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Numero do processo: 10860.001108/2004-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 22 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jul 31 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3202-000.257
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência..
Irene Souza da Trindade Torres Oliveira - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES
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RESOLVEM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Irene Souza da Trindade Torres Oliveira, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Thiago Moura de Albuquerque Alves e Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Por descrever os fatos, adoto o relatório da decisão recorrida, o qual passo a transcrever: 1. Contra o contribuinte em epígrafe foi lavrado o Auto de Infração de fls. 05/26, por falta de lançamento e recolhimento do IPI, em razão do uso de créditos indevidos. 2 Segundo o Relatório Fiscal de fls. 08/19, o estabelecimento creditouse do IPI pago na aquisição de um sistema de automação, da empresa BMA Automação e Sistemas Elétricos S/A (Atual BMSBelgo Mineira Sistemas S/A), que foi vendido para a Belgo Mineira Participação Indústria e Comércio S/A como parte de um sistema de despoeiramento, que a Confab considerou como se fosse uma unidade funcional (Obra n° 79830). Entretanto, conforme a fiscalização já teria demonstrado no processo n° 10860.005122/200377, tal sistema de despoeiramento, segundo as regras de classificação fiscal, não era uma unidade funcional, portanto, o sistema de automação não poderia ser considerado como parte daquele produto. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 60 .0 01 10 8/ 20 04 -8 5 Fl. 539DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 540 2 3. Diante disso, considerando que o sistema de automação foi fabricado e instalado pela BMA, conforme documentos juntados, a intervenção da Confab nesta operação teria sido de mero revendedor, sem direito a se creditar do IPI. A fiscalização também mencionou, a titulo de curiosidade, que enquanto a Confab pagou mais R$ 1.900.000,00 pelo sistema de automação, tal equipamento foi faturado à Belgo por um valor abaixo de R$ 770.000,00. 4. Assim, após a reconstituição da escrita do sujeito passivo, foi lançado de oficio o crédito tributário montante em R$ 705.286,11, inclusos juros de mora e multa de oficio, conforme a capitulação de fl. 06. 5. Tempestivamente, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 293/322, alegando, em síntese, que: 5.1 Foi vendido um sistema de despoeiramento primário e secundário do forno elétrico a arco e forno panela e suas adaptações (Obra n° 79.866, objeto do processo n° 10860.005122/200377, já impugnado) para a BELGO MINEIRA, contudo, o agente fiscal, que não é especialista em equipamentos e máquinas industriais, entendeu que não houve fornecimento de um sistema de despoeirarnento, mas, sim, dutos, escadas e coifas, algo que não reflete a realidade; tendo sido negado o pedido de perícia formulado durante a ação fiscal para que conclusões estritamente técnicas fossem feitas por perito habilitado e imparcial. 5.2 Portanto, preliminarmente, o auto de infração seria nulo pela falta de habilitação técnica da autoridade fiscal: a fiscalização dependia de conclusões técnicas que s6 podiam ser efetuadas por um engenheiro com conhecimento de sistemas industriais de grande porte; conforme a Lei n° 5.194, de 1966, que regulamenta a profissão de engenheiro, estudos, laudos e afins devem ser feitos por engenheiro com especialidade na área em que opinar, emitir parecer ou laudo; ao contrário do que entende a fiscalização, o fornecimento de vários equipamentos distintos não afasta a possibilidade de tais equipamentos formarem um conjunto funcional e o fato de ser desprezada a "função" dos equipamentos demonstra a falta de habilitação; a necessidade de laudo técnico para a comprovação da formação de um único sistema é sufragada por decisão do Conselho de Contribuintes ou, no caso de incertezas quando à classificação fiscal em geral, conforme julgados do TRF da 4ª Região e do Conselho de Contribuintes. 5.3 É nulo o auto de infração por ausência de motivação: houve o desprezo do conceito de "unidade funcional" e a nãoaceitação dos equipamentos como constituintes de um "corpo único" para fins de classificação fiscal; em nenhum momento foi demonstrado que os equipamentos não desempenham conjuntamente uma função bem determinada, de acordo com a Nota n°4 da Seção XVI da TIPI196; os fatos e o direito que fundamentam o ato administrativo de lançamento devem ser explicitados claramente, conforme doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello. Também seria nulo, o auto de infração, por cerceamento de defesa, pois foi negado à impugnante o direito de conhecer as razões que motivaram a desconsideração do conceito de unidade funcional, ademais, como foi negado o direito de participação de profissional técnico especializado, não é possível vislumbrar o detalhe da Nota n°4 da Seção XVI da TIPI196 que não foi satisfeito. 5.4 No mérito, para elucidar a aplicação do conceito de "unidade funcional", é necessário laudo técnico; a classificação fiscal exige a plena caracterização do objeto e sua definição consiste em um ato de aplicação do Direito; há uma série Fl. 540DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 541 3 de informações e análises mínimas necessárias a tal procedimento, conforme a IN SRF n° 230, de 25 de outubro de 2002, inclusive a elaboração de laudo; pela Nota n° 4, não é necessário que um conjunto de máquinas constitua um corpo único, mas que este tenha uma função própria; segundo a Regra de Interpretação do Sistema Harmonizado n° 2.a: "Qualquer referencia a um artigo em determinada posição (...). Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se Apresente desmontado ou por montar."; quando vendidos, pelo porte dos contratos, os produtos não se apresentam montados, o que exige um prazo razoável, mas nem por isso o produto final não se caracteriza como um conjunto funcional; ainda que se trate de um conjunto de máquinas ou equipamentos, todas as partes devem ser classificadas como o artigo completo, em virtude do aspecto funcional, e a referida Nota n° 4 exemplifica alguns sistemas deste tipo, semelhantes aos produzidos pela impugnante; em destaque, ementa de julgado do TRF da 4a Regido e de decisão colegiada da DRJ de São Paulo II. 5.5 Ressalta que o sistema de automação, fornecido por terceiros, faz parte da unidade funcional "sistema de despoeiramento", pois a este se encontra ligado física e remotamente. Portanto, não houve revenda e a impugnante teria direito ao crédito, tanto quanto, uma montadora quando adquire um aparelho de ar condicionado e o agrega ao produto final. Ademais, não ocorreu uma simples instalação do sistema de automação, pois, como o RIPI define que industrialização não é apenas montagem, mas também a operação que altere o funcionamento do produto, não há como negar que foi a impugnante quem alterou o funcionamento do produto para fazêlo funcionar dentro de todo o sistema vendido. Quanto à "curiosidade" apontada pela fiscalização, esclarece que vendeu o sistema de automação para a Belgo por valor inferior ao que pagou, exatamente porque a operação realizada não representou uma revenda, pois a impugnante vende sistemas industriais de grande porte e o seu preço é formado com base na operação contratada por inteiro e não em porções dos equipamentos que compõe o todo fabricado. 5.6 Com fulcro no PAF, art. 16, IV, é elaborado pedido de perícia com a indicação de perito e a formulação de 7 (sete) quesitos, para que seja preparado laudo técnico por pessoa habilitada com a finalidade de esclarecer se o sistema de automação pode ser considerado, ou não, peça fundamental do indigitado sistema de despoeiramento. 6. Encerrou requerendo que a impugnação seja conhecida, que as preliminares de nulidade sejam acolhidas, ou, então, que seja deferido o pedido de perícia e para que a autuação seja declarada improcedente. A DRJRibeirão Preto/SP julgou procedente o lançamento (efls. 348/362), nos termos da ementa adiante transcrita: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 20/04/1999 a 31/12/2000 Ementa: PRODUTOS DE SIMPLES REVENDA. CRÉDITO FISCAL INDEVIDO. É indevido o aproveitamento de créditos fiscais do IPI em relação as entradas de produtos para simples revenda, e cujas saídas não são fatos geradores do imposto. Fl. 541DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 542 4 Assunto: Classificação de Mercadorias Período de apuração: 20/04/1999 a 31/12/2000 Ementa: CONJUNTOS DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. INSTALAÇÕES INDUSTRIAIS. Uma combinação de máquinas de espécies diferentes, que exerçam funções distintas, sucessiva ou simultaneamente, máquinas estas classificáveis por posições diversas da Seção XVI, para que se enquadrem segundo a função principal que as caracterize, devem satisfazer, fundamentalmente, as seguintes condições: a) se se apresentarem incorporadas umas nas outras, ou instaladas umas nas outras, e ainda as máquinas montadas numa base, armação ou suporte comuns ou colocadas num invólucro comum; b) se tiverem sido concebidas para se fixarem, de forma estável, uns nos outros ou no elemento comum (base, armação, invólucro, etc.). Caso contrário, esgotadas todas as possibilidades de enquadramento pelo conjunto — total ou parcial — das instalações, a classificação fiscal é efetuada pelos elementos constitutivos singulares. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 20/04/1999 a 31/12/2000 Ementa: NULIDADE. AUDITORFISCAL DA RECEITA FEDERAL. FALTA DE HABILITAÇÃO TÉCNICA. O auditorfiscal da Receita Federal, mesmo sem formação em Engenharia e, assim, sem registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), tem competência legal para praticar o ato administrativo de lançamento tributário, decorrente da atividade eminentemente tributária de enquadramento de classificação fiscal de máquinas e equipamentos. NULIDADE. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. É incabível a argüição de nulidade se o auto de infração ostentar todos os requisitos básicos, notadamente a motivação, elemento fundamental do ato administrativo vinculado. PEDIDO DE PERÍCIA TÉCNICA. PRESCINDIBILIDADE. O pedido de perícia técnica apresentado no bojo da peça impugnatória, ainda que em conformidade com os requisitos legais, pode ser rejeitado se o exame pericial for avaliado como prescindível para o deslinde da questão. Lançamento Procedente Irresignada, a contribuinte apresentou recurso voluntário perante este Colegiado (efls. 370/389), repisando os mesmos argumentos expendidos na impugnação. Ao final, requer a reforma da decisão recorrida, sendo declarada a nulidade do lançamento em face das preliminares argüidas. Caso não seja declarada a nulidade, que seja Fl. 542DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 543 5 afastada a cobrança efetuada, em razão da correção dos procedimento adotados pela recorrente. Por fim, requer a realização de prova pericial. Em 16/10/2007, a extinta Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, por meio da Resolução nº. 3021.410, houve por bem converter o julgamento em diligência, para que fossem respondidos os quesitos formulados pela contribuinte quando da apresentação da impugnação (efls. 335/336). Elaborado o Termo de Diligência Fiscal (efl. 450/464), o contribuinte manifestouse contrário aos termos da diligência, vez que teria sido realizada por auditores fiscais integrantes da Seção de Fiscalização da DRFBTaubaté/SP, mesma unidade administrativa autuante, sem que fosse elaborado laudo por engenheiro, pessoa que, no seu entender, teria a habilidade técnica necessária. (efls. 468/476). Em 24/05/2010, por meio da Resolução nº. 320100128, a Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento do CARF decidiu por converter novamente o julgamento em diligência, a fim de que fosse elaborado Laudo Técnico pelo INT, respondendo às perguntas formuladas por aquela Turma julgadora (efls. 486/488). Em face de não ter havido resposta do INT ao contato efetuado pela DRF Taubaté/SP, decidiu aquela autoridade administrativa encaminhar os autos em retorno ao CARF. (efls. 509/510). É o Relatório. VOTO O recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, razões pelas quais dele conheço. A solução da lide passa, necessariamente, pela correta identificação do papel do sistema de automoção em relação ao sistema de despoeiramento. A questão posta é se o sistema de automação é um subsistema do sistema de despoeiramento e com este forma uma unidade funcional, devendose, assim, adotar a classificação fiscal deste último, no código 8421.39.90 (outros aparelhos para filtrar ou depurar gases), conforme alega a contribuinte, ou se é um sistema independente, devendo ter classificação fiscal própria, no código 9032.89.90 (outros instrumentos e aparelhos para regulação ou controle, automáticos), conforme entende a Fiscalização. Entendo que a questão, de fato, necessita de um respaldo técnico de um engenheiro ou instituto de engenharia, que formule Laudo para esclarecer acerca do funcionamento dos equipamentos e outras questões que não se mostram claras para esta Relatora. É de se ressaltar que nenhum dos laudos constantes dos autos se mostram suficientes para tanto. O primeiro “Laudo” – na verdade, um “Termo de Diligência Fiscal” elaborado por AFRF integrante da equipe de Fiscalização da DRFBTaubaté/SP, muito embora – ao contrário do que afirmou a contribuinte – não tenha sido formulado pelo mesmo auditor Fl. 543DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 544 6 fiscal que lavrou o Auto de Infração, deixou de responder algumas perguntas, ao entendimento de que se tratavam de perguntas tendenciosas/capciosas/simplistas, demonstrando, com isso, uma valoração inapropriada para um instrumento de esclarecimento meramente técnico. Por outro lado, o “Laudo” (denominado pela contribuinte de “Parecer”) apresentado pela contribuinte (efls. 477/479), mostrase absolutamente inadequado, não trazendo sequer a identificação apropriada do equipamento, a data em que foi elaborado, a metodologia aplicada nem a fonte de consulta, sem contar que se trata de “laudo” particular, formulado por técnico que não se sabe se é credenciado pela Receita Federal. Por outro lado, entendo inadequados alguns dos quesitos formulados pela contribuinte na impugnação, na forma como postas as perguntas, tendo em vista não guardarem relevância para a identificação de uma unidade funcional, de acordo com os esclarecimentos das NESH. Isso porque não é o laudo que estabelece o que caracteriza uma unidade funcional, vez que a fonte para a resposta de tal pergunta advém das NESH. De outro giro, tenho que alguns dos quesitos formulados pela contribuinte mostramse à margem do ponto principal para a identificação de uma unidade funcional. Explico: se o sistema de automação funciona em conjunto com o sistema de despoeiramento para a consecução de um objetivo final dentro de uma aciaria, tal fato, por si só, não faz dele uma unidade funcional, em termos de classificação fiscal. Por óbvio, todos os equipamentos e sistemas que compõem a aciaria funcionam em conjunto para a consecução de um objetivo último, qual seja, a transformação de ferro gusa em aço, mas não é por terem um objetivo final comum e específico que faz de todos esses equipamentos e sistemas uma unidade funcional, para fins de classificação fiscal. Isso porque a conceituação de unidade funcional, para fins de classificação fiscal, deve ser extraída das NESH, mais especificamente da Nota 4 da Seção XVI, abaixo transcrita: 4. Quando uma máquina ou combinação de máquinas seja constituída de elementos distintos (mesmo separados ou ligados entre si por condutos, dispositivos de transmissão, cabos elétricos ou outros dispositivos), de forma a desempenhar conjuntamente uma função bem determinada, compreendida em uma das posições do capítulo 84 ou do capítulo 85, o conjunto classificase na posição correspondente à função que desempenha. Sobre a aplicação dessa Nota, a Parte VII das Considerações Gerais da Seção XVI das NESH esclarece, verbis: VI. UNIDADES FUNCIONAIS (nota 4 da Seção) Aplicase esta Nota quando uma máquina ou uma combinação de máquinas são constituídas por elementos distintos concebidos para executar conjuntamente um função bem determinada incluída em uma das posições do Capítulo 84 ou, mais freqüentemente, do Capítulo 85. O fato de que, por razões de comodidade, por exemplo, este elementos estejam separados ou interligados por condutos (de ar, de gá comprimido, de óleo, etc), dispositivos de transmissão, cabos elétricos ou outros dispositivos, não se opõe à classificação do conjunto na posição correspondente à função que este executa. Fl. 544DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 545 7 Na acepção da presente Nota, a expressão “concebidos para executar uma função bem determinada” abrange somente as máquinas e combinações de máquinas necessárias para realizações da função própria ao conjunto, que forma uma unidade funcional, excetuandose as máquinas ou aparelhos que tenham funções auxiliares e não concorram para a função do conjunto Assim, para que bem se decida sobre o caso em questão, é mister que seja elaborado um Laudo, por perito credenciado junto à Receita Federal ou por algum Instituto conveniado, para que, tomando como fundamento os esclarecimentos trazidos pelas NESH acerca da conceituação de uma unidade funcional, acima transcritos, sejam respondidos os seguintes quesitos: 1. O que é o sistema de despoeiramento e como ele funciona? Explique. 2. O que é o sistema de automação e como ele funciona? Explique. 3. O sistema de despoeiramento funciona sem o sistema de automação? Sim ou Não. Justifique. 4. O sistema de automação é de uso exclusivo do sistema de despoeiramento ou pode ser utilizado em outros sistemas dentro da aciaria, independentemente do sistema de despoeiramento? Sim ou Não? Justifique. 5. O sistema de automação foi concebido para executar, conjuntamente com o sistema de despoeiramento, a função determinada de filtrar e depurar gases (que é a função compreendida no capítulo 84 pretendida pela contribuinte)? Sim ou não? Justifique. 6. Com base nas funções exercidas por ambos os sistemas, podese afirmar que o sistema de automação é um subsistema do sistema de despoeiramento? Sim ou não? Justifique. 7. O sistema de automação, na forma como vendido pela BMA à CONFAB, pode ser utilizado por outros sistemas? Sim ou não? Justifique. 8. O sistema de automação, na forma como vendido pela BMA à CONFAB, possui alguma utilidade, considerado isoladamente ou com outro sistema que não seja o de despoeiramento? Sim ou Não. Justifique. 9. O sistema de automação controla os diversos e distintos equipamentos que integram o sistema de despoeiramento, constituindose em um sistema distinto deste? Sim ou não? Justifique. 10. Analisando a documentação constante da folha digitalizada (efls.) nº 95, especificamente no item .11 daquele documento, podese dizer que o sistema de automação compreende outros sistemas e equipamentos que não apenas o sistema de despoeiramento? Sim ou não. Justifique. 11. O sistema de automação foi adquirido pela CONFAB, da BMA, já completo e pronto para ser instalado? Sim ou não? Justifique Fl. 545DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10860.001108/200485 Resolução nº 3202000.257 S3C2T2 Fl. 546 8 11. A ação da CONFAB, em relação ao sistema de automação, foi apenas de instalação na Belgo Mineira? Sim ou não? Justifique. 12. Houve alguma ação da CONFAB sobre o sistema de automação, necessária para o funcionamento desse sistema? Sim ou Não. Justifique. 13. Qual foi a ação da BMA, em relação ao sistema de automação, após este ter sido vendido para a CONFAB? Explique. É mister, ainda, que sejam respondidos os quesitos trazidos pela contribuinte em sua impugnação (efls. 320/321), devendo, ainda, ser oportunizado à Fiscalização apresentar quesitos, se assim lhe aprouver. Pelo exposto, voto no sentido de que seja CONVERTIDO O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, para que a autoridade preparadora providencie a elaboração de Laudo Técnico conforme acima solicitado. Ao término do procedimento, deve ser elaborado Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestandose sobre a existência de outras informações e/ou observações julgadas pertinentes para esclarecer os fatos. Encerrada a instrução processual, a interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Salientese, entretanto, que as manifestações devemse limitar à apreciação do resultado da diligência, não sendo cabível revolver questões já suscitadas quando do oferecimento do recurso voluntário ou quando da lavratura do Auto de Infração Finalizada a instrução processuaL, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Irene Souza da Trindade Torres Oliveira Fl. 546DF CARF MF Impresso em 31/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES, Assinado digitalmente em 30/07/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES
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Numero do processo: 10845.003020/2004-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001, 2002
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Faltando nos autos a prova da violação às disposições contidas no art. 142, do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento.
DECADÊNCIA. FATO GERADOR. APURAÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NÃO APLICAÇÃO DA APURAÇÃO MENSAL DO IRPF.
O fato gerador do imposto de renda de pessoa física se sujeita ao ajuste anual, compreendendo os rendimentos recebidos no ano-calendário findo em 31 de dezembro, quando é possível definir a base de cálculo e aplicar a tabela progressiva anual, ainda que haja a obrigatoriedade do pagamento ou retenção do imposto à medida que os rendimentos forem percebidos. (Súmula CARF nº 38)
LEI COMPLEMENTAR N° 105, DE 2001. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. REGULARIDADE DO PROCEDIMENTO.
Cabe ao fisco examinar as informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive as referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO JUSTIFICADOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO FATO GERADOR.
A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. Em se tratando de imposto de renda com base em depósitos bancários não justificados, o fato gerador não se dá pela constatação de depósitos bancários creditados em conta corrente do contribuinte, mas pela falta de comprovação da origem dos valores ingressados no sistema financeiro.
Numero da decisão: 2201-002.409
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
MARIA HELENA COTA CARDOZO Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Eduardo Tadeu Farah, Nathalia Mesquita Ceia, Francisco Marconi de Oliveira, Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado) e Vinicius Magni Verçoza (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad.
Nome do relator: FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Faltando nos autos a prova da violação às disposições contidas no art. 142, do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento. DECADÊNCIA. FATO GERADOR. APURAÇÃO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. NÃO APLICAÇÃO DA APURAÇÃO MENSAL DO IRPF. O fato gerador do imposto de renda de pessoa física se sujeita ao ajuste anual, compreendendo os rendimentos recebidos no anocalendário findo em 31 de dezembro, quando é possível definir a base de cálculo e aplicar a tabela progressiva anual, ainda que haja a obrigatoriedade do pagamento ou retenção do imposto à medida que os rendimentos forem percebidos. (Súmula CARF nº 38) LEI COMPLEMENTAR N° 105, DE 2001. ACESSO ÀS INFORMAÇÕES FINANCEIRAS DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. REGULARIDADE DO PROCEDIMENTO. Cabe ao fisco examinar as informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive as referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO JUSTIFICADOS. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ELEMENTOS CARACTERIZADORES DO FATO GERADOR. A presunção legal de omissão de rendimentos, prevista no art. 42, da Lei nº 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 30 20 /2 00 4- 96 Fl. 425DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 2 origem não comprovada pelo sujeito passivo. Em se tratando de imposto de renda com base em depósitos bancários não justificados, o fato gerador não se dá pela constatação de depósitos bancários creditados em conta corrente do contribuinte, mas pela falta de comprovação da origem dos valores ingressados no sistema financeiro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (ASSINADO DIGITALMENTE) MARIA HELENA COTA CARDOZO – Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Eduardo Tadeu Farah, Nathalia Mesquita Ceia, Francisco Marconi de Oliveira, Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado) e Vinicius Magni Verçoza (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. Fl. 426DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10845.003020/200496 Acórdão n.º 2201002.409 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Contra o contribuinte qualificado neste processo, foi lavrado o auto de infração de IRPF, exercícios 2001 e 2002 (fls. 4/10), por omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, mantidas no Banco Santander Brasil S/A, com base no art. 42 da Lei nº 8.430, de 1996, sendo apurados R$ 784.769,27 de imposto, sobre o qual foi aplicada a multa de ofício de 75 %. Cientificado e inconformado com a autuação, o contribuinte impugnou o lançamento alegando: (i) invalidade da ação fiscal por ofensa ao princípio constitucional da impessoalidade; (ii) tributação anual de valores cuja tributação que, por força de lei, seria mensal; e (iii) impossibilidade da tributação de valores creditados em conta depósito cuja origem foi devidamente comprovada como sendo rendimentos da pessoa jurídica. Os membros da 5ª Turma de Julgamento da DRJ São Paulo II, por unanimidade de votos, julgaram improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário. Cientificado em 11 de julho de 2011, o contribuinte interpôs o recurso voluntário em 1ª de agosto de 2011, no qual repete os argumentos apresentados na fase impugnatória, a seguir detalhados: a) invalidade da ação fiscal por ofensa ao princípio constitucional da impessoalidade, face à inobservância do disposto nas Portarias RFB nºs 500/1995 e 3.007/2002. Argumenta que a atividade administrativa de fiscalização exige, em face dos princípios constitucionais da isonomia, da impessoalidade e da imparcialidade, que seja dirigida uniformemente aos administrados. Sendo assim, que há de se cumprir rigorosamente o programa de fiscalização traçado, sob pena de, revelando perseguição ou favorecimento, nele incluir contribuintes que não se enquadrem nos parâmetros escolhidos, ou dele excluir pessoas que neles se enquadrem, respectivamente. E que, em nenhum momento foi indicado, pelo AFRFB autuante, nos termos que lavrou, ou mesmo no auto de infração, as razões, ou a origem, da fiscalização procedida com relação aos negócios do recorrente. Por essa razão, pede nulidade do lançamento. b) tributação anual de valores cuja tributação que, por força de lei, seria mensal, ocasionando erro na determinação do fato gerador. Nesse ponto, aduz que a omissão de rendimentos deveria ter sido apurada com base nos fatos geradores dos meses em que ocorreram os depósitos ou créditos bancários, conforme disposto na Lei nº 7.713/1988 (art. 2º), na Lei 7.713/1988 (art. 2º) e na Lei nº 98.430/1996 (art. 42). Por fim discorda da Súmula CARF nº 38. c) indevida tributação de valores creditados em conta depósito cuja origem teria sido comprovada. Fl. 427DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 4 Os valores ditos comprovados são: (i) cinco depósitos de cheques emitidos pela empresa Wal Mart para pagamentos referentes a adiantamentos de aluguéis à empresa TPS, da qual é sócio, e que lhe foram repassados por esta a título de empréstimos de mútuo; e (ii) as receitas do anocalendário de 2001 seriam da pessoa jurídica. Alega são cheques referentes a pagamentos efetuados pelo Wal Mart à empresa TPS que, por não possuir contacorrente bancária, foram depositados na sua conta de pessoa física. Esse esclarecimento teria sido prestado à fiscalização que, se não foram contestadas, seria porque a autoridade fiscal não tinha elemento seguro de prova para impugnálas e, por esse motivo, estaria obrigada a aceitálo, por força do disposto no artigo 845, §1° do RIR/99, contabilizandoas como receitas de pessoa jurídica, mesmo quando não contabilizadas. d) Impossibilidade da quebra do sigilo bancário do impugnante sem autorização judicial, caracterizando prova ilegal. Alega que: (i) ainda que não tenha levantado esse aspecto na impugnação, por ser matéria de ordem pública pode ser arguido a qualquer tempo, pelo fato de ser pacífica na jurisprudência do STF que o sigilo bancário é espécie de direito à privacidade, consagrado pelo artigo 5º, incisos X e XII, da Constituição Federal de 1988; (ii) o advento da Lei Complementar nº 105/2001 não afastou a necessidade de prévia autorização para a quebra do sigilo bancário; e (iii) que a movimentação financeira obtida ilicitamente é prova ilegal. Por meio da Resolução nº 220200.194, a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Sessão sobrestou o julgamento até que ocorresse decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal, a ser proferida nos autos do RE n.º 614.406, nos termos do disposto no artigo 62A, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF). Porém, em 18 de novembro de 2013, com a edição da Portaria nº 545 do Ministério da Fazenda, tais dispositivos foram revogados, razão pela qual os autos retornaram para julgamento por este Conselho. É o relatório. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10845.003020/200496 Acórdão n.º 2201002.409 S2C2T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira O recurso voluntário é tempestivo e, atendidas as demais formalidades, dele tomo conhecimento e analiso as matérias questionadas. Nulidade Inicialmente, o contribuinte alega invalidade da ação fiscal por ofensa ao princípio constitucional da impessoalidade, face à inobservância do disposto nas Portarias RFB nºs 500/1995 e 3.007/2002, devendo cumprir rigorosamente o programa de fiscalização traçado sob pena de perseguição ou favorecimento, e que em nenhum momento foi indicado pelo auditor fiscal as razões ou a origem da ação fiscal. Porém, não merece acolhida a preliminar arguida pelo recorrente acerca da nulidade do lançamento por suposta violação aos princípios constitucionais de impessoalidade, pois não há, no presente caso, qualquer violação a tais princípios, porquanto houve a apuração, de acordo com a legislação pertinente, dos fatos aptos à incidência da norma tributária, realizando a autoridade, nos exatos termos do artigo 142, parágrafo único, do CTN, a atividade administrativa do lançamento. Para tanto, houve a expedição do devido Mandado de Procedimento Fiscal, procedendose à constituição do crédito tributário e possibilitandose ao contribuinte o exercício das garantias constitucionais do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. Ao contrário do que entende o impugnante, o auto de infração em epígrafe se revestiu de todas as formalidades legais previstas pelo art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, com as alterações introduzidas pela Lei n° 8.748, de 1993, e nele não se encontram presentes aspectos que implicam nulidade, dispostos nos art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Assim, não cabem os questionamentos do sujeito passivo acerca da validade do procedimento fiscal, pois não há nele qualquer vício que comprometa a validade do lançamento. Fato jurídico tributário do imposto de renda pessoa física Fl. 429DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 6 O imposto de renda das pessoas físicas é um exemplo clássico de tributo que se enquadra na classificação de complexivo, apurado no ajuste anual. Ou seja, aquele que o fato gerador se completa após o transcurso de um determinado período de tempo e abrange um conjunto de fatos que, isoladamente considerados, são destituídos de capacidade de gerar a obrigação tributária exigível. Assim, embora apurado mensalmente, o IRPF se sujeita ao ajuste anual, apurandose o montante devido ao final do exercício, quando é possível definir a base de cálculo e aplicar a tabela progressiva anual. A base de cálculo da declaração abrange os rendimentos tributáveis recebidos durante o anocalendário, diminuídos das deduções pleiteadas. Para isso, há a declaração de ajuste, conforme trata o artigo 85 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999). O fato jurídico tributário compreende os rendimentos recebidos no anocalendário findo em 31 de dezembro, ainda que haja a obrigatoriedade do pagamento ou retenção do imposto à medida que os rendimentos forem percebidos. Essa polêmica da apuração mensal do IRPF foi encerrada neste Conselho com a edição da Súmula CARF nº 38, aprovada pela Segunda Turma da CSRF em sessão de 08 de dezembro de 2009: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. O contribuinte alega que discorda da Súmula, já citada na decisão de primeira instancia. Entretanto, não há possibilidade de a turma divergir do enunciado da súmula editada, pois, nos termos do artigo 72 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, são de observância obrigatória pelos membros do CARF. Portanto, superada a questão sobre a periodicidade do fato gerador do imposto de renda referente aos rendimentos sujeitos à colação na declaração de ajuste anual. Necessidade de autorização judicial para acesso aos extratos bancários O recorrente alega que, ainda que não tenha levantado esse aspecto na impugnação, por ser matéria de ordem pública pode ser arguido a qualquer tempo. Em seguida, diz ser pacífica na jurisprudência do STF que o sigilo bancário é espécie de direito à privacidade, consagrado pelo artigo 5º, incisos X e XII, da Constituição Federal de 1988, e que o advento da Lei Complementar nº 105/2001 não afastou a necessidade de prévia autorização para a quebra do sigilo bancário. Portanto, a movimentação financeira obtida ilicitamente é prova ilegal. Entretanto, não podemos concordar com a tese do contribuinte, por ser desprovida de sustentação, já que de forma expressa o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 permite o acesso a tais informações sem a prévia autorização judicial, conforme abaixo transcrito: Art. 6° – As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver procedimento administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (grifos no recurso) Fl. 430DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10845.003020/200496 Acórdão n.º 2201002.409 S2C2T1 Fl. 5 7 A matéria está consolidada nos art. 918 do RIR/1999: Art. 918. Iniciado o procedimento fiscal, os AuditoresFiscais do Tesouro Nacional poderão solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n°4.595, de 1964 (Lei n°4.595, de 1964, art. 38, §§ 5° e 6°, e Lei n°8.021, de 1990, art. 8°). Observase ainda que não há quebra de sigilo bancário, e sim, mera transferência de informações, já que elas, de posse da Receita Federal do Brasil, estão sujeitas ao sigilo fiscal, de acesso restrito aos agentes do fisco e o próprio contribuinte. Assim consta no RIR/1999: Art. 998. Nenhuma informação poderá ser dada sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios ou atividades (Lei n° 5.172, de 1966, arts. 198 e 199). [...] § 2° A obrigação de guardar reserva sobre a situação de riqueza dos contribuintes se estende a todos os funcionários públicos que, por dever, de ofício, vierem a ter conhecimento dessa situação (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 201, § 1°). § 3º É expressamente proibido revelar ou utilizar, para qualquer fim, o conhecimento que os servidores adquirirem quanto aos segredos dos negócios ou da profissão dos contribuintes (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 201, § 2°). Art. 999. Aquele que, em serviço da Secretaria da Receita Federal, revelar informações que tiver obtido no cumprimento do dever profissional ou no exercício de oficio ou emprego, será responsabilizado como violador de segredo, de acordo com a lei penal (Decretolei n°5.844, de 1943, art. 202). Assim, está clara a necessidade e imprescindibilidade de acesso aos valores movimentados em contas bancárias para levantamento do imposto de renda devido, quando a informação não é prestada pelo contribuinte. Indevida tributação dos depósitos de origem comprovada. O contribuinte diz que teria comprovado os valores referentes aos cinco depósitos de cheques emitidos pela empresa Wal Mart para pagamentos dos adiantamentos de aluguéis à empresa TPS, da qual é sócio, que lhe foram repassados por esta a título de empréstimos de mútuo; bem como das receitas do anocalendário de 2001 da pessoa jurídica. Alega que recebeu os cheques referentes a pagamentos efetuados pelo Wal Mart à empresa TPS, haja vista que a pessoa jurídica não possuía contacorrente bancária. E, que esse esclarecimento haveria sido prestado à fiscalização, que não o contestou. Portanto, o Fisco estaria obrigado a aceitar as alegações da defesa, por força do disposto no artigo 845, §1° do RIR/99, contabilizandoas como receitas de pessoa jurídica, mesmo quando não contabilizadas. Em relação a esta questão, observase que a fiscalização realizou algumas diligências com o fito de verificar se os rendimentos de fato eram receitas da pessoa jurídicas. Conforme detalhado no Termo de Verificação e de Constatação (fls. 11/23), foi solicitado ao contribuinte que comprovasse os rendimentos tributáveis, os isentos e não tributáveis e os de tributação exclusiva na fonte, bem como: a aquisição das quotas do capital social da empresa TPS Terminal Pesqueiro de Santos Com. e Ind. Ltda., CNPJ n° Fl. 431DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO 8 59.819.755/000165, no valor de R$ 110.380,00, adquiridas da empresa ARMCORP CONSTRUÇÃO E COMÉRCIO LTDA., CNPJ n° 58.554.213/000145, conforme alteração de contrato social datado de 05/04/2001; e informasse as origens dos créditos e débitos (Recebimentos e Pagamentos) discriminados nos extratos de contas correntes bancárias e/ou de poupança (n° 1955719, agência 729 do UNIBANCO União de Bancos Brasileiros S/A e n° 60235301, Agência 47 do Banco Santander Brasil S/A), dos períodos de 2000 e 2001, as datas e valores dos empréstimos e demais rendimentos recebidos nos períodos de 2000 e 2001 da empresa da qual é sócio, a TPS Terminal Pesqueiro de Santos Com. e Ind., incluindo os pagamentos dos encargos, os contratos, bem como seus respectivos registros nas Declarações de Rendimentos. O TPS Terminal Pesqueiro de Santos Com. e Ind. Ltda foi objeto de ação fiscal e diligência iniciada em 11 de dezembro de 2003. O mesmo ocorreu junto à Wal Mart pelas Unidades da Receita Federal em Osasco e em Santos, ambos em São Paulo. Em relação à pessoa jurídica TPS Terminal Pesqueiro de Santos Com. e Ind. Ltda., foram arbitrados os lucros com base nos valores apurados com a receita conhecida nos exercícios 2001 e 2002. Os valores de depósitos os quais não foram encontradas correlação com a empresa da qual o contribuinte era sócio foi tributado na pessoa física, como omissão de rendimentos decorrentes de depósitos bancários de origem não comprovada. A auditoria informou que, por falta de comprovação, não acatou as justificativas do contribuinte, conforme se destaca do Termo de Verificação e de Constatação: não foram apresentados os documentos pela empresa TPS referente aos lançamentos a débito e a crédito na conta corrente do sócio, correspondentes aos empréstimos e devoluções de numerários por intermédio da conta Caixa, os quais são de valores expressivos e não tem como contrapartida a conta bancária que este mantinha nos Bancos: Unibanco União de Bancos Brasileiros S/A e Banco Santander do Brasil S/A; o TPS efetuou empréstimo ao sócio Antonio Bernardo Neto, no valor de R$3.900.000,00, em 31/12/2000, vinculandoo com os pagamentos efetuados pela WAL MART do Brasil Ltda. correspondente ao contrato de sublocação do imóvel da Av. Rei Alberto I, n° 450, Santos/SP (Cláusula 1ª), sem registro nos órgãos competentes e nenhuma cláusula contendo encargos financeiros, atualizações e a data do seu ressarcimento, tendo a sua vigência até o dia 31/05/2010; o valor do pagamento efetuado pela WAL MART ao TPS em 06/12/2000, de R$3.450.000,00, em diversos cheques, referente ao contrato de sublocação que foi repassado ao sócio, somente a importância de R$2.250.000,00, correspondente aos cheques n° 515.811 de R$200.000,00 e n° 515.812, de R$2.050.000,00, foram depositados na conta deste, ficando os demais cheques em poder de terceiros; a verificação dos Termos e do Contrato de Sublocação do Imóvel à Av. Rei Alberto I, 450, Santos/SP descritos desde o Termo Précontratual de Obrigações, de 15/12/1999, firmados entre as empresas TPS e WAL MART, tendo como Interveniente Anuente a CONAB, chegase à conclusão de que os seus adiantamentos e pagamentos não tiveram como beneficiário a empresa TPS Terminal Pesqueiro de Santos Com. E Ind. Ltda., em virtude desses valores serem repassados para terceiros, bem como, boa parte serem creditados em contas correntes bancárias do sócio do TPS, respaldados por um contrato de empréstimo, sem conter as formalidades legais. Para desconstituir o levantamento efetuado pela auditoria é necessário que o contribuinte apresente as prova e não apenas relate fatos. O conjunto probatório levantado pela auditoria por meio das diligências não foi suficiente para identificar a natureza dos depósitos. Fl. 432DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO Processo nº 10845.003020/200496 Acórdão n.º 2201002.409 S2C2T1 Fl. 6 9 Os contratos de mútuos apresentados para justificar os depósitos na conta da pessoa física, cujo valor era muito superior a capacidade operacional da empresa, sequer estavam registradas na contabilidade da pessoa jurídica. Aliás, a contabilidade dos anos calendários 2000 e 2001 não foi suficiente nem para justificar a tributação da própria empresa, uma vez que seus lucros foram arbitrados. Assim, mesmo que identificados, no caso dos cheques da Walmart, os depósitos não estão justificados e não restou plenamente comprovado que se tratava de empréstimos da empresa TPS. Também não encontram respaldo as alegações de que os rendimentos obtidos no ano de 2001 pertenceriam à empresa TPS, por falta de amparo documental. Isso fica claro no relatório da fiscalização que afirma não ter o contribuinte comprovado quais valores pertenceriam a TPS. Isto posto, voto em rejeitar as preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator Fl. 433DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 1 4/07/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 15/07/2014 por MARIA HELENA CO TTA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10814.009250/2008-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Apr 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jul 17 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 31/03/2008
VISTORIA ADUANEIRA. EXTRAVIO. DEPOSITÁRIO. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA.
