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Numero do processo: 10980.902173/2006-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3402-001.165
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta Câmara-Terceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator.
Assinado Digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire-Presidente
Assinado Digitalmente
Pedro Sousa Bispo-Relator
Participaram do presente julgamento, os ConselheirosJorge Olmiro Lock Freire (presidente da turma), Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro e Pedro Sousa Bispo.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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RESOLVEM os Membros da Segunda Turma da Quarta CâmaraTerceira Seção do CARF, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do Relator. Assinado Digitalmente Jorge Olmiro Lock FreirePresidente Assinado Digitalmente Pedro Sousa BispoRelator Participaram do presente julgamento, os ConselheirosJorge Olmiro Lock Freire (presidente da turma), Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Thais de Laurentiis Galkowicz, Diego Diniz Ribeiro e Pedro Sousa Bispo. RELATÓRIO Por bem relatar os fatos, adoto o Relatório da decisão recorrida com os devidos acréscimos: Tratase da manifestação de inconformidade protocolizada em 17 de novembro de 2008, contestando o Despacho Decisório Eletrônico RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .9 02 17 3/ 20 06 -2 5 Fl. 865DF CARF MF Processo nº 10980.902173/200625 Resolução nº 3402001.165 S3C4T2 Fl. 866 2 (DDE) Nº de Rastreamento 795081713, emitido em 7 de outubro de 2008 pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Curitiba. A ciência do DDE ocorreu em 14 de outubro de 2008, conforme consulta ao extrato do Histórico de Comunicação, fl. 4 e Histórico dos Correios, fl. 823. O DDE objeto da inconformidade reconheceu parcialmente o crédito demonstrado no Pedido Eletrônico de Restituição ou Ressarcimento e Declaração de Compensação (PER/DCOMP) no 39902.84293.101003.1.3.015010, em que foi solicitado/utilizado, a título de ressarcimento do IPI, referente ao terceiro trimestre de 2003, o valor de R$ 657.246,64, pela constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado e pela ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos. Segundo o mesmo DDE, não foi homologada a compensação declarada no PER/DCOMP 27938.30079.120906.1.3.019710, bem assim foi homologada parcialmente a compensação declarada no PER/DCOMP cujo número foi anteriormente citado. O valor do crédito reconhecido foi de R$ 101.314,64. Nas informações complementares sobre a análise do crédito, disponíveis no endereço eletrônico “www.receita.fazenda.gov.br”, menu “Onde Encontro”, opção “PER/DCOMP”, item “PER/DCOMP – Despacho Decisório”, é possível verificar a “Relação das Notas Fiscais com Créditos Indevidos – Créditos por entradas no período” e constatar que o motivo da irregularidade dos Créditos é: “Estabelecimento emitente da Nota Fiscal na situação de CANCELADO no cadastro CNPJ”. Na manifestação de inconformidade, o interessado alega preliminarmente a homologação tácita das compensações efetuadas através do PER/DCOMP 39902.84293.101003.1.3.015010. Posteriormente, sustenta que há ausência de fundamentação no despacho decisório de parte da glosa efetuada. Assevera que somente consta relacionado a título de créditos indevidos o montante de R$ 414.606,71 e que foi glosado o montante de R$ 555.932,00, portanto cerceia o direito de defesa do contribuinte e deve ser reconhecida a nulidade do despacho decisório. No mérito, defende que todo o crédito objeto de pedido de ressarcimento transmitido pela contribuinte foi devidamente apurado, nos termos e condições impostas pela legislação aplicável (Lei 9.779/1999 e Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados), consoante se comprova do Livro de Registro de Apuração do IPI de Entradas e Saídas referentes ao 3º trimestre de 2003 anexado aos autos. Verificou, a impugnante, que o crédito glosado pela autoridade refere se à aquisição de matériasprimas adquiridas da empresa BRASKEM S.A., inscrita no CNPJ n° 42.150.391/000170, que incorporou a empresa OPP QUÍMICA S.A., CNPJ n° 16.313.363/001270, esta última com cadastro baixado perante a Receita Federal do Brasil em março de 2003 e esclarece que a BRASKEM S.A, na qualidade de incorporadora da empresa OPP QUÍMICA S.A, utilizouse dos Fl. 866DF CARF MF Processo nº 10980.902173/200625 Resolução nº 3402001.165 S3C4T2 Fl. 867 3 talonários fiscais desta última, para a emissão das notas fiscais referentes aos produtos fornecidos à contribuinte, sendo que a empresa OPP QUÍMICA S.A. já havia sido baixada no cadastro da Receita Federal do Brasil. Cita que: “mesmo estando consignado nas Notas Fiscais de entrada o número de CNPJ da empresa OPP QUÍMICA, há que se afirmar, de forma contundente, que a contribuinte deu entrada a matériasprimas tributadas pelo IPI, as quais, quando da saída dos produtos já industrializados, deramlhe direito de apurar crédito, nos termos da legislação vigente”. Anexa o Livro de Saídas da empresa BRASKEM S.A. e alega que consta o registro de todas as saídas de matériasprimas fornecidas à contribuinte, e que contém no referido livro todas as operações da BRASKEM S.A., na qualidade de sucessora da empresa OPP QUÍMICA S.A., de modo que resta amplamente comprovada a origem e idoneidade do crédito apurado. Argumenta que a análise da matriz constitucional do IPI, temse que o mesmo "será não cumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores". Traz ainda, o artigo 353 do RIPI e que a irregularidade no preenchimento do CNPJ pela fornecedora de produtos à contribuinte não tem o condão de desconstituir o crédito desta, que adquiriu mercadorias tributadas pelo IPI e registrou devidamente em seu Livro de Apuração. Carreia aos autos algumas decisões administrativas, aponta o princípio da verdade material e a necessária análise das provas. Requer o reconhecimento da homologação tácita e a nulidade do despacho decisório, ou ainda, a total procedência da manifestação de inconformidade, e requer, por fim, a produção de provas e a conversão da presente em diligência. Ato contínuo, a DRJBELÉM (PA) julgou a manifestação de inconformidade do contribuinte nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 PER/DCOMP. DESPACHO DECISÓRIO ELETRÔNICO. CNPJ DA EMPRESA FORNECEDORA. CNPJ CANCELADO. São insuscetíveis de aproveitamento na escrita fiscal os créditos concernentes a notas fiscais de aquisição de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagens emitidas por estabelecimento na situação de cancelado no CNPJ DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. São homologadas tacitamente as declarações de compensação que deixarem de ser apreciadas no prazo de cinco anos, contado da data da entrega da mesma, por força do § 5º do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996. Fl. 867DF CARF MF Processo nº 10980.902173/200625 Resolução nº 3402001.165 S3C4T2 Fl. 868 4 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2003 a 30/09/2003 IMPUGNAÇÃO. PROVAS O contribuinte possui o ônus de impugnar com provas, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, a menos que esteja enquadrado nas alíneas do § 4° do art. 16 do Decreto n° 70.235/1972. NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Não procedem as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Em seguida, devidamente notificada, a Recorrente interpôs o presente recurso voluntário pleiteando a reforma do acórdão. A Recorrente em seu Recurso Voluntário repisou os mesmos argumentos utilizados na sua Manifestação de Inconformidade quanto ao seu direito creditório. É o relatório. VOTO Conselheiro Pedro Sousa Bispo. A Recorrente se insurge contra a glosa das notas fiscais de entrada, constante do seu pedido de ressarcimento, que se apresentaram no cadastro da SRF com CNPJ na condição de cancelada. Explicou o Contribuinte que as glosas de crédito se referem a aquisições efetuadas da empresa BRASKEM S.A., inscrita no CNPJ n° 42.150.391/000170, que incorporou a empresa OPP QUÍMICA S.A., CNPJ n° 16.313.363/001270, sendo que a mesma continuou a utilizar as notas fiscais da empresa incorporada. Juntou em sua defesa a declaração da Braskem S.A na qual afirma que, na qualidade de sucessora por incorporação da OPP Química S.A, entendeu por bem utilizarse do talonário da incorporada. A fim de comprovar a ocorrência da operação, juntou aos autos os livros de entradas, de saídas e de apuração de IPI, tanto da OPP, quanto da Braskem, nos quais foram contabilizadas as saídas dos produtos adquiridos pela Propex e tributados pelo IPI cujo crédito foi objeto de glosa pela RFB. No caso de processos de compensação, restituição ou ressarcimento, é sabido que cabe ao contribuinte provar o direito creditório que alega. Ele deve trazer aos autos os elementos probatórios correspondentes que demonstrem a liquidez e certeza do crédito. Isso é o que se conclui do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil – CPC, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal Decreto nº 70.235/72 (PAF): Art. 373. O ônus da prova incumbe: Fl. 868DF CARF MF Processo nº 10980.902173/200625 Resolução nº 3402001.165 S3C4T2 Fl. 869 5 I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] No entanto, apesar da legislação atribuir a recorrente a prova do seu direito, no caso ora analisado, constatase que o problema identificado nas notas fiscais de entrada da empresa pode ter se dado não por culpa sua, mas de um terceiro, no caso o seu fornecedor, que inclusive admitiu o equívoco cometido. Dessa forma, não seria justificável a empresa arcar com as consequências de um possível equívoco que não teve culpa. No presente caso, há indícios fortes de que a operação ocorreu de fato como afirma a Recorrente, no entanto, as provas juntadas ainda não são hábeis para se atestar a efetividade da operação. Necessitando juntar aos autos outros elementos de comprovação da operação mercantil. Assim, em homenagem ao princípio da busca da verdade material, necessitase juntar aos autos outros elementos de comprovação da operação mercantil, devendo converter o presente julgamento em diligência, de acordo com os quesitos abaixo: a) solicitar a empresa cópia das notas fiscais de aquisição da empresa OPP QUÍMICA S.A., CNPJ n° 16.313.363/001270, que foram objeto da glosa ; b) apresentar comprovação do efetivo pagamento das notas fiscais referidas; c) cópias dos conhecimentos de transporte com respectivo comprovante de seu pagamento; d) comprovantes do efetivo recebimento das mercadorias; e) se havia norma estadual permissiva para a Braskem se utilizar do documentário fiscal da OPP Química, mesmo após a operação de incorporação; f) realizar qualquer outra verificação que a Autoridade Tributária julgar necessária para comprovar a efetividade da operação; e g) intimar a recorrente no prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. Assinado Digitalmente Pedro Sousa BispoRelator Fl. 869DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.905184/2010-84
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA.
A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN.
A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-005.701
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO ALEGADO. Recorrente ENGEFIELDS EMPREENDIMENTOS E SERVICOS LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção, pela compensação, dos débitos para com a Fazenda Pública. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 51 84 /2 01 0- 84 Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10480.905184/201084 Acórdão n.º 9303005.701 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela contribuinte contra o Acórdão nº 3802001.361, de 23/10/2012, proferido pela 2ª Turma Especial da Terceira Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004 COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO NÃO DEMONSTRADAS. IMPOSSIBILIDADE DE EXTINÇÃO DOS DÉBITOS PARA COM A FAZENDA PÚBLICA. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. Recurso a que se nega provimento. Irresignada, a Recorrente se insurgiu contra o entendimento esposado no acórdão recorrido de que a apresentação de informações da DIPJ poderiam ser confirmadas em consulta aos sistemas informatizados da Receita Federal e que seriam suficientes para comprovar o direito creditório. Alega divergência com relação ao que decidido no Acórdão nº 110100.517. O recurso foi admitido por intermédio de despacho de admissibilidade do Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF. Intimada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.684, de 19/09/2017, proferido no julgamento do processo 10480.906054/201069, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10480.905184/201084 Acórdão n.º 9303005.701 CSRFT3 Fl. 4 3 Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.684): "Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela contribuinte deve ser conhecido. Conforme assentado no exame de sua admissibilidade, o acórdão recorrido entendeu que a Recorrente não juntou ao processo, que versa sobre a restituição da Cofins cumulada com a compensação de débito próprio, a documentação contábil ou fiscal capaz de confirmar o direito vindicado, mas apenas as DACON original e retificadora e a ficha 25 da DIPJ, informações que a Câmara baixa considerou insuficientes para a sua comprovação (afirmouse que deveriam ter sido apresentados os Livros Razão e Diário, nos quais estariam os lançamentos que alicerçavam as correções propostas e, portanto, embasariam o pedido). Já no acórdão paradigma, em situação semelhante (tratouse de pedido de restituição de IRPJ, para o qual retificada a DIPJ, mas não retificada a DCTF correspondente), outra Turma da Primeira Seção entendeu que a autoridade administrativa não podia ter limitado sua análise às informações prestadas na DCTF, se presentes evidências, nos bancos de dados da Receita Federal, de que outro seria o valor do tributo devido no período apontado na PER/DCOMP, considerandose, especialmente, a apresentação de DIPJ retificadora, na qual constaria não apenas o valor do tributo devido, como também a demonstração da apuração das bases de cálculo mensais, trimestrais ou anuais da pessoa jurídica, conforme a sistemática de tributação adotada. Como se vê, a divergência é manifesta. E, a nosso juízo, deve ser solucionada em desfavor da tese encartada no recurso especial. Em casos semelhantes, esta Corte Administrativa vem entendendo que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, tal como preconiza o § 1º do art. 147 do CTN: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Todavia, no caso em exame, em vez de acostar aos autos, na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, os livros fiscais e contábeis que comprovassem o direito à restituição, a Recorrente permaneceu insistindo na mesma tese: a de que bastaria à sua comprovação a retificação da DIPJ e as informações já registradas nos sistemas da RFB. Percebase que aqui não se está afastando a possibilidade de a Recorrente, inaugurado o Contencioso Administrativo, vir a apresentálos, mas apenas ressaltando a sua insistência em não apresentálos, quando não era dela, a Recorrente, a competência para decidir o pedido, mas era dela, sim, a de comprovar o seu direito. Se os tivesse apresentado e estes não fossem considerados na decisão recorrida, a solução aqui poderia ser outra, a depender, evidentemente, do motivo levantado para a desconsideração dos livros e documentos na solução do litígio. Não é caso, porém. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10480.905184/201084 Acórdão n.º 9303005.701 CSRFT3 Fl. 5 4 Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, negolhe provimento." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a Contribuinte também não juntou aos autos, "na manifestação de inconformidade ou no recurso voluntário, os livros fiscais e contábeis que comprovassem o direito à restituição". Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 149DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.720043/2008-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
SUJEITO PASSIVO DO ITR.
São contribuintes do Imposto Territorial Rural o proprietário, o possuidor ou detentor a qualquer título de imóvel rural, como definido em lei.
ÁREAS DE INTERESSE ECOLÓGICO
Havendo comprovação de que parte do imóvel está localizada dentro de área definida em Lei para fins de instalação de parque estadual, e que houve apresentação tempestiva do ADA ao Ibama pelo proprietário do imóvel, impõe-se afastar da tributação essa área que se enquadra na definição legal de interesse ecológico.
VALOR DA TERRA NUA.
A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, como previsto em Lei, se não existir comprovação que justifique reconhecer valor menor.
Numero da decisão: 2301-005.184
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso de ofício para lhe negar provimento.
(assinado digitalmente)
João Bellini Junior - Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Evaristo Pinto - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Mauricio Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Junior.
Nome do relator: ALEXANDRE EVARISTO PINTO
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São contribuintes do Imposto Territorial Rural o proprietário, o possuidor ou detentor a qualquer título de imóvel rural, como definido em lei. ÁREAS DE INTERESSE ECOLÓGICO Havendo comprovação de que parte do imóvel está localizada dentro de área definida em Lei para fins de instalação de parque estadual, e que houve apresentação tempestiva do ADA ao Ibama pelo proprietário do imóvel, impõese afastar da tributação essa área que se enquadra na definição legal de interesse ecológico. VALOR DA TERRA NUA. A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, como previsto em Lei, se não existir comprovação que justifique reconhecer valor menor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso de ofício para lhe negar provimento. (assinado digitalmente) João Bellini Junior Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 72 00 43 /2 00 8- 02 Fl. 402DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo, Alexandre Evaristo Pinto, João Mauricio Vital, Wesley Rocha, Thiago Duca Amoni e João Bellini Junior. Relatório O Acórdão da DRJ (fls. 385 a 394) julgou o lançamento procedente em parte. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2005 NULIDADE. Ausentes as hipóteses do art. 59 do Decreto nº 70.235/72 e cumpridos os requisitos contidos no art. 10 do mesmo Decreto, não pode prosperar a alegação de nulidade do lançamento. SUJEITO PASSIVO DO ITR. São contribuintes do Imposto Territorial Rural o proprietário, o possuidor ou detentor a qualquer título de imóvel rural, como definido em lei. ÁREAS DE INTERESSE ECOLÓGICO Havendo comprovação de que parte do imóvel está localizada dentro de área definida em Lei para fins de instalação de parque estadual, e que houve apresentação tempestiva do ADA ao Ibama pelo proprietário do imóvel, impõese afastar da tributação essa área que se enquadra na definição legal de interesse ecológico. VALOR DA TERRA NUA. A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, como previsto em Lei, se não existir comprovação que justifique reconhecer valor menor. No próprio Acórdão da DRJ, consta o recurso de ofício (fl. 386) em virtude do montante do crédito tributário desonerado. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto Relator Com relação ao recurso de ofício, cabe salientar que a Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, assim dispõe: "Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10860.720043/200802 Acórdão n.º 2301005.184 S2C3T1 Fl. 3 3 decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário." Ademais, a Súmula CARF 103, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Conforme resumido no Acórdão da DRJ (fls 396), o crédito tributário da obrigação principal foi alterado de R$ 5.468.254,69 para R$ 1.230,35, o que demonstra que o valor do crédito tributário desonerado é superior ao definido no art. 1º da Portaria MF nº 63/17, de modo que o recurso de ofício deve ser conhecido. Nesse sentido conheço do recurso de ofício, mas ratifico a decisão tomada no voto do Acórdão da DRJ. Nessa linha, faço minhas as considerações constantes no voto do Acórdão da DRJ, uma vez que restou comprovada a criação do Parque Estadual da Serra do Mar pelo Decreto nº 10.251/77 e, conforme laudo apresentado pelo contribuinte e informações contidas nas peças que integram o processo judicial de pedido de indenização, da mesma forma que já foi reconhecido pelo então Terceiro Conselho de Contribuintes nos Acórdãos 30333.597, de 2006, e 30134.059, de 2007, de modo que ficou comprovado que 13.188,0 ha. está localizado dentro da área do Parque Estadual da Serra do Mar, comprovandose que se trata de área de interesse ecológico. Destaquese ainda que o Parque foi criado em data anterior à data do potencial fato gerador do ITR objeto do presente processo administrativo. Ante o exposto, conheço do recurso de ofício para negarlhe provimento. É como voto. Alexandre Evaristo Pinto Relator Fl. 404DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.725411/2014-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
ANTECIPAÇÃO MENSAL. FALTA DE PAGAMENTO. MULTA ISOLADA.
Verificada a falta de pagamento de antecipação mensal por estimativa cabe exigir a multa isolada, que incidirá sobre o valor não recolhido.
MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. LEI. NOVA REDAÇÃO. FATOS GERADORES A PARTIR DE 2007.
Após a alteração de redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, é plenamente aplicável a multa isolada de 50% em relação à insuficiência de recolhimento de estimativas e a multa de ofício de 75% sobre o lançamento complementar. O disposto na Súmula nº 105 do CARF aplica-se aos fatos geradores pretéritos ao ano de 2007.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE.
O decidido para o lançamento de IRPJ estende-se ao lançamento que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. ALTERAÇÃO. APLICAÇÃO IMEDIATA.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009, 2010, 2011
FRAUDE. INFRAÇÃO À LEI. ADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.
Numero da decisão: 1302-002.377
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, por ser o valor exonerado inferior ao limite de alçada; 2) Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela pessoa jurídica. Vencidos os conselheiros:Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Eduardo Morgado Rodrigues e Gustavo Guimarães da Fonseca que davam provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar as multas isoladas por falta de pagamento por estimativa, e; 3) Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário dos responsáveis tributários.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente-substituta.
(assinado digitalmente)
Paulo Henrique Silva Figueiredo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Ester Marques Lins de Sousa.
Nome do relator: PAULO HENRIQUE SILVA FIGUEIREDO
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CSLL. OMISSÃO DE RECEITAS. Recorrentes SAGA SOCIEDADE ANONIMA GOIAS DE AUTOMOVEIS FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011 ANTECIPAÇÃO MENSAL. FALTA DE PAGAMENTO. MULTA ISOLADA. Verificada a falta de pagamento de antecipação mensal por estimativa cabe exigir a multa isolada, que incidirá sobre o valor não recolhido. MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. LEI. NOVA REDAÇÃO. FATOS GERADORES A PARTIR DE 2007. Após a alteração de redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, é plenamente aplicável a multa isolada de 50% em relação à insuficiência de recolhimento de estimativas e a multa de ofício de 75% sobre o lançamento complementar. O disposto na Súmula nº 105 do CARF aplicase aos fatos geradores pretéritos ao ano de 2007. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009, 2010, 2011 CSLL. LANÇAMENTO DECORRENTE. O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009, 2010, 2011 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. ALTERAÇÃO. APLICAÇÃO IMEDIATA. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 54 11 /2 01 4- 11 Fl. 2880DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.881 2 Anocalendário: 2009, 2010, 2011 FRAUDE. INFRAÇÃO À LEI. ADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, 1) Por unanimidade de votos, não conhecer do recurso de ofício, por ser o valor exonerado inferior ao limite de alçada; 2) Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário apresentado pela pessoa jurídica. Vencidos os conselheiros:Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Eduardo Morgado Rodrigues e Gustavo Guimarães da Fonseca que davam provimento parcial ao recurso voluntário, para afastar as multas isoladas por falta de pagamento por estimativa, e; 3) Por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário dos responsáveis tributários. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidentesubstituta. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos César Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Edgar Bragança Bazhuni (suplente convocado), Eduardo Morgado Rodrigues (suplente convocado) e Ester Marques Lins de Sousa. Relatório Tratamse de Recurso Voluntário e Recurso de Ofício interpostos em face do Acórdão nº 0266.910 (fls. 2.780 a 2.804), de 23 de novembro de 2015, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG, que acordou, por unanimidade de votos, em considerar procedente em parte a impugnação apresentada por SAGA SOCIEDADE ANÔNIMA GOIÁS DE AUTOMÓVEIS, aos autos de infração de IRPJ e CSLL, lavrados contra si. A decisão recorrida foi assim ementada: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009, 2010, 2011 LANÇAMENTO DE OFÍCIO DEDUÇÕES DO TRIBUTO APURADO NA AÇÃO FISCAL Fl. 2881DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.882 3 Na apuração do tributo a ser exigido por meio de lançamento de ofício, o contribuinte faz jus à dedução de todos os valores que, antes do início da ação fiscal, tenham sido comprovadamente pagos ou que tenham sido validamente declarados como devidos, ou ainda que tenham sido retidos na fonte e que se refiram a rendimentos alcançados pelo lançamento de ofício. FALTA DE PAGAMENTO DE ANTECIPAÇÃO MENSAL Verificada a falta de pagamento de antecipação mensal por estimativa cabe exigir a multa isolada, que incidirá sobre o valor não recolhido. LANÇAMENTO DECORRENTE CSLL O decidido para o lançamento de IRPJ estendese ao lançamento que com ele compartilha o mesmo fundamento factual e para o qual não há nenhuma razão de ordem jurídica que lhe recomende tratamento diverso." Por bem sintetizar os presentes autos, transcrevo o Relatório constante do Acórdão recorrido, complementandoo ao final: "Os autos de infração a folhas 3 a 38 exigem o recolhimento de crédito tributário no montante de R$ 34.151.722,21, assim discriminado: (...) Descrição das infrações imputadas Auto de infração de IRPJ Os autuantes atribuem à autuada o cometimento das infrações de cuja descrição adiante se faz uma síntese. 1. OMISSÃO DE RECEITAS NAS VENDAS COM INTERMEDIAÇÃO DE FINANCIAMENTOS – Lucro operacional com receita de comissão sobre intermediação de financiamentos não declarados pela fiscalizada, conforme termo de verificação fiscal anexo. Datas do fato gerador: 31/12/2009, 31/12/2010, 31/12/2011. Enquadramento Legal: art. 72 da Lei nº 4.502/64; art. 149, inciso VII do CTN, Lei nº 5.172/66; art. 3º da Lei nº 9.249/95; arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 277, 278, 279, 280 e 288 do Decreto nº 3.000, de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR 1999); arts. 13 e 14, inciso I, da Lei nº 9.718/98 com redação dada pela Lei nº 10.637/2002. 2. FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA –Falta de pagamento do IRPJ incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos ou calculada com base balanços de suspensão ou redução. Datas dos fatos geradores: 31/01/2009, 28/02/2009, 30/04/2009; 31/05/2009; 31/07/2009; 31/08/2009;30/09/2009; 31/10/2009; 30/11/2009; 31/12/2009; 31/01/2010; 28/02/2010; 30/04/2010; 31/05/2010; 31/07/2010; 31/08/2010; 30/11/2010; 31/01/2011; 28/02/2011; Fl. 2882DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.883 4 31/07/2011; 31/10/2011; 31/12/2011. Enquadramento legal: arts. 222 e 843 do RIR 1999; art. 44, inciso II, alínea b, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07; art. 72 da Lei nº 4.502/64; art. 149, inciso VII do CTN, Lei nº 5.172/66; arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 277, 278, 279, 280 e 288 do RIR/99; arts. 13 e 14, inciso, I, da Lei 9.718/98 com redação dada pela Lei nº 10.637/2002. Auto de infração de CSLL Os autuantes atribuem à autuada o cometimento das infrações de cuja descrição adiante se faz uma síntese. 1. FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL DEVIDA SOBRE RECEITAS DE COMISSÕES NAS VENDAS COM INTERMEDIAÇÃO DE FINANCIAMENTOS – Lucro operacional com receita de comissão sobre intermediação de financiamentos não declarados pela fiscalizada, conforme termo de verificação fiscal anexo. Datas do fato gerador: 31/12/2009, 31/12/2010, 31/12/2011. Enquadramento legal: artigo 149, inciso VII, do CTN; artigo 2º da Lei nº 7.689, de 1988 com as alterações introduzidas pelo art. 2º da Lei nº 8.034/90; art. 57 da Lei nº 8.981/95, com as alterações do art. 1º da Lei nº 9.065, de 1995; art.2º da Lei nº 9.249, de 1995; art. 1º da Lei nº 9.316, de 1996; art. 28 da Lei nº 9.430, de 1996; art. 3º da Lei nº 7.689, de 1988, com redação dada pelo art. 17 da Lei nº 11.727, de 2008. 2. MULTA OU JUROS ISOLADOS – FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL SOBRE BASE DE CÁLCULO ESTIMADA – Falta de pagamento da CSLL incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução. Datas dos fatos geradores: 31/01/2009, 28/02/2009, 30/04/2009; 31/05/2009; 31/07/2009; 31/08/2009; 30/09/2009; 31/10/2009; 30/11/2009; 31/12/2009; 31/01/2010; 28/02/2010; 30/04/2010; 31/05/2010; 31/07/2010; 31/08/2010; 30/11/2010; 31/01/2011; 28/02/2011; 31/07/2011; 31/10/2011; 31/12/2011. Enquadramento Legal: artigo 44, inciso II, alínea b, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007. Sujeição passiva solidária Além da pessoa jurídica autuada, nos autos de infração figuram ainda como sujeitos passivos solidários duas outras pessoas físicas: Luiz Sérgio de Oliveira Maia e Antônio Ferreira Maia. A motivação para a responsabilização solidária consta do corpo dos próprios autos de infração. Dela extraemse as observações e argumentos resumidos adiante. • Os responsáveis tributários do presente tipo respondem solidariamente com a pessoa jurídica autuada pelo crédito tributário constituído neste documento de lançamento. • o senhor Luiz Sérgio de Oliveira Maia, VicePresidente da Saga, juntamente com o Presidente Antônio Ferreira Maia, criaram as empresas satélites Sagakasa e Sadif, e assinaram contratos de prestação de serviços de intermediação de financiamentos com instituições financeiras que pagaram às empresas satélites comissões sobre vendas financiadas efetuadas pela própria Saga. Fl. 2883DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.884 5 • A transferência de receitas da Saga para as empresas satélites, teve a única intenção de reduzir, indevidamente, o pagamento do IRPJ e CSLL ao longo dos anoscalendário de 2009 a 2011. • A criação das empresas satélites, levada a efeito pelos sócios do sujeito passivo, não possui substância econômica, tendo como finalidade, exclusivamente, a redução do montante de tributos. • A conduta desses sócios subsumese ao que dispõe o art. 72 da Lei nº 4.502/64. • Considerandose que os senhores Luiz Sérgio de Oliveira Maia e Antônio Ferreira Maia, possuem poder de gerência nas empresas Saga, Sagakasa e Sadif, e, nessa qualidade, cometeram o ilícito descrito no referido art. 72, fica caracterizada a responsabilidade solidária prevista no art. 135, III, do CTN, em decorrência de infração de lei. Termo de verificação fiscal No termo de verificação fiscal a folhas 40 a 82, os autuantes apresentam a motivação do lançamento. Dele extraemse as observações e argumentos resumidos adiante. • A Saga é uma concessionária representante da montadora VW Automóveis e é administrada por um conselho de administração composto de 3 membros efetivos e 3 membros suplentes, todos acionistas, e por uma diretoria composta de 4 diretores, que terão as atribuições determinadas pela lei e pelo estatuto da empresa, conforme definido em seu estatuto social. • Entre as empresas que fazem parte do grupo Saga, encontrase a Sagakasa Serviços Financeiros, Corretagens e Locação de Veículos Ltda. O objeto social da Sagakasa é a corretagem sobre intermediação de vendas de seguros diversos; a intermediação sobre prestação de serviços junto a instituições financeiras; a intermediação sobre prestação de serviços junto à empresa privada; e a locação de automóveis sem condutor. • Outra empresa que faz parte do grupo Saga é a Estação Sadif Corretora de Seguros Ltda. Seu objeto social é: a corretagem e agenciamento de seguros de veículos automotores, de plano de previdência complementar e de saúde; outras atividades de serviços financeiros relacionados à representação comercial no segmento de veículos automotores; atividades de intermediação e agenciamento de serviços e negócios em geral no segmento de veículos automotores, exceto imobiliários; e a locação de automóveis sem condutor. • As empresas Sagakasa e Sadif foram constituídas para captar receitas tributáveis da fiscalizada com o fim de pagar menos tributos. • Na constituição das empresas satélites, não houve desenvolvimento de projeto nem de empreendimento inovador. As empresas foram criadas para fazerem o que a Saga já fazia há tempos. Antes da criação das empresas satélites, de acordo com a ECD, a intermediação de contrato de financiamento para vendas era realizada pela própria fiscalizada, e os valores auferidos a título de comissão, eram registrados em conta específica da fiscalizada. Fl. 2884DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.885 6 • Tal composição de empresas teve como único objetivo a redução da tributação, ao submeter parcela do resultado, aquela correspondente às receitas relativas às comissões de financiamentos da Saga, que foi indevidamente transferida à Sadif e à Sagakasa. Esta transferência de toda comissão das vendas financiadas lesou o Fisco Federal em pelo menos em dois pontos fundamentais: redução a 32% da base de cálculo do IRPJ e CSLL sobre a receita transferida, considerando que as empresas satélites são optantes pelo lucro presumido; redução da tributação do PIS e da COFINS, com aplicação de alíquotas menores (regime cumulativo 0,65% e 3,0%), permitido às empresas sob o regime lucro presumido. • De modo resumido apontamse adiante alguns indícios levantados, que, em seu conjunto, comprovam que a fiscalizada desloca receitas tributáveis para as empresas satélites, que se encontram em situação tributariamente mais favorável. • Os sócios e administradores da fiscalizada e das empresas satélites são os mesmos. • As empresas satélites dão, simplesmente, continuidade ao que a fiscalizada já fazia no mesmo endereço. Na prática, nada mudou. • As empresas satélites e a fiscalizada são apresentadas ao público, seja mediante publicidade na internet, seja mediante letreiros e slogans afixados, seja na condição de prestadora de serviços (contrato de correspondente junto ao Banco Central) e de intermediadora de financiamentos (relação com o comprador do bem), com menção apenas da fiscalizada. • Não há qualquer separação física das empresas satélites com a fiscalizada, a não ser na pequena sala, na sede da fiscalizada, que aloja as duas empresas satélites. • Há uma completa confusão patrimonial entre as empresas (satélites e fiscalizada) onde a fiscalizada arca com diversas despesas que deveriam ser das empresas satélites. • A fiscalizada, mesmo com prejuízo, "transfere" serviço de intermediação de financiamento (de acordo com a própria fiscalizada, serviço bastante rentável) para as empresas satélites. Esta transferência não possui uma causa real, um motivo que não seja predominantemente fiscal. • As empresas satélites prestaram serviços às instituições financeiras descumprindo normas do Banco Central (Resolução BACEN 3.110/2003 alterada pela 3.954/2011). • Os estabelecimentos das empresas satélites obtiveram, em alguns períodos, receitas de serviços sem possuir efetivamente nenhum funcionário. • Este "planejamento tributário" de transferência de receitas da fiscalizada para as empresas satélites, permitiu a redução do lucro da Saga, tributada pelo lucro real, visto que parcela de suas receitas foi direcionada à Sagakasa e à Sadif, tributadas pelo lucro presumido. • Por este motivo, a fiscalização procedeu à inclusão das operações das supostas empresas, na tributação da Saga (lucro real anual), de modo a tributar as operações considerando um único empreendimento. Com efeito, todas as receitas contabilizadas pelas empresas satélites, bem como seus Fl. 2885DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.886 7 custos e despesas, em verdade serão considerados da própria Saga. Cabe a constituição do crédito tributário relativo ao IRPJ e ao tributo reflexo CSLL, na modalidade lucro real, opção de tributação da fiscalizada. • Na contabilidade das empresas satélites, verificase que a conta “Corretagem e Representações”, doravante denominada RCR, registra todos os valores de receitas que guardam correspondência com prestação de serviços de intermediação de financiamento bancário. Para a fiscalização somente interessam as contas registradas nos centro de custo cuja origem sejam as receitas vinculadas à venda financiada efetuada apenas pela fiscalizada. • Desta forma, fezse necessário recompor o lucro líquido da Saga, nos anos calendários de 2009 a 2011, com adição das receitas atribuídas às empresas satélites, devidamente diminuídas das deduções admitidas na legislação. As despesas operacionais atribuídas