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Numero do processo: 11080.722632/2016-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 30/04/2012 a 30/04/2015
MATÉRIA-PRIMA. PRODUTO INTERMEDIÁRIO. FERRAMENTAS. PARTES E PEÇAS.
Geram o direito ao crédito, além dos que se integram ao produto final, matérias-primas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem, quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou, vice-versa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, em face de princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. (item 11 do Parecer Normativo CST nº 65, de 1979)
REFRATÁRIOS. DIREITO AO CRÉDITO. INEXISTÊNCIA.
Somente são considerados produtos intermediários aqueles que, em contato com o produto, sofram desgaste no processo industrial, o que não abrange os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, ainda que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização. Assim, não geram direito a crédito os materiais refratários, pois não se caracterizam como tal.
JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício (Súmula CARF nº 108).
Numero da decisão: 3401-006.143
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, da seguinte forma: (a) por maioria de votos, para manter o lançamento no que se refere a materiais refratários, vencidos os Conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Tiago Guerra Machado e Rodolfo Tsuboi; e (b) por unanimidade de votos, para (i) reverter as glosas sobre termopar e maçarico de corte; (ii) reverter a glosa sobre devolução de venda; e (iii) negar provimento ao recurso no que se refere às alegações de nulidade, e aos demais itens.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mara Cristina Sifuentes - Relatora.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado).
Nome do relator: MARA CRISTINA SIFUENTES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 30/04/2012 a 30/04/2015 MATÉRIA-PRIMA. PRODUTO INTERMEDIÁRIO. FERRAMENTAS. PARTES E PEÇAS. Geram o direito ao crédito, além dos que se integram ao produto final, matérias-primas e produtos intermediários, stricto sensu, e material de embalagem, quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou, vice-versa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, em face de princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. (item 11 do Parecer Normativo CST nº 65, de 1979) REFRATÁRIOS. DIREITO AO CRÉDITO. INEXISTÊNCIA. Somente são considerados produtos intermediários aqueles que, em contato com o produto, sofram desgaste no processo industrial, o que não abrange os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, ainda que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização. Assim, não geram direito a crédito os materiais refratários, pois não se caracterizam como tal. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício (Súmula CARF nº 108).
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PRODUTO INTERMEDIÁRIO. FERRAMENTAS. PARTES E PEÇAS. Geram o direito ao crédito, além dos que se integram ao produto final, matériasprimas e produtos intermediários, “stricto sensu”, e material de embalagem, quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou, vice versa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, em face de princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. (item 11 do Parecer Normativo CST nº 65, de 1979) REFRATÁRIOS. DIREITO AO CRÉDITO. INEXISTÊNCIA. Somente são considerados produtos intermediários aqueles que, em contato com o produto, sofram desgaste no processo industrial, o que não abrange os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, ainda que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização. Assim, não geram direito a crédito os materiais refratários, pois não se caracterizam como tal. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício (Súmula CARF nº 108). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 26 32 /2 01 6- 77 Fl. 804DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 797 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, da seguinte forma: (a) por maioria de votos, para manter o lançamento no que se refere a materiais refratários, vencidos os Conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Tiago Guerra Machado e Rodolfo Tsuboi; e (b) por unanimidade de votos, para (i) reverter as glosas sobre termopar e maçarico de corte; (ii) reverter a glosa sobre devolução de venda; e (iii) negar provimento ao recurso no que se refere às alegações de nulidade, e aos demais itens. Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Relatora. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado). Relatório Por bem descrever os fatos reproduzo o relatório que consta no acórdão DRJ: Trata o presente processo de auto de infração de fls. 02/15, lavrado contra o contribuinte, para exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, no montante de R$23.041.008,30, relativamente aos períodos de apuração compreendidos entre 01/04/2012 e 30/04/2015, assim discriminado: IMPOSTO...R$11.394.489,81 JUROS DE MORA (calculados até 04/2016).......R$3.100.651,27 MULTA PROPORCIONAL (Passível de Redução)....R$8.545.867,22 VALOR DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO APURADO............R$23.041.008,30 Os enquadramentos legais da autuação foram indicados às fls. 04 e 15. No Relatório Fiscal, às fls. 17/29, foram identificados as infrações cometidas e os argumentos para a autuação, tais quais se passa a descrever: Em novembro de 2013, o Serviço de Fiscalização da DRF Porto Alegre encerrou ação fiscal relativa IPI junto ao mesmo estabelecimento de Gerdau Aços Especiais S/A, abrangendo o Fl. 805DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 798 3 período compreendido entre outubro de 2008 e março de 2012. Na ocasião, tendo sido constatado o aproveitamento de créditos básicos indevidos por parte do contribuinte, foi lavrado Auto de Infração, formalizado por meio do processo n° 11080.732116/201316. DA AÇÃO FISCAL ANTERIOR A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto analisou Impugnação apresentada pelo contribuinte, tendo decidido manter a exigência formalizada no Auto de Infração integrante do processo nº 11080.723817/201356. No curso da ação fiscal anterior, o contribuinte, em atendimento ao solicitado no Termo de Início de Fiscalização, entregou planilhas contendo a indicação da “Descrição Resumida” e da “Aplicação, Uso e Emprego” dos insumos sob análise. Como não foram constatadas alterações na “Aplicação, Uso e Emprego” dos insumos que geraram créditos para o contribuinte, os dados fornecidos na ação fiscal anterior foram utilizados por esta fiscalização, integrando o Anexo a este Relatório. No Relatório de Ação Fiscal, a fundamentação para as glosas é a seguinte: Aquisições de mercadorias diversas não enquadradas no conceito MP, PI ou ME (NÃO É MP, MI ou ME); Aquisição de Partes e Peças (PARTES E PEÇAS); Aquisição de refratários (REFRATÁRIOS); Aquisição de ferramentas (FERRAMENTAS). Em decorrência do procedimento fiscal, conforme “Demonstrativo do IPI Glosado”, concluiuse que os valores de créditos indevidos, aproveitados pelo contribuinte, foram os abaixo relacionados: ... As planilhas de reconstituição da escrita fiscal de IPI (“Demonstrativo de Reconstituição da Escrita Fiscal”), relativamente aos períodos de apuração de abril de 2012 a abril de 2015, encontramse inseridas no processo como parte integrante do auto de infração. Identificados os créditos indevidos, reconstituída a escrita fiscal, foi lavrado o auto de infração. Irresignado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação de fls. 450/532, para alegar que a fiscalização, sem qualquer expertise, pesquisa ou referência na área de siderurgia, glosou grande parte dos créditos apurados e utilizados pela empresa, entendendo que estes não estariam abarcados pelo conceito de insumo. Também alegou que revisou o montante Fl. 806DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 799 4 autuado e reconheceu que, sobre esse montante, bem pouco poderia ter razão o Fisco. Em relação à parcela do crédito tributário com a qual concordou, procedeu ao recolhimento de R$137.033,24, correspondente ao principal de R$82.723,59; à multa de R$31.021,35 e aos juros de mora de R$23.288,30, conforme DARF e planilha, anexos, respectivamente, às fls. 555/585. A impugnação se apóia em dois tópicos: PRELIMINAR e MÉRITO. No tocante à PRELIMINAR, o impugnante suscitou a nulidade do auto de infração pelos motivos abaixo explicitados: 1º) O ESTORNO DE CRÉDITOS FEITO POR PRESUNÇÃO E PELA AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DOS ITENS GLOSADOS. A autuação fiscal foi efetuada de forma superficial e sem a necessária apuração dos fatos em total afronta ao artigo 142 do CTN e, portanto, eivada de nulidade. Atevese em classificar, em quatro subgrupos, os milhares de itens constantes da planilha entregue pelo impugnante em atendimento à Fiscalização anterior (processo fiscal nº 11080.732116/201316). Não houve a análise adequada dos produtos ou a indicação dos reais motivos de sua glosa, dificultando o entendimento e, conseqüentemente, a defesa por do autuado. A Fiscalização tratou de forma bem sucinta cada um dos grupos, colacionando a fundamentação legal supostamente aplicável para justificar a glosa, sem adentrar nas peculiaridades da real razão da glosa dos itens específicos. Não se aprofundou na análise de cada item, até pela impossibilidade de que isso fosse feito sem o auxílio de um laudo pericial, pois foram glosados milhares de itens. Não pode prosperar o conceito estigmatizado dos insumos, do qual se valeu o Fisco (“não é MP, PI ou ME”, “ferramentas”, “partes e peças” e “refratários”), para concluir acerca da impossibilidade de manutenção dos créditos apropriados pelo impugnante. Apesar do comparecimento ao estabelecimento do impugnante para conhecer seu processo industrial e a possível aplicação e forma de consumo dos materiais objetos dos creditamentos, acabou por restringir seu trabalho a uma análise superficial da própria planilha apresentada pela empresa. Apenas dividiu os produtos em grupos e alegou, de forma genérica, que eles não davam direito ao crédito de IPI, pois não havia o contato direto com o produto fabricado. Se há necessidade de um contato físico, porque glosar até mesmo itens que atendem a esse requisito? Segundo a Fiscalização, os itens glosados não atenderiam à legislação vigente, especialmente Pareceres Normativos CST, dentre eles o Parecer Normativo CST nº 65/79 e o Parecer Normativo CST nº 181/1974. A fiscalização tentou transformar meras PRESUNÇÕES em fatos e provas. Tal presunção não é balizada pela razoabilidade ou Fl. 807DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 800 5 bom senso, porquanto se dissocia de toda a documentação fiscal exibida pelo impugnante e da realidade fática, reforçada, vale dizer, pelos Laudos por ele acostados. Caberia à Fiscalização, nos termos do artigo 142 do CTN e 9º do Decreto 70.235, de 1972, verificar de forma efetiva a aplicação de cada item no processo produtivo, demonstrando com provas cabais, se o caso fosse, a ocorrência do descumprimento da legislação tributária. O Auto de Infração em tela está eivado de nulidade insanável, pois deveria obrigatoriamente estar instruído com todas as provas que demonstrassem claramente as alegações fiscais, cabendolhe integralmente o ônus probatório. Isso não ocorreu, conforme entendimento da própria Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, manifestado no Acórdão 08.16575, de 17/11/2009/DRJ/FORTALEZA, e do CARF, no Acórdão nº 3102.001.677 – 1ª Câmara/2ªTurma OrdináriaSessão de 28/11/2012; 2) O EQUÍVOCO DA AUTORIDADE FISCAL EM RELAÇÃO À ANÁLISE DAS NOTAS FISCAIS. Além da argumentação que instrui o item (1º), o impugnante aduziu que o Auto de Infração padece de um segundo vício insanável de nulidade, que o macula em sua gênese e impõe sua anulação. Segundo ele, o Auditor Fiscal promoveu a glosa de diversos créditos oriundos da aquisição de produtos que houve por bem considerar que não se enquadravam nos conceitos de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, tal qual prescreve a lei. As glosas se referem às Notas Fiscais dos produtos adquiridos no período de abril/2012 a abril/2015. Sobre as glosas, o autuado asseverou que do exame acurado do trabalho fiscal, e de toda documentação que dos autos consta, inarredável que tal exame restou eivado de vício e, pela via reflexa, a glosa que nele se baseou é nula na medida em que provém de gritante equívoco. Os erros podem ser observados na Nota Fiscal 1.025, de 04/05/2012 (Doc. 04) e na Nota Fiscal 1.270, de 02/04/2013 (Doc. 05). Nessas notas foram glosados créditos para os quais não houve destaque de IPI ou se trata de glosa relativa a um produto diferente do que consta do documento fiscal. Além dos exemplos citados, também foram detectados outros equívocos cometidos pela Autoridade Fiscal. Conforme demonstrado à fl. 463, foram glosados valores superiores àqueles efetivamente creditados pela empresa. No MÉRITO, o autuado argumentou sobre: A) O CONCEITO DE INSUMOS PARA FINS DE CRÉDITOS DE IPI Pelo que se depreende dos textos legais: a Constituição Federal (CF, art. 153, § 3º, inc. II), o artigo 49 do Código Tributário Nacional e os artigos 164 do RIPI/2002 e 226 do RIPI/2010, permitese ao contribuinte industrial se creditar do imposto relativo a MP, PI e ME, incluindose dentre as matérias primas e produtos intermediários aqueles que forem consumidos no processo de industrialização. Ou seja, pelo que se depreende Fl. 808DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 801 6 da simples leitura do texto legal, não existe a exigência de que a matériaprima ou o produto intermediário tenham contato físico com o produto final, conforme, no caso concreto, interpretou a Fiscalização. Basta que a matériaprima ou produto intermediário se CONSUMAM no processo de industrialização. Não é a interpretação dada pela fiscalização a que podemos obter dos referidos Pareceres Normativos (PN CST nº 181, de 1974, e PN CST nº 65, de 1979). A Fiscalização contrariou o próprio fundamento normativo utilizado para glosar os créditos de IPI sobre milhares de itens, qual seja, o item 10.2 do Parecer Normativo nº 65, de 1979, que determina que a expressão “consumidos” há de ser entendida em sentido amplo, abrangendo, exemplificativamente, o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre o insumo. Desse modo, não podia a Fiscalização de forma alguma ter restringido o alcance normativo ao contato físico, conforme restou evidente no caso em tela. Com efeito, não há dúvidas de que a interpretação do Sr. Agente Fiscal quanto à expressão “produtos intermediários”, exigindo o contato direto, é uma interpretação extremamente restritiva e dissonante da interpretação dada pela doutrina e pela jurisprudência, decorrendo de um equivocado entendimento acerca do termo “integrar” e “consumir”. Os produtos intermediários objetos das glosas no presente caso, de fato, não se integram, se incorporam ou compõem os produtos industrializados pelo impugnante, mas todos eles efetivamente se consomem, se desgastam, se corroem, se esgotam em seu processo produtivo industrial. A legislação ordinária, conforme disposto no art. 226, inc. I, do Regulamento do IPI/2010, somente exige que o produto seja consumido no processo de industrialização, não fazendo, pois, qualquer alusão à forma de consumo, muito menos ao contato direto. Apesar disso, o impugnante demonstrou que o contato dos insumos com o calor emanado das barras de aço. no curso do processo produtivo. equivaleria a um contato direto com o produto final, atendendo assim o requisito exigido pela fiscalização. O Colendo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) expressamente afastou o entendimento de que o contato físico direto seria condição imprescindível para que os produtos intermediários gerassem, na sistemática da nãocumulatividade do IPI, o direito ao creditamento na escrita fiscal. É possível o creditamento do IPI oriundo da entrada de produtos intermediários que se consumam ou se desgastem direta e integralmente no processo produtivo da empresa, exatamente como ocorre no caso concreto. Outro não é o entendimento que foi consolidado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, segundo se extrai do trecho do voto condutor do Recurso Especial nº 1.075.508, na sistemática do recurso repetitivo de que trata o artigo 543C do CPC. Da Fl. 809DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 802 7 análise do RESP nº 1.075.508/SC, verificase que em momento algum restou esclarecido qual seria o conteúdo e a extensão do termo “consumo imediato e integral”. Vários outros acórdãos do STJ são citados no bojo do recurso repetitivo, porém, analisandose cada um deles não é possível se encontrar tal significado. Ainda que se pudesse interpretar os Pareceres Normativos de forma restritiva, conforme proposto pela Fiscalização, no sentido de que além de consumido é necessário haver o contato físico direto entre o insumo e o bem produzido, tais Pareceres Normativos não podem ser aplicáveis quando fixam normas que fogem à sua competência e legitimidade. Nem a norma constitucional, nem a legislação ordinária fazem alusão à forma de consumo dos produtos adquiridos para emprego no processo produtivo. Há de prevalecer o princípio da legalidade. B) A ATIVIDADE DA EMPRESA Depois de ampla introdução, o impugnante passa a descrever suas quatro áreas produtivas, quais sejam: (i) aciaria; (ii) laminações 1 e 2; (iii) forjaria e (iv) transformação mecânica. Resumidamente, temse que a aciaria é composta basicamente de quatro processos: fusão, refino, desgaseificação e solidificação, além de contar também com uma área de recebimento e preparação de sucatas. O processo de laminação se inicia na inspeção visual dos tarugos, seguida da remoção superficial de qualquer defeito corrigível. Os aços, que não possuírem defeitos críticos ou aprofundados, seguem direto para o reaquecimento, pois é necessária a garantia de uma temperatura específica e homogênea ao longo de todo o tarugo, para cada tipo de aço laminado. As matériasprimas da forjaria são blocos e tarugos do lingotamento contínuo e lingotes do lingotamento convencional. Forjálas significa obter uma peça metálica por meio de batidas com alto grau de compressão utilizando marteletes ou por pressão, com prensas de forma sequencial e com o auxílio de ferramentas especiais. Por fim, ocorre o processo de transformação mecânica que é responsável pelas atividades de tratamento térmico, inspeção e acabamento, em temperaturas frias, de barras e rolos de fiomáquina. Neste setor, os produtos da aciaria, das laminações e da forjaria são tratados e finalizados para atender as especificações de propriedades mecânicas e acabamento superficial solicitadas pelos clientes. C) OS ITENS GLOSADOS Nesse tópico, o contribuinte oferece seu ponto de vista sobre os itens glosados, acusando a Fiscalização de não têlos analisado detidamente, pois reduziu a apreciação ao contato físico, à exceção dos refratários que, apesar de reconhecer o contato físico, glosou os respectivos créditos à guisa de considerálos partes e peças de máquinas. Nesse contexto, o contribuinte citou como passíveis de creditamento, por possuírem notoriamente contato físico com o produto fabricado, cabos de aço, termopar, sensor oxigênio, etc., além de descreverlhes a função no processo o produtivo. Se a premissa para o creditamento é o contato físico, tais matérias Fl. 810DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 803 8 teriam o IPI cobrado nas respectivas aquisições como passível de crédito. Por outro lado, aponta o contribuinte diversos outros produtos que se desgastam e se consomem diretamente no processo produtivo, justamente em função da ação exercida pelo produto em fabricação ou pelos agentes do processo (altíssimas temperaturas, peso dos insumos ou dos produtos/barras de aço). Alguns produtos, ainda que não tenham contato físico com o produto fabricado, possuem contato direto com a fabricação e, portanto, devem ser considerados como insumos. Nesses, estariam incluídos as peças e ferramentas, não classificáveis no ativo permanente, desgastadas em razão das altas temperaturas transferidas. Na tentativa de restabelecer os créditos glosados, o contribuinte os divide em grupos os quais denomina: C1) Grupo 1 Aquisições de mercadorias não enquadradas no conceito de MP, PI ou ME, no qual se encontram o agente coagulante, o antiespumante, o dispersante, o inibidor de corrosão e a refrigeração. Segundo a Fiscalização, esses produtos atuam no tratamento de água que refrigera os fornos e, sendo assim, não entram em contato direto com o produto em fabricação, pelo que não se pode considerálos matériaprima e, conseqüentemente, não geram direito ao crédito. Para o contribuinte, o Sr. Agente Fiscal está totalmente equivocado. Isso porque esses itens não atuam simplesmente no tratamento da água para lançála no meio ambiente de forma pura, como ocorre em outras indústrias. Neste caso específico, a água é um item fundamental para o processo produtivo do aço, tanto para o resfriamento, quanto para corrigir a sua estrutura química, de forma que seguem alguns exemplos de itens que devem ser classificados como insumos (agente coagulante, antiespumante, dispersante e inibidor de corrosão). C.2) Grupo 2 – Aquisição de Partes e Peças. Nesse grupo, o contribuinte destaca o TERMOPAR ou SENSOR TEMOTIP utilizado na medição de temperatura de metais e ligas até a temperatura de 1820º C, em conversores LD, altos fornos, fornos elétricos a arco ou indução, fornos de cadinho, panelas, distribuidores de lingotamento contínuo ou qualquer outro ponto de medição que permita a imersão destes sensores. O valor do crédito glosado deste item é de R$223.031,28. Acrescenta que, como outros materiais, vale observar que, além de se consumirem em contato direto com os produtos em fabricação (embora não seja tal fato relevante, como já amplamente argumentado) há, também, outro ponto importante na sua forma de consumo. De uma vez por todas, o fato de exercerem função particularizada, específica, essencial e indispensável ao processo industrial, sem a qual o processo se tornaria inviável, fixa a sua classificação como materiais intermediários. Quanto a esses materiais, o contribuinte anexa fotos ilustrativas. Fl. 811DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 804 9 C.3) Grupo 3 – Aquisição de Ferramentas. No tocante ao grupo, o contribuinte contesta a glosa relativa à aquisição de ferramentas, presentes no anexo do Relatório Fiscal, às fls. 132/137. Para a fiscalização seria vedado o crédito pois, ou o bem deve passar por alterações em função de contato físico com o produto em fabricação, mesmo não estando compreendido no ativo permanente, ou, ainda, não pode ser empregado no processo industrial acoplado em máquinas, aparelhos e instrumentos. São dados como exemplos, o maçarico de corte, o chumbador, o maçarico, a tesoura de corte e a talhadeira. Para o impugnante, conforme se depreende da descrição em planilha que anexa à impugnação, as ferramentas são tão essenciais no seu processo produtivo que estão presentes em todas as etapas de produção e possuem uma vida útil muito reduzida, perdendo rapidamente as suas propriedades físicas em decorrência da sua ação direta sobre o produto fabricado. C.4) Grupo 4 – Aquisição de Refratários. Para o impugnante, no caso dos materiais refratários, também objetos das glosas, o equívoco da Autoridade Fiscal é evidente, tendo se baseado em um conceito há muito superado, sem se atentar para a maciça jurisprudência a respeito da matéria. Entendeu a Autoridade Fiscal que, inobstante haja contato físico dos refratários com o produto em fabricação e devido às altíssimas temperaturas serem substituídos com frequência, eles se caracterizam como “partes e peças de equipamentos”, não podendo ser enquadrados como matériasprimas ou produtos intermediários. Contudo, alega o impugnante que, em relação a tais itens, a jurisprudência se encontra atualmente pacificada no sentido de ser correto o seu enquadramento como produtos intermediários, para fins de créditos de IPI e de ICMS. Não há dúvidas de que, no processo de industrialização das siderúrgicas, sua participação é essencial e imprescindível para se alcançar o resultado pretendido, qual seja, a produção do aço. Depois de extensa argumentação, o contribuinte relaciona os elementos que denomina DOCUMENTOS COMPROBATÓRIOS DO ENQUADRAMENTO DOS MATERIAIS NO CONCEITO DE MATERIAIS INTERMEDIÁRIOS, quais sejam 1) PARECER DO INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS Sobre o documento, afirma o impugnante que, para comprovar o alegado, apresenta cópia dos laudos produzidos pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT nº 6.161, nº 6.358 e nº 6.359 (Doc. 03) que não foram sequer avaliados pela Autoridade Fiscal; Fl. 812DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 805 10 2) PLANILHA COMPLETA, DETALHADA E EXPLICATIVA COM A RELAÇÃO DOS CRÉDITOS GLOSADOS. A planilha contempla, segundo o impugnante, os seguintes campos: Nº Nota Fiscal; Data de Entrada; Descrição do Produto; Motivo da Glosa apontada pelo fisco; Valor do Imposto Creditado; Código do Produto; Descrição Resumida Revisada; Aplicação/Função no processo Industrial com a explicação sobre a forma de desgaste ou consumo; Se o item tem contato direto com o produto; Se o item está sujeito a altas temperaturas e/ou a um processo produtivo agressivo; Em qual área industrial ele é utilizado; Tempo de vida útil médio. Em seguida, o impugnante faz PEDIDO DE PERÍCIA e, com base no disposto no art. 16, IV do Decreto nº 70.235/72, indica como seu assistente técnico o Sr. OSVANDIR RICARDO SILVA GASPAR, brasileiro, casado, contador, CPF n° 278.393.38020, CI n° 2010458715, residente e domiciliado na Rua Victor Silva, 135, Bairro Camaquã, na cidade de Porto Alegre/RS, CEP 91.910170, cujos telefones para contato são (51) 34507556 e (51) 34507528. Como quesitos para a perícia, o contribuinte propõe: 1) Descreva o Sr. Perito o processo de industrialização do impugnante, informando e discorrendo sobre suas características e se referindo a cada uma de suas etapas. 2) Descreva o Sr. Perito os produtos cujos créditos foram glosados pela Autoridade Fiscal, informando a aplicação dada pelo impugnante e, sendo o caso, o tempo que levam para serem consumidos no processo de industrialização. 3) Informe o Sr. Perito se os produtos referidos no item anterior são consumidos e essenciais ao processo de industrialização do impugnante e se sofrem ação do produto em fabricação. 4) Em complementação ao quesito anterior, informe o Sr. Perito se cada um desses produtos pode ser enquadrado na categoria de embalagens, componentes ou insumos que, embora não se incorporando ao produto final, são empregados no processo de industrialização. 5) Informe o Sr. Perito se os produtos, cujos créditos restaram glosados, foram contabilizados em contas do ativo permanente. Além dos questionamentos relativos à natureza dos créditos glosados serem ou não incluídos nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário, o contribuinte peticiona pela POSSIBILIDADE DE MANUTENÇÃO DO CRÉDITO DE IPI NOS CASOS DE DEVOLUÇÃO DE VENDA. Isso sob o argumento de que também não foram admitidos créditos relacionados à devolução mercadorias, sem que houvesse qualquer fundamentação explícita do Fisco neste sentido, o que, por si só, já afronta o princípio da ampla defesa e do contraditório. Fl. 813DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 806 11 Em seguida, o contribuinte contesta a INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO, tomando a por ilegal e encerra a impugnação com o seguinte PEDIDO: DO PEDIDO Diante de todo o exposto, o ora impugnante requer que a presente Impugnação Administrativa seja recebida, conhecida e julgada procedente para: a) em preliminar, que seja reconhecida a nulidade do Auto de Infração, tendo em vista que este foi pautado em presunção em detrimento da verdade dos fatos consoante restou acima demonstrado, pois não houve a análise detida dos itens glosados, deixandose de motivar a autuação, cerceando dessa forma o direito do impugnante à ampla defesa e ao contraditório, além dos equívocos demonstrados que colocam em xeque o levantamento fiscal; b) quanto ao mérito, o impugnante requer que seja julgado improcedente o auto de infração e cancelado o crédito tributário ora exigido, tendo em vista a demonstração inequívoca de que os itens glosados se consomem diretamente no processo produtivo do impugnante, sendo, portanto, insumos, os quais são passíveis de apropriação de créditos de IPI, nos termos do que restou exaustivamente demonstrado, inclusive com a juntada de laudo IPT; bem como deve ser afastada a glosa relacionada à devolução de venda, devendo ser aplicado o princípio da não cumulatividade; c) requer, ainda, seja deferida a produção da prova pericial para a comprovação da natureza e respectiva aplicação dos itens glosados no seu processo produtivo, tendo em vista os quesitos acima indicados, protestando desde já pela formulação de quesitos suplementares que se fizerem necessários; d) caso seja mantido, no todo ou em parte o lançamento, requer ao menos que seja determinada a não incidência de juros sobre a multa, nos termos acima mencionados; e) protesta, ainda, pela posterior juntada da prova documental que não pode ser produzida até este momento, em obediência ao princípio da ampla defesa e do contraditório, bem como da verdade material; f) Por fim, protesta pela posterior regularização da representação processual. Tendo em vista a impugnação apresentada, notadamente em relação aos erros apontados no Auto de Infração e em decorrência deles, o contribuinte, em preliminar, suscita a nulidade do Auto de Infração, o processo, mediante Despacho da Presidência, foi devolvido à DRF de origem, com as seguintes explicações e pedidos de providências: Com base na reprodução acima realizada, ou seja, a parte da impugnação a que o contribuinte denominou de preliminar e mais especificamente de “DO EQUÍVOCO DA AUTORIDADE Fl. 814DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 807 12 FISCAL EM RELAÇÃO À ANÁLISE DAS NOTAS FISCAIS”, e em razão de alegados erros de quantificação das glosas que geraram a autuação e, ainda, levandose em consideração que nos autos não há elementos para a que tal análise se dê aqui na DRJ, proponho o retorno dos autos à Fiscalização da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Porto Alegre (RS) para que os pontos de discordância do contribuinte sejam lá verificados. Sublinhese que devem ser analisadas tanto as questões quantitativas quanto as de ordem qualitativas apontadas pelo contribuinte, bem como atender às seguintes solicitações: a) os supostos erros de valores ocorridos nas glosas, relatados às fls. 459/460 (glosa indevida de R$33.052,48, Nota Fiscal 1025) e 463 (glosas a maior relativamente às notas fiscais 1112; 1920; 1337; 1757 e 1526); b) a possibilidade de considerar insumo (MP, PI ) o item denominado "ELETRODO GRAFITA 500X2400MM AGX NIPLE, se de, fato houver erro na indicação do produto BATERIA REF BT7205 7,2V CONTROLE na Nota Fiscal 1270, à fl. 461; c) Se algum equívoco for reconhecido pela Fiscalização, que sejam refeitos os cálculos de Reconstituição da Escrita Fiscal para suprimilo da autuação; d) Se alguma alteração for realizada no sentido contrário à proposição do contribuinte, que dela se lhe dê ciência para evitar futura alegação de cerceamento do direito de defesa; e) Juntar aos autos os demonstrativos das glosas efetuadas, com indicação das notas fiscais e valores glosados. Na DRF Porto Alegre, RS, foi atendida a solicitação da DRJ/JFA/MG e os atos retornaram para julgamento com a anexação do “Auto de Infração” de fls. 622 e da Informação Fiscal de fl. 656/657. O processo foi julgado pela DRJ Juiz de Fora, acórdão nº 0963.647, em 23 de junho de 2017, por unanimidade de votos, pela procedência parcial do auto de infração. A parte exonerada foi de R$ 247.809,16 de imposto e R$ 185.856,81 de multa, não atingindo o limite de alçada para Recurso de Ofício necessário. A empresa realizou o recolhimento do valor não impugnado, não restando mais controvérsia quanto a esse montante. Regularmente cientificada a empresa apresentou Recurso Voluntário onde alega em síntese: 1. Da Ausência de Comprovação dos Fatos Alegados e Fundamentação Genérica – Nulidade. 