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Numero do processo: 13016.720242/2013-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
DEDUÇÃO. DESPESAS DE FISIOTERAPIA QUIROPRÁXICA. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. RECIBOS. FALTA DE INDICAÇÃO DO REGISTRO DO PROFISSIONAL. REQUISITOS LEGAIS AUSENTES. INDEDUTIBILIDADE.
A legislação tributária autoriza a dedução de despesas médicas da base de cálculo do imposto de renda, desde que serviços prestados sejam comprovados por documentos hábeis e idôneos, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF do beneficiário e do prestador, além da identificação deste último no conselho profissional de classe. Recibos isolados e carentes dos requisitos legais para a dedução na DIRPF não confortam à autorização da dedução das despesas que informam. Glosa Mantida.
DEDUÇÃO. DESPESAS ODONTOLÓGICAS E MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. RECIBOS. REQUISITOS LEGAIS PRESENTES. DEDUTIBILIDADE.
A legislação tributária autoriza a dedução de despesas odontológicas e médicas da base de cálculo do imposto de renda, desde que serviços prestados sejam comprovados por documentos hábeis e idôneos, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF do beneficiário e do prestador, além da identificação deste último no conselho profissional de classe. Recibos portadores dos requisitos legais exigidos para a dedução das despesas declaradas na DIRPF devem ser considerados pela autoridade fiscal como justificadores da dedução pleiteada. Deduções restabelecidas.
Numero da decisão: 2201-003.586
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, [por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer as deduções com despesa odontológicas no valor de R$ 2.500,00 e das despesas médicas no valor de R$ 325,00.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 20/04/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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DESPESAS DE FISIOTERAPIA QUIROPRÁXICA. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. RECIBOS. FALTA DE INDICAÇÃO DO REGISTRO DO PROFISSIONAL. REQUISITOS LEGAIS AUSENTES. INDEDUTIBILIDADE. A legislação tributária autoriza a dedução de despesas médicas da base de cálculo do imposto de renda, desde que serviços prestados sejam comprovados por documentos hábeis e idôneos, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF do beneficiário e do prestador, além da identificação deste último no conselho profissional de classe. Recibos isolados e carentes dos requisitos legais para a dedução na DIRPF não confortam à autorização da dedução das despesas que informam. Glosa Mantida. DEDUÇÃO. DESPESAS ODONTOLÓGICAS E MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTOS HÁBEIS E IDÔNEOS. RECIBOS. REQUISITOS LEGAIS PRESENTES. DEDUTIBILIDADE. A legislação tributária autoriza a dedução de despesas odontológicas e médicas da base de cálculo do imposto de renda, desde que serviços prestados sejam comprovados por documentos hábeis e idôneos, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF do beneficiário e do prestador, além da identificação deste último no conselho profissional de classe. Recibos portadores dos requisitos legais exigidos para a dedução das despesas declaradas na DIRPF devem ser considerados pela autoridade fiscal como justificadores da dedução pleiteada. Deduções restabelecidas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 72 02 42 /2 01 3- 19 Fl. 181DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, [por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para restabelecer as deduções com despesa odontológicas no valor de R$ 2.500,00 e das despesas médicas no valor de R$ 325,00. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 20/04/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente o Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão da DRJPorto Alegre/RS que julgou procedente em parte a Impugnação e cancelou o crédito tributário lançado através da Notificação de Lançamento nº 2012/40000002635 (fls. 54/58), relativa à Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) do exercício 2012, anocalendário 2011, do Recorrente, que desconstituiu a restituição de R$ 4.222,52 e passou a exigir “imposto suplementar” no valor de R$ 850,32, com multa de ofício no percentual de 75% (R$ 637,74); e juros de mora de R$ 70,15, no valor total de R$ 1.558,21. O lançamento é decorrente da dedução indevida de despesas médicas e odontológicas, no valor tributável de R$ 18.446,72, por falta de apresentação dos comprovantes originais das despesas declaradas, bem como da falta de comprovação dos valores reembolsados pela operadora do plano de saúde (fls. 55/56). A Recorrente apresentou Impugnação tempestiva (fls. 02), esclarecendo que as despesas médicas se referem a ele próprio, além de ter juntado comprovantes originais das despesas médicas (fls. 10/40 e 84 a 106), dentre recibos e notas fiscais, bem como o Demonstrativo de Crédito por Beneficiário, emitido pela CASSI Caixa de Assistência aos Funcionários do Banco do Brasil – (fls. 83). Considerando que o demonstrativo acima mencionado não foi conclusivo para a apuração do valor efetivamente reembolsado ao Recorrente pela operadora de plano de saúde, o processo foi encaminhado à Delegacia de origem, para que o contribuinte fosse intimado a apresentar demonstrativo emitido pela CASSI informando o valor reembolsado individualizado por beneficiário das despesas médicas deduzidas no anocalendário 2011 (fls. 110). Em decorrência disso, foi juntado o Demonstrativo de Solicitação de Reembolso dos anoscalendários de 2011, 2012 e 2013 (fls. 114 /118), emitido pela citada operadora de plano de saúde. Fl. 182DF CARF MF Processo nº 13016.720242/201319 Acórdão n.º 2201003.586 S2C2T1 Fl. 182 3 Ato contínuo, a Impugnação foi julgada procedente em parte (fls. 120/122), para restabelecer parcela da dedução de despesa médica, no valor de R$ 6.671,00 conforme tabela explicativa de fls. 122 mantendose o restante da glosa sob a fundamentação de que parte do valor residual mantido foi reembolsado ao Recorrente pelo plano de saúde, sendo, assim, vedada sua dedução; e outra parte, por falta de comprovação documental, conforme assim ementado pela DRJPorto Alegre/RS: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. São dedutíveis as despesas médicas, odontológicas e de hospitalização e os pagamentos feitos a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura destas despesas, quando relativas ao próprio tratamento do contribuinte e ao de seus dependentes e devidamente comprovadas com documentação hábil e idônea. Impugnação Procedente em Parte. Direito Creditório Reconhecido em Parte.” Em razão da decisão de piso, foi cancelado o crédito suplementar do imposto, no valor de R$ 850,32, e reconhecido o direito creditório do Recorrente no valor histórico de 984,21, o qual lhe foi restituído em outubro de 2013, atualizado para R$ 1.098,38, conforme o Demonstrativo de Correção da Receita Federal do Brasil juntado às fls. 140/141. Cientificado da decisão de primeira instância em 01/11/2013 (fls. 146), o Recorrente interpôs tempestivamente, em 06/11/2013, Recurso Voluntário (fls. 148/149), esclarecendo que: i. em 09/07/2013, juntou nos autos cópias autenticadas de todos os documentos que comprovam as despesas médicas, odontológicas e fisioterápicas incorridas por ele em seu próprio benefício, as quais foram deduzidas da sua DIRPF/2012AnoCalendário 2011; ii. as despesas com tratamento fisioterápico que totalizaram R$ 2.000,00 e que foram pagas à Gisele Marin não foram reembolsados pelo plano de saúde pois, devido a problemas préoperatórios pelos quais passou, perdeu o prazo contratual para encaminhamento do pedido de reembolso junto ao plano, mas que o valor a ele correspondente foi deduzido na sua DIRPF/2012, o qual não foi elencado na tabela demonstrativa do cálculo da glosa restabelecida/mantida do Acórdão de fls. 122; iii. pelo mesmo motivo acima, deixou de ser reembolsado pelo plano de saúde dos valores pagos à Clibecor – Clínica do Coração, na importância de R$ 350,00; iv. as despesas com tratamento odontológico não são contratualmente reembolsáveis pelo seu plano de saúde e, assim, os valores pagos ao profissional dentista Luiz Antônio Bavaresco (R$ 2.500,00) não lhe foram reembolsáveis pelo plano; v. para propiciar maior clareza à autoridade fiscal, juntou novamente cópias autenticadas de todos os recibos e notas fiscais que comprovam as despesas médicas, odontológicas e fisioterápicas incorridas em 2011, relacionadas no demonstrativo que juntou anexo ao recurso; Fl. 183DF CARF MF 4 vi. entende ter direito à restituição complementar de aproximadamente R$ 2.360,00. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. Dedução de Despesas de Fisioterapia Quiropráxica Conforme dispõe o inciso III do parágrafo 2º do artigo 8º da Lei nº 9.250/95, as despesas incorridas pelos contribuintes com fisioterapeutas são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda, desde que suportadas por documentação legal e idônea que contenha os requisitos legais exigidos para a autorização da fruição do benefício fiscal, a saber: “Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...) II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; [...] § 2º O disposto na alínea "a" do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidade que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; (grifos nossos) III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (grifos nossos) (...)” A IN SRF nº 15, de 06/02/2001, ao tratar da comprovação dessas despesas, assim dispõe: Fl. 184DF CARF MF Processo nº 13016.720242/201319 Acórdão n.º 2201003.586 S2C2T1 Fl. 183 5 “Art. 46. A dedução a título de despesas médicas é condicionada a que os pagamentos sejam especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, a comprovação ser feita com a indicação o cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” (grifos nossos) Assim, o sujeito passivo está obrigado a comprovar, de forma inequívoca e mediante documentação hábil e idônea, a realização de todas as deduções informadas em sua Declaração de Ajuste Anual, conforme preceitua a legislação aplicável. Neste passo, a legislação do Imposto de Renda, mais especificamente o Regulamento do Imposto de Renda (Dec. nº 3.000/99, Art. 73) e o Decreto nº 5.844/43 (Art. 11, § 3º) – que trata da cobrança e fiscalização do imposto – da mesma forma que as normas citadas acima, dispõem que todas as deduções são sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, conforme abaixo: Decreto nº 3.000/99 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). Decreto nº 5.844/43 Art. 11 Poderão ser deduzidas, em cada cédula, as despesas referidas neste capítulo, necessárias à percepção dos rendimentos. (...) § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. Temse, assim, que a legislação transcrita confere à autoridade fiscal – que age no intuito de defender o interesse público (“arrecadação tributária”) , o poder de exigir, para análise da legitimidade da dedução de despesas com fisioterapeutas, que os documentos justificadores da aludida dedução contenham os requisitos legais exigidos para a autorização da fruição do benefício fiscal pelos contribuintes. Por oportuno, cabe esclarecer que a Resolução COFFITO nº 220, de 23/05/2001, publicada pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), reconheceu a especialidade de “Quiropraxia” como atividade profissional exercida por aqueles possuidores de graduação em curso superior de Fisioterapia, na forma abaixo: “Resolução 220, de 23 de maio de 2001 Dispõe sobre o reconhecimento da Quiropraxia e da Osteopatia como especialidades do profissional Fisioterapeuta e dá outras providências. (DOU nº 108, de 05.06.01, Seção I, Pág.46) Fl. 185DF CARF MF 6 O Plenário do CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL – COFFITO, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, na 93ª Reunião Ordinária, realizada nos dias 23 e 24 de maio de 2001, na sede da Instituição, situada na SRTS Quadra 701 Conj. L Edifício Assis Chateaubriand, Bloco II, Salas 602/614, Brasília – DF, em conformidade com a competência prevista nos incisos II, III e XIII da Lei n.º 6.316, de 17.12.1975, Considerando: 1) Que os atos profissionais, cinesiológicos e manipulativos, diagnósticos e terapêuticos, são próprios e exclusivos de profissional fisioterapeuta; 2) Que o fisioterapeuta intervem nos distúrbios funcionais de órgãos e sistemas, cuidando de seus aspectos biomecânicos, cinéticos e sinérgicos, com fins de superar as manifestações clínicas decorrentes, resgatando a saúde funcional do indivíduo; 3) Que as práticas da quiropraxia e da osteopatia estão fundamentadas em ações manipulativas e de ajustamento ósteomioarticular, diagnósticos e terapêuticos; 4) Que no país, já existem fisioterapeutas com formação específica em Quiropraxia e em Osteopatia, interferindo, através destes conhecimentos, no meio social, sem controle ético institucional específico; Resolve: Art. 1º: Reconhecer a Quiropraxia e a Osteopatia como especialidades do profissional Fisioterapeuta; Art. 2º: Os certificados de conclusão de cursos de quiropraxia e/ou de osteopatia somente serão aceitos, se oriundos de instituição de reconhecida idoneidade no ensino das linhas de conhecimento referenciadas, devendo comprovarem uma carga horária mínima de 1500 h (um mil e quinhentas horas), sendo 1/3 (um terço) de atividades práticas, com duração mínima de 2 (dois) anos. Parágrafo Único Para que os títulos tenham validade perante o Sistema COFFITO/CREFITOs, as instituições concedentes deverão remeter os seus projetos pedagógicos a análise e a deliberação do Plenário do COFFITO. Art. 3º: O Fisioterapeuta com formação em quiropraxia ou osteopatia, oriundo de curso com carga horária inferior ao determinado nesta Resolução, deverá complementar sua formação acadêmica em curso reconhecido pelo COFFITO, para que possa alcançar a condição de especialista, previsto nesta Resolução. Art. 4º: O membro do corpo docente de curso reconhecido pelo COFFITO deverá ter registro profissional nesta instituição, quando Fisioterapeuta. Art. 5º: Somente após efetuado o registro de seu título de qualificação em quiropraxia e/ou em osteopatia no COFFITO, poderá o Fisioterapeuta se anunciar como especialista na área de conhecimento objeto desta resolução, pelos meios eticamente permitidos. Art. 6º: O profissional fisioterapeuta com registro de título no COFFITO, nos termos desta Resolução, fica para os efeitos de direito, sujeito às normas previstas no Código de Ética e no Código de Processo Disciplinar do Fisioterapeuta, considerando que por ordenamento legal, as atividades ora Fl. 186DF CARF MF Processo nº 13016.720242/201319 Acórdão n.º 2201003.586 S2C2T1 Fl. 184 7 reconhecidas, não são autônomas em relação a Fisioterapia, esta regulamentada, pela Lei Federal n.º 6316/75. Art. 7º: O profissional amparado por esta Resolução deverá ter anotado na sua carteira de identidade profissional (tipo livro) a condição de especialista, conforme o instituído por esta Resolução; Art. 8º: Os casos omissos serão deliberados pelo Plenário do COFFITO; Art. 9º: Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário. Dr. RUY GALLART DE MENEZES Presidente Dra. CÉLIA RODRIGUES CUNHA DiretoraSecretária” A partir da referida norma passouse a regulamentar a prática e o exercício profissional da especialidade fisioterápica de quiropraxia, inclusive para fins éticos e de responsabilidade profissional, exigindo do profissional prestador desse tipo de serviço que possua registro do seu título de graduação em fisioterapia e de especialização em quiropraxia junto ao órgão de classe competente em âmbito nacional para regulamentar a profissão, qual seja, o COFFITO. Assim, entendo que a despesa com fisioterapia quiropráxica somente poderá ser considerada despesa com fisioterapia, para efeitos fiscais, quando o profissional fisioterapeuta possuir formação superior em fisioterapia e especialização em quiropraxia, ambos reconhecidos pelo órgão de classe que fiscaliza e regulamenta ao exercício da profissão em âmbito nacional ou regional, além de registro no COFFITO, uma vez que a quiropraxia é reconhecida como uma subespecialidade da fisioterapia. Por sua vez, este Colendo CARF compartilha do entendimento acima esposado, conforme julgados abaixo: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF Exercício: 2004 DESPESA MÉDICA. RECIBO. AUSÊNCIA DE REQUISITO PREVISTO NA LEGISLAÇÃO. ART. 80 DO RIR. Descabe a dedução de despesas médicas quando o documento comprobatório apresentado não contém todos os requisitos formais previstos na legislação. DESPESA MÉDICA. AUSÊNCIA DE CRM/CREFITO. A exigência de que o emitente do recibo esteja regularmente inscrito no Conselho profissional respectivo encontrase no caput do art. 80 do RIR/1999, quando estabelece que somente poderão ser deduzidos pagamentos efetuados a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. Assim, é necessário que haja indicação do regular exercício da profissão pelo emitente. Fl. 187DF CARF MF 8 Recurso Voluntário Negado” (CARF. Ac. 2108003.072. Segunda Sessão de Julgamento. 