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Numero do processo: 11052.000522/2010-01
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Nov 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2007
COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%.
A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007
INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE.
Sobre o crédito tributário não pago no vencimento incidem juros de mora à taxa SELIC. Compõem o crédito tributário o tributo e a multa de ofício proporcional.
Numero da decisão: 9101-002.454
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora), Luís Flávio Neto, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo.
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente em Exercício.
(Assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Redator designado.
EDITADO EM: 10/11/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal De Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Nathália Correia Pompeu), Luis Flavio Neto e Cristiane Silva Costa.
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007 INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Sobre o crédito tributário não pago no vencimento incidem juros de mora à taxa SELIC. Compõem o crédito tributário o tributo e a multa de ofício proporcional.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. O prejuízo fiscal poderá ser compensado com o lucro real posteriormente apurado, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DE CSLL. DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30%. A base de cálculo negativa de CSLL poderá ser compensada com as bases de cálculo posteriormente apuradas, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do lucro líquido ajustado (base positiva). Não há previsão legal que permita a compensação de base negativa acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE. Sobre o crédito tributário não pago no vencimento incidem juros de mora à taxa SELIC. Compõem o crédito tributário o tributo e a multa de ofício proporcional. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 2. 00 05 22 /2 01 0- 01 Fl. 469DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa (relatora), Luís Flávio Neto, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado) e Demetrius Nichele Macei (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente em Exercício. (Assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Redator designado. EDITADO EM: 10/11/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício), André Mendes de Moura, Adriana Gomes Rego, Rafael Vidal De Araújo, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (suplente convocado em substituição à conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio), Demetrius Nichele Macei (suplente convocado em substituição à conselheira Nathália Correia Pompeu), Luis Flavio Neto e Cristiane Silva Costa. Relatório Tratase de processo originado pela lavratura de Auto de Infração de IRPJ e CSLL pela compensação de prejuízo fiscal e bases de cálculo negativas da CSLL, quanto ao anocalendário de 2007, à ocasião da incorporação da Dragaport Ltda., sem a observância do limite de 30% (trinta por cento), definido pelo artigo 15 e 16, da Lei nº 9.065/95. O auditor fiscal da Receita Federal imputou multa de 75% ao crédito tributário (Autos de Infração às fls. 168/178, Relatório Fiscal às fls. 161/166). A Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) manteve integralmente o Auto de Infração (fls. 223/230), em acórdão assim ementado: Fl. 470DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 470 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. BENEFÍCIO FISCAL. Em face do princípio da autonomia dos exercícios financeiros, a compensação de prejuízos não configura direito dos contribuintes, mas benefício fiscal passível de restrição por Lei. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITAÇÃO. INCORPORADAS. A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para compensação de prejuízos não contém exceção para as empresas que sejam objeto de incorporação. MULTA DE OFÍCIO. SUCESSÃO. A responsabilidade dos sucessores se refere aos créditos tributários, nos quais se incluem as multas de ofício. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. A multa de ofício integra a obrigação tributária principal e, por conseguinte, o crédito tributário, sendo legítima a incidência dos juros de mora. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS. BENEFÍCIO FISCAL. Em face do princípio da autonomia dos exercícios financeiros, a compensação de bases de cálculo negativas não configura direito dos contribuintes, mas benefício fiscal passível de restrição por Lei. COMPENSAÇÃO DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS. LIMITAÇÃO. INCORPORADAS. A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para compensação de bases de cálculo negativas não contém exceção para as empresas que sejam objeto de incorporação. MULTA DE OFÍCIO. SUCESSÃO. A responsabilidade dos sucessores se refere aos créditos tributários, nos quais se incluem as multas de oficio. MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. Fl. 471DF CARF MF 4 A multa de ofício integra a obrigação tributária principal e, por conseguinte, o crédito tributário, sendo legítima a incidência dos juros de mora. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O sujeito passivo apresentou recurso voluntário alegando: (i) não cabimento da multa de ofício, por contrariar os artigos 132, do CTN, 5º do DecretoLei nº 1.598/77 e artigo 207, do RIR; (ii) a inaplicabilidade da trava de 30% ao caso dos autos; (iii) a impossibilidade de exigência de juros sobre as multas de ofício. A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara entendeu por (i) negar provimento ao recurso voluntário quanto à compensação de prejuízos fiscais, por voto de qualidade; (ii) negar provimento relativamente à multa de ofício, por unanimidade e (iii) por maioria de votos, manter os juros de mora incidentes sobre a multa de ofício. O acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITAÇÃO. INCORPORADAS. A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para a compensação de prejuízos aplicase inclusive no caso de descontinuidade da pessoa jurídica em virtude de reorganização societária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2007 COMPENSAÇÃO DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS. LIMITAÇÃO. INCORPORADAS. A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para a compensação de bases de cálculo negativas aplicase inclusive no caso de descontinuidade da pessoa jurídica em virtude de reorganização societária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007 MULTA DE OFÍCIO. SUCESSÃO. Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico (Súmula CARF nº 47) JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFICIO. Fl. 472DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 471 5 A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento. É legítima a incidência de juros de mora, à taxa Selic, sobre o valor da multa de ofício proporcional, não paga no vencimento. A contribuinte foi intimada quanto ao mencionado acórdão em 30/05/2012, conforme termo de ciência pessoa às fls. 310, apresentando recurso especial em 12 de junho de 2012, sustentando a divergência a respeito dos seguintes temas: (i) limitação de 30% na compensação de prejuízo fiscal, indicando como paradigma o Acórdão nº 110300619, do qual consta que “Diante da ‘morte’ da pessoa jurídica, inclusive por incorporação, deixa de existir o conteúdo da regra limit\adora da compensação quantitativa, pois deixa de existir a periodicidade e, assim, a interperiodicidade. Negar isso é contra o valor incorporado na regra de limitação quantitativa da compensação no tempo”. (ii) incidência do juros de mora sobre a multa de ofício, identificando como paradigmas os Acórdãos (ii.a) nº 10196607, no qual consta que "não incidem os juros com base na taxa SELIC sobre a multa de ofício, vez que o artigo 61 da Lei nº 9.430/96 apenas impõe sua incidência sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. Igualmente não incidem os juros previstos no artigo 161 do CTN sobre a multa de ofício" e (ii.b) 910100722, no qual foi expresso que "a regra veiculada pelo art. 61 da Lei nº 9.430/96 referese à incidência de acréscimos moratórios sobre 'débitos decorrentes de tributos e contribuições', sendo certo que a penalidade pecuniária não decorre de tributo ou contribuição, mas do descumprimento do dever legal de declarálo e/ou pagálo, de onde se extrai a conclusão de ser inaplicável os juros de mora a taxa SELIC sobre a multa de ofício" O recurso especial foi admitido, conforme razões a seguir reproduzidas (fls. 439/443): 1º ponto: aplicação do limite de 30% (trava) na incorporação De fato, enquanto o acórdão recorrido veiculou entendimento no sentido de ser aplicável a limitação de 30% para a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL, mesmo em face da descontinuidade da pessoa jurídica em virtude de reorganização societária (conforme ementa ao norte transcrita), o acórdão paradigma sustenta que esta limitação não é aplicável quando se está diante da descontinuidade da pessoa jurídica em virtude de sua incorporação, conforme se verifica na ementa do próprio julgado (...) De qualquer sorte, independentemente das considerações acima, e do fato de o RICARF, no seu art. 67, § 10, mencionar que somente não seria admitida como paradigma a tese que já estivesse superada pela CSRF na data de interposição do recurso, o fato é que não se pode, nem mesmo no presente momento, considerarse que a tese já esteja definitivamente superada. Portanto, o recurso deve ser admitido com relação a este ponto. 2º ponto: incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Fl. 473DF CARF MF 6 (...) demonstrada a divergência jurisprudencial, e tampouco se tratando de tese divergente que esteja superada pela CSRF, deve o recurso também ser admitido com relação a este ponto. (...) Considerando que, consoante o exposto no presente despacho, foram preenchidos os pressupostos regimentais de admissibilidade, e foi demonstrada a divergência jurisprudencial, DOU SEGUIMENTO AO RECURSO ESPECIAL interposto pelo sujeito passivo DRAGAPORT ENGENHARIA LTDA. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso especial, requerendo seja negado provimento ao recurso especial (fls. 445/466). Voto Vencido Cristiane Silva Costa Conheço do recurso especial da contribuinte, eis que tempestivo e devidamente demonstrada a divergência na interpretação da lei tributária. Passo à análise do seu mérito. Limitação de 30% na compensação de prejuízos fiscais A possibilidade de compensação de prejuízos fiscais é regulada pelo artigo 6º, §3º, alínea c, do DecretoLei nº 1.598/1977: Art 6º Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. § 3º Na determinação do lucro real poderão ser excluídos do lucro líquido do exercício: a) os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não tenham sido computados na apuração do lucro líquido do exercício; b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam computados no lucro real; c) os prejuízos de exercícios anteriores, observado o disposto no artigo 64. A Lei nº 8.981/1995 estabeleceu a limitação máxima de 30%, tratando também da possibilidade de utilização dos prejuízos acumulados nos anoscalendário subsequentes: Art. 42. A partir de 1º de janeiro de 1995, para efeito de determinar o lucro real, o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do Imposto de Renda, poderá ser reduzido em, no máximo, trinta por cento. Fl. 474DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 472 7 Parágrafo único. A parcela dos prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, não compensada em razão do disposto no caput deste artigo poderá ser utilizada nos anoscalendário subseqüentes. A Lei nº 9.065/1995 também delimitou a compensação do prejuízo fiscal, tratando do limite máximo de 30% do lucro líquido ajustado: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. A limitação de 30% na compensação de prejuízos é reproduzida no Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999), verbis: Art. 250.Na determinação do lucro real, poderão ser excluídos do lucro líquido do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 3º): (...) III o prejuízo fiscal apurado em períodos de apuração anteriores, limitada a compensação a trinta por cento do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, desde que a pessoa jurídica mantenha os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do prejuízo fiscal utilizado para compensação, observado o disposto nos arts. 509 a 515 (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15 e parágrafo único). Art. 510. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995 poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, observado o limite máximo, para compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15). § 1ºO disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15, parágrafo único). § 2ºOs saldos de prejuízos fiscais existentes em 31 de dezembro de 1994 são passíveis de compensação na forma deste artigo, independente do prazo previsto na legislação vigente à época de sua apuração. Fl. 475DF CARF MF 8 § 3ºO limite previsto no caput não se aplica à hipótese de que trata o inciso I do art. 470. Em que pese a vedação à autorização de compensação usual acima dos 30%, a autorização para compensação integral dos prejuízos, na hipótese de incorporação, tem relação com a sucessão de direitos e obrigações da incorporada pela incorporadora, como tratam os artigos 227, da Lei nº 6.404/1964 e 1.116, do Código Civil. Afinal, a restrição ao direito da incorporadora de aproveitamento de todo o prejuízo detido pela incorporada implica na limitação indevida da plena sucessão de direitos e obrigações como assegurada legalmente. É oportuno ressaltar que os artigos 15 e 16, da Lei nº 9.065/1995 estabelecem limitação de 30% para o aproveitamento ao ano, sem, no entanto, impedir a compensação da totalidade dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL ao longo do tempo. A interpretação do acórdão recorrido, estendendo a limitação de 30% ao caso de empresas extintas por incorporação, implica na negativa do direito ao restante do crédito, em violação aos próprios artigos 15 e 16 da citada Lei. Ademais, lembrese que antes da Lei nº 9.065/1995 existia limitação temporal para a compensação de prejuízos fiscais, constante do artigo 12, da Lei nº 8.541/1992, para aproveitamento apenas nos 4 (quatro) anoscalendários subsequentes ao da apuração deste prejuízo. (Art. 12. Os prejuízos fiscais apurados a partir de 1º de janeiro de 1993 poderão ser compensados, corrigidos monetariamente, com o lucro real apurado em até quatro anos calendários, subsequentes ao ano da apuração). Esta limitação temporal (quatro anoscalendários subsequentes) foi extinta com a edição da Lei nº 9.065/1995, que prestigiou a possibilidade de aproveitamento integral do prejuízo em qualquer exercício posterior, mas limitou este aproveitamento ao percentual de 30% ao ano. A lógica da norma, portanto, é assegurar o aproveitamento da integralidade do prejuízo, razão pela qual há que ser garantido o aproveitamento integral na hipótese de incorporação da pessoa jurídica. A garantia da integral compensação de prejuízos à incorporadora respeita, ainda, o conceito de lucro firmado no artigo 43, do Código Tributário Nacional, impossibilitando que patrimônio da incorporada seja objeto de tributação pelo Imposto sobre a Renda. Diante de tais razões, a compensação de prejuízos fiscais, no caso de incorporação, não está limitada ao percentual de 30%. É importante lembrar que o Supremo Tribunal Federal analisou a limitação de 30% na compensação de prejuízos fiscais, concluindo pela sua constitucionalidade, em acórdãos cujas ementas são a seguir reproduzidas: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITAÇÕES. ARTIGOS 42 E 58 DA LEI N. 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E "B", E 5º, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido Fl. 476DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 473 9 2. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (RE 344994, Tribunal Pleno, DJe 27/08/2009) DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido. (RE 545.308, Tribunal Pleno, DJe 25/03/2010) Ademais, há decisão do Supremo Tribunal Federal reconhecendo a repercussão geral da matéria: IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA JURÍDICA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO PREJUÍZO COMPENSAÇÃO LIMITE ANUAL. Possui repercussão geral controvérsia sobre a constitucionalidade da limitação em 30%, para cada anobase, do direito de o contribuinte compensar os prejuízos fiscais do Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica e a base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido artigos 42 e 58 da Lei nº 8.981/95 e 15 e 16 da Lei nº 9.065/95. (RE 591.340, DJe 06/11/2008) Não obstante o reconhecimento de repercussão geral, inexiste decisão definitiva que tenha reconhecido a constitucionalidade da limitação de 30%, para compensação de prejuízos fiscais, submetida ao rito do artigo 543B, do Código de Processo Civil. Acrescentese que as decisões anteriormente proferidas pelo Supremo Tribunal Federal não são vinculantes para os julgadores deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e, além disso, estas decisões não trataram da incorporação de pessoa jurídica, situação peculiar que há de ser enfrentada de forma distinta daquelas apreciadas pelo Supremo Tribunal Federal, conforme transcrição supra. Fl. 477DF CARF MF 10 Por tais razões, dou provimento ao recurso especial no tocante à compensação de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativa da CSLL. Juros sobre a multa Caso vencida quanto ao mérito acima tratado, passo a apreciar a impossibilidade de cobrança de juros sobre a multa de ofício. Como manifestado em julgamentos anteriores, acolho o recurso especial para reconhecer a ilegalidade da exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, em face da falta de previsão expressa em lei para tanto. Isto porque o caput do artigo 61 da Lei nº 9.430/1996, trata apenas dos débitos de tributos e contribuições administradas pela Secretaria da Receita Federal, verbis: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Ao dispor sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, citado artigo tratou dos débitos decorrentes dos fatos geradores que originam a cobrança destes tributos e contribuições, isto é, os débitos dos tributos. Não tratou, desta feita, das penalidades decorrentes do descumprimento da obrigação tributária. Acrescentese que o §3º deste dispositivo legal trata da possibilidade de exigência de juros de mora sobre os débitos de tributos e contribuições devidas à Receita Federal do Brasil expressamente tratados pelo caput , confirmando que não há previsão para incidência de juros sobre a multa de ofício. Ressaltese que os parágrafos de um artigo expressam aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo, ou exceções à regra por ele estabelecidas, conforme artigo 11, III, alínea "c", da Lei Complementar nº 95/1998: Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão e ordem lógica, observadas, para esse propósito, as seguintes normas: (...) III para a obtenção de ordem lógica: (...) Fl. 478DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 474 11 c) expressar por meio dos parágrafos os aspectos complementares à norma enunciada no caput do artigo e as exceções à regra por este estabelecida; Assim, a disposição do §3º, do artigo 61 deve se conformar ao caput deste dispositivo, para regular a exigência de juros sobre os débitos de tributos, contribuições e multa de mora, mencionados expressamente no caput. É oportuno lembrar que o legislador previu a incidência de juros sobre multas isoladas, como se depreende do artigo 43, da mesma Lei nº 9.430/1996: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Ao regular a multa de ofício, em sentido contrário, o artigo 44 da Lei nº 9.430/1996 não estabeleceu expressamente a incidência de juros. Nesse sentido, destacase a redação do art. 44, com redação vigente ao tempo do fato gerador tratado nestes autos (2007): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: I juntamente com o tributo ou a contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; Ressaltese que o Código Tributário Nacional trata de crédito tributário com dois sentidos diferentes, em alguns dispositivos relacionandoo à obrigação tributária e à penalidade pelo descumprimento desta obrigação, como se observa dos artigos 113, 139, 142; em outros apenas como a obrigação tributária principal, como se verifica dos artigos 161 e 164. Colacionase o artigo 164, do Código Tributário Nacional: Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; Fl. 479DF CARF MF 12 II de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. § 1º A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. Ao dispor que cabe a consignação na hipótese de recusa ao pagamento "outro tributo ou de penalidade" evidencia que no crédito tributário tratado pelo artigo 164 não está incluída penalidade. No mesmo sentido, dispõe o artigo 161, do Código Tributário Nacional: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Notese que o artigo 161, do Código Tributário Nacional, define a incidência de juros de mora, "sem prejuízo das penalidades", revelando que estas penalidades não compõe o crédito tributário na acepção expressa por este dispositivo. O §1º do artigo 161 expressa "aspectos complementares à norma enunciada no caput" (conforme artigo 11, III, alínea "c", da Lei Complementar nº 95/1998) e, portanto, não infirma a conclusão que a penalidade não está incluída no crédito como definido por este dispositivo. Diante disso, voto por dar provimento ao recurso especial também neste ponto, afastando a incidência de juros sobre a multa. Conclusões Por tais razões, voto por dar provimento ao recurso especial para reconhecer a legitimidade da compensação de prejuízos fiscais em percentual superior aos 30% (trinta por cento), reformando a decisão recorrida e cancelando o auto de infração. Caso vencida nesse ponto, voto por dar provimento parcial ao recurso especial, afastando a incidência dos juros sobre a multa de ofício. (Assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora Fl. 480DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 475 13 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Redator Designado. Com a devida vênia, divirjo do entendimento exposto pela insigne Conselheira Relatora, tanto em relação à possibilidade de afastamento da trava de 30% na compensação de resultados negativos anteriores por pessoa jurídica no ano da sua extinção por incorporação quanto no que diz respeito ao cabimento da incidência de juros de mora sobre multa de ofício. Por razões de clareza, trato a seguir dos dois temas separadamente. 1) Aplicabilidade da trava de 30% na compensação de resultados negativos anteriores por pessoa jurídica incorporada A principal controvérsia existente no presente processo diz respeito à autuação de IRPJ e CSLL relativamente ao anocalendário de 2007, por inobservância da chamada trava de 30% na compensação de prejuízo fiscal e de base de cálculo negativa de CSLL. O auto de infração foi lavrado em face do sujeito passivo DRAGAPORT ENGENHARIA LTDA devido ao fato de ele ter incorporado, em 27/12/2007, a pessoa jurídica DRAGAPORT LTDA. De acordo com o Relatório Fiscal, elaborado pela Fiscalização, a documentação fornecida pela contribuinte, concernente ao anocalendário de 2007, demonstra que a DRAGAPORT LTDA não observou o limite de 30% do resultado do período de apuração ajustado para fins de compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas dos períodos anteriores. Com relação ao IRPJ referente ao anocalendário de 2007, a DRAGAPORT LTDA desrespeito o limite legal (30%) ao compensar integralmente o lucro apurado de R$27.020.649,14. Dessa forma, houve excesso de compensação no valor de R$18.914.454,40. O mesmo ocorreu em relação à CSLL, já que a base de cálculo da contribuição apurada para o anocalendário de 2007, no valor de R$27.020.649,14, também foi integralmente compensada com bases de cálculo negativas de períodos anteriores, o que provocou excesso de compensação também no valor de R$18.914.454,40. Como bem descrito no Relatório deste acórdão, o lançamento foi integralmente mantido pela decisão de primeira instância administrativa. A decisão de segunda instância (ora recorrida), também validou o lançamento, negando provimento ao recurso voluntário da contribuinte. De acordo com o acórdão recorrido, a empresa incorporada tem que observar a "trava" de 30%, prevista nos arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, ao efetuar a compensação do prejuízo fiscal e da base de cálculo negativa de CSLL, acumulados em períodos anteriores, com os resultados positivos apurados até a data de sua extinção. Trazem os mencionados dispositivos legais: Fl. 481DF CARF MF 14 Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. (grifouse) A matéria em pauta ainda é objeto de controvérsias no CARF, mas eu me filio à interpretação que já há algum tempo vem prevalecendo na Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no sentido de que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por incorporação, ou por qualquer outro evento. Como razões de decidir, adoto inicialmente o brilhante voto do Conselheiro Marcelo Cuba Netto no Acórdão nº 1201000.888, de 09/10/2013, que fez um perspicaz estudo do tema: "Feitas essas considerações iniciais, passemos a examinar os fundamentos da tese proposta pela interessada. Afirma a recorrente que o significado de uma norma jurídica não é aquele que advém diretamente da literalidade do texto normativo, devendo, ao contrário, ser extraído mediante o emprego dos métodos de interpretação aceitos tanto pela doutrina quanto pela jurisprudência, em especial o histórico, o sistemático e o teleológico. Nesse sentido, explica que a nova sistemática de compensação de prejuízos fiscais introduzida pela Lei nº 9.065/95 há que ser compreendida mediante comparação com o sistema vigente até então. Diz que, na sistemática anterior (Lei nº 8.541/92), era possível a compensação integral de prejuízos, porém com limitação temporal de quatro períodosbase. Alega que a nova sistemática extinguiu o limite temporal, mas manteve o direito à Fl. 482DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 476 15 compensação integral, observado o limite de 30% em cada períodobase futuro. Conclui, assim, que no período em que ocorrer incorporação, fusão ou cisão, ainda que parcial, da pessoa jurídica, não sendo mais possível a compensação dos prejuízos em períodosbase futuros, a única solução jurídica possível, consentânea com o preceito contido na Lei nº 9.065/95 de que o sujeito passivo não perde o direito à compensação, é que o limite de 30% não se aplica. Pois bem, relativamente a essa argumentação é preciso, inicialmente, concordar com a recorrente quando afirma que o significado da norma jurídica deve ser compreendido mediante o emprego dos métodos de hermenêutica jurídica. No entanto, a interpretação histórica empreendida pela recorrente parte de uma premissa equivocada, qual seja, a de que tanto na sistemática de compensação vigente antes do advento da Lei nº 9.065/95, quanto na atual, o sujeito passivo tem direito à compensação integral de prejuízos fiscais. Vejamos. Na sistemática anterior o sujeito passivo tinha o direito à compensação de prejuízos, desde que observado o limite temporal de quatro anos. Exemplifiquemos com duas situações distintas: a) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 200,00, R$ 300,00, R$ 400,00 e R$ 400,00; b) o sujeito passivo apura no ano “X” prejuízo fiscal de R$ 1.000,00. Nos quatro anos subsequentes apura lucro líquido ajustado, respectivamente, nos valores de R$ 100,00, R$ 200,00, R$ 200,00 e R$ 300,00; Na hipótese descrita na situação “a” o sujeito passivo poderá compensar integralmente o prejuízo. Já na hipótese descrita na situação “b” o sujeito passivo não poderá, e, ainda que se diga que isso se deva à imposição do limite temporal, o fato iniludível é que restará uma parcela que não mais será passível de compensação. Em outras palavras, na situação “b” não haverá compensação integral do prejuízo apurado no ano “X”. Portanto, resta claro que a previsão, por lei, de um limite temporal é incompatível com a premissa afirmada pela recorrente de existência de um direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. O que existia na sistemática anterior era algo distinto, qual seja, um direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais, a depender do caso concreto, como ilustrado nas situações “a” e “b” retro. Fl. 483DF CARF MF 16 E dizer que a compensação poderá ser realizada até integralmente é algo distinto de dizer que poderá ser realizada integralmente. É que ao estabelecer que a compensação poderá ser realizada até integralmente a lei, desde logo, admite que poderá haver hipóteses em que a compensação não se dará integralmente, conforme visto na situação “b”. Seguindo a trilha da interpretação histórica proposta pela interessada, é de se dizer que a nova sistemática introduzida pela Lei nº 9.065/95, na linha da sistemática anterior, manteve o direito do sujeito passivo em compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Afastado o limite temporal de quatro anos, e introduzido o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%, o direito à compensação (até integral) passou a poder ser exercido ao longo da existência da pessoa jurídica. A própria exposição de motivos à Medida Provisória nº 998/95, posteriormente convertida na Lei nº 9.065/95, e apontada pela interessada para sustentar a sua tese, expressamente prevê que o sujeito passivo poderá compensar até integralmente seus prejuízos fiscais. Confira sua redação: "Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Mediada Provisória n. 812/94 (Lei n. 8981/95). Ocorre hoje vacatio legis em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva da arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo." (Grifamos) Assim, a compensação poderá se dar até integralmente, seja em um mesmo ano, seja em diversos anos ao longo da existência da pessoa jurídica, desde que observado, em cada um desses anos, o limite máximo de redução do lucro líquido ajustado em 30%. Se no ano da extinção da pessoa jurídica, ou da sua cisão parcial, o valor dos prejuízos acumulados for superior a 30% do lucro líquido ajustado, ainda assim o limite deverá ser observado. É que tal como na situação “b” referente à sistemática antiga, também na sistemática atual poderá haver casos, como o retratado nos presentes autos, em que o sujeito passivo não poderá compensar integralmente seus prejuízos acumulados, haja vista a imposição do limite de 30%. E não há nada de ilegal nisso, pois a lei não garante o direito à compensação integral. Na sequência de sua peça recursal a interessada enfatiza o emprego da interpretação sistemática. Argumenta que, ao contrário do que disse a fiscalização, o caso dos autos não é de lacuna no ordenamento jurídico (inexistência de norma), e sim de uma norma jurídica existente, porém implícita. Diz, primeiramente, que o exame conjunto do aludido art. 15 da Lei nº 9.065/95 com o abaixo transcrito art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 conduziria à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo seria a inaplicabilidade do limite de Fl. 484DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 477 17 30% quando da extinção da pessoa jurídica ou de sua cisão parcial. Art. 33. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida. Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. Também aqui não me parece estar correta a interpretação proposta pela defesa. Vejamos. O art. 15 da Lei nº 9.065/95 veda a compensação de prejuízos em montante que reduza em mais do que 30% o lucro líquido ajustado do período. Não há menção, nesta norma, aos eventos de extinção da pessoa jurídica ou sua cisão parcial. Por sua vez, o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 veda que a sucessora compense prejuízos da sucedida, e, em caso de cisão parcial, limita a compensação, pela própria pessoa jurídica, ao valor de seu prejuízo proporcional à parcela do patrimônio não objeto da cisão. A incidência isolada de cada uma dessas duas normas à hipótese de extinção de pessoa jurídica que possua prejuízos fiscais acumulados em montante superior a 30% do lucro líquido ajustado conduzirá às seguintes conclusões: a) art. 15 da Lei nº 9.065/95 impossibilidade de compensação, pela pessoa jurídica extinta, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado por força do limite de 30%; b) art. 33 do Decretolei nº 2.341/87 impossibilidade de compensação, pela sucessora, do valor do prejuízo fiscal acumulado não compensado pela sucedida. Já a interpretação conjunta dessas duas normas sobre a mesma situação hipotética acima descrita conduziria, de acordo com a recorrente, à conclusão da existência de uma norma implícita cujo conteúdo afastaria a aplicação do limite de 30% à pessoa jurídica extinta. Ocorre que o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado na hipótese aventada. Dito de outro modo, se as premissas (o art. 15 da Lei nº 9.065/95 e o art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) do silogismo lógicodedutivo proposto pela recorrente não conduzem necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado no caso de extinção da pessoa jurídica, então a recorrente deve reconhecer que não logrou êxito em demonstrar a existência da aludida norma implícita. Fl. 485DF CARF MF 18 (...) Prossegue a recorrente em sua defesa afirmando, com fundamento nas lições de Karl Larenz, que a já citada norma implícita também pode ser deduzida a partir do silêncio eloquente da lei. No Capítulo V.2 de sua famosa obra (Metodologia da Ciência do Direito, 3a. ed., pg. 524 e ss.), o prestigiado filósofo do direito citado pela recorrente discorre sobre o conceito e espécies de lacunas. Nesse sentido, explica que nem todo silêncio da lei deve ser tido como uma lacuna, conforme trecho a seguir transcrito: "Poderia pensarse que existe uma lacuna só quando e sempre que a lei (...) não contenha regra alguma para uma determinada configuração no caso, quando, portanto, “se mantém em silêncio”. Mas existe também um “silêncio eloquente” da lei." Assim é que, pelas lições de Larenz, nem todo silêncio da lei deve ser compreendido como uma lacuna a ser preenchida pelo aplicador do direito. Casos há em que, embora o legislador haja silenciado sobre determinado assunto, não significa que haja ali uma lacuna, daí porque não pode o aplicador pretender regulá la por meio de analogia, princípios gerais do direito ou qualquer outro método de integração do direito. É o que o autor chama de silêncio eloquente. Pois bem, a idéia de lacuna corresponde à antítese da idéia de existência de norma, seja explicita seja implícita. Em outras palavras, se há norma regulando o caso, ainda que implícita, então não haverá ali uma lacuna. Inversamente, se há lacuna, não há norma regulando o caso, ainda que implícita. A questão do silêncio eloquente da lei, segundo leciona Larenz, está afeto ao campo das lacunas, e não ao campo da existência de normas, sejam estas explícitas ou implícitas. Portanto, ao procurar conectar o problema das normas implícitas à questão do silêncio eloquente da lei a recorrente mistura alhos e bugalhos. Na sequência, a interessada faz uso do princípio da eventualidade alegando que, se for entendido haver lacuna, e não norma implícita, deve ela ser preenchida segundo o espírito da lei. Argumenta que, como o espírito do art. 15 da Lei nº 9.065/95 não foi vedar a compensação integral, qualquer integração só poderá ser produzida no sentido de assegurar a compensação sem a observância do limite de 30%, nas situações em que em virtude de outra norma (art. 33 do Decretolei nº 2.341/87) a limitação nessas situações frustraria qualquer possibilidade de compensação futura do excedente. Novamente a recorrente traz à balha a questão da compensação integral do prejuízo. Sua argumentação, agora, é que há uma lacuna na Lei nº 9.065/95, a qual deixou de excepcionar o limite de 30% previsto no art. 15 às hipóteses de extinção ou cisão parcial da pessoa jurídica. Fl. 486DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 478 19 No entanto, conforme Larenz, nem todo silêncio da lei pode ser tido como uma lacuna. Nesse sentido, o simples fato de a Lei nº 9.065/95 não excepcionar a incidência de seu art. 15 a casos como o dos presentes autos, não nos autoriza concluir que exista uma lacuna naquela lei. Mas, então, quando é que poderseá dizer que existe uma lacuna na lei? A resposta pode ser encontrada também em Larenz (sobre o assunto vide, também, Aleksander Peczenik, in On Law and Reason, pg. 24 e ss.). Haverá uma lacuna na lei quando, com base nos valores albergados pelo sistema jurídico, for possível afirmar que a norma deveria existir. E se o legislador não produziu uma norma que, em razão dos valores presentes no ordenamento jurídico, deveria existir, então o próprio direito autoriza ao aplicador promover a integração da lacuna, por meio de analogia, princípios gerais do direito, equidade, etc. Já vimos anteriormente que não existe norma jurídica, sequer implícita, estabelecendo o direito do sujeito passivo em compensar integralmente seus prejuízos fiscais. Investiguemos agora se essa propalada compensação integral, apesar de não ser um direito formalmente estabelecido, constituise em um valor resguardado pelo ordenamento jurídico. Se a resposta for positiva, então, conforme afirmado pela recorrente, há que se reconhecer a existência de uma lacuna na Lei nº 9.065/95 ao não excepcionar a incidência de seu art. 15 aos casos de extinção ou cisão parcial. A defesa não aponta qual a norma ou conjunto de normas do ordenamento que albergaria esse suposto valor. Certamente não está ele contido no art. 33 do Decretolei nº 2.341/87, pois, como dito outrora, o simples fato de o prejuízo não compensado pela sucedida também não ser passível de compensação pela sucessora não conduz, necessariamente, à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado nas hipóteses de extinção ou cisão parcial. Talvez a única norma do ordenamento jurídico em que seria possível vislumbrar a existência do afirmado valor (compensação integral de prejuízos) é a contida no art. 153, III, da Constituição da República, o qual estabelece competir à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. Ocorre que o próprio STF, ao examinar por diversas vezes a questão, já afirmou e reafirmou que a limitação de 30% à compensação de prejuízos não ofende o conceito constitucional de renda, daí porque é de se concluir não ser possível dele se inferir a existência do alegado valor concernente à compensação integral de prejuízos." (destaques no original) Entendo completamente aplicáveis à discussão desenvolvida nos presentes autos as considerações expostas no voto reproduzido. Fl. 487DF CARF MF 20 A tese defendida pela recorrente, no sentido de que existiria, no ordenamento atinente ao IRPJ e à CSLL, norma implícita que determina a possibilidade de afastamento da trava de 30% no ano de encerramento das atividades da pessoa jurídica, é devidamente refutada. Demonstrase que a interpretação conjunta dos arts. 15 da Lei nº 9.065/1995 e do art. 33 do DecretoLei nº 2.341/1987 (reproduzido no art. 514 do RIR/1999) não conduz necessariamente à conclusão de que o limite de 30% deva ser afastado. Assim, improcede a defesa da existência da aventada norma implícita. O voto ainda aborda a questão do pretenso direito adquirido das pessoas jurídicas à compensação integral dos prejuízos fiscais e das bases de cálculo negativas de CSLL acumulados ao longo dos exercícios anteriores. A este respeito, concluise que inexiste tal direito adquirido no sistema atualmente adotado para as compensações (limitação quantitativa em cada exercício, sem limite temporal), assim como não existia na regra anterior (limitação temporal de quatro anos para a compensação, sem limite quantitativo para cada exercício). O Acórdão CSRF nº 910100.401, de 02/10/2009, mencionado tanto na decisão recorrida quanto nas contrarrazões apresentadas pela PGFN, também discute se existe ou não direito adquirido dos contribuintes à compensação de resultados negativos anteriores. Tal decisão representou uma mudança de posicionamento da CSRF a respeito do tema, motivada, entre outras razões, por decisões do próprio Poder Judiciário: "Voto Conselheira IVETE MALAQUIAS PESSOA MONTEIRO (...) Os Tribunais Superiores já definiram que na compensação de prejuízos não se trata de direito adquirido, mas sim de uma expectativa de direito, como demonstram decisões do Superior Tribunal de Justiça, como exemplo o Recurso Especial nº. 307.389 RS, que ao enfrentar semelhante questão pronunciase da forma seguinte: (...) Também o STF se pronunciou acerca do tema, em 25/03/2009, no RE 344.9940 do Paraná, cujo Relator inicial, o Ministro Marco Aurélio restou vencido. Redige o voto vencedor o Ministro Eros Grau, acórdão assim ementado: EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS LIMITAÇÕES ARTIGOS 42 E 58 DA LEI Nº 8.981/95. CONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DISPOSTO NOS ARTIGOS 150, INCISO III, ALÍNEAS "A" E 'B", E 5°, XXXVI, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. O direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de beneficio fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de Fl. 488DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 479 21 direito adquirido. A Lei n. 8.981/95 não incide sobre fatos geradores ocorridos antes do início de sua vigência. Prejuízos ocorridos em exercícios anteriores não afetam fato gerador nenhum. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Neste recurso pretendia o autor que a trava não incidisse sobre os saldos de prejuízos ocorridos até dezembro de 1994, sob argumento de que se estava diante de um direito adquirido à compensação de todo prejuízo e a nova lei não poderia restringir tal direito. Aliás, quanto à interpretação teleológica pretendida no paradigma trazido à colação, no que toca aos prejuízos fiscais, o Supremo Tribunal Federal decidiu, em sua composição Plenária, que a compensação de prejuízos fiscais tem natureza de beneficio fiscal e pode, como instrumento de política tributária, ser revisto pelo legislador sem implicar, sequer, no direito adquirido. Destaque é de ser dado ao voto da Ministra Ellen Gracie, que bem traduz a lógica do que aqui defendemos e neutraliza os argumentos da Recorrente nos seguintes termos: (...) 5. (...) Entendo, com vênia ao eminente Relator, que os impetrantes tiveram modificada pela Lei 8981/95 mera expectativa de direito donde o nãocabimento da impetração. 6. Isto porque, o conceito de lucro é aquele que a lei define, não necessariamente, o que corresponde às perspectivas societárias ou econômicas. Ora, o Regulamento do Imposto de Renda RIR, que antes autorizava o desconto de 100% dos prejuízos fiscais, para efeito de apuração do lucro real, foi alterado pela Lei 8981/95, que limitou tais compensações a 30% do lucro real apurado no exercício correspondente. 7. A rigor, as empresas deficitárias não têm "crédito" oponível à Fazenda Pública. Lucro e prejuízo são contingências do mundo dos negócios. Inexiste direito liquido e certo à "socialização" dos prejuízos, como a garantir a sobrevivência de empresas ineficientes. E apenas por benesse da política fiscal atenta a valores mais amplos como o da estimulação da economia e o da necessidade da criação e manutenção de empregos que se estabelecem mecanismos como o que ora examinamos, mediante o qual é autorizado o abatimento dos prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados. Como todo favor fiscal, ele se restringe às condições fixadas em lei. É a lei vigorante para o exercício fiscal que definirá se o beneficio será calculado sobre 10, 20 ou 30%, ou mesmo sobre a totalidade do Fl. 489DF CARF MF 22 lucro líquido. Mas, até que encerrado o exercício fiscal, ao longo do qual se forma e se conforma o fato gerador do Imposto de Renda, o contribuinte tem mera expectativa de direito quanto à manutenção dos patamares fixados pela legislação que regia os exercícios anteriores. Não se cuida, como parece claro, de qualquer alteração de base de cálculo do tributo, para que se invoque a exigibilidade de lei complementar. Menos ainda, de empréstimo compulsório. Não há, por isso, quebra dos princípios da irretroatividade (CR, art. 150, III, a e b ) ou do direito adquirido (CF, art 5°, XXXVI). (...) 8. Por tais razões, peço licença para seguir a linha da divergência inaugurada pelo Ministro Eros Grau. Em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie de incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado, eis que as normas que cuidam de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional. (...) Dessa forma, em homenagem ao comando legal do art. 111 do CTN, que impõe restrição de interpretação das normas que concedem benefícios fiscais, como é o caso, descabe o elastério interpretativo pretendido pela Recorrente." (destaques no original) Em que pese o RE nº 344.9940 efetivamente não tratar de hipótese idêntica à discutida nos presentes autos (ou no processo em que foi prolatado o Acórdão CSRF nº 910100.401), a mencionada decisão judicial joga luz sobre aspectos extremamente úteis à discussão acerca da aplicabilidade da trava de 30% na compensação realizada por empresas prestes a serem incorporadas. De início, estabelecese que a possibilidade de compensação de resultados negativos passados é um benefício fiscal, concedido pelo Estado, mediante lei perfeitamente constitucional, como instrumento de política tributária e econômica. Assim sendo, leis que limitem a possibilidade de compensação (até totalmente) são igualmente constitucionais. Por fim, entendeu a Suprema Corte que a compensação de eventuais prejuízos fiscais já acumulados revestese da condição de mera expectativa de direito, inexistindo direito adquirido à sua utilização tributária posterior. Trazendose tais conclusões para a discussão travada nos presentes autos, podese construir o entendimento de que não é inquestionável, como defende a recorrente, a premissa de que existe um direito sagrado à compensação integral dos prejuízos fiscais e bases de cálculo negativas de CSLL já registrados. Somente tomandose por intocável tal premissa é que se pode defender que a única solução possível para a situação em que uma pessoa jurídica terá suas atividades Fl. 490DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 480 23 encerradas, por conta de sua incorporação, é pela dispensa da limitação da compensação a 30% do resultado positivo apurado. Após a prolação do Acórdão nº 910100.401, a CSRF proferiu uma série de outras decisões em que prevaleceu a tese de que a trava de 30% na compensação das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, prevista nos arts. 42 e 58 da Lei nº 8.981/1995 e arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995, é obrigatória mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica. Uma destas decisões é o Acórdão CSRF nº 9101001.337, de 26/04/2012, que faz uma pertinente observação acerca da evolução da legislação que trata da compensação de prejuízos fiscais, ao mesmo tempo em que aborda os aspectos materiais e temporais para a incidência do IRPJ (aplicáveis também, obviamente, à CSLL). Com isso, visouse ao afastamento do argumento de que a negativa da compensação integral de prejuízos fiscais representaria tributação de outra grandeza que não a renda: "Voto Vencedor Conselheiro Alberto Pinto S. Jr.. Com a devida vênia do ilustre Relator, ouso discordar do seu tão elaborado voto, por enxergar, nele, um caráter muito mais propositivo do que analítico do Direito posto. Sustenta o ilustre relator que: “o direito à compensação existe sempre, até porque, se negado, estarseá a tributar um não acréscimo patrimonial, uma não renda, mas sim o patrimônio do contribuinte que já suportou tal tributação”. Ora, se isso fosse realmente verdade, a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 154/47 teria ofendido o conceito de renda e chegaríamos à absurda conclusão de que, até essa data, tributouse, no Brasil, outra base que não a renda. Da mesma forma, mesmo após a autorização da compensação de prejuízos fiscais (Lei 154/47), também não se estaria tributando a renda, pois sempre foi imposto um limite temporal para que se compensasse o prejuízo fiscal, de tal sorte que, em não havendo lucros suficientes em tal período, caducava o direito a compensar o saldo de prejuízo fiscal remanescente. Pelo entendimento esposado pelo ilustre Relator, a perda definitiva do saldo de prejuízos fiscais, nesses casos, também contaminaria os lucros reais posteriores, já que não mais estariam a refletir “renda”. Não é razoável imaginar que toda a legislação do IRPJ que vigorou até a entrada em vigor da Lei 9.065/95 (ou do art. 42 da Lei 8.981/95) tenha ofendido o conceito de renda, nem também é possível sustentar que a Lei 9065/95 tenha instituído um novo conceito de renda. Notese que o art. 43 do CTN trata do aspecto material do imposto de renda, seja de pessoa jurídica ou física, e não há que se dizer que a legislação do IRPF ofende o conceito de renda ali previsto, pelo fato, por exemplo, de não permitir que a pessoa física que tenha mais despesas médicas do que rendimento em Fl. 491DF CARF MF 24 um ano leve o seu descréscimo patrimonial para ser compensado no ano seguinte. Na verdade, o CTN não tratou do aspecto temporal do IRPJ, deixando para o legislador ordinário fazêlo. Ora, se o legislador ordinário define como período de apuração um ano ou três meses, é nesse período que deve ser verificado o acréscimo patrimonial e não ao longo da vida da empresa como quer o Relator. Sobre isso, vale trazer à colação trecho colhido do voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial nº 188.855 GO, in verbis: “Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributa se. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer "crédito" contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa em anos anteriores..” Data maxima venia, confundese o Relator quando cita o art. 189 da Lei 6.404/76, para sustentar que “o lucro societário somente é verificado após a compensação dos prejuízos dos exercícios anteriores”. Primeiramente, por força do disposto nos arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77, o lucro real parte do lucro líquido do exercício, ou seja, antes de qualquer destinação, inclusive daquela prevista no art. 189 em tela (absorver prejuízos acumulados). Em segundo, os arts. 6 e 67, XI, do DL 1598/77 já demonstram, à saciedade, que o acréscimo patrimonial que se busca tributar é de determinado período lucro líquido do exercício. Sustenta também o Relator que “a compensação de prejuízos fiscais não deve ser entendida como um beneficio fiscal” e traz jurisprudência do STJ nesse sentido. Todavia, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é em sentido contrário, ou seja, que “somente por benesse da política fiscal que se estabelecem mecanismos como o ora analisado, por meio dos quais se autoriza o abatimento de prejuízos verificados, mais além do exercício social em que constatados”, conforme dicção da Min. Ellen Gracie ao julgar o RE 344994. Evidencia ainda o caráter de mera liberalidade do legislador ordinário, quando se verifica que, para o IRPF, decidiuse que apenas os resultados da atividade rural podem ser compensados com prejuízos de períodos anteriores. Ou seja, o benefício de Fl. 492DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 481 25 poder compensar prejuízos fiscais foi concedido apenas a uma parte do universo de contribuinte de IRPF. Duas verdades óbvias se deduz de tal entendimento: primeiro, renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei; segundo, a compensação de prejuízo poderia ser totalmente desautorizada pelo legislador ordinário, pois não haveria ofensa ao conceito de renda (art. 43 do CTN). (...) Vale ainda ressaltar que, quando o legislador ordinário quis, ele expressamente afastou a trava de 30%. Refirome ao art. 95 da Lei 8.981/95. Assim, nem mesmo o Poder Judiciário poderia chegar tão longe a ponto de criar, por jurisprudência, uma nova exceção à regra da trava de 30%, sob pena de se estar legislando positivamente." (destaques no original) O voto vencedor redigido pelo Conselheiro Alberto Pinto S. Jr. faz um interessante apanhado das normas concernentes ao imposto de renda, tanto de pessoas jurídicas quanto de físicas, que não permitem(iam) o aproveitamento tributário de resultados negativos anteriores e nem por isso desnaturaram o conceito constitucional de renda. Para corroborar sua tese, traz trecho de julgado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que declara expressamente que tais resultados negativos anteriores não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda. Seu aproveitamento tributário seria, isso sim, benesse tributária instituída pelo Estado para "minorar a má atuação da empresa em anos anteriores". Após diferenciar o tratamento dado ao tema pelas Ciências Contábeis daquele que interessa à seara tributária ("renda é o acréscimo patrimonial dentro do período de apuração definido em lei"), o I. Redator faz observação relevante para o deslinde da controvérsia aqui examinada: existem exceções, legalmente previstas, à submissão da compensação ao limite de 30% do resultado positivo do período de apuração. E, entre elas, não está a pretendida pela contribuinte. Em outras palavras: quando o legislador quis estabelecer exceções à regra geral, o fez expressamente. A controvérsia também é abordada no voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101001.760, de 16/10/2013, que trata com profundidade de vários aspectos relevantes para a discussão proposta: "Voto Vencedor Mérito Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado (...) Sopesando os argumentos da Fazenda e do Contribuinte, a I. Relatora inicialmente traça um histórico da legislação que rege a matéria da compensação de prejuízos. Peço vênia para reproduzir entre aspas trechos do voto da I. Relatora, porque desta forma se torna mais clara a contraposição de argumentos. A I. Relatora parte da constatação de que "nunca subsistiram limitações temporais e quantitativas concomitantemente" e conclui que isto se deve à razão de ser a compensação de prejuízos um direito do contribuinte, "inerente aos princípios que Fl. 493DF CARF MF 26 regem a apuração do IRPJ/CSLL e à lógica contábil que determina os efeitos intertemporais dos atos das pessoas jurídicas, a qual atribui os critérios de apuração do lucro líquido, ponto de partida para a apuração do IRPJ e da CSLL". Primeiramente, embora nunca tenham subsistido limitações temporais e quantitativas concomitantemente, até 1945, no Direito brasileiro, não existia possibilidade de compensação de prejuízos, ou seja, a limitação era total, assim os prejuízos de um período de apuração não eram transportados para o período seguinte, que eram considerados estanques. Ora, isto era muito pior para o contribuinte, pois não havia limites porque simplesmente não era possível compensar o prejuízo, e a norma não foi considerada inconstitucional. No que diz respeito ao segundo argumento, embora a lógica contábil seja usada para o cálculo da base tributável do IRPJ e da CSLL, a base de cálculo do imposto está sob o império da lei que pode, inclusive, ser diferente, ou mesmo contrária à lógica contábil, que é lastreada em princípios geralmente aceitos, resoluções e pronunciamentos de instituições de Direito Privado, etc... Ocorre que em matéria de direito público, sempre prevalece a lei. Assim, em que pesem argumentos que possam ser procedentes dentro da lógica contábil na qual todo prejuízo deve ser confrontado com os resultados dos períodos seguintes (e imediatamente), esta não é a lógica legal. Na verdade, a lógica da lei tem a ver com dois aspectos essenciais ao caso, a periodização e o fato gerador do imposto de renda. A periodização é importante pois há que se confrontar situações em tempos diferentes para que se identifique se a empresa tem ou não prejuízo, se a empresa tem ou não lucro. Esta lógica contábil existe para se informar ao dono do "equity" acionista ou sócio, como está evoluindo seu patrimônio, o que só tem lógica se forem confrontados períodos distintos. E daí se faz a escolha temporal, que pode ser cinquenta anos, dez anos, um ano, seis meses, três meses, um mês, etc, aquilo que a lógica contábil entender conveniente em termos de mercado, pois como foi dito informar ao dono do capital a situação do seu patrimônio é a função da contabilidade. No caso brasileiro, este prazo está na própria lei comercial (art. 175 da Lei. 6.404/1977, prevê o exercício social de um ano, e em seu Par. Único permite períodos distintos). Daí que em função da continuidade, ou princípio da continuidade, os prejuízos têm que ser levados em conta, pois o acionista ou sócio não olha o seu investimento por períodos equivalentes ao exercício social, mas por todo o período do investimento que planejou, embora tenha que “tomar o pulso” de tempos em tempos (e.g., balanços mensais, semestrais ou anuais, com os prejuízos passando para o período seguinte). Assim, um acionista que tem em perspectiva ações de uma empresa por um determinado período, olha o quanto o investimento vale no início e no final do período; assim, vinculado a uma lógica contábil, todos os ganhos e todas as perdas do período devem ser computados continuamente, é o princípio da continuidade operando, o que lhe dá o resultado final ao longo do período. Vejase que a função da contabilidade, ou pelo menos uma das funções principais, é informar ao dono do capital a situação do seu investimento. Fl. 494DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 482 27 Na verdade, está se assumindo o princípio da continuidade e seus efeitos nos lucros, mais no seu sentido econômico, porque no seu sentido contábil mais exato o princípio da continuidade não trata disto, mas sim na forma com que os ativos são avaliados, a depender da continuidade da empresa. Diz a resolução CFC 750/1993 (com redação dada pela Resolução CFC nº. 1.282/10), quando trata dos princípios da contabilidade: “Art. 5º O Princípio da Continuidade pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta esta circunstância.” Ou seja, este princípio diz respeito à precificação dos componentes do patrimônio, nada indicando que decorre dele a imposição principiológica do aproveitamento de prejuízos de um período em relação a outro. Mas, ad argumentandum tantum e seguindo a lógica econômica da compensação de prejuízos como decorrência da continuação da empresa, que se presume indefinidamente, os prejuízos e lucros se compensariam contínua e indefinidamente. Mas esta não é a lógica da legislação tributária. Para efeitos tributários, a periodização tem como função firmar o aspecto temporal para efeito de se verificar se entre o momento inicial e momento final houve variação patrimonial positiva (atualmente a lei prevê este lapso em três meses, e opcionalmente de um ano, para o lucro real). Vejase que o fato de a legislação tributária permitir que se transponha o prejuízo de um período para o período seguinte é uma decisão de política tributária. Digase de passagem, uma política correta, mas que obedece aos princípios legais e não aos princípios contábeis. Assim, o aproveitamento de prejuízos é uma decisão de política tributária (em linha com a política econômica), mas não entendo que seja um benefício fiscal, pois não se enquadra neste conceito, mesmo porque é geral. Neste aspecto específico concordo com a posição da I. Relatora. Benefício fiscal ocorre quando a lei tributária concede o aproveitamento integral (sem a trava dos 30%) para algumas atividades, isto porque difere da regra geral da sujeição à limitação dos 30 %. Ou seja, o aproveitamento de prejuízos não pode ser considerado um benefício fiscal, mas tão somente nas situações que se dirijam a atividades específicas em que se permite um tratamento mais benéfico, com o aproveitamento integral (enquanto os outros contribuintes têm a “trava”). Posto de outra forma, decorre de decisão em sede política tributária e econômica que a legislação tributária permita a dedução de prejuízos, mas isto por uma lógica econômica de formação de capital, e não simplesmente por uma lógica contábil. A lógica econômica é que a dedução de prejuízo na verdade implica em um alongamento do período de apuração, permitindo que a empresa se recupere de períodos sem lucro (como é típico do início das atividades, em face de perspectivas futuras). Em suma, a dedutibilidade do prejuízo, embora impacte a base de cálculo do imposto de renda, é matéria legal, não se contrapondo a princípios constitucionais que informam a Fl. 495DF CARF MF 28 matéria tributária, como entende a I. Relatora. A lei pode tanto impedir totalmente o aproveitamento do prejuízo, como, de fato, fazia por volta de 68 anos atrás para pessoas jurídicas em geral e assim o faz até hoje, tanto para pessoas físicas quanto para pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido ou pelo Simples. Por outro lado, a lei pode permitir o aproveitamento integral, como faz para algumas atividades, como pode impor limites temporais (como fazia até pouco tempo) ou quantitativos (como o faz atualmente), sem que possa ser considerada violadora de qualquer princípio ou regra constitucional. (...) (...) Outro argumento expedido pela I. Relatora, muito semelhante ao primeiro, diz respeito à obediência da norma tributária aos princípios e normas contábeis, no que se refere à apuração da base do IRPJ e da CSLL. Ocorre que, neste caso, o tratamento dado pela legislação tributária diverge da norma comercial, mas é consentâneo com a própria Lei n. 6.404/1977, a lei comercial e contábil, que prevê em seu art. 177, §7º (redação atual dada pela Lei nº 11.941/ 2009) que tratamento tributário diferente pode ser dado pela legislação tributária, conforme seu art. 177, in verbis: (...) Ou seja, a própria lei que dispõe sobre o tratamento tributário da apuração contábil ressalva que a aplicação das normas tributárias com critérios diferentes deve ser observada. Assim, não há contradição entre norma tributária e norma contábil, mesmo porque o tratamento dado à apuração do lucro real direciona justamente à apuração do lucro com base na legislação comercial sucedido pelos ajustes previstos da norma tributária (adições e exclusões), conforme preconiza o art. 6º do Decretolei nº 1.598/1977, e também o art. 17 da Lei nº 11.941/2009 (Lei que tratou das novas normas contábeis) e tributação, introduzindo o denominado regime tributário de transição RTT). Ou seja, a vedação de aproveitamento de prejuízos persiste mesmo no caso de encerramento da empresa, à míngua de previsão legal tributária. Não se pode impor normas e princípios contábeis para alterar a legislação tributária, criando uma situação excepcional onde a norma tributária não prevê exceção. (...) Outra linha argumentativa da I. Relatora se fia na história legislativa do dispositivo que implementou a trava dos 30% (MP n. 998/1995). Todos os argumentos normogenéticos são pertinentes e admissíveis, e é justamente o que se debate aqui, mas a lei não criou exceções. O que a exposição de motivos (EM) noticia é justamente que o aproveitamento não é limitado no tempo, mas não cogita e nem especifica o que ocorreria caso a empresa encerrasse as atividades, assim como não o faz a lei. Tratase de interpretação da exposição de motivos, pois ela, a EM, literalmente não diz que não há trava no enceramento das atividades. Por outro lado, a história legislativa de determinado Fl. 496DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 483 29 dispositivo não permite um embargo interpretativo com efeitos legislativos infringentes, mas tão somente teleológicos. (...) Nesta linha de argumentos, durante os debates da sessão foi também foi suscitada a tese de que o prejuízo teria a mesma natureza de patrimônio, isto seria um "ativo". Disto decorreria que haveria tributação sobre o patrimônio (prejuízo), se não fosse permitida sua dedutibilidade. Ocorre que prejuízo (perda), no meu entender não é ativo. A legislação tributária, norma de sopreposição, consentânea com a economia e as bases econômicas da atividade empresarial, concede o aproveitamento dos prejuízos dentro da lógica da continuidade empresarial, mas daí a entender que prejuízo acumulado pode representar patrimônio, é o mesmo que dizer que tanto faz lucro ou prejuízo, o que contrasta com a própria lógica econômica. A empresa distribui lucro ou ativa lucro, não distribui prejuízo, nem ativa prejuízo. Ninguém persegue o prejuízo, a atividade empresarial persegue o lucro. Norma que permite transmutar perda em lucro com base na rationale de que a perda tem valor patrimonial é uma contradição em si mesma. Contudo, é verdade que dada a perspectiva (expectativa) de que o prejuízo fiscal em um dado exercício diminua o tributo devido em um exercicio posterior, no futuro, há a possibilidade se ativar esta expectativa de direito, a título de ativo fiscal diferido (conforme, e.g., Resolução CFC n. 1189/09). Tratase de perspectiva de impacto patrimonial positivo, como é qualquer redução de custo, ainda que tributário. Assim, o prejuízo fiscal, que difere do prejuízo contábil (podendo haver caso de lucro contábil com prejuízo fiscal, o que não é infrequente) pode ser considerado uma espécie de expectativa de direito com perspectivas de consequências patrimoniais positivas. Contudo, é um argumento puramente contábil e se aplica, na perspectiva puramente contábil. Ou seja, isto tudo é uma questão contábil e que, neste aspecto, nada tem a ver com a limitação legal de aproveitamento de prejuízo fiscal, que só comporta exceções legais. O fato dos prejuízos fiscais acumulados constarem da parte B do Lalur e de reduzirem tributo a pagar no futuro, não lhes dá o condão de patrimônio. (...) Quanto ao argumento relacionado à jurisprudência judicial, o único ponto relevante é que entendo que a decisão do STF de que a trava é constitucional impacta o presente processo ainda que indiretamente. Uma coisa o STF reconhece de pronto, qual seja: o tema é matéria de lei e esta lei não é inconstitucional. Embora o STF não tenha discutido a questão da trava na extinção da empresa especificamente, a decisão é um indicativo claro de que a vedação total no encerramento da empresa é também matéria de lei infensa à questionamento constitucional. De outro lado, se não for assim entendido estaríamos a discutir a inconstitucionalidade de lei, o que regimentalmente não podemos fazer, ou então, haveria uma omissão legal, o que não Fl. 497DF CARF MF 30 há. O que corrobora a conclusão de que para se aceitar o afastamento da trava na hipótese em debate teria que haver previsão expressa da lei tributária, o que também não há. (...) Assim, o entendimento que adoto é também consentâneo com a direção que está seguindo a jurisprudência contemporânea do CARF, embora reconheça que haja divergências, as quais respeito, embora divirja. Desta forma, entendo não deve ser admitida exceção não prevista em lei tributária, quando a lei tributária fixa limites para o aproveitamento de prejuízos, devendo ser negada o aproveitamento integral dos prejuízos no enceramento das atividades da empresa, que está limitado a 30%, na forma da legislação tributária." O I. Redator expõe brilhantemente, com notável grau de detalhamento, as razões que prevaleceram naquele julgamento a respeito de vários aspectos relevantes para o debate acerca do afastamento da trava de 30% no caso de empresa incorporada: inexistência de direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais já registrados; independência da lei tributária em relação às normas contábeis; constitucionalidade das restrições legais à possibilidade de compensação pelos contribuintes. Além disso, aborda também a tese segundo a qual os prejuízos fiscais e o saldo negativo das bases de cálculo da CSLL seriam uma espécie de ativo das pessoas jurídicas, compondo seu patrimônio. Com muita propriedade, o voto transcrito há pouco admite que tal tese pode ser dotada de algum sentido se analisada sob o ponto de vista puramente contábil. Mas não se pode admitir a tentativa de se atribuir ao prejuízo fiscal acumulado a natureza de patrimônio. Tal configuração afrontaria à própria lógica econômica das empresas, uma vez que, de certa forma, estarseia pretendendo transmutar a perda em lucro. Considero que os argumentos erigidos pela recorrente foram satisfatoriamente refutados pelas decisões administrativas acima referidas, cujas razões de decidir transcritas adoto como minhas. Acrescento ainda, a título de ilustração, que esta CSRF, em seus julgamentos mais recentes, tem se mantido fiel ao entendimento aqui adotado, pela impossibilidade de dispensa do limite legal, para a compensação, de 30% do lucro real (ou da base de cálculo positiva de CSLL), mesmo no encerramento das atividades da pessoa jurídica. Neste sentido os Acórdãos nº 9101002.153, nº 9101002.191, nº 9101002.192, nº 9101002.207, nº 9101002.208, nº 9101002.209, nº 9101002.210, nº 9101002.211 e nº 9101002.225. A meu ver, o principal aspecto da polêmica em pauta reside no equivocado entendimento de que necessariamente deve haver uma completa comunicação entre os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL. É precisamente esse entendimento que dá azo à idéia de que todo o prejuízo ao longo da história da empresa deve ser confrontado com todo o lucro auferido ao longo do tempo. Entretanto, a tributação do IRPJ e da CSLL não se dá dessa forma. Fl. 498DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 484 31 Com efeito, o que se tributa é a renda/lucro (acréscimo patrimonial) auferida em um determinado período de apuração, e não a renda/lucro resultante de toda a existência da empresa. No julgamento do já referido RE nº 344994, o STF, apesar de não ter examinado a questão do limite de 30% para compensação de prejuízo fiscal em caso de extinção de empresa, deixou bem claro que a lei aplicável em relação à compensação de prejuízo fiscal é a lei vigente na data do encerramento do exercício fiscal. Tal pronunciamento veio no sentido preciso de afirmar a independência entre os exercícios, o que também ficou bem evidenciado pelas situações apontadas nas decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais transcritas neste voto (em especial, a evolução histórica do instituto e o paralelo com a tributação da renda das pessoas físicas). Nesse mesmo passo, vale ainda observar que não há doutrinadores defendendo a possibilidade de compensação de prejuízos futuros com lucros anteriores, dando margem a repetição de indébitos. Caso isso fosse possível, pagamentos realizados no passado poderiam vir a ser considerados indevidos em razão de prejuízos futuros. Contudo, tal hipótese é prontamente repelida pelo senso comum da prática tributária, e a ilustração permite visualizar claramente que os exercícios devem mesmo ser independentes. De todo o exposto, podese concluir que a continuidade da empresa não implica em um direito adquirido à compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas de CSLL, independentemente do aspecto temporal para a incidência do imposto/contribuição; que o referido limite de 30% não desnatura a materialidade do imposto/contribuição (renda/lucro em determinado período de apuração); e que a compensação de prejuízos fiscais e de bases negativas deve observar o limite legal de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação, mesmo no caso de encerramento das atividades da pessoa jurídica, seja por cisão/incorporação, ou por qualquer outro evento. Nesse passo, corretas as autuações fiscais referentes à glosa do excesso de compensação nas bases de cálculo do IRPJ e da CSLL no anocalendário de 2007, objeto dos presentes autos. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte no que se refere ao pedido de cancelamento dos referidos lançamentos. 2) Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício A recorrente pede, na hipótese de seu recurso especial não obter provimento no que diz respeito inaplicabilidade da trava de compensação, que se afaste a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, por falta de previsão legal que ampare tal cobrança. Se equivoca a recorrente ao alegar que tal cobrança estaria desamparada pela legislação tributária. A cobrança de juros de mora sobre os créditos não pagos até a data de vencimento é prevista no art. 161 do CTN, nos seguintes termos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e Fl. 499DF CARF MF 32 da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. A expressão "crédito", constante do caput do artigo reproduzido, obviamente se refere ao crédito tributário, pela própria natureza do diploma legal que habita. Para se definir o alcance de tal expressão, recorrese a outro dispositivo do CTN: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Já a definição de obrigação principal, mencionada no art. 139 do CTN, é trazida pelo §1º do art. 113 do mesmo Código. Tal obrigação tem por objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. In verbis: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. O critério utilizado pelo CTN para enquadrar determinada obrigação tributária como principal é, portanto, seu conteúdo pecuniário. Uma vez que a multa de ofício tem a característica de penalidade pecuniária, fica claro que ela integra a obrigação principal, ao lado dos tributos. Interpretando em conjunto os dispositivos reproduzidos, concluise que incidem juros de mora sobre os créditos tributários não integralmente pagos no vencimento (art. 161) e que tais créditos decorrem da obrigação principal (art. 139), englobando o tributo e a multa de ofício (art. 113, §1º). Assim, a conclusão construída é a de que o CTN prevê a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional. Os defensores da ilegalidade da cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício argumentam que a interpretação literal do caput do art. 161 do CTN impossibilitaria tal incidência em razão da presença da expressão "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis". Se a penalidade referente à multa de ofício já estiver contemplada na expressão "crédito não integralmente pago no vencimento", a que outras penalidades cabíveis estaria se referindo o legislador? indagam. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 485 33 Ocorre que, frequentemente, a interpretação de uma norma tributária demanda a consideração da realidade jurídica e fática a que se aplica. Mais do que isso, a norma deve ser interpretada sistematicamente, levandose em conta todo o sistema tributário pátrio. A este respeito, examinese a interessante colocação da Ilustre Conselheira Viviane Vidal Wagner, designada para redigir o voto vencedor do Acórdão CSRF nº 910100.539, de 11/03/2010: "Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito." Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. E a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema." Sendo assim, a melhor interpretação a ser dada ao art. 161 do CTN é, sem dúvida, aquela que guarda harmonia com os demais dispositivos daquele Código que tratam do tema sob análise, quais sejam, os arts. 113 e 139. Além do CTN, a Lei nº 9.430/1997, em seu art. 61, caput e §3º, também dispõe sobre o cabimento de juros de mora sobre multa de ofício: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (...) §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até Fl. 501DF CARF MF 34 o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Depreendese do artigo reproduzido que incidem juros de mora sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, não pagos nos prazos previstos pela legislação específica. A multa de ofício se amolda perfeitamente a tal definição, já que sua cobrança decorre, entre outras hipóteses, da falta de pagamento de imposto ou contribuição, nos termos do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1997. Sendo assim, a exemplo do que ocorre com o art. 161 do CTN, também o art. 61 da Lei nº 9.430/1997 fundamenta a possibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Corrobora ainda tal entendimento o art. 43 da Lei nº 9.430/1997 que, em seu parágrafo único, prevê expressamente a incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. Assim, vêse que a legislação não enxerga incompatibilidade entre os juros de mora e uma multa pecuniária de caráter punitivo: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou a respeito da legalidade da cobrança de juros de mora nos moldes praticados no presente processo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: ‘É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.’ (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, 1ª T., AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, dez/2012) Por fim, tanto o §3º do art. 61 quanto o parágrafo único do art. 43, ambos da Lei nº 9.430/1997, fazem alusão à taxa aplicável a título de juros de mora: taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais. Fl. 502DF CARF MF Processo nº 11052.000522/201001 Acórdão n.º 9101002.454 CSRFT1 Fl. 486 35 Quanto a este ponto, a matéria já foi inclusive pacificada por meio da edição da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte em relação à alegação de descabimento de incidência de juros de mora sobre multa de ofício. Desse modo, voto no sentido de conhecer do recurso especial interposto pela contribuinte e, no mérito: negarlhe provimento quanto ao pedido de afastamento da trava de 30% na compensação de resultados negativos passados no momento da extinção da pessoa jurídica, mantendose o lançamentos tributários relativos ao IRPJ e à CSLL do anocalendário de 2007; negarlhe provimento quanto ao pedido de afastamento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. (Assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 503DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.721302/2011-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2007
VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo.
INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF.
Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS.
Os sócios administradores são solidariamente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias decorrentes de atos praticados em sua gestão.
ESPÓLIO. RESPONSABILIDADE. TRIBUTOS DEVIDOS PELO DE CUJUS.
