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Numero do processo: 13656.900453/2012-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010
CONHECIMENTO. RECURSO ESPECIAL. SIMILITUDE FÁTICA E LEI INTERPRETADA.
É conhecido o recurso especial quando a acórdão paradigma analisa situação similar, concluindo que "a homologação da DCOMP, segundo o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado", enquanto o acórdão recorrido reconhece o saldo negativo, diante da compensação de estimativas com efeito de confissão de dívida. Além disso, tendo o recorrente mencionado dispositivos legais que entende interpretado de forma divergente, resta cumprido requisito regimental.
IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO DE ESTIMATIVA.
A estimativa mensal de IRPJ, compensada por PER/DCOMP com efeito de confissão de dívida, compõe o saldo negativo do imposto.
Numero da decisão: 9101-004.038
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de resolução de sobrestamento, suscitada pelo conselheiro Rafael Vidal de Araújo, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo, que acolheram a preliminar. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010 CONHECIMENTO. RECURSO ESPECIAL. SIMILITUDE FÁTICA E LEI INTERPRETADA. É conhecido o recurso especial quando a acórdão paradigma analisa situação similar, concluindo que "a homologação da DCOMP, segundo o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado", enquanto o acórdão recorrido reconhece o saldo negativo, diante da compensação de estimativas com efeito de confissão de dívida. Além disso, tendo o recorrente mencionado dispositivos legais que entende interpretado de forma divergente, resta cumprido requisito regimental. IRPJ. SALDO NEGATIVO. COMPENSAÇÃO DE ESTIMATIVA. A estimativa mensal de IRPJ, compensada por PER/DCOMP com efeito de confissão de dívida, compõe o saldo negativo do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar de resolução de sobrestamento, suscitada pelo conselheiro Rafael Vidal de Araújo, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo, que acolheram a preliminar. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Rafael Vidal de Araújo, Viviane Vidal Wagner e Adriana Gomes Rêgo, que lhe deram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 6. 90 04 53 /2 01 2- 17 Fl. 225DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de processo originado pela apresentação de PERDCOMP em 10/08/2011, na qual identificado crédito do contribuinte de saldo negativo de IRPJ do ano de 2010. A Delegacia da Receita Federal em Poços de Caldas homologou em parte as compensações (fls. 5). Após a apresentação de Manifestação de Inconformidade (fls. 8), a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora manteve a decisão da DRF (fls. 88): ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para o sobrestamento do julgamento de processo administrativo, dentro das normas reguladoras do Processo Administrativo Fiscal. A administração pública tem o dever de impulsionar o processo até sua decisão final (Princípio da Oficialidade). COMPENSAÇÃO Não existindo o crédito declarado a compensação não pode ser homologada. O contribuinte apresentou recurso voluntário, ao qual a 3ª Turma Especial da Primeira Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais deu provimento (acórdão 1803002.193, fls. 110). O acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2011 COMPENSAÇÃO. GLOSA DE ESTIMATIVAS COBRADAS EM DCOMP. DESCABIMENTO. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 13656.900453/201217 Acórdão n.º 9101004.038 CSRFT1 Fl. 226 3 Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. Os autos foram remetidos à Procuradoria em 29/05/2014, que interpôs recurso especial em 25/06/2014 (fls. 122). Neste recurso, alega divergência na interpretação da lei tributária quanto à composição de saldo negativo por estimativas mensais compensadas, com processo administrativo em trâmite, apontando como paradigma os acórdão nº 1801 00.108 e 3301002.191. O recurso especial da Procuradoria foi admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da Primeira Seção deste Conselho (Conselheiro André Mendes de Moura). A interpretação estampada no acórdão seria dissonante daquela que fundamentou os acórdãos nº 180100.108 (1ª Turma Especial) e 3301002.191 (3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária), cujas ementas seguem, respectivamente, abaixo: (...) Conforme podemos aferir, as três decisões dizem respeito à mesma questão: o aproveitamento de estimativas para a apuração do saldo negativo pela simples declaração em DCOMP, posteriormente não homologada. No acórdão atacado, entendeuse que o contribuinte faria jus a esse aproveitamento para fins de apuração do saldo negativo apto a ser restituído/compensado; já, nos acórdãos paradigmas, o entendimento foi oposto. (...). Em cumprimento ao disposto no art. 18, III, do Anexo II, do RICARF, e com base nas razões acima expostas, que aprovo e adoto como fundamentos deste despacho, DOU SEGUIMENTO ao recurso especial interposto. Em 12/11/2015 o contribuinte foi intimado quanto ao recurso especial e despacho de admissibilidade (fls. 152), apresentando contrarrazões ao recurso em 26/11/2015. Em síntese, pede não seja conhecido o recurso especial, no mérito pleiteando a manutenção do acórdão recorrido. Subsidiariamente, pede o sobrestamento do processo. É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora Preliminarmente, entendo por rejeitar a proposta de resolução suscitada pelo conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Com efeito, o processo encontrase apto ao julgamento, sendo desnecessária a baixa suscitada. O recurso especial da Procuradoria foi fundado na divergência da interpretação com os paradigmas nº 180100.108 e 3301002.191. O contribuinte questiona o Fl. 227DF CARF MF 4 conhecimento do recurso, em síntese, porque “a Recorrente não demonstrou a divergência na de entendimentos à legislação aplicada, sequer mencionando os dispositivos legais que foram aplicados no v. acórdão recorrido.” Assim, analiso o conhecimento do recurso especial da Procuradoria. Primeiramente, consigno que a Procuradoria, em suas razões recursais, menciona dispositivos legais que entende relevantes para sustentar a reforma do acórdão recorrido. Nesse sentido, observo referência aos artigos 156, II e 170, do Código Tributário Nacional, além dos artigos 73 e 74, da Lei nº 9.430/1996. Analiso, a seguir, os paradigmas que fundamentaram o recurso especial, para avaliar a similitude fática e divergência na interpretação da lei tributária, para conclusão a respeito do conhecimento. O acórdão 180100.108 foi analisado por este Colegiado no julgamento que resultou no acórdão nº 9101003835, do qual se extrai a ementa: Àquela ocasião, a maioria deste Colegiado entendeu por não conhecer o recurso especial da Procuradoria quanto ao citado acórdão paradigma 180100.108. Na presente oportunidade, reafirmo o entendimento manifestado à ocasião, apresentando voto para nova apreciação por esta Turma: O acórdão paradigma nº 180100.108 tem o seguinte contexto fático conforme relatório: A empresa em epígrafe interpôs, eletronicamente, Pedido de Restituição e Compensação de Tributos Federais — Per / Dcomp, conforme se verifica às fls. 01 a 07. O crédito em questão é o saldo negativo de IRPJ apurado na DIPJ/03, relativa ao anocalendário de 2002 (apuração anual). A autoridade competente a apreciar a Per/Dcomp exarou o Despacho Decisório de fis. 77 a 80, não homologandoa, porque o referido saldo negativo espelhado na DIPJ/02, composto pelos supostos recolhimentos das estimativas mensais no ano, não restou confirmado como existente. Assim constatou aquela autoridade, da análise das DCTE — fls. 29/39: as estimativas mensais devidas à titulo de IRPJ, relativas aos meses de janeiro, fevereiro, março e abrilparcial estão vinculadas a outra Dcomp, relativa ao saldo negativo de 1RPJ, ano 2001, (processo n" 11020.000426/200564), cuja compensação não foi homologada, não podendo compor o saldo negativo do ano de 2002; o valor remanescente da estimativa IRPJ relativa ao mês de abril está vinculado a processo judicial (2000..04.01.0810330) a estimativa 1RPJ de maio está paga; as demais (jun/jul/ago/set/out/nov/dez) foram vinculadas a outro processo judicial (87.0000544 4); estas compensações em DCTF, formalizadas no processo administrativo nu 11020.000037/200377, não podiam ter sido realizadas, pois o crédito estava sub judies.; os débitos (das estimativas) foram objeto de autuação fiscal formalizada no processo administrativo n° 11020.0030791200360, estando suspenso por Fl. 228DF CARF MF Processo nº 13656.900453/201217 Acórdão n.º 9101004.038 CSRFT1 Fl. 227 5 medida judicial; os valores não podem compor o saldo negativo do 1RPJ, 2002. (grifamos) Diante desse contexto, decidiu a Turma prolatora deste acórdão paradigma (180100.108): Falta à contribuinte, no caso em tela, para ver seu direito atendido, condição sitie qua non para exercêlo. Necessariamente deveria ter aguardado a decisão definitiva dos processos administrativos nºs 11020.000037/200377 e 11020.000426/200564 para requerer qualquer medida de direito em relação aos créditos objetos destes processos. A meu ver, muito menos poderia ter informado em DCTF que os valores devidos a título de IRPJ estimados foram quitados com compensações ainda não homologadas. (...) E quanto à sorte dos demais processos administrativos, não importa para se dirimir a lide aqui proposta. Tendo resultado favorável à contribuinte, nas Dcomp não homologadas que refletem neste processo, poderá, após o reconhecimento administrativo, requerer a restituição dos créditos oportunamente ou compensálos com débitos vincendos. Sendo lhe desfavorável, não haverá prejuízo ao fisco no sentido de 'restituir' o que não foi pago, com seqüencial compensação incabível. Lembro que nos presentes autos tratamos de apresentação de PERDCOMP em 10/08/2011, na qual identificado crédito do contribuinte de saldo negativo de IRPJ do ano de 2010. Diante disso, decidiu o Colegiado a quo, conforme voto condutor: Constam das instruções para preenchimento da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica, relativa ao anocalendário de 2010, exercício de 2011 (DIPJ 2011), devidamente aprovadas pela Instrução Normativa RFB nº 1.149, de 28 de abril de 2011, a seguinte orientação (destaque da transcrição): Linha 12A/16 () Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa Esta linha deve ser preenchida somente pelas pessoas jurídicas que apuraram o lucro real anual. Somente podem ser deduzidos na apuração do ajuste anual os valores de estimativa efetivamente pagos relativos ao ano calendário objeto da declaração. Considerase efetivamente pago por estimativa o crédito tributário extinto por meio de: dedução do imposto de renda retido ou pago sobre as receitas que integram a base de cálculo, compensação solicitada por meio da Declaração de Compensação (PER/DComp) ou de processo administrativo, compensação autorizada por medida judicial e valores pagos mediante Darf. Fl. 229DF CARF MF 6 Referida orientação normativa foi reiterada por meio de Solução de Consulta Interna (SCI) Cosit nº 18, de 13 de outubro de 2006, assim ementada: Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ. (grifos originais) Notase que não há similitude fática e divergência na interpretação da lei tributária entre acórdão paradigma e recorrido. Com efeito, o acórdão paradigma nº 180100.108 trata de pedido de compensação apresentado com crédito originado por saldo negativo de 2001, tendo o contribuinte apresentado compensação das estimativas mensais de IRPJ. Nesse sentido, justificase o entendimento da Turma pela impossibilidade de reconhecimento do saldo negativo sem a homologação destas compensações. A distinção é evidente quando verificadas as alterações legislativas tratando da compensação na esfera federal, notadamente pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003. Essa distinção, inclusive, é notada na fundamentação do acórdão recorrido, acima reproduzida A Lei nº 9.430/1996 rege a compensação no âmbito da Receita Federal do Brasil, destacandose a previsão do artigo 74, com a seguinte redação em 2001, quando apresentado pedido de compensação analisado pelo acórdão paradigma (180100.108): Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. Posteriormente, houve substancial alteração deste dispositivo legal, notadamente para se atribuir o efeito de confissão de dívida às Perdcomps conforme Lei nº 10.833/2003, fruto da conversão da Medida Provisória nº 135/2003, verbis: Art. 74. (...) § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. A distinção de tratamento de compensações (em 2001, para composição do saldo negativo pelo paradigma, e 2010, pelo recorrido) tem razão jurídica diante dos distintos regramentos, tratados pela legislação federal. O acórdão paradigma desconsidera compensações em 2001 quando o regramento não atribuía efeitos de confissão de dívida relativamente às estimativas extintas por compensação , enquanto o acórdão recorrido manifestase pela confissão de dívida em 2010 e, assim, admite as estimativas no cômputo do crédito tributário (saldo negativo). O regramento é distinto e justifica a conclusão jurídica diversa adotada pelos Colegiados. Assim, concluo por não conhecer do recurso especial da Procuradoria quando acórdão paradigma 180100.108. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 13656.900453/201217 Acórdão n.º 9101004.038 CSRFT1 Fl. 228 7 Passo à análise do segundo acórdão identificado como paradigma (nº 3301 002.191), que tem a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 20/11/2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). CRÉDITO FINANCEIRO INDEFERIDO EM OUTRO PROCESSO. HOMOLOGAÇÃO. VEDAÇÃO. A homologação de Dcomp está condicionada a certeza e liquidez do crédito financeiro declarado. A compensação de crédito financeiro, em discussão administrativa, em outro processo, somente é possível depois da decisão definitiva sobre a certeza e liquidez do crédito financeiro naquele processo. O relatório do segundo acórdão paradigma (3301002.191) descreve os fatos então julgados: Tratase de recurso voluntário contra decisão da DRJ em Belo Horizonte (MG) que julgou improcedente manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório que não homologou a compensação do débito tributário declarado na Declaração de Compensação (Dcomp) nº 25028.71510.121108.1.3.049526, às fls. 44/48, transmitida na data de 12/11/2008, com crédito financeiro decorrente de pagamento indevido e/ ou a maior do PIS não cumulativo, efetuado em 15/07/2005. A não homologação decorreu da inexistência do crédito financeiro declarado, tendo em vista que o valor constante do DARF indicado foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos, não restando saldo disponível para a compensação declarada, conforme Despacho Decisório às fls. 41, datado de 06/09/2010. (...) Cientificada dessa decisão, a recorrente interpôs recurso voluntário (106/124), requerendo a sua reforma a fim de se homologue a compensação do débito declarado, alegando, em síntese, que o crédito financeiro declarado decorre da indevida incidência de multa de mora, por parte da autoridade administrativa, na homologação parcial da compensação declarada na Dcomp 08853.38461.031007.1.7.041718, uma vez que não há que se falar em multa moratória naquela compensação, tendo em vista a ocorrência da denúncia espontânea, nos termos do art. 138 do CTN, pelo fato de ter retificado a respectiva DCTF e o valor da diferença apurada, compensado, mediante a transmissão de Dcomp, antes de qualquer procedimento fiscalizatório. Diante deste quadro fático, decidiu a Turma prolatora do segundo acórdão paradigma (3301002.191): Fl. 231DF CARF MF 8 A não homologação da Dcomp teve como fundamento a inexistência do crédito financeiro declarado. Segundo o despacho decisório, o valor indicado no DARF foi integralmente utilizado para quitar débito do próprio PIS (6912) referente à competência de junho de 2005 e débito declarado na Dcomp nº 08853.38461.031007.1.7.041718. A recorrente alega que o crédito financeiro decorre da cobrança indevida de multa de mora sobre os débitos cuja compensação foi homologada, em parte, naquela Dcomp, acrescidos de multa de mora. Ora, a referida Dcomp foi objeto do processo administrativo nº 10680.724380/201001 que foi analisada e homologada, em parte, remanescendo um saldo devedor, no valor de R$42.513,69. Inconformada com o despacho decisório, a recorrente apresentou manifestação de inconformidade que foi julgada improcedente pela DRJ. Contra a decisão da DRJ, interpôs recurso voluntário que já foi analisado e julgado por esta Primeira Turma Ordinária, cujos membros, por maioria de votos, lhe negaram provimento, nos termos do acórdão nº 3301002.002, datado de 21/08/2013. Também, contra este acórdão, interpôs recurso especial de divergência que se encontra pendente de julgamento neste CARF. A homologação da Dcomp, segundo o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado. No presente caso, conforme demonstrado, o crédito financeiro declarado na Dcomp, em discussão, foi objeto do processo administrativo nº 10680.724380/201001, com decisão, em segunda instância, desfavorável à recorrente. Embora, em outros processos deste mesmo contribuinte, por força do disposto no art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), c/c a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no REsp nº 1.149.022, eu tenha reconhecido a ocorrência da denúncia espontânea, em casos semelhantes, para afastar a exigência da multa de mora sobre débitos compensados, mediante Dcomp transmitida em data anterior à da transmissão da DCTF retificadora, no presente caso, não há como aplicar tal decisão a débitos, objetos de outra Dcomp, cujo processo já foi julgado, em segunda instância, com decisão desfavorável à recorrente. No caso, de a 3ª Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) deste Conselho, a quem compete o julgamento do recurso especial de divergência interposto pela recorrente, lhe der provimento, será complementada a homologação da Dcomp e, se apurado saldo credor disponível, poderá ser repetido/compensado, mediante a transmissão de novo Per/Dcomp. Assim, inexiste amparo legal para se homologar a Dcomp em discussão O acórdão paradigma (3301002.191), portanto, trata de compensação que foi objeto de contencioso administrativo, no processo nº 10680.724380/201001. Como não está claro no acórdão acima se a compensação foi apresentada após a vigência da Lei nº Fl. 232DF CARF MF Processo nº 13656.900453/201217 Acórdão n.