nº 4.489, DE 2009). CONSTITUCIONALIDADES DECLARADAS PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. 1. O Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento conjunto das ADI 2.859, 2.390, 2.386 e2.397 e do Recurso Extraordinário 601.314, que questionavam dispositivos da Lei Complementar 105/2001, da Lei nº 10.174/01 e dos Decretos nº 3.724, de 2001, e nº 4.489, de 2009, que permitem à Receita Federal do Brasil receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelas instituições financeiras, sem prévia autorização judicial, concluiu pela constitucionalidade das normas. 2. A Lei Complementar nº 105/2001 e os Decretos nº 3.724, de 2001, e nº 4.489, de 2009, consagram, de modo expresso, a permanência do sigilo das informações bancárias obtidas com espeque em seus comandos, não havendo neles autorização para a exposição ou circulação daqueles dados. Tratase de uma transferência de dados sigilosos de um determinado portador, Fl. 167DF CARF MF Processo nº 19515.002555/200618 Acórdão n.º 2201004.155 S2C2T1 Fl. 168 19 que tem o dever de sigilo, para outro, que mantém a obrigação de sigilo, permanecendo resguardadas a intimidade e a vida privada do correntista. 3. Na sistemática da repercussão geral, decidiu o STF (Tema 225): O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal e A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN. (...) (Acórdão nº 2301005.113; data da sessão: 10/08/2017)” CONCLUSÃO Por todo o acima exposto, considero insubsistentes as alegações do RECORRENTE, devendo o lançamento ser mantido, pois não há comprovação da fonte de origem dos depósitos efetuados na conta bancária do RECORRENTE. Em razão do exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, devendo ser cancelado tãosomente o lançamento de imposto de renda relativo ao ganho de capital. (assinado digitalmente) Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 168DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.900133/2010-54
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Mar 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE.
Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI - TIPI.
Numero da decisão: 9303-006.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(Assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT NA TIPI. IMPOSSIBILIDADE. Não tem direito ao crédito presumido de IPI, de que trata a Lei nº 9.363/96, as pessoas jurídicas que exportam produtos com notação "NT" na Tabela do IPI TIPI. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (Assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal – Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 90 01 33 /2 01 0- 54 Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 3301001.977, da 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por voto de qualidade, negou provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2004 CRÉDITOPRESUMIDO. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS. INSUMOS. APROVEITAMENTO. VEDAÇÃO. A exportação de produto classificado na TIPI como não tributado (NT) não confere direito ao crédito presumido de IPI relativamente aos insumos empregados em seu beneficiamento.” Insatisfeito, o sujeito passivo interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão, trazendo, entre outros, que, relativamente: · À imutabilidade da decisão e da coisa julgada administrativa: ü O Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido de IPI foi integralmente homologado, conforme despacho decisório “3. O sistema de controle de créditos – SCC procedeu as verificações próprias do fluxo automático e, sem ter encontrado irregularidades, homologou totalmente os documentos em epígrafe.” ü Uma vez homologado e deferido o crédito, não assiste razão à Delegacia para alterar a decisão deferida, pois tratase de coisa julgada administrativa; · Ao direito à totalidade do crédito presumido: Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 4 3 ü O crédito presumido do IPI é um benefício concedido pelo legislador para desonerar as exportações, assim, sua interpretação deve ser sempre em prol do escopo para o que foi criado; ü A Lei não fala em momento algum em produtos tributados, não tributados e alíquota zero; ü A Lei 9.363/96 não faz restrição de que só tem o direito ao crédito quem produz e exporta produtos tributados. · À correção monetária, devese admitila desde seu fato gerador, caso contrário, o sujeito passivo ficaria refém da morosidade estatal. Em Despacho às fls. 242 a 243, foi dado seguimento parcial ao recurso interposto pelo sujeito passivo apenas quanto ao direito ao crédito presumido do IPI sobre a exportação de produtos NT. Em Despacho de Reexame de Admissibilidade às fls. 244 a 245, o Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais decidiu por manter na íntegra o despacho do Presidente da Câmara. Contrarrazões foram apresentadas pela Fazenda Nacional, que trouxe, entre outros, que: · A análise do competente texto legal, ainda sob o prisma teleológico, leva à inferência de que o objetivo da lei foi, na verdade, desonerar apenas os produtos industrializados, visando com isso incentivar a exportação de produtos elaborados com maior valor agregado, em detrimento de produtos em estado quase natural ou com incipiente processo de elaboração, como no caso dos produtos NT; · A Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS no valor agregado dos produtos exportados, o fez na seara do Imposto sobre Produtos Industrializados, de tal sorte que apenas os estabelecimentos industriais, contribuintes do IPI na forma da legislação pertinente, podem usufruir o incentivo fiscal; Fl. 264DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 5 4 · Considerando que, no presente caso, ocorreu exportação de produtos com notação NT e, em conformidade com o exposto acima, não são considerados industrializados e, portanto, fora de incidência do IPI, concluise que a contribuinte não faz jus ao crédito presumido de IPI estabelecido pela Lei nº 9.363/96. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo na parte admitida em Despacho – o que concordo com a manifestação exposta em Despacho de Admissibilidade às fls. 242 a 243. Eis que, nessa parte, o Recurso observou os pressupostos de admissibilidade exigidos pelo art. 67 do RICARF/2015. Ora, do confronto das decisões se comprova a divergência. No acórdão recorrido se exigiu que o produto exportado estivesse no campo de incidência do IPI para usufruir do benefício. Enquanto, no paradigma entendeuse ser irrelevante este critério em face das disposições da Lei 9.363/96, decidindo o colegiado por reconhecer o direito ao crédito presumido do IPI em relação à exportação de produtos com notação “NT”. Ventiladas breves considerações, passo a discorrer sobre a lide posta em recurso, qual seja, se o sujeito passivo tem ou não direito ao crédito previsto na Lei 9.363/96; ou seja, se haveria ou não a possibilidade de se reconhecer o direito à fruição do incentivo fiscal instituído pela Lei 9.363/96, crédito presumido de IPI, como ressarcimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, às pessoas jurídicas que elaboram produtos cuja notação na TIPI é NT (não tributado). No que tange ao crédito presumido de IPI, entendo que o sujeito passivo, em razão da exportação e beneficiamento de rochas ornamentais, possui o direito ao crédito fiscal, nos termos da Lei 9.363/96. Para tanto, trago o art. 1º da Lei 9.363/96 (Grifos