O Espólio responde pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão, nos termos do art. 131 do CTN.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.309
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Cassio Schappo e Winderley Morais Pereira.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2007 VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentar-se comprovada no processo. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS. Os sócios administradores são solidariamente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias decorrentes de atos praticados em sua gestão. ESPÓLIO. RESPONSABILIDADE. TRIBUTOS DEVIDOS PELO DE CUJUS. O Espólio responde pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão, nos termos do art. 131 do CTN. Recurso Voluntário Negado
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NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS. Os sócios administradores são solidariamente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias decorrentes de atos praticados em sua gestão. ESPÓLIO. RESPONSABILIDADE. TRIBUTOS DEVIDOS PELO DE CUJUS. O Espólio responde pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão, nos termos do art. 131 do CTN. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 13 02 /2 01 1- 91 Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Cassio Schappo e Winderley Morais Pereira. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Tratase de impugnações de lançamento (efls. 1698 a 1712, 1713 a 1731, 1733 a 1766) apresentadas contra o auto de infração de IPI (efls. 1673 a 1690) relativo aos períodos de apuração de maio de 2006 a dezembro de 2007, lavrado em 05 de julho de 2011. De acordo com o auto de infração, o Estabelecimento teria deixado de recolher o IPI no período, em razão de se ter “utilizado de créditos básicos não comprovados, glosados por falta de apresentação da documentação de suporte, como descrito no Termo de Verificação Fiscal anexo”. O presente processo decorreu, em parte, dos mesmos fatos (ausência de livros e documentos fiscais) que, no âmbito do processo n. 13896.721301/201146, geraram autos de infração do Imposto de Renda (arbitramento de lucro e omissão de receitas), da Contribuição Social Sobre o Lucro e das contribuições PIS e Cofins. No âmbito o IRPJ e reflexos, apurouse omissão de receitas, por comparação dos valores declarados em DIPJ e DCTF e os informados à Fazenda Estadual. Entretanto, relativamente ao IPI, observou o seguinte a Fiscalização: Devese ainda observar que o fiscalizado somente entregou preenchidas as fichas das DIPJs dos anos calendário 2006 e 2007 relativas às informações do lPI, em que o sujeito, passivo declara seu estabelecimento como “Industrial/Transformador”, com escrituração por processamento eletrônico e movimento, em todo o período, além de transcrever a apuração do saldo do IPI, apresentar um resumo dás entradas/créditos e das saídas/débitos, bem como relacionar os remetentes de insumos/mercadorias e as mercadorias e insumos recebidos. É sintomático verificar que não foram preenchidas as fichas Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13896.721302/201191 Acórdão n.º 32013.201.002.309 S3C2T1 Fl. 1.842 3 relativas aos destinatários de produtos/mercadorias/insumos e às saídas de produtos/mercadorias/insumos. A apuração de omissão de receitas não gerou autuação no âmbito do IPI, uma vez que o auto de infração referiuse apenas às glosas de créditos não comprovados, nos seguintes termos: O contribuinte foi intimado e reintimado a apresentar os Livros Diário, Razão e ( Livro Registro de Apuração do IPI, além da documentação comprobatória da escrituração contábil e fiscal dos anos calendário 2006 e 2007. Contudo, o contribuinte, apesar do longo prazo decorrido, só conseguiu fornecer cópias em meio digital do Livro Registro de Apuração do IPI em formato PDF, deixando de apresentar os livros requisitados, devidamente encadernados e registrados, bem como a documentação de suporte dos valores escriturados. O contribuinte foi ainda devidamente alertado de que a falta de apresentação dos documentos fiscais ensejaria a glosa dos eventuais créditos de IPI escriturados no Livro Registro de Apuração de IPI e o conseqüente lançamento de ofício do saldo devedor resultante, nos termos do disposto nos artigos 190, inciso I, 195, 196 e 200, inciso IV, do Decreto n° 4.544/2002 (RIPI/2002). Portanto, uma vez que o sujeito passivo deixou de apresentar os documentos comprobatórios dos créditos escriturados no LRAIPI, tais créditos serão glosados, reconstituindose a escrita e lançandose de ofício o crédito tributário relativo aos saldos devedores resultantes, mediante a lavratura de Auto de Infração do IPI, formalizado no processo administrativo n° 13896.721302/201191. A seguir, esclareceu a Fiscalização ter apurado hipóteses de sonegação fiscal, relativamente ao IRPJ e reflexos, e de falta de atendimento de intimações, relativamente a todos os tributos e contribuições. Em relação ao IRPJ e reflexos, houve qualificação e agravamento das multas, enquanto que, em relação ao IPI, somente seu agravamento. Ademais, em relação a todos os tributos e contribuições lançados, foi atribuída sujeição passiva solidária aos sócios Vicente Auricchio (espólio) e João Roberto Secchi, nos termos dos arts. 135, I e II, e 131, III, do Código Tributário Nacional. Instruíram o processo: Mandado de Procedimento Fiscal (efl. 2); DIPJ (efls. 5 a 66); Termo de Início de Ação Fiscal (efls. 67 e 68); Procuração do sócio Sr. João Roberto Secchi ao Sr. Renato Joaquim Silva (efls. 69 a 70); Pedido de prorrogação de prazo (efl. 71); Alteração de contrato social (efls. 72 a 78, 79 a 89); Cópias do Livro Registro de apuração do ICMS (efls. 90 a 115, 116 a 143, 144 a 172, 173 a 203); Cópias dos Livro Registro de Entradas (efls. 204 a 306, 631 a 749); Cópias do Livro Registro de Saídas (efls. 327 a 630, 750 a 1057); Extratos de informações da Gia obtidos do sítio do Governo do Estado de São Paulo (efls. 1058 a 1119, 1120 a 1182); Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 4 Impressão do arquivo “Sinco” de 2006 a 2010 (efls. 1183 a 1539); Cópia de ofício ao Delegado Regional Tributário de Osasco (e fl. 1540); Informações fornecidas pela Delegacia Tributário de Osasco (efls. 1541, 1569, 1570 a 1618); Ficha cadastral completa da Junta Comercial do Estado de São Paulo (efls. 1618 a 1624, 1625 a 1628); Termo de ciência e continuação de procedimento fiscal (efls. 1629 a 1637); Termo de intimação (efls. 1538 a 1641); Termo de constatação e intimação fiscal (efls. 1642 e 1643); Demonstrativos de apuração de receita e extratos dos sistemas (efls. 1644 a 1653); Documentos relativos ao inventário de Vicente Auricchio (efls. 1654 a 1657); Extratos de consulta de dados cadastrais dos responsáveis (e fls. 1658 a 1660); Termo de constatação fiscal (efls. 1661 a 1672); Auto de infração (efls. 1673 a 1690); Demonstrativos anexos ao auto de infração (efls. 1691 a 1693); Avisos de Recebimento do auto de infração devolvidos (efls. 1694 e 1695, 1769 e 1770); Despacho para intimação por edital (efls. 1696 e 1697); Edital de ciência em papel para identificação do procurador e conferência de sua assinatura, para saneamento do despacho de efl. 1771 (efls. 1773); Extrato do processo (efls. 1774 e 1775). Foram apresentadas três impugnações: Efls. 1698 a 1712, em 03 de agosto de 2011, pela Açomedi Aços Ltda.; Efls. 1713 a 1731, em 03 de agosto de 2011, pelo sócio João Roberto Secchi; Efls. 1733 a 1766, em 10 de agosto de 2011, pelo espólio de Vicente Auricchio. A empresa e o primeiro sócio tiveram ciência do auto de infração em 05 de julho, enquanto que o último tomou ciência em 08 de agosto (efl. 1767). Em relação à impugnação da empresa, a Secat emitiu a intimação de efl. 1768, requerendo “Cópia autenticada (ou cópia simples acompanhada do original) de documento de identidade do subscritor da impugnação postada na data de 03/08/2011 que permita sua identificação e conferência de assinatura.” O aviso de recebimento foi devolvido (efls. 1769 e 1770) e o processo encaminhado à DRJ/Ribeirão Preto (efl. 1771). A DRJ devolveu o processo para intimação por edital (efl. 1772), que foi efetuada conforme efl. 1773, mas não atendida. Nas impugnações, após descrição da autuação, os impugnantes considerados responsáveis solidários alegaram a nulidade da autuação, por não terem sido intimados previamente em relação à ação fiscal. Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13896.721302/201191 Acórdão n.º 32013.201.002.309 S3C2T1 Fl. 1.843 5 O espólio de Vicente Auricchio ainda contestou a sua legitimidade passiva, alegando que não se enquadraria no conceito de responsável do art. 121 do CTN e também nas hipóteses de responsabilidade por sucessão dos arts. 129 a 133. Em relação ao art. 134, alegou que a empresa ainda se encontraria “ativa” e não seria o caso de responsabilidade subsidiária. Citou ementas de acórdãos do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Da mesma forma, o sócio João Roberto Secchi alegou não poder integrar o pólo passivo da autuação, à vista do art. 121 do CTN. No mérito, alegaram que a autuação teria decorrido de “equivocado entendimento de que a empresa autuada teria deixado de fornecer ‘quaisquer dos documentos ou esclarecimentos solicitados e nem apresentou qualquer justificativa para o descumprimento da intimação’ (página 5 do Termo de Constatação Fiscal).” A seguir, citou exemplos de oportunidades em que teria apresentado a documentação solicitada pela Fiscalização, concluindo o seguinte: Portanto, o fornecimento dos seguintes documentos: Guias de Informação e Apuração do ICMS, Livros Registro dc Apuração do IPI, do ICMS, de Entradas e de Saídas, dados referentes às notas fiscais de entrada e de saída, DESAUTORIZAM o entendimento de que a autuada não apresentou quaisquer documentos! [...] Não obstante, o auto de infração foi imposto com base em arbitramento, o que não c admissível, tendo em vista que o critério adotado prejudica a empresa autuada, ao impugnante na medida em que este encontrase arrolado como responsável solidário não retrata suas reais operações comerciais e desconsidera os tributos efetivamente recolhidos. [...] A prevalência do Auto de Infração ofende aos princípios do contraditório e ampla defesa e ignora, por completo, o princípio da verdade real da motivação, do qual a administração pública não pode se afastar, sob pena de impor o reconhecimento da ilegalidade do ato administrativo. [...] Citaram, ainda, o art. 112 do CTN, entendimento da doutrina, entendimento judicial e administrativo sobre o ônus da prova e dúvida sobre a exatidão dos elementos em que se basearam o lançamento. Atacaram o processo de representação penal, com base na decisão do STF na ADI n° 1521, e citaram ainda a decisão no HC 81.6118. Finalmente, foram juntadas aos autos, às efls. 1780 a 1793, cópia do Acórdão n. 1645.000, de 20 de março de 2013, da 3ª Turma da DRJ/São Paulo I, extraída dos autos do Processo Digital n° 13896.721301/201146. Segundo informações do eProcesso , não foi apresentado recurso contra o acórdão acima citado, tendo sido o processo Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 6 encaminhado para inscrição em dívida ativa, conforme o teor do último despacho constante daqueles autos nesta data: Tratase de Auto de Infração IRPJ e seus reflexos CSLL, COFINS E PIS (fls 1.708 a 1.755). O contribuinte e os sujeitos passivos solidários (termos de sujeição passiva constantes das fls 1.756 a 1.759) foram devidamente cientificados do Acórdão de Impugnação. Não consta recurso voluntário, pedido de parcelamento, nem pagamentos para os débitos do presente processo (fls 1.899 a 1.901). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento decidiu por não conhecer da impugnação apresentada pela Açomedi, em não tomar conhecimento dos questionamentos relativos ao processo de representação fiscal para fins penais; em considerar as impugnações dos responsáveis solidários ineptas em relação à contestação do arbitramento de lucro e não impugnadas as matérias relativas à glosa de créditos, à exigência de multa de ofício e juros de mora e à majoração da multa de ofício; e, no restante, em afastar as alegações de nulidade e considerar procedente a responsabilidade solidária atribuída aos sócios. A decisão da DRJ foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2007 IMPUGNAÇÃO DE LANÇAMENTO. FALTA DE IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO. NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO PARA SANEAMENTO. REQUISITOS FORMAIS. AUSÊNCIA. Não se toma conhecimento de impugnação apresentada por signatário desconhecido e não qualificado nos autos, após intimação reiterada da empresa para saneamento da peça processual. LANÇAMENTO. REQUISITOS LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não é nulo o auto de infração lavrado por autoridade competente e em que se verifique a presença dos requisitos exigidos pela legislação tributária. CERCEAMENTO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não ocorre cerceamento do direito de defesa do contribuinte que é regularmente intimado de todos os termos fiscais, com a concessão de prazo adequado para resposta, apresentação de livros e da documentação contábil e fiscal e para a produção de provas. GLOSA DE CRÉDITOS DE IPI E ARBITRAMENTO DE LUCRO DE IRPJ. DISTINÇÃO. IMPUGNAÇÃO. INÉPCIA. É inepta a impugnação de lançamento na parte em que se volta contra o arbitramento de lucro do Imposto de Renda efetuado em outro processo, em vez de contestar a glosa de créditos de IPI por falta de existência de documentação de suporte, matéria objeto dos autos. IPI. GLOSA DE CRÉDITOS, MULTA, JUROS E MAJORAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO. MATÉRIAS NÃO IMPUGNADAS. Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13896.721302/201191 Acórdão n.º 32013.201.002.309 S3C2T1 Fl. 1.844 7 Tornamse incontroversas e preclusas as matérias do lançamento que não tenham sido expressamente impugnadas. Não produzem efeitos legais as contestações genéricas, que não apresentem fundamentos. PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO PENAL. ACUSAÇÃO DE SONEGAÇÃO. AUSÊNCIA. Não se toma conhecimento de contestação relativa ao processo de representação fiscal para fins penais, por não integrar o rito do Decreto n° 70.235, de 1972, e especialmente quando não tenha abrangido imposto em discussão nos autos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2007 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS. Os sócios administradores são solidariamente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias decorrentes de atos praticados em sua gestão. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão da primeira instância, o espólio de Vicente Auricchio representado pela inventariante Bruna Vicken Ávila Auricchio alegando a inaplicabilidade da sujeição passiva, visto que o IPI é devido pela pessoa jurídica Açomedi e durante a fiscalização não houve nenhuma evidência de que o critério jurídico adotado tenha implicado em responsabilidade do falecido nos termos do art. 137 do CTN e mesmo que considerada a responsabilidade tributária por sucessão, mesmo assim, da inventariante somente poderia ser exigido o tributo e não as penalidades. Prossegue a Recorrente afirmando que a inventariante não se subsume ao disposto no inciso I, do artigo 124 do CTN e nunca teve interesse nas situações apontadas como geradoras da obrigação tributária. Alega a nulidade do auto de infração por vício forma e material, tendo em vista que o lançamento deveria ter ocorrido em face da pessoa jurídica e somente poderia alcançar outra pessoa, caso restasse comprovada a responsabilidade pessoal do infrator. Por fim pede a exclusão do polo passivo da obrigação tributária. As demais pessoas autuadas Açomedi e João Roberto Secchi não apresentaram recurso voluntário. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. A teor do relatado, o auto foi lavrado contra a empresa Açomedi, tendo como solidários Vicente Auricchio e João Roberto Secchi. A decisão da DRJ considerou revel a Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 8 empresa e analisando a impugnação dos solidários entendeu por negar provimento aos seus recursos. Cientificados da decisão da primeira instância, somente o espólio de Vicente Auricchio apresentou recurso voluntário, portanto a lide no presente processo, submetida a apreciação deste colegiado, restringese a discussão quanto a solidariedade e alegações de vicio formal e material do lançamento. Ofensa a princípios constitucionais e vícios no ato administrativo do lançamento Inicialmente afasto as alegações de ofensa aos princípios constitucionais que não são possíveis de apreciação por parte deste colegiado, em razão da sua incompetência para decidir sobre a constitucionalidade de lei tributária. Conforme a súmula CARF nº 2, publicada no DOU de 22/12/2009. “Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Em sede preliminar é alegada a existência de vícios no ato administrativo que não teria atendido aos requisitos de motivação e finalidade. Não vislumbro assistir razão as alegações do recurso. O auto de infração teve origem em auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federa, fartamente detalhada em relatório fiscal, onde consta a motivação para o lançamento e as provas que conduziram a autoridade autuante à lavratura do auto de infração. As Recorrentes foram cientificadas da exigência fiscal e apresentaram impugnação que foi apreciado em julgamento realizado na primeira instância. Irresignados com o resultado do julgamento da autoridade a quo, foram interpostos recursos voluntários, rebatendo as posições adotadas pela autoridade de primeira instância, combatendo as razões de decidir daquela autoridade, portanto, as motivações para o lançamento, bem como, as do julgamento na primeira instância foram claramente identificadas. Com todo este histórico de discussão administrativa, não se pode falar em cerceamento de direito de defesa ou quaisquer outros vícios no lançamento ou no julgamento da primeira instância, todo o procedimento previsto no Decreto 70.235/72 foi observado, tanto quanto ao lançamento tributário, bem como, o devido processo administrativo fiscal. A solidariedade do espólio de Vicente Auricchio em relação às operações da Açomedi Considerando o falecimento do solidário Vicente Auricchio, a responsabilidade referente ao auto de infração passa a ser de responsabilidade do espólio, que responde pelos tributos devidos até a data da abertura da sucessão, nos termos previstos no art. 131, III do CTN. Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 13896.721302/201191 Acórdão n.º 32013.201.002.309 S3C2T1 Fl. 1.845 9 Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; (Redação dada pelo Decreto Lei nº 28, de 1966) II o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. A Recorrente pede que seja afastada a obrigação do inventariante nas penalidades aplicadas. No caso em discussão nos autos a responsabilidade sobre os tributos esta restrito ao espólio, que responderá pelas dívidas tributárias. O inventariante somente será responsabilizado nos atos em que intervierem ou pelas omissões que forem responsáveis, nos termos do art. 134, IV. Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: I os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. A decisão da primeira instância não atribuiu responsabilidade a inventariante do espólio, mas somente reafirmou com a sua decisão, que o espólio responde pelas dívidas tributárias devidas pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. A partir da abertura da sucessão, caso o inventariante, pratique atos tendentes a ocultar, reduzir ou afetar os valores devidos pelo espólio passa a responder de forma solidária pelos tributos que originalmente somente seriam devidos pelo espólio. Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA 10 Cabe ainda ressaltar, que se existir a formalização da partilha ainda com tributos pendentes referentes ao espólio, a responsabilidade tributária passa aos sucessores a qualquer título e o cônjuge meeiro, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou a meação, nos termos previstos no art. 131, II do CTN. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 30/09/ 2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 10830.007399/2001-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 1998
PROVAS ANEXADAS AO RECURSO VOLUNTÁRIO. CONTRAPOSIÇÃO ARGUMENTOS DA DRJ. POSSIBILIDADE.
Nos termos do art. 16, §4º, 'c' do Decreto nº 70.235/1972, é possível ao contribuinte juntar provas documentais após a apresentação da impugnação quando se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.
LIVRO-CAIXA. DEDUTIBILIDADE. OCORRÊNCIA DA DESPESA. ÔNUS DA PROVA.
Cabe à Contribuinte comprovar a ocorrência das despesas lançadas em seu livro caixa, sendo indedutíveis para fins de apuração do IRPF aquelas não comprovadas.
DESPESAS COM DESLOCAMENTO. INDEDUTIBILIDADE. LIVRO-CAIXA. VEDAÇÃO LEGAL.
A despeito da comprovação da ocorrência e da necessidade das despesas incorridas com o deslocamento para o auferimento do rendimento, são indedutíveis tais despesas por expressa vedação legal (art. 6º, §1º, 'b', da Lei nº 8.134/1990).
DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DE OCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DE NECESSIDADE PARA O AUFERIMENTO DO RENDIMENTO.
Nas hipóteses em que resta comprovada a ocorrência das despesas e a sua necessidade para o auferimento do rendimento, somado à falta de vedação legal, necessário aceitar sua dedutibilidade para fins de apuração do IRPF.
Numero da decisão: 2202-003.573
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para afastar a glosa de dedução das despesas de livro Caixa, relativas à alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, contribuição previdenciária e fotografias, devidamente comprovadas, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: DILSON JATAHY FONSECA NETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para afastar a glosa de dedução das despesas de livro Caixa, relativas à alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, contribuição previdenciária e fotografias, devidamente comprovadas, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada.
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CONTRAPOSIÇÃO ARGUMENTOS DA DRJ. POSSIBILIDADE. Nos termos do art. 16, §4º, 'c' do Decreto nº 70.235/1972, é possível ao contribuinte juntar provas documentais após a apresentação da impugnação quando se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. LIVROCAIXA. DEDUTIBILIDADE. OCORRÊNCIA DA DESPESA. ÔNUS DA PROVA. Cabe à Contribuinte comprovar a ocorrência das despesas lançadas em seu livro caixa, sendo indedutíveis para fins de apuração do IRPF aquelas não comprovadas. DESPESAS COM DESLOCAMENTO. INDEDUTIBILIDADE. LIVRO CAIXA. VEDAÇÃO LEGAL. A despeito da comprovação da ocorrência e da necessidade das despesas incorridas com o deslocamento para o auferimento do rendimento, são indedutíveis tais despesas por expressa vedação legal (art. 6º, §1º, 'b', da Lei nº 8.134/1990). DESPESAS DEDUTÍVEIS. COMPROVAÇÃO DE OCORRÊNCIA. COMPROVAÇÃO DE NECESSIDADE PARA O AUFERIMENTO DO RENDIMENTO. Nas hipóteses em que resta comprovada a ocorrência das despesas e a sua necessidade para o auferimento do rendimento, somado à falta de vedação legal, necessário aceitar sua dedutibilidade para fins de apuração do IRPF. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 73 99 /2 00 1- 20 Fl. 772DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso, para afastar a glosa de dedução das despesas de livro Caixa, relativas à alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, contribuição previdenciária e fotografias, devidamente comprovadas, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente. (assinado digitalmente) DILSON JATAHY FONSECA NETO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antônio de Souza Correa (Suplente convocado) e Márcio Henrique Sales Parada. Relatório Tratase, em breves linhas, de auto de infração lavrado em desfavor do Contribuinte para constituir IRPF em razão de deduções indevidas a título de deduções de livro caixa. Intimado, o Contribuinte apresentou impugnação que foi julgada parcialmente procedente pela DRJ. Ainda inconformado, interpôs Recurso Voluntário. Chegando ao CARF, o julgamento foi convertido em diligência, que já foi devidamente realizada. Tendo feito o resumo da lide, passamos ao relato pormenorizado dos autos. Em 11/09/2001, foi lavrado auto de infração (fls. 29/32) para reduzir o IRRF a restituir referente ao anocalendário de 1998, de R$ 5.021,67 para R$ 448,74, pela (i) redução dos rendimentos recebidos de pessoa jurídica; (ii) constatação de "dedução indevida a título de livro caixa glosado por falta de atendimento ao pedido de esclarecimentos"; e (iii) "dedução indevida de imposto de renda retido na fonte". Intimado em 30/10/2001 (fl. 68), o Contribuinte apresentou impugnação em 20/11/2001 (fls. 27/28 e docs. anexos fls. 29/61). Explicou (i) que, por ter se mudado, deixou de receber diversas correspondências que chegaram ao antigo endereço; (ii) que, ao exercer atividade de perito judicial, era necessário fazer retenção do IR para poder levantar seus honorários; (iii) que, da mesma forma que as perícias geravam rendimentos, também incorriam em despesas; e (iv) que deixava de juntar documentação em função do volume de documentos, deixava de juntálos à impugnação, mas que se encontravam à disposição para análise da autoridade fiscalizadora. Em análise no 1º grau, a DRJ/RJOII proferiu o acórdão nº 1314.232, de 30/10/2006 (fls. 84/89), que restou assim ementado: Fl. 773DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 773 3 “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 1999 LIVRO CAIXA. DEDUÇÕES Somente são possíveis de dedução, quando efetivamente comprovadas. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Comprovada a retenção na fonte de imposto de renda correspondente à rendimentos oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste, legítima é sua dedução. Lançamento Procedente em Parte.” Os fundamentos da decisão foram os seguintes: · Que o contribuinte não juntou aos autos as provas necessárias (Livro Caixa e Comprovantes das deduções), de forma que não é possível afastar a infração; · Que o contribuinte comprovou a retenção na fonte do montante R$ R$ 17.056,97, afastando a respectiva infração; e · Que, efetuando novos cálculo, e aceitando o valor do rendimento declarado pelo Contribuinte, a autoridade julgadora de 1º grau apurou IR a recolher em R$ 5.559,35. Uma vez que não lhe era permitido agravar o lançamento, manteve o valor original do imposto a restituir apurado no AI. Intimado em 14/05/2007 (fl. 93), o Contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 95/98 e docs. anexos fls. 99/625) em 12/06/2007 (fl. 626) no qual aduziu, em síntese: · Que não foi intimado, durante a fiscalização, a fornecer os documentos do livro caixa que sempre estiveram em seu poder e à disposição dos órgãos fiscalizadores; · Que, nesse sentido, tampouco foi intimado a apresentar a documentação especifica durante o primeiro grau de jurisdição; e · Que apresentava tais documentos em anexo ao recurso voluntário. Chegando a este tribunal administrativo, foi proferida a Resolução CARF nº 10402.087, de 12/09/2008 (fls. 1/4 e repetida às fls. 627/630), que determinou a realização de diligência para que a autoridade fiscalizadora analisasse os documentos juntados pelo Contribuinte. A DRF proferiu então o Parecer Fiscal (fl. 6 e repetida à fl. 633), que concluiu pela não admissibilidade do livro caixa apresentado. Tendo recorrente sido intimado do parecer fiscal, apresentou manifestação. Vieram os autos ao CARF, que proferiu a Resolução nº 220200.207, de 15/05/2012 (fls. 654/659), na qual se declarou haver discordância com a conclusão tomada pela DRF e se Fl. 774DF CARF MF 4 determinou a realização de nova diligência para verificar, mais uma vez, o livrocaixa e a intimação do contribuinte para apresentar mais documentação. Feita a nova diligência, foi proferido um novo Parecer Fiscal Conclusivo (fls. 710/714 e docs. anexos fls. 715/753), na qual se concluiu pela admissibilidade das deduções de apenas parte das despesas constantes no livro caixa. Intimado, o Contribuinte já se manifestou (fls. 755/768) sobre a conclusão da diligência, argumentando pela aceitação de todas as despesas. É o relatório. Voto Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto O recurso voluntário é tempestivo e reúne os demais pressupostos de admissibilidade. Uma vez que a DRJ já deu provimento a parte do recurso voluntário, especificamente no tocante à comprovação do IRRF, a lide se resume à comprovação e à dedutibilidade das despesas de livro caixa. Pois bem. O Contribuinte apresentou vastas provas em anexo ao recurso voluntário que foram aceitas pelo CARF em duas oportunidades, e igualmente já foram analisadas pela DRF. Argumentou que apresentava tais provas nesse momento processual exatamente para contrapor argumento levantado pela DRJ, o que é aceito nos termos do art. 16, §4º, "c", do Decreto nº 70.235/1972. In casu, o Auto de Infração, em momento algum, se referiu especificamente à não apresentação do livrocaixa ou a seus documentos, mas simplesmente ao não atendimento ao pedido de esclarecimentos. Nesse contexto foi apenas a DRJ que afirmou ser impossível analisar os pedidos sem os referidos documentos. Portanto, adequada a apresentação nesse momento. Foram apresentadas, nesse contexto (fls. 99/625): · Livrocaixa de 1998; · Cobranças telefônicas; · Cobranças de eletricidade; · Contrato de locação residencial; · Recibos de pagamento de aluguel de loja; · Comprovantes de pagamento de IPTU da loja; Fl. 775DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 774 5 · Recibos de pagamentos de despesas com funcionários; · Recibos de materiais e de manutenção com indicação de que tais despesas foram incorridas em prol da loja; · Guias de Recolhimento da Previdência Social; · Recolhimentos de FGTS pelo Contribuinte em prol de outra pessoa; · Recolhimento do CREA, do Instituto de Engenharia Legal e do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE); · DAMs de ISS; · Notas fiscais de Hospedagem; · Notas fiscais de manutenção de veículo e de abastecimento; · Notas Fiscais de alimentação; e · Recibos de pagamento a prestadores de serviço, entre outros. Ante a apresentação da referida documentação, conforme já relatado, foi determinada a primeira diligência, que não foi realizada à satisfação, porquanto o livro caixa não foi apresentado (foram juntadas apenas as capas), tornando impossível a análise da documentação. Então, determinada a nova diligência, para que o Contribuinte apresentasse o livro caixa, esta foi adequadamente apresentada, de sorte que a DRF pode, enfim, analisar os documentos apresentados pelo recorrente. Nesse análise, conforme se observa do Parecer Fiscal Conclusivo, apenas parte das despesas lançadas eram dedutíveis nos termos do art. 75 do RIR/1999 e do art. 6º, §2º, da Lei nº 8.134/1990. As razões para não aceitar a dedutibilidade das demais despesas foram assim enumeradas: · Vedação legal de deduções com locomoção e transporte; · Gastos com alimentação e hospedagem não constituem despesas necessárias para o desenvolvimento da atividade; · Despesas não comprovadas por falta de documentação hábil; nesse ponto, incluiu aluguel, haja vista a inexistência de contrato de locação; · Dispêndios considerados como aplicação de capital; e · Contribuição previdenciária do próprio Contribuinte. Foram elaborados, ainda, dois quadros anexos indicando, individualizadamente, as deduções aceitas e as não aceitas, todas com motivação. Em sua manifestação, o Contribuinte apontou que deveria ser aplicada a RIR/1994 e não a RIR/1999. Esse argumento, em que pese correto, não é relevante para o caso Fl. 776DF CARF MF 6 concreto. O fato é que ambos os Decretos (nº 3.000/1999 e nº 1.041/1994) apenas consolidam a legislação vigente (art. 6º da Lei nº 8.134/1990; art. 10 da Lei nº 8.383/1991 e art. 4º da Lei nº 9.250/1995); nesse contexto, a regra do art. 75 do RIR/1999 está contida também no art. 81 do RIR/1994, vigente à época dos fatos. Também, discorreu sobre a necessidade de aceitar todos os documentos que são compostos por notas fiscais. A verdade é que a autoridade diligenciadora explicou, ainda que sucintamente, haver despesas lançadas e desacompanhadas de documentos hábeis a comprovar a sua ocorrência, ou que não sejam suficientemente descritas ou ainda que fossem ilegíveis. Efetivamente, o Contribuinte lançou como despesas, ad exemplum, gastos com fotografia. Acontece que as notas fiscais (e.g. fls. 518) não constam o nome do adquirente do produto nem o nome do tomador do serviço, tornando impossível atestar quem foi o adquirente ou o tomador do serviço. Isoladamente, esses documentos não têm, portanto, o condão de comprovar que foi o Contribuinte quem incorreu em tais despesas. Diferente seria se tivessem tal descrição ou se, por exemplo, fosse comprovada a efetiva ocorrência do pagamento (comprovante de transferência bancária ou de pagamento em cartão). Enfim, assiste razão à autoridade diligenciadora: há diversas ocorrência nas quais os documentos juntados aos autos não são suficientes para comprovar a ocorrência das despesas, razão pela qual são indedutíveis. De resto, insistindo na dedutibilidade das despesas, o Contribuinte explicou que exercia atividade de vistoria e perícia técnica judicial, e isso implica na aceitação das despesas pelas seguintes razões: Despesas com deslocamento Que, para o auferimento do rendimento, precisava se deslocar até o local ou unidade que seria vistoriado, bem como aos cartórios judiciais para retirada e devolução de processos. Nesse sentido, as despesas com deslocamento (o que inclui pedágios) são necessária e dedutíveis. Em que pese a lógica e a justiça das alegações do Contribuinte, por expressa vedação legal (art. 6º, §1º, 'b', da Lei nº 8.134/1990), não é possível deduzir as despesas com deslocamento, o que inclui aquelas com abastecimento, manutenção de veículo ou mesmo de pedágio. Alimentação Argumenta o Contribuinte que precisava, devido ao deslocamento, em diversas oportunidades, se alimentar nos destinos. Assiste razão ao Contribuinte em tese. Uma vez que ele viajava a trabalho, efetivamente não se pode esperar que deixasse de se alimentar; também, não há dúvidas de que alimentação em estabelecimentos comerciais é como regra geral mais onerosa do que aquela feita na própria residência. Contudo, compulsando os autos, percebese que o Contribuinte não apresentou elementos hábeis a comprovar na prática quaisquer despesas com a alimentação. As notas fiscais apresentadas, segundo a autoridade diligenciadora, não contêm os requisitos necessários para identificar que o Contribuinte foi o consumidor. Fazendo análise por Fl. 777DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 775 7 amostragem (e.g., nota fiscal de fls. 430), efetivamente tem razão a autoridade lançadora: as notas apresentadas não são hábeis a comprovar o dispêndio. Hospedagem O Contribuinte repete seu argumento em relação às despesas com hospedagem incorridas em viagens a trabalho. Assiste razão ao Contribuinte em tese. Não se pode esperar que o Contribuinte dormisse ao relento quando seu trabalho o levava a pernoitar em outro local que não sua residência. Como exemplo prático, é possível citar as notas fiscais de fls. 345 e 346, nas quais se atesta que o Contribuinte pagou por hospedagem em Campinas nos dias 06/08/1998 e 13/08/1998 (ambas quintasfeiras). Tendo em vista que se trata de dia de semana, bem como o fato de que o Contribuinte residia no Rio de Janeiro (cf. sua DIRPF/1999 fl. 33), e que seria, no mínimo, estranho que viajasse a lazer duas vezes em menos de dez dias para o mesmo local, é crível que efetivamente estivesse ali a trabalho. Nesse sentido, haja vista que a realização de viagens era imprescindível ao auferimento do rendimento, também as despesas com hospedagem o eram, devendo ser reestabelecida a dedutibilidade das despesas devidamente comprovadas. Compulsando, outrossim, a tabela elaborada pela autoridade diligenciadora (fls. 720/753), é possível identificar que os seguintes dispêndios foram aceitos como comprovados e ora são aceitos como dedutíveis: Hospedagem Data Lançamento Valor 30/01/1998 52 (fl. 721) R$ 251,00 20/02/1998 87 (fl. 723) R$ 106,54 19/03/1998 140 (fl. 726) R$ 129,10 27/03/1998 162 (fl. 727) R$ 80,40 09/04/1998 186 (fl. 728) R$ 77,60 24/04/1998 214 (fl. 729) R$ 121,50 07/05/1998 244 (fl. 731) R$ 130,00 20/05/1998 270 (fl. 732) R$ 78,60 29/05/1988 288 (fl. 733) R$ 101,00 04/06/1988 305 (fl. 734) R$ 78,60 13/06/1998 328 (fl. 735) R$ 139,00 15/07/1998 387 (fl. 737) R$ 52,40 24/07/1998 409 (fl. 738) R$ 54,57 06/08/1998 431 (fl. 739) R$ 79,60 13/08/1998 459 (fl. 740) R$ 180,94 28/08/1998 488 (fl. 742) R$ 109,80 18/09/1998 526 (fl. 743) R$ 104,80 26/09/1998 541 (fl. 744) R$ 81,80 15/10/1998 575 (fl. 745) R$ 106,80 Fl. 778DF CARF MF 8 29/10/1998 599 (fl. 746) R$ 106,80 11/11/1998 633 (fl. 748) R$ 139,52 24/11/1998 657 (fl. 749) R$ 79,60 10/12/1998 687 (fl. 750) R$ 52,40 11/12/1998 697 (fl. 751) R$ 53,40 18/12/1998 721 (fl. 752) R$ 114,29 TOTAL R$ 2.610,06 Aluguel e manutenção de loja e depósito A fundamentação apresentada pela autoridade diligenciadora para não aceitar a dedutibilidade das despesas com aluguel e manutenção de loja e de depósito é a falta de contrato. Por sua vez, o Contribuinte afirma que o Contrato foi verbal, mas que os documentos juntados aos autos apresentam todos os dados do locador e do locatário, bem como o endereço do imóvel e a forma do pagamento, devendo servir como prova. Efetivamente, a falta de apresentação de um contrato escrito não implica na inexistência do Contrato de locação. A materialidade do documento escrito serve para comprovar a existência do acordo entre as partes, mas não é elemento imprescindível à criação da obrigação. In casu, a existência da locação pode ser atestada pelo pagamento de aluguel e das despesas de manutenção dos imóveis, bem como pelo pagamento de IPTU. Uma vez que, como bem explicou o recorrente, era necessário manter escritório e depósito para realização de seus ensaios e elaboração de seus pareceres, bem como para a guarda dos equipamentos e das amostras tomadas, tais despesas são compatíveis com sua atividade e, portanto, devem ser dedutíveis. Compulsando, outrossim, a tabela elaborada pela autoridade diligenciadora (fls. 720/753), é possível identificar que os seguintes despêndios foram aceitos como comprovados e ora são aceitos como dedutíveis: Aluguel e Manutenção Data Lançamento Valor 05/01/1998 57 (fl. 720) R$ 454,00 30/01/1998 48 (fl. 721) R$ 30,00 17/02/1998 70 (fl. 722) R$ 80,00 28/02/1998 93 (fl. 723) R$ 880,00 31/03/1998 166 fl. 727) R$ 114,52 31/03/1998 167 fl. 727) R$ 106,88 31/03/1998 168 fl. 727) R$ 99,25 20/04/1998 197 (fl. 729) R$ 99,25 27/04/1998 217 (fl. 730) R$ 22,40 28/04/1998 218 (fl. 730) R$ 6,00 04/05/1998 223 (fl. 730) R$ 50,00 05/05/1998 231 (fl. 730) R$ 600,00 05/05/1998 232 (fl. 730) R$ 600,00 05/05/1998 233 (fl. 730) R$ 600,00 13/05/1998 254 (fl. 731) R$ 95,44 05/06/1998 307 (fl. 734) R$ 600,00 15/06/1998 330 (fl. 735) R$ 95,44 Fl. 779DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 776 9 06/07/1998 360 (fl. 736) R$ 640,00 09/07/1998 367 (fl. 736) R$ 95,44 11/08/1998 440 (fl. 739) R$ 880,00 12/08/1998 444 (fl. 740) R$ 95,43 08/09/1998 502 (fl. 742) R$ 880,00 13/09/1998 510 (fl. 743) R$ 95,43 14/10/1998 569 (fl. 745) R$ 20,50 14/10/1998 570 (fl. 745) R$ 20,00 04/11/1998 611 (fl. 747) R$ 550,00 05/11/1998 616 (fl. 747) R$ 103,06 12/11/1998 635 (fl. 748) R$ 880,00 14/12/1998 698 (fl. 751) R$ 550,00 TOTAL R$ 9.343,04 Despesas com contribuição previdenciária A autoridade diligenciadora não aceitou a dedutibilidade das despesas previdenciárias, argumentando que se tratavam de despesas em prol do próprio Contribuinte. Este, por sua vez, explica que as despesas previdenciárias foram feitas em prol de funcionária, devidamente registrada. Considerando que efetivamente foram recolhidos FGTS em prol de uma funcionária (fl. 306/312), tal argumento é plausível e deve ser aceito. Em outras palavras, deve ser reestabelecida a dedutibilidade das despesas previdenciárias incorridas e devidamente comprovadas. Compulsando, outrossim, a tabela elaborada pela autoridade diligenciadora (fls. 720/753), é possível identificar que os seguintes despêndios foram aceitos como comprovados e ora são aceitos como dedutíveis: Contr. Prev. Data Lançamento Valor 20/01/1998 2 (fl. 721) R$ 41,27 20/02/1998 3 (fl. 723) R$ 41,27 20/03/1998 4 (fl. 726) R$ 41,27 20/04/1998 5 (fl. 728) R$ 41,27 20/05/1998 6 (fl. 732) R$ 41,27 20/06/1998 7 (fl. 735) R$ 43,26 01/07/1998 354 (fl. 736) R$ 49,06 20/07/1998 8 (fl. 737) R$ 43,26 03/08/1998 419 (fl. 738) R$ 45,01 20/08/1998 735 (fl. 741) R$ 43,26 02/09/1998 499 (fl. 742) R$ 44,94 20/09/1998 9 (fl. 743) R$ 43,26 01/10/1998 552 (fl. 744) R$ 45,01 20/10/1998 10 (fl. 745) R$ 43,26 05/11/1998 617 (fl. 747) R$ 46,74 20/11/1998 11 (fl. 748) R$ 43,26 02/12/1998 668 (fl. 749) R$ 44,94 Fl. 780DF CARF MF 10 20/12/1998 12 (fl. 752) R$ 43,26 TOTAL R$ 784,87 Despesas com fotografia O Contribuinte argumenta, ainda, que à época era necessário adquirir filmes para fotografia, bem como revelação destas, vez que eram indispensáveis à instrução de seus pareceres e relatórios. A verdade é que a autoridade fiscalizadora não se refere a tais despesas em seu relatório de conclusão; nos anexos, entretanto, encontramos despesas dessa natureza que não foram aceitas em decorrência da falta de requisitos necessários para comprovar a ocorrência da despesa. Como já apontado acima, não basta o lançamento com pertinência lógica à atividade exercida; é necessária a prova da efetiva despesa. Portanto, apesar de o Contribuinte ter razão em tese, não apresentou provas nos autos suficientes para que sejam reconhecidas despesas a esse título. Conclusão É necessário concluir que são dedutíveis não apenas aquelas despesas reconhecidas pela autoridade diligenciadora no valor total de R$ 14.396,14 (cf. Anexo I ao Parecer Fiscal Conclusivo, fls. 715/719), mas também aquelas que, cumulativamente, foram consideradas comprovadas (cf. Anexo II ao Parecer Fiscal Conclusivo, fls. 720/753) e que, como exposto acima, têm pertinência lógica com a atividade desenvolvida e não são vedadas por lei (alimentação, hospedagem, aluguel e manutenção de loja e depósito, despesas com contribuição previdenciária e fotografias), no valor total de R$ 12.737,97. Enfim, refeita a apuração das despesas dedutíveis, deve ser recalculado o IRPF devido, nos moldes do acórdão da DRJ e, após a dedução do IRRF já comprovado de R$ 17.505,71, alcançado o IRPF a pagar ou a restituir. Recordase que, não sendo possível agravar o lançamento, o mínimo de IRPF a restituir deve ser, sempre, o valor original de R$ 448,74, devidamente atualizado, conforme estabelecido no AI. Dispositivo Diante de tudo quanto exposto acima, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer a dedutibilidade das despesas supradescritas no valor total de R$ 27.134,11, conforme o voto. (assinado digitalmente) Dilson Jatahy Fonseca Neto Relator Fl. 781DF CARF MF Processo nº 10830.007399/200120 Acórdão n.º 2202003.573 S2C2T2 Fl. 777 11 Fl. 782DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.720432/2013-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA. SÚMULA CARF n. 6.
É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. Leitura da Súmula CARF n. 06.
INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. SIGILO BANCÁRIO.
Com a edição da Lei Complementar nº 105/2001, passou a ser permitido ao fisco, independentemente de autorização judicial, o exame de informações relativas às movimentações bancárias do contribuinte e obtidas junto às instituições financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis.
DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS.
As decisões judiciais, com efeito inter partes, não podem ser aplicadas a outros casos.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ATRIBUIÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCALIZADORA E ÓRGÃOS JULGADORES ADMINISTRATIVOS.
A autoridade administrativa lançadora tem competência para a atribuir a responsabilidade solidária de terceiros quando ocorridas as hipóteses previstas em lei.
DECADÊNCIA. DOLO E FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173,I DO CTN.
Via de regra, o prazo decadencial para o lançamento sujeito a homologação é aquele previsto no art. 150, § 4° do CTN, cujo marco inicial da contagem de 05 anos é o momento de ocorrência do fato gerador.
Caso o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, deve ser aplicada a regra do art. 173, I do CTN, que prevê como marco inicial de contagem o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado.