º 9101004.038 CSRFT1 Fl. 229 9 10/833, consultei o acórdão no processo 10680.724380/201001 (3301002.002), mencionado pelo acórdão paradigma e disponível no site do CARF. Extraise do acórdão 3301002.002: A homologação parcial foi motivada pela insuficiência do crédito utilizado para compensar integralmente os débitos informados. O crédito utilizado se refere a pagamento indevido ou a maior de PIS, código de receita 6912. A contribuinte declarou que pretende compensar referido crédito com débitos de débitos de PIS, código de receita 8109, relativos aos meses de dezembro de 2005 a fevereiro de 2006 Percebese, assim, que a compensação referida pelo segundo paradigma foi efetuada em 2006, portanto, quando vigente a Lei nº 10.833/2003, fruto da conversão da Medida Provisória nº 135/2003. Portanto, entendo similares acórdão recorrido e paradigma nº 3301002.002, eis que ambos tratam de reconhecimento de crédito em decorrência de compensação apresentada sob a vigente Lei nº 10.833/2003, concluindo de forma distinta. Enquanto o acórdão recorrido reconhece saldo negativo, diante da compensação de estimativas com efeito de confissão de dívida, o acórdão paradigma entende que “A homologação da Dcomp, segundo o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, está condicionada à certeza e liquidez do crédito financeiro utilizado” e, portanto, dependeria do resultado no processo administrativo que analisasse tal declaração de compensação. Neste panorama, entendo pelo conhecimento do recurso especial da Procuradoria, reconhecendo a existência de divergência na interpretação da lei tributária quanto ao segundo paradigma (3301002.002). Passo ao exame do mérito. Ressalto que o saldo negativo de 2010 pleiteado pelo contribuinte é discutido no Processo Administrativo nº 19991.000084/201155, nos quais se analisam estimativas compensadas daquele período. Este processo encontrase pendente de sorteio no CARF, segundo informações do sítio deste Conselho (https://carf.fazenda.gov.br/sincon/public/pages/ConsultarInformacoesProcessuais/exibirProc esso.jsf), para julgamento de recurso voluntário. Assim, não há decisão definitiva favorável ao contribuinte. A despeito da ausência de decisão definitiva favorável ao contribuinte no processo que discute a compensação de estimativa mensal que originou o saldo negativo, esta compõe o saldo, notadamente por constituir confissão de dívida. Nesse sentido, decidiu esta Turma em precedentes (v.g. acórdão 9101002.489). Recentemente, a maioria deste Colegiado reiterou o entendimento, conforme acórdão 9101003.891, do qual se transcreve a ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 Fl. 233DF CARF MF 10 GLOSA DE CRÉDITO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. COMPENSAÇÕES DE ESTIMATIVAS NÃO HOMOLOGADAS. IMPROCEDÊNCIA. A compensação regularmente declarada, tem o efeito de extinguir o crédito tributário, equivalendo ao pagamento para todos os fins, inclusive, para fins de composição de saldo negativo. Na hipótese de não homologação da compensação que compõe o saldo negativo, a Fazenda poderá exigir o débito compensado pelas vias ordinárias, através de Execução Fiscal. A glosa do saldo negativo utilizado pela Contribuinte acarreta cobrança em duplicidade do mesmo débito, tendo em vista que, de um lado terá prosseguimento a cobrança do débito decorrente da estimativa de IRPJ não homologada, e, de outro, haverá a redução do saldo negativo gerando outro débito com a mesma origem. Colacionase trecho do preciso voto vencedor, elaborado pelo Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado, no acórdão 9101003.891: Ora, temos aqui uma situação gravosa sendo imposta à Recorrente. Isso porque, temos, de um lado, a não homologação das compensações efetuadas para fins de liquidação dos débitos de estimativa que passaram a compor o saldo negativo do anobase e, de outro, o presente processo, por meio do qual a Fiscalização, DRJ e Turma Ordinária deste Conselho entendem que a estimativas em discussão não devem compor o saldo negativo utilizado pelo Recorrente, reduzindo o crédito utilizado, fazendo remanescer um débito em aberto. Assim, caso entendêssemos no presente processo que tais estimativas, extintas por compensações (em discussão administrativa) devem ser desconsideradas para fins de composição do saldo negativo do respectivo período e, nos demais processos, a Recorrente venha a ter uma decisão desfavorável, teríamos uma cobrança em duplicidade dos respectivos valores. Isso porque, a Recorrente seria chamada a pagar as estimativas indevidamente compensadas, com os devidos acréscimos legais ao mesmo tempo em que seria obrigada também, a pagar os débitos liquidados através do aproveitamento do saldo negativo do período. A não homologação das compensações vinculadas às estimativas de IRPJ e CSLL tem determinado, em efeito cascata, o não reconhecimento dos saldos negativos apurados ao final do exercício, o que vem causando um verdadeiro imbróglio processual. O § 2° do art. 74 da Lei n. 9.430/96, com redação dada pela Lei 10.637/02, assim dispõe: “§ 2°A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação.” O texto legal é claro no sentido de prever que a compensação é forma de extinção do crédito tributário, como, aliás, não poderia deixar de ser, em face do art. 156 do CTN. Fl. 234DF CARF MF Processo nº 13656.900453/201217 Acórdão n.º 9101004.038 CSRFT1 Fl. 230 11 Desta forma, assim como ocorre no caso de pagamento antecipado dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, a compensação validamente realizada (aquela que cumpre as formalidades legais) extingue o crédito tributário para todos os fins, a despeito de o Fisco poder desconsiderála no futuro. (...) A própria RFB, através da Coordenadoria de Tributos sobre a Renda, Patrimônio e Operações Financeiras (Cosit), editou a Solução de Consulta Interna nº 18/06, a qual determina que na hipótese de não homologação de Declaração de Compensação (DCOMP) relacionada a débito de estimativa mensal, o fato de tal compensação encontrarse em discussão administrativa ainda não julgada definitivamente não macula o crédito relativo ao saldo negativo apurado ao final do período base relativo a tal estimativa, conforme assim trecho destacado da ementa: “Os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança de multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhadas para inscrição em Dívida Ativa da União; Na hipótese de falta de pagamento ou de compensação considerada não declarada, os valores dessas estimativas devem ser glosados quando da apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado em DIPJ, devendo ser exigida eventual diferença do IRPJ ou da CSLL a pagar mediante lançamento de ofício, cabendo a aplicação de multa isolada pela falta de pagamento de estimativa. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” (grifos nossos) Essa posição adotada pela Receita Federal corrobora o entendimento do Poder Judiciário sobre a manutenção do status de "extinção" dos débitos compensados até o julgamento definitivo do respectivo processo administrativo fiscal, nos termos dos parágrafos 2º, 9º, 10º e 11º do artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996. (...) Além disso, não podemos esquecer que, na hipótese de despacho decisório que não homologa a compensação efetuada pelo contribuinte, temse a possibilidade de impugnação dessa decisão, o que dá início ao contencioso administrativo. Neste sentido, o art. 74 da Lei 9.430/96 prevê o direito do contribuinte de interpor, no prazo de 30 dias, manifestação de inconformidade contra o despacho decisório que deixou de homologar a compensação. Caso o despacho decisório seja mantido pelo órgão julgador de primeira instância, existe, ainda, a possibilidade de interposição de Recurso Voluntário ao CARF e, posteriormente, ao CSRF (quando houver cabimento). E, conforme disposto nos §§ 7º a 10º do art. 74 da Lei 9.430/96, os recursos apresentados contra despacho decisório que não Fl. 235DF CARF MF 12 homologa a compensação têm efeito suspensivo quanto à cobrança do débito compensado, nos termos do art. 151, III, do CTN. Assim, uma vez quitadas as estimativas em decorrência de procedimentos compensatórios, não há outra solução senão o cômputo para fins de apuração do saldo negativo do IRPJ/CSLL, sem prejuízo de cobrança com acréscimos legais do crédito pleiteado no PER/DCOMP, na hipótese de ausência de homologação. (...) É certo, portanto, que não cabe a glosa do crédito referente à saldo negativo de CSLL baseada simplesmente na não homologação das compensações das estimativas do período, tendo em vista que eventual ausência de homologação de tais compensações em definitivo tem o condão de gerar a cobrança do valor indevidamente compensado em processo próprio, sem risco de dupla penalização do contribuinte. Adoto as razões dos acórdãos acima referidos, para negar provimento ao recurso especial da Procuradoria. Conclusão: Assim, voto por conhecer e negar provimento ao recurso especial da Procuradoria. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 236DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10665.723077/2013-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Data do fato gerador: 30/11/2012
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. PESSOA JURÍDICA TRIBUTADA COM BASE NO LUCRO REAL QUE ALEGA HAVER APRESENTADO EFD-CONTRIBUIÇÕES.
A apresentação do DACON fora do prazo fixado na legislação tributária enseja a aplicação da multa de que trata o art. 7º da Lei nº 10.426/2002. A apresentação da EFD-Contribuições, por parte da pessoa jurídica tributada com base no lucro real, não supre a obrigação de entrega do DACON.
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Considerando a natureza autônoma da obrigação acessória em relação à obrigação principal, a aplicação de penalidade pelo inadimplemento da obrigação acessória independe do recolhimento do tributo.
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. SUPERVENIÊNCIA DE NORMA QUE EXTINGUIU ALUDIDA DECLARAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE.
A extinção do DACON se deu, unicamente, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, permanecendo, contudo, a obrigatoriedade de sua entrega quanto aos fatos geradores anteriores, já que as informações correspondentes ainda não se encontravam plenamente supridas pela Escrituração Fiscal Digital das Contribuições Incidentes sobre a Receita - EFD - Contribuições, no âmbito do SPED - Sistema Público de Escrituração Digital, o que só veio a ocorrer plenamente a partir de 2014. Incabível, pois, a aplicação da retroatividade benigna prescrita pelo artigo 106, II, b, do CTN, uma vez que a realidade não se subsume à hipótese elencada pela aludida norma tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-006.093
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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PESSOA JURÍDICA TRIBUTADA COM BASE NO LUCRO REAL QUE ALEGA HAVER APRESENTADO EFDCONTRIBUIÇÕES. A apresentação do DACON fora do prazo fixado na legislação tributária enseja a aplicação da multa de que trata o art. 7º da Lei nº 10.426/2002. A apresentação da EFDContribuições, por parte da pessoa jurídica tributada com base no lucro real, não supre a obrigação de entrega do DACON. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Considerando a natureza autônoma da obrigação acessória em relação à obrigação principal, a aplicação de penalidade pelo inadimplemento da obrigação acessória independe do recolhimento do tributo. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. SUPERVENIÊNCIA DE NORMA QUE EXTINGUIU ALUDIDA DECLARAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. A extinção do DACON se deu, unicamente, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, permanecendo, contudo, a obrigatoriedade de sua entrega quanto aos fatos geradores anteriores, já que as informações correspondentes ainda não se encontravam plenamente supridas pela Escrituração Fiscal Digital das Contribuições Incidentes sobre a Receita EFD Contribuições, no âmbito do SPED Sistema Público de Escrituração Digital, o que só veio a ocorrer plenamente a partir de 2014. Incabível, pois, a aplicação da retroatividade benigna prescrita pelo artigo 106, II, “b, do CTN, uma vez que a realidade não se subsume à hipótese elencada pela aludida norma tributária. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 72 30 77 /2 01 3- 14 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10665.723077/201314 Acórdão n.º 3402006.093 S3C4T2 Fl. 0 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz e Cynthia Elena de Campos. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento para exigência de multa por atraso de entrega do DACON. Inconformada, a empresa apresentou Impugnação Administrativa, julgada improcedente nos termos do Acórdão da DRJ nº 12076.198. Intimada desta decisão a empresa apresentou Recurso Voluntário tempestivo, alegando, em síntese: (i) o envio das informações relacionadas ao PIS e a COFINS no SPED Sistema Público de Escrituração Digital, inexistindo qualquer prejuízo para a entrega a destempo da declaração; (ii) a ausência de lesão ao fisco que justifique a aplicação da penalidade, vez que todos os tributos apurados foram pagos; (iii) a aplicação do instituto da retroatividade benigna do art. 106, do CTN, vez que o DACON foi definitivamente extinto com o advento da IN RFB 1.441/2014. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho. É o relatório. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10665.723077/201314 Acórdão n.º 3402006.093 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.092, de 30 de janeiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10665.723076/201370, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402006.092): "O Recurso Voluntário é tempestivo, e cabe ser conhecido. Inicialmente em seu Recurso, a empresa traz dois argumentos visando afastar a multa aplicada: a prestação das informações no SPED e a ausência de qualquer lesão ao erário, vez que os tributos foram devidamente pagos. Primeiramente, destaquese que, considerando a natureza autônoma da obrigação acessória em relação à obrigação principal, a aplicação de penalidade pelo inadimplemento da obrigação acessória independe do recolhimento do tributo. Com efeito, descumprido o dever instrumental de enviar a declaração prevista na legislação tributária no prazo previsto pela Receita Federal, o contribuinte pode ser penalizado pela multa prevista no art. 7º, da Lei n.º 10.426/2002, que expressa: "Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10665.723077/201314 Acórdão n.º 3402006.093 S3C4T2 Fl. 0 4 II de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; III de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante da Cofins, ou, na sua falta, da contribuição para o PIS/Pasep, informado no Dacon, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo; e (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) IV de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004)" (grifei) Quanto à duplicidade das informações solicitadas no DACON em relação à EFDContribuições, ainda que as informações efetivamente pudessem ser por vezes duplicadas, observase que a Receita Federal, até 2014, buscou manter a obrigação de transmissão das duas declarações, como obrigações acessórias distintas. Com efeito, como bem pontuado pela r. decisão recorrida, especificamente para as empresas tributadas pelo lucro real, como a Recorrente, foi mantida, concomitantemente, as obrigações de envio tanto da EFD Contribuições, como do DACON: "Quanto à primeira alegação, é verdade que determinadas empresas obrigadas a adotar e escriturar a EFD Contribuições foram dispensadas da entrega da DACON. É o que ocorreu, por exemplo, com as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, relativamente aos fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2013 (art. 1º, caput, da IN RFB nº 1.305, de 26/12/2012). Esta dispensa, porém, não alcançou as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, que continuaram obrigadas a entregar a DACON em relação aos fatos geradores ocorridos até dezembro de 2013 (IN RFB nº 1.015, de 05/03/2010, c/c IN RFB nº 1.441, de 20/01/2014). Considerandose que a Interessada, no anocalendário em análise, foi tributada com base no lucro real (cfr. pesquisa, fl. 52), não há como dispensála da entrega da DACON referente ao mês 10/2012." (efl. 55) Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10665.723077/201314 Acórdão n.º 3402006.093 S3C4T2 Fl. 0 5 Com efeito, a exigência da transmissão do DACON para os fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2013 é depreendida da expressão da Instrução Normativa n.º 1.441/2014, que extinguiu a referida declaração: "Art. 2º A apresentação de Dacon, original ou retificador, relativo a fatos geradores ocorridos até 31 de dezembro de 2013, deverá ser efetuada com a utilização das versões anteriores do programa gerador, conforme o caso." Assim, uma vez que a transmissão da EFDContribuições não dispensou a transmissão do DACON, o envio a destempo desta última declaração pode ser penalizada na forma da lei. Sob esta mesma perspectiva que, a meu ver, não se pode falar na hipótese de retroatividade benigna. Com efeito, a previsão do art. 106, II, do CTN é no sentido de garantir a aplicação retroativa da lei "quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo." No presente caso, a omissão do sujeito passivo, de entregar a Declaração a destempo, nunca deixou de ser penalizada pela legislação, mantendose irretocável a previsão do art. 7º da Lei n.º 10.426/2002, acima transcrita. O que ocorreu foi a extinção de uma obrigação acessória anteriormente prevista (DACON), para a substituição por outra para evitar o envio duplicado de informações (EFD Contribuições), sendo que a partir de 2014 esta última declaração passou a abranger todas as informações anteriormente solicitadas no DACON. E, quando da extinção do DACON, a legislação tributária indicou com clareza a manutenção da exigência da entrega, tempestiva, da declaração, até os fatos geradores ocorridos em 31/12/2013. Assim, a entrega em atraso do DACON para os fatos geradores ocorridos até 31/12/2013 não deixou de ser tratado como contrário à lei, sendo cabível a aplicação da penalidade. Nesse sentido já se manifestou esse Conselho: "Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2007 DACON. LEGITIMIDADE. MULTA DECORRENTE DO ATRASO NA ENTREGA. PREVISÃO LEGAL. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10665.723077/201314 Acórdão n.º 3402006.093 S3C4T2 Fl. 0 6 A multa pela apresentação em atraso da DACON está prescrita em lei (Lei nº 10.426, de 24/04/2002, com a redação dada pelo artigo 19 da Lei nº 11.051, de 29/12/2004), sendo legítima, pois, sua exigência. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. SUPERVENIÊNCIA DE NORMA QUE EXTINGUIU ALUDIDA DECLARAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. A extinção do DACON se deu, unicamente, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, permanecendo, contudo, a obrigatoriedade de sua entrega quanto aos fatos geradores anteriores, já que as informações correspondentes ainda não se encontravam plenamente supridas pela Escrituração Fiscal Digital das Contribuições Incidentes sobre a Receita EFD Contribuições, no âmbito do SPED Sistema Público de Escrituração Digital, o que só veio a ocorrer plenamente a partir de 2014. Incabível, pois, a aplicação da retroatividade benigna prescrita pelo artigo 106, II, “b, do Código Tributário Nacional, uma vez que a realidade não se subsume à hipótese elencada pela aludida norma tributária. Recurso ao qual se nega provimento." (Número do Processo 10320.722002/201155Data da Sessão 20/08/2014 Nº Acórdão 3802003.535 Relator Solon Sehn Redator designado Francisco José Barroso Rios grifei) "Assunto: Obrigações Acessórias Anocalendário: 2010 DACON. LEGITIMIDADE. MULTA DECORRENTE DO ATRASO NA ENTREGA. PREVISÃO LEGAL. As obrigações tributárias acessórias, como o DACON, podem ser instituídas por instrução normativa da Receita Federal. A multa pela apresentação em atraso do DACON está prescrita em lei (Lei nº 10.426, de 24/04/2002, com a redação dada pelo artigo 19 da Lei nº 11.051, de 29/12/2004), sendo legítima, pois, sua exigência. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. SUPERVENIÊNCIA DE NORMA QUE EXTINGUIU ALUDIDA DECLARAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. INAPLICABILIDADE. A extinção do DACON se deu, unicamente, em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2014, permanecendo, contudo, a obrigatoriedade de sua entrega quanto aos fatos geradores anteriores, já que as informações correspondentes ainda não se Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10665.723077/201314 Acórdão n.º 3402006.093 S3C4T2 Fl. 0 7 encontravam plenamente supridas pela Escrituração Fiscal Digital das Contribuições Incidentes sobre a Receita EFD Contribuições, no âmbito do SPED Sistema Público de Escrituração Digital, o que só veio a ocorrer plenamente a partir de 2014. Incabível, pois, a aplicação da retroatividade benigna prescrita pelo artigo 106, II, “b”, do Código Tributário Nacional, uma vez que a realidade não se subsume à hipótese elencada pela aludida norma tributária. Recurso ao qual se nega provimento" (Número do Processo 10980.002055/201000 Data da Sessão 19/08/2014 Relator Bruno Maurício Macedo Curi Redator designado Francisco José Barroso Rios Nº Acórdão 3802 003.393 grifei) Diante do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 88DF CARF MF
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Numero do processo: 11686.000380/2008-01
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estar-se diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificando-se ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida.