meus): Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 6 5 “Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. ” Somente com a leitura desse dispositivo, é possível, a princípio, entender que a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, não circunscrevendo seu alcance aos produtos industrializados. O que, por conseguinte, já entendo assistir razão ao sujeito passivo. Não obstante, vêse que poderia entender que a Lei trouxe que, para a fruição do crédito presumido do IPI deve haver a dependência de as matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem sejam utilizadas no processo produtivo. Nesse ínterim, vêse que a Lei 9.363/96, ao criar o mecanismo do crédito presumido para reduzir o impacto econômico da incidência das contribuições para o PIS e a COFINS considerou o processo de produtivo ou seja, a industrialização desses materiais, para fins de se produzir determinado produto a ser exportado. Vêse que o crédito presumido do IPI tem o escopo de ressarcir o contribuinte, do montante pago a título de PIS e COFINS, em todas as operações em que este adquiriu insumos, com o intuito de empregálos na produção de mercadorias exportadas. O dispositivo em referência, trouxe efetivamente um benefício às empresas que industrializam produtos e os vendem para o mercado externo. E, ademais, notase que não condiciona tal fruição para produtos tributos pelo IPI. Ou seja, o crédito trazido pela Lei não delimita o alcance do benefício aos contribuintes do IPI. A Lei n° 9363/96, em seu artigo 1º estabelece que o requisito para a fruição do direito ao crédito presumido é a produção e exportação de mercadorias nacionais ou Fl. 266DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 7 6 somente a exportação, em sentido amplo, sendo irrelevante que o produto esteja ou não sujeito ao IPI. No caso em comento, o sujeito passivo faz o beneficiamento de rochas ornamentais, tendo como objeto social a exploração de jazidas minerais, seu beneficiamento, comercialização e a exportação dos produtos. Em vista do exposto, conheço o recurso especial interposto pelo sujeito passivo, dandolhe provimento. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 8 7 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, Redator designado. Com todo respeito à ilustre relatora, discordo de seu entendimento quanto ao direito de o contribuinte aproveitar crédito presumido do IPI sobre aquisições e revenda para o exterior de produtos não tributados pelo IPI. No presente caso, tratase de exportações de pedras ornamentais que não sofreram quaisquer industrialização, por parte do exportador, mas supostamente apenas beneficiamento, ou seja, no máximo, passaram por processo de desbaste ou algum tipo de lapidação. Tratase de matéria antiga no âmbito do contencioso administrativo e a controvérsia resumese em saber se há a possibilidade de aproveitamento de crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, na produção e exportação de produtos classificados na Tabela do IPI com notação "NT" (não tributados). Preliminarmente é importante ressaltar que entendo que o crédito presumido de IPI, de que trata o art. 1º da Lei nº 9.363/96, é um benefício fiscal concedido aos produtores/exportadores de produtos nacionais, e, nessa circunstância impõese a interpretação literal dos dispositivos legais nos termos do art. 111 do CTN. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Fl. 268DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 9 8 Na verdade a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção. Fogem às regras do que seria o tratamento normal. Transcrevo abaixo trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal[44]. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Assim, o direito excepcional[45] deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Analisemos então o que consta da Lei nº 9.363/96 que instituiu o benefício do crédito presumido: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. (...) Art. 3º .... Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 10 9 Parágrafo único. Utilizarseá, subsidiariamente, a legislação do Imposto de Renda e do Imposto sobre Produtos Industrializados para o estabelecimento, respectivamente, dos conceitos de receita operacional bruta e de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem. Nesse momento é importante destacar que a lei determinou o benefício para a empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. Se quisesse abarcar todos os exportadores, não necessitaria de incluir a palavra produtora. Seria inócuo. E ao incluir a palavra produtora, determinou no parágrafo único do art. 3º que deve ser utilizada a legislação do IPI para a busca da definição do que se entende por produção. Sendo assim, a legislação do IPI não considera estabelecimento industrial, ou produtor, para fins do tributo, aqueles que produzem produtos que estão fora do seu campo de incidência. Veja como o Regulamento do IPI disciplina a matéria. Transcrevese abaixo artigos do RIPI/2002 que era o vigente à época dos fatos, mas nada mudou a respeito deste assunto no atual regulamento: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e DecretoLei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 2002, art. 6º). (...) Art. 8º Estabelecimento industrial é o que executa qualquer das operações referidas no art. 4º, de que resulte produto tributado, ainda que de alíquota zero ou isento (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º). Do conjunto dessa leitura, concluise que os produtos "NT" (NÃO TRIBUTADOS) estão fora do conceito de produtos industrializados estabelecidos pela legislação do IPI. Assim, quem os produz, não são considerados estabelecimentos industriais para fins dessa legislação. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 11 10 Assim vem decidindo este colegiado. Para um melhor entendimento transcrevo abaixo trecho de um voto do exConselheiro Henrique Pinheiro Torres proferido no Acórdão nº 20216.066: (...) A meu sentir, a posição mais consentânea com a norma legal é aquela pela exclusão dos valores correspondentes às exportações dos produtos não tributados (NT) pelo IPI, já que, nos termos do caput do art. 1º da Lei n° 9.363/1996, instituidora desse incentivo fiscal, o crédito é destinado, tãosomente, às empresas que satisfaçam, cumulativamente, dentre outras, a duas condições: a) ser produtora; b) ser exportadora. Isso porque os estabelecimentos processadores de produtos NT não são, para efeitos da legislação fiscal, considerados como produtor. Isso ocorre porque, as empresas que fazem produtos não sujeitos ao IPI, de acordo com a legislação fiscal, em relação a eles, não são consideradas como estabelecimentos produtores, pois, a teor do art. 3º da Lei nº 4.502/1964, considera se estabelecimento produtor todo aquele que industrializar produtos sujeitos ao imposto. Ora, como é de todos sabido, os produtos constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI com a notação NT (Não Tributados) estão fora do campo de incidência desse tributo federal. Por conseguinte, não estão sujeitos ao imposto. Ora, se nas operações relativas aos produtos não tributados a empresa não é considerada como produtora, não satisfaz, por conseguinte, a uma das condições a que está subordinado o beneficio em apreço, o de ser produtora. Por outro lado, não se pode perder de vista o escopo desse favor fiscal que é o de alavancar a exportação de produtos elaborados, e não a de