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Numero do processo: 10835.720085/2005-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
Compensação Baseada em Créditos da CSLL, PIS/Pasep e Cofins.
A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado.
Quando o crédito alegado envolver mais de um tributo que se insira na competência de diferentes Seções, dentre as quais a Primeira Seção de Julgamento, caberá a este Colegiado promover o julgamento do feito.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3102-001.435
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso voluntário e declinar da competência em favor da Primeira Seção.
(assinado digitalmente)
Luis Marcelo Guerra de Castro - Presidente e Redator Designado.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes, Winderley Morais Pereira, Álvaro Almeida Filho, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro.
Nome do relator: Luis Marcelo Guerra de Castro
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A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado. Quando o crédito alegado envolver mais de um tributo que se insira na competência de diferentes Seções, dentre as quais a Primeira Seção de Julgamento, caberá a este Colegiado promover o julgamento do feito. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o recurso voluntário e declinar da competência em favor da Primeira Seção. (assinado digitalmente) Luis Marcelo Guerra de Castro Presidente e Redator Designado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Luciano Pontes de Maya Gomes, Winderley Morais Pereira, Álvaro Almeida Filho, Nanci Gama e Luis Marcelo Guerra de Castro. Relatório Por bem descrever a matéria litigiosa, adoto relatório que embasou o acórdão recorrido, que passo a transcrever: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 00 85 /2 00 5- 08 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 4/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 2 Tratase de Manifestação de Inconformidade interposta em face de Despacho Decisório, em que foi apreciada a PER/DCOMP de fls. 02/04, transmitida em 29/08/2005, por intermédio da qual a contribuinte pretende ver restituído crédito, no montante de R$ 37.739,08, relativo a valores de PIS, Cofins e CSLL, que reputa terem sido indevidamente retidos, em decorrência de pagamentos efetuados por serviços prestados pelos seus associados. A análise da liquidez e certeza do crédito utilizado na PER/DCOMP foi efetuada pela DRF em Presidente Prudente no Despacho Decisório de fl. 150, de 14/12/2005, que aprovou o Parecer DRF/PPE/Saort nº 28, de 14/12/2005, através do qual a autoridade competente não reconheceu o direito creditório pleiteado, vez que os valores de PIS, Cofins e CSLL retidos devem ser considerados como antecipação do devido pelo contribuinte que sofreu a retenção, podendo ser deduzidos das contribuições devidas da mesma espécie, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês de retenção. Cientificada do Despacho Decisório em 26/12/2005 (fl. 153), a contribuinte ingressou, em 25/01/2006, com a manifestação de inconformidade de fls. 154/162, na qual alega, em síntese, que: a) a manifestante é uma cooperativa sem fins lucrativos, tendo como prestadores de serviços seus próprios associados; b) toda a receita da cooperativa reverte, exclusivamente, aos cooperados, sendo as despesas rateadas proporcionalmente entre os sócios; c) tratase de uma sociedade que não possui receita e nem despesa; d) as cooperativas buscam tão somente a satisfação dos custos administrativos, nunca o lucro; e) tributar os atos cooperativos é uma clara ofensa aos princípios constitucionais da capacidade contributiva e da isonomia; f) a interessada teve o PIS, Cofins e CSLL retidos pelas fontes pagadoras, por se tratar de prestação de serviços e ser remunerada por empresas que se enquadravam nas hipóteses previstas na Lei nº 10.833/2003; g) discorre sobre a isenção dos atos cooperativos; h) assevera que Lei Ordinária não pode revogar Lei Complementar, portanto, as cooperativas continuam isentas do pagamento da Cofins, PIS e CSLL; i) cita matéria extraída da Internet que relata o tema em questão. Ao final, requer que o processo administrativo seja julgado totalmente procedente e seja restituída à requerente a contribuição do PIS, Cofins e CSLL, retida indevidamente. Ponderando as razões aduzidas pela recorrente, juntamente com o consignado no voto condutor, decidiu o órgão recorrido pelo indeferimento do pedido de restituição, conforme se observa na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 CRÉDITOS. RESTITUIÇÃO. Para aceitarse a restituição pretendida pela contribuinte, os créditos que supõe ter necessitam gozar de liquidez e certeza. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 4/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10835.720085/200508 Acórdão n.º 3102001.435 S3C1T2 Fl. 217 3 CSLL. SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. A contribuição social sobre o lucro líquido incide sobre a totalidade do resultado apurado pela cooperativa no período base, incluindo tanto os atos nãocooperativos quanto os cooperativos. A isenção da CSLL aplicável aos ingressos provenientes de atos cooperativos, prevista na Lei 10.865/2004, só tem vigência a partir de 1º de janeiro de 2005. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. SOCIEDADES COOPERATIVAS. INCIDÊNCIA. As sociedades cooperativas, em geral, estão sujeitas ao recolhimento dessas contribuições, em relação às sua receita bruta total auferida mensalmente, sendo admitidas as exclusões ou deduções específicas de acordo com suas atividades. Solicitação Indeferida Após tomar ciência da decisão de 1ª instância, comparece a interessada mais uma vez ao processo para, em sede de recurso voluntário, essencialmente, reiterar as alegações manejadas por ocasião da instauração da fase litigiosa. Em face do encerramento do mandato do conselheiro relator e de que, até a presente data, não foi formalizado o acórdão, me autodesignei para tal tarefa. É o Relatório Voto Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Redator Ad Hoc Pela descrição da matéria litigiosa é possível verificar que este Colegiado não detém competência para enfrentar o presente recurso. Como relatado, a recorrente pleiteia utilizar supostos créditos da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Para a definição da competência em razão da matéria, há que se aplicar, portanto, os artigos 2º, II e 7º do Regimento Interno do CARF, onde se lê: Art. 2° À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: (...) II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); (...) Art. 7° Incluemse na competência das Seções os recursos interpostos em processos administrativos de compensação, Fl. 228DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 4/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO 4 ressarcimento, restituição e reembolso, bem como de reconhecimento de isenção ou de imunidade tributária. § 1° A competência para o julgamento de recurso em processo administrativo de compensação é definida pelo crédito alegado, inclusive quando houver lançamento de crédito tributário de matéria que se inclua na especialização de outra Câmara ou Seção. § 2° Os recursos interpostos em processos administrativos de cancelamento ou de suspensão de isenção ou de imunidade tributária, dos quais não tenha decorrido a lavratura de auto de infração, incluise na competência da Segunda Seção. § 3° Na hipótese do § 1°, quando o crédito alegado envolver mais de um tributo com competência de diferentes Seções, a competência para julgamento será: I Da Primeira Seção de Julgamento, se envolver crédito alegado de competência dessa Seção e das demais; Como é possível perceber, o litígio em julgamento se subsume à regra descrita no inciso I do § 3º do art. 7º, acima transcrito, o que inviabiliza sua análise por este Colegiado. Com essas considerações, deixou de tomar conhecimento do recurso e declino da competência em favor da egrégia Primeira Seção de Julgamentos. Sala das Sessões, em 24 de abril de 2012 Luis Marcelo Guerra de Castro Fl. 229DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO, Assinado digitalmente em 1 4/11/2013 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
score : 1.0
Numero do processo: 10768.004396/2004-88
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999 a 2002
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário.
Recurso especial provido.
Numero da decisão: 9202-002.189
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Gustavo Lian Haddad
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 1999 a 2002 IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. Recurso especial provido.
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS. PERIODICIDADE MENSAL. INAPLICABILIDADE. SÚMULA 38 DO CARF. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimento s apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Recurso especial provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad – Relator EDITADO EM: 05/07/2012 Fl. 719DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 2 Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Gonçalo Bonet Allage, Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Em face de Maristela Espíndula Passos Costa foi lavrado o auto de infração de fls. 406/415, objetivando a exigência de imposto de renda pessoa física dos anoscalendário de 1999 a 2002, tendo sido apurada infração relativa a omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada. A Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao apreciar o recurso voluntário interposto pela contribuinte, exarou o acórdão n° 10615.826, que se encontra às fls. 539/552 e cuja ementa é a seguinte: “MOMENTO DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO Excetuadas as hipóteses expressamente definidas em lei como de fato gerador anual, a regra de tributação dos rendimentos percebidos pelas pessoas físicas é no momento da percepção do rendimento. De acordo com o § 4° do art.42 da Lei n° 9.430, na hipótese de presunção de omissão de rendimentos, caracterizada pela existência de depósitos em instituições financeiras sem comprovação da origem, o imposto incide no mês e tem por base a tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA Após o advento do Decreto lei n° 1.968/1982 (art. 7°), que estabelece o pagamento do tributo sem o prévio exame da autoridade administrativa, o lançamento do imposto sobre a renda das pessoas físicas passou a ser do tipo estatuído no artigo 150 do CTN. Nos termos do art. 43 do CTN, o fato gerador do imposto sobre a renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica. Fixada pela norma legal a tributação mensal, o termo de início para contagem do prazo de cinco anos para o lançamento é a ocorrência do fato gerador, ou seja, o mês em que o imposto incide. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE – Incabível falarse em irretroatividade da lei que amplia os meios de fiscalização, pois esse princípio atinge somente os aspectos materiais do lançamento. Preliminar rejeitada. Recurso parcialmente provido.” A anotação do resultado do julgamento indica que a Câmara, por maioria de votos, deu parcial provimento ao recurso para acolher a tese de decadência mensal do lançamento em relação aos meses de janeiro a junho de 1999. Fl. 720DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10768.004396/200488 Acórdão n.º 920202.189 CSRFT2 Fl. 2 3 Intimada pessoalmente do acórdão em 24/04/2007 (fls. 554) a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial às fls. 555/563, em que sustenta, em apertada síntese, que o v. acórdão deve ser reformado tendo em vista contrariedade ao artigo 150, §4º, do CTN, no tocante à contagem do prazo de decadência com base anual. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº DDF106145180_081, de 19/03/2008 (fls. 564/566). Intimada do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 571) a contribuinte deixou de apresentar suas contrarazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Gustavo Lian Haddad, Relator A decisão proferida pelo v. acórdão recorrido se deu por maioria de votos. Dessa forma, nos termos do artigo 7º, inciso I, do antigo Regimento Interno deste Conselho, o recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional, que adequadamente demonstrou uma linha de argumentação para justificar a contrariedade à lei, preenche os requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Passo ao exame do mérito. No mérito, a discussão no presente recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional está limitada ao reconhecimento da ocorrência mensal ou anual dos fatos geradores decorrentes da omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários para fins de início do prazo de decadência. No tocante ao aspecto temporal do fato gerador no caso do imposto de renda das pessoas físicas, e salvo algumas hipóteses de tributação em separado (por exemplo ganhos de capital), tenho me manifestado que embora o artigo 2° da Lei n° 7.713, de 1988, tenha determinado o pagamento mensal do imposto à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem recebidos, os arts. 9º a 11 da Lei nº 8.134, de 1990, e os arts. 12 e 13 da Lei n° 8.383, de 1991, mantiveram o regime de apuração anual na medida em que determinaram que deve ser apresentada a Declaração de Ajuste Anual para fins de determinação do montante do imposto devido no ano. De fato, pela sistemática em vigor no decorrer do anocalendário o contribuinte antecipa, mediante a retenção na fonte ou por meio de pagamentos espontâneos e obrigatórios, o imposto que será apurado em definitivo quando da apresentação da Declaração de Ajuste Anual, a teor dos artigos 9º e 11 da Lei nº 8.134, de 1990. Assim, é no encerramento de cada anocalendário que o fato gerador do imposto de renda estará concluído – vale dizer, em 31 de dezembro de cada ano, inclusive em relação à omissão de rendimentos por depósitos de origem não comprovada. A matéria, inclusive, é objeto da Súmula CARF nº 38, in verbis: Fl. 721DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. 4 Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. Considerando que foi aplicada ao caso a regra de contagem do § 4º do artigo 150 do CTN, para os depósitos bancários ocorridos ao longo do anocalendário de 1999 temos que o fato gerador se deu em 31/12/1999, sendo que na data da ciência do auto de infração pela contribuinte, em 12/07/2004 (fls. 444), não havia transcorrido o prazo de decadência de cinco anos. Deve, assim, ser dado provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Afastada a decadência, cabe verificar se haveria outras alegações no recurso voluntário que ainda não teriam sido examinados pela segunda instância, hipótese em que os autos deveriam retornar para seu exame. No presente caso a Contribuinte apontou em seu recurso voluntário diversos argumentos que, a seu ver, implicariam a nulidade/ilegitimidade do lançamento, bem como questionou a suposta omissão de rendimentos ante a sua situação econômica e financeira. O v. acórdão recorrido, por sua vez, enfrentou todas as questões postas ao analisar a legitimidade do lançamento para os demais exercícios objeto da autuação, razão pela qual entendo desnecessária a devolução dos autos à segunda instância para novo julgamento. Destarte, conheço do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO para afastar a decadência e restabelecer o lançamento. (Assinado digitalmente) Gustavo Lian Haddad Fl. 722DF CARF MF Documento de 4 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP05.1216.17394.S6DD. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por AFONSO ANTONIO DA SILVA em 06/07/2012 08:36:12. Documento autenticado digitalmente por AFONSO ANTONIO DA SILVA em 06/07/2012. Documento assinado digitalmente por: OTACILIO DANTAS CARTAXO em 16/07/2012 e GUSTAVO LIAN HADDAD em 10/07/2012. Esta cópia / impressão foi realizada por EMANOEL WERCELENS PINHEIRO em 05/12/2016. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP05.1216.17394.S6DD Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Outros". 3) Selecione a opção "eAssinaRFB - Validação e Assinatura de Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10768.004396/2004-88. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
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Numero do processo: 19740.000672/2008-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR.
VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentivá los a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR.
A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configura se como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto.
AUXÍLIO EDUCAÇÃO AOS EMPREGADOS. REEMBOLSO DE DESPESAS COM FACULDADE. POSSIBILIDADE.
O art. 28, §9º, “t” da Lei nº 8.212/1991 prevê a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados para custeio de despesas com educação básica e superior, incluindo neste cursos de graduação ou de especialização.
MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA.
O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza.
Numero da decisão: 2301-002.860
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou em dar provimento ao recurso nesta questão; b) em dar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento do auxílio educação, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em anular o lançamento por vício formal; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
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VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentivá los a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR. A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configura se como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto. AUXÍLIO EDUCAÇÃO AOS EMPREGADOS. REEMBOLSO DE DESPESAS COM FACULDADE. POSSIBILIDADE. O art. 28, §9º, “t” da Lei nº 8.212/1991 prevê a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados para custeio de despesas com educação básica e superior, incluindo neste cursos de graduação ou de especialização. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista Fl. 485DF CARF MF 2 com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou em dar provimento ao recurso nesta questão; b) em dar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento do auxílio educação, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em anular o lançamento por vício formal; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). (Assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente da Terceira Câmara e da Segunda Seção de Julgamento na data da formalização. (Assinado digitalmente) JOÃO BELLINI JÚNIOR - Relator ad hoc na data da formalização. EDITADO EM: 20/12/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, DAMIÃO CORDEIRO DE MORAES, MAURO JOSE SILVA, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES (Relator). Fl. 486DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 485 3 Relatório Conselheiro João Bellini Júnior - Relator ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato de o conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazê-lo. Esclareço que aqui busco reproduzir o relato do Conselheiro, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Trata se de Auto de Infração lavrado em face da AZUL COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS, por ter, esta empresa, deixado de recolher a contribuição previdenciária, incidente sobre os valores pagos a segurados a título de Participação nos Lucros e Resultados (empregados), Reembolso Faculdade (empregados), Previdência Privada (empregados e diretores) e Prêmios (empregados e diretores), conforme se infere do Relatório Fiscal. Apresentada impugnação, foi mantido o lançamento fiscal, pela decisão recorrida. Irresignada, interpôs o contribuinte Recurso Voluntário contra a decisão acima transcrita. Em seguida, apresentou petição, requerendo desistência parcial do recurso, mantendo-o apenas no tocante às verbas pagas a título de PLR e Reembolso Faculdade, de modo que suas razões recursais podem ser resumidas às seguintes: 1) A previsão de pagamento de uma parcela fixa não contraria a legislação sobre o PLR, não tendo sido apurado pela fiscalização se a empresa auferiu lucro ou não para tal pagamento; 2) O requisito legal de que o PLR tem que ser precedido por negociação coletiva de trabalho entre empresa e empregados teria sido satisfeita pela Convenção Coletiva de Trabalho; 3) O art. 7º, XI da Constituição Federal é auto aplicável; 4) Os valores recebidos a título de PLR o foram eventualmente, recaindo na hipótese do art. 28, §9º, alínea “e”, item 7 da Lei nº 8.212/1991; 5) O reembolso dos valores pagos aos empregados referentes aos cursos de graduação e MBA enquadra se na hipótese contida no art. 28, §9, “t” da Lei nº 8.212/1991, abrangendo, também, educação superior. Assim, vieram os autos a este Conselho de Contribuintes por meio de Recurso Voluntário. Fl. 487DF CARF MF 4 Sem Contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro João Bellini Júnior - Relator ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato de o conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazê-lo. Esclareço que aqui busco reproduzir o relato do Conselheiro, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Do Mérito Sendo o Recurso tempestivo, passo ao seu exame. Do Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR Em seu Recurso a Recorrente pleiteia o reconhecimento da regularidade do seu Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR, cujos pagamentos foram considerados como verbas remuneratórias tributáveis pela contribuição previdenciária. Narra o Relatório Fiscal que os pagamentos efetuados àquele título fundamentaram-se na Convenção Coletiva de Trabalho específica sobre Participação dos Empregados nos Lucros ou Resultados das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização em 2003. Segundo previsto na Cláusula 2a da Convenção, no encerramento do exercício, em 31/12/2003, todos os empregados em efetivo exercício receberiam, uma única vez, no prazo de pagamento da remuneração de janeiro/2004, a importância fixa de R$ 950,00. Já a Cláusula 3a da referida Convenção previa que, apresentando a empresa lucro líquido ou resultados nos balanços de 31/12/2003 e tivessem disponibilidade financeira, efetuariam até 31/07/2004 o pagamento, de uma única vez, da importância equivalente a 40% do salário base previsto na Convenção Coletiva, acrescidos do valor fixo de R$ 286,00 aos empregados admitidos até 31/12/2002 e em efetivo exercício em 31/12/2003, limitada a soma a R$ 3.480,00. Afirma o AFRFB que não havia qualquer critério para pagamento do montante fixo de R$ 950,00, previstos na Cláusula 2a da Convenção Coletiva independentemente de qualquer lucro ou resultado. Fl. 488DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 486 5 Entendeu, portanto, que somente a segunda parcela paga até 31/07/2004 é que teria observado a Lei 10101/2000, o que não teria ocorrido com a primeira parcela de R$ 950,00, paga juntamente com a remuneração de janeiro/2004. Para se aferir a tributação das verbas pagas a título de Participação nos Lucros ou Resultados da Empresa, deve-se ter em mente o instituto previsto pela Constituição Federal, no seu art. 7°, XI, que previu como direito do trabalhador a "participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei". Sendo norma constitucional de eficácia limitada, foi necessária a edição da Lei n° 10.101/2000 para disciplinar o PLR. Ocorre que referida Lei não foi tão específica em prever todas as formalidades, critérios e condições para elaboração do Programa, devendo, por isso, tal liberdade concedida aos elaboradores ser interpretada amplamente, sem restringir-lhe a eficácia, desde que seja observada sua finalidade e as exigências legalmente postas, evitando- se, por outro lado, qualquer tentativa de sua utilização como meio de burla à tributação e de substituição da remuneração dos empregados. O que se observa é que a Lei previu apenas os seguintes requisitos: Negociação entre empresa e empregados, com representantes de ambas as categorias; Regras claras e objetivas; Mecanismos de verificação das informações relevantes para atingir as metas; Previsão da periodicidade da distribuição, do período de vigência e dos prazos. Assim, a partir do escopo constitucional e das normas legais atinentes ao tema, verifica-se se o PLR corresponde à parcela não fixa da remuneração do trabalhador que guarda uma relação direta com o desempenho da empresa. Não deve, portanto, ser confundida com aumentos reais de salários que são incorporados devidamente à remuneração, mesmo quando baseados na produtividade ou qualquer outro indicador de eficiência. Tão pouco se trata de um simples abono sem nenhuma ligação com o resultado do empreendimento. O PLR é, simultaneamente, uma parcela variável da remuneração do trabalhador e um prêmio pelos resultados econômicos financeiros ou físico operacionais alcançados. Tal programa permite que o empregado participe dos resultados da atividade, distribuindo-lhe valores a partir do atingimento de metas, estabelecidas por meio de critérios claros e objetivos, sem, contudo, empregar-lhe os riscos que lhe são inerentes, até porque estes devem permanecer com o empregador investidor. Trata-se, portanto, da interligação de vários indicadores que, a partir de uma análise conjunta, irão definir o valor final a ser pago àqueles que dele participam. Estes indicadores são, entre outros, o comportamento do lucro, a rentabilidade e a evolução do desempenho dos empregados. O PLR é, portanto, um tipo de remuneração flexível, pois é influenciado pelos resultados da produtividade, pela performance da empresa com relação a seu lucro. Fl. 489DF CARF MF 6 Por ser uma medida que preserva o interesse de todos os envolvidos na produção, a Lei exige a participação de representantes de todos os interessados na elaboração. Todos esses requisitos, na verdade, buscam garantir que o PLR tenha a participação das duas categorias (empregados e empregadores) tanto no momento de sua elaboração quanto de sua execução, podendo ser acompanhado por todos os envolvidos quanto ao cumprimento e ao alcance de metas. No caso dos autos, os valores autuados referem-se à parcela fixa, prevista no valor de R$ 950,00 paga a todos os empregados da empresa, tendo como único critério estar o empregado em efetivo exercício em 31/12/2003. Ora, esse valor fixo foi previsto independentemente do alcance de qualquer meta individual ou coletiva. Ainda que seja possível a previsão de pagamento de PLR sem que haja lucro, com vinculação apenas em resultados determinados, deveriam estes ter sido dispostos no PLR como critério para pagamento do valor fixo de R$ 950,00, o que não ocorreu no caso. Não existe vinculação com qualquer meta, lucro ou resultado, o que impede o reconhecimento de que aquela verba teria feição de participação nos lucros e resultados da empresa. Já expressei, por vezes, entendimento de que seria possível a fixação de pagamento mínimo em caso de atingimento de meta pessoal, ainda que a geral da empresa não fosse alcançada, pois isto serviria como incentivo ao empregado a buscar os melhores resultados para a empresa, sem desconsiderar os esforços empreendidos. Contudo, no caso em comento, não existe qualquer meta objetiva ou incentivo aos empregados, já que estes receberiam independentemente de qualquer esforço adicional. Não cabe, portanto, a alegação da Recorrente de que a fiscalização deveria verificar se efetivamente não ocorreu lucro na empresa, pois a fiscalização não afirmou que a verba não poderia ser enquadrada como PLR porque não teria se verificado o resultado positivo, mas sim porque o pagamento se daria independentemente de qualquer resultado. O erro ocorreu na própria norma que o fundamentou (Cláusula 2a da Convenção), e não no momento da aferição dos critérios para pagamento, o que torna irrelevante a verificação dos fatos que o circundam. Do Reembolso-faculdade Ao contrário do que afirmado pela fiscalização, a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados a título de auxílio educação compõe toda a educação, inclusive superior, pois se refere a curso de capacitação e qualificação profissional, previsto no art. 28, §9°, "t" da Lei n° 8.212/1991, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores em comento: § 9° Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...). t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art 21 da Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996 e a cursos de qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja Fl. 490DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 487 7 utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. Além de estar previsto em norma expressa do texto legal, o intuito do legislador, de incentivar o custeio e investimento na capacitação da mão-de-obra, é também alcançado através do pagamento de cursos de especialização ou de graduação em nível superior. É bem verdade que a legislação exige que o benefício seja extensivo a todos os empregados da empresa. Contudo, não se tem notícia nos autos, até porque não apontado pela fiscalização, de que apenas parcela dos empregados e diretores tenha acesso. Deste modo, sendo omisso o relatório fiscal sobre este ponto, presume-se que o contribuinte teria cumprido dita exigência, pois do contrário deveria ter havido a indicação expressa pelo AFRFB. Assim, neste ponto, deve ser reformada a decisão recorrida. Da multa aplicada A autuação em comento refere-se ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigia-se à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP n° 449/2008, posteriormente convertida na Lei n° 11.941/2009, o art. 35 da Lei n° 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Fl. 491DF CARF MF 8 Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP n° 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei n° 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei n° 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei n° 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Fl. 492DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 488 9 Art. 35-A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica-se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei n° 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei n° 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP n° 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei n° 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei n° 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 destinava-se a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Fl. 493DF CARF MF 10 Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relaciona-se com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vincula-se à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei n° 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei n° 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4° e 5° e no revogado art. 35 ambos da Lei n° 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificando-as. Nesses casos, concluindo-se pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei n° 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominar-lhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verifica-se a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei n° 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP n° 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei n° 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei n° 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei n° 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei n° 8.212/1991, com a redação dada pela Lei n° 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei n° 9.430/1996) aplicando-lhe a que for mais benéfica. Fl. 494DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 489 11 Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para que sejam excluídas do lançamento as parcelas referentes aos valores pagos aos empregados a título de reembolso faculdade, bem como para que seja aplicada a penalidade prevista no art. 35 da Lei n° 8.212/1991, com a redação dada pela Lei n° 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei n° 9.430/1996, caso seja mais benéfica para o contribuinte. É como voto. Foi assim que o Conselheiro votou na sessão de julgamento, conforme registro. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior - Relator ad hoc na data da formalização. Fl. 495DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.000312/2007-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Ano-calendário: 2002,2003,2004 e 2005 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. Reconhece-se que o julgador a quo analisou o pedido de diligência, bem como todas as provas e alegações apresentadas pela contribuinte, sendo, contudo, livre para apreciá- las conforme sua convicção e juízo. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão integrante da estrutura administrativa da União, não é competente para enfrentar argüições acerca de inconstitucionalidade de lei tributária. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRINCÍPIO DA DECORRÊNCIA. APLICAÇÃO. Tratando-se de lançamento reflexo, qual seja, calcado nas mesmas infrações autuadas em outro processo, dito principal, cumpre aplicar no julgamento deste o princípio da decorrência, repercutindo a mesma decisão daquele quanto ao mérito. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano- calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 1402-000.854