Numero da decisão: 9303-007.838
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Acordam, ainda, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal- Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estar-se diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificando-se ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida.
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EXIGÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. INEXISTÊNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO. A demonstração da divergência jurisprudencial pressupõe estarse diante de situações fáticas semelhantes às quais, pela interpretação da legislação, sejam atribuídas soluções jurídicas diversas. Verificandose ausente a necessária similitude fática, tendo em vista que no acórdão paradigma não houve o enfrentamento da mesma matéria presente no acórdão recorrido, não se pode estabelecer a decisão tida por paradigmática como parâmetro para reforma daquela recorrida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Acordam, ainda, por voto de qualidade, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que conheceram do recurso. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 68 6. 00 03 80 /2 00 8- 01 Fl. 260DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratamse de Recursos Especiais de Divergência interposto pela Fazenda Nacional e pelo Contribuinte contra o acórdão n.º 3201000.753, de 11 de agosto de 2011 (fls. 130 a 140 do processo eletrônico), proferido Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, decisão que por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário no tocante à não inclusão na base de cálculo da COFINS dos valores decorrentes de crédito presumido do ICMS; e por maioria de votos negou provimento ao recurso voluntário quanto à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany). A discussão dos presentes autos tem origem no Pedido de Ressarcimento/Declaração de Compensação da COFINS – Não Cumulativa, em relação a créditos da contribuição referentes ao 2º trimestre de 2007, em decorrência da venda no mercado interno com alíquota zero, com base no disposto no artigo 16 da Lei n° 11.116/2005, no valor de R$ 3.744.920,59. Nos despacho decisório exarado foi reconhecido parcialmente o direito creditório em favor do Contribuinte, no valor de R$ 3.259.361,98, restando indeferido um saldo no valor de R$ 485.558,61. O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade contra indeferimento parcial de pedido de ressarcimento/compensação (PER/DECOMP), relativo ao saldo credor de Cofins não cumulativa. O interessado discorda da glosa parcial, alegando não ter realizado alienação onerosa de créditos de ICMS a terceiros, conforme afirma a fiscalização, a quem incumbiria o Fl. 261DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 4 3 ônus de provar tal alegação. Considera que exigir de sua parte prova em contrário seria inviável, pois se trataria de prova negativa. Esclarece que a empresa seria titular de incentivo fiscal, outorgado pelo estado do Rio Grande do Sul, que consistiria em um desconto dos valores devidos a título de crédito presumido de ICMS na ordem de 75% sobre o valor incidente nas saídas interestaduais de fertilizantes, conforme documento que anexou a sua manifestação. Conclui, então, que a questão aqui seria diferente da exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições. Afirma, ao final, que tal crédito presumido não seria um ativo e nem constituiria receita, renda ou faturamento a ensejar a incidência das contribuições. Não se conforma, também, com o indeferimento da parcela dos créditos calculados sobre fretes de transferência entre matriz e filiais ou entre filiais, pois entende tratar se de etapa essencial â atividade da empresa, que possui unidades produtivas em diversos municípios do pais. Para embasar seus argumentos, o manifestante discorre sobre as dimensões continentais do Brasil, cita diversos municípios nos quais possui filiais e comenta sobre a importância que o agronegócio teria para o país, além disso, considera que a sistemática da nãocumulatividade ampararia o creditamento sobre os fretes conforme calculado e pensamento diverso esbarraria em inconstitucionalidade. Cita e transcreve soluções de consulta proferidas pela SRFB que entende como favoráveis ao seu entendimento. Conclui então que o procedimento adotado estaria de acordo com o art. 30 da Lei nº 10.833/03. A DRJ em Porto Alegre/RS julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo Contribuinte. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, o Colegiado por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso no tocante a não inclusão na base de cálculo da COFINS dos valores decorrentes de crédito presumido do ICMS; e por maioria de votos negou provimento ao recurso quanto à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany), conforme acórdão assim ementado in verbis: Fl. 262DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 5 4 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/04/2007 a 30/06/2007 COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA. CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS. O “crédito presumido do ICMS”, mero incentivo fiscal, não se trata de receita auferida pela empresa, portanto, está fora do campo de incidência da COFINS, não devendo compor a sua base de cálculo. Não há a subsunção do fato concreto (“crédito presumido do ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não se instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária / obrigação tributária). DESPESAS DE FRETES NO TRANSPORTE DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA. NÃO DÁ DIREITO AO CRÉDITO DA CONTRIBUIÇÃO. Não existe previsão legal para o cálculo de créditos a descontar do PIS e da COFINS, nãocumulativos, sobre valores relativos a fretes realizados entre estabelecimentos da mesma empresa. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. Não cabe a órgão administrativo apreciar arguição de legalidade ou constitucionalidade de leis ou mesmo de violação a qualquer princípio constitucional de natureza tributária. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de legislação tributária. Súmula CARF Nº. 02. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 154 a 162) em face do acordão recorrido que deu provimento parcial ao recurso do contribuinte, a divergência suscitada pela Fazenda Nacional diz respeito ao reconhecer a não incidência da COFINS sobre as receitas referentes aos os créditos presumidos de ICMS. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, a Fazenda Nacional apresentou como paradigma os acórdãos de números 20179.596 e 280300.087. A comprovação dos julgados firmouse pela juntada de cópias de inteiro teor dos acórdãos paradigmas, documento de fls.154 a 162. Fl. 263DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 6 5 O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi admitido, conforme os despachos de fls. 165 a 168, sob o argumento que pelo confronto das ementas do acórdão recorrido e das ementas dos acórdãos paradigmas ficou evidenciada a divergência suscitada pela Fazenda Nacional. O Contribuinte apresentou contrarrazões às fls.216 a 225, manifestando pelo não provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. O Contribuinte também interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 176 a 196) em face do acordão recorrido que deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, a divergência suscitada pelo Contribuinte foi em razão da decisão recorrida ter afastado as despesas relativas a fretes intercompany da base de cálculo dos créditos da Cofins. O recorrente sustenta que teria direito aos referidos créditos em qualquer circunstância, seja sobre fretes de produtos acabados, seja de matérias primas. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, o Contribuinte apresentou como paradigmas os acórdãos de números 330100.424 e 320200.226. A comprovação do julgado firmouse pela juntada de cópia de inteiro teor do acórdão nº3202 00.226, documento de fls. 201 a 2015, bem como, pela transcrição das ementas dos acórdãos paradigmas no corpo da peça recursal. O Recurso Especial da Contribuinte foi admitido, conforme despacho de fls. 237 a 240. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 242 a 254, em que manifestou pelo não provimento do Recurso Especial do Contribuinte. É o relatório em síntese. Fl. 264DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 7 6 Voto Vencido Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora DO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA Da Admissibilidade O Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando analisar o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Entendo que o Recurso Especial da Fazenda não deve ser conhecido pelos seguintes fatos: Analisando o processo, verificase que a autoridade fiscal concluiu que a Contribuinte teria transferido onerosamente a terceiros créditos de ICMS acumulados em sua escrita fiscal sem, em contrapartida, expor à tributação os ingressos recebidos sob os respectivos negócios. Em manifestação de inconformidade, a Contribuinte alegou não ter praticado as transferências de direitos creditórios do ICMS de que lhe acusa a auditoria fiscal. Colacionando aos autos cópia de contrato celebrado com a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, afirmou, sim, ser beneficiária de incentivo fiscal estadual consistente em crédito presumido equivalente a 75% do montante do imposto incidente sobre as operações interestaduais envolvendo fertilizantes de fabricação própria. Sustentou, também, que o subsídio em questão não tem natureza de receita e, por conseguinte, que sobre ele inexiste obrigação de calcular e de recolher a contribuição em causa. O acordão recorrido assim decidiu: Fl. 265DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 8 7 A priori, devemos entender qual é a natureza do crédito presumido do ICMS. O Fisco Estadual concede o crédito presumido sobre operações de comercialização interestadual de produtos (fertilizantes), na forma de um incentivo fiscal, para estimular o setor (vide Termo de Acordo – fls. 57/ss – cláusula primeira: concessão de crédito presumido no montante de 75% o do ICMS sobre o valor do imposto incidente sobre as saídas interestaduais de fertilizantes de produção própria). Este crédito presumido será lançado na escrituração fiscal da empresa para ser compensado com ICMS devido pela empresa. Portanto, neste caso pareceme claro que não há ingresso novo de receita, mas mera redução de custo no pagamento do ICMS devido. Assim, é inequívoco que “incentivo fiscal” não pode ser confundido com ingresso de receita. Destaquese que, efetivamente, não restou comprovado nos autos a transferência dos citados créditos de ICMS a terceiros, como argumentou a Recorrente. A fiscalização afirma que “o contribuinte efetuou cessão de créditos do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) a terceiros” (fls. 18) sem, entretanto, apresentar qualquer elemento probante que comprovasse esta afirmação. O ônus da prova cabe às partes, nos termos do que dispõe o artigo 333 do CPC, verbis: Art. 333 O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 266DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 9 8 As partes devem desincumbirse de provar os fatos que alegam. Ao autor cabe provar os fatos constitutivos de seu direito, no caso, o Fisco alegou que o crédito presumido foi transferido à terceiro, mas não provou; ao réu, cabe provar os fatos modificativos, extintivos e impeditivos do direito que o autor assevera ter, entretanto, não cabe à Recorrente, por sua vez, fazer prova de fato que alega não existir, uma vez que não há como fazer prova de fato inexistente (prova negativa). Contudo, mesmo se a Recorrente houvesse transferido os créditos de ICMS a terceiros, entendo que também não haveria a incidência da COFINS. A legislação do ICMS, em atendimento ao princípio da nãocumulatividade, permite que o contribuinte creditese dos valores já recolhidos em etapas anteriores da cadeia produtiva. Nos casos em que o montante dos créditos supera o montante dos débitos, o contribuinte apura um saldo de “ICMS a recuperar”, que poderá ser compensado em períodos posteriores pela empresa ou ser transferido para terceiros, nos casos em que a própria empresa não tem como realizar seu saldo de créditos. Portanto, mesmo no caso de cessão de créditos a terceiros não há que falar receita nova auferida, mas de mera operação patrimonial, onde o contribuinte utilizasse dos créditos de ICMS registrados em sua contabilidade como meio de pagamento para com seus fornecedores, por exemplo. Não há como tratar “créditos de ICMS” como mercadorias. A nãocumulatividade é uma técnica que tem por objeto evitar o "efeito cascata" da incidência de alguns tributos (como é o caso do ICMS), permitindose, em cada uma das etapas do processo produtivo, a dedução do imposto já cobrado nas operações anteriores relativamente à circulação daquelas mesmas mercadorias e/ou matériasprimas necessárias a sua industrialização. (...) Fl. 267DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 10 9 Entendo que os “créditos presumidos do ICMS”, por se tratarem de mero incentivo fiscal que servirão de meio de pagamento de ICMS a recolher, não se tratam de receitas auferidas pela empresa, portanto, estão fora do campo de incidência da COFINS, não devendo compor, assim, a sua base de cálculo. Veja que não há a subsunção do fato concreto (“crédito presumido do ICMS”) com a hipótese normativa (“auferir receita”), portanto, não s instaurará o consequente da norma (relação jurídicotributária/ obrigação tributária). Houve uma economia no pagamento de ICMS, uma mera redução de custos de impostos a pagar pela compensação do crédito presumido, e não o auferimento de receitas. Verificase que há dois fundamentos no acordão Recorrido: 1 Ele entente que crédito presumido será lançado na escrituração fiscal da empresa para ser compensado com ICMS devido pela empresa. Portanto, neste caso pareceme claro que não há ingresso novo de receita, mas mera redução de custo no pagamento do ICMS devido. Assim, é inequívoco que “incentivo fiscal” não pode ser confundido com ingresso de receita. 2 Contudo, mesmo se a Recorrente houvesse transferido os créditos de ICMS a terceiros, entendo que também não haveria a incidência da COFINS. A legislação do ICMS, em atendimento ao princípio da nãocumulatividade, permite que o contribuinte creditese dos valores já recolhidos em etapas anteriores da cadeia produtiva. Nos casos em que o montante dos créditos supera o montante dos débitos, o contribuinte apura um saldo de “ICMS a recuperar”, que poderá ser compensado em períodos posteriores pela empresa ou ser transferido para terceiros, nos casos em que a própria empresa não tem como realizar seu saldo de créditos. Portanto, mesmo no caso de cessão de créditos a terceiros não há que falar receita nova auferida, mas de mera operação patrimonial, onde o contribuinte utilizasse dos créditos de ICMS registrados em sua contabilidade como meio de pagamento Fl. 268DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 11 10 para com seus fornecedores, por exemplo. Não há como tratar “créditos de ICMS” como mercadorias. Diante disto, a Fazenda deveria juntar paradigma que tratem do mesmo assunto. Mas não o fez. Os acórdãos paradigmas juntados pela Fazenda Nacional, 20179.596 e 280300.087 tiveram os seguintes fatos: No acordão paradigma n.