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Numero do processo: 10945.000301/2009-73
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 25 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Fri Mar 14 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
INSUMOS. NÃO CUMULATIVIDADE.
Sob o regime de incidência não cumulativa e para fins de dedução de créditos, para verificar se determinado bem ou serviço pode ser qualificado como insumo, é necessário analisar seu grau de inerência (um tem a ver com o outro) com a produção ou o produto, e o grau de relevância desta inerência (em que medida um é efetivamente importante para o outro ou se é apenas um vínculo fugaz sem maiores consequências).
NÃO CUMULATIVIDADE. CUSTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE MATÉRIAS-PRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS. ATENDIMENTO AO CONCEITO DE INSUMO. DIREITO AO CRÉDITO. POSSIBILIDADE.
Por força do que prescreve o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, dão direito ao crédito os custos com frete no transporte, realizado entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte, de matérias-primas aplicadas no processo de produção.
DESPESA COM FRETE REFERENTE AO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE O ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL E O ESTABELECIMENTO DISTRIBUIDOR. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, as despesas com frete realizadas no transporte de produtos acabados entre o estabelecimento industrial e distribuidor da mesma pessoa jurídica não integram a base de cálculo de crédito da Cofins não cumulativa.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3102-002.045
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito de crédito em relação ao GLP, ao frete de matérias primas, aos bens de Manutenção Industrial incluído no CFOP 1.556/2.556, exceto em relação produtos qualificados como de laboratório, condimentos, uso e consumo, matéria prima, embalagem e indústria. Por voto de qualidade, manteve-se a glosa em relação ao frete de produtos acabados. Designado como redator da parte vencida o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
[assinado digitalmente]
Luiz Marcelo Guerra de Castro - Presidente.
[assinado digitalmente]
Andréa Medrado Darzé - Relatora.
[assinado digitalmente]
José Fernandes do Nascimento Redator Designado
Participaram, ainda, da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento e Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama.
Nome do relator: ANDREA MEDRADO DARZE
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NÃO CUMULATIVIDADE. Sob o regime de incidência não cumulativa e para fins de dedução de créditos, para verificar se determinado bem ou serviço pode ser qualificado como insumo, é necessário analisar seu grau de inerência (um tem a ver com o outro) com a produção ou o produto, e o grau de relevância desta inerência (em que medida um é efetivamente importante para o outro ou se é apenas um vínculo fugaz sem maiores consequências). NÃO CUMULATIVIDADE. CUSTOS COM FRETE NO TRANSPORTE DE MATÉRIASPRIMAS ENTRE ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS. ATENDIMENTO AO CONCEITO DE INSUMO. DIREITO AO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. Por força do que prescreve o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, dão direito ao crédito os custos com frete no transporte, realizado entre estabelecimentos industriais do próprio contribuinte, de matériasprimas aplicadas no processo de produção. DESPESA COM FRETE REFERENTE AO TRANSPORTE DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE O ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL E O ESTABELECIMENTO DISTRIBUIDOR. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, as despesas com frete realizadas no transporte de produtos acabados entre o estabelecimento industrial e distribuidor da mesma pessoa jurídica não integram a base de cálculo de crédito da Cofins não cumulativa. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 5. 00 03 01 /2 00 9- 73 Fl. 6401DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 101 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito de crédito em relação ao GLP, ao frete de matérias primas, aos bens de Manutenção Industrial incluído no CFOP 1.556/2.556, exceto em relação produtos qualificados como de laboratório, condimentos, uso e consumo, matéria prima, embalagem e indústria. Por voto de qualidade, mantevese a glosa em relação ao frete de produtos acabados. Designado como redator da parte vencida o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. [assinado digitalmente] Luiz Marcelo Guerra de Castro Presidente. [assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Relatora. [assinado digitalmente] José Fernandes do Nascimento – Redator Designado Participaram, ainda, da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Marcelo Guerra de Castro, Ricardo Paulo Rosa, Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento e Álvaro Arthur Lopes de Almeida Filho, Andréa Medrado Darzé e Nanci Gama. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da DRJ em Curitiba que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado, por entender que não dão direito a crédito da COFINS, os custos com aquisições de bens de manutenção industrial incluído no CFOP 1.556 e 2.556: fretes internos, em especial de produtos acabados; e de Gás Liquefeito de Petróleo – GLP sujeitos à alíquota zero. A ora Recorrente protocolou Pedidos de Ressarcimento (PER) de créditos da COFINS, vinculados a receitas não tributadas no mercado interno do ano calendário de 2007, a seguir resumidos: (a) n° 19863.51657.260208.1.1.118627, relativo ao 1° trimestre de 2007, pelo qual requer o ressarcimento de R$ 1.828.292,26; (b) n° 31662.40658.26020811.118006, relativo ao 2° trimestre de 2007, pelo qual requer o ressarcimento de R$ 2.184.379,53; (c) n.° 05833.54237.260208.1.1.116800, relativo ao 30 trimestre de 2007, pelo qual requer o ressarcimento de R$ 2.268.595,05; e (d) n.° 01401.95020.200608.1.1.117408, relativo ao 4° trimestre de 2007, pelo qual requer o ressarcimento de R$ 2.569.826,46. O Chefe do Seort/DRF/Foz do Iguaçu, com fundamento na Informação Fiscal Seort n° 171/2009 (fls. 6029/6057), que discrimina as glosas e os recálculos dos créditos pretendidos pela interessada, emitiu o Despacho Decisório de fl. 6058, indeferindo os créditos pleiteados, nos seguintes temos: Fl. 6402DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 102 3 No uso da competência prevista no artigo 280, inciso VI, do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF n.° 125, de 04 de março de 2009, publicada no DOU de 06 de março de 2009 e com fundamento na Informação Fiscal supra, que aprovo e torno parte integrante do presente despacho decisório, reconheço parcialmente o direito creditório pleiteado por Frimesa Cooperativa Central, CNPJ 77.595.395/000147, no valor originário de R$ 4.446.578,15 (Quatro Milhões, Quatrocentos e quarenta e seis mil, quinhentos e setenta e oito reais e quinze centavos),, sem juros compensatórios conforme artigo 72, ,5S . 5 0, inciso I, da IN RFB n.° 900/08 (..)". Cientificada em 01/07/2009, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, instruída com diversos documentos, na qual alega, preliminarmente, que a matéria em litígio se resume aos itens da lista de fls. 6218/6219, quais sejam: a) Bens de Manutenção Industrial incluído no CFOP 1.556 e 2.556: Glosa integral das aquisições de Bens supostamente utilizados para Manutenção Industrial, sobre a base de cálculo das Contribuições de PIS/COFINS de R$ 6.763.448,36 (seis milhões setecentos e sessenta e três mil, quatrocentos e quarenta e oito reais e trinta e seis centavos), decorrente de produtos adquiridos pela manifestante no Exercício de 2.007, registrados nos Livros Fiscais Registro de Entradas de mercadorias, com o CFOP (Código Fiscal da Operação) 1.556 e 2.556; b) Fretes "Intercompany": Glosa no valor de R$ 13.146.745,00 (treze milhões cento e quarenta e seis mil setecentos e quarenta e cinco reais) na base de cálculo de créditos do PIS/COFINS do exercício de 2.007, relativo a fretes contratados pela impetrante para o transporte de mercadorias entre estabelecimentos da própria empresa de produtos acabados e matériasprimas; c) Aquisições de Gás Liquefeito de Petróleo GLP: Glosa no valor de R$ 315.556,46, (trezentos e quinze mil, quinhentos e cinquenta e seis reais e quarenta e seis centavos) na base de cálculo dos créditos de PIS/COFINS do exercício de 2.007, relativo a aquisições de Gás Liquefeito de Petróleo GLP, adquiridos de Pessoas jurídicas distribuidoras e comerciantes varejistas tributadas pela alíquota 'Zero', sujeitos a incidência monofásica das Contribuições". No mérito, esclareceu que o fisco, após verificação por amostragem, entendeu que os bens classificados no CFOP 1556/2556, não se enquadrariam no conceito de insumo, operando a glosa do valor de R$ 6.763.448,36, representado por 8.803 notas fiscais relacionadas. A despeito de concordar com a glosa até o montante de R$ 4.240.897,69, em relação ao remanescente, de R$ 2.522.550,67, entende que, por se referir a bens utilizados no processo industrial, tais como matériasprimas, insumos de produção e embalagem, deveria ser deferido o direito ao correspondente crédito, anexando lista de tais bens. Destaca que a utilização dos referidos códigos (1.556 e 2.556) não pode afetar seu direito a tomada do crédito. O que realmente importa é se os bens assim classificados tem natureza diversa daquela destinada ao uso e consumo. Afirma que os códigos CFOP utilizados pelo fisco como critério objetivo para glosa, em realidade constituem regramentos criados pelo Fl. 6403DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 103 4 ajuste SINIEF n° 07/01, para contribuintes do ICMS, que o utilizam para definição de “bens de uso e consumo” e “insumos de produção”, em conceito diverso daquele utilizado para fins de tributação de PIS e Cofins. Argumenta que com relação às despesas com serviços de manutenção, partes e peças de reposição, as regras que devem prevalecer para fins de creditamento de PIS e Cofins, é a do conceito financeiro, ou seja, as despesas com tais itens, inegavelmente aplicados em máquinas e equipamentos utilizados no processo de produção industrial, conferem direito ao crédito, por comporem o custo do produto final, nos termos do própria Solução de Consulta n° 356, de 15/12/2005. Alega, ainda, que não só as despesas com serviços de manutenção e partes e pegas de reposição, cujo direito a crédito foi negado, mas que também se glosaram créditos de matériasprimas, insumos e embalagens (que fazem parte da precitada listagem de fls. 4686/4946), à razão do que dispõe o art. 30, II, tanto da Lei n° 10.833/2003, como da Lei n° 10.637/2002. Já em relação aos Fretes “Intercompany” (fls. 6223/6229), diz não concordar com a glosa de custos gerados pelo transporte de matériaprima entre seus estabelecimentos, no montante de R$ 774.439,08, considerandoa ilegal, entendendo que é direito assegurado pelo art. 3º, II, tanto da Lei n° 10.833/2003, como da Lei n° 10.637/2002; alega que conforme lista anexa (fls. 6308/6328) estaria demonstrado que os fretes que compõem a base de cálculo negada destinarseiam ao referido transporte de matériasprimas, o que significaria custo integrante do processo produtivo. Quanto ao transporte de produtos acabados, também sustenta que a glosa de R$ 12.372.306,90, representaria ato contrario à lei, afirmando que "a transferência de mercadorias do estabelecimento industrial para estabelecimento distribuidor, representa custo intrínseco a qualquer processo logístico de empresa que atua em âmbito nacional e que está ligado processo que medeia a fabricação desses bens ou produtos e sua venda, portanto, geram direito a crédito nos termos do art. 3, da Lei 10.833/03 e 10.637/02"; por tais razões, também, contesta a Solução de Divergência Cosit n° 11/2007, por entender que restringiria ilegalmente seu direito de crédito decorrente de custo essencial à atividade econômica, e configuraria usurpação de competência legal, operando restrição ã legislação de regência; quanto a isso, acrescenta que no art. 3°, II da Lei n° 10.637/2002 inexiste vedação ao aproveitamento dos créditos sobre serviços onerosos de transportes, nas operações de transferência de produtos acabados ou insumos de produção entre estabelecimentos da mesma empresa, entendendo, assim, que tais serviços de transportes estão inclusos no conceito de insumos de produção de mercadorias destinadas à venda. No que se refere ao item "IV — Aquisições de Gás Liquefeito de Petróleo GLP" (fls. 6229/6230), tem como indevida a glosa na base de cálculos de créditos do PIS e da Cofins, no valor de R$ 315.556,46, relativa ao 'exercício' de 2007, no tocante as aquisições de gás liquefeito de petróleo (GLP) de pessoas jurídicas distribuidoras e comerciantes varejistas tributadas com alíquota 'zero', já que sujeitas à incidência monofásica das citadas contribuições; argumenta que tal produto (GLP) é utilizado como insumo em seu processo produtivo, que gera mercadorias tributadas pelas referidas contribuições, sendo, assim, indevida a referida glosa; cita, a propósito, a Solução de Divergência n° 37, de 09 de outubro de 2008, que afirma ter reconhecido direito ao crédito como o requerido. Fl. 6404DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 104 5 A DRJ em Curitiba julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade nos seguintes termos: LEGISLAÇÃO SOBRE ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO. A legislação tributária que dispõe sobre exclusão do crédito tributário e outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. FRETES. TRANSPORTE DE MATÉRIASPRIMAS E DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA INTERESSADA. Por não integrarem o conceito de insumo utilizado na produção de bens destinados à venda, as despesas efetuadas com fretes contratados para o transporte de matériasprimas e de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da contribuição para o PIS. INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. No cálculo da Contribuição para o PIS o sujeito passivo somente poderá descontar créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens ou serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens e na prestação de serviços, não se considerando como tal despesas com a aquisição de gás liquefeito de petróleo (GLP), bem como com aquisições de mercadorias adquiridas para uso e consumo do próprio estabelecimento (códigos CFOP 1.556/2.556). CONTESTAÇÃO DE VALIDADE DE NORMAS VIGENTES. JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. A autoridade administrativa não tem competência para, em sede de julgamento, negar validade 'as normas vigentes. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Irresignada, a contribuinte recorreu a este Conselho repetindo as razões da sua Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Andréa Medrado Darzé, Relatora. O recurso é tempestivo, atende as demais condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Fl. 6405DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 105 6 Conforme é possível perceber do relato acima, a presente controvérsia versa, essencialmente, sobre a definição do conceito de insumo para fins de reconhecimento do direito ao crédito de COFINS no regime não cumulativo. Afinal, apenas depois de estabelecido o conteúdo e alcance é que será possível afirmar, com segurança se as despesas com bens de manutenção industrial incluído no CFOP 1.556 e 2.556: fretes internos, em especial de produtos acabados; e aquisições de gás liquefeito de petróleo – GLP sujeitos à alíquota zero geram crédito no caso específico da atividade da Recorrente. Conceito de insumo Pois bem. A nãocumulatividade da COFINS foi instituída pela Lei nº 10.833/03, a qual permite o desconto de créditos sobre (i) bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e sobre (ii) custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. Neste sentido, o artigo 3º, da Lei nº 10.833/03, estabelece que: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I – bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: a) no inciso III do § 3º do art. 1º desta Lei; e b) nos §§ 1º e 1ºA do art. 2º desta Lei; II – bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; Nos termos do referido dispositivo legal, o valor devido a título de COFINS será apurado pela aplicação da alíquota de 7,6%, sobre a base de cálculo definida no artigo 1º, da Lei nº 10.833/031, e, do valor apurado, a pessoa jurídica poderá descontar créditos em relação a bens e serviços utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desse modo, é possível observar que o direito creditório do sujeito passivo surge com a aquisição de insumos que serão utilizados no desenvolvimento de sua atividade. Ao dispor sobre o conceito de insumo contemplado na sistemática não cumulativa da Contribuição ao PIS e da COFINS, Natanael Martins nos explica que ele “está relacionado ao fato de determinado bem ou serviço ter sido utilizado, ainda que de forma 1 Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Fl. 6406DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 106 7 indireta, na atividade de fabricação do produto ou com a finalidade de prestar um determinado serviço”. 2 De fato, a definição de insumo, para fins de apuração da Contribuição ao PIS e da COFINS, se relaciona com a ideia de relação intrínseca entre os bens e serviços adquiridos e a atividade desenvolvida pela pessoa jurídica, os quais devem refletir, ainda que mediatamente, na receita/faturamento sobre o qual incidirá referidas contribuições. Neste contexto, sempre deverá ser considerado como o insumo o bem ou serviço que seja necessário ao desenvolvimento da atividade da pessoa jurídica ou para a existência do processo produtivo ou do produto, ou ainda, que contribua para que estes (processo e produto) tenham determinadas características. Neste sentido, são os ensinamentos de Marco Aurélio Greco: Vale dizer, “utilizar como insumo” é extrair dos bens ou dos serviços todas as utilidades que lhes sejam próprias para o fim de fazer com que o processo produtivo ou o produto destinado a venda existam ou tenham as características almejadas. Vale dizer, fazer com que – no específico contexto da atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte – processo e produto sejam o que são. (...) A análise feita leva a uma conclusão preliminar no sentido de deverse considerar “utilizados como insumo” para fins de não cumulatividade de PIS/COFINS todos os elementos físicos ou funcionais – o que abrange bens, serviços e utilidades deles decorrentes, ligados aos fatores de produção (capital e trabalho), adquiridos ou obtidos pelo contribuinte e onerados pelas contribuições – que sejam relevantes para o processo de produção ou fabricação, ou para o produto, em função dos quais resultará a receita ou o faturamento onerados pelas contribuições.3 Tecidos esses comentários e tomando de empréstimo as terminologias utilizadas por esses autores, concluímos que para que um determinado bem ou serviço seja considerado como insumo, devese analisar seu grau de inerência (um tem a ver com o outro) com a produção ou o produto, e o grau de relevância desta inerência “(em que medida um é efetivamente importante para o outro, ou se é apenas um vínculo fugaz sem maiores consequências)”.4 Neste ponto, vale ressaltar que a definição do conceito de insumo proposta pela Instrução Normativa SRF nº 404/04 para fins de apuração da Contribuição ao PIS e da COFINS, na sistemática não cumulativa, é manifestamente ilegal, na medida em que estabelece restrição não prescrita na lei. Eis sua formula textual: 2 MARTINS, Natanael. O conceito de insumos na sistemática nãocumulativa do PIS e da COFINS. In PIS COFINS: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 207. 3 GRECO, Marco Aurélio. Conceito de Insumo à luz da legislação de PIS/COFINS. Revista Fórum de Direito Tributário – RFDT. Julho/Agosto de 2008, v. 34, pp. 1620. 