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Numero do processo: 18470.722122/2013-11
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. Demonstrada nos autos a intempestividade do recurso voluntário, não se conhece das razões de mérito.
Numero da decisão: 1001-000.254
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2013 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. Demonstrada nos autos a intempestividade do recurso voluntário, não se conhece das razões de mérito.
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RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. É assegurado ao Contribuinte a interposição de Recurso Voluntário no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da ciência da decisão recorrida. Demonstrada nos autos a intempestividade do recurso voluntário, não se conhece das razões de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, vencido o Conselheiro José Roberto Adelino da Silva, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 21 22 /2 01 3- 11 Fl. 46DF CARF MF Processo nº 18470.722122/201311 Acórdão n.º 1001000.254 S1C0T1 Fl. 47 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 14ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ), mediante o Acórdão nº 1245.746, de 25/04/2012 (efls. 35/39), objetivando a reforma do referido julgado. Em 03/01/2013, a empresa fez a opção pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional, que foi indeferida, mediante o “Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional”, de 25/02/2013 (efl. 14), sob o fundamento de que a pessoa jurídica incorreu, naquele momento, na(s) seguinte(s) situação(ões) impeditiva(s): Débito com a Secretaria da Receita Federal de natureza previdenciária, cuja exigibilidade não está suspensa. Lista de Débitos 1)Débito: 391789031 2)Débito: 391789040 Débito inscrito em Dívida Ativa da União (ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional), cuja exigibilidade não está suspensa. Lista de Débitos 1)Débito Código da Receita : 8822 Nome do Tributo: SIMPLES Número do Processo: 10768205147200416 Número da Inscrição: 7040402742491 Data da Inscrição : 12/08/2004 2)Débito Código da Receita: 8822 Nome do Tributo: SIMPLES Número do Processo: 18208109921200831 Número da Inscrição: 7041200724059 Data da Inscrição : 18/05/2012 A interessada apresentou manifestação de inconformidade contra o indeferimento da sua opção pelo Simples Nacional, argumentando que efetuou a quitação imediata dos débitos mediante a emissão de guia de GPS (anexada) e que não há motivos que impeçam a mudança de tributação. A DRJ considerou improcedente a manifestação de inconformidade e publicou acórdão com a seguinte ementa: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DA OPÇÃO. NÃO REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIAS. Comprovado que os débitos com a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, não foram pagos ou parcelados, dentro do Fl. 47DF CARF MF Processo nº 18470.722122/201311 Acórdão n.º 1001000.254 S1C0T1 Fl. 48 3 prazo de opção pelo Simples Nacional, ou seja, até 31 de janeiro no anocalendário de 2013, é correta o indeferimento do pedido de inclusão do contribuinte nesse regime. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Ciente da decisão de primeira instância em 27/03/2014 (quintafeira), conforme Aviso de Recebimento à efl. 38, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 29/04/2014 (terçafeira), conforme carimbo no documento (efls. 41). É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, o prazo para que seja interposto o Recurso Voluntário contra as decisões das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento é de 30 dias a partir da ciência da referida decisão: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. A Regra Geral sobre contagem de prazos no Processo Administrativo Fiscal é estabelecida pelo Art. 5º, do Decreto nº 70.235/72: "Art. 5º: Os prazos serão contínuos, excluindose, na sua contagem, o dia de início e incluindose o dia do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato." Acerca da Eficácia e Execução das Decisões, assim dispõe o Decreto n° 70.235/1972: Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; [...] No presente caso, a data de ciência foi dia 27/03/2014 (quintafeira). Considerandose que o decurso de trinta dias ocorreu no sábado, dia 26/04/2014, o marco final deve ser a segundafeira seguinte, dia 28/04/2014. Fl. 48DF CARF MF Processo nº 18470.722122/201311 Acórdão n.º 1001000.254 S1C0T1 Fl. 49 4 Tendo em vista que o recurso somente foi apresentado no dia 29/04/2014 (terçafeira), portanto, um (01) dia após o vencimento, o recurso voluntário é intempestivo e não deve ser conhecido por este colegiado, tornando definitiva, no âmbito administrativo, a decisão de primeira instância. Neste sentido, tendo em vista o não cumprimento do pressuposto de admissibilidade, previsto no art. 33 do Decreto 70.235/72, voto no sentido de não conhecer do recurso voluntário, por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 49DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.720640/2007-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00.
A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução das áreas de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama.
ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE.
Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Numero da decisão: 9202-005.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) declarada e considerar o Valor da Terra Nua (VTN) constante do laudo apresentado, de R$ 525,00 por hectare, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução das áreas de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
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ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução das áreas de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao Ibama. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) declarada e considerar o Valor da Terra Nua (VTN) constante do laudo apresentado, de R$ 525,00 por hectare, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 06 40 /2 00 7- 01 Fl. 202DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado). Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2201001.524, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase o presente processo de Notificação de Lançamento da exigência do Imposto Territorial Rural ITR, relativo ao exercício de 2005, no valor total de R$ 48.643,09, incidente sobre o imóvel rural denominado "Fazenda Pinhão", com NIRF — Número do Imóvel na Receita Federal — 2.069.4482, localizado no município de São Francisco de Paula/RS. O Contribuinte apesentou impugnação, à fl. 35/52. A DRJ de Campo Grande julgou, integralmente, procedente o lançamento, fls. 103/114. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 121/139, no qual rebate, em síntese, a prescindibilidade do ADA, reforçando a argumentação já feita anteriormente. A 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 142/148, DEU PROVIMENTO EM PARTE ao Recurso Ordinário, para restabelecer a área declarada a título de reserva legal equivalente a 146,5 ha, considerar 117,90ha a título de área de preservação permanente e restabelecer o valor do VTN declarado. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. A Área de Preservação Permanente identificada pelos parâmetros definidos no artigo 2º do Código Florestal, com a redação dada pela Lei 7.803, de 1989, deve ser devidamente Fl. 203DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 203 3 comprovada pelo sujeito passivo para permitir sua exclusão da área tributável pelo ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. MULTA DE OFÍCIO INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Às fls. 150/179, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial por divergência em relação aos seguintes pontos: 1. Necessidade de apresentação tempestiva do ADA os acórdãos, recorrido e paradigmas, partem de premissas fáticas idênticas, tendo em vista que todos discutem lançamentos relativos ao ITR de exercícios posteriores ao advento da Lei nº 10.165/2000, que alterou a redação do art. 17O, da Lei nº 6.938/81, para chegar a conclusões distintas. Enquanto o acórdão impugnado defende que, para a isenção do ITR sobre áreas de reserva legal e de preservação permanente, é possível dispensar a apresentação do ADA, com base no art. 17O da Lei nº 6.938/81, os acórdãos paradigmas, também tendo por base o mesmo dispositivo legal, entendem que a comprovação da existência da área de reserva legal e de preservação permanente por meio do ADA se tornou indispensável a partir do exercício de 2001 (com a vigência da Lei nº 10.165/2000). 2. Aceitação do desdobramento da área de 264,4 hectares, declarada como de Reserva Legal, em 146,5 hectares de Área de Reserva Legal e 117,9 hectares de Área de Preservação Permanente, com fundamento em erro de fato – o acórdão recorrido admitiu o erro de fato do Contribuinte ao informar a área de reserva legal em discrepância com a decisão do acórdão paradigma, que inadmitiu o erro de fato para possibilitar a isenção do ITR. 3. Possibiliade de arbitramento do VTN pelo valor médio das DITR no acórdão paradigma, diante da falta de apresentação pelo contribuinte de laudo técnico apto a confirmar o VTN declarado, mantevese o arbitramento do VTN efetuado pela autoridade fiscal com base nas informações do SIPT, o qual, naquele caso, havia sido apurado a partir das médias das DITRs apresentadas no município. Patente, portanto, a divergência jurisprudencial. Enquanto no acórdão paradigma nº 2102 01.664 manteve se o lançamento de ITR em que o arbitramento do VTN foi efetuado com base na média das DITRs do município, no acórdão recorrido cancelou se a autuação sob o argumento de que o arbitramento não pode ser feito com base no preço médio de terra para pastagem, informada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA). E mais, o paradigma, ao referir se à necessidade de que o laudo técnico de avaliação produzido pelo contribuinte atenda às normas técnicas da ABNT, assentou que “somente laudo técnico que analisa pormenorizadamente o imóvel rural, segundo a norma da abnt vigente na data da produção do laudo, pode contraditar o valor do sipt”. Às fls. 182/188, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO PARCIAL ao recurso especial apenas em relação às duas matérias: 1. obrigatoriedade de apresentação tempestiva do ADA, para exclusão da APP Área de Fl. 204DF CARF MF 4 Preservação Permanente e da ARL Área de Reserva Legal da tributação do ITR/2004 e 3. possibilidade de arbitramento do VTN pelo valor médio das DITR. Devidamente intimado à fl. 198, o Contribuinte mantevese inerte, vindo os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase o presente processo de Notificação de Lançamento da exigência do Imposto Territorial Rural ITR, relativo ao exercício de 2005, no valor total de R$ 48.643,09, incidente sobre o imóvel rural denominado "Fazenda Pinhão", com NIRF — Número do Imóvel na Receita Federal — 2.069.4482, localizado no município de São Francisco de Paula/RS. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à obrigatoriedade de apresentação tempestiva do ADA, para exclusão da APP Área de Preservação Permanente e da ARL Área de Reserva Legal da tributação do ITR/2004 e à possibilidade de arbitramento do VTN pelo valor médio das DITR. A questão controvertida diz respeito à exigência da averbação da área de reserva legal a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, e para isso adoto as razões do acórdão 9202.02146, proferido pela Composição anterior da 2ª Turma da Câmara Superior, da lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire. Para tanto, devemos analisar a legislação aplicável ao tema e para isso transcrevo os trechos que interessam do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: Fl. 205DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 204 5 a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Da transcrição acima, destacase que, quando da apuração do imposto devido, excluise da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas de interesse ecológico, das imprestáveis para qualquer exploração agrícola, das submetidas a regime de servidão florestal ou ambiental, das cobertas por florestas e as alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de preservação permanente é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso reste comprovada posteriormente a falsidade das declarações. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da existência de ADA tempestivo para reconhecimento da área como de preservação permanente. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da existência de ADA tempestivo para reconhecimento da área como de preservação permanente. O Acórdão recorrido da Turma Ordinária assim dispôs: Tratase, nos termos da legislação em vigor, de tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo sua apuração e recolhimento de responsabilidade do contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, sujeitandose a posterior homologação como explicitado no art. 10º, da Lei nº 9.393/96. Fl. 206DF CARF MF 6 Entendo estarem presentes os requisitos para a fruição de parte da dedução dessas áreas da base de cálculo do tributo em questão, é que nas matrículas estão averbadas áreas que totalizam 264,4 hectares de área de utilização limitada Assim, demonstrada a existência de 264,4 hectares de reserva legal, área passível de exclusão da base de cálculo. Resta claro o erro de fato. Assim, entendo comprovada a área declarada a título de reserva legal de 146,5 hectares e 117,9 a título de APP. O Recorrente questiona, ainda, o arbitramento do VTN pela autoridade fiscal. Sustenta, como relatado anteriormente, que a SRF não obteve, junto aos órgãos competentes, as informações previstas em lei como necessárias sobre preços de terras para alimentar o SIPT trazendo como comprovação os documentos de fls. 6 (fls.,7 do PDF) No caso em exame, entretanto, o arbitramento se baseou única e exclusivamente nas informações do SIPT, como se verifica do extrato da tela do sistema da Receita Federal do Brasil de fls. 34.. Saliento que a partir de 2001, para fins de redução do ITR, a previsão expressa é a de que haja comprovação de que houve a comunicação tempestiva ao órgão de fiscalização ambiental, e que isso ocorra por meio de documentação hábil. Entendo aqui que a documentação hábil engloba um conjunto de documentos possíveis e não apenas o protocolo de ADA. Em linhas gerais temos condições diferentes para reconhecimento da isenção quando se trata de (a) área de reserva legal e (b) área de preservação permanente. (a) Assim quanto a área de Reserva Legal, e meu ver não existe prazo para comprovação de sua existência, logo não é necessário que a averbação da reserva legal seja realizada antes do fato gerador, pois se a área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é isso que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. (b) Já quanto a área de preservação permanente, para que esta seja considerada isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, não considero a apresentação de ADA como prova exclusiva de sua existência, pois a meu ver existem outros documentos hábeis a esta comprovação, como, por exemplo, laudos, fotos, averbações. Isso é quanto ao direito. Passo agora a análise das provas. No caso dos autos, em relação ao exercício 2005, observo que o contribuinte trouxe duas vezes aos autos as matrículas do imóvel com as devidas averbações, sejam elas: 1. matricula 21.799 averbado 31,4 ha fls 69 APP 2. matrícula 21.800 averbado 116,5 ha fls 70 ARL Fl. 207DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 205 7 3. matrícula 21. 801 averbado 116,5 ha fls 71 ARL Todas estas informações corroboradas por laudo técnico, apresentado as fls. 25/29 e 70/78. É fato que as averbações falam de área de proteção permanente e área de reserva limitada, não especificando exatamente cada uma, mas isso, a meu ver, não retira da terra sua natureza de isenção ao ITR. Necessário, contudo analisar as porções de terra que são isentas. O Contribuinte declarou 146,5 ha de área de reserva legal e 219, 8 de preservação permanente. Das averbações acostadas observo a existência de um total de 264,4 ha de área de utilização limitada. Deste modo, conforme alegações do Contribuinte, as quais podem ser verificadas com as provas dos autos, mantenho a decisão do acórdão recorrido: Assim, demonstrada a existência de 264,4 hectares de reserva legal, área passível de exclusão da base de cálculo. Resta claro o erro de fato. Assim, entendo comprovada a área declarada a título de reserva legal de 146,5 hectares e 117,9 a título de APP. Ainda quanto ao Valor da Terra Nua VTN entendo que deva ser aplicado o VTN constante do laudo apresentado pelo Contribuinte as fls 28, vez que este é contemporâneo à época dos fatos. Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e darlhe provimento parcial, na extensão exposta acima. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 208DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Inicialmente, alinhome integralmente ao posicionamento esposado pela relatora quanto ao VTN, fazendo notar que, com fulcro no disposto nos art. 14, § 1o. da Lei nº 9.396, de 1996, quando combinado com o art. 12, II, da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, só seria de se aceitar, no caso em questão, o arbitramento pelo SIPT quando efetuado com utilização do VTN médio que leve em consideração também o fator de aptidão agrícola, verbis: Lei 9.393/96 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.(g.n.) Lei 8.629/93 Art.12.Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) I localização do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II aptidão agrícola;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IIIdimensão do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV área ocupada e ancianidade das posses;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) (grifei) §1oVerificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, procederseá à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendose o preço da terra a ser Fl. 209DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 206 9 indenizado em TDA.(Redação dada Medida Provisória nº 2.183 56, de 2001) §2oIntegram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel.(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) Noto que, a partir do disposto no demonstrativo de efl. 7, foi utilizado, para fins de arbitramento, pela autoridade fiscal, o valor de VTN constante do SIPT sem aptidão agrícola, assim, sem plena observância ao requisito legal de sua consideração para fins do arbitramento realizado. Assim, de se considerar o VTN constante do laudo apresentado pelo Contribuinte à efl. 36 (fl. 28), superior ao declarado pelo contribuinte, em linha com o proposto pela Relatora. Todavia, com a devida vênia ao entendimento esposado pela relatora quanto à exclusão da área de preservação permanente, ouso discordar. Acerca do tema, entendo que a fruição da redução da base de cálculo do ITR (possuidora, a meu ver de natureza isentiva), seja por áreas de preservação permanente ou de interesse ecológico, encontra um de seus requisitos legais claramente estabelecido, desde 2000, a partir do disposto no art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em especial em seu caput e parágrafo 1º, com atual redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...)o. § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (g.n.) Ou seja, mandatório para que se admita a redução da base tributável de áreas a título de Preservação Permanente ou de Interesse Ecológico que constem as mesmas de ADA entregue ao IBAMA. Tratase aqui, notese, de dispositivo legal específico, posterior à Lei no. 9.393, de 1996, restando, assim, quando da instituição de tal requisito, plenamente respeitado o princípio da Reserva Legal. Notese ser plenamente consistente a coexistência de tal obrigação com a vigência e aplicação da Lei no. 9.393, de 1996, sem qualquer tipo de antinomia. Ainda, de se rejeitar qualquer argumentação de revogação do dispositivo pelo §7° do art. 10 da Lei n.° 9.393, de 1996, instituído pela Medida Provisória n.° 2.166 67/01. O que se estabelece ali é uma desnecessidade de comprovação prévia tão somente no momento da declaração (DITR), sendo perfeitamente factível, porém, que, posteriormente, em sede de ação fiscal, sejam demandados elementos necessários à comprovação do constante na DITR do declarante e realizado o lançamento no caso de insuficientes elementos Fl. 210DF CARF MF 10 comprobatórios, a partir do expressamente disposto nos arts. 14 e 15 daquela mesma Lei no. 9.393, de 1996. Tal posicionamento encontrase muito bem detalhado no âmbito do Acórdão CSRF 9202003.620, de 04 de março de 2015, no qual funcionei como Redator ad hoc do voto vencedor em substituição ao redator do voto designado, Dr. Alexandre Naoki Nishioka, adotando assim aqui seus fundamentos a seguir como razões de decidir, verbis: "(...) Pois bem. Muito embora inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer fundamento para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17 O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ora, de acordo com uma interpretação evolutiva do referido dispositivo legal, isto é, cotejandose o texto aprovado quando da edição da Lei n.° 9.960/00, em contraposição à modificação introduzida pela Lei n.° 10.165/00, verificase que, para o fim específico da legislação tributária, passouse a exigir a apresentação do ADA, como requisito inafastável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Assim, sendo certo que as normas que instituem isenções devem ser interpretadas de forma estrita, ainda que não se recorra somente ao seu aspecto literal, como se poderia entender de urna análise superficial do art. 111, do Código Tributário Nacional, fato é que, no que atine às regras tratadas como exclusão do crédito tributário pelo referido codex, a legislação não pode ser interpretada de maneira extensiva, de maneira que não há como afastar a exigência do ADA para o fim específico de possibilitar a redução da base de cálculo do ITR. (...)" Atendose mais especificamente ao caso em questão, notase, ao compulsar os autos, que o referido requisito de apresentação do ADA não foi efetivamente cumprido pelo contribuinte. Quanto à natureza da averbação de efl. 81, no caso das áreas de preservação permanente, faço notar que ali se está diante de áreas que: a) destinamse proteção aos cursos d'água, lagoas, nascentes, topos de morros, restingas e encostas, hipótese em que, entendo, carecem de análise do IBAMA acerca de seu interesse ambiental ou b) são declaradas por ato do Poder Público, destinandose a atenuar a erosão, fixar dunas, formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias, auxílio à defesa nacional, proteção de sítios de excepcional beleza, de valor científico ou histórico, asilos de fauna e flora, de proteção à vida e manutenção das populações silvícolas e para assegurar o bemestar público. Em ambas as hipóteses, para as áreas de preservação permanente, de se rejeitar a natureza constitutiva de qualquer averbação realizada. Aqui, especificamente no caso das APPs, somente possuem esta natureza Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 207 11 constitutiva, em meu entendimento, respectivamente: a) o ADA (ou ainda, a protocolização de seu requerimento, ambos, notese, representando ciência ao competente órgão ambiental) ou b) o referido ato do Poder Público. Assim, insuprível, quanto à área de preservação permanente de 219,8 ha. declarada, a não apresentação do ADA pela averbação de efl. 81. Destarte, quanto à matéria de APP, dou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, de forma a restabelecer a glosa de 219,8 ha. perpretada pela autoridade lançadora. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por lhe dar provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) declarada e considerar o Valor da Terra Nua (VTN) constante do laudo apresentado, de R$ 525,00 por hectare. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 212DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13976.720044/2012-16
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2010
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU DEMONSTRATIVO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN.