produtos primários ou semielaborados. Para isso, o legislador concedeu o incentivo apenas aos produtores, aos industriais exportadores. Tanto é verdade, que, afora os produtoresexportadores, nenhum outro tipo de empresa foi agraciada com tal beneficio, nem mesmo as trading companies, reforçandose assim, o entendimento de que o favor fiscal em foco destinase, apenas, aos fabricantes de produtos tributados a serem exportados. Cabe ainda destacar que assim como ocorre com o crédito presumido, vários outros incentivos à exportação foram concedidos apenas a produtos tributados pelo IPI (ainda que sujeitos à aliquota zero ou isentos). Como exemplo podese citar o extinto créditoprêmio de IPI conferido ao industrial exportador, e o direito à manutenção e utilização do crédito referente a insumos empregados na fabricação de produtos exportados. Neste caso, a regra geral é que o beneficio alcança apenas a exportação de produtos tributados (sujeitos ao imposto); se se referir a NT, só haverá direito a crédito no caso de produtos relacionados pelo Ministro da Fazenda, como previsto no parágrafo único do art. 92 do RIPI/1982. Outro ponto a corroborar o posicionamento aqui defendido é a mudança trazida pela Medida Provisória nº 1.50816, consistente na inclusão de diversos produtos no campo de incidência do IPI, a exemplo dos frangos abatidos, cortados e embalados, que passaram de NT para alíquota zero. Essa mudança na tributação veio justamente para atender aos anseios dos exportadores, que puderam, então, usufruir do crédito presumido de IPI nas exportações desses produtos. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 12 11 Diante de todas essas razões, é de se reconhecer que os produtos exportados pela reclamante, por não estarem incluídos no campo de incidência do IPI, já que constam da tabela como NT (não tributado), não geram crédito presumido de IPI. (...) Por sua vez, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já se pronunciou sobre a possibilidade de apropriação de crédito presumido de IPI na exportação de produtos não tributados, conforme o seguinte precedente: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ERRO MATERIAL. SANEAMENTO. EFEITOS INFRINGENTES. POSSIBILIDADE. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS. INCLUSÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. O decisum agravado deixou de conhecer do recurso especial na parte em que alegada a impossibilidade de inclusão, na base de cálculo do crédito presumido do IPI, dos valores relativos a exportação de produtos não tributados, ao fundamento de que o apelo raro padecia de deficiência de fundamentação recursal. 2. Compulsandose novamente o caderno processual, é de se afastar a incidência ao caso da Súmula 284/STF, devendo, pois, ser analisado o mérito do apelo raro nesse particular. 3. O Superior Tribunal de Justiça já se posicionou no sentido de que não há ilegalidade na limitação imposta pelas Instruções Normativas da SRF nº 313/2003 e nº 419/2004 do cômputo dos valores referentes à exportação de produtos não tributados na base de cálculo do crédito presumido do IPI, tendo em vista que a própria Lei nº 9.363/96 admitiu a possibilidade de ampliação ou restrição do conceito de "receitas de exportação" por norma de hierarquia inferior. 4. Embargos de declaração acolhidos com efeitos infringentes para dar parcial provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, a fim de reconhecer a impossibilidade de se computarem os valores referentes a exportação de produtos não tributados na base de cálculo do crédito presumido do IPI. (EDcl no AgRg no REsp 1241900/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/12/2014, DJe 11/12/2014) (grifei) Cumpre lembrar também recente decisão desta CSRF no Acórdão nº 9303 003.462, de 23/02/2016, relatoria do Presidente da 3ª Seção de Julgamento, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, que ficou assim ementado: Fl. 272DF CARF MF Processo nº 10384.900133/201054 Acórdão n.º 9303006.285 CSRFT3 Fl. 13 12 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 IPI. CRÉDITOS. PRODUTOS NÃO TRIBUTADOS (NT). A exportação de produtos NT não gera direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, Lei nº 9.363/96, por não estarem os produtos dentro do campo de incidência do imposto. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Diante de tudo exposto, voto por negar provimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 273DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.904794/2011-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.274
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Pedro Sousa Bispo. Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne e, momentaneamente, o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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(assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Pedro Sousa Bispo. Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne e, momentaneamente, o Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire. Relatório Trata o presente processo de indeferimento de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório emitido eletronicamente que não homologou a Declaração de Compensação em tela face a inexistência de saldo credor. Conforme este Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados na quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito. Cientificado do Despacho Decisório, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, tempestivamente, fazendo um resumo dos fatos: a) em preliminar, assevera que exerceu o seu direito conforme disposto na legislação vigente, sendo que apenas não procedeu à retificação das DCTF e demais obrigações acessórias; b) quanto ao mérito, tece considerações sobre o direito à compensação administrativa e a respeito das hipóteses em que há vedação legal e expressa para a declaração de compensação; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .9 04 79 4/ 20 11 -1 3 Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10580.904794/201113 Resolução nº 3402001.274 S3C4T2 Fl. 89 2 b.1) assinala ainda os pontos de discordância: (i) da inexistência do crédito para a compensação constante do PER/DCOMP e respectivo Darf, e (ii) do direito em retificar as DCTF e demais obrigações acessórias. Ao final, faz referência aos documentos anexados e pede seja acolhida a presente manifestação de inconformidade. A DRJ/BHE julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, adotando, para tanto, o convencimento no sentido de que "(...) a retificação da DCTF atesta apenas a alteração do valor do débito anteriormente confessado, mas não comprova o erro que levou ao suposto pagamento indevido ou a maior do tributo apurado originalmente, de forma a conferir a necessária certeza e liquidez ao crédito postulado". Cientificada da decisão do Colegiado a quo e irresignada com o teor do Acórdão nº 0261.026, a Recorrente recorre a este Conselho, apresentando um argumento novo visando amparar a legalidade dos créditos aqui discutidos. Vejase os principais trechos abaixo reproduzidos: "(...) 