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Numero do processo: 15586.000678/2008-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Oct 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2003 a 30/11/2004
FATO GERADOR DISSIMULADO. DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGOCIO JURÍDICO. POSSIBILIDADE.
A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. RELATÓRIO FISCAL. INEXISTÊNCIA.
Não incorre em cerceamento do direito de defesa o lançamento tributário cujos relatórios típicos, incluindo o Relatório Fiscal e seus anexos, descreverem de forma clara, discriminada e detalhada a natureza e origem de todos os fatos geradores lançados, suas bases de cálculo, alíquotas aplicadas, montantes devidos, as deduções e créditos considerados em favor do contribuinte, assim como, os motivos ensejadores da autuação e os fundamentos legais que lhe dão amparo jurídico, permitindo dessarte a perfeita identificação dos tributos lançados na notificação fiscal, favorecendo, assim, o contraditório e a ampla defesa do sujeito passivo.
CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA.
Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, letra "a" da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização de segurado empregado.
É prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, a teor do Parágrafo Único do art. 116 do CTN.
AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. CONFISCO. INOCORRÊNCIA.
Não configura violação a princípios constitucionais o lançamento de contribuições previdenciárias, quando exigíveis em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes.
Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 aos princípios e às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2302-003.398
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento referente à desconsideração da prestação de serviço por interposta pessoa jurídica, devendo a suposta tomadora dos serviços arcar com o recolhimento das contribuições previdenciárias advindas daquela prestação de serviço.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luis Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz, Fábio Pallaretti Calcini e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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DESCONSIDERAÇÃO DE ATO OU NEGOCIO JURÍDICO. POSSIBILIDADE. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CERCEAMENTO DE DEFESA. RELATÓRIO FISCAL. INEXISTÊNCIA. Não incorre em cerceamento do direito de defesa o lançamento tributário cujos relatórios típicos, incluindo o Relatório Fiscal e seus anexos, descreverem de forma clara, discriminada e detalhada a natureza e origem de todos os fatos geradores lançados, suas bases de cálculo, alíquotas aplicadas, montantes devidos, as deduções e créditos considerados em favor do contribuinte, assim como, os motivos ensejadores da autuação e os fundamentos legais que lhe dão amparo jurídico, permitindo dessarte a perfeita identificação dos tributos lançados na notificação fiscal, favorecendo, assim, o contraditório e a ampla defesa do sujeito passivo. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. SUBSUNÇÃO DO FATO À HIPÓTESE NORMATIVA. Impera no Direito Previdenciário o princípio da primazia da realidade sobre a forma, sendo necessária e suficiente a subsunção do fato à hipótese legal prevista no art. 12, inciso I, letra "a" da Lei n° 8.212/91 para que se opere a caracterização de segurado empregado. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 06 78 /2 00 8- 91 Fl. 208DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 Não configura violação a princípios constitucionais o lançamento de contribuições previdenciárias, quando exigíveis em estreita sintonia com as normas legais vigentes e eficazes. Foge à competência deste Colegiado o exame da adequação das normas tributárias fixadas pela Lei nº 8.212/91 aos princípios e às vedações constitucionais ao poder de tributar previstas na CF/88, eis que tal atribuição foi reservada pela própria Constituição, com exclusividade, ao Poder Judiciário. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. 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Fl. 209DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 209 3 Relatório Período de apuração: 01/12/2003 a 30/11/2004 Data de lavratura da NFLD: 06/06/2008. Data da ciência da NFLD: 17/06/2008. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ no Rio de Janeiro I/RJ que julgou procedente o lançamento tributário formalizado por intermédio da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD nº 37.119.9980 consistentes em contribuições sociais previdenciárias patronais, destinadas ao custeio da Seguridade Social e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre a remuneração de trabalhadores enquadrados na categoria de segurados empregados do Autuado, em razão de restarem evidenciados os elementos caracterizadores do vínculo empregatício existente entre estes trabalhadores e o munícipio acima qualificado, porém não recolhidas ao Erário na forma e nos prazos estabelecidos pela legislação, conforme descrito no relatório fiscal de fls. 22/23. De acordo com a Resenha Fiscal, constituem fatos geradores das contribuições lançadas os valores pagos pela notificada à Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, Entidade Filantrópica, com isenção das contribuições patronais com a Previdência Social, CNPJ nº 27.727.452/000126, endereço à Praça Nossa Senhora do Líbano, 30 – Centro, João Neiva/ES, para cobrir as despesas com a remuneração dos empregados, relacionados no Anexo I, utilizados para implementação e execução de serviços na área de saúde, cujos valores estão discriminados no Relatório de S Lançamentos RL, levantamento PSF PROGRAMA SAUDE FAMILIA. Pela análise das planilhas de prestação de contas da Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, relativas às verbas repassadas pela Prefeitura Municipal para pagamento de férias, salários dos servidores, contador, etc., e ainda, pedidos de dispensa de segurados constante nas folhas de pagamento da Sociedade, feitos diretamente ao Secretário Municipal de Saúde de João Neiva, conforme cópias em anexo, verificase que, em tese, os trabalhadores envolvidos nas atividades da área da Saúde, embora classificados como segurados da Sociedade, são, na realidade, empregados da notificada, tendo em vista que a Saúde, também é matéria de competência do Município, conforme Artigo 23, Inciso II, da Constituição Federal. Os valores relativos aos descontos de segurados foram pagos pela Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o Sujeito Passivo ofereceu impugnação administrativa a fls. 50/67. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I/RJ baixou o feito em diligência para que a Autoridade Lançadora se pronunciasse a respeito de questões controversas atávicas ao lançamento em debate, conforme Despacho de Diligência a fls. 116/118. Fl. 210DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 Em atendimento à diligência requestada por meio do Despacho de Diligência acima citado, a Autoridade Lançadora emitiu Informação Fiscal a fls. 122/123. Formalmente notificado do conteúdo do resultado da Informação Fiscal antes mencionada, o Sujeito Passivo, apresentou INTEMPESTIVAMENTE aditamento à impugnação a fls. 146/148. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I/RJ lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 1227.003 12ª Turma da DRJ/RJ1, a fls. 150/161, julgando procedente o lançamento, e mantendo crédito tributário em sua integralidade. O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 11/11/2009, conforme Aviso de Recebimento a fl. 164. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o Sujeito Passivo interpôs Recurso Voluntário a fls. 165/181, respaldando sua contrariedade em argumentação desenvolvida nos seguintes termos: · Que a Auditoria considerou, indevidamente, os segurados da Sociedade de Beneficência como empregados da Prefeitura, sob o argumento de que a saúde é também matéria de competência do Município; · Violação ao Princípio da Tipicidade. Aduz que a descrição do fato considerado ilícito não se enquadra na hipótese formalmente prevista na norma; · Que existe convênio entre a municipalidade de João Neiva e a sociedade de beneficência e cultura de João Neiva para a implantação do programa agentes comunitários de saúde; · Ausência de fundamentação clara e precisa dos fatos e da inocorrência de afronta à legislação previdenciária; · Os Municípios, ao receberem as quantias destinadas ao PSF, possuíam a possibilidade legal de firmarem convênios administrativos para fins de implantação e desenvolvimento deste programa, opção adotada pela Impugnante; · Que a penalidade administrativa é pessoal, ou seja, é aplicada à pessoa do responsável pela prática do ato, neste caso, a Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva e o Prefeito Municipal, à época, Sr. Aluyzio Morellato, devendo figurarem no polo passivo da presente atuação; · Que a multa tem caráter confiscatório da multa, Ao fim, requer que seja declarada a nulidade do Auto de Infração. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 210 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi valida e eficazmente cientificado da decisão recorrida em 11/11/2009. Havendo sido o recurso voluntário protocolado no dia 11/12/2009, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do Recurso Voluntário, dele conheço. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 2.1. DA CARACTERIZAÇÃO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO O Recorrente alega que a Auditoria considerou, indevidamente, os segurados da Sociedade de Beneficência como empregados da Prefeitura, sob o argumento de que a saúde é também matéria de competência do Município. Por essa e por muitas, muitas outras razões. Em primeiro lugar, há que se deixar claro que o presente caso não trata da caracterização de vínculo empregatício (instituto de Direito do Trabalho), mas, sim, da caracterização da Fl. 212DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 condição de segurado empregado (instituto de Direito Previdenciário) e do lançamento das contribuições previdenciárias devidas pelo Município em tela, em decorrência da prestação remunerada de serviços por tais trabalhadores ao Autuado. Muito embora semelhantes em alguns pequenos aspectos, as legislações trabalhista e previdenciária não se confundem. Tendo como assentada tal premissa, fácil é perceber que o segurado obrigatório do Regime Geral de Previdência Social RGPS qualificado com “segurado empregado” não é aquele definido no art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, mas, sim, a pessoa física especificamente conceituada para fins previdenciários no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, em seguimentos rememorados a seguir para facilitar a compreensão da questão posta em debate. Consolidação das Leis do Trabalho CLT Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; b) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; c) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior; d) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; e) o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio; f) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional; g) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais; (Alínea acrescentada pela Lei n° 8.647/93) Fl. 213DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 211 7 i) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 9.876/99). j) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; (Incluído pela Lei nº 10.887/2004). II como empregado doméstico: aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos; Olhando com os olhos de ver, avulta que os conceitos de “empregado” e “segurado empregado” presentes nas legislações trabalhista e previdenciária, respectivamente, são plenamente distintos. Esta qualifica como “segurado empregado” não somente os trabalhadores tipificados como “empregados” na CLT, mas, também, outras categorias de laboristas. De outro eito, determinadas categorias de trabalhadores tidas como “empregados” pela CLT podem não ser qualificadas como segurados empregados para os fins colimados pela lei de custeio da Seguridade Social. Exemplo emblemático do que acabamos de expor é o caso dos empregados domésticos. Malgrado este trabalhador seja qualificado como empregado pela Consolidação Laboral, para a Seguridade Social, tal segurado não integra a categoria de “segurado empregado”, art. 12, I da Lei nº 8.212/91, mas, sim, a de “segurado empregado doméstico”, art. 12, II da Lei nº 8.212/91, uma classe absolutamente distinta da de “segurado empregado”, com regras de tributação distintas e completamente diversas daquelas aplicáveis aos “segurados empregados”. Dessarte, mostrase irrelevante para fins de custeio da seguridade social o conceito de “empregado” estampado na Consolidação das Leis do Trabalho. Prevalecerá, sempre, para tais fins, a conformação dos segurados obrigatórios abrigada nos incisos do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Portanto, para os fins do custeio da Seguridade Social, serão qualificados como segurados empregados, e nessa qualidade se subordinando empregador e segurados às normas encartadas na Lei nº 8.212/91, as pessoas físicas que prestarem serviços de natureza urbana ou rural à empresa, aqui incluídos os órgãos públicos por força do art. 15 da Lei nº 8.212/91, em caráter não eventual, sob sua subordinação jurídica e mediante remuneração. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 9.876/99). Fl. 214DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Merece ser enaltecido que no Direito Previdenciário vigora o Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma, o qual propugna que, havendo divergência entre a realidade das condições ajustadas numa determinada relação jurídica e as verificadas em sua execução, prevalecerá a realidade dos fatos. Havendo discordância entre o que ocorre na prática e o que está expresso em assentamentos públicos, documentos ou acordos, prevalece a realidade dos fatos. O que conta não é a qualificação contratual, mas a natureza das funções exercidas em concreto. No dizer preciso de Rodrigo de Freitas, “O conteúdo do negócio jurídico (previsão objetiva – vontade declarada), plasmado em forma de linguagem, serve de parâmetro, de referência, para a determinação do regime jurídico. Contudo, é na análise da causa objetiva que o trabalho do intérprete irá apurar se o regime jurídico é adequado à norma tributária ou não. (...) concluise que não é o conteúdo formal do negócio jurídico consubstanciado na declaração de vontade que irá determinar a incidência da norma tributária, mas sim a causa objetiva. O que importa ao intérprete é procurar a verdade substancial do evento, não a simples declaração de vontade objetivada em forma de linguagem.” (SCHOUERI, Luís Eduardo & FREITAS, Rodrigo de,. Planejamento tributário e o “propósito negocial”. São Paulo. Quartier Latin. 2010) No caso sub examine, o auditor fiscal acusou a presença ostensiva dos elementos caracterizadores da relação de segurado empregado (reiterese, não a de vínculo empregatício, que é irrelevante ao caso), consubstanciados na prestação de serviço de natureza urbana ao Recorrente, em caráter não eventual, sob subordinação jurídica do contratado pessoa física ao contratante e mediante remuneração. O caso em pauta retrata mais um episódio de uma série que está se tornando bastante popular no Brasil, consubstanciado na celebração de “convênios” entre entes públicos – em regra Municípios e pessoas jurídicas titulares de isenção de contribuições previdenciárias, para que estas executem serviços públicos da responsabilidade daquela, mediante o repasse do numerário necessário e suficiente para fazer frente às despesas com o pessoal contratado, e mediante tal ardil, fugir o Ente Público à tributação incidente sobre a remuneração de segurados obrigatórios do RGPS. Na estrutura de tal mecanismo, formalmente a Entidade Beneficente titular da isenção contrata e remunera trabalhadores para a execução de atividades típicas do seu objeto social, porém, na realidade nuas dos fatos, os atributos da subordinação jurídica, da onerosidade, da pessoalidade e da não eventualidade do serviço se estabelecem entre o trabalhador e o Município participante de tal “convênio”, como será adiante demonstrado. Compete, portanto, ao Operador do Direito identificar as características essenciais da operação jurídica na realidade nua dos fatos para proceder à requalificação jurídica dos atos celebrados, para, então, atribuir a estes os efeitos normativos previstos no regime jurídico aplicável ao caso. No caso em apreciação, o Município de João Neiva/ES firmou “Convênio nº 011/97” com a Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, CNPJ nº 27.727.452/0001 26, Entidade Filantrópica com isenção das contribuições previdenciárias destinadas ao custeio da Seguridade Social, sediada à Praça Nossa Senhora do Líbano, 30 – Centro, João Neiva/ES, para a execução de serviços de saúde à população que são da inteira responsabilidade constitucional do Município, denominado “Programa dos Agentes Comunitários de Saúde” e “Programa Saúde Família”. Verificou a Fiscalização, que os valores pagos pelo Município à SBC João Neiva, em razão do citado “convênio”, destinavase a cobrir tão somente as despesas com a remuneração dos empregados, arrolados nominalmente, por competência, função e remuneração, no Anexo I, a fls. 24/38. Fl. 215DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 212 9 No que pertine à subordinação, esta tem que ser averiguada em seu aspecto jurídico, não apenas no hierárquico ou técnico. O conceito geral de subordinação foi elaborado levandose em consideração a evolução social do trabalho, com sua consequente democratização, passando da escravidão e da servidão para o trabalho contratado, segundo a vontade livre das partes. Sob tal prisma, revelase inconteste que a subordinação jurídica é intrínseca a toda a prestação remunerada de serviços por pessoa física, seja a empresas, seja a outras pessoas físicas. A subordinação jurídica configurase como o elemento da relação contratual na qual a pessoa física contratada sujeita o exercício de suas atividades laborais à vontade do contratante, em contrapartida à remuneração paga por este àquele. Irradia de maneira nítida da subordinação jurídica a identificação de quem manda e de quem obedece; de quem remunera e de quem é remunerado, de quem determina o que fazer, como, quando e quanto e de quem executa o serviço de acordo com o parametrizado. Podemos identificar no conceito de subordinação jurídica duas vestes de uma mesma nudez: De um lado, figura a faculdade do contratante de utilizarse da força de trabalho do contratado pessoa física como um dos fatores da produção, sempre no interesse do empreendimento cujos riscos assumiu, e do outro, a obrigação do empregado de sujeitar a execução do seu serviço à direção do empregador, no poder de ordenar o que fazer e como fazêlo, dentro dos fins a que este se propõe a alcançar, em contrapartida à remuneração que irá auferir. Para Gomes e Gottschalk (in Curso de direito do trabalho, Rio de Janeiro, Forense, 2005, pag. 134), “todo contrato gera o que denomina de estado de subordinação do empregado, pois este deve sujeitarse aos critérios diretivos do empregador, suas disposições quanto ao tempo, modo e lugar da prestação do trabalho, bem como aos métodos de execução e modalidade próprios da empresa, da indústria e do comércio”. À vista dos ensinamentos colhidos na melhor doutrina, vislumbrase que a subordinação jurídica conformase como um estado de sujeição em que se coloca o trabalhador, por sua livre e espontânea vontade, diante do empregador, em virtude de um contrato de trabalho pelo qual ao contratante é dado o poder de dirigir a força de trabalho do empregado, seja manual ou intelectual, em troca de uma contraprestação remuneratória. Dessarte, havendo prestação remunerada de serviços por pessoa física, por mais autonomia que tenha o contratado na condução do serviço a ser prestado, presente sempre estará, em menor ou maior grau, a subordinação jurídica do contratado ao contratante. Como exemplo meramente ilustrativo, se o treinador de futebol, Sr. Luiz Felipe Scolari, celebrar contrato de prestação de serviço de pintura artística com o pintor de fama internacional Romero Britto para a confecção de um quadro representativo da Seleção Brasileira de futebol de 2014, mas este renomado pintor, em honra de suposta autonomia funcional e de ausência de subordinação, decidir, ao seu único e exclusivo arbítrio, retratar em pop art a Seleção Alemã da copa do Mundo do Brasil do mesmo ano, com certeza o contrato será imediatamente rescindido, com fundamento em justa causa decorrente de insubordinação consistente no descumprimento, por parte do oblato, das determinações contidas no liame ajustado. No caso ora em apreciação, a subordinação jurídica dos trabalhadores em foco ao município exsurge de forma hialina das cláusulas que compõem os Convênios Celebrados entre o Município de João Neiva e a SBC João Neiva, conforme se vos segue: Fl. 216DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 O objeto do Convênio nº 011/97 tem por objeto a transferência de recursos financeiros do Município para a SBC João Neiva para aplicação EXCLUSIVA no Programa de Agentes Comunitários de Saúde e no Programa de Saúde da Família, que são programas assistenciais de saúde do município, não da SBC João Neiva, por conta do Dever do Estado e da competência comum dos Entes Federativos assentados respectivamente no art. 196 e no inciso II do art. 23, ambos da CF/88. Cláusula Primeira Do Objeto Constitui objeto do presente instrumento de convênio a transferência de recursos financeiros alocados no orçamento do Município de João Neiva, diretamente à Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, para aplicação exclusiva no Programa de Agentes Comunitários de Saúde e no Programa de Saúde da Família, com vistas à revisão e redefinição do modelo assistencial de saúde, em face do processo de municipalização adotado no Município. Constituição Federal de 1988 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...) II cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência; (...) Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Como dito antes, a titularidade dos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, por conta do Dever do Estado, é do Município, e não da SBC João Neiva, ficando esta impedida, por ordem do Município, de cobrar quaisquer valores dos beneficiários dos Programas. Prova cabal da titularidade do programa em apreço dessai do Extrato do Convênio nº 498/96, celebrado entre a União Federal e a Prefeitura Municipal de João Neiva, a fl. 99/109, visando à Implantação do Programa de Saúde da Família PSF, visando à instalação de equipes de saúde. EXTRATO DO CONVÊNIO Nº 498/96 CONVENIENTES: Celebram entre si a União Federal, por intermédio do Ministério da Saúde C.G.C. n° 00.530.493/000171, com a interveniência da Secretaria de Estado da Saúde do Espirito Santo C.G.C. n° 27.080.605/0001 96, e a Prefeitura Municipal de João Neiva C.G.C. n° 31.776.479/000186. OBJETO: A Implantação do Programa de Saúde da Família PSF, visando à instalação de equipes de saúde, conforme o plano de trabalho especialmente elaborado, o qual faz parte integrante deste instrumento, independente de transcrição, visando a consolidação do Sistema Único de Saúde SUS. PROCESSO: 25000.025064/9623. Dentre as obrigações do Município de João Neiva, destacamos: CLÁUSULA SEGUNDA DAS OBRIGAÇÕES Fl. 217DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 213 11 III DA PREFEITURA A PREFEITIIRA comprometese a: 3.1 executar direta e indiretamente, nos termos da legislação pertinente, os trabalhos necessários à consecução do objeto de que trata este Convênio, observando sempre critérios de qualidade técnica, os custos e prazos previstos; 3.2 implantar as equipes nas Unidades de Saúde da Família, de acordo com o Plano de Trabalho proposto, e de acordo com as necessidades e programação de Atenção Básica do Município; 3.3 organizar em seu Sistema de Saúde local ou regional, a referência nos demais níveis de Atenção, Especializado e Hospitalar, assim como SADT; 3.4 prover as Unidades de Saúde da Família, de recursos humanos necessários ao funcionamento pleno de suas funções, durante tempo integral, dotando o serviço ele recursos de consumo e equipamentos, assim como promover os treinamentos e educação continuada aos profissionais, garantindo lhes resolutividade; (...) 3.14 arcar com qualquer ônus de natureza trabalhista, previdenciária ou social, acaso decorrentes da execução deste convênio; (...) Corrobora a compreensão quanto à responsabilidade, titularidade e iniciativa do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família a Sociedade, a fato de a sua execução se dar através da supervisão e orientação da Secretaria Municipal de Saúde, a qual tem por obrigação contratual que constituir as equipes básicas de saúde da família, necessárias ao atendimento de todas as comunidades integrantes do Município, cada uma formada pelos seguintes profissionais: 01 médico generalista, 01 odontólogo, 01 assistente social , 01 enfermeiro , 01 auxiliar de enfermagem e 01motorista, bem como por 06 agentes comunitários de saúde. Registrese que nos termos conveniados, a atuação da SBC João Neiva encontrase integralmente vinculada às metas, prioridades de atuação e necessidades técnicas e financeiras de cada equipe, as quais constarão do Plano de Trabalho do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família que são elaborados unilateralmente pela Secretaria Municipal de Saúde do Município. A vinculação dos trabalhadores em tela ao Município se revela às escancaras no fato de o processo de seleção, recrutamento, capacitação, avaliação e desligamento dos membros integrantes das equipes básicas de saúde, serem especificadas unilateralmente pelo Recorrente, conforme assentamento no Programa de Agentes Comunitários de Saúde e no Programa de Saúde da Família, e devem ser observadas pela SBC João Neiva, circunstância que demonstra que é o Recorrente a pessoa quem efetivamente dirige a execução dos programas citados, especificando unilateralmente o que precisa ser feito, quem deve fazer, como deve ser feito, quando deve ser feito, quanto precisa ser feito, para quem precisa ser feito, e quem vai controlar e administrar tudo isso. Cláusula segunda Para a execução do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família a Sociedade, através da supervisão e orientação da Secretaria Municipal de Saúde, constituirá as equipes básicas de saúde da família, necessárias ao atendimento de todas as comunidades integrantes do Município, cada uma formada pelos seguintes profissionais: 01 (um) médico generalista, 01 (um) odontólogo,'O1 (um) assistente social , 01 Fl. 218DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 (um) enfermeiro , 01 (um) auxiliar de enfermagem e 01(um) motorista, bem como por 06 (seis) agentes comunitários de saúde. Parágrafo Primeiro A implantação das equipes será feita de forma gradativa, obedecendo as disponibilidades financeiras do Município e os resultados obtidos com os Programas. Parágrafo Segundo As metas, prioridades de atuação e necessidades técnicas e financeiras de cada equipe, constarão do Plano de Trabalho do Programa de Agentes Comunitários de. Saúde e do Programa de Saúde da Família elaborados pela Secretaria Municipal de Saúde, aos quais a Sociedade estará vinculada. Parágrafo Terceiro O processo de seleção, recrutamento; capacitação, avaliação e desligamento dos membros integrantes das equipes básicas de saúde, bem como as demais normas a serem observadas pela Sociedade, estão constantes no Programa de Agentes Comunitários de Saúde e no Programa de Saúde da Família. Anotese que os desligamentos dos trabalhadores dos citados programas não são dirigidos à SBC João Neiva, mas ao próprio município, conforme previsão no parágrafo terceiro da Cláusula Segunda do Convênio nº 011/97 e documentos a fls. 43/44. A responsabilidade pela implantação, desenvolvimento e execução do programa é total do Município, na medida em que a implantação das equipes será feita de forma gradativa, obedecendo as disponibilidades financeiras do Município e os resultados obtidos com os Programas, nos termos do Parágrafo Primeiro da Cláusula Segunda do Convênio nº 011/97. O caráter da SBC João Neiva de mero executor dos programas sociais do Município dessai de forma clara da alínea ‘c’ do inciso II da Cláusula Terceira do Convênio nº 011/97, nos termos da qual a Entidade Beneficente se obriga a executar diretamente as atividades de que trata a cláusula primeira do convênio, em conformidade com os Planos de Trabalho estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde do município. Consoante a alínea ‘d’ do inciso II da Cláusula Terceira do Convênio nº 011/97 a SBC João Neiva é obrigada a desenvolver as atividades do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família em consonância com as orientações técnicas e programáticas da Secretaria Municipal de Saúde, de onde avulta, insofismavelmente, a subordinação técnica ao município, q aos seus objetivos. Ainda com respeito à subordinação técnica, compete com exclusividade ao Município a aprovação dos procedimentos operacionais para a execução dos programas sociais em tela, bem como o acompanhamento, controle e Fiscalização da execução do convênio através de equipe específica designada pela Secretaria Municipal de Saúde, avaliando seus resultados. A vinculação dos programas desenvolvidos pela SBC João Neiva ao município é tamanha que o Executor se obriga, contratualmente, a utilizar os recursos financeiros transferidos e o resultado de aplicações financeiras no objeto do presente convênio, vedado o seu emprego em finalidade diversa da estabelecida, ainda que em caráter de emergência, com posterior cobertura; Cláusula Terceira – Das Obrigações II Obrigase a Sociedade de Beneficência e Cultura a: a) manter os recursos repassados, obrigatoriamente, em conta específica na agência do Banco do Estado do Espírito Santo em João Neiva; Fl. 219DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 214 13 b) utilizar os recursos financeiros transferidos e o resultado de aplicações financeiras no objeto do presente convênio, vedado o seu emprego em finalidade diversa da estabelecida, ainda que em caráter de emergência, com posterior cobertura; c) executar diretamente as atividades de que trata a cláusula primeira, de conformidade com os Planos de Trabalho estabelecido pela Secretaria Municipal de Saúde, observados os critérios de qualidade, técnica e prazos para implantação total dos Programas; d) desenvolver as atividades do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família em consonância com as orientações técnicas e programáticas da Secretaria Municipal de Saúde; e) propiciar aos técnicos credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde todos os meios e condições necessárias à fiscalização, supervisão e acompanhamento "in loco" dos trabalhos; f) promover o início da execução do objeto do presente convênio, imediatamente após o recebimento da parcela inicial dos recursos; g) prestar contas da aplicação dos recursos disponibilizados, nos termos e na forma estabelecida neste convênio; h) conservar atualizada a escrituração contábil dos atos e fatos relativos à gerência e aplicação dos recursos consignados na cláusula quarta; i) absterse de cobrar quaisquer valores dos beneficiários dos Programas; j) responsabilizarse pela contratação substituição de pessoal necessário à execução dos Programas; k) assumir os encargos trabalhistas, previdenciários, sociais, fiscais e comerciais, resultantes da execução desta avença, sendo que a inadimplência não transfere a responsabilidade de liquidação ao Município, nem onera o objeto estabelecido; 1) assumir todas as despesas com seu pessoal administrativo, sem utilização dos recursos repassados por força deste convênio; m) adotar, em sintonia com a Secretaria Municipal de Saúde, todas as medidas necessárias ao bom desempenho da execução dos trabalhos. O controle do Município sobre a execução dos programas em apreço é plena, a ser exercida por equipe específica designada pela Secretaria Municipal de Saúde, avaliando seus resultados, se obrigando a SBC João Neiva a propiciar aos técnicos credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde todos os meios e condições necessárias à fiscalização, supervisão e acompanhamento "in loco" dos trabalhos realizados. Cláusula Terceira – Das Obrigações I Obriga se o Município de João Neiva a: a) examinar e aprovar os procedimentos técnicos e operacionais para a execução do objeto deste convênio; b) assegurar o aporte de recursos financeiros visando à consecução do objeto do convênio, procedendo o adequado e oportuno repasse dos valores correspondentes, guardadas as disponibilidades orçamentárias; c) prestar a colaboração técnica e administrativa que vier a ser solicitada pela Sociedade; bem como acompanhar, controlar e fiscalizar a execução do presente convênio, através de equipe específica designada pela Secretaria Municipal de Saúde, avaliando seus resultados; Fl. 220DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 d) exigir e analisar a prestação de contas, examinando as despesas, a exata aplicação dos recursos e o efetivo atingimento dos objetivos; e) dar conhecimento à Sociedade das normas administrativas que regulam a celebração de convênios, acordos ou ajustes, exigindo sua fiel observação; f) suspender, obrigatoriamente, a liberação dos recursos no caso de inadimplência da Sociedade. Deflui de todo o exposto que SBC João Neiva não possui qualquer autonomia ou independência na condução dos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, na medida em que toda a direção, ordenamento, administração, controle, supervisão e custeio advêm única e exclusivamente do Município, a ponto, inclusive, de os recursos repassado deverem ser mantidos, obrigatoriamente, por ordem do Município, em conta específica na agência do Banco do Estado do Espírito Santo em João Neiva. Ou seja, nem mesmo na conta corrente aonde devem ficar os recursos repassados pelo município tem a SBC João Neiva autonomia para decidir e escolher. Tudo é ditado pelo Município. O controle exercido pelo Município não é somente técnico e hierárquico, mas também, financeiro, eis que o Convênio lhe assegura o direito de exigir e analisar a prestação de contas, examinando as despesas, a exata aplicação dos recursos e o efetivo atingimento dos objetivos. A SBC João Neiva tem, por obrigação contratual, que apresentar ao Município prestação de contas mensal relativa à aplicação de recursos financeiros que lhe forem repassados por força do convênio, à qual serão juntados os seguintes documentos: a) cópia do extrato da conta bancário vinculada ao convênio; b) relação de pagamentos efetuados com os recursos repassados; c) cópia das guias de recolhimento da previdência social, FGTS e outros encargos que incidirem sobre a contratação do pessoal para execução do Programa; d) preenchimento de outros formulários fornecidos pelo Departamento de Contabilidade da Prefeitura; Conforme já citado antes, a SBC João Neiva se obriga, contratualmente, a utilizar os recursos financeiros transferidos pelo Município e o resultado de aplicações financeiras no objeto do presente convênio, vedado o seu emprego em finalidade diversa da estabelecida, ainda que em caráter de emergência, com posterior cobertura, devendo o Município suspender, obrigatoriamente, a liberação dos recursos no caso de inadimplência da SBC João Neiva. Não pode nem mesmo a SBC João Neiva utilizarse dos recursos repassados por força do convênio para as despesas com o pessoal administrativo, as quais devem ser assumidas pela própria SBC João Neiva. DA CLASSIFICAÇÃO DOS RECURSOS Para execução do objeto deste instrumento, serão destinados recursos no valor de R$ 108.000,00 (cento e oito mil reais), correndo as despesas à conta do orçamento geral, consignados no Programa de Trabalho 13750112, elemento de despesa 3130, fonte de recursos serviços de Terceiros e Encargos na Secretaria Municipal de Saúde e Meio Ambiente; Os recursos serão liberados mensalmente conforme planilha de custos. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 215 15 DA LIBERAÇÃO E MOVIMENTAÇÃO DOS RECURSOS Os recursos repassados pelo Município serão depositados em conta específica e estarão diretamente vinculados à execução do objeto indicado na cláusula primeira, obrigandose a Sociedade a mantêlos na conta indicada, para movimentação, de acordo com o cronograma de desembolso, em compatibilidade com o Programa de Trabalho. Parágrafo Primeiro O montante indicado na cláusula quarta, será liberado em 12 (doze) parcelas, de acordo com as disponibilidades do Município e com o Programa de Trabalho a ser implantado. Parágrafo Segundo Quando ocorrer inadimplência durante a execução do objeto desta avença, o repasse de recursos ficará suspenso até que se dê o adimplemento da obrigação. Parágrafo Terceiro Os recursos a serem liberados no próximo exercício financeiro serão objeto de termo aditivo ao presente instrumento CLÁUSULA SÉTIMA DA RESTITUIÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS A Sociedade se compromete a restituir o valor transferido devidamente atualizado, segundo os índices oficiais, a partir da data de seu recebimento, nos seguintes casos: a) inexecução do objeto desta avença, ressalvadas as hipóteses de caso fortuito ou força maior devidamente comprovadas; b) utilização dos recursos em finalidades diversas da estabelecida; c) efetuar despesas a título de multas, juros e demais acréscimos legais, decorrentes de pagamentos ou recolhimentos fora do prazo, bem como aquelas referentes à prestação de serviços de consultoria, assistência técnica ou similar, por servidor da Administração Direta ou Indireta, que pertença, esteja lotado ou em exercício em qualquer dos órgãos convenentes. d) prever despesas a título de taxa de administração, de gerência ou similar. O poder de controle e fiscalização da execução orçamentária e financeira do município sobre os programas em apreço encontrase plasmado em diversas cláusulas do convênio, e, de maneira específica e concentrada na sua cláusula oitava, a qual prevê, ainda, a manutenção da autoridade normativa e o exercício da supervisão e fiscalização sobre a execução do objeto do convênio em apreço, conforme se vos segue: CLÁUSULA SEXTA DA PRESTAÇÃO DE CONTAS A Sociedade apresentará ao Município prestação de contas mensal relativa à aplicação de recursos financeiros que lhe forem repassados por força deste convênio, à qual serão juntados os seguintes documentos: a) cópia do extrato da conta bancário vinculada ao presente convênio; b) relação de pagamentos efetuados com os recursos repassados; c) cópia das guias de recolhimento da previdência social, FGTS e outros encargos que incidirem sobre a contratação do pessoal para execução do Programa. d) preenchimento de outros formulários fornecidos pelo Departamento de Contabilidade da Prefeitura. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 Parágrafo Único Caberá ao Município, órgão repassador dos recursos e responsável, por imposição legal, perante o Tribunal de Contas do Estado, o cumprimento dos programas financeiros, exercendo o controle e fiscalização da execução orçamentária e financeira, em conformidade com os procedimentos em vigor. CLÁUSULA OITAVA DO CONTROLE E DA FISCALIZAÇÃO Fica assegurado ao Município, através da Secretaria Municipal de Saúde, a faculdade de conservar a autoridade normativa, e o exercício da supervisão e fiscalização sobre a execução do objeto deste convênio. Conforme demonstrado, os profissionais arrolados no anexo I a fls. 24/38 são formalmente contratados por Entidade Beneficente detentora do direito a isenção de contribuições previdenciárias para desenvolver, perante a população do Município de João Neiva, e em nome deste, programas sociais de sua responsabilidade e competência constitucional, consubstanciados em serviços remunerados de natureza contínua e intuito personae, sob subordinação técnica, financeira, administrativa e hierárquica ao Município. Como visto, a subordinação dos membros integrantes das equipes básicas de saúde ao município de João Neiva se revela de forma insofismável no caso presente, eis que o Autuado detém todo o poder de chefia, de comando de como, o quê, quando, onde, quanto e para quem o serviço será executado, e quem realizará o serviço, bem como a atribuição do processo de seleção, recrutamento, capacitação, avaliação e desligamento do trabalhadores em tela, além do poder de controle e Fiscalização sobre o serviço realizado. A não eventualidade encontrase patente no prolongado período em que os obreiros prestaram serviços ao Recorrente, combinado com a espécie de serviços prestados, os quais são inerentes ao atuar típico de Estado. O Convênio nº 011/97 houvese por celebrado em 1997, com duração de 12 meses, e cláusula expressa de prorrogação através de termo aditivo, havendo sido acostados aos autos cópias de, pelo menos, 10 (dez) Termos Aditivos anuais, os quais o tornam ainda vigente, sem solução de continuidade, até o final do período de apuração do vertente lançamento. Podese perceber a não eventualidade do serviço, ainda, no elevado volume de operações contínuas e de rotina, originárias desta relação entre a SBC João Neiva e os membros integrantes das equipes básicas de saúde, tais como Agentes de saúde, médicos, enfermeiros, atendentes de consultório, motoristas, odontólogos, auxiliar de enfermagem, coordenadores, supervisor de vigilância sanitária, etc., conforme alinhado no Anexo I a fls. 24/38. Ademais, a sindicância da não eventualidade se apura mais em razão da atividade realizada pelo tomador do serviço do que pelo prazo de vigência do contrato de trabalho com o obreiro. Nessas circunstâncias, sendo o serviço prestado pelos membros integrantes das equipes básicas de saúde uma necessidade contínua do Município autuado, eis que da atribuição e competência da sua Secretaria Municipal de Saúde, e a sua prestação à população decorre de dever constitucional previsto no art. 196 da Lei Maior, caracterizada está a não eventualidade do serviço, independentemente do prazo em que cada trabalhador, isoladamente considerado, o preste. É importante destacar que no Estatuto da Associação de Beneficência e Cultura de João Neiva consolidado em 2004, a fls. 12/27 do Processo Administrativo Fiscal nº 15586.001688/200844, Fl. 223DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 216 17 consta em seu art. 3º que “a Associação de Beneficência e Cultura de João Neiva é uma Associação de fins filantrópicos de caráter educativo, cultural de assistência cultural e recreativa, visando a criança, o jovem, o ancião, principalmente os mais desamparados.” De outro eito, na Certidão de Registro de Pessoa Jurídica do Cartório do 1º Ofício da Comarca de João Neiva/ES, datada de 30 de janeiro de 2006, a fls. 29/38 do suso citado Processo Administrativo Fiscal nº 15586.001688/200844, contendo as alterações do seu art. 26, consta igualmente em seu art. 3º que “a Associação de Beneficência e Cultura de João Neiva é uma Associação de fins filantrópicos de caráter educativo, cultural de assistência cultural e recreativa, visando a criança, o jovem, o ancião, principalmente os mais desamparados.” Nada obstante, na Certidão de Registro de Pessoa Jurídica do Cartório do 1º Ofício da Comarca de João Neiva/ES, datada de 20 de novembro de 2006, a fls. 125/130, contendo as alterações dos Artigos 3º, 5º e 26 em data de 29/06/2006 e dos artigos 1º, parágrafo único, item 7, 2º e 3º, consta que no art. 3º que “a Associação de Beneficência e Cultura de João Neiva é uma Associação de fins filantrópicos de caráter educativo, cultural de assistência cultural e recreativa, visando a criança, o jovem, o ancião, principalmente os mais desamparados, tendo como atividade serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”. Deflui de tal constatação que no período de apuração do presente lançamento, digase, de 01/12/2003 a 30/11/2004, a SBC João Neiva não tinha como atividade “serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”, nem mesmo a prestação de serviços de saúde a terceiros, in casu, o Município de João Leiva. Do que se coligiu aos autos, concluise que a atividade dos membros integrantes das equipes básicas de saúde, na execução dos serviços atávicos aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, não eram inerentes ao atuar típico da SBC João Neiva, mas sim, às atribuições constitucionais da Secretaria Municipal de Saúde do Município de João Leiva/ES. Avulta que a alteração estatutária promovida em novembro/2006 buscou conferir uma falsa aparência de legalidade à terceirização de serviços típicos de Estado, visando a elidirse fraudulentamente da tributação previdenciária. Além de a SBC João Neiva não ter, no período de apuração do presente lançamento, como atividade típica de seu objetivo social a prestação de “serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”, é de se salientar que uma Entidade Beneficente em gozo da isenção de contribuições previdenciárias previstas os artigos 22 e 23 da Lei 8.212/91 não pode ceder mão de obra ou prestar serviços a terceiros, sob pena de se caracterizar infringência ao disposto no inciso III ao art. 55 da Lei 8.212/91, consoante entendimento exarado no Parecer CJ/N° 3.272/2004, da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social. Parecer/CJ n° 3.272, de 16 de julho de 2004 EMENTA: PREVIDENCIÁRIO E ASSISTENCIAL. ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURIDADE SOCIAL. ART. 55 DA LEI N° 8212191. CESSÃO DE MÃODEOBRA. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 1. Somente poderão realizar cessão de mãodeobra, sem perder a isenção prevista no art. 55 da Lei n° 8.212191, as entidades que atendam dois critérios, a saber: caráter acidental da cessão onerosa de mãodeobra em face das atividades desenvolvidas pela entidade beneficente; e mínima representatividade quantitativa de empregados cedidos em relação ao número de empregados da entidade beneficente. 2. As entidades que fazem cessão de mãodeobra sem atentar para um destes dois critérios, na forma descrita no corpo do presente parecer, violam a exigência do inciso III do art. 55 da Lei n° 8.212191 e não fazem jus a correspondente isenção. (...) 35. Ante o exposto até aqui, concluise que a cessão onerosa de mãodeobra não caracteriza, em nenhuma hipótese, atividade assistencial para o fim de obtenção da isenção das contribuições para a seguridade social. Pelo contrário, é a isenção das contribuições para a seguridade social que atrai as empresas tomadoras de serviços a contratar com as entidades beneficentes, em prejuízo das demais empresas do ramo de terceirização de serviços que pagam contribuição para a seguridade social e não podem oferecer o mesmo preço, o que subverte a finalidade da regra de isenção, que é estimular a realização de assistência social pelos particulares. Esta necessidade permanente da contratação destes profissionais comprova, com contundência, a não eventualidade dos serviços prestados pelos membros integrantes das equipes básicas de saúde. A pessoalidade tem sua caracterização realçada no fato de as pessoas físicas prestadoras de serviço, membros integrantes das equipes básicas de saúde, serem contratadas para a prestação dos serviços inerentes aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família mediante processo de seleção, recrutamento, capacitação e avaliação, todos da responsabilidade e atribuição do Município de João Neiva, inexistindo nos autos qualquer elemento fático ou jurídico de convicção que possa desaguar na ilação de que tais trabalhadores, ao seu alvedrio único, exclusivo e próprio, e sem qualquer ingerência da empresa autuada, pudessem se fazer substituir, na execução do serviço para o qual fora contratado, por outro trabalhador qualquer, mesmo que de idêntica capacitação, circunstâncias que revelam o caráter intuitu personae da contratação de pessoal. Por derradeiro, a onerosidade aflora aos jorros, na medida em que o custeio das remunerações dos membros integrantes das equipes básicas de saúde corre a encargo e responsabilidade única e exclusiva do Município de João Neiva, não respondendo a SBC João Neiva por qualquer centavo na folha de salários do pessoal em tela, tampouco podendo utilizar qualquer vintém da verba repassada pelo Município de João Neiva para outra destinação que não o custeio do pessoal em foco. Conforme já demonstrado alhures, os valores transferidos pelo Município recorrente à SBC João Neiva só podem ser utilizados, exclusivamente, para o pagamento das verbas trabalhistas dos membros integrantes das equipes básicas de saúde vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, devendo a Entidade Beneficente em tela: a) manter os recursos repassados, obrigatoriamente, em conta específica na agência do Banco do Estado do Espírito Santo em João Neiva; b) utilizar os recursos financeiros transferidos e o resultado de aplicações financeiras no objeto do presente convênio, vedado o seu emprego em finalidade diversa da estabelecida, ainda que em caráter de emergência, com posterior cobertura; c) assumir todas as despesas com seu pessoal administrativo, sem utilização dos recursos repassados por força deste convênio; Fl. 225DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 217 19 d) absterse de cobrar quaisquer valores dos beneficiários dos Programas; e) conservar atualizada a escrituração contábil dos atos e fatos relativos à gerência e aplicação dos recursos repassados; f) restituir o valor transferido devidamente atualizado, segundo os índices oficiais, a partir da data de seu recebimento, nos seguintes casos: i) inexecução do objeto desta avença, ressalvadas as hipóteses de caso fortuito ou força maior devidamente comprovadas; ii) utilização dos recursos em finalidades diversas da estabelecida; iii) efetuar despesas a título de multas, juros e demais acréscimos legais, decorrentes de pagamentos ou recolhimentos fora do prazo, bem como aquelas referentes à prestação de serviços de consultoria, assistência técnica ou similar, por servidor da Administração Direta ou Indireta, que pertença, esteja lotado ou em exercício em qualquer dos órgãos convenentes. iiii) prever despesas a título de taxa de administração, de gerência ou similar. g) propiciar aos técnicos credenciados pela Secretaria Municipal de Saúde todos os meios e condições necessárias à fiscalização, supervisão e acompanhamento "in loco" dos trabalhos; h) prestar contas da aplicação dos recursos disponibilizados, nos termos e na forma estabelecida neste convênio; i) assumir os encargos trabalhistas, previdenciários, sociais, fiscais e comerciais, resultantes da execução desta avença, sendo que a inadimplência não transfere a responsabilidade de liquidação ao Município, nem onera o objeto estabelecido; Vem à tona a constatação de que o repasse de verbas efetuado pelo Município recorrente não se destina aos objetivos sociais da SBC João Neiva, até porque no período de apuração, o estatuto da Entidade não previa a sua atuação na área de “serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”, mas, tão somente, e exclusivamente, a cobrir a folha de pagamento dos membros integrantes das equipes básicas de saúde vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família. Conforme demonstrado, existe uma correspondência biunívoca estrita entre o custeio dos membros integrantes das equipes básicas de saúde vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família e os repasses financeiros efetuados pelo Município de João Neiva e a SBC João Neiva. Com efeito, todo o custeio das remunerações dos membros integrantes das equipes básicas de saúde corre a encargo e responsabilidade única e exclusiva do Município de João Neiva, não respondendo a SBC João Neiva por qualquer centavo na folha de salários do pessoal em tela. De outro eito, não pode a SBC João Neiva utilizar qualquer parcela, a mínima que seja, dos recursos financeiros transferidos e o resultado de aplicações financeiras no objeto do convênio em debate em finalidade diversa da estabelecida, ainda que em caráter de emergência, com posterior cobertura, devendo restituir tudo aquilo que não foi empregado em tal mister. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 Em reforço a tal compreensão, ilustremos a prestação de contas referentes à competência dezembro/2003, acostadas aos autos por amostragem pela Fiscalização, a fls. 39/42, donde se verifica que o valor da planilha de custos elaborada pela SBC João Neiva, no valor de R$ 71.477,86 , referente ao dos recursos necessários á execução do Programa Agentes Comunitários, Vigilância Sanitária e Saúde da Família, objeto do Convênio nº 011/97, somente contempla verbas destinadas a cobrir a folha de pagamento dos membros integrantes das equipes básicas de saúde vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família. Nem um centavo a mais. O controle financeiro é tão marcante que a eventual inadimplência da SBC João Neiva na execução do objeto do convênio em testilha implica a suspensão automática do repasse dos recursos financeiros até que se dê o adimplemento da obrigação. Como visto, o Município de João Neiva seleciona, recruta, capacita e avalia profissionais da área de saúde, para atuar como membros integrantes das equipes básicas de saúde vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família da responsabilidade e atribuição constitucional da sua Secretaria Municipal de Saúde, determinando, através Plano de Trabalho do Programa de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família elaborados pela Secretaria Municipal de Saúde, as metas, prioridades de atuação e necessidades técnicas e financeiras de cada equipe, às quais metas e prioridades a SBC João Neiva encontrase vinculada, sendo o responsável integral pela remuneração dos trabalhadores envolvidos, restandolhe assegurado todo o poder de controle, treinamento, administração e Fiscalização do trabalho realizado. Dessarte, também sob esse prisma, a condição de empregador da Município de João Neiva se revela emblemática, eis que o art. 2º da CLT qualifica com empregador a empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Por todo o exposto, avulta que a SBC João Neiva comparece ao empreendimento, tão somente, para servir de abrigo ao registro formal dos trabalhadores membros integrantes das equipes básicas de saúde, de maneira que o Município de João Neiva, valendose do Direito à isenção de contribuições previdenciárias de que detém a SBC João Neiva, culmina por fugir à tributação das contribuições previdenciárias. As circunstâncias e as provas acostadas pela Fiscalização aos autos bem demonstram o modus operandi da Organização em tela. Por força de dever constitucional e do Convênio nº 498/96 celebrado com a União Federal, o Município em realce tem que prestar serviços sociais de sua competência à população e, para tanto, necessita de contratar pessoal especializado para a execução de tais serviços. Se o fizer diretamente, como assim determina o Ordenamento Jurídico e a Cláusula 2ª, III, do Convênio nº 498/96, terá que arcar com as contribuições previdenciárias de que trata a Lei nº 8.212/91, como assim também específica o item 3.14 do inciso III da cláusula 2ª do Convênio nº 498/96. Para fugir à tributação, o município celebra convênio com Entidade Beneficente detentora de isenção de contribuições previdenciárias, para que esta, em nome e honra do Município, sob sua dependência técnica, administrativa, financeira, operacional, preste tais serviços de natureza não eventual à população, submetendose tais trabalhadores ao controle, Fiscalização, e subordinação em todos os níveis ao Município convenente. Assim, de maneira fraudulenta, valese o Município de isenção de contribuições previdenciárias da qual não é titular do direito. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 218 21 A Fiscalização apurou que os membros integrantes das equipes básicas de saúde possuem em comum características que deixam claro que esses trabalhadores tiveram seus vínculos trabalhistas registrados na SBC João Neiva para atender ao modelo de contratação de empregados implementado pelo Município, com vista à fugir aos rigores da tributação previdenciária. Os membros integrantes das equipes básicas de saúde são, na verdade, profissionais pessoas físicas que, em caráter não eventual, executam pessoalmente os trabalhos contratados, visando a atender as atribuições sociais da Autuada, relacionadas diretamente com os deveres de Estado e competências constitucionais desta. As conclusões pautadas nos parágrafos precedentes não discrepam das vigílias assentadas no Enunciado nº 331 do Tribunal Superior do Trabalho, o qual impõe, na contratação de trabalhadores por interposta pessoa, o estabelecimento de vínculo do obreiro diretamente com o contratante, tomador dos serviços. Enunciado nº 331 do TST Contrato de Prestação de Serviços Legalidade I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). (grifos nossos) II A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da administração pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). (Revisão do Enunciado nº 256 TST) III Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20061983), de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividademeio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços, quanto àquelas obrigações, inclusive quanto aos órgãos da administração direta, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista, desde que hajam participado da relação processual e constem também do título executivo judicial (art. 71 da Lei nº 8.666/93). A atuação fiscal empreendida no presente caso encontra lastro jurídico nas disposições encaixadas no Parágrafo Único do art. 116 do Código Tributário Nacional, que confere à Autoridade Notificante a competência para desconsiderar os efeitos de atos e negócios jurídicos praticados com o fito de ocultar a ocorrência do fato gerador tributário. Código Tributário Nacional CTN Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; (grifos nossos) II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a Fl. 228DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (grifos nossos) Nesse panorama, muito embora os assentamentos contratuais formais apontem para a celebração de contrato de trabalho entre os membros integrantes das equipes básicas de saúde e a SBC João Neiva, as condições e circunstâncias em que os serviços vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família houveramse por prestados subsumemse à hipótese genérica e abstrata das de segurado empregado do Município de João Neiva, estabelecida no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, eis que presentes todos os ingredientes atávicos à receita típica de segurado empregado. Ante tal quadratura, a fiscalização constatou a existência dos elementos qualificadores da citada condição de segurado empregado existente entre o Recorrente e as pessoas físicas dos membros integrantes das equipes básicas de saúde, importando na submissão do Município em questão e dos trabalhadores em tela, estes na qualidade de segurado empregado, às obrigações fixadas na aludida Lei de Custeio da Seguridade Social. Conforme assinalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, é prerrogativa da autoridade administrativa a desconsideração de atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária. Para o mesmo norte aponta a regra trabalhista fixada no art. 9º do DecretoLei nº 5.452, de 1º de maio de 1943 – CLT ao dispor que “Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação”. Tratamse de normas antielisivas, visando ao combate à fraude à lei, com fundamento no primado da substância sobre a forma. A desconsideração do ato ou do negócio jurídico praticado visa apenas a reaproximar a qualificação jurídica do verdadeiro conteúdo material do ato decorrente do desenho da hipótese de incidência. Assim, a norma antielisiva mune a administração tributária com o poder/dever de proceder à requalificação jurídica formal da relação, fazendoa coincidir com a realidade substancial. Investido em tal poder, o Fisco pode prescindir das aparências do ato simulado e determinar a obrigação tributária segundo a realidade oculta, sem necessidade de declarar a nulidade do ato jurídico aparente. Merece ser destacado que a jurisprudência do STJ não nega auto aplicabilidade à norma antielisiva assentada no Parágrafo Único do art. 116 do CTN, conforme se depreende dos seguintes julgados, de cujas ementas, transcrevemos os excertos a seguir: “AREsp 323.808SC Rel. Min. Humberto Martins DJe: 27/05/2013 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ART. 116, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CTN. INEXISTÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. AUTOAPLICABILIDADE. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. NÃO ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. AGRAVO CONHECIDO. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. [...] Fl. 229DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 219 23 O caso da empresa de vigilância é perfeitamente análogo: as câmaras são parte do equipamento que é utilizado pela sociedade Patrimonial Segurança Ltda. para a prestação do serviço de segurança, que é a sua atividade fim. As filmadoras ou sensores de movimento que sejam instaladas na residência do contratante sem que este as adquira integram o custo do serviço. (situação diversa ocorreria se houvesse venda dos bens, caso em que a transferência de titularidade do bem ensejaria a incidência do ICMS. Não e, entretanto, o caso). Ao destacar do valor do serviço uma quantia correspondente a aluguel dos bens utilizados, a apelada incorreu em prática coibida pelo artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que dispõe: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Com razão, assim, a Procuradoria do Município, ao afirmar que: "A obrigação da apelada consiste em prestar um serviço de vigilância, uma obrigação de fazer portanto, sendo a denominação de 'locação de equipamento eletrônico' dada pela apelada uma forma de dissimular a ocorrência do fato gerador, que é a prestação do serviço" (fl. 217). Nesse contexto, merece acolhida o recurso para se julgar improcedente a demanda. [...]" No mesmo sentido, o Agravo Regimental no RECURSO ESPECIAL Nº 1.070.292 – RS, da Relatoria do Ministro Humberto Martins: AgRg no REsp 1.070.292 RS Rel. Min. Humberto Martins DJe: 23/11/2010 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA VINCENDA. PERCEPÇÃO PAGA MEDIANTE TRANSAÇÃO EM DEMANDA TRABALHISTA. VERBA DE NATUREZA NÃO INDENIZATÓRIA. INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. POSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL PROVIDO. [...] Notese que o montante pago teve por fim o cumprimento de prestações vincendas, ou seja, a partir de agosto de 1996. Isto deve ser frisado para que não se invoque a isenção anteriormente prevista no artigo 6º da Lei 7.713/88, mas que foi revogada pela Lei 9.250/95. Cabe, ainda, asseverar que o tópico do acordo, afirmando a natureza indenizatória do montante pago, nenhum efeito opera para o fisco. O reconhecimento da natureza indenizatória de Fl. 230DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 determinada verba se impõe quando for possível constatar que aquela visava à recomposição de uma perda patrimonial, e não pela mera denominação de indenizatória (parágrafo único do artigo 116 do CTN: A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária). Tratase, no caso, de aplicação da Teoria da Interpretação Econômica do Fato Gerador. A hipótese dos autos caracteriza a aquisição de disponibilidade de renda, assim entendido o produto do trabalho, nos exatos termos do art. 43 do CTN. Bem por isso, tal verba está sujeita à incidência de imposto de renda. [...] Ainda, nesse sentido, REsp nº 1.363.920 SC Rel. Min. Og Fernandes, DJe: 24/10/2013. Por outro viés, ainda que se admita que o preceito instalado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN demande regulamentação procedimental via lei ordinária, nada impede que se recorra a procedimentos já previstos em leis ordinárias já integrantes do Ordenamento Jurídico Pátrio. Tratase da realização de um princípio jurídico consistente na recepção de leis já vigentes e eficazes, bastante consagrado no Ordenamento Pátrio, máxime no ramo do Direito Tributário, que permite que uma lei ordinária em sua origem seja recepcionada com status de Lei Complementar, uma vez que suas normas, por força da CF/88, só podem ser revogadas ou alteradas mediante um Diploma Normativo dessa natureza. A realização do princípio da Recepção das Leis permite a convivência de normas jurídicas vigentes no Ordenamento Jurídico anterior com o Direito Positivo atual, desde que com este guardem perfeita harmonia. Por este princípio, todas as leis do Direito anterior que não se chocam com o Direito atual são por este Direito recepcionadas, eliminandose, assim, a necessidade de se regular por inteiro toda a estrutura legislativa. Seria, em verdade, ilógico que leis anteriores, cujo conteúdo permanece inalterado em face da nova Ordem Jurídica, tivessem que ser recriadas para continuarem a estabelecer normas jurídicas de conduta da Sociedade. Pela ótica de tal princípio, quando se cria uma nova estrutura normativa, o conjunto de normas jurídicas préexistente, no que não conflite materialmente com o Direito Anterior, permanece em vigor e produzindo os efeitos que lhe são típicos, sendo automaticamente aceita a pela nova Ordem Jurídica, qualquer que tenha sido o processo de sua elaboração originária, desde que conforme ao previsto na época de sua elaboração, pois, não o sendo, a invalidade já teria atingido a legislação pretérita desde o seu nascedouro. A consagração de tal princípio jurídico na seara tributária encontra amparo na Jurisprudência dos Tribunais Superiores, mormente o Superior Tribunal de Justiça, conforme se depreende dos seguintes julgados: REsp nº 1.427.949 SC Rel. Min. Mauro Campbell Marques DJe: 02/04/2014 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. PARCELAMENTO. REFIS. EXCLUSÃO. SIMULAÇÃO. EMPRESA INATIVA. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 220 25 PARCELA ÍNFIMA. ART. 5º, II E XI, DA LEI N. 9.964/2000. FUNDAMENTO SUFICIENTE INATACADO (SÚMULA Nº 283/STF). AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO (SÚMULA N. 282/STF). IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO DE MATÉRIA FÁTICA (SÚMULA Nº 7/STJ). RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. ART. 557, CAPUT, CPC. DECISÃO [...] Em outras palavras, a simulação da existência das empresas foi ato de abuso de direito, e, destarte, plenamente válidos e legais os atos de exclusão do REFIS e CNPJ, com fulcro no art. 5º, XI, da Lei nº 9.964/2000, e o art. 81 da Lei nº 9.430/1996. Lícito o procedimento de inativação do CNPJ das empresas, por força do art. 81 da Lei nº 9.964/2000, in verbis (eSTJ fls.9734/9739): Ao contrário do que defende a autora, a declaração de inaptidão do CNPJ foi fundamentado no artigo 80 e 81 da Lei nº 9.430, de 1996, diante de inexistência de fato, e não no artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Além de diversos aspectos fáticos e concretos a seguir analisados, a Administração Tributária fundamentou a inaptidão também na existência de simulação (art. 167 do Código Civil), mas, destaco: não somente na simulação. [...] Ainda que se considere que, no caso concreto, incidiria o artigo 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, que, por sua vez, remete a procedimentos estabelecidos em lei ordinária, tais procedimentos (relativos à declaração de inaptidão) já se encontram previstos nos próprios artigos 81 e 82, ambos da Lei nº 9.430/96, c/c o artigo 5º da Lei nº 5.614, de 5 de outubro de 1970, e a Instrução Normativa nº 568, de 8 de setembro de 2005. [...] (grifos nossos) No mesmo sentido, REsp nº 1.427.233/SC, DJe de 01/04/2014. No caso em estudo, mediante os procedimentos estabelecidos na Lei Ordinária nº 8.212/91, foram desconsiderados substancialmente os atos ou negócios jurídicos praticados pelos atores do esquema fraudulento acima descortinado, praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, mas não da personalidade jurídica das empresas prestadoras. Anotese que na formalização do presente lançamento, houvese por operada, tão somente, a desconsideração substancial dos atos simulados, mas não a desconstituição formal desses atos. O permissivo estampado no Parágrafo Único do art. 116 do CTN apenas autoriza que se desconsidere, para fins exclusivamente de constituição do crédito previdenciário, os efeitos jurídicos dos atos simulados, na seara previdenciária, sem, no entanto, desconstituílos. Reiterese que a administração tributária federal não se encontra jungida à obtenção prévia de declaração administrativa ou judicial definitiva de nulidade de atos jurídicos simulados como Fl. 232DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 condição de procedibilidade para a tributação da real operação ocorrida, visto que os atos simulados são ineficazes perante o Fisco, conforme dessai do preceito inscrito no art. 118 do CTN: Código Tributário Nacional CTN Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I – da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II – dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Por tais razões, para os fins exclusivos do presente lançamento, revelase desnecessária a declaração judicial de nulidade dos atos simulados. No caso dos autos, da dicção do inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91 deflui que a relação jurídica real existente entre o Recorrente e os segurados apurados pela fiscalização é a de segurado empregado, circunstância que impinge às partes dessa relação jurídica a obediência às obrigações tributárias estabelecidas no diploma legal acima citado. Dessarte, conforme determinado no art. 37 do mesmo Pergaminho Legal aludido no parágrafo precedente, constatado o não recolhimento total ou parcial das contribuições tratadas na Lei de Custeio da Seguridade Social, a fiscalização tem por dever de ofício, plenamente vinculado, que lavrar o competente Auto de Infração de Obrigação Principal, como assim sucedeuse no caso presente. As constatações empreendidas in loco pela Fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil não deixam dúvidas: Efetiva ocorrência de contratação fraudulenta de profissionais especializados pelo Município de João Neiva para a execução, em nome deste, das atividades atávicas aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, de responsabilidade, atribuição e competência do ente municipal em pauta. A fraude se deu pela volitiva e consciente contratação de membros integrantes das equipes básicas de saúde por interposta pessoa, a SBC João Neiva, detentora de direito à isenção de contribuições previdenciárias, para a execução dos serviços vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, de responsabilidade, atribuição e competência do Município de João Neiva, de maneira a encobrir a relação previdenciária de segurado empregado, com vistas a impedir, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do tributo devido ou a evitar o seu pagamento. Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 221 27 Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Estivessem tais trabalhadores formalmente vinculados ao Município, este teria que arcar com os encargos previdenciários e trabalhistas incidentes sobre a folha de salários de tais obreiros. De outro canto, estando tais operários registrados, mediante vínculo formal de emprego, a Entidade Beneficente em pleno gozo de isenção de contribuições previdenciárias, não haveria a ocorrência de tais fatos geradores de contribuições previdenciárias no Município, tampouco sofreria a Entidade Beneficente qualquer encargo previdenciário, devido à isenção, independentemente do valor registrado na folha de pagamento, do quantitativo, da qualificação legal, da especialização, do cargo, ou da remuneração de qualquer dos trabalhadores a ela vinculados. Reforça a compreensão acerca da existência de fraude o fato de a SBC João Neiva, no período de apuração do presente lançamento, não ter como atividade típica de seu objetivo social a prestação de “serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”, além de não possuir autonomia técnica, administrativa, financeira, patrimonial e operacional, em relação aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, em total dependência do Autuado. Conforme demonstrado anteriormente, a partir das provas coligidas, o município selecionou, recrutou, capacitou e demitiu trabalhadores, ditou o que fazer, quem fazer, como fazer, quanto fazer, onde fazer, a quem fazer, quando fazer, fiscalizou e controlou o serviço realizado, arcou integralmente com a remuneração de tais trabalhadores, ordenou e dirigiu o serviço realizado pelos membros integrantes das equipes básicas de saúde, porém descarregou nos Livros de Registro de Empregados da SBC João Neiva todos os vínculos trabalhistas, para que, dessa forma, o ente municipal, não detentor de isenção, e efetivo consumidor da mão de obra acima referida, se mantivesse a salvo da tributação previdenciária incidente sobre o montante das remunerações pagas aos segurados em foco, procedimento que demonstra o cuidado do Recorrente de buscar conferir, artificialmente, mediante a celebração de um convênio, um falacioso ar de legalidade às operações realizadas. Por via de tal conduta, visou a Autuada induzir o Fisco a erro mediante o artificio da celebração de atos jurídicos formais, porém divorciados da realidade dos fatos, mas aptos a conferir uma sofismática aparência de legalidade às operações levadas a efeito no seio do empreendimento em xeque, encobrindo, dessarte, as circunstâncias materiais de Fatos Jurígenos Tributários que implicariam a incidência das obrigações tributárias estabelecidas na Lei de Custeio da Seguridade Social, bem como a responsabilidade tributária do Autuado pelo seu adimplemento. Colimou o Município de João Neiva, mediante tal ardil, afastar das dependências do empreendimento em realce os auditores fiscais da RFB, pela compreensão de “empresa que aparentemente nada deve ao Fisco, por este não é fiscalizada in loco”. As operações fraudulentas levadas a efeito pelo Autuado configuramse, coloquialmente falando, como verdadeiros “estelionatos tributários”, uma vez que tem por objetivo obter vantagem ilícita, consistente na redução indevida da tributação previdenciária, em prejuízo da Seguridade Social, induzindo o Fisco Federal em erro, mediante a utilização de mão de obra formalmente registrada em Entidade Beneficente em gozo de isenção de contribuições previdenciárias para a execução Fl. 234DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 das atividades vinculadas aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, de responsabilidade, atribuição e competência do Autuado. A sonegação também se mostra patente, na medida em que, ao se utilizar volitiva e conscientemente de Entidade Beneficente em gozo de isenção de contribuições previdenciárias para o abrigo dos registros trabalhistas dos membros integrantes das equipes básicas de saúde para a execução dos serviços vinculados aos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família, de responsabilidade, atribuição e competência do Município de João Neiva, inerentes à sua atividade estatal, o Autuado não efetuou a declaração de tais trabalhadores e suas respectivas remunerações em suas GFIP, excluindo dessarte da Administração Fazendária o conhecimento a respeito da ocorrência de fatos geradores de contribuições previdenciárias. Assim, estando o município de João Neiva e a SBC João Neiva mancomunados no fim específico de fraudar a Administração Tributária e de sonegar tributos, caracterizada também se revela a existência de conluio, a teor do art. 73 da Lei nº 4.502/64. Conforme acima elucidado, presentes estão na conduta descrita nos autos os elementos objetivos e subjetivos qualificadores da fraude, da sonegação e do conluio, nos termos dos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Registrese, por relevante, que o lançamento das contribuições sociais ora em exame não tem o condão de estabelecer qualquer vínculo empregatício entre os trabalhadores em destaque e o Município recorrente. Tampouco detém o auditor fiscal notificante competência para tanto. A questão é meramente tributária não irradiando qualquer espécie de efeito sobre a esfera trabalhista do Município Notificado. A fiscalização tão somente constatou a ocorrência de fatos geradores, em relação aos quais não houve o correto recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, e, em conformidade com os ditames legais, no exercício da atividade plenamente vinculada que lhe é típica, procedeu ao lançamento das exações devidas pelo Sujeito Passivo, sem promover qualquer vínculo trabalhista entre os trabalhadores e o Recorrente. Não procede a alegação de que os Municípios, ao receberem as quantias destinadas ao PSF, possuíam a possibilidade legal de firmarem convênios administrativos para fins de implantação e desenvolvimento deste programa. A execução de atividades estatais, pelo Município, inerentes às suas atribuições e competências constitucionais não autoriza a subversão da Ordem Jurídica. Conforme acima demonstrado, o município selecionou, recrutou, capacitou e demitiu trabalhadores, ditou o que fazer, quem fazer, como fazer, quanto fazer, onde fazer, a quem fazer, quando fazer, fiscalizou e controlou o serviço realizado, arcou integralmente com a remuneração de tais trabalhadores, ordenou e dirigiu o serviço realizado pelos membros integrantes das equipes básicas de saúde, numa relação em se mostraram ostensivamente presentes os atributos da subordinação jurídica plena, da não eventualidade dos serviços prestados, da natureza intuito personae na contratação de pessoal e da onerosidade integral a cargo do Ente Municipal, circunstâncias que implicam a caracterização do Recorrente como o verdadeiro, real e único empregador dos trabalhadores em apreço, sujeitando dessarte o Município e os trabalhadores em questão às obrigações assentadas na Lei de Custeio da Seguridade Social. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 222 29 Como se não bastasse, para que não restem dúvidas, o próprio item 3.14 do inciso III da Cláusula 2ª do Convênio nº 498/96 é taxativo ao estabelecer como obrigação do Ente Municipal, que este arque com qualquer ônus de natureza trabalhista, previdenciária ou social, acaso decorrente da execução do Convênio em tela. Não procede igualmente a alegação de suposta violação ao Princípio da Tipicidade ou a de que a descrição do fato considerado ilícito não se enquadra na hipótese formalmente prevista na norma. Conforme muito bem lembrado pelo Recorrente, “a saúde é dever do Estado (União, Estados e Municípios) e como tal, deve ser implementada pelo Poder Público”. A estruturação, o desenvolvimento e a administração dos Programas de Agentes Comunitários de Saúde e de Saúde da Família são da responsabilidade, atribuição e competência do Município de João Neiva, e não da SBC João Neiva, que sequer possuía como objetivo social, no período de apuração, os “serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”. Conforme exaustivamente demonstrado, os serviços de saúde desenvolvidos pelos membros integrantes das equipes básicas de saúde houveram por prestados de maneira não eventual à comunidade, em condições de pessoalidade pelos trabalhadores, numa relação de subordinação jurídica plena destes ao Município, e mediante remuneração a cargo integral do Ente Estatal, restando caracterizados assim todos os requisitos da relação de segurado empregado previstos no inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, contingência fática e jurídica que subjuga o Ente Público e os obreiros às obrigações previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social. Nessas circunstâncias, tais trabalhadores deveriam ter sido NECESSARIAMENTE contratados pelo seu Real e Verdadeiro empregador – o Município e, em consequência, observadas as obrigações tributárias de tal relação jurídica. O ilícito deuse, exatamente, pela descarga dos registros formais trabalhistas desses operários nos Livros de Registro de Empregados da SBC João Neiva, que não era a titular do serviço público prestado e sequer possuía como objetivo social, no período de apuração, os “serviços de atenção à saúde e serviços sociais, incluindo atendimento hospitalar, atendimento de urgências e emergências, atendimento ambulatorial, complementação diagnóstica e terapêutica e atendimento direto e gratuito ao público”, para, valendose do direito a isenção que esta detém, fugir de maneira fraudulenta aos rigores da tributação previdenciária. Registrese que a existência de qualquer convênio entre o Município e a SBC João Neiva dispondo de maneira diversa não possui o condão de subjugar a vontade da lei. O contrário sim. Não procede, portanto, a alegação de “ausência de fundamentação clara e precisa dos fatos e da inocorrência de afronta à legislação previdenciária”. O item 1 do Relatório Fiscal a fl. É extremamente claro e preciso ou informar que o presente Auto de Infração “referese às CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS INCIDENTES SOBRE A REMUNERAÇÃO DE TRABALHADORES ENQUADRADOS NA CATEGORIA DE SEGURADOS EMPREGADOS DO AUTUADO, VEZ QUE RESTARAM EVIDENCIADOS OS ELEMENTOS Fl. 236DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 CARACTERIZADORES DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO EXISTENTE ENTRE ESTES TRABALHADORES E O MUNICÍPIO ACIMA QUALIFICADO”. O item 4 do Relatório Fiscal, por seu turno, esclarece com todas as letras o fato gerador da presente autuação, in verbis: “4 Constituem fatos geradores das contribuições lançadas: 4.1 Os valores pagos pela notificada à Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, Entidade Filantrópica, com isenção das contribuições patronais com a Previdência Social, CNPJ 27.727.452/000126, endereço à Praça Nossa Senhora do Líbano, 30 — Centro — João Neiva/ES, para cobrir as despesas com a remuneração dos empregados, relacionados no Anexo I, utilizados para implementação e execução de serviços na área de saúde, cujos valores estão discriminados no Relatório de LançamentosRL, levantamento PSF — PROGRAMA SAUDE FAMILIA. Pela análise das planilhas de prestação de contas da Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, relativas as verbas repassadas pela Prefeitura Municipal, para pagamento de férias, salários dos servidores dor, etc., e ainda, pedidos de dispensa de segurados constante nas folhas de pagamento da Sociedade, feitos diretamente ao Secretário Municipal de Saúde de João Neiva, conforme cópias em anexo, verificase que, em tese, os trabalhadores envolvidos nas atividades da área da Saúde, embora classificados como segurados da Sociedade, são, na realidade, empregados da notificada, tendo em vista que a Saúde, também é matéria de competência do Município, conforme Artigo 23, Inciso 1I, da Constituição Federal. E diante da existência de uma posição jurisprudencial de que é vedada a terceirização da atividade fim da empresa, e sendo a municipalidade equiparada à empresa, não há como vislumbrar que atividade municipal seja exercida por terceiros, sem vínculo com a prefeitura. 4.2 — Ante o exposto, não resta dúvida de que os profissionais que prestaram serviços na área da saúde, ainda que por intermédio da Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva, independente de quem pagou os seus salários, são empregados do Município de João Neiva Prefeitura Municipal, portanto, dúvida as contribuições previdenciárias”. Por outra via, a fundamentação jurídica que fornece esteio à autuação em questão encontrase delineada no relatório intitulado Fundamentos Legais do Débito – FLD, a fls. 12/13, o qual houvese por idealizado de maneira individualizada por lançamento, sendo estruturado de forma atomizada por tópicos específicos condizentes com os mais diversos e variados aspectos relacionados com procedimento fiscal e o crédito tributário ora em apreciação, descrevendo, pormenorizadamente, em cada horizonte temporal, todos os instrumentos normativos que dão esteio às atribuições e competências do auditor fiscal, às contribuições sociais lançadas e seus acessórios pecuniários, aos prazos e obrigações de recolhimento, dentre outras, especificando, não somente o Diploma Legal invocado, mas, igualmente, os dispositivos normativos correspondentes, permitindo ao Notificado a perfeita compreensão dos fundamentos e razões da autuação, sendolhe garantido, dessarte, o exercício do contraditório e da ampla defesa. Não procede, por conseguinte, a alegação de cerceamento de defesa. 2.2. DA LEGITIMIDADE PASSIVA Fl. 237DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 223 31 Alega o Recorrente que a penalidade administrativa é pessoal, ou seja, é aplicada à pessoa do responsável pela prática do ato, neste caso, a Sociedade de Beneficência e Cultura de João Neiva e o Prefeito Municipal, à época, Sr. Aluyzio Morellato, devendo figurarem no polo passivo da presente atuação. Conforme defendido pelo Recorrente, a penalidade administrativa deve ser aplicada à pessoa do responsável pela prática do ato. “A saúde é dever do Estado (União, Estados e Municípios) e como tal, deve ser implementada pelo Poder Público”. Assim, a implantação e implementação do Programa de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde são da responsabilidade, atribuição e competência constitucional do Município de João Neiva. No caso presente, o município selecionou, recrutou, capacitou e demitiu trabalhadores, ditou o que fazer, quem fazer, como fazer, quanto fazer, onde fazer, a quem fazer, quando fazer, fiscalizou e controlou o serviço realizado, arcou integralmente com a remuneração dos trabalhadores envolvidos nos citados programas sociais de saúde, ordenou e dirigiu o serviço realizado pelos membros integrantes das equipes básicas de saúde, porém descarregou nos Livros de Registro de Empregados da SBC João Neiva todos os vínculos trabalhistas, para que, dessa forma, o ente municipal, não detentor de isenção, e efetivo consumidor da mão de obra acima referida, se mantivesse a salvo da tributação previdenciária incidente sobre o montante das remunerações pagas aos segurados em foco. Fulgura no caso que a pessoa que efetivamente praticou o ato inquinado foi, efetivamente, a pessoa jurídica do Município de João Neiva. Tivesse ela registrado em seus livros os trabalhadores por ela selecionados, recrutados e capacitados, para realizar com pessoalidade, não eventualidade, subordinação jurídica plena e mediante remuneração a seu exclusivo encargo, os trabalhadores empregados na execução dos programas sociais de saúde vinculados ao seu dever estatal, e recolhidos, nos termos da lei, as contribuições previdenciárias devidas, nenhuma violação à legislação tributária teria ocorrido. Mas não foi isso o que efetivamente ocorreu na realidade nua dos fatos. Visando a elidirse de tributação, o Município Recorrente descarregou nos LRE da SBC João Neiva, Entidade Beneficente em gozo de isenção das contribuições patronais previdenciárias, todos os registros trabalhistas formais dos membros integrantes das equipes básicas de saúde, fraudando, dessarte, todo o sistema de tributação previdenciária, eis que tal ação volitiva e consciente revelouse tendente a impedir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, reduzindo o montante do tributo devido, uma vez que, com tal ato, apenas se tornou exigível a contribuição previdenciária a cargo dos segurados empregados, incidentes sobre os seus respectivos Salário de Contribuição, não mais a patronal. 2.3. DA ALEGAÇÃO DE CONFISCO O Recorrente alega que a multa alcança quantia total de R$ 179.646,01 (cento e setenta e nove mil, seiscentos e quarenta e seis reis e um centavo), cujo valor equivale a aproximadamente 10% (dez por cento) a arrecadação do Município, sendo visível o caráter confiscatório da multa. Sem razão. Fl. 238DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 32 Em primeiro lugar, não há no presente lançamento qualquer exigência de multa, mas, tão somente, do principal (R$ 114.747,83) e dos juros moratórios (R$ 64.898,18), conforme se observa na Folha de Rosto do Auto de Infração a fl. 02. Em segundo lugar, avulta que os Princípios Constitucionais realçados pelo Recorrente, além de outros dispostos na CF/88, são dirigidos, sem sombra de dúvida, aos membros políticos do Congresso Nacional, como vetores a serem seguidos no processo de gestação de normas matrizes de cunho tributário, não ecoando nos corredores do Poder Executivo, cujos servidores auditores fiscais subordinamse cegamente ao principio da atividade vinculada aos ditames da lei, dele não podendo se descuidar, sob pena de responsabilidade funcional. Escapa, contudo, à competência deste Colegiado a sindicância da adequação das normas tributárias constantes na Lei nº 8.212/91 ao Ordenamento Jurídico a princípios constitucionais e às limitações ao poder de tributar veiculadas nos artigos 145 e 150 da Lei Maior. Revelase mais do que sabido por aqueles que militam com profissionalismo no Direito Pátrio que a declaração de inconstitucionalidade de leis ou a ilegalidade de atos administrativos constitui se prerrogativa outorgada pela Constituição Federal exclusivamente ao Poder Judiciário, não podendo os agentes da Administração Pública imiscuíremse ex proprio motu nas funções reservadas pelo Constituinte Originário ao Poder Togado, sob pena de usurpação da competência exclusiva deste. Nesse sentido, no que é atávico ao Processo Administrativo Fiscal, determina o Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, ser vedado aos órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235/72 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) (...) §6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Fl. 239DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 15586.000678/200891 Acórdão n.º 2302003.398 S2C3T2 Fl. 224 33 Ademais, perfilando idêntico entendimento como o acima esposado, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Cumpre ainda salientar, por relevante, ser vedado aos membros das turmas de julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais afastar a aplicação ou deixar de observar o conteúdo encartado em leis e decretos sob o fundamento de incompatibilidade com a Constituição Federal, conforme determinado pelo art. 62 Regimento Interno do CARF, aprovado pela PORTARIA Nº 256, de 22 de junho de 2009, do Ministério da Fazenda. PORTARIA Nº 256, de 22 de junho de 2009 Art. 62. Fica vedado aos membros afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Por outro viés, trigo de outra safra, porém, sendo a atuação da Administração Tributária inteiramente vinculada à Lei, e, restando os preceitos introduzidos pelas leis que regem as contribuições ora em apreciação plenamente vigentes e eficazes, a inobservância desses comandos legais implicaria negativa de vigência por parte do Auditor Fiscal Autuante, fato que desaguaria inexoravelmente em responsabilidade funcional dos agentes do Fisco Federal. Cumprenos chamar a atenção para o fato de que as disposições introduzidas pela legislação tributária em apreço, até o presente momento, não foram ainda vitimadas de qualquer sequela decorrente de declaração de inconstitucionalidade, seja na via difusa seja na via concentrada, esta exclusiva do Supremo Tribunal Federal, produzindo, portanto, todos os efeitos jurídicos que lhe são típicos. Desbastada nesses talhes a escultura jurídica, impedido se encontra este Colegiado de apreciar tais alegações e afastar a incidência de tributos exigíveis nos estreitos trilhos mandamentais da lei, sob alegação de inconstitucionalidade por violação a princípios constitucionais, atividade essa que somente poderia emergir do Poder Judiciário. Fl. 240DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 34 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 241DF CARF MF Impresso em 16/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 24/09/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
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Numero do processo: 10215.000632/2006-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Nov 14 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 2101-000.160
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para esclarecimento de questão de fato, em específico, a justada da transcrição da averbação, no cartório, em documento legível, com ciência à interessada e abertura de prazo para manifestação.
_______________________________________________
MARIA CLECI COTI MARTINS Presidente
__________________________________________
EDUARDO DE SOUZA LEÃO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA CLECI COTI MARTINS (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e EDUARDO DE SOUZA LEÃO (Relator).
Nome do relator: EDUARDO DE SOUZA LEAO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para esclarecimento de questão de fato, em específico, a justada da transcrição da averbação, no cartório, em documento legível, com ciência à interessada e abertura de prazo para manifestação. _______________________________________________ MARIA CLECI COTI MARTINS – Presidente __________________________________________ EDUARDO DE SOUZA LEÃO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA CLECI COTI MARTINS (Presidente), CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, GILVANCI ANTONIO DE OLIVEIRA SOUSA, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e EDUARDO DE SOUZA LEÃO (Relator). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 15 .0 00 63 2/ 20 06 -1 3 Fl. 121DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 3 ___________ Relatório: Tratase de lançamento de ofício formalizado em relação ao Recorrente para fins de exigência do Imposto Territorial Rural (ITR) relativo ao exercício de 2002, incidente sobre imóvel rural denominado “Caxinguba”, localizado no Município de Altamira, Estado do Pará, com área total de 151.721,30 hectares, cadastrado na Receita Federal do Brasil sob o n° 6.510.9384. Depreendese do teor do Termo de Verificação Fiscal estar motivado o lançamento de ofício na glosa da isenção prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96, exclusivamente em razão de não ter o contribuinte se desincumbido na obrigação acessória de requerer ao órgão ambiental a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) no prazo de seis meses, contado a partir da data final do prazo de entrega da DITR. Notificado, apresentou o interessado impugnação (fls. 38/41) arguindo: a) nulidade do procedimento, por intimação defeituosa de sua instauração; b) a DITR do exercício de 2002 foi apresentada em nome de RONDON PROJETOS ECOLÓGICOS LTDA, terceiro inconfundível com o interessado, sendo, por essa razão, ineficaz à impugnante a decisão pronunciada neste Processo Administrativo; e, c) ser prescindível a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ao gozo da isenção prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº. 9.393/96. Lançamento julgado procedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife (PE) por decisão com o seguinte escorço: “ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. COMPROVAÇÃO. A exclusão de áreas declaradas como de preservação permanente e de utilização limitada da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada ao protocolo do Ato Declaratório Ambiental – ADA, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. Lançamento Procedente” Inconformado, o interessado apresentou recurso voluntário (fls. 80/88) reiterando as razões de impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro EDUARDO DE SOUZA LEÃO, Relator Fl. 122DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10215.000632/200613 Resolução nº 2101000.160 S2C1T1 Fl. 4 3 Recurso tempestivo. Preenchidos os requisitos de admissibilidade. Registro inicialmente que o Recorrente acostou aos autos deste Processo Administrativo os seguintes documentos: a) Ato Declaratório Ambiental (fl. 7); e, b) cópia autenticada da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva legal (fls. 8/9). A exigência fiscal formalizada através do lançamento de ofício em referência restou fundamentada exclusivamente na inobservância do prazo para requerimento da expedição, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) do Ato Declaratório Ambiental, em que pese ter o Recorrente comprovado a constituição regular de área de preservação permanente e de área de reserva legal no imóvel. Todavia, entendo que a glosa da isenção outorgada a imóveis nos quais existam áreas de preservação permanente e áreas de reserva legal não pode ser fundamentada exclusivamente em aspecto formal (descumprimento de prazo de requerimento de expedição de ato administrativo), interpretação incompatível com a ratio do benefício fiscal em questão. Não fosse isso, observo que a disposição inscrita no art. 10 da Instrução Normativa SRF nº 659/2006, já revogada, ao tratar do Ato Declaratório Ambiental, não estabelecia prazo para formalização do requerimento, prazo que igualmente não está fixado no art. 17O da Lei Federal nº 6.938/1981. Tanto assim que a Instrução Normativa da RFB hoje em vigor, nº 1.380/2013, também não estabelece prazo de apresentação do ADA. Nessa linha, apresentado Ato Declaratório Ambiental expedido pelo IBAMA, e comprovado o assentamento da área de reserva legal no registro imobiliário competente, fazse jus a fruição da isenção prevista no art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96. De todo modo, em Sessão de Julgamento realizada em 15/05/2014, a eg. 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, observando a documentação acostada aos autos, mais especificamente a Certidão de Registro de Imóveis conferida pelo Cartório do 1° Oficio do Município de Altamira – Pará (fls. 8/9), constatou a ausência de certeza quanto ao total da área averbada como sendo Área de Reserva Legal. Assim, o feito foi convertido em diligência perante a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santarém – PA, no sentido de requerer informações junto ao Cartório de Registro de Imóveis no Município de Altamira – Pará, para que informe e esclareça, em documento legível, qual a área total de reserva legal da matrícula do imóvel em referência. Após a resposta do Cartório, devese ofertar ciência à interessada com abertura de prazo para manifestação. É como voto. Fl. 123DF CARF MF Impresso em 17/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/11/2014 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 11/11/201 4 por EDUARDO DE SOUZA LEAO, Assinado digitalmente em 13/11/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS
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Numero do processo: 12897.000027/2008-08
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício:2006
NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO.
No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio.
Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA.
Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1803-002.379
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Henrique Heiji Erbano e Meigan Sack Rodrigues.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Antônio Marcos Serravalle Santos, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício:2006 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Henrique Heiji Erbano e Meigan Sack Rodrigues. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Antônio Marcos Serravalle Santos, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
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Tem cabimento a aplicação da multa de ofício isolada no percentual de 50% por falta de recolhimento de IRPJ determinado sobre a base de cálculo estimada que deixar de ser efetuado no caso de pessoa jurídica tributada pelo lucro real optante pelo pagamento do tributo em cada mês. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício:2006 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. DOUTRINA.JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 89 7. 00 00 27 /2 00 8- 08 Fl. 114DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 115 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Henrique Heiji Erbano e Meigan Sack Rodrigues. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Antônio Marcos Serravalle Santos, Henrique Heiji Erbano, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 2630, com a exigência do crédito tributário no valor de R$599.743,38, a título de multa de ofício isolada por falta de recolhimento de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) determinada sobre a base de cálculo estimada com base no lucro real e no anocalendário de 2005, em conformidade com o Termo de Verificação, fls. 2325. O lançamentos fundamentase na falta de recolhimento de IRPJ apurado pelo cotejo entre os dados informados na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), fls. 0408, e aqueles contidos na Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais (DCTF), 0910, em conformidade com a Tabela 1. Tabela 1 – Falta de recolhimento de IRPJ no anocalendário de 2005 Meses do Ano Calendário de 2005 (A) DIPJ R$ (B) DCTF R$ (C) Diferenças Apuradas de Ofício R$ (D) Multas de Ofício Isolada R$ E = (D x 50%) IRPJ Janeiro 503.890,35 0,00 503.890,35 251.945,18 Fevereiro 695.596,39 0,00 695.596,39 347.798,20 Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 841 do Regulamento do Imposto de Renda constante no Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR, de 1999). Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação, fls. 3336, com as alegações a seguir sintetizadas. Tece esclarecimentos sobre os fatos e que apresenta a peça de defesa tempestivamente suscitando que: Fl. 115DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 116 3 Face a inclusão das sociedades de economia mista no rol de empresas obrigadas a efetuar a retenção na fonte imposto de renda, da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, a que se refere o art. 64 da Lei n° 9.430/96, por força do artigo 34 da Lei n° 10.833/03, a Impugnante é, desde a sua vigência, credora do fisco federal em decorrência da referida retenção. "Art. 34. Ficam obrigadas a efetuar as retenções na fonte do imposto de renda, da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, a que se refere o art. 64 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, as seguintes entidades da administração pública federal: II sociedades de economia mista;" Assim sendo, as compensações realizadas, ainda que não declaradas, devem ser consideradas como válidas para fins de cumprimento da obrigação principal, bem como a aplicação de multa, ora impugnada, carece de razoabilidade pelas seguintes razões: Em primeiro lugar, porque a Impugnante termina por tomar mais crédito fiscal, pois que as retenções representam valor maior do que o dos tributos a recolher, em face da apuração de seus resultados finais. Isso implica em indisponibilidade de capital da Impugnante, na medida em que a compensação de tais valores é integralmente é inviável, considerando que seus débitos fiscais são menores do que o crédito, e a restituição dos mesmos é demorada e, por isso mesmo, pouco interessante. Ademais, e também como conseqüência do ponto acima destacado, as contratações de prestação de serviço realizadas junto à Petrobrás, tornamse mais onerosas do que aquelas firmadas entre pessoas jurídicas do setor privado, o que implica em redução do seu lucro e, consequentemente, menor imposto a compensar. Por último, devemos atentar que a cada pedido de compensação efetuado, e seus respectivos cruzamentos de dados, resultam sempre em divergências de informações gerando dificuldade na obtenção da Certidão Negativa de Débitos fiscais junto a própria Receita Federal do Brasil, documento imprescindível para participações em licitações, tendo como principal cliente a Petrobrás que assim a exige por força de exigência legal. Conclui que: Diante de todo o exposto, vemos que o Auto de Infração ora Impugnado, deve ser considerado ATO NULO, já que afetado de insanáveis vícios e insubsistência dentro do nosso universo jurídico. A nulidade que pretendese ver declarada, após o exame desta peça recursal, é explicita e virtual. A primeira porque contraria expressamente dispositivos legais existentes. A segunda pois, também, infringe os princípios específicos do direito público, qual seja a aplicação de multa de natureza arrecadatória e não punitiva, haja vista que a aplicação da multa de 50% (cinquenta por cento) incidente sobre o valor do imposto compensado e não declarado é demasiadamente excessiva e injusta. A decretação de nulidade em nada compromete o erário público, já que fazse juntada na presente Impugnação de todos os elementos necessários para o DEFERIMENTO do pedido em questão. Fl. 116DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 117 4 Logo, como ato administrativo ilegítimo e ilegal, deve esta Delegacia da Receita Federal, acatando à lei e aos princípios do direito administrativo, decretar a sua anulação, invalidando, assim, o Auto de Infração ora Impugnado. Isto posto, a Impugnante confiando no elevado espírito, na prudência e na cautela de Vossa Senhoria, diante da importância desta demanda, decida pela procedência do presente pedido. Está registrado como ementa do Acórdão da 6ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1224.357, de 28.05.2009, fls. 6776: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. Estando os atos administrativos revestidos de suas formalidades essenciais, não há de se falar em nulidade do procedimento fiscal. MULTA ISOLADA. ESTIMATIVA NÃO DECLARADA. Sujeitase a multa cobrada isoladamente o contribuinte que opta pela apuração anual do imposto, mas deixa de proceder ao recolhimento das respectivas estimativas mensais. Lançamento Procedente Consta no Voto Condutor: Quanto à alegação da interessada de que realizou compensações, as quais não foram declaradas, mas que deveriam ser consideradas, analisando os autos do presente processo, verificase que a esse respeito não foi juntada a estes autos documento algum comprovando eventuais compensações. Ademais, as compensações deveriam constar em DCTF ou por outro meio previsto na legislação de regência. Notificada em 20.07.2009, fl. 77, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 10.8.2009, fls. 7986, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge e reitera os argumentos apresentados na peça impugnatória. Acrescenta que apresenta a peça de defesa tempestivamente arguindo que: O Sr. Auditor Fiscal da Receita Federal ("AFRF") apresentou como resultado da sua fiscalização o Termo de Verificação e de Constatação Fiscal onde foi verificado que a Recorrente não apresentou DCTF nem procedeu ao recolhimento dos valores declarados em DIPJ, de modo que, agindo assim, desobedeceu a legislação de regência, o que ensejou a aplicação da multa isolada no percentual de 50% no valor de R$599.743,38. A Recorrente tem como objeto social a prestação de, serviços relacionados A. atividade de perfur4do de poços de petróleo e tem como principal cliente a empresa Petróleo Brasileiro S.A PETROBRÁS. . Fl. 117DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 118 5 Ressaltese que face a inclusão das sociedades de economia mista no rol de empresas obrigadas a efetuar a retenção na fonte imposto de renda, da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, a que se refere o art. 64 da Lei n° 9.430/96, por força do artigo 34 da Lei n° 10.833/03, a Recorrente é, desde a sua vigência, credora do fisco federal em decorrência da referida retenção: "Art. 34. Ficam obrigadas a efetuar as retenções na fonte do imposto de renda, da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, a que se refere o art. 64 da Lei n°9.430, de 27 de dezembro de 1996, as seguintes entidades da administração pública federal: II sociedades de economia mista;" Assim sendo, as compensações realizadas, ainda que não declaradas, devem ser consideradas como válidas para fins de cumprimento da obrigação principal, bem como a aplicação de, penalidade acessória carece de razoabilidade pelas seguintes razões: Em primeiro lugar, porque a Recorrente termina por tomar mais crédito fiscal, pois que as retenções representam valor maior do que o dos tributos a recolher, em face da apuração de seus resultados finais. Isso implica em indisponibilidade de capital da Recorrente, na medida em que a compensação de tais valores é integralmente é inviável, considerando que seus débitos fiscais são menores do que o crédito, e a restituição dos mesmos é demorada e, por isso mesmo, pouco interessante. Ressaltese, ainda, que alguns valores utilizados nos cálculos de compensação das referidas contribuições, encontravamse em análise junto a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária no Rio de Janeiro, visto tratarse de créditos oriundos de decisão judicial, conforme mencionado no Termo de Verificação e de Constatação Fiscal. A Recorrente obteve via decisão judicial créditos do PIS e COFINS decorrente da Lei n° 9.718/98, cujo deferimento aos Pedidos de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado somente foi possível através de ordem judicial, visto que as autoridades fiscais insistiam no indeferimento dos pedidos por conta da falta de apresentação da desistência da execução do título judicial ou a comprovação da renúncia à sua execução, bem assim a assunção de todas as custas e os honorários advocatícios referentes ao processo de execução: "o que não procede em Mandados de Segurança". Tal morosidade na homologação dos pedidos referentes aos Processos de números 10768.003242/200711 e 10768.003243/200766, protocolizados antes do início da ação fiscal, resultou na impossibilidade de transmitir os PER/DCOMP’s necessários para os cruzamentos de informações referente aos débitos fiscais de 2005 relacionados ao PIS, COFINS, IRPJ e CSLL e respectivas declarações (DCTF). Como os créditos decorrentes da Lei n° 9.718/98 deveriam, por força do prazo prescricional, serem utilizados preliminarmente antes dos créditos oriundos das retenções da Petrobrás, as PER/DCOMP's eletrônicas não puderam ser transmitidas até que os Pedidos de Habilitação de Crédito Reconhecido por Decisão Judicial Transitada em Julgado fossem homologados. Não há como declarar em DCTF débitos fiscais sem as respectivas PER/DCOMP’s que originaram as compensações pois os números processuais Fl. 118DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 119 6 decorrentes da transmissão devem ser informados para fins de envio junto ao programa receptor, assim como a falta dessa informação resultaria na imediata inscrição do débito fiscal em divida ativa. Cabe informar que a cada pedido de compensação efetuado, e seus respectivos cruzamentos de dados, resultam sempre em divergências de informações gerando dificuldade na obtenção da Certidão Negativa de Débitos fiscais junto a própria Receita Federal do Brasil, documento imprescindível para participações em licitações, tendo como principal cliente a Petrobrás que assim a exige por força de exigência legal. Ressaltamos, mais uma vez, que os Pedidos Eletrônicos de Compensação (PER/DCOMP) seriam recepcionados pela Receita Federal do Brasil somente após prévia habilitação do referido crédito nesta delegacia conforme disposto no artigo 51 da IN 600/2005 abaixo transcrito: Art. 51. Na hipótese de crédito reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, a Declaração de Compensação, o Pedido Eletrônico de Restituição e o Pedido Eletrônico de Ressarcimento, gerados a partir do Programa PER/DCOMP, somente serão recepcionados pela SRF após prévia habilitação do crédito pela Delegacia da Receita Federal (DRF), Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária (Derat) ou Delegacia Especial de Instituições Financeiras (Deinf) com jurisdição sobre o domicilio tributário do sujeito passivo. Uma vez deferido o pedido em tela, as devidas PER/DCOMP's seriam transmitidas e, consequentemente, os respectivos números de controle seriam gerados para que a sociedade pudesse informálos nas DCTF's ora em discussão, o que foi devidamente regularizado logo após o deferimento do pedido por força do cumprimento a decisão judicial, bem como depois de sanado a vedação imposta a transmissão dos PER/DCOMP's nas compensações de recolhimentos por estimativa por forca da MP n° 449/08, cuja conversão na Lei n° 11.941/09 eliminou tal vedação. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Diante de todo o exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, espera e requer a Recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora Fl. 119DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 120 7 O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, no exercício da competência da RFB, em caráter privativo constituir o crédito tributário pelo lançamento. Esta atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que ele seja de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. É a autoridade legitimada para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Nos casos em que dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário, os Autos de Infração podem ser lavrados sem prévia intimação à pessoa jurídica no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do seu estabelecimento, os quais devem estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Estes atos administrativos, sim, não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais2. O Auto de Infração foi lavrados por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprila ou impugnála no prazo legal, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. A autoridade tributária tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 2 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 121 8 operações a que se refiram, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos3. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 4 A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional5. Assim, os Autos de Infração, fls. 99127 e o Acórdão da 2ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1234.318, de 18.11.2010, fls. 213221, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A tese protetora exposta ela defendente, assim sendo, não está demonstrada. A Recorrente afirma que antes do início da ação fiscal, formalizou os Pedidos de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nos processo nºs. 10768.003242/200711 e 10768.003243/200766. A espontaneidade do sujeito passivo fica excluída a partir do primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária. Por esta razão, a declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício6. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Ainda, o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se 3 Fundamentação legal: art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 10 e art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999. 4 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. 5 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. 6 Fundamentação legal: art. 142 e art. 147 do Código Tributário Nacional, art. 7º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF n° 33. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 122 9 submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional 7. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a seu favor dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais8. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de registro obrigatório pela legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde da comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. No presente caso, o procedimento fiscal teve início em 25.08.2005, fls. 10 11, data em que a Recorrente perdeu sua espontaneidade. O processo nº 10768.003243/200766 de Pedido de Habilitação de Crédito Judicial com Trânsito em Julgado encontrase findo na esfera administrativa e no Arquivo Geral da SAMF/RJ desde 12.08.20139. Temse que esse procedimento segue rito próprio e não prescinde de apresentação espontânea do Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) na forma, no tempo e no lugar previstos no art. 74 da Lei nº 7.430, de 27 de dezembro de 1996, atualmente regulamentado pela Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012. Por essa razão, os Per/DComp apresentados não podem ser 7 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 8 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 9 Disponível em: <http://comprot.fazenda.gov.br/e gov/PvC_Mov_Consulta_Movimentos.asp?processoQ=10768003243200766&DDMovimentoQ=12082013&SQO rdemQ=0>. Acesso em: 22 set. 2014. Fl. 122DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 123 10 examinados nos presentes autos, que tratam de determinação e exigência de créditos tributários da União. Consultando o eprocesso, o processo nº 16682.72098/201335, que tem como apenso o processo nº 10768.003242/200711 de Pedido de Habilitação de Crédito Judicial com Trânsito em Julgado, consta: O presente processo foi formalizado para tratamento manual da Dcomp nº 31577.56452.310309.1.3.540783, através da qual o contribuinte em epígrafe declara compensações de débitos com crédito de Cofins oriundo de ação judicial, no valor de R$2.748.885,49, conforme pedido de habilitação formalizado no processo nº 10768.003242/200711, fls. 03/05. [...] Em face de todo o exposto, proponho RECONHECER o direito creditório do contribuinte, no valor de R$2.748.885,49 (dois milhões setecentos e quarenta e oito mil oitocentos e oitenta e cinco reais e quarenta e nove centavos) para fins de homologação da Dcomp nº 31577.56452.310309.1.3.540783, até o limite do crédito reconhecido. Nessa Per/DComp a Recorrente compensa o mencionado crédito com os seguintes débitos: Crédito CNPJ do Crédito: 29.504.214/000187 Tipo de Crédito: Pagamento Indevido ou a Maior Ação Judicial: SIM Informado em Processo Administrativo Anterior: NÃO Informado em PER/DCOMP Anterior: NÃO Valor Utilizado Nesta Declaração de Compensação 2.748.885,48 Débitos Compensados CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: COFINS Código da Receita: 217201 COFINS Demais empresas Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Ago. / 2004 Data de Vencimento: 15/09/2004 Número do Processo: Principal 176.646,19 Multa 0,00 Juros 108.831,72 Total 285.477,91 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: COFINS Código da Receita: 585601 COFINS Não cumulativa Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Fev. / 2004 Data de Vencimento: 15/03/2004 Número do Processo: Principal 1.304.684,61 Multa 0,00 Juros 901.276,13 Fl. 123DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 124 11 Total 2.205.960,74 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: PIS/PASEP Código da Receita: 810902 PIS Faturamento Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Mai. / 2004 Data de Vencimento: 15/06/2004 Número do Processo: Principal 17.961,32 Multa 0,00 Juros 11.753,89 Total 29.715,21 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: PIS/PASEP Código da Receita: 810902 PIS Faturamento Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Jun. / 2004 Data de Vencimento: 15/07/2004 Número do Processo: Principal 52.041,50 Multa 0,00 Juros 33.384,62 Total 85.426,12 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: PIS/PASEP Código da Receita: 810902 PIS Faturamento Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Jul. / 2004 Data de Vencimento: 13/08/2004 Número do Processo: Principal 31.326,86 Multa 0,00 Juros 19.692,06 Total 51.018,92 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: PIS/PASEP Código da Receita: 810902 PIS Faturamento Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Ago. / 2004 Data de Vencimento: 15/09/2004 Número do Processo: Principal 40.951,33 Multa 0,00 Juros 25.230,12 Total 66.181,45 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: PIS/PASEP Código da Receita: 810902 PIS Faturamento Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Set. / 2004 Data de Vencimento: 15/10/2004 Número do Processo: Principal 7.724,59 Multa 0,00 Fl. 124DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 125 12 Juros 4.665,65 Total 12.390,24 CNPJ do Débito: 29.504.214/000187 Grupo de Tributo: PIS/PASEP Código da Receita: 810902 PIS Faturamento Período de Apuração/Exercício/AnoCalendário: Out. / 2004 Data de Vencimento: 12/11/2004 Número do Processo: Principal 7.989,25 Multa 0,00 Juros 4.725,64 Total 12.714,89 Ademais, no Per/DComp nº 31577.56452.310309.1.3.540783 não consta que os débitos de IRPJ nos valores de R$503.890,35 e de R$695.596,39 referente a janeiro de fevereiro de 2005 tenham sido extintos por compensação. Nesse sentido vale citar o precedente da mesma pessoa jurídica contido no Acórdão 3ª TE/4ª Câmara/1ª SEJUL nº 18031.102, de 22.11.2011, em que na matéria semelhante foi negado provimento ao recurso voluntário. A Recorrente discorda da aplicação da aplicação das multa de ofício isoladas. A pessoa jurídica que adota o regime de tributação do lucro real pode optar pela apuração anual de IRPJ e de CSLL, o que lhe impõe o pagamento destes tributos em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada, ainda que venha a apurar prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa no balanço encerrado em 31 de dezembro do anocalendário. Pode, todavia, suspender ou reduzir os pagamentos dos tributos devidos em cada mês, desde que demonstre, mediante de balanços ou balancetes mensais, que as quantias acumuladas já recolhidas excedem os valores dos tributos devidos referentes ao período em curso. Para tanto, estes balanços ou balancetes de suspensão ou redução devem ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário e a demonstração do lucro real relativa ao período deve ser transcrita no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). O pressuposto é de que a norma jurídica secundária impõe uma sanção em decorrência da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A multa de natureza tributária, penalidade que tem como fonte a lei é imposta em razão do inadimplemento de uma obrigação legal principal ou acessória e expressa a obrigação de dar determinada quantia em dinheiro ao sujeito passivo. Por esta razão, caso as obrigações tributárias mencionadas não sejam cumpridas a pessoa jurídica fica sujeita à multa de 50% (cinquenta por cento), aplicada isoladamente, calculada sobre o montante das parcelas dos tributos não recolhidos ou das insuficiências apuradas. Este percentual foi fixado a partir 15.06.2007, abrandando aquele originalmente previsto. Assim, para os atos não definitivamente julgados em for imposta a penalidade em percentual mais severo previsto na lei vigente ao tempo da sua prática, a lei superveniente mais branda aplicase ao ato pretérito, tendo em vista a excepcionalidade prevista no princípio da retroatividade benigna10. A aplicação da multa de ofício proporcional pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação dos ilícitos tributários previsto 10 Fundamentação legal: art. 106 do Código Tributário Nacional, art. 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 2º e art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 13 da Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997 e art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Fl. 125DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 126 13 na legislação de regência, ou seja, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Distintas, são as aplicações das multas de ofício isoladas por falta de recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados sobre a base de cálculo estimada, ainda que o sujeito passivo tenha sido apurado prejuízo fiscal para o IRPJ e base de cálculo negativa para a CSLL, no anocalendário correspondente11. Essas infrações são passíveis de penalidades distintas, previstas em diferentes dispositivos da legislação, por essa razão não há que se falar em duplicidade ilegal de aplicação de multas de ofício. Vale esclarecer que a previsão legal que possibilita a imposição de mais de uma penalidade no mesmo Auto de Infração é admissível, desde que se trate de ilícitos distintos12, como é o caso tratado no presente processo. No caso em que obrigações tributárias mencionadas não sejam cumpridas a pessoa jurídica fica sujeita à multa de 50% (cinquenta por cento), aplicada isoladamente, calculada sobre o montante das parcelas dos tributos não recolhidos ou das insuficiências apuradas. Este percentual foi fixado a partir 15.06.2007, abrandando aquele originalmente previsto. Assim, para os atos não definitivamente julgados em for imposta a penalidade em percentual mais severo previsto na lei vigente ao tempo da sua prática, a lei superveniente mais branda aplicase ao ato pretérito, tendo em vista a excepcionalidade prevista no princípio da retroatividade benigna13. O lançamentos fundamentase na falta de recolhimento de IRPJ apurado pelo cotejo entre os dados informados na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), fls. 0408, e aqueles contidos na Declaração de Créditos e Débitos Tributários Federais (DCTF), 0910. Está registrado no Termo de Verificação, fls. 2325, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: Após análise e constatação de diferenças apontadas entre os valores apurados na DIPJ 2006, e os declarados em DCTF, intimamos conforme Termos [...] a que o contribuinte apresentasse justificativas quantos as insuficiências citadas. Em resposta o contribuinte esclarece [...] que a falta de declaração em DCTF dos valores em questão, devese ao fato da sociedade continuar aguardando deferimento [...]. e , cópias de minutas de requerimentos simples, solicitando audiências à DERAT) ao pedido de compensação de créditos oriundo de decisão judicial junto a Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária no Rio de Janeiro (DERAT/RJ), visto que a recepção dos PER/DCOMP dependeria de prévia habilitação dos créditos. Adicionalmente o contribuinte informa que "as habilitações dos créditos encontramse formalizadas nos processos anexados a presente [...], apenas cópias de minutas de requerimentos simples, supostamente apensados aos processos que menciona, solicitando audiências à DERAT. Independentemente do mérito, o conjunto de procedimentos acima não desonera o contribuinte das obrigações principais e acessórias relacionadas com o débito. Intimado [...] a formalizar os esclarecimentos que justificassem as insuficiências em questão, o contribuinte até o momento, apenas confirmou 11 Fundamentação Legal: art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 12 Fundamentação legaç: art. 74 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. 13 Fundamentação legal: art. 106 do Código Tributário Nacional, art. 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, art. 2º e art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 13 da Instrução Normativa SRF nº 93, de 24 de dezembro de 1997 e art. 14 da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 127 14 verbalmente não ter nada a aduzir aos esclarecimentos já apresentados, especificamente, e de uma forma geral estar tendo dificuldades de adequar a compensação de créditos da empresa, às obrigações acessórias normatizadas pela Receita Federal do Brasil, visto que ao declarar seus débitos em DCTF, estando impedido de registrar o crédito correspondente, a informação de débitos em aberto lhe traria problemas operacionais relacionados com a Certidão Negativa de Débitos. Entretanto, a impossibilidade de se vincular crédito ao débito apurado, torna imperativo a declaração dos valores em DCTF, do IRPJ [...] A PAGAR por estimativa, calculados na DIPJ apresentada pelo contribuinte (que não é declaração constitutiva do crédito tributário ainda que refutam a escrituração contábil). Por tratarse de valores calculados por estimativa, a falta de recolhimento, após o término do anocalendário, ou a impossibilidade de se vincular crédito mencionada anteriormente, toma cabível a exigência da multa isolada a que se refere o art 44 da Lei nº 9.430/96, conforme quadro abaixo, extraído da DIPJ relativa ao ano de 2005 [...], onde se verificam os seguintes valores a pagar: 1 Na Ficha 11 (IRPJ)), meses janeiro (R$503.890,35) e fevereiro (R$695.596,39) [...] Acerca das verificações acima destacamos também a seguinte legislação: Conforme a descrição acima, o contribuinte não obedeceu à legislação de regência. Assim sendo estamos procedendo à NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO relativa ao IRPJ [...]. A multa de ofício isolada por falta de recolhimento de IRPJ determinado sobre a base de cálculo estimada é aplicada no caso em que não houver o pagamento do tributo devido, ainda que a Recorrente tenha apurado prejuízo fiscal para o IRPJ, referente ao ano calendário de 2005. Tem como base de cálculo o valor do pagamento mensal na forma do art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que deixar de ser efetuado. Por seu turno, o enunciado da Súmula CARF nº 93 determina que “a falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa”. Os presentes autos não estão instruídos com a comprovação dos pagamentos integrais, tampouco com as transcrições no Livro Diário dos balanços ou balancetes mensais de suspensão ou de redução e no Livro de Apuração do Lucro Real Lalur da demonstração do lucro real do respectivo período. Os assentos contábeis que foram produzidos nos autos também não comprovam “a suspensão ou redução da estimativa”. Ademais, essa infração tratase de penalidade distinta (inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de 27 de dezembro de 2014) daquela multa de ofício proporcional imposta sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, prevista em diferente dispositivo da legislação (inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de 27 de dezembro de 2014). Por essa razão não há que se falar em duplicidade ilegal de aplicação de multas de ofício. Fl. 127DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 128 15 Ainda assim, não foram produzidos no processo novos elementos de prova, de modo que o conjunto probatório que já consta nos autos evidencia que o procedimento de ofício está correto. A conclusão oferecida pela defendente, porém, não pode subsistir. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso14. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade15. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em assim sucedendo, voto negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 14 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 15 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 12897.000027/200808 Acórdão n.º 1803002.379 S1TE03 Fl. 129 16 Fl. 129DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 04/10/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10215.720633/2009-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1302-000.336
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
(assinado digitalmente)
Alberto Pinto Souza Junior - Presidente
