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Numero do processo: 10850.721622/2015-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
Ementa:
DIRPF RETIFICADORA. PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO.
No caso de DIRPF Retificadora que pleiteia restituição indevida, somente se exclui a multa de ofício e os juros de mora incidentes sobre os valores de imposto exigidos quando restar comprovado nos autos o pagamento tempestivo realizado pelo contribuinte com base na declaração original.
Numero da decisão: 2202-003.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado).
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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PAGAMENTO FEITO COM BASE NA DECLARAÇÃO ORIGINAL. COMPROVAÇÃO. No caso de DIRPF Retificadora que pleiteia restituição indevida, somente se exclui a multa de ofício e os juros de mora incidentes sobre os valores de imposto exigidos quando restar comprovado nos autos o pagamento tempestivo realizado pelo contribuinte com base na declaração original. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Márcio Henrique Sales Parada, Theodoro Vicente Agostinho (Suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 72 16 22 /2 01 5- 11 Fl. 130DF CARF MF 2 Trata o presente processo de Notificação de Lançamento em virtude de uma omissão de rendimentos do trabalho recebidos pela pessoa física acima identificada, no valor total de R$ 265.921,36, referente à fonte pagadora São Paulo Previdência (SPPREV), no ano calendário de 2012, resultando em um crédito tributário apurado de R$ 12.810,36, incluídos juros de mora e multa de ofício de 75%. A contribuinte apresentou impugnação alegando que os rendimentos considerados como omitidos são isentos, por se tratar de proventos de aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave (cardiopatia grave) desde o ano de 2002. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife (PE) julgou improcedente a impugnação, cuja decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL AO GOZO DA ISENÇÃO PRETENDIDA. Para o gozo da isenção pretendida o interessado há de ser aposentado e apresentar laudo médico oficial que comprove a moléstia grave definida nos termos da lei. No caso faltou comprovação da moléstia grave através de laudo médico expedido por entidade oficial competente. Não atendido requisito legal essencial. A conclusão da DRJ foi no seguinte sentido: No caso concreto, quanto ao anocalendário focado (2012), conforme foi corretamente registrado pela autoridade lançadora, embora seja a alegação de que o contribuinte era portador de moléstia grave, o laudo médico apresentado não foi emitido por entidade oficial competente, isto é, tratase de laudo preparado por médico particular, o qual não satisfaz para fins de comprovação do adimplemento dos requisitos legais para o gozo da isenção pleiteada. Cientificado dessa decisão em 11/09/2015, por via postal (A.R. de fl. 94), o Espólio da Contribuinte, por meio de procurador, apresentou Recurso Voluntário em 09/10/2015 (fl. 95), alegando apenas que o imposto já fora efetivamente pago em DIRPF original do exercício 2013. Esse Colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência (Resolução nº 2202000.724, de 22/09/2016), para que a repartição de origem tomasse as seguintes providências: 1. Anexe aos autos cópia da Declaração de Ajuste Anual original do exercício 2013 (anocalendário 2012); 2. anexe aos autos os comprovantes de pagamentos (DARFs) correspondentes ao imposto de renda do exercício 2013 (ano calendário 2012), informando se os mesmos encontramse disponíveis ou se foram restituídos; Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10850.721622/201511 Acórdão n.º 2202003.702 S2C2T2 Fl. 131 3 3. após, dê vista ao Recorrente do resultado essa diligência, com prazo de 30 (trinta) dias para, querendo, se pronunciar. Em atendimento à diligência, a DRF de origem anexou a DIRPF/2013 (ano calendário de 2012) original do Contribuinte (fls. 119/126) e o intimou a comprovar os pagamentos (DARFs) correspondentes ao imposto de renda do referido exercício (fls. 127/128). O Contribuinte não apresentou resposta (fl. 129). É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. O Contribuinte não se insurgiu, em seu recurso voluntário, contra a decisão da DRJ em relação ao não atendimento de uma das condições para o gozo da isenção, qual seja, a comprovação da moléstia grave por meio de laudo médico oficial. Ele somente alegou que o imposto já havia sido pago por ocasião da apresentação da DIRPF original do exercício 2013. Dessa forma, não cabe aqui analisar a questão da isenção por moléstia grave, posto que essa matéria se encontra fora do litígio, por não ter sido recorrida. Resta, portanto, discutir o tema relativo ao pagamento tempestivo do imposto devido. Entendo que os valores recolhidos pelo Contribuinte antes do início do procedimento fiscal, quando ele gozava de espontaneidade, não podem ser exigidos com multa de ofício. CTN Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Não se pode exigir, por meio de Notificação de Lançamento, multa de ofício sobre um crédito tributário que foi extinto pelo pagamento, nos termos do artigo 156, inciso I, do Código Tributário Nacional – CTN. O pagamento antecipado, conforme dispõe o § 1º do Fl. 132DF CARF MF 4 artigo 150 do CTN, extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. Mesmo que não ocorra a homologação, o pagamento feito extingue a obrigação tributária. Apenas se o pagamento realizado não for suficiente para extinguila totalmente, caberá o lançamento de ofício para exigência da diferença. CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. [..] Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I o pagamento; [...] Muito embora a declaração retificadora realmente substitua a declaração original, fato é que o pagamento extingue o crédito tributário, conforme prevê o inciso I do art. 156 do CTN. Entretanto, no presente caso, não consta dos autos comprovação de que realmente os pagamentos alegados tenha sido efetivados. O Contribuinte não apresentou nenhuma resposta à intimação feita pela delegacia de origem para comprovar os pagamentos alegados, conforme se verifica da diligência efetuada a pedido desse Colegiado (fls. 127/129), embora tenha sido cientificado da intimação em 18/10/2016 (fl. 128). É regra geral no Direito que o ônus da prova é uma conseqüência do ônus de afirmar e, portanto, cabe a quem alega. Nesse caso, o Recorrente apenas alegou e nada provou e, segundo brocardo jurídico por demais conhecido, "alegar e não provar é o mesmo que não alegar". Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (Assinatura digital) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10850.721622/201511 Acórdão n.º 2202003.702 S2C2T2 Fl. 132 5 Fl. 134DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12267.000307/2008-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2001 a 31/12/2005
FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA.
Para o lançamento de contribuição previdenciária, a Secretaria da Receita Federal do Brasil possui competência para a caracterização da condição de segurado empregado sempre que presentes os elementos do vínculo empregatício: subordinação jurídica, pessoalidade, não eventualidade e onerosidade.
DECADÊNCIA.
O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I.
DESCARACTERIZAÇÃO DO VINCULO PACTUADO. RELAÇÃO DE EMPREGO. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL SOBRE A FORMA.
Presentes os pressupostos da relação de emprego entre a empresa contratante e a pessoa física prestadora de serviços, dissimulada como pessoa jurídica, deve ser considerado o vínculo laborai do obreiro com o tomador dos serviços, fundamentação: artigos 12, I, "a" e 33 da Lei n° 8.212/91 c/c art. 229, §2° do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/99, com a alteração do Decreto n° 3.265/99.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2301-004.922
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário, para rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a decadência das competências 05/2001 a 11/2001 (inclusive) e 13º salário/2011, nos termos do voto do relator. Votaram pelas conclusões os conselheiros Fábio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto.
Andrea Brose Adolfo - Presidente Substituta
Julio Cesar Vieira Gomes - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS.
Nome do relator: JULIO CESAR VIEIRA GOMES
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2001 a 31/12/2005 FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. Para o lançamento de contribuição previdenciária, a Secretaria da Receita Federal do Brasil possui competência para a caracterização da condição de segurado empregado sempre que presentes os elementos do vínculo empregatício: subordinação jurídica, pessoalidade, não eventualidade e onerosidade. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratando-se de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional - CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplica-se o artigo 150, §4°; caso contrário, aplica-se o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. DESCARACTERIZAÇÃO DO VINCULO PACTUADO. RELAÇÃO DE EMPREGO. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL SOBRE A FORMA. Presentes os pressupostos da relação de emprego entre a empresa contratante e a pessoa física prestadora de serviços, dissimulada como pessoa jurídica, deve ser considerado o vínculo laborai do obreiro com o tomador dos serviços, fundamentação: artigos 12, I, "a" e 33 da Lei n° 8.212/91 c/c art. 229, §2° do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/99, com a alteração do Decreto n° 3.265/99. Recurso Voluntário Provido em Parte
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2080; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 325 1 324 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12267.000307/200824 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301004.922 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 08 de fevereiro de 2017 Matéria CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO Recorrente CONTRASTE ENGENHARIA E AUTOMAÇÃO LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/05/2001 a 31/12/2005 FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. Para o lançamento de contribuição previdenciária, a Secretaria da Receita Federal do Brasil possui competência para a caracterização da condição de segurado empregado sempre que presentes os elementos do vínculo empregatício: subordinação jurídica, pessoalidade, não eventualidade e onerosidade. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173, I. No caso de autuação pelo descumprimento de obrigação acessória, a constituição do crédito é de ofício e a regra aplicável é a contida no artigo 173, I. DESCARACTERIZAÇÃO DO VINCULO PACTUADO. RELAÇÃO DE EMPREGO. PREVALÊNCIA DA VERDADE MATERIAL SOBRE A FORMA. Presentes os pressupostos da relação de emprego entre a empresa contratante e a pessoa física prestadora de serviços, dissimulada como pessoa jurídica, deve ser considerado o vínculo laborai do obreiro com o tomador dos serviços, fundamentação: artigos 12, I, "a" e 33 da Lei n° 8.212/91 c/c art. 229, §2° do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n°3.048/99, com a alteração do Decreto n° 3.265/99. Recurso Voluntário Provido em Parte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 7. 00 03 07 /2 00 8- 24 Fl. 325DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Voluntário, para rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a decadência das competências 05/2001 a 11/2001 (inclusive) e 13º salário/2011, nos termos do voto do relator. Votaram pelas conclusões os conselheiros Fábio Piovesan Bozza e Alexandre Evaristo Pinto. Andrea Brose Adolfo Presidente Substituta Julio Cesar Vieira Gomes Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: ANDREA BROSE ADOLFO, JULIO CESAR VIEIRA GOMES, FABIO PIOVESAN BOZZA, JORGE HENRIQUE BACKES, ALEXANDRE EVARISTO PINTO e MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS. Fl. 326DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 326 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou procedente a autuação fiscal lavrada com ciência em 08/03/2007 para constituição de crédito tributário de contribuição previdenciária sobre remunerações a segurado empregado, assim caracterizado pela fiscalização em razão da suposta presença das características da relação de emprego. Segue transcrição de trechos da decisão recorrida: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. Verificada a prestação de serviços por segurados que preenchem os requisitos do art. 12, inciso I, alínea “a” da Lei 8.212/91, não importando qual tenha sido a forma de contratação, é competente o auditor fiscal do INSS para lançar as contribuições devidas e incidentes sobre a remuneração paga. O contrato de trabalho, sendo um contrato realidade, não está vinculado ao aspecto formal, eis que prevalecem as circunstâncias reais em que são prestados os serviços. LANÇAMENTO PROCEDENTE ... 2. De acordo com o relatório fiscal, de fls. 50/55, o levantamento tem origem na caracterização como empregado do segurado GUSTAVO CARVALHO COTA considerado pela notificada como microempresário, por verificados os requisitos da relação de emprego, definidos no art. 12, inciso I, alínea “a”, da Lei 8212/91 c/c art. 3° da CLT. Acrescenta o autor do lançamento que D segurado é sócio gerente responsável da empresa GUST COMÉRCIO E SERVIÇOS DE INFORMATICA LTDA, tendo emitido ininterruptamente, no período de 05/01 a 12/05, mensalmente e em ordem seqüencial notas fiscais de prestação de serviços em informática, caracterizando o trabalho exclusivo e habitual, bem como sua natureza não eventual e diretamente ligada à atividade fim da empresa. Ressalta, ainda, a autoridade lançadora que o vínculo foi reconhecido pela empresa pelo fato de o segurado receber parcela de remuneração pertinente apenas aos segurados empregados (premium card) e cumprir jornada de trabalho com horário fixado estabelecida em contrato, recebendo horas normais e extras, assim como ajuda de custo faculdade, alimentação e transporte. 3. O lançamento foi efetuado em 08/03/2007, dentro do lapso temporal determinado pelo Mandado de Procedimento Fiscal n° O9352474F00, de fls. 40 , e seus complementares, de fls. 41/43, compatível com os períodos de fiscalização e apuração do crédito, com a devida ciência do contribuinte. Fl. 327DF CARF MF 4 Contra a decisão, o recorrente interpôs recurso voluntário, onde se reiteram as alegações trazidas na impugnação: Do prazo decadencial de acordo com o art. 173, do CTN, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito extinguese em cinco anos, não sendo aplicável o prazo decadencial previsto no art. 45 da Lei 8212/91, pois o art. 146, III, da Constituição Federal exige lei complementar para veiculação de normas gerais, em especial quanto à prescrição e decadência, reproduzindo doutrina e jurisprudência em favor de sua tese; . não poderiam ter sido lançados os valores relativos às competências 08/01 a 12/01, em razão da decadência, devendo ser excluídos da NFLD, acrescidos de multa e juros; ... O débito lançado é nulo, pois a autoridade administrativa, além de ter agido desprovida de amparo legal, excedeu as atribuições que lhe são conferidas, invadindo a competência constitucionalmente assegurada à Justiça do Trabalho para desconsiderar a personalidade jurídica de empresas prestadoras, legalmente contratadas, e presumir o vínculo entre os sócios e a empresa contratante; Houve cerceamento de defesa, uma vez que, na esfera judicial, teria a autuada instrumentos mais amplos e eficaz e para se defender, reproduzindo o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal; O lançamento de débito vultoso, sem o contraditório e ampla defesa judiciais, afigurase procedimento assaz arbitrário; Os débitos foram lançados de modo unilateral e parcial, ressaltando que a presunção do art. 204 do CTN não dispensa a autoridade lançadora de apurar os fatos que entende serem tributáveis, com a diligência necessária para sua aferição. A existência de relação de emprego não deve ser meramente presumida, mas a autoridade fiscal usou somente suas presunções para descaracterizar os contratos de prestação de serviço; A desconsideração da personalidade jurídica só poderá ser aplicada quando estiver efetivamente comprovada a dissimulação, o que não foi demonstrado na NFLD; A possibilidade de desconsideração de atos ou negócios jurídicos foi introduzida através da Lei Complementar 104/2001 (parágrafo único do art. 116) como medida antielisiva, tornando imprescindível a adoção, pelos agentes fiscais, dos procedimentos que ainda serão estabelecidos em lei ordinária, reproduzindo jurisprudência em favor de sua tese; A teor do art. 150, III, da Constituição Federal e considerando o principio da irretroatividade da lei, ainda que aguardada a lei ordinária, esta não poderá alcançar a presente NFLD, sendo totalmente nulo o débito lançado; Fl. 328DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 327 5 O presidente Lula aprovou a Lei 11.457, de 16 de março de 2007, inobstante ter vetado a emenda 3, sendo que o fato de ter sido esta aprovada pelo Congresso demonstra a grande polemica na qual está inserida esta questão, podendo ainda ser derrubado o veto presidencial; indicando a concordância de que na regulamentação do artigo 116 do CTN não pode ser violado o Principio da Separação dos Poderes, concluindose que a autoridade administrativa não goza de atribuições para desconsideração da personalidade jurídica. Avaliar a legalidade de uma contratação não é da alçada do Fisco, sendo ínsita à sua atividade, tãosomente, a apreciação do denominado mérito administrativo, ou seja a valoração sobre a conveniência e oportunidade do ato, mas não a legalidade ou ilegalidade dos mesmos; A pessoa jurídica contratada foi constituída legalmente, não havendo vedação para sua contratação, cabendo exclusivamente às partes, nos termos do art. 170, IV, da Constituição da República, deliberar acerca do regime tributário aplicável, ou seja, optar entre a CLT e a mera prestação de serviços, não podendo ser imposto o regime celetista a toda relação de trabalho; Não houve ocultação ou fraude a qualquer tipo de vínculo empregatício, já que a única relação existente foi a de prestação de serviços, que possui conteúdo de obrigação de fazer, portanto, sem natureza trabalhista, restrita ao âmbito civil contratual; Como o ramo de informática é altamente dinâmico, surge a necessidade de se contratar prestadores de serviço para o desenvolvimento de programas e projetos específicos e determinados, que não se incluem nas atividades normais da empresa; A fiscalização não informa e nem tampouco comprova qual seria o tipo de atividade desenvolvida pela prestadora de serviços e, mesmo que se trate de atividadefim semelhante à desenvolvida pela impugnante, tal fato não é suficiente para caracterizar a relação de emprego, transcrevendo jurisprudência sobre a matéria; A documentação anexa é inidônea a ensejar o vínculo, já que os serviços não se revestem das características inerentes ao contrato de trabalho, por serem não pessoais, esporádicos, não exclusivos e não subordinados, não havendo também pessoalidade, já que a prestadora não é pessoa física; A autoridade administrativa não comprovou a habituaiidade e exclusividade da prestação de serviços, bem como a dependência, do que decorre não ter sido provada a relação de emprego; Durante todo o procedimento fiscal em momento algum a empresa se recusou ou sonegou qualquer informação ou Fl. 329DF CARF MF 6 documento, mas, ao contrário, disponibilizou equipe para atendimento à fiscalização, o que torna descabida a adoção do método de aferição indireta, com fundamento neo art. 33, §§3° e 6° da Lei nº 8.212/91 reproduzido na defesa; Deve ser aplicado o art. 112 do CTN, que objetiva proteger o contribuinte, não podendo prosperar a exigência fiscal diante da ausência de elementos e provas suficientes de convicção da ocorrência do fato gerador, devendo ser considerada improcedente a presente Notificação. É o Relatório. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 328 7 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Preliminares O procedimento da fiscalização e formalização da autuação cumpriram todos os requisitos dos artigos 10 e 11 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, verbis: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O recorrente foi devidamente intimado de todos os atos processuais, assegurandolhe a oportunidade de exercício da ampla defesa e do contraditório, nos termos do artigo 23 do mesmo Decreto: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, Fl. 331DF CARF MF 8 no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.1997) III por edital, quando resultarem improfícuos os meios referidos nos incisos I e II. (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) A decisão recorrida também atendeu às prescrições que regem o processo administrativo fiscal: enfrentou todas as alegações do recorrente, com indicação precisa dos fundamentos e se revestiu de todas as formalidades necessárias. Não contém, portanto, qualquer vício que suscite sua nulidade, passando, inclusive, pelo crivo do Egrégio Superior Tribunal de Justiça: Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referirse, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 9.12.1993). “PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INEXISTÊNCIA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SERVIDOR PÚBLICO INATIVO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. SÚMULA 188/STJ. 1. Não há nulidade do acórdão quando o Tribunal de origem resolve a controvérsia de maneira sólida e fundamentada, apenas não adotando a tese do recorrente. 