º 20179.596 somente a ementa do processo consta a matéria, senão vejamos: COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. INCIDÊNCIA. A partir de 01/02/1999, os créditos presumidos do ICMS integram a base de cálculo da Cofins. Trechos do voto: Quanto à alegação de que as diferenças exigidas pela Fiscalização para o ano de 1998 correspondem a valores transferidos à chamada "Divisão Itaipu", seguimento autoral decorrente, a análise da documentação carreada aos autos não socorre a recorrente. De efeito, exame da documentação comprobatória da base de cálculo â contribuição em espécie (planilha de fl. 180) demonstra que os valores apurados estão em consonância com os balancetes mensais comidos nos autos. Ademais disso, como bem registrou a insigne DRJ, a análise das planilhas de fis184 e 185 relativas ao ano de 1998 evidencia que foram deduzidos da base de cálculo da contribuição em espécie valores referentes a "transferências segmentos fonográfico para fonomecânica", que coincidem com os valores de receitas de serviços cód. 3.5.1.03 "arrecadação fonomecânica internacional Odeon" da planilha de fl. 180. De tudo resulta que inexistem nos autos elementos que embasem o alegado pela recorrente, ou seja, que as indigitadas Fl. 269DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 12 11 diferenças decorrem de transferências contábeis e não da omissão de receitas que deveriam integrar a base de cálculo da contribuição em espécie. Ao analisar o inteiro teor do acordão, o voto sequer tratou do credito presumido de ICMS (subvenção governamental), ou seja, crédito presumido de ICMS, concedido a título de incentivo fiscal pelo Estado ou de cessão de créditos a terceiros e os fatos ali narrados são totalmente diversos do aqui tratado. No acordão paradigma n.º 280300.087 tratam de crédito presumido de IPI e de incidência da Contribuição para o PIS/PASEP, os fatos são totalmente diversos do acordão Recorrido. Nem sequer trata (subvenção governamental), ou seja, crédito presumido de ICMS, concedido a título de incentivo fiscal pelo Estado ou de cessão de créditos a terceiros. Trechos do voto: “A base de cálculo da contribuição, como demonstrou saber o recorrente, está positivada nos arts. 2° e 3" da Lei n° 9.71 8, de 1998, abaixo transcrito para maior clareza: (...) A partir da edição da Lei n.º 9.718, de 1998, a tributação da contribuição adotou base universal, incidindo, regra geral, sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, "....sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas' . (art. 3 0, § in fine). Ora, se a regra geral é a tributação em bases universais, o rol das exclusões admitidas na base de cálculo, constante do § 2° do art. 3", acima transcrito, deve ser entendido como de numerus clausus. Não constando desse rol, o crédito presumido do IPI deve ser computado na base de cálculo da contribuição, no mês em que a receita a ele correspondente for auferida, ou seja, no mês em que ocorrer a exportação ou a venda para sociedade comercial exportadora, com o fim específico de exportação. Raciocínio idêntico deve ser feito em relação ao valor da indenização de seguro, que também não se inclui entre as exclusões autorizadas.” Fl. 270DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 13 12 Analisando os acórdãos paradigmas e o acórdão recorrido verificase que estamos tratando de fatos totalmente diversos. Diante do exposto, entendo que não ficou comprovada a divergência, não há semelhança fática entre o acórdão recorrido e os paradigmas. Não há como afirmar que se as situações fáticas fossem iguais, se o colegiado paradigmático daria o mesmo entendimento. Diante do exposto não conheço o Recurso Especial da Fazenda Nacional. É como Voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran DO RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE Da Admissibilidade O Recurso Especial de divergência interposto pela Contribuinte atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento, conforme despacho de fls. 265 a 268. O acórdão recorrido decidiu por negar provimento ao Recurso Voluntário quanto à possibilidade de obtenção de créditos da Cofins decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany), sob o fundamento de que se tratam de fretes não vinculados à operações de venda. Por sua vez, o primeiro acórdão paradigma (330100.424) firma entendimento diverso em relação à mesma matéria, decide que as despesas com o transporte de bens entre os estabelecimentos industriais da pessoa jurídica gera direito a crédito, desde que estejam estes bens em fase de industrialização, vez que compõe o custo do bem. Ou seja, Fl. 271DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 14 13 entendeu que existe o direito creditório mesmo que se trate de fretes desvinculados das operações de venda. Com essas considerações, entendo que restou comprovada a divergência jurisprudencial. Diante do exposto, conheço o Recurso Especial da Contribuinte. É como Voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 272DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 15 14 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, redator designado. Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, porém discordo de suas conclusões quanto ao conhecimento do recurso especial do contribuinte. O recurso especial é tempestivo, mas não deve ser conhecido por não ter cumprido com o requisito atinente à comprovação do dissídio jurisprudencial. Nos termos do art. 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, é necessário que o contribuinte demonstre que outras turmas do CARF, analisaram a mesma matéria e deram à legislação tributária interpretações diferentes em relação ao acórdão recorrido. Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) (...) § 6º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 9º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. (...) Em seu recurso, o contribuinte apresentou dois acórdãos paradigmas que supostamente teriam dado interpretação divergente da legislação tributária. Ocorre que eles não apresentam semelhanças fáticas com o acórdão recorrido. Para que o recurso especial seja conhecido, necessário se faz, que os acórdãos paradigmas tenham debruçado sobre fatos Fl. 273DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 16 15 semelhantes e tenham aplicado soluções jurídicas distintas em seu desfecho. Portanto, é sabido que o recurso especial de divergência não se presta para reapreciar os elementos de prova trazidos ao processo. Na verdade, nunca se desprezam os elementos de prova, mas eles servem somente para aferir o contexto da divergência interpretativa. Passemos então a analisar o acórdão recorrido em contraponto com os acórdãos paradigmas apresentados. A matéria trazida pelo contribuinte em seu recurso especial referese à possibilidade de aproveitamento de créditos de PIS e Cofins, no regime da não cumulatividade, sobre fretes no transporte de mercadorias entre estabelecimentos da empresa. O acórdão recorrido negou provimento ao seu recurso voluntário nos seguintes termos: 2. Negar provimento ao Recurso Voluntário quanto à possibilidade de obtenção de créditos da COFINS decorrentes do custo do transporte de mercadoria entre estabelecimentos da empresa (transporte intercompany). O acórdão recorrido entendeu que tais fretes não decorrem da operação de venda, cujo crédito está previsto no inc. IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. Portanto, concluiu que não existe previsão legal para a apropriação dos créditos. Por sua vez os acórdãos paradigmas apontados tratam de situação diversa, qual seja, a possibilidade de aproveitamento de créditos sobre fretes no transporte de insumos e de produtos em elaboração entre estabelecimentos da empresa. O seguinte trecho do voto do acórdão paradigma deixa evidente que os créditos que foram acatados são somente os decorrentes do transporte de insumos e produtos em elaboração entre os estabelecimentos, tendo sido glosados os créditos decorrentes da transferência de produtos acabados. (...) Portanto, hão de ser considerados os créditos oriundos de fretes sobre transferências de matériasprimas, produtos intermediários, material de embalagem e serviços realizados entre filiais ou entre parceiros integrados (criadores de aves e suínos) e as filiais do contribuinte, os quais compõe o custo de produção do produto final, nos termos do art.3°, II, das Leis IV 10.637/02, e n° 10,833/03, o que não se confunde com atividades de transporte do produto acabado entre quaisquer estabelecimentos. (..) Fl. 274DF CARF MF Processo nº 11686.000380/200801 Acórdão n.º 9303007.838 CSRFT3 Fl. 17 16 Portanto, os contextos fáticos são totalmente diferentes e não se prestam para comprovar a divergência jurisprudencial. Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso especial impetrado pelo contribuinte. Assinado digitalmente Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 275DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.908435/2009-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.752
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Relatório 1. Por bem retratar o caso em discussão, emprego como meu parte do relatório desenvolvido pela DRJ de Juiz de Fora/MG quando da lavratura do acórdão n. 0936.799 (fls. 35/43), o que passo a fazer nos seguintes termos: Em análise no presente processo a DCOMP n° 05905.65557.150205.1.3.046399, transmitida pela contribuinte retro identificada em 15/02/2005, por meio da qual pretendeu a extinção de débito do IPI sob código 5123 no montante originário de R$3.029,39 do mês de novembro/2004, tendo como lastro para a compensação RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 66 .9 08 43 5/ 20 09 -1 0 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10166.908435/200910 Resolução nº 3402001.752 S3C4T2 Fl. 58 2 credito decorrente de pagamento indevido/a maior do IPI, no mesmo valor originário do crédito, recolhido por DARF (código 1097) em 29/11/2004. A análise da DCOMP do interessado se deu por via eletrônica, da qual resultou o despacho decisório de fl. 06, que reconheceu o crédito informado na DCOMP, mas homologou em parte a compensação declarada, fundamentando que o crédito reconhecido era insuficiente para quitar a integralidade do débito confessado na DCOMP. (...). O detalhamento relativo ao direito creditório reconhecido no despacho decisório acima se encontra na fl. 29. Cientificado do despacho decisório supra em 18/06/2009 (conforme consulta ao sistema Sucop Imagem — fl. 26), a interessada manifestou em 17/07/2009 sua inconformidade de fls. 02/05 nos termos transcritos abaixo: (...). 2. Devidamente processada, a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente, conforme se observa da ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 29/11/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP. Os débitos declarados em DCOMP revestemse, nos termos da legislação tributária, do status jurídico de "débitos confessados" pelo sujeito passivo, ficando a parcela não compensada apta 6. cobrança executiva (§ 6° do art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, incluído pelo art. 17 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002). Tal status jurídico de confissão de divida para os débitos declarados na DCOMP não possui caráter exclusivamente formal, assumido também uma conotação material, já que: 1) o débito declarado/confessado na DCOMP traduzse de imediato em crédito tributário da Unido dotado da presunção legal de certeza, liquidez, validade e eficácia, ficando, assim que transmitida a DCOMP e em razão da compensação nela declarada, extinto sob condição resolutória nos termos do § 2° do art. 74 da Lei n° 9.430, de 1996 (incluido pelo art. 17 da Lei n° 10.637, de 2002); it) a DCOMP se conforma em titulo executivo extrajudicial relativamente aos débitos nela declarados/confessados e cuja compensação não foi homologada. O crédito tributário da Unido decorrente da confissão de divida declarada em DCOMP regularmente transmitida só tem a presunção legal de veracidade afastada pelo sujeito passivo transmitente se ele realizar a contento os procedimentos determinados na legislação de regência, dentre eles o cancelamento de DCOMP antes de ter tomado ciência do despacho decisório que apreciou a compensação declarada. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10166.908435/200910 Resolução nº 3402001.752 S3C4T2 Fl. 59 3 Data do Fato Gerador: 29/11/2004 DILIGÊNCIA. DESCABIMENTO. Desconsiderase o pedido de realização de diligência que se revelam prescindíveis ao deslinde e solução do litígio. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Crédito Tributário Mantido. 3. Diante deste quadro, a recorrente interpôs o recurso voluntário de fls. 48/52, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em sede de manifestação de inconformidade. 4. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 5. Conforme se observa do recurso voluntário interposto, bem como da manifestação de inconformidade e, em especial, dos documentos com ela acostados (fls. 22/27), o presente caso se resume a discussão quanto a erro formal promovido pelo contribuinte quanto ao procedimento para a recuperação de valores supostamente pagos a maior por parte do contribuinte. Tal equívoco, por seu turno, é bem explicitado pela decisão recorrida nas seguintes passagens do voto: (...). No mérito, verificase que a interessada pretende, em síntese, que o débito originário do IPI de codificação 5123, referente ao período de apuração mensal novembro/2004, cuja data de vencimento foi 15/12/2004 (conforme estabelecido pela agenda tributária indicada no Anexo do Ato Declaratório Normativo n° 97, de 24 de novembro de 20042), assim declarado/confessado na DCOMP n° 05905.65557.150205.1.3.046399 transmitida em 15/02/2005, seja extinto integralmente com crédito seu decorrente de pagamento indevido do IPI de codificação 1097 realizado por DARF em 29/11/2004 no mesmo valor originário. A pretensão acima se funda na simples alegação da reclamante de que o IPI de código 1097 recolhido em 29/11/2004 era, na verdade, exatamente aquele de código 5123 que se visava extinguir na DCOMP, tendo ela apenas errado na identificação do tributo quando preenchera o DARF, bem no instrumento utilizado para correção desse erro: transmissão de DCOMP em vez de REDARF. (...). Por pertinente, vale destacar que, se o intento da interessada era corrigir informações constantes do DARF pelo qual recolhera o IPI de código 1097 em 29/11/2004, o procedimento correto que ela deveria ter tomado era protocolar perante a Receita Federal um REDARF com indicação das correções pretendidas no recolhimento efetuado, e, Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10166.908435/200910 Resolução nº 3402001.752 S3C4T2 Fl. 60 4 ainda, antes da emissão do despacho decisório de fl. 06, ter cancelado a DCOMP transmitida. Mas nada disso foi efetuado pela interessada, tornandose preclusos os exercícios dos direitos a correções via REDARF ou a cancelamento da DCOMP transmitida. (...). 6. Da análise dos documentos acostados nos autos e, ainda, conforme constatado pela própria decisão recorrida, o que aconteceu aqui foi um erro no preenchimento da sua DCOMP decorrente da inexistência de emissão de um REDARF por parte do contribuinte, o qual teria por escopo ajustar os códigos de recolhimento do IPI pago em 29/11/2004. 7. Diante deste cenário fático e levando em consideração o princípio do formalismo moderado, resolvo baixar o presente caso em diligência para que, diante dos documentos já acostados nos autos e de outros que possam vir a ser solicitados junto ao contribuinte: (i) a unidade preparadora esclareça se o DARF de fls. 22 materialmente se refere ao IPI de código 5123, ou seja, se o preenchimento do código 1097 de fato foi um erro formal do contribuinte. 8. Ao final, uma vez ofertada as respostas aos questionamentos acima, (ii) o recorrente deverá ser intimado para, facultativamente, manifestarse em 30 (trinta) dias a seu respeito, nos termos do que prevê o art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. 8. É a resolução. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Fl. 60DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.913706/2006-22
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Feb 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA.
É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais.
RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA.
Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo-fiscal.