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior - Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1753; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 624 1 623 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10215.720633/200912 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1302000.336 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 23 de setembro de 2014 Assunto Conversão em diligência Recorrente LIRA & LIRA LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, converter o julgamento em diligência, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. (assinado digitalmente) Alberto Pinto Souza Junior Presidente (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Waldir Veiga Rocha, Márcio Rodrigo Frizzo, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Eduardo de Andrade, Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Alberto Pinto Souza Junior. Relatório LIRA & LIRA LTDA. EPP, já qualificada nestes autos, inconformada com o Acórdão n° 0126.575, de 26/06/2013, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém/PA, recorre voluntariamente a este Colegiado, objetivando a reforma do referido julgado. Trata o presente processo de autos de infração para constituição de créditos tributários de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ – fl. 109), Contribuição para o Programa RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 15 .7 20 63 3/ 20 09 -1 2 Fl. 624DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 625 2 de Integração Social (PIS – fl. 120), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS – fl. 131) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL – fl. 142), por fatos geradores ocorridos nos anoscalendário 2005 e 2006. Os procedimentos e infrações objeto da autuação, bem assim os argumentos da defesa, foram bem sintetizados no relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito (grifos no original). II – DAS INFRAÇÕES LANÇADAS 2. A Empresa foi autuada pelas seguintes infrações à legislação tributária, a saber: 2.1 – OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme descrito no TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO, que é parte integrante e indissociável deste Auto de Infração. ARBITRAMENTO DO LUCRO Razão do arbitramento no(s) período(s): 03/2005 06/2005 09/2005 12/2005 03/2006 06/2006 09/2006 12/2006 Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que a escrituração mantida pelo contribuinte é imprestável para determinação do Lucro Real, em virtude dos erros e falhas enumerados no TERMO DE VERIFICAÇÃO DE INFRAÇÃO, que é parte integrante e indissociável deste Auto de Infração. Enquadramento Legal: A partir de 01/04/1999 Art. 530, inciso II, do RIR/99. DA EXCLUSÃO DO SIMPLES Nos anos fiscalizados, o sujeito passivo tributava seus rendimentos mediante as regras estabelecidas para o SIMPLES, Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte, na condição de empresa de pequeno porte. A Lei n° 9.317, de 1996, estabelece que a empresa de pequeno porte que auferir, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00, não poderá optar pelo SIMPLES. Caso tenha optado, deverá, obrigatoriamente, comunicar sua exclusão. Se não o fizer, a exclusão darseá de ofício, surtindo efeito a partir do anocalendário subseqüente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido. Fl. 625DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 626 3 ......................................................................................................... Em 2004, o sujeito passivo auferiu receita bruta acima do limite estabelecido para as empresas de pequeno porte. Contudo, não comunicou sua exclusão obrigatória. Assim, mediante o Ato Declaratório Executivo n° 4, de 23/03/2009, ele foi excluído de ofício do SIMPLES a partir de 01/01/2005. O Ato Declaratório Executivo, à fl. 88, foi publicado no Diário Oficial da União de 25/03/2009. A ciência pelo sujeito passivo, à fl. 91, ocorreu em 26/03/2009. III DA IMPUGNAÇÃO 3 Em 09/10/2009, a Empresa apresentou impugnação ao Auto de infração (fls. 167/219), e alega em síntese: 3.1 – PRELIMINARES – NULIDADE – DA PEREMPÇÃO DO MPF Assim, Doutos Julgadores, quando da conclusão da fiscalização e ciência do sujeito passivo de que trata o Mandado de Procedimento Fiscal n° 02.10200/2008/002397, o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil Dr Jefferson Messias de Jesus Oliveira, Matricula n° 14.347, se encontrava em sua execução já mais de cento e vinte (120) dias. Portanto, já havia decorrido mais de 120 dias (quatro meses), da emissão do MPFF originário, não podendo mais, aquela autorização respaldar a mesma fiscalização, nem o AuditorFiscal em questão continuar a executar os atos e termos processuais àqueles inerentes § único, artigo 16, Portaria SRF n° 3.007, de 26/11/2001. A Autoridade Fiscal tornarase incompetente para o exercício daquela fiscalização, pelo decurso do prazo estipulado no artigo 12,I, da norma administrativa. Observese, por oportuno, que o caput do artigo 12 referese a "prazo máximo" de validade. ......................................................................................................... Desse modo, Excelência, está nulo o Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, porque lavrado por autoridade incompetente, por decurso de prazo, para o mandado originário. 32 DO MÉRITO A autoridade fiscal se limitou apenas em solicitar informações da empresa: que negou as informações de boafé prestada pelo Impugnante. Autorizamos também a Receita Federal solicitar informações da instituição bancária para que identificasse quais pessoas transferiram e depositaram dinheiro na conta corrente do Impugnante. A secretaria da Receita Federal SRF, solicitou simples informações do banco, sem, contudo, fazer a identificação das pessoas que transferiram e depositaram dinheiro na conta corrente do contribuinte; e o que é pior, efetuou o lançamento do tributário com base em indícios e presunções; sem a identificação do sujeito passivo responsável pelo fato imponível. Com isso o lançamento está lastreado de vícios e totalmente NULO. ......................................................................................................... Fl. 626DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 627 4 3.2.1. DA INEXISTÊNCIA DE MANUTENÇÃO DOS VALORES "creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica", consoante expressa o Artigo 42 da Lei 9.430/96. ......................................................................................................... Com a devida máxima vênia Sábios Julgadores, a movimentação bancária, não reflete a realidade do faturamento da empresa contribuinte, pelas razões que passamos a expor: a) Os valores monetários que circularam pela conta da contribuinte pessoa jurídica anos 2005 e 2006, não foram mantidos na conta da contribuinte, apenas passaram pela conta; b) Os valores que circularam na conta da contribuinte, como dito não ficaram e não foram mantidos na conta bancária, apenas circularam, e esses valores, como não haviam restrições e proibições de depósitos em 2005 e 2006, não havia a exigência de vinculação de movimento bancária para casamento de operações comerciais e ou civis, o contribuinte como cidadão comum, usou a conta bancária, com a finalidade de (serviço bancário), inclusive cedendo a conta para parentes, amigos e clientes fazerem remessas e recebimentos de valores, uma vez que trabalha há muitos anos na atividade de comércio e nessa região de Itaituba, (Vale do Tapajós), ainda predomina e predominava a atividade garimpeira, sendo comum o cidadão chegar do garimpo e pedir para usar o conta bancária para receber valores e transferir valores. Fato esse que é público e notório na cidade de Itaituba, não precisando de nenhuma prova fática material. c) O contribuinte desavisadamente fazia uso da conta bancária (da pessoa jurídica e física), movimentando valores de compra e venda da pessoa jurídica, como citado pelo próprio Auditor Fiscal e inclusive de outros comerciantes, quando resolviam algumas compras em volume maior para melhorar o preço do produto e poderem comprar. E, em razão da atividade principal ser compra e venda é que ocorreram o volume maior de circulação financeira na conta bancária pessoa física do contribuinte, sem qualquer relação com rendimentos e ou ganhos de capital pessoa jurídica e física. d) E conforme se corrobora com as respectivas declarações e documentos fiscais e contábeis apresentados pelo Contador da empresa ora Impugnante (LIRA & LIRA LTDA EPP) referente aos anos de 2005 e 2006, os valores tributados mês a mês e progressivamente pelo Auditor, esses valores não foram mantidos nas contas bancárias da Contribuinte, como dito apenas circulou pelas contas, o artigo 42 da Lei 9.43096 é bem claro, há a necessidade de manutenção desses valores na conta bancária, o que não ocorreu. e) O faturamento correto e verdadeiro da empresa ora Impugnante é o apresentado pela documentação fiscal entregue pelo Contador da empresa ao Ilustre Auditor Fiscal. f) Com a devida vênia Sábios Julgadores, jamais no caso da empresa autuada, ora impugnante, poderia o Auditor Fiscal, levar em conta a simples circulação das contas correntes da pessoa jurídica, pois, Fl. 627DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 628 5 jamais vão refletir o verdadeiro faturamento da mesma. Portanto, é absolutamente absurda autuação da empresa ora pessoa jurídica, pela movimentação bancária. Ato nulo, em flagrante abuso da Douta Autoridade Fiscal. g) É comum a auditoria fiscal, autuar as empresas pelo movimento das notas de compras e vendas, que porventura não foram escrituradas, fazendo o arbitramento do imposto e demais contribuições, mas não tributar o inexistente. 3.2.2 DA SEGURANÇA JURÍDICA DO LANÇAMENTO ......................................................................................................... O agente fiscal não pode, pois, valerse de presunções, ficções ou indícios para suprir lacunas de auto de infração lavrado com base em extratos e/ou depósitos bancários. Não devemos esquecer que os agentes fiscais, como, os demais, dos funcionários públicos, têm o dever de resolver motivadamente os casos que lhes são afetos, observados os direitos e garantias individuais. ......................................................................................................... 3.2.3. CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM BASE EM EXTRATOS BANCÁRIOS E/OU DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ......................................................................................................... O método utilizado pela fiscalização para autuação do Impugnante está baseado em apenas extratos bancários, transferência e no fluxo de depósitos, que não oferece nenhuma adequação técnica e consistência material de ordem a afastar a conjectura de simples presunção, com vista à identificação e Quantificação do fato gerador, em particular, embora possam induzir omissão de receitas, aumento patrimonial ou sinal exterior de riqueza, no entanto, não são em si mesmo, exigíveis em hipóteses de incidência, para efeito de imposto de renda, quanto ao fato gerador deve oferecer consistência suficiente em ordem a afastar a conjectura ou simples presunção, para a segurança jurídica do contribuinte e observância dos princípios da legalidade e da tipicidade. ......................................................................................................... 3.2.4. DA POSSIBILIDADE DE ACESSO A INFORMAÇÃO BANCARIA DO CONTRIBUINTE A autoridade administrativa poderia solicitar a requisição dos dados bancários do contribuinte que seria formalizada mediante documento denominado de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF), não consta aos autos,.......... Como se percebe a RMF seria expedida pela autoridade outorgante do MPF a ela vinculado, ou seja, o Delegado da Receita Federal em Santarém, Pará, devendo ser precedida de intimação ao sujeito passivo para apresentação de informações sobre movimentação financeira, respondendo o sujeito passivo pela veracidade das informações Fl. 628DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 629 6 prestadas, porém, esse documento não foi encaminhado ao contribuinte. A autoridade solicitoulhe diretamente as informações as informações, parecenos, que, estava de posse desta, mediante a CPMF; causandolhe a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial. A RMF deveria ter sido expedida com base em relatório circunstanciado, elaborado pelo AuditorFiscal da Receita Federal encarregado da execução do MPF ou por seu chefe imediato, no qual deveria constar a motivação da proposta de expedição da RMF que demonstrasse, com precisão e clareza, tratarse de situação enquadrada em hipótese de indispensabilidade prevista na legislação, observado o principio da razoabilidade, e isso não foi efetuado pela Auditora Fiscal, ficando claro e evidente que este teve acesso as informações bancarias do contribuinte com base em dados obtidos da CPMF sem autorização judicial, infringindo a CF/88 e as normas tributárias. ......................................................................................................... Na análise dos autos, em especial ao Termo de Inicio de Fiscalização, verificase que a autoridade administrativa solicita: Extratos de todas as contas bancarias; documento hábil e idôneo que comprove a origem dos recursos depositados na conta corrente do impugnante, enfim, um verdadeiro bombardeio a sua vida privada e intimidade consagrada na Constituição federal, sem autorização judicial. Subsidiando o MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL com base na CPMF. Mais um motivo para a nulidade do lançamento. 3.2.5 LIMITABILIDADE DOS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS. VIOLAÇÃO DA GARANTIA Á LIBERDADE, À INTIMIDADE E À VIDA PRIVADA (ART. 5º, CAPUT E INCISO X); DA VIOLAÇÃO DA GARANTIA AO SIGILO DE DADOS (ART.5º, INCISO XII). VIOLAÇÃO AO § 1º DO ART. 145 DA CF. A AUTORIDADE FISCAL FACE AO SIGILO BANCÁRIO ........................................................................................................ Já por diversas ocasiões, o STF manifestou convicção de ver sigilo de dados de operações financeiras como desdobramento do direito à privacidade assegurado no inciso X do art. 5° da Constituição Federal, que constitui ainda uma das formas de expressão da liberdade prestigiada no caput do citado artigo 5º, só passível de flexibilidade pela Administração Publica ou pelo Ministério Publico através de ordem judicial. ......................................................................................................... De tudo isso, resulta que o direito individual ao sigilo de dados reservados de vida financeira e bancária das pessoas nem sempre pode se opor ao interesse público, mas sua quebra só pode advir de Fl. 629DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 630 7 determinação judicial, estampando, em decorrência, a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei Complementar 105/01 relacionados, por afronta ao inciso XII do art. 5º. ......................................................................................................... Esta razão porque não há se admitir, como querem alguns, que a obtenção direta de informações privadas pela Administração Tributária se apoie no § 1º do art. 145 da CF. Muito ao revés, posto que ali ao se facultar ao Poder Público aferir a capacidade econômico do contribuinte para fins de graduação dos impostos, identificando o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte, ressalvouse, expressamente, o respeito aos diretos individuais, no caso da possibilidade de acesso à movimentação financeira por parte do fisco, conflitam aparentemente a inviolabilidade do sigilo de dados (art. 5°,XII) e da vida privada (art. 5°,X), com o princípio geral do sistema tributário (art. 145, § 1º), os objetivos fundamentais (art. 3º) e os direitos sociais (art 6º). ......................................................................................................... Tendo instaurado o procedimento fiscal, o entendimento jurisprudencial é que o pedido de quebra do sigilo bancário seja encaminhado ao juiz, com a devida fundamentação e que haja elementos concretos que indiquem que o individuo tenha cometido algum fato delituoso. Em não havendo elementos incriminadora, não há como permitir a quebra do sigilo. ........................................................................................................... 3.2.6 DA EXCLUSÃO DO SIMPLES COM EFEITO SOMENTE A PARTIR DE MARÇO DE 2009 QUANDO DA CIÊNCIA DO CONTRIBUINTE OPTANTE DO SIMPLES. A CONTRIBUINTE ORA IMPUGNANTE, OPTANTE PELO SIMPLES, FOI EXCLUÍDA DESSA MODALIDADE DE PAGAMENTO DE IMPOSTO EM MARÇO DE 2009, MESMO ASSIM A RECEITA FEDERAL DETERMINOU O EFEITO DA EXCLUSÃO A PARTIR DE 01/01/2005, DESRESPEITANDO O DIREITO ADQUIRIDO DA OPÇÃO DO SIMPLES. OS EFEITOS DA EXCLUSÃO NÃO PODERIAM SER OUTRO, A NÃO SER O MÊS DE MARÇO DE 2009, DATA DA CIÊNCIA DA EXCLUSÃO ......................................................................................................... Assim é incontroverso e inquestionável a manutenção da Contribuinte no SIMPLES NACIONAL nos períodos de 2005 e 2006, por ser direito adquirido e constitucional assegurado, ante a exclusão do simples nacional com efeito em março de 2009. DA IRRETROATIVIDADE DA LEI Quando o poder Legislativo baixa leis retroativas, altera as condições básicas do Estado de Direito, quebrando, irremediavelmente, a confiança que as pessoas devem ter do poder público. Com efeito elas já não têm segurança, pois ficam à mercê não só do Direito vigente ( o que é normal), mas, também, de futuras e imprevisíveis decisões Fl. 630DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 631 8 políticas, que se podem traduzir em regras retroativas. Se isto acontece, o Estado de Direito soçobra. ........................................................................................................ Data vênia as Leis Infraconstitucionais e Ordinárias, não podem alterar e sobrepor a lei maior, portanto, os fatos estão seguros e garantidos pelo Lei maior. Se não for assim, para a Lei maior, para que a Constituição Pátria. A atitude da Auditoria Fiscal é injusta, porque vem aplicar dois pesos e duas medidas, visando unicamente arrecadar, engordar o leão, num País, que se incide mais tributos no mundo todo. Não há o que se contra argumentar, é incontroverso, tem que se aplicar o fundamento constitucional e penal da irretroatividade da Lei. Incondicionalmente aplicandose a Lei (no tempo e espaço), obedecendo a escala hierárquica. Dessarte mantendo a Contribuinte Impugnante inscrita e beneficiária do Simples Nacional. 3.2.7. DA REGULARIDADE DA EMPRESA ORA TRIBUTADA COMO OPTANTE DO SIMPLES NO REGIME EPP EMPRESA DE PEQUENO PORTE REFERENTE AOS ANOS AUTUADOS DE 2005 E 2006. A Contribuinte recolheu e apresentou a declaração pelo Simples nos últimos anos expressando sua vontade de permanecer no Simples, não cabendo a exclusão retroativa, conforme Parecer Cosit, n° 60 e Ato Declaratório SRF n° 16, de 02/10/2002. ......................................................................................................... 3.2.8. DA VEDAÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA COBRANÇA DE TRIBUTO OU MULTA COM EFEITO DE CONFISCO, VIA DE CONSEQUÊNCIA INCORRE EM ILEGALIDADE NA APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75%. A contribuinte não poderia ser autuada por valores declarados, na forma do art. 5º do Decreto Lei n° 2.124/84. A autoridade administrativa deveria ter apurado os tributos não pagos e encaminha los para cobrança. Neste caso, a aplicação da multa de 75% é ilegal. ........................................................................................................ 3.2.9. DA NECESSIDADE DE EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO OS VALORES DA RECEITA BRUTA DECLARADA NA DECLARAÇÃO DO SIMPLES, SOB PENA INCORRER EM BITRIBUTAÇÃO. Com a devida vênia, o Ilustre Auditor Fiscal não fez a imputação proporcional dos tributos pagos, nem tampouco, ao lavrar o auto de infração excluiu da base de cálculo do lançamento tributário, os valores da receita bruta declarada na declaração do Simples, ou seja houve bitributação. A Contribuinte ora Impugnante, recolheu e apresentou a declaração pelo simples nos anos de 2005 e 2006, alem de ser incabível a exclusão retroativa, o Autor Fiscal ao lavrar o Auto de Infração não excluiu da base de cálculo do lançamento tributário, os valores da receita bruta Fl. 631DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 632 9 declarada na declaração do simples da Contribuinte, incorrendo inevitavelmente em bitributação. ......................................................................................................... 3.2.10. DA RELAÇÃO DE BENS E DIREITOS PARA ARROLAMENTO De plano, se defronta com a inverídica autuação e arbitramento feito pelo Ilustre Auditor Fiscal, onde buscou arbitrar valores inexistentes de renda da Impugnante e seu titular, onde além da varredura na movimentação bancária, também o fizeram a varredura na existência de bens, visando encontrar aumento de patrimônio e evidenciar sinais exteriores de riqueza, o que NÃO ENCONTRARAM. Tanto é prova que o Mandado de Procedimento Fiscal, no encerrar a fiscalização, promoveu o TERMO DE CIÊNCIA DE ARROLAMENTO DE BENS E DIREITOS, dado o absurdo e infundado valor arbitrado e autuado, e não encontraram bens que chegue ao valor autuado, quanto mais da receita estimada pela Auditoria. 3.3 DOS PEDIDOS a) Seja considerada a documentação contábil e fiscal apresentada pela Impugnante, referente as reais Receitas e Despesas; b) para que seja desconsiderada a movimentação bancária, levantada pelo Auditoria Fiscal, uma vez que, o movimento Bancário não espelha a realidade do faturamento da Impugnante; b) para que seja Tributado os valores respectivos, ora fiscalizados referentes aos anos de 2005 e 2006, somente pelo faturamento apresentado e levantado na fiscalização, mediante a dedução das despesas apresentadas pela Impugnante; c) Seja acolhida a regularidade da Contribuinte pelo SIMPLES como empresa EPP referente aos anos de 2005 e 2006, por ser direito adquirido e constitucional assegurado, ante a exclusão do simples nacional com efeito em março de 2009. d) Seja declarada a regularidade da escrituração mantida pelo Contribuinte, referente aos anos de 2005 e 2006, nos termos do artigo 923 do RIR/99; e) Seja declarada ilegal a multa de oficio de 75%, corroborado com o entendimento do C. STF., e seu lançamento nulo de pleno direito. f) Seja deferida a compensação de todos valores referentes aos tributos Federais, recolhidos pela Impugnante, e retidos na fonte, diferenças de créditos à compensar em todo o período autuado; g) Requer se digne, seja deferido a não INCIDÊNCIA do PIS/PASEP, COFINS e demais Contribuições sociais, ante a inquestionável previsão legal, a priori, minuciosamente descrita, determinando a exclusão dessas contribuições, por indevidas, e Insubsistência do Auto de Infração; Fl. 632DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 633 10 h) Requerendo seja acolhida a preliminar de perempção do MPF 02.10200/2008/002397, consoante as razões expendidas, uma vez que concluído fora de prazo, estando intempestivo e nulo de pleno direito, não produzindo nenhum efeito fiscal em relação a Contribuinte. i) Requerendo ainda., Ad Cautelan, protestar provar a alegado, por todos os meios de provas permitidos em direito, Garantias Constitucionais, juntada de documentos com esta, tudo conforme relação em anexo, juntada de novos documentos, etc... Esperando a final a contribuinte/Impugnante, para que data vênia, ante os fatos alegados e documentos corroborados com esta, e do elevado conhecimento especializado dos Sábios Julgadores Fazendários, seja acolhida a presente IMPUGNAÇÃO AOS DÉBITOS CONSTANTES do AUTO DE INFRAÇÃO de n° MPF 02.10200/2008/002397, tornando sem efeito e anulando os atos e efeitos do Auto de Infração, por insubsistente, por direito e inquestionável justiça. 3.4 – DAS DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS Na sua defesa a Impugnante apresentou alguns julgados judiciais, e administrativos para consubstanciar a sua fundamentação. 3.5 – MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – ARBITRAMENTO DO LUCRO A Impugnante não teceu argumentos de defesa em relação ao ARBITRAMENTO DO LUCRO, logo, consideraremos matéria não Impugnada. A 1ª Turma da DRJ em Belém/PA analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e, por via do Acórdão nº 0126.575, de 26/06/2013 (fls. 512/544), considerou procedente o lançamento com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2005, 2006 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, na forma do art. 100, II, do Código Tributário Nacional. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais, com efeito inter partes, não podem ser aplicadas a outros casos. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. AUSÊNCIA. DEMONSTRATIVO DE EMISSÃO E PRORROGAÇÃO CIÊNCIA O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Seu vencimento não constitui, por si só, causa de nulidade do lançamento e nem provoca a reaquisição de espontaneidade por parte do sujeito passivo. Eventuais Fl. 633DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 634 11 omissões ou incorreções no Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do auto de infração. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. APRECIAÇÃO VEDADA. ENTENDIMENTO ADMINISTRATIVO. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade dos preceitos legais que embasaram o ato de lançamento. As leis regularmente editadas segundo o processo constitucional gozam de presunção de constitucionalidade e de legalidade até decisão em contrário do Poder Judiciário. As alegações de inconstitucionalidade ou de ilegalidade somente são apreciadas nos julgamentos administrativos quando houver expressa autorização. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, a par de amparada legalmente, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de ofício. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações são caracterizados como omissão de receitas. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. A presunção legal juris tantum inverte o ônus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário), nos termos do art. 334, IV, do Código de Processo Civil. Cabe ao contribuinte provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. É inaplicável o conceito de confisco e de ofensa à capacidade contributiva em relação à aplicação da multa de ofício, que não se reveste do caráter de tributo. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Nos termos do artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação. PRECLUSÃO PROBATÓRIA. O prazo para apresentação da impugnação é de trinta dias contados da ciência do lançamento. A apresentação extemporânea de novos argumentos e/ou provas por Fl. 634DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 635 12 parte do sujeito passivo deve estar fundamentada na força maior ou na superveniência de fato ou direito. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Ciente da decisão de primeira instância em 28/10/2013, conforme Aviso de Recebimento à fl. 552, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 14/11/2013 conforme carimbo de recepção à folha 553. No recurso interposto (fls. 554/611), a interessada reitera, quase com as mesmas palavras, os argumentos trazidos em sede de impugnação. Não renova os protestos contra o arrolamento de bens, mas questiona a afirmação da Autoridade Julgadora de primeira instância, quanto a tratarse o arbitramento do lucro de matéria não impugnada. Sustenta que toda sua tese de impugnação ao auto de infração trata do arbitramento do lucro, feito exclusivamente com base na “movimentação bancária”, sem qualquer comprovação de renda e ou faturamento. Reforça seus questionamentos contra a presunção legal estabelecida pelo art. 42 da Lei nº 9.430/1996, e aduz que “em casos como o presente, a fiscalização deveria aprofundarse nas investigações, e não simplesmente efetuar o lançamento lastreado em indícios e presunções: em razão dos extratos/bancários, não caracterizarem, por si só, rendimentos tributáveis”. “Teria que pelo menos haver prova de aumento patrimonial, consubstanciado ao volume da autuação por arbitramento, que não houve e não há”. Conclui com pedidos idênticos aos veiculados na peça impugnatória. É o Relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O recurso é tempestivo e dele conheço. Do exame dos autos, constato que o processo não se encontra em condições de julgamento. É que o presente processo cuida da constituição de créditos tributários por fatos geradores ocorridos nos anoscalendário 2005 e 2006. A exigência se fez com base nas normas aplicáveis às pessoas jurídicas não optantes pelo sistema simplificado de pagamentos (SIMPLES), instituído pela Lei nº 9.317/1996. No entanto, até o anocalendário 2004, o contribuinte era tributado pelo sistema simplificado. Durante a fiscalização, foram apuradas omissões de receitas também no ano de 2004, pelo que foram lavrados autos de infração para constituição dos créditos tributários correspondentes. Ainda, diante da constatação de que as receitas omitidas, somadas às declaradas, excediam o limite para permanência no SIMPLES, foi publicado o Ato Declaratório Executivo nº 4, de 23/03/2009 (fl. 88), mediante o qual o contribuinte foi excluído Fl. 635DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10215.720633/200912 Resolução nº 1302000.336 S1C3T2 Fl. 636 13 do SIMPLES a partir de 01/01/2005. Tanto os lançamentos referentes ao anocalendário 2004 quanto o ADE são objeto do processo administrativo nº 10215.720046/200923. O processo nº 10215.720046/200923 seguiu seu curso normal, tendo sido prolatado o Acórdão nº 0114.628, de 13/07/2009, pela 2ª Turma da DRJ Belém/PA. Aquela decisão considerou o lançamento procedente em parte, e manteve a exclusão do SIMPLES, como se verifica do trecho final do voto condutor do acórdão, a seguir reproduzido: 42. Neste sentido, voto por considerar procedente em parte o lançamento, exonerando a tributação referente aos meses de janeiro e fevereiro de 2004, e manter a exclusão da empresa em epígrafe do Simples, com efeitos a partir de 01/01/2005, por ter auferido no ano calendário 2004 receita acima do limite permitido. Em consulta ao sistema COMPROT, constatei que o processo nº 10215.720046/200923 foi remetido ao CARF em 09/11/2009 para apreciação do recurso voluntário, e não encontrei notícia de que o julgamento já tenha ocorrido. Concluo, assim, que a exclusão do SIMPLES ainda não se encontra defitinitivamente julgada no âmbito administrativo. A exclusão do SIMPLES a partir de 01/01/2005 é matéria prejudicial à decisão que se há de tomar neste processo, acerca do exigências de tributos nos anos subsequentes. Um segundo motivo que impede o julgamento, neste momento, é a alegação da recorrente de que teria efetuado pagamentos na sistemática do SIMPLES, nos meses dos anos calendário 2005 e 2006. Existem indícios nesse sentido, a saber, a existência da declaração de valores a pagar nas DSPJ (fls. 236/247 e 254/265), mas não encontro nos autos evidência segura de que os valores tenham sido efetivamente recolhidos. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência, para que os autos sejam encaminhados à Unidade Preparadora, que deverá adotar as seguintes providências: 1. Consultar os sistemas de processamento de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil e elaborar relação dos valores efetivamente pagos pelo contribuinte, referentes ao SIMPLES, das competências dos meses dos anoscalendário 2005 e 2006, caso existentes tais pagamentos. Fazer acostar aos autos documentos comprobatórios. 2. Aguardar a decisão definitiva na instância administrativa do processo nº 10215.720046/200923. Após o trânsito em julgado administrativo, fazer acostar aos presentes autos cópia da decisão definitiva do processo nº 10215.720046/200923. Concluída a diligência, deve ser dada ciência ao contribuinte dos documentos e demonstrativos juntados ao processo, abrindolhe prazo para se manifestar, caso o deseje. Na sequência, os autos devem retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento administrativo. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 636DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2014 por WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 26/09/2014 p or WALDIR VEIGA ROCHA, Assinado digitalmente em 27/10/2014 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 10530.001877/99-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Nov 10 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/1989 a 31/12/1991
CONCOMITÂNCIA.
A propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual é suficiente para caracterizar a desistência de eventuais recursos administrativos à luz do art. 38, parágrafo único, da Lei nº 6.830, de 1980, independentemente do resultado da discussão judicial.
Numero da decisão: 3201-001.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator.