2. O julgador não precisa responder a todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem está obrigado a aterse aos fundamentos por elas indicados “. (RESP 946.447RS – Min. Castro Meira – 2ª Turma – DJ 10/09/2007 p.216) Portanto, em razão do exposto e nos termos de regras disciplinadoras do processo administrativo fiscal, não se identificam vícios capazes de tornar nulo quaisquer dos atos praticados: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Quanto à competência do auditorfiscal para a caracterização da condição segurado empregado para fins de lançamento da contribuição previdenciária, a matéria foi julgada neste CARF através de outros processos do mesmo recorrente e originados da mesma fiscalização. Como precedente, assim, cito o processo nº 35582.002130/200742, in verbis: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2005 Fl. 332DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 329 9 Ementa: PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. TERCEIRIZAÇÃO. SIMULAÇÃO. DESCARACTERIZAÇÃO. SEGURADO EMPREGADO. I – A fiscalização da SRP tem poderes para declarar a existência de pacto laborai onde o contribuinte entendia ou simulava não, haver, devendo apenas ter a cautela de demonstrar de forma inequívoca a existência dos seus elementos peculiares. II – Exposta à situação fática, e verificado que há a presença de vinculo empregatício em suposta prestação por pessoa jurídica, correto é o lançamento de oficio. III – A legalidade formal na constituição das empresas, contratadas pela Notificada, não se sobrepõe à ilegalidade na prestação dos serviços propriamente ditos, que como visto mascaravam a presença dos elementos da relação de labor. IV A liberdade constitucional de contratar, não permite a adoção de meios evasivos, objetivando a fuga da tributação imposta a todos. Recurso Voluntário Negado ... Nesse diapasão, insta mencionar que ao considerar um pacto laborai onde o contribuinte entendia ou simulava não haver, a fiscalização da Secretária da Receita Previdenciária — SRP, não está a invadir a competência outorgada à Justiça do Trabalho, na medida em que sua ação não está voltada para fins relacionados ao direito trabalhista, ma sim ao cumprimento fiel e irrestrito da legislação previdenciária, e encontra respaldo egal no § 2° do artigo 229 do Dec. N° 3.048/99, que assim giza: Art. 229: (omissis). §2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso 1 do caput do art. 92, deverá desconsiderar o vinculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. E de fato existe regra de competência nesse sentido prevista no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, com nova redação dada pelo Decreto n° 3.265, de 29 de novembro de 1999, que assim dispõe: art. 229 (...) §2° Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9°, deverá desconsiderar o vinculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Fl. 333DF CARF MF 10 Portanto, no presente caso não se trata propriamente de aplicação da cláusula geral antielesiva prevista no artigo 116 Parágrafo único do CTN, o que implicaria para todos os fins a desconsideração da personalidade jurídica das supostas empresas interpostas entre o recorrente e as pessoas físicas; o que não é o caso. Pontualmente, tratase da constatação de uma situação real que prevalece sobre a forma e que, para fins de tratamento tributário, a relação jurídica com o recorrente é direta e pessoal das pessoas físicas e não das pessoas jurídicas interpostas: art. 116 (...) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Assim, o entendimento deve ser aqui reproduzido. A preliminar suscitada não merece acolhida. Passamos a examinar o mérito. Decadência Nas sessões plenárias dos dias 11 e 12/06/2008, respectivamente, o Supremo Tribunal Federal STF, por unanimidade, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91 e editou a Súmula Vinculante n° 08. Seguem transcrições: Parte final do voto proferido pelo Exmo Senhor Ministro Gilmar Mendes, Relator: Resultam inconstitucionais, portanto, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91 e o parágrafo único do art.5º do Decretolei n° 1.569/77, que versando sobre normas gerais de Direito Tributário, invadiram conteúdo material sob a reserva constitucional de lei complementar. Sendo inconstitucionais os dispositivos, mantémse hígida a legislação anterior, com seus prazos qüinqüenais de prescrição e decadência e regras de fluência, que não acolhem a hipótese de suspensão da prescrição durante o arquivamento administrativo das execuções de pequeno valor, o que equivale a assentar que, como os demais tributos, as contribuições de Seguridade Social sujeitamse, entre outros, aos artigos 150, § 4º, 173 e 174 do CTN. Diante do exposto, conheço dos Recursos Extraordinários e lhes nego provimento, para confirmar a proclamada inconstitucionalidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8.212/91, por violação do art. 146, III, b, da Constituição, e do parágrafo único do art. 5º do Decretolei n° 1.569/77, frente ao § 1º do art. 18 da Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda Constitucional 01/69. É como voto. Súmula Vinculante n° 08: Fl. 334DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 330 11 “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Os efeitos da Súmula Vinculante são previstos no artigo 103A da Constituição Federal, regulamentado pela Lei n° 11.417, de 19/12/2006, in verbis: Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004). Lei n° 11.417, de 19/12/2006: Regulamenta o art. 103A da Constituição Federal e altera a Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, disciplinando a edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo Supremo Tribunal Federal, e dá outras providências. ... Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. § 1o O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão. Como se constata, a partir da publicação na imprensa oficial, todos os órgãos judiciais e administrativos ficam obrigados a acatarem a Súmula Vinculante. Assim sendo, independente de meu entendimento pessoal sobre a matéria, manifestado em meus votos anteriores, inclinome à tese jurídica na Súmula Vinculante n° 08. Afastado por inconstitucionalidade o artigo 45 da Lei n° 8.212/91, resta verificar qual regra de decadência prevista no Código Tributário Nacional CTN se aplicar ao caso concreto. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento no sentido da imprescindibilidade de pagamento parcial do tributo para que seja aplicada a regra decadencial do artigo 150, §4° do CTN; caso contrário, aplicase o artigo 173, I do CTN que transfere o termo a quo de contagem para o exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido Fl. 335DF CARF MF 12 constituído. Também atribuiu status de repetitivos a todos os processos que se encontram tramitando sobre a matéria. E, por força do artigo 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, a decisão deve ser reproduzida nas turmas deste Conselho. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Considerando o presente caso, deve ser aplicada a regra do artigo 173, I do CTN. Constatase através do documento apresentado pela fiscalização sob o título de discriminativo analítico do débito que não houve pagamento parcial em relação ao segurado empregado objeto do lançamento e que a fiscalização encaminhou ao ministério público federal representação fiscal para fins penais. Assim, deve ser acolhida a preliminar de decadência para exclusão dos valores relativos aos meses 01/05/2001 a 30/11/2001 e o décimo terceiro salário do mesmo ano. Como a obrigação de pagamento da contribuição relativa ao mês de dezembro tem vencimento no ano seguinte, o termo quo é 01/01/2003, logo ainda não decaída. No mérito A comprovação da dissimulação pelo recorrente e conseqüente caracterização da condição de segurado empregado fundamentase nos seguintes elementos: a) formalmente, o segurado era sócio gerente de uma interposta empresa prestadora de serviços de natureza afim ao objeto social do recorrente; b) a suposta empresa prestadora de serviços emitia mensal, exclusiva e seqüencialmente notas fiscais; c) o recorrente admitiu o segurado como empregado formalmente registrado, mas continuou pagamento os valores acima do piso salarial através das notas fiscais; d) o segurado percebia participação nos lucros ou resultados juntamente com os segurados formalmente inscritos como empregados da recorrente; e) pagamentos a título de Horas Extras, Ajuda de Custo, Participação nos Lucros, Pagamento de Mensalidade de Universidade, Alimentação e Transporte; f) a suposta pessoa jurídica também emitia notas fiscais para formalizar pagamentos a outros segurados sem vínculo com ela ou com o recorrente. A verdade material aponta para uma realidade que prevalece sobre o vínculo formal pactuado: o segurado é empregado da recorrente e prestava serviços de informática necessário à consecução do objeto social do empregador, cumprimento o horário de trabalho tal como os demais empregados. O fato de emitir notas fiscais exclusiva e seqüencialmente afasta a interposta pessoa jurídica do conceito de empresa. Isto porque o artigo 15 da Lei nº 8.212/91 coloca o risco econômico como elemento central do conceito. De outra forma, não haveria a autonomia necessária para que se constitua um ente independente da personalidade de seus sócios: Fl. 336DF CARF MF Processo nº 12267.000307/200824 Acórdão n.º 2301004.922 S2C3T1 Fl. 331 13 Art. 15. Considerase: I empresa a firma individual ou sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da administração pública direta, indireta e fundacional; Reforça essa conclusão o fato de que as supostas pessoas jurídicas prestam todos os seus serviços ao recorrente somente através dos sócios gerentes, de forma pessoal. Isso comprova pessoalidade e subordinação. Em todo o período o segurado se submetia ao cumprimento do horário de trabalho e o serviço era prestado diretamente por ele, que inclusive percebia verbas próprias de segurados empregados. Ainda que seja suficiente para considerar a condição de segurado empregado em decorrência da dissimulação de uma situação real através de uma "arquitetura" formal artificial, o TST tem limitado a terceirização de vários segmentos sob o argumento da invalidade da contratação de serviços relacionados às atividades inerentes do contratante. Nesse sentido a Súmula 331 do TST: CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova redação do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e 31.05.2011 I A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formandose o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). Por fim, o vínculo foi reconhecido pela empresa quando o segurado foi registrado como funcionário da empresa. Face o exposto, os serviços contratados por intermédio da pessoa jurídica visavam apenas dissimular pagamentos a pessoas físicas. Por tudo, voto pelo provimento parcial ao recurso voluntário quanto à decadência de parte do período lançado. É como voto. Julio Cesar Vieira Gomes Fl. 337DF CARF MF 14 Fl. 338DF CARF MF
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Numero do processo: 13887.720139/2014-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE.
É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. A falta de comprovação da efetiva transferência financeira de importâncias pagas a título de pensão alimentícia, suportada pelo Recorrente, torna ilegítima sua dedutibilidade.
Numero da decisão: 2201-003.536
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 05/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho que dava provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso - Relator. EDITADO EM: 05/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. EFETIVO PAGAMENTO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. É dedutível da base de cálculo do imposto de renda os valores efetiva e comprovadamente pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de acordo homologado judicialmente. A falta de comprovação da efetiva transferência financeira de importâncias pagas a título de pensão alimentícia, suportada pelo Recorrente, torna ilegítima sua dedutibilidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencido o Conselheiro José Alfredo Duarte Filho que dava provimento. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 05/05/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 7. 72 01 39 /2 01 4- 09 Fl. 74DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da DRJRJ que julgou improcedente a Impugnação e manteve o crédito tributário lançado através da Notificação de Lançamento nº 2013/038790064533858 (fls. 19/26) que alterou o resultado da Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2013, anocalendário 2012, do Recorrente, passando de “imposto a restituir” no valor de R$ 6.423,59 para “imposto suplementar a exigir” no valor de R$ 1.132,94, com multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento); e juros de mora. O lançamento é decorrente das seguintes condutas: Dedução indevida com previdência privada, no valor tributável de R$ 3.085,58 (fls. 20). Dedução indevida com dependente, no valor tributável de R$ 1.974,72 (fls. 21). Dedução indevida de pensão alimentícia judicial por deixar de apresentar documentos que comprovassem o efetivo pagamento, no valor tributável de R$ 5.000,00 (fls. 22). Dedução indevida de despesas médicas de dependente, no valor tributável de R$ 9.178,42 (fls. 23). O Recorrente apresentou Impugnação tempestiva (fls. 02/03), concordando com as glosas relativas às despesas médicas, de previdência social e com dependente, porém, requerendo o cancelamento da glosa de pensão alimentícia. A Impugnação foi julgada totalmente improcedente para manter a glosa verificada no trabalho fiscal, conforme assim ementado pela DRJRJ: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. DEDUÇÕES. DEPENDENTES. DESPESAS MÉDICAS. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Tendo o Recorrente concordado com as glosas, tais matérias se tornam não impugnadas encontrandose fora do presente litígio. DEDUÇÃO. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Somente é dedutível a pensão cujo efetivo pagamento tenha sido comprovado com documentação hábil e possua prova de que estaria obrigado ao pagamento da pensão, no respectivo anocalendário, por meio de acordo ou ordem judicial. Impugnação Improcedente. Outros Valores Controlados. Cientificado da decisão de primeira instância em 16/12/2014 (fls. 53), o Recorrente interpôs tempestivamente, em 15/01/2015, Recurso Voluntário (fls. 54/55), Fl. 75DF CARF MF Processo nº 13887.720139/201409 Acórdão n.º 2201003.536 S2C2T1 Fl. 70 3 reafirmando a legitimidade da dedução relativa a pagamento de pensão alimentícia. Ao final, requer o acolhimento e provimento ao recurso. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. A legislação do imposto de renda, mais especificamente o Regulamento do Imposto de Renda (Dec. nº 3.000/99, Art. 77) e a Lei nº 9.250/95, Art. 4º, inciso II, determina que o direito às deduções realizadas diretamente na base de cálculo deste imposto está condicionado a requisitos e limitações expressamente previstos e nas formas previstas. Assim, a mencionada legislação permite a dedução de pensão alimentícia judicial da base de cálculo do IRPF, conforme abaixo: Art.78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). De acordo com o artigo supramencionado, o direito à dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família está condicionado à comprovação de dois requisitos: 1) existência de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública que obrigue o Recorrente a pagar pensão, e 2) ocorrência do pagamento. Colocadas as premissas materiais, cumpre justificar legalmente o trabalho de fiscalização. A mesma legislação do IR, conjuntamente com o Decreto nº 5.844/43 (Art. 11, § 3º) – que trata da cobrança e fiscalização do imposto – dispõem que todas as deduções informadas pelos Recorrentes em suas Declarações de Ajuste Anual são sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, conforme abaixo: Decreto nº 3.000/99 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). Decreto nº 5.844/43 Art. 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas neste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. (...) Fl. 76DF CARF MF 4 § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. Temse, assim, que a legislação transcrita confere à autoridade fiscal – que age no intuito de defender o interesse público (“arrecadação tributária”) –, o poder de exigir, para análise da dedução de despesas com pensão alimentícia, outros documentos além de recibos, declarações particulares e a própria DIRPF, que busquem comprovar o efetivo pagamento da pensão e, principalmente, o efetivo desembolso dos valores declarados como despesa a esse título, que demonstrem ter o Recorrente sofrido o ônus econômico das quantias que pretender ver deduzidas. Isso porque recibos e declarações particulares, além da própria DIRPF não fazem prova única e definitiva da efetiva ocorrência dos pagamentos informados na declaração do Recorrente. Os dados informados nestes documentos não constituem verdade absoluta, ante a sua fragilidade em comprovar a realidade. Quanto aos recibos e declarações, devese distinguir sua força como prova de quitação entre as partes contratantes matéria disciplinada pelo Código Civil da força probatória que estes possuem perante o fisco, questão que se sujeita às normas de direito público que regem a relação tributária. No caso ora analisado, o Recorrente não logrou comprovar a efetiva transferência financeira de importâncias que alega ter pago a título de pensão alimentícia para sua excônjuge. Não logrou ter suportado o ônus financeiro que justifica a dedutibilidade fiscal dessa despesa. Cabe aqui esclarecer, novamente, que a prova dos pagamentos de pensão alimentícia não se faz pela mera apresentação de documentos confeccionados por particulares, como é o caso fls. 07, até mesmo, da própria DIRPF confeccionada pelo Recorrente, que informa ter pago a pensão. Por sua vez, nem mesmo o Termo de Audiência de Separação Consensual, juntado às fls. 64, juntado ao Recurso Voluntário que realmente comprova a obrigação alimentar nos termos da petição inicial juntada às fls. 12/17 possui força probatória capaz de demonstrar que houve transferência patrimonial do Recorrente para sua excônjuge, a título de pagamento de pensão alimentícia. Ocorre que a petição do acordo de separação mencionado acima diz em sua cláusula IX que o pagamento do valor da pensão alimentícia deve se dar através de depósito na conta corrente da ex cônjuge, contudo, não há nos autos prova de tais depósitos. Por mais que a decisão da DRJ tenha indicado apenas a falta da homologação judicial, que foi apresentado posteriormente pelo contribuinte, ocorre que na ementa e na própria autuação restou consignado que deveria ocorrer a comprovação da homologação judicial e o efetivo pagamento da pensão para fazer jus à dedutibilidade. Dessa forma, entendo que, a despeito dos documentos juntados, estes foram insuficientes para comprovar: i) a efetiva transferência financeira de valores do Recorrente para sua excônjuge, a título de pagamento de pensão alimentícia; ii) a assunção do ônus do pagamento da pensão pelo Recorrente. Isto posto, deve ser mantida a decisão de primeira instância que confirmou a glosa do valor de pensão alimentícia. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13887.720139/201409 Acórdão n.º 2201003.536 S2C2T1 Fl. 71 5 Conclusão Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter a decisão de primeira instância. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11543.720563/2013-20
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE.COMPENSAÇÃO. RESTRIÇÃO. RENDIMENTOS DECLARADOS. MATÉRIA ESTRANHA AO LITÍGIO.
Somente o imposto correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo é passível de compensação na declaração de ajuste anual.
In casu, a instância de julgamento tem por atribuição a solução dos litígios instaurados, não lhe cabendo prover direito que não foi submetido pela via própria à autoridade administrativa competente.
Numero da decisão: 2401-004.636
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado Por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencida a relatora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rayd Santana Ferreira.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly, Cleberson Alex Friess, Marcio Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE.COMPENSAÇÃO. RESTRIÇÃO. RENDIMENTOS DECLARADOS. MATÉRIA ESTRANHA AO LITÍGIO. Somente o imposto correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo é passível de compensação na declaração de ajuste anual. In casu, a instância de julgamento tem por atribuição a solução dos litígios instaurados, não lhe cabendo prover direito que não foi submetido pela via própria à autoridade administrativa competente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado Por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento, vencida a relatora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rayd Santana Ferreira. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly, Cleberson Alex Friess, Marcio Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira.