O depositário é responsável pelo crédito tributário decorrente do extravio de mercadoria que se encontrava sob sua custódia, inclusive no caso de a referida mercadoria ser passível de aplicação da pena de perdimento.
VOLUME DEPOSITADO EM RECINTO SOB CONTROLE ADUANEIRO. NÃO LOCALIZAÇÃO. MULTA.
Aplica-se a multa prevista pelo artigo 107, VII, a, do Decreto-lei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, por volume depositado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido.
Numero da decisão: 3401-002.588
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: Por unanimidade, negou-se provimento ao recurso.
(assinatura digital)
Júlio César Alves Ramos - Presidente.
(assinatura digital)
Fernando Marques Cleto Duarte - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Alves Ramos (Presidente), Robson Jose Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fernando Marques Cleto Duarte, Adriana Oliveira e Ribeiro, Angela Sartori.
Nome do relator: FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE
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EXTRAVIO. DEPOSITÁRIO. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA. O depositário é responsável pelo crédito tributário decorrente do extravio de mercadoria que se encontrava sob sua custódia, inclusive no caso de a referida mercadoria ser passível de aplicação da pena de perdimento. VOLUME DEPOSITADO EM RECINTO SOB CONTROLE ADUANEIRO. NÃO LOCALIZAÇÃO. MULTA. Aplicase a multa prevista pelo artigo 107, VII, “a”, do Decretolei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, por volume depositado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: Por unanimidade, negouse provimento ao recurso. (assinatura digital) Júlio César Alves Ramos Presidente. (assinatura digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 00 92 50 /2 00 8- 50 Fl. 111DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 0 1/07/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE 2 Fernando Marques Cleto Duarte Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Cesar Alves Ramos (Presidente), Robson Jose Bayerl, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fernando Marques Cleto Duarte, Adriana Oliveira e Ribeiro, Angela Sartori. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIA INFRAERO em face de acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP), que julgou improcedente a impugnação apresentada pela contribuinte. A matéria em discussão referese à exigência de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, PIS/Pasep e COFINSImportação, em face do extravio de mercadoria. Emerge das razões de constituição do crédito que o lançamento decorreu da constatação, em sede de vistoria aduaneira, do extravio de determinado volume, que havia sido objeto de armazenamento pela INFRAERO no Sistema Integrado de Gerência do Manifesto, do Trânsito e do Armazenamento (MANTRA), sem códigos de avaria. O importador relatou que, quando do puxe da carga para fins de transporte, o referido volume não foi localizado. Após o procedimento de apuração de responsabilidade, a vistoria aduaneira concluiu pela responsabilização da INFRAERO, por ser a empresa depositária do volume e por não ter apresentado à Comissão de Vistoria qualquer excludente para resguardarse da responsabilização. Em sede de impugnação (fls. 31 a 38), a contribuinte alega que a não localização da carga em questão se deu por caso fortuito, em razão da greve dos servidores da SRFB, que provocou congestionamento contumaz de cargas no pátio do Terminal de Cargas do Aeroporto Internacional de São Paulo/Guarulhos, pelo que pede a nulidade da Notificação de Lançamento. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) julgou improcedente a impugnação, tendo proferido acórdão assim ementado (fls. 59 a 63): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 31/03/2008 Ementa: VISTORIA ADUANEIRA. EXTRAVIO. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. O depositário responde por avaria ou por extravio de mercadoria sob sua custódia, sendo presumida a responsabilidade no caso de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 0 1/07/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE Processo nº 10814.009250/200850 Acórdão n.º 3401002.588 S3C4T1 Fl. 112 3 Ementa: VOLUME DEPOSITADO EM RECINTO SOB CONTROLE ADUANEIRO. NÃO LOCALIZADO. MULTA. Aplicase a multa prevista pelo artigo 107, VII, “a”, do Decretolei nº 37/66, com a redação dada pelo art. 77 da Lei nº 10.833/2003, por volume depositado em local ou recinto sob controle aduaneiro, que não seja localizado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A contribuinte foi intimada da decisão, conforme documentos de fls. 70 a 73, e apresentou recurso voluntário tempestivo, alegando, em síntese: a) que deve ser aplicado o instituto da excludente de responsabilidade, haja vista que a greve dos servidores da Receita Federal deu causa ao acúmulo de mercadorias no pátio da recorrente, que aguardavam a atividade deste órgão; b) que a recorrente não poderia exercer a atividade paralisada em virtude da greve, sob pena do ilícito de desvio de função; c) aduz a inexigibilidade do título executivo e causa impeditiva de obrigação por motivo de força maior, sob pena de violação aos princípios da legalidade estrita, eficiência e razoabilidade. O fisco não apresentou contrarrazões, tendo os autos sido remetidos para este Conselho para análise e julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte DA ADMISSIBILIDADE O recurso é tempestivo e presentes estão os demais requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual dele eu conheço. DO EXTRAVIO DE MERCADORIA Cingese a controvérsia em saber se a contribuinte deve ser responsabilizada pela exigência de Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, Contribuição ao PIS/Pasep e CofinsImportação em face do extravio de mercadoria em vistoria aduaneira. De acordo com o art. 19, do Código Tributário Nacional – CTN, o imposto de importação tem como fato gerador a entrada no território nacional de produtos estrangeiros, cujo contribuinte (art. 22, I) é o importador ou quem a lei a ele equiparar. Fl. 113DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 0 1/07/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE 4 Por sua vez, o Decretolei nº 37/1966 atribui a responsabilidade pelo imposto (art. 32, II) “ao depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle aduaneiro”. Diante desse contexto, vejamos o que disciplina o Decreto nº 4.543/2002, vigente à época dos fatos: “Art. 591. A responsabilidade pelo extravio ou pela avaria de mercadoria será de quem lhe deu causa, cabendo ao responsável, assim reconhecido pela autoridade aduaneira, indenizar a Fazenda Nacional do valor do imposto de importação que, em consequência, deixar de ser recolhido, ressalvado o disposto no art. 586 Decretolei nº 37, de 1966, art. 60, parágrafo único). (...) Art. 593. O depositário responde por avaria ou por extravio de mercadoria sob sua custódia, bem assim por danos causados em operação de carga ou de descarga realizada por seus prepostos. Parágrafo único. Presumese a responsabilidade do depositário no caso de volumes recebidos sem ressalva ou sem protesto. Art. 595. A autoridade aduaneira, ao reconhecer a responsabilidade nos termos do art. 591, verificará se os elementos apresentados pelo indicado como responsável demonstram a ocorrência de caso fortuito ou de força maior que possa excluir a sua responsabilidade. §1º Para os fins deste artigo, e no que respeita ao transportador, os protestos formados a bordo de navio ou de aeronave somente produzirão efeito se ratificados pela autoridade judiciária competente. §2º As provas excludentes de responsabilidade poderão ser produzidas por qualquer interessado, no curso da vistoria. Como se vê, emerge dos atos normativos acima que será responsável pelo extravio de mercadoria quem lhe deu causa. Quando se tratar do depositário, sua responsabilidade resta caracterizada quando houver o extravio de mercadoria sob sua custódia, sendo esta presumida no caso de volumes recebidos sem ressalva ou protesto. No caso vertente, o volume foi recepcionado pela depositária sem qualquer ressalva ou protesto, o que faz presumir sua responsabilidade, nos termos da legislação citada. A contribuinte, no entanto, utiliza o argumento de que houve caso fortuito em razão da greve de servidores da RFB no afã de eximirse de sua responsabilidade. Ocorre que, de acordo com o Parecer Normativo CST nº 39, de 1978, para uma situação se caracterizar como caso fortuito ou de força maior, é preciso ficar demonstrada a ausência de imputabilidade, sua inevitabilidade e irresistibilidade. Pela ausência de imputabilidade, entendese que o evento não pode decorrer da ação humana. Pela inevitabilidade ou irresistibilidade, temos que o sujeito passivo não pode concorrer, sob qualquer forma – negligência, imperícia, imprudência, culpa in vigilando ou in eligendo, inércia, omissão etc. – para o episódio lamentado. No presente caso, portanto, temos que eventual greve de funcionários não pode ser usada como escusa para afastar a responsabilidade pelo extravio, vez que se trata de evento imputável, evitável e resistível, para o qual a depositária deveria estar preparada. Ademais, a diligência na prestação de seus serviços de certo evitaria o extravio perpetrado. Fl. 114DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 0 1/07/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE Processo nº 10814.009250/200850 Acórdão n.º 3401002.588 S3C4T1 Fl. 113 5 Sendo incontroverso que não houve a localização de volume depositado sob a guarda da contribuinte em recinto aduaneiro, entendo plenamente caracterizada a hipótese ilícita, sendo a multa perfeitamente aplicável ao caso. CONCLUSÃO Diante do acima exposto, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinatura digital) Fernando Marques Cleto Duarte Relator Fl. 115DF CARF MF Impresso em 17/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLETO DUARTE, Assinado digitalmente em 0 1/07/2014 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por FERNANDO MARQUES CLET O DUARTE
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Numero do processo: 11968.001033/2008-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jun 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do Fato Gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008
CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. PORCELANATO.
As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul - Tarifa Externa Comum e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias - Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados.
As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado - NESH - constituem elementos subsidiários fundamentais para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulo, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado.
Placas de Porcelanato, não vidradas nem esmaltadas, para pavimentação ou revestimento, classificam-se no código 6907.90.00 da NCM/TEC e NBM/TIPI, pela aplicação das RGI-1 e RGI-6.
MULTA POR CLASSIFICAÇÃO INCORRETA DE MERCADORIAS NA NCM/TEC
A multa de 1% deve ser aplicada sobre o valor aduaneiro da mercadoria classificada incorretamente na NCM/TEC, nos termos do artigo 84, inciso I da Medida Provisória n° 2.158-35, de 2001, combinado com os artigos 69 e 81 da Lei nº 10.833, de 2003, de 2003.
Numero da decisão: 3302-002.526
Decisão: Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas (relatora), Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto, que davam provimento ao recurso voluntário. Designado o conselheiro Paulo Guilherme Déroulède para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Fabíola Cassiano Keramidas
Relatora
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Redator designado
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva, Paulo Guilherme Déroulède, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto.
Nome do relator: FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS
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INDEFERIMENTO. O indeferimento fundamentado de pedido de prova pericial não constitui hipótese de nulidade por não caracterizar cerceamento de defesa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 REVISÃO ADUANEIRA. ALTERAÇÃO DE CRITÉRIO JURÍDICO DO ART. 146 DO CTN. INAPLICABILIDADE. A revisão aduaneira que implique em alteração da classificação fiscal antes adotada, visando às corretas determinação da matéria tributável e apuração dos tributos devidos, não constitui alteração do critério jurídico adotado no fato gerador da obrigação tributária concernente à importação de mercadorias, tendo em vista a existência de previsão legal e a inexistência de lançamento tributário por ocasião do despacho aduaneiro. ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do Fato Gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. PORCELANATO. As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul Tarifa Externa Comum e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados. As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado NESH constituem elementos subsidiários fundamentais para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulo, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 8. 00 10 33 /2 00 8- 21 Fl. 626DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 627 2 Placas de Porcelanato, não vidradas nem esmaltadas, para pavimentação ou revestimento, classificamse no código 6907.90.00 da NCM/TEC e NBM/TIPI, pela aplicação das RGI1 e RGI6. MULTA POR CLASSIFICAÇÃO INCORRETA DE MERCADORIAS NA NCM/TEC A multa de 1% deve ser aplicada sobre o valor aduaneiro da mercadoria classificada incorretamente na NCM/TEC, nos termos do artigo 84, inciso I da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, combinado com os artigos 69 e 81 da Lei nº 10.833, de 2003, de 2003. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do redator designado. Vencidos os conselheiros Fabiola Cassiano Keramidas (relatora), Alexandre Gomes e Gileno Gurjão Barreto, que davam provimento ao recurso voluntário. Designado o conselheiro Paulo Guilherme Déroulède para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Fabíola Cassiano Keramidas Relatora (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator designado Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Walber José da Silva, Paulo Guilherme Déroulède, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Fabiola Cassiano Keramidas e Gileno Gurjão Barreto. Relatório Tratase de auto de infração lavrado para o fim de constituir débito de IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados – entendido como devido pela fiscalização em virtude da classificação fiscal de produto importado e fabricado pela contribuinte nos meses de maio e junho de 2008. Fl. 627DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 628 3 Por retratar a realidade dos fatos, peço vênia para reproduzir o relatório constante da decisão de primeira instância administrativa, a saber: “DO LANÇAMENTO Tratase de Autos de Infração (5) lavrados para a desclassificação fiscal de produto importado pela empresa autuada, através das Declarações de Importação registradas em maio e junho de 2008 (vinte e nove DIs, ao todo, relacionadas às fls. 07 a 09 do Auto de Infração relativo ao Imposto de Importação e repetidas nos demais Autos, correspondentes ao IPI, ao PIS/PASEP, à Cofins e à multa regulamentar sobre o valor aduaneiro da mercadoria). Os cinco Autos de Infração lavrados dizem respeito aos seguintes lançamentos: 1o Auto de Infração: para cobrança da diferença do Imposto de Importação (II), no valor original de R$ 45.895,99 (quarenta e cinco mil, oitocentos e noventa e cinco reais e noventa e nove centavos), acrescido de juros de mora, no montante de R$ 1.342,47 (hum mil, trezentos e quarenta de dois reais e quarenta e sete centavos). Totalizou o crédito tributário correspondente a este Auto o valor de R$ 47.238,46 (quarenta e sete mil, duzentos e trinta e oito reais e quarenta e seis centavos). 2° Auto de Infração: para cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), no valor original de R$ 64.254,36 (sessenta e quatro mil, duzentos e cinquenta e quatro reais e trinta e seis centavos), acrescido de juros de mora, no montante de R$ 1.435,50 (hum mil, quatrocentos e trinta e cinco reais e cinquenta centavos). Totalizou o crédito tributário correspondente a este Auto R$ 65.689,86 (sessenta e cinco mil, seiscentos e oitenta e nove reais e oitenta e seis centavos). 3° Auto de Infração: para a cobrança da diferença do PIS/PASEP Importação, no valor original de R$ 410,33 (quatrocentos e dez reais e trinta e três centavos), acrescida de juros de mora, no montante de R$ 11,86 (onze reais e oitenta e seis centavos). Totalizou o crédito tributário objeto deste Auto R$ 422,19 (quatrocentos e vinte e dois reais e dezenove centavos). 4° Auto de Infração: para cobrança da diferença da Cofins, no valor original de R$ 1.889,55 (hum mil, oitocentos e oitenta e nove reais e cinquenta e cinco centavos), acrescida de juros de mora, no montante de R$ 55,11 (cinquenta e cinco reais e onze centavos). Totalizou o credito tributário correspondente a este Auto R$ 1.944,66 (hum mil, novecentos e quarenta e quatro reais e sessenta e seis centavos). 5° Auto de Infração: para a cobrança da multa regulamentar de 1% sobre o valor aduaneiro das mercadorias, nos termos do artigo 84, inciso I, da Medida Provisória (MP) no 2.15835, de 2001, combinado com os artigos 69 e 81, inciso IV, da Lei n° Fl. 628DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 629 4 10.833, de 2003, no valor de R$ 14.741,22 (quatorze mil, setecentos e quarenta e um reais e vinte e dois centavos). O valor total do crédito tributário, considerados os cinco Autos de Infração, perfaz R$ 130.036,39 (cento e trinta mil, trinta e seis reais e trinta e nove centavos). A descrição dos fatos, às fls.04 a 09 do Auto de Infração relativo ao II, repetida nos demais AI, será, a seguir, resumida: a) O importador, através das Declarações de Importação enumeradas, submeteu a despacho mercadoria descrita como: "ladrilhos de granito artificial para uso exclusivo em revestimento de pisos, na construção em geral, classificandoa na Tarifa Externa Comum (TEC) e na Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados (TIPI), então vigentes, no código 6810.19.00, como: "Outras obras de cimento, de concreto ou de pedra artificial, mesmo armadas", com aliquotas de 8% de H, 0% de IPI ; 1,65% de PIS/PASEP, e 7,60% de COFINS. b) Tendo em vista o exame da mercadoria, objeto de diversos laudos e análises, e considerando as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado n's 1 e 6, incorporadas pela Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e pela Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) (entendimento corroborado pela Nota Coana/Cotac/Dinon n° 0319, de 2007 (Anexo 01), a mercadoria foi reclassificada para o código 6907.90.00 da NCM/TEC e da NBM/TIPI, como "Placas (lages) de Porcelana/o, não vidradas nem esmaltadas, para pavimentado ou revestimento". c) A alteração na classificação do produto importado gerou diferenças a recolher relativamente ao II, ao PIS/PASEP e à COFINS, e imposto a pagar no que toca ao IPI, além da multa regulamentar de 1% sobre o valor aduaneiro da mercadoria por classificação incorreta da mesma na NCM/TEC, tudo conforme Demonstrativos de Apuração desses impostos, contribuições e multa. Fazem parte dos Autos de Infração, a cópia da Nota Coana/Cotac/Dinon n° 0319, de 16.08.2007, às fls. 104 a 107 (Anexo 01), e a cópia da Decisão prolatada no Mandado de Segurança n° 2008.83.00.0106780, impetrado pela empresa contra o Inspetor da ALF/SPE, às fls. 110 e 111 (Anexo 02), além do despacho de fl.112 e de Extratos do Processo, As fls.113 a 115. DA IMPUGNAÇÃO Intimado nos respectivos Autos de Infração, em 06.11.2008, a empresa apresentou, tempestivamente a sua impugnação, às fls. 113 a 132 do Volume I, a ela anexando os documentos de fls. 133 a 249 do mesmo Volume, além dos de fls. 252 a 297 do Volume II. Fl. 629DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 630 5 A defendente alega que importou matériaprima, classificandoa no código NCM/TEC 6810.19.00, classificação essa consolidada pela RFB em diversas importações e fundamentada em Laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), de São Paulo, emitido em agosto de 2002, por solicitação da própria ALF/SPE. Diz que foi surpreendida pela alteração da classificação, sem direito à ampla defesa, o que ensejou a impetração de Mandado de Segurança n° 2008.83.00.0106780, com o objetivo exclusivo de desembaraçar as mercadorias importadas mediante o depósito das diferenças de tributos porventura devidas, enquanto não regularmente intimada do processo administrativo que determinou a nova e equivocada interpretação quanto à classificação do produto importado. Na Preliminar, arguiu: 1) Ausência de Concomitância: O MS impetrado teve apenas o fito de discutir a liberação das mercadorias mediante depósito prévio dos valores exigidos. Em nenhum momento pretendeu discutir no Mandamus a classificação fiscal do produto importado ou qualquer outra matéria de direito. 2) Nulidade da autuação afronta ao Principio da Verdade Material: A autoridade lançadora não apresentou classificação fiscal válida para embasar o lançamento e fundamentou a autuação em Nota Coana/Cotac/Dinon n° 0319, de 2007, que se pronunciou sobre o produto ao desamparo de qualquer análise de amostra do mesmo, o que vai de encontro ao principio da verdade material. E no Mérito: 3) Mudança de Critério Jurídico: A mudança de critério jurídico foi fruto da insistência da Secretaria da Fazenda do Estado de PE que, baseada em questionável laudo e informações de concorrentes que produzem produtos diversos do importado e industrializado pela impugnante, pretendem alterar a classificação fiscal do produto por ela importado há anos, tendo sido, inclusive, objeto de prévia e regular Consulta, conforme provam os documentos anexos. (Grifei) 4) Inadequação da Classificação imposta: Na realidade, "...tratase de importação de produto comercialmente denominado de porcelanato, nome que não existe na nomenclatura cientifica e em nada se aproxima da porcelana. Justamente por se tratar de produto relativamente "novo", surgiram divergências quando à classificação fiscal a ser adotada" (fls.123 e 124, item 25). Fl. 630DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 631 6 O porcelanato é um produto composto predominantemente por feldspato (mineral fundente), dolomita (rocha calcária que atua como agente fundente), quartzo e uma pequena quantidade de argila, inferior a 15%, composição que é diversa da cerâmica e se assemelha mais ao granito, consoante laudo técnico do IPT, de São Paulo (fl.124, item 26). O porcelanato é composto de pó de pedra, basicamente de feldspato, substância que não se modifica no processo produtivo, já que seu ponto de fusão é acima de 1.400° C, podendo ser submetido a temperaturas que variam de 1.210° C a 1.250 ° C, de sorte que os seus elementos não atingem o ponto de fusão, sendo apenas aglutinados. Não alcançando o ponto de fusão, são mantidas as caracteristicas químicas dos elementos que compõem o porcelanato, diferentemente do que ocorre quando a cozedura ultrapassa o ponto de fusão. A cerâmica, por sua vez, submetese a temperaturas de até 1.150° C, podendo ser fundida a temperatura de 1.000° C, donde se conclui, quanto à cozedura e ponto de fusão, que há uma substancial diferença entre porcelanato e cerâmica. "Em que pese a similaridade do processo produtivo da cerâmica com o do porcelanato, há características fundamentais que diferenciam os referidos produtos, tanto que, comercialmente, são tratados como mercadorias que podem se prestar ao mesmo fim, mas são de espécies diferentes. ...quando se fala de revestimento de pisos ou paredes, têmse como principais opções: cerâmica, granito ou porcelana/o. Inexiste confusão ou dúvidas quanto às características de cada um dos produtos, que são bastante distintos. Entretanto, facilmente, se constata maior similaridade entre o granito e o porcelanato do que entre este e a cerâmica." 5) Multa regulamentar incabível: A imposição da multa regulamentar decorreria do suposto erro quanto classificação da mercadoria importada. Contudo, não se trata de erro, mas de divergência de interpretação. “... há uma divergência de interpretação das regras de classificação fiscal” 6) Pedido de Perícia: A defendente requer a realização de perícia, de acordo com o artigo 16 do Decreto n° 70.235, de 1972, tendo em vista estar envolvida no litigio a composição do produto importado (apresenta alguns quesitos a serem respondidos, às fls.130 e 131). Corroborando o seu pedido, transcreve Ementa de Acórdão do então Conselho de Contribuintes do MF, que diz respeito à dúvida de classificação de determinado produto estar pautada exclusivamente na sua composição química, tornandose, nesse caso, indispensável à produção de perícia (fls.129 e 130). Fl. 631DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 632 7 Anexa, além dos documentos de constituição e de representação da empresa, o Parecer Técnico n° 8.202, de agosto de 2002, do IPT, de São Paulo, do qual fazem parte o Relatório Técnico n° 58.258, Relatórios de Ensaio n's 888.054, além de outras análises. Por todo o exposto, requer seja julgado nulo de pleno direito o Auto de Infração. Caso assim não entenda a autoridade julgadora, pede que seja a ação fiscal julgada improcedente pelas razões de mérito apresentadas, protestado pelo deferimento do pedido de perícia formulado.” Após analisar as razões da Recorrente, a Quinta Turma da Delegacia de Julgamento do Recife proferiu o acórdão no 11.34.087, por meio do qual negou provimento ao recurso apresentado, in verbis: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 Classificação incorreta de Mercadorias na NCM/TEC e NBM/TIPI. Multa. As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado e as Regras Gerais Complementares são o suporte legal para a classificação de mercadorias na Nomenclatura Comum do Mercosul Tarifa Externa Comum e na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias Tabela do Imposto sobre Produtos Industrializados. Lajes de Porcelanato, não vidradas nem esmaltadas, para pavimentação ou revestimento classificamse no código 6907.90.00 da NCM/TEC e NBM/TIPI, aprovadas pela Resolução Camex n° 43, de 2006, e pelo Decreto n° 6.006, de 2006, respectivamente. ik mercadoria classificada incomtamente na NCM/TEC cabe a aplicação de multa, no percentual de 1%, sobre o valor aduaneiro, nos termos da Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, combinada com a Lei n° 10.833, de 2003. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃOII Data do fato gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 Desclassificação de Mercadoria. Recolhimento a menor. Constatado o recolhimento a menor do imposto no registro da Declaração de Importação, em função da classificação incorreta da mercadoria na NCM/TEC, cabe o lançamento da sua Fl. 632DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 633 8 diferença, nos termos do Decreto n° 4.543, de 2002, Medida Provisória n°2.15835, de 2001, e Lei if 10.833, de 2003. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 Desclassificação de Mercadoria. Falta de recolhimento. Constatado o não recolhimento do imposto sobre a mercadoria importada objeto de nova classificação tarifaria, cabe o lançamento desse imposto, nos termos do Decreto n° 4,544, de 2002 (RIPI/2002). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 Desclassificação de Mercadoria. Recolhimento a menor. Em razão da diferença das aliquotas do II e do IPI, em decorrência da desclassificação fiscal efetivada, cabe a reconstituição da base de cálculo dessa Contribuição e recolhimento da sua diferença, nos termos da Lei n° 10.865, de 2004 c/c Decreto n°4.543, de 2002. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COF1NS Data do fato gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 Desclassificação de Mercadoria. Insuficiência de recolhimento. Em razão da diferença das aliquotas do II e do IPI, em decorrência da desclassificação fiscal efetivada, cabe a reconstituição da base de cálculo dessa Contribuição e recolhimento da sua diferença, nos termos da Lei n° 10.865, de 2004, c/c Decreto n° 4.543, de 2002. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008, 11/06/2008 Revisão de Oficio Tendo o contribuinte agido em desacordo com a legislação tributária aplicável, a autoridade administrativa, no estrito cumprimento de seu dever, deve proceder à revisão de oficio e, se for o caso, exigir, por meio do respectivo lançamento, os tributos não pagos por ocasião do registro da Declaração de Importação e do desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas, além dos acréscimos legais e regulamentares cabiveis. Fl. 633DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 634 9 Perícia. Indeferimento. Dispensável a produção de mais um laudo técnico sobre as características da mercadoria quando os laudos e documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para a formação de convicção e conseqüente julgamento do feito. Concomitância entre Processos Administrativo e Judicial. Impugnação conhecida. Tornase conhecimento da impugnação, no tocante à matéria (classificação tarifária) que não faz parte da discussão judicial. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido.” destacamos Inconformada, a Recorrente interpôs recurso voluntário (fls. 339/623) por meio do qual reiterou as razões trazidas em sua impugnação. É o relatório. Voto Vencido CONSELHEIRA FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Conforme relatado, tratase de 05 autos de infração lavrados em relação ao período de maio/2008 a jun/2008, em virtude da reclassificação fiscal dos produtos importados pela Recorrente, que entendia ser aplicável, quando do despacho aduaneiro, o código 6810.19.00, aplicável à “outras obras de cimento, de concreto ou de pedra artificial, mesmo armadas”; enquanto a fiscalização entendia que os produtos deveriam ter sido importados sob as rubricas: 6907.90.00 (para os porcelanatos não vidrados nem esmaltados) e 6908.90.00 (para aqueles vidrados ou esmaltados). Os autos de infração são relativos ao II, IPI, PIS/PASEP, Cofins e à multa regulamentar sobre o valor aduaneiro da mercadoria. Em resumo, tratase de diferença de crédito tributário apurada em procedimento de despacho aduaneiro das Declarações de Importação da Recorrente em decorrência do entendimento da fiscalização de que houve adoção equivocada de critério de classificação fiscal. As posições em discussão são as seguintes: 6810 – Obras de cimento, de concreto (Betão) ou de pedra artificial, mesmo armadas; 6907 – Ladrilhos e placas (lajes) para pavimentação ou revestimento, não vidrados nem esmaltados, de cerâmica, cubos, pastilhas e artigos semelhantes, para mosaicos, não vidrados nem esmaltados, de cerâmica mesmo com suporte. Fl. 634DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 635 10 Vários são os argumentos apresentados pela Recorrente para dissuadir a manutenção do auto de infração, em síntese: PRELIMINARMENTE (i) necessidade de perícia; (ii) imprestabilidade de laudo técnico realizado em produto não fornecido pela Recorrente; (iii) impossibilidade de alteração de critério de classificação fiscal e no MÉRITO (iv) correição da classificação fiscal adotada; (v) cancelamento da multa regulamentar. Assim como permite o artigo 59 do Decreto no 70.235/72, deixo de analisar as preliminares suscitadas e passo ao mérito. Isto porque após analisar os autos detidamente, percebo que a questão em tela se resolve pelo argumento trazido pela Recorrente acerca da classificação fiscal do produto importado. A meu sentir, correta a Recorrente. Restou comprovado nos autos, seja pelo Laudo solicitado e aceito pela agente AFRB Maria Ercília Goto, matricula 13.983, da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, para instrução do processo administrativo no 19647.013825/200882; seja pelo Parecer Técnico do IPT, que subsidiou as importações da Recorrente; que a classificação fiscal do produto importado era a 6810, sendo certo que este entendimento está pautado na análise da composição do produto. Conforme demonstrado nos autos a composição do porcelanato é diferente da cerâmica, sendo que aquele é composto 75% de matérias duras, o que o faz mais resistente a temperaturas baixas. Contrariamente a cerâmica sofre mais retração e expansão. O porcelanato é composto de pó de pedra, basicamente feldspato, substância cujo ponto de fusão é acima de 1400oC enquanto a cerâmica tem como ponto de fusão a temperatura de 1150oC. Os laudos anexos aos autos atestam esta diferença. A questão já foi analisada nos autos do processo administrativo no 19647013825/200882, do mesmo contribuinte, que contou com decisão favorável já na DRJ, confirmada por este Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a saber: Decisão de primeira instância – DRJ Fortaleza/CE Decisão DRJ/FOR nº 21.613, de 26/08/2011: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 06/01/2004 a 12/12/2007 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIA. Classificase no código 6810.19.00, por força das Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado 1 e 6, e, ainda, com subsídio nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de Mercadorias, o produto denominado como “artefato de granito artificial'', produzido majoritariamente com matérias primas não plásticas, como minerais de feldspatos e quartzo (Si02), este com um teor superior a 50% e cujas partículas micronizadas são mantidas aglutinadas pela massa vítrea após a sinterização, caracterizado, ainda, pela presença da argila apenas com a função (....) Impugnação Procedente.” destaquei Fl. 635DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 636 11 O acórdão 3201001.328 proferido naquele processo, de relatoria do ilustre Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes restou da seguinte forma fundamentado: “O laudo realizado a pedido da DRJ neste processo bem solucionou o tema, não dando margem para maiores debates: 4. O produto importado pela empresa autuada pode ser denominado de Artefato de Granito Artificial? E comercialmente conhecido como Artefato de Granito Artificial? Resposta: [...]Assim, podemos concluir que, o produto importado (visualizado na fotografia 1), é um "artefato de granito Artificial’, ou pode ser chamado também, por "artefato de granito artificial". (grifo nosso) (...) Tendo em vista as definições (1) e (2) abaixo transcritas, o produto importado, objeto da presente lide, é mais bem definido como (a) PLACAS (LAJES), PARA PAVIMENTAÇÃO OU REVESTIMENTO, DE CERÂMICA ou (b) OBRA DE PEDRA ARTIFICIAL? (...) Resposta: Embora alguns componentes da definição (1), estejam presentes na confecção do produto importado, as análises da UFScar, mostram preponderância do quartzo no produto. Tal fato, confirmado pelo laudo UNESP (Difratograma do porcelanato), mostrando também a presença de mulila e albita, além do Quartzo. Por fim, a análise microscópica (laudo Unesp) mostra a presença de aglutinante (massa plástica/cola), aderindo a massa, à pedra calcárea natural, constituindose, num artefato de granito Dessa forma, concluímos que o produto tem mais semelhança, com o descrito na definição (2).(grifo nosso) Foi por este motivo que o lançamento foi afastado, e com razão. Desta feita, não há reparos a ser feito na decisão recorrida, motivo pelo qual voto por negar provimento ao recurso de ofício.” Desta forma, em razão da composição química do produto importado pela Recorrente, pareceme adequada a classificação por ela adotada. Ante o exposto, conheço do presente recurso voluntário para o fim de DAR LHE PROVIMENTO reformando, assim, a decisão de primeira instância administrativa. É como voto. (assinado digitalmente) FABIOLA CASSIANO KERAMIDAS Fl. 636DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 637 12 Voto Vencedor Com o devido respeito aos argumentos da ilustre relatora, divirjo de seu entendimento quanto à classificação fiscal da mercadoria denominada de porcelanato. Por divergir quanto ao mérito, analiso, inicialmente as preliminares argüidas na peça recursal. Os presentes autos tratam de autuação de Imposto de Importação, IPI vinculado à importação, PIS/Pasep – importação e Cofins – Importação e multa regulamentar aduaneira, todos com exigibilidade suspensa, em razão de a recorrente ter adotado classificação diversa da pretendida pela fiscalização. Preliminarmente, a recorrente alegou: 1. Nulidade da decisão recorrida em razão da necessidade de produção de prova pericial; 2. Nulidade do lançamento em razão da alteração de critério jurídico; 3. Nulidade do laudo do ITEP por não ter utilizado amostra da recorrente; No mérito, defende a classificação fiscal adotada e o cancelamento da multa regulamentar. Nulidade da decisão recorrida em razão da necessidade de produção de prova pericial Propugnou a recorrente pela nulidade da decisão recorrida em razão do indeferimento da prova pericial pelo colegiado a quo. Não cabe razão à recorrente. A autoridade de primeira instância indeferiu o pedido tendo em vista que já se dispunha de dois laudos técnicos definidores das características físicoquímicas do material, inclusive sua composição, considerando que as informações disponíveis eram suficientes para deslinde da questão, a teor dos artigos 18, 28 e 29 do Decreto nº 70.235, de 1972. Ademais, a recorrente anexou um terceiro laudo, produzido no processo 19647.013825/200882, utilizado como fundamento para a necessidade de nova prova pericial neste recurso voluntário. Este último laudo referendou o laudo do IPT já elaborado, utilizando o, inclusive, como fonte de dados, em diversos quesitos. Assim, entendo não ter havido prejuízo ao direito de defesa da recorrente. Nulidade do lançamento em razão da alteração de critério jurídico Com devido respeito aos argumentos em contrário, não compartilho com a interpretação de que o artigo 146 do CTN se aplique à revisão aduaneira. É que a condição inserta no artigo 146 implica em um prévio lançamento tributário, o que entendo não ocorrer no despacho aduaneiro. Fl. 637DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 638 13 Transcrevo excerto do voto do Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Acórdão nº 310200.798, proferido pela Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, que bem retrata o tema: “Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. (grifos não originais). É inquestionável que o dispositivo em apreço trata de modificação critério jurídico adotado em relação à prévio ato de lançamento tributário, realizado pela autoridade administrativa (lançamento de ofício). Essa é uma condição necessária para sua existência, porém não suficiente, pois além dela deverão estar presentes mais duas condições, a saber: (i) a alteração do critério jurídico anteriormente aplicado seja introduzida por meio de ato de autoridade administrativa (ato de ofício) ou de decisão administrativa ou judicial; e (ii) o lançamento e/ou o ato de ofício ou decisório refiramse ao mesmo sujeito passivo. Assim, com base no conteúdo jurídico do referido preceito legal, verificase que três condições deverão ser atendidas para que haja a configuração da mudança do critério jurídico, no âmbito do lançamento tributário: a) a primeira: haja um prévio ato de lançamento de ofício, em que a autoridade administrativa tenha adotado um determinado critério jurídico; b) a segunda: a modificação do critério jurídico anteriormente aplicado seja introduzida pela autoridade administrativa (mediante ato de ofício) ou pelo órgão julgador administrativo ou judicial (por meio de decisão administrativa ou judicial); e c) a terceira: tanto o ato de lançamento quanto o ato de ofício e as decisões administrativa e judicial refiramse a um mesmo sujeito passivo.” Portanto, é condição necessária a existência de um prévio lançamento tributário. Os tributos recolhidos por ocasião do despacho aduaneiro configuram antecipação de pagamento, na modalidade do lançamento por homologação. Entender que a conferência aduaneira e o conseqüente desembaraço da mercadoria configurariam lançamento tributário implica em dizer que houve homologação expressa do lançamento previsto no artigo 150 do CTN (lançamento por homologação), o que de fato não resta configurado no despacho aduaneiro. O despacho aduaneiro de importação é um procedimento de fiscalização, previsto no regulamento aduaneiro Decreto nº 4.543, de 2002 art. 482 e no Decreto 70.235, de 1972, art. 7º, inciso III, com vistas ao desembaraço aduaneiro. Fl. 638DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 639 14 Por outro lado, a revisão aduaneira é prevista no Decretolei nº 37, de 1966, art. 54 e no Decreto nº 4.543, de 2002, art. 570, com a finalidade de verificar a regularidade do pagamento dos tributos, a aplicação de benefícios fiscais e a exatidão das informações prestadas na Declaração de Importação. O Código Tributário Nacional imprime suporte a este procedimento em vista do disposto no art. 149, incisos I, IV e V ao tratar do lançamento de ofício: Decretolei nº 37, de 1966: Art.54 A apuração da regularidade do pagamento do imposto e demais gravames devidos à Fazenda Nacional ou do benefício fiscal aplicado, e da exatidão das informações prestadas pelo importador será realizada na forma que estabelecer o regulamento e processada no prazo de 5 (cinco) anos, contado do registro da declaração de que trata o art.44 deste Decreto Lei Decreto nº 4.543, de 2002: Art. 570. Revisão Aduaneira é o ato pelo qual é apurada, após o desembaraço aduaneiro, a regularidade do pagamento dos impostos e dos demais gravames devidos à Fazenda Nacional, da aplicação de benefício fiscal e da exatidão das informações prestadas pelo importador na declaração de importação, ou pelo exportador na declaração de exportação (Decretolei no 37, de 1966 art. 54, com a redação dada pelo Decretolei no 2.472, de 1988, art. 2o, e Decretolei no 1.578, de 1977, art. 8o Lei nº 5.172, de 1966 (CTN): Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine ... IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte Entender que o assentimento das informações prestadas pelo contribuinte implica em homologação expressa do lançamento significa esvaziar o procedimento de revisão aduaneira e o conteúdo dos artigos 54 do Decretolei nº 37, de 1966 e o artigo 570 do Regulamento Aduaneiro. Corroborando a possibilidade de alteração da classificação fiscal em revisão aduaneira, citamse precedentes do CARF e do extinto Conselho de Contribuintes: Fl. 639DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 640 15 Acórdão nº 310200.798, proferido pela Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, cuja ementa transcrevo em parte: REVISÃO ADUANEIRA. MUDANÇA DE CRITÉRIO JURÍDICO. INEXISTÊNCIA. Não constitui modificação de critério, o resultado do procedimento de revisão aduaneira que implique alteração da classificação fiscal do produto na NCM, anteriormente adotada pelo importador, visando à apuração dos impostos incidentes na operação de importação, para fins de determinação da alíquota aplicável, fixadas na Tarifa Externa Comum (TEC) e na Tabela de Incidência do IPI (TIPI). Acórdão 30131.524, proferido pela Primeira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes REVISÃO ADUANEIRA. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. IPI. Não constitui modificação do critério jurídico adotado no fato gerador da obrigação tributária concernente à importação de mercadorias, a revisão aduaneira que implique alteração da classificação fiscal antes adotada, visando às corretas determinação da matéria tributável e apuração dos tributos devidos, tendo em vista a existência de previsão legal de revisão aduaneira. Entretanto, a questão acima passa ao largo deste processo. Mesmo para quem defende a aplicação do art. 146 à revisão aduaneira, verificase que o preceito normativo não se aplica aos presentes autos, como se demonstrará a seguir. A autuação referiuse às Declarações de Importação registradas em 20/05/2008, 23/05/2008, 27/05/2008 e 11/06/2008, cujos desembaraços foram efetivados mediante liminar proferida em 16/05/2008, no Mandado de Segurança 2008.83.00.0106780 (Ofício nº 3202/2008/JJS – fls. 112 digital), impetrado contra o Inspetor da ALF/SPE, com o objetivo único de liberar as mercadorias que estariam prestes a ser importadas, conforme excerto abaixo transcrito: “Cuida a espécie de ação mandamental movida por SUAPE PORCELANATO S/A contra suposto ato coator do INSPETOR DA ALFANDEGA DO PORTO DE SUAPE/PE colimando realizar o desembaraço aduaneiro das mercadorias objeto das faturas em anexo, bem assim de outras mercadorias classificadas no código NMC 6810.19.00, mediante depósito judicial dos valores devidos a titulo de IPI e Imposto de Importação. Relata a impetrante que, para a consecução de seu objeto social, importa matériasprimas usando a classificação fiscal NCM 6810.19.00, validada pela Receita Federal do Brasil; entretanto, foi lavrado em seu desfavor Auto de Infração ao argumento de que importou mercadorias utilizando classificação fiscal equivocada. Fl. 640DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 641 16 Invoca que o desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas pelas faturas e Bill of Landing's em anexo está na iminência de ser obstado, "em razão da adoção da classificação fiscal do código 6810.19.00, sob a justificativa que deveriam ser utilizados os códigos 6907.90.00 e 6908.90.00 da NCM". Argumenta que não foi intimada pessoalmente da mudança de classificação, motivo pelo qual não pode gerar efeitos em seu desfavor. Nesse passo, defiro o pedido de medida liminar para determinar o desembaraço aduaneiro apenas das mercadorias incluídas nesta ação mandamental (sem incluir eventuais mercadorias importadas não arroladas neste feito), mediante o depósito em juízo do valor integral exigido pela Receita Federal do Brasil, após a mudança de entendimento da classificação NMC das mercadorias importadas pelo impetrante, exceto se existirem outros fatos que impeçam o desembaraço. ... O fumus boni juris, portanto, resta evidenciado na possibilidade de depósito em juizo do montante integral do tributo devido, para suspender sua exigibilidade, ao passo em que o periculum in mora é comprovado pela iminência da chegada das mercadorias no Porto de Suape” (grifos nossos) Como se depreende, a premissa de que houve anuência na conferência aduaneira não ocorreu, pois as mercadorias somente foram liberadas mediante liminar em Mandado de Segurança. Ainda ressaltese que o próprio fundamento da falta de ciência da mudança de entendimento é descabido, já que a recorrente impetrou o mandado justamente em razão da mudança de entendimento, a qual ocorreu de acordo com a Nota Coana/Cotac/Dinon nº 2007/0319, em 16/08/2007, que já fundamentara autuação anterior, mencionada no corpo da decisão liminar. A ciência da alteração é incontestável, haja vista a iniciativa de impetração do Mandado de Segurança e de seu fundamento. De qualquer forma, não houve desembaraço aduaneiro com a anuência da classificação pretendida pela recorrente, ao contrário, foi necessária a impetração do mandado com obtenção da liminar, para que tal desembaraço ocorresse. Salientase que o mandado não discutiu a classificação das mercadorias, mas argumentou apenas a alteração de entendimento quanto à classificação e o depósito do montante integral discutido como fundamentos para deferimento da liminar. Assim, a revisão aduaneira teve por escopo apenas a constituição do crédito tributário para prevenir a decadência. Não houve alteração alguma de entendimento posteriormente ao desembaraço, pois, por ocasião do registro das Declarações de Importação, a Receita Federal do Brasil RFB já havia adotado a nova interpretação. Portanto, é inaplicável a este processo o preceito do art. 146, ainda que se entendesse pela sua aplicação à revisão aduaneira. Nulidade do laudo do ITEP por não ter utilizado amostra da recorrente Fl. 641DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 642 17 Alegou, ainda em preliminar, a imprestabilidade do laudo técnico do ITEP Instituto de Tecnologia de Pernambuco devido ao fato de que o referido não teria utilizado amostras dos produtos da recorrente. Entretanto, compulsando os autos, constatase no Memo DIANA/SRRF 4º RF nº 21/2007, que submete o estudo da DIANA/SRRF 4º à Coordenação Geral de Administração Aduaneira – Divisão de Nomenclatura da RFB, a afirmação de que ambos os laudos – IPT e ITEP – foram elaborados a partir de amostras colhidas no estoque da recorrente. Por sua vez, no próprio laudo do ITEP, no item 2. Procedimento (fls. 298 digital), consta a metodologia para sua realização, que expressamente informa que os “ensaios foram realizados em amostras coletadas pelo ITEP em 10/06/2005 e identificadas pela SUAPE PORCELANATO como sendo” modelo Livorno Bege. Portanto, não procede a alegação quanto ao laudo não ter utilizado amostras fornecidas pela SUAPE. Mérito: classificação da mercadoria porcelanato. A contenda se limita à classificação fiscal a ser adotada: código 6810.19.00 pretendida pela recorrente, ou código 6907.90.00, defendida pela administração tributária. Inicialmente, a classificação adotada pelas partes era sob o código 6810.19.00, lastreada em laudo emitido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT – do Estado de São Paulo. Posteriormente, por provocação da SEFAZ/PE, a RFB alterou seu entendimento. A questão enfrentada nos laudos foi a caracterização da mercadoria como cerâmica ou como pedra artificial. A classificação de mercadorias é efetuada a partir das regras gerais de interpretação do Sistema Harmonizado, das regras gerais complementares relativas à classificação em âmbito regional (Mercosul) e ainda da regra geral complementar da TIPI. Assim, a Regra Geral de Interpretação 1 dispõe: Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes Os textos das posições em análise são: 68.10 Obras de cimento, de concreto ou de pedra artificial, mesmo armadas. 6810.1 Telhas, ladrilhos, placas (lajes), tijolos e artefatos semelhantes: 6810.11.00 Blocos e tijolos para a construção 6810.19.00 Outros 69.07 Ladrilhos e placas (lajes), para pavimentação ou revestimento, não vidrados nem esmaltados, de cerâmica; cubos, pastilhas e artigos semelhantes, para mosaicos, não vidrados nem esmaltados, de cerâmica, mesmo com suporte. 6907.10.00 Ladrilhos, cubos, pastilhas e artigos semelhantes, mesmo de forma diferente da quadrada ou retangular, cuja maior superfície possa ser inscrita num quadrado de lado inferior a 7 cm 6907.90.00 Outros As Notas do Capítulo 68 não interferem no deslinde da questão. Já as notas do capítulo 69 assim estabelecem: Notas. Fl. 642DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 643 18 1. O presente Capítulo apenas compreende os produtos cerâmicos obtidos por cozedura depois de previamente enformados ou trabalhados. As posições 69.04 a 69.14 abrangem unicamente os produtos não suscetíveis de serem classificados nas posições 69.01 a 69.03. 2. O presente Capítulo não compreende: a) Os produtos da posição 28.44; b) Os artefatos da posição 68.04; ... As Notas Explicativas do Sistema Harmonizado – NESH – representam a interpretação oficial do Sistema Hamonizado, oriunda da Organização Mundial das Alfândegas – OMA. O parágrafo único do art. 1º do Decreto nº 435, de 1992 dispôs que as NESH “constituem elementos subsidiários de caráter fundamental para a correta interpretação do conteúdo das posições e subposições, bem como das Notas de Seção, Capítulos, posições e subposições da Nomenclatura do Sistema Harmonizado, anexas à Convenção Internacional de mesmo nome” No caso concreto, as NESH dispõem o seguinte: Considerações Posição 6802: Também se incluem aqui os pequenos cubos, pastilhas e artigos semelhantes, de mármore e de outras pedras naturais (incluída a ardósia), preparados, para mosaicos, revestimentos diversos, etc., fixados ou não em papel ou outras matérias, entendendose que os grânulos e as lascas, sem destino especial, bem como as areias naturais coradas, se incluem no Capítulo 25. Porém, os grânulos, lascas e pedras coradas artificialmente, incluída a ardósia (para a decoração de vitrinas, por exemplo), classificamse nesta posição. Pelo contrário, as obras tais como placas, lajes, ladrilhos, obtidas por aglomeração de fragmentos de pedra natural com cimento ou outro aglutinante (principalmente plástico) e ainda as estatuetas, colunas, taças, etc., feitas de pó ou de fragmentos de pedra, moldados e comprimidos, classificamse na posição 68.10.(grifos não originais) Considerações da posição 6810: A presente posição engloba as obras de cimento, concreto (betão) ou pedra artificial, obtidas por moldagem, extrusão ou centrifugação (é o caso, por exemplo, de alguns tubos), exceto os artefatos das posições 68.06 e 68.08 em que o cimento desempenha apenas a função de aglutinante e os artefatos de fibrocimento da posição 68.11. Por outro lado, esta posição também compreende os elementos préfabricados para a construção ou engenharia civil. Fl. 643DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 644 19 Por “pedra artificial” designamse as imitações de pedra natural que se obtêm aglomerandose com cimento, cal ou outros aglutinantes (plásticos, por exemplo), fragmentos, grânulos ou pó, de pedra natural (mármore e outras pedras calcárias, granito, pórfiro, serpentina, por exemplo). Os artefatos em granito ou em terrazzo também são variedades de pedra artificial.(grifos não originais) Também se incluem na presente posição as obras de cimento de escórias de altosfornos. Entre as obras compreendidas nesta posição, devem citarse os blocos, tijolos, ladrilhos, telhas, redes de fio de ferro com pequenas chapas de cimento para tetos, placas (lajes), vigas e elementos para construção, pilares, postes, marcos, meiosfios, degraus de escadarias, balaustradas, banheiras, pias, sanitários, gamelas, tinas, reservatórios, depósitos de chafariz, jazigos, mastros, colunas, travessas de caminho de ferro, elementos para vias de aerotrens, ornatos de portas, de janelas e de lareiras, peitoris de janelas, soleiras de portas, frisos, cornijas, taças, vasos para flores, e outros ornamentos arquitetônicos ou para jardins, estátuas, estatuetas, figuras de animais e objetos de ornamentação. (grifos não originais) Cabem ainda nesta posição os tijolos, ladrilhos e outros artefatos sílicocalcários, constituídos por uma mistura de areia e cal, transformada por adição de água em uma pasta espessa. Estas obras, moldadas sobre pressão, são depois submetidas, durante algumas horas, à ação de vapor de água sob forte pressão, a uma temperatura de cerca de 140°C, em grandes autoclaves horizontais. Brancos ou corados artificialmente, estes artefatos têm os mesmos usos que os tijolos, ladrilhos, etc., comuns. Incorporando na massa pedaços de quartzo de diversas dimensões, obtêmse produtos do gênero da pedra artificial. Também se fabricam, para isolamentos, chapas sílicocalcárias leves e porosas, juntando à massa pó metálico que provoca liberação de gases; as chapas desta natureza não são, porém, moldadas sob pressão, mas vazadas antes da passagem em autoclave. Já o Capítulo 69 assim dispõe sobre os produtos cerâmicos: A expressão “produtos cerâmicos” designa os produtos obtidos: A) Por cozedura de matérias nãometálicas inorgânicas previamente preparadas e moldadas, em geral à temperatura ambiente. As matériasprimas utilizadas são, entre outras, argilas, matérias siliciosas, matérias com elevado ponto de fusão, tais como os óxidos, os carbonetos, os nitretos, a grafita ou outro carbono e, em certos casos, aglutinantes tais como as argilas refratárias e os fosfatos. B) A partir de rochas (por exemplo, esteatita) que, depois de moldadas, são submetidas à ação do calor.(grifos não originais) Fl. 644DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 645 20 A fabricação dos produtos cerâmicos referidos na alínea A) acima compreende, essencialmente, seja qual for a natureza da matéria constitutiva, as seguintes operações: 1º) A preparação da pasta. Em certos casos (por exemplo, na fabricação de artefatos de alumina sinterizada), a matéria utilizase diretamente, em pó, adicionada de uma pequena quantidade de lubrificante. No entanto, na maior parte das vezes, é transformada em pasta. A preparação da pasta efetuase por dosagem e mistura dos diversos constituintes e, conforme o caso, por trituração, peneiração, filtragem sob pressão, amassadura, maturação e desaeração (extração do ar). Certos produtos refratários são igualmente obtidos a partir de uma mistura doseada de elementos grosseiros e mais finos, à qual se adiciona uma pequena quantidade de aglutinante, sob forma aquosa ou não (alcatrão, matérias resinosas, ácido fosfórico, licor de lignina, por exemplo). 2º) A Enformação. Esta operação tem por fim dar ao pó ou à pasta assim preparada uma forma tão aproximada quanto possível da forma pretendida. A enformação efetuase por estiragem ou extrusão (passagem à fieira), prensagem, moldagem, vazamento, modelagem, operações que, em certos casos, são seguidas de um tratamento mais ou menos adiantado. 3º) Secagem dos artefatos obtidos. 4º) A Cozedura. Esta operação consiste em submeter os artefatos “crus” a uma temperatura de 800°C ou mais, consoante a natureza dos produtos. Esta cozedura permite obter uma ligação íntima dos grãos quer por difusão, quer por transformação química, quer ainda por fusão parcial. (grifos não originais) Não são considerados cozidos, no sentido da Nota 1 do presente capítulo os produtos que tenham sido aquecidos em temperaturas inferiores a 800°C para provocar o endurecimento das resinas que eles contêm, a aceleração das reações de hidratação ou eliminação da água ou de outras substâncias voláteis evemtualmente presentes. Estes produtos estão excluidos do Capítulo 69. 