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Numero do processo: 19515.005954/2008-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.757
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 59 54 /2 00 8- 01 Fl. 302DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 305DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 307DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 308DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 309DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 311DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.028410/99-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 09 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 1992, 1993
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, deve-se aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF.
PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO.
O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2201-003.298
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Carlos César Quadros Pierre - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: CARLOS CESAR QUADROS PIERRE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Exercício: 1992, 1993 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF. PEDIDO EFETUADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/05. PRAZO DE 10 ANOS, CONTADOS DO PAGAMENTO INDEVIDO. ARTIGO 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. Segundo o entendimento do STF, no caso de pedido de restituição de tributo sujeito a lançamento por homologação efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118, de 2005, devese aplicar o prazo de 10 (dez) anos, contados a partir do pagamento indevido. Aplicação do artigo 62A do Regimento Interno do CARF. PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 02 84 10 /9 9- 65 Fl. 676DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 677 2 Assinado digitalmente. Carlos César Quadros Pierre Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Adoto como relatório aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, 1ª Turma da DRJ/RJOI (Fls. 582), na decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Trata o presente processo do pedido de restituição de fl. 01 e dos pedidos de compensação, feitos nas fls. 400; 402; 404 e por meio dos processos n° 10768.001181/200324 e 10768.000030/2003 59, juntados ao presente, com débitos de PIS, COFINS, IRPJ E CSLL, para os quais o interessado, acima qualificado, alega possuir crédito contra a Fazenda Nacional no valor de R$ 180.618,40 (cento e oitenta mil, seiscentos e dezoito reais e quarenta centavos), anexando planilhas demonstrativas do IRRF referente aos períodos de 1992 a 1998 (fls. 03/09), com valores corrigidos até outubro de 1999. 2 O despacho decisório de fl. 428 reconheceu parcialmente o direito creditório do interessado, com base no Parecer Conclusivo Diort/Derat/RJO de fls. 426/427, no valor máximo de R$ 45.511,05 (quarenta e cinco mil, quinhentos e onze reais e cinco centavos), homologando as compensações pleiteadas até o limite deste valor, para os períodos de abril e dezembro de 2001 e outubro, novembro e dezembro de 2002. 3. O interessado, inconformado com o despacho decisório e com o Parecer Conclusivo n° 230/2004, de fls. 426/428, que reconheceu apenas parcialmente o seu direito creditório e por isso mesmo somente homologou parte das compensações pleiteadas, apresentou, em 13 de janeiro de 2005, a impugnação de fls. 439/488, acompanhada dos documentos de fls. 489/529, na qual alega em síntese o seguinte: A impugnação é tempestiva. O despacho decisório reconheceu parcialmente o crédito pretendido, deixando de reconhecer os pedidos relativos aos períodos de 1992 a 1993 e 1994 a 1995. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 678 3 O imposto de renda tratase de tributo objeto de lançamento por homologação, cujo pagamento não tem o condão de extinguir o crédito tributário. Considerando que o pedido de restituição foi protocolizado em 21/12/1999, não há que se falar em decurso do prazo para ação de repetição do indébito, o qual somem poderia ocorrer após contados cinco anos da homologação tácita, ocorrida nos anos de 1997 e 1998, para os tributos pagos nos períodos de 1992 e 1993. O prazo para pedir restituição só viria a se extinguir, pela prescrição, em 2002 e 2003, para os valores recolhidos de IRRF nos anos de 1992 e 1993. De acordo com o princípio da moralidade, ao qual a Administração Pública está adstrita, esta tem o dever moral de restituir tributo indevidamente pago, ainda que prescrita a ação correspondente. Não assiste razão ao ilustríssimo auditor, chefe da Diort, em adotar o Parecer Diort/Derat/RJO n° 230, no sentido de deixar de reconhecer o direito ao crédito do IRRF, relativo aos anos calendário de 1994 a 1995, sob o argumento de que os mesmos não foram informados nas DIPJ. Deixou de lançar o IRRF nas DLPJ dos anos de 1994 e 1995, admite. Entretanto, é induvidoso que os valores foram corretamente contabilizados conforme se pode verificar nos livros Diários dos períodos em questão, cujas cópias seguem anexas. Não obstante os valores não terem sido registrados nas DIPJ, eles foram efetivamente retidos pelas empresas tomadoras do seu serviço, quando do respectivo pagamento. Apesar do esforço empregado, não foi possível levantar todos os documentos necessários à comprovação pretendida, pelo fato de que parcela da documentação em questão ser fornecida por terceiros. Confia que a mesma (documentação) possa ser facilmente obtida na Delegacia de Ramos à qual as empresas retentoras do tributo estavam, à época, jurisdicionadas, ou na própria matriz. Tratase um erro de fato no preenchimento das DIPJ de 1994 e 1995 que não pode ser utilizado para negar o direito à restituição do seu crédito, por mais uma vez violar o princípio da moralidade. Esclarece que procederá à retificação das DIPJ daqueles períodos, no momento e na forma que a Receita Federal determinar. Não se pode antepor dúvidas ao direito que lhe assiste, de reconhecimento à restituição do imposto retido na fonte nos períodos relativos aos anos de 1992; 1993; 1994 e 1995. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 679 4 O pedido de restituição dos valores relativos ao IRRF dos períodos de 1992 a 1993 foi tempestivamente formulado e o lançamento dos valores relativos ao IRRF dos períodos de 1994 e 1995 decorreu de erro de fato no preenchimento das DIPJ, razão pela qual vem requerer seja a presente manifestação de inconformidade conhecida e provida, para o fím de reformar a decisão proferida no presente processo e conseqüentemente restituído o valor pleiteado. Passo adiante, a 1ª Turma da DRJ/RJOI entendeu por bem indeferir a solicitação, em decisão que restou assim ementada: Exercício: 1992, 1993 Ementa: DECADÊNCIA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. O prazo decadencial de cinco anos contados a partir do fato gerador operase tanto para o Fisco, impedindoo de constituir o crédito tributário, quanto para o contribuinte, cujo direito à restituição não seja exercido no mesmo prazo. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 1992, 1993, 1994, 1995 Ementa: PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O deferimento de pedido de restituição e de compensação somente pode ser autorizado pela autoridade administrativa se fundado em elementos irrefutáveis, que confiram liquidez e certeza à repetição do indébito. Cientificada em 08/08/2005 (Fls. 595), a Recorrente interpôs Recurso Voluntário em 05/09/2005 (fls. 596 a 615), reforçando os argumentos apresentados quando da impugnação. Em 25 de janeiro de 2007, aprouve a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, converter o julgamento em diligência (fls. 644 a 651) no sentido de: a) Que seja fornecido à contribuinte demonstrativo sobre a metodologia utilizada na apuração dos créditos e dos débitos, incluindo os índices de correção utilizados, de forma a evidenciar a apuração do saldo devedor dos débitos que foram objeto da carta de cobrança. Após, a empresa poderá se manifestar se entender necessário; b) Para que a contribuinte seja intimada a comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586. Após, a autoridade competente se for o caso, poderá realizar as diligências que forem necessárias, e deverá elaborar relatório circunstanciado sobre a comprovação. Do relatório produzido deve a contribuinte ter ciência, que poderá se manifestar se entender necessário. Fl. 679DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 680 5 Em 04/12/2011 a DRF/RJOI apresentou a resposta à diligência (fls.664 e 665): Lastreados no direito creditório reconhecido no Parecer Conclusivo e Despacho Decisório 230/2004 de fls. 435/437 , efetuamos a compensação dos débitos relacionados nas Dcomp às fls.400 , 402 , 404 do presente bem como nas Dcomp de fls.01 dos apensos 10768.001181/200324 e 10768.000030/200359 nos termos dos demonstrativos de compensação às fls. 607 a 615. Dêse ciência à interessada : a) dos demonstrativos de compensação de fls. 607 a 615 e do presente despacho; b) da comunicação referente à compensação de ofício a ser efetuada com os saldos credores remanescentes dos AC 96 , 97 e 98 , estando o primeiro cadastrado no presente e os outros dois cadastrados nos apensos (extratos fls.608/609) e c) do encaminhamento após a ciência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para prosseguimento quanto aos créditos pleiteados nos AC 92 A 95. Intimado e reintimado (fls.667 e 670), para comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586, o contribuinte restou silente, não trazendo nenhum documento ou resposta aos autos. Desta forma o processo foi direcionado a este conselheiro. É o Relatório. Voto Conselheiro Carlos César Quadros Pierre, Relator. Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. Trata o recurso de pedido de restituição dos valores de IRRF dos períodos 1992, 1993, 1994 e 1995 tendo a contribuinte requerido a restituição em 21/12/1999. A restituição do IRRF dos anos de 1992 e 1993 foi indeferida, com fulcro no inciso I do art. 168 e art. 165, inciso I do CTN, estabelecendo o entendimento que o prazo decadencial de 5 anos é contado da data do recolhimento do imposto. Sobre a decadência dos pedidos de restituição, o Plenário do Supremo Tribunal Federal, após reconhecer a existência de repercussão geral da questão constitucional do prazo decadencial de restituição de tributos pagos indevidamente ou a maior, julgou o RE 566.621/RS, Rel. Min. ELLEN GRACIE, nele proferindo decisão consubstanciada em acórdão assim ementado: Fl. 680DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 681 6 “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA 'VACATIO LEGIS' – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a 'vacatio legis', conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de 'vacatio legis' de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/05, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Fl. 681DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 682 7 Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da 'vacatio legis' de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” Portanto, o Supremo Tribunal Federal, em julgamento de matéria sob a égide de repercussão geral, de aplicação obrigatória para os Conselheiros do CARF, entendeu que o prazo decadencial de restituição, aplicado para os pedidos formalizados antes de 09 de junho de 2005, é de 10 anos, contados do pagamento indevido ou a maior. No caso presente o pagamento indevido se deu nos anos de 1992 a 1993, tendo o pedido de restituição sido protocolado no ano de 21/12/1999; portanto não se encontrava esgotado o prazo decadencial. Deste modo, não há o que se falar em decadência do pedido de restituição do IRRF dos anos de 1992 e 1993. Já a restituição do IRRF dos anos de 1994 e 1995 foi indeferida em razão de ausência nas DIPJ'S das informações relativas a apuração do IRRF retido indevidamente. Ao contrário do alegado pela Recorrente, não foi um simples erro de preenchimento nas DIPJ'S que impossibilitou a restituição. Neste ponto, adoto os argumentos do Acórdão recorrido, nos seguintes termos: "Em relação aos recolhimentos do imposto de renda retido na fonte de 1994 e de 1995, verificase que de fato existiram (fls. 409/415), no entanto, somente lhe ser, cabível alguma restituição se, em 31 de dezembro dos mencionados anos se encerrarem os exercícios, o valor apurado pelo próprio interessado no ajuste anual apontasse excesso de retenções do imposto durante o ano, em montante superior ao valor realmente devido a título de imposto de renda, situação em que tal valor seria precedido de um sinal de menos. Há a necessidade da demonstração inequívoca e precisa do valor retido a mais, o qual se pede seja restituído. Este saldo negativo de imposto de renda deveria constar, no anocalendário de 1994, do Anexo 03, Quadro 04, linha 14 (fl. 411/412), entretanto, em todos os meses de 1994, não há registro de qualquer valor. Deste modo, não se pode autorizar a restituição/compensação requerida. No anocalendário de 1995, consta, na Ficha 08, linha 14 (fl. 415) como saldo negativo de imposto de renda o valor de R$3.120,56, proveniente da antecipação mensal obrigatória apurada com base na receita bruta. Ao se pesquisar na declaração de rendimentos do ano calendário de 1995, exercício Fl. 682DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10768.028410/9965 Acórdão n.º 2201003.298 S2C2T1 Fl. 683 8 de 1996, a Ficha 09, em que se registra o IR e a CSLL devidos com base na receita bruta, verificase um único valor registrado em janeiro de 1995, que é de R$ 2.658,90 (fl. 534). Constatase, portanto, uma divergência de valores, para a qual não há elementos probatórios capazes de dirimir a dúvida e propiciar o caráter de liquidez e certeza, indispensáveis à restituição do crédito tributário pleiteado. Logo, para os anos de 1994 e 1995, não há elementos suficientes para se autorizar as restituições/compensações solicitadas." Cabe ressaltar que, como dito no relatório, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, converteu o julgamento em diligência (fls. 644 a 651) no sentido de que a contribuinte fosse intimada a comprovar que os rendimentos que geraram as retenções do período de 12/94 a 12/95, constam de sua contabilidade e que foram oferecidos à tributação, e. que comprove a natureza dos rendimentos relativos ao informe de fls. 586. Também como já relatado, intimado e reintimado (fls.667 e 670), para comprovar o requerido na diligência, o contribuinte restou silente. Assim, como bem dito pela DRJ, para os anos de 1994 e 1995, não há elementos suficientes para se autorizar as restituições/compensações solicitadas Diante de todo o exposto e do que consta dos autos, voto por dar provimento parcial ao Recurso, reconhecendo a inexistência da decadência do pedido de restituição, e determinando, de outra feita, o retorno dos autos para a Delegacia de origem, para que esta aprecie o mérito do pedido de restituição/compensação dos anos 1992 e 1993. Assinado digitalmente Carlos César Quadros Pierre Fl. 683DF CARF MF Impresso em 09/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 02/ 09/2016 por CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, Assinado digitalmente em 08/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13005.000130/2005-67
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 9303-000.098
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Marcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), que não o conheceram e, por unanimidade de votos, sobrestar o processo até final decisão da liquidação de sentença, em razão da superveniência de fato novo, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Valcir Gassen (Suplente convocado), Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello (Relatora) e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Érika Costa Camargos Autran.