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RESTRIÇÃO. RENDIMENTOS DECLARADOS. MATÉRIA ESTRANHA AO LITÍGIO. Somente o imposto correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo é passível de compensação na declaração de ajuste anual. In casu, a instância de julgamento tem por atribuição a solução dos litígios instaurados, não lhe cabendo prover direito que não foi submetido pela via própria à autoridade administrativa competente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 72 05 63 /2 01 3- 20 Fl. 135DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado Por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, por maioria, negarlhe provimento, vencida a relatora. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rayd Santana Ferreira. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly, Cleberson Alex Friess, Marcio Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Alexandre Tortato e Rayd Santana Ferreira. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 11543.720563/201320 Acórdão n.º 2401004.636 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (DRJ/CTA), que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada pela contribuinte, afastando a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente de pessoa jurídica e mantendo a glosa no valor de R$ 18.165,52 (Cód. 0211), a ser acrescido de multa e juros de mora, conforme ementa do Acórdão nº 0653.554 (fls. 96/104): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. APURAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO. COMPROVAÇÃO DO NUMERO DE MESES. O imposto incidente sobre rendimentos recebidos acumuladamente é calculado sobre o montante pago, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito, desde que devidamente comprovado o número de meses a que se refere o rendimento. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE.COMPENSAÇÃO. RESTRIÇÃO. Somente o imposto correspondente aos rendimentos incluídos na base de cálculo é passível de compensação na declaração de ajuste anual. RENDIMENTOS DO TRABALHO. MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO DOS HERDEIROS. DESCABIMENTO. A isenção concedida aos portadores de moléstia grave especificada na legislação tributária quando atestada por laudo médico oficial, não contempla os rendimentos do trabalho recebidos acumuladamente em decorrência de ação judicial e não pode ser estendido aos herdeiros. RENDIMENTOS DECLARADOS. MATÉRIA ESTRANHA AO LITÍGIO. A instância de julgamento tem por atribuição a solução dos litígios instaurados, não lhe cabendo prover direito que não foi submetido pela via própria à autoridade administrativa competente. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte O Presente processo teve sua origem na Notificação de lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (fls. 06/11), lavrada em face da revisão da Declaração de Ajuste Anual do exercício 2012, anocalendário 2011, apurandose: Fl. 137DF CARF MF 4 1. Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar (Cód. 2904) de R$ 18.244,04, Multa de Ofício de R$ 13.683,03 e Juros de Mora de R$ 2.116,80; 2. Imposto de renda Pessoa Física (Cód. 0211) de R$ 18.165,52, Multa de Mora de R$ 3.633,10 e Juros de Mora de R$ 2.107,20. De acordo com as Descrições dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 08/09) constatouse: 1. Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de ação trabalhista no valor de R$ 66.341,95; 2. Compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 18.165,52. Devidamente notificada do lançamento em 15/10/2013 (fl.80), a Contribuinte apresentou, em 12/11/2013, impugnação (fls. 02/04), instruída com os documentos de fls. 13 a 72. Em sua impugnação, informa que os rendimentos considerados omitidos são oriundos de ação trabalhista (processo nº 2306.0071.1990.5.17.0131) movida por seu falecido esposo, Aselzion César Moulin, onde consta como inventariante do Espólio. Alega que se trata de Rendimentos Recebidos Acumuladamente relativos às verbas salariais do período de 07/1989 a 10/2011, razão porque deveriam ser tributados de acordo com o previsto no art. 12A, da Lei nº 7.713/1998, considerandose para tal o período de 287 meses. Solicita que seja descontado da base de cálculo os honorários advocatícios no valor de R$ 40.000,00 e afirma não ter havido omissão de rendimentos na Declaração de Ajuste Anual, mas apenas um erro na classificação dos mesmos. Afirma estar correto o valor declarado de IRRF, conforme comprovado pelo DARF recolhido em 16/12/2011 (fl. 63), e que referido tributo havia sido retido indevidamente já que o autor da ação (seu marido) era portador de moléstia grave, o que o tornaria beneficiário da isenção de IRPF. Por fim, requer o acolhimento da defesa com o conseqüente cancelamento do crédito tributário e restituição do Imposto de Renda pago a maior. A 4ª Turma da DRJ/CTA julgou parcialmente procedente a impugnação, considerando como parcela do RRA sujeita à tributação o montante de R$ 50.642,27, para o período aquisitivo de 105 meses, afastando assim a omissão de rendimentos, em virtude da contribuinte ter declarado como tributáveis à título de RRA valor superior ao que deveria ser declarado a esse título, mantendo, no entanto, a cobrança do Imposto de Renda Pessoa Física no valor de R$ 18.165,52, relativo à glosa. Conforme se vê na decisão de piso, com base na documentação apresentada pela contribuinte o lançamento foi constituído da seguinte forma: Fl. 138DF CARF MF Processo nº 11543.720563/201320 Acórdão n.º 2401004.636 S2C4T1 Fl. 4 5 Após os cálculos efetuados pela DRJ, foram apresentados os seguintes valores: Em face da decisão proferida, a recorrente foi cientificada do Acórdão em 07/12/2015 (fl. 109) e em 04/01/2016 apresentou seu Recurso Voluntário (fls. 111/113), onde alega que na conclusão da decisão do Acórdão (fl. 104) ocorreu erro material quando da repetição do valor R$ 18.165,52, glosado do IRRF, requerendo, por conseguinte: 1. A alteração dos quadros da DIRPF exercício 2012, de acordo com os valores apresentados nas folhas 111 e 112, modificando, ou até mesmo, anulando o lançamento efetuado; 2. O cancelamento do débito fiscal no valor de R$ 18.165,52, a Multa de Mora no valor de R$ 3.633,10 e os Juros de Mora no valor de R$ 6.292,53 (fl. 107); 3. Que seja feita a compensação do IRRF no valor de R$ 18.165,52, glosado tendo em vista ter oferecido à tributação montante maior que o devido e a devolução dos valores pagos a maior; Requer a tramitação do Recurso Voluntário com base no Estatuto do Idoso fundamentado na data de nascimento da recorrente comprovada na cópia do seu RG (fl. 87). É o relatório. Fl. 139DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário foi apresentado dentro do prazo legal e atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito A Contribuinte, em seu Recurso Voluntário, alega a existência de erro material na conclusão do Acórdão nº 0653.554 da DRJ/CTA, que julgou parcialmente procedente a impugnação, excluindo a omissão apontada no lançamento e mantendo a cobrança do Imposto de Renda Pessoa Física no importe de R$ 18.165,52, equivalente ao valor da glosa de 50% do IRRF (fls. 17 e 63). Assevera que restou demonstrada a improcedência da ação fiscal e pleiteia o cancelamento do débito e a devolução do imposto pago a maior. Pois bem. O lançamento em disputa foi perfectibilizado pela autoridade fiscal em virtude da constatação de: (i) omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de ação trabalhista, no valor de R$ 66.341,95; (ii) compensação indevida de imposto de renda retido na fonte no valor de R$ 18.165,52. O colegiado de primeira instância afastou a omissão de rendimentos e manteve a glosa por compensação indevida de IRRF, não havendo que se falar em erro material na conclusão do Acórdão. No entanto, há de se verificar se ocorreu erro material na apuração do lançamento. Como se observa, a DRJ entendeu pela inexistência da omissão levantada pelo Auditor Fiscal ao reconhecer que do total de R$ 148.794,37, oferecidos à tributação pela contribuinte na sua Declaração de Ajuste Anual como Rendimentos Recebidos Acumuladamente, apenas o montante de R$ 50.642,27 seria o valor correto a ser oferecido como Rendimento Tributável. Portanto, o fato incontroverso do presente processo administrativo é que não houve omissão de rendimento na sua Declaração de Ajuste Anual, haja vista que o valor oferecido à tributação de RRA foi superior ao valor que deveria ter sido oferecido, conforme calculado na decisão de piso. A questão ainda em disputa é a cobrança do valor de R$ 18.165,52, referente à glosa do IRRF, bem como a devolução do Imposto de Renda pago a maior. Conforme se constata dos documentos adunados aos autos, a contribuinte procedeu à compensação indevida do IR Fonte sobre a parcela dos rendimentos pagos aos Fl. 140DF CARF MF Processo nº 11543.720563/201320 Acórdão n.º 2401004.636 S2C4T1 Fl. 5 7 herdeiros. Assim, do total de R$ 36.331,04 de IRRF, apenas o montante de R$ 18.165,52 poderia ter sido deduzido pela contribuinte. No entanto, a totalidade dos R$ 36.331,04 a título de Imposto de Renda retido na fonte já foi devidamente recolhida, não cabendo ao Fisco proceder novamente a sua cobrança (fls. 62/63). A glosa da compensação indevida de IRRF não tem como consequência a existência de débito do mesmo valor glosado; primeiro porque já ocorreu o pagamento da totalidade dos R$ 36.331,04 retidos do imposto; segundo, porque não foi procedido ao recálculo do lançamento na forma estabelecida pelo artigo 12A, da Lei nº 7.713/1988, considerando como parcela do RRA sujeita à tributação o montante de R$ 50.642,27 para o período aquisitivo de 105 meses, valor bem inferior do que o montante de R$ 148.794,37 oferecidos pela contribuinte à tributação. Ora, se a própria Delegacia de Julgamento entendeu que a parte do lançamento que versa sobre forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, no curso de Ação Trabalhista, estava incorreto, da mesma forma deve ser o raciocínio aplicado quanto ao cálculo do imposto de renda retido pela fonte sobre referidas verbas. Conquanto tenha ocorrido equívoco no valor da retenção na fonte declarado, é de se observar o equívoco com relação ao valor dos rendimentos declarados a maior. Com efeito, quanto à tributação dos Rendimentos Recebidos Acumuladamente da forma prevista no art. 12A da Lei nº 7.713/1988, a DRJ/CTA assim se posicionou: Assiste razão a contribuinte no referido pleito. Pelo dispositivo transcrito verificase que, no ano de 2011, os rendimentos recebidos acumuladamente eram de tributação exclusiva na fonte, com o cálculo do imposto obedecendo ao que é estabelecido nos parágrafos e incisos. Aplicase especialmente ao caso desses autos o parágrafo primeiro, que estatui que o imposto será “calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. [...] Desta forma, deve ser considerado o valor constante da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento no ano calendário de 2011, que era de R$1.566,61 para o mês de dezembro (quando ocorreu o pagamento) e multiplicado pelo número de meses ao qual o rendimento era relativo (105). O resultado de R$ 164.494,05 revela que parcela dos rendimentos recebidos acumuladamente estava isenta (tendo em vista que o total recebido pela contribuinte relativo aos RRA, após as deduções previstas pela legislação, foi de R$ 215.136,32). A diferença de R$50.642,27 deveria ter sido oferecida à tributação.(Grifamos). Fl. 141DF CARF MF 8 Verificase que, apesar da decisão de 1ª instância ter reconhecido como correta a aplicação do art. 12A da Lei nº 7.713/1988 aos rendimentos oriundos do processo trabalhista, limitouse apenas a recalcular a parcela desse rendimento que deveria ser oferecida à tributação, objetivando tão somente reconhecer que não houve omissão de rendimento, já que o valor oferecido na Declaração da Contribuinte era superior ao valor calculado. No entanto, a correta aplicação do referido dispositivo legal se perfectibilizaria com a apuração do imposto devido dentro dessa nova sistemática de cálculo, o que não foi feito pelo Auditor Fiscal por ocasião do lançamento, quando era cediço que desde a época do fato gerador já se encontrava em vigor o art. 12A da Lei nº 7.713/1988, acrescido pela Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que alterou a sistemática de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente correspondentes a anoscalendário anteriores ao do recebimento. Ora, apesar da Recorrente ter oferecido à tributação valor bem superior ao que legalmente deveria ter sido oferecido, consoante destacado na decisão de piso, além de ter ocorrido o pagamento do total do Imposto de Renda Retido (fl. 63), foi mantida a cobrança do valor glosado de compensação indevida de IR Fonte. Por outro lado, observase nitidamente o equívoco da fiscalização na apuração da base de cálculo tributável, na medida em que a fiscalização utilizou o regime de caixa e não o de competência, configurando erro de cunho material na apuração do montante devido, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. Assim, em face do exame dos elementos que instruem o processo administrativo, deve ser exonerado o crédito tributário em sua totalidade. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do recurso voluntário, para, no mérito, DAR LHE PARCIAL PROVIMENTO, para cancelar a exigência contida no lançamento. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 142DF CARF MF Processo nº 11543.720563/201320 Acórdão n.º 2401004.636 S2C4T1 Fl. 6 9 Voto Vencedor Conselheiro Rayd Santana Ferreira Redator Designado Não obstante as sempre bem fundamentadas razões do ilustre Conselheiro Relator, peço vênia para manifestar entendimento divergente, por vislumbrar na hipótese vertente conclusão diversa da adotada pelo nobre julgador, quanto o posicionamento ao Recurso Voluntário, devendo ser mantida a decisão a quo, como passaremos a demonstrar. No que diz respeito à compensação indevida do IRRF ocorreu a glosa de R$ 18.165,52 do total de R$ 36.331,04 declarados pela contribuinte em sua DAA. A impugnação afirma que o valor declarado corresponde ao retido pela fonte pagadora quando do recebimento dos rendimentos recebidos em virtude de ação judicial. Junta aos autos o documento de fl. 63 no intuito de comprovar suas alegações. O valor retido de IR, entretanto, referese ao total pago em função da ação trabalhista que deu origem aos rendimentos ora analisados. Tendo em vista que a contribuinte, como viúva meeira recebeu apenas 50% do total destes rendimentos, somente poderia deduzir o percentual a eles equivalente. Assim sendo, é de se manter a glosa do IRRF efetuada pelo lançamento. Não é porque fora ofertado tributação a maior que esta deve ser considerada para o presente litígio, a Notificação de Lançamento é precisa a infirmar a infração, ou seja, há uma delimitação quanto a demanda. Vale salientar ser bem provável que a contribuinte tenha de fato razão quanto as suas alegações, até mesmo o direito creditório, porém não cabe a este Tribunal se manifestar sobre assunto que não faça parte do litígio, por isso há de negar provimento ao recurso. Da mesma forma no que concerne ao pedido de retificação da DIRPF 2012/2011, cumpre observar que a competência desta Turma em sede de Recurso Voluntário de lançamento encontrase restrita aos litígios instaurados. O pedido para alteração na forma de declaração dos rendimentos declarados decorrentes da reclamatória trabalhista haveria de ser submetido pela contribuinte, mediante declaração retificadora ou procedimento equivalente, à autoridade competente para proceder à sua revisão, atribuição que, no âmbito da Receita Federal, recai sobre as Delegacias da Receita Federal do Brasil DRF, Alfândegas da Receita Federal do Brasil ALF e Inspetorias da Receita Federal do Brasil IRF de Classes “Especial A”, “Especial B” e “Especial C”, a teor do art. 224, XXII, do Regimento Interno deste órgão (Portaria MF nº 203, de 2012) Nesse contexto, não cabe a esta Turma de Julgamento reconhecer direito à retificação da declaração, com o objetivo de implementar modificação que haveria de ser submetida à autoridade competente, a qual detém o poder de acatála ou não, efetuando os atos de fiscalização que reputar necessários a esse fim, nada impedindo que seja feita no momento da execução deste Julgado. Fl. 143DF CARF MF 10 Por todo o exposto, estando a Notificação de Lançamento, sub examine, em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.600559/2009-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2006
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO PER/DCOMP OU RETIFICADORA.
