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Numero do processo: 16832.000605/2009-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Apr 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
CORRESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS.
Com a revogação do artigo 13 da Lei 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII, da Lei 11.941/09, o Relatório de Representantes Legais (REPLEG) tem a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e o respectivo período de gestão sem, por si só, atribuir-lhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído.
RELATÓRIO DE VÍNCULOS. FINALIDADE INFORMATIVA.
Súmula CARF nº 88: A Relação de Co-Responsáveis - CORESP, o Relatório de Representantes Legais - RepLeg e a Relação de Vínculos - VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa.
DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. COMPETÊNCIAS 01/2004 A 06/2004. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN.
Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuou-se antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN.
VALE-TRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. NÃO-INCIDÊNCIA. ALINHAMENTO COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF.
Em decorrência de entendimento da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos em dinheiro a título de vale-transporte.
ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA.
A não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação restringe-se ao seu fornecimento in natura ou à hipótese de inscrição no PAT. A alimentação fornecida em pecúnia sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência da contribuição previdenciária. Inteligência do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011.
ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. REQUISITOS DO ARTIGO 55 DA LEI 8.212/1991. NÃO COMPROVAÇÃO NOS AUTOS. COMPETÊNCIAS DO ANO DE 2004.
Para se gozar da imunidade prevista no art. 195, § 7o, da Constituição da República Federativa do Brasil, faz-se necessário o atendimento de todos os requisitos previstos no art. 55 da Lei 8.212/1991.
A imunidade (isenção) tem de ser requerida ao Fisco, não sendo automática, conforme preceitua o §1º do art. 55 da Lei 8.212/91.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. INCIDÊNCIA.
É devida contribuição sobre remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais a serviço da empresa.
Quando realiza diretamente o pagamento aos profissionais músicos associados, montagem de palco, bolsa para alunos e regente, a empresa Recorrente é considerada a efetiva contratante dos prestadores de serviços (autônomos).
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.095
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos CONHECER do recurso e DAR PARCIAL PROVIMENTO, para reconhecer que sejam excluídos: os valores apurados até a competência 06/2004, inclusive, em razão da decadência; e os valores oriundos da verba paga a título de vale-transporte em pecúnia (dinheiro), levantamento "VT-Vale Transporte", nos termos do voto. O Conselheiro CLEBERSON ALEX FRIESS divergiu quanto ao reconhecimento da decadência para os levantamentos relativos a contribuintes individuais, por entender não haver prova da existência de pagamentos antecipados a esta espécie de fato gerador. Ausente momentaneamente a Conselheira LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA.
André Luis Marsico Lombardi - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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SALÁRIO INDIRETO: VALETRANSPORTE EM DINHEIRO E AUXÍLIOALIMENTÇÃO SEM PAT Recorrente ASSOCIAÇÃO ORQUESTRA PRÓMÚSICA DO RIO DE JANEIRO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 CORRESPONSABILIDADE DOS REPRESENTANTES LEGAIS. Com a revogação do artigo 13 da Lei 8.620/93 pelo artigo 79, inciso VII, da Lei 11.941/09, o “Relatório de Representantes Legais (REPLEG)” tem a finalidade de apenas identificar os representantes legais da empresa e o respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído. RELATÓRIO DE VÍNCULOS. FINALIDADE INFORMATIVA. Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais RepLeg” e a “Relação de Vínculos VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. COMPETÊNCIAS 01/2004 A 06/2004. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 06 05 /2 00 9- 94 Fl. 244DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 2 No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuouse antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN. VALETRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. NÃOINCIDÊNCIA. ALINHAMENTO COM A JURISPRUDÊNCIA DO STJ E STF. Em decorrência de entendimento da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal de Justiça (STJ), não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos em dinheiro a título de valetransporte. ALIMENTAÇÃO. PAGAMENTO EM PECÚNIA. A não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação restringe se ao seu fornecimento in natura ou à hipótese de inscrição no PAT. A alimentação fornecida em pecúnia sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência da contribuição previdenciária. Inteligência do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011. ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE. REQUISITOS DO ARTIGO 55 DA LEI 8.212/1991. NÃO COMPROVAÇÃO NOS AUTOS. COMPETÊNCIAS DO ANO DE 2004. Para se gozar da imunidade prevista no art. 195, § 7o, da Constituição da República Federativa do Brasil, fazse necessário o atendimento de todos os requisitos previstos no art. 55 da Lei 8.212/1991. A imunidade (isenção) tem de ser requerida ao Fisco, não sendo automática, conforme preceitua o §1º do art. 55 da Lei 8.212/91. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. INCIDÊNCIA. É devida contribuição sobre remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais a serviço da empresa. Quando realiza diretamente o pagamento aos profissionais músicos associados, montagem de palco, bolsa para alunos e regente, a empresa Recorrente é considerada a efetiva contratante dos prestadores de serviços (autônomos). Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos CONHECER do recurso e DAR PARCIAL PROVIMENTO, para reconhecer que sejam excluídos: os valores apurados até a competência 06/2004, inclusive, em razão da decadência; e os valores oriundos da verba paga a título de valetransporte em pecúnia (dinheiro), levantamento "VTVale Transporte", nos termos do voto. O Conselheiro CLEBERSON ALEX FRIESS divergiu quanto ao reconhecimento da decadência para os levantamentos relativos a contribuintes individuais, por entender não haver prova da existência de pagamentos antecipados a esta espécie de fato gerador. Ausente momentaneamente a Conselheira LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA. Fl. 245DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 3 3 André Luis Marsico Lombardi Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (VicePresidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 246DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da recorrente, mantendo o crédito tributário lançado. A ciência do lançamento fiscal ao sujeito passivo deuse em 30/07/2009 (fls. 01 e 02). Os códigos de levantamento utilizado para cadastramento do débito no SAFIS e respectivo período foi: 1. “COAFolha da Contabilidade Aferida”, competências 01/2004 a 12/2004; 2. “CONFolha da Contabilidade”, competências 01/2004 a 12/2004; 3. “PATPrograma de Alimentação”, competências 01/2004 a 12/2004; 4. “VTVale Transporte”, competências 01/2004 a 12/2004. Adotamos trechos do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 166/183), que bem resumem o quanto consta dos autos: “[...] Tratase de crédito lançado pela fiscalização (DEBCAD n° 37.235.7237) relativo às contribuições devidas à Seguridade Social, incidentes sobre as remunerações dos segurados empregados e contribuintes individuais, correspondente à parte da empresa e à destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho GILRAT, do período de 01/2004 a 12/2004. DO RELATÓRIO FISCAL 2. Nos termos do "Relatório Fiscal do Auto de Infração", de fls. 61/64, foram apurados os seguintes fatos geradores: 2.1. Por aferição indireta, os valores escriturados nas contas contábeis 21301001 (Regente e Prep. Coral Petrobrás), 21301002 (Provisão p/ Pág. a efetuar), 41101001 (Part./PatrocínioMúsicos), 41101008 (Cachê Solista OPPM), 41102001 (Regente), 41104026 (Montagem de Palco) e 41204001 (Bolsa para Alunos), por não ter a empresa apresentado os documentos de suporte dos referidos lançamentos, mesmo quando intimada para tal, através do Termo de Intimação Fiscal TIF de n° 02, 03 e 04, motivo pelo qual foi lavrado o AI n° 37.235.7296 (CFL38); 2.2. Valores pagos a título de vale refeição, sem a devida inscrição no PAT, escriturados na conta "41105009Vale Refeição"; Fl. 247DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 4 5 2.3. Valores pagos a título de vale transporte, em dinheiro, sem a comprovação da compra dos vales transportes, escriturados na conta "41105009Vale Transporte"; 2.4. Valores pagos a contribuintes individuais, excluídos os considerados pela empresa, escriturados nas seguintes contas: 41102002, 41102003, 41102004, 41103001, 41103008, 41103014, 41104004, 41104009, 41104013, 41104015, 41104023, 41105009, 41105010, 41105017, 41106001, 41106002, 41106004, 41106006, 41203019, 41203022, 41203023, 41203024, 41203029 e 41203031, conforme detalhado no Relatório de Lançamentos RL, de fls. 15/20. 3. Inconformado com a exigência do crédito, o sujeito passivo apresentou, em 28/08/2009, peça impugnatória, de fls. 87/107, através da qual contesta o lançamento, alegando, em síntese, as seguintes questões: 3.1. Que os valores pagos foram obtidos através de patrocínio da Petrobrás S/A e se destinaram à execução de projeto de divulgação da música erudita, nos termos da Lei 8.313/91 (Lei Rouanet), conforme doe. 03 juntado aos autos, e em nenhum momento se trataram de remunerações por serviços prestados; 3.2. Que os valores referentes às contribuições previdenciárias dos segurados empregados foram devidamente recolhidos, sendo que a autoridade fiscal sequer discriminou se algum valor foi pago a menor, nem tampouco a intimou a recolher a suposta diferença, dificultando, inclusive, a defesa nesse ponto; 3.3. Que no Relatório Fiscal devem ser explicitados todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito, de forma clara e precisa, possibilitando o contraditório e a ampla defesa, nos termos do art. 243 do RPS; 3.4. Que mesmo não sendo filiada ao PAT, tal fato não retira a natureza indenizatória das parcelas pagas a título de auxílio alimentação, visto que os referidos valores, bem como aqueles pagos a título de auxíliotransporte, mesmo tendo sido pagos em espécie, possuem natureza indenizatória e tiveram por fim viabilizar a execução do seu objetivo institucional, qual seja, divulgar a música erudita através de concertos públicos e gratuitos, não representando, assim, qualquer ganho patrimonial aos empregados e aos músicos associados por serviços prestados; 3.5. Que os incisos VIII e IX do parágrafo I o do art. 2 o do Decreto 4.840/03 vedam que os valores pagos, ainda que em dinheiro, a título de auxílioalimentação e auxíliotransporte, respectivamente, sejam considerados como remuneração; 3.6. Que os valores lançados na rubrica contábil "Part/Patroc. Diversos" não se tratam de contraprestação por serviços prestados, mas sim de verbas advindas do patrocínio existente, cuja aplicação objetiva difundir, através dos músicos associados, a música erudita. Logo, não há como responsabilizá Fl. 248DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 6 la pelo recolhimento da contribuição previdenciária, visto que não houve prestação de serviços pelos músicos associados; 3.7. Que as verbas decorrentes do patrocínio destinamse aos músicos associados e não à ora defendente, pessoa jurídica de direito privado. Tanto que tais verbas não possuem natureza salarial, pois que todos esses músicos possuem vínculo de emprego com outras orquestras; 3.8. Que ainda que assim não fosse, a ora impugnante é uma associação filantrópica, sem fins lucrativos, possuindo, portanto, imunidade em relação às cotas patronais das contribuições previdenciárias objeto do presente lançamento, nos termos da alínea "c" do inciso VI do art. 150 da CF/88; 3.9. Que em função de os recursos destinados à execução do aludido projeto cultural terem se originado de patrocínio, não se poderia atribuir caráter remuneratório às atividades necessárias à sua implementação, tais como, montagem de palco, regência de concertos, coordenação de palco, solistas, etc; 3.10. Que pela aplicação do art. 173, I, do CTN, a competência 12/2003 já estaria alcançada pela decadência, uma vez que o lançamento relativo ao suposto fato gerador somente poderia ter sido efetuado até dezembro/2008, haja vista o disposto na Súmula Vinculante n° 8 do STF; 3.11. Que em que pese a presunção de legitimidade dos atos administrativos, tal fato não dispensa a autoridade fiscal de apurar os fatos tributáveis com diligência, não podendo atuar por mera presunção, sem que se obtenha uma decisão judicial nesse sentido, com a produção inconteste e ampla de todos os meios de prova legalmente admitidas; 3.12. Que o inadimplemento de obrigação tributária, ainda que comprovado, não constitui infração capaz de ensejar a responsabilização solidária dos atuais diretores da defendente, conforme descrito na "Relação de Vínculos"; 3.13. Que é totalmente descabida a adoção do procedimento de aferição indireta, uma vez que em momento algum houve por parte da impugnante recusa ou sonegação de qualquer informação ou documento; 3.14. Que a aferição indireta não deve prosperar, devendo ser realizado exame pericial na contabilidade para se apurar os valores lançados; 3.15. Que ainda que não seja reconhecido o descabimento da aferição indireta, a autoridade fiscal não trouxe evidências capazes de assegurar a ocorrência do fato gerador, mas, tão somente, meras presunções, o que constitui violação ao art. 112 do CTN, que impõe a interpretação mais favorável ao acusado da lei que defina infrações ou comine penalidades; 3.16. Que a cobrança da taxa SELIC em matéria tributária constitui afronta ao caput do art. 161 do CTN, além de implicar aumento de tributo sem lei específica a respeito, em confronto com o art. 150,I, da CF/88; Fl. 249DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 5 7 3.17. Protesta, finalmente, para provar o alegado, por posterior juntada de provas. [...]” Como afirmado, a impugnação apresentada pela recorrente foi julgada improcedente, tendo a recorrente apresentado, tempestivamente, o recurso voluntário, no qual alega, em apertada síntese, que: 1. Indevida inclusão dos sócios com corresponsáveis; 2. os comprovantes de recolhimentos da contribuição previdenciária referentes a segurados empregados foram apresentadas à autoridade fiscal, bem como corretamente lançadas no Livro Diário no 18; 3. os pagamentos a título de valerefeição e valetransporte não possuíram natureza salarial no presente caso; 4. os valores lançados a título de "montagem de palco", "bolsa para alunos e Regente", além de não possuírem natureza salarial, consistemse no estrito cumprimento do objetivo da ora Recorrente; 5. ocorreu a decadência do prazo de cinco anos para a cobrança da contribuição previdenciária referente à competência de dezembro/2003. É o relatório. Fl. 250DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 8 Voto Conselheiro André Luis Marsico Lombardi, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. A Recorrente manifesta inconformismo a respeito do relatório dos corresponsáveis, pois entende que estaria sendo imputada responsabilidade aos sócios da empresa. Quanto à essa alegação da indevida responsabilização dos sócios (diretores), cabe esclarecer que os corresponsáveis mencionados pela fiscalização não figuram no polo passivo do presente lançamento fiscal. A relação de corresponsáveis, anexada pela fiscalização (fls. 24/25), tem como finalidade identificar as pessoas que poderiam ser responsabilizadas na esfera judicial, caso fosse constatada a prática de atos com infração de leis ou estatuto, conforme determina o Código Tributário Nacional, e permitir que se cumpra o estabelecido no art. 2º, inciso I, § 5º, da Lei 6.830/1980. Lei 6.830/1980: Art. 2º. Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou nãotributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. (...) § 5º O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: I o nome do devedor, dos coresponsáveis e sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros (g.n.); Além disso, verificase que o artigo 79, inciso VII, da Lei 11.941/2009 revogou o artigo 13 da Lei 8.620/1993. Com isso, após essa revogação do artigo 13, o denominado “Relatório de Representantes Legais (REPLEG), acompanhada do Relatório de Vínculos, não pode mais ostentar em seu título qualquer expressão que venha mesma a apenas insinuar uma corresponsabilidade das pessoas nela relacionadas. Segue transcrição: Lei 8.620/1993: Art. 13. O titular da firma individual e os sócios das empresas por cotas de responsabilidade limitada respondem solidariamente, com seus bens pessoais, pelos débitos junto à seguridade social. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 6 9 Parágrafo único. Os acionistas controladores, os administradores, os gerentes e os diretores respondem solidariamente e subsidiariamente, com seus bens pessoais, quanto ao inadimplemento das obrigações para com a seguridade social, por dolo ou culpa. A relação de corresponsáveis apenas identifica os sócios e diretores da empresa e respectivo período de gestão sem, por si só, atribuirlhes responsabilidade solidária ou subsidiária pelo crédito constituído. Não é conseqüência do aludido documento que os referidos representantes legais passem a constar no polo passivo da obrigação tributária. O Relatório “REPLEG” serve apenas como subsídio à Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), caso haja necessidade de execução judicial do crédito previdenciário, e sendo verificada a ocorrência das hipóteses legais para a responsabilização tributária prevista no Código Tributário Nacional (CTN). Assim, temse que a indicação dos representantes legais é mero subsídio para, se necessário e cabível, o crédito previdenciário ser exigido dos administradores exclusiva, solidária ou subsidiariamente com o contribuinte. No entanto, nem por isso os representantes legais não devam constar em relação preparada pelo Fisco. É da analise dos contratos sociais e estatuto que são identificados os sócios e diretores da empresa, dessa relação a PFN poderá indicar eventuais corresponsáveis pelo crédito, conforme dispõe em especial o artigo 135 da Lei 5.172/1966 (Código Tributário Nacional CTN): Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Nesse sentido a Súmula CARF n° 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa. Portanto, não acato essa preliminar, já que a finalidade do “Relatório de Representantes Legais REPLEG (Relação de Corresponsáveis)” é apenas identificar os sócios e diretores da empresa, com seu respectivo período de gestão. DA PREJUDICIAL DE DECADÊNCIA: Fl. 252DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 10 A Recorrente alega que os valores apurados foram atingidos pela decadência e requer a aplicação da regra decadencial prevista no CTN. Pelos motivos a seguir delineados, tal alegação será acatada em parte. Inicialmente, registramos que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar os Recursos Extraordinários nº 556664, 559882, 559943 e 560626, negou provimento aos mesmos por unanimidade, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, ambos da Lei 8.212/1991. Na oportunidade, os ministros ainda editaram a Súmula Vinculante 08 a respeito do tema, a qual transcrevo abaixo: Súmula Vinculante 8 STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. É necessário observar os efeitos da súmula vinculante, conforme se depreende do art. 103A, caput, da Constituição Federal que foi inserido pela Emenda Constitucional 45/2004, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (g.n.) Da leitura do dispositivo constitucional, podese concluir que, a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. O Código Tributário Nacional trata da decadência no artigo 173, abaixo transcrito: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (g.n.) II da data em que se tornar definitiva à decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo Único. O direito a que se refere este artigo extingue se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. Por outro lado, ao tratar do lançamento por homologação, o Códex Tributário definiu no art. 150, § 4º o seguinte: Fl. 253DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 7 11 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Tem sido entendimento constante em julgados do Superior Tribunal de Justiça que, nos casos de lançamento em que o sujeito passivo antecipa parte do pagamento da contribuição, aplicase o prazo previsto no § 4º do art. 150 do CTN, ou seja, o prazo de cinco anos passa a contar da ocorrência do fato gerador, uma vez que resta caracterizado o lançamento por homologação. Se, no entanto, o sujeito passivo não efetuar pagamento algum, nada há a ser homologado e, por consequência, aplicase o disposto no art. 173 do CTN, em que o prazo de cinco anos passa a ser contado do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Verificase que o lançamento fiscal em tela referese às competências 01/2004 a 12/2004 e foi efetuado em 30/07/2009, data da intimação e ciência do sujeito passivo (fls. 01 e 02). No caso em tela, tratase do lançamento de contribuições, cujos fatos geradores o Fisco já reconheceu que a Recorrente efetuou antecipação de pagamento parcial, conforme Relatório Fiscal, Termo de Encerramento do Procedimento FiscalTEPF (fls. 37/38) – o Fisco registrou que houve análise dos comprovantes de recolhimento –, e cópias das Guias da Previdência Social (GPS) de fls. 140/152. Esses documentos afirmam que houve o recolhimento parcial de contribuições previdenciárias devidas. Nesse sentido, a teor do enunciado da súmula 99 do CARF1, aplicase o art. 150, § 4º, do CTN, para considerar que os valores apurados até a competência 06/2004, inclusive, foram atingidos pela decadência tributária. Com isso – como o crédito foi constituído com fundamento no direito potestativo do Fisco em lançar os valores das contribuições não recolhidas em época determinada pela legislação vigente –, a preliminar de decadência será acatada em parte, excluindose os valores apurados nas competências 01/2004 a 06/2004, já que o lançamento fiscal referese ao período de 01/2004 a 12/2004 e as competências posteriores a 06/2004 não foram abarcadas pela decadência tributária. 1 Súmula 99 do CARF: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 12 Diante disso, acatase parcialmente a preliminar de decadência tributária, excluindo as contribuições apuradas até a competência 06/2004, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN. Após isso, passo ao exame de mérito. DO MÉRITO: Quanto ao ValeTransporte pago em dinheiro, devese observar o entendimento da jurisprudência dos tribunais de superposição (STF e STJ) no sentido de que os valores pagos a título de valetransporte em dinheiro não integram o salário de contribuição, já que os atos normativos que o disciplinam afrontam a Constituição Federal. Por meio da Lei 7.418/1985, foi instituído o valetransporte como direito do trabalhador a cargo do empregador, pessoa física ou jurídica, a fim de cobrir despesas efetivas de deslocamento da residência para o trabalho e viceversa. A saber: Art. 1º. Fica instituído o ValeTransporte, que o empregador, pessoa física ou jurídica, poderá antecipar ao trabalhador para utilização efetiva em despesas de deslocamento residência trabalho e viceversa, mediante celebração de convenção coletiva ou de acordo coletivo de trabalho e, na forma que vier a ser regulamentada pelo Poder Executivo, nos contratos individuais de trabalho. Posteriormente, o Decreto no 95.247/1987 veio proibir a concessão de tal benefício mediante pagamento em dinheiro, nos termos do seu art. 5o, in verbis: Art. 5°. É vedado ao empregador substituir o ValeTransporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. No caso de falta ou insuficiência de estoque de ValeTransporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, o beneficiário será ressarcido pelo empregador, na folha de pagamento imediata, da parcela correspondente, quando tiver efetuado, por conta própria, a despesa para seu deslocamento. A Constituição Federal expressamente consignou que: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça. (g.n.) Já o Código Tributário Nacional, complementando a matéria, estabelece que: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; Fl. 255DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 8 13 IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. (...) Art. 99. O conteúdo e o alcance dos decretos restringemse aos das leis em função das quais sejam expedidos, determinados com observância das regras de interpretação estabelecidas nesta Lei. (g.n.) Diante do arcabouço jurídicotributário acima delineado, percebese que o debate acerca deste tema esbarra em questões e postulados jurídicos, o que impede a perpetuação da divergência. Como destacou o Ministro Eros Grau, relator do Recurso Extraordinário (RE) no 478410, em seu voto: “a cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago em dinheiro a título de valetransporte – que efetivamente não integra o salário – seguramente afronta a Constituição em sua totalidade normativa”. Transcrevo abaixo trechos das decisões dos tribunais de superposição: “Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. VALETRANSPORTE. MOEDA. CURSO LEGAL E CURSO FORÇADO. CARÁTER NÃO SALARIAL DO BENEFÍCIO. ARTIGO 150, I, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONSTITUIÇÃO COMO TOTALIDADE NORMATIVA. 1. Pago o benefício de que se cuida neste recurso extraordinário em valetransporte ou em moeda, isso não afeta o caráter não salarial do benefício. 2. A admitirmos não possa esse benefício ser pago em dinheiro sem que seu caráter seja afetado, estaríamos a relativizar o curso legal da moeda nacional. 3. A funcionalidade do conceito de moeda revelase em sua utilização no plano das relações jurídicas. O instrumento monetário válido é padrão de valor, enquanto instrumento de pagamento sendo dotado de poder liberatório: sua entrega ao credor libera o devedor. Poder liberatório é qualidade, da moeda enquanto instrumento de pagamento, que se manifesta exclusivamente no plano jurídico: somente ela permite essa liberação indiscriminada, a todo sujeito de direito, no que tange a débitos de caráter patrimonial. 4. A aptidão da moeda para o cumprimento dessas funções decorre da circunstância de ser ela tocada pelos atributos do curso legal e do curso forçado. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 14 5. A exclusividade de circulação da moeda está relacionada ao curso legal, que respeita ao instrumento monetário enquanto em circulação; não decorre do curso forçado, dado que este atinge o instrumento monetário enquanto valor e a sua instituição [do curso forçado] importa apenas em que não possa ser exigida do poder emissor sua conversão em outro valor. 6. A cobrança de contribuição previdenciária sobre o valor pago, em dinheiro, a título de valestransporte, pelo recorrente aos seus empregados afronta a Constituição, sim, em sua totalidade normativa. Recurso Extraordinário a que se dá provimento.” (RE 478410/SP, Rel.: Min. EROS GRAU, j.10/03/2010, Dje 13.05.2010, Despacho de publicação no 94 de 12/05/2011) “Ementa: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. AUXÍLIOCRECHE. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AUXÍLIOTRANSPORTE PAGO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. ENTENDIMENTO DO STF. REALINHAMENTO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. 1. A solução integral da controvérsia, com fundamento suficiente, não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. 2. O acórdão de origem consignou que a parte não comprovou os gastos com o auxíliocreche nem a idade dos beneficiários. Rever tal entendimento demanda reexame da matéria fáticoprobatória, vedado em Recurso Especial (Súmula 7/STJ). 3. Em razão do pronunciamento do Plenário do STF, declarando a inconstitucionalidade da incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas referentes a auxíliotransporte, mesmo que pagas em pecúnia, fazse necessária a revisão da jurisprudência do STJ para alinharse à posição do Pretório Excelso. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, em parte, provido.” (REsp 1194788/RJ, de 19.08.2010) (g.n.) “EMENTA: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. VALE TRANSPORTE. PAGAMENTO EM PECÚNIA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. REVISÃO. NECESSIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso análogo (RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau), concluiu que é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, já que, qualquer que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza indenizatória. Informativo 578 do Supremo Tribunal Federal. 2. Assim, deve ser revista a orientação desta Corte que reconhecia a incidência da contribuição previdenciária na hipótese quando o benefício é pago em pecúnia, já que o art. 5º do Decreto 95.247/87 expressamente proibira o empregador de efetuar o pagamento em dinheiro. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 9 15 3. Embargos de divergência providos.” (Embargos de Divergência em REsp nº 816.829 – RJ, 2008/02249664) No mesmo caminho da jurisprudência dos tribunais de superposição, a AdvocaciaGeral da União (AGU) publicou no dia 08/12/2011 a Súmula no 60, em que seu enunciado estabelece que: “não há incidência de contribuição previdenciária sobre o vale transporte pago em pecúnia, considerando seu caráter indenizatório da verba”. Com isso, como a questão é eminentemente jurídica, inclinome diante da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para considerar que o valetransporte pago em pecúnia (dinheiro) não integra a base de cálculo das contribuições sociais. Logo, os valores das contribuições sociais apuradas, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos segurados a título de valetransporte pago em dinheiro, deverão ser excluídos do presente lançamento fiscal. Com relação aos valores apurados em decorrência da verba paga a título de auxílioalimentação (ajuda alimentação) em dinheiro, entendo que tal verba é salário de contribuição e, por consectário lógico, deverá ser submetida à incidência da contribuição social previdenciária. Constatase que não houve pagamento “in natura” de auxílioalimentação, sendo os valores incluídos diretamente nas contas contábeis do Livro Razão do ano de 2004 e o pagamento efetuado em pecúnia durante todo o período fiscalizado. Na peça recursal de fls. 193/213, a própria Recorrente admite que a verba concedida a título auxílioalimentação foi paga em dinheiro. A empresa também não está inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). Isso está consubstanciado no Relatório Fiscal (fls. 54/56) nos seguintes termos: “[...] 4. Descrição dos Fatos Geradores: 4.1 A empresa apresentou o livro Diário n. 18, matricula n. 91114 de 22/08/2007 no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Foi solicitado documentos de diversas contas contábeis através do TIF Termo de Intimação Fiscal de n. 02, 03 e 04 e não foram apresentados das contas 21301001, 21301002, 41101001, 41101008, 41102001, 41104026 e 41204001, sendo excluídos dos lançamentos os documentos apresentados destas contas. Esta situação deu origem à emissão do Al n. 37.235.7296 em 30/07/2009 CFL 38, dando margem a aferição indireta. 4.2 Remunerações pagas, devidas, ou creditadas a qualquer titulo, durante o mês, aos segurados empregados que lhe prestaram serviços, destinados a retribuir o trabalho. Apuradas através do livro Razão: Pagamentos a titulo de vale refeição, sem o devido cadastro no PAT Programa de alimentação do trabalhador na conta: 41105009Vale Refeição, nas competências de 01/2004 a 12/2004; [...]” Fl. 258DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 16 Com isso, o auxílioalimentação (ajuda alimentação) pago em dinheiro deve ser considerado como integrante do salário de contribuição, nos termos do artigo 28, § 9o, alínea “c”, da Lei no 8.212/1991, in verbis: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. § 9° Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei n° 6.321, de 14 de abril de 1976; Percebese, então, que o salário de contribuição é o total da remuneração auferida pelo segurado, a qualquer título, não o integrando somente as rubricas previstas no parágrafo 9° do art. 28, e entre elas, a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação do Trabalhador, nos termos da Lei 6.321/1976, que em seu art. 3° dispõe que não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura: “Art. 3°. Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do trabalho”, que não é a hipótese dos autos ora analisado. Esse entendimento está consubstanciado em precedentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos seguintes termos: “REsp 895146 CE, Relator(a):Ministro JOSÉ DELGADO, Julgamento: 27/03/200, Órgão Julgador: T1 PRIMEIRA TURMA, Publicação:DJ 19/04/2007 p. 249 Ementa: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. RECURSO ESPECIAL. AUXÍLIOALIMENTAÇÃO. PARCELAS PAGAS EM PECÚNIA, EM CARÁTER HABITUAL E REMUNERATÓRIO. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PRECEDENTES. 1. Recurso especial interposto pelo INSS contra acórdão proferido pelo TRF da 5ª Região segundo o qual: "A ajuda alimentação, paga pelo Banco do Brasil, mediante crédito em contacorrente, aos seus empregados, não configura salário in natura, e sim, salário, sobre o qual incidirá desconto de contribuição previdenciária, nos temos do Regulamento do Custeio da Previdência Social." 2. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido de que o pagamento in natura do auxílioalimentação, isto é, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a Fl. 259DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 10 17 incidência da contribuição previdenciária, por não constituir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Com tal atitude, a empresa planeja, apenas, proporcionar o aumento da produtividade e eficiência funcionais. 3. Na espécie, as parcelas referentes à ajudaalimentação foram pagas em pecúnia, em caráter habitual e remuneratório, mediante depósito em conta corrente dos respectivos valores, integrando,assim, a base de cálculo da contribuição previdenciária. 4. Precedentes: REsp nº 433230/RS; REsp nº 447766/RS; REsp nº 330003/CE; REsp nº 320185/RS; REsp nº 180567/CE; REsp nº 163962/RS;REsp nº 199742/PR; REsp nº 112209/RS; REsp n º 85306/DF e EREsp603509/CE. 5. Recurso especial nãoprovido.” (g.n.) A adesão ao PAT não constitui mera formalidade. É através do conhecimento da existência do programa em determinada empresa que o Ministério do Trabalho e Emprego, por seu órgão de fiscalização, verificará o cumprimento do disposto no artigo 3° acima transcrito. Ao incentivo fiscal há uma contraprestação por parte da empresa: fornecimento de alimentação com teor nutritivo adequado em ambiente que atenda as condições aceitáveis de higiene. É preciso considerar ainda que o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.117/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda em Despacho de 24/11/2011, concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos e pela desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, com relação às ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária. Assim, a não incidência da contribuição previdenciária sobre alimentação restringese ao seu fornecimento in natura ou à hipótese de inscrição no PAT. A alimentação fornecida em pecúnia e sem a devida inscrição no PAT sofre a incidência da contribuição previdenciária. No caso sob exame, além de a Recorrente não estar inscrita no PAT no período do lançamento, a alimentação foi fornecida em pecúnia (dinheiro) e de forma habitual, de sorte que a verba correspondente está sujeita à incidência de contribuições previdenciárias. A Recorrente argumenta que, conforme as GPS’s acostadas aos autos, os valores referentes à contribuição previdenciária dos segurados empregados já foram devidamente recolhidos, bem como foram corretamente lançados no Livro Diário no 18. Essa alegação é impertinente para o lançamento fiscal ora analisado e não será acatada, pois os valores lançados abarcam exclusivamente a contribuição previdenciária patronal (cota patronal), incluindo a contribuição destinada ao SAT/GILRAT. Esta contribuição é devida pela própria Recorrente na qualidade da sua sujeição passiva como contribuinte da obrigação tributária, sendo distinta da contribuição arrecadada dos segurados empregados que lhe prestaram serviços. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 18 A Recorrente alega que uma associação filantrópica, sem fins lucrativos, possuindo, portanto, imunidade em relação às cotas patronais das contribuições previdenciárias objeto do presente lançamento, nos termos da alínea "c" do inciso VI do art. 150 da CF/88. Tal alegação não será acatada, haja vista que se trata apenas de afirmações sem qualquer comprovação de que a Recorrente efetivamente é uma entidade beneficente. Essa questão suscitada pela Recorrente tem por finalidade embasar a tese de inaplicabilidade do art. 55 da Lei 8.212/1991, com o argumento de que a imunidade só poderia ser regulamentada via legislação complementar, nos termos do art. 146, inciso II, da Constituição Federal. Cumpre esclarecer ainda que o art. 14 do CTN regula os requisitos previstos na lei, conforme dispõe o art. 150, inciso VI, alínea “c”, da CF/88, que trata na verdade da imunidade de impostos, enquanto que o art. 55 da Lei 8.212/1991 regula a isenção/imunidade de contribuições sociais, conforme dispõe o art. 195, §7º da CF/88. Código Tributário Nacional (CTN): Art. 9º. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) IV cobrar imposto sobre: (...) c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo; ......................................................................................................... Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos estatutos ou atos constitutivos. Percebese que, na leitura CTN acima, a regra estampada no art. 14 regula somente a imunidade de impostos, não sendo aplicável, portanto, a outra espécie de tributo, às contribuições sociais, cerne do processo em questão. Não há, também, como argumentar que a Fl. 261DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 11 19 disposição do CTN pode ser aplicada ao gênero tributo, pois o § 7º do art. 150 da CF/88 reconhece a distinção entre as espécies tributárias: impostos e contribuições. Constituição Federal de 1988: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. (...) § 7º A lei poderá atribuir a recorrente de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de impostos ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. Quanto às contribuições para a Seguridade Social, o benefício isentivo (imunizante) está determinado no §7º do art. 195 da CF/1988, que prevê para o usufruto do benefício o atendimento de requisitos previstos em Lei, no caso a Lei 8.212/1991. Logo, para fazer jus ao benefício da imunidade/isenção retromencionada, a Recorrente deve, ou deveria, cumprir os requisitos estabelecidos no art. 55 da Lei 8.212/91, hipótese não verificada nos autos e nem nas informações fornecidas pelo Fisco. Constituição Federal de 1988: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. (g.n) Nesse mesmo sentido, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 636941/RS, Relator Min. Luiz Fux, julgado em 13/02/2014, que não é necessário lei complementar para dar completude ao §7º do art. 195 da CF/1988. Para a Corte Constitucional, a lei na qual são previstas as exigências das entidades beneficentes de assistência social é uma lei ordinária. Antes era o art. 55 da Lei 8.212/1991 e, atualmente, tratase dos preceitos estabelecidos pela Lei 12.101/2009. Observase que o texto constitucional remeteu à lei o estabelecimento das condições necessárias para a obtenção da isenção de contribuições sociais pelas entidades consideradas de assistência social. Fl. 262DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 20 O art. 55 da Lei 8.212/1991, vigente à época da ocorrência do fato gerador e antes da Lei 12.101/2009, veio regulamentar a matéria, estabelecendo os diversos requisitos a serem cumpridos pelas entidades consideradas de assistência social, a fim de obterem isenção da cota patronal, dispondo, em seu § 1o, a obrigatoriedade de se requerer o referido benefício no INSS. É importante frisar que, no ordenamento jurídico, há a imposição de certos requisitos para que uma entidade venha gozar de isenção/imunidade das contribuições previdenciárias, o que não logrou a empresa Recorrente comprovar. De sorte que, no caso dos autos, ao contrário do que entendeu a Recorrente, a caracterização da imunidade não depende apenas a empresa ser titulada no Estatuto Social como entidade beneficente ou associação, conforme posto na peça recursal, mas ela deverá atender todos os requisitos estabelecidos no art. 55 da Lei 8.212/1991 para usufruir a imunidade aqui tratada, inclusive deverá atender, de foram cumulativa, os incisos I, II, III, IV e V desse artigo. O art. 55 da Lei 8.212/1991, antes da Lei 12.101/2009, estabelecia os seguintes requisitos: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; II seja portadora do Certificado e do Registro de Entidade de Fins Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; III promova a assistência social beneficente, inclusive educacional ou de saúde, a menores, idosos, excepcionais ou pessoas carentes; IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. § 1° Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. § 2° A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. § 3° Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 12 21 § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. § 5° Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento. Acrescentase a título de realce que a Recorrente não comprovou o cumprimento dos requisitos previstos no art. 55 da Lei 8.212/1991, não podendo estar amparada pela “isenção/imunidade”, devendo pois recolher as contribuições inadimplidas lançadas no presente processo, a qual competia, além da verificação do preenchimento dos requisitos exigidos em lei, o reconhecimento do direito à isenção das contribuições previdenciárias mediante emissão de ato administrativo declaratório pelo Fisco (INSS). Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da Recorrente, para reconhecer sua imunidade relativamente às contribuições à Seguridade Social, pois estando o artigo 55 da Lei 8.212/1991 em perfeita consonância com as disposições constitucionais, e considerando que as exigências ali contidas não foram observadas, fica a empresa obrigada ao recolhimento das contribuições a seu cargo, previstas no artigo 22 da mesma lei, bem como, ao recolhimento das contribuições devidas pelos segurados a seu serviço, nos termos do artigo 30, da referida lei e, de igual modo, efetuar o recolhimento das contribuições devidas às entidades e fundos (chamados de Terceiros/Outras Entidades). Com relação aos lançamentos a titulo de músicos associados, montagem de palco, bolsa para alunos e regente, a Recorrente alega que não se poderia atribuir caráter remuneratório a atividade desenvolvida por essas pessoas. Essa alegação não será acatada, pois os valores que compõem a base de cálculo foram extraídos diretamente das contas contábeis de número 21301001 (Regente e Prep. Coral Petrobrás), 21301002 (Provisão p/ Pág. a efetuar), 41101001 (Part./Patrocínio Músicos), 41101008 (Cachê Solista OPPM), 41102001 (Regente), 41104026 (Montagem de Palco) e 41204001 (Bolsa para Alunos), apurados através do exame do livro razão, conforme cópias acostadas aos autos (fls. 65/83). Consta dos históricos desses aludidos lançamentos contábeis que os pagamentos se referiam à pessoas físicas, registrando inclusive os nomes dos possíveis beneficiários. Ademais, a alegação da Recorrente de o Fisco, na caracterização do fato gerador, não trouxe evidências, mas tão somente presunções, violando o artigo 112 do CTN – que dispõe sobre a interpretação mais favorável ao acusado da lei que defina infrações ou comine penalidades –, não merece prosperar, pois o Fisco realizou uma valoração da documentação contábil apresentada e não interpretação de lei para materializar o fato gerador da obrigação tributária previdenciária. Esse entendimento ficou nitidamente registrado na decisão de primeira instância nos seguintes termos: “[...] 42. Frisese que o fato de terem os valores se originado de patrocínio e se destinarem a projetos de natureza cultural, como aduziu a impugnante, citando, especificamente, a conta Fl. 264DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 22 "41101002Part/Patroc. Diversos", não tem o condão de descaracterizar o fato gerador da obrigação tributária, visto que esta decorre, simplesmente, do acontecimento concreto da hipótese de incidência prevista abstratamente em lei, sendo despiciendas as aludidas circunstâncias ora aventadas na defesa. Aliás, ao se examinar, às fls. 155, a nomenclatura da citada conta "PART/PATROCÍNIOMÚSICOS" e o seu histórico "DIVERSOS MÚSICOS" a outra conclusão lógica não se pode chegar, salvo prova em contrário: tratase, provavelmente, de conta de despesa destinada a registrar os pagamentos efetuados aos músicos que prestaram serviço à defendente. 43. Afastada, portanto, a alegação da defendente de que não há evidências capazes de assegurar a ocorrência do fato gerador, mas, tãosomente, meras presunções, e que, no seu entender, houve violação ao art. 112 do CTN, que impõe a interpretação mais favorável ao acusado da lei que defina infrações ou comine penalidades. Ora, o dispositivo invocado pela defesa não se aplica à espécie, visto que cuida de estabelecer critérios de interpretação da lei, e em matéria de infração, sendo que a presente controvérsia reside na valoração e não na interpretação dos fatos efetivamente ocorridos, os quais não puderam ser avaliados com maior precisão, tãosomente, em função da omissão da empresa em exibir os documentos obrigatórios. [...]” Assim, a Recorrente, na qualidade de gestora dos pagamentos realizados a pessoas físicas, é considerada a efetiva contratante dos prestadores de serviços, que foram materializados por meio das contas contábeis como músicos associados, montagem de palco, bolsa para alunos e regente. Isso demonstra que os serviços desses profissionais eram prestados à Recorrente, a teor do art. 12, inciso V, da Lei 8.212/1991, bem como evidencia a incidência da contribuição previdenciária prevista no inciso III do art. 22 dessa mesma lei. Lei 8.212/1991: Art. 12. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas: (...) V como contribuinte individual: (...) g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego; ......................................................................................................... Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) III vinte por cento sobre o total das remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados contribuintes individuais que lhe prestem serviços;(...). Também não se acatará a alegação de que os valores foram simplesmente repasses autorizados pelos profissionais que não possuíam qualquer vínculo empregatício com a Recorrente, a teor da peça recursal de fls. 193/213, pois este vínculo, no caso de contribuintes individuais, é dispensado para a configuração da incidência de contribuição previdenciária e os Fl. 265DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 16832.000605/200994 Acórdão n.º 2401004.095 S2C4T1 Fl. 13 23 elementos probatórios demonstram que os profissionais receberam a remuneração diretamente da Recorrente. Diante desse contexto fático, percebese que as remunerações pagas aos profissionais autônomos, na qualidade de pessoas físicas prestadores de serviços a Recorrente, configuram a matriz de concretude de incidência de contribuição previdenciária, a teor do inciso III do artigo 22 da Lei 8.212/91. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e DAR PARCIAL PROVIMENTO, para reconhecer que sejam excluídos: 1. os valores apurados até a competência 06/2004, inclusive, em razão da decadência; e 2. os valores oriundos da verba paga a título de valetransporte em pecúnia (dinheiro), levantamento “VTVale Transporte”, nos termos do voto. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Relator Fl. 266DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 04/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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Numero do processo: 10845.725325/2012-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Apr 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
AÇÃO JUDICIAL TRABALHISTA.DESPESAS COM AÇÃO JUDICIAL.