2. Da Nulidade do AIIM em decorrência da Fiscalização ter reconhecido a existência de erro na autuação. Fl. 815DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 808 13 3. Da Nulidade Absoluta em Virtude do Cerceamento de Defesa. 4. Direito ao creditamento do IPI. O conceito de insumo. A atividade da empresa. 4.1. grupo 1 aquisições de mercadorias não enquadradas no conceito de MP, PI ou ME 4.2. grupo 2 aquisição de partes e peças 4.3. grupo 3 aquisição de ferramentas 4.4. grupo 4 aquisição de refratários 5. manutenção do crédito de IPI nos casos de devolução de venda 6. ilegalidade do juros de mora sobre multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheira Mara Cristina Sifuentes, Relatora. O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade por isso dele tomo conhecimento. 1. Da Ausência de Comprovação dos Fatos Alegados e Fundamentação Genérica – Nulidade. A recorrente afirma que a autoridade fiscal pautouse no teor dos Pareceres Normativos CST nº 181/74 e nº 65/79 para promover a glosa dos créditos de IPI oriundos da entrada de produtos intermediários, matériaprima ou embalagem, mas que não verificou se houve efetivamente o consumo ou desgaste no produto no curso do processo produtivo. Tendo sido analisado somente as informações constantes das planilhas apresentadas. Consta dos autos que a fiscalização compareceu ao estabelecimento da recorrente para conhecer seu processo produtivo e a possível aplicação e forma de consumo dos materiais objetos dos creditamentos. Analisar se um insumo pode ser considerado para efeitos de creditamento de IPI esta atrelado ao mérito da lide, nesse momento poderemos analisar se de fato o que foi apurado pela fiscalização e as motivações para a glosa foram suficientes. 2. Da Nulidade do AIIM em decorrência da Fiscalização ter reconhecido a existência de erro na autuação. A recorrente pleiteou em impugnação pela nulidade do Auto de Infração em razão da fiscalização tributária ter incorrido em erro no levantamento fiscal efetuado em relação à parte dos materiais que foram classificados como não passíveis de creditamento e igualmente quanto ao montante das glosas perpetradas, nos termos abaixo especificados: Fl. 816DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 809 14 (i) glosa indevida de R$ 33.052,48 referente à Nota Fiscal nº 1025, por não ter havido destaque de IPI em relação a esta operação; (ii) ter glosado o crédito referente à Nota Fiscal nº 1270 por corresponder supostamente à “bateria”, quando o item correto objeto da NF era o eletrodo grafita 500X22400MM AGX Niple; e (iii) glosa a maior dos créditos de IPI relativos ás notas fiscais nº 1112, 1920, 1337, 1757 e 1526. Os autos foram baixados em diligência, pela DRJ, e a fiscalização promoveu os acertos no lançamento, retirando as glosas indevidas. Em seguida a DRJ acatou a alegação da impugnante aplicando o resultado da diligência. A recorrente alega que pelo ocorrido deveria toda a autuação ser anulada, já que padece de vício grave. Não é esse o entendimento que deve prosperar. O erro na autuação foi acertado pela fiscalização. Não havendo mácula no lançamento como um todo, até prova em contrário. E até esse ponto apenas foi apurado erro nas glosas apontadas, e que foram corrigidas. Deixo de acatar a preliminar suscitada. 3. Da Nulidade Absoluta em Virtude do Cerceamento de Defesa. Alega cerceamento do direito de defesa por não ter havido deferimento do pleito de prova pericial. A prova pericial é opção do julgador, e havendo nos autos elementos suficientes para o deslinde da controvérsia tornase prescindível. Cada processo deve ser analisado individualmente, sendo que após análise dos elementos que compõem os autos pode se decidir pela necessidade ou não de prova pericial. Por isso o fato de ter sido deferida a realização de perícia em um processo não significa que para todos os processos devese deferir o pedido de perícia. Seria ir contra os ditames do processo administrativo que pugna pelos princípios da celeridade e eficiência. Assim estabelece o art. 18, caput, do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Concluo pelo não acatamento da preliminar suscitada. 4. Direito ao creditamento do IPI. O conceito de insumo. A atividade da empresa. Fl. 817DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 810 15 O artigo 226 do RIPI/2010 admite a dedução do crédito vinculado aos insumos adquiridos para emprego direito na industrialização do produto acabado, desde que sejam eles integrados ou consumidos no processo de industrialização: Art.226.Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse(Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; ... O Parecer Normativo CST nº 65/1979 esclareceu que é necessária a ação direta exercida sobre o produto em fabricação: 11. Em resumo, geram o direito ao crédito, além dos que se integram ao produto final (matériasprimas e produtos intermediários, “stricto sensu”, e material de embalagem, quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou, viceversa, proveniente de ação exercida diretamente pelo bem em industrialização, desde que não devam, em face de princípios contábeis geralmente aceitos, ser incluídos no ativo permanente. 11.1. Não havendo tais alterações, ou havendo em função de ações exercidas indiretamente, ainda que se dêem rapidamente e mesmo que os produtos não estejam compreendidos no ativo permanente, inexiste o direito de que trata o inciso I do artigo 66 do RIPI/79. A questão não é nova neste Colegiado, que já se debruçou sobre a matéria reiteradas vezes e firmou seu entendimento no sentido que, para a definição do alcance dos termos “matériaprima”, “produtos intermediários” e “material de embalagem”, prevalece a inteligência do Parecer Normativo CST nº 65/79, como se verifica dos acórdãos, exemplificativamente, nºs 20309.858, 3401001.118, 340300.054, 20312.477 e CSRF 02 02.706. Esse, aliás, o motivo da não aceitação da energia elétrica e dos combustíveis no cálculo do crédito presumido de IPI de que tratava a Lei nº 9.363/96, como se verifica da Súmula CARF nº 19: “Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário.” (grifos nossos) Portanto, acertados o lançamento e a decisão sob análise quando adotaram a acepção de produto intermediário contida no PN CST nº 65/79 para exame dos insumos passíveis de creditamento do IPI. Fl. 818DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 811 16 Ademais, devese considerar, as decisões exaradas pelo Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, na sistemática da repercussão geral e dos recursos repetitivos, arts. 543B e 543C, respectivamente, de observância obrigatória pelas turmas julgadoras do CARF, ex vi do art. 62, § 2º do RICARF (Portaria MF nº 343/15). Vide REsp 1.075.508/SC que destaca que a condição de material intermediário exige que o insumo se desgaste de maneira integral e imediata no processo produtivo: Destarte, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditarse do imposto relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose ‘aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’ . Dessumese da norma insculpida no supracitado preceito legal que o aproveitamento do crédito de IPI dos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa.” Portanto, a partir das conclusões dos pareceres normativos e do REsp 1.075.508/SC, as condições cumulativas, para que determinado insumo possa ser enquadrado como material intermediário, são: i) desgaste ou consumo por contato direto com o produto em fabricação, ii) que não seja parte de máquinas e equipamentos ou peças de reposição; iii) não seja classificável como bem do ativo permanente, segundo a legislação do IRPJ; e, iv) que o desgaste seja integral e imediato no processo produtivo. Aplicando este entendimento aos insumos questionados, passemos a análise conforme agrupamento apresentado pela recorrente. Antes é importante esclarecer que a empresa atua no ramo da siderurgia industrial, dividido em quatro áreas produtivas: aciaria, laminação, forjaria e transformação mecânica. Sinteticamente, podemos afirmar que a aciaria é composta basicamente de quatro processos: fusão, refino, desgaseificação e solidificação; além de contar também com uma área de recebimento e preparação de sucatas. A fase final é o lingotamento, onde é obtido o lingote ou tarugo, por método convencional, em moldes, ou por método contínuo. Após os tarugos são submetidos à laminação, resultando na produção de barras que são comercializadas ou utilizadas nas demais fases de produção. Na forjaria os blocos, tarugos ou lingotes são submetidos a batidas com alto grau de compressão, finalizando a usinagem com a produção de barras redondas, quadradas, chatas, de diversos tamanhos. Fl. 819DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 812 17 O último processo é a transformação mecânica, responsável pelas atividades de tratamento térmico, inspeção e acabamento para atender as especificações de propriedades mecânicas e acabamento superficial solicitadas pelos clientes. 4.1. Grupo 1 aquisições de mercadorias não enquadradas no conceito de MP, PI ou ME Segundo a fiscalização, os produtos listados na planilha fls. 31 a 44 do Anexo do Relatório Fiscal não são matérias primas (MP), produtos intermediários (PI) ou materiais de embalagem (ME) nos termos da legislação vigente, art. 226, I do RIPI/2010, não gerando direito ao crédito de IPI. Apresenta extensa lista de insumos com a aplicação, uso e emprego dos mesmos para justificar a glosa. A recorrente, após discorrer sobre seu processo produtivo, alegar que a fiscalização não apurou devidamente como se realiza a produção e a utilização dos insumos, agregar alguns julgados do CARF e expressar sua compreensão que não é necessário o contato físico direto com o produto, mas sim que haja o desgaste ou consumo diretamente no processo produtivo, contesta genericamente a glosa de todos os produtos constantes do anexo e exemplifica com cinco produtos: agente coagulante, antiespumante, dispersante, inibidor de corrosão e refrigeração. Descrição resumida Aplicação Agente Coagulante Material intermediário utilizado no circuito fechado de água do sistema de lavagem de gases servindo como aglomerante de partículas no processo de retirada de resíduos (decantador de lama) sendo este processo muito importante para o sistema de gestão de resíduos Antiespumante Material utilizado para análise química de cloro na água bruta utilizada na refrigeração do forno. Sem o produto na água não há eficiência na troca térmica de calor, como consequência pode causar a parada do forno em razão do incremento da temperatura do forno e risco de explosão/quebra. Dispersante Material intermediário utilizado no tratamento de água aplicada na refrigeração dos equipamentos necessários a produção do aço, sendo consumido neste processo de circuito fechado. Inibidor corrosão Material intermediário utilizado para evitar corrosão de tubos e equipamentos condutores da água de refrigeração, circuito fechado, que retorna ao processo de fabricação do aço, como por exemplo, no laminador de barras de aço a 1100oC na laminação. É consumido no processo de fabricação e laminação do aço. Defendeu o recorrente que o seu direito aos créditos seria irrestrito, por força do princípio da não cumulatividade, não havendo na legislação de regência do tributo a exigência do desgaste por contato direto com o produto em fabricação, como requisito para o creditamento. Para reforçar o seu argumento asseverou que todos os insumos glosados são consumidos e indispensáveis ao seu processo produtivo. Fl. 820DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 813 18 Ressalto, contudo, que não se questiona a imprescindibilidade ou importância desses insumos ao processo industrial do contribuinte, mesmo porque é indubitável que todos os custos de produção, em tese, seriam necessários à obtenção do bem produzido, em qualquer indústria. No caso vertente, em debate está a aplicabilidade (ou não) do conceito de produto intermediário fornecido pelo PN CST 65/79, para a finalidade de fruição do direito de crédito do IPI. O Parecer Normativo nº 65/79 aduziu que, mesmo não se integrando ao novo produto, os materiais intermediários deveriam exercer função análoga àqueles que efetivamente se incorporassem ao bem em fabricação, qual seja, de se desgastar, consumir e/ou perder suas propriedade físicas e químicas em função do contato direto com o bem em produção e viceversa. Desta forma, diversamente do que argumenta o recorrente, não bastaria o simples consumo no processo produtivo, ou mesmo a indispensabilidade do insumo ao processo industrial, mas principalmente o contato direto com o produto fabricado. A empresa informa que esses itens atuam no tratamento da água que refrigera os fornos, e são utilizados na aciaria, laminação, preparo dos tarugos, e assim apresenta o uso da água nos seus processos: 1) Da aciaria ... Nestes três estágios de solidificação, o aço líquido entra em um molde de cobre quadrado onde é brutalmente resfriado por água em sua superfície externa. A extração de calor faz com que a camada mais externa do aço dentro do molde se solidifique e, ao sair do molde, o núcleo ainda líquido é contido por uma camada solidificada de aço. Após este processo é adicionada água continuamente até que seu núcleo esteja solidificado por completo, quando o aço é cortado com oxiacetileno no comprimento especificado, produzindo o denominado tarugo, o qual é conduzido para laminação. ... Todavia, o entendimento do Sr. Agente Fiscal que foi encampado indevidamente pela DRJ está totalmente equivocado, primeiro porque esses itens não atuam simplesmente no tratamento da água para lançala no meio ambiente de forma pura, como ocorre em outras indústrias. Neste caso específico, a água é um item fundamental para o processo produtivo do aço, tanto para o resfriamento quanto para corrigir a sua estrutura química, de forma que seguem alguns exemplos de itens que devem ser classificados como insumos: ... Fl. 821DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 814 19 Após o refino e a desgaseificação, a panela é conduzida com o aço já pronto e ainda líquido e em alta temperatura, segundo os critérios prédeterminados para o processo de solidificação, ou lingotamento. Nestes três estágios de solidificação, o aço líquido entra em um molde de cobre quadrado, onde é brutalmente resfriado por água em sua superfície externa. Além disso, podemos citar como exemplo outra etapa do processo produtivo da RECORRENTE em que há banhos de ácido de suas peças de aço a fim de melhorar a sua composição, qual seja, a decapagem, que consiste na remoção da camada de óxidos de ferro, denominada carepa, dos produtos metálicos. A RECORRENTE emprega as formas de decapagem mecânica e química, sendo que a primeira aproveita equipamentos especiais (como dobradores, escovas e jatos de granalha), enquanto a segunda utiliza banhos de ácido que dissolvem a carepa. Ou seja, nobres Conselheiros, para a produção do aço, é indispensável o contato da matéria prima com a água, conforme acima descrito e com os insumos que lhe são misturados para, primeiramente, limpar a composição química e depois permitir o resfriamento da matéria até a obtenção do produto final, donde se conclui que os materiais que entram em contato direto com a água, que por sua vez, entra em contato direto com o aço, são indispensáveis para a própria produção, restando claro que sem estes insumos nas etapas de fabricação do aço, não haveria o produto final. Fica claro, a partir do exposto pela recorrente, e segundo análise da fiscalização e julgamento da DRJ que os produtos não mantém contado direto com o produto fabricado, apesar de participarem do processo da produção como um todo, por isso deve ser mantida a glosa para esses itens. Passemos assim a análise dos outros insumos glosados e onde se dá sua utilização pela empresa, partindo do relatório da fiscalização, já que não foi pela empresa individualizado o uso dos insumos. As tabelas anexadas pela empresa não trazem a informação, contestando o afirmado pela fiscalização, onde é utilizado cada insumo. A recorrente apenas apresenta detalhamento do seu processo produtivo e informação que todos os insumos são utilizados na produção, apesar de não ser utilizado por meio de contato direto com o produto fabricado, são necessários ao processo. A lista pode ser dividida em alguns subgrupos, conforme sua utilização. Um agrupamento seria composto por materiais intermediários que são consumidos no processo de fabricação pelas elevadas temperaturas do produto e exposição ao ambiente agressivo. Esses itens são: chassi, monitor, circuitos, centelhador, consoles, escadas, elevador, eletroímã, estabilizadores, display, detergente, desincrustante, comutadores, fechadura, gel, frete, fluido refrigerante, flash, fita, condutores, farol, evaporador, estrator, estojo, estante, fita adesiva, alarmes, container, banco, bancada, bombona, balde, armários, bandeja, alternador, caçambas, adesivos, anti corrosivos, canhão, torneira, hylomar, carros, carrinhos, cantoneiras, caneta pistola, pneumática, canetas jubilam, caixas divisórias, capas e pastas divisórias, papel, morsa, resina, poliuretano, pó lubrificante, resina, revelador, pá espaçador, gaveteiro, nobreak, motofreio, motobomba, solução, tira, tinta, tela, teflon, soquete, sistema elevação, silicone, sinaleiro, sirene, seringa, sacola, sabão caixa, rotasonde, tapete, lubrificante, mantas isolantes, Fl. 822DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 815 20 mantas filtrantes, molykote, mangas filtrantes, núcleo, marcador, luminárias, manopla, lona plástica, liquido, limpador de trilho, lâmpadas, lacre plástico, janela, mala, maletas, mascara, miolo, mata, micro switch, meia, memória, micros, plástico, isoladores, polímero, amberlite, spectrus, neutralizante, polyfloc. Como podese verificar os materiais são os mais diversos possíveis, desde materiais em que não há dúvida que não fazem parte do processo produtivo pois se assemelham mais a materiais de escritório, ou usados para atividades administrativas, materiais que são utilizados na linha de produção mas claramente não entram em contato direto com o produto e outros em que poderiam, a primeira vista, serem utilizados em contato direto com o produto. É claro que o ambiente é insalubre, submetido a altas temperaturas e agentes corrosivos, isso leva que o desgaste de qualquer material é maior que o que do mesmo material exposto a situações dentro dos padrões esperados de normalidade, de acordo com o senso comum. Mas o fato de estarem submetidos a "altas temperaturas" não os tornam materiais intermediários e sujeitos a serem considerados insumos do IPI. A fiscalização esclarece o uso desses materiais e porque efetuou a glosa, e a empresa não apresenta detalhamento sobre a utilização desses produtos. Elemento filtrante, manta filtrante e fita polyester: segundo a empresa, são usados para filtragem de óleos e partículas dos equipamentos. Detergente, Espátulas (p/ retirada de resíduos) e Sabão Caixa: são materiais de limpeza e não geram direito ao crédito de IPI. Alarmes, Armários, Balde Met, Bombona, Bancada, Banco, Bandeja, Caçambas, Cadeados, Canetas Jubilam, Canetas, Pistola/Pneum, Carros/Carrinhos, Elevador, Escadas, Estante, Estojo, Fechadura, Gaveteiro, Lâmpadas, Luminárias, Mala/Maletas, Mesas, Sinaleiro/Sirene, Sist Elevação, Soquete, Tapetes, Torneira. Em que pese a empresa ter informado que esses materiais são utilizados no processo industrial de fabricação dos produtos, a fiscalização não pode aceitar como matéria prima para fabricação de barras e fios de aço materiais como canetas (pg.948 da planilha resp term início) e armários (pg.288 a 292 da planilha resp term início). Agente coagulante, antiespumante, dispersante, inibidor corrosão, refrigeração. A empresa informa que esses itens atuam no tratamento da água que refrigera os fornos. Sendo assim, não entram em contato direto com o produto em fabricação, pelo que, igualmente, não se tratam de matéria prima, e, em consequência, não geram direito a creditamento. Célula carga. A empresa informou que este material é utilizado para medir a massa (peso) da sucata. A sucata é a principal fonte de aço do estabelecimento, mas entendemos que artigos destinados a pesar os insumos não se enquadram junto a estes. Fl. 823DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 816 21 Podemos agrupar esses itens em materiais de escritório, materiais de consumo, descartáveis, mobiliário, materiais de limpeza, sendo que nenhum deles se enquadra no Parecer Normativo nº 65/79, portanto não há como acatar a argumentação da recorrente. Outros materiais são para medir a massa da sucata (célula carga), utilizado nas diversas filtragens de óleo dos equipamentos (elemento filtrante), espátulas para retirada de resíduos nos locais que passam os perfis metálicos, caixas divisórias usadas nos diagnósticos, cadeados para acesso às escadas, refrigeração dos cilindros de laminação, papel usado no processo industrial, placas para fixação e regulagem das máquinas, mesas usada na remoção do rolo do produto e suporte, mangas filtrantes. Também a fiscalização apresenta uma lista, fls. 43 e sgs., com elementos usados no tratamento da água. Como nos outros casos não há como identificar a conexão direta desses elementos com o produto produzido, apesar de como já enfatizado não estarmos dizendo que não são importantes para o processo como um todo, mas para efeitos de legislação do IPI não atendem aos requisitos de contato direto com o produto produzido. Ademais, a empresa, conforme já informado, não apresentou contestação sobre como se dá o uso apurado pela fiscalização. 4.2. Grupo 2 aquisição de partes e peças Como no grupo 1 a maioria dos itens são consumidos pelas elevadas temperaturas a que são submetidos ou exposição a ambiente agressivo. A recorrente alega que os produtos cujos créditos foram glosados são integralmente utilizados no processo produtivo e não integram o seu ativo permanente por ter um consumo em prazo inferior a 12 meses, nem podem ser classificados como bens de uso ou consumo. Contesta somente o TERMOPAR ou SENSOR TEMOTIP utilizado na medição de temperatura de metais e ligas até a temperatura de 1820º C, em conversores LD, altos fornos, fornos elétricos a arco ou indução, fornos de cadinho, panelas, distribuidores de lingotamento contínuo, ou qualquer outro ponto de medição que permita a imersão destes sensores, apresentando fotos sobre sua utilização. O Parecer Normativo CST n° 181/1974 determinou o alcance das partes, peças e acessórios para fins de creditamento do imposto, entendimento mantido pelo Parecer Normativo CST n° 65/1979: 13 Por outro lado, ressalvados os casos de incentivos expressamente previstos em lei, não geram direito ao crédito do imposto os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento. Entre outros, são produtos dessa natureza: limas, rebolos, lâminas de serra, mandris, brocas, tijolos refratários usados em fornos de fusão de metais, tintas e Fl. 824DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 817 22 lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos etc. (grifo nosso) O direito ao crédito não se estende a partes e peças de máquinas ainda que não incorporadas ao ativo imobilizado e mesmo que, por suas qualidades ou características tecnológicas, se desgastem em razão do contato direto que exercem sobre o produto em fabricação ou que o produto exerce sobre elas. O art. 226 do RIPI/2010, que trata do direito ao crédito para matériasprimas e produtos intermediários que não se integram ao novo produto, inicia com o texto “incluindose entre as matériasprimas e os produtos intermediários”. Fica evidente que os bens em questão hão de guardar semelhança com as matériasprimas e os produtos intermediários stricto sensu. Art.226.Os estabelecimentos industriais e os que lhes são equiparados poderão creditarse(Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): Ido imposto relativo a matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e os produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; No caso o Termopar, como demonstrado pela recorrente, são utilizados para medição de temperatura dos metais em fusão, entram em contato direto com os produtos e não se caracterizam como partes e peças de máquinas e equipamentos, por isso a glosa deve ser revista. No caso dos autos, os insumos argüidos pelo recorrente são os seguintes, resumidamente: abraçadeiras, acelerador, acoplamentos, acumulador, adaptadores, alavanca, alças, alimentador, alinhador, almotolia, alojamento, amortecedores, amperímetro, analisador, anéis, anilhas, apalpador, aperta, apalpador, apoio, aquecedor, arame, arco porta, aro, arrastador, arruelas, articulação, assentamento, assento, atuadores, barramanto, barras divisórias, barreira, base, bastão, batedor, batente, bateria, beaker, bedame, berço, bexiga, bica, bicos, blocos, bobinas, bocais, bolacha, bolsa, bombas, bombona, borne, borracha, bosch, botão, botoeria, braços, buchas, bujão, burner, cabeça, cabeçote, cabos, cachimbo, cadinhos, caixas, calços, calhas, calibrador, calotas, câmara, camisas, canal, canaleta, cantoneiras, capacitor, capota, carcaça, cardã, carenagem, carregador, carretel, cartão, cartela, cartucho, casquilho, cassete, castanhas, catracas, cavaletes, cestão, chapas, chaves, chicote, chuveiro, chumbador, ciclone, cilindro, cintas, clintilometro, clips, cobertura, colar, coluna, combinador, compartimento, compasso, computador, condensador, condicionador ar, cone, conector, contadores, contra pesos, contra pino, contra porcas, controladores, conversores, copo, cordão, coroa, corpo, correia, corrente, cortina, cotovelos, coxim, cpu, cravador, cremalheira, cruzeta, cubo, cuma, degrau, desenho, destorcedor, detetor, diafragma, diodo, disco, disjuntos, dispensador, display, dispositivo, distanciador, distorcedor, distribuidor, dobradiça, dutos, eixos, elastomero, elementos, eletrodos, eliminador, elos, embreagem, emendas, encaixe, encosto, engate, engimento, engraxadeira, engrenagem, enrolador, escal, escantilhao, escovas, escudos, esferas, esguixo, espaçadores, espelhos, espiga, esquadro, estagio, estático, estator, esteira, esticador, estocadores, estrela, estriper, exaustor, extensor, extrator, fecho, fenda, filtro, fio, fita, fixadores, flanges, flap, fluxostato, fole, fontes, fotocelula, freio, funil, fusivel, fusos, gabarito, gabine, gaiola, ganchos, garras, gás, gateway, gaxeta, gerador, giro, goniometro, grade, grampos, graxeira, guarda, guarnição, guias, haste, hélice, holofote, ignitores, Fl. 825DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 818 23 iluminação, indicador, informática, inibidor, injetor, inserto, interface, interruptor, isolador, jaqueta, jato, joelho, jogo, juntas, kit, labirinto, laços, lanças, lápis, lavador, lde, lentes, levantador, limitador, limpador, lingas, lona, luvas, luz, maca, macaco, maçaneta, machos, mangueira, mancais, manete, mangotes, manilhas, manômetro, medidores, megometro, meia, membrana, miliamperimetro, minicalibrador, misturador, modulo, moitao, mola, monitores, mordentes, motoredutores, motores, multimedidor, multímetro, munhao, nariz, niples, nivel, olhal, optical, oring, pa, padrão, painéis, palete, palhetas, papelão, parafusos, pás, pastas, pedestais, pastilhas, pentes, perfis, perna, pulverizador, pinças, pinos, pistão, placas, plataformas, plugs, polchetes, polias, pontas, ponteira, porcas, portas, postiço, potenciometro, prego, prendendores, prisma, probe, programa, projetor, prolongamento, propulsora, proteção, prumo, purgador, puxador, quadro, rack, radiador, range, raspadeira, reator, rebarba, rebites, rebolo, receptáculo, reduções, redutores, refletor, registrador, régua, regulador, reparos, reles, relógio, res aq 31000, reservatório, resina, resistência, resistor, respiro, retentor, retifica, revestimento, rodas, rodízios, rodanas, rolamentos, rolete, roller, rolos, rotores, rotulas, saca pinos, sae, sanfona, sangria, sapata, seal, secador, seccionadora, secocapsula, sede, sela, selo, semi eixo, sensor, separador, silenciador, silicone, silo, simulador, sistema, sockete, soleiras, solicito, sonda, soprador, spinner, spring, sufato, suporte, switch, taco, tacômetro, tala, talha, tambores, tampa, tampão, tanque, tarrachas, tecido, teclado, tenaz, tensionador, terminais, termo, termômetro, termostato, testador, tira, tirante, toca pino, tocha, tomada, tombador, torque, trafo, transdutor, transferidor, transformador, transição, transmissão, travas, travessa, trecho, trilhos, tubos, túnel, união, unidade, válvula, vara, vareta, vedação, vela, ventoinha, ventilador, vergalhão, viga, virador, visor, volante, voltímetro, wampler, washer. Como denota a relação, correspondem a partes ou peças de reposição de máquinas e equipamentos, que não se desgastam imediata e integralmente durante o processo produtivo, o que, na linha de raciocínio até aqui desenvolvida, impede o aproveitamento do crédito. Em situação semelhante, acórdão nº 3401003.056, do Conselheiro Robson Bayrel, para a mesma empresa, analisando produtos semelhantes aos que se encontram no presente processo: Com intuito de esclarecer o alcance da segunda parte do dispositivo, que é reprodução do art. 66, I do RIPI/79 (Decreto nº 83.263/79), então vigente, proferiu a Coordenação Geral do Sistema de Tributação – CST ,à época,o Parecer Normativo nº 65/79, que, em brilhante exegese , aduziu que, mesmo não se integrando ao novo produto, os materiais intermediários deveriam exercer função análoga àqueles que efetivamente se incorporassem ao bem em fabricação, qual seja, de se desgastar, consumir e/ou perder suas propriedade físicas e químicas em função do contato direto com o bem em produção e viceversa. Desta forma, diversamente do que argumenta o recorrente, não bastaria o simples consumo no processo produtivo, ou mesmo a indispensabilidade do insumo ao processo industrial, mas principalmente o contato direto com o produto fabricado. A questão não é nova neste sodalício, que já se debruçou sobre a matéria reiteradas vezes e firmou seu entendimento no sentido que, para a definição do alcance dos termos “matéria prima”, “produtos intermediários” e “material de embalagem”, prevalece a inteligência do Parecer Normativo CST nº 65/79, Fl. 826DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 819 24 como se verifica dos seguintes acórdãos, exemplificativamente colacionados: “IPI. CRÉDITOS BÁSICOS. PRODUTOS NÃO CLASSIFICADOS COMO INSUMOS PELO PN CST N° 65/79. EXCLUSÃO. Incluemse entre os insumos para fins de crédito do IPI os produtos não compreendidos entre os bens do ativo permanente que ,embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos, desgastados ou alterados no processo de industrialização, em função de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou deste sobre aquele. Produtos outros como ferramentas e peças de reposição, não classificados como insumos segundo o Parecer Normativo CST. n° 65/79, incluindo anel, filtro, pastilha, arruela, viga, fusível, rebite, chave, serrote, plug, parafuso, bateria, mangueira, abraçadeira, lâmpada, trena, correia, resistência, luva, prego, joelho, alicate, relê, chave de fenda, retentor e lona de freio, não podem ser considerados como matériaprima ou produto intermediário, para fins de créditos básicos do imposto.”