Numero da decisão: 1001-001.065
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativo-fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
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CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. É do contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito pleiteado através de documentos contábeis e fiscais revestidos das formalidades legais. RECURSO VOLUNTÁRIO. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. OCORRÊNCIA. Os contornos da lide administrativa são definidos pela impugnação ou manifestação de inconformidade, oportunidade em que todas as razões de fato e de direito em que se funda a defesa devem deduzidas, em observância ao princípio da eventualidade, sob pena de se considerar não impugnada a matéria não expressamente contestada, configurando a preclusão consumativa, conforme previsto nos arts. 16, III e 17 do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativofiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 37 06 /2 00 6- 22 Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10880.913706/200622 Acórdão n.º 1001001.065 S1C0T1 Fl. 113 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (efls. 88/100) interposto pela ora recorrente contra o Acórdão nº 1633.618, de 06/09/2011, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP), efls. 74/76, objetivando a reforma do referido julgado. O relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância bem sintetiza e completa o ocorrido, pelo que peço vênia para transcrevêlo, com a finalidade de privilegiar o princípio da celeridade processual: (grifos não constam do original) NUTRISPORT INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE VESTUÁRIOS LTDA., apresenta manifestação de inconformidade com Despacho Decisório, proferido pela Divisão de Orientação e Análise Tributária/EQPIR, da Delegacia de Administração Tributária em São Paulo DERAT (fls. 30 a 37) que não homologou as PER/DCOMP apresentadas pela contribuinte, relativas ao saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000. 2 Ao analisar o direito creditório declarado, o auditor fiscal verificou que a contribuinte recolheu em DARF, relativamente às estimativas devidas durante o anocalendário de 2000, o valor total de R$ 141.492,32 , que foram declaradas em DCTF, mas os valores declarados como estimativas na DIPJ/2001, não conferem com esses valores. Uma vez que apenas a DCTF é considerada confissão de dívida e o valores declarados em DCTF, conferem com os valores recolhidos em DARF, foram esses os valores considerados na análise do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000. 3 Relativamente ao IRRF do período, o sistema SIEF/DIRF (fls. 17/20), informou valor de retenção de R$ 5.016,65, cujas receitas foram devidamente oferecidas à tributação. 4 Não houve compensações sem processo, declaradas nas DCTF do período. 5 Assim o valor apurado do saldo negativo de IRPJ do anocalendário de 2000 foi de R$ 24.036,94. 6 O auditor fiscal constatou que esse saldo negativo foi inteiramente consumido em compensações sem processo de estimativas de IRPJ do ano calendário seguinte, 2001, conforme cálculo do sistema SAPO (28 a 29), não restando qualquer saldo passível que ser aproveitado na presente PER/DCOMP. 7 Cientificada em 17/06/2008, conforme AR de fls. 38/verso, a contribuinte apresentou, em 17/07/2008, manifestação de inconformidade de fls. 39 a 40, onde alega que teria efetuado compensações sem processo de estimativas, e apresenta um demonstrativo com os valores que alega ter compensado, requerendo Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10880.913706/200622 Acórdão n.º 1001001.065 S1C0T1 Fl. 114 3 também que seja acolhida a manifestação de inconformidade e cancelado o débito fiscal reclamado. A DRJ considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA IRPJ COMPENSAÇÕES SEM PROCESSO Não é suficiente para comprovar o crédito pretendido, a alegação que teria efetuado compensações de estimativas de IRPJ sem processo com saldos de períodos anteriores, se a contribuinte não declara essas compensações em DCTF e não apresenta qualquer comprovação do que afirma. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Ciente da decisão de primeira instância em 22/11/2011, conforme Aviso de Recebimento à efl. 87, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 20/12/2011, conforme carimbo aposto à efl. 88. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. Quanto ao valor da lide nesta segunda instância administrativa, temse que a empresa em epígrafe solicita, por meio do PER/DCOMP nº 07788.12235.180603.1.3.021012 (efls. 2/6), a compensação de débitos no valor total de R$ 61.294,22, com crédito de saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000. Após a análise do pedido, a DRF homologou as compensações até o valor de "R$ 24.036,94, (...) sendo que sobre tal(tais) valor(es) incide o acréscimo de juros da taxa referencial SELIC, nos termos dos artigos 52 e 53 da IN/SRF n° 600/05". Neste sentido, tendo em vista que o valor em litígio não ultrapassa o limite de alçada das turmas extraordinárias, conforme estabelece o art. 23B do RICARF, entendo que o presente recurso deve ser julgado por esta turma. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10880.913706/200622 Acórdão n.º 1001001.065 S1C0T1 Fl. 115 4 No recurso interposto, a recorrente repete todos os argumentos apresentados em sede de primeira instância, ou seja, que na verdade acumulou crédito de R$ 167.032,44, conforme a DIPJ apresentada (anexa novamente as Fichas 20A e 13A efls. 57/58) e DARFs (efls. 53/56) e repete quadro demonstrativo dos valores. Esses argumentos foram fundamentadamente afastados no aresto de primeira instância e, por concordar com todos os seus termos, peço vênia para transcrever, a seguir, o voto condutor do acórdão recorrido, adotandoo desde já como razões de decidir, com base do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999 c/c o §3º do art. 57 do RICARF. 10 Observase no presente processo que, embora a reclamante alegue ter efetuado compensações sem processo de estimativas de IRPJ do anocalendário de 2000, no valor total de R$ 167.032,44, conforme demonstrativo que apresenta às fls. 40, não apresentou qualquer comprovação do que alega. 11 Além disso, não declarou, sequer, as supostas compensações nas DCTF do período, impossibilitando qualquer análise do que alega. 12 A documentação apresentada junto à manifestação de inconformidade, tampouco serve para esclarecer ou comprovar suas alegações, impondose a conclusão que a reclamante limitouse a alegar sem embasar seus argumentos em documentação cabível. 13 Desse modo, indeferese as argumentações da contribuinte mantendo se, na integra, o decidido no despacho contestado. 14 Assim sendo, VOTO por considerar improcedente a manifestação de inconformidade. Afirma, agora, no recurso voluntário que "preencheu indevidamente campo do PER/DCOMP [criado em 03/06/2003 (fls. 15)], bem como de forma inadequada preencheu as DCTFs (fls. 23 —27)" e que "tudo foi realizado em conformidade com a orientação "do funcionário da Receita Federal do Brasil em São Paulo ....", Tratase de argumentos novos, não apresentados pela defesa em sede de manifestação de inconformidade, o que não é admissível no processo contencioso administrativo, implicando a ocorrência da preclusão consumativa. Nos termos dos arts. 16, III e 17, ambos do Decreto nº 70.235/72, que regula o processo administrativofiscal, todos os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa deverão ser mencionados na impugnação, considerandose não impugnadas as matérias não expressamente contestadas. No caso dos autos, a discussão administrativa foi delineada pela manifestação de inconformidade, restando rechaçadas quaisquer outras teses defensivas eventualmente não expostas, por aplicação do princípio eventualidade, ressalva feita ao direito ou fato supervenientes, o que não é a hipótese. Neste sentido, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 135DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.721971/2017-93
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2016
PENSÃO ALIMENTÍCIA. REQUISITOS.
Da legislação de regência, extrai-se que são requisitos para a dedução da despesa com pensão alimentícia: a) a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; b) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; c) que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e d) que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do ano-calendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
Numero da decisão: 2001-001.059
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Jorge Henrique Backes
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2016 PENSÃO ALIMENTÍCIA. REQUISITOS. Da legislação de regência, extrai-se que são requisitos para a dedução da despesa com pensão alimentícia: a) a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; b) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; c) que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e d) que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do ano-calendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124-A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Jorge Henrique Backes (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes - Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
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REQUISITOS. Da legislação de regência, extraise que são requisitos para a dedução da despesa com pensão alimentícia: a) a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; b) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; c) que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e d) que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do ano calendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Jorge Henrique Backes (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 72 19 71 /2 01 7- 93 Fl. 152DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, lavrada em nome do sujeito passivo em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2016, anocalendário de 2015. De acordo com o Relatório de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, foi apurada a glosa sobre as deduções indevidamente realizadas pelo sujeito passivo, por falta de comprovação, a título de Pensão Alimentícia Judicial e/ou por Escritura Pública (R$ 18.912,00) e dedução indevida de despesas Médicas (R$ 24.000,69). O contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese, que o pagamento da pensão decorre de determinação judicial, quando do divórcio consensual com sua ex esposa junta documentação para comprovar o quanto alegado. Quanto às despesas médicas, junta toda documentação que foi solicitada e presta todas as informações a fim de tentar esclarecer e evidenciar a efetividade delas. A DRJ Recife, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que: quanto à pensão, no anocalendário 2015, objeto deste lançamento fiscal, o contribuinte não mais possuía obrigação de pagar pensão alimentícia à sua exesposa, mas tão somente a seu filho, Victor Hugo Alfaya. No entanto, o contribuinte declarou o pagamento de pensão alimentícia à sua exesposa. Ademais, seu filho consta como seu dependente na Declaração de Ajuste Anual (DAA) do exercício 2016 anocalendário 2015 – (fls. 67/73), razão pela qual os valores de pensão alimentícia porventura a ele destinados não poderiam ser deduzidos da base de cálculo do alimentante, ora recorrente. Quanto às despesas médicas, manifestou a DRJ que entende que são procedentes, ou seja, podem ser consideradas como dedutíveis, exceto o valor de R$ 319,68, pago a Unimed Pelotas, referente à beneficiária Carla Maria dos Santos Alfaya, que não é dependente do contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual. Em sede de Recurso Voluntário, o Contribuinte afirma que preencheu a declaração de forma equivocada, por desconhecimento, e pede que retifique para que exclua o seu filho como dependente e mantenha apenas o valor da pensão paga ao mesmo, pois seria menos custoso. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Pensão alimentícia Fl. 153DF CARF MF Processo nº 11040.721971/201793 Acórdão n.º 2001000.059 S2C0T1 Fl. 3 3 Merece trazer a baila logo de início o que dispõe a legislação no que se refere à pensão alimentícia. Vejamos o que está previsto no art. 8º, II, “f”, da Lei nº 9.250/1995: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais; Ressaltese que a alínea “f” do inciso II do artigo 8º da Lei nº 9.250, de 1995, passou a ter nova redação com o advento da Lei n.º 11.727, de 23 de junho de 2008, redação esta que, nos termos do art. 21 desta Lei, entrou em vigor na data da publicação da Lei nº 11.441, de 4 de janeiro de 2007. Eis a nova redação: f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou deescritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) Conforme verificase da legislação acima transcrita, são requisitos para a dedução: a comprovação do efetivo pagamento dos valores declarados; que o pagamento tenha a natureza de alimentos; que a obrigação seja fixada em decorrência das normas do Direito de Família; e que seu pagamento esteja de acordo com o estabelecido em decisão judicial ou acordo homologado judicialmente ou, ainda, a partir do anocalendário 2007, em conformidade com a escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. No caso em comento o Recorrente argumenta que preencheu de forma equivocada a declaração anual, pois não sabia que não deveria colocar o seu filho como dependente e alimentando ao mesmo tempo. É importante destacar, no entanto, que o principio de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza possui uma aplicabilidade geral, em qualquer seara do Direito, não sendo restrito à determinada área em específico. Em uma definição bem singela, podese dizer que o princípio "ninguém pode se beneficiar da própria torpeza" referese a questão de que nenhuma pessoa pode fazer algo Fl. 154DF CARF MF 4 incorreto e/ou em desacordo com as normas legais e depois alegar tal conduta em proveito próprio. Nesta senda entendo que deve ser trazido à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Neste diapasão, verificando os argumentos claros e objetivos trazidos pela decisão a quo, além do principio acima aventado, de que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza, entendo que deve ser negado provimento ao Recurso Voluntário e ser mantida a glosa das despesas com pensão alimentícia pelos motivos exposados. Fl. 155DF CARF MF Processo nº 11040.721971/201793 Acórdão n.º 2001000.059 S2C0T1 Fl. 4 5 CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter a glosa da despesa com pensão alimentícia, conforme acima detalhado. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 156DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.722745/2010-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE. FALTA DE COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL DA EXISTÊNCIA DA RETENÇÃO.
Somente é compensável o IRRF se comprovada a respectiva existência da retenção mediante documentos hábeis e idôneos.
NORMAS PROCESSUAIS. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO.
As provas devem ser apresentadas por oportunidade da Impugnação, sob pena de serem abarcadas pelo instituto da preclusão processual.
ACORDO ENTRE PARTICULARES. IMPOSSIBILIDADE DE OPOSIÇÃO.
Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.
NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Notificação de Lançamento lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. Corretamente seguido o Processo Administrativo Fiscal, não há que se falar em cerceamento de defesa.
Numero da decisão: 2202-004.937
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente.
(assinado digitalmente)
RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima (Relator), Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA
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FALTA DE COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL DA EXISTÊNCIA DA RETENÇÃO. Somente é compensável o IRRF se comprovada a respectiva existência da retenção mediante documentos hábeis e idôneos. NORMAS PROCESSUAIS. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. As provas devem ser apresentadas por oportunidade da Impugnação, sob pena de serem abarcadas pelo instituto da preclusão processual. ACORDO ENTRE PARTICULARES. IMPOSSIBILIDADE DE OPOSIÇÃO. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Notificação de Lançamento lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. Corretamente seguido o Processo Administrativo Fiscal, não há que se falar em cerceamento de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 27 45 /2 01 0- 10 Fl. 84DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON Presidente. (assinado digitalmente) RICARDO CHIAVEGATTO DE LIMA Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima (Relator), Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário (efls. 40/46), acompanhado de documentos comprobatórios (efls. 47/80), interposto contra o Acórdão 1151.213 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE – DRJ/REC (efls. 27/32), que julgou improcedente impugnação apresentada em face de Notificação de Lançamento, relativa ao ano calendário 2006, o qual resultou na exigência de crédito tributário total no valor de R$ 45.451,59, sendo R$ 29.378,58 referentes a Imposto de Renda da Pessoa Física e o restante referente a multa de ofício e juros de mora, calculados até agosto de 2010. 2. O lançamento deuse conforme a descrição dos fatos e enquadramento legal da Notificação de Lançamento (efl. 17), em procedimento de revisão de declaração, onde se verifica que foi constatada dedução Indevida de Imposto de Renda Retido na fonte IRRF, no valor de R$ 30.373,96, tendo em vista, segundo texto da Notificação transcrito, "...que o contribuinte não apresentou Planilhas de Cálculo Judicial referentes às causas trabalhistas Processos (70001199212206001) e 0063199112206006, como também, não apresentou comprovação do recolhimento do imposto através de DARF, e ainda, como não consta informação das fontes pagadoras referentes à retenção de imposto, através da DIRF, procedemos à glosa do imposto por falta de comprovação: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Igarassu, Itapissuma, Itamaracá CNPJ 11.547.882/000126 IRRF de R$ 10.064,93. Usina São José CNPJ 10.362.820/000187 IRRF de R$ 20.309,03". 3. Após ser devidamente cientificado da Notificação de Lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, onde alega, em síntese: que deve ser retificada a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte do Sindicato, para que este seja cobrado do imposto a ele incumbido por sentença judicial trabalhista; que nunca prestou trabalho para a Usina; esta apenas foi pólo passivo de ações trabalhistas onde o impugnante foi patrono; que os valores presentes na Declaração de Ajuste Anual DAA são relativos a acordo judicial firmado entre ele, advogado empregado, e o sindicato, empregador, decorrente de lide trabalhista; Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10480.722745/201010 Acórdão n.