às empresas satélites também foram consideradas na apuração. • Todos os valores computados para cálculo do lucro líquido desses exercícios foram extraídos da contabilidade da empresa e encontramse individualizados em contas de títulos próprios para cada empresa satélite. • Feitos os ajustes, chegouse ao valor líquido da receita da Saga a ser tributada pelo lucro real. • Com a base tributável ajustada, calcularamse o IRPJ e a CSLL devidos, levando em consideração, para o levantamento, os valores dos tributos retidos na fonte e os valores já recolhidos pelas empresas satélites – as informações constam em planilha anexa. • Os valores informados em DCTF relativo ao IRPJ e CSLL das empresas foram abatidos do cálculo do tributo devido. • A multa isolada decorre de omissão de recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e CSLL, nos anoscalendário 2009 a 2011. • A legislação fixa como regra a apuração trimestral do lucro real ou da base de cálculo da CSLL e faculta ao contribuinte a apuração destes resultados apenas ao final do anocalendário caso recolha as antecipações mensais devidas, com base na receita bruta e acréscimos, ou justifique sua redução ou dispensa mediante balancetes de suspensão ou redução. Se assim não procede, sujeitase à multa prevista na Lei n° 9.430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/07, art. 44, inciso II, alínea "b". • No caso da fiscalizada, verificase que nos anoscalendário 2009 a 2011, optou pelo lucro real anual com cálculo do IRPJ e CSLL mensal por estimativa. Entretanto, o uso de empresas satélites garantiu à fiscalizada a diminuição das estimativas mensais de IRPJ e CSLL, mediante o direcionamento fraudulento de parte de seu resultado para a Sagakasa e Sadif. Em conseqüência, constituiuse crédito tributário relativo à multa isolada incidente sobre as reduções indevidas das estimativas mensais de IRPJ e CSLL na Saga. • Os cálculos da multa isolada estão demonstrados nas Planilhas de Cálculo da Multa sobre Estimativa Não Recolhida anos 2009 a 2011. Fl. 2886DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.887 8 • É certo que não cabe à fiscalização pautar as atividades comerciais da empresa, mas não se pode aceitar negócios empreendidos pela empresa sem nenhuma motivação comercial. Há uma diferença entre atuações que objetivam os negócios empresariais e atuações que objetivam exclusivamente reduzir a carga tributária. • Na realidade, as empresas satélites não materializam nenhum empreendimento, relativo à corretagem de financiamento bancário sobre as vendas efetuadas pela fiscalizada, que justifique a sua existência. Neste contexto, as empresas satélites foram criadas sem uma razão econômica efetiva de mercado. • Tais empresas exercem suas atividades permanentes dentro da estrutura operacional da fiscalizada. As receitas de intermediação de financiamento sobre as vendas efetuadas pela Saga e atribuídas à Sagakasa e à Sadif são, de fato, receitas da fiscalizada. O único objetivo de transferência destas receitas de intermediação e de financiamento foi reduzir indevidamente a carga tributária do IRPJ e tributos reflexos. • Verificase que a Sadif começou a operar justamente quando a Sagakasa estava prestes a ultrapassar o limite do lucro presumido. No anocalendário de 2010, a Sadif obteve receita bruta de R$ 21.183.884,56 com pequeno número de funcionários, chegando ao absurdo da existência de meses sem registro de funcionários, mas com obtenção de receitas de prestação de serviços. • As empresas satélites operam em várias cidades sem possuir a mínima estrutura física para tal mister. A Sadif possui sede apenas em Goiânia enquanto a Sagakasa possui sede em Goiânia, uma filial em Uberlândia (sem registro de funcionários) e outra no Guará (sem inscrição no CNPJ). Mesmo assim, elas prestam serviços às empresas do grupo Saga com sede em Goiânia, Brasília, Anápolis e Aparecida de Goiânia. • Durante a fiscalização, ficou evidenciada a desproporção dos ganhos das receitas de intermediação entre a fiscalizada e as empresas satélites, supostamente intermediadoras, com favorecimento às que não tinham nenhuma estrutura para prestar os serviços e em detrimento da que possuía ampla e completa estrutura. • Mesmo quando as empresas satélites apresentem documentos, contrato social e alterações, com registro nos órgãos competentes, escrituração contábil, notas fiscais, contratos de prestação de serviços, etc, não se exclui a possibilidade de as operações praticadas se enquadrarem em condutas ilícitas, isso porque faz parte o envolvimento de atos jurídicos lícitos para cometimento de fraude. Tais atos são apenas cumprimentos de formalidades na tentativa de enganar o fisco. Quem de fato presta serviços na qualidade de correspondente bancário é a Saga. Vistos isoladamente, os atos jurídicos são permitidos pela legislação; olhados em conjunto, desnudase o véu e revelase a fraude. • A fiscalizada ainda não teve o mínimo cuidado de providenciar, substituir ou substabelecer os contratos de prestação de serviços relativos às atividades supostamente praticadas pelas empresas satélites. Perante terceiros (clientes da fiscalizada, instituições financeiras e Banco Central), a Saga é a única empresa que efetivamente presta serviços. A fragilidade dos contratos de correspondentes bancários (sem termo de Fl. 2887DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.888 9 substabelecimento) e a precária estrutura operacional das empresas satélites corroboram o disfarce para pagar menos tributos. • Portanto, constatase conjunto de indícios que indicam que as pessoas jurídicas, Saga, Sagakasa e Sadif, reorganizamse com o motivo predominante de reduzir a carga tributária, sem se apoiar num motivo empresarial. A fiscalizada atende, plenamente, o cliente que a procura. No item 15 do termo de verificação fiscal, há um resumo dos indícios que comprovam o deslocamento da base tributável. • A conduta fraude está definida na Lei n° 4.502/64. • Para pagar menos tributos, a Saga utilizouse de práticas dolosas para enganar o fisco. Conscientemente a fiscalizada omite receita tributável que compõe efetivamente o seu lucro real, para serem tributadas pelo lucro presumido nas empresas satélites (mais benéfico). As receitas de intermediação financeira sobre as vendas 'realizadas pela fiscalizada estão sendo indevidamente apropriadas pelas empresas satélites. • Não resta dúvida que houve a intenção dolosa da fiscalizada de modificar as características essenciais do fato gerador, incorrendo em fraude. A alteração indevida do sujeito passivo, da Saga, lucro real, para as empresas satélites, lucro presumido, em relação aos fatos geradores das receitas de intermediação de financiamento, na qual se tributa utilizando base de cálculo mais benéfica, foi efetuada sem nenhuma motivação negocial que a respalde. • A criação das empresas satélites não possui substância econômica e tem a finalidade de possibilitar, unicamente, a redução do montante de impostos. E o dolo da conduta está na vontade do agente de alcançar o resultado, a redução indevida dos tributos federais. • Essa rotina danosa ocorre de forma reiterada, abarcando todo o período abrangido pela fiscalização (2009 a 2011). • Diante do exposto, há indícios convergentes suficientes para a formar a convicção de que houve fraude e máfé da empresa fiscalizada. • Os fatos descritos, devidamente comprovados pela documentação anexada aos autos, levam a concluir que a fiscalizada fraudou a Fazenda Pública, e todos esses eventos relatados foram maquinados intencionalmente para ludibriar o fisco, razão pela qual a multa foi qualificada (150%). • Houve a formalização de processo de representação fiscal para fins penais. Ciência e Impugnação dos lançamentos Em 22.08.2014, o sujeito passivo autuado como contribuinte, isto é, a Saga, foi cientificado do lançamento pessoalmente, por meio de seu representante legal, conforme atesta o termo assinado a folhas 2.360. Em 27/08/2014, por via postal, Luiz Sérgio de Oliveira Maia foi cientificado do lançamento na condição de sujeito passivo solidário, conforme atesta o documento a folhas 2.369. Fl. 2888DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.889 10 Em 16/09/2014, por meio de edital afixado quinze dias antes, Antônio Ferreira Maia foi cientificado do lançamento na condição de sujeito passivo solidário, conforme atesta o documento a folhas 2.368. Em 22/09/2014, em nome da Saga foi apresentada a impugnação juntada a folhas 2.378 a 2.384. E em 23/09/2014, em nome dos sujeitos passivos solidários foi apresentada a impugnação juntada a folhas 2.633 a 2.639. Os enunciados seguintes resumem o seu conteúdo, separandose uma da outra. Impugnação dos lançamentos em nome de Saga Sociedade Anônima Goiás de Automóveis Da tempestividade • O art. 15 do Decreto n° 70.235/1972 estipula que o contribuinte terá 30 dias, contados da intimação da exigência, para, caso queira, apresentar impugnação. A intimação foi recebida em 22/08/2014 (sextafeira). Logo, o fim do prazo foi projetado para 23/09/2014 (terçafeira), estando demonstrada, portanto, a tempestividade da presente medida. • Em atendimento ao inciso V, do art. 16, do Decreto nº 70.235, de 1972, incluído pela Lei n° 11.196/2005, informase que a matéria ora em debate não foi submetida à apreciação judicial, razão pela qual deixa de juntar cópia de eventual petição. Da parte não impugnada • Impugnase parcialmente o lançamento, em especial as multas isoladas e parte do lançamento principal no que concerne à quantificação do valor devido, conforme demonstrado mais adiante, uma vez que a impugnante optou pelo parcelamento de que trata a Portaria Conjunta PGFN/RFB N°13/2014, razão pela qual se requer que seja apartada do processo a parte não impugnada. Dos valores apurados pela fiscalização • No tocante ao IRPJ, a fiscalização deixou de considerar pagamentos efetuados e retenções de imposto de renda ocorridas no período base, gerando saldo a maior de imposto devido nos anoscalendário de 2010 e 2011. • Segundo o levantamento fiscal anexo (doc. 02), o valor dos pagamentos efetuados pela empresa em 2010 foi de R$ 4.040.961,95, ao passo que o relatório extraído do sitio da Receita Federal, bem como os documentos anexos (doc.03) demonstram que o valor efetivamente recolhido importa em R$ 4.564.549,72. • Da mesma forma, no ano de 2011 o fisco apurou como pagos R$ 2.501.249,75 (doc.02), mas o valor recolhido foi de R$ 3.258.492,27 (doc. 3). • O mesmo erro é encontrado em relação às retenções na fonte. Para a fiscalização teria havido retenção em 2010 no valor R$ 986.715,80 e em 2011 de R$ 1.003.831,98 (doc. 2). Contudo os informes de rendimentos dão conta do valor de R$ 1.268.275,25 e de R$ 1.153.095,44, respectivamente (doc.03). Fl. 2889DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.890 11 • Consta da impugnação demonstrativo da apuração em relação ao IRPJ, no qual se encontram evidenciados os valores levantados pela impugnante e pelo fisco, bem como a divergência entre eles. • Dessa forma, fica demonstrado anualmente o erro de fato na quantificação do crédito tributário, o que demanda por parte dessa DRJDF o cancelamento do valor indevidamente constituído. Da ilegitimidade da cobrança da multa isolada • No caso em espeque, dadas suas peculiaridades, não há que se falar em incidência de multa isolada decorrentes das estimativas, razão pela qual improcede o lançamento zurzido neste sentir. • As multas isoladas não podem ser exigidas, pois uma vez encerrado o período de apuração do IRPJ e da CSLL, em se tratando de pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual, a exigência de recolhimento por estimativa perde sua eficácia, prevalecendo, dessa forma, a exigência dos tributos efetivamente devidos, apurados ao final do anocalendário correspondente. Abonase o argumento com a citação de precedentes administrativos. • Não obstante, no presente caso, a situação é ainda mais peculiar, uma vez que já houve, por meio deste mesmo processo, a exigência de IRPJ e CSLL reputados devidos pela fiscalização, ocasião em que, inclusive, foi aplicada a multa de ofício de 150% da base de cálculo. Sendo assim, a aplicação concomitante da multa isolada e de ofício configura duplicidade de penalidade, o que é vedado pelo ordenamento jurídico pátrio. A jurisprudência administrativa corrobora a impropriedade da cobrança de multa isolada e de ofício incidentes sobre bases de cálculo sobrepostas. Ilustrase o argumento com a citação de precedentes. • Na hipótese de duas normas punitivas concorrerem quanto à determinada conduta, é essencial a identificação do bem jurídico tutelado pelo direito. Ademais, o deslinde do conflito de normas deve ser resolvido na medida em que se constate que uma norma punitiva possa absorver a outra, considerando que o fato tipificado constitui meio obrigatório de lesão, menos ofensiva, de um bem de mesma natureza para o cometimento de infração mais ofensiva. • No caso vertente, ainda que houvesse omissão de receita, a falta de pagamento do tributo estimado seria meio preparatório para a supressão do tributo apurado no final do exercício. Nesse caso, em face do princípio da consunção, oriundo do direito penal, o primeiro estaria absorvido pelo segundo, ou seja, a penalidade maior absorve a menor. • Nesse diapasão, o bem jurídico mais importante é a arrecadação tributaria, cumprida pelo recolhimento do tributo apurado no fim do ano calendário, ao passo que o bem jurídico de relevância intermediária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, obrigação do recolhimento de estimativas. • Assim, está amplamente demonstrado que por quaisquer dos motivos apresentados, a multa exigida isoladamente se mostra improcedente, razão por que ela deve ser cancelada. Fl. 2890DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.891 12 Do pedido • Em face do exposto, requerse que seja conhecida e provida a presente impugnação, para que haja o cancelamento do valor indevidamente constituído e que seja afastada a multa na totalidade. Impugnação dos lançamentos em nome dos sujeitos passivos solidários Da tempestividade • O art. 15 do Decreto n° 70.235/1972 estipula que o contribuinte terá 30 dias, contados da intimação da exigência, para, caso queira, apresentar impugnação. A intimação foi recebida em 22/08/2014 (sextafeira). Logo, o fim do prazo foi projetado para 23/09/2014 (terçafeira), estando demonstrada, portanto, a tempestividade da presente medida. • Em atendimento ao inciso V, do art. 16, do Decreto nº 70.235, de 1972, incluído pela Lei n° 11.196/2005, informase que a matéria ora em debate não foi submetida à apreciação judicial, razão pela qual deixa de juntar cópia de eventual petição. Da parte não impugnada • Os impugnantes manifestamse somente em relação à responsabilidade solidária que lhes fora imputada, uma vez que já houve, por parte do sujeito passivo principal, impugnação específica quanto ao lançamento. Da Responsabilidade Solidária Imputada • A sujeição passiva de sócios ou administradores é medida extrema e, portanto, só deve ser aplicada quando restar comprovada, de forma cabal e irrefutável, que tenham agido com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto, nos termos do art. 135, inciso III, do CTN. • Para atribuição de responsabilidade aos administradores da empresa faz se necessária a apuração de um ato, distinto do próprio descumprimento da obrigação tributária, em ofensa à lei ou com excesso de poderes. Abonase o argumento com a citação de precedente atribuído ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). • Como no caso em tela não há qualquer prova capaz de atestar que os impugnantes tenham incorrido nessa hipótese, mas tãosomente que servem para atestar que cumpriram suas funções regulares de sócios, descabida se afigura a sujeição passiva solidária. • Tal entendimento encontrase inequivocamente abalizado pelo Tribunal Pleno do Supremo Tribunal Federal, inclusive com reconhecimento de repercussão geral, consoante aresto abaixo transcrito na impugnação. Nesse sentido, aliás, também já se pronunciou o STJ, em vastas decisões. Ilustrase ainda o argumento com citação doutrinária. • Por tudo isso, é de se concluir que a responsabilização dos administradores da empresa autuada não pode prevalecer. Do pedido Fl. 2891DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.892 13 • Em face do exposto, requerse que seja conhecida e provida a impugnação, para que seja afastada a responsabilidade solidária imposta. Formação de autos apartados, para cobrança da parte não litigiosa do crédito tributário O despacho a folhas 2655, da autoridade preparadora, observando que o impugnante expressamente acatou uma fração da exigência fiscal, determinou que se constituíssem autos apartados, nos termos do artigo 21 do Decreto nº 70.235, de 1972, com a redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 8.748, de 1993, com o fito de proceder à cobrança da parte não litigiosa do crédito tributário. Os demonstrativos constantes desse mesmo despacho e do termo de transferência a folhas 2.656 estremam a fração litigiosa da não litigiosa, do crédito tributário, ressalvando que o crédito correspondente à multa isolada foi integralmente impugnado. O mesmo termo a folhas 2.656 informa que o crédito tributário não litigioso foi transferido para o processo nº 10120728.086/201430. Diligência Em 28 de janeiro de 2015, a 3ª Turma da DRJ/BHE deliberou, por meio da Resolução nº 2.001.877, juntada a folhas 2.665 a 2.670, converter o julgamento em diligência para que, retornando o processo à repartição de origem, fossem tomadas as seguintes providências: 1. juntar aos autos demonstrativo no qual se discriminem, pormenorizadamente, as parcelas que foram deduzidas no cálculo do IRPJ exigido por meio do lançamento de ofício, e no cálculo da multa isolada por falta ou insuficiência de pagamento das antecipações mensais de IRPJ; 2. indicar, separadamente, o quanto tiver sido deduzido a título de IRPJ pago por meio de Darf ou por meio de compensação pelas empresas Sagakasa e Sadif (CNPJ 06.318.439/000143 e 10.257.223/000192, respectivamente); da mesma forma, indicar separadamente o imposto de renda retido na fonte que tiver sido deduzido e do qual as duas empresas foram beneficiárias; 3. indicar o critério e a motivação dessa dedução parcial de IRPJ pago ou extinto por meio de declaração de compensação, e também da dedução parcial de imposto retido na fonte; 4. depois de cumpridos os itens anteriores, antes do retorno dos autos a esta DRJ, cientificar os sujeitos passivos dos esclarecimentos e documentos acrescentados aos autos, reabrindolhes o prazo de trinta dias para se manifestar. Realizada a diligência solicitada, o auditor fiscal dela encarregado relata os trabalhos executados e os resultados obtidos no relatório fiscal juntado a folhas 2.676 a 2.680. Dele extraemse as observações e argumentos resumidos adiante. Anocalendário de 2010 Fl. 2892DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.893 14 • A empresa Estação Sadif Corretora de Seguros Ltda (Sadif), CNPJ n° 10.257.223/000192, prestou serviços de intermediação de financiamento bancário, nos anos de 2010 e 2011, para cinco filiais da SAGA, auferindo receitas. • Durante ação fiscal já encerrada, na SAGA, processo n° 10120.725411/201411, apurouse o seguinte: Tributo Calculado pelo fisco Retido na Fonte Pago pelas empresas Devido (Lançamento) IRPJ 7.886.676,72 986.715,80 4.040.961,95 2.858.998,97 CSLL 2.847.843,62 242,93 2.318.857,33 528.743,36 • A rubrica IRRF, no valor de R$ 986.715,80, advém dos valores informados em DIRF de terceiros sobre as retenções sofridas pela SAGAKASA na monta de R$ 958.619,45 e sobre as retenções sofridas pela SADIF na monta de R$ 28.096,35. Estes valores constam discriminados nas planilhas anexas DIRF Terceiros – Completo. • Considerouse o valor integral do imposto de renda retido na fonte da SAGAKASA no ano de 2010. Quanto à SADIF, considerouse apenas o mês 03/2010. • A SADIF prestou serviços de intermediação de financiamento à SAGA apenas no mês 03/2010, conforme Razão anexo. Por esse motivo, deixouse de considerar grande parte das retenções de imposto de renda ocorridas no período de 2010, sofridas pela SADIF. A SADIF prestou serviços de intermediação de financiamento para outras empresas do grupo SAGA, obtendo receitas (e certamente sofrendo retenção de imposto de renda) de valores consideráveis (a relação de todas as empresas constam na página 29 do TVF). Portando, não é plausível o uso do valor integral do IRRF da SADIF para o abatimento dos valores de IRPJ lançados da SAGA. • A rubrica pago pelas empresas do IRPJ, no valor de R$ 4.040.961,95, advém dos valores dos DARF das empresas envolvidas na fiscalização. • Em 2010 a SADIF auferiu receita de intermediação de financiamento de R$ 20.979.517,02. Destes, apenas R$ 367.477,01 resultam das receitas de intermediação de financiamento das vendas efetuadas pela SAGA. Mesmo assim, utilizouse integralmente o DARF de IRPJ da SADIF do período de apuração 03/2010. • O valor total da rubrica pago pelas empresas do IRPJ é R$ 4.215.641,84, e não R$ 4.040.961,95. • A compensação do pagamento indevido ou a maior discriminado em DCTF dos períodos 06/2010 e 09/2010 da SAGAKASA não consta na apuração (a deduzir) do IRPJ de 2010. Devese, portanto, considerar esta compensação, de R$ 223.279,99, na elaboração do débito em questão. • Assim, eis o novo valor do IRPJ lançado: Tributo Calculado pelo fisco Retido na Fonte Pago pelas empresas Compensação Devido (Lançamento) IRPJ 7.886.676,72 986.715,80 4.215.641,84 223.279,99 2.461.039,09 Fl. 2893DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.894 15 • Portanto a rubrica IRPJ devido (Lançamento) passa de R$ 2.858.998,97 para R$ 2.461.039,09, conforme quadro acima. Anocalendário 2011 • Durante a ação fiscal já encerrada, na SAGA, processo n° 10120.725411/201411, apurouse o seguinte: Tributo Calculado pelo fisco Retido na Fonte Pago pelas empresas Devido (Lançamento) IRPJ 5.149.945,53 1.003.831,98 2.501.249,75 1.644.863,80 CSLL 1.862.620,39 0,00 1.606.826,23 255.794,16 • A rubrica IRRF, no valor de R$ 1.003.831,98 advém dos valores informados em DIRF de terceiros sobre as retenções sofridas pela SAGAKASA na monta de R$ 946.595,12 e sobre as retenções sofridas pela SADIF na monta de R$ 57.236,86. Estes valores estão discriminados nas planilhas anexas DIRF Terceiros – Completo. • Foi considerado o valor integral do imposto de renda retido na fonte da SAGAKASA no ano de 2011. Quanto à SADIF, foram considerados apenas os meses 02/2011 (R$ 25.504,12), 06/2011 (R$ 16.185,48) e 11/2011 (15.547,26). • A SADIF prestou serviços de intermediação de financiamento à SAGA apenas nos meses 02/2011, 06/2011 e 11/2011, conforme Razão anexo. Por esse motivo, deixouse de considerar grande parte das retenções de imposto de renda ocorridas no período de 2011. • A rubrica pago pelas empresas do IRPJ, no valor de R$ 2.501.249,75, advém dos valores dos DARF das empresas envolvidas na fiscalização. Não houve pagamento de IRPJ em 2011 efetuado pela SAGA. • Durante o ano de 2011 a SADIF alcançou uma receita de intermediação de financiamento de R$ 14.511.923,19. Desta receita, apenas R$ 245.779,32 têm relação direta com os serviços prestados pela SADIF envolvendo a SAGA. Neste cenário, a fiscalização escolheu apenas um DARF (o menor) da SADIF para compor o levantamento do débito IRPJ. Cálculo da Multa Isolada • O cálculo da multa isolada por falta ou insuficiência de pagamento das antecipações mensais de IRPJ, demonstrado nas Planilhas de Cálculo da Multa sobre Estimativa não Recolhida – anos 2009 a 2011, foi elaborado de acordo com os valores discriminados no Razão e na DIRF Terceiros – Completo. • Para esclarecer de forma detalhada de onde se originaram os valores das parcelas que foram deduzidas para o cálculo da multa isolada, verificase que na rubrica IRPJ Retido na Fonte (SAGAKASA) e IRPJ Retido na Fonte (SADIF), constam os valores, mês a mês, na planilha DIRF Terceiros – Completo. Fl. 2894DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.895 16 • No que se refere à rubrica IRPJ Pago (SAGAKASA) e IRPJ Pago (SADIF), consta em anexo a relação dos DARF tanto da SAGAKASA quanto da SADIF. • A SADIF prestou serviço de intermediação de financiamento das vendas efetuadas pela SAGA apenas nos meses 03/2010, 02/2011, 06/2011 e 11/2011. No ano de 2011 a fiscalização escolheu apenas um DARF (o menor) da SADIF para compor o levantamento do débito da multa isolada pelos mesmos motivos averiguados na apuração do débito IRPJ deste período. Em 04/03/2015, conforme aviso de recebimento a folhas 2.720, o sujeito passivo recebeu um exemplar do relatório fiscal da diligência. E em 25/03/2015 apresentou nova manifestação, juntada a folhas 2.723 a 2.724. Os enunciados seguintes resumem o seu conteúdo. • Conforme se infere do Relatório Fiscal, ficou constatado pelo Auditor Fiscal algumas inconsistências no lançamento do auto de infração. • No entanto, mesmo após essa nova verificação, ainda é patente o saldo a maior de imposto devido nos anoscalendário de 2010 e 2011, uma vez que a administração deixou de considerar pagamentos efetuados e retenções de imposto de renda ocorridas no período base. • O Auditor Fiscal constatou que o valor dos pagamentos efetuados pela empresa em 2010 foi de R$ 4.215.641,84, e não de R$ 4.040.961,95. • No entanto, conforme o relatório extraído do sítio da Receita Federal, bem como os documentos já anexados aos autos à época da impugnação, o valor efetivamente recolhido importa em R$ 4.564.549,72. Notese que ainda resta um saldo de R$ 348.907,88. • Da mesma forma, no ano de 2011 o fisco apurou como valor pago o importe de R$2.501.249,75, sendo que o valor efetivamente recolhido foi de R$ 3.258.492,27. • O mesmo erro é encontrado em relação às retenções na fonte. Para a fiscalização teria havido retenção em 2010 no valor R$ 986.715,80, e em 2011 de R$ 1.003.831,90, contudo os informes de rendimentos dão conta do valor de R$ 1.268.275,25 e R$ 1.153.095,44, respectivamente nos anos de 2010 e 2011. • Dessa forma, a peticionante ratifica o pedido da impugnação para que essa DRJBH proceda ao cancelamento do valor indevidamente constituído." Como relatado, o lançamento foi impugnado parcialmente, tendo a decisão a quo trazido quadro que resumiu o montante contestado: ANO CALENDÁRIO TRIBUTO VALOR ORIGINALMENTE LANÇADO VALOR CONTESTADO VALOR TRANSFERIDO 2009 IRPJ 2.841.549,62 (ZERO) 2.841.549,62 2010 IRPJ 2.858.998,97 1.028.427,22 1.830.571,75 Fl. 2895DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.896 17 2011 IRPJ 1.644.863,80 906.505,98 738.357,82 2009 CSLL 1.164.832,49 (ZERO) 1.164.832,49 2010 CSLL 528.743,36 (ZERO) 528.743,36 2011 CSLL 255.794,16 (ZERO) 255.794,16 E o Relator sintetizado o litígio, nos seguintes termos: "Assim, permanece litigioso neste processo o crédito tributário consistente nos seguintes itens: a totalidade da multa isolada pela falta ou insuficiência de pagamento das antecipações mensais de IRPJ e de CSLL; e o IRPJ exigido quanto aos anos calendários de 2010 e 2011 no montante respectivamente de R$ 1.028.427,22 e R$ 906.505,98, acrescidos da multa de ofício e dos juros de mora correspondentes. Também permanece litigiosa a sujeição passivo das pessoas físicas autuadas na condição de responsáveis solidários, e o litígio quanto a essa questão abrange não só a parcela do crédito tributário impugnado pela pessoa jurídica autuada, como também a parcela com a qual esta concorda." A decisão de primeira instância acatou parcialmente a impugnação, acolhendo pagamentos e compensações, em nome da pessoa jurídica SADIF, confirmados pela autoridade fiscal, por meio de diligência, mantendo parcialmente o IRPJ exigido em relação ao anocalendário de 2010, reduzindo o montante impugnado para R$ 630.467,34, mas sem alterar o valor referente ao anocalendário de 2011. A parte não reconhecida pelo julgador a quo diz respeito a recolhimentos, retenções e compensações referentes a receitas da pessoa jurídica SADIF que não foram consideradas na autuação referente à SAGA. Quanto à multa isolada pelo não recolhimento das estimativas, a DRJ não acolheu a tese de que tal valor não poderia ser exigido por implicar em duplicidade de punição em relação à multa de ofício e manteve integralmente a multa isolada incidente sobre as antecipações mensais de CSLL não recolhidas; Com relação à multa isolada incidente sobre as antecipações mensais de IRPJ não recolhidas, o julgador considerou a repercussão dos valores reconhecidos na Diligência Fiscal sobre a base de cálculo ao final do período, e reduziu os valores referentes a janeiro de 2010, abril de 2010, julho de 2010 e agosto de 2010 respectivamente para R$ 241.580,88, R$ 459.669,32, R$ 575.440,49 e R$425.258,71, mas sem alterar os valores referentes aos demais períodos de apuração. Por fim, a DRJ manteve integralmente os vínculos de responsabilidade de todos os sujeitos passivos solidários pelo crédito tributário lançado, por entender ter ficado comprovada a prática de fraude com o objetivo de reduzir indevidamente a carga tributária. Tendo em vista que o montante exonerado superou o limite de R$ 1.000.000,00, previsto na Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008, foi interposto Recurso de Ofício ao CARF. Fl. 2896DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.897 18 A pessoa jurídica autuada e os dois responsáveis solidários foram intimados da decisão de primeira instância (fls. 2.829, 2.830 e 2.834), tendo apresentado Recursos Voluntários (fls. 2.836 a 2.851 e 2.854 a 2.862), em que alegam, resumidamente: Do Recurso da Saga: a) que foram desconsiderados pagamentos e retenções referentes às pessoas jurídicas Estação Sadif Corretora de Seguros Ltda (SADIF) e Sagakasa Serviços Financeiros, Corretagens e Locação de Veículos Ltda (SAGAKASA), apesar de tais empresas terem sido desconstituídas pela autoridade fiscal e seus resultados terem sido tributados na Recorrente; b) que haveria, então, nulidade do lançamento por ausência de segurança jurídica, posto que não teria sido respeitada a motivação que o fundamentou, já que ora as referidas pessoas jurídicas são consideradas criadas, exclusivamente, para disfarçar lucros da Recorrente, ora como empresas independentes; c) que, superada a arguição de nulidade, devem ser considerados todos os pagamentos e retenções referentes à SADIF e à SAGAKASA, na apuração dos tributos imputados à Recorrente; d) quanto à multa isolada pelo não recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL, que tal penalidade não poderia ser imposta após o encerramento do anocalendário e em concomitância com a exigência de tais tributos com multa de ofício de 150%, o que configuraria duplicidade de penalidade; e) sustenta, ainda, a aplicação, ao caso, do Princípio da Consunção, posto que "a falta de pagamento da exação estimada seria meio preparatório para a supressão do tributo apurado no final do exercício". Do Recurso dos responsáveis solidários: a) que não haveria "provas de que os Recorrentes tenham utilizado qualquer estratagema com vistas a reduzir os tributos da devedora principal"; b) que haveria contradição no entendimento da autoridade fiscal, uma vez que, em um primeiro momento, sustenta que a SADIF e a SAGAKASA foram criadas com o único intuito de distribuir os lucros da SAGA e diminuir a sua tributação, porém, posteriormente, afirma que nem todas as operações das empresas satélites constituem receita da autuada, mas apenas pequena parte dentro dos exercícios fiscalizados; c) que, a partir de tal contradição, não haveria, portanto, fraude, dolo ou má fé dos Recorrentes, hábeis a sustentar a manutenção dos Recorrentes no pólo passivo da demanda; d) que a sujeição passiva de sócios e/ou administradores exige a prova cabal de que estes tenham agido com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto, conforme art. 135, inciso III, do CTN, o que não existiria in casu. É o Relatório. Fl. 2897DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.898 19 Voto Conselheiro Paulo Henrique Silva Figueiredo Relator 1. DO RECURSO DE OFÍCIO Como relatado, em face da exoneração parcial do crédito pelo acórdão recorrido foi interposto recurso de ofício pelo colegiado a quo. No caso em análise, o montante exonerado importou em R$ 1.200.477,00, valor superior ao limite fixado pela Portaria MF nº 03, de 2008 (R$ 1.000.000,00). Contudo, por meio da Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017, o limite em questão foi aumentado para o montante de R$ 2.500.000,00. Nos termos Súmula CARF nº 103, "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". Isto posto, voto pelo não conhecimento do Recurso de Ofício, posto que o crédito exonerado é inferior ao limite vigente nesta data. 2. DOS RECURSOS VOLUNTÁRIOS 2.1 Do conhecimento dos recursos A pessoa jurídica foi cientificada da decisão de primeira instância em 14 de dezembro de 2015 (fl. 2.829) e apresentou Recurso Voluntário em 12 de janeiro de 2016 (fl. 2.836). O responsável solidário Luiz Sérgio de Oliveira Maia foi cientificado em 16 de dezembro de 2015 (fl. 2.830), e o solidário Antônio Ferreira Maia por Edital afixado em 07 de janeiro de 2016 (fl. 2.834), tendo apresentado Recurso conjunto, em 14 de janeiro de 2016 (fl. 2.854). Os Recurso são assinados por Procuradores, devidamente constituídos às fls. 2.387, 2641 e 2.643. A matéria objeto do Recurso está contida na competência da 1ª Seção de Julgamento do CARF, conforme Art. 2º, incisos I, II, IV e VI do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RI/CARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Isto posto, os Recursos são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, deles tomo conhecimento. 2.2 Da preliminar de nulidade Em seu Recurso, a pessoa jurídica sustenta haver nulidade do lançamento por ausência de segurança jurídica, posto que não teria sido respeitada a motivação que o fundamentou, já que as pessoa jurídicas Estação Sadif Corretora de Seguros Ltda (SADIF) e Sagakasa Serviços Financeiros, Corretagens e Locação de Veículos Ltda (SAGAKASA) teriam Fl. 2898DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.899 20 sido consideradas, na autuação, criadas, exclusivamente, para disfarçar lucros da Recorrente, porém, na decisão a quo, teriam sido consideradas empresas independentes, já que nem todas as operações das empresas satélites constituiriam receita da autuada, mas apenas pequena parte dentro dos exercícios fiscalizados. Toda alegação de nulidade deve ser examinada à luz dos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235, de 1972: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." No caso em apreço, a alegação da Recorrente diz respeito a suposta inovação nos fundamentos da autuação que teria sido praticada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte. Assim, ainda que se reconhecesse a alegada inovação, não se vislumbra qualquer razão para a anulação dos Autos de Infração lavrados contra a Recorrente, posto que não existiu na autuação quaisquer das hipóteses de nulidade previstas no art. 59 acima transcrito. Na esteira de abundante jurisprudência do CARF, a existência de inovação no julgamento de primeira instância, de fato, conduz ao reconhecimento de nulidade. Contudo, apenas deste próprio julgamento e não do Auto de Infração. Nestes autos, não procede a alegação de inovação suscitada pela Recorrente. De fato, a autoridade fiscal considerou que as pessoas jurídicas SADIF e SAGAKASA foram utilizadas para direcionar receitas da Recorrente, de modo que, na autuação, foram consideradas as receitas, custos e despesas relacionados às referidas empresas que estavam vinculadas a vendas financiadas pela Recorrente. Fl. 2899DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.900 21 A simples leitura do Termo de Verificação Fiscal permite tal constatação. Em primeiro lugar, ali são identificadas todas as receitas auferidas pela SADIF e pela SAGAKASA nos anoscalendários fiscalizados e são identificadas todas as receitas que foram tributadas como tendo sido auferidas pela Recorrente: PJ/ANO 2009 2010 2011 TOTAL DE RECEITAS REGISTRADAS SADIF 8.965.108,56 20.979.517,02 14.511.923,19 SAGAKASA 29.053.913,99 44.615.368,21 33.688.268,79 RECEITAS CONSIDERADAS COMO AUFERIDAS PELA SAGA SADIF 367.477,01 245.779,32 SAGAKASA 26.355.526,89 40.198.411,77 30.676.943,02 Constatase, portanto, que, desde a origem, nem todas as operações das empresas satélites foram considerados como receitas da autuada. É que a autoridade fiscal identificou que as pessoas jurídicas SADIF e SAGAKASA também auferiram receitas relacionadas com outras pessoas jurídicas integrantes do mesmo grupo empresarial. Inexiste, assim, qualquer inovação de fundamentos na decisão de primeira instância, de modo que voto por não acolher a preliminar de nulidade. 