(Acórdão 20309.858) “(...)PARTES E PEÇAS DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. ÓLEOS COMBUSTÍVEIS.Não geram direito ao crédito presumido os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, mesmo que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização, bem como os produtos empregados na manutenção das instalações, das máquinas e equipamentos, inclusive lubrificantes e combustíveis necessários ao seu acionamento(PN CST nº65/79).”(Acórdão 3401001.118) “(...) CRÉDITO PRESUMIDO. LEI N° 9.363/96. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. Não geram direito ao crédito presumido os insumos que, embora se desgastem ou se consumam no decorrer do processo industrial, não se caracterizam como matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem (PN CST n 65/79).”(Acórdão 340300.054) “IPI.RESSARCIMENTO.CRÉDITO PRESUMIDO.LEI N°9.363, DE 1996. PRODUTOS NÃO CLASSIFICADOS COMO INSUMOS PELO PN CST N° 65/79. EXCLUSÃO. Incluemse entre os insumos para fins de crédito do IPI os produtos não compreendidos entre os bens do ativo permanente que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos, desgastados ou alterados no processo de industrialização, em função de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação,ou deste sobre aquele.Produtos e gastos outros, não classificados como insumos segundo o Parecer Normativo CST n° 65/79, incluindo energia elétrica, óleo diesel, comunicações, transportes e outros (materiais de consumo, de higiene, peças, uniformes, vestuário etc) não podem ser considerados como matéria prima ou produto intermediário para os fins do cálculo do crédito presumido estabelecido pela Lei n° 9.363/96, devendoosvalorescorrespondentesserexcluídosnocálculodobenefi cio.” (Acórdão 20312.477) “IPI CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS E COFINS. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. Não geram crédito de IPI as Fl. 827DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 820 25 aquisições de produtos que não se enquadrem no conceito de matériaprima, material de embalagem e produto intermediário, assim entendidos os produtos que sofram alterações, tais como o desgaste,o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas,em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, nos termos do PN CST n° 65/79.”(Acórdão CSRF / 0202.706) Esse, aliás, o motivo da não aceitação da energia elétrica e dos combustíveis no cálculo do crédito presumido de IPI de que tratava a Lei nº9.363/96,como se verifica da Súmula CARF nº19:“Não integram a base de cálculo do crédito presumido da Lei nº 9.363, de 1996, as aquisições de combustíveis e energia elétrica uma vez que não são consumidos em contato direto com o produto, não se enquadrando nos conceitos de matériaprima ou produto intermediário.”(destacado) Portanto,acertados o lançamento e a decisão sob vergasta quando adotaram a acepção de produto intermediário contida no PN CST nº 65/79 para exame dos insumos passíveis de creditamento do IPI. Demais disso, devese considerar, hodiernamente, ainda, a inteligência das decisões exaradas pelo Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, na sistemática da repercussão geral e dos recursos repetitivos, arts. 543B e 543C, respectivamente, de observância obrigatória pelas turmas julgadoras do CARF, ex vi do art. 62, §2º do RICARF (PortariaMFnº343/15). Exemplo de decisão julgada como recurso repetitivo, atinente ao debate ora realizado, é o REsp 1.075.508/SC, julgado em 23/09/2009,que, mesmo não fazendo remissão expressa aos requisitos dos PNs CST 181/74 e 65/79, destaca que a condição de material intermediário exige que o insumo se desgaste de maneira integral e imediata no processo produtivo,verbis: “PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. AQUISIÇÃO DE BENS DESTINADOS AO ATIVO IMOBILIZADO E AO USO E CONSUMO. IMPOSSIBILIDADE. RATIO ESSENDI DOS DECRETOS 4.544/2002 E 2.637/98. 1.A aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final ou cujo desgaste não ocorra de forma imediata e integral durante o processo de industrialização não gera direito a creditamento de IPI, consoante a ratio essendi do artigo 164, I,do Decreto 4.544/2002 (Precedentes das Turmas de Direito Público: AgRg no REsp 1.082.522/SP, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 16.12.2008, DJe 04.02.2009;AgRg no REsp1.063.630/RJ,Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, julgado em 16.09.2008, DJe 29.09.2008; REsp 886.249/SC, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 18.09.2007, DJ 15.10.2007; REsp 608.181/SC, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 06.10.2005, DJ 27.03.2006; e REsp 497.187/SC, Rel. Ministro Franciulli Netto, Segunda Turma, julgado em 17.06.2003, DJ 08.09.2003). 2.Deveras,o artigo 164,I,do Decreto 4.544/2002(assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras Fl. 828DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 821 26 hipóteses, podem creditar se do imposto relativo a matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo se ‘aqueles que ,embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’. 3. In casu, consoante assente na instância ordinária, cuida se de estabelecimento industrial que adquire produtos ‘que não são consumidos no processo de industrialização (...),mas que são componentes do maquinário (bem do ativo permanente) que sofrem o desgaste indireto no processo produtivo e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final’, razão pela qual não há direito ao creditamento do IPI. 4. Recurso especial desprovido.Acórdão submetido ao regime do artigo 543 C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” Extraise do voto condutor deste aresto a seguinte compreensão do tema: “Destarte, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditar se do imposto relativo a matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose ‘aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente’. Dessume se da norma insculpida no supracitado preceito legal que o aproveitamento do crédito de IPI dos insumos que não integram o produto pressupõe o consumo, ou seja, o desgaste de forma imediata e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa.”(grifado) Portanto, a partir das conclusões dos pareceres normativos e do REsp 1.075.508/SC,as condições cumulativas, para que determinado insumo possa ser enquadrado como material intermediário, são:i)desgaste ou consumo por contato direto com o produto em fabricação,ii) que não seja parte de máquinas e equipamentos ou peças de reposição;iii) não seja classificável como bem do ativo permanente, segundo a legislação do IRPJ; e, iv) que o desgaste seja integral e imediato no processo produtivo. 4.3. grupo 3 aquisição de ferramentas A recorrente cita exemplos de insumos que foram glosados no grupo ferramentas, como maçarico, chumbador, tesoura de corte, e talhadeira, e informa que elas estão presentes em todas as etapas de produção e possuem vida útil reduzida. Existem diversos julgados a respeito do aproveitamento do crédito para ferramentas. Nessa turma, com composição diferente da atual, podemos citar os seguintes acórdãos recentes, em que as ferramentas que não se consomem por desgaste direto com o produto final não dão direito ao crédito do IPI: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Fl. 829DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 822 27 Período de apuração: 01/07/2010 a 30/09/2010 AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS. MATERIAL DE USO E CONSUMO. NÃO HÁ DIREITO DE CREDITAMENTO DO IPI. IMPOSSIBILIDADE LEGAL. Assim como não se admite o creditamento do IPI pela aquisição de produtos destinados ao ativo permanente, também não cabe registro de crédito de IPI pela aquisição de itens de manutenção de máquinas/equipamentos ou de materiais para uso e consumo, a exemplo de eletrodos, óleos lubrificantes, peças de reposição ou ferramentas que não se consomem por desgaste direto com o produto final industrializado, cujas utilizações no processo produtivo, adequadamente descritas nos autos, não autorizam seus enquadramentos como matérias primas ou produtos intermediários lato sensu. (Acórdão nº 3401005.704, do Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco) ... 11. Assim, o que se percebe é que a contribuinte pleiteia o reconhecimento de uma interpretação ampla para o conceito de produtos intermediários que contemple a totalidade dos insumos consumidos no processo de industrialização, ainda que o faça de maneira breve e genérica e englobada. Ocorre que os estabelecimentos industriais e os que lhe são equiparados, conforme autorização legal contida no inciso I do art. 164 do RIPI/2002 podem se creditar do imposto relativo às matérias primas (MP), produtos intermediários (PI) e material de embalagem (ME) adquiridos para emprego na industrialização de produtos, podendo se incluir especificamente entre os produtos intermediários insumos que, embora não se integrando na composição final do novo produto industrializado, sejam consumidos no processo de fabricação por desgaste no contato direto com o produto final produzido, desde que não se trate de bens adquiridos compreendidos no ativo permanente da empresa. 12. Observe se, portanto, que veículos, máquinas e equipamentos, bem como suas partes e peças que não se desgastam em contato direto com o produto, itens de manutenção e materiais de consumo não dão direito a crédito, seja ele básico ou incentivado, não se enquadrando, portanto, no conceito de insumo dado pela legislação do IPI. 13. Desta feita, não assiste à recorrente o direito a crédito de IPI pela aquisição de mercadorias destinadas ao ativo permanente (máquinas, equipamentos, suas partes e peças de reposição), ou na aquisição de itens de consumo ou de manutenção (por exemplo, eletrodos descritos nos autos e os óleos lubrificantes empregados na manutenção de máquinas e equipamentos) e, logo, irreprochável o lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Fl. 830DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 823 28 Data do fato gerador: 31/01/2003, 20/06/2003, 15/01/2004 AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS. PRODUTOS DESTINADOS AO ATIVO PERMANENTE. MATERIAL DE USO E CONSUMO. ITENS DE MANUTENÇÃO. NÃO HÁ DIREITO DE CREDITAMENTO DO IPI. IMPOSSIBILIDADE LEGAL. Assim como não se admite o creditamento do IPI pela aquisição de produtos destinados ao ativo permanente, também não cabe registro de crédito de IPI pela aquisição de itens de manutenção de máquinas/equipamentos ou de materiais para uso e consumo, a exemplo de eletrodos, óleos lubrificantes, peças de reposição ou ferramentas que não se consomem por desgaste direto com o produto final industrializado, cujas utilizações no processo produtivo, adequadamente descritas nos autos, não autorizam seus enquadramentos como matérias primas ou produtos intermediários lato sensu. (acórdão nº 3401004.388, Conselheira Mara Cristina Sifuentes) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/06/2009 a 30/04/2014 DIREITO AO CRÉDITO. MATERIAIS REFRATÁRIOS. INEXISTÊNCIA. Somente são considerados produtos intermediários aqueles que, em contato com o produto, sofram desgaste no processo industrial, o que não abrange os produtos incorporados às instalações industriais, as partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, ainda que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização. Assim, não geram direito a crédito os materiais refratários, pois não se caracterizam como tal. (acórdão nº 9303007.865, Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, por maioria de votos) O Parecer Normativo CST nº 65/79, citado na maioria dos julgamentos em que se trata sobre insumos, expressamente reconhece que a expressão “consumidos” “há de ser entendida em sentido amplo abrangendo exemplificativamente o desgaste, o desbaste, o dano e a perda de propriedades físicas ou químicas, desde que decorrentes de ação direta do insumo sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida”, donde fazem jus ao crédito “as ferramentas manuais e as intermutáveis, bem como quaisquer outros bens que, não sendo partes nem peças de máquinas independentemente de suas qualificações tecnológicas”, enquadremse no conceito de “produtos consumidos”. Sobre o assunto, o referido parecer informa: 4.2 – Assim, somente geram direito ao crédito os produtos que se integrem ao novo produto fabricado e os que, embora não se integrando, sejam consumidos no processo de fabricação, ficando definitivamente excluídos aqueles que não se integrem nem sejam consumidos na operação de industrialização. ... Fl. 831DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 824 29 10.3 Passam, portanto, a fazer jus ao crédito, distintamente do que ocorria em face da norma anterior, as ferramentas manuais e as intermutáveis, bem como quaisquer outros bens que, não sendo partes nem peças de máquinas, independentemente de suas qualificações tecnológicas, se enquadrem no que ficou exposto na parte final do subitem 10.1 (se consumirem em decorrência de um contato físico, ou melhor dizendo, de uma ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, ou por este diretamente sofrida). (grifos nossos) Portanto, não é de se excluir toda e qualquer ferramenta, porque conforme esclarecido pelo Parecer citado se ela se consumir devido a uma ação direta sobre o produto em fabricação gerará direito ao crédito, desde que elas não sejam partes nem peças de máquinas. Na tabela existente no anexo do relatório fiscal, fls. 148 e sgs., podemos observar que as ferramentas ali enumeradas são submetidas a elevadas temperaturas e exposição a ambiente agressivo e com presença de particulados, o que as leva ao desgaste segundo a fiscalização. Nenhuma dos produtos listados possuem características de entrarem em contato direto com o produto em fabricação, aço líquido em altas temperaturas. Por isso deve se manter a glosa efetuada. Quanto ao produto maçarico de corte, a recorrente esclarece que ele é utilizado para realizar o corte do tarugo no lingotamento, e que sofre desgaste pela ação direta exercida em contato com o produto. Atendido os requisitos previstos no PN CST 65/79 deve ser revertida a glosa. Já os produtos chumbador, maçarico, tesoura de corte, e talhadeira a recorrente apenas repete o que consta no relatório fiscal afirmando que são submetidos a elevadas temperaturas e exposição a ambiente agressivo e com presença de particulados, o que as leva ao desgaste, sem agregar informações sobre como se daria o contato direto da ferramenta com o produto em fabricação. Por isso deve ser mantida a glosa efetuada. 4.4. grupo 4 aquisição de refratários A recorrente alega que quanto aos refratários a autoridade fiscal utiliza um conceito superado, já que os considera como parte e peças de equipamentos, e a jurisprudência já se posicionou por os considerar como produtos intermediários. Os refratários são empregados nas indústrias siderúrgicas para o isolamento térmico dos fornos e panelas industriais, com a finalidade de evitarse a perda de calor para o ambiente externo, possibilitando, assim, a manutenção das temperaturas internas desses fornos e panelas necessárias ao processo de fundição e/ou derretimento dos demais insumos para obtenção do aço. Sobre o tema há manifestação recente da CSRF, Acórdão 9303007.865, já citado, negado provimento por maioria de votos: DIREITO AO CRÉDITO. MATERIAIS REFRATÁRIOS. INEXISTÊNCIA. Somente são considerados produtos intermediários aqueles que, em contato com o produto, sofram desgaste no processo industrial, o que não abrange os produtos incorporados às instalações industriais, as Fl. 832DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 825 30 partes, peças e acessórios de máquinas, equipamentos e ferramentas, ainda que se desgastem ou se consumam no decorrer do processo de industrialização. Assim, não geram direito a crédito os materiais refratários, pois não se caracterizam como tal. ... Para o contribuinte, todos itens refratários são “produtos intermediários” (PI), mesmo que não se integrem física ou quimicamente ao produto final, mas que se desgastem no curso do processo produtivo. Em verdade, os mesmos destinamse à manutenção do seu parque produtivo, das máquinas que vão produzir o produto industrializado e que não podem ser confundidas com o próprio processo produtivo e o produto final a ser obtido. No Recurso Especial nº 1.075.508SC, julgado em 23/09/2009, de relatoria do Ministro Luiz Fux, ele bem faz a distinção entre “consumo” do produto e o “mero desgaste” indireto do produto sem ação direta no processo produtivo, que é o caso dos materiais refratários, e que, por isso, não geram direito a crédito de IPI. Desse julgado destacase o excerto abaixo transcrito. Destarte, o artigo 164, I, do Decreto 4.544/2002 (assim como o artigo 147, I, do revogado Decreto 2.637/98), determina que os estabelecimentos industriais (e os que lhes são equiparados), entre outras hipóteses, podem creditar se do imposto relativo a matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindo se “aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente”. Dessume se da norma insculpida no supracitado preceito legal que o aproveitamento do crédito do IPI dos insumos que não integram o produto pressupõe o consumos, ou seja, o desgaste de forma imediata e integral do produto intermediário durante o processo de industrialização e que o produto não esteja compreendido no ativo permanente da empresa. (sublinhado no original) O Parecer Normativo 260/71, que trata especificamente deste tema dos refratários, e os acórdãos ...são explícitos quanto à não admissão do crédito de IPI de materiais refratários: (...) Embora o Parecer Normativo CST nº 65, de 1979, tenha reformulado parte do entendimento antes fixado no Parecer Normativo CST nº 181, de 1974, adaptando o às inovações introduzidas pelo art. 66, inciso I, do RIPI/1979, que prevalecem até hoje, não alterou o entendimento segundo o qual o direito ao crédito não se estende a partes e peças de máquinas em nenhuma hipótese, ou seja, ainda que não incorporadas ao ativo imobilizado e mesmo que, por suas qualidades ou exercem Fl. 833DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 826 31 sobre o produto em fabricação ou que o produto exerce sobre elas. Em tais condições, semelhante direito ao crédito só foi admitido, em virtude das inovações da legislação decorrentes do RIPI/1979, às ferramentas manuais e intermutáveis que não sejam partes de máquinas. Ademais, o refratário não agrega qualquer característica ao produto, mas sim ao equipamento: proteção das altas temperaturas, resistência à abrasão e isolamento térmico. Em outras espécies de equipamento, como os usados em indústrias químicas, os isolamentos térmicos são colocados no lado de fora dos equipamentos e tubulações, e também têm o objetivo de evitar a perda de calor e variações na temperatura. A única diferença para a siderurgia é que na indústria química não é necessário a proteção da parede interna do equipamento, cuja composição (seja metálica ou não), já oferece resistência à abrasão a ao ataque químico. Os refratários colocados no interior de fornos terão sempre a função de proteger a parede metálica do forno, evitando o seu derretimento, ataque químico e perda de calor. E a função dos fornos será sempre a mesma: a queima de combustível gerando calor, que se pretende transferir a uma substância que se quer aquecer. Fica claro que o refratário faz parte do equipamento, e este tem a função de transferir calor gerado pela queima do combustível para a substância de interesse. Não se questiona que o refratário tem contato com o produto. Mas este contato não tem o objetivo de agregar ao produto alguma característica especial. Se não houvesse a necessidade de proteger a parte interna do equipamento, os refratários seriam colocados do lado de fora, apenas com a função de isolamento térmico. E não teriam qualquer contato com o produto. Assim, o fato de ocorrer ou não contato com o produto fabricado não modifica as qualidades ou características tecnológicas dos refratários, que de qualquer maneira não podem ser incluídos entre as matérias primas e os produtos intermediários a que ser refere a segunda parte do art. 226 do RIPI/2010. A interferência nas propriedades do aço pela agregação de partículas do refratário é algo indesejado, um efeito colateral negativo, algo que deve ser minimizado tanto quanto possível. E tal efeito negativo só é aceito e suportado em nome do benefício de proteção do equipamento. Não há dúvida de que o refratário entra em contato com o aço. O que se questiona é se o refratário faz ou não parte de um equipamento. E a resposta é SIM. Todos os equipamentos que terão contato direto com o metal líquido já são construídos com a cobertura refratária, e não podem ser usados em separado. Ou seja, os refratários aqui tratados são empregados nas indústrias siderúrgicas para o isolamento térmico dos fornos e panelas industriais, com a finalidade de evitarse a perda de calor para o ambiente externo, possibilitando, assim, a Fl. 834DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 827 32 manutenção das temperaturas internas desses fornos e panelas necessárias ao processo de fundição e derretimento dos demais insumos para obtenção do aço. A substituição do material refratário danificado é um custo de manutenção no equipamento. Ele se desgasta com o uso do equipamento (do mesmo modo que o pneu de um caminhão, os rolamentos de um motor, etc). Não aumenta sua vida útil, apenas o mantém em funcionamento. Embora sejam repostos com frequência devido às altíssimas temperaturas a que são submetidos, os refratários guardam similaridade não com MP e PI, mas sim com os bens do ativo permanente, pois apenas recondicionam os equipamentos ao seu estado funcional, restabelecendo a sua condição de uso. Portanto, concluo os que materiais refratários (tijolos, blocos, concreto, massa e argamassa) não geram direito ao crédito do IPI, pelo que escorreita a glosa dos mesmos. 5. manutenção do crédito de IPI nos casos de devolução de venda A recorrente alega que não houve fundamentação para que a fiscalização não admitisse os créditos relacionados a devolução de mercadorias. Questiona duas notas fiscais que seriam relativas a devolução de vendas, NF entrada 197781 Filtro Manga 20/12/2013 R$ 57.365,46 e NF saída 258094 de 28/08/2013. Apresenta as cópias das notas fiscais citadas para comprovar o alegado. De fato o Decreto nº 7.212/10 permite o creditamento do imposto relativo a produtos tributados recebidos em devolução: Art. 229. É permitido ao estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, creditarse do imposto relativo a produtos tributados recebidos em devolução ou retorno, total ou parcial (Lei nº 4.502, de 1964, art. 30). E o Regulamento do IPI (RIPI/2010, Dec. nº 7.212/10), nos artigos 231 e seguintes, corrobora com o direito ao creditamento pelo estabelecimento industrial ou equiparado na devolução de produtos saídos originalmente com débitos do imposto, promovidos quer por pessoas jurídicas ou particulares. Assim é de se afastar a glosa relativa a NF apresentada. 6. Ilegalidade do juros de mora sobre multa de ofício. Quanto a aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, esse assunto já se encontra dirimido pelo CARF com a edição da Súmula nº108 de aplicação obrigatória nos julgamentos, conforme art. 45 do RICARF, que determina perda de mandato ao conselheiro que deixar de observar enunciado de súmula: Súmula CARF nº 108 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Fl. 835DF CARF MF Processo nº 11080.722632/201677 Acórdão n.º 3401006.143 S3C4T1 Fl. 828 33 Pelo exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito darlhe parcial provimento para reverter a glosa de: termopar e maçarico de corte, e NF relativa a devolução de venda. Mara Cristina Sifuentes Relatora (assinado digitalmente) Fl. 836DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13738.001501/2007-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003
APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR.
Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida.
CONTRIBUIÇÕES DA PARTE DE SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS.
Nos termos do art. 30, I, "b" da Lei 8.212/1991, a empresa é obrigada a recolher as contribuições da parte dos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre as remunerações desses segurados.
Numero da decisão: 2201-005.115
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, também por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. CONTRIBUIÇÕES DA PARTE DE SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Nos termos do art. 30, I, "b" da Lei 8.212/1991, a empresa é obrigada a recolher as contribuições da parte dos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre as remunerações desses segurados.