1ª Turma Especial. Rel. Marcelo Vasconcelos de Almeida. Sessão: 20/06/2013) “Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2003 Ementa: IRPF. DESPESAS MÉDICAS. REGISTRO DO PROFISSIONAL EM CONSELHO DE CLASSE. Se a glosa de determinado gasto efetuado com odontólogo teve por razão dúvidas que pairaram sobre ser o profissional efetivamente inscrito em seu conselho de classe, a declaração prestada por este conselho atestando a inscrição do profissional tem o condão de restabelecer a dedução. Recurso Voluntário Provido em Parte.” (CARF. Ac. 2802001.473. Segunda Sessão de Julgamento. Turma Especial. Rel. Sidney Ferro Barros. Sessão: 14/03/12) Caso não seja assim, quaisquer pessoas que não sejam fisioterapeutas com especialidade em quiropraxia poderiam emitir recibos única e exclusivamente com a finalidade de dedução fiscal. E o pior, poderiam estar exercendo, ilegalmente, atividade laboral exclusiva a determinado tipo de profissional, qual seja, o fisioterapeuta quiropráxico. No caso, verificase que os recibos apresentados correspondentes à prestação de serviços fisioterápicos de quiropraxia não informam o registro profissional da sua emitente junto ao COFFITO ou a outro órgão regional competente. Ademais, aludidos recibos foram apresentados de forma isolada, desacompanhados de outros documentos (declarações, relatórios, atestados etc.) capazes de confirmarem o registro da sua emitente nos órgãos regulamentadores da profissão. Além disso, nem mesmo indicaram outros requisitos legais exigidos para a dedução fiscal desse tipo de despesa, como o CPF e o endereço das partes contratantes, quiçá declarações, extratos bancários, cheques ou outra forma de comprovação do pagamento. Pelo exposto, neste ponto, voto por confirmar a decisão de primeira instância e manter a glosa das despesas de fisioterapia quiropráxica. Dedução de Despesas Odontológicas Inicialmente, cumpre esclarecer que, apesar do recurso não ter contestado de forma contundente a manutenção da glosa das despesas odontológicas pela decisão de piso, pois limitouse a informar que as respectivas despesas não lhe foram reembolsadas pelo plano de saúde, entendo que, no caso, visando considerar a alegação específica deste tema feita no recurso, deve ser aplicado o Princípio da Devolutividade recursal, o qual devolve toda a matéria suscitada para julgamento em sede de recurso, como é o caso em apreço, que trata da aplicação de direito do Recorrente. Assim, com esmero na fundamentação legal preambular exposta no tópico anterior, temse que a legislação tributária, em especial a Lei nº 9.250/95 (Art. 8º, § 2º, III), dispõe que as despesas odontológicas incorridas pelos contribuintes são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda, desde que suportadas por documentação legal e idônea que contenha os requisitos legais exigidos para a autorização da fruição do benefício fiscal. No caso, verificase que os Recibos das despesas odontológicas apresentados indicam os requisitos legais necessários à autorização da fruição do benefício fiscal de dedução destas da DIRPF, quais sejam, nome, endereço, CPF, número de registro no conselho profissional regulamentador da atividade e assinatura do dentista emitente, além do nome Fl. 188DF CARF MF Processo nº 13016.720242/201319 Acórdão n.º 2201003.586 S2C2T1 Fl. 185 9 beneficiário do tratamento dentário (o próprio Recorrente) e da indicação do serviço profissional prestado. Ademais, explicitam valores para tratamento dentário razoáveis e costumeiros para esse tipo de serviço, quais sejam, de pagamento periódicos nas importâncias de R$ 700,00 (fls. 31), R$ 350,00 (fls. 32), R$ 950,00 (fls. 33) e R$ 500,00 (fls. 34), totalizadores da quantia de R$ 2.500,00, plenamente condizente com a condição econômica do Recorrente, conforme se abstrai da análise da sua DIRPF (fls. 61/77), e em nada reveladores de transferências de numerários que justificariam a consideração de movimentação financeira extraordinária. Outrossim, entendo que a exigência da comprovação do efetivo pagamento ou da transferência do numerário ao prestador do serviço perfaz instrumento que deve ser utilizado tendo por base o Princípio da Razoabilidade, que é uma diretriz de bom senso aplicada ao Direito. Esse bom senso jurídico se faz necessário à medida que as exigências formais decorrentes do Princípio da Legalidade tendem a primar o “texto” das normas ante o seu espírito. Portanto, compreendo legal a adoção desse instrumento quando diante de valores que, por sua monta, possam tornar a comprovação do efetivo desembolso difícil ou mesmo impossível, exclusivamente por corresponder a numerários de pequena monta. Imbuído deste primado, de igual forma é razoável considerar como comprobatórios da ocorrência da prestação de serviços odontológicos os recibos emitidos em nome do Recorrente. Corrobora com este entendimento a Solução de Consulta Interna COSIT nº 23, de 30 de agosto de 2013, que dirimiu situação para orientar as autoridades fiscais a considerarem o próprio contribuinte como beneficiário de serviços médicos prestados nas situações em que os recibos apresentados forem emitidos em seu nome, porém sem indicação do beneficiário, senão vejamos: “Solução de Consulta Interna nº 23 – COSIT Data: 30 de agosto de 2013 Origem: COORDENAÇÃOGERAL DE CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL COCAJ ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF DESPESAS MÉDICAS. IDENTIFICAÇÃO DO BENEFICIÁRIO. São dedutíveis, da base de cálculo do IRPF, as despesas médicas realizadas pelo contribuinte, referentes ao próprio tratamento e de seus dependentes, desde que especificadas e comprovadas mediante documentação hábil e idônea. Na hipótese de o comprovante de pagamento do serviço médico prestado ter sido emitido em nome do contribuinte sem a especificação do beneficiário do serviço, podese presumir que esse foi o próprio contribuinte, exceto quando, Fl. 189DF CARF MF 10 a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades. No caso de o serviço médico ter sido prestado a dependente do contribuinte, sem a especificação do beneficiário do serviço no comprovante, essa informação poderá ser prestada por outros meios de prova, inclusive por declaração do profissional ou da empresa emissora do referido documento comprobatório. Dispositivos Legais: Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil (CPC), art. 332; Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, art. 8º, inciso II, alínea “a” e § 2º, e Decreto nº 3.000, de 26 de dezembro de 1999 (RIR/1999), art. 80, § 1º, incisos II e III.” (...) 9. Nos casos em que o comprovante de despesa médica contenha os requisitos formais estabelecidos no art. 8º da Lei nº 9.250, de 1995, mas não a identificação do beneficiário dos serviços, e o contribuinte informe que a despesa médica se refere a tratamento próprio, podese presumir que os serviços foram prestados ao próprio contribuinte, exceto quando, a juízo da autoridade fiscal, forem constatados razoáveis indícios de irregularidades.” (grifos nossos) Ademais, cumpre ressaltar que a glosa foi motivada pela falta dos comprovantes das despesas declaradas como dedutíveis, fato que, neste ponto, não se aplica, pois resta evidente a apresentação dos recibos legalmente válidos para a dedução pretendida. Pelo exposto, neste ponto, voto por reformar a decisão de primeira instância para restabelecer a dedução das despesas odontológicas. Dedução de Despesas Médicas Com embasamento na fundamentação legal preambular exposta nos tópicos anteriores, temse que a legislação tributária, em especial a Lei nº 9.250/95 (Art. 8º, § 2º, III), autoriza que as despesas médicas incorridas pelos contribuintes sejam dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda, desde que suportadas por documentação legal e idônea que contenha os requisitos legais exigidos para a autorização da fruição do benefício fiscal. Nas razões do seu recurso, o Recorrente informou que as despesas médicas pagas à Clibecor – Clínica do Coração, nos valores de R$ 85,00, R$ 150,00 e R$ 90,00, com total de R$ 325,00, conforme as notas fiscais juntadas às fls. 17/19, somente não foram apresentadas na oportunidade do trabalho de verificação fiscal (prévio ao lançamento) em razão da perda do prazo para encaminhamento do pedido de reembolso junto ao plano de saúde, devido a problemas préoperatórios pelos quais passou. Assim, neste ponto, a glosa foi motivada somente pela falta de apresentação dos comprovantes originais das despesas declaradas como dedutíveis da DIRPF do Recorrente (fls. 56). Ocorre que, em sede de Impugnação, o Recorrente logrou apresentar as notas fiscais nº 25.701, emitida em 19/05/2011, no valor de R$ 85,00 (fls. 17); nº 26.217, emitida em 21/07/2011, no valor de R$ 150,00 (fls. 18); e nº 111, emitida em 16/11/2011, no valor de R$ 90,00 (fls. 17). Ainda, cumpre ressaltar que as aludidas notas fiscais trouxeram informações Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13016.720242/201319 Acórdão n.º 2201003.586 S2C2T1 Fl. 186 11 que atendem os requisitos legais ensejadores da dedução fiscal pretendida, na forma do disposto na Lei nº 9.250/95 (Art. 8º, § 2º, III). Por estas razões, voto por reformar a sentença de primeira instância para restabelecer a dedução das despesas médicas incorridas com a Clibecor – Clínica do Coração. Conclusão Diante do exposto, com fundamento na legislação competente e nas disposições acima mencionadas, voto por conhecer e DAR PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO VOLUNTÁRIO, para restabelecer as deduções das despesas odontológicas e as despesas médicas incorridas com a Clibecor – Clínica do Coração, e manter a glosa relativa às despesas com o tratamento fisioterápico quiropráxico. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 191DF CARF MF
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Numero do processo: 10380.005998/2007-40
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário:2004
EMENTA:PAF NULIDADE NÃO ENFRENTAMENTO DAS PRELIMINARES ARGÜIDAS NA IMPUGNAÇÃO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ
Pelas regras que norteiam o PAF Processo Administrativo Fiscal, havendo no processo questões preliminares não enfrentadas acarretam a nulidade da decisão da DRJ, por ferir um princípios básicos do procedimento administrativo, quais sejam: contraditório e ampla defesa.
Numero da decisão: 1803-000.971
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, em anular a Decisão de Primeira Instância, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Sérgio Luiz Bezerra Presta
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, em anular a Decisão de Primeira Instância, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Sergio Luiz Bezerra Presta (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Relator Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Selene Ferreira de Moraes (Presidente), Marcelo de Assis Guerra, Sergio Luiz Bezerra Presta, Victor Humberto da Silva Maizman, Sergio Rodrigues Mendes, Walter Adolfo Maresch Fl. 41DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES Processo nº 10380.005998/200740 Acórdão n.º 180300.971 S1TE03 Fl. 42 2 Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Trata o presente processo de Auto de Infração referente à Multa por Atraso na Entrega da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF, relativa ao ano calendário de 2004, no valor de R$ 9.320,64; conforme demonstrativo próprio constante da referida peça impositiva (fls. 11). 2. Enquadramento legal: Enquadramento legal: art. 113, § 3° da Lei n°5.172/66 (CTN); art. 11 do Decretolei n° 1.968/82, com a redação dada pelo art. 10 do Decretolei n° 2.065/83; art. 30 da Lei n° 9.249/95; art. 1° da Instrução Normativa — SRF nº 18/2000; art. 7° da Lei n° 10.426/2002; c/c a Instrução Normativa — SRF n° 197, de 10 de setembro de 2002 (fls. 11). 3. Inconformado com a exigência, da qual tomou ciência em 03/01/2007 (AR, fls. 12) o contribuinte apresentou impugnação em 28/06/2007 (fls. 01,v; e fls. 01/07). Alega, em síntese, entre outros motivos, que: 3.1 a impugnante não foi intimada a prestar esclarecimentos acerca do envio da DIRF, aliado ao fato de que a Administração Fazendária Federal vinha aceitando as informações enviadas pela Secretaria da Fazenda do Estado do Ceara (Sefaz/CE) com a retenção do IR de todos os servidores públicos do Estado, mudando, de repente, para exigir de cada órgão isoladamente, sem que a contribuinte tomasse ciência da referida mudança, o que afronta o principio constitucional do contraditório e da ampla defesa; 3.2 — argúi, também, que o Estado do Ceará, como pessoa jurídica de direito público interno, a quem a legislação especifica (INSRF n° 493/2005), atribui a obrigatoriedade de entregar a DIRF, fez a entrega do referido documento, em tempo hábil e de forma centralizada, através da Sefaz/CE, de sorte que a SRF está indevidamente imputando a cada órgão integrante da administração estadual multa por atraso na entrega da DIRF, quando o Estado, em nome de todos eles já cumprira com a referida obrigação, o que torna a exação insubsistente; 3.3 ante o exposto, requer a nulidade do Auto de Infração.” A 4ª Turma da DRJ/FORTALEZA–CE, em sessão de 22/11/2007, ao analisar a peça impugnatória apresentada, proferiu o acórdão n° 0812.267 que não conheceu “da impugnação por intempestiva. Encaminhese o processo à Delegacia da Receita Federal em Fortaleza/CE, para adotar as providências de sua alçada no que concerne ao prosseguimento da cobrança ou, se assim entender, rever de oficio o lançamento, conforme art. 149, inciso VIII ,do CTN”, sob argumentos assim ementados: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2004 Fl. 42DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES Processo nº 10380.005998/200740 Acórdão n.º 180300.971 S1TE03 Fl. 43 3 Intempestividade da Impugnação Considerase intempestiva a peça impugnatória ofertada após o decurso do prazo estabelecido na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Impugnação não Conhecida” Cientificado da decisão em 29/01/2008, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, onde a Recorrente manteve os mesmos argumentos da peça impugnatória apresentada, que tem no seu início o seguinte tópico: “II DA TEMPESTIVIDADE DA IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA. Diferentemente da decisão ora recorrida, cumpre afirmar que a impugnação ofertada é tempestiva, seja por não ter havido a notificação regular do Estado do Ceará, por meio do órgão competente para representação estatal, a Procuradoria Geral do Estado, seja pelo fato do Estado do Ceará, representado pela Procuradoria Geral do Estado, apresentou, em 02/02/2007, impugnação contra autuação levada a efeito sobre esse mesmo fundamento, conforme se pode verificar do Processo Administrativo n° 10380.000924/200717, que se encontra atualmente em fase de recurso a este ilustre Conselho de Contribuintes. Dessa forma, todas as defesas apresentadas pelos demais órgãos instrumentais do Estado do Ceará, inclusive a presente, também estão tempestivas, vez que tendo a Procuradoria Geral do Estado competência institucional para representar o Estado do Ceará e, conseqüentemente, todos os demais órgãos que compõem a administração pública estadual, inquestionável que a defesa apresentada por aquela aproveita a todos os demais. Feita a primeira impugnação tempestivamente, todas as demais deverão seguir a mesma sorte do julgamento que for proferido no Processo Administrativo n.° 10380.000924/200717, até em respeito ao principio do julgamento uniforme, já que o assunto discutido em todos os autos de infração é o mesmo e o Estado do Ceará é quem efetivamente será prejudicado ou beneficiado com a decisão administrativa a ser proferida pela Receita Federal. Importante ressaltar, ainda, que nenhum dos órgãos autuados pela Receita Federal, muito embora possuam CNPJ próprio, é dotado de personalidade jurídica, constituindose em meros órgãos sem autonomia administrativa e financeira.Assim, requerse que os Doutos Conselheiros reformem a decisão ora recorrida, declarando a tempestividade da impugnação administrativa, e determinando seu processamento em conjunto com aquela existente no processo n.° 10380.000924/200717, pois a decisão neste processo, favorável ou desfavorável, produzirá imediatos reflexos no presente processo, Fl. 43DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES Processo nº 10380.005998/200740 Acórdão n.º 180300.971 S1TE03 Fl. 44 4 porquanto trata da mesma matéria, com a conseqüente suspensão da exigibilidade do crédito questionado”. É o relatório do essencial. Voto Conselheiro Sérgio Luiz Bezerra Presta, Relator O presente é tempestivo e atende aos pressupostos legais para seu seguimento. Por essa razão dele conheço. Porém, diante do relatório acima observase que a 4ª Turma da DRJ/FORTALEZA–CE ao analisar a peça impugnatória e proferir o acórdão n° 0812.267 não tratou da questão, que ao meu ver é essencial para o caso: A tempestividade da impugnação administrativa em virtude da Recorrente ser um órgão da administração pública do Estado do Ceará; e, que, segundo a Recorrente a notificação da imputação tributária deveria ser enviada ao “órgão competente para representação estatal, a Procuradoria Geral do Estado” Diante desses fatos, não há como negar que a falta de apreciação pela autoridade julgadora de primeira instância das razões de defesa apresentadas na impugnação caracteriza preterição do direito de defesa da recorrente. O conhecimento da matéria por este Conselho, sem discussão pela Delegacia de Julgamento, constituirseia em supressão de instância e, conseqüentemente, em violação da ampla defesa. Assim, valorizando as regras e os princípios inseridos na Lei nº. 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal e Decreto nº. 70.235/1972, que regulamenta o procedimento administrativo fiscal (“PAF”), principalmente os princípios do contraditório e da ampla defesa, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e no mérito anular a decisão da 4ª Turma da DRJ/FORTALEZA–CE proferida no acórdão n° 0812.267, determinando que outra seja proferida com a inclusão do enfrentamento a questão da tempestividade da impugnação administrativa em virtude da Recorrente ser um órgão da administração pública do Estado do Ceará. Sala das Sessões, em (assinado digitalmente) Sérgio Luiz Bezerra Presta Fl. 44DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES Processo nº 10380.005998/200740 Acórdão n.º 180300.971 S1TE03 Fl. 45 5 Fl. 45DF CARF MF Emitido em 05/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/08/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 31/0 8/2011 por SERGIO LUIZ BEZERRA PRESTA, Assinado digitalmente em 05/09/2011 por SELENE FERREIRA DE MO RAES
score : 1.0
Numero do processo: 10510.006802/2008-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Mar 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2004 a 31/12/2004
OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DOCUMENTOS. FALTA DE APRESENTAÇÃO.
