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Numero do processo: 13433.001065/2009-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2003
MULTA REGULAMENTAR. INFORMAÇÃO FALSA. CABIMENTO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA DECADÊNCIA
Nos termos do § 3º do art. 86 da Lei nº 8.981, de 1995 a fonte pagadora que prestar informação falsa sobre rendimentos pagos, deduções ou imposto retido na fonte, será aplicada multa de trezentos por cento sobre o valor que for indevidamente utilizável, como redução do Imposto de Renda a pagar ou aumento do imposto a restituir ou compensar, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais.
O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Como a realização do lançamento ocorreu após o prazo, restou configurada a decadência.
Numero da decisão: 2401-006.126
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário devido à decadência.
(Assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier (Presidente). Ausentes as Conselheiras Luciana Matos Pereira Barbosa e Marialva de Castro Calabrich Schlucking.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2003 MULTA REGULAMENTAR. INFORMAÇÃO FALSA. CABIMENTO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA DECADÊNCIA Nos termos do § 3º do art. 86 da Lei nº 8.981, de 1995 a fonte pagadora que prestar informação falsa sobre rendimentos pagos, deduções ou imposto retido na fonte, será aplicada multa de trezentos por cento sobre o valor que for indevidamente utilizável, como redução do Imposto de Renda a pagar ou aumento do imposto a restituir ou compensar, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Como a realização do lançamento ocorreu após o prazo, restou configurada a decadência.
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INFORMAÇÃO FALSA. CABIMENTO. EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELA DECADÊNCIA Nos termos do § 3º do art. 86 da Lei nº 8.981, de 1995 a fonte pagadora que prestar informação falsa sobre rendimentos pagos, deduções ou imposto retido na fonte, será aplicada multa de trezentos por cento sobre o valor que for indevidamente utilizável, como redução do Imposto de Renda a pagar ou aumento do imposto a restituir ou compensar, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Como a realização do lançamento ocorreu após o prazo, restou configurada a decadência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário devido à decadência. (Assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 43 3. 00 10 65 /2 00 9- 71 Fl. 1771DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier (Presidente). Ausentes as Conselheiras Luciana Matos Pereira Barbosa e Marialva de Castro Calabrich Schlucking. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife PE (DRJ/REC) que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo o Crédito Tributário exigido, conforme ementa do Acórdão nº 1129.610 (fls. 1683/1687): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2003 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. É cabível, por disposição literal de lei, a incidência da multa no percentual de 300%, sobre o valor indevidamente utilizável em decorrência de apresentação de falsa Declaração de Imposto Retido na Fonte. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O presente processo trata de Auto de Infração (fls. 1650/1652), lavrado contra o Contribuinte em 23/11/2009, relativo ao anocalendário 2003, decorrente da apresentação de Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRPF) fato gerador em 16/06/2003, no qual é exigido o recolhimento da Multa Regulamentar no valor de R$ 1.420.426,80, passível de redução. De acordo com o Relatório Fiscal (fls. 1656/1662): 1. A DIRF do Exercício 2003 / Ano Calendário 2002 da Câmara Municipal de Serra do Mel é falsa e o responsável pelo preenchimento da DIRF foi o contador Sérgio Luiz Lobato; 2. O Contribuinte transmitiu a DIRF da Câmara Municipal da Serra do Mel com informações de rendimentos e imposto de renda retido na fonte falsos, propiciando a existência das DIRF inverídica; 3. Em função da falsa DIRF foram enviadas 104 Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, Exercício 2003/Anocalendário 2002, com imposto a restituir de R$ 4.552,65, cada, totalizando o valor de R$ 473.475,60 de imposto restituído indevidamente; Fl. 1772DF CARF MF Processo nº 13433.001065/200971 Acórdão n.º 2401006.126 S2C4T1 Fl. 3 3 4. Diante destes fatos foi aplicada a penalidade prevista no § 3° da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995, culminado com a lavratura do Auto de Infração de Multa Regulamentar por informação falsa sobre rendimentos pagos, deduções ou imposto retido na fonte, no valor de 300% do total restituído indevidamente, qual seja, R$ 1.420.426,80; 5. Aplicase ao caso em tela o art. 150, § 4° do Código Tributário Nacional, no que se refere ao prazo decadencial para constituição do Crédito Tributário. O Contribuinte foi cientificado do Auto de Infração, via Correio, em 24/11/2009 (AR fl. 1664) e, em 23/12/2009, apresentou sua Impugnação de fls. 1665/1667. O Processo foi encaminhado à DRJ/REC para julgamento, onde, através do Acórdão nº 1129.610, em 29/04/2010 a 1ª Turma resolveu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a impugnação, mantendo o Credito Tributário. na sua integralidade. O Contribuinte tomou ciência do Acórdão da DRJ/REC, via Correio (AR fl. 1690), em 14/09/2010 e, inconformado com a decisão prolatada, em 15/10/2010, tempestivamente, apresentou seu RECURSO VOLUNTÁRIO de fls. 1692/1693, por meio da qual contesta o lançamento e, em síntese, argumenta: 1. Preliminarmente, que os procedimentos por ele adotados resumese única e exclusivamente à transmissão da DIRF e que em nenhum momento teve a intenção de burlar o Fisco Federal até porque não obteve nenhuma vantagem com os procedimentos descritos; 2. No mérito solicita que seja feita uma análise apurada das peças já acostadas nos autos na certeza de que já são suficientes para subsidiar uma decisão que reforme o Acórdão da DRJ/REC recorrido. Finaliza seu RV requerendo o cancelamento do débito fiscal reclamado. É o relatório. Voto Conselheiro Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Fl. 1773DF CARF MF 4 Mérito Segundo o Relatório Fiscal, o dossiê sobre a fraude no Imposto de Renda Pessoa Física Retido na Fonte apontou a necessidade de procedimento de fiscalização em relação aos beneficiários de diversas Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF), apresentadas em nome da Câmara Municipal Serra do Mel, tendo em vista indícios de que tais declarações haviam sido apresentadas pelo então contador responsável, Sérgio Luiz Lobato, com informações falsas, de forma a gerar restituições indevidas. Após ser intimada para apresentação de documentos acerca dos contratos de prestação de serviços (com ou sem vínculo empregatício) referentes ao ano calendário 2002 para as pessoas relacionadas na lista de fls. 11/13, notas de empenho recibos e autorização de crédito em conta corrente e dotação orçamentária, a Câmara Municipal Serra do Mel prestou os esclarecimentos às fl. 25 asseverando o seguinte: (i) que em consultas realizadas nas pastas de registros contábeis pretéritos da Casa Legislativa, não localizou nenhum pagamento em todo o decorrer do exercício financeiro de 2002, tendo como credores as pessoas físicas relacionadas na LISTA 1 da solicitação fiscal; (ii) Informou que o contador da Casa Legislativa, responsável pela contabilidade no exercício era o Sr. Sérgio Luiz Lobato; (iii) que em consulta aos registros contábeis pretéritos, verificouse que o total da dotação orçamentária, atinente ao repasse do Município para a Câmara Municipal relativo ao exercício de 2002 foi de R$ 202.020,84(duzentos e dois mil, vinte reais e oitenta e quatro centavos), de uma previsão anual constante na Lei Orçamentária Anual (LOA) de RS 28l.000,00(duzentos e oitenta e hum mil reais). A partir da auditoria fiscal, constatouse que os contribuintes listados da DIRF e que receberam a restituição de Imposto de Renda, não tiveram vínculo empregatício e/ou de outra natureza com a Câmara Municipal de Serra do Mel, bem como que o valor total de rendimentos informado na DIRF é incoerente com o orçamento da Câmara, tendo em vista que para o ano em questão, a DIRF registra rendimentos totais de R$ 2.783.040,00 (dois milhões, setecentos e oitenta e três mil e quarenta reais), quando o total da dotação orçamentária, do repasse do Município para a Câmara Municipal relativo ao exercício de 2002 foi de R$ 202.020,84 (duzentos e dois mil, vinte reais e oitenta e quatro centavos), além do que, não existe essa padronização constante na DIRF em que todos receberam da Câmara Municipal o valor de R$ 26.760,00 e, igualmente, todos tiveram restituição no valor de R$ 4.552,65, valores constantes no sistema da Receita Federal do Brasil. Conforme se verifica das respostas das intimações e demais documentos adunados aos autos, os contribuintes listados na DIRF, Exercício 2003/Ano Calendário 2002, não tiveram vínculo empregatício e/ou de outra natureza com a Câmara Municipal de Serra do Mel. Percebese claramente que o valor total de rendimentos informado na DIRF é totalmente incompatível com o orçamento da Câmara Municipal, que para o ano em questão, enquanto nas DIRF são declarados rendimentos totais de R$ 2.783.040,00, a Câmara Municipal informou que o total da dotação orçamentária, que se configura no repasse do Município para a casa legislativa, no exercício de 2002, foi de R$ 202.020,84 do total da previsão anual da Lei Fl. 1774DF CARF MF Processo nº 13433.001065/200971 Acórdão n.º 2401006.126 S2C4T1 Fl. 4 5 Orçamentária Anual (LOA) de R$ 281.000,00 (fl. 25), nos limites em que preceitua a Constituição Federal nos seguintes termos: Art. 29A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 25, de 2000) I 7% (sete por cento) para Municípios com população de até 100.000 (cem mil) habitantes; (Redação dada pela Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009) Conforme informações prestadas nos autos, nenhum dos vereadores eleitos no ano de 2000 com mandato até o ano calendário 2004, está relacionado na DIRF (1266/1267). Conforme documento às fls. 1373/1375, existe absoluta padronização no valor dos rendimentos (R$ 26.760,00) e valor das restituições (R$ 4.552,65) do Imposto de Renda das 104 pessoas físicas declaradas na DIRF da Câmara Municipal, o que é pouco acreditável. De acordo com as informações prestadas pela Câmara Municipal, o contador responsável pela contabilidade no exercício objeto da autuação, era o Sr. Sérgio Luiz Lobato, que era responsável pelo preenchimento, transmissão e retificação das DIRF´s (fls. 1376/1387). Por bem demonstrar os fatos ocorridos, destaco a seguir trechos do Relatório Fiscal constante às fls. 1656/1662: 2.4 Da ligação do Sr. Sérgio Luiz Lobato com a empresa Sabatella Foi detectado, durante procedimento específico realizado pelo Escritório de Pesquisa e Investigação na 4ª Região Fiscal que o Sr. Sérgio Luiz Lobato é primo do Sr. Francisco de Assis Carlos Filho, sócio da empresa Sabatella, e sobrinho do Sr Francisco de Assis Carlos, contador da empresa Sabatella. De acordo com os sistemas da Receita Federal do Brasil o nome da mãe do Sr. Sérgio Luiz Lobato é Francisca Ferreira Carlos Lobato, que vem a ser irmã de Francisco Assis Carlos CPF: 021.207.984O0 (pai do Sr. Francisco de Assis Carlos Filho), vide documento 16. Na mesma busca e apreensão determinada no processo da Justiça Federal do Rio Grande do Norte de n° 2003.84.00.0143641 no escritório do contador Sérgio Luiz Lobato, em 12 de maio de 2004, foi apreendida uma pasta azul com os dizeres “Esquema”, na qual continha 27 páginas com relações de nomes, data de nascimento, CPF, título de eleitor, dados da conta bancária compostos de nome do banco, conta, agencia e data no formato de carimbo (provavelmente a da abertura), no total de 117 pessoas, sendo que na primeira relação tem a introdução “À SERGIO CORRUPTO CONTADOR RELAÇÃO DAS CONTAS ABERTAS”, seguida da palavra “Vítimas”, documento 17. Comparando esta relação com a DIRF Exercício 2003/Anocalendário 2002 da Câmara Municipal de Serra do Mel (documento 02), dos 104 Fl. 1775DF CARF MF 6 beneficiários da DIRF, 98 constam na referida relação (Vítimas), os quais são relacionados como funcionários da empresa Sabatella. O autuado Sérgio Luiz Lobato, foi o responsável pelo preenchimento e transmissão da DIRF da Câmara Municipal da Serra do Mel com informações falsas, colocando como beneficiários da referida DIRF somente os supostos funcionários da empresa Sabatella. 'Além de transmitir, através de sua conexão de internet, dez declarações de IRPF retificadoras, cujo endereço informado é Av. México n° 76, Olinda/PE, o mesmo da empresa Sabatella. No mesmo dia, através da mesma conexão, foi transmitida a DIRF retificadora da Câmara Municipal de Serra do Mel, na qual estes 10 contribuintes foram incluídos como beneficiários de rendimentos. Estas mesmas declarações de Imposto de Renda Pessoa Física já haviam sido transmitidas no dia 10/04/2003, através de conexão ã internet do próprio Sr. Sérgio Luiz Lobato (documento 12). Desse modo, podese concluir pela existência da ligação do Sr. Sérgio Luiz Lobato com a empresa Sabatella, já que o mesmo na confecção da DIRF da Câmara Municipal da Serra do Mel, utilizou como beneficiários os supostos funcionários da referida empresa, como efetuou a transmissão de dez (10) DlRPFs Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física desses supostos funcionários. Nas fls. 1263 consta o termo de declaração prestado por Francisco de Assis Carlos Filho à Delegacia Policial de Repressão ao Estelionato. Consta às fls. 1389 o Auto de Apresentação Apreensão, onde no item 47 a “Pasta azul” com o título “ESQUEMA” com vasta documentação e contendo como primeiro documento “À SÉRGIO CORRUPTO CONTADOR RELAÇÃO DE CONTAS ABERTAS”. O contribuinte em nenhum momento trouxe provas, ou alegações consistentes que refutassem as constatações aduzidas no Relatório Fiscal. O Recurso Voluntário apresentado às fls. 1692/1693 apresenta apenas argumentos gerais sem contrapor as condutas constatadas e as infrações que lhes foram impostas. Diante dos fatos apurados e das provas constantes nos autos, constatase que a DIRF foi apresentada com informações inverídicas e que não daria direito à pessoa física de pleitear a restituição de Imposto de Renda, por não ter ocorrido retenção antecipada pela fonte pagadora ou pagamento mediante carnêleão. No entanto, in casu, ocorreu a restituição do imposto de renda para cada beneficiário, em decorrência da informação falsa prestada pelo Recorrente, acerca dos rendimentos pagos. Em virtude do referido fato, a multa aplicada é a estabelecida no artigo 86 da Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995 que estabelece o seguinte: Art. 86. As pessoas físicas ou jurídicas que efetuarem pagamentos com retenção do Imposto de Renda na fonte, deverão fornecer à pessoa física ou jurídica beneficiária, até o dia 31 de janeiro, documento comprobatório, em duas vias, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das Fl. 1776DF CARF MF Processo nº 13433.001065/200971 Acórdão n.º 2401006.126 S2C4T1 Fl. 5 7 deduções e do Imposto de Renda retido no anocalendário anterior, quando for o caso. § 3º A fonte pagadora que prestar informação falsa sobre rendimentos pagos, deduções ou imposto retido na fonte, será aplicada multa de trezentos por cento sobre o valor que for indevidamente utilizável, como redução do Imposto de Renda a pagar ou aumento do imposto a restituir ou compensar, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais. § 4º Na mesma penalidade incorrerá aquele que se beneficiar da informação, sabendo ou devendo saber da sua falsidade. Percebese que a multa descrita na hipótese contida no § 3º do art. 86 da Lei nº Lei n° 8.981/95, somente acontece quando, em face da informação falsa sobre rendimentos pagos, deduções ou imposto retido na fonte, ocorrer utilização indevida, como, como redução do Imposto de Renda a pagar ou aumento do imposto a restituir ou compensar. Pois bem. Embora o contribuinte não tenha se pronunciado acerca da decadência em seu Recurso Voluntário, por ser matéria de ordem pública que transcende aos interesses das partes, podendo ser apreciada de ofício pelo julgador, passo à análise. Em decorrência das informações falsas contidas na DIRF foi disponibilizado imposto a restituir no valor de R$ 4.421,3, para cada um dos 104 beneficiários incluídos indevidamente na DIRF, com “DATA DISPONÍVEL: 16/06/2003 A 16/06/2004” (fls. 1268 e seguintes). De acordo com o lançamento o fato gerador ocorreu em 16/06/2003. No entanto, por tratarse de penalidade, a contagem do prazo deve ser observado o disposto no artigo 173, inciso I do CTN que assim dispõe: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Como o lançamento se perfectibilizou com a intimação do contribuinte que ocorreu em 24/11/2009, resta configurada a decadência do crédito tributário. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário e DOULHE provimento para declarar a decadência. (Assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 1777DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.902226/2014-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.004
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) para participar de julgamento na 1º Turma Ordinária da 4º Câmara da 3º Seção de Julgamento.
Relatório
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) para participar de julgamento na 1º Turma Ordinária da 4º Câmara da 3º Seção de Julgamento. Relatório
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Ausente justificadamente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) para participar de julgamento na 1º Turma Ordinária da 4º Câmara da 3º Seção de Julgamento. Relatório Por bem descrever os fatos da lide, reportome ao relatório do acórdão nº 12 91.001 16ª Turma da DRJ/RJO, de 04/09/2017: Trata o presente processo do PER/DCOMP nº 38333.71140.280214.1.3.045521, transmitido pelo contribuinte acima RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 05 .9 02 22 6/ 20 14 -4 9 Fl. 272DF CARF MF Processo nº 10805.902226/201449 Resolução nº 3302001.004 S3C3T2 Fl. 273 2 identificado em 28/02/2014 por meio do qual solicita o reconhecimento de um direito creditório no valor de R$ 595,65, recolhido em 25/08/2010, referente à COFINS (código de receita 5856) do período de apuração 01/07/2010 a 31/07/2010, para fins de sua compensação com débitos no valor total de R$ 788,52 . O Despacho Decisório constante dos autos, emitido de forma eletrônica, não homologou a compensação pleiteada, sob o fundamento de não haver crédito disponível para tanto, pelo fato de o pagamento informado no DARF correspondente haver sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte. Anteriormente à emissão do referido Despacho Decisório, foi disponibilizada ao contribuinte a Análise Preliminar do Direito Creditório, no sítio da RFB, com a informação de que, no caso de inconsistências constatadas na referida Análise, ser a ele concedido o prazo de 45 dias a contar dessa disponibilização, para o seu saneamento, através da transmissão de PERDCOMP retificador, ou ainda de outras declarações retificadoras, como DCTF, DIPJ, Dacon, Redarf, DIRF, etc. Contra a referida decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, em que alegou basicamente o seguinte: Através de auditoria em seus controles internos, constatou a ocorrência de pagamento a maior da COFINS (código 5856) do período de apuração em questão, tendo apresentado pedido de compensação do referido crédito, através de PERDCOMP retificador, desacompanhado, porém, da retificação das demais Declarações que compõem sua obrigação acessória – como DACON e DCTF, nas quais o débito devido da referida contribuição social foi declarado com erro. Somente após o recebimento do Despacho Decisório em comento, procedeu à retificação das declarações DACON e DCTF, conforme anexadas aos autos, e nas quais fez refletir o valor a menor devido a título de COFINS, como origem de seu direito creditório, cuja liquidez e certeza restaria então comprovada. Assim, a Defendente requer que seja julgada procedente a presente Manifestação de Inconformidade, com a consequente homologação da compensação pleiteada. A 16ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2010 a 31/07/2010 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. CERTEZA E LIQUIDEZ. NÃO COMPROVAÇÃO Não comprovadas a certeza e a liquidez do direito creditório, não se homologa a compensação declarada. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10805.902226/201449 Resolução nº 3302001.004 S3C3T2 Fl. 274 3 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. No momento da apresentação da manifestação de inconformidade, cabe ao contribuinte trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. DCOMP DIREITO CREDITÓRIO NÃO COMPROVADO DOCUMENTALMENTE ÔNUS DA PROVA É do contribuinte o ônus de comprovar documentalmente o direito creditório informado em declaração de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Intimado da decisão em 15/09/2017, consoante AR, a Recorrente interpôs recurso voluntário tempestivamente em 11/10/2017, conforme Termo de solicitação de juntada, no qual reproduz as alegações oferecidas na impugnação e aduz que a decisão de primeira instância trouxe os fatos e razões novas que merecem ser contrapostos, tais como a insuficiência da apresentação da DCTF e da DACON retificadoras para provar o direito da recorrente, daí porque no recurso voluntário traz balancete de verificação que discrimina as contas tributadas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. Sem embargo de a recorrente não ter trazido todas as provas necessárias à comprovação do seu direito na manifestação de inconformidade, houve um esforço nesse sentido, com a apresentação da DCTF e da DACON retificadoras. Agora em recurso voluntário, o balancete de verificação e as explicações produzidas demonstram continuação do esforço de comprovar seu direito, todavia surgiu apenas verossimilhança do direito da recorrente, notase que as provas trazidas aos autos são documentos produzidos unilateralmente pela contribuinte, e não foram alvo de inspeção pela auditoriafiscal. Nesse diapasão, voto por converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem do lançamento proceda a análise detalhada dos lançamentos contábeis das contas da escrituração da contribuinte em que ocorreram o pagamento a maior (receitas financeiras oriundas de juros, descontos, rendimentos de aplicação financeira e variações monetárias ativas, bem como o não aproveitamento de crédito sobre a depreciação de prédio Fl. 274DF CARF MF Processo nº 10805.902226/201449 Resolução nº 3302001.004 S3C3T2 Fl. 275 4 em que está instalada a empresa) e pronunciese, de forma fundamentada, em relatório fiscal conclusivo se, de fato, a contribuinte tem direito ao crédito pleiteado. Após, dar ciência ao sujeito passivo do resultado da diligência, com reabertura do prazo de 30 (trinta dias) para apresentação de manifestação da recorrente, no tocante às conclusões da diligência proposta. Ao fim do prazo, com ou sem manifestação, devolvase o processo a este Conselho para a conclusão do julgamento. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Fl. 275DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16045.000251/2010-98
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
IPI. DECADÊNCIA. PRAZO. CONTAGEM. PAGAMENTO. DIES A QUO. ART. 150 DO CTN. PAGAMENTO POR COMPENSAÇÃO.