5º) O Acabamento. As operações de acabamento variam em função da utilização do artefato acabado. Podem consistir, quando necessário, num trabalho suscetível de atingir elevado grau de precisão ou em algumas operações tais como a aposição de marcas, a metalização ou a impregnação. Muitas vezes, na fabricação de produtos cerâmicos entram cores e opacificantes especialmente preparados, composições Fl. 645DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 646 21 vitrificáveis chamadas “vernizes” ou “esmaltes”, engobos, lustres e outras composições análogas, para neles serem incorporados ou lhes darem aspecto envernizado, vidrado ou ainda constituírem motivos decorativos. A cozedura, depois da enformação, constitui a característica fundamental que diferencia os artefatos do presente Capítulo das obras de pedra e de outras matérias minerais, do Capítulo 68 (as quais, em geral, não são submetidas à cozedura) e dos artefatos de vidro do Capítulo 70, em que a mistura vitrificável sofre uma fusão completa. (grifos não originais) Consoante a composição e o sistema de cozedura utilizado, assim se obtêm: I. Produtos de farinhas siliciosas fósseis ou de terras siliciosas semelhantes e os produtos refratários, compreendidos no Subcapítulo I (posições 69.01 a 69.03). II. Outros produtos cerâmicos constituídos essencialmente por obras de barro, produtos de arenito cozidos (arenito cerâmico), faiança e porcelana, que formam o Subcapítulo II (posições 69.04 a 69.14). Os laudos do IPT e do Engº Jorge Campelo Cabral (anexado no recurso voluntário) concluíram pela classificação no código 6810.19.00 por entender que o material se aproxima mais da definição de pedra artificial que de cerâmica tradicional ou convencional, em razão da quantidade de minerais e de argila e de certas características físicoquímicas, em comparação com o que se denominou cerâmica tradicional. Já o laudo do ITEP afirmou que o material se considera produto cerâmico, conforme resposta ao quesito 7.11. Entretanto, a conclusão para classificar a mercadoria como pedra artificial, a partir das informações dos laudos, é equivocada. Inicialmente verificase que o laudo do IPT faz distinção entre cerâmica tradicional e cerâmica técnicas e avançadas. No item 2.4, quando questionado se o porcelanato pode ser classificado como cerâmica, informou: 2.4. O porcelanato é, em termos gerais, um produto cerâmico obtido por cozedura (cozedura Conforme definida no item "2.5d" abaixo) da massa (pasta) básica depois de previamente enformado ou trabalhado? No âmbito geral, sendo constituído de materiais inorgânicos não metálicos, o porcelanato pode ser classificado como um produto cerâmico. Entretanto não pode ser confundido com uma cerâmica tradicional de natureza argilosa, apesar de ser submetido a tratamento térmico, pois não é produzido majoritariamente a partir de argila, e tem distintas propriedades físicas e comportamento mecânico. No mesmo sentido, o laudo do Engº Jorge Campelo Cabral ao responder os quesitos 1 e 3 afirma que o porcelanato pode ser chamado de revestimento cerâmico ou cerâmica de revestimento ou material cerâmico para pavimentação, embora entenda que a nomenclatura seja em função da utilização e não das características físicoquímicas. Entretanto, Fl. 646DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 647 22 ambos concluem que o porcelanato não possui características que o aproximem da cerâmica tradicional ou convencional. Aqui reside o problema de ambos laudos favoráveis ao contribuinte, ou seja, utilizaram a premissa de que se estava definindo cerâmica a partir da cerâmica tradicional, e toda a comparação foi realizada com um determinado material, o qual se denominou de cerâmica tradicional, assumindo a premissa de que a definição de cerâmica constante da NESH se resumisse a esta denominação. Entretanto, a premissa de que a posição 6907 engloba as apenas as cerâmicas tradicionais é equivocada. As considerações da NESH, em lugar algum, estabelecem que ali apenas abarcam as cerâmicas tradicionais, pelo contrário, as definições constantes no texto da NESH consideram cerâmica qualquer mercadoria que se enquadre no conceito, não apenas as tradicionais definidas no laudo do IPT: A expressão “produtos cerâmicos” designa os produtos obtidos: A) Por cozedura de matérias nãometálicas inorgânicas previamente preparadas e moldadas, em geral à temperatura ambiente. As matériasprimas utilizadas são, entre outras, argilas, matérias siliciosas, matérias com elevado ponto de fusão, tais como os óxidos, os carbonetos, os nitretos, a grafita ou outro carbono e, em certos casos, aglutinantes tais como as argilas refratárias e os fosfatos. B) A partir de rochas (por exemplo, esteatita) que, depois de moldadas, são submetidas à ação do calor. A composição química do porcelanato constante nos laudos (item 2.6, 3.7 do laudo do IPT) se enquadra perfeitamente na definição de cerâmica acima: argilas, matérias siliciosas, materiais com elevado ponto de fusão (acima de 800ºC), como óxidos, etc. O quesito 8 do laudo apresentado pelo Engº Jorge Campelo, formulado pela recorrente, foi respondido com a afirmativa de que a base do porcelanato é de massa cerâmica e que apresenta na superfície uma lâmina de pedra natural, imitando pedras naturais. Sob o aspecto das etapas de fabricação, as etapas previstas na NESH estão contempladas na fabricação do porcelanato, conforme itens 2.5 e 2.9 do laudo do IPT, item 7.3 do laudo do ITEP. O laudo elaborado pelo Engº Jorge Campelo reafirma a existência da cozedura no processo de fabricação do porcelanato, ao responder o quesito 3, formulado pela DRJ/Fortaleza. Concernente ao aspecto da temperatura na cozedura, a faixa de temperatura na sinterização do porcelanato é de 1200 a 1250º C (acima de 800º C como definido na cozedura). Segundo o laudo, nesta etapa não há uma fusão completa das matériasprimas, o que é consonante com o disposto na definição de cozedura na NESH, transcrita anteriormente: “Esta cozedura permite obter uma ligação íntima dos grãos quer por difusão, quer por transformação química, quer ainda por fusão parcial.” Por outro lado, a característica fundamental que diferencia os artefatos do Capítulo 69 das obras do Capítulo 68 é a cozedura e não determinada porcentagem de uma matériaprima ou determinada propriedade físicoquímica ou mesmo o acabamento do material. Ambos os laudos definem pelo enquadramento como pedra artificial principalmente Fl. 647DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 648 23 em função da quantidade de argila e de quartzo, quando comparada com a cerâmica tradicional (quesito 5 formulado pela DRJ, do laudo apresentado pelo Engº Jorge Campelo), por determinadas características físicoquímicas ou mesmo pelo tipo de acabamento. A conclusão a que chegaram os laudos e a recorrente simplesmente desconsidera a principal característica que determina a classificação numa ou noutra posição, que é justamente a existência da etapa de cozedura (etapa de sinterização do porcelanato). Destacase ainda, que as considerações da NESH relativas à posição 6810 não se referem à argila como aglutinante, referindose ao cimento, cal e outros, principalmente plásticos. Tampouco se referem à cozedura como etapa de fabricação das obras ali descritas, mas apenas informam que as obras são obtidas por moldagem, extrusão ou centrifugação. Além disso, elencam vários artigos que ali se classificam, nenhum deles se assemelhando às placas de porcelanato para revestimento. Reforçando a relevância da cozedura para diferenciação entre as mercadorias do Capítulo 68 e 69, transcrevemse as considerações da NESH da posição 6815: Esta posição abrange as obras de pedra e de matérias minerais não compreendidas nas posições anteriores do presente Capítulo nem em qualquer outra parte da Nomenclatura, com exceção, conseqüentemente, dos artefatos que constituam produtos cerâmicos na acepção do Capítulo 69. Incluemse especialmente nesta posição: ... 4) Os tijolos não cozidos de dolomita sinterizada aglomerada com alcatrão. 5) Os tijolos e outros artefatos (especialmente de produtos magnesianos e cromomagnesianos), simplesmente aglomerados por um aglutinante químico, mas não cozidos. Este material toma depois consistência definitiva, por cozedura cerâmica, durante o primeiro aquecimento do forno em cuja estrutura serão incorporados. Quando se apresentam cozidos, estes artefatos incluemse nas posições 69.02 ou 69.03. 6) As cubas para fusão do vidro, de terra à base de sílica e de alumina, trituradas e moldadas, sem cozedura. Por outro lado, nas considerações da posição 6804, quando a cozedura está presente em suas obras em decorrência da utilização de cerâmica, tais produtos cerâmicos foram expressamente excluídos do Capítulo 69, conforme a nota 2 b), identificando expressamente as situações em que a existência da cozedura ainda permitiria a classificação no Capítulo 68. Portanto, da aplicação das regras gerais de interpretação do Sistema Harmonizado, concluise que a mercadoria “grês porcelanato” deve ser classificada como cerâmica, na posição 6907. Salientase que, embora os conceitos veiculados em artigos e nos laudos não se sobrepõem aos conceitos definidos na NESH, as quais interpretam o conteúdo dos textos das Fl. 648DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 649 24 posições e notas de Seção e Capítulo, vários artigos anexados aos autos identificam, sob o aspecto técnico, o porcelanato como material cerâmico. No artigo “Efeito da Composição das MatériasPrimas Empregadas na Fabricação de Grês Porcelanato Sobre as Fases Formadas Durante a Queima e as Propriedades do Produto Final”, fl 575, iniciase a introdução, no primeiro parágrafo, informando que o grês porcelanato é um revestimento cerâmico de excelentes características técnicas, destacandose elevada resistência mecânica, ao risco e ataque químico. Já no artigo “As MatériasPrimas Cerâmicas. Parte I: O Perfil das Principais Indústrias Cerâmicas e Seus Produtos”, fl. 577, classificase o grês como uma espécie do gênero cerâmica branca, ao lado da porcelana e da faiança. No artigo “Grês Porcelanato: Aspectos Mercadológicos e Tecnológicos”, em suas Considerações Finais, fl. 621, concluise que o grês porcelanato é a “cerâmica de revestimento que apresenta as melhores características técnicas e estéticas em confronto com as demais categorias de cerâmicas tradicionais encontradas no mercado”. Por sua vez, o artigo intitulado “Grês Porcelanato”, fl. 611, de autoria de Clarice Heck, da empresa Eliane Revestimentos Cerâmicos, trouxe as seguintes considerações: De maior significado foi a transformação do gres porcelanato em um material de características modernas e versáteis, através do processo de polimento e da introdução de técnicas de decoração. O desenvolvimento deste tipo de produto foi de grande significado, pois estendeu o uso da cerâmica para locais de domínio das pedras naturais, que possuem uma resistência a abrasão mais elevada do que produtos cerâmicos esmaltados. O gres porcelanato destacase pelas seguintes características: altíssima resistência a abrasão; resistência ao gelo; resistência a ácidos e álcalis; uniformidade de cores; impermeabilidade; facilidade de manutenção; amplas possibilidades de composições. O gres porcelanato assemelhase à pedra natural, tendo, porém, inúmeras características que superam o desempenho do mármore, granito, pedra São Tomé, etc. O gres porcelanato destacase das pedras naturais nos seguintes aspectos: maior resistência química: adequado ao uso em laboratórios e indústrias; é impermeável: maior resistência a manchas, maior facilidade de limpeza e em caso de infiltração de umidade, não há desenvolvimento de manchas de umidade; Fl. 649DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 650 25 maior resistência a abrasão: recomendável para áreas de altíssimo tráfego; uniformidade de cores na peça e entre peças: efeito estético agradável aos olhos; mais leves, menor espessura e maior resistência mecânica: mais fáceis de transportar e manusear; maior facilidade de assentar: um assentador de cerâmica tradicional poderá assentar o gres porcelanato. Além das considerações dos artigos acima mencionados, a título ilustrativo, localizase no site da Aduana dos Estados Unidos soluções de consulta denominadas rulings1, quanto a esta classificação: a) NY N246871, de 13/11/2013 – “the tariff classification of glazed porcelain tiles from Italy”, classificando porcelanatos importados da Itália no código 6908.90.0051; b) NY M85585, de 26/10/2006 – “the tariff classification of unglazed porcelain tiles from Portugal”, classificando porcelanatos importados de Portugal no código 6907.90.00; O termo usado na consulta foi “porcelain tile”, obtido no site da Associação Brasileira de Normas Técnicas2 ABNT – NBR 15.463, cujo título é placas cerâmicas para revestimento – porcelanato. Diante de todo o exposto, concluise que o porcelanato objeto deste processo é um revestimento cerâmico para pisos e paredes, decorrente de uma evolução tecnológica da industria cerâmica, que, embora apresente características físicoquímicas superiores ao que se denomina cerâmica tradicional, se enquadra nas disposições da NESH relativas ao Capítulo 69 e que se classificam na posição 6907.90.00 pela aplicação das RGI1 (texto das posições e notas de Capítulo, incluindo a NESH) e da RGI6 (texto da subposição de primeiro nível), sendo a cozedura a característica fundamental que diferencia este produto dos classificáveis na posição 6810. Por fim, quanto à classificação fiscal, adoto, de forma complementar, os fundamentos do acórdão de primeira instância, conforme §1º do art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Quanto à multa regulamentar lançada, acompanho a decisão de primeira instância, vez que a multa foi lançada em decorrência da classificação incorreta na NCM, informada pela recorrente quando do despacho aduaneiro, nos termos do artigo 84, inciso I, da MP n° 2.15835, de 2001, combinado, com os artigos 69 e 81, inciso IV, da Lei n° 10.833, de 2003. 1 http://rulings.cbp.gov/index.asp, relativa à Aduana dos Estados Unidos (U.S. Customs and Border Protection), digitase “porcelain tile” em “search” e a página retorna algumas classificações denominadas “rulings”, 2 http://www.abntcatalogo.com.br/, consulta mediante "porcelanato", retornando a NBR 15.463. Fl. 650DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 11968.001033/200821 Acórdão n.º 3302002.526 S3C3T2 Fl. 651 26 A responsabilidade por infrações independe da intenção do agente ou da natureza do ato, sendo irrelevante a alegada diferenciação entre erro e divergência interpretativa, para efeito de subsunção do fato à regra de incidência da multa regulamentar, nos termos do art. 136 do CTN e art. 94, §2º do Decretolei nº 37, de 1966. Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 651DF CARF MF Impresso em 13/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/04/2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 03/04 /2014 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por FABIOLA CASSIANO KERAMI DAS, Assinado digitalmente em 19/05/2014 por WALBER JOSE DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000318/2008-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jun 24 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
CONSTITUCIONALIDADE. LEIS.
Não cabe à autoridade administrativa julgar os atos legais quanto ao aspecto de sua constitucionalidade por transbordar os limites de sua competência. Á ela cabe dar cumprimento ao ordenamento jurídico vigente.
MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO.
A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa de ofício, nos moldes da legislação que a instituiu.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3302-002.544
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
WALBER JOSÉ DA SILVA Presidente e Relator.
EDITADO EM: 31/03/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Gileno Gurjão Barreto e Paulo Guilherme Déroulède.
Nome do relator: WALBER JOSE DA SILVA
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ICMS. INCLUSÃO. Por integrar o preço de venda das mercadorias, o valor do ICMS integra o faturamento e, conseqüentemente, a base de cálculo da Cofins. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 BASE DE CÁLCULO. ICMS. INCLUSÃO. Por integrar o preço de venda das mercadorias, o valor do ICMS integra o faturamento e, conseqüentemente, a base de cálculo do PIS. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 CONSTITUCIONALIDADE. LEIS. Não cabe à autoridade administrativa julgar os atos legais quanto ao aspecto de sua constitucionalidade por transbordar os limites de sua competência. Á ela cabe dar cumprimento ao ordenamento jurídico vigente. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa de ofício, nos moldes da legislação que a instituiu. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 03 18 /2 00 8- 90 Fl. 957DF CARF MF Impresso em 24/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 15586.000318/200890 Acórdão n.º 3302002.544 S3C3T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA – Presidente e Relator. EDITADO EM: 31/03/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Alexandre Gomes, Gileno Gurjão Barreto e Paulo Guilherme Déroulède. Relatório Contra a empresa recorrente foi lavrado autos de infração para exigir o pagamento de PIS e de Cofins, relativo a fatos geradores ocorridos entre janeiro e dezembro de 2003, tendo em vista que a Fiscalização constatou que a empresa excluiu o valor do ICMS da base de cálculo das exações. Inconformada com a autuação a empresa interessada impugnou o lançamento, cujos fundamentos da contestação foram resumidos pela decisão recorrida nos seguintes termos: 1. Com a edição da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, unificouse o regulamento do PIS e da COFINS, modificando, por meio do art. 3º, § 1º, a base de cálculo de ambas as contribuições; 2. A modificação das bases de cálculo ocasionaram rupturas nos seus fundamentos de validade constitucional, os quais permitiam a instituição de contribuições que incidissem sobre o faturamento, este entendido como venda de bens ou serviços e sobre todas as receitas da pessoa jurídica; 3. A tentativa de correção, das inconstitucionais alterações produzidas pela Lei n.° 9.718/98, foi feita por meio da Emenda Constitucional n.° 20, de 16 de dezembro de 1998, acrescentando a expressão "receita" à alínea "b" do inciso I do art. 195 da CF. Porém, a alteração do texto constitucional, trazendo, como se pudesse, o fundamento constitucional para validar a majoração de base de cálculo efetuada pela Lei n.° 9.718/98, não surtiu o efeito desejado; 4. Ao tempo da edição da referida lei, a Constituição somente permitia a incidência de contribuições sobre o faturamento, não fazendo qualquer menção ao termo "receita"; 5. Ora, a permissão constitucional para a instituição das Contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS incidentes sobre a "receita" criou, sem dúvida, uma nova Fl. 958DF CARF MF Impresso em 24/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 15586.000318/200890 Acórdão n.º 3302002.544 S3C3T2 Fl. 4 3 contribuição que, para ser cobrada, exigia a edição de Lei Complementar, após a alteração produzida pela Emenda Constitucional. Não houve, como se pretendeu, a constitucionalização retroativa da Lei n.° 9.718/98, mas, de resto, o incontestável entendimento de sua inconstitucionalidade, sufragado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal; 6. Com a edição das Leis n.°s 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, instituiuse, por fim, a forma de cobrança não cumulativa das contribuições, com alíquotas maiores, e sistema de débito e crédito; 7. Resumindo, passaram as Contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, após a edição das leis anteriormente referenciadas, a incidir: (a) sobre o faturamento, entendido como receita bruta operacional, em relação às empresas sujeitas à sistemática da Lei n.° 9.718/98, regime cumulativo, e, (b) sobre a receita bruta, quando submetidas ao regime nãocumulativo; 8. Para melhor situar o conceito de faturamento e de receita bruta, mister entender que faturamento restringese à chamada receita bruta operacional, ou seja, os ingressos oriundos do objeto social da empresa (venda de mercadorias ou prestação de serviços), e receita bruta, com espectro maior, referese a todas as entradas que importem em aumento do patrimônio; 9. Diante do exposto, uma conclusão inarredável, o levantamento fiscal que instrumentaliza o lançamento está incorreto, ou seja, o ilustre Agente do Fisco autuante incluiu, na base de cálculo das contribuições o valor do ICMS, que não corresponde faturamento ou receita da defendente, onerando, desta forma, ilegalmente, o lançamento objeto da presente impugnação, conseqüentemente, fulminandoo de nulidade; 10. Outro aspecto relevante é que multas nos percentuais do lançamento são excessivas, ofendem o direito de propriedade, pois resultam numa forma de tributação com efeito de confisco, onerando ilegalmente o patrimônio do contribuinte, no caso, a Autora, em franca violação ao art. 150, inciso IV da Constituição Federal; 11. Esta disposição constitucional proibitiva do confisco é regra de estrutura, dirigida aos legisladores federais, estaduais e municipais, regulando sua conduta legislativa, no sentido de proibir, no âmbito de suas competências, a edição de normas legais que utilizem o tributo com efeito confiscatório. 12. A tributação não pode expropriar a riqueza sobre a qual incida. Neste sentido, a doutrina brasileira, na lição de seus mais proeminentes mestres, repudia a tributação confíscatória; 13. Como se vê, a multa dos autos foi aplicada sem atender aos princípios da razoabilidade e da moderação, aos quais se submetem os atos do Poder Público, devendo, por seu excesso, ser considerada nula; 14. Isto posto, em face aos erros de direito e de fato em sua lavratura, requer a declaração de nulidade do Auto de Infração impugnado. A 5a Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro II RJ julgou procedente o lançamento, nos termos do Acórdão no 1337.733, de 11/10/2011, cuja ementa abaixo se transcreve. Fl. 959DF CARF MF Impresso em 24/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 15586.000318/200890 Acórdão n.º 3302002.544 S3C3T2 Fl. 5 4 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 BASE DE CÁLCULO. ICMS. O valor do ICMS compõe a base de cálculo da Cofins, podendo, ser excluído da base de cálculo da contribuição somente quando cobrado pelo vendedor de bens ou serviços, na condição de substituto tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 30/12/2003 BASE DE CÁLCULO. ICMS. O valor do ICMS compõe a base de cálculo da contribuição ao PIS, podendo, ser excluído da base de cálculo da contribuição somente quando cobrado pelo vendedor de bens ou serviços, na condição de substituto tributário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 INCONSTITUCIONALIDADE Não compete à autoridade administrativa apreciar argüições de inconstitucionalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico, cabendo tal controle ao Poder Judiciário. MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela Constituição Federal é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a multa, nos moldes da legislação que a instituiu. Ciente desta decisão em 07/11/2011 (conforme AR), a interessada ingressou, no dia 07/12/2011, com Recurso Voluntário, no qual renova os argumentos da impugnação, acima resumido. Na forma regimental, o Recurso Voluntário foi distribuído para relatar e, por força da determinação contida no art. 62A, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF nº 256/09), o seu julgamento foi sobrestado, nos termos do Despacho nº 3302 078, de 26/07/2013. Com a revogação do referido dispositivo regimental (Portaria MF nº 545/13), o Recurso Voluntário foi sorteado para relatar e, agora, volta à pauta de julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Relator. Fl. 960DF CARF MF Impresso em 24/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 15586.000318/200890 Acórdão n.º 3302002.544 S3C3T2 Fl. 6 5 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais. Dele se conhece. Como relatado, trato o presente de autos de infração de PIS e de Cofins, lavrado em razão da exclusão, pela Recorrente, do valor do ICMS da base de cálculo das exações. Quanto aos argumentos de inconstitucionalidade suscitados pela Recorrente, relativamente à inclusão do ICMS no conceito de faturamento, o Conselho Administrativo de Recurso Fiscais (CARF), em sessão realizada no dia 08/12/2009, decidiu que a instância administrativa não possui competência legal para se manifestar sobre questões em que se presume a colisão da legislação de regência com a Constituição Federal, atribuição reservada, no direito pátrio, ao Poder Judiciário (Constituição Federal, art. 102, I, “a” e III, “b”, art. 103, § 2o; Emenda Constitucional no 3/1993). Tal decisão resultou na edição da Súmula no 2, abaixo reproduzida, cuja adoção é obrigatória pelos membros do CARF, nos termos do § 4º do art. 72 do Regimento Interno do CARF1: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Quanto ao mérito, o ICMS integra a base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins, conforme previsto na Lei Complementar nº 70/1991 e nas Leis Ordinárias nº 9.715/98, 9.718/1998, 10.637/2002 e 10.833/03. A previsão legal de exclusão da receita bruta para fins de determinação da base de cálculo das contribuições contempla o ICMS apenas quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário (art.3º, § 2°, I, da Lei nº 9.718/1998). Assim sendo, a alegação da recorrente de que o valor do ICMS não integra o conceito de faturamento, para fins de inclusão na base de cálculo do PIS e da Cofins, não tem respaldo na legislação, não existindo nenhuma determinação legal que autorize tal exclusão. Correto está o acórdão recorrido porque o ICMS, por ser um imposto indireto e com mecanismo de cálculo por dentro, contemplando o seu próprio montante em sua base de cálculo, agregase ao preço do produto, integrando também o faturamento. E como tal, há necessidade de expressa previsão legal para a sua exclusão da base de cálculo do PIS e da Cofins. Com relação ao percentual da multa de ofício lançada, não cabe à autoridade administrativa, por absoluta falta de competência, conhecer as alegações relativas ao seu caráter confiscatório, a teor dos arts. 97 e 102 da CF/88. Os juízos quanto ao princípio do não confisco tributário e da proporcionalidade da reprimenda em relação à falta têm como destinatário imediato o legislador ordinário e não autoridade administrativa. Estando o percentual da multa fixado em lei, cabe à Administração apenas velar pelo seu fiel 1 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. [...] § 4° As súmulas aprovadas pelos Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes são de adoção obrigatória pelos membros do CARF. Fl. 961DF CARF MF Impresso em 24/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA Processo nº 15586.000318/200890 Acórdão n.º 3302002.544 S3C3T2 Fl. 7 6 cumprimento. No caso em tela, a multa de ofício aplicada foi a prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/962. Por fim, ratifico e, supletivamente, adoto os fundamentos da decisão recorrida, que tenho por boa e conforme a lei (art. 50, § 1o, da Lei no 9.784/19993). Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Relator 2 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). 3 Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: [. . .] § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. Fl. 962DF CARF MF Impresso em 24/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 31/03/2014 por WALBER JOSE DA SILVA
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Numero do processo: 16366.720340/2011-11
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jun 16 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2011
MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO CONSIDERADA NÃO DECLARADA.
É cabível a multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.
REDARF. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO.
A conduta da contribuinte de ocultar a real natureza dos créditos, alegados como decorrentes de pagamentos próprios indevidos ou a maior, quando, se tratam de créditos de terceiros obtidos mediante o artifício do procedimento indevido de REDARF (retificação de DARF), visando à extinção de débitos fiscais, por meio de PERDCOMP, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa de ofício qualificada de 150% pela ocorrência da sonegação nos moldes previsto no art. 71, inciso II da Lei nº 4.502/1964.
INTIMAÇÕES AO ADVOGADO/PROCURADOR EM LOCAL DIVERSO DO DOMICILIO FISCAL ELEITO PELO CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA SUMULADA.
Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
Numero da decisão: 1802-002.184
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Gilberto Baptista e Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2011 MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO CONSIDERADA NÃO DECLARADA. É cabível a multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. REDARF. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO. A conduta da contribuinte de ocultar a real natureza dos créditos, alegados como decorrentes de pagamentos próprios indevidos ou a maior, quando, se tratam de créditos de terceiros obtidos mediante o artifício do procedimento indevido de REDARF (retificação de DARF), visando à extinção de débitos fiscais, por meio de PERDCOMP, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa de ofício qualificada de 150% pela ocorrência da sonegação nos moldes previsto no art. 71, inciso II da Lei nº 4.502/1964. INTIMAÇÕES AO ADVOGADO/PROCURADOR EM LOCAL DIVERSO DO DOMICILIO FISCAL ELEITO PELO CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA SUMULADA. Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário.