Diante da impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP ou acesso ao sistema de retificação de declaração, o pedido de restituição poderá ser formalizado mediante formulário manual nos moldes da legislação tributária.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.603
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e dar-lhe provimento, de forma que os autos voltem à Delegacia de origem para que sejam apreciados os pedidos de restituição pendentes, juntamente com a respectiva documentação acostada, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO PER/DCOMP OU RETIFICADORA. Diante da impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP ou acesso ao sistema de retificação de declaração, o pedido de restituição poderá ser formalizado mediante formulário manual nos moldes da legislação tributária. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 60 05 59 /2 00 9- 90 Fl. 259DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e darlhe provimento, de forma que os autos voltem à Delegacia de origem para que sejam apreciados os pedidos de restituição pendentes, juntamente com a respectiva documentação acostada, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10730.600559/200990 Acórdão n.º 2402005.603 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Conforme relatório da decisão recorrida, em 16/07/2009, o contribuinte interpôs pedido de revisão de débitos inscritos em dívida ativa da União, alegando ser portador de moléstia grave. Em 18/05/2010, o Interessado apresentou pedido de cancelamento de cobrança da dívida fiscal e baixa de anotação no CADIN endereçado ao Procurador Seccional da Fazenda Nacional em Nova Friburgo. Por meio de despacho, o Procurador Seccional da Fazenda Nacional em Nova Friburgo solicitou que o SEORT/DRF/Niterói se pronunciasse a respeito da isenção por moléstia grave alegada pelo Interessado. Por meio do despacho decisório de 22/10/2010 (fls. 111), o SEORT/DRF/Niterói considerou que o Contribuinte fazia jus à isenção do imposto de renda por ser portador de moléstia grave desde março de 2000 e, em razão disso, decidiu revisar de ofício os lançamentos dos exercícios de 2005, 2006 e 2007 e propor à Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional em Nova Friburgo (PSFN/Nova Friburgo) o cancelamento da inscrição na dívida ativa da União que constava do presente processo. O cancelamento da dívida ativa foi efetuado por meio do despacho de fl. 115. Posteriormente, em 21/12/2010, o contribuinte apresentou novos pedidos de restituição de fls. 132 a 137. Por meio do despacho decisório de fls. 182 a 186, em 19/08/2011, o SEORT/DRF/Niterói decidiu considerar não formulados os pedidos de restituição de fls. 132 e 133 (porque deveriam ter sido apresentados por meio de PER/DCOMP) e 134 e 135 (porque não haveria impedimento para a apresentação de declaração retificadora) e indeferiu os pedidos referentes às fls. 136 e 137, devido à ocorrência de decadência. Após ciência por edital do despacho decisório, o contribuinte apresentou em 12/12/2011, fl. 194, a manifestação de inconformidade, valendose, em síntese, dos seguintes argumentos: 1) considerando que o pedido de revisão de débitos inscritos na dívida ativa da União e a solicitação de isenção do imposto de renda por moléstia grave foram entregues à Agência da Receita Federal em Nova Friburgo em julho de 2009, e que os pedidos só foram analisados pela Delegacia da Receita Federal em Niterói em 22/10/2010, não estaria decadente o pleito do Interessado; 2) ao deferir as solicitações e conceder a isenção, a própria Receita Federal deveria providenciar a devolução dos valores retidos na fonte nos exercícios em questão, haja vista que os valores aparecem nas tabelas constantes do despacho decisório da DRF/Niterói; Fl. 261DF CARF MF 4 3) por não ter sido efetuada a devolução do imposto a que o Interessado fazia jus, apesar do deferimento do pedido de revisão de débitos inscritos na dívida ativa da União e do reconhecimento da isenção da moléstia grave a partir de 2000, o Contribuinte teve que preencher diversos formulários de pedidos de restituição manualmente, que foram anexados a este processo que teve início em julho de 2009 e ainda não foi concluído; 4) o Interessado, no exercício 2008, solicitou a retificação de notificação lançamento e recebeu automaticamente a restituição do imposto em sua conta, sem que tivesse que solicitar em separado. Ao final, o contribuinte requereu a procedência de seu pedido e o recebimento da devolução de imposto de renda pleiteada. A decisão da autoridade de primeira instancia DRJ/RJ julgou, em 5 de julho de 2012, a Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte o pedido do contribuinte, alegando que (fls. 206 a 210): 1) os pedidos de restituição dos DARF, nos montantes de R$ 3.800,00 e R$ 3.753,40, não podem ser apreciados, haja vista que deveriam ser objeto de PER/DCOMP, observado o prazo decadencial da legislação de regência; 2) não podem ser apreciados os pedidos de restituição do imposto de renda retido na fonte sobre os proventos de aposentadoria recebidos nos anoscalendário de 2006 e 2008, haja vista que deveriam ser objeto de declarações retificadoras; 3) rechaçada a decadência suscitada no Despacho Decisório de fls. 171 a 175, cabe à DRF/Niterói/RJ se pronunciar acerca da restituição do imposto de renda retido na fonte nos anos calendário de 2004 e 2005. Desta forma, acordaram os membros da 18ª Turma de Julgamento da DRJ/RJ, por unanimidade, rejeitar a decadência suscitada no Despacho Decisório e julgar a Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte. Os autos retornaram a DRF de origem para cientificar o contribuinte do acórdão, mediante entrega de cópia do mesmo, ressalvandolhe a possibilidade de interposição de recurso voluntário ao CARF. E os autos foram enviados à DRF/Niterói/RJ para se pronunciar acerca da mérito do pedido restituição do imposto de renda retido na fonte nos anoscalendário de 2004 e 2005, haja vista o presente acórdão ter afastado a decadência suscitada originalmente. Conforme despacho decisório de fls. 228 e segs, a DRF/Niterói/RJ, em 26/11/2012, decidiu por reconhecer o Direito Creditório relativo ao lançamento do IRPF dos exercícios de 2005 e 2006. Cientificado da decisão de primeira instancia em 25/10/2012, o contribuinte apresentou tempestivamente, fl. 244/247, em 05/11/2012, o recurso voluntário aduzindo, em síntese que: 1. Logrou êxito em retificar a declaração do ano calendário 2008, cujo pedido foi processado e o crédito já realizado pela RFB. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10730.600559/200990 Acórdão n.º 2402005.603 S2C4T2 Fl. 4 5 2. Em relação aos créditos pendentes de 2004 e 2006, aduz que não obteve êxito em retificar a declaração de 2006 ou mesmo acessar o sistema Per/Dcomp. Desta forma, requer que os pedidos apresentados em papel, em 21/12/2010, conforme formulário da RFB sejam aceitos para apreciação de seu pedido. É o relatório. Fl. 263DF CARF MF 6 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora O recurso é TEMPESTIVO, eis que intimado da decisão no dia 25/10/2012 (fl. 271), interpôs recurso voluntário no dia 05/11/2012, atendendo também às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser CONHECIDO. A insatisfação recursal cingese à falta de apreciação pela Receita Federal dos pedidos de restituição dos imposto de renda recolhido através de DARF no anoscalendário 2004 e 2006 e o retido na fonte no anocalendário de 2006, conforme tabela abaixo: AnoCalendário Exercício Valor PGTO 2004 2005 3.753,40 DARF 2006 2007 3.800,00 DARF 2006 2007 16.396,02 DIRPF Ressalta a Recorrente que não há duvidas quanto ao seu direito de isenção do imposto de renda por motivo de ser portadora de moléstia grave, conforme se verifica do despacho de fls 111 emitido em 22 de Outubro de 2010 pela SEORT/RJ/NITEROI, vejamos: De acordo com o Laudo Médico PEricial emitido pelo Hospital Municipal Raul Sertã, o contribuinte é portador de Nefropatia Grave (CID X N 18.0) desde março de 2000 (fl 88). Tratase, portanto, de doença enquadrada no inciso XIV, do artigo 6º, da Lei 7.713/88, com redução dada pelo art. 47 da Lei nº 8.541/92. Portanto, a satisfação plena das condições para o gozo do benefício da isenção do imposto de renda ocorreu em março de 2000. Neste sentido, a Recorrente formulou os pedidos de restituição via formulário manual e entregues a Receita Federal em 21 de Dezembro de 2010, conforme consta nos autos nas fls. 133, 132 e 135, respectivamente. No entanto, em 5 de julho de 2012, a 18 ª Turma da DRJ/RJ, entendeu conforme acórdão nº 1248.020 (fl. 206 e segs) que não seria possível apreciar os pedidos de restituição entregues via formulário manual conforme a motivação abaixo transcrita: 1) os pedidos de restituição dos DARF, nos montantes de R$ 3.800,00 e R$ 3.753,40, não podem ser apreciados, haja vista que deveriam ser objeto de PER/DCOMP, observado o prazo decadencial da legislação de regência; 2) não podem ser apreciados os pedidos de restituição do imposto de renda retido na fonte sobre os proventos de aposentadoria recebidos nos anos Fl. 264DF CARF MF Processo nº 10730.600559/200990 Acórdão n.º 2402005.603 S2C4T2 Fl. 5 7 calendário de 2006 e 2008, haja vista que deveriam ser objeto de declarações retificadoras; A Recorrente, no entanto, afirma que quando tentou realizar os pedidos de restituição conforme orientado pela DRJ/RJ, ou seja, via Per/Dcomp e declaração retificadora, não logrou êxito tendo em vista que o sistema da Receita Federal acusa decadência no direito a retificar a declaração de 2006 e bloqueio no acesso ao sistema Per/Dcomp pois houve, no passado, inscrição em dívida ativa no CPF da mesma. Alega que, apesar da Receita Federal ter revisado a inscrição em dívida ativa e já realizado sua baixa, a declaração retificadora continua indisponível via sistema, conforme mensagens do sistema que colacionou em sua peça recursal: A legislação tributária de regência, qual seja, a Instrução Normativa nº 1300/12, que estabelece normas sobre restituição, compensação, ressarcimento e reembolso, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, determina que nos casos de impossibilidade de utilização do sistema PER/DCOMP, o requerimento será formalizado por meio do formulário 'Pedido de Restituição ou Ressarcimento" cujo preenchimento é manual, vejamos: Art. 3º A restituição a que se refere o art. 2º poderá ser efetuada: I a requerimento do sujeito passivo ou da pessoa autorizada a requerer a quantia; ou II mediante processamento eletrônico da Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF). § 1º A restituição de que trata o inciso I do caput será requerida pelo sujeito passivo mediante utilização do programa Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/DCOMP). § 2º Na impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP, o requerimento será formalizado por meio do formulário Pedido de Fl. 265DF CARF MF 8 Restituição ou Ressarcimento, constante do Anexo I a esta Instrução Normativa, ou mediante o formulário Pedido de Restituição de Valores Indevidos Relativos a Contribuição Previdenciária, constante do Anexo II a esta Instrução Normativa, conforme o caso, aos quais deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. Tendo em vista o dispositivo acima vis a vis os pedidos de restituição constantes às fls. 133, 132 e 135, notase que o recorrente está impossibilidade de utilizarse do sistema Per/Dcomp ou retificadora, sendo assim, se utilizou justamente do formulário indicado no Anexo I da Instrução Normativa nº 1300/12 Pedido de Restituição ou Ressarcimento. Desta forma, tendo em visto que o sistema acusa decadência de prazo ou impossibilidade por motivo de inscrição em dívida ativa para que haja solicitação de restituição, entendo que os formulários apresentados às fls 133, 132 e 135, devem ser considerados como legítimos para apreciação pelas autoridades fiscais. Neste sentido, voto por CONHECER e DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, de forma que os autos voltem à Delegacia de origem para que sejam apreciados os pedidos de restituição pendentes, formulados às fls. 133, 132 e 135, juntamente com a respectiva documentação acostada, nos termos do voto acima. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18239.002848/2008-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004
RECURSO VOLUNTÁRIO. PEDIDO NÃO CONHECIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Tendo sido declarado não conhecido o pedido feito na impugnação em vista da concomitância com a ação judicial, não há que se conhecer do recurso voluntário.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-004.561
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente
Maria Cleci Coti Martins - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
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PEDIDO NÃO CONHECIDO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Tendo sido declarado não conhecido o pedido feito na impugnação em vista da concomitância com a ação judicial, não há que se conhecer do recurso voluntário. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 23 9. 00 28 48 /2 00 8- 19 Fl. 204DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente Maria Cleci Coti Martins Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 205DF CARF MF Processo nº 18239.002848/200819 Acórdão n.º 2401004.561 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Recurso voluntário interposto em 08/05/2013, em face do acórdão 1246.366 19a. Turma da DRJ/RJI, do qual teve conhecimento em 10/04/2013. O processo administrativo referese ao lançamento de ofício do imposto sobre a renda da pessoa física para o anocalendário 2003. A decisão a quo está assim ementada. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 IRPF. AÇÃO JUDICIAL. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. RENÚNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. A propositura de ação judicial pelo contribuinte com o mesmo objeto de pleito administrativo importa renúncia deste, em razão do princípio constitucional da unidade da jurisdição. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. Uma vez comprovadas as deduções informadas pelo contribuinte na declaração de rendimentos, conforme previsão contida na legislação pertinente, há de se restabelecer os respectivos valores. O recorrente aduz as seguintes razões. A Receita Federal lançou de ofício os rendimentos recebidos da Fundação Petrobrás de Seguridade Social PETROS. Considera que tais rendimentos são isentos de tributação desde 1995. Entende que, mesmo em 2003, tais valores não poderiam ser considerados como rendimentos tributáveis, sobretudo porque estariam abrangidos pela decisão judicial já transitada em julgado e que lhe garantiu a isenção tributária para tais rendimentos. Informa que a decisão a quo não conheceu dessa parte do recurso por entender que haveria concomitância com o processo judicial, o qual o recorrente discorda. Afirma que, como entende que não há identidade de objetos entre a ação judicial e o processo administrativo, a impugnação deveria ter sido conhecida e julgada normalmente. Reforça que o objeto do recurso voluntário deste processo administrativo é o reconhecimento da validade da decisão judicial transitada em julgado sobre o imposto de renda indevidamente recolhido sobre parte dos rendimentos auferidos pelo contribuinte da PETROS, no ano calendário 2003. Pretende com este recurso que a Receita Federal dê cumprimento à decisão judicial transitada em julgado e reconheça a natureza de benefício isento e não tributável. É o relatório. Fl. 206DF CARF MF 4 Voto Conselheira Maria Cleci Coti Martins Relatora O recurso foi interposto no prazo e passo a analisar. A decisão a quo não conheceu da parte do recurso relativo à incidência de imposto de renda sobre as prestações de complementação de aposentadoria, tendo em vista ter entendido haver concomitância com a ação judicial processo nº 2000.51.01.0127810, da Justiça Federal do Rio de Janeiro, já transitada em julgado. Correto o entendimento da primeira instância quanto à concomitância de ação judicial, pois ficou claro na decisão da Justiça Federal que a União fora condenada a devolver os valores recolhidos a título de imposto de renda, a partir dos cinco anos anteriores à propositura da ação, ocorrida em 29/05/2000(efl. 38). Assim, judicialmente ficou reconhecida a exoneração de imposto de renda sobre os rendimentos da aposentadoria a partir de 29/05/1995. No caso dos autos estáse cobrando crédito tributário relativo ao ano calendário 2003, exercício 2004, abrangido, portanto, pela decisão judicial do processo 2000.51.01.0127810 da Justiça Federal do Rio de Janeiro. O contribuinte pretende fazer a execução da decisão judicial através deste processo administrativo. Entendo que são procedimentos diferenciados e que não se confundem. A execução da decisão judicial deve ser peticionada junto ao cartório da jurisdição em que foi proferida a referida sentença. Voto por não conhecer do recurso voluntário, vez que já não fora conhecido na primeira instância, tendo em vista a concomitância entre os processos administrativo e judicial. (assinado digitalmente) Maria Cleci Coti Martins. Fl. 207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000522/2010-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 19 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL.
O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido.
ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA.
É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil (CPC), que A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão.
Dessa forma, considerando o disposto no art. 62-A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão.
Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir:
Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico.
CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS
Toda empresa está obrigada a reter e recolher a contribuição dos segurados empregados a seu serviço, quando do pagamento de sua remuneração
REMUNERAÇÃO - CONCEITO
Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS
Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria.
Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, à incidência da contribuição previdenciária.
O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição.
INDENIZAÇÃO
As rubricas intituladas Indenização e Indenização Especial, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial
ABONO - NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN
RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS.
A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão
Numero da decisão: 2301-003.740
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso, na questão do chamado abono indenizatório, nos termos do voto da Relatora. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em conhecer da questão sobre ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em não conhecer do recurso nesta questão; III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da Participação dos Lucros e Resultados, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Wilson Antônio de Souza Correa e Manoel Coelho Arruda Júnior, que davam provimento ao recurso nesta questão; b) em não conhecer da questão sobre a retificação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior, que conheciam da questão
João Bellini Júnior Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão.