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir somente a parte da multa isolada concomitante à multa de oficio, mantendo-se as demais exigências por aplicar o princípio da decorrência, em face do que já foi julgado em outra Turma, processo do mesmo contribuinte com a mesma matéria fática e jurídica. Vencidos os Conselheiros, Carlos Pelá (relator), que dava provimento ao recurso e Moisés Giacomelli Nunes da Silva, que examinava o mérito da matéria, por considerar que não há prejudicial no fato de ter havido julgamento da mesma matéria fática e jurídica e do mesmo contribuinte, em outra Turma. Tudo nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antônio José Praga de Souza
Matéria: IRPJ - AF - lucro real (exceto.omissão receitas pres.legal)
Nome do relator: Carlos Pelá
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Recorrida 3ª Turma da DRJ/REC Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2002,2003,2004 e 2005 PRELIMINAR. CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. Reconhecese que o julgador a quo analisou o pedido de diligência, bem como todas as provas e alegações apresentadas pela contribuinte, sendo, contudo, livre para apreciá las conforme sua convicção e juízo. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA 2. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, órgão integrante da estrutura administrativa da União, não é competente para enfrentar argüições acerca de inconstitucionalidade de lei tributária. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRINCÍPIO DA DECORRÊNCIA. APLICAÇÃO. Tratandose de lançamento reflexo, qual seja, calcado nas mesmas infrações autuadas em outro processo, dito principal, cumpre aplicar no julgamento deste o princípio da decorrência, repercutindo a mesma decisão daquele quanto ao mérito. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA. Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Recurso Voluntário Provido em Parte. Fl. 1361DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 2 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para excluir somente a parte da multa isolada concomitante à multa de oficio, mantendose as demais exigências por aplicar o princípio da decorrência, em face do que já foi julgado em outra Turma, processo do mesmo contribuinte com a mesma matéria fática e jurídica. Vencidos os Conselheiros, Carlos Pelá (relator), que dava provimento ao recurso e Moisés Giacomelli Nunes da Silva, que examinava o mérito da matéria, por considerar que não há prejudicial no fato de ter havido julgamento da mesma matéria fática e jurídica e do mesmo contribuinte, em outra Turma. Tudo nos termos do relatório e votos que passam a integrar o presente julgado. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antônio José Praga de Souza (assinado digitalmente) Carlos Pelá Relator (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Redator Designado (assinado digitalmente) Albertina Silva dos Santos Lima Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Albertina Silva Santos de Lima. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. Relatório Tratase de auto de infração de IRPJ, anoscalendários de 2002 a 2005, oriundos do MPF nº. 04.3.01.002007000415. A mencionada ação fiscal decorreu de demanda externa do Tribunal de Contas da União que, por meio do Acórdão 1486/2006 (Plenário), determinou à Agência de Desenvolvimento do Nordeste (ADENE) que encaminhasse a então Secretaria da Receita Federal (atual RFB) a relação das empresas beneficiárias da redução escalonada do IRPJ que não se enquadravam no comando constante do art. 2° da MP n° 2.19914/2001, e, consequentemente, que essa última, de posse da referida relação, adotasse "os procedimentos necessários ao atendimento do disposto no art. 2° da MP n° 2.19914/2001". Adoto o relatório da DRJ/REC, que resume com êxito as controvérsias do presente processo (fl.1286): Fl. 1362DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 3 3 Contra a contribuinte acima qualificada foram lavrados os autos de infração de fls. 05/21, relativos ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, assim discriminados: a) redução, no valor de R$ 31.052,96, do IRPJ a compensar ou a ser restituído no anocalendário 2002 (fls. 05/08) e b) exigência do IRPJ a pagar no valor de R$ 176.146,59, acrescido de juros de mora e de multa de oficio de 75%, e de multa isolada no valor de R$ 202.559,96, relativamente aos anoscalendário 2003, 2004 e 2005 (fls. 09/21). 2. O crédito tributário total importa em R$ 600.063,03, conforme demonstrativo de fl. 04. 3. De acordo com os autos de infração e com o relatório de Ação Fiscal (fls. 1.208/1.251), o lançamento decorreu das seguintes infrações: a) gozo indevido da redução do imposto, beneficio instituído pela Lei n° 4.293, de 1963, b) dedução de retenções na fonte e antecipações não comprovadas e c) falta de recolhimento do imposto sobre base de cálculo estimada mensalmente. 4. O enquadramento legal das infrações, bem assim os demonstrativos de apuração, encontramse consignados nos autos de infração e em seus anexos. 5. A contribuinte apresentou impugnação (fls. 1.255/1.279), alegando, em síntese: a) que obteve o beneficio mediante declaração da SUDENE em 13/10/2000, com vigência até o ano de 2013, sob a égide da Lei n° 9.532, de 1997. A Medida Provisória n° 219914, de 2001, não poderia extinguir o direito a partir de 2001, sendo hipótese de inconstitucionalidade; b) que a isenção lhe foi concedida por prazo certo e sob condição onerosa, pelo que teria direito adquirido de gozála até o prazo final (2013); c) que o pedido de reconhecimento do direito dirigido à Receita Federal era desnecessário em face das práticas reiteradas da administração (art. 100, III, do CTN) e d) que a instituição de multas isoladas fere o Código Tributário Nacional. 6. Por fim, requereu: I) a suspensão da exigibilidade do crédito, II) a emissão de certidão positiva com efeito de negativa, III) a realização de diligência e IV) a decretação de improcedência do lançamento. A decisão da 3ª Turma da DRJ/REC manteve os lançamentos em sua totalidade, em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Fl. 1363DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 4 4 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Indeferese o pedido de diligência quando os documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para formação de convicção e consequente julgamento do feito. RETENÇÕES NA FONTE. ANTECIPAÇÕES MENSAIS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005 BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. REQUISITOS. As pessoas jurídicas titulares de empreendimentos enquadrados em setores da economia considerados, em ato do Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, na área de atuação da extinta Sudene, que usufruíram até 31 de dezembro de 2000 do beneficio extinto pelo art. 2° da MP n° 2.19914, de 24/08/2001, poderão pleitear novamente o beneficio. A fruição do incentivo fiscal depende de comprovação das condições perante o órgão competente do Poder Executivo e do reconhecimento do direito por parte da Receita Federal. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA. Uma vez efetuada a opção pela forma de tributação com base no lucro real anual, a pessoa jurídica fica sujeita a antecipações mensais do IRPJ, calculadas com base em estimativa. O não recolhimento ou o recolhimento a menor do tributo sujeita a pessoa jurídica à multa de oficio isolada prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Lançamento Procedente Irresignada, a contribuinte apresenta recurso voluntário repisando os argumentos de sua peça impugnatória. É o Relatório. Fl. 1364DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 5 5 Voto Vencido Conselheiro CARLOS PELÁ, Relator O recurso atende a todos os pressupostos de admissibilidade. Deve, pois, ser conhecido. De plano, cumpre destacar que o recurso voluntário, assim como a impugnação interposta pela contribuinte é parcial, haja vista não apresentar qualquer contestação expressa às exigências que envolvem os lançamentos do IRPJ decorrentes da dedução de retenções na fonte e antecipações não comprovadas, bem como da falta de recolhimento do imposto sobre base de cálculo estimada mensalmente, contestando, tão somente, o gozo indevido da redução do imposto (beneficio instituído pela Lei n° 4.293/1963) e a aplicação da multa isolada. Assim, a omissão de um item no recurso voluntário e na impugnação da contribuinte, por si só caracteriza a concordância do sujeito passivo relativamente à parte não contestada, ensejando a aplicação do art. 17 do Decreto nº. 70.235/1972, que rege o Processo Administrativo Fiscal. Existindo nos autos matérias não recorridas, tornase definitiva a decisão de primeira instância em relação àquela parte. Aqui, a decisão de 1ª instância sequer manifestou se sobre o tema, pois, como já visto, a contribuinte não apresentou qualquer contestação relativamente a tais créditos tributários. Portanto, restam consolidados administrativamente os correspondentes créditos tributários lançados. Além disso, ainda em sede de preliminar é necessário esclarecer que, do exame dos autos, especialmente da decisão a quo, é possível verificar que as instâncias anteriores consideraram as alegações apresentadas pela recorrente, muito embora não tenham entendido pela necessidade da diligência pleiteada. Nesse contexto, não é demais frisar que a autoridade julgadora pode apreciar livremente as provas e alegações apresentadas conforme sua convicção e juízo. Da mesma forma, não acredito que eventuais informações requeridas pelo contribuinte à ADENE e SUDENE sejam imprescindíveis ao deslinde da controvérsia, até mesmo porque a questão se resume em saber se a contribuinte estava ou não incluída no disposto do art. 2º da Medida Provisória n° 219914/2001 e se essa MP poderia ou não extinguir o direito das partes beneficiadas. Assim, afasto as alegações de cerceamento do direito de defesa. No mérito, atenhome às matérias recorridas, quais sejam (i) o gozo indevido da redução do imposto (beneficio instituído pela Lei n° 4.293/1963) e (ii) a aplicação da multa isolada. Fl. 1365DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 6 6 Alega a recorrente que obteve o direito a isenção tributária do IRPJ através da Declaração DAI/ITE 0186/2000, emitida pela SUDENE, datada de 13/10/2000 e com prazo de vigência até 2013, por força da incidência normativa da Lei n°. 9532/97. Muito embora a Medida Provisória 219914/2001 tenha revogado a Lei n° 9532/97, extinguindo o beneficio a partir de 2001, entende a recorrente que seu benefício não teria sido abolido já que (i) a isenção do IRPJ foi incorporada ao patrimônio jurídico da recorrente; (ii) a isenção ou a "redução" do imposto estão submetidos ao mesmo conjunto de balizamentos normativos; ou seja, isenções/reduções tributárias exigem lei para sua criação e para sua revogação, razão pela qual, a Medida Provisória n°. 219914/2001 não poderia revogar a Lei n°. 9532/97 sem que incorresse em violação ao disposto nos art. 97, VI e 176, CTN, no art. 2° da LICC e no artigo 150, § 6° da CF. Pois bem. O benefício fiscal em apreço foi instituído pelo art. 14 da Lei 4.239/1963, fixando como termo final da isenção o ano de 1973, nos seguintes moldes: Art 14. Até o exercício de 1973 inclusive, os empreendimentos industriais e agrícolas que estiverem operando na área de atuação da SUDENE à data da publicação desta lei, pagarão com a redução de 50% (cinqüenta por cento) o imposto de renda e adicionais não restituíveis. Após isso, em 29/04/1994, foi editada a Lei 8.874, que restabeleceu, a partir de 1994, o benefício já extinto e fixou como novo termo final de sua vigência o exercício de 2001: Art. 2º. Ficam restabelecidos, a partir de 1º de janeiro de 1994, vigorando até o exercício financeiro do ano 2001, os incentivos fiscais previstos no art. 14 da Lei nº 4.239, de 27 de junho de 1963 e no art. 22 do DecretoLei nº 756, de 11 de agosto de 1969, com alterações posteriores. A Medida Provisória 1.562, de 19/12/1996, prorrogou mais uma vez a duração do benefício, desta vez para 31.12.2010. No entanto, a MP nº 1.562/1996 perdeu eficácia, ex tunc, nos moldes do art. 62, § único, da CF, na redação anterior à dada pela Emenda Constitucional 32/2001. MP nº 1.562/96. Art. 1º. Ficam prorrogados até 31 de dezembro de 2010: I os seguintes incentivos fiscais ao desenvolvimento regional: (...) c) a redução de cinqüenta por cento do imposto de renda de que tratam os arts. 14 da Lei nº 4.239, de 27 de junho de 1963, e 22 do DecretoLei nº 756, de 11 de agosto de 1969; A Lei 9.532, de 10/12/1997, trouxe nova alteração no calendário da isenção, assinalando a data de 1º/01/2014 como termo ad quem de sua existência e instituindo reduções graduais da alíquota, na forma do art. 3º, § 2º, citado abaixo: Fl. 1366DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 7 7 Art. 3º Os benefícios fiscais de isenção, de que tratam o art. 13 da Lei nº 4.239, de 27 de junho de 1963, o art. 23 do DecretoLei nº 756, de 11 de agosto de 1969, com a redação do art. 1º do DecretoLei nº 1.564, de 29 de julho de 1977, e o inciso VIII do art. 1º da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, para os projetos de instalação, modernização, ampliação ou diversificação, aprovados pelo órgão competente, a partir de 1º de janeiro de 1998, observadas as demais normas em vigor, aplicáveis à matéria, passam a ser de redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis, observados os seguintes percentuais: (...) § 2º Os benefícios fiscais de redução do imposto de renda e adicionais não restituíveis, de que tratam o art. 14 da Lei nº 4.239, de 1963, e o art. 22 do DecretoLei nº 756, de 11 de agosto de 1969, observadas as demais normas em vigor, aplicáveis à matéria, passam a ser calculados segundo os seguintes percentuais: I 37,5% (trinta e sete inteiros e cinco décimos por cento), a partir de 1º de janeiro de 1998 até 31 de dezembro de 2003; II 25% (vinte e cinco por cento), a partir de 1º de janeiro de 2004 até 31 de dezembro de 2008; III 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento), a partir de 1º de janeiro de 2009 até 31 de dezembro de 2013. § 3º Ficam extintos, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir de 1º de janeiro de 2014, os benefícios fiscais de que trata este artigo. Apenas um dia após a promulgação da citada Lei 9.532/1997, contudo, foi editada a MP 1.61413/1997, cujo art. 1º, I, c, determinou a prorrogação do benefício previsto no art. 14 da Lei 4.239/1963 até 31/12/1997. Não tendo a MP 1.61413 sido convertida em lei no prazo de trinta dias de sua edição, nem reeditada, suas disposições perderam eficácia, ex tunc (art. 62, § único, da CF, na redação anterior à dada pela Emenda Constitucional 32/2001) – com o que ficou restabelecida a sistemática posta na Lei 9.532/1997. Em nova modificação legislativa a Medida Provisória n°. 2058, de 14/12/2000, posteriormente reeditada sob o nº. 2.199, de 24/08/2001, determinou, no artigo 2º, a extinção de tal beneficio a partir de 1º/01/2001, com exceção daqueles considerados pelo Poder Executivo como prioritários para o desenvolvimento da região: MP nº. 2199/2001 Art 2º. Fica extinto, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de 1º de janeiro de 2001, o benefício fiscal de redução do imposto sobre a renda e adicionais não restituíveis, de que trata o art. 14 da Lei nº. 4.239, de 27 de junho de 1963, e o art. 22 do DecretoLei nº. 756, de 11 de agosto de 1969, exceto para aqueles empreendimentos dos setores da economia que venham a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o Fl. 1367DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 8 8 desenvolvimento regional, e para os que têm sede na área de jurisdição da Zona Franca de Manaus. Nesse contexto, notese, por fim, que a recorrente não se insurge contra a sistemática de reduções graduais da alíquota do incentivo, mas, tão somente, quanto à extinção do incentivo a partir de 1º/01/2001, conforme disposto na MP nº. 2.199/2001. Sobre o tema, tenho como certo que isenções tributárias, concedidas por prazo certo e sob condição onerosa, não são livremente suprimíveis. É exatamente o que traduz o disposto no artigo 178 do CTN: Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. Ora, uma vez garantido tal direito ao contribuinte por prazo certo e condições prédeterminadas, não poderia o legislador suprimir tais benefícios livremente, sob pena de ofensa ao princípio da segurança jurídica. Qualquer condição onerosa por prazo certo cria uma relação bilateral entre o Estado e o contribuinte. Assim, o fato de ter o contribuinte arcado com o ônus imposto pelo Estado cria para este direito adquirido de não pagar os tributos isentos, ou pagálos reduzidamente, caso se trate de redução. Por oportuno, notese que, a Lei Complementar nº. 24/75 deu nova redação ao art. 178 do CTN. Antes, o artigo comportava a alternativa ou, que foi substituída pela conectiva e, tornando cumulativos os requisitos de prazo e condição. Nada mais acertado. Não se pode admitir como irrevogável uma isenção condicional, sem qualquer determinação de prazo. Essa situação poderia comprometer o Estado, afetando a arrecadação de tributos e gerando problemas às gerações futuras, em virtude da própria falta de recursos financeiros para a manutenção de programas e serviços públicos. Da mesma forma, não se pode admitir irrevogável uma isenção incondicionada simplesmente por estabelecer prazo determinado, já que por ser não onerosa, quando apropriadamente suprimida pelo Estado, não teria o condão de causar prejuízos relevantes ao contribuinte, que, portanto, não teria direito adquirido a ela. Aqui, atendonos aos questionamentos suscitados pela recorrente, devemos entender que o prazo certo exigido pelo art. 178 do CTN está devidamente estatuído e tem como termo ad quem de sua existência a data de 1º/01/2014. Após isso, para analisarmos a existência da "condição" a que se refere o legislador, é necessário ter em mente que a isenção condicionada é aquela concedida mediante o cumprimento de determinados requisitos exigidos por lei, exigindo uma contraprestação do beneficiário. Nessa linha de raciocínio, cumpre assinalar que não compartilho do entendimento de alguns, no sentido de que a isenção em comento instituiu isenção não condicionada (ou nãoonerosa) a qualquer contraprestação por parte do contribuinte, e que, por Fl. 1368DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 9 9 isso, consubstanciaria favor fiscal que pode ser reduzido ou suprimido por lei a qualquer tempo, sem que se possa cogitar de direito adquirido à sua manutenção. Pelo contrário, entendo que a sua fruição ficou sim subordinada ao cumprimento de encargo e condição onerosa por parte do contribuinte, traduzido na obrigação relacionada à localização do estabelecimento na área de atuação da extinta SUDENE. Se tal circunstância de fato não fosse um encargo, não haveria sequer necessidade de tal isenção. Não se pode negar. Os benefícios fiscais relativos à redução do imposto sobre a renda e adicionais não restituíveis foram criados como incentivo ao desenvolvimento do Nordeste, restringindose às pessoas jurídicas com empreendimentos industriais para o desenvolvimento regional nas áreas de atuação da SUDENE. Assim, não podemos ignorar que o objetivo da isenção foi estimular os investimento privados para garantir o desenvolvimento de uma região em dificuldade que por sua localização e diversos outros fatores não era atraente ao empresariado nacional. A isenção veio permitir a promoção do desenvolvimento includente das áreas de atuação da SUDENE e a integração competitiva de sua base produtiva na economia nacional. Nem se diga que, ainda hoje a SUDENE beneficia as pessoas jurídicas titulares de projetos de implantação, modernização, ampliação ou diversificação de empreendimentos, protocolizados até 31/12/2013, com a redução de 75% do imposto de renda, inclusive adicionais nãorestituíveis, pelo prazo de 10 anos. Diante disso, em que pesem opiniões contrárias, acredito estarem satisfeitos os requisitos para aplicação do disposto no art. 178 do CTN. Destarte, também não devem prosperar os argumentos do acórdão recorrido no sentido de que a hipótese aqui é de redução de IRPJ e não de isenção, não se aplicando a regra do art. 178 do CTN. Não há diferença entre a redução total do imposto ou a redução parcial do imposto para fins de caracterização do instituto da isenção tributária, visto que a ambas se aplicam os mesmos princípios. José Souto Maior Borges define a classificação de isenções totais e parciais. Leiase: As isenções totais excluem o nascimento da obrigação tributária, enquanto que, nas isenções parciais, surge o fato gerador da tributação, constituindose, portanto, a obrigação tributária, embora o quantum devido do débito seja inferior ao que normalmente seria devido se não tivesse sido estabelecido preceito isentivo (...). (Isenções Tributárias, Sugestões Literárias S. A., 1969, 1ª ed., p. 282). Ou seja, na isenção parcial há ocorrência fato gerador e conseqüentemente surge a obrigação tributária, mas em quantia inferior à normalmente devida. Fl. 1369DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 10 10 O mesmo entendimento é compartilhado por Pontes de Miranda: As isenções ou são totais ou são parciais. Dizemse parciais as isenções que deduzem do percentual do imposto, ou do imposto fixo. As isenções totais são préexcludentes da imposição: o imposto não recai no objeto, ou no negócio jurídico, a que se refere a regra jurídica de isenção. As isenções parciais são minorações isentivas do imposto. (Citado em José Souto Maior Borges, Isenções Tributárias, Sugestões Literárias, 1969, p. 192). Por tudo quanto exposto, acolho as alegações do contribuinte no sentido de que a redução de imposto fora incorporada ao patrimônio adquirido da recorrente. Finalizo para esclarecer que, no que tocam às alegações de infração à constituição, descabe tal análise pelo julgador administrativo. Citese o enunciado da Súmula nº. 2 deste Conselho: Súmula CARF Nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária. Deixo de analisar os demais argumentos da contribuinte sobre o tema, posto que desnecessários ao deslinde da controvérsia. Por fim, a recorrente afirma não ser cabível a aplicação de multa de ofício isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais após o encerramento do ano calendário, depois de apurado e recolhido o tributo devido. Repassando os fatos, temos que, ao valerse da redução indevida do imposto, bem assim das retenções não comprovadas no cálculo do imposto a pagar por estimativa mensal, a contribuinte recolheu a menor o tributo em alguns meses do anocalendário 2002 a 2005. Por tal razão, foilhe aplicada a multa isolada, no percentual de 50% do valor não recolhido, com fulcro no art. 44 da Lei 9.430/1996, então com a redação dada pelo art. 14 da Medida Provisória n°351/2007. Não seria necessário decidir a questão, em face do reconhecimento da licitude da redução de imposto levada à cabo pela recorrente em virtude do uso da isenção fiscal discutida. Entretanto, cabe decidir sobre a aplicação da multa isolada sobre os valores lançados decorrentes das retenções não comprovadas, matéria não contestada pela recorrente. Notese que parte das multas isoladas é concomitante com multas de lançamento de ofício. Parte, não é, pois o montante das estimativas, em alguns casos, ultrapassa o montante do tributo devido apurado. É assente neste Conselho que a aplicação da multa isolada sobre estimativas mensais não recolhidas somente é possível no curso do próprio exercício em que estas estimativas são devidas. Sobre este tema, adoto, permissa vênia, a fundamentação adotada pelo Conselheiro Marcos Vinicius Neder de Lima, no Acórdão CSRF/0105.511, pois contempla ampla e integralmente a hipótese destes autos. Sustenta o Conselheiro, em parte destacada do seu voto: “A questão a ser solucionada versa sobre a aplicação de multa isolada por falta de recolhimento da estimativa quando a Fl. 1370DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 11 11 empresa apura, ao final do exercício, tributo inferior ao valor das estimativas devidas ao longo do ano, bem como a possibilidade de exigência concomitante de multa de oficio por falta de recolhimento de tributo devido ao final do exercício e por falta de recolhimento de estimativas no mesmo período. O art 44 da Lei n° 9.430/96 que autoriza a aplicação da multa isolada tem o seguinte teor: Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; §1 0 As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; (...); IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente. Art. 2° (Lei n° 9.430/96) — A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimado, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1° e 2° do art. 29 e nos arts 30 a 32, 34 e 35 da Lei n°8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei n°9.065, de 20 de junho de 1995. As remissões relevantes são as seguintes: " Art. 35 (Lei n° 8.981/95) — A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado excede o valor do imposto, calculado com base no lucro real do período em curso. (...) Fl. 1371DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 12 12 §2° Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que, através de balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de base de cálculo negativas fiscais apurados a partir do mês de janeiro do anocalendário. Após a edição desse dispositivo legal, inúmeros debates instalaramse no âmbito desse Conselho de Contribuintes, sobretudo acerca da aplicação cumulativa das sanções neles previstas. Na verdade, a leitura isolada dos enunciados do artigo 44 da Lei n° 9.430 tem levado alguns dos meus pares a sustentar a aplicação da multa isolada em todos os casos em que não houver recolhimento da estimativa. Sustentam que a sanção foi concebida justamente para assegurar efetividade ao regime da estimativa e preservar o interesse público. Ressalto, inicialmente, que a divergência não se situa na necessidade de dar efetividade ao regime de estimativa, porquanto o intérprete deve atribuir a lei o sentido que lhe permita a realização de suas finalidades. Mas, a pretexto de concretizálo, não se pode menosprezar o sentido mínimo do texto legal. Por força da segurança jurídica, a interpretação de normas que imponham penalidades deve ser atenta ao que dispõe os textos normativos e esses oferecem limites à construção de sentidos. O Conselheiro, então, passa à análise das proposições normativas e do seu sentido possível em face do ordenamento jurídico. Após reconstruir a estrutura lógica do sistema de penalidades aplicáveis à falta de recolhimento das estimativas durante o ano, especialmente no tocante às funções que a base de cálculo dos tributos, seguindo as lições de Paulo de Barros Carvalho, conclui: “Essas conclusões aplicadas à legislação tributária evidenciam o desarranjo na adequação das regras sancionadoras atualmente vigentes no imposto sobre a renda, em que ofensas a bens jurídicos de distintos graus de importância para o Direito são atribuídas penas equivalentes, sem que se atente ao princípio da proporcionalidade punitiva. A punição prevista no artigo 44 da Lei n° 9.430/96 pelo nãorecolhimento do tributo (75% do imposto devido) é equivalente a punição prevista no mesmo artigo pelo descumprimento do dever de antecipar o mesmo tributo (75% do valor da estimativa). Em certos casos, a penalidade isolada chega a ser superior a multa de ofício aplicada pelo não recolhimento do tributo no fim do ano. Quando várias normas punitivas concorrem entre si na disciplina jurídica de determinada conduta, é importante identificar o bem jurídico tutelado pelo Direito. Nesse sentido, para a solução do conflito normativo, devese investigar se uma das sanções previstas para punir determinada conduta pode absorver a outra, desde que o fato tipificado constitui passagem obrigatória de lesão, menor, de um bem de mesma natureza para a prática da infração maior. Fl. 1372DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 13 13 No caso sob exame, o não recolhimento da estimativa mensal pode ser visto como etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é, portanto, meio de execução da segunda. Com efeito, o bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do anocalendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Assim, a interpretação do conflito de normas deve prestigiar a relevância do bem jurídico e não exclusivamente a grandeza da pena cominada, pois o ilícito de passagem não deve ser penalizado de forma mais gravosa que o ilícito principal. É o que os penalistas denominam "princípio da consunção". Aplicando o princípio da consunção, firmado nas lições de Miguel Reale, o conselheiro afirma: Primeiro, o exame do texto evidencia que o artigo 44 da Lei n° 9.430/96 determina que a multa seja calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo. Por inferência lógica, tem que se entender que os incisos I e II também se referem à falta de pagamento de tributo. Importante firmar que o valor pago a título de estimativa não tem a natureza de tributo, eis que, juridicamente, o fato gerador do tributo só será tido por ocorrido ao final do período anual (31/12). O valor do lucro — base de cálculo do tributo só será apurado por ocasião do balanço no encerramento do exercício, momento em que são compensados os valores pagos antecipadamente em cada mês sob bases estimadas e realizadas outras deduções desautorizadas no cálculo estimado. Tributo, na acepção que lhe é dada no direito positivo (art. 3° do Código Tributário Nacional) pressupõe a existência de obrigação jurídica tributária que não se confunde com valor calculado de forma estimada e provisória sobre ingressos da pessoa jurídica. Marco Aurélio Greco, na mesma direção, sustenta que "mensalmente, o que se dá é apenas o pagamento por imposto determinado sobre base de cálculo estimada (art. 2°, caput), mas a materialidade tributada é o lucro real apurado em 31 de dezembro de cada ano (art. 3° do art. 2°). Portanto, imposto e contribuição verdadeiramente devidos, são apenas aqueles apurados ao final do ano. O recolhimento mensal não resulta de outro fato gerador distinto do relativo ao período de apuração anual; ao contrário, corresponde a mera antecipação provisório de um recolhimento, em contemplação de um fato gerador e uma base de cálculo positiva que se estima venha ou possa vir a ocorrer no final do período. Tanto é provisória e em Fl. 1373DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 14 14 contemplação de evento futuro que se reputa em formação — e que dele não pode se distanciar — que, mesmo durante o período de apuração, o contribuinte pode suspender o recolhimento se o valor acumulado pago exceder o valor calculado com base no lucro real do período em curso (art. 35 da Lei n° 8.891/95)." Tanto é assim, que o art. 15 da Instrução Normativa SRF n° 93/97, ao interpretar o art. 2° da Lei n° 9.430/96, que trata do regime da estimativa, prescreve a impossibilidade de as autoridades fiscais exigir de ofício a estimativa não paga no vencimento, a saber: "Art.15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, restringirse á à multa de ofício sobre os valores não recolhidos." A lógica do pagamento de estimativas é, portanto, de antecipar, para os meses do anocalendário respectivo, o recolhimento do tributo que, de outra forma, seria só devido ao final do exercício (em 31.12). Sob o sistema de estimativa mensal, permitese a redução dos pagamentos mensais caso o resultado tributável seja reduzido ou aumentado ao longo do anocalendário, desde que evidenciado por balancetes de suspensão (art. 29 da Lei n° 8.981/94). Assim, via de regra, o tributo — sob a forma estimada não será devido antecipadamente em caso de inexistência de lucro tributável. Tal inferência se alinha coerentemente com o princípio de bases correntes, pois se a empresa nada deve ao longo do ano, nada deverá ao seu final. Se houvesse algum recolhimento prévio que não tem correspondência com o tributo devido ao final do período, tal fato implicaria apenas em restituição ou compensação tributária. Por outro lado, no encerramento do exercício, caso constatada a insuficiência de pagamento do tributo apurado pelo lucro real as empresas terão de complementar a estimativa que fora recolhida ao longo do mesmo período. Assim, o tributo correspondente e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício. Eventuais diferenças, a maior ou a menor, na confrontação de valores geram pagamento ou devolução de tributo, respectivamente. Assim, por força da própria base de cálculo eleita pelo legislador — totalidade ou diferença de tributo — só há falar em multa isolada quando evidenciada a existência de tributo devido. Defendem alguns que a conclusão acima contradiz o § 1°, inciso IV, do mesmo dispositivo legal, que estabelece a aplicação de multa isolada na hipótese de a pessoa jurídica estar sujeita ao pagamento de tributo ou contribuição e deixar de fazêlo, ainda que tenha prejuízo ou apurado base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário Fl. 1374DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 15 15 correspondente. Ou seja, por esse enunciado, permaneceria obrigatório o recolhimento por estimativa mesmo se houvesse prejuízo ou base de cálculo negativa. Essa contradição é apenas aparente. O parágrafo 2° do art. 39 da Lei n.° 8.383/91 autoriza a interrupção ou diminuição dos pagamentos por antecipação quando o contribuinte demonstra, mediante balanços ou balancetes mensais, que o valor já pago da estimativa acumulada excede o valor do tributo calculado com base no lucro ajustado do período em curso. Os balanços ou balancetes mensais são, então, os meios de prova exigidos pelo Direito, para que se demonstre a inexistência de tributo devido. Na verdade, para emprestar praticidade ao regime de estimativa, inverteuse o ônus da prova, atribuindo ao contribuinte o dever de demonstrar que não apurou lucro no curso do ano e que não está sujeito ao recolhimento antecipado. Via de regra, o ônus de provar que o contribuinte está sujeito ao regime de estimativa, para fins de aplicação da multa, caberia ao agente fiscal. Assim, caso a pessoa jurídica não promova o correspondente recolhimento da estimativa nos meses próprios do respectivo anocalendário e não apresente os balancetes de suspensão no curso do período ainda que tenha experimentado prejuízo ou base de cálculo negativa ficará sujeita à multa isolada de que trata o art. 44 da Lei n° 9.430/96. A lei estabelece uma presunção de que o valor calculado de forma presumida (estimada) coincide com o tributo que será devido ao final do período, partindo da constatação de que a estimativa não foi recolhida e de omissão do sujeito passivo em apresentar os balanços ou balancetes. Esse não é caso, contudo, da empresa que, após o término do anocalendário correspondente, apresenta o balanço final do período ao invés de balancetes ou balanços de suspensão. Nesse caso, a exigência da norma sancionadora para que se comprove a inexistência de tributo é atendida. Vale dizer, após o encerramento do período, o balanço final (de dezembro) é que balizará a pertinência do exigido sob a forma de estimativa, pois esse acumula todos os meses do próprio anocalendário. Nesse momento, ocorre juridicamente o fato gerador do tributo e pode se conhecer o valor devido pelo contribuinte. Se não há tributo devido, tampouco há base de cálculo para se apurar o valor da penalidade. Não há porque se obrigar o contribuinte a antecipar o que não é devido e forçálo a pedir restituição posteriormente. Daí concluir que o balanço final é prova suficiente para afastar a multa isolada por falta de recolhimento da estimativa. Resta examinar, então, qual seria a hipótese em que, na presença de prejuízo fiscal, se deveria aplicar a multa isolada. Nesse caso, a interpretação sistemática dos dois enunciados prescritivos dispostos no mesmo artigo aqui comentados (caput e Fl. 1375DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 16 16 § 1°, inciso IV, do art. 44) conduz ao entendimento de que o procedimento fiscal e a aplicação da penalidade devem obrigatoriamente ocorrer no curso do anocalendário, pois a conduta objetivada pela norma (dever de antecipar o tributo) é descumprida e, nesse momento, o efetivo resultado do exercício não está evidenciado mediante balancetes. Assim, em virtude da inobservância da pessoa jurídica dos dispositivos legais reitores, o agente fiscal não tem como aferir a situação fiscal corrente do contribuinte. O legislador concede a fiscalização, durante o transcorrer do períodobase, o poder de presumir que o valor apurado de forma estimada a partir da receita da empresa coincide com o tributo devido, desde que demonstrada a omissão do dever probatório atribuído pela lei ao contribuinte. Essa presunção legal da existência de tributo não poderia ser desfeita após a aplicação da multa de lançamento de ofício pela posterior apresentação de balanço na fase de defesa administrativa, pois tomaria o arbitramento do tributo sob base estimada condicional. Chegamos, portanto, a poucas, mas importantes conclusões: 1as penalidades, além da obediência genérica ao princípio da legalidade, devem também atender a exigência de objetividade, identificando com clareza e precisão, os elementos definidores da conduta delituosa. 2a adoção de bases de cálculo e percentuais idênticos em duas normas sancionadoras faz pressupor a identidade do critério material dessas normas; 3tributo, na acepção que lhe é dada no direito positivo (art. 3° do Código Tributário Nacional) pressupõe a existência de obrigação jurídica tributária que não se confunde com valor calculado de forma estimada e provisória sobre ingressos; 4a base de cálculo predita no artigo 44 da Lei n° 9.430/96 referese à multa pela falta de pagamento de tributo; 5o tributo devido ao final do exercício e a estimativa a ser paga no curso do ano devem guardar estreita correlação, de modo que a provisão para o pagamento do tributo há de coincidir com valor pago de estimativa ao final do exercício; 6não será devida estimativa caso inexista tributo devido no encerramento do exercício; 7os balanços ou balancetes mensais são os meios de prova exigidos pelo Direito, para que o contribuinte demonstre a inexistência de tributo devido e a dispensa do recolhimento da estimativa. 8após o final do exercício, o balanço de encerramento e o tributo apurado devem ser considerados para fins de cálculo da multa isolada; Fl. 1376DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 17 17 9antes do final do exercício, o fisco pode considerar para fins de aplicação de multa isolada o valor estimado calculado a partir da receita da empresa, desde que a inexistência de tributo não esteja comprovada por balanços ou balancetes mensais. 10Se aplicada multa de ofício pela falta de recolhimento de tributo apurado ao final do exercício e constatado que também esse mesmo valor deixou de ser antecipado ao longo do ano sob a forma de estimativa, não será exigida concomitantemente a multa isolada e a multa de ofício, “ Entendo que o voto do Conselheiro Marcos Vinicius Neder de Lima se aplique perfeitamente ao caso presente, e as razões invocadas já seriam suficientes para dar provimento ao recurso voluntário. Posto isso, entendo necessária a reforma da decisão recorrida nas matérias contestadas pela recorrente, de modo que voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Pelá Fl. 1377DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 18 18 Voto Vencedor Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza – Redator Designado. Nos debates realizados no julgamento deste processo divergi quanto ao posicionamento adotado pelo ilustre Conselheiro Relator, Carlos Pela, quanto a possibilidade deste colegiado julgar novamente a matéria em litígio, posto que este processo é decorrente dos fatos apurados e tributados no processo 14751.000195/200794, que também foi objeto de recurso voluntário, e julgado pela colenda 1a. Turma da 2a. Câmara desta Seção do CARF, que mediante acórdão 120100.361 decidiu conforme as seguintes ementa (verbis): IRPJ EXERCÍCIO DE 2002 UTILIZAÇÃO DE BENEFÍCIO FISCAL DO ARTIGO 3°, PARÁGRAFO 2°, DA LEI N 9.532/97. Não atendimento ao disposto no artigo 8° do decreto n° 64.214, de 18 de março de 1969 e artigo 553 do rir quanto ao pedido de reconhecimento do benefício fiscal da redução do IRPJ. Não configuração de prática reiterada da administração pública o não cumprimento da exigência da regra de procedimento pela recorrente. PEDIDO DE BAIXA EM DILIGÊNCIA INDEFERIDO. Possibilidade da apresentação da prova pelo recorrente. Elementos suficientes para o julgamento. Desnecessidade de uso da máquina pública. CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO. Incompetência do CARF quanto à manifestação sobre inconstitucionalidade da revogação da isenção e violação do CTN. Aplicação da Súmula n° 2 do CARF. MULTA ISOLADA APLICADA NOS TERMOS DO ARTIGO 44, INCISO II, “B”, DA LEI N° 9.430/96. Ausência de concomitância em razão da não aplicação de multa de ofício. Recurso não provido. Aliás, aquele mesmo colegiado julgou um outro processo conexo a este, de nº 14751.000216/200771, proferindo a mesma decisão. Uma vez que se trata de autuação decorrente da mesma matéria fática e jurídica, entendo que não este colegiado deve apenas aplicar o principio da decorrência e repercutir a decisão proferida no Colegiado que já apreciou a matéria. Na esfera administrativa, somente a Câmara Superior de Recursos Fiscais tem competência para retificar esse julgado; isso na hipótese de ser admitido recurso especial. O chamado “principio da decorrência” é consagrado neste Conselho, por razões lógicas e jurídicas. Não é dado a dois colegiados distintos de igual hierarquia proferir decisões dispares sobre os mesmos fatos, cabe a um deles declinar competência ao 1o. que conheceu do litígio ou, por economia processual adotar a mesma decisão anteriormente proferida. Fl. 1378DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA Processo nº 14751.000312/200710 Acórdão n.º 140200.854 S1C4T2 Fl. 19 19 Resta portanto, quanto ao cerne do litígio, negar provimento ao recurso aplicandose a mesma decisão do acórdão 120100.361. No que tange a exclusão da multa de oficio isolada, cobrada em concomitância com a multa de oficio proporcional, matéria que não foi objeto de lançamento no processo matriz, no qual foi lançada apenas a multa isolada, acompanho o relator pelos seus jurídicos fundamentos. Conclusão Diante do exposto voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso, para excluir somente a parte da multa isolada concomitante à multa de oficio, mantendose as demais exigências por aplicar o princípio da decorrência, em face do que já foi julgado em outra Turma, processo do mesmo contribuinte com a mesma matéria fática e jurídica. É este o voto condutor do presente julgado. (assinada digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 1379DF CARF MF Impresso em 23/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 23/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 22/02/2012 por CARLOS PELA
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Numero do processo: 10380.001826/2009-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 05 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Mar 29 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1401-000.194
Decisão: Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar a competência a Competência para a 2a Seção do CARF.
Nome do relator: Não se aplica
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2109; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 1 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.001826/200969 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1401000.194 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 5 de dezembro de 2012 Assunto COMPETÊNCIA Recorrente CORPVS CORPO VIGILANTES PARTICULARES LTDA. Recorrida 5ª TURMA DRJ/BSB Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, declinar a competência a Competência para a 2a Seção do CARF. Trata o presente processo de Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP n°37.043.9090) lavrado em face do contribuinte CORPVS CORPO VIGILANTES PARTICULARES LTDA no dia 04/03/2009 para a exigência de contribuições destinadas ao Serviço Social do Comércio – SESC, à alíquota de 1,5% incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada a segurados empregados. O lançamento foi efetuado para prevenir a decadência do direito de constituir o crédito das contribuições relativas aos períodos de janeiro de 2003 a dezembro de 2006. O relatório fiscal de fls. 128/137 esclarece que a autuada não realizou o recolhimento de mencionada contribuição, tendo ingressado com a Ação Ordinária n° 97.00200728 junto a 8ª Vara da Justiça Federal do Ceará com o escopo de suspender a exigibilidade das contribuições destinadas ao SEBRAE, SESC e SENAC. Esclarece a autuada que efetuou os devidos depósitos judiciais dos valores das contribuições em tela, relativas aos períodos de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Conforme se depreende do relatório da DRJ (fl. 183), as bases de cálculo das referidas contribuições foram obtidas em folhas de pagamento apresentadas pela empresa e nas Guias de Recolhimento do FGTS e informações a Previdência Social – GFIP, nas quais o contribuinte informou os códigos 0065 e 0001 que determinam a não declaração dos valores devidos ao SESC. Realizado o exame da contabilidade do contribuinte bem como dos documentos fiscais apresentados, a autoridade fiscal constatou diversas irregularidades, das quais RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 01 82 6/ 20 09 -6 9 Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10380.001826/200969 Resolução nº 1401000.194 S1C4T1 Fl. 3 2 mencionase: (i) a existência de inconsistências entre as despesas declaradas e os devidos documentos suporte que atestam que foram realmente incorridas (fl.128); (ii) indícios de inautenticidade dos documentos fiscais apresentados, tais como notas fiscais com mesma numeração emitidas para clientes distintos; diferenças nos valores, na data de emissão e no layout entre as notas fiscais apresentadas e as notas fiscais emitidas; a autorização para a emissão das notas fiscais apresentadas era para empresas diferentes das que constavam da nota fiscal (fl. 129). Diante de tais fatos, concluiu a autoridade fiscal pela configuração de crime de falsificação de documento, conforme disposto no artigo 297 do Decreto Lei 2.848/40 (Código Penal) e crime de falsificação de papéis públicos, consoante artigo 293, inciso I do mencionado Código. Tempestivamente o contribuinte apresentou impugnação (fls. 141/150) na qual alegou: Terem sido lançadas contribuições referentes a período superior a 5 anos, devendo ser aplicado ao caso o disposto no artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional em virtude da inexistência de dolo, fraude ou simulação em sua conduta e, apenas subsidiariamente, o disposto no artigo 173, I do Código Tributário Nacional para a fixação do dies a quo do prazo decadencial. Ser incabível a imposição de multa por lançamento de ofício e juros de mora sobre o montante depositado judicialmente, uma vez que nos termos do artigo 151, II do Código Tributário Nacional isto configura hipótese de suspensão da exigibilidade de seu crédito, e apenas subsidiariamente, a redução de 50% da referida multa e juros em virtude de ter declarado a Contribuição. Em acórdão de fls. 181/191, a Delegacia da Receita Federal em Brasília julgou procedente em parte a impugnação do contribuinte apenas para excluir as competências de 01/2003 a 11/2003 que teriam sido atingidas pela decadência, mantendose o valor do crédito tributário remanescente. Assim sendo, a fixação do dies a quo do prazo decadencial se deu pelo disposto no artigo 173, I do Código Tributário Nacional, sob o argumento de que o contribuinte teria incorrido nas hipóteses de dolo fraude ou simulação em virtude das inconsistências em sua contabilidade e apresentação de documentos falsos. No tocante à aplicação de multa e juros sobre débitos com a exigibilidade suspensa, a DRJ entendeu ser cabível tal procedimento, pois “tratandose de lançamento destinado a resguardar o crédito dos efeitos da decadência, justificase acautelar tanto a importância principal quanto os seus consectários legais” (fl. 181). Alegou, ainda, que não é da competência da autoridade administrativa dispensar ou reduzir os acréscimos legais (juros/multa) impostos pela legislação previdenciária aplicável à época do lançamento, quais sejam, os artigos 34 e 35 da Lei n° 8.212/91. (fl.189). Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 212/218, no qual reafirmou as razões de sua impugnação quanto a fixação do dies a quo do prazo decadencial pelo artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional, sustentando a inexistência de dolo, fraude ou simulação na apuração e recolhimento das Contribuições exigidas “por total Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10380.001826/200969 Resolução nº 1401000.194 S1C4T1 Fl. 4 3 falta de nexo de causalidade entre a ação imputada à Autuada, (contabilização de notas inidôneas) e o fato gerador das contribuições em tela.”. (fl. 214) Ademais, reafirma seu entendimento no sentido de que o depósito judicial tem o condão de suspender a exigibilidade do crédito, nos termos do artigo 151, II do Código Tributário Nacional. É o relatório. A despeito do processo ter sido distribuído a esta relatora, verifico que, conforme Regimento Interno do CARF, esta colenda Quarta Câmara da Primeira Seção não tem competência para julgamento da presente lide. De acordo com o artigo 3º, IV do RICARF, a competência para o julgamento de tal matéria – exigência de Contribuição ao SESC é da Segunda Seção do CARF: Art. 3° À Segunda Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: IV Contribuições Previdenciárias, inclusive as instituídas a título de substituição e as devidas a terceiros, definidas no art. 3° da Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007; Nesse sentido, voto por declinar o julgamento da lide em razão da ausência de competência, determinando que o processo seja remetido à Segunda Seção do CARF, para distribuição e julgamento. (ASSINADO DIGITALMENTE) Karem Jureidini Dias Fl. 223DF CARF MF
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Numero do processo: 15586.000968/2010-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS
MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES
Ano calendário:2005
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando o procedimento fiscal observou a legislação de regência.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.° 9.430/96,
em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Preliminar Rejeitada. Recurso Negado
Numero da decisão: 1402-000.855
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Antônio José Praga de Souza
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano calendário:2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando o procedimento fiscal observou a legislação de regência. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.° 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Preliminar Rejeitada. Recurso Negado
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IRPJ E REFLEXOS Recorrente GRAFICA E ENCADERNADORA SODRE LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando o procedimento fiscal observou a legislação de regência. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.° 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Preliminar Rejeitada. Recurso Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Albertina Silva Santos de Lima. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 1096DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 2 Relatório GRAFICA E ENCADERNADORA SODRE LTDA recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de autos de infração lavrados no âmbito da DRF/VITÓRIA/ES, relativos ao ano calendário de 2005, por meio dos quais são exigidos do interessado acima identificado o imposto sobre a renda de pessoa jurídica IRPJ/SIMPLES, no valor de R$ 27.199,50 (fls.756/784), a contribuição para o programa de integração socialPIS/SIMPLES, no valor de R$ 27.199,50 (fls. 785/797), a contribuição social sobre o lucro líquidoCSLL/SIMPLES, no valor de R$ 43.194,65 (fls.798/810), a contribuição para financiamento da seguridade social COFINS/SIMPLES, no valor de R$ 86.389,31 (fls.811/823) e a contribuição para seguridade socialINSS/SIMPLES, no valor de R$ 353.402,55 (fls. 824/836), acrescidos de multas de ofício (75% e de 150%) e de encargos moratórios. 2. Dos fatos. 3. De acordo com o Termo de Verificação FiscalTVF de fls. 710/753, a fiscalização do interessado foi motivada pela auditoria fiscal iniciada junto à empresa GRÁFICA E ENCARDENADORA BANDEIRANTES LTDA, CNPJ 30.789.127/000100. 4. Os sócios da GRÁFICA BANDEIRANTES, Srs. Sérgio Lourenço Dossi e Luiz Renato Lourenço Dossi, são filhos dos sócios do interessado (Sr. Valdecyr Mario Dossi e Cecília Maria Lourenço Dossi). 5. A GRÁFICA BANDEIRANTES foi intimada a apresentar livros contábeis, acompanhados de extratos bancários de suas contas correntes relativos ao ano calendário de 2005(fl.220). 6. Ante a falta de atendimento e em face de movimentação financeira no Banco Banestes S/A no montante de R$ 3.867.227,10, muito embora tenha apresentado declaração de inatividade (fl.276), a fiscalização solicitou diretamente à instituição financeira diversos documentos, o que resultou na apresentação de cópia dos extratos bancários, documentos de créditos e débitos, documentos de abertura da conta corrente e procuração em nome do Sr. Valdecyr Mario Dossi. 7. A fiscalização localizou o sócio Sérgio Lourenço Dossi em seu local de trabalho, que vem a ser na GRÁFICA SODRÉ, ou seja, no interessado. Posteriormente, o sócio informou que a GRÁFICA BANDEIRANTES se encontrava inativa. 8. Em diligência, a fiscalização comprovou que no endereço constante do cadastro do CNPJ reside uma família desde 1993, que desconhece a existência da gráfica. O atual contador informou que a empresa não possui escrituração comercial ou fiscal, somente relação de créditos constantes da conta bancária (fls.256/259). 9. Com base na documentação comprobatória de débitos e créditos apresentados pelo Banco Banestes, a fiscalização efetuou diligências junto a alguns Fl. 1097DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 3 clientes os quais alegaram (fls.537/626): 1) desconhecer a empresa GRÁFICA BANDEIRANTES; 2) que os valores das despesas com os serviços gráficos eram em alguns casos desproporcionais ao tamanho de suas empresas; 3) em 2005, os serviços gráficos eram prestados pela GRÁFICA SODRÉ e/ou negociados pessoalmente com o Sr. Valdecyr Mario Dossi. 10. A fiscalização também analisou as transferências eletrônicas e cheques compensados e pôde observar claramente a participação da GRÁFICA SODRÉ e do sócio gerente Valdecyr Mario Dossi (quem assinava os cheques) na utilização da conta corrente da GRÁFICA BANDEIRANTES. 11. Concluiu assim que a conta nº 5.662.481, mantida no Banco Banestes S/A, ag. Praia do Canto, de titularidade da GRÁFICA BANDEIRANTES, que se encontrava inativa em 2005, foi utilizada pelo procurador, Sr. Valdecyr Mario Dossi, para movimentar parte dos recursos de sua empresa GRÁFICA SODRÉ, sendo esta portanto a titular de fato da conta bancária. 12. O interessado tomou ciência destes fatos por meio do termo de constatação e intimação de fls.203/215 (ciência em 24/06/2010), ocasião em que foi instado a se manifestar por escrito sobre a matéria e a apresentar documentação hábil e idônea que comprovasse a origem dos créditos dessa conta mantida no Banco Banestes S/A. Informalmente, o Sr. Valdecyr Mario Dossi alegou que optou por não se manifestar sobre os fatos contidos no termo. 13. Foi iniciada a ação fiscal no interessado, que no ano calendário de 2005 optou pelo SIMPLES, intimandoo a apresentar livros fiscais, blocos de notas fiscais e extratos bancários do referido ano. 14. Examinando o livro Razão, a fiscalização constatou que somente a conta corrente mantida no Banco Banestes (extrato às fls.98/133) foi contabilizada não obstante ter havido movimentação de recursos também no Banco do Brasil S/A e Caixa Econômica Federal, cujos extratos foram fornecidos diretamente pelas instituições financeiras. 15. Todos os valores depositados no Banco Banestes foram escriturados. Os valores registrados nos extratos bancários com o histórico “LIQ DE DESCONTO” e que na contabilidade a contrapartida foi contabilizada na conta intitulada “BANESTES OP DESCTS DUPLICATAS” foram considerados de origem comprovada, pois o procedimento adotado pelo interessado (desconto de duplicatas sem a efetiva prestação de serviço) foi comprovado com farta documentação proveniente da conta bancária mantida no Banco Banestes em nome da GRÁFICA BANDEIRANTES, caracterizando a origem do numerário como obtenção de empréstimo. 16. Relativamente aos depósitos que na contabilidade têm como origem a conta Caixa (contrapartida credora), embora nos extratos indique recursos provenientes de terceiros (CRÉD SIAFEMD, CREDITO TEF, TED, LIBERAÇÃO DE DEPÓSITOS BLOQUEADOS, DOC, ETC), ainda que intimado a comprovar com documentação hábil e idônea (fls.179/184), o interessado não logrou fazêlo. 17. Quanto às contas bancárias não contabilizadas (CEF e BB), examinados os extratos e excluídos os valores referentes a estornos de débitos, cheques devolvidos, remuneração de ações, empréstimos e transferências entre contas da mesma titularidade, inclusive a conta do Banestes em nome da GRÁFICA BANDEIRANTES, a fiscalização elaborou quadro demonstrativo de ingresso de valores e intimou o interessado a comprovar a sua origem (fls.185/192). Fl. 1098DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 4 18. Em resposta (fl.196), o interessado apresentou algumas alegações que por estarem desprovidas de documentação comprobatória não foram aceitas. 19. Das infrações. 19.1. Omissão de receita, correspondente aos depósitos bancários efetuados nas contas correntes mantidas no Banco Banestes (em nome do interessado e da GRÁFICA BANDEIRANTES), Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, cujas origens não foram comprovadas. Enquadramento legal: art. 24 da Lei nº 9.249/1995. Arts. 2º, § 2º, 3º §1º, alínea “a”, 5º, 7º, §1º, 18 da Lei nº 9.317/1996. Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Art. 3º da Lei nº 9.732/1998. Arts. 186, 188 e 199 do RIR/1999. 19.2 Insuficiência de valor recolhido tendo em vista a omissão de receita apurada. Enquadramento legal: art. 5º da Lei nº 9.317/1996 c/c art. 3º da Lei nº 9.732/1998. Arts. 186 e 188, do RIR/1999. 19.3. Em decorrência, foram ainda lavrados os autos de infração de CSLL/SIMPLES, COFINS/SIMPLES, PIS/SIMPLES e INSS/SIMPLES. 19.4. Qualificação da multa de ofício prevista no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.730 de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488 de 2007, tendo em vista a intenção fraudulenta do interessado em suprimir os tributos devidos, uma vez que contabilizou, declarou e tributou apenas dez por cento de suas receitas apuradas no ano de 2005 e utilizouse de conta corrente de uma empresa inativa, constituída por dois filhos dos sócios para nela movimentar parte de seus recursos. Além de terse utilizado de documentos falsos para a obtenção de empréstimos junto ao Banco Banestes. 