2.3 Dos pagamentos e retenções das empresas satélites Ultrapassada a arguição de nulidade, a Recorrente entende que devem ser considerados todos os pagamentos e retenções referentes à SADIF e à SAGAKASA, na apuração dos tributos a ela imputados. Tratase de argumento já trazido pela Recorrente em sua Impugnação e adequadamente rejeitado pela decisão de primeira instância nos seguintes termos: "Contestação do IRPJ devido em relação ao anocalendário de 2010 (...) No entanto, a pretensão da impugnante é infundada. Como bem argumenta a fiscalização no relatório da diligência, nem todas as receitas da Sadif foram consideradas pelo lançamento de ofício como de fato auferidas pela Saga, mas apenas uma parte das receitas obtidas no primeiro trimestre de 2010. Nenhum montante relativo aos demais trimestres foi adicionado à receita da Saga. Assim, não cabe computar em favor da Saga o pagamento de IRPJ relativo a esses outros trimestres. No que se refere aos pagamentos feitos em nome da Saga, consulta aos bancos de dados eletrônicos da Receita Federal confirma que esses pagamentos foram realizados. Logo, cumpre ratificar o Fl. 2900DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.901 22 total apurado pela fiscalização, isto é, reconhecer em favor da autuada direito à dedução de R$ 4.215.641,84 a título de IRPJ pago por meio de DARF. No tocante à dedução a título de IRRF, a impugnante postula, em relação a 2010, o montante de R$ 1.268.275,25, dos quais R$ 940.247,76 correspondem à Sagakasa, e R$ 328.027,49 à Sadif. Já a fiscalização, no relatório de diligência fiscal, esclarece que o montante total que reputa fazer jus a autuada limitase a R$ 986.715,80, dos quais R$958.619,45 correspondem à Sagakasa, e R$ 28.096,35 à Sadif. Portanto, a divergência entre as partes diz respeito unicamente ao IRRF vinculado à Sadif. Quanto à Sagakasa, o valor já reconhecido pela fiscalização até supera ligeiramente o postulado pela impugnante. Definido o cerne da controvérsia, mais uma vez não se pode dar razão à impugnante. No relatório de diligência fiscal esclarece se que a Sadif prestou serviços de intermediação à Saga apenas no mês de março de 2010 e que somente o valor correspondente a essas prestações de serviços é que a fiscalização tributou como receita de fato pertencente à Saga. Por isso, coerentemente, a fiscalização reconheceu como IRRF dedutível em favor da Saga apenas aquele retido da Saga no mês de março de 2010. O restante do valor de IRRF que a impugnante pretende deduzir corresponde a receitas auferidas pela Sadif em outros períodos e decorrentes de prestações de serviços a terceiros diferentes da Saga. Logo, não cabe reconhecer o direito a dedução desses valores pela Saga. (...) Contestação do IRPJ devido em relação ao anocalendário de 2011 (...) Confrontando os números defendidos por cada um dos lados na disputa, verificase que a divergência entre eles circunscrevese aos valores que devem ser computados como dedução entre aqueles pagos pela Sadif. No respeitante aos pagos pela Sagakasa, ambos concordam em que o total pago pode ser deduzido pela autuada. No entanto, quanto à Sadif, a fiscalização propõe a dedução do menor valor pago trimestralmente, enquanto a impugnante postula que todo o valor pago em relação aos quatro trimestres de 2011 seja deduzido. Em que pese aos argumentos da impugnante, e apesar de os pagamentos feitos pela Sadif estarem comprovados, os números apurados pela fiscalização não merecem reparo. Durante o ano de 2011, a Sadif obteve R$ 14.511.923,19 de receita com intermediação de financiamento, mas dessa quantia apenas R$ 245.779,32 foram tratados como receita de fato da autuada, isto é, menos de 2% do total faturado pela Sadif. Logo, seria Fl. 2901DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.902 23 injustificável considerar como dedutível pela Saga 100% do IRPJ pago pela Sadif. Não seria inapropriado se a fiscalização permitisse a dedução de IRPJ pago apenas em proporção equivalente ao faturamento transferido. Em verdade, ao deduzir R$ 203.753,01, valor superior a 80% do faturamento transferido, a fiscalização adotou critério mais benéfico para a autuada, de modo que a queixa da impugnante é infundada. Cumpre, pois, manter o valor apurado pela fiscalização. Com respeito às retenções de IRRF, tampouco cabe reconhecer em favor da autuada valor algum além do que já havia sido reconhecido pela fiscalização. Mais uma vez a divergência entre o postulado pela impugnante e o admitido pela fiscalização se circunscreve aos valores vinculados à Sadif, pois a fiscalização já aceitou deduzir todo o montante que havia sido retido em nome da Sagakasa. A impugnante pretende que toda a retenção feita em nome da Sadif seja deduzida em favor da Saga. Contudo, tal pretensão é infundada. Conforme esclarece a fiscalização no relatório de diligência fiscal a folhas 2.676 e seguintes, a Sadif prestou serviços de intermediação de financiamentos à Saga apenas nos meses de fevereiro, junho e novembro" De fato, não há qualquer reparo a ser feito em relação à decisão a quo, que, embasada em Diligência realizada pela autoridade fiscal, já reconheceu em favor da Recorrente todos os pagamentos e retenções que guardavam relação com as receitas das pessoas jurídicas SAGAKASA e SADIF que foram consideradas auferidas pela fiscalizada. Como já detalhado no Tópico anterior deste Voto, nem todas as receitas auferidas pelas citadas pessoas jurídicas, nos anoscalendários objeto da ação fiscal, foram consideradas para a apuração dos tributos constituídos por meio dos Autos de Infração de que tratam o presente processo, por igual modo, apenas os valores pagos ou retidos na fonte sobre as receitas computadas na base de cálculo deverão ser consideradas. É esta a dicção do art. 2º, §4º, da Lei nº 9.430, de 1996: "Art. 2o (...) §4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; Fl. 2902DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.903 24 IV do imposto de renda pago na forma deste artigo." (Destacouse) Isto posto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário, quanto a esta matéria. 2.4 Da aplicação da multa isolada Por fim, a pessoa jurídica argumenta, em seu Recurso, que a multa isolada pelo não recolhimento de estimativas de IRPJ e CSLL não poderia ser imposta após o encerramento do anocalendário e em concomitância com a exigência de tais tributos com multa de ofício de 150%, uma vez que isso configuraria duplicidade de penalidade. Ademais, no seu entender, aplicarseia, ao caso o Princípio da Consunção, posto que "a falta de pagamento da exação estimada seria meio preparatório para a supressão do tributo apurado no final do exercício". A argumentação da Recorrente não merece ser acolhida. Conforme art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, não há impedimento para a aplicação concomitante das referidas penalidades, que possuem bases de cálculo distintas: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)" A multa de ofício sobre o ajuste anual é embasada no inciso I do referido dispositivo e calculada sobre a diferença de imposto apurada ao final do exercício; a multa isolada tem por base o inciso II, e é calculada sobre o valor devido no mês correspondente. A primeira alegação da Recorrente é totalmente despida de sentido, já que o momento de aplicação da penalidade isolada é exatamente após o encerramento do ano calendário. Antes disso, a autoridade fiscal exigirá o próprio tributo devido por estimativa. É essa a justificativa, portanto, para a Súmula CARF nº 82. Fl. 2903DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.904 25 Quanto à concomitância e à invocação ao Princípio da Subsunção, também não há razão para acolhêla. À exceção de um julgado proferido por maioria de votos, todas as decisões do CARF trazidas pela Recorrente para fundamentar a sua tese se referem à redação anterior do referido art. 44 (e que se apresentam em consonância com a Súmula CARF nº 105). É que na redação original do dispositivo legal, a multa de ofício aplicada ao final do exercício e a multa pelo não recolhimento da estimativa tinham, ambas, como fundamento legal o inciso I do citado art. 44, razão pela qual se firmou a tese da inaplicabilidade concomitante. Após a alteração da redação, promovida pela Lei nº 11.488, de 2007, entendese plenamente cabível a aplicação concomitante das duas penalidades. O Princípio da Subsunção, por outro lado, constituise em princípio geral do Direito Penal, sem transposição para o Direito Penal Tributário, dadas às especificidades da norma penal tributária. Cabe neste momento a transcrição de trecho do voto da Conselheira Adriana Gomes Rêgo, no Acórdão nº 9101002.438 (1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, sessão de 20 de setembro de 2016), de sua relatoria, que rejeita tanto a aplicação do Princípio em questão, quanto a vedação à concomitância das penalidades, como invocado pela Recorrente: "Quanto à transposição do princípio da consunção para o Direito Tributário, vale a transcrição da oposição manifestada pelo Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior no voto condutor do Acórdão nº 1302001.823: Da inviabilidade de aplicação do princípio da consunção O princípio da consunção é princípio específico do Direito Penal, aplicável para solução conflitos aparentes de normas penais, ou seja, situações em que duas ou mais normas penais podem aparentemente incidir sobre um mesmo fato. Primeiramente, há que se ressaltar que a norma sancionatória tributária não é norma penal stricto sensu. Vale aqui a lembrança que o parágrafo único do art. 273 do anteprojeto do CTN (hoje, art. 112 do CTN), elaborado por Rubens Gomes de Sousa, previa que os princípios gerais do Direito Penal se aplicassem como métodos ou processos supletivos de interpretação da lei tributária, especialmente da lei tributária que definia infrações. Esse dispositivo foi rechaçado pela Comissão Especial de 1954 que elaborou o texto final do anteprojeto, sendo que tal dispositivo não retornou ao texto do CTN que veio a ser aprovado pelo Congresso Nacional. À época, a Comissão Especial do CTN acolheu os fundamentos de que o direito penal tributário não tem semelhança absoluta com o direito penal (sugestão 789, p. 513 dos Trabalhos da Comissão Especial do CTN) e que o direito penal tributário não é autônomo ao direito tributário, pois a pena fiscal mais se assemelha a pena cível Fl. 2904DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.905 26 do que a criminal (sugestão 787, p.512, idem). Não é difícil, assim, verificar que, na sua gênese, o CTN afastou a possibilidade de aplicação supletiva dos princípios do direito penal na interpretação da norma tributária, logicamente, salvo aqueles expressamente previstos no seu texto, como por exemplo, a retroatividade benigna do art. 106 ou o in dubio pro reo do art. 112. Oportuna, também, a citação da abordagem exposta em artigo publicado por Heraldo Garcia Vitta: O Direito Penal é especial, contém princípios, critérios, fundamentos e normas particulares, próprios desse ramo jurídico; por isso, a rigor, as regras dele não podem ser estendidas além dos casos para os quais foram instituídas. De fato, não se aplica norma jurídica senão à ordem de coisas para a qual foi estabelecida; não se pode pôr de lado a natureza da lei, nem o ramo do Direito a que pertence a regra tomada por base do processo analógico.[15 Carlos Maximiliano, Hermenêutica e aplicação do direito, p.212] Na hipótese de concurso de crimes, o legislador escolheu critérios específicos, próprios desse ramo de Direito. Logo, não se justifica a analogia das normas do Direito Penal no tema concurso real de infrações administrativas. A ‘forma de sancionar’ é instituída pelo legislador, segundo critérios de conveniência/oportunidade, isto é, discricionariedade. Competelhe elaborar, ou não, regras a respeito da concorrência de infrações administrativas. No silêncio, ocorre cúmulo material. Aliás, no Direito Administrativo brasileiro, o legislador tem procurado determinar o cúmulo material de infrações, conforme se observa, por exemplo, no artigo 266, da Lei nº 9.503, de 23.12.1997 (Código de Trânsito Brasileiro), segundo o qual “quando o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações, serlheão aplicadas, cumulativamente, as respectivas penalidades”. Igualmente o artigo 72, §1º, da Lei 9.605, de 12.2.1998, que dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente: “Se o infrator cometer, simultaneamente, duas ou mais infrações [administrativas, pois o disposto está inserido no Capítulo VI –Da Infração Administrativa] serlheão aplicadas, cumulativamente, as sanções a elas cominadas”. E também o parágrafo único, do artigo 56, da Lei nº 8.078, de 11.9.1990, que regula a proteção do consumidor: “As sanções [administrativas] previstas neste artigo serão aplicadas pela autoridade administrativa, no âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas cumulativamente, inclusive por medida cautelar antecedente ou incidente de procedimento administrativo”.[16 Evidentemente, se ocorrer, devido ao acúmulo de sanções, perante a hipótese concreta, pena exacerbada, mesmo quando observada imposição do mínimo legal, isto é, quando a autoridade administrativa Fl. 2905DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.906 27 tenha imposto cominação mínima, estabelecida na lei, ocorrerá invalidação do ato administrativo, devido ao princípio da proporcionalidade.] No Direito Penal são exemplos de aplicação do princípio da consunção a absorção da tentativa pela consumação, da lesão corporal pelo homicídio e da violação de domicílio pelo furto em residência. Característica destas ocorrências é a sua previsão em normas diferentes, ou seja, a punição concebida de forma autônoma, dada a possibilidade fática de o agente ter a intenção, apenas, de cometer o crime que figura como delitomeio ou delitofim. Já no caso em debate, a norma tributária prevê expressamente a aplicação das duas penalidades em face da conduta de sujeito passivo que motive lançamento de ofício, como bem observado pelo Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão no já citado voto condutor do Acórdão nº 9101002.251: [...]Ora, o legislador, no caso, fez mais do que faria se apenas acrescentasse “mais uma alínea no inciso II da nova redação do art. 44 da [Lei nº] 9.430/1996”. Na realidade, o que, na redação primeira, era apenas um inciso subordinado a um parágrafo do artigo (art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996), tornouse um inciso vinculado ao próprio caput do artigo (art. 44, inciso II, da Lei nº 9.430, de 1996), no mesmo patamar, portanto, do inciso então preexistente, que previa a multa de ofício. Vejase a redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, dada pela Lei nº 11.488, de 2007 (sublinhei): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: [...]; Dessa forma, a norma legal, ao estatuir que “nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas”, está a se referir, iniludivelmente, às duas multas em conjunto, e não mais em separado, como dava a entender a antiga redação do dispositivo. Nessas condições, não seria necessário que a norma previsse “a possibilidade de haver cumulatividade dessas multas”. Pelo contrário: seria necessário, sim se fosse esse o caso, que a norma excetuasse essa possibilidade, o que nela não foi feito. Por conseguinte, não há que se falar Fl. 2906DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.907 28 como pretendeu o sujeito passivo, por ocasião de seu recurso voluntário em “identidade quanto ao critério pessoal e material de ambas as normas sancionatórias”. Se é verdade que as duas normas sancionatórias, pelo critério pessoal, alcançam o mesmo contribuinte (sujeito passivo), não é verdade que o critério material (verbo + complemento) de uma e de outra se centre “no descumprimento da relação jurídica que determina o recolhimento integral do tributo devido”. O complemento do critério material de ambas é, agora, distinto: o da multa de ofício é a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição; já o da multa isolada é o valor do pagamento mensal, apurado sob base estimada ao longo do ano, cuja materialidade, como visto anteriormente, não se confunde com aquela. (grifos do original) A alteração legislativa promovida pela Medida Provisória nº 351, de 2007, portanto, claramente fixou a possibilidade de aplicação de duas penalidades em caso de lançamento de ofício frente a sujeito passivo optante pela apuração anual do lucro tributável. Somente desconsiderandose todo o histórico de aplicação das penalidades previstas na redação original do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, seria possível interpretar que a redação original não determinou a aplicação simultânea das penalidades. A redação alterada é direta e impositiva ao firmar que "serão aplicadas as seguintes multas". Ademais, quando o legislador estipula na alínea "b" do inciso II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, a exigência isolada da multa sobre o valor do pagamento mensal ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base negativa no anocalendário correspondente, claramente afirma a aplicação da penalidade mesmo se apurado lucro tributável e, por conseqüência, tributo devido sujeito à multa prevista no inciso I do seu art. 44. Acrescentese que não se pode falar, no caso, de bis in idem sob o pressuposto de que a imposição das penalidades teria a mesma base fática. Basta observar que as infrações ocorrem em diferentes momentos, o primeiro correspondente à apuração da estimativa com a finalidade de cumprir o requisito de antecipação do recolhimento imposto aos optantes pela apuração anual do lucro, e o segundo apenas na apuração do lucro tributável ao final do anocalendário. A análise, assim, não pode ficar limitada, por exemplo, à omissão de receitas ou ao registro de despesas indedutíveis, especialmente porque, para fins tributários, estas ocorrências devem, necessariamente, repercutir no cumprimento da obrigação acessória de antecipar ou na constituição, pelo sujeito passivo, da obrigação tributária principal. A base fática, portanto, é constituída pelo registro contábil ou fiscal, ou mesmo sua supressão, e pela repercussão conferida pelo sujeito passivo àquela ocorrência no cumprimento das obrigações tributárias. Como esta conduta se dá em momentos distintos e com finalidades distintas, duas penalidades são aplicáveis, sem se cogitar de bis in idem." Fl. 2907DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.908 29 Essa tem sido a jurisprudência dominante sobre o tema, inclusive no âmbito da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme ilustra a ementa a seguir referenciada: "Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2009 (...) MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. LEI. NOVA REDAÇÃO. FATOS GERADORES A PARTIR DE 2007. Tratam os incisos I e II do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 de suportes fáticos distintos e autônomos com diferenças claras na temporalidade da apuração, que tem por consequência a aplicação das penalidades sobre bases de cálculo diferentes. A multa de ofício aplicase sobre o resultado apurado anualmente, cujo fato gerador aperfeiçoase ao final do anocalendário, e a multa isolada sobre insuficiência de recolhimento de estimativa apurada conforme balancetes elaborados mês a mês ou ainda sobre base presumida de receita bruta mensal. O disposto na Súmula nº 105 do CARF aplicase aos fatos geradores pretéritos ao ano de 2007, vez que sedimentada com precedentes da antiga redação do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, que foi alterada pela MP nº 351, de 22/01/2007, convertida na Lei nº 11.489, de 15/07/2007." (Acórdão nº 9101002.801 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, sessão de 10 de maio de 2017) Após a alteração da redação, entendese, como já dito, plenamente cabível a aplicação concomitante das duas penalidades. Desta forma, rejeito o Recurso apresentado também quanto a este tópico, de modo que voto por negar provimento integralmente ao Recurso Voluntário apresentado pela pessoa jurídica. 2.5 Da responsabilidade solidária No Recurso Voluntário conjuntamente apresentado, os contribuintes Luiz Sérgio de Oliveira Maia e Antônio Ferreira Maia, insurgemse quanto à responsabilidade solidária a eles imputada, com base no art. 135, inciso III, do CTN. Inicialmente, argumentam que não haveria "provas de que os Recorrentes tenham utilizado qualquer estratagema com vistas a reduzir os tributos da devedora principal". O argumento já foi enfrentado pela decisão recorrida, nos seguintes termos: "Contudo, a tese dos impugnantes não se sustenta diante dos elementos dos autos. Ao contrário do que alegam, a fiscalização logrou comprovar de maneira robusta que a infração praticada implicou bem mais que o simples inadimplemento da obrigação tributária. Em verdade, a autuada e seus sócios administradores recorreram a um artifício fraudulento com o objetivo deliberado de reduzir indevidamente sua carga tributária. Os fatos que Fl. 2908DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.909 30 comprovam as circunstâncias caracterizadoras de fraude estão amplamente narrados no termo de verificação fiscal e se acham acompanhados de provas. Nos itens que se seguem encontrase resumida a fundamentação dada pela fiscalização tanto para o lançamento com multa qualificada como para a responsabilização solidária. • O estratagema adotado pelos sujeitos passivos consistiu em criar duas empresas sem estrutura física e administrativa própria (denominadas de satélite pela fiscalização), que mantiveram sob o seu inteiro controle, com o objetivo de lhes atribuir parte das receitas da autuada com prestação de serviço de intermediação de financiamentos bancários, e assim submetê las a uma tributação menor do que sofreriam caso fossem consideradas como da autuada. • Com efeito, os sócios e administradores da autuada e das empresas satélite são os mesmos, e elas continuaram a exercer a mesma atividade que a autuada já exercia. • As empresas satélites e a autuada são apresentadas ao público com menção apenas da autuada, seja mediante publicidade na internet, seja mediante letreiros e slogans afixados, seja na condição de prestadora de serviços (contrato de correspondente junto ao Banco Central) e de intermediadora de financiamentos (relação com o comprador do bem). • Não há nenhuma separação física das empresas satélites com a autuada, a não ser por uma pequena sala, na sede da fiscalizada, que aloja as duas empresas satélites. • Há uma completa confusão patrimonial entre as empresas, uma vez que a autuada arca com diversas despesas que deveriam ser das empresas satélites. • A autuada, mesmo com prejuízo, “transfere” serviço de intermediação de financiamento (de acordo com a própria autuada, serviço bastante rentável) para as empresas satélites. Esta transferência não possui uma causa real, um motivo que não seja predominantemente fiscal. • As empresas satélites prestaram serviços às instituições financeiras descumprindo normas do Banco Central (Resolução BACEN 3.110/2003 alterada pela 3.954/2011). • Os estabelecimentos das empresas satélites obtiveram, em alguns períodos, receitas de serviços sem possuir efetivamente nenhum funcionário. • Este esquema de transferência de receitas da fiscalizada para as empresas satélites, permitiu a redução do lucro da Saga, tributada pelo lucro real, visto que a parcela de suas receitas direcionada à Sagakasa e à Sadif foi tributada pelo lucro presumido. Fl. 2909DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.910 31 • A Sadif começou a operar justamente quando a Sagakasa estava prestes a ultrapassar o limite do lucro presumido. • As empresas satélites operam em várias cidades sem possuir a mínima estrutura física para tanto. A Sadif possui sede apenas em Goiânia enquanto a Sagakasa possui sede em Goiânia, uma filial em Uberlândia (sem registro de funcionários) e outra no Guará (sem inscrição no CNPJ). Mesmo assim, elas prestam serviços às empresas do grupo Saga com sede em Goiânia, Brasília, Anápolis e Aparecida de Goiânia. • Apesar de as empresas satélites apresentarem documentos, contrato social e alterações, com registro nos órgãos competentes, escrituração contábil, notas fiscais, contratos de prestação de serviços, tais atos são apenas cumprimentos de formalidades na tentativa de enganar o fisco. Quem de fato presta serviços na qualidade de correspondente bancário é a Saga. • A autuada ainda não substituiu nem substabeleceu os contratos de prestação de serviços relativos às atividades supostamente praticadas pelas empresas satélites. Perante terceiros (clientes da fiscalizada, instituições financeiras e Banco Central), a Saga era a única empresa que efetivamente prestava os serviços." De fato, após detalhadamente narrar todos os fatos destacados pelo julgador de primeira instância, os Autos de Infração lavrados contra a SAGA imputam a responsabilidade solidária aos referidos contribuintes pela prática de fraude, conforme definida pelo art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964. A imputação é realizada do seguinte modo: "1. O art. 135, inciso III, do Código Tributário Nacional estabelece que: “Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: (original sem o grifo) (...) III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado.” (lei 5.172/64 – CTN) (…) 2. Com efeito, o senhor Luiz Sérgio de Oliveira Maia, Vice Presidente da SAGA Sociedade Anônima Goiás de Automóveis (SAGA), juntamente com o Presidente Antônio Ferreira Maia, criaram empresas satélites SAGAKASA Serviços Financeiros, Corretagens e Locação de Veículos Ltda (SAGAKASA) e Estação Sadif Corretora de Seguros Ltda (SADIF), e assinaram contratos de prestação de serviços de intermediação de financiamentos Fl. 2910DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.911 32 com instituições financeiras que pagaram às empresas satélites comissões sobre vendas financiadas efetuadas pela própria SAGA. 3. A transferência de receitas da SAGA para as empresas satélites, teve a única intenção de reduzir, indevidamente, o pagamento do IRPJ e CSLL ao longo dos anoscalendário de 2009 a 2011. 4. A criação das empresas satélites, levada a efeito pelos sócios do sujeito passivo, não possui substância econômica, tendo como finalidade, exclusivamente, a redução do montante de tributos, como amplamente demonstrado no Termo de Verificação Fiscal, anexado nos autos de infração e parte integrante dos mesmos. 5. A conduta de referidos sócios subsumese ao que dispõe o art. 72 da Lei nº 4.502/64, verbis: “Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento.” 6. Desta forma, considerando que os senhores Luiz Sérgio de Oliveira Maia e Antônio Ferreira Maia, possuem poder de gerência nas empresas SAGA, SAGAKASA e SADIF, e, nessa qualidade, cometeram o ilícito descrito no referido art. 72, fica caracterizada a responsabilidade solidária prevista no art. 135, III, do CTN, transcrito no início deste termo, em decorrência de infração de lei." Vêse, portanto, que a autoridade fiscal detalhou, comprovou e imputou expressamente aos sócios administradores da pessoa jurídica a criação de pessoas jurídicas fictícias, tributadas pelo Lucro Presumido, para as quais foi direcionada parte das receitas da pessoa jurídica autuada, que, em contrapartida, teve as bases de cálculo dos seus tributos reduzidas, por meio da apropriação de despesas efetivamente pertencentes às referidas empresas fictícias. Neste sentido, não há como se acatar a tese dos Recorrentes. Em segundo lugar, alegase que haveria contradição no entendimento da autoridade fiscal, uma vez que, em um primeiro momento, sustenta que a SADIF e a SAGAKASA foram criadas com o único intuito de distribuir os lucros da SAGA e diminuir a sua tributação, porém, posteriormente, afirma que nem todas as operações das empresas satélites constituem receita da autuada, mas apenas pequena parte dentro dos exercícios fiscalizados. A partir de tal contradição, não haveria, portanto, fraude, dolo ou máfé dos Recorrentes, hábeis a sustentar a manutenção dos Recorrentes no pólo passivo da demanda. Esta questão já foi repisada no presente Voto, sendo esclarecido que, desde o primeiro instante, a autoridade fiscal apontou que as sociedades SADIF e SAGAKASA foram utilizadas para ocultar receitas e reduzir os tributos não apenas da SAGA, mas também de outras pessoas jurídicas do grupo empresarial por elas constituído. Fl. 2911DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.912 33 Não procede, portanto, o argumento das Recorrentes, nem da existência da contradição indicada, nem da inexistência da fraude apontada pela autoridade fiscal. Por fim, os Recorrentes alegam que a sujeição passiva de sócios e/ou administradores exige a prova cabal de que estes tenham agido com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto, conforme art. 135, inciso III, do CTN, o que não existiria in casu. Embasam sua argumentação em julgados e doutrina que afastam a responsabilidade dos administradores no caso de simples inadimplemento tributário. De fato, o entendimento doutrinário e jurisprudencial atual é no sentido de que apenas a falta de pagamento do tributo não implica a responsabilidade tributária do administrador. Tal posicionamento está, inclusive, consolidado na Sumula nº 430 do Superior Tribunal de Justiça: "O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente." No caso sob análise, contudo, não estamos diante do mero inadimplemento. Todos os elementos reunidos pela autoridade fiscal comprovam ações, com participação direta dos Srs. Luiz Sérgio de Oliveira Maia e Antônio Ferreira Maia (sóciosadministradores da pessoa jurídica autuada), no sentido de constituir pessoas jurídicas fictícias, com o intuito já esclarecido de tributar parte das receitas da empresa fiscalizada com base no lucro presumido, ao mesmo tempo em que se utilizava de despesas das citadas pessoas jurídicas para reduzir as bases de cálculo dos tributos devidos pela empresa sob ação fiscal. A par disso, buscouse, por meio da criação de uma das empresas fictícias, escapar à vedação constante no art. 13 da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, que, em sua redação vigente à época dos fatos geradores, impedia a opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido às pessoas jurídicas cuja receita bruta total superasse a R$ 48.000.000,00. Assim, os referidos contribuintes, por meio de suas condutas, praticaram o tipo previsto no art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964, com o deliberado propósito de burlar a legislação vigente e reduzir indevidamente os tributos devidos pela pessoa jurídica autuada. Deste modo, voto por negar provimento, também, ao Recurso Voluntário apresentado pelos Srs. Luiz Sérgio de Oliveira Maia e Antônio Ferreira Maia, mantendo a responsabilidade tributária destes, na forma do art. 135, inciso III, do CTN. 3. CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, voto no sentido de não conhecer o Recurso de Ofício e negar provimento aos Recursos Voluntários interpostos pela pessoa jurídica autuada e pelas pessoas físicas arroladas como responsáveis solidários. (assinado digitalmente) Paulo Henrique Silva Figueiredo Fl. 2912DF CARF MF Processo nº 10120.725411/201411 Acórdão n.º 1302002.377 S1C3T2 Fl. 2.913 34 Fl. 2913DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721065/2012-91
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
DEPÓSITO JUDICIAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPEDIMENTO DO LANÇAMENTO.
Conforme decido pelo STJ, os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração.
Numero da decisão: 9101-003.061
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, André Mendes de Moura e Rafael Vidal de Araújo, que lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro Demetrius Nichele Macei.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado), Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição aos impedimentos da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rego.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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IMPEDIMENTO DO LANÇAMENTO. Conforme decido pelo STJ, os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídico tributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Adriana Gomes Rego, André Mendes de Moura e Rafael Vidal de Araújo, que lhe negaram provimento. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro Demetrius Nichele Macei. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 10 65 /2 01 2- 91 Fl. 310DF CARF MF 2 Gerson Macedo Guerra Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros os conselheiros André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Leonardo de Andrade Couto (suplente convocado), Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição aos impedimentos da conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rego. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pelo Contribuinte em epígrafe contra o Acórdão nº 1101001.135, que julgou parcialmente procedente seu Recurso Voluntário, mantendo lançamento efetuado sobre débito discutido judicialmente, com depósito judicial integral do montante, ao argumento de que no julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.140.956SP não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral. Na origem foi lavrado auto de infração, para prevenir decadência, para lançamento de CSLL em função do aumento de sua alíquota promovida pela MP 413/2008, referente ao fato gerador ocorrido em 31/12/2008, incluindo os juros de mora. O crédito tributário foi lançado com exigibilidade suspensa e não foi aplicada a multa de ofício, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/96. Anteriormente ao lançamento, o contribuinte impetrou Mandado de Segurança objetivando discutir a majoração da alíquota da CSLL, depositou em juízo parcelas da contribuição devidas a título de estimativas e correspondentes às diferenças de alíquotas. Impugnado o auto de infração, o lançamento foi julgado procedente. Inconformado, o Contribuinte ingressou com Recurso Voluntário, defendendo a desnecessidade de lançamento frente a depósito integral do crédito tributário, invocando o §1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124/84, e apontando que a tese por ele defendida foi acolhida pelo Superior Tribunal de Justiça no âmbito do RESP nº 1.140.956/SP, no rito dos recursos repetitivos, e assim de observância obrigatória neste Conselho, por força do art. 62A do RICARF. No julgamento do Recurso a Turma entendeu o Superior Tribunal de Justiça manifestouse sobre hipótese em que havia execução fiscal promovida em face de sujeito passivo que promovera depósito judicial classificado como insuficiente. Asseverouse que no presente caso o lançamento foi formalizado sem aplicação de penalidade e com o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, inexistindo qualquer questionamento acerca da suficiência do depósito judicial. Concluindose que que o Superior Tribunal de Justiça não decidiu, no rito do art. 543C, acerca da impossibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, de tributo depositado judicialmente. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 16327.721065/201291 Acórdão n.º 9101003.061 CSRFT1 Fl. 311 3 Ciente dessa decisão o Contribuinte apresentou Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial com relação à impossibilidade de lavratura de auto de infração quando houver depósito integral, especialmente em face de esta questão encontrarse decidida pelo STJ sob a sistemática dos Recursos Repetitivos, o que exigiria, em face do art. 62 do RICARF, que tal decisão (proferida pelo STJ no Resp n° 1.140.956SP) fosse obrigatoriamente reproduzida pelos conselheiros. O Recurso do Contribuinte foi admitido pelo Presidente da Câmara. A Fazenda Nacional apresenta contrarrazões alegando, em suma: ü Que nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional, o lançamento é ato administrativo de caráter vinculado e obrigatório, não podendo a autoridade fiscal eximirse de efetuálo, mesmo que existente hipótese de suspensão de exigibilidade do crédito tributário (art. 151, CTN), sob pena de responsabilidade funcional; ü Nada impede que o Fisco, com vistas a prevenir a decadência, proceda ao lançamento quando o contribuinte, antes do procedimento fiscal, busca a tutela jurisdicional para deixar de recolher, total ou parcialmente, determinado tributo, realizando os respectivos depósitos judiciais integrais, conforme preceitua o art. 63 da Lei 9.430/96; ü Conforme ponderou a relatora do acórdão a quo¸ “no julgamento proferido no âmbito do Recurso Especial nº 1.1140.956SP não foi apreciada a possibilidade de lançamento, sem aplicação de penalidade e com suspensão da exigibilidade, em face de crédito tributário objeto de depósito judicial integral”. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra, Relator A admissibilidade do Recurso do Contribuinte não foi questionada pela Fazenda Nacional. A par disso, entendo não haver há reparos a se fazer na análise realizada pelo então Presidente da Câmara. Com relação ao mérito, entendo que o merece reforma o julgado a quo. É claro o Acórdão do RESP nº 1.140.956/SP, do STJ no sentido de que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário impedem a realização, pelo Fisco, de atos de cobrança, incluindo aí a lavratura do auto de infração. Vale aqui a transcrição do seguinte trecho do voto condutor da decisão: É que as causas suspensivas da exigibilidade do crédito tributário (art. 151 do CTN) impedem a realização, pelo Fisco, Fl. 312DF CARF MF 4 de atos de cobrança, os quais têm início em momento posterior ao lançamento, com a lavratura do auto de infração. O processo de cobrança do crédito tributário encarta as seguintes etapas, visando ao efetivo recebimento do referido crédito: a) a cobrança administrativa, que ocorrerá mediante a lavratura do auto de infração e aplicação de multa: exigibilidade autuação; b) a inscrição em dívida ativa: exigibilidadeinscrição; c) a cobrança judicial, via execução fiscal: exigibilidade execução. Os efeitos da suspensão da exigibilidade pela realização do depósito integral do crédito exequendo, quer no bojo de ação anulatória, quer no de ação declaratória de inexistência de relação jurídicotributária, ou mesmo no de mandado de segurança, desde que ajuizados anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. É clara a razão de decidir no sentido de que o depósito judicial, realizado em ações ajuizadas anteriormente à execução fiscal, têm o condão de impedir a lavratura do auto de infração, assim como de coibir o ato de inscrição em dívida ativa e o ajuizamento da execução fiscal, a qual, acaso proposta, deverá ser extinta. Nesse contexto, voto por dar provimento ao Recurso do Contribuinte. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 313DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.722481/2014-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009
NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO
Deve ser afastada a preliminar de nulidade, uma vez que foram cumpridos todos os requisitos previsto nos artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235/72.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009
MANIFESTAÇÕES DO FISCO SOBRE LEGITIMIDADE DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS. LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA.