Despesa dedutível é aquela necessária a percepção do rendimento. Apenas a partir da Lei nº 12.350, de 20/12/2010, com a introdução do parágrafo 2º do artigo 12 A, na Lei 7713/1988, há previsão para deduzir as despesas com honorários advocatícios, de forma proporcional entre as rubricas constantes da decisão judicial.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2201-002.841
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH e CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI.
CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI - Presidente em exercício.
IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO - Relator.
EDITADO EM: 27/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente em exercício), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), EDUARDO TADEU FARAH, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 AÇÃO JUDICIAL TRABALHISTA.DESPESAS COM AÇÃO JUDICIAL. Despesa dedutível é aquela necessária a percepção do rendimento. Apenas a partir da Lei nº 12.350, de 20/12/2010, com a introdução do parágrafo 2º do artigo 12 A, na Lei 7713/1988, há previsão para deduzir as despesas com honorários advocatícios, de forma proporcional entre as rubricas constantes da decisão judicial. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH e CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI. CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI - Presidente em exercício. IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO - Relator. EDITADO EM: 27/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente em exercício), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), EDUARDO TADEU FARAH, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
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Despesa dedutível é aquela necessária a percepção do rendimento. Apenas a partir da Lei nº 12.350, de 20/12/2010, com a introdução do parágrafo 2º do artigo 12 A, na Lei 7713/1988, há previsão para deduzir as despesas com honorários advocatícios, de forma proporcional entre as rubricas constantes da decisão judicial. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos, dar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros EDUARDO TADEU FARAH e CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI. CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Presidente em exercício. IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 53 25 /2 01 2- 62 Fl. 84DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CARLOS ALBE RTO MEES STRINGARI Processo nº 10845.725325/201262 Acórdão n.º 2201002.841 S2C2T1 Fl. 85 2 EDITADO EM: 27/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI (Presidente em exercício), MARCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), EDUARDO TADEU FARAH, MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório Fl. 85DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CARLOS ALBE RTO MEES STRINGARI Processo nº 10845.725325/201262 Acórdão n.º 2201002.841 S2C2T1 Fl. 86 3 Tratase de recurso voluntário interposto por Stavros Tseimazides que se insurge contra acórdão nº 16. 46.263 de 07 de maio de 2013, da 15ª Turma da DRJ São Paulo 1, fls.59 a 62, que julgou procedente o lançamento que exigia o imposto de Renda de Pessoa Física referente à parcela do custo com honorários advocatícios, no dizer do fisco deduzido indevidamente, porque incidente sobre parcela de rendimentos isentos e/ou não tributáveis. Nos termos do relatório do acórdão recorrido, ora adotado por bem definir o litígio, temse que: Contra o contribuinte acima identificado foi emitida a notificação de lançamento de fls. 11/14, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas, anocalendário 2009, por meio da qual se apurou a omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente em virtude de processo judicial trabalhista, no valor de R$ 10.914,30. A fiscalização esclarece que o contribuinte deduziu integralmente o valor dos honorários advocatícios/cálculos pagos durante a ação, sem fazer a proporcionalidade entre a parcela tributável (91,03%) e a parcela isenta (8,97%) da ação, tendo por isso considerado omissão o valor da parcela indevidamente deduzida. Da impugnação Cientificado do lançamento em 24/10/2012 (fl. 16), o contribuinte apresentou, em 06/11/2012, a impugnação de fl. 2, acompanhada dos documentos de fls. 3/9,na qual alega, em síntese, que não concorda com o procedimento de deduzir os honorários proprocionalmente à parcela tributável dos rendimentos e que tem o direito de deduzir a totalidade dos honorários pagos. Cientificada do acórdão em 29/07/2013, AR de fls. 68, interpôs, tempestivamente, em 22/08/2013, suas razões de recurso às fls.70/71, onde, em síntese, argumenta que: a) da interpretação dada ao artigo 12 da Lei 7713/1998 fere a justiça fiscal; b) se não pode deduzir a despesa total do recibo, a Receita Federal estaria cobrando em duplicidade pois tributa a totalidade dos rendimentos do advogado; c) o valor do recibo seria sobre os rendimentos tributáveis 35,153% e não 30%. Pergunta a lógica do raciocínio; d) se adotasse o RRA no IRPF a tributação seria menos “leonina” , ínfima, se comparada aos 94.961,98 já subtraídos na fonte; e) não haveria lei que justificasse a proporcionalidade pretendida. Pede acolhimento de suas razões. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CARLOS ALBE RTO MEES STRINGARI Processo nº 10845.725325/201262 Acórdão n.º 2201002.841 S2C2T1 Fl. 87 4 Às fls. 78 a autoridade preparadora atesta a tempestividade do recurso e o encaminha ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por sorteio, conforme fls.80, recebo os autos.. É o Relatório. Fl. 87DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CARLOS ALBE RTO MEES STRINGARI Processo nº 10845.725325/201262 Acórdão n.º 2201002.841 S2C2T1 Fl. 88 5 Voto Conselheiro Ivete Malaquias Pessoa Monteiro Como visto, tratase de exigência do Imposto de Renda de Pessoas Físicas decorrente de suposta omissão de rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente , em virtude de processo judicial trabalhista, no valor de R$ 10.914,30, referente ao ano calendário de 2009. O recorrente recebeu R$ 381.977,98 de valor bruto da ação. A fiscalização entendeu que o percentual tributável foi de 91,3% deste valor sendo o restante referente às parcelas isentas e não tributáveis. O enquadramento legal se fez nos artigos 1º ao 3º e §§ da Lei 7713/1988; art.1º a 3º da Lei 8134/90 ; art 1º e 15 da Lei 10451/2002; art 43 do RIR/1999, Decreto 3000/1999. A decisão de primeiro grau se louvou na interpretação integrativa para manter a exigência, visto que não havia dispositivo legal expresso que dispusesse sobre a exigência na forma que foi posta no lançamento. Tal dispositivo só passou a existir com o artigo 12 A da lei 7713/1988, onde, de fato, há a disposição legal para fazer a proporcionalidade pretendida na exigência, de forma expressa, quando assim dispôs, no parágrafo 2º do citado artigo 12A: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria,pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,quando correspondentes a anoscalendáriosanteriores ao do recebimento, serãotributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. § 1º O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamentoou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. § 2º Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Isto mostra que à época dos fatos, ano calendário de 2009, não havia dispositivo legal que amparasse a proporcionalidade de dedução das despesas, fato só consumado em 20/12/2010, conforme anteriormente mencionado. Fl. 88DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CARLOS ALBE RTO MEES STRINGARI Processo nº 10845.725325/201262 Acórdão n.º 2201002.841 S2C2T1 Fl. 89 6 Entendo que manter a exigência não atende às disposições do Código Tributário Nacional ,Lei 5172 de 1966, comandos do artigo artigo 97 e parágrafo primeito do inciso II, onde está expresso o princípio da Legalidade e assim determina: Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e (...) § 1º Equiparase à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em tornálo mais oneroso. Como no ordenamento pátrio só admite a lei retroagir para beneficiar, entendo que esta cobrança não prospera, motivo pelo qual dou provimento ao recurso. Ivete Malaquias Pessoa Monteiro. Relatora Fl. 89DF CARF MF Impresso em 18/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por CARLOS ALBE RTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 10980.725955/2011-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009
RECURSO DE OFÍCIO. RETIFICAÇÕES DECORRENTES DE DILIGÊNCIA FISCAL.
Correta as exonerações do crédito tributário em decorrência de aproveitamento de pagamentos, parcelamentos e valores confessados em DCTF. Também deve ser acatada a redução da alíquota do IPI, confirmada em sede de diligência fiscal pela própria autoridade lançadora.
RECURSO DE OFÍCIO. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS DAS NOTAS FISCAIS APRESENTADAS. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE.
Em razão do princípio da não-cumulatividade do IPI, correta a concessão de créditos comprovados por meio da apresentação das notas fiscais de entradas.
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972.
NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
Não há que se falar em nulidade da decisão de primeira instância quando ela foi proferida por autoridade competente, sem preterição do direito de defesa e elaborada com observância do disposto no art. 31 do Decreto 70.235/72.
PERÍCIA FISCAL. AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA.
O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador (Súmula CARF nº 8).
PEDIDO DE PERÍCIA. CONDIÇÕES
Não será deferida a perícia quando os autos reunirem os elementos necessários à formação da convicção do julgador e, o que é mais relevante, o sujeito passivo não lograr êxito em demonstrar a imprescindibilidade desse exame suplementar.
IPI. LANÇAMENTO FISCAL. UTILIZAÇÃO DE DADOS DO SINTEGRA. ALEGAÇÕES DESACOMPANHADAS DE PROVA.
É legítima a utilização das notas fiscais informadas pelo próprio contribuinte ao Sintegra, para fins de apuração do IPI devido, sobretudo quando o contribuinte intimado e reintimado, não apresenta à fiscalização os livros fiscais de "Registro de Entradas", "Registro de Saídas" e "Registro de Apuração do IPI" e também não apresenta os documentos fiscais que lhe dariam suporte.
É imprestável como prova, a apresentação de planilhas desacompanhadas da documentação fiscal comprobatória dos dados ali registrados. Alegações genéricas de supostas ilegalidades e irregularidades, não servem para desconstituir lançamento fiscal.
MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. FALTA DE ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS.
É aplicável o agravamento da multa de ofício em 50% nas situações em que o sujeito passivo, devidamente cientificado, deixe de prestar os esclarecimentos no prazo legal.
MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE.
A análise se a multa de ofício, aplicada em decorrência da Lei, fere o princípio do não-confisco envolve questões atinentes à sua constitucionalidade. De acordo com a Súmula CARF nº 2, este colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
MULTA DE OFÍCIO. REDUÇÃO PARA 20%.
Não há previsão legal para conversão da multa de lançamento de ofício para exigência somente da multa de mora no percentual de 20%
Recurso de Ofício Negado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-002.936
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário.
Andrada Márcio Canuto Natal - Presidente e relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Francisco José Barroso Rios, Paulo Roberto Duarte Moreira, Valcir Gassen e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 RECURSO DE OFÍCIO. RETIFICAÇÕES DECORRENTES DE DILIGÊNCIA FISCAL. Correta as exonerações do crédito tributário em decorrência de aproveitamento de pagamentos, parcelamentos e valores confessados em DCTF. Também deve ser acatada a redução da alíquota do IPI, confirmada em sede de diligência fiscal pela própria autoridade lançadora. RECURSO DE OFÍCIO. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS DAS NOTAS FISCAIS APRESENTADAS. PRINCÍPIO DA NÃO-CUMULATIVIDADE. Em razão do princípio da não-cumulatividade do IPI, correta a concessão de créditos comprovados por meio da apresentação das notas fiscais de entradas. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. Não há que se falar em nulidade da decisão de primeira instância quando ela foi proferida por autoridade competente, sem preterição do direito de defesa e elaborada com observância do disposto no art. 31 do Decreto 70.235/72. PERÍCIA FISCAL. AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA. O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador (Súmula CARF nº 8). PEDIDO DE PERÍCIA. CONDIÇÕES Não será deferida a perícia quando os autos reunirem os elementos necessários à formação da convicção do julgador e, o que é mais relevante, o sujeito passivo não lograr êxito em demonstrar a imprescindibilidade desse exame suplementar. IPI. LANÇAMENTO FISCAL. UTILIZAÇÃO DE DADOS DO SINTEGRA. ALEGAÇÕES DESACOMPANHADAS DE PROVA. É legítima a utilização das notas fiscais informadas pelo próprio contribuinte ao Sintegra, para fins de apuração do IPI devido, sobretudo quando o contribuinte intimado e reintimado, não apresenta à fiscalização os livros fiscais de "Registro de Entradas", "Registro de Saídas" e "Registro de Apuração do IPI" e também não apresenta os documentos fiscais que lhe dariam suporte. É imprestável como prova, a apresentação de planilhas desacompanhadas da documentação fiscal comprobatória dos dados ali registrados. Alegações genéricas de supostas ilegalidades e irregularidades, não servem para desconstituir lançamento fiscal. MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. FALTA DE ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS. É aplicável o agravamento da multa de ofício em 50% nas situações em que o sujeito passivo, devidamente cientificado, deixe de prestar os esclarecimentos no prazo legal. MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. A análise se a multa de ofício, aplicada em decorrência da Lei, fere o princípio do não-confisco envolve questões atinentes à sua constitucionalidade. De acordo com a Súmula CARF nº 2, este colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA DE OFÍCIO. REDUÇÃO PARA 20%. Não há previsão legal para conversão da multa de lançamento de ofício para exigência somente da multa de mora no percentual de 20% Recurso de Ofício Negado. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 28; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2315; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 17.924 1 17.923 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.725955/201100 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 3301002.936 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de abril de 2016 Matéria Auto de Infração IPI Recorrentes FAZENDA NACIONAL POLIK COMÉRCIO DE PRODUTOS PLÁSTICOS LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 RECURSO DE OFÍCIO. RETIFICAÇÕES DECORRENTES DE DILIGÊNCIA FISCAL. Correta as exonerações do crédito tributário em decorrência de aproveitamento de pagamentos, parcelamentos e valores confessados em DCTF. Também deve ser acatada a redução da alíquota do IPI, confirmada em sede de diligência fiscal pela própria autoridade lançadora. RECURSO DE OFÍCIO. APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS DAS NOTAS FISCAIS APRESENTADAS. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. Em razão do princípio da nãocumulatividade do IPI, correta a concessão de créditos comprovados por meio da apresentação das notas fiscais de entradas. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. Não há que se falar em nulidade da decisão de primeira instância quando ela foi proferida por autoridade competente, sem preterição do direito de defesa e elaborada com observância do disposto no art. 31 do Decreto 70.235/72. PERÍCIA FISCAL. AUDITOR FISCAL. COMPETÊNCIA. O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador (Súmula CARF nº 8). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 59 55 /2 01 1- 00 Fl. 17924DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.925 2 PEDIDO DE PERÍCIA. CONDIÇÕES Não será deferida a perícia quando os autos reunirem os elementos necessários à formação da convicção do julgador e, o que é mais relevante, o sujeito passivo não lograr êxito em demonstrar a imprescindibilidade desse exame suplementar. IPI. LANÇAMENTO FISCAL. UTILIZAÇÃO DE DADOS DO SINTEGRA. ALEGAÇÕES DESACOMPANHADAS DE PROVA. É legítima a utilização das notas fiscais informadas pelo próprio contribuinte ao Sintegra, para fins de apuração do IPI devido, sobretudo quando o contribuinte intimado e reintimado, não apresenta à fiscalização os livros fiscais de "Registro de Entradas", "Registro de Saídas" e "Registro de Apuração do IPI" e também não apresenta os documentos fiscais que lhe dariam suporte. É imprestável como prova, a apresentação de planilhas desacompanhadas da documentação fiscal comprobatória dos dados ali registrados. Alegações genéricas de supostas ilegalidades e irregularidades, não servem para desconstituir lançamento fiscal. MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. FALTA DE ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS. É aplicável o agravamento da multa de ofício em 50% nas situações em que o sujeito passivo, devidamente cientificado, deixe de prestar os esclarecimentos no prazo legal. MULTA DE OFÍCIO. ALEGAÇÃO DE CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. A análise se a multa de ofício, aplicada em decorrência da Lei, fere o princípio do nãoconfisco envolve questões atinentes à sua constitucionalidade. De acordo com a Súmula CARF nº 2, este colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. MULTA DE OFÍCIO. REDUÇÃO PARA 20%. Não há previsão legal para conversão da multa de lançamento de ofício para exigência somente da multa de mora no percentual de 20% Recurso de Ofício Negado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Presidente e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal (Presidente), Semíramis de Oliveira Duro, Luiz Augusto do Couto Chagas, Fl. 17925DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.926 3 Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Francisco José Barroso Rios, Paulo Roberto Duarte Moreira, Valcir Gassen e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Fl. 17926DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.927 4 Relatório Por economia processual adoto o relatório elaborado pela decisão recorrida, abaixo transcrita. Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no Auto de Infração de fls. 6792/6843, cientificado em 04/11/2011 (fl. 6844), totalizando o crédito tributário de R$ 18.130.235,63, inclusos multas e juros de mora. Segundo o exposto no Termo de Verificação Fiscal (fls. 6139/6209), divergências identificadas em diligência prévia motivaram a execução de procedimento de fiscalização, iniciado em 16/02/2011 (fls. 133/135), no qual foram verificados valores de IPI destacados em notas fiscais e não recolhidos, bem como valores desse imposto decorrentes de erro de classificação fiscal e alíquota, que foram lançados por meio do auto de infração originário do presente processo. O estabelecimento da contribuinte de CNPJ 05.918.498/000190 deu saída a produtos por ele industrializados, conforme registrado em notas fiscais obtidas por circularização junto a clientes e/ou por consulta ao sistema SINTEGRA, e não recolheu o imposto correspondente. O levantamento tomou por base as informações externas (circularização de clientes e declarações ao Fisco Estadual SINTEGRA) em face de não terem sido atendidas nenhumas das intimações feitas pela fiscalização. Além disso, em parte das saídas foram identificados erros de classificação fiscal dos produtos e erros de alíquotas, resultando em imposto destacado a menor nas notas. Conseqüentemente, o autuante apurou o imposto devido. No lançamento original não foram considerados créditos por entradas de insumos por não terem sido comprovados pela contribuinte, dado que a mesma não apresentou documentos dessa natureza durante a ação fiscal. A fundamentação legal para o lançamento consta dos autos às fls. 6815, 6827 e 6841. Inconformada com a autuação, a contribuinte, por intermédio de seu representante legal, protocolizou, em 06/12/2011, a impugnação de fls. 6850/6895 e documentos anexos aduzindo em sua defesa as razões que se seguem. 1. Preliminarmente, alegou a incapacidade do agente fiscalizador por entender que a auditoria contábilfiscal e o exame da escrita, os quais o próprio agente fiscal afirmaria ter efetuado no curso de seu trabalho, é tarefa privativa de contadores legalmente habilitados no CRCPR, nos termos do art. 25, c, do DecretoLei nº 9.295/1946, e do art. 163, §5º, da Lei 6.404/1976, caracterizando, em tese, abuso de poder e exercício ilegal da profissão. Trouxe doutrina e jurisprudência. 2. Insurgiuse contra os tributos exigidos por falta de fundamentação legal, argumentando que somente se poderia exigir tributo que esteja previsto em lei e mediante a ocorrência dos fatos subsumidos inteiramente às descrições normativas correspondentes. Apontou que o lançamento teria sido indevido nas seguintes situações (as quais não descreve em mais detalhes em nenhum outro ponto da impugnação), resultando na ilegalidade dos lançamentos, dada a dissonância em Fl. 17927DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.928 5 relação aos fatos geradores correspondentes (trouxe doutrina e decisão administrativa): 2.1. operações de remessa/retorno para conserto (CFOP 5.915/6.915); 2.2. operações de remessa para beneficiamento (CFOP 5.901/6.901); 2.3. operações de remessa para armazenagem; 2.4. operações de venda de sucatas; 2.5. operações em que há suspensão da exigência nos termos do art. 29, da Lei nº 10.637/2002; 2.6. operações com bobinas tributadas a 15%, quando a alíquota correspondente ao NCM 3923.40.00 seria de 10%; 2.7. incidência sobre o valor total da nota fiscal ao invés do valor dos produtos; 2.8. remessa para retrabalho (CFOP 5.959); 2.9. NCM incorreto (exemplo: NF nº 6427, NCM 3921.19.00, quando o correto seria 4911.10.90); 2.10. valor incorreto do IPI apontado no relatório; 2.11. ausência de apontamento das NFs de saída que geraram a não incidência do imposto; 2.12. duplicidade de notas fiscais no relatório do auto de infração; 2.13. cálculo incorreto do valor do IPI; 2.14. operações de manutenção mecânica de motor redutor; 2.15. operações de remessa de material faltante; 2.16. operações de remessa de material para troca; 2.17. operações de venda de impresso promocional; 2.18. NFs lançadas no SINTEGRA e desconsideradas no auto de infração; 2.19. não apuração dos créditos de IPI com base nas notas fiscais de entrada e Livros Registro de Entradas; 2.20. não foram apurados ou mencionados no auto de infração os valores já efetivamente pagos pela impugnante, conforme comprovantes de pagamento anexados. 3. Afirmou que a fiscalização deixou de apurar a totalidade dos créditos fiscais da impugnante, desconsiderando os valores registrados nas notas fiscais de entrada e nos Livros Registro de Entrada, gerando a nulidade do auto de infração. Expôs que a nãocumulatividade é prevista no art. 153, §2º, III, da Constituição Federal, sem qualquer limitação e não pode ser desconsiderada ou limitada por qualquer ato infraconstitucional. Citou o art. 11, da Lei n° 9.779/1999, para argumentar que tal dispositivo não instituiu um novo regime de compensação entre créditos e débitos do IPI e que os créditos de IPI sempre foram aproveitáveis com Fl. 17928DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.929 6 base no princípio constitucional da nãocumulatividade. Concluiu que a legislação infraconstitucional vigente não se coaduna com a Constituição Federal, especificamente o art. 25, §3º, da Lei n° 4.502/1962, o art. 2º, do DecretoLei nº 34/1966, e o art. 12, da Lei n° 7.789/1989, consolidadas no art. 174, do Decreto n° 2.367/1998, por desconfigurar o aspecto material da hipótese de incidência, que consiste na industrialização, ao associálo ao valor total da operação (art. 15, da Lei n° 7.798/1989). Pugnou pelo reconhecimento do direito líquido e certo de apropriação de seus créditos fiscais de IPI na aquisição de matériasprimas, produtos intermediários, materiais de embalagem, bens do ativo e frete, dentre outros. Apresenta cópias de notas fiscais de entrada. Trouxe jurisprudência. 4. Clamou pela nulidade da multa de ofício aplicada, sob os argumentos de que parte considerável teria sido objeto de declaração em DCTF e DIPJ e que o agravamento da multa de 75% para 112,5% não se aplicaria nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha conseqüências específicas previstas na legislação, que no caso seria a multa de 10% para os valores declarados e não pagos . Trouxe decisões administrativas. 5. Exaltou o caráter confiscatório da multa aplicada, considerando que é superior ao valor do imposto principal, portanto abusivo, e seria evidentemente inconstitucional frente ao disposto no art. 150, IV, da Constituição Federal, além de incompatível com qualquer analogia com o art. 52 do Código de Defesa do Consumidor –CDC, que teria força de norma de ordem pública, agredindo injustamente o patrimônio do contribuinte. Expôs que o art. 59, da Lei n° 8.383/1991, prescreve multa de 20% para tributos não pagos até o vencimento. Propõe a redução da multa para 10%, considerando que houve erro na aplicação da multa e sua abusividade. Trouxe doutrina e jurisprudência. 6. Apontou a necessidade de perícia contábil e financeira para comprovar as diversas inconsistências existentes no auto de infração, para a qual especifica quesitos e apresenta assistente técnico. Finalizou pedindo a apreciação e julgamento da impugnação e a determinação da perícia pleiteada para, ao final da mesma, julgar totalmente procedente a impugnação, declarando e reconhecendo a incapacidade da autoridade lançadora, a inexigência do imposto por ausência de fato gerador, a inexigência do imposto por desconsiderar todas as entradas, a redução da multa de ofício de 112,50% para 20%, a redução da multa punitiva para 10% e o abatimento de todos os valores já efetivamente pagos pela impugnante a título de IPI. O processo foi encaminhado ao presente órgão de julgamento, cuja análise detectou a necessidade de remeter o processo em diligência, conforme registrado na correspondente Resolução nº 1401.616, de 27/03/2012, e a seguir transcrito: “Ocorre que não foi possível identificar inequivocamente nos documentos dos autos o tratamento que foi dado pela fiscalização aos valores declarados e/ou recolhidos na apuração do crédito tributário formalizada no auto de infração correspondente. A leitura da descrição do lançamento pela fiscalização, às fls. 6207/6208, leva à interpretação de que os valores declarados não teriam sido considerados por se apresentarem sempre a menor em relação ao total apurado em cada período e não há qualquer referência aos valores recolhidos. Diante do exposto, tanto para a boa formação de convicção da Turma de Julgamento, como em homenagem ao princípio da ampla defesa, entendo que o presente deve ser baixado em diligência para que sejam realizadas as diligências necessárias para a descrição detalhada do tratamento dado aos valores Fl. 17929DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.930 7 efetivamente declarados em DCTF (confissão de dívida) e/ou recolhidos pela contribuinte, indicando especificamente se os valores declarados estão incluídos no lançamento de ofício e se os recolhimentos foram abatidos do valor final cobrado da contribuinte”. Em resultado da diligência efetuada, a fiscalização emitiu Informação Fiscal (fls. 16302/16315) na qual esclareceu que, por um lapso no procedimento, os valores declarados em DCTF não foram deduzidos, razão pela qual efetuou a revisão dos cálculos efetuados, deduzindo aqueles valores do montante originalmente lançado, e apresentou os demonstrativos correspondentes, o que resultou em um novo valor de R$ 14.979.153,67 para o crédito tributário total (novo valor do imposto de R$ 6.208.595,11), inclusos juros de mora e multa. Por seu turno, a contribuinte, cientificada da diligência em 20/04/2012 e ofertado o prazo de 30 dias para sua manifestação complementar, apresentou, em 18/05/2012, resposta à informação fiscal (fls. 16316/16358) com os argumentos a seguir sintetizados. 1. Que as novas planilhas de cálculo não consideram os valores pagos pela contribuinte mediante DARF entre 2007 e 2009, os quais relacionou na sua manifestação, e mediante os parcelamentos fiscais nº 10980.001.674/201079 e 10912.000.024/201210, os quais teriam por objeto o IPI referente ao período albergado pela fiscalização em tela. 2. Reiterou a manifestação já apresentada na impugnação original de que há diversos lançamentos indevidos referentes às situações descritas nos itens 2.1 a 2.19 do presente relatório referentes àquele instrumento. 3. Reiterou a necessidade de produção de prova pericial contábil e financeira. Em 13/06/2012, a fiscalização emitiu nova Informação Fiscal (2), na qual se posicionou da seguinte forma em relação às alegações da contribuinte: 1. Que, apesar de intimada e reintimada, a contribuinte não apresentou os arquivos digitais referentes às notas fiscais de entrada e saída, tampouco qualquer livro fiscal (Livro Registro de Entradas, Livro Registro de Saídas e Livro de Apuração do IPI) ou qualquer nota fiscal, seja de entrada ou de venda de mercadorias, referente ao período fiscalizado, durante todo o período em que transcorreu a ação fiscal. 