O sistema de débitos e créditos de IPI equivale a pagamento, 124, § único, inciso III do Decreto 4.544/2002, e por aplicação vinculante da decisão no Resp 973.733/SC, o prazo de decadência para lançamento conta-se a partir do fato gerador. Trata-se de aplicação do art. 150 do Código Tributário Nacional para efeito de contagem do prazo decadencial de que dispõe a Fazenda Pública para exigência do crédito tributário.
Numero da decisão: 3201-004.840
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Correia Lima Macedo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO CORREIA LIMA MACEDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 IPI. DECADÊNCIA. PRAZO. CONTAGEM. PAGAMENTO. DIES A QUO. ART. 150 DO CTN. PAGAMENTO POR COMPENSAÇÃO. O sistema de débitos e créditos de IPI equivale a pagamento, 124, § único, inciso III do Decreto 4.544/2002, e por aplicação vinculante da decisão no Resp 973.733/SC, o prazo de decadência para lançamento conta-se a partir do fato gerador. Trata-se de aplicação do art. 150 do Código Tributário Nacional para efeito de contagem do prazo decadencial de que dispõe a Fazenda Pública para exigência do crédito tributário.
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DECADÊNCIA. PRAZO. CONTAGEM. PAGAMENTO. DIES A QUO. ART. 150 DO CTN. PAGAMENTO POR COMPENSAÇÃO. O sistema de débitos e créditos de IPI equivale a pagamento, 124, § único, inciso III do Decreto 4.544/2002, e por aplicação vinculante da decisão no Resp 973.733/SC, o prazo de decadência para lançamento contase a partir do fato gerador. Tratase de aplicação do art. 150 do Código Tributário Nacional para efeito de contagem do prazo decadencial de que dispõe a Fazenda Pública para exigência do crédito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Correia Lima Macedo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 04 5. 00 02 51 /2 01 0- 98 Fl. 433DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário, efls. 361/383, contra decisão de primeira instância administrativa, Acórdão n.º 1448.883 12ª Turma da DRJ/RPO, efls. 338/354, que julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. O relatório da decisão da DRJ de primeira instância descreve os fatos dos autos. Nesse sentido, transcrevese a seguir o referido relatório: AUTO DE INFRAÇÃO Com fulcro no Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (RIPI/2002), aprovado pelo Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002, consoante capitulação legal indicada às fls. 03 e 04, foi lavrado o auto de infração à fl. 01, em 14/07/2010, para exigir R$ 90.208,45 de multa referente ao IPI não lançado com cobertura de crédito. INFRAÇÕES DISCRIMINADAS NA DESCRIÇÃO DOS FATOS Segundo a descrição dos fatos, às fls. 03/05, que se reporta ao relatório fiscal às fls. 12/20, ocorreu: a) venda sem emissão de nota fiscal apurada em auditoria de estoque (falta de mercadoria em estoque), no período de abril a junho de 2005; b) falta de lançamento do imposto na saída do estabelecimento de bem de capital componente do ativo fixo com supedâneo em isenção indevida, no mês de maio de 2005; c) falta de estorno ou estorno a menor de créditos indevidos (mercadorias que não tiveram uso produtivo), no período de abril a junho de 2005. RELATÓRIO FISCAL Consoante o aludido relatório fiscal, há o seguinte: a) No que concerne ao controle de estoque e divergências verificadas, incluída a falta de estorno de créditos referentes a mercadorias não destinadas à produção (fls. 12/19) “No que tange às atividades industriais de LG, valeria esclarecer que uma miríade de insumos eletrônicos eram utilizados no seu processo industrial. A variedade quase infinita é proporcional à diminuta dimensão dos mesmos. Para dar mais concretude ao que falamos: imaginese o tamanho dos componentes contidos em uma placa de circuito de um celular que cabe, aberto, na palma da mão. Acrescentese a assombrosa produção de quase 10 milhões de celulares/ano e, então, teremos uma idéia de quantidades/tamanhos/variedades de mercadorias/insumos que entravam, circulavam e, saíam de LG. Talvez em razão disto, quantidades/dimensões/diversidades, é que LG apresentou, nos meses acima citados do ano de 2005, significativas divergências numéricas em seus estoques. E, isto se constituiu a irregularidade principal por nós constatado na Empresa. Fl. 434DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 434 3 Tais divergências eram causadas de inúmeros fatores, identificados através de códigos alfanuméricos "CN02" e "CN06". Em fls. 20 e seguintes, um explicativo da movimentação das mercadorias em LG, com suas várias codificações utilizadas – em fls. 21, os códigos acima citados. Em fls. 25/26, planilha exemplificativa do banco de dados dos insumos que forneceram os valores para o código "CN02". Em fls. 27, exemplo do banco correspondente ao código "CN06". Ambos os bancos de dados foram fornecidos com dados completos, inclusive, com alíquotas e valores de IPI correspondentes aos insumos envolvidos nas ocorrências em debate. Em fls. 28 e seguintes, temos Termo de Constatação nº 4, em 23 de junho, esclarecendo pontos basilares acerca de "CN02" e "CN06". Vale registrar que, nos três meses aqui tratados, a magnitude dos valores dos insumos movimentados em "CN02" girou em torno de RS 1.500.000,00; "CN06", algo em torno de RS 1.800.000,00. Concluise que os valores indicados em planilha de fls. 30 são resultantes do cotejamento entre valores negativos e positivos. Saldos, portanto, de retornos ao estoque com saídas/baixas no estoque. Em fls. 31, Termo n° 5, complementando Termo anterior. Começaremos com um sumário do Termo nº 4, de fls. 28 e seguintes. Depois, o de nº 5. De acordo com os códigos mencionados, o Termo n° 4 consignou que: 1. "CN02" • quando um insumo quebrava, ou, era rejeitado pelo controle de qualidade, era feita uma requisição em substituição do mesmo; utilizavase, para tal substituição, o código em tela; • em se tratando de insumo com defeito de fabricação, o código era utilizado somente se o insumo fosse de origem estrangeira a sua substituição por um novo era registrado pelo código em relato; se produto nacional fosse, suscitava devolução de vendas, não sendo registrado a substituição sob o código "CN02"; • LG não poderia distinguir sumos/valores que corresponderiam às duas ocorrências, se a substituição foi Fl. 435DF CARF MF 4 por quebras/perda no processo ou devolução de compras não efetivada; • os produtos substituídos registrados em "CN02" eram contabilizados como custo de vendas; ou seja, eram considerados como produtos consumidos no processo produtivo; não se constituindo em ajustes de estoques, sequer se constituindo em ajustes de estoques; 2. "CN06" • sob tal código LG registrava ajustes de seus insumos estocados — correções negativas e positivas, respectivamente, excessos e faltas de insumos; • tais ajustes eram motivados por divergências numéricas em virtude de contagem das mercado rias estocadas; em se tratando de verificação de insumos a mais, registros negativos; se faltantes, registros positivos; • ajustes também ocorreriam em virtude de equívocos quando da utilização do insumo utilizado para a confecção do acabado — ao invés de utilizar o insumo "a", do fornecedor "X", utilizouse o insumo "a1", do fornecedor "Y", equivalente do primeiro; • aqui também LG não poderia distinguir o que seria ajuste por falta/excesso de insumos de equívoco quando da utilização do insumo equivalente; • de qualquer sorte, ambas as ocorrências tinham seus valores carreados para custo de vendas e, não, para qualquer conta de ajuste de estoques, como na codificação anterior; 3. "NE05" • consignamos, para enfatizar, que este era o único código de movimentação mercadorias que suscitava estorno de credito de IPI, sendo utilizado somente para perdas exógenas ao processo fabril Preliminarmente, afirmese que todas as declarações e informações de LG sobre "CN02" c "CN06" não foram acompanhadas de documentação comprobatória. Nem isto lhe foi demandado. Cremos, hoje, e, cremos, ao longo da auditoria, que fidedignas e verazes foram todas as informações que LG nos prestou. Isto porque é indiscutível ser LG uma Empresa lhana, como raro sc vê. Como raro se viu, pelo menos nestas décadas de auditoria de IPI. Tanto a Empresa quanto seus funcionários com os quais a Fiscalização se relacionou. Fato notável, sobremodo, porque lhaneza não é um substantivo muito usual no mundo hodierno, incluso nas relações Fisco/Empresa. Fl. 436DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 435 5 Exatamente por isso não existe dissenso com relação ao que estamos a tratar, qual seja, que "CN02" c "CN06" eram códigos para registrar movimentação de insumos em virtude dos fatos acima relatados. Não existe discordância de que estamos tratando de perdas no processo produtivo; de insumos estrangeiros defeituosos que não ensejaram devoluções de vendas; de correções numéricas nos estoques em razão de contagem de seus componentes e, de "equívoco" operacional com relação aos códigos dos insumos utilizados na produção. Sequer existe discordância com relação aos valores envolvidos, fornecidos que foram pela própria LG. Bem como, que tal movimentação não repercutia em nada nas obrigações tributárias de LG com relação ao IPI não propiciando eventuais estornos do imposto industrial. Na verdade, o proceder de LG era coerente com a arquitetura conceitual dos seus estoques, coerente com sua lógica operativa, no que tange a ambos os tipos de movimentação — "02" e "06" pois, os considerava "custo". Em sendo assim, et pour cause, desnecessário "ajustes de estoque" e, também, legítimo o aproveitamento do IPI que corresponderia aos insumos que compuseram tais códigos, mesmo quando estes não tenham tido efetivo uso produtivo. Ora, até mesmo intuitivamente, percebese o quão infensa era tal "arquitetura conceitual" à sistemática do tributo industrial — o direito de crédito não se condicionava à efetiva utilização do insumo no processo produtivo do Contribuinte. Todavia, para além do intuitivo, a prática de LG era indubitavelmente contrária à norma tributária, pois, no que se referiu aos insumos com defeito de fabricação em "CN02", que agora iremos tratar estes, insumos com defeito, deveriam ser objeto de devolução de compras com o correspondente estorno do IPI registrado quando da sua entrada, de acordo com RIPI, art. 193, inciso VI. E, aqui se percebe que LG, de alguma forma, em algum momento, captou tal contrariedade, tanto assim, que, em sendo de origem nacional o insumo rejeitado pela qualidade de LG, esta não utilizava o código em questão "CN02"; adotava o entendimento legal: devolução de compras com estorno de IPI — item 1, alínea c de Termo de fls. 28. Contudo, em se tratando de insumos estrangeiros – as suas "descrições" e "especificações" nas listagens não deixam dúvidas sobre isto – se rejeitados pela qualidade... "custo"...talvez por ser de logística laboriosa a sua devolução ao fornecedor asiático asiáticos, mais especificamente, chineses/coreanos, eram os principais Fl. 437DF CARF MF 6 fornecedores dos insumos para LG enfim, "custo", mais fácil, prático, simples... No que se referiu as quebras/perdas no processo, de antemão, relevese que LG não consegue, ainda hoje, distinguilas das mercadorias antes tratadas, das devoluções de compras "não efetivadas" a ver, Termo de fls. 28, item 1, alínea d. LG não sabe qual a origem, o motivo dos registros no código "CN02", se substituição por quebra, perda ou por estar o insumo original defeituoso. Então, impossível informar, com base e substância, qual o índice, qual o percentual de quebras/perdas de seu processo produtivo, visto a mescla destas com insumos originalmente defeituosos. Além disso, LG não possui nenhum laudo hábil que justificaria eventuais quebras/perdas. Estudo, parecer, seu ou oficial, que atestasse a razoabilidade de desfalques e, por conseqüência, aberto à análise acerca da admissibilidade dos mesmos e, da manutenção do crédito de IPI que lhes corresponderia. A inexistência de qualquer tipo de documento sobre índices de quebras/perdas em LG está registrado em Termo de n ° 5 , item 1, alínea a, fls. 31 A admissibilidade de tais índices, em não os havendo, nem índices, nem laudos, afasta, destarte, a possibilidade de se subsumir previsto no art. 449 do RIPI. O amálgama ou a indistinção de valores referentes a perdas no processo com os valores relativos a produtos defeituosos, além de constar em fls. 28, item 1, alínea d, foi repetido, fls. 31, item 1, alínea b. Demonstrado está a inexeqüibilidade da análise de qualquer aspecto referente a justiça de possíveis perdas no processo fabril de LG. De mais a mais, as manifestações normativas da Fazenda Federal, já há anos, décadas, na verdade, estabelecem requisitos e, condições procedimentais para ser reconhecida a "razoabilidade" de desfalques e quejando, a saber – ênfase (sublinhado/grifado/inscrito) nossa: "A tolerância de quebras subordinase à permissão expressa da Fazenda..." PN CST n° 144/71 “Quebras de estoque" — A tolerância depende de concessão do Coordenador do Sistema de Tributação..." PN CST n° 342/71 "Mercadorias estrangeiras. Quebras constatadas no estabelecimento importador obrigatório o estorno do crédito..." PN CST n° 349/71 "Quando se verificam em caráter permanente no processo industrial, a tolerância de quebra poderá ser admitida pelo Coordenador do Sistema Fl. 438DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 436 7 de Tributação, em cada caso, ressalvada a obrigatoriedade do estorno do crédito, qualquer que seja a hipótese ................................................................................................ 3. Se as referidas perdas são de caráter permanente, em decorrência do próprio processo industrial, poderão ser admitidas as tolerâncias de quebra,...desde que autorizadas em cada caso, pelo Coordenador do Sistema de Tributação, mediante requerimento do interessado..." PN CST n° 351/71 "Quebras de estoque .... ................................................................................................. 2. A quebra regularmente admitida...Outrossim, as tolerâncias de quebras, em qualquer caso, dever ser previamente admitidas pela Secretaria da Receita Federal (Ver PN n° 342/71)...." PN CST nº 75/75 "A admissibilidade de quebras de estoque para produtos acabados estendese às quebras de estoque de insumos... ................................................................................................ 5. AS QUEBRAS DE ESTOQUE DE INSUMOS Como no regime do Decreto nº 70.162/72 controlamse não apenas os estoques de insumos...é de se admitiremse, por analogia do art. 189 do mesmo Regulamento, as quebras de "estoque" de insumos, em casos excepcionais, previamente justificados e aprovados em processo." PN CST nº 45/77 Entendimento que, para que não pairassem dúvidas, originou o Ato Declaratório Normativo CST nº 27/79, a seguir: "O COORDENADOR DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO... Declara, em caráter normativo,...não se alterou a sistemática seguida com base no que dispõe o § 1º, do artigo 58, da Lei nº 4.502...(isto é, a observância do limite de tolerância previamente estabelecido pela autoridade fiscal, para cada empresa..." O que vem a ser curioso: uma determinação tão enérgica, de rara aparição, para "lembrar" a todos que art. 58, § 1º da Lei 4.502/64 ainda vigia! Bem, vale ainda lembrar os dizeres do dito art. 58, visto estar em vigor ainda hoje: "§ 1º. Os dados constantes dos livros da escrita fiscal, quanto ao registro da produção, são sujeitos a tolerância de quebras admissíveis para cada espécie tributada, segundo critério que fôr determinado pelo órgão competente do Ministério da Fazenda." Fl. 439DF CARF MF 8 Forçoso, então, o estorno dos valores positivos de IPI relacionados no código "CN02", meses de abril, maio c junho de 2005, de acordo com planilha por nós elaborada em fls. 40 e seguintes esta oriunda de banco de dados fornecidos por LG, como exemplificado em fls. 25/26. A motivação legal para tais estornos está indicada no art. 193, inciso VI do RIPI vigente à época. Dada a ausência do que exige o mandamento legal acima transcrito e, o art. 449 do RIPI. De relevarse que os valores negativos registrados em "CN02" foram considerados como procedentes, visto serem oriundos de retornos ao estoque de futuras devoluções de compras de produtos brasileiros. Assim informou LG. Demonstração do que no parágrafo acima mencionamos, página exemplificativa em fls. 32. No que se refere a "CN06", planilha fornecida por LG exemplifica a composição dos insumos/valores registrados. Merece nova leitura o que consta dos Termos de fls. 28 e seguintes e 31 itens 2 de ambos. Como vimos, sob tal codificação, LG registraria divergências numéricas em seu estoque de insumos. Como d'antes, considerando tais "correções" em contrapartida de custo de vendas. E, não suscetíveis de ajustes contábeis de seus estoques. Quando a ocorrência esteve ligada ao alegado "equívoco" operacional, erro de “code number” ou, em castiço, código numérico do insumo, cremos se constituir em um indiferente jurídico. Em que pese LG não nos ter listado tais casos estariam elas em meio ao banco de dados de 8.000 linhas de "CN06" nós os compilarmos e, verificamos que a alegação é de fácil aceitação, a verificar, planilha exemplificativa de fls. 33. Consignese que o critério de inclusão foi registros simultâneos, negativo/positivo/entrada/saída, quantidades idênticas e identidade temporal. Excetuandose ao critério supra, os dois primeiros registros de milhares de metros, primeiras linhas de fls. 33. Apesar de não serem concomitantes, tudo nos leva a crer serem correção de registro indevidamente feito, mesmo que temporalmente assimétricos. Teríamos, por fim, os insumos/valores com registros únicos, individuais, positivos, significando, saída dos estoques em virtude de constatação, por LG, de falta de mercadorias. Ora, falta de mercadorias no estoque do Contribuinte é precisamente a hipótese legal inscrita no art. 123, alínea " o " do RIP1/2002. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 437 9 Explicitamente está estipulado que o lançamento do tributo dever ocorrer "na apuração, pelo contribuinte, de falta no seu estoque de produtos;” Singelo. Linear. Simples. Para consolidar o entendimento, temos o que determina o ato normativo abaixo: "A regularização de diferença, apurada em estoque de mercadorias, deverá ser corrigida, no momento em que foi verificada, através da emissão de nota fiscal, com lançamento do imposto..." PN CST nº 569/71 Suprindo, então, a inação de LG quando ocorreram as correções em debate, estamos efetuando o lançamento do IPI cabível. A planilha de fls. 34 e seguintes totaliza os valores lançados. Que foram supridos pelos saldos credores de LG. Cabelhe, portanto, a multa pelo tributo não destacado”. (sem os destaques do original) Portanto, em escorço, foram identificadas significativas divergências numéricas nos estoques da pessoa jurídica. Tais divergências eram oriundas de inúmeras ocorrências, identificadas por meio de dois códigos alfanuméricos (CN02 – perdas no processo produtivo e CN06 – diferenças de quantidades de mercadorias estocadas). O proceder de LG era coerente com a arquitetura conceitual de seus estoques, coerente com sua lógica operativa no que tange a ambos os tipos de movimentação, pois os considerava custo, sem nenhuma repercussão no âmbito do IPI. Ocorre que, mesmo intuitivamente, percebese o quão infensa era tal “arquitetura conceitual” à sistemática do IPI, posto que, assim, o direito ao crédito não se condicionava à efetiva utilização do insumo no processo produtivo e a falta de mercadoria nos estoques não acarretava nenhuma obrigação tributária. a.1) No que se refere a insumos com defeito de fabricação (CN02), os mesmos deveriam ser objeto de devolução com o correspondente estorno do IPI registrado na entrada (RIPI/2002, art. 193, VI), tratandose de procedimento que o contribuinte adotou em relação a insumos de origem nacional, ao passo que, quando de origem estrangeira, os mesmos foram considerados “custo”. Ademais, em relação às quebras e perdas, a empresa não consegue distinguilas dos insumos rejeitados por seu controle de qualidade. Conforme informações prestadas pelo sujeito passivo, não se sabe qual a origem, o motivo dos registros no código CN02, se substituição por quebra, perda ou por estar o insumo com defeito de fabricação e, não existindo documentação sobre a origem deles é impossível informar, com base e substância, qual o índice, qual o percentual de quebras/perdas de seu processo produtivo, dada a mescla destas com insumos originalmente defeituosos, ao lado de o contribuinte não possuir nenhum laudo hábil a justificar Fl. 441DF CARF MF 10 eventuais quebras/perdas. Forçoso, então, o estorno dos créditos de IPI relacionados às mercadorias que saíram dos estoques e que não tiveram uso produtivo. a.2) No que diz respeito ao código CN06, a LG registrou sob tal codificação divergências numéricas em seu estoque de insumos, tratandoas como custo de venda. Ora, a falta de mercadorias no estoque do contribuinte é precisamente a hipótese legal do art. 123, “o”, do RIPI/2002, do qual deriva que o lançamento do tributo deve ocorrer “na apuração, pelo contribuinte, de falta no seu estoque de produtos”. b) No que respeita à falta de lançamento do imposto na saída do estabelecimento de bem de capital componente do ativo fixo com base em isenção indevida (fls. 19/20): “Finalizando, teríamos que relatar uma outra irregularidade verificada em LG, que foi saída de bem de capital importado, de seu Ativo Permanente de LG, antes do perfazimento dos cinco anos de sua incorporação. O bem está descrito em cópia de Nota fiscal de entrada de fls. 38; bem importado em 10 de maio de 2005. A saída do ferramental, em Nota fiscal de fls. 39, de 11 de maio. Sob o título de "Empréstimo de Ativo Imobilizado". LG pretendeu isenção de IPI invocando "Lei 10664 de 22/04/2003". Este diploma se refere a "unidades de processamento digitais de pequena capacidade baseadas em microprocessadores, de valor até R$ 11.000,0 (onze mil reais)". Cremos que os produtos emprestados não se subsomem à regra em menção. Demais, não se constituiu nenhuma das excludentes previstas nos art. 37, inciso II, alínea " b " e, inciso III do RIPI. Acrescentese o entendimento normativo estabelecido pelo PN CST nº 339/71: "Ocorre o fato gerador do imposto na transferência (saída), a qualquer título, de produtos dos estabelecimentos que os tenham industrializado ou importado, mesmo que os produtos pertençam ao Ativo Fixo dos mesmos estabelecimentos..." Razão de cobrarmos o IPI não destacado na saída em tela. Em valor símile o constante na Nota fiscal de entrada”. (sem os destaques do original) A saída, a qualquer título (empréstimo, por exemplo), de bem de capital importado (fl. 45), incorporado ao ativo imobilizado, antes do transcurso do prazo de cinco anos da incorporação, pressupõe o lançamento do imposto na nota fiscal emitida (fl. 46), sendo inaplicável a isenção da Lei nº 10.664, de 22 de abril de 2003, prevista para unidades de processamento digitais Fl. 442DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 438 11 baseadas em microprocessadores digitais, de pequena capacidade. CIÊNCIA E IMPUGNAÇÃO A empresa tomou ciência da exação em 14/07/2010, por intermédio de procurador munido do instrumento legal às fls. 180/183. Insubmissa, a contribuinte apresentou, em 13/08/2010, a impugnação às fls. 201/219, subscrita pelos patronos da pessoa jurídica (procuração às fls. 238/241), em que sustenta, em síntese, que: a) Preliminarmente, quanto à decadência, o Fisco somente poderia ter reclamado algum valor a partir de 14/07/2005 (sendo a data de ciência da peça fiscal, 14/07/2010), sob pena de o lançamento ser tacitamente homologado. Não há que se alegar que a falta de recolhimento do IPI, em virtude da apresentação de saldo credor pela impugnante, ocasionaria deslocamento da regra de decadência para o art. 173, I, do CTN, pois isso somente ocorreria se houvesse efetiva comprovação do evidente intuito de dolo, fraude ou simulação, conforme precedentes do antigo Conselho de Contribuintes. Ainda, no caso concreto, o tributo devido foi efetivamente satisfeito/quitado por meio da compensação; b) No que concerne ao mérito, a impugnante não cometeu qualquer irregularidade em relação aos insumos objeto de perda/quebra, registrados sob o código CN02, ou que não teriam sido encontrados no estoque, os quais não foram utilizados no processo produtivo. Referidos valores são agregados ao custo de produção, sendo considerados na composição do preço de venda das mercadorias fabricadas, consoante demonstração numérica (fls. 211 e 212). E o IPI incide justamente sobre o valor da operação de saída de produtos industrializados, recaindo sobre o preço de venda de seus produtos, o qual é calculado com base no custo de fabricação do produtos (que inclui tais valores), acrescido da margem de lucro. No caso em tela, o montante do imposto que incidiu nas etapas anteriores, desde que relacionado a saídas tributadas, dá direito à manutenção de crédito; c) Devem ser admitidas as perdas/quebras de produtos no processo produtivo. Nos termos do art. 449 do RIPI/2002, no caso de a fiscalização apurar diferenças nos estoques, justificadas com quebras, tais diferenças devem ser submetidas ao órgão técnico competente para que se pronuncie acerca da aceitabilidade dessas quebras, o que não se deu no caso concreto. O valores em questão representam tãosomente 0,5% do total de insumos empregados no processo industrial, o que configura perdas mais que aceitáveis; foram juntados documentos relativos a estoque; d) Em relação a insumos estrangeiros com defeito, não há qualquer dispositivo que determine a obrigatoriedade de Fl. 443DF CARF MF 12 devolução ao fornecedor. O que estabelece o art. 193, VI, do RIPI/2002 é que os produtos recebidos com defeito e que forem devolvidos ao fornecedor devem ter seu crédito estornado. Não sendo devolvidos os produtos, não há que se falar em estorno de crédito; e) Não houve prejuízo ao Erário no ajuste de estoque de insumos registrados sob o código CN06, pois esses montantes integraram o custo de vendas dos produtos e foram devidamente tributados nas saídas; no máximo, teria ocorrido postergação de tributação, conforme decisão do Conselho de Contribuintes; f) Na verdade, a saída de bem do ativo permanente se deu com suspensão do imposto (RIPI/2002, art. 42, XII), sendo a remessa a terceiro para a industrialização de produto por encomenda, conforme documentação anexa (notas fiscais de entrada do bem importado, de remessa para emprego em industrialização por encomenda e de retorno do bem); não houve prejuízo ao Erário, apenas erro de preenchimento. Por derradeiro, requer, demonstrada a improcedência do feito, o cancelamento da exigência e conseqüente arquivamento; outrossim, protesta provar as alegações por todos os meios de prova admitidos, notadamente a juntada posterior de provas documentais, por ventura necessárias. É o relatório A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade. O Acórdão n.º 1448.883 12ª Turma da DRJ/RPO, efls. 338/354, está assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 INSUMOS INUTILIZADOS OU DETERIORADOS. CRÉDITOS. ESTORNO. Deve ser anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do IPI relativo a insumos que hajam sido furtados ou roubados, inutilizados ou deteriorados. DESTAQUE. FALTAS HAVIDAS NOS ESTOQUES. Apurada a falta no estoque de produtos, o contribuinte deve proceder ao pagamento do imposto sobre a totalidade dos bens faltantes, efetuando o seu destaque em nota fiscal especialmente emitida para esse fim, no momento da verificação da falta. FALTA DE LANÇAMENTO. SAÍDA DE BEM DO ATIVO IMOBILIZADO ANTES DO PRAZO DE CINCO ANOS. É devido o imposto na saída a qualquer título, como empréstimo ou comodato, de produto importado e incorporado ao ativo permanente, antes do prazo de cinco anos contado a partir da incorporação ao ativo permanente da empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 444DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 439 13 Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 DECADÊNCIA. FALTA DE PAGAMENTO. REGRA GERAL. O prazo para a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo ao IPI é de cinco anos e regese pelo disposto no Código Tributário Nacional. Assim, na hipótese em que há recolhimento parcial antecipado, o lustro decadencial tem início na data de ocorrência do fato gerador, na forma do artigo 150, § 4°, do Estatuto Tributário. De outro lado, não havendo qualquer pagamento, aplicase a regra do artigo 173, inciso I, do mesmo diploma, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 IMPUGNAÇÃO. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça impugnatória. Inconformada, a ora Recorrente apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário, por meio do qual, requer que a decisão da DRJ seja reformada, alegando, em síntese: 2. Das Preliminares 2.2 Da Decadência A Recorrente alega que ocorreu à decadência quanto ao direito do Fisco de lançar o IPI, tendo em vista que o mesmo estaria sujeito as regras do lançamento por homologação. Nessa linha sustenta a aplicação do parágrafo 4º, art. 150 do CTN. "Artigo 150 (...) (...) § 4o Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação". A ciência do Auto de Infração ocorreu em 14/07/2010, sendo que os fatos geradores são de abril, maio e junho de 2005. Nessa linha, argumenta que a fiscalização não poderia ter utilizado a regra da decadência disposta no art. 173, I, do CTN, pois isso somente poderia ser feito se houvesse efetiva comprovação do evidente intuito de dolo, fraude ou simulação. Sendo que no caso concreto, o tributo devido fora efetivamente satisfeito/quitado por meio da compensação. 3. Do Mérito 3.1 – Código CN02 (Insumos com defeitos de fabricação): Da Inexistência do Dever de Estorno do Crédito de IPI Fl. 445DF CARF MF 14 A Recorrente alega que não cometeu qualquer irregularidade em relação ao estoque relativamente a partes e peças objeto de quebra/perda durante o processo produtivo. Cita o código CN02 (“Claim issue by workmanship”) que representa a saída de materiais em almoxarifado para reposição dos materiais rejeitados no processo de produção. Nessa linha, argumenta que devem ser admitidas as perdas/quebras de produtos no processo produtivo. Alega que demonstrou “por meio de documentos juntados aos autos, em especial planilhas com contabilização e movimentação do estoque, que as perdas relativas ao Código CN02 não representaram mais que 0,5% do total dos bens utilizados no seu processo produtivo.” Menciona que nos termos do art. 449 do RIPI/2002, no caso de a fiscalização apurar diferenças nos estoques, justificadas com quebras, tais diferenças devem ser submetidas ao órgão técnico competente para que se pronuncie acerca da aceitabilidade dessas quebras, o que não se deu no caso concreto. Sustenta que seus percentuais de quebra/perda estariam dentro do limite considerado razoável. A Recorrente defende a tese de que as quantias registradas sob o código CN02 compuseram o custo e, consequentemente, o preço do produto vendido sujeito ao IPI. Seguindo tal raciocínio elabora tabelas e cálculos para concluir que: Pois bem, ao comporem o custo de vendas e o preço dos produtos que tem saída tributada, os insumos substituídos e indicados sob o código CN02 acabam por serem tributados pelo IPI, admitindo que a Recorrente mantenha os créditos apurados na entrada. (efl. 374) A Recorrente cita o princípio da nãocumulatividade e apresenta jurisprudência tratando de casos onde a quebra/perda normal não acarreta em estorno de crédito. 3.2 – Código CN06 Da Inexistência do Dever de Emissão de Nota Fiscal com destaque de IPI. A Recorrente explica que o código CN06 (“Material Inventory Adjust”) representa as saídas e/ou entradas de materiais dos estoques dos almoxarifados provenientes de ajustes de movimentação dos itens durante o processo de recebimento e alimentação das linhas de produção. Na sistemática do código CN06, após a contagem dos bens estocados, poderia haver a necessidade de se efetuar ajustes, positivos ou negativos, conforme o caso, para correção dos montantes estocados e utilizados em produção. Acrescenta que podem ser contabilizados em razão de perdas no processo aquisição, estoque e remessa para o setor produtivo, como custo de venda. Alega que tal procedimento que os bens faltantes foram devidamente tributados quando da saída dos produtos industrializados, sem causar prejuízos ao Erário. Assim, embora não tenham sido objeto de lançamento do imposto quando do efetivo ajuste de estoque, na forma do artigo 123, inciso I, alínea "o", do RIPI/02, fato é que os montantes correspondentes ao ajuste de estoque foram devidamente tributados pelo IPI quando da saída do produto fabricado pela Fl. 446DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 440 15 Recorrente (artigo 131, inciso II, do RIPI/026), afinal, custo e preço foram diretamente impactados pelos ajustes do código CN 06. (efl. 380) Acrescenta haver demonstrado por meio das planilhas de custos e de produção e controle de estoque a forma pelo qual as peças do código CN06 compuseram o seu custo de produção. Argumenta que caso houvesse qualquer infração, esta se limitaria ao momento do recolhimento do tributo, de forma que o lançamento deveria estar restrito a eventual mora em razão de o pagamento ter ocorrido quando da venda do produto, e não no momento em que fora constatada a falta. 3.3 – Do Ativo não Imobilizado – Suposta Saída Não Tributada A Recorrente sustenta que houve mero erro de preenchimento das notas fiscais, sendo que o bem incorporado ao ativo imobilizado, importado, teria sido remetido a terceiro para utilização em industrialização por encomenda, com posterior retorno. Explica que demonstrou a lisura da operação na peça de impugnação com a juntada de notas fiscais de entrada do bem importado, de remessa para utilização em industrialização por encomenda, nota fiscal de retorno do bem. Na verdade, o i. julgador da DRJ não se atentou que a Recorrente efetivamente remeteu o bem indicado conforme consta no documento fiscal juntado a fl. 39, que havia sido objeto de importação, a terceiro, para que este realizasse a fabricação de produtos por encomenda. Ou seja, no presente caso, houve apenas e tãosomente um equívoco no preenchimento na nota fiscal de saída, sem que ocorresse qualquer prejuízo ao Erário Público, sendo descabido o lançamento. (efl. 383) Utiliza como fundamento o disposto no artigo 42, inciso XII, do RIPI/ 02. Artigo 42, inciso XII, do RIPI/ 02 (...) poderão sair com suspensão do IPI os bens do ativo permanente remetidos pelo estabelecimento industrial a outro estabelecimento, para serem utilizados no processo industrial de produtos encomendados pelo remetente, desde que devam retornar ao estabelecimento encomendante, após o prazo fixado para fabricação dos produtos. Pede a reforma da decisão. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Fl. 447DF CARF MF 16 Conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A seguir passo a análise de cada um dos pontos do Recurso Voluntário. Da Decadência A contagem do prazo decadencial prevista no art. 150 do Código Tributário Nacional aplicase exclusivamente aos tributos sujeitos ao lançamento por homologação e, conforme já pacificado no âmbito no Superior Tribunal de Justiça (STJ), nas hipóteses em que há efetivo pagamento do tributo devido. Sobre o assunto existe decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Resp 973.733/SC, no regime dos recursos repetitivos. RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR: MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR: PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR: MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO: ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco Fl. 448DF CARF MF Processo nº 16045.000251/201098 Acórdão n.º 3201004.840 S3C2T1 Fl. 441 17 regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. A decisão do STJ é vinculante para este CARF, consoante art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. A questão principal reside se houve ou não o adimplemento do critério de pagamento antecipado. Nesse sentido, cabe observar que no caso do IPI há previsão na legislação para considerar a sistemática dos débitos e créditos como hipótese de pagamento antecipado de forma a aplicar a regra excepcional insculpida no art. 150 do Código Tributário Nacional. Decreto 4.544/02. Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto Fl. 449DF CARF MF 18 ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Parágrafo único. Considerase pagamento: I – o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II – o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. (grifos acrescidos) Assim, no caso concreto, constato que houve o pagamento antecipado por meio de compensações entre débitos e créditos, caso que atende ao requisito para que a contagem do prazo decadencial tenha início no fato gerador conforme regra disposta no art. 150 do Código Tributário Nacional. Desse modo, levandose em consideração os fatos geradores ocorridos em 2005, concluo que cabe razão a Recorrente devendose aplicar a decadência dos créditos tributários de IPI para os períodos anteriores a data de ciência do Auto de Infração em 14/07/2010. Ou seja, estão alcançados pela decadência todos os períodos lançados que compreendem os meses de abril, maio e junho de 2005. Em vista do exposto, voto por acatar os argumentos da Recorrente no tocante a preliminar de decadência. Conclusão Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, de forma a reconhecer a decadência do crédito tributário lançado. É como voto. (assinado digitalmente) Leonardo Correia Lima Macedo Relator. Fl. 450DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10670.720443/2012-23
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
MULTA DE OFÍCIO - INCIDÊNCIA
Como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido é correta a aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 2002-000.709
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni (relator) e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento parcial para afastar as glosas com Jussara Sezko Campos Cunha, no importe de R$4.000,00, Ricardo Giovaneti Sales, no valor de R$6.000,00, Adriana Martins de Quevedo no valor de R$4.000,00 e Ivana Patrícia Santos de Souza de R$500,00. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e redatora designada
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. MULTA DE OFÍCIO - INCIDÊNCIA Como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido é correta a aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96.