Relatório
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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Interessado FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer o Recurso Especial do Contribuinte, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Marcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), que não o conheceram e, por unanimidade de votos, sobrestar o processo até final decisão da liquidação de sentença, em razão da superveniência de fato novo, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Valcir Gassen (Suplente convocado), Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello (Relatora) e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Ausentes, justificadamente, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente) e Érika Costa Camargos Autran. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 05 .0 00 13 0/ 20 05 -6 7 Fl. 2308DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.309 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Contribuinte (fls. 2067 a 2093) com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 20181.170 (fls. 1964 a 1984) proferido pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de julgamento, em 05/06/2008, no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, por voto de qualidade. O Colegiado a quo entendeu, em síntese, ser necessária a prévia declaração judicial do direito ao crédito líquido e certo do IPI para que possa a contribuinte proceder à compensação. O acórdão foi reratificado pelo acolhimento dos embargos de declaração opostos pelo Sujeito Passivo (fls. 1997 a 2009), mantido o resultado do julgamento (fls. 2045 a 2048). As decisões foram assim ementadas: Acórdão nº 20181.170 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1983 a 31/12/1990 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A compensação requer a existência de crédito liquido e certo do contribuinte contra a Fazenda Nacional. Se não há tal crédito, não há como operar a compensação. Recurso voluntário negado. Acórdão nº 330200.059 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1983 a 31/12/1990 ACÓRDÃO. EXISTÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, OMISSÃO E OBSCURIDADE. RETIFICAÇÃO. Uma vez constatado a existência de contradição, omissão e obscuridade em Acórdão, impõe a sua correção em homenagem à boa aplicação da legislação tributária. Embargos Acolhidos. Acórdão ReRatificado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEGUNDA TURMA ORDINÁRIA da TERCEIRA CÂMARA da TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO do CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração para sanar a omissão e contradição, re ratificando o Acórdão nº 20181.170, mantido o resultado do julgamento. Fl. 2309DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.310 3 Por bem descrever os fatos que deram origem à discussão em tela, adotase parte do relatório do acórdão recorrido, in verbis: [...] Tratase de processo administrativo iniciado na forma de Representação Fiscal (fl. 01, vol. I), a qual visava controlar a compensação de crédito prêmio de IPI efetivada pelo contribuinte em razão do êxito obtido na Ação Ordinária nº 88.00.020259. Neste aspecto o recorrente efetuou compensações de débitos de tributos de sua responsabilidade (PER/DComps relacionadas as fls. 44/46, vol. I, e 744/745, vol. IV), no valor total de R$ 58.392.848,20. Conforme mencionado, o direito ao crédito tributário foi reconhecido judicialmente, tendo a recorrente obtido decisão favorável devidamente transitada em julgado na data de 29/05/2001 (fls. 648 e 74, vol. IV). Logo, as compensações foram realizadas com base em titulo judicial, imediatamente executável, de caráter definitivo (posto que transitado em julgado). Em 26/03/2002, a decisão favorável à recorrente foi objeto de ação rescisória apresentada pela Unido Federal. Tal ação foi indeferida em primeira instância (Justiça Federal JF) e segunda instância judicial (Tribunal Regional Federal TRF), tendo ainda obtido decisão desfavorável quando do julgamento do Recurso Especial (fls. 18/25 vol. I, e 854/860, vol. V) no Superior Tribunal de Justiça STJ. Em resumo, as decisões concluíram que a ação rescisória não poderia ser admitida in casu em razão de inexistirem os seus pressupostos de admissibilidade, uma vez que (i) a interpretação que foi dada pela decisão rescindenda não foi flagrantemente destoante do dispositivo legal e (ii) que a questão decidida era controvertida nos tribunais. Todavia, a decisão do Superior Tribunal de Justiça que manteve a decisão favorável à Recorrente foi proferida por maioria, tendo sido vencido o Ministro Francisco Peçanha Martins, o qual declarou seu voto (fls. 917/933, vol. V). Com base neste voto vencido, a União Federal apresentou Embargos de Divergência, o qual ainda está pendente de julgamento (fl. 904, vol. V). Logo, a decisão que indeferiu a ação rescisória no Superior Tribunal de Justiça não é definitiva em razão da pendência dos Embargos de Divergência. Em 08/09/2004, em razão de não possuir qualquer decisão favorável ao seu pleito e que fosse hábil a impedir a utilização dos créditos pela recorrente, a Unido Federal interpôs Medida Cautelar Incidental, por meio da qual requereu a concessão de efeito suspensivo ao Recurso Especial n 2 687903. Em seu pedido requereu a suspensão do procedimento de compensação pelo contribuinte. Aos 09/09/2004, foi proferida decisão interlocutória (pelo Min. Franciulli Netto), na Ação Cautelar n 2 8915/RS (fl. 696/698 vol. IV), nos seguintes termos: "Pelo que precede, concedo a liminar, para determinar a suspensão dos efeitos da decisão proferida nos autos da ação rescisória, até final julgamento do recurso especial. Por conseguinte, deverá ficar suspensa a compensação futura dos valores decorrentes de crédito prêmio do IPI." A citada decisão foi informada ao Juiz da Vara de origem, o qual, em 10/02/2005, nos autos da AO n2 88.00.02025/9, decidiu (fls. 700 vol. IV): Fl. 2310DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.311 4 "Aguardese a decisão final da ação rescisória que tramita no Superior Tribunal de Justiça, consoante informações das fls. 407/413." As fls. 741/745 consta Parecer da Fiscalização, As fl. 741/745, por meio do qual a Delegacia da Receita Federal interpretou (i) ser a execução da decisão judicial provisória, o que impossibilitaria o aproveitamento do crédito por meio da compensação e justificaria o NÃO CONHECIMENTO das compensações realizadas até dezembro/2004 e (ii) em razão de a decisão da Medida Cautelar ter sido proferida e publicada em setembro/2004, serem vedadas as compensações realizadas a partir desta data, devendo ainda ser considerada como NÃO DECLARADA a compensação efetuada pela Recorrente em janeiro/2005, com fulcro na Lei n 2 11.051/2004. Em vista da proposição acima, o Delegado titular da Delegacia da Receita Federal em Santa Cruz do Sul proferiu o Despacho Decisório DRF/SCS/RS N 2 80/2005 (fls. 748 vol. IV), não homologando as compensações realizadas pela recorrente no montante de R$ 58.392.848,20, determinando que esta fosse intimada a recolher dita importância com os acréscimos legais, no prazo de trinta dias da ciência. [...] Após apresentada manifestação de inconformidade pelo Sujeito Passivo (fls. 1507 a 1531), sobreveio julgamento proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS) indeferindo os pedidos de compensação, nos termos do Acórdão DRJ/POA nº 8.289, de 27/04/2006 (fls. 1601 a 1615), assim ementado: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 30/06/2004 a 11/01/2005 Ementa: Descabe a compensação de débitos do sujeito passivo, com crédito premio de IPI, reconhecido em decisão judicial, sem a liquidação da sentença e sem a observância dos procedimentos para a compensação administrativa. Solicitação Indeferida Não resignada com a decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário ao extinto Segundo Conselho de Contribuintes (fls. 1638 a 1690) defendendo, dentre outros argumentos, a liquidez e certeza dos créditos tributários, uma vez decorrendo a apuração tão somente dos documentos apresentados no processo administrativo, os quais podem ser analisados pela Fiscalização na verificação das compensações. Com a apresentação do recurso voluntário, novamente não logrou êxito a contribuinte, tendo em vista a negativa de provimento proferida pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Terceira Seção de julgamento, em 05/06/2008, cujas razões encontramse no acórdão nº 20181.170 (fls. 1964 a 1984), concluindo pela impossibilidade de compensação sem a prévia existência de crédito líquido e certo. Fl. 2311DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.312 5 Em face do referido acórdão de negativa de provimento ao recurso voluntário, a Empresa opôs embargos de declaração alegando a existência de contradição, omissão e obscuridade (fls. 1997 a 2009), os quais foram acolhidos para sanar os vícios apontados, re ratificando o acórdão, sem, no entanto, alterar o resultado do julgamento (fls. 2045 a 2048). Nesta oportunidade, insurgese a contribuinte por meio de recurso especial (fls. 2067 a 2093) suscitando divergência jurisprudencial quanto à necessidade de ação judicial de liquidação de sentença para tornar líquido o seu crédito e, por conseguinte, passível de execução administrativa ou judicial da sentença declaratória reconhecendo o seu crédito. Colacionou como paradigmas os acórdãos nºs 10323.032 e 20215.738. Em suas razões recursais, aduz a Recorrente que: (a) possui o direito de efetuar a compensação do créditoprêmio do IPI, nos exatos termos do DecretoLei nº 491/69 e, por consequência, tem a Autoridade Administrativa a obrigação legal de verificar a liquidez e certeza do referido crédito a partir da documentação posta à sua disposição pela contribuinte; (b) a Recorrente estava habilitada a efetuar a compensação do crédito prêmio do IPI reconhecida em decisão judicial transitada em julgado que não se confunde com execução provisória (vez que se existente execução seria definitiva); (c) não se encontra utilizando o beneficio em duplicidade vez que inexiste execução da sentença judicial, mas apenas liquidação de sentença, realizada na modalidade de arbitramento (art. 606, II; do CPC), e que servirá, inclusive, para a execução de honorários advocatícios. Tendose entendido como comprovada a divergência jurisprudencial apontada, foi admitido o recurso especial do Sujeito Passivo por meio do despacho nº 33000.029, de 20/02/2013 (fl. 1994), proferido pelo ilustre Presidente da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (fls. 2220 a 2233) postulando a negativa de provimento ao recurso especial. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado em 17/03/2016, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 2312DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.313 6 Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial de divergência interposto pela contribuinte atende os pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo ser conhecido. No mérito, a controvérsia posta no presente recurso especial cingese à averiguarse sobre a necessidade ou não de prévia declaração judicial da liquidez do crédito a ser compensado pelo contribuinte, tarefa esta de competência da Administração Fazendária. Como relatado, o processo administrativo teve início na forma de Representação Fiscal intentada com o objetivo de controlar as compensações de créditoprêmio de IPI DecretoLei n° 491/69 efetivadas pela contribuinte em razão do êxito na ação ordinária nº 88.00.020259. Portanto, na via judicial, foi reconhecido o direito do Sujeito Passivo ao créditoprêmio de IPI a partir de março de 1983, com alíquota de 15% (quinze por cento), sem estabelecer termo final para a fruição do benefício. De posse de sentença com trânsito em julgado, a contribuinte deu início às compensações na esfera administrativa, sendo transmitido o primeiro pedido em 30/06/2004 (fl. 95). Em 26/03/2002, a União ajuizou ação rescisória em face do julgado favorável à contribuinte proferido na ação ordinária, ação indeferida em todas as instâncias até o Superior Tribunal de Justiça. Posteriormente, em 09/09/2004 foi proferida decisão interlocutória na Ação Cautelar nº 8915/RS, intentada também pela União, determinando a suspensão das compensações futuras dos valores decorrentes de créditoprêmio de IPI da contribuinte. Em 11/01/2005, a contribuinte transmitiu o último pedido de compensação utilizandose do créditoprêmio do IPI. Com a não homologação das compensações transmitidas por meio de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Santa Cruz do Sul RS, teve início a discussão travada nos autos do presente processo administrativo, remanescendo para este momento processual a temática referente à necessidade de prévia liquidação judicial do créditoprêmio do IPI para que posteriormente possam ser efetuadas as compensações, questão ora analisada. No caso dos autos, o Sujeito Passivo transmitiu os pedidos de compensação no período compreendido entre 30/06/2004 a 11/01/2005, no qual estavam vigentes: o art. 74 da Lei nº 9.430/96, com as alterações introduzidas pelas Leis nºs 10.637/2002, 10.833/2003 e 11.051/2004; e as Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal de nºs 210/2002, 320/2003, 323/2003 e 460/2004. Fl. 2313DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.314 7 Essa a situação posta para decisão por meio do julgamento do recurso especial da contribuinte. Ocorre que, após a interposição do apelo especial, a contribuinte noticiou nos autos os seguintes fatos (fls. 2.243 a 2.246) : (a) a ação rescisória ajuizada pela Fazenda Nacional teve julgamento de parcial procedência, tão somente para limitar a existência do benefício ao créditoprêmio de IPI à data de 05 de outubro de 1990 (fls. 2.248 a 2.265), com trânsito em julgado em 07 de março de 2013 (fls. 2.267 a 2.270); e (b) em 30 de setembro de 2014, foi proposta pelo Sujeito Passivo, nos autos da ação ordinária nº 88.00.020259, a liquidação por artigos da sentença que reconheceu os créditosprêmio de IPI (fls. 2.271 a 2.274), anexando parecer técnico contábil e indicando o valor atualizado do seu crédito na ordem de R$ 206.620.470,15 (duzentos e seis milhões, seiscentos e vinte mil, quatrocentos e setenta reais e quinze centavos). Nos termos do art. 493 do Novo Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015), "se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomálo em consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão". Tratandose o trânsito em julgado da ação rescisória e a propositura de liquidação da sentença transitada em julgado de fatos modificativos do direito da contribuinte, que influenciam na resolução do presente litígio, os mesmos devem ser levados em conta no julgamento do caso. Com a propositura da liquidação de sentença em sede judicial, em tese, resta suprida exigência para análise dos pedidos de compensação transmitidos pela contribuinte e que são objeto deste processo. Além disso, com o trânsito em julgado da ação rescisória ajuizada pela Fazenda Nacional, não há mais discussão quanto à validade dos pedidos de compensação, restando averiguarse o montante do crédito a ser restituído ao Sujeito Passivo, o que será feito em sede judicial. Portanto, da análise das circunstâncias constantes dos presentes autos, em especial a superveniência do fato novo consistente na liquidação de sentença por arbitramento proposta nos autos da ação ordinária nº 88.00.020259, há de ser acolhido o pedido de sobrestamento do presente processo administrativo até final decisão indicativa do montante exato do créditoprêmio do IPI a que faz jus a contribuinte, posteriormente, sendo feita a análise das compensações objeto destes autos. A determinação de sobrestamento do processo administrativo, face à relação de dependência do resultado a ser proferido em demanda judicial, encontra respaldo, ainda, no art. 313, inciso V, alínea "a", do Novo Código de Processo Civil, diploma aplicado de forma subsidiária ao processo administrativo fiscal. Diante do exposto, e considerandose o princípio da segurança jurídica e o art. 313, inciso V, alínea "a" do Novo Código de Processo Civil, acolhese o pedido de sobrestamento do processo administrativo até final decisão da liquidação por artigos da Fl. 2314DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO Processo nº 13005.000130/200567 Resolução nº 9303000.098 CSRFT3 Fl. 2.315 8 sentença que reconheceu o créditoprêmio de IPI, nos autos da ação ordinária nº 88.00.02025 9. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 2315DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO, Assinado digitalmente em 20/09 /2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por VANESSA MARINI CECCONELLO
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Numero do processo: 19515.002843/2006-72
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002
DECADÊNCIA. IRPJ. CSLL. PIS. COFINS. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO E DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DO DÉBITO. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 173, INCISO I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO STJ FIXADO EM RECURSO REPETITIVO.
Conforme entendimento do STJ, que, por força do artigo 62-A do Regimento Interno do CARF, deve ser reproduzido no CARF, ante a ausência de pagamento antecipado ou de prévia declaração do débito, aplica-se, para a contagem do prazo decadencial, o artigo 173, inciso I, do CTN. Na hipótese, não restou configurada a decadência, tendo em vista que o contribuinte declarou que, no período apurado, a empresa estava inativa.
Numero da decisão: 9101-001.525
Decisão: ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FISCAIS, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Nome do relator: SUSY GOMES HOFFMANN
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IRPJ. CSLL. PIS. COFINS. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO E DE PRÉVIA DECLARAÇÃO DO DÉBITO. INCIDÊNCIA DO ARTIGO 173, INCISO I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO STJ FIXADO EM RECURSO REPETITIVO. Conforme entendimento do STJ, que, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, deve ser reproduzido no CARF, ante a ausência de pagamento antecipado ou de prévia declaração do débito, aplicase, para a contagem do prazo decadencial, o artigo 173, inciso I, do CTN. Na hipótese, não restou configurada a decadência, tendo em vista que o contribuinte declarou que, no período apurado, a empresa estava inativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos FFIISSCCAAIISS, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres Presidente (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 28 43 /2 00 6- 72 Fl. 796DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 3 2 Relatora Participaram do julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Francisco de Sales Ribeiro de Queiroz, João Carlos de Lima Junior, Jorge Celso Freire da Silva, Suzy Gomes Hoffmann, Karem Jureidini Dias, Valmir Sandri, Valmar Fonsêca de Menezes, José Ricardo da Silva e Plínio Rodrigues de Lima. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Lavrouse o auto de infração contra o contribuinte, nos termos do Relatório Fiscal presente às fls. 133/137: “Através de correspondência datada de 11.08.2006, por seu Procurador devidamente constituído, a empresa apresenta o Estatuto Social e alterações, informando ter solicitado ao Banco Safra S/A, em 28.07.2006, os extratos bancários em meio magnético, requerendo nesta mesma oportunidade prorrogação de 10(dez) dias úteis, a partir de 18 de agosto de 2006, para apresentação dos outros documentos. Foi concedida prorrogação de mais 10 (dez) dias, a partir de 18.08.2006. (grifos nosso) Informa ainda a contribuinte, que apresentou as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica correspondente aos anos de 1994, 1995, 1996, 1997 e 1998, sendo que de 1999 a 2005 a empresa estava inativa. ( grifo nosso ) Pelos extratos bancários fornecidos pelo Banco Safra S/A, e entregues pela empresa, correspondentes aos anos calendários de 2001 e 2002, elaboramos através dos "Papéis de Fiscalização", a compilação de todos os dados contidos nos referidos extratos. A maior parte dos lançamentos coletados a crédito, referiamse a depósitos bancários e resgates de valores provenientes de fundos. Através do "Termo de Intimação", de 02.10.2006, foi a empresa intimada para no prazo de 20 (vinte) dias, comprovar a origem dos valores creditados/depositados em sua conta corrente, conforme relação anexada ao Termo. Apresenta a empresa dentro do prazo estipulado , extratos de movimentação dos fundos de aplicação administrados pelo Banco Safra S/A., não apresentando a comprovação das demais origens referentes aos depósitos bancários. Analisados os documentos entregues, constatou esta fiscalização que os lançamentos correspondentes aos resgates dos fundos de aplicação, constantes das planilhas elaboradas, estão corretos e Fl. 797DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 4 3 coincidentes em datas e valores com aqueles da movimentação financeira. Assim , apesar de todos os prazos concedidos à fiscalizada, a mesma não logrou apresentar a documentação contábil/fiscal, incluindo documentos e livros para suportar sua contabilidade, e nem tampouco comprovou a origem dos valores creditados/depositados em sua conta corrente, após a comprovação das importâncias correspondentes aos resgates de fundos. Dentre as modalidades permitidas para apuração do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas —IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro — CSLL, devidos trimestralmente, está aquela em que o lucro, base de incidência do IRPJ e da CSLL, é arbitrado, pela própria pessoa jurídica ou, de oficio, pela fiscalização. O instituto do arbitramento dos lucros, não é penalidade, é forma licita de apuração da base de cálculo do imposto de renda, e é o ultimo recurso, de que se serve o fisco, após esgotadas todas as possibilidades de apuração do lucro real. Na hipótese de inexistência de escrituração que torna imperativo o arbitramento do lucro, a autuação por omissão de receitas deve ser a via adotada pelo Fisco, posto que a presunção legal instituída pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/96, baseada nos depósitos bancários com recursos de origem não comprovada, seria o critério mais adequado. O contribuinte apresentou impugnação (fls. 179/192). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls.258/277) julgou procedente o lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001, 2002 IMPUGNAÇÃO. DECISÃO. INTIMAÇÃO VIA POSTAL. ENDEREÇO. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. A decisão que julga impugnação interposta em face de lançamento é encaminhada â ciência do contribuinte via postal, modalidade de intimação que deve ser endereçada, obrigatoriamente, a seu domicilio tributário. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. EXTRATOS BANCÁRIOS. FORNECIMENTO PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. Não configura ofensa â garantia ao direito ao sigilo bancário quando as informações acerca da movimentação financeira do contribuinte são fornecidas ao Fisco em consonância com a legislação ou, ainda, pelo próprio titular das contasbancárias. CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. CONTROLE JURISDICIONAL. Fl. 798DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 5 4 É vedado â autoridade administrativa, ao argumento de inconstitucionalidade de lei, deixar de aplicála enquanto vigente e eficaz no ordenamento jurídico, situação somente possível se houver tutela do Poder Judiciário, instituição que detém competência para o controle de constitucionalidade de atos normativos. AUTOS REFLEXOS. O julgamento que reconhece a ocorrência de eventos que representam ao mesmo tempo fato gerador de vários tributos repercute em todos os lançamentos a eles vinculados. MULTA DE OFICIO. CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES. INEXISTÊNCIA. A lei prevê circunstâncias capazes de majorar a multa de oficio, inexistindo, todavia, circunstâncias atenuantes autorizativas a reduzir o patamar da multa básica a ser lançada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2001, 30/06/2001, 30/09/2001, 31/12/2001, 31/03/2002, 30/06/2002, 30/09/2002, 31/12/2002 LIVROS COMERCIAIS E FISCAIS. NÃO APRESENTAÇÃO. ARBITRAMENTO DO LUCRO. POSSIBILIDADE. 0 imposto de renda, devido trimestralmente no curso do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de sua escrituração comercial e fiscal, subsistindo essa forma de tributação do lucro, ainda que aqueles elementos sejam apresentados posteriormente. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO DE ORIGEM. Caracterizase omissão de receitas ou de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Lançamento Procedente O contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 286/311). A 1° Turma Ordinária da 1° Câmara da Primeira Seção de Julgamento do CARF (fls. 336/344) acolheu a preliminar de decadência em relação ao IRPJ e à CSLL quanto aos fatos geradores ocorridos nos três primeiros trimestres de 2001, bem como em relação ao PIS e à COFINS quanto aos fatos geradores ocorridos até novembro de 2001, inclusive. Eis a ementa do julgado: Fl. 799DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 6 5 PRELIMINAR DECADÊNCIA. IRPJ e CSLL. LUCRO REAL TRIMESTRAL. RECONHECIDA EM PARTE. Nos termos do artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional, o prazo decadencial dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, iniciase com o respectivo fato gerador. Passados cinco anos sem lançamento fiscal, ocorre a decadência do crédito tributário. OMISSÃO DE RECEITA. INVERSÃO DO ONUS PROBANDI. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO PELO CONTRIBUINTE. Configurase omissão de receita quando o contribuinte devidamente notificado a comprovar movimentação bancária, não apresenta documentação hábil para elidir a presunção legal. A Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência (fls. 349/360), sustentando, em síntese, que: “Compulsando os autos, verificase que o tributo não foi recolhido. Não havendo pagamento antecipado, aplicase o dies a quo previsto no artigo 173, I, uma vez que não se trata mais de lançamento por homologação, mas simples lançamento ex officio. A rigor, sequer existe montante a ser homologado. Assim, é indevida a aplicação do artigo 150, §4°, na espécie. Merece reforma, portanto, a decisão recorrida”. Conforme documento de fls. 380, tendo o contribuinte sido cientificado da decisão do CARF, e não tendo efetuado o pagamento do crédito tributário mantido por intermédio do processo n° 9515.002843/200672, formouse processo apartado, transferindose os fatos geradores ocorridos entre 12/2001 e 12/2002, para prosseguimento da cobrança. Voto Conselheira Susy Gomes Hoffmann, Relatora O presente recurso é tempestivo. Preenche, também, os demais requisitos de admissibilidade, tendo em vista que a recorrente logrou comprovar a divergência jurisprudencial suscitada. Devese fixar, no caso, qual dispositivo deve reger o prazo decadencial: o artigo 173, inciso I, ou o artigo 150, §4°, CTN. Fl. 800DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 7 6 Na hipótese, a decadência foi declarada, em relação ao IRPJ e à CSLL, no que tange aos fatos geradores ocorridos até 30/09/2001. Em relação ao PIS e à Cofins, no que se refere aos fatos geradores ocorridos até novembro de 2001. A ciência do auto de infração deuse em 12/12/2006. O entendimento desta relatora sempre foi no sentido de que, nos termos do artigo 150, parágrafo 4o., do CTN o que se homologa é a atividade do contribuinte e não o pagamento, de tal forma que, para o julgamento, não interessava a ocorrência ou não do pagamento. Conforme recente alteração do Regimento Interno do CARF, impõese a este tribunal administrativo a reprodução dos julgados definitivos proferidos pelo STF e pelo STJ, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil. Diante disso, temse que o STJ já enfrentou o tema objeto do presente recurso especial, julgandoo sob o rito dos recursos repetitivos, no seguinte sentido: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). Fl. 801DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 8 7 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. A imperiosidade de aplicação dessa decisão do STJ, no âmbito do CARF, é inequívoca, conforme o disposto no artigo 62A do seu Regimento Interno. Discussões surgiram, no entanto, em relação a como se deveria dar tal aplicação, tendo em vista que, na determinação de incidência do artigo 173, inciso I, do CTN, estabeleceuse, em discrepância com a previsão literal desse dispositivo legal, que o prazo decadencial começaria a correr do primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato imponível. Neste aspecto, após muitas idas e vindas, e profunda reflexão, consolidei o meu posicionamento no sentido de que a aplicação da decisão do Superior Tribunal de Justiça tramitada no rito dos recursos repetitivos deve darse, analisandoo (o acórdão) em face da lei que trata do tema nele versado. Neste passo, é de se ter que o artigo 173, inciso I, do CTN, por diversas vezes citado no acórdão do STJ, dispõe expressa e inequivocamente que o prazo decadencial deve ser computado a partir do primeiro dia do exercício financeiro seguinte ao que o lançamento poderia ter sido efetuado. Pois bem, superadas tais questões, uma outra acabou por assomar. Fl. 802DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 9 8 Analisandose a decisão do STJ, temse que, em princípio, nos casos dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, inexistindo o pagamento antecipado por parte do contribuinte, nada haveria que ser homologado, de sorte que dispositivo legal regente da decadência, em tal hipótese, é o artigo 173, inciso I, do CTN. Contudo, perquirindose mais detidamente o teor da decisão, podese extrair, expressamente, que: “Assim é que o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito.” O que se depreende da passagem transcrita? Que o prazo decadencial contar seá do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado: a) quando a lei não prevê o pagamento antecipado da exação; b) quando a lei prevê o pagamento antecipado, mas este não ocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação (porque havendo tais posturas por parte do contribuinte, mesmo a existência do pagamento antecipado não elide a incidência do artigo 173, inciso I, do CTN); c) quando não existe declaração prévia do débito. Este detalhe do acórdão do STJ leva à conclusão de que ao pagamento antecipado do tributo equiparouse, cuidandose de tributos sujeitos a lançamento por homologação, a declaração prévia do débito prestada pelo contribuinte. A inexistência de ambos leva à aplicação do artigo 173, inciso I, do CTN. Isto é, mesmo não tendo ocorrido o pagamento antecipado do tributo, se houve declaração prévia do débito, incide o artigo 150, §4°, do CTN. Estas constatações, não se toma por base apenas a passagem mencionado da decisão do STJ. Deveras, analisandose ainda mais a fundo a decisão do STJ, verificase que, em seu bojo, citouse acórdãos do próprio Tribunal que respaldam o entendimento fixado. Ilustrativamente, citese o quanto decidido nos Embargos de Divergência no Resp. n° 276.142 SP, de relatoria do próprio Ministro Luiz Fux: “Impende salientar que a homologação a que se refere o art. 150 do Código Tributário é da atividade do sujeito passivo, não necessariamente do pagamento do tributo. O que se homologa, quer expressamente, quer tacitamente, é o proceder do contribuinte, que pode ser o pagamento suficiente do tributo, o pagamento a menor ou a maior ou, também, o nãopagamento. Fl. 803DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES Processo nº 19515.002843/200672 Acórdão n.º 9101001.525 CSRFT1 Fl. 10 9 Seja qual for, dentre todas as possíveis condutas do contribuinte, ocorre uma ficção do Direito Tributário, sendo irrelevante que tenha havido ou não o pagamento, uma vez que relevante é apenas o transcurso do prazo legal sem pronunciamento da autoridade fazendária, dilo o Codex Tributário.” Desta forma, não se pode desconsiderar aqui tais questões, pois que integram claramente o acórdão cuja aplicação se impõe no âmbito do CARF. Do modo que, tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, devese aferir, no caso concreto, se o contribuinte efetuou o recolhimento antecipado ou se perpetrou declaração prévia do débito. Havendo um ou outro, o prazo decadencial terá início nos termos do artigo 150, §4°, do CTN, ou seja, a partir da ocorrência do fato gerador. Caso contrário, o prazo regerseá pelo artigo 173, inciso I, do CTN, tendo como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. No presente caso, podese verificar que, em relação ao período ora debatido, o contribuinte, efetivamente, não realizou qualquer pagamento antecipado dos tributos, tampouco apresentou qualquer declaração o que se conclui do fato de que a própria empresa, em resposta a notificação do fisco, informou que “apresentou as Declarações de Imposto de Renda Pessoa Jurídica correspondente aos anos de 1994, 1995, 1996, 1997 e 1.998, sendo que de 1.999 a 2.005 a empresa estava inativa.” A ciência do Auto de Infração ocorreu em 12/12/2006. Contudo, tendo em vista a ausência de pagamento antecipado ou de prévia declaração do débito, incide o artigo 173, I, do CTN. O início do prazo decadencial, desta forma, deuse em 01/01/2002, de sorte que não restou caracterizada a decadência. Diante do exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para a afastar a decretação de decadência. Sala das Sessões, em 21 de novembro de 2012 (assinado digitalmente) Susy Gomes Hoffmann Fl. 804DF CARF MF Impresso em 10/04/2013 por EVA RIBEIRO BARROS - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por SUSY GOMES HOFFMANN, Assinado digitalmente em 09/04/2013 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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Numero do processo: 10580.721038/2009-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 2201-000.146
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento do recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012, nos termos do voto da Conselheira Relatora. Fez sustentação oral o Dr. Manoel Pinto, OAB/BA 11.024.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO Presidente
(assinado digitalmente)
RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANÇA Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Rodrigo Santos Masset Lacombe, Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Ricardo Anderle (Suplente convocado) e Pedro Paulo Pereira Barbosa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad.
Nome do relator: Não se aplica
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, SOBRESTAR o julgamento do recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012, nos termos do voto da Conselheira Relatora. Fez sustentação oral o Dr. Manoel Pinto, OAB/BA 11.024. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO – Presidente (assinado digitalmente) RAYANA ALVES DE OLIVEIRA FRANÇA – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Rodrigo Santos Masset Lacombe, Rayana Alves de Oliveira França, Eduardo Tadeu Farah, Ricardo Anderle (Suplente convocado) e Pedro Paulo Pereira Barbosa. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. RELATÓRIO Contra a contribuinte acima identificada, foi lavrado Auto de Infração para exigir crédito tributário de IRPF, referente aos exercícios de 2005, 2006 e 2007, no valor de R$165.937,95, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora, originado da constatação de classificação indevida na Declaração de Ajuste Anual, de rendimentos tributáveis recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia. O procedimento fiscal encontrase resumido na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, na qual o autuante esclarece que a contribuinte classificou indevidamente como Rendimentos Isentos e Não Tributáveis os rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, a título diferenças de remuneração ocorridas quando da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .7 21 03 8/ 20 09 -3 6 Fl. 239DF CARF MF Processo nº 10580.721038/200936 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201 000.146 S2C2T1 Fl. 240 2 conversão de Cruzeiro Real para a Unidade Real de Valor URV em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Complementar do Estado da Bahia n.º 20 de 08 de setembro de 2003. Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou impugnação, cujos principais argumentos estão sintetizados pelo relatório do Acórdão de primeira instância, o qual adoto, nesta parte: a) o lançamento fiscal é improcedente, pois teve como objeto valores recebidos pelo impugnante a título de diferenças de URV, que não estão sujeitos à incidência do imposto de renda, em razão do seu caráter indenizatório, não se enquadrando nos conceitos de renda ou proventos de qualquer natureza, previstos no art. 43 do CTN; b) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV recebidas pelos magistrados federais, e que por esse motivo estariam isentas da contribuição previdenciária e do imposto de renda. Este tratamento seria extensível aos valores a mesmo título recebidos pelos membros do magistrados estaduais; c) o Estado da Bahia abriu mão da arrecadação do IRRF que lhe caberia ao estabelecer no art. 3º da Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, a natureza indenizatória da verba paga, sendo a União parte ilegítima para exigência de tal tributo. Além disso, se a fonte pagadora não fez a retenção que estaria obrigada, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta em sua declaração de rendimentos, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; d) caso os rendimentos apontados como omitidos de fato fossem tributáveis, deveriam ter sido submetidos ao ajuste anual, e não tributados isoladamente como no lançamento fiscal; e) parcelas dos valores recebidos a título de diferenças de URV se referiam à correção incidente sobre 13º salários e a férias indenizadas (abono férias), que respectivamente estão sujeitas à tributação exclusiva e isenta, portanto, não deveriam compor a base de cálculo do imposto lançado; f) ainda que as diferenças de URV recebidas em atraso fossem consideradas como tributáveis, não caberia tributar os juros e correção monetária incidentes sobre elas, tendo em vista sua natureza indenizatória; g) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício e juros moratórios, pois o autuado teria agido com boa fé, seguindo orientações da fonte pagadora, que por sua vez estava fundamentada na Lei Estadual Complementar nº 20, de 2003, que dispunha acerca da natureza indenizatória das diferenças de URV. Antes do julgamento, foi determinada diligência fiscal para que o órgão de origem adotasse as medidas cabíveis para ajustar o lançamento fiscal ao Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009, para que fossem levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global. Não obstante, essa diligência fiscal ficou prejudicada com a edição do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2.331/2010, que concluiu pela suspensão das medidas propostas pelo Parecer PGFN/CRJ/Nº 287/2009 até que a questão fosse apreciada pelo Supremo Tribunal Federal. A 3ª Turma da DRJ em Salvador/BA julgou procedente em parte o lançamento, nos termos da ementa a seguir: Fl. 240DF CARF MF Processo nº 10580.721038/200936 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201 000.146 S2C2T1 Fl. 241 3 “DIFERENÇAS DE REMUNERAÇÃO. INCIDÊNCIA IRPF. As diferenças de remuneração recebidas pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, em decorrência do art. 2º da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 2003, estão sujeitas à incidência do imposto de renda. MULTA DE OFÍCIO. INTENÇÃO. A aplicação da multa de ofício no percentual de 75% sobre o tributo não recolhido independe da intenção do contribuinte. Impugnação Improcedente. ” Cientificada da decisão de primeira instância em 11/04/2011 (“AR” fls. 134), a contribuinte interpôs, em 10/05/2011, Recurso Voluntário Tempestivo de fls. 135/222, utilizandose dos mesmos fatos e fundamentos legais da peça impugnatória. VOTO O Recurso preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço. Antes da apreciação do presente recurso, é cediço que se registre que a exigência em questão versa sobre rendimentos recebidos acumuladamente – RRA, por pessoa física, em períodos diversos daquele de sua competência, calculado de forma anual, considerando as tabelas e alíquotas do período do recebimento. Essa é matéria reconhecida de repercussão geral, que aguarda julgamento dos Recursos Especiais nº 614.232/RS e 614.406/RS, pelo Supremo Tribunal Federal, no tocante a constitucionalidade do art. 12 da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, in verbis: Art. 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Vejase a ementa do julgado: TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados se por regime de caixa ou de competência vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10580.721038/200936 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201 000.146 S2C2T1 Fl. 242 4 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC. (RE 614406 AgRQORG, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, julgado em 20/10/2010, DJe043 DIVULG 03032011 PUBLIC 04032011 EMENT VOL0247601 PP 00258 LEXSTF v. 33, n. 388, 2011, p. 395414 ).(Grifei.) Conforme se vê, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a repercussão geral do tema em questão, qual seja, incidência de imposto de renda sobre rendimentos da pessoa física pagos acumuladamente e determinou o sobrestamento na origem dos recursos extraordinários sobre a matéria. O Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF determina que os Conselheiros deverão reproduzir as decisões proferidas Supremo Tribunal Federal STF na sistemática prevista pelo art. 543B do Código de Processo Civil – CPC, nos seguintes termos: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifei) Para regulamentar referido dispositivo foi editada em 03 de janeiro de 2012, a Portaria CARF n° 001/2012, que determina os procedimentos a serem adotados para o sobrestamento de processos de que trata o §1o do art. 62A do anexo II do Regimento Interno do CARF, nos seguintes termos: Art. 1º. Determinar a observação dos procedimentos dispostos nesta portaria, para realização do sobrestamento do julgamento de recursos em tramitação no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, em processos referentes a matérias de sua competência em que o Supremo Tribunal Federal STF tenha determinado o sobrestamento de Recursos Extraordinários RE, até que tenha transitado em julgado a respectiva decisão, nos termos do art. 543B da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10580.721038/200936 Erro! A origem da referência não foi encontrada. n.º 2201 000.146 S2C2T1 Fl. 243 5 Parágrafo único. O procedimento de sobrestamento de que trata o caput somente será aplicado a casos em que tiver comprovadamente sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal STF o sobrestamento de processos relativos à matéria recorrida, independentemente da existência de repercussão geral reconhecida para o caso. Art. 2º. Cabe ao Conselheiro Relator do processo identificar, de ofício ou por provocação das partes, o processo cujo recurso subsumase, em tese, à hipótese de sobrestamento de que trata o art. 1º. Diante de todo o exposto, voto no sentido de SOBRESTAR o julgamento do presente recurso, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012, devendo o processo ser novamente incluído em pauta, após o pronunciamento definitivo do Supremo Tribunal Federal, de acordo com o disposto no art. 543B, §1o, do Código de Processo Civil, ou que haja alteração na legislação vigente, referente a sobrestamento dos feitos. (assinado digitalmente) Rayana Alves de Oliveira França Fl. 243DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.001920/2002-47
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/1996 a 31/12/1997, 01/07/1998 a 31/12/1998
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - OMISSÃO - OCORRÊNCIA -
Constatada a ocorrência de omissão na decisão embargada, deve ser dado provimento aos embargos de declaração com vistas a sanear tais incorreções.