2. Que os processos de auto de infração de IPI referentes a matriz e filial são diferentes e descreve a distribuição dos levantamentos nas planilhas utilizadas. 3. Que o parcelamento 10980001674/201079 referese tão somente aos tributos IRPJ e CSLL e que as parcelas do IPI abrangidas no parcelamento10912 000024/201010 não incluem a competência 10/2008 e se referem ao código “5123 – IPI demais produtos”, conforme telas do sistema que anexa. Que todos os DARFs recolhidos e apresentados pela contribuinte referemse ao mesmo código 5123, sendo que alguns coincidiam integralmente com os valores declarados em DCTF e já constavam como créditos vinculados. Encerrou informando que os valores incluídos em parcelamento, os declarados em DCTF e os recolhimentos foram devidamente abatidos do auto de infração, resultando em novo valor total de R$ 13.946.022,19 (novo valor do imposto de R$ 5.796.833,69), inclusos juros de mora e multa, conforme demonstrado em planilhas do documento. Fl. 17930DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.931 8 4. Que apenas os CFOP 6101, 5101, 6911 e 5911 estão presentes no auto de infração, portanto as alegações correspondentes a operações de natureza diversa das representadas por aqueles códigos não devem ser consideradas, por não corresponderem ao ocorrido. 5. Que foi corrigida a alíquota correspondente ao NCM 3923.40.00 de 15% para 10% na competência 12/2007. 6. Que já foram considerados integralmente os valores dos créditos de IPI declarados pela contribuinte, posto que nas DCTFs consideradas no cálculo do lançamento são utilizados os saldos, ou seja, a diferença entre créditos e débitos, conforme planilhas que apresenta. 7. Quanto às alegações de desconsideração de créditos oriundos de notas fiscais lançadas no SINTEGRA, das notas fiscais de entrada e do Livro Registro de Entradas, informou que os créditos escriturados pelo beneficiário serão necessariamente comprovados mediante apresentação das primeiras vias das notas fiscais a que correspondem e, quando glosados, a contribuinte tem a obrigação de ofertar esses documentos no prazo previsto para impugnação ou manifestação de inconformidade. No entanto, a contribuinte não apresentou tais documentos ou quaisquer outros solicitados pela fiscalização no decurso da ação fiscal. Concluiu afirmando que os valores incluídos em parcelamento, os declarados em DCTF e os DARFs recolhidos pela contribuinte foram devidamente abatidos do auto de infração, restando o crédito tributário no valor total de R$ 13.946.022,19. Em 28 de agosto de 2012, foi proferido o Acórdão 1438.468, desta 8ª Turma de Julgamento, considerando procedente em parte a impugnação, para manter o crédito tributário no montante original de R$ 5.796.833,69 de IPI, além da multa de ofício e juros de mora determinados na legislação. Após a ciência do acórdão a empresa impetrou Mandado de Segurança contra ato atribuído à autoridade supra nominada buscando, liminarmente, a suspensão dos efeitos da decisão proferida no processo administrativo nº 10.980.725.955/201100, em 25/09/12, determinando o prosseguimento daquele feito com a realização da perícia contábil ilegalmente indeferida. A liminar foi concedida nos seguintes termos: Ante o exposto, CONCEDO A LIMINAR para o fim de determinar a imediata suspensão dos efeitos da decisão proferida no processo administrativo fiscal 10.980.725.955/201100, determinando ainda ao impetrado a reabertura do feito, com a realização da prova pericial nele postulada. Sem qualquer outra consideração de relevo, ratifico a liminar e concedo a segurança. Em vista da sentença concedida no MS nº 504524189.2012.404.7000/PR, que concedeu a SEGURANÇA, para suspender os efeitos da decisão proferida no processo administrativo fiscal 10.980.725.955/201100, determinando a reabertura do feito, com realização da prova pericial nele postulada, o processo retornou em diligência à DRF de origem para que fosse iniciado o procedimento pericial nos moldes solicitados pelo contribuinte, que apresentava os seguintes quesitos a serem respondidos : Fl. 17931DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.932 9 1. Queira o Sr. Perito explicitar os aspectos financeiros e moratórios encontrados no Auto de Infração para composição de cada um dos débitos lançados, bem como as respectivas normativas que justificam a sua aplicação; 2. Queira o Sr. Perito indicar a apuração do valor original dos débitos lançados e sua respectivas datas de vencimento; 3. Queira o Sr. Perito explicitar, todos os valores apontados nas Notas Fiscais que deram ensejo ao Auto de Infração a título de; i) Operações de Remessa/Retorno para Conserto (CFOP 5.915/6.915): ii) Operações de Remessa para Beneficiamento (CFOP 5.901/6.901); iii) Operação de Remessa para Armazenagem; iv) Operações de Venda de Sucatas; v) Operações em que há suspensão da exigência nos termos do artigo 29 da Lei Federal n° 10.637/2002; vi) Operações com Bobinas, em que de acordo com a Nomenclatura Comum do MERCOSUL NCM 3923.40.00, enquadrase na alíquota de 10% (dez por cento), ao invés da alíquota aplicada pela Autoridade Fiscal (de 15% quinze por cento); vii) Remessa para Retrabalho (Códigos Fiscais de Operações e Prestações CFOP 5.959); viii) Operações de Manutenção Mecânica de Moto Redutor; ix) Operações de Remessa de Material Faltante; x) Operações de Remessa de Material para Troca; xi) Operações de venda de Impresso Promocional; 4. Queira o Sr. Perito explicitar, todas as Notas Fiscais que deram ensejo ao Auto de Infração, em que consta: i) Incidência do imposto sobre o valor total da Nota Fiscal, ao invés daincidência sobre o valor total dos produtos descritos na Nota Fiscal; ii) Apontamento incorreto do NCM, ou seja, todas as Notas Fiscais que constam o NCM 3921.19.00; para exemplificar, a Nota Fiscal n° 6427 apontada no Relatório "7", consta o NCM 3921.19.00, quando o correto seria o NCM 4911.10.90; iii) Apurar todas as Notas Fiscais que constam o NCM 4911.10.90, com a devida quantificação dos valores dos produtos, da alíquota, e do imposto; 5. Queira o Sr. Perito explicitar todas as Notas Fiscais de entrada e de saída, com o apontamento dos valores correspondentes; 6. Queira o Sr. Perito indicar se há o apontamento em duplicidade de Notas Fiscais no relatório do Auto de Infração, gerando a duplicidade da tributação, com a indicação dos correspondentes valores de cada nota; Fl. 17932DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.933 10 7. Queira o Sr. Perito, com base em toda a documentação ora anexada, assim como nos Livros Fiscais de Entrada e Saída e comprovantes de pagamento do imposto (Guias DARF), apontar se há no Relatório do presente Auto de Infração a indicação do valor incorreto do IPl, indicando as correspondentes Notas Fiscais, e apontando o valor correto do Imposto de cada nota fiscal, considerando a fundamentação no tópico "3.1" da presente Impugnação; 8. Queira o Sr. Perito, com base em toda a documentação ora anexada, assim como nos Livros Fiscais de Entrada e Saída, todos os créditos de IP1, com a aplicação da correção monetária integral; 9. Queira o Sr. Perito explicitar a apuração da Multa aplicada: percentual, valor base de incidência, quantificação; 10. Queira o Sr. Perito explicitar a apuração dos Juros Moratórios aplicados, critérios, períodos de aplicação, base de incidência e quantificação; 11. Queira o Sr. Perito, com base em todos os documentos ora em anexo, assim como em outros Livros e documentos fiscais, todos os valores já efetivamente pagos pela ora IMPUGNANTE a título de IPI, relativo ao período de apuração descrito no Auto de Infração ora vergastado. Para tanto, a contribuinte indicou como seu perito (ASSISTENTE TÉCNICO), o Sr. ROGÉRIO HERNANDEZ DE OLIVEIRA, brasileiro, casado, devidamente registrado junto ao CREA/PR sob o n" 88267D, email: netvida @ bighost. com, br, com escritório profissional à Rua Lídia Abreu Pires, 27, Bairro Seminário, Curitiba PR, telefone(xx41) 32742542 e/ou (xx41) 99912045, que foi intimado, na condição de assistente técnico (perito) indicado pelo contribuinte responsável acima identificado. No entanto, o perito indicado não apresentou qualquer resposta à intimação entregue em mãos. Decorrido o prazo para apresentação da resposta à intimação entregue ao perito em em 09.05.2014, (com prazo para atendimento de 20 dias) deu se prosseguimento do presente encaminhando o processo para 8a Turma da DRJ/RPO. Foi realizada, portanto, a perícia solicitada sem o acompanhante técnico indicado pela contribuinte. Após ciência das conclusões da perícia, a empresa apresentou manifestação alegando a existência de ilegalidades e desconformidades na intimação: a) A intimação não foi assinada pela Autoridade Julgadora de 1a Instância, mas sim, pela própria Auditora Fiscal responsável pelo auto de infração ora em discussão (em desconformidade com o artigo 18, §1 do Decreto n° 70.235/72); b) A intimação não abriu o prazo para apresentação dos laudos periciais de ambas as partes, sendo que a Auditora Fiscal, de antemão e ao arrepio do processo legal, já intima o contribuinte sobre o conteúdo do seu próprio laudo (em desconformidade com o artigo 18, §1° do Decreto n° 70.235/72); c) O servidor indicado como perito da Fazenda é a própria Auditora Fiscal responsável pelo auto de infração em discussão — não há independência alguma — sendo que o laudo pericial é mera repetição (cópia integral) do auto de infração, ou seja, não houve a elaboração de laudo pericial (em desconformidade com o artigo 18, do Decreto n° 70.235/72 Fl. 17933DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.934 11 d) Quem determina o prazo para realização da perícia não é a Autoridade Julgadora, mas sim a própria Auditora Fiscal que assinou o auto de infração (em desconformidade com o artigo 18, §1° do Decreto n° 70.235/72)) e) A perícia do contribuinte deve ser realizada no prazo estipulado de 20 (vinte) dias, sendo que o processo administrativo atualmente é composto por quase 17.000 (dezessete mil) páginas de documentos e o próprio laudo apresentado pela Auditora Fiscal apresenta 40 (quarenta) laudas de planilhas e indicações aos documentos juntados ao processo administrativo (em desconformidade com o artigo 18, §§ Io. e 2o. do Decreto n° 70.235/72); f) Ademais disso, essas mesmas ilegalidades e desconformidades são encontradas no Despacho n. 70. da lavra da Sra. Marcela Cheffer Bianchini (Presidente da 8a. Turma da Delegacia de Julgamento de Ribeirão Preto) e que serviu de fundamento para a intimação realizada no dia 09.05.2014 pela Auditora Fiscal Sra. Maria Angélica L. Schilling. g) Tal despacho decisório apresenta os mesmos problemas visto que (a) não obedece aos ditames do artigo 18 e parágrafos do Decreto n° 70.235/72); (b) não determina o prazo para a realização da perícia; (c) não considera a complexidade e volume de documentos que compõem o processo administrativo vigente. h) É flagrante, portanto, o descumprimento do rito processual expressamente consignado no artigo 18 do Decreto n° 70.235/72, em prejuízo da ampla defesa do Contribuinte e descumprimento da decisão judicial transitada em julgado em seu favor. Acrescentou que , não obstante a ordem judicial determinando a realização da prova pericial, o rito legal foi desobedecido e abandonado pela Autoridade Administrativa. A Contribuinte, então, propôs uma nova medida judicial Mandado de Segurança n° 503637354.2014.404.7000/PR, na qual o D. Juízo da 4a. Vara Federal de CuritibaPR deferiu PARCIALMENTE a liminar, para permitir ao sujeito passivo o prazo de 60 (sessenta) dias para a apresentação de seu laudo pericial, respondendo as perguntas apresentadas, sendo que em igual prazo deve o perito administrativo indicado pelo Fisco Federal responder aos quesitos apresentados pelo sujeito passivo. Em 09/07/2014 a contribuinte juntou novos documentos (laudos). Nestes laudos a contribuinte indicou a substituição do assistente técnico, sendo que o expert que passou a responder tecnicamente como assistente técnico da Contribuinte Sr. MARIO MIRANDA, registrado no CRC/PR sob o n° 028.384/06. com escritório profissional na Rua Itajubá, 810, Portão, CuritibaPR, CEP 81.070 190, fones para contato (41) 9672.5775 ou 9103.7283 e solicitou: (i) preliminarmente, seja reconhecida a nulidade da intimação realizada em 09.05.2014, visto que em desconformidade com os ritos e procedimentos determinado pelo artigo 18 do Decreto n° 70.235/72, sob pena de nulidade do ato e descumprimento da ordem judicial transitada em julgado e que determinou a realização da perícia nos termos da legislação vigente; (ií) dese integral cumprimento à ordem judicial emanda do D. Juízo da 4a. Vara Federal de CuritibaPR no bojo dos autos do Mandado de Segurança n° 503637354.2014.404.7000/PR; e, Fl. 17934DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.935 12 (iii) a apreciação da presente manifestação e prosseguimento do trâmite regular do presente processo administrativo, devendo ao final ser julgada PROCEDENTE a defesa administrativa apresentada pela Contribuinte. Em sua manifestação, alegou preliminarmente a ILEGALIDADE DO LAUDO APRESENTADO PELA FAZENDA NACIONAL, fazendo as seguintes considerações: 1. Ao arrepio das normas vigentes e não dando atenção ao conteúdo expresso da ordem judicial emanada, o laudo pericial apresentado pela Fazenda Nacional é MERA CÓPIA INTEGRAL do auto de infração lavrado contra a empresa. 2. A Assistente Técnica não analisou os documentos trazidos aos autos do presente processo administrativo pela Contribuinte por ocasião da sua defesa. 3. Vejase que a Contribuinte trouxe aos autos todos os documentos que justificam a sua defesa e que foram autuados através das fls. 6.850 até 16.292. 4. A Contribuinte trouxe aos autos quase 10.000 (dez mil) documentos que simplesmente não foram analisados pela Assistente Técnica da Fazenda. Destacamos o termo de devolução de documentos datado de 06.12.2012, que indica claramente o grande volume de documentos essenciais não apreciados pela Fazenda; 5. O Laudo Pericial da Fazenda Nacional não atende aos requisitos formais dispostos pela Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n° 1.041/2005. que tratou da aprovação da NBC Contabilidade T 13.6. Concluiu ser flagrante a ilegalidade, nulidade e imprestabilidade do Laudo Pericial apresentado pela Fazenda Nacional. Acrescentou que a Contribuinte vem insistindo desde a apresentação da sua defesa administrativa, que o auto de infração ora impugnado apresenta uma séria de erros, equívocos e omissões que acarretam a verdadeira nulidade do lançamento fiscal lavrado. Que antes mesmo da elaboração da prova pericial tais erros, equívocos e omissões já foram expostos pela Contribuinte e, posteriormente, reconhecidos por ocasião da revisão feita pela Auditora Fiscal. Ademais disso, o laudo pericial em anexo, indica de forma clara e minuciosamente justificada e comprovada, que o auto de infração ainda apresenta erros, equívocos e omissões de milhões de reais em prejuízo da legalidade e da Contribuinte. Por fim, concluiu que consoante aponta o laudo pericial em anexo (laudo pericial com mais de 800 páginas), verificouse pericialmente que a Auditora Fiscal efetuou a tributação sem fundamento legal, ou seja, tributou pelo IPI operações que não são tributadas nos termos da legislação. E que, de forma equivocada, o auto de infração tributou indevidamente e ilegalmente operações legítimas e reais efetuadas pela Contribuinte: Operações de Remessa/Retorno para Conserto (CFOP 5.915/6.915); Operações de Remessa para Beneficiamento; Operação de Remessa para Armazenagem; Operações de Venda de Sucatas; Operações em que há suspensão da exigência nos termos do artigo 29 da Lei Federal n° 10.637/2002; Operações com Bobinas, em que de acordo com a do MERCOSUL a alíquota é de 10% , ao invés da alíquota aplicada pela Autoridade Fiscal (de 15%), Remessa para Retrabalho (CFOP 5.959)e, Operações de Manutenção Mecânica de Moto Redutor, dentre outras. Em face disso, foram apuradas diferenças MUITO SIGNIFICATIVAS em relação aos valores apurados e lançados através do auto de infração ora impugnado (foram apuradas diferenças a MAIOR no auto de infração da ordem de R$ 6.494.341,88 (seis milhões, quatrocentos e noventa e quatro mil, trezentos e Fl. 17935DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.936 13 quarenta e um reais e oitenta e oito centavos). O auto de infração apurou tributos devidos (sem multa e juros) da ordem de R$ 7.516.771,77, sendo que o valor apurado pelo laudo pericial é de R$ 1.022.429,89. É, portanto, flagrante a falta de fundamento legal e os equívocos, erros e omissões existentes no auto de infração ora impugnado. Argumentou, ainda, que é indispensável, mesmo quando se trata de Processo Administrativo Fiscal, de se buscar a verdade real dos fatos apresentados, uma vez que tal exigência não se restringe aos processos judiciais. Sendo que o auto em discussão foi lavrado por arbitramento e como se demonstra apresenta inúmeros erros, omissões e contradições que lhe afetam a juridicidade, requerse, suplementarmente que sejam respondidos os seguintes quesitos: 1. O Laudo Pericial lavrado pela Auditora Fiscal da Receita Federal, traz a demonstração mensal de todos os créditos e débitos de IPI, detalhando todas as origens contabilizadas pela empresa? 2. O Laudo Pericial apresenta todos os valores recolhidos e os incluídos em parcelamento? 3. As Notas Fiscais que compreendem as operações abaixo relacionadas, constam do Laudo Pericial com as devidas correções de não tributação, em relação ao conteúdo do Procedimento Fiscal Auto de Infração 10980725.955/201100, que tributou pelo valor total destes documentos? 4. As Notas Fiscais tributadas utilizaram como base de cálculo para incidência do IPI, o valor dos produtos ou o valor total? Detalhar todas as Notas Fiscais, base de cálculo e alíquotas utilizadas. Argumentou que tais esclarecimentos são fundamentais e indispensáveis, nos termos do artigo 29 do Decreto n° 70.235/72 e artigo 425 do Código de Processo Civil Brasileiro. O laudo pericial apresentado destacou, em suma, os seguintes argumentos: 1. O Laudo Pericial apresentado pelo Fisco não atende a Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n° 1.041/05, que tratou da aprovação da NBC Norma Brasileira de Contabilidade T 13.6 Laudo Pericial Contábil', tanto de conteúdo, quanto na forma de apresentação, nem demonstrou a Auditora, habilitação para a prática de Perícia Contábil; (copiada ao final deste Parecer) 2. Por se tratar de PROVA PERICIAL eminentemente CONTÁBIL, deixou de apreciar os documentos contábeis que serviram de base de cálculo do IPI, em sendo, Notas Fiscais de Entrada e Saídas, Livros de Apuração do IPI, Darfs de recolhimentos, entre outros. Documentos estes que deveriam ser solicitados em diligências na empresa, e que se encontram disponíveis para tal finalidade; 3. Além de repetir TODO O CONTEÚDO do Procedimento Fiscal Auto de Infração 10980725.955/201100, a expert não considerou os créditos de IPI, relativos à aquisição de insumos e outras operações realizadas na empresa, deixando também de considerar todos os recolhimentos e parcelamentos efetuados; 4. DIANTE DISSO, este Assistente Técnico elaborou os demonstrativos ANEXOS I, II, III e IIIA, IV e IVA, (que totalizam 830 páginas), os quais retratam de forma fiel, todas as operações relativas ao tributo IPI, trazendo todos os créditos pelas entradas de insumos e outras operações com este direito, todos os débitos pelas saídas e outras operações, deduzindo os recolhimentos efetuados, concluindo ao Fl. 17936DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.937 14 final, haver um excesso na apuração da Auditora Fiscal da Receita Federal, Sra. Maria Angélica Leitão Schilling, no Procedimento Fiscal Auto de Infração 10980725.955/201100, no montante de R$ 6.494.341,88. 5. CONCLUINDO, foi apurada a diferença entre os valores de créditos e débitos, deduzindose os recolhimentos e parcelamentos efetuados, no montante de R$ 1.022.429,89 originais, constantes do ANEXO II, objeto dos lançamentos das Notas Fiscais nos ANEXOS III e IIIA. Ao julgar referida impugnação a 8ª Turma da DRJ/Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 1453.682, de 22/09/2014, que possui a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 NULIDADE. AFRFB. HABILITAÇÃO PROFISSIONAL. O AFRFB é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ERRO DE FATO. INCLUSÃO DE VALORES DECLARADOS, PAGOS OU PARCELADOS. O lançamento de ofício deve ser revisto para excluir valores comprovadamente declarados, pagos ou parcelados. LANÇAMENTO. ERRO DE FATO. ALÍQUOTA. Comprovado o erro na aplicação da alíquota, o lançamento deve ser revisto. PRODUÇÃO DE PROVA. Alegar genericamente e juntar documentos, notas fiscais ou laudos, não é provar. Não é dever da autoridade julgadora, diante de um sem par de documentos apresentados na impugnação, demonstrar que cada um deles possibilita ou não comprovar o que a defesa alega. Cabe à impugnante constituir a prova pela precisa articulação dos elementos documentais carreados aos autos com suas argumentações. CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. Nos casos de apuração de créditos para dedução do imposto lançado de ofício, em auto de infração, serão considerados, também, como escriturados, os créditos a que o contribuinte comprovadamente tiver direito e que forem alegados até a impugnação. MULTA DE OFÍCIO. PERCENTUAL. LEGALIDADE. A multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado é aplicada no percentual determinado expressamente em lei. Fl. 17937DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.938 15 MULTA AGRAVADA. FALTA DE ATENDIMENTO A INTIMAÇÕES. A falta de atendimento pela contribuinte das intimações que lhe foram dirigidas durante ação fiscal acarreta o agravamento da multa de ofício. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicá la, nos moldes da legislação que a instituiu. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. A própria turma de julgamento, no corpo da citada decisão, apresentou recurso de ofício, uma vez que o crédito exonerado ultrapassa o limite determinado na Portaria MF nº 3/2008. Inconformado com referida decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário, repisando basicamente os mesmos argumentos apresentados em sua impugnação, abordando os seguintes tópicos: 1) Ilegalidade do Laudo Pericial apresentado pela Fazenda Nacional: O laudo seria nulo pois resumiuse em trazer mera cópia integral do auto de infração. Além disso a recorrente teria trazido mais de 10.000 documentos ao processo e eles não foram analisados pela Assistente Técnica da Fazenda. Que o Laudo teriase baseado exclusivamente no SINTEGRA, tendo desconsiderado a contabilidade formal do contribuinte. Solicita a realização de nova diligência "para que a perícia administrativa seja efetivamente produzida nos termos da lei e em obediência aos ditames da ordem judicial". 2) Nulidade da Decisão de 1ª Instância. Atentado à ampla defesa e contraditório em sede pericial. Desconsideração pela autoridade julgadora da perícia apresentada pela recorrente mediante laudo com 800 páginas. Alega, entre outras coisas, que a decisão recorrida teria indeferido ilegalmente o seu pedido de quesitos suplementares e desconsiderado integralmente o laudo pericial do seu assistente técnico. Tais fatos atentariam contra os princípios da verdade material e ampla defesa. Sustenta que as seguidas revisões do lançamento com redução do seu valor em face de erros detectados comprovariam que o lançamento foi efetuado por arbitramento, e que o laudo apresentado pelo seu perito aponta que o valor do auto de infração (principal) não é de R$ 5.055.565,78, mas sim R$ 1.022.429,89. Aponta algumas operações que teriam sido desconsideradas pela referida decisão. Volta a solicitar a realização de diligência para "que seja procedida a complementação da perícia administrativa, com a produção dos quesitos suplementares requeridos expressamente pela recorrente". 3) Da verdade material no processo administrativo fiscal. Ilegalidade do afastamento e desconsideração do laudo pericial apresentado pela recorrente. Fl. 17938DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.939 16 Neste ponto, a defesa cita o art. 5º, incisos LV e LXXVIII da CF, dispositivos de Leis (PAF e CPC), doutrina e jurisprudência administrativa que asseguram no processo administrativo o cumprimento do contraditório e dos princípios da verdade material e da ampla defesa. Para ilustrar, transcrevo o seguinte trecho de seu recurso voluntário; (...) Portanto, ao desconsiderar a VERDADE MATERIAL, representada pelos documentos e planilhas de cálculo anexados aos autos do processo administrativo e também desconsiderar o laudo pericial apresentado pela Impetrante, o ato administrativo é nulo e merece ser expurgado no mundo jurídico, com base nos princípios do devido processo legal estabelecidos no artigo 5º, LV, CF/88. (...) 4) Da incapacidade do agente fiscalizador. Alega, em síntese, com citação de doutrina e jurisprudência, que o Auditor Fiscal, não tendo se apresentado como Contador, não tem competência legal para a realização da auditoria contábil e fiscal que resultou na lavratura do Auto de Infração. 5) Falta de fundamentação legal para o auto de infração. Alega, em síntese, que o lançamento em questão não respeitou os requisitos legais de identificação do fato gerador e base de cálculo à medida em que está tributando operações isentas, suspensas, em duplicidade, com o cálculo incorreto do imposto e outras incorreções. Cita uma série de operações que estariam identificadas nestas circunstâncias. Aborda a Teoria da Interpretação Econômica para afirmar que ela foi utilizada incorretamente pela decisão recorrida. Afirma que "os dispositivos citados na autuação não servem para justificála sendo, consequentemente, nulo o Auto de Infração". 6) Falta de fundamento jurídico para lançamentos fiscais sobre operações isentas ou nãotributadas. Comprovação pericial e documental. Repete uma série de operações que teriam sido tributadas irregularmente e que estariam "minuciosamente expressa no laudo pericial apresentado pela recorrente (Anexos IV e IVA do laudo)". 7) Falta de reconhecimento de créditos legítimos da recorrente. Comprovação pericial e documental. Apresenta um quadro demonstrativo dos créditos mensais, por período de apuração, e defende que a fiscalização deixou de registrar todos os seus créditos em atentado aos princípios constitucionais da nãocumulatividade e seletividade do IPI. 8) Da nulidade da imposição de multa punitiva de 112,5% sobre valores declarados pelo contribuinte em DCTF/DIPJ. Afirma que a referida multa não deve prosperar pois o próprio CARF a tem rejeitado em reiterados julgamentos. Transcreve diversas ementas de julgados a esse respeito. 