º 2202004.937 S2C2T2 Fl. 85 3 e que no citado acordo constou que os rendimentos acordados do impugnante seriam recebidos líquidos e o Sindicato arcaria com o IRRF e o INSS além desse valor acordado, sem retenção; pediu prorrogação de prazo até que o Sindicato acatasse decisão judicial e comprovasse o recolhimento dos DARF devidos, senão seria para ele impossível cumprir a obrigação de comprovar o recolhimento; por fim, requer que seja julgada procedente sua impugnação. 4. Já o voto prolatado pela 1ª Turma da DRJ/REC no Acórdão aduz, em sua essência: Voto 3. A impugnação é tempestiva e atende aos demais requisitos (...) Portanto, dela deve se tomar conhecimento. (...) 6. Conforme legislação acima mencionada, constatase que é permitido deduzir, do imposto apurado, o valor do imposto retido na fonte correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo, quando o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos, (...) 7. (...). 8. O interessado teve oportunidade, à luz do art. 15 do Decreto nº 70.235/72, de contestar os dados apurados pela Fiscalização, fundamentando sua defesa com os elementos de prova suficientes e necessários a infirmar os dados utilizados na efetivação do lançamento, no entanto, não o fez. 9. Verificase da DIRPF/2007, apresentada pelo contribuinte que o mesmo exerce a ocupação de Advogado. Ressaltase que as glosas foram decorrentes das informações prestadas em sua declaração de ajuste anual, conforme transcrição. Presumese que o contribuinte tinha em seu poder documentos que deram origem as tais informações. (...) 10. Às fls. 14, consta o Termo de Intimação Fiscal para comprovação dos valores informados em sua declaração de ajuste anual, tais como: " Comprovante de todos os Rendimentos recebidos pelo contribuinte e/ou seus dependentes no anocalendário. Sentença Judicial ou Acordo homologado judicialmente, planilha das verbas, contendo os cálculos deliquidação de sentença, atualização de cálculos, Guia de Levantamento, DARF do Recolhimento do IRRF, e Recibos dos Honorários Advocatícios e/ou Periciais. Contrato de Administração de aluguel e Comprovantes de Recebimentos com Taxa de Administração discriminada. Contrato(s) de Locação e Comprovação de propriedade do bem locado em conjunto ou em condomínio. Carteira de trabalho, contrato de prestação de serviço, termo de rescisão de contrato de trabalho,contracheques mensais ou recibos de pagamento." 10.1 Quando da apresentação da impugnação, o contribuinte também deixou de apresentar documentos que comprovassem as informações prestadas em sua DIRPF/2007. De conformidade com os termos de sua impugnação e de acordo com as informações de sua DIRPF, o contribuinte é advogado trabalhista. 11. No que tange à natureza dos rendimentos recebidos pelo contribuinte, verificase, de pronto, que os valores pagos pelo Fl. 86DF CARF MF 4 Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Igarassu, Itapissuma e Usina São José, presumese, não possuem natureza de indenizações trabalhistas (como o aviso prévio indenizado, por exemplo). Pois, não qualquer prova (sic), que não era e nunca manteve vinculo empregatício com as pessoas jurídicas acima mencionadas. 12. Em pesquisa aos Sistema da Receita Federal, constata se que no anocalendário de 2007, exercício de 2008, o contribuinte foi intimado para apresentar documentos dos valores informados em nome do Sindicato Trabalhadores Rurais de Igarassu e Itapessuma e Sindicato dos Trabalhadores Cabo de Santo Agostinho, tendo naquela ocasião apresentados documentos, de ações trabalhistas de diversos empregados. Entretanto, no presente processo o contribuinte não anexou qualquer documento referente aos valores informados em sua declaração de ajuste anual, em nome do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Igarassu, Itapessuma e Usina São José. 13. Assim sendo, caberia ao contribuinte apresentar os acórdãos emitidos pela Justiça do Trabalho, em favor dos empregados de quem era patrono, para comprobação dos valores recebidos a títulos de honorários das ações trabalhistas e se houve retenção de imposto de renda retido na fonte. 13.1 Presumese que ao elaborar a declaração de ajuste anual, tenha em mãos documentos hábeis e idôneos para comprovar tais informações, se por ventura sua declaração visse (sic) ser selecionada por parâmetros estabelecidos pela Administração Tributária. Observase que no presente caso o contribuinte teve duas oportunidades de comprobação de tais dados, quando do recebimento da Intimação Fiscal e ao formalizar o presente processo e no entanto, deixou de fazer. Assim sendo, VOTO pela improcedência da impugnação para MANTER na integra a Notificação de Lançamento, do IRPF/2007. 5. Por ocasião do Recurso apresentado em 09/12/2015, em contraposição à Decisão de Primeira Instância, cientificada em 09/11/2015 (efl. 37), o recorrente sustenta em seus argumentos,em síntese, que: na impugnação informou que o contador responsável pela sua Declaração de Ajuste Anual DAA havia lançado equivocadamente como uma das fontes pagadoras a Usina São José S/A (IRRF de R$ 20.309,03); tais valores foram pagos no ano de 2006 pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapissuma, Igarassú e Itamaracá, e que recursos oriundos de demandas contra a Usina São José S/A foram sempre recebidos pelo referido Sindicato e repassados aos advogados responsáveis; valores que deveriam ser espontaneamente revertidos ao recorrente pelo referido Sindicato de quem era empregado (Doc.03), relativos à parte variável de sua remuneração, ensejaram uma demanda trabalhista, culminando em Acordo Judicial cuja cópia foi encaminhada em cumprimento à anterior Intimação, e que, em suas palavras, "estranhamente não anexada aos Autos do processo pela notificante"; no curso da fiscalização apresentou toda a documentação, mas não poderia apresentar algo que não existia ou a ele não fora informado: o recolhimento efetuado pelo responsável tributário dos valores retidos; apresentou o acordo trabalhista (Doc. 04), mas nada teria sido juntado na referida notificação; a não apresentação dos cálculos trabalhistas é irrelevante, vez que não se discute a natureza dos recursos, fato esse não objeto de contestação; Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10480.722745/201010 Acórdão n.º 2202004.937 S2C2T2 Fl. 86 5 a DRJ/REC ignorou as razões trazidas pelo ora recorrente, argüindo a ausência de provas, quando essas foram apresentadas no curso da fiscalização (Docs. 05 e 06), e não juntadas à notificação pelo agente preparador/ notificante; a fiscalização deixou de observar formalidades inerentes à constituição do crédito tributário, conforme previstas no art. 142 do CTN (transcreve o dispositivo citado e grifa "ocorrência do fato gerador" e "identificar o sujeito passivo"); a fiscalização também se encontra em desacordo com os dispositivos do Decreto 7.574/2011, em especial os arts. 24, 25 e 30, sobre provas e formalização de autos, que transcreve, grifando todo o artigo 25 ("Os autos de infração ou as notificações de lançamento deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito"); não imaginava que o julgador de 1a. Instância não teria acesso aos documentos, fato descoberto no fornecimento do processo digitalizado em novembro de 2015; uma vez que a autuação do processo ocorreu em 08/10/2010, não poderia imaginar a falha da administração fazendária ao não anexar os documentos anteriormente apresentados; tal situação torna nulo o lançamento por preterição ao direito de defesa do contribuinte, conforme o Art. 12, da lei 7574/2011, transcrito e grifado o inciso II; ocorreu erro na identificação do sujeito passivo da relação tributária (Transcreve arts 717 e 722 do RIR/99, grifando que a fonte pagadora deve reter e recolher o imposto); os arts. 24, 25 e 30 do Decreto 7.574/2011 determinam que a exigência fiscal deve estar instruída das provas indispensáveis à comprovação do ilícito, que não ocorreu, já que falta de recolhimento é de responsabilidade da fonte pagadora; sem provas de ilicitude, carece de base legal o lançamento fiscal; a cobrança foi efetuada por não ter apresentado comprovação do recolhimento do IRPF, mas a fonte pagadora é que não forneceu tal documento; os dispositivos dados como por ele infringidos, art. 12, V, Lei 9250/95 e artigos 7o., § 1º, e 87 do RIR, descrevem que o ilícito tributário é da fonte pagadora, não cumpridora do acordo judicial, que previa a responsabilidade do Sindicato pelo pagamento; a ele cabia oferecer os valores brutos e assim o fez; e que com a falha no preparo do lançamento, com ausência dos elementos apresentados no curso da fiscalização, com o erro na identificação do sujeito passivo, sem descumprimento de dispositivos legais pelo contribuinte, descabe que dele se exija o pagamento dos valores não recolhidos pela fonte retentora, da qual esses valores devem ser exigidos. 6. Requer, por fim, a declaração da improcedência da ação fiscal, pela nulidade do procedimento de notificação e do preparo do processo, e tornando nulos os atos posteriores, reformando a decisão recorrida. 7. Juntamente com seu Recurso, o contribuinte apresenta cópias dos seguintes documentos, da forma como por ele numerados: DOC 1: sua Carteira de Identidade de Advogado, efl. 47; DOC 2: peças do presente processo (Acórdão, extrato do processo, cobrança, aviso de recebimento), efls. 49/60; DOC 3: sua Carteira de Trabalho, efls. 61/62; DOC 4: Termo de Conciliação e Extrato de Movimentação do Processo Trabalhista 700010046.1992.5.06.0122, efls 63/75; DOC 5: Recibo de Entrega de Documentos no 25710 protocolado junto à DRF Recife em 22/07/2008, referente ao Exercício 2006, efls 76; Fl. 88DF CARF MF 6 DOC 6: Recibo de Entrega de Documentos no 26477 protocolado junto à DRF Recife em 08/08/2008, referente ao Exercício 2006, efls 77; e DOC sem número: cópia de petição dirigida ao Delegado da RFB em Recife/PE, dando cumprimento à intimação 2007/604221495121027, apresentado documentos especificados relativos ao exercício 2007, assinada em 21/07/2008, sem protocolo, efls 78/80. 8. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Chiavegatto de Lima, Relator 9. O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, o recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Além disso, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo. Portanto dele conheço. 10. Em princípio, ressaltese que a prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o sujeito passivo fazêlo em outro momento processual, cf. Decreto nº 70.235/72, arts. 15 e 16, § 4º, abaixo transcritos: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei no. 9.532/97) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei no. 9.532/97) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei no. 9.532/97) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei no. 9.532/97) (grifei) 11. Ainda de início, ressaltese que, uma vez notificado do lançamento, o sujeito passivo não pode mais pretender retificar sua DAA, cf. Artigo 147, § 1º. do CTN Lei nº 5.172/66: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 12. Isto posto, recordese que o lançamento deuse devido a pretensão de compensação de valores de Imposto de Renda Retido na fonte IRRF, declarados pelo próprio Recursante, no valor de R$ 30.373,96 (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Igarassu, Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10480.722745/201010 Acórdão n.º 2202004.937 S2C2T2 Fl. 87 7 Itapissuma, Itamaracá, CNPJ 11.547.882/000126 IRRF de R$ 10.064,93. Usina São José, CNPJ 10.362.820/000187 IRRF de R$ 20.309,03). 13. Os referenciados DOC 3 e DOC 4, apresentados apenas em sede recursal, realmente demonstram a vinculação empregatícia do Recursante com o Sindicato. E o DOC 04, o Acordo Judicial, esclarece que os pagamentos efetuados são referentes a honorários devidos ao Recorrente. O recebimento dos rendimentos tributáveis não é controverso na presente lide. 14. Deve ser destacado que o descumprimento de acordo entre particulares não exime o pagamento de tributos pelos responsáveis, e muito menos a imputação de responsabilidade do cumprimento da obrigação pelo outro envolvido nesse acordo eximiria, conforme artigo 123 do CTN: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. (grifei) 15. Se realmente não haveria como o agora Recursante apresentar o DARF do recolhimento efetuado pelo responsável tributário, o Sindicato, pois este não lhe forneceu, ou não efetuou Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF, existiriam outras formas subsidiárias de comprovar a retenção do imposto, como através de todos os documentos enumerados na intimação inicial. 16. E neste escopo, principalmente a apresentação da planilha de cálculos trabalhistas, à qual o recursante atribui irrelevância, poderia na verdade ser substancial, uma vez que, embora não se discuta a natureza dos recursos, os valores correspondentes de Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF poderiam estar nela destacados. 17. Nos termos do Art. 15 do Decreto 70.235/72, anteriormente já transcrito, a impugnação formalizada deverá estar instruída com os documentos em que se fundamentar. Ainda no mesmo decreto, mais especificamente no art. 16, está disposto que a impugnação mencionará os motivos de fato e de direito em que se fundamentar, com as provas que possuir. O interessado teve oportunidade, à luz dos artigos citados, de contestar os dados apurados pela Fiscalização, fundamentando sua defesa com os elementos de prova suficientes e necessários a contrapor os dados utilizados na efetivação do lançamento. 18. Não se encontram nos autos as provas que o Recursante alega ter apresentado após a primeira intimação. E ele também não (re)apresentou tais provas em sua impugnação. Sustenta o recorrente que havia entregue a documentação comprobatória e que nem a fiscalização, nem a autoridade preparadora, , nem a notificante, as juntou ao processo, caracterizando falha por parte da administração pública. 19.As alegações desprovidas de meios de prova que as justifiquem não podem prosperar. Pretendendo comprovar a anterior entrega de documentos, anexa nesta sede recursal as guias de protocolo de documentos DOC 5 e DOC 6 (efls. 66 e 67), mas tais guias são concernentes à apresentação de documentos relativos ao exercício 2006, diverso do exercício da presente lide. 20. Da mesma fora, o DOC sem número, efls. 78/80, é cópia de petição que intentou apresentar à DRF, documentos relativos ao exercício 2007. Mas, além de não apresentar protocolo em seu corpo, pretendeu dar cumprimento à intimação Fl. 90DF CARF MF 8 2007/604221495121027 . A Notificação de Lançamento em pauta é a de no. 2007/604451257764140. 21. Portanto, é fundada a decisão da DRJ/REC de julgar improcedente a impugnação por falta de provas, uma vez que as mesmas não constam nos autos. E não há que se falar em cerceamento de defesa, uma vez que documentos ausentes no processo têm sua análise impossibilitada. Os prazos previstos no Processo Administrativo Fiscal para a apresentação de seus argumentos e documentos pertinentes foram rigorosamente respeitados. 22. Quanto à retenção do imposto pela fonte pagadora, esta se dá na forma do art. 45, § único do Código Tributário Nacional: Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.(grifei) 23. Já a dedução do IRRF do Imposto de Renda da Pessoa Física apurado na Declaração de Ajuste Anual DAA fundamentase no inciso V, do Artigo 12 da Lei 9.250/95, abaixo destacado: Art. 12. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos: (...) V o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo;(grifei) 24. Analisando a Notificação de Lançamento em sua página introdutória, verificase que foi lançado Imposto de Renda da Pessoa Física, e não Imposto de Renda Retido na Fonte. E notase que a descrição dos fatos da autuação não é a falta de recolhimento do IRRF, mas sim é a glosa da compensação por falta de comprovação de que o imposto tenha sido efetivamente retido. 25. Eivado de razão está o interessado quanto à responsabilidade única e exclusiva da fonte pagadora pelo recolhimento do IRRF. O recorrente não pode realmente ser responsabilizado por tal falta de recolhimento. Mas por outro lado, também não pode pretender compensar o Imposto a Pagar calculado em sua Declaração de Ajuste Anual com um valor de IRRF sem comprovação de retenção, e está sendo cobrado do Imposto de Renda da Pessoa Física, do qual é o sujeito passivo. 26. Esclarecendo em valores, não está sendo cobrado do contribuinte o valor do IRRF não retido (R$ 30.373,96), mas sim o Imposto de Renda da Pessoa Física devido no anocalendário 2006 (R$ 45.451,59), calculado através da tabela progressiva vigente, sobre o total de seus rendimentos tributáveis por ele mesmo declarados, com as deduções cabíveis e sem a compensação indevida do IRRF erroneamente informado na DAA original. 27. Enriquecedora é a citação dos artigos 941 e 943 do então vigente Regulamento do Imposto de Renda RIR/99: Art. 941. As pessoas físicas ou jurídicas que efetuarem pagamentos com retenção do imposto na fonte, deverão fornecer à pessoa física beneficiária, até o dia 31 de janeiro, documento comprobatório, em duas vias, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das deduções e do imposto retido no anocalendário anterior, quando for o caso (Lei nº 8.981, de 1995, art. 86).(Grifei) (...) Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10480.722745/201010 Acórdão n.º 2202004.937 S2C2T2 Fl. 88 9 Art. 943. A Secretaria da Receita Federal poderá instituir formulário próprio para prestação das informações de que tratam os arts. 941 e 942 (DecretoLei nº 2.124, de 1984, art. 3º, parágrafo único). § 1º O beneficiário dos rendimentos de que trata este artigo é obrigado a instruir sua declaração com o mencionado documento (Lei nº 4.154, de 1962, art. 13, § 1º). § 2º O imposto retido na fonte sobre quaisquer rendimentos ou ganhos de capital somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, quando for o caso, se o contribuinte possuir comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora, ressalvado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 7º, e no § 1º do art. 8º (Lei nº 7.450, de 1985, art. 55).(grifei) 28. O Recursante não pode pretender a compensação de valores de IRRF em sua DAA de 2006, uma vez que não foi apresentado nenhum comprovante da efetiva retenção do valor pretendido, nem na forma descrita nos artigos acima, nem em qualquer outra forma suplementar que suprisse sua ausência. 29. Uma vez que na Notificação de Lançamento exigese então Imposto de Renda da Pessoa Física de quem auferiu a renda, e não Imposto de Renda Retido na Fonte, não há exigência de tributo cuja responsabilidade pelo recolhimento não seja do recorrente, o fato gerador ocorreu, e todas as formalidades prescritas no caput do art. 142 do CTN foram observadas. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 30. Não há que se falar em nulidade, porquanto todos os requisitos previstos no art. 11 do Decreto nº 70.235/72, foram observados quando da lavratura da Notificação de Lançamento. E o artigo 59 do mesmo Decreto enumera os casos que acarretam a nulidade do lançamento. Transcrevemse a seguir, os dois artigos citados: Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente II – os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 92DF CARF MF 10 31. Por outro lado, quaisquer outras irregularidades, incorreções, e omissões cometidas na Notificação de lançamento não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio (art. 60 do PAF). 32. No presente caso, tais vícios inexistem, pois o agente autuante é competente para efetuar o lançamento fiscal e a infração imputada foi adequadamente descrita e fundamentada, de modo que permitiu ao autuado o mais amplo direito de defesa e o exercício pleno do contraditório, direito este, exercido tanto na impugnação quanto no recurso ora analisado. 33. Da análise da Notificação de Lançamento, constatase que ela demonstra com clareza as infrações imputadas, com a devida indicação do enquadramento legal da matéria apurada. Nesse sentido, não restam dúvidas de que a Notificação contém todos os requisitos legais estabelecidos no art. 11, do Decreto nº 70.235/72, que rege o Processo Administrativo Fiscal, e certamente não fere o princípio da legalidade. 34. Além disso, a Notificação de Lançamento está devidamente instruída com as provas necessárias, sob as formalidades cabíveis, uma vez que foi lavrada com base nas informações presentes na DAA do próprio contribuinte (com base no caput do Artigo 147 do CTN, já citado), onde também se constatou o ilícito tributário pelo sujeito passivo. 35. Não há nulidade da Notificação de Lançamento, não está sendo ferido o princípio da legalidade nem nenhum outro princípio constitucional, e não ocorreu cerceamento de defesa, e foram respeitados os princípios gerais de direito tributário e administrativo. 36. Dessa forma, deve ser mantida a Decisão da DRJ/REC no sentido de procedência do lançamento. CONCLUSÃO 37. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (Assinado Digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima Relator. Fl. 93DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.903429/2015-59