Constitui infração deixar a empresa de exibir os documentos ou livros relacionados com as contribuições previstas na Lei de Custeio da Previdência Social.
MULTA. AGRAVANTE. REINCIDÊNCIA. CABIMENTO
A agravante de reincidência eleva a multa em três vezes a cada recidiva no mesmo tipo de infração, e em duas vezes em caso de repetição em infrações diferentes, observados os valores máximos estabelecidos no Regulamento da Previdência Social - RPS. Caracteriza reincidência a prática de nova infração a dispositivo da legislação, por uma mesma pessoa ou por seu sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrível administrativamente a decisão condenatória, da data do pagamento ou da data em que se configurou a revelia, referentes à autuação anterior.
Numero da decisão: 2201-003.479
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Presidente.
CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA - Relator.
EDITADO EM: 29/03/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2004 a 31/12/2004 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DOCUMENTOS. FALTA DE APRESENTAÇÃO. Constitui infração deixar a empresa de exibir os documentos ou livros relacionados com as contribuições previstas na Lei de Custeio da Previdência Social. MULTA. AGRAVANTE. REINCIDÊNCIA. CABIMENTO A agravante de reincidência eleva a multa em três vezes a cada recidiva no mesmo tipo de infração, e em duas vezes em caso de repetição em infrações diferentes, observados os valores máximos estabelecidos no Regulamento da Previdência Social - RPS. Caracteriza reincidência a prática de nova infração a dispositivo da legislação, por uma mesma pessoa ou por seu sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrível administrativamente a decisão condenatória, da data do pagamento ou da data em que se configurou a revelia, referentes à autuação anterior.
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DOCUMENTOS. FALTA DE APRESENTAÇÃO. Constitui infração deixar a empresa de exibir os documentos ou livros relacionados com as contribuições previstas na Lei de Custeio da Previdência Social. MULTA. AGRAVANTE. REINCIDÊNCIA. CABIMENTO A agravante de reincidência eleva a multa em três vezes a cada recidiva no mesmo tipo de infração, e em duas vezes em caso de repetição em infrações diferentes, observados os valores máximos estabelecidos no Regulamento da Previdência Social RPS. Caracteriza reincidência a prática de nova infração a dispositivo da legislação, por uma mesma pessoa ou por seu sucessor, dentro de cinco anos da data em que se tornar irrecorrível administrativamente a decisão condenatória, da data do pagamento ou da data em que se configurou a revelia, referentes à autuação anterior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Presidente. CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 68 02 /2 00 8- 92 Fl. 101DF CARF MF 2 EDITADO EM: 29/03/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira (Presidente), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, Jose Alfredo Duarte Filho (Suplente Convocado), Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão que julgou improcedente a impugnação ao lançamento pelo descumprimento de obrigações principais e acessórias relativas às contribuições previdenciárias incidentes sobre pagamentos efetuados a contribuintes individuais, previstas no inciso III do artigo 22 da Lei nº 8.212/91. Os motivos ensejadores do lançamento tributário se encontram no Relatório Fiscal (fls 16 do processo digitalizado). Na ação fiscal foram constituídos os seguintes documentos de crédito: · Auto de Infração Debcad n° 37.157.8469, no valor de R$ 25.097,54, atualizado até novembro de 2008, atualizado até novembro de 2008, referente ao valor da multa, CFL 35, por deixar o sujeito passivo de apresentar documentos que contêm informações contábeis, financeiras e cadastrais de interesse da RFB. · Auto de Infração Debcad n° 37.157.8493, no valor de R$ 93.691,45, atualizado até novembro de 2008, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à contribuição patronal incidente sobre os valores pagos aos segurados contribuintes individuais, formalizado no âmbito do processo administrativo nº 10510.006800/200892. · Auto de Infração Debcad n° 37.157.8507, no valor de R$ 46.763,54, atualizado até novembro de 2008, referente ao valor do tributo, juros e multa de ofício, relativo à contribuição dos segurados contribuintes individuais, formalizado no âmbito do processo administrativo nº 10510.006806/200801. · Auto de Infração Debcad n° 37.157.8477, no valor de R$ 37.646,31, atualizado até novembro de 2008, referente ao valor da multa, CFL 38, por deixar o sujeito passivo de apresentar documentos relacionados às contribuições à Seguridade Social, formalizado no âmbito do processo administrativo nº 10510.006803/200837. · Auto de Infração Debcad n° 37.157.8485, no valor de R$ 26.352,69, atualizado até novembro de 2008, referente ao valor da multa, CFL 68, por deixar o sujeito passivo de apresentar a GFIP com todos os fatos geradores das contribuições previdenciárias, formalizado no âmbito do processo administrativo nº 10510.006804/200881. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10510.006802/200892 Acórdão n.º 2201003.479 S2C2T1 Fl. 102 3 O crédito tributário constituído se refere a período de fevereiro a dezembro de 2004. O lançamento tributário se aperfeiçoou com a ciência pessoal do contribuinte em 20 de novembro de 2008 (fls. 13) Inconformado, o sujeito passivo apresenta impugnação (fls. 27), tempestivamente. A 6ª Turma da DRJ Salvador, por unanimidade, por meio do Acórdão 15 19.758 (fls.67), decidiu pela improcedência da impugnação. Tal decisão contém o seguinte relatório, que adoto, por sua clareza e precisão: "0 contribuinte ajuizou, em 28/02/2008, ação de prestação de contas,processo n° 200811100180, 11ª Vara Cível, Comarca de Aracaju/SE, em face dos seus dirigentes, no período 01/01/2004 a 31/12/2006, com o pedido, entre outros, " ...prestem contas atinentes ao triênio de 01.01.2004 a 31.12.2006, em forma mercantil, especificando as receitas e a aplicação das despesas, bem como os respectivos saldos anuais, as instruindo com os documentos justificativos, ou contestem, querendo, a presente ação (Art. 915 do CPC)". 4.2. A fiscalização constatou a reincidência, circunstância agravante da infração, pois em face desse contribuinte foi emitido anteriormente o Al n° 35.546.0009, sendo que a decisão condenatória se tornou irrecorrível administrativamente em 12/04/2004, há menos de cinco anos, tendo em vista a expiração do prazo sem apresentação de recurso contra a Decisão Notificação de procedência da autuação. A reincidência é do tipo genérica, já que o AI n° 35.546.0009 foi emitido no Código de Fundamentação Legal (CFL) 38, por infringir o § 2° do art. 33 da Lei n° 8.212, de 1991, enquanto este AI enquadrase no CFL 35. 5. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação em 18/12/2008, de fls. 25/59, alegando, em síntese, o que se segue: 5.1. Conforme se depreende do AI no 37.157.8469, a base legal para sua lavratura deuse pela falta de apresentação dos documentos solicitados através do Termo de Inicio da Ação Fiscal, fato que a impugnante passa a discordar, porque a documentação relativa ao período de 2004 só não foi entregue ao Auditor em vista de que as mesmas estão em lugar incerto e não sabido, porque toda documentação em apreço foi levada pelo conselho gestor anterior, o qual administrou a impugnante no triênio 2004/2006, consoante ato de posse anexada (Doc. 03), fls. 42/45. 5.2. Ora, a impugnante através de seu atual conselho gestor, diante da ausência da documentação e sabendo da importância que toda documentação fiscal e contábil da entidade tem para a empresa e para o fisco, teria que tomar duas decisões: a primeira era comunicar o extravio da documentação aos entes fiscais e/ou ajuizar uma ação para reaver toda documentação, a qual até o julgamento da lide não pode ser declarada extraviada. Fl. 103DF CARF MF 4 5.3. Ademais, foi entregue ao AuditorFiscal o livro de registro de empregados, livro diário e cópia da Ação de Prestação de Contas (doc. 04), fls 46/51, processo tombado sob n° 200811100180, que tramita na 11' Vara Cível de Aracaju, para que o Conselho Gestor anterior entregue toda documentação que se encontra em seu poder, inclusive a própria autoridade autuante desmerece a penalidade aplicada ao contribuinte no item 2 do seu relatório, fato que torna contraditória a aplicação da multa, sobretudo no valor estipulado. 5.4. O próprio AuditorFiscal, no AI esclarece que conhece tal fato. indiscutível que existe uma justificativa para que, mesmo diante da exigência da lei, a entidade não os tivesse. E, sobretudo, era imprescindível que o Sr. Fiscal as conhecesse, e diante dos fatos não lavrasse qualquer auto contra o contribuinte, o que não ocorreu. Ao contrário, apenou ao impugnante a multa mais alta no importe de R$ 25.097,54, sobre o pretexto de que o impugnante é reincidente em outro auto de infração que ele mesmo (Marcio Vieira Gomes) vista que não há duas normas de punição, a penalidade aplicada encontra se fundamentada nos arts. 283, inciso II, "b", e 373 do RPS, e ela foi agravada em duas vezes, em face da constatação de reincidência em infrações diferentes, nos termos dos arts 290, inciso V, 292, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, in verbis: (...) Devidamente intimado, por via postal (AR. fls. 71), da decisão de piso, o contribuinte interpõe em 19 de agosto de 2009, tempestivamente, recurso voluntário (fls. 73). Constam do apelo, em síntese, as seguintes alegações: · Tendo o Conselho Gestor anterior do Contribuinte levado toda a documentação fiscal e contábil da entidade, vez que administraram a associação no 'triênio' 2000/2006, o sujeito passivo estava impossibilitado de atender a notificação para apresentação da documentação. · Sabedores da importância de tais documentos, a atual Administração ajuizou ação de prestação de contas, que restou acostada ao processo que tramita perante a 11ª Vara Cível de Aracaju. · Que a autoridade fiscal, sabedora da ação, deveria levar em consideração a situação específica. Não obstante, a autoridade lançadora autuou o contribuinte, com a multa mais alta, contrariando o CTN. · Que o CTN têm, nos artigos 108 e 112 regras que protegem o contribuinte e que tais normas foram desrespeitadas pelo Fisco. Os processos foram distribuídos, por sorteio eletrônico, para este Conselheiro. É o relatório do necessário. Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10510.006802/200892 Acórdão n.º 2201003.479 S2C2T1 Fl. 103 5 Voto Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Presentes os pressupostos de admissibilidade do recurso voluntário, passo a apreciálo na ordem de suas alegações. Foi relatado que o presente processo administrativo decorre de lançamento de crédito tributário previdenciário decorrente do descumprimento de obrigação acessória pelo Contribuinte. Tal procedimento foi necessário em razão da ausência de apresentação de documentos, que, segundo o sujeito passivo, não se encontravam em sua posse. Assim explicitou a autoridade lançadora: "I. 0 autuado, apesar de intimado pelo Termo de Intimação Fiscal TIF anexo, deixou de apresentar a Relação Anual de Informações Sociais — RAIS e as informações contábeis e de folha de pagamento em meio digital, contrariando o inciso III, do art. 32, da Lei n° 8.212191, combinado com o art. 8°, da Lei no 10.666, de 08/05/2003. 2. 0 contribuinte ajuizou, em 28/02/2008, ação de prestação de contas, processo n° 200811100180, 11' Vara Cível, Comarca de Aracaju/SE, em face dos seus dirigentes, no período 01/01/2004 a 31/12/2006, com o pedido, entre outros, "...prestem contas atinentes ao triênio de 01.01.2004 a 31.12.2006, em forma mercantil, especificando as receitas e a aplicação das despesas, bem como os respectivos saldos anuais, as instruindo com os documentos justificativos, ou contestem, querendo, a presente ação (Art. 915 do CPC)". 3. Apesar de ter ajuizado essa ação, ocorreu a infração, tendo em vista a objetividade dos dispositivos legais acima citados. 4. A fiscalização constatou a reincidência, circunstância agravante da infração, prevista no inciso V combinado com o parágrafo (mice', do art.290, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, pois em face desse contribuinte foi emitido, anteriormente, o Auto de Infração n° 35.546.0009, sendo que a decisão condenatória se tornou irrecorrível administrativamente em 12/04/2004, há menos de cinco anos, tendo em vista a expiração do prazo sem apresentação de recurso contra a decisão notificação de procedência da autuação. 5. A reincidência é do tipo genérica, já que o Auto de Infração n° 35.546.0009, referido acima, foi emitido no Código de Fundamentação Legal — CFL 38, por infringir o § 2°, do art.33, da Lei n°8.212/91, enquanto este Auto de Infração n°37.157.846 9 enquadrase no CFL 35." Fl. 105DF CARF MF 6 Tal procedimento já fora objeto de impugnação pelo Contribuinte. Analisando os argumentos apresentados, a 6ª Turma da DRJ Salvador assim se manifestou (fls 81): "0 crédito objeto do presente lançamento é relativo A multa por descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa deixado de prestar à. Administração Tributária as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da mesma, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Essa obrigação está prevista no art. 32, inciso III, da Lei n° 8.212 de 1991, combinado com o art. 8° da Lei n° 10.666, de 2003, co art. 225, inciso III c § 22, do RPS. 8. A atividade administrativa do lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 142, parágrafo único, do Código Tributário Nacional (CTN), de sorte que procedeu corretamente o AuditorFiscal ao efetuar o lançamento em comento. Uni eventual extravio de documentos não pode impedir que a Administração Tributária fiscalize o cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes, inclusive porque a fiscalização tem que observar o prazo decadencial para o lançamento de tributos. " 9. Devese ressaltar que não houve um juízo de valor acerca da culpabilidade do autuado relativa à não apresentação da documentação solicitada, haja vista que a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente, nos termos do art. 136 do CTN. 0 item 2 do Relatório Fiscal citado pelo impugnante trata apenas da questão do ajuizamento da ação de prestação de contas, já relatada, o que não invalida o lançamento como já exposto. 