Andréa Brose Adolfo redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Manoel Coelho Arruda Junior
Nome do relator: BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA. É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543-C do Código de Processo Civil (CPC), que A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62-A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS Toda empresa está obrigada a reter e recolher a contribuição dos segurados empregados a seu serviço, quando do pagamento de sua remuneração REMUNERAÇÃO - CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria. Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, à incidência da contribuição previdenciária. O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição. INDENIZAÇÃO As rubricas intituladas Indenização e Indenização Especial, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial ABONO - NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 14; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2063; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C3T1 Fl. 2 1 1 S2C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13864.000522/201073 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2301003.740 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de setembro de 2013 Matéria SALÁRIO INDIRETO Recorrente TIVIT TERCEIRIZAÇÃO DE PROCESSOS, SERVIÇOS E TECNOLOGIA S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 PRECLUSÃO. NORMAS PROCESSUAIS. PROVA DOCUMENTAL. MOMENTO APRESENTAÇÃO. APÓS IMPUGNAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE E VERDADE MATERIAL. O artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. ILEGITIMIDADE PASSIVA PARA RESPONDER POR EVENTUAIS MULTAS DEVIDAS PELA SUCEDIDA. É oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 05 22 /2 01 0- 73 Fl. 344DF CARF MF 2 Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. CONTRIBUIÇÃO DOS SEGURADOS Toda empresa está obrigada a reter e recolher a contribuição dos segurados empregados a seu serviço, quando do pagamento de sua remuneração REMUNERAÇÃO CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo trabalhador pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS Para ocorrer a isenção fiscal sobre os valores pagos aos trabalhadores a título de participação nos lucros ou resultados, a empresa deverá observar a legislação específica sobre a matéria. Ao ocorrer o descumprimento da Lei 10.101/2000, as quantias creditadas pela empresa aos empregados passa a ter natureza de remuneração, sujeitas, portanto, à incidência da contribuição previdenciária. O PRL pago em desacordo com o mencionado diploma legal integra o salário de contribuição. INDENIZAÇÃO As rubricas intituladas “Indenização” e “Indenização Especial”, pagas em desacordo com a legislação previdenciária e sem a comprovação de que se referem a verbas indenizatórias, integram o salário de contribuição por possuírem natureza salarial ABONO NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN RESPONSABILIDADE DA EMPRESA SUCESSORA PELOS TRIBUTOS E MULTAS MORATÓRIAS/PUNITIVAS. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, I) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto da Relatora; b) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a); II) Por maioria de votos: a) em dar provimento ao recurso, na questão do chamado abono indenizatório, nos termos do voto da Fl. 345DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 3 3 Relatora. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em conhecer da questão sobre ilegitimidade passiva na responsabilidade sobre multas, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em não conhecer do recurso nesta questão; III) Por voto de qualidade: a) em negar provimento ao recurso, na questão da Participação dos Lucros e Resultados, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Wilson Antônio de Souza Correa e Manoel Coelho Arruda Júnior, que davam provimento ao recurso nesta questão; b) em não conhecer da questão sobre a retificação da multa, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva e Manoel Coelho Arruda Júnior, que conheciam da questão João Bellini Júnior – Presidente e redator ad hoc na data de formalização do acórdão. Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Oliveira (Presidente), Wilson Antonio De Souza Correa, Bernadete de Oliveira Barros, Damião Cordeiro de Moraes, Mauro José Silva, Manoel Coelho Arruda Junior Fl. 346DF CARF MF 4 Relatório Conselheiro João Bellini Júnior Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Bernadete de Oliveira Barros, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Tratase de crédito previdenciário lançado contra a empresa acima identificada, referente às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte dos segurados, não arrecadadas pela empresa e não recolhidas.. Conforme Relatório Fiscal (fls. 57), o fato gerador das contribuições lançadas é o pagamento, pela empresa a seus empregados, de verbas intituladas “Indenizações” e “Indenização Especial” (levantamentos I1, P e P1), “Abono Indenizatório” (lev H), “PLR” (lev T) e “Insuficiência de Saldo” (levantamentos C eC1). Integram ainda o AI as contribuições dos segurados incidentes sobre pagamentos realizados a pessoas físicas enquadradas como empregados pela fiscalização (levantamentos E e E1). O agente autuante informa que a empresa pagou valores a título de PLR em desacordo com a Lei 10.101/2000, pois inexistiram regras claras e objetivas, mecanismos de aferição, periodicidade e período de vigência, entre outros listados. A autoridade autuante explica que, em respeito ao art 106, inciso II, alínea"c" do CTN, da confrontação da aplicação da legislação da época dos fatos geradores com as alterações sofridas através da MP 449/2008, convertida na Lei n° 11.941/2009, verificouse que a legislação vigente à época é mais benéfica à empresa nos meses de 05/2007 e 11/2007, tendo sido lavrado AI 68 e, para as demais competências, aplicouse a multa atual, mais benéfica, de 75%. A recorrente impugnou o débito e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 0533.968, da 7a Turma da DRJ/CPS (fls. 917, vol. V, do processo 13864.000536/201097), julgou a impugnação procedente em parte, mantendo, em parte, o crédito tributário, excluindo os levantamentos C, C1, por entender tratarse de parcelas isentas, e levantamentos E e E1, ao argumento de que não restou caracterizado o vínculo empregatício entre a empresa e os seguranças que lhe prestaram serviços. Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso tempestivo (fls. 1.307, vol. XXI do processo 13864.000536/201097), alegando, em apertada síntese, o que se segue. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 4 5 Preliminarmente, requer o julgamento conjunto de todos os Autos de Infração lavrados contra a recorrente na mesma ação fiscal, para se evitar decisões divergentes sobre o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. No mérito, faz breve síntese da legislação que rege a matéria, frisando que nem todo valor pago ao trabalhador integra a base de cálculo do tributo, mas apenas as remunerações destinadas a retribuir o trabalho, não se constituindo em remuneração valores pagos pela empresa que ostentem natureza indenizatória, ou verbas que apresentem um caráter assistencial. Sustenta que qualquer importância recebida pelo trabalhador que não encontre uma vinculação direta com o trabalho prestado não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias. Entende que a NFLD é nula em razão da não comprovação da efetiva ocorrência dos fatos geradores da contribuição, e que a decisão recorrida pretendeu justificar a ação ilegal em dispositivos não aplicáveis ao caso, que não justificam a inversão pretendida de ônus da prova. Assevera que a simples identificação de rubricas em folha de pagamento como “férias indenizadas” e “abono indenizatório” não justifica a imposição tributária , sendo o lançamento discutido temerário e desprovido de fundamento legal, e lista princípios jurídicos envolvidos na matéria procedimental administrativa. Aduz que a Auditora Fiscal buscou constituir o crédito pelo critério arbitrário da exclusão, presumindo simplesmente que como os valores não foram lançados sob a rubrica “Férias Indenizadas” então teriam natureza salarial, e insiste na assertiva de que caberia à autoridade autuante o exame da natureza dos lançamentos efetuados, sendo descabida a presunção de que todos os pagamentos efetuados aos empregados listados nas planilhas “Indenização” e “Indenização Especial” corresponderiam à remuneração.. Entende que caberia à fiscalização comprovar a ocorrência do fato gerador, mediante demonstração clara e objetiva de que tais verbas se enquadram no conceito de salário de contribuição, caracterizada pela habitualidade do seu pagamento, destacando que não há qualquer indício de habitualidade na concessão dos valores pagos pela recorrente, sendo que os pagamentos em tela configuramse em verdadeiras gratificações/indenizações eventuais dos seus beneficiários. Conclui que, não havendo previsão contratual e/ou habitualidade no pagamento de determinado valor ou na concessão de determinada utilidade ao empregado, não restará configurada a natureza salarial dessa prestação, e transcreve o item “7”, da alínea “d”, do § 9o, do art. 28, da Lei 8.212/91, para tentar demonstrar a não incidência de contribuições sobre verbas recebidas a título de gratificações não eventuais. Insiste na ausência de caráter remuneratório da PLR, e reitera que as determinações legais foram regulamente atendidas pela recorrente, firmando em acordo coletivo os critérios, valores e forma de pagamento, com a devida participação do sindicato, e que a decisão recorrida inova quanto aos requisitos de dedutibilidade de PLR, indo além do quanto previsto na Lei 10.101/2000. Fl. 348DF CARF MF 6 Alega natureza indenizatória do abono pago aos empregados, que foi concedido como compensação pela alteração nos critérios de concessão de outros benefícios, em uma única parcela, em um valor fixo indiscriminadamente a todos os empregados. Inova em relação à defesa, alegando a ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida, destacando a inocorrência de preclusão e a necessária avaliação do tema, diante do princípio da verdade material que rege o processo administrativo. Finaliza requerendo que sejam acolhidas as suas razões, para dar integral provimento ao recurso voluntário, a fim de que seja cancelado integralmente o Auto de Infração que originou o presente processo. É o relatório. O processo foi distribuído para este redator ad hoc em 15/03/2017. Fl. 349DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 5 7 Voto Vencido Conselheiro João Bellini Júnior, redator ad hoc na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato da conselheira Bernadete de Oliveira Barros, relatora original, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o relatório e voto deixado pela conselheira nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. O recurso é tempestivo e todos os pressupostos de admissibilidade foram cumpridos, não havendo óbice ao seu conhecimento. Preliminarmente, a autuada requer o julgamento conjunto de todos os Autos de Infração listados, a fim de se evitar decisões divergentes sobre o mesmo objeto e a mesma causa de pedir. Porém, os autos cujos objetos tratam de matérias conexas foram apensados, e serão julgados conjuntamente. Contudo, os processos que tratam de matéria cuja análise independe da apreciação do mérito do presente recurso, podem ser julgados em separado, pois o resultado de um não interfere no outro. É o caso, por exemplo, dos lançamentos da retenção de 11% sobre as notas fiscais de prestação de serviços, ou da contribuição incidente sobre fretes e serviços prestados por contribuintes individuais. Tais matérias não tem relação com os presentes autos, que tratam de contribuição incidente sobre verbas pagas pela empresa a segurados empregados, consideradas remuneratórias pela fiscalização. Portanto, apenas as matérias conexas serão analisadas em conjunto. Dessa forma, passo à análise do mérito, registrando o que se segue. Verificase que a recorrente não nega que tenha realizado os pagamentos apontados pela fiscalização. Ela apenas tenta demonstrar que as verbas pagas não possuem natureza salarial e não integram o salário de contribuição. Porém, a condição de se tratar ou não de salário não está vinculada ao interesse da fonte pagadora em, com aquele pagamento, assalariar ou não seu empregado. Fl. 350DF CARF MF 8 Ou seja, não é o nome do pagamento ou a vontade da empresa em si que vai determinar sua natureza jurídica. O que irá afastar as verbas pagas da incidência tributária é a estreita observância à legislação específica que trata da matéria. Cumpre observar que o conceito de salário de contribuição expresso no art. 28 inciso I da Lei 8.212/91 é “...a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês...” (grifei). A própria Constituição Federal, preceitua, no § 4º do art. 201, renumerado para o § 11, com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/98, o seguinte: § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüentemente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. (grifei) Nem toda utilidade fornecida ao trabalhador tem caráter contraprestacional, sendo necessário distinguir a utilidade fornecida como retribuição pelo trabalho, que se caracteriza “salárioutilidade” e que deve ser incluída na base de cálculo da contribuição previdenciária, daquela fornecida como instrumento de trabalho, ou para o trabalho, que não se caracteriza salárioutilidade, eis que meramente instrumental para o desempenho das funções do trabalhador. Na doutrina, há várias correntes; porém, a que tem maior aplicação determina que a regra geral é que, se o trabalhador paga pela utilidade, essa não constitui salário. Se, por outro lado, aumentar seu patrimônio ou for fornecida gratuitamente, então integrará o salário para todos os efeitos legais. A CF menciona “os ganhos habituais”, ou seja, todos os ganhos de cunho remuneratório, sejam eles em dinheiro ou utilidades. E a CLT discrimina as parcelas que compõem a remuneração do empregado, conforme seu art. 457: Art. 457. Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário, não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagem e abonos pagos pelo empregador. Portanto, as gratificações e comissões, que podem ser eventuais, integram a remuneração do empregado por expressa previsão legal. A fiscalização constatou o pagamento de verbas denominadas “Indenização” e “Indenização Especial”. Apesar de intimada por meio de TIF, a recorrente não esclareceu a origem de tais pagamentos, se limitando a informar que tratamse de férias indenizadas. Fl. 351DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 6 9 Ocorre que a autoridade lançadora verificou, e comprovou nos autos, que as férias indenizadas são pagas em título próprio, sob rubrica de mesmo nome, constante das folhas de pagamento. Ademais, a empresa não comprovou suas afirmações. Não apresentou, à fiscalização, elementos que demonstrassem que os pagamentos em comento se referiam a férias indenizadas. Assim, constatase que a empresa paga verbas intituladas “Indenização” e “Indenização Especial”, não esclarece a que se refere tais pagamentos, e defende que cabe à fiscalização comprovar que tais verbas não seriam indenizatórias. Porém, entendo que cabe à recorrente, e não à fiscalização, comprovar suas alegações, ou seja, que as rubricas em tela são de cunho indenizatório. Contudo, não o fez, insistindo em afirmar apenas que não há habitualidade no pagamento, e que esses pagamentos se configuram em gratificações/indenizações. Todavia, conforme exposto acima, gratificação é remuneração, e deve integrar o salário de contribuição. Cumpre ressaltar que o conceito de indenização pressupõe a reparação de um dano sofrido pelo trabalhador. No caso em tela, a recorrente não comprovou a existência desse dano. Assim, resta claro que o pagamento feito pela recorrente a título de “Indenização” e “Indenização Especial” em favor dos seus segurados empregados não se trata de reparação de um dano, ou de fornecimento de meio para que esses trabalhadores possam exercer suas funções, e sim uma vantagem que representa um acréscimo indireto à sua remuneração, devendo, portanto, sofrer incidência de contribuição previdenciária. É inegável, no caso presente, o acréscimo patrimonial do segurado ao receber tais quantias. Em que pese o esforço argumentativo da recorrente, verificase que os pagamentos em tela realmente se a amoldam ao figurino legal que delimita a basedecálculo da contribuição previdenciária, como bem entendeu a fiscalização e os julgadores de primeira instância. A recorrente cita o art 28, § 9o, “e”, “7”, para tentar demonstrar que tais valores não podem integrar a base cálculo da contribuição previdenciária, por serem pagamentos eventuais. Contudo, constatase que a recorrente não comprovou que estamos diante de um pagamento eventual, já que não esclareceu a origem desses pagamentos. Ela precisaria demonstrar a que se referem essas rubricas, uma vez que o ganho habitual passível de exação não é necessariamente aquele valor auferido mês a mês, trimestralmente ou mesmo bimestralmente etc. Há verbas pagas no decorrer do contrato de trabalho, ainda que não sejam auferidas nessas condições, e que não podem ser vistas como meramente eventuais. Fl. 352DF CARF MF 10 Por todo o exposto, e como a recorrente não comprovou tratarse de ganho eventual, entendo que tais rubricas devam integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Quanto ao PLR, a recorrente tenta demonstrar ausência de caráter remuneratório da referida verba, alegando que as determinações legais foram regulamente atendidas pela recorrente, firmando em acordo coletivo os critérios, valores e forma de pagamento, com a devida participação do sindicato, e que a decisão recorrida inova quanto aos requisitos de dedutibilidade de PLR, indo além do quanto previsto na Lei 10.101/2000. Porém, a fiscalização verificou que o PLR da empresa não estabelece critérios a serem cumpridos, como também observou a ausência de regras claras e objetivas na fixação dos direitos da participação. De fato, da leitura do acordo coletivo (fls. 558), verificase que não há estabelecimento de critérios ou metas a serem cumpridas, sendo que os valores pagos a título de PLR foram previamente estabelecidos. A Lei 10.101/00 estabelece que: Art.2º (...) § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente . (grifei) Dessa forma, a empresa descumpriu o disposto no parágrafo primeiro do citado dispositivo legal, ao deixar de fazer constar, no acordo pactuado, regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação, bem como os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado. Portanto, ao contrário do que afirma a recorrente, a decisão recorrida não inovou quanto aos critérios estabelecidos na lei, pois o Relator do acórdão combatido deixou claro que o débito seria mantido pois a empresa não observou o § 1º, transcrito acima. Por tudo que foi exposto acima, concluo que a verba intitulada Participação nos Resultados foi paga em desconformidade com a legislação que rege a matéria. E, como a alínea “j”, do § 9º, do art. 28 da Lei 8.212/91, isenta de contribuição previdenciária apenas a participação nos lucros ou resultados da empresa quando paga ou creditada de acordo com a lei específica, no caso a Lei nº 10.101/99, a referida verba, paga pela autuada em desacordo com o mencionado diploma legal, integra o salário de contribuição. A recorrente alega, ainda, natureza indenizatória do abono pago aos empregados, que foi concedido como compensação pela alteração nos critérios de concessão de Fl. 353DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 7 11 outros benefícios, em uma única parcela, em um valor fixo indiscriminadamente a todos os empregados. Em relação a essa matéria, é oportuno observar que a ProcuradoriaGeral da Fazenda NacionalPGFN emitiu o Ato Declaratório nº 16/2011, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114 /2011, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 09/12/2011, autorizando a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária”, Assim, como o pagamento em tela se enquadra no conceito de abono único, pois era pago apenas uma vez, e estava previsto em acordo coletivo, entendo que devam ser excluídos do débito, por provimento, a contribuição lançada incidente sobre o pagamento da verba intitulada “Abono Indenizatório”, por não integrar o salário de contribuição, uma vez que foi pago sem habitualidade. Diante do citado Ato, e considerando que o Decreto 70.235/72 estabelece que o disposto no caput do art. 26A não se aplica aos casos de lei ou ato normativo que fundamente crédito tributário objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, e que a Lei 10.522/2002, citada no art. 26A, determina que os créditos tributários já constituídos relativos à matéria de que trata o seu artigo 19 devem ser revistos de ofício pela autoridade lançadora, entendo que deva ser dado provimento ao recurso, pelo fato de o Seguro de Vida em Grupo não integrar o salário de contribuição. A recorrente inova em relação à defesa, alegando a ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida, destacando a inocorrência de preclusão e a necessária avaliação do tema, diante do princípio da verdade material que rege o processo administrativo. Contudo, tal questionamento não foi trazido perante a primeira instância administrativa, tendo sido feito somente em sede recursal. O Decreto 70.235/72 é claro ao estabelecer que “Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante” E a recorrente não comprovou a ocorrência das hipóteses contidas no § 4º, do art. 16, do mesmo normativo legal, que determina que: Art. 16 (...) § 4o A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente Fl. 354DF CARF MF 12 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Dessa forma, considerando que encontrase precluído o direito à discussão de matéria trazida de forma inovadora na segunda instância administrativa, em razão do que dispõe o art. 17 do referido Decreto, transcrito acima, entendo que não deva ser conhecida a parte do recurso que trata de tal matéria. Porém, caso assim não entenda a maioria do colegiado, e ainda que não se considere ocorrida a preclusão, é oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Com relação à multa, esta Relatora não desconhece que a maioria dos membros deste Colegiado retroagem a norma para aplicar a multa de mora mais benéfica, observando o disposto na nova redação dada ao artigo 35, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 61 da Lei nº 9.430/1996. Contudo, tal matéria não foi trazida no recurso voluntário e, por entender que não se trata de matéria de ordem pública, não há que conhecêla de ofício. Nesse sentido e Considerando tudo o mais que dos autos consta; VOTO por CONHECER PARCIALMENTE DO RECURSO e, na parte conhecida, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, no mérito, para excluir do débito, por improcedência, os valores relativos ao ABONO INDENIZATÓRIO. É como voto. ASSIM VOTOU A CONSELHEIRA NA SESSÃO DE JULGAMENTO. João Bellini Júnior Redator ad hoc na data da formalização do acórdão. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 13864.000522/201073 Acórdão n.º 2301003.740 S2C3T1 Fl. 8 13 Voto Vencedor Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Para registro e esclarecimento, consigno que, pelo fato do conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, redator original para o voto vencedor, ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designada ad hoc para fazêlo. Esclareço que aqui reproduzo o voto deixado pelo conselheiro nos sistemas internos do CARF, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Peço vênia a i. Conselheira Relatora, mas divirjo quanto ao não conhecimento da matéria suscitada pela Recorrente, qual seja, ilegitimidade da recorrente para responder por eventuais multas devidas pela sucedida. Em contraponto ao decidido pela i. Relatora, entendo que o artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72, estabelece como regra geral para efeito de preclusão que a prova documental deverá ser apresentada juntamente à impugnação do contribuinte, não impedindo, porém, que o julgador conheça e analise novos documentos ofertados após a defesa inaugural, em observância aos princípios da verdade material e da instrumentalidade dos atos administrativos, sobretudo quando se prestam a corroborar tese aventada em sede de primeira instância e contemplada pelo Acórdão recorrido. Dito isso, conheço da matéria suscitada. Quanto ao mérito da questão, acompanho o entendimento da i. Relatora: [...] Porém, caso assim não entenda a maioria do colegiado, e ainda que não se considere ocorrida a preclusão, é oportuno esclarecer que o STJ decidiu, no Resp 923.012/MG, submetido à sistemática dos Recursos Repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil (CPC), que “A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão”. Dessa forma, considerando o disposto no art. 62A, do Regimento Interno do CARF, e do conteúdo do Resp 923.012/MG, transitado em julgado em 04/06/2013, entendo que a sucessora deve suportar as multas, moratórias ou punitivas, relativas a fatos geradores ocorridos antes da sucessão. Ademais, cumpre informar que tal matéria é objeto da súmula CARF 47, transcrita a seguir: Fl. 356DF CARF MF 14 Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. É como voto. ASSIM VOTOU O CONSELHEIRO NA SESSÃO DE JULGAMENTO. Andréa Brose Adolfo – redatora ad hoc para o voto vencedor na data de formalização do acórdão. Fl. 357DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10943.000246/2007-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 30/12/2005
EMBARGOS. OBSCURIDADE.
Sendo verificada obscuridade a ser sanada apontada nos embargos inominados, entendendo-se que o acórdão embargado não foi claro o suficiente acerca de todos os procedimentos para a execução do julgado, deve ser dado provimento aos embargos.