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Compensação não declarada. Recorrente JOÃO VICENTE CAPOBIANGO & ADV ASSOCIADOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2011 MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO CONSIDERADA NÃO DECLARADA. É cabível a multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. REDARF. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO. A conduta da contribuinte de ocultar a real natureza dos créditos, alegados como decorrentes de pagamentos próprios indevidos ou a maior, quando, se tratam de créditos de terceiros obtidos mediante o artifício do procedimento indevido de REDARF (retificação de DARF), visando à extinção de débitos fiscais, por meio de PERDCOMP, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa de ofício qualificada de 150% pela ocorrência da sonegação nos moldes previsto no art. 71, inciso II da Lei nº 4.502/1964. INTIMAÇÕES AO ADVOGADO/PROCURADOR EM LOCAL DIVERSO DO DOMICILIO FISCAL ELEITO PELO CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. MATÉRIA SUMULADA. Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 36 6. 72 03 40 /2 01 1- 11 Fl. 117DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Nelso Kichel, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Gilberto Baptista e Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. Relatório Por economia processual e considerar pertinente adoto parte do relatório da decisão recorrida que a seguir transcrevo: Trata o presente processo de auto de infração de multa isolada qualificada de 150%, no valor total de R$ 98.837,34, lavrado em 10/11/2011 em decorrência de as Dcomp relacionadas a seguir terem sido consideradas como Não Declaradas: nº 40638.17031.300710.1.3.041074, nº 04457.55670.200910.1.3.040639 e nº 00253.24322.081010.1.3.040064, nº 23330.65786.271010.1.3.040080, nº 04363.10582.031110.1.3.048299, nº 13232.37347.241110.1.3.040940, nº 33329.70193.271210.1.3.040184, nº 09560.55944.220111.1.3.040035, nº 17457.48463.310111.1.3.048434, nº 22974.48766.310111.1.3.041192, nº 28351.85281.250211.1.3.047354, nº 01382.42985.250311.1.3.040042, nº 39678.42940.230411.1.3.041279, nº 40585.30506.250511.1.3.044723, nº 14919.52972.240611.1.3.041747, nº 17620.75565.120711.1.3.048315 e nº 22369.37924.110811.1.3.043358. Referida multa foi aplicada em atendimento ao disposto no § 4º, art. 18 da Lei nº 10.833/2003 (com a redação dada pela Lei nº 11.488/2007), tendo sido a multa duplicada, conforme o § 1º, art. 44 da Lei 9.430/96 (também com a redação da Lei 11.488/2007), em face da configuração, no entendimento da fiscalização, do crime previsto no inciso II, art. 71, da Lei 4.502/1964. Notese que em decorrência desse fato a autoridade tributária elaborou a competente Representação Fiscal para Fins Penais, consubstanciada no processo administrativo nº 16366.720365/201114. A contribuinte foi cientificada do lançamento em 23/11/2011, através da Intimação nº 1.488/2011, com ciência por meio de AR/EBCT, e apresentou em 20/12/2011 a impugnação ao lançamento cujo teor é resumido a seguir. Após um breve relato dos fatos a interessada defende, primeiramente, a impossibilidade do Restabelecimento das Informações do Pagamento Original e o Efeito Suspensivo da Manifestação de Inconformidade. Diz que o restabelecimento imediato das informações do Darf original fere diversos princípios constitucionais, dentre eles o da reserva legal. Sustenta que, em atendimento aos princípios do contraditório do Fl. 118DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 3 3 devido processo legal, o referido restabelecimento somente poderia ocorrer após o trânsito em julgado do processo. Alega que o crédito foi transferido com total consentimento do órgão administrativo e do contribuinte original e que o restabelecimento ao estado anterior transmitirá indevidamente um bem patrimonial (crédito) a terceiro. Defende que o crédito encontrase em discussão administrativa e que deve ser atribuído efeito suspensivo à manifestação de inconformidade, bem como, para todos os fins, às retificações de informações procedidas nos DARF. Na seqüência a contribuinte defende a transferência de crédito realizada através do procedimento de Redarf. Diz que compareceu perante o órgão administrativo e, tendo cumprido todas as formalidades legais, esse chancelou as transferências de créditos em favor da contribuinte. Sustenta que o reconhecimento do direito ao crédito gera efeitos jurídicos e consequências imediatas e suplanta eventuais outros impedimentos existentes. Alega que o indeferimento deveria ter ocorrido no momento do pedido formal de Redarf, e não posteriormente, após a consolidação da situação fiscal. Defende que não houve falsidade de declaração, uma vez que o pedido formal restou deferido, e, também, que não houve má fé,considerando que só realizou a compensação após o deferimento da transferência do crédito. Sustenta que não agiu de forma unilateral e que cumpre à administração pública observar o princípio da segurança jurídica, gerando estabilidade nas relações entre o Fisco e a Contribuinte, e não gerando conflitos. Por fim a contribuinte insurgese contra a aplicação da multa qualificada. Repisa a total ausência de máfé ou dolo em suas atitudes e reforça que somente realizou a compensação em virtude do órgão administrativo ter transmitido o crédito em seu favor. Diz que não houve qualquer prejuízo aos cofres públicos e nem a prática de ato ilícito por parte da contribuinte. Sustenta que “Para incidir a multa qualificadora é necessária que a conduta tenha na sua essência a falsidade, o engodo, a intenção de enganar. E, onde está esta intenção se o próprio contribuinte manifestou formalmente perante a Receita Federal pleito solicitando a transmissão do crédito ?” . Diante do exposto, requer: Preliminarmente, que somente seja procedido o restabelecimento das informações originais nos DARF após o trânsito em julgado do presente processo administrativo; Sejam legalmente reconhecidas as transferências de crédito fiscal solicitadas através dos Redarf, as quais foram anteriormente homologadas pela Receita Federal; Em decorrência da legitimidade da transmissão do crédito, sejam homologadas as compensações declaradas; Fl. 119DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 4 Seja julgada procedente essa defesa e improcedente o auto de infração; Que as intimações sejam encaminhadas em nome do advogado e procurador que subscreve a impugnação. A 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/Curitiba /PR), julgou improcedente a impugnação conforme decisão proferida no Acórdão nº 0638.428, de 21 de novembro de 2012, cientificado ao interessado em 11/01/2013, em consonância com o Aviso de Recebimento (AR). A decisão recorrida possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 10/11/2011 COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO. Tratandose de compensação não declarada em que o crédito seja de terceiros é cabível a aplicação de multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado. REDARF. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITO. DOLO. DCOMP. MULTA QUALIFICADA. APLICAÇÃO. A utilização do procedimento de Redarf para transferência de crédito de terceiros combinada com a utilização desse crédito na compensação de débitos tributários próprios, por meio de Dcomp, configura atitude dolosa e enseja a aplicação da multa de ofício qualificada. INTIMAÇÃO AO PROCURADOR. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não encontra amparo legal nas normas do Processo Administrativo Fiscal a solicitação para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa do procurador do sujeito passivo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão de primeira instância que manteve a multa isolada, a pessoa jurídica interpôs recurso voluntário em 14/02/2013 ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF no qual o Recorrente, de início, adianta que o mesmo versa tãosomente sobre a questão da multa isolada, no caso qualificada (150%), incidente sobre a totalidade dos tributos compensados nos PERDCOMPs que foram consideradas as compensações não declaradas, cujo processo administrativo fiscal foi tombado sob nº 16366.720283/201161, por meio do qual se questiona a compensação do principal, o rito que se estabeleceu indevidamente para o caso é o da Lei 9.784/99. Argúi que tal rito tolhe sobremaneira o devido processo legal, já que impede das instâncias superiores, tal qual o próprio CARF, de analisar o mérito das autuações, sobretudo quando diretamente vinculada a questão principal do acessório, como no caso presente. Fl. 120DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 4 5 Alega que, na decisão recorrida não foram analisados todos os fundamentos contidos nas razões recursais, que, conforme argumentado o "restabelecimento das informações (CNPJ) do pagamento original (item "b" do despacho decisório), conforme consta no auto de infração ocorreu de imediato sem que houvesse qualquer decisão administrativa. Ou seja, ao assim proceder o Fisco Federal feriu princípios constitucionais assegurados aos litigantes em geral. E, restabelecer as informações do pagamento original antes do encerramento do processo administrativo fiscal feriu o devido processo legal. Ao suscitar a questão, dada a sua relevância, a corte inferior deveria ter se pronunciado, e não o fez, razão pela qual, sob pena de supressão de instância, a decisão deve ser declarada nula, proferido novo julgamento, por falta de fundamentação. Argumenta que: devese ter em conta que o crédito foi transferido com a total aquiescência não só desta Delegacia, bem como, e igualmente, do contribuinte original: FAMA DO BRASIL INDÚSTRIA DE MOLAS E AUTOPEÇAS LTDA, cujo restabelecimento ao status quo poderá acarretar prejuízos irreparáveis ao recorrente, pois, ao restabelecer as informações originais estarseá transmitindo indevidamente um bem patrimonial (crédito) a terceiro, que não mais lhe pertence, e, uma vez ingressado em seu patrimônio poderá livremente utilizálo, gozar e usufruir nos termos da lei civil. Neste momento o crédito encontrase por falta de expressão melhor "subjudice" (ainda que administrativamente), e assim deve ser o tratamento jurídico a lhe ser dispensado até o desate final da questão. Pesa sobre referido crédito um ônus, qual seja, discutese até mesmo a quem pertence, e não somente se poderia ou não ser transmitido. o contribuinte solicitou dentro das regras a transferência do crédito, e em momento algum escondeu culposa ou dolosamente a sua pretensão. Tivesse a Receita Federal, desde o primeiro momento (solicitação inicial) indeferido o pleito, e a transferência não teria sido efetivada e por conseguinte a compensação não teria ocorrido. o contribuinte compareceu perante a Secretaria da Receita Federal e solicitou (pedido formal) a transferência dos créditos da empresa FAMA DO BRASIL INDÚSTRIA DE MOLAS E AUTO PEÇAS LTDA, CNPJ sob n? 75.267.096/000158, para JOÃO VICENTE CAPOBIANGO & ADVOGADOS ASSOCIADOS Cópia dos referidos pedidos encontram se em anexo ao processo administrativo. todas as formalidades de praxe foram cumpridas, e executados todos os expedientes necessários, sendo que a própria Delegacia da Receita Federal chancelou a transferência de tais créditos em favor do contribuinte, ora recorrente. Houve o reconhecimento do crédito. Este reconhecimento havido gera efeitos jurídicos e consequências imediatas. Não está sujeito a qualquer outro expediente, quer por imposição legal, quer requisitos de normas instrutórias internas da Secretaria da Fazenda Federal. uma vez reconhecido o crédito em favor do contribuinte a sua utilização é direito que se impõem. Se há proibição por lei — admitindose para argumentar — da transferência de crédito para terceiro ou mesmo a utilização de REDARF para executar tal procedimento, em qualquer caso houve a expressa anuência por parte do Fisco Federal. o indeferimento, se este fosse o entendimento, deveria ocorrer naquele momento do pedido formal; e não posteriormente, quando a situação fiscal já se encontrava consolidada. Fl. 121DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 6 Acaso fosse indeferido o pedido de transferência do crédito, por certo, que o contribuinte não teria procedida a compensação com os seus débitos apurados. Nem teria sustentação fática, pois não haveria crédito a ser compensado, por óbvio. Isto somente ocorreu em virtude do deferimento do pedido pela autoridade competente. Não foi um ato praticado unilateralmente pelo contribuinte. o contribuinte está sendo penalizado sem que tenha cometido qualquer ilícito, sendo compelido pelo auto de infração a pagar os tributos com os acréscimos entendidos como de lei, e, sobretudo, multa penal qualificada (150%) como se com máfé tivesse agido. A punição tem como pressuposto um ato ilícito, e, no caso, o contribuinte está sendo penalizado por pedir e não por ter cometido um ilícito, o que já causa verdadeira irresignação e repugna o direito como um todo, sendo que, ao se considerar que referido pedido foi acatado (DEFERIDO) pela Receita Federal do Brasil, cresce de modo descomunal o inconformismo com a decisão proferida. o Fisco Federal concedeu a transferência do crédito de um CNPJ para outro. Não se pode dizer que tenha sido iludido, pois analisou a reivindicação, e a presunção legítima do contribuinte é a de que, ao analisar, o Fisco Federal teve em consideração todos os elementos e documentos fornecidos pelo contribuinte. O deferimento não ocorreu de forma perfunctória, ligeira e superficial. O responsável pelo deferimento levou em conta toda a documentação que instruiu o pleito, sopesou e subsumiu os fatos às normas vigentes, e por fim deferiu, aquiesceu, e homologou a transferência do crédito. o contribuinte somente se valeu do instituto da compensação em virtude de que a Receita Federal do Brasil transmitiu internamente o crédito em seu favor. Isto per si é o suficiente para descaracterizar a multa aplicada, sobretudo quanto a multa qualificada. Está claro que não houve intenção de lesar ao Fisco, ou de praticar sonegação ou fraude. a multa qualificadora não se aplica a situações em que o contribuinte às claras, e sem tentar ocultar qualquer elemento verificador do fato gerador ou de algum de seus elementos pratica atos que, embora lícitos, tenham seus efeitos desconsiderados pelo Fisco, porquanto não há o elemento dolo a justificar a aplicação de punição na sua modalidade mais grave dentre aquelas previstas na legislação de regência. O Recorrente requer seja suspenso o presente processo administrativo, até que se julgue o processo principal (auto de infração contido no PAF 16366.720283/201161), porquanto a multa aplicada é acessória do principal, e, uma vez julgado improcedente aquele auto de infração, incontinenti, este, igualmente, será julgado improcedente. Finalmente requer: a) seja julgada legitima e legal a transferência do crédito fiscal da empresa FAMA DO BRASIL INDÚSTRIA DE MOLAS E AUTOPEÇAS LTDA (cedente) para o defendente (cessionário), em virtude da homologação havida anteriormente pela Receita Federal do Brasil; b) sejam definitivamente homologadas as compensações efetivadas, e extintas as obrigações fiscais e tributárias, o principal e o acessório (multa); Fl. 122DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 5 7 c) seja julgada procedente este recurso, pelas razões acima delineadas, e improcedente o auto de infração contido no processo administrativo acima referenciado; d) seja, por fim, julgado improcedente a multa de 150%, ou que se aplique no percentual máximo de 20%, tal qual a jurisprudência reinante nos tribunais (sobretudo STJ), haja vista que não se pode punir a boafé do contribuinte que tomou todas as precauções necessárias para o fim da transferência do crédito. e) E que, as intimações sejam efetivadas em nome do advogado e procurador que subscreve o recurso. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72. Dele conheço. Conforme relatado trata o presente processo do Auto de Infração lavrado em 10/11/2011, que exige o valor de R$ 98.837,34 a título de multa de ofício isolada, em decorrência de declarações de compensação consideradas não declaradas, apresentadas pelo Recorrente. Na descrição dos fatos do auto de infração consta o seguinte: 1Introdução O contribuinte João Vicente Capobiango & Advogados Associados, CNPJ nº 03.692.786/000143, apresentou Declarações de Compensação vinculadas a créditos decorrentes de supostos pagamentos indevidos ou a maior. Todos os pagamentos haviam sido originalmente atribuídos ao contribuinte “Fama do Brasil Indústria de Molas e Auto Peças Ltda”, CNPJ nº 75.267.096.000158 e posteriormente submetidos ao procedimento de Retificação de DARF (REDARF). Estas Declarações foram consideradas não declaradas, visto decorrentes de utilização de créditos de terceiros, e as retificações (REDARF) anulados nos termos do parecer e despacho exarados no processo nº 16366.720283/201161. 2 Do uso indevido do REDARF Fl. 123DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 8 “A Instrução Normativa nº 672, de 30 de agosto de 2006, que dispõe sobre a retificação de erros no preenchimento do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), já prevê em seu art, 21 que “A utilização indevida de retificação de Darf ou DarfSimples implicará responsabilidade administrativa, tributária, civil e penal a quem lhe der causa, conforme o caso.” O REDARF prestase à correção sumária de ‘erros de fato’ no preenchimento de DARF pago junto à rede arrecadadora. No caso de mudança de titularidade do pagamento, quando se altera o CNPJ originariamente informado no DARF, o procedimento deve ser utilizado exclusivamente para correção de informação equivocada, ou seja, o CNPJ de contribuinte não devedor, para o CNPJ do efetivo devedor da obrigação tributária ali representada e extinta. Em outros termos, a alteração de CNPJ só tem fundamento se objetivar a liquidação do débito (código de tributo, período de apuração) informado no DARF, pelo real devedor. A utilização posterior do pagamento cuja titularidade foi alterada, como crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior, para compensação com outros débitos, revela a inserção de informações ideologicamente falsas nos Documentos de Arrecadação, visando a transferência de direitos creditórios. Nas palavras do Parecer exarado no processo nº 16366.720283/201161, “A legislação que rege a compensação de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal do Brasil veda a utilização de créditos de terceiros. O REDARF não se presta a que esta vedação seja contornada.” O uso indevido do REDARF visava a liquidação de débitos a partir de suposto crédito de terceiros, o que ofende condição essencial à compensação no âmbito da Receita Federal: que devedor e credor sejam a mesma pessoa física ou jurídica: ... 3 Da multa isolada Em conformidade com a Lei nº 10.833/2003, art.18, § 4º, há que se efetuar o lançamento de multa isolada de 75%, no caso de compensação considerada não declarada, sendo aventada a possibilidade de qualificação da multa: ... As circunstâncias que determinaram que as compensações fossem consideradas “não declaradas”, descritas nos itens 1 e 2 deste Auto de Infração, implicam o lançamento de multa isolada qualificada, conforme previsto no § 1º do art.44 da Lei nº 9.430, de 1996, combinado com o inciso II do art.71 da Lei nº 4.502/1964. ... A multa isolada, no caso qualificada (150%), é incidente sobre a totalidade dos tributos com compensação considerada não decalarada, e o Recorrente se insurge contra o processo administrativo fiscal tombado sob nº 16366.720283/201161, o qual trata dos Fl. 124DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 6 9 PERDCOMPs em que foram consideradas as compensações não declaradas. Argúi que o rito que se estabeleceu indevidamente para o caso é o da Lei 9.784/99. Alega que tal rito tolhe sobremaneira o devido processo legal, já que impede das instâncias superiores, tal qual o próprio CARF, de analisar o mérito das autuações, sobretudo quando diretamente vinculada a questão principal do acessório, como no caso presente. Compulsandose os autos constatase que foi anexado o Despacho Decisório nº 253 SRRF09/Disit de 16/11/2012 que julgou o Recurso Hierárquico impetrado pelo contribuinte em relação ao mencionado processo nº 16366.720283/201161 aventado pelo Recorrente. A análise que dá fundamentação para negar provimento ao recurso tem lastro na resposta à intimação apresentada pela empresa Fama do Brasil Indústria de Molas e Auto Peças Ltda (cedente dos créditos) que informa ter efetuado os recolhimentos. E que, o Recorrente (beneficiário) não comprovou os pagamentos ou os desembolsos necessários para efetuar os pagamentos. A autoridade administrativa que expediu o Despacho Decisório acima, concluiu, : Diante do exposto, concluímos que a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Londrina atuou conforme a legislação vigente ao considerar não declaradas as compensações acima relacionadas e ao anular as retificações de DARF. Em consulta ao “eprocesso” verificouse que cientificado o Recorrente da mencionada decisão, o processo se encontra arquivado desde 09/11/2014. Sobre a matéria argüida pelo Recorrente de que lhe foi tolhido o direito de recorrer ao CARF, no âmbito do processo nº 16366.720283/201161 que considerou as DCOMPs como não declaradas, a Lei nº 9.430/96 assim dispõe: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002)(Vide Decreto nº 7.212, de 2010)(Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) ... § 9oÉ facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 125DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 10 § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10 obedecerão ao rito processual doDecreto no70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação.(Incluído pela Lei nº 10.833, de 2003) § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3odeste artigo;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito:(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a) seja de terceiros;(Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) ... § 13. O disposto nos §§ 2ºe 5º a 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no § 12 deste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (Grifei) Desse modo, a determinação do § 13 acima transcrito, é categórica: considerada como não declarada a compensação na hipótese em que o crédito seja de terceiro (§ 12, inciso II, alínea “a”) como é o caso dos presentes autos em que aplicada a multa isolada, à manifestação de inconformidade e ao recurso apresentado pelo interessado naquele processo nº 16366.720283/201161 não se aplica o rito processual previsto no Decreto nº 70.235/72. O Recorrente alega que, na decisão recorrida dos presentes autos não foram analisados todos os fundamentos contidos nas razões recursais, que, conforme argumentado o "restabelecimento das informações (CNPJ) do pagamento original (item "b" do despacho decisório), conforme consta no auto de infração ocorreu de imediato sem que houvesse qualquer decisão administrativa. Ou seja, ao assim proceder o Fisco Federal feriu princípios constitucionais assegurados aos litigantes em geral. E, restabelecer as informações do pagamento original antes do encerramento do processo administrativo fiscal feriu o devido processo legal. Ao suscitar a questão, dada a sua relevância, a corte inferior deveria ter se pronunciado, e não o fez, razão pela qual, sob pena de supressão de instância, a decisão deve ser declarada nula, proferido novo julgamento, por falta de fundamentação. Sobre tal questão, consta da decisão recorrida (fls.3 e 4) a seguinte observação: Destaquese, inicialmente, que o presente processo trata da Multa Isolada aplicada em decorrência de as Dcomp (listadas no início do relatório) terem sido consideradas como Não Declaradas, cabendo, tão somente, no âmbito do mesmo, a discussão do mérito da aplicação da multa e de sua gradação. O mérito relativo a Não Declaração das Dcomp, bem como o relativo ao créditos nelas utilizado, proveniente das retificações procedidas por meio dos procedimentos de Redarf, por sua vez, encontrase limitado ao processo administrativo nº 16366.720283/201161, por meio do qual a autoridade tributária considerou Não Declaradas as Dcomp mencionadas. Outrossim, não podem ser analisados no presente, pelo fato de serem Fl. 126DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 7 11 matérias circunscritas aquele outro processo, os pedidos da interessada: para que se aplique efeito suspensivo nas alterações procedidas por meio dos Redarf, de modo que o restabelecimento das informações originais nos DARF ocorra somente após o trânsito em julgado do presente processo; e para que sejam reconhecidas as transferências de crédito fiscal solicitadas através dos Redarf. Não merece reparo à decisão recorrida, pois, todos os fatos relativos aos REDARFs servem de substrato para serem considerados os PERDCOMPS elencados no Relatório acima como compensações nãodeclaradas. Portanto, matéria circunscrita àquele outro processo nº 16366.720283/201161 para o qual não se admite o rito processual previsto no Decreto nº 70.235/72. Nesse passo, e, julgado definitivamente o processo nº 16366.720283/2011 61, por meio do Recurso Hierárquico previsto no artigo 56 da Lei 9.784/99, não subsiste o pleito do Recorrente para que se analise a transferência do crédito fiscal da empresa FAMA DO BRASIL INDÚSTRIA DE MOLAS E AUTOPEÇAS LTDA (cedente) para o defendente (cessionário), e sejam homologadas as compensações efetivadas. Passemos, pois, a análise da multa isolada em razão da infração imputada (compensação considerada não declarada) que ocorreu na data de transmissão dos PER/DCOMPs listados no Relatório, que foram transmitidos pelo Recorrente. O Recorrente não nega que os créditos objeto da compensação em comento decorrem de terceiros mediante o uso de REDARFs. Todavia, o Recorrente se esquiva de sua responsabilidade atribuindo toda culpa à Receita Federal. Vejamos suas alegações: o contribuinte compareceu perante a Secretaria da Receita Federal e solicitou (pedido formal) a transferência dos créditos da empresa FAMA DO BRASIL INDÚSTRIA DE MOLAS E AUTO PEÇAS LTDA, CNPJ sob n? 75.267.096/000158, para JOÃO VICENTE CAPOBIANGO & ADVOGADOS ASSOCIADOS Cópia dos referidos pedidos encontram se em anexo ao processo administrativo. todas as formalidades de praxe foram cumpridas, e executados todos os expedientes necessários, sendo que a própria Delegacia da Receita Federal chancelou a transferência de tais créditos em favor do contribuinte, ora recorrente. Houve o reconhecimento do crédito. Este reconhecimento havido gera efeitos jurídicos e consequências imediatas. Não está sujeito a qualquer outro expediente, quer por imposição legal, quer requisitos de normas instrutórias internas da Secretaria da Fazenda Federal. uma vez reconhecido o crédito em favor do contribuinte a sua utilização é direito que se impõem. Se há proibição por lei — admitindose para argumentar — da transferência de crédito para terceiro ou mesmo a utilização de REDARF para executar tal procedimento, em qualquer caso houve a expressa anuência por parte do Fisco Federal. As alegações do Recorrente são impertinentes e inverossímeis em face do estabelecido pelo artigo 74 da Lei nº 9.430/96 que assim prescreve: Fl. 127DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 12 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002)(Vide Decreto nº 7.212, de 2010)(Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 1oA compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) ... § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses:(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3odeste artigo;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito:(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) seja de terceiros;(Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) ... Como se vê o § 12 é claro ao estabelecer que a compensação será considerada não declarada na hipótese em que o crédito seja de terceiro. Conforme consta na decisão final do processo nº 16366.720283/201161 (Despacho Decisório nº 253 SRRF09/Disit de 16/11/2012 que julgou o Recurso Hierárquico) os pagamentos foram efetuados pela empresa Fama do Brasil Indústria de Molas e Auto Peças Ltda para o que não há contestação do Recorrente. Portanto, se considerados pagamentos de tributos indevidos ou a maior somente poderão ser utilizados na compensação tributária pelo contribuinte que efetuou os pagamentos. O procedimento da retificação de DARF tem por objetivo corrigir erros dos documentos de arrecadação e não é procedimento adequado para transferência de créditos entre contribuintes. O recorrente aduz que, o Fisco Federal concedeu a transferência do crédito de um CNPJ para outro. Alega que, não se pode dizer que o Fisco tenha sido iludido, pois analisou a reivindicação, e a presunção legítima do contribuinte é a de que, ao analisar, o Fisco Federal teve em consideração todos os elementos e documentos fornecidos pelo contribuinte. O deferimento não ocorreu de forma perfunctória, ligeira e superficial. O responsável pelo deferimento levou em conta toda a documentação que instruiu o pleito, sopesou e subsumiu os fatos às normas vigentes, e por fim deferiu, aquiesceu, e homologou a transferência do crédito. Indubitavelmente há de se admitir o REDARF em que se altere o nº do CNPJ, quando, no ato de preenchimento do DARF, determinado tributo recolhido tenha sido, por erro de fato, atribuído a contribuinte outro que não o devedor. Assim, o REDARF se prestaria a substituir informação equivocada – no caso, contribuinte sem relação jurídico tributária com a contribuição recolhida – por informação correta – o sujeito passivo da obrigação tributária. Fl. 128DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 8 13 A conduta do Recorrente de ocultar a real natureza dos créditos, alegados como decorrentes de pagamentos próprios indevidos ou a maior, quando, se tratam de créditos de terceiros obtidos mediante o artifício do procedimento indevido de REDARF (retificação de DARF), visando à extinção de débitos fiscais, por meio de PERDCOMP, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa de ofício qualificada de 150% pela ocorrência da sonegação nos moldes previsto no inciso II do artigo 71, da Lei nº 4.502/1964. O artigo 18 da Lei nº 10.833/2003, constituise em fundamento legal para a imposição de multa isolada em razão de não homologação da compensação, 1) quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) e, 2) quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Portanto, será aplicada a multa de 150%, no caso do item (1) e, no caso do item (2) 75% ou 150% nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, a saber: Lei nº 10.833/2003: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de não homologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 3o Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1o, quando for o caso. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 129DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 14 § 5o Aplicase o disposto no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2o e 4º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Lei nº 9.430/96 ... Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) ... Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) ... § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I previstas no § 3o deste artigo; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) a) seja de terceiros; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) b) refirase a "créditoprêmio" instituído pelo art. 1o do DecretoLei no 491, de 5 de março de 1969; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) c) refirase a título público; (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) d) seja decorrente de decisão judicial não transitada em julgado; ou (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) Fl. 130DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 9 15 e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) O Recorrente alega que, acaso fosse indeferido o pedido de transferência do crédito, por certo, que o contribuinte não teria procedida a compensação com os seus débitos apurados. Nem teria sustentação fática, pois não haveria crédito a ser compensado. Isto somente ocorreu em virtude do deferimento do pedido pela autoridade competente. Não foi um ato praticado unilateralmente pelo contribuinte. A argumentação da Recorrente não prospera, pois, como transcrito acima, a lei específica que rege a compensação no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil veda expressamente a utilização de créditos de terceiros para esse fim (inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996) e a ninguém é permitido beneficiarse de situação ilegal por desconhecimento da lei. Não se trata de proibição da cessão de créditos a terceiros feita sem a utilização de artifício, e sim da utilização de crédito de terceiros para quitar tributos federais por compensação diante da vedação legal expressa. A Recorrente alega que, uma vez observada a formalidade legalmente exigida e apresentada à declaração de compensação ao Fisco, não há falar em sonegação, fraude ou conluio tampouco em falsidade da declaração, que pressupõe que a informação nela contida seja irreal, desleal, infundada ou forjada, pois, o contribuinte não tinha intenção de prejudicar o erário e muito menos de inserir informações que não correspondessem a verdade. E que os dados insertos nos formulários remetidos estavam sujeitos à pronta verificação do Fisco para fim de homologação. Finalmente conclui que, não merece subsistir o lançamento da multa isolada de 150% (cento e cinquenta por cento), por ausência de dolo. Diferente do alegado pela defesa, entendo que no contexto da autuação que se deu em razão das compensações serem consideradas “não declaradas” e praticadas com a nítida intenção de burlar o fisco porque indicada como origem do direito creditório “pagamento indevido ou a maior” que na realidade seria “credito de terceiros” oriundo de “utilização indevida de Redarf”, resta aplicável a multa de 150%, nos termos da legislação acima transcrita (Art. 18, § 4º da Lei nº 10.833/03, com redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 junho de 2007). Ora, o exercício de toda formalidade/artificiosa e apresentadas as declaração de compensação resulta exatamente na fraude que exterioriza um fato diferente da realidade, pois, o crédito compensado com os débitos nas DCOMPs não tem origem em Pagamento Indevido ou a Maior de acordo com a legislação vigente e sim, a utilização de REDARF para mascarar a DCOMP e ser recepcionada pelo sistema eletrônico da Receita Federal, pois, acaso informado que o crédito compensado no PERDCOMP seria de “terceiros” com a utilização de REDARFs, os PERDCOMPs seriam rejeitados de plano pelo mesmo sistema eletrônico, pois, incorridos nas hipóteses vedadas pela legislação vigente (inciso II do § 12 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). O contribuinte não pode alegar ser vítima da anuência do Fisco na suposta aquisição de créditos de terceiros, pois, o fez mediante utilização de pedido de retificação de DARFs (REDARF) e adotou procedimento irregular de sua responsabilidade na compensação Fl. 131DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA 16 de tais créditos como descrito acima., pois, como afirmado em sua defesa “O contribuinte compareceu perante esta Secretaria da Receita Federal e solicitou (pedido formal) a transferência dos créditos da empresa FAMA DO BRASIL INDÚSTRIA DE MOLAS E AUTO PEÇAS LTDA, CNPJ sob nº 75.267.096/000158, para JOÃO VICENTE CAPOBIANGO & ADV ASSOCIADOS, CNPJ/MF sob nº 03.692.786/000143.” Assim, todo procedimento na tentativa da compensação irregular é de responsabilidade da empresa em nome da qual foram apresentadas as DCOMPs consideradas nãodeclaradas. Não merece reparo à decisão recorrida que sustenta a multa de 150%, diante dos fatos demonstrados pelo autuante, cujos fundamentos também adoto como razão de decidir, ipsis litteris: ... É notório, portanto, que a intenção da contribuinte era efetivar, através do procedimento de Redarf, as “transferências” de créditos. Para a consecução desse fim, a contribuinte, em conjunto com a empresa possuidora dos DARF (Fama do Brasil Indústria de Molas e Auto Peças Ltda, CNPJ 75.267.096/000158), afirmou, por meio dos pedidos de retificação de DARF, que havia ocorrido erro de fato na identificação do sujeito passivo quanto aos DARF a serem retificados. Notese que essas afirmações inverídicas, de ocorrência de erros que sabidamente não tinham acontecido, foram inseridas em documentos públicos (Pedidos de Retificação de DARF), os quais foram devidamente assinados (com firma reconhecida) tanto pela contribuinte como pelo representante da empresa Fama do Brasil Indústria de Molas e Auto Peças Ltda. Em conformidade com a legislação que regula a compensação tributária (art. 74, §12, inciso II, alíneas a e b, da Lei nº. 9.430/96), os débitos próprios, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, não podem ser compensados com créditos tributários proveniente de terceiros, ou seja, a transferência de créditos tributários entre contribuintes distintos é vedada no âmbito federal. A contribuinte, entretanto, entende que descobriu um forma mágica de realizar essa transferência. Para a consecução desse meio, no entanto, é necessário, como se vê, que a contribuinte subverta o procedimento de Redarf e, em conjunto com o cedente do crédito, insira em documento público destinado ao citado procedimento informações falsas sobre a ocorrência de erro de fato quanto a identificação do sujeito passivo. Nesses termos, resta claro a intenção dolosa da interessada no procedimento adotado. A contribuinte agindo de forma consciente e premeditada tentou ludibriar o órgão administrativo inserindo informações inverídicas em pedidos de Retificação de DARFRedarf e após, as aprovações dos procedimentos de retificação, entregou diversas Declarações de Compensação utilizandose de créditos relativos a DARF que, sabidamente eram de outra pessoa jurídica, com o único objetivo de contornar as limitações legais impostas ao procedimento de compensação tributária relativamente à utilização de crédito de terceiros. Fl. 132DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Processo nº 16366.720340/201111 Acórdão n.º 1802002.184 S1TE02 Fl. 10 17 E estando assim configurada, essa atitude dolosa deve ser enquadrada no inciso II, art. 71, da Lei 4.502/1964, como fundamento para o agravamento da multa, na forma do § 1º, do art. 44 da Lei n.º 9.430, de 1996, uma vez que houve a tentativa de quitar, através de compensação, débitos tributários próprios com créditos tributários indevidamente transferidos para a contribuinte. Assim, resta evidente que a interessada agiu de forma consciente em busca de seu propósito (não recolher os tributos devidos), desconsiderando as vedações impostas pela legislação e assumindo os riscos dessa empreitada. Nesse contexto, revelada a vontade consciente de praticar a irregularidade fiscal, resta caracterizada a ocorrência de hipótese prevista no no inciso II, art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964, o que enseja a aplicação da multa isolada no percentual de 150%, nos termos da legislação antes mencionada. O Recorrente requer sejam as intimações efetivadas em nome do advogado e procurador que subscreve o recurso. De acordo com o artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, as intimações devem ser endereçadas ao domicílio fiscal do sujeito passivo. Sobre o assunto, a Súmula CARF nº 9, é suficiente para o indeferimento do pleito, vejamos: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. O domicílio fiscal da pessoa jurídica é o constante do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), conforme Instrução Normativa (RFB) nº 1.183/2011. Assim, razão não há para que as intimações sejam encaminhadas para outros endereços que não seja o domicílio fiscal eleito pelo contribuinte indicado no CNPJ. Diante do exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 16/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 16/ 06/2014 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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Numero do processo: 10283.720526/2010-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 11 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1301-000.160
Decisão: VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, julgamento convertido em diligência nos termos do voto do relator.