ARBITRAMENTO DO LUCRO. MEDIDA EXTREMA. NECESSIDADE.
O arbitramento do lucro é medida extrema, porém, necessária quando o contribuinte devidamente intimado deixa de apresentar os livros exigidos para apuração do lucro real ou presumido.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO.
Improcedente a alegação de confisco e de ofensa à capacidade contributiva em relação à aplicação da multa de ofício, que não tem natureza de tributo.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS.SÚMULA CARF n. 28.
Conforme leitura da Súmula CARF n. 28, este conselho não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
CSLL. PIS. COFINS. Aplicas-se às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decidido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une.
Numero da decisão: 1201-001.472
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 25/09/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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LOCAL DA LAVRATURA. SÚMULA CARF n. 6. É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. Leitura da Súmula CARF n. 06. INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. SIGILO BANCÁRIO. Com a edição da Lei Complementar nº 105/2001, passou a ser permitido ao fisco, independentemente de autorização judicial, o exame de informações relativas às movimentações bancárias do contribuinte e obtidas junto às instituições financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais, com efeito inter partes, não podem ser aplicadas a outros casos. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ATRIBUIÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE FISCALIZADORA E ÓRGÃOS JULGADORES ADMINISTRATIVOS. A autoridade administrativa lançadora tem competência para a atribuir a responsabilidade solidária de terceiros quando ocorridas as hipóteses previstas em lei. DECADÊNCIA. DOLO E FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173,I DO CTN. Via de regra, o prazo decadencial para o lançamento sujeito a homologação é aquele previsto no art. 150, § 4° do CTN, cujo marco inicial da contagem de 05 anos é o momento de ocorrência do fato gerador. Caso o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, deve ser aplicada a regra do art. 173, I do CTN, que prevê como marco inicial de contagem o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 0. 72 04 32 /2 01 3- 94 Fl. 1694DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 2 ARBITRAMENTO DO LUCRO. MEDIDA EXTREMA. NECESSIDADE. O arbitramento do lucro é medida extrema, porém, necessária quando o contribuinte devidamente intimado deixa de apresentar os livros exigidos para apuração do lucro real ou presumido. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. Improcedente a alegação de confisco e de ofensa à capacidade contributiva em relação à aplicação da multa de ofício, que não tem natureza de tributo. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS.SÚMULA CARF n. 28. Conforme leitura da Súmula CARF n. 28, este conselho não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. CSLL. PIS. COFINS. Aplicasse às contribuições sociais reflexas, no que couber, o que foi decidido para o IRPJ, dada a íntima relação de causa e efeito que os une. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 25/09/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum Relatório Tratase de Auto(s) de Infração de fls. 0347, relativo(s) ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido CSLL, Contribuição para Financiamento da Seguridade Social COFINS e Contribuição para o Programa de Integração SocialPIS, ano(s)calendário 2008, com crédito total apurado no valor de R$ 8.554.754,39, incluindo o principal, a multa de ofício e os juros de mora, atualizados até abr/2013. Fl. 1695DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10240.720432/201394 Acórdão n.º 1201001.472 S1C2T1 Fl. 3 3 Os Autos de Infração também são integrados pelo Termo de Verificação e Constatação Fiscal (fls. 5169). Conforme o Termo de Verificação Fiscal, fora identificada omissão de receita por parte do contribuinte caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Os créditos bancários de origem não comprovada estão relacionados no Anexo I do Termo de Verificação e Constatação Fiscal (fls. 7077). Em decorrência da falta de apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal foi aplicado o arbitramento do lucro. Além disso, fora aplicada a multa qualificada e agravada de 225 %. Foral lavrados Termos de Sujeição Passiva Solidária contra as seguintes pessoas: • Antonio Rogaciano Santana, CPF 436.349.74834, conforme Termo de Sujeição Passiva Solidária nº 01, cuja ciência aconteceu em 14/05/2013; • Luzia Roberto, CPF 457.666.14268, conforme Termo de Sujeição Passiva Solidária nº 02, cuja ciência aconteceu em 14/05/2013; • WABE – MAX Café Com Ind Exp Café e Cereais Ltda, CNPJ 08.668.288/000189, conforme Termo de Sujeição Passiva Solidária nº 03, recebido em 18/04/2013; • MAX – Armazém Gerais, CNPJ 04.481.973/000140, CNPJ 04.481.973/000140, conforme Termo de Sujeição Passiva Solidária nº 04, recebido em 18/04/2013. Em 17/05/2013 o contribuinte apresentou Impugnação na qual traz as seguintes alegações: 1. Tomou ciência do lançamento em 18/04/2013, via AR; 2. O lançamento é nulo por: Por não observar o direito de não produção de provas contra si mesmo; Haver quebra do sigilo bancário sem autorização judicial; Desobediência à decisão emanada no RE 389808/PR, que considerou inconstitucional a acesso administrativo dos dados bancários dos contribuintes; O arbitramento do lucro não exprimir a verdade real dos fatos, pois desprezou toda a contabilidade existente da empresa; Fl. 1696DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 4 Não conter assinatura do contribuinte no Auto de Infração; Não haver autorização judicial para acesso a informações do contribuinte junto a fornecedores; Pelo fato do lançamento ter sido lavrado fora do local da infração; 3. Houve a decadência do lançamento, nos termos do art. 173 do CTN; 4. A autoridade fiscal não descreveu suficientemente a conduta do sujeito passivo que ensejou o fato gerador do imposto, a penalidade e a responsabilidade tributária, bem como a hipótese legal de incidência; 5. Não houve uma análise do arbitramento por conta de opção indevida pelo lucro presumido, de acordo com o que foi estabelecido no artigo 47, IV, da Lei n° 8.981/95, nem do autoarbitramento; 6. No caso não há presunção de omissão de receita, pois as compras foram comprovadas e admitidas pelo Auditor Fiscal; 7. A multa de 225% tem natureza de confisco; 8. A súmula vinculante nº 29 do STF determina que o crime contra a ordem tributária só se materializa com o lançamento definitivo do tributo. Os responsáveis solidários também apresentaram suas impugnações em 17/05/2013 nas quais ratificam os argumentos do contribuinte e ainda aduzem que a autoridade lançadora não possui competência para atribuir a sujeição passiva solidária a terceiros não envolvidos na formação/aumento do capital do contribuinte. Em decisão de 21/11/2013, a 1° Turma da DRJ/BEL afastou todas as preliminares levantadas pelos Recorrentes e no mérito julgou improcedente toda a alegação trazida,m mantendo a autuação em sua integralidade. Após envio de intimação por A.R que restou infrutífero, a contribuinte e devedores solidários foram intimados da decisão da DRJ por meio de edital. Apenas o devedor solidário MAX ARMAZENS GERAIS apresentou Recurso Voluntário que se resumiu a petição de apresentação de Recurso Voluntário seguida de uma cópia da Impugnação anteriormente apresentada. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 1697DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10240.720432/201394 Acórdão n.º 1201001.472 S1C2T1 Fl. 4 5 O Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os requisitos de admissibilidade e, portanto, merece ser acolhido. Das Nulidades Da produção de provas autoincriminatórias A recorrente solicita a nulidade do lançamento pelo fato do fisco não observar o direito de não produção de provas contrárias a si mesmo. Por óbvio, o argumento não procede. Não obstante todo o cidadão tenha o direito de não produzir prova contra si mesmo, é impensável daí entender que isso significa que o contribuinte possa deixar de cumprir suas obrigações tributárias principais e acessórias, até porque, se o contribuinte age dentro da lei, o cumprimento da obrigação tributária não traz nenhuma penalidade ao sujeito passivo. Quando a autoridade fiscal exige o cumprimento das obrigações tributárias do sujeito passivo, não está cometendo uma ilegalidade, mas cumprindo um dever. Fica claro da leitura dos autos que ocorreu apenas a solicitação de informações econômico tributárias do sujeito passivo. A total ausência de atendimento por parte do contribuinte, originou o agravamento da multa aplicada pelo descumprimento das obrigações principais, na forma da legislação vigente. Assim, afasto tal nulidade levantada pelo contribuinte. Da Assinatura no Auto de Infração A recorrente argumenta nulidade do lançamento pelo fato de não conter assinatura do contribuinte no Auto de Infração. O argumento não merece guarida. A assinatura do contribuinte no Auto de Infração tem por objetivo dar ciência pessoal do lançamento ao sujeito passivo. Contudo, tal ciência do lançamento pode ocorrer de diversas outras formas, conforme previsto no art. 23 do Decreto nº 70.235/72, que vão além da intimação pessoal. No caso em tela a Recorrente foi intimada através dos correios com Aviso de Recebimento AR, de acordo com o previsto no acima mencionado PAF. Fl. 1698DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 6 Desta forma, não vislumbro qualquer nulidade a este respeito. Da solicitação de informações do sujeito passivo junto a fornecedores A recorrente aduz nulidade do lançamento pelo fato de não haver autorização judicial para acesso a informações do contribuinte junto a fornecedores. Não cabe razão à Recorrente. Não há no ordenamento jurídico vigente qualquer previsão acerca da exigência de autorização judicial para obtenção de tais informações. Neste sentido, me socorro do mesmo fundamento utilizado pela decisão da DRJ, e trago o texto dos artigos 927 e 928 RIR/99: "Art.927. Todas as pessoas físicas ou jurídicas, contribuintes ou não, são obrigadas a prestar as informações e os esclarecimentos exigidos pelos Auditores Fiscais do Tesouro Nacional no exercício de suas funções, sendo as declarações tomadas por termo e assinadas pelo declarante (Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º). Art.928. Nenhuma pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não, poderá eximirse de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 123, DecretoLei nº 1.718, de 27 de novembro de 1979, art. 2º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 197)." Do local de lavratura do Auto de Infração A recorrente aduz também nulidade do lançamento, por haver sido lavrado fora do local da infração. Está claro que a Recorrente faz leitura deturpada do art. 10 do PAF que se refere ao local de lavratura do Auto de Infração, in verbis: "Art. 10 O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta e conterá obrigatoriamente : (...). II o local, a data e a hora da lavratura;" É fácil perceber da leitura do caput do art. 10, acima, que o auto de infração deve ser lavrado no local da verificação da falta, o que não significa, necessariamente, o estabelecimento do contribuinte ou outro local onde a falta foi praticada, mas sim onde foi constatada a infração. Neste sentido, trago luz à Súmula CARF n. 6: SÚMULA Nº 6 do CARF: É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. Fl. 1699DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10240.720432/201394 Acórdão n.º 1201001.472 S1C2T1 Fl. 5 7 Assim, também afasto tal nulidade. Do sigilo bancário Quanto à nulidade decorrente da quebra de sigilo bancário sem autorização judicial, pleiteia o Recorrente o cancelamento do auto de infração, por terem, os Auditores, procedido a quebra do sigilo bancário da Recorrente, e utilizado os extratos bancários como prova, sem a devida autorização judicial. Tal ponto é objeto de constante discussão no judiciário. Conforme decisão da 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, é descabido que a fiscalização tributária tenha de ajuizar ação na Justiça cada vez que precisar de informações da vida financeira de contribuintes. Além disto, como bem argumentou o julgador da primeira instancia, não há o que se falar em quebra indevida de sigilo bancário, visto que há amparo legal para tal procedimento, no artigo 6º da Lei Complementar 105 de 2001: Art. 6o As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. O dispositivo legal acima encontrase em plena vigência, não cabendo a este julgador a análise sobre eventual inconstitucionalidade por respeito `Súmula CARF n. 2. De fato, já foi externada posição a respeito da matéria pelo Plenário do Eg. Supremo Tribunal Federal por ocasião do julgamento do RE 389.808/PR, conforme ementa abaixo: “SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão equidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal parte na relação jurídico tributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte.” (RE 389808/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno, Julgado em 15/12/2010, Publicado em 10/05/2011) Não obstante minha posição se assemelhe bastante ao julgado acima, o fato é que tal decisão não foi proferida pelo STF sob o rito da Repercussão Geral, Fl. 1700DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 8 sendo assim, considerando a existência e vigência de lei que permite a quebra do sigilo bancário sem autorização, bem como, o teor da Súmula CARF n. 2 que veda aos Conselheiros do CARF a análise de inconstitucionalidade, devo afastar a presente preliminar de nulidade. Desta forma, tendo o processo de fiscalização e o auto de infração preenchido todos os requisitos previstos em lei, todas as alegações de nulidade merecem ser afastadas. Do arbitramento do lucro A recorrente alega também nulidade do lançamento pelo fato do arbitramento do lucro não exprimir a verdade real dos fatos, pois teria desprezado toda a contabilidade da empresa. O argumento é de todo vazio. Observase nos autos deste processo, conforme ampla e claramente explanado pelo agente fiscal que o arbitramento do lucro ocorreu justamente em razão do contribuinte não ter apresentado os livros e documentos de sua contabilidade (art. 47, III, Lei 8.981/95). De fato, neste caso, não havia contabilidade a ser desprezada pela fiscalização, na forma sugerida pela recorrente, vez que sequer existia contabilidade. Afasto também este argumento. Da fundamentação do lançamento As recorrentes solicitam a nulidade do lançamento em razão da autoridade fiscal não descrever suficientemente a conduta do sujeito passivo que ensejou o fato gerador do imposto, a penalidade e a responsabilidade tributária, bem como a hipótese legal de incidência. É mais um argumento desprovido de qualquer fundamentação. A descrição dos fatos e enquadramento(s) legal(is) do Auto de Infração, juntamente com os fatos narrados no Termo de Verificação e Constatação Fiscal (fls. 5169), descrevem de maneira inequívoca as condutas e as infrações cometidas pela recorrente, além de citar as disposições legais infligidas e aplicáveis ao caso. Além disso, o Termo de Verificação e Constatação Fiscal fornece também a toda a fundamentação fática e legal que justifica a responsabilização solidária e a penalidade agravada aplicada. Os autos de infração descrevem o crédito tributário devido pelo sujeito passivo, especificando as parcelas referentes ao principal, à multa de ofício e aos juros moratórios, bem como, demonstram ainda o valor tributável das infrações, as alíquotas utilizadas, a data dos fatos geradores e os cálculos efetuados. Por fim, as autuações informam os percentuais das multas aplicadas e das taxas de juros utilizadas. Não há lacuna. Não há omissão. Não há nulidade. Fl. 1701DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10240.720432/201394 Acórdão n.º 1201001.472 S1C2T1 Fl. 6 9 Da sujeição passiva solidária O Recorrente, que figura como sujeito passivo solidário alega que a autoridade lançadora não possui competência para atribuir a sujeição passiva solidária a terceiros não envolvidos na formação e aumento do capital do contribuinte. Não merece guarida tal afirmação. Isso porque, o disposto no art. 142 do CTN não deixa qualquer dúvida que dispõe que a autoridade fiscal deve identificar ainda no lançamento o sujeito passivo da obrigação tributária principal: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo pendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Em complemento, o art. 121 do CTN, trata como sujeito passivo da obrigação tributária o responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. "Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal dizse: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei." Diante do acima exposto, outra conclusão não há que não a de que autoridade lançadora é competente para atribuir responsabilidade solidária quando presentes as hipóteses legais para tanto. Da Decadência O IRPJ e as contribuições sociais reflexas (CSLL, PIS e COFINS) estão sujeitos ao lançamento por homologação do pagamento, nos termos do art. 150 do CTN e segundo regra contida no§ 4° deste mesmo artigo, a homologação do pagamento é de 5 (cinco) anos contados da ocorrência do fato gerador. Fl. 1702DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 10 Todavia, para que se opere este prazo decadencial é necessário que o contribuinte tenha efetuado recolhimento, ainda que parcial, do tributo e, ainda, não tenha agido com dolo, fraude ou simulação. É que se depreende da leitura dos dispositivos supra citados. Na ausência de recolhimento do contribuinte ou tendo este agido com dolo, fraude ou simulação, aplicase a regra geral de decadência estampada no art. 173, inciso I do CTN. "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado;" No caso em tela não há dúvida de que deve ser aplicada a regra do art. 173, I do CTN, face à clara: i) ausência de pagamento e ii) ocorrência de dolo constatado na apuração do crédito tributário. No caso em questão, os lançamentos com fato gerador mais antigo são aqueles de PIS e COFINS, com período de apuração de janeiro de 2008 e cuja constituição do crédito tributário poderia ter ocorrido no mês seguinte ao da apuração do fato gerador. Para estes, a contagem do prazo decadencial tem termo de início em 01/01/2009 e termo final em 31/12/2013 (cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado). Como o lançamento ocorreu ainda no primeiro semestre de 2013, não há que se falar em extinção dos créditos tributários pela decadência. Mérito Da Omissão de Receita A recorrente alega que no caso não há ocorreu presunção de omissão de receita, vez que as compras foram comprovadas e admitidas pelo Auditor Fiscal. A alegação da recorrente está equivocada quanto à fundamentação do lançamento. É evidente que a omissão de receita apurada pela autoridade fiscal não decorre das compras efetuadas pelo contribuinte, mas da falta de comprovação da origem dos depósitos bancários, conforme disposto no art. 42 da Lei 9.430/96. Assim, não merece guarida tal alegação da Recorrente. Do Arbitramento Fl. 1703DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10240.720432/201394 Acórdão n.º 1201001.472 S1C2T1 Fl. 7 11 A Recorrente traz alegações no sentido de que não houve uma análise do arbitramento por conta de opção indevida pelo lucro presumido, de acordo com o que foi estabelecido no artigo 47, IV, da Lei n° 8.981/95, nem do autoarbitramento. A questão do autoarbitramento é dispensável e irrelevante para o deslinde do presente caso, pois, nenhuma alteração traria ao resultado alcançado pelo irretocável trabalho da fiscalização. A análise da opção pelo lucro presumido, por sua vez, é inócua quando se verifica que a pessoa jurídica não reunia condições de permanecer neste regime de apuração. Conforme Termo de Verificação e Constatação Fiscal e demais documentos trazidos aos autos, o contribuinte, sob intimação, não apresentou os livros necessários para tributação com base no lucro presumido, quais sejam, os livros exigidos pela legislação comercial ou, na ausência destes, o Livro Caixa, na forma do art. 45 da Lei nº 8.981/95. Diante do exposto e fundamentado no art. 47, inciso III, da Lei nº 8.981/95, julgo correto o arbitramento do lucro com o fito de determinar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Da natureza confiscatória da multa de ofício É inaplicável o conceito de confisco e de ofensa à capacidade contributiva em relação à aplicação da multa de ofício. De fato, a CF/88, em seu art. 145, § 1º, determina que os impostos serão graduados em função da capacidade contributiva do contribuinte. Além disso, em seu artigo 150, inciso IV, a Carta Magna veda a utilização de tributo com efeito de confisco. Ocorre que multa de ofício não é tributo, pois, possui caráter de penalidade e, portanto, fora do alcance do conceito de tributo trazido pelo art. 3° do CTN. Em outras palavras: tributo não deve ser confundido com penalidade. O princípio que norteia a imputação penal, cujo caráter é agressivo, tem o condão de compelir o contribuinte a se afastar de cometer atos ou atitudes lesivos à coletividade. Já existe farta jurisprudência neste sentido. E neste ponto, tomo a liberdade de utilizar os julgado já trazidos pela decisão da DRJ: “CONFISCO . A multa constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V do artigo 150 da Constituição Federal”. (Ac. 10242741, sessão de 20/02/1998). Fl. 1704DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA 12 “MULTA DE OFÍCIO. A vedação ao confisco, como limitação ao poder de tributar, restringese ao valor do tributo, não extravasando para o percentual aplicável às multas por infrações à legislação tributária. A multa deve, no entanto, ser reduzida aos limites impostos pela Lei n.º 9.430/96, conforme preconiza o art. 112 do CTN”. (Ac. 20171102, sessão de 15/10/1997). Cabe ressaltar, a aplicação da multa de ofício, seja regulamentar, qualificada ou agravada, está devidamente fundamentada na legislação tributária (art. 44 da Lei nº 9.430/96). Da Representação Fiscal para Fins Penais A respeito da representação fiscal para fins penais, não cabe a este contencioso administrativo fazer juízo de admissibilidade e de mérito sobre assunto, por falta competência legal conforme já devidamente sumulado por este Conselho Súmula CARF n. 26. Lançamentos Reflexos Aplicase às contribuições sociais reflexas os efeitos do julgado em relação ao IRPJ. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário apresentado para AFASTAR as preliminares de nulidade e no MÉRITO, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto! (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator Fl. 1705DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 25/ 09/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 16561.720022/2011-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 19 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010
VALOR ADUANEIRO. "ROYALTIES" E DIREITOS DE LICENÇA. "CONDIÇÃO DE VENDA". INTERPRETAÇÃO DO AVA/GATT. AMPLITUDE DA EXPRESSÃO.
O AVA/GATT deve ser entendido à luz da legislação internacional, e não da acepção unilateral que a legislação nacional dá à terminologia empregada no acordo. Na interpretação da expressão "condição de venda", no AVA/GATT (Artigo 8o, 1, "c"), deve-se buscar identificar se seria possível a venda sem o cumprimento do contrato referente aos royalties e direitos de licença.
VALOR ADUANEIRO. "ROYALTIES" E DIREITOS DE LICENÇA. MERCADORIAS IMPORTADAS E MERCADORIAS NACIONAIS CONTEMPLADAS EM UM MESMO INSTRUMENTO JURÍDICO/CONTRATO. POSSIBILIDADE DE DISCERNIMENTO. DADOS OBJETIVOS E QUANTIFICÁVEIS.
Na hipótese de o instrumento jurídico/contrato referente a "royalties" e direitos de licença, qualquer que seja a denominação adotada, abranger tanto a importação de mercadorias quanto a venda de produtos nacionais, não afronta o AVA/GATT o discernimento, pela fiscalização, com base em dados objetivos e quantificáveis, como as efetivas vendas das mercadorias estrangeiras e de produtos nacionais, de cada uma dessas operações, expurgando do valor aduaneiro as rubricas referentes a vendas de produtos nacionais.
MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre o montante referente a multas, em lançamento de ofício.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP-IMPORTAÇÃO. COFINS-IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SC-RG.
Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-importação e da COFINS-importação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno.
Recurso voluntário provido em parte.
Numero da decisão: 3401-003.195
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos seguintes termos: i) quanto à inclusão dos royalties e taxas na apuração do valor aduaneiro - por maioria, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Waltamir Barreiros e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco; ii) quanto ao critério de cálculo utilizado no lançamento - por maioria, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Waltamir Barreiros e Rodolfo Tsuboi, que entendiam que não havia objetividade no critério; iii) quanto à existência de bis in idem - por unanimidade, em negar provimento; e iv) quanto à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício - por maioria, em dar provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl. De ofício, foi aplicado ao caso o entendimento externado no RE no 559.937/RS, julgado com repercussão geral, para afastar o ICMS e as próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP-Importação e da Cofins-Importação. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira apresentou declaração de voto.
Robson José Bayerl Presidente
Fenelon Henrique Moscoso Redator Ad hoc
Rosaldo Trevisan Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: WALTAMIR BARREIROS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 VALOR ADUANEIRO. "ROYALTIES" E DIREITOS DE LICENÇA. "CONDIÇÃO DE VENDA". INTERPRETAÇÃO DO AVA/GATT. AMPLITUDE DA EXPRESSÃO. O AVA/GATT deve ser entendido à luz da legislação internacional, e não da acepção unilateral que a legislação nacional dá à terminologia empregada no acordo. Na interpretação da expressão "condição de venda", no AVA/GATT (Artigo 8o, 1, "c"), devese buscar identificar se seria possível a venda sem o cumprimento do contrato referente aos royalties e direitos de licença. VALOR ADUANEIRO. "ROYALTIES" E DIREITOS DE LICENÇA. MERCADORIAS IMPORTADAS E MERCADORIAS NACIONAIS CONTEMPLADAS EM UM MESMO INSTRUMENTO JURÍDICO/CONTRATO. POSSIBILIDADE DE DISCERNIMENTO. DADOS OBJETIVOS E QUANTIFICÁVEIS. Na hipótese de o instrumento jurídico/contrato referente a "royalties" e direitos de licença, qualquer que seja a denominação adotada, abranger tanto a importação de mercadorias quanto a venda de produtos nacionais, não afronta o AVA/GATT o discernimento, pela fiscalização, com base em dados objetivos e quantificáveis, como as efetivas vendas das mercadorias estrangeiras e de produtos nacionais, de cada uma dessas operações, expurgando do valor aduaneiro as rubricas referentes a vendas de produtos nacionais. MULTAS EM LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre o montante referente a multas, em lançamento de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 22 /2 01 1- 35 Fl. 2596DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 2 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEPIMPORTAÇÃO. COFINS IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. RE 559.607/SCRG. Devem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP importação e da COFINSimportação as parcelas referentes ao ICMS e ao valor das próprias contribuições, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 559.607/SC, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art. 62, § 2o de seu Regimento Interno. Recurso voluntário provido em parte. Fl. 2597DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.597 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos seguintes termos: i) quanto à inclusão dos royalties e taxas na apuração do valor aduaneiro por maioria, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Waltamir Barreiros e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco; ii) quanto ao critério de cálculo utilizado no lançamento por maioria, em negar provimento, vencidos os Conselheiros Waltamir Barreiros e Rodolfo Tsuboi, que entendiam que não havia objetividade no critério; iii) quanto à existência de bis in idem por unanimidade, em negar provimento; e iv) quanto à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício por maioria, em dar provimento, vencidos os Conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl. De ofício, foi aplicado ao caso o entendimento externado no RE no 559.937/RS, julgado com repercussão geral, para afastar o ICMS e as próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPImportação e da CofinsImportação. Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan para redigir o voto vencedor. O Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira apresentou declaração de voto. Robson José Bayerl – Presidente Fenelon Henrique Moscoso – Redator Ad hoc Rosaldo Trevisan – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Fl. 2598DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 4 Relatório Tratase de Autos de Infração lavrados para exigir da contribuinte o Imposto de Importação (II), o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a contribuição ao Programa de Integração Social (PIS – Importação) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS – Importação), referentes a fatos geradores ocorridos durante os anos de 2007 a 2010 (fls. 16351642)1. Segundo o Relatório de Auditoria Fiscal (fls. 411), a contribuinte obrigou se, em decorrência de contratos firmados com as empresas estrangeiras The Timberland Company e Mizuno USA, Inc., ao pagamento de royalties e direitos de licença condicionados à venda contratualmente estabelecida e, por esta razão, deveriam ter sido acrescidos ao valor aduaneiro declarado por causa da importação de mercadorias efetivada. Assim, os lançamentos ocorreram pela suposta omissão da contribuinte, em declarações de importação durante os anos de 2007 a 2010, acerca do valor aduaneiro de royalties e direitos de licença referentes aos produtos por ela importados, infringindo o Acordo sobre Valoração Aduaneira (AVA), em seu artigo 8.1 (c), constante do anexo ao Decreto n. 1.355/1994. As autuações ocasionaram créditos tributários com os seguintes valores principais: (i) quanto ao II, R$ 1.975.165,70 (fl. 1635); (ii) quanto ao IPI, R$ 117.457,63 (fl. 1637); (iii) quanto ao PIS/PASEP – Importação, R$ 142.861,41 (fl. 1639); e (iv) quanto à COFINS – Importação, R$ 658.046,99 (fl. 1641). Ademais, os valores principais foram acrescidos, cada qual, de multa de ofício de 75% e juros de mora, resultando num débito da contribuinte no total de R$ 5.699.770,62 (fl. 3) A ciência da contribuinte acerca dos Autos de Infração deuse em 21/11/2011 (fls. 1636, 1638, 1640 e 1642). Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou Impugnação, em 20/12/2011, alegando, em breve síntese, que os royalties e as taxas às empresas estrangeiras não deveriam ser adicionados ao valor aduaneiro, pois não figuram como uma condição de venda das mercadorias, mas buscam remunerar um universo amplo de direitos adquiridos pela assinatura dos respectivos contratos. São trechos de sua defesa administrativa (fls. 16431699): 7. (...) o pagamento desses royalties e taxas é calculado, eminentemente, com base na receita líquida de todas as vendas realizadas pela Requerente (produtos fabricados, adquiridos internamente e revendidos, importados e revendidos etc.), de quaisquer produtos com as marcas TIMBERLAND e MIZUNO. Assim, o pagamento dos royalties às empresas The Timberland Company e Mizuno USA, Inc. é realizado independentemente de o produto vendido pela Requerente (i) ser de fabricação própria (insumos nacionais e/ou importados), (ii) ter sido importado e revendido; ou (iii) ter sido adquirido no mercado nacional e revendido, dentre outras possibilidades. (fl. 1645) 67. (...) observase que, mesmo se a Requerente optar, em determinado ano, por não importar nenhum produto (ou importálos em números mínimos), adquirindoos no mercado interno ou fabricandoos no País para posterior distribuição – atividades estas que fazem parte do objeto social da Requerente e que também estão previstas no âmbito dos CONTRATOS , a Requerente estaria sujeita, da mesma forma, ao pagamento dos chamados “royalties mínimos” a serem remetidos ao exterior. (fl. 1663) 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão referemse à numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocesso) Fl. 2599DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.598 5 86. Pois bem, no presente caso, da análise dos CONTRATOS, facilmente se verifica que a importação de mercadorias não está condicionada ao pagamento dos royalties e outras taxas. Pelo contrário, a importação das mercadorias está totalmente desvinculada do pagamento de tais valores, podendo ser praticada independentemente do seu pagamento. (fl. 1668) 144. Portanto, (i) ou as Autoridades Fiscais estão pretendendo que a Requerente pague os tributos sobre a operação de importação no momento do fato gerador e, posteriormente, complemente / ajuste o valor pago com base nos royalties posteriormente remetidos às empresas estrangeiras; (ii) ou as Autoridades Fiscais estão pretendendo que a Requerente adicione ao valor aduaneiro das mercadorias uma grandeza desconhecida no momento do fato gerador dos tributos, o que nos leva a concluir que a tributação ocorre por presunção / arbitramento. Seja qual for a hipótese escolhida, resta evidente a inaplicabilidade de tais procedimentos. (fl. 1685) Ademais, a contribuinte traz à baila decisões administrativas e notas interpretativas do Acordo sobre Valoração Aduaneira (AVA) que, supostamente, reforçariam sua defesa. Alega, ainda, ocorrência de bis in idem na tributação, vez que os royalties já seriam tributados em Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) quando da remessa ao exterior. Por fim, defende a inaplicabilidade da SELIC, a impossibilidade de aplicação de juros sobre multa e a inconstitucionalidade da multa de ofício. A DRJ/PE, por meio do Acórdão nº 1145.610, lavrado em 28/03/2014, julgou improcedente a Impugnação, com a transcrição da seguinte ementa (fls. 23352363): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 VALOR ADUANEIRO. ROYALTIES E DIREITOS DE LICENÇA. AJUSTES. Os royalties e direitos de licença, inclusive aqueles relativos a marcas e direitos de distribuição, deverão ser acrescidos ao valor de transação para fins de apuração do valor aduaneiro, sempre que tais pagamentos estiverem relacionados com as mercadorias objeto de valoração e configurem uma condição de venda das mercadorias. O artigo 8º prevê expressamente que qualquer parcela do resultado de qualquer revenda subseqüente das mercadorias importadas, que se reverta direta ou indiretamente ao vendedor, deve ser acrescida ao valor aduaneiro. O Acordo de Valoração Aduaneira firmado no âmbito do GATT admite, inclusive, que tais pagamentos sejam feitos a pessoa diversa do exportador, interpretação corroborada por diversas opiniões consultivas emanadas pelo Comitê Técnico de Valoração Aduaneira. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2007, 2008, 2009, 2010 BIS IN IDEM. INOCORRÊNCIA. O Imposto de Importação tem como fato gerador a importação de mercadorias e como contribuinte o importador. Por outro lado, o Imposto de Renda Retido na Fonte, incidente sobre o pagamento de royalties a empresas estrangeiras, tem como fato gerador o auferimento de renda e como contribuinte a empresa estrangeira, ainda que o importador seja responsável por sua retenção. Fl. 2600DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 6 Desse modo, tratandose de contribuintes diversos (importador e prestador de serviço) e fatos geradores diversos (importar e auferir renda), afastada está a alegação de bis in idem. CORREÇÃO MORATÓRIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER EXPROPRIATÓRIO. VEDAÇÃO AO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A contribuinte, irresignada com o decidido, interpôs Recurso Voluntário, pelo qual defendeu que o acórdão recorrido em nenhum momento conseguiu demonstrar (i) estar caracterizada a vinculação entre os royalties e as taxas pagos e as operações de importação; e (ii) que o pagamento dos royalties seria uma condição para a importação das mercadorias. Em breve síntese, a contribuinte, por meio do seu recurso, ratificou as alegações da Impugnação, de modo a expor as razões pelas quais os royalties e as taxas não deveriam ser considerados como condição de venda da mercadoria importada e, consequentemente, não deveriam ser acrescidos ao valor aduaneiro (base de cálculo dos tributos lançados). Ao longo da peça, procura demonstrar: (i) a ausência de relação entre os royalties pagos e as mercadorias importadas; (ii) que o pagamento dos royalties e direitos de licença não configuram condição de venda; (iii) a impossibilidade de conferir tratamento desigual entre produtos estrangeiros e nacionais; (iv) a jurisprudência do CARF em favor da recorrente; (v) a incongruência do lançamento fiscal; (vi) a vedação à tributação bis in idem; (vii) a improcedência da incidência de juros SELIC sobre a multa de ofício; e (viii) a necessidade de dilação probatória (fls. 23982436). Transcrevo, ipsis litteris, a seguir, as conclusões e pedidos constantes das fls. 2434 a 2436 do Recurso Voluntário. (i) os royalties e taxas pagos pela Recorrente NÃO estão relacionados às Operações de importação de produtos do exterior, diferentemente do que sugere o V. Acórdão recorrido. No presente caso, como visto, os royalties remuneram uma ampla variedade de direito conferidos à Recorrente e não há como ser vinculado a uma operação de importação (direito de uso, exploração, representação dentre outros); (ii) os royalties pagos são calculados com base (a) num valor fixo, desvinculado das operações de importação e da venda das mercadorias e (b) num valor adicional com base na receita líquida de venda, no mercado interno, de todas as mercadorias comercializadas (inclusive as fabricadas e/ou adquiridas no Brasil). Tal circunstância comprova que não há vinculação entre o pagamento desses royalties e as operações de importação; (iii) os royalties e taxas pagos NÃO são condição de venda das mercadorias importadas. Com efeito, o pagamento dos royalties se dá em função do direito adquirido, por meio dos CONTRATOS, de comprar, produzir, representar, Fl. 2601DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.599 7 propagandear, vender etc. produtos que contenham as marcas MIZUNO e TIMBERLAND; (iv) corroborando o entendimento de que o pagamento dos royalties e taxas não está condicionado à importação das mercadorias está o fato de a Recorrente fabricar em suas instalações mercadorias com as marcas TIMBERLAND e MIZUNO e também pagar royalties e taxas com base na receita líquida de venda desses produtos nacionais; (v) na medida em que os royalties e taxas são pagos pelo valor de venda dos produtos TIMBERLAND e MIZUNO – independente de serem fabricados no país, revendidos internamente ou objeto de transação internacional , sobre este valor certamente está embutido os custos e o próprio lucro da Recorrente em decorrência de suas atividades no Brasil; (vi) por vezes a importação de produtos TIMBERLAND e MIZUNO nem mesmo é feita destas empresas, mas diretamente do fabricante estrangeiro. Assim, os royalties e taxas são pagos a pessoas jurídicas distintas das exportadoras das mercadorias; (vii) por tudo isso, ao pretender adicionar ao valor aduaneiro grandezas não relacionadas às operações de importação, as Autoridades Fiscais estão ampliando de forma abusiva o conceito de valor aduaneiro, previsto nas normas aduaneiras da OMC, amplamente utilizadas e reconhecidas pela legislação, doutrina e jurisprudência pátria, ofendendo flagrantemente a própria regramatriz de incidência dos tributos exigidos, conforme definida pela Constituição Federal; (viii) esse E. CARF já reconheceu, em processo administrativo da PRÓPRIA RECORRENTE, que, em virtude da natureza das atividades que realiza e da amplitude dos CONTRATOS, os royalties e taxas pagos à TIMBERLAND e À MIZUNO não devem ser adicionados ao valor aduaneiro das mercadorias importadas (processo administrativo nº 16327.002467/200131 – doc.nº 5 acima); (ix) em razão da natureza dos royalties e taxas pagos (contraprestação à cessão de diversos direitos), adicionálos ao valor aduaneiro de mercadorias importadas conflita com o artigo III do GATT/1947 – tratado de Direito Internacional do qual o Brasil é signatário , que impede que o Brasil tribute produto do exterior de forma mais elevada que o nacional; (x) se os royalties devem fazer parte do valor aduaneiro das mercadorias importadas (ou seja, figurando como custo / despesa), não há como tributar tal grandeza pelo IRRF e a CIDE (vedação ao bis in idem); (xi) além disso, no presente caso, os critérios e a metodologia utilizados pelas DD. Autoridades estão absolutamente equivocados, pois não desconsideram valores relativos às atividades desenvolvidas no Brasil; e (xii) tendo em vista que o pagamento dos royalties e taxas ocorre em momento posterior ao fato gerador dos tributos, resta evidente que a tributação de tal montante (i) não é condição para a importação e (ii) não poderia ser feita com base em presunção. 151. Diante do exposto, com base nos fundamentos de fato e de direito expostos nestes autos, a Recorrente requer seja julgado INTEGRALMENTE PROCEDENTE o presente Recurso Voluntário, para que, reformandose o V. Acórdão recorrido, sejam integralmente cancelados os AIIM em questão. 152. Caso entendam Vossas Senhorias que são necessários novos elementos para que se demonstre o direito ora pleiteado, inclusive em respeito ao princípio da verdade real, a Recorrente requer seja assegurada a produção de provas por todos Fl. 2602DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 8 os meios em direito admitidos, especial pela determinação da conversão do processo em diligência, nos termos do item V acima. 153. Ademais, a Recorrente requer que a taxa SELIC seja aplicada tão somente sobre o crédito tributário principal, não podendo recair sobre o valor da multa de ofício, que é penalidade e não tem natureza tributária. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Waltamir Barreiros, Relator, p/ Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida, Redator ad hoc. Naquela assentada, o então Conselheiro Relator apresentou minuta de voto, com as considerações acerca das matérias deduzidas em recurso voluntário, a seguir reproduzidas, designandome o presidente da turma para formalizar o aresto correspondente. A Recorrente foi intimada do Acórdão da DRJ em 21/08/2014 (fl. 2395) e protocolizou o Recurso Voluntário em 15/09/2014 (fl. 2397), razão pela qual é tempestivo, bem como atende aos demais requisitos de admissibilidade. MÉRITO A contribuinte é sociedade por ações que celebrou contratos com empresas estrangeiras localizadas nos Estados Unidos da América (The Timberland Company e Mizuno USA, Inc.), pelos quais garantiu a si o direito de fabricar, manter, propagandear e comercializar produtos Timberland e Mizuno (fls. 12144, 145246 e 247324). Dentre as obrigações contratuais, está o dever de a contribuinte pagar royalties e outras taxas às empresas estrangeiras. Cingese a presente lide em se saber se devem ou não ser adicionados os referidos royalties e taxas ao valor de transação declarado para os produtos importados das citadas marcas, com vistas à determinação do valor aduaneiro e, consequentemente, da base de cálculo dos tributos pertinentes (a saber, II, IPI, PIS/PasepImportação e COFINSImportação). A discussão passa por se saber qual o grau de vinculação entre as mercadorias importadas e os royalties e taxas pagos. Antes de adentrar na discussão do tema, é mister esclarecer que o MPFF 08185002011 00059 6, que deu origem ao presente processo, resultou na lavratura de 16 autos de infração, sendo 4 para cada um dos seguintes estabelecimentos da Recorrente (fl. 1634): CNPJ Processo Valor 61.079.117/000105 10880.735489/201191 68.101,55 61.079.117/010402 16561.720022/201135 5.699.770,62 61.079.117/011050 16561.720023/201180 29.488,72 61.079.117/014580 16561.720024/201124 41.708.161,72 Fl. 2603DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.600 9 Os 4 processos citados foram vinculados no sistema eprocesso, todavia o último, de no 16561.720024/201124, foi julgado em 16 de março de 2016 pela 2ª Turma Ordinária, 3ª Câmara, Terceira Sessão de Julgamento, tendo como relatora a Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo. Considerando a absoluta identidade de matéria entre os processos, tomo a liberdade de adotar integralmente o voto da Ilustre Conselheira, com base no Acórdão no 3302003.126, com as devidas adaptações às citações das peças destes autos. " 2. Do mérito 2.1. A amplitude dos direitos e obrigações previstos no contrato valor aduaneiro a) Dos Royalties No que se refere às atividades fim indicadas no Estatuto Social da Recorrente, encontramse a industrialização, fabricação e comercialização de produtos, a representação comercial, bem como a exploração de marcas, patentes e quaisquer outros direitos de propriedade intelectual e industrial de outras empresas nacionais ou estrangeiras. Nesse sentido, ela celebrou contrato com a empresa Timberland e Mizuno. Ela afirma que se tornou a "titular" da marca Timberland e Mizuno com todos os direitos e deveres daí provenientes. Em razão da cessão de direitos de todos os direitos e obrigações estipulados nos contratos, a Recorrente tem que pagar royalties e taxas às empresas Timberland e Mizuno. Os contratos com a Timberland são verdadeiros contratos de franquia. A Lei nº 8.955, de 15 de dezembro de 1994, dispõe que: Lei nº 8.955/1994 Art. 2º Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. Já em relação à Mizuno, configurase como contrato de distribuição, mas a Recorrente pode inclusive fabricar sob a licença da marca Mizuno. Da análise de ambos os contratos, concluise que o pagamento de royalties e das taxas decorre justamente da existência do referido contrato de franquia e o seu pagamento é independente de o produto vendido: (i) ser de realização própria, com utilização de insumos nacionais e/ou importados, (ii) ter sido Fl. 2604DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 10 importado e revendido; ou (iii) ter sido adquirido no mercado nacional e revendido, dentre outras possibilidades. Logo, o pagamento dos royalties decorre da relação jurídica contratual entre a Recorrente e as empresas Timberland e Mizuno e não da relação jurídica tributária, que é ocasionada pela importação. A base de cálculo na importação é o valor aduaneiro, conforme previsto no artigo 2º do Decretolei nº 37/1966, com redação dada pelo Decretolei nº 2.472/1988: Art. 2º A base de cálculo do imposto é: I quando a alíquota for específica, a quantidade de mercadoria, expressa na unidade de medida indicada na tarifa; II quando a alíquota for "ad valorem", o valor aduaneiro apurado segundo as normas do art. 7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio GATT. Da doutrina, extraise o seguinte conceito: Por valor aduaneiro entendese, então, a quantidade de moeda corrente nacional que corresponde ao produto objeto de transação, levadas em consideração as práticas comuns do mercado internacional e as peculiaridades do negócio. (HILÚ NETO, Miguel. Imposto sobre importações e imposto sobre exportações. São Paulo: Quartier Latin, 2003, p. 177) O Acordo de Valoração Aduaneira (AVA) dispõe que o primeiro método de determinação do valor aduaneiro, base de cálculo do imposto sobre a importação, é o valor de transação, definido em seu artigo 1 como o preço efetivamente pago ou a pagar pela mercadoria importada, ajustado segundo as disposições do artigo 8 do acordo: Artigo 1 1. O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8, desde que: (...) Artigo 8 1. Na determinação do valor aduaneiro, segundo as disposições do Artigo 1, deverão ser acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas: (...) Fl. 2605DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.601 11 (c) royalties e direitos de licença relacionados com as mercadorias objeto de valoração, que o comprador deva pagar, direta ou indiretamente, como condição de venda dessas mercadorias, na medida em que tais royalties e direitos de licença não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar; (...) 3. Os acréscimos ao preço efetivamente pago ou a pagar, previstos neste Artigo, serão baseados exclusivamente em dados objetivos e quantificáveis. 4. Na determinação do valor aduaneiro, nenhum acréscimo será feito ao preço efetivamente pago ou a pagar, se não estiver previsto neste artigo. A partir do Acordo de Valoração Aduaneira, os royalties e direitos de licença deverão compor a base de cálculo do valor aduaneiro, quando são condição de venda das mercadorias. No caso em apreço, tal condição não é vislumbrada a partir da leitura das cláusulas contratuais. Da análise dos contratos, depreendemse as seguintes cláusulas, que demonstram que o valor para o pagamento de royalties e das taxas, ou seja, a mensuração da base de cálculo desses é computado a partir de valores mínimos previstos ou, então, a partir das receitas auferidas com a comercialização dos produtos das referidas marcas no mercado interno. Não há previsão, por exemplo, de cláusula que estabeleça o valor a partir da operação de importação ou, no caso, que se condicione a importação ao pagamento de royalties. Não há nexo de causalidade em momento algum entre o pagamento de royalties e a operação de importação, não é peculiaridade da operação de importação. No caso da Timberland, foram juntados dois contratos, um do ano de 2005 e outro do ano de 2010. Colacionamse, abaixo, trechos importantes dos contratos da Timberland e da Mizuno: Contrato com a Timberland – 2005: "1.3 Pagamentos de Royalties pela Franqueada à Timberland. A franqueada, durante o Prazo de Validade do Contrato fará os seguintes pagamentos de Royalties à Timberland: Conforme descrito abaixo, e definido no Artigo 6.2.1 abaixo, a Franqueada deverá pagar Royalties num valor igual a sete vírgula seis por cento (7,6%) das Vendas Líquidas da Franqueada para todos os Produtos vendidos no atacado ou de outra forma dispostos pela Franqueada no atacado e quatro vírgula um porcento (4,1%) das Vendas Líquidas da Franqueada para todos os Produtos vendidos a varejo nas lojas operadas pela Franqueada ou Fl. 2606DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 12 determinado de outra pela Franqueada em lojas operadas pela Franqueada.” 2. DEFINIÇÕES. Conforme utilizadas no presente Contrato: (...) 2.12. “Vendas Líquidas”. Significa o total do faturamento de todos os Produtos vendidos direta ou indiretamente pela Franqueada ou por uma Afiliada de uma Franqueada a um Cliente, menos: (i) lucros creditados do Cliente; (ii) impostos de vendas (por exemplo ICMS, PIS e COFINS). Ao calcular as Vendas Líquidas de acordo com o presnte Instrumentos, não serão feitas deduções para: a) comissões; b) contas não cobráveis ou c) impostos (outros que impostos de vendas), honorários, avaliações, imposições, pagamentos ou despesas de qualquer tipo que possam ser incorridas ou pagas pela Franqueada ou por uma Filial da Franqueada com relação aos pagamentos de royalties devidos à Timberland de acordo com o presente Instrumento ou com relação à transferência de fundos ou royalties ou com conversão de qualquer moeda para dólares norte americanos. Para vendas no atacado, em qualquer trimestre, se a diferença entre as “vendas brutas” totais e as “vendas brutas totais do sistema” for maior do que nove porcento (9%) deverá ser somado ao valor final de Vendas Líquidas para fins de cálculo de royalties sobre vendas no atacado. Para fins deste artigo “Vendas Brutas” significa o preço total faturado depois dos descontos relativos a todos os Produtos vendidos direta ou indiretamente pela Franqueada ou por uma Filial da Franqueada a um cliente atacadista (isto é, sem quaisquer outras deduções a não ser os descontos a clientes atacadistas). “Vendas Brutas do Sistema”, significa o preço total (baseado no]a lista de preços mensal sazonal que está no sistema de reportes financeiros da Franqueada no início de um exercício fiscal) para todos os Produtos vendidos direta ou indiretamente pela Franqueada ou por uma Filial da Franqueada a um Cliente atacadista antes de quaisquer descontos ou deduções. Para se evitar quaisquer dúvidas, apenso a este Instrumento na forma de Anexo 2.12 (A) está um exemplo de cálculo acima. Para fins de controle, um relatório trimestral deverá ser apresentado à Franqueada com sua Declaração de Royalties (conforme definido no Artigo 7.2) de acordo com o gabarito Fl. 2607DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.602 13 apenso ao presente Instrumento na forma do Anexo 2.12 (B). "4.3. Vendas Mínimas. A Franqueada deverá vender (ou pagar royalties mínimos sobre esta quantia especificada de vendas) em cada Exercício o número mínimo de Produtos em cada classe no agregado (calçados, vestuário e produtos de conservação) no Território, conforme descrito no Anexo 4.3. Na eventualidade da Franqueada falhar em satisfazer os requisitos estabelecidos neste Artigo 4.3, a Timberland poderá rescindir este Contrato imediatamente ou em qualquer data posterior em que tal falha continue, a não ser que a Franqueada não tenha remediado a falha antes da data efetiva de tal rescisão.” “6. PREÇOS TAXAS E ROYALTIES. 6.1. Preços. Os preços serão conforme estabelecido no Anexo 4.23. Com relação a pedidos apresentados para a Timberland, após a data de corte do pedido sazonal corrente da Timberland, a Timberland irá fornecer os Produtos (se disponíveis) a seu então atual preço “imediato” para tais Produtos. A não ser que de outra forma designado pela Timberland, os preços serão expressos em dólares norte americanos e são exfábrica, para o depósito ou fabrica aplicável. A posse e todos os riscos de perda deverão passar para a Franqueada quando o Produto deixar tais depósitos ou fabricadas, e todo o frete, seguro ou outros custos de transporte e importação serão arcados pela Franqueada. (...) 6.2. Royaties e Taxas A Franqueada pagará à Timberland as seguintes taxas e royalties em relação a cada Produto comprado de uma Fonte Timberland de acordo com o disposto no presente Instrumento. 6.2.1. Um royalty conforme estabelecido no Artigo 1.3 (d) acima (“Royalty”). Ao calcular Royalties, não serão feitas deduções para impostos (incluindo, mas não se limitando, a imposto de renda, franquia ou impostos sobre ganhos de capital), encargos, honorários, avaliações, imposições, pagamentos ou despesas de qualquer tipo que possam ser incorridas ou pagas com relação aos pagamentos de Honorários ou Royalties devidos à Timberland de acordo com o presentes Instrumento ou com relação à publicidade, promoção, envio, distribuição, venda ou exploração dos Produtos, transferência de fundos, ou conversão de qualquer moeda. Fl. 2608DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 14 7.1. Royalties Mínimos Garantidos. A cada ano, a Franqueada pagará à Timberland o valor especificado com um Royalty mínimo garantido no anexo 7.1. os Royalties mínimos garantidos deverão ser pagos atecipadamente e trimestralmente, em ou depois de cada trimestre. O primeiro tal pagamento trimestral de Royalty mínimo garantido será devido na Data Efetiva. Todos tais pagamentos serão não reembolsáveis, mas serão creditados contra Royalties devidos no subartigo 6.2. Contrato com a Timberland – 2010: “1.3. Pagamentos de Royalties pela Franqueada à Timberland. Conforme descrito e definido adicionalmente na Cláusula 6.2.1 abaixo, a Franqueada deverá pagar um Royalty (conforme definido na Cláusula 6.2.1) para os canais e nos valores previstos abaixo (todas as porcentagens apresentadas na tabela abaixo são uma porcentagem das Vendas Liquidas da Franqueada): (...) Para os anos contratuais de 2013 a 2019, a taxa de Royalty será determinada pelo EBITDA dos negócios da Timberland da Franqueada aplicado de forma retrospectiva às Vendas Liquidas de um ano específico, proporcionalmente, conforme descrito adicionalmente na tabela a seguir. Para os fins do presente Contrato, "EBITDA" deverá significar lucro antes de impostos, depreciação, amortização, e despesa financeira, menos receita financeira, ajustado para excluir os seguintes itens: perdas de operações encerradas, o efeito cumulativo de alterações nos princípios contábeis geralmente aceitos, qualquer encargo único ou diluição resultante de qualquer aquisição ou alienação de investimento, itens extraordinários de perda, despesa ou receitas e quaisquer outros itens incomuns ou não recorrentes de perda, despesa ou receita, incluindo encargos de reestruturação. Controles adicionais, relatórios e processos relacionados a taxas de Royalty, EBITDA e pagamentos estão descritos no Anexo 1.3. (...) Por exemplo, se a porcentagem de EBITDA do final do ano de um determinado ano for 11,25%, a taxa de Royalty do LVQ seria 6,1% sobre as Vendas Liquidas do LVQ da Franqueada nesse ano. O EBITDA aumentou sobre a taxa base em 1% de um possível 1,5%, ou 66% da taxa de Royalty aplicável seguinte. Em virtude de o aumento na taxa de Royalty do LVQ entre 5,3% e 6,5% ser 1,2%, 66% Fl. 2609DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.603 15 desse aumento é igual a 0,80%. Portanto, a taxa de Royalty do LVQ aplicável para o ano seria 5,3% mais 0,80%, ou 6,1%. Para evitar dúvida, a taxa de Royalty não será reduzida abaixo das taxas aplicáveis no EBITDA de 10,25%, nem será aumentada acima das taxas aplicáveis no EBITDA de 13,25%. A Franqueada deverá pagar um Royalty para quaisquer vendas por meio de um website próprio da Franqueada ou operado pela Franqueada à taxa de Royalty aplicável a Lojas e Pequenas Lojas e deverá pagar um Royalty para quaisquer vendas por meio de um Website de terceiro à taxa de Royalty aplicável aos LVQs.” “2.12. "Vendas Líquidas" significam o valor total da fatura de todos os Produtos vendidos direta ou indiretamente pela Franqueada ou por uma Afiliada da Franqueada para um Cliente (incluindo quaisquer vendas feitas por meio do Website da Franqueada (conforme definido abaixo), menos (i) as devoluções de Cliente realmente creditadas; e (ii) impostos sobre vendas (por exemplo: ICMS, PIS e COFINS), sendo que os impostos sobre venda não deverão ser reduzidos por nenhum Subsídio para Investimento, conforme definido na Cláusula 2.23. No cálculo das Vendas Líquidas de acordo com este instrumento, nenhuma dedução deverá ser feita a respeito de (A) comissões; (B) contas incobráveis ou (C) impostos (exceto os impostos sobre vendas), taxas, lançamentos, imposições, pagamentos ou despesas de qualquer tipo que vierem a ser incorridos ou pagos pela Franqueada ou por uma Afiliada da Franqueada a respeito dos pagamentos de royalty devidos à Timberland de acordo com este instrumento ou a respeito da transferência de fundos ou royalties ou com a conversão de qualquer moeda para Dólares Norte Americanos. Para evitar dúvida, no caso de a Timberland instruir a Franqueada ou uma Afiliada da Franqueada, por escrito, a fornecer o Produto para um Cliente da Timberland localizado fora do Território, essas vendas não deverão ser incluídas no cálculo das Vendas Líquidas. A Franqueada e suas Afiliadas reconhecem que elas não têm o direito de vender o Produto a qualquer pessoa fora do Brasil e não poderão vender quaisquer Produtos fora do Brasil, a menos que a Timberland, exclusivamente a seu critério, mas sem nenhuma obrigação de tipo algum, expressamente instruir a Franqueada por escrito a fornecer esse Produto.” Fl. 2610DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 16 “2.14. “Produto” ou 'Produtos" significam os calçados, roupas, acessórios e produtos de cuidado ao produto de marca Timberland® (ou seja, produtos que usam as Marcas), exceto: (a) as categorias de produto não incluídas na linha de produto da Timberland na Data de Vigência ou que forem removidas dessa linha de produto em qualquer momento após a Data de Vigência: (b) produtos sujeitos, na Data de Vigência, ou em qualquer momento após a Data de Vigência, para licenças exclusivas concedidas pela Timberland a Pessoas que não a Franqueada ou suas Afiliadas para territórios que incluem o Território (doravante denominados "Produtos Licenciados"): e (c) produtos de marca não da Timberland vendidos ou oferecidos para venda pela Timberland. Exclusivamente a seu critério, a Timberland poderá incluir nos Produtos aqueles excluídos de acordo com os itens (a), (b) ou (c) acima, sujeito a todos e quaisquer termos e condições que a Timberland vier a impor a seu critério.” 2.26 “Fonte da Timberland” significa um fabricante terceiro de um ou mais Produtos autorizado pela Timberland a fornecer Produtos para a Franqueada para distribuição no Território.” “4.1. Compra Exclusiva. De acordo com os planos comerciais estabelecidos ou aprovados por escrito pela Timberland com a Franqueada (doravante denominados "Planos de Negócios") que vierem a estar em vigor de tempos em tempos durante a Vigência, a Franqueada deverá comprar os Produtos somente da Timberland, de sua Afiliada designada, e das Fontes da Timberland.” “4.23. Compras da Timberland e Fontes da Timberland. A Franqueada deverá comprar os Produtos da Timberland somente de acordo com os termos e condições da Timberland previstos no Anexo 4.23 deste instrumento (que deverão estar sujeitos à alteração pela Timberland mediante notificação razoável) e os termos e condições contidos no Manual de Franqueada da Timberland (que deverá estar sujeito à alteração pela Timberland mediante notificação razoável), cuja cópia deverá ser fornecida à Franqueada. Na medida em que o Manual de Franqueada entrar em conflito com os termos e condições contidos no presente Contrato, o presente Contrato deverá reger.” 6.5. Taxas de Terceirização e Taxa de Usuário. A Franqueada deverá pagar à Timberland, além de qualquer outro royalty ou taxa exigido de acordo com este instrumento, as seguintes taxas: Fl. 2611DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.604 17 (a) Todos os Produtos enviados a partir dos armazéns da Timberland deverão estar sujeitos à taxa de usuário que deverá ser calculada sobre o valor bruto de cada fatura (doravante denominada "Taxa de Usuário"). A Taxa de Usuário inicial deverá ser de 10% (dez por cento) do valor bruto de todos os Produtos faturados a partir dos armazéns da Timberland e deverá estar sujeita à alteração de tempos em tempos. (b) A respeito de cada Produto comprado de uma Fonte da Timberland, a Franqueada deverá pagar uma taxa de terceirização (doravante denominada “Taxa de Terceirização”, e juntamente com a Taxa de Usuário, doravante denominadas “Taxas") igual a 5% (cinco por cento) do preço de compra da fatura para os Produtos fornecidos por qualquer Fonte da Timberland. (...) 7. PAGAMENTO. 7.1. Royalties Mínimos Garantidos. A cada Ano, a Franqueada deverá pagar para a Timberland o valor especificado como Royalty Garantido Mínimo no Anexo 7.1.A da forma prevista no Anexo 7.1.B. Os Royalties Garantidos Mínimos deverão ser pagos trimestralmente, previamente ou até o primeiro dia de cada trimestre. O primeiro referido pagamento trimestral de Royalty Garantido Mínimo deverá ser devido na Data de Vigência. Todos esses pagamentos serão não reembolsáveis, mas deverão ser creditados aos Royalties devidos de acordo com o Parágrafo 7.2. Já no que concerne à Mizuno, transcrevemse os trechos importantes: “1.1 Definições de Termos. Os termos seguintes devem ter os significados seguintes quando utilizados neste Contrato: (a) "Produtos de Distribuição" significa os produtos Mizuno relacionados na Seção 1 do Anexo A, os quais o Distribuidor pode distribuir de acordo com os termos e condições deste Contrato, conforme alterado periodicamente pela Companhia mediante aviso por escrito para o Distribuidor.” ARTIGO 3 LICENÇA DE USO DE MARCA PARA DISTRIBUIÇÃO E VENDA DE PRODUTOS 3.1 Direitos para Promover, Comercializar e Vender Fl. 2612DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 18 (a) Direito de Compra. O Distribuidor deve ter o Direito de Comprar, distribuir, comercializar e vender os Produtos de Distribuição provenientes da Companhia e da Mizuno ou de seus designados, mediante e sujeito a todas as condições e termos deste Contrato e, de acordo com os termos de compra apresentados no Anexo D. (b) Consultas de Produtos. No caso da Companhia ou a Mizuno receber quaisquer consultas ou pedidos acerca dos Produtos de Distribuição para venda ou entrega no Território, a Companhia deve imediatamente informar tal consulta ou pedido ao Distribuidor. No evento de o Distribuidor receber quaisquer consultas ou pedidos acerca de os Produtos de Distribuição para venda ou entrega fora do Território, o Distribuidor deve imediatamente informar tal consulta ou pedido à Companhia. ARTIGO 4 – LICENÇA DE USO DE MARCA PARA FABRICAÇÃO 4.11 Pagamento e Contabilidades a) Royalty. (i) Calculo de "Vendas Líquidas" A cada ano do Contrato, o Distribuidor deverá pagar à Companhia royalties sobre todos os Produtos conforme calculado de acordo com as taxas especificadas no Anexo E com relação a todas as Vendas Liquidas (conforme definidas a seguir) dos Produtos. "Vendas Líquidas" significarão vendas brutas no atacado dos Produtos pelo Distribuidor ou quaisquer de suas afiliadas, associadas ou empresas subsidiárias baseadas sobre o faturamento usual por itens vendidos no curso normal dos negócios conforme refletido em todos os balanços financeiros publicados do Distribuidor, menos: (1) impostos sobre o valor agregado (mais PIS, COFINS e outros impostos e créditos tributários); (2) imposto sobre o consumo; (3) descontos comerciais costumeiros calculados na fonte no Território; e, (4) devoluções de produtos defeituosos recebidos pelo Distribuidor e aceitos pela Companhia de conformidade com a Seção 3.4 e conforme reconciliados de acordo com a Seção 4.11(2) (d). Os créditos por vendas só serão permitidos para devoluções efetivas e, não deverão ser permitidos sob o fundamento de um sistema de reserva ou acumulado. Fl. 2613DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.605 19 (...) (d) Adiantamento e Garantia. O Distribuidor pagará à Companhia adiantamentos trimestrais mínimos calculados pro rata com relação a royalties futuros sobre os Produtos nas datas de 15 de Fevereiro, 15 de Março, 15 de Agosto e 15 de Novembro de cada ano corrido da vigência do Contrato. Todos os pagamentos deverão ser em dólares norteamericanos, via transferência eletrônica para a conta e instituição financeira especificadas pela Companhia periodicamente de acordo com o programa de pagamento especificado no Anexo E. Como reconhecimento das potenciais flutuações da taxa de câmbio entre o dólar norte americano e o Real Brasileiro, o adiantamento mínimo será modificado baseado nas taxas de câmbio estabelecidas na Seção 4.11(b) e no Anexo E. Os adiantamentos e as parcelas referentes ao saldo do adiantamento mínimo constituem adiantamento não restituível sobre royalties a serem acumulados conforme estabelecido na Seção 4.11 (a) e (c). O adiantamento mínimo total deverá ser considerado como acumulado a favor da conta da Companhia a partir da data deste Contrato. Após o inicia da distribuição e venda dos Produtos do Distribuidor na Argentina, as partes devem em boa fé revisar o Anexo E para aumentar os royalties mínimos ali estabelecidos.” Os contratos, no caso em análise, são muito mais amplos que contratos de uma simples compra e venda internacional e não há relação de causalidade da importação com o pagamento de royalties. Em conformidade com a Teoria Geral do Direito Tributário, a base de cálculo possui uma relação intrínseca com a hipótese de incidência. No caso em apreço, o núcleo do critério material da hipótese de incidência é o verbo mais complemento, que se apresentam como "realizar importação", logo, a base de cálculo será o valor aduaneiro, que está intimamente relacionado com a operação de importar. Segundo PAULO DE BARROS CARVALHO: Temos para nós que a base de cálculo é a grandeza instituída na consequência da regramatriz tributária, e que se destina, primordialmente, a dimensionar a intensidade do comportamento inserto no núcleo do fato jurídico, para que, combinandose à alíquota, seja determinado o valor da prestação pecuniária. Paralelamente, tem a virtude confirmar, infirmar ou afirmar o critério material expresso na composição do suposto normativo. A versatilidade categorial desse instrumento jurídico se apresenta em três funções Fl. 2614DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 20 distintas: a) medir as proporções reais do fato; b) compor a específica determinação da dívida; e c) confirmar, infirmar ou afirmar o verdadeiro critério material da descrição contida no antecedente da norma. (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributário. 24. ed. São Paulo: Saraiva, 2012, p. 400) A partir do momento em que se imputa o valor dos royalties e direitos de licença, que, no caso, não estão relacionados com a importação, há um desvirtuamento da base de cálculo do tributo e, por conseguinte, do próprio critério material da hipótese de incidência. Ultrapassado tal aspecto, da leitura dos contratos, não há qualquer cláusula que condicione a importação de mercadorias ao pagamento de royalties. Estes são calculados a partir das operações no mercado interno e, em alguns, casos incidem sobre produtos nacionais, que utilizam a marca contratada. O acórdão da DRJ/[Recife] entendeu, por sua vez, que o cerne dos contratos é a comercialização de produtos, especialmente, a operação de importação. Contudo, com a devida vênia, a partir da leitura dos contratos, não se pode chegar a tal conclusão. Além disso, não há também vinculação temporal do pagamento de royalties às operações de importação. Os royalties e as taxas, que são pagos pela Recorrente são uma espécie de remuneração em razão da cessão ampla do direito de uso das marcas Timberland e Mizuno nas suas mais variadas formas (exploração, propaganda, venda, representação, entre outras obrigações). O cálculo dos royalties, como são baseados nas vendas de mercadorias no mercado interno, ocorre temporalmente após a importação. Assim, até por uma falta de lógica jurídica em relação ao aspecto temporal, não há como incluir na base de cálculo do valor aduaneiro a quantia paga de royalties. No caso da Mizuno, há inclusive a previsão dos chamados royalties de reconciliação que seriam pela renovação do contrato. Meditando sobre como os royalties estão previstos nos contratos, não há como vincular os royalties às operações de importação, uma vez que, nos contratos em análise, no que concerne ao modo de calcular o pagamento dos royalties, eles podem ocorrer de dois modos: i) a partir de uma quantia mínima, que são os royalties mínimos garantidos; ii) a partir do pagamento de vendas líquidas, ocorridas no mercado nacional da cessão do direito de exercer no Brasil uma série de atividades relacionadas às marcas Timberland e Mizuno. b) Das Taxas Os contratos também preveem o pagamento de algumas taxas. No contrato com a Timberland, assinado em 2010, a Recorrente se obriga ao pagamento da chamada "Taxa de usuário e terceirização". A "taxa de usuário" é calculada sobre o valor bruto de cada fatura e será a alíquota de 10% do valor bruto de todos os produtos faturados a partir dos armazéns da Timberland. Já a "taxa de terceirização" é devida a partir de cada produto, Fl. 2615DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.606 21 comprado de uma fonte Timberland, e a alíquota será de 5% do preço de compra da fatura para os produtos fornecidos por qualquer fonte da Timberland. Colacionamse trechos sobre as taxas de ambos os contratos: Contrato com a Timberland – 2005: “6. PREÇOS TAXAS E ROYALTIES. 6.1. Preços. Os preços serão conforme estabelecido no Anexo 4.23. Com relação a pedidos apresentados para a Timberland, após a data de corte do pedido sazonal corrente da Timberland, a Timberland irá fornecer os Produtos (se disponíveis) a seu então atual preço “imediato” para tais Produtos. A não ser que de outra forma designado pela Timberland, os preços serão expressos em dólares norte americanos e são exfábrica, para o depósito ou fabrica aplicável. A posse e todos os riscos de perda deverão passar para a Franqueada quando o Produto deixar tais depósitos ou fabricadas, e todo o frete, seguro ou outros custos de transporte e importação serão arcados pela Franqueada. (...) 6.2. Royaties e Taxas A Franqueada pagará à Timberland as seguintes taxas e royalties em relação a cada Produto comprado de uma Fonte Timberland de acordo com o disposto no presente Instrumento. (...) 6.5. Taxas de Compras e Taxas de Usuário A Franqueada pagará à Timberland, além de quaisquer royalties ou taxas necessários de acordo com o presente instrumento, as seguintes taxas: (a) todos os produtos enviados de depósitos da Timberland estarão sujeitos a uma taxa de usuário que será calculada sobre o valor bruto de cada nota fiscal (Taxa de Usuário). A taxa inicial da taxa de usuário será dez porcento (10%) do valor bruto de todos os Produtos faturados dos depósitos da Timberland e estará sujeita a alterações de tempos em tempos. (b) Com relação a cada Produto comprado de uma Fonte Timberland, irá pagar uma “Taxa de Compra” igual a 6 porcento (6%) do preço de compra faturado dos Produtos fornecidos por qualquer Fonte Timberland. Contrato com a Timberland – 2010: Fl. 2616DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 22 2.26 “Fonte da Timberland” significa um fabricante terceiro de um ou mais Produtos autorizado pela Timberland a fornecer Produtos para a Franqueada para distribuição no Território. “4.1. Compra Exclusiva. De acordo com os planos comerciais estabelecidos ou aprovados por escrito pela Timberland com a Franqueada (doravante denominados "Planos de Negócios"') que vierem a estar em vigor de tempos em tempos durante a Vigência, a Franqueada deverá comprar os Produtos somente da Timberland, de sua Afiliada designada, e das Fontes da Timberland.” “4.23. Compras da Timberland e Fontes da Timberland. A Franqueada deverá comprar os Produtos da Timberland somente de acordo com os termos e condições da Timberland previstos no Anexo 4.23 deste instrumento (que deverão estar sujeitos à alteração pela Timberland mediante notificação razoável) e os termos e condições contidos no Manual de Franqueada da Timberland (que deverá estar sujeito à alteração pela Timberland mediante notificação razoável), cuja cópia deverá ser fornecida à Franqueada. Na medida em que o Manual de Franqueada entrar em conflito com os termos e condições contidos no presente Contrato, o presente Contrato deverá reger.” 6.5. Taxas de Terceirização e Taxa de Usuário. A Franqueada deverá pagar à Timberland, além de qualquer outro royalty ou taxa exigido de acordo com este instrumento, as seguintes taxas: (a) Todos os Produtos enviados a partir dos armazéns da Timberland deverão estar sujeitos à taxa de usuário que deverá ser calculada sobre o valor bruto de cada fatura (doravante denominada "Taxa de Usuário"). A Taxa de Usuário inicial deverá ser de 10% (dez por cento) do valor bruto de todos os Produtos faturados a partir dos armazéns da Timberland e deverá estar sujeita à alteração de tempos em tempos. (b) A respeito de cada Produto comprado de uma Fonte da Timberland, a Franqueada deverá pagar uma taxa de terceirização (doravante denominada “Taxa de Terceirização”, e juntamente com a Taxa de Usuário, doravante denominadas “Taxas'") igual a 5% (cinco por cento) do preço de compra da fatura para os Produtos fornecidos por qualquer Fonte da Timberland. (...) A Recorrente tem a possibilidade de comprar determinada mercadoria de um fornecedor internacional, diferente do detentor da marca, e enviará o pagamento de royalties e taxas no caso Fl. 2617DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.607 23 dessas importações realizadas com outros fornecedores para a empresa Timberland e não para o fornecedor da mercadoria, demonstrando. Mais uma vez, observase a desvinculação do pagamento de royalties com a importação das mercadorias. Na realidade, os royalties são pagos pela cessão de direito do uso da marca. Essas empresas, que não detêm a marca e realizam operações de exportação, são chamadas de "Fonte de Timberland", ou seja, são fabricantes terceiros, que não recebem royalties, tampouco taxas. Já no concerne à empresa Mizuno, verificase o pagamento de alguns valores a título de custos com "moldes globais para os Produtos de Distribuição" e "com serviços terceirizados e serviços de desenvolvimento de produtos". Colacionase, abaixo, trecho do contrato: 4.10. Proteção das Marcas Proprietárias e Informação Proprietária (b) O Distribuidor cooperará integralmente e de boa fé com a Mizuno e a Companhia com a finalidade de reter e preservar os direitos da Mizuno e da Companhia sobre as Marcas Proprietárias. No auxílio desde objetivo, a Companhia e o Distribuidor deverão preparar e mutuamente acordar sobre um orçamento que as partes destinarão para a proteção das Marcas Proprietárias, sendo que tal orçamento deve ser acordado por ocasião da reunião anual de marketing e projeção estabelecida na Seção 5.2. Há precedente deste tribunal no sentido de não considerar o royalty e os direitos de licença como componentes da base de cálculo do valor aduaneiro: Assunto: Imposto sobre a importação – II Data do fato gerador: 04/08/1997 VALORAÇÃO ADUANEIRA. ROYALTIES RELATIVOS AO DIREITO DE REPRODUZIR AS MERCADORIAS IMPORTADAS NO PAIS DE IMPORTAÇÃO NÃO MODIFICA O VALOR PAGO OU A PAGAR PELAS MERCDORIAS. Os royalties e direitos de licença referidos no parágrafo 1 (c) do Artigo 8 poderão incluir, entre outros, pagamentos relativos a patentes, marcas registradas e direitos de autor. No entanto, na determinação do valor aduaneiro, os ônus relativos ao direito de reproduzir as mercadorias importadas no país de importação não serão acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar por elas. VALORAÇÃO ADUANEIRA. ROYALTIES RELATIVOS AO DIREITO DE UTILIZAR A Fl. 2618DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 24 MARCA REGISTRADA. MERCADORIAS IMPORTADAS ADQUIRIDAS DE FORNECEDOR DISTINTO DO DETENTOR DA MARCA. ROYALTY NÃO MODIFICA O VALOR PAGO OU A PAGAR PELAS MERCADORIAS QUANDO NÃO FOR COMPROVADO QUE OS VALORES PAGOS SERIAM CONDIÇÃO DE VENDA DA MERCADORIA PARA O PAIS IMPORTADOR. Embora o importador seja obrigado a pagar um royalty para obter o direito de utilizar a marca registrada, essa obrigação decorre de um contrato distinto que não guarda relação com a venda para exportação das mercadorias para o país de importação. As mercadorias importadas são adquiridas de vários fornecedores conforme diferentes contratos e o pagamento do royalty não constitui uma condição da venda dessas mercadorias. O comprador não deve pagar o royalty para adquirir as mercadorias. Portanto, o royalty não deve ser acrescido ao preço efetivamente pago ou a pagar como um ajuste segundo o Artigo 8.1 c). Para que estes pagamos sejam incluídos no valor aduaneiro é necessário comprovar que os valores pagos seriam uma condição de venda da mercadoria para o país importador. (CARF; 3ª Seção; 1ª Câmara; 2ª Turma Ordinária; Acórdão 3102001.601; Relator: Winderley Morais Pereira; Data da sessão: 22.08.2012) Assim, diante do exposto, não se vislumbra o pagamento de royalties e direitos de licença como condição de venda para a importação, ocasionando, por conseguinte, a reforma do acórdão da DRJ/PE para anular os autos de infração impostos à Recorrente." Por julgar oportuno e pertinente ao presente caso, transcrevo parte do Acórdão no 3102001.601, cuja ementa foi reproduzida logo acima pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo. (...) O segundo grupo de operações são as importações realizadas pela Recorrente de outros fabricantes autorizados pelo empresa detentora das marcas. Nos termos das informações constantes do contrato de licença, nestes casos não existe pagamento de royalties para as empresas exportadoras, estes seriam devidos a empresa detentora da marca, quando da venda a varejo das mercadorias no mercado interno. Tratando da matéria temos a opinião consultiva 4.13, que trata de operação bastante semelhante a descrita para as operações da Recorrente, determinando que nestes casos o valor dos royalties não será incluído no valor aduaneiro. Fl. 2619DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.608 25 Entendo que a opinião consultiva é àquela que mais se adequa ao caso em estudo, sendo assim, as operações de importação realizadas pela Recorrente com terceiros não sofrem a inclusão dos royalties pagos a detentora das marcas. Confirmando esta posição temos a nota 2 ao parágrafo 1(c), que determina que os pagamentos feitos pelo comprovador pelo direito de distribuir ou revender as mercadorias importadas não serão acrescidos ao preço efetivamente pago ou a pagar por elas. A aplicação da opinião consultiva, seria afastada se fosse comprovado nos autos que os valores pagos seriam condição de venda. Nestas operações não se vislumbra nos contratos de licença trazidos aos autos a vinculação de royalties como condição da venda das mercadorias importadas. Os contratos tratam de direito de reprodução e licença da marca, permitindo que a Recorrente seja um fabricantes e distribuidor dos produtos licenciados no Brasil. O relatório fiscal constante do auto de infração (fl. 280), detalha a inclusão dos royalties no valor aduaneiro da mercadoria, considerando que tais valores seriam uma condição de venda e informa que estas conclusões foram obtidas dos contratos, entretanto, não aponta em quais contratos estariam incluídas a condição de venda, tampouco informa os fatos e demonstra como foram obtidas tais conclusões. O auto de infração, exige que sejam demonstrados os fatos motivadores do lançamento, apontando as provas e os valores apurados. O relatório fiscal, constante do auto de infração, não informa em quais contratos estaria comprovado que o preço pago de royalties seria uma condição de venda. O simples fato de existir pagamento de royalties pela Recorrente, não implica obrigatoriamente em considerar estes pagamentos como condição de venda, conforme dito alhures, caberia a Fiscalização demonstrar este fato e apontar detalhadamente os valores que atendem estes requisitos para serem incluídos no valor aduaneiro. (...) Portanto, analisando as operações realizadas pela Recorrente com base nos contratos de licença trazidos aos autos, entendo que não foi comprovado que os valores de royalties pagos a terceiros fabricantes das mercadorias seria uma condição de venda, sendo assim aplicável ao caso a Solução de Consulta 4.13. (CARF – Processo n. 16327.002467/200131, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, 1ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, j. em 22/08/2012) (grifouse) Caso não sejam acolhidos pela turma os argumentos acima, que são suficientes para afastar integralmente a autuação, restariam ainda a analisar as demais alegações de defesa relativas à incongruência do lançamento fiscal, à existência tratamento desigual entre produtos estrangeiros e nacionais, à vedação de "bis in idem", e à improcedência da incidência de juros sobre a multa de ofício, além da demanda por dilação probatória. Fl. 2620DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 26 Há que se acordar com a recorrente no que se refere à incongruência do lançamento fiscal, porque o critério de cálculo utilizado no lançamento não foi objetivo, tendo a autoridade fiscal estimado, estatisticamente, os montantes que seriam relativos a eventuais direitos e royalties incidentes nas operações. Assim há afronta ao Acordo de Valoração Aduaneira, Artigos 8o, 3, que estabelece que "Os acréscimos ao preço efetivamente pago ou a pagar, previstos neste Artigo, serão baseados exclusivamente em dados objetivos e quantificáveis"; e 8o, 4, que dispõe que: "4. Na determinação do valor aduaneiro, nenhum acréscimo será feito ao preço efetivamente pago ou a pagar se não estiver previsto neste Artigo". Ademais, como assevera a recorrente, não existem normas legais e infralegais que amparem os procedimentos adotados pela fiscalização. Não há máculas, no lançamento, outrossim, no que se refere a eventual tratamento desigual, ou "bis in idem", pois a inclusão de royalties, em geral, no valor aduaneiro, é expressamente prevista em acordo internacional, o Acordo de Valoração Aduaneira do GATT (Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT), não constituindo tal acordo ruptura com o tratamento nacional assegurado no Artigo III do mesmo GATT. E a tributação por IRRF sobre determinada renda ou provento, ou a exigência de CIDE, não obsta a incidência do imposto de importação sobre royalties e direitos de licença. No que se refere à necessidade de produção adicional de prova, entendese desnecessária ao deslinde do presente contencioso, estando nos autos os contratos e os elementos imprescindíveis à apreciação da lide. Por fim, no que se refere à demanda para que os juros sejam aplicados somente sobre o principal, e não sobre a multa de ofício, cabe destacar que este colegiado já se manifestou recentemente sobre a matéria, em entendimento que aqui se endossa: O assunto seria aparentemente resolvido pela Súmula no 4 do CARF: “Súmula CARF no 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (grifo nosso) Contudo, resta a dúvida se a expressão “débitos tributários” abarca as penalidades, ou apenas os tributos. Verificando os acórdãos que serviram de fundamento à edição da Súmula, não se responde a questão, pois tais julgados se concentram na possibilidade de utilização da Taxa SELIC. Seguese então, para o art. 161 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Fl. 2621DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.609 27 § 1o Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2o O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.”(grifo nosso) As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: “os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis”. A Lei no 9.430/1996, por sua vez, dispõe, em seu art. 61, que: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Novamente ilógico interpretar que a expressão “débitos” ao início do caput abarca as multas de ofício. Se abarcasse, sobre elas deveria incidir a multa de mora, conforme o final do comando do caput. Mais recentemente tratouse do tema nos arts. 29 e 30 da Lei no 10.522/2002: “Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto Fl. 2622DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 28 de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. § 1o A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2o Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3o Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” (grifo nosso) Vejase que ainda não se aclara a questão, pois se trata da aplicação de juros sobre os “débitos” referidos no art. 29, e a expressão designada para a apuração posterior a 1997 é “créditos”. Bem parece que o legislador confundiu os termos, e quis empregar débito por crédito (e viceversa), mas tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte. Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob o risco de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre as multas aplicadas no lançamento de ofício. (Excerto do voto vencedor, do Cons. Rosaldo Trevisan, no Acórdão n. 3401003.035, Rel. Cons. Robson José Bayerl, maioria, sessão de 25 jan. 2016) E, diante do fato de a exigência efetuada se referir, entre outros, à base de cálculo da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEPimportação, e da existência de julgamento, pelo STF, do Recurso Extraordinário (RE) no 559.607/SC, com repercussão geral reconhecida, devendo o resultado do julgamento da suprema corte ser reproduzido nas decisões deste CARF, em função do art. 62, § 2o do Anexo II do Regimento Interno do colegiado, reconheço, de ofício, a aplicação do decidido pelo STF ao caso em análise, como tem também decidido este colegiado: Fl. 2623DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.610 29 ...diante do fato de a exigência efetuada se referir à base de cálculo da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEPimportação, e da existência de julgamento, pelo STF, do Recurso Extraordinário (RE) no 559.607/SC, com repercussão geral reconhecida, devendo o resultado do julgamento da suprema corte ser reproduzido nas decisões deste CARF, em função do art. 62, § 2o do Anexo II do Regimento Interno do colegiado, reconheço, de ofício, a aplicação do decidido pelo STF ao caso em análise. O citado RE versa sobre a questão da inclusão (ou não) do ICMS e do valor das próprias contribuições na base de cálculo da COFINSimportação e da Contribuição para o PIS/PASEP importação, tema a respeito do qual o STF reconheceu a existência de Repercussão Geral (tema no 01) em 26/09/2007. Conforme DJE de 16/10/2013 (publicado em 17/10/2003), o STF reconheceu em plenário a inconstitucionalidade do acréscimo do ICMS e das próprias contribuições à base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINS importação, sendo o Min. Dias Toffoli encarregado de redigir o acórdão, rejeitandose questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava que fossem modulados os efeitos da decisão: “Prosseguindo no julgamento, o Tribunal negou provimento ao recurso extraordinário para reconhecer a inconstitucionalidade da expressão “acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições”, contida no inciso I do art. 7º da Lei nº 10.865/04, e, tendo em conta o reconhecimento da repercussão geral da questão constitucional no RE 559.607, determinou a aplicação do regime previsto no § 3º do art. 543B do CPC, tudo nos termos do voto da Ministra Ellen Gracie (Relatora). Redigirá o acórdão o Ministro Dias Toffoli. Em seguida, o Tribunal rejeitou questão de ordem da Procuradoria da Fazenda Nacional que suscitava fossem modulados os efeitos da decisão. Votou o Presidente, Ministro Joaquim Barbosa. Plenário, 20.03.2013” (grifo nosso) Em consulta ao sítio "web" do STF, atestase que a Fazenda apresentou embargos de declaração em 12/11/2013, que foi juntada petição em 23/01/2014, e que os autos estavam conclusos para o relator desde 04/02/2014. Em 17/09/2014 os embargos foram rejeitados. E em 14/10/2014 foi publicado o acórdão em relação aos embargos: “Embargos de declaração no recurso extraordinário. Tributário. Pedido de modulação de Fl. 2624DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 30 efeitos da decisão com que se declarou a inconstitucionalidade de parte do inciso I do art. 7º da Lei 10.865/04. Declaração de inconstitucionalidade. Ausência de excepcionalidade. 1. A modulação dos efeitos da declaração de inconstitucionalidade é medida extrema que somente se justifica se estiver indicado e comprovado gravíssimo risco irreversível à ordem social. As razões recursais não contém indicação concreta, nem específica, desse risco. 2. Modular os efeitos no caso dos autos importaria em negar ao contribuinte o próprio direito de repetir o indébito de valores que eventualmente tenham sido recolhidos. 3. A segurança jurídica está na proclamação do resultado dos julgamentos tal como formalizada, dandose primazia à Constituição Federal. 4. Embargos de declaração não acolhidos.” (grifo nosso) O processo teve trânsito em julgado em 24/10/2014, passando a vincular os julgamentos deste colegiado, por força art. 62, § 2o do Anexo II do Regimento Interno do CARF, devendo esta corte administrativa reproduzir a decisão definitiva de mérito proferida pelo STF na sistemática do art. 543B do Código de Processo Civil. Assim, devem ser excluídos, da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, nas autuações, as parcelas referentes ao ICMS e às próprias contribuições. Pelo exposto, deve ser reconhecida de ofício a necessidade de exclusão das parcelas referentes ao ICMS e das próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, na autuação, em função do RE no 559.607/SC, julgado, com repercussão geral, pelo STF, e do art. 62, § 2o do RICARF (Acórdão n. 3401 003.138, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, maioria, sessão de 17 mar. 2016) Assim, deve ser reconhecida de ofício, também no presente caso, a necessidade de exclusão das parcelas referentes ao ICMS e das próprias contribuições da base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEPimportação e da COFINSimportação, na autuação, em função do RE no 559.607/SC, julgado, com repercussão geral, pelo STF, e do art. 62, § 2o do RICARF. Fl. 2625DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.611 31 Conclusão Com essas considerações, votou o Relator original no sentido de dar provimento integral ao Recurso Voluntário. Fenelon Moscoso de Almeida Fl. 2626DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 32 Voto Vencedor Conselheiro Rosaldo Trevisan, Redator Designado Manifesto, por meio do presente, divergência em relação ao entendimento externado pelo relator no que se refere à inclusão dos royalties e "taxas" na apuração do valor aduaneiro e ao critério de cálculo utilizado no lançamento. No que tange ao primeiro tema, entendo que a matéria é disciplinada em tratado internacional, o Acordo de Valoração Aduaneira do GATT, não podendo ser objeto de interpretação à luz de conceitos derivados da legislação nacional e da doutrina tributária nacional, como no precedente inicialmente colacionado no voto do relator (Acórdão no 3302 003.126). O Acordo de Valoração Aduaneira, aplicado em mais de 180 países, não pode ser alterado pela vontade unilateral das partes, nem ter seus conceitos deturpados pela legislação nacional, sendo, v.g., pouco relevante, na interpretação do acordo, o que a legislação nacional considera como "contrato de franquia", ou de distribuição, ou o que a doutrina tributária entende como peculiaridades da base de cálculo, no país. Recordese que, no Brasil, lamentavelmente, a legislação nacional chegou a tentar alterar o conteúdo da expressão "valor aduaneiro", alteração essa que acabou corretamente obstada pela suprema corte, no RE no 559.607/SC, citado ao final do voto do relator, e aplicado de ofício, unanimemente, por este colegiado. Por certo que a expressão "valor aduaneiro" não pode significar, no Brasil, algo diferente do que significa nos demais países signatários do GATT, e membros da OMC, sob pena de tornar inócuo o acordo internacional uniformizador, e de ser o país acionado perante o Órgão de Solução de Controvérsias de tal organização. Aliás, a incorporação da expressão "valor aduaneiro" ao texto constitucional brasileiro (art. 149, § 2o, II, "a"), pela Emenda Constitucional no 33/2001, obviamente se fez com a acepção que já estava consagrada internacionalmente. Assim, o conteúdo da expressão "valor aduaneiro" e dos elementos que o compõem deve ser buscado na legislação internacional, mormente no Acordo de valoração Aduaneira (AVA), somente se prestando a legislação nacional a complementar o AVA naqueles temas em que o acordo prevê faculdades às partes (v.g., o Artigo 8o, 2). O próprio AVA define a quase totalidade dos termos e expressões que emprega, para evitar tratamento desigual pelos países signatários. E o tema sobre o qual estamos a tratar é disciplinado no Artigo 8o, 1, "c" do AVA: "1. Na determinação do valor aduaneiro, segundo as disposições do Artigo 1, deverão ser acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas: (...) (c) royalties e direitos de licença relacionados com as mercadorias objeto de valoração que o comprador deve pagar, direta ou indiretamente, como condição de venda dessas mercadorias, na medida em que tais royalties e direitos de licença não estejam incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar; (...)" (grifo nosso) Fl. 2627DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.612 33 Além de definir os termos e expressões que utiliza, o AVA estabelece "princípios" que norteiam a aplicação de todo o Acordo, em sua Introdução Geral: “Introdução Geral – 1. A base primeira para a valoração aduaneira, em conformidade com este Acordo, é o valor de transação...”; “Os membros, ...desejando elaborar normas para sua aplicação com vistas a assegurar maior uniformidade e precisão na sua implementação; reconhecendo a necessidade de um sistema equitativo, uniforme e neutro para a valoração de mercadorias para fins aduaneiros, que exclua a utilização de valores aduaneiros arbitrários ou fictícios; reconhecendo que a base de valoração de mercadorias para fins aduaneiros deve ser tanto quanto possível o valor de transação das mercadorias a serem valoradas; reconhecendo que o valor aduaneiro deve basearse em critérios simples e equitativos condizentes com as práticas comerciais e que os procedimentos de valoração devem ser de aplicação geral, sem distinção entre fontes de suprimento; reconhecendo que os procedimentos de valoração não devem ser utilizados para combater o dumping; acordam...” (grifos nossos). No corpo do acordo podem ainda ser apontados outros “princípios”, como o da leal concorrência, derivado do artigo 1o, pelo qual o valor aduaneiro deve ter como base um preço representativo de uma operação normal, não afetada por vínculos entre vendedor e comprador; o da compatibilização entre o sigilo das informações de caráter confidencial fornecidas pelo importador e a publicidade das regras e critérios utilizados para valoração aduaneira, previstos, respectivamente, nos artigos 10 e 12 do AVA/GATT, e o do direito de informação, previsto no artigo 16 do acordo, por meio do qual o importador tem direito de receber, por escrito, após solicitação, uma explicação da Aduana sobre como foi determinado o valor aduaneiro das mercadorias por ele importadas. 2 Ademais, no Anexo I do AVA figuram as Notas Interpretativas do acordo, que o integram, conforme artigo 14, contendo explicações e exemplos para facilitar sua aplicação. O Anexo II detalha disposições sobre o Comitê Técnico de Valoração Aduaneira (CTVA, ou “Comitê de Valoração de Bruxelas”), sob os auspícios do CCA/OMA, com a finalidade de conseguir, no nível técnico, uniformidade, na interpretação e aplicação do acordo, podendo, o CTVA, emitir Opiniões Consultivas, Comentários e Notas Explicativas. Tal comitê foi criado pelo artigo 18 do AVAGATT. Compreendido o Acordo em visão sistêmica, há que se entender que os royalties e direitos de licença, qualquer que seja a denominação que lhes dê a legislação nacional (direitos, taxas, gravames, cânones...), devem ser acrescentados ao preço pago ou a pagar, para fins de valoração aduaneira, caso devam ser pagos pelo comprador, direta ou indiretamente, e constituam uma condição de venda das mercadorias. 2 Sobre os “princípios” do AVAGATT, remetase a: Julio Carlos LASCANO, El Valor en Aduana de las Mercaderías Importadas, 2. ed., Buenos Aires: Osmar Buyatti, 2007, p. 6788; e Principios y métodos de valoración aduaneira, in Germán PARDO CARRERO (org.), El Derecho Aduanero en el siglo XXI, Colômbia: Legis, 2009, p. 459463; Daniel ZOLEZZI, denominandoos de “propósitos”, Valor en Aduana (Código Universal de la OMC), Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 1418; Marcelo Pimentel de CARVALHO, Valor Aduaneiro: Princípios, Métodos e Fraude, São Paulo: Aduaneiras, 2007, p. 9496; Antenori TREVISAN NETO, Aplicação do Acordo sobre Valoração Aduaneira no Brasil, São Paulo: Aduaneiras, 2010, p. 8291; e Heleno Taveira TÔRRES, Base de Cálculo do Imposto de Importação e o Acordo de Valoração Aduaneira, in TÔRRES (coord.), Comércio Internacional e Tributação, São Paulo: Quartier Latin, 2005, p. 239244. Fl. 2628DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 34 E a interpretação do que seja uma condição de venda, por óbvio, não pode ser tão simples a ponto de que seja necessário que conste literalmente de contrato entre as partes, individualizadamente. Como assevera Daniel ZOLEZZI, referência mundial no tema da valoração aduaneira (delegado junto ao CTVA de 1981 a 1989, e presidente do referido comitê, de 1989 a 1991), comentando o que entendem por "condição de venda" Glashoff e Shermann, Por nuestra parte, creemos que en la realidad de los negocios las condiciones no se presentan de un modo tan ostensible. Compartimos el criterio de Glashoff y Sherman quienes sostienen que la expresión "condición de venta" no tiene un significado único y claro que permita aplicarla automáticamente a los distintos casos de la vida mercantil. Dicen que en sentido amplio podría ser entendida como la imposibilidad de separar el pago del canon de la venta de las mercancías importadas. Avanzando un paso más, sostienen que el pago de un canon o de un derecho de licencia es "siempre una condición de venta si, de no mediar el pago de ese canon o derecho de licencia, los bienes no se hubieran vendido, o no se hubieran vendido al precio acordado". Afirman que la cuestión no se rige tanto por los términos contractuales, como por un examen de las alternativas que pueda tener el importador. Concluyen que el núceleo de la cuestión está en determinar si el vendedor hubiera vendido lo tangilble al precio convenido, de no haber adquirido el comprador lo intangible, es decir, el derecho a usar o comerciar la propiedad intelectual por la que se paga el canon. Compartimos su parecer. Por lo general, las ventas internacionales son contratos escuetos, sin cláusulas minuciosas. La "condición de venta" debe buscarse en la interdependencia entre la compra de lo tangible y el derecho a usar o comercializar lo intangible. Lo más usual es que el contrato de venta y el de licencia se concierten por separado, sin que importe en cuál de ellos se celebró primero. Frecuentemente, los importadores que compran mercancías relacionadas con un contrato de licencia, lo hacen a lo largo de un tiempo prolongado.3 Julio Carlos LASCANO, outro reconhecido especialista internacional em matéria de valoração aduaneira, apresenta a visão do Comitê do Código Aduaneiro Europeu sobre o tema: De acuerdo con el Comité del Código Aduanero europeo, el problema que se plantea no es otro que el de saber si el vendedor está dispuesto a vender las mercancías sin que se abone un canon o un derecho de licencia (TAXUD/800/2002ES, Comentario n. 3, 12).4 No Brasil, Marcelo Pimentel de CARVALHO, em um dos raros estudos específicos nacionais sobre valoração aduaneira, revela, remetendo a Santiago Ibánez Marsilla, que "a mera existência de contrato de royalties separado e seu cálculo mediante fórmulas que 3 Valor en Aduana (Código Universal de la OMC), Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 166. 4 El Valor en Aduana de las Mercaderías Importadas, 2. ed., Buenos Aires: Osmar Buyatti, 2007, p. 234. Fl. 2629DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.613 35 não guardam conexão direta com a quantidade de mercadorias importadas não impede, por si só, que os royalties sejam considerados 'condição de venda'".5 É exatamente na linha contemplada pela doutrina especializada, buscando identificar se seria possível a venda sem o cumprimento do contrato referente aos royalties e direitos de licença, que a fiscalização entende haver "condição de venda", como se depreende do Relatório de Auditoria Fiscal: "Assim, a venda das mercadorias valoradas é condicionada pelo contrato de royalties e direitos de licença estabelecido entre Alpargatas S/A e The Timberland Company. Em outras palavras, a importação das mercadorias valoradas deve atender aos termos e condições estipulados no contrato de royalties e direitos de licença, sem os quais ela não pode ser efetivada." "Assim, a venda das mercadorias valoradas é condicionada pelo contrato de royalties e direitos de licença estabelecido entre Alpargatas S/A e Mizuno USA, Inc.. Em outras palavras, a importação das mercadorias valoradas deve atender aos termos e condições estipulados no contrato de royalties e direitos de licença, sem os quais ela não pode ser efetivada." O contrato (ou os contratos) pode(m), em verdade, espelhar mais de uma obrigação em um mesmo instrumento. Exemplifiquese, já remetendo ao caso concreto que aqui se analisa. Um importador que adquira mercadorias sujeitas a royalties e direitos de licença (qualquer que seja a denominação que lhes dê eventual contrato firmado entre tal importador e o detentor dos direitos da marca da mercadoria transacionada, direta ou indiretamente), e fabrique, no país, mercadorias sujeitas aos mesmos royalties e direitos de licença, poderia celebrar, v.g., um ou dois instrumentos jurídicos para a realização do negócio. Celebrando dois instrumentos jurídicos, um relativo à avença para importar, e outro para fabricar, seriam poucas as dúvidas de que os montantes referentes à importação deveriam ser acrescidos ao preço efetivamente pago ou a pagar, para fins de valoração aduaneira nas importações, e que os montantes relativos à permissão de fabricação, no país, não comporiam o valor aduaneiro, por sequer serem relacionados às importações. No entanto, celebrando um instrumento único, relativo a ambas as operações, poderseia ensejar o entendimento de que a operação, por não ser relacionada unicamente à venda de mercadorias importadas, fugiria à regra estabelecida no Artigo 8o, 1, "c" do AVA, levando à não inclusão de qualquer parcela no valor aduaneiro, para fins de composição da base de cálculo do imposto de importação. Tal entendimento, contudo, não está em consonância com a leitura sistemática do AVA, que tem por objetivo a uniformização internacional da base de cálculo do imposto de importação considerando todos os valores que forem pagos ao exterior em função da importação, esteja ela ou não consubstanciada em um instrumento jurídico que a mescle com outras operações. E não está, também, em harmonia com o sistema "equitativo, uniforme e neutro" que se pretende com o AVA, pois imporia montantes diferenciados de base de cálculo a situações materialmente idênticas, mas formalmente consubstanciadas em instrumentos jurídicos distintos. 5 Valor Aduaneiro: Princípios, Métodos e Fraude, São Paulo: Aduaneiras, 2007, p. 157. Fl. 2630DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 36 E, quanto ao termo "distribuir", ou ao contrato de distribuição, que poderia constar de um terceiro instrumento jurídico, ou agregarse ao instrumento único, ZOLEZZI esclarece: La Nota Interpretativa al artículo 8 también disponde que "los pagos que efectúe el comprador por el derecho de distribución o reventa de las mercancías importadas no se añadirán al precio realmente pagado o por pagar, cuando no constituyan una condición de venta de dichas mercanncías para su exportación al país de importación". Qiere decir que los derechos de distribución integran el valor de transacción, cuando constituyen una condición de venta de dichas mercancías. La doctrina no ha escatimado críticas a ese pasaje del Acuerdo. Herrera Ydáñez Goizueta Sánchez expresan: "Verdaderamente no comprendemos el alcanze de esta disposición, puesto que, como ya se estabelece en el propio apartado 1.c0 del artículo 8, todos los pagos a los que se refiere el citado precepto tienen que verificarse como consición de venta de las mercancías que se valoran, para que su importe pueda añadirse al precio realmente pagado o por pagar. Por tanto, la referencia de la nota a la condición de venta nos parece absolutamente superflua" (...). A su vez, Glashoff y Sherman sostienen que el precepto es sorprendente, puesto que generalmente un importador aspira a revender las mercancías importadas y tiene derecho a hacerlo (...). Citan un caso resuelto por la aduana de los Estados unidos, en que se decidió que el pago fijo anual que un importador abona a un vendedor, por el privilegio de convertirse en distribuidor exclusivo de sus mercancías, no integra el valor en aduana de las mismas cuando el pago de ese derecho es opcional y no una obligación impuesta por el vendedor. (...) De todos modos, las observaciones que hacen Glashoff y Sherman quedan en pie: es casi imposible que un derecho de distribución no se pague como condición de venta de las mercancías importadas. El resultado práctico de aplicar esta disposición podría conducir a que lo que se anuncia como regla general la exclusión del valor de transacción de los derechos de distribucción o reventa reconozca tantas excepciones que su contenido resulte inocuo.6 No mesmo sentido, LASCANO observa, sobre a dispensa de inclusão no valor aduaneiro dos direitos de distribuição, caso não constituam condição de venda, que Esta dispensa del ajuste en el caso de los derechos de distribución no dejó de causar cierta perplejidad a los especialistas, desde que generalmente todo importador que compra mercaderías busca y recibe el derecho de revenderlas. En la búsqueda de casos a los que pudiera aplicarse este criterio se sugirió que el pago de una regalía o derecho de licencia especial por el derecho de distribución no es una condición de venta de las mercancías cuando están destinadas, al tiempo de su importación, al uso exclusivo del importador (p.e., equipamiento de planta, materias primas, parte para ensamblado, etc.) y después de la importación el importador adquiere los derechos de distribución contra el pago de una 6 Valor en Aduana (Código Universal de la OMC), Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 171172 Fl. 2631DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.614 37 regalía. En la medida en que la venta de las mercaderías es anterior al contrato de licencia, las regalías establecidas en este último no son una condición de venta de las mercaderías.7 Assim, percebese que a argumentação da recorrente, e a externada no precedente inicial colacionado no voto do relator (Acórdão no 3302003.126), sobre a amplitude de termos e expressões constantes do AVA, nacionalmente lidos, buscando nos contratos apresentados disposições que textualmente reconheçam a existência de condição de venda, não guarda correspondência com o teor do acordo nem com a doutrina especializada. E, para que não fiquemos somente na doutrina especializada sobre a matéria, há que se recordar ainda que o CTVA, em diversas ocasiões, já se pronunciou sobre o assunto, em Opiniões Consultivas. Isso foi bem percebido no segundo precedente colacionado no voto do relator (Acórdão no 3102001.601), que, apesar do apropriado ponto de partida, relacionando os textos em língua portuguesa (na tradução efetuada no Anexo da Instrução Normativa SRF no 318/2003) das Opiniões Consultivas 4.1 a 4.13, acaba por invocar como precedente uma Opinião Consultiva do CTVA que pouco tem de coincidente com o caso que se analisa: a Opinião Consultiva 4.13. Recordese o questionamento que ensejou a Opinião Consultiva 4.13, invocada no referido precedente, deixa claro que, ao contrário do que entendeu aquele colegiado administrativo, não se está a tratar de "... operação bastante semelhante a descrita para as operações da recorrente": "O importador I adquire sacolas esportivas do fabricante estrangeiro M, assim como de outros fornecedores. O importador I, o fabricante M e os outros fornecedores não são vinculados. Por outro lado, o importador I é vinculado à firma C que detém o direito de uma marca registrada. Segundo os termos de um contrato entre I e C, este transfere àquele o direito de uso da marca registrada contra um pagamento a título de royalty. O importador I fornece ao fabricante M e aos outros fornecedores etiquetas que contêm a marca registrada e são afixadas nas sacolas esportivas antes da importação. O royalty guarda relação com as mercadorias objeto de valoração ? O pagamento efetuado por I a C deve ser considerado como uma condição da venda entre M e I e entre I e os outros fornecedores?" Não é preciso muito esforço para perceber que o caso de fornecimento de etiquetas para aposição em sacolas, usado como análogo no precedente administrativo, está longe de guardar semelhança com as operações descritas nestes autos como compras de produtos das Marcas "Timberland" e "Mizuno". Ademais, registrese a abalizada opinião de ZOLEZZI, com exemplos de Direito Comparado, sobre a Opinião Consultiva 4.13: Nuestra opinión: En ambos instrumentos, el Comité Técnico concluye que el pago del canon no integra el valor de transacción, fundándose en el hecho de que los contratos de 7 El Valor en Aduana de las Mercaderías Importadas, 2. ed., Buenos Aires: Osmar Buyatti, 2007, p. 256. Fl. 2632DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 38 compra y de licencia son distintos, punto de vista que no compartimos. La Corte Federal de Canadá en "Reebok" y la Corte de Apelaciones de Nueva Zelandia en "Adidas" en casos en los que los hechos eran similares a los aquí enunciados dispusieron que el importe del canon se añadiera al precio realmente pagado o por pagar, aunque los contratos de compra y de licencia fueran distintos. Volvamos a Glashoff y Sherman y preguntémonos si lo tangible se hibiera comprado de no mediar la compra de lo intangible. La respuesta es sencilla: ni los calzados ni los artículos deposrtivos se hubieran adquirido de no mediar los respectivos contratos de licencia.8 Não há nenhuma opinião consultiva que trate de caso exatamente igual ao mencionado nos autos, mas caberia aqui referirmos, também como caso análogo, e não idêntico, a Opinião Consultiva 4.11, no qual o questionamento efetuado ao Comitê era, a nosso ver, menos distante da realidade fática dos autos: "O fabricante M de vestimentas esportivas e o importador I são ambos vinculados à matriz C, que possui os direitos de uma marca registrada afixada nessas vestimentas. O contrato de venda entre M e I não prevê o pagamento de royalty. Entretanto, I é obrigado a pagar um royalty a C, em virtude de um acordo distinto com este celebrado, para a obtenção do direito de uso da marca registrada afixada nas vestimentas que I adquiriu de M. O pagamento do royalty constitui uma condição de venda e está relacionado com os artigos de vestuário esportivos importados?" Para tal questionamento, a resposta do CTVA foi no sentido de que: "O contrato de venda entre M e I, cobrindo as mercadorias objeto da marca registrada, não contém cláusula que imponha expressamente o pagamento de um royalty. Entretanto, o pagamento em questão é uma condição de venda, uma vez que I é obrigado a pagar o royalty à matriz em razão da compra das mercadorias. I não está autorizado a utilizar a marca registrada sem o pagamento do royalty. A inexistência de contrato escrito com a matriz não anula a obrigação que I tem de efetuar o pagamento por ela exigido. Pelas razões expostas, o pagamento pelo direito de uso da marca referese às mercadorias objeto de valoração e a quantia correspondente deve ser acrescida ao preço efetivamente pago ou a pagar". ZOLEZZI, mesmo reconhecendo que a Opinião Consultiva 4.11 parte de questionamento mal formulado, registra seu entendimento sobre a matéria: Nuestra opinión: El caso es interesante, por varios motivos. La obligación de pagar el canon no figura en el contrato de venta, se trata de un pago indirecto y además el comprador y el vendedor están vinculados con el titular de la licencia. El problema de los cánones suele entrelazarse con el de la vinculación. (...) Con todo, el relato de los hechos es algo confuso. Cuando el párrafo 1 del instrumento dice que el importador y el titular de la licencia tienen un "acuerdo celebrado por separado", todo indica que es un acuerdo escrito. Sin embargo, el párrafo 2 dice 8 Valor en Aduana (Código Universal de la OMC), Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 182183. Fl. 2633DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.615 39 "que no existe un contrato escrito". De todos modos, la solución sería la misma.9 O que ocorre, no presente caso, é que as importações são tratadas de forma conjunta com as vendas de produtos nacionais da marca. Daí ter a fiscalização segregado cada uma dessas operações, nos moldes do que descrevemos neste voto como "um instrumento único, relativo a ambas as operações", permitindo a visualização objetiva de qual parcela dos royalties e direitos de licença (independentemente do nome que a eles se dê no contrato) se refere a mercadorias importadas. E o critério utilizado pela fiscalização (segundo tema motivador de nossa discordância em relação ao voto do relator), a nosso ver, não afronta a regra do Artigo 8o, 3 do AVA ("Os acréscimos ao preço efetivamente pago ou a pagar, previstos neste Artigo, serão baseados exclusivamente em dados objetivos e quantificáveis"), mas a ele atende, discernindo, nas operações amparadas por um mesmo instrumento jurídico / contrato, aquelas que se referem especificamente a importações e as que se referem à venda de produtos nacionais, expurgando do valor aduaneiro os montantes referentes a esta última categoria.10 Não se imagina um outro critério, que não o apresentado pela fiscalização, para tal segregação. Afinal de contas, na filosofia que rege a valoração aduaneira, deve restar claro que compõem o valor aduaneiro da mercadoria os montantes efetivamente remetidos ao exterior relacionados à importação das mercadorias objeto de valoração. Na hipótese de o instrumento jurídico/contrato referente a "royalties" e direitos de licença, qualquer que seja a denominação adotada, abranger tanto a importação de mercadorias quanto a venda de produtos nacionais, não afronta o AVA/GATT o discernimento, pela fiscalização, com base em dados objetivos e quantificáveis, como as efetivas vendas das mercadorias estrangeiras e de produtos nacionais, de cada uma dessas operações, expurgando do valor aduaneiro as rubricas referentes a vendas de produtos nacionais. Pelo exposto, entendemos procedente o lançamento, que se encontra em conformidade com os ditames do Acordo de Valoração Aduaneira do GATT. Rosaldo Trevisan 9 Valor en Aduana (Código Universal de la OMC), Buenos Aires: La Ley, 2003, p. 179. 10 Há precedentes internacionais de critérios a serem adotados na ausência de segregação contratual de royalties de elementos não gravados, como destaca LASCANO, El Valor en Aduana de las Mercaderías Importadas, 2. ed., Buenos Aires: Osmar Buyatti, 2007, p. 255256. Fl. 2634DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 40 Declaração de Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira, Peço vênia para apresentar declaração de voto. Como registrado no resultado do julgamento, expus na sessão visão divergente do Ilustre Conselheiro Relator Dr. Waltamir Barreiros, em seu mui bem fundamentado voto. Afiliome ao entendimento e à conclusão apresentados pelo Ilustre Conselheiro Rosaldo Trevisan sobre a inclusão dos direitos de royalties e das taxas, descritos com brilho no voto vencedor deste Acórdão. Desculpome pela objetividade das considerações que faço nesta declaração, sobre as matérias ali não tratadas: (a) a incidência de juros de mora sobre a multa lançada de ofício e (b) o afastamento de ofício do ICMS e do PIS e da COFINS Importação na determinação dessas contribuições sociais na importação; (c ) não incidência de multa e juros por força do inciso III do artigo 100 do CTN, e de seu parágrafo único. O primeiro e este último item não foram acolhidos pelo colegiado, nesta sessão. Como vimos, este processo administrativo se refere a autos de infração resultantes de revisão aduaneira de declarações de importação registradas nos anos de 2007 a 2010. O cerne da origem da exigência fiscal se refere à inclusão, no valor aduaneiro dos bens importados, dos direitos pagos a título de royalties e a título de taxas de autorização, relacionados a esses bens, inclusive através de suas marcas e design. Sobre a incidência de juros sobre a multa lançada de ofício. A contribuinte ataca a exigência de juros sobre as multas lançadas de ofício. O Ilustre relator acolheu a argumentação da recorrente, tendo sido acompanhado pela maioria deste Colegiado. Apenas faço, com objetividade, constar, nesta declaração de voto, minha irresignação. A multa de ofício foi constituída com base na lei e com motivação na constatação de pagamento de tributo a menor que o devido. A multa está umbilicalmente dependente do valor devido de tributos. A multa é calculada proporcionalmente sobre esses tributos devidos. Apesar de ser uma penalidade, ela acompanha a natureza (tributária) de sua base originária, e compõe o crédito tributário (ou débito tributário). Não procede a alegação do entendimento vencedor deste Acórdão de que a incidência de juros sobre a multa não estaria positiva e expressamente contemplada na legislação. Por certo que os valores devidos, mas não pagos no prazo de seu vencimento, devem ser atualizados considerando o interlúdio de sua eficaz quitação. Esse é o entendimento que há décadas conduz as práticas e os posicionamentos dos contribuintes, da administração pública, das autoridades, e dos pensadores do Direito, sendo incongruente com esse histórico e a absoluta maioria que a acolhem como ideal e justo, inaugurar questionamento de sua validade e eficácia. Com relação aos juros de mora sobre a multa de ofício, verifico que os valores fixados na autuação não impuseram juros ou taxa SELIC sobre a multa de ofício. Ressalvo, contudo, minha visão de que juros devem incidir sobre a multa de ofício a partir da data de seu vencimento. E a data de seu vencimento será a ser definida na cobrança eventual Fl. 2635DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.616 41 resultante do fato dela passar a ser uma exigência definitiva na conclusão do julgamento deste contraditório. Da exigência do PIS Importação e da COFINS Importação Com relação à inclusão do ICMS e das próprias contribuições sociais na determinação das bases de cálculos e da apuração dos valores devidos: O entendimento do Supremo Tribunal Federal, em sede do Recurso Extraordinário n° 559.937/RS, afetado com repercussão geral, julgado em 20 de março de 2013, declarou a inconstitucionalidade do inciso I do artigo 7° da Lei n° 10.865/2004. O dispositivo julgado inconstitucional determinava a inclusão do ICMS e das próprias contribuições para o PIS e COFINS, na base de cálculo dessas contribuições incidentes na importação de bens. O acórdão tem a seguinte ementa: "EMENTA. Tributário. Recurso extraordinário. Repercussão geral. PIS/COFINS importação. Lei n° 10.865/04. Vedação de bis in idem. Não ocorrência. Suporte direto da contribuição do importador (arts. 149, II, e 195, IV, da CF e art. 149, § 2°, III, da CF, acrescido pela EC 33/01). Alíquota específica ou ad valorem. Valor aduaneiro acrescido do valor do ICMS e das próprias contribuições. Inconstitucionalidade. Isonomia. Ausência de afronta. 1. Afastada a alegação de violação da vedação ao bis in idem, com invocação do art. 195, § 4°, da CF. Não há que se falar sobre invalidade da instituição originária e simultânea de contribuições idênticas com fundamento no inciso IV do art. 195, com alíquotas apartadas para fins exclusivos de destinação. 2. Contribuições cuja instituição foi previamente prevista e autorizada, de modo expresso, em um dos incisos do art. 195 da Constituição validamente instituídas por lei ordinária. Precedentes. 3. Inaplicável ao caso o art. 195, § 4°, da Constituição. Não há que se dizer que devessem as contribuições em questão ser necessariamente não cumulativas. O fato de não se admitir o crédito senão para as empresas sujeitas à apuração do PIS e da COFINS pelo regime nãocumulativo não chega a implicar ofensa à isonomia, de modo a fulminar todo o tributo. A sujeição ao regime do lucro presumido, que implica submissão ao regime cumulativo, é opcional, de modo que não se vislumbra, igualmente, violação do art. 150, II, da CF. 4 Ao dizer que a contribuição ao PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação poderão ter alíquotas ad valorem e base de cálculo o valor aduaneiro, o constituinte derivado circunscreveu a tal base a respectiva competência. 5. A referência ao valor aduaneiro no art. 149, § 2°, III, a , da CF implicou utilização de expressão com sentido técnico inequívoco, porquanto já era Fl. 2636DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 42 utilizada pela legislação tributária para indicar a base de cálculo do Imposto sobre a Importação. 6. A Lei 10.865/04, ao instituir o PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação, não alargou propriamente o conceito de valor aduaneiro, de modo que passasse a abranger, para fins de apuração de tais contribuições, outras grandezas nele não contidas. O que fez foi desconsiderar a imposição constitucional de que as contribuições sociais sobre a importação que tenham alíquota ad valorem sejam calculadas com base no valor aduaneiro, extrapolando a norma do art. 149, § 2°, III, a, da Constituição Federal. 7. Não há como equiparar, de modo absoluto, a tributação da importação com a tributação das operações internas. O PIS/PASEP Importação e a COFINS Importação incidem sobre operação na qual o contribuinte efetuou despesas com a aquisição do produto importado, enquanto a PIS e a COFINS internas incidem sobre o faturamento ou a receita, conforme o regime. São tributos distintos. (...) 9. Inconstitucionalidade da seguinte parte do art. 7°, inciso I, da Lei 10.865/04: "acrescido do valor do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS incidente no desembaraço aduaneiro e do valor das próprias contribuições , por violação do art. 149, § 2°, III, a, da CF, acrescido pela EC 33/01. 10. Recurso extraordinário a que se nega provimento. " (RE 559937, Relator(a): Min. ELLEN GRACIE, Relator(a) p/ Acórdão: Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 20/03/2013, DJe206 DIVULG 16102013 PUBLIC 17102013 EMENT VOL0270601 PP00011) S.m.j., o caput do art. 62A do RICARF determina que "as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C" do Código de Processo Civil (CPC), "deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". Sendo assim, por força desse dispositivo deve prevalecer o afastamento do entendimento fiscal quanto a inclusão do ICMS e das próprias contribuições na base de cálculo dos PIS e da COFINS aqui em discussão. Sobre a aplicação das multa e juros por erro na determinação do valor aduaneiro: Ora, estamos a analisar uma autuação resultante da revisão aduaneira de declarações de importação para um período de quase quatro anos. Durante esse longo tempo, a maior parte das importações traziam a informação da relação entre fabricantes e fornecedores e a marca definitiva dos produtos destinados a consumo. Uma parte dessas importações foi desembaraçada provavelmente pelo canal verde. Uma parte bem menor, mas não menos significativa, teria sido desembaraçada após ter sido submetida ao canal amarelo ou ao vermelho. Creio justo se crer que cada uma das autoridades desses despachos aduaneiros considerou correta a fixação do valor aduaneiro. Como já expliquei neste Colegiado antes, esse desembaraço não forma critério jurídico para os termos do artigo 146 do CTN, exceto se tiver ocorrido exigência fiscal para alterar o valor aduaneiro por esse mesmo motivo (inclusão de royalties e de taxas pagas). Mas, essa repetição constitui, em meu entendimento, uma prática Fl. 2637DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA Processo nº 16561.720022/201135 Acórdão n.º 3401003.195 S3C4T1 Fl. 2.617 43 reiterada por parte das autoridades aduaneiras no exercício de sua exclusiva competência (que não se confunde com uma prática ou entendimento da própria administração tributária e aduaneira), consoante o que lhe atribui a lei da carreira c/c a Lei n. 5.172/1966 e o DL n. 37/1966. Além disso, a inclusão dos royalties e das taxas pagas, na forma configurada como neste caso, foi objeto de dúvidas e divergências no Brasil e no exterior, sendo inequívoco que o órgão técnico e consultivo competente internacional foi instado a se manifestar a esse respeito. Podemos concluir que, para muitos, a inclusão dos royalties e das taxas no valor aduaneiro não estava definitiva e pacificada naqueles anos de 2007 a 2010. Desse quadro histórico, penso que se pode inferir plausível que houvesse interpretações individuais diferentes por parte das autoridades dos despachos em todo o Brasil e também por parte dos importadores. Esse quadro me leva à conclusão de que estamos diante, sim, de uma situação que se enquadra na hipótese prevista do inciso III e do parágrafo único do artigo 100 do CTN: “Decretolei n. 37 de 1966 Art.97 Compete à autoridade julgadora: I determinar a pena ou as penas aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela infração, nos termos da lei; II fixar a quantidade da pena, respeitados os limites legais. (...) Art.101 Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento a quem proceder ou pagar o imposto: I de acordo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal inclusive de consulta, seja o interessado parte ou não; II de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de primeira instância proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, em que o interessado for parte; III de acordo com interpretação fiscal constante de circular, instrução, portaria, ordem de serviço e outros atos interpretativos baixados pela autoridade fazendária competente.” “Lei n. 5.172, de 1966: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; Fl. 2638DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA 44 III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.” (grifado) Acho legítimo que a Administração, em ato de revisão aduaneira, resolva definir que, nessas importações já desembaraçadas, os royalties e as taxas pagas devam ser incluídas no valor aduaneiro. Acho legítimo que ela imponha essa posição para as importações anteriores, chegando mesmo obrigar a retificação dessas Declarações de Importação e chegando, também a rever de ofício a aprovação da autoridade do despacho nas desembaraçadas pelo canal amarelo e vermelho. Entretanto, apesar de não se tratar de uma mudança de critério jurídico, a posição firmada a partir da revisão aduaneira nega a prática reiterada das autoridades do despacho, exercidas individualmente. Sendo assim, em meu entendimento, essa situação deve invocar a aplicação da lei posta no parágrafo único do artigo 100 do CTN, exercida nos termos da competência estatuída pela lei do processo administrativo fiscal (Decreto n. 70.235, de 1972) e estatuída na lei aduaneira (artigo 97 DL 37/1966). Por isso, entendo inarredável a aplicação, por reconhecimento de ofício deste Colegiado, que nessa situação de revisão aduaneira em que se determinou uma classificação fiscal para as importações passadas, com segura constatação de terem sido recorrentemente desembaraçadas sem a inclusão dos royalties e das taxas aqui em discussão, seja reconhecida a possibilidade de exigir apenas os tributos à luz do que dispõe o parágrafo único do artigo 100 do CTN. Por óbvio, e pelos mesmos fundamentos acima expostos, que defendo que essas penalidades não podem ser exigidas das importações em que o contribuinte atendeu a intimação fiscal para alterar seu valor aduaneiro exatamente para a que hoje a revisão aduaneira está considerando como incorreta. Eloy Eros da Silva Nogueira Fl. 2639DF CARF MF Impresso em 16/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/09/2016 por FENELON MOSCOSO DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 13/0 9/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, As sinado digitalmente em 15/09/2016 por ROBSON JOSE BAYERL, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por FE NELON MOSCOSO DE ALMEIDA
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Numero do processo: 10882.901038/2008-32
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-004.039
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SHERWINWILLIAMS DO BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2002 a 31/01/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 90 10 38 /2 00 8- 32 Fl. 168DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 340201.313, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 169DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 170DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 172DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.901038/200832 Acórdão n.º 9303004.039 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 175DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000121/2011-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO. DEMONSTRAÇÃO.