19.5 O interessado foi ainda excluído do SIMPLES, a partir de 01/01/2006, pelo fato de ter auferido no ano de 2005 receita bruta acumulada em montante excedente ao limite estipulado no art. 9º da Lei nº 9.317/1996, conforme Ato Declaratório DRF/VIT nº 122/2010 (fl.709). 20. Da impugnação. 21. Irresignado, o interessado apresentou as impugnações de fls. 841/843 e 850/862, alegando, em síntese, o que se segue: 21.1. Quanto à exclusão do SIMPLES: não houve excesso de receita bruta em 2005, pois no valor de receita bruta apurado pela fiscalização foram incluídos R$ 1.351.769,95 relativos a depósitos líquidos da Gráfica Bandeirantes no Banco Banestes; não houve autorização especial do delegado da DRF/VITÓRIA/ES conforme prevê o art. 1º da Lei Complementar nº 104/2001, que incluiu o parágrafo único no art. 116 do CTN; inexiste previsão legal para se considerar depósitos bancários os créditos referentes a descontos de duplicatas, portanto deve ser excluído o valor de R$ 1.004.022,54 relativo ao Banco do Brasil. Quanto aos autos de infração: preliminarmente, nulidade do auto de infração por tributar numa empresa o tributo devido por outra, ambas com CNPJ e sócios diferentes; Fl. 1099DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 5 para que uma empresa tenha seus atos constitutivos julgados inválidos pela repartição fiscal é necessário cumprir os requisitos da Lei Complementar nº 104/2001 e legislação subsequente, com a elaboração de relatório consubstanciado, aprovado pelo delegado da DRF jurisdicionante do contribuinte, e comunicação à Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas; no mérito, a possível omissão de receitas derivada de créditos em contas bancárias deve ser apurada e imputada ao titular da conta corrente, mesmo com todas as implicações de não recolhimento tempestivo dos tributos e erros nas obrigações acessórias; no caso da Gráfica e Encadernadora Bandeirantes, o caminho possível seria a constituição do auto de infração em seu nome e, caso julgasse essencial para a preservação do crédito tributário, que imputasse a responsabilidade tributária solidária aos seus sócios; a autoridade lançadora considerou os descontos de duplicatas realizados junto ao Banestes pela Gráfica Bandeirantes como redutores dos créditos bancários apurados, assim requer o mesmo tratamento para os descontos de duplicatas realizados pelo interessado junto ao Banco do Brasil, sendo apontado nos extratos da conta 5965X o histórico “cobrança”.; após a emissão das duplicatas contra clientes, o interessado necessitava de capital de giro e procurava descontar as duplicatas no Banco do Brasil S/A para efetuar a antecipação financeira. No vencimento, o Banco recebia do cliente e tinha como margem de lucro os juros decorrentes dos empréstimos; elaborou planilha listando todos os registros com os descontos de duplicatas junto ao Banco do Brasil, com indicação de datas, valores e os números dos documentos pertinentes a cada operação; depois de retirar os descontos de duplicatas junto ao Banco do Brasil e dos valores pertinentes à Gráfica Bandeirantes Ltda temse que a base tributável dos impostos e contribuições federais se reduziu de R$ 3.631.941,03 para R$ 1.276.148,24, valor que se constante de um auto de infração especificamente nesse valor poderia ser por ele aceito. A decisão recorrida está assim ementada: NULIDADE. Descabida a nulidade, ante a comprovação de que o auto de infração foi formalizado com obediência a todos os requisitos previstos em lei e que não se apresentam nos autos nenhum dos motivos apontados no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. DECADÊNCIA. Tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, ex vi do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, o direito de a Fazenda Nacional constituir o lançamento extinguese após cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. MULTA QUALIFICADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Consolidase, administrativamente, matéria tributária não expressamente impugnada. DEPÓSITO NÃO COMPROVADO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA. Configurase omissão de receita o ingresso de numerários em conta corrente Fl. 1100DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 6 bancária do contribuinte, quando não comprovada a origem desses valores mediante a apresentação de documentação hábil e idônea. Sujeitamse à tributação por omissão de receitas os valores de depósitos bancários em nome de terceiros cuja investigação denotou pertencerem à pessoa jurídica autuada. RECEITA BRUTA SUPERIOR AO LIMITE. IMPOSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DO SIMPLES. EFEITOS. A pessoa jurídica que, na condição de empresa de pequeno porte, tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 não pode optar pelo SIMPLES. A exclusão do SIMPLES surte efeito a partir do ano calendário subsequente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido Impugnação Procedente em Parte. Cientificada da aludida decisão em 13/1/2011 por meio de seu representante (fl. 905), a contribuinte apresentou recurso voluntário, à fl. 910 e seguintes, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento nos seguintes termos (verbis): “ (...) Preliminarmente, protocolouse um PEDIDO DE IMPROCEDÊNCIA INTEGRAL DO AUTO DE INFRAÇÃO pela imputação de crédito tributário exigível de uma empresa no CPJ de outra, sem qualquer embasamento legal. Esperase firmemente na CONCESSÃO DA IMPROCEDÊNCIA INTEGRAL pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pela força dos argumentos expostos. Apenas a titulo de precaução processual, se protocolou o presente RECURSO demonstrando cabalmente que as assertivas da Autoridade Lançadora, mantidas na integra pela Autoridade Julgadora de Primeira Instância, não procedem, destacando, em síntese, três fatores graves: a) imputando a tributação dos depósitos bancários líquidos da Gráfica e Encadernadora Bandeirantes Ltda. CNPJ: 30.789.127/000100 na conta da Gráfica e Encadernadora Sodré Ltda. CNPJ: 30.727.408/000120, sendo as empresas ativas e com CNPJ e Sócios diferentes; b) tributando como depósitos bancários os créditos de desconto de duplicatas junto ao Banco do Brasil S/A, sem previsão legal. c) gerou uma receita bruta inveridica de mais de 4 milhões de reais para a Gráfica Sodré Ltda. e ainda elaborou relatório para excluila do SIMPLES, quando na verdade o faturamento foi menor de 2 milhões de reais, dentro do limite. Este Recurso demonstrou, como já se havia feito na Impugnação, que o Auto de Infração contém vários erros de fato, sem qualquer previsão legal, e, assim, vem, REQUERER, como de fato requer, sejam aceitos todos os fatos e justificativas acima expostos, e que seja julgado IMPROCEDENTE NA ÍNTEGRA o presente Auto de Infração e seus Anexos e com a conseqüente extinção total de seus efeitos, em nome da JUSTIÇA FISCAL.)” É o relatório. Fl. 1101DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 7 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, a exigência fiscal originouse na constatação de que a empresa Gráfica Bandeirantes jamais existiu de fato e que foi faturado em nome desta a maior parte das receitas obtidas pela autuada Gráfica Sodré. Inobstante a veemência das alegações recursais, compulsando os autos formei convencimento de que há provas cabais das irregularidades cometidas pela contribuinte, que efetivamente utilizouse de uma empresa de fachada para evadirse da tributação. Logo, correto a tributação dessas receitas na contribuinte, pois se trata de atividade da mesma. Vejamos os fundamentos do voto condutor da decisão recorrida, da lavra da ilustre julgadora Denise Freire Lorenzoni: (...) 35. Dos depósitos bancários efetuados no Banco Banestes c/c 5.662.481. 36. Conforme já descrito no relatório, a fiscalização no interessado foi motivada pela auditoria fiscal iniciada junto à empresa GRÁFICA E ENCARDENADORA BANDEIRANTES LTDA, que apresentou vultosa movimentação financeira em 2005 apesar de declararse inativa (fl.276). 37. Obtidos diretamente do Banco Banestes os extratos bancários e documentos comprobatórios de débitos e créditos efetuados na conta bancária acima identificada, a fiscalização efetuou exímio trabalho de análise, incluindo diversas diligências fiscais nos supostos clientes da GRÁFICA BANDEIRANTES: Ames Associação Médica do Espírito Santo. Art Design Publicidade Ltda, Hemerson Lourenço Souza –ME, Pay Less Viagens e Turismo Ltda, Sindicato dos Professores do ES, Blunk Produções Ltda, Casal Cama e Colchões Ltda, Contatos Contabilidade Ltda ME e Instituto Logística Consultoria. 38. Todas estas empresas escolhidas por amostragem, a partir das duplicatas emitidas pela GRÁFICA BANDEIRANTES e que foram descontadas juntos à citada instituição bancária, alegaram que não tiveram relação comercial com a referida gráfica, portanto desconhecem a existência das supostas duplicatas (fls.537/626). Por outro lado, muitas alegaram que no ano de 2005 contrataram serviços gráficos de outra empresa, que vem a ser o interessado. 39. Ressaltese que todas as duplicatas apresentadas pelo Banco Banestes à fiscalização (resumo à fl.337), bem como todos os Contratos de Antecipação de Crédito, Proposta de Desconto, com exceção de um (fl.340), Fl. 1102DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 8 tiveram como signatário, na qualidade de emitente e/ou contratante, o Sr. Valdecyr Mario Dossi, sócio majoritário do interessado (fls. 340/398 e 401/535). 40. A princípio, poderseia estranhar que duas empresas com o mesmo objeto social e, portanto, teoricamente sendo concorrentes, o sócio de uma seja procurador de outra. À fl.286, consta a procuração outorgada em 20/05/2005 pela GRÁFICA BANDEIRANTES ao Sr. Valdecyr Mario Dossi para que, entre outras coisas, assine cheques e quaisquer documentos necessários ao movimento das contas bancárias. 41. Todavia a considerar que a GRÁFICA BANDEIRANTES não prestou nenhum serviço no ano de 2005 (inclusive desde 1993 reside uma família no domicilio tributário informado à repartição fiscal) e que, portanto, as duplicatas descontadas junto ao Banco Banestes tratamse de documentos ideologicamente falsos, é plenamente justificável que tenha dado ao Sr. Valdecyr Mario Dossi poderes para bem dispor dos valores creditados na instituição bancária. Afinal de contas quem melhor do que o próprio representante legal do efetivo detentor do recurso (o interessado) para dálhe melhor destino ? 42. A fiscalização também realizou diligências a partir de outros documentos obtidos no Banco Banestes, tais como transferências eletrônicas de recursos (TEF e TED) e cópia de cheques, que lhe permitiu comprovar a participação do interessado e de seu sócio gerente (Sr. Valdecyr Mario Dossi) na utilização desta conta corrente. Senão vejamos: 43. As empresas Futura Móveis e Equipamentos para Escritório Ltda ME (fls.627/631) e Sodigaby Comércio Locação Transporte Ltda EPP (fls. 640/645) para justificarem os pagamentos efetuados diretamente na conta da GRÁFICA BANDEIRANTES, por meio de TEF, alegaram que assim fizeram a pedido da empresa Delta Fomento Comercial Ltda, com a qual possuíam débitos. 44. Intimado, o representante legal da Delta Fomento Comercial Ltda, Sr. Rodolfo Eugênio Pedruzzi, compareceu à repartição fiscal, ocasião em que prestou os seguintes esclarecimentos: “Que as empresas Sodigaby e Futura Móveis são clientes da DELTA FOMENTO COMERCIAL e que deviam valores originários de suas operações comerciais (...); O pagamento desses débitos se daria no dia 06/04/2005; Nessa mesma data houve uma operação comercial entre a DELTA e a empresa GRÁFICA E ENCADERNADORA SODRÉ LTDA (...), na qual a Delta Fomento deveria efetuar um pagamento de R$ 75.309,47; Por esse motivo, solicitou às empresas SODIGABY e FUTURA que efetuassem o depósito dos valores diretamente na conta da Gráfica e Encadernadora Bandeirante a pedido da Gráfica Sodré, na pessoa do seu representante, o Sr. Valdecyr Mario Dossi.” Fl. 1103DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 9 45. A empresa Mill Fomento Comercial Ltda (fls. 671/684), que efetuou quatro depósitos TED no montante total de R$ 111.531,62 na conta da GRÁFICA BANDEIRANTES, apresentou planilhas, duplicatas e notas fiscais de factoring para justificar que tais pagamentos se referem à operação de factoring com a Gráfica e Encadernadora Sodré Ltda. 46. O Sr. Vander Luiz Totola, que supostamente seria o beneficiário de cheques no montante de R$ 45.670,00, informou à fl.701 que apenas sacou o montante na agência e repassou para o Sr. Valdecy Mario Dossi, proprietário da Gráfica Sodré. 47. Outra suposta beneficiária de cheque emitido em 05/04/2005, no valor de R$ 3.000,00, em depoimento, esclareceu que não efetuou qualquer operação comercial com a GRÁFICA BANDEIRANTES. Esclareceu que na época negociava o aluguel de seu escritório com o Sr. Nelson Aguiar, que por sua vez advogava algumas causas para o Sr. Valdecy Dossi, seus familiares e empresas da família. O cheque deve terlhe sido repassado pelo advogado para cobrir o aluguel devido. 48. Há ainda nos autos documentos emitidos pelo Banco Banestes (fls. 331/332) que comprovam a transferência de recursos da GRÁFICA BANDEIRANTES para a conta corrente em nome do interessado mantido na mesma instituição financeira. 49. Como se vê, todas as evidências acima expostas convergem para a conclusão de que a conta corrente nº 5.662.481 mantida no Banco Banestes pela GRÁFICA BANDEIRANTES foi utilizada pelo procurador Sr. Valdecy Mario Dossi para movimentar parte dos recursos financeiros do interessado, ou seja, do titular de fato da conta bancária. 50. O interessado foi intimado a se manifestar sobre todos os fatos apurados pela fiscalização e apresentar documentação hábil e idônea que comprovasse a origem dos créditos dessa conta (fls.203/215), mas nenhum documento foi trazido à colação apesar de solicitar prorrogação de prazo para atendimento. Tampouco o fez na fase impugnatória. 51. Em verdade, na fase impugnatória, limitouse a alegar que “Para que uma empresa tenha os seus atos constitutivos julgados inválidos pela Repartição Fiscal, é necessário cumprir os requisitos da Lei Complementar nº 104/2001 e a legislação ordinária subseqüente, com a elaboração de uma RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO pela Assessoria da DRFB juridicionante do contribuinte, com a aprovação da Autoridade Administrativa (Delegado(a), e comunicação à Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas”. Alegou ainda que “ Não tem informação neste Processo da desconstituição do Contrato Social da Gráfica e Encadernadora Bandeirantes Ltda. (...) , pela Sra. Delegada da DRF Vitória/ES”. 52. De plano, cabe destacar que em nenhum momento, nos autos, tratou a fiscalização da desconsideração da personalidade jurídica da GRÁFICA BANDEIRANTES, o que implicaria imputar aos seus sócios Fl. 1104DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 10 (Sérgio Lourenço Dossi e Luiz Renato Lourenço Dossi) a responsabilidade tributária por eventuais ilícitos fiscais praticados pela empresa. 53. Mesmo que assim o fosse, não significaria que a pessoa jurídica deixaria de existir. Apenas seria desconsiderada no caso concreto específico, pois a desconsideração da personalidade jurídica não se confunde com a despersonalização, esta sim leva a anulação definitiva da personalidade e deveria ser comunicada aos órgãos competentes. 54. No caso em apreço, o que fez a fiscalização foi desconsiderar alguns atos jurídicos praticados pela GRÁFICA BANDEIRANTES, uma vez que restou comprovado nos autos que os valores creditados em sua corrente pertencem a terceiro (o interessado). Para tanto, ao contrário do que alega o interessado, inexiste procedimento específico previsto na legislação tributária. 55. O art. 142 do CTN dispõe que compete à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente, entre outros procedimentos, a determinar a matéria tributável. Nos termos do art. 6º da Lei nº 10.593/2002, na redação dada pelo art.9º da Lei nº 11.457/2007, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade competente para constituir o crédito tributário, logo não carece de aprovação de outra autoridade administrativa para constituir o crédito tributário. 56. O parágrafo único do art. 116 do CTN, incluído pela Lei Complementar nº 104, de 2001, assim dispõe: " Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I – (...) II – (...) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária “ 57. Tratase de uma norma geral que vem sendo intitulada de “antielisiva” e que alguns doutrinadores entendem que estaria pendente de regulamentação. 58. Todavia, para o caso em exame, existe base legal para o procedimento adotado pela fiscalização. No caso o § 5 do art. 42 da Lei nº 9.430/1996, incluído pela Lei nº 10.637, de 2002, que assim estabelece: “ Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou Fl. 1105DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 11 jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. “ 59. Em sendo assim, restando provado nos autos tratarse de mais um daqueles casos em que, para “ esconder” parte de sua movimentação financeira, certas empresas utilizamse de interpostas pessoas, para em seu nome fazer a movimentação de recursos não oferecidos à tributação, imputase ao interessado, na condição de efetivo titular dos valores creditados na citada conta corrente, a responsabilidade sobre a exigência do crédito de R$ 1.351.769,95, discriminado no quadro demonstrativo nº 13 do termo de verificação fiscal (fls. 744/746), que por falta de comprovação com documentação hábil e idônea de sua origem, ainda que intimado, constituise presunção de omissão de receita. 60. Dos depósitos bancários efetuados no Banco do Brasil. 61. Requer o interessado que assim como não foram considerados omissão de receita os valores creditados na conta corrente da Gráfica Bandeirantes a título de descontos de duplicatas efetuadas no Banco Banestes, aos descontos de duplicatas junto ao Banco do Brasil, conta corrente nº 5965X, no valor de R$ 1.004.022,54 (fl.864) devem ser dados o mesmo tratamento tributário. 62. Extraise dos autos que a movimentação financeira efetuada pelo interessado, em seu nome, no Banco Banestes (conta nº 1.705441) foi a única a ser escriturada na contabilidade. Todos os depósitos cujos históricos identificavam operações de “ LIQ DE DESCONTO” foram contabilizadas no livro Razão a débito da conta nº 11017 – BANCO BANESTES S/A(fls.17/32) e a crédito da conta nº 200565 – BANESTES OP DESCTS DUPLICATAS (fls. 89/92). 63. Intimado a esclarecer os lançamentos contábeis, mediante apresentação de notas fiscais/faturas e duplicatas que deram origem aos depósitos, o interessado informou à fl.194 que descontava duplicatas sem a efetiva prestação de serviço. Na data do vencimento das duplicatas/empréstimos, emitia novas duplicatas que eram descontadas no mesmo banco ou em outro, para evitar problemas com os pretensos “clientes” que nada tinham a ver com as operações de desconto (empréstimo). 64. A fiscalização então não incluiu tais depósitos na base tributável uma vez que, conforme TVF às fls.730/731, “considerou que esses valores foram devidamente escriturados nos Livros Diário e Razão de 2005, que os lançamentos no Razão desta conta evidenciam uma circularização de Fl. 1106DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 12 dinheiro, à maneira de empréstimo, e que este procedimento adotado pela empresa foi comprovado com farta documentação proveniente daquela outra conta mantida no Banco Banestes, em nome da Gráfica Bandeirantes, repetindose aqui o modus operandi desta fiscalizada, podese concluir pela origem do numerário conforme descrito pelo contribuinte, caracterizando a obtenção de empréstimo.” 65. A movimentação financeira mantida no Banco do Brasil, como dito anteriormente, foi mantida à margem da contabilidade. Durante a auditoria fiscal, em resposta à intimação de fls.185/192, para comprovação da origem dos depósitos (reproduzidos no quadro demonstrativo nº 9 do TVF às fls. 736/738) o interessado alegou à fl.196 que os depósitos identificados nos extratos bancários com o histórico “ Cobrança” eram relativos a descontos de duplicatas sem a efetiva prestação dos serviços (empréstimo) tal qual já exposto no parágrafo acima. 66. Como o interessado não apresentou qualquer documentação comprobatória a respaldar sua alegações e uma vez que os valores movimentados não foram registrados em sua contabilidade, a fiscalização os incluiu na base tributável, gerando assim a presente contestação. 67. Não restam dúvidas de que para elucidação dos fatos alegados se faz necessária a prestação da prova material. Sem a apresentação de qualquer documento como poderia a fiscalização concluir que o interessado repetiu o mesmo modus operandi já utilizado com os recursos movimentados no Banco Banestes? 68. Tampouco na fase impugnatória o interessado logrou comprová los. Pelo contrário, apresentou novos argumentos que vão de encontro ao anteriormente alegado, a saber: “Após a emissão das duplicatas contra clientes, a Gráfica Sodré Ltda. necessitava de capital de giro e procurava descontar as duplicatas no Banco do Brasil S/A para efetuar a antecipação financeira. No vencimento, o Banco recebia do cliente e tinha como margem de lucro os juros decorrentes dos empréstimos.” 69. Ora, se o cliente liquidou a duplicata na data do vencimento é porque o serviço foi prestado, o que significa dizer que houve auferimento de receita por parte do interessado. 70. Nos termos do § 2º do art.42 da Lei n º 9.430, de 1996, os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. 71. Em sendo assim, mesmo que o interessado tivesse comprovado a origem dos depósitos (desconto de duplicatas relativo aos serviços efetivamente prestados) pelo fato de não ter computado a receita correspondente na base de cálculo do SIMPLES a pagar ainda assim a autuação seria procedente. Fl. 1107DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 13 72. Ante o exposto, mantémse incólume o lançamento. 73. Da insuficiência de recolhimento. 74. Mantida incólume a autuação por omissão de receita, procede a exigência pela insuficiência de recolhimento do SIMPLES em face da alteração da alíquota ao ser somada à receita declarada. (...) Aos embasados e robustos fundamentos acima transcritos, nada mais necessita ser acrescentado, pelo que peço vênia para adotálos como razões de decidir. Frisese que são cabais as provas da fiscalização quanto ao uso de uma “empresa de fachada” pela contribuinte para encobrir suas operações irregulares e omitir receitas da tributação. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 1108DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA
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Numero do processo: 10882.000245/2007-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o presente recurso por força do art. 62-A do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministro da Fazenda nº 256 de 2009, bem como da Portaria Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nº 01 de 2012.
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente.
Luciano Lopes de Almeida Moraes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani, Daniel Mariz Gudiño, Fábia Regina Freitas.
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o presente recurso por força do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria Ministro da Fazenda nº 256 de 2009, bem como da Portaria Conselho Administrativo de Recursos Fiscais nº 01 de 2012. Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente. Luciano Lopes de Almeida Moraes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Paulo Sérgio Celani, Daniel Mariz Gudiño, Fábia Regina Freitas. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instancia: Tratase de impugnação a exigências fiscais relativas, nesta ordem, à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, formalizada no auto de infração de fls. 28/35, perfazendo R$ 264.160,00, e à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS, formalizada no auto de infração de fls. 129/136, totalizando R$ 57.214,68; referentes a fatos geradores ocorridos entre janeiro e dezembro de 2002. O montante constituído por intermédio de cada Auto de Infração é composto pelo valor principal acrescido de multa de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 82 .0 00 24 5/ 20 07 -9 7 Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10882.000245/200797 Resolução nº 3201001.109 S3C2T1 Fl. 217 2 ofício e juros de mora. O Auto de Infração referente ao PIS deu origem ao processo administrativo nº 10882.000246/200731, o qual, posteriormente à impugnação, foi juntado por anexação ao presente processo com a transferência dos créditos tributários cadastrados, fl.208. Conforme explicita a fiscalização em cada auto de infração, a autuação tem por fundamento o fato de os valores de contribuição apurados na DIPJ não terem sido recolhidos ou declarados na DCTF. A contribuinte foi notificada pessoalmente, fls. 28 e 129, de cada autuação em 28/02/2007, tendo apresentado, em 30/03/2007, as impugnações ao auto de infração relativo à COFINS, fls. 40/71, e ao PIS, fls. 141/172, fundamentalmente, de idêntico teor. São, em síntese, oferecidos os seguintes argumentos em cada peça de defesa: É indevida a inclusão do ISS e do ICMS na base de cálculo da contribuição. “O PIS e a Cofins possuem como regulamentação principal a Lei Complementar 70/91 e as Lei Ordinárias 9.718/98, 10.637/02, 10.833/03 e 10.865/04. Contudo, parte da mencionada legislação é inconstitucional, uma vez que em inúmeras situações faz incidir a contribuição social sobre valores indevidos, em especial sobre o ICMS/ISS, o que gera efetivamente uma bitributação, cobrandose “tributo sobre tributo”” (os grifos são do original); A autuada “possui créditos pela exclusão do ICMS/ISS na base de cálculo do PIS/COFINS os quais deverão ser motivo de levantamento para apurarse o valor do ressarcimento. (...) nomeia como perito o Sr. Roberto Celso Fondello que por parte desta empresa efetuará o levantamento desses créditos, cujo valor deverá ser reduzidio do AIIM”; A Cobrança da taxa de juros SELIC é ilegal e inconstitucional. Ademais, a capitalização dos juros constitui anatocismo, prática vedada pelo artigo 4º do Decreto nº 22.626, de 07 de abril de 1933 (Lei de Usura); Incabível a aplicação da multa de ofício, primeiro, porque houve a confissão espontânea dos débitos; segundo, pois, seu percentual caracteriza confisco, vedado constitucionalmente. Pedese a redução do percentual da multa para dez por cento; “A falta de recolhimento dos impostos é decorrente do não recebimento por parte da autuada de valores pendentes junto a COMPANHIA PAULISTA DE TRENS METROPOLITANOS – CPTM.” (os grifos são do original). Na decisão de primeira instância, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas/SP indeferiu o pedido da contribuinte, conforme Decisão DRJ/CPS n.º 26.696, de 04/09/2009, assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 Inconstitucionalidade. Instâncias Administrativas. Competência. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10882.000245/200797 Resolução nº 3201001.109 S3C2T1 Fl. 218 3 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade, restringindose a instância administrativa ao exame da validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do Fisco. COFINS. Base de Cálculo. ICMS/ISS. Inclusão. A base de cálculo da COFINS é a receita bruta de venda de mercadorias/serviços, admitidas apenas as exclusões expressamente previstas na lei. O ICMS/ISS está incluso no preço da mercadoria/serviço, que, por sua vez, compõe a receita bruta de vendas. Não havendo nenhuma autorização expressa da lei para excluir o valor do ICMS/ISS, esse valor deve compor a base de cálculo da contribuição. Pedido de Perícia. Prescindibilidade. Indeferimento. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Juros Moratórios. Taxa SELIC. Aplicabilidade. A aplicação da taxa do SELIC para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso decorre de lei, não podendo ser afastada em julgamento administrativo. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2002 Inconstitucionalidade. Instâncias Administrativas. Competência. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade, restringindose a instância administrativa ao exame da validade jurídica dos atos praticados pelos agentes do Fisco. PIS. Base de Cálculo. ICMS/ISS. Inclusão. A base de cálculo do PIS é a receita bruta de venda de mercadorias/serviços, admitidas apenas as exclusões expressamente previstas na lei. O ICMS/ISS está incluso no preço da mercadoria/serviço, que, por sua vez, compõe a receita bruta de vendas. Não havendo nenhuma autorização expressa da lei para excluir o valor do ICMS/ISS, esse valor deve compor a base de cálculo da contribuição. Pedido de Perícia. Prescindibilidade. Indeferimento. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Juros Moratórios. Taxa SELIC. Aplicabilidade. Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10882.000245/200797 Resolução nº 3201001.109 S3C2T1 Fl. 219 4 A aplicação da taxa do SELIC para fixação dos juros moratórios para recolhimento do crédito tributário em atraso decorre de lei, não podendo ser afastada em julgamento administrativo. Impugnação Improcedente. Intimado o contribuinte da decisão, apresenta recurso voluntário. Após, é dado seguimento ao processo. È o relatório. Voto Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade. Como vemos do processo, o contribuinte busca, dentre outros, o direito ao ressarcimento de PIS em face da tributação do ICMS na sua base de cálculo. No entanto, tratase de matéria cuja repercussão geral foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 574.706 que assim dispõe: Ementa: Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785. (RE 574706 RG, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 24/04/2008, DJe088 DIVULG 15052008 PUBLIC 16052008 EMENT VOL0231910 PP02174 ) Considerando que o Supremo Tribunal Federal determinou expressamente o sobrestamento de todos os recursos sobre o tema, aplico o art. 62A, §1º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256 de 2009, e alterações posteriores, bem como o art. 2º, § 2º, I, da Portaria CARF nº 001 de 2012, para sobrestar o presente recurso voluntário até que esteja transitado em julgado o acórdão a ser proferido no recurso extraordinário acima mencionado. É como voto. Sala de sessões, 23 de outubro de 2012. Luciano Lopes de Almeida Moraes – Relator Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.003554/2002-50
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1997
Ementa:
DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO.