4 GRECO, Marco Aurélio. Op. cit. p. 17. Fl. 6407DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 107 8 Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I – das aquisições efetuadas no mês: a) de bens para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 1º do art. 4º; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou b.2) na prestação de serviços; (...) § 4º Para os efeitos da alínea “b” do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...) § 9º Aplicase ao PIS/Pasep nãocumulativo de que trata a Lei nº 10.637, de 2002, o disposto: I na alínea "b" do inciso I do caput, e nos §§ 4º, 5º e 6º, a partir de 1º de janeiro de 2003; e II na alínea "e" do inciso II e no inciso III do caput, a partir de 1º de fevereiro de 2004. Como é possível perceber, a Receita Federal do Brasil pretendeu, com a promulgação da referida Instrução Normativa, limitar o alcance de legislação ordinária (Lei nº 10.833/08). Entretanto, por se tratar de veículo introdutor secundário, não se sustentam os Fl. 6408DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 108 9 comandos que são manifestamente contrários aos da norma de superior hierarquia que lhe empresta fundamento de validade (a lei). Ademais, ainda que fosse possível a alteração das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 por norma de inferior hierarquia, o que se admite apenas para argumentar, não se pode olvidar que a Instrução Normativa SRF nº 404/04, ao equiparar a definição de insumo para fins de nãocumulatividade da Contribuição ao PIS e da COFINS, com o de insumo para fins de nãocumulatividade de IPI e ICMS, incorreu em manifesto equívoco. De fato, a presente equiparação não tem qualquer sustentação jurídica, uma vez que a não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS não tem o mesmo perfil da empregada ao IPI e ao ICMS. Isso porque, no caso do IPI e do ICMS, o referencial para se analisar o conceito de insumo, é um objeto físico (produto). De forma diferente, no caso da COFINS, o referencial é a atividade e processo de produzir e fabricar, sendo que a partir dessa referência que se identificará quais os bens e serviços serão considerados insumos. Por outro lado, enquanto o IPI e ICMS incidem sobre o produto/mercadoria, a COFINS incide sobre o faturamento da pessoa jurídica, o que demonstra que o universo de elementos abrangidos pela nãocumulatividade de COFINS é mais amplo do que o de IPI/ICMS. Sobre a inaplicabilidade da Instrução Normativa SRF nº 404/04, face às diferenças existentes entre os insumos de COFINS e os insumos de IPI e ICMS, Ricardo Mariz de Oliveira ensina que: Com efeito, essa interpretação está assentada, ou ao menos influenciada determinantemente, pelo conceito de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que geram créditos de IPI, e também de ICMS. Acontece que as leis destes dois impostos não admitem, como fazem as Leis nº 10.637 e 10.833, a dedução ou o crédito relativo a insumos em geral, pois restringem os créditos aos valores devidos na operação imediatamente anterior sobre apenas alguns tipos de insumos, que são exatamente as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem. Sem ser necessário adentrar em qualquer discussão relativa à extensão dos créditos de IPI e de ICMS, para se poder distingui los das deduções relativas a insumos para efeito de quantificação da COFINS e da contribuição ao PIS, basta ver que, quanto ao IPI, a redução dos créditos a apenas os três grupos de insumos deriva de expressa disposição da respectiva legislação, enquanto que no ICMS as leis que o regem têm disposições inteiramente diversas das contidas nas Leis nº 10.637 e 10.833. Além disso, em benefício da citada instrução normativa sequer existe uma disposição legal que diga que, para a identificação dos insumos que geram dedução da COFINS e da contribuição ao PIS, deva ser aplicada subsidiariamente a legislação do IPI, como ocorre com o crédito presumido estabelecido pela Lei nº 9.363, de 13.12.1996, neste caso por força de expressa determinação do parágrafo único do art. 3º. Fl. 6409DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 109 10 Portanto, o que dizem as mencionadas instruções normativas quanto a que somente são insumos as matériasprimas, os produtos intermediários, as embalagens e quaisquer outros bens que sofram alteração, carece inteiramente de base legal. Esse ato fazendário somente teria validade jurídica se a lei expressamente tivesse permitido a dedução exclusivamente quanto a matérias primas, produtos intermediários, materiais de embalagem e outros bens sob aquele requisito, em vez de autorizála abertamente sobre insumos destinados à produção de bens e serviços.5 Neste contexto, não resta dúvida de que a restrição estabelecida pela Instrução Normativa SRF nº 404/04 não encontra amparo legal, motivo pelo qual não poderá sequer ter seus dispositivos considerados pelo órgão julgador. No caso em análise, a Recorrente é pessoa jurídica que se dedica à produção de produtos agrícolas, em especial carne bovina e suína e leite. Por outro lado, pretende ver reconhecido o direito ao crédito de COFINS relativo às despesas com bens de manutenção industrial incluído no CFOP 1.556 e 2.556; fretes internos, em especial de produtos acabados; e aquisições de gás liquefeito de petróleo – GLP sujeitos à alíquota zero. No que se refere especificamente às aquisições de Gás Liquefeito de Petróleo – GLP, esclarece a Recorrente que ele “é utilizado pela manifestante como insumo de produção na sua atividade industrial (geração de chama para queima de pelos dos suínos para abate)”. Sendo essa a sua utilização, não há dúvida que tais mercadorias guardam inerência com a atividade desenvolvida pela empresa, na medida em que são efetivamente importantes para a sua produção, razão pela qual devem gerar direito ao crédito no caso concreto. O fato de o GLP não se enquadrar nos conceitos de “matériaprima, produto intermediário, material de embalagem ou outro bem que sofra alteração em função de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação” não é suficiente, como sugere a decisão recorria, para desqualificalo “como insumo para a sua fabricação”, uma vez que não é esta a definição relevante para fins de nãocumulatividade do PIS e da COFINS. O que se deve observar, como vimos, é se se trata de bem utilizado como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes. Por outro lado, entendo que a circunstância de esses bens serem adquiridos à alíquota zero, não compromete a higidez do crédito quando o produto vendido pela Recorrente é tributado. Isso porque, como bem pontuou a decisão recorrida, a lei garante a manutenção dos créditos nesses casos. Nas suas palavras: Primeiramente, cabe esclarecer que, relativamente ao PIS, a base legal citada pela DRF/FOZ deveria ser o art. 3°, § 2°, II da Lei n° 10.637, de 2002, e não o art. 3°, § 2°, II, da Lei n° 10.833, de 2003, muito embora tais dispositivos contenham a mesma redação. 5 OLIVEIRA, Ricardo Mariz. Aspectos Relacionados à “Nãocumulatividade” da COFINS e da Contribuição ao PIS. In PISCOFINS: questões atuais e polêmicas. São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 43/44. Fl. 6410DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 110 11 Entretanto, considerase que a glosa pela razão alegada é indevida. Vejase o que estabelece o art. 3°, § 2°, II da Lei n° 10.637, de 2002 (cuja redação é semelhante ao art. 3º, § 2°, II da Lei n° 10.833, de 2003): Art. 3° Do valor apurado na forma do art. 2° a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: §2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei n° 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (incluído pela Lei n°10.865. de 2004) Primeiramente, vejase que, na prática, quase toda aquisição de combustível derivado de petróleo (como é o GLP), pelas pessoas jurídicas que sejam seus consumidores finais, é feito a partir de pessoas jurídicas distribuidoras (ou varejistas) de tal produto, que os revendem com a incidência da alíquota zero para o PIS e a Cofins (art. 42, I da MP n° 2.15835, de 2001), posto que a tributação dessas contribuições é concentrada nas refinarias; assim, se válida a interpretação dada pela DRF/FOZ ao art. 3°, § 2°, II, das Leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003, seria praticamente impossível aos citados contribuintes se valerem do referido crédito. Entendese que a melhor interpretação a ser dada ao citado dispositivo (art. 30, § 2°, II das Leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003) é da impossibilidade da utilização do crédito, desde que o bem ou serviço adquirido como não estando sujeito ao pagamento do PIS e da Cofins, fosse revendido ou utilizado como insumo em produtos ou serviços sujeitos a alíquota zero, isentos ou não alcançados pelas citadas contribuições Assim, constatado que o GLP é utilizado como insumo pela Recorrente, uma vez que guarda pertinência, inerência e relevância para a produção de carne suína, na medida em que gera a chama para queima de pelos dos suínos indispensável para o abate, devese reconhecer o seu direito creditório. O outro objeto de glosa diz respeito aos bens incluídos nos CFOP 1.556 e 2.556. Neste ponto, a fiscalização entendeu tratarse de bens de uso e consumo, não passíveis de creditamento, o que teria concluído com base justamente no CFOP utilizado pelo contribuinte. De fato a DRF, no que foi seguida pela DRJ, deixou assim consignado na sua decisão: Assim, para análise do crédito referente a essa rubrica, esta autoridade adotou o critério de separação em função do código informado pelo próprio contribuinte na sua escrituração, pois a análise de documentos acostados aos autos mostra quem para praticamente todas as aplicações informadas, há separação na Fl. 6411DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 111 12 contabilidade entre os CFOP 1556/2556, que se referem a compra de materiais para uso e consumo, e entre outros códigos fiscais relativos a compra de insumos (CFOP estes que forma analisados por amostragem) Antes de analisar propriamente o direito creditório relativo a estes bens, vale esclarecer que o contribuinte indicou nos CFOP 1.556 e 2.556 bens das mais variadas naturezas e com as mais diversas aplicações, incluindo não apenas bens relativos à manutenção de máquinas e equipamentos, mas também, produtos químicos, produtos de laboratório, equipamentos de proteção individual, detergentes, produtos de limpeza, embalagem, higienização, condimentos, combustíveis, matéria prima, indústria, uso e consumo etc. Isso é facilmente verificável na planilha que instruiu a Manifestação de Inconformidade, o que, inclusive, foi confirmado pela fiscalização e pela decisão recorrida. Feito este esclarecimento e tendo em vista que a Recorrente se dedica à produção de carne e leite para consumo humano, por óbvio que se devem incluir no conceito de insumo os produtos químicos, produtos de limpeza, detergentes, indumentária e produtos de higienização indispensáveis para o cumprimento das exigências sanitárias impostas pelo Poder Público relativamente à indústria de processamento de alimentos. Nesse sentido já decidiu a Terceira Turma da CSRF: Acórdão 930301.740 – 3ª Turma – Relatora Nanci Gama COFINS. INDUMENTÁRIA. INSUMOS. DIREITO DE CRÉDITO.ART. 3º da LEI 10.833/03. Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis da Cofins não cumulativa, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo. Recurso Especial do Procurador Negado. Da mesma forma, devese reconhecer o crédito relativamente bens relativos à manutenção de máquinas e equipamentos e lubrificantes, tendo em vista que (i) a Recorrente os contabilizou como bens de uso e consumo; (ii) os bens de uso e consumo têm duração inferior a um anos; e (iii) a contabilidade faz prova a favor do contribuinte, exceto no caso de o Fisco demonstrar por meio de provas o contrário, o que não é o caso. Neste ponto, importa esclarecer que, diversamente do que sugerem as decisões da DRF e da DRJ, o eventual erro na indicação do CFOP não tem o condão de alterar a natureza dos bens adquiridos pela Recorrente O presente equívoco não é suficiente para desqualificar um insumo, especialmente tendo em vista que para o PIS/COFINS em essência nada é insumo, tudo vai depender de sua relação com a atividade, da maneira ou do modo de sua utilização. Fl. 6412DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 112 13 Neste contexto, se há elementos que evidenciam que os bens em questão mantêm inerência, pertinência e relevância para a atividade realizada pela Recorrente devem ser considerados como insumo, independentemente do CFOP indicado. Afinal não pode o Fisco simplesmente ignorar a verdade dos fatos e sustentar a glosa em erro na indicação do CFOP das notas fiscais escrituradas. Ora, erro não é fato gerador de tributo, tampouco pode ser utilizado como único embasamento para a glosa de créditos de tributos legitimamente apropriados pela Recorrente. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que que o erro do contribuinte não pode ser o único elemento para fundamentar o lançamento, especialmente diante da inexistência de prejuízo ao fisco e da inocorrência de fraude, o que se aplica analogamente ao caso dos autos: RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. NOTA FISCAL. ERRO FORMAL. PREJUÍZO AO FISCO. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. AUSÊNCIA. IDONEIDADE DO DOCUMENTO. 1. Uma simples falha no preenchimento da nota fiscal que não acarrete prejuízo ao erário, nem a intenção de fraudar o Fisco , não pode acarretar o reconhecimento de sua inidoneidade para justificar a realização de outro lançamento pelos fiscais da Fazenda. 2. Recurso especial desprovido. (STJ, REsp 1.089.785, Primeira Turma, Relatora Ministra Denise Arruda, DJe 11/03/09) TRIBUTÁRIO. ERRO FORMAL NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA. FATO INCONTROVERSO. PRINCÍPIO DA VERDADE REAL. 1. Em matéria tributária deve ser observado o princípio da verdade real. 2. Não havendo controvérsia de fato, no sentido de que efetivamente não ocorreu a hipótese de incidência do tributo, deve ser admitida a retificação do erro pelo contribuinte, até mesmo para evitar o enriquecimento sem causa do Fisco. (TRF 4, APELREEX 12089 RS 2002.71.08.0120892, Primeira Turma, Relator Desembargador Jorge Antonio Maurique, DJe 22/09/09) Desse modo, considerando que o erro na indicação do CFOP não tem o condão de desnaturar os insumos adquiridos pela Recorrente, deve ser reconhecido o correspondente direito creditório. A mesma sorte, todavia, não se estende as rubricas indicadas pelo contribuinte como embalagem, produto de laboratório, condimentos, uso e consumo, matéria prima e indústria tendo em vista que não foram apresentados nos autos elementos suficientes para concluir se eles efetivamente são empregados no processo produtivo da Recorrente. Conclusão em sentido contrário demandaria maiores esclarecimentos, o que não foi satisfatoriamente feito pela Recorrente. Fl. 6413DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 113 14 Por fim, cabe analisar o direito ao crédito em relação ao frete, que compreende tanto o transporte de insumos bem como de produtos acabados entre estabelecimentos da Recorrente. De acordo com a fiscalização, o creditamento sobre despesas com frete somente alcançaria os fretes para a venda. Esse entendimento foi acompanhado pela autoridade recorrida que manteve a glosa desses valores. Ocorre que referidas autoridades olvidaramse que o frete a que se refere o inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/04, aplicável à contribuição ao PIS em face das disposições do art. 15 deste mesmo diploma legal, é apenas o frete da operação de venda, e não o frete na compra de insumos ou entre os estabelecimentos empresarias da pessoa jurídica. Por conta disso, a vigência temporal indicada pelas decisões proferidas nesse processo, jamais poderia servir de fundamento seja para o deferimento ou indeferimento do presente crédito, haja vista que a norma em questão analisa situação diversa da pleiteada pela Recorrente. De fato, entendo que tais fretes, quando prestados por pessoas jurídicas residente no Brasil, dão direito ao crédito dessas contribuições. Essa conclusão decorre da própria inteligência do art. 3º, II, seja da Lei nº 10.637/02 seja da Lei nº 10.833/04. Afinal, do meu ponto de vista, o frete na compra insumos bem como de transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da pessoa jurídica inseremse no conceito serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, a que se refere o art. 3º, II, das referidas leis. Como bem pontuado pelo Conselheiro Emanuel Carlos Dantas de Assis, ao proferir voto vencedor no Acórdão nº 3401002.075 (Processo nº 16366.003307/200738), o inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/04 apenas ampliou o rol dos fretes que dão direito ao crédito, haja vista que o frete de insumos e produtos acabados (vendidos ou não) já estavam contemplados pelo inciso II. nas suas palavras: A norma introduzida pelo inc. IX, acima, segundo a qual a armazenagem e o frete contratados junto a pessoas jurídicas residentes no Brasil e suportados pela vendedora de mercadorias geram créditos a partir de 1º de fevereiro de 2004, é ampliativa em relação aos créditos previstos no inc. II do mesmo artigo. Com base no inciso II (mais antigo, quando considerada a não cumulatividade do PIS, em vigor desde dezembro de 2002) os fretes entre os estabelecimentos da pessoa jurídica, de insumos e produtos acabados (vendidos ou não), já davam direito a crédito. O que importa averiguar, a meu ver, é se o transporte é de insumos, de produtos acabados (não vendidos) ou de produtos já vendidos. Fosse transporte de imobilizado, de material de escritório ou de trabalhadores do setor administrativo, por exemplo, não devia ser admitido crédito. Mas, como informado no voto vencido, a situação destes autos é de insumos e produtos acabados. Em três momentos – um inicial, quando transportados insumos; outro intermediário, quando transportados produtos acabados, mas não vendidos; e um final, quando entregues produtos vendidos – o crédito deve ser concedido, seja pela norma extraída do inc. II (transporte entre os estabelecimentos da mesma empresa, inclusive antes de 1º fevereiro de 2004 na hipótese do PIS) ou pela do inc. IX (entrega dos produtos Fl. 6414DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 114 15 vendidos aos adquirentes, nesta hipótese a partir de 1º de fevereiro de 2004, já que introduzida norma específica com vigência a partir dessa data, a mesma que contemplou os custos com armazenagem). Por conta disso, entendo que o frete na aquisição de insumos e no transporte de produtos acabados dão direito ao crédito de Contribuição ao PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário, para, relativamente a parte objeto de recurso, manter a glosa de créditos exclusivamente em relação aos produtos de laboratório, condimentos, uso e consumo, matéria prima, embalagem e indústria. [Assinado digitalmente] Andréa Medrado Darzé Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, é oportuno esclarecer que, no recurso em apreço, a recorrente contesta a glosa (i) dos créditos relativos às despesas com frete do transporte de matérias primas entre os estabelecimentos industriais da própria recorrente e (ii) dos créditos relativos às despesas com frete do transporte de produtos acabados entre o estabelecimento industrial e o estabelecimento distribuidor. Em relação à primeira questão, não houve divergência em relação ao voto proferido pela Relatora, em que propugnou o restabelecimento do valor do crédito glosado. Apenas em relação a segunda questão, houve divergência, sagrandose vencedora a tese que manteve a glosa dos créditos calculados sobre as despesas com fretes relativas ao transporte dos produtos acabados entre estabelecimento industrial e o estabelecimento distribuidor. Em relação a esse ponto, com a devida vênia da i. Relatora, a meu ver, a melhor interpretação está com o órgão de julgamento de primeiro grau, que manteve a glosa dos referidos créditos com base no argumento de que as despesas com fretes contratados para o transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica não integravam o conceito de insumo utilizado na produção de bens destinados à venda. Por outro lado, alegou recorrente que no art. 3°, II, da Lei n° 10.833, de 2003, inexistia vedação ao aproveitamento dos créditos sobre serviços onerosos de transportes, nas operações de transferência de produtos acabados entre estabelecimentos da mesma empresa, entendendo, assim, que tais serviços de transportes estão inclusos no conceito de insumos de produção de mercadorias destinadas à venda. Como visto a controvérsia cingese ao conceito de insumo. Nesse particular, a meu ver, não assiste razão à recorrente. O conceito de insumo previsto no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, limita a possibilidade de crédito apenas às aquisições de bens e serviços utilizados na prestação de serviços ou na produção de bens. No caso, como se trata de estabelecimento industrial, são considerados insumos apenas às aquisições de bens e serviços utilizados no processo de produção dos bens Fl. 6415DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 115 16 de venda da recorrente. Assim, ficam excluídos do referido conceito os custos e as despesas realizadas após a conclusão do processo de fabricação. Em decorrência dessa conclusão, temse que apenas os custos e as despesas realizadas após a conclusão do processo de fabricação, expressa e taxativamente (numerus clausus), relacionadas nos incisos III a X da Lei nº 10.833, de 2003, a seguir transcritos, permitem a apropriação dos créditos em apreço: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES;(Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços;(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção.(Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) [...] (grifos não originais) Da leitura dos referidos preceitos legais, verificase que apenas as despesas com frete atinentes à operação de venda foi contemplada com a permissão de apropriação de crédito, logo, por falta de previsão legal, ficam excluídas as despesas com frete relativas ao transporte dos produtos acabados realizado entre o estabelecimento industrial e o Fl. 6416DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO Processo nº 10945.000301/200973 Acórdão n.º 3102002.045 S3C1T2 Fl. 116 17 estabelecimento distribuidor, operação que, obviamente, não se enquadra no conceito de operação de venda. Por todo o exposto, negase PROVIMENTO ao recurso em relação à glosa dos créditos calculados sobre o valor das despesas com transporte dos produtos acabados do estabelecimento industrial para o estabelecimento distribuidor. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 6417DF CARF MF Impresso em 14/03/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 06 /03/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/03/2014 por ANDREA MEDRADO DA RZE, Assinado digitalmente em 12/03/2014 por LUIS MARCELO GUERRA DE CASTRO
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Numero do processo: 10218.000145/2005-31
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue May 13 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001
COMPROVAÇÃO VIA AVERBAÇÃO ANTERIOR AO FATO GERADOR E ADA ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO.
Tratando-se de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, ainda que apresentado ADA intempestivo, impõe-se o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material.
ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA.
Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17ºO da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-003.009
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Henrique Pinheiro Torres Presidente em exercício.