Numero da decisão: 9303-004.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher e prover os Embargos da Fazenda Nacional, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Márcio Canuto Natal, Julio Cesar Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher e prover os Embargos da Fazenda Nacional, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Márcio Canuto Natal, Julio Cesar Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher e prover os Embargos da Fazenda Nacional, sem efeitos infringentes, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Érika Costa Camargos Autran, Andrada Márcio Canuto Natal, Julio Cesar Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 19 20 /2 00 2- 47 Fl. 820DF CARF MF 2 Relatório Tratase de embargos de declaração (efls. 669) apresentados contra o Acórdão n.º 9303002.768, de 21 de janeiro de 2014, da 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (efls. 664 a 666), que, julgou o recurso especial interposto pela FAZENDA NACIONAL, exarando o seguinte Acórdão: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/1996 a 31/12/1997, 01/07/1998 a 31/12/1998 Ementa: PIS COMPENSAÇÃO DECADÊNCIA ART. 62A DO RICARF. Ausente qualquer recolhimento, de ser instalado o pressuposto contido no art. 174, I do Código Tributário Nacional. Recurso parcialmente provido.” A Embargante, alega que a decisão contem vício de omissão e obscuridade, haja vista não ter havido expressa manifestação sobre (1) a impossibilidade de arguição de compensação como matéria de defesa para lançamento de oficio (item “f” do Recurso Especial da União) e sobre (2) a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 173, inc. I, da Lei n.º5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional CTN, mesmo reconhecendo que não houve pagamento do tributo. É o relatório. Voto Os embargos são tempestivos e apontam omissão e obscuridade, merecendo ser conhecidos. O exame de admissibilidade (efls. 680 a 683), que acolheu os embargos, constatou que a decisão é obscura ao aplicar a regra do inc. I do art. 174 do CTN, e ao deixar indefinidos os períodos de apuração alcançados pela decadência. E que omitiu ao não apreciar a divergência quanto à impossibilidade de arguição de compensação em sede de defesa. Do exame do acórdão do recurso especial, verificase que de fato há a omissão apontada pela Embargante, não tendo ocorrido o exame quanto impossibilidade de arguição de compensação em sede de defesa e há é obscuridade quanto da aplicação da regra do inc. I do art. 174 do CTN. O presente processo, trata de auto de infração lavrado em 18/09/2002, por falta de recolhimento do PIS nos períodos de 07/96 a 12/96 e 07/98 a 09/98 e 11/98. Com o retorno da diligência, restou comprovado que o débito relativo ao período de novembro de 1998 foi devidamente quitado pela empresa, conforme faz prova, inclusive, o extrato anexado à fl. 185. Também ficou confirmado que a empresa observou o critério da semestralidade do PIS (base de cálculo) para a compensação dos débitos constantes deste processo, os quais se encontram relacionados juntamente com os passíveis de compensação, às fls. 448/447. O Recurso Voluntário, que foi provido por unanimidade, foi concluído nos seguintes termos: Fl. 821DF CARF MF Processo nº 10925.001920/200247 Acórdão n.º 9303004.249 CSRFT3 Fl. 1.173 3 "Em face de todo o exposto, e diante dos fatos acima considerados, voto no sentido de DAR PROVIMENTO AO RECURSO, a fim de: (i) que sejam excluídos do lançamento os períodos compreendidos entre 07/96 a 12/96, em razão de terem sido atingidos pela decadência; (ii) reconhecer extinto o débito no período de 11/98, em razão de ter sido pago pelo Recorrente, (iii) reconhecer o direito à realização da compensação entre julho e setembro de 1998, amparada em decisão judicial, observado o critério da semestralidade; (iv) afastar a imposição de multa moratória em razão da liquidação do crédito tributário por via da compensação." (grifos meus) Em face do Acórdão n.º 20218.007, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs embargos de declaração, alegando obscuridade e omissão do acórdão embargado, em relação possível utilização dos créditos, os quais teriam sido totalmente aproveitados pela FRIGOBRAS — CIA. BRASILEIRA DE FRIGORÍFICOS, incorporada pela SADIA S/A, conforme Termo de Verificação Fiscal de fl. 17. E quanto à possibilidade da aceitação da compensação levada a efeito pela recorrente, com base em autorização judicial, mesmo que não transitada em julgada, sob pena de descumprimento de ordem emanada do Poder Judiciário. Em sede de embargos o Conselheiro ANTÔNIO LISBOA CARDOSO, assim se pronunciou: (...) Também não merece prosperar a irresignação da PFN quanto à possibilidade da aceitação da compensação levada a efeito pela recorrente, com base em autorização judicial, mesmo que não transitada em julgada, sob pena de descumprimento de ordem emanada do Poder Judiciário. Por derradeiro, apontase contradição no julgado ao considerar que, com a edição da Medida Provisória n.º 303/2006, deixou de existir a multa prevista no art. 44, I, da Lei n.º 9.430/96 (transcrição do Acórdão n.º 10247.978, como razão de decidir). Nesse particular tem razão a PFN ao sustentar que o art. 44, I, da Lei n 2 9.430/96 continua em pleno vigor, e estabelece multa em casos de falta de pagamento/recolhimento, de falta de declaração e declaração inexata, devendo por isso, ser excluída do acórdão recorrido a menção equivocada ao Acórdão n2 10247.978, não fazendo mais por isso, razão de decidir. Entretanto, o acolhimento parcial dos embargos não será suficiente para modificar a decisão recorrida, não podendo ter outro desfecho ao presente processo, senão aquele já constante do acórdão embargado, mesmo porque uma vez considerada a procedência da compensação, não há o que se falar em falta de pagamento ou recolhimento, pois só assim seria aplicável o disposto no art. 44 da Lei n 2 9.430/96, que prevê multa de oficio de 75%. Em face do exposto, voto no sentido de acolher parcialmente os embargos apresentados pela Procuradoria da Fazenda Nacional, a fim de suprimir a Fl. 822DF CARF MF 4 referência ao Acórdão n.º 102.47.978, como razão de decidir, sem contudo modificar a decisão alcançada pelo Acórdão n.º 20218.007, prolatado por esta Segunda Câmara.”(grifos meus) Em sede de Recurso especial a Procuradoria insurgiuse contra: 1) a decadência quinquenal, nos termos do CTN, art. 150, §4°; 2) a compensação de débitos fiscais com créditos financeiros decorrentes de decisão judicial nãotransitada em julgado; 3) o não reconhecimento da necessidade de desistência da ação judicial para repetir/compensar na esfera administrativa os créditos financeiros em discussão na esfera judicial; e, 4) o não reconhecimento da impossibilidade de arguição de compensação como matéria de defesa para lançamento de oficio. Em sessão de julgamento realizada em 21 de janeiro de 2014, a 3ª Turma da CSRF julgou o recurso especial interposto pela FAZENDA NACIONAL, por unanimidade de votos, exarando o Acórdão nº 9303002.768, fls. 661 a 666, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/1996 a 31/12/1997, 01/07/1998 a 31/12/1998 Ementa: PIS COMPENSAÇÃO DECADÊNCIA ART. 62A DO RICARF. Ausente qualquer recolhimento, de ser instalado o pressuposto contido no art. 174, I do Código Tributário Nacional. Recurso parcialmente provido. O Conselheiro Frâncico Maurício Rabelo de Albuquerque Silva em seu voto assim decidiu: “(...) Destaco que o acórdão recorrido foi provido por unanimidade de votos. Os valores instauradores do presente litígio dizem respeito à Contribuição para o PIS seriam originários: i) de compensações não aplicáveis a débitos declarados sub judice em DCTF pelo contribuinte e suspensos em conta corrente e ii) de saldos devedores não declarados em DCTF. O documento de fl. 486 da Delegacia da Receita Federal em Joaçaba, por sua Seção de Controle e Acompanhamento Tributário – SACT, registra a seguinte quota: “Diante das informações acima, e tendo em vista o novo entendimento administrativo, exarado pelo Os períodos base do lançamento compreenderam os lapsos 01.07.96 a 01.12.96 e 01.07.98 a 01.11.98 e, embora não constando a ciência da Contribuinte autuada o auto de infração é datado de 19.09.2002. Ocorre que, conforme registra a Diligência determinada pela Resolução nº 20200.828 fls. 310.312, ficou comprovado o pagamento do crédito tributário referente ao período de novembro de 1998 e admitida a compensação amparada em decisão judicial que observou o critério da semestralidade afastando da imposição os períodos de julho a setembro de 1998, restando portanto os períodos base de julho a dezembro de 1996 e outubro de 1998. É evidente a inaplicabilidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91 em face da decretação de inconstitucionalidade que o alvejou culminando com a edição da Súmula Vinculante nº 8 do E. STF. Fl. 823DF CARF MF Processo nº 10925.001920/200247 Acórdão n.º 9303004.249 CSRFT3 Fl. 1.174 5 Não constatei nenhuma forma de pagamento no restante dos períodos base lançados o que torna alcançáveis os períodos base setembro a dezembro de 1996 e outubro de 1998, com amparo no art. 174,I do CTN. Em razão do exposto, voto no sentido de conceder parcial provimento ao Recurso interposto pela Fazenda Nacional.” Analisando o inteiro teor do Acórdão 9303002.768, constatase, data venia, a existência de omissão/obscuridade. Vejamos: Quanto da aplicação do prazo decadencial verificase que o acordão recorrido se fundamentou na aplicação do artigo 173, I do CTN, isto é, quando não se verifica pagamento antecipado ou declaração de débito. No entanto, ao citar o referido artigo, o nobre Conselheiro se equivocou, citando o artigo 174, I do CTN que contem a seguinte redação: “Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I pela citação pessoal feita ao devedor; I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de 2005)” Logo, é flagrante o lapso, pois ao invés de fazer referência ao artigo 173, I do CTN, foi mencionado o artigo 174, I do mesmo diploma legal. Por essa razão, retifico a referência constante do Acórdão nº 9303002.768, fls. 661/666, por meio do presente acórdão para dizer: · onde se lê, no texto do acórdão: Não constatei nenhuma forma de pagamento no restante dos períodos base lançados o que torna alcançáveis os períodos base setembro a dezembro de 1996 e outubro de 1998, com amparo no art. 174,I do CTN. · Devese ler: Não constatei nenhuma forma de pagamento no restante dos períodos base lançados o que torna alcançáveis os períodos base setembro a dezembro de 1996 e outubro de 1998, com amparo no art. 173,I do CTN. Restando consolidado o entendimento de que não havendo pagamento, o termo inicial do prazo decadencial é o previsto no inciso I do artigo 173 do CTN. Concluise que não está alcançável pela decadência o período entre setembro a dezembro de 1996 e outubro de 1998. Devese ainda observar que a ementa que constou do acórdão contém erro na informação do referido artigo, devendo ser substituído o artigo de referência da ementa do acórdão original, pelo artigo 173, I do CTN. Fl. 824DF CARF MF 6 Quanto a omissão referente ao item “f” do Recurso Especial da União, ou seja, sobre a impossibilidade de arguição de compensação como matéria de defesa para lançamento de oficio. Acredito que o acordão recorrido foi obscuro e não omisso. Segundo o voto do ilustre Conselheiro, este se baseou na diligência determinada pela Resolução nº 20200.828 de fls. 310.312, onde ficou comprovado o pagamento do crédito tributário referente ao período de novembro de 1998 e admitida a compensação amparada em decisão judicial que observou o critério da semestralidade afastando da imposição os períodos de julho a setembro de 1998. Ora, com o retorno da diligência, restou comprovado que a empresa observou o critério da semestralidade do PIS (base de cálculo) para a compensação dos débitos constantes deste processo, os quais se encontram relacionados juntamente com os passíveis de compensação, às fls. 448/447. Foi comprovado que o direito de a contribuinte em questão creditarse do PIS, uma vez que recolheu a referida contribuição com base DecretosLeis n.º 2.445 e 2.449/88, declarados inconstitucionais pelo Eg. STF, notadamente após a homologação dos valores compensáveis pela fiscalização (fls. 483 a 485). Ademais, verificase que foi reconhecido tanto no acordão do recurso Voluntário como no acordão do Recurso Especial o direito à realização da compensação entre julho e setembro de 1998, amparada em decisão judicial, observado o critério da semestralidade. Portanto, acolho os embargos, sem efeitos infringentes, para retificar o acórdão embargado, a fim de sanar a omissão apontada nos presentes embargos de declaração, nos termos acima expostos. É como voto. Érika Costa Camargos Autran Relatora Fl. 825DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.006009/2004-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
Ementa:
RETORNO DOS AUTOS. TRIBUNAL A QUO. APRECIAÇÃO DAS DEMAIS RAZÕES DE DEFESA. Já tendo este Colegiado se manifestado sobre todas as alegações do contribuinte e, não tendo ocorrido alteração do entendimento majoritário sobre o tema, deve ser mantido o quanto decidido pelo extinto Conselho de Contribuintes ao analisar, pela primeira vez, o recurso voluntário interposto.
Numero da decisão: 1301-002.143
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
Nome do relator: MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: RETORNO DOS AUTOS. TRIBUNAL A QUO. APRECIAÇÃO DAS DEMAIS RAZÕES DE DEFESA. Já tendo este Colegiado se manifestado sobre todas as alegações do contribuinte e, não tendo ocorrido alteração do entendimento majoritário sobre o tema, deve ser mantido o quanto decidido pelo extinto Conselho de Contribuintes ao analisar, pela primeira vez, o recurso voluntário interposto.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha - Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado).
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: RETORNO DOS AUTOS. TRIBUNAL A QUO. APRECIAÇÃO DAS DEMAIS RAZÕES DE DEFESA. Já tendo este Colegiado se manifestado sobre todas as alegações do contribuinte e, não tendo ocorrido alteração do entendimento majoritário sobre o tema, deve ser mantido o quanto decidido pelo extinto Conselho de Contribuintes ao analisar, pela primeira vez, o recurso voluntário interposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Veiga Rocha, Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo, Roberto Silva Junior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 60 09 /2 00 4- 53 Fl. 370DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 371 2 Relatório Cuida o presente processo de auto de infração (fls. 107/145) que exige IRPJ e CSLL relativos aos anos calendário de 1999 a 2003. O agente fiscal verificou que o contribuinte não recolheu nenhum DARF de pagamento de tributos federais no período de fevereiro de 1999 a dezembro de 2003, bem como não entregou DCTF e DIPJ no mesmo período. Ademais, foi constatada ausência de escrituração contábil regular (Diário, Razão e LALUR), possuindo somente escrituração fiscal. No decorrer da fiscalização, o contribuinte escriturou o livro caixa. Devido a não apresentação dos livros da escrituração contábil e fiscal exigidos pela legislação tributária, a autoridade autuante procedeu ao lançamento de ofício do crédito tributário baseado no lucro arbitrado. O arbitramento foi realizado com base na receita bruta declarada nos Livros de ICMS. Apresentada impugnação (fls. 168/176), esta foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Brasília/DF (fls. 192/195). Inconformado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 197/210), alegando, em síntese, (i) a decadência do crédito tributário constituído; (ii) ilegalidade dos juros calculados com base na taxa SELIC; e (iii) o caráter confiscatório da multa punitiva de 75% sobre o valor do tributo lançado, afrontando os princípios da razoabilidade, proporcionalidade, legalidade e capacidade contributiva. A extinta 5° Câmara do 1° Conselho de Contribuintes acolheu, por maioria de votos, a preliminar de decadência suscitada pelo contribuinte em relação aos fatos geradores ocorridos nos meses de fevereiro a agosto de 1999 e, no mérito, por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso, nos termos do acórdão n° 10515.741 (fls. 212/225). Na sequência, a Fazenda interpôs Recurso Especial (fls. 229/247), ao qual foi negado provimento em decisão da 1° Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF (fls. 274/276). Ocorre que, inconformada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Extraordinário (fls. 280/289) contra o acórdão proferido pela CSRF, no qual sustenta que o prazo decadencial deve ser contado na forma do art. 173 do Código Tributário Nacional – CTN por inexistir, no caso concreto, recolhimento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação. O Pleno da CSRF acordou, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Extraordinário da Fazenda Nacional (fls. 346/356). O julgamento encontrase sintetizado pela ementa do Acórdão n° 9100000.220: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 371DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 372 3 Exercício: 2000 REGIMENTO INTERNO CARF. DECISÃO DEFINITIVA DE MÉRITO STJ ART. 62ª DO ANEXO II DO RICARF. UTILIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DE PRECEDENTES JUDICIAIS. IDENTIDADE DAS SITUAÇÕES FÁTICAS. NECESSIDADE. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelo artigo 543C do Código de Processo Civil, devem ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito deste Conselho (Art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, acrescentado pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010). O disposto no art. 62ª do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática e jurídica que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL Nº 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de ofício, nos exatos termos do aludido dispositivo. Recurso Extraordinário Provido. Dessa forma, ficou decidido pelo afastamento da arguição de decadência, sendo determinado o retorno dos autos à Câmara ordinária para apreciação das demais razões do recurso voluntário. Importante frisar que, conforme informado à fl. 323, a parte do crédito tributário mantida pela decisão do Conselho de Contribuintes foi apartada para fins de cobrança imediata, isto é, prosseguiuse com a cobrança dos valores relativos aos períodos de 09/1999 a 12/2003 por não terem sido objeto de questionamento perante a CSRF. Ademais, foi emitido despacho pela Chefe de Serviço de Assessoria Técnica da 1° Seção do CARF (fls. 363/365) determinando encaminhamento dos presentes autos à Secretaria da 3ª Câmara da 1ª SEJUL para inclusão em lote de sorteio no âmbito da 1ª Turma Ordinária. É o relatório. Fl. 372DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 373 4 Voto Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Relator O Recurso Voluntário preenche os requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele conheço. Tratase de hipótese em que a CSRF decidiu pelo retorno dos autos para apreciação pela Câmara a quo das demais razões do Recurso Voluntário, tendo em vista que, em decisão proferida pelo Pleno da CSRF, foi afastada a preliminar de decadência arguida pelo contribuinte. Além da decadência, o contribuinte alegou, em recurso voluntário, a ilegalidade dos juros calculados com base na taxa SELIC e o caráter confiscatório da multa punitiva de 75% sobre o valor do tributo lançado. O 1° Conselho de Contribuintes acordou pela decadência do crédito tributário no que tange somente ao período de fevereiro de 1999 a agosto de 1999, sendo julgado procedente o lançamento em relação aos demais meses de apuração do IRPJ e da CSLL. Notese que, inclusive, já foi determinado o prosseguimento da cobrança dos valores relativos ao período de 09/1999 a 12/2003, por não terem sido objeto de questionamento perante a CSRF. Assim sendo, entendo que este Colegiado já se manifestou sobre o mérito do recurso voluntário interposto, devendo ser mantido o quanto decidido no Acórdão n° 10515.741 (fls. 212/225), nos termos do voto do Relator Wilson Fernandes Guimarães: (...)Taxa de Juros e Multa de Ofício No que tange à taxa de juros e à multa de ofício aplicada, não merecem reparos os argumentos trazidos pela decisão de primeira instância para não acatar as razões da recorrente. Com efeito, o ato de lançamento sendo vinculado e obrigatório, nos termos do disposto no artigo 142 do Código Tributário Nacional, não faculta à autoridade lançadora poderes para dispensálo, ao contrário, da sua não efetivação poderá resultar responsabilidade funcional. Releva notar que o lançamento dos juros de mora com base na taxa selic e, da mesma forma, da multa de ofício, decorreu de fiel observância a comandos legais em vigor, não estando autorizada a autoridade administrativa, portanto, a afastar a – sua aplicação. Destaco que o posicionamento adotado pelo Ilustre Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães está em consonância com o meu entendimento sobre a matéria e com a posição mais recente adotada por este Colegiado. Destaco que o posicionamento adotado pelo Ilustre Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães está em consonância com o meu entendimento sobre a matéria e com a posição mais recente adotada por este Colegiado. A possibilidade de aplicação da Taxa SELIC sobre os juros já se encontra pacificada pela Súmula CARF n° 4, adiante reproduzida: Fl. 373DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA Processo nº 10120.006009/200453 Acórdão n.º 1301002.143 S1C3T1 Fl. 374 5 Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Em relação à multa aplicada, o contribuinte aduz que a aplicação do percentual de 75% sobre o valor do tributo lançado fere os princípios constitucionais da capacidade contributiva, da vedação dos efeitos confiscatórios, da legalidade, da proporcionalidade e da razoabilidade. Conforme dispõe a Súmula n° 02 do CARF, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assim sendo, os argumentos trazidos pelo contribuinte a fim de afastar a multa de ofício não podem ser reconhecidos nesta decisão, devendo, portanto, ser mantida a autuação neste ponto. Ante todo o exposto, voto no sentido de manter o quanto já decidido pelo extinto 1° Conselho de Contribuintes, a fim de negar provimento ao recurso voluntário, mantendose o lançamento tributário. É como voto. (documento assinado digitalmente) Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro Relator Fl. 374DF CARF MF Impresso em 21/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por MARCOS PAULO LEME BRISOLA CASEIRO, Assinado digitalmente em 21/10/2016 por WALDIR VEIGA ROCHA
score : 1.0
Numero do processo: 10980.014666/2006-14
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 10 00:00:00 UTC 2010
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2001
MULTA DE MORA - ESTIMATIVAS DO IRPJ E DA CSLL RECOLHIDAS OU COMPENSADAS EM ATRASO - INAPLICABILIDADE POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
A multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõe a existência de uma obrigação líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso dos recolhimentos ou compensações mensais das estimadas do IRPJ e da CSLL, feitos com atraso, cujo fato gerador só ocorre ao final do período-base de apuração, tornando
ilegal, nesta circunstância, a aplicação da penalidade moratória, em consonância com as disposições do art. 112, II do CTN.