Na composição do saldo negativo do IRPJ passível de restituição/compensação devem ser computados os valores das estimativas quitadas mediante pagamento ou compensação e ainda aquelas objeto de ação judicial, nesse último caso desde que albergadas por depósito no montante integral.
Numero da decisão: 1402-002.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito ao crédito adicional no montante de R$ 18.007.711,59; em valores originais, homologando-se as compensações pleiteadas, ainda remanescentes, até esse limite.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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SALDO NEGATIVO. DEMONSTRAÇÃO. Na composição do saldo negativo do IRPJ passível de restituição/compensação devem ser computados os valores das estimativas quitadas mediante pagamento ou compensação e ainda aquelas objeto de ação judicial, nesse último caso desde que albergadas por depósito no montante integral. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso para reconhecer o direito ao crédito adicional no montante de R$ 18.007.711,59; em valores originais, homologandose as compensações pleiteadas, ainda remanescentes, até esse limite. (ASSINADO DIGITALMENTE) Leonardo de Andrade Couto– Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 01 21 /2 01 1- 70 Fl. 676DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 2 Relatório Trata o presente de pedido de compensação de diversos débitos com crédito correspondente ao saldo negativo do IRPJ apurado no anocalendário de 2006 no montante original de R$ 295.684.948,59. Após análise das autoridades que me precederam, restou como não acatado o montante de R$ 18.007.711,58 assim distribuídos: R$ 2.027.897,68 referentes à diferença das estimativas dos meses de março (R$ 444.445,86); abril (R$ 1.539.345,41) e agosto (R$ 44.106,41), objetos das ações mandamentais 2008.61.00.0108388 (março e abril) e 2008.61.00.0069218 (agosto) como decorrência de imputação, tendo em vista que os valores devidos foram quitados mediante pagamento extemporâneo, sem a multa de mora; e: R$ 15.979.813,90 relativos à dedução de remuneração a administradores na apuração da estimativa de dezembro, objeto da ação mandamental 1999.61.00.0569236, não acatados sob a alegação de que o crédito em discussão não estava com exigibilidade suspensa. A interessada apresentou manifestação de inconformidade suscitando preliminarmente, em relação ao valor de R$ 2.027.897,68; que as diferenças obtidas deveriam ter sido objeto de lançamento de ofício e, na ausência dessa autuação, o despacho decisório seria nulo. Acrescenta que não se justificaria a imputação pois, ainda que a destempo, os recolhimentos teriam sido espontâneos haja visto que efetuados antes de qualquer procedimento de ofício em relação a eles e antes da apresentação das DCTFs. Quanto ao valor de R$ 15.979.813,90; sustenta que, ao contrário do afirmado no despacho decisório, houve depósito judicial do valor questionado o que implicaria no direito de considerar esse montante na composição do saldo negativo. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo – SP prolatou o Acórdão 1649.973 negando provimento à manifestação de inconformidade. Manifestase pela desnecessidade de autuação em casos de diminuição do saldo negativo pleiteado. Menciona a existência de lançamento para cobrança das diferenças apuradas e de ações judiciais (2008.61.00.0108388 e 2008.61.00.0069218) questionando a incidência da multa de mora no caso sob exame. Tendo em vista a concomitância, os débitos lançados foram considerados definitivamente constituídos. Em relação ao valor de R$ 15.979.813,90; decidiu que não pode ser utilizado na composição do saldo negativo, tendo em vista que a ação judicial onde a matéria é tratada (1999.61.00.0569236) não transitou em julgado. Devidamente cientificado, o sujeito passivo recorre a este colegiado ratificando as razões expedidas na peça impugnatória. Acrescenta que a ação mandamental 2008.61.00.0108388 transitou em julgado e, em relação à ação 2008.61.00.0069218, foi feito depósito judicial. Fl. 677DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000121/201170 Acórdão n.º 1402002.307 S1C4T2 Fl. 677 3 Ressalta que também foi feito depósito judicial no bojo da ação 1999.61.00.0569236. É o relatório. Fl. 678DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO 4 Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto O recurso é tempestivo e foi interposto por signatário devidamente legitimado, motivo pelo qual dele conheço. Em resumo do já exposto no relatório, restou em discussão na composição do saldo negativo no anocalendário de 2006 o valor de R$ 18.007.711,58 assim discriminados: R$ 2.027.897,68 referentes à diferença das estimativas dos meses de março (R$ 444.445,86); abril (R$ 1.539.345,41) e agosto (R$ 44.106,41);e: R$ 15.979.813,90 relativos à dedução de remuneração a administradores na apuração da estimativa de dezembro No que se refere às diferenças de estimativas, a questão primordial a ser dirimida é se o pagamento foi feito albergado pela espontaneidade. De imediato, registrese ser descabida a alegação de nulidade do despacho decisóprio pela ausência de lançamento de ofício para cobrança das diferenças decorrentes da imputação. Em primeiro lugar porque a discussão nos presentes autos consiste na verificação da liquidez e certeza do crédito pleiteado e não procedimentos de cobrança. Em segundo lugar porque, mesmo que por hipótese houvesse tal necessidade, a autuação efetivamente foi formalizada ( processo 1632.001764/200673) Quanto ao mérito, tendo em vista a existência de ações judiciais onde se discutia a cobrança da multa de mora nos casos sob exame – cuja incidência gerou a imputação – a Delegacia de Julgamento declarou a concomitância e não apreciou o mérito da defesa interposta nos autos daquele processo (1632.001764/200673). Com ainda não havia trânsito em julgado da decisão judicial, não acatou os valores em discussão. Penso diferente Os recolhimentos ocorreram antes de qualquer procedimento de ofício e precederam a entrega das respectivas DCTFs, enquadrando os fatos na jurisprudência do STJ. Quanto ao trânsito em julgado, o mandado de segurança 2008.61.00.0108388 (referente aos meses de março e abril) já teve decisão definitiva pelo não cabimento da multa de mora no caso. Sendo assim, os pagamentos devem ser tidos como espontâneos e regulares. Quanto ao mês de agosto, ainda que não haja decisão judicial transitada em julgado, o valor em discussão foi depositado judicialmente conforme guia de depósito juntado aos autos. Caso a decisão judicial seja contrária à interessada o valor depositado seria convertido em renda da União. Cabível, portanto, a utilização na composição do saldo negativo. No que se refere ao valor de R$ 15.979.813,90 relativos à dedução de remuneração a administradores na apuração da estimativa de dezembro, a Delegacia de Fl. 679DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 16327.000121/201170 Acórdão n.º 1402002.307 S1C4T2 Fl. 678 5 Julgamento não aceitou que compusesse o saldo negativo também pelo fato de estar sob discussão em ação judicial não transitada em julgado. Sigo aqui o mesmo raciocínio exposto no item anterior em relação ao mês de agosto. O valor em discussão foi depositado judicialmente conforme guia de depósito juntado aos autos. Caso a decisão judicial seja contrária à interessada o valor depositado seria convertido em renda da União. Cabível, portanto, a utilização na composição do saldo negativo. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso para reconhecer o direito ao crédito adicional no montante de R$ 18.007.711,59; em valores originais, homologandose as compensações pleiteadas, ainda remanescentes, até esse limite. Leonardo de Andrade Couto Relator Fl. 680DF CARF MF Impresso em 13/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/10/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 12/10 /2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 13227.720157/2008-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
DA PRELIMINAR DE NULIDADE.
Tendo o contribuinte compreendido as matérias tributadas e exercido de forma plena o seu direito de defesa, não há que se falar em NULIDADE do lançamento, que contém todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal (PAF).
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO.
Para fins da exclusão da tributação do ITR de área de preservação permanente é necessário a entrega do ADA - Ato Declaratório Ambiental tempestivamente junto ao IBAMA.
VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR.
Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996.
Numero da decisão: 2301-004.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, (a) por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, (b) pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário em relação à Área de Preservação Permanente, por falta de prova de apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA); designada para redigir o voto vencedor nesta matéria a conselheira Andrea Brose Adolfo e (c) por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para restabelecer o Valor da Terra Nua declarado.
(Assinado digitalmente)
João Bellini Júnior - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Alice Grecchi - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: João Bellini Junior, Gisa Barbosa Gambogi Neves, Julio César Vieira Gomes, Andrea Brose Adolfo, Alice Grecchi, Fabio Piovesan Bozza.
Nome do relator: ALICE GRECCHI
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Tendo o contribuinte compreendido as matérias tributadas e exercido de forma plena o seu direito de defesa, não há que se falar em NULIDADE do lançamento, que contém todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fiscal (PAF). ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ISENÇÃO. Para fins da exclusão da tributação do ITR de área de preservação permanente é necessário a entrega do ADA Ato Declaratório Ambiental tempestivamente junto ao IBAMA. VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR. Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. 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Relatório Contra o contribuinte acima referido foi lavrada da Notificação de Lançamento, de fls. 40/43, emitida em 06/10/2008, com a intimação para recolher o crédito tributário referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício de 2005, tendo como objeto o imóvel denominado “Fazenda Rio Corumbiara”, cadastrado na RFB sob o nº 4.981.0413, com área declarada de 48.000,0 ha, localizado no Município de Cerejeiras – RO. O crédito tributário apurado pela fiscalização compõese de diferença no valor do ITR de R$ 1.929.156,96 que, acrescida dos juros de mora, calculados até 31/10/2008 (R$ 755.072,03) e da multa proporcional (R$ 1.446.867,72), perfaz o montante de R$ 4.131.096,71. Através do Termo de Intimação Fiscal de fls. 03 a 04, recebido em 24/09/2007 (fls. 05), o Contribuinte foi intimado a apresentar, relativamente a DITR, do exercício de 2004, no prazo de 20 (vinte) dias, os seguintes documentos de prova: cópia do Ato Declaratório Ambiental – ADA requerido junto ao IBAMA; Laudo Técnico emitido por profissional engenheiro agrônomo/florestal, com ART devidamente anotada no CREA, para comprovar a área de preservação permanente existente no imóvel, de que trata o art. 2º da Lei 4.771/65 (Código Florestal), identificando o imóvel rural através de memorial descritivo, de acordo com o art. 9º do Decreto 4.449/2002; Certidão do órgão público competente, caso o imóvel ou parte dele esteja inserido em área declarada como de preservação permanente, nos termos do art. 3º da Lei 4.771/65 (código florestal), acompanhado do ato do poder público que assim o declarou, e Laudo Técnico de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT, com Fundamentação e Grau de Precisão II, com ART, contendo todos os elementos de pesquisa identificados, sob pena de arbitramento de novo VTN, com base no SIPT da RFB. Em resposta, o contribuinte encaminhou JUSTIFICATIVA de fls. 06/09 , acompanhada dos documentos de fls. 12/13, 14, 15/38 e 39, informando que "os documentos solicitados referente às DITR exercícios 2003, 2004 e 2005, são os mesmos que encontramse em discussão no Recurso Voluntário referente ao Processo nº 13227.000.707/200445, onde para tanto, estamos encaminhando cópia para uma melhor apreciação" Fl. 158DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 158 3 Analisando os documentos e os dados da correspondente DITR/2005, a autoridade fiscal lavrou a presente Notificação, sendo integralmente glosadas as áreas declaradas de preservação permanente, de 41.950,0 ha, além de rejeitado o VTN declarado, de R$ 1.120.000,00 ou R$ 23,33/ha, e arbitrado o valor de R$ 9.648.960,00 ou R$ 201,02/ha, com base no Sistema de Preço de Terras – SIPT, da Receita Federal, com conseqüentes aumentos do VTN tributável/alíquota de cálculo, disto resultando o imposto suplementar de R$ 1.929.156,96 conforme demonstrado às fls. 42. Resumo da Autuação: Distribuição da Área do Imóvel Rural (ha) Declarado Apurado 01. Área Total do Imóvel 48.000,0 48.000,0 02. Área de Preservação Permanente 41.950,0 0,0 03. Área de Reserva legal 0,0 0, 0 04. Área de Reserva Particular do Patrimônio Natural 0,0 0,0 05. Áreas de Interesse Ecológico 0,0 0,0 06. Área de Servidão Florestal 0,0 0,0 07. Área Tributável (01 02 03 04 05 06) 6.050,0 48.000,0 08. Área Ocupada com Benfeitorias Úteis e Necessárias Destinadas à Atividade Rural 0,0 0,0 09. Área Aproveitável ( 07 08) 6.046,0 47.996,0 Cálculo do Valor da Terra Nua (R$) Declarado Apurado 17. Valor Total do Imóvel 1.920.000,00 10.448.960,00 18. Valor das benfeitorias 120.000,00 120.000,00 19. Valor das Culturas, Pastagens Cultivadas e Melhoradas e Florestas Plantadas 680.000,00 680.000,00 20. Valor da Terra Nua (17 18 19) 1.120.000,00 9.648.960,00 A descrição dos fatos e os enquadramentos legais das infrações, da multa de ofício e dos juros de mora constam às fls. 41 e 43. O contribuinte foi cientificado do lançamento em 21/10/2008 (fl. 49). Fl. 159DF CARF MF 4 A impugnação consta do processo apenso nº 13227.000027/200936, (fls. 03/08). Foi apresentada em 19/11/2008 (envelope de fls. 41 processo apenso), acompanhada de documentos de fls. 09/10, 11/345 e 35/37 (todas do processo apenso). Em síntese, alega e requer o seguinte: que a intenção do agente fiscalizador é tão somente punitiva, visto que não levou em consideração as justificativas apresentadas tempestivamente, quando da resposta ao Termo de Intimação Fiscal nº 02502/00005/2007; que os documentos mencionados no Complemento da Descrição dos Fatos são os mesmos que se encontram em discussão no Recurso Voluntário referente ao Processo nº 13227.000707/200445; juntou cópia do Recurso Voluntário do processo 13227.000707/200445, juntamente com a justificativa da não apresentação dos documentos elencados no respectivo Termo de Intimação Fiscal; que é pacífico o entendimento de que o Estado de Rondônia, mediante a edição do Decreto nº 4.576/1990, declarou toda a área como de preservação ambiental; solicita que se aguarde o julgamento do recurso voluntário já impetrado, nos termos do Decreto nº 70.235/72, face tratarse da mesma matéria; Por fim, entende que ficou demonstrada a insubsistência total do lançamento, requerendo o acolhimento da impugnação. O débito formalizado por meio do presente processo foi inscrito em Dívida Ativa da União (fls. 57/60 e 72/74) e, após a constatação da interposição de impugnação tempestiva, por meio do processo apenso, conforme exarado no despacho de fls. 61, a PFN/MT providenciou a extinção dessa inscrição (às fls. 46/47 do processo apenso). A Turma de Primeira Instância julgou improcedente a impugnação apresentada, restando a decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 DA IMPUGNAÇÃO DOCUMENTOS DE PROVA Depois de formalizada a exigência fiscal, mediante a emissão da competente Notificação de Lançamento, só resta ao Contribuinte, caso discorde do lançamento, contestálo através da apresentação tempestiva da sua impugnação, devidamente motivada e acompanhada dos documentos que possuir, para fazer prova a seu favor. A área de preservação permanente, para fins de exclusão de tributação pelo ITR, cabe ter sido objeto de ADA protocolado tempestivamente no IBAMA e a revisão do VTN arbitrado, com base no SIPT, está condicionada a apresentação de “Laudo Técnico de Avaliação” emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, em consonância com as normas da ABNT (NBR 14.6533), com pontuação suficiente para enquadrálo com Grau II de fundamentação e precisão. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 159 5 Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi cientificado do Acórdão 0352.266 1ª Turma da DRJ/BSB em 19/12/2013, conforme Aviso de Recebimento de fl. 98. Sobreveio recurso voluntário (fl.s 99/120), em 17/01/2014 conforme envelope postagem fl. 148, acompanhada de documentos de fl. 122/147. Em suas razões, discorre exaustivamente acerca da criação do Parque Estadual Corumbiara, através do Decreto Estadual nº 4576, de 23 de março de 1990. Afirma que a propriedade encontrase dentro dos limites do Parque Estadual e que tornouse "ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE POR ATO DO PODER PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA." Alega que desde a edição do Decreto nº 4.576/90, o Estado de Rondônia, tornouse então o proprietário de fato e de direito da área. Alega nulidade do ato administrativo. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Relatora Alice Grecchi O presente recurso possui os requisitos de admissibilidade do Decreto 70.235/72, merecendo ser conhecido. O presente processo tratase de glosa das áreas declaradas de preservação permanente, de 41.950,0 ha, além de rejeitado o VTN declarado, de R$ 1.120.000,00 ou R$ 23,33/ha, e arbitrado o valor de R$ 9.648.960,00 ou R$ 201,02/ha, com base no Sistema de Preço de Terras – SIPT, da Receita Federal. DA PRELIMINAR Em que pese o recorrente intitule um tópico como " DA PRELIMINAR" em verdade, somente aborda questões referentes aos fatos. Não obstante, acolho como preliminar de mérito as questões suscitadas atinentes à nulidade do ato administrativo. Quanto às argumentações do Recorrente, não confiro razão ao mesmo pois, de plano, notase que o procedimento fiscal atendeu a todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por vício insanável e tampouco cerceamento de defesa. Cumpre esclarecer que o lançamento fiscal foi elaborado nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, especialmente a verificação da efetiva ocorrência do fato gerador tributário, a matéria sujeita ao tributo, bem como o montante individualizado do tributo devido. De plano, o art. 142, CTN, estabelece que: Fl. 161DF CARF MF 6 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Verificase, assim, que todos os elementos necessários para a constituição do crédito estão presentes, não havendo mácula no lançamento nesse aspecto e nem cerceamento de defesa, uma vez que foi possível o pleno exercício do direito de defesa e do contraditório, pois o contribuinte recorreu tanto dos aspectos formais como materiais do lançamento. DO MÉRITO A autoridade autuante, glosou a área de preservação permanente declarada por entender que não foi comprovada sua existência. O contribuinte, irresignado, alegou que desde a criação do Parque Estadual Corumbiara, através do Decreto Estadual nº 4.576, de 23 de março de 1990, o Estado de Rondônia é o proprietário de fato e de direito do imóvel. Afirma que a propriedade encontrase dentro dos limites do Parque Estadual e que tornouse "ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE POR ATO DO PODER PÚBLICO DO ESTADO DE RONDÔNIA. A Turma Julgadora "a quo" julgou improcedente a impugnação, fundamentando a decisão conforme excertos abaixo transcritos: [...] Portanto, para justificar uma possível dispensa de comprovação de exigências legais, previstas na legislação tributária, em relação às áreas de preservação permanente interesse ecológico, que se pretende para fins de exclusão de tributação pelo ITR, tornase imprescindível a comprovação de que essa área está realmente localizada dentro dos limites da referida unidade de conservação integral Parque Estadual de Corumbiara; e, ainda, que essa área está sendo devidamente preservada, observadas as restrições de uso, impostas pelo competente órgão ambiental estadual.(grifei) Diante disso, cabia ao Contribuinte comprovar nos autos que a área em questão realmente se enquadra como de preservação permanente, observadas as diversas hipóteses previstas nas alíneas “a” a “i”, do art. 2º do Código Florestal (Lei nº 4.771/1965, com as alterações introduzidas pela Lei nº 7.803/1989) ou que assim tenha sido declarada por ato do poder Fl. 162DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 160 7 público (art. 3º da citada Lei), além da protocolização tempestiva do Ato Declaratório Ambiental – ADA, no IBAMA. [...] Caracterizada a subavaliação do VTN declarado, não comprovado por documento hábil, só restava à autoridade fiscal arbitrar novo valor de terra nua para efeito de cálculo do ITR/2004 em obediência ao disposto no art. 14, da Lei nº 9.393/1996, e artigo 52 do Decreto nº 4.382/2002 (RITR). Para comprovação do valor fundiário do imóvel, a preços da época do fato gerador do imposto (1º/01/2005, art. 1º caput e art. 8º, § 2º, da Lei 9.393/96), o contribuinte foi intimado a apresentar “Laudo Técnico de Avaliação”, elaborado por profissional habilitado (engenheiro agrônomo/florestal), com ART devidamente anotada no CREA, em conformidade com as normas da ABNT (NBR 14.6533), com Fundamentação e Grau de Precisão II, contendo todos os elementos de pesquisa identificados (às fls. 03 a 04). [...] Analisando os documentos acostados ao feito, verifico que efetivamente dão guarida às alegações do recorrente. Fora acostado o Decreto nº 4.576, de 23 de março de 1990, que criou no Município de Cerejeiras, Estado de Rondônia, o Parque Estadual de Corumbiara, bem como as Leis Estaduais nº 690, de 27 de dezembro de 1996, que alterou os limites do Parque Estadual. Ainda, o Parecer nº 0094/SEDAM/2013, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental SEDAM, Governo do Estado de Rondônia, informa que o imóvel FAZENDA RIO CORUMBIARA, encontrase totalmente inserido dentro do PARQUE ESTADUAL CORUMBIARA (fl. 138), confirmando as alegações do recorrente. Fl. 163DF CARF MF 8 O recorrente alega que exerce a posse mansa e pacífica do imóvel há mais de 30 anos e que exerceu a atividade pecuária no imóvel até abril de 1990. Alega que tem sido "obstacularizado no exercício da sua atividade principal, com seguidos e irrecuperáveis prejuízos, inclusive sofrendo constantes constrangimentos no seu sagrado direito de ir e vir..." No que tange a afirmação do Fisco de que não há comprovação de que a área foi transformada em "Área de Interesse Ambiental", divirjo deste entendimento. Vejamos: A Instrução Normativa SRF 256/2002 de 11 de dezembro de 2002, dispõe: Área Nãotributável Áreas de Interesse Ecológico Art. 14. São áreas de interesse ecológico aquelas assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, que: I se destinem à proteção dos ecossistemas e ampliem as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal; ou [...] Por sua vez, a Lei 690/96: LEI Nº 690, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. DOE Nº 3663, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Altera os limites do Parque Estadual de Corumbiara, no município de Cerejeiras neste Estado de Rondônia, criado Fl. 164DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 161 9 através do Decreto n.º 4576, de 23 de março de 1990, e dá outras providências O GOVERNADOR DO ESTADO DE RONDÔNIA, faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: [...] Art. 2º Em consonância com a Legislação Federal e Estadual pertinente, as atividades permitidas no âmbito do Parque Estadual de Corumbiara, restringemse à pesquisa científica, à educação ambiental, lazer e turismo ecológico, vedada qualquer outra que afete o seu ecossistema de maneira que venha a ocorrer a sua descaracterização como Unidade de Conservação de Proteção Integral. [...] Art. 4º As terras declaradas de utilidade pública, através do Decreto n.º 4.576/90, que por sua vez criou a referida Unidade de Conservação, e que estiverem dentro dos novos limites, são passíveis de desapropriação, na forma da lei. Concluise, portanto, que o Parque Estadual Corumbiara é área de interesse ecológico, reconhecida por ato do poder público, motivo pelo qual há restrição no uso e gozo da propriedade por parte do autuado. Compulsando os autos, verifico que consta à fl. 134, Notificação nº 0705, datada de 17 de janeiro de 2004, expedida pelo agente de fiscalização ambiental José Luiz Moreira, contra o filho e procurador do contribuinte. A Infração supostamente cometida, foi por ter "ADENTRADO EM UNIDADE DE CONSERVAÇÃO PERMANENTE PARQUE ESTADUAL CORUMBIARA SEM A DEVIDA AUTORIZAÇÃO DO ÓRGÃO COMPETENTE." Como se vê, a emissão da Notificação supracitada demonstra que o contribuinte foi expropriado indiretamente do imóvel, sendo destituído dos poderes da propriedade, uma vez que lhe foi exigida autorização para adentrar em sua propriedade (inserida em Parque Estadual). O ITR tem como fato gerador na expressão constitucional, a propriedade em seu sentido amplo na clássica definição do art. 1.228, do Código Civil de usar, gozar, dispor e reivindicar, do direito real, mas o Código Tributário Nacional estendeu a tributação ao titular do domínio útil e à posse, ao seu possuidor. Sobre a PROPRIEDADE, o Ilustre doutrinador e Desembargador Federal Leandro Paulsen, através dos excertos dos comentários ao Código Tributário Nacional, extraídos do Livro, "Direito Tributário Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência", 13ª edição, 2011, pág. 744. "O conceito de propriedade não está expresso na legislação, defluindo de preceito (art. 1.228) do Código Civil, que consagra o direito de propriedade, ao dispor que 'o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê Fl. 165DF CARF MF 10 la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha'."(grifei) No momento em que o poder público restringe ou limita o direito à propriedade, não permitido seu uso integral, está se apropriando ou expropriando de parte do domínio pleno do seu titular, cuja utilização – com a restrição de uso se tornou limitada. É certo que o titular do domínio continua a deter a posse, mas esta posse, com a restrição de uso, não é aquela do possuidor com os poderes e atributos da propriedade da materialidade e sujeição passiva do ITR. Esta posse com a restrição é posse precária, posse própria do detentor de coisa alheia, embora possuidor do domínio direito, mas destituído dos poderes plenos da propriedade. Nas áreas de restrição, não se cuida de domínio útil, pois este se constitui pelo registro imobiliário e o poder da posse, mas com os atributos do domínio, embora limitado pela impossibilidade da livre disposição da propriedade. É esta a situação de fato do imóvel (não de direito, por não existir a expropriação e o registro do domínio útil especifico) ao imóvel, diante da restrição imposta da preservação permanente. Com a criação do Parque houve restrição do direito de propriedade, verdadeira expropriação indireta do imóvel, com a limitação do domínio útil e da posse. O proprietário passou a deter apenas o domínio direto ou a nua propriedade, foi destituído de parte do domínio pleno, perdeu os poderes de usar e gozar a propriedade. É certo que o imóvel não foi desapropriado, mas isto não impede a exclusão da área ambiental diante da comprovação da obrigatoriedade de preservação do imóvel com a criação do Parque Estadual. Por fim, em que pese esteja comprovado nos autos que o imóvel é de preservação permanente, estando inserido, em sua totalidade, no Parque Estadual Corumbiara, o contribuinte declarou como área tributável 6.050, ha, de modo que esta área deve ser mantida por não constar do lançamento fiscal. Quanto à exigência do ADA, esta relatora firmou entendimento acerca de sua dispensabilidade. A exigência do ADA constituise em ato meramente declaratório à exclusão da base de cálculo ou a isenção do ITR, não se constitui ato constitutivo da exclusão da tributária. A única condição, salvo fato presuntivo, é existência do aspecto material, o fato real comprovado por meios seguros de prova e não contrariados de a área ser de preservação permanente e sem possibilidade de utilização econômica. O ADA não é condição da exclusão do imóvel da base de cálculo do ITR, se existem outras provas capazes de comprovar a restrição ambiental. Constituise tão somente como obrigação acessória, sendo um dever administrativo do contribuinte. A falta da sua apresentação pode sujeitar o contribuinte a penalidades, se prevista em lei, jamais alcançar a obrigação principal para sujeitar o imóvel à tributação pela falta da apresentação tempestiva. Coadunamse com o entendimento desta relatora, os julgados abaixo transcritos: Fl. 166DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 162 11 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.395.393 MG (2013/02424844) RELATOR: MINISTRO BENEDITO GONÇALVES AGRAVANTE: FAZENDA NACIONAL ADVOGADO: PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL AGRAVADO: V E M FLORESTAL LTDA ADVOGADO: GUILHERME ANDRADE MARTINS E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ITR. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÃO DA ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. DESNECESSIDADE DE AVERBAÇÃO OU DE ATO DECLARATÓRIO DO IBAMA. INCLUSÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL ANTE A AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO. 1. A orientação das Turmas que integram a Primeira Seção desta Corte firmouse no sentido de que "o Imposto Territorial Rural ITR é tributo sujeito a lançamento por homologação que, nos termos da Lei 9.393/1996, permite a exclusão da sua base de cálculo de área de preservação permanente, sem necessidade de Ato Declaratório Ambiental do IBAMA" (REsp 665.123/PR,Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 5.2.2007). No mesmo sentido: REsp 1.112.283/PB, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 1/6/2009; REsp 812.104/AL, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, DJ 10/12/2007 e REsp 587.429/AL, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 2/8/2004. 2. Agravo regimental não provido ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da PRIMEIRA Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Marga Tessler (Juíza Federal convocada do TRF 4ª Região) e Napoleão Nunes Maia Filho (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 19 de março de 2015 (Data do Julgamento Merece destaque o Informativo de Jurisprudência do STJ nº 0375 de 2008, que reitera entendimento acerca da dispensabilidade do ADA. Frisese que o Informativo é posterior às alterações procedidas pelo art. 9º, da Instrução Normativa nº 96, de 30 de março de 2006. Fl. 167DF CARF MF 12 Informativo nº 0375 Período: 3 a 7 de novembro de 2008. Segunda Turma ITR. ÁREA. PRESERVAÇÃO PERMANENTE. IBAMA A Turma reiterou o entendimento de que o imposto territorial rural (ITR) é tributo sujeito a lançamento por homologação e que o art. 10, § 7º, da Lei n. 9.393/1996 permite a exclusão da área de preservação permanente da base de cálculo do referido imposto, sem necessidade de ato declaratório ambiental do Ibama. Precedentes citados: REsp 812.104AL, DJ 10/12/2007, e REsp 587.429AL, DJ 2/8/2004. REsp 898.537GO, Rel. . Eliana Calmon, julgado em 6/11/2008. Ainda, recentemente o Tribunal Regional Federal da 4ª Região TRF4ª, sedimentou entendimento ao editar Súmula que dispõe sobre a dispensabilidade do ADA, in bis: Súmula 86: É desnecessária a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA para o reconhecimento do direito à isenção do Imposto Territorial Rural ITR. Todavia, para o gozo da isenção do ITR no caso de área de "reserva legal", é imprescindível a averbação da referida área na matrícula do imóvel."(g.n) Ademais, sobre o tema dos autos, já decidiu esse E. Conselho, Acórdão 2801 003576 1º Turma Especial, Processo 10183.7222023/201010, Relator, José Valdemir da Silva: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2006 ITR. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. Não incide o imposto sobre imóvel inteiramente localizado em área de preservação permanente transformada em Parque Estadual instituído por Decreto Estadual. Recurso Voluntário Provido. (grifei) Destaco razões de decidir do citado julgado: [...] Portanto, em relação à referida área, está terminantemente proibido uso direto dos recursos naturais com desenvolvimento de atividade produtiva, ressalvandose as atividades científicas devidamente autorizadas pela autoridade competente. Registrese que os Parques (Nacional, Estadual ou Municipal), em conformidade com a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que regulamentou o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição da República Federativa do Brasil e instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – Fl. 168DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 163 13 SNUC, são Unidades de Proteção Integral, para as quais só é admitido o uso indireto (aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais) dos seus atributos naturais. Como se vê, as terras inseridas em parques nacionais não se prestam a qualquer tipo de exploração comercial, posto que seu único objetivo é a preservação de ecossistemas naturais, possibilitando, apenas, a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de recreação e de turismo ecológico. Em que pese à referida área não ter sido ainda desapropriada, a partir da edição do Decreto n° 7.641/1980 (art. 7°), ela passou a ser controlada pelo poder público, de forma a não haver possibilidade de qualquer tipo de exploração, a não ser ambiental e, mesmo assim, com autorização prévia dos órgãos governamentais de controle do meio ambiente. (grifei) [...] Assim, tendo em vista que a propriedade em questão está inserida no Parque Estadual do Corumbiara, deve ser restabelecida a glosa efetuada. Valor da Terra Nua VTN No que tange ao arbitramento do VTN, a autoridade fiscal desconsiderou o VTN declarado, de R$ 1.120.000,00 ou R$ 23,33/ha, e foi arbitrado o valor de R$ 9.648.960,00 ou R$ 201,02/ha, com base no Sistema de Preço de Terras – SIPT, da Receita Federal. O parágrafo 2° do artigo 8° da Lei n° 9.393, de 1996, dispõe que o VTN deve refletir o preço de mercado de terras, apurado em 1° de janeiro do ano a que se referir a declaração do ITR. A auto avaliação do valor da terra nua a preço de mercado efetuada pelo contribuinte em sua DITR está sujeita à fiscalização pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e, caso verificada a subavaliação, com base na tabela SIPT, será procedida a correção do valor declarado, conforme disposto no art. 14, abaixo transcrito: Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Como se vê, por força do estabelecido no § 1º do art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996, as informações sobre preços de terras observarão os critérios estabelecidos no artigo 12, Fl. 169DF CARF MF 14 § 1°, inciso II, da Lei n 8.629, de 25 de fevereiro de 1.993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos municípios. Confirase a transcrição do referido artigo, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.18356, de 2001: Art.12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e cessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel; II aptidão agrícola III dimensão do imóvel; IV área ocupada e ancianidade das posses; V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias. § 1º Verificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, procederseá à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendose o preço da terra a ser indenizado em TDA. § 2º Integram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel. § 3º O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. (Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) Analisandose o conteúdo das normas reguladoras para a fixação dos preços médios de terras por hectare só posso concluir que o levantamento do VTN, levando em conta a média dos VTNs constantes nas DITRs, não tem suporte legal, pois o arbitramento do valor da terra nua com base nos dados do SIPT deve levar em conta, necessariamente, as informações sobre aptidão agrícola. No Estado de Direito deve sempre imperar a lei, de tal sorte que o indivíduo só se sentirá forçado a fazer ou não fazer alguma coisa conforme estabelecido pela lei. Daí porque o lançamento ser previsto no art. 142 do Código Tributário Nacional como atividade plenamente vinculada, isto é, sem possibilidade de a cobrança se firmar em ato discricionário. Ora, se a fixação do VTN não teve por base esse levantamento (por aptidão agrícola), o que está comprovado nos autos, já que a autoridade fiscal lançadora se utilizou do VTN médio das DITRs entregues no município, então não se cumpriu o comando legal e o VTN adotado para proceder ao arbitramento pela autoridade lançadora não é legítimo. A utilização da tabela SIPT poderia ser válida, desde que os dados que alimentaram os sistemas atendessem aos requisitos exigidos pela legislação como, por Fl. 170DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 164 15 exemplo, o VTN médio por hectare por aptidão agrícola, apurado nas avaliações realizada pelas Secretarias Estaduais de Agricultura, em que os preços de terras são determinados levandose em conta de existência de lavouras, campos, pastagens, matas etc. O VTN médio declarado por município, obtido com base nos valores informados na DITR, constitui um parâmetro inicial, mas não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. Isso porque esta informação não é contemplada na declaração, que contém apenas o valor global atribuído a propriedade, sem levar em conta as características intrínsecas e extrínsecas da terra que determinam o seu potencial de uso. Nesse sentido, cabe transcrever o julgado abaixo, acórdão nº 2102003.137, da 1ª Câmara da 2ª Turma da 2ª Seção deste Egrégio Conselho, o qual ratifica o entendimento desta relatora. Vejamos: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR Exercício: 2003 VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DITR. Incabível a manutenção do Valor da Terra Nua (VTN) arbitrado pela fiscalização, com base no Sistema de Preços de Terras (SIPT), utilizando VTN médio das DITR entregues no município de localização do imóvel, por contrariar o disposto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996. Recurso Voluntário Provido Na mesma esteira trilha o Acórdão 220201.269, Processo 10.183.005183/200525, Relatora Maria Lúcia Moniz de Aragão Calomino Astorga, do qual subtraio apenas excerto da ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 [...] VALOR DA TERRA NUA (VTN). ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). INCABÍVEL AUTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO NA DITR. O VTN médio declarado por município extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra, contrariando a legislação que rege a matéria. [...] Fl. 171DF CARF MF 16 Não é outro entendimento da E. Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF ao proferir o Acórdão nº 9202003.749 abaixo ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. ____________________________________________________ Processo nº 10218.721049/200792 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201002.993 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 10 de março de 2016 Matéria ITR Recorrente COMPANHIA AGRO PASTORIL DO RIO TIRAXIMIM Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. LEGALIDADE. O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados nas DITR de outros contribuintes, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. Frisese, ainda, que no presente processo não consta nos autos a tela do SIPT, motivo suficiente, por si só, para o reconhecimento da nulidade da exigência, mormente pela impossibilidade de aferir a legalidade do arbitramento, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Acórdão CSRF nº 9202003.144 – 2ª Turma). Assim, o VTN médio utilizado pela autoridade fiscal lançadora não cumpre as exigências determinadas pela legislação de regência, devendo ser restabelecido o valor declarado, ou seja, de R$ 1.120.000,00 ou R$ 23,33/ha. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 13227.720157/200816 Acórdão n.º 2301004.848 S2C3T1 Fl. 165 17 Ante o exposto, voto no sentido de REJEITAR A PRELIMINAR DE NULIDADE e no mérito DAR PROVIMENTO ao recurso para restabelecer a glosa efetuada referente à Área de Preservação Permanente e restabelecer o Valor da Terra Nua declarado. (Assinado digitalmente) Alice Grecchi Relatora Voto Vencedor Conselheira Andrea Brose Adolfo Redatora Área de preservação permanente Com relação à Área de preservação permanente de 41.950,0 ha declarada pelo recorrente em sua DITR/2005, discordo da posição adotada pela relatora acerca da disponibilidade de apresentação do ADA Ato Declaratório Ambiental ao IBAMA para fins de isenção do ITR. Isto porque, em qualquer dos casos de isenção do ITR, por existências de áreas de interesse ambiental, o contribuinte tem o ônus de apresentar ao IBAMA o ADA. Tal obrigação é prevista no art. 17O, §1º, da Lei nº 6.938, de 1981, com redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei nº 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) ... § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Assim, como o recorrente não apresentou o ADA tempestivamente ao IBAMA, entendo que a glosa da área de preservação permanente deve ser mantida. Conclusão Pelo exposto, voto por manter a glosa da área de preservação permanente (APP) de 41.950,0 ha referente à DITR/2005. É como voto. Fl. 173DF CARF MF 18 (Assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Conselheira Redatora Fl. 174DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10480.908660/2012-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.281
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DCOMP. Recorrente MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos que não possuam os atributos da liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 86 60 /2 01 2- 81 Fl. 67DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908660/201281 Acórdão n.º 3201002.281 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório MAUES LOBATO COMERCIO E REPRESENTACOES LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF/Recife emitiu o Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou que os créditos em questão seriam "relativos a pagamentos a maior ou indevidos de PIS ou COFINS", originados "da retificação dos DACON da empresa, após a realização de auditoria interna", onde teria sido constatado que diversos créditos, oriundos das contribuições PIS e COFINS não cumulativas, não teriam sido contabilizados. Afirmou que realizou a retificação de suas DACON para, posteriormente, apresentar as respectivas PER/DComp. Assim, sustenta que os créditos oriundos dos alegados indébitos estariam plenamente demonstrados nos DACON retificadores entregues eletronicamente à SRF, o que dispensaria a juntada desta demonstração ao processo, conforme determinaria o Art. 37 da Lei 9.784/99. Ao final, alegou que o erro de não ter retificado tempestivamente suas DCTF´s não implica na inexistência de seus créditos. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 03059.554, cuja ementa segue transcrita, na parte essencial: APRESENTAÇÃO DE DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de créditos tributários (débitos do contribuinte) só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo, sendo que a compensação somente pode ser autorizada nas condições e sob as garantias estipuladas em lei; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 68DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908660/201281 Acórdão n.º 3201002.281 S3C2T1 Fl. 4 3 Em seu recurso voluntário a contribuinte traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório estaria demonstrada no DACON, e que os valores que originaram os pagamentos a maior e retenções já estariam na base de dados da SRF. Neste ponto, aduz que não lhe foi dada oportunidade de conversão do julgamento em diligência, nem teria sido intimada a juntar novas provas, o que teria prejudicado seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Por tudo isto, alega, preliminarmente, que teria havido cerceamento de seu direito de defesa, solicitando a anulação da decisão da DRJ; b) reclama que bastaria uma simples comparação dos DACON com os valores recolhidos pela empresa para verificar a procedência do direito pleiteado, alegando que o parágrafo único do Art. 26 do Decreto 7.574/2011 determina que a prova da inveracidade dos fatos registrados caberia à autoridade fiscal. Desta forma, estaria se impondo um ônus injustificado ao contribuinte; c) reclama, ainda, que não teria havido uma recusa fundamentada acerca do pedido de produção de prova posterior, conforme determinaria o Art. 39, par. único, da Lei 9.784/99, que regula o processo administrativo. Portanto, a decisão recorrida deveria ser anulada, conforme determinaria o Art. 53 do mesmo diploma legal. Neste sentido, sustenta que as diretrizes da verdade material devem ser observadas pelos agentes da administração e transcreve ementas de julgados que ilustram seus argumentos; d) solicita, ao final, a anulação da decisão recorrida por violações aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade, informalidade e verdade material. Pede, ainda, que após a anulação da decisão da DRJ seja reconhecido seu direito creditório com a conseqüente homologação das compensações declaradas, ou seja o julgamento convertido em diligência. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.265, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10480.908649/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.265): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 43 a 52 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Brasília/4ª Turma, nº 0359.543, de 27 de fevereiro de 2014. Fl. 69DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908660/201281 Acórdão n.º 3201002.281 S3C2T1 Fl. 5 4 O recorrente invoca, preliminarmente, o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Com essa introdução, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. No caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação do DACON para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar a motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Novamente, agora já em sede de recurso voluntário, o interessado não aportou aos autos qualquer documentação probatória, limitandose a bradar contra alegadas violações à princípios constitucionais e também a afirmar que todas as informações já constariam na base de dados da SRF, que portanto não haveria necessidade da juntada de quaisquer outros documentos e ainda, que caso tais informações se revelassem insuficientes, deveria ter sido solicitada a realização de diligência. Fl. 70DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908660/201281 Acórdão n.º 3201002.281 S3C2T1 Fl. 6 5 Conforme bem apontou a decisão da DRJ, a declaração do contribuinte em DCTF constituise em confissão de dívida, o que confere liquidez e certeza à obrigação tributária. No atual momento processual, para se comprovar a liquidez e certeza do crédito informado na Declaração de Compensação seria imprescindível uma cabal demonstração na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, da alegada diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. As alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, uma vez que a juntada das provas aos autos dever ser praticada no tempo certo, sob pena de preclusão, isto porque o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. Conforme o § 4º do art. 16 do PAF, só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Fl. 71DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908660/201281 Acórdão n.º 3201002.281 S3C2T1 Fl. 7 6 Contudo, no caso desses autos, o recorrente sequer se preocupou em trazer oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36. Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC). Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação oportuna de documentos contábeis e/ou fiscais capazes de efetivamente demonstrar que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não teria atingido o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito) e no DACON retificador, de caráter meramente informativo. Como o contribuinte sequer procurou juntar aos autos qualquer tipo de documentação na intenção de demonstrar que efetivamente seria titular do alegado direito creditório, eventuais créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública ficam sem a devida comprovação de sua certeza e liquidez, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Restam, portanto, descabidas as demais alegações quanto às supostas violações à ampla defesa, bem como aos demais princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e informalidade. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Fl. 72DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10480.908660/201281 Acórdão n.º 3201002.281 S3C2T1 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 73DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por MONICA MONTEIRO GARCIA DE LOS RIOS, Assinado digitalmente em 04/10/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Numero do processo: 16561.000047/2006-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002, 2003
DEPÓSITO JUDICIAL INTEGRAL E TEMPESTIVO. EXIGÊNCIA DE JUROS DE MORA. IMPOSSIBILIDADE
Os juros de mora devem incidir apenas e tão somente na hipótese de mora, o que não ocorre na situação em que a exigibilidade do crédito está suspensa por medida judicial e, menos ainda, no caso de depósito judicial integral e tempestivo.
Numero da decisão: 1201-001.518
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para a afastar a exigência de juros de mora em relação aos valores depositados judicialmente.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
EDITADO EM: 11/11/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Paulo Cezar Fernandes de Aguiar.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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EXIGÊNCIA DE JUROS DE MORA. IMPOSSIBILIDADE Os juros de mora devem incidir apenas e tão somente na hipótese de mora, o que não ocorre na situação em que a exigibilidade do crédito está suspensa por medida judicial e, menos ainda, no caso de depósito judicial integral e tempestivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, para a afastar a exigência de juros de mora em relação aos valores depositados judicialmente. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. EDITADO EM: 11/11/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 00 00 47 /2 00 6- 51 Fl. 524DF CARF MF 2 Guimarães, José Roberto Adelino da Silva (suplente convocado) e Paulo Cezar Fernandes de Aguiar. Relatório O interessado foi autuado conforme o Decreto n.° 70.235/72 e suas alterações no IRPJ e na CSLL, em 06/12/2006, tendo sido apurado o crédito tributário total no valor de R$ 29.353.295,34, incluindo imposto, contribuição e juros de mora calculados até 30/11/2006, em razão da não adição, na determinação do lucro real, da (I) variação positiva da equivalência patrimonial de controlada no exterior, no valor de R$ 30.668.979,24, em 2002, e nem do (II) lucro líquido auferido pela mesma controlada no exterior, no valor de R$ 24.707.896,06, em 2003, ano em que a mesma foi alienada. Não foi lançada a multa de ofício, nos termos do art. 63 da Lei n.° 9.430/96, pois a exigibilidade do crédito estava suspensa em vista da concessão de medida liminar em dois mandados de segurança, a saber: i) para suspender a exigibilidade de IRPJ e CSLL referente ao resultado da equivalência patrimonial de controlada no exterior, nos anos calendário até 2002 e posteriores, resultante da aplicação do art. 7° e seus §§, da IN SRF n.° 213/02 (MS 2003.61.00.0035697) e ii) dois, para garantir seu direito de não adicionar ao lucro líquido os lucros não disponibilizados por sua controlada no exterior, alienada em 2003, afastando, portanto, a tributação prevista no § 6° do art. 2° da mesma IN (MS 2004.61.00.0019064) (fls. 1 a 208). O Termo de Verificação Fiscal dá conta, entre outros fatos, que o valor das infrações foi assim apurado (fls. 203 a 206): i) equivalência patrimonial: a variação positiva foi apurada com base na evolução do capital da controlada no exterior, em 2002, conforme o quadro a seguir: ii) lucro auferido no exterior: até 29/08/2003, data em que a controlada no exterior foi alienada, o Resultado do Exercício havia alcançado R$ 7.314.937,67, que acrescido à Reserva Legal, de R$ 262.010,06, totaliza R$ 7.576.947,73, que convertido pela cotação do euro de R$ 3,26093 na mesma data equivale a R$ 24.707.896,06. O auto de infração de IRPJ foi lavrado conforme o Decreto n.° 70.235/72 e suas alterações, consignando o crédito tributário total de R$ 21.583.305,41, com a Fl. 525DF CARF MF Processo nº 16561.000047/200651 Acórdão n.º 1201001.518 S1C2T1 Fl. 3 3 exigibilidade suspensa, conforme relatado no item "1" supra, incluindo imposto e juros de mora, com os seguintes fundamentos legais (fls. 183 a 191): i) equivalência patrimonial, em 2002: arts. 249, incisos I e II, 251 e parágrafo único, 384, 385, 387, 389 e 434, todos do RIR/99; ii) lucro auferido no exterior, em 2003: arts. 249, inciso II e 394, ambos do RIR/99, art. 25 e §§ 2° e 3°, da Lei n.° 9.249/95, art. 16 da Lei n.° 9.430/96, art. 3° da Lei n.° 9.959/00. Como decorrência foi lavrado o Auto de Infração de CSLL, consignando o crédito tributário total de R$ 7.769.989,93, também com a exigibilidade suspensa, incluindo contribuição e juros, com fundamento legal no art. 2° e parágrafos, da Lei n.° 7.689/88, art. 19 da Lei n.° 9.249/95, art. 1 da Lei n.':9.316/96, art. 28 da Lei n.° 9.430/96, art. 6° da MP n.° 1.858/99 e reedições e art. 37 da Lei n.° 10.637/02 (fls. 192 a 199). A empresa apresentou impugnação, em 04/01/2007 (fls. 208 a 240), por meio de seus advogados (fls. 240 a 254), acostando cópias de documentos (fls. 255 a 329), alegando, em síntese, que: i) inexiste identidade entre o presente processo administrativo e as medidas judiciais propostas pela Requerente. Nos mandados de segurança n° 2003.61.00.0035697 e 2004.61.00.0019064, discutese a ilegalidade e a inconstitucionalidade da IN SRF n° 213/2002, enquanto, nesta impugnação discutese apenas a correta interpretação dessa instrução normativa, assumindoa como válida. Ademais, a corroborar a falta de identidade entre os objetos dos Mandados de Segurança retro citados e o presente processo administrativo, houve inadequação dos métodos empregados pela D. Fiscalização para a apuração dos créditos de IRPJ e de CSLL, bem como a impossibilidade de cobrança de juros de mora sobre parcela de débito que se encontra depositada judicialmente. Inexistindo identidade entre os objetos dos mandados de segurança e as questões discutidas nesta impugnação, não se renunciou à via administrativa. Erro na forma de apuração do montante supostamente devido a título de IRPJ e CSLL O valor devido deve estar adequadamente indicado no Auto de Infração, para que o montante do tributo seja conhecido pelo contribuinte, conforme disposto no inciso V, do artigo 10, do Decreto n° 70.255/1972. O valor tributável apurado pela D. Fiscalização é equivocado, por não considerar a variação negativa da equivalência patrimonial da Captura no período de 01.01.2003 a 29.08.2003, a qual deveria ter sido abatida do montante tributável de IRPJ e de CSLL, especialmente por se tratar de determinação legal que impõe diante da baixa de Fl. 526DF CARF MF 4 investimento, a sua reavaliação com base no valor do patrimônio líquido (art. 427 do RIR/1999). Com efeito, no período de 01.01.2003 a 29.08.2003, houve uma desvalorização do Euro em relação ao Real, de forma que o capital registrado naquela sociedade, em Reais, foi reduzido de R$ 77.080.103,01, para R$ 67.910.618,76, conforme tabela abaixo: Assim, o montante de R$ 9.169.484,25 deveria ser subtraído dos supostos lucros apurados no período, que perfazem o montante de R$ 55.376.875,30, resultando que a correta base de cálculo a ser adotada é R$ 46.207.391,05. Resta comprovado o erro incorrido pela D. Fiscalização no cálculo do IRPJ e da CSLL, supostamente devidos pela Requerente. A determinação equivocada do valor devido afronta o disposto no art. 10, inciso V, do Decreto n° 70.235/1972, implicando a nulidade do Auto de Infração objeto deste processo. Demais alegações de mérito Quanto à exigência contida no auto de infração relativa aos resultados de variação cambial positiva. O resultado de equivalência patrimonial não é composto exclusivamente do lucro gerado na sociedade controlada ou coligada sediada no exterior, mas também por resultados de variação cambial. Admitindose como válida a IN SRF n° 213/2002, temos que suas disposições devem ser interpretadas de modo sistemático, permitindo a sua aplicação em harmonia com os demais mandamentos legais existentes. A legislação vigente autoriza apenas a tributação do lucro pelo IRPJ e pela CSLL. O §1° do artigo 7° da IN SRF 213/2002, se interpretado de forma adequada, leva ao entendimento de que os resultados positivos de equivalência patrimonial tributáveis são, tão somente, aqueles relativos aos lucros, não se incluindo nesse montante os resultados de variação cambial. Os resultados de equivalência patrimonial decorrentes de investimento no exterior, por força do artigo 389 do RIR/1999 e do artigo 2° da Lei n° 7.689/1988, devem ser excluídos da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. O Senhor Presidente da República vetou a tributação dos resultados positivos de variação cambial ao apreciar o projeto de lei de conversão da MP n° 135/2003. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 16561.000047/200651 Acórdão n.º 1201001.518 S1C2T1 Fl. 4 5 Quanto à exigência contida no auto de infração relativa aos valores supostamente disponibilizados para a Requerente em 2003, em razão da alienação de participação societária na Captura. A alienação de sociedade não implica, necessariamente, a efetiva disponibilização dos lucros auferidos por sociedade controlada no exterior. Não houve, na operação em questão, a disponibilização dos lucros acumulados pela Captura em favor da Requerente, sendo que estes continuariam ali registrados e acumulados no patrimônio da empresa estrangeira. A Requerente não pode ser obrigada a pagar IRPJ e CSLL sobre valores que não lhe foram disponibilizados jurídica ou economicamente. Falta fundamento legal à Lei n° 9.249/1995, que instituiu a disponibilização automática dos lucros ao fim de cada anocalendário, independentemente da sua distribuição, em afronta ao disposto no artigo 43 do CTN. A Requerente e a sua controlada no exterior são pessoas jurídicas autônomas com patrimônios distintos que não se confundem. A disponibilização dos lucros gerados pela controlada para a sua controladora é ato que depende de deliberação prévia dos sócios. A IN SRF n° 213/2002 é norma secundária de Direito Tributário que não possui qualquer embasamento na legislação em vigor, sendo as disposições ali contidas, em especial o § 6° do artigo 2° da IN SRF n° 213/2002, incapaz de produzir efeitos jurídicos. As leis relacionadas com a matéria não contemplam a alienação de sociedade no exterior como forma de disponibilização de lucros. O próprio RIR/1999, nem tampouco as leis posteriores, ao consolidarem as normas vigentes à época de sua publicação, não incluíram a alienação de sociedade controlada no exterior como forma de disponibilização de lucros. Juros de mora. Descabem os juros de mora em razão de decisão judicial que suspende a exigibilidade do crédito. Ademais, conforme amplamente reconhecido pela jurisprudência administrativa, diante da existência de depósito judicial, o Fisco fica impedido de formalizar Auto de Infração exigindo multa e juros moratórios (fls. 235/236). Assim, ainda que se considere procedente a autuação, o valor dos juros de mora incidentes sobre a parte do crédito que se encontra depositado judicialmente em decorrência o montante devido será refeito. Ademais, cabe lembrar que a jurisprudência tem reconhecido a inaplicabilidade da Taxa SELIC aos créditos tributários, uma vez que aquela taxa não foi criada por lei para fins tributários (fls. 236/237), tendo caráter remuneratório de títulos a fim de Fl. 528DF CARF MF 6 neutralizar a inflação. Em sendo aplicada, haverá evidente aumento de tributo, sem lei que o autorize, o que resultará na violação ao princípio da estrita legalidade tributária. O processo foi baixado em diligência, em 05/03/2007, para regularizar a representação do interessado, pois (fls. 337 a 339): "O Contrato Social, à fl. 252, estabelece, em seu art. 11, que: "As procurações outorgadas em nome da sociedade o serão sempre pelo gerentedelegado ou por dois quotistas, em conjunto, e, com exceção daquelas para fins judiciais, terão um período de validade limitado. " (grifouse) A procuração de fls. 245 e 246, que confere poderes "ad judicia et extra", não é hábil a produzir os efeitos a que se propõe, para fins extra judiciais, pois contraria o Contrato Social, visto que: 1 é assinada por apenas um quotista, a respeito do qual não consta a comprovação, no processo, de que se trate do gerentedelegado, de forma que, em não o sendo, a procuração deve ser assinada por dois quotistas; 2 não tem período de validade limitado. A Lei n.° 9.784, de 29/01/1999, diz que: "Art. 28. Devem ser objeto de intimação os atos do processo que resultem para o interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de outra natureza, de seu interesse. " E a Lei n.° 5.869, de 11/01/1973, CPC, estabelece: "Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregularidade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a providência couber: I ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; III ao terceiro, será excluído do processo. " O novo Código Civil (Lei n. ° 10.406, 1010112002), por sua vez, diz II ao réu, reputarseá revel; que: "Art. 662. Os atos praticados por quem não tenha mandato, ou o tenha sem poderes suficientes, são ineficazes em relação àquele em cujo nome foram praticados, salvo se este os ratificar. Parágrafo único. A ratificação há de ser expressa, ou resultar de ato inequívoco, e retroagirá à data do ato. " Fl. 529DF CARF MF Processo nº 16561.000047/200651 Acórdão n.º 1201001.518 S1C2T1 Fl. 5 7 Portanto, o interessado deve ser intimado a ratificar expressamente a impugnação apresentada, nos termos do parágrafo único do art. 662 do novo Código Civil, regularizando, assim, o mandato, devendo a referida ratificação ser efetuada em perfeita consonância com o Contrato Social. Dessa forma, proponho que este processo seja encaminhado à DERAT/SPO/DICAT/EQCOB, para que esta intime o contribuinte a regularizar a sua representação, no prazo de 15 dias da ciência, nos termos do art. 5° da Lei n° 8.906/94, sob pena de ser declarado revel, conforme determina o art. 21, "caput", do Decreto n.° 70.235/72 e suas alterações." Em resposta, os advogados explicaram (fls. 340 e 341) que na alteração do Contrato Social de fls. 342 a 356, datada de 25/05/2003, foi consignado que o signatário da procuração é o "administrador da sociedade, com a designação de Diretor Presidente..." e que "a procuração outorgada com cláusula `ad judicia et extra' não necessita de prazo de validade limitado, por se tratar de procuração para fins judiciais e administrativos". Da decisão de 1°instância Em decisão de 20/04/07, a 4°Turma da DRJ/SPOI julgou o lançamento procedente , conforme ementa abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003 IRPJ. CSLL. CONCOMITÂNCIA ENTRE O PROCESSO ADMINISTRATIVO E O JUDICIAL. A busca da tutela jurisdicional do Poder Judiciário acarreta a renúncia ao litígio na esfera administrativa impedindo a apreciação da matéria objeto de ação judicial. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURíDICA IRPJ Anocalendário: 2002, 2003 ILEGALIDADE. O julgador deve observar as normas legais e regulamentares, bem assim o entendimento da SRF expresso em atos normativos. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR. A distribuição de lucros guarda relação com o percentual de participação na controlada e não com a variação cambial. Lançamento Procedente Recurso Voluntário Fl. 530DF CARF MF 8 A Recorrente apresentou Recurso Voluntário através do qual ratifica os argumentos trazidos em Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Luis Fabiano Alves Penteado Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais, portanto, merece ser conhecido. Preliminares Da identidade de objeto entre as ações judiciais ajuizadas pela Recorrente e o presente processo administrativo Da leitura dos autos é possível perceber a constante menção aos Mandados de Segurança n. 2003.61.00.0035697 e 2004.61.00.0019064 feita tanto pela autoridade fiscal na lavratura do Auto de Infração quanto pelos julgadores da DRJ. O pano de fundo aqui é o argumento de que tais ações judiciais ajuizadas pela ora Recorrente, possuem o mesmo objeto do presente processo administrativo e, sendo assim, verificase flagrante concomitância entre a via judicial e a administrativa, o que implicaria em renúncia ao direito de discutir tal matéria no âmbito administrativo, conforme já sumulado por este Conselho ( Súmula CARF n. 1). Para a correta análise deste ponto, é necessário delimitar com exatidão o escopo da discussão neste autos e o que está sendo discutido nos Mandados de Segurança acima mencionados, de forma a possibilitar uma conclusão sobre eventual similaridade de pedido e causa de pedir. Segundo a Recorrente, no presente processo, o que se discute é a correta interpretação do art. 7°, § 1°da Instrução Normativa n. 213/02, essencialmente, no que concerne à possibilidade de exclusão dos efeitos de variação cambial do cálculo para fins de determinação do lucro auferido por controlada no exterior que deve ser oferecido à tributação no Brasil. Assim, nos presentes autos, traz a Recorrente argumentos que partem do princípio de que a IN 213/02 é válida e legal em toda a sua amplitude e que deve ser interpretada de forma sistêmica, dentro de uma hierarquia que impossibilita que uma Instrução Normativa ultrapassasse os limites que lhe foram dados pela Lei, conforme será melhor detalhado na análise de mérito. Fl. 531DF CARF MF Processo nº 16561.000047/200651 Acórdão n.º 1201001.518 S1C2T1 Fl. 6 9 Por outro lado, conforme peças processuais juntadas aos autos, o Mandado de Segurança n. 2003.61.00.0035697, tem como objeto o questionamento da legalidade e constitucionalidade do art. 7°, § 1°da Instrução Normativa n. 213/02, de forma que não fossem exigidos o IRPJ e CSLL sobre valores relativos ao resultado de equivalência patrimonial. Para fins de informação, fora concedida liminar e posteriormente, sentença favorável à ora Recorrente, que lhe reconheceu o direito de não oferecer à tributação (IRPJ/CSLL) os resultados de equivalência patrimonial. A União Federal apresentou Recurso de Apelação que fora recebido apenas com efeito devolutivo. Já no Mandado de Segurança n. 2004.61.00.0019064, a Impetrante, ora Recorrente, discute a legalidade e constitucionalidade do artigo 2°, § 6°da IN 213/02, cuja finalidade é afastar a exigência de IRPJ e CSLL sobre os lucros gerados pela controlada no exterior (Captura) no ano de 2003. Neste processo, foi deferida liminar e prolatada sentença favorável à Recorrente, que por sua vez, efetuou o depósito judicial integral do valor discutido. Contra a sentença foi interposto Recurso de Apelação que fora recebido apenas em seu efeito devolutivo, que aguarda julgamento, estando suspenso por depósito judicial, a exigibilidade do crédito tributário correspondente. Não concordo com a Recorrente. Isso porque, da leitura do próprio Auto de Infração percebese que o Sr. Auditor Fiscal aplica, exatamente, os dispositivo discutidos pela ora Recorrente nos dois Mandados de Segurança acima mencionados, que são art. 7°, § 1° da IN 213/02 (discutido no processo n. 2003.61.00.0035697) e artigo 6°, § 2°da IN 213/02 (discutido no processo n. 2004.61.00.0019064). Ainda que a Recorrente alegue que seus fundamentos de defesa partem da premissa que a IN 213/02 é válida e legal, a leitura da Impugnação e do Recurso Voluntário apresentados buscam limitar a aplicação dos dispositivos da IN 213/02 ao que, segundo a Recorrente, são seus limites legais, o que é exatamente o que se faz nas ações judiciais. Isso fica claro em diversos pontos do Recurso Voluntário apresentado, em especial no capítulo (e) que trata da "Impossibilidade de norma infralegal (IN 213/02) alterar texto de lei". Desta forma, entendo haver concomitância de objeto entre o presente processo administrativo e as ações judiciais propostas pela Recorrente, sendo o caso de aplicação da Súmula CARF n. 1. Não obstante tal concomitância, resta um ponto a ser analisado por este Conselheiro, vez que tal matéria não está abrangida pelos Mandados de Segurança ajuizados, que é a exigência de juros pela Taxa Selic no momento do lançamento. Segundo a Recorrente, considerando que o valor do crédito tributário estava com sua exigibilidade suspensa por medida judicial, tendo sido parte integralmente depositado e que tal depósito ocorreu de forma tempestiva, e isso não fora contestado pela fiscalização, não há que se falar em exigência de juros, vez que as medidas judiciais e o depósito judicial suspendem a exigibilidade do crédito tributário. Fl. 532DF CARF MF 10 Tenho mesmo entendimento que a Recorrente. Isso porque, os juros de mora devem incidir apenas e tão somente na hipótese de mora, o que não ocorre na hipótese em que a exigibilidade do crédito está suspensa por medida judicial e, menos ainda, no caso de depósito judicial integral e tempestivo. Neste sentido, aproveito para destacar os julgados deste Conselho que foram trazidos pela Recorrente em seu Recurso Voluntário: MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. Estando o crédito tributário sub judice e integralmente depositado em juízo , são inaplicáveis a multa e os juros de mora no lançamento efetuado exclusivamente para prevenir a decadência, consoante art. 151, inc. II, do CIN. Recurso parcialmente provido." (Segundo Conselho de Contribuintes, 3a Câmara, Acórdão n° 20308253, Cons. Rel. Maria Cristina Roza da Costa, sessão de 18.6.2002 não destacado no original) AÇÃO JUDICIAL MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA DEPÓSITO EM JUÍZO É indevida a aplicação de multa de oficio e cobrança de juros de mora quando o contribuinte tenha efetuado previamente o depósito do montante integral do crédito tributário discutido em juízo. (Segundo Conselho de Contribuintes, 7a Câmara, Acórdão n° 10706092, Cons. Rel. Luiz Martins Valero, sessão de 18.10.2000 não destacado no original) Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário apresentado para no mérito DARLHE PARCIAL PROVIMENTO de forma a afastar a exigência de juros de mora em relação aos valores depositados judicialmente. É como voto! (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 533DF CARF MF Processo nº 16561.000047/200651 Acórdão n.º 1201001.518 S1C2T1 Fl. 7 11 Fl. 534DF CARF MF
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