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Numero do processo: 19515.001290/2009-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL.
A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional.
Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento.
IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF.
Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF.
Numero da decisão: 2201-003.338
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 17/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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IRRF. INOCORRÊNCIA DE SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS FÍSICAS. ERRO NA ALÍQUOTA NÃO CORRIGIDO PELO FISCO. VÍCIO MATERIAL. A determinação da alíquota é requisito do lançamento tributário integrando o cálculo do tributo devido, nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Em razão da distinção entre as alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, tendo em vista o vício material do lançamento. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTO. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE DARF. Extinção do crédito tributário pelo pagamento demonstrado por meio de DARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Realizou sustentação oral, pelo Contribuinte o Dr. Paulo Cesar França da Silva, OAB/SP 22.772/PE. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 12 90 /2 00 9- 83 Fl. 5312DF CARF MF 2 Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 17/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos do Alberto do Amaral Azeredo, José Alfredo Duarte Filho (Suplente convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos Cesar Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: O interessado foi autuado no IRRF, em 27/04/2009, em relação ao período de 01/2004 a 12/2007, em razão de diferenças entre os valores escriturados e os valores declarados e/ou pagos de IRRF, tendo sido exigido um crédito tributário total de R$ 2.337. 305, 81, incluindo imposto, multa de ofício de 150 % e juros de mora calculados até 31/03/2009 (fls. 292 a 332). 2. Em 27/04/2009, a DEFIC/SP lavrou Termo de Sujeição Passiva Solidária TSPS n° 1, relacionando como Sujeitos Passivos Solidários Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 264 e 265), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 267 e 268), Walter da. Silva Vieira Filho (fls. 271 e 272), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 275 e 276) e Márcia D. Assunção Vieira (fls. 279 e 280). 2.1. Referidos termos informam que: "... constatamos , nos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, que o Sujeito Passivo reteve o Imposto de Renda na Fonte sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício e não recolheu à Fazenda Nacional. Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124 da Lei n° 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional)..." 2.2. Na mesma data, a DEFIC/SP lavrou Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 282 a 291), que assim descreve, resumidamente. 2.2.1. Constatamos, ao procedermos a auditoria Verificações Preliminares, anoscalendário (AC) 2004, 2005, 2006 e 2007, a escrituração de retenção do Imposto de Renda na Fonte (IRRF) sob os códigos 0561 Rendimento de Trabalho Assalariado e 0588 Rendimento Trabalho sem Vínculo Empregatício, como demonstrado a seguir. Fl. 5313DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 3 3 I IMPOSTO RETIDO NA FONTE E NÃO RECOLHIDO A DOS FATOS 2.2.2. O Sujeito Passivo, nos AC de 2004 a 2007, reteve o IRRF nos códigos 0561 e 0588 informados nos demonstrativos de fls. 233/245, em resposta ao Temo Intimação Fiscal (TIF), lavrado em 18/11/2008 (ciência em 21/11/2008; fls. 203/231). 2.2.3. Após exames nos sistemas Sinal e DCTF, constatamos que muitos valores não foram recolhidos, apesar de registrados contabilmente. 2.2.4. Novamente elaboramos planilhas dos valores não localizados nos sistemas da RFB e intimamos o contribuinte, TIF lavrado em 02/12/2008 (ciência em 04/12/2008; fls. 246/252). 2.2.5. Como o Sujeito Passivo ficou silente dentro do prazo legal, novamente foi intimado por meio de TIF, lavrado em 20/01/2009 (ciência em 22/01/2009; fls. 255/256). 2.2.6. O contribuinte não se manifestou sobre as duas intimações, ficando sujeito às penalidades legais pela retenção e não recolhimento. Para melhor visualização da base tributável, estamos inserindo nas folhas seguintes os valores retidos e não recolhidos. 2.2.7. Do exposto, estamos constituindo o crédito tributário sobre as diferenças apuradas que ficará demonstrado à saciedade quando do direito. B DO DIREITO 2.2.8. A empresa em questão, ao pagar ou creditar os rendimentos das pessoas físicas sobre as rubricas dos códigos 0561 e 0588, descontou dos beneficiários dos rendimentos e não comprovou o recolhimento aos cofres públicos. 2.2.9. Conforme legislação, toda obrigação tributária tem sujeito passivo. E, às vezes, ele repassa a terceiros os tributos, mas figura na relação tributária. Ao reter o tributo, como responsável, fica obrigado a recolhêlos. O fato de deixar de fazêlo, no prazo legal, constitui a ação física do delito, conforme legislação penal transcrita. 2.2.10. No caso sob análise, ocorreu fraude ao fisco, caracterizada pela apropriação indevida (indébita) mediante retenção e não recolhimento, até o termo fatal. Do exposto, estamos exigindo os valores retidos e não recolhidos, com multa de 150%, conforme previsto na legislação de regência. II DO ENQUADRAMENTO LEGAL 2.2.11. O contribuinte infringiu aos artigos Io , 2o , 3 o e 7o , incisos I e II, § 1°, da Lei n° 7.713/88 e ao artigo 2 o da Lei n° 8.134/90, c/c os artigos 620, 624, 628, 631, 632, 646 e 841 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR), aprovado pelo Decreto Fl. 5314DF CARF MF 4 n° 3.000/99, art. 77, inciso II, do DecretoLei n° 5.844/43 e art. 149 da Lei n° 5.172/66. III DO ENCERRAMENTO 2.2.12. Do que, para constar e surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo em três vias, (...). 3. Foi formalizado processo relativo a "Representação Fiscal para Fins Penais", que levou o número 19515.001267/200999. 3.1. Foi também lavrado Termo de Arrolamento de Bens e Direitos, conforme fls. 333 e 334. 4. O contribuinte foi cientificado do teor do referido Auto de Infração em 27/04/2009 (fl. 332), dele discordando, em 27/05/2009, por meio de seu representante legal (fls. 349 a 365), impugnouo (fls. 343 a 349), acostando documentos (fls. 258 a 1.405), alegando, em síntese, que: DO AUTO DE INFRAÇÃO 4.1. Como se verá, a fiscalização incorreu em diversos erros no auto de infração, que resultaram na exigência de tributo absolutamente ilegal. Os equívocos aqui tratados podem ser resumidos nos seguintes itens, adiante expostos individualmente: (i) apontamento de serviços prestados por pessoas físicas, uma vez que a impugnante tomou serviços de pessoas jurídicas; (ii) desconsideração de recolhimentos realizados pela impugnante em suas épocas próprias, apesar de devidamente informados em DCTF. II SERVIÇOS PRESTADOS POR PESSOAS JURÍDICAS 4.2. Os serviços apontados na planilha do auto de infração (fls. 284 e ss.) foram executados por pessoas jurídicas (cód. Tributo 1708), conforme DARFs e planilhas em anexo, que demonstram inequivocamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos de IRRF realizados pela impugnante. 4.3. O livro razão demonstra que os valores utilizados pelo auto de infração não foram prestados por pessoas físicas (doe. 03). Houve erro da fiscalização em decorrência de resposta encaminhada pela impugnante, onde apontado que os referidos serviços haviam sido prestados por pessoas físicas, quando, em verdade, o foram por pessoas jurídicas. Tal equívoco fez com que a fiscalização não considerasse os recolhimentos realizados pela impugnante. III RECOLHIMENTOS REALIZADOS PELA IMPUGNANTE 4.4. A fiscalização deixou de observar recolhimentos realizados pela impugnante relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado (cód. 0561). Os DARF em anexo comprovam o recolhimento, em época própria, dos tributos exigidos pelo auto de infração. (doc. 02), assim como esses pagamentos constaram nas DCTF por ela informadas (doe. 04). Fl. 5315DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 4 5 4.5. Além disso, percebese que a fiscalização lançou valores em duplicidade ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pelo auto de infração. IV RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS 4.6. A conseqüência da ilegal tipificação de fraude realizada pelo auto de infração é a sujeição passiva solidária dos sócios da impugnante em relação aos tributos lançados, realizada pela ação fiscal com base no art. 135, III, do Código Tributário Nacional CTN. 4.7. Traz doutrina e jurisprudência do STJ a embasar seu entendimento de que a simples mora de obrigações tributárias não configura infração à lei (como exige o art. 135 do CTN). Afirma que a impugnante não praticou nenhum ato fraudulento, razão pela qual cai por terra a tentativa da ação fiscal de querer responsabilizar individualmente os sócios. V DOS PEDIDOS 4.8. Requer: (i) seja reformado o auto de infração em relação aos lançamentos por ele abrangidos; e (ii) seja afastada a responsabilidade tributária dos sócios da impugnante, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do art. 135 do CTN. 4.8.1. Requer ainda que "as intimações sejam endereçadas ao signatário desta petição". 5. Em 27/05/2009, foram também protocolizadas impugnações pelo representante legal dos Srs. Roberto Santa Cruz Salgueiro (fls. 1.406 a 1.412), Alberto Brandão Teixeira da Silva (fls. 1.416 a 1.422), Walter da Silva Vieira Filho (fls. 1.426 a 1.432), Ana Cristina Valença Teixeira da Silva (fls. 1.436 a 1.442) e Márcia D'Assunção Vieira ( a 1.452), nos mesmos termos da apresentada pela empresa (fls. 343 a 349). 5.1. De se observar que tanto na impugnação apresentada pela empresa, quanto nas demais cinco acima referidas, a autoridade preparadora anotou nas páginas iniciais que a assinatura do representante legal não conferia com o documento apresentado, além de não ter sido anexado cópia do auto de infração (no primeiro caso). 5.1.1. Em 22/07/2009, a empresa peticionou, por meio de seu representante legal (fls. 1.456 a 1.469), anexando cópia do Auto de Infração. Acerca da legitimidade da assinatura atribuída ao procurador, acostou aos autos declaração deste, com firma reconhecida, atestando que a assinatura constante da documentação de defesa apresentada foi, de fato, por ele firmada, de próprio punho, se responsabilizando para todos os efeitos legais (fl. 1.458). Fl. 5316DF CARF MF 6 6. É o relatório. Passo ao voto. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 DIFERENÇA ENTRE VALORES ESCRITURADOS E VALORES DECLARADOS. Tendo sido apuradas diferenças entre os valores escriturados e aqueles declarados pelo contribuinte, diferenças estas por ele não esclarecidas, correta a tributação do valor do imposto não recolhido, devendose abater os valores informados em DCTF. MULTA QUALIFICADA. DOLO. A prática reiterada de informar em DCTF valores inferiores aos contabilizados, resultando em recolhimentos de imposto, ao longo dos anos analisados, em valores menores que os devidos, é procedimento doloso tendente à fraude e à sonegação, o que respalda a aplicação da multa qualificada. Sendo vinculada e obrigatória a atividade administrativa, ocorrido o fato gerador resta à autoridade fiscal o dever de constituir o crédito tributário, calculando a exigência de acordo com a lei vigente à época do fato, nos termos do artigo 142, do CTN. ASSUNTO: NORMAS GERAIS D E DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 RESPONSABILIDADE PELO CRÉDITO TRIBUTÁRIO Não procedem as alegações da Impugnante no sentido de que: (i) a sujeição passiva solidária dos sócios decorreu do previsto no art. 135, III, sócios (acionistas) tinham interesse comum na situação que constituiu o fato gerador do tributo lançado, correta a autuante ao imputarlhes responsabilidade solidária. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foram interpostos recursos voluntários pela contribuinte e pelos responsáveis solidários, que sustentaram, em síntese: a) a ausência de responsabilidade tributária dos sócios da recorrente, uma vez que não se encontram presentes os requisitos do artigo 135 do Código Tributário Nacional; b) os serviços apontados na planilha do auto de infração (fl. 284 e seguintes) foram executados por pessoas jurídicas (cód. tributo 1708) e não por pessoas físicas, tendo a recorrente promovido o recolhimento do tributo sobre ele incidente (os DARFs anexos e Fl. 5317DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 5 7 as planilhas que acompanham a impugnação demonstram a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização e os recolhimentos realizados a título de IRRF pela recorrente); c) quanto aos recolhimentos realizados pela recorrente relativos ao IRRF de rendimentos de trabalho assalariado, os DARFs comprovam que a recorrente recolheu, em suas épocas próprias, os tributos exigidos pelo auto de infração, assim como esses pagamentos constaram nas DCTFs por ela informadas; d) a fiscalização lançou valores em duplicidade, ao desconsiderar pagamentos realizados em atraso pela recorrente. Nesses casos, os valores permaneceram em aberto em sua contabilidade, mas foram liquidados posteriormente, o que deixou de ser observado pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 1. Da recolhimento do imposto retido Conforme narrado, a autuação em análise ocorreu em razão da auditoria realizada, em relação aos anoscalendários 2004 a 2007, ter apurado que foram retidos e não recolhidos valores de IRRF referente aos códigos 0561 e 0588, após comparação entre os valores de retenção escriturados (conforme resposta do contribuinte à intimação recebida; fls. 232 a 245) e aqueles efetivamente recolhidos. A decisão de piso consignou que embora a impugnante tenha afirmado que os DARFS em anexo (código 1708) demonstravam inequivocadamente a coincidência entre os valores indevidamente apontados pela fiscalização (código 0588), não é isso que se verifica, tendo sido informado por ela o montante de RS 646.188,91 no código 0588 (fls. 240 a 245), enquanto que o informado em DCTF para o código 1708 somou R$ 45.436,99 (dos quais somente foi comprovado o recolhimento/compensação de R$ 34.052,54; fls. 1.536, 1538, 1.539, 1.543 a 1.545, 1.547 a 1.550, 1.621, 1.631, 1.632 e 1.636 a 1.640). Além disso, restou disposto na decisão mencionada que, na autuação, não foram considerados os valores informados em DCTF, devendo ser abatidos os respectivos valores, tendo em vista que foi demonstrado o efetivo recolhimento (consulta ao Sistema Sinal código 0561 e 0588). No que se refere à alegação da impugnante de que os valores por ela escriturados relativos ao código 0588 se referem, na verdade, ao código 1708, salientase que Fl. 5318DF CARF MF 8 não foram trazidas provas que demonstrassem tal afirmação, sendo insuficientes as cópias do Livro Razão anexadas. Em sede de recurso voluntário, foram apresentados documentos comprobatórios de que os valores autuados sobre o código 0588 (serviços prestados por pessoa física) referemse ao código 1708 (serviços prestados por pessoa jurídica), de modo que encontrase equivocada a autuação. Corroborando o exposto, cabe mencionar como exemplo a retenção do valor de R$ 122, 69, conforme consta da planilha anexa ao acórdão de impugnação, fl. 1956. Tal valor se refere à prestação de serviços da CSI Tecnologia do Varejo, consoante planilha disposta pela recorrente, fl. 2.141, acompanhada dos comprovantes de arrecadação, fls. 2.156 e 2.157; do Livro Razão Consolidado, fl. 1956; e do Livro Diário n. 17, fl. 2045. Diante da vasta documentação apresentada pelo contribuinte, inclusive com notas fiscais, não há como afastar o fato de que, com relação ao código 0588, na verdade, não se tratam de serviços prestados por pessoas físicas, mas sim por pessoas jurídicas, bem como que, em alguns casos, tratavase de IRRF sobre juros de mútuo (doc. 03 a doc. 07). Assim, em razão da distinção das alíquotas aplicadas nos casos de prestação de serviços por pessoas físicas e de prestação de serviços por pessoas jurídicas, não há como prevalecer o lançamento efetuado, sob essa rubrica (0588), tendo em vista o vício material do lançamento. No que se refere ao adimplemento da obrigação referente ao código 0561 IRRF sobre o rendimento do trabalho assalariado, asseveram os recorrentes que, mesmo não tendo a pessoa jurídica declarado tais débitos, os pagamentos foram efetuados (doc. 08 e doc. 09). Compulsandose os autos, fls. 4.988 e seguintes, verificase que assiste razão ao contribuinte, pois, consoante planilha anexa, existiram períodos com recolhimento a menor e períodos com recolhimento a maior, como comprovam os DARFs respectivos, de modo que os valores exigidos na autuação já foram recolhidos. Como exemplo, temse a exigência do valor de R$ 4.927,70, de acordo com a planilha anexa à impugnação: Período autuado 31/01/2004 Vencimento 04/02/2004 (A) Planilha 4.927,70 (B) DCTF Ativa R$ 4.734,66 A B = R$ 193,04 Valor autuado 4.927,00 Foi recolhido o valor de R$ 4.734,66, conforme DARF de fls. 4.992 e 4.993, restando uma diferença de R$ 193,04, que foi compensada pelo recolhimento a maior do período seguinte (R$ 900,00) e assim sucessivamente. A determinação da base de cálculo e da alíquota aplicável, ou seja o cálculo do tributo devido, é requisito do lançamento tributário segundo o artigo 142 do CTN: Fl. 5319DF CARF MF Processo nº 19515.001290/200983 Acórdão n.º 2201003.338 S2C2T1 Fl. 6 9 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Por ser atividade vinculada e obrigatória, é dever da autoridade fiscal a determinação do critério material da regra matriz de incidência tributária, base de cálculo do tributo e alíquota aplicável. Assim, verificase o patente vício material do auto de infração, de modo que a contribuinte logrou êxito em afastar os fundamentos da decisão recorrida. Diante do exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 5320DF CARF MF
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Numero do processo: 13771.720572/2015-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2014
PRORROGAÇÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. REQUERIMENTO INDEFERIDO
Inexiste previsão legal para prorrogação do trâmite regular de processo administrativo fiscal em razão de litígio judicial estranho ao objeto da lide.
DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE PARCIAL
Somente são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física - IRPF valores pagos a título de pensão alimentícia quando restar comprovado, além o efetivo pagamento, que os alimentos decorrem do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade.
O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não pode ser deduzido da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do inciso II do art. 4º e a alínea f do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995 e do enunciado da Súmula CARF nº 98.
DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL.
Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se por demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.509
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, por maioria dar-lhe parcial provimento para: a) restabelecer a dedução de R$ 8.476,20 (oito mil, quatrocentos de setenta seis reais e vinte centavos) a título de pensão alimentícia, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento em maior extensão e b) restabelecer a dedução relativa às despesas médicas, vencidos o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (Relator) que mantinha a glosa. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. REQUERIMENTO INDEFERIDO Inexiste previsão legal para prorrogação do trâmite regular de processo administrativo fiscal em razão de litígio judicial estranho ao objeto da lide. DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUTIBILIDADE PARCIAL Somente são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física IRPF valores pagos a título de pensão alimentícia quando restar comprovado, além o efetivo pagamento, que os alimentos decorrem do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não pode ser deduzido da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do inciso II do art. 4º e a alínea “f” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995 e do enunciado da Súmula CARF nº 98. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS DOS PRESTADORES DE SERVIÇOS. NECESSIDADE DE FUNDAMENTAÇÃO PARA A DEMANDA DE COMPROVAÇÃO ADICIONAL. Devem ser restabelecidas as despesas médicas amparadas por recibos emitidos pelos prestadores de serviços que preencham os requisitos do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, salvo se por demanda fundamentada de comprovação adicional não for atendida. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 77 1. 72 05 72 /2 01 5- 14 Fl. 73DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, por maioria darlhe parcial provimento para: a) restabelecer a dedução de R$ 8.476,20 (oito mil, quatrocentos de setenta seis reais e vinte centavos) a título de pensão alimentícia, nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Bianca Felícia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci, que davam provimento em maior extensão e b) restabelecer a dedução relativa às despesas médicas, vencidos o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho (Relator) que mantinha a glosa. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Ronnie Soares Anderson. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 74DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 74 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre – DRJ/POA, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda das Pessoas Físicas IRPF (fls. 7/12), relativa ao ano calendário 2013 / exercício 2014, a qual resultou em imposto suplementar no valor de R$ 8.824,02 (oito mil, oitocentos e vinte e quatro reais e dois centavos). De acordo com a Notificação de lançamento, o crédito foi constituído em razão da glosa de valores deduzidos i) com pensão alimentícia, R$ 42.723,97 (quarenta e dois mil, setecentos e vinte e três reais e noventa e sete centavos), em razão de o termo de audiência apresentado ser datado de 1992 e o contribuinte não ter apresentado atualizados, confirmando se o referido termo ainda estava em vigor; ii) a título de despesas medicas, R$ 8.800,00 (oito mil e oitocentos reais), pela não apresentação de documentos aptos a comprovar o pagamento das despesas, conforme solicitado pela Fiscalização. O Recorrente apresentou impugnação por meio do documento de fls. 2/5, alegando, em síntese, que: a) os pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, inclusive a prestação de alimentos provisionais, foi realizado conforme normas do Direito de Família, em decorrência de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de escritura pública, no caso de divórcio consensual; a) a pensão alimentícia está devidamente amparada por Termo de Audiência de 1992 e Oficio 165/91, não procedendo a alegação de termos desatualizados, tendo em vista que a carta de sentença é indeterminada e vitalícia, sendo os valores deduzidos automaticamente pela fonte pagadora, obedecendo a determinação judicial; c) com relação às despesas médicas, os valores deduzidos referemse a pagamento parcelado de tratamento odontológico pago em 10 vezes, conforme recibos em anexo, datado, carimbado e assinado pelo profissional prestador dos serviços, em conformidade com os requisitos exigidos para dedução A DRJ/POA julgou a impugnação improcedente, acórdão de fls. 43/45, conforme se descreve a seguir: a) Pensão alimentícia Judicial: “A falta de documento expedido pelo Poder Judiciário, com a informação atualizada de que permanece a obrigação do contribuinte em prestar alimentos aos filhos e à exesposa, é fator determinante para a manutenção da glosa da despesa com pensão alimentícia”; b) Despesas Médicas: Fl. 75DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 4 embora o Termo de Intimação Fiscal tenha determinado ao contribuinte “a apresentação dos ‘comprovantes originais e cópias das despesas médicas, bem como do seu efetivo pagamento (cópias de cheques, extratos bancários ou de cartões de crédito)’ (...) o contribuinte apresentou apenas os recibos de fls. 24/34. As cópias dos cheques, os extratos bancários ou extratos de cartão de crédito não foram apresentados”. “os recibos informam pagamentos mensais no valor de R$ 880,00 a partir do mês de março até dezembro de 2013. Entretanto, o prestador do serviço não informou em sua Declaração de Ajuste AnualDAA ‘rendimento tributável recebidos de pessoa física’ nos meses de março, maio, julho, agosto, outubro e dezembro, ou seja, os valores declarados pelo profissional não coincidem com aqueles informados como recebidos e constantes nos documentos por ele firmados os quais foram apresentados pelo notificado.” Por ocasião do recurso voluntário (fls. 52/70) o contribuinte argumenta que: a) os débitos glosados não procedem, tendo em vista que o desconto de Pensão Alimentícia permanece em vigor, vem sendo efetuado mensalmente em sua folha de pagamento em favor da exesposa Lea Maria Calmon Fernandes e a sentença judicial ainda vigora. Anexa documentação de fls. 65/67; b) no dia 5/4/2016, foi dada a entrada no Fórum de Linhares/ES, local de residência da exesposa, o pedido de exoneração da pensão dos filhos e manutenção da pensão em nome da mesma. Apresenta cópia de Petição Inicial (fls. 54/64); c) a Petição Inicial apresentada em 5/4/2016 ainda está em tramite e aguarda julgamento do juiz; d) quanto à glosa de despesas médicas, aduz não ter procedência, visto que os recibos foram apresentados. e) entende não haver a obrigatoriedade em efetuar os pagamentos com cheques ou cartão de crédito; e f) assevera não ser de sua responsabilidade o fato de o prestador de serviços ter deixado de declarar os valores por ele (prestador) recebidos em sua Declaração de Ajuste Anual – DAA como rendimentos tributáveis. Requer a prorrogação do Processo 13771720.572/201514, até que seja julgada a decisão da ação de revisão da pensão em curso; e o cancelamento do débito fiscal. É o relatório. Fl. 76DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 75 5 Voto Vencido Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. DA PRELIMINAR Com relação ao pedido de prorrogação do Processo objeto de análise, até que seja julgada a decisão da ação de revisão da pensão, em curso na Justiça do Espírito Santo. Em razão da inexistência de previsão legal que possa amparar a pretensão do Recorrente, indefiro o requerimento. DO MÉRITO Considerações Gerais As deduções pleiteadas pelo Recorrente encontramse disciplinadas nos dispositivos dos arts art. 4º e 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo reproduzidos: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: [...] II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; [...] Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames Fl. 77DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 6 laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; [...] O caput e os §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR), nos termos dos §§ 3º a 5º do DecretoLei nº 5.844, de 1943, estabelecem a necessidade de comprovação das despesas deduzidas da base de cálculo do IRPF e a possibilidade de glosa de deduções indevidas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto Lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). § 2º As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 5º). Consoante estabelece o art. 73 do RIR, a autoridade administrativa pode, a seu juízo, exigir a comprovação ou justificação das despesas objeto de dedução com o fim de verificar sua efetiva ocorrência e o atendimento dos requisitos prescritos em lei e, caso o pagamento dessas despesas não restem comprovados ou verifiquemse ausentes outras condições legalmente estabelecidas, as deduções serão glosadas por meio do lançamento respectivo. Fl. 78DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 76 7 Dedução de Despesas com Pensão Alimentícia Da leitura das disposições normativas encimadas (inciso II do art. 4º e alínea “f” do inciso II do art. 8º da Lei nº 9.250/1995) verificase que as deduções a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF visam substituir os abatimentos realizados em relação ao imposto, relativos aos dependentes, suas despesas médicoodontológicas e com educação, dentre outros, por ocasião do rompimento da sociedade conjugal. Nesse contexto, importa recorrer ao conceito de dependente para os fins da legislação do Imposto de Renda. A esse respeito, dispõe o art. 35 da Lei nº 9.250/95: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: I o cônjuge; II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. [...] De se notar que as normas que disciplinam as hipóteses de dedução de despesas com pensão alimentícia na DAA determinam que essa dedução deve obedecer cumulativamente aos seguintes requisitos: i) a comprovação do efetivo pagamento aos alimentandos; ii) que esses pagamentos decorram do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual; iii) que a pensão tenha sido paga em face das normas do Direito de Família; e iv) que os alimentos se destinem a substituir as despesas havidas com os dependentes do contribuinte no contexto da sociedade conjugal. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 8 Ainda com relação à prestação de alimentos, verificase que tal incumbência está fundada no binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, nesse sentido, os arts. 1.694, 1.695 e 1699 do Código Civil dispõem: Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. [...] Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. No caso que ora se analisa, temse que o contribuinte deduziu de sua DAA valores relacionados a pensão alimentícia decorrente de acordo homologado judicialmente em 1994, destinada à exesposa e aos seus três filhos, no percentual de 40% sobre sua remuneração líquida mensal. Na petição de fls. 54/64, que tramita na Justiça do Espírito Santo (por meio da qual o contribuinte busca revisar a pensão paga a esposa e aos filhos), apresentada por ocasião do recurso voluntário, extraise informações essenciais para a análise da presente questão. Vejamos: a) dos 40% (quarenta por cento) incidentes sobre a remuneração líquida do Recorrente, pagos a título de pensão, são destinados 10% (dez por cento) para a exesposa e 10% (dez por cento) para cada um dos filhos; b) no tocante à idade de cada filho no início do ano calendário relativo à Notificação de Lançamento (2013), constatase que: Wellington Gustavo Fernandes Menezes, nascido no dia 04/12/1977, tinha 35 (trinta e cinco) anos; Fabio Fernandes Menezes, nascido no dia 20/06/1974, tinha 38 (trinta e oito) anos; e Luciana Fernandes Menezes, nascida no dia 08/12/1972, tinha 40 (quarenta) anos. Com base nos documentos acostados aos autos pelo Recorrente, é possível inferir que o acordo homologado judicialmente, do qual decorre o pagamento da pensão, ainda Fl. 80DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 77 9 encontrase válido. Do mesmo modo, o comprovante de rendimentos apresentado ainda na impugnação (fl. 21) demonstra que os pagamentos foram efetivamente realizados no ano calendário em que se deu o lançamento do crédito tributário. Por outro lado, fazse necessário verificar se as deduções efetuadas pelo contribuinte estão em conformidade com a legislação tributária. Para tanto, mesmo ainda estando válido o acordo judicial, esse precisa estar amparado pelas normas do Direito de Família e os alimentos devem se destinar a substituir as despesas que seriam havidas com os dependentes do contribuinte no contexto da sociedade conjugal. Com relação à exesposa do Recorrente, entendo que a dedução dos alimentos na DAA não encontra óbice nas normas tributárias ou do Direito de Família, devendose restabelecer a dedução. No tocante aos filhos do sujeito passivo, considero não haver indícios de que a prestação de alimentos esteja fundada no binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, consoante dispõem os arts. 1.694, 1.695 e 1699 do Código Civil, ou seja, tratase de situação que não encontra amparo nas normas do Direito de Família. Ademais, caso a sociedade conjugal não tivesse se dissolvido, esses não ser revestiriam da condição de dependentes eis que, para tanto, precisariam, nos termos do § 3º do art. 35 da Lei nº 9.250/95, ter no máximo 24 (vinte e quatro) anos de idade e estarem matriculados em estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau, o que não é o caso. De mais a mais, situações como a analisada no presente processo, em que a instituição da pensão não resulta da aplicação das normas relacionadas ao Direito de Família, pressupõem que os pagamentos a esse título foram feitos por mera liberalidade o que impossibilita sua de dedução na DAA. A esse respeito, vejamos o que dispõe a Súmula CARF nº 98, de observância obrigatória por este colegiado: Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. Por todo o exposto, entendo que se deva restabelecer a dedução exclusivamente em relação à pensão paga à exesposa do Recorrente, em valor correspondente a 10% (dez por cento) de sua remuneração líquida, o que corresponde a R$ 8.476,20 [(R$ 90.097,82R$ 5.335,86) x 10%)], conforme dados extraídos de seu comprovante de rendimentos. Dedução de Despesas Médicas No tocante às despesas médicas, sua dedução está subordinada aos preceitos insculpidos na alínea “a” do inciso II e no § 2 º do art. 8º da Lei n° 9.250/95 e no caput e os §§ 1º e 2º do art. 73. De conformidade do citados dispositivos o direito à dedução pressupõe i) que os serviços tenham como destinatários o contribuinte ou seus dependentes legais no ano Fl. 81DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 10 calendário referente à DAA; ii) em se tratando de pessoas físicas, que os serviços tenham sido prestados por profissionais médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, o que pressupõe seu registro no órgão profissional respectivo; e iii) que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu. Impende rememorar que a Autoridade Fiscalizadora pode requisitar, além de comprovantes emitidos pelos prestadores de serviços, outros elementos que julgue necessário à efetiva comprovação do pagamento das despesas com tratamentos de saúde, obrigandose o contribuinte à indicação de documentos que possam corroborar os desembolsos. É certo que o sujeito passivo não está obrigado a efetuar pagamentos com serviços de saúde através de cheque ou cartão de crédito, tampouco tem qualquer responsabilidade pelas informações apresentadas ao Fisco pelos contribuintes que lhe tenham prestado qualquer tipo de serviço. Entretanto, mesmo que os pagamentos tenham sido feitos em dinheiro, poderia, por exemplo, fazer prova da disponibilidade financeira vinculada aos desembolsos na data da realização dos serviços, com a apresentação de extratos bancários com saques que justificassem os pagamentos, permitindose, assim, a verificação inequívoca do nexo causal entre os recibos apresentados e os pagamentos efetuados. Isso posto, não tendo sido comprovado o efetivo pagamento das despesas, entendo pela manutenção da glosa relativa às despesas com serviços de saúde. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para restabelecer a dedução de R$ 8.476,20 (oito mil, quatrocentos de setenta seis reais e vinte centavos) a título de pensão alimentícia. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho. Fl. 82DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON Processo nº 13771.720572/201514 Acórdão n.º 2402005.509 S2C4T2 Fl. 78 11 Voto Vencedor Conselheiro Ronnie Soares Anderson – Redator Designado A dedução de despesas médicas e de saúde na declaração de ajuste anual tem como supedâneo legal as disposições da alínea “a” do inciso II e no § 2 º do art. 8º da Lei n° 9.250/95, e no caput e os §§ 1º e 2º do art. 73, mais acima transcritos. Vejase que a própria legislação tributária conferiu a documentos do tipo descrito no inciso III do § 2º do art. 8º da Lei nº 9.250/95, o valor de prova do pagamento um documento de transferência bancária, por exemplo, não possui todos os elementos discriminados na legislação, tal como o endereço do profissional prestador do serviço, ao contrário do recibo, que possui campos de preenchimento adequados para esses fins. Reconhecese, sob outro prisma, que a fiscalização bem como o julgador de primeiro grau, no caso de documentos apresentados em primeira mão nessa instância recursal tem a faculdade de demandar elementos adicionais com vistas a atestar a efetividade dos pagamentos, forte nos §§ 3º e 4º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 (respectivamente, §§ 1º e 2º do art. 73 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/99). Convém atentar, todavia, ser necessário que essas normas sejam lidas e interpretadas em conjunto com o art. 79, § 1º (art. 845, § 1º do RIR/99) desse mesmo diploma, o qual estabelece: Art. 79. Farseá o lançamento exofficio: (...) § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de prova, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão. (...) Desta sorte, a regra geral é a aceitação de recibos e/ou notas fiscais de prestação de serviços, caso atendidos os seus requisitos formais, motivo pelo qual a exigência de outros elementos para a comprovação das despesas médicas deve ser devidamente fundamentada, sob pena de violação do princípio da proteção da boafé e da legítima confiança que norteiam a relação fiscocontribuinte. No caso concreto, verificase que os pagamentos declarados como pagos a Anibal José Lopes da Silva Reis (R$ 8.800,00) foram glosados pela fiscalização sob a alegação de "falta de comprovação do pagamento" (fl.10). Não obstante, o contribuinte carreou aos autos recibos médicos atestando os pagamentos efetuados a esse profissional, os quais constam respectivamente às fls. 24/34. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON 12 Notese que tanto a fiscalização quanto o aresto vergastado não apontaram qualquer mácula de cunho formal nos indigitados recibos. Nessa esteira, entendese que em uma situação extremada, como, por exemplo, na apresentação de documentos que sequer se constituíssem em recibos propriamente ditos, ou na ocorrência de uma desproporção inaceitável entre as despesas deduzidas e o total de rendimentos declarados, poderia ser superada a ausência de uma justificativa circunstanciada no lançamento para a exigência de comprovação efetiva dos pagamentos, privilegiandose a razoabilidade da manutenção do crédito tributário. Não se tratando de situação do gênero, contudo, cabe o restabelecimento das deduções de despesas médicas pagas a Anibal José Lopes da Silva Reis (R$ 8.800,00), conforme documentos colacionados aos autos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 84DF CARF MF Impresso em 20/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 19/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO, Assinado digitalmente em 14/10/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON
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Numero do processo: 10480.725837/2015-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO DE DESPESAS COM SAÚDE. RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE.
Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora.
O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revela-se de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo.
Numero da decisão: 2201-003.313
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado).