Não procede a alegação do contribuinte de que agiu em consonância com manifestações formais do Fisco, o que afastaria a cobrança de multa de ofício e juros de mora. As glosas de créditos, discutidas em sede de outro processo, decorreram de erros de interpretação ou falta de comprovação. Portanto, são lícitas as cobranças, em razão de falta de lançamento e pagamento das contribuições.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO
Em sendo parte integrante da obrigação tributária, é lícita a incidência de juros sobre a multa de ofício não recolhida no prazo.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009
CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. INCIDÊNCIA DE PIS
Trata-se de incentivo fiscal, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS. Portanto, não é receita e não deve ser incluído nas bases de cálculo do PIS.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009
CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. INCIDÊNCIA DE COFINS
Trata-se de incentivo fiscal, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS. Portanto, não é receita e não deve ser incluído nas bases de cálculo do COFINS.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.055
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento à preliminar de nulidade; por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, no sentido de afastar a receita com crédito presumido de ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS, vencidos os Conselheiros Liziane, Antonio e Marcos Roberto; por unanimidade de votos, em negar provimento ao argumento em favor da inaplicabilidade da multa de ofício e dos juros de mora; e, por maioria de votos, em negar provimento ao argumento em favor da inaplicabilidade dos juros sobre a multa de ofício, vencida a Conselheira Maria Eduarda.
Jose Henrique Mauri - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jose Henrique Mauri, Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Marcos Roberto da Silva.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 NULIDADE. FALTA DE MOTIVAÇÃO Deve ser afastada a preliminar de nulidade, uma vez que foram cumpridos todos os requisitos previsto nos artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235/72. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 MANIFESTAÇÕES DO FISCO SOBRE LEGITIMIDADE DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS. LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. Não procede a alegação do contribuinte de que agiu em consonância com manifestações formais do Fisco, o que afastaria a cobrança de multa de ofício e juros de mora. As glosas de créditos, discutidas em sede de outro processo, decorreram de erros de interpretação ou falta de comprovação. Portanto, são lícitas as cobranças, em razão de falta de lançamento e pagamento das contribuições. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO Em sendo parte integrante da obrigação tributária, é lícita a incidência de juros sobre a multa de ofício não recolhida no prazo. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. INCIDÊNCIA DE PIS Trata-se de incentivo fiscal, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS. Portanto, não é receita e não deve ser incluído nas bases de cálculo do PIS. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. INCIDÊNCIA DE COFINS Trata-se de incentivo fiscal, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS. Portanto, não é receita e não deve ser incluído nas bases de cálculo do COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento à preliminar de nulidade; por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, no sentido de afastar a receita com crédito presumido de ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS, vencidos os Conselheiros Liziane, Antonio e Marcos Roberto; por unanimidade de votos, em negar provimento ao argumento em favor da inaplicabilidade da multa de ofício e dos juros de mora; e, por maioria de votos, em negar provimento ao argumento em favor da inaplicabilidade dos juros sobre a multa de ofício, vencida a Conselheira Maria Eduarda. Jose Henrique Mauri - Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jose Henrique Mauri, Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Marcos Roberto da Silva.
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FALTA DE MOTIVAÇÃO Deve ser afastada a preliminar de nulidade, uma vez que foram cumpridos todos os requisitos previsto nos artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235/72. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 MANIFESTAÇÕES DO FISCO SOBRE LEGITIMIDADE DE CRÉDITOS DE PIS E COFINS. LANÇAMENTO COM MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. Não procede a alegação do contribuinte de que agiu em consonância com manifestações formais do Fisco, o que afastaria a cobrança de multa de ofício e juros de mora. As glosas de créditos, discutidas em sede de outro processo, decorreram de erros de interpretação ou falta de comprovação. Portanto, são lícitas as cobranças, em razão de falta de lançamento e pagamento das contribuições. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO Em sendo parte integrante da obrigação tributária, é lícita a incidência de juros sobre a multa de ofício não recolhida no prazo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. INCIDÊNCIA DE PIS Tratase de incentivo fiscal, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS. Portanto, não é receita e não deve ser incluído nas bases de cálculo do PIS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 24 81 /2 01 4- 28 Fl. 2770DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 343 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. SUBVENÇÃO PARA CUSTEIO. INCIDÊNCIA DE COFINS Tratase de incentivo fiscal, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS. Portanto, não é receita e não deve ser incluído nas bases de cálculo do COFINS. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento à preliminar de nulidade; por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, no sentido de afastar a receita com crédito presumido de ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS, vencidos os Conselheiros Liziane, Antonio e Marcos Roberto; por unanimidade de votos, em negar provimento ao argumento em favor da inaplicabilidade da multa de ofício e dos juros de mora; e, por maioria de votos, em negar provimento ao argumento em favor da inaplicabilidade dos juros sobre a multa de ofício, vencida a Conselheira Maria Eduarda. Jose Henrique Mauri Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jose Henrique Mauri, Semiramis de Oliveira Duro, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Valcir Gassen, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Marcos Roberto da Silva. Fl. 2771DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 344 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância, por bem relatar os fatos: Relatório Os Autos de Infração referemse ao lançamento de valores devidos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e da Contribuição para o Programa de Integração Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – (PIS/Pasep), não cumulativas, correspondentes a fatos geradores ocorridos no período de 10 a 12/2009. Foram lançados os valores de R$ 10.245.734,53 de Cofins e R$ 2.224.732,37 de Contribuição para o PIS/Pasep, acrescidos de multa 75% e juros de mora. Do procedimento fiscal Os procedimentos levados a efeito junto à contribuinte fazem parte da verificação de ofício da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, bem como dos PER/Dcomp apresentados pela contribuinte, no período entre 2006 e 2010. Os procedimentos relativos aos anos de 2006, 2007 e 2008 e de 01/2009 a 09/2009 já foram encerrados anteriormente e o presente processo referese à apuração de outubro a dezembro de 2009 No decorrer das verificações foram detectados fatos que constituem infrações à legislação tributária, que acarretaram a glosa de créditos a descontar informados em Dacon e o lançamento de valores de PIS/Pasep e de Cofins não considerados no Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais e não declarados em DCTF. Os créditos apurados em Dacon foram glosados e reclassificados de ofício conforme os despachos decisórios dos processos números 10983.911358/201168, 10983.911355/201124, 10983.911352/201191, 10983.911360/201137, os quais foram apensados ao presente processo. Também foram apensados os processos números 11516.722503/201450, 11516.722502/201413, 11516.722510/201451, 11516.722509/2014 27 que tratam dos autos de infração lançados para aplicação da multa isolada pela não homologação das compensações tratada nos referidos processo. A autoridade fiscal relata que conforme os balancetes de folhas 655 e seguintes, extraídos do SPED Contábil, a contribuinte auferiu receita de créditos presumidos de ICMS, conforme escriturado nas contas contábeis informadas de acordo com o mês, e que tais receitas não foram somadas nas linhas 02.Demais Receitas Alíquota de 1,65% da Ficha 07A e 02.Demais Receitas Alíquota de 7,6% da Ficha 17A, conforme as memórias de cálculo apresentadas em atendimento ao item 14 da Intimação 002/00236, relativas à linha 2 da ficha 07A. Acrescenta que nos balancetes de outubro a dezembro (fls. 655 e seguintes), nenhuma das contas contábeis acima totaliza quaisquer informações sobre o crédito presumido do ICMS. Assim, uma vez que tais receitas não foram tributadas, foi realizado o lançamento para a constituição do crédito tributário devido. Do quadro DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL do Auto de Infração de Cofins consta: (i) a infração descrita como: 0001 INCIDÊNCIA Fl. 2772DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 345 4 NÃO CUMULATIVA PADRÃO / OMISSÃO DE RECEITA SUJEITA À COFINS; (ii) a infração descrita como: 0002 GLOSA DE CRÉDITOS / CRÉDITO DE AQUISIÇÃO NO MERCADO INTERNO CONSTITUÍDO INDEVIDAMENTE. Do quadro DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL do Auto de Infração de Contribuição para o PIS/Pasep consta: (i) a infração descrita como: 0001 INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA PADRÃO / OMISSÃO DE RECEITA SUJEITA À CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP; (ii) a infração descrita como: 0002 GLOSA DE CRÉDITOS / CRÉDITO DE AQUISIÇÃO NO MERCADO INTERNO CONSTITUÍDO INDEVIDAMENTE. Dos quadros DEMONSTRATIVO DE APROVEITAMENTO DE OFÍCIO DE CRÉDITOS DO REGIME NÃOCUMULATIVO, constam os valores dos créditos das contribuições, vinculados às receitas tributáveis e não tributáveis de aquisições no mercado interno, deduzidos dos valores apurados das infrações. Da manifestação de inconformidade Inicialmente, a recorrente requer a reunião do presente processo aos processos nºs 10983.911358/201168, 10983.911355/201124, 10983.911352/201191, 11516.722502/201413, 11516.722503/201450, 11516.722509/201427, 11516.722510/2014 51 e 11516.722481/201428. Suscita a nulidade do procedimento fiscal alegando, em síntese, cerceamento do direito de defesa e ofensa ao princípio da motivação ante a “fundamentação precária do despacho decisório”. Reclama que a fiscalização indicou o motivo das glosasatravés de siglas, “igualmente repetidas para cada item” e que não é “razoável” que esta se limite a justificar sua glosa alegando tão somente que os mesmos não se enquadram na definição de "insumos" trazida pela IN SRF nº 404/04, sem tecer quaisquer considerações sobre o processo produtivo da empresa. Nesse sentido, defende, em síntese, que cabia ao fisco “ter aprofundado a análise do emprego do insumo no processo produtivo da requerente” e dizer o motivo de cada glosa indicada na listagem de glosas. Dos Créditos Presumidos de ICMS A impugnante alega que os créditos presumidos de ICMS não compõem a base tributável dos tributos lançados por não consistirem de receita da empresa e que, para tanto, tais ingressos deveriam resultar no efetivo aumento do patrimônio líquido e decorrer de negócios jurídicos por ela praticados, o que não é o caso. Afirma que “os créditos presumidos de ICMS em questão são subvenções econômicas, visto enquadraremse no conceito de ‘transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das empresas beneficiadas’, nos exatos termos do art. 12, parágrafo 3º da Lei nº 4.320/64”, mas depois afirma que “se enquadram nas duas categorias acima (subvenções para custeio e para investimento)” pois, segundo alega, dentro dos valores que a fiscalização visa tributar estão créditos presumidos relacionados a investimentos ou propósitos específicos firmados entre a empresa e os Estados, bem como benefícios de caráter geral, relacionados a setores incentivados. Das glosas de créditos efetuadas pela Fiscalização Os argumentos expendidos pela interessada em sua impugnação não serão aqui relatados, pois são os mesmos das manifestações de inconformidade apresentadas nos autos dos processos que tratam das glosas de créditos das Fl. 2773DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 346 5 contribuições, os de números 10983.911358/201168, 10983.911355/201124, 10983.911352/201191, 10983.911360/2011 37, cujas cópias encontramse anexadas nos presentes autos. Da multa de ofício e multa e juros de mora A impugnante alega que em tendo agido em conformidade com o entendimento materializado em dezenas de soluções de consulta, emitidas de maneira reiterada e constante, não lhe podem ser exigidos juros e multas incidente sobre os débitos decorrentes do reajustamento da base de cálculo pretendida pela fiscalização, na remota hipótese de se entender que não há direito ao creditamento das contribuições em foco nas situações acima apontadas, o que se requer na forma do art. 100, inciso III, parágrafo único, do Código Tributário Nacional, c/c o art. 76, inciso II, "a", da Lei n. 4502. Defende que ainda que, caso sejam mantidos os autos de infração, deve ser afastada a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, alegando a cobrança desses acréscimos, feita a partir do mês seguinte ao prazo de 30 dias para pagamento do auto de infração ou apresentação de impugnação, é manifestamente indevida, pela ausência de previsão legal expressa autorizando a referida cobrança. Por fim, protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a realização de diligências e a juntada de outros documentos. A impugnação foi considerada integralmente improcedente e o Acórdão n° 07036.509, da 4° Turma da DRJ/FNS, foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO. A multa de ofício e os juros de mora lançados em auto de infração lavrados pelo não pagamento de tributos decorrem de lei, pelo que não podem ser afastados por autoridades administrativas. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Respeitados pela Administração Fazendária os princípios da motivação, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, é improcedente é alegação de cerceamento de defesa e nulidade do feito fiscal. MANUTENÇÃO DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS DESCONTADOS. MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS. Mantidas integralmente as glosas dos créditos descontados, não cabe qualquer alteração nos lançamentos dos valores das Fl. 2774DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 347 6 contribuições que restaram inadimplidas pela diminuição do crédito passível de desconto. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO ICMS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. A partir da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, a subvenção para investimento passaram a não integrar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep não cumulativas, desde que comprovados os requisitos estabelecidos na legislação tributária que a caracterize. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/10/2009 a 31/12/2009 COFINS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO ICMS. SUBVENÇÕES PARA INVESTIMENTO. A partir da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, a subvenção para investimento passaram a não integrar a base de cálculo da Cofins não cumulativas, desde que comprovados os requisitos estabelecidos na legislação tributária que a caracterize. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, no qual repisa os argumentos contidos na impugnação, exceto quanto aos relacionados às glosas de créditos de PIS e COFINS, em relação às quais tão somente remeteuse aos argumentos aduzidos nos respectivos processos, tal qual o efetuado pela DRJ, cujas cópias encontramse nos autos. É o relatório. Fl. 2775DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 348 7 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira O Recurso Voluntário reúne os requisito de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de cobrança de PIS e COFINS, com multa de ofício de 75% e juros de mora, em razão de glosas de créditos, as quais foram objetos de outros processos, e não inclusão nas bases de cálculo do crédito presumido de ICMS. Com efeito, as glosas de créditos de PIS e COFINS, que são relativos ao 4° Trimestre de 2009, são tratadas nos processos 10983.911358/201168, 10983.911355/201124, 10983.911352/201191 e 10983.911360/201137. E as correspondentes não homologações de compensação redundaram em cobranças de multas isoladas, que se encontram nos processos 11516.722503/201450, 11516.722502/201413, 11516.722510/201451 e 11516.722509/2014 27. Estes processos já foram julgados em primeira instância, com resultados integralmente desfavoráveis à recorrente. Todos foram distribuídos para este relator e incluídos nesta pauta de julgamento. Na impugnação, a Recorrente trouxe os argumentos que apresentou nos processos sobre as glosas dos créditos. A DRJ não os enfrentou, pois, como o fez em cada um dos processos acima listados, limitouse a ratificar as decisões que já haviam sido proferidas. Nesta linha, no recurso voluntário, a recorrente também não abordou as questões relacionadas aos créditos, limitandose aos seguintes tópicos: "Preliminar: a nulidade do trabalho fiscal decorrente de investigação insuficiente dos fatos que ensejaram as glosas realizadas" "O direito: a indevida inclusão na base de cálculo das contribuições em tela dos créditos presumidos de ICMS; a inaplicabilidade da multa de ofício, visto que a recorrente agiu em observância ao entendimento do próprio fisco; e a inaplicabilidade de juros de mora sobre multa de ofício." As discussões acerca da legitimidade dos créditos de PIS e COFINS serão travadas nos processos fiscais acima apontados e os seus resultados deverão ser considerados, para a execução do acórdão que resultar deste julgamento. Passo então ao enfrentamento dos argumentos apresentados no recurso voluntário relativo ao presente processo. Fl. 2776DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 349 8 "PRELIMINAR: A NULIDADE DO TRABALHO FISCAL DECORRENTE DE INVESTIGAÇÃO INSUFICIENTE DOS FATOS QUE ENSEJARAM AS GLOSAS REALIZADAS" A recorrente alega que o auto de infração não foi devidamente motivado, pelo que deveria ser considerado nulo, nos termos do inciso II do art. 59 do Decreto n° 70.235/72. Em suma, a fiscalização não teria apresentado os motivos pelos quais teria glosado os créditos, limitandose a tecer alegações genéricas, o que, inclusive, teria impossibilitado o pleno exercício do direito de defesa. Transcrevo trechos da preliminar: Fl. 2777DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 350 9 Ao compulsar os autos, ao contrário do que foi alegado pela recorrente, encontrei trabalho detalhado e adequadamente suportado. Com base em informações prestadas pelo próprio contribuinte, a fiscalização revisou o processo produtivo. Listou uma séria de bens e serviços que, em seu entender, não davam direito a créditos e os motivos correspondentes, tais como: por não se incluírem no conceito de insumos; cuja compra conferia direito a crédito presumido e não integral; ou cuja compra fora beneficiada com alíquota zero. Todas as compras de bens e serviços foram pormenorizadamente identificadas (nota fiscal, lançamento no Livro Registro de Entradas, ficha e linha do DACON), para fins da realização do citado exame de legitimidade. E as inadmitidas nas bases de cálculo dos créditos de PIS e COFINS foram incluídas, individualmente, em planilhas, por meio das quais encontrase o total glosado. Não resta dúvida, portanto, que o contribuinte dispunha de todos os elementos necessários ao pleno exercício dos direitos à ampla defesa e contraditório. Uma vez verificado que o auto de infração foi devidamente motivado e que foram cumpridos os requisitos previstos nos artigos 10 e 59 do Decreto n° 70.235/72, nego provimento à preliminar de nulidade. "O DIREITO" "A INDEVIDA INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES EM TELA DOS CRÉDITOS PRESUMIDOS DE ICMS" A fiscalização identificou o registro de receitas de créditos presumidos de ICMS (fls. 1.318 a 1.320) não computadas nas bases de cálculo do PIS e da COFINS: "Verificase nos balancetes de outubro a dezembro (fls. 655 e seguintes) que nenhuma das contas contábeis acima totaliza quaisquer informações sobre o crédito presumido do ICMS. Uma vez que tais receitas não foram tributadas, necessário é o lançamento para a constituição do crédito tributário devido." Fl. 2778DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 351 10 Efetuou os correspondentes lançamentos de ofício, fundamentada nos artigos 1° das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, que dispõem que as contribuições incidem sobre o total das receitas auferidas pelas pessoas jurídicas, destacando que a rubrica em questão não figura dentre as exclusões admitidas. Em suas peças de defesa, a recorrente apresentou as legislações estaduais que dispunham sobre os incentivos, cujos objetivos eram os de estimular o desenvolvimento econômico dos Estados, por meio da concessão de crédito presumido, enquadrandose no conceito de subvenção econômica previsto no § 3° do art. 12 da Lei n° 4.320/64 (normas gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal). Sobre a natureza jurídica dos ingressos de recursos, inicia pelo PN CST n° 112/78, que separa as subvenções em "para custeio", quando destinadas a cobrir despesas, e "para investimento", quando aplicadas na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de um empreendimento econômico. Em razão de suas naturezas, dispõe que os benefícios a que fez jus classificamse em ambas as categorias de subvenção, o que, todavia, não comprometeria o procedimento fiscal que adotou, a saber: Menciona os Acórdãos CARF n° 3403000799, de 02/02/11, e o 9303 002618, de 12/11/13, relatados, respectivamente, pelos i. Conselheiro Winderley Morais Pereira e Conselheira Maria Teresa Martínez López. No primeiro acórdão, consta que o crédito presumido de ICMS é uma redução da despesa com ICMS e não de uma receita. No segundo, também se afirma não se tratar de receita, porém sob o argumento de que esta se configura apenas quando resultante da atividade empresarial, o que, naturalmente, não é o caso do ingresso de recurso por concessão de crédito presumido de ICMS. Lista decisões do STJ, onde a matéria já se encontraria pacificada (AgRg no REsp 136902/Rs, AgRg no AREsp 596212/PR, AgRg no REsp 1329781/RS, AgRg no REsp1165316/SC e REsp 1025833/RS). Fl. 2779DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 352 11 Por fim, transcreve trecho de manifestação da Ministra Rosa Weber, no julgamento do RE 606107/RS, em que, ao analisar a natureza do crédito de ICMS na compra de mercadoria vendida com imunidade, dispôs não se configurar como uma receita, porém "mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS". A DRJ não acatou os argumentos do contribuinte. Segundo o relator, o art. 392 do Decreto n° 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99) classifica as subvenções para custeio como receitas, do grupo "outros resultados operacionais", pois são recursos destinados a cobrir despesas correntes. Desta forma, à luz dos artigos 1° das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03, sofre incidência do PIS e da COFINS. Por outro, as subvenções para investimento são ingressos financeiros destinados exclusivamente `a implantação ou expansão de empreendimentos econômicos. Estão previstas no art. 443 do RIR/99 e classificadas no grupo de "resultados não operacionais". Como tal, não são abrangidos pela regra de incidência das contribuições. Nesta linha, consigna que a fiscalização teria classificado as receitas como subvenção para custeio e que não haveria nos autos ou na peça impugnatória argumentos que pudessem levar á conclusão diversa, posto que: os registros contábeis das receitas não indicam a natureza da receita, isto é, se era subvenção para custeio ou para investimento; e na impugnação, o contribuinte ora afirmou tratarse de transferências destinadas para cobrir despesas de custeio ("subvenções para custeio), ora que as receitas poderiam ser enquadradas em qualquer uma das duas categorias de subvenção. Cita o PN CST n° 112/78, cuja manifestação está em linha com os referidos artigos do RIR/99. E, por fim, apesar de não incidirem sobre os fatos geradores em questão, menciona que seu entendimento ainda vigora e se encontra nas Lei n° 11.941/09 e 12.973/14, que, expressamente, excluem das tributações pelo PIS e COFINS tão somente as subvenções para custeio. De pronto, consigno que já julgamos esta matéria outras vezes e a decisão, por maioria de votos, foi sempre desfavorável aos contribuintes. E, além dos Acórdãos CARF citados pela recorrente e em favor dos contribuintes, há outros naquele mesmo sentido e também em contrário (ex: 1401001.837, de 23/03/17, e 9303003.432, de 22/02/17). É, portanto, matéria ainda controversa no âmbito desta esfera administrativa de julgamento. Este relator já consignou seu posicionamento por meio do Acórdão n° 3301 002.966, coincidentemente em processo que envolvia este mesmo contribuinte. E é favorável à tese por ele sustentada. Contudo, foi vencida, por maioria de votos. Não obstante, como mantenho aquele mesmo ponto de vista, peço vênia aos colegas conselheiros e transcrevo parte do voto que na ocasião proferi e do qual faço minha razão de decidir: "(. . .) Fl. 2780DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 353 12 Vamos então tratar de subvenções para custeio e da possível incidência do PIS e da COFINS, uma vez que o outro tipo de subvenção, para investimento, deve ser registrada como reserva de incentivos fiscais (art. 195A da Lei n° 6.404/76, com redação dada pela Lei n° 11.638/07) e não em conta contábil de resultado do exercício, como o fez a Recorrente. Não podermos considerar a questão como pacificada no âmbito do CARF. Contudo, vêse que a maioria das decisões mais recentes são favoráveis aos contribuintes, porque os respectivos colegiados avançaram na análise do tema e atingiram seu ponto central: não se trata de receita e, portanto, não deve ser computada nas bases de cálculo das contribuições. A Lei nº 4.320/64, que estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, em seus art. 12 e 18, trata de subvenções, a saber: "Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas: (. . .) § 3º Consideramse subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo se como: I subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; II subvenções econômicas, as que se destinem a empresas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril. (. . .) II) Das Subvenções Econômicas Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das emprêsas públicas, de natureza autárquica ou não, farseá mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal. Parágrafo único. Consideramse, igualmente, como subvenções econômicas: a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios ou outros materiais; b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais." A doutrina e a legislação do IRPJ (art. 392 do Decreto nº 3.000/99 RIR) referemse às subvenções econômicas como subvenções para custeio, em razão de terem como objetivo o custeio de despesas das atividades das beneficiadas. E, como a própria lei orçamentária dispõe, tais subvenções para custeio destinamse a cobrir despesas das beneficiadas no caso em tela, reduzir a despesa Fl. 2781DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 354 13 com ICMS. Portanto, não estamos falando de receitas, porém de redução de despesas. Em 2008 (período fiscalizado), o § 1º e o caput do art. 1º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 dispunham que as contribuições incidiam sobre "o faturamento total, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil" e que o total das receitas "compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pessoa jurídica." O § 3º exclui, expressamente, as receitas da venda de bens do ativo permanente, uma vez que não operacionais. Não há um dispositivo legal que apresente expressamente o conceito de receita. Todavia, no âmbito tributário, o conceito de receita deve ser extraído da legislação do IRPJ. No "Capítulo V Lucro operacional" do RIR, verificase que são tituladas como receitas operacionais o produto das vendas de bens e serviços e da aplicação capital. As doutrina e jurisprudência dominantes também vão neste sentido. No caso em tela, vemos um subsídio, cujo objetivo é o de reduzir a despesa com ICMS, a fim de incentivar a atividade empresarial. Não se trata de receita. E se imaginarmos que, ao invés de conceder o incentivo, tivesse o respectivo fisco estadual simplesmente reduzido a alíquota do ICMS, de forma alguma teria nascido este debate. Neste sentido, há várias decisões do CARF, tais como as proferidas por meio dos Acórdãos nº 310200.787, de 27/10/2010, 3401001.976, de 26/9/2012, e 3201 002.060, de 26/2/2016. Adicionalmente, há o Acórdão nº 3201000.754, de 11/8/2011, de cuja ementa extraio o seguinte excerto: "COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. O “crédito presumido do ICMS”, mero incentivo fiscal, não se trata de receita auferida pela empresa, portanto, está fora do campo de incidência da COFINS, não devendo compor a sua base de cálculo. Não há a subsunção do fato concreto (“crédito presumido do ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídico tributária/ obrigação tributária)." E, também nesta linha, há várias decisões do STJ, dentre as quais as colacionadas pela Recorrente, às quais acresço o AgRg no Resp nº 1.329.781 RS, cuja ementa reproduzo: "TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 557 CPC. POSSIBILIDADE DE JULGAMENTO MONOCRÁTICO. EXCLUÍDA ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE MEMORIAIS. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS. AGRAVO NÃO PROVIDO (. . .) 3. De acordo com a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o crédito presumido do ICMS configura incentivo voltado à redução de custos, Fl. 2782DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 355 14 com a finalidade de proporcionar maior competitividade no mercado para as empresas de um determinado Estadomembro, não assumindo natureza de receita ou faturamento. 4. Agravo regimental não provido." Isto posto, dou provimento às alegações da Recorrente." Com base no acima exposto, dou provimento às alegações da recorrente, no sentido de afastar a receita com crédito presumido de ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. "A INAPLICABILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO, VISTO QUE A RECORRENTE AGIU EM OBSERVÂNCIA AO ENTENDIMENTO DO PRÓPRIO FISCO" A recorrente alega que não poderiam ser aplicados juros de mora e multa de ofício, pois teria registrado os créditos de PIS e COFINS objetos de glosa (processos 10983.911358/201168, 10983.911355/201124, 10983.911352/201191 e 10983.911360/201137) com base em entendimentos manifestados pelo próprio Fisco em processos de consulta. Apresenta como fundamento o inciso III do art. 100 do CTN e a alínea "a" do inciso II do art. 76 da Lei n° 4.502/64. A DRJ, por sua vez, ratificou os lançamentos. Aduziu que as glosas não contrariaram manifestações formais do Fisco e que, portanto, as cobranças de multa de ofício e juros de mora, por falta de lançamento e pagamento, decorrem de lei, consignada no auto de infração. Nada tenho a acrescentar à decisão de primeira instância, pelo que nego provimento aos argumentos incluídos no presente tópico. "A INAPLICABILIDADE DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO." Por falta de previsão legal, não pode ser cobrado juros Selic sobre multa de ofício. Robustece sua tese, indicando os seguintes Acórdãos CARF: 10195.802, de 19/10/2006, 10196008, de 01/03/2007, 0203133, de 06/05/2008 e 10323428, de 17/04/2008. A DRJ não tratou da matéria, por julgála estranha à lide, uma vez que a discussão referese a juros não computados no auto de infração, pois passarão a incidir a partir do momento em que o crédito tributário que tornarse exigível. Também já manifesteime sobre esta questão e em linha com o posicionamento da DRJ. Entendo que a matéria não deveria ser conhecida, por não integrar o lançamento em discussão. Contudo, esta não tem sido a conduta desta turma, que tem julgado a matéria e, por maioria de votos, negado provimento ao citado argumento do contribuinte. E nestes Fl. 2783DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 356 15 casos, tenho votado por negar provimento, pelos argumentos que apresento nos parágrafos seguintes. Tratase de matéria controversa, com decisões favoráveis (ex: Acórdãos n° 3402002.856 e 3402002.901 da 2° Turma da 4° Câmara da 3° Seção) e desfavoráveis (ex: Acórdãos n° 1402002.065 da 2° Turma da 4° Câmara da 1° Seção e 9303003.385 da 3° Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais) aos contribuintes, no âmbito do CARF. Dispõe o art. 113 do CTN: " Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (. . .)" (grifo nosso) A redação do art. 113 do CTN já foi objeto de inúmeras críticas por parte de conceituados tributaristas, que repudiam o fato de o conceito de obrigação principal tributária compreender tributo e penalidade. Contudo, não podemos nos furtar a aplicálo. Assim, no caso em tela, a obrigação tributária abrange PIS, COFINS e multa de ofício. Sobre a incidência dos juros, temos o art. 161 do CTN: "Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. (. . .)" (grifo nosso) Portanto, é lícita a incidência de juros sobre a obrigação tributária, consistente em tributo e/ou penalidade pecuniária. Neste sentido, apresentouse o entendimento do STJ no AgRg no REsp n° 1335688/PR (DJ de 10/12/2012): "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido." (grifo nosso) Fl. 2784DF CARF MF Processo nº 11516.722481/201428 Acórdão n.º 3301004.055 S3C3T1 Fl. 357 16 Sobre a taxa de juros a ser aplicada, reportome à Súmula CARF n° 4, que vincula este colegiado: "A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." Assim, nego provimento às alegações concernentes à ausência de base legal para a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício não recolhida no prazo. Conclusão Voto no sentido de negar provimento à preliminar de nulidade e aos argumentos em favor da inaplicabilidade dos juros de mora e da multa de ofício sobre as contribuições lançadas de ofício e dos juros de mora sobre a multa de ofício. Por outro lado, dou provimento aos argumentos relativos à não incidência de PIS e COFINS sobre o crédito presumido de ICMS. Saliento que, por meio presente processo, também cobrase PIS e COFINS não pagos, com multa de ofício e juros de mora, em razão de glosas de créditos registrados no 4° trimestre de 2009. Conforme acima mencionado, estas glosas são tratadas nos processos 10983.911358/201168, 10983.911355/201124, 10983.911352/201191 e 10983.911360/201137, cujos decisões deverão ser consideradas para fins da execução do acórdão resultante deste julgamento. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 2785DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.721345/2014-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012
FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. AUSÊNCIA DE CONCORDÂNCIA.
Decisão que aprecia os aspectos essenciais da lide e veicula fundamentação condizente com suas conclusões, ainda que sucinta, não se confunde com julgado lacunoso, muito menos concordante com as alegações das partes quanto aos aspectos que considerou desnecessário abordar especificamente.
EFEITO DEVOLUTIVO DO RECURSO. NORMA PROCESSUAL.
Interposto recurso contra a decisão de primeira grau, são devolvidas ao conhecimento, apreciação e julgamento pela instância superior todas as questões suscitadas e discutidas no processo relativa à matéria impugnada, por força do efeito devolutivo do recurso.