9) Do caráter confiscatório da multa imposta. Fl. 17939DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.940 17 Afirma que a multa aplicada representa valor superior ao valor principal do imposto e sustenta a sua ilegalidade e inconstitucionalidade em face de dispositivo constitucional que garantiria a proibição de se utilizar tributo com efeito de confisco. Cita doutrina e jurisprudência e pede, em última análise, que a multa seja reduzida para 20%. É o relatório. Fl. 17940DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.941 18 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Os recursos de ofício e voluntário são tempestivos e atendem aos demais pressupostos legais de admissibilidade, por isso devem ser conhecidos. RECURSO DE OFÍCIO Os motivos para desoneração parcial do lançamento efetuado pela DRJ foram i) valores de pagamentos comprovados; ii) valores declarados em DCTF abatidos; iii) valores confessados em processo de parcelamento; iv) correção da alíquota aplicada do IPI de 15% para 10% na competência 12/2007 e v) acatamento de créditos do IPI comprovados com as notas fiscais apresentadas com a impugnação. Os quatro primeiros itens foram desonerados em razão da realização de diligências pela própria autoridade lançadora. As diligências decorreram de solicitação pela DRJ para que a fiscalização conferisse as alegações da impugnação de que no cálculo do auto de infração não haviam sido considerados os valores pagos, por meio de DARF e de processos de parcelamento e também os valores confessados em DCTF. Aproveitouse a realização da diligência para corrigir o equívoco na aplicação da alíquota de 15% ao produto classificado na NCM em 3923.40.00, a qual foi corrigida para 10% na competência 12/2007. Estes fatos estão devidamente esclarecidos na Informação Fiscal de fls. 16302/16315 e Informação Fiscal 2 de fls. 16650/16656 e foram acatados corretamente pela decisão recorrida, não havendo qualquer reparo a ser feito, pois os equívocos estão confirmados pela própria autoridade lançadora. Quanto à última desoneração, apesar da desordem em que foram apresentados os cercas de 10.000 documentos pelo contribuinte em sua impugnação, a DRJ efetuou um trabalho primoroso em verificar a procedência do crédito do IPI por meio da análise das notas fiscais, acatando os créditos na medida da convicção de que se referiam a matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagens, alocandoos ao correspondente fato gerador. Esta medida foi importante, até para afastar a arguição tanto repisada de cerceamento ao amplo direito de defesa do contribuinte. O acatamento dos créditos foi efetuado em razão do princípio da não cumulatividade do IPI, art. 153, § 3º, inc. II da CF, e também no disposto no art. 252 do RIPI/2010, o qual determina que serão considerados, como escriturados, os créditos a que o contribuinte comprove o seu direito. Desta forma, voto por negar provimento ao recurso de ofício. Recurso Voluntário Nulidade do Auto de Infração Fl. 17941DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.942 19 Em vários pontos de seu recurso voluntário o contribuinte alega a nulidade do auto de infração. Afirma que o lançamento não respeitou os requisitos legais de identificação do fato gerador e base de cálculo à medida em que está tributando operações isentas, suspensas, em duplicidade, com o cálculo incorreto do imposto e outras incorreções. Afirma que "os dispositivos citados na autuação não servem para justificála sendo, consequentemente, nulo o Auto de Infração". Esclareço que não vislumbrei no auto de infração constante do presente processo, qualquer mácula que pudesse tornálo nulo. Prescreve o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Todos os atos praticados no presente processo foram executados por pessoa competente e sem preterição do direito de defesa. Cumpre verificar que foram observados os requisitos fundamentais à validade do ato administrativo. Art. 10, inc. III e IV do Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: (...). III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável. Por sua vez, assim dispõe o art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Verificase que constam adequadamente descritos os fatos apurados pela autoridade, a fundamentação legal, a matéria tributável, os valores apurados e os fatos motivadores da autuação, permitindo ao contribuinte conhecer todos os elementos Fl. 17942DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.943 20 componentes da ação fiscal e, assim, propiciandolhe todos os meios para livre e plenamente manifestar suas razões de defesa. As questões apontadas pelo contribuinte referemse à metodologia de apuração da base de cálculo e ocorrência ou não dos fatos geradores, que são relativas ao mérito da autuação. Não há nem incerteza e nem falta de liquidez na autuação, pois o valor exigido está apontado e a matéria tributável devidamente caracterizada e fundamentada. A análise de mérito destas questões podem levar à improcedência do lançamento e não a sua nulidade. Os erros apontados no auto de infração e já corrigidos pela instância julgadora a quo, não provocam a sua nulidade. Na verdade, o comportamento indesejado do contribuinte, de jamais ter atendido a qualquer intimação da fiscalização, dificultou sobremaneira a apuração do IPI devido e colaborou com a ocorrência de erros em sua lavratura, porém os erros já foram identificados e devidamente corrigidos. Nas afirmações de nulidade do lançamento, a recorrente aborda diversas questões que nos remetem ao mérito do lançamento e, portanto, serão apreciadas oportunamente. Portanto afasto a preliminar de nulidade do auto de infração. Da alegada incapacidade do agente fiscalizador. Quanto à alegação do Recorrente de nulidade do lançamento por incompetência do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB), por não se tratar de profissional habilitado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) para realizar trabalhos de auditoria ou revisão contábil, devese registrar, de pronto, que nada há a acrescentar ao que já foi destacado pelo julgador de primeira instância, cujo argumentos adoto como razão de decidir. Além disso, tratase de matéria sumulada neste CARF, conforme se verifica do teor da súmula a seguir transcrita: Súmula CARF nº 8: O Auditor Fiscal da Receita Federal é competente para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Nulidade da Decisão de 1ª Instância O contribuinte alega, entre outras coisas, que a decisão recorrida teria indeferido ilegalmente o seu pedido de quesitos suplementares e desconsiderado integralmente o laudo pericial de 800 folhas elaborado pelo seu assistente técnico. Tais fatos atentariam contra os princípios da verdade material e ampla defesa. O art. 31 do Decreto nº 70.235/72 que regula o processo administrativo fiscal, assim dispõe sobre o conteúdo da decisão de 1ª instância: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e Fl. 17943DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.944 21 notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Por sua vez, o art. 59, inc. II do mesmo decreto aborda as situações quanto à nulidade dos atos adminsitrativos: Art. 59 São nulos: (...); II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Vêse que a decisão a quo foi proferida por autoridade competente, está devidamente fundamentada e aborda todas as razões de defesa suscitadas pelo contribuinte em sua impugnação. Não houve preterimento do direito de defesa, tanto é que o contribuinte em seu recurso voluntário denota perfeita compreensão do que foi decidido. O contribuinte comete equívoco quando alega que a decisão recorrida não considerou o laudo pericial com mais de 800 páginas elaborado pelo seu assistente técnico. Uma simples leitura da decisão sobretudo a partir das fls. 17838, comprova que só foi possível o aproveitamento dos créditos do IPI a partir da confrontação do laudo pericial e das notas fiscais de entradas apresentadas na impugnação. Destacase o seguinte trecho do voto condutor: (...) A empresa juntou, com a impugnação, vários documentos, entre eles algumas notas fiscais de entrada de insumos, para a comprovação de seus créditos de IPI. A empresa também apresentou laudo contábil, no qual demonstrou os créditos de IPI que pretendeu considerar na apuração do imposto. Assim, os créditos de IPI enumerados no laudo da contribuinte foram confrontados com as notas fiscais apresentadas. Em decorrência, foi constatado o que segue: (destaquei) (...) A partir deste parágrafo a decisão recorrida informa por fato gerador quais os créditos que foram apresentados no referido laudo pericial e que não foram acatados e a motivação de seu indeferimento. A decisão apresentou a motivação para o não acatamento integral do laudo pericial, não tendo razão o contribuinte em alegar cerceamento ao seu direito de defesa. Não leva à nulidade da decisão a simples discordância do recorrente com o seu resultado. Desta forma, afasto a preliminar de nulidade da decisão recorrida, suscitada pelo contribuinte em seu recurso voluntário. Suposta ilegalidade do Laudo Pericial apresentado pela Fazenda Nacional O laudo seria nulo pois resumiuse em trazer mera cópia integral do auto de infração. Além disso a recorrente teria trazido mais de 10.000 documentos ao processo e eles não foram analisados pela Assistente Técnica da Fazenda. Que o Laudo teriase baseado exclusivamente no SINTEGRA, tendo desconsiderado a contabilidade formal do contribuinte. Fl. 17944DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.945 22 Primeiro há que se esclarecer que o lançamento fiscal não está consubstanciado no laudo elaborado pela assistente técnica da Fazenda. Na verdade a Auditora Fiscal instada, por decisão judicial, a responder os quesitos elaborados pela impugnante, nada mais fez que respondêlos utilizandose de elementos extraídos do próprio auto de infração. Registrese que não poderia ter sido diferente. Nesta fase, as provas do lançamento já foram produzidas e caberia à assistente da Fazenda apenas o esclarecimento das supostas dúvidas levantadas pelo contribuinte. Frizese que referido laudo respondeu a todos os quesitos e o fato do contribuinte não concordar com suas conclusões, não é fundamento para sua nulidade. Em segundo lugar, mesmo discordando com as conclusões do referido laudo, o contribuinte teve a oportunidade de elaborar o seu próprio Laudo Pericial, ocasião em que deveria ter esclarecido e apresentado para análise todos os elementos de sua contabilidade, sobretudo relativos à apuração do IPI e não o fez, como veremos oportunamente. O laudo apresentado pela assistente técnica da Fazenda, debruçouse somente sobre os elementos constantes do auto de infração e não trouxe qualquer prejuízo ou cerceamento à defesa do contribuinte. Realização de nova perícia técnica O contribuinte solicita a realização de nova diligência "para que a perícia administrativa seja efetivamente produzida nos termos da lei e em obediência aos ditames da ordem judicial". O recorrente, alegando princípios que regem o processo administrativo fiscal, como verdade material e amplo direito de defesa, tenta transferir aos órgãos julgadores a obrigação de produzir provas em seu favor. Desde o início o contribuinte de forma deliberada não atendeu a qualquer intimação da autoridade fiscalizadora. Do conteúdo das intimações constatase que os elementos solicitados são suficientes para verificar com clareza a correta apuração do IPI no período fiscalizado. Tratamse dos livros fiscais "Registro de Entradas", "Registro de Saídas", "Registro de Apuração do IPI", além das notas fiscais de entradas e de saídas do estabelecimento. São elementos simples e que a Lei determina a sua guarda e sua pronta disponibilização às autoridades fiscais. Não tendo apresentado estes elementos, a autoridade fiscal agiu corretamente ao buscálos em outros registros oficiais, quais sejam, DCTF, DIPJ e Sintegra. Por meio destes registros chegouse à base de cálculo do lançamento. Portanto, tendo o contribuinte negadose a apresentar estes elementos durante a fiscalização, poderia têlos feito em sua impugnação. Não há qualquer mistério e não há a necessidade de realização de qualquer perícia, sequer a autorizada pelo poder judiciário. Basta a apresentação dos documentos suficientes para afastar a pretensão fiscal. Tanto na impugnação, quanto no laudo pericial de sua lavra, deixou de apresentar todos os elementos necessários e suficientes para fazer prova em seu favor. É incompreensível por parte deste julgador, a insistência na realização de perícias sem que no mínimo tenha apresentado os documentos já aventados. Os art. 18 e 29 do PAF autorizam o julgador a solicitar a realização de diligências e perícias quando entender imprescindíveis para formação de sua convicção. Aqui, não se trata do caso. A base de cálculo do tributo, utilizado no lançamento, foi informada pelo próprio contribuinte ao Sintegra. Pode conter algum erro? Evidente que sim, mas o contribuinte teria a obrigação de demonstrálos em sua impugnação. Observem que, no que ele conseguiu demonstrar, que foram os pagamentos, parcelamentos e notas fiscais de entradas, já houve o ajuste da base de cálculo. Alegar e pedir perícias sem apresentação de provas não é razoável. Fl. 17945DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.946 23 Portanto voto por indeferir a realização da perícia solicitada. Mérito Neste ponto, o contribuinte apresenta uma série de alegações genéricas a respeito do lançamento e do acórdão recorrido. Apresenta uma lista de eventos que estariam incorretos no lançamento, o que teria levado à inclusão no auto de infração da tributação de operações isentas, suspensas, com cálculo incorreto e em duplicidade. Transcrevo abaixo a lista de irregularidades apontadas no recurso voluntário: (...) i) Operações de Remessa/Retorno para Conserto (CFOP 5915/6915); ii) Operações de Remessa para Beneficiamento (CFOP 5901/6901); iii) Operação de Remessa para Armazenagem; iv) Operações de Venda para Sucatas; v) Operações em que há suspensão da exigência nos termos do artigo 29 da Lei Federal nº 10.637/2002; vi) Operações com Bobinas, em que de acordo com a Nomenclatura Comum do Mercosul NCM 3923.40.00, enquadrase na alíquota de 10% (dez por cento), ao invés da alíquota aplicada pela Autoridade Fiscal (de 15% quinze por cento); vii) Incidência do imposto sobre o valor total da Nota Fiscal, ao invés da incidência sobre o valor total dos produtos descritos na Nota Fiscal; viii) Remessa para Retrabalho (Códigos Fiscais de Operações e Prestações CFOP 5959); ix) Apontamento incorreto do NCM; para exemplificar, a Nota Fiscal nº 6427 apontada no Relatório "7", consta o NCM 3921.19.00, quando o correto seria o NCM 4911.10.90; x) Apontamento no Relatório do valor incorreto do IPI; xi) Ausência de apontamento das Notas Fiscais de saída que geram a não incidência do imposto; xii) Apontamento em duplicidade de Notas Fiscais no relatório do Auto de Infração, gerando a duplicidade da tributação; xiii) Cálculo incorreto do valor do IPI; xiv) Operações de Manutenção Mecânica de Moto Redutor; xv) Operações de Remessa de Material Faltante; xvi) Operações de Remessa de Material para Troca; xvii) Operações de Venda de Impresso Promocional; xviii) Notas Fiscais devidamente lançadas no SINTEGRA e que foram desconsideradas pela Autoridade Fiscal no Auto de Infração; Fl. 17946DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.947 24 xix) Não apuração dos créditos de IPI com base nas Notas Fiscais de Entrada e Livros Registro de Entrada; (...) Aqui evidenciase a falta de interesse do contribuinte em esclarecer os fatos e de produzir uma argumentação sólida a respeito do lançamento. O item " 3 Mérito" de sua impugnação é exatamente idêntico ao item "3 Mérito" de seu recurso voluntário. A diferença é que no recurso voluntário os parágrafos estão enumerados. Confira a impugnação (fls. 6854/6860) com o recurso voluntário (fls. 17897/17903). A decisão recorrida analisou todos os itens acima transcritos e o contribuinte, no recurso voluntário, repete o mesmo argumento utilizado na impugnação, sem rebater as conclusões especificadas no voto condutor do acórdão. É importante registrar inclusive que para alguns dos itens houve acatamento, mesmo que parcial, a exemplo dos itens "vi", "xiii" e "xix". Houve também acatamento dos pagamentos e parcelamentos que não estão nos itens mas consta do teor de sua defesa. O recurso voluntário não explica ou não argumenta em que ponto a decisão recorrida está incorreta. Ou seja, apesar da apresentação do recurso ele está evidentemente sem conteúdo. Pois bem da análise da decisão recorrida constato que ela abordou todos os pontos da impugnação e não localizei qualquer impropriedade de sua análise aos pontos impugnados. O contribuinte afirma incorretamente que a decisão teria desconsiderado o laudo pericial de 800 páginas e os cerca de 10.000 documentos apresentados na impugnação. Na verdade, todos os créditos de IPI acatados na decisão recorrida decorrem da análise do laudo pericial e sua correspondência com os documentos apresentados. Volto a transcrever o seguinte trecho da decisão recorrida, que abordou o assunto; (...) A empresa juntou, com a impugnação, vários documentos, entre eles algumas notas fiscais de entrada de insumos, para a comprovação de seus créditos de IPI. A empresa também apresentou laudo contábil, no qual demonstrou os créditos de IPI que pretendeu considerar na apuração do imposto. Assim, os créditos de IPI enumerados no laudo da contribuinte foram confrontados com as notas fiscais apresentadas. Em decorrência, foi constatado o que segue: (destaquei) (...) Após este esclarecimento, acima transcrito, o voto condutor do acórdão, passa a analisar individualmente todos os fatos geradores lançados, citando cada nota fiscal de entrada, constante do laudo pericial, estabelecendo o fundamento de sua não aceitação como suporte para créditos do IPI. Elaborou uma planilha específica por fato gerador e depois fez uma consolidação de todo o período. O julgador a quo constatou as seguintes irregularidades que não permitiram a aceitação de todas as notas fiscais constantes do laudo pericial: i) notas fiscais cujo destinatário era outro estabelecimento do contribuinte; ii) notas fiscais não juntadas ao processo embora constantes do laudo; iii) notas fiscais ilegíveis, sendo impossível distinguir qualquer de seus elementos; iv) notas fiscais sem destaque do IPI; v) notas fiscais duplicadas no laudo, tendo sido especificadas a sua numeração; e vi) notas fiscais de telefonia celular, TV e internet, por não se consubstanciarem em insumos da produção. Fl. 17947DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.948 25 Ao contrário do alegado pela defesa, a decisão considerou as informações constantes do laudo pericial e elaborou uma análise minuciosa de seu conteúdo em confronto com os documentos apresentados. Apesar disso, o contribuinte não teceu uma linha sequer sobre a análise efetuada pelo acórdão recorrido, limitandose a afirmações genéricas do tipo: "tributação sem fundamento legal ou em flagrante contrariedade aos ditames legais"; "flagrante nulidade do auto de infração ora em questão, pois os valores ali indicados estão eivados de ilegalidades"; "tributação indevida e irregular"; "ao arrepio da legislação vigente, a decisão ratifica a tributação de operações que não ensejam a incidência do IPI"; "a decisão... cometeu diversos equívocos ao não reconhecer a isenção e/ou nãotributação de diversas operações regulares, legais e legítimas efetuadas pela recorrente"; O contribuinte, também repetindo a impugnação, faz uma abordagem sobre a "teoria da interpretação econômica" e sua não aplicabilidade ao CTN, para concluir que a fiscalização desprezou as estruturas jurídicas adotadas pelo contribuinte, para prestigiar os efeitos econômicos de seus atos. O contribuinte insiste na tese que o lançamento foi efetuado por arbitramento. Efetivamente, não foi o que ocorreu. Não houve qualquer desprezo em relação aos procedimento adotados pelo contribuinte. Conforme já foi bem esclarecido, o lançamento foi efetuado com base nas notas fiscais de saídas informadas pelo próprio contribuinte à Secretaria Estadual de Fazenda, as quais compuseram o banco de dados do Sintegra. São elementos extraídos da própria informação prestada pelo contribuinte. Não são valores estimados, são valores reais. Portanto o lançamento foi efetuado em consonância com todos os artigos do CTN citados pelo recorrente como desrespeitados, sobretudo os art. 114 e 142, os quais tratam respectivamente do fato gerador e da atividade de lançamento. O contribuinte apresenta em seu recurso um quadro demonstrativo elaborado pelo seu perito, o qual resultaria em uma tributação final do IPI no montante de R$ 1.022.429,89 estabelecendo uma razoável diferença com o montante originalmente lançado de R$ 7.516.771,77 e também com o valor mantido pela decisão recorrida de R$ 5.055.565,78. Novamente o acórdão recorrido fez uma análise destes dados e, como dito acatou parcialmente os créditos nele apontados. Foram acatados os créditos constantes das notas fiscais de entrada efetivamente apresentadas na impugnação. Uma divergência expressiva entre o auto de infração e o quadro elaborado pelo perito do contribuinte é referente aos valores das bases de cálculos nas saídas de produtos tributados. É importante transcrever trecho do voto, o qual analisou esta parte: (...) O anexo IV traz a demonstração das notas fiscais tributadas sem base de cálculo, onde consta, por data, o nº da nota fiscal, o CFOP , o CNPJ do cliente, o valor contábil (valor tributável) e o IPI (0,00 zerado). Nesta listagem é possível verificar, entre outras, saídas com CFOP 5101 e 6101, 5911 e 6911, 5949 e 6949 que normalmente são tributadas. Em nenhum momento o laudo explicou o porque (fundamento) desta não tributação se isenção, alíquota zero, classificação fiscal, suspensão, por qual lei, entre outros motivos de exclusão de base de cálculo. Simplesmente enumerou, em uma planilha com lançamentos por data, os CFOP de saídas que considera não tributadas. Não há qualquer amparo documental aos valores lançados no laudo, ou seja, cópias ou originais das notas fiscais de saída, declaração de clientes de que atendem Fl. 17948DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.949 26 os requisitos do benefício fiscal impostos pela Lei nº 10.637/2002, artigo 29, § 7º, documento de retificação de nota fiscal, Livro Registro de Entradas e Saídas (original ou cópia), Livro de apuração do IPI (original ou cópia), descrição dos produtos, fotos folders, entre outros. Observese que nenhuma resposta dada pelo expert da contribuinte foi concludente, demonstrando com precisão qual o erro, onde ocorreu e como deveria ter sido feito. Não há qualquer correlação entre os dados do laudo da contribuinte com o lançamento fiscal. Simplesmente o Sintegra foi refeito, com a inclusão de algumas notas fiscais e correções de base de cálculo que a contribuinte entendeu como devidas. Vêse, inclusive, que a diferença em algumas base de cálculo ou valores de imposto não foram explicadas no laudo. Nem mesmo a parte da autuação acatada pelo laudo foi devidamente identificada. Em todas as planilhas apresentadas pelo Fisco consta uma coluna (“origem dos dados”) na qual é identificada a origem dos dados de todas as notas fiscais arroladas. As notas fiscais foram elencadas uma a uma, com valor contábil, valor tributável, classificação fiscal, alíquota e valor devido. Isto posto, a contribuinte teve plenas condições de contrapor qualquer dos dados que não refletissem a realidade com sua escrituração e com documentos que lhe deram origem, o que não fez em qualquer momento. Assim como os outros documentos juntados aos autos pela contribuinte, o laudo está desacompanhado de qualquer esforço argumentativo ou de organização de pensamentos e dados que permitisse estabelecer uma relação lógica entre os fundamentos da contestação e o auto de infração. (...) O registro é óbvio, o contribuinte apresentou uma planilha e não se preocupou com a comprovação documental dos dados ali contidos, nem mesmo após a análise acima efetuada pela DRJ. Repito, tratase de documentos que necessariamente pertencem ao contribuinte e dispensa a realização de qualquer perícia extraordinária para a constatação dos elementos neles contidos. O contribuinte volta a reclamar genericamente de supostas ilegalidades praticadas e não utilizou uma linha do recurso voluntário para apresentar argumentos específicos no sentido de contrapor os fundamentos e a análise detalhada da decisão recorrida. Portanto, sem reparos a serem efetuados na decisão combatida. Multa de Ofício 112,5% Caráter confiscatório. O contribuinte alega nulidade da imposição de multa punitiva de 112,5% sobre valores declarados pelo contribuinte em DCTF/DIPJ. Afirma que a referida multa não deve prosperar pois o próprio CARF a tem rejeitado em reiterados julgamentos. Transcreve diversas ementas de julgados a esse respeito. O recurso voluntário restringese a citar diversos julgados do CARF nos quais fora afastada referida multa. Não faz uma análise dos fatos paradigmas para mostrar a identidade entre os fatos daqueles julgamentos e o do presente. Portanto, não havendo vinculação daqueles julgados com o presente julgamento, a presente análise será restrita em verificar a legalidade da aplicação da referida multa de ofício. Fl. 17949DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.950 27 Inicialmente é importante destacar que é inverídica a afirmação do contribuinte de que a multa foi aplicada sobre valores declarados em DCTF. Os valores confessados em DCTF pelo contribuinte foram afastados do presente lançamento. O lançamento foi efetuado em decorrência da falta de declaração dos valores adicionais de IPI apurados de ofício. A multa foi aplicada com base no seguinte dispositivo legal, abaixo transcrito: Art. 80, § 7º da Lei nº 4.502/64: Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. (...) § 7o Os percentuais de multa a que se referem o caput e o § 6o deste artigo serão aumentados de metade nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para prestar esclarecimentos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007) É fato incontroverso que o contribuinte não atendeu a nenhuma das intimações que lhe foram efetuadas pela fiscalização. A primeira intimação que não foi atendida foi o Termo de Início de Fiscalização, fls. 133/135, no qual continha além da exigência de apresentar vários livros e documentos, continha também alguns pontos em que se solicitava esclarecimentos por parte do contribuinte. Destaco os itens 5, 6 e 7, do referido termo que requeria por escrito informações e esclarecimentos a cerca do processo produtivo, da existência de ações judiciais relativas ao IPI, bem como, quanto a existência de consulta à Secretaria da Receita Federal do Brasil. Por sua vez, o Termo de Intimação Fiscal nº 5, fls. 6.130/6.133, cuja ciência postal ao contribuinte foi dada em 29/08/2011, AR fl. 6.134, e requeria os seguintes documentos/esclarecimentos: 1. Relação por escrito de todos os produtos fabricados pela empresa, no período fiscalizado, contendo o nome comercial, descrição detalhada, composição, classificação na Tabela de Incidência do IPI TIPI e alíquotas do período fiscalizado. Solicitamos que a referida relação seja encaminhada também em meio magnético (CD), acompanhada de fotos, "folders", mostruários ou amostras que permitam a identificação dos produtos produzidos pela empresa no período de janeiro/2007 a dezembro/2009. 2. Informar/confirmar o nome comercial, descrição detalhada, composição, classificação na Tabela de Incidência de IPI TIPI e alíquotas do período fiscalizado dos produtos constantes da planilha abaixo, bem como, fornecer fotos, "folders", mostruários ou amostras que permitam correlacionar estes elementos com os produtos listados na planillha. (...) Fl. 17950DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10980.725955/201100 Acórdão n.º 3301002.936 S3C3T1 Fl. 17.951 28 O contribuinte foi reintimado a apresentar os mesmos esclarecimentos por meio do Termo de Intimação nº 6, fls. 6.135/6.137, e também não atendeu ou prestou qualquer informação pelo não atendimento. Notório, que os itens acima transcritos, objetos dos Termos de Intimação 5 e 6, prestamse a esclarecer o processo produtivo dos produtos fabricados pelo contribuinte. Portanto está configurada a motivação para o agravamento da multa em 112,5% nos exatos termos prescritos no dispositivo legal acima transcrito. Em seu recurso o contribuinte afirma que a multa aplicada representa valor superior ao valor principal do imposto e sustenta a sua ilegalidade e inconstitucionalidade em face de dispositivo constitucional que garantiria a proibição de se utilizar tributo com efeito de confisco. Como visto, a aplicação da multa decorreu de dispositivo legal plenamente válido. Portanto a discussão sobre obediência ao princípio do nãoconfisco envolve aspectos de sua constitucionalidade, cuja análise não é de competência deste órgão julgador, conforme preceitua a Súmula CARF nº 2. Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim o contribuinte pede, em última análise, que a multa seja reduzida para 20%. A defesa não cita qual seria o embasamento legal da redução da multa aplicada para 20%. Presumese que ele queira que seja substituída a multa de ofício aplicada pela não declaração/recolhimento do IPI pela multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430/96. Ocorre que a multa lançada é decorrente de lançamento de ofício, o qual determina a aplicação da multa correspondente, que no caso foi de 112,5%. A multa de mora, cujo percentual máximo é de 20%, decorre do pagamento de tributos declarados, cujo recolhimento deuse fora do prazo legal. Não é o presente caso e nem há previsão legal para esta conversão. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 17951DF CARF MF Impresso em 10/05/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 05/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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Numero do processo: 10650.901312/2012-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jun 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
OMISSÃO NO ACÓRDÃO. EXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIALMENTE ACOLHIDOS.
Uma vez que o acórdão recorrido foi omisso quanto ao uso do composto orgânico da uréia, e que esta informação é essencial à conclusão da incidência ou não do PIS e da COFINS, deverão ser acolhidos os presentes aclaratórios, com efeitos infringentes, para fins de sanar o vício apontado.
Embargos acolhidos em parte, para fins de integrar o teor do acórdão recorrido, o qual passa a ter o seguinte conteúdo:
ASSUNTO: PIS E COFINS
CUSTOS/DESPESAS. PESSOAS JURÍDICAS. AQUISIÇÕES. CRÉDITOS PASSÍVEIS DE DESCONTOS/RESSARCIMENTO.
Somente geram créditos passíveis de desconto da contribuição mensal apurada sobre o faturamento e/ ou de ressarcimento do saldo credor trimestral os custos dos bens para revenda e os custos/despesas dos bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de bens e produtos destinados a venda, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País e tributados pela contribuição.
CUSTOS. INSUMOS. AQUISIÇÕES. FRETES. PRODUTOS DESONERADOS.
Os fretes incidentes nas aquisições de produtos para revenda e/ ou utilizados como insumos na produção de bens destinados a venda, desonerados da contribuição, não geram créditos passíveis de desconto/ressarcimento.
CUSTOS. URÉIA. REVENDA. RESSARCIMENTO.
Os custos com aquisições de uréia para revenda geram créditos da contribuição passível de compensação/ressarcimento, com exceção da uréia utilizada como adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, nitrogenados (azotados) e enquadrada no NCM nº 31.02.10, visto que sujeita à alíquota zero, conforme dispõe o art. 1º, inciso I da Lei nº 10.925/2004.
Numero da decisão: 3301-002.912
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos com efeitos infringentes.
ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL - Presidente.
MARIA EDUARDA ALENCAR CÂMARA SIMÕES - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL (Presidente), SEMÍRAMIS DE OLIVEIRA DURO, LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, MARCELO COSTA MARQUES D'OLIVEIRA, FRANCISCO JOSÉ BARROSO RIOS, PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA, MARIA EDUARDA ALENCAR CÂMARA SIMÕES.