Numero da decisão: 1001-000.203
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa.
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU DEMONSTRATIVO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN.
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 6. 72 00 44 /2 01 2- 16 Fl. 27DF CARF MF Processo nº 13976.720044/201216 Acórdão n.º 1001000.203 S1C0T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 18 a 25) interposto contra o Acórdão nº 0946.388, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG (fls. 13 a 15), que, por unanimidade, julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: " ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU DEMONSTRATIVO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN. RETROATIVIDADE BENIGNA. REDUÇÃO DA MULTA. A lei nova aplicase a ato ou fato não definitivamente julgados quando lhes comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " Tratase de lançamento, no valor de R$ 15.000,00, relativo a multa por atraso na entrega da(o) FCONT referente a(o) AC 2010. A contribuinte apresentou impugnação pedindo o cancelamento da multa, em resumo, sob o argumento de estar amparada pelo instituto da denúncia espontânea, estabelecido no art. 138 do CTN." Inconformado com a decisão de primeira instância, após regularmente cientificado da decisão, o contribuinte apresentou o presente Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos expostos na Impugnação, qual seja o da denúncia espontânea. É o relatório. Fl. 28DF CARF MF Processo nº 13976.720044/201216 Acórdão n.º 1001000.203 S1C0T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Quanto ao mérito, por concordar com todos os seus termos e conclusões, e em atenção ao disposto no §3º do art. 57 do RICARF, adoto as razões exaradas pela decisão da DRJ ora combatida. Para tanto, reproduzo os tópicos atinentes às matérias ora tratadas: "(...) A interpretação do art. 113 do CTN mostra que as obrigações principal e acessória têm fatos geradores distintos e independentes, sendo que o simples fato de não observar a obrigação acessória constitui o fato gerador da obrigação principal de pagar a respectiva penalidade pecuniária. A penalidade em discussão está expressamente prevista em lei, conforme enquadramento legal constante do lançamento, vinculando toda a Administração Pública, em face do princípio constitucional da legalidade. Registrese que não cabe na esfera administrativa a apreciação de aspectos ligados à constitucionalidade de dispositivos legais plenamente eficazes. Assim, constatado o atraso no adimplemento da obrigação acessória, o lançamento da multa é de natureza vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142 do CTN). Ademais, salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 136 do CTN). Assim, a exigência da multa independe de culpa ou dolo do sujeito passivo. O atraso na entrega da DMED é ostensivo, evidente por si só, sendo desnecessário qualquer procedimento fiscal prévio. O instituto da denúncia espontânea, versado no artigo 138 do CTN, não se aplica às multas por atraso na entrega de Declaração, Demonstrativo e Escrituração Digital, consoante entendimento pacificado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Essa matéria encontrase também pacificada no âmbito do Poder Judiciário. A título exemplificativo, cito manifestação do Superior Tribunal de Justiça, em decisão unânime de sua Primeira Turma provendo o RE da Fazenda Nacional nº 246.963/PR (acórdão publicado em 05/06/2000 no Diário da Justiça da União – DJUe): Tributário. Denúncia espontânea. Entrega com atraso de declaração de contribuições e tributos federais – DCTF. Fl. 29DF CARF MF Processo nº 13976.720044/201216 Acórdão n.º 1001000.203 S1C0T1 Fl. 5 4 1. A entidade “denúncia espontânea” não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a Declaração de Contribuições e Tributos Federais – DCTF. 2. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. 3. Recurso especial provido. Portanto, como no presente caso é incontroverso o atraso no cumprimento da obrigação acessória, correta a exigência da multa legalmente estabelecida. Não obstante, em virtude do princípio da retroatividade benigna, deve ser reduzida a multa aplicada. (...)" Assim, com base nos argumentos supra colacionados, provenientes da DRJ de origem, entendo que os argumentos esposados pela Recorrente não devem ser acolhidos. Portanto, a decisão de primeira instância, que reduziu o valor da multa lançada, não merece qualquer reparo. Desta forma, VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo in totum a decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 30DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10293.720063/2007-76
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO.
Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal.
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ESTABELECIMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE.
Não é possível o reconhecimento de ofício, por decisão do CARF, de área de preservação permanente, para dedução da área do imóvel rural, quando essa área não foi originalmente declarada pelo sujeito passivo. O procedimento adequado é o de retificação de declaração.
Numero da decisão: 9202-006.332
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto a Área de Preservação Permanente - APP e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ESTABELECIMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível o reconhecimento de ofício, por decisão do CARF, de área de preservação permanente, para dedução da área do imóvel rural, quando essa área não foi originalmente declarada pelo sujeito passivo. O procedimento adequado é o de retificação de declaração.
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ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ESTABELECIMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. Não é possível o reconhecimento de ofício, por decisão do CARF, de área de preservação permanente, para dedução da área do imóvel rural, quando essa área não foi originalmente declarada pelo sujeito passivo. O procedimento adequado é o de retificação de declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto a Área de Preservação Permanente APP e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 29 3. 72 00 63 /2 00 7- 76 Fl. 560DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 561 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Da autuação ao recurso voluntário Trata o presente processo de exigência de Imposto sobre a propriedade Territorial Rural – ITR, tendo em vista a falta de comprovação da isenção da área de reserva legal ARL, bem como do valor da terra nua VTN declarados pelo contribuinte em sua DITR/2004. Tais falhas importaram em crédito tributário composto por imposto lançado, juros de mora e multa de ofício que montaram a R$ 817.228,34, exigidos na notificação de lançamento às efls. 107 a 110, cientificada ao contribuinte em 31/10/2007 (efl. 269). O lançamento foi impugnado, pela inventariante às efls. 115 a 123, em 03/12/2007. Já a DRJ/BSB, no acórdão 0333.817, prolatado em 14/10/2009, às efls. 274 a 289, considerou a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário lançado. Inconformada, em 08/12/2009, a inventariante interpôs recurso voluntário, às efls. 294 a 309, alegando, em síntese que: § houve desconsideração do laudo técnico apresentado, demonstrando a ARL e APP, e foi ignorado o pedido de produção de prova pericial à DRJ, importando em cerceamento do direito de defesa da autuada; § o imóvel rural possui 80% da área total do imóvel como ARL, tanto o laudo apresentado como o Instituto do Meio Ambiente do Estado do Acre IMAC atestam a existência dessa área, apesar de ela não estar averbada à margem da matrícula do imóvel em razão da existência de posseiro nela; § exigência do averbamento em registro de imóveis e a informação ao IBAMA da área de reserva legal na data do fato gerador, não é condição essencial para fruição da isenção de ITR , vez que a Lei 9.393/96, não estabeleceu expressamente tais requisitos além disso; § Ressalta que, por um lapso a área de preservação permanente de 90,0 ha, conforme informado no Laudo, não foi declarada, e tal fato não é óbice ao reconhecimento dessa área; e § a notificação de lançamento utilizase de multa de caráter confiscatório que fica mais evidenciada como a existência de outro lançamento da mesma grandeza para o exercício de 2005. Acórdão do recurso voluntário Fl. 561DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 562 3 O recurso voluntário foi apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 16/07/2013, resultando no acórdão 2102002.364, às efls. 495 a 508, que tem as seguintes ementas: CERCEAMENTO DE DEFESA. DA PROVA PERICIAL. A apreciação da prova trazida é objeto de convencimento do julgador, não implicando em cerceamento de defesa,tão somente, porque o julgador não acatou os argumentos postos pelo recorrente, não ensejando a diminuição no poder de defesa do mesmo. A perícia somente é necessária quando a matéria exige conhecimento técnico específico. ITR. ÁREA TRIBUTÁVEL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DESNECESSIDADE DE ADA. Por se tratar de área que independe da vontade do proprietário para a exclusão, bem como do reconhecimento do poder público, desnecessária seria a apresentação de ADA, bastando sua informação na DITR conforme § 7º, do art. 10 da Lei 9.393/96. ÁREA DE RESERVA LEGAL. DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. NECESSIDADE DE AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA. Por se tratar de área ambiental cuja existência independe da vontade do proprietário e de reconhecimento por parte do Poder Público, a apresentação do ADA ao Ibama não é condição indispensável para a exclusão da área de reserva legal. Entretanto, para o seu reconhecimento é imprescindível a averbação da ARL à margem da matrícula do imóvel. No caso, não tendo sido averbada a ARL declarada, correta a glosa da área para fins de cálculo do ITR devido. VTN. ARBITRAMENTO. LAUDO TÉCNICO.A fazenda arbitrou o valor da terra nua com base no laudo trazido pelo próprio contribuinte, tendo em vista que, quando da apresentação de sua declaração havia informado valor sub avaliado. Possibilidade de arbitramento. DA MULTA. CARÁTER CONFISCATÓRIO. A vedação ao confisco pela CF é dirigida ao legislador, cabendo à autoridade administrativa apenas aplicar a lei O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a Área de Preservação Permanente, vencido o conselheiro Fabio Brun Goldschimidt (relator) que além disso, restabelecia a área de reserva legal, e os Conselheiros Antonio Lopo Martinez e Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, que negavam provimento ao recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. Fl. 562DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 563 4 A leitura dos votos faz ver que o relator restabeleceu a APP e a ARL, apesar da falta do ADA. Contudo, há voto vencedor, apenas quanto à ARL, que deixa de restabelecê la em razão da falta de sua averbação à margem da matrícula do imóvel; esse voto nada diz sobre o ADA, pontuando que no restante acompanha o relator. Salientese que, como não houve glosa de APP no auto de infração, poderse ia entender que esse ponto da decisão teria sido irrelevante. Todavia, me parece razoável interpretar que a decisão recorrida teria, na verdade, reconhecido a existência de uma APP não declarada originalmente e determinado que fosse feita a alteração de ofício da declaração do sujeito passivo, para reconhecimento da área. Para comprovação da conclusão acima, cabe reprodução de alguns excertos do voto do relator, nos termos a seguir: Por fim, quanto à alegada impossibilidade de retificação da DIRT(fl.08) do período (visando a inclusão da APP), eis que posterior ao início da fiscalização, destaco que a própria fiscalização retificou os dados da DIRT antes apresentada para fins de majorar o VTN, por conta do novo valor apontado pelo laudo apresentado pelo contribuinte, mas está a impedir a retificação quanto à APP que seriam baseadas neste mesmo laudo de fls.46 71, (acatado pelo fisco, em sua integralidade) o que não se mostra razoável e afronta o primado da verdade real. Por essa razão, visto que comprovada e reconhecida a existência de ARL e APP, por todos os motivos expostos, entendo que deva ser provido o recurso voluntário nesse tocante, entendendo que, para fins de apuração do ITR em questão, sejam excluídas tais áreas da “área tributável”, mantendose o VTN apontado pelo laudo apresentado pelo contribuinte, em relação ao qual não houve impugnação. RE da Fazenda Nacional Intimada do acórdão em 15/04/2014 (efl. 509), a Procuradoria da Fazenda Nacional, 07/05/2014, a ele interpôs recurso especial de divergência, às efls. 510 a 521. A Procuradora afirma que no acórdão recorrido se considerou que a exigência de ADA para o reconhecimento de área de preservação permanente e área de reserva legal somente se aplica às áreas para as quais a sua própria existência dependa de reconhecimento por parte do Poder Público, não se aplicando àquelas cuja existência decorre diretamente da lei. Contudo, o colegiado entendeu que a área de reserva legal deve estar averbada tempestivamente na matrícula do imóvel para que seja afastada da tributação pelo ITR. Foram indicados como paradigmas das divergências para a matéria os acórdãos nº 30239.414 e 30236.278, ambos exigindo a utilização de ADA para redução do cálculo do ITR. Por fim, o Procurador requer o conhecimento e o provimento do recurso especial de divergência para reformar o acórdão recorrido, restabelecendose a exigência tributária na sua integralidade. Fl. 563DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 564 5 O RE da Fazenda foi apreciado pela Presidente da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos dos arts. 67 e 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015, por meio do despacho de efls. 523 a 525, datado de 16/03/2016, entendendo por lhe dar seguimento em relação a obrigatoriedade de ADA para exclusão das áreas de preservação permanente e de reserva legal da tributação do ITR. Contrarrazões do contribuinte Intimado (efl. 533) do acórdão do recurso voluntário nº 2102002.364 e do recurso especial da Fazenda, em 22/04/2016 (efl. 538), o representante do contribuinte veio a apresentar contrarrazões, em 02/05/2016, conforme consta às efls. 543 a 548. Na mesma oportunidade, apresentou documento que manejou a título de "Embargos de Declaração", às e fls. 549 a 552. Preliminarmente, afirma que os paradigmas indicados pelo Procurador teriam sido proferidos pelo mesmo colegiado que exarou o acórdão recorrido, 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento, com isso desatendendo o requisito regimental de que a divergência só se estabelece entre decisões de diferentes colegiados, por isso o recurso especial de divergência da Fazenda não poderia ser conhecido. Na sua argumentação o defensor do sujeito passivo reafirma que a exigência do ADA e de averbação da área de reserva legal, feita pelo art. 10 da IN SRF nº 67/97, com a finalidade de excluir da tributação referida área, denota que a IN extrapolou a sua função, ao criar obrigação totalmente nova, não prevista na lei 9.393/96, contrariando o disposto no art. 97. inciso VI, do CTN. Apresenta jurisprudências administrativa e judicial que suportariam sua tese. No segundo documento, encaminhado como embargos, repete a argumentação posta na preliminar de suas contrarrazões, tratando isso como uma contradição, mas requerendo que o recurso especial de divergência do Procurador não seja admitido. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso a ser analisado é tempestivo. Passo a analisar a alegação de não conhecimento, constante tanto das contrarrazões do sujeito passivo, quanto de sua peça adicional, denominada de embargos. De pronto, temos que esclarecer que não cabe sequer embargos contra despacho de análise de admissibilidade de recurso especial e, portanto, formalmente não caberia o conhecimento da peça. Todavia, pelo princípio da fungibilidade recursal, verificase que o conteúdo da peça reforça tão somente as contrarrazões, pugnando pelo não conhecimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Assim, recebo a peça como complemento às contrarrazões. Fl. 564DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 565 6 Em ambas as peças, é alegado que os paradigmas não serviriam para comprovação da divergência, pois teriam sido proferidos pelo mesmo colegiado. Tal afirmação não procede. Com efeito, os paradigmas 30239.414 e 30236.278 foram prolatados por colegiados dos antigos conselhos de contribuintes que diferem do colegiado recorrido, componente da atual estrutura do CARF. Prossigo, verificando o interesse recursal da Fazenda Nacional, mormente no tocante à área de preservação permanente APP. Para contextualização da questão, fazse necessária uma contextualização do lançamento e da decisão recorrida, nos termos a seguir. De início, tanto a descrição dos fatos e enquadramento legal, quanto o demonstrativo do imposto devido, deixam claro que não teria havido glosa com relação à área de preservação permanente, na notificação de lançamento em litígio neste processo. Aliás, extraímos do demonstrativo o que segue: Fica claro que nem mesmo havia sido declarada pela contribuinte, em DITR, a existência de área de preservação permanente, logo, não se poderia afastála da área tributável. para que fosse restabelecida como pretendeu o voto vencedor. Em resposta à intimação realizada no procedimento fiscal, às efls. 19 a 21, a e então representante do sujeito passivo afirmou a existência de laudo técnico que constatava a ARL de 27.220,10ha e mais: No laudo também foi apontado a existência de 90ha de área de preservação permanente, que também deve ser considerada em prestígio ao principio da verdade material. Tal área não foi considerada, aparentemente por não constar da DITR nem cumprir os requisitos legais (faltava o ADA). Após o lançamento, quando da impugnação, à efl. 121, a defensora do sujeito passivo, afirmava: Fl. 565DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 566 7 16. Outrossim, por um lapso a área de preservação permanente não foi declarada, mas a mesma existe e é de 90ha, conforme informado no laudo de avaliação do imóvel . Tal fato não é óbice ao reconhecimento da preservação permanente, como, aliás, já reconhecido pela Receita Federal: (...) Ou seja, interpreto que nesse momento quis a defesa, com base na verdade material, ver retificada sua declaração de ITR, mesmo sem a comprovação por documento hábil para tanto. Não tinha o ADA que suportasse esse pedido. No acórdão que analisou a impugnação, teve o pedido analisado, sem que constasse sua aceitação, expressamente por falta do ADA. O acórdão da DRJ teve a seguinte lavra: Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, votar no sentido de rejeitar a preliminar argüida e, no mérito considerar improcedente a impugnação referente ao lançamento consubstanciado na Notificação n° 02301/00040/2007 de fls. 95/98, mantendose a exigência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Assim, aquele pedido, que carecia de elementos para sua aceitação e não fazia parte da notificação de lançamento que foi integralmente mantida, sem qualquer ressalva, não compunha o litígio, pois não houve qualquer falta da fiscalização ao não utilizar dados que estavam fora da DITR e nem suportadas pelos documentos necessários de acordo com a legislação. Todavia, o colegiado a quo, ainda que de forma não muito clara, reconheceu a existência da área e determinou a retificação de ofício da declaração, para sua consideração no cômputo do tributo devido no período. Nesse sentido, cabe referir o resultado do acórdão nº 2202002.364 importou no "provimento parcial ao recurso para restabelecer a Área de Preservação Permanente", restabelecendo algo que não fora afastado. Feitos esses esclarecimento, podemos passar à análise da divergência alegada pela Fazenda Nacional. Em