Numero da decisão: 1803-000.663
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar
provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes, relator, e Selene Ferreira de Moraes, que negavam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos. Fará declaração de voto o Conselheiro Walter Adolfo Maresch.
Nome do relator: SERGIO RODRIGUES MENDES
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001 MULTA DE MORA - ESTIMATIVAS DO IRPJ E DA CSLL RECOLHIDAS OU COMPENSADAS EM ATRASO - INAPLICABILIDADE POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL. A multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõe a existência de uma obrigação líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso dos recolhimentos ou compensações mensais das estimadas do IRPJ e da CSLL, feitos com atraso, cujo fato gerador só ocorre ao final do período-base de apuração, tornando ilegal, nesta circunstância, a aplicação da penalidade moratória, em consonância com as disposições do art. 112, II do CTN.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes, relator, e Selene Ferreira de Moraes, que negavam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos. Fará declaração de voto o Conselheiro Walter Adolfo Maresch.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2011-01-28T13:40:47Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; pdf:docinfo:title: Microsoft Word - 2680497_0.doc; xmp:CreatorTool: PScript5.dll Version 5.2; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dc:creator: e_processo; dcterms:created: 2011-01-28T13:40:47Z; Last-Modified: 2011-01-28T13:40:47Z; dcterms:modified: 2011-01-28T13:40:47Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; title: Microsoft Word - 2680497_0.doc; xmpMM:DocumentID: uuid:cbfad9ed-70ce-440f-b99b-b96cb40f5bdd; Last-Save-Date: 2011-01-28T13:40:47Z; pdf:docinfo:creator_tool: PScript5.dll Version 5.2; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2011-01-28T13:40:47Z; meta:save-date: 2011-01-28T13:40:47Z; pdf:encrypted: true; dc:title: Microsoft Word - 2680497_0.doc; modified: 2011-01-28T13:40:47Z; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: e_processo; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: e_processo; meta:author: e_processo; meta:creation-date: 2011-01-28T13:40:47Z; created: 2011-01-28T13:40:47Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; Creation-Date: 2011-01-28T13:40:47Z; pdf:charsPerPage: 1418; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; Author: e_processo; producer: Acrobat Distiller 6.0.1 (Windows); access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Acrobat Distiller 6.0.1 (Windows); pdf:docinfo:created: 2011-01-28T13:40:47Z | Conteúdo => S1-TE03 Fl. 68 1 67 S1-TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.014666/2006-14 Recurso nº 176.943 Voluntário Acórdão nº 1803-00.663 – 3ª Turma Especial Sessão de 10 de novembro de 2010 Matéria CSLL - AUTO DE INFRAÇÃO DCTF Recorrente SOCEPPAR S/A SOCIEDADE CEREALISTA EXPORTADORA DE PRODUTOS PARANAENSES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2001 MULTA DE MORA - ESTIMATIVAS DO IRPJ E DA CSLL RECOLHIDAS OU COMPENSADAS EM ATRASO - INAPLICABILIDADE POR FALTA DE PREVISÃO LEGAL. A multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõe a existência de uma obrigação líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso dos recolhimentos ou compensações mensais das estimadas do IRPJ e da CSLL, feitos com atraso, cujo fato gerador só ocorre ao final do período-base de apuração, tornando ilegal, nesta circunstância, a aplicação da penalidade moratória, em consonância com as disposições do art. 112, II do CTN. Fl. 143DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso, vencidos os Conselheiros Sérgio Rodrigues Mendes, relator, e Selene Ferreira de Moraes, que negavam provimento ao Recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos. Fará declaração de voto o Conselheiro Walter Adolfo Maresch. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes - Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes - Relator (assinado digitalmente) Luciano Inocêncio dos Santos - Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Walter Adolfo Maresch, Marcelo Fonseca Vicentini, Sérgio Rodrigues Mendes e Luciano Inocêncio dos Santos. Fl. 144DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 69 3 Relatório Por bem retratar os acontecimentos do presente processo, adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 37): Trata o presente processo do Auto de Infração n° 0010967, às fls. 21/25, cientificado em 01/12/2006 (fl. 35), em que são exigidos R$ 9.180,46 de multa paga a menor sobre quotas de CSLL, a teor do art. 160 do CTN, art. 1° da Lei n° 9.249, de 1995 e arts. 43 e 61 e §§ 1° e 2° da Lei n° 9.430, de 1996. 2. O lançamento fiscal originou-se de Auditoria Interna na DCTF do quarto trimestre de 2000, em que se constatou a "FALTA OU INSUFICIÊNCIA DE PAGAMENTO DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS". 3. Em 29/12/2006, a interessada apresentou a impugnação de fls. 01/12, instruída com os documentos de fls. 13/34, onde alega, em síntese, a denúncia espontânea da infração, a teor do art. 138 do CTN. Cita jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e, ao final, requer o cancelamento do lançamento e a restituição de R$ 1.020,05 pagos a título de multa de mora. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 36): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL Período de apuração: 01/10/2000 a 31/12/2000 MULTA DE MORA. PAGAMENTO INTEMPESTIVO. CABIMENTO. A exigência de multa de mora é devida quando comprovado que o pagamento do débito foi realizado a destempo. Lançamento Procedente. Cientificada da referida decisão em 05/02/2009 (fls. 42), a tempo, em 05/03/2009 (informação de fls. 46), apresenta a interessada Recurso de fls. 47 a 57, instruído com os documentos de fls. 58 a 66, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos. Em mesa para julgamento. Fl. 145DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 4 Voto Vencido Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Correto o acórdão recorrido. Com efeito, tratando-se de pagamento a destempo, tem-se que, em face de expressa determinação legal da exigência da multa de mora quando da ocorrência de pagamento em atraso (art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996), não cabe pretender afastá-la em caso de denúncia espontânea, a qual, por óbvio, somente se verifica após vencido o débito. Na denúncia espontânea da infração, o que se denuncia é a falta de pagamento do crédito tributário, e não o seu atraso, o qual é mera decorrência daquela denúncia. Por consequência, o que se dispensa, na denúncia espontânea, é a sanção pelo não-cumprimento de obrigação principal (multa de ofício), e não a penalidade pelo atraso em seu recolhimento (multa de mora). Em outras palavras, purga-se o não- pagamento, e não a mora. No caso, a denúncia espontânea se deu mediante o próprio recolhimento em atraso, não sendo admissível que, sobre esse recolhimento, incida novamente o art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN (Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966), desta vez para excluir a multa de mora. A mora já se consumou, não havendo, por óbvio, como afastá-la pela denúncia espontânea. Nesse sentido, cita-se acórdão da Terceira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes de nº 103-22.100, de 13/09/2005, unânime (grifou-se): [...]. DENÚNCIA ESPONTÂNEA - MULTA MORATÓRIA – O instituto da denúncia espontânea exige que nenhum lançamento tenha sido feito, isto é, que nenhuma infração tenha sido identificada pelo fisco, nem se encontre registrada nos livros fiscais e/ou contábeis do contribuinte. A denúncia espontânea não foi prevista para que favoreça o atraso do pagamento do tributo. Ela existe como incentivo ao contribuinte para denunciar situações de ocorrência de fatos geradores que foram omitidas, como é o caso de aquisição de mercadorias sem notas fiscais, venda com preços registrados aquém do real, etc. Negado provimento ao recurso. Publicado no D.O.U. nº 229 de 30/11/05. Fl. 146DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 70 5 O mero atraso, configurado no pagamento de tributo efetuado após o prazo de seu vencimento estabelecido em lei, é tratado, pelo CTN em dispositivo legal distinto, a saber (sublinhou-se): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Conforme se verifica, o próprio CTN estabelece que, na hipótese de atraso, além dos juros de mora, o crédito não integralmente pago no vencimento está sujeito à imposição de penalidades, previstas nele ou em lei tributária. Assim, a falta de pagamento de multa de mora, pela recorrente, sobre a CSLL recolhida após a data de vencimento, em estrita conformidade com a legislação vigente, constitui-se débito tributário. Quanto ao pedido de restituição de R$ 1.020,05, pago a título de multa de mora no percentual de dois por cento, tem-se por prejudicado, por força do entendimento aqui externado. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 147DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 6 Voto Vencedor Conselheiro Luciano Inocêncio dos Santos, Redator Designado Com a devida vênia, ouso divergir, no caso vertente, do posicionamento exarado do brilhante voto da lavra do ilustríssimo Conselheiro Relator Dr. Sérgio Rodrigues Mendes e também do posicionamento do não menos ilustre Conselheiro e decano deste colegiado, que fez sua declaração de voto, Dr. Walter Adolfo Maresch, pelos motivos que passo a aduzir, como segue. Cumpre-se, de plano, tecer algumas considerações acerca do pré- questionamento como requisito essencial ao enfrentamento de determinada matéria não expressamente aventada em fase recursal. A recorrente insurgiu-se no seu recurso voluntário contra a aplicabilidade da multa moratória, asseverando que está sob o abrigo do benefício da denúncia espontânea, preconizado no art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN, cuja tese foi afastada pelo Ilmo. Conselheiro Relator. Verifica-se, pois, que a aplicação da multa de mora, fundamentada no art. 61 da Lei n° 9.430/1996, está sendo contestada no presente recurso, ainda que esta insurgência esteja sendo suscitada de forma bastante modesta e com fundamentos diversos daqueles aplicáveis ao caso em comento. Destaque-se, porém, que simplicidade dos argumentos suscitados pela recorrente, “per si”, ou mesmo o fato de invocar argumentos jurídicos que não se coadunam com os fatos do caso concreto, não exime este colegiado do dever de enfrentar a matéria, que ora suscito, ainda mais, por se tratar especificamente de exigência tributária aplicada sem o amparo de disposição legal, não podendo, pois, a administração tributária escusar-se do principio da legalidade. De fato, ainda que não haja insurgência expressa da recorrente, no sentido de apontar o adequado fundamento ao qual se subsume o caso em tela, não se pode olvidar que o controle da legalidade do lançamento é matéria de ordem pública, o que impõe, portanto, o seu enfrentamento em qualquer instância processual administrativa. Corrobora essa assertiva, o entendimento exarado na decisão proferida pela 6ª Câmara do antigo 1º Conselho de Contribuintes, antecessor do atual CARF, no acórdão nº 106- 17.000 de 06/08/2008, como se extrai de um trecho do brilhante voto da lavra do Ilmo. Conselheiro Dr. Giovanni Christian Nunes Campos, cujos fundamentos nele destacados tomo emprestado para fundamentar minha conclusão, pois, ao tratar de matéria bastante semelhante, com meridiana clareza, enfrentou a questão da seguinte forma (in verbis): “... a multa isolada de oficio lançada não tinha base legal e, considerando que os Conselhos de Contribuinte têm o dever legal, mesmo que de oficio, de apreciar a legalidade do lançamento, mister cancelar a multa de oficio isolada aqui lançada. ...” (Grifamos) Fl. 148DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 71 7 Superada a questão preliminar quanto à insurgência acerca da matéria, passo a enfrentar a questão de fundo. Vejamos. Quanto aos argumentos da recorrente, afastados pelo Ilmo. Conselheiro Relator, relativos ao benefício da denúncia espontânea, consubstanciado no art. 138 do CTN, o posicionamento que tenho defendido neste Conselho é no sentido de que há a possibilidade da sua aplicação para afastar a multa de mora, desde que estejam comprovados todos os elementos fáticos que o caracterizam, contudo, no presente voto, estas circunstâncias sequer foram objeto de minha análise, uma vez que não se aplicam ao caso. Isto porque, não se trata de invocar o aduzido benefício da denúncia espontânea para afastar a aplicação de uma penalidade, que teria supostamente decorrido do recolhimento em atraso de estimativas (do IRPJ ou da CSLL), mas sim quanto à ausência de fundamento legal expresso para a sua aplicação, pois não há que se falar em denúncia espontânea que vise afastar uma penalidade que sequer tem estipulação em norma legal. De certo, a aplicação do benefício da denúncia espontânea pressupõe a existência de uma penalidade, prevista em lei, a ser afastada, a qual, “in casu”, não se verifica, razão pela qual não são adequados os argumentos da recorrente neste sentido, contudo, entendo que lhe assiste razão à insurgência da própria aplicação da penalidade (multa moratória) por outros fundamentos. Senão vejamos. O deslinde da controvérsia sob exame está em esclarecer se existe ou não a incidência de multa moratória sobre a compensação ou pagamento antecipado das estimativas que serão ajustadas na apuração anual do IRPJ ou da CSLL. Nesse sentido, se faz necessário, de plano, analisar as características do recolhimento dessas estimativas e sua correspondente natureza jurídica para testar a sua subsunção ao comando do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Observemos. A legislação do IRPJ e da CSLL, que versa sobre o Pagamento Mensal por Estimativa, ajustado pelos balancetes de redução e suspensão, dispõe (art. 2º da Lei nº 9.430/1996, combinado com o art. 35 da Lei nº 8.981/1995) que as pessoas jurídicas sujeitas à sistemática do Lucro Real anual podem optar pelo pagamento mensal do tributo de forma estimada, como antecipação do tributo devido a ser apurado ao final do ano, mais especificamente em 31 de dezembro. Desta forma, as antecipações realizadas durante o ano-calendário, quer aquelas correspondentes a um percentual sobre a receita bruta da empresa, ou mesmo quando decorrentes de balanços de redução e suspensão destes tributos, são apenas valores estimados, provisórios, sem caráter definitivo, cuja notória precariedade perdura até o final do correspondente período de apuração. Logo, é nesse momento, em 31 de dezembro, que efetivamente ocorre o fato gerador do IRPJ e da CSLL, em se tratando de apuração anual, tornando a dívida destes tributos líquida e certa, somente a partir deste lapso temporal. Esta assertiva, por vezes, vem sendo corroborada pelo entendimento deste Conselho, já manifestado em diversos precedentes, valendo, porém, trazer à colação a ementa de uma decisão da CSRF do antigo Conselho de Contribuintes, que antecedeu o atual CARF, cujo teor deixa claro o posicionamento firmado no âmbito administrativo, de que os fatos Fl. 149DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 8 geradores da CSLL e do IRPJ ocorrem quando o lucro é apurado em 31 de dezembro. Vejamos: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 Ementa: MULTA ISOLADA - FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA - O artigo 44 da Lei nº 9.430/96 preceitua que a multa de ofício deve ser calculada sobre a totalidade ou diferença de tributo, materialidade que não se confunde com o valor calculado sob base estimada ao longo do ano. O TRIBUTO DEVIDO PELO CONTRIBUINTE SURGE QUANDO É O LUCRO APURADO EM 31 DE DEZEMBRO DE CADA ANO. Improcede a aplicação de penalidade pelo não-recolhimento de estimativa quando a fiscalização apura, após o encerramento do exercício, valor de estimativas superior ao imposto apurado em sua escrita fiscal ao final do exercício. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA NA ESTIMATIVA - Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. Pelo critério da consunção, a primeira conduta é meio de execução da segunda. O bem jurídico mais importante é sem dúvida a efetivação da arrecadação tributária, atendida pelo recolhimento do tributo apurado ao fim do ano-calendário, e o bem jurídico de relevância secundária é a antecipação do fluxo de caixa do governo, representada pelo dever de antecipar essa mesma arrecadação. Recurso especial negado” (Nossos Grifos). (CSRF/01-05.875, PA 10384.000638/2004-79, Relator Marcos Vinícius Neder de Lima, Data da Sessão: 23/06/2008) Com efeito, não tendo ocorrido o fato gerador, no momento do pagamento das estimativas, forçoso concluir quanto à natureza jurídica dos recolhimentos, que não se tratam de tributos propriamente ditos, mas sim de meras antecipações dos seus pagamentos. Nesse sentido, a CSRF do antigo Conselho de Contribuintes (atual CARF) também reconhece que os valores referentes às estimativas mensais não são tributos, uma vez que os fatos geradores daqueles ocorrem apenas ao final do período anual (31 de dezembro), verbis: “DECADÊNCIA – ESTIMATIVAS – MULTA ISOLADA - Se a Fazenda Pública denegar a homologação ao pagamento realizado pelo contribuinte, o limite temporal para a realização do lançamento de ofício para cobrar o tributo é estabelecido pelo prazo de cinco anos previsto no art. 150. § 4º, do CTN, já que, findo esse prazo, é considerado extinto o crédito tributário. Contudo, não há falar em lançamento por homologação no caso de falta de recolhimento de estimativas. O valor pago a esse título não tem a natureza de tributo, eis que, juridicamente, o Fl. 150DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 72 9 fato gerador do Imposto sobre a Renda e da CSLL só será tido por ocorrido ao final do período anual (31/12). A regra geral para contagem do prazo decadencial para constituição do crédito tributário, inclusive no caso de penalidades, está prevista no artigo 173 do CTN” (Nossos Grifos) CSRF/01-05.653, PA 10680.015464/2003-13, Relator Marcos Vinícius Neder de Lima, Data da Sessão 27/03/2007. Portanto, as parcelas compensadas ou pagas como antecipação, com base no fato gerador presumido, enquadram-se como prestações antecipadas pelo devedor no âmbito da teoria do pagamento das obrigações. Nesse contexto, visa a quitar antecipadamente um débito de tributo, cujo fato gerador e, portanto, a dívida líquida e certa, somente ocorrerá no futuro. Assim, é evidente que a compensação ou pagamento de estimativas mensais, em verdade, é mera técnica de arrecadação, tanto que o art. 2º, § 3º da Lei nº 9.430/96, diz ser uma opção “pelo pagamento do imposto”. Em outras palavras, as antecipações realizadas não constituem a compensação ou pagamento do tributo propriamente dito, mas sim antecipação atribuível, imputável, ao tributo cujo fato gerador e sua correspondente apuração somente ocorrerão no final do ano-calendário. Desta forma, uma vez elucidada, tanto a natureza jurídica quanto as características das compensações ou pagamentos sobre os quais se discute a incidência da multa moratória, resta saber se sobre eles recai a referida sanção, tal como estabelece o artigo 61, da Lei nº 9.430/96, cuja tipificação da conduta a ser penalizada assim versa: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso.” (Nossos Grifos) Vê-se que o dispositivo transcrito trata primeiramente dos “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal”, como forma de delimitar o campo de incidência da norma legal. Não obstante, o mesmo dispositivo condiciona a aplicação da penalidade nele contida, qual seja, a incidência de multa de mora, apenas aos débitos “cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997”, ou seja, o pressuposto condicionante da norma legal para a aplicação da multa moratória é a ocorrência do fato gerador dos débitos tributários a partir da data fixada naquela norma. Assim, o acréscimo da multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia (limitada em 20%), somente se aplica aos débitos de tributos e contribuições administrados pela RFB pagos em atraso, cujos fatos geradores, descritos na regra matriz de incidência, tenham efetivamente ocorrido. Contrário senso, não se aplica a multa de mora sobre eventuais débitos para com a União pagos ou compensados fora do prazo se não ocorreu o fato gerador do tributo. Fl. 151DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 10 Se não há fato gerador, não há que sequer falar em obrigação tributária líquida e certa, mas apenas numa exigência precária, não definitiva. O que se permite, conforme previsto na própria Constituição Federal (§ 7º do art. 150 da CF), é que: “A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.” (Nossos Grifos) Essa possibilidade foi introduzida na Constituição Federal a partir da Emenda Constitucional nº 3/1993, que legitimou a prática dos entes tributantes de exigir pagamentos antes da efetiva ocorrência do fato gerador, através da figura do “fato gerador presumido” de um tributo que, por consequência, também é presumido. Ambos, porém, não se confundem com o fato gerador, digamos, real do qual se origina o próprio tributo. Neste diapasão, tais pagamentos ou compensações, realizados com base em fato gerador presumido ou cujo fato gerador ainda não tenha se consumado por completo, constituem meras antecipações daqueles tributos, cujos fatos geradores ocorrem em momento posterior. Por isso, esses pagamentos não se referem a tributos propriamente ditos, por lhes faltar os elementos essenciais para tanto, tais como, o de ser uma prestação compulsória (art. 3º do CTN) ou ter um fato gerador (art. 4º do CTN). De fato, o próprio CTN ao dispor sobre o conceito de fato gerador, em seu art. 114, asseverou que este “... é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.”