10. Não houve integração analógica, adotandose o critério de que entre duas normas de punição, a norma a ser aplicada deve ser a menos favorável ao contribuinte, haja vista que não há duas normas de punição, ;a penalidade aplicada encontrase fundamentada nos arts. 283, inciso H, "b", e 373 do RPS, e ela foi agravada cm duas vezes, em face da constatação de reincidência em infrações' diferentes, nos termos dos arts 290, inciso V, 292, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, in verbis: (...) Consoante descrito no Relatório Fiscal, a fiscalização constatou a reincidência, circunstância agravante da infração, pois cm face desse contribuinte foi emitido anteriormente o AI IV 35.546.0009, sendo que a .decisão condenatória se tornou irrecorrível administrativamente em 12/04/2004, há menos de cinco anos, tendo em vista a expiração do prazo sem apresentação de recurso contra a DecisãoNotificação de procedência da autuação. A reincidência é. do tipo genérica, já que o A1 n° 35.546.0009 foi emitido no Código de Fundamentação Legal (CFL) 38, por infringir § 2° do art. 33 da Lei n° 8.212, de 1991, enquanto este Al enquadrase no CFL 35. Portanto, .a multa lançada está de acordo com os dispositivos normativos aplicáveis à espécie. Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10510.006802/200892 Acórdão n.º 2201003.479 S2C2T1 Fl. 104 7 12. Não há como se aplicar a retroatividade benigna, prevista no art. 106 do CTN, considerando que não houve mudança legislativa no atinente à multa prevista para a infração objeto da autuação." (destaquei) Em sua apelação, o contribuinte novamente se insurge contra a autuação, alegando que não pode apresentar os documentos posto que não se encontravam em sua posse, subtraído que foram pela gestão anterior. Que em tal situação, não pode o Fisco proceder o arbitramento em razão da propositura, pelo Contribuinte, de ação para apresentação de documentos, fato reconhecido pelo Agente Fiscal. Alega ainda que o CTN determina que a lei tributária deva ser interpretada de maneira mais favorável ao acusado, comando não respeitado pela Autoridade Lançadora, que aplicou a multa mais alta. Não merece reparos a decisão de piso. As alegações do Recorrente, embora acompanhadas de algum indício de prova como por exemplo a propositura de ação judicial de apresentação de documentos não tem o condão de afastar a lisura do procedimento fiscal, posto que não houve a apresentação dos documentos necessários, na visão do Fisco, para a análise e quantificação dos fatos geradores das contribuições previdenciárias. Tal omissão, por expressa disposição da Lei de Custeio mencionada no auto de infração enseja a autuação como proposta, inclusive com a gradação da multa imputada, em razão da .reincidência genérica verificada com o trânsito em julgado de outra atuação por descumprimento de obrigação acessória, ocorrida no interregno de 5 anos. Recordo que a presente autuação consubstanciase em descumprimento de obrigação de mera conduta: apresentação de documentos de interesse da Administração Tributária na forma por ela prescrita. Mister realçar, como bem fez a decisão de piso, que a alegação da impossibilidade da apresentação dos documentos não tem o condão de inibir o lançamento tributário, posto que verificado o descumprimento da obrigação tributária. Tal omissão, como dito, determina que o Auditor Fiscal aplique a sanção pecuniária prevista e que tal conduta no caso concreto não caracterizou, como acredita o Recorrente, autuação por integração analógica, aplicando norma mais gravosa ao contribuinte. Correto o posicionamento da decisão de primeira instância, que assim se manifestou sobre a questão: "10. Não houve integração analógica, adotandose o critério de que entre duas normas de punição, a norma a ser aplicada deve ser a menos favorável ao contribuinte, haja vista que não há duas normas de punição; a penalidade aplicada encontrase fundamentada nos arts. 283, inciso H, "b", e 373 do RPS, e ela foi agravada cm duas vezes, em face da constatação de reincidência em infrações' diferentes, nos termos dos arts 290, inciso V, 292, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999, in verbis: (...)" (destaquei) Fl. 107DF CARF MF 8 CONCLUSAÕ Por todo o exposto, e pelos fundamentos apresentados, voto por conhecer e negar provimento ao Recurso Voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Relator Fl. 108DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.001536/2009-10
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Apr 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONHECIMENTO DE RECURSO ESPECIAL. NECESSIDADE DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E O PARADIGMA APRESENTADO.
Não deve ser conhecido o Recurso Especial quando as matérias tratadas nos acórdãos recorrido e paradigma são diferentes. Hipótese em que a situação fática enfrentada pelo acórdão apresentado a título de paradigma difere da situação fática enfrentada pelo acórdão recorrido.
MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECADÊNCIA
A decadência do direito de o fisco constituir crédito por multas por descumprimento de obrigação acessória é aquela do lançamento de ofício, contados cinco anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ser efetuado.
Numero da decisão: 9202-005.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONHECIMENTO DE RECURSO ESPECIAL. NECESSIDADE DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E O PARADIGMA APRESENTADO. Não deve ser conhecido o Recurso Especial quando as matérias tratadas nos acórdãos recorrido e paradigma são diferentes. Hipótese em que a situação fática enfrentada pelo acórdão apresentado a título de paradigma difere da situação fática enfrentada pelo acórdão recorrido. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECADÊNCIA A decadência do direito de o fisco constituir crédito por multas por descumprimento de obrigação acessória é aquela do lançamento de ofício, contados cinco anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ser efetuado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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Recorrente ASC ASSESSORIA SERVICOS E CONSERVACÃO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONHECIMENTO DE RECURSO ESPECIAL. NECESSIDADE DE SIMILITUDE FÁTICA ENTRE O ACÓRDÃO RECORRIDO E O PARADIGMA APRESENTADO. Não deve ser conhecido o Recurso Especial quando as matérias tratadas nos acórdãos recorrido e paradigma são diferentes. Hipótese em que a situação fática enfrentada pelo acórdão apresentado a título de paradigma difere da situação fática enfrentada pelo acórdão recorrido. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECADÊNCIA A decadência do direito de o fisco constituir crédito por multas por descumprimento de obrigação acessória é aquela do lançamento de ofício, contados cinco anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 0. 00 15 36 /2 00 9- 10 Fl. 235DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Fábio Piovesan Bozza (suplente convocado) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração AI, que constituiu o DEBCAD nº 37.212.6227, à efl. 02, relativamente a multa por descumprimento de obrigação acessória. A infração que levou à aplicação da penalidade por a empresa deixar de destacar 11% do valor bruto da prestação de serviço nas notas fiscais de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra. A autuação ocorreu em 08/09/2009, no valor de R$ 1.329,18, com ciência à contribuinte em 15/09/2009 (efl. 03). A descrição do procedimento encontrase no relatório fiscal do auto de infração, às efls. 08 e 09. O AI foi impugnado, à efl. 89, em 09/10/2009. Já a 4ª Turma da DRJ/BEL, no acórdão nº 0117.655, prolatado em 21/05/2010, às efls. 126 a 128, considerou, por unanimidade, improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Inconformada, em 13/09/2010, a contribuinte, interpôs recurso voluntário RV, às efls. 133 a 152, argumentando, em síntese que: · a obrigação principal estaria quitada, com o tributo recolhido, por isso improcedente o AI; · que seria inaplicável a taxa de juros pela utilização inconstitucional da Selic, pois implicaria ferir o princípio da legalidade, teria natureza remuneratória e importar em anatocismo; · que seria descabida a responsabilização do sócio da empresa pelos débitos lançados, pois esta não atende os requisitos legais para tanto. O recurso voluntário foi apreciado pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento em 11/07/2012, resultando no acórdão 2402002.929, às efls. 172 a 179, que tem a seguinte ementa: AUTO DE INFRAÇÃO. REALIZAR DESTAQUE RETENÇÃO. DESCUMPRIMENTO. MULTA. Constitui infração deixar de efetuar o destaque da retenção de 11% para a Previdência Social nas Notas Fiscais/Faturas de mãodeobra ou serviços prestados. AUTUAÇÃO. LEGALIDADE. LANÇAMENTO. ATO VINCULADO E OBRIGATÓRIO. Fl. 236DF CARF MF Processo nº 10240.001536/200910 Acórdão n.º 9202005.299 CSRFT2 Fl. 236 3 Constatada a ocorrência de descumprimento de obrigação acessória prevista em lei, cumpre à autoridade administrativa lavrar o respectivo auto de infração, pois o lançamento é um ato vinculado e obrigatório, sob pena de responsabilidade funcional. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA VINCULANTE 08 DO STF. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. APLICAÇÃO ART 173, I, CTN. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08 do STF, os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional. O prazo de decadência para constituir as obrigações tributárias acessórias, relativas às contribuições previdenciárias, é de cinco anos e deve ser contado nos termos do art. 173, inciso I, do CTN. Recurso Voluntário Negado. O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.. RE da Contribuinte Intimada (efl. 181) do acórdão, em 15/04/2013 (efl. 182) a contribuinte, em 29/04/2013, manejou recurso especial de divergência RE (efls. 183 a 190) ao citado acórdão. Nele argumenta que o aresto recorrido diverge de entendimentos firmados no CARF, pois naquele se entendeu que nos casos de obrigação acessória, lançada por oficio, para efeito de contagem do prazo decadência, há que se aplicar o disposto no artigo 173, inc. I, do CTN, enquanto o paradigma destacou que, nesse tipo de lançamento, ultrapassado o prazo quinquenal sem o lançamento de ofício, operase a decadência, sendo o marco inicial o fato gerador. Traz por paradigma o acórdão nº 10615.614, que entre suas ementas assevera: IRPF – DECADÊNCIA – DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA. O imposto de renda pessoa física é tributo sujeito ao regime do denominado lançamento por homologação, sendo que o prazo decadencial para a constituição de créditos tributários é de cinco anos contados do fato gerador, que, no caso da presunção de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, ocorre no mês dos créditos, a teor do artigo 42, § 4°, da Lei n° 9.430/96. Ultrapassado esse lapso temporal sem a expedição de lançamento de ofício operase a decadência, a atividade exercida pelo contribuinte está tacitamente homologada e o crédito tributário extinto, nos termos do artigo 150, § 4° e do artigo 156, inciso V, ambos do CTN. (Grifos da recorrente) Fl. 237DF CARF MF 4 Na sua argumentação, a contribuinte salienta que as Contribuições Sociais são tributos sujeitos ao lançamento por homologação e seu prazo decadencial deve ser contado com base no disposto no § 4º do art. 50 do CTN, a partir da ocorrência do fato gerador. Pelas razões expostas requereu a que fosse o recurso e provido . O RE da contribuinte foi apreciado pelo Presidente da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, nos termos do art. 68 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, por meio do despacho nº 2400650/2013, às efls. 220 e 221, datado de 04/07/2013, entendendo ele por lhe dar seguimento, por ambos, paradigma e recorrido tratarem de lançamentos por homologação. Destacou o Presidente, à efl. 221: A decisão recorrida, também tratando de tributo sujeito ao lançamento por homologação (contribuições sociais previdenciárias), aplicou ao caso o art. 173, I do CTN, por não ter vislumbrado nos autos antecipação de pagamento. Contrarrazões da Fazenda A procuradoria da Fazenda Nacional foi cientificada da admissibilidade do RE em 29/08/2013 (efl. 222), e, em 06/09/2013, apresentou contrarrazões, às efls. 223 a 232, onde, em resumo, traz os argumentos a seguir. Deve ser rejeitado o recurso, pois não há identidade fática entre paradigma e recorrido. O paradigma e outros acórdãos juntados pela contribuinte tratam de lançamentos por descumprimento de obrigação principal, relativos ao imposto de renda da pessoa física. O recorrido versa sobre lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória, à qual não se pode aplicar prazo de lançamento por homologação, pois não implica recolhimentos a serem homologados; é lançamento de ofício. Além disso, o lançamento de multa, por descumprimento de obrigação acessória, é de ofício, como postulado no inc. VI do art. 149 do CTN, não havendo que se falar em lançamento por homologação e por isso tem sua contagem decadencial regida pelo inc. I do art. 173 do mesmo Código. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso é tempestivo. Contudo, com a devida vênia, discordo de que preencha todos os requisito para sua admissibilidade. Como salientado pela Procuradora da Fazenda em seu contraarrazoado, o paradigma, bem como todos os demais acórdãos citados pela contribuinte referemse a lançamentos de obrigações principais: pagar o tributo. Essas obrigações podem ser sujeitas a lançamento por homologação ou de ofício; no caso do IRPF, por homologação. Fl. 238DF CARF MF Processo nº 10240.001536/200910 Acórdão n.º 9202005.299 CSRFT2 Fl. 237 5 O caso em apreciação nos autos é de lançamento da multa por descumprimento do § 1º, do art. 31, da Lei nº 8.212/1991, que obriga o destaque em nota fiscal o valor de contribuição retida em face dos pagamentos recebidos pela execução de serviços. Por isso cabível a multa do art. 92 da mesma Lei, combinado com o art. 283, caput e § 3º, do Decreto nº 3.048/1999. Ora, nesse caso, o fato gerador da multa é a falta de destaque do tributo que deveria ser retido a cada emissão de nota fiscal. O tributo, que tem fato gerador distinto, seja ele pago ou não, em nada afeta a multa pela falta de destaque em nota. Aliás, esta multa tem o valor mínimo estabelecido nos artigos 92 e 102 da Lei 8.212, de 24/07/1991 e no Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.° 3.048, de 06/05/1999, art. 283, caput, atualizada na forma do art. 373 do RPS, pela Portaria Interministerial MPS/MF n.° 48, de 12 de fevereiro de 2009 (DOU de 13/02/2009), fixado em R$ 1.329,18, totalmente independente do valor do tributo. A multa por descumprimento de obrigação acessória é sanção por ato ilícito, o tributo não. Assim, não há similitude fática entre o paradigma e o recorrido, pois este trata de lançamento de multa, no teor do inc. VI do art. 149 do CTN, forçosamente de ofício, aquele, trata de lançamento de IRPF, tributo sujeito ao lançamento por homologação, conforme caput do art. 150 do mesmo códice. Conclusão Diante do exposto, em face da inexistência de similitude fática entre o acórdão recorrido e os paradigmas, voto por não conhecer do recurso especial da contribuinte, mantendo integralmente o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19994.000415/2008-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu May 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2000 a 28/02/2005
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO EXIBIÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS.