(Assinado digitalmente)
Manoel Coelho Arruda Júnior Relator
EDITADO EM: 14/04/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka( suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire.
Nome do relator: MANOEL COELHO ARRUDA JUNIOR
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VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. Tratandose de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, ainda que apresentado ADA intempestivo, impõese o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17ºO da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 00 01 45 /2 00 5- 31 Fl. 162DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R 2 (Assinado digitalmente) Henrique Pinheiro Torres – Presidente em exercício. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior – Relator EDITADO EM: 14/04/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente em exercício), Susy Gomes Hoffmann (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Alexandre Naoki Nishioka( suplente convocado), Marcelo Oliveira, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Maria Helena Cotta Cardozo, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Tratase de Auto de Infração de fls.14/21, lavrado pela entidade fiscal no qual é cobrado o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, exercício 2001, relativo ao imóvel denominado "Fazenda São Félix, Lote 17', localizado no município de São Félix do Xingu PA, com área total de 3.000,0 ha, cadastrado na SRF sob o n° 797.3128, no valor de R$ 5.470,00 (quinze mil quatrocentos e setenta reais), acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, calculados até 28/02/2005, perfazendo um crédito tributário total de R$ 36.489,08 (trinta e seis mil quatrocentos e oitenta e nove reais e oito centavos). O contribuinte apresentou em 12 de dezembro de 2007 recurso voluntário, contra o acórdão de fls. 40/49, do qual o Recorrente teve ciência em 14 de novembro de 2007 (fl. 53), proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife (PE), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o auto de infração de fls. 14/17, lavrado em 18 de março de 2005, em virtude da falta de recolhimento do imposto sobre a propriedade territorial rural, verificada no exercício de 2001, decorrente da não comprovação da área de utilização limitada. O acórdão recorrido teve a seguinte ementa: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2001 ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. COMPROVAÇÃO. A exclusão de áreas declaradas como de preservação permanente e de utilização limitada da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada ao reconhecimento delas pelo lbama ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 163DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R Processo nº 10218.000145/200531 Acórdão n.º 9202003.009 CSRFT2 Fl. 9 3 Exercício: 2001 ISENÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. A legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção deve ser interpretada literalmente. Lançamento Procedente" Em sede de Recurso Voluntário (fls. 54/77), a 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, da 2ª Seção, deu provimento ao recurso interposto pelo contribuinte para comprovar que; o ADA foi apresentado em 22/09/2003 (fl. 11), antes do início da fiscalização. Além disso, que há nos autos evidências documentais da existência da área de utilização limitada, mediante a apresentação de cópia da matrícula do imóvel com a respectiva averbação (fl. 13). “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2001 IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ISENÇÃO CONDICIONADA. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE. POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO ATÉ O INÍCIO DA FISCALIZAÇÃO. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornouse requisito indispensável para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, então, uma isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 170, §1°, da Lei n.° 6.938/81. Contudo, referido dispositivo não fixa prazo determinado para apresentação de ato declaratório, tampouco a necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal, para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. Diante dessa lacuna, na forma como estatuído pelo art. 97, inciso VI, do CTN, não pode o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do' ADA. Considerandose que a apresentação do ADA possui papel prático de apuração de área tributável, ato este sujeito ao poder de polícia do IBAMA, denotase que sua entrega até o início da fiscalização cumpre sua finalidade maior, ainda que intempestiva. Hipótese em que o recorrente comprovou documentalmente a existência da área de reserva legal, mediante apresentação de cópia da matrícula do imóvel com a respectiva averbação. Recurso provido.” Ante a decisão proferida pelo colegiado a quo, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial para trazer a discussão à apreciação desta Turma da CSRF. Fl. 164DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R 4 O Recurso Especial é de divergência, com no fulcro no art. 67 do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, contra o Acórdão n° 210100.471, da la Turma Ordinária da l a Câmara da 2a Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (fls. 81 a 87), julgado na sessão plenária de 12 de março de 2010, que deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte. Cientificado desta decisão em 20 de julho de 2010 (fl. 88), o recorrente apresentou o presente recurso tempestivamente no mesmo dia (fls. 91 a 112), nos termos do art. 68 do anexo II do RICARF, apontando divergências com o Acórdão n° 30238.844, da 2a Câmara do 3° Conselho de Contribuintes, julgado na sessão de 7 de agosto de 2007, para discutir a obrigatoriedade de apresentação tempestiva de Ato Declaratório Ambiental — ADA, e da averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel antes do fato gerador do tributo, para a dedução dessa área da base de cálculo do ITR, conforme ementa abaixo transcrita: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2001 Ementa: ÁREA DE RESERVA LEGAL. . A exclusão da área de reserva legal da tributação ij,elo ITR depende de sua averbação à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, até a data da ocorrência do fato gerador. (.) ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE OU ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA COMPROVAÇÃO Para que as áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada estejam isentas do ITR, é preciso que as mesmas estejam perfeitamente identificadas por documentos idôneos e que assim sejam reconhecidas pelo IBAMA ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental — ADA, ou que o contribuinte comprove ter requerido o referido ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. (.) RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. Instado a se manifestar, o i. Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção prolatou Despacho n. 21000230/2010 — lª Câmara [fls. 113115] que deu seguimento ao Recurso Especial interposto: [...] Verifico, então, que o paradigma decidiu que é obrigatória a averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel até a ocorrência do fato gerador, além da apresentação tempestiva de ADA, para que se possa deduzir a área de reserva legal no cálculo do ITR, enquanto o acórdão recorrido aceitou a mesma dedução ainda que com ADA intempestivo, mas apresentado antes do inicio da fiscalização, e com a averbação da área após a ocorrência do fato gerador. Assim, patente está a divergência jurisprudencial. Intimado a se manifestar, o Contribuinte apresentou contrarrazões [fls. 118 ess] que reiteram os argumentos dispostos no decisum recorrido. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R Processo nº 10218.000145/200531 Acórdão n.º 9202003.009 CSRFT2 Fl. 10 5 É o relatório Voto Conselheiro Manoel Coelho Arruda Júnior, Relator Sendo tempestivo o recurso e demonstrada a divergência quanto à obrigatoriedade da averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel até a ocorrência do fato gerador, além da apresentação tempestiva de ADA, para que se possa deduzir a área de reserva legal no cálculo do ITR, enquanto o acórdão recorrido aceitou a mesma dedução ainda que com ADA intempestivo, mas apresentado antes do inicio da fiscalização, e com a averbação da área após a ocorrência do fato gerador, conheço do recurso e passo ao exame do mérito. Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a recorrente a reforma do Acórdão proferido pelo colegiado a quo, alegando, em síntese, que as razões de decidir ali expostas contrariaram a jurisprudência administrativa prevista no acórdão paradigma trazido, bem como a legislação de regência, por ter afastado o pleito da fiscalização deixando de considerar a ausência de comprovação do protocolo do requerimento de ato declaratório junto ao IBAMA no prazo legal, capaz de justificar a isenção do ITR na forma inscrita no decisório guerreado. Como se observa, a questão prevista nos autos é a discussão a propósito da necessidade do requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental – ADA quanto à área de reserva legal/utilização limitada, para fins de não incidência do Imposto Territorial Rural ITR. Consoante se infere dos autos, concluise que a pretensão da Fazenda Nacional não merece acolhimento, por não espelhar a melhor interpretação a respeito do tema, contrariando a farta jurisprudência administrativa. Do exame dos elementos que instruem o processo, constatase que o Acórdão recorrido deve ser mantido em sua plenitude, como passaremos a demonstrar. Preliminarmente, cumpre trazermos para análise a legislação tributária específica que regulamenta a matéria, mais precisamente artigo 10, § 1º, inciso II, e parágrafo 7º, da Lei nº .393/1996, na redação dada pelo artigo 3º da Medida Provisória nº 2.166/2001, nos seguintes termos: “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: Fl. 166DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R 6 a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira,sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. Conforme previsto no dispositivo legal supra, a questão que gira em torno da exigência de requerimento tempestivo do Ato Declaratório Ambiental junto ao IBAMA, não é, em si, exclusiva condição eleita pela Lei para que o proprietário rural goze do direito de isenção do ITR relativo às terras destinadas à preservação. Contudo, ainda que a legislação estabeleça, para os exercícios posteriores a 2000, em face da ausência do ADA, o reconhecimento da inexistência das áreas de reserva legal, não torna essa condição absoluta, sendo perfeitamente possível que outros elementos probatórios demonstrem a efetiva destinação de gleba de terra para fins de proteção ambiental. Em outras palavras, o mero requerimento do ADA, não implica no único meio de se comprovar a existência ou não daquelas áreas. Cumpre ressaltar que a jurisprudência Judicial ao decidir sobre o tema, após a edição da Lei n° 10.165/2000, está sintonia com o entendimento acima. Ou seja, ainda que não apresentado o ADA no prazo legal, conquanto que o contribuinte comprove a existência das áreas declaradas como de reserva legal, mediante documentação hábil, devese admitilas para fins de apuração do ITR, conforme julgados a seguir: Consoante a jurisprudência do STJ, a MP 2.16667/ 2001, que dispôs sobre a exclusão do ITR incidente sobre as áreas de preservação permanente e de reserva legal, consoante o § 7º do art. 10 da Lei 9.393/96, veicula regra mais benéfica ao contribuinte, devendo retroagir, a teor disposto nos incisos do art. 106 do CTN, porquanto referido diploma autoriza a retrooperância da lex mitior, dispensando a apresentação prévia do Ato Declaratório Ambiental no termos do art. 17º da Lei n. 6.938/81, com a redação dada pela Lei n. 10.165/00. 4. Apelação provida.” (8ª Turma do TRF da 1ª Região AMS 2005.36.00.0087250/ MT eDJF1 p.334 de 20/11/2009) “EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL ITR. ÁREAS DE RESERVA LEGAL. APRESENTAÇÃO ADA. AVERBAÇÃO MATRÍCULA. DESNECESSIDADE. ÁREAS DE PASTAGENS. DIAT DOCUMENTO DE INFORMAÇÃO E APURAÇÃO. DEMOSTRAÇÃO DE EQUÍVICO. ÔNUS DO FISCO. 1. Não se faz mais necessária a apresentação do ADA para a configuração de áreas de reserva legal e consequente exclusão do ITR incidente sobre tais áreas, a teor do § 7º do art. 10 da Lei nº 9.393/96 (redação da MP 2.16667/ 01). Tal regra, por ter cunho interpretativo (art. 106, I, CTN), retroage para beneficiar os contribuintes. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R Processo nº 10218.000145/200531 Acórdão n.º 9202003.009 CSRFT2 Fl. 11 7 2. A isenção decorrente do reconhecimento da área não tributável pelo ITR não fica condicionada à averbação, a qual possui tão somente o condão de declarar uma situação jurídica já existente, não possuindo caráter constitutivo. 3. A falta de averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel, ou a averbação feita alguns meses após a data de ocorrência do fato gerador, não é, por si só, fato impeditivo ao aproveitamento da isenção de tal área na apuração do valor do ITR, ante a proteção legal estabelecida pelo art. 16 da Lei nº 4.771/65. 4. Cabe ao Fisco demonstrar que houve equívoco no DIAT Documento de Informação e Apuração do ITR, passível de fundamentar o lançame to do débito de ofício, de conformidade com o art. 14, caput, da Lei nº 9.393/96, o que não restou evidenciado na hipótese dos autos. 5. Apelação e remessa oficial desprovidas.” (2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região APELAÇÃO CÍVEL Nº 2008.70.00.0062742/ PR 28 de junho de 2011) Apesar de o Pleno da CSRF, em 08/12/2009, ter aprovado a Súmula n° 41, contemplando o tema e rechaçando a pretensão da Fazenda nos presentes autos, a jurisprudência deste Colegiado vem firmando o entendimento de que, após a alteração introduzida pela Lei n° 10.165/2000, em que pese à legislação de regência impor a existência do ADA, para fins de fruição do benefício fiscal em comento, em momento algum se reportou ao prazo para tanto. Neste sentido, vários são os julgados que vem acolhendo a pretensão do contribuinte, reconhecendo a isenção de tais áreas, ainda que apresentado ADA intempestivo, como se vislumbra na hipótese dos autos. Nesse sentido, transcrevo abaixo a ementa do julgado de 12 de setembro de 2013, proferido pela Câmara Superior nos autos do processo 10675.002100/200695 de relatoria do Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ITR. ÁREA DE RESERVA LEGAL/UTILIZAÇÃO LIMITADA. EXERCÍCIO POSTERIOR A 2001. COMPROVAÇÃO VIA AVERBAÇÃO ANTERIOR AO FATO GERADOR E ADA INTEMPESTIVO. VALIDADE. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. HIPÓTESE DE ISENÇÃO. Tratandose de área de reserva legal, devidamente comprovada mediante documentação hábil e idônea, notadamente averbação à margem da matrícula do imóvel antes da ocorrência do fato gerador do tributo, ainda que apresentado ADA intempestivo, impõese o reconhecimento de aludida área, glosada pela fiscalização, para efeito de cálculo do imposto a pagar, em observância ao princípio da verdade material. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. TEMPESTIVIDADE. INEXIGÊNCIA NA LEGISLAÇÃO HODIERNA. APLICAÇÃO RETROATIVA. Inexistindo na Lei n° 10.165/2000, que alterou o artigo 17ºO da Lei n° 6.938/81, exigência à observância de qualquer prazo para Fl. 168DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R 8 requerimento do ADA, não se pode cogitar em impor como condição à isenção sob análise a data de sua requisição/apresentação. Recurso especial negado. Destarte, no que tange as áreas de reserva legal/utilização limitada, devidamente comprovadas mediante documentação hábil trazida aos autos pelo contribuinte, ainda que apresentado o ADA intempestivamente, supõese o restabelecimento de referida área para efeito de usufruto da isenção, sob pena se fazer prevalecer o formalismo em detrimento do princípio da verdade material. Ademais, o decisum recorrido faz menção expressa que áreas relativas a ARL foi devidamente comprovada, inclusive, por meio de ADA e averbação apresentados antes da ação fiscal [fls. 87]: Diante de todo o exposto, verificase que, no presente caso, o Recorrente, conforme se infere da análise dos presentes autos, apresentou o ADA em 22/09/2003 (fl. 11),antes do início da fiscalização. Além disso, comprovou documentalmente a existência da área de utilização limitada, mediante a apresentação de cópia da matrícula do imóvel com a respectiva averbação (fl. 13). [Grifo nosso] Ressaltese que a averbação da ARL foi realizada em março de 1998, conforme escritura de fls. 13, ou seja, antes do fato gerador. Por tais razões, visto que devidamente comprovada a existência de ARL e APP nos termos declarados pelo contribuinte, CONHEÇO do Especial interposto, para, no mérito, NEGARLHE provimento. É como voto. (Assinado digitalmente) Manoel Coelho Arruda Júnior Fl. 169DF CARF MF Impresso em 13/05/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/04/2014 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 09/05/2 014 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 24/04/2014 por MANOEL COELHO ARRUDA JUNIO R
score : 1.0
Numero do processo: 13502.900716/2009-46
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Exercício: 2005
DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE.
DESCABIMENTO.
Só se pode cogitar de declaração de nulidade de despacho decisório quando for, esse despacho, proferido por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.
DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. COMPROVAÇÃO.
Comprovado o alegado erro de preenchimento de Declaração de
Contribuições e Tributos Federais (DCTF) do qual resultou a não
homologação da compensação pleiteada, reconhece se o direito creditório correspondente.