resumo, a divergência levantada no recurso especial da Fazenda trata da necessidade de apresentação, de Ato Declaratório Ambiental – ADA, para se permitir a dedução de áreas de preservação permanente e de reserva legal da base de cálculo do ITR, para o exercício de 2004. Ela nasceu de posicionamento no acórdão recorrido que analisou inclusive o que na verdade era o pedido de inclusão da APP na área não tributável; reforço, que apesar de nunca ter sido excluído, restou inserido de ofício. No caso em litígio, notase que os representantes do espólio não lograram juntar provas da existência do ADA. Resumiram a defesa ao entendimento de que aquele ato era exigência normativa sem repercussão tributária, bastando o laudo pericial de avaliação e suposto reconhecimento pelo IMAC da existência das áreas de preservação permanente e de reserva legal. Fl. 566DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 567 8 Quanto à divergência de critérios jurídicos, ela fica clara quando vemos que, no acórdão recorrido dispensase a apresentação do Ato Declaratório Ambiental ADA, para fins de exclusão da área de preservação permanente, enquanto nos acórdãos apresentados a título de paradigma, ela é exigida. Assim, acompanho a conclusão do despacho que admitiu o recurso especial de divergência da Fazenda, pois entendo que de fato, havia interesse de agir da Procuradora em face acórdão recorrido, pois foi mantida a exclusão da ARL que gerou o crédito tributário em litígio, e determinado o "restabelecimento" (leiase o reconhecimento de ofício) da APP, que, assim passou a compor a lide. Em outras palavras, apesar de não se poder restabelecer o que não foi retirado ou excluído, estabeleceuse de ofício o que não havia sido declarado originalmente. Cabe colocar que, quanto à área de preservação permanente, o acórdão recorrido dispensou a obrigação de apresentação do ADA, contudo, em razão da falta da averbação competente manteve essa área dentro da esfera de tributação pelo ITR. Logo, entendo irrelevante, por falta de objeto, a discussão desta matéria RL no presente recurso. Dessa forma, entendo não verifico interesse recursal da Fazenda Nacional quanto à discussão da área de Reserva Legal. Portanto, conheço parcialmente do recurso especial da Fazenda Nacional, apenas quanto à área de preservação permanente. Passo à análise de mérito. Inicio a análise do mérito delimitando o litígio. Pois bem, a decisão recorrida: negou provimento ao Recurso Voluntário quanto à reversão da glosa da área de Reserva Legal; e deu provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer de ofício a área de Preservação Permanente. Portanto, está em litígio apenas a discussão quanto à área de Preservação Permanente. Assim, passo à análise dessa questão. Área de preservação permanente Quanto ao Ato Declaratório Ambiental, há que se esclarecer que sua apresentação passou a ser obrigatória com o advento da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que alterou a redação do art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, fazendo estampar, em seu §1º, que “A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória”. Anteriormente, o mesmo dispositivo legal dizia que o ADA era opcional. A interpretação literal e restritiva quando da concessão de benefício fiscal, decorrente do art. 111 da Lei nº 5172 de 25/10/1966 CTN, impõe que se exija a apresentação do ADA. O prazo para a apresentação do documento foi definido na legislação infralegal. Fl. 567DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 568 9 Minha posição histórica era no sentido de acatar a apresentação do ADA de acordo com prazo estabelecido em instrução normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil que possibilitava a sua entrega em até seis meses contados a partir do término do prazo de entrega da DITR (conforme disposto no inc. I do § 3º do art. 9º da IN RFB nº 256 de 11/12/2002, vigente á época do fato gerador). A declaração do exercício de 2005 deveria ser entregue até o dia 30 de setembro de 2005, conforme dispunha o art. 3º da Instrução Normativa SRF nº 554, de 12/07/2005. Assim, o ADA relativo ao exercício de 2004 poderia ser entregue até o dia 31 de março de 2005. Contudo, após analisar com maior profundidade os argumentos apresentados pelos demais conselheiros, alterei meu entendimento e passei a adotar, o posicionamento majoritário deste colegiado, que é no sentido de admissão do referido ADA desde que protocolizado antes do início da ação fiscal, mas não de que seja ele dispensável. No presente caso, não há prova de sua entrega, e nem o representante do contribuinte afirma sequer existido. Além do mais, entendo ser inadmissível a inserção de ofício, de valores de dedução da área tributável, quando eles não foram declarados originalmente pelo contribuinte, situação em que o procedimento aplicável seria o de retificação da declaração que, no caso, não houve. Por esses motivos, dou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional para afastar o estabelecimento de ofício de área de preservação permanente, determinado pela decisão recorrida. CONCLUSÃO Diante do exposto, voto no sentido de conhecer parcialmente do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, apenas quanto à área de preservação permanente, para, no mérito, na parte conhecida darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 568DF CARF MF Processo nº 10293.720063/200776 Acórdão n.º 9202006.332 CSRFT2 Fl. 569 10 Fl. 569DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.907917/2009-41
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 19 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.005
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para que a unidade fiscal de origem analise os documentos acostados na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário e, caso entenda necessário, intime o recorrente a comprovar a pertinência e veracidade das alegações mencionadas em suas peças de defesa, de modo a confirmar a existência do alegado indébito.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, para que a unidade fiscal de origem analise os documentos acostados na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário e, caso entenda necessário, intime o recorrente a comprovar a pertinência e veracidade das alegações mencionadas em suas peças de defesa, de modo a confirmar a existência do alegado indébito. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. RELATÓRIO Cuidase de recurso voluntário (fls. 114 a 124) interposto contra o Acórdão 14 56.764, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP DRJ/RPO, cujo julgamento ocorreu na sessão realizada em 25.02.2015 (fls. 107 a 110), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade. Da matéria O presente processo trata de pedido de restituição cumulado com compensação de créditos de IPI, código da receita 5123, relativos ao período de apuração de 30.04.2005, com débitos de IRPJ, código da receita 236201 demais PJ obrigadas ao lucro real/estimativa RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 07 91 7/ 20 09 -4 1 Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 316 2 mensal, relativos ao período de apuração de janeiro de 2005, objeto da PER/DCOMP 09262.56375.310805.1.3.045123, transmitida em 31.08.2005. Dos fatos Por bem descrever os fatos e com vista a elucidação do caso e em respeito à economia processual, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo: Trata o presente de manifestação de inconformidade contra o Despacho Decisório que não homologou a compensação do débito declarado, por falta de direito creditório contra a Fazenda Nacional, em razão de constar nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos do contribuinte. Tempestivamente o interessado manifestou sua inconformidade alegando que efetuou o recolhimento indevido indicado no DARF e que, após ciência do Despacho Denegatório corrigiu a DCTF, assim, requer o reconhecimento do direito creditório e a homologação da compensação. Da decisão de 1ª instância A 2ª Turma da DRJ/RPO, ao considerar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou citado acórdão, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 13/05/2005 RESTITUIÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Da ciência O contribuinte, segundo a "Intimação/Ciência SEORT/DRF/CTA nº 068/2016", acompanhada do Aviso de Recebimento AR CDDRebouças DR/PR (fls. 111/112), tomou conhecimento do teor do acórdão recorrido em 17.06.2016. Irresignado com a decisão da DRJ/RPO, conforme o "Termo de Análise de Solicitação de Juntada" de fl. 283, o recorrente registra a solicitação da juntada do recurso voluntário e de demais documentos em 14.07.2016, às 08:33:19hs. Do recurso voluntário No recurso voluntário em questão, depois de contextualizar os fatos inerentes ao presente processo, aduz, em síntese, que: Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 317 3 1 no "processo administrativo fiscal tanto o contribuinte quanto o fisco têm os seus direitos e deveres prescritos. Entre os deveres, o fisco tem o de investigar e o contribuinte o de colaborar, ambos com um único escopo: propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos, isso, evidentemente, sem prejuízo de todas as garantias inerentes à ampla defesa e ao due processo of law"; 2 é "inquestionável o poder da autoridade julgadora administrativa com relação à dilação probatória na esfera administrativa que o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes prescreve, no § 3º do art. 18, a possibilidade de o relator do processo propor diligências; enquanto que o § 6º, do art. 17, do Regimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, confere ao relator a faculdade de solicitar mais esclarecimentos"; 3 "no citado § 6º, do art. 17, do Regimento da Câmara Superior, está expressamente previsto que com as razões de recurso ou contrarazões pode a parte solicitar diligências. Em outras palavras, até com o recurso à Câmara Superior é facultado a parte produzir prova. Vêse pois a intensa vinculação do princípio do informalismo e da verdade material na formação do litígio administrativo"; 4 "apresentado o documento, sanada está a eventual regularidade, alcançando se a finalidade almejada que é a busca da verdade real e o julgamento justo"; 5 "mesmo que a Recorrida tivesse apresentado a documentação a destempo o que, efetivamente, não o fez o julgador não poderia ferir o princípio da instrumentalidade processual, 11 prendendose a um rigor ou formalismo processual sem causa, em detrimento ao alcance da verdadeira Justiça". Por fim, requer seja declarado o provimento integral do presente recurso voluntário, para fins de julgar improcedente o débito fiscal reclamado. Do encaminhamento O processo digital, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. É o relatório. VOTO Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da admissibilidade Compulsando as datas antes referenciadas e cotejando com a legislação de regência, concluise que o recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. Do voto condutor do acórdão recorrido Do voto condutor do acórdão recorrido colhese: (...) Fl. 317DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 318 4 Na presente lide constou, nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, que os valores recolhidos no indigitado DARF já foram utilizados para quitar outros débitos, Regularmente cientificado, o interessado alega erro material. Segundo a manifestante erro teria ocorrido no preenchimento da DCTF que foi retificada, após o Despacho Denegatório. Contudo, a simples alteração na DCTF, mesmo que acompanhada da DIPJ, e folhas do Razão analítico e Diário, sem, ao menos, apresentar o Livro de Registro e Apuração do IPI, não atende ao disposto no art. 36 da Lei nº 9784/99, ou seja, a manifestação do interessado não traz qualquer prova ou indício que permita comprovar o alegado recolhimento indevido, o que justificaria uma eventual retificação da DCTF. (...) Não se pode olvidar que o processo administrativofiscal é informado pelo princípio da concentração das provas na contestação, ou seja, uma vez que não há a previsão para a realização de uma audiência de instrução, como ocorre no âmbito do processo civil, as provas de fato modificativo, impeditivo ou extintivo da pretensão fazendária e/ou as alegações pertinentes à defesa devem ser oferecidas pelo sujeito passivo na impugnação. (...) Destarte, na hipótese de solicitação administrativa, recai sobre o interessado o ônus de provar a pretensão deduzida, ao contrário do que acontece no âmbito do processo de exigência tributária, em que o ônus da prova das infrações tributárias cometidas pelo sujeito passivo incide sobre o ente tributante. Portanto, a manifestação de inconformidade, devem ser instruídos com todos os elementos hábeis a demonstrar o direito da requerente. Assim, por não restar provada a certeza e liquidez dos alegados créditos contra a Fazenda Nacional, voto que se julgue a manifestação como improcedente. Da proposta de diligência Conforme observase do voto condutor do acórdão recorrido, ao efetivar sua compensação, por intermédio de DCOMP, o interessado indicou como crédito a compensar, o constante de DARF relativo ao IPI do período de apuração de abril de 2005, no valor de R$ 11.253,67, mas que, entretanto, em consulta aos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse que o valor recolhido, referente ao citado DARF, encontravase inteiramente alocado para a quitação de outros débitos do sujeito passivo e, por conseguinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP, notadamente, em razão de o Colegiado a quo concluir que o contribuinte, ao apresentar sua manifestação de inconformidade, não a instruiu com todos os elementos hábeis a demonstrar o direito creditório pleiteado. Fl. 318DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 319 5 O contribuinte, em sua manifestação de inconformidade afirma que "devido a erro de preenchimento da DCTF (...), onde a empresa informou como débito total o valor de R$ 11.253,67 (...) referende ao Débito de IPI do mês de Abril desse mesmo ano, enquanto o valor apurado foi de R$ 6.027, 56 (...), gerouse um pequeno equívoco na constatação da existência do crédito", e que "constatado o erro de preenchimento em sua DCTF, procedemos a retificação da mesma a qual gerou o recibo de entrega nº 12.67.79.26.7273"; logo, "conforme se pode observar, a inexistência do crédito apontada (...) se deu apenas pelo erro cometido pela empresa no preenchimento de sua DCTF referente ao 1º Semestre de 2005". Não obstante o contribuinte, além de reconhecer o evidenciado equivoco e de ter apresentado juntamente com sua manifestação de inconformidade, a cópia da DCTF retificadora do período de apuração em questão e do PER/DCOMP, verdade é que com a apresentação do recurso voluntário de que se cuida, o recorrente colaciona as cópias: do livro Registro de Apuração do IPI, Modelo 8, do anocalendário de 2005 (fls. 125 a 151), da PER/DCOMP 09262.56375.310805.1.3.045123, transmitida em 31.08.2005, acompanhada dos respectivos DARF e comprovante de recolhimento bancário (fls. 152 a 160), da DCTF/SEMESTRAL 100.0000.2010.2080235820 referente ao 1º Semestre de 2005 Número do Recibo 41.72.69.01.9197, recepcionada e processada em 30.08.2010 (fls. 161 a 276), do Despacho Decisório Nº de Rastreamento 861818943, emitido em 19.04.2010 (fl. 282). Desta forma, entendo que a mencionada retificação, levada a efeito pelo recorrente e em face dos novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário, sinaliza com a possibilidade de acerto quanto ao correto valor do indébito de IPI e, com isto, o reconhecimento da extinção do débito tributário objeto da compensação, nos termos do inciso II do artigo 156 do CTN. É neste sentido que determina o parágrafo 2º do artigo 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio contribuinte, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de oficio pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Da conclusão Em face do exposto, e do possível erro quando do registro dos fatos contábeis na sua escrituração, com reflexo no preenchimento da DCTF, que, ao menos em tese, deveriam ser sanados de ofício, mediante a confirmação da aludida DCTF, mas que não se observa a manifestação conclusiva da autoridade fiscal competente para se pronunciar sobre referido documento DCTF retificadora e tendo em vista verossimilhança das alegações do contribuinte e em homenagem aos princípios da formalidade moderada e da verdade real, que, nas circunstâncias observadas nestes autos, devem nortear o processo administrativo fiscal de modo a evitar eventual enriquecimento sem causa por parte do fisco, em consonância, Fl. 319DF CARF MF Processo nº 10980.907917/200941 Resolução nº 3001000.005 S3C0T1 Fl. 320 6 inclusive, com os termos do recente Acórdão 9303005.096, da 3ª Turma da CSRF, proponho converter o julgamento do presente recurso em diligência a fim de que a autoridade preparadora da unidade fiscal de origem analise os documentos acostados à manifestação de inconformidade e ao recurso voluntário e, caso entenda necessário, intime o recorrente a comprovar a pertinência e veracidade das alegações mencionadas em suas peças de defesa, de modo a não só confirmar a existência do indébito alegado, mas, sobretudo, para demonstrar o acerto quanto à apresentação da DCTF retificadora. Posteriormente, a autoridade incumbida da diligência deverá elaborar relatório, pormenorizado e conclusivo das análises levadas a efeito e do seu reflexo na PER/DCOMP apresentada. Na sequência o contribuinte deverá ser intimado para que, no prazo regulamentar, caso entenda conveniente, adite seu recurso voluntário, somente quanto à matéria decorrente da diligência. Por fim, devolvamse os autos para este CARF, para julgamento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 320DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13558.000739/2002-37
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1993
RESTITUIÇÃO DE MULTA DE MORA. PAGAMENTO DEPOIS DO VENCIMENTO. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 360 DO STJ.
Não obstante a discussão gire em torno do caráter punitivo da multa moratória para fins de aplicação da denúncia espontânea, o caso subsume-se ao disposto na Súmula 360 do STJ e no que decidido no Recurso Repetitivo n. 1.149.022, entendendo-se não estar o pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação realizado depois do vencimento submetido ao instituto que permite a exclusão da penalidade.
DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DE PRAZO DECENAL.
A análise do prazo decandecial aplicável ao pedido de restituição restou prejudicada, no presente caso, pela invalidade do crédito pleiteado, perdendo a sua utilidade, o que impede o conhecimento do recurso da contribuinte.
Numero da decisão: 9101-003.278
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas conclusões o conselheiro André Mendes de Moura.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo.
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1993 RESTITUIÇÃO DE MULTA DE MORA. PAGAMENTO DEPOIS DO VENCIMENTO. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 360 DO STJ. Não obstante a discussão gire em torno do caráter punitivo da multa moratória para fins de aplicação da denúncia espontânea, o caso subsume-se ao disposto na Súmula 360 do STJ e no que decidido no Recurso Repetitivo n. 1.149.022, entendendo-se não estar o pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação realizado depois do vencimento submetido ao instituto que permite a exclusão da penalidade. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DE PRAZO DECENAL. A análise do prazo decandecial aplicável ao pedido de restituição restou prejudicada, no presente caso, pela invalidade do crédito pleiteado, perdendo a sua utilidade, o que impede o conhecimento do recurso da contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas conclusões o conselheiro André Mendes de Moura. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo.