Deve ser mantida a infração por descumprimento da obrigação quando caracterizada a não exibição de livros e documentos relacionados à contribuição previdenciária exigidos pela Fiscalização.
A não exibição de um único documento já seria suficiente para justificar a aplicação da penalidade.
Numero da decisão: 2201-003.565
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente
(Assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2000 a 28/02/2005 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO EXIBIÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. Deve ser mantida a infração por descumprimento da obrigação quando caracterizada a não exibição de livros e documentos relacionados à contribuição previdenciária exigidos pela Fiscalização. A não exibição de um único documento já seria suficiente para justificar a aplicação da penalidade.
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NÃO EXIBIÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. Deve ser mantida a infração por descumprimento da obrigação quando caracterizada a não exibição de livros e documentos relacionados à contribuição previdenciária exigidos pela Fiscalização. A não exibição de um único documento já seria suficiente para justificar a aplicação da penalidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 99 4. 00 04 15 /2 00 8- 21 Fl. 1513DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.514 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra. Ausente justificadamente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo contra a Decisão Notificação nº 20.421.4/0306/2005, da Delegacia da Receita Previdenciária de Blumenau (e fls.1484/1493), que julgou procedente o lançamento, o qual consitiu em Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, DEBCAD nº 35.763.8387. lavrado em razão de a empresa Malharia Manz Ltda ter infringido o disposto no artigo 33, § 2º, da Lei 8.212/91, combinado com o artigo 232 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, para o período fiscalizado de 01/2000 a 02/2005, de acordo com o relatório fiscal da infração (fls. 6/7). A empresa, regularmente intimada, deixou de apresentar vários documentos e livros relacionados com contribuições para a seguridade social, conforme Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD. O mesmo aconteceu nas empresas cujas personalidades jurídicas foram afastadas. Os seguintes documentos deixaram de ser apresentados: a) Na MANZ: al) Livros Diário, plano de contas e Livros Razão de todo o período; a2) Notas fiscais de entradas (serviços), n°s 073, 074, 075, 078 e 080, emitidas pela CMS entre 10/01/2000 e 10/09/2000; b) Na CMS: bl) Livros Diário e Razão referentes ao período de 2003 e 2004; b2) Livros Caixa de 2003 e 2004; b3) Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho LTCAT de 2001, 2002 e 2004; c) Na FACÇAO: cl) Livros Diário e Razão de 2001, 2002, 2003 e 2004; c2) Livros Caixa de 2001, 2002, 2003 e 2004; c3) Notas Fiscais emitidas de 2000 a 2001; c4) Registro de entradas e saídas de mercadorias de 2000 e 2001; c5) Declarações à Receita Federai (DIPJ e/ou PJ Simplificadas) de todos os Fl. 1514DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.515 3 c6) Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho LTCAT de 2000 a 2004. d) Na JOINTÊXTIL: dl) Livros Diário, plano de contas e Livros Razão de todo o período; d2) Livros Caixa de todo o período; d2) Declarações à Receita Federal (DIPJ e/ou PJ Simplificadas); d3) Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho LTCAT de 2002 e 2004. A fiscalização foi desenvolvida concomitantemente com as de N°s 09.215.321, 09.216.748 e 09.216.415, nas empresas CMS Indústria Têxtil Ltda (CMS), Jointêxtil Ltda (JOINTÊXTIL) e Facção Joinville Ltda (FACÇÃO), respectivamente, uma vez que estão localizadas no mesmo endereço e a fiscalização detectou, de imediato, indícios de que se tratam de uma entidade única, haja vista serem de fato administradas pelas mesmas pessoas e seus documentos se encontrarem arquivados nos mesmos locais. De acordo com a fiscalização, as empresas mencionadas são entidades de fachada, constituídas por empregados, exempregados, colaboradores e parentes do sócio controlador da MALHARIA MANZ LTDA (MANZ), com capital social simbólico, sem sede social, administradas pelas mesmos gestores da MANZ, e sem autonomia patrimonial. Os fatos caracterizadores e os elementos de prova encontramse nas Notificações Fiscais de Lançamentos de Débitos NFLD's N°s 35.763.8360 e 35.763.8379 e no Auto de Infração AI N° 35.763.8395. Diante disto, foi afastada a personalidade jurídica destas empresas, considerandoas partes integrantes da MANZ. Houve registro de circunstância agravante em razão de reincidência de autuações em ações fiscais anteriores. A multa aplicada está prevista o item " j " do inciso II do art. 283 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Houve elevação do valor da multa em doze (12) vezes, por ter sido autuado uma vez pelo mesmo tipo de infração e duas vezes por infrações diversas. O valor foi atualizado pela Portaria MPS n° 479, de 07/05/2004 (inciso V, do art. 8º), conforme relatório fiscal da aplicação da multa (fl. 9). O contribuinte foi cientificado da autuação fiscal, apresentando impugnação. Da DecisãoNotificação nº 20.421.4/0306/2005, o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 27/09/2005 (fls. 369/405), alegando, em síntese que: 1. Primeiramente é de se deixar claro que a empresa autuada, Malharia Manz Ltda., é plenamente ILEGÍTIMA para figurar no pólo passivo da presente autuação, não devendo em hipótese alguma quaisquer valores ao INSS, decorrente do auto em apreço. 2. Que o agente fiscal interpretou de maneira equivocada e errônea que as empresas Facção Joinvile Ltda., C. M. S. Indústria Têxtil Ltda. e Jointêxtil seriam apenas empresas de fachada, com o intuito de sonegar impostos. A emissão de TEAF em relação ao cada empresa, comprova a sua existência. Fl. 1515DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.516 4 3. Pelo que consta do referido auto e, mais precisamente, do famigerado "Relatório Fiscal Complementar RELFISCO" que originou a presente e também as demais autuações da Malharia Manz Ltda., o agende fiscal interpretou de maneira totalmente equivocada, errônea, e, à sua vista, e tão somente à sua vista, entendeu que as empresas que estavam sendo fiscalizadas (Facção Joinville Ltda., C.M.S. Indústria Têxtil Ltda. e Jointêxtil Ltda.) seriam, sob a sua ótica, empresas de "fachada", para acobertar uma situação jurídica diversa da real que, no ato arbitrário e fantasioso do agente fiscal, teria o único fim de sonegar impostos. 4. Que deixou a autoridade fiscal de informar qual a legislação pátria que veda à pessoa física estar na condição de empregada e o mesmo tempo desempenhar atividades empresariais, participando de sociedade comercial; 5. Que a circunstância de um antigo empregado da Malharia Manz Ltda. ser atualmente sócio de outra das empresas e desempenhar estas atividades de prestação de serviços para a recorrente não pode ser considerado como subsídio para as alegações do fiscal; 6. Que inexiste entrave legal ao fato de o sócio da Facção Joinville Ltda. ser irmão de um dos sócios da Malharia Manz Ltda. 7. Ao contrário do que consta do relatório fiscal, os documentos ali relacionados não correspondem aos solicitados para as empresas terceirizadas. Ainda, as solicitações de documentos pelo fiscal foram feitas todas verbalmente de modo informal, procedimento incorreto adotado pelo fiscal, salvo anotação manuscritas feitas pelo próprio agente em livros da empresa, ou anotações diversas, conforma cópias em anexo (igualmente informais), tendo a empresa solicitado ao mesmo todos os documentos requisitados, acreditando na sua boafé. Mas, como já restou cabalmente demonstrado, o agente fiscal agiu com extrema máfé, alterando a realidade dos fatos, e imputando à empresa uma condição fraudulenta, o que só vem a corroborar o já alegando anteriormente, de que o fiscal agiu arbitrariamente, com excesso de poder, e de modo imoral, pelo que deverá ser penalizado, e o auto de infração resta nulo. 8. Toda a situação das empresas foi esclarecida por, seus contadores e, se algum livro eventualmente não foi apresentado, tal fato ocorreu tão somente por motivo de força maior, em vista do roubo de equipamentos, conforme noticiado pela própria Assessoria Contábil da empresa, esclarecendo toda a situação ocorrida, e conforme cópia do boletim de ocorrência em anexo, que comprova todo o alegado, não havendo qualquer culpa de nenhuma das empresas quanto à eventual não apresentação de algum documento. 9. Quanto aos laudos técnicos de condições ambientais de trabalho LTCAT, dos períodos solicitados pelo fiscal para as empresas prestadoras de serviço (CMS, Jointêxtil e Facção), foram os laudos de 2004 e 2005, o que foi oportunamente apresentado ao agente fiscal, sendo totalmente descabida a autuação. E ainda, consta do referido auto de infração a imputação de dupla penalidade pelo mesmo fato. O agente fiscal aplicou à Manz a penalidade prevista no art. 92 da Lei n. 8.212/91, e também, sobre o mesmo fato, e mesmo fundamento, aplicou a pena do art. 283, do Decreto 3048/99, o que configura verdadeiro bis in idem, e toma mais uma vez nulo o auto de infração em comento. Fl. 1516DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.517 5 Por fim, pede o provimento do presente recurso, com o reconhecimento da nulidade pelo bis in idem e o cancelamento do Auto de Infração. O julgamento foi convertido em diligência através da Resolução nº 2803 000.259 3a Turma Especial para a anexação aos autos de cópia da decisão de primeira instância administrativa fiscal da autuação em epígrafe e o comprovante de ciência da decisão pelo contribuinte com data legível e anexação de cópias das decisões de primeira e segunda instância administrativa fiscal se existentes, bem como, cópias das Notificações Fiscais de Lançamentos de Débitos NFLD's n°s 35.763.8360 e 35.763.8379 e Auto de Infração AI n° 35.763.8395, mencionadas nos autos em discussão, por conterem os fatos caracterizadores e os elementos de prova da autuação fiscal. Cumprido o disposto no comando da Resolução supra, o processo foi distribuído para inclusão em nova pauta de julgamento. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Preliminarmente Nulidade do Auto de Infração Em preliminar, sustenta a recorrente que está sendo penalizada duas vezes pelo mesmo fato, o que caracterizaria a famigerada figura do bis in idem. Em suas razões argumenta que recebeu a penalidade prevista no art. 92 da Lei n. 8.212/91, e também, sobre o mesmo fato, e mesmo fundamento, a aplicação da penalidade prevista no art. 283, do Decreto 3.048/99. Vejamos o que dispõem as normas mencionadas pelo sujeito passivo: Lei 8.212/91 Art. 92. A infração de qualquer dispositivo desta Lei para a qual não haja penalidade expressamente cominada sujeita o responsável, conforme a gravidade da infração, a multa variável de Cr$ 100.000,00 (cem mil cruzeiros) a Cr$ 10.000.000,00 (dez milhões de cruzeiros), conforme dispuser o regulamento. Decreto nº 3.048/99 Art. 283. Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, Fl. 1517DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.518 6 aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (...) O presente processo versa sobre o descumprimento da obrigação acessória prevista no artigo 33, § 2º, da Lei 8.212/91, combinado com o artigo 232 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Conforme relatado, o sujeito passivo deixou de apresentar os seguintes documentos à Fiscalização: a) Na MANZ: al) Livros Diário, plano de contas e Livros Razão de todo o período; a2) Notas fiscais de entradas (serviços), n°s 073, 074, 075, 078 e 080, emitidas pela CMS entre 10/01/2000 e 10/09/2000; b) Na CMS: bl) Livros Diário e Razão referentes ao período de 2003 e 2004; b2) Livros Caixa de 2003 e 2004; b3) Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho LTCAT de 2001, 2002 e 2004; c) Na FACÇAO: cl) Livros Diário e Razão de 2001, 2002, 2003 e 2004; c2) Livros Caixa de 2001, 2002, 2003 e 2004; c3) Notas Fiscais emitidas de 2000 a 2001; c4) Registro de entradas e saídas de mercadorias de 2000 e 2001; c5) Declarações à Receita Federai (DIPJ e/ou PJ Simplificadas) de todos os c6) Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho LTCAT de 2000 a 2004. d) Na JOINTÊXTIL: dl) Livros Diário, plano de contas e Livros Razão de todo o período; d2) Livros Caixa de todo o período; d2) Declarações à Receita Federal (DIPJ e/ou PJ Simplificadas); d3) Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho LTCAT de 2002 e 2004. A descrição sumária da infração, constante da folha de rosto do Auto de Infração (efl.3), restou assim consignada: Fl. 1518DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.519 7 Deixar a empresa, o servidor de órgão público da administração direta e indireta, o segurado da previdência social, o serventuário da justiça ou o titular de serventia extrajudicial, o síndico ou seu representante, o comissário ou o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial de exibir qualquer documento ou livro relacionados com as contribuições previstas na Lei n. 8.212, de 24.07.91, conforme previsto no art. 33, paragrafo 2. da referida Lei, combinado com o art. 232 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06.05.99. Não há na ação fiscal que originou a autuação nenhuma aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória que seja idêntica à presente, o que afasta a alegação de bis in idem. Assim sendo, não procede a alegação de nulidade do presente lançamento. Do mérito Os fatos caracterizadores e os elementos de prova encontramse nas Notificações Fiscais de Lançamentos de Débitos NFLD's N°s 35.763.8360 e 35.763.8379 e no Auto de Infração AI N° 35.763.8395. Diante disto, foi afastada a personalidade jurídica das empresas mencionadas anteriormente, considerandoas partes integrantes da MANZ. Dessa forma, toda a tese recursal de que a MANZ não poderia ser responsabilizada por livros e documentos que deixaram de ser apresentados pelas empresas CMS, FACÇÃO e JOINTÊXTIL, já foi enfrentada quando do julgamento dos Autos de Infração por