2. A ora Recorrente SOCIEDADE ANÔNIMA HOSPITAL ALIANÇA, determinouse em identificar e excluir da base de cálculo de PIS e COFINS os medicamentos com incidência de alíquota zero, conforme se pode inferir na petição inicial com pedido de liminar devidamente protocolada em 23/09/2009 com distribuição e inicio do processo Judicial sob o n° 2009.34.00,0314472, em trâmite perante a 9ª Vara Federal da Seção Judiciária Federal do Distrito Federal. Distribuída a Ação, o MM. Juiz deferiu in tantum a LIMINAR pleiteada nos seguintes termos: "Assim, em face do exposto, DEFIRO o pedido liminar, e determino à autoridade Impetrada que suspenda a exigibilidade do PIS e da COFINS sobre a receita proveniente da utilização de medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma. prevista pela Lei 10.147/00, com as alterações feitas pela Lei 10.548/02, isentando, assim, de efetuar a cobrança de tais valores, dos Hospitais e Clinicas substituídos." A liminar foi deferida em 27/10/2009 e ainda confirmada por decisão final de primeira instância em 07/04/2010 que assim declarou: "isto posto, ratifico a liminar e CONCEDO a SEGURANÇA para: 1) determinar à autoridade Impetrada e seus prepostos que se abstenha de exigir o recolhimento da contribuição para o PIS e COFINS sobre a receita proveniente da utilização de medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma prevista pela Lei 10.147/00, com as alterações realizadas pela Lei 10.548/02, eximindo os hospitais e clinicas _ substituídos dos . respectivos pagamentos; 2) declara o direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos á titulo de PIS e COFINS sobre a receita de medicamentos que já sofreram tal tributação, nos termos da Lei 10.147/00, com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, em atenção aos arts. 73. e 74 da Lei 9.430/96 e observado o disposto no art. 170A do CTN." Dessa forma, a Recorrente REQUER: 1. Determinar à autoridade impetrada e seus prepostos que se abstenham de exigir o recolhimento da contribuição para PIS e COFINS sobre a receita proveniente da utilização de Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10580.904794/201113 Resolução nº 3402001.274 S3C4T2 Fl. 90 3 medicamentos que já sofreram tal tributação, na forma prevista pela Lei 10.147/00, com as alterações realizadas pela Lei 10.548/02 e posteriores. 2. Que seja este Recurso Voluntário conhecido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, e, ao final, provido, para efeitos de restar reformado o r. acórdão recorrido, mantendo se a integralidade do crédito e a homologação da compensação nos moldes como informado pela mesma, reconhecendose a legitimidade adotada pela Recorrente e o reconhecimento de DCTF e DACON retifícadores ora apresentados junto à SRFB. 3. Declarar o direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos a título de PIS e de COFINS sobre a receita de medicamentos que já sofreram tal tributação, nos termos da Lei 10.147/00 e alterações posteriores, com outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, em atenção aos arts. 73 e74 da Lei nº 9.430/96 e observado o disposto no art. 170A, do CTN. 4. Sucessivamente, cumprir a decisão e sentença, com sede de Liminar, no sentido de .. suspender qualquer cobrança em processo administrativo e/ou execução até que seja julgado o mérito da referida ação, fazendo valer seus efeitos. A Recorrente anexa cópia dos seguintes documentos: cópia da Decisão e Sentença do Processo Judicial sob n° 2009.34.00.0314472, 9ª Vara Federal Seção Judiciária Federal do Distrito Federal; cópia da Certidão de objeto e pé expedida pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região referente ao processo 2009.34.00.0314472; DCTF e DACON retificadores. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 3402001.261, de 28 de fevereiro de 2018, proferida no julgamento do processo 10580.904788/201166, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu na Resolução 3402001.261: 1. Da admissibilidade do recurso O recurso voluntário interposto é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. 2. Das razões do Recurso Voluntário Não é possível ainda analisar o mérito do presente processo por este órgão Colegiado. Isto porque, antes disso, uma questão prejudicial deve ser adequadamente respondida, saneando o processo, para que nenhuma das partes que compõe o litígio tenha tratamento Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10580.904794/201113 Resolução nº 3402001.274 S3C4T2 Fl. 91 4 desconforme a legislação tributária que rege o processo administrativo fiscal. Tratase de questão acerca do Mandado de Segurança Coletivo (MSC), com pedido de liminar, impetrado pela CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, HOSPITAIS E ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS, contra ato do SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, objetivando a concessão da medida liminar da forma requestada visando à imediata suspensão da exigibilidade do PIS e da COFINS sobre a receita proveniente da utilização de medicamentos que já sofreram tal tributação, impedindo que a autoridade coatora e seus prepostos possam efetuar a cobrança de tais valores dos Hospitais e Clinicas Substituídos. Como se vê, a Impetrante do MSC, no caso, atuando como substituta processual, é pessoa jurídica de direito privado, devendo os substituídos exercer atividade social de prestação de serviços hospitalares, sendo, desta forma, contribuintes do PIS e da CONFINS. É fato que para a consecução de suas respectivas atividades empresariais, além da prestação de serviços hospitalares, os Hospitais e Clínicas Substituídos sempre necessitaram realizar a aplicação de vários produtos, dentre eles, os medicamentos ministrados aos pacientes. Pois bem. Verificase na "Copia da Certidão de objeto e pé expedida pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região referente ao processo 2009.34.00.0314472", que a Justiça Federal concedeu a SEGURANÇA no seguinte sentido (fl. 40): (1) determinar à autoridade impetrada e seus prepostos que se abstenham de exigir o recolhimento da contribuição para PIS e COFINS sobre a receita proveniente da utilização de medicamentos que já sofreram tal tributação na forma prevista pela Lei nº 10.147/00, com as alterações realizadas pela Lei 10.548/02, eximindo os hospitais, e clínicas substituídos dos respectivos pagamentos; 2) declarar o direito dos substituídos à compensação de todos os valores indevidamente recolhidos a título de PIS e de COFINS sobre a receita de medicamentos que já sofreram tal tributação, nos termos da Lei 10.147/00, com.outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, em atenção aos arts. 73 e 74 da Lei n. 9.430/96 e observado o disposto no art. 170A do CTN . Posto isto, tornase imprescindível nos autos, a comprovação de que a Recorrente, enquadrase, no caso, como substituída da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, HOSPITAIS E ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS. Em situações como a ora sob análise, o CARF tem entendido pelo cabimento de diligência para a averiguação das informações faltantes, para então decidir pelo conhecimento ou não das razões aduzidas no recurso voluntário apresentado pela Recorrente. Nesse sentido, destaco a Resolução nº 3403000551, proferida no bojo do Processo nº 13898.000203/200261. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10580.904794/201113 Resolução nº 3402001.274 S3C4T2 Fl. 92 5 3. Da conversão em Diligência Com essas considerações, voto pela conversão do processo em diligência, a fim de que a Autoridade Administrativa da DRF de origem, adote a seguintes providências: (i) Intimar a Recorrente a apresentar documentos que comprove ser substituída (associada ou parte) da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, HOSPITAIS E ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS, indicando claramente a data de sua filiação; (ii) informar a fase processual (certidão de inteiro teor ou objeto e pé), que se encontra na Justiça Federal o referido Mando de Segurança Coletivo. Caso entender necessário, intimar a empresa para atendimento deste quesito; (iii) após encerrada as diligências, a Autoridade Administrativa deverá elaborar Relatório Conclusivo das averiguações efetuadas, juntar aos autos todos os documentos comprobatórios dos fatos que forem analisados e, caso queira (uma vez que tais fatos não foram apresentados em instâncias anteriores), manifestarse sobre os termos do Recurso Voluntário apresentado; (iv) por fim, a Autoridade Administrativa deverá cumprir o disposto no artigo 35, parágrafo único do Decreto nº 7.574/2011, dando ciência à Recorrente do termo e dos demais documentos mencionados no item (iii), concedendolhe prazo de 30 (trinta dias) para manifestação. Atendida a diligência acima solicitada, o processo deverá ser devolvido para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, a fim de que a Autoridade Administrativa da DRF de origem, adote as seguintes providências: (i) Intimar a Recorrente a apresentar documentos que comprove ser substituída (associada ou parte) da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, HOSPITAIS E ESTABELECIMENTOS E SERVIÇOS, indicando claramente a data de sua filiação; (ii) informar a fase processual (certidão de inteiro teor ou objeto e pé), que se encontra na Justiça Federal o referido Mando de Segurança Coletivo. Caso entender necessário, intimar a empresa para atendimento deste quesito; (iii) após encerrada as diligências, a Autoridade Administrativa deverá elaborar Relatório Conclusivo das averiguações efetuadas, juntar aos autos todos os documentos comprobatórios dos fatos que forem analisados e, caso queira (uma Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10580.904794/201113 Resolução nº 3402001.274 S3C4T2 Fl. 93 6 vez que tais fatos não foram apresentados em instâncias anteriores), manifestar se sobre os termos do Recurso Voluntário apresentado; (iv) por fim, a Autoridade Administrativa deverá cumprir o disposto no artigo 35, parágrafo único do Decreto nº 7.574/2011, dando ciência à Recorrente do termo e dos demais documentos mencionados no item (iii), concedendolhe prazo de 30 (trinta dias) para manifestação. Atendida a diligência acima solicitada, o processo deverá ser devolvido para esta 2ª Turma Ordinária, da 4ª Câmara, 3ª Seção do CARF, para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Relator Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.930940/2011-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 01 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado.
Correta decisão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de outro débito.
Numero da decisão: 3201-003.499
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Ausente a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que foi substituída pela Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Acompanhou o julgamento o patrono Dr. Maurício de Freitas e Castro, OAB/RJ 129.036, escritório Daudt, Castro e Gallotti Olinto Advogados.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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Direito creditório Recorrente ELEVA ALIMENTOS S/A (sucedida por BRF S/A) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado. Correta decisão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito está integral e validamente alocado para a quitação de outro débito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Ausente a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que foi substituída pela Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Acompanhou o julgamento o patrono Dr. Maurício de Freitas e Castro, OAB/RJ 129.036, escritório Daudt, Castro e Gallotti Olinto Advogados. Winderley Morais Pereira Presidente. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 09 40 /2 01 1- 60 Fl. 377DF CARF MF 2 Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Tratase de pedido de restituição, PER 20258.97508.301205.1.2.045621, no valor de R$ 147.007,50, resultante de pagamento indevido ou a maior, originário de DARF relativo à receita de código 2172 no valor de R$ 414.229,86. A Delegacia de origem, em análise datada de 03/01/2012, registra que “a partir das características do DARF (...) foram localizados um ou mais pagamentos (...), mas integralmente (...) utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição”. Cientificada, a interessada apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade na qual alega, em síntese, que: a) Em procedimento fiscal levado a efeito junta à extinta Avipal S.A Agricultura e Agropecuária a Fiscalização verificou haver discrepância favoravelmente à empresa entre os valores apurados com base na escrituração contábil da empresa e os valores constantes das planilhas apresentadas, referente à COFINS e ao PIS de janeiro de 2001. b) O valor de COFINS apurado na ação fiscal é R$ 1.189.082,86 e o valor declarado na DCTF é R$ 1.333.460,83, resultando recolhimento a maior no valor de R$ 144.377,97." A decisão recorrida julgou improcedente a manifestação de inconformidade e apresenta a seguinte ementa: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 DIREITO CREDITÓRIO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Resulta notória a impossibilidade de ser restituído o crédito apontado, quando não reste comprovada sua existência. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O recurso voluntário da recorrente foi interposto de forma hábil e tempestiva, contendo, em breve síntese, os seguintes argumentos: (i) em procedimento fiscal levado a efeito junto à Eleva Alimentos S/A para o período compreendido entre abril de 2000 a março de 2005, foi lavrado auto de infração para Fl. 378DF CARF MF Processo nº 11080.930940/201160 Acórdão n.º 3201003.499 S3C2T1 Fl. 3 3 exigência de supostos débitos de PIS/COFINS, que resultou na formalização do processo n° 11080009.435/200514; (ii) a fiscalização analisou a base de cálculo apurada pela recorrente para o período, com a conferências das notas fiscais que deram origem a créditos apurados, bem como identificou receitas que foram excluídas da base de cálculo com arrimo na inconstitucionalidade do § 1°, do art. 3° da Lei 9718/1998; (iii) planilha elaborada pela recorrente em reposta a termo de intimação, a fiscalização considerou haver algumas discrepâncias entre o que foi recolhido e o que entende devido, contudo fez constar para o período de janeiro/2001 que a recorrente teria recolhido valor a maior (fl. 89); (iv) em decorrência, efetuou pedido de ressarcimento para reaver o valor recolhido a maior para a COFINS, no montante de R$ 147.007,60, com base no relatório da própria fiscalização (fls. 156/171); (v) que o próprio auto de infração ao informar o período de apuração, a base tributável, o valor entendido como devido acrescido de multa, informa o valor referente a dezembro/2000 e após passa para o valor entendido como devido para fevereiro/2001, conforme cópia do auto (fls. 144); (vi) segundo o relatório da fiscalização que aponta "discrepâncias" entre os valores registrados e na apuração contábil e planilhas apresentadas pelo contribuinte, mas em relação ao período de janeiro/2001 não encontrou qualquer erro, dando por inteiramente válido o valor devido como sendo de R$ 267.222,26, quando fora recolhido R$ 414.229,86, daí então resultando na diferença de R$ 147.007,60, recolhido a maior; (vii) que o crédito está comprovado, uma vez que consta de levantamento auditado pela própria fiscalização, em procedimento de revisão do recolhimento das contribuições; (viii) consta dos autos cópia do comprovante de recolhimento a maior efetuado no total de R$ 414.229,86, quando o apurado pela fiscalização foi de R$ 267.222,26, que resultou na diferença de R$ 147.007,60 Pede, ao final, a recorrente, o provimento do seu recurso para que o pedido de restituição efetuado em 30.12.2005 seja deferido, acrescido da taxa Selic desde a data do recolhimento indevido. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Fl. 379DF CARF MF 4 No caso em apreço há a imperiosa necessidade de se comprovar a existência do direito creditório de modo inconteste, o que, pela análise dos elementos probatórios não ocorreu. Da decisão recorrida temse: "No caso presente, constatase que ao efetivar o pedido de restituição o sujeito passivo indicou que o crédito no valor de R$ 147.007,60 seria parte do pagamento constante de DARF relativo à receita de código 2172, do período de apuração 08/08/1980, no valor de R$ 414.229,86, crédito cuja existência não restou comprovada, conforme relatou a unidade de origem em seu despacho decisório, pois o pagamento foi integralmente utilizado para quitação de débito do contribuinte. Em consulta aos sistemas da Receita Federal do Brasil, constatouse que o referido DARF encontravase inteiramente alocado ao parcelamento referente ao processo 11080.008336/200183 (processo informado no DARF e no despacho decisório), não existindo, por conseguinte, crédito a restituir. Já em sede de manifestação de inconformidade, vem a contribuinte alegar que possuiria suposto direito creditório, porém com origem diversa (diferença entre o valor declarado em DCTF e o apurado em procedimento de fiscalização relativo ao PA 01/2001 que resultou no processo 11080.009435/200514) e valor diferente do informado no PER (R$ 144.377,97). Ressaltese, pois, que não se faz possível, em sede de manifestação de inconformidade, pretenderse inovar o conteúdo do PER, também sendo irrelevante a existência de outro crédito do sujeito passivo em tese oponível à Receita Federal do Brasil o qual, nesta qualidade, dependeria da apresentação de outro Pedido de Restituição, observadas as exigências previstas na legislação. Logo, não pode ser acolhida a pretensão do sujeito passivo no sentido de ver restituído crédito diverso daquele indicado no PER de fls. 02/04, cujo conteúdo simplesmente não integram. Em síntese, o crédito cuja existência o sujeito passivo pretende ver discutido é absolutamente diverso daquele informado em seu PER. Desta forma, resulta notória a impossibilidade de ser restituído o crédito apontado, por não ter sido comprovada sua existência." Temse, então, que a decisão recorrida julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório em face de o pagamento efetivado pela recorrente ter sido integralmente utilizado para quitação de outro débito (parcelamento referente ao processo 11080.008336/200183 processo informado no DARF e no despacho decisório) e, via de consequência, não ter comprovado a existência do crédito apontado e, ainda, pela impossibilidade de inovação do conteúdo do pedido de restituição. Não logrou êxito a recorrente em desconstituir o fundamento decisório através de prova apta para tanto. Devese levar em consideração que a necessidade de liquidez e certeza dos créditos é condição imperiosa, para que se proceda a restituição de valores. Não é devida a autorização de restituição quando os créditos estão pendentes de certeza e liquidez. Fl. 380DF CARF MF Processo nº 11080.930940/201160 Acórdão n.º 3201003.499 S3C2T1 Fl. 4 5 Nos processos administrativos que tratam de restituição/compensação ou ressarcimento de créditos tributários, é atribuição do sujeito passivo a demonstração da efetiva existência do indébito. Nesses casos, quando a DRF nega o pedido de compensação/restituição/ressarcimento que aponta para a inexistência ou insuficiência de crédito, cabe ao manifestante, caso queira contestar a decisão a ele desfavorável, cumprir o ônus que a legislação lhe atribui, trazendo ao contraditório os elementos de prova que demonstrem a existência do crédito. Documentos comprobatórios são os que possibilitam aferir, de forma inequívoca, a origem e a quantificação do crédito, visto que, sem tal comprovação, o pedido de repetição fica prejudicado. Humberto Teodoro Júnior sobre a prova ensine que: "Não há um dever de provar, nem à parte contrária assiste o direito de exigir a prova do adversário. Há um simples ônus, de modo que o litigante assume o risco de perder a causa se não provar os fatos alegados dos quais depende a existência de um direito subjetivo que pretende resguardar através da tutela jurisdicional. Isto porque, segundo máxima antiga, fato alegado e não provado é o mesmo que fato inexistente.” (Humberto Teodoro Junior, in Curso de Direito Processual Civil, 41ª ed., v. I, p. 387) Sobre a necessidade de se provar o direito creditório em pedidos de restituição, é uníssona a jurisprudência deste Colegiado, conforme precedentes a seguir elencados: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do Fato Gerador: 20/06/2006 COFINS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. COFINS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Fl. 381DF CARF MF 6 Recurso Voluntário Negado." (Processo 10930.903684/201206; Acórdão 3402003.651; Relator Conselheiro Antônio Carlos Atulim; Sessão de 13/12/2016) "Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 31/01/2008 CRÉDITO NÃO RECONHECIDO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. O pagamento indevido, assim como a certeza e liquidez do crédito, precisam ser comprovados pelo contribuinte nos casos de solicitações de restituições e/ou compensações. Fundamento: Art. 170 do Código Tributário Nacional e Art. 16 do Decreto 70.235/72." (Processo 10865.905444/201269; Acórdão 3201 002.880; Relator Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima; sessão de 27/06/2017) "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 30/06/2011 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posteriormente a procedimento fiscal, exige comprovação material. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. DILIGÊNCIA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. O direito à restituição/ressarcimento/compensação deve ser comprovado pelo contribuinte, porque é seu o ônus. Na ausência da prova, em vista dos requisitos de certeza e liquidez, conforme art. 170 do CTN, o pedido deve ser negado.Recurvo Voluntário Negado." (Processo 10805.900727/201318; Acórdão 3201 003.103; Relator Conselheiro Marcelo Giovani Vieira; sessão de 30/08/2017) Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário interposto. Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 382DF CARF MF Processo nº 11080.930940/201160 Acórdão n.º 3201003.499 S3C2T1 Fl. 5 7 Fl. 383DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.001996/2007-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR
Exercício: 2007
ITR. PAGAMENTO DE ATÉ 50% DO DÉBITO COM TÍTULOS DE DÍVIDA AGRÁRIA. COMPENSAÇÃO DO RESTANTE DO DÉBITO COM TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL. POSSIBILIDADE.