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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EXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARCIALMENTE ACOLHIDOS. Uma vez que o acórdão recorrido foi omisso quanto ao uso do composto orgânico da uréia, e que esta informação é essencial à conclusão da incidência ou não do PIS e da COFINS, deverão ser acolhidos os presentes aclaratórios, com efeitos infringentes, para fins de sanar o vício apontado. Embargos acolhidos em parte, para fins de integrar o teor do acórdão recorrido, o qual passa a ter o seguinte conteúdo: ASSUNTO: PIS E COFINS CUSTOS/DESPESAS. PESSOAS JURÍDICAS. AQUISIÇÕES. CRÉDITOS PASSÍVEIS DE DESCONTOS/RESSARCIMENTO. Somente geram créditos passíveis de desconto da contribuição mensal apurada sobre o faturamento e/ ou de ressarcimento do saldo credor trimestral os custos dos bens para revenda e os custos/despesas dos bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de bens e produtos destinados a venda, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País e tributados pela contribuição. CUSTOS. INSUMOS. AQUISIÇÕES. FRETES. PRODUTOS DESONERADOS. Os fretes incidentes nas aquisições de produtos para revenda e/ ou utilizados como insumos na produção de bens destinados a venda, desonerados da contribuição, não geram créditos passíveis de desconto/ressarcimento. CUSTOS. URÉIA. REVENDA. RESSARCIMENTO. Os custos com aquisições de uréia para revenda geram créditos da contribuição passível de compensação/ressarcimento, com exceção da uréia utilizada como adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, nitrogenados (azotados) e enquadrada no NCM nº 31.02.10, visto que sujeita à alíquota zero, conforme dispõe o art. 1º, inciso I da Lei nº 10.925/2004. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 13 12 /2 01 2- 83 Fl. 217DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos com efeitos infringentes. ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Presidente. MARIA EDUARDA ALENCAR CÂMARA SIMÕES Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL (Presidente), SEMÍRAMIS DE OLIVEIRA DURO, LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS, MARCELO COSTA MARQUES D'OLIVEIRA, FRANCISCO JOSÉ BARROSO RIOS, PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA, MARIA EDUARDA ALENCAR CÂMARA SIMÕES. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10650.901312/201283 Acórdão n.º 3301002.912 S3C3T1 Fl. 218 3 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional com fundamento no art. 65, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, em face do Acórdão proferido em razão do julgamento do Recurso Voluntário interposto pela COOPERATIVA AGRO PECUÁRIA DE ARAXÁ LTDA. nos autos em epígrafe, o qual possui a seguinte ementa: ASSUNTO: PIS E COFINS Período de apuração: Diversos CUSTOS/DESPESAS. PESSOAS JURÍDICAS. AQUISIÇÕES. CRÉDITOS PASSÍVEIS DE DESCONTOS/RESSARCIMENTO. Somente geram créditos passíveis de desconto da contribuição mensal apurada sobre o faturamento e/ ou de ressarcimento do saldo credor trimestral os custos dos bens para revenda e os custos/despesas dos bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de bens e produtos destinados a venda, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País e tributados pela contribuição. CUSTOS. INSUMOS. AQUISIÇÕES. FRETES. PRODUTOS DESONERADOS. Os fretes incidentes nas aquisições de produtos para revenda e/ ou utilizados como insumos na produção de bens destinados a venda, desonerados da contribuição, não geram créditos passíveis de desconto/ressarcimento. CUSTOS. URÉIA. REVENDA. RESSARCIMENTO. Os custos com aquisições de uréia para revenda geram créditos da contribuição passível de compensação/ressarcimento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Argumenta o embargante que a concessão de crédito sobre a aquisição de uréia não poderia ter sido concedida, uma vez que o acórdão embargado não teria se pronunciado sobre se a uréia fora adquirida para fins de alimentação de ruminantes ou se para fertilizantes agrícolas. Segue dispondo que este ponto seria importante para a solução da lide, visto que, na segunda hipótese (fertilizantes agrícolas), a uréia teria a classificação 3102.10, sendo aplicável a alíquota zero de PIS e Cofins. Para que melhor se compreenda o cerne dos embargos declaratórios, transcrevese abaixo os principais fundamentos constantes dos mesmos: O r. acórdão deu ‘provimento parcial ao recurso voluntário apenas e tão somente par reconhecer o direito de a recorrente apurar créditos da contribuição sobre os custos com aquisição de uréia’. Nas razões do v. voto condutor do r. acórdão são invocadas as razões abaixo, verbis: ‘7) bens utilizados como insumo, de fato, contabilizados assim, mas revendidos (milho, calcário bicálcio, fosfato e uréia); o milho, por ter sido comercializado com suspensão da alíquota, não gera crédito; também o calcário bicálcio e o fosfato por ter sido adquiridos com alíquota zero não geram créditos; já os custos com aquisições da uréia geram créditos da contribuição, nos termos Fl. 219DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL 4 do inciso I do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, passíveis de dedução/ressarcimento;’ Portanto, no ver do r. acórdão a Embargada não poderia excluir o milho, o calcário bicálcio e o fosfato em virtude dos referidos bens não gerarem crédito. De outra sorte, em relação à uréia a Embargada poderia se creditar, pois, aquele bem geraria crédito. Ocorre que o composto orgânico uréia tem inúmeras utilidades. Listamos algumas: 1) manufatura de plásticos, especificamente da resina ureiaformaldeído; 2) fabricação de fertilizantes agrícolas; 3) estabilizador em explosivos de nitrocelulose; 4) alimentação de ruminantes; 5) composto para condicionadores de cabelo e loções; 6) composto para aumentar a solubilidade de corantes na indústria têxtil; 7) na produção de ARLA32 (AddBlue), reagente utilizado no SCR para reduzir NOx em veículos Diesel SCR (Catalizador de Redução Seletiva). Nos autos não está esclarecido de forma peremptória qual seria a utilização da uréia pela Embargada. Contudo, pelo objetivo social da Embargada podemos presumir duas utilidades: 1) alimentação de ruminantes; 2) fertilizantes agrícolas. A uréia utilizada como fertilizante agrícola é classificada na posição 3102.10 da NCM. Consoante a Lei nº 10.925. art. 1º, inciso I, os adubos ou fertilizantes classificados no Capítulo 31, exceto os produtos de uso veterinário, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002, e suas matériasprimas, tem alíquota zero da contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno. O r. acórdão presumiu que o calcário bicálcio e o fosfato eram fertilizantes agrícolas e, por força da Lei nº 10.925, art. 1º, inciso I, c/c a Lei nº 10.637, art. 3º, inciso I, não caberia o creditamento. Ubi eadem ratio ibi eadem legis dispositivo Resulta, assim, que em relação ao fertilizante agrícola de uréia não poderia haver creditamento, visto que a teor da Lei nº 10.925, art. 1º, inciso I, incide a alíquota zero sobre o bem. De outra sorte, se o composto orgânico de uréia for utilizado para alimentação de ruminantes há incidência de PIS/COFINS. Em face dessa diferenciação, a Confederação Nacional da Agricultura encaminhou pedido de alteração legislativa, abraçado pelo Senador Assis Gurgacz que propôs o Projeto de Lei do Senado nº 319 de 2012, cuja ementa diz: ‘ Acresce o inciso XIX e § 4º ao art. 1º da Lei nº 10.925/04 (reduz as alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS incidentes na importação e na comercialização do mercado interno de fertilizantes e defensivos agropecuários), para prever no inciso XIX que ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno de ácido fosfórico, hidrogenoortofosfato de cálcio (fosfato dicálcico) e ureia pecuária e para dispor no § 4º que a mencionada redução aplicase até 31 de dezembro de 2018 (art. 1º). O Poder Executivo estimará a renúncia fiscal decorrente das alterações promovidas pela Lei, em consonância com o dispõem a Lei Complementar nº 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal) e o § 6º do art. 165 da Fl. 220DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10650.901312/201283 Acórdão n.º 3301002.912 S3C3T1 Fl. 219 5 Constituição Federal (art. 2º). A Lei entra em vigor na data de sua publicação, sendo que a redução de que exercício financeiro imediatamente posterior àquele em que for implementado o disposto no art. 2º (art.3º).’ O Projeto de Lei do Senado nº 319 de 2012 ainda se encontra em trâmite. Temos, então, que conforme o uso do composto orgânico de uréia há ou não incidência de PIS/COFINS. Caso a uréia seja utilizada como fertilizante agrícola incide a alíquota zero. De outra sorte, se a uréia for empregada para alimentação de ruminantes incide o PIS/COFINS normalmente. Em relação a utilização da uréia pela Embargada, entende a Embargante que aquele composto orgânico foi empregado como fertilizante agrícola, tanto que foi listado ao lado de outros produtos de mesma utilidade, o calcário bicálcio e o fosfato. Devendo, pois, ser aplicado a uréia o mesmo princípio e norma que foram adotados pelo r. acórdão para não admitir o creditamento. Por outro lado, entendendo este i. Colegiado que há dúvida acerca da utilização da uréia. Pugna a Embargante que consoante o PAF, art. 28, o ônus da prova é da Embargada. Se essa não instruiu o seu pedido de forma correta, incabível prover a pretensão de ressarcimento. Corroborando nosso entendimento pontifica a jurisprudência pacífica do e. CARF, verbis: ‘IPI. RESSARCIMENTO. CRÉDITOS INCENTIVADOS. Tratandose de crédito incentivado, o ônus de provar o direito alegado é de quem o reclama, não sendo dever da Administração produzir prova a seu favor. Não prova, tornase incerto e ilíquido o pedido. ACÓRDÃO 20311733’. Ao realizar o Juízo de admissibilidade, o presidente desta turma julgadora admitiu os embargos de declaração opostos, nos termos do art. 65 e parágrafos do Regimento Interno do CARF, entendendo que a matéria ventilada em tal recurso, de fato, não havia sido apreciada sobre este ângulo, configurando, portanto, omissão do acórdão embargado. Ato contínuo, os embargos declaratórios foram distribuídos para minha relatoria. É o breve relatório. Fl. 221DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL 6 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: Os Embargos Declaratórios são tempestivos e reúnem os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deles conheço. Consoante acima indicado, o acõrdão recorrido concluiu que "os custos com aquisições da uréia geram créditos da contribuição, nos termos do inciso I do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, passíveis de dedução/ressarcimento". O referido dispositivo legal assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; O Embargante, então, destaca a omissão do acórdão quanto ao uso do composto orgânico da uréia, visto que, na hipótese de este ser utilizada como fertilizante agrícola, estaria classificada na posição 3102.10 da NCM, e, portanto, sujeita à alíquota zero, nos termos do art. 1º, inciso I da Lei nº 10.925/2004, in verbis: Art. 1o Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno de: I adubos ou fertilizantes classificados no Capítulo 31, exceto os produtos de uso veterinário, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto no 4.542, de 26 de dezembro de 2002, e suas matériasprimas; O capítulo 31 da TIPI, por seu turno, assim dispõe: NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA (%) 3101.00.00 Adubos (fertilizantes) de origem animal ou vegetal, mesmo misturados entre si ou tratados quimicamente; adubos (fertilizantes) resultantes da mistura ou do tratamento químico de produtos de origem animal ou vegetal. NT 31.02 Adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, nitrogenados (azotados). 3102.10 Ureia, mesmo em solução aquosa Ou seja, verificase que a redução à alíquota zero apenas foi adotada para o caso da uréia, mesmo em solução aquosa, utilizada como adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, nitrogenados (azotados) e enquadrada no NCM nº 31.02.10. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 10650.901312/201283 Acórdão n.º 3301002.912 S3C3T1 Fl. 220 7 Nesse contexto, entendo que assiste parcial razão à Embargante, consoante restará devidamente esclarecido a seguir. De um lado, há de se reconhecer que o acórdão recorrido se omitiu quanto a tal ponto, tornandose necessário sanar a omissão apontada nesta oportunidade. Diante da análise da legislação acima apontada, assiste razão à recorrente quando dispõe que a uréia enquadrada no item 3102.10, sujeita à alíquota zero, não daria direito a creditamento, inclusive com base na fundamentação adotada pelo acórdão recorrido que não admitiu o creditamento quanto ao calcáreo bicálcio e o fosfato, por serem estes utilizados como fertilizantes agrícolas, por força do disposto na Lei nº 10.925/2004, art. 1º, inciso I, cumulado com o disposto na Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso I. Por outro lado, embora seja forçoso reconhecer que não há nos presentes autos elementos suficientes para se confirmar se a uréia utilizada pelo contribuinte era ou não utilizada como adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, entendo que este fato, por si só, não impede a concessão do crédito pleiteado pelo contribuinte, desde que excetuado o direito ao crédito quanto à uréia enquadrada no NCM nº 31.02.10. Isso porque, como é cediço, a informação quanto ao NCM da uréia comercializada pelo contribuinte neste caso concreto pode ser facilmente verificada pela fiscalização através da análise do SPED Fiscal da empresa, onde há a indicação dos NCM´s das mercadorias adquiridas e alienadas pela mesma. Logo, em atenção ao princípio da verdade material, que deve reger os julgamentos na esfera administrativa, concluo pela manutenção da conclusão constante do r. acórdão recorrido, no sentido de admitir que os custos com aquisições da uréia geram crédito da contribuição, nos termos do inciso I do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, passíveis de dedução/ressarcimento, excetuando, contudo, a uréia enquadrada no NCM nº 31.02.10, face à alíquota zero aplicável à mesma. Até porque, entendo que não há nenhum prejuízo ao Fisco na concessão do pleito do contribuinte nestes termos, visto que a exclusão de eventuais créditos relacionados ao referido NCM poderá ser facilmente realizada quando da execução do presente julgado. Nesse contexto, acolho os embargos de declaração opostos, para fins de sanar a omissão apontada, e, em razão da necessária inclusão das razões aqui emanadas ao acórdão recorrido, alterar o seu teor, para que passe a vigorar da seguinte forma: ASSUNTO: PIS E COFINS Período de apuração: Diversos CUSTOS/DESPESAS. PESSOAS JURÍDICAS. AQUISIÇÕES. CRÉDITOS PASSÍVEIS DE DESCONTOS/RESSARCIMENTO. Somente geram créditos passíveis de desconto da contribuição mensal apurada sobre o faturamento e/ ou de ressarcimento do saldo credor trimestral os custos dos bens para revenda e os custos/despesas dos bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de bens e produtos destinados a venda, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País e tributados pela contribuição. CUSTOS. INSUMOS. AQUISIÇÕES. FRETES. PRODUTOS DESONERADOS. Os fretes incidentes nas aquisições de produtos para revenda e/ ou utilizados como insumos na produção de bens destinados a venda, desonerados da contribuição, não geram créditos passíveis de desconto/ressarcimento. CUSTOS. URÉIA. REVENDA. RESSARCIMENTO. Os custos com aquisições de uréia para revenda geram créditos da contribuição passível de compensação/ressarcimento, com exceção da uréia utilizada como Fl. 223DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL 8 adubos (fertilizantes) minerais ou químicos, nitrogenados (azotados) e enquadrada no NCM nº 31.02.10, visto que sujeita à alíquota zero, conforme dispõe o art. 1º, inciso I da Lei nº 10.925/2004. É o voto. MARIA EDUARDA ALENCAR CÂMARA SIMÕES Relatora. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 06/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalment e em 15/04/2016 por MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES, Assinado digitalmente em 27/05/2016 por AND RADA MARCIO CANUTO NATAL
score : 1.0
Numero do processo: 14033.000246/2007-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jun 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
O destino da compensação vincula-se ao decidido no processo cujo objeto é o lançamento do IPI que glosou os créditos que foram compensados refazendo a escrita do IPI e lançando eventual saldo devedor. Assim, invalidado o lançamento, que abarca o período de apuração do crédito compensado, por decisão do CARF, em decorrência restitui-se o crédito à escrita fiscal e homologa-se a compensação feita com arrimo naquele.
Recurso provido.
Numero da decisão: 3402-003.122
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Antônio Carlos Garcia de Souza, OAB/RJ 48.955.
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Assim, invalidado o lançamento, que abarca o período de apuração do crédito compensado, por decisão do CARF, em decorrência restituise o crédito à escrita fiscal e homologase a compensação feita com arrimo naquele. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Sustentou pela recorrente o Dr. Antônio Carlos Garcia de Souza, OAB/RJ 48.955. Antônio Carlos Atulim Presidente. Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 03 3. 00 02 46 /2 00 7- 93 Fl. 885DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 14033.000246/200793 Acórdão n.º 3402003.122 S3C4T2 Fl. 885 2 Relatório Versam os autos pedido de compensação de crédito de IPI (fls. 3/4), referente ao período de apuração primeiro trimestre de 2005, com débitos de IRPJ e CSLL. O Termo de Verificação Fiscal (TVF fls. 230/236), de 27/11/2008, informa que a empresa creditouse (código 05 "outros créditos") de valores de IPI de insumos (2106.90.10 "preparações dos tipos utilizados para elaboração de bebidas" concentrado) adquiridos da Zona Franca de Manaus (ZFM) em operações isentas, os quais, entendeu a fiscalização, são indevidos nos termos de reiteradas decisões do Conselho de Contribuintes e do STF, pelo que glosouos e estornou os débitos compensados, e após reconstituiu a escrita do IPI. Tal procedimento operouse, alem deste processo, em relação aos demais elencados no item 2 do TVF. Em decorrência da glosa dos créditos, e realizada a reconstituição da escrita desconsiderandoos, e sendo apurados saldos devedores, os mesmos foram objeto de cobrança no auto de infração formalizado no processo 10166.720116/200895. Com arrimo nessa conclusão da fiscalização, foi editado, em 05/04/2010, o Despacho Decisório/DRFB/BSA/Diort (fls. 240/247) não reconheceu o crédito de IPI e, em consequência, não homologou a compensação. Manifestada sua inconformidade (fls. 252/277) contra esse Despacho, a DRJ/JFA, em acórdão de 09/07/2010 (fls. 781/785), manteve o despacho da unidade local da RFB. Não resignada, contra a r. decisão a empresa interpôs recurso voluntário (fls. 793/819), no qual pugna pela insubsistência da decisão recorrida tendo em vista que: a) o art. 19 da IN/RFB nº 210/02 seria inaplicável porque não se trataria de mero ressarcimento, mas de compensação regida pelo art. 74 da Lei nº 9430/96, intentada anteriormente à lavratura do Auto de Infração que originou o Processo Administrativo nº 10166.720116/200895 relativo à suposta exigência do IPI, que foi julgado improcedente por decisão de 1ª instância (Acórdão nº 0924537 da 3ª Turma da DRJ de Juiz de Fora); b) como resulta da aludida decisão, o insumo que gerou o crédito de IPI em questão para a Recorrente não se sujeitava a alíquota zero, mas sim a alíquota de 27% e é isento do IPI, e, portanto, não poderia ter sido proferida decisão deixando de homologar as compensações realizadas, porque já havia sido proferida decisão favorável no AI MPF n° 0110100/00013/2007. Pediu o sobrestamento do presente julgado até que seja proferida decisão definitiva nos autos do processo em que se controverte o auto de infração onde há a exigência fiscal do IPI devido em função das glosas dos créditos e reconstituição da escrita; c) a recorrente tem direito aos créditos de IPI objeto do pedido de ressarcimento em questão, porque também há coisa julgada formada nos autos do Mandado de Segurança Coletivo (MSC) n° 91.00477834 assegurando o direito aos créditos relativos da aquisição de insumos isentos (por norma de isenção subjetiva regional), oriundos da Zona Franca de Manaus, por força do principio da nãocumulatividade e por força expressa da disposição do art. 6° do DecretoLei (DL) n° 1.435, de 16.12.1975; d) nos termos do art. 74 da Lei n° 9.430/96, a requerente tem direito de utilizar créditos de IPI para quitar, por compensação, quaisquer tributos e contribuições administrados pela SRF; Fl. 886DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 14033.000246/200793 Acórdão n.º 3402003.122 S3C4T2 Fl. 886 3 e) descabida a incidência da multa consoante a dicção do art. 76, II, a, da Lei 4.502/64. O julgamento foi convertido em diligência, consoante Resolução 3402 000.283, de 31/11/2011 (fls. 1022/1026), no sentido de que fosse aguardado o julgamento definitivo do processo 10166.720116/200895, no qual se controverte o auto de infração da exigência fiscal decorrente das glosas de créditos, dentre os quais aqueles objeto da compensação destes autos, e, em face do que viesse a ser julgado, fosse elaborada planilha demonstrativa do valor do crédito a ser restituído de acordo a decisão definitiva. Em 20/01/2015, despacho da unidade local (fl. 1030), propondo o retorno dos autos ao CARF e informando que não havia decisão definitiva naqueles autos, o que veio a ser feito. Em 17/03/2016, o processo veio à minha relatoria em redistribuição por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, relator. Primeiramente rechaço a colocação de que os produtos isentos tenham alíquota de 27 %. Não é esta a motivação do lançamento no PA 10166.720116/200895, o qual não teve por fundamento a classificação fiscal dos produtos, mas exclusivamente o fato de estarem abrigados por operações isentas, o que, no entender do Fisco, afastaria qualquer direito a crédito. Aliás, por sua pífia motivação, foi o mesmo cancelado. Portanto, não conheço da alegação acerca da classificação fiscal dos produtos adquiridos por estranha ao fundamento da autuação. No que concerne ao referido processo de nº 10166.720116/200895, de fato o mesmo teve por objeto cobrança de IPI relativamente ao período de apuração 01/01/2003 a 31/12/2006. Portanto, os créditos objeto da compensação inserta nestes autos está abarcado no período objeto do lançamento de ofício. Entendo que se o lançamento de ofício que glosou os créditos escriturados (os quais, por sua vez, arrimaram compensações, como in casu), refazendo a escrita e apurando valor de IPI a pagar, for "derrubado" neste colegiado, em decorrência desta decisão vinculase o destino das compensações, uma vez que os créditos glosados retornam a seu status quo ante na escrita fiscal. Assim, tendo eu acompanhado o voto vencedor, de lavra do Dr. Antonio Carlos Atulim, no julgamento do recurso nos autos do processo 10166.720116/200895, julgado em sessão de 17 de maio de 2016, acórdão nº 3402003.067, o julgamento do objeto deste recurso terá o destino daquele, pelo seus próprios fundamento de decidir. Dessarte, com arrimo na decisão do voto vencedor no 3402003.067, que adoto como razões de decidir e que anexo a estes autos, resta homologada a compensação objeto do presente processo. Fl. 887DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 14033.000246/200793 Acórdão n.º 3402003.122 S3C4T2 Fl. 887 4 A decisão que cancelou o referido auto de infração (processo 10166.720116/200895) tornouse definitiva, uma vez que a PFN manifestouse naqueles autos (fl. 3707) que não interporia recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Ante o exposto, dou provimento ao recurso. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 888DF CARF MF Impresso em 28/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/06/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 27/06/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 10580.005433/2007-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Apr 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/1998 a 30/06/2002
DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN.
Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuou-se antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário e DAR PROVIMENTO PARCIAL, para reconhecer que sejam excluídos, em razão da decadência, os valores apurados até a competência 11/2001, inclusive, mantendo-se o lançamento referente ao período de 12/2001 a 06/2002, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
André Luís Mársico Lombardi Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Maria Cleci Coti Martins e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/1998 a 30/06/2002 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuou-se antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte
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OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Recorrente PRIMO SCHINCARIOL INDÚSTRIA DE CERVEJAS E REFRIGERANTES S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/1998 a 30/06/2002 DECADÊNCIA. OCORRÊNCIA PARCIAL. SÚMULA 99 DO CARF. RECOLHIMENTO PARCIAL. APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, DO CTN. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No caso de lançamento das contribuições sociais, em que para os fatos geradores efetuouse antecipação de pagamento, deixa de ser aplicada a regra geral do art. 173, inciso I, para a aplicação do art. 150, § 4º, ambos do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER do Recurso Voluntário e DAR PROVIMENTO PARCIAL, para reconhecer que sejam excluídos, em razão da decadência, os valores apurados até a competência 11/2001, inclusive, mantendose o lançamento referente ao período de 12/2001 a 06/2002, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 54 33 /2 00 7- 14 Fl. 213DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 2 André Luís Mársico Lombardi – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (VicePresidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Maria Cleci Coti Martins e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 10580.005433/200714 Acórdão n.º 2401004.207 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação da recorrente, mantendo o crédito tributário lançado. Adotamos trechos do relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 140/144), que bem resumem o quanto consta dos autos: “[...] 1. Tratase de crédito lançado através da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n° 37.059.5378 contra PRIMO SCHINCARIOL IND DE CERV E REFRIG DO NORDESTE S/A, referente às competências 11/99 a 01/02, 05/02 e 06/02 (...). 2. Em 25/01/2002, conforme Ata de Assembléia Geral Extraordinária, a empresa fiscalizada incorporou a sociedade ASA BRANCA MINERAL LTDA, CNPJ 03.095.118/000139, empresa localizada no Estado de Pernambuco, cujo início de atividade deuse em 10/03/1999. De acordo com a legislação vigente, infrações cometidas ou eventuais débitos provenientes da empresa incorporada devem ser apurados contra a empresa incorporadora. Esta NFLD destinase a apurar as contribuições devidas pela empresa incorporada, em razão de insuficiência de recolhimento constatada a partir do exame da documentação da Asa Branca Mineral. 3. De acordo com o Relatório da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, fls. 83/88, os valores que integram a presente Notificação referemse às contribuições dos segurados empregados, às contribuições patronais devidas pela empresa incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título aos segurados empregados e contribuintes individuais, mais a contribuição destinada ao financiamento dos benefícios em razão da incapacidade laborativa, a destinada a outras entidades (terceiros), e a diferença de acréscimos legais sobre contribuições previdenciárias recolhidas em atraso, dos seguintes levantamentos: 4. ABC Asa Branca Contribuintes individuais sem Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP. Este levantamento, elaborado com base na escrituração contábil da Asa Branca, destinase à apuração das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações de segurados contribuintes individuais, registradas nas Contas 4.2.02.03.011 (Manutenção e Conservação) e 4.2.02.03.0l8 (Serviços de Terceiros PF). 5. ABD Asa Branca DRTV Serviços. Este levantamento, elaborado com base na escrituração contábil da Asa Branca, destinase à apuração das contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações de segurados empregados, Fl. 215DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 4 registradas na Conta 1.l.02.07.008 (DRTV Serviços). A fim de identificar a real natureza dos lançamentos contábeis, foram solicitados à empresa, através do competente termo de intimação, os documentos que os embasaram. Como tais documentos não foram apresentados, sendo um dos motivos da lavratura do Auto de Infração DEBCAD n° 37.059.5327, a fiscalização considerou como remuneração de empregados os valores identificados no Relatório de Lançamentos RL, fls. 26/31. Para fins de cálculo das contribuições dos segurados empregados envolvidos neste levantamento, foi aplicada a alíquota mínima. 6. ABG Asa Branca folha com GFIP. Este levantamento destinase à apuração de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações de segurados empregados constantes das GFIP da Asa Branca. 7. ABN Asa Branca folha sem GFIP. Este levantamento, elaborado com base no comparativo entre as GFIP e as folhas de pagamento da Asa Branca, destinase à apuração de diferenças de contribuições previdenciárias incidentes sobre as remunerações de segurados empregados, não declaradas em GFIP. (...) 9. Inconformado com a notificação, o contribuinte apresentou impugnação tempestiva, em 11/01/2007, de fls. 116/138, alegando, em síntese, que: 10. O direito do Fisco de lançar o crédito tributário correspondente ao período de 10/96 a 11/01 achase acolhido pela decadência, conforme o Código Tributário Nacional, e por isso, o lançamento não prospera incólume. [...]” Como afirmado, a impugnação apresentada pela recorrente foi julgada improcedente, tendo a recorrente apresentado, tempestivamente, o recurso voluntário, no qual alega, em apertada síntese, a decadência dos valores apurados até a competência 11/2001, a teor no § 4º do art. 150 do CTN. É o relatório. Fl. 216DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 10580.005433/200714 Acórdão n.º 2401004.207 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro André Luis Marsico Lombardi, Relator Recurso tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto. A Recorrente alega que a autuação é improcedente até a competência 11/2001, em decorrência da decadência qüinqüenal, a teor do art. 150, § 4º, do CTN. Pelos motivos a seguir delineados, tal alegação será acatada. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08 do STF1, os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). Resta definir se é o caso de aplicação do art. 173, I, ou do art. 150, § 4°2, do referido codex. É cediço que o pagamento antecipadamente realizado só desloca a aplicação da regra decadencial para o art. 150, § 4º, do CTN em relação aos fatos geradores para os quais houve o pagamento antecipado. Assim, se há recolhimento em uma determinada competência e não em outra, àquela competência seria aplicável a regra do artigo 150, § 4º, do CTN, mas não a esta, que seguiria o disposto no artigo 173, I, do CTN, quanto ao cálculo do prazo decadencial. Ocorre que, quanto às contribuições previdenciárias, temos ainda a particularidade de ela ser integrada por diversas rubricas ou levantamentos, que são as parcelas integrantes da totalidade da remuneração. Por tal especificidade, indagase, de forma recorrente, se o fato gerador, e consequentemente o pagamento, deve ser analisado por rubrica/levantamento ou pela totalidade da remuneração no mês. Antes, porém, é preciso justificar que a expressão fato gerador, está sendo utilizada aqui de forma equivalente à hipótese de incidência, indicando “tanto aquela figura conceptual e hipotética – consistente no enunciado descritivo do fato, contido na lei – como o 1 Súmula Vinculante no 8 do STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. 2 Lei 5.172/1966 Código Tributário Nacional (CTN): Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; (g.n.) II da data em que se tornar definitiva à decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. ............................................................................................. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Fl. 217DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 6 próprio fato concreto que, na sua conformidade, se realiza, hic et nunc, no mundo fenomênico” (ATALIBA, Geraldo. Hipótese de incidência tributária. 6. ed. São Paulo: Malheiros, 2000, p. 54). Pois bem. O Código Tributário Nacional define o fato gerador como a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Então, voltando à questão tratada, perguntase: qual é esta situação necessária e suficiente para a configuração da ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária? Vejamos o quadro normativo para chegarmos a uma conclusão. O art. 195, I, “a”, da CF, estipula os limites da instituição de contribuições previdenciárias, estabelecendo, assim, o seu arquétipo constitucional. Sem especificação muito pormenorizada do fato gerador das aludidas contribuições, dispõe que são devidas pela empresa e que incidem sobre “a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados.” Subordinado a tais ditames e concretizando a hipótese de incidência/fato gerador, os incisos I, II e III do art. 22 da Lei 8.212/1991 são repetitivos ao estipularem que a contribuição previdenciária das empresas incide “sobre o total das remunerações” pagas ou creditadas a qualquer título “no decorrer” ou “durante o mês”. Do cotejamento dos referidos dispositivos, extraímos os elementos essenciais da hipótese de incidência/fato gerador, de sorte que podemos concluir que o legislador não atomizou o fato gerador da contribuição previdenciária tomando por base cada levantamento ou cada rubrica. Pelo menos não há menção expressa neste sentido. Da mesma forma ocorre com a contribuição do segurado. Vejamos a contribuição dos segurados empregados e avulsos, a qual leva em consideração o denominado salário de contribuição mensal (art. 20 da Lei 8.212/91), que está definido no inciso I do artigo 28 da Lei 8.212/91 com critérios semelhantes aos da contribuição da empresa, naquilo que nos interessa. Para o referido dispositivo legal, o salário de contribuição corresponde à “totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês”. Depreendese da análise atenta do dispositivo legal que, novamente, o legislador congrega todos os rendimentos daquela competência em um único instituto – salário de contribuição. É verdade que o salário de contribuição representa a base de cálculo, e não propriamente o fato gerador, todavia, o corte temporal (mensal) e quantitativo (totalidade) da descrição indica, novamente, que a situação necessária e suficiente para a ocorrência do fato gerador é o pagamento ou crédito da totalidade da remuneração, “no decorrer” ou “durante o mês”. Voltando para a contribuição da empresa, se consideramos que a Lei 8.212/91, ao estabelecer que a contribuição previdenciária incide “sobre o total das remunerações” pagas ou creditadas a qualquer título no “decorrer” ou “durante o mês” (art. 22, I, II e III, da Lei 8.212/1991) está definindo o seu fato gerador, podemos concluir que este fato gerador constituise da totalidade da remuneração no mês e não de cada parcela, rubrica ou levantamento isoladamente. Se a definição do fato gerador apóiase na totalidade da remuneração no decorrer do mês, consequentemente, todo e qualquer pagamento acaba por se referir à totalidade no mês, e não àquela rubrica ou levantamento específico – vejase novamente a definição da alíquota para segurados empregados e avulsos. Assim, havendo alguma antecipação de pagamento, atraise, para toda aquela competência, para todo aquele fato gerador, a aplicação do parágrafo 4º do art. 150 do CTN. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI Processo nº 10580.005433/200714 Acórdão n.º 2401004.207 S2C4T1 Fl. 5 7 Destarte, estando comprovado que há recolhimentos a homologar, independentemente da rubrica ou levantamento a que se refira, nas situações em que não haja caracterização de dolo, fraude ou sonegação, o dies a quo do prazo decadencial é a data da ocorrência do fato gerador, conforme preceitua o art. 150, §4º do CTN. Verificase que o lançamento fiscal em tela referese às competências 11/1999 a 06/2002 e foi efetuado em 27/12/2006, data da intimação e ciência do sujeito passivo (fls. 01/02). No caso em tela, tratase do lançamento de contribuições, cujos fatos geradores o Fisco já reconheceu que a Recorrente efetuou antecipação de pagamento parcial para outras rubricas da contribuição previdenciária, conforme Relatório Fiscal (fls. 83/88), Relatório de Documentos Apresentados (RDA), fls. 40/42, Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados (RADA), fls. 43/60, e Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal (TEPF), fls. 77/78. Esses documentos afirmam que houve o recolhimento parcial de contribuições devidas. Nesse sentido, a teor do enunciado da súmula 99 do CARF3, aplicase o art. 150, § 4º, do CTN, para considerar que os valores apurados até a competência 11/2001, inclusive, foram abrangidos pela decadência tributária. Com isso – como o crédito foi constituído com fundamento no direito potestativo do Fisco em lançar os valores das contribuições não recolhidas em época determinada pela legislação vigente –, a decadência será acatada em parte, excluindose os valores apurados nas competências 11/1999 a 11/2001, inclusive, já que o lançamento fiscal referese ao período de 11/1999 a 06/2002 e as competências posteriores a 11/2001 não foram abarcadas pela decadência tributária. Diante disso, reconhecese parcialmente a preliminar de decadência tributária, excluindo as contribuições apuradas até a competência 11/2001, inclusive, a teor do art. 150, § 4º, do CTN. E mantêmse as contribuições apuradas no período de 12/2001 a 06/2002. Em tempo, a Recorrente afirma que as contribuições não atingidas pela decadência (período de 12/2001 a 06/2002) já foram recolhidas por meio de guias de recolhimento (GPS), sendo assim cabe ao Fisco na liquidação e execução do lançamento fiscal averiguar tais recolhimentos sinalizados pela Recorrente e, se for o caso, extinguir o restante do lançamento mantido. CONCLUSÃO: Voto no sentido de CONHECER do recurso e DAR PROVIMENTO PARCIAL, para reconhecer que sejam excluídos, em razão da decadência, os valores apurados 3 Súmula 99 do CARF: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI 8 até a competência 11/2001, inclusive, mantendose o lançamento referente ao período de 12/2001 a 06/2002, nos termos do voto. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Relator Fl. 220DF CARF MF Impresso em 08/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 05/ 04/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
score : 1.0
Numero do processo: 13971.001474/2005-56
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005
REGIME NÃO CUMULATIVO. CUSTOS DE AQUISIÇÃO DE BENS PARA REVENDA OU UTILIZADO COMO INSUMO DE PRODUÇÃO/INDUSTRIALIZAÇÃO. COMPROVAÇÃO PARCIAL. GLOSA PARCIAL DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO.
No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep, a glosa do crédito deve ser parcialmente mantida se o contribuinte não logra comprovar, por meio de documento hábil e idôneo, parte do custo de aquisição dos bens para revenda ou utilizado como insumo de produção/industrialização de bens destinados à venda.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep , se no transporte de bens para revenda ou utilizado como insumos na produção/industrialização de bens de destinados à venda, o gasto com frete, suportado pelo comprador, somente propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens, logo, se não há previsão legal de apropriação de crédito sobre o custo de aquisição dos bens transportados, por falta de previsão legal, não há como ser apropriada a parcela do crédito calculada apenas sobre o valor do gasto com frete.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. REMESSA DE PRODUTOS ACABADOS PARA DEPÓSITO FECHADO OU ARMAZÉM GERAL. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitido o direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os gastos com frete relativos à operação de transporte nas remessas de produtos acabados para depósito fechado ou armazém geral.
REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, por falta de previsão legal, não propicia a dedução de crédito as despesas com frete por serviços de transporte de produtos acabados realizados entre estabelecimentos do próprio contribuinte por transportador pessoa jurídica.
REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005
DÉBITO DECLARADO EM DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO FINAL PRAZO QUINQUENAL DE DECADÊNCIA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA.
O débito declarado em Declaração de Compensação (Dcomp) tem natureza de confissão de dívida e se reveste de instrumento de hábil e idôneo de constituição do débito tributário compensado, o que dispensa a realização do lançamento de ofício e ainda põe termo à fluência do prazo quinquenal de decadência.
HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. DCOMP RETIFICADORA ADMITIDA. DATA DA APRESENTAÇÃO. NOVO TERMO INICIAL DO PRAZO QUINQUENAL DE DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE.