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FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. CONTRIBUIÇÕES DA PARTE DE SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Nos termos do art. 30, I, "b" da Lei 8.212/1991, a empresa é obrigada a recolher as contribuições da parte dos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre as remunerações desses segurados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, também por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 73 8. 00 15 01 /2 00 7- 15 Fl. 428DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Relatório 01 Adoto inicialmente como relatório a narrativa constante do Acórdão recorrido (e fls. 330/336) por sua precisão, sendo que os documentos a seguir indicados estão sendo relacionados de acordo com sua numeração do efls dos autos. "DO LANÇAMENTO O presente lançamento referese à NFLD de número DEBCAD 37.124.5060, que, tendo em vista a extinção da Secretaria da Receita Previdenciária do Ministério da Previdência Social e a conseqüente transferência dos processos administrativofiscais para a Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme art. 4° da Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007, recebeu nova numeração, passando a consubstanciar o processo de n° 13738.0015011200715. 2. Tratase de crédito de contribuições sociais da parte de segurados empregados e contribuinte individual, incidentes sobre os pagamentos feitos a tais segurados. O valor do • presente lançamento é de R$ 3.954,84, acrescido de encargos moratórios. 3. O lançamento referese a diferenças de contribuições previdenciárias não informadas em GFIPGuias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social, apuradas através de seu confronto com a base de cálculo constante em folhas de pagamento, nas competências de 01/2003, 04/2003 a 12/2003 e 13/2003 e os valores que foram recolhidos através de GPS Guias da Previdência Social. 4. A fundamentação legal encontrase discriminada no Anexo "Fundamentos Legais do Débito — FLD", onde consta toda a`legislação que embasa o lançamento. 5. Consta do Relatório de Lançamentos, fls. 8/10, por competência, os nomes de todos os segurados empregados e contribuinte individual cujas diferenças de salários de contribuição foram consideradas no lançamento e os valores dos mesmos. 6. Segundo o Relatório Fiscal, fls. 22/24, em razão de as referidas contribuições previdenciárias das GFIP não terem sido informadas pela empresa, não foi aplicada a redução • de 50% Fl. 429DF CARF MF Processo nº 13738.001501/200715 Acórdão n.º 2201005.115 S2C2T1 Fl. 429 3 da multa de mora prevista no art. 35, §4° da Lei 8.212/91, acrescido pela Lei 9.876/99. 7. O lançamento foi efetuado em 14/12/2007, dentro do lapso temporal determinado pelo Mandado de Procedimento Fiscal de fls.16, compatível com o período de fiscalização e apuração do crédito, com a devida ciência do contribuinte. DA IMPUGNAÇÃO 8. Inconformada, às fls. 121/132, a empresa apresentou impugnação, juntando às fls.133/326 comprovante de capacidade postulatória e cópias de GFIP e correspondentes GPS das competências referentes ao lançamento. Alega, em síntese: 8.1. A tempestividade da impugnação. 8.2. O lançamento decorreria de equívoco por parte do Auditor Fiscal, pois todos os fatos geradores apontados no lançamento já haviam sido informados corretamente em GFIP, do que a documentação juntada faria prova, ou seja, o crédito previdenciário encontravase constituído previamente ao presente lançamento. 8.2.1. Assim, a manutenção da presente NFLD importaria cobrança e dobro das contribuições previdenciárias. 8.3. Pede seja deferida a produção de todas as provas admitidas em direito, mormente a prova pericial. 8.4. Alega a inconstitucionalidade dos dispositivos legais invocados no lançamento e, portanto, a ilegalidade do mesmo. Transcreve o art. 113 e seus §§ do CTN e os arts. 146, inciso III, alíneas "a" e "b" , 149 e parágrafo único, 150, inciso IV, 170 e art. 5% inciso XIII e, ainda, cita o art. 5% incisos XLV, XLVI,alínea "b", LIV, LV e LVII, todos da Constituição Federal, e apresenta excertos doutrinários e jurisprudenciais. 8.5. Pelo acima exposto, pede, alternativamente, o reconhecimento da inconstitucionalidade e ilegalidade presentes no lançamento, ou que este seja julgado improcedente. 02 A impugnação do contribuinte foi julgada improcedente pela instância de piso, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2003 CONTRIBUIÇÕES DA PARTE DE SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Fl. 430DF CARF MF 4 Nos termos do art. 30, I, "b" da Lei 8.212/1991, a empresa é obrigada a recolher as contribuições da parte dos segurados empregados e contribuintes individuais, incidentes sobre as remunerações desses segurados. 03 Houve recurso voluntário às e fls. 369/394 do contribuinte pugnando pela improcedência do auto. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator 04 – Conheço do recurso por estar presentes as condições de admissibilidade. 05 Alega de forma genérica o contribuinte a preliminar de nulidade do lançamento pelo fato da autoridade fiscal ter se utilizado dos termos da Lei Ordinária 8.212/91 e não Lei complementar, alegando em síntese a inconstitucionalidade do lançamento. 06 No presente caso afasto a preliminar aventada a teor da Súmula nº 02 do E. CARF, pois além de levantar hipóteses de inconstitucionalidade a própria argumentação é confusa e sem objetividade para se reconhecer eventual nulidade do lançamento, e portanto resta indeferida. 07 Após detida análise dos autos e dos argumentos do recorrente entendo que é fácil constatar que o Recurso Voluntário apresentado pelo sujeito passivo, constituise em repetições dos argumentos utilizados em sede de impugnação e, em verdade, acabam por repetir e reafirmar a tese sustentada pelo contribuinte, as quais foram detalhadamente apreciadas pelo julgador a quo. 08 Nestes termos, cumpre ressaltar a faculdade garantida ao julgador pelo § 3ºdo Art. 57 do Regimento Interno do CARF: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e Fl. 431DF CARF MF Processo nº 13738.001501/200715 Acórdão n.º 2201005.115 S2C2T1 Fl. 430 5 III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017). 09 Da análise do presente processo, entendo ser plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. 10 Assim, desde já proponho a manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos, considerandose como se aqui transcrito integralmente o voto da decisão recorrida, verbis. Da Alegação de Ilegalidade/ Inconstitucionalidade 12. Cabe ressaltar que não cabe ao AuditorFiscal, como agente público do Poder Executivo, questionar, ou mesmo declarar qualquer ilegalidade/inconstitucionalidade do ordenamento jurídico, sob pena da grave lesão ao principio basilar da separação dos Poderes, e conseqüente desorganização da máquina estatal. Não ha nenhuma previsão Constitucional da competência de agentes do Poder Executivo para que julguem a ilegalidade/inconstitucionalidade de uma lei ou de um ato normativo, e deixem de aplicálo. 12.1. A Constituição da República é clara ao definir as competências para apreciar questionamentos de constitucionalidade, seja por via de controle abstrato (concentrado), seja em via de controle concreto (difuso). E clara também a Carta Magna em reservar apenas aos órgãos do Fl. 432DF CARF MF 6 Poder Judiciário a competência para constitucionalidade ou não de atos normativos. 12.2. Assim sendo, a esfera administrativa não é o foro adequado para discussões acerca da constitucionalidade das leis e dos atos normativos, até porque, como é por demais sabido, o principio da legalidade, insculpido no inciso II do artigo 5° da Carta Magna opera, em relação ao Poder Público, com os sinais trocados. Ou seja, não é permitido ao Poder Público, nem a nenhum de seus agentes, no exercício de suas funções, que façam algo que não esteja expressamente previsto em lei. Ora, a Lei Maior não abre espaço para que o Poder Executivo, sponte propria, deixe de cumprir uma lei por julgála ilegal/inconstitucional. Até mesmo porque o sistema brasileiro de controle de constitucionalidade disponibiliza para toda a sociedade uma ampla gama de instrumentos capazes de levar a apreciação da questão de legalidade/constitucionalidade ao Judiciário, não se justificando que se defenda a extensão a outro Poder da competência para apreciar tais questões. 12.3. Está, portanto,. fora da esfera de atribuições do agente público a possibilidade de exercer qualquer tipo de controle de legalidade/constitucionalidade, em decorrência do disposto nos artigos 102, I, "a"; 105, III; 106 e 108, I da Constituição Federal. 12.4. 0 artigo 18 da Portaria RFB 10.875/2007 (DOU 24/08/2007), já vigente data da autuação, afasta qualquer análise' da legalidade e constitucionalidade de dispositivos legais e atos normativos no âmbito do contencioso administrativo: Portaria RFB 10.875/2007 Art. 18. É vedado à autoridade julgadora afastar a aplicação, por inconstitucionalidade ou ilegalidade, de atado, acordo internacional, lei, decreto ou ato normativo em vigor, ressalvados os casos em que: (GRIFADO) I tenha sido declarada a inconstitucionalidade da norma pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em ação direta,, após a publicação da decisão, ou pela via incidental, após a publicação da resolução do Senado Federal que suspender ci sua execução; 12.5. Além disso, sendo o lançamento atividade vinculada e obrigatória, não poderia o AuditorFiscal deixar de lançar as contribuições devidas, nem de aplicar na NFLD ora guerreada a multa determinada na legislação previdenciária e os juros SELIC, em obediência ao mandamento insculpido no art. 142, parágrafo único do Código Tributário Nacional e arts. 34, 35, II e 37 da Lei 8.212/91, senão vejamos: Art. 142. Compete privativamente a autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o Fl. 433DF CARF MF Processo nº 13738.001501/200715 Acórdão n.º 2201005.115 S2C2T1 Fl. 431 7 sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de beneficio reembolsado, a fiscaliza cão lavrará notificação de débito, com discriminado clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei n°9.876, de 26/11/99) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: (Redação dada pela Lei n° 9.528, de 10/12/97) a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei n°9.876, de 26/11/99) b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificaÇãO;(Redação dada pela lei n°9.876, de 26/11/99) c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei n°9.876, de 26/11/99) d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência • Social CRPS, enquanto não inscrito em Divida Ativa; (Redação dada pela Lei n°9.876, de 26/11/99) Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de CustódiaSELIC, a que se refere o art. 13 da Lei n.° 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Artigo restabelecido, com nova redação dada e parágrafo único acrescentado pela Lei n.° 9.528, de 10/12/97) 12.6. Pelo acima, afasto a preliminar de inconstitucionalidade e ilegalidade. Do Pedido de Diligência e/ou Perícia 13. A diligência e/ou perícia não será deferida, por ser prescindível e meramente protelatória, com base no art.11 da Portaria RFB n° 10.875, de 16 de agosto de 2007. Fl. 434DF CARF MF 8 13.1. Dizem os artigos 7° e 11 da Portaria RFB 10.875, de 16 de agosto de 2007: Art. 7ºA impugnação mencionará: IV as diligencias ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação de quesitos referentes aos exames desejados, bem como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito; ... (grifei) Art. 11. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de oficio ou a requerimento do impugnante, a realização de diligencias ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 15. (grifei) 13.2. De acordo com o art.333, II, CPC cumulado com o art.5° e 7°, parágrafo 1°, da Portaria RFB n° 10.875, de 16 de agosto de 2007, cabe ao impugnante a prova de todos os fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. 13.3. 0 objetivo da diligência e/ou perícia solicitada é a busca de documentos que devem ter sido apresentados no momento da impugnação, não sendo licita a sua realização para burlar o principio da eventualidade. 13.4. Assim sendo, rejeito o pedido de diligência e/ou perícia, com base no art.11 da Portaria RFB n° 10.875, de;,16 de agosto de 2007, uma vez que, ainda que fossem satisfeitas as condições previstas no art. 7°, inciso IV da mesma, o que não ocorreu, a referida perícia seria prescindível e protelatória. Da Documentação Apresentada: 14. A GFIP é informada pela própria empresa e tem natureza de confissão de divida, conforme dispõe o art. 225, § 10 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Ao prestar as informações, '67 ern" pregador/contribuinte manifesta a sua concordância com a legitimidade das obrigações declaradas em tal documento. Art.225. A empresa é também obrigada a: IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social, por intermédio da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social, forma por ele estabelecida, dados cadastrais, todos os fatos geradores .de contribuição previdenciária e outras informações de interesse daquele Instituto; § 12 As informações prestadas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações a Previdência Social servirão como base de cálculo das contribuições arrecadadas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários, bem como constituir Fl. 435DF CARF MF Processo nº 13738.001501/200715 Acórdão n.º 2201005.115 S2C2T1 Fl. 432 9 seia em termo de confissão de divida, na hipótese do não recolhimento. (GRIFADO) 14.1. O conjunto de sistemas informatizados da Previdência Social é uma importante ferramenta à disposição do Auditor Fiscal, mas apenas uma ferramenta. Tanto é assim que foi a análise de todos os dados constantes dos diversos arquivos, confrontados com a documentação efetivamente apresentada pela empresa em auditoria que formou a convicção quanto à existência de débito para com a Previdência Social. 14.2. A empresa, já em sede de impugnação, alega ter informado em todas as bases de calculo e contribuições presentes nesta NFLDNotificação Fiscal de Lançamento de Débito; ou seja, alega que o crédito previdenciário encontravase constituído previamente ao presente lançamento, do que decorreria a cobrança em dobro das contribuições previdenciárias. 14.2.1. As GFIP apresentadas, todas com datas variadas de emissão, indo de 10/fevereiro/2003 a 30/abril/2004 (muito anteriores à Auditoria Fiscal de que se originou a presente NFLD), vide fls. 132/312, efetivamente, corroboram as alegações da empresa, porém não há comprovação do envio das mesmas e tais GFIP diferem daquelas constantes do sistema informatizado i disposição da Receita Federal do Brasil, ou seja, não há provas de que foram entregues para processamento à Caixa Econômica Federal, do que decorre que não fazem prova e nem tem qualquer efeito sobre o presente lançamento (vide fls. 335/345). 14.2.2. Assim, concluo não ter razão a impugnante ao alegar a préconstituição do crédito tributário pela correta informação em GFIP dos mesmos valores que constam desta NFLD, já que tal fato não foi provado. Dos Valores Lançados 15. Por outro lado, os valores considerados como bases de cálculo para o lançamento estão acordes com as diferenças entre as remunerações extraídas das folhas de pagamento juntadas pelo AuditorFiscal (fls. 25/69) e as informações de remunerações dos segurados existentes no sistema (vide fls. 335/345). 16. Destaco que o contacorrente da empresa aponta não existirem quaisquer recolhimentos para o período de 04/2003 a 12/2003 , enquanto que o recolhimento para a . competência 01/2003 foi considerado no lançamento, vide fls. 11 e 346/347. 17. Por fim, a fundamentação legal está no diapasão do art. 144 do Código Tributário Nacional e o Relatório Fiscal não deixa dúvidas quanto aos procedimentos adotados pela Auditora notificante, proporcionando ao contribuinte o mais amplo direito de defesa assegurado no contraditório, insculpido na Fl. 436DF CARF MF 10 Constituição Federal de 1988, já que o fato gerador está detalhado no relatório fiscal; a base de cálculo, alíquotas e período foram quantificados nos diversos discriminativos anexos à. NFLD e a base legal do lançamento foi descrita no Relatório de Fundamentos Legais. Conclusão 11 Diante do exposto, conheço do recurso para no mérito NEGARLHE PROVIMENTO na forma da fundamentação. (assinado digitalmente) Marcelo Milton da Silva Risso Fl. 437DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.911502/2010-18
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2006
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1003-000.583
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Wilson Kazumi Nakayama, Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 91 15 02 /2 01 0- 18 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 11065.911502/201018 Acórdão n.º 1003000.583 S1C0T3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 1042.887, de 15 de março de 2013, da 5ª Turma da DRJ/POA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte, não conhecendo do direito creditório. A Recorrente apresentou manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório, nº de rastreamento 893935835, emitido em 01/11/2010, que confirmou parcialmente o crédito originado de saldo negativo de CSLL e não homologou a PER/DCOMP nº 07777.52600.240206.1.3.030108. Destacou, em suas alegações, que: De fato o crédito existente em nome do contribuinte, originouse através da Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2007 entregue em 28/06/2006, sob o nº 0932876559, controle 15.96.98.47.2795 (doc. 02) no montante de R$ 14.942,55, conforme crédito consignado na ficha 17 Cálculo da Contribuição sobre o Lucro Líquido (Doc 03), e de R$ R$ 22.440,13, conforme crédito consignado na Ficha 12 Cálculo do Imposto de Renda sobre o Lucro Real PJ em geral (Doc.04), demonstrando haver créditos suficientes a dar suporte a compensações realizadas. A DRJ/POA julgou a manifestação de inconformidade improcedente e não reconheceu o direito creditório, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário:2005 COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO PARCIAL DO CRÉDITO. Cabe ao contribuinte demonstrar a certeza e liquidez do crédito que pretende utilizar na compensação de débitos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a Recorrente apresentou recurso voluntário que, em síntese, alegou: (i) no ano calendário de 2005, a Recorrente efetuou recolhimento da CSLL através de cálculo no lucro real, tendo sido constatado, no encerramento do exercício, saldo negativo no valor de R$ 14.942,55 (Ficha 17 DIPJ). Informa que no decorrer do ano de 2005, foram pagas estimativas no total de R$ 39.414,52, incluindo nesse valor as compensações realizadas e os DARF pagos, esses no valor total de R$ 14.654,94; (ii) que apresentou várias PER/DCOMP em razão do crédito de saldo negativo de CSLL para compensar débitos de CSLL no ano de 2006, mas, ao apresentar os PER/DCOMP, a Recorrente deixou de juntar documentos considerados pela DRJ como essenciais à comprovação do saldo credor; Fl. 190DF CARF MF Processo nº 11065.911502/201018 Acórdão n.º 1003000.583 S1C0T3 Fl. 4 3 (iii) que, em razão do princípio da verdade material, deve o direito creditório ser reconhecido, uma vez que a Recorrente colaciona ao processo todos os documentos que entende suficientes para comprovar a existência do crédito; (vi) a necessidade de obediência aos princípios da eficiência, da razoabilidade e proporcionalidade, bem como da interpretação mais favorável ao contribuinte; Por fim, requereu a reforma do r. acórdão, para o fim de que seja deferido, em favor da Recorrente, a compensação pleiteada. É o Relatório. . Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. A Recorrente declarou ter efetuado recolhimento da CSLL através de cálculo no lucro real no ano calendário de 2005. No encerramento do exercício, foi apurado saldo negativo no valor de R$ 14.942,55. No recurso voluntário, a Recorrente afirma que, no decorrer do ano de 2005, foram pagas estimativas no total de R$ 39.414,52, incluindo nesse valor as compensações realizadas e os DARF pagos, esses no valor total de R$ 14.654,94; Em razão do saldo negativo de CSLL apurado, a Recorrente apresentou várias PER/DCOMP para compensar débitos de CSLL no ano de 2006. A compensação de alguns processos, incluindo o processo em análise, não foi homologada, tendo a autoridade fiscal identificado que o valor do saldo negativo disponível era R$ 0,00, isso porque as parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ menos a CSLL devida, tem zero como resultado. Tanto na manifestação de inconformidade, como no recurso voluntário, a Recorrente destacou que o seu saldo negativo é o apurado em DIPJ. Em julgamento de primeira instância, a DRJ não conheceu o direito creditório da Recorrente devido ao fato de não ter identificado as estimativas pagas a título de CSLL que poderiam confirmar o saldo negativo apurado em DIPJ. Nesse sentido, destaca o Relator do r. acórdão ter buscado identificar eventuais pagamentos que não estivessem informados no PER/DCOMP e apenas localizou um pagamento no valor de R$ 1.531,71, que não estava reconhecido pelo Despacho Decisório, contudo destacou não ter identificado apuração de saldo negativo. As estimativas pagas, pois, confirmadas totalizaram o valor de R$ 19.942,55. Destacase, mais uma vez, que a Recorrente informa terem sido pagas estimativas no total de R$ 39.414,52, contudo a DRJ não conseguiu reconhecer as demais Fl. 191DF CARF MF Processo nº 11065.911502/201018 Acórdão n.º 1003000.583 S1C0T3 Fl. 5 4 estimativas que compuseram o saldo negativo na DIPJ, pois o Relator do acórdão recorrido não encontrou nenhum outro pagamento além daqueles já declinados. No recurso voluntário, a Recorrente reconhece que teve seu pleito negado porque não juntou ao requerimento todos os documentos que entende suficientes para comprovar a existência do crédito de saldo negativo, contudo a Recorrente não juntou nenhum documento contábilfiscal suficiente para comprovar a existência do saldo negativo informado. A mesma juntou ao recurso voluntário as PER/DCOMP apresentadas em relação a esse suposto crédito e os DARF cujos recolhimentos já haviam sido reconhecidos pelas esferas administrativas inferiores, outros documentos como planilha foram produzidas unilateralmente e tampouco informam as outras estimativas que fizeram parte da apuração do saldo negativo. Em outras palavras, a Recorrente deixou de apresentar a documentação hábil para comprovar o crédito. Em que pese o entendimento da Recorrente de ter o crédito, é importante observar que os diplomas normativos de regências da matéria, quais sejam o art. 170 do Código Tributário Nacional e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deixam clara a necessidade da existência de direto creditório líquido e certo no momento da apresentação do Per/DComp, hipótese em que o débito confessado encontrarseia extinto sob condição resolutória da ulterior homologação. A Declaração de Compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pela Recorrente quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de débitos tributários. Instaurado o contencioso e estabilizada a lide, qualquer alteração no pedido desnatura o objeto. Ou seja, era impossível para a autoridade administrativa, no momento do Despacho Decisório, identificar o crédito que a Recorrente alega possuir. Porém, após o despacho decisório, cabe ao contribuinte apresentar provas contábilfiscais para comprovar o crédito. Apenas nas situações comprovadas de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos existentes no Per/DComp podem ser corrigidos de ofício ou a requerimento da Requerente, como determina o art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. A comprovação, portanto, é condição para o reconhecimento do crédito apontado no PER/DCOMP. A DIPJ, embora seja um documento importante, não é o meio hábil para comprovar as alegações do autor por se tratar de mera declaração sem efeitos de confissão de dívidas (a partir do exercício de 2000), tendo, pois, efeitos meramente informativos. Dessa forma, a Recorrente deveria ter apresentado, através de quaisquer provas em direito admitidas, a comprovação de todos os valores das estimativas que compuseram o saldo negativo informado na DIPJ. O r.Acórdão inclusive foi bastante claro quanto à impossibilidade de identificar como as estimativas não reconhecidas através de recolhimento dos DARF teriam sido quitadas, vide trecho constante no voto do acórdão: Fl. 192DF CARF MF Processo nº 11065.911502/201018 Acórdão n.º 1003000.583 S1C0T3 Fl. 6 5 Mesmo em grau de recurso voluntário a jurisprudência do CARF, na qual me filio, tem aceitado a juntada de documentos posteriormente à manifestação de inconformidade, desde que esclareça pontos fundamentais na ação. Contudo, a Recorrente não juntou nenhum documento contábilfiscal da empresa ao recurso voluntário. Exceto o primeiro pagamento, os demais constaram do PER/DCOMP e já foram reconhecidos no despacho decisório. Resta reconhecer, então, apenas o pagamento de 30/08/2005, no valor de R$ 1.531,71. Mas, mesmo assim, não há apuração de saldo negativo. As estimativas confirmadas totalizam R$ 14.654,94 ( 13.123,23 + 1.531,71), frente a CSLL devida de R$ 14.942,55. As demais estimativas que compuseram o saldo negativo na DIPJ não podem ser reconhecidas, pois não encontrei pagamentos correspondentes. A recorrente não explica como teriam sido quitadas tais antecipações e, menos ainda, comprova tais quitações. O mesmo se aplica à alegada compensação: não há qualquer alegação/comprovação acerca dessa matéria. Outrossim, é em razão do princípio da verdade material que a Recorrente deveria ter colacionado aos autos os documentos contábilfiscais da empresa, pois a autoridade fiscal poderia ter efetuado a homologação de ofício, uma vez identificada a correição das alegações da Recorrente. O contrário homologar a compensação sem os documentos indispensáveis, considerando apenas as declarações da DIPJ não é observar ao princípio da verdade material, mas agir de forma impudente, pois com base nas declarações e documentos constantes no processo não há como validar os créditos, e, por conseguinte, não pode ser identificada a liquidez e certeza dos créditos em discussão nestes autos (art. 170 CTN). Por fim, a Recorrente ainda defende a necessidade de obediência aos princípios da eficiência, da razoabilidade e proporcionalidade, bem como da interpretação mais favorável ao contribuinte, contudo o caso dos autos trata de insuficiência de prova quanto a todas as estimativas pagas para compor o saldo negativo, não há como a autoridade fiscal homologar crédito incerto. Isto posto, voto em negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão da DRJ. (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 193DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10735.904452/2009-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.098
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator, vencido o Conselheiro Walker Araújo que negava provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Presidente Substituto e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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RELATÓRIO Trata o presente processo de apreciação de compensação declarada no PER/DCOMP, de crédito de contribuições que teria sido recolhido a maior, com débito(s) da própria interessada. A unidade de jurisdição não reconheceu o direito creditório pleiteado, conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Cientificada do despacho e da cobrança do débito declarado no PER/DComp, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade, na qual alega que: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 35 .9 04 45 2/ 20 09 -7 8 Fl. 113DF CARF MF Processo nº 10735.904452/200978 Resolução nº 3302001.098 S3C3T2 Fl. 3 2 Na base de cálculo do valor originalmente apurado estavam incluídos os valores relativos às comissões das vendas diretas realizadas pela Volkswagen do Brasil; Nas vendas diretas feitas pela Volkswagen do Brasil diretamente ao comprador, o Concessionário, no caso a TRÊS RIOS AUTOMÓVEIS S.A., recebe uma comissão por ser intermediário na operação de venda; Tratase de uma "prestação de serviços", na qual é exigida a emissão de Nota Fiscal de Serviços. Tal receita é contabilizada como "receita operacional por venda de serviços". Nesta condição, como a comissão é inferior a 9% (nove por cento), para efeito de PIS e COFINS, a tributação se dá pela alíquota zero; A fundamentação legal é a Lei n° 10.485 de 03.07.2002 (D.O.U.: 04.07.2002); Constatada a diferença na determinação da base de cálculo, foi apresentada DACON retificadora. Cabe ressaltar que não foi possível fazer a retificação da DCTF, porque o programa acusava erro quando era informado um valor diferente de débito para um pagamento a maior. Face ao exposto, a Impugnante apresenta seu pedido para que essa Delegacia de Julgamento reconheça seu direito ao crédito e declare homologada a compensação declarada. A 17ª Turma da DRJ Rio de Janeiro (RJ) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme acórdão acostado aos autos, cuja ementa é parcialmente transcrita a seguir: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega. Manifestação de Inconformidade Improcedente Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual reproduz os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade e solicita a possibilidade de juntada de novos documentos no prazo de 60 dias. Termina petição recursal requerendo o provimento do recurso voluntário para fins de que seja reconhecido o direito creditório e integralmente homologada a compensação declarada. Posteriormente, dentro do prazo requerido, apresentou os documentos: que solicita sejam analisados. Fl. 114DF CARF MF Processo nº 10735.904452/200978 Resolução nº 3302001.098 S3C3T2 Fl. 4 3 É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302001.089, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 10735.903534/200903, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3302001.089): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. A instância a quo, utilizou como razão de decidir a falta de provas do direito creditório, de acordo com trecho do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: No caso em tela, o contribuinte deveria apresentar ao Fisco os comprovantes fiscais e contábeis – documentos de arrecadação e livros fiscais e contábeis – relativos ao crédito pleiteado, sob pena de seu suposto direito não poder ser exercido por falta de requisito fático, que é a liquidez e certeza deste. Em vez de comprovar como apurou o novo valor devido do(a) Cofins em ago/05, o interessado limitouse a afirmar que efetuou pagamento indevido, sem demonstrar contabilmente como teria sido apurado este novo valor, o que deveria ter feito. O recorrente, em sede de recurso voluntário, também não apresentou um único documento que comprovasse seu direito creditório, apenas solicitou o prazo de 60 dias para apresentar os documentos. Dentro dos 60 dias solicitados no recurso voluntário, o recorrente apresentou petição requisitando a análise dos seguintes documentos: termo de abertura e encerramento do livro 00007, folhas 32/134 do balancete analítico do período 09/2005e o comprovante de recolhimento no valor de R$ 9.278,00. A questão que surge está ligada ao direito de apresentação de documentos a qualquer momento processual em nome da verdade material. Entendo que depende do tipo de processo que está em análise. Nos casos de procedimentos referentes a despacho eletrônico de pedido de restituição, onde o sujeito passivo não é intimado pela unidade preparadora para prestar informações jurídicas acerca do crédito requisitado, o primeiro momento que ele tem para se pronunciar sobre questões de direito é na manifestação de inconformidade. Porém, nem Fl. 115DF CARF MF Processo nº 10735.904452/200978 Resolução nº 3302001.098 S3C3T2 Fl. 5 4 todo patrono é operador do direito ou está familiarizado com a instrução probatória, podendo deixar de providenciar documentos relevantes, pelo simples fato de desconhecer sua importância. Por esse motivo, se o sujeito passivo não se manteve inerte, buscando sempre participar da instrução probatória, não vejo motivos para negar a apreciação de documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário. Acontece que nem na manifestação de inconformidade, nem no recurso voluntário, o recorrente apresentou documentos que comprovassem as questões de direito por ele alagadas que embasariam seu indébito tributário. Posteriormente, conforme já mencionado, foram acostados aos autos documentos que embasariam seu pedido de restituição. Ocorre que os documentos acostados, caso autênticos, podem sugerir que o sujeito passivo efetuou recolhimentos indevidos. Não posso deixar de admitir que os fatos produzidos extemporaneamente geraram grande dúvida, o que impossibilita meu julgamento nesta assentada. Consoante noção cediça, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, é a literalidade do art. 29 do Decreto nº 70.235/72. Assim, entendo que as alegações e as provas produzidas pelo recorrente nesta fase recursal devem ser analisadas com mais profundidade pela Unidade Preparadora nos termos do Parecer Cosit n° 02/2015. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem avalie a autenticidade dos documentos acostados após a interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual." Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por converter o julgamento em diligência para que órgão de origem avalie a autenticidade dos documentos acostados após a interposição do recurso voluntário, analise a existência do Fl. 116DF CARF MF Processo nº 10735.904452/200978 Resolução nº 3302001.098 S3C3T2 Fl. 6 5 indébito tributário e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000493/2010-40
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2007
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES - CARÁTER HABITUAL E VINCULADO AO SALÁRIO. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO 16/2011 DA PGFN.
A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS.
O descumprimento do § 2º, do art. 3ª, da Lei nº 10.101/2000 que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de contribuição previdenciária em relação a todos os pagamentos feitos a título de PLR.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-007.665
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer integralmente do Recurso Especial, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, que conheceu parcialmente do recurso, apenas quanto à retroatividade benigna, e as conselheiras Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram parcialmente, apenas quanto ao abono e à retroatividade benigna. No mérito, por voto de qualidade, acordam em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial para aplicação da Súmula CARF nº 119.
Assinado digitalmente
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício.