Na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício opera-se a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Assim, a contagem do prazo decadencial de cinco anos, na hipótese de falta de recolhimento da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em consonância com o inciso I do artigo 173 do Código Tributário Nacional - CTN.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9101-001.492
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, recurso provido com retorno à câmara de a quo para exame do mérito. A Conselheira Susy Gomes Hoffmann declarou-se impedida.
(Assinado digitalmente)
Otacílio Dantas Cartaxo Presidente
(Assinado digitalmente)
Paulo Roberto Cortez Redator Ad Hoc Designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (Suplente Convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (Suplente Convocada), João Carlos de Lima Júnior e Susy Gomes Hoffmann. Ausente, justificadamente, os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes e Plínio Rodrigues de Lima.
Nome do relator: Relator
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(ATUAL DENOMINAÇÃO DE REZENDE ÓLEO LTDA.) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1997 Ementa: DECADÊNCIA DO DIREITO DA FAZENDA NACIONAL CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL PARA A CONTAGEM DO PRAZO. Na inexistência de pagamento antecipado ou nos casos em que for caracterizado o evidente intuito de fraude, a contagem dos cinco anos deve ser a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em conformidade com o art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Somente ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do Código Tributário Nacional. Assim, a contagem do prazo decadencial de cinco anos, na hipótese de falta de recolhimento da Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido, tem início no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de ofício poderia ter sido efetuado, em consonância com o inciso I do artigo 173 do Código Tributário Nacional CTN. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 5. 00 35 54 /2 00 2- 50 Fl. 1653DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, recurso provido com retorno à câmara de a quo para exame do mérito. A Conselheira Susy Gomes Hoffmann declarouse impedida. (Assinado digitalmente) Otacílio Dantas Cartaxo – Presidente (Assinado digitalmente) Paulo Roberto Cortez – Redator Ad Hoc – Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente), Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, José Ricardo da Silva, Jorge Celso Freire da Silva, Karem Jureidini Dias, Mário Sérgio Fernandes Barroso (Suplente Convocado), Valmir Sandri, Viviane Vidal Wagner (Suplente Convocada), João Carlos de Lima Júnior e Susy Gomes Hoffmann. Ausente, justificadamente, os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes e Plínio Rodrigues de Lima. Relatório Cientificada da decisão de Segunda Instância, em 28/07/2006 (fls. 1445), a Fazenda Nacional, por seu procurador, legalmente habilitado, junto a Turma Julgadora, apresenta, tempestivamente, em 31/07/2006, seu Recurso Especial (fls. 1445/1456), para a 1ª Turma de Julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pleiteando a reforma da decisão proferida pela então Primeira Câmara do primeiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão nº 10195.142, de 11/08/2005 (fls. 1409/1443) cuja decisão, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso interposto pela contribuinte Sadia Industrial Ltda. (atual denominação de Rezende Óleo Ltda.) (fls. 1395/1407). O pleito da Fazenda Nacional busca amparo no então art. 7º, § 1º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998, qual seja, a demonstração da contrariedade à lei ou à evidência da prova. Consta dos autos, que contra a contribuinte, Sadia Industrial Ltda. (atual denominação de Rezende Óleo Ltda.), foi lavrado, em 06/12/2002, pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Uberlândia MG, o Auto de Infração de Contribuição Social sobre o Lucro Liquido (fls. 73/89), com ciência através de AR, em 23/12/2002 (fls. 1242) exigindose o recolhimento do crédito tributário no valor total de R$ 2.499.864,88, a título de Contribuição Social sobre o Lucro líquido, acrescidos da multa de lançamento de ofício normal de 75% e multa de ofício qualificada de 150%, da multa isolada de 75% por falta de recolhimento da estimativa mensal da CSLL e dos juros de mora de, no mínimo, de 1% ao mês, calculados sobre o valor do tributo referente aos exercícios de 1997 a 2000, correspondente aos anos calendário de 1996 a 1999, respectivamente. A exigência fiscal em exame teve origem em procedimentos de fiscalização, onde a autoridade fiscal lançadora entendeu haver as seguintes irregularidades: Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 3 3 1 ADIÇÕES AO LUCRO LÍQUIDO ANTES DA CSLL ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO, AMORTIZAÇÃO, EXAUSTÃO E BAIXAS DE BENS – DIFERENÇA IPC/BTNF ART. 3º DA LEI N° 8.200/91. 2 ADIÇÕES AO LUCRO LÍQUIDO ANTES DA CSLL RESERVA ESPECIAL REALIZAÇÃO ART. 2 ° DA LEI N° 8.200/91. 3 EXCLUSÕES AO LUCRO LÍQUIDO ANTES DA CSLL SOBRE O LUCRO REVERSÃO DOS SALDOS DAS PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS PDD CLIENTES. 4 REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LÍQUIDO REDUÇÃO INDEVIDA DO LUCRO LÍQUIDO OUTRAS EXCLUSÕES. O AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela constituição do crédito tributário lançado esclarece, através do Relatório de Fiscalização (fls. 91/122), lavrado em 06/12/2002, as irregularidades apuradas. Impugnado, tempestivamente, o lançamento, em 21/01/2003 (fls. 1246/1275, instruído pelos documentos de fls. 1276/1342) e após resumir os fatos constantes da autuação e as principais razões apresentadas pela impugnante a 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora MG, em 10/06/2002, decide julgar procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário lançado (fls. 1348/1362), lastreado, em síntese, nos seguintes argumentos básicos: que a obrigação tributária principal é, via de regra, imputada à contribuinte. Para ser imputada pessoalmente ao representante (art. 135 CTN) ou ao infrator da lei tributária (art. 137 CTN), há que haver prova de sua responsabilidade; que a correção monetária complementar IPC/BTNF não pode influir na determinação da base de cálculo da contribuição social. Cientificado da decisão de Primeira Instância, em 20/10/2003, conforme Termo constante às fls. 1363/1365, e com ela não se conformando, a contribuinte interpôs, tempestivamente, em 17/11/2003, o seu Recurso Voluntário (fls. 1366/1394), o qual, ao ser apreciado pela então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, através do Acórdão nº 10195.142, de 11/08/2005 (fls. 1409/1443), proferiu, por maioria de votos, a decisão de acolher a preliminar de decadência, relativa ao anocalendário de 1996 e, no mérito, dar provimento parcial ao recurso, conforme se verifica de sua ementa e decisão: CSLL — PRELIMINAR DE DECADÊNCIA – INAPLICABILIDADE DO ART. 45 DA LEI N. 8.212/91 FRENTE ÀS NORMAS DISPOSTAS NO ART. 150, §4°. DO CTN — A partir da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais voltaram a ter natureza jurídicotributária, devendo, portanto, aplicarse a elas todos princípios tributários previstos na Constituição (art. 146, III, "b"), e no Código Tributário Nacional (arts. 150, § 4° e 173). PRELIMINAR — DECADÊNCIA — LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO — OUTRAS EXCLUSÕES O direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário em lançamento Fl. 1655DF CARF MF 4 por homologação decai em cinco anos a contar da data do fato gerador da obrigação tributária. MULTA AGRAVADA — Descabe o agravamento da multa de ofício prevista no inciso II, art. 44, da Lei 9.430/96, quando não devidamente comprovado pela fiscalização o evidente intuito de fraude, mormente quando o contribuinte não ocultou a operação praticada, registrando na sua escrita comercial e fiscal toda a operação. MULTA ISOLADA — Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, cabe o lançamento da multa exigida isoladamente sobre os valores devidos e não recolhidos por estimativa. CSLL — CORREÇÃO COMPLEMENTAR IPC/BTNF — ART. 3°. DA LEI N. 8.200/91 EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO — Possível à exclusão da correção complementar do IPC/BTNF da base de cálculo da CSLL por inexistência de previsão legal para sua adição. CSLL — RESERVA ESPECIAL — ART. 2°. DA LEI N. 8.200/91 — A reserva da correção especial dos bens do ativo permanente deverá ser adicionada na base de cálculo da contribuição social, proporcionalmente à realização dos bens ou direitos mediante alienação, depreciação, amortização, exaustão ou a qualquer título. CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS — PDD CLIENTES ADIANTAMENTOS DE SOJA — O reconhecimento das perdas no recebimento de créditos poderá ser deduzido da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, desde que devidamente comprovado com documentos hábeis e idôneos a efetiva perda, e esteja de acordo com o disposto no art. 340 e seguintes do RIR/99. CSLL — OUTRAS EXCLUSÕES — BASES NEGATIVAS — A compensação de bases negativas da contribuição social sobre o lucro, poderá ser compensada até o limite de 30% dos resultados apurados em períodos subseqüentes, ajustados pelas adições e exclusões previstas na legislação. TAXA SELIC — JUROS DE MORA — Os juros de mora calculados com base na taxa Selic, são aplicáveis por expressa disposição legal. Recurso Parcialmente Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por REZENDE ÓLEO LTDA. ACORDAM os Membros da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a preliminar de decadência em relação ao ano de 1996, vencidos os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Mário Junqueira Franco Júnior e Manoel Antonio Gadelha Dias e, no mérito, por maioria de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso, para : 1) cancelar a exigência a título de "diferença IPC/BTNF"; 2) reduzir a multa de ofício para 75% em relação ao item "bases negativas de anos anteriores", nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Valmir Sandri (Relator) que também cancelou as exigências de Fl. 1656DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 4 5 multas isoladas. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Orlando José Gonçalves Bueno. Cientificada, formalmente, da decisão de Segunda Instância, em 28/07/2006, conforme Termo constante às fls. 1445, a Fazenda Nacional, através do seu representante legal, interpôs, de forma tempestiva (31/07/2006), o seu Recurso Especial de fls. 1445/1456, com amparo no então art. 7º, § 1º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998, qual seja, a demonstração da contrariedade à lei ou à evidência da prova, no qual demonstra irresignação contra a decisão supra ementada, baseado, em síntese, nas seguintes considerações: que de acordo com o art. 32, inciso I do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes, caberá, privativamente ao Procurador da Fazenda Nacional, recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, de "decisão não unânime da Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova"; que consta no r. acórdão que os e. conselheiros CAIO MARCOS CÂNDIDO, MÁRIO JUNQUEIRA FRANCO JÚNIOR e MANOEL ANTÔNIO GADELHA DIAS não acolheram a preliminar de decadência em relação à CSSL; que, por outro lado, ao julgar que o auto de infração deveria ser parcialmente anulado em função do decurso do prazo decadencial, a e. Câmara a quo contrariou frontalmente o art. 45 da Lei 8.212/91, como restará demonstrado a seguir; que não cabe ao Conselho de Contribuintes deixar de aplicar o art. 45 da Lei 8.212/91 eis que estaria decretando a sua inconstitucionalidade; que a e. Câmara a quo fundamentou a alegada nulidade do lançamento em um suposto conflito entre o art. 45 da Lei 8.212/91 e o art. 146 da Constituição Federal de 1988; que, contudo, de acordo com o artigo 22A do Regimento Interno da CSRF, com redação dada pela Portaria MF n.° 103/2002, não resta mais dúvida de que o Conselho de Contribuintes não possui competência para apreciar e declarar a inconstitucionalidade de lei; que da constitucionalidade e legalidade do Art. 45 da Lei 8.212/91. O art. 45 da Lei 8.212/91 é norma especial frente ao art. 150, § 4º do CTN, e, como este mesmo diploma admite a edição de normas específicas sobre o prazo decadencial, inexiste qualquer conflito entre essas disposições; que o STJ declarou que se aplica o prazo de dez anos disposto no art. 45 da Lei 8.212/91, e que não poderia concluir que a Lei 8.212/91, por não ser lei complementar, não poderia dispor sobre o prazo decadencial para o lançamento, pois tal decisão caberia ao Tribunal adequado. Após o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional o Presidente da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes exarou o Despacho nº 101091/2006, de 18/08/2006 (fls. 1458/1459), dando seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por satisfazer aos pressupostos regimentais. Ciente, nos termos regimentais, do Acórdão recorrido e do Despacho de Exame de Admissibilidade, em 19/12/2006 (fls. 1459/1460), a contribuinte apresenta, Fl. 1657DF CARF MF 6 tempestivamente, em 02/01/2007, as suas contrarrazões (fls. 1461/1470), baseado, em síntese, nas seguintes considerações: que antes de adentrarmos no mérito da questão, fazse necessário suscitar a preliminar aventada no preâmbulo, haja vista a impossibilidade de admissão do recurso especial protocolizado pela Recorrente pelo fato de não preencher os requisitos legais; que apesar de admitido o recurso especial interposto, a Recorrida demonstrará que o mesmo não merece ser conhecido em face do descumprimento dos requisitos mínimos exigidos pelo artigo 32, § 4°, do Regimento Interno do Conselho de Contribuintes; que o prequestionamento é requisito essencial ao recurso especial, seja pelo inciso I, seja pelo inciso II da referida norma. Ocorre que, em momento algum a Recorrente demonstra o prequestionamento de forma a especificar quais peças processuais onde constam debatidos os pontos que se pretende analisar; que em seu recurso especial a ora Recorrente se limita a discorrer a respeito da matéria sem sequer demonstrar o prequestionamento da mesma, nem tão pouco indicálo, motivo pelo qual dever ser improvido o presente recurso especial; que a ora Recorrida apenas adentrará na questão alusiva à decadência, vez que a divergência relativamente à legitimidade deste Egrégio Conselho em conhecer de constitucionalidade ou não de lei não fora admitida, vez que inexiste divergência comprovada, assim como os precedentes utilizados não versam sobre a mesma matéria debatida nos presentes autos, motivo pelo qual restou incabível o especial neste ponto; que primeiramente impende refutar os argumentos Fazendários no sentido de que o Egrégio conselho de Contribuintes, por intermédio da decisão ora recorrida, haveria decretado a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.° 8.212/91, pois, como é cediço, não cabe ao Órgão Administrativo decretar a inconstitucionalidade das Normas Legais, sendo que a r. decisão recorrida observou escorreitamente tal assertiva e não decretou, em momento algum, a inconstitucionalidade de qualquer dispositivo legal, como quer fazer crer o Nobre Procurador da Recorrente; que afastado o sofisma acima, a CSSL, como sabido, encontrase inserta entre aqueles tributos sujeitos ao lançamento por homologação ou autolançamento, visto que o contribuinte antecipa o pagamento à Administração Pública ficando tal pagamento sujeito à ulterior homologação por parte desta; que o critério da decadência qüinqüenal do Fisco constituir os referidos créditos acima indicados deve ser respeitado, tendo em vista o disposto na legislação de regência, confirmada pelos inúmeros julgados retrocitados, que dão guarida às considerações da Recorrida, devendo o v. acórdão ser mantido integralmente na linha dos precedentes exarado por esta Egrégia Câmara Superior de Recursos Fiscais, posto que, no caso concreto, ultrapassado fora o prazo qüinqüenal decadencial. É o relatório. Voto Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 5 7 Conselheiro Paulo Roberto Cortez, Redator Ad Hoc Designado Inicialmente é de se ressaltar, que em face da necessidade da formalização da decisão proferida no acórdão nº 9101001.492, de 24 de outubro de 2012, processo de competência da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais e, tendo em vista que o Conselheiro José Ricardo da Silva, relator do processo, não mais faz parte de nenhum dos colegiados que integram o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Presidente da 1ª Turma da CSRF resolveu designar este conselheiro como redator ad hoc, para formalizar o acórdão já proferido, nos termos do item III do art. 17 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF). Tendo a Fazenda Nacional tomado ciência do decisório recorrido em 28/07/2006 (fls. 1445) e tendo protocolizado o presente apelo em 31/07/2006 (fls. 1445/1456), isto é, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, evidenciase a tempestividade do mesmo nos termos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Da análise dos autos verificase, que após o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional o presidente da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes exarou o Despacho nº 101091/2006, de 18/08/2006 (fls. 1458), dando seguimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, por satisfazer aos pressupostos regimentais. É de se observar, que a Fazenda Nacional cumpriu a condição estabelecida no então art. 7º, § 1º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998, qual seja, a demonstração da contrariedade à lei ou à evidência da prova, visto que a recorrente, em tese, fundamentou, à saciedade, a alegada contrariedade à lei no que tange ao prazo decadencial para o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, em relação ao ano de 1996. Assim sendo, o Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, preenche os requisitos legais de admissibilidade merecendo ser conhecido pela turma julgadora. Depreendese do relatado que a Fazenda Nacional ingressou com Recurso Especial Privativo do Procurador, com amparo no art. 5º, inciso I, do então Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 55, de 1998. Observando, que tal previsão foi extinta pelo atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, com as alterações introduzidas pelas Portarias MF nºs 446, de 27 de agosto de 2009, e 586, de 21 de dezembro de 2010. Resta claro, no Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, que a mesma esta insurgindose contra decisão da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, exarado pelo Acórdão 10195.142, de 11/08/2005, que, por maioria de votos, acolheu a preliminar de decadência da CSLL em relação ao anocalendário de 1996, baseado no argumento de que a partir da Constituição Federal de 1988, as contribuições sociais voltaram a ter natureza jurídicotributária, devendo, portanto, aplicaremse a elas todos os princípios tributários previstos na Constituição (art. 146, III, "b"), e no Código Tributário Nacional (arts. 150, § 4°. e 173). Fl. 1659DF CARF MF 8 Como visto do relatório, o ponto nodal da presente discussão diz respeito tão somente no que se refere ao termo inicial da contagem do prazo decadencial dos tributos considerados lançamento por homologação. Quando se fala em decadência do direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, é preciso admitir, antes de mais nada, que se está diante de uma das mais polêmicas questões embutidas em nosso direito tributário. Entretanto, entendo, que nos dias atuais, no que diz respeito à discussão sobre o termo inicial da contagem do prazo decadencial, tornouse pacifica, já que em 21/12/2010, houve a edição da Portaria MF nº. 586, que alterou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009. Dispôs o art.62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Diante disso, resta claro que os julgados proferidos pelas turmas integrantes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) devem se adaptar, nos casos de decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 6 9 Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, a estes julgados. A contagem do prazo decadencial é um destes temas. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça decidiu, por ocasião do julgamento do Recurso Especial nº. 973.733 – SC (2007/01769940), que a contagem do prazo decadencial dos tributos ou contribuições, cujo lançamento é por homologação, deveria seguir o rito do julgamento do recurso especial representativo de controvérsia, cuja ementa é a seguinte: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose Documento: 6162167 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado Fl. 1661DF CARF MF 10 DJe: 18/09/2009 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Nos julgados posteriores, sobre o mesmo assunto (contagem do prazo decadencial), o Superior Tribunal de Justiça aplicou a mesma decisão acima transcrita, conforme se constata no julgado do AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº. 1.203.986 MG (2010/01395597), verbis: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. MATÉRIA DECIDIDA NO RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA N° 973.733/SC. ARTIGO 543C, DO CPC. PRESCRIÇÃO DO DIREITO DE COBRANÇA JUDICIAL PELO FISCO. PRAZO QÜINQÜENAL. TRIBUTO SUJEITO À LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. O Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a decadência, causa extintiva do crédito tributário, assim estabelece em seu artigo 173: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados:I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento." Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 7 11 2. A decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, quais sejam: (i) regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado; (ii) regra da decadência do direito de lançar nos casos em que notificado o contribuinte de medida preparatória do lançamento, em se tratando de tributos sujeitos a lançamento de ofício ou de tributos sujeitos a lançamento por homologação em que inocorre o pagamento antecipado; (iii) regra da decadência do direito de lançar nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em que há parcial pagamento da exação devida; (iv) regra da decadência do direito de lançar em que o pagamento antecipado se dá com fraude, dolo ou simulação, ocorrendo notificação do contribuinte acerca de medida preparatória; e (v) regra da decadência do direito de lançar perante anulação do lançamento anterior (In: Decadência e Prescrição no Direito Tributário, Eurico Marcos Diniz de Santi, 3ª Ed., Max Limonad, págs. 163/210). Documento: 12878841 EMENTA / ACÓRDÃO Site certificado DJe: 24/11/2010 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça 3. A Primeira Seção, quando do julgamento do REsp 973.733/SC, sujeito ao regime dos recursos repetitivos, reafirmou o entendimento de que “o dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em FALTA O JULGAMENTO AGUARDAR) 4. À luz da novel metodologia legal, publicado o acórdão do julgamento do recurso especial, submetido ao regime previsto no artigo 534C, do CPC, os demais recursos já distribuídos, fundados em idêntica controvérsia, deverão ser julgados pelo relator, nos termos do artigo 557, CPC (artigo 5º, I, da Res. STJ 8/2008). 5. In casu: (a) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (b) a obrigação ex lege de pagamento antecipado de contribuição social foi omitida pelo contribuinte concernente Fl. 1663DF CARF MF 12 ao fato gerador compreendido a partir de 1995, consoante consignado pelo Tribunal a quo; (c) o prazo do fisco para lançar iniciou a partir de 01.01.1996 com término em 01.01.2001; (d) a constituição do crédito tributário pertinente ocorreu em 15.07.2004, data da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito que formalizou os créditos tributários em questão, sendo a execução ajuizada tão somente em 21.03.2005. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Agravo regimental desprovido. É de se esclarecer, que na solução dos Embargos de Declaração impetrado pela Fazenda Nacional no Recurso Especial nº. 674.497 PR (2004/01099782), houve o acolhimento em parte do embargo pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) para modificar o entendimento sobre os fatos geradores ocorridos em dezembro cuja exação só poderia ser exigida a partir de janeiro do ano seguinte, verbis: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. RECOLHIMENTOS NÃO EFETUADOS E NÃO DECLARADOS. ART. 173, I, DO CTN. DECADÊNCIA. ERRO MATERIAL. OCORRÊNCIA. ACOLHIMENTO. EFEITOS MODIFICATIVOS. EXCEPCIONALIDADE. 1. Tratase de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional objetivando afastar a decadência de créditos tributários referentes a fatos geradores ocorridos em dezembro de 1993. 2. Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. 3. Embargos de declaração acolhidos, com efeitos modificativos, para dar parcial provimento ao recurso especial. O ministro Mauro Campbell Marques, relator do processo, em síntese, assim se manifestou em seu voto: Sobre o tema, a Primeira Seção desta Corte, utilizandose da sistemática prevista no art. 543C do CPC, introduzido no ordenamento jurídico pátrio por meio da Lei dos Recursos Repetitivos, ao julgar o REsp 973.733/SC, Rel Min. Luiz Fux (j. 12.8.2009), reiterou o entendimento no sentido de que, em se tratando de tributo sujeito a lançamento por homologação não declarado e inadimplido, como o caso dos autos, o Fisco dispõe de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para a constituição do crédito tributário, nos termos do art. 173, I, do CTN. Somente nos casos em que o pagamento foi feito Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 10675.003554/200250 Acórdão n.º 9101001.492 CSRFT1 Fl. 8 13 antecipadamente, o prazo será de cinco anos a contar do fato gerador (art. 150, § 4º, do CTN) (...) Na espécie, os fatos geradores do tributo em questão são relativos ao período de 1º a 31.12.1993, ou seja, a exação só poderia ser exigida e lançada a partir de janeiro de 1994. Sendo assim, na forma do art. 173, I, do CTN, o prazo decadencial teve início somente em 1º.1.1995, expirandose em 1º.1.2000. Considerando que o auto de infração foi lavrado em 29.11.1999, temse por não consumada a decadência, in casu. Desta forma, para lançamentos em que não houve pagamento antecipado, é de se observar que os julgados do Superior Tribunal de Justiça firmaram posição no sentido de que o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado corresponde, de fato, ao primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Código Tributário Nacional. Por outro lado, para os lançamentos em que houve pagamento antecipado a contagem do prazo decadencial tem início na data do fato gerador da obrigação tributária discutida. O caso em questão trata de cobrança da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido ocorrido em 31/12/1996. Sob o meu ponto de vista o maior obstáculo neste tipo de interpretação dada pelo Superior Tribunal de justiça está em definir o que seria considerado “pagamento antecipado” nos futuros julgados por este Tribunal Administrativo. Ora, nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o escoamento do prazo do art. 150, § 4º, sem manifestação do Fisco, significa a aquiescência implícita aos valores declarados pelo contribuinte, porque o silêncio, neste caso, é qualificado pela lei, trazendo efeitos. A única diferença de regime está consubstanciada na hipótese em que não há pagamento antecipado, que de acordo com Superior Tribunal de Justiça, se aplicaria, para efeitos de marco inicial do prazo decadencial, o art. 173, I, do Código Tributário Nacional (regra geral, que deverá ser seguido conforme a interpretação dada pelo STJ), por força do que dispõe o parágrafo único deste mesmo preceptivo. Exaurido o prazo, o Fisco não poderá manifestar qualquer intenção de cobrar os valores. Há, pois, falarse em decadência nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação. No presente caso se torna irrelevante continuar a discussão sobre qual seria o significado de “pagamento antecipado”, já que não houve recolhimento antecipado de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, como restou consignado na Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica, relativa ao anocalendário de 1996 (fls. 760/774). Notase, que tanto nos cálculos da CSLL mensais (janeiro a dezembro de 1997), bem como o ajuste pelo lucro real, no anocalendário de 1996, não houve nenhum recolhimento da contribuição. Fl. 1665DF CARF MF 14 Assim sendo, no ponto de vista dos julgados do Superior Tribunal de Justiça, o termo inicial da contagem do prazo decadencial é 01/01/1998, já que o fato gerador ocorreu em 31/12/1996. Ou seja, de acordo com a linguagem do Superior Tribunal de Justiça “o termo inicial para contagem do prazo decadencial, nos casos em que não houve pagamento antecipado, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento de oficio poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. O prazo fatal para a constituição do lançamento ocorreria em 31/12/2002, tendo ocorrido a ciência do lançamento em 23/12/2002, não está decadente o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário questionado. Assim sendo, considero que em relação à exigência da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, sem pagamento antecipado, aplicase a regra geral de decadência enunciada no artigo 173, I do Código Tributário Nacional, tendo a Fazenda o prazo de cincos anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para constituir o crédito tributário. Nestas condições, entendo que se faz necessários adaptar a decisão recorrida aos julgados do Superior Tribunal de Justiça, razão pela qual conheço do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, por tempestivo, preenchendo as demais questões de admissibilidade e, no mérito, doulhe provimento para declarar que o lançamento, relativo ao anocalendário de 1996, não foi alcançado pelo prazo decadencial. (Assinado digitalmente) Paulo Roberto Cortez Fl. 1666DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.000230/2006-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE - SIMPLES Exercício: 2008
SIMPLES. EXCLUSÃO. DÉBITOS.
A existência de débitos inscritos em dívida ativa com exigibilidade não suspensa autoriza a exclusão do Simples.