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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RECIBOS DE PAGAMENTO. PRESUNÇÃO RELATIVA. PAGAMENTO EM DINHEIRO. POSSIBILIDADE. Os recibos de pagamentos firmados por profissionais de saúde têm presunção relativa de veracidade. Preenchidos os requisitos legais para a sua validade, só poderão ser afastados por motivo plenamente justificado pela autoridade lançadora. O sujeito passivo tem a faculdade de pagar os profissionais de saúde em espécie e apresentar os recibos como comprovante de pagamento. A exigência de prova adicional revelase de difícil produção, mormente considerando que os valores adimplidos estão compatíveis com o cobrado pelo mercado e a despesa com saúde representa percentual ínfimo em relação aos rendimentos declarados pelo sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo. Vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira e Denny Medeiros da Silveira (Suplente convocado). Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 72 58 37 /2 01 5- 58 Fl. 165DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 166 2 Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Jose Alfredo Duarte Filho (Suple nte Convocado), Maria Anselma Coscrato dos Santos (Suplente Convocada), Denny Medeiros da Silveira (Suplente Convocado), Daniel Melo Mendes Bezerra, Carlos César Quadros Pierre e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra a decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte ofertada em face da lavratura de Notificação de Lançamento de IRPF. Os aspectos principais do lançamento estão delineados no relatório da decisão de primeira instância, nos seguintes termos: “Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fls. 28 a 30, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2012, que constatou a seguinte infração: dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 20.000,00, referente à Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, psicóloga por falta de comprovação do efetivo pagamento das despesas. Consta ainda da descrição dos fatos que o contribuinte, apesar de intimado, alegou que os serviços foram realizados semanalmente e pagos em espécie. Cientificado do lançamento e 26/05/2015 (fl. 33), o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 02 a 05, em 05/06/2015, alegando que o valor contestado de R$ 20.000,00 referese a despesas médicas do cônjuge, Suzana Loureiro Filgueiras Emerenciano. Às fls. 16 a 17 consta a complementação da impugnação, onde afirma que além dos recibos de pagamento das sessões de psicoterapia, apresentou à fiscalização, declaração firmada pela profissional Dra. Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, atestando a efetiva prestação dos serviços. Alega também que a prova dos pagamentos só poderia ser realizada nos termos do Decreto n.º 3.000/99 mediante indicação dos cheques nominais e/ou extratos bancários, se não fossem apresentados os recibos e que o auditor fiscal tem que demonstrar objetivamente que os recibos apresentados são inválidos”. A DRJ julgou improcedente a impugnação do contribuinte sob o argumento principal de que não houve a efetiva comprovação do pagamento à psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos. Não obstante a existência de recibos de despesas médicas, a autoridade lançadora solicitou a prova do pagamento através da microfilmagem dos cheques emitidos, comprovantes de transferências bancárias ou, ainda, os extratos bancários que demonstrassem os saques dos valores pagos ao profissional de saúde. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 167 3 Cientificado do acórdão da DRJ em 12/11/2015, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário tempestivamente em 07/12/2015, alegando em síntese que: Os recibos emitidos pela psicóloga Luciana Cristina Cardoso dos Anjos, desde que preenchidos de acordo com o que exige a legislação, são provas do efetivo pagamento das despesas de saúde deduzidas. Não há nada que obrigue o contribuinte a efetuar pagamentos em cheques ou em cartão de crédito, sendo o pagamento em espécie uma prática regular. As despesas com tratamento psicológico da esposa do contribuinte, que é sua dependente, se deram após o diagnóstico de um câncer de mama, na tentativa de devolverlhe a auto estima. O valor questionado pela Receita Federal do Brasil de R$ 10.340,00 referese a pagamentos comprovados à psicóloga no ano de 2012. Os recibos apresentados estão de acordo com a legislação vigente. Alfim, requer o provimento do recurso com o arquivamento do presente processo. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade Como relatado, o Recurso Voluntário é tempestivo. Ademais, preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Da dedução de despesas com saúde A matéria de fundo se relaciona à presunção relativa dos recibos de pagamento firmados por profissionais de saúde para legitimar a dedução levada a cabo pelo sujeito passivo. A controvérsia reside no fato de que para o Fisco, não basta o mero recibo assinado pelo profissional competente, ainda que esse preencha os requisitos da legislação. A seu juízo, poderá exigir a comprovação do efetivo dispêndio, que poderá consistir em uma cópia de cheque emitido, comprovante de transferência bancária, dentre outros meios de prova legalmente admitidos. Por seu turno, o sujeito passivo alega que efetuava os pagamentos à psicóloga mensalmente em espécie, não tendo optado por cartão de crédito ou cheque, meio de pagamento, segundo ele, quase em desuso. A fundamentação legal para a exigência da autoridade lançadora é o artigo 73 e § 1º do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999, que estabelece: Fl. 167DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 168 4 “Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º).” Por sua vez, o art. 8.º, II, “a”, da Lei n.º 9.250, de 26 de dezembro de 1995, estabelece que: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais,bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (Grifouse). (...).” Assim, é cediço que todos os pagamentos objeto de dedução devem ser justificados e comprovados a juízo da autoridade lançadora e, na falta de documentação poderá ser aceito com meio de prova a indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. No caso em concreto sob análise, temse que nem a autoridade lançadora nem o colegiado a quo negaram validade aos recibos apresentados pelo sujeito passivo, eis que os mesmos preenchem os requisitos do art. 8º, § 2º, III, da Lei nº 9.250/1995. O que houve foi a exigência de uma prova adicional, eis que foi relativizada a força probatória consistente apenas na apresentação dos recibos. É certo que o mero recibo de pagamento tem presunção relativa, ainda que firmado pelo profissional de saúde e preenchendo todos os requisitos legais para sua validade. Todavia, a autoridade lançadora, a meu ver, deverá apontar os motivos que a levaram a não dar valor probatório aos documentos apresentados. Exemplifico. Valores vultosos, incompatíveis com o cobrado pelo mercado, recibos firmados por profissionais reconhecidamente inidôneos, Fl. 168DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA Processo nº 10480.725837/201558 Acórdão n.º 2201003.313 S2C2T1 Fl. 169 5 dedução de valores exagerados, que representem significativo percentual em relação aos rendimentos declarados, tratamentos de saúde incompatíveis com a pessoa do contribuinte e seus dependentes, dentre outras inúmeras situações. No caso concreto, contudo, o valor deduzido para o custeio de tratamento psicológico da dependente do sujeito passivo era de pouco mais de um salário mínimo à época e representou pouco mais de 6% (seis por cento) dos rendimentos declarados do contribuinte para o anocalendário. De outro lado, restou comprovado nos autos que a dependente do contribuinte esteve acometida de câncer de mama, sendo certo que o tratamento psicológico é de fundamental importância para o êxito do tratamento da doença. O Fisco deve exigir a justificação e comprovação do pagamento a seu juízo. Entretanto, a liberdade que a autoridade fiscal detém de exigir provar deve possuir contornos e ser fundamentada, sob pena de ofensa ao princípio da legalidade. O sujeito passivo apresentou recibos de pagamentos efetuados em espécie, firmado por profissional em que foi possível identificar nome completo, endereço, CPF, número de inscrição no CRP Conselho Regional de Psicologia, em valor compatível com o tratamento de uma pessoa que foi acometida por uma enfermidade grave. De outra sorte, a autoridade lançadora exigiu, mesmo com a apresentação dos recibos e sem apresentar nenhuma justificativa para tanto, que o sujeito passivo colacionasse prova excessivamente difícil de ser produzida. Assim, entendo que os recibos de pagamentos apresentados pelo contribuinte comprova a regularidade da dedução do valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Conclusão Diante de todo o exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 169DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/09/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 17/0 9/2016 por DANIEL MELO MENDES BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/09/2016 por CARLOS HENRIQUE DE OL IVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13706.004654/2008-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DESPESAS EXCLUÍDAS.
Somente são excluídas das receitas de aluguéis as despesas previstas no art. 14 da Lei nº 7.739/1989 quando referentes ao período correspondente ao recebimento dos rendimentos.
COMPENSAÇÃO DE IRRF. RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO.
Quando comprovada a retenção, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora.
Numero da decisão: 2202-003.515
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir o valor de R$ 775,29 da base de cálculo da infração de omissão de rendimentos e o valor de R$ 170,97 do IRRF sobre essa omissão; b) excluir o valor de R$ 5.297,57 da infração de compensação indevida de IRRF.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE DO LANÇAMENTO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Comprovada a regularidade do procedimento fiscal, que atendeu aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN e presentes os requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não há que se cogitar em nulidade do lançamento. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS. DESPESAS EXCLUÍDAS. Somente são excluídas das receitas de aluguéis as despesas previstas no art. 14 da Lei nº 7.739/1989 quando referentes ao período correspondente ao recebimento dos rendimentos. COMPENSAÇÃO DE IRRF. RETENÇÃO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. Quando comprovada a retenção, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para: a) excluir o valor de R$ 775,29 da base de cálculo da infração de omissão de rendimentos e o valor de R$ 170,97 do IRRF sobre essa omissão; b) excluir o valor de R$ 5.297,57 da infração de compensação indevida de IRRF. Assinado digitalmente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 6. 00 46 54 /2 00 8- 72 Fl. 254DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 255 2 Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório Reproduzo o relatório da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), que descreve os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. Versa este processo sobre a NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO nº 2006/607450177414027 (fls. 19/23), lavrada pela DEFISRJ, para exigência do imposto de renda pessoa física – suplementar no valor de R$ 1.821,00 com multa de ofício de 75% e imposto de renda pessoa física no valor de R$ 7.228,01 com multa de mora de 20%, ambos acrescidos de juros de mora. A exigência decorreu pelas seguintes infrações: 1. Omissão de rendimentos de aluguéis ou royalties recebidos de pessoas jurídicas, no valor total de R$ 6.621,82 recebidos da Hotelaria Accor Brasil S.A (CNPJ 09.967.852/000127) no valor de R$ 5.846,53; e da Panificação Alves Ltda (CNPJ 33.465.063/000172) no valor de R$ 775,29, com compensação do IRRF sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 170,97; 2. Compensação Indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte no valor de R$ 7.398,98 referentes às fontes pagadoras: Iron Muscle Academia Ltda (CNPJ 03.882.954/000163), Golden Gool Locação Esportiva Ltda (CNPJ 04.556.772/000188), Drogaria Promoção de Copacabana Ltda (CNPJ 05.556.163/000133), Inews Comércio de Jornais, Revistas e Periódicos Ltda (CNPJ 07.055.199/000102) e Patridany Calçados e Bolsas Ltda ME (CNPJ 31.638.372/000171). Os Demonstrativos de Apuração do Imposto Devido, de Apuração da Multa de Ofício e dos Juros de Mora e de Apuração da Multa de Mora e dos Juros de Mora encontramse em fls. 22 e 23. A descrição dos fatos e o enquadramento legal constam da referida Notificação. O interessado, cientificado em 17.06.2008 (fl. 175), apresentou impugnação em 09.07.2008 (fl. 02/07), alegando, em síntese, que: • Cumpriu rigorosamente a legislação em vigor, conforme documentos acostados em 24.04.2008, em resposta à Intimação Fiscal nº 2006/607137942421018, que não foram levados em conta pela fiscalização e que foram juntados na impugnação. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 256 3 • As cópias dos recibos de aluguéis e encargos de locação dos imóveis, de propriedade ou em usufruto do interessado, comprovam todos os rendimentos brutos, a retenção na fonte por ocasião de cada recebimento e o rendimento líquido efetivamente recebido das fontes pagadoras (pessoas jurídicas locatárias), que por lei, tem a obrigação de recolher o imposto de renda devido e que foi retido no ato do pagamento. • Por ocasião da Declaração de Ajuste Anual, o interessado solicita às fontes pagadoras comprovantes de rendimentos pagos e de recolhimento na fonte do IRRF. Algumas fontes fornecem, outras não. A maioria, porém, fornecem os comprovantes com discrepância e por este motivo prefere tomar por base, para a sua Declaração de Ajuste Anual, os recibos emitidos que demonstram os rendimentos efetivamente recebidos com a devida retenção na fonte. • Muitas vezes, a discrepância se explica pela diferença que existe entre o regime de apuração da pessoa física e o da pessoa jurídica. O regime de apuração da pessoa física é o de Caixa e o da pessoa jurídica é o de competência. Como exemplo cita a Drogaria Promoção de Copacabana Ltda que não declarou o valor do aluguel de dezembro/2004, pago em 05.01.2005. • A obrigação da locadora pessoa física é deduzir o IRRF devido no ato do recebimento do seu aluguel, conforme previsto desde o Decretolei 1642/1978. • Recebe o valor líquido e se houver glosa haverá locupletamento ilícito do locatário pessoa jurídica que é a fonte pagadora e tem a obrigação legal de recolher tal tributo já deduzido do aluguel bruto, que deveria ter sido pago ao locador, e não foi. • A Receita Federal deve notificar à pessoa jurídica locatária que, se não recolheu o tributo que foi deduzido, através da retenção no ato do pagamento do rendimento, cometeu, inclusive, o crime de apropriação indébita, além de crime contra a ordem tributária. • Que atendeu a Intimação Fiscal nº 2006/607137942421018 mas nada foi considerado. • É proprietária de 50% dos imóveis locados na Av. Paulo de Frontin, 651, Rio Comprido e Av. N.Sra. de Copacabana, 588, Copacabana e que os imóveis de sua propriedade são administrados direta e exclusivamente pelo próprio interessado, não havendo qualquer contrato de administração ou pagamento de taxa de administração, com exceção do “pool” Hotelaria AccorSCP Premium Suítes (fl. 27). • Foram utilizadas algumas exclusões permitidas dos rendimentos de tais aluguéis. Em sua impugnação o interessado anexou: Fl. 256DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 257 4 A) Termo da Intimação Fiscal nº 2006/607137942421018 e resposta à Intimação (fls. 24/27) B) Comprovantes de aluguéis, de rendimentos pagos e retenção de IRRF, certidões de propriedade de imóveis e contratos de locação (fls. 28/167). Requereu a suspensão da cobrança do crédito tributário (fl.168). À fl. 179, foi juntada consulta Sief com a suspensão requerida. É o relatório. A DRJ/RJ1 julgou procedente em parte a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Mantémse a omissão apurada, se o interessado não logra demonstrar, mediante a apresentação de documentos hábeis e idôneos, a inexistência da infração. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE – GLOSA. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação. A parcela comprovada deve ser excluída do lançamento. A decisão da DRJ manteve o lançamento de omissão de rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas jurídicas no valor de R$ 6.621,82 (fontes pagadoras Hotelaria Accor Brasil S.A e Panificação Alves Ltda.), conforme abaixo: Fonte Pagadora Valor (R$) Hotelaria Accor Brasil S/A 5.846,53 Panificação Alves Ltda. 775,29 Total 6.621,82 Também manteve parcialmente o lançamento referente à compensação indevida, tendo acatado os valores retidos de IRRF relativos às empresas Drogaria Promoção de Copacabana Ltda. e Inews Comércio de Jornais, Revistas e Periódicos Ltda. e mantido as glosas a seguir: Fonte Pagadora Valor (R$) Iron Muscle Academia Ltda. 2,25 Fl. 257DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 258 5 Golden Gol Locação Esportiva Ltda. 5.235,92 Patridany Calçados e Bolsas Ltda. ME 59,40 Total 5.297,57 Cientificado dessa decisão em 15/09/2014, por via postal (A.R. de fl. 201), a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 10/10/2014 (fls. 208 a 246), no qual repisa os argumentos da impugnação, acrescentando o seguinte: ocorreu violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa; o pool hoteleiro exigiu a adequação do imóvel para que pudesse participar da receita de locação no ano de 2005, razão pela qual devem ser acatadas as deduções das despesas realizadas nos meses de janeiro a março de 2005, no valor de R$ 5.846,53; a empresa Golden Gol, além de ser omissa em sua obrigação tributária principal e acessória, também não adimpliu o seu dever básico de paga os aluguéis e encargos, tendo sido despejada do imóvel. O mesmo ocorreu com a Patridany Calçados. Ao final, alega, preliminarmente, violação às garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa e, sucessivamente, pugna pela improcedência do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. PRELIMINARES A Recorrente alega violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem especificar quais foram os vícios cometidos pelas autoridades fiscal e julgadora. Não há que se falar em cerceamento de defesa, ofensa ao princípio do contraditório ou qualquer outra nulidade, uma vez que se encontram preenchidos os preceitos estabelecidos no artigo 142 do CTN, assim como não se identificou violação das disposições contidas nos artigos 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72, que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal (PAF). CTN Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 259 6 Decreto 70.235/72: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. [...] Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Também não ocorreu cerceamento de defesa, pois foram dadas à Contribuinte todas as oportunidades para sua manifestação, seja durante a ação fiscal, seja nas fases de impugnação e de recurso voluntário. Observase que lhe foi concedido o mais amplo direito de defesa. Ela apresentou impugnação e recurso voluntário ao Auto de Infração, exercendo o seu direito ao contraditório, perfeitamente amparado pelo Decreto n.º 70.235/72, tendo revelado conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, as quais rebateu mediante extensa e substanciosa impugnação, abrangendo não só questão preliminar como também razões de mérito. Portanto, rejeitamse as preliminares suscitadas. MÉRITO INFRAÇÃO DE OMISSÃO DE RENDIMENTOS DE ALUGUÉIS Fl. 259DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 260 7 A decisão de primeira instância manteve o lançamento de omissão de rendimentos de aluguéis recebidos das pessoas jurídicas Hotelaria Accor Brasil S.A e Panificação Alves Ltda. no valor de R$ 6.621,82, conforme abaixo: Fonte Pagadora Valor declarado (R$) Valor recebido (R$) Valor omitido (R$) Hotelaria Accor Brasil S/A 5.846,53 Panificação Alves Ltda. 775,29 Total 6.621,82 Quanto aos pagamentos recebidos da Hotelaria Accor Brasil S.A, a Contribuinte alega que o valor omitido de R$ 5.846,53 referese a “despesas de condomínio, tarifas de luz e gás, além de encargos exigidos dela e arcados tão somente por ela”, as quais foram exigidas pelo pool hoteleiro para adequação do imóvel para que pudesse participar da receita de locação no ano de 2005, razão pela qual devem ser acatadas. Os artigos 49 e 50 do Decreto nº 70.235/99 (Regulamento do Imposto de Renda) dispõem: Art. 49. São tributáveis os rendimentos decorrentes da ocupação, uso ou exploração de bens corpóreos, tais como (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 3º, Lei nº 4.506, de 1964, art. 21, e Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º): I aforamento, locação ou sublocação, arrendamento ou subarrendamento, direito de uso ou passagem de terrenos, seus acrescidos e benfeitorias, inclusive construções de qualquer natureza; [...] § 2º Serão incluídos no valor recebido a título de aluguel os juros de mora, multas por rescisão de contrato de locação, e quaisquer outras compensações pelo atraso no pagamento, inclusive atualização monetária. Exclusões no Caso de Aluguel de Imóveis Art. 50. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto, no caso de aluguéis de imóveis (Lei nº 7.739, de 16 de março de 1989, art. 14): I o valor dos impostos, taxas e emolumentos incidentes sobre o bem que produzir o rendimento; II o aluguel pago pela locação de imóvel sublocado; III as despesas pagas para cobrança ou recebimento do rendimento; IV as despesas de condomínio Fl. 260DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 261 8 Entendo que não merece reparo a decisão da DRJ nesse ponto, uma vez que despesas foram efetuadas nos meses de janeiro a março de 2005, anteriores ao recebimento das receitas de locação, que foram auferidas de abril a dezembro de 2005. Portanto, tais despesas, que somam R$ 5.846,53 não podem ser deduzidas dos rendimentos recebidos, devendo ser mantida a exigência do lançamento. Sobre os pagamentos efetuados pela Panificação Alves Ltda., observase pelos documentos acostados aos autos às fls. 55/60, que, de fato, a Contribuinte tem razão em suas alegações, uma vez que a soma dos valores que constam dos recibos emitidos coincide com o valor por ela declarado (R$ 91.378,56). Não desprezo o conteúdo do "Comprovante de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda", anexado à fl. 92, porém penso que ele não tem valor probatório absoluto, podendo ser contraditado mediante outras provas apresentadas pelo contribuinte. E, nesse caso, entendo que os recibos acostados aos autos são suficientes para contrapor aquele comprovante. Verificase que o valor lançado de ofício como omissão (R$ 775,29) corresponde à diferença entre o valor informado pela fonte pagadora (R$ 92.153,85) e o valor declarado pela Contribuinte (R$ 91.378,56). Entretanto, pelo cotejo entre os valores informados pela fonte pagadora e os recibos apresentados pela Contribuinte, percebese, que, conforme exposto pela Fiscalizada, a pessoa jurídica locatária do imóvel informou os valores pelo regime de competência, quando deveria têlo feito pelo regime de caixa. A diferença encontrada, no valor de R$ 775,29, é justamente o valor do reajuste do aluguel ocorrido durante o ano. Assim, não deve prosperar o lançamento de omissão de rendimentos no valor de R$ 775,29. Ressaltese que foi considerado no lançamento o IRRF sobre a omissão no valor de R$ 170,97, o qual também deve ser excluído, por consequência. Dessa forma, somente deve ser mantida a omissão de R$ 5.846,53, referente à fonte pagadora Hotelaria Accor Brasil S.A. INFRAÇÃO DE COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF É de se ressaltar que o requisito necessário para que o contribuinte compense em sua declaração de ajuste anual o imposto retido na fonte é a sua efetiva retenção por parte da fonte pagadora, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99), aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, assim dispõe: Art. 87. Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (Lei nº 9.250, de 1995, art. 12): [...] IV o imposto retido na fonte ou o pago, inclusive a título de recolhimento complementar, correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo; [...] Fl. 261DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 262 9 O Parecer Normativo nº 01, de 24/09/2002, da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB dispõe sobre a responsabilidade pelo recolhimento do imposto. IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido. Foram mantidos pela decisão a quo as seguintes glosas de IRRF: Fonte Pagadora Valor (R$) Iron Muscle Academia Ltda. 2,25 Golden Gol Locação Esportiva Ltda. 5.235,92 Patridany Calçados e Bolsas Ltda. ME 59,40 Total 5.297,57 O argumento utilizado pela DRJ para não acatar as deduções dos valores de IRRF acima foi de que os documentos emitidos pela fonte pagadora divergem do valor do imposto informado pela contribuinte como retido pelas fontes pagadoras, e não foram anexados documentos que comprovassem o efetivo recebimento pela contribuinte dos valores de aluguéis constantes nos recibos acostados já com o desconto do imposto retido na fonte. A Contribuinte não pode ser penalizada pelo fato de as empresas locatárias não terem cumprido corretamente com as suas obrigações tributárias, seja principais ou acessórias. Entendo que a decisão da DRJ não está correta, pois se observa que a Contribuinte trouxe documentos que comprovam as suas alegações, relativas às locações de sua propriedade, tendo apresentado contrato de locação com as fontes pagadoras, além de ter declarado em sua Declaração de Ajuste Anual as correspondentes receitas de aluguéis. A Contribuinte também apresentou os recibos dos recebimentos dos aluguéis das empresas locatárias, referentes ao anocalendário de 2005. Às fls. 28/33 encontramse os recibos relativos aos recebimentos da empresa Iron Muscle Academia Ltda., onde se pode constatar a retenção na fonte do IRRF. Os recibos referentes aos recebimentos da empresa Golden Gol encontramse às fls. 35/40 e os da empresa Patridany estão às fls. 62/67, os quais demonstram os valores retidos de imposto de renda. Dessa forma, entendo como devidamente comprovados os valores de IRRF acima especificados e tidos como indevidamente compensados no lançamento de ofício, devendo, portanto, serem restabelecidos. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para: Fl. 262DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13706.004654/200872 Acórdão n.º 2202003.515 S2C2T2 Fl. 263 10 a) excluir o valor de R$ 775,29 da base de cálculo da infração de omissão de rendimentos e o valor de R$ 170,97 do IRRF sobre a omissão; b) excluir o valor de R$ 5.297,57 da infração de compensação indevida de IRRF. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 263DF CARF MF Impresso em 06/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 15504.726184/2015-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
IRPF. CARNÊ-LEÃO.