(Assinado digitalmente)
VALMAR FONSECA DE MENEZES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonsêca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado), Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrida FAZENDA NACIONAL VISTOS, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Por unanimidade de votos, julgamento convertido em diligência nos termos do voto do relator. (Assinado digitalmente) VALMAR FONSECA DE MENEZES Presidente. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Valmar Fonsêca de Menezes (Presidente), Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Suplente Convocado), Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 83 .7 20 52 6/ 20 10 -1 4 Fl. 608DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase, no caso, de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte impugnante contra acórdão proferido pela 1a Turma da DRJ/BEL nos autos do processo supra referenciado, cuja síntese fora assim então apresentada: ASSUNTO: IMPOSTO S O B R E A RENDA D E PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006,2007 DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. ENTENDIMENTO DOMINANTE DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. VINCULAÇÃO ADMINISTRATIVA. É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais, quando comprovado que o contribuinte não figurou como parte na referida ação judicial. A autoridade julgadora administrativa não se encontra vinculada ao entendimento dos Tribunais Superiores, pois não faz parte da legislação tributária de que fala o artigo 96 do Código Tributário Nacional, salvo quando tenha gerado uma súmula vinculante, nos termos da Emenda Constitucional n.° 45, DOU de 31/12/2004. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improfícuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, na forma do art. 100, II, do Código Tributário Nacional. APURAÇÃO CONTÁBIL PROVA A ciência contábil é formada por uma estrutura única composta de postulados e orientada por princípios. A regência da norma jurídica originária tem dupla natureza: descrever um fato econômico em linguagem contábil sob forma legal e um fato jurídico imposto legal e prescritivamente. Feito o registro contábil, como determina a lei, torna se norma jurídica individual e concreta, observada por todos. MULTA DE OFÍCIO.CONFISCO. É inaplicável o conceito de confisco e de ofensa à capacidade contributiva em relação à aplicação da multa de ofício, que não se reveste do caráter de tributo. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. A realização de diligência/perícia não se presta à produção de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer à colação junto com a peça impugnatória. TRIBUTAÇÃO REFLEXA Aplicase às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decido para a obrigação matriz, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimada a contribuinte no dia 15/05/2011, foi por ela então apresentado o seu Recurso Voluntário, no dia 14/06/2011, destacando, em suas razões, o seguinte: Fl. 609DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 4 3 I Nas empresas optantes pelo lucro presumido que agenciam publicidade e propaganda, a base de cálculo do IRPJ e CSLL será 32% sobre o valor da comissão e do PIS e COFINS o valor da comissão recebida dos veículos de comunicação, nunca o faturamento bruto da empresa, em que esteja incluída a remuneração paga às mídias. II O contribuinte tem direito ao parcelamento previsto na Lei n° 11.941/2009, mesmo que esteja submetido à fiscalização, diante da inexistência de explícita vedação. a multa a ser aplicada é de 20%, pois foi essa a cobrada pela receita federal quando deferiu o parcelamento do REFIS IV. sob pena de ocorrer bis in idem, não podem ser cobrados os mesmo valores duas vezes, sendo uma através de processo de parcelamento e outra via auto de infração. Em seus pedidos, destaca, expressamente, o seguinte: 1) Nas empresas optantes pelo Lucro Presumido que agenciam publicidade e propaganda, o ponto de partida para a base de cálculo do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS é o valor apenas da comissão, encontrado através da aplicação de percentuais que variam de 5% a 20% apurados caso a caso, conforme notas fiscais e demais documentos comprobatórios, e não o faturamento bruto das agências, que engloba as parcelas pertencentes aos veículos; 2) Por força da Lei n.° 11.941/2009, as empresas, mesmo as que estiverem sob ação fiscal, têm o direito de optar pelo parcelamento instituído pelo REFIS IV, já que inexiste qualquer vedação legal para tanto; 3) Não podem, sob pena de haver bis in idem, ser cobrados dos Contribuintes os mesmos valores duas vezes, sendo uma através de processo de parcelamento e outra via auto de infração; 4) Tendo a Receita Federal do Brasil recebido e aceito o pedido de parcelamento com a multa de 20%, mesmo sabendo que a ora Recorrente estava sob ação fiscal; 5) Se o entendimento for de que a multa cabível é a de ofício, de 75%, há que ser assegurado o desconto de 40% porquanto o parcelamento foi feito antes de trinta dias da data da ciência do Auto de Infração, na forma da Lei n.° 8.218/91, verbis: Art. 6° Ao sujeito passivo que, notificado, efetuar o pagamento, a compensação ou o parcelamento dos tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, inclusive das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, será concedido redução da multa de lançamento de ofício nos seguintes percentuais: (Redação dada pela Lei n° 11.941, de 2009) (Vide Decreto n° 7.212, de 2010). I 50% (cinquenta por cento), se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que o sujeito passivo foi notificado do lançamento; (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009); II 40% (quarenta por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado do lançamento; (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009); Fl. 610DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 5 4 III 30% (trinta por cento), se for efetuado o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que o sujeito passivo foi notificado da decisão administrativa de primeira instância; e (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009); IV 20% (vinte por cento), se o sujeito passivo requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância. (Incluído pela Lei n° 11.941, de 2009); REQUER seja dado provimento integral ao presente recurso voluntário para fins de: 1 Excluir do lançamento fiscal constante no presente processo os valores já parcelados através do REFIS IV, 2 Considerar como base de cálculo dos tributos lançados apenas o valor das comissões recebidas pela agência, de acordo com os apontamentos feitos nas notas fiscais sob fiscalização, e 3 Garantir a multa de 20% já deferida pelo REFIS IV. 4 Alternativamente, para o caso de esse Eg. Conselho entender correta a multa de ofício de 75%, que a mesma seja reduzida em 40%, nos termos do art. 6o da Lei n° 8.218/91, considerando que o pedido de parcelamento foi feito antes de trinta dias da data da ciência do auto de infração, sem deixar de deduzir o que já consta confessado e parcelado no REFIS IV. Em rápida síntese, é o que se tem a relatar. Voto Conselheiro CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, relator. Sendo tempestivo o recurso, dele conheço. A questão discutida nos autos, pelo que se verifica, diz respeito à definição da base de cálculo dos tributos incidentes sobre as atividades desenvolvidas pela recorrente, que, tratandose de empresa atuante no ramo de agenciamento de propaganda e publicidade, realizando – como ela própria destaca em seu recurso , a intermediação entre seus clientes (anunciantes) e os meios de comunicação (jornais, rádios e televisões), não corresponderia ao total do montante recebido de suas clientes, mas sim apenas à parcela especificamente referente à remuneração de suas atividades de intermediação (portanto apenas um percentual definido das notas emitidas), sendo válida e legítima, assim, a dedução dos valores de repasses por ela realizados. A previsão legal especifica da tributação sobre as atividades apontadas são aquelas reproduzidas pelas disposições do Art. 651 do RIR/99 que, sobre o assunto, assim especificamente destaca: Fl. 611DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 6 5 Art. 651. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de um e meio por cento, as importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas (Lei nº 7.450, de 1985, art. 53, DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, art. 8º, e Lei nº 9.064, de 1995, art. 6º): I a título de comissões, corretagens ou qualquer outra remuneração pela representação comercial ou pela mediação na realização de negócios civis e comerciais; II por serviços de propaganda e publicidade. § 1º No caso do inciso II, excluemse da base de cálculo as importâncias pagas diretamente ou repassadas a empresas de rádio e televisão, jornais e revistas, atribuída à pessoa jurídica pagadora e à beneficiária responsabilidade solidária pela comprovação da efetiva realização dos serviços (Lei nº 7.450, de 1985, art. 53, parágrafo único). § 2º O imposto descontado na forma desta Seção será considerado antecipação do devido pela pessoa jurídica. Pela análise do dispositivo normativo em destaque, verificase que, de fato, às empresas de propaganda e publicidade (Inciso II) é expressamente garantido o direito da exclusão da base de cálculo das importâncias pagas diretamente ou repassadas a empresas de rádio e televisão, jornais e revistas, apurandose, assim, a efetiva e verdadeira base tributável das atividades apontadas. Pois bem. A partir dessas razões, verificase que, de acordo com os documentos que compõem os presentes autos, a única intimação efetivada pela fiscalização para que a contribuinte apresentasse “livros e documentos” – conforme indicado pela própria narrativa fiscal , foi aquela apresentada no dia 14/01/2010, no TERMO DE INÍCIO DE FISCALIZAÇÃO, donde consta a seguinte e específica solicitação efetivada: No exercício das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, e com base nos art. 904, 905, 911, 927 e 928 do Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), damos início .a ação fiscal, ocasião em que INTIMAMOS o contribuinte acima identificado a apresentar, no prazo de 05 (cinco) dias, os elementos elencados abaixo: 1. Livros Diário, Razão e Caixa, relativos aos anoscalendário de 2Q0§ e 2007. 2. Livros de Registro de Entradas,, de Saídas, de Apuração de ICMS, de Apuração do ISS, relativos aos anoscalendário de 2006 e 2007. 3. Livro de Registro de Inventário relativo, aos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007. 4. Documentos Fiscais emitidos peio contribuinte nos anoscalendário de 2006 e 2007. No TERMO DE CONSTATAÇÃO FISCAL, de 04/08/2010 fls. 60 , verificamse também as seguintes e específicas informações da fiscalização: Fl. 612DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 7 6 No exercício das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, e com base nos art. 904, 905, 911 e 927 do Decreto n2 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), CONSTATAMOS o que segue: 1. O contribuinte apresentou à Fiscalização as Notas Fiscais emitidas pela empresa JOBAST PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA nos anoscalendário de 2006 e 2007. 2. Os valores brutos registrados nas Notas Fiscais aludidas no item 1 acima estão consolidados em planilha anexa ao presente Termo, a qual vai rubricada pelo contribuinte ou seu representante legal. Nessa planilha, consignamse, também, os valores de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS retidos na fonte. E, para constar e surtir os efeitos legais lavramos o presente termo, em 03 (três) vias de igual forma e teor, assinado pelo Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e pelo contribuinte ou seu representante legal, que neste ato recebe uma das vias. Analisando os autos, verifico que na descrição dos fatos, apresentada pelo Auto de Infração (lavrado em 04/08/2010) relativo à apuração do débito da contribuinte, extraemse as seguintes e específicas razões: Em face da emissão, em 16/12/2009, do Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização n° 022010020090088 93, desenvolveuse ação fiscal, relativa aos anos calendário de 2006 e 2007, de que resultaram Autos de Infração, lavrados com vistas à constituição de crédito tributário. A lavratura do presente Auto de Infração ocorre em razão de ter sido constatado que o contribuinte JOBAST PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA auferiu, nos anoscalendário de 2006 e 2007, receitas em relação às quais o contribuinte, regularmente intimado, deixou de apresentar documentação que demonstrasse terem aqueles valores sido integralmente computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estavam sujeitos. Ao ser designado para executar o Mandado de Procedimento Fiscal 02201002009 008893 , o Auditor Fiscal responsável pela lavratura do Auto de Infração foi cientificado de que documentos internos da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Manaus davam conta de indícios de irregularidades fiscais para o período objeto de fiscalização, haja vista a existência de indicadores de obtenção de receitas, por parte da empresa fiscalizada, em valores superiores aos que haviam sido submetidos à tributação. A fiscalização iniciouse em 14/01/2010, momento em que o contribuinte foi intimado a apresentar livros e documentos, para que a Fiscalização pudesse ter esclarecimentos acerca da atividade econômica da empresa. A empresa, por meio de Declarações de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) relativas aos anoscalendário de 2006 e 2007, optou por submeterse à forma de tributação baseada no Lucro Presumido, lucro esse calculado pelo regime de competência. Fl. 613DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 8 7 O procedimento de auditoria fiscal realizado junto à empresa JOBAST PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS LTDA centrouse na apuração dos valores brutos das operações de prestação de serviços realizadas pela empresa, operações essas que a Fiscalização constatou terem sido amparadas por Notas Fiscais emitidas pela empresa. Mediante tal procedimento de auditoria, constatouse que, no periodo objeto de fiscalização, a empresa auferiu receitas cujos valores não foram integralmente computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estavam sujeitos. Assim, com vistas à constituição de crédito tributário, a Fiscalização procedeu à apuração das bases de cálculo e dos valores devidos de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) , Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (CSLL) , mediante a utilização da sistemática aplicável às empresas cuja tributação fazs e no regime de Lucro Presumido. Durante o procedimento fiscal, a empresa, por meio de 04 (quatro) Declarações enviadas ao Fisco (Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais/DCTF, relativas ao 1o e ao 2o s e m e s t r e s dos anoscalendário de 2006 e 2007 ), confessou débitos referentes ao período fiscalizados, mas tais Declarações deixaram de ser consideradas na apuração do crédito ributário objeto do presente Auto de Infração, pois a empresa não dispunha do instituto da espontaneidade. (Destaque nossso) A específica peculiaridade da tributação incidente sobre as atividades desenvolvidas pela contribuinte, vale destacar, não passou despercebida pela decisão de primeira instância, apenas ressaltando que, na específica situação dos presentes autos, a contribuinte não teria apresentado provas suficientes e/ou adequadas para a comprovação dos apontados repasses. Eis o enfrentamento específico da matéria realizada pela decisão recorrida: Concordo com os argumentos apresentados pela Impugnante, os quais demonstram que na tributação de empresas que tem como atividade publicidade e propaganda, podem ser excluídas das bases de cálculos do lucro presumido, da CSLL, do PIS e da COFINS, as importâncias pagas diretamente ou repassadas a empresas de rádio e televisão, jornais e revistas. No entanto, compulsando os autos, verificamos está correta a tributação, ora direcionada, pela Fiscalização, pois, o Razão, anexo aos autos nas fls. 102/103, demonstra que as receitas a serem oferecidas à tributação estão contabilizadas na conta de resultado, n° 311010022. E foram estes valores que deram suporte ao lançamento fiscal. Logo, as bases de cálculos foram as indicadas pelo Contribuinte em sua contabilidade e nos demonstrativos de fls. 60/75. Ademais, a Impugnante não apresentou, em sua Impugnação, documentos comprobatórios (hábeis e idôneos) de seus argumentos indicando que parte destas receitas foram repassadas às empresas de divulgação. Ou melhor, para tanto indicaria a receita a que faria jus, e as repassadas às empresas de comunicações. Logo, correta a tributação. Fl. 614DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 9 8 A par dessas considerações fáticas, verificase que, conforme apontado, o procedimento adotado pela fiscalização limitouse, exclusivamente, à apuração dos valores globais relativos às notas fiscais emitidas pela empresa no período fiscalizado e a sua confrontação com as informações por ela apresentadas em sua DIPJ e DCTF (originais), não considerando as retificações realizadas (porque promovidas no período em que ela já se encontrava sujeita à fiscalização), bem como ainda qualquer outra informação de sua contabilidade. Aliás, na análise dos argumentos adotados pela fiscalização, causa espécie a referência expressamente contida no relatório apresentado no sentido de que o agente da fiscalização teria sido “cientificado por meio de documentos internos daquela Delegacia”, documentos esses que, vale ressaltar, não se encontram nos presentes autos, não merecendo, portanto, qualquer consideração especificamente a ela relacionada. Assim, a razão fundamental da autuação efetivada, pelo que se observa, é tão somente a existência da diferença entre os valores (globais) das notas fiscais emitidas pela contribuinte e aqueles então registrados em suas declarações prestadas à fiscalização como sendo o valor das receitas por ela auferidas, não se verificando, a esse respeito – ao menos até antes da decisão de primeira instância , qualquer solicitação, pela fiscalização, de informação a respeito da existência ou não dos repasses realizados pela autuada ou mesmo a respeito da forma de contabilização por ela realizada. A contribuinte, intimada da autuação efetivada, apresentou então a sua IMPUGNAÇÃO, destacando as peculiaridades próprias das atividades das agências de propagandas, e a impossibilidade de consideração do valor global das notas fiscais por ela emitidas como sendo o valor total da base tributável, sobretudo ante o específico tratamento normativo que, como já dito, prevê a perfeita possibilidade da dedução dos valores dos repasses realizados, sendo, portanto, limitada e deficiente a apuração realizada no lançamento apresentado. Nesse ponto, verificase que a defesa da contribuinte não se vincula à simples consideração da “possibilidade de dedução dos valores repassados”, mas sim, especificamente, às peculiaridades do tratamento tributário a ela conferida, tema esse que, de fato, não foi observado pela fiscalização quando do lançamento efetivado. A DRJ, por sua vez, apreciando as razões trazidas pela IMPUGNAÇÃO, destaca a impossibilidade de admissão dos argumentos da contribuinte, sobretudo porque, conforme destacado, não teria ela efetivamente demonstrado a realização das apontadas transferências, e, nem tampouco, indicado quais seriam, então, as específicas bases tributáveis dos períodos fiscalizados, simplesmente rejeitando, assim, como se verifica, os argumentos trazidos em defesa pela autuada. Ora, a partir do cotejo desses simples elementos fáticos contidos nos autos, verifico que a autuação, em momento algum, voltase contra a ausência de comprovação, pela contribuinte, da efetivação dos repasses para as empresas de publicidade e propaganda, mas sim, simplesmente, da diferença entre o valor das notas fiscais emitidas e os montantes informados em suas Declarações Fiscais (DIPJ. DCTF) como sendo o valor da renda tributável, não se promovendo, a esse respeito, qualquer maior investigação em relação aos critérios aplicáveis à contribuinte ou às circunstâncias específicas a que então estaria sujeita. Fl. 615DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES Processo nº 10283.720526/201014 Resolução nº 1301000.160 S1C3T1 Fl. 10 9 Aliás, pelo que se verifica, em momento algum, antes da autuação efetivada, foi a contribuinte intimada a apresentar explicação ou mesmo fundamento para a diferença apurada pela fiscalização, sendo certo, também, que ao contrário do que afirmado na autuação, a contribuinte atendeu às intimações realizadas, apresentando, especificamente, a documentação exigida. Se a documentação apresentada não era suficiente ou, ainda, se da sua análise remanescia maior necessidade de investigações pelos agentes da fiscalização, deveriam eles então aprofundar as suas análises, e não, simplesmente, rejeitar toda e qualquer manifestação apresentada pela contribuinte e, assim, promover o lançamento, da forma como então especificamente efetivado. A partir dessas considerações, entendo, nesse particular, caber razão à recorrente, sobretudo porque, conforme aqui apontado, as análises promovidas pelos agentes da fiscalização não se atentaram para as específicas peculiaridades do regime tributário a que se encontra ela submetida, não promovendo as necessárias apurações relativas aos montantes específicos dos repasses por ela promovidos aos chamados veículos de mídia, simplesmente desconsiderando, ao que tudo indica, as disposições do Art. 651 do RIR/99. Em face dessas considerações, apresentadas as razões perante o colegiado, restou então definido pela necessidade de diligência fiscal específica, no sentido de apurar o montante efetivamente repassado pela contribuinte aos respectivos veículos de mídia, no sentido de apurar, de fato, a existência ou não de valores devidos e não recolhidos pela empresa naquele específico exercício. Diante disso, encaminho o meu voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, no sentido de requerer aos doutos agentes da fiscalização fazendária que promovam a análise dos registros e documentos mantidos pela contribuinte/recorrente, no sentido de efetivamente apurar os valores por ela objetivamente pagos às empresas de mídia a que aqui faz referência, apurando, ao final, a existência, ou não, de valores devidos e não pagos naquele específico exercício. É como voto. (Assinado digitalmente) CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER Relator Fl. 616DF CARF MF Impresso em 16/07/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente e m 06/05/2014 por CARLOS AUGUSTO DE ANDRADE JENIER, Assinado digitalmente em 09/07/2014 por VALMAR FO NSECA DE MENEZES
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Numero do processo: 10480.006433/00-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/1990 a 31/12/2002
RESSARCIMENTO DE IPI. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
A propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa em renúncia à discussão no processo administrativo, por concomitância, e impede a apreciação das razões de mérito pela Autoridade Administrativa a quem caberia o julgamento.
CRÉDITOS DE IPI. CONCEITO DE INSUMOS.
Nos termos da legislação do IPI, o aproveitamento de créditos do imposto só é possível na aquisição de insumos, assim entendidos, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. Estão excluídos deste conceito produtos que não guardem qualquer correspondência com o processo produtivo.
RESSARCIMENTO DE IPI. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Nos termos do art. 333 do CPC, cabe ao contribuinte o ônus da prova da existência de crédito alegado. Não há como reconhecer direito creditório, sem que o contribuinte demonstre a origem dos valores solicitados.
CRÉDITOS DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa Selic a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 3301-002.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente.
Andrada Márcio Canuto Natal - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Bernardo Motta Moreira e Andrada Márcio Canuto Natal.