descumprimento de obrigação principal. Naquela ocasião, foi ratificado o entendimento da Autoridade Fiscal de que a recorrente se utilizou de empresas de “fachada” para a obtenção de vantagens fiscais indevidas. Por me filiar a este entendimento, transcrevo como razão de decidir em relação a essa matéria, excerto do voto proferido pela Conselheira Relatora Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, acórdão nº 2401003.033, 2ª Seção, 4ª Câmara, 1ª Turma Ordinária, processo nº 19994.000416/200876: Quanto a inexistência de relação direta entre a empresa MANZ e as empresas contratadas (Facção Joinvile Ltda., C. M. S. Indústria Têxtil Ltda. e Jointêxtil) e que segundo o recorrente seriam os empregadores, entendo que novamente não logrou êxito o recorrente em demonstrar a inexistência de relação. Importante informar, que meros argumentos não afastam os fatos e documentos acostados aos autos pela autoridade fiscal, para atestar o lançamento de contribuições. Ademais, mesmo depois de proferida a decisão de primeira instância, não trouxe o recorrente, qualquer documento para comprovar suas alegações, pelo contrário repetiu praticamente os argumentos trazidos em sua impugnação. Basta uma leitura do relatório fiscal e complementar, bem como, dos inúmeros anexos que o compõem para que se chegue a mesma conclusão trazidas pelo auditor fiscal no lançamento em Fl. 1519DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.520 8 questão e em todos os demais lavrados durante o mesmo procedimento. Conforme já afastado em sede de preliminar, entendo que longe está o lançamento em questão de fundarse em mera presunção. O que restou exaustivamente descrito no relatório e pelo que se pode constatar da análise dos autos, é que a autoridade fiscal, buscou incansavelmente demonstrar que as empresas, ditas como contratadas como meras prestadoras de serviço, eram na verdade fachada, posto que não se identificou a existência de comando gerenciamento, nem tampouco estavam os seus empregados a lhe prestar serviços verdadeiramente. Entendo que diversos são os fatos que devem ser considerados no lançamento em questão, nenhum deles tido de forma isolada. O que se nota é uma espécie de terceirização sim, conforme argumentou o próprio recorrente, contudo realizado de forma irregular, o que ensejou conforme preceitua o princípio trabalhista da Primazia da Realidade o vínculo entre a MANZ e os empregados das empresas Facção Joinvile Ltda., C. M. S. Indústria Têxtil Ltda. e Jointêxtil. Conforme trazido pelo próprio recorrente, entendo perfeitamente cabível a especialização e descentralização de suas atividades, contudo, para tanto deve primeiramente observar parâmetros legais, para só em observandoos, valerse de estratégias administrativas para busca da excelência. Todavia o que não se admite é contratar empresas, para que seus funcionários prestem serviços dentro do próprio estabelecimento da tomadora, em sua atividade fim, com evidente confusão entre as funções exercidas , visto que o auditor demonstrou em seus relatórios, por meio de entrevistas a empregados e sócios e diversos documentos a que teve acesso, que os mesmos prestam verdadeiramente serviços para empresa MANZ, sendo que em muitos casos, os seus funcionários, tratam as supostas empresas contratadas como prestadoras como verdadeiras filiais da primeira. Destarte, estando correto o procedimento adotado pela Fiscalização, ao considerar como única entidade, as empresas MANZ, CMS, FACÇÃO e JOINTÊXTIL, sendo a primeira a única empresa a fazer parte da relação jurídicotributária, uma vez que as outras eram utilizadas como “fachada” para se angariar vantagens tributárias de maneira ilícita. Nesse contexto, a recorrente tinha a obrigação de apresentar os documentos e livros que estavam apenas formalmente em nome das empresas fictícias CMS, FACÇÃO e JOINTÊXTIL, eis que os mesmos se mostravam relevantes para o desenvolvimento do procedimento fiscal. Diferentemente do que alega o recorrente, a ausência da exibição desses documentos não inviabilizou o lançamento do crédito tributário. A não exibição dos livros e documentos solicitados apenas dificultou o trabalho desenvolvido pela Fiscalização para efetuar o lançamento. Restou plenamente caracterizada a infração, eis que independentemente do resultado advindo da conduta de não exibir os documentos solicitados pela Fiscalização, a Fl. 1520DF CARF MF Processo nº 19994.000415/200821 Acórdão n.º 2201003.565 S2C2T1 Fl. 1.521 9 infração se consuma pelo simples fato de não exibilos no prazo assinalado no documento de intimação. Os fatos trazidos pelo Auditor em seu relatório, acerca da não exibição dos livros e documentos, não possuem presunção absoluta, mas possuem força probatória, na medida que não consegue o sujeito passivo demonstrar o contrário. Houve uma negativa geral da infração, tendo a recorrente asseverado que não deixou de exibir nenhum livro ou documento solicitado e que, se o fez, foi por motivo de força maior. Quem mais poderia rebater os argumentos da auditoria, senão o próprio autuado, que poderia demonstrar com um contra recibo a entrega dos documentos e livros, cuja não exibição caracterizou o descumprimento da obrigação acessória prevista no art. 33, § 2º, da Lei 8.212/91, combinado com o art. 232 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. Contudo, não é isso que se conclui ao se apreciar os fatos narrados. Vários foram os documentos que deixaram de ser apresentados à Fiscalização, valendo ressaltar, que a não exibição de apenas um deles já seria suficiente para caracterizar a vertente infração. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 1521DF CARF MF
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Numero do processo: 12448.731204/2011-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2402-000.588
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, com vistas a que a Delegacia de origem junte aos autos a petição inicial, trâmite e decisões proferidas no processo no 2002.51.01.014.995-3, que tramita na 5.ª Vara Federal do Rio de Janeiro.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild.
Nome do relator: TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
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Recorrente LILIA MARIA SALVINI REZENDE CUNHA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, com vistas a que a Delegacia de origem junte aos autos a petição inicial, trâmite e decisões proferidas no processo no 2002.51.01.014.9953, que tramita na 5.ª Vara Federal do Rio de Janeiro. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci e Bianca Felicia Rothschild. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 24 48 .7 31 20 4/ 20 11 -8 7 Fl. 99DF CARF MF Processo nº 12448.731204/201187 Resolução nº 2402000.588 S2C4T2 Fl. 3 2 Relatório Inicialmente, transcrevemos o relatório da decisão recorrida (fls. 71/73), por bem descrever os fatos ocorridos até aquele momento: Trata o presente processo de Notificação de Lançamento de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, às fls. 04/09, lavrada em face da revisão da declaração de ajuste anual do exercício 2010, ano calendário 2009, que exige R$ 6.478,00 de imposto suplementar, R$ 4.858,50 de multa de ofício de 75% e encargos legais. Consoante descrição dos fatos da Notificação de Lançamento à fl. 06, foi constatada omissão de rendimentos recebidos de Itaú Unibanco S/A, no valor de R$ 90.226,32, com IRRF de R$ 10.882,14, conforme DIRF. Cientificada em 02/08/2011 (fl. 17), a contribuinte apresentou, em 05/08/2011, a impugnação de fl. 02, onde alega que a assertiva chega as raias da irresponsabilidade na atribuição de um delito que não ocorreu, uma vez que o valor considerado omitido e os respectivos depósitos judiciais do IRRF, provenientes do Banco Itaú Unibanco, constam dos rendimentos tributáveis recebidos de Pessoa Jurídica com exigibilidade suspensa em face de liminar concedida em 12/11/2002, no processo nº 2002.51.01.0149953, na qual figura como litisconsorte. A unidade de origem procedeu a revisão de ofício, fundamentada no art. 6º A, I a IV, §§ 1º e 2º da Instrução Normativa RFB nº 958, de 15 de julho de 2009, dispositivos acrescentados pela Instrução Normativa RFB nº 1.061, de 04 de agosto de 2010, por meio do Termo Circunstanciado de fls. 21/22 e do Despacho Decisório à fl. 24, que concluíram pela procedência integral da exigência consubstanciada na Notificação de Lançamento – IRPF No 2010/203848435700057 (fls. 04/09), dos quais a litigante foi cientificada em 21/08/2013 (fl. 59 e 64), tendo apresentado, em 09/09/2013, a manifestação de inconformidade de fls. 30/32, instruída com os documentos de fls. 33/56, onde reitera as alegações apresentadas na impugnação, aduzindo que a fonte pagadora não fez constar no comprovante de rendimentos informados à RFB que os rendimentos e o IRRF estavam sub judice, em razão da LIMINAR concedida na Ação de Bitributação contra a União Federal, no processo nº 2002.51.01.0149953 que tramita na 5ª Vara Federal do Rio de Janeiro, que já se encontra em Execução de Sentença transitada em julgado, nem a obrigação do recolhimento do IR à conta de depósito judicial nº 104.0625635050043977, causando o imbróglio em suas DIRPF desde o exercício de 2006. Alega ter sido prejudicada, pois, em face de não ter acesso às informações prestadas pela fonte pagadora e constantes dos Sistemas Internos da RFB e que foram acatadas como certas pelo lançamento, não teve como acionar a fonte pagadora. A impugnação foi julgada improcedente pela DRJ em acórdão cuja ementa foi redigida nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 Fl. 100DF CARF MF Processo nº 12448.731204/201187 Resolução nº 2402000.588 S2C4T2 Fl. 4 3 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. VALORES INFORMADOS EM DIRF. COMPROVAÇÃO INSUFICIENTE. TRIBUTAÇÃO. Os rendimentos tributáveis informados em DIRF pela fonte pagadora, servem de base ao lançamento de ofício quando o contribuinte não comprova a existência de decisão favorável transitada em julgado que obstasse a constituição do crédito tributário ou existência de depósito judicial. Cientificado da decisão em 17/02/2014 (fl. 94), o sujeito passivo interpôs recurso voluntário (fls. 78/80), em 21/02/2014, aduzindo, em síntese, as seguintes razões: 1. preliminarmente: comprovada a declaração de rendimentos exercício 2010, ano calendário 2009, com valores idênticos a fonte pagadora Itaú Unibanco S/A (fl. 73), descaracterizada fica a alegação de omissão de rendimentos; 2. a contribuinte apresentou cópia de liminar, exarada em 05/02/2011, na ação de bitributação processo no 2002.51.01.014.9953, que tramita na 5.ª Vara Federal do Rio de Janeiro, por ser a única decisão favorável que obstasse o lançamento do crédito tributário e também para justificar a aposição dos proventos e IR no campo da DIRF em rendimentos cujo imposto está com a exigibilidade suspensa; 3. a contribuinte comprova decisão favorável, transitada em julgado em 17/05/2012, que obsta a constituição do crédito tributário, inexistindo o aludido crédito. Requer o cancelamento do débito fiscal reclamado. Juntou, por cópias, documento de identificação e peças do próprio processo administrativo fiscal (fls. 81/88). É o relatório. Fl. 101DF CARF MF Processo nº 12448.731204/201187 Resolução nº 2402000.588 S2C4T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, deve ser conhecido. Nas razões recursais, a contribuinte alega possuir decisão favorável que obsta o lançamento do crédito tributário na ação de bitributação processo no 2002.51.01.014.9953, que tramita na 5.ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Entretanto, da leitura do mandado de intimação e citação judicial (fls. 37/38), única peça do processo judicial trazida ao feito, não é possível concluir se o seu objeto é idêntico ao do presente processo administrativo fiscal. Assim, impõese, como medida indispensável à adequada instrução do feito, que sejam juntadas aos autos as peças principais da referida ação judicial. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para fins de converter o julgamento em diligência, com vistas a que a Delegacia de origem junte aos autos a petição inicial, trâmite e decisões proferidas no processo no 2002.51.01.014.9953, que tramita na 5.ª Vara Federal do Rio de Janeiro. (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Fl. 102DF CARF MF
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Numero do processo: 15504.018302/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 23 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Apr 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
EMBARGOS DECLARATÓRIOS. OMISSÃO. OBSCURIDADE. CONTRADIÇÃO.
Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que: (i) a alegada omissão se refere a documentos que sequer foram acostados aos autos; (ii) as alegadas contradições inexistem, sendo a decisão coerente com seus fundamentos; e (iii) a alegada obscuridade igualmente inexiste, tendo sido a matéria claramente tratada na decisão embargada. Por outro lado, demonstrando-se a existência de matéria tratada de modo sucinto, de tal forma a persistir dúvida sobre o alcance da decisão, cabe prestar esclarecimentos, acolhendo-se os embargos, nesta parte.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007
APROVEITAMENTO DE PROVAS DE AÇÃO PENAL. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO CONSTITUÍDO EM FACE DE RESPONSÁVEIS TRIBUTÁRIOS. ALEGAÇÃO DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO. INOCORRÊNCIA.
A constituição de crédito tributário com base em provas cujo aproveitamento foi autorizado judicialmente não pode se limitar àquelas pessoas em face das quais foi inicialmente instaurada a ação penal, mas também deve se estender aos demais coobrigados pela prática das infrações tributárias, corretamente identificados no curso do procedimento administrativo que conduziu ao lançamento como responsáveis tributários. Inexistem, no caso, provas obtidas por meio ilícito.
Numero da decisão: 1301-002.262
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial aos embargos para esclarecer obscuridade, sem efeitos modificativos.
(assinado digitalmente)
Waldir Veiga Rocha - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha.