Assinado digitalmente
Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2007 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. NFLD. ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES - CARÁTER HABITUAL E VINCULADO AO SALÁRIO. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO 16/2011 DA PGFN. A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS. O descumprimento do § 2º, do art. 3ª, da Lei nº 10.101/2000 que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de contribuição previdenciária em relação a todos os pagamentos feitos a título de PLR. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer integralmente do Recurso Especial, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, que conheceu parcialmente do recurso, apenas quanto à retroatividade benigna, e as conselheiras Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram parcialmente, apenas quanto ao abono e à retroatividade benigna. No mérito, por voto de qualidade, acordam em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial para aplicação da Súmula CARF nº 119. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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CUSTEIO. NFLD. ABONO. REMUNERAÇÕES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES CARÁTER HABITUAL E VINCULADO AO SALÁRIO. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO 16/2011 DA PGFN. A importância paga, devida ou creditada aos segurados empregados a título de abonos não expressamente desvinculados do salário, por força de lei, integra a base de cálculo das contribuições para todos os fins e efeitos, nos termos do artigo 28, I, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.528/97. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS. O descumprimento do § 2º, do art. 3ª, da Lei nº 10.101/2000 que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de contribuição previdenciária em relação a todos os pagamentos feitos a título de PLR. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. SÚMULA CARF Nº 119. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 04 93 /2 01 0- 40 Fl. 941DF CARF MF 2 tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer integralmente do Recurso Especial, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, que conheceu parcialmente do recurso, apenas quanto à retroatividade benigna, e as conselheiras Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que conheceram parcialmente, apenas quanto ao abono e à retroatividade benigna. No mérito, por voto de qualidade, acordam em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial para aplicação da Súmula CARF nº 119. Assinado digitalmente Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em Exercício. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Cuidase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2301003.385, proferido na Sessão de 13 de março de 2013, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2007 REMUNERAÇÃO CONCEITO Remuneração é o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, decorrentes do contrato de trabalho. Fl. 942DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 3 3 PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS. A Participação nos Resultados (PPR) é extensiva aos ocupantes de cargo de liderança, pois estes contribuem diretamente para o resultado da empresa, não havendo razão para distinção entes eles e os empregados subordinados. Os acordos coletivos demonstram que os pagamentos efetuados respeitaram a periodicidade de 02 (duas) parcelas ao ano, dentro de limite de um semestre civil. Inexistência de incidência de contribuições previdenciárias. ABONO ÚNICO NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os abonos únicos, previstos em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 16/2011 da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional PGFN. ABONO ESPECIAL DE FÉRIAS A rubrica intitulada “Abono Especial de Férias” paga em desacordo com a legislação previdenciária, integra o salário de contribuição por possuir natureza salarial. LISTA DE CORESPONSÁVEIS. Os diretores ou sócios somente poderão constar na lista de coresponsáveis do lançamento fiscal como mera indicação nominal de representação legal, mas não para os efeitos de atribuição imediata de responsabilidade solidária, visto que deverão ser observadas as condições previstas no artigo 135, do CTN. A decisão foi assim registrada: Acordam os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de manter no lançamento somente os valores pagos a ocupantes de cargo de liderança, nas rubricas PPR, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; b) em dar provimento ao recurso, no argumento do pagamento em período inferior a um semestre civil ou duas vezes ao não, nos termos do voto do Redator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em negar provimento ao recurso nesta questão; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Redator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; d) em negar provimento ao recurso, na questão do abono especial de férias, nos termos do voto da Relatora, vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou Fl. 943DF CARF MF 4 em dar provimento ao recurso nesta questão; II) Por unanimidade de votos: a) em dar provimento ao recurso, no argumento do pagamento com base em aferição de lucros, nos termos do voto da Relatora; b) em excluir do lançamento os valores referentes a abono único, nos termos do voto da Relatora; c) em dar provimento parcial ao recurso, a fim de decidir que a Relação de CoResponsáveis CORESP", o "Relatório de Representantes Legais RepLeg e a Relação de Vínculos VÍNCULOS, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa; d) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Redator: Damião Cordeiro de Moraes. Declaração: Damião Cordeiro de Moraes. O recurso visa rediscutir as seguintes matérias: (a) abono único; (b) multa mais benéfica; e (c) periodicidade para caracterização de participação nos lucros e resultados (PLR). Em suas razões recursais, quanto à matéria (a) abono único, a Fazenda Nacional aduz, em síntese, que não se aplica no presente caso o entendimento ventilado no Ato Declaratório nº 16/2011 no Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011; que como se afere da doutrina, a despeito da expressão “abono” nem sempre ser empregada em seu sentido técnico, como ocorre no caso do art 144, da CLT, onde o legislador utiliza o termo para se referir á parcela suplementar de férias, paga em decorrência de previsão em regulamento empresarial, acordo ou convenção coletiva de trabalho, é incontroversa a natureza salarial da verba, uma vez que se trata de valor pago em decorrência do contrato de trabalho; que os tribunais trabalhistas não deixam dúvidas quanto à integração do abono ao salário do empregado para todos os efeitos legais; que pelo teor das informações colacionadas pela fiscalização e nos termos da manifestação de insurgência do contribuinte, notase que o abono tem vinculação com o salário mediante a fixação de percentuais sobre ele estipulados; que pela redação dos dispositivos convencionados, é inquestionável a natureza contraprestativa da verba, paga como decorrência do contrato de trabalho; que é também livre de dúvidas, o enquadramento da verba na previsão contida no § 1º do art. 457, da CLT, donde se deflui a natureza jurídica salarial da parcela paga; que, diante do exposto, fica claro que não deve ser aplicada a jurisprudência do STJ ao caso, isso porque não se está diante da hipótese ali tratada; que do exame dos artigos 22 e 28, da Lei nº 8.212, de 1991, o conceito de saláriodecontribuição não se restringe apenas ao salário base do trabalhador, tem como núcleo a remuneração de forma mais aplicada, alcançando outras importâncias pagas pelo empregador, sem importar a forma de retribuição ou o título; que o § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991 lista as verbas sobre as quais não incide a contribuição previdenciária, não podendo as mesmas serem interpretadas de forma extensiva; que a alínea “e”, item 7, do referido dispositivo retira do campo de incidência da contribuição apenas as verbas “recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; que, ademais, de acordo com o art. 457, § 1º, da CLT, todo abono tem cunho salarial, integrandose, pois, ao salário de contribuição. Sobre a matéria “b” – da multa, aduz a fazenda nacional, em síntese, que o art. 35, da Lei nº 8.212/91, na nova redação conferida pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, não pode ser entendido de forma isolada do contexto legislativo no qual está inserido; que a MP 449 ao mesmo tempo em que alterou a redação do art. 35, introduziu o art. 35A a fim de instituir uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários Fl. 944DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 4 5 previdenciários; que, segundo o art. 35A, efetuado o lançamento de ofício das contribuições previdenciárias indicadas no art. 35, deverá ser aplicada a multa de oficio prevista no art. 44, da Lei nº 9.430, de 1.9956; que, como sói acontecer com os demais tributos federais, a incidência de multa de mora ocorrerá naqueles casos expressos no art. 61, da Lei nº 9.430, de 19996, ou seja, nos casos em que o contribuinte incorreu em mora e efetuou o recolhimento com atraso; que diante da falta de pagamento ou recolhimento do tributo e/ou falta de declaração ou declaração inexata é exigido, além do principal e dos juros, os valores relativos às penalidades pecuniárias que no caso consistirá na multa de ofício; que tratandose de lançamento de ofício a multa a ser aplicada é a do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1.996; que a multa de mora e a multa de ofício são excludentes entre si; que para se averiguar a ocorrência da retroatividade benigna no caso concreto, a comparação entre normas deve ser feita entre o art. 35, da Lei nº 8.212/91 em sua redação antiga (revogada) e o art. 35A da LOPS. Finalmente, sobre a terceira matéria periodicidade para caracterização de participação nos lucros e resultados (PLR). – sustenta a Fazenda Nacional que, em perfeita consonância com o art. 201, § 11º, da Constituição ?Federal, o art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991 define o conceito de SaláriodeContribuição; que o salário é o elemento remuneratório do trabalho, e se a Constituição ou a Lei Básica de Previdência Social não excluírem o pagamento de determinada parcela remuneratória, esta não deve ser excluída da base de cálculo da contribuição; que é Participação nos Lucros e Resultados apenas o numerário pago aos empregados nos termos previstos na lei a que se refere o citado preceito constitucional; que somente as verbas pagas a título de participação nos lucros e resultados, nos termos da Lei nº 10.101/00, estão imunes à tributação; que não é o caso dos autos, conforme demonstrado no Relatório Fiscal;. Que no caso dos autos o requisito de ´periodicidade não foi observado. A contribuinte foi cientificada do Acórdão Recorrido, do Recurso Especial da Procuradoria e do Despacho que lhe deu seguimento em 19/07/2016 (efls. 800), mas em 13/06/2016 (efls. 836) já apresentara as Contrarrazões de efls. 828 a 835, nas quais aduz, em síntese, quanto ao abono único, que o acórdão apontado como paradigma trata de um abono peculiar, como antecipação de reajuste salarial; que no caso, todavia, em nenhum momento se caracterizou o abono único como antecipação salarial; que tal decisão, portanto, não se aplica ao caso, devendo o recurso ser inadmitido. Sobre a segunda matéria – Multa mais benéfica – sustenta que não foi prequestionada a aplicação do art. 44, I no presente caso, razão pela qual deve ser inadmitido o recurso. Finalmente, sobre a periodicidade da PLR – diz a contribuinte que há evidente equívoco quanto à identificação de paradigmas, pois as decisões apenas mencionam que não houve o respeito ao semestre civil o que não se aplica ao caso; que ficou claramente demonstrado que a previsão de pagamento da PLR era anual, sendo que, por acordo entre a empresa e o sindicato houve adiantamento de uma parcela, o que ocorreu em outro semestre civil; que não há que se falar em pagamento em período inferior a um semestre civil, haja vista que a recorrida efetua o pagamento de uma parcela em julho (adiantamento) e a outra somente em fevereiro do outro ano, sete meses depois do pagamento do adiantamento; que na decisão colacionada como paradigma, apenas se menciona o pagamento em periodicidade inferior a um semestre civil, sem se explicar a forma de pagamento, as datas e quaisquer informações que possam identificar a interpretação dada pelo outro órgão; que, portanto, não houve demonstração da similitude fática em recorrido e paradigmas. Fl. 945DF CARF MF 6 Quanto ao mérito, a Contribuinte pede a manutenção do acórdão recorrido com base em síntese, nos fundamentos deste, que, segundo o contribuinte, “apreciou com precisão os temas em questão”. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa O recurso é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. as objeções levantadas pela Contribuinte em sede de Contrarrazões não procedem. Senão vejamos. Sobre o abono único aduz a Contribuinte, em sede de contrarrazões, que o paradigma trata de um abono especial, como antecipação salarial. Compulsando os acórdãos indicados como paradigma, contudo, verifico que ali se cuida de situações similares à do Recorrido: abonos concedidos em convenção coletiva de trabalho, definidos como um percentual do salário base, com um teto predeterminado, e dividido em parcelas. Sobre a alegação de que não foi prequestionada a aplicação do art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996, a alegação também não procede, é que a matéria em discussão não é especificamente a aplicação deste ou daquele dispositivo, mas a do critério para a definição da penalidade aplicável em razão do retroatividade benigna, e esta questão foi inequivocamente tratada no Recorrido. Sobre a terceira matéria não procede a alegação de ausência de similitude fática entre os julgados recorrido e paradigma. A divergência diz respeito ao pagamento de parcelas em periodicidade inferior a um semestre, sendo irrelevante se se trata de antecipação ou não. Ambos os acórdãos falam em “pagamento” de parcelas, e oferecem soluções distintas, o que configura o dissídio jurisprudencial. Conheço, portanto, do recurso. Quanto ao mérito, relativamente ao abono único, entendeu o Acórdão Recorrido que o abono atende aos requisitos definidos no Parcer PGFN nº 2114, de 2011 e do Ato Declaratório PGFN nº 16/2001, que autoriza a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o abono único, previsto em Convenção Coletiva de Trabalho, desvinculado do salário e pago sem habitualidade, não há incidência de contribuição previdenciária”. Sobre o ponto, reproduzo o seguinte fragmento do voto condutor do julgado: Diante do citado Ato, e considerando que o Decreto 70.235/72 estabelece que o disposto no caput do art. 26A não se aplica aos casos de lei ou ato normativo que fundamente crédito tributário Fl. 946DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 5 7 objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, e que a Lei 10.522/2002, citada no art. 26A, determina que os créditos tributários já constituídos relativos à matéria de que trata o seu artigo 19 devem ser revistos de ofício pela autoridade lançadora, entendo que devam ser excluídos do débito, por provimento, a contribuição lançada incidente sobre o pagamento da verba intitulada Abono Salarial, por não integrar o salário de contribuição, uma vez que foi objeto de acordo coletivo e pago sem habitualidade. A Fazenda Nacional se insurge contra a decisão aduzindo que o abono em questão tem vinculação com o salário “mediante a fixação de percentuais sobre ele estipulados”, e portanto não satisfaz os critérios legalmente estabelecidos para sua exclusão da base de cálculo da contribuição social. Pois bem, a matéria está disiplinada no art. 28, I e na alínea, § 9º, “e”, item 7, da Lei nº 8.212, de 1991. Confirase: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; [...] e) as importâncias: [...] 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; Conflitos sobre a interpretação do dispositivo foram solucionadas pelo Superior Tribunal de Justiça que, em decisões reiteradas, consagrou o entendimento de que abonos pagos por força de Convenção Coletiva, quando expressamente desvinculadas do salário e com eventualidade não integram a base de cálculo da Contribuição Social. Essas decisões levaram a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional a editar o Parecer PGFN/CRJ nº 2114/2011 e, com base neste, o Ato Declaratório nº 16/2011 pelos quais autoriza “a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante” sobre os referidos abonos, observadas as condições acima referidas. Diante desse quadro, para a solução da lide não há outro caminho que não o de verificar se o abono em questão satisfaz essas condições, quais sejam, terem sido pagas por força de convenção coletiva, serem pagas com eventualidade e serem desvinculadas do salário. Fl. 947DF CARF MF 8 No presente caso, a Convenção Coletiva de Trabalho, na Cláusua 1, item B (efls. 342) prevê o referido abono, nos seguintes termos: B – As empresas concederão, em caráter especial e eventual, na forma do art. 144, da CLT, aos seus empregados, Abono Especial, totalmente desvinculado do salário, equivalente a 24% (vinte e quatro por cento) do salário vigente em 1º de janeiro de 2005, em três parcelas, na forma e condição a seguir especificada: B.1. Os empregados que em 1º de janeiro de 2005, percerbiam salário até 3.270,00 (três mil, duzentos e setenta reais), terão a primeira parcela do Abono Especial equivalente a 8% (oito por cento), a ser paga até 06 de dezembro de 2005; a segunda parcela, equivalente a 8% (oito por cento), a ser paga até janeiro de 2006. B.2. Os empregados que em primeiro de janeiro de 2005, percebiam salários iguais ou superiores a R$ 3.270,00 (três mil, duzentos e setenta reais), terão direito ao abono especial, em três parcelas, que serão pagas nas seguintes condições: [...] As convenções Coletivas para os anos de 2006 e 2007 trazem cláusula idêntica, alterando apenas os percentuais (efl. 372). Quanto à habitualidade, a referida verba foi paga, pelos menos, nos anos de 2005, 2006 e 2007, em cada ano em 3 parcelas, o que, a meu juízo, lhe retira o caráter de eventualidade, embora a Convenção afirme o contrário. Convenhamos que o pagamento, em três anos consecutivos (pelo menos) de uma vantagem aos empregados não pode ser tida como algo eventual! Finalmente, sobre a desvinculação do salário, verificase que o referido abono é fixado como um percentual deste, e, portanto, proporcional ao salário recebido pelos empregados, o que indica sua vinculação ao salário do empregado. Ao se fixar o abono como percentual do salário, tendo este, portanto, como base de cálculo, o acordo o vincula definitivamente um ao outro. O que se percebe é que o abono, da forma como concedido, representa, efetivamente uma parcela do salário. Aliás, é sintomático que sua previsão integre o artigo que trata do aumento de salários. O fato de a Convenção referir que os tais abonos estão desvinculados dos salários em nada altera o fato de que, dada sua fixação em termos de percentuais do salário do beneficiário, há evidente vinculação entre um e outro. O presente caso, portanto, não se enquadra na hipótese de exclusão da incidência da contribuição sobre o abono prevista no inciso art. 28, § 9º, alínea “e”, item 7, da Lei nº 8.212, tampouco na situação referida na PGFN/CRJ nº 2114/2011 e no Ato Declaratório nº 16/2011. O recurso da Fazenda Nacional, portanto, deve ser provido nesta parte. Sobre a segunda matéria – Multa aplicável – assim decidiu o acórdão, nos termos do seu voto condutos (voto vencedor): Fl. 948DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 6 9 24. Confrontando a penalidade retratada na redação original do art. 35 da Lei 8.212/1991 com a que ora dispõe o referido dispositivo legal, vêse que a primeira permitia que a multa atingisse o patamar de cem por cento, dado o estágio da cobrança do débito, ao passo que a nova limita a multa a vinte por cento. 25. Assim, diante da inafastável aplicação da alínea “c”, inciso II, art. 106, do CTN, concluise pela possibilidade de aplicação da multa prevista no art. 61 da Lei 9.430/1996, com a redação dada pela Lei 11.941/2009 ao art. 35 da Lei 8.212/1991, até 11/2008, se for mais benéfica para o contribuinte. A matéria em discussão diz respeito à definição da(s) penalidade(s) aplicável(eis) no caso de lançamento de ofício quando se apure infrações relacionadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, após as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, em razão da aplicação do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, a seguir reproduzido: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Antes das alterações introduzidas pela Medida Provisória nº 449, de 2008, a Lei nº 8.212, de 1991 previa, para os casos de lançamento de ofício de contribuições sociais de que trata os incisos “a”, “b” e “c”, do parágrafo único, do art. 11, a incidência de uma penalidade para o caso de falta de declaração em GFIP de verba tributável (art. 32, § 5º) e outra penalidade pelo recolhimento insuficiente (art. 35, II). Eis a redação dos referidos dispositivos, antes da MP n° 449, de 2008: Art. 32. A empresa é também obrigada a: § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. [...] Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: [...] II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: Fl. 949DF CARF MF 10 a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; Incidiam, portanto, duas penalidades para duas infrações materialmente distintas: a falta de declaração de verba tributável e o recolhimento insuficiente do tributo. A partir da vigência da Medida Provisória nº 449, de 2008, essas duas penalidades foram substituídas por uma só: a multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Vejamos: Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. O art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, prescreve: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: Fl. 950DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 7 11 I prestar esclarecimentos; II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. § 3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. § 4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. § 5o Aplicase também, no caso de que seja comprovadamente constatado dolo ou máfé do contribuinte, a multa de que trata o inciso I do caput sobre: I a parcela do imposto a restituir informado pelo contribuinte pessoa física, na Declaração de Ajuste Anual, que deixar de ser restituída por infração à legislação tributária; e II – (VETADO). Para aferir qual a penalidade mais benigna, se a prevista anteriormente à Medida Provisória nº 449, de 2008 ou a posterior à mudança legal, devemos sopesar, consideradas as naturezas materiais das infrações previstas, isto é, a relação entre as condutas e as infrações previstas, aquela menos onerosa para o infrator, conforme entendimento consolidado nesta Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016): AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, Fl. 951DF CARF MF 12 ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duascondutas. Como, para as duas condutas: a falta de declaração e o pagamento insuficiente, para as quais a legislação anterior previa a incidência de duas penalidades, cumulativamente, a nova legislação prevê apenas a incidência de uma única penalidade, na aplicação da retroatividade benigna, devese comparar a soma das multas previstas (arts. 35, II, e 32, § 5o, da Lei n° 8.212, de 1991) à multa prevista na nova legislação (art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991). Mais especificamente, como a nova legislação prevê multa de 75%, na ausência de evidente intuito de fraude, haverá retroatividade benigna se a penalidade aplicável, segundo a legislação vigente à época do lançamento, ultrapassar esse percentual. No caso de incidência das multa previstas nos §§ 4º e 5º, do art. 32 e do art. 35, ambos da Lei nº 8.212, de 1991, na redação anterior à MP nº 449, de 2008, se a soma das duas penalidades for superior a 75%. No caso de aplicação, por qualquer razão, de apenas uma das penalidades, a comparação deve ser feita com o valor desta. Esse é o entendimento compatível com a posição da Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, segundo entendimento também consolidada deste Colegiado, conforme voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Fl. 952DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 8 13 § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Fl. 953DF CARF MF 14 Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: ∙ Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou ∙ Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 954DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 9 15 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. A citada Portaria 14, de 2009, que, vale ressaltar, está em perfeita consonância com a jurisprudência do CARF, é clara quanto aos procedimentos a serem observados para aplicação, em cada caso, da retroatividade benigna. Vejamos: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos Fl. 955DF CARF MF 16 valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Assim, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009, que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Finalmente, o CARF aprovou recentemente a Súmula nº 119, consolidando o entendimento aqui esposado. Confirase: Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, Fl. 956DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 10 17 convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Em face ao exposto, concluo no sentido de que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Quanto à matéria “c” – periodicidade para caracterização de participação nos lucros e resultados (PLR) A Lei nº 8.212/1991, trouxe na alínea “j” do § 9º do seu art. 28 a hipótese de não incidência tributária contida no inciso XI, do art. 7º da CF/88, excluindo do campo de tributação das contribuições previdenciárias as importâncias pagas, creditadas ou devidas a título de PLR, sempre que estas verbas forem pagas de acordo com a lei própria de regência, in casu, a Lei nº 10.101/2000: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991: Art. 28 – [...] §9º Não integram o saláriodecontribuição: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica. Por sua vez, a Lei nº 10.101, de 2000 regulou a participação dos trabalhadores nos lucros, e ao fazêlo estabeleceu parâmetros bem definidos e que não podem ser desprezados. Confirase: Lei nº 10.101 de 19 de dezembro de 2000: Art.1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, O Fl. 957DF CARF MF 18 acordo deve ser assinado antes do início do cumprimento das metas, ou seja, antes de iniciado o período de apuração da PLR, não se aceitando a assinatura depois que parte das metas já foram cumpridas ou quando os resultados já são conhecidos. §2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. [...] Art. 3º A participação de que trata o art. 2o não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1º Para efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. §3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. §4º A periodicidade semestral mínima referida no §2o poderá ser alterada pelo Poder Executivo, até 31 de dezembro de 2000, em função de eventuais impactos nas receitas tributárias. §5º As participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. Art. 4º Caso a negociação visando à participação nos lucros ou resultados da empresa resulte em impasse, as partes poderão utilizarse dos seguintes mecanismos de solução do litígio: I – Mediação; II – Arbitragem de ofertas finais. §1º Considerase arbitragem de ofertas finais aquela que o árbitro deve restringirse a optar pela proposta apresentada, em caráter definitivo, por uma das partes. §2º O mediador ou o árbitro será escolhido de comum acordo entre as partes. §3º Firmado o compromisso arbitral, não será admitida a desistência unilateral de qualquer das partes. Fl. 958DF CARF MF Processo nº 13864.000493/201040 Acórdão n.º 9202007.665 CSRFT2 Fl. 11 19 §4º O laudo arbitral terá força normativa independentemente de homologação judicial. Como ressaltado anteriormente, a regra é a incidência da contribuição sobre os rendimentos pagos, o que pode se realizar sobre diferentes rubricas. A exclusão à regra geral, é exceção, regra especial. E, logicamente, aquilo que não está na exceção, está na regra geral. Ora, se, no caso, a norma especial prevê que somente se exclui do salário de contribuição os valores correspondentes a PLR distribuídos na forma preconizada em lei, qualquer pagamento feito fora dessas condições deve ser enquadrado na regra geral, isto é, integra o saláriodecontribuição. É a lei nº 10.101, de 2000 que estabelece as condições para a participação dos empregados nos lucros das empresas. E, como vimos, o art. 28, § 9º, “j”, da Lei nº 8.212, de 1991 remete a hipótese de exclusão dos pagamentos do PLR à lei. E como vimos, no presente caso, os pagamento foram realizados em desacordo ao que estabelece o art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.101, de 2000. Pois bem, no caso concreto, para os anos de 2006 e 2007 embora o acordo previsse o pagamento apenas em fevereiro de 2007 e fevereiro de 2008, para cada ano se previa um adiantamento, tendo sido efetivamente pagos valores a título de PLR em fevereiro de 2006, julho de 2006, fevereiro de 2007 e julho de 2007, portanto, em cada ano, em periodicidade inferior a 6 meses (Relatório fiscal, fl. 91) O acórdão recorrido entendeu que, como o plano previa o pagamento apenas uma vez a cada ano, atendia ao requisito lergal quanto à periodicidade, entendendo que o adiantamento não altera essa periodicidade. Divirjo desse entendimento. Quanto a lei se refere a periodicidade evidentemente está a se refrir aos pagamentos e não à previsão de incidência do benefício. E se é assim, tratandose de adiantamento ou não, tendo havido mais de um pagamento a cada ano, é forçoso concluir pela violação da regra da periodicidade. Nesse sentido, inclusive, já se pronunciou o Tribunal Regional Federal da Primeira Região. Confirase: APELAÇÃO CIVEL AC 31295 MG 2002.38.00.0312951 (TRF1) Data de publicação: 29/11/2005 PROCESSUAL CIVIL, CONSTITUCIONAL E TRIBUTÁRIO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA SENTENÇA. REJEIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS DA EMPRESA. ART. 7º , XI , DA CF/1988 . AUTO APLICABILIDADE. PAGAMENTOS EM PERÍODOS INFERIORES A UM SEMESTRE. DESCARACTERIZAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO EM LUCROS. LEI Nº 10.101 , de 2000, ART. 3º , § 2º. VERBA HONORÁRIA. CONDENAÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA. APLICAÇÃO DO ART. 20 , § 4º , DO CPC . [...] Fl. 959DF CARF MF 20 3. Todavia, após a vigência da Medida Provisória nº 794 , de 29.12.1994, convertida na Lei nº 10.101 , de 2000, a distribuição de valores em periodicidade inferior a um semestre civil descaracteriza a participação em lucros, em face da vedação contida no art. 3º , § 2º , dos referidos atos legislativos. [...] Esta também tem sido a posição predominante neste Colegiado, inclusive no sentido de que todos os pagamentos feitos estão sujeitos à Contribuição Social, e não apenas os pagamentos da segunda parcela. Cito o Acórdão nº 9202005.516, proferido na seção de 25/05/2017, de relatoria da Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, assim ementado, na parte pertinente ao caso: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS. O descumprimento do § 2º, do art. 3ª, da Lei nº 10.101/2000 que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de contribuição previdenciária em relação a todos os pagamentos de PLR e não apenas em relação às parcelas excedentes. Ante o exposto, dou provimento ao recurso neste ponto. Em conclusão, conheço do recurso interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Relator Fl. 960DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.904340/2011-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
REVISÃO DE DESPACHO DECISÓRIO. LIMITE TEMPORAL PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REVER SEUS PRÓPRIOS ATOS. LEI FEDERAL 9.784/199, ARTIGO 53. PARECER NORMATIVO COSIT 8/2014
A revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração, desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. No caso do despacho decisório, o momento se encerra quando é apresentada a Manifestação de Inconformidade pelo contribuinte.
Numero da decisão: 3401-005.935
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em anular o segundo despacho decisório proferido, e os atos que lhe sucedem, vencidos os Conselheiros Mara Cristina Sifuentes (relatora), Lazaro Antônio Souza Soares e Carlos Henrique de Seixas Pantarolli. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Tiago Guerra Machado. O Conselheiro Lazaro Antônio Souza Soares indicou a intenção de apresentar declaração de voto.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mara Cristina Sifuentes - Relatora.
(assinado digitalmente)
Tiago Guerra Machado - Redator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (suplente convocado) e Rodolfo Tsuboi (suplente convocado).
Nome do relator: MARA CRISTINA SIFUENTES