Se admitida a Dcomp retificadora, o termo inicial da contagem do prazo decadencial quinquenal para a homologação da compensação declarada passa a ser a data da apresentação da DComp retificadora, por conseguinte, não ocorre a homologação tácita se a ciência do contribuinte do despacho decisório não homologatório ou homologatório parcial da compensação efetiva-se antes de completado o quinquídio decadencial.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005
DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE ADEQUADA DAS RAZÕES DE DEFESA. DOCUMENTOS APRESENTADOS A DESTEMPO. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO EM FACE DA PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e em que não foram analisadas apenas documentos apresentados após o prazo da manifestação de inconformidade, alcançados pelo efeito da preclusão consumativa.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.218
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e não conhecer a homologação tácita da Declaração de Compensação, parcialmente vencida a Conselheira Lenisa Prado, que reconhecia a nulidade da decisão de primeira instância. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, para manter a glosa de créditos calculados sobre aquisição de bens destinados à venda por falta de comprovação, vencidos a Conselheira Lenisa Prado e os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá e José Fernandes do Nascimento, Relator, que davam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para restabelecer (i) o direito de crédito na aquisição do insumo acobertado pela NF nº 187744 (fl. 379) e (ii) os valores de R$ 46.202,77 e R$ 300,00, relativos à base de cálculo dos créditos estornados no mês de fevereiro de 2005. Fez sustentação oral: Dr. Arno Schmidt Júnior - OAB 6878 - SC.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
(assinado digitalmente)
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Redatora designada.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e não conhecer a homologação tácita da Declaração de Compensação, parcialmente vencida a Conselheira Lenisa Prado, que reconhecia a nulidade da decisão de primeira instância. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, para manter a glosa de créditos calculados sobre aquisição de bens destinados à venda por falta de comprovação, vencidos a Conselheira Lenisa Prado e os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá e José Fernandes do Nascimento, Relator, que davam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para restabelecer (i) o direito de crédito na aquisição do insumo acobertado pela NF nº 187744 (fl. 379) e (ii) os valores de R$ 46.202,77 e R$ 300,00, relativos à base de cálculo dos créditos estornados no mês de fevereiro de 2005. Fez sustentação oral: Dr. Arno Schmidt Júnior - OAB 6878 - SC. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Relator. (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Redatora designada. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005 REGIME NÃO CUMULATIVO. CUSTOS DE AQUISIÇÃO DE BENS PARA REVENDA OU UTILIZADO COMO INSUMO DE PRODUÇÃO/INDUSTRIALIZAÇÃO. COMPROVAÇÃO PARCIAL. GLOSA PARCIAL DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO. No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep, a glosa do crédito deve ser parcialmente mantida se o contribuinte não logra comprovar, por meio de documento hábil e idôneo, parte do custo de aquisição dos bens para revenda ou utilizado como insumo de produção/industrialização de bens destinados à venda. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep , se no transporte de bens para revenda ou utilizado como insumos na produção/industrialização de bens de destinados à venda, o gasto com frete, suportado pelo comprador, somente propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens, logo, se não há previsão legal de apropriação de crédito sobre o custo de aquisição dos bens transportados, por falta de previsão legal, não há como ser apropriada a parcela do crédito calculada apenas sobre o valor do gasto com frete. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. REMESSA DE PRODUTOS ACABADOS PARA DEPÓSITO FECHADO OU ARMAZÉM GERAL. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitido o direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os gastos com frete relativos à operação de transporte nas remessas de produtos acabados para depósito fechado ou armazém geral. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, por falta de previsão legal, não propicia a dedução de crédito as despesas com frete por serviços de transporte de produtos acabados realizados entre estabelecimentos do próprio contribuinte por transportador pessoa jurídica. REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005 DÉBITO DECLARADO EM DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO FINAL PRAZO QUINQUENAL DE DECADÊNCIA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA. O débito declarado em Declaração de Compensação (Dcomp) tem natureza de confissão de dívida e se reveste de instrumento de hábil e idôneo de constituição do débito tributário compensado, o que dispensa a realização do lançamento de ofício e ainda põe termo à fluência do prazo quinquenal de decadência. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. DCOMP RETIFICADORA ADMITIDA. DATA DA APRESENTAÇÃO. NOVO TERMO INICIAL DO PRAZO QUINQUENAL DE DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. Se admitida a Dcomp retificadora, o termo inicial da contagem do prazo decadencial quinquenal para a homologação da compensação declarada passa a ser a data da apresentação da DComp retificadora, por conseguinte, não ocorre a homologação tácita se a ciência do contribuinte do despacho decisório não homologatório ou homologatório parcial da compensação efetiva-se antes de completado o quinquídio decadencial. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005 DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE ADEQUADA DAS RAZÕES DE DEFESA. DOCUMENTOS APRESENTADOS A DESTEMPO. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO EM FACE DA PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e em que não foram analisadas apenas documentos apresentados após o prazo da manifestação de inconformidade, alcançados pelo efeito da preclusão consumativa. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005 REGIME NÃO CUMULATIVO. CUSTOS DE AQUISIÇÃO DE BENS PARA REVENDA OU UTILIZADO COMO INSUMO DE PRODUÇÃO/INDUSTRIALIZAÇÃO. COMPROVAÇÃO PARCIAL. GLOSA PARCIAL DOS CRÉDITOS APROPRIADOS. CABIMENTO. No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep, a glosa do crédito deve ser parcialmente mantida se o contribuinte não logra comprovar, por meio de documento hábil e idôneo, parte do custo de aquisição dos bens para revenda ou utilizado como insumo de produção/industrialização de bens destinados à venda. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep , se no transporte de bens para revenda ou utilizado como insumos na produção/industrialização de bens de destinados à venda, o gasto com frete, suportado pelo comprador, somente propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens, logo, se não há previsão legal de apropriação de crédito sobre o custo de aquisição dos bens transportados, por falta de previsão legal, não há como ser apropriada a parcela do crédito calculada apenas sobre o valor do gasto com frete. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. REMESSA DE PRODUTOS ACABADOS PARA DEPÓSITO FECHADO OU ARMAZÉM GERAL. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é admitido o direito de apropriação de créditos da Contribuição para o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 14 74 /2 00 5- 56 Fl. 747DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 2 PIS/Pasep sobre os gastos com frete relativos à operação de transporte nas remessas de produtos acabados para depósito fechado ou armazém geral. REGIME NÃO CUMULATIVO. DESPESAS COM FRETE. TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Na sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, por falta de previsão legal, não propicia a dedução de crédito as despesas com frete por serviços de transporte de produtos acabados realizados entre estabelecimentos do próprio contribuinte por transportador pessoa jurídica. REGIME NÃO CUMULATIVO. OPERAÇÕES DE DEVOLUÇÃO DE COMPRA E DE VENDA. DESPESA COM FRETE NO TRANSPORTE DO BEM DEVOLVIDO. DIREITO DE DEDUÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. No âmbito do regime não cumulativo, por falta de previsão legal, não é passível de apropriação os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep calculados sobre as despesas com frete incorridas na operação de devolução de bem vendido ou comprado, ainda que tais despesas tenha sido suportadas pelo contribuinte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005 DÉBITO DECLARADO EM DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA E CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO FINAL PRAZO QUINQUENAL DE DECADÊNCIA. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INOCORRÊNCIA. O débito declarado em Declaração de Compensação (Dcomp) tem natureza de confissão de dívida e se reveste de instrumento de hábil e idôneo de constituição do débito tributário compensado, o que dispensa a realização do lançamento de ofício e ainda põe termo à fluência do prazo quinquenal de decadência. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. DCOMP RETIFICADORA ADMITIDA. DATA DA APRESENTAÇÃO. NOVO TERMO INICIAL DO PRAZO QUINQUENAL DE DECADÊNCIA. POSSIBILIDADE. Se admitida a Dcomp retificadora, o termo inicial da contagem do prazo decadencial quinquenal para a homologação da compensação declarada passa a ser a data da apresentação da DComp retificadora, por conseguinte, não ocorre a homologação tácita se a ciência do contribuinte do despacho decisório não homologatório ou homologatório parcial da compensação efetivase antes de completado o quinquídio decadencial. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2005 a 31/03/2005 DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU. ANÁLISE ADEQUADA DAS RAZÕES DE DEFESA. DOCUMENTOS APRESENTADOS A DESTEMPO. AUSÊNCIA DE APRECIAÇÃO EM FACE DA PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. DECLARAÇÃO DE NULIDADE. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 748DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 748 3 Não é passível de nulidade, por cerceamento ao direito de defesa, a decisão de primeiro grau em que houve pronunciamento claro e suficiente sobre todas as razões de defesa suscitadas na peça impugnatória e em que não foram analisadas apenas documentos apresentados após o prazo da manifestação de inconformidade, alcançados pelo efeito da preclusão consumativa. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão de primeira instância e não conhecer a homologação tácita da Declaração de Compensação, parcialmente vencida a Conselheira Lenisa Prado, que reconhecia a nulidade da decisão de primeira instância. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, para manter a glosa de créditos calculados sobre aquisição de bens destinados à venda por falta de comprovação, vencidos a Conselheira Lenisa Prado e os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá e José Fernandes do Nascimento, Relator, que davam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar. Por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para restabelecer (i) o direito de crédito na aquisição do insumo acobertado pela NF nº 187744 (fl. 379) e (ii) os valores de R$ 46.202,77 e R$ 300,00, relativos à base de cálculo dos créditos estornados no mês de fevereiro de 2005. Fez sustentação oral: Dr. Arno Schmidt Júnior OAB 6878 SC. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. (assinado digitalmente) Maria do Socorro Ferreira Aguiar Redatora designada. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o Relatório encartado na decisão de primeiro grau, que segue integralmente transcrito: Trata o presente processo de compensações (DCOMP) de débitos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) com crédito do PIS/Pasep, vinculados às receitas de exportação, apurado nos meses de fevereiro e março de 2005. Fl. 749DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 4 O Relatório de Auditoria Fiscal teve por escopo a aferição dos créditos utilizados pela contribuinte no período, incluindo as utilizações em desconto (desconto de valores de débitos apurados da própria contribuição nãocumulativa), bem como a apuração dos saldos de créditos ‘Exportação’ passíveis de utilização em compensação e/ou ressarcimento. Em seguida, a autoridade fiscal passa a discorrer sobre a instrução do processo, o rateio, o perfil da empresa, os fundamentos dos créditos do PIS/Pasep nãocumulativo; por fim, passa à análise e reconhecimento dos créditos, de acordo com o último Dacon retificador transmitido, o qual guarda correspondência com a última memória de cálculo apresentada. Desta análise, resultaram as seguintes glosas de créditos: LINHA 01 – Bens para revenda (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., inciso I): Glosa 1 – Falta de comprovação de diversas notas fiscais relacionadas no arquivo RVJ não apresentadas ao fisco (item 38 do relatório), embora tenham sido objeto de intimação. LINHA 02 – Bens utilizados como insumos (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., II): Glosa 1 – Complementos de Valor – Remessas sem crédito: A contribuinte efetua operações de compra, venda e industrialização de insumos (preponderância de soja) com preço a fixar, feitas de pessoas físicas e jurídicas. O fisco concentrou o foco da análise especificamente nas notas de Complemento de Valor (TNF 72), especificamente nas operações de aquisição de insumos com contratos de preços a fixar. Conforme o relatório fiscal, as glosas se fundamentaram, em síntese, no fato de que o direito ao crédito do PIS/Pasep apurado na modalidade nãocumulativa foi regulado respeitando o regime de competência. Não foram consideradas as complementações dos valores ocorridas no regime não cumulativo, em relação às remessas (aquisições) ocorridas no período da cumulatividade e foram consideradas parcialmente àquelas em que as remessas ocorreram nos dois períodos – cumulatividade e nãocumulatividade. Com base na análise do arquivo digital ‘COMP”, o fisco verificou existirem, para o mesmo contrato, remessas com fim específico de exportação (CFOP 1.501/2.501), sem direito a crédito (Remessas com FEX). A descrição dos registros relacionados a remessas sem créditos e respectivo valores se encontram detalhados nos itens 71 a 74 do relatório fiscal. Glosa 2 – Falta de Comprovação: relativa aos documentos solicitados e não apresentados (arquivo ‘INJ’, ‘INU’ e ‘INC’), listados nos demonstrativo do item 75 do relatório fiscal. LINHA 03 – Serviços utilizados como insumos (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., II: Fl. 750DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 749 5 Glosa 1 – Falta de Comprovação: relacionada aos registros nos arquivos “SVT” e “SVFr”, em razão da falta de apresentação de notas fiscais relacionadas às operações de transporte (item 91 do relatório), no período de janeiro a março. Glosa 2 – Frete correspondente a grãos exportados: Referese aos custos de fretes efetuados por Pessoa Jurídica correspondentes (e proporcionais) às aquisições de produtores Pessoa Física (créditos presumidos) para revenda, insumos estes os quais foram objeto de estorno, conforme demonstrativo de estorno (EST_Rv). Dada a preponderância das aquisições de soja em grão de pessoas físicas, a glosa limitouse aos fretes relacionadas a este bem, tendo sido adotado um critério de apuração de proporcionalidade entre as aquisições totais de soja (de pessoa física), os valores estornados e os respectivos fretes. Glosa 3 – Frete na transferência de produto acabado (entre estabelecimentos): ocorrência verificada a partir da análise dos arquivos ‘SVFr’, com a identificação das operações com CFOP 2.152 (transferência para comercialização) e CFOP 5.152/6.152 (transferência de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros). Glosa 4 – Frete na aquisição de PF para revenda: ocorrência verificada a partir da análise dos arquivos ‘SVFr’, com a identificação das operações para as quais a participante remetente é pessoa física e o CFOP da nota fiscal relativa à mercadoria transportada é igual a ‘1.102’ ou ‘2102’ cuja descrição consta como ‘Compra para comercialização’. Glosa 5 – Frete na aquisição com FEX: relativo a aquisições com fim específico de exportação. As demais glosas, sob este item, foram identificadas a partir da análise do arquivo SVFr verificados através do CFOP das mercadorias transportadas. São elas: Glosa 6 – Frete em Devoluções; Glosa 7 – Fretes em operações com depósito fechado ou armazém geral; Glosa 8 – Frete em operações relativas a conserto/reparo; Glosa 9 – Frete de bens do imobilizado; e Glosa 10 – Frete de material uso/consumo. LINHA 05 – Despesas de aluguéis de prédios locados de Pessoas Jurídicas – Lei nº. 10.637/2002, art. 3º.,IV: Glosa 1 – Adiantamento a fornecedor: por não se caracterizarem como “incorridos no mês” a teor do art. 3º. , § 1º., II, da Lei nº. 10.833/2003. Glosa 2 – Falta de Comprovação: relativa a diversos registros cujos respectivos documentos, notas fiscais, contratos e comprovantes de pagamentos não foram apresentados (item 148 do relatório), conforme solicitados pelo fisco. LINHA 06 – Despesas de aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas – Lei nº. 10.637/2002, art. 3º.,IV: Fl. 751DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 6 por não se caracterizarem como “incorridos no mês” a teor do art. 3º. , § 1º., II, da Lei nº. 10.637/2002. LINHA 07 – Despesas de Armazenagem de Mercadoria e Frete na Operação de Venda – Lei nº. 10.833/2003, art. 3º.,IX e 15,II: Glosa 1 – Falta de comprovação de operações constantes do arquivo ‘FrV’, em razão da falta de apresentação de parte dos documentos comprobatórios (relação no item 165 do relatório). LINHA 09 – Encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., VI): Glosa 1: Falta de informação do fornecedor do bem: efetuada a glosa em razão da falta de identificação do fornecedor do bem para o Ativo Imobilizado, imprescindível para respaldar o reconhecimentos dos créditos. LINHA 10 – Base de Cálculo de Créditos a Descontar Relativos a Bens do Ativo Imobilizado (Lei nº. 10.833/2003, art. 3º. §14): Glosa 1 – Falta de informação do fornecedor do bem: efetuada a glosa em razão da falta de identificação do fornecedor do bem, imprescindível para respaldar o reconhecimentos dos créditos. Glosa 2 – Informação inválida do fornecedor do bem: a informação de CNPJ constante do campo ‘Fornecedor’ corresponde a um código inexistente, sendo que a correta de identificação do fornecedor do bem para o Ativo Imobilizado e imprescindível para respaldar o reconhecimentos dos créditos. Glosa 3 – Falta de Comprovação: da documentação hábil relativa ao crédito, conforme planilha constante no item 182. LINHA 18 – Crédito Presumido – Atividades Agroindustriais (Lei nº.10.925/2004, art. 8º.): Glosa 1: Complemento de Valor – Remessas sem crédito: A contribuinte efetua operações de compra, venda e industrialização de insumos com preço a fixar, feitas de pessoas físicas e jurídicas, cujos registros das operações com pessoas físicas se encontram identificados nos arquivos ‘AGS – Aquisições de Soja de Pessoas Físicas residentes no País’ e ‘AGM – Aquisições de Milho de Pessoas Físicas residentes no País’ e ‘AGD – Aquisições de outros bens de Pessoas Físicas residentes no País’. As notas identificadas como ‘TNF 72’ referemse ao complemento do valor, pelas quais a contribuinte foi intimada a apresentar o arquivo digital ‘COMPL’, onde se constatou que terem ocorridos remessas sem direito a crédito: remessas havidas no período da cumulatividade e para comercialização (CFOP 1.102). Os fundamentos da glosa são os mesmos da glosa 1 – Linha 02 (itens 59/73). Fl. 752DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 750 7 Glosa 2 – Falta de Comprovação: relativa aos registros de notas fiscais constantes dos arquivos “AGS”, “AGD” e “AGM” (AGS – demonstrativo 182). Glosa 3 – Frete correspondente a grãos exportados: as razões e critérios dessa glosa são os mesmos já expostos nos itens 94/101 do relatório fiscal (Glosa 2 da Linha 03). Glosa 4 – Frete na Transferência de Produto Acabado: (entre estabelecimentos): ocorrência verificada a partir da análise dos arquivos ‘AGFr’, com a identificação das operações com CFOP 1.152/2.152 (transferência para comercialização) e CFOP 5.152/6.152 (transferência de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros). Glosa 5 – Frete em devoluções de compras ou de vendas de mercadorias (arquivos AGFr), identificadas através do CFOP das mercadorias transportadas. Glosa 6 – Fretes em operações com depósito fechado ou armazém geral: identificadas a partir da análise do arquivo AGFr verificados através do CFOP das mercadorias transportadas. LINHA 31 () Ajustes Negativos de Créditos: Glosa 1 Estorno de bens sinistrados: Em vista da não apresentação do Demonstrativo “ESTEstornos relativos a Insumos para Industrialização”, a apuração do estorno foi feita com base dos dados constantes do livro Diário, constas nº. 1700 – Sinistros de matéria prima e nº. 1701 – Sinistros de produtos. Análise dos Créditos – Tabulação dos Resultados: Ao final do relatório,o fisco expõe a tabulação dos dados com os créditos passíveis de reconhecimento, procede ao rateio dos créditos relacionados ao mercado interno e externo, e apresenta as suas conclusões. Com base nas informações fiscais, é emitido o Parecer SAORT nº. 061/2010, e o respectivo Despacho Decisório de fl. 233. Manifestação de Inconformidade: Preliminarmente, a contribuinte alega que os créditos anteriores a 18/08/2010 foram atingidos pela decadência, cita doutrinas e alguns julgados, e termina por afirmar que há razão suficiente para extinguirse o crédito correspondente por transcurso do prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º. do CTN, notadamente porque o PIS/Cofins segue a sistemática do auto lançamento, visto que primeiro há o recolhimento e depois o envio do Dacon (em mês subseqüente). Fl. 753DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 8 No mérito, seguindo a ordem ditada no Parecer que fundamentou o Despacho Decisório, a contribuinte assim se manifesta: LINHA 01 – Bens adquiridos para revenda (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., inciso I): Glosa 1 – relativa a diversas notas fiscais relacionadas no arquivo RVJ não apresentadas ao fisco, a contribuinte alega que foram localizadas e seguem em anexo. LINHA 02 – Bens utilizados como insumos (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., II): Glosa 1 – Complementos de Valor – Remessas sem crédito: A contribuinte tece considerações sobre o regime de caixa e competência, bem como as formas de comercialização da soja – compra e venda com preço fixado e a fixar, mercado futuro, etc. – e remete a vários artigos do Código Civil Brasileiro – artigos 246, 481, 482, 486, 487. Alega que os auditores se equivocam quando afirmam que a ‘tradição’ do soja em grão pelo produtor seria o marco temporal caracterizador da realização da receita ou ganho, de forma a aplicar o regime de competência; que o tipo de contrato que utiliza se completa pelas sucessivas entregas da mercadoria e complementações de valor decorrente da fixação futura do preço, ai sim respeitando o regime de competência; que não se está diante de compra e venda parcelada, onde o fato jurídico ‘aquisição’ se constituiria pela ‘tradição’, independente do recebimento do preço integral no mesmo momento; que nesta espécie de contrato, a ‘complementação’ do preço está sim inseparavelmente vinculada à aquisição, posto que faz parte do objeto do contrato que se está completando. Sustenta que, sob a égide da legislação que instituiu a não cumulatividade, há que se conferir o direito ao crédito correspondente ao valor do complemento por se estar diante de uma única relação jurídica a qual poderseia chamar de ‘complexiva’, lembrando a definição aplicada ao fato gerador do imposto de renda, na medida em que a aquisição não ocorre quando da entrega da mercadoria, mas além dela, quando o preço for totalmente formado pela fixação futura. Alega, ainda, que a Lei 10.637/2002 não tratou especificamente dessas modalidades de operações, que não estabeleceu os critérios comentados pelos auditores em seu parecer para justificarem as glosas dos créditos sobre o complemento da nota fiscal emitida por ocasião da fixação do preço definitivo, tendo estes criado uma interpretação atípica para retirar o direito aos créditos. Remete aos artigos 1º. 3º., e 4º. da Lei nº. 10.637/2002, e alega que inexiste os critérios e conceitos tal como postos pelos auditores fiscais, que não há qualquer referência à tradição dos bens móveis como regra para a nãocumulatividade; que a lei trata de aquisição e esta não necessariamente se completa pela entrega do bem naquele momento, muito menos se o bem será Fl. 754DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 751 9 entregue em uma ou mais ocasiões ou paga em uma ou mais vezes. Reitera que os incisos II e III do § 3º. do art. 3º. deixa evidente que, no contexto da nãocumulatividade, também está contemplada a questão dos “custos e despesas incorridos, pagos ou creditados, a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta lei”, independente da pretendida entrega física da mercadoria. Em suas palavras: Portanto, se parte ou a integralidade da mercadoria adquirida foi entregue no período cumulativo, os valores correspondentes as notas fiscais de remessa evidentemente não geraram crédito do PIS naquela época nem no momento da nota complementar de preço de forma retroativa. Esta última sim, como complemento do preço e da aquisição em si, cujo fato ocorreu sob a égide do período nãocumulativo confere à Impugnante o direito ao credito correspondente. Ora, conforme reconheceram os Srs. AFRFB, este fato jurídico dá origem à incidência do PIS mesmo não havendo a entrega física da mercadoria, e por outro lado, de forma contraditória e restritiva ao extremo, não confere o direito de crédito respectivo à impugnante. Data venia, não procede o argumento de que seriam situações distintas; são equivalentes sim e a lei não corrobora a interpretação trazido à baila no Parecer que sustentou o Despacho Decisório. Destaca que o crédito presumido é calculado sobre o valor dos bens e serviços referidos adquiridos, no mesmo período, de pessoas físicas. Ressalta, ainda, que a formação do preço dos cereais, a partir da Lei nº. 10.637/2002, foi majorada, incluindo o crédito presumido do PIS, repassado aos produtores. Glosa 2 – Falta de comprovação, relativa aos documentos não apresentados (arquivo ‘INJ”), a contribuinte diz que seguem anexos aos autos e alega estar providenciando as cópias dos documentos fiscais não entregues, os quais serão trazidos aos autos em 30 dias. LINHA 03 – Serviços utilizados como insumos (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., II: Inicialmente, ressalta que, em relação aos fretes das operações envolvendo exportações, traz à colação os Registros de Venda (RV) e as correspondentes cópias, contendo o respectivo nº. , data da venda, quantidade, período de embarque, data do embarque, país de destino, navio, produto e nº. do Registro de Exportação, de forma a demonstrar que toda movimentação já é resultado da venda realizada previamente. Glosa 1 – acerca da falta de comprovação através de documentos relacionados aos registros nos arquivos “SVT” e Fl. 755DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 10 “SVFr”, alega que alguns dos documentos foram localizados e seguem em anexo, e que os documentos faltantes serão trazidos aos autos em 30 dias. Glosa 2 – Frete correspondente a grãos exportados: Sob este tópico, a interessada alega que não procede a presunção levada a efeito pelos auditores, posto que não houve a demonstração de quais fretes de mercadorias (posteriormente exportadas) deveriam ser estornados; que tais despesas de frete são relativas a mercadorias adquiridas para revenda, no caso, para exportação; e que, no caso específico, tais fretes foram apropriados pelas filiais transportes quando subcontrataram o serviço de outros transportadores, o que é considerado como o insumo na prestação de serviço, conforme disposto no inciso I c/c inciso IX do art. 3º. , II da lei nº. 10.833/2003. Sobre este último argumento, acrescenta que a teoria dos estabelecimentos restou plenamente recepcionada pela Lei Complementar 87/96, artigo 11, §3º., I e II., a qual prevê que cada estabelecimento deve ser considerado de maneira autônoma e que, na impossibilidade de determinálo, deverá ser considerado o local onde realiza as suas operações ou prestação de serviço, devendo cada estabelecimento apropriar seus créditos e tributar suas saídas de acordo com a operação que realiza. Glosa 3 – Frete na transferência de produto acabado: Esta glosa é impugnada sob o argumento de que a transferência do produto, em virtude do processo de logística de distribuição da empresa, já faz parte do processo de venda, apenas diferindo da venda direta ao destinatário final pela passagem pela filial receptora. Em segundo plano, cita o fato de que a transferência desses produtos é tributada pela Cofins, assim como o faturamento dos fretes que acompanham tais mercadorias. Por fim, destaca que a empresa possui diversos tipos de atuação no mercado, que cada filial possui uma atividade específica, umas de produção, outras de venda, outras de transportes; que, no caso específico, alguns dos fretes foram apropriados pelas filiais transportes quando subcontrataram o serviço de outros transportadores, o que é o insumo utilizado na prestação de serviço, conforme dispositivo da Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., II. Cita A Solução de Consulta nº. 90 de 08/04/2008. Glosa 4 – Frete na aquisição de PF para revenda: alega que o fato de o fornecedor da mercadoria ter sido uma pessoa física, em tese, não desqualifica o serviço adquirido de terceiro pessoa jurídica. Cita a ementa do acórdão nº. 0714350 da DRJ/Florianópolis – onde a 4a. turma teria decidido acerca deste tema, condicionando o crédito tãosomente a estarem relacionados à aquisição de serviços relacionados às aquisições de bens para revenda, desde que contratados por pessoa jurídica. Glosa 5 – Frete na aquisição com FEX: Fl. 756DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 752 11 Sob este título, destaca a contribuinte que a IN nº. 379/2003, em seu art 1º., § 2º., não poderia extrapolar as disposições legais correspondentes na Lei nº. 10.637/2002, ao dispor que é vedado à empresa comercial exportadora apurar crédito nas mercadorias adquiridas com fim específico de exportação. Argumenta, ainda, que tais despesas de frete são relativas a mercadorias para formação de loterevenda para exportação, conforme disposto no inciso I c/c inciso IX do art. 3º. da Lei nº. 10.833/2003; e, ainda, que a operação de exportação de grãos é complexa e demanda todo um esforço logístico, pelo que descreve as condições de armazenagem, portuárias, carregamento, etc., no sentido de alegar que toda a operação se refere à própria exportação, com direito ao crédito glosado. Cita também ementas de decisões da 4a. Turma da DRJ/Florianópolis. Por fim, alega que a transferência do produto ocorre quando o pedido é formalizado pelo cliente, e que junta documentos que comprovam que a transferência do produto ocorre quando o pedido é formalizado pelo cliente. Glosa 6 – Frete em Devoluções: Destaca, inicialmente, que, pelo que os auditores demonstram no relatório, não há qualquer correlação com devolução de compras, mas sim de vendas. Remete ao dispositivo do art. 3º., II, da Lei nº. 10.833/2003, a qual determina que o serviço de produto destinado à venda poderá ser passível de crédito de Cofins, para argumentar que a devolução do produto vendido é uma operação relacionada diretamente com a venda, que é uma despesa suportada pelo vendedor. Alega que a legislação prevê a possibilidade de tomada de créditos nos bens recebidos em devolução, cuja saída tenha sido tributada, de modo que a Cofins paga na contratação do frete na saída também é paga na contratação do frete em devolução da venda sendo, portanto, passível de crédito. Outro ponto a considerar, segundo a contribuinte, é que a empresa possui filiais dedicadas ao transporte de mercadorias, subcontratando o serviço de outros transportadores, o que é considerado como o insumo na prestação de serviços, conforme disposto na Lei nº. 10.833/2003, art. 3º. II. Reitera, ainda, a teoria da autonomia dos estabelecimentos, constante na Lei Complementar 87/96, art. 11, §3º, I e II. Glosa 7 – Frete em operações com depósito fechado ou armazém geral: a contribuinte apenas remete aos argumentos da Glosa 1 desta mesma linha. As demais glosas – glosa 8 (Frete em operações relativas a conserto/reparo de bens), glosa 9 (Frete de bens do imobilizado), e Glosa 10 – Frete de material uso/consumo, são acatadas pela contribuinte como procedentes. Fl. 757DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 12 LINHA 05 – Despesas de aluguéis de prédios locados de Pessoas Jurídicas – Lei nº. 10.833/2003, art. 3º., IV: Glosa 1 – Adiantamento a Fornecedor: Sob este tópico, alega que a interpretação fiscal ao disposto no art. 3º., inciso IV, § 1º., inciso II da Lei nº. 10.637/2002 é por demais restritiva, visto que esta não contempla a hipótese de ocorrência do início propriamente dito da utilização do prédio locado. Sustenta que tal interpretação se contrapõe ao previsto no art. 1º., da mesma lei, já que este explicita que a contribuição para a Cofins com incidência nãocumulativa tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, posto que reitera que o fato da incidência da contribuição na etapa anterior (aluguel) é que legitima o direito ao correspondente crédito. Glosa 2 – Falta de Comprovação: Alega trazer à colação os documentos referentes à Moinho Jauense Indústria e Comércio de Alimentos Ltda, no valor de R$ 50.000,00. Aduz que os documentos faltantes estão sendo localizados e serão trazidos em até 30 dias. LINHA 06 – Despesas de aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas – Lei nº. 10.637/2002, art. 3º.,IV: apenas remete ao argumento jurídico apresentado na Linha 5 – Glosa 1. LINHA 07 – Despesas de Armazenagem de Mercadoria e Frete na Operação de Venda – Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., IX e 15,II: alega estar providenciando as cópias dos documentos fiscais não entregues. LINHA 09 – Encargos de Depreciação de Bens do Ativo Imobilizado (Lei nº. 10.637/2002, art. 3º., VI): Glosa 1: Falta de informação do fornecedor do bem: que a origem do bem pode ser identificada pelo código de operação fiscal (mercado interno ou externo) e que está concluindo a revisão geral de todas as informações relativamente a essa glosa, sendo que os arquivos digitais com as devidas retificações referente à falta de informações detectadas pelo Sr. AFRFB serão trazidos a esses autos em 30 dias. LINHA 10 – Base de Cálculo de Créditos a Descontar Relativos a Bens do Ativo Imobilizado (Lei nº. 10.833/2003, art. 3º. §14): Glosa 1 – Falta de informação do fornecedor do bem: que a origem do bem pode ser identificada pelo código de operação fiscal (mercado interno ou externo) e que está concluindo a revisão geral de todas as informações relativamente a essa glosa, sendo que os arquivos digitais com as devidas retificações referente à falta de informações detectadas pelo Sr. AFRFB serão trazidos a esses autos em 30 dias. Quanto às demais Glosa 2 (Informação inválida do fornecedor do bem) e Glosa 3 (Falta de Comprovação) apenas alega que Fl. 758DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 753 13 está concluindo a revisão geral de todas as informações, de forma a comprovar o direito ao crédito pleiteado. LINHA 18 – Crédito Presumido – Atividades Agroindustriais (Lei nº.10.925/2004, art. 8º.): Glosa 1 Complemento de Valor – Remessas sem crédito: remete aos argumentos esposados na Linha 2 – Glosa 1; Glosa 2 – Falta de Comprovação: alega que está providenciando os documentos; Glosa 3 – Frete correspondente a grãos exportados: ratifica os argumentos de defesa relativos à Glosa 2 da Linha 3; Glosa 4 – Frete na Transferência de Produto Acabado: ratifica os argumentos esposados na Linha 3 – Glosa 3; Glosa 5 – Frete em Devoluções: ratifica os argumentos relativos à Linha 3 – Glosa 6; Glosa 6 – Fretes em operações com depósito fechado ou armazém geral: ratifica os argumentos esposados à Linha 3 Glosa 7. LINHA 31 – Ajustes Negativos de Créditos – Lei nº. 10.833/2003, art. 3º., §10º. Glosa 1 – Estorno de bens sinistrados: alega que, não obstante estarem registradas nas contas nº. 1700 e 1701 do Livro Diário, os itens descritos como ‘operações diversas, ICMS e títulos liquidados’ não podem ser considerados como sinistro, porque não se referem a despesas de sinistro, que o ICMS não foi base de cálculo de crédito dos sinistros e os título representam notas fiscais liquidadas pelo seguro, logo as contribuições foram debitadas pela emissão da nota fiscal correspondente. Na seqüência, a contribuinte apresenta uma planilha dos valores que entende serem passíveis de reconhecimento, observando inclusive a proporcionalidade das aquisições de insumos de PF (79,87%) e PJ (20,13%). Alega que esses valores devem prevalecer a título de ajustes negativos de créditos na Linha 31, suportados pela planilha do Demonstrativo 311 no CD anexo. Pedido: Por fim, requer o cancelamento da cobrança do valor referente à compensação não homologada face à ocorrência da decadência e, no mérito, reformar o Despacho Decisório impugnado e reconhecer o crédito pleiteado. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 591/622), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada procedente em parte, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 Fl. 759DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 14 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO. Para fins de créditos na aquisição de insumos, a despesa é considerada incorrida quando ocorre o consumo do bem ou do serviço, de acordo com o regime de competência. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. INSUMOS. SERVIÇOS. Para efeito da nãocumulatividade das contribuições, há de se entender o conceito de insumo não de forma genérica, atrelando o à necessidade na fabricação do produto e na consecução de sua atividadefim (conceito econômico), mas adstrito ao que determina a legislação tributária (conceito jurídico), vinculando a caracterização do insumo à sua aplicação direta ao produto em fabricação. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. CRÉDITO PRESUMIDO. INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS. Geram créditos os valores dos insumos adquiridos de pessoas físicas, desde que o produto final resultante da utilização desses bens ou serviços esteja relacionado no rol de produtos cujas classificações da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM relacionadas no art. 3º., §10 da Lei nº. 10.637/2002. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2005 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO RETIFICADORA. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. Admitida a retificação da Declaração de Compensação pela administração tributária, o marco inicial da contagem do prazo de cinco anos para homologação será a data da apresentação da declaração retificadora. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 11/11/2011, a interessada foi cientificada da referida decisão (fls. 623/627). Inconformada, em 7/12/2011, protocolou o recurso voluntário de fls. 628/677, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na manifestação de inconformidade e reapresentou os documentos desentranhados do processo, por decisão do Colegiado julgador de primeira instância. Fl. 760DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 754 15 Em aditamento, a recorrente alegou nulidade da decisão de primeiro grau por cerceamento do direito de defesa, sob o argumento de que não fora apreciado os documentos colacionados aos autos, após a apresentação da manifestação de inconformidade e, com respaldo no art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/1972, determinado o desentranhamento dos autos, por meio da Resolução de fls. 590. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Os presentes autos trata de compensação de débitos da CSLL do mês de maio de 2005, no valor de R$ 4.518.299,20, com créditos da Contribuição para o PIS/Pasep dos meses de fevereiro e março de 2005, respectivamente, nos valores de R$ 1.250.407,92 e R$ 3.267.891,28, vinculados às operações de exportação, conforme discriminado na DComp retificadora de fls. 9/11, apresentada em 22/9/2006. De acordo com despacho decisório de fls. 304/305, a compensação da parcela do débito da CSLL com o crédito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de março de 2005 foi integralmente homologado, ao passo que a compensação da parcela do débito da CSLL com o crédito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de fevereiro de 2005, foi parcialmente homologada, em face da inexistência da parcela do crédito no valor de R$ 71.909,64 (R$ 1.250.407,92 R$ 1.178.498,28). Em relação a esse ponto foi mantido integralmente o despacho decisório. Portanto, em relação ao procedimento de compensação, a controvérsia remanescente cingese a não homologação da parcela do débito da CSLL do mês de maio de 2005, no valor de R$ 71.909,64, por insuficiência do valor crédito relativo ao mês de fevereiro de 2005. Além do referido procedimento compensatório, ainda foi coligido aos presentes autos o pedido de ressarcimento do saldo de crédito remanescente da Contribuição para o PIS/Pasep do 1º trimestre de 2005, vinculado às operações de exportação, no valor de R$ 154.371,89, que corresponde a parcela do crédito remanescente da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de março de 2005, remanescente após a compensação do débito da CSLL do mês de maio do 2005, mencionada anteriormente. O referenciado pedido de ressarcimento foi formalizado por meio do PER/DCOMP de fls. 62/66, apresentado em 10/7/2009, que foi integralmente deferido pela autoridade julgadora da unidade da Receita Federal de origem, conforme explicitado no citado despacho decisório. Logo, em relação ao pedido de ressarcimento em referência inexiste controvérsia. Dessa forma, a controvérsia remanescente cingese apenas à homologação parcial do débito da CSLL do mês de maio de 2005, em face da inexistência da parcela do Fl. 761DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 16 crédito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de fevereiro de 2005, no valor de R$ 71.909,64. Especificamente, a controvérsia remanescente cingese a falta de comprovação da existência de crédito certo e líquido da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de fevereiro de 2005, no valor de R$ 71.909,64, motivada pela glosa, realizada pela autoridade fiscal, de parte dos valores dos créditos apropriados no referido mês. Assim, qualquer alegação sobre apuração e glosa de créditos referentes aos meses de janeiro e março de 2005 não tem qualquer implicação quanto ao desfecho da lide remanescente, uma vez que as parcelas dos créditos desses meses, utilizados nos procedimentos compensatório e de ressarcimento, foram integralmente reconhecidas pela autoridade fiscal julgadora da unidade da Receita Federal de origem, por meio do citado despacho decisório. Uma vez definido cerne da presente controvérsia, passase a analisar as questões preliminares, prejudiciais de mérito e de mérito suscitadas no recurso em apreço. 1) Da Preliminar de Nulidade da Decisão Recorrida. Em preliminar, a recorrente alegou nulidade da decisão de primeiro grau, por cerceamento do direito de defesa, sob o argumento de que o Colegiado de primeiro grau não teria apreciado os documentos colacionados aos autos, após a apresentação da manifestação de inconformidade e ainda teria determinado o desentranhamento dos autos dos citados documentos, por meio da Resolução de fl. 590. Sem razão a recorrente. A não apreciação das referidas provas e o indeferimento de sua juntada aos autos foram feitos com respaldo no art. 16, §§ 4º e 5º, do Decreto 70.235/1972, que tem o seguinte teor, in verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] Fl. 762DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 755 17 A citada documentação foi reapresentada em anexo ao recuso em apreço e se encontra colacionada aos autos às fls. 678/736. Essencialmente, a referida documentação é composta de cópias de notas fiscais, algumas delas ilegíveis, emitidas no 1º semestre de 2005 e, portanto, encontravamse em poder da recorrente desde o ano de 2005, muito antes do prazo final de apresentação da manifestação de inconformidade. Dada essa circunstância, o Colegiado julgador a quo decidiu com acerto ao não admitir para análise a citada documentação, pois, como ela fora juntada aos autos após a apresentação da manifestação inconformidade, o seu acatamento somente era admissível se atendida uma das condições excepcionais estabelecidas no citado § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/1972, anteriormente transcrito, o que, evidentemente, não ocorreu no caso em tela. Por essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade da decisão recorrida, uma vez que o motivo configurador do alegado cerceamento não restou demonstrado. Ao contrário, os elementos coligidos aos autos comprovam que o Colegiado julgador decidiu em perfeita consonância com o disposto na legislação vigente. 2) Da Prejudicial de Mérito por Alegada Decadência. A recorrente alegou que, como foi cientificada do questionado despacho decisório em 18/8/2010, os créditos tributários com fatos geradores anteriores a 18/8/2005 encontravamse atingidos pela decadência, não mais podendo ser exigidos, razão suficiente para extinguirse o crédito correspondente por ter transcorrido o prazo decadencial previsto no artigo 150, § 4°, do CTN, notadamente porque a Contribuição para o PIS/Pasep segue a sistemática do lançamento por homologação ou autolançamento. Sem razão a recorrente. De acordo com disposto no art. 74, § 6º, da Lei 9.430/1996, a “declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados.” Por força do referido preceito legal, diferentemente do alegado pela recorrente, na data entrega da Dcomp ocorreu confissão débito compensado da CSLL do mês de maio de 2005. Portanto, a partir da referida data, em relação ao valor do débito compensado e confessado, não há mais necessidade de lançamento de ofício por parte da autoridade fiscal. Sabidamente, esse regramento aplicase a todas as declarações que tenha natureza de confissão de dívida, a exemplo da DComp, DCTF etc. Nesse sentido o entendimento manifestado pelo e. STJ no julgado do Recurso Especial (REsp) nº 962.379/RS, em regime de curso repetitivo, estabelecido no art. 543C do CPC, de adoção obrigatória pelos membros deste Conselho, nos termos do art. 621, § 2º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF 343/2015. Para mais informações, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do citado julgado: 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 763DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 18 TRIBUTÁRIO. TRIBUTO DECLARADO PELO CONTRIBUINTE E PAGO COM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 360/STJ. 1. Nos termos da Súmula 360/STJ, "O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo". É que a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS GIA, ou de outra declaração dessa natureza, prevista em lei, é modo de constituição do crédito tributário, dispensando, para isso, qualquer outra providência por parte do Fisco. Se o crédito foi assim previamente declarado e constituído pelo contribuinte, não se configura denúncia espontânea (art. 138 do CTN) o seu posterior recolhimento fora do prazo estabelecido. 2. Recurso especial desprovido. Recurso sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 962.379/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 22/10/2008, DJe 28/10/2008) Aliás, o aludido entendimento jurisprudencial culminou na edição da Súmula 436/STJ, verbis: “A entrega de declaração pelo contribuinte, reconhecendo o débito fiscal, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco.” Cabe ainda ressaltar que, uma vez confessado o débito por meio DComp, nos termos do art. 742, § 5º, da Lei 9.430/1996, começa a fluir o prazo quinquenal para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da entrega da respectiva declaração de compensação. No caso em tela, como houve apresentação de DComp retificadora admitida, que substituiu integralmente a DComp original, por razão óbvia, o citado prazo de homologação passou a fluir a partir da entrega da DComp retificadora, que ocorreu no dia 22/9/2006. Nesse sentido, dispõe o art. 913 da Instrução Normativa RFB 1300/2012, ainda vigente, a seguir transcrito: Art. 91. Admitida a retificação da Declaração de Compensação, o termo inicial da contagem do prazo previsto no § 2º do art. 44 será a data da apresentação da Declaração de Compensação retificadora. Assim, fica demonstrado que, no caso em tela, não houve homologação tácita da compensação declarada, pois na data da conclusão do procedimento de compensação em apreço, ocorrida no dia 18/8/2010, com a ciência do despacho decisório em questão, ainda não 2 "Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. [...]" 3 O mesmo teor encontrase reproduzido nos correspondentes artigos das Instruções Normativas anteriores que dispunham sobre o assunto. Fl. 764DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 756 19 havia se consumado o citado prazo quinquenal de homologação tácita do procedimento compensatório. Com base nessas considerações, rejeitase a presente alegação de decadência, seja de constituição do crédito tributário, seja da homologação tácita do procedimento compensatório. 3) Da Análise das Questões de Mérito. No mérito, a presente controvérsia cingese à não homologação da parcela do débito da CSLL do mês de maio de 2005, no valor R$ 71.909,64, em razão da inexistência da parcela do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep do mês de fevereiro de 2005, de mesmo valor, em razão das glosados dos créditos desta última contribuição, realizada pela autoridade fiscal, consoante consignado no Relatório de Auditoria Fiscal de fls. 247/297. A seguir serão analisados apenas os créditos glosados pela autoridade fiscal e contestados pela recorrente. 3.1) Da glosa de créditos calculados sobre a aquisição de bens destinados à venda por falta de comprovação (Linha 1 do Dacon). Em relação ao mês de fevereiro de 2005, a controvérsia remanescente cinge se à manutenção da glosa dos créditos relativos aos bens para revenda adquiridos por meio da nota fiscal de nº 008228 (fl. 679). Da análise da referida nota fiscal, verificase que os dados nela apresentados coincidem com os da nota fiscal não acatada pela fiscalização. Assim, fica demonstrado que a referida nota fiscal revestese de condição adequada, para fim de comprovação da operação de aquisição do bens destinados revenda, no valor de R$ 257.757,72, cujo respectivo crédito deve ser restabelecido. 3.2) Da glosa de créditos calculados sobre aquisição de insumos por complementação de valor e por falta de comprovação (Linha 2 do Dacon). A glosa dos créditos calculados sobre o valor de aquisição dos insumos por complementação de valor da operação de aquisição sem direito a crédito referese às aquisições de grãos (soja e outras commodities) (i) de pessoas físicas para revenda e (ii) de pessoas jurídicas com fim especifico de exportação, operações que propiciam direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa. De acordo com o referido Relatório de Auditoria Fiscal, os grãos adquiridos pela recorrente, que dependiam da fixação do preço definitivo a posteriori (modalidade de compra a “preço a fixar”), em que a entrega era feita em várias remessas, com preço unitário provisório e preço definitivo somente era definido no final. Dada essas características, normalmente, havia complementação do valor a ser pago pela adquirente, se o preço final fosse superior aos praticados nas remessas com preços provisórios. Caso contrário, ou seja, se o preço das remessas resultasse superior ao preço definitivo, havia a devolução simbólica de certa quantidade do bem e o acerto financeiro da diferença apurada. Segundo a fiscalização, a recorrente adquiriu parte das mercadorias (soja e outras commodities) com direito a crédito e outra parte sem direito a crédito da Contribuição Fl. 765DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 20 para o PIS/Pasep não cumulativa, porém apropriou créditos sobre os valores integrais dos complementos de preço, isto é, sem excluir a parcela dos créditos referente às mercadorias adquiridas sem direito a crédito. No mês de fevereiro de 2005, a recorrente apropriou créditos sobre valores de complementos de preços relativos à aquisição de grãos de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com fim específico de exportação, operação sem direito a crédito. Assim, se não havia amparo legal para apropriar crédito sobre o valor da aquisição desse tipo operação, por óbvio, o valor complementar do preço da correspondente operação também não propicia direito a crédito da referida contribuição. Na falta de argumentos consistentes sobre a falta de previsão legal para apropriação desse tipo de crédito, a recorrente apresentou extensa exposição sobre as modalidade de operações de comercialização dos grãos, especialmente, da soja; acerca do regime de incidência das contribuições (caixa ou competência); sobre o regramento que rege os contratos na seara do direito civil; e sobre o crédito presumidos agroindustrial, que se não se aplica ao caso revenda de produto no mesmo estado em que adquirido. Também não se aplica ao caso em tela as alegações aduzidas pela recorrente sobre os valores de complementos de preços relativos às aquisições anteriores a data início do regime da não cumulatividade, por se tratar de matéria estranha à glosa em apreço, que trata somente de complementação de preços de operações de aquisição com fim específico de exportação ocorridas na vigência do regime da não cumulatividade. Em suma, os assuntos suscitados pela recorrente nada esclarece sobre o direito de a recorrente se apropriar de créditos sobre o valor complementar do preço relativo as operações de aquisição de grãos com fim específico de exportação. Por essas razões, deve ser mantida integralmente a glosa do valor informado pela fiscalização. Em relação a glosa dos créditos calculados sobre o valor de aquisição dos insumos por falta de comprovação, em vez de corrigir as graves irregularidades contidas nas três notas fiscais de fls. 379/381, apontadas pela Relatora do voto condutor do julgado, a recorrente limitouse em alegar que a citada Relatora não acatou os citados documentos, por suposta dificuldade de identificação dos números das notas fiscais ou da descrição do produto adquirido, sem ao menos lhe comunicar tais falhas, para fim de sanálas. Com efeito, os números das cópias das duas primeiras notas fiscais são de difícil identificação, porém, na primeira nota fiscal (fl. 379) é possível visualizar a data da emissão (25/02/2005), o número do CNPJ (46.025.722/0001) e o valor da operação (R$ 188.740,40), que são coincidentes com os dados de uma das notas fiscais não acatada pela fiscalização e objeto da glosa em apreço. A segunda nota fiscal (fl. 380), embora seja possível visualizar a data da emissão (25/02/2005), o número do CNPJ (84.046.101/0370) e o valor da operação (R$ 114.876,23) tais dados não coincidem com os dados de qualquer nota fiscal relacionada pela autoridade fiscal no demonstrativo de glosa. Em relação à cópia da terceira da nota (fl. 381), embora contenha o valor da operação de R$ 115.000,00, não contém a descrição do produto adquirido, a quantidade etc., e foi emitida no mês de março de 2005, período em relação ao qual não houve insuficiência de crédito a compensar ou a ressarcir, portanto fora da controvérsia. Com base nessas considerações, deve ser restabelecido o direito de a recorrente, no mês de fevereiro de 2005, apropriarse dos créditos calculados sobre o valor de Fl. 766DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 757 21 R$ 188.740,40, referente à operação de aquisição de insumos, acobertada pela nota fiscal de nº 187744 (fl. 379), cujo valor do crédito glosado deve ser integralmente restabelecido. 3.3) Da glosa dos créditos calculados sobre os gastos com serviços utilizados como insumos (Linha 3 do Dacon). De acordo com o referido Relatório de Auditoria Fiscal, os gastos com serviços utilizados como insumos referemse a: a) serviços de industrialização por encomenda prestados no 1º trimestre de 2005; b) serviços não comprovados; e c) serviços de transportes (fretes) contratados de pessoas jurídicas domiciliadas no Pais. Em relação a glosa dos serviços de industrialização por encomenda e por falta de comprovação, a recorrente não apresentou contestação, o que dispensa qualquer análise a respeito. 3.3.1) Da glosa dos créditos calculados sobre gastos com frete. No que tange às glosas dos créditos calculados sobre o valor dos gastos com frete, antes de analisar os pontos controvertidos da lide, entendese oportuno apresentar uma breve digressão a respeito do fundamento jurídico do direito de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep sobre os variadas formas como se efetivam os gastos com a prestação de serviços de transporte a pessoas jurídicas que desenvolvem atividades comercial e industrial ou de produção. Em consonância com a legislação vigente, há fundamento jurídico para a apropriação de créditos sobre o valor do frete sob a forma de custo de aquisição, custo de produção e despesa de venda, conforme demonstrado a seguir. No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20034, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: 4 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 767DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 22 I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias primas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. Em relação à atividade industrial, embora também não haja expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, II e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, com o art. 290 do RIR/1999, é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de transporte: a) de bens de produção (matériasprimas, produtos intermediários e material e embalagem) a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e b) bens em fase de produção ou fabricação (produtos em fabricação) entre estabelecimentos fabris do contribuinte ou não. Senão, veja a redação dos trechos relevantes dos citados preceitos legais, in verbis: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 768DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 758 23 II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, [...]; [...] [...] § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; [...] (grifos não originais) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições, enquanto que o valor do frete referente ao transporte dos bens em produção ou fabricação entre estabelecimentos fabris integra o custo produção na condição de serviços aplicados ou consumidos na produção ou fabricação de bens destinados à venda. Com a ressalva de que, pela razões anteriormente aduzidas, há direito de direito de apropriação de crédito sobre o valor do frete no transporte de bens utilizados como insumos, somente se o valor de aquisição destes bens gerar direito a apropriação de créditos das referidas contribuições. No âmbito da atividade de produção ou fabricação, os insumos representam os meios materiais e imateriais (bens e serviços) utilizados em todas as etapas do ciclo de produção ou fabricação, que se inicia com o ingresso dos bens de produção (matériasprimas ou produtos intermediários) e termina com a conclusão do produto a ser comercializado. Se a pessoa jurídica tem algumas operações do processo produtivo realizadas em unidades produtoras ou industriais situadas em diferentes localidades, certamente, durante o ciclo de produção ou fabricação haverá necessidade de transferência dos produtos em produção ou fabricação para os outros estabelecimentos produtores ou fabris, que demandará a prestação de serviços de transporte. Assim, em relação à atividade industrial ou de produção, a apropriação dos créditos calculados sobre o valor do frete, normalmente, darseá de duas formas diferentes, a saber: a) sob forma de custo de aquisição, integrado ao custo de aquisição do bem de produção (matériasprimas, produtos intermediários ou material de embalagem); e b) sob a forma de custo de produção, correspondente ao valor do frete referente ao serviço do transporte dos produtos em fabricação nas operações de transferências entre estabelecimentos industriais. Fl. 769DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 24 Com o fim do ciclo de produção ou industrialização, há permissão de apropriação de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre o valor do frete no transporte dos produtos acabados na operação de venda, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, conforme expressamente previsto no art. 3º, IX, e § 1º, II, da Lei 10.833/2003, que seguem reproduzidos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. [...] § 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: [...] II dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; [...] (grifos não originais) Cabe ainda ressaltar que, em todas as hipóteses de creditamento, o direito de apropriação dos referidos créditos está condicionado ao atendimento das condições instituídas no art. 3º, § 3°, da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. Dessa forma, somente o valor do gasto com frete incorrido no mês (regime de competência), pago ou creditado a pessoa jurídica domiciliada no País, gera direito à apropriação de créditos das referidas contribuições. Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); Fl. 770DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 759 25 b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. Será com base nesse entendimento que serão analisadas as glosas dos créditos apropriados sobre gastos com fretes objeto da presente controvérsia. Inicialmente, cabe esclarecer que, segundo o citado Relatório de Auditoria Fiscal, a recorrente incluiu neste item (na Linha 3 do Dacon) os serviços de transporte de bens para revenda, de insumos, previstos nos incisos I e II do art. 3° da Lei 10.637/2002, quando o correto seria inclusão na Linha 1 e 2 do Dacon, respectivamente, como custo de aquisição de bens para venda e de insumos, conforme entendimento explicitado precedentemente nas alíneas “a” e “b”.Nesta Linha deveria ter constado apenas os gastos com fretes relativos ao transporte de insumos ou de produtos em elaboração realizado entre estabelecimentos industriais da própria recorrente. Entretanto, apesar do equívoco, devido a dificuldade de realocação dos respectivos valores aos correspondentes itens de custo, a autoridade fiscal aceitou o procedimento adotado pela recorrente e procedeu todos os ajuste neste item (na Linha 3 do Dacon). Em relação aos créditos calculados sobre os gastos com fretes nas operações de vendas (letra “d” acima) os valores foram corretamente registrados na Linha 07 do Dacon (Despesas de Armazenagem de Mercadoria e Frete na Operação de Venda) e serão analisados a parte, em próprio, a seguir. De acordo com o citado Relatório da Auditoria Fiscal, as glosas dos créditos calculados sobre os gastos com fretes, analisadas neste item, foram motivadas por falta de comprovação, por falta de estorno e por falta de amparo legal. Fl. 771DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 26 a) Da glosa motivada por falta de comprovação Para contraditar a glosa por falta de comprovação, a recorrente apresentou os dois conhecimentos de transporte de nºs. 025451 e 025453 (fls. 383/384), emitidos em 28/12/2004, cujos valores foram registrados como gastos com frete no mês de janeiro de 2005. Assim, como não se trata de gasto com frete do mês de fevereiro de 2005, não tem qualquer relevância para o deslinde da presente controvérsia. Por essa razão, deve ser mantida integralmente a glosa realizada no mês de fevereiro de 2005, a título de gastos com fretes não comprovados. b) Da glosa motivada por falta de estorno (“frete correspondente a grãos exportados”) A glosa motivada por falta de estorno da parcela dos créditos presumidos agroindustriais, calculados sobre os gastos com frete referente ao transporte de grãos de soja, adquiridos de pessoas físicas para serem utilizados como insumo na produção de mercadorias de origem vegetal, posteriormente revendidos/exportados sem ser submetidos a qualquer tipo de processo de produção/industrialização. Em relação a esses grãos adquiridos de pessoas físicas, revendidos/exportados no mesmo estado em que adquiridos, a recorrente estornou apenas a parcela do valor dos créditos presumidos agroindustriais, previstos no art. 8º da Lei 10.925/2004, calculada sobre os custos de aquisição dos grãos revendidos/exportados, registrados como insumos de produção/industrialização, porém, não estornou a parcela do valor do crédito calculada sobre os gastos com frete vinculados ao transporte dos referidos grãos exportados, que foram registrados como gastos de serviços de transporte utilizados como insumos de produção/industrialização de produtos de origem vegetal. E consoante entendimento aqui esposado, o gasto com frete no transporte do bem para revenda ou insumo deve ser incluído no custo de aquisição do respectivo bem, uma vez que somente nesta condição há previsão legal de apropriação do crédito sobre valor desse gasto com esse tipo de frete. E esse procedimento também se aplica à apropriação do crédito presumido agroindustrial. Assim, se há vedação de apropriação do crédito presumido agroindustrial sobre o valor do custo de aquisição do bem, ao qual incluise o valor do gasto com frete, certamente, o mesmo tratamento se aplica à parcela do valor do frete integrante do custo de aquisição do respectivo bem. Dessa forma, se o gasto com frete estiver integrado ao custo de aquisição do bem, consoante previsão legal, o estorno da parcela do crédito calculada sobre o custo de aquisição do bem resultará no concomitante estorno da parcela do crédito calculada sobre o valor dos gastos com frete. Porém, conforme já mencionado, esse não foi o procedimento adotado pela recorrente. De fato, no caso em tela, informou a autoridade fiscal que a recorrente não incorporou os gastos com frete ao custo de aquisição dos bens, inclusive dos grãos exportados no mesmo estado. De forma errônea e não consentânea com a previsão legal, tais gastos foram registrados em separado, como gastos com serviços de transporte, a ser utilizado como insumo na produção/industrialização de produtos destinados à venda (e informado na Linha 3 do Dacon). Em decorrência desse equívoco, ao estornar o valor do crédito presumido agroindustrial calculado sobre o custo de aquisição do bem sem a inclusão do valor do frete, de Fl. 772DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 760 27 acordo com entendimento aqui esposado, a recorrente teria que, simultaneamente, ter estornado o valor da parcela do crédito calculada sobre os correspondentes gastos com frete, registrados como serviços de transporte utilizado como insumo de produção, o que não feito pela recorrente. Por essa razão, para corrigir a manutenção indevida dessa parcela dos créditos, a fiscalização agiu com acerto ao proceder a glosa da parcela do referido crédito, o que foi feito com base no critério de rateio utilizado pela própria recorrente no estorno do valor dos créditos apropriados sobre o custo de aquisição dos grãos, sem o valor do frete. No recurso em apreço, a recorrente alegou que a fiscalização havia se utilizado de presunção para proceder a glosa do crédito em apreço, o que não é verdade. Com efeito, segundo o citado Relatório de Auditoria Fiscal, a fiscalização utilizou os mesmos valores extraídos dos demonstrativos apresentados pela recorrente e determinou o percentual de rateio com base no valor total dos créditos estornados pela recorrente, referente ao custo de aquisição dos grãos exportados. Além disso, a recorrente não dignou apresentar qualquer dado ou informação que demonstrasse que o critério ou percentual de rateiro utilizado pela recorrente estava equivocado. Com base nessas considerações, deve ser mantida integralmente a glosa do valor crédito em apreço. c) Da glosa por falta de amparo legal As glosas por falta de amparo legal, contestadas pela recorrente, foram realizadas em relação aos créditos apropriados sobre os gastos com fretes relativos às operações de: a) transferência de produto acabado; b) aquisições de pessoas físicas de bens para revenda; c) aquisições de mercadorias com fim específico de exportação; d) devoluções de vendas e de compras de mercadorias; e e) operações de remessas para armazéns gerais. c.1) Dos créditos calculados sobre gastos com frete na transferência de produto acabado entre estabelecimentos. Consoante entendimento anteriormente apresentado, a apropriação de créditos sobre gastos com frete relativo ao serviço de transporte de bens para revenda ou de produtos acabados somente é admitida na operação de venda e desde que o ônus do gasto seja suportado pelo vendedor, caso em que o gasto com frete integra o valor das despesas com venda (art. 3º, IX, da Lei 10.833/2003). A glosa em apreço referese a créditos calculados sobre despesas com frete relativo ao serviço de transporte utilizado na transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da própria recorrente, que não configura operação de venda, mas mera operação de deslocamento dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a logística de entrega dos produtos aos futuros compradores. A recorrente alegou que, em virtude do seu processo de logística de distribuição, as vendas são realizadas tanto pelo estabelecimento produtor, como pelos centros de distribuição, o que significava que as transferências do produto acabado já fazia parte do processo de venda, apenas diferindo da venda direta ao destinatário final pela passagem da mercadoria pela filial receptora. Fl. 773DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 28 Sem razão a recorrente. Em qualquer hipótese, a transferência de produto entre estabelecimentos, ainda que para centro de distribuição, não se equipara a operação de venda e, por não atender essa condição, inexiste previsão legal para apropriação de crédito sobre os gastos com frete referentes ao serviço transporte prestado na transferência dos referidos produtos. Assim, por falta de amparo legal, mantémse a glosa do valor integral do crédito, conforme determinado pela fiscalização. c.2) Dos créditos calculados sobre gastos com frete vinculados às aquisições de pessoas físicas de bens para revenda. Segundo a fiscalização, se não há direito a créditos nas aquisições de mercadorias para revenda de produtor pessoa física, por conseguinte, também não havia que se falar em créditos relativos aos fretes relacionados a essas aquisições, visto que os mesmos constituemse em parte do custo de aquisição. Assiste razão à fiscalização. Os bens adquiridos para revenda de pessoas físicas não asseguram direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep, segundo determina o art. 3º, § 3º, I, da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; [...] (grifos não originais) Dessa forma, se os gastos com frete vinculados ao transporte de bens adquiridos para revenda admitem apropriação de crédito somente sob forma de custos agregados aos referidos bens, conforme anteriormente demonstrado, como não há direito a apropriação de crédito sobre aquisição de produtos adquiridos para revenda de pessoas físicas, por conseguinte, também não existe permissão para dedução de créditos sobre os gastos de frete com transporte de tais bens. Assim, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente de que o fato de o fornecedor da mercadoria ter sido uma pessoa física, em tese, não desqualifica o serviço adquirido de terceiro pessoa jurídica. Com base nessas considerações, mantémse integralmente a glosa realizada pela fiscalização. c.3) Dos créditos calculados sobre gastos com frete vinculados às aquisições com fim específico de exportação. Há expressa vedação à empresa comercial exportadora de apropriarse de crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre as aquisições de mercadorias com o fim específico de exportação, nos termos determinada no art. 6º, § 4º, combinado com o disposto no art. 15, III, da Lei 10.833/2003, que seguem transcritos: Fl. 774DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 761 29 Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...] III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. [...] § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. [...] § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] III nos §§ 3o e 4o do art. 6o desta Lei; [...]. (grifos não originais) Assim, se é vedada a apropriação de créditos em relação às aquisições de mercadorias com fim especifico de exportação, pela mesma razão, também é proibida a apropriação de créditos relativos aos gastos com frete aplicados no transporte da referidas mercadorias. Não se pode olvidar que a vedação de dedução de crédito em destaque tem por objetivo evitar a apropriação de crédito em duplicidade, isto é, apropriação de crédito tanto pela pessoa jurídica vendedora, quanto pela pessoa jurídica compradora e exportadora. Ademais, por se tratar norma legal vigente, por força do disposto no caput do art. 26A do Decreto 70.235/1972, não cabe a este Colegiado afastar aplicação a referida norma sob argumento de que ela fere preceito de ordem constitucional, em especial, princípio da não cumulatividade das referidas contribuições. Fl. 775DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 30 Em relação ao ponto, a recorrente alegou que os gastos com frete eram relativos ao transporte de mercadorias para formação de loterevenda para exportação, o que, obviamente, não descaracteriza a natureza da operação com fim específico de exportação. Por todas essas razões, em razão da expressa vedação legal, mantémse a glosa integral dos créditos apropriados sobre o valor dos gastos com frete vinculados às operações de venda com fim específico de exportação. c.4) Dos créditos calculados sobre os gastos com frete no transporte de mercadorias devolvidas nas operações de venda e de compra. Segundo a fiscalização, a presente glosa referese a créditos calculados sobre despesas com frete no transporte de mercadorias devolvidas tanto nas operações de devolução de compras quanto nas operações de devolução de vendas. Em relação à operação de devolução de venda, há permissão apenas para o estorno do valor do débito da contribuição calculado sobre o valor da receita da venda do bem devolvido, conforme se extrai do disposto no art. 3º, VIII, e § 1º, IV, da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. [...] § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2odesta Lei sobre o valor: [...] IV dos bens mencionados no inciso VIII do caput, devolvidos no mês. [...] (grifos não originais) Já no que tange à operação de devolução de compra, não há previsão de legal de apropriação de crédito, mas determinação para o estorno do valor do crédito calculado sobre custo de aquisição do bem devolvido. Assim, independentemente do tipo de operação de devolução, não existe amparo legal para a apropriação de crédito da contribuição calculado sobre os gastos com frete no transporte de bens devolvidos tanto nas operações de devolução de vendas5 quanto nas operações de devolução de compras. 5 Cabe esclarecer que nas assentadas anteriores, com base na análise isolada do art. 3º, VIII, da Lei 10.637/2002, este Relator apresentou entendimento de que, em relação à operação de devolução de venda, era assegurado o direito de apropriação de crédito calculado sobre a despesa com frete no transporte dos bens devolvidos. Porém, após análise combinada do disposto no inciso VIII com o disposto no § 1º, IV, ambos do art. 3º da Lei 10.637/2002, este Relator rever o o entendimento anterior e passa a admitir que também em relação à operação de devolução de venda também não existe amparo legal para apropriação de crédito sobre o valor da despesa com frete relativa a esta operação. Fl. 776DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 762 31 Dessa forma, uma vez demonstrado que há amparo legal para apropriação do crédito objeto da presente glosa, para o deslinde da presente controvérsia não tem qualquer relevância as provas apresentadas pela recorrente, que, no concernente ao mês de fevereiro de 2005, referese apenas a gasto com frete relativo à operação de devolução de compra para industrialização (CFOP 5.201), conforme se verifica no demonstrativo do item 119 do citado Relatório de Auditoria Fiscal. Com base nessas considerações, deve ser integralmente mantida a presente glosa determinada pela fiscalização. c.5) Dos créditos calculados sobre gastos com frete vinculados às operações de remessas para depósito fechado ou armazém geral. Segundo a fiscalização, a presente glosa referese a créditos calculados pela contribuinte sobre despesas com fretes em operações relacionadas a remessas de mercadorias para depósito fechado ou armazém geral. Assim como os gastos de frete no transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da pessoa jurídica, também não há previsão legal para a apropriação de créditos sobre os gastos com frete no transporte de produtos acabados remetidos para depósito fechado ou armazém geral. A recorrente alegou que os questionados gastos com frete eram relativos ao transporte de mercadorias para formação de loterevenda para exportação, o que, obviamente, não descaracteriza a natureza da operação de remessa para depósito fechado ou armazém geral, para a qual inexiste previsão legal de apropriação de créditos da referida contribuição. Com base nesse entendimento, deve ser integralmente mantida a glosa em questão. 