Não se verifica na Lei 4.504/64 e tampouco no Decreto 578/92, que para o pagamento de até 50¨% do ITR com Títulos de Dívida Agrária escriturais, haja a obrigatoriedade de que o pagamento do restante do imposto tenha que ser pago, em espécie, podendo ser efetuado por meio de compensação com tributos administrados pela Receita Federal, uma vez que nos termos do inciso II, do art. 156, do CTN, a compensação é uma das modalidades de extinção do crédito tributário, e que de acordo com o § 2º do art. 74 da Lei
9.430/96, a compensação declarada à Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Rejeitada essa prejudicial, devem os autos retornar à Unidade de origem para prosseguimento na análise do pedido.
Numero da decisão: 1402-000.616
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar
provimento parcial ao recurso para rejeitar a prejudicial de que para o pagamento de até 50% do débito de ITR, com Títulos da Dívida Agrária, o restante do débito deva ser pago em espécie, e determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do pedido, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento, o Conselheiro Sérgio Luiz Bezerra Presta.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: Albertina Silva Santos de Lima
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2007 ITR. PAGAMENTO DE ATÉ 50% DO DÉBITO COM TÍTULOS DE DÍVIDA AGRÁRIA. COMPENSAÇÃO DO RESTANTE DO DÉBITO COM TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL. POSSIBILIDADE. Não se verifica na Lei 4.504/64 e tampouco no Decreto 578/92, que para o pagamento de até 50¨% do ITR com Títulos de Dívida Agrária escriturais, haja a obrigatoriedade de que o pagamento do restante do imposto tenha que ser pago, em espécie, podendo ser efetuado por meio de compensação com tributos administrados pela Receita Federal, uma vez que nos termos do inciso II, do art. 156, do CTN, a compensação é uma das modalidades de extinção do crédito tributário, e que de acordo com o § 2º do art. 74 da Lei 9.430/96, a compensação declarada à Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Rejeitada essa prejudicial, devem os autos retornar à Unidade de origem para prosseguimento na análise do pedido.
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PAGAMENTO DE ATÉ 50% DO DÉBITO COM TÍTULOS DE DÍVIDA AGRÁRIA. COMPENSAÇÃO DO RESTANTE DO DÉBITO COM TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA RECEITA FEDERAL. POSSIBILIDADE. Não se verifica na Lei 4.504/64 e tampouco no Decreto 578/92, que para o pagamento de até 50¨% do ITR com Títulos de Dívida Agrária escriturais, haja a obrigatoriedade de que o pagamento do restante do imposto tenha que ser pago, em espécie, podendo ser efetuado por meio de compensação com tributos administrados pela Receita Federal, uma vez que nos termos do inciso II, do art. 156, do CTN, a compensação é uma das modalidades de extinção do crédito tributário, e que de acordo com o § 2º do art. 74 da Lei 9.430/96, a compensação declarada à Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Rejeitada essa prejudicial, devem os autos retornar à Unidade de origem para prosseguimento na análise do pedido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para rejeitar a prejudicial de que para o pagamento de até 50% do débito de ITR, com Títulos da Dívida Agrária, o restante do débito deva ser pago em espécie, e determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise Fl. 1DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 13116.001996/200708 Acórdão n.º 140200.616 S1C4T2 Fl. 2 2 do pedido, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente momentaneamente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento, o Conselheiro Sérgio Luiz Bezerra Presta. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima – Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 13116.001996/200708 Acórdão n.º 140200.616 S1C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso contra decisão de primeira instância que indeferiu a solicitação de liquidação de 50% do débito de ITR com Títulos de Dívida Agrária, cujo acórdão apresenta a seguinte ementa: DO PAGAMENTO DO ITR COM TDA. Nos termos da IN Conjunta SRF/STN n° 01/01, para pagamento do ITR por meio de TDA, exigese que o pagamento da outra parte (50%) seja realizado em espécie, não havendo como aceitar que o mesmo seja feito através de compensação, conforme pretendido. O requerimento de pagamento de 50% do ITR com TDA escritural é datado de 25.10.2007. Conforme recibo de entrega de declaração do ITR do exercício de 2007, apresentada em 26.09.2007, para o imóvel rural NIRF 31892795, foi apurado o imposto de R$ 39.280,95 a ser pago em duas cotas, no valor de R$ 19.640,47. Na mesma data foi apresentada Declaração de Compensação, com o objetivo de compensar o valor de R$ 91.481,82, cujo crédito corresponde a saldo negativo do anocalendário de 2006, no valor original de R$ 84.051,65. O valor total do saldo negativo informado para esse anocalendário é de R$ 359.598,76. Os débitos informados na DCOMP referemse aos números de imóvel: (i) 31892760, no valor de R$ 65.917,10, (ii) 31892779, no valor de R$ 5.606,06, (iii) 3182795, no valor de R$ 19.640,47, e a Contribuições sociais retidas na fonte, no valor de R$ 318,19. Consta informação da autoridade administrativa de que a declaração de compensação encontravase em análise manual. A ciência da decisão de primeira instância foi dada em 29.08.2008 e o recurso voluntário foi apresentado em 26.09.2008. A recorrente alega que a exigência prevista no art. 3º, § 1º, I, da IN Conjunta SRF/STN nº 01/01, de que os outros 50% fossem pagos em espécie, seria manifestamente ilegal, em ofensa ao princípio da estrita legalidade (art. 5º, II, 37, caput, e 150, I, da CF e art. 97 do CTN) porque violaria o art. 156, do CTN, o art. 74 da Lei 9.430/96, bem como, o art. 105, § 1º, a, da Lei 4.504/64, e o art. 11, I, do Decreto 578/92. Afirma que os dispositivos legais que autorizaram o pagamento de 50% com TDA, não condicionam o pagamento do restante do imposto, em espécie, por meio de DARF, de onde concluiu que o pagamento do restante do imposto deverá se dar nos termos da legislação vigente; e que no caso concreto, procedeu à compensação com saldo negativo do IRPJ, mediante a apresentação da DCOMP, com observância do que dispõe o art. 156, II, do CTN, que traz a compensação como modalidade de extinção do crédito tributário e com a Fl. 3DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 13116.001996/200708 Acórdão n.