Nome do relator: WALDIR VEIGA ROCHA
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OMISSÃO. OBSCURIDADE. CONTRADIÇÃO. Devem ser rejeitados os embargos declaratórios na situação em que: (i) a alegada omissão se refere a documentos que sequer foram acostados aos autos; (ii) as alegadas contradições inexistem, sendo a decisão coerente com seus fundamentos; e (iii) a alegada obscuridade igualmente inexiste, tendo sido a matéria claramente tratada na decisão embargada. Por outro lado, demonstrandose a existência de matéria tratada de modo sucinto, de tal forma a persistir dúvida sobre o alcance da decisão, cabe prestar esclarecimentos, acolhendose os embargos, nesta parte. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004, 2005, 2006, 2007 APROVEITAMENTO DE PROVAS DE AÇÃO PENAL. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. CRÉDITO TRIBUTÁRIO CONSTITUÍDO EM FACE DE RESPONSÁVEIS TRIBUTÁRIOS. ALEGAÇÃO DE PROVAS OBTIDAS POR MEIO ILÍCITO. INOCORRÊNCIA. A constituição de crédito tributário com base em provas cujo aproveitamento foi autorizado judicialmente não pode se limitar àquelas pessoas em face das quais foi inicialmente instaurada a ação penal, mas também deve se estender aos demais coobrigados pela prática das infrações tributárias, corretamente identificados no curso do procedimento administrativo que conduziu ao lançamento como responsáveis tributários. Inexistem, no caso, provas obtidas por meio ilícito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 83 02 /2 01 0- 11 Fl. 4389DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.390 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial aos embargos para esclarecer obscuridade, sem efeitos modificativos. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Flávio Franco Corrêa, José Eduardo Dornelas Souza, Roberto Silva Júnior, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto e Waldir Veiga Rocha. Relatório Trata o presente de embargos de declaração (efls. 4141/4152 e efls. 4159/4169) opostos pelos responsáveis tributários acima identificados, em face do acórdão nº 1301001.606, prolatado por esta 1ª Turma na sessão de julgamento de 26/08/2014 (efls. 4026/4058). O processo foi constituído em nome de Progresso Alimentos Importação e Exportação Ltda., constando também diversos sujeitos passivos solidários, entre os quais os Srs. Paulo Vitor Cardoso e Adalberto Cardoso, ora embargantes. O acórdão embargado foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 RECURSO DE OFÍCIO. EXONERAÇÃO PARCIAL. PIS/COFINS. Restando comprovado que a douta turma julgadora de primeira instância, diante dos argumentos promovidos pelos recorrentes, efetivamente identificou nos autos casos em que, de acordo com as expressas disposições da Lei 10.925/2004, mostra se indevida a exigência das contribuições para o PIS e a COFINS em decorrência das isenções ali então especificamente tratadas, mostrandose, portanto, perfeitamente regular os ajustes promovidos. DECADÊNCIA. REGRA GERAL. TERMO INICIAL. Nos termos do entendimento esposado no REsp 973.733SC, de observância obrigatória por força do art. 62 A do Regimento Interno, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional), nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre. À evidência, nos casos de dolo, fraude ou simulação, igual regra deve ser aplicada, haja vista a excepcionalidade prevista no parágrafo 4º do art. 150 do diploma legal referenciado (Código Tributário Nacional). Assim, tratandose, no caso concreto, de fatos geradores ocorridos a partir de dezembro de 2004, à evidência, o 1º dia do exercício seguinte àquele em Fl. 4390DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.391 3 que o lançamento poderia ser efetuado a que alude o pronunciamento judicial é o dia 1º de janeiro de 2006, eis que, se considerado o dia 1º de janeiro de 2005, o termo inicial previsto na norma que serviu de suporte tornase inaplicável. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. IMPUTAÇÃO. PROCEDÊNCIA. Se a autoridade executora do procedimento de fiscalização logra êxito na demonstração da relação direta de determinada pessoa com as situações que constituem fatos geradores das obrigações tributárias, resta configurada a sujeição passiva, sendo autorizada, assim, a inclusão de referida pessoa no pólo passivo das obrigações formalizadas. Ao final, a parte dispositiva foi redigida como segue: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, NEGAR PROVIMENTO, pelo voto de qualidade, em relação aos Recursos Voluntários interpostos por Paulo Victor Cardoso, Marcelo Pereira Cardoso e Adalberto Cardoso, vencidos os Conselheiros, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier (Relator) e, por maioria de votos, NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto por Fabiana Cardoso Lee, vencido, em relação a este, o Conselheiro Carlos Augusto de Andrade Jenier (Relator). Para redigir os respectivos votos vencedores, designado o Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães. A Fazenda Nacional opôs embargos declaratórios, os quais foram admitidos e levados à apreciação do Colegiado em 05/04/2016. Na oportunidade, foi prolatado o acórdão nº 1301001.973 (efls. 4082/4087), mediante o qual a Turma reconheceu e supriu a omissão apontada e, ao final, ratificou a decisão embargada. Esse novo acórdão, que expressamente integra e complementa o primeiro, recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008 EMBARGOS. ACOLHIMENTO. Restando constatado que o acórdão atacado incorreu em omissão, eis que não apreciou, na integralidade, os fundamentos que serviram de suporte à impetração de recurso de ofício por parte da Turma Julgadora a quo, há de se acolher os declaratórios para, sem efeitos infringentes, complementar a decisão. TRIBUTAÇÃO EM DUPLICIDADE. COMPROVAÇÃO. Não é merecedora de reparos a decisão que, lastreada em robustos fundamentos, exclui de tributação valores computados em duplicidade nas infrações imputadas ao contribuinte fiscalizado. Os ora embargantes apresentaram duas peças processuais distintas (fls. 4141/4152 para o Sr. Paulo Vítor Cardoso; fls. 4159/4169 para o Sr. Adalberto Cardoso) de idêntico teor. Alegam os embargantes que o aresto combatido padeceria de vícios diversos, que especificam: 1. Omissão quanto aos documentos anexados ao memorial. 2. Contradição quanto à ilegitimidade passiva do embargante. 3. Obscuridade quanto à inadmissibilidade das provas ilícitas. Fl. 4391DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.392 4 4. Obscuridade quanto à isenção de PIS e COFINS sobre os produtos comercializados pela empresa autuada. 5. Contradição quanto à aplicação da multa qualificada. Ao final, pedem o conhecimento e provimento dos embargos para sanar os vícios apontados, com efeitos modificativos. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Veiga Rocha, Relator O Sr. Paulo Victor Cardoso tomou ciência dos acórdãos ora embargados em 03/06/2016, sextafeira (AR à fl. 4133). Tendo sido os embargos de fls 4141/4152 apresentados em 10/06/2016, sextafeira (comprovante de postagem às efls. 4139/4140), tenho que são tempestivos, à luz do prazo de cinco dias estabelecido pelo § 1º do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. Quanto ao Sr. Adalberto Cardoso, a tentativa de ciência, por via postal, dos acórdãos embargados restou frustrada, o que se depreende do AR devolvido pelos Correios (e fls. 4137/4138). Não encontro nos autos comprovante de que a ciência tenha se dado por outra forma. Não obstante, em 20/06/2016 o Sr. Adalberto Cardoso opôs os embargos declaratórios de efls. 4159/4169, em que afirma que tomou conhecimento do acórdão, apesar da falta de intimação, e apresenta espontaneamente o recurso em questão. Também aqui impõese o reconhecimento da tempestividade. Ademais, os embargantes apontaram objetivamente os vícios que pretendem ver sanados, atendendo, desta forma, o requisito regimental. Atendidos os demais requisitos processuais, conheço dos embargos e passo a analisálos. Dada a identidade de teor entre as peças recursais, a análise será feita em conjunto, na sequência em que apresentados os alegados vícios. 1. Omissão quanto aos documentos anexados ao memorial. Sustentam os embargantes que teriam anexado ao memorial diversos documentos os quais, por sua ótica, seriam imprescindíveis para a solução da lide, reforçando a ilegitimidade passiva dos interessados. Nenhum desses documentos teria sido sequer mencionado na decisão embargada, diante do que os embargantes requerem que seja suprida essa omissão, com efeitos modificativos. Os embargantes fazem menção a documentos que sequer estão nos autos. Os memoriais são referidos no Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, no art. 53 do Anexo II, como segue: Fl. 4392DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.393 5 Art. 53. A sessão de julgamento será pública, podendo ser realizada de forma presencial ou não presencial. [...] § 4º Fica assegurado o direito de apresentar memoriais em meio digital previamente ao julgamento. O Regimento Interno anterior, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009 e alterações supervenientes, que vigia quando prolatado o acórdão embargado, tratava do assunto da mesma forma, no art. 53 de seu Anexo II: Art. 53. A sessão de julgamento será pública, salvo decisão justificada da turma para exame de matéria sigilosa, facultada a presença das partes ou de seus procuradores. [...] § 2° A sessão de julgamento não presencial, realizada por vídeo conferência, web conferência ou tecnologia similar, deverá assegurar: [...] III a apresentação de memoriais em meio digital, previamente ao julgamento, e sustentação oral a partir de salas de recepção; Os memoriais são documento facultativo às partes interessadas no processo, apresentados no momento da sessão de julgamento ou alguns poucos dias antes. Quando, por opção do interessado, esse documento é apresentado, consiste em breve resumo da lide e dos argumentos recursais, com o intuito de facilitar a compreensão dos Conselheiros que haverão de participar do julgamento. Salvo situações excepcionalíssimas requeridas pela parte, os memoriais não são acostados aos autos, como de fato não o foram no presente caso. Em hipótese alguma os memoriais podem ou devem ser empregados como veículo para a apresentação de provas não trazidas tempestivamente. O momento para a apresentação de provas é com a impugnação, a teor do inciso III do art. 16 do Decreto nº 70.235/1972. O mesmo dispositivo, em seus §§ 4º e 5º, elenca taxativamente as situações que autorizam a apresentação de provas fora daquele momento processual e o procedimento que deve ser adotado. Confirase: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;(Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 4393DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.394 6 a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) No caso vertente, os documentos sequer foram juntados aos autos, sendo meramente apresentados juntamente com memoriais na sessão de julgamento em segunda instância, ao que afirmam os embargantes. Ademais, não se identifica qualquer petição de juntada de tais documentos, com a demonstração fundamentada da ocorrência de alguma das condições especificadas no § 4º, acima transcrito. Diante disso, tenho como certo que a Turma Julgadora não tinha mesmo como se manifestar sobre tais documentos. Inexiste, pois, qualquer omissão a ser sanada, pelo que devem ser rejeitados os embargos, quanto a este ponto. 2. Contradição quanto à ilegitimidade passiva do embargante. A contradição alegada é expressa pelos embargantes nos seguintes termos: Ao decidir acerca do tema, esta ilustre corte entendeu por manter a coobrigação, sob o fundamento de que o Recorrente em tela, [...], seriam os chamados "sócios de fato" da contribuinte. Ocorre que, é possível verificar na r. decisão embargada que o ilustre Relator reconhece expressamente que não existe nos autos qualquer documento que comprove que o Recorrente possuía poderes de gestão sobre a empresa Progresso Alimentos Imp. E Exp. Ltda. Ora, como poderia ser o Recorrente o real sócio administrador da contribuinte se não tinha poderes para administrála? Percebese, portanto, uma contradição no julgado, já que mesmo tendo o ilustre Relator reconhecido que o Recorrente não possuía poderes de administração sobre a empresa contribuinte, foi prolatada decisão no sentido de que seria o Sr. Adalberto a pessoa que efetivamente a administrava. A matéria foi abordada pelo acórdão embargado conforme a seguir transcrito (fls. 4041/4043, grifos não constam do original): O primeiro ponto destacado pelos recorrentes referese ao fato de que, nenhum deles, nunca teria feito parte do quadro societário da empresa autuada (PROGRESSO), sendo certo, também, que quando da lavratura dos correspondentes autos de infração, nenhum deles sequer se mantinha sócio da empresa PINK, pretendo, com isso, então, o reconhecimento de sua “ilegitimidade passiva”. Fl. 4394DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.395 7 Entretanto, a par de todos os esforços empreendidos nas peças apresentadas, é importante ressaltar que, no presente caso, estáse diante de acusação de efetiva e verdadeira operação fraudulenta, em que os então “diretores de fato” do grupo PINK, promoveram a constituição de outra empresa (“empresa de fachada”), a partir da utilização de “laranjas”, com o intuito claro e objetivo de efetivamente de encobrir as operações verdadeiramente realizadas, e, com isso, escudarse das possíveis responsabilidades daí decorrentes. A sua não apresentação formal no contrato social das referidas empresas, então, é, na verdade, um dos fundamentos próprios do lançamento efetivado, sobretudo porque, acaso fosse possível ali a sua verificação, certamente, o direcionamento da ação fiscal seria diversa daquela aqui então intentada. Na verdade, todos os recorrentes indicados atuaram, de fato, como diretores diretos dos empreendimentos, tomando decisões e direcionando práticas que, apesar de inicialmente encobertas pelos padrões formais utilizados, eram a eles então diretamente relacionadas. [...] Aliás, é importante destacar: no caso, não se trata de “presunção”, mas sim de verificação efetivamente material de que a atuação de todos estes indicados responsáveis mantinhase ostensiva no controle das atividades da empresa PINK, e, também, na própria PROGRESSO, não se podendo considerar, de forma alguma, a simples composição formal do contrato social como suficiente para elidir a sua responsabilidade no presente feito. A ausência de documento material que comprove a existência de “poderes de gestão” desses responsáveis indicados, mais uma vez, é exatamente o caminho por eles dolosamente pretendido para pretender a burla ao sistema tributário, da forma como aqui desenhado, não servindo, absolutamente, como meio para possibilitar a desconstituição do lançamento. [...] Da leitura desse trecho – confirmado pela análise dos demais elementos contidos nos autos, verificase que, ao contrário do que afirmam os recorrentes, mesmo nunca tendo feito parte do quadro societário da empresa PROGRESSO, e, ainda, tendose já formalmente retirado do contrato social da empresa PINK, os senhores Paulo Victor Cardoso, Adalberto Cardoso e Marcelo Pereira Cardoso efetivamente continuavam no controle das atividades do grupo, verificandose no caso, então, a presença clara da fraude e, com isso, a perfeita regularidade da imputação de responsabilidade tributária, da forma como aqui então efetivado. Aliás, a respeito do pagamento de valores aos recorrentes, verificase que, apesar de suas alegações genéricas de que os referidos montantes “poderiam” ser referentes a dívidas passadas, não se verifica nos autos uma prova sequer dessa alegação, não se podendo aqui, de forma alguma, considerála como séria. A responsabilidade tributária, no presente caso, decorre da verificação da presença da atuação fraudulenta, reconhecendose então todos os recorrentes aqui indicados como efetivos e verdadeiros “gestores” da contribuinte – sobretudo por atuarem materialmente como dirigentes de seus desígnios, aplicandose, assim, com perfeição, as disposições do Art. 135, inciso III do CTN. [...] Fl. 4395DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.396 8 Diante dessas considerações, completamente infundadas, verificamse, são as argüições trazidas de suposta ilegitimidade passiva dos recorrentes, sendo aqui de se reconhecer, de fato, que no caso estáse a tratar de imputação de responsabilidade tributária dos conhecidos “diretores de fato” da pessoa jurídica autuada, fato esse devidamente comprovado nos autos e, em momento algum, objetivamente desconstituído pelos recorrentes. Como se pode verificar, inexiste qualquer contradição entre a decisão embargada e seus fundamentos. À vista da acusação fiscal e da farta documentação constante dos autos, o Colegiado entendeu estar diante de fraude que ocorreu mediante atuação direta, entre outros, dos ora embargantes. Nesse contexto, a "ausência de documento material" a que tanto se apegam os embargantes foi tida pela Turma como elemento adicional a confirmar o intuito doloso de burlar o sistema tributário, buscando ocultar o real sujeito passivo da relação jurídica tributária. O principal fundamento adotado pelo Colegiado para manter a sujeição passiva por responsabilidade foi o reconhecimento de que, de fato, os ora embargantes (entre outros) se mantinham à frente das atividades do grupo empresarial, não obstante a retirada meramente formal em momento anterior e a inexistência de documento formal que lhes atribuísse poderes. A realidade dos fatos provados nos autos superou e desmentiu largamente a realidade puramente formal. Pelo exposto, devese negar provimento aos embargos, também quanto a este ponto. 