Numero da decisão: 1302-000.941
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: EDUARDO DE ANDRADE
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EXCLUSÃO. DÉBITOS. A existência de débitos inscritos em dívida ativa com exigibilidade não suspensa autoriza a exclusão do Simples. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) MARCOS RODRIGUES DE MELLO Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO DE ANDRADE Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Rodrigues de Mello (presidente da turma), Cristiane Silva Costa, Waldir Veiga Rocha, Eduardo de Andrade, Paulo Roberto Cortez e Márcio Rodrigo Frizzo. Ausente momentaneamente o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado. Fl. 123DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.000230/200611 Acórdão n.º 130200.941 S1C3T2 Fl. 97 2 Relatório Tratase de apreciar Recurso Voluntário interposto em face de acórdão proferido nestes autos pela 4ª Turma da DRJ/BHE, no qual o colegiado decidiu, por unanimidade, indeferir a solicitação, conforme ementa que abaixo reproduzo: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE – SIMPLES Exercício: 2008 OPÇÃO A opção pelo Simples somente é permitida quando comprovado que A. época dos efeitos da exclusão de oficio, os débitos inscritos em Divida Ativa da Unido estavam com a exigibilidade suspensa. A recorrente teve inicialmente indeferido seu pedido de inclusão retroativa ao anocalendário de 2003 no Simples, por meio de Despacho Decisório da DRF/Divinópolis nos autos do PA nº 10665.000677/200410, pela existência de débitos inscritos em dívida ativa (inscrições abaixo): A 4ª turma da DRJ/BHE, todavia, acatou o pedido feito pela impugnante naquele processo administrativo, deferindo o pedido de inscrição com efeitos retroativos a 01/01/2003. Ocorre que, tendo regressado os autos à DRF/Divinópolis para procederse à dita inclusão retroativa verificouse a existência de débitos inscritos em dívida ativa cuja exigibilidade não estava suspensa. Assim, em 17/04/2006 foi editado o ADE DRF/DIV nº 08/2006 que excluiu a então optante do Simples, com efeitos a partir de 01/01/2007, pela existência dos seguintes débitos inscritos em dívida ativa, com exigibilidade não suspensa: Fl. 124DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.000230/200611 Acórdão n.º 130200.941 S1C3T2 Fl. 98 3 Cientificada em 20/04/2006 (fl. 17), a optante em 22/05/2006 apresentou manifestação de inconformidade (fl. 18), alegando que em relação aos débitos das inscrições nºs 60.6.04.01456192 e 60.6.04.01456273, a cobrança é indevida. Com relação a eles protocolou Pedido de Revisão de débitos inscritos em dívida ativa da União. Já quanto aos débitos das inscrições nºs 60.2.05.00560630 e 60.6.05.00799888, requereu parcelamento e efetuou o pagamento da primeira parcela. A DRJ manifestou entendimento de que a opção é permitida quando à época dos efeitos da exclusão de ofício os débitos inscritos em dívida ativa estejam com exigibilidade suspensa. Assim, acolheu a alegação da impugnante com relação às inscrições nº 60.2.05.00560630 e 60.6.05.00799888, pois estavam com exigibilidade suspensa em 01/01/2007. Por outro lado, manteve a exclusão pois os débitos inscritos nas certidões nº 60.6.04.01456192 e 60.6.04.01456273 somente passaram a ter exigibilidade suspensa em 24/01/2007 por força do art.1º da MP 303/2006. Na peça recursal submetida à apreciação deste colegiado, alegou a recorrente que procedeu em tempo hábil, assim que notificada de sua exclusão do Simples, pelo ADE DIV nº 08/2006, ao parcelamento dos débitos das inscrições 60.2.05.00560630 e 60.6.05.00799888. Sendo que o parcelamento suspende a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do art. 151, VI, do CTN, requer a revisão da decisão prolatada. Quanto às inscrições nº 60.6.04.01456192 e 60.6.04.01456273 continuou alegando que são indevidas. Subiram os autos a esta Turma Ordinária, e, na sessão de 30/11/2011 foi determinada, por unanimidade, a conversão do julgamento em diligência, com o retorno dos autos à DRF/Divinópolis, para que se manifestasse quanto: a) aos resultados dos pedidos de revisão juntados às fls. 25/26; b) ao DARF de fl. 27; c) a demais esclarecimentos que julgar cabíveis para o esclarecimento da situação dos débitos objeto das inscrições nº 60.6.04.01456192 e 60.6.04.01456273. Isto porque as inscrições nº 60.6.04.01456192 e 60.6.04.01456273 foram, de acordo com os autos (fls.25/27), objeto de Pedido de Revisão de Débitos Inscritos em Dívida Ativa da União, havendo, inclusive, nos autos a juntada de DARF (fl.27). A DRF/Divinópolis, atendendo à determinação deste colegiado, concluiu que: Fl. 125DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.000230/200611 Acórdão n.º 130200.941 S1C3T2 Fl. 99 4 Notificada das conclusões, a recorrente limitouse a pedir dilação de prazo, não tendo, todavia, até o presente momento, manifestado nenhuma outra alegação nos autos. É o relatório. Fl. 126DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.000230/200611 Acórdão n.º 130200.941 S1C3T2 Fl. 100 5 Voto Conselheiro Eduardo de Andrade, Relator. A matéria litigiosa diz respeito à existência de débitos com exigibilidade não suspensa. Os débitos que motivaram a exclusão, por sua vez, foram todos extintos, conforme demonstra o relatório de diligência prestado pela DRF/Divinópolis. A análise, assim, deve ficar restrita tão somente aos momentos em que se deu tal extinção. No julgamento realizado pelo órgão a quo ficou decidido que os débitos nºs 60.2.05.00560630 e 60.6.05.00799888 se encontravam em 01/01/2007 com a exigibilidade suspensa por terem sido parcelados, sendo, portanto não impeditivos à permanência no regime simplificado. Já os débitos nº 60.6.04.01456192 e 60.6.04.01456273 se encontram com a exigibilidade suspensa, por força do art. 1º da medida Provisória nº 303, de 2006, somente a partir de 24/01/2007, e por isso, impediam o ingresso no regime, conforme solicitado. De fato, o relatório de diligência atesta que os recolhimentos de fls. 27/28 (quitados em 22/05/2006) se referem à primeira parcela dos parcelamentos solicitados, relativamente às inscrições nºs 60.2.05.00560630 e 60.6.05.00799888. Assim, tendo em vista que a ciência do ADE nº 08/2006 se deu em 20/04/2006, verifico que tais pagamentos estavam sob amparo do prazo de 30 dias concedido para sua regularização, tendo em vista que a contagem somente se inicia no dia 24/04/2006. Desta forma, não são impeditivos para permanência no regime simplificado. Todavia, no que tange às inscrições nº 60.6.04.01456192 e 60.6.04.014562 73, embora tenham sido (fls.25/27) objeto de Pedido de Revisão de Débitos Inscritos em Dívida Ativa da União, protocolizado em 19/05/2006, tal pedido não tem o condão de suspender a exigibilidade dos débitos inscritos, nem mesmo sendo pedido formal de parcelamento. Vejase, por oportuno, o que veicula a página da PGFN sobre o tema (endereço: http://www.pgfn.fazenda.gov.br/dividaativadauniao/todososservicos/informacoese servicosparapessoajuridica/revisaodedividainscrita/oqueeitem1): O protocolo do pedido de revisão de dívida inscrita não suspende a exigibilidade do débito e nem possibilita a liberação da Certidão de Regularidade Fiscal, por ausência de previsão legal. O relatório de diligência atesta que o Pedido de revisão foi motivado por quitação parcial dos débitos. Assim, relativamente à inscrição nº 60.6.04.01456192 (valor inscrito de R$ 1.269,20), foi recolhida a quantia de R$ 841,69 (fl.25), tendo restado vencida a parcela de R$427,51, a qual somente foi extinta por pagamento quando da amortização da conta PAEX (em 02/12/2009 – fl.77v). À fl. 77v, menciona o relatório da PGFN que a data da arrecadação é 29/09/2006. Fl. 127DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.000230/200611 Acórdão n.º 130200.941 S1C3T2 Fl. 101 6 Relativamente à inscrição nº 60.6.04.01456273 (valor total do débito de R$1.120,36), foi recolhida a quantia de R$ 1.025,21 (fl. 26), tendo sido inscrito em dívida ativa o valor de R$95,15, o qual foi extinto por liquidação PAEX em 02/12/2009 (fl.82v). Todavia, a data da arrecadação (fl.82v), segundo relatório da PGFN, é 29/09/2006. O art. 12 da MP 303/2006 (que criou referido parcelamento e que veio a perder sua vigência em 27/10/2006, por meio do Ato do Presidente da Mesa do Congresso Nacional nº 57/2006) vedou a exclusão do Simples da pessoa jurídica durante o período para requerer o parcelamento ali concedido. Ocorre que a exclusão se deu em 20/04/2006 (data em que o contribuinte tomou ciência do ADE) e a MP 303/2006 somente foi editada em 29/06/2006, portanto, após o prazo de 30 dias para quitação dos débitos nos termos do §5º do art. 15 da Lei nº 9.317/96, in verbis: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: XV que tenha débito inscrito em Dívida Ativa da União ou do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, cuja exigibilidade não esteja suspensa; Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: VI a partir do anocalendário subseqüente ao da ciência do ato declaratório de exclusão, nos casos dos incisos XV e XVI do caput do art. 9o desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) § 5o Na hipótese do inciso VI do caput deste artigo, será permitida a permanência da pessoa jurídica como optante pelo Simples mediante a comprovação, na unidade da Receita Federal do Brasil com jurisdição sobre o seu domicílio fiscal, da quitação do débito inscrito no prazo de até 30 (trinta) dias Fl. 128DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. Processo nº 10665.000230/200611 Acórdão n.º 130200.941 S1C3T2 Fl. 102 7 contado a partir da ciência do ato declaratório de exclusão. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) Os débitos inscritos em dívida ativa que foram incluídos no parcelamento instituído pela MP 303/2006 foram arrecadados em 29/09/2006, portanto, após o prazo de trinta dias concedido pelo ADE DRF/DIV nº8/2006, cuja ciência foi dada em 20/04/2006. Desta forma, não são hábeis para afastar a exclusão, já que não quitados no prazo legalmente estabelecido. Assim, voto para negar provimento ao Recurso Voluntário, e manter os efeitos do ADE DRF/DIV nº 08 de 17/04/2006. Sala das Sessões, 04 de julho de 2012. (assinado digitalmente) Eduardo de Andrade Relator Fl. 129DF CARF MF Excluído Documento de 7 página(s) assinado digitalmente. Pode ser consultado no endereço https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx pelo código de localização EP10.1018.09356.WDAA. Consulte a página de autenticação no final deste documento. PÁGINA DE AUTENTICAÇÃO O Ministério da Fazenda garante a integridade e a autenticidade deste documento nos termos do Art. 10, § 1º, da Medida Provisória nº 2.200-2, de 24 de agosto de 2001 e da Lei nº 12.682, de 09 de julho de 2012. Documento produzido eletronicamente com garantia da origem e de seu(s) signatário(s), considerado original para todos efeitos legais. Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001. Histórico de ações sobre o documento: Documento juntado por EDUARDO DE ANDRADE em 30/07/2012 12:20:30. Documento autenticado digitalmente por EDUARDO DE ANDRADE em 30/07/2012. Documento assinado digitalmente por: MARCOS RODRIGUES DE MELLO em 07/08/2012 e EDUARDO DE ANDRADE em 30/07/2012. Esta cópia / impressão foi realizada por MARIA MADALENA SILVA em 10/10/2018. Instrução para localizar e conferir eletronicamente este documento na Internet: EP10.1018.09356.WDAA Código hash do documento, recebido pelo sistema e-Processo, obtido através do algoritmo sha1: C47A21A36062F46652846BA7D813C10C7034413C Ministério da Fazenda 1) Acesse o endereço: https://cav.receita.fazenda.gov.br/eCAC/publico/login.aspx 2) Entre no menu "Legislação e Processo". 3) Selecione a opção "e-AssinaRFB - Validar e Assinar Documentos Digitais". 4) Digite o código abaixo: 5) O sistema apresentará a cópia do documento eletrônico armazenado nos servidores da Receita Federal do Brasil. página 1 de 1 Página inserida pelo Sistema e-Processo apenas para controle de validação e autenticação do documento do processo nº 10665.000230/2006-11. Por ser página de controle, possui uma numeração independente da numeração constante no processo.
score : 1.0
Numero do processo: 13808.003523/00-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano-calendário: 2005
Ementa.
CUSTOS. COMPROVAÇÃO.
Comprovada a efetividade da operação, mediante a apresentação de cópia autenticada da nota fiscal correspondente, constitui-se
dedulível o valor de seu custo.
BAIXA DE ESTOQUE. ESTORNO.
Reputa-se válido o estorno a débito de conta de resultado, quando resta demonstrada a contabilização original correspondente.
VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS. ESTORNO DE RECEITAS.
Nas situações em que o sujeito passivo promove o estorno das variações monetárias ativas em decorrência de obediência a mandamento legal que determina o expurgo inflacionário dos valores representados pela atualização monetária dos pagamentos efetuados com atraso pela administração pública, prevalece a norma específica em detrimento do disposto no art. 320 do RIR/94, ainda que a quitação e a extinção de dívidas ocorra por meio do instituto da compensação, uma vez que o estorno c a única forma contábil de se atender à referida lei.
PROVISÃO PARA FÉRIAS E ENCARGOS. DEDUTIBILIDADE.
Considera-se inválida a glosa de despesa quando o valor adicionado no LALUR e declarado em DIRPJ supera o montante de despesa provisionada, a qual consiste na diferença entre o saldo final e o saldo inicial da correspondente conta de provisão, cm determinado ano-calendário.
PROVISÃO DE CUSTOS FORNECEDORES E SUBCONTRATOS.
Os valores contabilizados em contas de provisão não autorizadas, quando não acompanhados de documentação que comprove tratar-se
de custos 165 DRJ/BSB Fls. 2.361 incorridos, devem ser adicionados ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real.
PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA DE PROVISÃO INDEDUTÍVEL. CABIMENTO.
A correção monetária de provisão indedutível, nos períodos de apuração subseqüentes à sua constituição, neutraliza os efeitos da falta de despesa de correção monetária do patrimônio líquido, decorrente de sua constituição, sendo, pois, dedutível para efeito de tributação, como exclusão do lucro líquido para apuração do lucro real.
RETENÇÕES A PAGAR. PASSIVO.
Demonstrada que a natureza da conta é de obrigação, uma vez que representa uma garantia da empresa de reter o pagamento aos empreiteiros ou fornecedores de bens e somente efetuá-lo
no término da obra ou na entrega do bem, não há que se falar em glosa de despesas para constituição de provisão.
JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. PRECLUSÃO
Matéria não impugnada não pode ser conhecida em sede de recurso
voluntário.
Numero da decisão: 1302-000.830
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar
provimento ao recurso voluntário e negar provimento ao recurso de ofício
Nome do relator: MARCOS RODRIGUES DE MELLO
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano-calendário: 2005 Ementa. CUSTOS. COMPROVAÇÃO. Comprovada a efetividade da operação, mediante a apresentação de cópia autenticada da nota fiscal correspondente, constitui-se dedulível o valor de seu custo. BAIXA DE ESTOQUE. ESTORNO. Reputa-se válido o estorno a débito de conta de resultado, quando resta demonstrada a contabilização original correspondente. VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS. ESTORNO DE RECEITAS. Nas situações em que o sujeito passivo promove o estorno das variações monetárias ativas em decorrência de obediência a mandamento legal que determina o expurgo inflacionário dos valores representados pela atualização monetária dos pagamentos efetuados com atraso pela administração pública, prevalece a norma específica em detrimento do disposto no art. 320 do RIR/94, ainda que a quitação e a extinção de dívidas ocorra por meio do instituto da compensação, uma vez que o estorno c a única forma contábil de se atender à referida lei. PROVISÃO PARA FÉRIAS E ENCARGOS. DEDUTIBILIDADE. Considera-se inválida a glosa de despesa quando o valor adicionado no LALUR e declarado em DIRPJ supera o montante de despesa provisionada, a qual consiste na diferença entre o saldo final e o saldo inicial da correspondente conta de provisão, cm determinado ano-calendário. PROVISÃO DE CUSTOS FORNECEDORES E SUBCONTRATOS. Os valores contabilizados em contas de provisão não autorizadas, quando não acompanhados de documentação que comprove tratar-se de custos 165 DRJ/BSB Fls. 2.361 incorridos, devem ser adicionados ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real. PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA DE PROVISÃO INDEDUTÍVEL. CABIMENTO. A correção monetária de provisão indedutível, nos períodos de apuração subseqüentes à sua constituição, neutraliza os efeitos da falta de despesa de correção monetária do patrimônio líquido, decorrente de sua constituição, sendo, pois, dedutível para efeito de tributação, como exclusão do lucro líquido para apuração do lucro real. RETENÇÕES A PAGAR. PASSIVO. Demonstrada que a natureza da conta é de obrigação, uma vez que representa uma garantia da empresa de reter o pagamento aos empreiteiros ou fornecedores de bens e somente efetuá-lo no término da obra ou na entrega do bem, não há que se falar em glosa de despesas para constituição de provisão. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. PRECLUSÃO Matéria não impugnada não pode ser conhecida em sede de recurso voluntário.
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CUSTOS. COMPROVAÇÃO. Comprovada a efetividade da operação, mediante a apresentação de cópia autenticada da nota fiscal correspondente, constituise dedulível o valor de seu custo. BAIXA DE ESTOQUE. ESTORNO. Reputase válido o estorno a débito de conta de resultado, quando resta demonstrada a contabilização original correspondente. VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS. ESTORNO DE RECEITAS. Nas situações em que o sujeito passivo promove o estorno das variações monetárias ativas em decorrência de obediência a mandamento legal que determina o expurgo inflacionário dos valores representados pela atualização monetária dos pagamentos efetuados com atraso pela administração pública, prevalece a norma específica em detrimento do disposto no art. 320 do RIR/94, ainda que a quitação e a extinção dc dívidas ocorra por meio do instituto da compensação, uma vez que o estorno c a única forma contábil de se atender à referida lei. PROVISÃO PARA FÉRIAS E ENCARGOS. DEDUTIBILIDADE. Considerase inválida a glosa de despesa quando o valor adicionado no LALUR e declarado em DIRPJ supera o montante de despesa provisionada, a qual consiste na diferença entre o saldo final e o saldo inicial da correspondente conta de provisão, cm determinado anocalendário. PROVISÃO DE CUSTOS FORNECEDORES E SUBCONTRATOS. Os valores contabilizados em contas de provisão não autorizadas, quando não acompanhados de documentação que comprove tratarse de custos 165 DRJ/BSB Fl. 2504DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 2 Fls. 2.361 incorridos, devem ser adicionados ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real. PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA DE PROVISÃO INDEDUTÍVEL. CABIMENTO. A correção monetária de provisão indedutível, nos períodos de apuração subseqüentes à sua constituição, neutraliza os efeitos da falta de despesa de correção monetária do patrimônio líquido, decorrente de sua constituição, sendo, pois, dedutível para efeito de tributação, como exclusão do lucro líquido para apuração do lucro real. RETENÇÕES A PAGAR. PASSIVO. Demonstrada que a natureza da conta é de obrigação, uma vez que representa uma garantia da empresa de reter o pagamento aos empreiteiros ou fornecedores de bens e somente efetuálo no término da obra ou na entrega do bem, não há que se falar em glosa de despesas para constituição de provisão. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. PRECLUSÃO Matéria não impugnada não pode ser conhecida em sede de recurso voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário e negar provimento ao recurso de ofício (documento assinado digitalmente) MARCOS RODRIGUES DE MELLO Presidente. e relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Fernandes Guimarães, Lavinia Moraes de Almeida Nogueira Junqueira, Daniel Salgueiro da Silva, Eduardo de Andrade, Guilherme Polastri Gomes da Silva e Marcos Rodrigues de Mello. Relatório Tratam os autos de recursos de ofício e voluntário em relação ao acórdão DRJ de fls. 2360 e seguintes, que manteve parcialmente o lançamento tributário lavrado em função das seguintes infrações : Dedução de custos não comprovados; Dedução de custos para os quais não foram apresentados documentos originais ou autenticados; Fl. 2505DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 2 3 Dedução de custos para os quais não houve comprovação da destinação dos materiais, sua qualificação ou quantificação; Falta de adição de despesas relativas à constituição de provisões não autorizadas pela legislação; Dedução indevida de provisões referentes a 13º salário, férias e encargos, haja vista que não foi apresentado individualmente a quantificação e qualificação de cada provisão, e tampouco a comprovação da observância às limitações legais; Estorno indevido de variações monetárias ativas. A DRJ decidiu: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica I R P J Anocalendário: 1995 MPF. EMISSÃO POR AUTORIDADE COMPETENTE. Reputase válido o MPF assinado por chefe de divisão de fiscalização, quando existente o documento de delegação correspondente. CUSTOS. COMPROVAÇÃO. Comprovada a efetividade da operação, mediante a apresentação de cópia autenticada da nota fiscal correspondente, constituise dedulível o valor de seu custo. BAIXA DE ESTOQUE. ESTORNO. Reputase válido o estorno a débito de conta de resultado, quando resta demonstrada a contabilização original correspondente. VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS. ESTORNO DE RECEITAS. Nas situações em que o sujeito passivo promove o estorno das variações monetárias ativas em decorrência de obediência a mandamento legal que determina o expurgo inflacionário dos valores representados pela atualização monetária dos pagamentos efetuados com atraso pela administração pública, prevalece a norma específica em detrimento do disposto no art. 320 do RIR/94, ainda que a quitação e a extinção dc dívidas ocorra por meio do instituto da compensação, uma vez que o estorno c a única forma contábil de se atender à referida lei. PROVISÃO PARA FÉRIAS E ENCARGOS. DEDUTIBILIDADE. Considerase inválida a glosa de despesa quando o valor adicionado no LALUR e declarado em DIRPJ supera o montante de despesa provisionada, a qual consiste na diferença entre o saldo final e o saldo inicial da correspondente conta de provisão, cm determinado anocalendário. PROVISÃO DE CUSTOS FORNECEDORES E SUBCONTRATOS. Os valores contabilizados em contas de provisão não autorizadas, quando não acompanhados de documentação que comprove tratarse de custos 165 DRJ/BSB Fls. 2.361 incorridos, devem ser adicionados ao lucro líquido para fins de apuração do lucro real. Fl. 2506DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 4 PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIAS. CORREÇÃO MONETÁRIA DE PROVISÃO INDEDUTÍVEL. CABIMENTO. A correção monetária de provisão indedutível, nos períodos de apuração subseqüentes à sua constituição, neutraliza os efeitos da falta de despesa de correção monetária do patrimônio líquido, decorrente de sua constituição, sendo, pois, dedutível para efeito de tributação, como exclusão do lucro líquido para apuração do lucro real. RETENÇÕES A PAGAR. PASSIVO. Demonstrada que a natureza da conta é de obrigação, uma vez que representa uma garantia da empresa de reter o pagamento aos empreiteiros ou fornecedores de bens e somente efetuálo no término da obra ou na entrega do bem, não há que se falar em glosa de despesas para constituição de provisão. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. Os órgãos julgadores administrativos não detêm competência para apreciar argüições de ilegalidade ou inconstitucionalidade contra diplomas legais regularmente editados, devendo a autoridade administrativa aplicar a taxa de juros Selic sobre os valores de tributos devidos e não pagos no vencimento, em conformidade com a legislação vigente. PERÍCIA. DESNECESSIDADE. A perícia é cabível nas situações em que a averiguação de fatos depende de conhecimentos especializados, sendo desnecessária, portanto, quando tais fatos podem ser comprovados documentalmente, mediante a apresentação de livros e documentos contábeis e fiscais. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO C S L L Anocalendário: 1995 LANÇAMENTO DECORRENTE. A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase aos lançamentos decorrentes, por resultarem dos mesmos elementos de prova e se referirem à mesma matéria tributável. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS / PASEP Anocalendário: 1995 LANÇAMENTO DECORRENTE. A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase aos lançamentos decorrentes, por resultarem dos mesmos elementos de prova e se referirem à mesma matéria tributável. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE I R R F Anocalendário: 1995 LANÇAMENTO DECORRENTE. A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase aos lançamentos decorrentes, por resultarem dos mesmos elementos de prova e se referirem à mesma matéria tributável Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 2507DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 3 5 Destacase no voto condutor do acórdão: GLOSA DE CUSTOS. Do exposto, vêse que, em relação às Notas Fiscais n° 0086, 0026 e 00221, assiste razão à requerente, uma vez que, além de restar comprovada a efetividade da operação, tais despesas são usuais e necessárias, devendo ser consideradas dedutíveis. No que concerne à Nota Fiscal 2027, entretanto, há que se registrar que, conforme consta do recibo de honorários médicos à 11. 636, tratase de serviços médicos prestados pelai equipe neurocirúrgica do Dr. Flávio Settani ao Sr. José Jaime Cláudio Rabeya Sanchez internado no Hospital São Luiz no período de 11 a 21 de janeiro de 1995. O RIR/94 sinaliza, por meio de seu art. 242, §2°, que as despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Já as despesas médicas, odontológicas, farmacêuticas e sociais são consideradas despesas operacionais dedutíveis na apuração do lucro real, desde que destinadas indistintamente a todos os funcionários da pessoa jurídica, consoante estiplta o art. 300 do RIR/94. Porém, o que se verifica no caso em tela é que a impugnante não trouxe nenhuma informação a esse respeito, nem relativa à identificação do vínculo empregacional com o paciente, e tampouco relativa ao oferecimento de tais serviços a todos os seus funcionários. Destarte, não há como acolher a argumentação da requerente, no que se refere a essa Nota Fiscal, em específico. Quanto à Nota Fiscal da Plastireal, cumpre observar que, embora a autuação e a impugnação façam referência ao número 02182, foi anexada aos autos cópia autenticada da NF n° 02181, que, não obstante, tem como emitente a Plastireal Indústria c Comércio de Plásticos Ltda e como valor total a importância de R$ 15.548,00. Além disso, consta à fl. 620, a ordem de compra correspondente, o que autoriza a conclusão de que se trata de mero erro de fato, e que a despesa contabilizada referese, em verdade, à Nota Fiscal n° 02181, cuja cópia autenticada foi apresentada como elemento comprobatório da despesa. BAIXA DE ESTOQUE. Relata a Fiscalização que a empresa promoveu, em 31/12/95, a baixa da conta estoque (10108001001611), Fl. 2508DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 6 creditando esta e debitando a conta material de consumo/custo (50304001004000), cujo histórico apresentado é: Reclas. Estoq. Encer. 