NULIDADE. LANÇAMENTO.
Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade.
PLR. AJUSTE PRÉVIO. PARTICIPAÇÃO SINDICAL.
Os programas de participação nos lucros ou resultados demandam ajuste prévio ao correspondente período de aferição, quando vinculados ao desempenho do empregado ou do setor da pessoa jurídica face a critérios e metas pré estabelecidas.
A simples referência em convenção ou acordo coletivo a outros planos, ainda que pretensamente incorporados ao instrumento daqueles resultante, não atesta a existência de negociação coletiva na elaboração desses planos, tampouco supre a exigência legal de efetiva participação da entidade sindical, ou de representante por ela indicado em comissão, na elaboração e fixação de suas regras, e respectivos critérios de avaliação, destinadas aos empregados.
PLR. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE CONDUTAS INDIVIDUALIZADAS.
Os programas de participação nos lucros ou resultados não se sujeitam necessariamente à condição de ajuste prévio ao período de aferição, nos casos em que não estão vinculados à condutas individualizadas previstas e pré estabelecidas, a serem realizadas por parte dos beneficiários.
PERIODICIDADE DOS PAGAMENTOS SUPERIOR À PREVISÃO LEGAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Constatado ter sido pago PLR aos empregados em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, em violação ao disposto no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, incide a contribuição previdenciária sobre a totalidade da verba paga a esse título.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. IMPOSSIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO OU SUBSTITUIÇÃO DA REMUNERAÇÃO. DESPROPORÇÃO.
Não havendo sido comprovado estarem determinados pagamentos efetuados a título de PLR associados aos instrumentos negociados, e restando evidenciado corresponderem esses valores a vários múltiplos dos salários base dos funcionários envolvidos, de modo deveras desproporcional, resta caracterizada sua natureza remuneratória.
AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Posicionando-se o STJ em sede de recurso repetitivo no REsp nº 1.230.957/RS, no sentido da não incidência de contribuições previdenciárias sobre o aviso prévio indenizado, e acolhendo a PGFN e a administração tributária essa orientação, mediante a edição dos competentes atos administrativos, não prospera lançamento em desacordo com tal entendimento.
Numero da decisão: 2402-006.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir dos lançamentos: 1. a) para cada empregado, a exigência baseada nos pagamentos efetuados a título de PLR, vinculados às Convenções Coletivas e aos PPRS regrados em Acordos Coletivos, desde que o conjunto total de pagamentos realizados a esse título, independentemente do instrumento que os amparem, tenha sido efetuado com periodicidade de até duas vezes ao ano e superior a um semestre, nos termos prescritos no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/2000; b) não se incluem nos pagamentos excluídos conforme item '1.a)', os montantes associados aos beneficiários discriminados nos Demonstrativos - PLR x Ordenado; 2. as contribuições incidentes sobre os montantes pagos a título de aviso prévio indenizado. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Votou pelas conclusões o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Recorrente AYMORE CREDITO, FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 FUNDAMENTAÇÃO SUFICIENTE. AUSÊNCIA DE CONCORDÂNCIA. Decisão que aprecia os aspectos essenciais da lide e veicula fundamentação condizente com suas conclusões, ainda que sucinta, não se confunde com julgado lacunoso, muito menos concordante com as alegações das partes quanto aos aspectos que considerou desnecessário abordar especificamente. EFEITO DEVOLUTIVO DO RECURSO. NORMA PROCESSUAL. Interposto recurso contra a decisão de primeira grau, são devolvidas ao conhecimento, apreciação e julgamento pela instância superior todas as questões suscitadas e discutidas no processo relativa à matéria impugnada, por força do efeito devolutivo do recurso. NULIDADE. LANÇAMENTO. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o amparam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade. PLR. AJUSTE PRÉVIO. PARTICIPAÇÃO SINDICAL. Os programas de participação nos lucros ou resultados demandam ajuste prévio ao correspondente período de aferição, quando vinculados ao desempenho do empregado ou do setor da pessoa jurídica face a critérios e metas pré estabelecidas. A simples referência em convenção ou acordo coletivo a outros planos, ainda que pretensamente incorporados ao instrumento daqueles resultante, não atesta a existência de negociação coletiva na elaboração desses planos, tampouco supre a exigência legal de efetiva participação da entidade sindical, ou de representante por ela indicado em comissão, na elaboração e fixação de suas regras, e respectivos critérios de avaliação, destinadas aos empregados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 13 45 /2 01 4- 61 Fl. 1883DF CARF MF 2 PLR. AUSÊNCIA DE PREVISÃO DE CONDUTAS INDIVIDUALIZADAS. Os programas de participação nos lucros ou resultados não se sujeitam necessariamente à condição de ajuste prévio ao período de aferição, nos casos em que não estão vinculados à condutas individualizadas previstas e pré estabelecidas, a serem realizadas por parte dos beneficiários. PERIODICIDADE DOS PAGAMENTOS SUPERIOR À PREVISÃO LEGAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constatado ter sido pago PLR aos empregados em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, em violação ao disposto no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, incide a contribuição previdenciária sobre a totalidade da verba paga a esse título. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. IMPOSSIBILIDADE DE COMPLEMENTAÇÃO OU SUBSTITUIÇÃO DA REMUNERAÇÃO. DESPROPORÇÃO. Não havendo sido comprovado estarem determinados pagamentos efetuados a título de PLR associados aos instrumentos negociados, e restando evidenciado corresponderem esses valores a vários múltiplos dos salários base dos funcionários envolvidos, de modo deveras desproporcional, resta caracterizada sua natureza remuneratória. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Posicionandose o STJ em sede de recurso repetitivo no REsp nº 1.230.957/RS, no sentido da não incidência de contribuições previdenciárias sobre o aviso prévio indenizado, e acolhendo a PGFN e a administração tributária essa orientação, mediante a edição dos competentes atos administrativos, não prospera lançamento em desacordo com tal entendimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1884DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 108 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir dos lançamentos: 1. a) para cada empregado, a exigência baseada nos pagamentos efetuados a título de PLR, vinculados às Convenções Coletivas e aos PPRS regrados em Acordos Coletivos, desde que o conjunto total de pagamentos realizados a esse título, independentemente do instrumento que os amparem, tenha sido efetuado com periodicidade de até duas vezes ao ano e superior a um semestre, nos termos prescritos no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/2000; b) não se incluem nos pagamentos excluídos conforme item '1.a)', os montantes associados aos beneficiários discriminados nos Demonstrativos PLR x Ordenado; 2. as contribuições incidentes sobre os montantes pagos a título de aviso prévio indenizado. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Votou pelas conclusões o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Maurício Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Fernanda Melo Leal. Fl. 1885DF CARF MF 4 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo Grande (MS) DRJ/CGE, que julgou procedente autos de infração referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre os valores pagos a segurados empregados a título de Participação nos Lucros ou Resultados – PLR e aviso prévio indenizado, em desacordo com a legislação previdenciária. Em razão do procedimento fiscal, foram lavrados os DEBCAD 51.025.6392 (parte da empresa e RAT) e DEBCAD nº 51.025.6406 (salário educação e INCRA). Passo a transcrever, no essencial, as principais conclusões do Relatório Fiscal. Periodicidade equivocada de pagamentos 5.15 Analisando a periodicidade dos pagamentos efetuados como sendo PLR, constatouse o não atendimento ao disciplinado no § 2° do art. 30 da Lei n° 10.101/2000, anteriormente transcrito, que expressamente veda o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Como pode ser observado pelos Demonstrativos Periodicidade dos Pagamentos de PLR 2010, 2011 e 2012, houve casos em que para o mesmo beneficiário existiram até quatro pagamentos dentro do mesmo ano civil ou dois pagamentos no mesmo semestre. Nos Demonstrativos de 2010 e 2011 constam todos os pagamentos feitos aos empregados, já no de 2012 constam apenas os casos em que houve mais de dois pagamentos. Compensação entre os instrumentos de PLR 5.22 Em virtude da existência de mais de um instrumento de negociação tratando sobre PLR para o mesmo período, foi necessário verificar quais instrumentos foram utilizados pelo contribuinte no pagamento da PLR aos seus empregados, bem como averiguar se houve compensação dos valores pagos com base em tais instrumentos. 5.23 Iniciando nossa análise pelas Convenções Coletivas de Trabalho Aditivas PLR, e sendo que os textos destas, para os anosbase de 2009, 2010, 2011 e 2012, possuem a mesma estrutura, transcrevemos a seguir o estabelecido pela Convenção datada de 27/10/2009 , in verbis: CLÁUSULA III DA EXCEÇÃO DO PAGAMENTO DA P.L.R. As empresas representadas pelo SINDICATO DOS EMPREGADORES que têm programas próprios de P.L.R. nos termos da Lei n° 10.101, de 19 de dezembro 2000, poderão compensar os valores pagos em decorrência deste instrumento, com os valores que forem apurados em função dos seus programas internos, referentes ao período compreendido entre janeiro e dezembro de 2009, exceto a quantia de R$ 1.300,00 (hum mil e trezentos reais) correspondente ao valor fixo previsto na Cláusula 1a desta Convenção Coletiva de Trabalho Aditiva. Fl. 1886DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 109 5 524 Por sua vez, para esses mesmos anosbase, temos a vigência de Acordos Coletivos de Trabalho do Programa da Participação nos Resultados Santander (PPRS), os quais apresentam redação bem similar em todos os anos quanto à questão da compensação, razão pela qual destacamos apenas o texto do Acordo Coletivo datado de 30/12/2009, ad litteram: CLÁUSULA QUINTA: Compensação Os valores decorrentes dos pagamentos do Programa de Participação nos Resultados Santander (PPRS) e dos Programas Específicos mantidos pelas EMPRESAS ACORDANTES, referidos no caput e parágrafo primeiro da cláusula sexta deste acordo coletivo, não serão compensados com a Participação nos Lucros ou Resultados estabelecidos pela Convenção Coletiva de Trabalho da categoria. CLÁUSULA SEXTA: Programas Específicos mantidos pelos Acordantes Ficam ratificados, nos termos do artigo 20, II, da Lei 10.101/00, todos os Programas de Participação nos Lucros ou Resultados, específicos para segmento de negócios das EMPRESAS ACORDANTES, relacionados em anexo, com as metas, indicadores, formas de aquisição e prazo de vigência que constam dos respectivos instrumentos, nominados PROGRAMAS SIM e respectivos Super Ranking/RV Cartilha, e Programas Específicos relacionados no Anexo I, os quais integram o presente Acordo Coletivo de Trabalho. PARÁGRAFO PRIMEIRO Integra, também, o presente Acordo Coletivo de Trabalho, o PPG Programa Próprio Gestão, destinado às áreas institucionais que obedece às regras e valores fixados pela Diretoria com base no respectivo cargos ou função. PARÁGRAFO SEGUNDO O valor do PPRS previsto no presente acordo engloba os valores pagos nos respectivos programas específicos previstos nesta cláusula, compensandose as antecipações, eventualmente realizadas. 5.25 Da leitura dos dispositivos transcritos acima, resta evidente que os valores pagos com base nas Convenções Coletivas de PLR não são compensados com quaisquer outros instrumentos e, ainda que o fossem, só o seriam parcialmente, uma vez que há uma parcela de valor fixo nãocompensável prevista na própria CCT. 5.26 Mesmo assim, o contribuinte foi intimado (Termo de Intimação Fiscal de 25/06/2014) para esclarecer se, na prática, ocorreu a compensação entre a Participação nos Lucros ou Resultados relativa às Convenções Coletivas e àquelas decorrentes dos Planos/Programas e Acordos Coletivos, tendo respondido, por intermédio de Carta, datada de 15/07/2014, entregue em 16/07/2014, que: embora a regra da Convenção Coletiva da categoria permita a compensação de valores a distribuir de PLR, previstos na referida Convenção, com os valores a distribuir dos Programas Próprios, por decisão interna, não efetuamos esta compensação; no entanto, há compensação entre os valores previstos no Acordo Coletivo de Trabalho do Programa de Participação nos Resultados Santander (PPRS) com os demais programas previstos neste Acordo, ou seja, com o Programa Próprio de Gestão (PPG) ou o Programa Próprio Específico (PPE), dependendo da elegibilidade de cada beneficiário; Fl. 1887DF CARF MF 6 o Programa Próprio (PPRS) garante um valor mínimo de pagamento de valores e haverá compensação somente caso o funcionário seja elegível ao PPG ou PPE, bem como se os valores pagos a título de PPG ou PPE sejam superiores aos valores pagos de PPRS. 5.27 Dessa forma, conforme esclarecimento prestado pela empresa, os valores de PLR pagos com base nas Convenções Coletivas não foram compensados com outros instrumentos; tendo havido apenas compensação entre os valores pagos com base nos Acordos Coletivos (PPRS) e os Programas Próprios Gestão e/ou Programas Específicos. 5.28 Claro está, portanto, que a empresa utiliza dois instrumentos contemplando os mesmos empregados, Convenção Coletiva e Programa Específico/Acordo Coletivo. Todavia, sabese que somente uma das formas especificadas deve ser escolhida em comum acordo. Ou se distribui lucros/resultados por intermédio de um Plano Próprio pactuado entre comissão de empregados e empresa ou através de Convenção Coletiva ou através de Acordo Coletivo. Havendo pagamentos de PLR com base em instrumentos distintos, referentes aos mesmo período, deve haver compensação entre eles. Intempestividade da negociação 5.32 Continuando a análise dos instrumentos de negociação, verificase que todas as Convenções Coletivas de Trabalho que tratam da PLR, arroladas nas alíneas "q" a "t" do item 5.14, possuem vigência retroativa e que, portanto, não foram elaboradas antes do início do período a que se referem os lucros ou resultados, como exige a lei. 533 Vêse claramente, por exemplo, que os empregados durante quase todo o ano de 2009, 2010, 2011 e 2012, desconheciam completamente os requisitos a que deveriam atender para fazer jus ao recebimento da verba referente à PLR, uma vez que os critérios e condições para o recebimento da PLR só foram estabelecidos posteriormente, em 27/10/2009, 27/10/2010, 11/11/2011 e 29/10/2012, respectivamente, próximo do final do período a que se referiam, demonstrando a ausência de prévia negociação, o que fere diretamente os ditames legais. 5.34 O mesmo raciocínio vale para os Acordos Coletivos de Trabalho dos Programas da Participação nos Resultados Santander (PPRS) celebrados em 30/12/2009, 28/02/2011 e 28/06/2012, cujo conhecimento das regras por parte dos empregados só ocorreu já transcorrido todo o ano de 2009, dois meses do ano de 2011 e quase a metade do ano de 2012. (...) 5.46 Com relação a todos os Programas Próprios Gestão, Programas Específicos e SRV, arrolados nas alíneas "d" a "p" do item 5.14, não houve comprovação de seu registro e arquivamento na competente entidade sindical, como estabelecido no art. 20, em seu § 2°, da Lei n° 10.101/2000. Tal comprovação foi solicitada à empresa por meio do Termo de Início de Procedimento Fiscal (em seu item 16), lavrado em 07 de janeiro de 2014. 5.47 Tampouco houve a obrigatória participação do sindicato na elaboração de tais documentos, em afronta direta à exigência legal. Inexistência de programa de participação prévio 5.52 Sendo o teor dos Acordos Coletivos de Trabalho do Programa da Participação nos Resultados Santander (PPRS) basicamente idênticos, trataremos Fl. 1888DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 110 7 como exemplo daquele relativo aos anosbase 2009 e 2010, celebrado em 30/12/2009, que assim dispõe: [...] 5.53 Da leitura dos dispositivos transcritos acima, vêse que o único critério para elegibilidade dos beneficiários adotado pelos acordos coletivos é a admissão do empregado antes do início do anobase a que se refere o pagamento da PLR (ou no decorrer deste) e estar em efetivo exercício ao término desse mesmo ano. Dessa forma, é pertinente indagarse como tal critério poderá servir como incentivo à produtividade? Para tanto, seria necessário que o instrumento de negociação contivesse alguma determinação a ser cumprida pelos empregados e que fosse incentivadora da produtividade, que se atendida lhes daria o direito ao recebimento do numerário especificado. Entretanto, nos acordos coletivos em comento, não há qualquer determinação para os empregados, apenas ser necessário trabalhar na empresa e manter vínculo no último dia do respectivo ano, ainda que tenham se afastado durante todo o ano por doença ou acidente de trabalho, o que demonstra tratarse na verdade de pagamento de prêmio por tempo de serviço e não de PLR. 5.54 Além disso, independentemente do índice comparativo ROE obtido, ainda que ele seja zero, é assegurado o valor fixo mínimo, o que corrobora o fato de não existir qualquer nexo entre os valores ganhos pelos empregados a título de PLR e os lucros ou resultados da empresa. Ao contrário, a participação nos resultados já aparece como um fato consumado, independente de qualquer atitude tomada pelo empregado, ele receberia a PLR, o que afasta qualquer possibilidade de se vislumbrar na parcela paga a qualificação que lhe outorgou a autuada. 5.55 Se o empregado jamais deixa de receber valor referente à participação nos resultados, uma vez que existe um valor fixo mínimo, tratase tal verba na verdade de uma gratificação, bonificação ou outro nome que se queira, menos PLR. (...) 5.61 Igualmente desrespeitam a lei os Programas Próprios Gestão 2009/2010 e 2011, ambos sem data. (...) 5.63 Desses Programas Próprios Gestão são supostamente partes o contribuinte e seus empregados. Todavia, não consta qualquer assinatura ou qualificação no instrumento, nem a data de sua celebração, não sendo possível, portanto, comprovar sequer que foi celebrado de fato e quem foram as partes e seus representantes legais. Os programas em tela não comprovam que houve a participação dos empregados em sua elaboração, não comprovam quando ocorreu a sua ciência por parte dos empregados, não comprovam a participação de um representante sindical nas negociações, nem que o instrumento de negociação foi devidamente registrado e arquivado na competente entidade sindical. (...) 5.67 Temos ainda que o conteúdo dos programas próprios gestão resumese ao transcrito no item 5.62 acima, não apontando em momento algum as metas que deverão ser atingidas para que o empregado se torne beneficiário da participação. Falase em metas quantitativas e qualitativas e competências individuais, mas não se explica. Menciona a existência de avaliação de competências, mas não descreve os parâmetros nela utilizados nem apresenta modelo básico de tal Fl. 1889DF CARF MF 8 avaliação. Verificase, inclusive, que o plano estipula que as metas serão acordadas entre o gestor e o funcionário e que poderá ser revisto a qualquer momento levando se em conta fatores tais como momento econômico e planos de negócios da empresa. (...) 5.71 Além disso, como descrito no item 6 dos programas próprios gestão, independentemente do desempenho da empresa, é assegurado o valor estabelecido no acordo coletivo (o de 2011 assegura o valor estabelecido na convenção coletiva de trabalho), o que corrobora o fato de não existir qualquer nexo entre os valores ganhos pelos empregados a título de PLR e os lucros ou resultados da empresa. Ao contrário, a participação nos resultados já aparece como um fato consumado, independentemente de qualquer atitude tomada pelo empregado, ele receberia a PLR, o que afasta qualquer possibilidade de se vislumbrar na parcela paga a qualificação que lhe outorgou a autuada. 5.72 Repetindo observações anteriores, se o empregado jamais deixa de receber valor referente à PLR, uma vez que existe um valor fixo mínimo, tratase tal verba na verdade de uma gratificação, bonificação ou outro nome que se queira, menos PLR. [seguese, na continuidade, linha argumentativa similar, mas referindose aos Programas Próprios Específicos e SRV] Natureza de Comissão/Premiação 5.80 Por fim, vale mencionar que as regras contidas nesses Programas Próprios Específicos e SRV mais se assemelham às regras para pagamento de comissão/premiação. O próprio texto dos programas usa muitas vezes o termo "premiação" que basicamente depende de quatro indicadores: produção, resultado, medalha e multiplicador, discriminando regras para cada um deles. E corroborando tal entendimento, na Carta de 29/01/2015, entregue nessa mesma data, a própria empresa afirma que dos documentos SRV decorrem pagamentos mensais e semestrais; sendo os pagamentos mensais considerados como verbas de comissões (os quais são tributados e declarados em GFIP) e os semestrais são considerados como verbas de PLR (não tributados nem declarados em GFIP). 5.81 Em continuidade ao expendido, discorreremos acerca de um dos dispositivos legais mais importantes nesse tema que é aquele que determina que a participação nos lucros ou resultados não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado. Essa disposição legal, que se aplica a todos os instrumentos de negociação da PLR adotados pela empresa, quais sejam, as Convenções Coletivas de Trabalho e os Acordos/Programas Próprios, uma vez que a PLR é um instituto único, demonstra claramente a preocupação do legislador em não permitir que a PLR fosse utilizada em substituição de parcela salarial, o que não foi respeitado pela empresa ora autuada, como será explanado. (...) 5.83 Do exame das folhas de pagamento, observaramse diversos casos em que a verba paga a título de PLR aos empregados, excedia em dezenas de vezes o valor do salário base (do ordenado) mensal do próprio empregado, como destacados por amostragem nos Demonstrativos PLR x Ordenado 2010, 2011 e 2012. Há casos em que o valor da PLR excede em mais de cem vezes o salário base do funcionário. Cabe ressaltar que da leitura dos planos e dos seus anexos, não foi verificada a possibilidade da verba paga a título de PLR alcançar valores tão vultosos. Fl. 1890DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 111 9 5.84 Percebese claramente que, na realidade, as verbas pagas pela empresa a título de PLR, nada mais são do que instrumento de premiação/gratificação/bonificação ou qualquer que seja a sua nomenclatura, travestido de PLR, com nítido caráter retributivo e em substituição salarial. Além disso, vimos que muitos empregados receberam valor superior à sua remuneração anual, na forma de PLR, sem incidência de contribuição social alguma. É evidente que tais pessoas não estão prestando serviços à empresa por conta do salário "oficial" pelo qual foram contratadas. A verdadeira remuneração dessas pessoas não é o salário "oficial" que recebem e sim os valores exorbitantes travestidos de "participações nos resultados". Além disso, também foi constituído crédito tributário relativamente aos valores percebidos a título de aviso prévio indenizado, por entender a autoridade lançadora terem eles caráter remuneratório, à luz da legislação pertinente. A despeito da impugnação, a exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 1636/1687), ensejando a interposição de recurso voluntário em 16/6/2016 (fls. 906/1010), no qual foi alegado, em apertada síntese, que: uma série de argumentos do recorrente foram reconhecidos expressa e tacitamente pela decisão de piso; todos os instrumentos de negociação coletiva, Convenções, Acordos e Programas que fundamentaram os programas de PLR são claros e objetivos, conforme detalhamento que apresenta, e que a presunção de falta de clareza das regras estabelecidas macularia a autuação de nulidade, tanto mais quanto se considera a complexidade da atividade de uma instituição financeira; é acertada a periodicidade dos pagamentos de PLR, consoante reconhecido pela DRJ/CGE, pois embora vinculados a diferentes instrumentos, são pagos em datas coincidentes, e, de todo modo, as regras atinentes ao tema devem ser aplicadas separadamente para cada instrumento, que podem coexistir e prescrever compensação; é necessário que a negociação anteceda o pagamento, e não que os instrumentos de negociação estejam concluídos antes de decorrido o período de aferição, como acatado pela DRJ, e, no caso do recorrente, tratase de repetição de instrumentos semelhantes acertados em anos pretéritos; que a conclusão pelo caráter substitutivo do PLR frente ao salário a que chegou a DRJ/CGE se atém ao exame da situação de poucos funcionários (0,16% do total), não havendo, aliás, limite prévio firmado em lei para pagamentos do gênero; que existem critérios para elegibilidade dos empregados, nexo entre o PLR e os lucros e resultados apurados; que os programas específicos de metas PPG, PPE e SRV constam do Anexo I dos Acordos Coletivos, sendo deles partes integrantes; quanto ao aviso prévio indenizado, impõese a aplicação de recurso repetitivo julgado pelo STJ sobre o assunto, sendo claro seu caráter indenizatório. É o relatório. Fl. 1891DF CARF MF 10 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Esclareçase previamente que as nulidades aventadas confundemse com o mérito, e portanto, no enfrentamento deste serão tratadas. Da participação nos lucros ou resultados. Inicialmente, merece ser dito que a decisão de piso consignou expressamente que os aspectos da infração por ela denominados de "intempestividade da negociação", "periodicidade equivocada de pagamentos" e "compensação entre os instrumentos de PLR" não serviriam de amparo para a manutenção do lançamento. E, ainda que na análise desses pontos não tenha especificado cada um dos instrumentos de negociação coletiva envolvidos, não há como negar estar a decisão fundamentada, e, na ausência de ressalva, serem as considerações ali traçadas aplicáveis a esses instrumentos em seu conjunto. Por seu turno, o acórdão em comento entendeu inexistir efetivo PLR e convergiu com as alegações do Fisco de que os pagamentos de PLR seriam assemelhados a comissão/premiação. E, da mesma forma que fizera quanto aos tópicos que entendeu insubsistentes da autuação, também nos que considerou pertinentes não detalhou maiores considerações no que concerne a cada um dos instrumentos de negociação. Destarte, da eventual não abordagem de cada um dos questionamentos levantados pelo contribuinte não decorre a consequência insinuada na peça recursal, de que teria havido concordância com seus pontos de vista. A fundamentação, ainda que sucinta, revelase hábil a justificar a manutenção do auto de infração. À evidência, o acórdão recorrido cingiuse à discorrer sobre as razões que considerou suficientes tanto para amparar, como para afastar as diversas conclusões da autoridade fiscal. E, cabe reconhecer, os principais aspectos do lançamento foram efetivamente analisados, não sendo apropriado falar em lacunas na decisão. Nessa toada, vale lembrar que o fato de a decisão não ter analisado cada uma das alegações do recorrente não prejudica em nada sua validade, pois, como cediço, o julgador não está obrigado a refutar, um a um, todos os argumentos deduzidos pelo recorrente, bastando apreciar com clareza, ainda que de forma sucinta, as questões essenciais ao julgamento, conforme jurisprudência consolidada nas Cortes Superiores (EDcl no AgRg no REsp nº 1.338.133/MG, REsp nº 1.264.897/PE, AgRg no Ag 1.299.462/AL, EDcl no REsp nº 811.416/SP), a qual vem sendo respeitada mesmo após o advento do art. 489 do CPC, a teor do decidido no EDcl no MS 21.315, j. 8/6/2016. Fl. 1892DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 112 11 No mesmo sentido, já lecionava o processualista Manoel Caetano Ferreira Filho1 que a instância recorrida não está obrigada a resolver todas as questões atinentes aos pedidos das partes, podendo apreciar todas elas, ou se omitir quanto a algumas delas "basta que decida aquelas suficientes à fundamentação da conclusão a que chega no dispositivo da sentença". Na verdade, o recorrente busca transformar o que é mera não manifestação do julgado com relação a alguns aspectos fundado tal proceder no entendimento, por parte daquele Colegiado, pela suficiência dos argumentos à ocasião expendidos em concordância com seus argumentos, pretensão a qual, observado o conjunto da fundamentação, não merece guarida. Noutro giro, importa explicar que os temas atinentes à "intempestividade da negociação", "periodicidade equivocada de pagamentos" e "compensação entre os instrumentos de PLR" não estão, como destacadamente alude o recorrente, 'resolvidos' pela DRJ em seu favor, como se pudesse falar em coisa julgada administrativa quanto a esses aspectos. Decerto se, por exemplo, houvesse no julgamento de primeira instância obtido o contribuinte êxito em sua impugnação exonerando à infração referente ao tema PLR, e perdido no tocante ao aviso prévio, eventual recurso voluntário interposto no que se refere a essa última matéria não poderia, em simultâneo, alterar o resultado do provimento favorável quanto à primeira, sob pena de violação ao princípio de proibição ao reformatio in pejus. Porém, não é disso que aqui se trata, o que fica evidente quando se considera que a pretensão do recorrente, o cancelamento da autuação, restou toda rechaçada no julgamento de piso, e encontra acolhimento, ainda que parcial, nessa instância de instância de segundo grau, conforme restará claro no encaminhamento do presente voto. Com efeito, estáse apenas a aplicar a legislação vigente no país. Isso porque, uma vez havendo recurso de uma decisão, é devolvida à apreciação da instância superior o conhecimento e apreciação das questões litigadas em grau inferior de jurisdição, conforme dispõe o art. 1.013, §§ 1º e 2º do CPC (aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal por força do art. 15 desse mesmo Código): Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1oSerão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2oQuando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. (grifei) Tratase do bem conhecido efeito devolutivo em profundidade, em virtude do qual o órgão ad quem pode reapreciar as questões relativas à matéria impugnada. Como já 1 FERREIRA FILHO, Manoel Caetano. Comentários ao Código de Processo Caivil. São Paulo: RT, 2001, v. 7, p. 121. Fl. 1893DF CARF MF 12 ensinava Barbosa Moreira2: "a devolução se produz de qualquer maneira, ex vi legis". A respeito, também merecem ser colacionadas as lições de Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha3, dentre outros tantos autores trouxeram considerações no mesmo sentido4: E a questão é: o órgão ad quem poderá (re)apreciar todas essas questões, examinadas ou não pelo juízo a quo? Pode. Conforme resulta dos parágrafos do art. 515 [referência ao dispositivo correspondente do antigo CPC], é amplíssima, em profundidade, a devolução das questões. (...) Segue um exemplo. Se o autor invocar dois fundamentos para o pedido, se o juiz o julgou procedente apenas por um deles, silenciando sobre o outro, ou repelindoo, a apelação do réu, que pleiteia a declaração de improcedência, basta para devolver ao tribunal o conhecimento de ambos os fundamentos; caso, a seu ver, o pedido mereça acolhida justamente pelo segundo fundamento, e não pelo primeiro, o tribunal deve negar provimento ao recurso, "confirmando" a sentença na respectiva conclusão, mediante correção dos motivos. (grifei) E a matéria impugnada (a qual define o efeito devolutivo em extensão sentido horizontal), frisese, no caso é a autuação fiscal em sua integralidade, ou seja, a exigência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de PLR e aviso prévio indenizado, conforme se depreende da leitura dos termos do recurso voluntário, idênticos ao da impugnação, em que se demanda "seja cancelado o auto de infração ora combatido". Obviamente, houvesse se insurgido o postulante somente contra a autuação atinente ao aviso prévio indenizado, estariase diante de impugnação parcial, limitandose desse modo a amplitude da matéria a ser devolvida à mais elevada instância recursal. Os tópicos relativos à periodicidade de pagamentos, regras claras e objetivas, etc., não se confundem, a despeito do esforço argumentativo apresentado pelo recorrente, com o objeto/matéria da impugnação, mas sim tratamse de causas de pedir, de razões de convencimento para que seja efetuada reforma da decisão vergastada, e são, como referido, devolvidas ao exame do colegiado revisor. Acrescentese que o processo administrativo fiscal tem por função precípua a formação sólida e eficaz do lançamento, em exercício do poder de autotutela da administração, sendo natural para o aperfeiçoamento daquele, que todos os aspectos relativos ao seu mérito e sua legalidade, estejam sujeitos à análise e eventual reforma em duplo grau de jurisdição, desde que tenham sido discutidos no curso do contencioso desde sua gênese. 2 MOREIRA. José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2005, 12ª ed., p.447448. 3 DIDIER JR., Fredie e Leonardo Carneiro da Cunha. Curos de Direito Processual Civil, Volume 3. Editora Jus Podium, 13ª edição, 2014, p.82. 4 Ensina Alexandre Freitas Câmara , em 'Lições de Direito Processual Civil', 13ª edição, pp. 97/98: "Pensese, por exemplo, numa demanda de despejo por duplo fundamento (falta de pagamento e infração contratual). Proferida a sentença de procedêencia do pedido pelo primeiro fundamento, e tendo o juiz deixado de apreciar o segundo (ou o tendo rejeitado), e interposta apelação pelo demandado, poderá o tribunal, no julgamento do recurso, "confirmar" a sentença, julgando procedente o pedido do demandadnte pelo mesmo fundamento em que se baseou a sentença, ou pelo mesmo fundamento, que não havia sido ainda apreciado (ou que havia sido rejeitado)". Fl. 1894DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 113 13 Entender diversamente, ou seja, que a instância revisora estaria jungida aos argumentos e razões da instância de piso é, com a devida vênia, inverter toda lógica do sistema recursal, em exegese desamparada; não por acaso, não trouxe o recorrente qualquer posicionamento doutrinário que embasasse, ao menos tangencialmente, suas insólitas pretensões, as quais, à toda vista, não merecem prosperar. Principiando a análise das questões de mérito propriamente dito pelo ponto relativo à intempestividade da negociação, notese que a Lei nº 10.101/00 referese à participação nos lucros ou resultados como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. Forçoso reconhecer que, não sendo possível estabelecer uma correspondência direta entre a atividade do trabalhador e a percepção de lucros da pessoa jurídica, os valores pagos a título de PLR, quando não prescrevem uma individualização da conduta para os beneficiários, aproximamse do conceito de gratificações, definidas por Maurício Godinho Delgado5 como "parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em decorrência de um evento ou circunstância tida como relevante pelo empregador (gratificações convencionais) ou por norma jurídica (gratificações normativas)". Já os montantes pagos a título de participação nos resultados guardam proximidade com pagamentos efetuados como prêmios, definidos pelo precitado doutrinador como "as parcelas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em decorrência de um evento ou circunstância tida como relevante pelo empregador e vinculada à conduta individual do obreiro ou coletiva dos trabalhadores da empresa" 6 (sublinhei). Sob esse prisma, vêse que os pagamentos de PLR apresentam importantes pontos de semelhança com as gratificações ou prêmios, a depender dos critérios acordados. A verdadeira peculiaridade de ambos é que estão abrigados sob a proteção da Lei nº 10.101/00, face ao cumprimento dos requisitos nela estipulados. Tendo em vista tais constatações, deve ser notado que o alcance de metas por parte do trabalhador, de modo a que perfaça real incentivo à produtividade dentro de um plano de resultados, tem como pressuposto a realização de uma conduta consciente e deliberada com vistas à consecução de resultados previamente avençados, independentemente do instrumento utilizado. Acerca do tema, tenho como muito bem postas, em linhas amplas, as considerações vertidas pelo Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, ao relatar o Acórdão nº 2402005.392 (j. 13/7/2016): Observese que, a depender do marco que se adote como obrigatório para a formalização dos acordos, podese apequenar ou dar um relevo desproporcional a cada um dos aspectos acima mencionados. Caso se adote o entendimento daqueles que defendem que o fechamento das negociações possa ser feito até momentos antes do pagamento da parcela, prejudicase a integração capital trabalho e se compromete o desejado aumento da produtividade, posto que durante o período aquisitivo os trabalhadores não seriam estimulados a incrementála por não terem conhecimento das metas a serem ultrapassadas ou requisitos a serem cumpridos para a obtenção do tão almejado prêmio. 5 DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho, 5ª Ed. São Paulo: LTr, 2006, p. 738. 6 Idem, ibidem, p. 747. Fl. 1895DF CARF MF 14 Por outro lado, o patrão, muitas das vezes pressionado pelos trabalhadores para concessão de ganhos salariais, poderia ser tentado a instituir, durante o período aquisitivo da PLR, metas irreais de modo que o seu pagamento fosse efetuado como forma de atendimento às reivindicações salariais dos empregados e não como resultado de um processo negociado para melhorar o desempenho empresarial. Esse procedimento desnatura a essência do instituto e se revela danoso ao substituir salário por prêmio, prejudicando os trabalhadores no cômputo das suas verbas trabalhistas (férias, décimo terceiros, FGTS, etc), além de claramente desfalcar os cofres da Seguridade Social, com a exclusão das parcelas da base de cálculo das contribuições. É prática que abre margem para manobras que apenas beneficiariam o mau contribuinte. Certamente muitos se levantarão contra esse raciocínio, argumentando que não há na norma um prazo estipulado para formalização do acordo e que a adoção da exigência de que a assinatura do acordo seja prévia ao período aquisitivo decorreria de mero subjetivismo do intérprete, que acarretaria em prejuízo principalmente para os trabalhadores, que deixariam de receber essa benesse de cunho constitucional. Não vejo por essa lente, na verdade estamos diante de uma lacuna legal, a qual deve ser integrada, no meu entendimento, mediante a interpretação sistemática que leve ao menor prejuízo à relação capital trabalho, aos trabalhadores, ao empregador e à Fazenda Pública. Vejase que a inexistência de metas prévias equivale a ausência dos parâmetros que nortearão a aferição do direito ao benefício trabalhista, os quais são claramente exigidos no § 1.º do art. 2.º da Lei n.