Nome do relator: ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
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PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa em renúncia à discussão no processo administrativo, por concomitância, e impede a apreciação das razões de mérito pela Autoridade Administrativa a quem caberia o julgamento. CRÉDITOS DE IPI. CONCEITO DE INSUMOS. Nos termos da legislação do IPI, o aproveitamento de créditos do imposto só é possível na aquisição de insumos, assim entendidos, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente. Estão excluídos deste conceito produtos que não guardem qualquer correspondência com o processo produtivo. RESSARCIMENTO DE IPI. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Nos termos do art. 333 do CPC, cabe ao contribuinte o ônus da prova da existência de crédito alegado. Não há como reconhecer direito creditório, sem que o contribuinte demonstre a origem dos valores solicitados. CRÉDITOS DE IPI. RESSARCIMENTO. TAXA SELIC. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste previsão legal para atualização monetária ou acréscimo de juros equivalentes à taxa Selic a valores objeto de ressarcimento de crédito de IPI. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 00 64 33 /0 0- 03 Fl. 2168DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.520 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente. Andrada Márcio Canuto Natal Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez Lopez, José Adão Vitorino de Morais, Antônio Lisboa Cardoso, Bernardo Motta Moreira e Andrada Márcio Canuto Natal. Fl. 2169DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.521 3 Relatório Por economia processual e por bem descrever os fatos até aquele momento adoto o relatório, abaixo transcrito, elaborado por ocasião do Acórdão recorrido nº 1132.758 da 6ª Turma da DRJ/Recife. A empresa em epígrafe pleiteou, com fundamento no artigo 11 da Lei nº 9.779, de 1999, ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI, no valor de R$ 15.966.109,38, que teriam sido apurados no período compreendido entre janeiro de 1990 e dezembro de 2002, conforme documentos anexados as fls. 01 e 774, tendo requerido, ainda, a compensação desses créditos com débitos próprios e de terceiros. Consta dos autos, às fls. 999/1055, vasta documentação relativa à Ação Judicial — Apelação Cível N° 276055 PE (2000.83.00.0129859) — impetrada pela requerente junto à Justiça Federal em Pernambuco, de onde se extrai a seguinte ementa: "CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. IPI. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO RELATIVO A. AQUISIÇÃO DE MATÉRIAPRIMA, INSUMOS E MATERIAL DE EMBALAGEM UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS SUJEITOS AO REGIME DA ALÍQUOTA ZERO. PRINCIPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE. 0 direito ao crédito de IPI decorrente da aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos sujeitos ao regime de aliquota zero encontra respaldo no principio constitucional da nãocumulatividade, que visa a impedir, em última análise, o repasse integral dos encargos financeiros do tributo para os preços dos bens industrializados." (fls. 1007) Às fls. 1055/1066 e 1075, constam anexados Termos de Informação Fiscal onde se conclui pela inexistência dos créditos vindicados. Nos referidos documentos fiscais é feita análise das circunstâncias atinentes ao pleito formulado, sendo apresentadas algumas conclusões que podem ser assim sintetizadas: i) Em vista do que se encontra expressamente assentado na decisão judicial em tela, a validade formal e substancial do pleito deve ser objeto de exame do Fisco. ii) Os créditos alegados como decorrentes das aquisições, realizadas no período de 1990 a 2002, de insumos não tributados e de aliquota zero foram calculados sem o amparo da legislação pertinente e da jurisprudência sobre a matéria, mediante a injustificável aplicação dos percentuais de 8%, 15% e 50% sobre o valor das aquisições. iii) Os créditos alegados como decorrentes de insumos tributados estão em desacordo com o disposto no art. 82, inciso IX do RIPI/82 e no art. 148 do RIPI/98 (atual art. 165 do RIPI/2002), além de referiremse a materiais de consumo adquiridos de contribuinte varejista, não contribuinte de IPI, e destinaremse à manutenção de máquinas e equipamentos. Fl. 2170DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.522 4 iv) Não existe previsão legal para correção monetária e juros SELIC, a serem calculados sobre créditos de IPI. Por meio do Despacho Decisório de fl. 1076, o Delegado da Receita Federal em Recife/PE, tendo como fundamento as conclusões relatadas nos Termos de Informação Fiscal acima mencionados, indeferiu o pleito formulado e determinou o cancelamento de todas as operações de compensação e respectivos DCCs — Documentos Comprobatórios de Compensação — efetuadas com base nos créditos considerados inexistentes. Inconformado com a decisão administrativa, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 1135 a 1152, onde apresenta, resumidamente, as seguintes razões de discordância: Questiona o cancelamento das compensações requeridas, em função do pleito contido na ação judicial por ela impetrada, o qual teria sido deferido no sentido de confirmar o direito creditório a seu favor, o que terminou por viabilizar a apresentação do presente pedido e a efetivação das referidas compensações. Sustenta que as compensações (DCCs) jamais poderiam ser canceladas por meio de ato unilateral da autoridade administrativa e sim, somente, com autorização judicial. Passa a defender a legitimidade do direito ao crédito do IPI, mesmo nos casos em que os insumos adquiridos são desonerados do imposto, alegando que tanto o IPI quanto o ICMS são regidos pelo principio da nãocumulatividade, a teor do disposto no art. 153, § 3º, II da Constituição Federal. Argumenta que, diferentemente do que ocorre com o ICMS, a nãocumulatividade constitucional, quanto ao aproveitamento de créditos relativos ao IPI, é ampla e incondicional, não comportando restrições, conforme inteligência do art. 155, inc. II, § 2°. A respeito do tema, transcreve excerto doutrinário e faz uso de ementas de julgados judiciais e administrativos que apontam no sentido de garantir o direito ao crédito do IPI na aquisição de insumos desonerados do imposto. Expõe que a edição do art. 11 da Lei n° 9.779/99, teria sido efetivada com o intuito de dirimir as dúvidas porventura existentes em relação à manutenção dos créditos de IPI e que tal dispositivo legal seria parte de uma política de desoneração tributária visando ao equilíbrio da economia nacional. Afirma que a IN SRF n° 21/97 resguardaria o creditamento decorrente de estímulos fiscais na área do IPI e critica o termo de informação que embasou a decisão combatida, assim como o trabalho realizado pelo Fisco, por não terem sido quantificados os créditos, relativos aos insumos desonerados, reconhecidos em favor da empresa. Alega também que a decisão do Delegado da DRF/Recife, além de abusiva e ilegal, teria enveredado de forma impertinente pela rediscussão a respeito da existência do crédito, a qual já estaria, segundo sua ótica, consagrada. Volta a defender o direito ao crédito do imposto relativo aos insumos utilizados na produção, fazendo uso novamente de ementas de julgados judiciais e transcrevendo trecho do Parecer Normativo CST n° 65/79. Aduz que aplicou sobre os insumos desonerados, em relação aos quais reivindica o direito creditório, as mesmas aliquotas que haveriam de incidir sobre o produto final, o que seria respaldado pela legislação de regência. Fl. 2171DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.523 5 Fazendo uso de excertos de julgados administrativos e judiciais e de entendimento expresso em parecer da AGU (o qual é transcrito parcialmente, porém sem identificação) e na Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR N° 08/1997, defende a incidência de correção monetária sobre os créditos em discussão, em vista de ser, segundo afirma, consectário legal indissociável do referido direito creditório. Quanto ao assunto, alega ainda que a não atualização dos créditos constituiria enriquecimento ilícito da União. Sustenta também a aplicação dos juros SELIC sobre os valores concernentes aos créditos em questão. Mais uma vez, para fortalecer a tese esposada, faz uso de julgados judiciais e do conselho de contribuintes. Por fim, requer a reforma do despacho guerreado, no sentido de que sejam ressarcidos os créditos pleiteados e mantidas as compensações efetivadas em face da decisão judicial prolatada nos autos da Apelação Cível n° 276055PE (2000.83.00.0129859). A unidade de origem, por entender intempestivo o instrumento de defesa apresentado pelo contribuinte em 07/04/2004, emitiu Termo de Revelia (fl. 1207), ao qual se seguiu requerimento do contribuinte que se presta a argüir a tempestividade da manifestação originalmente apresentada (fls. 1338/1343), despacho do Delegado da DRF/Recife (fls. 1388/1389), por meio do qual se ratificou a intempestividade anteriormente apontada, seguindose do recurso de fls. 1394/1399, por intermédio do qual o interessado volta a contestar a emissão do referido termo de revelia e, conseqüentemente, a suscitar a tempestividade da sua manifestação de inconformidade. É o que importa relatar. Analisando referida manifestação de inconformidade a 6ª Turma da DRJ/Recife proferiu o Acórdão de nº 1132.758, de 28/01/2011, cuja ementa transcrevese abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1990 a 31/12/2002 IPI. CRÉDITOPRÊMIO. PROPOSITURA DE AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A propositura pelo contribuinte contra a Fazenda Nacional de ação judicial com o mesmo objeto, importa em renúncia à discussão no processo administrativo, por concomitância, e impede a apreciação das razões de mérito pela Autoridade Administrativa a quem caberia o julgamento. CRÉDITOS DECORRENTES DE AÇÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO. Somente poderão ser objeto de compensação os créditos do contribuinte reconhecidos por decisão judicial com trânsito em julgado. RESSARCIMENTO. ART. 11 DA LEI Nº 9.779/99. INSUMOS. Fl. 2172DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.524 6 Apenas os créditos oriundos das aquisições de insumos compreendidos nos conceitos estabelecidos pela legislação do IPI como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem são passíveis de ressarcimento. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. Inexiste amparo legal para a incidência de atualização monetária calculada pela variação da taxa Selic sobre ressarcimento de créditos de 1PI, sendo esta hipótese distinta de restituição de tributo pago indevidamente ou a maior. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1990 a 31/12/2002 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. TEMPESTIVIDADE. Tendo ficado provado nos autos que a manifestação de inconformidade foi apresentada dentro do prazo regulamentar previsto no PAF, é de se considerála tempestiva. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Não concordando com citada decisão o contribuinte apresentou recurso voluntário, por meio do qual repete basicamente as mesmas questões trazidas em sede da manifestação de inconformidade e que podem assim ser resumidas: A Recorrente obteve decisão judicial reconhecendo o seu direito ao crédito de IPI, nos autos da Ação Ordinária n° 2000.83.000129859, na qual foi proferida sentença concessiva da segurança, que restou confirmada pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5° Região. Porém que em 30/11/2009, para efeito do que dispõe a MP nº 470/09, apresentou renúncia parcial do direito, tão somente em relação aos créditos de IPI decorrentes de insumos sujeitos à alíquota zero ou não tributados; defende que o seu direito creditório advém do princípio constitucional da nãocumulatividade do IPI, nos termos do art. 153, § 3º, II da CF; defende que o prazo para repetição de indébito é de dez anos contados do fato gerador do tributo, citando jurisprudência judicial neste sentido; que a Lei nº 9.779/99 tem aplicação retroativa, pois ela simplesmente teria ratificado a prática adotada em obediência ao princípio constitucional da não cumulatividade, portanto o contribuinte teria direito ao aproveitamento de créditos de IPI antes de janeiro/1999; que a IN SRF nº 33/99, por ser ato infralegal, não teria competência para desconstituir, limitar ou extinguir direito garantido na Constituição Federal; Fl. 2173DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.525 7 que a IN SRF nº 41/00, proibiu ilegalmente o aproveitamento de créditos para compensação com débitos de terceiros. Cita excerto doutrinário e jurisprudência judicial para defender que esta IN não poderia ter revogado o art. 15 da IN SRF nº 21/97, pois violaria o § 2º do art. 1º do DecretoLei nº 491/69 e o art. 179 do Decreto nº 2.637/98 (Regulamento do IPI); cita jurisprudência judicial, inclusive relativa ao ICMS, defendendo a tese de que seus produtos estariam inseridos na categoria de insumos, sendo legítimo o aproveitamento de créditos de IPI; cita jurisprudência administrativa, judicial e até um Parecer da AGU, no sentido de validar o seu entendimento a respeito do direito à incidência da correção monetária sobre os valores do crédito de IPI a que teria direito; solicita também a incidência da taxa Selic e por fim a anulação das decisões denegatórias de seu direito creditório. É o relatório. Fl. 2174DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.526 8 Voto Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos legais de admissibilidade e por isto, dele tomo conhecimento. Em relação à discussão sobre o mérito do direito de crédito de IPI, a decisão recorrida não conheceu da matéria por entender que há concomitância com o processo judicial nº 2000.83.00.0129859, pelo qual o contribuinte buscou a tutela judicial para creditarse e ser ressarcido do IPI oriundo da aquisição de insumos utilizados na fabricação de produtos com alíquota zero do tributo. Em seu recurso o contribuinte, apesar de repudiar como um todo a decisão recorrida, acaba concordando com esta conclusão. Concorda com a existência da ação que lhe teria proferido sentença concessiva da segurança e que esta teria sido confirmada pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5ª Região. De fato o contribuinte discute judicialmente o direito de creditamento de IPI e as matérias objetos do litígio judicial podem ser conferidas no relatório e voto proferido pelo Desembargador Relator Castro Meira, fl. 1000/1001, e que resumo da seguinte forma: o objeto da ação é o aproveitamento de créditos de IPI relativos à aquisição de matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização de produtos sujeitos ao regime de alíquota zero. Discutese, neste sentido, o direito de aproveitamento daquele crédito em data anterior à vigência da Lei nº 9.779/99 e também o prazo prescricional de dez anos para a efetivação do pedido de restituição/ressarcimento. O contribuinte havia obtido decisão favorável ao seu pedido. A União apelou, o que resultou em um primeiro julgamento no TRF5 com sentença cuja ementa transcrevese abaixo, fl. 1007: "CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. IPI. UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO RELATIVO A. AQUISIÇÃO DE MATÉRIAPRIMA, INSUMOS E MATERIAL DE EMBALAGEM UTILIZADOS NA FABRICAÇÃO DE PRODUTOS SUJEITOS AO REGIME DA ALÍQUOTA ZERO. PRINCIPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE. 0 direito ao crédito de IPI decorrente da aquisição de matéria prima, produto intermediário e material de embalagem utilizados na fabricação de produtos sujeitos ao regime de aliquota zero encontra respaldo no principio constitucional da nãocumulatividade, que visa a impedir, em última análise, o repasse integral dos encargos financeiros do tributo para os preços dos bens industrializados. Apelação e remessa oficial improvidas.” Fl. 2175DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.527 9 Houve a apresentação de Recurso Especial e Extraordinário, sendo que o STJ, determinou o sobrestamento dos recursos, tendo em vista o reconhecimento da existência de repercussão geral no RE 562.980/SC, cuja matéria tratada é idêntica à deste processo. Posteriormente, como o próprio contribuinte admite em seu recurso voluntário, houve renúncia, por parte da recorrente, ao direito relativo aos créditos de IPI decorrentes das aquisições de insumos sujeitos à alíquota zero e não tributados. Em 08/07/2011 foi publicado Acórdão por meio do qual a Primeira Turma do TRF/5ª Região, em juízo de retratação, alterou a decisão anterior, cuja ementa trascrevese abaixo: EMENTA: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. CREDITAMENTO DE IPI.PRAZO PRESCRICIONAL. QÜINQÜENAL. AJUIZAMENTO DA AÇÃO. ENTENDIMENTO UNÍSSONO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ENTRADA TRIBUTADA. PRODUTO FINAL ISENTO. PRINCIPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 153, PARÁGRAFO 3º, INCISO II, DA CF/88. PRESSUPOSTO. ENTRADA E SAÍDA TRIBUTADA. INCENTIVO FISCAL. ART. 150, §6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. LEI Nº 9.779/99. APLICAÇÃO RETROATIVA. NÃO CABIMENTO. DIREITO SUPERVENIENTE. ENTENDIMENTO FIRMADO PELO PRETÓRIO EXCELSO NO RE 562.980/SC. 1. A Primeira Seção do STJ firmou entendimento no sentido de que a prescrição dos créditos fiscais decorrentes do creditamento de valores de IPI, originados da tributação à alíquota zero ou da ausência de tributação de matériasprimas e insumos é qüinqüenal, sendo atingidas as parcelas anteriores aos cinco anos que precederam a propositura da ação, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32. 2. O princípio da nãocumulatividade tem por fim evitar que sobre o mesmo produto ocorra a incidência do imposto em cascata, onerando, assim, a cadeia produtiva por incidência sucessiva de tributação. Destarte, o figurino constitucional apenas denota o caráter não cumulativo do imposto que se traduz no abatimento do valor devido do IPI em cada operação com o tributo pago nas operações anteriores. Tal princípio, entrementes, não autoriza a compensação do crédito do contribuinte que não puder abater o IPI devido na saída dos produtos, quando, a exemplo do caso dos autos, a operação de entrada é tributada (aquisição de insumos sujeitos ao pagamento de IPI) e o produto final é isento. 3. O sistema da nãocumulatividade, previsto no art. 153, §3º, II, da Constituição Federal, pressupõe a incidência de IPI nas operações de entradas de insumos necessários ao processo de industrialização, bem como na operação de saída. 4. O direito ao aproveitamento do crédito de IPI em casos em que a operação de saída é isenta não emana da Constituição Federal, ao invés, revelase como inegável incentivo fiscal. E por se tratar de incentivo fiscal fezse necessária a edição de lei Fl. 2176DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.528 10 ordinária autorizando o contribuinte compensar o crédito resultante de tributo pago e não compensado na saída do tributo, sob pena de se afrontar o § 6º do art. 150 da Constituição Federal, o qual exige lei específica para a concessão de crédito presumido de IPI. 5. Apenas com o advento da Lei nº 9.779/99, assegurouse o aproveitamento do crédito de IPI na hipótese em que há recolhimento na operação de entrada (na aquisição de insumos sujeitos ao pagamento de IPI) e não há recolhimento na saída, porquanto o produto final é isento. 6. Abraçando a tese ora sufragada, o Plenário do Supremo Tribunal Federal pacificou a questão no Recurso Extraordinário nº 562.980/SC, de cuja ementa se extrai: “IPI CREDITAMENTO ISENÇÃO OPERAÇÃO ANTERIOR À LEI Nº 9.779/99. A ficção jurídica prevista no artigo 11 da Lei nº 9.779/99 não alcança situação reveladora de isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI que a antecedeu". (RE 562980, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 06/05/2009, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO PUBLIC 04092009) 7. Apelação e remessa oficial providas, em juízo de retratação, ex vi art. 543 B, do CPC. Juntei ao presente processo, o espelho do Resultado da Consulta Processual realizada em 21/01/2014, no sítio do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, bem como inteiro teor do Acórdão da sentença proferida pela Primeira Turma do TRF05 no processo judicial nº 2000.83.00.0129859, publicado em 08/07/2011, cuja ementa está acima transcrita. Pelo que consta até o momento, ainda não houve o trânsito em julgado do citado processo. Mas pelo que foi exposto é possível confirmar que há concomitância parcial do objeto de mérito discutido no presente processo, sendo acertada a decisão recorrida em estabelecer a concomitância de assuntos com o processo judicial. Assim restam como pontos controversos a serem conhecidos no presente recurso: 1) a quantificação de eventual crédito de IPI em favor do contribuinte em decorrência do saldo credor apurado, em face dos insumos adquiridos e utilizados no processo produtivo na fabricação de produtos isentos ou tributados à alíquota zero; 2) o conceito de insumos para fins de aproveitamento de créditos de IPI; 3) a incidência de correção monetária e de Juros Selic até a utilização dos créditos; QUANTIFICAÇÃO DO CRÉDITO DE IPI O contribuinte efetuou dois pedidos de ressarcimento de IPI. O primeiro pedido relativo a créditos acumulados de IPI no valor de R$ 9.947.435,00 referentes aos Fl. 2177DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.529 11 períodos de apuração de janeiro/1990 a dezembro/1999. O próprio contribuinte discriminou estes créditos da seguinte maneira: Decorrente de insumos tributados R$ 490.116,67 Decorrentes de insumos não tributados R$ 5.448.060,59 Decorrentes de insumos tributados com alíquota zero R$ 4.009.257,74 TOTAL R$ 9.947.435,00 Como se vê da própria afirmação do contribuinte no recurso voluntário e também do processo judicial já citado, o contribuinte renunciou da discussão a respeito dos créditos decorrentes de insumos não tributados e de alíquota zero. Vêse portanto, que restam em discussão, deste primeiro pedido a quantia de R$ 490.116,67. No segundo pedido de ressarcimento em exame no presente processo, o contribuinte solicita a quantia de R$ 6.018.674,38, relativos aos períodos de apuração de fevereiro/2000 a fevereiro/2002, assim discriminados: Decorrente de insumos tributados R$ 12.540,35 Decorrentes de insumos não tributados R$ 27.752,85 Decorrentes de insumos tributados com alíquota zero 2.202.334,85 SUBTOTAL R$ 2.242.628,05 Decorrente de “complemento de processos” R$ 3.776.046,33 TOTAL GERAL R$ 6.018.674,38 Com a renúncia no processo judicial dos créditos decorrentes de insumos não tributados e tributados com alíquota zero, restou para análise o valor de R$ 12.540,35 referentes a créditos com insumos tributados e R$ 3.776.046,33 de créditos de IPI decorrente de “complemento de processos”. CRÉDITO DECORRENTE DE INSUMOS TRIBUTADOS Na análise deste ponto primeiramente o Termo de Informação Fiscal, fl. 1056/1067 (1179/1190 numeração digital), destaca que estes produtos estão relacionados no anexo III e são os seguintes: ANEXO III: 7320.90.00 Molas de Aço; 7318.14.00 Parafusos; 8311.10.00 Eletrodos; 8708.31.10 Discos de Freio; 8482.80.00 Rolamentos; 7318.16.00 Porcas; 8473.30.39 Cartucho; 8535.10.00 Fusíveis; 8421.23.00 Filtros; 8536.30.00 Contatos; 8409.99.13 Injetor; 8424.90.90 Mangote; 6812.90.10 Gaxetas; 8413.19.00 Bombas; 4010.19.00 Correias; 6813.90.90 Lona de Freio; 2715.00.00 óleos Lubrificante; Fl. 2178DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.530 12 3823.90.00 Antiespumantes; 7208.90.00 Cabo de Aço; 2208.20.20 aguardente; 8409.91.90 Cabeçotes; 7318.16.00 Arruelas; 4011.20.90 Pneumáticos; 4013.90.00 Câmaras de Ar e outros produtos da mesma natureza, ou seja, destinados a manutenção de máquinas e equipamentos. Aqui, neste momento, a quantificação do crédito depende antes de verificar se os produtos apresentados nas notas fiscais de aquisição são efetivamente insumos para fins de apuração de crédito de IPI. Portanto entramos já no segundo mérito das contravérsias a serem apreciadas no presente recurso. Foi constatado que a contribuinte industrializa os seguintes produtos: AEHC (Álcool Etílico Hidratado) TIPI 2207.10.00 Ex 01 (NT – não tributado); AHOF (Álcool Hidratado p/ outros fins) TIPI 2207.10.00 Alíquota zero; Aguardente de Cana – TIPI 2208.40.00 – tributado à alíquota positiva, porém sua saída do estabelecimento industrial davase com suspensão do imposto por força do disposto no art. 36, IV, do RIPI/82; art. 41 do RIPI/98 e art. 43 do RIPI/2002. Para fabricação destes produtos, a informação fiscal citada, concluiu, in verbis: (...) Por sua vez, os créditos relativos aos insumos identificados como tributados pelo IPI foram calculados aplicandose sobre o valor de aquisição a aliquota a que o produto estava sujeito. Acontece que os produtos listados no ANEXO III, na realidade, dizem respeito a materiais de consumo destinados à manutenção de máquinas e equipamentos, adquiridos de comerciante varejista, sem destaque de IPI. Os créditos calculados sobre essas aquisições estão em desacordo com a legislação do IPI. Na fabricação de alcoóis e aguardentes, produtos como mola de aço, pneumáticos, lona de freio, porca, parafuso etc., não são considerados matéria – prima nem produto intermediário. Para a legislação do IPI, matériaprima é o insumo queintegra o produto final. Produto intermediário é o insumo que, embora não integrando o produto final, se desgasta em razão de seu contato direto com os produtos em fabricação. (...) O único produto informado que poderia ser considerado matériaprima seria a “caninha” para a fabricação de aguardente de cana, porém, de acordo com a informação fiscal, ela teria sido adquirida com suspensão do imposto, ou seja, sem valor destacado e pago de IPI. No seu recurso voluntário o contribuinte não contesta a acusação fiscal de que as notas fiscais de aquisição destes produtos foram emitidas por comerciantes varejistas, sem destaque do IPI. Limita a citar jurisprudências judiciais, que são genéricas a respeito do produto ou insumo analisado, para tentar validar a tese de que os seus produtos listados Fl. 2179DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.531 13 encaixariam como produtos intermediários, assim entendidos como aqueles que apesar de não integrar o produto final, seriam consumidos no processo produtivo. Para ter direito a crédito de IPI, o RIPI/2002, no art. 164, inc. I, dispositivo este já contemplado nas edições anteriores do regulamento do IPI, assim dispunha: Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei n°4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a MP, PI e ME, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que. embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; Entendo conveniente citar também um trecho do Parecer Normativo CST nº 65/79, cujas conclusões adoto, dando o meu entendimento da correta interpretação do dispositivo legal acima transcrito. (...) 10 Resumese, portanto, o problema na determinação do que se deve entender como produtos 'que embora não se integrando no novo produto, forem consumidos, no processo de industrialização', para efeito de reconhecimento ou não do direito ao crédito. 10.1 Como o texto fala em 'incluindose entre as matérias primas e os produtos intermediários', é evidente que tais bens hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários ‘stricto sensu’ semelhança esta que reside no fato de exercerem na operação de industrialização função análoga a destes, ou seja, se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto de fabricação, ou por este diretamente sofrida. 10.2 A expressão 'consumidos' sobretudo levandose em conta que as restrições 'imediata e integralmente', constantes do dispositivo correspondente do Regulamento anterior, foram omitidas, há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo". (...) Desta forma não há como acatar os produtos listados no anexo III, acima citados, como insumos a gerarem crédito de IPI, pois não guardam qualquer verossimilhança dentro do processo produtivo de álcool e aguardente, a exemplo de pneumáticos, molas de ação, etc. Acrescento ainda que além de não se encaixarem no conceito de insumos, também não foram cumpridos os requisitos de gerarem crédito de IPI, pois na operação de compra não foram onerados pelo tributo. Fl. 2180DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.532 14 Voltando à quantificação do crédito, resta analisar o pedido de ressarcimento de R$ 3.776.046,33, constante do quadro acima sob o título de “complemento de processos”. A autoridade administrativa que negou o ressarcimento afirmou que o contribuinte não apresentou comprovação deste valor, além de nada ter esclarecido sobre a sua origem e fundamento. Tanto em sua manifestação de inconformidade, como no recurso voluntário, o contribuinte não dedica uma linha a prestar esclarecimentos a respeito da composição deste valor. Nos institutos da restituição, ressarcimento e compensação, embora sejam direitos garantidos ao contribuinte, nas hipóteses previstas em lei, cabe a ele demonstrar e fazer prova do direito creditório. Nos termos do inc. I do art. 333 do CPC, o ônus da prova incumbe ao autor, quanto à existência de fato constitutivo do seu direito. Portanto, considero corretos o despacho decisório e o acórdão recorrido, ao negarem o direito creditório tendo em vista os seguintes aspectos: que não há previsão legal para reconhecimento de créditos decorrentes de insumos não tributados e com alíquota zero. Neste sentido, em âmbito judicial, o contribuinte até já renunciou a este direito; que embora exista previsão legal para o aproveitamento de créditos de IPI na aquisição de insumos tributados, não foram comprovados a existência de créditos a este título pelo contribuinte, sendo que os produtos apresentados a este título não se encaixam no conceito legal de insumos perante a legislação do IPI; que não foram comprovados o direito creditório intitulado pelo contribuinte como “complemento de processos”. O contribuinte sequer teve o trabalho de explicar a origem e natureza deste crédito. CORREÇÃO MONETÁRIA Embora tenha concluído pela inexistência de crédito de IPI a ser ressarcido ao contribuinte, reputo correto também o acórdão recorrido ao decidir pela inexistência de base legal para acréscimos de correção monetária e juros Selic no ressarcimento de IPI. A partir de 1º de janeiro de 1996, a Lei nº 9250/95 estabeleceu a incidência de juros equivalentes à taxa Selic sobre o valor a ser restituído ou compensado, em face da ocorrência de pagamento a maior ou indevido, que não é o caso dos presentes autos, ou seja, não existe previsão legal para incidência de correção monetária e de juros Selic nos casos de ressarcimento de IPI. Nesta situação também não se aplica a matéria já pacificada pelo E. Superior Tribunal de Justiça em sede de recursos repetitivos (art. 543C do Código de Processo Civil), pois na circunstância o STJ julgou no sentido de não haver correção monetária, em regra, nos créditos escriturais, mas em havendo ilegítima resistência do Fisco em aceitar créditos legítimos de IPI, tais créditos deixam de ser escriturais, e passam a sofrer incidência de atualização monetária. Fl. 2181DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.533 15 Vejamos o entendimento do Tribunal no Acórdão do REsp. 1.035.847 – RS (os negritos são nossos): PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Não vislumbro no presente processo que tenha havido resistência ilegal à utilização de créditos de IPI. A própria decisão judicial que, em princípio, reconhecia direito ao crédito de IPI, ressaltou que a utilização destes créditos estavam sujeitos à verificação por parte da Receita Federal, quanto à sua correta apuração, nos termos da legislação do IPI. Fl. 2182DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS Processo nº 10480.006433/0003 Acórdão n.º 3301002.166 S3C3T1 Fl. 1.534 16 Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Andrada Márcio Canuto Natal Relator Fl. 2183DF CARF MF Impresso em 08/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 04/ 03/2014 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL, Assinado digitalmente em 08/05/2014 por RODRIGO DA COSTA PO SSAS
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Numero do processo: 10425.720041/2010-69
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jun 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
INDÉBITO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA.
O ônus da prova recai sobre a pessoa que alega o direito ou o fato que o modifica, extingue ou que lhe serve de impedimento, devendo prevalecer a decisão administrativa devidamente fundamentada, não infirmada com documentação hábil e idônea.
Numero da decisão: 3803-006.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito, que convertiam o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
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ICMS. INCLUSÃO. O valor do ICMS compõe a estrutura de preço da mercadoria ou produto, que corresponde ao faturamento, não podendo ser excluído na apuração da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins sem expressa disposição legal. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 APRECIAÇÃO DE ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE NA ESFERA ADMINISTRATIVA. A discussão sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de lei não cabe na esfera administrativa, ressalvadas as exceções à regra. (Súmula CARF nº 2). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 INDÉBITO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova recai sobre a pessoa que alega o direito ou o fato que o modifica, extingue ou que lhe serve de impedimento, devendo prevalecer a decisão administrativa devidamente fundamentada, não infirmada com documentação hábil e idônea. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os conselheiros João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito, que convertiam o julgamento em diligência. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 42 5. 72 00 41 /2 01 0- 69 Fl. 225DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Demes Brito. Relatório Esta Contribuinte transmitiu Declaração de Compensação (DComp) em que utiliza crédito decorrente de ressarcimento de PIS apurado no regime não cumulativo, cujo saldo corresponde ao segundo trimestre de 2006. Despacho Decisório do DRF/Campina Grande/PB indeferiu a DComp, tendo em vista que a partir das características do DARF discriminado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Em manifestação de inconformidade apresentada, a Contribuinte alegou que: a) a DComp referese a crédito decorrente de pagamento a maior da Cofins, em razão da inclusão do ICMS nas bases de cálculos do PIS e da Cofins; b) os arts. 2º e 3º, da Lei nº 9.718/98, e o art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, apenas admitem como base de cálculo de supraditas contribuições a receita ou o faturamento, não autorizando a inclusão do ICMS em citada base de cálculo, pois o valor deste imposto constitui ônus fiscal – e não faturamento; c) o valor do ICMS está embutido no preço das mercadorias por força da legislação deste imposto1, a qual determina que sua base de cálculo seja composta do próprio tributo, constituindo o destaque mera indicação para fins de controle; d) o faturamento “é decorrente, em essência, de um negócio jurídico, de uma operação, importando, por isso mesmo, o que é recebido por aquele que a realiza, considerada a venda de mercadoria ou mesmo a prestação de serviço” e que “a base de cálculo não pode extravasar, desse modo, sob o ângulo do faturamento, o valor do negócio, ou seja, a parcela recebida com a operação mercantil ou similar”; Pugnou, ainda, que se atentasse “para o princípio da razoabilidade, pressupondose que o texto constitucional se mostre fiel, no emprego dos institutos, de Expressões e vocábulos, ao sentido próprio que eles possuem, não merecendo outras interpretações” e transcreve o art. 110, do CTN. Em julgamento da lide a DRJ/Recife fez menção à regramatriz da base de cálculo das contribuições, disposta na norma dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98 e de outras disposições legais e concluiu não haver previsão para a exclusão do ICMS do faturamento. Buscou reforço em decisões do STJ e de tribunais regionais. Demais, mencionou a falta de anexação de provas da alegado indébito. Fl. 226DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10425.720041/201069 Acórdão n.º 3803006.166 S3TE03 Fl. 226 3 A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO. COBRANÇA. Constatada a inexistência de direito creditório para fazer frente aos débitos declarados na DCOMP, as compensações não serão homologadas, implicando a cobrança dos valores indevidamente compensados, com os acréscimos legais cabíveis (§§ 2º e 7º do art. 74 da Lei nº 9.430/96). CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. BASE DE CÁLCULO. ICMS. INCLUSÃO. O ICMS (próprio), que compõe o preço da mercadoria, integra a base de cálculo da Contribuição para o PIS, que é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, que compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia (art. 1º, caput e §§ 1º e 2º, da Lei nº 10.637/2002). RECEITA BRUTA DAS VENDAS DE BENS E SERVIÇOS. CONCEITO LEGAL. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia, não se incluindo as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos nãocumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contratante dos quais o vendedor dos bens ou o prestador dos serviços seja mero depositário (art. 31, caput e parágrafo único, da Lei nº 8.981/95). ICMS. “DESTAQUE” MERAMENTE INFORMATIVO. O ICMS ao contrário do IPI, por disposição legal (art. 13, § 1º e inciso I da Lei Complementar nº 87/96), incide “por dentro” do valor da mercadoria e não é cobrado de forma destacada do comprador, constituindo a informação do seu valor na Nota Fiscal mera indicação para fins de controle. Cientificada da decisão em 22 de agosto 2012 irresignada, apresentou recurso voluntário em 31 de agosto de 2012, em que reiterou os termos da manifestação de inconformidade, acrescentando o pedido de sobrestamento do julgamento, por aplicação do art. 62A do Regimento Interno do CARF, em razão de a matéria se encontrar em apreciação pelo Supremo Tribunal Federal. É o relatório. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, portanto dele conheço. A presente controvérsia cingese à inclusão dos valores de ICMS no faturamento como base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep. Destaco, inicialmente, que não se pode perder de vista que a carga valorativa a se aplicar na interpretação da legislação tributária relativa a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no exercício da competência que cabe ao CARF , deve ser dosada no âmbito do controle de legalidade a que se limitam as decisões administrativas. Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, em apreciação da matéria aqui sob exame, sobresteve o julgamento do RE 240.785/MG, em 13/08/2008, em face da superveniência e da precedência da ADC nº 18/DF[1]. A propositura desta ação é do Presidente da República e o seu objeto é obter a declaração de legitimidade da inclusão na base de cálculo da Cofins e do PIS/Pasep dos valores pagos título de ICMS e repassados aos consumidores no preço dos produtos ou serviços, pressuposta no art. 3º, § 2º, I, da Lei 9.718, de 27 de novembro de 1998[2]. Com a perda da eficácia da Medida Cautelar na dita ADC, em 21/9/2010, nada obsta o julgamento da matéria pelo CARF, razão porque não pode ser atendido o pedido de sobrestamento do presente processo. A instituição da Cofins pela LC 70/91[3] inaugurou a delimitação da palavra faturamento afirmando que o IPI não o integra, quando destacado em separado no documento fiscal. A alteração do PIS/Pasep pela MP nº 1.212/96, convertida na Lei nº 9.715/98[4], também o fez estabelecendo que nele não se incluem o IPI e o ICMS retido pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. 1 Decisão: O Tribunal sobrestou o julgamento do recurso, tendo em vista a decisão proferida na ADC 185/DF. Ausente, justificadamente, neste julgamento, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Presidência do Senhor Ministro Gilmar Mendes. Plenário, 13.08.2008. 2 § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; 3 Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Parágrafo único. Não integra a receita de que trata este artigo, para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição, o valor: a) do imposto sobre produtos industrializados, quando destacado em separado no documento fiscal; b) das vendas canceladas, das devolvidas e dos descontos a qualquer título concedidos incondicionalmente. Fl. 228DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10425.720041/201069 Acórdão n.º 3803006.166 S3TE03 Fl. 227 5 A Lei nº 9.718/98[5] unificou a base de cálculo das contribuições e o fez destacando as grandezas que devem ser excluídas da receita bruta, a teor do seu o parágrafo segundo, entre estas o IPI e o ICMS retido pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Sabese que o ICMS é imposto que via de regra incide na entrega de mercadorias e serviços e compõe a sua estrutura de preços. Ao definirem faturamento, a LC 70/91 informa que não o integra o IPI; a Lei nº 9.715/98 informa que não o integra o IPI e o ICMS do substituto tributário; a Lei nº 9.718/98 informa que se excluem da receita bruta o IPI e o ICMS do substituto tributário. Ora, se o ICMS normal está fora desse rol de não integração/exclusão da base de cálculo, o faturamento, não há como não se considerar que ficou definido implícitamente que ele (o ICMS) integra o faturamento. Aditese que o seu histórico cálculo “por dentro”, segundo o ditame do DecretoLei nº 406/686 reiterado pela LC Nº 87/96[7][8].endossam esta conclusão. Exemplificando: · ICMS por dentro Tenhase, por hipótese o valor de: Mercadorias em estoque = R$ 830,00 Alíquota do ICMS = 17% 4 Art. 3o Para os efeitos do inciso I do artigo anterior considerase faturamento a receita bruta, como definida pela legislação do imposto de renda, proveniente da venda de bens nas operações de conta própria, do preço dos serviços prestados e do resultado auferido nas operações de conta alheia. Parágrafo único. Na receita bruta não se incluem as vendas de bens e serviços canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, e o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias ICMS, retido pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. 5 § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; 6 Art 2º A base de cálculo do impôsto é: § 7º O montante do impôsto de circulação de mercadorias integra a base de cálculo a que se refere êste artigo, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de contrôle. 7 Art. 13. A base de cálculo do imposto é: § 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) I o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; § 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. 8 A LC nº 87/96, distintamente da LC nº 406/67, dispõe que integra a base de cálculo do ICMS além do próprio imposto o montante do IPI, exceto quando a operação, realizado entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. Fl. 229DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Cálculo do preço de venda cujo montante final resultará no faturamento = R$ 830,00/83 % (100% 17%) = R$ 1.000,00 Valor do ICMS incluso no faturamento = 170,00 · Se o cálculo do ICMS fosse por fora O preço de venda seria o valor da mercadoria em estoque, que corresponderia ao faturamento Valor do ICMS: 830,00 x 17% = R$ 141,10; Na conformidade da formulação legal acima demonstrada o ICMS faz parte do preço da mercadoria como custo. E este é o desenho constitucional deste imposto após a declaração da constitucionalidade da LC 87/96 na decisão no RE nº 212.209/RJ, ementada na forma do transcrito abaixo: TRIBUTÁRIO. ICMS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO VALOR DO IMPOSTO COMO ELEMENTO INTEGRATIVO DA BASE DE CÁLCULO. POSSIBILIDADE JURÍDICA. A base de cálculo dos tributos e a metodologia de sua determinação, porque constituem elementos de conhecimento indispensáveis para a definição do quantum debeatur, necessariamente, devem ser estabelecidas por lei, em obediência ao princípio da legalidade (CF, arts. 146, III, “a”, 150, I, e CTN, art. 97, IV). Inexiste inconstitucionalidade ou ilegalidade, se a própria lei complementar e a lei local permitem que entre os elementos componentes e formativos da base de cálculo do ICMS se inclua o valor do próprio imposto. É demais sabido que a ampliação do conceito de faturamento pelo § 1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98 foi foco da disputa que resultou na declaração da sua inconstitucionalidade pelo STF, prevalecendo a definição abrangente apenas das receitas provenientes das vendas de mercadorias e serviços pertinentes ao objeto social da atividade da pessoa jurídica. Em vista de subsistir uma definição legal de faturamento que permite considerar nele contido o ICMS normal segundo os dispositivos acima destrinçados , o Supremo Tribunal Federal ao fixar o seu conteúdo com a declaração de inconstitucionalidade do § 1º, do art. 3º, da Lei nº 9.718/98, poderia ter declarado a inconstitucionalidade, sem redução de texto, do § 2º do mesmo artigo, por deixar de inserir no rol das exclusões da receita bruta o ICMS normal. Se aquela Corte tinha a prerrogativa de fazêlo e não o fez, para tornar livres de mais questionamentos os seus contornos, o juízo que proferiu, tendo como alvo apenas o art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98, ao contrário de se reputálo omisso, endossa o entendimento de inclusão do ICMS no faturamento. Entender diferente está a depender de novo posicionamento daquele Tribunal. A idéia sobre a qual se funda o grito pela exclusão do ICMS do faturamento é a de que o imposto é ‘cobrado’ do comprador pelo vendedor, e, assim, representa um ônus tributário que é repassado ao Estado; logo, por não configurar circulação de riqueza, não ingressa no patrimônio do alienante, não podendo ser considerado receita do vendedor. Esta é a suma da tese que sustenta o voto do Min. Marco Aurélio no RE nº 240.785/MG. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10425.720041/201069 Acórdão n.º 3803006.166 S3TE03 Fl. 228 7 A tese já foi contraposta com sólido argumento por Hugo de Brito Machado[9], ao qual me filio. Defende ele que o entendimento segundo o qual o valor do ICMS componente do preço é receita do Estado é um equívoco conceitual relacionado à sujeição passiva do ICMS. O vendedor é o contribuinte de direito, não atua como um intermediário entre o comprador e o Estado, e os custos com o pagamento do imposto são custos seus e não do adquirente. O ônus correspondente ao valor do imposto é suportado pelo adquirente somente por meio do pagamento do preço, que é a contrapartida do fornecimento de mercadorias e serviços. Resultante dessa continência, tal valor ingressa no patrimônio do alienante e compõe o seu faturamento[10]. Apesar de ser voto minoritário no julgamento do RE 240.785/MG o Ministro Eros Grau manifestouse nesse mesmo sentido, verbis: O Min. Eros Grau, em divergência, negou provimento ao recurso por considerar que o montante do ICMS integra a base de cálculo da COFINS, porque está incluído no faturamento, haja vista que é imposto indireto que se agrega ao preço da mercadoria. Ser o ICMS custo que se adere à estrutura do preço do produto ou de certos serviços e, via de consequência, integra o faturamento, e não um ônus tributário do adquirente do qual se desincumbe perante o Estado por intermédio do repasse a este feito pelo vendedor, é demonstrado por implicações de ordem sancionatória, segundo as hipóteses abaixo: a) a falta de inclusão do ICMS no valor da operação, com a subsequente falta de destaque do imposto e de posterior recolhimento, não afeta a relação jurídica de sujeição passiva tributária, havendo de ser exigido do vendedor o imposto e seus consectários; b) a inclusão do ICMS no valor da operação e a subsequente falta de emissão da nota fiscal não configura o crime de apropriação indébita, mas o de sonegação fiscal, previsto art. 1º, V, da Lei nº 8.137/90 e no art. 71, I, da Lei nº 4.502/65, cujo procedimento fiscal tem como sujeito passivo o vendedor. 9 Citado por Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, in A inclusão do ICMS na Base de Cálculo da COFINS, disponível em http://jus.com.br/artigos/9674/ainclusaodoicmsnabasedecalculodacofins/2; data de acesso: 22.12.2013. 10 No ICMSST o empresário que promove a saída do produto é o contribuinte de direito. No entanto, a Lei de Normas Gerais do ICMS, LC 87/96, ao manter na relação jurídica tributária o adquirente, por legitimálo para repetir indébito ou pagamento a maior do imposto recolhido pelo substituto, subverte a lógica própria desse regime e faz com que o vendedor atue como intermediário entre o comprador e o Estado e torna de terceiro os custos com o pagamento do imposto e de natureza tributária o ônus correspondente ao valor do imposto suportado pelo adquirente. Penso que daí a sua legitimação para não integrar o faturamento o ICMS retido pelo vendedor. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Ademais, nesta segunda fase recursal, a Recorrente nenhum elemento anexa referente às provas. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. Sala das sessões, 28 de maio de 2014 (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 232DF CARF MF Impresso em 27/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/06/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 20/06/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 24/06/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 10580.720939/2009-19
Turma: Segunda Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu May 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
Ementa:
ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE ATIVA DA UNIÃO PARA EXIGÊNCIA DE TRIBUTO QUE DEVERIA SER RETIDO NA FONTE POR ESTADO DA FEDERAÇÃO. DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB.