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DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. MULTA DE OFÍCIO INCIDÊNCIA Como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido é correta a aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni (relator) e Virgílio Cansino Gil, que lhe deram provimento parcial para afastar as glosas com Jussara Sezko Campos Cunha, no importe de R$4.000,00, Ricardo Giovaneti Sales, no valor de R$6.000,00, Adriana Martins de Quevedo no valor de R$4.000,00 e Ivana Patrícia Santos de Souza de R$500,00. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 72 04 43 /2 01 2- 23 Fl. 90DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 90 2 (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e redatora designada (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 23 a 28), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 5.248,10, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 15 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, em 09/02/12, mediante as alegações relatadas a seguir: Afirma ter apresentado todos os documentos necessários a comprovar as despesas pleiteadas, que teriam sido desconsiderados de forma discricionária pelo fiscal, que não foi explícito na descrição dos fatos, ferindo princípios legais. Solicita o cancelamento da notificação de lançamento. A impugnação foi apreciada na 3ª Turma da DRJ/BSB que, por unanimidade, em 25/09/2014, no acórdão 0363.806 às efls. 39 a 42, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 91 3 Ainda inconformado, o contribuinte apresenta Recurso Voluntário, às efls. 46 a 81, alegando, em síntese que os recibos apresentados possuem vícios sanáveis e que o auditor fiscal poderia ter os indicado, para que fossem retificados. Ainda, afirma que a multa de 75% tem caráter confiscatório, vez que não houve fraude ou dolo por parte do contribuinte. Voto Vencido Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que a contribuinte foi intimada do teor do acórdão da DRJ em 11/11/2014, efls. 45, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 10/12/2014, efls. 46, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. O contribuinte foi autuado pela dedução indevida das seguintes despesas médicas: · Ivana Patrícia Santos de Souza R$5.200,00; · Ricardo Giovaneti Sales R$6.000,00; · Adriana Martins de Quevedo R$4.000,00; · Jussara Sezko Campos Cunha R$4.000,00. A DRJ manteve a glosa sob os fundamentos abaixo narrados: Merece destaque o fato de que o odontólogo Ricardo Giovaneti Sales é omisso de entrega de declaração há vários anos e que os recibos emitidos pelas profissionais Jussara Sezko C. Cunha e Ivana Patrícia Santos de Souza não cumprem os requisitos legais, uma vez que não informam o endereço das profissionais. Os recibos emitidos pela odontóloga Adriana Quevedo (fls.13/14), não informam quem efetuou o pagamento nem que é o beneficiário dos serviços prestados. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 92 4 dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 93 5 O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 94 6 para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 95 7 Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Às efls. 09 há recibo emitido pela profissional Jussara Sezko Campos Cunha, no importe de R$4.000,00. Ainda, às efls. 55 há declaração da profissional confirmando a prestação de serviços para a dependente do contribuinte (efls. 18), Yasmin Soares Manjud Maluf. Às efls 10 há recibo do profissional Ricardo Giovaneti Sales, no valor de R$6.000,00. Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 96 8 Às efls. 13 há recibos da profissional Adriana Martins de Quevedo no valor de R$4.000,00, Ainda às efls. 61 há declaração da profissional. Em que pese a declaração da profissional Ivana Patrícia Santos de Souza, às efls. 57 e os recibos, às efls.58, apenas um recibo consta o valor de R$500,00. Os demais documentos não confirmam os valores despendidos na prestação de serviços, sendo impossível auferir o quantum pago à profissional. Passase a análise da multa de ofício. À luz do Direito Tributário, sem adentrar correntes doutrinárias específicas, o lançamento tributário é didaticamente dividido em três modalidades: lançamento de ofício, lançamento por homologação e lançamento por declaração. Conforme dispositivos do Código Tributário Nacional: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 97 9 Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. No lançamento por homologação o contribuinte tem o dever de apurar e pagar o tributo por sua conta, antecipandose a autoridade administrativa. Atualmente, pelo Princípio da Praticidade, a maioria dos tributos, inclusive o imposto de renda, estão sujeitos ao lançamento por homologação e, caso o contribuinte não cumpra seu dever legal, caberá ao Fisco efetuar o lançamento tributário de oficio, cuja conseqüência é aplicação da multa de ofício de 75%, conforme artigo 44 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 98 10 negativa para a contribuição social o lucro líquido, no ano calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Não interessa ao presente processo, contudo, como fora mencionado acima, o lançamento por declaração é aquele em que a autoridade administrativa, frente a uma informação prestada pelo sujeito passivo da obrigação tributária, exige o pagamento do tributo (por exemplo, o IPTU). Logo, como o contribuinte não cumpriu o dever de lançar corretamente o tributo devido, é correta a aplicação da multa de ofício. Feitas estas considerações, conheço do presente Recurso Voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento, afastando as glosas com Jussara Sezko Campos Cunha, no importe de R$4.000,00, Ricardo Giovaneti Sales, no valor de R$6.000,00, Adriana Martins de Quevedo no valor de R$4.000,00 e Ivana Patrícia Santos de Souza de R$500,00. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Voto Vencedor Conselheira Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Redatora designada Divirjo do i. relator quanto à possibilidade de restabelecimento das despesas médicas somente à vista dos recibos e declarações emitidas pelos profissionais, visto que foi exigida do recorrente a comprovação quanto ao efetivo pagamento das despesas médicas glosadas. Em relação às despesas médicas, são dedutíveis da base de cálculo do IRPF os pagamentos efetuados pelos contribuintes a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados. No que tange à comprovação, a dedução a título de despesas médicas é condicionada ainda ao atendimento de algumas formalidades legais: os pagamentos devem ser especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu (art. 8º, § 2º, inc. III, da Lei 9.250, de 1995). Esta norma, no entanto, não dá aos recibos valor probante absoluto, ainda que atendidas todas as formalidades legais. A apresentação de recibos de pagamento com nome e CPF do emitente têm potencialidade probatória relativa, não impedindo a autoridade fiscal de Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 99 11 coletar outros elementos de prova com o objetivo de formar convencimento a respeito da existência da despesa. Nesse sentido, o artigo 73, caput e § 1º do RIR/1999, autoriza a fiscalização a exigir provas complementares se existirem dúvidas quanto à existência efetiva das deduções declaradas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte. (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º. (Grifei). Sobre o assunto, seguem decisões emanadas da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) e da 1ª Turma, da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 100 12 Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) Portanto, os recibos médicos não são uma prova absoluta para fins da dedução. Nesse sentido, entendo possível a exigência fiscal de comprovação do pagamento da despesa ou, alternativamente, a efetiva prestação do serviço médico, por meio de receitas, exames, prescrição médica. Na verdade, é não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais quanto à despesa declarada em caso de dúvida quanto a sua efetividade ou ao seu pagamento. A legislação tributária reproduzida outorga essa competência ao agente fiscal. Negar tal permissão significa avançar indevidamente sobre a condução da ação fiscalizadora estatal, restringindo o dever legal de investigação dos fatos, devidamente autorizado pela norma regulamentar. Ao se beneficiar da dedução da despesa em sua Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte deve se acautelar na guarda de elementos de provas da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. Importa salientar que não é o Fisco quem precisa provar que as despesas médicas declaradas não existiram, mas o contribuinte quem deve apresentar as devidas comprovações quando solicitado, visto que o uso de deduções em sua declaração de ajuste reduz a base de cálculo do IR. Esclareçase que a exigência da comprovação da efetividade do pagamento não conflita com a presunção de boafé da contribuinte, porquanto não se cogita, naquele momento, da existência de máfé na conduta do fiscalizado, mediante a prática de atos de falsidade, que levaria à aplicação de penalidade majorada. Acompanho o entendimento do recorrente de que o colegiado de primeira instância não poderia inovar quanto à fundamentação das glosas efetuadas. Entretanto, da leitura da decisão, vêse que a decisão decidiu pela manutenção da glosa uma vez que o sujeito passivo não juntou provas quanto ao efetivo pagamento da despesa, exigência que fundamentou a autuação, tendo apenas destacado outros pontos que considerou pertinentes. Segue trecho da decisão: Para que determinada despesa médica seja dedutível, é necessário que o serviço tenha sido, efetivamente, prestado e que o contribuinte tenha arcado com o ônus do tratamento. Sempre que a fiscalização entender que os pagamentos as despesas médicas pleiteadas devem ser comprovados, o contribuinte tem a obrigação de demonstralo por meio de Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10670.720443/201223 Acórdão n.º 2002000.709 S2C0T2 Fl. 101 13 documentos como transferências bancárias, cheques, saques em conta corrente, cartão de crédito, etc. As glosas devem ser mantidas por falta de comprovação do efetivo pagamento. Merece destaque o fato de que o odontólogo Ricardo Giovaneti Sales é omisso de entrega de declaração há vários anos e que os recibos emitidos pelas profissionais Jussara Sezko C. Cunha e Ivana Patrícia Santos de Souza não cumprem os requisitos legais, uma vez que não informam o endereço das profissionais. Os recibos emitidos pela odontóloga Adriana Quevedo (fls.13/14), não informam quem efetuou o pagamento nem que é o beneficiário dos serviços prestados. (destaques acrescidos) Ainda que tais apontamentos sejam desconsiderados, fato é que o recorrente não juntou provas quanto ao efetivo pagamento das despesas médicas em seu recurso voluntário. Assim, na ausência da comprovação exigida, as glosas devem ser mantidas. Isto posto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 102DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10070.002288/2003-38
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 11 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998
PIS. DECISÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA SECRETARIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL. LEI 8.383/91. LEI 9.430/96. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. ART. 62 DO RICARF.
Não obstante a decisão judicial tenha se adstrito a possibilitar a compensação de PIS com parcelas do próprio PIS, fica assegurado ao contribuinte, no processo administrativo, a compensação de seus créditos de PIS com débitos de quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal, em conformidade com as normas supervenientes, entendimento do STJ proferido quando do julgamento do REsp 1.137.738SP e Nota Cosit 141/03.
Numero da decisão: 9303-008.126
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
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ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998 PIS. DECISÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS ADMINISTRADOS PELA SECRETARIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL. LEI 8.383/91. LEI 9.430/96. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. ART. 62 DO RICARF. Não obstante a decisão judicial tenha se adstrito a possibilitar a compensação de PIS com parcelas do próprio PIS, fica assegurado ao contribuinte, no processo administrativo, a compensação de seus créditos de PIS com débitos de quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal, em conformidade com as normas supervenientes, entendimento do STJ proferido quando do julgamento do REsp 1.137.738SP e Nota Cosit 141/03. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 0. 00 22 88 /2 00 3- 38 Fl. 455DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra Acórdão nº 3201001.462, da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso de ofício e deu provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/1998 a 31/12/1998 PIS. DECISÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO COM A COFINS. LEI 8.383/91. LEI 9.430/96. LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE. ART. 62A DO RICARF. Mesmo que decisão judicial tenha estabelecido a compensação de créditos de PIS com débitos do próprio PIS, lastreada no regime jurídico vigente à época do ajuizamento da demanda, fica ressalvado o direito de o contribuinte proceder à compensação dos créditos pela via administrativa, em conformidade com a normas posteriores segundo entendimento do E.STJ no Resp 1.137.738SP.” Insatisfeita, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial contra o r. acórdão 3201001.462, trazendo, entre outros, que: · Em sede de despacho decisório, a autoridade administrativa indeferiu a compensação sob a alegação, entre outras, de que a decisão judicial apenas reconheceu o direito a compensação do PIS com o próprio PIS, não havendo autorização para compensar os créditos Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10070.002288/200338 Acórdão n.º 9303008.126 CSRFT3 Fl. 454 3 reconhecidos com débitos de COFINS, ainda que exista, atualmente, previsão legal para tal procedimento em lei editada posteriormente a impetração do referido mandado de segurança; · Não poderia o contribuinte se utilizar da "sobra" (saldo credor) de PIS, referente a recolhimento a maior de PIS no período de dezembro 1998, em que houve autorização judicial transitada em julgado para de compensação de créditos de PIS somente com débitos do próprio PIS, e ver compensado com débito de COFINS. Isso porque a imutabilidade da coisa julgada permite apenas compensação do PIS com o PIS; · Verificouse que o contribuinte obteve autorização judicial, por meio do processo 2001.02.01.0445122, para compensar créditos de PIS com débitos do próprio PIS. · Porém, tal compensação não foi efetuada conforme determinado na sentença. Em Despacho às fls. 385 a 387, foi dado seguimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe, entre outros, que é reconhecido pelo CARF, diferentemente do afirmado pela recorrente, o direito de proceder a compensação dos créditos pela via administrativa, se houver previsão legal neste sentido – Solução de Divergência Cosit 2/2010. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama – Relatora. Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlo, eis que foram atendidos os pressupostos de admissibilidade constante do art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF Fl. 457DF CARF MF 4 343/2015 com alterações posteriores. O que concordo com o exame de admissibilidade constante do Despacho às fls. 385 a 387. Quanto à matéria trazida em recurso, vêse que não é desconhecida por esse Colegiado. O que, recordo o acórdão 9303003.889, que consignou ser permitida a compensação do PIS com outros tributos administrados pela SRF, não obstante a decisão judicial tenha apenas permitido a compensação tão somente em relação aos valores devidos a título de PIS. Importante, para melhor elucidar, transcrever o voto do nobre conselheiro Rodrigo da Costa Possas dada naquela ocasião: “[...] matéria admitida foi a questão da compensação do indébito com débitos de tributos diferentes, ainda que a decisão judicial tenha restringido tal compensação apenas com débitos da mesma contribuição. A decisão judicial transitada em julgada restringiu a compensação aos tributos nela especificados. Porém essa limitação se deu por uma sentença transitada em julgado em que o beneficiado já havia, por normas internas, aceitado e aplicado a legislação posterior em processos de restituição sob sua análise. É o que se depreende da Nota Cosit nº 141, de 23 de maio de 2003. (...) 11. Não obstante isso, concluise que tratamento similar deve ser dispensado pela Administração Tributária ao caso em comento, qual seja a execução da decisão judicial transitada em julgado em conformidade com a norma que fundamentou a decisão até a data de início da vigência da norma que regulou a matéria objeto do litígio de forma mais favorável ao sujeito passivo, após a qual referida decisão deve ser executada em conformidade com a legislação superveniente. 12. A adoção do procedimento acima esposado não implica, de modo algum, descumprimento da decisão judicial transitada em julgado, mas sim a implementação da decisão mediante sua necessária integração à legislação superveniente e mais favorável Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10070.002288/200338 Acórdão n.º 9303008.126 CSRFT3 Fl. 455 5 ao sujeito passivo, na hipótese de a implementação vir a ocorrer em data na qual a norma que fundamentou a decisão e que orienta sua execução não mais se mostrar aplicável, 13. Referida exegese merece acolhimento inclusive nas hipóteses em que a compensação do crédito na forma prevista na legislação superveniente à decisão judicial tenha sido pretendida pelo sujeito passivo e denegada pelo Poder Judiciário, haja vista que tal denegação somente ocorreu em face da ausência de base normativa à data do reconhecimento judicial do direito creditório, situação modificada com a edição da legislação que permitiu a compensação na forma pretendida pelo sujeito passivo e na qual a própria Administração Tributária vem se orientado na homologação de compensações de tributos e contribuições sob sua administração. (...) Também existe uma solução de consulta, no mesmo sentido, proferida pela SRRF da 4ª RF MINISTÉRIO DA FAZENDA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL/4ª REGIÃO FISCAL SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 93, DE 04 DE NOVEMBRO DE 2004 ASSUNTO: Processo Administrativo Fiscal EMENTA: Os créditos de Finsocial, reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado, poderão, em princípio, ser utilizados para compensação com débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observados, ainda, os procedimentos previstos na IN SRF n° 460, de 2004. DISPOSITIVOS LEGAIS: Arts. 170 e 170A do CTN, com a redação do art. 1° da Lei Complementar n° 104, de 2001; art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação do art. 49 da Lei n° 10.637, de 2002, Fl. 459DF CARF MF 6 e do art. 17 da Lei n° 10.833, de 2003; INSRF n° 460, de 2004; Nota Cosit n° 141, de 2003. VIRGÍNIA BRAGA DE SANTANA Chefe da Disit Da leitura do texto acima transcrito, percebese que a própria administração Fazendária compartilha do mesmo entendimento esposado pela Recorrente, não havendo razão plausível para o indeferimento de sua pretensão compensatória. E nem poderia ser diferente, na forma do artigo 74 da lei n° 9.430/96, in verbis: Art. 74 O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão. § 1° A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. §2° A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. § 3º Além das hipóteses previstas nas leis especificas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1º... (Redação dada pela Lei n°10.833, de 29/12/2003) I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual cio Imposto de Renda da Pessoa Física; II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação § 4º os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão consideradas declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os eleitos previstos neste artigo. Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10070.002288/200338 Acórdão n.º 9303008.126 CSRFT3 Fl. 456 7 § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) Portanto, apesar de o PIS ser espécie diferente e natureza jurídica diversa de outros tributos, cada qual com destinações orçamentárias próprias, não há mais que se impor limites à compensação, em razão da nova legislação que rege a espécie, podendo, pois, serem compensados entre si ou com quaisquer outros tributos administrados e/ou arrecadados pela SRF. Com efeito, o vencedor da contenda já dispõe de outros meios para se proceder a compensação de indébitos tributários. Não há porque haver vinculação àquela sentença judicial transitada em julgado. Se a decisão tivesse sido contrária à Fazenda, aí sim, não caberia à administração outra solução, senão acatar a decisão judicial. Assim cabe à administração pública, por meio de seu tribunal administrativo, o CARF, relativizar a decisão judicial transitada em julgado e proceda à análise do pleito em questão. [...] O CARF tem farta jurisprudência permitindo a compensação do PIS com outros tributos administrados pela SRF, não obstante a decisão judicial tenha se adstrito a possibilitar a compensação de PIS com parcelas do próprio PIS. PIS. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO DECISÃO JUDICIAL RECURSO PARCIAL. COMPENSAÇÃO COM TRIBUTOS DIFERENTES. A interpretação sistemática do art. 66 da Lei nº 8.383, c/c os arts. 39 da Lei nº 9250/95, 73 e 74 da Lei nº 9.430/96 e 12 da IN nº 21/97, nos leva a concluir ser possível, no processo administrativo, assegurar ao contribuinte a compensação de seus créditos de PIS com débitos de quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, não obstante a decisão judicial Fl. 461DF CARF MF 8 tenha se adstrito a possibilitar a compensação de PIS com parcelas do próprio PIS. Recurso Provido. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO, DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. COMPENSAÇÃO COM TRIBUTOS DIFERENTES. Na forma da Nota COSIT nº 141/03, é possível, no processo administrativo, assegurar ao contribuinte a compensação de seus créditos de PIS com débitos de quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal, não obstante a decisão judicial tenha se adstrito a possibilitar a compensação de PIS com parcelas do próprio PIS. O art. 5º da CF, no capítulo que trata dos direitos fundamentais, coloca a imutabilidade da coisa julgada em seu rol. Ocorre que os direitos fundamentais servem para resguardar o cidadão contra possíveis arbitrariedades cometidas pelo Estado. São remédios de defesa do indivíduo, pela tendência opressora do Estado. A própria PGFN exarou parecer recente (PGFN/CRJ/nº 958/20012) sobre o assunto, admitindo a relativização da coisa julgada em desfavor do fisco. Eis uma parte do parecer: Ementa: Consulta acerca da prevalência ou não da coisa julgada material em favor da União sobre orientação administrativa posterior da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN e da Advocacia Geral da União – AGU que, em tese, é benéfica ao contribuinte. Exame em tese sob o prisma jurídico. (...) É sabido que a relativização da coisa julgada em desfavor do contribuinte é absolutamente vedada em razão dos princípios do direito adquirido e da segurança jurídica. Por outro lado, a relativização da coisa julgada em desfavor do Fisco parece não encontrar tais óbices. É no mínimo questionável alegarse que o Estado possui direito adquirido ou que precisa ser salvaguardado pelo princípio da segurança jurídica. Ora, o Estado é, por excelência, o produtor da norma jurídica, e, como tal, não pode Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10070.002288/200338 Acórdão n.º 9303008.126 CSRFT3 Fl. 457 9 alegar ausência de segurança para descumprir as normas que ele próprio modificou, seja no âmbito do Poder Judiciário ou dos seus demais Poderes. 10. Desse modo, é perfeitamente possível que os efeitos de uma decisão judicial acobertada pela coisa soberanamente julgada (aquela que se forma pelo transcurso do prazo decadencial da ação rescisória) cessem, de modo a ensejar um novo regime jurídico entre as partes envolvidas acerca de determinado objeto. Assim sendo, a cessação ou modificação desses efeitos podem advir: i) das alterações fático jurídicas em relações de trato sucessivo; ii) de ato unilateral ou bilateral das partes envolvidas (renúncia ou novação, por exemplo); e iii) retroação dos efeitos da lei. 23. Por fim, cabe analisar a hipótese de desconstituição da coisa julgada pela retroação da lei. Evidentemente que para o contribuinte, a garantia da coisa julgada não pode ser atingida pela retroação da lei, do contrário seria ela inconstitucional. Mas para o ente político, embora seja ele titular de direitos e garantias fundamentais, entendo que há possibilidade de mitigação dessa garantia. A lei, em tese, não poderia estabelecer, sob pena de inconstitucionalidade, que as decisões favoráveis ao ente público, mesmo que transitadas em julgado, não se revestiriam da coisa julgada. Entretanto, poderia, ao meu ver sem o vício da inconstitucionalidade, retroagir de maneira a tornar sem efeito coisas julgadas já formadas e em matérias específicas, pois estaríamos, na verdade, diante de uma hipótese de renúncia à coisa julgada pelo ente político por meio de seu Poder Legislativo. Não caberia ao advogado público sustentar em juízo a inconstitucionalidade da lei, mas tão somente adotar a vontade legislativa. No presente caso o Estado foi vitorioso em uma contenda judicial e, esse mesmo Estado abre mão desse direito à imutabilidade da coisa julgada, ao expedir a Nota Cosit nº 141, em 23 de maio de 2003. A legislação mudou e após o início do processo judicial sobreveio Fl. 463DF CARF MF 10 uma legislação mais benéfica ao contribuinte e a própria Receita Federal, que dispõe de um modo mais rápido de receber os seus créditos. Tal solução diminuiu muito os processos em contencioso administrativo. Não há violação legal e não há prejuízo para nenhuma parte. Se o próprio credor admite receber as suas dívidas de outro modo, não há porque esse tribunal administrativo, em um formalismo exacerbado, impedir que o contribuinte solva seus débitos de uma forma que a própria legislação já permitia quando da ocorrência dos fatos, ou seja, da compensação. [...]” Sendo assim, não obstante a decisão judicial tenha se adstrito a possibilitar a compensação de PIS com parcelas do próprio PIS, é de se assegurar ao contribuinte, no processo administrativo, a compensação de seus créditos de PIS com débitos de quaisquer outros tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal, em conformidade com as normas supervenientes, entendimento do STJ proferido quando do julgamento do REsp 1.137.738SP e Nota Cosit 141/03. Em vista do exposto, voto por negar provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. É como voto. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 464DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.900077/2011-08
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.824
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarou-se impedido, sendo substituído pelo Conselheiro Márcio Robson Costa (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado em substituição ao Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes) e Márcio Robson Costa (Suplente convocado em substituição ao impedimento do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro). Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto da relatora. O Conselheiro Diego Diniz Ribeiro declarouse impedido, sendo substituído pelo Conselheiro Márcio Robson Costa (suplente convocado). (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado em substituição ao Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes) e Márcio Robson Costa (Suplente convocado em substituição ao impedimento do Conselheiro Diego Diniz Ribeiro). Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em São Paulo I que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. Versa o processo sobre Declaração de Compensação objeto do PER/DComp nº 03868.53121.151206.1.3.047490 de crédito de Cofins no montante de R$ 634.495,47, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 63 27 .9 00 07 7/ 20 11 -0 8 Fl. 125DF CARF MF Processo nº 16327.900077/201108 Resolução nº 3402001.824 S3C4T2 Fl. 126 2 decorrente de pagamento indevido ou a maior da mesma contribuição relativo a Darf no mesmo total (fev/2006, código 7987), recolhido em nome do sucedido Banco Santander S/A, CNPJ 33.517.640/000122. A compensação declarada não foi homologada, mediante Despacho Decisório nº de rastreamento 912667710, em face da ausência de saldo reconhecido no pagamento localizado com as características descritas no PER/Dcomp. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, aduzindo, em síntese: a) em fevereiro de 2006, efetuou ajustes na base de cálculo da Cofins, oriundos das operações com derivativos, de acordo com as determinações do artigo 110 da Lei 11.196/2005, o que ocasionou, para o mês de fevereiro/2006, apuração de base de cálculo inferior à aquela utilizada inicialmente no recolhimento do Darf; b) o crédito não foi devidamente apontado na DCTF retificadora de fevereiro/2006, transmitida em 29/08/2006, uma vez que não havia valor de débito a ser declarado para a Cofins, código de receita 7897, logo a requerente não tinha como declarar o valor pago indevidamente ou a maior. O julgador a quo não acolheu as razões de defesa da manifestante, sob os seguintes fundamentos principais: Embora o interessado tivesse sido intimado, por duas vezes, anteriormente à emissão do Despacho Decisório, a apresentar os registros contábeis juntamente com os demais documentos, nada foi apresentado. Em sede de manifestação, o contribuinte apresentou somente as planilhas de apuração da base de cálculo da contribuição, porém novamente não apresentou os devidos registros contábeis. O próprio art. 110 da Lei nº 11.196/05 sobre a necessidade de apresentação dos ajustes no Lalur – Livro de Apuração do Lucro Real, da pessoa jurídica sucedida, no caso, o Banco Santander S/A, CNPJ nº 33.517.640/000122, uma vez que o evento de incorporação ocorreu em 31/08/2006. Não há previsão legal para a retificação de ofício de DCTF transmitida pelo contribuinte. Cientificada dessa decisão em 12/02/2014, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 28/02/2014, alegando, em síntese: "não há razão para não se admitir toda a documentação apresentada pela Recorrente como meio de prova hábil para respaldar suas alegações, pois a diferença da base de cálculo da COFINS após os ajustes provenientes das operações com derivativos se encontra devidamente demonstrada nas planilhas da conta contábil da Recorrente, apresentada nos exatos termos do que dispõe o Anexo I, do art. 95 da IN SRF nº 247/2002, bem como registradas no LALUR". É o relatório. Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade tomase conhecimento do recurso voluntário. Fl. 126DF CARF MF Processo nº 16327.900077/201108 Resolução nº 3402001.824 S3C4T2 Fl. 127 3 A recorrente sustenta seu direito creditório na redução da base de cálculo da contribuição relativa ao mês de fevereiro/2006 em face de ajustes com a exclusão de receitas incorridas em operações com mercados de liquidação futura (derivativos) computadas pelo regime de competência, as quais deveriam ter sido reconhecidas somente na liquidação dos contratos, nos termos do art. 110 da Lei 11.196/2005, que assim dispõe: Art. 110. Para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep, da Cofins, do IRPJ e da CSLL, as instituições financeiras e as demais instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil devem computar como receitas ou despesas incorridas nas operações realizadas em mercados de liquidação futura: (Vigência) (Regulamento) I a diferença, apurada no último dia útil do mês, entre as variações das taxas, dos preços ou dos índices contratados (diferença de curvas), sendo o saldo apurado por ocasião da liquidação do contrato, da cessão ou do encerramento da posição, nos casos de: a) swap e termo; b) futuro e outros derivativos com ajustes financeiros diários ou periódicos de posições cujos ativos subjacentes aos contratos sejam taxas de juros spot ou instrumentos de renda fixa para os quais seja possível a apuração do critério previsto neste inciso; II o resultado da soma algébrica dos ajustes apurados mensalmente, no caso dos mercados referidos na alínea b do inciso I do caput deste artigo cujos ativos subjacentes aos contratos sejam mercadorias, moedas, ativos de renda variável, taxas de juros a termo ou qualquer outro ativo ou variável econômica para os quais não seja possível adotar o critério previsto no referido inciso; III o resultado apurado na liquidação do contrato, da cessão ou do encerramento da posição, no caso de opções e demais derivativos. § 1o O Poder Executivo disciplinará, em regulamento, o disposto neste artigo, podendo, inclusive, determinar que o valor a ser reconhecido mensalmente, na hipótese de que trata a alínea b do inciso I do caput deste artigo, seja calculado: I pela bolsa em que os contratos foram negociados ou registrados; II enquanto não estiver disponível a informação de que trata o inciso I do caput deste artigo, de acordo com os critérios estabelecidos pelo Banco Central do Brasil. § 2o Quando a operação for realizada no mercado de balcão, somente será admitido o reconhecimento de despesas ou de perdas se a operação tiver sido registrada em sistema que disponha de critérios para aferir se os preços, na abertura ou no encerramento da posição, são consistentes com os preços de mercado. § 3o No caso de operações de hedge realizadas em mercados de liquidação futura em bolsas no exterior, as receitas ou as despesas de que trata o caput deste artigo serão apropriadas pelo resultado: I da soma algébrica dos ajustes apurados mensalmente, no caso de contratos sujeitos a ajustes de posições; II auferido na liquidação do contrato, no caso dos demais derivativos. § 4o Para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, fica vedado o reconhecimento de despesas ou de perdas apuradas em operações realizadas em mercados fora de bolsa no exterior. § 5o Os ajustes serão efetuados no livro fiscal destinado à apuração do lucro real. Na decisão recorrida a Delegacia de Julgamento apontou a ausência de apresentação pela contribuinte de documentos comprobatórios dos registros contábeis relativos aos dados constantes nas planilhas acostadas à manifestação de inconformidade, bem como dos devidos ajustes no Lalur. No que concerne à DCTF retificadora de fevereiro/2006, informou a DRJ que a contribuinte informou apenas o débito referente ao código 5442, de Cofins – Fl. 127DF CARF MF Processo nº 16327.900077/201108 Resolução nº 3402001.824 S3C4T2 Fl. 128 4 Importação de Serviços, no valor de R$78,71, não tendo sido declarado débito dessa contribuição no código 7987, de forma que não haveria retificação a ser feita, caso houvesse a comprovação documental do alegado. De outra parte, a recorrente alega que o referido ajuste gerou uma base de cálculo negativa da Cofins no montante de R$8.098.308,97, sem valor de Cofins a recolher. Para comprovar o alegado apresentou planilhas elaboradas conforme modelo determinado pelos arts. 95 e 97 da Instrução Normativa SRF nº 247/2002, com a apuração da contribuição de fevereiro de 2006 com base nas suas informações contábeis, o que poderia ser comprovado mediante o Balancete versão 27, que traria os valores das rendas e perdas com derivativos de acordo com o regime de competência. Acrescenta que efetuou todos os ajustes de janeiro a agosto de 2006 no próprio mês de agosto, conforme cópia do Lalur acostada ao recurso. Como se sabe, incumbe à recorrente, por ocasião do recurso voluntário, apresentar elementos modificativos ou extintivos da decisão recorrida, nos termos do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 e do art. 36 da Lei nº 9.784/99, inclusive, a prova documental que se destine a contrapor razões ou fatos aduzidos pelo julgador a quo (art. 16, §4º, "c" do Decreto nº 70.235/72). Não obstante, como informou a DRJ, a contribuinte não tenha atendido às intimações da fiscalização anteriormente ao Despacho Decisório, apresentou alguns dos documentos faltantes na manifestação de inconformidade e outros no recurso voluntário, em contraposição às razões do despacho decisório e da decisão recorrida, os quais podem eventualmente representar um direito creditório em favor da contribuinte. Dessa forma, a documentação apresentada demanda conhecimento por parte do Colegiado em referência ao princípio da verdade material e ao disposto no art.16, §§4º, 5º e 6º do Decreto 70.235/721. Ademais, este CARF tem entendido que: "Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova idônea, contábil e fiscal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado" (Acórdão nº 3301005.595, de 13 de dezembro de 2018, Rel. Salvador Cândido Brandão Junior). 1 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 128DF CARF MF Processo nº 16327.900077/201108 Resolução nº 3402001.824 S3C4T2 Fl. 129 5 Assim, voto no sentido de determinar a realização de diligência, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72 e dos arts. 35 a 37 e 63 do Decreto nº 7.574/2011, para que a Unidade de Origem: a) Analise a suficiência da documentação apresentada pela recorrente para comprovar o direito creditório alegado e, em caso negativo, intimea a apresentar, dentro de prazo razoável, a documentação/esclarecimento que, conforme entendimento da fiscalização, falte para a referida comprovação; b) Elabore Relatório Conclusivo acerca da verificação de toda a documentação juntada aos autos pela recorrente e sua habilidade para comprovar a certeza e liquidez do direito creditório pleiteado e em que medida; c) Intime a recorrente do resultado da diligência, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011; e d) Por fim, devolva os autos a este Colegiado para prosseguimento no julgamento. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Fl. 129DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.000227/2002-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/02/1999 a 31/08/2000
RETENÇÃO INDEVIDA. RESTITUIÇÃO.
Os valores de retenção indevida podem ser restituídos ou compensados com outros tributos, caso reste saldo indevido no respectivo período de apuração.
CONCEITOS DE ATIVIDADES PRÓPRIAS DO ART. 14, X DA MP 2.158/35-2001.
As atividades próprias são aquelas do objeto social da entidade, as atividades finalísticas para as quais foi criada. Aplicação vinculante do Resp 1.353.111/RS.
IMUNIDADE. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA DE CEBAS.
A exigência de CEBAS somente pode se dar quanto aos aspectos formais de constituição e funcionamento das entidades, sem adentrar no mérito da assistência social, porquanto o conceito de assistência social somente pode ser dado em lei complementar, e não em lei oridnária, como a Lei 8.212/91. Aplicação vinculante da decisão no ADI 2028.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3201-005.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que, superada a questão enfrentada no voto, os autos retornem à unidade preparadora para que prossiga na análise do pedido.