Numero da decisão: 1803-000.846
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar
provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: IRPJ - restituição e compensação
Nome do relator: Sérgio Rodrigues Mendes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 DESPACHO DECISÓRIO. PRELIMINAR DE NULIDADE. DESCABIMENTO. Só se pode cogitar de declaração de nulidade de despacho decisório quando for, esse despacho, proferido por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. COMPROVAÇÃO. Comprovado o alegado erro de preenchimento de Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF) do qual resultou a não homologação da compensação pleiteada, reconhecese o direito creditório correspondente. Fl. 88DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 13502.900716/200946 Acórdão n.º 180300.846 S1TE03 Fl. 83 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Selene Ferreira de Moraes, Benedicto Celso Benício Júnior, Walter Adolfo Maresch, Marcelo Fonseca Vicentini, Sérgio Rodrigues Mendes e Sérgio Luiz Bezerra Presta. Fl. 89DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 13502.900716/200946 Acórdão n.º 180300.846 S1TE03 Fl. 84 3 Relatório Adoto o Relatório do acórdão recorrido (fls. 51verso e 52): Trata o presente de Manifestação de Inconformidade apresentada contra decisão proferida pela DRF de Camaçari, que, através de Despacho Decisório Eletrônico nº 824958725, emitido pelo seu titular, indeferiu o pedido de compensação declarado através do PER/DCOMP nº 13145.56935.280306.1.3.04 3450, transmitido em 28/03/2006. O citado pedido de compensação objetivava quitar os débitos relacionados nas fls. 31/32 do PAF, com o saldo da restituição decorrente do pagamento indevido ou a maior da estimativa mensal do IRPJ, código 2362, referente ao período de apuração 03/2004, no valor de R$ 12.910,06, cujo recolhimento se efetivou em 15/08/2005, conforme demonstra cópia do respectivo DARF que consta da fl. 36 do PAF. O pedido foi negado pela DRF Camaçari sob a alegação de que “a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. O Despacho Decisório indica, como enquadramento legal, os arts. 165 a 170 da Lei 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN) e art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Informa adicionalmente o citado despacho que o valor de R$ 12.910,06 já estaria integralmente alocado ao pagamento da estimativa do IRPJ do período de apuração 03/2004. Tempestivamente, o contribuinte apresenta manifestação de inconformidade, apresentando os seguintes argumentos: Nulidade do Despacho Decisório Alega a impugnante, “que o Despacho Decisório deve ser motivado de modo articulado, para que haja convencimento em relação aos motivos de fato e de direito que levaram, nesse caso, à não homologação das compensações, sob pena de se inviabilizar a ampla defesa do Contribuinte, assegurada constitucionalmente no inciso LV do artigo 5º da Constituição Federal vigente”. Com base em posicionamentos doutrinários, aduz que “conforme disposto na Lei 9.784/99, art. 2º, parágrafo único VII, prevalece a exigência de indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinaram a decisão. Além disso, o art. 50, I, do mesmo diploma legal estabelece obrigatoriedade de motivação, com indicação dos fatos e fundamentos jurídicos quando neguem, limitem ou afetem interesses, isto é, em que os atos, de alguma forma, afetem interesses individuais”. “No caso em tela, a descrição dos fatos é genérica e deficiente, não havendo sequer menção ao saldo negativo ou estimativa mensal apurada pela impugnante, ou seja, não há informação básica em relação ao caso concreto. Portanto, o vício apresentado deve ensejar o reconhecimento da nulidade do despacho decisório Fl. 90DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 13502.900716/200946 Acórdão n.º 180300.846 S1TE03 Fl. 85 4 recorrido, determinandose que a autoridade administrativa proceda a nova análise do PER/DCOMP transmitido pela Impugnante”. [...]. 2. Consta, ainda, da impugnação apresentada, o seguinte (fls. 4 e 5): Tratase de despacho decisório que não homologou as compensações vinculadas ao PER/DCOMP nº 13145.56935.280306.1.3.043450, sob o fundamento de que o pagamento indicado como crédito já havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da empresa. Nesse caso, a Impugnante indicou no PER/DCOMP o crédito decorrente do pagamento a maior de IRPJ (código: 2362), relativo ao período de apuração de 31/03/2004, no valor principal de R$ 9.132,11 (nove mil, cento e trinta e dois reais e onze centavos) (Doc. 04). Isto porque, no período em questão, a Impugnante efetuou o recolhimento total de R$ 170.179,98 (cento e setenta mil, cento e setenta e nove reais e noventa e oito centavos) da seguinte forma (Doc. 05): 1) Em 30/04/2004: R$ 146.639,20 2) Em 09/07/2004: R$ 14.408,67 3) Em 15/08/2005: R$ 9.132,11 Entretanto, o tributo devido no período em questão era de apenas R$ 155.771,31 (cento e cinquenta mil, setecentos e setenta e um reais e trinta e um centavos), conforme se verifica da DIPJ 2005, anocalendário 2004 (Doc. 06). Dessa forma, a fundamentação lançada no despacho decisório recorrido não se sustenta, tendo em vista a inequívoca comprovação de que houve pagamento a maior do tributo pela Impugnante, razão pela qual socorrese da presente manifestação de inconformidade. 3. A decisão da instância a quo foi assim ementada (fls. 51): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. Tendo o despacho decisório preenchido os requisitos legais e o processo administrativo proporcionado plenas condições à interessada de impugnar a matéria indeferida, descabe a alegação de nulidade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 ESTIMATIVA MENSAL. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. O recolhimento das estimativas não configura pagamento extintivo de crédito tributário, mas mera antecipação do tributo devido a ser apurado definitivamente ao Fl. 91DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 13502.900716/200946 Acórdão n.º 180300.846 S1TE03 Fl. 86 5 término do período definido na legislação. Em consequência, passível de restituição e compensação é o saldo negativo de IRPJ apurado na Declaração de Ajuste Anual. RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO A MAIOR. LIQUIDEZ E CERTEZA. Incabível a restituição de crédito tributário por pagamento a maior se ausentes a liquidez e a certeza do valor pleiteado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Cientificada da referida decisão em 14/09/2009 (fls. 58), a tempo, em 07/10/2009, apresenta a interessada Recurso de fls. 59 a 71, instruído com os documentos de fls. 72 a 80, nele reiterando os argumentos anteriormente expendidos. Em mesa para julgamento. Fl. 92DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 13502.900716/200946 Acórdão n.º 180300.846 S1TE03 Fl. 87 6 Voto Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Relator Atendidos os pressupostos formais e materiais, tomo conhecimento do Recurso. Preliminar de nulidade do Despacho Decisório 5. Argui a Recorrente, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório por falta de motivação. 6. Sucede que referido Despacho Decisório encontrase devidamente motivado, conforme se observa a seguir (fls. 21): Limite de crédito analisado correspondente ao valor original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: R$ 12.910,06. A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. 7. Rejeito a preliminar arguida, de nulidade do Despacho Decisório por falta de motivação. Mérito 8. Conforme se observa do presente processo, para um débito de estimativa, no mês de março de 2004, no valor de R$ 155.771,31 (DIPJ de fls. 39 e DCTF de fls. 40), recolheu a Recorrente um montante de R$ 170.179,98, assim distribuído: 1) em 30/04/2004: R$ 146.639,20 (Darf de fls. 34) 2) em 09/07/2004: R$ 14.408,67 (Darf de fls. 35); e 3) em 15/08/2005: R$ 9.132,11 (Darf de fls. 36). 9. O Despacho Decisório de fls. 21, por sua vez, ancorado num erro de preenchimento da DCTF de fls. 40 que, em vez de indicar o Darf de nº 2 do item anterior, apontou o de nº 3, vinculou este último àquele débito, não homologando a compensação pleiteada por esse motivo. 10. A própria decisão recorrida chega à mesma conclusão aqui exposta (fls. 53): Da análise da DIPJ referente ao anocalendário de 2004, trazida aos autos pelo próprio contribuinte (fl. 39), observase que a impugnante apurou estimativa a pagar no mês de março de 2004 no valor de R$ 155.771,31. Os DARF de fls 34 a 36 vinculam os Fl. 93DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES Processo nº 13502.900716/200946 Acórdão n.º 180300.846 S1TE03 Fl. 88 7 respectivos créditos (R$ 146.639,20, R$ 17.788,95 e R$ 12.910,08) ao pagamento da estimativa do IRPJ do período de apuração 03/2004. Os valores recolhidos como principal nos referidos DARF (R$ 146.639,20, R$ 14.408,67 e R$ 9.132,11), perfazem um total de R$ 170.179,98 para um débito de estimativa informado na DIPJ (fl. 39) de R$ 155.771,31, o que nos leva à conclusão de que realmente existe pagamento a maior da estimativa do mês de março de 2004. 11. Entendeu, porém, aquela decisão, inovando nas razões de indeferimento do despacho decisório de fls. 21, que “o crédito passível de ser restituído é aquele apurado no ajuste anual e demonstrado na declaração de rendimentos, na qual são considerados os valores devidos por estimativa, assim como o imposto devido em relação ao ano todo” (fls. 53). 12. Todavia, não foi esse o fundamento da não homologação fiscal, motivo pelo qual não competia à DRJ, fazendo as vezes de autoridade preparadora, levantar novo obstáculo à pretensão da Recorrente. Conclusão Em face do exposto, e considerando tudo o mais que dos autos consta, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, já tendo sido verificada, pelo órgão de origem, a suficiência do crédito pleiteado para compensação com os débitos informados (fls. 46 a 50). É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 94DF CARF MF Emitido em 05/04/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES Assinado digitalmente em 31/03/2011 por SERGIO RODRIGUES MENDES, 05/04/2011 por SELENE FERREIRA DE M ORAES
score : 1.0
Numero do processo: 11080.922003/2009-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005
CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO.
Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9303-004.493
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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PREÇO PREDETERMINADO. CORREÇÃO. IGPM. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COMPANHIA ESTADUAL DE GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA CEEEGT ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 CONTRATOS. PREÇO PREDETERMINADO. ÍNDICE DE REAJUSTE. DESCARACTERIZAÇÃO. Incumbe à empresa postulante à manutenção na sistemática cumulativa da contribuição a demonstração de que o índice empregado cumpre os requisitos legais, expressamente a de que a variação dos custos efetivamente ocorrida seria igual ou superior à praticada com base no índice contratualmente definido. Recurso Especial do Procurador Provido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Erika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 20 03 /2 00 9- 16 Fl. 914DF CARF MF Processo nº 11080.922003/200916 Acórdão n.º 9303004.493 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3803005.938, que julgou o recurso voluntário interposto pela contribuinte contra a não homologação de compensação declarada (PER/DCOMP). A compensação está lastreada em crédito oriundo de pagamento de contribuição supostamente efetuado a maior, em razão de apuração efetuada na sistemática nãocumulativa. O colegiado a quo entendeu, em síntese, que a correção dos preços pelo IGP M não descaracteriza a natureza de preço predeterminado para os efeitos da tributação pelas contribuições cumulativas, incidentes sobre contratos de longo prazo firmados antes de 31 de outubro de 2003, conforme previsão contida no inciso XI, b, do artigo 10 e inciso V do artigo 15 da Lei nº10.833/2003. Com esse entendimento, ficou caracterizado o pagamento a maior em razão da apuração da contribuição na sistemática não cumulativa. Para comprovar a divergência de interpretação necessária ao conhecimento do seu recurso, a Fazenda Nacional aponta decisões que enfrentaram exatamente a mesma situação mesmo setor econômico, mesmo índice em discussão e concluíram de modo antagônico. Após, sobrevieram contrarrazões em que o sujeito passivo defende o acerto da decisão questionada e pugna pela sua manutenção. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303004.467, de 07/12/2016, proferido no julgamento do processo 11080.909061/201179, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303004.467): O recurso cumpre os requisitos regimentais para que seja apreciado; dele conheço. Começo com o registro de que concordo com quase todos os fundamentos da decisão recorrida, da lavra do douto e coerente ex Fl. 915DF CARF MF Processo nº 11080.922003/200916 Acórdão n.º 9303004.493 CSRFT3 Fl. 4 3 membro desta casa, o dr. Belchior Melo de Souza. De fato, apenas discordo dele quando vislumbra diferença semântica relevante entre as locuções presentes na lei ("reajuste em função de ...") e no ato normativo que buscou regulamentar o assunto ("reajuste em percentual ... "). Para mim, nenhuma diferença há aí: reajuste "em função de" quer dizer exatamente "aplicando o percentual previsto no" índice. O que se tem de ver é se o índice cumpre os requisitos da lei, isto é, refletir "a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995". É que, como já reiteradamente transcrito, a norma que temos de aplicar autoriza a adoção de dois critérios alternativos e mutuamente excludentes para fixação do reajuste do preço: pode ele expressar a variação dos custos ou se basear em índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Por "variação dos custos", entendo eu, quer o ato legal se referir à variação efetivamente ocorrida e devidamente apurada pela empresa em sua escrita contábil. Já o índice que se empregue pode, em princípio, ser qualquer um objeto do acordo celebrado com o cliente, mas não pode superar a efetiva variação dos custos. A meu sentir, a norma sob análise decorre das especificidades do setor em discussão. Como é bem sabido, tratase de uma atividade essencialmente monopolizada, na qual prestador e tomador acordam condições que prevalecerão por períodos de tempo bastante longos. Nesses casos, inexistente um "mercado fixador", o preço é contratualmente definido, especificando o contrato também a forma de reajuste que o preserve dos efeitos inflacionários. Outra especificidade do setor diz com o elevado aporte de capital necessário a sua exploração, o que o fez, até há duas décadas, exclusivamente estatal. A privatização do setor, ocorrida nos idos dos anos 90 do século passado, exigia, por isso, que se garantisse (até onde possível) uma remuneração ao capital privado suficiente a estimular o seu ingresso. E na fixação desse percentual, obviamente, um fator essencial é a "margem de contribuição", no dizer dos contabilistas, ou o markup, na dos economistas: em ambos as acepções, a diferença entre o preço e o custo (unitário, na primeira; marginal, na segunda). E tal diferença, sabidamente, é influenciada pela tributação que incida sobre o setor. É por isso que o legislador, a meu ver acertadamente, previu que o reajuste do preço em percentual "compatível" com a variação efetiva dos custos, por si só, não afetaria a forma de tributação pelas contribuições PIS e COFINS que vigia quando os contratos foram assinados. A rigor, tal regra limitaria a correção dos preços à efetiva variação ocorrida nos custos, mas o legislador a ampliou ao deferir que fosse usado índice, desde que ele refletisse a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. É importante aqui considerar, como minudentemente feito no voto do dr. Belchior, a diferença entre reajuste, recomposição e repactuação. Citoo: Fl. 916DF CARF MF Processo nº 11080.922003/200916 Acórdão n.º 9303004.493 CSRFT3 Fl. 5 4 Nesse passo, importa identificar três formas de fixação de preços nos contratos em andamento: a repactuação ou revisão, a recomposição e o reajuste. A autorizada doutrina de Marçal Justen Filho1 define o que vêm a ser recomposição e reajuste. “A recomposição é o procedimento destinado a avaliar a ocorrência de evento que afeta a equação econômico financeira do contrato e promove adequação das cláusulas contratuais aos parâmetros necessários para recompor o equilíbrio original. Já o reajuste é procedimento automático, em que a recomposição se produz sempre que ocorra a variação de certos índices, independentemente de averiguação efetiva do desequilíbrio” A recomposição, também chamada de revisão, decorre de fatos imprevisíveis: caso de força maior, caso fortuito, fato do príncipe ou álea econômica extraordinária. O reajuste objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômico. A repactuação visa à adequação dos preços contratuais aos novos preços de mercado e, no âmbito da Administração Pública Federal, encontrase regulamentada no art. 5º do Decreto nº 2.271, de 7 de julho de 19972. A possibilidade de repactuação prevista neste decreto não se faz acompanhar de disciplina acerca dos seus efeitos tributários, valendo a citação apenas para destacar a definição do signo repactuação. Novamente, em nada posso divergir dessa conceituação, mas tampouco posso concordar com a conclusão que dela extrai meu celebrado colega: para mim, a possibilidade de o contrato estabelecer cláusula de alteração em consequência de mudança tributária que venha a afetar o preço, implementada posteriormente à assinatura do contrato, está exatamente a validar o meu entendimento. É que ela seria totalmente desnecessária (ao menos no tocante às contribuições em tela) se fosse possível mantêlo no regime cumulativo pela aplicação de qualquer índice contratual, pois, nesse caso, nunca haveria impacto tributário do reajuste. Penso que, ao contrário, ela pode se dar (caso a correção pelo índice leve à tributação não cumulativa) o que atrai o procedimento de recomposição. Divirjo, portanto, dos que entendem (como parece ser a conclusão da decisão recorrida) que a autorização legal esteja a permitir que a 1 Filho, Marçal Justen. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. São Paulo: Dialética, 10. ed., 2004, p. 389. 2 Art. 5º Os contratos de que trata este Decreto, que tenham por objeto a prestação de serviços executados de forma contínua poderão, desde que previsto no edital, admitir repactuação visando à adequação aos novos preços de mercado, observados o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da variação dos componentes dos custos do contrato, devidamente justificada. Fl. 917DF CARF MF Processo nº 11080.922003/200916 Acórdão n.º 9303004.493 CSRFT3 Fl. 6 5 empresa adote um determinado índice e não mais precise averiguar se ele é inferior ou superior à efetiva variação dos seus custos. É óbvio que se for inferior, não estará autorizada a deixar de aplicar o índice contratualmente previsto para reajuste. Aplicamse, nesse caso, as disposições contratuais relativas à recomposição e/ou repactuação, conforme didaticamente exposto pelo dr. Belchior em seu voto. O que isso não implica, porém, é que, em qualquer caso, mantém se o regime cumulativo, pois não é isso o que diz o ato legal. Necessário, pois, provar. Quando se trata de lançamento de ofício, essa prova, a meu sentir, há de ser exigida e desconstituída fundamentadamente pela fiscalização para que possa ser mantido o lançamento. Já nos casos, como o presente, em que é a própria empresa quem postula administrativamente a sistemática cumulativa, ela deve ser a primeira peça a instruir o seu pleito. No presente caso, do relatório da decisão recorrida e da leitura da íntegra do processo, não encontro qualquer prova, no entanto, ainda que a empresa tenha afirmado em seu recurso voluntário que: "(...) em nenhum momento foram aferidos os custos de produção do contribuinte no período fiscalizado. Nesse caso, mesmo considerando que o IGPM desfigura o conceito normativo de preço predeterminado, não poderia ter sido ignorada outra prerrogativa legal, a qual estabelece um percentual não superior ao acréscimo do custo de produção". Como já repetidamente afirmado, tal prova competia a ela, postulante, e não à fiscalização. Fora isso, a defesa da empresa lastreiase essencialmente no ato da ANEEL, que efetivamente afirma que o IGPM cumpre o requisito legal relativo à tributação aqui discutida. Isso não obstante, rejeito o argumento, pois a competência da ANEEL não alcança matéria tributária. Com efeito, entre as atribuições daquela agência reguladora, exaustivamente elencadas na própria lei que a criou3, nada há acerca da tributação incidente sobre o setor. Assim, as Notas Técnicas e as Resoluções daquela agência reguladora aplicamse às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. Sua competência, pois, restringese à seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos. Por óbvio, entre tais atribuições está dizer que possa ser contratualmente previsto o IGPM. O que não pode é dizer que isso implica tal ou qual consequência tributária. No presente caso, como já afirmado, embora postule a compensação, nada trouxe a empresa que comprovasse a adequação do índice aos ditames legais. Voto, pois, por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional. 3 Lei 9.427/96, arts. 3º e 4º Fl. 918DF CARF MF Processo nº 11080.922003/200916 Acórdão n.º 9303004.493 CSRFT3 Fl. 7 6 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, conheço do recurso especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 919DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.010264/2007-26
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2000 a 31/03/2002
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.823
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 01 02 64 /2 00 7- 26 Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10380.005876/200753. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.792, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10380.005876/200753, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.792): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 10580.010264/200726 Acórdão n.º 9202004.823 CSRFT2 Fl. 0 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 152DF CARF MF
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Numero do processo: 13603.002316/2003-40
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Oct 01 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
Período de apuração: 01.01.1998 a 31.12.1998
PIS. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL-5 ANOS.
O prazo decadencial para o lançamento do PIS é de cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, nos exatos termos do artigo 150, parágrafo 4o do Código Tributário Nacional - CTN. Jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3303-00.621
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. Vencidos os Conselheiros Walber José da Silva e José Antonio Francisco
Nome do relator: Fabiola Cassiano Keramidas
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Numero do processo: 10980.900037/2012-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 15/07/2003
BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE.
A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins.
Recurso Voluntário Negado.
Direito Creditório Não Reconhecido.
Numero da decisão: 3302-003.576
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado.
Nome do relator: RICARDO PAULO ROSA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 15/07/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, inclui-se na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido.