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DECADÊNCIA. Recorrente CIA PRODUTORA DE ALIMENTOS E FAZENDA NACIONAL Interessado FAZENDA NACIONAL E CIA PRODUTORA DE ALIMENTOS ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1993 RESTITUIÇÃO DE MULTA DE MORA. PAGAMENTO DEPOIS DO VENCIMENTO. INAPLICABILIDADE DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO DA SÚMULA 360 DO STJ. Não obstante a discussão gire em torno do caráter punitivo da multa moratória para fins de aplicação da denúncia espontânea, o caso subsumese ao disposto na Súmula 360 do STJ e no que decidido no Recurso Repetitivo n. 1.149.022, entendendose não estar o pagamento de tributo sujeito a lançamento por homologação realizado depois do vencimento submetido ao instituto que permite a exclusão da penalidade. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DE PRAZO DECENAL. A análise do prazo decandecial aplicável ao pedido de restituição restou prejudicada, no presente caso, pela invalidade do crédito pleiteado, perdendo a sua utilidade, o que impede o conhecimento do recurso da contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Votou pelas conclusões o conselheiro André Mendes de Moura. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 55 8. 00 07 39 /2 00 2- 37 Fl. 509DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 3 2 Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo. Relatório Tratase de pedido de restituição (Efls. 8 ss.), cumulado com declaração de compensação (Efls. 1 ss.), apresentado em 14.10.2002 para a recuperação de valores recohidos a título de multa moratória, no período de julho de 1993 a janeiro de 1998, considerados indevidos pela contribuinte porque os pagamentos de diferentes tributos que teria realizado fora dos vencimentos acrescidos da penalidade, uma vez que feitos antes de procedimento de fiscalização, deveriam estar acobertados pelo instituto da denúncia espontânea, considerando que a multa moratória teria caráter punitivo, como esclarece no seguinte trecho (Efls. 9 ss.): “1 Atualmente, o Contribuinte que deixar de pagar tributo devido na data de seu vencimento, estará sujeito ao pagamento do valor principal, acrescidos de juros legais calculados pela taxa Selic e multa moratória de 0,33% ao dia, limitado ao máximo de 20%. 2 Ocorre porém que o Artigo 138 do Código Tributário Nacional, no que se refere a multas, faz uma ressalva quanto a imposição da sanção (multa), em se tratando de pagamento espontâneo. 3 É claro e notório que o Artigo 138 referese às multas punitivas, entretanto a atual legislação prevê a imposição de juros (Selic), de forma a repor a perda pelo pagamento fora do vencimento, logo, em conformidade com o Artigo 138, que exclui a imposição da multa, em se tratando de pagamento espontâneo, nos vemos diante de flagrante ilegalidade praticada pelo Poder Administrativo. 4 Desta forma, se o Contribuinte deixar de cumprir seu dever tributário seja quanto ao dever de pagar o tributo no vencimento ou quanto ao dever de fazer sua declaração quanto ao tributo, uma vez descumprido qualquer ato, acarretará a imposição de uma sanção, qual seja, imposição de multa, entretanto, se o contribuinte infrator se antecipa, denunciandose de forma espontânea, seguido do cumprimento de sua obrigação, terá sua responsabilidade elidida, descaracterizando assim, em conformidade com o artigo 138, a imposição de multa. 5 A Contribuinte aqui Requerente, durante longo período, pagou a multa imposta em virtude de pagamentos de tributos fora de seu vencimento, e quando o fez, já integrou ao pagamento a atualização monetária devida sempre de forma espontânea, ou seja, antes de quaisquer atos administrativos concretos de exigência do cumprimento do tributo, portanto incabível a multa, que aqui caracterizase como pagamento indevido. Fl. 510DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 4 3 (…) 18 "Ex positis", é a presente para REQUERER O DEFERIMENTO DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES COMPRO VADAMENTE RECOLHIDOS INDEVIDAMENTE NO PERÍODO DE JULHO DE 1993 A JANEIRO DE 1998, NO VALOR DE R$1.752.242,79 (UM MILHÃO, SETECENTOS E CINQUENTA E DOIS MIL, DUZENTOS E QUARENTA E DOIS REAIS E SETENTA E NOVE CENTAVOS), NOS TERMOS DO ARTIGO2°. DA INSTRUÇÃO NORMATIVA DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DE N. 210, DE 30/09/2002, POR TER RECOLHIDO O TRIBUTO FORA DA DATA DE VENCIMENTO, DE MANEIRA ESPONTÂNEA, DE FORMA ATUALIZADA E COM IMPOSIÇÃO DE MULTA PUNITIVA, TUDO CONFORME ARGUMENTAÇÃO FÁTICA E JURÍDICA NESTA CONTIDA.” Seguindo o Parecer n. 315/2002 (Efls. 119 ss.), o despacho decisório da Delegacia da Receita Federal de Itabuna/BA (Efls. 123 ss.) (i) aplicou o prazo decadencial de cinco anos, afastando a possibilidade de se compensar créditos anteriores a 14.10.1997 e (ii) afastou a denúncia espontânea dos pagamentos realizados depois dos vencimentos por considerar que a multa moratória não teria o caráter punitivo o qual requisitado pelo instituto. Leiase a seguinte passagem que reflete o critério determinante à decisão: “Com efeito, relativamente aos períodos de apuração não abrangidos pelo prazo decadencial em que o contribuinte solicita a restituição das multas recolhidas sob o argumento de que o art. 138 do CTN permite a exclusão das mesmas por se tratar de pagamento espontâneo, melhor sorte, .como se verá, não assiste ao interessado porquanto a multa a que a citada norma legal se' refere é a de natureza punitiva e não a multa moratória cobrada no caso. 11. Dispõe assim o art. 138 do CTN, in verbis: "Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração". 12. Cabe destacar que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo devido e seus consectários legais, multa de mora e juros de mora, sendo que o contraditório também repousa na resistência intentada pelo contribuinte infundada — de recolher aos cofres públicos a parcela indenizatória representada pela multa de mora 13. É oportuno salientar que a mora referida no caput do artigo 138 do Código Tributário Nacional (CTN) surge conforme disposto no Código Civil – com o inadimplemento da obrigação no prazo fixado para o seu vencimento. Inexistindo pagamento na data aprazada, perfectibilizase a mora e as imposições legais dela decorrentes. Ora, não encontra amparo jurídico a tese sustentada pelo interessado de que a denúncia espontânea da infração fiscal, com o recolhimento do tributo devido, desobriga o contribuinte do pagamento da multa de mora. Na verdade, está o contribuinte dando interpretação equivocada ao disposto no artigo, não podendo, pois, prosperarem os seus argumentos. 14. Com efeito, a todo contribuinte que denunciar, "moto próprio", uma infração à legislação tributária, é dado ver excluída a sua responsabilidade tributária pela infração praticada, com o que terá afastada a aplicação das sanções acaso cabíveis, nos precisos termos do art. 138 do CTN. Isso, contudo, não autoriza a interpretação de que é indevido o pagamento da multa moratória exigida pela Secretaria da Receita Federal, pois a multa de mora não se constitui em penalidade por infração à legislação tributária, não se confundindo, pois, com a multa de Fl. 511DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 5 4 oficio, esta sim revestida de caráter punitivo. 15. Ex vi do exposto, verificada a decadência do direito relativamente à maioria dos recolhirnentos efetuados, além da improcedência de se considerar indevido todos os pagamentos em função da não exclusão da responsabilidade pela denúncia espontânea no que se refere á multa moratória, opino pelo indeferimento da solicitação de fls. 01/05. Por derradeiro, proponho que seja o contribuinte cientificado da não homologação da compensação e intimado a efetuar, no prazo de trinta dias da ciência da intimação, o pagamento dos valores compensados indevidamente.” Em face do referido despacho decisório, a contributinte apresentou impugnação (Efls. 125 ss.), assim resumida pelo relatório do acórdão recorrido (Efls. 285 ss.), o qual ora se aproveita: “Inconformada, a empresa apresentou manifestação de inconformidade à Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador, Bahia, fls. 124/154, trazendo, em apertada síntese, os seguintes argumentos: que o artigo 168, do Código Tributário Nacional, deixa claro que o direito de pleitear a restituição tratada pelos artigos 165, I, extinguese com o decurso de prazo de cinco anos contados da data da extinção do crédito tributário", conforme ensina o tributarista Ives Gandra da Silva Martins em sua obra Comentário ao Código Tributário Nacional, volume 2, páginas 376 e 377 (transcrição de fl. n°. 136); que o lançamento seria prerrogativa exclusiva da administração, e, verdadeiramente um poderdever, e que, para efetuálo, a Fazenda Pública tem um prazo decadencial de cinco anos; que, na omissão no referido tempo, a lei c s'dera homologado o lançamento. ou sela. a Fazenda Pública decai do direito de fisca ,izar e já nada mais pode reclamar sobre o lançamento ficto ocorrido no momento em que a obrigação se tornava exigível, como também não pode mais gerar um lançamento de ofício para a mesma finalidade de constituição, ressalvadas as situações de dolo, simulação ou fraude; que a prescrição apontada na decisão impugnada relativa ao pedido de restituição interposto ainda não teria ocorrido; que firmouse no Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que nas ações em que versem sobre tributos lançados por homologação (art. 150 do CTN), o prazo para restituição é de 10 (dez) anos, ou seja, 05 (cinco) anos decadenciais para a Fazenda efetuar a homologação do lançamento (§ 4°), mais 05 (cinco) anos contados a partir da homologação expressa ou tácita das informações declaradas pelo contribuinte, prazo prescricional, portanto, do direito do contribuinte para reaver tributo pago a maior e/ou indevido (art. 168, I, do CTN); que, tratandose de pagamento sujeito ao lançamento por homologação, para que o Fisco possa exigir o cumprimento da obrigação tributária, necessário se faz que esta esteja lançada, constituindose assim, o crédito tributário, pois o lançamento é constitutivo do crédito tributário declarado na ocasião do fato gerador; que a partir da constituição do crédito tributário, é que se pode falar em prescrição, sendo este o marco divisório temporal entre a decadência e a precrição; que a Fazenda Pública tem o prazo de 05 (cinco) anos para homologar expressamente o lançamento feito pelo contribuinte, sob pena de, não o fazendo, ser tacitamente homologado no quinto e último ano; que somente a partir deste momento, qual seja, da homologação expressa, ou na sua falta, da tácita — na hipótese em que não houve homologação a do prazo de 05 (cinco) anos devidamente constituído pelo expressa, pelo órgão administrativo — inicia a fl para que a Fazenda Pública cobre o cré lançamento; que seria o que se poderia depreender da leitura do parágrafo 4 0 , do artigo 150, Fl. 512DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 6 5 e inciso I, do artigo 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme jurisprudência do STJ; que, se a Fazenda Pública tem o prazo de 05 (cinco) anos para lançar tributo, mais 05 (cinco) anos para cobrar o seu crédito, da mesma forma, assiste também ao contribuinte o direito de ação pelo prazo de 10 (dez) anos, contados retroativamente da data do despacho que determinou a citação fazendária para ocupar o polo passivo da ação; que, se ao contribuinte é dado o direito de ação para discutir pretensos créditos fazendários, lhe assiste então, o direito de buscálo dentro do prazo de 10 (dez) anos, tempo este concedido à Fazenda Pública de proceder ao lançamento do crédito tributário e cobrálo executivamente, pois, assim, estarseia, pelo menos, respeitando o princípio isonômico consagrado pela Constituição Federal de 1988, propiciando o prazo prescricional de 05 (cinco) anos a ambas as partes (Fazenda e contribuinte), contados da homologação do lançamento, ocorrida após 05 (cinco) anos do fato gerador; que a. jurisprudência do STJ tem se manifestado no sentido de que o prazo prescricional, nos casos de tributo objeto de lançamento por homologação, começa após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador, acrescido .de mais cinco anos contados daquela data. em que se. cie.; homologação tácita; que, ademais, o artigo 45, inciso I, da Lei n° 8.212/91 autoriza cobrar contribuições atrasadas no período de 10 (dez) anos; que, se é possível cobrar créditos correspondentes aos últimos dez anos, também pode o contribuinte pleitear a restituição ou compensação em igual período, sob pena de inarredável ofensa ao princípio da isonomia, consagrado no artigo 5° da Carta Magna; que :a própria Administração Fazendária pacificou a questão em reiteradas de diversas Câmaras do Conselho cientrihnintes do Ministério da Fazenda entendendo que não havendo lançamento anterior, a prescrição ocorre somente após 10 anos contados da data do pagamento, ou seja, são cinco anos de prazo decadencial para que o Fisco efetue seu lançamento, mais cinco anos para que o contribuinte reclame seu crédito, compensandoo ou dele se restituindo; que, ante a vasta jurisprudência existente e aquelas ali expostas, restaria claro que os pagamentos indevidos, que gerou o crédito pleiteado, não se encontrariam prescritos; que a Nota n° 577 do Ministério da Fazenda, Secretaria da Receita Federal e Coordenação do Sistema de Tributação, de 24 de agosto de 2000, referente a tributos e contribuições federais, decadência e termo inicial, com o fito de impedir a geração de controvérsias sobre o termo inicial para contagem do prazo decadencial a que se refere o artigo 173, do Código Tributário Nacional, concluiu que para as contribuições sociais, inclusive contribuição sobre o lucro líquido e contribuições para o Pis/Pasep, o prazo decadencial será de 10 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído, em plena consonância com o artigo 45, da Lei n° 8.212, de 24/07/91, já mencionado; que o entendimento de que o seu crédito "encontrase prescrito por considerarse como marco inicial a data do pagamento do tributo indevidamente pago a maior", desconsiderando o que dispõe o § 40 do art. 150 do CTN, seria totalmente equivocado, devendo ser considerado COIMO ponto de partida do. prazo prescricionai a data da homologação do lançamento da Autoridade Fazendária, pois seria cediço que a data do pagamento do tributo é o inicio da contagem do prazo decadencial para que a Fazenda efetue o lançamento; que, diante dos fundamentos narrados, deveria ser afastada a prescrição apontada, reformandose a decisão do parecer impugnado; que, no tocante ao mérito, entendia que ao efetuar o pagamento, mesmo com Fl. 513DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 7 6 atraso, antes de qualquer procedimento da administração tendente a cobrança da obrigação, fazendoo de forma atualizada, enqua(drI rsesia perfeitamente nos preceitos do artigo 138, do CTN, devendo beneficiars da enção da multa, posto que esta é meramente punitive. que a aplicação da taxa Seno sobre o tributo em atraso corrigiria monetariamente as diferenças inflacionárias havidas, agregando a taxa de juros oficial para os tributos federais; que tal atualização se presta para compensar o Fisco pelo custo financeiro em razão do tempo em que o valor do tributo devido ao Fisco permaneceu em poder do Contribuinte, e, desta forma, a multa imposta não teria natureza moratória, como afirmado no Despacho Decisório, mas sim punitiva, posto que a mora já seria coberta pela atualização imposta pela taxa Selic; que,' ao fazer incidir tanto a atualização do valor pela Selic (que agrega juros e correção monetária) como a multa, teriase a reparação em duplicidade; que o STJ já teria pacificado a matéria, determinando que a diferença entre os termos 'multa moratória' e 'Multa punitiva' seria pertinente apenas à doutrina para fins didáticos, não fazendo o Código Tributário, ou a legislação ordinária, qualquer distinção entre os termos, de forma que todas as multas teriam caráter punitivo; que, durante longo período, pagou a multa imposta em virtude de pagamentos de obrigações tributárias fora de seus vencimentos, e quando o fez, integrou ao, pagamento a atualização monetária devida, sendo certo que procedeu assim antes de quaiquer.ato administrativo concreto de exigõricia do pagameniu parte da Administração, . portanto incabível a multa, caracterizando assim o pagamento indevido pleiteado; que, atualmente, o Conselho de Contribuintes já teria firmado posicionamento quanto a questão ali abordada, no sentido de que o CTN não distingue entre multa punitiva e multa moratória, sendo que seriam inexigíveis no caso de denúncia espontânea, por força do artigo 138, do CTN; que a multa de ofício, também chamada de multa isolada, por vezes imposta pela Administração Pública quando o rec»:11nento do tributo fora do vencimento não comporta multa moratória, também j e foi Ocidida pelo Conselho de Contribuintes./ entendimento não merece prosperar, haja vista de pluiiitijn peio `Superio;” Na sequência, anotase a presença de um despacho (Efls. 185 ss.) registrando que “os débitos informados na declaração de compensação foram confessados na DCTF (fls. 183/184).” (grifos nossos) Em 10 de novembro de 2004, em razão de incorporação, a interessada requereu a substituição do polo ativo para a inclusão da NESTLÉ BRASIL LTDA (Efls. 186 ss.) Passo seguinte, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (Efls. 225 ss.), com o acórdão n. 1510.970, indeferiu a solicitação, pelas razões sintetizadas em sua ementa: “RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. DIREITO. O direito de pleitear a restituição do indébito tributário decai após 5 (cinco) anos da data da extinção do crédito tributário, a qual, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, iniciase no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1° do art. 150, do Código Tributário Nacional. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ESFERA ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA. Incabível a argüi..o de violação a principio constitucional na esfera administrativa Fl. 514DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 8 7 visando afastar a aplicação de legislação tributária validamente inserida no ordenamento jurídico pátrio, por transbordar os limites de competência desta esfera, o exame da matéria do ponto de vista constitucional. Com relação à questão da denúncia espontânea, transcrevese o que há na decisão acerca do tema: “No que diz respeito ao mérito da questão — o afastamento da multa de mora pela aplicação do artigo 138, do CTN —, matéria apreciada em relação aos valores recolhidos não alcançados pelo prazo decadencial, compreendendo o período de 15/10/1997 a 28/11/1998, constatase que a referida multa moratória recolhida pela Interessada estava prevista no artigo 59, da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 e no artigo 60, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, como segue: da Lei n° 8.383, de 1991: Das Multas e dos Juros de Mora Art. 59. Os tributos e contribuições administrados pelo Departamento da Receita Federal, que não forem pagos até a data do vencimento, ficarão sujeitos à multa de mora de vinte por cento e a juros de mora de um por cento ao mêscalendário ou fração, calculados sobre o valor do tributo ou contribuição corrigido monetariamente. § I° A multa de mora será reduzida a dez por cento, quando o débito for pago até o último dia útil do mês subseqüente ao do vencimento. § 2° A multa incidirá a partir do primeiro dia após o vencimento do débito; os juros, a partir do primeiro dia do mês subseqüente. – da Lei n° 9.430, de 1996: Acréscimos Moratórios Multas e Juros Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação especifica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de. trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1 0 A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o sS 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Obs.: os destaques não constam nos originais. 28. Tratase em verdade de obrigação legal, oriunda de norma regularmente inserida no ordenamento jurídico pátrio, que para ter sua aplicação afastada como assim deseja a Interessada, teria que haver a declaração de sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal, no controle concentrado, ou, pelos juízes e tribunais inferiores, no controle difuso (artigos 97 e 102, da Constituição Federal), o que, não é aqui demonstrado, uma vez que, conforme já aqui visto, ela não é parte nos arrestos aqui trazidos e, por isso, não pode usufruir dos seus efeitos, conseqüentemente, não se pode aqui afastar a aplicação das referidas leis, sob pena de responsabilidade funcional (art. 141, do CTN), uma vez que vige no direito tributário o princípio da legalidade estrita o que impede à Autoridade Administrativa de agir contrariamente aos ditames legais, conforme já explicitado neste voto nos itens 22 a 26, precedentes, aos quais me reporto. 