(assinatura digital)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinatura digital)
Marcelo Giovani Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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RESTITUIÇÃO. Os valores de retenção indevida podem ser restituídos ou compensados com outros tributos, caso reste saldo indevido no respectivo período de apuração. CONCEITOS DE ATIVIDADES PRÓPRIAS DO ART. 14, X DA MP 2.158/352001. As atividades próprias são aquelas do objeto social da entidade, as atividades finalísticas para as quais foi criada. Aplicação vinculante do Resp 1.353.111/RS. IMUNIDADE. ISENÇÃO. EXIGÊNCIA DE CEBAS. A exigência de CEBAS somente pode se dar quanto aos aspectos formais de constituição e funcionamento das entidades, sem adentrar no mérito da assistência social, porquanto o conceito de assistência social somente pode ser dado em lei complementar, e não em lei oridnária, como a Lei 8.212/91. Aplicação vinculante da decisão no ADI 2028. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que, superada a questão enfrentada no voto, os autos retornem à unidade preparadora para que prossiga na análise do pedido. (assinatura digital) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 00 02 27 /2 00 2- 54 Fl. 532DF CARF MF 2 (assinatura digital) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade, Laércio Cruz Uliana Júnior. Relatório Reproduzo o relatório da primeira instância administrativa: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade interposta contra indeferimento, pela DRF/RJI, de Pedido de Restituição (fls. 36/42) protocolado em 13/03/2002, no valor original de R$ 2.539.241,72, relativamente a valores retidos na fonte pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) a título de pagamento de Cofins pelo fornecimento de serviços nos anos de 1997 a 2001. A contribuinte explica que, no período indicado, celebrou contrato de prestação de serviços com o INEP para a elaboração e aplicação das provas do Exame Nacional de Cursos (Provão) e do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM). Esclarece que a Instrução Normativa SRF/STN/SFC n° 4, de 1997, e a Instrução Normativa SRF/STN/SFC n° 23, de 2001, determinaram que os órgãos da administração direta, as autarquias e as fundações federais deveriam reter na fonte a Cofins sobre pagamentos que efetuassem a pessoas jurídicas pela prestação de serviços. Informa que o INEP reteve sobre o valor pago do contrato um percentual que variou no período de 2% a 3%, o qual, era recolhido mediante os Darf em anexo (doc. 16). Aduz que as instruções normativas citadas previam as hipóteses de não retenção, como as das entidades de educação e de assistência social. Aduz que não estava sujeita à retenção de Cofins na fonte, pois é instituição de educação e assistência social e preenchia os requisitos exigidos para o gozo da isenção. A autoridade a quo, todavia, entendeu não ser possível a restituição de valores retidos por órgãos públicos. Com base no art. 64 da Lei n° 9.430/96, afirma que os valores retidos pelos entes públicos federais têm caráter de antecipação do tributo devido. Aduz que o excesso de retenção, se for o caso, não configura pagamento indevido ou a maior, nos termos do art. 165 do CTN. Entende que os valores retidos na fonte pelos entes públicos federais, a título da Cofins, poderiam ser aproveitados pela interessada na dedução dos valores devidos da mesma contribuição, apurados relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção, não se Fl. 533DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 3 3 admitindo um pedido de restituição, por falta de previsão legal. Cita disposições das Instruções Normativas SRF/STN/SFC nº 4/1997 e SRF/STN/SFC nº 23/2001 para demonstrar que os sujeitos passivos tinham apenas o direito de deduzir os valores retidos por órgãos públicos com os tributos da mesma espécie devidos relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. Assevera que eventual saldo credor na dedução da Cofins não configura pagamento indevido ou a maior. Relata que, mesmo que fosse admitido restituição de eventual saldo credor da Cofins retida por órgão público, o pleito da interessada não poderia prosperar, pois o exercício de tal direito pelas instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532/97 e pelas instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e associações, a que se refere o art. 15 da Lei nº 9.532/97, está condicionado ao cumprimento de diversas exigências. Informa que tais entidades têm direito ao benefício do art. 14, X, da Medida Provisória nº 1.8586/1999 (atualmente MP nº 2.15835/2001), ou seja, serem isentas da Cofins em relação apenas às atividades próprias, contanto que atendam às condições estabelecidas nos arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532/97. Explica que atividades próprias são aquelas decorrentes de contribuições, doações e subvenções por elas recebidas, destinadas à manutenção da instituição e consecução de seus objetivos sociais, sem caráter contraprestacional. Em consequência, aduz que se sujeitam à incidência da Cofins as receitas oriundas das atividades comuns a dos demais agentes econômicos, como as resultantes da prestação de serviços, da venda de mercadorias e ganhos em aplicações financeiras. Argumenta que as receitas decorrentes do contrato de prestação de serviços com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) para o desenvolvimento de trabalhos de elaboração e aplicação das provas do Exame Nacional de Cursos (Provão) e do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) recebidas entre 1997 e 2001 estavam sujeitas à tributação pela Cofins, pois não se incluem naquelas decorrentes das atividades próprias da entidade por possuírem evidente caráter contraprestacional direto. Após, afirma que a contribuinte também não atendeu aos requisitos previstos no art. 55 da Lei n° 8.212, de 1991, para que pudesse gozar da isenção da Cofins. Relata, pela análise do documento de fl. 32, que a interessada era portadora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social Fl. 534DF CARF MF 4 (CEAS) com validade para o período entre 01/1998 e 12/2000 e que o pedido de renovação foi indeferido pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS). Informa que a Cesgranrio recorreu da decisão no pedido de reconsideração autuado no processo n.º 44006.002001/200101. Diz, todavia, que, em consulta ao Acórdão nº 1235.916 da 8ª Turma da DRJ/RJ1 (fls. 266/267), verificou que: o CNAS indeferiu o pedido de renovação porque entendeu que houve descumprimento do art. 3º, VI, do Decreto nº 2.536/98, devido a falta de comprovação da aplicação mínima de 20% da receita bruta em gratuidades, nos exercícios 1998 a 2000; a interessada pediu o arquivamento do processo n.º 44006.002001/200101, no qual pedia a reconsideração do indeferimento de renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social; por meio do “Ato Cancelatório de Isenção de Contribuições Sociais” nº 17.403.4/002/2002, emitido em 27/12/2002, o INSS cancelou a isenção da interessada a partir de 01/01/2001, em razão do descumprimento do requisito do inc. II do art. 55 da Lei 8.212/91 ausência do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social; mediante requerimento de nº 37280.001094/200215, a interessada formulou pedido de emissão do Ato Cancelatório em razão do qual lhe foi subtraída a isenção de pagamento de Cofins com efeitos a partir de 01/01/2001 e que não houve recurso ao ato administrativo. Conclui que a manifestante não cumpriu o requisito previsto no inc. II do art. 55 da Lei n° 8.212/91 (falta do CEAS) nos anos de 1997 e 2001. Diante do exposto, não reconheceu o crédito pleiteado e indeferiu o pedido de restituição. Cientificada em 12/08/2013, a contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade em 11/09/2013, alegando, em síntese o seguinte. No tópico “(i) Da alegada impossibilidade de restituição de valores retidos por órgãos públicos”, argumenta que o direito à restituição de indébito é fundado na orientação geral do Direito, encampada no art. 964 do Código Civil, segundo a qual quem recebeu o que não lhe era devido fica obrigado a restituir, prestandose a obstruir o enriquecimento sem causa. Diz que tal fato se sustenta no campo da ética jurídica e que na seara fiscal a repetição de indébito é cabível quando o contribuinte paga indevidamente qualquer tributo, conforme disposto no art. 165 do CTN. Entende que não há distinção de modalidade de pagamento para fins de restituição, incluindose aí a antecipação por Fl. 535DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 4 5 força de retenção. Assevera que é sem sentido a alegação de que os valores antecipados por retenção não podem ser restituídos, mas apenas compensados, já que esse instituto é inócuo para os beneficiários de isenção/imunidade. Sustenta que o fundamento de ausência de previsão legal para restituição dos valores retidos por órgãos públicos há muito foi desmistifícada, tendo a injustiça da tese sido rechaçada com a edição da Medida Provisória n° 413/08, convertida na Lei n° 11.727/2008. Diz que, na Solução de Consulta de n° 179, de 11 de junho de 2008, a RFB reconheceu tal direito após a publicação da MP n° 413/08. No tópico “(ii) Tese de isenção da Cofins apenas em relação às receitas obtidas nas atividades próprias”, alega que a legislação que respalda a decisão do Fisco não tem status de lei complementar, como determina a Constituição Federal no art. 146. Diz que o diploma legal aplicável ao caso é o art. 9o do CTN. Assevera que nada há na lei que permita definir receitas relativas às atividades próprias como sendo receitas “sem caráter contraprestacional”, como o fez Parecer Normativo n° 5/92 com o nítido objetivo de restringir o âmbito da isenção. Assevera que receitas relativas às atividades próprias são aquelas inerentes aos seus objetivos, nos termos do art. 9o do CTN, ou seja, as provenientes do exercício das atividades estatutárias das instituições de educação e das fundações de direito privado. Argumenta que a Constituição Federal, no art. 150, inc. III, alínea c, VI, ao conceder imunidade de impostos às entidades de educação e de assistência social, bem como o artigo 14 do CTN, ao definir os requisitos a serem atendidos para a fruição da imunidade, não elegeu dentre eles o recebimento de receitas “sem caráter contraprestacional”. Alega que a única restrição referente à imunidade das instituições de educação é a delimitação do benefício ao patrimônio, às rendas e aos serviços relaciondos com as suas finalidades essenciais. Sustenta que o STF tem jurisprudência firmada no sentido de que as entidades imunes, mesmo que explorem atividades estranhas à sua finalidade precípua, como, por exemplo, a exploração de estacionamento de veículos, podem fruir da imunidade, desde que apliquem as respectivas receitas nas suas finalidades estatutárias. Fl. 536DF CARF MF 6 Por fim, aduz que um parecer normativo da RFB não pode contrariar o CTN, devendo prevalecer o que está disposto na lei. No tópico “(iii) Suposto não atendimento dos requisitos previstos em lei”, afirma que o despacho decisório sugere a aplicação da regra do art. 55 da Lei n° 8.212/91, que não trata da Cofins, mas da contribuição previdenciária. Alega, ainda, que o ato de cancelamento da certificação de isenção das contribuições da Lei n° 8.212/91 teve efeitos a partir de 1o de janeiro de 2001, pelo que o período anterior (1997 a 2000) não poderia ter a restituição negada. No tópico “IV DO DIREITO”, diz que o inc. IV do art. 150 da CF/1988 prevê a imunidade de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. Aduz que, igualmente, o §7o do art. 195 da CF/88 dispõe sobre as imunidades da contribuições para a seguridade social. Entende que ambos os dispositivos determinam o gozo da imunidade nos termos da norma que regulamentálos, que deve ser lei complementar, de acordo com o art. 146 da Constituição Federal. Afirma que a disciplina infraconstitucional da imunidade constitucional está prevista no art. 14 do CTN. Aduz, por conseguinte, que basta que os requisitos ali estabelecidos sejam atendidos para que tenha direito à imunidade constitucionalmente prevista. Alega que qualquer outro dispositivo legal, além da Constituição Federal e do CTN, que venha a estipular outros requisitos para o enquadramento de uma entidade de assistência social como imune a qualquer tributo, configura se como inconstitucional. Assevera, por derradeiro, que a Lei Complementar n° 70/91, que regulava a matéria à época das retenções indevidas, também lhe conferia o direito à imunidade constitucional. Entende que a legislação superveniente não lhe retirou o direito, conforme art. 14 da Medida Provisória n° 2.158 35/01. Requer o deferimento do pedido de restituição A 3ª Turma da DRJ/Curitiba/PR, por meio do Acórdão 0657.195, de 15/02/2017, decidiu pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. Transcrevo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 31/08/2000 Fl. 537DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 5 7 COFINS. RETENÇÃO NA FONTE. SALDO CREDOR ATÉ 03/01/2008. RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A restituição do saldo credor dos valores retidos na fonte a título de Cofins, apurados antes da vigência da Medida Provisória nº 413, de 03 de janeiro de 2008, não pode ser deferida, pois a matéria não foi regulamentada pela RFB. IMUNIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES PARA SEGURIDADE SOCIAL. REQUISITOS LEGAIS. Para o gozo da imunidade/isenção das contribuições para seguridade social, a entidade deve atender aos requisitos da lei, entre eles, o Registro e Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social. ISENÇÃO. RECEITA DA ATIVIDADE PRÓPRIA. Somente as instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos legais são isentas da Cofins e exclusivamente em relação às receitas derivadas de suas atividades próprias. RECEITA DE ATIVIDADE PRÓPRIA. DEFINIÇÃO. A receita da atividade própria de uma entidade é composta pelas doações, contribuições, mensalidades e anuidades recebidas de associados, mantenedores e colaboradores, sem caráter contraprestacional direto, destinadas ao custeio e manutenção das suas atividades sem fins lucrativos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1999 a 31/08/2000 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. No Recurso Voluntário, a fundação reforça os argumentos de defesa. Traz notícia do julgamento do REsp 1.353.111/RS, no rito dos recursos repetitivos, que trata do tema das atividades próprias do art. 14, X, da MP 2.15835/2001. Colaciona ainda o Acórdão Carf 1402002.352, que decidiu pela inexistência de tributação do Pis e Cofins sobre a recorrente. Informa também que o cancelamento do CEAS foi a partir de 1º/01/2001. É o relatório. Voto Fl. 538DF CARF MF 8 Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade. 1 – Restituição de retenção indevida A fundamentação legal para a negativa da restituição, neste parte, foi o §4º do art. 64 da Lei 9.430/96: Art. 64. Os pagamentos efetuados por órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, estão sujeitos à incidência, na fonte, do imposto sobre a renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para seguridade social COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP. (...) § 3º O valor do imposto e das contribuições sociais retido será considerado como antecipação do que for devido pelo contribuinte em relação ao mesmo imposto e às mesmas contribuições. § 4º O valor retido correspondente ao imposto de renda e a cada contribuição social somente poderá ser compensado com o que for devido em relação à mesma espécie de imposto ou contribuição. (ressaltei) Os normativos da Receita Federal expressavam o mesmo teor, conforme art. 1º e 5º das Instruções Normativas SRF/STN/SFC 4/1997 e 23/2001: “Art. 1º. Os órgãos da administração federal direta, as autarquias e fundações federais reterão, na fonte, o imposto sobre a renda da pessoa jurídica IRPJ, bem assim a contribuição social sobre o lucro líquido CSLL, a contribuição para a seguridade social Cofins e a contribuição para o PIS/Pasep sobre os pagamentos que efetuarem a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços em geral, inclusive obras, observados os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. (...) Art.5º. Os valores retidos na forma deste ato poderão ser compensados, pelo contribuinte, com o imposto e contribuições de mesma espécie, devidos relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção.” Com efeito, as retenções são antecipações do que é devido na apuração ao final do período, e somente podem ser compensadas com o que for devido do mesmo tributo ou contribuição. Como antecipações legais, são feitas antes da apuração, isto é, são devidas antes da apuração. São retenções devidas. Fl. 539DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 6 9 Todavia, o caso presente se trata de retenção indevida. Nesse caso, não se trata de antecipação devida, que somente seria compensada ao final do período de apuração com o mesmo tributo ou contribuição, mas como antecipação indevida, caso se revele não utilizada, ao final do período, restará como pagamento indevido, e pode ser restituído/compensado. Não há nenhuma vedação legal para a restituição da retenção indevida, e nem mesmo vedação normativa. A MP 413/2008, convertida na Lei 11.727/2008, expressamente admite a restituição quando os valores retidos superem o valor devido no período: Art. 5o Os valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando não for possível sua dedução dos valores a pagar das respectivas contribuições no mês de apuração, poderão ser restituídos ou compensados com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 1o Fica configurada a impossibilidade da dedução de que trata o caput deste artigo quando o montante retido no mês exceder o valor da respectiva contribuição a pagar no mesmo mês. § 2o Para efeito da determinação do excesso de que trata o § 1o deste artigo, considerase contribuição a pagar no mês da retenção o valor da contribuição devida descontada dos créditos apurados naquele mês. § 3o A partir da publicação da Medida Provisória no 413, de 3 de janeiro de 2008, o saldo dos valores retidos na fonte a título da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados em períodos anteriores poderá também ser restituído ou compensado com débitos relativos a outros tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma a ser regulamentada pelo Poder Executivo. A decisão recorrida afirma que não houve regulamentação específica para o caso, porém a regulamentação que se trata é aquela pertinente a toda compensação de indébito, tais como as Instruções Normativas 210/2002, 600/2005, 900/2008 e subsequentes. Não há necessidade de regulação específica diferente dos casos gerais de pagamento indevido, mesmo porque a Receita Federal não regulamentou até hoje essa especificidade, de modo que , não se concebendo que possa deixar de regulamentar, depois de tanto tempo, direito legal previsto, é que entendeu que a regulamentação existente já seria suficiente. Ademais, embora o pedido neste processo seja anterior à MP 413/2008, como se trata de direito processual, e não há julgamento administrativo definitivo, há de se considerar válido o pedido. Colaciono precedentes do Carf que admitem tal tipo de restituição: 3302 003.517 e 3401002.805. 2 – Atividades próprias Fl. 540DF CARF MF 10 Sobre o conceito de atividades próprias, temse a seguinte súmula Carf 107: Súmula CARF nº 107 A receita da atividade própria, objeto da isenção da Cofins prevista no art. 14, X, c/c art. 13, III, da MP nº 2.15835, de 2001, alcança as receitas obtidas em contraprestação de serviços educacionais prestados pelas entidades de educação sem fins lucrativos a que se refere o art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. Embora não aplicável diretamente à totalidade das atividades da entidade, tal súmula dirige o entendimento no sentido de que as atividades próprias não são aquelas restritas, previstas no art. 47 da Instrução Normativa 247/2002, mas sim as atividades típicas da entidade, seu objeto social, as atividades finalísticas para as quais foi criada. O Superior Tribunal de Justiça tratou do tema, no REsp 1.353.111/RS, sob o rito dos recursos repetitivos, direcionandose nesse mesmo sentido. Transcrevo a ementa, a tese firmada e alguns excertos: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. COFINS. CONCEITO DE RECEITAS RELATIVAS ÀS ATIVIDADES PRÓPRIAS DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS PARA FINS DE GOZO DA ISENÇÃO PREVISTA NO ART. 14, X, DA MP N. 2.15835/2001. ILEGALIDADE DO ART. 47, II E § 2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 247/2002. SOCIEDADE CIVIL EDUCACIONAL OU DE CARÁTER CULTURAL E CIENTÍFICO. MENSALIDADES DE ALUNOS. 1. A questão central dos autos se refere ao exame da isenção da COFINS, contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), relativa às entidades sem fins lucrativos, a fim de verificar se abrange as mensalidades pagas pelos alunos de instituição de ensino como contraprestação desses serviços educacionais. O presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. 2. O parágrafo § 2º do art. 47 da IN 247/2002 da Secretaria da Receita Federal ofende o inciso X do art. 14 da MP n° 2.158 35/01 ao excluir do conceito de "receitas relativas às atividades próprias das entidades", as contraprestações pelos serviços próprios de educação, que são as mensalidades escolares recebidas de alunos. 3. Isto porque a entidade de ensino tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de Fl. 541DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 7 11 existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 4. Precedentes do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF: (...) 6. Tese julgada para efeito do art. 543C, do CPC: as receitas auferidas a título de mensalidades dos alunos de instituições de ensino sem fins lucrativos são decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), sendo flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. 7. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/2008. (...) Deve ser registrado que o presente recurso representativo da controvérsia não discute quaisquer outras receitas que não as mensalidades, não havendo que se falar em receitas decorrentes de aplicações financeiras ou decorrentes de mercadorias e serviços outros (vg. estacionamentos pagos, lanchonetes, aluguel ou taxa cobrada pela utilização de salões, auditórios, quadras, campos esportivos, dependências e instalações, venda de ingressos para eventos promovidos pela entidade, receitas de formaturas, excursões, etc.) prestados por essas entidades que não sejam exclusivamente os de educação. (...) Ocorre que o referido art. 13, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001) faz menção a uma série de entidades cujas atividades normais a elas inerentes também podem possuir natureza contraprestacional, ainda que sem fins lucrativos. Tal é o caso, para exemplo, das instituições de educação ou de assistência social previstas no art. 12, da Lei n. 9.532/97 e das instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis previstas no art. 15, da Lei n. 9.532/97. Em ambas as situações, não por acaso, os artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97 mencionaram que a instituição deve prestar "os serviços para os quais houver sido instituída ". Identificouse ali , na própria lei, o núcleo do que se chamou de "atividades próprias ", que seriam esses mesmos serviços. Fl. 542DF CARF MF 12 Decerto, ao contrário da entidades públicas, que em regra estão proibidas de cobrar mensalidades pelos serviços que prestam, haja vista que a União funciona como sua mantenedora, as entidades privadas têm garantido o direito ao auto financiamento. Essa natureza contraprestacional inerente e necessária à sobrevivência de tais entidades e constitucionalmente incentivada para que possam atuar de forma complementar ao Estado, inclusive foi reconhecida pelo próprio Supremo Tribunal Federal ao conceder medida liminar na ADIN n. 2.028DF, para suspender a eficácia do art. 55, III e §3º, da Lei n. 8.212/91, inseridos pelo art. 1º, da Lei n. 9.732/98, que exigiram a gratuidade (ausência de contraprestação) como condição para o gozo da imunidade constitucional do art. 195, §7º, da CF/88. (...) Desse modo, não resta dúvida alguma que o conceito extraível da expressão "atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13", contida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.15835/2001), é bem mais amplo que o conceito estabelecido no art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002 e que aquele trabalhado no âmbito do Parecer Normativo CST n. 5, de 22 de abril de 1992, abarcando algumas, não todas, as atividades contraprestacionais das referidas entidades. (...) No caso, estamos diante de uma entidade que tem por finalidade precípua a prestação de serviços educacionais. Tratase da sua razão de existir, do núcleo de suas atividades, do próprio serviço para o qual foi instituída, na expressão dos artigos 12 e 15 da Lei n.º 9.532/97. Nessa toada, não há como compreender que as receitas auferidas nessa condição (mensalidades dos alunos) não sejam aquelas decorrentes de "atividades próprias da entidade" , conforme o exige a isenção estabelecida no art. 14, X, da Medida Provisória n. 1.858/99 (atual MP n. 2.158 35/2001). Sendo assim, é flagrante a ilicitude do art. 47, §2º, da IN/SRF n. 247/2002, nessa extensão. A decisões do STJ em recursos repetitivos devem ser aplicadas pelas turmas do Carf, cf. art. 62 do regimento interno. As atividades exercidas pela recorrente, apontadas neste processo – realização e aplicação de provas para concursos e vestibulares , são típicas de seu objeto social, não desbordando de seus fins, e o Fisco não acusou atividades fora desse contexto, atividades laterais como cobranças de estacionamentos, lanchonetes, etc. Portanto, o recurso deve ser provido nesta parte. 3 – Imunidade/isenção de Cofins Exigência de CEBAS A recorrente é fundação privada e se classifica como “entidade de assistência social, de educação e cultural, sem fins lucrativos” (fls. 5, 38/40 e 189, entre outras). Essa natureza não é desconstituída pelo Fisco, senão pela exigência do CEBAS – Certificado de Entidade de Assistência Social”. Fl. 543DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 8 13 Até o ano de 2000, a recorrente sustenta que era entidade beneficente de assistência social. A partir de 2001, solicita o cancelamento desse distintivo (fl. 286). Assim, a pretendida imunidade/isenção da Cofins pode ser aferida até o ano de 2000, e partir de então, aferese a isenção das fundações privadas, cf. art. 14, X, da MP 2.158/2001, combinado com art. 13, VIII1, os quais concedem a isenção para as atividades próprias das fundações privadas. Os requisitos para se considerar uma entidade como beneficente ou de assistência social, e que são controlados pelo Poder Público por meio da concessão do CEBAS, estavam previstos no artigo 55 da Lei 8.212/91. Observo que o art. 55 da lei 8.212/91, que tratava da matéria, foi considerado inconstitucional na parte que trata do conceito de beneficência, na ADI 2028: Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 32 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário, vencidos os Ministros Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Reajustou o voto o Ministro Ricardo Lewandowski, para acompanhar o Relator. Em seguida, o Tribunal fixou a seguinte tese de repercussão geral: "Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar". Não votou o Ministro Edson Fachin por suceder o Ministro Joaquim Barbosa. Ausente, justificadamente, o Ministro Luiz Fux, que proferiu voto em assentada anterior. Presidência da Ministra Cármen Lúcia. Plenário, 23.02.2017. Transcrevo excerto do acórdão: “No mérito, por unanimidade e nos termos do voto do Ministro Teori Zavascki, o Tribunal julgou procedente o pedido para declarar a inconstitucionalidade do art. 1º da Lei nº 9.732/1998, na parte em que alterou a redação do art. 55, inciso III, da Lei nº 8.212/1991 e acrescentoulhe os §§ 3º, 4º e 5º, bem como dos arts. 4º, 5º e 7º da Lei nº 9.732/1998” Agora, trechos do voto condutor: 1 Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: (...) III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; (...) VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; (...) Art. 14. Em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1o de fevereiro de 1999, são isentas da COFINS as receitas: (...) X relativas às atividades próprias das entidades a que se refere o art. 13. Fl. 544DF CARF MF 14 Por tudo o que se vem de expor, fica evidenciado que (a) entidade beneficente de assistência social (art. 195, § 7º ) não é conceito equiparável a entidade de assistência social sem fins lucrativos (art. 150, VI); (b) a Constituição Federal não reúne elementos discursivos para dar concretização segura ao que se possa entender por modo beneficente de prestar assistência social; (c) a definição desta condição modal é indispensável para garantir que a imunidade do art. 195, § 7º, da CF cumpra a finalidade que lhe é designada pelo texto constitucional; e ( d) esta tarefa foi outorgada ao legislador infraconstitucional, que tem autoridade para definila, desde que respeitados os demais termos do texto constitucional. (...) As requerentes enfatizam que esse dispositivo (a) restringiria o benefício constitucional da imunidade, ao confundir o conceito de entidade beneficente com o de entidade filantrópica (versão da Lei 9.249/96); além de (b) operar delegações implícitas de poderes ao Conselho Nacional de Assistência Social, autoridade administrativa responsável pelo registro e emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS). Não é bem assim. As sucessivas redações do art. 55, II, da Lei 8.212/91 têm em comum a exigência de (a) registro da entidade perante o CNAS; (b) a obtenção do certificado expedido por este órgão; e (c) a validade trienal do documento. Como o conteúdo da norma tem relação com a certificação da qualidade de entidade beneficente, fica afastada a tese de vício formal. Cuidam essas normas de meros aspectos procedimentais necessários à verificação do atendimento das finalidades constitucionais da regra de imunidade. Neste aspecto, sempre caberá lei ordinária, como já reafirmado em outras oportunidades pela jurisprudência do STF. É insubsistente, ainda, a alegação de violação aos §§ 1° e 6º do art. 199 da CF, por confusão dos conceitos de entidade beneficente e entidade filantrópica. A mera designação, pela Lei 9.429/96, do certificado necessário para fruir a imunidade como Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos não induz à conclusão de que todos os serviços tenham que ser forçosamente prestados de modo gratuito. Tanto assim que a lei admitia o enquadramento de entidades de saúde na qualificação de beneficentes caso reservassem 60% dos atendimentos para o SUS. Também não é possível extrair, como quer a requerente, da mera exigência de registro e obtenção de certificado, uma violação implícita à vedação de delegação de poderes. Tratase, no ponto, de competência administrativa legítima que, de resto, já foi tida por constitucional por diversos precedentes do Tribunal, dentre os quais refiro o seguinte: EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA: DESPROVIMENTO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO SOBRE PRETENSO DIREITO ADQUIRIDO DA RECORRENTE AO CERTIFICADO DE ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL CEBAS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS. Fl. 545DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 9 15 1. As entidades reconhecidas como de caráter filantrópico antes da publicação do DecretoLei n. 1.572, de 1º.9.1977, não têm direito adquirido à renovação e manutenção de certificados de filantropia. Precedentes. Não são, portanto, imunes ao pagamento da contribuição para a seguridade social referente à quota patronal de previdência social se não atenderem aos requisitos previstos na legislação vigente quando da requisição do certificado. 2. A exigência de emissão e renovação periódica do certificado de entidade de fins filantrópicos, prevista no inc. 11 do art. 55 da Lei n. 8.212/91 (revogado pela Lei n. 12.101/2009), não ofendia os arts. 146, 11, e 195, § 7º, da Constituição da República. Precedentes. A inclusão dessa matéria no procedimento da repercussão geral (Recurso Extraordinário n. 566.622, Relator o Ministro Marco Aurélio) não serve como óbice à apreciação de recursos não abrangidos pelo art. 543A do Código de Processo Civil, como sucede com o recurso ordinário em mandado de segurança. 3. Embargos de declaração acolhidos para prestar esclarecimentos, sem modificação do julgado. (RMS 27369 ED, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 06/11/2014, DJe 27/11/2014) É que, conforme explicitado, há também um domínio jurídico suscetível de disciplina por lei ordinária, como o que diz respeito à outorga a determinado órgão da competência de fiscalizar, mediante a emissão de certificado, o suprimento dos requisitos para fruição da imunidade do art. 195, § 7º, da CF. E ficou expresso, no acórdão recorrido, que a demandante não satisfez uma das exigências validamente previstas pela Lei 8.212/91, a saber, a do seu art. 55, I, de obtenção de título de utilidade pública federal. Isto é bastante para manter a autoridade do acórdão recorrido, frustrando a pretensão recursal. Sugerese, assim, quanto ao Tema 32, seja consolidada, para efeitos de repercussão geral, a tese de que a reserva de lei complementar aplicada à regulamentação da imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da CF limitase à definição de contrapartidas a serem observadas para garantir a finalidade beneficente dos serviços prestados pelas entidades de assistência social, o que não impede seja o procedimento de habilitação dessas entidades positivado em lei ordinária. (destaquei) Copio os referidos dispositivos legais considerados inconstitucionais: "Art.55. ......................................................................................................... .......................................................... III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a Fl. 546DF CARF MF 16 crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; (Revogado pela Medida Provisória nº 446, de 2008) Rejeitada ........................................................................................ § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. (Revogado pela Medida Provisória nº 446, de 2008) Rejeitada § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. (Revogado pela Medida Provisória nº 446, de 2008) Rejeitada § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento." (NR) (Revogado pela Medida Provisória nº 446, de 2008) Rejeitada "Art.55. ......................................................................................................... .......................................................... III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; (Vide Medida Provisória nº 446, de 2008) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) ........................................................................................ § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. (Vide Medida Provisória nº 446, de 2008) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. (Vide Medida Provisória nº 446, de 2008) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento." (NR) (Vide Medida Provisória nº 446, de 2008) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) Temse então que os aspectos materiais da definição de entidades beneficentes de assistência social, isto é, o conceito aplicável de beneficência, somente pode ser definido em lei complementar, porém os aspectos formais podem ser, e foram, definidos em Lei ordinária. Assim, os requisitos para conceituação da assistência social, que foram os fundamentos da cassação do CEBAS, conforme relato fiscal, não podem ser opostos à recorrente. Fl. 547DF CARF MF Processo nº 15374.000227/200254 Acórdão n.º 3201005.026 S3C2T1 Fl. 10 17 Não há na acusação fiscal problemas quanto aos requisitos do art. 14 do CTN, ou outros requisitos formais previstos na Lei 8.212/91. Assim, sem elementos que desconstituam a entidade como beneficente de assistência social, antes de 2001, no presente caso ela deve ser tratada como tal. Portanto, nos termos do art. 6º, III, da LC 70/912, como não há provas de que não atendia às condições da Lei, a entidade estava imune à Cofins, até 1º/01/1999. A partir daí, em vista do art. 14, X, combinado com art. 13, III, da MP 2.15835/2001, como não há também, provas de que não cumpria as exigências para ser tratada como de assistência social, suas receitas também estavam imunes à Cofins, art.195,§7º3 da Constituição Federal – embora tais leis tratem o instituto como isenção. No período a partir de 1º/01/2001, todavia, a entidade não atendia aos requisitos para imunidade, usufruindo, não obstante, como fundação privada, da isenção prevista no art. 14, X, combinado com art. 13, VIII, em relação às suas atividades próprias. 4 Conclusão Voto por considerar a tributação pela Cofins, para os períodos abrangidos no presente processo, como segue: Até 31/12/2000, imunidade à Cofins, em relação a todas as receitas. A partir de 1º/01/2001, isenção de Cofins para atividades próprias, conforme tratado no item próprio. Verifico, não obstante, que o Despacho Decisório e a decisão recorrida não adentraram o mérito dos valores envolvidos, negando a compensação por questões jurídicas acima tratadas. Assim, superadas tais questões, como visto, voto para que o Fisco proceda a complemento do Despacho Decisório, tratando acerca do cálculo, observando o que aqui decidido, e permitindose à recorrente a Manifestação de Inconformidade, para evitar supressão de instância. Voto por dar parcial provimento ao recurso para, superadas as questões apreciadas no voto, retorne o processo à origem para o cálculo devido. (assinatura digital) 2 Art. 6° São isentas da contribuição: (...) III as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. (Revogado pela Medida Provisória nº 215835, de 24.8.2001) 3 § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Fl. 548DF CARF MF 18 Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 549DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.901631/2008-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2002
PERDCOMP. INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO.
Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo.
Numero da decisão: 1201-002.870
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Júnior
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Júnior
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INOVAÇÃO. COMPENSAÇÃO. Incabível compensar débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integram o seu conteúdo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Júnior Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 16 31 /2 00 8- 32 Fl. 95DF CARF MF 2 Tratase de Declaração de Compensação n° 19042.39390.121103.1.3.04 6721 transmitida em 12/11/2003, (efls. 06/10), através da qual o contribuinte pretende compensar débitos de sua responsabilidade com crédito proveniente de pagamento indicado como indevido em 28/06/2002: DARF com período de apuração 31/05/2002, código de receita 2484, Estimativa mensal de CSLL, valor do principal R$ 3.560,77. O pedido foi indeferido, conforme Despacho Decisório n° 757788213, de 24/04/2008 (efl. 03), que analisou as informações e reconheceu que o pagamento (n° 1269993581) foi integralmente utilizado para quitação de débito de estimativa mensal do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou que ao Final do Exercício foi efetuado o balanço anual onde se apurou o CSLL tributável em valor inferior aos valores antecipados, gerando saldo negativo de CSLL compensável. O litígio foi assim relatado pelo Acórdão Recorrido (efls. 36/37): 3. Inconformada, a Interessada apresentou, em 30/05/2008, a Manifestação de Inconformidade de fls. 11/12, com anexos de fls. 13/32, na qual alega o seguinte: “O BICHO COMEU BIJOUTERIAS LTDA, inscrita no CNPJ sob o número 31.523.566/000121 estabelecida na Av. Rio Branco, 45 Sala 1105 a 1109, Centro, Rio de Janeiro, RJ Cep 20.090 003, vem muito respeitosamente apresentar a sua manifestação de inconformidade com o despacho decisório com rastreamento número 757788213 de 24/04/2008, pelos fatos abaixo relacionados: 1 No ano calendário de 2002 o contribuinte optou pelo recolhimento mensal do Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre Lucro Líquido, POR ESTIMATIVA. 2 Foram recolhidos mensalmente o IRPJ por estimativa com base na receita bruta, conforme legislação em vigor, no total nominal de R$ 29.491,38 (cópias das guias em anexo). 3 Foram recolhidos mensalmente o CSLL por estimativa com base na receita bruta, conforme legislação em vigor, no total nominal de R$ 22.868,56 (cópias das guias em anexo). 4 Ao Final do Exercício foi efetuado o balanço anual onde se apurou o Lucro Real Anual tributável de R$ 79.067,93 que gerou um IRPJ de R$ 11.875,51 (Ficha 06A) e CSLL de R$ 7.116,11 (Ficha 17) da DIPJ2003. 5 Como o contribuinte recolheu de CSLL durante o ano calendário a importância de R$ 22.868,56 (cópias das guias em anexo) e o valor da CSLL apurado com base no Lucro Real anual foi de R$ 7.116,11 (Ficha 17 da DIPJ 2003), foi gerado um CRÉDITO nominal para o contribuinte de R$ 15. 752,45. 6 Com o crédito, o contribuinte teria 02 caminhos a seguir: a) solicitaria a devolução do pagamento efetuado a maior b) faria compensação através da PER/DCOMP. Então o contribuinte optou pelo segundo caminho, ou seja, Fl. 96DF CARF MF Processo nº 15374.901631/200832 Acórdão n.º 1201002.870 S1C2T1 Fl. 96 3 compensou os recolhimentos efetuados a maior no ano calendário de 2003. 7 Assim o recolhimento de R$ 3.631,63 efetuado através do DARF código 2484 apuração 31/05/2002 é vencimento em 28/06/2002 e recolhido em 01/07/2002 foi parcialmente usado para compensar o débito do CSLL sobre lucro presumido do período de apuração Setembro/2003, com vencimento em 31/10/2003, conforme PER/DCOMP número 19042. 39390.121103.1.3. 046721 transmitido em 12/11/2003. 8 A empresa esclarece que o recolhimento de R$ 3.631,63 citado no item 7 acima, referese às quitações abaixo, conforme PER/DCOMP 25255.40263.2 71 103. 1.3. 040136, PER/DCOMP 19042.39390.121103. 1.3.04 6721 e PER/DCOMP 2814301672.121103.1.3.044117, não constando em nosso poder qualquer outro debito que vinculasse tal recolhimento. (...) 9 No despacho decisório não foi mencionado o débito em que teria sido utilizado o crédito gerado pelo recolhimento do DARF código 2484 apuração 31/05/2002 e vencimento em 28/06/2002 no valor de R$ 3.560, 77, arrecadado em 01/07/2002 com valor total de R$ 3. 631,63. " A manifestação foi analisada pela Delegacia de Julgamento (Acórdão 12 27.829 9ª Turma da DRJ/RJ1, efls. 35/40), que dispôs em voto que o que a manifestante sustenta é que cometeu um equívoco ao preencher o PER/DCOMP, pois indicou como crédito um DARF que não correspondia ao crédito que pleiteava (visava o saldo negativo de CSLL purado no ajuste anual) e que a contribuinte requer direito de retificar a PERDCOMP via processo administrativo fiscal regulado pelo Decreto 70.235/72. Sustenta a decisão que a retificação da PERDCOMP só é permitida antes de instaurado o litígio administrativo (IN SRF n° 900, de 30 de dezembro de 2008.). Cientificada em 16/01/2010 (efl. 43), a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 09/02/2010 (efl. 45), em que aduz: O BICHO COMEU BIJOUTERIAS LTDA, inscrita no CNPJ sob o numero 31.523.566/000121, estabelecida na Av. Rio Branco, 45 Sala 1105 a 1109, Centro, Rio de Janeiro, RJ Cep 20.090 003, representada pelo seu representante legal Alvaro Fiães Inácio, não se conformando com os termos do acórdão em referência, vem muito respeitosamente apresentar RECURSO AO CARF, pelos motivos a seguir: 1) No ano calendário de 2003 a empresa optou pelo sistema de apuração pelo Lucro Real Anual, utilizando balancete de suspensão ou redução, ficando demonstrado que em todos os meses do ano calendário de 2003 a empresa teve base de cálculo do IRPJ e da CSLL negativa. (folhas 7 a 15 do DIPJ 2004 ano calendário de 2003em anexo). Fl. 97DF CARF MF 4 2) Conforme a DCTF do 3° trimestre de 2003 (de julho a setembro/2003), em anexo, não existe débito algum declarado nesse período. 3) Desta forma, o débito de Estimativa mensal de CSLL (código 24841), período de apuração de setembro de 2003, vencimento em 31/10/2003, no valor de R$ 1.862,80 é INEXISTENTE, ficando sem efeito a Declaração de Compensação n°.19042.39390.l21103.1.3.046721. . 4) Assim NÃO PROCEDE a cobrança do débito de Estimativa mensal de CSLL (código 24841), período de apuração de setembro de 2003, vencimento em 31/10/2003, no valor de R$ 1.362,80. 5) Com os motivos acima expostos, o contribuinte vem requerer: > Que seja considerada sem efeito a Declaração de Compensação n°.19042.39390.121103.1.3.046721, ' > A REVISÃO do ACÓRDÃO, > O CANCELAMENTO DA RESPECTIVA COBRANÇA. Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e passo a analisar seu conhecimento. O contribuinte pretendeu, através de PERDCOMP, compensar débitos de sua responsabilidade com crédito proveniente de pagamento indicado como indevido referente a Darf do período de apuração código 2362 (estimativa mensal). Com relação à possibilidade de que eventual pagamento indevido ou a maior que o devido a título de estimativa possa embasar pedido de restituição ou compensação, prudente considerar o disposto na Súmula CARF nº 84: Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Porém concordo com o entendimento da decisão de primeira instância que na essência entendeu ser incabível compensar os débitos informados em declaração de compensação com valores referentes a créditos diversos (saldo negativo da CSLL) daquele indicado no documento de compensação, os quais simplesmente não integraram originalmente seu conteúdo. No caso presente o que se pretendeu foi modificar, após a apreciação do direito à compensação (despacho decisório) a natureza do crédito. Tratase de outro pedido, e a retificação nesta condição é vedada pela legislação. Se há algum outro recolhimento indevido, cabe destacar que depois de proferida a decisão administrativa não se admite a retificação da Fl. 98DF CARF MF Processo nº 15374.901631/200832 Acórdão n.º 1201002.870 S1C2T1 Fl. 97 5 declaração de compensação, conforme disposto no art. 77 da IN RFB n° 900, de 30/12/2008, in verbis: Art. 77. O pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso e a Declaração de Compensação somente poderão ser retificados pelo sujeito passivo caso se encontrem pendentes de decisão administrativa à data do envio do documento retificador e, observado o disposto nos arts. 78 e 79 no que se refere à Declaração de Compensação. Observo que o recorrente traz em seu recurso voluntário argumento novo, não apresentado à primeira instancia: o de que utilizou balancetes de suspensão ou redução em todos os meses do ano calendário de 2003; que teriam resultado em base de cálculo do IRPJ e da CSLL negativas em cada mês. Mas à primeira instância alegou que o saldo negativo somente foi apurado no ajuste anual. Nas palavras do contribuinte em sua manifestação de inconformidade: 4 Ao Final do Exercício foi efetuado o balanço anual onde se apurou o Lucro Real Anual tributável de R$ 79.067,93 que gerou um IRPJ de R$ 11.875,51 (Ficha 06A) e CSLL de R$ 7.116,11 (Ficha 17) da DIPJ2003. 5 Como o contribuinte recolheu de CSLL durante o ano calendário a importância de R$ 22.868,56 (cópias das guias em anexo) e o valor da CSLL apurado com base no Lucro Real anual foi de R$ 7.116,11 (Ficha 17 da DIPJ 2003), foi gerado um CRÉDITO nominal para o contribuinte de R$ 15. 752,45. Apela agora a recorrente à apuração refletida em DCTF que teria sido apresentada em 02/09/2008 (após a apresentação da manifestação de inconformidade, de 30/05/2008). Desta forma, segundo o prescrito pelo art. 16, III, do Decreto 70.235/72, e seu § 4º, tal argumento não pode aqui na segunda instância administrativa ser analisado. Por fim, requer o recorrente a desconsideração da própria PERDCOMP e de qualquer cobrança do débito declarado. Mas tal pleito deveria dirigirse às unidades administrativas de cobrança, e não ao CARF. Isto porque o pleito não compõe o litígio. Este se iniciou com a manifestação de inconformidade contra a negativa de reconhecimento do crédito e indeferimento da compensação conseqüente. Devese destacar que a petição de fls 68/74 não se constitui, em seu teor, razões complementares ao recurso voluntário, mas resumo dos argumentos já trazidos na manifestação de inconformidade e no recurso voluntário. Pelo exposto, voto por não conhecer do recurso voluntário. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 99DF CARF MF 6 Fl. 100DF CARF MF