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LIMITE TEMPORAL PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA REVER SEUS PRÓPRIOS ATOS. LEI FEDERAL 9.784/199, ARTIGO 53. PARECER NORMATIVO COSIT 8/2014 A revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração, desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. No caso do despacho decisório, o momento se encerra quando é apresentada a Manifestação de Inconformidade pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em anular o segundo despacho decisório proferido, e os atos que lhe sucedem, vencidos os Conselheiros Mara Cristina Sifuentes (relatora), Lazaro Antônio Souza Soares e Carlos Henrique de Seixas Pantarolli. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Tiago Guerra Machado. O Conselheiro Lazaro Antônio Souza Soares indicou a intenção de apresentar declaração de voto. Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Relatora. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 90 43 40 /2 01 1- 04 Fl. 3180DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.181 2 Tiago Guerra Machado Redator (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antônio Souza Soares, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (suplente convocado) e Rodolfo Tsuboi (suplente convocado). Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da DRJ no acórdão recorrido: Tratase de pedido de ressarcimento relativo a Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) apurado no 3º trimestre de 2008, no valor de R$ 20.281.673,52, conforme o PER/DCOMP nº 13987.64177.301008.1.1.012005. Por meio do Despacho Decisório às fls. 2383/2385, em 29/10/2013, a unidade de origem, com fulcro no relatório fiscal às fls. 2045/2066, efetuou a revisão de ofício, com base na Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 56, do ato decisório anterior (de 03/01/2012, fl. 1.826, com glosa de apenas R$ 160.894,69, inferior à devida) resultante de tratamento eletrônico no âmbito do Sistema de Controle de Créditos e Compensações (SCC), e reconheceu a existência de direito creditório no montante de R$ 15.527.730,87 (com a glosa total de R$ 4.753.942,65) e, consequentemente, homologou as compensações declaradas em PER/DCOMPs até o limite do direito creditório reconhecido. As glosas se referem aos seguintes itens: 1 créditos do imposto referentes a aquisições de empresas fornecedoras optantes pelo Simples Federal, em afronta ao art. 166 do RIPI/2002 e ao art. 5º, § 5º, da Lei nº 9.137, de 1996, conforme “RELAÇÃO DE NOTAS FISCAIS COM CRÉDITOS INDEVIDOS– CRÉDITOS POR ENTRADAS NO PERÍODO” às fls. 1828/1868; 2 créditos do imposto decorrentes de aquisições de fornecedor na situação de cancelado no CNPJ, conforme “RELAÇÃO DE NOTAS FISCAIS COM CRÉDITOS INDEVIDOS – CRÉDITOS POR ENTRADAS NO PERÍODO” às fls. 1828/1868; 3 crédito do imposto relativo a compra de matéria para uso e consumo (CFOP 1.556), conforme “RELAÇÃO DE NOTAS FISCAIS COM CRÉDITOS INDEVIDOS– CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS” à fl. 1869; 4 créditos indevidos decorrentes da aquisição de insumos isentos provenientes da Zona Franca de Manaus; Fl. 3181DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.182 3 5 créditos indevidos decorrentes de operações de devolução ou retorno de mercadorias (CFOP 1.201, 2.201, 1.202, 2.202, 1.949 e 2.949), sendo os últimos dois códigos referentes a substituição em garantia; tais créditos seriam legítimos se e somente se LG cumprisse as norma estabelecidas a partir dos arts. 167 e 169 do RIPI/2002, em especial que escriturasse um controle de fluxo de mercadorias que preenchesse os requisitos legais; o direito ao crédito por devoluções está condicionado à comprovação inequívoca de que a venda/revenda que retornou entrou nos estoques do contribuinte e teve, posteriormente, saída tributada; o controle supostamente equivalente, referido como “Stock History” e apresentado pela requerente, inclusive, encontrase em idioma inglês, sendo que documentos em língua estrangeira, para ter efeitos legais no país, deveriam ser traduzidos para o vernáculo (Código Civil, art. 224); além disso, o sistema apresentado não permite verificar o documento fiscal e o valor do IPI objeto da operação de devolução/retorno; 6 foram identificadas significativas divergências numéricas nos estoques da pessoa jurídica; tais divergências eram oriundas de inúmeras ocorrências, através de ajustes de estoques, sob código alfanumérico CN02; o proceder de LG era coerente com a arquitetura conceitual de seus estoques, coerente com sua lógica operativa, pois ajuste no CN02 era considerado custo, sem nenhuma repercussão no âmbito do IPI; mesmo intuitivamente, percebese o qual infenso era tal “arquitetura conceitual” à sistemática do IPI, posto que, assim, o direito a crédito não se condicionava à efetiva utilização do insumo no processo produtivo e a falta de mercadoria nos estoques não acarretava nenhuma obrigação tributária. No que se refere a insumos com defeito de fabricação, os mesmos deveriam ser objeto de devolução com o correspondente estorno do IPI registrado na entrada (RIPI/2002, art. 193, VI), tratandose de procedimento que o contribuinte adotou em relação a insumos de origem nacional, ao passo que, quando de origem estrangeira, os mesmos foram considerados “custo”; em relação às quebras e perdas, a empresa não consegue distingui las dos insumos rejeitados por seu controle de qualidade; conforme informações prestadas pelo sujeito passivo, não se sabe qual a origem, o motivo dos registros no código CN02, se substituição por quebra, perda ou por estar o insumo com defeito de fabricação e, não existindo documentação sobre a origem deles é impossível informar, com base e substância, qual o índice, qual o percentual de quebras/perdas de seu processo produtivo, dada a mescla destas com insumos originalmente defeituosos, ao lado de o contribuinte não possuir nenhum laudo hábil a justificar eventuais quebras/perdas; forçoso, então, o estorno dos créditos de IPI relacionados às mercadorias que saíram dos estoques e que não tiveram uso produtivo. Regularmente cientificada, a contribuinte apresentou originalmente a manifestação de inconformidade de fls. 1870/1880, alegando, em síntese que: Fl. 3182DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.183 4 as notas fiscais indicadas no demonstrativo como aquisições de fornecedores optantes pelo SIMPLES referemse à devolução de mercadorias por diversas razões, o que, de acordo com a legislação em vigor, autoriza a Requerente a registrar os respectivos créditos, não havendo qualquer vedação relacionada ao SIMPLES; foram glosados créditos de aquisições de estabelecimento supostamente em situação irregular, mas não foram trazidos provas a esse respeito; de acordo com os registros estaduais, o estabelecimento foi cancelado somente em 31/12/2008, após a emissão das notas fiscais; em relação ao CNPJ, de fato a baixa teria ocorrido em 04/07/2008, porém, é sabido que a baixa no CNPJ é realizada, via de regra, sem que haja a efetiva verificação de que o estabelecimento realmente não está operando; além disso, as operações referemse a devolução em garantia, e não interfere a condição do estabelecimento que realizou a devolução; em relação às notas fiscais cujos créditos foram contestados em razão de supostamente o CFOP sob o qual estão registradas não gerar direito a créditos de IPI, cumpre esclarecer que se tratou de devolução de mercadorias que haviam sido adquiridas para uso e consumo da Requerente; ao receber as mercadorias, constatou avarias e devolveu a mercadoria ao remetente original; como a devolução deveria receber o mesmo tratamento da saída original, a Requerente destacou o IPI nessa Nota Fiscal de devolução e registrou a Nota Fiscal original em seus livros fiscais com crédito do imposto. Posteriormente, cientificada do novo Despacho Decisório, a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 2398/2434, alegando, em síntese, o seguinte: a revogação de decisão anterior não poderia ter sido realizada, pois faltam os requisitos para retificação de ofício, e a autoridade fiscal não poderia, a seu bel prazer, arbitrariamente, revogar, anular e emitir atos que impactem diretamente no patrimônio do contribuinte, afetando seu direito adquirido e a segurança jurídica de ter o seu crédito tributário devidamente extinto pela homologação expressa; sendo o IPI um tributo sujeito ao lançamento por homologação, há o prazo decadencial de 5 anos previsto no CTN, art. 150, § 4º; os créditos se referem ao 3º trimestre de 2008, e a ciência do novo Despacho Decisório ocorreu somente no 4º trimestre de 2013; portanto, o novo Despacho Decisório é ilegal e deve ser reconhecido todo crédito pleiteado e homologadas as compensações; o direito a creditamento na aquisição de insumos isentos advindos da Zona Franca de Manaus encontrase alicerçado no princípio constitucional da não cumulatividade, conforme jurisprudência e julgados administrativos que invoca; Fl. 3183DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.184 5 foram glosados os créditos relativos à devolução e retorno de mercadorias, antes alegada falta de comprovação de saída posterior e falta de registro no livro Registro de Controle da Produção e Estoque; não são esses requisitos necessários para o registro dos créditos de IPI em questão, devendo o contribuinte, tão somente, comprovar que os produtos efetivamente retornaram a seu estabelecimento; o RIPI/2002, art. 163, é claro ao autorizar o crédito de IPI na hipótese em tela; a impugnante registrou todas as entradas referentes a devoluções e retornos em seu livro Registro de Entradas e tal comprovação é suficiente para o reconhecimento da legitimidade dos créditos, conforme decisão do CARF; apresenta, a título exemplificativo, conjunto de documentos (anexo à manifestação de inconformidade) que comprovam a efetividade das devoluções das mercadorias; não há restrição para a apresentação de controles em idioma estrangeiro, conforme decisão do CARF; a movimentação de insumos (partes e componentes) importados ou adquiridos no mercado interno quando requisitados para industrialização é lançada na conta CN01 e, para fins de refletir as demais ocorrências relacionadas à movimentação de estoques, utilizase outros códigos, entre os quais o CN02; a requerente não cometeu qualquer irregularidade em relação aos insumos objeto de perda/quebra no processo produtivo, cuja substituição era registrada no código CN02; os valores lançados sob o código CN02 são agregados ao custo de produção, sendo considerados na composição do preço de venda das mercadorias fabricadas; o IPI incide justamente sobre o valor da operação de saída de produtos industrializados, recaindo sobre o preço de venda de seus produtos, o qual é calculado com base no custo de fabricação dos produtos (que inclui tais valores), acrescido da margem de lucro; aceito o lançamento de ofício, estarseia diante de bitributação; no caso em tela, o montante do imposto que incidiu nas etapas anteriores, desde que relacionado a saídas tributadas, dá direito à manutenção de crédito; devem ser admitidas as perdas/quebras de produtos no processo produtivo; nos termos do art. 449 do RIPI/2002, no caso de a fiscalização apurar diferenças nos estoques, justificadas como quebras, tais diferenças devem ser submetidas ao órgão técnico competente para que se pronuncie acerca da aceitabilidade dessas quebras, o que não se deu no caso concreto; as perdas contabilizadas no código CN02 correspondem a um valor ínfimo em relação a todos os insumos adquiridos, em nível admissível para a atividade produtiva da requerente; produtivo durante o período, não se podendo chegar a outra conclusão senão a de que o valor de perdas de mercadorias é irrelevante, devendo ser considerada como razoável no ramo de atividade da requerente; notese que o CARF já aceitou o percentual de 2% de perdas como razoáveis; em relação a insumos estrangeiros com defeito de fabricação, os mesmos possuem um custo unitário bastante reduzido e geralmente provenientes de países localizados a grande distância, motivo pelo qual não são devolvidos; não há, porém, Fl. 3184DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.185 6 qualquer dispositivo que determine a obrigatoriedade de devolução ao fornecedor, com o correspondente estorno do crédito; o que estabelece o art. 193, VI, do RIPI/2002 é que os produtos recebidos com defeito e que forem devolvidos ao fornecedor devem ter seu crédito estornado; não sendo devolvidos os produtos, não há que se falar em estorno de crédito; referidos valores eram considerados perdas no processo produtivo e, ainda, como parte do custo de produção, de modo a serem submetidos à tributação do IPI no momento da saída das mercadorias produzidas. Por fim, requereu que seja integralmente deferido o PER nº 13987.64177.301008.1.1.012005 e homologadas integralmente as DCOMPs apresentadas; ademais, protesta pela juntada de quaisquer documentos ou informações adicionais. A DRJ São Paulo julgou procedente em parte a manifestação, emitindo o acórdão 1458.863, de 10/06/2015. A empresa apresentou Recurso Voluntário, resumidamente onde pleiteia: 1. Impossibilidade de revogação ex officio da homologação expressa anterior, alteração de critério jurídico e ausência de requisitos legais; 2. julgamento extra petita, ou seja, nulidade da decisão que trata de não homologação referente a matérias objeto do despacho decisório revogado; 3. decadência; 4. notas fiscais emitidas por empresas optantes pelo simples; 5. notas fiscais emitidas por empresa com CNPJ cancelado; 6. escrituração de créditos oriundos da ZFM; 7. registro de créditos de IPI sobre devoluções; 8. correções de estoque com ajustes registrados sob o código CN02; 9. sobrestamento até o julgamento final do Recurso extraordinário nº566.819, no que se refere ao registro de créditos de IPI sobre a aquisição de insumos isentos oriundos da ZFM. Por não ser possível identificar a tempestividade da peça recursal o processo foi baixado em diligência, Resolução 3401001.179, de 25/07/2017. A Recorrente foi cientificada da decisão da DRJ no dia 24/06/2015, como atesta o documento de fls. 2808, denominado “Termo de abertura de documento”, que afirma que “O Contribuinte acessou o teor dos documentos relacionados abaixo na data 24/06/2015 8:19h, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), através da opção Consulta Comunicados/Intimações ou Consulta Processos, os Fl. 3185DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.186 7 quais já se encontravam disponibilizados desde 23/06/2015 na Caixa Postal do Domicílio Tributário Eletrônico”. De igual modo, atesta o documento de fls. 2809, denominado “Termo de ciência por abertura de mensagem”, que informa “o destinatário teve ciência dos documentos relacionados abaixo por meio de sua Caixa Postal, considerada seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) perante RFB, na data de 24/06/2015 07:58:48, data em que se considera feita a intimação nos termos do art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72”. Desse modo, devese considerar como data de ciência da decisão recorrida o dia 24/06/2015, quartafeira, como determina o art. 23, § 2º, inciso III, alínea 'b' do Decreto nº 70.235/72, iniciando se a contagem do prazo de 30 (trinta) dias previsto no artigo 30, do Decreto nº 70.235/1972, no dia seguinte, dia 25/06/2015, quintafeira, como dispõe o artigo 5º, do Decreto nº 70.235/1972, encerrandose referido prazo no dia 24/07/2015, sextafeira, como reconhece a Recorrente em sua preliminar de tempestividade, às fls. 2814 dos autos. Para fins de verificação da data de protocolo do Recurso Voluntário, observo que há nos autos apenas o documento de fls. 2810, pelo qual é possível se constatar que a peça recursal e os seus anexos foram juntados e não protocolizados ao processo eletrônico no dia 27/07/2015, segundafeira. Além disso, existe o despacho de fls. 3101, que encaminhou os autos ao CARF, ao que parece, por ter sido "apresentado recurso voluntário com preliminar de tempestividade", o que sugere a intempestividade do recurso voluntário, mas a sua remessa ao órgão julgador de segundo grau administrativo, em obediência ao disposto no artigo 35, do Decreto nº 70.235/19721 combinado com artigo 56, parágrafo 2º, do Decreto nº 7.574/2011. Como se verifica, não há nos autos nenhum documento que ateste com certeza a data de protocolo do Recurso Voluntário, motivo pelo qual proponho ao Colegiado a conversão do julgamento em diligência, para que a unidade de jurisdição de origem acoste aos autos a documentação que informe e comprove a data de protocolo do Recurso Voluntário, podendo intimar a Recorrente a apresentar a sua via do comprovante de apresentação do Recurso Voluntário, e prepare relatório circunstanciado a respeito da efetiva data de protocolo e da tempestividade do Recurso Voluntário. A DRF Taubaté respondeu a diligência, fls. 3155 e sgs., informando que a protocolização do recurso voluntário ocorreu em 27/07/2015, conforme disciplinado na IN RFB nº 1412/2013: Art. 1° A entrega de documentos, em formato digital, na Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), para juntada a Fl. 3186DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.187 8 processo digital ou a dossiê digital de atendimento, será realizada nos termos desta Instrução Normativa. Art. 2° A entrega de documentos de que trata o art. 1º será efetivada por solicitação de juntada a processo digital ou a dossiê digital de atendimento, mediante a utilização do Programa Gerador de Solicitação de Juntada de Documentos (PGS) ou mediante atendimento presencial nas unidades de atendimento da RFB. Art. 3° A solicitação de juntada de documentos digitais nos termos do caput do art. 2º ocorrerá mediante transmissão de arquivo por meio do PGS disponível no sítio da RFB, na Internet, no endereço http://www.receita.fazenda.gov.br. § 1º A solicitação de juntada de documentos na forma do caput, a processo digital, ocorrerá somente na hipótese de o interessado estar com a opção de domicílio tributário eletrônico (DTE) ativa, nos termos da Instrução Normativa SRF nº 664, de 21 de julho de 2006. § 2º A solicitação de juntada de documentos na forma do caput, a dossiê digital de atendimento, poderá ser feita somente com o uso de assinatura digital válida. § 3º Somente o interessado, em nome de quem houver sido formado o processo digital ou o dossiê digital de atendimento, ou o seu procurador habilitado mediante “Procuração para o Portal e CAC”, com opção “processos digitais”, poderá solicitar a juntada de documentos por meio do PGS. Foi dado ao contribuinte prazo de 30 dias para se manifestar quanto ao parecer da DRF. A empresa apresenta resposta na qual informa que protocolou o recurso voluntário em 24/07/2015, último dia para apresentação do recurso. Apresenta cópia de documento "Recibo de entrega de arquivos digitais" com carimbo de recebimento em 24/07/2015, assinado pelo Analista Tributário da RFB Rodrigo Ferraz Fadel Bechara. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Mara Cristina Sifuentes, Relatora. A empresa apresentou Recurso Voluntário, mas por não ser possível identificar a tempestividade da peça recursal o processo foi baixado em diligência, Resolução nº 3401001.179, de 25/07/2017, onde o relator designado à época identifica a diferença entre a data de juntada do recurso e a data de protocolo do documento. Fl. 3187DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.188 9 Segundo a análise efetuada, se considerar somente a data de juntada do documento, este estaria intempestivo, entretanto não foi possível verificar a data do protocolo do pedido. A IN RFB nº 1412/2013, arts. 1º a 3º, que trata da entrega de documentos digitais, apresenta duas possibilidades para a apresentação dos documentos: mediante a utilização do Programa Gerador de Solicitação de Juntada de Documentos (PGS) ou pelo atendimento presencial nas unidades de atendimento da RFB. A DRF, analisando somente a juntada eletrônica, concluiu que foi efetuada em 27/07/2015, intempestivamente. Em resposta a empresa informa que protocolou o recurso voluntário em 24/07/2015, último dia para apresentação do recurso, e apresenta cópia de documento "Recibo de entrega de arquivos digitais" com carimbo de recebimento em 24/07/2015, assinado pelo Analista Tributário da RFB Rodrigo Ferraz Fadel Bechara. Verificando o relatório de auditoria de processo, do sistema eprocesso, pode se constatar que a juntada eletrônica foi efetuada pelo CPF 44192547856, em nome de Antônia Hortênsia Ferreira da Silva, que era funcionária terceirizada da unidade da RFB DERAT/SP, trabalhando no atendimento ao contribuinte. Portanto, o Recurso Voluntário é tempestivo. E por preencher as demais condições de admissibilidade dele tomo conhecimento. 1. Impossibilidade de revogação ex officio da homologação expressa anterior, alteração de critério jurídico e ausência de requisitos legais. Preliminarmente a recorrente alega que existe contradição entre o despacho decisório e o acórdão recorrido, já que o despacho decisório foi revogado e o acórdão DRJ afirma tratarse de anulação. ASSUNTO: Ressarcimento de IPI 3º trimestre do ano calendário de 2008 Ementa: Revogação de despacho decisório Revogase Ato Administrativo, com base no artigo 53 da Lei nº 9.784, de 1999. Há um conjunto de valores apropriados pelo contribuinte como créditos, cujos montantes não podem ser aceitos por estarem em desacordo com a legislação de regência da matéria. REVOGAÇÃO DE DESPACHO DECISÓRIO CRÉDITO PARCIALMENTE DEFERIDO COMPENSAÇÕES PARCIALMENTE HOMOLOGADAS Para a recorrente a autoridade administrativa não pode alterar os atos administrativos, fazendo uma revogação tornarse anulação, apenas com a finalidade de convalidar atos ilegais da própria administração. Entende que é aplicável o art. 146 do CTN analogicamente. Fl. 3188DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.189 10 De fato o despacho decisório, fls. 2383 a 2385, referese a revogação do despacho decisório anterior, a partir da informação fiscal, fls. 2045 e sgs., que entretanto referese a anulação do despacho decisório: Cremos, destarte, que necessário se faz a anulação do despacho decisório para que se retifique o montante antes reconhecido como passível de ser ressarcido para LG. A DRF Taubaté, erroneamente, utiliza o remédio processual "revogação” disposto nos arts. 53 e 54 da Lei nº 9.784/1999, alternativamente à "anulação", também prevista no mesmo diploma legal. Art. 53. A administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogálos por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos. Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé. Da leitura dos dispositivos legais temos que são anulados os atos da administração quando eivados de vício de legalidade e revogados por motivo de conveniência ou oportunidade. Hely Lopes Meireles se debruça sobre o tema em artigo "Revogação e Anulação do Ato Administrativo" onde afirma: Revogação Revogação é a supressão de um ato administrativo legítimo e eficaz, realizada pela Administração, por não mais lhe convir a sua existência. Tôda revogação pressupõe, portanto, um ato legal e perfeito, mas inconveniente ao interêsse público. Se o ato fôr ilegal e inoperante, não ensejará revogação, mas sim anulação, como veremos adiante. A revogação se funda no poder discricionário de que dispõe a Administração para rever a sua atividade interna e encaminhá la adequadamente à realização de seus fins específicos. Essa faculdade revogadora é contemporâneamente reconhecida e atribuída ao Poder Público, como implícita na função administrativa (Seabra Fagundes, "Revogação e Anulamento do Ato Administrativo", in Revista de Direito Administrativo, voI. 2/487 Rubens Gomes de Sousa, Parecer in Revista de Direito Administartivo, voI. 29/446; Bartolomé A. Fiorini, Teoria de la ]usticia Administrativa, 1944, pág. 98). É, a nosso ver, uma justiça interna, através da qual a Administração ajuíza a conveniência, oportunidade e razoabilidade de seus próprios atos, para mantê los ou invalidálos segundo as exigências do interêsse público. Em princípio todo ato administrativo é revogável, mas motivos óbvios de interêsse na estabilidade das relações jurídicas e de Fl. 3189DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.190 11 respeito aos direitos adquiridos pelos particulares afetados pelas atividades do Poder Público, impõem certos limites e restrições a essa faculdade da Administração (Michel Stassinopoulos), Traitê des Actes Administra/i/s, 1954, págs. 241 e segs.; Raffaele Resta, La Revora degli Atti Amministrativi, 1935, págs. 70 e segs.). ... Anulação Anulação é a declaração de invalidade de um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Baseiase, portanto, em razões de legitimidade ou legalidade, diversamente da que se funda em motivos de conveniência ou oportunidade, e por isso mesmo é privativa da Administração. Desde que a Administração reconheça que praticou um ato contrário ao direito vigente, cumpre∙lhe anulálo o quanto antes, para restabelecer a legalidade administrativa. Se o não fizer, poderá o interessado pedir ao Judiciário que verifique a ilegitimidade do ato e declare a sua invalidade, através da anulação. O conceito de ilegitimidade ou ilegalidade, para fins de anulação do ato administrativo não se restringe somente à violação frontal da lei. Abrange, não só a clara infringência do texto legal, como também o excesso, o abuso ou o desvio de poder (exci:s de pouvoir détournement de pouvoir sviamento di potcre desviación de poder abuse of discretion). Em qualquer dessas hipoteses, quer ocorra atentado flagrante à norma jurídica, quer ocorra inobservância velada da lei ou do regulamento, por desvio de seus fins, o ato administrativo padece de vício de ilegitimidade e se torna passível de invalidação pela própria Administração ou pelo Judiciário, por meio de anulação. A ilegitimidade, como tôda fraude à lei, vem quase sempre dissimulada sob as vestes da legalidade. Em tais casos é preciso que a Administração ou o Judiciário desçam ao exame dos motivos, dissequem os fatos e vasculhem as provas que deram origem à prática do ato inquinado de nulidade. Não vai nessa atitude qualquer exame de mérito administrativo, por que não se aprecia a conveniência, a oportunidade ou a justiça do ato impugnado, mas unicamente a sua conformação, formal e ideológica com a lei em sentido amplo, isto é, com todos os preceitos normativos que condicionam a atividade pública. Firmado que a anulação do ato administrativo só pode ter por fundamento a sua ilegitimidade ou ilegalidade, isto é, a sua invalidade substancial e insanável por infringência clara ou dissimulada das normas e princípios legais que regem a atividade do Poder Público, vejamos quais são os efeitos do pronunciamento de invalidade de tais atos, quer emane da própria Administração, quer provenha do Poder Judiciário. Fl. 3190DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.191 12 Os efeitos da anulação dos atos administrativos retroagem às suas origens, invalidando as conseqüências passadas, presentes e futuras do ato anulado. E assim é porque o ato nulo (ou o inexistente) não gera direitos ou obrigações para as partes; não cria situações jurídicas definitivas; e não admite convalidação. (Supremo Tribunal Federal, Revista de Direito Administrativo, vols. 38/259, 51/274; Revista dos Tribunais, vols. 227/602, 258/591; Tribunal de Alçada de São Paulo, Revista de Direito Administrativo, vol. 39/55; Revista dos Tribunais, vol. 299/518). ... Assim é que não é possível falar em revogação de despacho decisório e sim anulação de despacho decisório. Não há conveniência e oportunidade da administração pública para revogar ato ilegal. Estamos diante de atividade vinculada da administração pública e por isso restrita aos ditames legais. De acordo com o jurista mencionado se a Administração reconheceu que praticou um ato contrário ao direito vigente, cumprelhe anulálo o quanto antes, para restabelecer a legalidade administrativa. No caso concreto a administração, por meio de despacho decisório eletrônico reconheceu crédito que foi provado em ação fiscal não fazer jus o contribuinte, logo a consequência lógica é sua anulação. A possibilidade de anulação dos atos administrativos já foi já muito tempo objeto de súmulas do STF: Súmula 346 A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula 473 A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se originam direitos; ou revogálos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Resta saber se a nomeação equivocada dos institutos invalida o ato praticado pela administração, ou seja, o fato de ela ter se referido a revogação de despacho decisório ao invés de anulação do despacho decisório restou prejuízo para o contribuinte. Relendo o despacho decisório vemos que ambos os institutos estão dispostos no mesmo dispositivo legal, art. 53 da Lei nº 9.784/99, portanto o ato fundamentase no dispositivo correto e temos que está claro qual o alcance da decisão final exarada pela DRF: Isso posto, e considerando o mais que dos autos consta, Com fundamento nos artigos 53 e 54 da Lei nº 9.784, de 1999, REVOGO o procedimento operacional, efetuado eletronicamente pelo Sistema de Controle de Crédito – SCC; e, no uso da competência conferida pelo artigo 302, VI, do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, DEFIRO PARCIALMENTE o valor Fl. 3191DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.192 13 pleiteado no pedido eletrônico de ressarcimento de nº 13987.64177.301008.1.1.012005 (fls. 02/1825), glosando o valor de R$ 4.753.942,65 (quatro milhões, setecentos e cinquenta e três mil, novecentos e quarenta e dois reais e sessenta e cinco centavos) e reconhecendo o direito creditório, em favor da interessada, da importância de R$ 15.527.730,87 (quinze milhões, quinhentos e vinte e sete mil, setecentos e trinta reais e oitenta e sete centavos), referente ao ressarcimento de IPI do 3º trimestre de 2008. Outrossim, HOMOLOGO INTEGRALMENTE as declaração de compensação de nºs 04459.29163.281108.1.3.012229, 30111.65886.300909.1.3.016094, 04331.02135.221009.1.3.01 3376, 38158.65408.291009.1.3.010885, 16869.26645.231109.1.3.013130, de fls. 2246/2365, e HOMOLOGO PARCIALMENTE aquela de nº 13830.06801.231109.1.3.010440, às fls. 2366/2369, conforme demonstrativos de fls. 2377/2382. Entendo que não restou prejudicado o contribuinte pelo equívoco na emissão do despacho decisório, já que o enquadramento legal foi corretamente efetuado. A tanto que o mesmo se defende exaustivamente sobre as infrações que lhe são imputadas, inclusive apresentando tópico preliminar em sua defesa sobre o assunto. E não foi demonstrado o prejuízo que sofreu. Alternativamente a recorrente entende que não foram preenchidos os requisitos para a anulação do primeiro despacho decisório. O acórdão recorrido sustenta que o despacho decisório não se trata de lançamento de ofício, para o qual há a previsão de revisão de ofício. Para a recorrente se o despacho decisório decide sobre os créditos e débitos tributários, ele fica sujeito às normas gerais de direito tributário, a teor do art. 146 da CF. E o CTN, arts. 146, 142,145 e 149, trata da revisão dos atos administrativos, fundado em erro de fato, e não de direito. Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Fl. 3192DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.193 14 Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; Segundo o Parecer Normativo Cosit nº 2, de 28/08/2015, o ato administrativo – despacho decisório – é passível de revisão e retificação pela própria autoridade, conforme já se disse no Parecer Normativo nº 8, de 2014, conforme a seguir transcrito: 46. Tratase, neste ponto, de analisar a possibilidade de rever de ofício despacho decisório anteriormente proferido que não homologou compensação efetuada via Dcomp quando, ultrapassada a possibilidade de discussão administrativa via manifestação de inconformidade, o sujeito passivo apresenta petição para apontar ocorrência de erro de fato. 47. Para que o débito em cobrança amigável, ou enviado para inscrição, possa ser revisto, tornase necessário que o despacho decisório anteriormente proferido seja revisto. Aplicável, aqui, por analogia (uma vez que inexiste, no caso, ato de lançamento da autoridade fiscal) o inciso VIII do art. 149 do CTN, limitada à hipótese de comprovação pelo contribuinte de erro de fato no preenchimento da declaração, haja vista o disposto na Portaria Conjunta SRF/PGFN nº 1, de 12 de maio de 1999. Fl. 3193DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.194 15 48. Consoante a citada portaria, qualquer débito encaminhado para inscrição em dívida ativa pode ser revisto de ofício pela autoridade administrativa da RFB quando o sujeito passivo apresentar provas inequívocas de cometimento de erro de fato. 49. No caso da Dcomp, o encaminhamento de débito para inscrição em dívida ativa dáse quando a compensação efetuada não é homologada por despacho decisório da autoridade administrativa (em função de análise manual ou eletrônica), e, cumulativamente, tal decisão não é reformada em função de contencioso administrativo, seja pelo fato de não se ter instaurado o litígio, seja em virtude de decisão administrativa definitiva, total ou parcialmente, desfavorável a ele. 50. A declaração de compensação extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação, e tem caráter de confissão de dívida (§§2º e 6º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996). Ocorre, porém, que o débito ali declarado, em regra, teve sua constituição operada por outro meio (lançamento de ofício ou declaração do contribuinte, como a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF, p. ex.). Dessa forma, na hipótese de regular alteração no meio originário que constituiu o crédito tributário – como, p.ex., uma retificação da DCTF –, a redução do valor do débito implicará a necessidade de correção deste valor na Dcomp (já extinto pela própria declaração), que pode se dar tanto por meio de retificação da Dcomp por parte do contribuinte, quando cabível, como por revisão de ofício, caso a matéria já não esteja sob a alçada da DRJ, em virtude de manifestação de inconformidade interposta. 51. Extraise do exposto que, se o contribuinte apresentar petição com alegação de erro de fato no preenchimento da Dcomp após o prazo de trinta dias estabelecido no §7º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, ou após a conclusão de contencioso administrativo porventura instaurado, ainda que o débito já se encontre inscrito na dívida ativa e em execução fiscal, a autoridade administrativa deve analisar o pleito e, se pertinente, proferir nova decisão, de ofício, para revisar o despacho decisório anterior que não homologou a compensação e retificar a Dcomp. Contudo, deverão ser observados os trâmites da referida portaria conjunta se o débito já tiver sido encaminhado para inscrição na dívida ativa. 52. Esta revisão de ofício do despacho decisório também pode ser realizada no caso de o erro de fato ter ocorrido no preenchimento da DIPJ, especificamente na apuração do saldo negativo de IRPJ ou de CSLL, utilizado como crédito na Dcomp apreciada, bem como para os casos de erro em preenchimento de Documento de Arrecadação de Recursos Federais – Darf. Embora o erro de fato não tenha ocorrido na Dcomp, a não homologação da compensação decorreu de erro no preenchimento de declaração, o que conduz à conclusão de que o débito é cobrado em função de erro de fato, cuja revisão é autorizada pela Portaria Conjunta SRF/PGFN nº 1, de 1999. Fl. 3194DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.195 16 Nesta hipótese, será proferida decisão de ofício para revisar o despacho decisório anterior e retificar a DIPJ ou o Darf. 53. Ressaltese que somente poderá haver revisão de ofício do despacho decisório que não homologou a compensação se o erro de fato no preenchimento de declaração (na própria Dcomp ou em declarações que deram origem ao débito, como a DCTF e mesmo a DIPJ, quando o crédito utilizado na compensação se originar de saldo negativo de IRPJ ou de CSLL) não tiver sido objeto de apreciação dos órgãos de julgamento administrativo instaurado em função de apresentação anterior de manifestação de inconformidade, conforme já abordado. E conforme se pode extrair dos dois pareceres apresentados a revisão de ofício ocorre para o lançamento conforme os casos previstos no art. 145 do CTN, e no caso de erro de fato devese utilizar a retificação de ofício. Como no caso concreto estamos diante de despacho decisório, que não é lançamento, a ação adequada é a retificação de ofício, efetuada pela administração pública, dentro de seu poder de autotutela, o que foi efetuado. Portanto não cabe a aplicação do art. 145 do CTN como quer a recorrente, que se aplicaria nos casos de revisão de lançamento: Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; Diante do exposto deixo de acatar as nulidades apresentadas pela recorrente e voto por negarlhe provimento. Submetido ao julgamento, o Colegiado entendeu, por maioria de votos, que o Despacho Decisório deveria ser anulado, e consequentemente todos os atos que lhe sucederam, Fl. 3195DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.196 17 por faltar competência à DRF para retificar Despacho decisório que já estava submetido ao contraditório, já que a empresa já havia apresentado impugnação. Por isso deixo de analisar o mérito. Mara Cristina Sifuentes Relatora (assinado digitalmente) Voto Vencedor Conselheiro Tiago Guerra Machado Com as devidas vênias ao voto da Ilustre Relatora, a maioria do colegiado entendeu que o segundo despacho decisório não poderia ter sido emitido pela Delegacia da Receita Federal da circunscrição do contribuinte em razão de que já havia sido instaurado o contencioso administrativo com a apresentação da Manifestação de Inconformidade pelo contribuinte; não havendo mais competência daquela unidade para rever o despacho decisório ora impugnado, com base no trâmite previsto no Decreto Federal 70.235/1972. Assim, o segundo ato administrativo estaria eivado de vícios que incorreriam em sua nulidade, nos termos do artigo 53, da Lei Federal 9.784/1999, à época, já ser desconsiderados pelo colegiado de primeiro grau. Esse é, inclusive, o entendimento exarado no Parecer Normativo COSIT 8/2014, quando diferenciou os casos de revisão de ofício em caso de lançamento e de despacho decisório: Assunto. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. REVISÃO E RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO – DE LANÇAMENTO E DE DÉBITO CONFESSADO, RESPECTIVAMENTE – EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. CABIMENTO. ESPECIFICIDADES. A revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do art. 149 do Código Tributário Nacional – CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício de legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício formal especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. A retificação de ofício de débito confessado em declaração, para reduzir o saldo a pagar a ser encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN para inscrição na Dívida Ativa, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. REVISÃO DE DESPACHO DECISÓRIO QUE NÃO HOMOLOGOU COMPENSAÇÃO, EM SENTIDO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE. A Fl. 3196DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.197 18 revisão de ofício de despacho decisório que não homologou compensação pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, na hipótese de ocorrer erro de fato no preenchimento de declaração (na própria Declaração de Compensação – Dcomp ou em declarações que deram origem ao débito, como a Declaração de Débitos e Crédito s Tributários Federais – DCTF e mesmo a Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ, quando o crédito utilizado na compensação se originar de saldo negativo de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ ou de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL), desde que este não esteja submetido aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes. COMPETÊNCIA PARA EFETUAR A REVISÃO DE OFÍCIO. Compete à autoridade administrativa da unidade da RFB na qual foi formalizada a exigência fiscal proceder à revisão de ofício do lançamento, inclusive para as hipóteses de tributação previdenciária. REVISÃO DE OFÍCIO – ATO INSTRUMENTO DA REVISÃO. O despacho decisório é o instrumento adequado para que a autoridade administrativa local efetue a revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, a retificação de ofício de débito confessado em declaração, e a revisão de ofício de despacho decisório que decidiu sobre reconhecimento de direito creditório e compensação efetuada. RECORRIBILIDADE DA DECISÃO PROFERIDA EM REVISÃO DE OFÍCIO. A revisão de ofício nas hipóteses aqui tratadas não se insere nas reclamações e recursos de que trata o art. 151, III, do CTN, regulados pelo Decreto nº 70.235, de 1972, tampouco se aplica a ela a possibilidade de qualquer outro recurso. Todavia, este posicionamento não deve ser aplicado para os casos de reconhecimento de direito creditório e de homologação de compensação alterados em virtude de revisão de ofício do despacho decisório que tenha implicado prejuízo ao contribuinte. Nesses casos, em atenção ao devido processo legal, deve ser concedido o prazo de trinta dias para o sujeito passivo apresentar manifestação de inconformidade e, sendo o caso, recurso voluntário, no rito processual do Decreto nº 70.235, de 1972, enquadrandose o débito objeto da compensação no disposto no inciso III do art. 151 do CTN. EXISTÊNCIA DE AÇÃO JUDICIAL COM O MESMO OBJETO DA REVISÃO DE OFÍCIO. A revisão de ofício não é obstada pela existência de ação judicial com o mesmo objeto. Todavia, advindo decisão judicial transitada em julgado, somente esta persistirá, em face da prevalência da coisa julgada e da jurisdição única. RECORRIBILIDADE EM SEDE DE EXECUÇÃO DE JULGADO ADMINISTRATIVO. Na execução de decisão de órgão julgador administrativo, observamse rigorosamente os limites materiais estabelecidos por este, inclusive quanto aos valores reivindicados pelo contribuinte, se sobre eles o órgão já houver se manifestado e declarado objetivamente no julgado; todavia, se no ato de execução do acórdão pela autoridade local houver discordância do contribuinte quanto aos valores apurados, e sobre os quais o órgão julgador não tenha se manifestado, devolvemse os autos do processo às mesmas instâncias julgadoras, a fim de ser julgada a controvérsia quanto aos valores, sob o rito do Decreto nº 70.235, de 1972, não tendo que se falar em decurso do prazo de que trata o §5º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Não ocorre preclusão administrativa para fins de aferir o valor correto do crédito pleiteado pelo contribuinte, em fase de execução de julgado favorável a este, o qual não contenha manifestação sobre o aspecto quantitativo, quer seja por ser esta Fl. 3197DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.198 19 fase o momento processual oportuno, quer seja pelo princípio da indisponibilidade do interesse público. Nesse cenário, todos os atos processuais ocorridos por ocasião daquele despacho decisório posterior devem ser anulados, inclusive a decisão ora recorrida, devendo os autos retornarem à respectiva Delegacia para novo julgamento, para análise do primeiro despacho decisório e subseqüente Manifestação de Inconformidade. Pelo exposto, conheço do Recurso, e no mérito, voto no sentido de anular o segundo despacho decisório proferido, e os atos que lhe sucedem. (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Redator Designado Declaração de Voto Conselheiro Lázaro Antônio Souza Soares Com as vênias de estilo, em que pese o como de costume bem fundamentado voto vencedor do Conselheiro Tiago Guerra Machado, referendado pela maioria dos Conselheiros desta Turma, ouso dele discordar pelos fundamentos expostos a seguir, entendendo pertinente a apresentação desta Declaração de Voto. A Conselheira Mara Cristina Sifuentes entendeu possível e correta a anulação do primeiro Despacho Decisório para que se retifique o montante antes reconhecido como passível de ser ressarcido, com a consequente emissão de um segundo Despacho Decisório. Afirmou também que, apesar do segundo Despacho Decisório, às fls. 2383 a 2385, se referir à revogação do Ato Administrativo, com base no artigo 53 da Lei nº 9.784, de 1999, sua fundamentação se encontra na Informação Fiscal às fls. 2045 e sgs., que referese à anulação do Despacho Decisório, com base no artigo 54 da mesma Lei nº 9.784/99. A Turma, por maioria, teve entendimento contrário à Relatora, entendendo não ser mais possível a revisão/anulação do primeiro Despacho Decisório, pela unidade preparadora (DRF), tendo em vista que, com a apresentação da Manifestação de Inconformidade do contribuinte antes da emissão do segundo Despacho Decisório, o processo se encontrava sob a competência da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ). Foi alegada também, durante a sessão, ofensa à segurança jurídica dos administrados, bem como a vedação do art. 145 do CTN em relação à alteração do lançamento, que poderia ser aplicada por analogia ao Despacho Decisório. Fl. 3198DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.199 20 De se ver, inicialmente, que o Despacho Decisório é ato administrativo emanado por autoridade administrativa. Como tal, sujeitase à regra do art. 54 da Lei nº 9.784/99: Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé. Sobre a matéria, o Supremo Tribunal Federal (STF) já emitiu duas súmulas: Súmula 346 A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. Súmula 473 A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se originam direitos; ou revogálos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Apesar da consistência da tese vencedora, deve ser destacado que a DRJ não possui competência para revogar/anular ato administrativo emitido pelas unidades preparadoras. Só quem tem competência para emitir o ato pode também revogálo ou anulálo. Apenas a DRF que jurisdiciona o recorrente (salvo casos de delegação de competência, em função da organização interna do órgão) poderia proferir o referido Despacho Decisório, e logicamente somente esta poderia decidir pela sua revogação ou anulação. A competência da DRJ está restrita ao julgamento do litígio. Observese aqui um ponto crucial: a matéria que originou o segundo Despacho Decisório sequer estava sob a análise da unidade julgadora. Com efeito, o primeiro Despacho Decisório trazia as seguintes glosas: (...) Após a realização do procedimento fiscal, foi emitido um segundo Despacho Decisório com a glosa de: (...) Como se verifica, a Manifestação de Inconformidade apresentada à DRJ tratava apenas das glosas constantes no primeiro Despacho Decisório, como não poderia deixar de ser. As demais matérias, objeto do segundo Despacho Decisório, não estavam sob apreciação da DRJ, pois sequer eram objeto de litígio. Mesmo que em uma eventual diligência determinada pela DRJ e realizada pela DRF fosse verificada a ilegalidade apontada, sobre ela não poderia se pronunciar a unidade julgadora, sob pena de incidir em uma decisão extra petita e com a ocorrência de reformatio in pejus, o que é vedado pelo Direito. Tendo a DRF verificado, ainda dentro do prazo de 5 anos estipulado no acima transcrito art. 54 da Lei nº 9.784/99, que havia sido concedido crédito ao contribuinte que não lhe era devido, era seu dever anular o ato administrativo cujo conteúdo era contrário à Fl. 3199DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.200 21 legislação, sob pena de permitir o enriquecimento ilícito do contribuinte, que iria se utilizar de um crédito indevido junto à União. Me parece que a decisão tomada neste colegiado levou à conclusão de que, com a apresentação da Manifestação de Inconformidade, tal ilegalidade se tornou definitiva, inalterável. Entretanto, não verifico a existência de nenhum dispositivo legal que permita se chegar a este desfecho. As únicas limitações impostas pela lei à possibilidade de anulação do ato eivado de vício de legalidade é o transcurso do prazo decadencial de 5 anos, o qual materializa o princípio da segurança jurídica, bem como a obrigatoriedade de cientificar o contribuinte e lhe reabrir o prazo de 30 dias para nova Manifestação, em atendimento aos princípios da ampla defesa e do contraditório. Evidentemente, o juízo de legalidade que motiva a decisão de anular o ato administrativo deve ser formado a partir do entendimento da autoridade competente, com base em sua interpretação dos fatos, à luz da legislação. Basta que no momento da prolação do novo Despacho Decisório exista a devida fundamentação para a decisão pela ilegalidade do ato anterior. Ao contribuinte, por sua vez, lhe é dado o direito de discordar deste entendimento, com a possibilidade de apresentar novo recurso à DRJ, onde possa apresentar os seus argumentos de defesa, levando a julgamento as razões de sua irresignação com a nova decisão prolatada. O que não pode subsistir, a meu ver, é uma situação na qual o Fisco identifique uma ilegalidade (passível de contestação pelo contribuinte, em processo administrativo regular), dentro do prazo decadencial, mas nada possa fazer, restando impedida a Administração Tributária de exercer o seu "deverpoder" de autotutela, assegurado pela lei e em súmulas do STF. Observese que, mesmo considerando a aplicação dos arts. 145 e 149 do CTN, por analogia, ao presente caso, ainda assim seria possível à Administração Tributária proferir novo Despacho Decisório. Vejamos o texto legal: Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. (...) Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I quando a lei assim o determine; II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; Fl. 3200DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.201 22 III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. De acordo com o art. 145, o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: (i) impugnação do sujeito passivo; (ii) recurso de ofício; e (iii) iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Assim, a alteração realizada no presente caso através da prolação de um segundo Despacho Decisório somente poderia se dar nas hipóteses previstas taxativamente no artigo 149. Ocorre, entretanto, que o art. 18, § 3º, do Decreto 70.235/72 (PAF), com redação dada pela Lei nº 8.748/93, permite o agravamento da exigência inicial, bem como a inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, desde que seja lavrado auto de infração complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Fl. 3201DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.202 23 § 3º Quando, em exames posteriores, diligências ou perícias, realizados no curso do processo, forem verificadas incorreções, omissões ou inexatidões de que resultem agravamento da exigência inicial, inovação ou alteração da fundamentação legal da exigência, será lavrado auto de infração ou emitida notificação de lançamento complementar, devolvendose, ao sujeito passivo, prazo para impugnação no concernente à matéria modificada. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Ora, nos casos de lançamento de ofício, incumbe ao Fisco o ônus da prova para constituir o crédito tributário, nos termos do art. 373, inciso I, do novo Código de Processo Civil: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Por outro lado, o mesmo dispositivo legal torna do contribuinte o ônus de comprovar os créditos que ele alega possuir contra a União, como nos processos referentes a pedidos de restituição e ressarcimento e declarações de compensação. Vejase que, mesmo nos casos em que recai sobre o Fisco o ônus de provar seu direito, ainda lhe é possível revisar todo o procedimento fiscal através de um novo lançamento, denominado complementar. E isso mesmo que o processo esteja em fase litigiosa, nas DRJs ou no CARF, desde que não decaído o seu direito pelo transcurso do prazo de 5 anos. Nesse contexto, me parece que não permitir ao Fisco revisar um Despacho Decisório dentro do prazo decadencial atenta contra os princípios da legalidade, da indisponibilidade do interesse público, da supremacia do interesse público sobre o privado, e o da vedação ao enriquecimento ilícito. Com efeito, tal interpretação da legislação tem como consequencia permitir ao contribuinte apropriarse de valores (créditos exigíveis da União) que não lhe pertencem. Logo, se é permitido ao Fisco alterar o lançamento tributário mesmo no curso da fase litigiosa, com muito mais propriedade lhe deve ser dado o direito de revisar um Despacho Decisório, principalmente sendo este um despacho eletrônico, como se demonstrará mais à frente. A base legal para esta revisão, como dito no início desta declaração de voto, reside no art. 54 da Lei nº 9.784/99, referendada pelas Súmulas 346 e 473 do STF. De se observar que, no caso dos lançamentos de ofício através de auto de infração, existe permissão expressa no art. 18, § 3º, do Decreto 70.235/72. Entretanto, em relação a Despacho Decisório, o PAF é silente; assim, sendo omisso o PAF, a Lei nº 9.784/99, que rege o processo administrativo fiscal como um todo no âmbito do poder executivo federal, deve ser usada de forma subsidiária para complementar a lacuna com um comando geral, na inexistência de um comando específico. Além disso, não se pode esquecer que, para aqueles que entendem que as limitações impostas pelos arts. 145 e 149 do CTN devem ser aplicadas, por analogia, ao Despacho Decisório, impõese também observar a previsão do art. 18, § 3º, do Decreto Fl. 3202DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.203 24 70.235/72, que necessariamente deve ser aplicada também por analogia, sob pena de completa incongruência na aplicação do instituto. Também entendo que não prospera a alegação de que o contribuinte teve seu crédito reconhecido através do Despacho Decisório. Ora, o art. 54 da Lei nº 9.784/99 se presta justamente para tais situações: tratase do direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários: Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada máfé. Vejamos um caso clássico e de conhecimento público: a restituição do Imposto de Renda sobre a Pessoa Física (IRPF). É extremamente comum que pessoas físicas apresentem sua declaração de IRPF (DIRPF) pleiteando restituição, esta declaração seja processada sem "cair na malha fina" e que o contribuinte receba sua restituição exatamente como pleiteada diretamente em sua conta corrente bancária. Posteriormente, contudo, o Fisco seleciona aquela pessoa para ser fiscalizada (segundo critérios objetivos) e constata que, em decorrência de alguma omissão de rendimento, ou falta de comprovação de despesas dedutíveis, ou por uma série de outros motivos, na verdade, esta pessoa não tinha IRPF a ser restituído, mas sim IRPF a pagar. Tal situação é bastante corriqueira e não prevalece qualquer tese no sentido de que "a declaração já havia sido analisada e concluiuse pela restituição do IRPF, não podendo o Fisco agora voltar atrás". A DIRPF é submetida apenas à "malha fina", que nada mais é que um programa informatizado da RFB que realiza alguns cotejos entre as informações constantes em seu banco de dados, como o valor deduzido por pagamento a plano de saúde e o valor informado pela operadora respectiva à RFB, na DIMED (Declaração de Serviços Médicos e de Saúde). Tais "batimentos", entretanto, não significam que todas as operações do contribuinte foram validadas, pois é óbvio que este sistema informatizado possui limitação nas informações disponíveis. Com o programa SCC (Sistema de Controle de Créditos), que emite eletronicamente o Despacho Decisório, o procedimento é idêntico. O sistema funciona como uma "malha fina" das compensações, restituições e ressarcimentos, à semelhança do que ocorre com o IRPF. É feito um cotejo com algumas informações disponíveis em bancos de dados da RFB, como CNPJ dos emitentes das notas fiscais (verifica se o CNPJ existe, se é pertencente a empresa optante pelo SIMPLES, etc) e CFOP (verifica se a operação a que se refere o CFOP dá direito a crédito), por exemplo. Logicamente, existem diversas infrações que não podem ser constatadas nesse procedimento. Por exemplo, como verificar se uma aquisição amparada por nota fiscal "aprovada" pelo SCC se refere realmente a insumo que permita o creditamento? Somente com uma análise do processo produtivo do contribuinte, através de fiscalização ou diligência, seria possível confirmar esta condição para que o crédito seja liberado. Tal situação, por si só, fazendo a analogia pretendida com o art. 149 do CTN, já autorizaria a revisão do Despacho, pois nem todos os fatos eram conhecidos pelo Fisco, Fl. 3203DF CARF MF Processo nº 10860.904340/201104 Acórdão n.º 3401005.935 S3C4T1 Fl. 3.204 25 muito menos possíveis de serem comprovados por um "despacho eletrônico". É nesse sentido a regra insculpida no art. 149, inciso VIII, do CTN: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) VIII quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; Ocorre que, no presente caso, diferentemente do que ocorre nas restituições do IRPF, pretendese tornar imutável o Despacho Decisório por conta do recurso apresentado pelo contribuinte à DRJ, sendo que tal consequencia não está prevista em nenhum dispositivo legal. Vejase que, no caso da DIRPF, mesmo que parte da restituição do contribuinte tenha sido glosada e exista recurso deste tramitando na DRJ, ainda assim a fiscalização é possível, à semelhança do que ocorre nos lançamentos via auto de infração. A única diferença que percebo entre estas três situações é de cunho meramente formal: no lançamento, dispõe o Fisco da opção de realizar um "lançamento complementar". No caso da DIRPF, não há um "despacho decisório" para a restituição; o resultado do processamento é informado através de uma consulta ao lote de restituição. Dentro do prazo decadencial, é pacífica a possibilidade de abertura de procedimento fiscal. No caso presente, a forma de ciência ao contribuinte se dá com a emissão de um Despacho Decisório, sem haver previsão para um "despacho complementar". Da mesma forma, não há possibilidade de, sobre uma mesma compensação, existirem simultaneamente 02 (dois) despachos decisórios. Logo, a forma de que dispõe o Fisco, ao verificar que o conteúdo do ato administrativo é contrário à lei, é anulálo, para emitir um novo despacho decisório. Por tudo quanto exposto, declaro meu voto no sentido de negar provimento ao pedido do contribuinte para anular o segundo despacho decisório, acompanhando, neste particular, o voto da relatora. Lázaro Antônio Souza Soares (assinado digitalmente) Fl. 3204DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.723072/2013-12
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA.
Só se mantém o lançamento fiscal referente a omissão de rendimentos quando demonstrado de forma inequívoca nos autos que se trata de rendimentos tributáveis auferidos pelo sujeito passivo, que não foram oferecidos a tributação.
Numero da decisão: 2001-001.253
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Honório Albuquerque de Brito - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Honório Albuquerque de Brito (Presidente) e Jose Alfredo Duarte Filho.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2012 OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA FÍSICA. Só se mantém o lançamento fiscal referente a omissão de rendimentos quando demonstrado de forma inequívoca nos autos que se trata de rendimentos tributáveis auferidos pelo sujeito passivo, que não foram oferecidos a tributação.
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Só se mantém o lançamento fiscal referente a omissão de rendimentos quando demonstrado de forma inequívoca nos autos que se trata de rendimentos tributáveis auferidos pelo sujeito passivo, que não foram oferecidos a tributação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Honório Albuquerque de Brito Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Honório Albuquerque de Brito (Presidente) e Jose Alfredo Duarte Filho. Relatório Tratase de Notificação de Lançamento relativa a Imposto de Renda Pessoa Física, lavrada em nome do sujeito passivo em epígrafe, decorrente de procedimento de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do exercício 2012, anocalendário de 2011. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 72 30 72 /2 01 3- 12 Fl. 110DF CARF MF 2 De acordo com o Relatório de Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, foi apurada: Omissão de Rendimentos de Aluguéis Recebidos de Pessoa Física DIMOB – no valor de R$ 11.968,85. O contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese, que não houve omissão de rendimentos, pois cometeu erro ao informar da declaração de ajuste anual rendimentos de aluguéis recebidos de pessoas físicas como sendo de pessoa jurídica. A DRJ Campo Grande, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que em consulta aos sistemas informatizados da RFB, verificase que Protest Administração e Empreendimentos Ltda, CNPJ 29.471.778/000160, apresentou DIMOB informando que o sujeito passivo recebeu rendimentos de aluguéis de Miguel Hector Quiroga Zambrana no valor de R$ 11.968,85. Alega o impugnante que esses rendimentos teriam sido informados na declaração de ajuste anual como sendo recebidos de pessoas jurídicas. Contudo, o sujeito passivo informou na declaração de ajuste anual rendimentos recebidos do Governo do Estado de Mato Grosso e Universidade Federal de Mato Grosso, nos mesmos valores informados por essas fontes pagadora. Em sede de Recurso Voluntário, o Contribuinte alega que nas primeiras declarações enviadas teria colocado o valor do aluguel recebido como rendimentos de pessoa jurídica mas que posteriormente, quando efetuou a retificadora, por equivoco não incluiu corretamente. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Omissão de rendimentos Aluguel pessoa física O contribuinte alega que os rendimentos de aluguel foram devidamente declarados como rendimentos recebidos de pessoa jurídica, antes de ter sido retificada. E que depois cometeu o equivoco de não incluir como rendimentos recebidos de pessoa física. É importante destacar, primeiramente, que o principio de que ninguém pode se beneficiar de sua própria torpeza possui uma aplicabilidade geral, em qualquer seara do Direito. Em uma definição bem singela, podese dizer que o princípio "ninguém pode se beneficiar da própria torpeza" referese a questão de que nenhuma pessoa pode fazer algo Fl. 111DF CARF MF Processo nº 10183.723072/201312 Acórdão n.º 2001001.253 S2C0T1 Fl. 3 3 incorreto e/ou em desacordo com as normas legais e depois alegar tal conduta em proveito próprio. Além disso, resta positivado na legislação tributária o Princípio da Responsabilidade Objetiva art. 136 do Código Tributário Nacional (CTN Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966). Pela análise minuciosa das informações apresentadas pelo Recorrente bem como todos os documentos juntados ao processo, verificase que nas primeiras DAAs enviadas continha o rendimento de aluguel como rendimento recebido de pessoa jurídica. Contudo, na ultima DAA retificadora entregue, não informou o rendimento recebido de aluguel em nenhum local da declaração. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Fl. 112DF CARF MF 4 Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Por tudo o quanto exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para manter o lançamento fiscal de omissão de rendimentos lavrada contra o Recorrente. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO recurso voluntário, conforme acima detalhado. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 113DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.913421/2009-91
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
NÃO HOMOLOGAÇÃO DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO.
Correta a não homologação de declaração de compensação, quando comprovado que o crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Exercício: 2005
PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE.
Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente o direito creditório vindicado, utilizando-se de meios idôneos e na forma prescrita pela legislação.
Ausentes os elementos mínimos de comprovação do crédito, não cabe realização de auditoria pelo julgador do Recurso Voluntário neste momento processual, eis que implicaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos.
Numero da decisão: 1002-000.666
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: AILTON NEVES DA SILVA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 NÃO HOMOLOGAÇÃO DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO. Correta a não homologação de declaração de compensação, quando comprovado que o crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Exercício: 2005 PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE. Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente o direito creditório vindicado, utilizando-se de meios idôneos e na forma prescrita pela legislação. Ausentes os elementos mínimos de comprovação do crédito, não cabe realização de auditoria pelo julgador do Recurso Voluntário neste momento processual, eis que implicaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos.
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CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO. Correta a não homologação de declaração de compensação, quando comprovado que o crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Exercício: 2005 PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE. Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente o direito creditório vindicado, utilizando se de meios idôneos e na forma prescrita pela legislação. Ausentes os elementos mínimos de comprovação do crédito, não cabe realização de auditoria pelo julgador do Recurso Voluntário neste momento processual, eis que implicaria o revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 34 21 /2 00 9- 91 Fl. 93DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 94 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo. Relatório Por bem sintetizar os fatos até o momento processual anterior ao do julgamento da Manifestação de Inconformidade contra a não homologação da compensação, transcrevo e adoto o relatório produzido pela DRJ/BHE: "Em 17 de maio de 2005 a interessada apresentou a Declaração de Compensação numerada 40446.67351.170505.1.3.048989 (PER/DCOMP juntado às fls. 10/14) valendose de direito creditório referente a pagamento indevido ou a maior, no valor original de R$ 1.142,78. A mencionada compensação não foi homologada pela DRF de origem, conforme Despacho Decisório nº 831223543, datado de 9 de abril de 2009 (fls. 7), sob o seguinte argumento: Ciente da não homologação da compensação em 30 de abril de 2009, conforme doc. de fls. 44, a interessada apresentou, em 1º de junho de 2009, a manifestação de inconformidade de fls. 1/6, com os argumentos a seguir transcritos: A empresa recebeu em 04.05.2009 despacho decisório não homologando a compensação declarada no PER/DCOMP nº Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 95 3 40446.67351.170505.1.3.048989 ao argumento de que; não existiria o crédito utilizado no valor de R$ 1.142,78 (...). Entretanto, conforme restará comprovado, o crédito de R$ 1.142,78 (...) existe em virtude de pagamento a maior de CSLL, Cofins e PIS/Pasep Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica, código 5952. Tal recolhimento foi feito de forma equivocada em virtude de erro na apuração do valor a recolher. Relativamente ao mês de Fevereiro de 2005, o valor devido de CSLL, Cofins e PIS/Pasep – Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica, código 5952, foi R$ 10.498,27 (...) e quitado da seguinte forma: Portanto, apreendese que o recolhimento efetuado através de DARF referente à 2ª quinzena do mês de Fevereiro de 2005, no valor de R$ 3.426,64 (...) foi efetuado a indevidamente, gerando um crédito de R$ 1.226,83 (...). Esse equívoco se deveu, em virtude de erro na apuração do valor a recolher, já que não era devido o recolhimento de CSRF para a empresa Samedlar Soluções em Saúde Ltda., CNPJ: 02.965.832/0001 78 na 1ª quinzena do mês de Fevereiro de 2005. Dessa forma, sendo que a empresa efetuou recolhimento a maior em razão de erro na apuração do valor a recolher, não há dúvidas acerca da existência do crédito de R$ 1.142,78 (...), devidamente utilizado na Declaração de Compensação nº 40446.67351.170505.1.3.048989. DO ERRO NA DCTF 1º SEMESTRE/2005 As informações da ficha 'débito apurado e créditos vinculados' do mês de Fevereiro/2005, referente à CSLL, Cofins e PIS/Pasep Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica, código 5952, foram inseridas de forma equivocada, uma vez que o débito apurado representa R$2.199.81 (...) e não R$ 3.426,64 (...). Por essa razão, a DCTF relativa ao 1º semestre de 2005 foi devidamente retificada para constar que do recolhimento de R$ 3.426,64 (...), é devido tão somente, R$ 2.199,81 (...). DO ERRO NA DIRF – ANO CALENDÁRIO 2005 A Declaração do Imposto de Renda.Retido na Fonte DIRF 2006, ano .calendário, 2005 foi preenchida de forma Fl. 95DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 96 4 equivocada, em virtude de erro na apuração do valor a recolher, tendo em vista que o valor recolhido de CSLL, Cofins e PIS/Pasep Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica, para a empresa Samedlar Soluções em Saúde Ltda., CNPJ: 02.965.832/000178, não era devido. Por essa razão, a DIRF 2006 anocalendário 2005 foi devidamente retificada para constar que não há retenção de CSLL, Cofins e PIS/Pasep Retenção quinzenal, sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica para a empresa Samedlar Soluções em Saúde Ltda., CNPJ: 02.965.832/000178 na 1ª quinzena do mês de Fevereiro de 2005. Em seguida, reitera que tem direito à restituição/compensação, com base no art. 165 do Código Tributário Nacional, que transcreve. Sintetiza sua inconformidade nos seguintes pontos: a) O crédito. utilizado na declaração de compensação 40446.67351.170505.1.3.048989 existe em razão de pagamento a maior; b) A DCTF do 1° semestre de 2005 foi devidamente retificada para fins de demonstrar a existência do crédito de R$ 2.199,81 (...); c) A DIRF 2006, anocalendário 2005 foi devidamente retificada para constar que não há retenção de CSRF para a empresa Samedlar Soluções em Saúde Ltda., CNPJ: 02.965.832/0001 78 na 1ª quinzena do mês de Fevereiro de 2005 d) O referido crédito é passível de compensação pelo sujeito passivo Para comprovar suas alegações, junta os seguintes documentos: Cópias dos Documentos de Arrecadação de Receitas Federais (DARFs), referentes ao mês de apuração Fevereiro de 2005, CSLL, Cofins e PIS/Pasep Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica o PIS, código 5952 Cópia da PER/DCOMP 40446.67351.170505.1.3.048989; Recibo de retificação da DCTF do 1º semestre de 2005, e respectiva ficha de débitos de CSLL, Cofins e PIS/Pasep Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica a pessoa jurídica o PIS, código 5952. Recibo de retificação da DIRF 2006, anocalendário 2005, e respectivo Relatório Total Mensal por código, cód. 1708, da Declaração do imposto de Renda Retido na Fonte DIRF 2006, anocalendário 2005 A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ/BHE, conforme acórdão n. 0236.715 (efl. 46), que recebeu a seguinte ementa: Fl. 96DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 97 5 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 11/03/2005 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DÉBITO CONFESSADO. PROVA. Para fins de restituição ou compensação de valor pago indevidamente, a apresentação de DCTF retificadora é insuficiente como prova da redução do valor de débito já extinto mediante pagamento. Neste caso, é imprescindível a efetiva comprovação do direito creditório pleiteado. Irresignado, o ora Recorrente apresenta Recurso Voluntário (efls. 57), no qual propõe os fundamentos de fato e de direito abaixo sintetizados: Em preliminar de mérito, o Recorrente afirma que "Conforme ADI RFB nº. 09 de 2007, artigo 1º, 'não será exigido o arrolamento de bens e direitos como condição para seguimento do Recurso Voluntário'". No mérito, o Recorrente diz que "Conforme documentação acostada quando da Manifestação de Inconformidade a recorrente possui crédito de R$ 1.142,78 (Mil cento e quarenta e dois reais e setenta e oito centavos), advindo de pagamento a maior de CSLL, Cofins e Pis/Pasep Retenção quinzenal sobre pagamentos de pessoa jurídica Código 5952" e que " Tal recolhimento foi feito equivocadamente, devido a erro na apuração do valor". Sustenta que "...a decisão ora combatida não apresenta argumentos sólidos e sustentáveis, eis que inclusive ignorou as DCTF's retificadoras juntadas aos autos no momento da apresentação da Manifestação de Inconformidade". Consigna que "Conforme planilha e cópias das notas fiscais juntadas ao presente recurso, visualizamse as retenções feitas sobre cada pagamento, de forma que se chega ao valor informado na DCTF retificadora, correspondente ao crédito utilizado pela recorrente..." e que "...não há que se falar em inexistência de prova tendo em vista a comprovação, não somente através da DCTF retificadora já constante nos autos, mas também materializada pelas cópias acostadas ao presente Recurso". Ao final requer o acolhimento do presente recurso para o fim de homologação integral da compensação declarada. É o Relatório do essencial. Voto Conselheiro Aílton Neves da Silva Relator Admissibilidade Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 98 6 Inicialmente, reconheço a plena competência deste Colegiado para apreciação do Recurso Voluntário, na forma do art. 23B da Portaria MF nº 343/2015 (Regimento Interno do CARF), com redação dada pela Portaria MF n.º 329/2017. Demais disso, observo que o recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Preliminar Como preliminar de mérito o Recorrente alega a inexigibilidade do arrolamento de bens para seguimento do recurso voluntário, lastreado no ADI RFB nº. 09 de 2007. Assiste razão ao Recorrente quanto a esse ponto. De fato, o referido ADI reza em seu art. 1º que não será exigido o arrolamento de bens e direitos para seguimento de Recurso Voluntário, configurando matéria pacificada não só em âmbito administrativo, mas também no judicial, motivo porque não requer maiores digressões. Mérito Quanto ao mérito, constato que o ora Recorrente não teve homologado o PER/DCOMP nº 40446.67351.170505.1.3.048989 transmitido em 17/05/2005, conforme mostra o excerto do Despacho Decisório Eletrônico abaixo: Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 99 7 Como se observa, o suposto crédito de R$ 1.142,78 informado no PER/DCOMP nº 40446.67351.170505.1.3.048989 decorreria de pagamento indevido ou a maior, e a circunstância fática que motivou seu não reconhecimento está inequivocamente registrada no Despacho Decisório Eletrônico, qual seja: a utilização anterior do crédito pleiteado no pagamento de tributo de código 5952 (Retenção de Contribuições pagamento de PJ a PJ de Direito Privado CSLL/COFINS/PIS), do período de apuração de 28/02/2005. Em suas razões de defesa, o Recorrente, em suma, afirma que houve erro na apuração do valor das retenções e que, por isso, apresentou DCTF retificadora contendo os valores corretos, bem como planilha e notas fiscais correspondentes que dariam suporte ao crédito pretendido no PER/DCOMP 40446.67351.170505.1.3.048989. Em que pese os documentos juntados aos autos, vejo que não são suficientes para infirmar a decisão de indeferimento da Manifestação de Inconformidade contra a não homologação do PER/DCOMP proferida pela instância de origem. Isto porque a apresentação da DCTF retificadora em 26/05/2009 (efls. 15) foi feita em data posterior à de ciência do Despacho Decisório Eletrônico de não homologação da compensação, ocorrida em 30/04/2009 (efls. 44), caracterizando a perda da espontaneidade do Recorrente na entrega daquela declaração. Nesta hipótese, a DCTF em questão só poderia ser aceita mediante comprovação inequívoca do erro de preenchimento cometido na DCTF retificada, conforme reza a IN RFB nº 1.599/2015 (destaques deste relator): Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I redução dos débitos relativos a impostos e contribuições: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alteração dos débitos de impostos e contribuições em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado de início de procedimento fiscal. § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já enviado à PGFN para Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 100 8 inscrição em DAU ou de débito que tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização, somente poderá ser efetuada pela RFB nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração e enquanto não extinto o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário correspondente àquela declaração. Por ocasião da apresentação da Manifestação de Inconformidade, além da DCTF retificadora enviada após a ciência do despacho decisório de não homologação da compensação, o então manifestante apresentou, tão somente, relatório denominado "Total Mensal por Código" extraído dos dados informados na DIRF/2006 original, ambos desacompanhados de quaisquer provas documentais provenientes de sua escrituração contábil fiscal; agora, no Recurso Voluntário, limitouse a juntar aos autos planilha demonstrativa das retenções efetuadas e cópia de notas fiscais de serviços (efls. 63 a 69), ignorando por completo o registro do voto condutor do acórdão recorrido alertando para a necessidade de apresentação de cópias autenticadas das páginas dos livros contábeis e fiscais que guardassem relação com a retificação pretendida e/ou outros documentos que comprovassem a ocorrência do suposto erro cometido. De fato, esse arcabouço probatório seria imprescindível ao batimento dos dados constantes da DCTF retificadora com os da escrituração do contribuinte, para efeito de comprovar a regular transcrição, idoneidade e identidade dos registros e atestar o oferecimento à tributação de receitas que ensejaram retenções legais do período, de modo a permitir, assim, a formação de juízo conclusivo quanto ao reconhecimento do direito creditório postulado. Demais disso, os valores de retenções informados na DIRF/2006 são inconsistentes com os constantes do demonstrativo apresentado pelo Recorrente e a informação prestada pelo então manifestante de que a retificou com os valores corretos das retenções correspondentes ao código de recolhimento 5952 não condiz com a realidade, conforme aponta o registro seguinte, extraído do acórdão recorrido (destaques do original): "A interessada alega ter retificado a DIRF 2006 'já que não era devido o recolhimento de CSRF para a empresa Samedlar Soluções em Saúde Ltda., CNPJ: 02.965.832/000178' e informa ter anexado o 'Recibo de retificação da DIRF 2006, ano calendário 2005, e respectivo Relatório Total Mensal por código, cód. 1708, da Declaração do imposto de Renda Retido na Fonte DIRF 2006, anocalendário 2005' A respeito dessa prova, que a interessada menciona ter juntado ao processo, cabem algumas considerações: 1. Compulsando os autos, foi encontrado um único documento relacionado a retenções na fonte (doc. de fls. 20), o relatório 'Total Mensal por Código', extraído dos dados informados na DIRF original, e não retificadora. 2. Nesse documento, constam somente informações relativas aos códigos 5952 e 5960. Considerando que o crédito informado na DCOMP analisada envolve pagamento correspondente ao código de recolhimento 5952, não foi possível identificar o Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 101 9 motivo de a impugnante se referir ao código 1708 a fim de justificar um suposto erro de preenchimento da DIRF. 3. Ao consultar os sistemas informatizados da RFB, não foram encontradas, para o período em exame e para o código 5952, alterações relativas ao rendimento e à retenção nas DIRFs retificadoras apresentadas pela contribuinte. Desse modo, os documentos trazidos pela impugnante com a finalidade de constituir prova, seja a DIRF (fls. 20) ou a DCTF (15/19), não a socorrem para tal fim. (...) Do exame do relatório consolidado das retenções 'Total Mensal por Código' trazido aos autos pela própria impugnante (fls. 20), cujos valores não foram retificados por declarações posteriormente apresentadas, verificase que os rendimentos sob o código 5952 para o mês de fevereiro de 2005 perfizeram um total de R$ 269.784,07. Aplicandose 4,65% sobre o rendimento informado, nos termos do art. 2º da IN SRF nº 459, de 2004, obtémse uma retenção de R$ 12.544,96. Entretanto, na DIRF 2006 foi informado o valor de apenas R$ 12.498,27, sendo que, em sua defesa, a impugnante não comprova a origem dessa diferença, limitandose a mencionar que 'não era devido o recolhimento de CSRF para a empresa Samedlar Soluções em Saúde Ltda., CNPJ: 02.965.832/000178'. Desse modo, verificase que, aparentemente, em lugar de direito creditório relativo ao pagamento do débito de código 5952 de fevereiro de 2005, teria havido pagamento a menor para esse mesmo débito". Acrescento que os requisitos de liquidez e certeza do crédito são exigências legais para deferimento da homologação da compensação, a teor do que dispõe o artigo 170 do Código Tributário Nacional CTN (grifos nossos): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. De resto, é de se ressaltar que não compete a este relator sanar possíveis erros de preenchimento de PER/DCOMP ou demonstrar que a não homologação da compensação foi equivocada, a uma, porque há comprovação evidente e insofismável nos autos de que o suposto crédito foi alocado a outro débito e, a duas, porque o ônus probatório do direito vindicado é do Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 102 10 Recorrente, conforme prevê a legislação1 e de acordo com forte corrente jurisprudencial deste CARF, da qual colaciono, como exemplos, os Acórdãos 3201002.303 e 3001000.312: ACÓRDÃO 3201002.303 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1989, 1990, 1991, 1992 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. EXIGÊNCIA DE PROVA. Não pode ser aceito para julgamento a simples alegação sem a demonstração da existência ou da veracidade daquilo alegado. (...) Recurso Voluntário Negado Acórdão n.º 3001000.312 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 2004 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INDISPENSABILIDADE. Nos processos que versam a respeito de compensação, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Logo, deve o contribuinte demonstrar que o crédito que alega possuir é capaz de quitar, integral ou parcialmente, o débito declarado em Per/Dcomp. Salientese que alegações desprovidas de indícios mínimos para ao menos evidenciar a verdade dos fatos ou colocar dúvida quanto à acusação fiscal de insuficiência de crédito, uma vez a análise fiscal é realizada sobre informações prestadas pelo contribuinte, colhidas nos sistemas informatizados da RFB, carece de elementos que justifica a autorização da realização de diligência, pois esta não se presta a suprir deficiência probatória. À vista do exposto, o improvimento do recurso impõese. Dispositivo 1 Lei nº 9.784/99: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10680.913421/200991 Acórdão n.º 1002000.666 S1C0T2 Fl. 103 11 Considerando que o artigo 170 do CTN só autoriza a compensação de débitos tributários com créditos líquidos e certos dos interessados frente à Fazenda Pública; que o suposto crédito de R$ 1.142,78 constante do PER/DCOMP de nº 40446.67351.170505.1.3.04 8989 fora integralmente utilizado na quitação de débitos de tributo do código 5952 de período de apuração de 28/02/2005; e, ainda, que o Recorrente não traz elemento de prova capaz de infirmar os fatos aqui narrados, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, mantendo integralmente a decisão de piso. É como voto. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Fl. 103DF CARF MF
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Numero do processo: 10783.900536/2016-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
DCOMP. ANÁLISE MEDIANTE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS NOS BANCOS DE DADOS DA RECEITA FEDERAL. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DÉBITO INFORMADO EM DIPJ ANTES DA APRECIAÇÃO DA COMPENSAÇÃO.