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BASE DE CÁLCULO. ICMS. Recorrente BEBIDAS NOVA GERAÇÃO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 15/07/2003 BASE DE CÁLCULO PIS/PASEP E COFINS. EXCLUSÃO DO ICMS SOBRE VENDAS DEVIDO NA CONDIÇÃO DE CONTRIBUINTE. IMPOSSIBILIDADE. A parcela relativa ao ICMS, devido sobre operações de venda na condição de contribuinte, incluise na base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencida a Conselheira Lenisa Rodrigues Prado, que dava provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Domingos de Sá Filho, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, Paulo Guilherme Déroulède e Lenisa Rodrigues Prado. Relatório Tratase de Pedido de Restituição cujo direito creditório é oriundo de recolhimento informado como indevido ou a maior que o devido a título de PIS, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 90 00 37 /2 01 2- 49 Fl. 47DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 3 2 A Delegacia da Receita Federal de jurisdição do contribuinte emitiu despacho decisório eletrônico indeferindo a restituição pleiteada, sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação integral de débito(s) do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Após ser intimada, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade que foi julgada improcedente por intermédio do Acórdão 06045.803. Em síntese, entendeu a DRJ que não existe previsão legal para excluir o ICMS da base de cálculo das contribuições, do que resultou mantido o indeferimento do pleito de restituição. Inconformada, a Recorrente interpôs recurso voluntário pugnando pelo reconhecimento de seu direito creditório. O principal argumento da defesa é o de que o ICMS não pode ser considerado como faturamento da empresa, não podendo, desta forma, compor a base de cálculo das contribuições. É o relatório. Voto Conselheiro Ricardo Paulo Rosa, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3302003.520, de 26 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10875.906543/201249, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, na parte aplicável ao presente caso (Acórdão 3302003.520): "O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. No que tange à exclusão do ICMS devido nas operações de venda, na condição de contribuinte, o §2º do artigo 3º da Lei nº 9.718/1998 estabeleceu as hipóteses de exclusão da base de cálculo das contribuições, à época dos fatos: § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, Fl. 48DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 4 3 que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica, observadas normas regulamentadoras expedidas pelo Poder Executivo; (Vide Medida Provisória nº 1.99118, de 2000) (Revogado pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. Verificase no inciso I, que o ICMS incidente nas operações na condição de contribuinte (próprio) não foi elencado como parcela a ser excluída da base de cálculo. Juridicamente e contabilmente, o ICMS compõe a receita de venda e consiste em redutor da receita bruta. A legislação, ao longo do tempo, dispôs sobre a receita bruta, sempre indicando que os impostos incidentes sobre a venda a compunham. Assim, citamse o artigo 12 do Decretolei nº 1.598/1977, o artigo 187 da Lei nº 6.404, o artigo 31 da Lei nº 8.981/1995, bem como a IN SRF nº 51/1978: Decretolei nº 1.598/1977: Art 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I o produto da venda de bens nas operações de conta própria; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. § 1o A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) I devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) II descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) III tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) IV valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 6.404/1976: Art. 187. A demonstração do resultado do exercício discriminará: I a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos; Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 5 4 II a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; IN SRF nº 51/1978: 1. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens, nas operações de conta própria, e o preço dos serviços prestados (artigo 12 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977). 2. Na receita bruta não se incluem os impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante impostos nãocumulativos cobrados do comprador ou contratante (imposto sobre produtos industrializados e imposto único sobre minerais do País) e do qual o vendedor dos bens ou prestador dos serviços seja mero depositário. Imposto não cumulativo é aquele em que se abate, em cada operação, o montante de imposto cobrado nas anteriores. 3. Igualmente não se computam no custo de aquisição das mercadorias para revenda e das matériasprimas os impostos mencionados no item anterior, que devam ser recuperados. 4. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta da vendas e serviços, diminuídas (a) das vendas canceladas, (b) dos descontos e abatimentos concedidos incondicionalmente e (c) dos impostos incidentes sobre as vendas. 4.1 Vendas canceladas correspondentes a anulação de valores registrados como receita bruta de vendas e serviços; eventuais perdas ou ganhos decorrentes de cancelamento de venda, ou de rescisão contratual, não devem afetar a receita líquida de vendas e serviços, mas serão computados nos resultados operacionais. 4.2 Descontos incondicionais são parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos. 4.3 Para os efeitos desta Instrução Normativa reputamse incidentes sobre as vendas os impostos que guardam proporcionalmente com o preço da venda ou dos serviços, mesmo que o respectivo montante integra a base de cálculo, tais como o imposto de circulação de mercadorias, o imposto sobre serviços de qualquer natureza, o imposto de exportação, o imposto único sobre energia elétrica, o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes etc. Neste sentido o STJ publicou as súmulas 69 e 94, cujos enunciados dispõem: Súmula n. 68 : "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". É de se concluir que a legislação inclui o ICMS incidente sobre as vendas no conceito de receita bruta, excluindoo apenas do conceito de receita líquida. Sobre o tema, há decisões recentes do STJ entendendo pela inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições, como o AgRg no REsp 1576424 / RS, de 10/03/2016, cuja ementa transcrevese: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SUBSTITUTIVA. ARTS. 7º e 8º DA LEI Nº 12.546/2011. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA. INCLUSÃO DO ICMS. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO, MUTATIS Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 6 5 MUTANDIS, DA ORIENTAÇÃO FIRMADA NO RESP Nº 1.330.737/SP, REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RELATIVA À INCLUSÃO DO ISSQN NA BASE DE CÁLCULO DO PIS/PASEP E DA COFINS NA SISTEMÁTICA NÃOCUMULATIVA. 1. A possibilidade de inclusão, na receita bruta, de parcela relativa a tributo recolhido a título próprio foi pacificada, por maioria, pela Primeira Seção desta Corte em 10.6.2015, quando da conclusão do julgamento do recurso representativo da controvérsia REsp nº 1.330.737/SP, de relatoria do Ministro Og Fernandes, ocasião em que se concluiu que o ISSQN integra o conceito maior de receita bruta, base de cálculo do PIS/Pasep e da COFINS. 2. As razões que fundamentam o supracitado recurso especial representativo de controvérsia se aplicam, mutatis mutandis, à inclusão das parcelas relativas ao ICMS na base de cálculo da contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011. Precedente: REsp nº 1.528.604, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17.9.2015. 3. A contribuição substitutiva prevista nos arts. 7º e 8º da Lei nº 12.546/2011, da mesma forma que as contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS na sistemática não cumulativa previstas nas Leis n.s 10.637/2002 e 10.833/2003, adotou conceito amplo de receita bruta, o que afasta a aplicação ao caso em tela do precedente firmado no RE n. 240.785/MG (STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 08.10.2014), eis que o referido julgado da Suprema Corte tratou das contribuições ao PIS/Pasep e COFINS regidas pela Lei n. 9.718/98, sob a sistemática cumulativa que adotou, à época, um conceito restrito de faturamento. Precedente. 4. Agravo regimental não provido. Ressaltase que a inclusão do ISS na base de cálculo das contribuições foi considerada legítima e julgada sob a sistemática de recursos repetitivos no REsp 1.330.737/SP, em 10/06/2015, que possuiu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ N. 8/2008. PRESTADOR DE SERVIÇO. PIS E COFINS. INCLUSÃO DO ISSQN NO CONCEITO DE RECEITA OU FATURAMENTO. POSSIBILIDADE. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 109 E 110 DO CTN. 1. Para efeitos de aplicação do disposto no art. 543C do CPC, e levando em consideração o entendimento consolidado por esta Corte Superior de Justiça, firmase compreensão no sentido de que o valor suportado pelo beneficiário do serviço, nele incluindo a quantia referente ao ISSQN, compõe o conceito de receita ou faturamento para fins de adequação à hipótese de incidência do PIS e da COFINS. 2. A orientação das Turmas que compõem a Primeira Seção deste Tribunal Superior consolidouse no sentido de que "o valor do ISSQN integra o conceito de receita bruta, assim entendida como a totalidade das receitas auferidas com o exercício da atividade econômica, de modo que não pode ser dedutível da base de cálculo do PIS e da COFINS" (REsp 1.145.611/PR, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 8/9/2010; AgRg no REsp 1.197.712/RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 9/6/2011; AgRg nos EDcl no REsp 1.218.448/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 24/8/2011; AgRg no AREsp 157.345/SE, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 2/8/2012; AgRg no AREsp 166.149/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 28/08/2012, DJe 4/9/2012; EDcl no AgRg no Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 7 6 REsp 1.233.741/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 7/3/2013, DJe 18/3/2013; AgRg no AREsp 75.356/SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, julgado em 15/10/2013, DJe 21/10/2013). 3. Nas atividades de prestação de serviço, o conceito de receita e faturamento para fins de incidência do PIS e da COFINS deve levar em consideração o valor auferido pelo prestador do serviço, ou seja, valor desembolsado pelo beneficiário da prestação; e não o fato de o prestador do serviço utilizar parte do valor recebido pela prestação do serviço para pagar o ISSQN Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza. Isso por uma razão muito simples: o consumidor (beneficiário do serviço) não é contribuinte do ISSQN. 4. O fato de constar em nota fiscal informação no sentido de que o valor com o qual arcará o destinatário do serviço compreende quantia correspondente ao valor do ISSQN não torna o consumidor contribuinte desse tributo a ponto de se acolher a principal alegação das recorrentes, qual seja, de que o ISSQN não constituiu receita porque, em tese, diz respeito apenas a uma importância que não lhe pertence (e sim ao município competente), mas que transita em sua contabilidade sem representar, entretanto, acréscimo patrimonial. 5. Admitir essa tese seria o mesmo que considerar o consumidor como sujeito passivo de direito do tributo (contribuinte de direito) e a sociedade empresária, por sua vez, apenas uma simples espécie de "substituto tributário", cuja responsabilidade consistiria unicamente em recolher aos cofres públicos a exação devida por terceiro, no caso o consumidor. Não é isso que se tem sob o ponto de vista jurídico, pois o consumidor não é contribuinte (sujeito passivo de direito da relação jurídicotributária). 6. O consumidor acaba suportando o valor do tributo em razão de uma política do sistema tributário nacional que permite a repercussão do ônus tributário ao beneficiário do serviço, e não porque aquele (consumidor) figura no polo passivo da relação jurídicotributária como sujeito passivo de direito. 7. A hipótese dos autos não se confunde com aquela em que se tem a chamada responsabilidade tributária por substituição, em que determinada entidade, por força de lei, figura no polo passivo de uma relação jurídico tributária obrigacional, cuja prestação (o dever) consiste em reter o tributo devido pelo substituído para, posteriormente, repassar a quantia correspondente aos cofres públicos. Se fosse essa a hipótese (substituição tributária), é certo que a quantia recebida pelo contribuinte do PIS e da COFINS a título de ISSQN não integraria o conceito de faturamento. No mesmo sentido se o ônus referente ao ISSQN não fosse transferido ao consumidor do serviço. Nesse caso, não haveria dúvida de que o valor referente ao ISSQN não corresponderia a receita ou faturamento, já que faticamente suportado pelo contribuinte de direito, qual seja, o prestador do serviço. 8. Inexistência, portanto, de ofensa aos arts. 109 e 110 do CTN, na medida em que a consideração do valor correspondente ao ISSQN na base de cálculo do PIS e da COFINS não desnatura a definição de receita ou faturamento para fins de incidência de referidas contribuições. 9. Recurso especial a que se nega provimento. De fato, as mesmas razões utilizadas no repetitivo acima são aplicáveis na análise da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, o que restou Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 8 7 configurado no julgamento do REsp nº 1.144.469, em 10/08/2016, sob a sistemática de recursos repetitivos, embora não possa ser aplicado pelo artigo 62 do RICARF, pois que ainda não transitado em julgado. A certidão deste julgamento constante no site do Superior Tribunal de Justiça traz o seguinte teor: AUTUAÇÃO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRENTE: HUBNER COMPONENTES E SISTEMAS AUTOMOTIVOS LTDA ADVOGADOS: ANETE MAIR MACIEL MEDEIROS HENRIQUE GAEDE E OUTRO(S) RECORRIDO : OS MESMOS ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO Crédito Tributário Base de Cálculo CERTIDÃO Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "Prosseguindo no julgamento, a Seção, por unanimidade, deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e, por maioria, vencidos os Srs. Ministros Relator e Regina Helena Costa, negou provimento ao recurso especial da empresa recorrente, nos termos do voto do Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, que lavrará o acórdão." Votaram com o Sr. Ministro Mauro Campbell Marques os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins. Quanto à jurisprudência do STF, não obstante o RE 240.785 ter sido julgado favorável à tese defendida pela recorrente, não há, ainda, posicionamento definitivo no STF, uma vez que o RE 574.906 RG/PR, sob repercussão geral, ainda não foi julgado. Assim, enquanto não julgado o recurso extraordinário sob repercussão geral, devese prestigiar a legislação vigente que considera o ICMS das operações próprias como componente do preço de venda. Neste mesmo sentido, é a posição pacífica deste Conselho, como decidido no Acórdão nº 9303003549, de 17/03/2016, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 Cofins. Base de Cálculo. Exclusão ICMS. Por se tratar de imposto próprio, que não comporta a transferência do encargo, a parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo das contribuições ao PIS e à COFINS. Precedentes do STJ (Súmulas n°s 68 e 94). Às autoridades administrativas e tribunais que não dispõem de função legislativa não podem conceder, ainda que sob fundamento de isonomia, benefícios de exclusão da base de cálculo do crédito tributário em favor daqueles a quem o legislador não contemplou com a vantagem A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS. (...) Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário." Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10980.900037/201249 Acórdão n.º 3302003.576 S3C3T2 Fl. 9 8 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Fl. 54DF CARF MF
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Numero do processo: 10840.002876/2003-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/1998 a 31/08/1998
CRÉDITOS RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. CRÉDITO DO FINSOCIAL COM DÉBITOS DA COFINS. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
1. Na vigência dos arts. 12, § 7º, 14, § 6º, e 17 da Instrução Normativa SRF 21/1997, a compensação de crédito do Finsocial, reconhecido por decisão judicial, com débito da Cofins prescindia da apresentação de requerimento instruído com (i) uma cópia do inteiro teor do processo judicial a que se referia o crédito e da respectiva decisão judicial e, no caso de título judicial em fase de execução, (ii) do documento comprobatório da desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial e do compromisso de assumir todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios.
2. O não cumprimento desses requisitos implica não homologação da autocompensação realizada na escrita contábil-fiscal e declarada na DCTF, com a conseqüente cobrança dos débitos indevidamente compensados.
DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE.
Se não há pagamento antecipado, o prazo quinquenal de decadência do direito de constituir o crédito tributário, relativo a tributo sujeito a lançamento por homologação, tem como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
MULTA DE OFÍCIO. EXTINÇÃO DE DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF MEDIANTE COMPENSAÇÃO INDEVIDA. HIPÓTESE NÃO PREVISTA NA NOVA REDAÇÃO DO ART. 18 DA LEI 10.833/2003. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE.
Em relação aos processos pendentes de julgamento, cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da Medida Provisória 2.158-35/2001, em razão da extinção por compensação indevida de débito declarado em DCTF, em consonância com o princípio da retroatividade benigna, inscrito no art. 106, II, c, do CTN, a multa de ofício aplicada deve ser exonerada, em razão da nova redação do caput do art. 18 da Lei 10.833/2003, se a penalidade não foi motivada por comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/1998 a 31/08/1998
AUTO DE INFRAÇÃO. SUFICIENTE DESCRIÇÃO DOS FATOS E CORRETO ENQUADRAMENTO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AO CONTRADITÓRIO E AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não é passível de nulidade, por ofensa ao contraditório e ao direito de defesa, o auto de infração que apresenta suficiente descrição dos fatos e correta capitulação legal da infração, e a autuada revela pleno conhecimento dos fatos que lhe foram imputados e apresenta substanciosa impugnação, abrangendo questões preliminares e de mérito.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.746
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para excluir a exigência de multa de ofício.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/1998 a 31/08/1998 CRÉDITOS RECONHECIDO POR DECISÃO JUDICIAL. COMPENSAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. CRÉDITO DO FINSOCIAL COM DÉBITOS DA COFINS. NÃO CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Na vigência dos arts. 12, § 7º, 14, § 6º, e 17 da Instrução Normativa SRF 21/1997, a compensação de crédito do Finsocial, reconhecido por decisão judicial, com débito da Cofins prescindia da apresentação de requerimento instruído com (i) uma cópia do inteiro teor do processo judicial a que se referia o crédito e da respectiva decisão judicial e, no caso de título judicial em fase de execução, (ii) do documento comprobatório da desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial e do compromisso de assumir todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios. 2. O não cumprimento desses requisitos implica não homologação da autocompensação realizada na escrita contábilfiscal e declarada na DCTF, com a conseqüente cobrança dos débitos indevidamente compensados. DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. TERMO INICIAL. PRIMEIRO DIA DO EXERCÍCIO SEGUINTE. Se não há pagamento antecipado, o prazo quinquenal de decadência do direito de constituir o crédito tributário, relativo a tributo sujeito a lançamento por homologação, tem como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. MULTA DE OFÍCIO. EXTINÇÃO DE DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF MEDIANTE COMPENSAÇÃO INDEVIDA. HIPÓTESE NÃO PREVISTA NA NOVA REDAÇÃO DO ART. 18 DA LEI 10.833/2003. APLICAÇÃO RETROATIVA. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 28 76 /2 00 3- 11 Fl. 323DF CARF MF 2 Em relação aos processos pendentes de julgamento, cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da Medida Provisória 2.158 35/2001, em razão da extinção por compensação indevida de débito declarado em DCTF, em consonância com o princípio da retroatividade benigna, inscrito no art. 106, II, “c”, do CTN, a multa de ofício aplicada deve ser exonerada, em razão da nova redação do caput do art. 18 da Lei 10.833/2003, se a penalidade não foi motivada por comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/1998 a 31/08/1998 AUTO DE INFRAÇÃO. SUFICIENTE DESCRIÇÃO DOS FATOS E CORRETO ENQUADRAMENTO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AO CONTRADITÓRIO E AO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE POR VÍCIO FORMAL. IMPOSSIBILIDADE. Não é passível de nulidade, por ofensa ao contraditório e ao direito de defesa, o auto de infração que apresenta suficiente descrição dos fatos e correta capitulação legal da infração, e a autuada revela pleno conhecimento dos fatos que lhe foram imputados e apresenta substanciosa impugnação, abrangendo questões preliminares e de mérito. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para excluir a exigência de multa de ofício. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Tratase de auto de infração (fls. 65/75), em que formalizada a cobrança do crédito tributário, no valor total de R$ 117.151,54, correspondente ao somatório da Cofins, da de multa de oficio de 75% (setenta e cinco por cento) e dos juros moratórios, calculados até 30/6/2003. De acordo com a descrição dos fatos, que integra o referido auto de infração, o motivo da autuação foi a falta de comprovação do recolhimento dos valores dos débitos da Fl. 324DF CARF MF Processo nº 10840.002876/200311 Acórdão n.º 3302003.746 S3C3T2 Fl. 235 3 Cofins dos meses de março a agosto de 1998 e declaração inexata, apurada em auditoria interna nas DCTF do citado período, em que apurado que a contribuinte realizou compensação com Darf, cujos pagamentos informados não foram localizados. Em sede de impugnação, a autuada alegou questões preliminares e de mérito. Em preliminar, alegou (i) nulidade do auto de infração, por ausência de formalidades essenciais, especialmente, a falta de descrição dos fatos motivadores da autuação, e (ii) decadência dos créditos tributários dos períodos de apuração de março a junho de 1998. No mérito, alegou que, nos termos do art. 66 da Lei 8.383/1991, fazia jus à compensação dos valores recolhidos a maior do Finsocial, por dos meios dos Darf informados nas DCTF, com os débitos da Cofins lançados. Os indébitos deveriam ser acrescidos de correção monetária integral na forma do citado art. 66 da Lei 8.383/1991. Não justificava a imposição da multa de 75%, no máximo, o débito deveria ser acrescido de multa moratória. Era inconstitucional a multa de ofício aplicada, em razão da sua natureza confiscatória, bem como a atualização do débito com base na variação da taxa Selic. Para comprovar o alegado, a autuada trouxe à colação dos autos, as cópias dos referidos Darf, os relatórios das compensações realizadas e a certidão da Ação Declaratória 92.03016317, que tramitou perante a Primeira Vara Federal de Ribeirão Preto. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a impugnação foi julgada improcedente e mantido o crédito tributário exigido, com base nos fundamentos resumidos no enunciado da ementa que segue transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1998 AUDITORIA INTERNA NA DCTF. FALTA DE RECOLHIMENTO. COFINS. COMPENSAÇÃO. LIMITES DA IN/SRF/Nº 32, DE 1997. A convalidação da compensação de débitos da COFINS com indébitos originados em pagamentos a maior feitos ao FINSOCIAL, trazida com a IN/SRF/Nº 32/97, só atinge o encontro de contas efetuado até o mês abril de 1997, época da edição dessa norma. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A autuada foi cientificada da decisão de primeira instância em 5/12/2013 (fls. 301/303). Em 2/1/2014, aprestou o recurso voluntário de fls. 306/315, em que reafirmou parte das razões de defesa apresentadas na peça impugnatória. É o relatório. Voto Fl. 325DF CARF MF 4 Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. No presente recurso, as razões de defesa suscitadas pela recorrente envolvem questões preliminares e de mérito. Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade da decisão de primeiro grau e decadência de parte do crédito tributário lançado. No mérito, alegou a improcedência da autuação, porque fazia jus ao direito de compensação, inconstitucionalidade da multa aplicação, em razão do seu efeito confiscatório. Da preliminar de nulidade do auto de infração A recorrente alegou nulidade do auto de infração, por vício formal, com base no argumento de que a descrição do fato fora feita de forma genérica e a capitulação não fora precisa, o que havia prejudica o exercício do contraditório e do direito defesa, assegurado no art. 5º, LV, da CF/1988. A preliminar de nulidade suscitada pela recorrente não procede. A uma, porque o fato que motivou a autuação encontrase adequadamente descrito no auto de infração e a autuada revelou, nas duas defesas colacionadas aos autos, têlo compreendido plenamente. Confirma o asseverado, a afirmação consignada pela recorrente na peça recursal de que fora “autuada sob a alegação de não recolher e/ou recolher insuficientemente no ano de 1998 valores devidos a título de COFINS”, que foram extintos mediante compensação com os valores do “pagamento indevido do Finsocial que excederam a alíquota de 0,5% e foram judicialmente declarados indevidos na ação declaratória proposta pela recorrente.” A duas, porque consta do corpo do auto de infração o correto enquadramento legal do fundamento do exigência dos valores das contribuições lançadas e da multa de ofício aplicada, conforme consignado no vergastado auto de infração (fl. 66). Dessa forma, diferente do alegado pela recorrente, tais elementos evidenciam que o questionado auto de infração atende adequadamente os requisitos materiais e formais exigidos no art. 142 do CTN e no art. 10 Decreto 70.235/1972, portanto, apresenta qualquer mácula que possa conspurcar a legitimidade. Além disso, compulsando a peça impugnatória e recursal em apreço, extraise que a recorrente teve pleno conhecimento e compreendeu, perfeitamente, os motivos fático e jurídico da autuação, o que contraria qualquer alegação de cerceamento de direito defesas ou de afronta ao princípio do contraditório e da ampla defesa. Por todas essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade do auto de infração. Da decadência de parte dos débitos lançados. Segundo a recorrente os débitos tributários dos meses de março a junho de 1998 não podiam ser lançados, porque estavam extintos pela decadência, uma vez que houve pagamento parcial da contribuição nos referidos meses, ensejando a homologação tácita prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Fl. 326DF CARF MF Processo nº 10840.002876/200311 Acórdão n.º 3302003.746 S3C3T2 Fl. 236 5 Há entendimento consolidado na jurisprudência deste Conselho de que a regra de contagem do prazo decadencial, prevista no art. 150, § 4º, do CTN, somente se aplica aos casos de lançamento por homologação em que realizado pagamento antecipado do tributo. De outro modo, se não há pagamento antecipado, a contagem do prazo decadencial segue a regra geral, estabelecida no inciso I do art. 173 do CTN, que determina o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado como o termo inicial do quinquídio decadencial do direito de lançar, conforme estabelecido na Súmula CARF nº 101, a seguir reproduzida: “Na hipótese de aplicação do art. 173, inciso I, do CTN, o termo inicial do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.” A matéria foi analisada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no âmbito do Recurso Especial no 973.733/SC, cujo julgamento foi realizado pelo regime do recurso repetitivo, estabelecido no art. 543C do vigente Código de Processo Civil (CPC) de 1973, cujo enunciado da ementa ficou assim redigido: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). Fl. 327DF CARF MF 6 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). [...] 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ. 1ª Seção. REsp 973.733/SC. Rel. Min. LUIZ FUX. DJe 18/9/2009) (grifos não originais) Por se tratar de decisão definitiva de mérito, proferido na forma do regime do recurso repetitivo, por força do disposto no art. 621, § 2º, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, adotase aqui as razões de decidir consignadas no referido julgado. No caso, não houve pagamento antecipado da Cofins nos meses de março a junho de 1998, como alegou a recorrente. Os Darf de fls. 36/61 tratam de pagamento do Finsocial do período de setembro de 1989 a janeiro de 1991. Ademais, conforme informação consignada no voto condutor do julgado recorrido, em consulta nos sistemas da Receita Federal, não foram encontrados pagamentos da Cofins, referente aos citados meses. Assim, uma demonstrado que não houve pagamento da Cofins, para todo o período da autuação, o prazo decadencial das referidas contribuições, indubitavelmente, teve início no dia 1/1/1999 e término no dia 31/12/2003, portanto, antes da data da conclusão do lançamento, que ocorreu no dia 1/7/2003, com a ciência do questionado auto de infração. Dessa forma, fica demonstrado que a alegada decadência não ocorreu, pois, na referida data, o quinquênio decadencial ainda não havia se consumado. Da análise da questão de mérito O motivo da presente autuação foi a falta de comprovação do recolhimento dos valores dos débitos da Cofins dos meses de março a agosto de 1998, apurada em auditoria interna das DCTF do respectivo período, que constatou a realização de compensação com Darf, cujos pagamentos informados não foram localizados. 1 "Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF." Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10840.002876/200311 Acórdão n.º 3302003.746 S3C3T2 Fl. 237 7 A recorrente alegou que a compensação dos débitos lançados fora realizada na própria escrituração contábil, nos termos do art. 66 da Lei 8.383/1991, com os valores do “pagamento indevido do Finsocial que excederam a alíquota de 0,5% e foram judicialmente declarados indevidos na ação declaratória proposta pela recorrente.” Com efeito, de acordo Sentença proferida pela titular da Primeira Vara Federal de Ribeirão Preto, em 08 de março de 1994 (fls. 94/100), extraise que o juízo primário declarou a inexistência de relação jurídica que obrigasse a proponente a recolher o Finsocial com as alíquotas majoradas pela Lei 7.689/1988 e legislação subsequente, e decidiu que a cobrança da referida contribuição deveria ser mantida a alíquota de 0,5%, conforme determinado no Decretolei 1.940/1982, até a edição da Lei Complementar 70/1991. Em seguida, os autos do processo foram remetidos ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região, onde, no âmbito da Apelação Cível nº 94.03.0758040, em 19 de abril de 1995, foi mantida a decisão de primeiro grau (fls. 101/108). Dessa forma, fica demonstrado que há uma evidente contradição entre o tipo de compensação informado pela recorrente nas respectivas DCTF e que o foi alegado nas suas razões de defesa. O primeiro foi realizado com crédito decorrente de pagamento de tributo indevido, realizado por meio dos Darf discriminados no demonstrativo de fls. 70/72. Na data em que realizado, esse tipo de compensação somente era permitido se o procedimento fosse realizado entre créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, com débitos da própria pessoa jurídica, relativos a tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional, correspondentes a períodos subsequentes, desde que não apurados em procedimento de ofício, conforme estabelecido no art. 14 da Instrução Normativa SRF 21/1997, que segue transcrito: Art. 14. Os créditos decorrentes de pagamento indevido, ou a maior que o devido, de tributos e contribuições da mesma espécie e destinação constitucional, inclusive quando resultantes de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, poderão ser utilizados, mediante compensação, para pagamento de débitos da própria pessoa jurídica, correspondentes a períodos subseqüentes, desde que não apurados em procedimento de ofício, independentemente de requerimento. § 1º A parcela do débito excedente ao crédito utilizado na compensação, que não for paga até o vencimento do prazo estabelecido na legislação para o seu pagamento, ficará sujeita à incidência de juros e multa. § 2º Os créditos relativos a imposto de renda de pessoa física, apurado em declaração de rendimentos, sujeita à restituição automática, não poderão ser utilizados para compensação. § 3º Se a pessoa jurídica pretender compensar créditos em relação aos quais houver ingressado com pedido de restituição, pendente de decisão administrativa, deverá, previamente, manifestar, por escrito, desistência do pedido formulado. Fl. 329DF CARF MF 8 § 4º As receitas classificadas sob os códigos 1800 (IRPJ FINOR), 1825 (IRPJ FINAM) e 1838 (IRPJ FUNRES) poderão ser compensadas com o imposto de renda classificado sob os códigos 0220, 1599 ou 3373. § 5º O crédito referente ao código 2160 (IPI RESSARCIMENTO DE SELOS DE CIGARROS) ou ao código 4028 (IOF OURO), somente admitirá ser compensado, cada um, com débito do mesmo código. § 6º A utilização de crédito decorrente de sentença judicial, transitada em julgado, para compensação, somente poderá ser efetuada após atendido o disposto no art. 17. § 7º A compensação de créditos com débitos de tributos e contribuições de períodos anteriores ao do crédito, mesmo que de mesma espécie, deverá ser solicitada à DRF ou IRFA do domicílio do contribuinte, por meio de Pedido de Restituição, acompanhado do respectivo Pedido de Compensação. (grifos não originais) O segundo, conforme alegou a própria recorrente, foi realizado com crédito decorrente de decisão judicial, transitada em julgado, especificamente, o direito creditório reconhecido no âmbito da Ação Judicial 92.03016317 e mantido na Apelação Cível nº 94.03.0758040, referente ao recolhimento a maior do Finsocial. Assim, fica evidenciado que a recorrente não utilizou o procedimento compensação correto. Se a compensação era de crédito reconhecido por decisão judicial, ainda que entre tributos da mesma espécie e destinação constitucional, nos termos art. 14, § 6º, da Instrução Normativa SRF 21/1997, a realização do procedimento compensatória somente poderia ser realizado segundo a forma estabelecida no art. 17 da referida Instrução Normativa, que segue reproduzido: Art. 17. Para efeito de restituição, ressarcimento ou compensação de crédito decorrente de sentença judicial transitada em julgado, o contribuinte deverá anexar ao pedido de restituição ou de ressarcimento uma cópia do inteiro teor do processo judicial a que se referir o crédito e da respectiva sentença, determinando a restituição, o ressarcimento ou a compensação. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 73, de 15 de setembro de 1997) § 1° No caso de título judicial em fase de execução, a restituição, o ressarcimento ou a compensação somente poderão ser efetuados se o contribuinte comprovar junto à unidade da SRF a desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial e assumir todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 73, de 15 de setembro de 1997) § 2° Não poderão ser objeto de pedido de restituição, ressarcimento ou compensação os créditos decorrentes de títulos judiciais já executados perante o Poder Judiciário, com ou sem emissão de precatório. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa SRF nº 73, de 15 de setembro de 1997) Logo, em consonância com o preceito normativo em destaque, ainda que a compensação fosse entre créditos e débitos (vincendos) tributários de mesma espécie e Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10840.002876/200311 Acórdão n.º 3302003.746 S3C3T2 Fl. 238 9 destinação constitucional2, o crédito reconhecido no âmbito da referida ação judicial somente poderia ser realizada mediante a apresentação de requerimento instruído com (i) uma cópia do inteiro teor do processo judicial a que se referir o crédito e da respectiva decisão judicial e, no caso de título judicial em fase de execução, (ii) do documento comprobatório da desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial e do compromisso de assumir todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios. E essas exigências, concernentes à compensação dos créditos reconhecidos por decisão judicial, são justificáveis e necessárias, pois, de posse do título judicial, o autor da ação tem duas opções: ou executálo perante o Poder Judiciário, ou ingressar com um pedido de restituição ou compensação na esfera administrativa, conforme entendimento exarado na Súmula nº 461 do STJ, que tem o seguinte teor, in verbis: “O contribuinte pode optar por receber, por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória transitada em julgado.” Portanto, sem a prova da desistência da execução do título na esfera judicial, certamente, a Administração tributária não terá meios seguros de se certificar que o autor da ação deu prosseguimento à execução do correspondente título judicial. Além disso, sem as cópias das peças processuais extraídas do processo judicial, por falta de elementos necessários a quantificação do valor crédito, a autoridade fiscal não tem como proceder a liquidação da decisão judicial e apurar a liquidez do crédito reconhecido no âmbito da decisão judicial. No caso em tela, além de a recorrente não ter cumprido os procedimentos determinados no art. 17 da Instrução Normativa SRF 21/1997, o que constitui, por si só, condição necessária e suficiente para não homologação da compensação realizada, nas duas oportunidades que ela compareceu aos autos não logrou apresentar provas adequadas de que desistira da execução do respectivo título judicial perante o Poder Judiciário. No mesmo sentido, tem se manifestado as outras Turmas de Julgamento desta 3ª Seção. A título de exemplo, citase o recente acórdão de nº 3802004.021, da lavra da 2ª Turma Especial desta 3ª Seção de Julgamento, cujo o enunciado da ementa segue transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/1997 FINSOCIAL. Ação Judicial. Requisitos. Na hipótese de ação de repetição de indébito, a restituição, o ressarcimento e a compensação somente poderão ser efetuados se o requerente cumprir as exigências fixadas nas normas da Receita Federal que disciplinam a matéria, dentre os quais está o pedido ao órgão preparador. Recurso Voluntário a que se nega provimento. 3 Por todas essas razões, mantémse a não homologação das compensações declaradas e a cobrança dos débitos lançados indevidamente compensados. 2 A mesma exigência também se aplica aos créditos de diferentes espécie e destinação constitucional, conforme estabelecido no art. 12, § 7º, da mesma Instrução Normativa. 3 BRASIL. CARF. 3ª Seção. 2ª Turma Especial. Rel. Mércia Helena Trajano D’Amorim. Ac. 3802004.021, j. 27.01.2015. Fl. 331DF CARF MF 10 Da multa de ofício aplicada. A multa de ofício aplicada foi corretamente capitulada no art. 44, I, da Lei 9.430/1996, que, nos casos de lançamento de ofício, determina que, sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição exigida, deve ser aplicada a multa de 75% (setenta e cinco por cento), caso configurada a falta de pagamento ou de recolhimento de tributos, fato que se subsome perfeitamente à conduta infracionária imputada à recorrente na presente autuação. Na época em que aplicada, a cobrança da referida multa estava amparada no disposto no art. 90 da Medida Provisória 2.15835/2001, que determinava que as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, incluindo a DCTF, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, vinculados aos débitos declarados na respectiva declaração, deveriam ser objeto de lançamento de oficio. Para melhor clareza, veja o inteiro teor o referido preceito normativo, a seguir transcrito: Art. 90. Serão objeto de lançamento de oficio as diferenças apuradas, em declaração prestada pelo sujeito passivo, decorrentes de pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, indevidos ou não comprovados, relativamente aos tributos e as contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal. Em seguida, o lançamento de ofício em comento ficou restrito somente a imposição de multa isolada em razão de não homologação da compensação e desde que comprovada a falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, segundo determinação do caput do art. 18 da Medida Provisória 135/2003, convertido na Lei 10.833/2003, que tem o seguinte teor, com a atual redação dada pela Lei 11.488/2007, in verbis: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). [...] (grifos não originais) Assim, embora o recorrente tenha pleiteado o cancelamento da multa de ofício em questão, com base em fundamento distinto, por se tratar de matéria de ordem pública, entendese que, no caso em tela, como não foi comprovada a falsidade da respectiva DCTF apresentada pelo sujeito passivo, a penalidade deve ser afastada, em razão da aplicação retroativa da nova disciplina dada pelo novel preceito legal, em respeito ao princípio da retroatividade benigna, consagrado no art. 106, II, “c”, do CTN. No mesmo sentido, manifestouse CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit), por Solução de Consulta Interna n° 3, de 08 de janeiro de 2004 (SCI 3/2004), conforme se verifica no pertinente excerto a seguir transcrito: No julgamento de processos pendentes, cujo crédito tributário tenha sido constituído com base no art. 90 da MP n° 2.15835, as multas de oficio exigidas juntamente com as diferenças lançadas devem ser exoneradas pela aplicação retroativa do caput do art. 18 da Lei n° 10.833, de 2003, desde que essas penalidades não tenham sido fundadas nas hipóteses versadas no caput desse artigo. Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10840.002876/200311 Acórdão n.º 3302003.746 S3C3T2 Fl. 239 11 Com base nessas considerações, propõese o cancelamento da cobrança da multa de ofício objeto da presente autuação. Da conclusão. Por todo o exposto, votase por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, darlhe parcial provimento, para determinar o cancelamento da multa de ofício aplicada. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 333DF CARF MF
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Numero do processo: 13149.720250/2015-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVO.
É definitiva a decisão de primeira instância quando não interposto recurso voluntário no prazo legal. Não se toma conhecimento de recurso intempestivo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2402-005.552
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felicia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVO. É definitiva a decisão de primeira instância quando não interposto recurso voluntário no prazo legal. Não se toma conhecimento de recurso intempestivo. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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INTEMPESTIVO. É definitiva a decisão de primeira instância quando não interposto recurso voluntário no prazo legal. Não se toma conhecimento de recurso intempestivo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 14 9. 72 02 50 /2 01 5- 11 Fl. 59DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13149.720250/201511 Acórdão n.º 2402005.552 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi lavrada a Notificação de Lançamento de fls. 3 a 8, na qual foi ajustado, relativamente ao anocalendário de 2012, exercício 2013, o valor do Imposto de Renda Pessoa Física a restituir de R$ 4.348,60 para R$ 1.229,90. A autoridade tributária expôs na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 6 a 8, os motivos que deram ensejo ao lançamento acima: 1. Dedução Indevida de Despesas Médicas no valor de R$ 12.480,00, por falta de comprovação; Cientificado da autuação em 17.08.2015, o contribuinte apresentou tempestivamente, fl. 2, em 19 de Agosto de 2015, a impugnação para alegar, em síntese, que os recibos referemse a despesas medicas do próprio declarante. Juntou aos autos nove recibos. A autoridade de primeira instancia julgou improcedente a impugnação, pois verificou que a documentação comprobatória trazida aos autos pela recorrente não indicam o nome da pessoa que realizou o pagamento, o número do CPF e o endereço do profissional, requisitos formais previstos na legislação tributária, essenciais à comprovação da despesa. Tampouco as declarações dos profissionais Rogério Souza, ortopedista ou Valter da Costa, neurocirurgião foram consideradas validas, tendo em vista que teriam sido emitidas em datas posteriores aos eventos questionados. Cientificado da decisão de primeira instancia em 26.02.2016, o contribuinte apresentour, fl. 45/49, em 30.03.2016, o recurso voluntário aduzindo, em síntese, que a documentação comprobatória trazida aos autos pela recorrente (recibos e declarações médicas) deveriam ser consideradas legítimas para fins de justificas as respectivas despesas médicas no ano de 2012. Pede pela procedência do recurso e reconsideração do valor a ser restituído. Sem contrarazões. É o relatório. Fl. 61DF CARF MF 4 Voto Conselheira Bianca Felicia Rothschild Relatora Quanto à tempestividade do recurso voluntário interposto, verificase que não houve cumprimento de tal requisito de admissibilidade. O Recorrente foi intimada da decisão de primeira instância em 26.02.2016, mediante correspondência postal acompanhada de Aviso de Recebimento (AR), conforme documento dos Correios juntado aos autos (fl. 40). Por sua vez, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário apresentando as alegações relatadas acima, constando os documentos referentes às deduções glosadas, e não se manifestou à respeito da tempestividade. Em decorrência dos elementos fáticos constantes nos autos, verificase que o recurso voluntário foi interposto em 30/03/2016, conforme verificase do Termo de Analise de Solicitação de Juntada (fl. 55). De acordo com o parágrafo único art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972 – diploma que trata do contencioso administrativo fiscal no âmbito federal – os prazos para a interposição de recurso voluntário iniciamse e vencem em dia de expediente normal e são contados de forma contínua, excluindose da contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Vejamos Art. 5º. Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Salientase que a tempestividade do recurso voluntário é aferida pela data do protocolo junto ao órgão preparador do processo (circunscrição do domicílio fiscal da Recorrente). Em outras palavras, o que importa, para verificar a tempestividade do recurso, é que ele tenha sido apresentado ao protocolo dentro do prazo legalmente previsto, nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/1972, transcrito abaixo: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão.(g.n.) O inciso II do art. 23 do Decreto 70.235/1972 exige apenas a prova de que a correspondência seja entregue no endereço do domicílio fiscal do contribuinte e depreendese que esta pode ser recebida por qualquer outra pessoa a quem o senso comum permita atribuir a responsabilidade pela entrega da mesma. Decreto 70.235/1972: Art. 23. Farseá a intimação: (...) Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13149.720250/201511 Acórdão n.º 2402005.552 S2C4T2 Fl. 4 5 II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Na espécie, o Recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 26/06/2015 (sextafeira). Assim, levandose em consideração que os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão, nos exatos termos do parágrafo único do art. 5º do Decreto 70.235/1972, o prazo para interposição de recurso teve início em 29/02/2016 (segundafeira). O trigésimo dia ocorreu em 29/03/2016 (terçafeira). Entretanto o recurso somente foi apresentado ao Fisco em 30/03/2016 (quartafeira), portanto, fora do prazo recursal. O domicílio de intimação estava correto, pois ocorreu a intimação por via postal mediante AR enviado para o domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo, a saber: Rua Pedro Faceiro 52, Setor Bela Vista, Aragarças, GO. Nesse sentido, resta claro que a Recorrente não verificou o prazo para apresentação do recurso, só vindo a apresentálo após o vencimento legal que seria o dia 29/03/2016 e não o dia 30/03/2016 como fora apresentado. Em face desse quadro fático, impõese afirmar a ocorrência da intempestividade da peça recursal do contribuinte, não devendo prosperar o exame das demais alegações postuladas no recurso de fls. 45/54. Diante do exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso voluntário em razão da sua intempestividade. (assinado digitalmente) Bianca Felicia Rothschild. Fl. 63DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720916/2011-06
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 15 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Apr 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008
RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. INADMISSIBILIDADE.