EDITADO EM: 05/11/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko Araújo, Adriene Maria de Miranda Veras, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira e Carlos Alberto Nascimento e Silva.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO - Relator. EDITADO EM: 05/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko Araújo, Adriene Maria de Miranda Veras, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira e Carlos Alberto Nascimento e Silva.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1989 a 31/12/1991 CONCOMITÂNCIA. A propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual é suficiente para caracterizar a desistência de eventuais recursos administrativos à luz do art. 38, parágrafo único, da Lei nº 6.830, de 1980, independentemente do resultado da discussão judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (ASSINADO DIGITALMENTE) JOEL MIYAZAKI Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) DANIEL MARIZ GUDIÑO Relator. EDITADO EM: 05/11/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko Araújo, Adriene Maria de Miranda Veras, Daniel Mariz Gudiño, Winderley Morais Pereira e Carlos Alberto Nascimento e Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 00 18 77 /9 9- 51 Fl. 167DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO 2 Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o último estágio processual, segue abaixo a transcrição do relatório da Resolução nº 20100.148, de 21/06/2001: Tratase de pedido de restituição, protocolado em 03/09/99, sob a alegação de que "A peticionária antecipou indevidamente o FINSOCIAL a maior do período de setembro de 1989 a março de 1992, fazendo jus, portanto, na forma do Decreto n° 2.138/97, C/C com a Instrução Normativa n° 21/97, a restituição das quantias recolhidas a mais, devidamente acrescida da SELIC". Requer a restituição do FINSOCIAL recolhido a maior, pleiteando os valores relativos aos períodos de setembro de 1989 a março de 1992, trazendo os documentos que comprovam os recolhimentos. A Delegacia da Receita Federal em Feira de Santana BA, às fls. 58/61, decidiu pelo indeferimento do pedido de restituição, afirmando haver se operado a decadência do direito à restituição pleiteada, fundamentandose nos arts. 165 e 168 do CTN, no Parecer PGFN/CAT/Nº 1.538/99, e no Ato Declaratório SRF n° 096/99. Inconformada, a empresa apresentou sua impugnação, fls. 63/74, trazendo suas razões com fundamento no Parecer COSIT n° 58/98, afirmando que os valores pleiteados poderiam ser devolvidos sem restrições com base nos dispositivos deste parecer. Cita doutrina fazendo referência à tese de que o prazo para pleitear a restituição perante a autoridade administrativa, nos casos como o presente, nasceria somente com a declaração de inconstitucionalidade da exação pelo Supremo Tribunal Federal. Faz referência, também, à tese de que, em se tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo de cinco anos para pedir a repetição do indébito somente começa a correr depois da homologação realizada pelo Fisco; não sendo expressa essa homologação, ocorre a homologação tácita, após cinco anos contados da data do fato gerador; assim, afirma que ao prazo de cinco anos deve ser acrescido mais cinco anos. Afirma, com referência ao Ato Declaratório SRF n° 096/99, que a extinção do crédito tributário se dá após decorridos cinco anos do fato gerador. Colaciona uma série de precedentes jurisprudenciais que corroboram com o entendimento que adota, e informa que entraria com Ação Ordinária de Repetição de Indébito, junto à Justiça Federal, pleiteando a restituição/compensação desses valores. Requer a restituição ou a compensação dos seus alegados créditos. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Salvador BA, à fl. 76, diante da afirmação da contribuinte de que ingressaria com ação judicial junto à Justiça Federal, determinou a intimação da empresa para apresentar cópia da petição inicial que teria instruído o processo ou para firmar declaração de que não intentara a ação. A ora recorrente quedouse inerte, e o Fisco juntou comprovação de que a ora recorrente impetrara Mandado de Segurança individual, Fl. 168DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10530.001877/9951 Acórdão n.º 3201001.617 S3C2T1 Fl. 168 3 distribuído em 14/08/2000, conforme pesquisa realizada na internet, na Seção Judiciária da Bahia. Resolveu, então, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Salvador BA, às fls. 81/85, não conhecer da impugnação apresentada, sob o fundamento de que "A opção pela via judicial importa em renúncia ou desistência da esfera administrativa, em face do principio da unicidade de jurisdição contemplado na Carta Política". Traz a lume o princípio do Controle Jurisdicional, art. 5º , XXXV, CF, afirmando que ao optar pela via judicial o cidadão renuncia ao julgamento de seu pleito na esfera administrativa. Fundamentase, ainda, no DecretoLei n° 1.733/79, art. 1º , § 2º , Lei n° 6.380/80, art. 38, parágrafo único, Ato Declaratório (Normativo) n° 3 da CoordenaçãoGeral do Sistema de Tributação, julgado do Eg. Primeiro Conselho de Contribuintes, e Parecer PGFN n° 25.046, de 1978, concluindo por não conhecer da impugnação "em razão de a matéria já ter sido submetida à apreciação do Poder Judiciário, cuja decisão será cumprida pela administração tributária, por intermédio do órgão fiscal jurisdicionante". Em recurso voluntário, às fls. 86/98, a recorrente manifesta sua inconformidade com a decisão atacada, apresentando suas razões, afirmando inicialmente que "ainda, não ingressou, junto ao judiciário, pedindo que lhe permitido a compensar os FINSOCIAL recolhido a maior, por isso, ao não julgar o seu pedido, data máxima vênia, laborou em grande equívoco o Sr. Delegado da Receita Federal de Julgamento...". Tece comentários acerca da compensação e da restituição, fazendo referência às Leis n°s 8.383/91; às INs n°s 67/92, 21/97 e 73/97; ao Decreto n° 2.138/97; e ao Parecer COSIT n° 58/98. Alega que a Receita Federal vinha promovendo normalmente a compensação e a restituição, até o advento do Ato Declaratório SRF n° 096/99, quando passou a considerar a decadência do direito ao pedido de restituição de maneira diferente. Aduz que a extinção do crédito tributário e a prescrição do direito de pleitear sua restituição, no lançamento por homologação, "se dá após o prazo de cinco anos, contados do fato gerador, acrescido de mais cinco anos, a partir da homologação tácita". Colaciona precedentes jurisprudenciais na esteira deste pensamento. Conclui por requerer que se considere o termo inicial do prazo para pleitear a restituição a data em que o seu direito se tornou disponível, que considera sendo a data da publicação da Medida Provisória n° 1.110/95, pugnando pelo provimento do recurso. Em 21/06/2001, o julgamento do recurso voluntário foi convertido em diligência “...para verificação da fase processual da ação judicial impetrada pela ora recorrente, informando eventual julgamento de mérito, sob pena de arquivamento do processo”. Em decorrência, a autoridade preparadora intimou a Recorrente a apresentar, no prazo de 10 (dez) dias, cópia da Decisão Judicial do Processo 2000.33.00.0216839. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO 4 A Recorrente, a seu turno, atravessou petição para esclarecer que o processo judicial em questão fora extinto sem julgamento de mérito em 08/11/2000. Juntou andamento processual para demonstrar o alegado. Além disso, defendeu que a causa de pedir era diferente do pedido administrativo, mas não juntou cópia da inicial do mandado de segurança. Por tais razões, defendeu a inexistência de concomitância. O processo foi novamente devolvido para julgamento, desta vez para o CARF. Contudo, o colegiado responsável pelo segundo julgamento do recurso voluntário entendeu que a diligência não fora cumprida satisfatoriamente, determinando a juntada do inteiro teor do processo judicial em mais uma diligência. Esse é o teor da Resolução nº 3201 00.061, de 18/06/2009. Em atenção à intimação da resolução supracitada, e após ter pedido dilação de prazo para atendêla, a Recorrente apresentou cópia de algumas partes do processo judicial apenas. O objeto do mandado de segurança impetrado pela Recorrente pode se inferir do pedido abaixo transcrito, in verbis: Ante o exposto e os precedentes transcritos, requerem as Impetrantes, com espeque no art. 169, do Código Tributário Nacional, que seja autorizado ao Sr. Delegado da Receita Federal em Feira de Santana a promover a devolução dos valores recolhidos indevidamente a título de FINSOCIAL, na forma do disposto no Decreto n°2.138/98, ou autorizar a compensação dos seus créditos com débitos de sua responsabilidade com espeque no mesmo Decreto, pedidos em restituição através dos processos supramencionados. (Grifouse) Esse objeto também fica muito claro na sentença, que extinguiu o feito sem julgamento de mérito, tendo em vista que a Recorrente não comprovou o recolhimento do Finsocial e o mandado de segurança não admite dilação probatória. Confirase: A aferição da certeza do crédito só pode ser feita a partir da prova do recolhimento reputado indevido. O documento juntado pelos Impetrantes comprova tãosomente o indeferimento da restituição no âmbito administrativo, o que é totalmente despiciendo em se tratando de mandamus tendente a assegurar compensabilidade tributária, onde o conteúdo da sentença tem cunho simplesmente declaratório a partir de construção pretoriana desenvolvida pelo STJ pela sua admissibilidade. (Grifouse) O processo foi digitalizado e posteriormente distribuído para este Conselheiro na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Daniel Mariz Gudiño O cerne da divergência existente nos presentes autos consiste em saber se há concomitância, ou não. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10530.001877/9951 Acórdão n.º 3201001.617 S3C2T1 Fl. 169 5 Considerando que o objeto do pedido administrativo ora analisado é a restituição de Finsocial e o objeto do Mandado de Segurança nº 2000.33.00.0216839 é a restituição/compensação de Finsocial com outros débitos tributários, não resta dúvida de que há uma identidade de objetos, o que, a princípio, configuraria a concomitância impeditiva do conhecimento do recurso voluntário. É o que se depreende da súmula abaixo transcrita: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Grifouse) A razão de ser da referida súmula é a unicidade de jurisdição com prevalência das decisões judiciais sobre as administrativas. Logo, se o interessado ajuíza uma ação com o mesmo objeto de uma demanda administrativa também intentada por ele, é razoável que a análise extrajudicial fique prejudicada. Tendo em mente a essência da concomitância processual, originária do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830, de 1980, questão mais complexa que se põe à discussão é vivida no caso concreto, ou seja, quando o processo judicial é extinto sem julgamento de mérito durante o trâmite da demanda administrativa. Isso porque, senão há julgamento de mérito, não há coisa julgada, e, portanto, a princípio, não haveria chance da decisão judicial desse tipo se sobrepor ao julgamento de mérito da demanda administrativa. Com efeito, se a propositura de ação judicial é condição objetiva para o reconhecimento da concomitância, abstraindose da essência desse instituto, o recurso voluntário em tela não poderia ser conhecido, ainda que a Recorrente alegue, em seu favor, a extinção precoce do processo judicial, sem julgamento de mérito. Registrese que essa questão parece ainda encontrar divergências no CARF, conforme se depreende das ementas abaixo transcritas: CONCOMITÂNCIA. A propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial por qualquer modalidade processual é suficiente para caracterizar a renúncia as instâncias administrativas. A extinção do processo judicial sem julgamento do mérito não descaracteriza a renúncia às instâncias administrativas, decorrente, apenas, da propositura da ação judicial. Interpretação da Súmula CARF nº 1. (Acórdão nº 1101000.934, Rel. Cons. Benedicto Celso Benicio Junior, Sessão de 08/08/2013) ......................................................................................................... RENÚNCIA À VIA ADMINISTRATIVA. AÇÃO JUDICIAL. EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. LANÇAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA. APRECIAÇÃO. POSSIBILIDADE. Não há falar em renúncia ao contencioso administrativo, se, no caso dos autos, além de a ação judicial ter sido declarada extinta, sem o julgamento do mérito, antes mesmo de que o contribuinte apresentasse sua Fl. 171DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO 6 impugnação ao auto de infração, sua reclamação posterior se deu em face da autuação que converteu a pena de perdimento em multa. Nula, portanto, a decisão de primeira instância que não conheceu a impugnação administrativa. (Acórdão nº 3301001.858, Rel. Cons. Bernardo Motta Moreira, Sessão de 22/05/2013) ......................................................................................................... RENÚNCIA À VIA ADMINISTRATIVA. AÇÃO JUDICIAL. EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DE MÉRITO. LANÇAMENTO. NÃO OCORRÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA. APRECIAÇÃO. POSSIBILIDADE. Nada impede o reingresso da contribuinte na via administrativa, caso a ação judicial seja extinta sem julgamento de mérito, pelo que não obsta a análise do direito material na esfera do CARF. (Acórdão nº 9303001.542, Rel. Cons. Maria Teresa Martinez Lopez, Sessão de 05/07/2011) Apesar da celeuma, é de se reconhecer o acerto da decisão proferida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, ou seja, não havendo julgamento de mérito no âmbito judicial, não há óbice de analisar o direito material na esfera administrativa. Entretanto, esse acórdão não elimina o disposto no parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830, de 1980, segundo o qual há renúncia à via administrativa quando da propositura da ação judicial. Tanto que a ementa diz claramente que, não havendo coisa julgada material, nada impede o reingresso da contribuinte na via administrativa. Ressaltese, por oportuno, que o art. 38, parágrafo único, da Lei nº 6.830, de 1980, não impõe a renúncia ao direito quando a decisão judicial transita em julgado sem análise de mérito. Se fosse assim, não poderia a contribuinte reingressar na via administrativa. Esclareçase, por oportuno, que a Súmula CARF nº 1 não é aplicável ao caso concreto, eis que menciona expressamente o lançamento de ofício como origem da discussão extrajudicial, o que não ocorreu no presente processo administrativo – motivado por iniciativa da própria Recorrente em pedido de restituição de indébito tributário. Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO recurso voluntário haja vista a desistência da via administrativa quando da propositura da ação judicial posterior. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Relator Fl. 172DF CARF MF Impresso em 10/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 07/11/2014 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 05/11/2014 por DANIEL MARIZ GUDINO
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Numero do processo: 16832.000897/2009-65
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 01/01/2005
A EMPRESA OU COOPERATIVA É RESPONSÁVEL PELO DESCONTO E RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO DA PARTE PESSOAL DO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL QUE LHE PRESTA SERVIÇOS, BEM COMO CABE A COOPERATIVA FAZER IDÊNTICO PROCEDIMENTO PARA O COOPERADO ASSOCIADO E PARA O COOPERADO QUE EXERCE CARGO DE DIREÇÃO NA COOPERATIVA, TENDO EM VISTA A DETERMINAÇÃO LEGAL. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2803-003.615
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que seja aplicada a multa do artigo 35, da Lei 8.212/91, na redação dada pelas Leis 9.528/97 e 9.876/99, devendo caso tal multa ultrapasse o limite de setenta e cinco por cento ser limitada a esse percentual em razão do artigo 35 - A, introduzido na Lei 8.212/91 pela Lei 11.941/2009, tudo a depender da época do pagamento, parcelamento ou execução. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima quanto à multa aplicada.
(Assinado digitalmente).
Helton Carlos Praia de Lima. -Presidente
(Assinado digitalmente).
Eduardo de Oliveira. Relator
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira Santos, Oseas Coimbra Júnior, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Gustavo Vettorato.
Nome do relator: EDUARDO DE OLIVEIRA
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Recorrente COOSENGE COOPERATIVA DE SERVIÇOS DE ENGENHARIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 01/01/2005 A EMPRESA OU COOPERATIVA É RESPONSÁVEL PELO DESCONTO E RECOLHIMENTO DA CONTRIBUIÇÃO DA PARTE PESSOAL DO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL QUE LHE PRESTA SERVIÇOS, BEM COMO CABE A COOPERATIVA FAZER IDÊNTICO PROCEDIMENTO PARA O COOPERADO ASSOCIADO E PARA O COOPERADO QUE EXERCE CARGO DE DIREÇÃO NA COOPERATIVA, TENDO EM VISTA A DETERMINAÇÃO LEGAL. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS BENÉFICA. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, a fim de que seja aplicada a multa do artigo 35, da Lei 8.212/91, na redação dada pelas Leis 9.528/97 e 9.876/99, devendo caso tal multa ultrapasse o limite de setenta e cinco por cento ser limitada a esse percentual em razão do artigo 35 A, introduzido na Lei 8.212/91 pela Lei 11.941/2009, tudo a depender da época do pagamento, parcelamento ou execução. Vencido o Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima quanto à multa aplicada. (Assinado digitalmente). Helton Carlos Praia de Lima. Presidente (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 08 97 /2 00 9- 65 Fl. 183DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 184 2 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Helton Carlos Praia de Lima, Eduardo de Oliveira, Natanael Vieira Santos, Oseas Coimbra Júnior, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Gustavo Vettorato. Fl. 184DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 185 3 Relatório O presente Processo Administrativo Fiscal – PAF encerra o Auto de Infração de Obrigação Principal AIOP DEBCAD 37.237.4182, que objetiva o lançamento das contribuições sociais previdenciárias, decorrentes da remuneração paga, devida ou creditada aos trabalhadores da recorrente da categoria de contribuintes individuais – prestadores de serviços, bem como em razão da parte que deveria ser descontada do cooperado associado e do cooperado que exerce cargo de administração, valores não retidos e assim não repassados, conforme Relatório Fiscal do Auto de Infração – REFISC, de fls. 22 a 28, com período de apuração de 01/2004 a 12/2004, conforme Termo e Início de Procedimento Fiscal TIPF, de fls. 15 e 16. O sujeito passivo foi cientificado da autuação, em 14/10/2009, conforme Folha de Rosto do Auto de Infração de Obrigação Principal – AIOP, de fls. 01. Consta, as fls. 29, Termo de Juntada de Processo, o qual informa que o presente processo está sendo juntado por apensação ao processo principal, Proc: 16832.000898/200918, datado de, 21/10/2009. O contribuinte apresentou sua defesa, em 13/11/2009, as fls. 30 a 40, acompanhada dos documentos, de fls. 41 e 88. A impugnação foi considerada tempestiva, fls. 90. O órgão julgador de primeiro grau emitiu o Acórdão Nº 1230.367 13ª, Turma DRJ/RJ1, em 06/05/2010, fls. 91 a 97. No qual a impugnação foi considerada procedente em parte, sendo excluído do crédito o período de 01/2004 a 09/2004, em razão da decadência. O contribuinte tomou conhecimento da decisão da DRJ, em 14/06/2010, conforme AR, de fls. 100, sem informação da data de recebimento, contendo apenas a data da postagem. Irresignado o contribuinte impetrou o Recurso Voluntário, petição de interposição com razões recursais, as fls. 105 a 114, recebido, em 29/06/2010, conforme carimbo de recepção, de fls. 105, acompanhado dos documentos, de fl.s 115 a 146. Mérito. · que os valores foram pagos de forma individual pelas pessoas que o receberam; · que a recorrente é cooperativa instituída na forma da Lei 5.764/71, não se confundido com empresas de caráter econômico, pois a cooperativa é quem presta serviços ao cooperado, sendo a ausência de fins lucrativos que possibilita a cooperativa ser uma entidade diferenciada para fins fiscais; Fl. 185DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 186 4 · Dos requerimentos: a) recebimento do presente recurso; b) que seja acolhido e julgado procedente; c) anulandose os créditos lançados. A autoridade preparadora reconheceu a tempestividade do recurso, sugerindo sua remessa ao CARF, fls. 147. Consta, as folhas 182, um Termo de Apensação (2), o qual informa a juntada por apensação destes autos, aos autos do PAF 16832.000898/200918, em 22/05/2013. Os autos foram sorteados e distribuídos a esse conselheiro, em 20/03/2014, Lote 01. É o Relatório. Fl. 186DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 187 5 Voto Conselheiro Eduardo de Oliveira. O recurso voluntário é tempestivo e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade ele merece ser apreciado. Mérito. O fato dos valores terem sido pagos individualmente pelos supostos prestadores de serviços e cooperados em nada altera o lançamento, pois a obrigação de promover o desconto e recolher os onze pro cento (11%) da parte individual do prestador de serviços e do cooperado associado, bem como do cooperado dirigente é da cooperativa, nos termos do caput do artigo 4º e do parágrafo 1º, do artigo 4º, da Lei 10.666/2003, em suas diversas redações, abaixo transcritas. Art. 4o Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia dois do mês seguinte ao da competência. (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) Art. 4o Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 10 (dez) do mês seguinte ao da competência. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o As cooperativas de trabalho arrecadarão a contribuição social dos seus associados como contribuinte individual e recolherão o valor arrecadado até o dia quinze do mês seguinte ao de competência a que se referir. Art. 4o Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia vinte do mês seguinte ao da competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Medida Provisória nº 447, de 2008) (Produção de efeitos) § 1o As cooperativas de trabalho arrecadarão a contribuição social dos seus associados como contribuinte individual e recolherão o valor arrecadado até o dia vinte do mês subseqüente ao de competência a que se referir, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Medida Provisória nº 447, de 2008) (Produção de efeitos) Fl. 187DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 188 6 Art. 4o Fica a empresa obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado juntamente com a contribuição a seu cargo até o dia 20 (vinte) do mês seguinte ao da competência, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção de efeitos). § 1o As cooperativas de trabalho arrecadarão a contribuição social dos seus associados como contribuinte individual e recolherão o valor arrecadado até o dia 20 (vinte) do mês subsequente ao de competência a que se referir, ou até o dia útil imediatamente anterior se não houver expediente bancário naquele dia. (Redação dada pela Lei nº 11.933, de 2009). (Produção de efeitos). Desta forma, a lei elegeu a cooperativa responsável tributária, nos termos do artigo 128, da Lei 5.172/66. O presente lançamento exige a parte pessoal da contribuição do trabalhador que é de responsabilidade do tomador de serviços (empresa ou cooperativa) das pessoas físicas – contribuintes individuais – como determinado no artigo 195, I “a”, da CRFB/88, veja a transcrição. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (o realce foi feito por mim) Neste linha de raciocino o artigo 15 e seu parágrafo único, da Lei 8.212/91 equiparam a cooperativa as empresa em geral, para fins do sistema de custeio da seguridade social e proteção ao trabalhador, vejo o artigo, além do que a obrigação decorre de responsabilidade tributária atribuída por lei. Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; II empregador doméstico a pessoa ou família que admite a seu serviço, sem finalidade lucrativa, empregado doméstico. Parágrafo único. Equiparase a empresa, para os efeitos desta Lei, o contribuinte individual em relação a segurado que lhe Fl. 188DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 189 7 presta serviço, bem como a cooperativa, a associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, a missão diplomática e a repartição consular de carreira estrangeiras. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (o grifo é meu) O agente fiscal em seu Relatório Fiscal do Auto de Infração – REFISC – AI, de fls. 22 a 28, itens 6; 9 e 13, deixa claro em diversos momentos que o lançamento objeto desses autos e que resultou no respectivo crédito, decorre da utilização da prestação de serviços de pessoas físicas, assim consta do citado REFISC. Parte de segurados relativa aos pagamentos feitos a contribuintes individuais CIs (prestadores de serviço pessoa física, diretores (pro labore) e cooperados filiados). 9. Os pagamentos a prestadores de serviço pessoas físicas sem vínculo empregatício constam das contas 2036 DIVERSOS, 4085 CONSERVAÇÃO E LIMPEZA, 4246 HONORÁRIOS DE ADVOGADOS PF e 4 2 9 5 SERVIÇOS PRESTADOS PF. As retenções feitas foram lançadas na conta 1792 INSS DESCONTADO COOPERADOS SI PRODUÇÃO (tal conta deveria receber somente os valores descontados dos cooperados filiados mas foram feitos lançamentos de desconto de prestadores na mesma). Abaixo a os valores apurados. 10. Os pagamentos a título de pro labore foram apurados nas contas 2336 REPASSE COOPERADOS e 3505 PRODUÇÃO COOPERATIVISTAS A PAGAR. Embora tais contas refiramse a valores pagos a cooperativados filiados, a cooperativa, erroneamente, lançou os valores de honorários nesta conta. Nos livros "Demonstrativo de Repasses", elaborados um por mês e onde constam os valores repassados a filiados cooperados, não há registro dos valores aqui apurados como honorários. A cooperativa também confirmou que tratamse de honorários da diretoria. Em virtude de os diretores também serem filiados cooperados, no cálculo dos 11% (parte dos segurados) foi observada a remuneração global recebida, ou seja, o pro labore somado a eventual rateio de produção. G2 Valores pagos a prestadores de serviço pessoas físicas sem vínculo empregatício; G3 Valores pagos a título de pro labore da diretoria; G4 — Valores pagos a cooperados filiados; Z1 e Z2 Correspondem aos levantamentos G2 e G3, respectivamente, e são utilizados em substituição a estes nas competências onde ouve o lançamento da multa de oficio de 75%. (fiz o texto sobressair) No tocante a multa de ofício de setenta e cinco por cento aplicada na maioria do levantamentos a mesma não é adequada, uma vez que está foi introduzida pela MP 449/2008 e assim não pode ser aplicada para competências anteriores, ainda, que o lançamento se dê depois da edição da citada MP, em razão do artigo 144, da Lei 5.172/66. O presente crédito foi constituído, em 14/10/2009, nesta ocasião já estava em vigor a Lei 11.941/2009, oriunda da conversão da MP 449/2008, ou seja, vigorava a multa de Fl. 189DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 190 8 ofício de 75%, artigo 35 A, da Lei 8.212/91, introduzido pelo diploma legal, anteriormente, citado. Porém o presente crédito encerra contribuições do período de 01/2004 a 12/2004,Termo de Início de Procedimento Fiscal – TIPF, de fls. 15 e 16. Desta forma, para esse período, nos termos do artigo 144, caput, da Lei 5.172/66 a regra a ser aplicada e a do artigo 35, da Lei 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, ou seja, a multa sobre a contribuição exigida variaria de 24% a 100% a depender da fase do processo administrativo. Este deve ser o patamar de multa a ser aplicado, no período suscitado, salvo se a multa chegar a 80%, na fase de execução fiscal, ainda, que não citado o devedor, desde que não houvesse parcelamento, uma vez que nesta situação a multa do artigo 35 – A, da Lei 8.212/91 na redação da Lei 11.941/2009, passa a ser mais benéfica, hipótese que esta deve ser aplicada, nos termos do artigo 106, II, “c”, da Lei 5.172/66, tudo a depender da época do pagamento, parcelamento ou execução. Assim com esses esclarecimentos rejeito todas as alegações realizadas em mérito, suscitadas pela recorrente, salvo quanto ao recebimento deste recurso que o fiz. CONCLUSÃO: Pelo exposto voto por conhecer do recurso, para no mérito darlhe provimento parcial, a fim de que seja aplicada a multa do artigo 35, da Lei 8.212/91, na redação dada pelas Leis 9.528/97 e 9.876/99, devendo caso tal multa ultrapasse o limite de setenta e cinco por cento ser limitada a esse percentual em razão do artigo 35 – A, introduzido na Lei 8.212/91 pela Lei 11.941/2009, tudo a depender da época do pagamento, parcelamento ou execução. (Assinado digitalmente). Eduardo de Oliveira. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 191 9 ANEXO AO ACÓRDÃO MPF Fl. 191DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA Processo nº 16832.000897/200965 Acórdão n.º 2803003.615 S2TE03 Fl. 192 10 Fl. 192DF CARF MF Impresso em 13/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 04/10/2014 por EDUARDO DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 07/10/2014 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA
score : 1.0
Numero do processo: 10218.720213/2011-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 09 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
Ementa:
QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001.
A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2.
Nos exatos termos da Súmula nº 2, do CARF, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26.
A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/1996 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada.
Numero da decisão: 2201-002.507
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado Digitalmente
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Presidente.
Assinado Digitalmente
EDUARDO TADEU FARAH - Relator.
EDITADO EM: 25/09/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, EDUARDO TADEU FARAH e NATHALIA MESQUITA CEIA. Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA.