(Nossos Grifos). Ora, se na situação sob exame, qual seja, o pagamento antecipado das estimativas do IRPJ e da CSLL, não se verifica a existência de todos os elementos essenciais a ocorrência do fato gerador, não se subsume o caso concreto à situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência, tal como prevê o preciso comando do CTN. Também nesse sentido, leciona o Professor Paulo de Barros Carvalho (Curso de Direito Tributário, 12ª ed., Saraiva, São Paulo, 1999, pg. 236) asseverando que para haver a ocorrência do fato gerador, com o consequente surgimento da obrigação tributária, é condição “sine qua non” que todos os elementos da regra matriz de incidência estejam presentes, sob pena de perda da sua exigibilidade. No caso vertente, carece a situação fática de parte desses elementos, notadamente o aspecto temporal da hipótese de incidência, pois o transcurso do lapso temporal, previsto na lei, para apuração anual do IRPJ e da CSLL não se completou, o qual se deu, in casu, apenas em 31/12. Isto porque, no curso do ano calendário, quando se exigem os pagamentos das antecipações, por meio de estimativa, a apuração anual, ainda não ocorreu, logo, não há que se aventar a ocorrência do fato gerador. Ora, não se pode fazer tábua rasa acerca da essencialidade do aspecto temporal na hipótese de incidência, importando lembrar, nesse sentido, a lição do saudoso Pontes de Miranda sobre o tempo na teoria da regra jurídica e do suporte fático, que assim nos ensina (in verbis): “O tempo não é fato jurídico, de per si. O tempo entra, como fato, no suporte fático de fatos jurídicos. Ora, com ele, nascem direitos, pretensões, ações, ou exceções; ora, com ele, acabam; ora, com ele, se dão modificações de ordem jurídica ...” Fl. 152DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 73 11 (Tratado de direito privado: parte geral. 4. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1983. t. I. Cap. 1. pag. 30) (Grifamos). Sem destoar dessas lições e tratando especificamente da importância do aspecto temporal na hipótese de incidência do Imposto de Renda, o grande estudioso da matéria, saudoso Nilton Latorraca, em sua festejada obra, nos ensina que (in verbis): “A importância do tempo é decisiva. E tanto é assim que o direito desconhece a existência de renda antes do tempo marcado e fora das condições estabelecidas pela norma jurídica (hipótese de incidência), mesmo que de fato ela exista e seja notória.” (Direito Tributário – Imposto de Renda das Empresas, Atualizado por Rutnéa Navarro Guerreiro e Sérgio Murilo Zalona Latorraca, Editora Atlas, 14ª Edição, São Paulo, 1988, pag. 130) (Grifamos). Da mesma forma, também são as lições de Ricardo Mariz de Oliveira, cuja clareza singular de argumentação, ao abordar, em sua obra, o elemento temporal da hipótese de incidência do IRPJ, tomo emprestado, quando ele assim assevera: “O fato gerador, portanto, considerado como “situação necessária e suficiente à sua ocorrência”, na breve mas precisa dicção do art. 114 do CTN, somente se completa – em fim, somente existe – no encerramento do período-base, pois antes deste evento, não há o fato completo, não há a situação necessária e suficiente, não por uma simples exigência formal, mas, sim, por duas razões reais: - a primeira é que, até o instante final, algo pode vir a mudar a situação patrimonial da pessoa; - a segunda, e principal, é que a situação necessária e suficiente ao nascimento da obrigação tributária é constituída por todo o período de tempo previsto na lei como período-base, de sorte que, enquanto ele não estiver completo e terminado, não há a situação necessária e suficiente.” (Oliveira, Ricardo Mariz de. Fundamentos do Imposto de Renda. São Paulo: Quatier Latin, 2008, pag. 494) (Nossos Grifos) Assim, vê-se que não há como imputar ou exigir qualquer obrigação tributária antes do tempo marcado e fora das condições estabelecidas na lei, sob pena da sua invalidade, tal como, in casu, se pretende fazer ao exigir multa de mora sobre antecipações estimadas do IRPJ ou da CSLL. Destaque-se, também, que os pagamentos feitos com base no regime de cálculo do IRPJ e da CSLL com base na estimativa são feitos em razão de uma opção do contribuinte. Aliás, o artigo 2º, § 3º, da Lei nº 9.430/96, é de clareza meridiana quando diz ser a antecipação uma opção “pelo pagamento do imposto”, o que corrobora a falta da característica compulsória nesta prestação, que é inerente e indissociável da qualidade de tributo. Tais parcelas antecipadas, portanto, não constituem verdadeiros tributos. Tanto isso é verdade que as próprias autoridades administrativas, após o encerramento do ano-calendário, estão proibidas de cobrar tais valores calculados de forma Fl. 153DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 12 estimada, conforme dispõem expressamente os artigos 15, 16 e 49, da Instrução Normativa do SRF n° 93, de 24 de dezembro de 1997, que assim dispõe (in verbis): “Art. 15. O lançamento de ofício, caso a pessoa jurídica tenha optado pelo pagamento do imposto por estimativa, restringir-se- á à multa de ofício sobre os valores não recolhidos. § 1º As infrações relativas às regras de determinação do lucro real, verificadas nos procedimentos de redução ou suspensão do imposto devido em determinado mês, ensejarão a aplicação da multa de que trata o "caput" sobre o valor indevidamente reduzido ou suspenso. § 2º Na falta de atendimento à intimação de que trata o § 2º do artigo anterior, no prazo nela consignado, o Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional procederá à aplicação da multa de que trata o "caput" sobre o valor apurado com base nas regras dos arts. 3º a 6º, ressalvado o disposto no § 3º do artigo anterior. § 3º A não escrituração do livro Diário e do LALUR, até a data fixada para pagamento do imposto do respectivo mês, implicará a desconsideração do balanço ou balancete para efeito da suspensão ou redução de que trata o art. 10, aplicando-se o disposto no § 1º. Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do ano-calendário, o lançamento de ofício abrangerá: I - a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II - o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto. Art. 49. Aplicam-se à contribuição social sobre o lucro líquido as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, observadas as alterações previstas na Lei nº 9.430, de 1996.” Ademais, a estimativa paga se torna, desde o seu pagamento, um crédito do contribuinte a ser utilizado contra o débito apurado em 31 de dezembro, o que só corrobora a assertiva de que as antecipações não são débitos de tributos, mas meros recolhimentos que poderão ser imputados aos débitos se e quando ocorrer o fato gerador no futuro. Tratam-se, portanto, as antecipações de verdadeiros ativos do contribuinte, que serão formados ao longo do ano-calendário, consoante afirma a própria RFB: “Os valores recolhidos com base na estimativa (tanto o IR como a CSLL), que são compensados com o imposto de renda apurado com base no lucro real em 31 de dezembro (e com a CSLL), devem ser contabilizados, durante o curso do ano-calendário, em conta do ativo circulante representativa do valor antecipado (por exemplo na subconta antecipações de imposto de renda).” (Nossos Grifos). Fl. 154DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 74 13 Nesse compasso, não há como imputar ao contribuinte uma mora em razão do ativo constituído fora do prazo ou pelo ativo não constituído. A mora, e com mais razão ainda, a multa de mora, tipificada no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, pressupõem sempre a existência de uma obrigação consubstanciada numa dívida líquida e certa, cujo fato gerador tenha efetivamente ocorrido, o que não se verifica no caso em exame. Ora, é por demais, óbvio que direitos e obrigações não se confundem, mas, ao contrário, são completamente distintos e opostos um ao outro, logo, não faz nenhum sentido imputar a multa de mora sobre um direito, qual seja, o ativo decorrente de um pagamento antecipado, que difere de uma obrigação que só ocorre ao final de cada ano. No caso em tela, onde o regime de apuração do IRPJ e da CSLL foi anual, o fato gerador somente ocorreu ao final do período de apuração do tributo, qual seja, em 31 de dezembro, logo, não há como enquadrar os recolhimentos das suas antecipações no comando contido no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, em face da ausência do fato gerador no curso do ano- calendário quando são exigidas tais antecipações. Ademais, não é razoável aplicar sobre as antecipações estimadas do IRPJ e da CSLL realizadas no âmbito do regime de apuração anual, qualquer multa de mora em razão de eventual atraso no seu recolhimento ou compensação, na medida em que estes são de natureza precária, meramente provisórios, não definitivos, pois a mora somente é imputável às obrigações líquidas e certas não cumpridas no vencimento, nos termos do artigo 397, do Código Civil. Por conseguinte, não se pode aplicar a multa de mora sobre as estimativas mensais sem que haja qualquer disposição legal expressa nesse sentido, em prestígio ao princípio da tipicidade, pois é imprescindível a perfeita adequação entre a descrição contida na lei com a situação do fato concreto, para que aquele fato jurídico produza seus efeitos, o que não se verifica na situação analisada no presente recurso. Do contrário, exigir a multa de mora sobre as estimativas mensais com fundamento no art. 61, da Lei nº 9.430/1996, implica em fazer uma interpretação bem mais abrangente e severa desse dispositivo, visando a abarcar uma situação não contemplada naquela norma, tal como previsto nas disposições preconizadas no art. 112, II do CTN, que prevê, para estes casos, a regra de interpretação que é mais favorável ao contribuinte. De fato, a existência de mais de uma possibilidade de interpretação, “per si”, de uma norma que comina a aplicação de penalidade, como a do art. 61 da Lei nº 9.430/1996, no sentido de incidir ou não multa de mora sobre o pagamento ou compensação das estimativas (apontadas no caso concreto), nos remete às regras de interpretação das normas tributárias previstas no próprio CTN, por força do disposto no seu art. 107, cujas disposições também do seu art. 112, II, determinam a aplicação da regra mais favorável ao acusado (contribuinte), que assim versa: “Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I – (...) Omissis; II - à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; (Nossos Grifos) Fl. 155DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 14 Nesse sentido, leciona Hugo de Brito Machado, que “a regra do art. 112 tem nítida função de tornar efetivo o princípio da legalidade” (Comentários ao Código Tributário Nacional, Vol. II, Ed. Atlas, São Paulo, 2004, pag. 279), fazendo, ainda, referência à José Jayme de Macedo Oliveira, cujo magistério dispõe: “O princípio da legalidade, juntamente com o da tipicidade, vetores mestres da tributação, impõe que qualquer dúvida sobre o perfeito enquadramento do fato à norma, é de ser resolvida em favor do contribuinte”(José Jayme de Macedo Oliveira, Código Tributário Nacional, Saraiva, São Paulo, 1998, pag. 286). (Nossos Grifos). Com efeito, verifica-se que a interpretação de que a penalidade prevista no art. 61 da Lei nº 9.430/1996, pode também ser aplicada sobre as estimativas não recolhidas ou compensadas na época própria, não se coaduna com as regras de interpretação da norma tributária previstas no aduzido dispositivo, por não ser esta a regra mais favorável ao contribuinte, o que não se pode conceber. Por fim, cumpre esclarecer, que a inadimplência das obrigações de antecipar os pagamentos estimados ao longo do ano, no regime de apuração do lucro real anual, não está imune a aplicação de penalidade. Não é isso que se defende, ao contrário, o legislador pode e deve estipular mecanismos para forçar ou, por que não, coagir, o contribuinte a recolher as antecipações no regime em comento nos prazos estipulados pela própria norma. Mas para tanto, poderia estabelecer, por exemplo, a penalidade de exclusão do regime anual para o regime trimestral, ou qualquer outra sanção, mas desde que o faça por meio de norma legal expressa e válida, a qual inexiste no momento. Face ao exposto, em prestígio ao principio da legalidade, perfilo meu entendimento no sentido de que não há qualquer fundamento legal vigente para a exigência da multa moratória sobre as estimativas do IRPJ e da CSLL pagas extemporaneamente no regime de apuração do lucro real anual, razão pela qual, DOU PROVIMENTO ao recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Luciano Inocêncio dos Santos Declaração de Voto Acompanho as conclusões exaradas pelo ilustre conselheiro Dr. Luciano Inocêncio dos Santos, do não cabimento da exigência de ofício da multa de mora, não extinta por ocasião de recolhimento em atraso de tributo, mas por outros fundamentos. Com efeito, por longo tempo perdurou entendimento ao meu ver equivocado, de que seria possível a exigência isolada da multa de mora, nos casos em que o contribuinte por qualquer motivo, recolheu o tributo devido em atraso, desacompanhado da penalidade pecuniária. Fl. 156DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 75 15 O entendimento da Administração Tributária ao pretender dar acolhida à previsão legal contida no art. 43 da Lei n 9.430/96, em analisar o recolhimento efetuado no DARF linha a linha (amortização linear), isto é, considerando isoladamente a linha do tributo, a linha dos juros e a linha da multa, não tem ao meu ver sustentação legal. Conforme foi exposto no bem lançado parecer PGFN CAT n 1.967-2005, onde a douta Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, apreciou a matéria, destaco os seguintes pontos que a meu ver, elucidam bem meu pensamento acerca do assunto: Ementa. Amortização linear. Impossibilidade. No silêncio do art. 163 do Código Tributário Nacional, aplica-se o disposto no art. 167, por analogia e simetria. Quando se trata da imputação do pagamento entre os valores do “principal”, “multa” e “juros”, de um mesmo crédito tributário, a amortização proporcional é a única forma admitida pelo Código Tributário Nacional. (...) 7. Do exposto, à toda evidência, o raciocínio desenvolvido no âmbito da Secretaria da Receita Federal para fundamentar a criação da chamada “Amortização Linear” não resiste a uma interpretação sistemática que leve em consideração o disposto no Código Tributário Nacional, como norma geral em matéria de legislação tributária. (...) 9. No que diz respeito ao artigo 43 da Lei nº 9.430/1996, temos que o objetivo do legislador foi o de permitir o lançamento de ofício de todas as multas (multas de ofício e multas de mora), bem como dos juros de mora, de forma isolada ou conjunta, através da sistemática do chamado –auto de infração sem tributo. É de se observar que, tanto a multa (de ofício ou de mora) quanto os juros não estariam vinculados a um determinado valor de tributo, isto é, ocupariam no DARF o campo do valor principal e sobre eles é que incidiria o percentual de juros de mora previsto no parágrafo unido do art. 43 da Lei nº. 9430/1996. 10. Já o art. 44, I e § 1°, II da Lei nº. 9.430/1996 criou uma nova possibilidade para a Administração Tributária Federal ao determinar o lançamento de multa de ofício isolada decorrente do recolhimento do tributo atrasado sem o pagamento da respectiva multa de mora. Tal lançamento se dá sem o prejuízo do lançamento de forma isolada da multa de mora não paga, na forma do art. 43. Em ambos os casos não haveria vinculação a um determinado valor de tributo, isto é, ambas as multas ocupariam em DARFs distintos o campo do valor principal e sobre esse principal é que incidiria o percentual de juros de mora previsto no parágrafo único do art. 43 da Lei nº. 9430/96. 11. Desse modo, muito embora os artigos 43 e 44 da Lei nº. 9430/96 tenham criado novas práticas para a Administração Tributária Federal, não temos dúvida de que não determinaram o tratamento das três rubricas componentes do DARF (valor principal, multa e juros) como créditos estanques para efeito de imputação de pagamento. Isto porque não se deve confundir a Fl. 157DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 16 rubrica ou campo do DARF ocupado com a natureza do crédito que lá tem lugar. Veja-se que o que a lei determina é que determinados créditos (multas de ofício, multas de mora não pagas, juros de mora não pagos) sejam lançados isoladamente, isto é, sem tributo, mas com a incidência de juros SELIC. Coincidentemente, para que tais créditos sejam lançados de modo isolado, deverão ocupar no DARF a posição de – principal - . Daí decorre que uma mesma rubrica ou campo do DARF pode abrigar créditos de tributos, multa de mora, multa de ofício ou juros de mora. Na prática, é o adjetivo – isolado - , que se opõe ao termo – vinculado -, que determina que certo tipo de crédito ocupará o campo reservado ao valor principal no DARF. Indubitavelmente, tal não implica de modo necessário na adoção de um método de amortização linha a linha do documento de arrecadação. (...) 14. Na esteira da recomendação do uso da analogia como forma primeira de integração, para o caso em apreço, entendemos ser de boa técnica jurídica a utilização do texto do art. 167 da própria norma geral de Direito Tributário, a saber (grifo nosso): (...) 16. Essa mesma constatação foi feita pela Secretaria da Receita Federal através da aprovação da Nota Cosit nº. 106, de 20 de abril de 2004, que também fez considerações ao estudo sob exame, in litteris (grifo nosso): ‘5. Isto posto, cumpre desde logo asseverar que o regramento da imputação de pagamentos a débitos tributários deve ser inicialmente buscado na Lei nr. 5.172/66 – CTN, norma que prevê o pagamento como forma de extinção do crédito tributário (art. 156, inciso I) e que regula esse instituto em seus artigos 157 a 169, os quais correspondem às Seções II e III do Capítulo IV do Título III do Livro Segundo do aludido Código. 6. Mediante leitura dos aludidos dispositivos legais, verifica-se que o CTN não aborda diretamente a questão da imputação do pagamento efetuado pelo sujeito passivo entre as parcelas que compõem o débito tributário (principal, multa e juros moratórios). 7. Em seu art. 163, o CTN apenas determina que a autoridade administrativa competente para receber o pagamento determinará a respectiva imputação, na hipótese de existência simultânea de dois ou mais débitos do sujeito passivo, in verbis: (...) 