12/95, no valor de R$ 184.943,80, sem, contudo, comprovar, por meio de documentos hábeis e idôneos, a destinação dos materiais. Afirma, ainda, que sequer houve a apresentação de qualquer documento ou, ao menos, controles internos qualificando e quantificando tais materiais de consumo. Por conseguinte, procedeu à glosa de (ai valor, como custo não comprovado devidamente. A autuada, em sua defesa, assevera que, em 31/05/95, tal valor foi debitado a conta de estoque e creditado a conta de resultado e que, posteriormente, percebeu que esse ingresso de materiais em "estoques" de fato não existiu, razão pela qual procedeu ao estorno, em 31/12/95. Acrescenta que o mencionado estorno pode ser verificado pelas cópias do Livro Diário em que tais lançamentos contábeis foram registrados. Tais cópias, , autenticadas, constam das fls. 595 a 599. Acerca dessa matéria, o RIR/94, em seu art. 214, dispõe que: " Art. 214. A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente., nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borraduras, rasuras, emendas e transportes para as margens (Decretolei n."486/69, art. 2"). §1º É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, desde que estes constem de livro próprio, revestido das formalidades estabelecidas em lei (Decretolei n."486/69, art. 2º§1º) § 2º Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação (Decretolei n." 486/69, art. 2", • §2"). Logo, comprovado o erro, deve este ser corrigido por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação. No presente caso, o que houve foi o estorno de uma contabilização efetuada inicialmente a débito de materiais e crédito de receita (sobressalentes e acessórios), em 31/05/95, conforme cópias autenticadas no Livro Diário às fls. 595 e 599. Apesar de a interessada limitarse a afirmar que "esse ingresso de materiais em estoque de fato não existiu", sem detalhar o motivo pelo qual ocorreu o erro, houve a comprovação de que o estorno se refere a uma contabilização anterior incorreta. Fl. 2509DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 4 7 Assim, não houve uma redução indevida da receita, como deduzido inicialmente pela Fiscalização. Destarte, há que se acolher a alegação da impugnante neste ponto. DESPESAS COM ESTORNO DE RECEITAS DE VARIAÇÕES MONETÁRIAS ATIVAS. Tratase de contrato de longo prazo firmado entre a empresa e entidade governamental, a CESP Cia. Energética de São Paulo, que prevê a correção monetária por atraso de pagamento. Conforme relata a Fiscalização, em 1994, a empresa apropriouse de variação monetária ativa, a título de correção monetária sobre o valor dos serviços prestados, faturados e não pagos nos respectivos vencimentos, conforme cópia de documento emitido pela fiscalizada à CESP, cm 26/09/95, escrituração da conta clientes (11002100000620) no Livro Razão de 1994. Em 30/09/95, promoveu a baixa de clientes, creditando a conta (10103001001620 houve mudança no plano de contas) e debitando a conta Variação monetária ativa (50506004002002), a título de Est.V.M. p/Atraso Pagto. Fat. Acrescenta o Fisco, ainda, que a receita de variação monetária foi auferida pela fiscalizada pro rata tempore, considerando o tempo de atraso dos respectivos pagamentos pela CESP. Dessa forma, sob o entendimento de que, independente do efetivo recebimento da receita, a empresa adquiriu a capacidade econômica, a Fiscalização procedeu à autuação correspondente. Afirma, nesse sentido, que a fiscalizada abstevese de percorrer os caminhos legais para a efetivação da receita e que a retificação de lançamento é um processo técnico de correção e um registro realizado com erro na escrituração contábil das entidades, o qual, de, deve ser corrigido por meio de lançamentos de estorno A impugnante contradita essa exigência alegando que teria agido em atenção a dispositivos legais e contratuais, os quais lhe garantiam a dedutibilidade. Nesse sentido, afirma que, por força do disposto no art. 23 da Lei n° 9.069/95, que dispunha sobre a repactuação dos contratos cm razão da expectativa inflacionária neles embutida, houve a necessidade de se recalcular os valores devidos por uma e outra. Logo após, considerando que ambas eram credoras e devedoras recíprocas, decidiram pela compensação. de suas dívidas, a qual ficou Fl. 2510DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 8 formalizada na Ata de Reunião EE/002/96 e no1 , "Instrumento Particular de Quitação de Dívida, Outras Avenças e Dação em Pagamento". Apresenta os seguintes esclarecimentos sobre os fatos: Nos anos de 1994 e 1995, tornouse devedora da CESP, no montante de R$ 1.917.406,33, devido a expurgo monetário/financeiro apurado em contrato celebrado entre as partes, por força do disposto no art. 23 da Lei n"9.069/95. Essa dívida correspondia a 330.091,78 UFESPS. No ano de 1994, a CESP atrasou o pagamento de faturas emitidas pela Impugnante, causando um direito a receber "para TECHINT" de correção monetária atualizada pela UFESP. (...) Essa correção é de R$ 1.080.806,00. [•••]O departamento contábil comparou a dívida que a Impugnante tinha com a CESP, que no caso correspondia a 330.091,78 UFESP com os direitos a receber em função dos atrasos no pagamento de ^ faturas que incorria em 215.729,74 UFESPS. Observouse que a dívida que a Impugnante tinha com a CESP na época era superior aos créditos a receber dessa empresa por atraso no pagamento de faturas. Sendo assim, a Impugnante estornou o valor a receber no ano de 1995 (R$ 1.080.806,00), que já tinha sido tributado com base no regime de competência no anobase de 1994, pois esse valor já havia sido indiretamente recebido e oferecido à tributação, já que a dívida decorrente do expurgo financeiro anteriormente citada é proveniente de expectativa de inflação incorporada ao contrato original que não se consumou em função do "Plano Real". [...]No dia 1" de abril de 1997 as empresas contratantes resolveram acertar seus débitos/créditos. Nesse período, a Impugnante já possuía um direito: de receber da CESP no valor de R$ 3.604.006,25 correspondente a,w .mi i 1 i 454.477 UFESP por atraso no pagamento de faturas. A CESP por sua vez possuía crédito (...), que correspondia às 330.091,78 UFESP anteriormente mencionadas, que naquele momento representavam • R$ 2.617.627,81. A diferença a favor da Impugnante foi então paga pela CESP, em um total de RS 983.463,00, mediante entrega de Debêntures no valor de R$ 983.463,00, bem como de dinheiro o valor de R$ 2.915,44. A Lei 8.880, de 1994, assim preconizava: Fl. 2511DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 5 9 Art. 15 Os contratos para aquisição ou produção de bens para entrega futura, execução de obras, prestação de serviços, locação, uso e arrendamento, vigentes em 1" de abril de 1994, em que forem contratantes órgãos e entidades da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, seus fundos especiais, autarquias, inclusive as especiais, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e. demais entidades por ela controladas direta ou indiretamente, serão repactuados e terão seus valores convertidos em URV, nos termos estabelecidos neste artigo, observado o disposto nos arts. 11, 12 e 16. § 5º Na conversão para URV dos contratos que não contiverem cláusula de atualização monetária entre a data final do período de adimplemento da obrigação e a data da exigibilidade do pagamento, adicionalmente ao previsto no § 2" deste artigo, será expurgada a expectativa de inflação considerada explícita ou implicitamente no contrato relativamente a este prazo, devendo, quando o contrato não mencionar explicitamente a expectativa inf acionária, ser adotada para o expurgo a variação do índice Geral de Preços Disponibilidade Interna IGP/DI, da Fundação Getúlio Vargas FGV, no mês de apresentação da proposta ou do orçamento a que esta se referir, aplicado pro rata relativamente ao prazo previsto para o pagamento. § 6º Nos casos em que houver cláusula de atualização monetária decorrente de atraso de pagamento, corrigido também o período decorrido entre a data do adimplemento da obrigação e de exigibilidade do pagamento, aplicase a este período o expurgo referido no parágrafo anterior, segundo os critérios nele estabelecidos. § 7º É facultada ao contratado a não repactuação prevista neste artigo, podendo nesta hipótese, a Administração Pública rescindir ou modificar unilateralmente o contrato nos termos dos arts. . 58, inciso I e § 2", 78, inciso XII, e 79, inciso I e §2" da Lei n"8.666, de 21 de junho de 1993. § 8º As alterações contratuais decorrentes da aplicação desta Lei serão formalizadas por intermédio de termo aditivo ao contrato original, retroagindo seus efeitos financeiros a 1" de abril de 1994, inclusive às parcelas não quitadas até aquela data relativas a março de 1994 c meses anteriores se, neste último caso, os contratos originais previrem cláusula de atualização monetária. Assim, de fato, a empresa agiu em atenção a dispositivos legais e contratuais, uma vez que o art. 15 da referida lei determinou o Fl. 2512DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 10 expurgo, causa do estorno não aceito, e estabeleceu como termo inicial o dia 1704/1994. Porém, entendeu a Fiscalização que o estorno efetuado a débito de receita no exercício seguinte, no valor de R$ 1.080.806,00, contrariou o RIR/94, em seu art. 320, o qual estabelece que: Art. 320. Na determinação do lucro operacional deverão ser incluídas, de acordo com o regime de competência, as contrapartidas das variações monetárias, em função da taxa de câmbio ou de índices ou coeficientes aplicáveis, por disposição legal ou contratual, dos direitos de crédito do contribuinte, assim como os ganhos cambiais e monetários realizados no pagamento de obrigações (Decretolei n." 1.598/77, art. I8). Da leitura de tal dispositivo, depreendese que a atualização dos créditos por ocasião do encerramento do períodobase não é uma faculdade do contribuinte, mas uma obrigação, pois o art. 320 acima transcrito usa a expressão "deverão ser incluídas". 0 art. 323 do RI R/94, por sua vez, preconiza que o disposto no art. 320 se aplica também nas situações em que há compensação ou dação em pagamento, verbis: Art. 323. Compreendemse nas disposições dos arts.' 320 e 321 as variações monetárias apuradas mediante: 1 compra ou venda de moeda ou valores expressos em moeda estrangeira, desde que efetuada de acordo com a legislação sobre câmbio; II conversão do crédito ou da obrigação para moeda nacional, ou novação dessa obrigação, ou sua extinção, total ou parcial, em virtude de capitalização, dação em pagamento, compensação, ou qualquer outro modo, desde que observadas as condições fixadas pelo Banco Central do Brasil; III atualização dos créditos ou obrigações em moeda estrangeira, registrada em qualquer data e apurada no encerramento do períodobase em função da taxa vigente. No presente caso, conforme demonstrativos dc apuração acostados aos autos, às fls. 513 e 514, e o Instrumento Particular de Quitação de Dívidas, à lis. 515 a 524, o que ocorreu foi um encontro de contas, uma vez que CESP era devedora da TECH1NT no importe de R$ 3.604.006,25 e a TECHINT devedora da CESP no montante de R$ 2.617.627,81. O instrumento de quitação, portanto, viabilizou a extinção de tais dívidas mediante os institutos da compensação, da dação em pagamento, por meio de debêntures, e do pagamento do valor residual. Fl. 2513DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 6 11 Dessa forma, em princípio, o ato praticado enquadrarseia no disposto no inciso II do art. 323, o que acarretaria a necessidade de obediência ao estabelecido no art. 320, o qual determina que a contrapartida das variações monetárias ativas devem ser computadas na determinação do lucro operacional. Entretanto, o disposto nos arts. 320 e 323 acima transcritos aplicase a uma situação geral, em que há deliberação entre as partes de compensar ou efetuar a dação em pagamento para a quitação de dívidas existentes entre si, com a conseqüente liquidação dos débitos. No caso concreto, o que se constata é a existência de um cenário muito particular, em que a autoridade pública decidiu pela extinção dos efeitos da expectativa inflacionária e pela publicação de lei nesse sentido, determinando a exclusão dessa expectativa em todos os contratos firmados com a administração pública, o que incluía aqueles que continham cláusula de atualização monetária decorrente de atraso de pagamento, que é o caso da impugnante. Tal lei, publicada posteriormente à matriz legal dos referidos artigos do RIR, veio regular uma situação bem específica, no intuito de conter o persistente processo inflacionário. A requerente, frente ao contexto, agiu em estrita observância ao disposto no mandamento legal: procedeu ao expurgo mediante a assinatura do documento legal explicitado e promoveu o respectivo estorno do lançamento, que é a única forma contábil de se excluir o valor correspondente ao expurgo inflacionário de sua escrituração. O que se vislumbra, no caso em tela, é um aparente conflito de normas, visto que a observância da disposição legal relativa ao expurgo inflacionário implica o descumprimento do estabelecido no RIR. Contudo, tal aparente antinomia pode ser resolvida mediante o critério da especialidade, o qual preconiza que, havendo norma geral e especial sobre a mesma matéria, prevalece a especial. Dessa forma, considerando que a aludida lei consistiu em uma norma especial, concebida para regular um momento histórico determinado, com vistas ao controle do processo inflacionário, há de se aplicála ao caso concreto, em detrimento do disposto na norma geral, constante do RIR. Por conseguinte, é de se reformar o lançamento neste aspecto. Fl. 2514DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 12 DESPESAS COM A CONSTITUIÇÃO DE PROVISÃO DE 13º SALÁRIO, FÉRIAS E ENCARGOS. O lançamento foi efetuado com base nos arts. 195, 1, 197, parágrafo único, 242, e, mais especificamente, nos arts. 276, 279 e 281, do RIR/94, abaixo reproduzidos: Art. 276. Na determinação do lucro real somente serão dedutíveis as provisões expressamente autorizadas neste Regulamento (Decretolei nº 1.730/79, art. 3"). Parágrafo único. O Ministro da Fazenda poderá autorizar a dedutibilidade de outras provisões, para efeito de determinar o lucro real da pessoa jurídica (Decretolei n." 2.341/87, art. 31). Art. 279. O contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada períodobase, importância destinada a constituir provisão para pagamento de remuneração correspondente a férias de seus empregados (Decretolei n." 1.730/79, art. 4"). § 1º O limite do saldo da provisão será determinado com base na remuneração mensal do empregado e no número de dias de férias a (pie já tiver direito na época do balanço (Decretolei nº 1.730/79, art. 4º) § 2º As importâncias pagas serão debitadas à provisão, até o limite do valor provisionado (Decretolei n."1.730/79, art. 4", §2º). § 3º A provisão a que se refere este artigo contempla a inclusão dos gastos incorridos com a remuneração de férias proporcionais e dos encargos sociais, cujo ônus cabe à empresa. Art. 281. O contribuinte poderá deduzir, como custo ou despesa operacional, em cada períodobase de apuração mensal, importância destinada a constituir provisão para pagamento de remuneração correspondente ao 13º salário de seus empregados. Parágrafo único. O valor a ser provisionado corresponderá a 1/12 da remuneração, acrescido dos encargos sociais cujo ônus cabe à empresa. Assim, a legislação fiscal permite a dedução da formação tanto da provisão para as férias quanto para o 13" salário, inclusive considerando a parcela proporcional dc férias, o terço constitucional e os encargos sociais correspondentes. No que tange a tal contabilização, efetuada em obediência ao princípio de competência, cumpre registrar que o montante da provisão para pagamento de remuneração de férias e dos encargos sociais incidentes sobre referida Fl. 2515DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 7 13 remuneração é debitado em conta de custos ou despesas operacionais no momento de sua constituição. Se a provisão se referir a empregados vinculados à produção de mercadorias ou serviços, a provisão é debitada à conta de custos. Caso se refira a empregados da área administrativa, é debitado à conta de despesa operacional. No período seguinte, a conta de provisão, classificada no passivo circulante, é debitada, até o limite provisionado, pelos valores pagos a qualquer beneficiário cujas férias ali tenham sido incluídas. Caso não haja saldo suficiente na conta de provisão, o excedente é debitado diretamente a custos ou despesas operacionais. No final do exercício, deve ser efetuada a reversão do saldo remanescente, se houver, e constituída nova provisão. Ou, alternativamente, esse valor pode apenas ser complementado. No caso em tela, a impugnante esclarece que não havia apresentado o detalhamento da conta à fiscalização por estarem as informações em relatórios extracontábeis, o que dificultou sua localização. Além disso, do exame desses relatórios, concluise que a empresa somente procedeu à contabilização de provisão para férias. Os relatórios extracontábeis anexados às fls. 391 a 458, intitulados "Resumo Geral Provisão Férias Dezembro/95", serviram de base para a elaboração da seguinte planilha de cálculo resumida (fl. 390): Fl. 2516DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 14 Fl. 2517DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 8 15 Do exame dos autos, verificase que, de fato, os valores listados na coluna "Saldo em 31/12/94" coincidem com as quantias constantes das contas "Prov.Enc.Sociais" constantes do Balancete Geral em 31/01/95 (fl. 180), o que autoriza a conclusão de que o saldo no final de 1994 era realmente R$ 894.208,00. Assim, considerando que o saldo da provisão era dc R$ 2.218.962,00 em 31/12/95 e R$ 894.208,00, no final de 2004, o valor provisionado no ano foi, de fato, a diferença entre tais quantias: R$ 1.324.754,00. De outro lado, conforme ressalva a Fiscalização, a empresa procedeu à adição, na DIRPJ/96, de parcelas não dedutíveis relativas a encargos sociais, no montante de R$1.590.257,00, conforme segue Fl. 2518DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 16 Destarte, como a recorrente logrou êxito em demonstrar que o saldo inicial era de R$ 894.208,00 e considerando a adição acima mencionada de R$ 1.590.257,00, é de se concluir que o valor adicionado superou o montante provisionado (R$ 1.324.754,00), motivo pelo qual há que se proceder à alteração no lançamento. Quanto ao reconhecimento do crédito pleiteado pela contribuinte, cumpre esclarecer que não é possível a inovação em sede de contencioso. De acordo com os cálculos apresentados pela requerente, e reproduzidos anteriormente, o montante de despesa relativa a férias, nesse período, deveria ser R$ 1.495.656,00. Porém, os cálculos efetuados e apresentados em planilha elaborada pela própria empresa, desacompanhada da documentação comprobatória correspondente, não devem ser aceitos como hábeis e idôneos. Além disso, no demonstrativo apresentado pela impugnante, para apurar o valor da despesa dedutível, ela deduziu o saldo de 1994 (R$ 894.208,00) do montante da despesa calculada extracontabilmente (R$ 1.495.656,31), quando deveria ter deduzido do montante do saldo da conta em 31/12/95 (R$ 2.218.962,16). Neste ponto, cumpre destacar que, em 23/02/2011, a impugnante requereu a juntada de cópias dos livros contendo a Relação Anual de Informações Sociais RAIS (11.811 e seguintes), referentes ao anocalendário dc 1995, no intuito de demonstrar a quantificação e individualização das despesas com a constituição de provisão a título de 13° Fl. 2519DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 9 17 salário, férias e demais encargos trabalhistas de cada funcionário e dos valores correspondentes. Entretanto, o art. 16, § 4º, do Decreto 70.235/72, estabelece que as provas documentais devem ser apresentadas por ocasião da apresentação da impugnação. Caso as provas não sejam apresentadas nessa ocasião, essa faculdade processual fica preclusa. As únicas exceções admitidas ocorrem nos casos em que o contribuinte demonstra, irrefutavelmente, a impossibilidade de apresentação das provas por ocasião da impugnação, por motivo de força maior, ou por se referir a fato ou a direito superveniente, ou ainda se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Caberia, portanto, ao sujeito passivo, demonstrar a ocorrência de qualquer uma das hipóteses descritas acima, para justificar a não apresentação de provas na ocasião da entrega da impugnação. Da análise dos autos, constatase que a requerente não comprovou nenhum dos motivos previstos na legislação que impediriam a apresentação de quaisquer provas, quando da apresentação da peça impugnatória do lançamento fiscal. Por conseguinte, em relação a novas juntadas de provas na primeira instância de julgamento, entendese que já ocorreu a preclusão processual, nos termos do art.16, §4°, do PAF. Isso não obstante, é de se ressaltar que a análise de tal documentação é prescindível à solução da lide, uma vez que o cômputo do saldo inicial da conta já é suficiente para elidir a glosa efetuada pela Fiscalização. Por fim, cumpre registrar que, apesar de a Fiscalização fazer constar do Termo de Verificação Fiscal a necessidade de glosa de R$ 628.705,16 (fl. 29), ao fazer a transcrição para o Valor Tributável (fl. 30), comete um erro material, pois cita o valor dc R$ 692.803,81, valor este que foi utilizado para os cálculos no auto de infração correspondente. Isso posto, concluise que assiste razão à autuada relativamente ao assunto, devendo o lançamento ser reformado neste ponto. DESPESAS COM A CONSTITUIÇÃO DE "PROVISÃO" DE CUSTOS FORNECEDORES E SUBCONTRATOS. Destaca a Fiscalização que somente são dedutíveis as provisões expressamente autorizadas pela legislação e que Fl. 2520DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 18 as Provisões de CustosFornecedores e Custos Subcontratos não estão entre estas. Assim, considerando que os valores adicionados na apuração do lucro real não contemplaram as despesas das respectivas provisões, foram computadas, no lucro líquido, as parcelas não adicionadas referentes às despesas geradas cm 1995 com provisões constituídas e não revertidas. Alega a interessada que, embora as contas glosadas tenham sido registradas no passivo da sociedade sob a rubrica "provisão de custos fornecedores" c "provisão dc custos subcontratos", ao se fazer uma análise aprofundada da natureza dessas contas, verificase que se trata dc "contas a pagar", representativas de despesas dedutíveis, uma vez que se constituem em despesas necessárias, usuais e normais à atividade da empresa. No tocante à contabilização, explica que, em atenção aos princípios contábeis, à medida que o engenheiro fornecia os gastos incorridos na obra, estes eram registrados no passivo da empresa, como "contas a pagar", na rubrica "provisões". Nesse sentido, aduz que a contrapartida no resultado era um débito cm despesa incorrida e não paga. Cita, ainda, o Parecer Normativo CST n" 347/70, para justificar a correção do procedimento contábil adotado. Como suporte às suas alegações, acosta planilha, à fl. 480, nos seguintes termos: Como visto, assevera a impugnante que tais registros referemse a contas a pagar e que eram computados no passivo da empresa, na rubrica "provisões" à medida que os custos eram considerados incorridos, pelo engenheiro. Ocorre que, no que tange a contratos de longo prazo, existem dois critérios de apropriação de receitas, conforme Fl. 2521DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 10 19 dispõe a Instrução Normativa n" 21, de 13 de março de 1979: a) segundo a percentagem que a execução física, avaliada em laudo técnico de medição subscrito por um ou mais profissionais, com ou sem vínculo empregatício com a empresa, habilitados na área específica de conhecimento, representar sobre a execução contratada; b) segundo a percentagem que o custo incorrido no períodobase representar sobre o custo total orçado ou estimado, reajustado. A opção pelo critério de avaliação de andamento é exercida em relação a cada contraio, mas o critério escolhido deve ser praticado uniformemente durante tda a execução do contrato. No caso em tela, como declarado pela interessada, houve a opção pelo segundo critério, uma vez que os custos incorridos eram acompanhados por engenheiro. Entretanto, não foi apresentado nenhum documento assinado por qualquer engenheiro ou profissional habilitado, que comprovasse que tais contas constituem obrigações já definidas e suportadas por documentação que explicita seu valor c a data de pagamento. Como prova, foram apresentadas apenas cópias autenticadas do Livro Razão, demonstrativos elaborados pela própria requerente, bem como outros documentos não autenticados, os quais não estão claramente correlacionados com a movimentação ocorrida cm tais contas, e tampouco estão respaldados por documentação que comprove tratarse de contas a pagar. Ressaltese, em relação ao Livro Razão, que o histórico das citadas movimentações cita apenas a "transferência entre contas". Em relação à cópia de contrato de câmbio acostado às fls. 487 a 488, cumpre ressaltar que, além de não estar evidenciado a que conta ele se refere, seu * 'cancelamento (fls. 499 c 500) enseja a conclusão que não há pagamento a ele relacionado. Constatase, portanto, que a empresa, embora alegue tratarse de contas a pagar, não apresentou os documentos que suportam esse passivo, como os contratos firmados e as notas fiscais relativas aos gastos incorridos na obra. Assim, é dc se concluir pela manutenção da classificação de tais contas como de provisão, conforme o plano de contas da contribuinte e a autuação fiscal. Fl. 2522DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 20 Entretanto, no tocante à conta 2.01.02.001.003.620, relativa à ORD/620, a interessada apresentou cópia autenticada do Livro Razão (fl. 504), em que consta o saldo inicial no importe de R$ 955.106,33 e a movimentação a débito, cm 19/01/1996, na quantia dc R$ 233.142,01. Conforme documentação constante das fls. 506 a 510, esse valor debitado referese aos serviços executados pela Mendes Júnior Engenharia SA, no mês de dezembro dc 1995, conforme medição n" 086 e subcontrato C072/90, faturados em 16/01/96 c pagos em janeiro de 1996. Ou seja, especificamente em relação a esse valor, há que se reconhecer que se tratava de contas a pagar, o que implica a necessidade de rever o lançamento correspondente. Sob outro prisma, defende que, em não sendo acolhidas as alegações anteriores, há que se dar o tratamento da postergação do pagamento de tributos, conforme estabelecido pelo Parecer Normativo CST n" 2/96, uma vez que o resultado auferido com o estorno dessas contas foi oferecido à tributação no anobasc dc 1996. Nesse sentido, aduz que aufere o seu resultado pela avaliação do andamento das obras com base nos custos incorridos, consoante previsto no item " 9 " da IN SRF n" 21/79, e que tal fórmula implica o seguinte resultado: se os custos incorridos no períodobase diminuírem, o valor do resultado tributável diminui na mesma proporção. Ou seja, se aplicado o entendimento da fiscalização, teria havido uma antecipação de receita, com o oferecimento de lucro maior à tributação. Entretanto, o que não está provado é justamente que tal contabilização referese a contas a pagar. E dizer, tratandose de provisão, as despesas com sua constituição foram contabilizadas no ano anterior e as movimentações ocorridas no ano seguinte apenas refletem o pagamento da despesa já computada. De concluirse, portanto, que deve ser mantido o lançamento neste aspecto, à exceção do valor dc R$ 233.142,01 relativo à obra 620, o qual deve ser exonerado. GLOSA DE DESPESAS COM ATUALIZAÇÃO DA CONTA DE PROVISÃO PARA CONTINGÊNCIAS. As despesas geradas em 1995 com provisões para contingências constituídas e não revertidas foram glosadas pela Fiscalização, com a fundamentação de que somente são dedutíveis na apuração do lucro real as provisões expressamente autorizadas pela legislação, as quais não incluem a formação de provisão para contingências. Destaquese que, conforme Balanço Geral consolidado à fl. Fl. 2523DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 11 21 184, tais valores referemse a movimentações na conta de"provisão para causas em juízo (INPS/FGTS Adic. Transf. Pessoal e IOFImp.Operações Financeiras). A interessada contradita a exigência afirmando que os valores glosados referemse a despesas com a variação monetária do saldo existente em 31/12/91 e que, relativamente ao assunto, o Parecer Normativo CST n° 7/85 já teria definido que a despesa com atualização, no períodobase seguinte, de provisão indedutível é despesa dedutível, uma vez que no períodobase de constituição dessa provisão, o patrimônio da empresa ficou reduzido no mesmo valor. Com efeito, a provisão indedutível, no ano em que constituída, reduz o patrimônio líquido, base da correção monetária de balanço, não porém o lucro tributável, em face da respectiva adição ao lucro líquido para apuração do lucro real. Dessa forma, a correção monetária de provisão indedutível, nos períodos de apuração subseqüntes à sua constituição, neutraliza os efeitos da falta de despesa dc correção monetária do patrimônio líquido, decorrente de sua constituição. Analisando os efeitos da correção monetária da Provisão para Perdas Prováveis na Realização dc Investimentos, a Secretaria da Receita Federal, por meio do Parecer Normativo CST n 2 7, de 1985, manifesta o entendimento de que "a pessoa jurídica que constituir provisão para perdas prováveis na realização de investimentos, indedutível para efeitos do lucro real, somente poderá deduzir sua correção monetária a partir do períodobase subseqüente àquele em que a mesma for constituída". Tal entendimento, embora se refira à provisão para perdas prováveis na realização de investimentos, tem como fundamento a diminuição do patrimônio líquido, sendo, pois, válido para qualquer caso de provisão indedutível. Diante disso, não c razoável a cobrança dc imposto de renda sobre a correção monetária, calculada no Lalur no ano subseqüente, sobre a provisão indedutível constituída no encerramento do períodobase anterior, tendo em vista que, ao proceder ao registro contábil desta, o patrimônio líquido fica reduzido por idêntico valor e, cm conseqüência, também se reduz a despesa de correção monetária