O crédito de imposto pago por intermédio de carnê-leão é aproveitado no ano-calendário a que se refere.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Relatora e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2013 IRPF. CARNÊ-LEÃO. O crédito de imposto pago por intermédio de carnê-leão é aproveitado no ano-calendário a que se refere. Recurso Voluntário Negado.
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COMPENSAÇÃO. Recorrente ENY MAGALHÃES GANDRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2013 IRPF. CARNÊLEÃO. O crédito de imposto pago por intermédio de carnêleão é aproveitado no anocalendário a que se refere. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, por voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Relatora e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 61 84 /2 01 5- 22 Fl. 62DF CARF MF 2 Relatório Tratase de notificação de lançamento de imposto de renda pessoa física IRPF no valor de R$ 1.000,00, acrescido de multa de mora e juros de mora (fls. 4/6), referente a glosa do valor de R$ 1.000,00, indevidamente compensado a título de carnêleão, relativo à diferença entre o valor de declarado de R$ 12.000,00 e o recolhido de R$ 11.000,00. A contribuinte impugnou o lançamento alegando que o valor de R$ 1.000,00 referese ao recolhimento efetuado no CPF do titular da declaração. A DRJ/JFA julgou improcedente a impugnação (Acórdão de fls. 36/39), mantendo o crédito tributário. Conta do voto que: O imposto relativo ao carnêleão é calculado mediante a aplicação da tabela progressiva mensal, vigente no mês do recebimento do rendimento, sobre o total recebido no mês, observado o valor do rendimento bruto relativo a cada espécie, devendo ser recolhido até o último dia útil do mês subsequente ao do recebimento do rendimento, com o código 0190. Atenta a isso, a autoridade revisora considerou como pagamentos de carnêleão, passíveis de integrar a DIRPF do exercício 2014, aqueles com vencimento entre fevereiro/2013 e janeiro/2014, uma vez que, em geral, os pagamentos com data de vencimento em janeiro/2013 seriam relativos a rendimentos recebidos em dezembro/2012. [...] Ocorre que, numa análise mais criteriosa desse DARF, é possível verificar que, efetivamente, houve um equívoco de preenchimento cometido pela interessada. Ora, de acordo com as instruções de preenchimento para esse documento, no caso de pagamento do carnêleão, no campo 02 – período de apuração – deve ser informado o último dia, mês e ano referente ao recebimento do rendimento e no campo 06 – data de vencimento – deve constar o dia, mês e ano do vencimento do imposto. Exemplificando, para rendimentos recebidos em março/2013, no campo 02: 31/03/2013 e no campo 06: 30/04/2013. Todavia, no DARF anteriormente reproduzido, observase que as datas constantes dos campos 02 e 06 são coincidentes – 31/01/2013. Tal equívoco foi cometido ainda para os demais recolhimentos ocorridos durante o anocalendário de 2013, conforme se observa na tabela de fl. 30, a seguir reproduzida: Ainda que se admita a possibilidade de que a contribuinte informava corretamente o período de apuração, equivocando se na data de vencimento, o pagamento efetuado em 31/01/2013 foi efetivamente utilizado na DIRPF/2013, conforme relatado na Notificação de Lançamento nº 2013/455832125463919: (grifo nosso) Fl. 63DF CARF MF Processo nº 15504.726184/201522 Acórdão n.º 2401004.530 S2C4T1 Fl. 63 3 Cientificado do Acórdão em 22/10/15 (Aviso de Recebimento AR de fl. 42), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 18/11/15, fls. 45/46, que contém, em síntese: Diz que percebeu seu erro ao lançar em todos os campos da DARF aquela em que estava efetuando o pagamento, o que pode ser constatado pelas DARFs de outros meses. Entende que como houve o efetivo pagamento para a competência jan/13, havendo apenas incorreção no preenchimento do campo "data do vencimento". Solicita que seja retificado o vencimento da DARF, em vez de 31/1/13, o correto seria 28/2/13, a fim de que o sistema da RFB possa considerar este recolhimento como sendo referente ao anocalendário 2013. Pede o cancelamento do débito fiscal reclamado. É o relatório. Fl. 64DF CARF MF 4 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini Relatora ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO DA DARF Ainda que fosse possível a retificação da data de vencimento na DARF, como pede a contribuinte, tal valor não poderia ser apropriado como crédito no presente processo. Vêse que a contribuinte não atentou para o penúltimo parágrafo do Acórdão recorrido, onde consta que: Ainda que se admita a possibilidade de que a contribuinte informava corretamente o período de apuração, equivocandose na data de vencimento, o pagamento efetuado em 31/01/2013 foi efetivamente utilizado na DIRPF/2013, conforme relatado na Notificação de Lançamento nº 2013/455832125463919: Ora, se o valor pago por meio de carnêleão foi considerado como crédito da contribuinte no anocalendário 2012 (exercício 2013), ele jamais poderia ser novamente aproveitado no anocalendário 2013 (exercício 2014). CONCLUSÃO Voto por conhecer do recurso, NEGANDOLHE provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini. Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13603.720267/2013-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2010
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento.
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2010
ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. LAUDO PERICIAL.
A declaração de área de interesse ecológico em laudo pericial oficial produzido nos autos de ação judicial é válida para fins de reconhecimento do direito à isenção de tributação da referida área, especialmente quando acompanhada de ADA tempestivo e laudo técnico.
ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE.
Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Numero da decisão: 2301-004.872
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento restabelecendo a Área de Interesse Ecológico de 903,4ha e considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2010 ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. ISENÇÃO. LAUDO PERICIAL. A declaração de área de interesse ecológico em laudo pericial oficial produzido nos autos de ação judicial é válida para fins de reconhecimento do direito à isenção de tributação da referida área, especialmente quando acompanhada de ADA tempestivo e laudo técnico. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento restabelecendo a Área de Interesse Ecológico de 903,4ha e considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 72 02 67 /2 01 3- 01 Fl. 311DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente). Relatório Tratase de notificação de lançamento nº 06110/00003/2013 resultante de lançamento suplementar do ITR/2010, incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda da Cachoeira” (NIRF 5.454.6427), com área total declarada de 1.293,0ha, localizado no município de Brumadinho/MG, tendo a autoridade fiscal glosado integralmente a área de interesse ecológico de 903,4ha, além de desconsiderar o VTN declarado de R$ 2.494.714,20, arbitrandoo em R$ 7.038.096,39, conforme demonstrativo de efl. 07. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese que: a) O relatório fiscal atesta a entrega do ADA correspondente à área de interesse ecológico informada na DITR; a existência dessa área é resultado da incidência do Decreto do Estado de Minas Gerais n.º 35.624/94 que criou a área conhecida como APA/SUL, que abarca o imóvel em questão, e é suficiente para suprir a exigência de declaração formal quanto à área de interesse ecológico, prevista no art. 10, 1º, II, “b”, da Lei n.º 9.393/1996; com esse Decreto, o Estado exerceu sua competência constitucional de proteger o meio ambiente (art. 23, VI, CR/88); a partir da norma se irradiam os efeitos concernentes à restrição da propriedade, que, por sua vez, ensejam a exclusão da área da incidência do ITR; apresenta laudo técnico que comprova a vinculação do imóvel à área de interesse ecológico declarada no Decreto n.º 35.624/94; diante da comprovação da materialidade da área protegida e sua informação em ADA, é ilegítima a glosa pretendida pela RFB; b) A apuração do Valor da Terra Nua pela fiscalização baseouse em critérios subjetivos, tendo sido utilizadas informações extraídas do SIPT, sistema ao qual o contribuinte não tem acesso, impossibilitando que ele discorde das informações levantadas e cálculos efetuados pelo Fisco, ainda que tal procedimento tenha base legal; se ao Fisco cabe o dever de lançar, obviamente ele deve comprovar e evidenciar, no ato do lançamento, quais os elementos constituintes da hipótese de incidência, o que, no caso, implicaria na demonstração objetiva dos critérios utilizados para aferição do Valor da Terra Nua; a utilização indiscriminada do SIPT, ao qual o contribuinte não tem acesso, caracteriza flagrante cerceamento do seu direito de defesa, com total afronta aos princípios do contraditório e da ampla defesa, entendimento que já foi observado em julgados do Conselho de Contribuintes; c) Ainda que os argumentos anteriores sejam ultrapassados, a avaliação fiscal não deve prevalecer, visto que apresentou laudo técnico elaborado de acordo com normas da ABNT, que atribuiu para o imóvel no Exercício 2010 o VTN de R$ 3.909.217,41, considerando todas as características do imóvel. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 13603.720267/201301 Acórdão n.º 2301004.872 S2C3T1 Fl. 312 3 Em 07/10/2013, a 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande DRJ/CGE, por unanimidade de votos, decidiu por rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário, nos termos do Acórdão nº 0433.753 (efls. 168/179): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2010 NIRF 5.454.6427 Fazenda da Cachoeira. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. Não cabe aos órgãos administrativos apreciar arguições de inconstitucionalidade de dispositivos da legislação em vigor, matéria reservada ao Poder Judiciário. NULIDADE. Ausentes as hipóteses do art. 59 do Decreto n.º 70.235/72 e cumpridos os requisitos do art. 11 desse Decreto, não prospera a alegação de nulidade do lançamento. ÁREAS ISENTAS. TRIBUTAÇÃO. Para efeito de isenção do ITR, somente será aceita como de interesse ecológico a área declarada em caráter específico, por órgão competente. VALOR DA TERRA NUA. A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, com base no SIPT, se não existir comprovação que justifique sua alteração. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 185/203) repisando as alegações da impugnação. Em 28/03/2016 o recorrente junta Laudo Pericial e sentença (efls. 250/305), referente à ação judicial [(processo nº 3808.11.2011.4.01.3800) que questiona a cobrança de ITR Exercício 2002, em face do imóvel cadastrado sob o NIRF 5.454.6427, em situação objeto e fundamentos semelhantes ao presente] no qual fica confirmado que a totalidade do imóvel localizase dentro dos limites da Área de Proteção Ambiental da Região Sul de Belo Horizonte APA SUL. Continua, que a "peculiaridade que diferencia a discussão já instaurada na esfera judicial e a presente, qual seja a fato de aquela ser referente ao ITR do exercício de 2002, não invalida para esta as conclusões tomadas, à medida que as características atestadas envolvem condição perene do imóvel, sobretudo ante a prevalência da Decreto Estadual/MG Fl. 313DF CARF MF 4 nº 35.624/94 e Lei Estadual/MG nº 1396012001, que estabeleceram unidade de conservação de uso sustentável, denominada APA SUL, ainda vigente". É o relatório. Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Verificada a tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a sua análise. Preliminar de Nulidade O recorrente pleiteia a nulidade da autuação fiscal por cerceamento de defesa sob o argumento de desconhecimento dos critérios utilizados pelo Fisco para arbitrar o valor da terra nua. Entendo que não assiste razão ao recorrente, uma vez que a autuação preenche todos os requisitos do Decreto nº 70.235/72 e, embora o recorrente não tivesse conhecimento dos valores considerados para a definição do arbitramento pelo SIPT Sistema de Preços de Terra, lhe foi dado o direito de apresentar laudo técnico que confirmasse os valores declarados em sua DITR. Por sua vez, o cerceamento do direito de defesa decorre da impossibilidade de se defender, o que não se verificou no presente caso. Nestes termos, afastase a alegação de nulidade por cerceamento ao direito de defesa. Glosa da Área de Interesse Ecológico Com relação à glosa da área declarada de Interesse Ecológico (903,4 ha), a notificação traz a seguinte justificativa (efl.6): O contribuinte apresentou os documentos discriminados acima, além de : ADA Ato Declaratório Ambiental para o ano de 2010 emitidos no prazo exigido pela legislação vigente e com as áreas de interesse ecológico e preservação permanente informada na DITR/2010. Em relação à área declarada como de interesse ecológico (903,4ha), para ser ela excluída do cálculo do ITR/2010, seria necessária a apresentação do ato de órgão competente federal ou estadual, que a reconhecesse como de interesse ecológico, exigência essa aplicada a partir do exercício de 1997 e prevista na Lei nº 9.393/1996 Por sua vez a turma da DRJ/CGE sustenta a manutenção do lançamento sob a seguinte argumentação (efls.174/175): Fl. 314DF CARF MF Processo nº 13603.720267/201301 Acórdão n.º 2301004.872 S2C3T1 Fl. 313 5 O fato de o imóvel estar inserido em uma área maior onde há restrições de exploração, nos termos da legislação ambiental, não é suficiente para que suas áreas sejam consideradas isentas de tributação, cabendo a comprovação efetiva das áreas enquadradas nas isenções previstas na legislação tributária. ... O Decreto n.º 35.624/94 do Estado de Minas Gerais, que criou a APA/SUL, não impediu a exploração econômica dos imóveis nela localizados e nem mesmo definiu limites para essa exploração. (...) Não foi juntado aos autos Decreto posterior que tenha definido o zoneamento ecológicoeconômico da APA em questão e as restrições impostas aos imóveis ali localizados. Por fim, impõese destacar que não há comprovação efetiva de que o imóvel ora tratado está integralmente localizado nessa APA, sendo que apenas no laudo técnico de fls. 120 a 130, elaborado por engenheiro agrimensor, constou referência à APA SUL Decreto n.º 35.624/1994 do Estado de Minas Gerais como origem específica das áreas de interesse ecológico indicadas para o imóvel. O laudo técnico citado informa sobre a existência no imóvel de áreas de preservação permanente, devidamente afastadas da tributação pelo ITR, e áreas de interesse ecológico que não foram assim declaradas mediante ato específico do órgão competente, federal ou estadual para a área da propriedade particular. A jurisprudência a seguir transcrita, acórdão AG 2005.01.00.0187053, do TRF1, ilustra bem a necessidade de apresentação de laudo técnico com perfeita descrição das áreas do imóvel que se enquadram nas isenções da Lei n.º 9.393/1996: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO ITR IMÓVEL RURAL ÁREA ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ISENÇÃO (ART. 10, § 1º, II, B, DA LEI Nº 9.393/96): AUSENTE PROVA INEQUÍVOCA (ART. 273 DO CPC) AGRAVO PROVIDO. (...) 4 O simples fato de o imóvel estar, em princípio, localizado dentro de área estadual de "Proteção Ambiental" não induz, só por si, isenção tributária. A Lei nº 9.393/96 (em leitura apropriada) parece reclamar mais. Nãotributáveis seriam, sim, as "partes" de qualquer imóvel rural (encravado ou não em área de proteção ambiental) que, porventura (comprovadamente, na forma da lei), fossem "de preservação permanente"; "de reserva legal"; "de interesse ecológico"; ou "comprovadamente imprestáveis para exploração econômica". 5 Imóvel rural, pois, ainda que localizado em área de proteção ambiental, pode estar sujeito ao ITR, desde que nele estejam contidas glebas de terras economicamente aproveitáveis (com limitações ambientais, que sejam) não enquadráveis na exceção Fl. 315DF CARF MF 6 legal: isenção favor legal reclama interpretação restrita (art. 111, II, do CTN). 6 Decidir em oposto sentido, afastando crédito tributário da ordem de quase R$ 60.000,00, reclama prova inequívoca, aqui ausente, que só ampla instrução poderá, se o caso, evidenciar. (...) (Relator(a): DESEMBARGADOR FEDERAL LUCIANO TOLENTINO AMARAL, Julgamento: 18/07/2006, Órgão Julgador: SÉTIMA TURMA, Publicação: 04/08/2006, DJ p.76) Do exposto, impõese reconhecer que não há nos autos comprovação efetiva que permita reconhecer a existência no imóvel rural aqui tratado de área não tributável pelo ITR em tamanho maior do que a já considerada no lançamento de ofício. (grifamos) Já o recorrente alega que o Decreto Estadual nº 35.624/96 ato legislativo emanado do Governo do Estado de Minas Gerais , bem como o Laudo Técnico apresentado, com ART registrada no CREA supririam esse requisito. Entendo que as razões de decidir do julgador de primeira instância ficam prejudicadas após a juntada do Laudo Pericial e da decisão proferida no bojo do processo judicial nº 3808.11.2011.4.01.3800. Isto porque: a) o Laudo Pericial (efls. 251/287) informa que toda a extensão da Fazenda da Cachoeira "localizase no interior da Área de Proteção Ambiental Sul da RMBH APASUL (...)" e que "descontados os 775,44 hectares referentes às áreas de preservação permanente, toda a área restante do imóvel (594,98 hectares) é de utilização limitada, não se adequando à atividade agropecuária economicamente viável devido ao seu fracionamento dentre áreas de preservação permanente, às condições físicoquímicas do solo e ao relevo acidentado, servindo para compor a reserva legal do imóvel; e b) a decisão judicial (efls. 288/305) conclui "que o imóvel em questão não possuía área tributável pelo ITR, razão pela qual se revela insubsistente a autuação fiscal...". Conforme consulta ao sítio do TRF1 verificase que a Fazenda Nacional apresentou Apelação em 25/04/2006, encontrandose os autos conclusos para relatório e voto desde 05/08/2016. Entretanto, apesar de a sentença não ter transitado em julgado podendo haver alteração jurisprudencial, não há como se desprezar a validade do laudo técnico pericial ali produzido e juntado ao presente processo. Assim, considerando que referido laudo apurou que toda a extensão da propriedade encontrase em área abrangida pela APA Sul (Decreto Estadual nº 35.624/96), entendo que deve ser restabelecida a área de interesse ecológico de 903,4ha. Valor da Terra Nua. Laudo de Avaliação. Sobre a desconsideração do VTN declarado pelo recorrente, a autoridade lançadora alega que o Laudo de Avaliação do VTN para o exercício de 2010, não estava acompanhado de ART/CREA, razão pela qual será considerado o valor do VTN/hectare estabelecido pelo SIPT da RFB (efl.6) : Fl. 316DF CARF MF Processo nº 13603.720267/201301 Acórdão n.º 2301004.872 S2C3T1 Fl. 314 7 Laudo de Avaliação do Valor da Terra Nua do imóvel para o ano de 2010.Entretanto, não consta ART/CREA no Laudo de Avaliação do Valor da Terra Nua razão pela qual será considerado o valor do VTN/hectare estabelecido pelo SIPT da RFB. A DRJ/CGE, apesar de reconhecer a existência do laudo acompanhado de ART/CREA, sustenta que "o laudo técnico apresentado não é suficiente para afastar a tributação com base no VTN apurado pela fiscalização a partir de valor constante no SIPT, com amparo no art. 14 da Lei n.º 9.393/1996" (efl. 178). Por sua vez, o recorrente alega que o Laudo de Avaliação apresentado não padece de nenhum vício que justifique sua rejeição sumária e que laudo similar apresentado para fins de avaliação da mesma Fazenda Cachoeira, com "as mesmíssimas características do apresentado nestes autos" foi aceito pela DRJ/Brasília para comprovar o VTN aplicável para o exercício 2006 (processo nº13603.723019/201061). O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993: Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. §1º. As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, §1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 Art. 12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel; II aptidão agrícola; (capacidade potencial da terra) [...] Fl. 317DF CARF MF 8 § 3º O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. Assim, entendo que assiste razão ao recorrente neste quesito, isto porque o VTN por hectare de R$ 5.443,23 utilizado para o cálculo do imposto, extraído do SIPT, refere se à média do VTN das DITRs processadas no Exercício em questão para o município de Brumadinho/MG, conforme informado no Termo de Intimação Fiscal de efls. 09 a 11, não leva em consideração a aptidão agrícola do imóvel, razão pela qual o arbitramento deve ser desconsiderado por desatender o disposto no art. 14, § 1º da Lei nº 9.396, de 1996, c/c art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. Nesse mesmo sentido decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, nos termos do Acórdão nº 9202003.749, em sessão de 29/01/2016, verbis: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Assim, deve prevalecer o VTN R$ 3.909.217,41 constante de Laudo de Avaliação apresentado pelo recorrente. Conclusão Pelo exposto, voto em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar e, no mérito, dar provimento restabelecendo a Área de Interesse Ecológico de 903,4ha e considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 318DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.723713/2014-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Nov 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
IRRF RETIDO E RECOLHIDO. DIREITO A COMPENSAÇÃO.