8. Uma vez que o art. 163 do CTN não fixou regra de precedência entre tributo, multa (de mora ou de ofício) e juros moratórios – parcelas em que se decompõe determinado débito do contribuinte com a Fazenda -, poder-se-ia desde logo inferir, a contrario sensu, que o CTN teria dado idêntico tratamento, no que se refere à imputação de pagamentos, entre referidas exações. 9. Tal entendimento é então ratificado pelo 167 do CTN, que estabelece que a restituição total ou parcial do tributo dá à restituição, na ‘mesma proporção’, dos juros de mora e das penalidades pecuniárias, in verbis: (...). 10. A partir de uma interpretação conjunta dos arts. 163 e 167 do CTN, chega-se a conclusão de que referido Diploma Legal não só estabelece, na imputação de pagamentos pela autoridade administrativa, a inexistência de precessão entre tributo, multa e juros moratórios, como também veda ao próprio sujeito passivo estabelecer precedência de pagamento entre as parcelas que compõem um mesmo débito tributário, ou seja, veda ao sujeito passivo imputar seu pagamento Fl. 158DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Processo nº 10980.014666/2006-14 Acórdão n.º 1803-00.663 S1-TE03 Fl. 76 17 apenas a uma das parcelas que compõem o débito tributário. 10.1 É que somente se pode falar em obrigatória proporcionalidade entre as parcelas que compõem o indébito tributário se houver obrigatória proporcionalidade na imputação do pagamento sobre as parcelas que compõem o débito tributário.’ 17. Com esses argumentos, não nos restam dúvidas de que o método de amortização proporcional é o único atualmente admitido pelo Código Tributário Nacional. 18. Sendo assim, partindo do princípio de que alei não possui palavras inócuas, resta saber, para por termo às dúvidas levantadas pelo estudo elaborado pela SRF, em que hipóteses se efetivam as previsões do lançamento dos juros de mora isolados (art. 43 da Lei nº. 9.430/96) e do lançamento da multa de ofício isolada decorrente do recolhimento do tributo atrasado sem o pagamento da respectiva multa de mora (art. 44, I e § 1, II da Lei nº. 9430/96). Resolvidas essas controvérsias, também consideramos por conseqüência resolvida a questão do lançamento conjunto das respectivas parcelas. 19. Para respondermos a essas questões devemos abandonar a seara administrativa e adentrar ao campo judicial, onde o crédito tributário, como um todo ou isoladamente em suas rubricas (tributo, multa, juros), pode ser impugnado. Hipoteticamente, qualquer contribuinte pode conseguir uma ordem judicial preventiva ou repressiva que, sob a pecha de ilegalidade ou inconstitucionalidade da exação, lhe permita não recolher determinada rubrica. 20. Desse modo, a realização do lançamento de é possível quando determinado contribuinte consegue ordem judicial para impedir a formação do seu crédito tributário com essa rubrica. O crédito vem a ser constituído, pago e extinto sem taxa de juros e, ao final do julgamento, decide-se que os juros eram sim devidos. Não resta alternativa ao órgão lançador que não lançar os juros isoladamente. Da mesma maneira ocorre quando o devedor consegue uma ordem judicial prévia para que não seja constituído o crédito tributário com a respectiva multa de mora e aquele vem a ser extinto por pagamento, decidindo-se, ao final do julgamento, que a multa era devida ab ovo. Neste caso, será lançada a multa de ofício isolada prevista no art. 44, I da Lei nº. 9430/96. Outra hipótese seria a obtenção pelo devedor de uma ordem judicial preventiva para o não recolhimento da multa de mora que, ao final da demanda, vem a ser revogada, ensejando o recolhimento da multa de mora em determinado prazo. O devedor, não o fazendo, estará sujeito à multa de ofício isolada de que trata o art. 44, I da Lei nº 9430/96. 26. Ante o exposto, tendo em vista que a adoção do “sistema de amortização linear” não encontra respaldo na legislação citada, que o “sistema de amortização proporcional” é o único admitido pelo Código Tributário Nacional, que a própria Secretaria da Receita Federal (Nota Cosit nº. 106, de 20 de abril de 2004) já se pronunciou nesse sentido e que os créditos tributários submetidos ao método da “amortização linear” carecem de Fl. 159DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH 18 liquidez e certeza, entendemos que todos os créditos tributários submetidos ao método de “amortização linear” deverão ter a inscrição em Dívida Ativa da União negada ou, caso já realizada, anulada e serem devolvidos para a Secretaria da Receita Federal, acompanhados de cópia deste parecer. Diante do exposto, comungo do entendimento de que as multas isoladas de ofício (75% reduzidas para 50%), previstas no art. 44, I, § 1°, inciso II da Lei n° 9.430/96, foram anistiadas ante o princípio da retroatividade benigna contido no art. 106, II do CTN, em virtude da revogação do dispositivo pelas Medidas Provisórias 303-2006 e 351-2007. Já as multas de mora exigidas isoladamente em lançamento de ofício, devem ser canceladas por evidente ofensa às disposições contidas no Código Tributário Nacional que repelem a denominada “amortização linear”, acolhendo somente o método de “amortização proporcional” para exigência de diferenças havidas por recolhimento a menor de tributos federais em atraso. Destarte, considero que a imputação proporcional é a única forma de se dar pleno atendimento à interpretação harmônica das regras contidas no Código Tributário Nacional nos casos de recolhimento de tributo em atraso, realizado com insuficiência em virtude da incidência dos acréscimos legais de juros e/ou multa de mora. Assim, nos casos de recolhimento de tributo em atraso, deve ser considerado o recolhimento como um todo, aplicando-se a imputação proporcional, restando descabida a cobrança isolada de multa de mora. É como voto. (assinado digitalmente) Walter Adolfo Maresch Fl. 160DF CARF MF Emitido em 04/02/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH Assinado digitalmente em 04/02/2011 por SELENE FERREIRA DE MORAES, 31/01/2011 por LUCIANO INOCENCIO DOS SANTOS, 28/01/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 28/01/2011 por WALTER ADOLFO MARESCH
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Numero do processo: 10280.723046/2014-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Nov 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Exercício: 2012
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS.
Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
NECESSIDADE DE PROVAR AS ORIGENS DOS RECURSOS.
Por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar individualizadamente as origens dos valores que lhe forem creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE ORIGEM EM RAZÃO DE ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DE RESULTADO TRIBUÁVEL DA ATIVIDADE RURAL. POSSIBILIDADE.
Uma vez comprovada a origem de parte dos recursos relativos a valores creditados em conta-corrente do contribuinte, o lançamento deve ser ajustado com a exclusão dos respectivos depósitos ou com a apuração de novo resultado tributável. Não havendo ilegalidade na apuração do resultado da atividade rural realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-003.587
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Martin da Silva Gesto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
Nome do relator: MARTIN DA SILVA GESTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 2012 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do ano-calendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. NECESSIDADE DE PROVAR AS ORIGENS DOS RECURSOS. Por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar individualizadamente as origens dos valores que lhe forem creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE ORIGEM EM RAZÃO DE ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DE RESULTADO TRIBUÁVEL DA ATIVIDADE RURAL. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada a origem de parte dos recursos relativos a valores creditados em conta-corrente do contribuinte, o lançamento deve ser ajustado com a exclusão dos respectivos depósitos ou com a apuração de novo resultado tributável. Não havendo ilegalidade na apuração do resultado da atividade rural realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado).
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FALTA DE COMPROVAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir do anocalendário 1997, a Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. NECESSIDADE DE PROVAR AS ORIGENS DOS RECURSOS. Por força de presunção legal, cabe ao contribuinte o ônus de provar individualizadamente as origens dos valores que lhe forem creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. COMPROVAÇÃO PARCIAL DE ORIGEM EM RAZÃO DE ATIVIDADE RURAL. APURAÇÃO DE RESULTADO TRIBUÁVEL DA ATIVIDADE RURAL. POSSIBILIDADE. Uma vez comprovada a origem de parte dos recursos relativos a valores creditados em contacorrente do contribuinte, o lançamento deve ser ajustado com a exclusão dos respectivos depósitos ou com a apuração de novo resultado tributável. Não havendo ilegalidade na apuração do resultado da atividade rural realizado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 30 46 /2 01 4- 69 Fl. 755DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 756 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Martin da Silva Gesto, Márcio Henrique Sales Parada, Rosemary Figueiroa Augusto, Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Corrêa (Suplente Convocado). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos do processo nº 10280.723046/201469, em face do acórdão nº 1276.927, julgado pela 19ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (DRJ/RJO) no qual os membros daquele colegiado entenderam por julgar procedente em parte a impugnação apresentada pelo contribuinte. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ de origem, que assim os relatou: Tratase de Auto de Infração (fls. 94/98) em nome do sujeito passivo em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2012 (fls. 100/112). A autoridade lançadora apurou a infração de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, no valor total de R$ 2.081.741,32 ao longo do anocalendário 2011, em relação aos quais o Interessado, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. No Relatório Fiscal de fls. 113/114, a autoridade lançadora narrou, em síntese, os seguintes fatos: a) em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, o Interessado apresentou os extratos bancários do Bradesco e do Banco do Brasil; Fl. 756DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 757 3 b) em 04/12/2014, foi solicitado ao Interessado que fosse esclarecida a origem dos créditos bancários relacionados, dos quais foram excluídos os valores que não tinham característica de receita, tais como estornos bancários, cheques devolvidos, entre outros; c) o Interessado alegou que a maioria dos depósitos corresponde a receitas da atividade rural e parte do valor vem da venda de uma fazenda no anocalendário 2009, mas não juntou qualquer documento que desse respaldo às suas afirmativas; e d) a não comprovação da origem dos créditos de suas contas bancárias corresponde à diferença não declarada. Em virtude deste lançamento, apurouse IRPF suplementar de R$ 563.791,41, multa de ofício de R$ 422.843,56, além de juros de mora de R$ 131.701,67 (calculados até dezembro de 2014). Com a ciência pessoal do Auto de Infração em 26/12/2014 (fls. 115/116), o Interessado apresentou impugnação (fls. 117/128) em 26/01/2015, alegando, em síntese, que: a) a fiscalização deduziu apenas parte dos cheques devolvidos pelas câmaras de compensação bancária e não deduziu os rendimentos declarados, os resgates de aplicações comprovadamente existentes nos extratos bancários e nem as transferências entre contas com a mesma titularidade; b) por manter a atividade de agricultor e pecuarista durante o anocalendário 2011, escriturou Livro Caixa, no qual registrou, além das vendas de gado já declaradas, as vendas realizadas do produto açaí com documentos denominados de “Notas Promissórias Rurais”; c) apresenta as planilhas de fls. 129/142, que discriminam mês a mês a origem dos depósitos; e d) ao longo do ano recebeu aluguéis de pessoas físicas, valor este declarado com desconto da comissão paga ao administrador do imóvel. A DRJ de origem entendeu pela procedência em parte da impugnação apresentada pelo contribuinte. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 734/737, onde alega que a DRJ ao entender como comprovado os depósitos no valor de R$ 998.833,91, não poderia ter lançado tais valores como decorrentes de atividade rural, realizando a apuração do resultado da atividade rural, encontrando um "resultado tributável" no valor de R$ 219.338,78. Alega também o contribuinte que fez depósitos com recursos próprios, decorrente de uma venda de área de terras no ano de 2009 no valor de R$ 2.295.500,00, referindo que declarou tal valor naquele anocalendário (2011), com pagamento de imposto sobre ganho de capital. Sustenta, também, que recebeu transferências de pessoas ligadas a ele, razão pela qual requer seja afastado o lançamento. Fl. 757DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 758 4 Por fim, apresenta em anexo ao recurso voluntário os documentos de fls. 740/751: · DARF paga no valor de R$ 84.278,02 (pagamento em 28/08/2009), em fl. 740; · DARF paga no valor de R$ 76.266,28 (pagamento em 30/06/2009), em fl. 741; · DARF paga no valor de R$ 68.770,32 (pagamento em 29/05/2009), em fls. 742/743; · Demonstrativo de apuração dos ganho de capital anocalendário 2009, em fls. 744/747; · Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Rural, de 29.06.2009, em fl. 748/750; · Recibo de pagamento, de 03.07.2009, em fl. 751. É o relatório. Voto Conselheiro Martin da Silva Gesto Relator O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da apuração do resultado da atividade rural No presente caso, entendeu a DRJ de origem que ficou comprovada como receita bruta não declarada da atividade rural a origem de parte dos depósitos lançados, conforme valores mensais abaixo descritos: Faz parte do procedimento de verificação de depósitos bancários não apenas a mera identificação da origem em si dos créditos, mas também, complementarmente, a Fl. 758DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 759 5 verificação se tais valores correspondem a rendimentos tributáveis e, em caso positivo, se foram devidamente declarados como tais na DIRPF. Caso a origem dos depósitos acima listados fosse comprovada satisfatoriamente durante o procedimento fiscal, caberia à autoridade lançadora a apuração do resultado da atividade rural, efetuando, em consequência, o lançamento da infração de omissão de acordo com a natureza do rendimento em questão, e não mais como a presunção legal prevista no art. 42 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Uma vez que a identificação satisfatória da origem dos depósitos foi realizada apenas em sede de impugnação contra o lançamento, para afastar definitivamente a presunção legal em questão, o Interessado deveria ter comprovado também que efetivamente declarou tal receita bruta em sua DIRPF/2012. Ocorre que o Interessado reconheceu em sua impugnação que os valores decorrentes de vendas do produto açaí, que é o caso de todas as notas promissórias rurais acima listadas, não foram declarados originalmente como receita bruta em sua DIRPF/2012. Assim, como os depósitos acima listados correspondem à receita bruta não declarada na DIRPF/2012, a apuração do resultado da atividade rural deve ser realizada no presente voto, uma vez estar concretizada a presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O resultado da atividade rural do Interessado no anocalendário 2011 ficou assim apurado: Com base no princípio da livre formação de convicção da autoridade julgadora (art. 29 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972), estando correto a retificação da base de cálculo do tributo, face as informações apresentadas pelo contribuinte, de modo que seja considerado como resultado tributável de R$ 219.338,78 a título de atividade rural. A DRJ de origem, ao assim proceder, não cometeu ilegalidade ou realizou inovação no lançamento. Tão somente foi ajustado o lançamento diante das informações prestadas pelo contribuinte em impugnação. Se o contribuinte tivesse informado a fiscalização no momento adequado, não teria sido necessário que a DRJ realizasse o referido ajuste. Depósitos com recursos próprios O recorrente não apresenta documento algum que comprove ter ele próprio realizado estes depósitos (comprovantes de depósitos em seu nome, comprovação da origem destes recursos, etc.). O Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, assim dispõe sobre a impugnação: Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 760 6 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. As alegações desprovidas de meios de prova que as justifiquem não podem prosperar, visto que é assente em Direito que alegar e não provar é o mesmo que não alegar. Conforme preceitua o art. 15 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, a impugnação deve ser formalizada por escrito e instruída com os documentos que fundamentem os argumentos de defesa. Portanto, as alegações desacompanhadas de documentos comprobatórios, quando esse for o meio pelo qual sejam provados os fatos alegados, não são eficazes. Ressaltese, ainda, que não foram localizadas nos extratos do Banco do Brasil e do Bradesco movimentações bancárias compatíveis em datas e valores que pudessem justificar uma transferência entre contas da mesma titularidade. Por fim, quanto aos documentos anexados ao recurso voluntário de fls. 740/751, quais sejam, DARF paga no valor de R$ 84.278,02 (pagamento em 28/08/2009), em fl. 740; DARF paga no valor de R$ 76.266,28 (pagamento em 30/06/2009), em fl. 741; DARF paga no valor de R$ 68.770,32 (pagamento em 29/05/2009), em fls. 742/743; Demonstrativo de apuração dos ganho de capital anocalendário 2009, em fls. 744/747; Instrumento Particular de Compra e Venda de Imóvel Rural, de 29.06.2009, em fl. 748/750; Recibo de pagamento, de 03.07.2009, em fl. 751, entendo que estes não provam a origem de qualquer depósito bancário de origem não comprovada no anocalendário 2011, em razão deles, embora tenha sido apresentados em fase recursal, eles se referem ao anocalendário 2009. Ou seja, o contribuinte, ainda que não refira isso expressamente, sustenta que os valores que ele recebeu em 2009 somente foram depositados na sua conta bancária em 2011. Tal operação é desprovida de qualquer prova, sendo que este ônus incumbia ao contribuinte. Fl. 760DF CARF MF Processo nº 10280.723046/201469 Acórdão n.º 2202003.587 S2C2T2 Fl. 761 7 Desta forma, fica mantida a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Transferências de Pessoas Ligadas O contribuinte alega que os dois depósitos abaixo listados foram realizados pela pessoa jurídica Mendonça Castro & Cia Ltda., que teria sua filha no quadro societário, e por seu filho Gino Melazzo Mendonça: Apesar de o extrato bancário do Bradesco comprovar que os depósitos realmente foram realizados pelas pessoas indicadas, tal informação por si só não é suficiente para afastar a presunção legal de omissão de rendimentos. Ocorre que faz parte do procedimento de verificação de depósitos bancários não apenas a mera identificação da origem em si dos créditos, mas também, complementarmente, a verificação se tais valores correspondem a rendimentos tributáveis e, em caso positivo, se foram devidamente declarados como tais na DIRPF. O contribuintenão apresenta documento algum que explique a que título estas transferências foram realizadas, não permitindo, assim, que seja identificada a natureza tributária destes valores depositados. Assim, fica mantida a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada no valor de R$ 3.740,00 (art. 42 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996). Desta forma, fica mantida a presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Conclusão. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator Fl. 761DF CARF MF
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Numero do processo: 13817.000216/2002-92
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002
EMBARGOS. ERRO DE ESCRITA. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA.