3.4) Da glosa dos créditos calculados sobre as despesas de aluguéis de prédios locados de pessoas jurídicas (Linha 5 do Dacon) A previsão legal da apropriação de créditos sobre gastos com aluguéis de prédios pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, encontrase previsto no art. 3º, IV, da Lei 10.637/2002, e deve atender a condição determinada no inciso II do § 1º do citado artigo, que seguem transcritos: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; [...] § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: [...] Fl. 777DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 32 II dos itens mencionados nos incisos IV, V e IX do caput, incorridos no mês; [...] (grifos não originais) De acordo com os referidos preceitos legais, somente as despesas com aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica e incorridos no mês, propiciam a dedução do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep. Em outras palavras, a apropriação do tipo de crédito em comento deve ser feita de acordo com o regime competência. No caso em apreço, a fiscalização procedeu a glosa dos valores dos créditos calculados sobre gastos com aluguéis de prédios (i) não incorridos no mês (contabilizados como “adiantamento a fornecedor”) e (ii) não comprovados. Em relação à primeira glosa, a fiscalização agiu acertadamente, pois, segundo o principio da competência, os valores de adiantamentos realizados pela recorrente representam direito da empresa perante o locador e, nesta condição, deve ser contabilizado no Ativo Circulante da locadora, como fora corretamente feito na contabilidade. O registro contábil como custo ou despesa de aluguéis (incorridos) somente efetivarseá na proporção em que for sendo usados os prédios locados nos meses seguinte, mediante transferência da respectiva conta do Ativo Circulante do valor apropriado ou incorrido no mês. No que tange a referida glosa, a recorrente limitouse em alegar que o mencionado adiantamento representava o efetivo pagamento da locação contratada, que era o fato gerador do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep. Em outras palavras, ao contrário do que determina o citado preceito legal, a recorrente defende a aplicação do regime de caixa, para fim de apropriação do crédito em comento, o que, evidentemente, não tem o menor sentido. Em relação à segunda glosa, especificamente no que concerne ao mês de fevereiro de 2005, foco da presente análise, a recorrente não apresentou qualquer documento ou qualquer outro elemento probatório adequado no sentido infirmar que o documento rejeitado pela realizada atendia os requisitos legais, para fim de comprovação do gasto em apreço. As cópias do contrato de locação, celebrado entre a recorrente e a pessoa jurídica Moinho Jauense Indústria e Comércio de Alimentos Ltda. e dos lançamentos contábeis dos pagamentos realizados a referida pessoa jurídica, que a recorrente trouxe à colação dos autos (fls. 582/586), além de não se constituir no documento hábil e idôneo, para fim de comprovação dos gastos em apreço, referese à despesa glosada do mês de janeiro de 2005, que não faz parte da presente controvérsia. Com base nessas considerações, mantémse na íntegra a glosa realizada pela fiscalização. 3.5) Da glosa dos créditos calculados sobre despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoas jurídicas (Linha 6 do Dacon) Com base nos mesmos fundamentos jurídicos aduzidos no tópico anterior, somente as despesas com aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica e incorridos no mês, propiciam a dedução do crédito da Contribuição para o PIS/Pasep. Em outras palavras, a apropriação do tipo de crédito em comento deve ser feita de acordo com regime competência. Fl. 778DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 763 33 Segundo a fiscalização, os valores pagos a titulo de adiantamento ou outras indicações equivalentes, não se caracterizavam como “incorridos no mês”, ou seja, não atendia o regime de competência, para fins de apropriação dos créditos utilizados, implicando a glosa dos correspondentes valores registrados como crédito. Em relação a esse ponto, a recorrente limitouse em reiterar os argumentos de defesa apresentados no tópico anterior, ou seja, que os créditos deveriam ser apropriados pelo regime de caixa, o que contraria o disposto no art. 3º, § 1º, II, da Lei 10.637/2002. Assim, pelas razões anteriormente aduzidas, mantémse a presente glosa, conforme determinado pela fiscalização. 3.6) Da glosa dos créditos calculados sobre despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda (Linha 7 do Dacon). Segundo a fiscalização, o motivo da glosa em apreço foi a falta de apresentação dos documentos comprobatórios das despesas utilizadas como base de cálculo dos créditos objeto da presente glosa. No recurso em apreço, a recorrente limitouse em apresentar as duas notas fiscais de fls. 735/736, que, além de apresentadas a destempo, foram emitidas no mês maio de 2005. Portanto, não pertinente ao período de apuração da glosa em apreço. Assim, por falta de prova, mantémse a glosa integral dos valores dos créditos, conforme determinado pela fiscalização. 3.7) Da glosa créditos a descontar relativos a bens do ativo imobilizado (Linhas 9 e 10 do Dacon) Segundo a fiscalização, a correta informação do fornecedor do bem era condição imprescindível para respaldar o reconhecimento do crédito em questão. Como a recorrente foi intimada e não apresentou essa informação, a fiscalização procedeu a glosa dos créditos calculados sobre os encargos de depreciação dos correspondentes bens. O direito aos créditos calculados sobre os encargos de depreciação está condicionado ao atendimento, dentre outros, do requisito de que o bem tenha sido adquirido de pessoa jurídica domiciliada no País, conforme exige o disposto no art. 3º, § 3º, I, da Lei 10.637/2002, a seguir transcrito: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. [...] § 1º O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2odesta Lei sobre o valor: Fl. 779DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 34 [...] III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI, VII e XI do caput, incorridos no mês; [...] § 3º O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. [...] (grifos não originais) No recurso em apreço, a recorrente apenas alegou que a origem do bem podia ser identificada pelo código de operação fiscal (CFOP), relativo ao mercado interno ou externo, o que não é verdade, pois, tal informação não representa elemento seguro para tal inferência. Daí vem a justificativa da necessidade da apresentação da informação do fornecedor do bem, corroborada com documentação adequada. Por essas razões, a fiscalização agiu com acerto ao proceder a glosa dos créditos calculados sobre os correspondentes encargos de depreciação. 3.8) Da glosa do crédito presumido da atividade agroindustrial (Linha 18 do Dacon). As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, nos termos e segundo os percentuais definidos no art. 8º da Lei 10.925/2004, foram autorizadas a se apropriar de crédito presumido, calculado sobre o valor dos produtos agropecuários, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, a serem utilizados como insumos na produção de determinadas mercadorias de origem animal ou vegetal, destinadas à alimentação humana ou animal. Este tipo de crédito é denominado de crédito presumido agroindustrial. Segundo a fiscalização, na base de cálculo dos créditos presumidos agroindustriais a recorrente incluiu os valores dos insumos adquiridos e os valores dos gastos com frete no transporte dos correspondentes insumos, contratados perante transportadores pessoa física. No item em apreço, a fiscalização procedeu a glosa dos créditos referentes a: a) complementos de valor referentes a remessas sem crédito; b) falta de comprovação; e c) fretes por serviços de transporte (i) prestados por transportadores pessoas físicas, (ii) de grãos exportados, (iii) utilizados nas operações de transferência de produto acabado, (iv) utilizados nas operações de remessa para depósito fechado ou armazém geral e (v) utilizados nas operações de devoluções de venda de mercadorias. As mencionadas glosas foram realizadas com base nos mesmos fundamentos apresentados para justificar a glosa dos créditos básicos, anteriormente analisadas. Fl. 780DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 764 35 E para não incorrer em duplicidade, em relação a essas glosas, a recorrente limitouse em reiterar os argumentos aduzidos em relação aos mesmos tipos de glosas, concernentes aos créditos normais. Da mesma forma, para evitar duplicidade, este Relator reitera os mesmos fundamentos que foram apresentados anteriormente, uma vez que eles aplicamse perfeitamente às glosas atinentes aos créditos presumidos agroindustriais objeto deste tópico. Dessa forma, pelas mesmas razões aduzidas nos itens correlatos anteriores, todas as glosas deste tópico devem ser integralmente mantidas. 3.9) Da glosa referente a ajustes negativos de créditos (Linha 31 do Dacon) Nesta linha são informado os ajustes negativos de crédito não contemplados nas linhas anteriores do Dacon, dentre outros, o valor dos créditos estornados relativos: a) a bens adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, para revenda ou para utilização como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, que tenham sido roubados, inutilizados ou deteriorados, destruídos em sinistro ou, ainda, empregados em produtos que tenham tido a mesma destinação; e b) às devoluções de compras que efetuou no período de apuração. Segundo a fiscalização, o estorno em comento referese a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep relativo a bens sinistrados, adquiridos para revenda ou utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, conforme determinado no art. 3º, § 136, da Lei 10.833/2003, a seguir reproduzido: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] § 13. Deverá ser estornado o crédito da COFINS relativo a bens adquiridos para revenda ou utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, que tenham sido furtados ou roubados, inutilizados ou deteriorados, destruídos em sinistro ou, ainda, empregados em outros produtos que tenham tido a mesma destinação. [...] (grifos não originais) De acordo com a fiscalização, embora intimada a apresentar o Demonstrativo “EST – Estornos relativos a Insumos para Industrialização”, a recorrente não lhe apresentou. E por falta do citado Demonstrativo, a apuração do valor do estorno em apreço foi feita com base nos registros das contas nº. 1700 Sinistros de matéria prima, e nº. 1701 Sinistros de produtos, ambas do Livro Diário. 6 Aplicável à Contribuição para o PIS/Pasep de acordo com o que detemina o art 15, inciso II, da Lei 10.833/2003. Fl. 781DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 36 A recorrente não contestou a legalidade do referido ajuste, no entanto questionou os valores da base de cálculo dos estornos de crédito apurados pela fiscalização. Segundo a recorrente, não obstante estarem registradas nas citadas contas do Livro Diário, “os itens descritos como ‘operações diversas, ICMS e títulos liquidados’ não podem ser considerados como sinistro, porque não se referem a despesas de sinistro, que o ICMS não foi base de cálculo de crédito dos sinistros e os títulos representam notas fiscais liquidadas pelo seguro, logo as contribuições foram debitadas pela emissão da nota fiscal correspondente.” Para a recorrente, tendo a proporcionalidade das aquisições de insumos de PF (79,87%) e de PJ (20,13%), em relação ao mês de fevereiro de 2005, os valores dos créditos a serem estornados relativos ao mercado interno e à exportação seriam, respectivamente, de R$ 395.758,60 e R$ 45.025,37. Por falta de explicações convincentes, não há como acatar os referidos valores. Com efeito, além de a recorrente não ter demonstrado como tais valores foram obtidos, o critério de rateio por ela apresentado não representa com fidelidade a natureza dos dados registrados nas referidas contas, que, em consonância com o próprio título, referese a sinistros com a matériaprima (insumos) e com os produtos acabados, decorrentes do processo de industrialização dos referidos insumos. E noticiam os autos que tais insumos, adquiridos de pessoas físicas e de pessoa jurídica, deram origem a créditos normais ou a créditos presumidos agroindustriais, e tanto uns quantos os outros deveriam ser estornados, por expressa determinação legal. Da mesma forma, os valores de R$ 46.202,77 e R$ 300,00, registrados nas referidas contas, no mês de fevereiro de 2005, respectivamente, a título de “ICMS S/PERDA POR SINISTRO” e “CONS. 000141 GASPEM SEGURANCA LTD”, reproduzidos nos demonstrativos do item 255 do citado Relatório de Auditoria Fiscal, em relação aos quais a fiscalização não apresentou nenhuma explicação sobre a natureza deles (recuperação de custos, receita de indenização de sinistro etc.), também não há como serem admitidos como custo de aquisição de bens sinistrados. Até porque, sabidamente o valor do ICMS, por ser imposto recuperável através de créditos na escrita fiscal, em consonância com o disposto no art. 289, § 3º, do RIR/1999, anteriormente transcrito, não integra o custo de aquisição de bens para revenda ou utilizados como insumo de produção/fabricação de bens destinados à venda. De outra parte, os valores lançados nas referidas contas a título de “APROP CUSTO SINISTRO FEV 05”, nos valores de R$ 1.593.138,43 e R$ 797.634,84, respectivamente registrados nas contas de nºs. 1700 e 1701, sem qualquer prova em contrário, revelam ser representativos de custo de aquisição de bens utilizados como insumos e sobre os quais foram apropriados créditos normais ou presumidos agroindustriais. Com base nessas considerações, propõese a exclusão dos valores de R$ 46.202,77 e R$ 300,00, relativos à base de cálculo dos créditos estornados no mês de fevereiro de 2005, respectivamente, registrados com a denominação de “ICMS S/PERDA POR SINISTRO” e “CONS. 000141 GASPEM SEGURANCA LTD”. 4) Da Conclusão. Por todo o exposto, votase pela rejeição da preliminar de nulidade da decisão de primeiro grau e da prejudicial de mérito por decadência; no mérito, pelo PROVIMENTO PARCIAL do recurso, para, em relação ao mês de fevereiro de 2005, determinar o cancelamento: Fl. 782DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 765 37 a) da glosa dos valores dos créditos calculados sobre (i) o custo de aquisição dos bens destinados revenda (Linha 1 do Dacon), por falta de comprovação, no valor de R$ 257.757,72, acobertado pela nota fiscal de nº 008228 (fl. 679) e (ii) o custo de aquisição de insumos utilizados na produção/industrialização de bens destinados à venda (Linha 2 do Dacon), no valor de R$ 188.740,40, acobertado pela nota fiscal de nº 187744 (fl. 379); e b) do estorno dos créditos calculados sobre os valores de R$ 46.202,77 e R$ 300,00, relativos a ajustes negativos de créditos (Linha 31 do Dacon), registrados nos demonstrativos do item 255 do Relatório de Auditoria Fiscal (fl. 290), respectivamente, com a denominação de “ICMS S/PERDA POR SINISTRO” e “CONS. 000141 GASPEM SEGURANCA LTD”. Após tais ajustes, deverá ser reconhecido em favor da recorrente os respectivos valores dos créditos glosados pela fiscalização e homologada a compensação até o limite do valor do crédito reconhecido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Voto Vencedor Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Redatora designada. Inicialmente cabe esclarecer com a devida vênia, que a divergência a seguir explicitada cingese ao subitem do voto do ilustre Relator José Fernandes " 3.1) Da glosa de créditos calculados sobre a aquisição de bens destinados à venda por falta de comprovação (Linha 1 do Dacon)", referente ao restabelecimento dos créditos relativos aos bens para revenda adquiridos por meio da Nota Fiscal de nº 008228, fl.679, no mês de fevereiro de 2005. Rememorando os fatos verificase pelo Termo de Intimação Fiscal Nº 01, fl.17, a solicitação pela fiscalização dos seguintes documentos: Conforme Relatório de Auditoria, fl.247/301, precisamente à fl.253, constata se a não apresentação do documento listado a seguir: Fl. 783DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 38 Através da Manifestação de Inconformidade, o interessado apresenta o documento de fl.377 que seria uma cópia da Nota Fiscal de nº 008228, no entanto a decisão de piso rejeitou o citado documento, conforme fundamentos a seguir transcritos: 3.2. Do Mérito: LINHA 01 — Bens adquiridos para revenda (Lei n°. 10.637/2002, art. 3°. inciso I): Glosa 1 — relativa a diversas notas fiscais relacionadas no arquivo RVJ não apresentadas ao fisco,(...) Trouxe, ainda, uma cópia de suposto documento à fl. 304, que se encontra ininteligível, portanto, não será considerado.(grifei). Em sede recursal o recorrente apresenta o documento à fl.679 visando a comprovação do referido crédito. Tratandose de direito creditório pleiteado é importante demonstrar em breve abordagem a questão do ônus probatório. Utilizandose subsidiariamente as regras do Código de Processo Civil, verificase: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados aprovarlhe as alegações. Disciplina o processo administrativo fiscal, Decreto nº 70.235, de 1972, em seu art. 9º que [a exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito]. Já o art. 16, III, do citado diploma legal estabelece que a impugnação mencionará [os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir]. No presente caso, a regra acima quanto ao ônus probatório, se inverte, incumbindo ao autor a prova quanto ao fato constitutivo do seu direito. No caso em exame, a interessada declarou à Administração Tributária possuir um montante de crédito, utilizado para extinguir os débitos compensados. Nesses termos, cabe à interessada a prova da existência de seu direito, demonstrando a liquidez e certeza dos créditos alegados, utilizados para extinção do crédito tributário sob condição resolutória, através da apresentação ao fisco, quando Fl. 784DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 766 39 solicitado, dos livros e documentos estabelecidos pela legislação para a comprovação da exatidão de suas informações. Nesse sentido disciplina a Instrução Normativa RFB nº 900, de 30/12/2008, DOU de 31/12/2008, vigente à época da emissão do Despacho Decisório: Art. 65. A autoridade da RFB competente para decidir sobre a restituição, o ressarcimento, o reembolso e a compensação poderá condicionar o reconhecimento do direito creditório à apresentação de documentos comprobatórios do referido direito, inclusive arquivos magnéticos, bem como determinar a realização de diligência fiscal nos estabelecimentos do sujeito passivo a fim de que seja verificada, mediante exame de sua escrituração contábil e fiscal, a exatidão das informações prestadas.(grifei). Observase que há vários comandos legais insertos na legislação tributária quanto à forma, emissão, prazo para guarda dos documentos, além dos requisitos indispensáveis aos referidos documentos fiscais para que tenham força probatória, notadamente aos que servem de base à escrituração dos livros fiscais quanto às operações que visam comprovar. Tratandose de emissão/utilização de nota fiscal, dispõe igualmente a legislação tributária sobre os requisitos indispensáveis para que referido documento se revista de força probatória quanto à operação registrada. No presente caso, como já demonstrado, o contribuinte deixou de apresentar quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade, documento comprobatório quanto aos créditos calculados sobre a aquisição de bens destinados à revenda "Linha 1 do Dacon)", referente ao mês de fevereiro de 2005, uma vez que o documento apresentado à fl. 377 não se revestiu dos requisitos necessários para comprovar a operação pretendida. Quanto ao ato de provar pondera 7Fabiana: Mediante a atividade probatória compõese a prova, entendida como fato jurídico em sentido amplo, que é o relato em linguagem competente de evento supostamente acontecido no passado, para que, mediante a decisão do julgador, constituase o fato jurídico em sentido estrito, desencadeando os correspondentes efeitos. (...) Iso não significa, contudo, que para provar algo basta simplesmente juntar um documento aos autos. É preciso estabelecer relação de implicação entre esse documento e o fato que se pretende provar. A prova decorre exatamente do vínculo entre o documento e o fato probando.(grifei). Reiterese que, no caso em espécie o documento em referência não foi apresentado a fiscalização e deixou de ser apresentado em sede de primeira instância revestido de força probatória. 7 Tomé, Fabiana Del Padre, A prova no Direito Tributário, São Paulo:Noeses, 2005, págs:177/178. Fl. 785DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA 40 Nesse mister, o documento apresentado somente em sede recursal, (fl. 679) visando comprovar referida operação não encontra respaldo nas disposições excepcionais previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 16 do Decreto nº 70.235, de 1972 e alterações respectivas: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] § 4.º. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a)fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b)refirase a fato ou a direito superveniente; c)destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Todo o parágrafo 4.o incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) § 5.º. A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997) § 6.º. Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997).(grifei). Com efeito, constatase das normas acima dispostas quanto ao ônus probatório e o momento processual de apresentação da prova, que os documentos que respaldam a origem dos créditos pleiteados devem ser apresentados ao fisco quando solicitados, porém revestidos dos requisitos necessários a comprovar efetivamente a operação retratada. Assim a apresentação extemporânea do documento (fl. 679) não encontra respaldo nas disposições excepcionais acima destacadas, notadamente tratandose de nota fiscal emitida em 2005, cujo contribuinte tem o dever legal de boa guarda para apresentação ao fisco quando solicitado. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a glosa dos créditos calculados sobre a aquisição de bens destinados à revenda (Linha 1 do Dacon), relativa ao mês de fevereiro de 2005. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Fl. 786DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13971.001474/200556 Acórdão n.º 3302003.218 S3C3T2 Fl. 767 41 Fl. 787DF CARF MF Impresso em 09/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /06/2016 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06/06/2016 por MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR, Assinado digitalmente em 08/06/2016 por RICARDO PAULO ROSA
score : 1.0
Numero do processo: 11080.001747/2003-18
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Apr 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/03/1997 a 31/12/2001
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS
É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Sendo distinta a legislação analisada pela recorrida em confronto com aquela versada nos pretendidos paradigmas, ou opostas as situações fáticas, não se admite o recurso apresentado.
Numero da decisão: 9303-003.544
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso.
HENRIQUE PINHEIRO TORRES. Presidente.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Relator.
EDITADO EM: 22/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen (Substituto convocado), Charles Mayer de Castro Souza (Substituto convocado), Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Henrique Pinheiro Torres (Presidente Substituto).
Nome do relator: JULIO CESAR ALVES RAMOS
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/03/1997 a 31/12/2001 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Sendo distinta a legislação analisada pela recorrida em confronto com aquela versada nos pretendidos paradigmas, ou opostas as situações fáticas, não se admite o recurso apresentado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso. HENRIQUE PINHEIRO TORRES. Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Relator. EDITADO EM: 22/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen (Substituto convocado), Charles Mayer de Castro Souza (Substituto convocado), Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Henrique Pinheiro Torres (Presidente Substituto).
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REQUISITOS É condição para que o recurso especial seja admitido que se comprove que colegiados distintos, analisando a mesma legislação aplicada a fatos ao menos assemelhados, tenham chegado a conclusão díspares. Sendo distinta a legislação analisada pela recorrida em confronto com aquela versada nos pretendidos paradigmas, ou opostas as situações fáticas, não se admite o recurso apresentado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso. HENRIQUE PINHEIRO TORRES. Presidente. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator. EDITADO EM: 22/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen (Substituto convocado), Charles Mayer de Castro Souza (Substituto convocado), Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Henrique Pinheiro Torres (Presidente Substituto). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 00 17 47 /2 00 3- 18 Fl. 1051DF CARF MF Impresso em 20/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 06/04/2 016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Relatório A Fazenda Nacional pretende seja revista a decisão da Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara desta Seção do CARF no ponto em que repeliu a tributação na forma definida no § 1º do art. 3º da Lei 9.718, dando aplicação às reiteradas decisões do STF que o declararam inconstitucional. Fundamenta a divergência de entendimentos por meio do acórdão nº 204 01.643, proferido, em 21/8/2006, pela então Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, que, avocando a disposição expressa do Decreto 2.346/97, entendeu não ser possível aos conselheiros estender aquelas decisões, antes de algum dos atos ali previstos, a contribuintes outros que não tenham feito parte da lide específica. O especial ora sob exame foi apresentado em 2008 e pugna, primeiro, pela inaplicabilidade daquelas decisões na exata linha do paradigma, para, depois, buscar demonstrar a constitucionalidade do dispositivo. Admitido o recurso por meio do despacho de fls. 266/267, sobrevieram contrarrazões que pedem, primeiramente, a não admissibilidade do recurso. Segundo a recorrida, porque a legislação que a Fazenda pretende tenha sido contrariada não é tributária, requisito do art. 67 do RICARF. No mérito, pela manutenção do decidido, com os mesmos argumentos da decisão. É o Relatório. Voto Conselheiro JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Embora por motivo diverso do apontado em contrarrazões, entendo que o recurso não deve mesmo ser admitido. É que a decisão guerreada foi proferida em 23 de setembro de 2008, ocasião em que vigia o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes baixado por meio da Portaria Ministerial 147, em 25 de junho de 2007, cujo art. 49, inovando as disposições regimentais anteriores, trouxe expressa autorização aos conselheiros para que dessem aplicação a decisões definitivas do Pleno do STF. Vejase: Artigo 49. No julgamento de recurso voluntário ou de ofício, fica vedado aos Conselhos de Contribuintes afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: Fl. 1052DF CARF MF Impresso em 20/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 06/04/2 016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 11080.001747/200318 Acórdão n.º 9303003.544 CSRFT3 Fl. 1.052 3 a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de junho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do Artigo 43 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do Artigo 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993. Antes dessa inovação, prevalecia a restrição contida no art. 22A da Portaria MF 55/98, que regulava a atuação dos conselheiros quando proferida a decisão pretendida como divergente e que enunciava: Art. 22A. No julgamento de recurso voluntário, de ofício ou especial, fica vedado aos Conselhos de Contribuintes afastar a aplicação, em virtude de inconstitucionalidade, de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo em vigor. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I – que já tenha sido declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em ação direta, após a publicação da decisão, ou pela via incidental, após a publicação da resolução do Senado Federal que suspender a execução do ato; II – objeto de decisão proferida em caso concreto cuja extensão dos efeitos jurídicos tenha sido autorizada pelo Presidente da República; III – que embasem a exigência do crédito tributário: a) cuja constituição tenha sido dispensada por ato do Secretário da Receita Federal; ou b) objeto de determinação, pelo ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, de desistência de ação de execução fiscal. (Artigo incluído pelo art. 5º da Portaria MF nº 103, de 23/04/2002) Como claramente se vê, as condições que vigiam em 2006, quando prolatada a decisão divergente, eram absolutamente diversas daquelas prevalecentes em 2008. A redação regimental de fato impedia a extensão de efeitos de decisões, ainda que proferidas pelo Pleno do STF, a menos que objeto de Resolução do Senado Federal ou de ato do Presidente da República. Tais disposições se mostram em total concordância com aquelas previstas no Decreto 2.346/97, daí porque, em seu voto, o douto Conselheiro Jorge Freire as aplica. Dada essa impossibilidade regimental, vêse que as situações não são, sequer, asssemelhadas, impedindo a aceitação do pretendido paradigma, único arrolado pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Com essas considerações, voto por não conhecer do recurso. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Relator Fl. 1053DF CARF MF Impresso em 20/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 06/04/2 016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 4 Fl. 1054DF CARF MF Impresso em 20/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 06/04/2 016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 15/04/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
score : 1.0
Numero do processo: 11020.001992/2006-74
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jul 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 10/07/2001 a 31/12/2004
RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
Não se deve conhecer do recurso especial quando, diante de situações fáticas e jurídicas distintas, não restar caracterizada divergência de interpretação da legislação tributária.
Recurso Especial da PGFN não Conhecido
Numero da decisão: 9303-003.389
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional, por falta de divergência.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 10/07/2001 a 31/12/2004 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Não se deve conhecer do recurso especial quando, diante de situações fáticas e jurídicas distintas, não restar caracterizada divergência de interpretação da legislação tributária. Recurso Especial da PGFN não Conhecido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional, por falta de divergência. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 10/07/2001 a 31/12/2004 RECURSO ESPECIAL. NÃO CONHECIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Não se deve conhecer do recurso especial quando, diante de situações fáticas e jurídicas distintas, não restar caracterizada divergência de interpretação da legislação tributária. Recurso Especial da PGFN não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional, por falta de divergência. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Valcir Gassen, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 19 92 /2 00 6- 74 Fl. 3125DF CARF MF Impresso em 15/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 15/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 11020.001992/200674 Acórdão n.º 9303003.389 CSRFT3 Fl. 3.126 2 Relatório Tratase de recurso especial interposto pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) contra acórdão proferido pela 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção do CARF que deu provimento parcial ao recurso voluntário, para, dentre outros itens, acolher os créditos decorrentes de devolução que puderem ser apurados a partir do Livro de Registro de Entradas acostado aos autos em sede de recurso voluntário. A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), no recurso especial ao qual o Presidente da Câmara deu seguimento, alega que o momento para juntada de documentos foi inadequado, pois o contribuinte deveria ter apresentado todas as provas que fundamentavam a defesa junto com a impugnação, inclusive especificando as diligências ou perícias que pretendesse produzir. Ainda de acordo com a PGFN, a apresentação de documento em fase posterior é excepcional, e depende da comprovação de uma situação superveniente ou motivo de força maior, conforme previsto nos artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235, de 1972. Cientificado do recurso especial da PGFN, o contribuinte não se manifestou. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas O recurso não deve ser conhecido por falta de divergência dos acórdãos paradigmas conforme demonstrarei abaixo. O Acórdão recorrido acolheu a fundamentação da possibilidade de os créditos decorrentes de devolução que poderem ser apurados a partir do Livro de Registro de Entradas acostado aos autos em sede de recurso voluntário. Eis a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 10/07/2001 a 31/12/2004 (...) CRÉDITOS DECORRENTES DE DEVOLUÇÃO Demonstrado que o sujeito passivo deu saída a produtos tributados e que parte desses produtos foi alvo de devolução, legítimo é o creditamento, de acordo com as alíquotas que o Fisco entende devidas. Fl. 3126DF CARF MF Impresso em 15/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 15/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 11020.001992/200674 Acórdão n.º 9303003.389 CSRFT3 Fl. 3.127 3 (...) Recurso Voluntário Parcialmente Provido e Recurso de Ofício Negado. A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional em razão da decisão recorrida ter acolhido créditos decorrentes de devolução que só puderam ser apurados a partir do Livro de Registro de Entradas que foi acostado aos autos apenas em sede de recurso voluntário. A Fazenda nacional apresentou os seguintes paradigmas: Acórdão nº 10516.003 PRECLUSÃO A luz das disposições contidas no parágrafo 4° do art. 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, tratandose de prova documental e ressalvados os casos ali previstos, a sua apresentação deve ser feita por ocasião da interposição da peça impugnatória, precluindo o direito de a interessada fazêlo em outro momento processual. Recurso negado. Enquanto o acórdão recorrido não trata diretamente, como razão de decidir o momento para apresentação das provas no processo administrativo, o paradigma tem exatamente esse fundamento como razão de decidir do voto ora colacionado. Em se tendo fundamentações jurídicas que não se assemelham o suficientemente para caracterizar a divergência, o recurso deve ter o seu seguimento negado pelo presente colegiado. Nesse contexto, voto por não conhecer do ao recurso especial da PGFN. É como voto. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Relator Fl. 3127DF CARF MF Impresso em 15/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 15/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS Processo nº 11020.001992/200674 Acórdão n.º 9303003.389 CSRFT3 Fl. 3.128 4 Fl. 3128DF CARF MF Impresso em 15/07/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 15/06/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 10/06/2016 por RODRIGO DA COSTA POS SAS
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Numero do processo: 11080.725790/2013-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jun 02 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2301-000.610
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA, IVACIR JULIO DE SOUZA, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES e AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA, IVACIR JULIO DE SOUZA, GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES e AMILCAR BARCA TEIXEIRA JUNIOR. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .7 25 79 0/ 20 13 -3 6 Fl. 62DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 11080.725790/201336 Resolução nº 2301000.610 S2C3T1 Fl. 63 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente o lançamento fiscal efetuado por meio da Notificação de Lançamento para apuração de imposto de renda da pessoa física decorrente de supostas omissões de rendimentos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 RENDIMENTOS AUFERIDOS DE PESSOA JURÍDICA DECORRENTES DE TRABALHO ASSALARIADO. Estando demonstrada a omissão de rendimentos na declaração de ajuste anual, devidamente confirmada através de informação prestada em DIRF pela fonte pagadora, deve ser mantido o lançamento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido... Mediante Notificação de Lançamento, de fls. 05/08, exigese do contribuinte acima qualificado o recolhimento do imposto de renda pessoa física, acrescido de multa de ofício e juros de mora, totalizando R$ 6.504,16, calculados até 30/04/2013, em virtude da constatação de irregularidades na declaração de ajuste anual referente ao exercício de 2010, anocalendário de 2009. ... O contribuinte apresentou impugnação de fls. 02 alegando não ter auferido rendimentos da fonte pagadora CNPJ 00.755.762/000106. Concordou com a omissão de rendimentos relativos a fonte pagadora CNPJ 03.848.688/000152. ... Perante a Receita Federal do Brasil deve prevalecer a informação prestada pela fonte pagadora por meio da DIRF. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, quando trouxe a comprovação de vínculo empregatício no período correspondente ao anocalendário em outra empresa localizada em outro município distante aproximadamente 300 km. A suposta fonte pagadora está localizada em Angra dos Reis/RJ e a empresa para a qual trabalhara em Macaé/RJ. Atualmente o recorrente tem domicílio em Tramandaí/RS, distante aproximadamente 1.500 Km de Angra dos Reis/RJ e por essa razão não teria como se deslocar até lá para solicitar a retificação da DIRF. É o Relatório. Fl. 63DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR Processo nº 11080.725790/201336 Resolução nº 2301000.610 S2C3T1 Fl. 64 3 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator As questões principais no presente processo se voltam para o ônus probatório do recorrente na obtenção da retificação da DIRF junto à fonte pagadora e o convencimento sobre a ausência do rendimento com base nos documentos juntados ao recurso. Durante o anocalendário o recorrente mantinha vínculo com a empresa Serviços Marítimos Continental S.A na cidade de Macaé/RJ, fls. 48, distante mais de 300 km da suposta fonte pagadora e um deslocamento aproximado de 5h (consulta no site www.distanciacidades.com). De fato, considerada a atividade profissional, a prestação do serviço a justificar a remuneração somente seria possível com o deslocamento do recorrente entre Macaé/RJ e Angra dos Reis/RJ. E também se justifica a dificuldade do recorrente em obtenção de documentos da suposta fonte pagadora para a comprovação da incorreção na DIRF. Assim, diante desses indícios a favor do recorrente, tornase necessária e oportuna diligência por parte da SRFB para a confirmação de movimentação financeira realizada pela empresa Ponta Leste de Angra Atividades Subaquáticas Ltda em favor do recorrente. Diante do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para as providências solicitadas e seja oportunizado ao recorrente o direito de manifestação sobre esta decisão no prazo de 30 dias. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 64DF CARF MF Impresso em 02/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/05/2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 30/05/ 2016 por JULIO CESAR VIEIRA GOMES, Assinado digitalmente em 01/06/2016 por JOAO BELLINI JUNIOR
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