Numero da decisão: 2401-004.646
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para, sanando o vicio apontado, determinar que o comparativo da multa, para as competências em que não há lançamento de obrigação principal no auto de infração 10943.000290/2007-80, seja feito entre a multa prevista na Lei 8.212/91, art. 32, IV, § 5º, e a prevista na Lei 8.212/91, art. 32-A.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Marcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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OBSCURIDADE. Sendo verificada obscuridade a ser sanada apontada nos embargos inominados, entendendose que o acórdão embargado não foi claro o suficiente acerca de todos os procedimentos para a execução do julgado, deve ser dado provimento aos embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 3. 00 02 46 /2 00 7- 70 Fl. 289DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para, sanando o vicio apontado, determinar que o comparativo da multa, para as competências em que não há lançamento de obrigação principal no auto de infração 10943.000290/200780, seja feito entre a multa prevista na Lei 8.212/91, art. 32, IV, § 5º, e a prevista na Lei 8.212/91, art. 32A. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Rayd Santana Ferreira, Marcio de Lacerda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10943.000246/200770 Acórdão n.º 2401004.646 S2C4T1 Fl. 290 3 Relatório Tratase de embargos inominados (fls. 280/281), opostos pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Bernardo do Campo, com fulcro no art. 66 do RICARF, contra o Acórdão nº. 2401003.219 (fls 256/273), que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 30/12/2005 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 OMISSÃO EM GFIP CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto de infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do art. 32, IV, § 5º da Lei n ° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n ° 3.048/1999.: “ informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)”. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/12/2005 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 NFLD CORRELATAS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS AÇÕES TRABALHISTAS. A sorte de Autos de Infração relacionados a omissão em GFIP, está diretamente relacionado ao resultado das NFLD lavradas sobre os mesmos fatos geradores. AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 OMISSÃO EM GFIP MULTA RETROATIVIDADE BENIGNA Fl. 291DF CARF MF 4 Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. PRAZO DECADENCIAL AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA CORRELATA Tratandose de auto de infração pelo descumprimento de obrigação acessória não há que se falar em recolhimento antecipado, devendo a decadência ser apreciada a luz do art. 173, I do CTN. Independente da decadência das obrigações principais ter sido decretada a luz do art. 150, § 4, nos autos de obrigação acessória não há como atribuir mesmo raciocínio, tendo em vista serem obrigações distintas, a de recolher a contribuição devida, e a de informar em GFIP fatos geradores de contribuição previdenciária. A informação em GFIP não possui o condão de apenas informar a contribuição devida, mas acima de tudo, informar a remuneração do segurado da previdência social, informação essa que irá subsidiar a concessão de benefícios e o correspondente cálculo do salário de benefício. Recurso Voluntário Provido em Parte. Para melhor elucidação, trata o acórdão embargado de decisão que reconheceu parcialmente a decadência do crédito tributário lançado e determinou o recálculo do valor da multa, de acordo com o art. 44, I, da Lei nº. 9.430/96, acaso fosse mais benéfico ao contribuinte. Alega o embargante que há erro no resultado do acórdão, já que este não contemplaria todas as situações discutidas naquele julgado, nos seguintes termos dos embargos inominados: Em face de recurso interposto, a 4a Câmara da Segunda Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, por meio do Acórdão n° 2401003.219 de 19/09/2013, votou no sentido de CONHECER do recurso, para rejeitar a preliminar de nulidade, excluir da multa os fatos geradores até 11/1999 e no mérito DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para recalcular o valor da multa, se mais benéfico ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 44,1 da Lei n" 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLD correlatas. Diante do relatado pelo Auditor Fiscal às fls. 07/26 e 190/191, foram constatadas as seguintes situações: os valores devidos referentes aos autônomos e transportadores autônomos omitidos nas GFIP do período de 09/1999 a 05/2003, conforme demonstrativo de fls. 23/24, também foram objeto da Fl. 292DF CARF MF Processo nº 10943.000246/200770 Acórdão n.º 2401004.646 S2C4T1 Fl. 291 5 NFLD n° 35.903.6805, assim é viável a análise da multa mais benéfica de acordo com o disciplinado no art. 44,1 da Lei n° 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa na NFLD correlata; os valores devidos referentes ao Décimo Terceiro Salário dos anos de 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004, conforme discriminado à fl. 11 , omitidos, respectivamente, nas GFIP de 12/2009, 12/2000, 12/2001, 12/2002, 12/2003 e 12/2004 não foram objeto de qualquer lançamento, assim não é viável a análise da multa mais benéfica com base no disciplinado no art. 44,1 da Lei n° 9.430, de 1996. Assim, entendo que fica prejudicado o cumprimento, na forma proposta, do determinado pelo Acórdão em questão no que tange à multa decorrente da omissão dos valores devidos em face do Décimo Terceiro Salário dos anos de 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004 nas respectivas GFIP, pois foi omisso quanto ao procedimento a ser adotado para o cálculo da multa mais benéfica para situações em que não houve lançamento correlato. Assim, haveria erro manifesto no acórdão embargado, posto que não teria enfrentado todos os pontos do lançamento e, assim, a decisão proferida não seria passível de execução. Para melhor elucidação, extraímos o excerto da decisão objeto dos embargos: Não obstante a correção do auditor fiscal em proceder ao lançamento nos termos do normativo vigente à época da lavratura do AI, foi editada a Medida Provisória MP 449/09, convertida na Lei 11.941/2009, que revogou o art. 32, § 4o, da Lei 8.212/91. Assim, no que tange ao cálculo da multa, é necessário tecer algumas considerações, face à edição da referida MP, convertida em lei. A citada MP alterou a sistemática de cálculo de multa por infrações relacionadas à GFIP. Para tanto, a MP 449/2008, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: (...) Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 293DF CARF MF 6 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado. As contribuições decorrentes da omissão em GFIP foram objeto de lançamento, por meio da notificação já mencionada e, tendo havido o lançamento de ofício, não se aplicaria o art. 32A, sob pena de bis in idem. Considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No caso da notificação conexa e já julgada, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 35, inciso II, revogado pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. No caso da autuação em tela, a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de cem por cento da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Para efeitos da apuração da situação mais favorável, há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Nesse sentido, entendo que na execução do julgado, a autoridade fiscal deverá verificar, com base nas alterações trazidas, a situação mais benéfica ao contribuinte. Segundo os embargos apresentados, haveria erro no acórdão, o que pode ser entendido como omissão, por não explicitar o entendimento em relação ao lançamento do 13º salário, o que inviabilizaria a execução do julgado. Em despacho de admissibilidade de fls. 286/287, datado de 23/03/2015, foi apresentada e admitida a proposta de admissão dos embargos inominados, a fim de que seja sanado o equívoco cometido. É o relatório. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 10943.000246/200770 Acórdão n.º 2401004.646 S2C4T1 Fl. 292 7 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Pressupostos de Admissibilidade Os Embargos Inominados opostos pela autoridade fiscal da Delegacia da Receita Federal do Brasil em São Bernardo do Campo, inicialmente, atendem aos pressupostos de admissibilidade, já que não estão sujeitos ao prazo de cinco dias para sua inteposição, ante o disposto no art. 66 do RICARF. Mérito No tocante ao mérito dos embargos de declaração, sobre a alegada existência de erro no r. acórdão que inviabiliza a execução do julgado, data maxia venia, discordo do Despacho de Admissibilidade de fls. 286/287 e entendo que estes aclaratórios não merecem provimento. Conforme relatado acima e da análise integral do acórdão embargado, este trata de Auto de Infração por descumprimento das obrigações acessórias, nos termos do art. 32, IV, § 5º da Lei nº. 8.212/91. As razões de decidir do r. acórdão se dão sob o prisma da análise da retroatividade ou não da aplicação da multa mais benéfica, por força do art. 106, II, c, do CTN, já que a multa originariamente aplicada no presente processo administrativo fiscal foi posteriormente revogada pela Lei nº. 11.941/2009. A controvérsia se dá, ante a apresentação dos embargos inominados pela autoridade fazendária, pela ausência de explicação sobre a existência de lançamento do 13º salário no lançamento principal, a fim de se realizar a comparação no presente lançamento para aplicação ou não da multa mais benéfica, por força da retroatividade benigna. Ocorre que, para que seja realizada a verificação pleiteada pela autoridade embargante, necessário se faz que aquela realize análise do PAF nº. 10943.000290/200780, que contém o lançamento das obrigações principais conexas ao presente. Por essas razões, na execução do presente processo administrativo, deve a autoridade fiscal aplicar, para as competências em que há lançamento correspondente de obrigação principal (13/2001 e 13/2002), exatamente os termos determinados no acórdão embargado. Já para as competências restantes, onde não há lançamento correspondente de obrigação principal, deverá a autoridade fazendária fazer o comparativo entre a multa lançada do art. 32, IV, § 5º, da Lei nº. 8.212/91, com a multa do art. 32A, da mesma lei, com redação dada pela Lei nº. 11.941/09, aplicando a que for mais benéfica, por força da retroatividade benigna determinada no acórdão embargado. Isto posto, entendo que os embargos inominados devem, no mérito, ser acolhidos. Fl. 295DF CARF MF 8 CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por ACOLHER os Embargos Inominados para, no MÉRITO, DAR PROVIMENTO, sem efeitos infringentes, mantendo incólume o Acórdão nº. 2401003.219, para o fim de sanar a omissão/obscuridade apontada para o fim de que seja realizado o comparativo de multas nos termos acima expostos. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 296DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.001999/2002-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed May 03 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1997, 1998
PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Rejeita-se a preliminar de nulidade do lançamento invocada com base em cerceamento do direito de defesa, porquanto ao contribuinte foi lhe dado tomar conhecimento do inteiro teor das infrações que lhe são imputadas, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa.
Concedida ao contribuinte ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito defesa.
PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA.
A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido omissão.
Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II.
IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. NÃO COMPROVAÇÃO.
Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, quando não forem comprovados a sua origem,
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE AO PAF. SÚMULA CARF N° 11.
Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
Numero da decisão: 2401-004.703
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Larceda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1997, 1998 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Rejeita-se a preliminar de nulidade do lançamento invocada com base em cerceamento do direito de defesa, porquanto ao contribuinte foi lhe dado tomar conhecimento do inteiro teor das infrações que lhe são imputadas, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Concedida ao contribuinte ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito defesa. PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido omissão. Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II. IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. NÃO COMPROVAÇÃO. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, quando não forem comprovados a sua origem, PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE AO PAF. SÚMULA CARF N° 11. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal.
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Rejeitase a preliminar de nulidade do lançamento invocada com base em cerceamento do direito de defesa, porquanto ao contribuinte foi lhe dado tomar conhecimento do inteiro teor das infrações que lhe são imputadas, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Concedida ao contribuinte ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito defesa. PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido omissão. Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II. IRPF. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. NÃO COMPROVAÇÃO. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida junto a instituição financeira, quando não forem comprovados a sua origem, PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. INAPLICABILIDADE AO PAF. SÚMULA CARF N° 11. Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 19 99 /2 00 2- 68 Fl. 804DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso, e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Marcio de Larceda Martins, Andrea Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Luciana Matos Pereira Barbosa e Rayd Santana Ferreira. Fl. 805DF CARF MF Processo nº 10865.001999/200268 Acórdão n.º 2401004.703 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório WALDEMAR TEBALDI FILHO, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 5a Turma da DRJ em São Paulo/SP, Acórdão nº 1731.199/2009, às efls. 737/769 que julgou procedente o Auto de Infração exigindolhe crédito tributário concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da constatação de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, em relação aos anoscalendário 1997 e 1998, conforme peça inaugural do feito, às fls. 06/10, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 04/12/2002 (fl. 301), nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: OMISSÃO DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS COM ORIGEM NÃO COMPROVADA. Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em contas de deposito ou de investimento, mantidas em instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme demonstrado no Termo de Constatação Fiscal de fls. 11/15. Inconformado com a Decisão recorrida, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário, às efls. 773/791, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, suscitando preliminarmente a nulidade da decisão de primeira instância por não se manifestar sobre os rendimentos utilizados em campanha eleitoral, assim como cerceamento do direito de defesa. Explicita, no presente caso, a Lei no 10.174, publicada em 09.01.2001, com vigência a partir de 10.01.2001, não contém em seu texto qualquer disposição de retroatividade, alcançando fatos pretéritos, como pretende a Receita Federal; Afirma não houver qualquer omissão de rendimentos, porque a conta bancária fiscalizada, foi a conta aberta para receber recursos de campanha eleitoral, cujas doações, dentro dos limites da lei, são isentas de qualquer imposto. Insurgese quanta aplicação da multa de ofício no patamar de 75% e aplicação da prescrição intercorrente. Fl. 806DF CARF MF 4 Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para desconsiderar o Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 807DF CARF MF Processo nº 10865.001999/200268 Acórdão n.º 2401004.703 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE NULIDADE DA DECISÃO DE 1° INSTÂNCIA E CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Suscita preliminarmente a nulidade da decisão de primeira instância por não se manifestar sobre os rendimentos utilizados em campanha eleitoral, assim como cerceamento do direito de defesa. Ao analisarmos a decisão de piso, a autoridade julgadora é bastante clara e objetiva ao tratar dos rendimentos utilizados em campanha eleitoral depositados no Unibanco, senão vejamos: "[...] Por derradeiro, é mister enfatizar que, não obstante o Termo de Constatação Fiscal de fls. 11/15 faça menção à movimentação financeira ocorrida no Banco UnibancoUnião de Bancos Brasileiros, na quantia de R$ 167.617,20, no anocalendário de 1998, correspondente, segundo a defesa apresentada, a arrecadação de campanha eleitoral, o lançamento formalizado por intermédio do auto de infração ora guerreado, não incluiu tal importância no cômputo dos rendimentos considerados omitidos por depósitos bancários de origem não comprovada, tornado assim, nesse passo, inócua a análise dos argumentos e provas trazidos à colação na peça impugnatória." Ao observar a transcrição acima, não merece prosperar o argumento do contribuinte, pois resta claro que o lançamento não incluiu tal importância, tendo a DRJ manifestado o seu entendimento a respeito. Esclareço ainda que o interessado teve ampla oportunidade de apresentar no curso do procedimento fiscal (e mesmo na fase impugnatória), os documentos, informações e esclarecimentos requisitados pela Fiscalização. Ainda na fase impugnatória, o contribuinte poderia ter trazido aos autos as provas documentais que lhe foram solicitadas, nos termos facultados pelo artigo 16, inciso III, e § 4°, do Decreto n° 70.235/1972, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748/1993, e alterações introduzidas pelo art. 67 da Lei n° 9.532, de 10/12/1997. O autuado possuía a prerrogativa de anexar aos autos todas as provas que julgasse relevantes para elidir o lançamento e teve pleno conhecimento do ilícito tributário que lhe foi imputado, podendo exercer, sem qualquer restrição, o seu direito de defesa, como se constata, facilmente, pelo arrazoado apresentado. Fl. 808DF CARF MF 6 Feitas estas considerações, é patente que não se configurou a ocorrência do propalado cerceamento ao direito de defesa. MÉRITO O recorrente explicita, no presente caso, a Lei no 10.174, publicada em 09.01.2001, com vigência a partir de 10.01.2001, não contém em seu texto qualquer disposição de retroatividade, alcançando fatos pretéritos, como pretende a Receita Federal; Afirma não houver qualquer omissão de rendimentos, porque a conta bancária fiscalizada, foi a conta aberta para receber recursos de campanha eleitoral, cujas doações, dentro dos limites da lei, são isentas de qualquer imposto. Insurgese quanta aplicação da multa de ofício no patamar de 75% e aplicação da prescrição intercorrente. Em que pesem as razões ofertadas pelo contribuinte, seu inconformismo, contudo, não tem o condão de prosperar. Do exame dos elementos que instruem o processo, concluise que o lançamento, corroborado pela decisão recorrida, apresentase formalmente incensurável, devendo ser mantido em sua plenitude, senão vejamos: Primeiramente é importante salientar que o contribuinte não discute nenhum valor ou depósito considerado pela autoridade fiscal, apenas questionando legislação, não sendo o bastante para reformular a decisão de piso. A tributação com base em depósitos bancários, a partir de 01/01/97, é regida pelo art. 42 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, publicada no DOU de 30/12/1996, que instituiu a presunção de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprovasse mediante documentação hábil e idônea a origem dos recursos utilizados nessas operações. Confirase: "Art. 42, Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição . financeira, em relação aos quais o titular, pessoa _física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados. I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa .física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 Fl. 809DF CARF MF Processo nº 10865.001999/200268 Acórdão n.º 2401004.703 S2C4T1 Fl. 5 7 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 Oitenta mil reais) (Alterado pela Lei n" 9.481, de 13.897). § 4° Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5° Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será *tirada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento.(incluído pela Lei n°10.637, de 30.12.2002). § 6° Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares' tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. ('Incluído pela Lei n°10637, de 30,12,2002)." O fato gerador do imposto de renda é sempre a renda auferida. Os depósitos bancários (entrada de recursos), por si só, não se constituem em rendimentos. Daí por que não se confunde com a tributação da CPMF, que incide sobre a mera movimentação financeira, pela saída de recursos da conta bancária do titular. Por força do artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996, o depósito bancário foi apontado corno fato presuntivo da omissão de rendimentos, desde que a pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados na operação. Para Pontes de Miranda, presunções são fatos que podem ser verdadeiros ou falsos, mas o legislador os têm corno verdadeiros e divide as presunções em iuris et de iure (absolutas) e iuris tantum (relativas). As presunções absolutas, na lição deste autor, são irrefragáveis, nenhuma prova contrária se admite; quando, em vez disso, a presunção for iuris tantum, cabe a prova em contrário, conforme demasiadamente tratado em diversos outros votos deste Relator. Conforme destacado anteriormente, na presunção o legislador apanha um fato conhecido, no caso o depósito bancário e, deste dado, mediante raciocínio lógico, chega a um fato desconhecido que é a obtenção de rendimentos. A obtenção de renda presumida a partir de depósito bancário é um fato que pode ser verdadeiro ou falso, mas o legislador o tem corno verdadeiro, cabendo à parte que tem contra si presunção legal fazer prova em contrário. Neste sentido, não se pode ignorar que a lei, estabelecendo uma presunção legal de omissão de rendimentos, autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos. Em síntese, a lei considera que os depósitos bancários, de origem não comprovada, analisados individualizadamente, caracterizam omissão de rendimentos. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Fl. 810DF CARF MF 8 A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela mera constatação de um depósito bancário, considerado isoladamente. Pelo contrário, a presunção de omissão de rendimentos está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos recursos depositados em contas bancárias, com a análise individualizada dos créditos, conforme expressamente previsto na lei. Portanto, claro está que o fato gerador do imposto de renda, no caso, não está vinculado ao crédito efetuado na conta bancária, pois, se o crédito tiver por origem transferência de outra conta do mesmo titular, ou a alienação de bens do patrimônio do contribuinte, ou a assunção de exigibilidade, como dito anteriormente, não cabe falar em rendimentos ou ganhos, justamente porque o patrimônio da pessoa não terá sofrido qualquer alteração quantitativa. O fato gerador é a circunstância de tratarse de dinheiro novo no seu patrimônio, assim presumido pela lei em face da ausência de esclarecimentos da origem respectiva. Quanto à tese de ausência de evolução patrimonial ou consumo capaz de justificar o fato gerador do imposto de renda, é verdade que este imposto, conforme prevê o artigo 43 do CTN, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica, isto é, de riqueza nova. Entretanto, o legislador ordinário presumiu que há aquisição de riqueza nova nos casos de movimentação financeira em que o contribuinte não demonstre a origem dos recursos. A atuação da administração tributária é vinculada à lei (artigo 142 do CTN), sendo vedado ao fisco declarar a inconstitucionalidade de lei devidamente aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República. Neste diapasão, existe a Súmula CARF n° 02 consolidando sua jurisprudência no sentido de que o Órgão "não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." A partir da vigência do artigo 42 da Lei n° 9,430, de 1996, os depósitos bancários deixaram de ser "modalidade de arbitramento" que exigia da fiscalização a demonstração de gastos incompatíveis com a renda declarada (aquisição de patrimônio a descoberto e sinais exteriores de riqueza), conforme interpretação consagrada pelo poder judiciário e por este Tribunal. A fim de consolidar o entendimento deste CARF sobre a matéria foi editada a Súmula de n° 26, com a seguinte redação: "A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada." Mais uma vez, repiso, o contribuinte nada se esforça ou argumenta sobre a comprovação dos numerários, apenas demonstrando descontentamento com a legislação e mencionando entendimento judicial, ou seja, em relação aos depósitos efetuados na conta bancária não foram apresentados esclarecimentos convincentes e muito menos documentos hábeis e idôneos a demonstrar a origem de cada depósito bancário. Quanto a alegação sobre a prescrição intercorrente, neste ponto, a Súmula CARF n° 11, de aplicação obrigatória pelos Conselheiros, estipula que não há a aplicação de prescrição no decorrer do processo administrativo fiscal de lançamento; in verbis: "Não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal." Quanto às demais alegações do contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Fl. 811DF CARF MF Processo nº 10865.001999/200268 Acórdão n.º 2401004.703 S2C4T1 Fl. 6 9 Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, e, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 812DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.721910/2012-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA.