das demonstrações financeiras, no mesmo valor daquele que se pretende excluir na apuração do lucro real (Lalur). Fl. 2524DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 22 Portanto, considerando que os valores relativos à movimentação da conta Provisão para Contingência são decorrentes de sua atualização monetária c que tais valores, consoante Parecer Normativo CST n" 7/85, são considerados como dedutíveis, há que se reformar o lançamento quanto ao presente item. RETENÇÕES A PAGAR. Relata a Fiscalização que somente são dedutíveis as provisões:expressamente autorizadas pela legislação e que as provisões relativas a Retenções a Pagar não estão entre estas. Assim, considerando que os valores adicionados na apuração do lucro real não contemplaram as despesas das respectivas provisões, foram computadas, no lucro líquido, as parcelas não adicionadas referentes às despesas geradas em 1995 com provisões constituídas e não revertidas. Afirma a impugnante, em contraposição, que os registros em Retenções a Pagar originamse do fato de que, ao assinar contrato com fornecedor ou subcontratado, obrigandose ao pagamento de um preço pelo serviço ou material fornecido, é pactuada uma cláusula denominada cláusula de retenção, mediante a qual parte do valor a ser pago é retido a título de garantia para a execução futura da obra. Esclarece que, após a execução do serviço ou entrega de mercadorias, este valor retido é entregue ao prestador ou fornecedor e que, isso não obstante, o valor é deduzido como despesa incorrida (totalmente dedutível, por ser necessária, usual e normal) antes do pagamento efetivo. Aduz, por fim, que, quando do pagamento, ocorre o débito dessa conta do passivo tendo como contrapartida um crédito em disponibilidades, sem transitar por resultado. Com efeito, consoante cópias autenticadas do Balancete Geral em 31/12/95 c do Livro Razão, às fls. 602 a 604, tais valores estão classificados na Conta "Dívidas Comerciais — Fornecedor". Além disso, da análise dos demais documentos apresentados pela requerente, tais como notas fiscais e boletins dc medição, vêse que tal é a prática adotada pela empresa. Sendo assim, assiste razão à recorrente, motivo pelo qual se faz necessária a reforma do lançamento neste ponto. :Tendo sido o valor exonerado superior a R$ 1.000.000,00 a DRJ recorreu de ofício de sua decisão. Cientificada do acórdão DRJ em 19/08/2011, a recorrente apresentou recurso em 19/09/2011. Fl. 2525DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 12 23 Em seu recurso alega: Despesas com a constituição de provisão de custos – fornecedores e subcontratos: que a recorrente é empresa que se dedica à atividade de construção civil, direcionada para a execução de grandes obras de infraestrutura, tais como a construção de gasodutos, usinas hidroelétricas, estradas, pontes e rodovias; que as despesas despendidas com as obras são incorridas na proporção em que estas obras vão sendo realizadas e a recorrente realiza uma estimativa dos custos e despesas nos quais incorrerá durante a obra, como forma de observar adequadamente as regras da boa prática contábil, e especificamente o regime de competência, como aquele mediante o qual “as receitas e despesas são apropriadas em função da ocorrência e da vinculação da despesa à receita, independentemente de seus reflexos no caixa.”; o resultado do orçamento realizado por um engenheiro contratado, é apresentado em um documento “Boletim de Medição”, no qual são descritas todas as despesas que, segundo cálculo do engenheiro são necessárias para a execução e conclusão da obra; que o referido documento possui a função de apurar o montante de despesas que deve ser reconhecido com base no regime de competência e na proporção em que a obra vai se realizando, possibilitando o confronto das despesas com as receitas e com os períodos contábeis em que elas se verificam; que as despesas por ela incorridas eram registradas contabilmente em conta com a rubrica “Provisões” e somente após a realização da obra é que eram transferidas para a conta de rubrica “contas a pagar”; que a turma julgadora entendeu que a conta “Provisão Custos/Fornecedor” não teria a natureza de contas a pagar, já que, supostamente, a Recorrente não teria apresentado os documentos que suportam o passivo de contas a pagar; que, muito embora registrados em conta contábil que possui a rubrica provisão, os valores registrados possuem a natureza de contas a pagar, representativa das despesas totalmente dedutíveis, por serem necessárias, usuais e normais às atividades da Recorrente; Apresenta quadro da movimentação da cona de provisão: Fl. 2526DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 24 Fl. 2527DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 13 25 Fl. 2528DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 26 que o procedimento acima descrito evidencia que a recorrente registra na conta de provisão valores que representam um contas a pagar, motivo pelo qual, são estornados em momento oportuno para que seja feita a retificação decorrente da apropriação no correto período de competência; que incorrida uma despesa, independentemente de seu pagamento esta deveria ser registrada na contabilidade da sociedade e foi isso que fez a recorrente, à medida em que o engenheiro ia fornecendo os gastos incorridos na obra, era registrado em seu passivo este “contas a pagar”, sob a rubrica de provisões; Fl. 2529DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 14 27 Finaliza: Ad argumentandum, afirma que se considere irregular o procedimento adotado, os lançamentos seriam nulos por não considerarem o efeito de postergação de pagamento. Da dedutibilidade da despesa relativa à NF 2027. entende que a despesa comprovada com a citada nota fiscal é dedutível pois o gasto com despesa médica de seus funcionários é um investimento essencial para a manutenção de sua força produtiva. Da ilegalidade da cobrança de juros sobre a multa Que não há previsão legal para a incidência de juros sobre a multa de ofício. Voto O valor exonerado é superior a R$ 1.000.000,00 devendo ser conhecido o recurso de ofício. O recurso voluntário é tempestivo e também deve ser conhecido. Inicio pela análise do recurso de ofício. GLOSA DE CUSTOS. Afirma o voto condutor do acórdão recorrido sobre a matéria: Do exposto, vêse que, em relação às Notas Fiscais n° 0086, 0026 e 00221, assiste razão à requerente, uma vez que, além de restar comprovada a efetividade da operação, tais despesas são usuais e necessárias, devendo ser consideradas dedutíveis. Não há reparo a fazer ao decidido, pois no termo de verificação fiscal de fls. 26 a fiscalização afirma que tendo sido intimada a apresentar os documentos comprobatórios que deram suporta à escrituração, conta 50401002001000, a título de custos com subcontratos, a fiscalizada apresentou apenas cópias de notas fiscais emitidas pela Empresa Cenpla, motivo Fl. 2530DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 28 pelo qual os valores constantes nas NF nº 0701, 0706 e 0717 foram glosados como custo sem comprovação. Na impugnação a recorrente informa que teve dificuldades para acessar as citadas notas fiscais por terem sido recebidas por filiais, mas que todas foram encontradas, bem como os contratos de subempreitada e os correspondentes boletins de medição que deram origem a elas. Também foram anexadas cópias dos cheques e comprovantes de pagamentos a elas relacionadas. Diante da comprovação acima citada, a DRJ deu provimento parcial à impugnação apresentada, decisão que entendo não merecer qualquer reparo. Provada pela apresentação das notas fiscais, contratos e comprovantes de pagamento a existência dos custos e não tendo sido questionada sua necessidade e usualidade, entendo que não pode ser mantida a glosa, devendo ser mantida a decisão DRJ. Baixa de estoque. Afirma o voto condutor do acórdão recorrido sobre a matéria Relata a Fiscalização que a empresa promoveu, em 31/12/95, a baixa da conta estoque (10108001001611), creditando esta e debitando a conta material de consumo/custo (50304001004000), cujo histórico apresentado é: Reclas. Estoq. Encer. 12/95, no valor de R$ 184.943,80, sem, contudo, comprovar, por meio de documentos hábeis e idôneos, a destinação dos materiais. Afirma, ainda, que sequer houve a apresentação de qualquer documento ou, ao menos, controles internos qualificando e quantificando tais materiais de consumo. Por conseguinte, procedeu à glosa de (ai valor, como custo não comprovado devidamente. A autuada, em sua defesa, assevera que, em 31/05/95, tal valor foi debitado a conta de estoque e creditado a conta de resultado e que, posteriormente, percebeu 'que esse ingresso de materiais em "estoques" de fato não existiu, razão pela qual procedeu ao estorno, em 31/12/95. Acrescenta que o mencionado estorno pode ser verificado pelas cópias do Livro Diário em que tais lançamentos contábeis foram registrados. Tais cópias, autenticadas, constam das fls. 595 a 599. Acerca dessa matéria, o RIR/94, em seu art. 214, dispõe que: " Art. 214. A escrituração será completa, em idioma e moeda corrente., nacionais, em forma mercantil, com individuação e clareza, por ordem cronológica de dia, mês e ano,sem intervalos em branco, nem entrelinhas,borraduras, rasuras, emendas e transportes para as margens (Decretolei n.º486/69, art. 2º). § 1º É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, desde que estes constem de livro próprio, revestido das formalidades estabelecidas em lei (Decretolei n.º 486/69, art. 2º) § 2" Os erros cometidos serão corrigidos por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação (Decretolei n.º 486/69, art. 2º, §2º). Fl. 2531DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 15 29 Logo, comprovado o erro, deve este ser corrigido por meio de lançamento de estorno, transferência ou complementação. No presente caso, o que houve foi o estorno de uma contabilização efetuada inicialmente a débito de materiais e crédito de receita (sobressalentes e acessórios), em 31/05/95, conforme cópias autenticadas no Livro Diário às fls. 595 e 599. Apesar de a interessada limitarse a afirmar que "esse ingresso de materiais em estoque de fato não existiu", sem detalhar o motivo pelo qual ocorreu o erro, houve a comprovação de que o estorno se refere a uma contabilização anterior incorreta. Assim, não houve uma redução indevida da receita, como deduzido inicialmente pela Fiscalização. Destarte, há que se acolher a alegação da impugnante neste ponto. Entendo não merecer reparo a decisão recorrida também em relação a esta matéria. Tempestivamente a interessada retificou sua escrita através de lançamento de estorno, conforme lhe permitia a legislação de regência acima reproduzida, sendo permitido à fiscalização, se entendesse necessário prosseguir na investigação fiscal para apurar se havia falsidade dessa retificação de lançamento.. Deste modo, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofíio também nesta matéria. Despesas com estorno de receitas de variações monetárias ativas. Sobre a matéria manifestou a DRJ: No presente caso, conforme demonstrativos dc apuração acostados aos autos, às fls. 513 e 514, e o Instrumento Particular de Quitação de Dívidas, à lis. 515 a 524, o que ocorreu foi um encontro de contas, uma vez que CESP era deveora da TECH1NT no importe de R$ 3.604.006,25 e a TECHINT devedora da CESP no montante de R$ 2.617.627,81. O instrumento de quitação, portanto, viabilizou a extinção de tais dívidas mediante os institutos da compensação, da dação em pagamento, por meio de debêntures, e do pagamento do valor residual. Dessa forma, em princípio, o ato praticado enquadrarseia no disposto no inciso II do art. 323, o que acarretaria a necessidade de obediência ao estabelecido no art. 320, o qual determina que a contrapartida das variações monetárias ativas devem ser computadas na determinação do lucro operacional. Entretanto, o disposto nos arts. 320 e 323 acima transcritos aplicase a uma situação geral, em que há deliberação entre as partes de compensar ou efetuar a dação em pagamento para a Fl. 2532DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 30 quitação de dívidas existentes entre si, com a conseqüente liquidação dos débitos. No caso concreto, o que se constata é a existência de um cenário muito particular, em que a autoridade pública decidiu pela extinção dos efeitos da expectativa inflacionária e pela publicação de lei nesse sentido, determinando a exclusão dessa expectativa em todos os contratos firmados com a administração pública, o que incluía aqueles que continham cláusula de atualização monetária decorrente de atraso de pagamento, que é o caso da impugnante. Tal lei, publicada posteriormente à matriz legal dos referidos artigos do RIR, veio regular uma situação bem específica, no intuito de conter o persistente processo inflacionário. A requerente, frente ao contexto, agiu em estrita observância ao disposto no mandamento legal: procedeu ao expurgo mediante a assinatura do documento legal explicitado e promoveu o respectivo estorno do lançamento, que é a única forma contábil de se excluir o valor correspondente ao expurgo inflacionário de sua escrituração. O que se vislumbra, no caso em tela, é um aparente conflito de normas, visto que a observância da disposição legal relativa ao expurgo inflacionário implica o descumprimento do estabelecido no RIR. Contudo, tal aparente antinomia pode ser resolvida mediante o critério da especialidade, o qual preconiza que, havendo norma geral e especial sobre a mesma matéria, prevalece a especial. Dessa forma, considerando que a aludida lei consistiu em uma norma especial, concebida para regular um momento histórico determinado, com vistas ao controle do processo inflacionário, há de se aplicála ao caso concreto, em detrimento do disposto na norma geral, constante do RIR. Por conseguinte, é de se reformar o lançamento neste aspecto. Também nesta matéria não tenho reparo a fazer ao decido em 1ª instância.. A legislação que introduziu o Plano Real, com a finalidade de controlar a inflação, excepcionou a legislação vigente em diversas áreas e não apenas a financeira. Concordo com a posição exposta pelo DRJ de que também a legislação tributária foi excepcionada, o que se verifica no caso destes autos. Desta forma, voto por negar provimento ao recurso de ofício interposto. DESPESAS COM A CONSTITUIÇÃO DE PROVISÃO DE 13º SALÁRIO, FÉRIAS E ENCARGOS. Afirma a decisão recorrida: Do exame dos autos, verificase que, de fato, os valores listados na coluna "Saldo em 31/12/94" coincidem com as quantias constantes das contas "Prov.Enc.Sociais" constantes do Balancete Geral em 31/01/95 (fl. 180), o que autoriza a conclusão de que o saldo no final de 1994 era realmente R$ 894.208,00. Fl. 2533DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 16 31 Assim, considerando que o saldo da provisão era dc R$ 2.218.962,00 em 31/12/95 e R$ 894.208,00, no final de 2004, o valor provisionado no ano foi, de fato, a diferença entre tais quantias: R$ 1.324.754,00. De outro lado, conforme ressalva a Fiscalização, a empresa procedeu à adição, na DIRPJ/96, de parcelas não dedutíveis relativas a encargos sociais, no montante de R$1.590.257,00, conforme segue Destarte, como a recorrente logrou êxito em demonstrar que o saldo inicial era de R$ 894.208,00 e considerando a adição acima mencionada de R$ 1.590.257,00, é de se concluir que o valor adicionado superou o montante provisionado (R$ 1.324.754,00), motivo pelo qual há que se proceder à alteração no lançamento. Isso posto, concluise que assiste razão à autuada relativamente ao assunto, devendo o lançamento ser reformado neste ponto. Independentemente do fato de documentos que a então impugnante trouxe aos autos, após a apresentação da impugnação, não terem sido aceitos pela decisão recorrida, o voto condutor do acórdão concluiu que o lançamento deveria ser exonerado tendo em vista que o valor adicionado superou o valor provisionado, sendo incabível o lançamento. Não tenho reparo a fazer ao decidido em 1ª instância, pois, mesmo que não tenha sido demonstrado devidamente os valores de férias e 13º, isso se tornou irrelevante em função do erro praticado pela recorrente e utilizado pela fiscalização para realizar o lançamento. Fl. 2534DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 32 Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício também em relação a esta matéria. Valor de R$ 233.142,01 Sobre a matéria dispôs a DRJ: Entretanto, no tocante à conta 2.01.02.001.003.620, relativa à ORD/620, a interessada apresentou cópia autenticada do Livro Razão (fl. 504), em que consta o saldo inicial no importe de R$ 955.106,33 e a movimentação a débito, cm 19/01/1996, na quantia dc R$ 233.142,01. Conforme documentação constante das fls. 506 a 510, esse valor debitado referese aos serviços executados pela Mendes Júnior Engenharia S.A, no mês de dezembro dc 1995, conforme medição nº 086 e subcontrato C 072/90, faturados em 16/01/96 c pagos em janeiro de 1996. Ou seja, especificamente em relação a esse valor, há que se reconhecer que se tratava de contas a pagar, o que implica a necessidade de rever o lançamento correspondente. Demonstrada a ocorrência da despesa e não tendo sido contestada sua necessidade e usualidade, correta a decisão DRJ. Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício. Passo a análise do recurso voluntário. Afirma a decisão recorrida: Nota fiscal 2027 – Despesa Médica No que concerne à Nota Fiscal 2027, entretanto, há que se registrar que,conforme consta do recibo de honorários médicos à fls. 636, tratase de serviços médicos prestados pela equipe neurocirúrgica do Dr. Flávio Settani ao Sr. José Jaime Cláudio Rabeya Sanchez internado no Hospital São Luiz no período de 11 a 21 de janeiro de 1995. O RIR/94 sinaliza, por meio de seu art. 242, §2°, que as despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Já as despesas médicas, odontológicas, farmacêuticas e sociais são consideradas despesas operacionais dedutíveis na apuração do lucro real, desde que destinadas indistintamente a todos os funcionários da pessoa jurídica, consoante estipula o art. 300 do RIR/94. Porém, o que se verifica no caso em tela é que a impugnante não trouxe nenhuma informação a esse respeito, nem relativa à identificação do vínculo empregacional com o paciente, e tampouco relativa ao oferecimento de tais serviços a todos os seus funcionários. A recorrente não traz, mesmo em sede de recurso, qualquer indício de que o citado paciente tenha sido empregado da mesma. Mesmo que se considere que o art. 242, § 2º Fl. 2535DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 17 33 do RIR/94 não possuía fundamento legal, que apenas foi introduzido com o art. 13, inciso V da Lei 9.249 de 1995, ainda não vigente à época dos fatos, a recorrente teria, ao menos de demonstrar o vínculo do paciente com a empresa, o que não o fez. Assim sendo, tal despesa deve ser considerada desnecessária ao auferimento das receitas e, assim sendo, indedutível da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso nesta matéria. DESPESAS COM A CONSTITUIÇÃO DE "PROVISÃO" DE CUSTOS FORNECEDORES E SUBCONTRATOS. Destaca a Fiscalização que somente são dedutíveis as provisões expressamente autorizadas pela legislação e que as Provisões de CustosFornecedores e CustosSubcontratos não estão entre estas. Assim, considerando que os valores adicionados na apuração do lucro real não contemplaram as despesas das respectivas provisões, foram computadas, no lucro líquido, as parcelas não adicionadas referentes às despesas geradas cm 1995 com provisões constituídas e não revertidas. Alega a interessada que, embora as contas glosadas tenham sido registradas no passivo da sociedade sob a rubrica "provisão de custos fornecedores" e "provisão de custos subcontratos", ao se fazer uma análise aprofundada da natureza dessas contas, verificase que se trata de "contas a pagar", representativas de despesas dedutíveis, uma vez que se constituem em despesas necessárias, usuais e normais à atividade da empresa. No tocante à contabilização, explica que, em atenção aos princípios contábeis, à medida que o engenheiro fornecia os gastos incorridos na obra, estes eram registrados no passivo da empresa, como "contas a pagar", na rubrica "provisões". Nesse sentido, aduz que a contrapartida no resultado era um débito cm despesa incorrida e não paga. Cita, ainda, o Parecer Normativo CST n" 347/70, para justificar a correção do procedimento contábil adotado. Afirma a decisão recorrida: Como visto, assevera a impugnante que tais registros referemse a contas a pagar e que eram computados no passivo da empresa, na rubrica "provisões" à medida que os custos eram considerados incorridos, pelo engenheiro. Ocorre que, no que tange a contratos de longo prazo, existem dois critérios de apropriação de receitas, conforme dispõe a Instrução Normativa n" 21, de 13 de março de 1979: a) segundo a percentagem que a execução física, avaliada em laudo técnico de medição subscrito por um ou mais profissionais, com ou sem vínculo empregatício com a empresa, habilitados na área específica de conhecimento, representar sobre a execução contratada; b) segundo a percentagem que o custo incorrido no períodobase representar sobre o custo total orçado ou estimado, reajustado. Fl. 2536DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 34 A opção pelo critério de avaliação de andamento é exercida em relação a cada contraio, mas o critério escolhido deve ser praticado uniformemente durante toda a execução do contrato. No caso em tela, como declarado pela interessada, houve a opção pelo segundo critério, uma vez que os custos incorridos eram acompanhados por engenheiro. Entretanto, não foi apresentado nenhum documento assinado por qualquer engenheiro ou profissional habilitado, que comprovasse que tais contas constituem obrigações já definidas e suportadas por documentação que explicita seu valor c a data de pagamento. Como prova, foram apresentadas apenas cópias autenticadas do Livro Razão, demonstrativos elaborados pela própria requerente, bem como outros documentos não autenticados, os quais não estão claramente correlacionados com a movimentação ocorrida cm tais contas, e tampouco estão respaldados por documentação que comprove tratarse de contas a pagar. Ressaltese, em relação ao Livro Razão, que o histórico das citadas movimentações cita apenas a "transferência entre contas". Em relação à cópia de contrato de câmbio acostado às fls. 487 a 488, cumpre ressaltar que, além de não estar evidenciado a que conta ele se refere, seu cancelamento (fls. 499 e 500) enseja a conclusão que não há pagamento a ele relacionado. Constatase, portanto, que a empresa, embora alegue tratarse de contas a pagar, não apresentou os documentos que suportam esse passivo, como os contratos firmados e as notas fiscais relativas aos gastos incorridos na obra. Assim, é de se concluir pela manutenção da classificação de tais contas como de provisão, conforme o plano de contas da contribuinte e a autuação fiscal. Sob outro prisma, defende que, em não sendo acolhidas as alegações anteriores, há que se dar o tratamento da postergação do pagamento de tributos, conforme estabelecido pelo Parecer Normativo CST n" 2/96, uma vez que o resultado auferido com o estorno dessas contas foi oferecido à tributação no anobase dc 1996. Nesse sentido, aduz que aufere o seu resultado pela avaliação do andamento das obras com base nos custos incorridos, consoante previsto no item " 9 " da IN SRF n" 21/79, e que tal fórmula implica o seguinte resultado: se os custos incorridos no período base diminuírem, o valor do resultado tributável diminui na mesma proporção. Ou seja, se aplicado o entendimento da fiscalização, teria havido uma antecipação de receita, com o oferecimento de lucro maior à tributação. Entretanto, o que não está provado é justamente que tal contabilização referese a contas a pagar. E dizer, tratandose de provisão, as despesas com sua constituição foram contabilizadas no ano anterior e as movimentações ocorridas no Fl. 2537DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 18 35 ano seguinte apenas refletem o pagamento da despesa já computada. Já a recorrente afirma: Já em sede de impugnação, afirmou a contribuinte: A Impugnante, conforme já se falou, é pessoa jurídica que se dedica à atividade de construção civil. Antes mesmo de iniciar uma obra, ou durante o curso da execução desta, a Impugnante faz um orçamento das despesas que serão incorridas para conclusão desta obra. Tal orçamento é sempre feito por um engenheiro (engenheiro responsável pela obra) que envia à Impugnante um documento chamado Boletim de Medição (doc. anexo), no qual descrevemse todas as despesas que, segundo o cálculo do engenheiro, serão incorridas pela Impugnante para a realização da obra. Com base neste Boletim de Medição, para respeitar o princípio da competência dos exercícios, vez que se tratam de despesas que são incorridas em um exercício, mas que podem eventualmente ser pagas em exercício posterior, imediatamente após o recebimento deste a Impugnante registra em seu passivo este "contas a pagar", sob a rubrica de "provisões". Em outro momento da impugnação: Por sua vez, no anobase de 1996, novos foram preparados e o mesmo procedimento adotado. Boletins de Medição. Fl. 2538DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO 36 Desde a impugnação a contribuinte embasa sua defesa na existência de boletins de medição, onde estariam registradas as despesas, que segundo cálculo de engenheiro, serão incorridas pela recorrente para a realização da obra. No entanto, não traz nenhum documento em sua impugnação que possa ser semelhante ao descrito documento. A DRJ ressalta esse fato: Entretanto, não foi apresentado nenhum documento assinado por qualquer engenheiro ou profissional habilitado, que comprovasse que tais contas constituem obrigações já definidas e suportadas por documentação que explicita seu valor c a data de pagamento. Mesmo alertado pela DRJ, a recorrente afirma em seu recurso: Poderia nesse momento, mesmo que isso pudesse ser contestado, identificar onde estava esse documento nos autos, mas não o fez. Entendo que não o fez, porque não seria possível, pois não há esse documento nos autos. Percorri toda a impugnação, em especial as fls. 488 a 511, onde a recorrente informe estarem os documentos referentes a esta matéria e não há qualquer documento emitido por engenheiro ou outro profissional que possa ser entendido com boletim de medição. Diante do exposto, pela ausência de prova do afirmado pela recorrente, voto por negar provimento ao recurso. Quanto à alegação de que deveria ser dado o tratamento de postergação ao caso, acompanho integralmente o decidido pela DRJ sobre a matéria: Sob outro prisma, defende que, em não sendo acolhidas as alegações anteriores, há que se dar o tratamento da postergação do pagamento de tributos, conforme estabelecido pelo Parecer Normativo CST n" 2/96, uma vez que o resultado auferido com o estorno dessas contas foi oferecido à tributação no anobase de 1996. Nesse sentido, aduz que aufere o seu resultado pela avaliação do andamento das obras com base nos custos incorridos, consoante previsto no item " 9 " da IN SRF n" 21/79, e que tal fórmula implica o seguinte resultado: se os custos incorridos no período base diminuírem, o valor do resultado tributável diminui na mesma proporção. Ou seja, se aplicado o entendimento da fiscalização, teria havido uma antecipação de receita, com o oferecimento de lucro maior à tributação. Entretanto, o que não está provado é justamente que tal contabilização referese a contas a pagar. E dizer, tratandose de provisão, as despesas com sua constituição foram contabilizadas no ano anterior e as movimentações ocorridas no Fl. 2539DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO Processo nº 13808.003523/0065 Acórdão n.º 130200.830 S1C3T2 Fl. 19 37 ano seguinte apenas refletem o pagamento da despesa já computada. Quanto ao contrato de câmbio apresentado em sede de impugnação a fls.487 a 498, embora não tenha sido confirmado seu cancelamento, não ficou evidenciado a que conta contábil se referem e, portanto, se interferiram no valor lançado neste processo. A recorrente afirma referirse à obra 692, mas tanto na impugnação como no recurso, não há nenhuma evidência que confirme tal assertiva e, por conseqüência, não há vínculo entre o contrato de câmbio e referidas invoices e notas fiscais com o custo glosado. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso neste item do lançamento. Quanto à utilização da taxa selic aplicada sobre a multa de ofício, observo que houve alteração do pedido em relação à impugnação, tratandose, portanto, de matéria não impugnada, que também não pode ser conhecida em sede de recurso, pois não se trata de matéria de ordem pública. Diante de todo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício e também negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Marcos Rodrigues de Mello relator Fl. 2540DF CARF MF Impresso em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO, Assinado digitalmente em 06/02 /2012 por MARCOS RODRIGUES DE MELLO
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