29. Dessa forma, VOTO para indeferir a solicitação objeto da Manifestação de Fl. 515DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 9 8 Inconformidade de fls. n os. 125 a 154, e negar o Pedido de Restituição no valor de R$ 1.757.029,68 (um milhão, setecentos e cinqüenta e sete mil, vinte e nove reais e sessenta e oito centavos), não homologando a Declaração de Compensação que lhe acompanha.” Inconformada com a referida decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário (Efls. 242 ss.), renovando as razões anteriormente postas, com destaque para os pontos da inocorrência de prescrição ou decadência e exclusão da multa moratória nos pagamentos espontâneos efetuados fora do vencimento legal, por força do art. 138 do Código Tributário Nacional, pleito este parcialmente acatado pela turma a quo. Com o acórdão n. 10516.353 (Efls. 285 ss.), decidiuse que se deveria aplicar o prazo quinquenal, mas se reconheceu a possibilidade de se reaver os valores pagos a título de multa moratória, devido ao seu caráter punitivo, acobertado pelo instituto da denúncia espontânea. Leiase a sua ementa: “IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ EXERCÍCIOS: 1994, 1995, 1996, 1997, 1998 e 1999 — PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DECADÊNCIA – O prazo para que o contribuinte possa pleitear a restituição de valores pagos indevidamente ou a maior que o devido extinguese após o transcurso do prazo cinco anos contados da extinção do crédito tributário, e, diante do disposto no artigo 30 da Lei Complementar n° 118, de 2005, para efeito de interpretação do inciso I do artigo 168 do Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso detributo sujeito à lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado previsto no parágrafo primeiro do art. 150 do mesmo diploma. DENÚNCIA ESPONTÂNEA MULTA DE MORA REPETIÇÃO DO INDÉBITO O instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional afasta a aplicação da multa de mora na hipótese de recolhimento de tributo em atraso, desde que acompanhado dos juros moratórios e realizado antes de iniciado procedimento fiscal (CSRF/0103.720). Pagamentos realizados nestas condições são passíveis de restituição, observado o prazo prescricionrld cinco (5) anos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do recurso voluntário interposto por COMPANHIA PRODUTORA DE ALIMENTOS (INCORPORADA POR NESTLÉ BRASIL LTDA.) ACORDAM os Membros da QUINTA CÂMARA do PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de tempestividade do pedido de restituição conforme decidido pela primeira instância, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Eduardo da Rocha Schmidt e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso nos períodos não alcançados pela prescrição. Vencidos os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães (Relator) e Luís Alberto Bacelar Vidal. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Irineu Bianchi.” Na parte que lhe fora desfavorável, a Fazenda Nacional então interpôs recurso especial (Efls. 308 ss.), por contrarieda à lei, sustentando violação ao artigo 61 da Lei n. 9430/96, requerendo a reforma da decisão recorrida para obstar a repetição do indébito relativo aos recolhimentos de multa de mora ocorridos a partir de 14/10/1997, por considerar que “a multa moratória tem caráter punitivo e ressarcimento, de tal modo que a inexistência Fl. 516DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 10 9 de caráter de penalidade da multa moratória — de acordo com o art. 61 da Lei 9.430/96 — obsta o efeito da denúncia espontânea e impede a pretendida restituição”. O recurso foi recepcionado por despacho de admissibilidade (Efls. 314 ss.) e foram oferecidas contrarrazões (Efls. 328 ss.). Por sua vez, a contribuinte interpôs recurso especial (Efls. 352 ss.), pugnando pela aplicação da contagem decenal do prazo decadencial no caso de tributos sujeito a lançamento por homologação, apresentando os acórdãos n. 20213.360 e 10808407 como paradigmas da divergência sustentada. O recurso também foi recepcionado por despacho de admissibilidade (E fls. 398 ss.), com ciência da PGFN sem a apresentação de contrarrazões (Efls. 405). Passase, assim, à apreciação dos recursos. Voto Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora CONHECIMENTO O conhecimento do Recurso Especial condicionase ao preenchimento de requisitos enumerados pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho, que exigem analiticamente a demonstração, no prazo regulamentar do recurso de 15 dias, de (1) existência de interpretação divergente dada à legislação tributária por diferentes câmaras, turma de câmaras, turma especial ou a própria CSRF; (2) legislação interpretada de forma divergente; (3) prequestionamento da matéria, com indicação precisa das peças processuais; (4) duas decisões divergentes por matéria, sendo considerados apenas os dois primeiros paradigmas no caso de apresentação de um número maior, descartandose os demais; (5) pontos específicos dos paradigmas que divirjam daqueles presentes no acórdão recorrido; além da (6) juntada de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, da publicação em que tenha sido divulgado ou de publicação de até 2 ementas, impressas diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União quando retirados da internet, podendo tais ementas, alternativamente, serem reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Observase que a norma ainda determina a imprestabilidade do acórdão utilizado como paradigma que, na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie (1) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (art. 103A da Constituição Federal); (2) Fl. 517DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 11 10 decisão judicial transitada em julgado (arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil; e (3) Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Voltandose então ao caso sob exame, analisandose nesta oportunidade somente o recurso interposto pela Fazenda Nacional, pelas razões que se obsevará ao final do voto, consideramse preenchidos tais requisitos, nos termos dos despachos de admissibilidade, razão pela qual se VOTA POR CONHECÊLO. MÉRITO Passandose ao mérito, objetivamente, com relação ao recurso da Fazenda Nacional, observase que se sustentou a violação ao artigo 61 da Lei n. 9430/96, requerendo a reforma da decisão recorrida para obstar a repetição do indébito relativo aos recolhimentos de multa de mora ocorridos a partir de 14/10/1997, por considerar não possuir caráter punitivo, impedindo os efeitos da denúncia espontânea e, portanto, a pretendida restituição. Isso porque, o voto vencedor do acórdão recorrido, quanto a esta matéria, girou em torno da qualificação da multa moratoria como punitiva, posicionandose afirmativamente, como se lê do trecho a seguir: “Voto Vencedor Conselheiro IRINEU BIANCHI. Redator Designado A Câmara, acompanhando o voto do ilustre relator, reconheceu o direito da recorrente de repetir o indébito no prazo de cinco anos, contados da data da extinção do crédito tributário, rejeitando, portanto, a tese dos "cinco mais cinco". Contudo, em relação ao pedido de restituição concernente às multas moratórias, a convicção do ilustre relator é no sentido de que as mesmas sempre são devidas quando decorrentes de pagamento de tributos em atraso, e via de conseqüencia, negou provimento ao recurso. Tenho posicionamento diverso. Explico: É induvidoso que a recorrente efetuou o recolhimentos fora dos respectivos prazos, mas antes de qualquer ação fiscal, o que não lhe é defeso, antes, tratase de permissão legal denominada denúncia espontânea, ex vi do art. 138 do CTN. Peia denúncia espontânea da infração, criada com a fina!idad .:: de. estimular o contribuinte ao cumprimento voluntário de suas obrigações, o mesmo pagará o montante do tributo devido, acrescido de juros de mora, tendo excluída sua responsabilidade por infrações. Da leitura do referido dispositivo legai, inferese o reconhecimento da remissão do contribuinte que, apesar de se encontrar em atraso, denuncia espontaneamente as faltas que tenha incorrido junto ao fisco, isentandoo de sofrer quaisquer penalidades. Ou seja, desde que o contribuinte tenha a iniciativa de cumprir seus deveres tributários, goza de exclusão da resporysatRilidade por infrações, e, por Assim, havendo espontaneidade, não deve haver penalidade, mas apenas juros moratórios e correção monetária. Nesse passo, cumpre frisar que a multa moratória não se reveste de caráter indenizatório. Sua natureza é exclusivamente punitiva e não de ressarcimento, como Fl. 518DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 12 11 faz parecer o seu rótulo. O ressarcimento do Estado, em razão da mora do devedor pelo tribute não recolhido na devida data, é função dos juros de mora. A esse respeito LÚCIA DO VALE FIGUEIREDO assevera: Realmente, não se pode afirmar, data venia dos que pensam em contrário, que a multa moratória não seja sanção. Se não se entendêla como sanção, os juros devidos (esses, sim, constituemse em autêntica compensação pela mora), seriam bis in idem, situação repelida pelo direito (in RDDT, vol. 63, p. 105). À multa fiscal resta somente a função de punição, independentemente de ser denominada punitiva ou moratória. Esse é, inclusive, o entendimento do Ministro Cordeiro Guerra, manifestado no julgamento do Recurso Extraordinário n° 79.635 (STF — pleno — DJ de 16.6.76), confirmado pela sua atual jurisprudência: A denúncia espontânea da infração exclui o pagamento de qualquer penalidade, tenha ela a denominação de multa moratória ou multa punitiva — que são a mesma coisa , sendo devidos, no entanto, juros de mora, que não possuem caráter punitivo, constituindo mera indenização • decorrente • do pagamento fora do prazo, ou seja, da mora, como aliás consta expressamente do citado artigo 138 do CTN (...) (Ac. un. Da 2a Turma do TRF da 4a Região — MAS 96.04.284479/RS — Rel. Juiza Tania Escobar, j. 27.02.97 — DJU 20.04.97). Daí, é licito concluir que, se a denúncia espontânea é realizada pelo contribuinte, antes de qualquer procedimento fiscal, não há que se falar em pagamento de multa moratória. O Conselho de Contribuintes já se manifestou no sentido de que a multa de mora não é devida quando houver denúncia espontânea da infração pelo próprio contribuinte, que paga a sua dívida fiscal sem qu‘l à1 er ingerência do Erário, DENÚNCIA ESPONTÂNEA — MULTA DE MORA — O instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional afasta a aplicação da multa de mora na hipótese de recolhimento de tributo em atraso, desde que acompanhado dos juros moratórios e realizado antes de iniciado procedimento fiscal (CSRF/0103.720). A jurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, também é pacífica neste sentido: Tributário. ICM. Denúncia espontânea. lnexigibilidade da multa de mora. O Código Tributário Nacional não distingue entre multa punitiva e multa simplesmente moratória; no respectivo sistema, a multa moratória constitui penalidade resultante de infração legal, sendo inexigível no caso de denúncia espontânea, por força do art. 138. Recurso Especial conhecido e provido (2a Turma do STF — Recurso Especial n° 16.672 — São Paulo — j. 05.02.96). Portanto, não sendo exigível o pagamento da multa de mora nos casos de denúncia espontânea, exsurge legitimo o direito da recorrente em pleitear a restituição dos valores pagos em tais condições, respeitado o prazo prescricional de cinco (5) anos. Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito da recorrente em repetir o indébito relativo aos recolhimentos a título de multa de mora ocorridos a partir de 14 de outubro de 1997.” Ocorre que, não obstante o enfoque que a discussão assumiu nos presentes autos, a questão subsumese ao teor da Súmula 360 do STJ e também ao que decidido no Recurso Especial n. 1.149.022SP, julgado sobre a sistemática repetitiva do artigo 543C, do Código de Processo Civil, segundo os quais não configura denúncia espontânea o pagamento de tributo a destempo quando, sujeito a lançamento por homologação, é declarado pelo contribuinte, nos seguintes termos: Fl. 519DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 13 12 “SÚMULA N. 360 STJ O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo . Rel. Min. Eliana Calmon, em 27/8/2008.” “RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP (2009/01341424) RELATOR MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE BANCO PECÚNIA S/A ADVOGADO SERGIO FARINA FILHO E OUTRO (S) RECORRIDO UNIÃO FEDERAL (FAZENDA NACIONAL) PROCURADOR PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇAO. DECLARAÇAO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇAO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇAO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSAO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte , após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente . 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento , à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) ( Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC : REsp 886.462/RS , Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS , Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" ( REsp 850.423/SP , Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN . 5. In casu , consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Juridica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, Fl. 520DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 14 13 pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte . 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Voltandose ao caso concreto, observase nos autos que o contribuinte aduz reiteradamente que recolheu tributos sujeitos a lançamento por homologação posteriormente ao seu vencimento, acrescendo a multa moratória, que depois considerou indevida porque alcançada pelo instituto da denúncia espontânea, pretendendo então a sua restituição. Não foi demonstrada qualquer causa que fizesse incidir a exceção autorizada pelo recurso repetitivo, como na situação de retificação do valor declarado. Por essa razão, entendese invalidado o crédito pleiteado pela contribuinte, uma vez que, conforme a Súmula 360 do STJ e o Recurso Especial n. 1.149.022SP, não resta configurado o pagamento a maior sustentado, haja vista que considerada devida a multa moratória, descoberta pela denúncia espontânea. Assim se julgando o recurso da Fazenda Nacional, resta prejudicado, pois, o julgamento do recurso do contribuinte, uma vez que perde a sua utilidade a ampliação do prazo decadencial, conquanto invalidado o crédito em si, motivo pelo qual não se pode sequer conhecêlo. Assim sendo, votase por DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e NÃO CONHECER o Recurso da contribuinte. (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 521DF CARF MF Processo nº 13558.000739/200237 Acórdão n.º 9101003.278 CSRFT1 Fl. 15 14 Fl. 522DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10435.721371/2014-86
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Jan 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2013
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS.
A entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
O instituto da denúncia espontânea não é aplicável às obrigações acessórias, que são atos formais criados para facilitar o cumprimento das obrigações principais, embora sem relação direta com a ocorrência do fato gerador.
Numero da decisão: 1001-000.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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A entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF após o prazo previsto pela legislação tributária sujeita a contribuinte à incidência da multa correspondente. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O instituto da denúncia espontânea não é aplicável às obrigações acessórias, que são atos formais criados para facilitar o cumprimento das obrigações principais, embora sem relação direta com a ocorrência do fato gerador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 5. 72 13 71 /2 01 4- 86 Fl. 64DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente processo sobre lançamento (efls. 26/28), no qual é exigido da contribuinte acima identificada crédito tributário relativo à multa por atraso na entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), relativa ao mês de setembro de 2013. Ciente do lançamento, a contribuinte ingressou com impugnação (fls. 2/18) na qual solicita o cancelamento da exigência tributária, sob alegação de denúncia espontânea.. A decisão de primeira instância (efls. 33/35) manteve o crédito tributário. Cientificada da decisão de primeira instância em 12/08/2014 (efl. 38) a Interessada interpôs recurso voluntário em 04/09/2014 (efls. 41/60), em que aduz, em resumo (repetindo argumentos da impugnação): que a Recorrente entregou a DCTF em atraso, de forma espontânea, antes de qualquer procedimento da fiscalização em exigilas; que é inaplicável qualquer forma ou nominação de multa, quando da efetivação da denúncia espontânea e pagamento do tributo devido ou parcelamento deste, já que a expressão contida na lei se for o caso afasta a multa na hipótese de cumprimento espontâneo dá obrigação tributária, seja ela principal, acessória ou acessória que se tornou principal; apresenta acórdãos do Conselho de Contribuintes que corroborariam a tese de que o cumprimento a destempo, mas espontâneo e antes de qualquer exigência da administração fazendária, autorizaria a aplicação do disposto no artigo 138 do Código Tributário Nacional, a fim de caracterizar a inexigibilidade da multa pretendida; que no acórdão recorrido.já na descrição do voto condutor, observarseia o equívoco do ilustre julgador ao considerar a DCTF como uma obrigação acessória desvinculada de natureza tributária, pois seria certo que as informações prestadas na referida declaração (DCTF) são situações tributárias ocorridas na empresa. Se exige informações das situações tributárias ocorridas na empresa, como desvinculála da ocorrência do fato gerador dos tributos. que até mesmo nos casos de pedidos de parcelamento há que se considerar a denúncia espontânea para elidir exigência de qualquer multa; seria absurdamente incoerente admitirse aplicação de penalidade a este contribuinte de forma idêntica à qual lhe seria aplicada caso permanecesse inerte, aguardando eventual manifestação da autoridade fazendária. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso voluntário é tempestivo. Definiu acertadamente a decisão de primeira instância que a entrega da DCTF constituise em obrigação acessória, desvinculada de natureza tributária, pois assim prevista nos §§ 2º e 3º do art. 113 do CTN: Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10435.721371/201486 Acórdão n.º 1001000.195 S1C0T1 Fl. 65 3 § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Mesmo nos casos de entrega espontânea da declaração, antes de qualquer procedimento por parte do Fisco, a aplicação de multa como a prevista no art. 7º da Lei nº 10.426/2002 permanece pertinente, uma vez que, em se tratando de obrigação acessória, a ela não se aplica o instituto da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do CTN. A exclusão de responsabilidade pela denúncia espontânea da infração (art. 138 do CTN) se refere à multa de ofício que acompanha a obrigação principal. A multa aplicada pela falta de entrega, ou entrega após o prazo legalmente estabelecido, nada tem a ver com o fato gerador da obrigação tributária principal. Tratase, sim, de uma penalidade decorrente do descumprimento de uma obrigação acessória formal. Este é o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) a respeito da matéria, já tendo sido, inclusive, objeto da Súmula CARF nº 49: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Adiantese que o § 2º do art. 7º da Lei nº 10.426/2002 prevê uma redução da multa aplicada, nos casos de a declaração ser apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício (redução à metade) ou uma redução a 75% no caso da declaração ser apresentada no prazo fixado em intimação, respeitados os limites mínimos estabelecidos no parágrafo 3º do mesmo artigo. Desta forma, é evidente que, ao contrário do que alega a recorrente, a imposição da penalidade está legalmente prevista, mesmo neste caso de apresentação espontânea da declaração (com ou sem paramento ou parcelamento do tributo), com a devida redução da multa à metade. Adiciono, no que se refere às decisões administrativas e judiciais apontadas, relacionamse a litígio entre partes específicas em que o sujeito passivo não foi parte do processo e/ou tratam de decisão sem força vinculante por não se enquadrar no disposto no RICARF, em especial em seus artigos 62, 72 e 74 (Portaria MF nº 343, de 2015). Desta forma, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 66DF CARF MF 4 Fl. 67DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11962.000340/2005-00
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/03/2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. VÍCIOS. LIMITES DE ANÁLISE DA MATÉRIA JULGADA. Os embargos voltam-se a esclarecer o acordão embargado, eliminando obscuridades ou contradições, e a integrar a decisão, suprindo as omissões. Os embargos não se prestam a invalidar uma decisão processualmente defeituosa nem a reformar uma decisão que contenha um erro de julgamento. Na análise dos créditos da não- cumulatividade de COFINS, para a solução dos embargos, não se pode fixar conceito de insumo diferente daquele adotado pelo relator do acordão embargado.