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Feb 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1002-000.043
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso voluntário em diligência à Unidade de Origem, a fim de aferir a suficiência do direito creditório vindicado, tudo conforme voto do relator.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Breno do Carmo Moreira Vieira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: BRENO DO CARMO MOREIRA VIEIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento do recurso voluntário em diligência à Unidade de Origem, a fim de aferir a suficiência do direito creditório vindicado, tudo conforme voto do relator. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (presidente da Turma), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes. RELATÓRIO Tratase de Recurso Voluntário (efls. 91 à 96) interposto contra o Acórdão n° 1153.335, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife (efls. 79 à 85), que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Por representar acurácia na análise dos fatos, faço uso do Relatório do Acórdão a quo: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 88 .9 03 42 9/ 20 15 -5 9 Fl. 210DF CARF MF Processo nº 13888.903429/201559 Resolução nº 1002000.043 S1C0T2 Fl. 211 2 Tratam os autos de análise da Declaração de Compensação nº 30252.03212.300415.1.3.049645, com cópia às fls. 71 a 75, por intermédio da qual o contribuinte compensou Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) referente ao 3º trimestre de 2012 com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de mesmo tributo no valor de R$ 18.453,62, decorrente de Darf de R$ 140.355,20, arrecadado em 29/07/2011, no código de receita 2089, relativo ao período de apuração 2º trimestre de 2011. Conforme declarado, foi utilizada na compensação a parcela do crédito de R$ 553,01, restando um saldo a restituir/compensar de R$ 17.900,61. 2. Como resultado da análise foi proferido o Despacho Decisório com nº de rastreamento 111430410, em 09/12/2015, com cópia às fls. 64 a 69, que decidiu por não homologar a compensação declarada em virtude da inexistência do direito creditório pretendido. 2.1. Consoante fundamentação da decisão, o valor recolhido foi integralmente alocado ao débito confessado em Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), razão pela qual não restou resíduo a restituir/compensar. 3. Cientificado da decisão por via postal em 17/12/2015 conforme cópia do Aviso de Recebimento (AR) à fl. 63, em 18/01/2016 o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade à fl. 2, instruída com os documentos às fls. 3 a 62, onde argumenta que informou equivocadamente em DCTF o valor de R$ 140.355,20 a título de CSLL referente ao 2º trimestre, o qual foi recolhido, quando deveria ter declarado R$ 121.901,58, conforme faz prova sua Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ). Informa que providenciou a retificação da DCTF. Protesta ao final pela juntada de todos os documentos necessários para a comprovação do crédito. 4. Em 23/02/2016 os autos foram encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Ribeirão Preto – SP para a apreciação da manifestação de inconformidade, com pronunciamento da unidade preparadora pela sua tempestividade (fls. 76 e 77). Entretanto, tendo em vista o disposto na Portaria RFB nº 453, de 2013, e no art. 2º da Portaria RFB nº 1.006, de 2013, em 12/05/2016 os autos foram remetidos a esta DRJ/Recife para proceder ao julgamento da lide (fl. 78). Segundo o teor meritório, não houve lastro probatório suficiente a justificar a compensação pretendida. De igual sorte, não pode o Contribuinte apresentar Declaração Retificadora após a expedição de Despacho Decisório. Transcrevo os principais excertos: 8. Na declaração original o contribuinte confessou CSLL relativa ao 2º trimestre de 2011 no montante de R$ 140.355,20 conforme tela de consulta abaixo copiada. Como até a data do despacho decisório não havia sido entregue declaração retificadora, a decisão baseouse na declaração original, sendo, nesse contexto, acertado o entendimento da autoridade administrativa ao não reconhecer o direito creditório pretendido, vez que o Darf de R$ 140.355,20 estava integralmente absorvido pelo débito declarado. (...) Fl. 211DF CARF MF Processo nº 13888.903429/201559 Resolução nº 1002000.043 S1C0T2 Fl. 212 3 9. Somente quando da ciência do despacho decisório é que o contribuinte entregou DCTF retificadora a fim de alterar o débito confessado para R$ 121.901,58. Tal declaração conduziria a concluir pela existência de um recolhimento a maior de R$ 18.453,62, consoante defendido em sua manifestação de inconformidade. 10. Acontece que na data de entrega dessa DCTF retificadora (13/01/2016) o contribuinte não estava mais amparado pela espontaneidade, já que, conforme dito, a transmissão foi posterior à ciência do despacho decisório. A retificadora, embora válida, não produz efeitos no que se refere ao tributo objeto da compensação, e, por conseguinte não serve como prova da existência do crédito de pagamento indevido ou a maior. 11. Esse entendimento está amparado no disposto no §1º do art. 7º do Decreto nº 70.235, de 1972, e no § 2º do art. 9 da Instrução Normativa (IN) RFB nº 1.599, de 2015 (vigente à época da retificação): (...) 12. Nesse sentido, ainda, a Súmula nº 33 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que, embora trate de lançamento de ofício, é aplicável também ao despacho decisório relativo à compensação pois ambos decorrem de procedimento fiscal: A declaração entregue após o início do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de ofício. 13. Não obstante isso, é devido ressaltar o disposto no §3º do art. 9º da IN RFB nº 1.599, de 2015, que autoriza a retificação de ofício da DCTF atendidas as seguintes condições: (i) prova inequívoca de erro de fato no preenchimento da declaração, e (ii) que esta retificação ocorra enquanto não extinto o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário correspondente à declaração: § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário correspondente àquela declaração. 14. Ou seja, conforme a norma acima, mesmo sendo não espontânea a DCTF retificadora entregue, em ocorrendo erro de fato no preenchimento da declaração original, e não estando decaído o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário relativo ao fato gerador objeto dos autos, há a possibilidade de sua retificação de ofício. No presente caso a segunda condição está atendida, restando verificar a ocorrência de erro de fato. 15. Ademais, ainda que a retificação de ofício na forma acima não fosse possível pelo decurso do prazo decadencial, há ainda o recurso final de se pedir restituição (ou compensação) do valor pago, conforme fez o contribuinte, desde que comprovado o erro de fato no Fl. 212DF CARF MF Processo nº 13888.903429/201559 Resolução nº 1002000.043 S1C0T2 Fl. 213 4 preenchimento da declaração. Este entendimento consta do Parecer Normativo Cosit nº 8, de 2014, cuja parte de interesse transcrevo a seguir: 45. Da mesma forma que a revisão de ofício, a retificação de ofício pode ser feita a qualquer tempo, para crédito tributário não extinto e indevido. Para os casos em que o crédito tributário já se encontre extinto, “deve ser observado, nesse caso, o art. 168 do CTN, que condiciona a correção do erro praticado e a devolução do valor recolhido indevidamente aos cofres públicos à apresentação pelo contribuinte de pedido de restituição antes de transcorrido o prazo fixado no referido dispositivo legal” (Parecer Cosit nº 38, de 2003). 16. Logo, diante da possibilidade de retificação de ofício da DCTF, ademais em virtude de o contribuinte ter apresentado Dcomp, cabe a este colegiado administrativo verificar se houve o alegado erro de fato no preenchimento da DCTF original. 17. Na espécie, a DIPJ foi a única prova carreada aos autos passível de demonstrar a ocorrência de erro de fato no preenchimento da DCTF. 18. Em vista disso é devido esclarecer que, diferentemente da antiga declaração de rendimentos da pessoa jurídica (DIRPJ), cujos saldos a pagar dos tributos apurados representavam confissão de dívida nos termos do art. 1º da IN SRF nº 77, de 1998, a declaração que a substituiu, atual DIPJ, possui apenas valor informativo, haja vista nova redação dada pela IN SRF nº 14, de 2000. 19. Nesse sentido a Súmula nº 92 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf): A DIPJ, desde a sua instituição, não constitui confissão de dívida, nem instrumento hábil e suficiente para a exigência de crédito tributário nela informado. 20. Então, atualmente a DIPJ não possui força probante, por si só, das informações prestadas na Dcomp. Portanto, para provar que a DCTF foi preenchida com erro e, por conseguinte, que a apuração contida na DIPJ representa a realidade fiscal do contribuinte, tornase necessário que o contribuinte traga aos autos provas documentais, tais como os livros contábeis e fiscais, na parte de interesse, e documentos fiscais, conforme o caso, de forma a permitir ao julgador administrativo verificar se o que foi declarado na DIPJ corresponde ao registrado na escrituração. 21. Frisese, adicionalmente, que, ainda que se desconsiderasse o caráter informativo da DIPJ e o caráter de confissão da DCTF, ainda assim seria necessária a comprovação documental (escrituração) do valor correto da CSLL apurada haja vista a discrepância entre as informações constantes nessas duas declarações, ambas de lavra do contribuinte. 22. Como o interessado não trouxe aos autos qualquer outro documento que não a própria DIPJ, entendo que não comprovou o erro Fl. 213DF CARF MF Processo nº 13888.903429/201559 Resolução nº 1002000.043 S1C0T2 Fl. 214 5 de fato no preenchimento da DCTF, sendo devido considerar a utilização integral do Darf para a liquidação do débito nela declarado. 23. Ao fim, o contribuinte protesta pela juntada de todos os documentos que se julgar necessários para a comprovação do crédito. Quanto a tal pedido, esclareço que a produção de provas de suas alegações é direito do contribuinte a ser exercido quando da apresentação da manifestação de inconformidade, nos termos do art. 16, III e §4º do Decreto nº 70.235, de 1972, com redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993, c/c o art. 74, §11 da Lei nº 9.430, de 1996, com redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003, como também, após esta, nas hipóteses listadas no referido §4º, por meio de requerimento específico consoante §5º do mesmo artigo. Na espécie, o contribuinte deixou de exercer este direito após apresentação da manifestação de inconformidade, limitandose a protestar na manifestação de inconformidade por sua garantia, a qual, conforme visto, já está assegurada por lei, sendo desnecessário o pleito. O Recurso Voluntário, em sua essência, reitera os argumentos veiculados na exordial, sendo que apresenta um amplo rol de documentos aptos a justificar seu pedido, verbis: Cópia do Livro Diário, que revela o valor do faturamento percebido no 2º trimestre de 2011, cujo montante é o primeiro valor utilizado para o cálculo da base presumida da CSLL (doc. 08); Cópias do Razão Analítico, onde constam, da mesma forma, os valores correspondentes ao faturamento (receitas de venda de mercadorias e de prestação de serviços) do 2º Trimestre de 2011 (doc. 09); Cópia do Registro de Apuração dos tributos, cuja base foi retirada dos lançamentos contidos nos livros contábeis e que provam, de forma cabal, o valor correto que deveria ter sido lançado e recolhido (doc. 10); Cópia dos Balancetes de Verificação do trimestre, onde se observa, no mês 06/2011, o valor correto da CSLL lançado na conta contábil “2.1.03.0013 – “CONTRIB. SOCIAL A RECOLHER” – de R$ 121.901,58 (doc. 11); Dessa forma, ao contrário do que foi afirmado no Despacho Decisório e na r. Decisão Recorrida, a existência do crédito alegado pela Recorrente está calcada em elementos consistentes de prova. Por essa razão, não é jurídico, sobretudo à luz do princípio da busca pela verdade material, negar o direito da Recorrente à compensação, somente por ter ela deixado de retificar a DCTF no momento oportuno. (...) Notase, pois, que a jurisprudência firmada no âmbito desse E. Conselho determina a necessidade de reconhecimento do direito creditório dos contribuintes, ainda que haja falha vinculada à não retificação das obrigações acessórias. Em resumo, uma vez comprovado o crédito, a homologação das compensações a ele vinculadas é a providência que se impõe. Fl. 214DF CARF MF Processo nº 13888.903429/201559 Resolução nº 1002000.043 S1C0T2 Fl. 215 6 Por outro lado, ainda que haja questionamento quanto à apresentação tardia de provas, não se pode negar ao contribuinte sua análise por parte das autoridades administrativas de julgamento, por necessária obediência ao princípio da verdade material. Vossas Senhorias, portanto, estão amplamente autorizadas a fazer o efetivo controle da legalidade do indigitado Despacho Decisório e da r. decisão recorrida. É o Relatório. VOTO Conselheiro Breno do Carmo Moreira Vieira Relator. O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Passo à análise dos pontos suscitados no Recurso. Por primeiro, cumpre destacar a existência de conexão com o processo n° 13888.903430/201583, conforme bem pontuado pela Autoridade Julgadora a quo no Acórdão n° 1153.336. Sendo assim, o desiderato final da análise compensatório encontrase umbilicalmente vinculado àqueles autos, haja vista tratarem da mesma operação de cotejo entre débitos e créditos. Portanto, há de se dispor de sinergia entre as decisões exaradas neste e naquele processo. Pois bem; como se sabe, o CARF já dispõe de vasta jurisprudência no sentido de admitir apresentação documental em sede de Recurso Voluntário, desde que isso não seja reflexo de inegável desídia do Contribuinte, inovação jurídica, ou que se trate de acervo essencial à instrução do PAF ab initio. Nenhum desses aspectos macula o presente caso, que ainda se acrescenta o aspecto do Recorrente ter juntado suas provas após saber o motivo do indeferimento de seu pedido. Portanto, tais fatos corroboram a intelecção jurisprudencial adotada por este Colegiado Administrativo, calcada na verdade material. Por fim, assevero que não é possível esta Turma Extraordinária proceder prontamente com a homologação da compensação dos valores pleiteados no Recurso Voluntário. Isso porque haveria inegável supressão de instância, razão pela qual se torna imperativo o retorno dos presentes autos à instância a quo, para que realize uma nova análise compensatória, considerando, doravante, os documentos acostados em sede recursal. Portanto, reitero que foi apresentado amplo acervo probatório em ambos os autos (13888.903429/201559 e 13888.903430/201583), e, considerando a ausência de preclusão consumativa, quedase viável a apreciação da coletânea documental, em especial. Conclusão Ante o exposto, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, o meu voto é por converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem, com o objetivo de reavaliar o pedido de compensação, considerando a documentação acostada em sede de Recurso Voluntário e conjugando o desiderato de ambos os processos n° 13888.903429/2015 59 e n° 13888.903430/201583. Fl. 215DF CARF MF Processo nº 13888.903429/201559 Resolução nº 1002000.043 S1C0T2 Fl. 216 7 Esclareço que, por força do parágrafo único do art. 35 do Decreto n.º 7.574, de 2011, o sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização da diligência, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese em que deverá ser concedido prazo de trinta dias para sua manifestação. É como Voto. (Assinado digitalmente) Breno do Carmo Moreira Vieira Fl. 216DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.002754/2007-31
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Feb 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
Numero da decisão: 2002-000.760
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil (relator), que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
(assinado digitalmente)
Mônica Renata Mello Ferreira Stoll - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos.