É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais.
IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA.
Para que a multa de 150% seja aplicada, exige-se que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizando-se de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada.
A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada.
PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA.
Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente.
CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.
Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa.
DECADÊNCIA. FATO GERADOR DO IRPF. DESCLASSIFICAÇÃO DE RENDIMENTOS.
O fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoa-se no momento em que se completa o período de apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada ano-calendário.
IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES.
Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido.
Numero da decisão: 2201-003.521
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade e cerceamento de defesa para, no mérito, negar-lhe provimento.
Assinado digitalmente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
Assinado digitalmente.
ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ - Relatora.
EDITADO EM: 07/05/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho.
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais. IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA. Para que a multa de 150% seja aplicada, exige-se que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizando-se de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada. A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada. PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA. Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa. DECADÊNCIA. FATO GERADOR DO IRPF. DESCLASSIFICAÇÃO DE RENDIMENTOS. O fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoa-se no momento em que se completa o período de apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada ano-calendário. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-05-07T04:33:54Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-05-07T04:33:54Z; Last-Modified: 2017-05-07T04:33:54Z; dcterms:modified: 2017-05-07T04:33:54Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:e5391a07-b73f-4a84-9a95-4dd0a18ad7ac; Last-Save-Date: 2017-05-07T04:33:54Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-05-07T04:33:54Z; meta:save-date: 2017-05-07T04:33:54Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-05-07T04:33:54Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-05-07T04:33:54Z; created: 2017-05-07T04:33:54Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; Creation-Date: 2017-05-07T04:33:54Z; pdf:charsPerPage: 1979; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-05-07T04:33:54Z | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 2 1 1 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.721910/201208 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2201003.521 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de março de 2017 Matéria IRPF Recorrentes ROMEU PINTO JUNIOR e FAZENDA NACIONAL . ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais. IRPF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA. Para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizandose de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada. A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada. PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA. Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa. DECADÊNCIA. FATO GERADOR DO IRPF. DESCLASSIFICAÇÃO DE RENDIMENTOS. O fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoase no momento em que se completa o período de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 19 10 /2 01 2- 08 Fl. 1322DF CARF MF 2 apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada ano calendário. IRPF. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. REQUISITOS. COMPROVAÇÃO POR MEIO DE ESCRITURAÇÃO COMERCIAL. FORMALIDADES. Não estão sujeitos ao imposto sobre a renda os lucros e dividendos pagos ou creditados a sócios, acionistas ou titular de empresa individual. No caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, poderá ser distribuída, sem incidência de imposto, parcela de lucros ou dividendos excedentes, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pelo lucro presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício e quanto ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade e cerceamento de defesa para, no mérito, negarlhe provimento. Assinado digitalmente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. Assinado digitalmente. ANA CECÍLIA LUSTOSA DA CRUZ Relatora. EDITADO EM: 07/05/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Marcelo Milton da Silva Risso, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim e José Alfredo Duarte Filho. Relatório Tratamse de Recurso Voluntário e Recurso de Ofício contra decisão primeira instância que julgou procedente em parte a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nesta oportunidade, utilizome do relatório produzido em assentada anterior, eis que aborda de maneira elucidativa os fatos objeto dos presentes autos, nos termos seguintes: O contribuinte acima identificado insurgese contra Auto de Infração de fls. 1.068/1.072 (numeração digital), acompanhado dos Demonstrativos de fls. 1.073/1.075 e do Termo de Verificação Fiscal de fls. 1.045/1.067, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, anocalendário 2007, por meio do qual foi Fl. 1323DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 3 3 apurado crédito tributário conforme demonstrativo abaixo (em Reais): Imposto de Renda Pessoa Física Suplementar 1.404.222,30 Multa de Ofício de 150%(passível de redução) 2.106.333,45 Juros de Mora (cálculo válido até 31/08/2012) 620.385,41 Multa exigida isoladamente de 50%(passível de redução) 13.487,40 Valor do Crédito Tributário Apurado 4.144.428,56 1.1. Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 1.070/1.072), a exigência decorreu das seguintes infrações à legislação tributária: 1.1.1. Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoas Físicas Sujeitos a CarnêLeão Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/2007 100.000,00 150 Enquadramento legal: Arts. 1º, 2º, 3º e §§, e 8º, da Lei nº 7.713/88; arts. 1º a 4º, da Lei nº 8.134/90; arts. 55, 106, 109 e 111, do RIR/99; art. 1º da Lei nº 11.482/07. 1.1.2. Rendimentos Atribuídos a Sócios de Empresas. Rendimentos Excedentes ao Lucro Presumido/Arbitrado Pagos a Sócio ou Acionista Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/05/2007 33.244,77 150 30/06/2007 40.280,00 150 31/07/2007 84.000,00 150 31/08/2007 4.161.423,61 150 30/09/2007 30.000,00 150 31/10/2007 43.607,00 150 31/12/2007 635.150,91 150 Enquadramento legal: art. 1º da Lei nº 11.482/07; art. 663 do RIR/99. 1.1.3. Multas Isolada – Falta de Recolhimento do IRPF Devido a Título de CarnêLeão Fato Gerador Valor Tributável ou Imposto (R$) Multa (%) 31/12/2007 13.487,40 50 Enquadramento Legal: art. 8º da Lei nº 7.713/88 c/c arts. 43 e 44, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. 1.2. Durante realização do procedimento fiscalizatório, restou constatado que a empresa MCA Consultoria, Projetos e Fiscalização Ltda, CNPJ n.º 56.465.842/000173 (a partir de Fl. 1324DF CARF MF 4 01/07/2007 com a nova razão social de Biotech Services Consultoria e Projetos Ltda), da qual o autuado era sócio no exercício fiscalizado, optou pelo regime de tributação com base no lucro presumido no ano calendário de 2007. Portanto, poderia distribuir o valor da base de cálculo (lucro presumido), diminuída de todos os impostos e contribuições a que estivesse sujeita a pessoa jurídica, sem incidência de imposto de renda, ao seu sócio/autuado. Poderia, também, distribuir valor maior que o lucro presumido, sem incidência de imposto de renda, desde que demonstrado via escrituração contábil, feita de acordo com as leis comerciais, ser o lucro contábil efetivo maior do que o lucro presumido. De acordo com o citado Termo de Verificação Fiscal, considerando a informação contida na DIPJ do anocalendário de 2007 de que a escrituração era contábil, ao solicitar do autuado os livros contábeis os quais a empresa estava obrigada a escriturar, verificouse que os mesmos não estavam de acordo com as exigências legais, isto é, não foram submetidos à autenticação no órgão competente, no caso, Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou no Cartório de Títulos e Documentos (art. 71 da Lei n.º 3.470/58, §2º do artigo 5º do Decreto – Lei n.º 486/69 e art. 258 do RIR/99). Desta forma, a escrituração apresentada não foi considerada e portanto, os lucros que ultrapassaram o valor do lucro presumido deduzido o imposto correspondente, estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, mediante aplicação da tabela progressiva e considerados rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual. Constatouse que a participação societária do autuado equivale ao percentual de 99% e o valor recebido a título de lucro distribuído declarado foi de R$ 1.100.300,62. Considerando que lhe caberia R$ 737.194,61 a título de lucro isento, o valor excedente sujeito a tabela progressiva apurado foi de R$ 363.106,01, que foi somado ao valor de R$ 4.664.600,28, de lucro distribuído mas omitido. Procedeuse ao lançamento de ofício com fundamentos nos artigos 55, XIX e 663, ambos do RIR/99, artigo 3º, parágrafo 4º, da Lei n.º 7.713/88 e artigo 51 da IN SRF n.º 11/96. 1.3. Elaborouse Análise da Evolução Patrimonial Mensal, não sendo constatado acréscimo patrimonial a descoberto. 1.4. Informa ainda a autoridade fiscal que procedeu à formalização de representação fiscal para fins penais, tendo em vista a identificação de situação que, em tese, configura crime definido no inciso I do art. 1º e inciso I do art. 2º, da Lei nº 8.137/90. 2. Cientificado por via postal da exigência tributária, na data de 25/09/2012, conforme AR de fls. 1.077, o contribuinte apresenta sua impugnação de fls. 1.090/1.127, por intermédio de procuradores qualificados em fls. 1.081, juntamente com os documentos de fls.1.164/1.195, onde, em resumo, informa o seguinte: Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 4 5 Preliminares 2.1. Baseado em meras presunções o Sr. Fiscal desconsiderou toda a documentação apresentada e classificou os pagamentos como rendimentos omitidos, aplicando severas sanções e tratando de forma fraudulenta toda a origem dos rendimentos do impugnante, não existindo nos autos uma única comprovação dos fatos que ensejaram a conclusão do auditor, devendo ser declarado nulo o auto de infração em decorrência de evidente vício formal que o contamina. 2.2. Preliminarmente, o impugnante afirma que o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito tributário relativo aos fatos geradores anteriores a 24 de setembro de 2007, encontra se prejudicado devido à ocorrência da decadência, com fundamento no § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional, conforme decisão do Superior Tribuna de Justiça que menciona. Mérito 2.3. Em atendimento às intimações realizadas, o ora impugnante esclareceu à fiscalização que os lucros distribuídos no exercício de 2007 totalizavam R$ 5.764.900,90, conforme documentação apresentada, embora informados pelo valor de R$ 1.100.300,62 em sua declaração de ajuste. No entanto, a fiscalização concluiu que todos os documentos apresentados (Notas Fiscais, livros, extratos bancários e todos os demais documentos solicitados) não se revestiam de formalidades legais e, por essa razão, foram sumariamente desconsiderados, sem que se promovesse uma análise das distribuições auferidas da pessoa jurídica da qual o impugnante era sócio. O Sr. Fiscal (i) contatou distribuições por parte da pessoa jurídica para a pessoa física devidamente respaldadas por informes de rendimentos (ainda que retificado), (ii) desclassificou os livros da pessoa jurídica por não terem sido registrados na época própria e, (iii) por presunção, concluiu que houve fraude pela pessoa física, aplicandolhe todas as sanções tributárias em seu maior grau de severidade. A despeito de longa argumentação do auto de infração, este decorre em sua quase totalidade de três movimentações realizadas entre a pessoa jurídica e a pessoa física, as quais, o impugnante pretendeu considerar como “distribuição de lucros” e o Sr. Auditor as desclassificou pelo fato de entender que a escrita contábil não era regular. Esses rendimentos foram assim classificados pelo Sr. Auditor: # R$ 363.106,01 decorrentes de excesso tributável, eis que declarou uma distribuição de R$ 1.000.300,62 quando somente poderia distribuir R$ 737.194,61; Fl. 1326DF CARF MF 6 # R$ 4.664.600,00 decorrente de uma transferência de R$ 4.136.408,61 em agosto de 2007 e R$ 528.191,67, decorrente de duas outras transferências realizadas em dezembro de 2007. Essa conclusão baseouse em um único fato, qual seja: os livros fiscais de 2007 foram registrados somente em 2009, quando o impugnante já se encontrava sob fiscalização. Nenhuma outra justificativa foi apresentada, assim como nenhum lançamento contábil irregular foi apontado pelo Sr. Auditor. Reiteradas vezes o impugnante atendeu às Intimações Fiscais e apresentou vasta documentação e esclarecimentos sobre as origens dos recursos, tendo apresentado, dentre outros, Livros Diários (fls. 625/852), Notas Fiscais emitidas no período (fls. 853/927) e comprovantes de pagamentos de todos os tributos relativos às receitas da MCA (fls. 928/997). Além desses documentos, a empresa promoveu a retificação do informe de rendimentos e de sua DIPJ do período, como lhe permite a lei, para fim de adequála à distribuição pretendida, prestando essas informações ao Sr. Auditor. Com todos os elementos necessários e pertinentes – emissão de documentos fiscais, movimentação financeira e livros contábeis – tinha o Sr. Auditor plena condições de aferir a veracidade das informações prestadas, mas preferiu escudarse no único e exclusivo argumento de que os livros foram escriturados e registrados tardiamente e, portanto, não se prestavam a fazer prova dos resultados da empresa. 2.4. Há inconsistência nos fundamentos do auto de infração para a desclassificação da escrituração do contribuinte, pois ao contrário do quer fazer crer o Sr. Auditor, a legislação comercial não estabelece prazo para a escrituração e registro, e o fato de tais livros terem sido escriturados posteriormente, além de não os invalidar, jamais poderá ser considerado como presunção de fraude do impugnante. Na realidade dos fatos, todos os equívocos e erros de forma que geraram a fiscalização decorreram do fato que em abril de 2007 a empresa MCA mudou de escritório responsável pela sua contabilidade, sendo que os livros de 2006 ainda não se encontravam escriturados, e a dificuldade em obter a documentação , pelo novo escritório levou a um atraso na escrituração também dos exercícios posteriores. Assim é que durante esse período, a contabilidade foi feita com base em números provisórios, nas receitas e despesas informadas e na movimentação financeira do exercício, sem que a nova responsável contábil tivesse acesso a saldos anteriores das contas contábeis. Todos os impostos da pessoa jurídica foram apurados dessa forma até que finalmente os novos contadores da empresa puderam fazer os lançamentos contábeis corretos, e, constando que houve uma distribuição de lucros não informada na DIPJ da empresa, efetuar a correspondente retificação (fls. 508/520). 2.5. A lei é claríssima em estabelecer como regra a não incidência do Imposto de Renda sobre os lucros distribuídos Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 5 7 pelas sociedades aos seus sócios e acionistas, independentemente do regime de apuração por ela adotado e, na mesma linha, os artigos 51 da Instrução Normativa nº 51/96 e 39, inciso XXIX, do RIR/99. Embora as IN 11/96 e IN 93/97 estabeleceram que a comprovação dos resultados deveria se dar por verificação da escrita desde que observadas as formalidades determinadas pela legislação comercial, não existe qualquer previsão legal de que a escrituração tardia seja considerada fato impeditivo para a apuração dos resultados. Dessa forma, cabe ao auditor aplicar a legislação de forma sistemática, ou seja, levar em consideração o efetivo resultado da empresa apurado em conformidade com sua escrita contábil, mas nunca simplesmente considerar como inexistente a contabilidade pelo único fato de terem os livros sido registrados tardiamente. Assim procedendo, o Sr. Auditor não apenas aplicou de maneira incorreta a legislação regente da matéria, como também se afastou do entendimento da jurisprudência administrativa, conforme Acórdãos que colaciona. 2.6. Demonstra, ainda, a correta apuração e imposto, devidamente referendadas em parecer pericial contábil, elaborado por perito contador devidamente habilitado (doc. 3), pelo qual se constata detalhadamente a regularidade da apuração dos resultados da empresa e da conseqüente distribuição dos lucros ao sócio Romeu Pinto Júnior. Por esse trabalho pode se concluir que o valor de R$ 5.127.706,20 pago ao impugnante teve origem em legítima distribuição de lucros, dos quais R$ 4.372.086,46 referemse a lucros acumulados de exercícios anteriores e R$ 3.572.505,78 de resultados auferidos no exercício de 2007. Tudo isso demonstra, de maneira inquestionável, que os rendimentos tributados pelo sr. Auditor não deveriam sêlo, na exata medida em que consubstanciam em legítima distribuição de lucros. 2.7. Em relação à tributação como renda do recebimento do empréstimo efetuado a Francisco das Chagas Parente Aguiar, que não teve o desembolso nem o recebimento comprovados, entende equivocada a linha de raciocínio desenvolvida pelo Sr. Auditor, eis que “ a prova do recebimento do empréstimo não se faz exclusivamente pelo crédito em conta do impugnante. Tal recebimento poderia muito bem ser realizado em espécie, uma vez que o impugnante tinha disponibilidade em moeda corrente para tanto. Ademais, poderia ter ocorrido em inúmeras parcelas e formas ao longo do exercício e não por um único crédito em conta do impugnante nesse exato valor.” Também aponta falta de lógica no raciocínio fiscal, aduzindo que: Fl. 1328DF CARF MF 8 1. se o empréstimo não tivesse sido pago, deveria ser considerado como perdão de dívida e portanto receita tributável para o beneficiário e não para o impugnante ou; 2. se o empréstimo tivesse sido pago, o recebimento de dívida não caracteriza receita tributável para o impugnante. Conclui afirmando que a única possibilidade de se apurar infração, no caso, seria se esse valor tivesse sido utilizado para justificar variação, patrimonial a descoberto, o que não ocorreu, como consigna a fiscalização em fls. 1.058, restando completamente inviável e descabido considerarse como receita tributável do contribuinte o fato de o Sr. Auditor entender como não demonstrado o recebimento da quitação do referido empréstimo. 2.8. O Auto é ainda passível de reforma em relação à multa aplicada, que, além de confiscatória, foi exacerbada sem que o Sr. Auditor tenha colhido um único elemento sequer a demonstrar o intuito fraudulento do impugnante, operandose uma verdadeira presunção de dolo, de encontro ao entendimento já consolidado no CARF através da Súmula nº 14, versada nos seguintes termos: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receitas ou rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo. Afirma que toda a movimentação foi feita às claras e sua origem está devidamente documentada nos livros, que sequer foram analisados, e nos registros constantes dos autos, de modo que: i) a pena é incompatível com a descrição dos fatos apresentada no Auto; ii) a multa é confiscatória; e iii) não houve por parte do sujeito passivo intuito de fraude. Assim, deve ser provida a defesa, para reduzir ou excluir a multa aplicada. 