Embargos acolhidos para alterar o dispositivo e integrar a ementa do acórdão n° 3803003.749, com efeitos infringentes.
Numero da decisão: 3301-004.133
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, com efeitos infringentes, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Renato Vieira de Avila, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, com efeitos infringentes, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente. Semíramis de Oliveira Duro - Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Renato Vieira de Avila, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho e Semíramis de Oliveira Duro.
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VÍCIOS. LIMITES DE ANÁLISE DA MATÉRIA JULGADA. Os embargos voltamse a esclarecer o acordão embargado, eliminando obscuridades ou contradições, e a integrar a decisão, suprindo as omissões. Os embargos não se prestam a invalidar uma decisão processualmente defeituosa nem a reformar uma decisão que contenha um erro de julgamento. Na análise dos créditos da não cumulatividade de COFINS, para a solução dos embargos, não se pode fixar conceito de insumo diferente daquele adotado pelo relator do acordão embargado. Embargos acolhidos para alterar o dispositivo e integrar a ementa do acórdão n° 3803003.749, com efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, com efeitos infringentes, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas (Presidente), José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Renato Vieira de Avila, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho e Semíramis de Oliveira Duro. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 96 2. 00 03 40 /2 00 5- 00 Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.661 2 Na origem, trataramse de Declarações de Compensação (DCOMP) destinadas a compensar débitos de IRPJ (2362) e CSLL (2484), de fevereiro de 2003 e maio de 2004, com créditos decorrentes da nãocumulatividade da Cofins, do período de 01/10/04 a 31/03/05. A autoridade fiscal decidiu (fl. 619) homologar parcialmente as compensações efetuadas, não reconheceu todo o crédito requerido de R$1.708.667,14, e sim R$ 1.443.964,67, argumentando por meio do Parecer SEORT/DRF/VIT nº 2152/09 (fls.608/618), em resumo, que: 1. O contribuinte busca valerse de créditos relativos às mercadorias adquiridas (carvão vegetal) de pessoas jurídicas, inativas ou omissas, mas os pagamentos referentes a tais compras, quando comprovados, foram realizados em nome de terceiras pessoas físicas, e inexistiu recolhimento de tributo correspondente a cada transação, e; 2. Foram glosados os créditos relativos às compras de carvão vegetal dessas pessoas jurídicas; 3. Foram glosados os valores relativos a combustível do cálculo dos créditos, pois a utilização de tais despesas é admitida quando o combustível é usado como insumo do processo produtivo; 4. Foram glosados, do cálculo dos créditos, os valores relativos à despesa com escolta relacionada à comercialização dos produtos, por falta de previsão legal, assim como as despesas vinculadas à movimentação com o produto acabado e serviço de embarque; 5. Foram glosados os valores relativos à despesa com depreciação relacionada à comercialização dos produtos. A decisão de primeira instância administrativa deu provimento parcial à impugnação da CBF, concedendo o crédito de compras de carvão vegetal e negando o creditamento de despesas realizadas com combustíveis, serviços de escolta e de movimentação de produto acabado, e depreciação, por entender que as despesas comerciais com escolta e de movimentação de produto acabado, as despesas com combustíveis, todas quando relativas ao transporte de produtos na venda, extrapolam a previsão legal para o crédito, por não se enquadrarem no conceito de insumo (art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/04), e por inexistir qualquer base normativa independente dessa regra geral que exige a aplicação do bem na produção. Interposto o recurso voluntário, houve a prolatação do Acórdão nº 3803 003.749, de 28 de novembro de 2012, efls. 771 a 783, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração:01/10/2004 a 31/03/2005 Fl. 1661DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.662 3 INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumo passível de crédito no sistema não cumulativo não é equiparável a nenhum outro conceito, tratase de definição própria. Para gerar crédito de PIS e Cofins não cumulativo o insumo deve: ser utilizado direta ou indiretamente pelo contribuinte na sua atividade (produção ou prestação de serviços); ser indispensável para a formação daquele produto/serviço final; e estar relacionado ao objeto social do contribuinte. CRÉDITOS. INSUMOS. DESPESAS COM COMBUSTÍVEL. As aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados na produção e na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo produtor/vendedor integram o conceito de insumos e geram créditos dedutíveis da Cofins devida mensalmente. Precedentes. CRÉDITOS. INSUMOS. DESPESAS COM FRETE. ESCOLTA. A autorização para o desconto de créditos relacionados às despesas com frete nas operações de venda de mercadorias, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, inclui a escolta de transporte rodoviário de produtos perigosos, expressamente autorizada em lei, que impõe acompanhamento técnico especializado, o transporte preferencialmente em veículos próprios, mediante prévia obtenção de Autorização Especial de Trânsito AET. CRÉDITOS. DESPESAS COM FRETE. MOVIMENTAÇÃO DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO OU ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. As despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte, pagas e/ ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos básicos de Cofins, a partir da competência de fevereiro de 2004, passiveis de dedução da contribuição devida e/ ou de ressarcimento/compensação. Precedentes. Por sua vez, do dispositivo do acórdão constou: Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.663 4 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer a ocorrência de erro material na apuração do montante do crédito a que fez jus o contribuinte, cometido no Parecer SEORT/DRF/VIT nº 2.152/2009, e para reverter as glosas atinentes aos gastos com (a) aquisição de combustíveis consumidos no transporte de produtos acabados e (b) serviços de escolta. Em seguida, a CBF INDÚSTRIA DE GUSA S/A, com fundamento no art. 65 do RICARF, interpôs Embargos de Declaração, efls. 1.639 a 1.641, alegando que houve vício de omissão na extensão aos demais créditos tomados pelo contribuinte do conceito de insumo que defendeu, requerendo que o Colegiado Recursal se manifeste sobre a possibilidade de creditamento dos gastos incorridos com a movimentação de produto acabado e com a depreciação, ainda que seja apenas para fins de préquestionamento, nos termos do art. 67, §5°, do Regimento Interno deste Conselho. Isso porque, em seu recurso voluntário, efls. 725 a 747, a empresa pleiteou a tomada de créditos da COFINS nãocumulativa sobre as despesas com combustível, serviço de escolta, despesas de movimentação de produtos acabados e depreciação (item 3.5 do recurso voluntário). O despacho de efl. 16561659, do Presidente da Terceira Seção Dr. Rodrigo da Costa Pôssas, admitiu estes embargos para: A decisão embargada, embora tenha feito constar essa do Relatório esses contornos da lide, deixou de se manifestar sobre esse último item (depreciação). A omissão enseja saneamento pela via dos aclaratórios. Constato, ainda, evidente contradição entre os fundamentos do voto condutor do acórdão embargado, que pretendeu autorizar a tomada de créditos sobre as despesas de transporte de produtos acabados, e o resultado do julgamento constante do acórdão, acima transcrito, que restringiu a tomada de créditos exclusivamente sobre os gastos com aquisição de combustíveis consumidos no transporte de produtos acabados e sobre as despesas com serviços de escolta. O vício também exige saneamento. Conclusão Com essas considerações, para os fins previstos no § 7° do art. 65 do RICARF, com a redação que lhe foi dada pela Portaria MF nº 39, de 12 de fevereiro de 2016, admito os embargos interpostos, para que uma nova decisão seja prolatada, colmatando a omissão de manifestação sobre a tomada de créditos sobre as despesas de depreciação, Fl. 1663DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.664 5 pugnadas no capítulo 3.5 do recurso voluntário, e dirimindo a contradição existente entre os fundamentos do voto condutor do Acórdão nº 3803003.749, de um lado, o seu dispositivo e o resultado do julgamento (acórdão), de outro. É o relatório. Voto Antes da análise dos pontos aceitos pelo r. despacho de admissibilidade, cumpre apontar as premissas que conduziram o julgamento do recurso voluntário, cujo acórdão resta aqui embargado. Fundamentos do recurso voluntário No pleito de creditamento de despesas realizadas com combustível, serviço de escolta, movimentação de produto acabado e depreciação a empresa defende o conceito amplo de insumo dessa forma: pela sistemática da nãocumulatividade, de acordo com a literalidade da disposição legal contida no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/03, extraise que os bens e serviços qualificados como insumos na atividade desenvolvida pela empresa geram direito de crédito de Cofins, exatamente porque concorrem para a formação de suas receitas e, mormente porque o legislador não definiu, no texto legal, a conceituação do que se deveria entender por “insumo”. Afirma: “no caso da contribuição ao PIS e da Cofins, a materialidade do tributo vai além da atividade meramente mercantil, fabril ou de serviços, alcançando todo o universo de receitas auferidas pela pessoa jurídica”. Logo, insumo é todo e qualquer gasto incorrido pela pessoa jurídica na produção de seus bens ou na prestação de seus serviços, necessários para a consecução de sua atividadefim, ou seja, são os produtos e serviços inerentes à produção, mesmo que não sejam consumidos durante o processo produtivo. São os custos e despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99. E ainda, para a empresa, ainda que sob uma denominação diferente, as despesas incorridas com combustível, despesas com movimentação de produtos acabados e escolta, traduzemse em despesa de frete, cujo crédito encontrase autorizado pela legislação. Assim descreve seu direito ao creditamento, como apontou o acórdão embargado: Buscou esclarecer, a partir do objeto da empresa constante de seu estatuto social (acerca do exercício das atividades de industrialização, comercialização, inclusive importação e exportação de produtos siderúrgicos, em especial gusa em todas as suas formas), que de acordo com o art. 23, §§ 1º e 2º, do Dec. nº 96.044/88, que enquadra se enquadra como atividade de transporte rodoviário de produto perigoso (de risco elevado), que deve ser tratada como caso especial, que requer Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.665 6 acompanhamento técnico especializado, com viaturas próprias, e promovido pelo fabricante. Mencionou no mesmo sentido a Resolução DNIT nº 11/04, notadamente os arts. 3º, 16 e 18, que citam que nenhum veículo transportador de carga indivisível, poderá transitar em Rodoviária Federal, sem oferecer completa segurança e estar equipado de acordo com o previsto nesse normativo; da necessidade de acompanhamento de escolta a ser fixada pela autoridade que fornecer a Autorização Especial de Transporte AET, cujo transporte somente poderá ser efetuado mediante prévia obtenção dessa autorização. Mediante as assertivas acima formuladas aduziu que tais despesas são essenciais para a conclusão de sua cadeia produtiva e consecução de sua atividadefim, eis que decorrentes de imposição legal. Vale dizer: diante da alta periculosidade e da sua indivisibilidade, o ferro gusa em estado líquido só pode ser transportado com escolta especializada (doc. 04), gerandose, pois, despesas com combustível e escolta, bem como a depreciação de máquinas envolvidas nesta etapa, não havendo como negar que a etapa de comercialização faça parte da própria produção. E tudo isto ocorreu de acordo com autorização expressado art. 3º, I e IX, da Lei nº 10.833/03. Admitir o contrário é privilegiar o contribuinte que contrata o frete com terceiros em detrimento daquele que realiza o frete próprio, em clara ofensa ao princípio da isonomia previsto nos arts. 5º, caput, e 150, II, da CF/88. Na origem, as glosas se deram por extrapolar previsão legal para a constituição do crédito, ex vi do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/02 e da Lei nº 10.833/04. Fundamentos do acórdão embargado Para o deslinde das controvérsias, o relator passou a delimitar o termo ‘insumo’ e a expressão ‘frete na operação de venda’ vinculados às atividadesfim da Recorrente, com vistas à constituição de crédito de PIS e de Cofins. É possível se depreender que o relator também adotou o conceito amplo de insumo, da legislação do IRPJ: (...) de acordo com o disposto no art. 3º, I e IX, da Lei nº 10.833/031, cujo caput e incisos II, VI e IX, prevê o desconto de créditos calculados em relação a: bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes; máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; e frete na operação de venda, quando o ônus for Fl. 1665DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.666 7 suportado pelo vendedor. De forma semelhante ocorre com a contribuição para PIS. Vêse de plano que os termos objeto desta análise encontramse contextualizados no permissivo legal retrocitado, seja sob o ponto de vista da fiscalização ou mesmo pela ótica do contribuinte, portanto, incontroverso quanto a este aspecto, restando, igualmente, o exame quanto à extensão de seus efeitos, onde reside o ponto de discórdia entre as partes litigantes, eis que a autoridade fiscal restringe o alcance da definição do que deva ser insumo e, de outra parte, o contribuinte adota uma interpretação mais abrangente a esse respeito. É fato que o conceito de insumo não se encontra expresso na lei de regência da matéria e que a lista de bens, produtos e serviços nelas contidas não é taxativa. Logo, necessário se faz buscar parâmetros para o balizamento do alcance dos efeitos das definições aqui adotadas como referência, a partir da jurisprudência de Tribunais superiores e do próprio CARF. No que atine ao conceito de insumo percebese que as decisões recentemente emanadas do CARF têm adotado como referência os institutos do imposto de renda, no qual insumo é todo custo necessário, usual e normal na atividade da empresa. Tais assertivas tem conotação de abrangência e não de restrição conceitual. É o que se percebe do teor das ementas adiante transcritas, naquilo que interessa à compreensão do conceito a ser atribuído a insumo, despesas com frete, com aquisição de combustível, de movimentação de produtos em produção e acabados entre estabelecimentos do contribuinte e de depreciação, in casu. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. O conceito de insumo passível de crédito no sistema não cumulativo não é equiparável a nenhum outro conceito, tratase de definição própria. Para gerar crédito de PIS e COFINS não cumulativo o insumo deve: ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte na sua atividade (produção ou prestação de serviços); ser INDISPENSÁVEL para a formação daquele produto/serviço final; e estar RELACIONADO ao objeto social do contribuinte. (Acórdão nº 3302001.781, Sessão de 10/10/2012). Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 COFINS NÃOCUMULATIVA. CRÉDITO. RESSARCIMENTO. A inclusão no conceito de insumos das despesas com serviços contratados pela pessoa jurídica e com as aquisições de Fl. 1666DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.667 8 combustíveis e de lubrificantes denota que o legislador não quis restringir o creditamento da Cofins às aquisições de matérias primas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. (Acórdão nº 3101001.109, PAF 10850.001925/9899, Sessão de 27/06/2012, Rel. Cons. Tarásio Campelo Borges, PMV). No mesmo sentido encontrase o Acórdão 3201000.958 (10976.000158/200871), Sessão de 26/04/2012. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES As aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados na produção e na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo produtor/vendedor integram o conceito de insumo se geram créditos dedutíveis da Cofins devida mensalmente. (Acórdão nº 20312.902, PAF 11065.003365/200490, Sessão de 08/05/2008). COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INDÚSTRIA METALÚRGICA DIREITO DE CRÉDITO – RESSARCIMENTO. Lei nº 10.637/02, art. 3º IN SRF nº 460/2004 A expressão “bens e serviços utilizados como insumo” empregada pelo legislador, obviamente não se restringe somente aos insumos utilizados no processo de industrialização, tal como definidos nas legislações de regência do IPI e do ICMS, mas designa cada um dos elementos necessários ao processo de produção de bens e serviços; insumos são os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento, desde que seja imprescindíveis para o funcionamento do fator de produção. Inserindose no conceito de insumo utilizado na produção de bens destinados à venda (art. 3º, inc. II da lei nº 10.637/02), eis que inseparavelmente ligados ao funcionamento e à manutenção das diversas e imprescindíveis etapas do ciclo produtivo do bem que possibilitam sua destinação final à venda, os gastos com “Lingoteira; Alutap 68C, barro, tijolos refratários, vergalhões, diesel comum, peças de manutenção mecânica; refratários; serviços de revestimento; brita calcária, geram direito ao crédito do PIS. (Acórdão nº 3402001.645, PAF 10218.000546/200591, Sessão de 15/02/2012, Rel. Cons. Fernando Luiz Lobo D Eca, RPPVQ) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. BENS INTEGRANTES DO ATIVO FIXO/IMOBILIZADO/PERMANENTE NA DATA DA ENTRADA EM VIGOR DOS REGIMES DE NÃO CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO PELOS ENCARGOS Fl. 1667DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.668 9 DE DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO APURADOS JÁ NA VIGÊNCIA DO REGIME. ARTS. 3º, §1º, III e §3º, III, DA LEI N. 10.637/2002 E DA LEI N. 10.833/2003. 1. O fato gerador dos créditos escriturais de PIS e de Cofins previstos nos arts. 3º, VI, da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003 ocorre no momento ("no mês") em que são apurados os encargos de depreciação e amortização, na forma do art. 3º, §1º, III e §3º, III das mesmas leis, indiferente a data de aquisição dos bens. Isto é: "A apuração dos créditos decorrentes dos encargos de depreciação e de amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, alcança os encargos incorridos em cada mês, independentemente da data de aquisição desses bens" (Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 2 de 14 de março de 2003). 2. Desse modo, sem adentrar à análise do art. 31, da Lei n.10.865/2004, os bens existentes em 1° de dezembro de 2002 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a contribuição ao PIS/Pasep e os bens existentes em 1º de fevereiro de 2004 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a COFINS. 3. Recurso especial provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte resultado de julgamento: "A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, sem destaque." Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. (REsp nº 1256134/SC, Sessão de 10/04/2012). Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/03/2005 a 31/12/2005 CRÉDITOS BÁSICOS. DESPESAS COM FRETES. As despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte, pagas e/ ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos básicos de Cofins, a partir da competência de fevereiro de 2004, passiveis de dedução da contribuição devida e/ ou de ressarcimento/compensação. RO PROVIDO EM PARTE E RV PROVIDO EM PARTE. Restabelecese a exigência das partes dos créditos tributários correspondentes aos créditos básicos das contribuições para o PIS e Cofins, exoneradas pela autoridade julgadora de primeira instância, calculados indevidamente sobre os valores das notas fiscais de entradas emitidas pelo próprio contribuinte e não sobre os valores das notas fiscais dos fornecedores. (Acórdão nº 3301001.577, PAF 10680.722403/201035, Sessão de 10/10/2012, Rel. Cons. José Adão Vitorino de Morais). Fl. 1668DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.669 10 (os grifos são do original) Postos os trechos da fundamentação do Relator, é possível apontar que, para ele: · O insumo deve ser UTILIZADO direta ou indiretamente pelo contribuinte na sua atividade (produção ou prestação de serviços); ser INDISPENSÁVEL para a formação daquele produto/serviço final; e estar RELACIONADO ao objeto social do contribuinte. · Os insumos são os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. · As aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados na produção e na operação de entrega direta de produtos industrializados e vendidos pelo produtor/vendedor integram o conceito de insumo e geram créditos. · Insumos são os gastos que, ligados inseparavelmente aos elementos produtivos, proporcionam a existência do produto ou serviço, o seu funcionamento, a sua manutenção ou o seu aprimoramento, desde que sejam imprescindíveis para o funcionamento do fator de produção. · Os bens existentes em 1º de dezembro de 2002 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a contribuição ao PIS/Pasep e os bens existentes em 1º de fevereiro de 2004 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a COFINS. · As despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte, pagas e/ ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos. Após a sua fundamentação do que é insumo e qual a relação do conceito com o pleiteado pela empresa, o relator assim se manifestou: Como visto todos os temas objeto de questionamento por parte da contribuinte e da decisão recorrida devolvidos a esta Corte para exame encontramse contemplados na jurisprudência retromencionada. A partir de uma simples leitura dos textos suso transcritos é possível inferir que o conceito de insumo comporta inserção de custos de produção e despesas operacionais necessárias às atividades da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (RIR/99, art. 299), bem assim que as hipóteses relacionadas nas leis retrocitada são exemplificativas e não exaustivas. Dito isto e considerando a legislação específica, a doutrina e a jurisprudência trazida aos autos pela própria Recorrente, portanto diante do conjunto de elementos disponibilizados, há se concluir que cabe a dedução das despesas ligadas direta ou indiretamente vinculadas à atividade principal Fl. 1669DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.670 11 da contribuinte (objeto social), relacionada à venda de mercadorias ou o serviço, para fins de constituição de crédito ou de compensação. Ademais, como visto, as Leis nºs 10.637/02 e 10.833//03 autorizaram em seu artigo 3º, IX, o desconto de créditos relacionados às despesas com frete nas operações de vendas de mercadorias, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor. Considerando a contextualização do conceito de insumo, bem como que o serviço de frete comporta atividades de coleta, transferência e entrega da mercadoria transportada, além de vários aspectos que devem ser contemplados, como custo com gerenciamento de riscos, percurso, tipo de carga, dentre outros aspectos; Considerando que a carga transportada pela contribuinte é de alta periculosidade e que a contribuinte se sujeita à legislação aplicável ao transporte rodoviário de produtos perigosos, ao ponto de ser tratado como caso especial, que envolve o cumprimento de exigências nela estabelecidas, que impõe acompanhamento técnico especializado, o transporte preferencialmente em veículos próprios e que prevê a necessidade de acompanhamento de escolta, mediante prévia obtenção de Autorização Especial de Trânsito – AET, nos termos da Resolução DNIT nº 11/04; Considerando que o dispêndio realizado para o transporte, mesmo que ocorrendo após o processo produtivo, é necessário à consecução do desiderato e suportado pela própria fabricante, a nosso sentir, deve integrar o conceito de insumo, compreendido dentre as despesas operacionais da contribuinte, classificadas ou não como parte integrante das despesas com frete. E mais, nos termos do já decidido recentemente no Acórdão nº 3301001.577, PAF 10680.722403/201035, Sessão de 10/10/2012, Rel. Cons. José Adão Vitorino de Morais, posição com a qual me filio, “as despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e/ou produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte, pagas ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos básicos de Cofins, a partir da competência de fevereiro, passíveis de dedução da contribuição devida ou de ressarcimento/compensação”. Diante do teor do voto, entendo que o relator acatou o creditamento para os quatro insumos pleiteados pela empresa. Entretanto, a sua conclusão foi “Ante todo o exposto dou provimento parcial ao recurso voluntário, (...) para converter as glosas atinentes aos gastos com aquisição de combustíveis consumidos no transporte de produtos acabados e serviços de escolta". Diante disso, há contradição, porquanto os “gastos incorridos com a movimentação de produtos acabados” não constam como deferidos no dispositivo do acórdão, mas constam como deferidos na fundamentação do voto e na ementa: Fl. 1670DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.671 12 CRÉDITOS. DESPESAS COM FRETE. MOVIMENTAÇÃO DE PRODUTOS EM FABRICAÇÃO OU ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DO CONTRIBUINTE. As despesas com fretes para transporte de produtos em elaboração e, ou produtos acabados entre estabelecimentos do contribuinte, pagas e/ ou creditadas a pessoas jurídicas, mediante conhecimento de transporte ou de notas fiscais de prestação de serviços, geram créditos básicos de Cofins, a partir da competência de fevereiro de 2004, passiveis de dedução da contribuição devida e/ ou de ressarcimento/compensação. Precedentes. Logo, acolho os embargos para sanar a contradição apontada e incluir no dispositivo do acórdão, o deferimento desse insumo. Quanto à omissão do creditamento de depreciação, entendo que o relator concedeu o crédito. Isso porque, o Relator citou a seguinte decisão: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS NÃO CUMULATIVOS. BENS INTEGRANTES DO ATIVO FIXO/IMOBILIZADO/PERMANENTE NA DATA DA ENTRADA EM VIGOR DOS REGIMES DE NÃO CUMULATIVIDADE. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO PELOS ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO E AMORTIZAÇÃO APURADOS JÁ NA VIGÊNCIA DO REGIME. ARTS. 3º, §1º, III e §3º, III, DA LEI N. 10.637/2002 E DA LEI N. 10.833/2003. 1. O fato gerador dos créditos escriturais de PIS e de Cofins previstos nos arts. 3º, VI, da Lei n. 10.637/2002 e da Lei n. 10.833/2003 ocorre no momento ("no mês") em que são apurados os encargos de depreciação e amortização, na forma do art. 3º, §1º, III e §3º, III das mesmas leis, indiferente a data de aquisição dos bens. Isto é: "A apuração dos créditos decorrentes dos encargos de depreciação e de amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, alcança os encargos incorridos em cada mês, independentemente da data de aquisição desses bens" (Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 2 de 14 de março de 2003). 2. Desse modo, sem adentrar à análise do art. 31, da Lei n.10.865/2004, os bens existentes em 1 de dezembro de 2002 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a contribuição ao PIS/Pasep e os bens existentes em 1º de fevereiro de 2004 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a COFINS. 3. Recurso especial provido. Decisão Vistos, relatados e discutidos esses autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas, o seguinte Fl. 1671DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.672 13 resultado de julgamento: "A Turma, por unanimidade, deu provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, sem destaque." Os Srs. Ministros Cesar Asfor Rocha, Castro Meira, Humberto Martins e Herman Benjamin (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. (REsp nº 1256134/SC, Sessão de 10/04/2012). E concluiu: Como visto todos os temas objeto de questionamento por parte da contribuinte e da decisão recorrida devolvidos a esta Corte para exame encontramse contemplados na jurisprudência retromencionada. Por isso, acolho os embargos para sanar a omissão e conceder o creditamento no tocante à depreciação. Limites de análise destes embargos de declaração Os embargos voltamse a esclarecer o acordão embargado, eliminando obscuridades ou contradições, e a integrar a decisão, suprindo as omissões. Ressalto que os presentes embargos não se prestam a invalidar uma decisão processualmente/materialmente defeituosa, tampouco a reformar uma decisão que contenha erros de julgamento. Quer isso significar que não se faz aqui o rejulgamento da matéria, logo não se poderia fixar conceito de insumo diferente daquele adotado pelo relator do acordão embargado. Conclusão Diante de todo o exposto: I O dispositivo do acórdão n° 3803003.749 deve ser alterado para: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer a ocorrência de erro material na apuração do montante do crédito a que fez jus o contribuinte, cometido no Parecer SEORT/DRF/VIT nº 2.152/2009, e para reverter as glosas atinentes aos gastos com (a) aquisição de combustíveis consumidos no transporte de produtos acabados, (b) serviços de escolta, (c) movimentação de produto acabado e (d) depreciação. II A emenda do acórdão n° 3803003.749 deve ser integrada pelo seguinte: BENS INTEGRANTES DO ATIVO FIXO/IMOBILIZADO/PERMANENTE. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO PELOS ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. Fl. 1672DF CARF MF Processo nº 11962.000340/200500 Acórdão n.º 3301004.133 S3C3T1 Fl. 1.673 14 Os bens existentes em 1° de dezembro de 2002 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a contribuição ao PIS/Pasep e os bens existentes em 1º de fevereiro de 2004 no ativo permanente das empresas estão aptos a gerar o creditamento pelos encargos de depreciação e amortização para a COFINS. Pelo exposto, voto por acolher os embargos, com efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 1673DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004360/2010-99
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. TERCEIROS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. PERIODICIDADE SEMESTRAL.
É vedado o pagamento de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, sendo que os dois requisitos são cumulativos.
O pagamento de PLR fora dos limites temporais atribui natureza de complementação salarial à totalidade da verba paga a título de participação nos lucros ou resultados.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.215
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada).
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. TERCEIROS. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. PERIODICIDADE SEMESTRAL. É vedado o pagamento de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, sendo que os dois requisitos são cumulativos. O pagamento de PLR fora dos limites temporais atribui natureza de complementação salarial à totalidade da verba paga a título de participação nos lucros ou resultados. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 43 60 /2 01 0- 99 Fl. 252DF CARF MF 2 conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial. Votou pelas conclusões a conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada). (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de auto de infração, DEBCAD: 37.308.8841, lavrado pela fiscalização contra a empresa em epígrafe, no valor total de R$ 185.884,68 (cento e oitenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e quatro reais e sessenta e oito centavos), consolidado em 06/12/2010, correspondentes às contribuições destinadas a terceiros a: a) Segurados empregados constantes das folhas de pagamento da empresa, que receberam o benefício do PLR – Participação nos Lucros e Resultados, em desacordo com a legislação vigente, cujos recolhimentos não foram comprovados pela empresa, bem como não constam declarações do banco de dados da Receita Federal do Brasil. Tais segurados não constavam das GFIP. De acordo com o Relatório Fiscal de fls. 22/24, a rubrica “Pagamento de PLR” foi considerada pela fiscalização como base de cálculo do Salário de Contribuição, tendo em vista a inobservância de determinações contidas no artigo 3º, parágrafo 2° da Lei 10.101 de 19/12/2000 que legisla sobre o assunto: "É vedado o Pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a titulo de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil". Ainda de acordo com o Relatório Fiscal, a empresa efetuou o pagamento nos lucros ou resultados da empresa em meses seqüenciais ou em intervalos menores do que um semestre civil, quais sejam: a) CNPJ 0001: 01/2006, 02/2006, 03/2006, 07/2006, 08/2006 e 12/2006; b) CNPJ 0004: 01/2006, 02/2006, 03/2006, 05/2006, 07/2006 e 12/2006 e c) CNPJ 0008: 01/2006 e 05/2006. O valor tributável e não recolhido foi apurado nas folhas de pagamento, resumos mensais, RPA, bem como através de arquivos digitais, no formato MANAD e as alíquotas aplicadas foram: 5,8%. Fl. 253DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 3 3 A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I/SP julgado a impugnação improcedente, mantendo o crédito tributário em sua integralidade. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. Em sessão plenária de 18/10/2012, foi dado provimento parcial ao Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301003.153 (fls. 142/168), com o seguinte resultado: “Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, para afastar do lançamento os pagamentos a título de PLR referentes a empregados que receberam somente até duas parcelas anuais, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que deu provimento ao recurso nesta questão; b) em dar provimento parcial ao recurso, para afastar do lançamento as duas primeiras parcelas pagas a título de PLR para aqueles empregados que receberam mais de duas parcelas, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que deu provimento ao recurso nesta questão; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; d) em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nas preliminares, para afastar a responsabilidade dos administradores da recorrente. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira que votaram em dar provimento parcial para deixar claro que o rol de coresponsáveis é apenas uma relação indicativa de representantes legais arrolados pelo Fisco, já que, posteriormente, poderá servir de consulta para a Procuradoria da Fazenda Nacional, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Declaração de voto: Damião Cordeiro de Moraes. Sustentação oral: Luiz Felipe de Alencar Melo Minidouro. OAB: 292.531/SP”. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 NULIDADE.CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Incabível a argüição de nulidade do lançamento de ofício quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. Quando presentes a completa descrição dos fatos e o enquadramento legal, mesmo que sucintos, de modo a atender integralmente ao que determina o art. 10 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. IMUNIDADE QUANTO À INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NA REMUNERAÇÃO. FINALIDADES DA LEI REGULADORA. O benefício fiscal concedido aos pagamentos a título de Participação nos Lucros ou Resultados tem natureza de imunidade quanto à incidência da contribuição previdenciária sobre a remuneração. A lei reguladora da imunidade tem como finalidades contribuir para o combate à fraude contra os Fl. 254DF CARF MF 4 trabalhadores ou contra a solidariedade no financiamento da seguridade social e para a melhoria da qualidade das relações entre capital e trabalho. Sem o preenchimento dos requisitos legais, não há como reconhecer o benefício fiscal. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PAGAMENTOS LIMITADOS A ATÉ DUAS PARCELAS ANUAIS. Por força do dispositivo do art. 3º, §2º da Lei 10.101/2000, os pagamentos a título de PLR que foram posteriores à segunda parcela anual devem ser incluídos na base de cálculo da contribuição, tendo em vista que não obedecem ao requisito legal para desfrutar da mencionada isenção. RESPONSABILIDADE DOS ADMINISTRADORES. RELAÇÃO DE CORESPONSÁVEIS. AFASTAMENTO. Sem que haja a configuração nos autos dos requisitos dos arts. 134 e 135 do CTN, não pode prevalecer a responsabilização dos sócios. LANÇAMENTOS REFERENTES FATOS GERADORES ANTERIORES A MP 449. MULTA MAIS BENÉFICA. APLICAÇÃO DA ALÍNEA “C”, DO INCISO II, DO ARTIGO 106 DO CTN. LIMITAÇÃO DA MULTA MORA APLICADA ATÉ 11/2008. A mudança no regime jurídico das multas no procedimento de ofício de lançamento das contribuições previdenciárias por meio da MP 449 enseja a aplicação da alínea “c”, do inciso II, do artigo 106 do CTN. No tocante à multa mora até 11/2008, esta deve ser limitada ao percentual previsto no art. 61 da lei 9.430/96, 20%. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado para ciência da Fazenda Nacional, em 29/01/2013 para cientificação em até 30 dias, nos termos da Portaria MF nº 527/2010. A Fazenda Nacional interpôs, tempestivamente, em 1º/02/2013, Recurso Especial (fls. 169/197). Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido em relação aos seguintes aspectos: a) incidência de contribuição previdenciária sobre PLR; e b) retroatividade benigna Obrigação Acessória. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho s/nº, da 3ª Câmara, de 15/03/2016 (fls. 238/246). O recorrente traz, em relação ao item “a” incidência de contribuição previdenciária sobre PLR, os normativos que interessam ao deslinde dos fatos, quais sejam: Constituição Federal de 1988: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: [...] XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Fl. 255DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 4 5 Lei nº 8.212/1991: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Lei nº 10.101/2000: Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. § 1º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. § 4º A periodicidade semestral mínima referida no § 2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. § 5º As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Fl. 256DF CARF MF 6 · Salienta que, atento às regras transcritas acima, cumpre voltar a atenção para os dados constantes dos autos, a fim de analisar se o contribuinte atendeu a todas as exigências legais, podendo exercer o direito de excluir do saláriodecontribuição a verba que denomina como “participação nos lucros”; e o que se verifica é que a empresa efetuou o pagamento nos lucros ou resultados da empresa em meses sequenciais ou em intervalos menores do que um semestre civil, ficando incontroverso que o pagamento nos lucros ou resultados foi feito sem observar a periodicidade exigida no artigo 3º da lei nº 10.101/00, ou seja, em periodicidade incompatível com a natureza dos pagamentos de PLR, que são condicionados ao alcance das metas fixadas no acordo celebrado, metas essas que deverão ser atingidas ao final do período fixado. · Ressalta que os instrumentos de negociação e previsão de direitos, nunca podem alterar a disciplina que a lei previamente traz em relação a um determinado instituto; o conhecimento da lei, inescusável que é, contorna a atividade tanto do empregador quanto dos trabalhadores, de modo que se os mesmos quiserem estipular a “Participação nos Lucros e Resultados” da empresa, não tributável, devem estipular condições que se afinem aos postulados da lei, no caso, a Lei nº 10.101/00; além do que os acordos coletivos não integram a legislação tributária. · Esclarece que a razão de ser da norma quanto à periodicidade para o pagamento da referida participação/PLR é devido a uma possível queda de arrecadação nos cofres públicos, uma vez que se não houvesse tal imposição, uma empresa poderia, por meio de PLR, reduzir gradativamente a parcela fixa paga mensalmente aos funcionários e aumentar a parcela variável (que é isenta de encargos sociais e previdenciários, além do que pode ser deduzida do imposto de renda), causando assim uma redução considerável na arrecadação de impostos; e por isso, a regra quanto à periodicidade dos pagamentos merece especial atenção do fisco previdenciário, haja vista a concessão de favor fiscal ao contribuinte em detrimento da arrecadação para custeio de benefícios previdenciários, devendo ser interpretada literalmente, a teor do artigo 111 do CTN. · Afirma que os parâmetros estabelecidos em lei, para caracterização da natureza dos pagamentos efetuados são bastante razoáveis, tendo como escopo evitar as fraudes, o que só poderia ser conseguido através da regulamentação através de lei ordinária, a qual em última instância visa apenas garantir o cumprimento dos mandamentos constitucionais. · Enfatiza que, quanto à incidência somente sobre as parcelas excedentes a duas por ano civil, este entendimento não pode prevalecer sob pena de se conferir validade individualizando pagamentos que no seu contexto geral foram realizados em desconformidade com a Lei específica; assim não se pode dizer que a Lei nº 10.101 não fez previsão do tipo tributário para incidência de contribuição previdenciária, não havendo sanção para o parcelamento do PLR em mais de duas vezes no ano civil ou mesmo o pagamento Fl. 257DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 5 7 das parcelas em periodicidade inferior a um semestre civil, pois, para a incidência de contribuições previdenciárias a este título, basta o descumprimento dos dispositivos da lei específica, conforme o disposto no artigo 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91. · Conclui, portanto, que descumprida a legislação específica (Lei nº 10.101/2001), não se enquadra o caso no disposto no art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91, devendo aí incidir a contribuição previdenciária sobre todos os valores pagos a título de PLR pelo empregador. · Em relação ao item “b” retroatividade benigna obrigação acessória, o recorrente requer seja dado total provimento ao presente recurso, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 35, caput, da Lei ny 8.212/91, em detrimento do art. 35A, do mesmo diploma legal, para que seja esposada a tese de que a autoridade preparadora deve verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a multa anterior (art. 35, II, da norma revogada) ou a do art. 35A da MP nº 449/2008. Cientificado do Acórdão nº 2301003.153, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 24/08/2016, o contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 258DF CARF MF 8 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora. Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido, conforme Despacho de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial, fls. 238. Assim, não havendo qualquer questionamento acerca do conhecimento e concordando com os termos do despacho proferido, passo a apreciar o mérito da questão. Do mérito Periodicidade do Pagamento da PLR Com relação à questão da periodicidade do pagamento, o Acórdão Recorrido decidiu da seguinte forma: Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO PARCIAL ao RECURSO VOLUNTÁRIO de modo a: (a) afastar do lançamento os pagamentos a título de PLR referentes a empregados que receberam somente até duas parcelas anuais; (b) afastar do lançamento as duas primeiras parcelas pagas a título de PLR para aqueles empregados que receberam mais de duas parcelas...; Em que pese o entendimento do voto vencedor da decisão ora recorrida, de que apenas os pagamentos específicos que ultrapassagem o interstício temporal determinado em lei é que deveriam ser considerados como base de cálculo da contribuição previdenciária, tenho outro entendimento. Com efeito, a legislação trata da questão da temporalidade do pagamento da PLR no âmbito da sua natureza NÃO SALARIAL. Para comprovação disso, basta vermos que o dispositivo que trata da temporalidade do pagamento é um parágrafo do artigo que trata da natureza da verba. Para fins de esclarecimento, encontrase reproduzido o citado dispositivo, com a redação vigente à época dos fatos geradores. Lei n° 10.101, de 2000 Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) §2o É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. (g.n.) Reparase da leitura acima, que não estamos tratando de limite de verba não tributada, mas sim de condição para fixação de sua natureza. Ora, o pagamento em menor periodicidade do que aquela definida em lei, tem o condão de dar natureza de complementação salarial à verba pretensamente paga a título de PLR. Fl. 259DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 6 9 No caso, o contribuinte alega que, em regra, não pagou ao mesmo empregado parcelas com intervalo inferior a seis meses. Além disso, considera a periodicidade do pagamento um aspecto meramente formal. Pois bem, é clara na legislação a vedação ao pagamento, inclusive antecipação, em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) semestre civil. No entanto, o contribuinte fez pagamentos em meses sequenciais e de valores significativos, levando a concluir que não se tratava de mera diferença surgida de eventual equívoco. Na matriz, por exemplo, o contribuinte efetuou pagamentos nos meses 01, 02, 03, 07, 08 e 12/2006. Em que pese o contribuinte alegar que, "em regra", não pagou ao mesmo empregado parcelas com intervalo inferior a seis meses, o fato é que não caberia à administração cotejar entre os diversos pagamentos efetuados, para cada empregado, aquilo que foi pago a cada um deles, decidindo de forma discricionária qual dos pagamentos deveria ser mantido para caracterizar o cumprimento do dispositivo legal, conforme determina o Acórdão Recorrido. Asseverese que a decisão de primeira instância apontou, por amostragem, que houve mais de dois pagamentos a um mesmo empregado, demonstrando o descumprimento da regra estabelecida no art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.101/2001. A empresa, para obedecer os ditames legais, e valerse da exclusão, deve adequar seus planos, nos mais diversos exercícios de forma a que não haja pagamento ou distribuição acima dos limites legais, quais sejam, duas vezes no ano e uma vez por semestre, regra vigente à época dos fatos geradores. Como a lei 10.101/2000 não admite o pagamento de PLR mais duas vezes no ano, ou com periodicidade inferior a um semestre civil, entendo que os dois prazos são cumulativos e não uma opção. Assim, ao pagar PLR em desconformidade com a lei, em relação a periodicidade, passam os valores distribuídos em sua totalidade a compor o conceito de salário de contribuição. Destacase, ainda, outro ponto que atribui fragilidade à tese do Acórdão Recorrido: como seria possível, objetivamente, escolher qual a parcela que seria excluída? A ausência de qualquer previsão legal a respeito, associada a subjetividade atribuída pelo relator fragiliza, ainda mais, a referida tese. Ademais, a lei 10.101/2000 descreve uma expressa vedação, cujo descumprimento implica desnaturar todo o PLR atribuído, razão pela qual deve ser tributada a totalidade das rubricas. Cito julgados do TST e TRF que corroboram referida argumentação de que, em havendo descumprimento da periodocidade estabelecida na lei 10.101/2000, todo o PLR encontrase desnaturado: TRF1 APELAÇÃO CIVEL AC 31295 MG 2002.38.00.031295 1 (TRF1) Data de publicação: 29/11/2005 PROCESSUAL CIVIL, CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA. REJEIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS DA Fl. 260DF CARF MF 10 EMPRESA. ART. 7º , XI , DA CF/1988 . AUTO APLICABILIDADE. PAGAMENTOS EM PERÍODOS INFERIORES A UM SEMESTRE. DESCARACTERIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO EM LUCROS. LEI Nº 10.101 , de 2000, ART. 3º , § 2º. VERBA HONORÁRIA. CONDENAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA. APLICAÇÃO DO ART. 20 , § 4º , DO CPC . [...] 3. Todavia, após a vigência da Medida Provisória nº 794 , de 29.12.1994, convertida na Lei nº 10.101 , de 2000, a distribuição de valores em periodicidade inferior a um semestre civil descaracteriza a participação em lucros, em face da vedação contida no art. 3º , § 2º , dos referidos atos legislativos. [...] TST RECURSO DE REVISTA RR 15477420125010431 (TST) Data de publicação: 24/04/2015 Ementa:RECURSO DE REVISTA. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PAGAMENTO MENSAL. PREVISÃO EM NORMA COLETIVA. INTEGRAÇÃO EM OUTRAS PARCELAS. O art. 3.º , § 2.º , da Lei n.º 10.101 /2000, com a redação que lhe foi dada pela Lei n.º 12.832 /2013, veda o pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), em mais de duas vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a um trimestre civil. Inferese da regulamentação promovida pela Lei n.º 10.101 /2000, ao art. 7.º , XI , da Constituição Federal , que se buscou evitar que a PLR passasse a ser paga como complemento ao salário mensal e acabasse substituindo parte da remuneração, conforme expressamente proibido no caput do referido art. 3.º Temse, assim, que referida regra objetivou, também, dificultar a transformação de salário em PLR com o fito de diminuir artificialmente os encargos decorrentes da relação de emprego. Ademais, a eventualidade do pagamento da PLR, conforme expressamente previsto na lei, permite diferenciála de parcelas salariais, afastando a possibilidade de sua incorporação, uma vez que a natureza salarial de uma parcela pressupõe periodicidade, uniformidade e habitualidade no seu pagamento. Desse modo, considerando que a lei repele o pagamento mensal da referida parcela, ainda que o nosso ordenamento jurídico disponha que o pactuado em acordo faz lei entre as partes, por injunção do art. 7.º , XXVI , da Constituição Federal , não há como reconhecer acordos e convenções coletivas que contrariem a legislação em vigor. No caso dos autos, as partes acordantes desviaramse dos objetivos e da finalidade da lei, ao autorizar o pagamento mensal da participação nos resultados, devendo ser reputado inválido o ajuste coletivo, que não pode subsistir aos termos da legislação em vigor, razão pela qual deve ser mantido o reconhecimento da natureza salarial da parcela mensalmente paga e sua integração na base de cálculos de outras verbas salariais, conforme decidido no Regional de origem. Recurso de Revista. Fl. 261DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 7 11 Por esse motivo, entendo que pagamentos a título de participação nos lucros sem respeito à periodicidade mínima legalmente estabelecida, desconfiguram o programa e, portanto, todas as verbas pagas a título de PLR devem compor o salário de contribuição, razão pela qual deve ser dado provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional nessa questão. Aplicação da multa retroatividade benigna Quanto ao questionamento sobre a multa aplicada, a qual deseja o recorrente ver reformado o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A, da Lei ny 8.212/91, entendo que razão assiste ao recorrente. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 262DF CARF MF 12 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Fl. 263DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 8 13 Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Fl. 264DF CARF MF 14 Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação Fl. 265DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 9 15 acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. Fl. 266DF CARF MF 16 § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 19515.004360/201099 Acórdão n.º 9202006.215 CSRFT2 Fl. 10 17 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO, para restabelecer o lançamento em relação a totalidade do PLR face o descumprindo o §2º do art. 3º da lei 10.101/2000, bem como, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Fl. 268DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.900120/2008-60
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jan 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1998
RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91. ARTIGO
Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005. Recurso especial não conhecido, nos termos do artigo 67, §12, incisos II e III, do RICARF (Portaria MF nº 343/2015).
Numero da decisão: 9101-003.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente em exercício e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998 RECURSO ESPECIAL. SÚMULA CARF 91. PRAZO PARA RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. 10 ANOS. SÚMULA CARF 91. ARTIGO Nos termos de decisão Plenária do STF e da Súmula CARF 91, o prazo para compensação é de 10 anos quanto às declarações de compensação apresentadas antes de 9 de junho de 2005. Recurso especial não conhecido, nos termos do artigo 67, §12, incisos II e III, do RICARF (Portaria MF nº 343/2015). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente em exercício e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 01 20 /2 00 8- 60 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10880.900120/200860 Acórdão n.º 9101003.244 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de processo originado pela apresentação de Pedido de Compensação de crédito de saldo negativo de IRPJ do 1º trimestre de 1998, apresentado em 31/10/2003. A Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo não homologou as compensações. Após a apresentação de manifestação de inconformidade, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento manteve a decisão da DRF. O contribuinte apresentou recurso voluntário que foi acolhido parcialmente pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Primeira Seção, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1998 SALDOS NEGATIVOS DE RECOLHIMENTO DO IRPJ E CSLL. PRAZO PARA PLEITEAR A RESTITUIÇÃO E PARA EFETUAR VERIFICAÇÕES FISCAIS. O prazo para pleitear a restituição do saldo negativo de IRPJ ou CSLL, acumulado, devidamente apurado, escriturado e declarado ao Fisco, é de 5 anos contados do período que a contribuinte ficar impossibilitada de aproveitar esses créditos, mormente pela mudança de modalidade de apuração dos tributos ou pelo encerramento de atividades. De igual forma, a administração tributária conta também com 5 anos para verificar a correção dos valores pleiteados, estando a contribuinte obrigada a manter a escrituração e comprovantes e boa guarda, em observância ao artigo 264 do RIR/2009. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi movimentado para a Procuradoria que apresentou recurso especial por divergência na interpretação da lei tributária a respeito do prazo para repetição de indébito na forma do artigo 168, do Código Tributário Nacional. O recurso especial foi admitido pela então Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção deste Conselho: Da contraposição dos fundamentos expressos nas ementas e nos votos condutores dos acórdãos, evidenciase que a recorrente logrou êxito em comprovar a ocorrência do alegado dissenso jurisprudencial, pois em situações fáticas semelhantes, chegou se a conclusões distintas. A divergência é patente: o acórdão recorrido firmou entendimento no sentido de que o prazo para pleitear a restituição O prazo para pleitear a restituição do saldo negativo Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.900120/200860 Acórdão n.º 9101003.244 CSRFT1 Fl. 4 3 de IRPJ ou CSLL, acumulado, devidamente apurado, escriturado e declarado ao Fisco, é de 5 anos contados do período que a contribuinte ficar impossibilitada de aproveitar esses créditos, mormente pela mudança de modalidade de apuração dos tributos ou pelo encerramento de atividades. Por sua vez no paradigma, o colegiado entendeu que esse prazo é sempre de 5(cinco) anos contados do anocalendário que o saldo foi apurado. Destarte, em vista do exposto DOU SEGUIMENTO ao recurso especial. O contribuinte foi intimado para apresentar contrarrazões ao recurso especial, sem que tenha apresentado qualquer manifestação. É o relatório. Voto Adriana Gomes Rêgo, Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 9101003.240, de 09.11.2017, proferido no julgamento do Processo nº 10880.900061/200820. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 9101003.240): O recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional é tempestivo, tendo sido demonstrada a divergência na interpretação da lei tributária. De toda forma, não conheço do recurso especial, conforme razões a seguir. A Procuradoria sustenta a contrariedade do acórdão recorrido ao artigo 168, I, do Código Tributário Nacional, que dispõe: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; Para julgamento da matéria, sobreleva considerar a previsão dos artigos 3º e 4º, da Lei Complementar nº 118/2005, que prescrevem: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4o Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10880.900120/200860 Acórdão n.º 9101003.244 CSRFT1 Fl. 5 4 inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. Ao assim dispor, o citado artigo 4º tinha por finalidade atribuir eficácia retroativa à inovação veiculada pelo artigo 3º. Com efeito, o artigo 106, do Código Tributário Nacional é nos seguintes termos: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; O Supremo Tribunal Federal decidiu em sessão do Pleno, aplicando a sistemática do artigo 5453B, do Código de Processo Civil, que: DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10880.900120/200860 Acórdão n.º 9101003.244 CSRFT1 Fl. 6 5 aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (Tribunal Pleno, Recurso Extraordinário nº 566.621, DJe 10/10/2011, Rel. Ministra Ellen Gracie) Os Conselheiros deste Conselho Administrativos de Recursos Fiscais devem reproduzir as decisões do Supremo Tribunal Federal, tomadas com fundamento no artigo 543B, do antigo CPC/1973, na forma do artigo 62, §2º, do atual RICARF (Portaria MF nº 343/2015), verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Ressaltese, ainda, que a inconstitucionalidade da segunda parte do artigo 4º, da Lei Complementar nº 118/06 pode ser proclamada por este Colegiado em observância ao próprio RICARF (Portaria MF nº 343/2015), termos do artigo 62, §1º, I e II, alínea b: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action? idArquivoBinario=0 II que fundamente crédito tributário objeto de: b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; O citado dispositivo regimental encontra fundamento no artigo 26A, do Decreto nº 70.235/1972: Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10880.900120/200860 Acórdão n.º 9101003.244 CSRFT1 Fl. 7 6 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Pois bem. Diante disso, entendo necessário adotar o entendimento do STF no julgamento acima, que reconheceu: (i) que a LC 118/2005 não é interpretativa, tendo alterado o prazo para restituição de indébito de 10 anos (contados do fato gerador), para 5 anos (do pagamento indevido). (ii) a segunda parte do artigo 4º, da Lei Complementar nº 118/05, é inconstitucional; (iii) o novo prazo para restituição de indébito (5 anos) só seria aplicável às ações ajuizadas a partir de 9/06/2005. Cumpre destacar, ainda, que o CARF aprovou Enunciado de Súmula em sentido similar, dispondo que: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. No caso destes autos, a Turma a quo deu provimento parcial ao recurso voluntário do contribuinte para assegurar o direito à compensação de saldo negativo acumulado no 3º trimestre de 2000 (desde 1996) quanto às compensações realizadas em 2003. O recurso especial da Procuradoria não se coaduna com o entendimento do Pleno do Supremo Tribunal Federal, conforme acórdão acima colacionado, como tampouco com a Súmula 91 do CARF. Diante disso, voto por não conhecer o recurso especial da Procuradoria, nos termos do atual RICARF (Portaria MF nº 343/2015): Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 12. Não servirá como paradigma o acórdão que, na data da análise da admissibilidade do recurso especial, contrariar: (...) II decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil; e III Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10880.900120/200860 Acórdão n.º 9101003.244 CSRFT1 Fl. 8 7 Por tais razões, não conheço o recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional, mantendo o acórdão recorrido. O processo deve retornar à unidade de origem para verificar a procedência do direito creditório do contribuinte, conforme acórdão da Turma a quo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 149DF CARF MF
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