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Numero do processo: 13896.907895/2016-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.902
Decisão:
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o processo de Recurso Voluntário contra decisão que julgou improcedente a manifestação de inconformidade em face da não homologação da compensação apresentada pela contribuinte. Segundo o despacho decisório, as compensações não foram homologadas em razão de não ter sido apurada a existência de direito creditório. Tais conclusões, ao que consta, encontram amparo no Termo de Verificação Fiscal carreado aos autos. No aludido TVF, emitido em decorrência da necessidade de análise das DCTF retificadoras apresentadas e, também, dos esclarecimentos que posteriormente foram prestados pela contribuinte, consta que “as receitas auferidas pela CATHO, decorrentes de sua atividade RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 07 89 5/ 20 16 -9 5 Fl. 467DF CARF MF Processo nº 13896.907895/201695 Resolução nº 3201001.902 S3C2T1 Fl. 3 2 fim, não se enquadram na exceção prevista no inciso XXV do artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, estando sujeitas, portanto, ao regime NÃO CUMULATIVO de apuração do PIS e do COFINS.” Consta, portanto, que as DCTF retificadoras não deveriam ser homologadas e que, por não existirem, os créditos não deveriam ser reconhecidos. Na manifestação de inconformidade apresentada, a contribuinte, após resumo dos fatos, esclarece que houve mudança no controle acionário da empresa e que, em razão disso, foi submetida a uma profunda revisão de políticas e procedimentos. Em decorrência, diz que teria identificado que suas atividades vinham sendo indevidamente qualificadas para fins de PIS e de Cofins, sendo necessário, portanto, a retificação das DCTF. A seguir, discorre sobre a sua atividade. Afirma que os serviços prestados não abrangem promessa de emprego ou obrigação presente ou futura de recolocação ou obtenção de emprego para seus clientes. Aduz, ainda, que o seu site na internet “é somente uma ferramenta online que permite ao assinante consultar vagas, enviar currículos e acessar demais conteúdos aí disponibilizados” sem “qualquer garantia de colocação profissional” nem “qualquer cobrança relacionada a essas atividades.” Em suma, conforme afirma, “simplesmente disponibiliza conteúdo na Internet aos Assinantes e não desenvolve qualquer atividade de intermediação.” Salienta que se qualifica como empresa de Internet, com atividade de portal ou empresa provedora de conteúdo e de informações, e que sua atividade vem descrita na Norma 004/95, aprovada pela Portaria nº 148, de 1995, item 3, letras ‘e’ e ‘f’ do Ministério das Comunicações. Objetivando o acesso às informações especializadas que são disponibilizadas, afirma que desenvolveu ferramenta própria (software), “cujo uso é liberado/cedido para seus clientes, os Assinantes.” Insiste que não promove a intermediação de contratação de mão de obra. Aduz que “sua tarefa se esgota em permitir o acesso à informação que integra seus bancos de dados: currículos e vagas.” Chama a atenção para o contido no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003 e diz que conforme Solução de Consulta nº 309, de 2011, “a RFB confirmou, expressamente, que, para o contribuinte aplicar o regime cumulativo dessas contribuições sociais, basta exercer apenas uma das atividades mencionadas no inciso XXV citado anteriormente.” Na seqüência, diz que se deve destacar “que a simples não homologação das declarações retificadoras não é fato que, por si só, é capaz de fundamentar a não homologação das compensações realizadas.” Diz ser incabível a revisão de ofício da homologação pois ela não teria ocorrido por erro “mas sim pelo correto enquadramento legal da situação ora analisada”. Se houve erro, aduz, ele teria ocorrido com a revisão. Reclama, ainda, que não existe base legal para a revisão de ofício. Insiste na necessidade de cancelamento do despacho decisório. Ao final, requer a reforma do despacho decisório e a homologação das compensações. Subsidiariamente requer o cancelamento do despacho decisório em face da Fl. 468DF CARF MF Processo nº 13896.907895/201695 Resolução nº 3201001.902 S3C2T1 Fl. 4 3 impossibilidade de revisão de ofício no caso de erro de direito. Protesta pelo direito de provar o alegado por todos os meios de prova e informa que “não está questionando judicialmente a matéria discutida nestes autos.” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa mesmos argumentos pleiteados em manifestação de inconformidade para o deferimento integral dos valores que constam do pedido de restituição. Suscita em seu pedido: i. Seja declarada a nulidade do v. acórdão recorrido, com o retorno dos autos à origem, para que (a) nova decisão seja proferida, com adstrição aos limites objetivos da lide fixados no Termo de Verificação Fiscal e na manifestação de inconformidade; ou (b) subsidiariamente, para que seja devolvido à recorrente o prazo para manifestação, garantindo lhe o exercício do direito de defesa em relação aos pontos novos suscitados pelo v. acórdão, tudo sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 16, 17 e 18, parágrafo 3o, do Decreto n. 70.235, à luz do art. 5o, inciso LIV e LV, da Constituição de 1988; ii. Na eventualidade da superação da preliminar acima, seja reformado o v. acórdão, com o integral cancelamento das exigências fiscais, em razão da declaração: a. da nulidade do r. despacho decisório, por ter configurado revisão de ofício de lançamento, por erro de direito, com violação aos arts. 145 e 149 do CTN; b. da nulidade do r. despacho decisório, por carência de motivação, por ter se baseado em termo de verificação fiscal que não analisou o direito creditório discutido nestes autos, com violação ao art. 9o do Decreto n. 70,235; c. da improcedência do r. despacho decisório, tendo em vista a legitimidade da inclusão das receitas da recorrente no regime cumulativo de apuração da contribuição ao PIS e da COFINS, com a consequente homologação da declaração de compensação, sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 10, inciso XXV e 15, inciso V, da Lei n. 10.833; d. eventualmente, caso se entenda que a requerente se encontra submetida ao regime não cumulativo das contribuições, seja reconhecida a inexistência de crédito tributário passível de cobrança, sob pena de bis in idem. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução nº Fl. 469DF CARF MF Processo nº 13896.907895/201695 Resolução nº 3201001.902 S3C2T1 Fl. 5 4 3201001.853, de 26 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 13896.720975/201638, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.8539): "O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de adentrar ao exame do Recurso apresentado, cumpre esclarecer que o presente processo tramita na condição de paradigma, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Nesse aspecto, é preciso esclarecer que cabe a este Conselheiro o relatório e voto apenas deste processo, ou seja, o entendimento a seguir externado terá por base exclusivamente a análise dos documentos, decisões e recurso anexados neste processo. Feito tal esclarecimento, passase ao exame das razões de Recurso. A pretensão da contribuinte de requalificar a natureza jurídica de seus serviço, de intermediação para atividades de internet, enquadrando as receitas auferidas no regime cumulativo foi indeferido no despacho decisório proferido com base nas conclusões do TVF que consta do dossiê nº 10010.014822/021604, formalizado para análise das DCTFs retificadoras transmitidas para espelharem o procedimento de requalificação. De fato, concluiu o procedimento fiscal que os serviços prestados pelo contribuinte não poderiam ser qualificados como serviços de internet (art. 10, XXV e art. 15, V, da Lei nº 10.833/03), mas sim de intermediação, mantendoos no regime de apuração não cumulativo. Fl. 470DF CARF MF Processo nº 13896.907895/201695 Resolução nº 3201001.902 S3C2T1 Fl. 6 5 A principal matéria em litígio envolve a rejeição pela autoridade fiscal em sede de despacho decisório da requalificação das atividades da recorrente e a mudança para o regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS e para a Cofins. Os argumentos da fiscalização são no sentido de que o regime a que se submete as receitas das atividades desenvolvidas pela Catho para apuração e recolhimento continuava a ser o da não cumulatividade, pois não se tratam de serviços de informática (desenvolvimento de software ou de páginas eletrônicas) nos termos do art. 10, XXV, da Lei nº 10.833/03 uma vez que a atividade seria a prestação de serviços de intermediação ao profissional que busca se posicionar no mercado de trabalho. Nada obstante, o TVF assevera que para que a receita auferida subsumase à sistemática da apuração cumulativa devese comprovar que esta (receita) advenha da prestação de alguns dos serviços listados no referido dispositivo da Lei 10.833/03. Pois bem, compulsando os autos, em especial os termos e demais peças que constam do dossiê nº 10010.014822/021604 verificase que em momento algum a contribuinte fora intimada a comprovar a natureza de suas receitas. Ao contrário, a intimação limitouse a solicitar esclarecimentos e informações que resultaram na requalificação das receitas, como se vê: De ressaltar, contudo, que o fundamento para o indeferimento do pleito creditório é a natureza da receitas das atividades prestadas pela Catho conforme descritos nos autos, que não se qualificam como sujeitas à apuração cumulativa. O acórdão da DRJ trilha o mesmo fundamento de indeferimento e não homologação das compensações exarados no despacho decisório. Evidenciouse naquela decisão que o sítio da internet da Catho é uma mera ferramenta para quer o assinante consulte vagas de trabalho, envie currículos e acesse outros conteúdos. Poderseia concordar com os argumentos daqueles julgadores conquanto não trouxessem argumento subsidiário no qual reconhecem a possibilidade da contribuinte fazer prova de que determinadas atividades auferem receitas cuja apuração se dá no regime cumulativo. Vejase o excerto do voto condutor do acórdão recorrido: É possível concluir, portanto, que algumas de suas receitas podem estar sujeitas à apuração cumulativa das contribuições, ensejando, assim, a real possibilidade de enquadramento da empresa na modalidade de apuração mista das contribuições Fl. 471DF CARF MF Processo nº 13896.907895/201695 Resolução nº 3201001.902 S3C2T1 Fl. 7 6 (circunstância que, sendo eficazmente comprovada, pode evidenciar um possível erro no preenchimento da DCTF original). A forma como a existência de tal erro – que deve ser corrigido via DCTF retificadora – pode vir a ser acatado administrativamente irá depender da apresentação de provas (conforme estabelece o §1º do art. 147 do CTN), baseadas na escrituração contábil/fiscal do período analisado, ou seja, da apresentação de provas capazes de demonstrar, sem possibilidade de dúvida, quais receitas foram efetivamente auferidas nos períodos sob análise e a que tipo de serviço/atividade elas se vinculam. Ressaltese que, para fazer jus à apuração cumulativa, devese comprovar que as receitas advêm efetivamente da prestação de serviços, no caso, de informática (tal como listado no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, já transcrito). Evidentemente, as receitas assim enquadradas, devem ser passíveis de segregação, com vistas à correta tributação. Sem que tais comprovações existam nos autos, inviável será o deferimento do pleito. Resta claro que no mérito a decisão recorrida reconheceu a possibilidade do contribuinte fazer prova a seu favor, providência esta até então não determinada pela autoridade fiscal e se insere nas situações que o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 PAF prevê regra de exceção para a apresentação extemporânea de conjunto probatório após a impugnação (manifestação de inconformidade): Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 472DF CARF MF Processo nº 13896.907895/201695 Resolução nº 3201001.902 S3C2T1 Fl. 8 7 Assim, entendo que os autos devam retornar à unidade preparadora para apreciação do Laudo Técnico apresentado pela Recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 473DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.962493/2008-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.803
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Laercio Cruz Uliana Junior e Charles Mayer de Castro Souza (Presidente)
RELATÓRIO
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Cientificado da solução dada à declaração de compensação apresentada, o Contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade, com a juntada de documentos (cópia do Despacho Decisório; Alteração Contratual e documentos do sócio que assina a Impugnação; Termo de Comparecimento à Gerência Técnica do Departamento de Supervisão Direta em São Paulo – Banco Central do Brasil; planilha discriminativa de Notas Fiscais e cópia da Nota Fiscal; Recibo de entrega de DCTF Retificadora), apresentando, resumidamente, as seguintes alegações: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 62 49 3/ 20 08 -2 4 Fl. 391DF CARF MF Processo nº 10880.962493/200824 Resolução nº 3201001.803 S3C2T1 Fl. 142 2 Afirma que no ano base 2003 formam emitidas notas fiscais de prestação de serviços, referente a cobrança de permanência sobre recursos não procurados de grupos encerrados, sendo que as mesmas foram canceladas posteriormente por exigência do Banco Central do Brasil. Tal cancelamento gerou créditos dos tributos PIS e COFINS previamente recolhidos, incidentes sobre as notas fiscais, o que motivou a emissão da presente PER/DCOMP. No entanto, esclarece que não providenciou, á época, a retificação das DCTF do ano base 2003 para eliminar os débitos do PIS e da COFINS declarados indevidamente. Corrigiu tal situação por meio da emissão de DCTF retificadora, conforme recibo apresentado anexo à Impugnação. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 16036.640. Irresignado com r. julgado, o Contribuinte apresenta Recurso Voluntário onde sustenta que: a) com base na DCTF demonstrou seu direito ao crédito; b) retificou em tempo hábil a DCTF e c) os livros diário e razão, que traz aos autos, corroboram sua alegação. É o relatório. VOTO Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resoluçãonº 3201001.799, de 27 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.900837/200992, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução nº 3201001.799): "O Recurso Voluntário preenche todos os requisitos e merece ser conhecido. Inicialmente é fato incontroverso que o Contribuinte apresentou a DCTF retificadora, contundo, ao analisar a manifestação de inconformidade à DRJ enfrentou o tema: 4.1.A Declaração de Compensação, apresentada por meio de PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação) eletrônico, prestase a formalizar o encontro de contas entre o Contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro, a quem cabe a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, ao passo que à Administração Tributária compete a sua necessária verificação e validação. Confirmada a existência do crédito pleiteado, sobrevém a homologação e a consequente extinção dos débitos vinculados. Fl. 392DF CARF MF Processo nº 10880.962493/200824 Resolução nº 3201001.803 S3C2T1 Fl. 143 3 4.2.No caso concreto, o Contribuinte declarou débitos de COFINS (fls. 10) e apontou o suposto saldo não alocado no DARF supracitado de valor R$ 4.378,67 como origem do crédito, conforme fls. 9. 4.3. Em se tratando de declaração eletrônica, a verificação dos dados informados pelo contribuinte foi realizada também de forma eletrônica, tendo resultado no Despacho Decisório em discussão (Rastreamento no 815456972 – fls. 2). 4.4. O ato combatido aponta como causa da não homologação o fato de que, embora localizado o pagamento indicado no PER/DCOMP como origem do crédito, o seu valor integral fora utilizado para a extinção do débito referente ao período de apuração 31/10/2003 e Código de Receita 2172, conforme apontado no campo 3 do próprio Despacho Decisório. 4.5. Assim, o exame das declarações prestadas pela própria interessada à Administração Tributária revela que o crédito utilizado na compensação declarada não existia, visto que já havia sido aproveitado para liquidar, por meio de pagamento, débito distinto anteriormente declarado pelo Contribuinte em DCTF. Por conseguinte, não havia saldo disponível para suportar uma nova extinção, desta vez por meio de compensação, o que justificou a não homologação do valor que já estava destinado a pagamento de tributo anteriormente confessado. 4.6. Em suma, os motivos da não homologação residem nas próprias declarações e documentos produzidos pelo Contribuinte. Estes são, portanto, a prova e o motivo do ato administrativo. A própria DRJ ressalta que os argumentos do Contribuinte foram no sentido que a existência de crédito é decorrente do cancelamento de uma série de notas, porém, a DRJ entendeu que não foram apresentados documentos necessários: 5.1. Assim, a simples apresentação de DCTF retificadora neste momento do rito processual não é suficiente para fazer prova em favor do Contribuinte. Mantémse, nesses casos, a necessidade de comprovação documental do quanto alegado, por meio da apresentação da escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão. 5.2. Insta observar que, em consonância com o art. 16 acima transcrito do Decreto no 70.235/72, consta, nas “Orientações para apresentação de manifestação de inconformidade” disponível ao Contribuinte a partir da ciência da não homologação do crédito no sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a instrução de que a manifestação de inconformidade deve mencionar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, como, por exemplo, comprovação de que o recolhimento indicado como crédito foi efetuado de forma indevida. Fl. 393DF CARF MF Processo nº 10880.962493/200824 Resolução nº 3201001.803 S3C2T1 Fl. 144 4 5.3. Desta sorte, na medida em que a Declaração de Compensação restou não homologada e, apresentada a Manifestação de Inconformidade, converteuse em processo administrativo, cabia à Manifestante instruílo com todos os argumentos e documentos que entendesse suficientes e necessários para demonstrar a existência do crédito que pretende utilizar para compensação. 5.4. No caso concreto, a Impugnante afirma que seu crédito decorre de cancelamento de Nota Fiscal de prestação de serviços referente a cobrança de permanência sobre recursos não procurados de grupos encerrados, por exigência do Banco Central do Brasil, as quais haviam sido consideradas base de cálculo do tributo COFINS que foi declarado em DCTF original. 5.4.1. No entanto, o contribuinte não apresentou os registros contábeis referentes ao lançamento do valor da Nota Fiscal em análise, bem como não comprovou seu estorno posterior. Nesses termos, inexistindo comprovação documental do cancelamento da Nota Fiscal que originou (fato gerador) o pagamento do tributo COFINS, recolhido por meio do DARF em análise, não há, consequentemente, confirmação de que o recolhimento foi realizado indevidamente. 5.4.2. Em conclusão, o contribuinte não apresentou documentos suficientes para comprovar a origem do direito creditório declarado no presente PER/DCOMP. Na minha ótica, a verdade material é protagonista no Processo Administrativo Fiscal podendo ser apreciada por este CARF, mesmo que não colacionada na instauração do devido processo legal administrativo. Os documentos carreados vem ao encontro com o art. 16, §4º do Decreto 70.235/72, sendo apresentados em momento oportuno. Assim, o feito deve ser convertido em diligência. Do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que a unidade de origem: Verificado se há crédito. E avaliar prova. c) Elabore relatório conclusivo a respeito da existência do crédito (ainda que em valor diverso do alegado pelo contribuinte). Dê à empresa para manifestação o prazo de 30 (trinta) dias." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem: a) verifique se há crédito; Fl. 394DF CARF MF Processo nº 10880.962493/200824 Resolução nº 3201001.803 S3C2T1 Fl. 145 5 b) avalie as provas e c) elabore relatório conclusivo a respeito da existência do crédito (ainda que em valor diverso do alegado pelo contribuinte). Dê à empresa o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 395DF CARF MF
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