2.9. Não obstante o parecer pericial já acostado aos autos e a documentação apresentada pelo contribuinte, requer seja determinada a realização de perícia técnica contábil para se certificar dos fatos, nos termos do artigo 16, inciso IV, do Decreto 70235/72. Também registra o impugnante sua convicção no sentido de que os documentos que compõem os autos e o parecer já demonstram a existência de lucro a ser distribuído suficiente para tornar insubsistente o auto de infração, mas a despeito desses aspectos, requer a produção de prova pericial com o objetivo de elucidar os quesitos ao final apontados, indicando ainda como seu assistente técnico o contador adiante qualificado, bem como a juntada de novos documentos que no desenvolvimento da perícia se mostrem necessários. Do pedido Fl. 1329DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 6 9 Requer seja decretada a nulidade do Auto de Infração pelas razões preliminares apontadas, ou quanto ao mérito seja julgada improcedente a autuação, isentandose o Impugnante de qualquer penalidade, ou quando menos seja convertido o julgamento em diligência, para o fim de determinar a apreciação da contabilidade apresentada pela empresa originária dos lucros distribuídos ao impetrante, além de se colher as demais provas necessárias. Protesta ainda pela produção de todo gênero de prova admitida em direito, notadamente a juntada de novos documentos, comprobatórios dos fatos alegados, a expedição de ofícios, oitiva de testemunha entre outras, sem prejuízo da realização da prova pericial já justificada cujos quesitos adiante são apresentados acompanhados da indicação de seu assistente técnico. ASSISTENTE TÉCNICO DO IMPUGNANTE Sigeshi Miura, inscrito no CRCSP 069982/O1 Rua Carlos Francisco de Paula, 35 – Parque Jabaquara CEP 04358010 – São Paulo – SP Email: ssmiura@uol.com.br Fone: 50313812 QUESITOS DO IMPUGNANTE 1. Queira o Sr. I. Perito identificar e esclarecer o objeto principal discutido nos presentes autos. 2. Pedese ao Sr. I. Perito analisar os demonstrativos contábeis da empresa MCA Consultoria, Projetos e Fiscalização Ltda relativo aos anos de 2005, 2006 e 2007, apontando o seu lucro anual e a formação de Reserva de Lucros. 3. Pedese ao Sr. Perito informar se todas as receitas da empresa no período estão lastreadas em prestação de serviços devidamente suportadas por Notas Fiscais. 4. Pedese ao Sr. Perito informar se a movimentação financeira da empresa encontrase compatível com seus registros contábeis. 5. Pedese ao Sr. I. Perito informar se a empresa MCA era uma empresa rentável acima da média. 6. Pedese ao Sr. Perito responder se a empresa MCA Consultoria necessitava de investimentos fixo ou somente de capital de giro. 7. Se não necessitava de investimento fixo e tendo uma rentabilidade boa nos seus negócios favorecia a formação de reserva de lucros? 8. Pedese ao Sr. Perito informar se os lucros distribuídos pela MCA Consultoria no ano de 2007 aos seus sócios no importe de R$ 5.127.706,20 e R$ 80.059,00, tiveram suas origens no lucro do ano e também da reserva de lucros. Fl. 1330DF CARF MF 10 É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de São Paulo I (SP) julgou procedente em parte a impugnação, restando mantida parcialmente a notificação de lançamento, conforme a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 PRELIMINAR. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. INOCORRÊNCIA. Incabível a argüição de nulidade do procedimento fiscal quando este atender as formalidades legais e for efetuado por servidor competente. Estando o enquadramento legal e a descrição dos fatos aptos a permitir a identificação da infração imputada ao sujeito passivo, não há que se falar em nulidade do lançamento por cerceamento de defesa. O cerceamento do direito de defesa não prevalece quando todos os valores utilizados na autuação se originam de documentos e demonstrativos constantes nos autos do processo. PRELIMINAR. DECADÊNCIA. Preliminar que se afasta tendo em vista que, tratandose de lançamento ex officio, a regra aplicável na contagem do prazo decadencial é a estatuída pelo art. 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, iniciandose o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. Somente pode ser distribuído, com isenção do imposto de renda, valor maior que o lucro presumido do período quando se comprovar que o lucro contábil excedeu o presumido, mediante levantamento dos demonstrativos contábeis com observância da legislação comercial. LUCRO REAL. ESCRITURAÇÃO DO LIVRO DIÁRIO. REGISTRO POSTERIOR AO MOVIMENTO DAS OPERAÇÕES. Para fins de apuração do lucro real, poderá ser aceita, pelos órgãos da Receita Federal do Brasil, a escrituração do livro Diário, autenticado em data posterior ao movimento das operações nele lançadas, desde que o registro e autenticação tenham sido promovidos até a data prevista para a entrega tempestiva da declaração de rendimentos do correspondente exercício financeiro. PROCEDIMENTO FISCAL INICIO PERDA DA ESPONTANEIDADE RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS Fl. 1331DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 7 11 Excluise a espontaneidade do contribuinte, e de terceiros envolvidos no fato gerador, mesmo que não expressamente intimados, após o inicio do procedimento fiscal. Imprestável como prova da origem dos valores dos lucros distribuídos valores informados apenas em declaração retificadora entregue após o início da ação fiscal (art. 7° do Decreto n° 70.235, de 1972). OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. É incabível o lançamento embasado em presunções não autorizadas em lei e que não esteja firmado em provas materiais. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. É desnecessária a perícia que objetiva responder a questões que não dependem de conhecimento técnico especializado não dominado pela autoridade julgadora. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PROVA TESTEMUNHAL. É incabível o pedido genérico de provar o alegado por todos os meios admitidos em direito, inclusive a juntada de documentos e produção de prova testemunhal, tendo em vista as normas que disciplinam o Processo Administrativo Fiscal. IRPF MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO QUALIFICADA JUSTIFICATIVA Qualquer circunstância que autorize a exasperação da multa de lançamento de ofício de 75%, prevista como regra geral, deverá ser minuciosamente justificada e comprovada nos autos. Além disso, para que a multa de 150% seja aplicada, exigese que o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude. Desta forma, se a fiscalização não demonstrou, nos autos, que a ação do contribuinte teve o propósito deliberado de impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, utilizandose de recursos que caracterizam evidente intuito de fraude, não cabe a aplicação da multa qualificada. Não se justifica a qualificação da multa, quando não comprovado nos autos o evidente intuito de fraude e materialização do ilícito Documento apresentado ao Fisco quando este pode verificar seu acerto, não constitui fraude nem justifica a aplicação de multa qualificada. A simples omissão na DIRPF de rendimentos supostamente isentos não é elemento caracterizador, por si só, do evidente intuito doloso, autorizador da imposição da multa qualificada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Posteriormente, dentro do lapso temporal legal, foi interposto recurso voluntário, no qual a contribuinte sustentou, em síntese: Fl. 1332DF CARF MF 12 a) o cerceamento de defesa, em razão da falta e apreciação dos registros contábeis pela autoridade julgadora; b) ao desprovimento de qualquer fundamentação fática ou outro elemento que pudesse amparar as razões da autuação baseado em meras suposições de omissão de receitas, sem qualquer verificação da origem de tais receitas; c) os créditos lançados anteriormente a 24 de setembro de 2007 encontramse fulminados pela decadência, devendo, portanto, ser excluídos de plano da autuação; d) a não incidência do imposto de renda sobre os lucros distribuídos pelas sociedades aos seus sócios e acionistas, independentemente do regime de apuração por ela adotado; e) a inexistência de previsão de que a escrituração tardia dos livros é considerada como fato impeditivo para a apuração dos resultados, e muito menos há essa previsão na legislação de regência da matéria.; f) que houve a demonstração pelo contribuinte de que a empresa, a despeito de ter apresentado um informe de rendimentos para o exercício de 2007 de R$ 1.100.300,62 a título de distribuição de lucros, havia, na verdade, distribuído R$ 5.027.706,29; g) o valor de R$ 5.127.706,20 pago ao recorrente teve origem em legítima distribuição de lucros, dos quais R$ 4.372.086,46 referemse a lucros acumulados de exercícios anteriores e R$ 3.572.505,78 de resultados auferidos no exercício de 2007; h ) a empresa tinha lucros suficientes para a distribuição e assim corretamente os distribuiu, quando das transferências de suas contas correntes para as contas correntes do recorrente; i) a imposição de multa qualificada é exacerbada e não houve um único elemento sequer a demonstrar o intuito fraudulento do recorrente. É o relatório. Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz 1. Do Recurso de ofício Foi interposto recurso de ofício ao CARF, em razão do valor exonerado de R$ 1.094.154,12: R$ 27.500,00 de imposto suplementar R$ 13.487,40 de multa isolada R$ 1.053.166,72 de multa qualificada Fl. 1333DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 8 13 Cabe salientar que, por meio da Portaria n.º 63 do Ministério da Fazenda, houve o aumento do limite de alçada do recurso de ofício para R$ 2,5 milhões. Considerando a aplicação do Enunciado de Súmula CARF n.º 103, o qual dispõe que, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância; não conheço do recurso de ofício, pois a exoneração do crédito foi em valor inferior ao limite atual. 2. Do Recurso voluntário Conheço do recurso, posto que tempestivo e com condições de admissibilidade. 2.1. Do cerceamento do direito de defesa O recorrente assevera que, a despeito de ter ele apresentado toda a documentação contábil da empresa da qual era sócio e que embasou a distribuição de lucros para a pessoa física, a escrituração da empresa não foi considerada porque o auditor fiscal entendeu que os registros dos livros contábeis, após o início do processo fiscal (que foi instaurado apenas contra a pessoa física), eram completamente imprestáveis para a análise. Argumenta o contribuinte que, em sua defesa, procurou incansavelmente demonstrar que a contabilidade era fidedigna, uma vez que estava coerente com toda a movimentação financeira da empresa, bem como da emissão dos documentos fiscais respectivos, de forma que poderia apresentar dados confiáveis para o procedimento fiscal. Ademais, alega o recorrente que não constitui motivo para desclassificação da contabilidade o atraso na autenticação do livro diário, ou mesmo a sua ausência, caso a autoridade tenha outros meios de aferir os resultados da empresa. Não obstante o alegado, não se vislumbra a ocorrência do cerceamento do direito de defesa, tendo em vista que foi oportunizada ao contribuinte a apresentação de todas as provas que pudessem corroborar as suas alegações. A valoração da prova feita na decisão recorrida, ao considerar as informações contidas nos livros contábeis como imprestáveis, em razão do descumprimento de formalidades legais (registro tardio e assinatura por pessoa inabilitada) não esbarra em cerceamento de defesa. O julgador apreciou as provas apresentadas e, por têlas apreciado, identificou as falhas e ausência de substância probatória para o fim que se prestam. Assim, afasto a preliminar argüida. 2.2. Da inexistência de nulidade do auto de infração Dispõe o contribuinte que não existe no processo uma única comprovação dos fatos que ensejaram a conclusão do Sr. auditor, sendo o auto de infração baseado em meras presunções e suposições, o que não pode subsistir, em razão de evidente vício formal que o contamina. Fl. 1334DF CARF MF 14 Ao contrário do alegado, as provas juntadas aos autos (livros contábeis) são documentos embasadores do posicionamento adotado na decisão vergastada, de modo que há nos autos elementos suficientes à desconsideração dos livros apresentados. Dessa forma, não se tratam de meras presunções ou suposições, mas de uma situação fática incontroversa nos autos (registro tardio dos livros e assinatura por pessoa inabilitada). Ressaltase, assim, que o auto de infração contém os substratos necessários e suficientes para o atendimento do art. 10 do Decreto 70.235/72, não ensejando declaração de nulidade. 2.3. Da inexistência da decadência Aduz o recorrente que não é correto o entendimento exarado pelo julgador de que "ainda que se entendesse que o IRPF é tributo sujeito a lançamento por homologação, a teor do §4º do art. 150 do CTN, a contagem do prazo de decadência do direitodever do Fisco em realizar o lançamento iniciase em 31/12/2007", o que afastaria a decadência do exercício de 2007. Cabe elucidar que o fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual somente aperfeiçoase no momento em que se completa o período de apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada anocalendário, mesmo estando o contribuinte obrigado a sofrer retenção do imposto de renda na fonte pagadora ao longo do anocalendário, à medida que recebe rendimentos tributáveis, ou ao recolhimento mensal do tributo, quando sujeitos ao CarnêLeão. Desse modo, como bem salientou a decisão recorrida, ainda que se entendesse que o IRPF é tributo sujeito a lançamento por homologação, a teor do § 4º do art. 150 do CTN, e a contagem do prazo de decadência do direitodever do Fisco em realizar o lançamento se iniciasse em 31/12/2007, terseia, no caso em tela, que a decadência para o ano calendário de 2007 não teria ocorrido, uma vez que a ciência do Auto de Infração se deu em 25/09/2012 e a decadência ocorreria em 31/12/2012. 2.4. Do mérito Conforme narrado, a infração remanescente foi a n.º 002 (rendimentos excedentes ao lucro presumido/arbitrado pagos a sócio ou acionista). O contribuinte dispõe sobre a não incidência do imposto de renda sobre os lucros distribuídos pelas sociedades aos seus sócios e acionistas, independentemente do regime de apuração por elas adotado. Além disso salienta que a escrituração foi realizada após o exercício financeiro tratado, em razão da mudança que ocorreu na contabilidade da empresa, cabendo ao auditor levar em consideração o efetivo resultado da empresa apurado em conformidade com sua escrita contábil, e não simplesmente considerar como inexistente a contabilidade. Também aduz o recorrente que o único problema apresentado na contabilidade da empresa foi a demora no registro dos livros de 2006 e 2007, não ocorrendo qualquer das hipóteses descritas no art. 47 da Lei 8.981/95. Fl. 1335DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 9 15 Destacase que foram apresentados à fiscalização os seguintes documentos: a) extratos bancários (fls. 106/170) b) declaração de inexistência de outras contas de sua titularidade (fls. 171/172); c) extratos de cartões de crédito (fls. 173/209); d) extratos das contas da MCA (fls. 257/274); e) informes de rendimentos (fls. 217/219); f) comprovantes de dívidas e ônus reais e documento de propriedade do veículo Jaguar (fls. 220/234); g) despesas médicas e outras (fls. 242/251); h) documentos societários da MCABiotech (fls. 275/323); i) documentação societária da empresa Trianon (fls. 324/395); j) comprovante de concessão do empréstimo feito a Francisco das Chagas Parente Aguiar (fls. 235/237); k) livros diários (fls. 625/852); l) notas fiscais emitidas no período (fls. 853/927); m) comprovantes de pagamentos de todos os tributos relativos às receitas da MCA (fls. 928 a 997). Foi realizada a retificação da DIPJ e se demonstrou que, a despeito de ter apresentado um informe de rendimentos para o exercício de 2007 de R$ 1.100.300,62 a título de distribuição de lucros, havia, na verdade, distribuído R$ 5.027.706,29. Considera o recorrente, assim, que foram então apresentados todos os elementos necessários e pertinentes para a aferição da veracidade das informações prestadas, mas, ainda assim a fiscalização desclassificou a distribuição de lucros do exercício e considerou os valores recebidos pelo recorrente como rendimentos tributáveis. Observase que o valor de R$ 5.127.706,20 pago ao recorrente teve origem em legítima distribuição de lucros, dos quais R$ 4.372.086,46 referemse a lucros acumulados de exercícios anteriores e R$ 3.572.505,78 de resultados auferidos no exercício de 2007. No que diz respeito à infração capitulada como omissão de rendimentos recebidos a título de lucro distribuído excedentes ao lucro presumido, temos que a Lei nº 9.249, de 1995 trouxe a seguinte disposição: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior.(grifei) Fl. 1336DF CARF MF 16 Destacase que o dispositivo legal regente da matéria não estabelece limites à distribuição do lucro, podendo ser todo ele distribuído. Mas, como um favor legal, existem condições para a isenção. No caso, é preciso que se conheça o lucro da pessoa jurídica, para se saber quanto poderia ser distribuído à pessoa física, na condição de isento. Se a empresa apura o lucro de forma presumida, a existência da parcela excedente deve ser efetivamente demonstrada. Certamente, para a realização de controle da administração se impõe a observância estrita da apuração do lucro da pessoa jurídica que distribui os dividendos na forma da legislação contábil e comercial, para cujos efeitos na seara tributária, é imprescindível a existência do Livro Diário, escriturado e registrado em época devida. Mostrase razoável que seja demonstrado o efetivo lucro, no caso, e que essa demonstração deva se revestir de formalidades a fim de possibilitar controles e inibir evasão. Cabe esclarecer que os livros diários não foram aceitos pelas seguintes razões, fl. 1229: Além de constatado que a escrituração contábil mostrouse intempestiva e não pode lograr alcançar os efeitos que pretende o impugnante, outro fator determinante a afastar tal exame foi o fato de os livros a serem registrados terem sido assinados por pessoa não habilitada a tanto, já que o ora impugnante não mais era sócio da pessoa jurídica MCA quando assinou os livros. (...). De fato, comprovado nos autos que desde 01/09/2007 o ora impugnante não mais era sócio da empresa MCA, sucedida pela Biotech na mesma data, não poderia ter assinado o livro diário registrado em 14/12/2009, quando já o responsável legal pela pessoa jurídica era o Sr. Francisco Saviano Neto. (...). Assim, por mais esta razão, os Livros Diário Geral dos anos calendário de 2006 e 2007 elaborados e apresentados pela MCA e assinados pelo fiscalizado ora impugnante, em 2009, não têm valor legal, não podendo produzir efeitos. Aqui, portanto, não se trata de mera formalidade, mas de condição lógica que possibilite que a tributação vislumbrada pela lei se dê na forma escorreita, atingindose os objetivos do dispositivo legal, que tem por escopo não reduzir carga tributária, mas deslocar o momento da tributação, para o que são necessários controles estritos, na forma da lei aplicável. Além disso, salienta o recorrente a existência de contradição dos fundamentos da decisão recorrida, considerando o seguinte: 1. Há, nos autos, elementos suficientes para demonstrar as alegações do impugnante, tornando, inclusive, desnecessária a realização de uma perícia; 2. Negamse a analisar esses documentos amparados em aspectos formais (registro tardio JUCESP). Não se identifica a contradição apontada, o julgador é livre na apreciação e valoração das provas. Fl. 1337DF CARF MF Processo nº 19515.721910/201208 Acórdão n.º 2201003.521 S2C2T1 Fl. 10 17 Assim, considerando as provas apresentadas suficientes ao deslinde da controvérsia, não se impõe a necessidade de realização de perícia. Diante do exposto, não conheço do recurso de ofício e nego provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora Fl. 1338DF CARF MF
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