Quando comprovada a retenção e realizado o recolhimento, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2301-004.859
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral o Dr. Rapahel Okano Pinto de Oliveira, OAB/SP 344.096.
João Bellini Junior - Presidente
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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DIREITO A COMPENSAÇÃO. Quando comprovada a retenção e realizado o recolhimento, o imposto pode ser compensado na declaração de ajuste anual. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral o Dr. Rapahel Okano Pinto de Oliveira, OAB/SP 344.096. João Bellini Junior Presidente Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: JOAO BELLINI JUNIOR, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, ALICE GRECCHI, ANDREA BROSE ADOLFO, FABIO PIOVESAN BOZZA e GISA BARBOSA GAMBOGI NEVES. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 72 37 13 /2 01 4- 68 Fl. 260DF CARF MF 2 Relatório Tratase de notificação fiscal de lançamento em 25/08/2014, fls. 17 e s., para constituição de crédito tributário de IRPF anocalendário 2012 por glosa de compensação indevida. No caso, o recorrente é diretorempregado responsável pelo setor de exportações da fonte pagadora, fls. 21 e s., que reteve mas não recolheu o imposto. A fiscalização intimou o recorrente para a apresentação de documentos, dentre os quais os comprovantes de recolhimento do imposto retido, caso ele seja proprietário ou administrador da fonte pagadora, fls. 44. A decisão de primeira instância julgou o lançamento procedente sob o fundamento de responsabilidade solidária com a fonte pagadora. Segue transcrição da ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 RETENÇÃO DE IRRF. DIRETOR DE EMPRESA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. O imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos quando restarem devidamente comprovados os respectivos recolhimentos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os autos do processo nº 10730.723713/201468, ACORDAM os membros da 19ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ), por UNANIMIDADE de votos, julgar IMPROCEDENTE a impugnação, devendo ser cancelado o imposto de renda da pessoa física (cód.0211), no valor de R$64.398,44, bem como a multa de mora de 20% e os juros de mora. ... A glosa foi efetuada pelo fato de o contribuinte constar como sóciodiretor da referida empresa de abril/1998 a janeiro/2014, tendolhe sido solicitado, quando do recebimento do termo de intimação fiscal de fls. 44, que apresentasse comprovantes do recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte, pedidos de compensação e DCTF (contribuinte proprietário ou administrador da fonte pagadora). ... De análise aos autos, verificase que o contribuinte foi administrador (diretor) da empresa E D E F MAN BRASIL S/A., CNPJ nº 35.829.068/000162, na época dos fatos, conforme Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10730.723713/201468 Acórdão n.º 2301004.859 S2C3T1 Fl. 253 3 extratos de fls. 61/62. A informação relativa ao imposto de renda retido na fonte glosado, no valor de R$64.398,44, consta de DIRF e de recibos de pagamento assinados pelo próprio. No entanto, uma vez verificados os respectivos recolhimentos no Sistema Informatizado da SRFB, constatase que não houve o efetivo recolhimento das parcelas relativas ao IRRF informado, não restando comprovado, assim, o pagamento correspondente (fls. 63). A respeito do assunto, há de ser salientado o disposto no art. 8º, do Decretolei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, que dispõe que são solidariamente responsáveis com a fonte pagadora os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos débitos decorrentes do não recolhimento do imposto de renda descontado na fonte: ... Nos autos em análise, conforme consignado no cadastro da pessoa jurídica junto à Receita Federal, conforme telas de fls. 61/62, como o contribuinte foi diretor da fonte pagadora obrigada ao recolhimento do IRRF, é cabível a sua responsabilização solidária pelo não recolhimento aos cofres da União do imposto retido de seus rendimentos tributáveis recebidos a título de prólabore (fls. 63), motivo pelo qual deve ser mantida a glosa do imposto de renda retido. ... Na impugnação o recorrente demonstrou para o período de 26/10/2000 a 06/01/2014 seu vínculo de emprego com a fonte pagadora na condição de diretor de exportações, trouxe os recibos de salários com as retenções do IRPF, fls. 24. Assim, alegou que eventuais impostos não recolhidos deveriam ser cobrados da fonte pagadora. Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde se reitera as alegações trazidas na impugnação, e acrescenta que a autuação deve ser cancelada e também que a decisão é nula, pois inovou no critério jurídico quando adotou como fundamento a responsabilidade solidária prevista no artigo 8º do Decretolei nº 1.736/1979 e no art. 135 do CTN. O recurso foi incluído em pauta com encaminhamento pela intempestividade do recurso; contudo, em análise mais detida pela turma julgadora constatouse que não havia decorrido o trintídio, sendo então proposta sua reinclusão. É o Relatório. Fl. 262DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Cumpridos os pressupostos processuais, conheço do recurso. A norma vigente à época do exercício já determinava a responsabilidade solidária dos representantes legais da pessoa jurídica fonte pagadora dos rendimentos pelo IRRF não recolhido: RIR99 Decreto nº 3.000 de 26 de Março de 1999 Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Art. 723. São solidariamente responsáveis com o sujeito passivo os acionistas controladores, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, pelos créditos decorrentes do não recolhimento do imposto descontado na fonte (DecretoLei nº 1.736, de 20 de dezembro de 1979, art. 8º ). Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas referidas neste artigo restringese ao período da respectiva administração, gestão ou representação (DecretoLei no 1.736, de 1979, art. 8o, parágrafo único). No presente caso, o fundamento do lançamento e da decisão recorrida é que sendo um dos diretores, o recorrente seria responsável pelo imposto dele retido na condição de contribuinte beneficiário dos rendimentos, e nessa condição somente seria aceita a compensação na DAA com a efetiva comprovação do recolhimento. Acontece que o lançamento em exame, embora procure fundamento legal na responsabilidade solidária, foi pela glosa da compensação na DAA da pessoa física, na condição de contribuinte beneficiário de rendimentos, devidamente comprovados. A fiscalização não realizou diligência ou a busca de qualquer informação sobre a fonte pagadora que não fosse a consulta sobre a condição do recorrente como diretor, apresentandose como responsável pelo setor de exportações da fonte pagadora. Conseqüentemente, a fiscalização não trouxe a pessoa jurídica fonte pagadora para o pólo passivo da exigência. De acordo com o Parecer Normativo COSIT nº 01, de 25/09/2002, independentemente do efetivo recolhimento pela fonte pagadora, o contribuinte tem o direito de compensação com o imposto retido: IRRF RETIDO E NÃO RECOLHIDO. RESPONSABILIDADE E PENALIDADE. Ocorrendo a retenção e o não recolhimento do imposto, serão exigidos da fonte pagadora o imposto, a multa de ofício e os Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10730.723713/201468 Acórdão n.º 2301004.859 S2C3T1 Fl. 254 5 juros de mora, devendo o contribuinte oferecer o rendimento à tributação e compensar o imposto retido. ... Imposto retido e não recolhido 17. Ocorrendo a retenção do imposto sem o recolhimento aos cofres públicos, a fonte pagadora, responsável pelo imposto, enquadrase no crime de apropriação indébita previsto no art. 11 da Lei nº 4.357, de 16 de julho de 1964, e caracterizase como depositária infiel de valor pertencente à Fazenda Pública, conforme a Lei nº 8.866, de 11 de abril de 1994. Ressaltese que a obrigação do contribuinte de oferecer o rendimento à tributação permanece, podendo, nesse caso, compensar o imposto retido. Nesse sentido, pela responsabilidade exclusive da fonte pagadora: Processo nº 13746.720735/201312 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401004.149– 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria IRPF COMPENSAÇÃO INDEVIDA DE IRRF Recorrente SYLVERIO DO ESPIRITO SANTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 IRPF. GLOSA COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. APRESENTAÇÃO DE PROVAS DA RETENÇÃO COMPENSADA PELO CONTRIBUINTE. VALIDADE. De conformidade com a jurisprudência administrativa, tendo a recorrente comprovado o imposto de renda retido na fonte objeto de compensação em sua Declaração de Imposto de Renda, impõese rechaçar a glosa procedida pela fiscalização, devendo ser restabelecido seu Ajuste Anual na forma apresentada pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido. ... Também a precedentes nas turmas dessa segunda seção que inverte o ônus da prova em desfavor do contribuinte nos casos em que há indícios de fraude. No caso apresentado por aquela turma, além do grau de parentesco do contribuinte com os sócios da fonte pagadora havia indícios de que não houve a prestação do serviço que justificasse os rendimentos e correspondente retenção do imposto: Processo nº 13855.722971/201417 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.192– 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de fevereiro de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A Fl. 264DF CARF MF 6 RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente EDITH BERTHA SABLEWSKY DE OLIVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 GLOSA DE IRRF. INDÍCIOS DE FRAUDE. RELAÇÃO DE PARENTESCO DO CONTRIBUINTE COM A FONTE PAGADORA. Nos casos de suspeitas de fraude e de inidoneidade do comprovante de rendimentos, o imposto retido na fonte somente poderá ser deduzido na declaração de rendimentos quando a retenção restar devidamente comprovada por meio de outros documentos, hábeis e idôneos, ou, ainda, por meio da comprovação dos respectivos recolhimentos. ÔNUS DA PROVA. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. IMPROCEDÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVAS. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, não tendo ele se desincumbindo deste ônus. Recurso Voluntário Negado ... Entendo que o dever de comprovar a retenção na fonte cabe a fonte pagadora, e não à contribuinte. Porém tratase de caso atípico, pois há relação de parentesco entre a contribuinte e sua fonte pagadora, sendo o sócioadministrador da fonte pagadora filho da contribuinte, cabe nestes casos ao contribuinte o ônus de apresentar elementos probatórios inequívocos de que houve a retenção. Ademais, há de ser salientado que a contribuinte foi intimada a apresentar outros documentos que viessem a comprovar a alegada retenção de imposto de renda na fonte, tais como contracheques, contrato de prestação de serviços e/ou respectivo termo de rescisão e carteira de trabalho (fls. 30 e 02). No entanto, limitouse a juntar aos autos o comprovante de rendimentos já apresentado e não aceito pelo Fisco para comprovar a referida retenção (fls. 34), bem como o recibo de fls. 37/38, sem assinatura do signatário. E, em recurso voluntário, apresenta recibo com assinatura (fls. 64/65). Como se pode constatar dos autos, o recorrente não é sócio, mas empregado da fonte pagadora e mesmo assim sua área de atuação não tem relação com a responsabilidade administrativa sobre o cumprimento de obrigações tributárias da fonte pagadora. Por tudo, voto por dar provimento ao recurso voluntário. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10730.723713/201468 Acórdão n.º 2301004.859 S2C3T1 Fl. 255 7 Fl. 266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10437.720018/2014-69
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
NULIDADES. INOCORRÊNCIA.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento.
Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos.
Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito.
IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES.
Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio.
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS.
A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização.
DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE.
Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontram-se nos autos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2202-003.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 NULIDADES. INOCORRÊNCIA. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização. DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE. Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontram-se nos autos. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2273; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2.221 1 2.220 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10437.720018/201469 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202003.569 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 21 de setembro de 2016 Matéria IRPF Recorrente WALTER ZAGARI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 NULIDADES. INOCORRÊNCIA. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Correta a fórmula empreendida no lançamento. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que foram discriminados mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantidas no exterior, conforme planilha que consta dos autos. Não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 7. 72 00 18 /2 01 4- 69 Fl. 2221DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.222 2 seguidamente, que deverá conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetido à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. ANÁLISE DO FLUXO DE ORIGENS E DISPÊNDIOS. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda, deve ser feita a partir de fluxo mensal de origens/receitas e dispêndios/aplicações, com base em documentação hábil e idônea. Compete ao contribuinte demonstrar eventuais vícios na apuração minuciosamente detalhada em planilhas elaboradas pela fiscalização. DILIGÊNCIAS. DESNECESSIDADE. Despicienda a determinação de diligências quando todas as provas necessárias à formar a convicção do julgador encontramse nos autos. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. Relatório Em desfavor do contribuinte em epígrafe foi lavrado Auto de Infração (fl. 2.098) relativo ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, do exercício de 2010, ano calendário de 2009, no valor de R$ 8.335.104,93, acrescido de multa de ofício proporcional, no percentual de 75%, e mais juros de mora calculados pela taxa Selic, onde são apontadas duas infrações à legislação tributária: I Omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido da empresa distribuidora e II Acréscimo Patrimonial a Descoberto. Narra a Autoridade Fiscal responsável, no seu Termo de Verificação Fiscal (fl. 2.087), que: Fl. 2222DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.223 3 1 O contribuinte fora intimado a comprovar todos os valores recebidos a título de rendimentos tributáveis, isentos e de tributação exclusiva na fonte, apresentar movimentação patrimonial, extratos bancários, comprovantes de despesas e outros gastos. A solicitação foi atendida parcialmente, o que levou à emissão de outros termos de intimação. Além das informações prestadas por ele, foram observadas outras fontes como DIRPF dele e do cônjuge; DIPJ, livros contábeis e demonstrações da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., e documentos apresentados pelo cônjuge. 2 Analisando a DIPJ da empresa supracitada, constatouse a opção pelo regime de tributação do Lucro Presumido. Consta a informação de que o lucro distribuído a Walter Zagari foi de R$ 13.179.807,45, o que diverge do valor aposto em sua DIRPF. De acordo com a legislação, a empresa poderia distribuir lucro até o limite do lucro presumido apurado, diminuído de todos os impostos e contribuições. Acima desse valor, para distribuição de lucros sem incidência do imposto de renda, poderseia fazer até o limite do lucro contábil efetivo, "desde que seja demonstrado via escrituração contábil de acordo com as leis comerciais, que este lucro é maior que o lucro presumido." Analisando a documentação, concluiu que a empresa envolvida não cumpriu as formalidades legais para sua escrituração contábil, o que levou a fiscalização a desconsiderála e considerar como isentos na DIRPF somente o valor correspondente ao lucro presumido, declarado na respectiva DIPJ, diminuído dos impostos e contribuições, reclassificando a parcela excedente. 3 Constatouse ainda a existência de acréscimo patrimonial a descoberto, a partir da elaboração de um fluxo de análise patrimonial e financeira, computado em conjunto com a cônjuge, que apresentou, naquele ano, declaração em separado (ambos utilizaram em suas declarações o modelo simplificado). Foi verificado excesso de aplicações sobre as origens de recursos, não respaldado por rendimentos declarados, nos meses de janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. A tributação foi feita em separado, na proporção de 50% para cada cônjuge. 4 Foram considerados como "recursos" na análise da evolução patrimonial e financeira os rendimentos omitidos apurados pela fiscalização referentes à parcela de lucros distribuídos excedente ao limite do lucro presumido, acima tratada. O contribuinte apresentou impugnação, conforme folha 2.112, alegando em resumo que não concordava com a exigência fiscal pois a empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda., embora tenha optado pelo regime do lucro presumido, possui contabilidade idônea e suficiente para comprovar que foi auferido, no ano de 2009, lucro superior ao presumido, viabilizando as distribuições ao impugnante. Fala em razoabilidade, proporcionalidade e verdade material. Além disso, quanto ao outro ponto da autuação, a apuração da variação patrimonial não poderia ser mensal, mas sim anual. Havia outras fontes que não foram consideradas pela fiscalização em sua apuração. Houve também a consideração indevida de saldos no exterior, que, caso excluídos, revertem os valores da planilha. Essa manifestação de inconformidade foi analisada pela DRJ em São Paulo/SP, que, em suma, assim dispôs: a) preliminarmente: não se verifica qualquer nulidade na autuação, uma vez que obedecidos os ditames do artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, não havendo enquadramento em nenhuma das hipóteses do artigo 59, do mesmo diploma legal; os valores de aplicações e contas mantidas no exterior estão devidamente suportados por documentos que constam destes autos, conforme indicado; as leis nº 7.713, de 1988, e nº 8.134, de 1990, determinam a apuração do imposto mensalmente, à medida em que os rendimentos forem Fl. 2223DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.224 4 auferidos. Portanto, a análise da evolução patrimonial está correta, na forma como efetuada, mês a mês; b) para que a distribuição de valor excedente ao lucro presumido seja isenta do imposto, necessário se faz que a empresa demonstre, por meio de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo de sua opção; caso contrário, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, devendo submeterse ao ajuste anual do imposto devido pela pessoa física beneficiária. A apuração do lucro efetivo, conforme previsto pela norma, deve seguir as mesmas regras estabelecidas para a apuração do lucro real. Assim, há necessidade de que essa demonstração seja feita com observância às formalidades exigidas em relação aos livros obrigatórios. Não cumpridas todas as formalidades exigidas pela legislação, a escrituração contida nesse livro não possui o condão de fazer prova da apuração do lucro efetivo da pessoa jurídica. c) na apuração da variação patrimonial, cabe ao contribuinte, se pretende refutar a presença da omissão de rendimentos estabelecida contra ele, provar por meio de documentação hábil e idônea a existência dos recursos, ao passo que ao Fisco compete provar a aplicação destes. o impugnante alega que foi distribuída a quantia de R$ 600.000,00 no dia 20/01/2009. Entretanto, o contribuinte não aponta a transferência desses recursos para suas contas correntes, limitandose a argumentar que estaria comprovada nos autos. Os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 6712326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá, em março e abril de 2009. Quanto ao acréscimo patrimonial apurado nos meses de agosto e setembro de 2009, argumenta o contribuinte que no mês de agosto de 2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do contribuinte, referente a empréstimo bancário tomado da empresa da qual é sócia majoritária. não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). d) é prescindível e meramente protelatória a realização da diligência solicitada, pelo que indeferese o seu pedido. Decidiuse, assim, pela improcedência da impugnação. Cientificado dessa decisão em 12/09/2014 (sexta feira), conforme Aviso de Recebimento na fl. 2.178, o contribuinte apresentou recurso voluntário em 13/10/2014, com protocolo na folha 2.189. Em sede de recurso, em síntese, alega que: 1 Em 2009 recebeu da empresa WZ Publicidade e Comunicação Ltda. o valor de R$ 31.843.324,44 a título de lucros e dividendos, rendimentos isentos e não tributáveis. Comprovou o valor através de cópias do Livro Razão Analítico bem como de recibos de retirada. Entretanto, a fiscalização constatou que não obstante toda a escrituração estivesse correta, o Livro Diário fora registrado a destempo. Ignorando os demais documentos, desconsiderou a existência de lucro maior que o apurado pelo regime de tributação presumido, declarado em DIPJ. Insiste que a contabilidade é hábil e idônea a demonstrar a existência desse lucro que poderia ser distribuído. Repete a impugnação. Fala de ofensa à verdade material e de proporcionalidade, razoabilidade e motivação. Pede, se for o caso, a conversão do julgamento Fl. 2224DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.225 5 em diligência para que seja apurado efetivamente o lucro auferido pela empresa em questão, no ano de 2009. 2 Insiste que a apuração do acréscimo patrimonial deve darse de forma anual e não mensal. Mesmo assim, não existe tal infração, uma vez que em janeiro os dispêndios são cobertos por R$ 600.000,00 que foram recebidos em conta de titularidade do casal. A aplicação de recursos no exterior em março e abril é "impossível de compreender" e não estão identificadas nos extratos bancários. Ainda, em agosto deixouse de considerar uma entrada financeira decorrente de empréstimo de sua esposa junto à empresa da qual é sócia majoritária. Considerandose isso, haveria uma "sobra de caixa" e não acréscimo a descoberto. PEDE que seja reformada a decisão recorrida, extinguindose o crédito tributário em questão. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado e, atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR Em termos preliminares, as alegações de nulidade da autuação e do procedimento fiscal não procedem. O recurso repete a impugnação em seus fundamentos, em grande parte não levando em conta as considerações feitas pela Autoridade Julgadora de 1ª instância. A apuração da variação patrimonial, para fins de imposto de renda deve ser feita a partir de fluxo mensal de receitas e despesas e não anual, conforme está determinado nas Leis nº 7.713, de 1988 e nº 8.134, de 1990. Vejamos: Lei 7.713, de 1988 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Lei nº 8.134, de 1990 Art. 2° O Imposto de Renda das pessoas físicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11. Não há porque pretender que a apuração seja em base anual, citando posições externadas em votos vencidos no antigo Conselho de Contribuintes. Vejamos, em contrário: Acórdão 9202003.687 – CSRF 2ª Turma Sessão de 27 de janeiro de 2016 Fl. 2225DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.226 6 Exercício: 2003 IRPF ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO CRITÉRIOS DE APURAÇÃO. A variação patrimonial do contribuinte pode ser levantada através de fluxo financeiro onde se discriminem, mês a mês, as origens e as aplicações de recursos. Tributamse na declaração de ajuste anual os acréscimos patrimoniais a descoberto apontados na apuração mensal, conforme interpretação sistemática dos enunciados das Leis nos 7.713/88 e 8.134/90. Tal sistemática não é incompatível com o exercício da atividade rural pelo contribuinte. Recurso especial provido.(destaquei) Acórdão 2202003.147 2ª Turma Ordinária/2ª Câmara Sessão de 15/02/2016 (...) PLANILHAS DE FLUXO FINANCEIRO. ELABORAÇÃO. APURAÇÃO DE VARIAÇÃO PATRIMONIAL. COMPROVAÇÃO DOS RECURSOS. Para apuração de variação patrimonial a descoberto devem ser elaboradas planilhas de fluxo financeiro mensal, considerandose as origens e aplicações de recursos existentes em cada mês, computandose os saldos positivos de um no mês seguinte. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um anocalendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens e/ou comprovados pelo contribuinte. A transferência de recursos de um ano para outro é admitida quando há prova inconteste da efetiva disponibilidade da quantia requerida, mediante extratos bancários, por exemplo.(destaquei) No que diz respeito a terem sido consideradas aplicações e resgates em contas mantidas no exterior, sem documentação comprobatória ou indicação específica, o que inviabilizaria a defesa do contribuinte, já indicara a DRJ em sua decisão, sem que o recorrente tenha contradito esse ponto, apenas repetindo os mesmos termos da impugnação, que (fl. 2165): Para as contas bancárias mantidas no exterior, foram computados mensalmente como “recursos” na análise da Evolução Patrimonial e Financeira os valores efetivamente resgatados. E foram computados mensalmente como dispêndios, os valores aplicados. E ao contrário do alegado pelo interessado, há sim documentação comprobatória dessas aplicações. As fls. 2.048 a 2.050, encontramse, discriminado em planilhas, os valores aplicados e os valores resgatados em contas no exterior, com identificação do Banco e n.º das contas. Ademais, as fls. 792/804 consta a Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior, apresentada pelo cônjuge do contribuinte e documentos bancários de movimentação de contas Fl. 2226DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.227 7 no exterior. Também as fls. 828/917 e 1.123/1.174 encontramse extratos bancários de contas mantidas no exterior. Na declaração de bens e direitos da DIRPF/2010, do Sr, Walter Zagari estão registradas as contas mantidas no exterior (fls. 1.179 a 1.188). E, especificamente na parte em que trata do acréscimo patrimonial a descoberto, novamente foi indicado no Voto condutor que (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Não há afronta aos princípios constitucionais do contraditório e de ampla defesa, na medida em que a planilha de fl. 2.049 discrimina mensalmente os valores aplicados e os resgatados em contas mantida no Banco RBC Dominion Securities Inc.(destaquei) No mais, observo que não padece de nulidade o Auto de Infração que seja lavrado por autoridade competente, com observância ao art. 142, do CTN, e arts. 10 e 59, do Decreto nº 70.235/72, contendo a descrição dos fatos e enquadramentos legais, permitindo ao contribuinte o pleno exercício do direito de defesa, mormente quanto se constata que o mesmo conhece minuciosamente a matéria fática e legal e exerceu, com lógica e nos prazos devidos, o seu direito. MÉRITO I No que diz respeito à infração capitulada como omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido, temos que a Lei nº 9.249, de 1995 trouxe a seguinte disposição: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.(grifei) Tratase de uma isenção legalmente prevista, para os rendimentos que se enquadrem no dispositivo. Façamos ainda breve digressão sobre o instituto da isenção tributária: CTN Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e Fl. 2227DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.228 8 requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o prazo de sua duração Conforme art. 175, caput, a isenção exclui o crédito tributário, ou seja, surge a obrigação, mas o respectivo crédito não será exigível; logo, o cumprimento da obrigação resta dispensado. Citese: Para Rubens Gomes de Souza, favor legal consubstanciado na dispensa do pagamento de tributo. Para Alfredo Augusto Becker e José Souto Maior Borges, hipótese de não incidência da norma tributária. Para Paulo de Barros Carvalho, o preceito de isenção subtrai parcela do campo de abrangência do critério antecedente ou do conseqüente da norma tributária, paralisando a atuação da regra matriz de incidência para certos e determinados casos.(PAULSEN. Leandro, Direito Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência, 10 ed – Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE, 2008, p.1179) O dispositivo legal não estabelece limites à distribuição do lucro, podendo ser todo ele distribuído, mesmo, no caso, a parcela que exceda ao apurado pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Mas, como um "favor legal", existem condições para a isenção. No caso, é preciso que se conheça o lucro da pessoa jurídica, para se saber quanto poderia ser distribuído à pessoa física, na condição de isento. Se a empresa apura o lucro de forma "presumida", a existência da parcela excedente deve ser efetivamente demonstrada. Regulamentando tal interpretação, temos a Instrução Normativa SRF nº 93/1997, citada pela DRJ, que foi substituída pela Instrução Normativa nº 1.515, de 2014, mas onde permanecem as exigências para que se considere isenta a parcela dos lucros distribuídos que exceder ao lucro presumido. Vejamos: IN/SRF 1.515/2014 Art. 141. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual, observado o disposto no Capítulo III da Instrução Normativa RFB nº 1.397, de 16 de setembro de 2013. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Fl. 2228DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.229 9 IN SRF 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica; II a parcela de lucros ou dividendos excedentes ao valor determinado no item I, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado. Conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999: Art. 258. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário, encadernado com folhas numeradas seguidamente, em que serão lançados, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da atividade, ou que modifiquem ou possam vir a modificar a situação patrimonial da pessoa jurídica (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º). § 1º Admitese a escrituração resumida no Diário, por totais que não excedam ao período de um mês, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares para registro individuado e conservados os documentos que permitam sua perfeita verificação (Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 3º). (...) § 4º Os livros ou fichas do Diário, bem como os livros auxiliares referidos no § 1º, deverão conter termos de abertura e de encerramento, e ser submetidos à autenticação no órgão competente do Registro do Comércio, e, quando se tratar de sociedade civil, no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Registro de Títulos e Documentos (Lei nº 3.470, de 1958, art. 71, e Decreto Lei nº 486, de 1969, art. 5º, § 2º). Na exposição de motivos do Projeto de Lei nº 913, de 1995 (convertido na Lei nº 9.249/95, disponível em http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1995/lei924926 dezembro1995349062exposicaodemotivos149781pl.html), o então Ministro Pedro Malan afirma, dirigindose ao Presidente da República: Fl. 2229DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.230 10 “2. A reforma objetiva simplificar a apuração do imposto, reduzindo as vias de planejamento fiscal, uniformizar o tratamento tributário dos diversos tipos de renda, integrando a tributação das pessoas físicas e jurídicas, ampliar o campo de incidência do tributo, com vistas a alcançar os rendimentos auferidos no exterior por contribuintes estabelecidos no País e, finalmente, articular a tributação das empresas com o Plano de Estabilização Econômica. [....] 12. Com relação à tributação dos lucros e dividendos, estabelecese a completa integração entre a pessoa física e a pessoa jurídica, tributandose esses rendimentos exclusivamente na empresa e isentandoos quando do recebimento pelos beneficiários. Além de simplificar os controles e inibir a evasão, esse procedimento estimula, em razão da equiparação de tratamento e das alíquotas aplicáveis, o investimento nas atividades produtivas.”(grifei) A isenção em comento, portanto, não é sem causa ou desmedida. Visa, concentrando a tributação na pessoa jurídica, "simplificar controles e inibir evasão". Por óbvio que devam, portanto, existir controles e por isso se impõe a observância estrita da apuração do lucro da pessoa jurídica que distribui os dividendos na forma da legislação contábil e comercial, para cujos efeitos na seara tributária, como estatui o Regulamento do Imposto de Renda acima transcrito, é imprescindível a existência do Livro Diário, escriturado e registrado em época devida. Buscouse, com o estabelecimento dessa sistemática que enfim redundou em não tributação dos dividendos distribuídos na apuração das pessoas físicas, não uma redução de carga tributária, mas, repito, concentrar controles e inibir evasão. O que a lei define é o momento da tributação da renda, ou seja, o imposto já é pago, pela empresa, quando da apuração do lucro, e não quando da sua distribuição ao sócio. Tratase, simplesmente, da escolha do momento em que se dará a tributação da renda. No sentido da consecução das finalidades legais, citese: “O postulado da proporcionalidade exige que o Poder Legislativo e o Poder Executivo escolham, para a realização de seus fins, meios adequados, necessários e proporcionais. Um meio é adequado se promove o fim. Um meio é necessário se, dentre todos aqueles meios igualmente adequados para promover o fim, for o menos restritivo relativamente aos direitos fundamentais. E um meio é proporcional, em sentido estrito, se as vantagens que promove superam as desvantagens que provoca”. (ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios: da definição á aplicação dos princípios jurídicos. São Paulo: Malheiros, 2003, p. 102) Razoável e proporcional que seja demonstrado o efetivo lucro, no caso, e que essa demonstração deva se revestir de formalidades a fim de possibilitar controles e inibir evasão. Fl. 2230DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.231 11 Neste caso, observase que o imprescindível Livro Diário, e isso está inquestionável, não fora registrado em momento devido, ou seja, não se pode precisar nem mesmo quando foi escriturado. Disse a fiscalização (fl. 2090): Analisando a documentação verificamos que o Livro Diário do ano calendário de 2009 somente foi registrado no órgão de registro competente (JUCESP) em 14/11/2012. (...) Ressaltese que o presente procedimento fiscal iniciouse em 23/04/2012 e a ciência da intimação pela empresa em questão para apresentação dos livros contábeis ocorreu em 11/10/2012. Observouse ainda que a DIPJ entregue pela pessoa jurídica que distribuiu os lucros apresentou um total de receita bruta declarada de R$ 16.533.913,42, no ano de 2009 (Termo de Verificação fiscal, fl. 2090). Ora, uma empresa que teve receita bruta total de R$ 16,5 milhões não pode, em hipótese alguma, ter um lucro de R$ 31 milhões para distribuir, independentemente de apurar, para fins fiscais, esse lucro de forma real, presumida ou arbitrada. Então não se tratou apenas de um esquecimento de registrar o Livro Diário, uma vez que a declaração entre à Receita Federal também não espelhava a existência de tal montante de lucros para distribuir. De onde foram tirados os dados para se preencher a declaração entregue à Receita Federal? A escrituração estava correta e regular lá em 2009/2010, prescindindo apenas de "um mero" registro que só foi feito em 2012, após o início da fiscalização na pessoa física, detentora de 95% das quotas da sociedade? Concluise que não foi "só isso". Aqui, portanto, não se trata de mera formalidade, mas de condição razoável e proporcional que possibilite que a tributação vislumbrada pela lei se dê na forma escorreita, atingindose os objetivos do dispositivo legal, que tem por escopo não reduzir carga tributária, mas deslocar o momento da tributação, para o que são necessários controles estritos, na forma da lei aplicável. Nesse sentido, vem decidindo este CARF: Acórdão 2802003.256 – 2ª Turma Especial Sessão de 02 de dezembro de 2014 Exercício: 2006 Ementa IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. São tributáveis os rendimentos recebidos a titulo de lucros ou dividendos, na parte em que superam o lucro tributado e ajustado pelos impostos e contribuições correspondentes, se não é apresentada escrituração que corrobore a existência de resultado contábil a amparar a distribuição ocorrida. Fl. 2231DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.232 12 No caso, o recorrente limitouse a apresentar balanços e balancetes sem comprovar a transcrição em Livro Diário, os quais também não foram apresentados. Voto (...) A tese do recorrente depende da comprovação, com suporte na escrituração contábil feita com base na lei comercial, de que a empresa Advocacia ... S/C apurou lucros acima do valor do lucro presumido deduzido dos pagamentos de IRPJ e CSLL, como previsto no art. 48 da IN SRF nº 93/1997. Como o recurso voluntário é desacompanhado de documentos, a análise baseiase nos mesmos documentos apreciados pela instância a quo (fls. 247/261). Esta comprovação se faz por meio do Livro Diário, todavia, o contribuinte omite receitas da DIPJ e apresenta somente Balanços e Balancetes. (sublinhei) Acórdão 2101002.686 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de fevereiro de 2015 Ano calendário: 2008, 2009 Ementa DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. LUCRO PRESUMIDO. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Para a distribuição de lucros isentos além do percentual permitido pela legislação, é indispensável que o excesso de lucro esteja comprovado através de escrituração contábil em conformidade como art. 258 do Decreto 3000/1999. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS ISENTOS. COMPROVAÇÃO. Para serem considerados como rendimentos isentos, os lucros e dividendos distribuídos devem estar registrados na escrituração contábil da empresa e o pagamento ao sócio efetivamente comprovado. Voto (...) Observo, contudo, que além da empresa ... (omiti o nome da empresa) não ter apresentado documentação contábil hábil e idônea para comprovar as atividades desenvolvidas (livros fiscais, etc.), observei que os livros fiscais (diário, razão) das empresas que distribuíram lucros à recorrente, acostados aos autos, também não possuem autenticação da Junta Comercial, conforme determina o art. 258 do Decreto 3000/1999. (...) Fl. 2232DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.233 13 Apesar da possibilidade de existência de receita que comporte a distribuição dos lucros à contribuinte, este não pode ser considerado como rendimento isento e não tributável se não cumpridas as exigências formais legais, e se não demonstrado que tal lucro existiu conforme a escrituração da época dos fatos. Os rendimentos só são considerados isentos se cumpridas as exigências legais, o que não ocorreu. (destaquei/sublinhei) (...) Desta forma, considerando que não foram cumpridas as obrigações acessórias relativas à escrituração fiscal, e também quanto à legitimidade da comprovação do lucro a ser distribuído, e em observância ao disposto no art. 111 da Lei 5172/66, entendo que tais lucros não podem ser distribuídos isentos de tributação de imposto de renda. No que diz respeito a recibos assinados pelo contribuinte dizendo do recebimento dos lucros, como meio de prova, transcrevo e ratifico o entendimento exarado pela DRJ (fl. 2.169): Os demais documentos apresentados pelo contribuinte não se prestam para comprovar o lucro contábil auferido, sendo que os recibos de recebimento de dividendos, assinados apenas pelo contribuinte, que detém 95% de participação na pessoa jurídica, não podem ser aceitos como prova de lucro contábil, mas apenas dos valores recebidos. Reputase, então, como regular, apenas a distribuição de lucros na forma do inciso I, § 2º, do dispositivo abaixo transcrito, que regulamenta o artigo 10 da Lei nº 9.249, de 1995, conforme calculado pela Auditora Fiscal, na folha 2.090: IN SRF nº 93/1997 Art. 48. Não estão sujeitos ao imposto de renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. § 1º O disposto neste artigo abrange inclusive os lucros e dividendos atribuídos a sócios ou acionistas residentes ou domiciliados no exterior. § 2º No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, poderá ser distribuído, sem incidência de imposto: I o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica;(destaquei) II No que tange à outra infração apontada, o acréscimo patrimonial a descoberto, foi realizada análise conjunta do fluxo de origens e dispêndios, no ano de 2009, do contribuinte e sua esposa, registrando que ambos entregaram DIRPF pelo modelo simplificado Fl. 2233DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.234 14 e em separado. As planilhas com a apuração estão nas folhas 2.037 a 2.040 e encontraram um valor de dispêndio/aplicação superior ao valor das origens/recursos em janeiro, abril, agosto e setembro de 2009. O lançamento foi realizado na razão de 50% para cada cônjuge. O recurso aponta que no mês de janeiro além dos R$ 202.423,11 considerados como distribuição de lucros da empresa WZ Publicidade, haveria outros R$ 600.000,00 distribuídos no dia 20/01/2009, depositados na conta de titularidade do recorrente e sua esposa, no Citibank. Bem, a questão da distribuição de lucros já foi tratada no item anterior, juntamente com a imprestabilidade do Livro Diário que não foi registrado em seu devido tempo, o que, justamente, motivou a outra infração. Quanto à verificação da entrada do numerário na conta mantida junto ao Citibank, observo que na planilha de folha 2.045, intitulada "saldos iniciais e finais de conta corrente/poupança/investimento no Brasil" consta que no mês de janeiro de 2009 o saldo inicial no Citibank era de R$ 19.218,86 (fl. 84) e o saldo final de R$ 19.909,00 (fl. 88). Esses saldos, juntamente com os saldos das outras contas, foram totalizados e transportados para a planilha de apuração "demonstrativo mensal da evolução patrimonial e financeira" (fl. 2037 linha 5). É fato que no extrato de folha 86 consta uma entrada na conta do Citibank no valor R$ 600.000,00 no dia 20 de janeiro de 2009 com a rubrica “transf. Sem CPMF”. O contribuinte afirma que: Com relação ao suposto APD apurado em janeiro/2009, foi ocasionada por mero erro cometido pelo contador da empresa, que informou como distribuídos ao Recorrente apenas R$ 202.423,11, ignorando a quantia de R$ 600.000,00, recebida no dia 20/01/2009, como se verifica da cópia da fl. 02 do Livro Diário da empresa em conjunto com o extrato bancário da conta de titularidade do Recorrente e sua esposa no Citibank. De se ressaltar que a empresa possuía Lucros Acumulados de dezembro de 2008, conforme transferência constante da linha 02 da p. 02 de seu Livro Diário, no valor de R$ 13.873.102,64, tendo apurado em janeiro, ainda, lucro líquido de R$ 1.342.376,21, o que demonstra a total viabilidade da distribuição dos R$ 600.000,00.(destaques originais) Observandose a citada folha do Livro Diário, que o contribuinte traz como prova de suas alegações, que se encontra na folha 1.216, verificase que existe o registro de "transferência" R$ 600.000,00. É de se perquirir: "transferência" a que título? Pagamento de pro labore? Retirada feita pelo sócio? Como se pode concluir que seria uma distribuição de lucros e, mais especificamente, uma distribuição de lucros isenta, na forma da legislação aplicável? Porque para se considerar esse depósito de R$ 600.000,00 como origem de recursos, para fins de apuração de variação patrimonial, a fim de justificar uma aplicação, é Fl. 2234DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.235 15 preciso que seja comprovado que eles ou já foram tributados ou são rendimentos isentos ou não tributáveis. Não foram tributados porque não informados na declaração de rendimentos e não são isentos, justamente pelo todo que se expôs no tópico anterior em relação a lucros isentos, sendo que todo o montante que se poderia considerar como distribuição regular de lucros isentos já o foi assim considerado nas planilhas de apuração. Quanto a serem lucros de período anterior, passados para 2009, deveria ser apresentada documentação onde constasse "distribuição de lucros". E, mais, se demonstrasse com documentos do período correspondente, no caso 2008, que já haviam sido tributados na pessoa jurídica e poderiam ser regularmente distribuídos à pessoa física, sem tributação. Mas só a cópia do Livro Diário de janeiro de 2009 não permite chegar a essa conclusão. Observo que na folha 1275, onde consta cópia do Livro Razão Analítico, o registro a crédito na conta Banco Citibank dos R$ 600.000,00 foi feito apenas como "transferência", diferente, por exemplo, de um registro na mesma conta, no dia 09/02, onde se escriturou "retirada sobre lucro Aline", no valor de R$ 5.000,00. Ou como consta na fl. 1956, em relação à empresa Atrevida Produções Artísticas, "retirada sobre lucro Angelina". Em relação ao mês de abril, ainda, o recurso apenas repete o que dissera na impugnação, que "impossível compreender as apurações referentes a supostos depósitos e aplicações tidos por ocorridos em contas bancárias no exterior, já que apresentadas pela fiscalização de forma global, não individualizada..." (fl. 2136 e 2212). Referese a aplicações no banco RBC Dominion Securities Inc, em Toronto, Canadá. Pede que sejam desconsideradas essas aplicações na planilha de apuração, falando em cerceamento de defesa. A razão do pedido seria, então, a falta de individualização das aplicações e a demonstração de seus valores. Mas, simplesmente ignorou o que foi colocado pela DRJ. Vejamos (fl. 2171): Em relação aos mês de abril de 2009, o impugnante afirma que a fiscalização alega que o contribuinte (e/ou sua esposa) teria aplicado em contas do banco RBC Dominion Securities Inc. em Toronto, Canadá, as quantias de R$ 2.101.883,76 e R$ 628.343,84 em março e abril de 2009, aplicações estas que não estariam identificadas nos extratos bancários. Ocorre que os extratos bancários de fls. 892 a 899 e 1.129 a 1.139 demonstram aplicações financeiras em contas de n.º 671 2326328 e 6712326427 mantidas no Banco RBC Dominion Securities Inc, Toronto/Canadá. Além disso, na planilha de folha 2049 estão especificadas as contas, os valores em dólar, a cotação da moeda estrangeira e o valor em reais, mês a mês. No TVF explicou a Auditora Fiscal que para contas mantidas no exterior, foram computados mensalmente como recursos os valores efetivamente resgatados e, em contrapartida, foram computados mensalmente como dispêndios os valores aplicados. Notese Fl. 2235DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.236 16 que na planilha de apuração da evolução patrimonial, de fato, na linha 7, constam como origens de recursos "resgates em contas mantidas no exterior" , mas o contribuinte não se manifesta quanto a essas origens, questiona apenas as aplicações, que foram retiradas dos mesmos documentos, conforme acima indicado desde o Acórdão de impugnação, o que não foi rebatido em sede recursal. Por exemplo, na planilha de folha 2049 consta que no mês de abril foram depositados na conta nº 6712326427, US$ 288.562,04, que convertidos pelo câmbio de 2,1775, representaram R$ 628.343,84. O extrato da conta está na folha 1148, onde consta "capital review", depósitos ("deposits") entre 1º de abril e 30 de junho US$ 288.562,04. Portanto, querendo, é possível identificar todos os valores e documentos, dentro do processo. Assim sendo, não há porque excluir tais valores da apuração, conforme pleiteado e não se alteram, por isso, saldos posteriores. Dispensável, ainda, a realização de diligência para esclarecer tal ponto, como também requereu o contribuinte. No mês de agosto, diz o recorrente que haveria uma entrada de R$ 3.593.745,68, não considerada pela fiscalização, na conta do Citibank, em 21/08/2009, decorrente de empréstimo obtido pelo cônjuge junto à empresa Atrevida Produções Ltda, da qual é sócia majoritária. Disse ele: ... em agosto/2009 deixouse de considerar uma entrada financeira da esposa do Recorrente – em razão de seu regime matrimonial e de as contas bancárias serem conjuntas, a apuração do APD foi feita conjuntamente –, referente a empréstimo tomado da empresa da qual é sócia majoritária (“Atrevida Produções Artísticas e Culturais Ltda.” – CNPJ n.º 57.646.119/000153). Isto se comprova através do simples confronto entre as informações constantes do Livro Diário de mencionada pessoa jurídica e extrato da conta mantida junto ao Citibank, quando se verifica que no dia 21/08/2009 houve transferência do valor de R$ 3.593.745,68 da empresa para a sócia, referente a empréstimo por ela tomado. A DRJ já afirmara que (fl. 2172): Contudo, conforme já afirmado anteriormente, foram considerados como origens de recursos todos os saldos bancários em ContasCorrentes e Poupança no início de cada mês, tanto do contribuinte quanto de sua esposa, os quais englobariam tal valor depositado em suas contascorrentes. Ademais, não há nos autos um único documento comprovando o alegado empréstimo, havendo apenas cópia do extrato de uma conta no Citibank sem identificação do titular e do número da contacorrente (fl. 2.150) e uma página do Livro Diário da pessoa jurídica acima citada, onde consta um crédito de R$ 3.593.745,68 para a pessoa jurídica, identificado como valor ref a classificar (fl. 2.151). Bem, em relação à documentação acima criticada, o que está na folha 2150 (“extrato de uma conta corrente sem identificação do titular”, no dizer da DRJ, acima) é o Fl. 2236DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.237 17 mesmo que está na folha 172, onde estão os extratos completos, que indicam ser a conta de Angelina Maria e Walter Zagari. Mas em relação à natureza dessa retirada de dinheiro da empresa Atrevida Produções ser um "empréstimo", o que faria o valor ser não tributável, não há provas. O Livro Diário (fl. 1919) foi escriturado: "valor referente a classificar". E quando foi classificado como "empréstimo"? Quando foi pago o empréstimo? Porque na folha 1931 consta o Balanço Patrimonial da empresa Atrevida, encerrado em dezembro de 2009. O Ativo total era de R$ 811.654,46. Um empréstimo feito a um dos sócios deveria ser classificado como "direito a receber". Se não consta ali esse direito de receber o empréstimo de mais de R$ 3 milhões é porque ele foi pago no mesmo ano. Quando? Em que termos foi feito esse empréstimo, quando seria pago, qual a taxa de juros, em quantas prestações? Na realidade, parece existir uma confusão entre o patrimônio dos sócios e das pessoas jurídicas, o que é inaceitável em termos contábeis. A sócia retira um valor da empresa, deposita em sua conta corrente para fazer face a suas despesas e aplicações e diz que foi um "empréstimo". É isso que a documentação apontada pelo Recorrente demonstra: que houve uma transferência de valores entre a empresa e a contribuinte. Não se comprova, entretanto, que seja de fato um empréstimo. Para que esse valor fosse considerado na apuração do acréscimo patrimonial a descoberto, repito, deveria ser demonstrado que se refere a rendimentos já tributados ou que sejam isentos ou não tributados. DILIGÊNCIAS O contribuinte pleiteou realização de diligências para primeiro apurar qual foi o real lucro da empresa WZ Publicidade Ltda , empresa da qual é sócio com 95% do capital. Como se procurou demonstrar, tal é desnecessário porque indiscutivelmente foi descumprido um requisito legal para reconhecimento do lucro excedente que pretende considerar como distribuição isenta para a pessoa física. Segundo, para que se individualizassem e explicassem certas aplicações de recursos no exterior, em conta no Canadá. Também como se procurou demonstrar, é possível, dentro dos autos, indicar perfeitamente como se chegou ao valor das planilhas elaboradas pela fiscalização, tendo como base extratos bancários que constam do processo. Ademais, a DRJ já havia indicado os extratos e as folhas respectivas e o contribuinte nada contradisse, especificamente em relação a esses documentos. Assim, reputo desnecessária a realização de qualquer diligência. CONCLUSÃO Em conclusão, VOTO por rejeitar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 2237DF CARF MF Processo nº 10437.720018/201469 Acórdão n.º 2202003.569 S2C2T2 Fl. 2.238 18 Fl. 2238DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.720977/2015-38
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE (RRA). RECEBIMENTO POR PARCELAS. NÚMERO DE MESES. FORMA DE CÁLCULO.
No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, deve-se multiplicar a quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas.
Numero da decisão: 2202-003.591
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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RECEBIMENTO POR PARCELAS. NÚMERO DE MESES. FORMA DE CÁLCULO. No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, devese multiplicar a quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Márcio Henrique Sales Parada, Martin da Silva Gesto, Rosemary Figueiroa Augusto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Cecília Dutra Pillar, Dílson Jatahy Fonseca Neto e Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado). Relatório Reproduzo o relatório do acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) – DRJ/SPO, que descreveu os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 09 77 /2 01 5- 38 Fl. 156DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Contra o contribuinte em epígrafe foi emitida a Notificação de Lançamento de fls. 10/24, que exige crédito tributário referente ao anocalendário de 2010, no montante de R$ 27.627,98, sendo R$ 13.151,80, a título de imposto de renda pessoa física suplementar (sujeito à multa de ofício), R$ 9.863,85, de multa de ofício, e R$ 4.612,33, de juros de mora, calculados até 30/01/2015. Conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 13/15), o procedimento resultou na apuração da seguinte infração: Número de meses relativo a Rendimentos Recebidos Acumuladamente indevidamente declarado – Tributação Exclusiva “Constatouse informação inexata de número de meses referentes aos Rendimentos Recebidos AcumuladamenteRRA da fonte pagadora Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais TJMG, CNPJ 21.154.554/000113. O número de meses correspondente a cada rendimento consta do Comprovante de Rendimentos Recebidos Acumuladamente fornecido pelo TJMG.” Cientificado do lançamento em 14/01/2015 (fls. 31), o interessado apresentou, em 06/02/2015, a impugnação de fls. 02/05, complementada pela petição de fls. 60/72, protocolada em 26/02/2015, por meio da qual alega, em síntese, o que segue: 1. o número do CNPJ constante das páginas 3 e 4 da notificação de lançamento (11.545.540/001131) não condiz com o CNPJ da fonte pagadora do contribuinte, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, cujo numero é 21.154.554/00113; 2. apresentou, em atendimento à intimação da Receita Federal do Brasil, planilha de cálculo emitida pela fonte pagadora, com a comprovação do número dos meses declarados a que se refere o rendimento acumulado recebido no ano de 2010/2011; 3. para sua surpresa, recebeu a notificação de lançamento ora em discussão, dando conta da existência de um débito tributário que teria origem na divergência entre as informações de sua Declaração de Ajuste Anual de 2010/2011 e os dados fornecidos pela fonte pagadora; 4. seguro de que incorreção alguma havia cometido, diligenciou novamente à fonte pagadora a fim de esclarecer a questão; 5. em resposta à solicitação, informou a fonte pagadora, por meio do Ofício nº 023/COPAM/2015, que inexiste qualquer incorreção no informe de rendimento do anocalendário 2010, até porque no programa disponibilizado pela RFB para apresentação da Declaração de Ajuste Anual (DAA) sequer existe campo disponível para a informação da quantidade de meses a que se referem as verbas discriminadas mensalmente; 6. na oportunidade, apresentou uma segunda via do comprovante de RRA do anocalendário de 2010, devidamente assinado, por meio do qual ficou cabalmente demonstrado, uma Fl. 157DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 157 3 vez mais, que o número de meses a que se referiam as diferenças remuneratórias percebida no respectivo exercício fiscal correspondiam a 116 meses (URV) e 130 meses (Equivalência Salarial), dado este que foi informado na DAA; 7. o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais reconheceu, em junho de 2002, em favor dos magistrados, pensionistas e servidores do Poder Judiciário, o direito à fixação dos seus vencimento/proventos com base na URV praticada na data em que efetivamente eram pagos; 8. assim, foi incorporada aos vencimentos dos magistrados, pensionistas e servidores do Poder Judiciário a fração equivalente a 11,98%, sendo que, em relação aos períodos anteriores, o pagamento se dá em diminutas parcelas que representam pequena expressão do valor das diferenças apuradas; 9. portanto, os créditos de URV pagos ao contribuinte no ano de 2010 remontam uma diferença salarial que abrange período compreendido entre abril de 1994 até a implementalçao efetiva da citada decisão de junho de 2002, correspondendo, assim, aos 116 meses referidos no comprovante de RRA do anocalendário de 2010, que foi fornecido pela fonte pagadora e confirmado no relatório que acompanhou o Ofício nº 023/COPAM/2015; 10. o impugnante também faz jus ao recebimento de outro tipo de diferença, denominada “Equivalência Salarial”, resultante da equiparação de vencimentos entre parlamentares e integrantes do Poder Judiciário, a qual, em face das dificuldades financeiras e orçamentárias enfrentadas pelo Poder Judiciário Estadual, vem sendo pagas ao impugnante em parcelas; 11. nesse caso, somados todos os períodos em que o benefício salarial deixou de ser pago, como seria de rigor, apurouse que esta diferença remuneratória remonta 130 meses, número também referido no Comprovante de RRA, do anocalendário de 2010, fornecido pela fonte pagadora e igualmente confirmado no relatório que acompanhou o Ofício nº 023/COPAM/2015; 12. de acordo com a Instrução Normativa RFB nº 1.127, publicada no dia 08 de fevereiro de 2011, a apuração do imposto de renda das pessoas físicas, incidente sobre os rendimentos recebidos acumuladamente (RRA), provenientes do trabalho e os decorrentes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, deveria levar em conta o número dos meses a que se referia a diferença paga; 13. assim, multiplicandose o número de meses (116 e 130) por R$1.499,15 (tabela progressiva mensal 2010), chegase às faixas de isenção de R$ 173.901,40 e R$ 194.889,50, respectivamente; 14. portanto, considerando que o valor das parcelas mensais das diferenças é imensamente inferior às faixas de isenção, nenhum tributo seria devido; Fl. 158DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 15. em razão das incertezas que pairavam à época e, certamente, com o fito de tornar mais inteligível e clara a aplicação do novo instituto, a Receita Federal do Brasil publicou, em 06/04/2011, a IN RFB nº 1.145, a qual estabeleceu que, no caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, a quantidade de meses relativa a cada parcela seria obtida pela multiplicação da quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas; 16. esse dado somente passou a ser apurado e utilizado nos informes de rendimentos do exercício seguinte, dado que inexistia e inexiste na DAA de 2010 campo para sua informação; 17. assim, não se pode confundir a expressão “quantidade total de meses”, tal como precisamente referida em ambas as instruções normativas, com a “quantidade de meses relativa a cada parcela”, este último conceito introduzido pela IN RFB nº 1.145, que, editada após o encaminhamento, pela fonte pagadora, do comprovante de RRA, somente veio a ser efetivado a partir dos pagamentos realizados de abril de 2011 em diante, figurando na declaração de ajuste de 2012; 18. por todo o exposto, constatase que irregularidade alguma existe na Declaração de Ajuste Anual do contribuinte do ano de 2010/2011, tendo em vista que os dados ali constantes refletem com absoluta fidelidade, o conteúdo do Comprovante de Rendimentos Recebidos Acumuladamente no período em questão, onde se encontra o registro de que as diferenças salariais recebidas referemse ao período de 116 meses, no caso das URVs, e 130 meses, no caso da equivalência salarial; 19. o contribuinte, magistrado de carreira que é, sempre pautou sua vida pelo estrito cumprimento da lei e de suas obrigações tributárias, jamais tendo sido questionado a respeito de sua conduta perante o Fisco, o que reclama rápida e adequada solução para o caso; 20. requer que seja acolhida a presente impugnação, dandose por insubsistente o lançamento informado por meio da notificação 2011/29268041684805. Visando instruir o presente processo, foram juntados os documentos de fls. 87/104. A 16ª Turma de Julgamento da DRJ/SPO julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 TRIBUTAÇÃO. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM MESES DISTINTOS. FORMA DE CÁLCULO. No caso de parcelas de RRA pagas em meses distintos, para se apurar o número correto de meses a serem indicados na Declaração de Ajuste Anual, devese multiplicar a quantidade de Fl. 159DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 158 5 meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas. In casu, considerando que os cálculos realizados pelo fiscal autuante observaram corretamente o que prescreve a legislação vigente, não há reparos a serem feitos no lançamento, devendo ser mantida a omissão de rendimentos apurada. Embora somente tenha sido cientificado da decisão em 23/09/2014 (fl. 153), o Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 126 a 151 em 1º/09/2015. Consta da fl. 115 um pedido de cópia do processo em 07/08/2015. Em seu recurso, o Contribuinte repisa os argumentos da impugnação acrescenta os seguintes argumentos: ainda que se entenda incorreto o cálculo utilizado, é necessário reconhecer que ele em nada concorreu para o fato, pois se baseou nas informações prestadas pela fonte pagadora; estando comprovado nos autos que o erro verificado deuse em razão das informações supostamente errôneas fornecidas pela fonte pagadora TJMG , resta evidente a sua boa fé, o que é suficiente para afastar a cobrança de multa e juros. Cita jurisprudência dos tribunais. Ao final, requer o cancelamento do auto de infração e, sucessivamente, o afastamento dos juros moratórios e da multa. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e, portanto, deve ser conhecido. DOS RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE O litígio resumese ao número de meses relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente pelo Contribuinte em parcelas, no anocalendário de 2010, do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, a título de diferenças de URV e de equivalência salarial. O Contribuinte informou em sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2011 (anocalendário 2010) que o recebimento das parcelas mensais referentes às diferenças de URV seria equivalente a 116 meses, enquanto que as parcelas mensais relativas às diferenças de equivalência salarial, a 130 meses. Informa que se baseou no Comprovante de Rendimentos fornecido pela fonte pagadora (fl. 98). A Fiscalização, com base nas informações prestadas pela fonte pagadora (fl. 102), apurou a seguinte quantidade de meses: URV: Fl. 160DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 janeiro: 2,9; junho: 3,4; demais meses: 0,6 Equivalência salarial: janeiro: 2,1; junho: 3,0; demais meses: 0,4 A Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, até a publicação da MP Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, estabelecia quanto aos rendimentos recebidos acumuladamente, em seu artigo 12: Art 12. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá, no mês do recebimento ou crédito, sobre o total dos rendimentos, diminuídos do valor das despesas com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. Com a publicação da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350, de 20 de dezembro de 2010, a Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, passou a vigorar acrescida do art. 12A: Art. 12A. Os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. § 1º O imposto será retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. § 2º Poderão ser excluídas as despesas, relativas ao montante dos rendimentos tributáveis, com ação judicial necessárias ao seu recebimento, inclusive de advogados, se tiverem sido pagas pelo contribuinte, sem indenização. § 3º A base de cálculo será determinada mediante a dedução das seguintes despesas relativas ao montante dos rendimentos tributáveis: I – importâncias pagas em dinheiro a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente ou de separação ou divórcio consensual realizado por escritura pública; e II – contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Fl. 161DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 159 7 § 4º Não se aplica ao disposto neste artigo o constante no art. 27 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, salvo o previsto nos seus §§ 1º e 3º. § 5º O total dos rendimentos de que trata o caput, observado o disposto no § 2º, poderá integrar a base de cálculo do Imposto sobre a Renda na Declaração de Ajuste Anual do anocalendário do recebimento, à opção irretratável do contribuinte. § 6º Na hipótese do § 5º, o Imposto sobre a Renda Retido na Fonte será considerado antecipação do imposto devido apurado na Declaração de Ajuste Anual. § 7º Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1º de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória nº 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. § 8º (VETADO) § 9º A Secretaria da Receita Federal do Brasil disciplinará o disposto neste artigo. (destaquei) A Instrução Normativa RFB nº 1.127, de 07 de fevereiro de 2011, e alterações posteriores, regulamentando a matéria, estabeleceu, quanto aos rendimentos recebidos acumuladamente no anocalendário de 2010: Art. 10. Para efeito de apuração do imposto de que trata o art. 3º no caso de parcelas de RRA pagas: I em meses distintos, a quantidade de meses relativa a cada parcela será obtida pela multiplicação da quantidade de meses total pelo resultado da divisão entre o valor da parcela e a soma dos valores de todas as parcelas, arredondandose com uma casa decimal, se for o caso. II em um mesmo mês: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) a) ao valor da parcela atual será acrescentado o total dos valores das parcelas anteriores apurandose nova base de cálculo e o respectivo imposto; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) b) do imposto de que trata a alínea “a”" será deduzido o total do imposto retido relativo às parcelas anteriores. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) [...] Art. 13. Os RRA a que se referem os arts. 2º a 6º quando recebidos no período compreendido de 1º de janeiro a 20 de dezembro de 2010, poderão ser tributados na forma do previsto naqueles artigos, desde que efetuado ajuste específico na Fl. 162DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 apuração do imposto relativo àqueles rendimentos na DAA referente ao anocalendário de 2010, do seguinte modo: (Redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011) I a apuração do imposto darseá: a) em ficha própria; b) separadamente por fonte pagadora e para cada mês calendário, com exceção da hipótese em que a mesma fonte pagadora tenha realizado mais de um pagamento referente aos rendimentos de um mesmo mêscalendário, sendo, neste caso, o cálculo realizado de modo unificado; II – o imposto resultante da apuração de que trata o inciso I será adicionado ao imposto apurado na DAA, sujeitandose aos mesmos prazos de pagamento e condições deste. § 1º A opção de que trata o caput: (Renumerado com nova redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) I será exercida de modo definitivo na DAA do exercício de 2011, anocalendário de 2010; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) II não poderá ser alterada, ressalvadas as hipóteses em que: (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) a) a sua modificação ocorra no prazo fixado para a apresentação da DAA; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) b) a fonte pagadora, relativamente à DAA do exercício de 2011, anocalendário de 2010, não tenha fornecido à pessoa física beneficiária o comprovante previsto na Instrução Normativa SRF nº 120, de 28 de dezembro de 2000, ou, quando fornecido, o fez de modo incompleto ou impreciso, de forma a prejudicar o exercício da opção; (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011 ) III deverá abranger a totalidade dos RRA no anocalendário de 2010.(Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011) § 2º No caso de que trata a alínea "b" do inciso II do § 1º, após o prazo fixado para a apresentação da DAA, a retificação poderá ser efetuada, uma única vez, até 31 de dezembro de 2011. (Incluído pela Instrução Normativa RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011). (destaquei) Diferentemente do que alega o Recorrente, está evidente que essa regra de proporcionalidade deve ser empregada a partir do anocalendário de 2010, conforme esclarecido pela IN RFB nº 1.145, de 5 de abril de 2011, que deu nova redação à IN RFB nº 1.127/2011. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 160 9 Observase que a IN RFB 1.170, de 1º/07/2011, abriu novo prazo para retificação da Declaração de Ajuste Anual para os casos em que a fonte pagadora, relativamente à DAA do exercício de 2011, anocalendário de 2010, não tenha fornecido à pessoa física beneficiária o comprovante previsto na Instrução Normativa SRF nº 120, de 28 de dezembro de 2000, ou, quando fornecido, o tenha feito de modo incompleto ou impreciso, de forma a prejudicar o exercício da opção, conforme § 1º, II, "b" do art. 13, acima transcrito. Assim, não tem razão o Contribuinte ao alegar que essa regra de proporcionalidade somente se aplicaria a partir do anocalendário de 2011. Caberia a ele observar as regras normativas em vigor e interpretálas de forma correta, não cabendo a justificativa de desconhecimento. Argumenta, ainda, o Recorrente que na DAA do exercício 2011 (ano calendário de 2010) não havia campo para informação da quantidade de meses relativa a cada parcela. No entanto, pelo exame da DAA anexa aos autos (fls. 35/37), constatase que existem os campos apropriados para se informar, mês a mês, a quantidade de meses. E o Contribuinte utilizouse desses campos para informar mensalmente os valores, porém, informouos de forma equivocada. Ressaltese que o cálculo efetuado pela autoridade fiscal teve como base documento emitido pela própria fonte pagadora, o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (fl. 102). Dessa forma, entendo como correta a apuração feita pela Fiscalização, que observou as regras normativas, conforme prescreve a IN RFB nº 1.127/2011, com a redação dada pela IN RFB nº 1.145/2011. DOS JUROS DE MORA E DA MULTA DE OFÍCIO Quanto à alegação do Recorrente de que devem ser afastados os juros moratórios e a multa de ofício, por ter agido de boa fé e com base nas informações prestadas pela fonte pagadora, entendo que não lhe assiste razão. De fato, as informações da fonte pagadora que consta da fl. 98 encontramse imprecisas, pois não contém a quantidade de meses referente a cada parcela. Contudo, observa se que o próprio Contribuinte trouxe aos autos (fl. 102) as informações completas e necessárias ao cálculo do imposto de renda devido sobre os rendimentos recebidos acumuladamente. Para reforçar, esclareçase que foi com base nessas informações que a autoridade fiscal executou os cálculos do imposto devido. Em relação ao anocalendário de 2010, quando ocorreu a mudança da legislação sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, a própria Receita Federal admitiu a retificação da Declaração de Ajuste, por meio da IN RFB 1.127, de 07 de fevereiro de 2011, com a redação dada pela IN RFB nº 1.170, de 1º de julho de 2011, como exposto acima. Destaquese, ainda, que consta do Comprovante de Rendimentos de fl. 97 as seguintes orientações e observações da fonte pagadora: Fl. 164DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 10 Dessa forma, vêse que a própria fonte pagadora orientou o Contribuinte e o alertou sobre inconsistências no detalhamento das informações, decorrentes das alterações na legislação tributária, que poderiam acarretar possíveis pendências na malha eletrônica do processamento da sua Declaração de Ajuste Anual DAA. Caberia, assim, ao Contribuinte observar as regras normativas em vigor e interpretálas de forma correta ao efetuar o preenchimento da sua DAA, não se admitindo que se alegue desconhecimento, pois ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece, conforme art. 3º da Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro (DecretoLei nº 4.657/1942). Entendo, portanto, que o lançamento de ofício deve ser mantido em sua integralidade. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 165DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 15504.720977/201538 Acórdão n.º 2202003.591 S2C2T2 Fl. 161 11 Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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Numero do processo: 10540.721742/2013-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011
NULIDADE. LANÇAMENTO.
Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o lastreiam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade.
DIVERGÊNCIAS DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA.
Não apresentando o contribuinte elementos de prova aptos a esclarecer as divergências no recolhimento das contribuições previdenciárias apontadas pela fiscalização, deve ser mantida a exigência tributária.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.386
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
Ronnie Soares Anderson - , Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Recorrente MUNICÍPIO DE PIRIPA PREFEITURA MUNICIPAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2011 NULIDADE. LANÇAMENTO. Estando devidamente circunstanciado no lançamento fiscal as razões de fato e de direito que o lastreiam, e não verificado cerceamento de defesa, não há motivos para decretação de sua nulidade. DIVERGÊNCIAS DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. Não apresentando o contribuinte elementos de prova aptos a esclarecer as divergências no recolhimento das contribuições previdenciárias apontadas pela fiscalização, deve ser mantida a exigência tributária. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 72 17 42 /2 01 3- 41 Fl. 420DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso. Kleber Ferreira de Araújo Presidente Ronnie Soares Anderson , Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Natanael Vieira dos Santos, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10540.721742/201341 Acórdão n.º 2402005.386 S2C4T2 Fl. 3.602 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO, que julgou procedente autos de infração (fls. 2/108) relativos a contribuições previdenciárias e obrigações acessórias. O Auto de Infração 51.050.9851 referese à multa por descumprimento de obrigação acessória por deixar de prestar à RFB os esclarecimentos necessários. O Auto de Infração 51.050.9860 referese à multa por descumprimento de obrigação acessória por deixar de exibir documentos relacionados com as contribuições previstas na Lei 8.212/91. O Auto de Infração 51.050.9878 referese à multa por descumprimento de obrigação acessória de deixar de preparar folhas de pagamento das remunerações pagas ou creditadas aos segurados contribuintes individuais a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB. O Auto de Infração 51.050.9827 referese às contribuições previdenciárias descontadas dos segurados empregados apuradas com base na folha de pagamento. O Auto de Infração 51.050.9835 referese às contribuições previdenciárias patronal e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada, a qualquer título, a segurados empregados, nos termos do artigo 22, incisos I e II, da Lei 8.212/91, apuradas com base nas folhas de pagamento e diferença de alíquota de GILRAT sobre valores declarados em GFIP. E o Auto de Infração 51.050.9843 referese às contribuições previdenciárias patronal e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidentes sobre a remuneração paga, devida ou creditada, a qualquer título, a segurados empregados e a contribuintes individuais, nos termos do artigo 22, incisos I, II e III, da Lei 8.212/91, apuradas com base nas divergências de valores de remuneração fornecidos pelo Tribunal de Contas dos Municípios – TCM e folha de pagamento e com base nos valores informados na DIRF. O Município apresentou impugnações às fls. 218/251, 261/294 e 304/337, referentes, respectivamente, aos autos de infração 51.050.9827, 51.050.9843 e 51.050.9835, as quais contudo, não foram acatadas pela instância de primeiro grau, que manteve a exigência em sua integralidade (fls. 349/355). O recurso voluntário interposto em 8/4/2015 (fls. 367/418) repisou o argumento ventilado nas impugnações, no sentido de existir nulidade naquelas autuações, alegando haver existência de vício material por inexistir descrição acerca dos fatos tributáveis. Aduz, também, ter havido inclusão indevida de verbas na base de cálculo da contribuição previdenciárias, a saber: aviso prévio indenizado; horas extras; gratificação sobre Fl. 422DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 o exercício de cargo de direção ou comissionado para servidores efetivos; terço constitucional de férias; férias indenizadas; vale transporte; quinze dias de afastamento do trabalhador em virtude de acidente de trabalho; diárias, ajuda de custo e saláriofamília. É o relatório. Fl. 423DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10540.721742/201341 Acórdão n.º 2402005.386 S2C4T2 Fl. 3.603 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Há que se rejeitar, de início, a aventada nulidade do lançamento por ausência de descrição do fato gerador. Apenas uma leitura açodada dos autos poderia contemplar tal pleito, pois o relatório fiscal de fls. 93/108 detalha de maneira minuciosa os fatos e fundamentos jurídicos que respaldaram as autuações, de maneira mais do que suficiente para a sua compreensão. Não se vislumbra na espécie, aliás, qualquer das hipóteses ensejadoras da decretação de nulidade do lançamento consignadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, havendo sido todos os atos do procedimento lavrados por autoridade competente, sem qualquer prejuízo ao direito de defesa do contribuinte, o qual recorre de seus termos evidenciando pleno conhecimento das exigências que lhe são imputadas. Frisese que o mencionado relatório fiscal discrimina os diversos levantamentos que compuseram as autuações. Há o levantamento GR, da diferença da alíquota do GILRAT sobre as bases de cálculos declaradas nas GFIP, referentes período janeiro 2009 a agosto de 2010. Já os levantamentos FP e SE são atinentes às divergências entre os dados informados no resumo da folha de pagamento apresentada e os valores informados em GFIP. Por sua vez, o levantamento TD corresponde à divergência entre os dados informados naquele resumo da folha de pagamento e entre a despesa com remuneração de pessoal ativo, subsídio de Prefeito, VicePrefeito e Secretários, constante dos dados informados ao Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia – TCM. E temse, ainda, o levantamento DI, rendimentos sem vínculo empregatício, relativo às contribuições (apenas quota patronal de 20%) sobre valores de pagamentos a contribuintes individuais, informados na Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF com código de receita 0588, rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício. Como a Prefeitura não declarou nenhum valor pago a contribuinte individual na GFIP do período fiscalizado, o lançamento foi feito pelo valor integral da despesa informada na DIRF. O contribuinte foi seguidamente intimado para trazer os documentos necessários para o esclarecimento dos fatos e das divergências mencionadas (fls. 110/113, 115/118, e 119/161), cingindose a carrear, como referido, resumo da folha de pagamento mensal do período(fls. 167/205). Nesse rumo, buscou justificarse afirmando ter "suspeitas da gestão anterior ter desaparecido com documentos" (fl. 114), e que o Município "não dispõe da documentação relacionada neste procedimento" (fl. 164), havendo, em decorrência peticionado junto ao Fl. 424DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Ministério Público com vistas a apurar prática de crimes de responsabilidade por parte do ex prefeito da localidade (fls. 165/166). Muito embora tais aduções, o fato é que não restaram elucidadas, ainda que de um modo superficial, as diferenças apontadas nas intimações expedidas pela autoridade fazendária, e que lastrearam as autuações guerreadas. Importa destacar que não foram apresentadas as folhas de pagamento, não foram identificados os cogitados valores de natureza indenizatória por segurado, bem como não restou demonstrada a contabilização dessas remunerações e das respectivas contribuições, a despeito de terem sido propiciadas sucessivas oportunidades para tanto. Sob esse prisma, arrazoado genérico sustentando a existência, em tese, de verbas indenizatórias indevidamente alcançadas pela autuação não socorre o contribuinte. No tocante às diferenças de GILRAT/SAT, linha alguma foi redigida a título de razão recursal, o mesmo podendo ser dito quanto ao descumprimento das obrigações acessórias. Não é demasiado registrar, como salientado pela instância a quo, que inexiste tampouco evidência de que o autuado tenha provimento judicial a lhe assegurar o não recolhimento das verbas as quais alude. Ante o exposto, voto no sentido afastar a preliminar de nulidade suscitada, e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 425DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/07/2016 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 28/07/20 16 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 30/07/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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