Não se admite recurso especial quando a recorrente não lograr demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada.
Numero da decisão: 9101-002.606
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencida a Conselheira Cristiane Silva Costa, que conheceu do recurso. Acordam, ainda, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencido o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, que conheceu do recurso.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencida a Conselheira Cristiane Silva Costa, que conheceu do recurso. Acordam, ainda, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencido o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, que conheceu do recurso. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DA DEMONSTRAÇÃO DA DIVERGÊNCIA. INADMISSIBILIDADE. Não se admite recurso especial quando a recorrente não lograr demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte, vencida a Conselheira Cristiane Silva Costa, que conheceu do recurso. Acordam, ainda, por maioria de votos, em não conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencido o Conselheiro Rafael Vidal de Araújo, que conheceu do recurso. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rêgo, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 09 16 /2 01 1- 06 Fl. 750DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 751 2 Relatório FAZENDA NACIONAL e ALFA CORRETORA DE CÂMBIO E VALORES MOBILIÁRIOS S/A recorrem a este Colegiado, por meio dos Recursos Especiais de efls. 580 e ss. e 614 e ss., respectivamente, contra o acórdão nº 1401001.416, de 25 de março de 2015 (efls. 531 e ss.), que negou provimento aos recursos de ofício (por unanimidade de votos) e voluntário (por voto de qualidade). Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 RECURSO DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. PIS E COFINS A incorporação de ações não se enquadra como atividade desempenhada para cumprimento do objeto social. Assim, sem entrar no mérito de se tratar ou não de alienação, a operação de incorporação de ações não pode ser equiparada a uma alienação de um título ou valor mobiliário detido pela sociedade corretora, pois não se trata de ato de mercancia de ações, com intuito de lucro, realizada com terceiros, em cumprimento do seu objeto social. RECURSO VOLUNTÁRIO. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. NATUREZA JURÍDICA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracterizase como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização à preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerouse um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. VALOR DE MERCADO. VALOR CONTÁBIL. GANHO DE CAPITAL. REAVALIAÇÃO. RESERVA. IMPOSSIBILIDADE Não havendo nos assentamentos contábeis da autuada a constituição da reserva de reavaliação, não há que se falar em diferimento da tributação do ganho auferido com ações incorporadas por valor superior ao custo contábil para o no momento da realização do respectivo ativo. AÇÕES. DESEMBOLSO FINANCEIRO INEXISTENTE. CUSTO DE AQUISIÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. O custo de aquisição atribuído a ações adquiridas sem desembolso financeiro e recebidas pelo contribuinte como "torna" a sua maior contribuição ao capital social não é dedutível da base de cálculo do imposto. Fl. 751DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 752 3 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ aplicamse à CSLL reflexa, no que cabíveis. O recurso da Fazenda foi admitido por meio do Despacho de efls. 590 e ss., ao passo que o da Contribuinte, em que foi reconhecida divergência somente em relação ao primeiro paradigma, foi admitido por meio do Despacho de efls. 728 e ss. Recurso da Fazenda Nacional: A Fazenda aponta divergência jurisprudencial em relação aos acórdãos cujas ementas são parcialmente transcritas: Acórdão nº 3202000.711, de 23.04.2013: TÍTULOS MOBILIÁRIOS. REGISTRO. ATIVO CIRCULANTE. Classificamse no Ativo Circulante as disponibilidades e os direitos realizáveis no curso do exercício social subsequente. As ações da Bovespa Holding S/A recebidas em decorrência da operação denominada desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo BOVESPA, negociadas dentro do mesmo ano, poucos meses após o seu recebimento, devem ser registradas no Ativo Circulante. (...) PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. Nas sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, que têm por objeto social a subscrição de emissões de ações e/ou a compra e a venda de ações, por conta própria e de terceiros, a base de cálculo das contribuições sociais é o faturamento / receita bruta operacional, o que inclui, necessariamente, as receitas típicas da empresa auferidas com a venda de ações da Bovespa Holding S.A., recebidas em decorrência das operações societárias denominadas “desmutualização”. Acórdão nº 3202000.713, de 23.04.2013: PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. RECEITA BRUTA OPERACIONAL. OBJETO SOCIAL. VENDA DE AÇÕES. Nas sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, que têm por objeto social a subscrição de emissões de ações e/ou a compra e a venda de ações, por conta própria e de terceiros, a base de cálculo das contribuições sociais é o faturamento / receita bruta operacional, o que inclui, necessariamente, as receitas típicas da empresa auferidas com a venda de ações da BM&F S.A. e da Bovespa Holding S.A., recebidas em decorrência das operações societárias denominadas “desmutualização". As alegações de mérito da Fazenda dizem respeito, portanto, à matéria que foi objeto do recurso de ofício, que foi a exoneração da incidência de PIS e Cofins. Assim, em síntese, alegou a Fazenda que: Fl. 752DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 753 4 a) o montante recebido pela Contribuinte em decorrência da alienação das ações emitidas pela BM&F S.A. e pela BOVESPA HOLDING S.A. integram a sua receita bruta operacional, uma vez que "a atividade de subscrever títulos e valores mobiliários e depois revendêlos consiste em operação afeta ao objeto social de corretoras, tais como a Recorrida". Destaca o que dispõe "o art. 2º da Resolução nº 1.655/89" ["A sociedade corretora tem por objeto social (...) II subscrever, isoladamente ou em consórcio com outras sociedades autorizadas, emissões de títulos e valores mobiliários para revenda"], bem como um dos itens do objeto social que consta no estatuto social da Contribuinte ("comprar e vender títulos mobiliários por conta própria e de terceiros, observada regulamentação baixada pela Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil nas suas respectivas áreas de competência"); b) o Banco Central do Brasil atribui às rendas obtidas por meio do desenvolvimento das atividades típicas, regulares e habituais de uma pessoa jurídica a classificação de rendas operacionais, destacando o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional – COSIF, instituído pela Circular do Banco Central do Brasil nº 1.273, de 29/12/87, o qual as sociedades corretoras devem observar, conforme a Circular nº 1.273/1987, do Banco Central do Brasil; c) a jurisprudência do CARF vai no sentido do que alega (cita os acórdãos de nºs 3201001.480 e 920200.662). Ao final conclui a Fazenda que "deve incidir PIS/COFINS sobre os ganhos auferidos na operação de alienação das ações da Bovespa Holding S.A., vez que essa atividade é típica da corretora recorrida, fazendo parte do seu objeto social" e pede que o presente recurso seja conhecido e provido, para restabelecer integralmente o lançamento. A Contribuinte apresentou contrarrazões (efls. 606 e ss.), aduzindo, em essência, o que segue: a) que o recurso da Fazenda não deve ser conhecido uma vez que não apresentou paradigmas relacionados ao tema da incidência de PIS e COFINS na INCORPORAÇÃO DE AÇÕES relacionada ao processo de desmutualização das Bolsas, referindose os paradigmas "a outro assunto correlato ao procedimento de desmutualização das Bolsas, qual seja, a não incidência de PIS e COFINS na ALIENAÇÃO DE AÇÕES"; b) que, conforme debatido e concluído no processo e reconhecido tanto a DRJ quanto a Turma ordinária, "a incorporação pela Nova Bolsa S.A. das ações da Bovespa Holding S.A. detidas pela Recorrida não se configurou como ato de mercancia de ações, não tratando de operação com finalidade lucrativa realizada com terceiros, típica de sociedade corretora de títulos e valores mobiliários, mas apenas cumprimento das etapas do processo de consolidação social das Bolsas de Valores"; c) que "o impedimento da incidência do PIS e da COFINS na incorporação de ações decorre do conceito constitucional de faturamento desenvolvido pelo E. Supremo, que considera como faturamento a receita bruta de vendas de mercadorias e serviços, desenvolvidas em conformidade com o objeto social da pessoa jurídica". Recurso da Contribuinte: Fl. 753DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 754 5 A Contribuinte apontou divergência jurisprudencial em relação a dois acórdãos. Transcrevese a seguir a ementa do primeiro paradigma, uma vez que, como referido, a divergência não foi reconhecida em relação ao segundo (qual seja, acórdão nº 9202003.579): Acórdão de nº 1103001.047: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 BOLSAS DE VALORES CONSTITUÍDAS SOB A FORMA DE ASSOCIAÇÕES CIVIS. DESMUTUALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE DE CISÃO. Os acréscimos de valor dos títulos patrimoniais decorrentes de valorização do patrimônio social das bolsas de valores constituídas sob a forma de associações civis sem fins lucrativos não constituem receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas, autorizandose a sua exclusão na apuração do lucro real desde que não sejam distribuídos e formem reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. As associações civis são passíveis de cisão, não se limitando tal instituto apenas às pessoas jurídicas reguladas especificamente pela Lei Societária (Lei 6.404/1976). A desmutualização das bolsas de valores processo de reorganização da sua estrutura societária, alterandoas de associações civis sem fins lucrativos para sociedades anônimas não resulta em receita tributável sujeita à incidência de IRPJ e CSLL nas corretoras decorrente da valorização dos títulos patrimoniais (avaliados pelo valor contábil atualizado pelo patrimônio líquido das bolsas) permutados por ações. Descabida a alegação do Fisco de devolução de patrimônio das bolsas às corretoras associadas. Na exposição dos fundamentos para a reforma do acórdão recorrido (item V do recurso), a Contribuinte alega o que segue: a) que à luz dos métodos contábeis que vigoravam à época dos fatos, as ações da Nova Bolsa deveriam, necessariamente, ser contabilizadas pelo seu custo original, ou seja, pelo seu custo histórico, admitindose a percepção de resultados apenas quando ocorresse sua alienação a terceiros; b) que não há "disponibilidade econômica de renda antes da alienação das ações", bem como não há disponibilidade jurídica de renda "no ato de incorporação das ações, uma vez que, conforme firmado pelo Superior Tribunal de Justiça (Resp nº 320445RJ), a mera expectativa de ganho futuro não se qualifica em tal conceito para a tributação do imposto sobre a renda"; c) que pelos argumentos firmados e reafirmados no curso do processo, "pode se facilmente constatar a simples inocorrência do fato gerador do IRPJ e seus respectivos reflexos". Fl. 754DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 755 6 Ao final pede a Contribuinte que o presente recurso seja conhecido e provido, de modo que sejam cancelados os créditos tributários guerreados nos autos (IRPJ e reflexos). A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (efls. 733 e ss.), aduzindo, em essência, o que segue: a) que no recurso da Contribuinte "não se verifica a indicação dos dispositivos legais que foram interpretados de modo divergente pelo acórdão recorrido", razão pela qual "não preencheu o requisito previsto no art. 67, §1º do novo RICARF" ("não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente"), não devendo ser conhecido; b) que reitera os argumentos apresentados nas contrarrazões ao recurso voluntário (efls. 502 e ss.). A exposição está dividida em tópicos, direcionados a rebater argumentos trazidos pela Contribuinte em seu recurso voluntário, os quais são a seguir sintetizados pela reprodução de excertos seus: 3.1 TRANSAÇÕES ENVOLVENDO AÇÕES DA BOVESPA HOLDING S.A. E DA NOVA BOLSA S.A. (...) RECEBIMENTO DE AÇÕES PREFERENCIAIS DA NOVA BOLSA S.A. O trabalho da Fiscalização teve como ponto de partida a transformação da BOVESPA HOLDING S.A., em maio de 2008, em subsidiária integral da NOVA BOLSA S.A. – por meio da incorporação de ações da BOVESPA HOLDING S.A. pela NOVA BOLSA S.A. O primeiro aspecto que chamou a atenção da autoridade fiscal foram os atos intermediários a essa reorganização societária, mais precisamente, a emissão de ações preferenciais da NOVA BOLSA S.A. em favor da ALFA CORRETORA. A controvérsia nos presentes autos reside no valor de custo de aquisição que a contribuinte atribuiu às citadas ações preferenciais. De acordo com a recorrente, ao receber as ações, em 08/05/2008, foi contabilizado como custo de aquisição o valor de R$ 701.781,09. Por seu turno, a Fiscalização considerou que o custo deveria ser zero, uma vez que “No processo de incorporação os acionistas da Bovespa Holding receberam ações PN resgatáveis da Nova Bolsa, sem ônus, na proporção de uma para cada dez ações da Bovespa Holding. A Alfa Corretora recebeu 520.000 ações.” (Termo de Verificação Fiscal, fl. 34). (...) Ao afirmar que as ações preferenciais da NOVA BOLSA S.A. ingressaram sem ônus no patrimônio da contribuinte, autoridade fiscal pretendeu explicitar o fato de não ter havido dispêndio de recursos, por parte da contribuinte, para o recebimento das referidas ações. Vale dizer, a Fiscalização entendeu que somente poderia ser deduzido da base de cálculo do IRPJ e da CSLL – a título de custo de aquisição – se a contribuinte comprovasse ter Fl. 755DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 756 7 efetivamente suportado o custo que escriturou em seus livros contábeis, nos termos do art. 923 do RIR/99. Portanto, está correto o entendimento da Fiscalização, no sentido de adicionar à base de cálculo do IRPJ e da CSLL a diferença entre o valor de resgate das ações (R$ 8.919.772.40) e o valor reconhecido pela contribuinte como lucro na operação (R$ 8.217.991.31). Segundo o entendimento da autoridade fiscal, a contribuinte não poderia ter considerado o valor de R$ 701.781,09 como custo de aquisição das ações da NOVA BOLSA S.A., tendo em vista que recebeu tais ações sem quaisquer ônus. Diante disso, na apuração do ganho auferido com o resgate das ações recebidas pela contribuinte, em maio de 2008, não pode ser aceito como custo de aquisição o valor de R$ 701.781,09 – razão pela qual não merece reforma o acórdão recorrido. 3.2 – GANHO DE CAPITAL NA INCORPORAÇÃO DE AÇÕES DA BOVESPA HOLDING S.A. PELA NOVA BOLSA S.A. Em maio de 2008, a ALFA CORRETORA possuía 4.775.000 ações da BOVESPA HOLDING S.A., avaliadas pelo valor contábil de R$ 9.883.897,13. Em decorrência da incorporação de ações da BOVESPA HOLDING S.A. pela NOVA BOLSA S.A., a contribuinte entregou a participação acionária que detinha na BOVESPA HOLDING S.A. e, em troca, recebeu ações da NOVA BOLSA S.A. Nessa operação, o valor unitário atribuído a cada ação ordinária da BOVESPA HOLDING S.A. foi de R$ 24,82 – conforme "Fato Relevante" publicado pela própria BOVESPA HOLDING S.A. e pela BM&F S.A, no dia 17/04/2008 (fl. 8999). Dessa forma, a incorporação das ações da BOVESPA HOLDING S.A. resultou em ganho para a contribuinte, correspondente à diferença entre o valor contábil das ações incorporadas (R$ 9.883.897,13) e o valor atribuído às mesmas ações para fins da referida incorporação (R$118.515.500,00). (...) A recorrente alega que não houve ganho na incorporação de ações e que, mesmo havendo ganho, a legislação tributária garantia o diferimento da tributação. No Recurso Voluntário, a contribuinte dividiu a defesa quanto a este ponto do lançamento em três partes. Diante disso, entendemos conveniente rebater os argumentos da contribuinte também em três partes, seguindo a ordem encontrada no Recurso Voluntário. 3.3 – CORRETA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL DO LANÇAMENTO Inicialmente, a contribuinte alega que a autoridade fiscal utilizou dispositivo legal indevido para fundamentar a autuação, uma vez que indicou o art. 3o da Lei no 7.713, de 1988, que é específico para pessoas físicas. Segundo a recorrente, “Foi desta norma que o autor do lançamento inferiu o núcleo de sua interpretação jurídica dos fatos, afirmando que teria ocorrido ganho de capital na incorporação de ações, porque este instituto de Direito Privado pressupõe ato de alienação.” (fl. 464465). Entretanto, essa afirmação da recorrente está completamente equivocada. Na realidade, a autoridade fiscal utilizou o art. 3o Fl. 756DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 757 8 da Lei no 7.713, de 1988, apenas para sustentar o seu entendimento de que a incorporação de ações configurou ato de alienação. Os fundamentos legais para a exigência de IRPJ e CSLL foram outros. Isso está claramente explicado no Termo de Verificação Fiscal, quando a autoridade responsável pelo lançamento afirma que “O resultado líquido da incorporação das ações e venda de parte delas em 2008 é de R$ 48.629.449,47. Esse resultado é objeto de tributação com relação ao IRPJ e CSLL, de acordo com os artigos 247, 248, 251 e parágrafo único, 277 e 379, § 2o, do RIR/99.” (fl. 35). (...) 3.4 – DIFERIMENTO DA TRIBUTAÇÃO DOS GANHOS AUFERIDOS NA INCORPORAÇÃO DE AÇÕES DA BOVESPA HOLDING S.A. A contribuinte sustenta que, mesmo tendo havido ganho tributável na incorporação das ações da BOVESPA HOLDING S.A., ela não estaria obrigada a oferecêlo à tributação. Isso porque, segundo a recorrente, a operação significou para a ela uma reavaliação de ativos, quais sejam: as ações da BOVESPA HOLDING S.A. Partindo dessa premissa, a recorrente afirma que deveria ser dado aos ganhos o tratamento conferido pela legislação tributária às reservas de reavaliação. Notadamente, a intenção da contribuinte é beneficiarse da norma prevista no art. 439 do RIR/99,2 que prevê justamente o diferimento da tributação quando, na integralização de capital social de uma pessoa jurídica, são entregues bens reavaliados e os valores correspondentes a essa reavaliação são mantidos em conta de reservas de reavaliação. No que diz respeito a esse tópico – isto é, sobre as supostas reservas de reavaliação – a recorrente utiliza dois argumentos em seu Recurso Voluntário: a) a DRJ/SP1 inovou o fundamento jurídico do lançamento quando analisou esse tema; e b) deve incidir a norma prevista no art. 439 do RIR/99. Vejamos cada um separadamente. (...) 3.7 – NATUREZA JURÍDICA DA INCORPORAÇÃO DE AÇÕES: ALIENAÇÃO DE ATIVOS (...) Especificamente quanto à natureza da incorporação de ações, a contribuinte se limita a dizer que a legislação tributária prevê casos de “alienação sui generis”. Ao que parece, a recorrente tentou argumentar que a mencionada operação seria uma espécie incomum de alienação. Mesmo que seja admitida a tese da contribuinte, isso não afastaria a natureza de alienação de ativos. Partindo da premissa que se trata de alienação – mesmo sui generis –, a tributação do ganho auferido pela contribuinte somente poderia ser afastada se houvesse norma específica prevendo essa possibilidade. Ademais, cumpre ressaltar que a autoridade fiscal procurou reforçar seu posicionamento citando entendimentos doutrinários no sentido de que a incorporação de ações qualificase como Fl. 757DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 758 9 alienação de ativos. Por outro lado, a contribuinte se apega a notícias de jornal que abordavam casos envolvendo pessoas físicas, que se submetem a regime de tributação completamente distinto das pessoas jurídicas – as primeiras, pelo regime de caixa, enquanto as últimas, pelo regime de competência. Antes o exposto, forçoso concluir que a incorporação das 4.775.000 ações, feita pelo montante de R$118.515.500,00, consubstanciou ganho de capital de R$108.631.602,87, em maio de 2008, em favor da contribuinte. 