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COMPROVAÇÃO. É licita a exigência de outros elementos de prova além dos recibos das despesas médicas quando a autoridade fiscal não ficar convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os conselheiros Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil (relator), que lhe deram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Relator. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 27 54 /2 00 7- 31 Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10183.002754/200731 Acórdão n.º 2002000.760 S2C0T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 65/77) contra decisão de primeira instância (fls. 46/54), que julgou procedente em parte a impugnação do sujeito passivo. Em razão da riqueza de detalhes, adoto o relatório da DRJ, que assim diz: LANÇAMENTO Trata o presente processo de Notificação de Lançamento do Imposto sobre a Renda Pessoa Física, fls 09/12, em face do sujeito passivo acima identificado, referente ao exercício 2005, anocalendário 2004, com ciência em 11/06/2007 (fl34), sendo constituído crédito tributário no valor de R$ 7.678,67, composto das seguintes parcelas: Conforma a DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL 09/12 foi lançado de ofício o presente crédito tributário, em decorrência das seguintes constatações durante a ação fiscal: · Glosa do valor de R4 16.272,72, indevidamente deduzido a título de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. · Não houve comprovação do efetivo desembolso com os serviços prestados. Não há identificação do endereço do profissional nos recibos emitidos pela Sra. Kelvia Karina da Costa. Não foi apresentado qualquer documento comprobatório dos dispêndios com plano de saúde (Unimed). Impugnação Na impugnação de fls. 01/08, apresentada em 09/07/2007, instruída com os documentos de fls. 13/31, a interessada, profere as seguintes alegações: · Apresentou comprovantes originais e cópias das despesas médicas, relativas a Declaração de Imposto de renda Pessoa Física, exercício 2005, anocalendário 2004. · Deu total cumprimento ao termo de intimação fiscal nº 2005/6013750063481056. · No dia 27/04/2007, recebeu outro termo de intimação fiscal para apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, “Comprovantes dos efetivos pagamentos das despesas médicas relacionadas na respectiva declaração (cópia de cheque, extrato bancário, fatura de cartão de crédito) aos Fl. 83DF CARF MF Processo nº 10183.002754/200731 Acórdão n.º 2002000.760 S2C0T2 Fl. 4 3 senhores Rogério Bonacci e à senhora Kelvia Karina da Costa.”, (doc XIV). · Em data de 03/05/2007, protocolizou novamente, junto a Secretaria da Receita Federal, resposta por escrito, datada e assinada pela mesma, esclarecendo que os pagamentos foram realizados de forma mensal, em espécie, conforme acordo com os prestadores de serviço, e, no caso do Sr. Rogério Bonacci, o recibo foi expedido após pagamento integral do valor acordado. Merecendo registrar, que mais uma vez, o aludido documento foi recebido pela Auditora Fiscal da Receita Federal – Cristiane Glerian, (doc. XV). · As despesas com o plano de saúde UNIMED, estão devidamente comprovadas, mediante o INFORME PARA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA / ANO – 2004, expedido em 18/02/2005, pela UNIMED CUIABÁ – COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO, inscrita no CNPJ sob o nº 03.533.726/000188, com endereço localizado à Rua Barão de Melgaço, nº 2.713, Bairro Centro Sul, CuiabáMT, totalizando R$ 1.322,72 (hum mil, trezentos e vinte e dois reais e setenta e dois centavos), (DOC. IV). · Os pagamentos efetuados à Fisioterapeuta Dra. Kelvia Karina da Costa, devidamente inscrita no CREFITO sob o nº 9/20580 F, e no C.P.F. 531.673.33120, com endereço profissional localizado à Avenida das Flores, nº 843, Bairro Jardim Cuiabá, CuiabáMT, perfazendo um total de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), estão amplamente comprovados pelas fotocópias autenticadas em Cartório, dos 08 (oito) recibos referentes ao pagamento de tratamento fisioterápico denominado Reeducação Postural Global – RPG, emitidos pela profissional, (DOCs. V, VI, VII, VIII, IX, X, XI e XII), e atualmente confirmados pela DECLARAÇÃO assinada pela mesma, com firma reconhecida em Cartório, (DOC. XVI). · O procedimento de fisioterapia denominado Reeducação Postural Global – RPG, não é coberto pelo plano de saúde contratado pela Impugnante, conforme consta da Declaração firmada pelo Gerente de Mercado da UNIMED CUIABÁ, Senhor Cypriano A. Curvo, (DOC. XVII). · O pagamento efetuado ao Odontólogo Dr. Rogério Bonacci, devidamente inscrito no CROMT sob o nº 1156, e no C.P.F.033.891.67846, com endereço profissional localizado à Rua Safira, nº 208, Bairro Bosque da Saúde, CuiabáMT, no valor de R$ 9.950,00 (nove mil, novecentos e cinquenta reais), encontrase também, de forma irretorquível comprovado, bastando examinar a fotocópia autenticada em Cartório, do recibo referente ao pagamento de tratamento odontológico, emitido pelo profissional, (DOC. XIII). · Necessita de cuidados médicos especiais, conforme comprovação diagnóstica de Osteopenia, obtida mediante exames de Densiometria Óssea de Coluna Lombar em AP e Densiometria Óssea de Fêmur Proximal Direito, realizados em data de 18 de junho de 2004, (DOC. XIX). Pedido Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10183.002754/200731 Acórdão n.º 2002000.760 S2C0T2 Fl. 5 4 A interessada requer a improcedência do crédito tributário apurado. O resumo da decisão revisanda está condensado na seguinte ementa do julgamento: GLOSA DESPESAS MÉDICAS A eficácia da prova de despesas médicas, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, está condicionada ao atendimento de requisitos objetivos, previstos em lei, e de requisitos de julgamento baseados em critérios de razoabilidade. Inconformada, a contribuinte apresentou Recurso Voluntário, reiterando as alegações da impugnação e requerendo a improcedência do auto de infração. É o relatório. Passo ao voto. Voto Vencido Conselheiro Virgílio Cansino Gil Relator Recurso Voluntário aviado a modo e tempo, portanto dele conheço. A contribuinte foi notificada em 13/07/2009 (fl. 63); Recurso Voluntário protocolado em 07/08/2009 (fl. 65), assinado pela própria contribuinte. Responde a contribuinte nestes autos, pela seguinte infração: a) Dedução Indevida de Despesas Médicas. O Sr. AFRF, relata que não houve comprovação do efetivo desembolso com os serviços prestados, bem como não foi apresentado qualquer documento comprobatório dos dispêndios com plano de saúde. A r. decisão de origem, concedeu provimento parcial à impugnação da contribuinte. Irresignada, a recorrente maneja recurso próprio combatendo o mérito. Diz a r. decisão revisanda, que a declaração é documento válido para comprovar o pagamento do plano de saúde pela própria interessada, em razão da declaração a prova foi efetivamente considerada. A recorrente juntou recibos às fls. 20/23, da profissional de saúde, Kelvia Karina da Costa; juntou recibo à fl. 24 do também profissional de saúde, Dr. Claudemir Rogério Bonacci, ocorre também que destes profissionais a recorrente carreou aos autos as respectivas declarações às fls. 27 e 30, que suprem os defeitos apontados nos recibos, desta forma, entende este relator, que como a declaração da UNIMED foi aceita, seria de bom senso aceitar também as declarações dos profissionais. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10183.002754/200731 Acórdão n.º 2002000.760 S2C0T2 Fl. 6 5 Isto posto, e pelo que mais consta dos autos, conheço do Recurso Voluntário, e no mérito dáse provimento para anular a ação fiscal. É como voto. (assinado digitalmente) Virgílio Cansino Gil Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10183.002754/200731 Acórdão n.º 2002000.760 S2C0T2 Fl. 7 6 Voto Vencedor Conselheira Mônica Renata Mello Ferreira Stoll – Redatora Designada. Com a devida vênia, divirjo do Relator quanto à comprovação das despesas médicas em litígio. Cumpre esclarecer que a dedução de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual está sujeita à comprovação por documentação hábil e idônea a juízo da autoridade lançadora, nos termos do art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, aprovado pelo Decreto 3.000/99. Dessa forma, ainda que a contribuinte tenha apresentado recibos emitidos pelos profissionais, é licito a autoridade fiscal exigir, a seu critério, outros elementos de prova caso não fique convencida da efetividade da prestação dos serviços ou da materialidade dos respectivos pagamentos. Havendo questionamento acerca das despesas declaradas, cabe ao sujeito passivo o ônus de comproválas de maneira inequívoca, sem deixar margem a dúvidas. Ressaltese que tal exigência não está relacionada à constatação de inidoneidade dos recibos examinados, mas tão somente à formação de convicção da autoridade lançadora. As decisões a seguir, proferidas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF e pela 1ª Turma da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF, corroboram esse entendimento: IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10183.002754/200731 Acórdão n.º 2002000.760 S2C0T2 Fl. 8 7 usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) A contribuinte deve levar em consideração que o pagamento de despesas médicas não envolve apenas ela e o profissional, mas também o Fisco, caso haja intenção de se beneficiar da dedução correspondente em sua Declaração de Ajuste Anual. Por esse motivo, deve se acautelar na guarda de elementos de prova da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. É possível que a recorrente tenha feito seus pagamentos em espécie, tal como alega, não havendo nada de ilegal neste procedimento. A legislação não impõe que se faça pagamentos de uma forma em detrimento de outra. Não obstante, verificase que esta não trouxe aos autos nenhum documento bancário a fim de demonstrar a correspondência de datas e valores entre os saques efetuados em sua conta e os recibos apresentados, permanecendo sem comprovação o efetivo pagamento das despesas. Importa salientar que não é o Fisco que precisa provar que as despesas médicas declaradas não existiram, mas a contribuinte que deve apresentar as devidas comprovações quando solicitadas. Isto porque, sendo a inclusão de despesas médicas na Declaração de Ajuste Anual nada mais do que um benefício concedido pela legislação, incumbe à interessada provar que faz jus ao direito pleiteado. Por todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Mônica Renata Mello Ferreira Stoll Fl. 88DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.930852/2011-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Feb 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2001
MATÉRIA NÃO CONTESTADA EM IMPUGNAÇÃO.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM DUPLICIDADE. COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO.
Comprovada a inexistência do direito creditório por se encontrar alocado a outros débitos (pagamento/compensação), deve o pedido de restituição ser indeferido.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3302-006.455
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho.
7
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2001 MATÉRIA NÃO CONTESTADA EM IMPUGNAÇÃO. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM DUPLICIDADE. COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovada a inexistência do direito creditório por se encontrar alocado a outros débitos (pagamento/compensação), deve o pedido de restituição ser indeferido. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho. 7
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1438; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.930852/201168 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302006.455 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 30 de janeiro de 2019 Matéria RESTITUIÇÃO Recorrente COMPANHIA RIOGRANDENSE DE MINERAÇÃO CRM Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2001 a 30/04/2001 MATÉRIA NÃO CONTESTADA EM IMPUGNAÇÃO. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM DUPLICIDADE. COMPROVAÇÃO DA INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. Comprovada a inexistência do direito creditório por se encontrar alocado a outros débitos (pagamento/compensação), deve o pedido de restituição ser indeferido. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud e Raphael Madeira Abad. Ausente o Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 93 08 52 /2 01 1- 68 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 11080.930852/201168 Acórdão n.º 3302006.455 S3C3T2 Fl. 3 2 7 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferir o Pedido de Restituição (PER), em razão do fato de que o pagamento informado já se encontrava alocado a outros débitos declarados pelo próprio contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu o reconhecimento do seu direito, com a anulação do despacho decisório, arguindo o seguinte: a) trata o pedido de restituição de créditos da contribuição (PIS/Cofins) incidente sobre a receita bruta decorrente da venda de carvão mineral destinado à geração de energia elétrica, cuja alíquota havia sido reduzida a zero por força do art. 2º da Lei nº 10.312/2001; b)14 tem direito à restituição com base no art. 165 do CTN e na Lei nº 10.312/2001, tratandose de incentivo dado pelo governo, tendo em vista o risco do País em ficar dependente exclusivamente de energia gerada pelo setor hidrelétrico; c) diante do contido no art. 13 da Lei nº 10.438/2002, que criou em seu art. 13 a Conta de Desenvolvimento Energético, os valores recebidos a título de reembolso, representando um subsídio ou uma subvenção, não podem ser classificados como receita, estando fora do campo de incidência das contribuições (PIS/Cofins), pois, no conceito de receita, incluise apenas o ingresso de recursos constitutivos do patrimônio da empresa; d) a autoridade Fiscal, sem qualquer justificativa fática ou legal, ignorou o disposto na Lei nº 10.312/2001, bem como o art. 165 do CTN, afrontando princípios constitucionais invioláveis, ao deixar de reconhecer o pedido de restituição. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 10043.340, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando que a aplicação da redução de alíquota da contribuição prevista nos art. 1º e 2º da Lei n.º 10.312/2001 restou condicionada à publicação de ato conjunto dos Ministros de Estado de Minas e Energia e da Fazenda, ainda não efetivada, tratandose, portanto, de norma de eficácia limitada ou condicionada, não aplicável de imediato por depender de regulamentação. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário, reiterando as alegações concernentes à redução a zero das alíquotas de PIS/Pasep e Cofins sobre a venda de gás natural canalizado e de carvão mineral, previstas nos artigos 1º e 2º da Lei nº 10.312/2001, e à não incidência das contribuições sobre o reembolso da Conta de Desenvolvimento Energético, previsto no artigo 13 da Lei nº 10.438/2002, por se tratar de subvenção. Ainda pugnou pela ilegalidade e inconstitucionalidade do artigo 58 do Decreto nº 4.524/2002, ao estabelecer requisito condicional para a redução a zero sobre a venda de carvão mineral, não existente na Lei nº 10.312/2001. É o relatório. Fl. 81DF CARF MF Processo nº 11080.930852/201168 Acórdão n.º 3302006.455 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3302006.454, de 30/01/2019, proferida no julgamento do processo nº 11080.930902/201115, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3302006.454): O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. A recorrente, desde a manifestação de inconformidade, alegou que o crédito seria decorrente das apurações das contribuições para o PIS/Pasep nãocumulativo, decorrente da redução a zero sobre as vendas de carvão mineral destinado à geração de energia elétrica e da não incidência sobre o reembolso da Conta de Desenvolvimento Energético, previsto no artigo 13 da Lei nº 10.438/2002, por se tratar de subvenção, tendo a decisão de primeira instância analisado a matéria de direito relativa a esta redução, bem como considerando a ausência de prova de que os valores objeto da restituição seriam oriundos do reembolso da referida Conta de Desenvolvimento e, ainda que estivesse comprovado, tal reembolso seria tributável por ausência de previsão legal . Ocorre que toda a discussão travada é estranha ao motivo do indeferimento do pedido de restituição. Observase que o despacho decisório de efl. 27 indeferiu a restituição por ter o crédito pleiteado sido utilizado em outra declaração de compensação de nº 33017.86154.300905.1.7.042407, entregue em 30/09/2005, portanto, anterior à aqui considerada, que foi entregue em 30/03/2006. Constatase que à efl. 33, consta tela do sistema SIEF no qual o valor de R$ 11.693,53 do DARF recolhido em 15/04/2004, relativo ao fato gerador de 31/03/2004, foi bloqueado e vinculado à declaração de compensação nº 33017.86154.300905.1.7.042407, cujo débito era de R$ 13.168,08, que foi totalmente homologada. Assim, a discussão sobre as matérias de direito até agora aqui travadas são completamente estranhas ao motivo de indeferimento do pedido de restituição, que se referiu, tão simplesmente, à já utilização do referido DARF em outra declaração de compensação anteriormente transmitida e homologada. Assim, o crédito relativo ao DARF de R$ 11.693,53 já foi reconhecido pela Administração Tributária e utilizado para compensar débito da declaração de compensação 33017.86154.300905.1.7.042407, já homologada. Destarte, não há qualquer litígio sobre a natureza jurídica do direito creditório, mas apenas Fl. 82DF CARF MF Processo nº 11080.930852/201168 Acórdão n.º 3302006.455 S3C3T2 Fl. 5 4 o indeferimento de sua duplicidade de utilização, o que sequer foi contestado pela recorrente em sua manifestação de inconformidade. Diante do exposto, voto para conhecer, parcialmente, do recurso voluntário e, na parte conhecida, para negarlhe provimento. Ressaltese que, também no presente processo, o motivo do indeferimento do pedido de restituição foi a alocação anterior do crédito pleiteado, conforme tela(s) de consulta ao sistema de Arrecadação presente(s) à(s) efl.(s) 33. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 83DF CARF MF
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