É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantém-se a parte dispositiva do acórdão recorrido.
IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL.
A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluí-los, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12.
REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO - INCIDÊNCIA.
Sujeitam-se à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429/SP.
Restando incontroverso que a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento vergastado, em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, decorre diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual dever-se-ia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica o entendimento acima referido.
JUROS DE MORA.
Sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal, não sendo lícito ao julgador administrativo afastar a exigência.
ALEGAÇÃO DE NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE JUROS DE MORA RECEBIDOS PELO CONTRIBUINTE, SOBRE RENDIMENTOS RECEBIDOS A DESTEMPO. CARÁTER TRIBUTÁVEL NOS TERMOS DO RIR E DA LEI N. 7.713/88. IMPOSSIBILIDADE DO EXAME DA CONSTITUCIONALIDADE DE TAIS DISPOSITIVOS NO PRESENTE ADMINISTRATIVO (ART.62 DO REGIMENTO DO CARF) E AUSÊNCIA DE JURISPRUDÊNCIA JUDICIAL VINCULANTE.
É de se rejeitar a alegação de não-incidência de IRPF sobre juros de mora recebidos pelo contribuinte, sobre rendimentos recebidos a destempo, eis que tais verbas possuem caráter tributário, em razão de disposições expressas contidas no RIR e na legislação em vigor e da ausência de decisões judiciais vinculantes do CARF em sentido contrário.
MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL.
Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2802-002.803
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Jorge Claudio Duarte Cardoso - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos André Ribas de Mello, relator. - Relator.
EDITADO EM: 14/04/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernandez, Dayse Fernandes Leite, Julianna Bandeira Toscano e Carlos Andre Ribas de Mello.
Nome do relator: CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO
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DESCABIMENTO. EXEGESE DO ARTIGO 157, I, DA CRFB. É de se rejeitar a alegação de ilegitimidade ativa da União Federal no caso, uma vez que o contido no art.157,I, da CRFB toca apenas à repartição de receitas tributárias, não repercutindo sobre a legitimidade da União Federal para exigir o IRRF, mediante lavratura de auto de infração. Mantémse a parte dispositiva do acórdão recorrido. IRPF. IMPOSTO DE RENDA NA FONTE NO REGIME DE ANTECIPAÇÃO. NÃO RETENÇÃO PELA FONTE PAGADORA. RESPONSABILIDADE DO CONTRIBUINTE PELO IMPOSTO DEVIDO APÓS O TÉRMINO DO PRAZO PARA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. A falta de retenção pela fonte pagadora não exonera o beneficiário e titular dos rendimentos, sujeito passivo direto da obrigação tributária, de incluílos, para fins de tributação, na Declaração de Ajuste Anual; na qual somente poderá ser deduzido o imposto retido na fonte ou o pago. Aplicação da Súmula CARF nº 12. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE CARGO OU FUNÇÃO INCIDÊNCIA. Sujeitamse à incidência do imposto de renda as verbas recebidas como remuneração pelo exercício de cargo ou função, independentemente da denominação que se dê a essa verba. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 09 39 /2 00 9- 19 Fl. 251DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 2 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM RAZÃO DE LEI EM SENTIDO FORMAL E MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO MANIFESTADO PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ AO JULGAR O RESP 1.118.429∕SP. Restando incontroverso que a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento vergastado, em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, decorre diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil, não se aplica o entendimento acima referido. JUROS DE MORA. Sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal, não sendo lícito ao julgador administrativo afastar a exigência. ALEGAÇÃO DE NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE JUROS DE MORA RECEBIDOS PELO CONTRIBUINTE, SOBRE RENDIMENTOS RECEBIDOS A DESTEMPO. CARÁTER TRIBUTÁVEL NOS TERMOS DO RIR E DA LEI N. 7.713/88. IMPOSSIBILIDADE DO EXAME DA CONSTITUCIONALIDADE DE TAIS DISPOSITIVOS NO PRESENTE ADMINISTRATIVO (ART.62 DO REGIMENTO DO CARF) E AUSÊNCIA DE JURISPRUDÊNCIA JUDICIAL VINCULANTE. É de se rejeitar a alegação de nãoincidência de IRPF sobre juros de mora recebidos pelo contribuinte, sobre rendimentos recebidos a destempo, eis que tais verbas possuem caráter tributário, em razão de disposições expressas contidas no RIR e na legislação em vigor e da ausência de decisões judiciais vinculantes do CARF em sentido contrário. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, para excluir a multa de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Jorge Claudio Duarte Cardoso Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello, relator. Relator. Fl. 252DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO Processo nº 10580.720939/200919 Acórdão n.º 2802002.803 S2TE02 Fl. 128 3 EDITADO EM: 14/04/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Claudio Duarte Cardoso (Presidente), Jaci de Assis Junior, German Alejandro San Martín Fernandez, Dayse Fernandes Leite, Julianna Bandeira Toscano e Carlos Andre Ribas de Mello. Relatório Tratase de auto de infração (fls. 2 e ss.), relativo ao IRPF, exercícios de 2005 a 2007, em razão de suposta classificação indevida de rendimentos na DIRPF. Esclareçase que tratase de rendimentos recebidos em razão da Lei complementar estadual baiana de número 20/2003 e dizem respeito a diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração da contribuinte de Cruzeiro Real para URV, pagas mensalmente de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. A Lei estadual em comento estabeleceu a sistemática de pagamento de tais parcelas em virtude da objeto da Ação Ordinária de nº140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias n.. 613 e 614. Irresignado, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 38 e ss., aos seguintes fundamentos: (i) que os rendimentos em questão são isentos de tributação, por seu caráter indenizatório, não havendo a mencionada classificação indevida de rendimentos; (ii) que o dever de retenção do tributo era da fonte pagadora e não da contribuinte; (iii) que a fonte pagadora levou a contribuinte, pelo demonstrativo que lhe forneceu, a classificar como isentos os rendimentos de que ora se trata, não se podendo imputar à mesma responsabilidade por tal fato; (iv) que a lei estadual supracitada expressamente apontou como de natureza indenizatória os valores de que aqui se trata e, se nisso há alguma impropriedade, é de responsabilidade do legislador estadual e não da contribuinte; (v) cita a legislação federal e requer, caso mantida a infração, que seja exonerada do pagamento da multa e de juros moratórios por não ter dado causa à situação de que aqui se trata; (vi) que a aplicação da alíquota vigente no momento da autuação, em caso de rendimentos recebidos a destempo acumuladamente com os rendimentos correspondentes ao mês trabalhado, é causa de nulidade do lançamento, de vez que deveria ter sido aplicada a alíquota vigente ao momento em que os rendimentos deveriam ter sido originariamente pagos e não o foram, bem como deveria ter sido levada em consideração a remuneração à época em que o pagamento deveria ter ocorrido para fins de apuração da base de cálculo do imposto; (vii) cita a jurisprudência de diversos tribunais, de tribunais superiores e do Supremo Tribunal Federal; (viii) cita a jurisprudência administrativa do CARF; Fl. 253DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 4 (ix) que tratase de receitas de tributo federal que, no entanto, devem permanecer nos cofres estaduais, pela distribuição das receitas tributárias, e se o próprio Estado legislou no sentido do caráter indenizatório de tais valores, renunciou a estas receitas; (x) que, sendo, segundo a jurisprudência, a União parte ilegítima para figurar em relação processual em que servidor estadual pretenda a isenção ou não incidência de IRRF, também não cabe à União exigir do Estado a retenção do imposto, se este não o fez; (xii) que também não há incidência de imposto de renda sobre juros moratórios e assim, ainda que se entenda devido o imposto sobre as diferenças em questão, não incide o mesmo sobre os juros moratórios pagos em razão do lapso temporal decorrido entre o momento em que o pagamento deveria ter sido feito e o momento do efetivo pagamento; (xiii) que o STF fez expedir a Resolução n.245/2002 em razão da qual os magistrados federais não sofreram a incidência do IR no recebimento de verbas de idêntica natureza, havendo violação do princípio da isonomia na tentativa de impor tal exação aos magistrados estaduais; (xiv) que não poderiam ser tributadas parcelas relativas a correção de valores recebidos a título de férias indenizadas e de 13o salário, pela natureza das verbas principais; (xv) que a pretensão do Fisco de receber o valor do imposto supostamente devido acrescido de multa e juros represente quebra do princípio da capacidade contributiva, por resultar em valor muito mais elevado a ser enfrentado pelo contribuinte. Em sessão realizada em 03 de março de 2011 pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador, a turma julgou PROCEDENTE em parte a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido, fundamentando que os argumentos utilizados pelo contribuinte afirmando os atos estavam em acordo com a legislação estadual da Bahia não justificam o recolhimento indevido, pois, deve ser considerada a legislação federal. Quanto ao art. 3º da Lei Complementar 20/2003, do Estado da Bahia, que dispõe expressamente que as diferenças em questão são de natureza indenizatória, cabe lembrar que o imposto de renda é regido por legislação federal, portanto, tal dispositivo não tem qualquer efeito tributário. Além disso, devese observar que a incidência do imposto independe da denominação do rendimento, e que as indenizações não gozam de isenção indistintamente, mas tão somente as previstas em lei específica que conceda a isenção, conforme previsto no art. 150, § 6º, da Constituição Federal. Quanto à responsabilidade da fonte pagadora pela retenção do IRRF, o Parecer Normativo SRF nº 1, de 24 de setembro de 2002, dispõe que tal responsabilidade extinguese na data fixada para a entrega da declaração de ajuste anual pessoa física, e que a falta de oferecimento dos rendimentos à tributação por parte desta última, a sujeita à exigência do imposto correspondente, acrescido de multa de ofício e juros de mora. É certo que, por determinação constitucional, se o Estado da Bahia tivesse efetuado a retenção do IRRF, o valor arrecadado lhe pertenceria. Entretanto, tal retenção não alteraria a obrigação do contribuinte de oferecer a integralidade do rendimento bruto à tributação do imposto de renda na declaração de ajuste anual. A exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF) e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO Processo nº 10580.720939/200919 Acórdão n.º 2802002.803 S2TE02 Fl. 129 5 Quanto à alegação de que não caberia a imposição de multa de ofício em razão do impugnante ter agido de boa fé, seguindo informação prestada pela fonte pagadora, cabe observar que a aplicação desta multa no percentual de 75% independe da intenção do agente, conforme estabelecido no art. 136, do CTN. Não se trata da multa qualificada no percentual de 150%, que depende da ocorrência de evidente intuito de fraude, conforme previsto no art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Foi alegado, também, que caberia o reconhecimento da isenção com base na Resolução do STF nº 245, de 2002, que reconheceu a isenção do abono vinculado a diferenças de URV conferido aos magistrados federais. Entretanto, tal resolução não pode ser estendida às verbas pagas aos Magistrados ou Membros do Ministério Público do Estado da Bahia, pois isto resultaria na concessão de isenção sem lei específica. Não se poderia, também, recorrer à analogia em matéria que trate de isenção, que está sujeita a interpretação literal, conforme preconiza o art. 111, inciso II, do CTN, não havendo, pela mesma razão, violação do princípio da isonomia. Quanto à tributação das diferenças de URV de forma isolada, sem que fossem considerados os rendimentos e deduções já declarados, cabe observar que, nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como que já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir prevista em tabela progressiva. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão. Quanto ao não cabimento da tributação de verbas relativas à correção incidente sobre férias indenizadas e 13o salário, a DRJ acolheu a impugnação, desconstituindo em parte o auto de infração para adequálo às corretas alegações do contribuinte. Intimado da supramencionada decisão (fls.137), interpôs tempestivamente o recurso de fl.138, repisando argumentos esgrimidos na impugnação, no sentido de conduzirem todos ao cancelamento do lançamento, salvo quando argui que a DRJ não enfrentou a tese de ilegitimidade da União para exigência do imposto, o que exigiria o retorno dos autos à DRJ para novo julgamento, de forma a não haver supressão de instância. Em sessão de julgamento do dia 28 de setembro de 2011, determinouse o sobrestamento do feito, tendo em vista o previsto no art. 26A, §1º, da Portaria 256/09 e à Portaria nº1, de 03 de janeiro de 2012 (art. 1º, Parágrafo Único), na medida em que o Recurso Extraordinário 614406RS, o qual teve sua repercussão geral reconhecida em 20.10.2010, e que ainda encontrase pendente de julgamento pelo Supremo Tribunal Federal, versa sobre matéria que em tese se assemelha ao presente caso. Com a edição da portaria MF n° 545/2013, foi afastada a necessidade de sobrestamento, razão pela qual o feito é ora apresentado à apreciação deste Colegiado. É o relatório. Voto Fl. 255DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 6 Conselheiro Carlos André Ribas de Mello, Relator. O Recurso é tempestivo e formalmente regular, razão pela qual dele tomo conhecimento. Preliminarmente, não assiste razão à Recorrente em sua alegação de supressão de instância, na medida em que o Acórdão examinou todas as alegações de defesa suscitadas em sua Impugnação. Outrossim, de logo deve ser pontuado que, inobstante o presente feito ter sido sobrestado por conta de se tratar da tributação de rendimentos recebidos acumuladamente, entendo que à presente hipótese não pode ser aplicado o entendimento manifestado pela Primeira Seção do STJ ao julgar o REsp 1.118.429∕SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), de acordo com o regime de que trata o art. 543C do CPC. Isto porque a fonte obrigacional do pagamento dos rendimentos objeto do lançamento vergastado, em que pese a referência a uma ação judicial e a natureza trabalhista das verbas, decorre diretamente de Lei em sentido formal e material, e não diretamente de uma condenação judicial, hipótese na qual deverseia observar o regime estabelecido pelo art. 100 da Constituição da República Federativa do Brasil. Quanto à suposta ilegitimidade ativa da União para a exigência do tributo, conforme exposto nas razões de embargante, a tese fundase na disposição constitucional do artigo 157, I, que determina caber aos Estados e ao Distrito Federal o produto da arrecadação do IRRF sobre rendimentos pagos por estes Entes Federativos, suas autarquias ou fundações públicas. A questão é singela e já foi objeto de decisão do CARF em diversas ocasiões, assentandose na jurisprudência deste Conselho que a ausência de retenção do imposto na fonte não exclui a competência da União para a constituição do crédito tributário de rendimentos sujeitos a incidência do imposto na DIRPF, nos termos da Súmula CARF n.12, verbis: “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” A título de obiter dictum, digase que é natural que a repartição das receitas tributárias haverá de ser observada, tratandose de matéria relativa às relações financeiras entre União e Estados e não à competência para a arrecadação do imposto. No mérito, a controvérsia ora apresentada reside na caracterização da natureza dos rendimentos auferidos pelo Contribuinte, membro do Ministério Público do Estado da Bahia, a título de recomposição de diferenças de remuneração havidas quando da conversão do Cruzeiro Real para URV, sendo que para o caso concreto é relevante citar que tratase de pagamento de verba prevista em Lei Estadual, in casu a Lei Complementar n° 20, de 8/9/2003, a qual o Recorrente tenta equivaler à verba paga aos magistrados federais e estendida ao Procuradores da República. Sendo certo que esse abono pago à magistratura federal foi objeto de Resolução administrativa nº 245/2002 do Supremo Tribunal Federal e que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional curvouse ao entendimento do STF, este manifestado em expediente administrativo interna corporis, e passou a tratar essa verba como isenta. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO Processo nº 10580.720939/200919 Acórdão n.º 2802002.803 S2TE02 Fl. 130 7 Destaco que a verba objeto da Resolução STF nº 245/2005 foi o abono previsto no art. 6° da Lei n° 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2° da Lei n° 10.474, de 2002, posteriormente estendida pela Lei Federal 10.477 aos membros do Ministério Público Federal. Este abono foi criado pela lei federal n° 9.655, de 1998 e alcançou unicamente a Magistratura Federal e, por extensão, o Ministério Público Federal. Os membros de MP estadual tiveram cada uma suas respectivas leis, sendo relevante ressaltar que os dispositivos legais Neste sentido, o art. 2° da Lei Federal n° 10.477/02 assim dispôs: Art. 2o O valor do abono variável concedido pelo art. 6o da Lei no 9.655, de 2 de junho de 1998, é aplicável aos membros do Ministério Público da União, com efeitos financeiros a partir da data nele mencionada e passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida pelo membro do Ministério Público da União, vigente à data daquela Lei, e a decorrente desta Lei. § 1o Serão abatidos do valor da diferença referida neste artigo todos e quaisquer reajustes remuneratórios percebidos ou incorporados pelos membros do Ministério Público da União, a qualquer título, por decisão administrativa ou judicial, após a publicação da Lei no 9.655, de 2 de junho de 1998. § 2o Os efeitos financeiros decorrentes deste artigo serão satisfeitos em 24 (vinte e quatro) parcelas mensais e sucessivas, a partir do mês de janeiro de 2003. Já o art. 6o da Lei no 9.655, de 2 de junho de 1998 estabelece que: “Art. 6o Aos membros do Poder Judiciário é concedido um abono variável, com efeitos financeiros a partir de 1o de janeiro de 1998 e até a data da promulgação da Emenda Constitucional que altera o inciso V do art. 93 da Constituição, correspondente à diferença entre a remuneração mensal atual de cada magistrado e o valor do subsídio que for fixado quando em vigor a referida Emenda Constitucional.” Ao passo que os arts. 2º e 3º da Lei Complementar n° 20, de 8/9/2003 do Estado da Bahia dispõem: “Art. 2º As diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nos. 613 e 614, serão apuradas mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de agosto de 2001, e o montante, correspondente a cada Procurador e Promotor de Justiça, será dividido em 36 parcelas iguais e consecutivas para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 3º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2º desta Lei.” Fl. 257DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 8 Com a devida vênia, não vislumbro identidade nas verbas de que tratam os atos normativos federais e o que veicula a lei complementar do Estado da Bahia ora examinada. A legislação federal demonstra apenas que o subsídio conhecido como “abono variável” foi criado com a finalidade de se atribuir aos membros do Poder Judiciário uma espécie de verba retroativa que corrigia as eventuais diferenças de escalonamento salarial. Já a verba percebida pelo Recorrente, na análise dos elementos constantes dos autos, se traduz em recomposição de natureza salarial, ainda que paga extemporaneamente, sendo certo que para fins de Imposto de Renda vige o princípio de impossibilidade de concessão de isenções heterônomas, razão pela qual é irrelevante, para fins da definição da natureza do rendimento, a classificação que lhe dá a sua fonte pagadora. Pontuese que não se trata de negar vigência ou atribuir ao citado dispositivo legal qualquer pecha de inconstitucionalidade, pois não se discute a natureza indenizatória da verba percebida, mas não se pode olvidar que nem toda indenização referese à recomposição de patrimônio, como no exemplo clássico dos lucros cessantes, e no presente caso entendo ter ocorrido uma recomposição salarial que, malgrado a extemporaneidade, significou acréscimo patrimonial. Todavia, a existência de um dispositivo legal considera a verba não tributável foi decisiva para a conduta do requerente, que declarou o rendimento com a mesma natureza atribuída pela fonte pagadora, razão pela qual é cabível a exoneração, exclusivamente, da multa de oficio em decorrência de um erro escusável induzido pela interpretação errônea dada pela fonte pagadora, no mesmo sentido dos acórdãos acórdãos 10616801, 10616360 e 19600065, cujos excertos são a seguir reproduzidos. “(...) MULTA DE OFÍCIO EXCLUSÃO Deve ser excluída do lançamento a multa de ofício quando o contribuinte agiu de acordo com orientação emitida pela fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos. (...)” (acórdão 10616801, de 06/03/2008, da 6ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes,relator Conselheiro Luiz Antonio de Paula) “ (...) MULTA DE OFICIO CONTRIBUINTE INDUZIDO A ERRO PELA FONTE PAGADORA Não comporta multa de oficio o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimentos. (...) (Acórdão n° 10616360, sessão de 23/01/2008, relator o Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos) “ (...) MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL. Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas por sua fonte pagadora, um ente estatal que qualificara de forma equivocada os rendimentos por ele recebidos, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício.(...)” (acórdão nº 19600065, de 02/12/2008, da 6ª Turma Especial do 1º Conselho de Contribuintes, conselheiro(a) relator(a) Valéria Pestana Marques) Fl. 258DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO Processo nº 10580.720939/200919 Acórdão n.º 2802002.803 S2TE02 Fl. 131 9 Ressaltese, por oportuno, que a exclusão da multa de ofício não implica na exigência substitutiva da multa de mora, eis que ambas possuem o caráter de penalidade, e neste voto se reconhece que o contribuinte agiu de boa fé, não podendo lhe ser imputado nenhum ilícito que merece tal imposição, na exata medida em que não se reconhece no crédito tributário natureza de pena. Com relação aos juros de mora, estes constituem mera atualização do valor do tributo para assegurarlhe a manutenção do seu valor quando pago a destempo, não se trata de sanção e possui previsão legal de incidência. Quanto a tese de não incidência do IRPF sobre verbas relativas a incidência de juros de mora sobre valores recebidos a destempo, na ausência de norma isentiva explícita, é de se observar o caráter tributável dos rendimentos em questão. Ademais, a legislação em vigor é taxativa ao determinar a sua tributação nos termos do art.55, XIV, do RIR: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; Ressaltese, ainda, que a tributação independe da denominação dos rendimentos, bastando para a incidência o benefício por qualquer forma e a qualquer título, nos termos do § 40, art. 3°, da Lei 7.713/88. Observese que o artigo 62 do Regimento do CARF, Portaria MF n.256/2009, veda que este Conselho deixe de aplicar dispositivos de lei ou decreto, ao fundamento de inconstitucionalidade, salvo quando declarados inconstitucionais por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. Do mesmo modo, a jurisprudência do STF e do STJ em matéria infraconstitucional, somente vincula os julgamentos do CARF, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, nos termos do artigo 62A do citado Regimento do CARF. Neste sentido, é relevante destacar que o Acórdão proferido no Agravo Regimental em Embargos de Divergência no REsp n° 1.163.490, veiculado pelo DJe de 21 de março de 2012, trata do alcance do decidido em sede de recurso repetitivo pelo Acórdão proferido no citado REsp n° 1.227.133. Desta forma, há que se entender pelo não cabimento à espécie dos autos do precedente que fundamentou a decisão recorrida, o REsp n° 1.227.133. Fl. 259DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO 10 De fato, ao apreciar o REsp n° 1.227.133, inicialmente o voto vencedor do Ministro Cesar Asfor Rocha reconhecia a nãoincidência do IR sobre juros moratórios, de forma ampla. Por outro lado, o julgamento dos embargos de declaração no referido recurso especial, publicado no DO de 02/12/11 reconheceu que os Ministros que acompanharam o voto do relator, deram provimento ao recurso em sentido mais restrito, reconhecendo apenas a não incidência do IR sobre juros moratórios, quando os mesmos incidem sobre rescisão de contrato de trabalho, o que levou à modificação da ementa do acórdão por ocasião dos referidos embargos de declaração. Portanto, voto pelo parcial provimento do Recurso, no sentido de excluir a multa de ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos André Ribas de Mello. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 29/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 14/ 04/2014 por CARLOS ANDRE RIBAS DE MELLO, Assinado digitalmente em 25/04/2014 por JORGE CLAUDIO DUART E CARDOSO
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