3.8 – DO VALOR ATRIBUÍDO ÀS AÇÕES DA BOVESPA HOLDING S.A. O último argumento de defesa apresentado pela recorrente questiona o valor considerado pela Fiscalização para apurar o ganho obtido com a incorporação de ações. A contribuinte alega que não poderia ser utilizado o valor de R$24,82, atribuído a cada ação da BOVESPA HOLDING S.A. Novamente, não merecem ser acolhidas as alegações da contribuinte. (...) Diante disso, resta evidente que os valores considerados pela autoridade fiscal, para fins de apuração do ganho tributável, correspondem exatamente àqueles que foram utilizados para fins da incorporação de ações. Não faz o menor sentido admitir valores distintos para a operação a depender do interessado, vale dizer: para o “mercado”, é valido o montante de R$ 24,82 por ação, mas esse valor não pode ser utilizado pela Fazenda Pública para constituir o crédito tributário devido pela contribuinte. Por essas razões, não merecem reparos a decisão de primeira instância, que confirmou o valor considerado pela Fiscalização para a apuração do ganho tributável. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora Os recursos são tempestivos. Tendo sido apresentadas preliminares de não conhecimento de ambos os recursos nas respectivas contrarrazões, a admissibilidade de cada um será apreciada adiante. Inicialmente, no entanto, é importante circunscrever os lançamentos fiscais que são objeto do presente processo e as decisões da DRJ e Turma do CARF. Embora o Termo de Verificação de efls 24/44 faça menção a outras infrações, as que compõem o presente processo são as que seguem: a) Infração verificada na incorporação de ações da Bovespa Holding S.A. pela Nova Bolsa S.A. na qual a Contribuinte passou a deter ações da Nova Bolsa S.A. (e não mais da Bovespa Holding S.A., ocorrida em Maio/2008), computada a posterior alienação de parte das ações recebidas da Nova Bolsa S.A. (ocorrida em Outubro/2008). Como resultado Fl. 758DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 759 10 dessas operações, foi adicionado às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL do AC 2008 o valor de R$ 48.629.449,47, apurado conforme abaixo: Em decorrência da incorporação de ações em tela ocorrida em Maio/2008, foi também adicionado o resultado auferido no processo (R$ 108.631.602,87) às bases de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS do período, uma vez que a Contribuinte não havia adicionado esse valor às bases de cálculo dessas contribuições, como deveria, uma vez que compõe o faturamento da Contribuinte, que é sociedade corretora. Os autos de infração dos quatro tributos constam nas efls. 45 a 64. b) Infração verificada na alienação (resgate) de ações preferenciais da Nova Bolsa S.A. (ocorrida em Maio/2008), em que foi apurado pela Fiscalização um ganho superior ao registrado pela Contribuinte, resultando em adição da diferença (R$ 701.781,09 = 8.919.772,40 8.217.991,31) às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Dessa alienação decorreu ainda a adição do valor da alienação (R$ 8.919.772,40) às bases de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS do período, uma vez que a Contribuinte não havia adicionado esse valor às bases de cálculo dessas contribuições, como deveria, já que compõe o faturamento da Contribuinte, que é sociedade corretora. Os autos de infração dos quatro tributos constam nas efls. 65 a 84. No curso do julgamento da impugnação oferecida pela Contribuinte, a DRJ São Paulo I determinou a correção do valor da base de cálculo do lançamento no tocante ao resultado líquido correspondente à infração descrita no item "a" acima, decorrente de erro de cálculo. Como decorrência, foram lavrados autos de infração complementares de IRPJ e CSLL (efls. 250/261) referentes ao acréscimo de R$ 400.000,00 nas bases de cálculo desses tributos. Julgada a impugnação, foram mantidos todos os créditos de IRPJ e CSLL (tanto da infração "a" quanto da infração "b"), mas cancelados todos os de Contribuição para o PIS/Pasep e de COFINS (tanto da infração "a" quanto da infração "b"), sob o fundamento assim sintetizado na ementa do julgado (deixase aqui de transcrever a referente à Contribuição para o PIS/Pasep, que é equivalente): Incorporação de ações detidas por corretora de títulos e valores mobiliários realizada por sociedade constituída em processo de reestruturação de organização da qual a corretora faz parte não caracteriza operação típica de sua atividade, restando fora do campo de incidência da Cofins o ganho de capital correspondente à diferença entre o valor de mercado das ações incorporadas e seu valor contábil. (...) Fl. 759DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 760 11 O valor correspondente a resgate de ações realizado por companhia que anteriormente as emitira à resgatante, corretora de títulos e valores mobiliários, em processo de reestruturação societária desta, não é receita decorrente de negociação de título de carteira própria, não tem natureza operacional, não compondo a base de cálculo da contribuição. Houve recurso de ofício e recurso voluntário, tendo a Turma ora recorrida, como se viu, negado provimento a ambos. A Contribuinte interpôs, então, recurso especial buscando desconstituir os lançamentos de IRPJ e CSLL, enquanto a Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo o restabelecimento dos lançamentos de Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. Recurso Especial da Contribuinte Nas contrarrazões que a Fazenda Nacional apresentou em face do recurso da Contribuinte, é alegado que o recurso não pode ser conhecido eis que nele "não se verifica a indicação dos dispositivos legais que foram interpretados de modo divergente pelo acórdão recorrido", razão pela qual o recurso "não preencheu o requisito previsto no art. 67, §1º do novo RICARF". Como referido no relatório, na apreciação da admissibilidade do recurso da Contribuinte (Despacho de efls. 728 e ss) foi reconhecida divergência somente em relação ao primeiro paradigma, acórdão de nº 1103001.047. Por essa razão, o presente exame das alegações da Fazenda somente será feito em relação a esse acórdão, uma vez que a divergência de interpretação da legislação tributária admitida e que, assim, deve ser solvida por esta 1ª Turma da CSRF, se dá unicamente em relação a esse julgado. Dito isso, para que se faça a apreciação da admissibilidade do recurso da Contribuinte, importante transcrever os exatos termos da demonstração da divergência: Fl. 760DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 761 12 Fl. 761DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 762 13 A leitura do trecho acima, em que a Contribuinte busca demonstrar a divergência de interpretação que suscita, indica que, de fato, a Contribuinte não indicou de forma expressa e destacada qual norma estava sendo interpretada de forma diversa no acórdão recorrido. Tal situação não conduz, necessariamente, ao não conhecimento do recurso. Isso porque quando o aludido § 1º do art. 67 do Anexo II do RICARF refere que "não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente", deixa espaço para admissão de recurso que indique a legislação objeto de interpretação divergente de forma menos direta. Mas a divergência de interpretação deve estar clara e precisamente demonstrada. Vejase, aliás, que o § 8º do citado art. 67 do Anexo II do RICARF estatui que a divergência "deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido". Pois bem, ao demonstrar a divergência que suscita, a Contribuinte refere que os acórdãos paradigma divergem do recorrido uma vez que "reconhecem a possibilidade jurídica de cisão de associações, conforme ocorrida na etapa liminar do processo de Desmutualização, concluindose, portanto, pela impossibilidade de incidência de IRPJ e seus reflexos", transcreve a ementa e trecho do acórdão nº 1103001.047 e conclui aduzindo tão Fl. 762DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 763 14 somente que o acórdão recorrido "firmou entendimento pela incidência do IRPJ e reflexos na incorporação de ações decorrente do processo de Desmutualização, enquanto os acórdãos paradigmas expressamente afastaram esta tributação". Ocorre, no entanto, que o acórdão paradigma de nº 1103001.047 não trata de incorporação de ações. Seu objeto, como a simples leitura de sua ementa indica, é a tributação dos acréscimos de valor dos títulos patrimoniais das bolsas de valores detidos por corretora quando do processo de desmutualização das bolsas1, tema sobre o qual o voto condutor do acórdão recorrido é silente. Com efeito, as discussões em torno da desmutualização da Bolsa (Bovespa Holding S.A, que se deu em agosto de 2007) de que trata o acórdão paradigma, ocorrem em virtude de a Fiscalização entender que a mudança de associação para sociedade anônima ocasiona ganho de capital para as corretoras que tiveram uma aumento patrimonial no investimento. Já a discussão no presente processo diz respeito a um momento posterior à desmutualização (anocalendário 2008), em que as sociedades corretoras, na condição de acionistas já da Nova Bolsa S.A. logram ou não, conforme a tese da Fiscalização ou da contribuinte, ganho de capital em razão da incorporação de ações da Bovespa Holding pela Nova Bolsa S.A. (já que passam a deter investimento não mais na Bovespa Holding, mas sim na Nova Bolsa S.A) e também, no caso da infração 2, quando a corretora resgatou as ações preferenciais que passou a deter na Nova Bolsa. São teses e discussões totalmente distintas, portanto. Daí por que a Contribuinte não demonstra em que medida o acórdão paradigma manifesta interpretação divergente da legislação tributária, nem qual seria essa legislação. Por isso, o recurso não pode ser conhecido. Acolho, portanto, a preliminar de inadmissibilidade trazida pela Fazenda Nacional em suas contrarrazões, e não conheço do Recurso Especial interposto pela Contribuinte, por não ter ela logrado demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada. Recurso Especial da Fazenda Nacional No recurso especial da Fazenda Nacional, a discussão cingese à incidência de Contribuição para o PIS/Pasep e de COFINS sobre os ganhos auferidos na operação de alienação das ações da Bovespa Holding S.A. no âmbito da incorporações dessas ações pela Nova Bolsa S.A. Em contrarrazões, a Contribuinte, antes de adentrar o mérito do recurso da Fazenda Nacional, alega que o recurso não deve ser conhecido uma vez que não apresentou paradigmas relacionados ao tema da incidência de Contribuição para o PIS/Pasep e de COFINS na INCORPORAÇÃO DE AÇÕES relacionada ao processo de desmutualização das Bolsas, referindose os paradigmas "a outro assunto correlato ao procedimento de desmutualização das Bolsas, qual seja, a não incidência de PIS e COFINS na ALIENAÇÃO DE AÇÕES". 1 Simplificadamente, processo em que as bolsas passaram de associações civis para sociedades anônimas, recebendo as corretoras associadas ações das sociedades em substituição aos títulos patrimoniais antes detidos. Fl. 763DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 764 15 Com efeito, confrontandose os acórdãos paradigmas com o recorrido, constatase que não há identidade fática entre as situações apreciadas no acórdão recorrido e nos paradigmas indicados, não sendo possível, assim, se intentar uma analogia entre os acórdãos, com a finalidade de se estabelecer dissídio jurisprudencial a ser solvido por esta 1ª Turma da CSRF. No julgamento do presente Recurso de Ofício, cujo objeto era o cancelamento das exigências de Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, o voto condutor (do Relator, vez que a divergência no julgamento desse processo somente foi aberta com relação ao julgamento do Recurso Voluntário) assim aduz (verbis, destaque original): RECURSO DE OFÍCIO Inicialmente, cumpre um esclarecimento para fins de delimitação do objeto da lide neste julgamento: o termo de verificação fiscal remonta à evolução das operações realizadas no âmbito da BOVESPA e da BM&F, abordando dois momentos: 1º) desmutualização das associações BOVESPA e BM&F, com sua transformação em sociedades anônimas e 2º)incorporação das ações das sociedades anônimas BOVESPA e BM&F na sociedade anônima Nova Bolsa. A decisão que exonerou a incidência de PIS e COFINS, objeto do presente recurso de ofício, referese exclusivamente à segunda fase, pelo que a discussão que deve ser enfrentada por essa turma neste recurso de ofício está baseada em fatos relacionados à incorporação de ações da Bovespa Holding S.A. por Nova Bolsa S.A, bem como ao resgate de ações preferenciais da Nova Bolsa S.A. Primeiramente, analisase o tema que ensejou o recurso de ofício: incidência do PIS e da Cofins sobre a considerada alienação das ações da Bovespa Holding S.A. no processo de incorporação de ações. Independente de ao final do presente voto a incorporação de ações ser considerada ou não espécie de alienação das ações, em relação à incidência do PIS e da Cofins, deve ser mantido o posicionamento da decisão de piso. Segundo o entendimento da DRJ (fls. 26 do voto) (...) É de se observar, conforme exposto pela DRJ, “a incorporação pela Nova Bolsa S.A. das 4.775.000 ações da Bovespa Holding S.A. detidas pela fiscalizada, em maio de 2008, não se configurou um ato de mercancia de ações, ou se, a não se tratou de uma operação com finalidade lucrativa realizada com terceiros, típica de sociedade corretora de títulos e valore mobiliários, mas do cumprimento de uma das etapas do processo de consolidação social das Bolsas de Valores”. Não é possível verificar na etapa de incorporação de ações uma operação mercantil típica e inserida nas operações correntes das Fl. 764DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 765 16 corretoras de títulos e valores mobiliários. Sendo assim, a incorporação de ações da Bovespa Holding S.A. não representa uma venda realizada no contexto de sua atividade operacional, o que afasta a incidência do PIS e da Cofins. É importante ressaltar que não se está discutindo se as ações da Bovespa Holding S.A deveriam estar contabilizadas no ativo circulante ou não. A discussão, portanto, não é relativa à classificação dos ativos vendidos, ou seja, pouco importa se as ações estavam contabilizadas no ativo circulante ou não. O fato que impede a tributação pelo PIS e pela Cofins é não ser possível enquadrar a incorporação de ações no conceito constitucional de faturamento desenvolvido pelo STF. É dizer: se o entendimento daquela Corte é no sentido de que o faturamento corresponde à receita bruta de vendas de mercadorias e de serviços, desenvolvidas em conformidade com o objeto social da pessoa jurídica, não se pode entender que a incorporação de ações seria atividade desenvolvida em conformidade com o objeto social. Observese que as vendas das ações da Bovespa Holding S.A., ocorridas logo após a desmutualização, foram tratadas como faturamento e o produto dessas alienações foi tratado como receita operacional e a referida tributação não é objeto do presente processo. Portanto, o fundamento da improcedência do Recurso de Ofício está ligado ao fato de a incorporação de ações não se enquadrar como atividade desempenhada para cumprimento do objeto social. Assim, sem entrar no mérito de se tratar ou não de alienação, a operação de incorporação de ações não pode ser equiparada a uma alienação de um título ou valor mobiliário detido pela sociedade corretora, pois não se trata de ato de mercancia de ações, com intuito de lucro, realizada com terceiros, em cumprimento do seu objeto social. De anotar que o voto condutor somente trata da incidência de Contribuição para o PIS/Pasep e de Cofins no âmbito da infração "a" (verificada na incorporação de ações da Bovespa Holding S.A. pela Nova Bolsa S.A.), nada referindo acerca da incidência de dessas contribuições no âmbito da infração "b" (verificada na alienação resgate de ações preferenciais da Nova Bolsa S.A.). É bem verdade que o voto principia por identificar os dois eventos, mas não faz, a toda evidência, enfrentamento do segundo. De assinalar, também, que os únicos Embargos de Declaração em face do acórdão em questão foram os opostos pela Fazenda Nacional (efls. 567 e ss.). Tais embargos, em que a Fazenda peticiona que a Turma embargada "sane a omissão e se manifeste sobre o art. 4º do Estatuto Social da contribuinte, que inclui no seu objeto social, a atividade de comprar e vender títulos e valores mobiliários" foram rejeitados por meio do Despacho de Admissibilidade de Embargos de efls. 575 e 22. Ou seja, a Procuradoria não embarga o fato de o acórdão recorrido não ter se pronunciado sobre o resgate das ações preferenciais da Nova Bolsa S.A. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 766 17 Dito isso, temse que os votos condutores dos acórdãos paradigma deixam consignado que (verbis, destaque original): Primeiro Paradigma: Deste modo, as receitas auferidas pela alienação das ações da Bovespa Holding S.A. de sua titularidade (venda de ações de terceiros que deveriam estar escrituradas no ativo circulante), decorrentes de atividade típica da Recorrente (subscrever, comprar e vender ações) devem ser enquadradas como receitas brutas operacionais e por isso estão sujeitas à incidência do PIS e da Cofins, tanto pela caracterização destas operações como “vendas de mercadorias”, que compõem o seu faturamento, conforme dispõem o caput, dos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, como pelo fato de comporem a receita bruta operacional das instituições financeiras, nos termos dos parágrafos 5º e 6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Os mencionados §§ 5º e 6º dispõem que as exclusões seriam as mesmas do PIS, previstas na Lei nº 9.701, de 1998, que define a base de cálculo como sendo a “receita bruta operacional auferida no mês”. Segundo Paradigma: Deste modo, as receitas auferidas pela alienação das ações da BM&F S.A e Bovespa Holding S.A. de sua titularidade, decorrentes de atividade típica da Recorrente (subscrever, comprar e vender ações) devem ser enquadradas como receitas brutas operacionais e por isso estão sujeitas à incidência do PIS e da Cofins, tanto pela caracterização destas operações como “vendas de mercadorias”, que compõem o seu faturamento, conforme dispõem o caput, dos artigos 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, como pelo fato de comporem a receita bruta operacional das instituições financeiras, nos termos dos parágrafos 5º e 6º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Os mencionados §§ 5º e 6º dispõem que as exclusões seriam as mesmas do PIS, previstas na Lei nº 9.701, de 1998, que define a base de cálculo como sendo a “receita bruta operacional auferida no mês”. Como se vê, no voto condutor do acórdão recorrido, a conclusão de não configuração de "operação mercantil típica e inserida nas operações correntes das corretoras de títulos" diz respeito, única e exclusivamente, à "incorporação de ações". O voto é, aliás, expresso ao destacar que não se está ali tratando de "vendas das ações da Bovespa Holding S.A., ocorridas logo após a desmutualização", sendo que é justamente esta a situação dos paradigmas, que tratam "dos efeitos jurídicotributários da operação de 'desmutualização' das bolsas", mais precisamente da incidência de Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins sobre as "receitas auferidas pela alienação das ações da Bovespa Holding S.A.". Também aqui, portanto, temse que a Recorrente não logrou demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária suscitada, razão pela qual acolho a preliminar trazida nas contrarrazões apresentadas pela Contribuinte e não conheço do recurso da Fazenda Nacional. Fl. 766DF CARF MF Processo nº 16327.720916/201106 Acórdão n.º 9101002.606 CSRFT1 Fl. 767 18 Conclusão Em face do exposto, NÃO CONHEÇO dos recursos da Contribuinte e da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 767DF CARF MF
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