º 10.101/2000. É curioso que, mesmo os que defendem que o acordo pode ser formalizado após o encerramento do período aquisitivo do direito, acabam por firmar como data limite o pagamento da verba, o que de certa forma coloca um requisito que não consta da norma, posto que, conforme ponderei acima, a norma é omissa quanto a esse aspecto. Assim, também nesse caso o intérprete acaba por fixar um marco que, no entender daqueles que defendem essa tese, vem a se configurar em um subjetivismo. Tal fato revela uma grande contradição para essa solução exegética. Muito mais problemática para mim, no entanto, é a fixação de um momento dentro do período aquisitivo que seria aceitável para delimitar a data limite para formalização do acordo. Nesse caso, aí se sim, com o perdão dos que defendem esse raciocínio, entrase no total subjetivismo, posto que o critério passa a ser unicamente a cabeça do aplicador da lei. Eu posso achar que três meses é um prazo razoável para fechar a negociação, outros ao revés, atendose as peculiaridades do caso concreto, tomarão seis meses como período razoável e alguns poderão entender que, para situações limite, um ano ainda é pouco. Temendo ser um pouco repetitivo, volto a enfatizar que a apreciação dessa questão não deve apenas se ater ao direito imediato do empregado de receber a PLR, mas também ao seu direito de não ter verbas salariais transmudadas em participação nos lucros, bem como o direito do fisco de evitar que as práticas nocivas ao erário e, por fim, o direito da sociedade brasileira de obter melhorias nas relações entre capital e trabalho, com consequente aumento geral da produtividade. Ouso ainda discordar daqueles que têm defendido a tese de que se já era do conhecimento dos trabalhadores os termos a serem apostos no acordo, deve ser dado um tratamento diferenciado a essa situação. Esse entendimento não se coaduna com a norma de regência, por um simples motivo: a lei privilegia a negociação coletiva, seja com ente sindical ou em comissão específica. Nestas negociações, acredito que deva ser assim, são colocadas as propostas das partes e estas buscam chegar a um acordo, que, via de regra, resulta em um meio termo entre as proposições colocadas Fl. 1896DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 114 15 na mesa. Todavia, nada impede que até a formalização do ajuste uma das partes resolva retirar sua proposta e as negociações retroajam. Assim, pelo fato de não haver previsão legal para que as cláusulas costumeiramente acordadas em processos anteriores venham a ser incorporadas ao novo acordo, não há espaço interpretativo para que se flexibilize a necessidade de acordo prévio em razão do suposto conhecimento dos empregados acerca das regras a serem inseridas nos acordos para pagamento da PLR. Raciocínio similar vem sendo acolhido, registrese, nos recentes julgamentos da CSRF sobre o assunto, dentre os quais cito, ilustrativamente, o Acórdão nº 9202004.308 (j. 21/7/2016). Então, nos casos em que o cumprimento dos objetivos negociados envolvem a realização de determinada conduta por parte dos beneficiários, ainda que dimensionadas por setor/área da companhia, não vejo reparos a fazer nessas bem colocadas razões. Dissinto desse entendimento, contudo, no tocante aos planos de PLR nos quais os pagamentos acordados estão desvinculados de um comportamento volitivo comprometido com o alcance de determinados objetivos situação, anotese, compatível com o texto legal. Por exemplo, quando se estabelece que os empregados de uma empresa perceberão dado PLR se aquela atingir determinados índices de lucratividade. Vejase que não há como estabelecer um liame minimamente concreto entre a prestação de serviço realizada pelo trabalhador e a lucratividade alcançada pela pessoa jurídica, tanto mais quando se trata de uma instituição financeira com milhares de funcionários. Recordese, caso necessário, que o lucro, seja econômico ou contábil, é um conceito dimensionado com base em uma multiplicidade de variáveis, tais como receitas, despesas, custos, ativo, passivo, obrigações diversas, dependendo inclusive fortemente de fatores totalmente fora do controle da empresa, e às vezes até mesmo do mercado no qual ela opera (por exemplo, políticas governamentais macroeconômicas, etc.) Nessas situações, então, prepondera no PLR o aspecto de instrumento de integração capital e trabalho, visto que do empenho de ambos são colhidos os lucros auferidos no período, sendo apenas indiretamente contemplada a função de incentivo à produtividade. Já no PLR cujas metas estão atreladas ao desempenho individual de uma maneira mais direta e concreta, como o alcance de incremento no índice de vendas por setor, por exemplo, a faceta predominante é a de incentivo à produtividade, sendo a integração capital e trabalho naturalmente reflexa com o ulterior aumento nos lucros e/ou resultados a serem distribuídos, decorrente desses aumentos de produtividade tomados em seu conjunto. Planos com essas características requerem assim que suas regras e condições sejam claramente delineadas antes do período de aferição, para que atenda aos preceitos de incentivar a produtividade, e indiretamente, estimular a integração capitaltrabalho. Diversamente, nos planos em que o PLR é mensurado com base em critérios em grande medida independentes da uma prédeterminada atuação dos trabalhadores, ou seja, de feição mais propriamente corporativa, prescindese da exigência mais acima frisada. Fl. 1897DF CARF MF 16 Nesses casos, em geral, são conduzidas negociações ao nível de convenção ou acordo coletivo, muitas vezes adentrando no anocalendário de sua vigência, tendo em vista a amplitude dos agentes envolvidos e potenciais beneficiários. Em outras palavras, não assoma como requisito inafastável que os termos negociados sejam estabelecidos previamente ao período de aferição. Não por acaso, a própria Lei nº 10.101/00, quando se refere objetivamente à necessidade de ajuste prévio, o faz com referência aos programas de metas, resultados e prazos especificados no inciso II do artigo, de maneira apartada, assim, da menção aos índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa, referidos no seu inciso I, verbis: Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: (...) §1oDos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. (...) (grifei) Feita essa breve digressão, constatase que, relativamente aos planos próprios/específicos do contribuinte Programas SIM e respectivos Super Ranking/RV Cartilha, Programas Próprios Específicos relacionados no Anexo I dos Acordos Coletivos, e Programa Próprio Gestão não havendo sido comprovado haverem eles sido firmados antes do início do período a que se referem, desatendem os preceitos da Lei nº 10.101/00, motivo o qual, por si só, é suficiente para caracterizar os pagamentos neles baseados como sendo de caráter remuneratório. De sua parte, as Convenções Coletivas estabeleciam o pagamento de PLR aos funcionários com esteio nos lucros dos períodos, sendo que, na sua ausência, nada seria pago sob aquele título. Também os PPRS (Programa de Participação nos Resultados Santander) previstos nos Acordos Coletivos eram baseados no atingimento de fatores relacionados ao lucro, o chamado ROE (relação entre lucro líquido e patrimônio líquido). Tendo em vista as razões mais acima expendidas, tenho que os valores de PLR pagos com base nas Convenções Coletivas, e nos PPRS atrelados aos Acordos Coletivos, não podem ser tidos por remuneratórios somente com amparo no critério "ausência de acordo prévio", ou seja, por terem sido celebrados os correspondentes instrumentos no curso do ano calendário a que eles se referem. Fl. 1898DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 115 17 Quanto à existência de regras claras e objetivas, impende antes fazer breves observações acerca das alusões do recorrente da existência de nulidade, correlatas ao tema. Na peça recursal, são vertidas diversas alegações no sentido de que a fiscalização baseouse em presunções, não apresentou questionamentos sobre as regras dos planos no decorrer do procedimento mas sim somente no seu relatório, que deveria ter ela, em caso de dúvida, comparecido aos estabelecimentos do contribuinte, etc. Ora, notese, de início, que ainda que se considerasse pertinentes os pontos levantados pelo recorrente no que toca à verificação da clareza das regras, sobressai que o auto de infração encontrase adequadamente suportado por diversos outros aspectos, como falta de observância à periodicidade de pagamentos, negociação prévia, problemas formais com os pagamentos, etc., o que já prejudica a tese da nulidade do lançamento. Não bastasse, as inconformidades manifestadas pelo recorrente são, na realidade, juízos seus acerca do que seria o levantamento adequado de provas na situação versada nos autos, ilações que em nada se confundem com motivos a dar azo à nulidade. A fiscalização coletou os elementos de prova que considerou aptos e suficientes a firmar suas conclusões, ainda que não apeteça ao recorrente a qualidade desses elementos. Cabe a ele então, com provas contrapostas e arguições de direito, rebater as conclusões ventiladas por aquela, e carrear os esclarecimentos que repute necessários. Tal feito não se confunde com nulidade, mas sim com o mérito da controvérsia, devendo ser registrado, por oportuno, que não se verifica no particular qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre de seus termos evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Prosseguindo, após essas necessárias ressalvas, temse que há existência de regras claras e objetivas contidas nas Convenções Coletivas, posto que há metas estipuladas e pagamentos a estas vinculados, de acordo com condições préestabelecidas. Importa referir que no âmbito das negociações coletivas envolvendo instituições financeiras é corrente a utilização do lucro e índices a ele vinculados como parâmetro para fins de estabelecimento de metas, bem como da própria participação a ser paga. Se não é detalhada a atuação de cada beneficiário, é porque nesses planos a referência é o próprio lucro atingido ao final do período, não a mensuração do desempenho do trabalhador ou de certo setor frente a determinados critérios, conforme já mencionado. Havendo prejuízo, como mencionado, nada é pago, não se confundindo, portanto, os valores de PLR pagos sob a guarida das Convenções Coletivas em remuneração dissimulada, por existir chance real de não se concretizar qualquer pagamento, sendo que tal situação indica a existência de integração do trabalho ao risco do capital. A lógica subjacente, vale mencionar, é que o empregado, dado o vínculo laboral e a prestação de seus serviços, contribui para o auferimento dos lucros naqueles níveis. Concordese ou não com o singelo critério adotado, não se vislumbra, s.m.j., sua Fl. 1899DF CARF MF 18 incompatibilidade com os termos da lei de regência, pois a clareza e objetividade dessas regras são evidentes. Por sua vez, nos PPRS dos Acordos Coletivos, há metas institucionais claras e objetivas baseadas no mencionado ROE, as quais uma vez atingidas, proporcionam determinados benefícios aos trabalhadores da empresa. Em apertada síntese, maior seria o PLR quanto maior fosse o retorno sobre o patrimônio líquido, comparativamente com média representativa do setor. O mero fato de que haja comparação entre o ROE da instituição e o de outros bancos para fins de aferir as metas não parece, a princípio, tirar o valor desses planos, pois se trata efetivamente de objetivo claro a permitir, se alcançado, o pagamento dos valores avençados nos Acordos. Já no que diz respeito aos Programas SIM/Super Ranking/RV Cartilha, PPGs, e Programas próprios específicos relacionados no Anexo I do documento, a cláusula sexta dos Acordos (oitava do instrumento referente ao ano de 2012) possui, como alude o recorrente, disposição integrandoos a esses instrumentos coletivos, cabendo anotar que, no referido Anexo, são traçadas descrições extremamente sintéticas do que se tratariam tais Programas Específicos, aparentemente associáveis a diversas áreas de atuação da empresa. Não obstante, o fato é que as metas individuais concretas dessas áreas ficaram relegadas a serem estipuladas pelos funcionários e suas respectivas chefias/gestores, e que se tratam de programas apartados, não havendo prova alguma de que tenham sido discutidas no âmbito dos acordos, ou mesmo via reuniões, etc, o que abriria a possibilidade de sua minúcias serem relegadas a outros documentos. Ademais é de grande importância ressaltar este ponto para que fique bastante claro os documentos relativos a tais programas não estão anexados ao instrumento coletivo, mas tão somente nominados em determinadas cláusulas e referenciados em um dado anexo, como narrado, não havendo falar que eles façam parte, efetivamente do corpo daquele documento, sequer sob um ponto de vista estritamente formal, quanto mais fisicamante. Ainda que se admita que Acordos Coletivos não sejam instrumento sequer viável para o detalhamento dessas metas em instituições de grande porte, justamente para essas situações a Lei nº 10.101/00 prevê no inciso I do seu art. 2º que elas possam ser acordadas via comissão paritária, integrada por representante sindical, o que tornaria perfeitamente possível utilizar esse meio para resguardar os interesses dos trabalhadores em casos do gênero, proteção essa inafastável por expressa disposição do indigitado diploma legal. Notese que o fato de os Acordos "integrarem posteriormente", via cláusula genérica, os mencionados Programas de PLR não supre a necessária, posto que legalmente estipulada, participação do representante e/ou entidade sindical quando das negociações e formalização desses programas. A par disso, como frisado pela fiscalização e pela decisão de piso, não houve arquivamento dos documentos relativos a esses programas nas entidades sindicais, tampouco assinatura dos empregados e datas em que firmados os correspondentes instrumentos, evidenciando sua precariedade como prova das relações e condições a que se referem, e uma proximidade com instrumentos meramente formais utilizados pela instituição para estipular os critérios e regras unilateralmente. Fl. 1900DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 116 19 Desse modo, a mera remissão nos Acordos Coletivos à ratificação e/ou integração dos programas em relevo não supre tais carências, tanto mais quanto se verifica que os próprios programas prevêem, como destaca a autoridade lançadora, que as políticas neles estipuladas podem ser revistas pelas partes, em função de momento econômico ou plano de negócios da empresa, tudo isso, mais uma vez, sem qualquer participação de representação sindical ("...se reserva o direito de alterar as regras, condições e valores alvos deste regulamento a qualquer tempo durante sua vigência"7). Reiterese que inexistem provas nos autos, salvo a breve referência a suas denominações nos acordos e em anexos genéricos, de que as regras substantivas e adjetivas desses planos tenham sido, em algum momento, concertadas entre as partes, mediante o necessário e debate e efetiva negociação, integrando o capital e o trabalho, como requer a Lei nº 10.101/00. Isso, sem dúvida, indica com vigor terem sido eles elaborados de forma unilateral pela administração da recorrente, tratandose, na realidade, de programas autônomos de premiação, com natureza remuneratória, os quais se procura abrigar, de maneira um tanto forçada, sob o manto de participação em lucros ou resultados nos termos da precitada lei, almejando as decorrentes benesses tributárias. Vide, a respeito do tema, recente decisão da CSRF, no Acórdão 9202 005.707 (j. 29/8/2017), cuja ementa se transcreve: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS PARA FIXAÇÃO DO DIREITO À PERCEPÇÃO. Os instrumentos decorrentes da negociação deverão conter regras claras e objetivos quanto à fixação dos direitos substantivos de participação nos lucros ou resultados. Para caracterização de regras claras, é necessária a existência de mecanismos de aferição do resultado do esforço inteiramente presentes no acordo já em sua celebração, para que possam ser conhecidos e escrutinados pelos envolvidos na negociação. Também sob esse ângulo, concluise, não há supedâneo para se considerar os valores de PLR pagos em razão de tais programas próprios/específicos como enquadrados na lei em apreço. No tocante aos pagamentos terem sido realizados com base em mais de um instrumento negocial, não comungo, entretanto, do entendimento do Fisco no sentido de que tal feito seria incompatível com os termos do caput do art. 2º da Lei 10.101/00, o qual enuncia que "a participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo". Tal disposição, em que pese a compreensível divergência de entendimentos sobre sua exegese, não me parece veicular restrição ao número dos tipos de negociações a serem firmadas com vistas a pactuar o PLR, mas sim destinarse a estabelecer quais são esses 7 Exemplo extraído do Programa Específico da Santander FInanciamentos, item 14, no arquivo não paginável anexado ao processo. Fl. 1901DF CARF MF 20 tipos alternativos, sem entrar no juízo de serem necessariamente, reciprocamente excludentes, ou não. Vejase que é perfeitamente possível que certo plano, negociado em convenção coletiva, preveja o pagamento de PLR no primeiro semestre do anocalendário, enquanto em outro, plano acertado via acordo coletivo, prescrevase pagamento anual esse título ao final desse mesmo ano. Tal situação, por si só, não parece ser o bastante para desconsiderar a efetividade de qualquer das duas avenças, respeitadas as demais condições previstas na legislação. Ademais, o § 3º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, admite como mera possibilidade a compensação entre planos próprios de PLRs e os decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho, o que parece indicar, sem maiores devaneios argumentativos, que a lei contempla, a princípio, a possibilidade de convivência de dois tipos de instrumentos de negociação de PLR. Em outros termos, a interpretação que merece prevalecer é a de que a expressão "mediante um dos procedimentos a seguir descritos" tem o significado não de "mediante a utilização de somente um dos procedimentos a seguir descritos", mas sim de "mediante a utilização de qualquer um dos procedimentos a seguir descritos". Não obstante, com relação à periodicidade de pagamento, verificase do exame das planilhas demonstrativas juntadas pela fiscalização (fls. 750/1079), que vários dos beneficiários recebiam pagamentos a título de PLR mais de duas vezes ao ano, e/ou com periodicidade inferior a um semestre, não observando a prescrição legal do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, que se transcreve: Art.3oA participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1oPara efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 3o Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. De sua parte, o recorrente afirma que não houve duplicidade de pagamentos, colacionando tabelas a fim de elucidar a situação, visando evidenciar que os valores dos Acordos Coletivos, PPE, PPG e SRV foram depositados nas mesmas datas dos montantes vinculados às Convenções, de maneira a não violar as regras acima reproduzidas (fls. 1729/1731). Não traz nenhuma adução específica, contudo, quanto aos casos expressamente discriminados pela fiscalização como tendo superado a periodicidade legal, de Fl. 1902DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 117 21 modo a esclarecer porque foram realizados pagamentos a título de PLR em até quatro meses diferentes do anocalendário, consoante aquela demonstrou. Pois bem, de pronto, há que se ressaltar que, na aferição do cumprimentos das regras de periodicidade, devem ser examinados todos os pagamentos efetuados a título de PLR, como bem firmado no § 2º mais acima transcrito, ainda que se verifique não possuam efetivamente tal natureza, como dantes foi constatado com relação aos pagamentos vinculados aos programas próprios/específicos e similares do contribuinte. A partir dessa premissa, deve ser apurado se houve pagamentos com base nos instrumentos coletivos em descumprimento do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00. Diante de tais situações, e com a devida vênia dos entendimentos em sentido diverso, devese aplicar dito critério legal, claro e objetivo, segundo o qual, efetuados mais de dois pagamentos de PLR em dado ano civil, ou com espaçamento inferior a um trimestre, não há falar em aplicação da norma em tela, com relação ao empregado beneficiado. Como bem observado nos seguinte trecho de recente decisão da CSRF, Acórdão nº 9202004.342 (j. 24/8/2016): (...) não estamos tratando de limite de verba não tributada, mas sim de condição para fixação de sua natureza. Ora, o pagamento em menor periodicidade do que aquela definida em lei, tem o condão de dar natureza de complementação salarial à verba pretensamente paga a título de PLR. Em consonância com essa correta compreensão, deve ser excluída da autuação, para cada empregado, a exigência baseada nos pagamentos vinculados às Convenções e Acordos Coletivos de trabalho (PPRS), efetuados a título de PLR, desde que o total de pagamentos a esse título, independentemente do instrumento que lhes embase, tenham sido efetuados com periodicidade de até duas vezes ao ano e superior a um semestre. A fiscalização explica ainda que (fl. 1245): ...do exame das folhas de pagamento, observaramse diversos casos em que a verba paga a título de PLR aos empregados, excedia em dezenas de vezes o valor do salário base (do ordenado) mensal do próprio empregado, como destacados por amostragem nos Demonstrativos PLR x Ordenado 2010, 2011 e 2012. Há casos em que o valor da PLR excede em mais de cem vezes o salário base do funcionário. Cabe ressaltar que da leitura dos planos e dos seus anexos, não foi verificada a possibilidade da verba paga a título de PLR alcançar valores tão vultuosos. Ora, da mesma maneira que procedeu com relação aos pagamentos evidenciados pela fiscalização como tendo sido efetuados em periodicidade desconforme a lei, o contribuinte não traz nenhuma argumentação específica a confrontar cada um dos pagamentos discriminados pela autoridade lançadora nos Demonstrativos acima referidos, muito menos contesta a conclusão de que "da leitura dos planos e dos seus anexos, não foi verificada a possibilidade da verba paga a título de PLR alcançar valores tão vultuosos". Assim, primeiramente há dúvida concreta sobre se tais expressivos montantes, ainda que pagos a título de PLR, se compatibilizem com as previsões contidas nos planos em referência. Por outra via, na medida em que esses pagamentos alcançam significativos múltiplos do salário base dos funcionários analisados, tornase difícil discordar das considerações do Fisco de que, quando a suposta participação nos lucros ou resultados sobrepuja e é tão ou mais relevante do que o próprio salário base contratado com a empresa, Fl. 1903DF CARF MF 22 resta evidenciada a existência de substituição de remuneração. E não se trata aqui de defender que a fiscalização possa fazer "justiça social", como diz o recorrente, mas sim de que ela tem a prerrogativa de aplicar e dar a devida eficácia às disposições legais, no caso o caput do art. 3º da Lei nº 10.101/00, segundo o qual participação não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado. À toda vista, o pagamento a título de PLR no valor de R$ 380.827,08, por exemplo, a funcionário cujo ordenado é de R$ 1.085,99 (fl. 1080), exsurge como conduta fortemente indicativa de abuso do direito regrado pela Lei nº 10.101/00. Para os empregados em tela, a desproporção verificada parece indicar que se está a procurar substituir os bônus periódicos pagos pelos instituições financeiras a dados funcionários, montantes remuneratórios, por valores abrigados sobre o manto da PLR. O fato é que a aferição da situação concreta foi realizada, e o critério jurídico utilizado, desproporção entre o valor pago a título de PLR e o salário base, é suficientemente hábil e adequado a denotar que as cifras em questão possuem caráter remuneratório, seja à luz dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, que permeiam o ordenamento jurídico, seja face à ausência de provas de que tais pagamentos obedeçam aos termos dos planos de participação, conforme bem apontado no Relatório Fiscal. À guisa de fecho, cabe sintetizar as conclusões aqui vertidas, ou seja, que os planos próprios/específicos PPE, PPG e SRV têm caráter remuneratório, assim como os valores pagos apontados nos Demonstrativos PLR x Ordenado (fls. 1080/1082), cabendo manter os gravames a eles associados. E, ainda, que devem ser excluídos do lançamento as exigências, para cada empregado, baseadas nos pagamentos vinculados às Convenções Coletivas e aos PPRS dos Acordos Coletivos de trabalho, efetuados a título de PLR, desde que o total de pagamentos a esse título, independentemente do instrumento que os amparem, tenham sido efetuados com periodicidade de até duas vezes ao ano e superior a um semestre. Aviso prévio indenizado. A decisão recorrida manteve a autuação nesse ponto, frente ao fato que os montantes recebidos sob o título em epígrafe não integram o rol constante no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, o qual discrimina as verbas que não compõem a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Contudo, é forçoso reconhecer que há muito é pacífico na jurisprudência trabalhista o posicionamento segundo o qual tais verbas possuem natureza efetivamente indenizatória. Por sua vez, o STJ também partilhou dessa visão, e, destacando no REsp nº 1.230.957/RS (j. 26/2/2014 sob o rito de recurso repetitivo) que o avisoprévio indenizado não corresponde a serviço prestado, nem a tempo à disposição do empregador, fixou a seguinte tese no Tema 478: "Não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de aviso prévio indenizado". A despeito do respectivo processo estar suspenso com base na repercussão geral do Tema 163, em curso de julgamento pelo STF no RE nº 593.068, foi exarada a Nota PGFN/CRJ/Nº 485/16, a qual chegou à conclusão: 26. Feitas essas considerações, tendo em vista a mudança da orientação contida na Nota PGFN/CRJ 640/2014 quanto ao aviso prévio indenizado, concluise que, por força do disposto nos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19, da Lei nº 10.522, de 2002, a Secretaria da Receita Federal do Brasil deverá observar o Fl. 1904DF CARF MF Processo nº 16327.721345/201461 Acórdão n.º 2402006.026 S2C4T2 Fl. 118 23 entendimento do STJ contido no RESP nº 1.230.957/RS quanto à impossibilidade de incidência de contribuição previdenciária quanto ao aviso prévio indenizado. Nesse contexto, sugerese, em caso de aprovação, que a presente Nota seja remetida à RFB para os fins da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 01/2014, tendo em vista o disposto no art. 3º, § 9º, bem como ampla divulgação à Carreira. (grifos meus e do original) Aprovada essa nota em 2/6/2016, e encaminhada à RFB, esse órgão acatou tal prescrição, publicando em 27/3/2017 a Solução de Consulta Cosit nº 99014/16, a qual em sua ementa destacou: EMENTA: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AVISO PRÉVIO INDENIZADO. Nos termos da Nota PGFN/CRJ/Nº 485/2016, de 30 de maio de 2016 (aprovada em 2 de junho de 2016), e com esteio no artigo 19, inciso V, parágrafos 4º, 5º e 7º da Lei nº 10.522, de 2002, e no artigo 3º, parágrafo 3º da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº1, de 2014, o aviso prévio indenizado, exceto seu reflexo no 13º salário, não intera a base de cálculo para fins de incidência das contribuições sociais previdenciárias incidentes sobre a folha de salários. Assim, trilhando a jurisprudência trabalhista, do STJ, e as orientações da PGFN e da RFB o rumo em prol da não incidência das contribuições em tela sobre os valores percebidos como aviso prévio indenizado, não vislumbro motivos suficientes, sem que se conflite com os princípios da duração razoável do processo, da eficiência e da razoabilidade, para que sejam mantidas as exações quanto a esse ponto. Ante o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso e darlhe parcial provimento, para que, afastando as nulidades suscitadas, sejam excluídos dos lançamentos: 1. a) para cada empregado, a exigência baseada nos pagamentos efetuados a título de PLR, vinculados às Convenções Coletivas e aos PPRS regrados em Acordos Coletivos, desde que o conjunto total de pagamentos realizados a esse título, independentemente do instrumento que os amparem, tenham sido efetuados com periodicidade de até duas vezes ao ano e superior a um semestre, nos termos prescritos no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00; b) não se incluem nos pagamentos excluídos conforme item '1.a)', os montantes associados aos beneficiários discriminados nos Demonstrativos PLR x Ordenado; 2. as contribuições incidentes sobre os montantes pagos a título de aviso prévio indenizado. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1905DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.679827/2009-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 05/01/2006
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.119
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 05/01/2006 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 27 /2 00 9- 82 Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de despacho decisório eletrônico, emitido pela Delegacia de Administração Tributária que não homologou as compensações declaradas em virtude de não ter havido apuração de pagamento indevido, uma vez que o pagamento foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. 2. Intimada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alegou, em síntese: (i) possuir "elevada quantia creditícia" perante a RFB, a título de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, que teria utilizado para quitar débitos de COFINS, referentes ao período de apuração dos anocalendário 2006 e 2007, mediante PER/DCOMP; (ii) alega que juntamente com o Despacho Eletrônico em comento, foram emitidos outros 147 Despachos Decisórios, todos decorrentes da falta de homologação de PER/DCOMP, apresentados pela contribuinte; (iii) reconhece que deixou de retificar as DCTF relativas aos períodos que entende ter havido recolhimentos a maior de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, entendendo ser esta a razão do indeferimento das compensações; (iv) alega que mero equívoco no preenchimento das DCTF não poderia geral débitos fiscais e que o fato deveria ser reconhecido de plano pela RFB; (v) discorre a respeito do efeito suspensivo dos débitos declarados em compensações, citando dispositivos legais para defender sua tese; (vi) alega carência de fundamentação do despacho decisório, violação ao princípio do contraditório e ampla defesa, alegando que não foram atendidas as garantias constitucionais na decisão proferida no despacho decisório, entendendo ser nulo o ato impugnado; (vii) discorre sobre o principio da verdade material para alegar que o mero erro de preenchimento da DCTF não geraria crédito em favor da Fazenda Nacional, reclamando que "se fosse dado ao contribuinte a chance de apresentar explicações antes de sofrer a autuação, certamente a Fazenda Nacional pouparia preciso tempo desta Delegacia de Julgamento com cobranças infundadas como esta" (sic); (viii) alega que qualquer agente fiscal que "(...) analisasse com a mínima cautela a situação apresentada nos fatos, notaria que houve tão somente um erro no preenchimento da declaração, o que não justifica a glosa" em apreço; (ix) ter declarado em DCTF débito que foi pago em DARF que, após revisão interna teria constatado que os cálculos estavam sendo feitos de maneira incorreta, restando inegável a existência de créditos de IRRF após a correção do montante efetivamente devido; (x) a necessidade da observância aos princípios da capacidade contributiva e da busca da verdade material para afirmar que não se admite cobrança de tributo decorrente de erro na prestação de informações ao Fisco, citando decisão do TRF da 1ª Região que embasaria o que alega, além de acórdão do Conselho de Contribuintes e doutrina; (xi) exigüidade do prazo para apresentar 148 defesas em apenas trinta dias e informa que "(...) já estaria levantando toda a documentação comprobatória de seu direito, mormente a DCTF retificadora que comprovaria a existência do crédito"; (xii) a necessidade de suspensão da cobrança dos débitos declarados em PER/DCOMP; (xiii) a nulidade do despacho decisório; e (xiv) a conversão do julgamento em diligencia para ser comprovado o que alega. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 4 3 3. A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) proferiu o Acórdão DRJ nº 1630.214, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, em conformidade com a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PIS Data do fato gerador: 05/01/2006 Ementa: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP ALTERAÇÃO DE DCTF APÔS CIÊNCIA DE DECISÃO QUE NÃO HOMOLOGOU A COMPENSAÇÃO. A apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida, uma vez que tanto as DRJ como o CARF limitamse a analisar a correção do despacho decisório, efetuado com bases nas declarações e registros constantes nos sistemas da RFB na data da decisão. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL — NÃO OFENSA CORREÇÃO DE ALTERAÇÃO DE DCTF NÃO COMPROVADA EM DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA Qualquer alegação de erro de preenchimento em DCTF deve vir acompanhada dos documentos que indiquem prováveis erros cometidos, no cálculo dos tributos devidos, resultando em recolhimentos a maior. Não apresentada a escrituração contábil/fiscal, nem outra documentação hábil e suficiente, que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF, mantémse a decisão proferida, sem o reconhecimento de direito creditório, com a conseqüente nãohomologação das compensações pleiteadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte, intimada, interpôs, recurso voluntário tempestivo, no qual reiterou as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.105, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.679797/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.105): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 6. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: "A manifestação de inconformidade apresentada atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Dela tomase conhecimento. Primeiramente, esclarecese à douta manifestante que, ao contrário do que alega, o despacho decisório do presente processo não é nulo pois, foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções e sem preterimento do direito de defesa da contribuinte. Realmente, o caso presente se resume à alegação de pagamento a maior de tributo e que esse tributo recolhido a maior estaria sendo utilizado para compensar débitos constante na PER/DCOMP do presente processo. A analise eletrônica do despacho decisório de fls. 01, demonstra que os alegados pagamentos indevidos foram utilizados para quitar débitos declarados em DCTF , não restando qualquer crédito para ser compensado. A contribuinte alega falta de fundamentação para a não homologação mas deveria ser obvio até mesmo para contribuinte que ela apresenta DCTF informando determinado débito e efetua recolhimento desse debito , em DARF, no exato valor declarado em DCTF, não há apuração de qualquer pagamento a maior, estando essa informação perfeitamente clara no citado despacho decisório e a contribuinte pode se defender amplamente como o fez. Assim, de acordo com o art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há qualquer nulidade no despacho decisório em comento, não assistindo razão a reclamante. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 6 5 Relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros , haveria o crédito que utilizou nas PER?DCOMP , observase que a contribuinte limitase a alegar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova do que alega. De fato, a contribuinte limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer DCOMP retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório. A retificação da DCTF, para reduzir débitos declarados, feita após a decisão prolatada autoridade fiscal que examinou os pedidos de restituição e de compensação, não pode, simplesmente, ser acolhida, como argumento de defesa, uma vez que a manifestação de inconformidade deve ser dirigida a apontar erros que teriam sido cometidos na analise do crédito da contribuinte, em relação as informações constantes dos Sistemas da Receita Federal, que são formadas pelas informações prestadas pelos contribuintes através das declarações fiscais , tais como DIPJ. DCTF, DIRF, etc, na data da emissão do Despacho Decisório. Ora, como a própria manifestante reconhece, não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados em DCTF e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF. Somente na manifestação de inconformidade é que o Fisco teve ciência que agora a contribuinte entende ter havido erro no preenchimento das DCTF. Cabe lembra à douta reclamante que a conduta Fisco Federal é pautada em documentos formais e oficiais e, se a contribuinte resta inerte e não promove a tempo as retificações cabíveis na DCTF, não cabe ao Fisco promovêlas. Não e demais ressaltar que a RFB não está à disposição de particulares para satisfazer interesses privados e a comprovação que qualquer direito creditório alegado, é tarefa exclusiva dos contribuintes, não sendo tarefa do Fisco promover alterações em declarações fiscais para reconhecer suposto direito creditório que a contribuinte julga possuir. Aliás a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equívoco cometido na elaboração da declaração original.. Assim, a contribuinte deveria ter acostado aos autos a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Ao final da manifestação de inconformidade, a requerente protesta pela produção de todos os meios de prova, apresentação Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 7 6 de documentos, inclusive diligencias, para corroborar sua argumentação. O processo administrativo fiscal é normatizado pelo Decreto n° 70.235/1972 que em seu art. 16, I1I assim dispõe, in verbis: Conforme expressamente previsto no Decreto n° 70.235/1972, em seu artigo 16, § 4% somente na ocorrência de algumas das hipóteses nele ventiladas é que será possível deferir a juntada de provas documentais posteriormente ao prazo de apresentação da impugnação. A impugnante trouxe os documentos que julgou necessários à instrução de sua peça defensória, não cabendo fazer um pedido genérico para futura juntada de documentos, sem alinhavar a hipótese legal em que se funda tal pedido. Como se vê do dispositivo transcrito, a ocasião para apresentação de provas, visando a comprovar o equívoco cometido no preenchimento da DCTF, é no ato de apresentação da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de a contribuinte fazêlo em outra oportunidade. Cabe ressaltar que, até a presente data, dez meses após a apresentação da manifestação de inconformidade , nenhuma documentação foi apresentada nela contribuinte, que se limitou a apresentar DCTF retificadora , não embasada por qualquer documentação comprobatória. Tratandose de exibição de documentos, cuja guarda e apresentação compete à contribuinte, desnecessária se revela também a realização de diligencias, que se presta mais a elucidar detalhes cuja prova cabe ao Fisco Federal, não aplicável ao presente caso, conforme infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: (...). (...) No caso presente, sendo obrigação da contribuinte apresentar provas do que alega , preferindo não fazêlo, a Receita Federal não promove qualquer ação a respeito, limitando a julgar o processo com os documentos constantes no processo. Nessas circunstâncias, não comprovado o erro cometido no preenchimento da DCTF, com documentação hábil, idônea e suficiente, a alteração dos valores declarados anteriormente não pode ser acatada, considerandose que essa DCTF retificadora foi apresentada após o despacho decisório, que apreciou as compensações declaradas. Em face do exposto, e para concluir, VOTO por considerar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, não reconhecendo qualquer direito creditório e não homologando a PER/DCOMP" (seleção e grifos nossos). 7. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento Fl. 125DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 8 7 disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 8. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 9. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 10. Tal, no entanto, não ocorreu, tendo a contribuinte realizado defesa genérica com fundamento de que teria tido de se defender de um grande número de despachos decisórios em um exíguo espaço de tempo. Contudo, reservouse a ora recorrente a repetir os mesmos argumentos em suas razões de recurso voluntário, demorandose longamente em questões doutrinais ou de constitucionalidade, o que inviabiliza, de todo, até mesmo a proposta de eventual conversão do feito em diligência para que se verifique a procedência de suas alegações, uma vez que não há de se realizar questionamento genérico em tal momento processual. 11. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10880.679827/200982 Acórdão n.º 3401004.119 S3C4T1 Fl. 9 8 12. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 13. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 127DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.903064/2008-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Dec 07 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1201-000.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Eva Maria Los, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Jose Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Eva Maria Los, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Henrique Marotti Toselli, Jose Carlos de Assis Guimarães e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de processo administrativo decorrente de DCOMP apresentada pelo DIMARI INDUSTRIAL DE COMPONENTES PARA CALÇADOS LTDA., CNPJ 89.420.372/000126, para fins de formalizar a compensação de determinado crédito oriundo de pagamento a maior com determinado débito de sua responsabilidade. Por meio de Despacho Decisório, o direito creditório não foi reconhecido, sob a alegação de insuficiência de crédito. Mais precisamente, aduz a autoridade fiscal competente que o DARF vinculado ao pretenso pagamento a maior já teria sido utilizado para quitar débito informado pelo próprio contribuinte em DCTF, não restando saldo disponível. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que o crédito, na verdade, diz respeito a Saldo Negativo, e não pagamento a maior propriamente dito. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .9 03 06 4/ 20 08 -9 1 Fl. 94DF CARF MF Processo nº 11065.903064/200891 Resolução nº 1201000.306 S1C2T1 Fl. 3 2 A DRJ não conheceu o pleito do contribuinte, sob duas premissas: (i) de que o processo administrativo fiscal não se prestaria a retificar DCTF; e (ii) de que a contribuinte não teria atacado os fundamentos do despacho decisório, que foi emitido com base em DCTF válida, eficaz e espontaneamente apresentada. A empresa, então, apresentou recurso voluntário, por meio do qual esclarece que houve erro de fato no preenchimento da DCOMP, e não da DCTF, sendo a negativa de análise do direito creditório fato que viola os princípios da eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, verdade material e o artigo 112 do CTN. É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº 1201 000.294, de 19.10.2017, proferido no julgamento do Processo nº 11065.902152/200876, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 1201000.294): O recurso voluntário atende os pressupostos formais e materiais, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciálo. Na DCOMP ora em análise, o contribuinte indicou como origem do crédito um pagamento a maior feito a título de estimativa. Como, porém, a DCTF indica a existência de débito no mesmo montante, o despacho eletrônico não acusou a existência de crédito. Por ocasião da Manifestação de Inconformidade e Recurso Voluntário, o contribuinte esclarece que, na verdade, o crédito diz respeito ao Saldo Negativo apurado no ano, e não a estimativa, assumindo que teria se equivocado no preenchimento da origem exata do crédito. E para justificar esse alegado erro, a contribuinte anexa a sua DIPJ, que realmente indica a apuração de Saldo Negativo no ano, assim como uma planilha que resume as compensações efetuadas com tal saldo. Já a decisão de primeira instância não analisou o mérito da questão, tendo indeferido o pleito por razões de incompetência. Nesse contexto, entendo que o mero erro de fato não é suficiente para não homologar a compensação, em razão dos princípios da legalidade e verdade material, sendo necessária a apreciação do mérito propriamente dito. Do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para determinar o retorno dos autos à unidade de origem, para que, diante das informações e documentos trazidos pela Recorrente na Fl. 95DF CARF MF Processo nº 11065.903064/200891 Resolução nº 1201000.306 S1C2T1 Fl. 4 3 defesa e recurso, seja verificado o mérito da existência, suficiência e disponibilidade do crédito de Saldo Negativo alegado. Após a conclusão desta diligência, deve ser cientificada a contribuinte acerca do Relatório Conclusivo, para que se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias e, em seguida, retornem os autos para julgamento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto por converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.721307/2013-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
IRPJ/CSLL. APURAÇÃO ANUAL. DESPESAS C/ ALIMENTAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE PREVISÃO CONTRATUAL.