Devem ser acolhidos os Embargos quando demonstrada ocorrência de erro de escrita ou lapso manifesto.
Embargos Acolhidos
Acórdão Retificado
Numero da decisão: 3302-003.377
Decisão: Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos, para retificar o Acórdão Embargado.
(assinatura digital)
Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Linhares e Walker Araújo.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 EMBARGOS. ERRO DE ESCRITA. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA. Devem ser acolhidos os Embargos quando demonstrada ocorrência de erro de escrita ou lapso manifesto. Embargos Acolhidos Acórdão Retificado
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decisao_txt : Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos, para retificar o Acórdão Embargado. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Linhares e Walker Araújo.
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ERRO DE ESCRITA. LAPSO MANIFESTO. OCORRÊNCIA. Devem ser acolhidos os Embargos quando demonstrada ocorrência de erro de escrita ou lapso manifesto. Embargos Acolhidos Acórdão Retificado Acórdão os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos, para retificar o Acórdão Embargado. (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa – Presidente e Relator Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, Domingos de Sá, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Linhares e Walker Araújo. Relatório A Embargante em epígrafe interpõe Embargos de Declaração ao Acórdão 3102002.360, de 29/01/2015, que, à época, recebeu a seguinte ementa. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 7. 00 02 16 /2 00 2- 92 Fl. 509DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 186 2 CRÉDITOS DO CONTRIBUINTE. COMPENSAÇÃO. DÉBITOS DE OUTRO ESTABELECIMENTO. MESMA PESSOA JURÍDICA. POSSIBILIDADE. A autonomia dos estabelecimentos é um critério basilar do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI; todavia, uma vez que a legislação autorize a compensação dos créditos do estabelecimento com os débitos da pessoa jurídica, não há que se falar em compensação com créditos de terceiros. SALDO CREDOR ACUMULADO. UTILIZAÇÃO. PERÍODO DE APURAÇÃO. IRRELEVÂNCIA. Por força de Lei, o saldo credor do IPI acumulado em cada trimestre calendário, que o contribuinte não puder compensar com o Imposto devido na saída de outros produtos, pode ser utilizado na restituição ou compensação com débitos próprios de outros tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. O saldo credor de cada trimestrecalendário é calculado com base no saldo inicial do período, somado aos créditos e subtraído dos débitos contabilizados. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 JULGAMENTO. FUNDAMENTAÇÃO. MATÉRIA IMPUGNADA. RECURSO. EFEITO DEVOLUTIVO. A impugnação e o recurso voluntário devolvem ao tribunal administrativo competente para proferir a decisão o conhecimento da matéria em litígio, devendo ser apreciadas e julgadas todas as questões suscitadas e discutidas no processo, independentemente das razões que nortearam a decisão contestada. Os fundamentos e motivos da decisão a quo não fazem coisa julgada. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. LEI NOVA. NATUREZA PROCEDIMENTAL. FATOS ANTERIORES. APLICAÇÃO. POSSIBILIDADE. A lei de natureza procedimental aplicase desde logo aos processos pendentes de julgamento, ainda que neles se discutam fatos definitivamente constituídos em data anterior à vigência da lei. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte O Relatório que fundamentou o Acórdão pelo presente embargado teve o seguinte teor. Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório que embasou a decisão de primeira instância, que passo a transcrever. Tratase de Pedido de Ressarcimento de Créditos de IPI que se refere ao saldo credor do artigo 11 da Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, combinado com saídas com suspensão do IPI de que dispõe a Instrução Normativa SRF nº Fl. 510DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 187 3 113/99, no montante de R$ 454.501,78, respeitante ao 1º trimestrecalendário de 2002. As compensações estão nos processos apensados nº 10805.001776/200477 e nº 13654.000150/200241. O Termo de Verificação Fiscal, lavrado em 12/11/2007, assim dispõe sobre o processo em questão: “(...) a) Verificação da correta instrução dos processos e autenticidade dos documentos juntados pelo interessado Inicialmente queremos destacar que os créditos de IPI a serem analisados, relativos aos processos acima citados, têm por fundamento legal a restituição do saldo credor do IPI permitida pelo artigo 11 da Lei No 9.779, de 19 de janeiro de 1999, originados pela saída do estabelecimento industrial, com suspensão de IPI, de produtos fabricados destinados à montagem de veículos automotores (TIPI 8701 a 8705), de acordo com o artigo 5° da Lei No 9.826, de 23 de agosto de 1999, e Instrução Normativa IN SRF No 113, de 14 de setembro de 1999, c/c a saída de produtos fabricados destinados à exportação, que possuem imunidade de acordo com o artigo 18, inciso II, do RIPI/98. (...) b) Verificação da legitimidade dos saldos escriturados b.3) Constatamos que o valor de R$ 454.501,78, relativo ao Pedido de Ressarcimento solicitado pelo fiscalizado através do processo n° 13817.000216/200292, referente ao 1° trimestre calendário do ano de 2002, referese ao saldo credor do IPI escriturado em 31/03/2002 em seu livro de Registro de Apuração do IPI. Ocorre que no inicio do 1 ° trimestre calendário do ano de 2002 o saldo credor do fiscalizado relativo ao período anterior era de R$ 96.789,44. Desta forma, concluímos que o saldo credor do IPI do fiscalizado, relativo ao 1º trimestre calendário do ano de 2002, a ser analisado é de R$ 357.712,34, correspondente ao saldo credor em 31/03/2002 (R$ 454.501,78) menos o saldo credor em 31/12/2001 (R$ 96.789,44), e não R$ 454.501,78 conforme solicitado pelo mesmo. (...) 3. CONCLUSÃO Após todas as verificações por nós realizadas, anteriormente descritas, e todas as conferências feitas, de acordo com a Comunicação de Serviço n° 10805/001/2000, Ordem de Serviço DRF/SAE No 1, de 12 de maio de 2004, e Ordem de Serviço SRRF08, No 008, de 13 de setembro de 2005, concluímos que o contribuinte em tela faz jus aos valores de ressarcimento abaixo discriminados: (...) • 1 ° trimestre calendário do ano de 2002 Valor do ressarcimento de IPI solicitado: R$ 454.501,78 Processo Administrativo Fiscal N ° 13817.000216/200292 Fl. 511DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 188 4 Crédito a ser glosado conforme descrito no item 2.b.3) e planilha anexa citada no item 2.i) deste Termo = R$ 96.789,44 Valor passível de ressarcimento = R$ 357.712,34” (g.m.) O Despacho Decisório, de 27/11/2007, exarado no âmbito da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Santo André, SP, ratificou a glosa proposta no relatório fiscal e no parecer do ato decisório, com o reconhecimento do direito creditório no importe de R$ 357.712,34 e a homologação das compensações declaradas no processo em apenso até o limite do direito creditório reconhecido. A ciência da interessada, conforme AR nos autos, é de 25/02/2008. Insatisfeita com a decisão administrativa, a interessada ofereceu, em 20/03/2008, manifestação de inconformidade subscrita pelos respectivos patronos da pessoa jurídica, devidamente constituídos por instrumento legal presente nos autos, em que aduz, em síntese, que, em caráter preliminar, houve a decadência do direito de lançamento do crédito tributário referente aos pedidos de compensação efetuados, nos termos da Lei nº 9.430, de 1996, art. 74, § 5º: “Com efeito, referidos pedidos de compensação se deram em 14/05/2002 (R$ 214.746,45); em 15/05 12002 (R$ 1.315,46); em 20/05/2002 (R$ 63.336,27); em 28/05/2002 (R$ 114.011,48) e em 10/06/2002 (R$ 61.092,12) ou seja, quase 06 (seis) anos antes da prolação do Despacho Decisório ora impugnado.”; tratandose de pedidos de compensação convertidos em declarações de compensação, o prazo de 5 anos para homologação tácita é contado desde a data de protocolo dos pedidos, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, art. 70; tudo conforme vários precedentes administrativos; no mérito, contesta o valor concedido porque o que foi pleiteado (R$ 454.501,78) tem por base o saldo credor acumulado de períodos anteriores; faz um histórico da legislação que trata do ressarcimento de créditos de IPI no caso de saídas com suspensão do imposto, a partir da Lei nº 9.779/99, art. 11, sendo inexistente dispositivo legal que vede o ressarcimento de crédito da maneira como feita pela requerente à época (17/04/2002). Por fim, requer que seja reconhecida a decadência do direito de constituição do crédito tributário relativo às compensações efetuadas tendo em vista o transcurso de quase 6 (seis) anos entre as datas de protocolo dos pedidos de compensação e a data da ciência do Despacho Decisório guerreado; no mérito, que haja o reconhecimento do direito creditório e a homologação das compensações informadas no processo nº 10805.001776/200477 e nº 13654.000150/200241. Assim a Delegacia da Receita Federal de Julgamento sintetizou, na ementa correspondente, a decisão proferida. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2002 a 31/03/2002 PEDIDO DE RESSARCIMENTO. SALDO CREDOR. FORMA DE APURAÇÃO. Somente os créditos escriturados no trimestrecalendário dão azo a ressarcimento. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DE TERCEIROS. VEDAÇÃO. Fl. 512DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 189 5 Reputase como não declarada a compensação de débitos com créditos de terceiros em virtude de vedação normativa. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DE ESTABELECIMENTOS. VIOLAÇÃO. A compensação de débito de um estabelecimento filial com crédito de outro estabelecimento filial da mesma empresa configura transferência de crédito escritural e representa uma violação do princípio da autonomia dos estabelecimentos do IPI. Insatisfeita com a decisão de primeira instância, a empresa apresenta Recurso Voluntário a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Desde logo, aponta para irregularidade cometida pela decisão recorrida que, segundo entende, incorreu em reformatio in pejus ao considerar não declarados os pedidos de compensação feitos com créditos de terceiros. Que não utilizou créditos de terceiros, mas de um dos estabelecimentos da empresa, e que o procedimento, à época, não era vedado, tal como decidido na Solução de Consulta nº 42, de 19 de março de 2001. Ainda a esse respeito, que pedidos de compensação com créditos de terceiros e outros passaram a ser considerados compensação não declarados apenas a partir da Lei 11.051/04, definição, portanto, introduzida em data posterior aos pedidos de que aqui se fala. Por força dessas circunstâncias, uma vez que não tenha utilizado créditos de terceiros e que suas compensações não podem ser consideradas não declaradas, requer o reconhecimento da decadência de todas as compensações realizadas nos autos dos PTAs nºs 10805.001776/200477 e 13654.000150/200241. Que antes da Instrução de Normativa SRF nº 728/07, que incluiu o § 7º no artigo 16 da Instrução Normativa SRF nº 600/05, não havia qualquer proibição normativa à utilização dos créditos de IPI apurados nos termo da Lei nº 9.779/99 em período diverso do que foi escriturado, assunto sobre o qual manifestouse a Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do Acórdão nº 202131.015. Os Embargos de Declaração interpostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional foram submetidos à apreciação do Conselheiro José Fernandes do Nascimento, que teceu as seguintes considerações. Tempestivamente, em 16/3/2015, a embargante apresentou os embargos de declaração de fls. 492/495, em que alegou contradição entre o resultado do julgamento mencionado no final dos enunciados das ementas (“Recurso Voluntário Provido em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte”), e o consignado na conclusão ou parte dispositiva do julgado embargado, que ficou assim redigido, in verbis: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e Votos que integram o presente julgado. No caso em tela, ao contrário do que alegou à recorrente, não se vislumbra qualquer contradição entre a questionada decisão e seus fundamentos, requisito necessário para admissibilidade dos embargos de declaração, conforme explicitado Fl. 513DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 190 6 no caput do art. 65 do Anexo II da Portaria MF 256/2009 (RICARF), a seguir transcrito: (...) Da leitura do dispositivo da decisão em cotejo com os fundamentos e conclusões consignados no voto condutor do julgado, observase perfeita consonância. Entretanto, da simples leitura da redação do destacado fragmento final dos enunciados das ementas, anteriormente transcritas, em confronto com teor da redação do dispositivo do acórdão embargado e os fundamento e conclusão explicitada no voto condutor do citado julgado, constatase evidente erro escrita. Expõe em análise a legislação de regência, pra então concluir. Dessa forma, uma vez demonstrada a existência do referido erro de escrita, deve ser procedida a correção mediante a edição de novo acórdão. É o Relatório. Voto Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento dos Embargos de Declaração. Com efeito, a contradição identifica pela Embargante nas disposições do acórdão não passam de mera imprecisão material devida a lapso manifesto ou erro de escrita. Como fica claro na parte final do voto, foi dado provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Os três itens que seguem retratam o pedido em sua completude. No mérito, ele foi integralmente provido, apenas as preliminares não foram acatadas. Sem adentrar à legalidade dos Atos que tenham por ventura inibido o direito previsto em Lei, na medida em que as compensações em epígrafe foram protocoladas em data anterior à vedação determinada pelos Atos Normativos expedidos pelo Fisco, VOTO por dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer (i) o direito de uso do saldo credor acumulado em decorrência da transferência de saldo de outros períodos; (ii) o direito de utilização de créditos de outro estabelecimento na compensação de tributos da pessoa jurídica administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil ou para ressarcimento e (iii) a homologação tácita dos Pedidos de Compensação protocolados em data anterior a 25 de fevereiro de 2003. Com base nisso, VOTO pela retificação do teor da ementa, conforme segue. Onde consta, abaixo da ementa, Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Passa a constar: Fl. 514DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA Processo nº 13817.000216/200292 Acórdão n.º 3302003.377 S3C3T2 Fl. 191 7 Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido (assinatura digital) Ricardo Paulo Rosa Relator Fl. 515DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por RICARDO PAULO ROSA, Assinado digitalmente em 14/10/2016 p or RICARDO PAULO ROSA
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