Nome do relator: EDUARDO TADEU FARAH
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PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMA. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 2. Nos exatos termos da Súmula nº 2, do CARF, falece competência a este órgão julgador para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A Lei nº 9.430/1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITO BANCÁRIO. PRESUNÇÃO. SÚMULA CARF Nº 26. “A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/1996 dispensa o fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada”. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 02 13 /2 01 1- 21 Fl. 369DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente. Assinado Digitalmente EDUARDO TADEU FARAH Relator. EDITADO EM: 25/09/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARIA HELENA COTTA CARDOZO (Presidente), VINICIUS MAGNI VERCOZA (Suplente convocado), GUILHERME BARRANCO DE SOUZA (Suplente convocado), FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, EDUARDO TADEU FARAH e NATHALIA MESQUITA CEIA. Ausente, justificadamente, o Conselheiro GUSTAVO LIAN HADDAD. Presente ao julgamento o Procurador da Fazenda Nacional, Dr. JULES MICHELET PEREIRA QUEIROZ E SILVA. Relatório Trata o presente processo de lançamento de ofício relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2007, consubstanciado no Auto de Infração, fls. 204/211, pelo qual se exige o pagamento do crédito tributário total no valor de R$ 1.084.009,02. A fiscalização apurou omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Cientificada do lançamento, a interessada apresentou tempestivamente Impugnação, alegando, conforme se extrai do relatório de primeira instância, verbis: a) Que o Fisco não pode classificar os depósitos bancários como omissão de rendimentos, mesmo não sendo comprovada sua origem, fl 252; b) Que a administração tributária sempre buscou a forma mais fácil de apuração de eventuais ilícitos fiscais e de fixação de base de cálculo dos tributos, através das presunções legais relativas, e que além disso, carece de autorização judicial, os meios utilizados pelo fisco para obter os extratos bancários, o que inadmissível na doutrina e jurisprudência, fl 253; c) Que embora a conta seja conjunta com seu cônjuge, as movimentações não eram por ela realizadas, mas por ele, que é impossível falar em rendimentos auferidos, de uma movimentação financeira que por ela não era realizada, fl 253; Fl. 370DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720213/201121 Acórdão n.º 2201002.507 S2C2T1 Fl. 3 3 d) Que é ilegal presumirse depósito bancário como renda, que há inúmeros argumentos doutrinários e jurisprudências, no sentido de não se considerar legítimo o Imposto de Renda arbitrado em depósitos bancários, fl 253; e) Fez citação do art. 43 do CTN, e transcreveu parte do Acórdão CSRF/0102.741 – DOU de 06.12.2000), de processo do qual não fez parte, fl 253; f) Fez citações doutrinárias e de ementas em processos que tramitaram em Tribunais, dos quais o litigante não fez parte, fls 254 a 257, 258 e 259; g) Que a fiscalização deve, em casos como o presente, aprofundar as investigações, procurando demonstrar o efetivo aumento de patrimônio e/ou consumo do contribuinte, através de outros sinais exteriores de riqueza, a exemplo do levantamento dos gastos efetuados através de cheques emitidos, que embora tal fato seja um valioso indício de omissão de receita, não é suficiente, por si mesmo para amparar o lançamento, tendo em vista o disposto na lei, fl 257; h) Questionou o nexo causal entre depósito e o fato que represente omissão de rendimentos diante do art. 42 da Lei nº 9.430/96, para argumentar que nem todo ingresso financeiro constituise em acréscimo patrimonial, sendo necessário verificar cada caso concreto, que depósitos bancários podem se constituir em valiosos indícios, mas não prova de omissão de rendimentos, fls 258 a 260; i) Questionou a aplicabilidade do art. 42 da Lei nº 9.430/96, com o advento da Lei Complementar 105/2001, por entender que é um absurdo jurídico, afirmar que ainda é possível a utilização do arbitramento da base de cálculo sob a presunção júris tantum de omissão de receita a que se refere o art. 42 da Lei nº 9.430/96, baseada na soma dos depósitos bancários, fl 260; j) Transcreveu o art. 2º, § 1º e o art. 6º da Lei de Introdução do Código Civil e doutrina de modalidades de revogação da Lei, Revogação Tácita ou Indireta, Revogação Geral e Revogação Parcial, para concluir que a lei existente, se não for de vigência temporária, permanece em vigor até que lei posterior a revogue expressa ou tacitamente, fl fls 261 a 264; k) Historiou a questão de imposição por presunção de omissão de receita e conseqüente arbitramento correspondente à soma dos depósitos bancários, com citação doutrinária, transcrição de ementas de processos que tramitaram no antigo Conselho de Contribuintes, hoje CARF, em processos dos quais o litigante não fez parte, fls 264 a 268; l) Que nem mesmo diante dos benefícios da Lei Complementar nº 105/2001, de realizar a quebra do sigilo bancário, o Fisco deve insistir nos instrumentos mais fáceis de apuração de eventuais ilícitos, e novamente fez citações doutrinárias, fez transcrição de ementas de acórdão em processo do qual o Fl. 371DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 4 contribuinte não fez parte, para concluir que entende que a Lei Complementar 105/2001, forçosamente, revogou tacitamente o art. 42 da Lei nº 9.430/96, não devendo, portanto, ser considerada nesse pleito, fls 268 a 270; m) Questionou sobre o princípio da capacidade contributiva e a interpretação principiológica abrogante do art. 42 da Lei nº 9.430/96, por entender que houve “colisão” entre a regra contida no artigo citado e um conjunto de princípios, e fez citação doutrinária, com transcrição do art. 145 da Constituição Federal, fls 270 a 271; n) Questionou a constitucionalidade do art. 42 da Lei nº 9.430/96, com citações doutrinárias, fls 272 a 276; o) Questionou a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial e transcreveu incisos X e XII do art. 5º, da Constituição Federal de 1988, com citações doutrinárias, e transcrições de ementas de processos que tramitaram em Tribunais, dos quais o litigante não fez parte, fls 276 a 282; p) Finalmente requereu a suspensão imediata da exigência do crédito tributário indevido e julgamento de procedência do pedido, extinguindo a exigência indevida, fl 283. A 2ª Turma da DRJ em Belém/PA julgou integralmente procedente o lançamento, consubstanciado nas ementas abaixo transcritas: ÔNUS DA PROVA. DISTRIBUIÇÃO. O ônus da prova existe afetando tanto o Fisco como o sujeito passivo. Não cabe a qualquer delas manterse passiva, apenas alegando fatos que a favorecem, sem carrear provas que os sustentem. Assim, cabe ao Fisco produzir provas que sustentem os lançamentos efetuados, como, ao contribuinte as provas que se contraponham à ação fiscal. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PROVENIENTES DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Para os fatos geradores ocorridos a partir de janeiro de 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, no seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base em valores depositados em conta bancária para os quais o titular não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos Conselhos de Contribuintes não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão, na forma do art. 100 do CTN. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais, quando comprovado que o contribuinte não figurou como parte na referida ação judicial. DOUTRINA. ENTENDIMENTO DOMINANTE DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. VINCULAÇÃO DA Fl. 372DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720213/201121 Acórdão n.º 2201002.507 S2C2T1 Fl. 4 5 ADMINISTRATIVA. A autoridade julgadora administrativa não se encontra vinculada ao entendimento dos Tribunais Superiores, pois, não faz parte da legislação tributária de que fala o art. 96 do Código Tributário Nacional, desde que não se traduzam em súmula vinculante nos termos da Emenda Constitucional n° 45, DOU de 31/12/2004. Da mesma forma, não há vinculação do julgador administrativo à doutrina jurídica. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos legais. As leis regularmente editadas segundo o processo constitucional gozam de presunção de constitucionalidade e de legalidade até decisão em contrário do Poder Judiciário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimada da decisão de primeira instância em 24/04/2012 (fl. 315), Lucitelma Ferreira Rocha apresenta Recurso Voluntário em 23/05/2012 (fls. 321/361), sustentando, essencialmente, os mesmos argumentos defendidos em sua Impugnação, sobretudo: Ilegalidade de presumir depósito bancários como renda. Nexo causal entre o depósito e o fato que representa omissão. Revogação do art. 42 da Lei 9.430/1996 em face a antinomia com o § 4° do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001. Principio da capacidade contributiva e o art. 42 da Lei 9.430/1996. Inconstitucionalidade do art. 42 da Lei 9.430/1996. Quebra de Sigilo – Ausência de autorização judicial – Ilegalidade da RMF. Questão da verdade material. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Tadeu Farah O recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade. Cuida o presente lançamento de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, relativamente a fatos ocorridos no ano calendário de 2007. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 6 Antes de se entrar no mérito da questão, cumpre enfrentar as preliminares suscitadas pela recorrente. Quanto à alegação de quebra ilegal do sigilo bancário, impende registrar que seu afastamento se deu com base na Lei Complementar nº 105/2001, bem como no § 3º do art. 11 da Lei nº 9.311/1996 (redação dada pela Lei nº 10.174/2001). Em relação ao uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário, esse Conselho já se posicionou. Tratase da Súmula CARF nº 35: Súmula CARF nº 35: O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. (grifei) No caso em apreço, constatase que as Requisições de Movimentação Financeira (RMF) emitidas seguiram rigorosamente as exigências previstas pelo Decreto nº 3.724/2001, que regulamentou o art. 6º da Lei Complementar 105/2001, inclusive quanto às hipóteses de indispensabilidade previstas no art. 3º que também estão claramente presentes nos autos. Com efeito, verificase que a recorrente foi intimada e reintimada a fornecer seus extratos bancários, no entanto, silenciouse, razão pela qual não restou opção à fiscalização senão a emissão da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira – RMF. Sobre a alegação de antinomia entre as normas que embasaram o afastamento de seu sigilo bancário, cumpre esclarecer que o §4º do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001 surgiu para disciplinar os critérios segundo os quais as instituições financeiras prestarão informações sobre as operações efetuadas pelos correntistas, além de subsidiar os serviços de fiscalização e auditoria da autoridade fazendária. Transcrevese o § 4º do art. 5º da Lei Complementar nº 105/2001: Art. 5o O Poder Executivo disciplinará, inclusive quanto à periodicidade e aos limites de valor, os critérios segundo os quais as instituições financeiras informarão à administração tributária da União, as operações financeiras efetuadas pelos usuários de seus serviços. (...) § 4o Recebidas as informações de que trata este artigo, se detectados indícios de falhas, incorreções ou omissões, ou de cometimento de ilícito fiscal, a autoridade interessada poderá requisitar as informações e os documentos de que necessitar, bem como realizar fiscalização ou auditoria para a adequada apuração dos fatos. Por sua vez, o art. 42 da Lei 9.430/1996 diz respeito à tributação da omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários, efetuada por meio de uma presunção de omissão de rendimentos legalmente estabelecida. Portanto, não existe qualquer antinomia, conflito ou incompatibilidade entre as normas que possa invalidar o lançamento. Em relação à alegação de inconstitucionalidade do art. 42 da Lei nº 9.430/1996, transcrevo a Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fl. 374DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720213/201121 Acórdão n.º 2201002.507 S2C2T1 Fl. 5 7 No que tange à alegada afronta ao princípio da capacidade contributiva, impende deixar assentado que o citado princípio é voltado ao legislador ao criar os impostos de sua competência e, por conseguinte, não pode ser suscitado administrativamente. É nesse sentido a lição de Bernardo Ribeiro de Moraes, em sua obra, Compêndio de Direito Tributário, Forense, V.2, 3ª ed., p.122123: A regra (princípio da capacidade contributiva) tem eficácia jurídica perante o legislador ordinário, devendo este, ao escolher os fatos geradores da obrigação tributária (as hipóteses de incidência da regra jurídica criadora do imposto), verificar fatos presuntivos de capacidade contributiva (...). O problema é eminentemente político legislativo. Assim sendo, aprovada a lei, presumese que suas regras estejam de acordo com os princípios constitucionais vigentes. Portanto, até que o art. 42 da Lei nº 9.430/1996 seja declarado inconstitucional, ao órgão julgador administrativo cabe apenas zelar por sua fiel aplicação. Encerrada a apreciação das questões preliminares, passase ao exame das questões de mérito. No mérito, cumpre trazer novamente a lume a legislação que serviu de base ao lançamento, no caso, o art. 42 da Lei nº 9.430/1996, verbis: Art.42 Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. De acordo com o dispositivo supra, basta ao fisco demonstrar a existência de depósitos bancários de origem não comprovada para que se presuma, até prova em contrário, a ocorrência de omissão de rendimentos. Tratase de uma presunção legal do tipo juris tantum (relativa), e, portanto, cabe ao fisco comprovar apenas o fato definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, para que fique evidenciada a omissão de rendimentos. O dispositivo legal citado tem como fundamento lógico o fato de não ser comum o depósito de numerário, de forma gratuita e indiscriminada, em conta bancária de terceiros. Como corolário dessa afirmativa temse que, até prova em contrário, o que se deposita na conta de determinado titular a ele pertence. O raciocínio foi exposto com clareza por Antônio da Silva Cabral1: O fato de alguém depositar em banco uma quantia superior à declarada é indício de que provavelmente depositou um valor relativo a rendimentos não oferecidos à tributação. Se o depositante não logra explicar que esse dinheiro é de outrem, ou 1 Processo Administrativo Fiscal. Editora Saraiva, 1993, pág. 311. Fl. 375DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH 8 tem origem em valores não sujeitos à tributação, este indício levará à presunção de omissão de rendimentos à tributação. Com efeito, diferentemente do que faz crer a contribuinte, na presunção legal a lei se encarrega de presumir a ocorrência do fato gerador, razão pela qual há necessidade de se comprovar o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão. Além do mais, a autoridade fiscal não tem que comprovar renda incompatível e, tampouco, renda consumida, conforme se observa da Súmula CARF nº 26: Súmula CARF nº 26: A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Quanto à argumentação de que os depósitos bancários não conduziriam à presunção de disponibilidade econômica, vale registrar que o fato gerador do Imposto de Renda, conforme art. 43 do Código Tributário Nacional2, alberga tanto as disponibilidades econômicas quanto as disponibilidades jurídicas de renda ou proventos de qualquer natureza. Cabe esclarecer que o § 5º do art. 6º da Lei nº 8.021/1990, que previa o arbitramento dos rendimentos com base na renda presumida, foi expressamente revogado pelo inciso XVIII do art. 88 da Lei nº 9.430/1996. Isso, aliás, ratifica a intenção do legislador em dar novo tratamento à matéria, eis que, na lei nova, deixou de existir a obrigatoriedade de se estabelecer o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente omissão de receita. Portanto, inaplicável a alegação de ofensa a Súmula 182 do antigo Tribunal Federal de Recursos. Ressaltese que o fato de o processo administrativo fiscal ser informado pelo principio da verdade material, em nada macula os autos. A ampla instrução probatória permite que tanto o fisco, como o contribuinte, possam se utilizar de todos os meios de prova, objetivando levar o julgador a firmar convicção sobre os fatos constantes do lançamento em razão da busca da verdade real. Contudo, além das questões de direito mencionados em sua defesa, a recorrente não carreou aos autos qualquer documento capaz de ilidir a tributação perpetrada pela autoridade fiscal. Ante ao exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado Digitalmente Eduardo Tadeu Farah 2 CTN – Lei n° 5.172, de 1966 – Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I – de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II – de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH Processo nº 10218.720213/201121 Acórdão n.º 2201002.507 S2C2T1 Fl. 6 9 Fl. 377DF CARF MF Impresso em 07/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH, Assinado digitalmente em 29/09/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por EDUARDO TADEU FARAH
score : 1.0
Numero do processo: 10930.720096/2008-44
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO.
O arbitramento do VTN, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o contribuinte deixar de comprovar o VTN informado no DIAT, por meio de laudo de avaliação, elaborado nos termos da NBRABNT 146533.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR.
É possível a dedução de áreas de preservação permanente e de utilização limitada da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
As áreas de reserva legal, para fins de redução no cálculo do ITR, devem estar averbadas no Registro de Imóveis competente até o início do procedimento fiscal.
ÁREA UTILIZADA. ÁREA DE PASTAGEM. PROVA.
A revisão dos valores declarados só pode ser efetuada quando o contribuinte apresenta elemento hábil de prova da utilização das áreas pleiteadas.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2801-003.755
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para considerar a área de reserva legal de 103,7 ha, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Marcio Henrique Sales Parada e Marcelo Vasconcelos de Almeida que negavam provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente e Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: TANIA MARA PASCHOALIN
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ARBITRAMENTO. O arbitramento do VTN, apurado com base nos valores do Sistema de Preços de Terra (SIPT), deve prevalecer sempre que o contribuinte deixar de comprovar o VTN informado no DIAT, por meio de laudo de avaliação, elaborado nos termos da NBRABNT 146533. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL/COMUNICAÇÃO AO ÓRGÃO DE FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. INTEMPESTIVO MAS ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. COMPROVA A DEDUÇÃO SE ACOMPANHADO DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA COMPLEMENTAR. É possível a dedução de áreas de preservação permanente e de utilização limitada da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, quando houver apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA)/comunicação ao órgão de fiscalização ambiental até o início da ação fiscal acompanhado de documentação complementar que comprove a existência das áreas deduzidas. ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. As áreas de reserva legal, para fins de redução no cálculo do ITR, devem estar averbadas no Registro de Imóveis competente até o início do procedimento fiscal. ÁREA UTILIZADA. ÁREA DE PASTAGEM. PROVA. A revisão dos valores declarados só pode ser efetuada quando o contribuinte apresenta elemento hábil de prova da utilização das áreas pleiteadas. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 72 00 96 /2 00 8- 44 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 132 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para considerar a área de reserva legal de 103,7 ha, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Marcio Henrique Sales Parada e Marcelo Vasconcelos de Almeida que negavam provimento ao recurso. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente e Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, Flavio Araujo Rodrigues Torres, Marcelo Vasconcelos de Almeida, Ewan Teles Aguiar, Carlos César Quadros Pierre e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 1ª Turma da DRJ/CGE/MS. Por bem descrever os fatos, reproduzse abaixo o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de Notificação de Lançamento (f. 41/44), mediante a qual se exige a diferença de Imposto Territorial Rural — ITR, Exercício 2005, no valor total de R$ 107.653,60, do imóvel rural inscrito na Receita Federal sob o n° 0.824.2941, localizado no município de Congonhinhas PR. Na descrição dos fatos, o fiscal autuante relata que foi apurada a falta de recolhimento do ITR, decorrente de glosa da área declarada como de preservação permanente e de reserva legal. Houve alteração do valor da terra nua, em adequação aos valores constantes do SIPT. Em conseqüência, houve aumento da base de cálculo, da alíquota e do valor devido do tributo. O interessado apresentou a impugnação de f. 45/49. Afirma que a discriminação do Laudo e Memorial Descritivo apresentado corresponde às condições de utilização do imóvel, inalteradas há mais de quinze anos. Defende que o Laudo foi realizado de forma escorreita, por profissional habilitado. Alega que, no imóvel, a área de pastagens corresponde a 371,1 ha e não 198 ha (conforme declarado na DIAT), o que acarretaria a redução da alíquota e do imposto devido. Argumenta que providenciou a averbação da área de reserva legal em 2006. Solicita, caso seja tida como improcedente a impugnação, que seja concedido o desconto da multa após o fim dos trâmites administrativos. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 133 3 A impugnação foi julgada procedente em parte, conforme Acórdão de fls. 98/105, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2005 ÁREAS ISENTAS. PRESERVAÇÃO PERMANENTE. RESERVA LEGAL. REQUISITOS. Por exigência de Lei, para ser considerada isenta, a área de reserva legal deve estar averbada na Matrícula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis e ser reconhecida mediante Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado dentro do prazo estipulado. O ADA é igualmente exigido para a comprovação das áreas de preservação permanente. VALOR DA TERRA NUA. O valor da terra nua, apurado pela fiscalização, em procedimento de ofício nos termos do art. 14 da Lei 9.393/96, não é passível de alteração, quando o contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Regularmente cientificado daquele acórdão em 11/06/2010 (fl. 109), o Interessado, representado por seu advogado (fl. 116), interpôs recurso voluntário de fls. 110/115, em 13/07/2010. Em sua defesa, requer a improcedência do lançamento fiscal, levandose em conta os valores do laudo de avaliação devidamente anexado onde se demonstra que o valor da terra nua e benfeitorias se coadunam com os valores lançados na Declaração de ITR, bem como que o imóvel tem as áreas de preservação permanente, reserva legal e pastagem de 43,8 hectares, 103,7 hectares, e 371,14 hectares, respectivamente, há mais de quinze anos. Pretende, ainda, seja mantido o desconto na multa de oficio no percentual de 50% após a apreciação do presente recurso, ou na pior hipótese que seja concedido o desconto de 40%, haja vista que o referido benefício não pode ser esbulhado do contribuinte que busca nos recursos administrativos e judiciais, o duplo grau de jurisdição para discussão de eventuais direitos. A numeração de folhas citada nesta decisão referese à serie de números do arquivo PDF. É o relatório. Voto Conselheira Tânia Mara Paschoalin, Relatora. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 134 4 O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto merece ser conhecido. Cuida o presente lançamento de alteração do Valor da Terra Nua – VTN e glosa dos valores declarados como áreas de preservação permanente e áreas de utilização limitada. O Recorrente contesta o arbitramento do VTN, trazendo como principal ponto de sua defesa o laudo de avaliação de fls. 73/77, que não foi aceito pela decisão de primeira instância por não observar o disposto no item 9.2.15, alínea "b", da NBR 14653 3, que dispõe que, para enquadramento nos graus de fundamentação II e III, é obrigatório que o Laudo contenha, "no mínimo, cinco dados de mercado efetivamente utilizados". De fato, verificase que, no referido laudo, não existe sequer um dado de mercado efetivamente utilizado, ou melhor, o VTN trazido pela defesa no Laudo de Avaliação de fls. 73/77 não se baseia em preço de mercado na data de ocorrência do fato gerador (1º/01/2005). Observese que o Contribuinte teve chance de se defender na fase impugnatória e, agora, em sede de recurso, de forma a comprovar que o arbitramento é equivocado. Entretanto, o peticionário não logrou refutar o valor arbitrado pela fiscalização, sendo certo que poderia ter apresentado novo laudo de avaliação com observância das condições exigíveis para avaliação de imóveis rurais fixadas pela Norma Brasileira para Avaliação de Imóveis Rurais, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, contendo, dentre outros, os seguintes requisitos: 1 escolha e justificativa dos métodos e critérios de avaliação; 2 a homogeneização dos elementos pesquisados, de acordo com o nível de precisão da avaliação; 3pesquisa de valores, abrangendo avaliações e/ou estimativas anteriores, produtividade das explorações, transações e ofertas. A norma da ABNT,ainda, estabelece que pelo menos cinco elementos amostrais devam ser efetivamente utilizados na determinação do valor. Assim, há de prevalecer o arbitramento do VTN, nos moldes em que consubstanciado no Auto de Infração, pois, de acordo com o disposto na NBR/ABNT 14653 – parte 3, a conclusão que se impõe é que o documento fornecido pelo contribuinte não pode ser considerado um laudo de avaliação, muito menos de grau de fundamentação II. No que tange à exclusão das áreas de preservação permanente e de utilização limitada (onde se encontra também a área de reserva legal e a área de interesse ecológico) da incidência do ITR, há que se esclarecer que a apresentação do Ato Declaratório Ambiental – ADA passou a ser obrigatória com o advento da Lei no 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que alterou a redação do art. 17O da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, fazendo estampar, em seu §1o, que “A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória”. O prazo para a apresentação do documento foi definido na legislação infralegal. A legislação vigente à época do fato gerador, a Instrução Normativa SRF nº 256, de 11 de dezembro de 2002, em seu art. 9o, §3o, inciso I , determinava a entrega no prazo Fl. 134DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 135 5 de até seis meses, contado a partir do término do prazo fixado para a entrega da Declaração do ITR DITR. Entretanto, como a lei não fixou prazo para a apresentação do documento, muitos passaram a defender não ser possível se admitir que isso fosse feito por atos infralegais. Após longos debates, a jurisprudência da 2a Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais passou a admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal, desde que as áreas deduzidas fossem devidamente comprovadas com documentação complementar. Veja se, como exemplo, a seguinte decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E RESERVA LEGAL. EXERCÍCIO POSTERIOR A 2001. COMPROVAÇÃO VIA AVERBAÇÃO ANTERIOR AO FATO GERADOR, LAUDO PERICIAL E ADA INTEMPESTIVO. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. Tratandose de áreas de reserva legal e preservação permanente, devidamente comprovadas mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador (reserva legal) e Laudo Pericial do próprio IBAMA, ainda que apresentado ADA intempestivo, impõese o reconhecimento de aludidas áreas, glosadas pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17O da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação, sobretudo quando se constata que fora requerido anteriormente ao início da ação fiscal. Recurso Especial do Procurador Negado. (Acórdão nº 9202 01.843, sessão de 26/10/2011, Relator Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira) Vale dizer que a protocolização do ADA marca a data em que o interessado comunica ao órgão oficial de fiscalização ambiental a existência de áreas de interesse ambiental em seu imóvel rural e, em última análise, solicita que tais áreas sejam reconhecidas como tal pelo Poder Público inclusive para fins de redução do valor do ITR. Ou seja, o formulário ADA apresentado pelo contribuinte ao Ibama ou órgão conveniado – até que haja uma vistoria pelo órgão competente e a ratificação ou retificação das declarações ali prestadas – restringese a informações prestadas pelo contribuinte ao órgão Fl. 135DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 136 6 ambiental acerca da existência, em seu imóvel, de áreas que têm, em última análise, algum interesse ecológico. Assim, consoante entendimento dominante da CSRF, aceito a apresentação intempestiva do ADA ou da comunicação da existência da áreas isentas ao órgão de fiscalização ambiental, desde que antes do início da ação fiscal. Isso porque, até essa data, seria possível ao órgão ambiental começar espontaneamente procedimento de verificação das informações. Da mesma forma, entendo que, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir dos isentivos tributários, já que, havendo uma área de reserva legal preservada e comprovada por laudos técnicos ou por atos do poder público, mesmo com averbação posterior ao fato gerador, especificamente se anterior ao início do procedimento fiscal pela autoridade tributária, não me parece razoável negar o benefício tributário, quando se sabe que áreas ambientais preservadas levam longo tempo para sua (re)composição. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início do procedimento fiscal. Neste sentido, é o entendimento do seguinte julgado: Acórdão nº 210201.862, sessão de 12 de março de 2012 (excerto de ementa) ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do Fl. 136DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 137 7 sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. Quanto ao momento da averbação da reserva legal, este Colegiado decidiu no Acórdão 2801003.495, sessão de 14 de abril de 2014, de relatoria do Ilustre Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida: Importante assinalar que nos Embargos de Declaração nos Embargos de Divergência nº 1.027.051/SC, julgado em 27/11/2013, foi arguida a questão relativa à especificação e averbação da área de reserva legal antes ou durante o procedimento de fiscalização, ou seja, entre a data da ocorrência do fato gerador e a data da lavratura da Notificação de Lançamento. Nada obstante, a insurgência da embargante foi rechaçada sob os seguintes argumentos: “A par disso, registro que no julgamento do embargos de declaração opostos contra o acórdão que julgou o recurso especial, o então relator, eminente Ministro Mauro Campbell Marques, assentou que "[e]sta Corte posicionou de forma clara, adequada e suficiente acerca da tese que lhe foi submetida: a necessidade de averbação da reserva legal para que a parte usufrua da isenção prevista no art. 10, inc. II, alínea "a", da Lei nº 9.393/96. Tudo quanto a embargante procura discutir nos embargos de declaração constitui matéria que não foi apreciada pela Corte regional porque a tese jurídica ora analisada nesta instância especial foi prejudicial às demais questões levantadas na apelação”. Ora, se as demais questões suscitadas pela embargante não foram apreciadas no julgamento do recurso especial, também não é possível delas conhecer em sede de embargos de divergência. Constatase, portanto, que a insurgência da embargante não diz respeito a eventual vício de integração do acórdão impugnado, mas à interpretação que lhe foi desfavorável, motivação essa que não se enquadra nas hipóteses de cabimento dos aclaratórios”. Verificase, assim, que a questão relativa ao momento da averbação para fins de obstar ou desconstituir o lançamento fiscal não foi objeto de apreciação pelo STJ, tampouco é definida pelas legislações tributária/ambiental, pelo que esta Turma de julgamento deve se debruçar sobre o tema, de forma a decidir o caso concreto e, quiçá, a servir de subsídio à uniformização da jurisprudência deste Conselho. Nesse contexto, suponha as seguintes situações: Fl. 137DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 138 8 a) Contribuinte declara área de reserva legal inexistente (área tributável declarada a menor). Na suspeita de fraude, o Fisco decide levar a cabo uma fiscalização. Nessa hipótese, o que será examinado pela Fiscalização. Obviamente que será o registro do imóvel, de modo que, não havendo a averbação da reserva legal, o tributo será lançado sobre a área total do imóvel (admitindose a inexistência de outras deduções legais); b) Contribuinte declara área de reserva legal existente, sem proceder a averbação. Posteriormente, antes do início do procedimento fiscal, resolve averbar a referida área na matrícula do imóvel. Na suspeita de fraude, o Fisco decide levar a cabo uma fiscalização. Nessa hipótese, o que será examinado pela Fiscalização. Obviamente que será o registro do imóvel, de modo que, havendo a averbação da reserva legal e abstraindose da questão do ADA, que não foi objeto deste lançamento, o tributo não poderá ser lançado, porquanto preenchido os requisitos substancial (existência da área de reserva legal) e formal (averbação da área na matrícula do imóvel). Em outras palavras: se no momento do exame pela Autoridade competente o registro do imóvel já evidencia a averbação da área de reserva legal, não me parece razoável a glosa da referida área, haja vista que, com a averbação, se atinge o escopo fundamental de preservação da área averbada. Assim, enquanto o contribuinte estiver espontâneo, nos termos do § 1º do art. 7º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá, a meu ver, por analogia ao dispositivo legal que trata da espontaneidade, averbar a área de reserva legal e fruir da isenção legal respectiva. Anoto, por fim, que depois de iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade restará invalidada e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso ainda não tenha sido averbada. A razão é evidente: a averbação posterior ao início do procedimento fiscal não teria por escopo a preservação da área de reserva legal, mas sim evitar o possível lançamento tributário. É de se destacar que a área preservação permanente de 43,8 ha pleiteada pelo Recorrente já foi restabelecida pela decisão recorrida. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se o contribuinte, até o início do procedimento fiscal – 02/09/2008 (fl. 02), já havia sido informado a órgão ambiental estadual ou federal a existência da área de reserva legal de 103,7 ha e se houve averbação da área de reserva legal. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN Processo nº 10930.720096/200844 Acórdão n.º 2801003.755 S2TE01 Fl. 139 9 Compulsando os autos, verificase que, em 13/02/2006, houve a averbação do Termo de Compromisso de Proteção de Reserva Legal firmado com o Instituto Ambiental do Paraná sobre uma área de 103,7 ha. Dessa forma, restando comprovada a comunicação a órgão de fiscalização ambiental e averbação da de reserva legal de 103,7 ha antes do início do procedimento fiscal, tal área deve ser aceita para fins de exclusão da área tributável pelo ITR. Em relação à área de pastagem, não consta dos autos elementos de provas que demonstrem a pretendida alteração de 198,0 ha para 371,14 ha. O Recorrente nada de novo traz aos autos para demonstrar a existência da área de pastagem superior àquela declarada, limitandose a reafirmar os argumentos da impugnação que já foram cuidadosamente examinados e rebatidos no acórdão guerreado, que assim se manifestou: Por fim, reiterese que o imposto devido em cada ano depende da utilização do imóvel considerada no respectivo anobase. Se o impugnante deseja comprovar que a exploração do imóvel se deu em índices superiores ao declarado na DIAT (área de pastagens), deve providenciar a comprovação do alegado para cada ano, mediante a apresentação de Laudo Técnico, notas fiscais, comprovante de vacinação de animais, haja vista que a aceitação da área de pastagens está condicionada à aplicação de índices de rendimento por zona de pecuária. Em outras palavras, não há que ser comprovada somente a existência da área de pastagens, mas a existência de quantitativo de animais suficientes para sua aceitação. No que diz respeito a eventual redução da multa de ofício, caberia ao Contribuinte ter efetuado pagamento/parcelamento nos prazos previstos para obtenção das reduções de 50% e 40% da multa de ofício. Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso para considerar a área de reserva legal de 103,7 ha. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Fl. 139DF CARF MF Impresso em 15/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2014 por TANIA MARA PASCHOALIN, Assinado digitalmente em 14/10/201 4 por TANIA MARA PASCHOALIN
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Numero do processo: 16408.000906/2006-85
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Oct 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: null