Não subsiste o ato de não-homologação de compensação que deixa de ter em conta informações prestadas espontaneamente pelo sujeito passivo em DIPJ e que confirmam a existência do indébito informado na DCOMP.
Numero da decisão: 1402-003.829
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso voluntário, divergindo os Conselheiro Marco Rogério Borges, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Evandro Correa Dias. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10783.900527/2016-03, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente).
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ANÁLISE MEDIANTE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS NOS BANCOS DE DADOS DA RECEITA FEDERAL. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DÉBITO INFORMADO EM DIPJ ANTES DA APRECIAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. Não subsiste o ato de nãohomologação de compensação que deixa de ter em conta informações prestadas espontaneamente pelo sujeito passivo em DIPJ e que confirmam a existência do indébito informado na DCOMP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, dar provimento ao recurso voluntário, divergindo os Conselheiro Marco Rogério Borges, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Evandro Correa Dias. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 10783.900527/201603, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 05 36 /2 01 6- 96 Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento a quo, que negou provimento à Manifestação de Inconformidade apresentada pela Contribuinte, mantendo o r. Despacho Decisório que expressamente deixou de reconhecer, integralmente, o suposto crédito de IRPJ, utilizado em DCOMP, por não ter se constatado qualquer monta de recolhimento a maior ou indevido, tendo o recolhimento do período sido totalmente aproveitado. Em sua Manifestação de Inconformidade, em suma, alega a ora Recorrente que houve preenchimento equivocado de DCTF, contudo, vez que o r. Despacho Decisório foi proferido posteriormente ao prazo quinquenal para a sua retificação, não foi possível assim se proceder. Desse modo, não seria detectável tal creditório em face desse erro escusável, apontando que o valor declarado na DIPJ que abrange o mesmo período estaria correto, evidenciando seu direito. Ao seu turno, a DRJ a quo proferiu o v. Acórdão, ora recorrido, negando provimento integral à Manifestação de Inconformidade, entendendo que, ainda que seja possível, neste processo administrativo, pela via impugnatória, se recorrer a presença de tal lapso, de modo a revelar o direito creditório pretendido, não teria a Contribuinte trazido os elementos probatórios necessários considerando seu ônus processual probatório para tal averiguação e constatação. Diante de tal revés, a Contribuinte interpôs o Recurso Voluntário, agora sob análise, primeiramente esclarecendo que em face da transmissão de EDC referente ao período analisado, a própria Receita Federal do Brasil já tinha elementos para apurar e confirmar a alegada existência de erro na DCTF e veracidade das informações da DIPJ, também demonstrando a possibilidade de comprovar, nesse momento tal lapso, inclusive passível de retificação, juntando, agora, cópias de Declarações fiscais e vasta documentação contábil, constante da ECD. Na sequência, os autos foram encaminhados para esta Conselheira relatar e votar. É o relatório. Voto Conselheira Edeli Pereira Bessa Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 4 3 1402003.825, de 21/03/2019, proferido no julgamento do Processo nº 10783.900527/2016 03, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.825): O Recurso Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse N. Colegiado. Os demais pressupostos de admissibilidade igualmente foram atendidos. Conforme relatado, em r. Despacho Decisório eletrônico, o crédito pretendido foi rejeitado, posto que não houve a comprovação da sua existência, constandose que o pagamento fora integralmente utilizado anteriormente para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Por sua vez, mesmo tendo a Recorrente esclarecido em Manifestação de Inconformidade a presença de erro na DCTF, referente ao débito quitado pelo pagamento do período em questão, estando sua DIPJ transmitida regularmente preenchida, entendeu a DRJ a quo que não se procedeu à devida prova, pelos meios hábeis, além de tal Declaração, da existência de qual equívoco, que, ao seu turno, evidenciaria o crédito pretendido. Frisese que a transmissão da DCOMP deuse regularmente dentro do prazo legal, não havendo em se falar de caducidade do direito da Parte pleiteante. Contudo, o r. Despacho Decisório, que deu margem à inauguração do presente contencioso, ocorreu após 5 (cinco) anos após o prazo de entrega da DCTF sob debate, não podendo mais se proceder à sua retificação pelas vias formais ordinárias. Posto isso, sendo clara a matéria incontroversa do presente feito, cabe a este Conselheiro registrar que nos últimos anos veio se adotando entendimento de que, mesmo diante da apresentação prévia de DIPJ que corroborasse a existência do crédito pretendido em PER/DCOMP, tal Declaração não prestavase, isoladamente, como prova do direito do contribuinte, em razão da sua natureza informativa, sendo necessário, no curso do processo administrativo, a apresentação de provas hábil que corroborassem as informações lá constantes. Contudo, diante de recentes debates em sessões de julgamento, considerando as razões e a posição apresentadas pela I. Conselheira Edeli Pereira Bessa sobre o tema, restou claro que, à luz das normas, legais e infralegais, vigentes há mais de uma década, bem como da dinâmica da análise administrativa da procedência dos créditos dos contribuinte, não pode ser simplesmente desconsiderado pela Administração Tributária Federal, no momento da apreciação inicial dos PER/DCOMPs visando sua homologação, o teor da DIPJ correlata à formação dos créditos, espontaneamente transmitida pelo contribuinte. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 5 4 Nesse sentido, implementando as razões de decidir do presente julgamento, adotase o entendimento estampado no v. Acórdão nº 1402003.767, proferido por esta mesma C. Turma Ordinária, em sessão de 21/02/2019, no qual, por voto de qualidade, deuse provimento ao Apelo do contribuinte, para reconhecer seu direito creditório. Confirase a ementa e trechos de tal julgado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 DCOMP. ANÁLISE MEDIANTE PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE INFORMAÇÕES DISPONÍVEIS NOS BANCOS DE DADOS DA RECEITA FEDERAL. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DARF VINCULADO A DÉBITO DECLARADO EM DCTF. DÉBITO MENOR INFORMADO EM DIPJ ANTES DA APRECIAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. Não subsiste o ato de nãohomologação de compensação que deixa de ter em conta informações prestadas espontaneamente pelo sujeito passivo em DIPJ e que confirmam a existência do indébito informado na DCOMP. (...) O exame da DCOMP sob análise evidencia que o indébito utilizado em compensação, apesar de integrar pagamento totalmente vinculado a débito declarado em DCTF à época da edição do despacho decisório, é inferior à diferença entre o recolhimento indicado e o débito correspondente informado em DIPJ apresentada antes da edição do despacho decisório e contemporaneamente à transmissão da DCOMP. Confirmase, assim, a alegação da recorrente de que o indébito foi constatado por ocasião da apresentação da DIPJ, devendo apenas se ressalvar que tal se deu por ocasião da retificação da DIPJ original, mas ainda assim apresentada quase dois anos antes da análise pela autoridade fiscal que resultou no despacho decisório de não homologação sob debate. A autoridade julgadora de 1ª instância expressou o entendimento de que, nos termos dos arts. 26 e 27 do Decreto nº 7.574/20111, faz prova a favor do sujeito passivo a escrituração mantida com observância das disposições legais, contudo deve estar embasada em documentos hábeis, segundo sua natureza, e que, no caso, o contribuinte deveria fundamentar seus lançamentos contábeis com o comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora. Observou que a DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, e que, na forma do art. 147, §1º do Código Tributário Nacional, a retificação de declaração por iniciativa do próprio declarante depende Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 6 5 da comprovação do erro em que se funde, e deve ser promovida antes da notificação do ato fiscal. Sob esta ótica, entendeu imprescindível que seja demonstrada na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. Em recurso voluntário, a contribuinte apresenta cópia do Livro Diário no qual está reproduzida a demonstração de resultado do período, bem como os ajustes correspondentes no LALUR, dos quais resulta o lucro real que, informado na DIPJ retificadora, origina os tributos devidos em valor inferior aos recolhidos e informados em DCTF. Contudo, desnecessária se mostra a confirmação da regularidade da escrituração fiscal e contábil assim apresentada, dado que esta Conselheira já apreciou litígio semelhante, assim decidindo nos termos do voto condutor do Acórdão nº 110100.536: Isto porque estáse diante de uma DCOMP analisada mediante processamento eletrônico de informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal, relativamente à qual se entendeu desnecessária uma apreciação mais aprofundada ou detalhada. E, em tais condições, não é possível, no contencioso administrativo, negar validade a outras informações, também constantes dos bancos de dados da Receita Federal antes da emissão do despacho decisório questionado. A autoridade preparadora certamente entendeu de forma diversa, adotando apenas as informações constantes da DCTF como referencial para verificação do débito apurado no período que ensejou o alegado recolhimento indevido. É possível inferir que assim o fez por considerar, como expresso desde a Instrução Normativa SRF nº 14/2000, que a informação de débitos em DIPJ não se presta a instrumentalizar inscrições em Dívida Ativa da União: Art. 1º . O art. 1º da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1º Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração de rendimentos das pessoas físicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União.” [...] Esta é a interpretação que se extrai destes dispositivo, pois, até então, a Instrução Normativa SRF nº 77/98 relacionava a declaração de rendimentos da pessoa jurídica dentre os documentos que poderiam servir de base para a inscrição, em Dívida Ativa da União, de saldos de tributos a pagar: Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 7 6 Art. 1º Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições , constantes das declarações de rendimentos das pessoas físicas e jurídicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União. Evidente, portanto, que um novo conceito foi atribuído à declaração de rendimentos da pessoa jurídica apresentada a partir do anocalendário 1999, a qual, inclusive, passou a denominarse Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ. Desta forma, tal característica pode ter influenciado a definição dos parâmetros de análise da DCOMP pela autoridade preparadora. Além disso, como a própria recorrente antecipa em sua defesa, a análise realizada pela autoridade preparadora poderia estar orientada pela obrigação imposta na Instrução Normativa SRF nº 166/99, editada com fundamento na Medida Provisória nº 2.18949/2001, nos termos a seguir transcritos: Medida Provisória nº 2.18949/2001, que convalida texto presente desde a Medida Provisória nº 1.99026, de 14 de dezembro de 1999: Art.18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. Parágrafo único. A Secretaria da Receita Federal estabelecerá as hipóteses de admissibilidade e os procedimentos aplicáveis à retificação de declaração. Instrução Normativa SRF nº 166, de 23 de dezembro de 1999: Art. 1º A retificação da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ e da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – DITR anteriormente entregue, efetuada por pessoa jurídica, darseá mediante apresentação de nova declaração, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. [...] Art. 2º A pessoa jurídica que entregar declaração retificadora alterando valores que hajam sido informados na Declaração de Débitos e Créditos de Tributos Federais – DCTF, deverá apresentar DCTF Complementar ou pedido de alteração de valores, mediante processo administrativo, conforme o caso. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 8 7 [...] Nestes termos, se a contribuinte estava obrigada a retificar a DCTF quando retificasse a DIPJ, desnecessária seria a comparação de ambas as declarações para aferição da compatibilidade das informações ali constantes com o indébito utilizado em DCOMP. Esclareçase, apenas, que, com a edição da Instrução Normativa SRF nº 255/2002, deixou de existir DCTF Complementar, bem como a necessidade de solicitação de alteração de DCTF, bastando a apresentação de DCTF retificadora para alteração dos valores constantes da DCTF antes apresentada. Tal mudança, inclusive, operou efeitos retroativos, como expresso nos dispositivos da referida Instrução Normativa, a seguir transcritos: Da Retificação da DCTF Art. 9º Os pedidos de alteração nas informações prestadas em DCTF serão formalizados por meio de DCTF retificadora, mediante a apresentação de nova DCTF elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF mencionada no caput deste artigo terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados em declarações anteriores. § 2º Não será aceita a retificação que tenha por objeto alterar os débitos relativos a tributos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição como Dívida Ativa da União, nos casos em que o pleito importe alteração desse saldo; ou II em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado do início de procedimento fiscal. § 3º As DCTF retificadoras, que vierem a ser apresentadas a partir da publicação desta Instrução Normativa, deverão consolidar todas as informações prestadas na DCTF original ou retificadoras e complementares, já apresentadas, relativas ao mesmo trimestre de ocorrência dos fatos geradores. § 4º As disposições constantes deste artigo alcançam, inclusive, as retificações de informações já prestadas nas Declarações de Contribuições e Tributos Federais (DCTF) referentes aos trimestres a partir do anocalendário de 1997 até 1998 que vierem a ser apresentadas a partir da data de publicação desta Instrução Normativa. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 9 8 § 5º A pessoa jurídica que entregar DCTF retificadora, alterando valores que tenham sido informados na DIPJ, deverá apresentar, também, DIPJ retificadora. § 6º Verificandose a existência de imposto de renda postergado de períodos de apuração a partir do ano calendário de 1997, deverão ser apresentadas DCTF retificadoras referentes ao período em que o imposto era devido, caso as DCTF originais do mesmo período já tenham sido apresentadas. § 7º Fica extinta a DCTF complementar instituída pelo art. 5º da Instrução Normativa SRF nº 45, de 05 de maio de 1998. Das Disposições Finais Art. 10. Deverão ser arquivados os processos administrativos contendo as solicitações de alteração de informações já prestadas nas DCTF, apresentadas até a data da publicação desta Instrução Normativa e ainda pendentes de apreciação, aplicandose, às DCTF retificadoras respectivas, referentes aos anoscalendário de 1999 a 2002, o disposto nos §§ 1º a 3º do art. 9º desta Instrução Normativa. §1º O arquivamento dos processos, contendo as solicitações de alteração das informações já prestadas nas DCTF referentes aos anoscalendário de 1999 a 2002, somente deverá ocorrer após a confirmação, pela unidade da SRF, da entrega da correspondente declaração em meio magnético. § 2º O arquivamento dos processos, contendo as solicitações de alteração das informações já prestadas nas DCTF referentes aos anos calendário de 1997 e 1998, somente deverá ocorrer após os devidos acertos, pela unidade da SRF, nos Sistemas de Cobrança. Todavia, tem razão a recorrente quando afirma que o descumprimento daquela obrigação não enseja, como penalidade, a perda do crédito. A Instrução Normativa SRF nº 166/99 expressamente reconhece a produção de efeitos, por parte da DIPJ Retificadora, para fins de restituição ou compensação, e, embora firme ser dever da contribuinte também alterar o que antes informado em DCTF, em momento algum condiciona este direito à retificação da DCTF: Art. 1º A retificação da Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica – DIPJ e da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – DITR anteriormente entregue, efetuada por pessoa jurídica, darseá mediante apresentação de nova declaração, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. [...] Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 10 9 § 2º A declaração retificadora referida neste artigo: I – terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, inclusive para os efeitos da revisão sistemática de que trata a Instrução Normativa SRF no 094, de 24 de dezembro de 1997; II – será processada, inclusive para fins de restituição, em função da data de sua entrega. [...] Art. 4º Quando a retificação da declaração apresentar imposto menor que o da declaração retificada, a diferença apurada, desde que paga, poderá ser compensada ou restituída. Parágrafo único. Sobre o montante a ser compensado ou restituído incidirão juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, até o mês anterior ao da restituição ou compensação, adicionado de 1% no mês da restituição ou compensação, observado o disposto no art. 2º, inciso I, da Instrução Normativa SRF nº 22, de 18 de abril de 1996. Adaptando estas disposições ao novo regramento da compensação, vigente desde a edição da Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002, uma vez formalizada a retificação da DIPJ, apresentando tributo menor que o da declaração retificada, pode a contribuinte transmitir Pedido de Restituição – PER ou DCOMP para receber o indébito em espécie, ou utilizálo em compensação, podendo o Fisco indeferir o PER, se não confirmar a veracidade da retificação, ou não homologar a compensação, desde que o faça dentro dos 5 (cinco) anos que a lei lhe confere (art. 74, §5º, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003). Logo, o fato de a contribuinte não ter retificado a DCTF para reduzir o tributo ali originalmente informado não pode obstar a utilização, em compensação, de indébito demonstrado em DIPJ retificadora apresentada antes da edição do despacho decisório que expressou a não homologação da compensação, especialmente porque a própria autoridade administrativa reputou desnecessária uma análise mais aprofundada ou detalhada da compensação, submetendoa ao processamento eletrônico de informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal. Acrescentese, ainda, que a alteração das informações constantes em DCTF não se dá, apenas, por retificação de iniciativa do sujeito passivo. Desde a Instrução Normativa SRF nº 482/2004, que revogou a Instrução Normativa SRF nº Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 11 10 255/2002, antes citada, a revisão de ofício da DCTF passou a estar expressamente admitida, nos seguintes termos: Art. 10. Os pedidos de alteração nas informações prestadas em DCTF serão formalizados por meio de DCTF retificadora, mediante a apresentação de nova DCTF elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. [...] § 2º Não será aceita a retificação que tenha por objeto alterar os débitos relativos a tributos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição como Dívida Ativa da União, nos casos em que o pleito importe alteração desse saldo; ou [...] § 3º A retificação de valores informados na DCTF, que resulte em alteração do montante do débito já inscrito em Dívida Ativa da União, somente poderá ser efetuada pela SRF nos casos em que houver prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração. [...] Observese, inclusive, que este dever de revisão pela autoridade administrativa ganhou maior relevo a partir do momento em que a interpretação quanto à impossibilidade de retificação da DCTF após o transcurso do prazo decadencial passou a ser cogente, no âmbito administrativo, a partir da edição da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010: Art. 9º A alteração das informações prestadas em DCTF, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. [...] § 5º O direito de o contribuinte pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do 1º (primeiro) dia do exercício seguinte ao qual se refere a declaração. [...] Ultrapassado este limite, a observância do princípio da legalidade na exigência de tributos confessados em DCTF somente se efetiva mediante revisão de ofício, pela autoridade administrativa, do débito declarado a maior. Por todo o exposto, no presente caso, não poderia a autoridade administrativa ter limitado sua análise às informações prestadas na DCTF, se presentes evidências, Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 12 11 nos bancos de dados da Receita Federal, de que outro seria o valor do tributo devido no período apontado na DCOMP, e, especialmente, mediante apresentação de DIPJ retificadora, da qual consta não apenas o valor do tributo devido, como também a demonstração da apuração das bases de cálculo mensais, trimestrais ou anuais da pessoa jurídica, conforme a sistemática de tributação adotada. Cabia à autoridade administrativa, minimamente, questionar a divergência existente entre ambas as declarações (DIPJ e DCTF) e, ainda que ultrapassado o prazo decadencial para retificação espontânea da declaração com erros em seu conteúdo, promover a retificação de ofício, definindo qual informação deveria prevalecer para análise da compensação declarada. Considerando que as informações assim prestadas em DIPJ confirmam a existência do indébito utilizado em compensação, e que a autoridade preparadora não desenvolveu qualquer procedimento para desconstituir tal realidade, não há como deixar de reconhecer o pagamento a maior e, por conseqüência, admitir sua compensação. Assim, embora evidente que a decisão recorrida foi omissa quanto a argumento da defesa, deixase de declarar sua nulidade pois, no mérito, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, e homologar a compensação declarada. É certo que o entendimento assim exposto foi reformado pela 1ª Turma da CSRF, por meio do Acórdão nº 9101002.766, que deu provimento a recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional, consolidando seu entendimento na seguinte ementa: (...) Todavia, o fato é que, embora não retificada a DCTF antes do procedimento de análise da compensação, a DIPJ retificada contemporaneamente à apresentação da DCOMP evidenciava débito inferior ao recolhido, em medida suficiente para justificar o indébito utilizado em compensação, conduta esta que o Fisco não poderia alegar desconhecimento, e que assim se presta a exigir verificação antes de se negar a existência do indébito correspondente a tributo sujeito a demonstração em DIPJ. Por tais razões, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Dessa forma, tendo em vista que no presente caso a Administração Tributária deixou que proceder à averiguação da DIPJ do Contribuinte, transmitida espontaneamente, antes da denegação de seu crédito, inclusive confirmando nas suas Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10783.900536/201696 Acórdão n.º 1402003.829 S1C4T2 Fl. 13 12 informações o direito crédito pretendido em DCOMP (independentemente das falhas de preenchimento de DCTF, que não mais poderia ser retificada), adotase e aplicase o entendimento acima exposto para dar provimento ao Recurso Voluntário. Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte, reconhecendo integralmente o seu direito creditório pleiteado, homologando a compensação estampada na DCOMP sob análise. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário do Contribuinte, reconhecendo integralmente o seu direito creditório pleiteado, homologando a compensação estampada na DCOMP sob análise. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa Fl. 172DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.919723/2014-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 23/09/2011
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE.
Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-005.931
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro.
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LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. Para fazer jus à compensação pleiteada, o contribuinte deve comprovar a existência do crédito reclamado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, sob pena de restar seu pedido indeferido. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 97 23 /2 01 4- 83 Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10880.919723/201483 Acórdão n.º 3301005.931 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão que manteve a não homologação da compensação do débito declarado pela contribuinte, em virtude de constar nos sistemas da RFB que o alegado recolhimento indevido já tinha sido utilizado integralmente para quitação de outros débitos. Confirase o teor do Despacho Decisório na origem: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Em manifestação de inconformidade, sustentou a contribuinte que o Despacho Decisório não teria fundamentação, tampouco motivação. Por isso, teria havido cerceamento do seu direito de defesa. A DRJ/RPO, no acórdão n° 14055.447, negou provimento ao apelo.. Em recurso voluntário, aduz que: a) A decisão de piso não levou em consideração a eficácia dos princípios constitucionais da motivação dos atos administrativos e da ampla defesa, o que impediu a empresa se defender adequadamente, bem como demonstrar a existência do crédito; b) O princípio da motivação dos atos administrativos foi desrespeitado, uma vez que a autoridade indeferiu a homologação das compensações utilizando como fundamento a inexistência do crédito, sem qualquer esclarecimento adicional; c) Restou violado o direito à ampla defesa, pois, como afirmado anteriormente, sem conhecer os motivos pelos quais sua compensação não foi homologada, a apresentação de qualquer defesa está prejudicada. Ao final, defende a reforma da decisão de primeira instância, para declarar insubsistente o despacho decisório que não homologa a compensação e acolher o recurso para homologála. É o relatório. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10880.919723/201483 Acórdão n.º 3301005.931 S3C3T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.922, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.900868/201419, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.922): "O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Sustenta a empresa que o Despacho Decisório é nulo por ausência de motivação, o que lhe impede de fazer a comprovação do direito ao crédito, constituindo o cerceamento de defesa. Aduz: “como pode a recorrente argumentar e apresentar defesa sem saber ao certo por qual motivo sua compensação não foi homologada?”. A resposta a tal questão é límpida pelo teor do ato administrativo: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, a devida motivação reside no fato de que o alegado pagamento indevido não foi restituído, porque já tinha sido utilizado para quitar outros débitos. Por outro lado, não se observa as hipóteses do art. 59, II, do Decreto n° 70.235/72, sendo inexistente, por conseguinte, qualquer nulidade. Ademais, a Recorrente não traz apontamento da origem do indébito e tampouco qualquer elemento de prova. Limitouse em sede de manifestação de inconformidade apenas a afirmar que: A requerente, ao calcular o quantum debeatur do IPI, utilizouse de base de cálculo com valores que indevidamente a integravam, ou seja, de base de cálculo ampliada. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10880.919723/201483 Acórdão n.º 3301005.931 S3C3T1 Fl. 5 4 Incluiu nesta base de cálculo, não só a receita decorrente de seu faturamento, ou seja, de suas vendas, mas sim as demais receitas que não devem compôlas. Para tanto, utilizouse de algumas teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes, a exemplo a ampliação da base de cálculo por alterar o conceito de faturamento, a exclusão da base de cálculo de determinadas despesas, entre outros. Por esta razão é que postulou a restituição/compensação do valor que pagou a maior desta exação. Tais afirmações sequer foram reiteradas no recurso voluntário. É sabido que a contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. Entretanto, a Recorrente não demonstrou a base de cálculo utilizada para apurar o IPI pago. Dessa forma, não há como se afirmar qual ou quais valores integraram a base de cálculo do IPI ao arrepio do art. 47 do CTN. Em pedido de sua iniciativa, cabialhe: a) Apresentar planilha com base de cálculo do IPI; b) Sustentar o indébito no livro de apuração do IPI e em notas fiscais; c) Exibir DIPJ, DCTF original e DARF e demais livros fiscais. Isso porque, dispõe o art. 170, do CTN que a compensação depende da comprovação da liquidez e certeza dos créditos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Dessa forma, na ausência de documentação referente ao crédito, entendo que a pretensão da Recorrente não merece acolhida, uma vez que, regra geral, considerase que o ônus de provar recai a quem alega o fato ou o direito: CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10880.919723/201483 Acórdão n.º 3301005.931 S3C3T1 Fl. 6 5 I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Logo, é da própria empresa o ônus de registrar, guardar e apresentar os documentos e demais elementos que testemunhem o seu direito ao creditamento. Então, restou demonstrado que a interessada se omitiu em produzir a prova que lhe cabia, segundo as regras de distribuição do ônus probatório do processo administrativo fiscal. Não o fazendo, acertadamente, a compensação não foi homologada. Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 53DF CARF MF
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