º 140200.616 S1C4T2 Fl. 4 4 observância do art. 74 da Lei 9.430/96, com as alterações promovidas pela Lei 10.637/02, e da IN SRF 600/2005. Aduz, que a IN SRF/STN nº 01/01, ao extrapolar as disposições das leis que pretendeu regulamentar, também fez letra morta do art. 99, do CTN, que não admite que atos normativos regulamentares, como as Instruções Normativas alterem as disposições das leis em função das quais tenham sido expedidos. Salienta que a negativa do procedimento adotado pela recorrente afrontaria a vinculação a que está sujeita a autoridade administrativa, por força do art. 2º, I, da Lei 9.784/99. Pede a reforma da decisão para: a) que seja deferido o requerimento para pagamento de até 50% do ITR com TDA escritural; b) que seja aceito o pagamento do restante do imposto por meio de compensação. É o relatório. Voto Conselheira Albertina Silva Santos de Lima O recurso é tempestivo e atende às condições de admissibilidade. O presente processo foi encaminhado originalmente à Segunda Seção e foi encaminhado à Primeira Seção, nos termos do art. 7º, § 1º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 256/2009, uma vez que o ITR declarado foi compensado com TDA(50%) e a outra metade, com saldo negativo do imposto de renda pessoa jurídica. Inicialmente devese apreciar se a competência para julgamento de recurso contra decisão de primeira instância, que indeferiu pedido de pagamento de 50% do ITR com TDA, é ou não desta Seção. De acordo com o art. 2º, VII, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, a competência para julgar recurso voluntário de decisão de primeira instância que verse sobre tributos, empréstimos compulsórios e matéria correlata não incluídos na competência das demais Seções, compete à Primeira Seção. Tendo em vista que o pagamento de 50% do ITR com TDA, não está incluída na competência das demais Seções, de que tratam os arts. 3º e 4º do mesmo Regimento, a competência para apreciação dessa matéria é mesmo da 1ª Seção. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 13116.001996/200708 Acórdão n.º 140200.616 S1C4T2 Fl. 5 5 Observese que se discute a possibilidade do pagamento de 50% do ITR com Títulos da Dívida Agrária, e em vez do pagamento em espécie dos outros 50% do ITR, se possa compensar a outra metade do ITR, com créditos relativos a tributos administrados pela SRF. Ou seja, o fato da compensação se dar com saldo negativo do imposto de renda em vez de outro tributo é indiferente. A compensação do saldo negativo foi formalizada por meio de DCOMP, sendo que segundo informação da autoridade administrativa, à época, a declaração de compensação encontravase em análise manual. Portanto, o direito à compensação do saldo negativo não é discutido neste processo. Caso se julgue que é possível a compensação da outra metade do ITR com tributos administrados pela Receita Federal, é que se deve verificar se a compensação foi ou não homologada, não sendo a mesma objeto de discussão no presente processo. A IN SRF/STN nº 1, de 25/10/2001, republicada em 16/11/2001, dispõe sobre o pagamento de até 50% do ITR com Títulos de Dívida Agrária. A referida Instrução Normativa foi editada com base na alínea “a” do § 1º do art. 105, da Lei 4.504, de 30/11/64 e no inciso I, art. 11, do Decreto 578, 24/06/92. Esses dispositivos dispõem: A Lei 4.504, de 30/11/64 dispõe sobre o Estatuto da Terra e dá outras providências. Art. 105. Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos, denominados Títulos da Dívida Agrária, distribuídos em séries autônomas, respeitado o limite máximo de circulação equivalente a 500.000.000 de OTN (quinhentos milhões de Obrigações do Tesouro Nacional). (Redação dada pela Lei nº 7.647, de 19/01/88) § 1° Os títulos de que trata este artigo vencerão juros de seis por cento a doze por cento ao ano, terão cláusula de garantia contra eventual desvalorização da moeda, em função dos índices fixados pelo Conselho Nacional de Economia, e poderão ser utilizados: a) em pagamento de até cinqüenta por cento do Imposto Territorial Rural; O Decreto 578, de 24/06/92, dá nova regulamentação aos Títulos de Dívida Agrária. Art. 11. Os TDA poderão ser utilizados em: I pagamento de até cinqüenta por cento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural; Art. 15. Os Ministros da Economia, Fazenda e Planejamento e da Agricultura e Reforma Agrária poderão expedir as instruções necessárias à fiel execução do presente decreto. Determina a IN SRF/STN nº 1, de 25/10/2001, republicada em 16/11/2001: Fl. 5DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 13116.001996/200708 Acórdão n.º 140200.616 S1C4T2 Fl. 6 6 Art. 1o O contribuinte do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) poderá pagar até cinqüenta por cento desse imposto com Títulos da Dívida Agrária (TDA). § 1o Somente serão aceitos TDA escriturais, sendo vedado o seu fracionamento. Art. 3o Para solicitação de pagamento do imposto com TDA deverá ser utilizado, obrigatoriamente, o formulário cujo modelo de requerimento consta do Anexo I desta Instrução. § 1o O requerimento será instruído com os seguintes documentos: I Documento de Arrecadação de Receitas Federais (Darf), correspondente ao pagamento, em espécie, da outra parte do imposto devido; A IN exige que o requerimento de pagamento de até 50% do ITR, seja instruído com o DARF, correspondente ao pagamento, em espécie, da outra parte do imposto devido. Entretanto, não se verifica na Lei 4.504/64 e tampouco no Decreto 578/92, cujos dispositivos que interessam a este julgado estão acima transcritos, que para o pagamento de até 50¨% do ITR com TDA, haja a obrigatoriedade de que o pagamento do restante do imposto tenha que ser pago, em espécie. Tendo a outra parte do ITR sido compensada com saldo negativo do imposto de renda, cuja DCOMP não está em apreciação neste processo, e levando em conta que, nos termos do inciso II, do art. 156, do CTN, a compensação é uma das modalidades de extinção do crédito tributário e que de acordo com o § 2º do art. 74 da Lei 9.430/96, a compensação declarada à Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação, deve ser rejeitada a prejudicial de que o pagamento do restante do débito de ITR, tenha que ser pago, em espécie, e os autos devem retornar à Unidade de origem para prosseguimento na análise do pleito. Assim, tendo a recorrente, pedido a reforma da decisão para que fosse deferido o requerimento para pagamento de até 50% do ITR com TDA escritural e que fosse aceito o pagamento do restante do imposto por meio de compensação com saldo negativo do imposto de renda, devese dar provimento parcial ao recurso, uma vez que outras condições devem ser atendidas para atendimento do seu pleito, que não foram apreciadas pela autoridade administrativa. Do exposto, oriento meu voto para dar provimento parcial ao recurso para rejeitar a prejudicial de que para o pagamento de até 50% do débito de ITR, com Títulos da Dívida Agrária, o restante do débito deva ser pago em espécie, e determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do pedido. . (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Relatora Fl. 6DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Processo nº 13116.001996/200708 Acórdão n.º 140200.616 S1C4T2 Fl. 7 7 Fl. 7DF CARF MF Emitido em 28/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA Assinado digitalmente em 28/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
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