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Numero da decisão: 3802-003.564
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano DAmorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano DAmorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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COMPROVAÇÃO Os elementos probatórios são considerados para fins de exclusão da tributação, tendo em vista reconhecimento do procedimento de compensação, por conta de diligência solicitada, pela unidade de origem, exceto em relação aos valores de R$ 48,08 de PIS e de R$ 644,40 de Cofins. Recurso ao qual se dá provimento parcial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D’Amorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 40 8. 00 09 06 /2 00 6- 85 Fl. 322DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho de Contribuintes, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Em decorrência de ação fiscal desenvolvida junto à empresa qualificada, foram lavrados os seguintes autos de infração (cientificados em 18/08/2006, fl. 52): de fls. 03/06, em que são exigidos R$ 81.156,87 de Cofins e R$ 60.867,64 de multa de ofício de 75%, além dos acréscimos legais, em face da falta/insuficiência de recolhimento da Cofins relativamente aos períodos de apuração 01/2002 a 07/2002, consoante descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 05/06, demonstrativo de apuração de fl. 07 e demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 08, e de fls. 12/15, em que são exigidos R$ 17.100,08 de PIS e R$ 12.825,03 de multa de ofício de 75%, além dos acréscimos legais, em face da falta/insuficiência de recolhimento da contribuição ao PIS relativamente aos períodos de apuração 01/2002 a 07/2002, consoante descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 14/15, demonstrativo de apuração de fl. 16 e demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 17. Consoante descrito nos próprios autos de infração, os lançamentos decorreram da apuração de diferenças entre os valores declarados (DIPJ) e confessados (DCTF) a título de PIS e Cofins em relação aos aludidos períodos de apuração. Em 18/09/2006, a interessada interpôs as impugnações de fls. 54/62 (PIS) e 82/90 (Cofins), instruídas com os documentos de fls. 63/81 e 91/109 (cópia de documentos societários, de despacho e de documentos relativos ao processo 10940.000979/200149, de planilhas de compensação e de DARF), onde alega, em síntese, a compensação dos créditos tributários com créditos oriundos de pagamentos efetuados indevidamente no anocalendário 2000. Alega, ainda, a inconstitucionalidade da utilização da taxa Selic para fins tributários. Junta planilhas e pede o cancelamento do lançamento. Na hipótese de entendimento diverso, requer a observância do CTN e a consequente exclusão da taxa Selic. Protesta, também, por todos os meios de prova em direito admitidos. Às fls. 20/43, fichas da DIPJ 2003 (ficha 20A, janeiro a dezembro/2002 e ficha 19A, janeiro a dezembro/2002). Às fls. 44/47, extratos de consulta ao sistema de controle de DCTF. Às fls. 49/50, extratos de consulta ao sistema de controle da arrecadação federal. É o relatório O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 0622.372 de 27/05/2009, proferida pelos membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR, cuja ementa dispõe, verbis: Fl. 323DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16408.000906/200685 Acórdão n.º 3802003.564 S3TE02 Fl. 323 3 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2002 a 31/07/2002 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. O direito subjetivo de compensar recolhimentos a maior da contribuição para o PIS com débitos do próprio PIS, não pode ser simplesmente arguido, dependendo seu exercício, além da comprovação material dos créditos a compensar, da correspondente escrituração contábil capaz de demonstrar cabalmente que o procedimento foi de fato adotado, previamente à autuação. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. PREVISÃO LEGAL. Cobramse juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), por expressa previsão legal Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2002 a 31/07/2002 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. O direito subjetivo de compensar recolhimentos a maior da Cofins com débitos da própria Cofins, não pode ser simplesmente arguido, dependendo seu exercício, além da comprovação material dos créditos a compensar, da correspondente escrituração contábil capaz de demonstrar cabalmente que o procedimento foi de fato adotado, previamente à autuação. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. PREVISÃO LEGAL. Cobramse juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), por expressa previsão legal Assunto: Processo Administrativo Fiscal Fl. 324DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 4 Período de apuração: 01/01/2002 a 31/07/2002 APRESENTAÇÃO DE PROVAS. MOMENTO. A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa. Lançamento Procedente. O julgamento foi no sentido de considerar improcedente a impugnação apresentada pela empresa autuada, para manter o crédito tributário exigido mediante Auto de Infração. O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário, tempestivamente, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. Observei que a recorrente, solicitou para tornarem improcedentes os autos de PIS e Cofins; uma vez, inexistentes os débitos, objetos dos autos, os quais foram compensados com créditos das mesmas contribuições oriundos de pagamentos indevidos no anocalendário de 2000. Reconhece que o erro foi não declarar em DCTF, os valores devidos e as compensações efetuadas, no entanto, declarou em DIPJ. Diante dos fatos relevantes foi convertido o processo EM DILIGÊNCIA À REPARTIÇÃO DE ORIGEM, no intuito de verificar a confirmação dos créditos aludidos e, se fosse o caso, abatimento com os valores nos autos de infração, tendo em vista o princípio da verdade material, através da Resolução de n° 3201000.269, de3/6/2011. Assim como, elaborar Relatório sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestandose sobre a existência de outras informações e/ou observações julgadas pertinentes para esclarecer os fatos. Consta resposta da diligência (fls. 300/302pdf), através do Relatório n° 9/2013, em 06/02/2013 (reproduzido no voto) Foram intimados o contribuinte e a PGFN. A recorrente manifestouse e concordou com o Relatório e inclusive, pela ausência dos recolhimentos do PIS e COFINS, nos valores originais de R$ 48,08 e R$ 644,40; respectivamente. O processo digitalizado foi redistribuído e encaminhado a esta Conselheira. É o Relatório. Voto Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Trata o presente processo de exigência de Cofins, multa de ofício, além dos acréscimos legais, em face da falta/insuficiência de recolhimento da Cofins relativamente aos períodos de apuração 01/2002 a 07/2002, consoante descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 05/06, demonstrativo de apuração de fl. 07 e demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 08, e exigência de PIS, multa de ofício, além dos acréscimos legais, em face da falta/insuficiência de recolhimento da contribuição ao PIS relativamente aos períodos de Fl. 325DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16408.000906/200685 Acórdão n.º 3802003.564 S3TE02 Fl. 324 5 apuração 01/2002 a 07/2002, consoante descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 14/15, demonstrativo de apuração de fl. 16 e demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 17. Transcrevese o resultado da diligência, onde se conclui na pertinência parcial do pleito da recorrente, à vista dos documentos acostados e restando um saldo de ausência do recolhimento do PIS e COFINS nos valores originais de R$ 48,08 e R$ 644,40; respectivamente. Tratase de Diligência solicitada à DRF Ponta Grossa por meio da Resolução nº 3201000.269 da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, determinando que se proceda à verificação dos créditos aludidos no presente processo, e sefor o caso, abatimento com os valores objetos do auto de infração (fls. 149 a 152). Posteriormente, esta DRF deveria trazer aos autos relatório sobre os fatos apuradosna diligência, inclusive manifestandose sobre a existência de outras informações e/ou observaçõesjulgadas pertinentes para esclarecer os fatos. Por ocasião da impugnação, a DRJ em Curitiba assim se manifestou: 15. Ou seja, inexistente a exigência de requerimento, é de se concordar com a alegação deque, à época, a ausência de informação de uma compensação na DCTF não constituiria fato suficiente para obstar o seu reconhecimento administrativo. 16. Inegável, no entanto, que à impugnante caberia, ao menos, fazer prova de que procedera, de fato, à alegada compensação em sua própria contabilidade. Afinal, é necessário esse registro a fim de estabelecer o marco temporal da utilização de seu crédito, tanto para afastar a prescrição de seu direito como para fins de comprovar a espontaneidade do procedimento. Noutras palavras, o direito subjetivo de compensar recolhimentos a maior de uma contribuição com débitos de mesma espécie, não pode ser simplesmente arguido, dependendo seu exercício, além da comprovação material dos créditos a compensar, da correspondente escrituração contábil capaz de demonstrar cabalmente que o procedimento foi de fato adotado previamente à autuação. (grifo nosso) O CARF, porém, sob a ótica do princípio da verdade material, optou por converter o julgamento em diligência, resultando no presente relatório, como segue. De modo a dar prosseguimento à solicitação do CARF, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal nº 563/2012, no qual o sujeito passivo foi intimado a esclarecer se houve ou não a escrituração das compensações de PIS e Cofins à época dos fatos, com a devida comprovação por meio da apresentação dos respectivos livros contábeis (fls. 156 a 157). Fl. 326DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 6 Este procedimento justificase pelo fato de que o contribuinte, embora admita ter deixado de informar as compensações em DCTF, na apresentação de seu recurso voluntário alega ter devidamente escriturado tais fatos contábeis (fls. 130, item 2.14), apesar de até então não ter juntado aos autos a correspondente documentação probatória. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 563/2012, o contribuinte apresentou os Livros Diário e Razão solicitados, indicando os registros contábeis com os quais pretende comprovar a devida escrituração das compensações à época própria, ao longo dos anos de 2001 e 2002,portanto, antes da lavratura do auto de infração em 2006 (fls. 259 a 281). Em análise dos livros contábeis apresentados, depois de examinadas suasformalidades extrínsecas e intrínsecas, constatouse que procede a alegação do contribuinte de que houve o registro das compensações dos débitos de PIS e Cofins do período de janeiro a julho de 2002, conforme apontamentos nos livros (fls. 259 a 281). Com relação aos créditos utilizados nas compensações, alega serem oriundos de retificações das DCTFs do anocalendário de 2000, as quais reduziram os débitos declarados, depois de já terem sido efetuados os pagamentos pelos valores originais. De modo a esclarecer os fatos, por meio da Intimação Fiscal nº 585/2012 foi solicitado ao contribuinte comprovar a titularidade dos créditos pleiteados em nome da pessoa jurídica sucedida Slaviero Florestal S/A, CNPJ 76.588.219/000115 – bem como esclarecer o porquê das sucessivas retificações das DCTFs do anocalendário 2000, ano de origem do crédito (fls. 159 a 162). Em resposta à intimação, dentre outros documentos, o contribuinte juntou Atas da Assembleia Geral Extraordinária e Protocolos de Cisão Total, referentes à cisão da Companhia Slaviero Florestal S/A, onde consta que a totalidade dos ativos e passivos da sucedida foram atribuídos a interessada no presente processo, exceto por um imóvel rural (fls. 166 a 204). Portanto, resta comprovada a titularidade da interessada quanto aos créditos também da empresa sucedida. Quanto às sucessivas retificações das DCTFs no anocalendário 2000 (fls. 223 a 224), esclareceu que se deram em função da necessidade de retificação dos valores de outros tributos que não as contribuições sociais PIS e Cofins, pois para estes já havia deferimento das solicitações apresentadas em formulários, decorrente da exclusão das vendas do ativo imobilizado da base de cálculo das contribuições (fls. 70 a 76 e 98 a 104). Corroborando essa informação, os débitos das contribuições sociais declarados na DIPJ Exercício 2001 equivalemse aos valores constantes das DCTFs retificadoras, que deram origem ao crédito ora pleiteado (fls. 225 a 258). Fl. 327DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 16408.000906/200685 Acórdão n.º 3802003.564 S3TE02 Fl. 325 7 Após as verificações da existência dos créditos e de que as compensações foram devidamente registradas na contabilidade à época dos fatos, passouse então a verificação docorreto procedimento de compensação dos créditos de PIS e Cofins do anocalendário de 2000 com os débitos das contribuições do período de janeiro a julho de 2002, auditandose as planilhas apresentadas pelo contribuinte (fls. 77 a 82 e 105 a 110). Observouse que a empresa iniciou a compensação dos créditos com débitos de PIS e Cofins do período de maio a dezembro de 2001, utilizando o saldo remanescente na compensação com os débitos objetos do presente auto de infração (janeiro a julho de 2002). Notase que os registros das compensações cessaram no período de julho de 2002, não tendo sido encontradas na contabilidade outras utilizações para os mesmos créditos. Os débitos das contribuições sociais do anocalendário de 2001 constantes das planilhas apresentadas (fls. 77 a 82 e 105 a 110) conferem com os valores informados na correspondente DIPJ (fls. 205 a 216), bem como os débitos do anocalendário de 2002 conferem com os valores do auto de infração (fls. 07 e 16). Também conferem os montantes dos créditos informados, sendo iguais à diferença entre os DARFs recolhidos (fls. 217 a 222) e os valores declarados nas DCTF retificadoras (fls. 225 a 234) e DIPJs (fls. 235 a 258), para ambas ascontribuições. Tendo sidos confirmados todos os valores de débitos e créditos envolvidos na operação, utilizouse sistema próprio da RFB para aferição do encontro de contas efetuado pelo contribuinte nas compensações. Como se observa dos relatórios produzidos pelo sistema às fls. 282 a 297, concluise pela correção dos cálculos efetuados. Portanto, restando confirmada a correção dos cálculos das compensações, da mesma forma resta caracterizada a insuficiência de crédito para compensação total dos débitos, percebida pelo contribuinte somente depois da ciência do auto de infração correspondente. Conforme observase às fls. 82 e 110, restou saldo devedor de PIS no montante original de R$ 256,39 e de Cofins no montante original de R$ 3.436,76, ambos do período de julho de 2002. Anteriormente à apresentação da impugnação, o contribuinte efetuou os recolhimentos correspondentes aos lançamentos destes valores não compensados (fls. 298 a 299), no prazo de 30 dias da ciência do auto de infração (fls. 54). Apurou corretamente os juros Selic devidos (71,14%),porém, equivocadamente, aplicou de forma duplicada a redução da multa de ofício a que teria direito (50%), para ambas as contribuições, restando devedores os montantes de R$ 48,08 para o PIS e de R$ 644,40 para a Cofins, em valores originais na data de 18/09/2006 (data do recolhimento dos DARFs). Fl. 328DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 8 Isto posto, concluise que consta da contabilidade da empresa a escrituração das compensações efetuadas entre créditos de PIS e Cofins do anocalendário de 2000 e débitos dasmesmas contribuições do período de janeiro a julho de 2002, estes, objetos do presente auto deinfração. Concluise também que os créditos utilizados nas referidas compensações encontravamse disponíveis ao contribuinte, pela análise da contabilidade e valores constantes da DIPJ, apesar dasretificações posteriores das DCTFs, esclarecidas pelo contribuinte às fls. 167 a 168. Restaram não pagos nem compensados os montantes de R$ 48,08 de PIS e de R$644,40 de Cofins (valores em 18/09/2006). Assim sendo, como confirmado pela fiscalização quando do pedido de realização de diligência; após as verificações devidas da existência dos créditos e de que as compensações foram devidamente registradas na contabilidade à época dos fatos, logo, resta comprovado procedimento de compensação, exceto em relação aos valores de R$ 48,08 de PIS e de R$ 644,40 de Cofins (valores em 18/09/2006). Por todo o exposto, os elementos probatórios são considerados para fins de exclusão da tributação, tendo em vista reconhecimento pela unidade de origem, pós realização de diligência. Isso posto, diante dos fatos comprobatórios e ratificados, dou provimento parcial ao recurso voluntário. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Fl. 329DF CARF MF Impresso em 06/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 0 3/10/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
score : 1.0
Numero do processo: 10480.900121/2012-01
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Oct 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002
PIS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE.
Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-003.559
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel- Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente).
Nome do relator: MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002 PIS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberando-se, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixa-se de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido.
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BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO DA LEI Nº 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. Declarada a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos nºs 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 01 21 /2 01 2- 01 Fl. 125DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Sérgio Celani, Sidney Eduardo Stahl, Marcos Antonio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antonio Caliendo Velloso da Silveira e Flavio de Castro Pondes (Presidente). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ RECIFE/PE, abaixo transcrito: Tratase de Manifestação de Inconformidade, protocolizada aos 09/03/2012 contra Despacho Decisório eletronicamente emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil no Recife DRF/ RECIFE/PE, do qual a contribuinte tomou ciência aos 10/02/2012, por meio do qual foi indeferido o Pedido de Restituição PER aqui tratado, em que é indicado suposto crédito, no valor de R$ 586,66, a título de pagamento indevido ou a maior realizado a título da Contribuição para o PIS/Pasep em relação ao período de apuração de agosto de 2002, no valor de R$ 4.814,55. 2. O indeferimento se deu porque, embora localizado supra dito pagamento, ele fora integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição. 3. No recurso, a defendente solicita a reunião dos processos administrativos que relaciona, os quais alega ter o mesmo objeto e causa de pedir (restituição de conjecturados créditos, apurados em diversos meses, decorrentes de pagamentos indevidos da contribuição para o PIS/COFINS, pautados na inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718, de 27/11/1998). 4. Invoca, para amparar o pleito de reunião de processos que, na sua visão, impediria o risco de que neles fossem proferidas diferentes decisões , o princípio da economia processual, a otimização dos trabalhos da recorrente e da Administração Tributária, a determinação constitucional de razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88). Ademais, estriba o pedido na disposição contida no art. 103, do Código de Processo Civil –CPC e, ainda, em opiniões doutrinárias e em precedente do então 1º Conselho de Contribuintes. 5. Na seqüência, critica a defendente que, contrariamente ao disposto no art. 65, da Instrução Normativa IN nº 900, expedida aos 30/12/2008 pela RFB1, não fora intimada a esclarecer a higidez de seu crédito e que, tivesse isto ocorrido, o pedido de restituição seria deferido, na medida em que teria logrado comprovar o direito ao reconhecimento do indébito. 6. Argumenta que, nos termos do art. 142, do CTN, é dever da Fiscalização aprofundar o exame da situação concreta, de modo que o lançamento e também as demais glosas fiscais se baseiem na correta subsunção dos fatos à lei. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.900121/201201 Acórdão n.º 3801003.559 S3TE01 Fl. 12 3 7. Fala, ainda, que, como a Fiscalização sequer tomou conhecimento das razões que justificam o pedido de restituição, imporseia a reforma do Despacho Decisório. 8. Adiante, tece considerações quanto à inconstitucionalidade do art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98, declarada pela Suprema Corte, após o que aduz que, conquanto a inconstitucionalidade haja sido reconhecida no controle difuso, foi a questão decidida em sessão plenária do STF, razão por que os órgãos da Administração Tributária devem afastar sua aplicação, aos moldes do que determina o art. 26A, §6º, do Decreto nº 70.235/72, e o art. 59, do Decreto nº 7.574, de 29/09/2011, disposição esta que também estava encartada no art. 49, parágrafo único, I, do Regimento Interno do antigo Conselho de Contribuintes e, atualmente, está embutida no art. 62, §1º, I, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF. 9. Destaca que o art. 62A, caput, do RICARF, vincula o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais a adotar as decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF sob o regime previsto no art. 543B, do CPC, tal como ocorreu, na situação aqui tratada no RE nº 585.235 – o que reforçaria que o entendimento do STF quanto à citada inconstitucionalidade deve ser aplicado no caso dos autos. 10. Pondera, outrossim, que “um dispositivo de lei declarado inconstitucional é uma norma absolutamente nula, impossibilitada de produzir efeitos jurídicos válidos, em razão de seu desacordo com o texto constitucional, a quem deve irrestrita obediência” e que “seria ilógico que a administração fazendária continuasse a reconhecer a validade de um texto de lei já declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal”, entendimento este que a recorrente escora em diversos precedentes administrativos da Câmara Superior de Recursos Fiscais a que faz remissão. 11. Conclui a questão dizendo ser indubitável que o entendimento do STF nos recursos extraordinários por ela referidos deve ser empregado pelas autoridades administrativas em suas decisões. 12. Avante, diz a recorrente que na base de cálculo da contribuição aqui tratada “somente deveriam ter sido incluídos pela requerente os valores correspondentes ao seu faturamento, ou seja, os ingressos que correspondem às suas receitas das vendas de mercadorias e da prestação de serviços” e que, no caso concreto, tem direito ao crédito requerido no PER, correspondente ao valor desta contribuição que teria sido calculado sobre o montante não integrante de seu faturamento. 13. Sustenta que, para que não pairem dúvidas, anexa documentos hábeis a comprovar a higidez do crédito pleiteado. 14. No final da Manifestação de Inconformidade, a recorrente: (i) requer o acolhimento do recurso interposto; (ii) informa que a matéria discutida não foi submetida à apreciação judicial; e (iii) protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente Fl. 127DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 4 a produção de perícias, a realização de diligência e a juntada de documentos. 15. Ao recurso a contribuinte anexou, além de documentos de representação processual: (i) planilha com as rubricas sobre as quais apurou o suposto crédito a ser restituído; e (ii) cópia de folhas de Balancete correspondente ao período de apuração aqui tratado. 16. Este julgador anexou aos autos extratos emitidos no sistema DCTF/CONS. Analisando o litígio, a DRJ de Recife/PE considerou improcedente a manifestação de inconformidade, conforme ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002 TRIBUTO. PAGAMENTO ESPONTÂNEO. RESTITUIÇÃO. RECONHECIMENTO. REQUISITOS. O reconhecimento do direito à restituição exige a comprovação da realização de pagamento de tributo indevido ou a maior que o devido em face da legislação aplicável ou das circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido. RESTITUIÇÃO. ÔNUS PROBANTE. É do sujeito passivo o ônus probante do direito à restituição. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/98. PAGAMENTO SOBRE OUTRAS RECEITAS QUE NÃO AS DE VENDA DE MERCADORIAS E/OU SERVIÇOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não tendo a recorrente comprovado que o valor confessado em DCTF e por ela recolhido a título da Contribuição para o PIS/Pasep foi calculado sobre outras receitas que não as de venda de mercadorias e/ou de prestação de serviços, resta incomprovada a realização de pagamento indevido ou a maior que devido sob o fundamento de inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo desta contribuição perpetrada pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 9.718/98. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002 DIREITO CREDITÓRIO. PROVAS. MOMENTO PARA APRESENTAÇÃO. Ressalvadas as hipóteses das alíneas “a” a “c”, do art. 16, do Decreto nº 70.235/72, as provas comprobatórias do direito creditório devem ser apresentadas por ocasião da interposição da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de posterior juntada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido É o relatório. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.900121/201201 Acórdão n.º 3801003.559 S3TE01 Fl. 13 5 Voto Conselheira Maria Inês Caldeira Pereida da Silva Murgel Conheço do Recurso Voluntário, uma vez que apresenta os requisitos de admissibilidade e foi apresentado dentro do prazo de 30 dias fixado pela legislação. Como se depreende da leitura dos autos, em síntese, o contribuinte, invocando o reconhecimento, pelo STF, da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo das contribuição ao PIS e da COFINS promovido pela Lei nº 9.718/98, requereu a restituição dos valores indevidamente recolhidos. Sendo indeferido o pedido administrativo de restituição, a Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade, à qual juntou aos autos, além de planilhas que supostamente comprovariam o seu direito creditório, os balancetes, com a segregação das receitas. No julgamento da Manifestação de Inconformidade, a delegacia de julgamento de Recife/PE alega que o contribuinte não comprovou o recolhimento indevido ou a maior dos créditos tributários invocados no pedido de restituição. Ocorre que a própria Delegacia da Receita Federal poderia, de ofício, independentemente de requerimento expresso, ter realizado diligências para aferir a autenticidade dos créditos declarados pela Recorrente. Esta é a orientação do artigo 18 do Decreto 70.235/72. Confirase: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) A ilação do citado dispositivo do Decreto que rege o processo administrativo é de que deve a Administração Pública se valer de todos os elementos possíveis para aferir a autenticidade das declarações dos contribuintes, o que, data venia, não foi feito no presente caso. Devese ressaltar, sobre o processo administrativo fiscal, que ele é delineado por diversos princípios, dentre os quais se destaca o da Verdade Material, cujo fundamento constitucional reside nos artigos 2º e 37 da Constituição Federal, no qual o julgador deve pautar suas decisões. Ou seja, o julgador deve perseguir a realidade dos fatos, para que não incorra em decisões injustas ou sem fundamento. Nesse sentido, são os ensinamentos do ilustre Professor James Marins: Fl. 129DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 6 A exigência da verdade material corresponde à busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal; aproximação entre os eventos ocorridos na dinâmica econômica e o registro formal de sua existência; entre a materialidade do evento econômico (fato imponível) e sua formalidade através do lançamento tributário. A busca pela verdade material é princípio de observância indeclinável da Administração tributária no âmbito de suas atividades procedimentais e processuais. (grifouse).(MARINS, James. Direito Tributário brasileiro: (administrativo e judicial). 4. ed. São Paulo: Dialética, 2005. pág. 178 e 179.) Sobre o princípio da verdade material, também ensina o ilustre professor Celso Antônio Bandeira de Mello: Princípio da verdade material. Consiste em que a Administração, ao invés de ficar restrita ao que as partes demonstrem no procedimento, deve buscar aquilo que é realmente a verdade, com prescindência do que os interessados hajam alegado e provado (...). (...) O princípio da verdade material estribase na própria natureza da atividade administrativa. Assim, seu fundamento constitucional implícito radicase na própria qualificação dos Poderes tripartidos, consagrada formalmente no art. 2º da Constituição, com suas inerências. Deveras, se a Administração tem por finalidade alcançar verdadeiramente o interesse público fixado na lei, é óbvio que só poderá fazêlo buscando a verdade material, ao invés de satisfazerse com a verdade formal, já que esta, por definição, prescinde do ajuste substancial com aquilo que efetivamente é, razão porque seria insuficiente para proporcionar o encontro com o interesse público substantivo. Demais disto, a previsão do art. 37, caput, que submete a Administração ao princípio da legalidade, também concorre para a fundamentação do princípio da verdade material no procedimento (...). (BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de direito administrativo. 24. ed. rev. atual. São Paulo: Malheiros Editores, 2007. p. 489, 493 e 494) No processo administrativo tributário, o julgador deve sempre buscar a verdade e, portanto, não pode basear sua decisão em apenas uma prova carreada nos autos. É permitido ao julgador administrativo, inclusive, ao contrário do que ocorre nos processos judiciais, não ficar restrito ao que foi alegado, trazido e provado pelas partes, devendo sempre buscar todos os elementos capazes de influir em seu convencimento. Isto porque, no processo administrativo não há a formação de uma lide propriamente dita, não há, em tese, um conflito de interesses. O objetivo é esclarecer a ocorrência dos fatos geradores de obrigação tributária, de modo a legitimar os atos da autoridade administrativa. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.900121/201201 Acórdão n.º 3801003.559 S3TE01 Fl. 14 7 Este Conselho, em reiteradas decisões, há muito se posiciona no sentido de que o processo administrativo, em especial o julgador, deve ter como norte a verdade material para solução da lide. Confirase: IPI. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. Nos termos do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/72, é facultado ao sujeito passivo a apresentação de elementos probatórios na fase impugnatória. A não apreciação de documentos juntados aos autos ainda na fase de impugnação, antes, portanto, da decisão, fere o princípio da verdade material com ofensa ao princípio constitucional da ampla defesa. No processo administrativo predomina o princípio da verdade material, no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. Deve ser anulada decisão de primeira instância que deixa de reconhecer tal preceito. Processo anulado. (13896.000730/0099, Recurso Voluntário n°. 132.865, ACÓRDÃO 20312338, Relator Dalton Cesar Cordeiro de Miranda)PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO PROVA MATERIAL APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE PROCESSUAL E A BUSCA DA VERDADE MATERIAL A não apreciação de provas trazidas aos autos depois da impugnação e já na fase recursal, antes da decisão final administrativa, fere o princípio da instrumentalidade processual prevista no CPC e a busca da verdade material, que norteia o contencioso administrativo tributário. "No processo administrativo predomina o princípio da verdade material no sentido de que aí se busca descobrir se realmente ocorreu ou não o fato gerador, pois o que está em jogo é a legalidade da tributação. O importante é saber se o fato gerador ocorreu e se a obrigação teve seu nascimento". (Ac. 10318789 3 ª. Câmara 1 º. C.C.). Precedente: Acórdão CSRF/0304.371 RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO. (10950.002540/200565, Recurso Voluntário n°. 136.880, Acórdão 30239947, Relatora Judith do Amaral Marcondes) IRPJ PREJUÍZO FISCAL IRRF RESTITUIÇÃO DE SALDO NEGATIVO ERRO DE FATO NO PREENCHIMENTO DA DIPJ PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL Não procede o não reconhecimento de direito creditório relativo a IRRF que compõe saldo negativo de IRPJ, quando comprovado que a receita correspondente foi oferecida à tributação, ainda que em campo inadequado da declaração. Recurso provido.(Número do Recurso: 150652 Câmara:Quinta Câmara Número do Processo:13877.000442/200269– Recurso Voluntário: 28/02/2007) COMPENSAÇAO ERRO NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO E/OU PEDIDO – Uma vez demonstrado o erro no preenchimento da declaração e/ou pedido, deve a verdade material prevalecer sobre a formal. Recurso Voluntário Provido. (Número do Recurso: 157222 Primeira Câmara Número do Processo:10768.100409/200368– Recurso Voluntário: 27/06/2008 Acórdão 10196829). Assim, devem ser considerados, in casu, os documentos apresentados pela Recorrente e, além disso, as declarações enviadas à Receita Federal do Brasil. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 8 Como se não bastasse, na decisão recorrida, a Delegacia de Julgamento alega que não poderia deixar de aplicar o disposto na Lei 9.718/98, com relação ao alargamento da base de cálculo das mencionadas contribuições. Neste ponto, contudo, não devem prevalecer as conclusões da Delegacia de Julgamento de Recife (PE). O § 1o, do artigo 3o, da Lei 9.718/98, que dava embasamento ao Fisco para que considerasse como base de cálculo da COFINS a receita bruta, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Fato é que o Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento dos Recursos Extraordinários n.ºs 357.950/RS, 358.273/RS, 390840/MG, Relator Ministro Marco Aurélio, e n.º 346.0846/ PR, do Ministro Ilmar Galvão, pacificou o entendimento da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das contribuições destinadas ao PIS e à COFINS, promovida pelo § 1º, do artigo 3º, da Lei n.º 9.718/98. Os aludidos acórdãos foram assim ementados: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. Em outra oportunidade, a Excelsa Corte (STF), por unanimidade, ao apreciar o Recurso Extraordinário nº 585235, DJ nº 227 do dia 28/11/2008, reconheceu a existência de repercussão geral e reafirmou a jurisprudência no sentido da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, conforme decisão transcrita abaixo: O Tribunal, por unanimidade, resolveu questão de ordem no sentido de reconhecer a repercussão geral da questão constitucional, reafirmar a jurisprudência do Tribunal acerca da inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 e negar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, tudo nos termos do voto do Relator. (....)(grifouse) O acórdão proferido no referido recurso extraordinário, DJ 28/11/2008, teve a seguinte ementa: Fl. 132DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10480.900121/201201 Acórdão n.º 3801003.559 S3TE01 Fl. 15 9 RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Outrossim, o Decreto nº 70.235/72, que rege o processo fiscal, estabelece: “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade* (...) §6º O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:* I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;* (...)” *Nova redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009 Destarte, as autoridades administrativas têm que se submeter ao entendimento do Supremo Tribunal Federal e, de fato, observar o posicionamento da Corte Suprema. Neste sentido, alterouse o Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria nº 256/2009 do Ministro da Fazenda, com alterações das Portarias 446/2009 e 586/2010. O artigo 62A dispõe que os Conselheiros têm que reproduzir as decisões do STF proferidas na sistemática da repercussão geral, in verbis: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. {*} (...) {*} alteraçãos introduzida pela Port. MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010–DOU de 22.12.2010 ( grifouse) Concluise, assim, independentemente de o contribuinte ter ação judicial sobre o tema, ser improcedente a exigência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita bruta, nos termos dos conceitos já firmados pelo Supremo Tribunal Federal. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES 10 Nesse sentido, voto por julgar procedente o recurso para reconhecer o direito à restituição, mediante compensação, dos pagamentos a maior da contribuição, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei n.º 9.718/1998. É importante consignar que compete a autoridade administrativa, com base na escrita fiscal e contábil, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. (assinado digitalmente) Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel Relator Fl. 134DF CARF MF Impresso em 29/10/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado dig italmente em 22/10/2014 por MARIA INES CALDEIRA PEREIRA DA SILVA MURGEL, Assinado digitalmente em 27 /10/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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