Os pressupostos fiscais de dedutibilidade de despesas operacionais, previstos no artigo 299 do RIR/99, da necessidade, normalidade e usualidade, devem ser verificados tendo em vista a natureza das atividades desenvolvidas pela empresa e a compatibilidade e correlação dos dispêndios ao tipo de negócio, atividades desenvolvidas e consecução dos objetivos sociais da empresa.
FALTA DE RECOLHIMENTO MENSAL POR ESTIMATIVA - LANÇAMENTO APÓS O ENCERRAMENTO DO PERÍODO DE APURAÇÃO ANUAL - DESCABIMENTO - Não cabe lançamento após o encerramento do período de apuração anual para exigir estimativa declarada em DCTF e não recolhida.
COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO.
Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ).
EXIGÊNCIA REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO CSLL.
À exigência reflexa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL aplica-se a mesma decisão adotada em relação à exigência do IRPJ em virtude do suporte fático comum que as instruem.
Numero da decisão: 1302-002.308
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso quanto à glosa de despesas com alimentação de trabalhadores e em dar provimento quanto à exigência de saldo de IRPJ e CSLL, por maioria, em dar provimento quanto ao cancelamento da exigência da multa isolada sobre estimativas, vencida a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ester Marques Lins de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado), e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 IRPJ/CSLL. APURAÇÃO ANUAL. DESPESAS C/ ALIMENTAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE PREVISÃO CONTRATUAL. Os pressupostos fiscais de dedutibilidade de despesas operacionais, previstos no artigo 299 do RIR/99, da necessidade, normalidade e usualidade, devem ser verificados tendo em vista a natureza das atividades desenvolvidas pela empresa e a compatibilidade e correlação dos dispêndios ao tipo de negócio, atividades desenvolvidas e consecução dos objetivos sociais da empresa. FALTA DE RECOLHIMENTO MENSAL POR ESTIMATIVA - LANÇAMENTO APÓS O ENCERRAMENTO DO PERÍODO DE APURAÇÃO ANUAL - DESCABIMENTO - Não cabe lançamento após o encerramento do período de apuração anual para exigir estimativa declarada em DCTF e não recolhida. COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). EXIGÊNCIA REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO CSLL. À exigência reflexa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL aplica-se a mesma decisão adotada em relação à exigência do IRPJ em virtude do suporte fático comum que as instruem.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 IRPJ/CSLL. APURAÇÃO ANUAL. DESPESAS C/ ALIMENTAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. POSSIBILIDADE. DESNECESSIDADE PREVISÃO CONTRATUAL. Os pressupostos fiscais de dedutibilidade de despesas operacionais, previstos no artigo 299 do RIR/99, da necessidade, normalidade e usualidade, devem ser verificados tendo em vista a natureza das atividades desenvolvidas pela empresa e a compatibilidade e correlação dos dispêndios ao tipo de negócio, atividades desenvolvidas e consecução dos objetivos sociais da empresa. FALTA DE RECOLHIMENTO MENSAL POR ESTIMATIVA LANÇAMENTO APÓS O ENCERRAMENTO DO PERÍODO DE APURAÇÃO ANUAL DESCABIMENTO Não cabe lançamento após o encerramento do período de apuração anual para exigir estimativa declarada em DCTF e não recolhida. COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). EXIGÊNCIA REFLEXA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO — CSLL. À exigência reflexa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL aplicase a mesma decisão adotada em relação à exigência do IRPJ em virtude do suporte fático comum que as instruem. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 72 13 07 /2 01 3- 11 Fl. 2640DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.641 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso quanto à glosa de despesas com alimentação de trabalhadores e em dar provimento quanto à exigência de saldo de IRPJ e CSLL, por maioria, em dar provimento quanto ao cancelamento da exigência da multa isolada sobre estimativas, vencida a Conselheira Ester Marques Lins de Sousa, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogerio Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca, Ester Marques Lins de Sousa, Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado), e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório O presente processo versa sobre autos de infração de exigência de crédito tributário referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, com os devidos acréscimos legais, multa e juros de mora, no valor consolidado de R$ 10.684.505,20, em decorrência da constatação, pela fiscalização, de ocorrência das seguintes infrações à legislação tributária (CSLL, apuração reflexa): 001 CUSTOS DOS BENS VENDIDOS E/OU SERVIÇOS PRESTADOS CUSTOS NÃO COMPROVADOS Custos e/ou despesas não comprovadas, conforme Relatório Fiscal anexo. Fato gerador Valor Tributável ou Imposto Multa (%) 31/12/2008 R$ 5.406.632,88 75,00 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2008: Arts. 247, 248, 249, inciso I, 251, 277, 278, 290, 292, 299, 300 e 369 do RIR/99. 002 DEDUÇÕES INDEVIDAS DE IMPOSTO AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DAS RETENÇÕES/ANTECIPAÇÕES DO IMPOSTO Não comprovação de antecipações do imposto, decorrentes das correspondentes não homologação de DCOMPs, conforme Relatório Fiscal em anexo. Valor Tributável ou Imposto Fl. 2641DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.642 3 R$ 1.307.480,36 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/01/2008 e 31/12/2008: Arts. 231, inciso III e IV, e 943, do RIR/99 Arts. 2º e 74 da Lei nº 9.430/96. Art. 1º da Lei nº 9.065/95. 003 MULTA OU JUROS ISOLADOS FALTA DE RECOLHIMENTO DO IRPJ SOBRE A BASE DE CÁLCULO ESTIMADA Falta de pagamento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, incidente sobre a base de cálculo estimada em balanços de suspensão ou redução, decorrentes da não homologação de DCOMPs, conforme Relatório Fiscal em anexo. Fato gerador Multa (%) 31/05/2008 125.464,83 31/09/2008 89.444,32 31/10/2008 243.754,19 31/11/2008 37.765,73 31/12/2008 157.311,12 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/05/2008 e 01/02/2009: Art.74 da Lei nº 9.430/96. Arts. 222 e 843 do RIR/99; art. 44, inciso II, alínea b, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. Fl. 2642DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.643 4 Consta do Relatório Fiscal RF que, da análise das informações constantes na DIPJ apresentada, constatouse desproporção entre os custos com alimentação do trabalhador e o do pessoal aplicado na produção, fato que originou o início do procedimento fiscal – infração 001. Intimada, a contribuinte respondeu que os custos e despesas com alimentação abrangem um número de trabalhadores significativamente maior que o da folha direta da empresa, porquanto fornece alimentação para seus trabalhadores e para trabalhadores especializados, de forma indireta. Assim, após ser intimada e reintimada, dentre outras coisas, a apresentar os contratos que respaldaram os custos e despesas com a alimentação fornecida a trabalhadores sem vínculo empregatício com a mesma, foram considerados indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação dos empregados que não constam dos correspondentes contratos. No caso da infração 002, relativa a deduções indevidas de imposto por ausência de comprovação de antecipações do IRPJ/CSLL, foi constatado que os valores devidos a este título foram objeto de DCOMPs. Ocorre que tais DCOMPs não foram homologadas ou foram homologadas de forma parcial (com apresentação de manifestação de inconformidade, aguardando julgamento), conforme planilhas discriminadas no RF. Já a infração 003, multa ou juros isolados, decorre da infração 002, ou seja, da ausência de comprovação de retenções/antecipações do IRPJ/CSLL. Contra tal lançamento a interessada apresentou impugnação, na qual, consoante os argumentos ali aduzidos, se defendeu através dos seguintes tópicos: (i) Da Dedutibilidade das Despesas Incorridas com Alimentação – Necessidade de Tais Despesas em Razão da Localização da Impugnante – Aplicabilidade do Artigo 299, do RIR/99 (ii) Da Improcedência do Lançamento de Débitos de IRPJ e de CSLL Devidos a Título de Estimativa Mensal – Indevida Constituição de Débitos Já Confessados e Constituídos pela Impugnante (iii) Da Inaplicabilidade da Multa Isolada de 50% por Inexistência da Hipótese Legal e por Importar em Concomitância com a Multa d Ofício Aplicada. A DRJJFA julgou procedente em parte a impugnação (fls. 2352/2368), restando o Acórdão da r. Decisão ementado da seguinte forma: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 IRPJ/CSLL. APURAÇÃO ANUAL. DESPESAS C/ ALIMENTAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. POSSIBILIDADE. NECESSIDADE PREVISÃO CONTRATUAL. Para que despesas com alimentação sejam consideradas passíveis de dedução na apuração anual do lucro real e da base de cálculo da CSLL pela contratante, deve Fl. 2643DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.644 5 haver expressa previsão contratual de que este encargo seja por ela suportado. Caso contrário, os valores declarados a este título devem ser glosados. IRPJ/CSLL. APURAÇÃO ANUAL. GLOSA. DÉBITOS DE ESTIMATIVA. DCOMP NÃO HOMOLOGADA. Para fins de apuração da IRPJ/CSLL no ajuste anual, somente são passíveis de dedução na apuração os valores de estimativa efetivamente extintos no ano calendário, incluídos os valores recolhidos mediante Darf e também os por compensação devidamente homologada. ESTIMATIVAS MENSAIS DE IRPJ/CSLL. FALTA D RECOLHIMENTO. MULTA ISOLADA. APLICAÇÃO. CABIMENTO. Nos casos de lançamento de ofício, é aplicável a multa de 50%, isoladamente, sobre o valor de estimativa mensal que deixe de ser recolhido, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal e base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente. A hipótese legal de aplicação da multa isolada não se confunde com a da multa de ofício, pois esta é cabível nos casos de falta de pagamento do valor devido de IRPJ e CSLL apurados ao término do exercício. Portanto, ambas podem ser aplicadas à contribuinte. Os principais argumentos aduzidos pela decisão recorrida são os seguintes, litteris: (i) Da Dedutibilidade das Despesas Incorridas com Alimentação – Necessidade de Tais Despesas em Razão da Localização da Impugnante – Aplicabilidade do Artigo 299, do RIR/99 Neste tópico, em síntese, a defesa aduziu que a fiscalização procedeu à glosa de despesas com alimentação dos empregados das empresas prestadoras de serviço à contribuinte, sob o argumento de que tais despesas não seriam necessárias ao pleno desenvolvimento das suas atividades. Também aduziu que o critério utilizado para considerar determinada despesa como dedutível ou indedutível foi o da existência ou não de cláusula contratual específica versando sobre o tema, de modo que, havendo previsão contratual que estabelecesse como obrigação da impugnante o fornecimento de alimentação aos trabalhadores da empresa contratada, a necessidade da despesa estaria comprovada, sendo, por conseguinte, dedutível da apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do art. 299, do RIR/99. Assim, em virtude da suposta ausência de previsão contratual específica, disse que a fiscalização considerou como indedutíveis as despesas com alimentação dos empregados de empresas contratadas pela Impugnante. Em relação às empresas para as quais não teria havido a apresentação do contrato de prestação de serviços celebrado, disse que a fiscalização considerou que o custo das refeições arcadas pela contribuinte com a alimentação de alguns prestadores de serviço seria uma mera liberalidade (efetuando também a glosa de tais despesas). No que toca às glosas efetuadas, alegou a defesa que, em momento algum, foi questionada a existência ou a efetiva realização dos gastos com alimentação realizados pela impugnante, de modo que a fiscalização limitou Fl. 2644DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.645 6 se a fundamentar a autuação na não comprovação da necessidade de tais despesas para o desenvolvimento das atividades da Impugnante. Com base nisso, entendeu que não se discute a comprovação de tais despesas, mas tão somente a necessidade de tais despesas para fins de dedutibilidade, nos termos do art. 299 do RIR/99. De qualquer forma, para que não reste qualquer dúvida quanto à efetividade de tais despesas, apresentou as correspondentes notas fiscais (doc. 03). Aduziu ainda a defesa a efetiva dedutibilidade das despesas com alimentação dos empregados das empresas contratadas pela Impugnante, as quais, na maioria dos casos, estavam expressamente previstas nos contratos celebrados e nos demais casos também se mostravam necessárias em razão da localização remota do seu estabelecimento na cidade de Rio Grande/RS, que não tinha estrutura para receber todos os seus prestadores de serviços, havendo, assim, o pleno atendimento ao artigo 299, do RIR/99. Por conseguinte, a defesa passou a tecer comentários sobre a complexidade da construção de uma plataforma de petróleo, com destaque para a sua localização, no caso, o polo naval de Rio Grande/RS, argumentando que as despesas com alimentação fornecidas pela empresa seriam necessárias para o pleno desenvolvimento de suas atividades, sendo assim dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Em anexo à peça de defesa apresentada, com o fito de comprovar a necessidade das despesas glosadas e afastar de uma vez por todas qualquer dúvida sobre a sua dedutibilidade, foram juntadas cópia de todos os contratos celebrados com as empresas Bruanc Montagem Industrial Ltda., CSE Mecânica e Instrumentação Ltda., Eletrotec Alagia Ltda., Freitas e Freitas Automação Ltda., GMS Soldas Ltda., Jostape Montagem Industrial Ltda., Paulo Augusto Wanzeller Ruiz ME., Tratherm Montagem Eletromecânica Industrial Ltda., Service Engenharia da Qualidade Ltda., Darcy Pacheco Soluções de Peso Ltda., Mammoet Irga do Brasil Guindastes Ltda., N.C. Braga & Cia Ltda., Petrobrás S.A. e Scantech do Brasil Soluções Tecnológicas Ltda, nos quais havia previsão expressa de que os custos com alimentação seriam arcados pelo contratante: Fl. 2645DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.646 7 A respeito dos contratos trazidos à colação, anteriormente relacionados, esclareçase que os referentes às empresas CSE MECÂNICA E INSTRUMENTAÇÃO LTDA., ELETROTEC ALAGIA, GMS SOLDAS LTDA., JOSTAPE MONTAGEM INDUSTRIAL LTDA., PAULO AUGUSTO WANZELLER RUIZ – ME, TRATHERM MONTAGEM ELETROMECÂNICA INDUSTRIAL LTDA., SERVICE ENGENHARIA DA QUALIDADE LTDA. e DARCY PACHECO SOLUÇÕES DE PESO LTDA., foram celebrados entre estes e o CONSÓRCIO MARLIM LESTE CML. Assim, não se trata de contratos celebrados pelo consórcio QUIP diretamente com as referidas empresas, mas sim destas com o CONSÓRCIO MARLIM LESTE – CML, o que foi inclusive admitido pela própria contribuinte em sua defesa: 17. A respeito dessas glosas, a Impugnante ressalta que, a partir de uma análise atenta de alguns contratos de prestação de serviços firmados com as empresas listadas no relatório fiscal, verificase a existência de cláusulas específicas estabelecendo como sendo de obrigação da Impugnante e do consórcio por ela contratado o fornecimento de alimentação aos trabalhadores das empresas subcontratadas. 18. Cabe esclarecer que, em razão da complexidade que é a construção de uma plataforma de petróleo, como era o caso da P53 (à época), para determinados serviços específicos, a Impugnante contratou o "Consórcio Marlim Leste CML", que, por sua vez, para determinados serviços, subcontratava outras empresas prestadoras de serviços, sendo certo que nos contratos celebrados pelo referido consórcio com tais empresas subcontratadas havia previsão de fornecimento de alimentação, a qual, em última análise, era fornecida pela Impugnante, visto que os serviços eram todos prestados em seu estabelecimento que, conforme será demonstrado a seguir, localizavase na remota cidade de Rio Grande. Fl. 2646DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.647 8 Diferentemente do alegado pela defesa, no contrato celebrado entre o consórcio QUIP e o consórcio MARLIN LESTE, não há cláusula específica alguma estabelecendo como sendo de obrigação da impugnante o fornecimento de alimentação aos trabalhadores das empresas subcontratadas. As cláusulas existentes nos contratos entre as empresas e o consórcio MARLIN LESTE vinculam apenas este às empresas por ele contratadas, ou seja, não havia obrigação alguma por parte do consórcio QUIP quanto ao fornecimento de alimentação aos trabalhadores das empresas subcontratadas. Assim, a alegação da defesa não é suficiente para considerar dedutíveis tais despesas com alimentação, porquanto, no contrato celebrado entre os consórcios, QUIP e MARLIM LESTE, não há previsão contratual para o fornecimento de alimentação, ainda mais para empresas subcontratadas. Outrossim, esclareçase à defesa, no tocante à afirmação de que a fiscalização considerou que o custo das refeições arcadas pela contribuinte com a alimentação de alguns prestadores de serviço como sendo uma mera liberalidade, que, na verdade, esta alegação partiu da própria contribuinte, em resposta a intimação efetuada no curso do procedimento fiscal, in verbis: Relatório Fiscal 1.6 Com o objetivo de complementar as informações necessárias para comprovar a dedutibilidade dos custos e/ou despesas de alimentação referentes aos trabalhadores com vínculo empregatício com as empresas contratadas, elaboramos o Termo de Intimação nº 3, de 19/06/2013: “2. Considerando que, na mesma resposta, a empresa informou que o custo de alimentação do trabalhador abrange os colaboradores indiretos, bem como apresentou cópia de 14 (quatorze) contratos em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal nº 2, solicitamos: 2.1. seja informado, por contrato, a quantidade de refeições e o correspondente custo/despesa, o valor pago decorrente do contrato e em qual linha da DIPJ/2009 este valor foi informado, na forma do anexo a este Termo de Intimação; 2.2. seja apresentado o contrato de prestação de serviços com a empresa Airmarine Engenharia Ltda, a que se refere o Aditivo nº 1 constante da resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 2; 2.3. seja apresentada a documentação que respalda as deduções pela Quip S/A decorrentes de custos/despesas do contrato celebrado entre Marlim Leste (Consórcio) e CSE Mecânica e Instrumentação Ltda.” 1.7 Na resposta, o contribuinte apresentou os contratos solicitados e a planilha que foi enviada como anexo do Termo de Intimação, acrescentando a seguinte informação .” (vide item 2, fl. 2 do doc. Resposta à Intimação, fls. 850/960 do eprocesso): “2.3 – A empresa disponibiliza, por liberalidade, o mesmo refeitório e alimentação, a todos os colaboradores e subcontratados a fim de nivelar o padrão da alimentação fornecida.” (grifo e negrito nosso) Fl. 2647DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.648 9 Com efeito, quem, por liberalidade, e não por outras questões (contratuais), entendeu por bem disponibilizar o mesmo refeitório e alimentação, a todos os prevendo o fornecimento de alimentação pela Impugnante aos empregados de empresas contratadas para prestação de serviços, não resta qualquer dúvida de que, conforme amplamente demonstrado acima, tais despesas com alimentação são necessárias para o desenvolvimento das atividades da Impugnante (construção de plataforma de petróleo), em razão da remota localização do polo naval de Rio Grande, sendo dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Em síntese, a defesa entende que as despesas com alimentação fornecidas pela empresa seriam necessárias para o pleno desenvolvimento de suas atividades, em razão da remota localização do polo naval de Rio Grande (construção de plataforma de petróleo), sendo assim dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Sobre o assunto, consoante consta do RF, a fiscalização assim relatou: (...) 1.9 Retomando o art. 369 do RIR/1999, que admite como dedutíveis as despesas de alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados, resta clara a impossibilidade de constar na ficha 04A/07 o custo com a alimentação de trabalhadores de empresas contratadas, de forma que nesta ficha deveria constar unicamente o valor constante no item 22 supra, qual seja: R$ 966.124,04 (novecentos e sessenta e seis mil e cento e vinte e quatro reais e quatro centavos). 1.9.1 Não obstante, os custos/despesas necessários para a atividade da empresa podem ser deduzidos, ainda que sob outra rubrica, como exemplo: Custo de Serviços Prestados por Pessoa Jurídica (ficha: 04A/14) e/ou Despesas com a Prestação de Serviço por Pessoa Jurídica (ficha: 05A/04). Para tanto, há que existir previsão contratual que defina tais custos, eis que não são dedutíveis despesas arcadas por mera liberalidade. 1.10 De pronto, verificouse que são indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação dos empregados das contratadas que não constam os correspondentes contratos, tendo em vista que o contribuinte não fez prova da necessidade desses custos/despesas, em que pese ter sido intimado para tanto. São estas: (...) 1.11 Constatouse, também, que o contrato apresentado entre a Quip e o Consórcio Marlim Leste CML (item 2.3 da resposta ao Termo de Intimação nº 3, de 19/06/2013), não prevê, nas obrigações do contratante estabelecidas na sua Cláusula Quarta, o fornecimento de alimentação aos trabalhadores da contratada. Na verdade, o contrato estabelece, de forma expressa, como obrigação da contratada: Fl. 2648DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.649 10 “3.12 Fornecer às suas expensas toda a mãodeobra e apoio requerido para transporte de seu pessoal e demais despesas relativas ao seu pessoal mobilizado nas atividades contratadas.” 1.11.1 Desta forma, também são indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação tanto dos trabalhadores do Consórcio, como de empresas contratadas pelo Consórcio, eis que realizadas por liberalidade. São estas: (...) 1.12 Por fim, não podem ser acatadas como dedutíveis as despesas/custos que não foram identificadas pelo contribuinte. Primeiro, por não ter como identificar o valor gasto por contrato, segundo por sequer termos acesso a todos estes contratos, de forma que não foi comprovada a necessidade desses custos/despesas. (...) 1.13 Consolidando os valores não aceitos, temos o seguinte quadro: (...) 1.14 Acatouse, por outro lado, os custos com alimentação dos trabalhadores do contribuinte, eis que atendidos os requisitos do art. 369 do RIR/1999, antes transcrito. Admitiuse, também, como dedutíveis os custos/despesas com os trabalhadores das prestadoras de serviço: ISI Engenharia e Comercial Ltda e Sória e Lucas Ltda, as quais tinham contratos vigentes no ano de 2008, diretamente com a Quip, estabelecendo como obrigação da contratante o fornecimento de alimentação aos trabalhadores da contratada. 1.14.1 Ainda que admitida a dedutibilidade dos custos/despesas com os trabalhadores das referidas contratadas, há que se registrar que tal possibilidade não decorre do art. 369 do RIR/1999, eis que o dispositivo legal exige que os empregados sejam seus, mas como Prestação de Serviços por Pessoa Jurídica (Linha 04A/14 e 05A04), eis que tal obrigação decorre do contrato firmado, agregandose, para os efeitos tributários decorrentes, tais despesas com alimentação dos trabalhadores da contratada aos demais valores previstos no contrato. 1.14.2 A seguir, identificamos os valores admitidos como custo e/ou despesa. (...) 1.15 Portanto, por força do art. 249 do RIR/1999, parcialmente transcrito no início do tópico, o valor de R$ 5.406.632,88 (cinco milhões e quatrocentos e seis mil e seiscentos e trinta e dois reais e oitenta e oito centavos) deve ser adicionado ao lucro líquido, o que repercute no Imposto de Renda Pessoa Jurídica e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido do período, referente ao período que teve início em 01/01/2008 e se encerrou em 31/12/2008, eis que o contribuinte optou pela apuração anual do imposto. Em suma, a fiscalização considerou indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação dos trabalhadores para os quais não havia cláusula contratual que estabelecesse a obrigação da contribuinte ao fornecimento de alimentação, nos termos do art. 299 do RIR/99. Assim, em Fl. 2649DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.650 11 virtude da ausência de previsão contratual específica, tais custos/despesas foram considerados indedutíveis. Esclareçase à contribuinte que, ainda que haja a necessidade de alimentação, o que é óbvio, para que tal seja considerada custo/despesa dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, deve haver expressa previsão contratual nesse sentido, motivo pelo qual somente foram admitidos pela fiscalização e por este julgador as despesas com alimentação expressamente previstas em contrato, com cláusula específica, obrigando as partes envoltas. Nesses termos, dos contratos trazidos à colação pela defesa, apenas são dedutíveis a título de alimentação os relativos às empresas BRUANC MONTAGEM INDUSTRIAL, MAMMOET IRGA DO BRASIL GUINDASTES LTDA., N.C. Braga & Cia Ltda., PETROBRÁS S.A. e SCANTECH DO BRASIL SOLUÇÕES TECONOLÓGICAS LTDA., conforme quadro a seguir elaborado: Assim, os valores consubstanciados como despesas com alimentação das referidas empresas devem ser deduzidos na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, com a devida correção dos autos de infração (conforme tabela anterior). Fl. 2650DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.651 12 (ii) Da Improcedência do Lançamento de Débitos de IRPJ e de CSLL Devidos a Título de Estimativa Mensal – Indevida Constituição de Débitos Já Confessados e Constituídos pela Impugnante Neste tópico, a defesa alega que os débitos de estimativa mensal de IRPJ/CSLL devidos pela contribuinte no anocalendário 2008, além de terem sido confessados nas Dcomps transmitidas (homologadas parcialmente/não homologadas), foram também declarados em DCTF, já estando, portanto, confessados e definitivamente constituídos quando da lavratura do auto de infração ora impugnado. Prossegue dizendo que, em casos como este, tratandose de tributos sujeitos a lançamento por homologação, e estando o crédito tributário definitivamente constituído pelo próprio contribuinte (declaração em DCTF e em Dcomp), a jurisprudência é uníssona no sentido de ser improcedente o lançamento efetuado visando a cobrança de crédito já passível de execução na via judicial. Traz à colação posicionamentos do CARF e STJ nesse sentido. (...) Sobre o assunto, inicialmente, esclareçase que as decisões administrativas de não homologação das compensações dos débitos das estimativas mensais aqui discutidas permanecem ainda válidas e vigentes, haja vista não terem sido reformadas pela instância imediatamente superior (manifestações de inconformidade julgadas por esta 1ª Turma DRJ/JFA no transcurso do corrente ano, decisões mantidas), e a este órgão julgador falecer competência para reapreciar litígio em discussão em outro processo. Acaso seja reformada aquela decisão pelo CARF (instância superior), haverá a necessária repercussão nos presentes autos, mas até lá deve ser aplicada a decisão administrativa em vigor. Outrossim, esclareçase à impugnante que não podem compor o saldo negativo do período estimativas cujas compensações foram objeto de não homologação, porque o débito (ou sua parcela não compensada, no caso de débito parcialmente homologado) não se encontra mais extinto por compensação (art. 156, II, do CTN), ainda que com exigibilidade suspensa, em face de recurso administrativo interposto, nos termos do art. 151, III do CTN (recursos estes analisados por esta 1ª Turma). Ora, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em cobrança naqueles autos não justifica a adoção de decisão divergente sobre os mesmos fatos. Ademais, apesar do caráter de confissão de dívida da DCOMP, é bastante controvertida a exigibilidade das antecipações devidas a título de estimativas mensais, tanto que há preceitos específicos na Instrução Normativa SRF n.º 93, de 24 de Dezembro de 1997 DOU de 29/12/1997, a prescrever o lançamento de ofício apenas de multa isolada sobre os débitos das estimativas não extintas, afastando, a contrário senso, a possibilidade de lançamento de ofício para cobrança dos débitos de estimativas propriamente ditos. É o que se encontra definido nos arts. 15 e 16 abaixo transcritos: Art. 15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, restringirseá à multa de ofício sobre os valores não recolhidos. Fl. 2651DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.652 13 § 1º As infrações relativas às regras de determinação do lucro real, verificadas nos procedimentos de redução ou suspensão do imposto devido em determinado mês, ensejarão a aplicação da multa de que trata o "caput" sobre o valor indevidamente reduzido ou suspenso. (...) Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: I a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. (grifo nosso) Como a estimativa seria uma mera antecipação do tributo devido a ser apurado ao final do período, o valor mensalmente devido não assumiria a natureza de obrigação tributária e crédito tributário , não sendo passível, conseqüentemente, de lançamento, cobrança e inscrição em Dívida Ativa da União, vez que não atendidos os pressupostos de certeza e liquidez. Apesar de serem instrumentos de confissão de dívida, nem a DCTF, nem a DCOMP, teriam o poder de transformar em crédito tributário, o que tem a natureza de mera antecipação do devido. Disto decorre que, mesmo declarada/confessada a antecipação (estimativa) do tributo como débito em DCTF ou DCOMP, em não sendo paga ou homologada a compensação, ela deve ser tida por inexistente, porque o débito não será passível de cobrança e de inscrição em dívida ativa. Concluise daí que não se deve admitir a inclusão ao saldo negativo do período da estimativa, cuja compensação fora não homologada, antes de regularmente extinta, pelo pagamento, ou pela reforma da decisão administrativa. Nesse sentido, o Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011 menciona que: “... embora para as Dcomp, como acontece também na DCTF, a regra geral seja que os débitos informados são dívida confessada, a própria Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN estabelecem que a estimativa não é tributo devido, logo, não há que se falar em confissão de tributo, vez que não ocorrido o fato gerador. (...) O procedimento a ser adotado por conseqüência da não homologação será a glosa da estimativa não paga no ajuste, com lançamento de redução de saldo credor, concomitante, conforme o caso, com a exigência do saldo de IRPJ (CSLL) a pagar porventura apurado, acrescido de multa de ofício vinculada prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com redação da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Cumulativamente deverá ser cobrada a multa isolada pela falta de pagamento da estimativa estabelecida na alínea ‘b’ do inciso II do art. 44 da mesma lei.” Fl. 2652DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.653 14 Assim, como o lançamento de ofício referese ao IRPJ/CSLL apurados no ajuste anual, e não às antecipações a título de estimativa, estando conforme a legislação supracitada, entendo por correto o feito fiscal, devendo este ser mantido. (iii) Da Inaplicabilidade da Multa Isolada de 50% por Inexistência da Hipótese Legal e por Importar em Concomitância com a Multa de Ofício Aplicada Neste tópico, aduz a defesa que, tendo em vista ter a impugnante apresentado declarações de compensação com vistas a quitar seus débitos de estimativa mensal de IRPJ e de CSLL, resta evidente que a hipótese legal de incidência da multa não se manifestou, não havendo que se falar em ausência de recolhimento. Conforme determina a legislação, ainda que sob condição resolutória, com a apresentação das Dcomps, houve a extinção dos referidos débitos, não havendo que se falar em ausência de recolhimento de tais estimativas mensais, a justificar a aplicação da multa isolada como indevidamente pretendido no auto de infração ora impugnado. Por essa razão, entende não restar dúvida de que deve ser reconhecida a improcedência dessa parcela do lançamento. Alega ainda a defesa que, na eventualidade do argumento anterior ser superado, o que se admite apenas para fins de argumentação, da mesma forma não há como prosperar a exigência da multa isolada conforme pretendida. A esse respeito, como se sabe, já se encontra sedimentado, tanto na jurisprudência quanto na doutrina, o entendimento de que a exigência de multa isolada com base no artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96, demonstrase incoerente e incompatível com o lançamento de ofício no qual há também a apuração do não recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e de CSLL e a sua exigência acrescida de multa de ofício correspondente a 75% do tributo devido, como ocorre na hipótese dos presentes autos. Ou seja, além da cobrança da multa de ofício de 75% em decorrência dos autos de infração de IRPJ e de CSLL, a fiscalização está pretendendo exigir multa isolada de 50% sobre os mesmos valores, unicamente em razão do suposto não recolhimento mensal por estimativa. Logo, é evidente que a exigência da multa isolada de 50% ora questionada importa em imposição de dupla penalidade, verificandose de forma cristalina o tão temido e repudiado bis in idem. Uma vez que a legislação tributária permite que o montante devido por estimativa seja calculado com base em balancete de suspensão ou redução, desde que o contribuinte exerça essa faculdade, numa única ocasião a base de cálculo da multa e a do encerramento do período de apuração serão idênticas, isto é, em dezembro de cada ano, quando deverá haver coincidência entre o resultado apurado no balancete e o das demonstrações financeiras do encerramento do anocalendário. Nos outros meses, não há coincidência de base de cálculo, pois somente no final do ano é que se poderá precisar se o contribuinte teve resultado positivo ou negativo e em que montante. De qualquer forma, o texto legal não condiciona a imposição da multa isolada a que não haja coincidência de base de cálculo, nem exclui esta na Fl. 2653DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.654 15 hipótese de haver lançamento de ofício que exija tributo em virtude da recomposição pela fiscalização da base de cálculo anual. A multa isolada recebe essa denominação apenas por ser exigida separada e independentemente do tributo, tanto que se impõe ainda quando nenhum tributo ao final do período de apuração seja devido, mas o contribuinte tenha deixado de satisfazer o recolhimento por estimativa que lhe tocava efetuar. Tampouco a lei limita a imposição da multa aos casos em que o lançamento de ofício se faz antes do término do período de apuração. Tanto é assim que comina a multa até mesmo na hipótese de o contribuinte ter apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL no ajuste anual. Ora, se o resultado tributário definitivo do contribuinte foi negativo é circunstância que, por necessidade lógica, somente se verifica após o encerramento do período de apuração. Para a autoridade julgadora administrativa de primeira instância, essa conclusão não consiste em mera interpretação, mas tem o caráter de norma vinculante, em virtude do disposto no art. 16 da Instrução Normativa SRF nº 93, de 24.12.1997, transcrito anteriormente. Embora possa eventualmente ocorrer coincidência de base de cálculo, a hipótese de incidência de cada uma das multas é distinta. A da multa isolada é a falta ou insuficiência de recolhimento do tributo devido por estimativa, que deve ser recolhido como antecipação; a da multa proporcional é o lançamento de ofício do tributo efetivamente devido em face do resultado anual. Se não há coincidência de motivação, se as causas são díspares, não cabe falar em duplicidade de punição nem em bis in idem. É por isso também que, havendo simultaneamente falta ou insuficiência do recolhimento das antecipações por estimativa e do saldo devedor apurado no ajuste anual, deverá haver incidência das duas multas. Em virtude do disposto no artigo 1º da Lei nº 9.430, de 1996, o período de apuração padrão do IRPJ e da CSLL tem a duração de um trimestre e o montante dos tributos apurados é recolhido em caráter definitivo. De modo facultativo e condicional, oferecese ao contribuinte a opção pela apuração anual, mas em troca se exige que faça antecipações mensais das duas exações, calculadas com bases estimadas. Se a lei não permitisse impor a multa isolada concomitantemente com a exigência do principal mais a multa proporcional, a exigência dos recolhimentos por estimativa estaria ameaçada ou não seria cumprida. legal que determina a antecipação mensal por estimativa tornarseia letra morta, pois seria sempre mais vantajoso aos contribuintes optantes pela apuração anual esperar até o encerramento do período para levantar o montante do tributo definitivamente devido e só então recolhêlo. Obviamente, a Fazenda Pública seria financeiramente lesada, e sofreriam concorrência desleal os contribuintes que cumprissem rigorosamente as prescrições legais. Pelo exposto, concluise pela manutenção da multa isolada aplicada O contribuinte foi cientificado do resultado do julgamento da impugnação no dia 05/12/2014, em virtude da abertura do correspondente link do Processo Digital, através do Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (vide fls. 2380). Fl. 2654DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.655 16 Inconformada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 2383/2421) em 05/01/2015, pedindo a total improcedência do Auto de Infração lastreando seus fundamentos no que já foi suscitado na impugnação, fazendo contrapontos a decisão recorrida afim de melhor elucidar as questões a serem apreciadas por esta Egrégio Conselho. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa – Relator. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. (i) Da Dedutibilidade das Despesas Incorridas com Alimentação Considerando que a presente discussão se refere à dedutibilidade de despesas incorridas pela contribuinte, é de suma importância relembrarmos, logo de início, a regra principal e geral relacionada à dedução de despesas da pessoa jurídica, que é o art. 299 do RIR/99 que assim dispõe: Despesas Necessárias Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 47). § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 47, § 1º). § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 47, § 2º). § 3º O disposto neste artigo aplicase também às gratificações pagas aos empregados, seja qual for a designação que tiverem. Art. 300. Aplicamse aos custos e despesas operacionais as disposições sobre dedutibilidade de rendimentos pagos a terceiros (Lei nº 4.506, de 1964, artigo 45, § 2º). É importante adotar o art. 299 do RIR/99 como ponto de partida da análise do presente caso, vez que a autuação fiscal decorre do entendimento da Fiscalização de que grande parte das despesas incorridas pela Recorrente não são necessárias e, portanto, não podem ser deduzidas, uma vez que a contribuinte não estava obrigada contratualmente a arcar com os referidos gastos. O Parecer Normativo CST nº 32/81 traz também importante contribuição para a análise do presente caso, ao definir que um gasto será necessário "quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades, principais ou acessórias, que estejam vinculadas com as fontes produtoras dos rendimentos". Fl. 2655DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.656 17 No tocante à normalidade, o mencionado Parecer Normativo esclarece que despesa normal é "aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária". Ainda em relação à normalidade, temos os aspectos qualitativo e quantitativo a analisar. Do ponto de vista qualitativo, a despesa normal é aquela que tem incontestável relação com as atividades da empresa. Do ponto de vista quantitativo, a normalidade se refere à razoabilidade do valor da despesa em às condições de mercado em determinado local e período (época). Diante dessas definições, resta claro mais uma vez que não se encontra em discussão a normalidade da despesa (nem tampouco sua comprovação), mas sua necessidade. Este é o cerne da questão: a necessidade das despesas incorridas pela Recorrente em sua forma e essência, vez que a respectiva comprovação (notas fiscais, registros contábeis, efetiva prestação dos serviços) e normalidade em relação às atividades da Recorrente não foram contestadas na sua integralidade. Somente em relação a quantia de R$ 1.346.517,56 a fiscalização entendeu ser indedutível porque o contribuinte não identificou tais despesas por contrato, bem como pelo fato da fiscalização não tido acesso a tais contratos. Pois bem, fixadas tais premissas passaremos a análise do caso. A decisão recorrida assim se pronunciou sobre a questão: Em anexo à peça de defesa apresentada, com o fito de comprovar a necessidade das despesas glosadas e afastar de uma vez por todas qualquer dúvida sobre a sua dedutibilidade, foram juntadas cópia de todos os contratos celebrados com as empresas Bruanc Montagem Industrial Ltda., CSE Mecânica e Instrumentação Ltda., Eletrotec Alagia Ltda., Freitas e Freitas Automação Ltda., GMS Soldas Ltda., Jostape Montagem Industrial Ltda., Paulo Augusto Wanzeller Ruiz ME., Tratherm Montagem Eletromecânica Industrial Ltda., Service Engenharia da Qualidade Ltda., Darcy Pacheco Soluções de Peso Ltda., Mammoet Irga do Brasil Guindastes Ltda., N.C. Braga & Cia Ltda., Petrobrás S.A. e Scantech do Brasil Soluções Tecnológicas Ltda, nos quais havia previsão expressa de que os custos com alimentação seriam arcados pelo contratante: Fl. 2656DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.657 18 A respeito dos contratos trazidos à colação, anteriormente relacionados, esclareçase que os referentes às empresas CSE MECÂNICA E INSTRUMENTAÇÃO LTDA., ELETROTEC ALAGIA, GMS SOLDAS LTDA., JOSTAPE MONTAGEM INDUSTRIAL LTDA., PAULO AUGUSTO WANZELLER RUIZ – ME, TRATHERM MONTAGEM ELETROMECÂNICA INDUSTRIAL LTDA., SERVICE ENGENHARIA DA QUALIDADE LTDA. e DARCY PACHECO SOLUÇÕES DE PESO LTDA., foram celebrados entre estes e o CONSÓRCIO MARLIM LESTE CML. Assim, não se trata de contratos celebrados pelo consórcio QUIP diretamente com as referidas empresas, mas sim destas com o CONSÓRCIO MARLIM LESTE – CML, o que foi inclusive admitido pela própria contribuinte em sua defesa: 17. A respeito dessas glosas, a Impugnante ressalta que, a partir de uma análise atenta de alguns contratos de prestação de serviços firmados com as empresas listadas no relatório fiscal, verificase a existência de cláusulas específicas estabelecendo como sendo de obrigação da Impugnante e do consórcio por ela contratado o fornecimento de alimentação aos trabalhadores das empresas subcontratadas. 18. Cabe esclarecer que, em razão da complexidade que é a construção de uma plataforma de petróleo, como era o caso da P53 (à época), para determinados serviços específicos, a Impugnante contratou o "Consórcio Marlim Leste CML", que, por sua vez, para determinados serviços, subcontratava outras empresas prestadoras de serviços, sendo certo que nos contratos celebrados pelo referido consórcio com tais empresas subcontratadas havia previsão de fornecimento de alimentação, a qual, em Fl. 2657DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.658 19 última análise, era fornecida pela Impugnante, visto que os serviços eram todos prestados em seu estabelecimento que, conforme será demonstrado a seguir, localizavase na remota cidade de Rio Grande. Diferentemente do alegado pela defesa, no contrato celebrado entre o consórcio QUIP e o consórcio MARLIN LESTE, não há cláusula específica alguma estabelecendo como sendo de obrigação da impugnante o fornecimento de alimentação aos trabalhadores das empresas subcontratadas. As cláusulas existentes nos contratos entre as empresas e o consórcio MARLIN LESTE vinculam apenas este às empresas por ele contratadas, ou seja, não havia obrigação alguma por parte do consórcio QUIP quanto ao fornecimento de alimentação aos trabalhadores das empresas subcontratadas. Assim, a alegação da defesa não é suficiente para considerar dedutíveis tais despesas com alimentação, porquanto, no contrato celebrado entre os consórcios, QUIP e MARLIM LESTE, não há previsão contratual para o fornecimento de alimentação, ainda mais para empresas subcontratadas. Outrossim, esclareçase à defesa, no tocante à afirmação de que a fiscalização considerou que o custo das refeições arcadas pela contribuinte com a alimentação de alguns prestadores de serviço como sendo uma mera liberalidade, que, na verdade, esta alegação partiu da própria contribuinte, em resposta a intimação efetuada no curso do procedimento fiscal, in verbis: Relatório Fiscal 1.6 Com o objetivo de complementar as informações necessárias para comprovar a dedutibilidade dos custos e/ou despesas de alimentação referentes aos trabalhadores com vínculo empregatício com as empresas contratadas, elaboramos o Termo de Intimação nº 3, de 19/06/2013: “2. Considerando que, na mesma resposta, a empresa informou que o custo de alimentação do trabalhador abrange os colaboradores indiretos, bem como apresentou cópia de 14 (quatorze) contratos em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal nº 2, solicitamos: 2.1. seja informado, por contrato, a quantidade de refeições e o correspondente custo/despesa, o valor pago decorrente do contrato e em qual linha da DIPJ/2009 este valor foi informado, na forma do anexo a este Termo de Intimação; 2.2. seja apresentado o contrato de prestação de serviços com a empresa Airmarine Engenharia Ltda, a que se refere o Aditivo nº 1 constante da resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 2; 2.3. seja apresentada a documentação que respalda as deduções pela Quip S/A decorrentes de custos/despesas do contrato celebrado entre Marlim Leste (Consórcio) e CSE Mecânica e Instrumentação Ltda.” 1.7 Na resposta, o contribuinte apresentou os contratos solicitados e a planilha que foi enviada como anexo do Termo de Intimação, Fl. 2658DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.659 20 acrescentando a seguinte informação .” (vide item 2, fl. 2 do doc. Resposta à Intimação, fls. 850/960 do eprocesso): “2.3 – A empresa disponibiliza, por liberalidade, o mesmo refeitório e alimentação, a todos os colaboradores e subcontratados a fim de nivelar o padrão da alimentação fornecida.” (grifo e negrito nosso) Com efeito, quem, por liberalidade, e não por outras questões (contratuais), entendeu por bem disponibilizar o mesmo refeitório e alimentação, a todos os prevendo o fornecimento de alimentação pela Impugnante aos empregados de empresas contratadas para prestação de serviços, não resta qualquer dúvida de que, conforme amplamente demonstrado acima, tais despesas com alimentação são necessárias para o desenvolvimento das atividades da Impugnante (construção de plataforma de petróleo), em razão da remota localização do polo naval de Rio Grande, sendo dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Em síntese, a defesa entende que as despesas com alimentação fornecidas pela empresa seriam necessárias para o pleno desenvolvimento de suas atividades, em razão da remota localização do polo naval de Rio Grande (construção de plataforma de petróleo), sendo assim dedutíveis na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, nos termos do artigo 299 do RIR/99. Sobre o assunto, consoante consta do RF, a fiscalização assim relatou: (...) 1.9 Retomando o art. 369 do RIR/1999, que admite como dedutíveis as despesas de alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados, resta clara a impossibilidade de constar na ficha 04A/07 o custo com a alimentação de trabalhadores de empresas contratadas, de forma que nesta ficha deveria constar unicamente o valor constante no item 22 supra, qual seja: R$ 966.124,04 (novecentos e sessenta e seis mil e cento e vinte e quatro reais e quatro centavos). 1.9.1 Não obstante, os custos/despesas necessários para a atividade da empresa podem ser deduzidos, ainda que sob outra rubrica, como exemplo: Custo de Serviços Prestados por Pessoa Jurídica (ficha: 04A/14) e/ou Despesas com a Prestação de Serviço por Pessoa Jurídica (ficha: 05A/04). Para tanto, há que existir previsão contratual que defina tais custos, eis que não são dedutíveis despesas arcadas por mera liberalidade. 1.10 De pronto, verificouse que são indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação dos empregados das contratadas que não constam os correspondentes contratos, tendo em vista que o contribuinte não fez prova da necessidade desses custos/despesas, em que pese ter sido intimado para tanto. São estas: (...) 1.11 Constatouse, também, que o contrato apresentado entre a Quip e o Consórcio Marlim Leste CML (item 2.3 da resposta ao Termo de Fl. 2659DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.660 21 Intimação nº 3, de 19/06/2013), não prevê, nas obrigações do contratante estabelecidas na sua Cláusula Quarta, o fornecimento de alimentação aos trabalhadores da contratada. Na verdade, o contrato estabelece, de forma expressa, como obrigação da contratada: “3.12 Fornecer às suas expensas toda a mãodeobra e apoio requerido para transporte de seu pessoal e demais despesas relativas ao seu pessoal mobilizado nas atividades contratadas.” 1.11.1 Desta forma, também são indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação tanto dos trabalhadores do Consórcio, como de empresas contratadas pelo Consórcio, eis que realizadas por liberalidade. São estas: (...) 1.12 Por fim, não podem ser acatadas como dedutíveis as despesas/custos que não foram identificadas pelo contribuinte. Primeiro, por não ter como identificar o valor gasto por contrato, segundo por sequer termos acesso a todos estes contratos, de forma que não foi comprovada a necessidade desses custos/despesas. (...) 1.13 Consolidando os valores não aceitos, temos o seguinte quadro: (...) 1.14 Acatouse, por outro lado, os custos com alimentação dos trabalhadores do contribuinte, eis que atendidos os requisitos do art. 369 do RIR/1999, antes transcrito. Admitiuse, também, como dedutíveis os custos/despesas com os trabalhadores das prestadoras de serviço: ISI Engenharia e Comercial Ltda e Sória e Lucas Ltda, as quais tinham contratos vigentes no ano de 2008, diretamente com a Quip, estabelecendo como obrigação da contratante o fornecimento de alimentação aos trabalhadores da contratada. 1.14.1 Ainda que admitida a dedutibilidade dos custos/despesas com os trabalhadores das referidas contratadas, há que se registrar que tal possibilidade não decorre do art. 369 do RIR/1999, eis que o dispositivo legal exige que os empregados sejam seus, mas como Prestação de Serviços por Pessoa Jurídica (Linha 04A/14 e 05A04), eis que tal obrigação decorre do contrato firmado, agregandose, para os efeitos tributários decorrentes, tais despesas com alimentação dos trabalhadores da contratada aos demais valores previstos no contrato. 1.14.2 A seguir, identificamos os valores admitidos como custo e/ou despesa. (...) 1.15 Portanto, por força do art. 249 do RIR/1999, parcialmente transcrito no início do tópico, o valor de R$ 5.406.632,88 (cinco milhões e quatrocentos e seis mil e seiscentos e trinta e dois reais e oitenta e oito centavos) deve ser adicionado ao lucro líquido, o que repercute no Imposto de Renda Pessoa Jurídica e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido do período, referente ao período que teve início em 01/01/2008 e Fl. 2660DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.661 22 se encerrou em 31/12/2008, eis que o contribuinte optou pela apuração anual do imposto. Em suma, a fiscalização considerou indedutíveis os custos/despesas realizados com alimentação dos trabalhadores para os quais não havia cláusula contratual que estabelecesse a obrigação da contribuinte ao fornecimento de alimentação, nos termos do art. 299 do RIR/99. Assim, em virtude da ausência de previsão contratual específica, tais custos/despesas foram considerados indedutíveis. Esclareçase à contribuinte que, ainda que haja a necessidade de alimentação, o que é óbvio, para que tal seja considerada custo/despesa dedutível na apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, deve haver expressa previsão contratual nesse sentido, motivo pelo qual somente foram admitidos pela fiscalização e por este julgador as despesas com alimentação expressamente previstas em contrato, com cláusula específica, obrigando as partes envoltas. Nesses termos, dos contratos trazidos à colação pela defesa, apenas são dedutíveis a título de alimentação os relativos às empresas BRUANC MONTAGEM INDUSTRIAL, MAMMOET IRGA DO BRASIL GUINDASTES LTDA., N.C. Braga & Cia Ltda., PETROBRÁS S.A. e SCANTECH DO BRASIL SOLUÇÕES TECONOLÓGICAS LTDA., conforme quadro a seguir elaborado: (Grifei) Com a devida vênia a decisão recorrida, entendo que a falta de disposição contratual acerca do fornecimento de alimentação ao trabalhador terceirizado não é fato suficiente para enquadrar a despesa como indedutivel, pois conforme dito anteriormente, resta claro, mais uma vez, que não se encontra em discussão a normalidade da despesa (nem tampouco sua comprovação), mas sua necessidade. Este é o cerne da questão: a necessidade das despesas incorridas pela Recorrente em sua forma e essência, vez que a respectiva comprovação (notas fiscais, registros contábeis, efetiva prestação dos serviços) e normalidade em relação às atividades da Recorrente não foram contestadas na sua integralidade. Da leitura do art. 299 do RIR/99 dessumese que a análise da dedutibilidade das despesas operacionais há que se levar em consideração a atividade desenvolvida pela empresa, consistente na verificação da necessidade das despesas para o exercício de suas atividades e manutenção da fonte produtora, análise que em determinados casos revelase tarefa complexas por envolver aspectos subjetivos. Fl. 2661DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.662 23 Assim, as despesas ora discutidas podem não satisfazer os requisitos de dedutibilidade para efeitos fiscais, da normalidade, da usualidade e da necessidade, para a maioria das empresas, meramente a título exemplificativo, siderúrgicas, mineradoras, hipermercados, hospitais, de transportes, serviços de saúde, impondose aquilatar, previamente as atividades desenvolvidas de modo a se identificar as despesas típicas e necessárias à consecução dos objetivos sociais de cada empresa. No caso dos autos, como afirmado pela recorrente no seu Recurso Voluntário (fls.2383/2421), ainda que não haja qualquer cláusula contratual prevendo que uma despesa seja arcada por determinada pessoa jurídica, mas seja comprovada a efetividade de tal despesa, assim como a sua usualidade, normalidade e necessidade para garantir o desenvolvimento da fonte produtora da pessoa jurídica, não resta dúvida de que se trata efetivamente de uma despesa dedutível. Por estas razões, dou PARCIAL provimento ao recurso voluntário, mantendo a glosa de despesa somente em relação a quantia de R$ 1.346.517,56. (ii) Da Cobrança de Estimativa em Virtude da Não Homologação/Homologação Parcial de PERDCOMP´S Segundo o Relatório Fiscal (fls. 146/149 dos autos) os valores compensados e não homologados a título de estimativa devem ser considerados como não antecipados ao final do período de apuração, em 31/12/2008 no presente caso, eis que o contribuinte optou pela apuração anual do imposto, gerando o lançamento de IRPJ no valor de R$ 1.307.480,36 (um milhão e trezentos e sete mil e quatrocentos e oitenta reais e trinta e seis centavos) e R$ 1.185.271,01 (um milhão, cento e oitenta e cinco mil e duzentos e setenta e um reais e um centavo), a título de CSLL. A decisão recorrida corrobora com esse entendimento, afirmando que: “não podem compor o saldo negativo do período estimativas cujas compensações foram objeto de não homologação, porque o débito (ou sua parcela não compensada, no caso de débito parcialmente homologado) não se encontra mais extinto por compensação (art. 156, II, do CTN), ainda que com exigibilidade suspensa, em face de recurso administrativo interposto, nos termos do art. 151, III do CTN (recursos estes analisados por esta 1ª Turma). Ora, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em cobrança naqueles autos não justifica a adoção de decisão divergente sobre os mesmos fatos.” Ademais, apesar do caráter de confissão de dívida da DCOMP, é bastante controvertida a exigibilidade das antecipações devidas a título de estimativas mensais, tanto que há preceitos específicos na Instrução Normativa SRF n.º 93, de 24 de Dezembro de 1997 DOU de 29/12/1997, a prescrever o lançamento de ofício apenas de multa isolada sobre os débitos das estimativas não extintas, afastando, a contrário senso, a possibilidade de lançamento de ofício para cobrança dos débitos de estimativas propriamente ditos. (...) Fl. 2662DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.663 24 Como a estimativa seria uma mera antecipação do tributo devido a ser apurado ao final do período, o valor mensalmente devido não assumiria a natureza de obrigação tributária e crédito tributário, não sendo passível, conseqüentemente, de lançamento, cobrança e inscrição em Dívida Ativa da União, vez que não atendidos os pressupostos de certeza e liquidez. Apesar de serem instrumentos de confissão de dívida, nem a DCTF, nem a DCOMP, teriam o poder de transformar em crédito tributário, o que tem a natureza de mera antecipação do devido. Disto decorre que, mesmo declarada/confessada a antecipação (estimativa) do tributo como débito em DCTF ou DCOMP, em não sendo paga ou homologada a compensação, ela deve ser tida por inexistente, porque o débito não será passível de cobrança e de inscrição em dívida ativa. Concluise daí que não se deve admitir a inclusão ao saldo negativo do período da estimativa, cuja compensação fora não homologada, antes de regularmente extinta, pelo pagamento, ou pela reforma da decisão administrativa. Nesse sentido, o Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011 menciona que: “... embora para as Dcomp, como acontece também na DCTF, a regra geral seja que os débitos informados são dívida confessada, a própria Lei nº 9.430, de 1996, e o CTN estabelecem que a estimativa não é tributo devido, logo, não há que se falar em confissão de tributo, vez que não ocorrido o fato gerador. (...) O procedimento a ser adotado por conseqüência da não homologação será a glosa da estimativa não paga no ajuste, com lançamento de redução de saldo credor, concomitante, conforme o caso, com a exigência do saldo de IRPJ (CSLL) a pagar porventura apurado, acrescido de multa de ofício vinculada prevista no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, com redação da Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Cumulativamente deverá ser cobrada a multa isolada pela falta de pagamento da estimativa estabelecida na alínea ‘b’ do inciso II do art. 44 da mesma lei.” Assim, como o lançamento de ofício referese ao IRPJ/CSLL apurados no ajuste anual, e não às antecipações a título de estimativa, estando conforme a legislação supracitada, entendo por correto o feito fiscal, devendo este ser mantido. Para uma melhor elucidação dos fatos, notadamente para sabermos se estamos falando de lançamento de ofício para a cobrança de valores apurados no ajuste anual ou para cobrança de antecipações a título de estimativa, colacionamos abaixo trecho do Relatório Fiscal (fls. 148): Fl. 2663DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.664 25 Vêse claramente que os valores lançados pela fiscalização dizem respeito a estimativas que foram compensadas ao longo do ano de 2008 pela recorrente e que não foram homologadas ou homologadas parcialmente quando da análise das suas PERDCOMp´s. O entendimento da decisão recorrida vai no sentido de que somente as estimativas que tiveram seus PERDCOMP´s homologados é que podem ser utilizados para compor o saldo do IRPJ e CSLL do ajuste anual, pois caso esse não seja o entendimento adotado “mesmo declarada/confessada a antecipação (estimativa) do tributo como débito em DCTF ou DCOMP, em não sendo paga ou homologada a compensação, ela deve ser tida por inexistente, porque o débito não será passível de cobrança e de inscrição em dívida ativa.” Discordamos de tal entendimento. Isso porque, a eventual não homologação significaria uma cobrança em duplicidade contra o contribuinte, a primeira ocorreria em relação ao próprio processo que está discutindo o direito creditório de Fl. 2664DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.665 26 determinado valor compor o saldo negativo do IRPJ e a segunda ao débito compensado através da DCOMP. Neste sentido, caso o contribuinte tenha o seu recurso administrativo julgado improcedente e se torne inadimplente a posteriori, certamente ficará sujeito à competente Execução Fiscal do débito confessado e não pago. Daí a conclusão que, caso o contribuinte esteja discutindo o seu direito creditório perante o fisco (da estimativa) e não possa, seja antes, durante ou depois dessa discussão, compensar tal valor como parte integrante do seu ajuste anual de outro período de apuração, restará prejudicado em seu direito. Por outro lado, caso deixe de pagar a estimativa e também seja impedido de compensar o valor confessado como estimativa, será chamado a pagar um débito de um tributo que, ao final, fora apurado como indevido. Vejamos o que diz a Solução de Consulta Interna (SCI) n. 18/2006: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Estimativas. Compensação. Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF). Inscrição em Dívida Ativa da União (DAU). Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. 12. No que se refere à compensação não homologada, inicialmente cabe ressaltar que o crédito tributário concernente à estimativa é extinto, sob condição resolutória, por ocasião da declaração da compensação, nos termos do disposto no § 2º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, e, nesse sentido, não cabe o lançamento da multa isolada pela falta do pagamento de estimativa. 12.1 Por conseguinte, aos valores relativos às compensações não homologadas importa aplicar os procedimentos cabíveis estabelecidos na Instrução Normativa SRF nº 600, de 2005, como abaixo exposto: 12.1.1 no prazo de 30 dias contados da ciência da não homologação da compensação, o contribuinte poderá recolher as estimativas acrescidas de juros equivalentes à taxa Selic para títulos federais ou apresentar manifestação de inconformidade contra tal decisão; 12.1.2 não havendo pagamento ou manifestação de inconformidade, o débito relativo às estimativas deve ser encaminhado para inscrição em Dívida Ativa da União, com base na Dcomp (confissão de dívida); 12.1.3 nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, aplicasse a multa isolada prevista no art. 18 da Lei nº 10.833, de 29 de janeiro de 2003; 12.1.4 Assim sendo, no ajuste anual do Imposto sobre a Renda, para efeitos de apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo Fl. 2665DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.666 27 na DIPJ, não cabe efetuar a glosa dessas estimativas, objeto de compensação não homologada. 12.1.4 Assim sendo, no ajuste anual do Imposto sobre a Renda, para efeitos de apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo na DIPJ, não cabe efetuar a glosa dessas estimativas, objeto de compensação não homologada." (grifos aditados) Vejamos ainda, precedente do CARF neste mesmo sentido (acórdão 1801001.616 da 1ª Turma Especial da 1° Seção de Julgamento): "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004 PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO DE CSLL. ESTIMATIVAS PARCELADAS. UTILIZAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DA CSLL AO FINAL DO PERÍODO. POSSIBILIDADE. Na declaração de compensação, com crédito de saldo negativo de CSLL, cabe computar estimativas de CSLL, confessadas e cobradas em processo de parcelamento, eis que a decisão de não homologação implicaria dupla cobrança da mesma dívida: a estimativa no processo de parcelamento e o débito no processo de Per/Dcomp." Diante do exposto, julgo procedente o Recurso Voluntário quanto a este ponto. (iii) Da Aplicação da Multa Isolada sobre Estimativas Em decorrência do que já foi defendido acima, entendo que não podem ser exigidas as multas isoladas aqui debatidas, pois as bases de incidências são as mesmas das estimativas exigidas pela fiscalização, conforme pode ser visualizado por meio da análise das tabelas constantes do Relatório de Fiscalização (fls. 150/151). Fl. 2666DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.667 28 Ademais, ainda que as referidas DComp não tenham sido homologadas, os valores nelas confessados devem ser considerados na apuração do saldo do período de apuração, não cabendo a aplicação de multa isolada no caso em apreço. É este o entendimento da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme Acórdão nº 9101002.493 (Relator Marco Aurélio Pereira Valadão, julgado em 23 de novembro de 2016): "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM PER/DCOMP. DESCABIMENTO. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Pedido de Fl. 2667DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.668 29 Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na Declaração de Informações Econômico fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ)." Tal entendimento é amparado pelo posicionamento da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) expresso no Parecer PGFN/CAT nº 88/2014: "Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei no 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança." Isto posto, voto por DAR provimento ao recurso voluntário do contribuinte quanto a este ponto. Conclusão Por todo o exposto, voto pelo provimento PARCIAL do Recurso Voluntário, mantendose a presente exigência somente em relação a glosa de despesa realizada pela fiscalização na quantia de R$ 1.346.517,56, nos termos do quadro abaixo: É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Fl. 2668DF CARF MF Processo nº 11040.721307/201311 Acórdão n.º 1302002.308 S1C3T2 Fl. 2.669 30 Fl. 2669DF CARF MF
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