3. Obscuridade quanto à inadmissibilidade das provas ilícitas. Os embargantes lembram que o Fisco se valeu de provas extraídas do processo judicial em trâmite perante a 4a Vara Criminal da Justiça Federal de Belo Horizonte, que visou investigar a denominada "Operação Castelhana". Referido processo estaria tramitando sob o sigilo da Lei nº 9.296/96, de tal sorte que qualquer prova dele extraída deveria estar acompanhada de autorização judicial para seu compartilhamento. Sustentam os embargantes que seriam terceiros em relação aos réus do processo judicial, e que inexistiria autorização judicial para uso das provas para fins de apuração de infrações tributárias de terceiros. Em assim sendo, as provas teriam sido obtidas por meio ilícito, e inadmissíveis no processo (CS/88, art. 5º, inciso LVI). A decisão embargada teria se limitado a afirmar que não há fundamento legal para suscitar a ilegalidade de tais provas, já que estas provas não poderiam limitarse às partes do processo judicial. Os embargantes, então, requerem o saneamento de obscuridade no julgado, para que a Turma julgadora esclareça "se vislumbra nos autos que houve autorização expressa para compartilhamento dos dados sigilosos relativamente ao Recorrente e, caso não verifique, reconheça a ilicitude das provas apresentadas, declarando, desta forma, o cancelamento da presente autuação". O acórdão embargado tratou da matéria como segue (fl. 4044): No que se refere à pretendida inoponibilidade da quebra de sigilo a (supostos) “terceiros”, com a mais respeitosa vênia, não há razão alguma para o seu acolhimento na presente vertente, sobretudo porque a consideração apresentada não possui qualquer substância legal. Fl. 4396DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.397 9 A prova da ocorrência de ilícitos que acarretam a incidência tributária, definitivamente, prestamse sim para a apuração dos montantes devidos e a sua co respectiva exigência, não se podendo, de forma alguma, limitarse a imputação, no caso, apenas às partes do respectivo processo judicial. Embora de modo sintético, a matéria foi abordada pelo acórdão embargado. A dúvida (obscuridade) suscitada pelos embargantes diz respeito à necessidade, ou não, de autorização expressa para compartilhamento dos dados sigilosos relativamente a eles (embargantes), com citação nominal. Esclareçase que o entendimento do Colegiado se baseou na autorização judicial para compartilhamento de provas com a Receita Federal. O documento é citado tanto pelo Termo de Verificação Fiscal (fl. 84) quanto no recurso voluntário dos sujeitos passivos solidários (fl. 3987), e não há discussão sobre seu teor. O TVF afirma que (grifo não consta do original): Não obstante os documentos se encontrarem sob segredo de justiça, o MM. Juiz Federal Substituto da 4a Vara Federal, Seção Judiciária de Minas Gerais, determinou a extensão da quebra de sigilo à Receita Federal, asseverando que só podem ser aproveitados pela autoridade fiscal os dados pertinentes à fiscalização para efeito de constituição de crédito tributário, devendo a autoridade administrativa preservar o sigilo dos dados a que tenha acesso. No recurso voluntário (fl. 3987) o então recorrente transcreve excerto do documento de autorização judicial (grifo não consta do original): "EXTENSÃO DA QUEBRA DE SIGILO RECEITA FEDERAL ••• ADEMAIS, SÓ PODEM SER APROVEITADOS PELA AUTORIDADE FISCAL AQUELES DADOS PERTINENTES À ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA, ISTO É, PERTINENTES FISCALIZAÇÃO PARA EFEITO DE CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO, SENDO CERTO QUE, POR DEVER DE OFÍCIO, A AUTORIDADE ADMINISTRATIVA, ESTA OBRIGADA A PRESERVAR O SIGILO DOS DADOS A QUE TENHA ACESSO, CONFIGURADO INFRAÇÃO PENAL A EVENTUAL DIVULGAÇÃO QUE VENHA A SER FEITA. DESSE MODO, DETERMINO A INTIMAÇÃO DO SUPERINTENDENTE DA RECEITA FEDERAL EM MINAS GERAIS, A FIM QUE DESIGNE EQUIPE PARA ANALISAR OS AUTOS RELATIVOS AS QUEBRAS DE SIGILO TELEFÔNICO, BANCÁRIO, INFORMÁTICO E TELEMÁTICO, BEM OS MALOTES DERIVADOS DAS APREENSÕES REALIZADAS NESTES AUTOS E ACAUTELADOS NESTA SECRETARIA, A FIM DE SUBSIDIAR EVENTUAL INSTAURAÇÃO DE AÇÕES FISCAIS OU AINDA INSTRUIR AÇÕES JÁ INSTAURADAS. Ora, a autorização judicial foi de compartilhamento de documentos para fins de constituição de crédito tributário. E, nesse mister, a correta identificação do sujeito passivo da obrigação tributária é ponto de fulcral importância, a teor do art. 142 do Código Tributário Nacional, verbis (grifo não consta do original): Fl. 4397DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.398 10 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Nessa linha de raciocínio, a constituição de crédito tributário com base nas provas cujo aproveitamento foi autorizado judicialmente não pode se limitar àquelas pessoas em face das quais foi inicialmente instaurada a ação penal, mas também deve se estender aos demais coobrigados pela prática das infrações tributárias, corretamente identificados no curso do procedimento administrativo que conduziu ao lançamento como responsáveis tributários, na forma do art. 135 do CTN. Considero, assim, sanada a obscuridade apontada. Em conclusão, quanto a este ponto, os embargos devem ser acolhidos para esclarecimento de obscuridade, sem efeitos modificativos. 4. Obscuridade quanto à isenção de PIS e COFINS sobre os produtos comercializados pela empresa autuada. Nas palavras dos embargantes: O Recorrente demonstrou, por meio de seu Recurso Voluntário, que a maioria dos produtos comercializados pela empresa contribuinte possuía isenção de PIS e COFINS, em razão das disposições da Lei 10.925/2004. [...] Através da documentação que integra este PTA, em especial no que tange às notas fiscais que compõem o Anexo II desta autuação, se verifica que a empresa Progresso Alimentos comercializou, em sua imensa maioria, os seguintes produtos: Bebida Láctea (derivada do leite em pó); Feijão Carioquinha; Arroz Agulhinha, Fubá de Milho. Percebese, portanto, que, ao contrário do que exposto nas razões do r. acórdão em análise, não houve argumentação genérica do Recorrente, e sim a indicação expressa de quais produtos eram comercializados e quais eram beneficiados com a isenção. Ademais, todo o alegado pelo Recorrente pode ser facilmente verificado através da documentação existente nos autos Sendo assim, temse que o julgado em análise se apresenta obscuro quanto a este ponto, pois, não é possível se auferir se os documentos constantes nos autos foram desconsiderados e, se sim, porque o foram. Veja que as notas fiscais mencionadas, por si só, comprovam que a maior parte das operações realizadas pela contribuinte eram isentas de PIS e COFINS, não sendo possível se afirmar que "... os recorrentes alegam, sem nada provar". Sendo assim, temse que imprescindível que a obscuridade descrita seja sanada, a fim de Fl. 4398DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.399 11 que possa haver a melhor solução para a controvérsia verificada no processo administrativo em tela. Eis como a matéria foi tratada pelo acórdão embargado (fl. 4048, grifo não consta do original): Dando continuidade às suas argumentações, aduzem ainda os recorrentes que, em relação às atividades desenvolvidas pela contribuinte, aplicável seria a isenção de que trata a Lei 10.925/2004, sendo indevida, portanto, a cobrança de quaisquer montantes em relação aos fatos geradores a eles relacionados. A norma em questão, vale destacar, referese como aqui já antes apontado , à previsão de isenção do PIS e da COFINS sobre a comercialização de diversos produtos alimentícios, ali se verificando, de fato, a possibilidade da presença de diversos itens comercializados pela contribuinte. Ocorre que, ao contrário do que pretendem fazer crer os recorrentes, a autuação efetivada, como aqui desde antes apontado, teve como meio o “arbitramento do lucro”, especificamente por força do nãoatendimento reiterado da contribuinte às intimações encaminhadas pelos agentes da fiscalização, a respeito dos registros contábeis e fiscais por ela então supostamente mantidos. A contribuinte não apresentou qualquer documentação, somente se verificando essas a partir dos documentos arrecadados pelos agentes da fiscalização, ou ainda, quando da apresentação das respectivas impugnações ao lançamento. A respeito da análise dos elementos contidos nos autos, e, no caso, a efetiva e adequada redução do montante tributável, foi efetivado quando da prolação da h. Decisão de Primeira Instância, sendo esse tema, inclusive, aqui especificamente enfrentado quando de nossa apreciação do competente Recurso de Ofício. A rigor, competiria à contribuinte a entrega regular, ao tempo e modo devido, dos documentos requeridos pelos agentes da fiscalização, o que, assim não procedendo, não pode agora, de forma completamente desvinculada de qualquer comprovação fática objetiva, pretender a anulação ou redução do montante lançado. Aliás, conforme já aqui destacamos, a d. Turma de origem, visando garantir a regularidade do lançamento, e a inviabilidade de discussões futuras sobre a regularidade da cobrança, especificamente analisou as notas fiscais juntadas aos autos, promovendo já a adequação dos montantes exigidos nos presentes autos, nada mais restando a ser aqui, então, efetivamente apreciado em relação a essa matéria. Tendo em vista que os recorrentes apenas alegam, sem nada provar, em relação ao enquadramento do restante de suas operações na hipótese assentada, não se pode aqui, de forma alguma acolher a pretensão da forma como então aqui aduzida. Como se vê, a análise da documentação trazida aos autos, inclusive com a redução da exigência de PIS e COFINS, onde cabível, foi feita já em primeira instância administrativa, e foi objeto do reexame necessário (recurso de ofício) pelo acórdão embargado, o qual confirmou o afastamento parcial das exigências. Isso se constata no seguinte trecho que consta do voto acerca do recurso de ofício, às fls. 4038/4040): Fl. 4399DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.400 12 Da análise dos fundamentos adotados pela r. decisão de primeira instância, verificase que, apesar de reconhecer, no caso, que a contribuinte, devidamente intimada, não teria, ao tempo e modo devido, efetivamente apresentado os documentos contábeis e fiscais que refletissem a realidade de suas atividades, a douta autoridade de primeira instância, analisando os argumentos expedidos pelas impugnações apresentadas, efetivamente reconhece a aplicabilidade das disposições da Lei 10.925/2004, que, estabelecendo a isenção da incidência do PIS e da COFINS sobre diversos produtos potencialmente comercializados pela autuada, impõe então a necessária redução dos encargos respectivos onde tais fatos, a partir dos elementos contidos autos, possam então efetivamente ser apurados. Com espeque nas disposições do Decreto 5.630/2005, que, regulamentando as disposições da referida Lei (e de todas as sucessivas alterações a ela relacionadas), aponta em relação a cada produto a sua aplicabilidade temporal, foram então efetivamente analisadas as notas fiscais especificamente trazidas aos autos, promovendose, a partir daí, a dedução dos montantes apurados daqueles anteriormente apresentados, e, com isso, garantindo a integral eficácia da norma referenciada. [...] A partir da análise desses fundamentos, o que se verifica é que, a partir dos documentos expressamente contidos nos autos, os agentes da douta DRJ promoveram o levantamento dos montantes que, ao menos em tese, poderiam ser beneficiados pela isenção de que trata a Lei 10.925/2004, promovendo, assim, o batimento do valor apurado com o montante inicialmente lançado. [...] Ao garantir a douta DRJ o abatimento dos montantes apurados a partir das Notas Fiscais ulteriormente trazidas aos autos, o que se promoveu, então, foi apenas, e tão somente, o controle de legalidade do lançamento, garantindo se a aplicação das disposições normativas próprias e, com isso, evitando eventuais questionamentos futuros a respeito de sua regularidade. [...] Em face dessas considerações, entendo como regular a exoneração aqui apresentada, sobretudo porque, apesar de extemporâneos, os documentos apresentados de fato importam em efetiva prova de que parte dos montantes movimentados, por certo, não se submeteriam à incidência das contribuições do PIS e da COFINS, devendo, assim, então, ser efetivamente deduzidos do montante global apontado. Fica evidenciada, então, a inexistência de qualquer obscuridade. Os documentos (em especial, notas fiscais) acostados aos autos já foram examinados em primeira instância, tendo sido lá promovidas as reduções das exigências, em especial em face da comercialização dos produtos beneficiados com isenção de PIS e COFINS pela Lei nº 10.925/2004. A decisão embargada assentou que o desprovimento do recurso voluntário, nessa parte, se deveu à falta de prova do enquadramento do restante das operações da interessada na isenção mencionada. Os então recorrentes não apontaram nem comprovaram Fl. 4400DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.401 13 que o benefício da isenção pudesse alcançar parcela maior da exigência do que aquela já afastada em primeira instância. Em sede de embargos, o que se constata é a intenção dos embargantes de rediscutir matéria já discutida e decidida em primeira instância e confirmada em segunda instância (digase de passagem, decidida em seu favor, na parte em que houve comprovação documental), não se verificando qualquer obscuridade. Os embargos devem, pois, ser rejeitados quanto a este ponto. 5. Contradição quanto à aplicação da multa qualificada. Nas palavras dos embargantes: Verificase no r. acórdão que este r. Ente Julgador entendeu devida a multa qualificada, no patamar de 150%, por entender que houve fraude nas operações em análise, uma vez que supostamente foram utilizadas interpostas pessoas. Ocorre que tal entendimento é extremamente contraditório, uma vez que a fraude que justifica a aplicação de multa qualificada somente será configurada quando esta estiver vinculada ao fato gerador da obrigação e não aos sujeitos que a envolvem. [...] O fato é que resta contraditória decisão que fundamenta a aplicação de multa no patamar de 150% pela suposta utilização de interpostas pessoas, tendo em vista que tal fato não autoriza a majoração da penalidade em questão. Sendo assim, requerse desde já que seja sanada a referida contradição, para que este Conselho se manifeste apontando a conduta vinculada ao fato gerador que ensejou a majoração da multa, ou, caso não verificada, cancele a aplicação de multa qualificada para o presente caso. O acórdão embargado assim se pronunciou (fl. 4049): Sobre esse tema específico, é relevante destacar que, ao contrário do que sustentam os recorrentes, toda a autuação se baseou, no caso, na presença e configuração de efetiva e verdadeira atuação dolosa, fraudulenta e dissimulada dos referidos responsáveis, que, escudandose na formalidade com a utilização de agentes “laranjas”, pretenderam verdadeiramente imiscuirse do dever legal de pagamento de tributos, o que, inclusive, restou ampla e devidamente apresentado nos autos. Registrese que, a rigor, inexiste qualquer contradição entre a decisão (manter a multa qualificada) e seus fundamentos (a atuação dolosa, fraudulenta e dissimulada com a intenção de escapar à obrigação legal do pagamento de tributos). Os fundamentos são coerentes com a decisão e inexiste, assim, contradição a ser sanada pela estreita via dos embargos declaratórios, nos termos do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterações supervenientes. Esclareçase, por oportuno, que a conduta dolosa que busca, fraudulenta e artificiosamente, alterar o sujeito passivo da obrigação tributária (apresentando interpostas pessoas ou "laranjas" como se fossem o real sujeito passivo) é, por certo, hipótese de Fl. 4401DF CARF MF Processo nº 15504.018302/201011 Acórdão n.º 1301002.262 S1C3T1 Fl. 4.402 14 qualificação da multa de ofício, a teor do art. 44 da Lei nº 9.430/1996 c/c arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/1964. Esse entendimento já era expresso desde o lançamento, como se observa no Termo de Verificação Fiscal às fls. 101/102. Os embargos devem ser, pois, rejeitados, quanto a esta matéria. Conclusão. Em conclusão, por todo o exposto, voto por rejeitar os embargos opostos pelos responsáveis tributários Sr. Paulo Vítor Cardoso e Sr. Adalberto Cardoso, no que se refere aos pontos 1, 2, 4 e 5, e acolher os embargos quanto ao ponto 3 para esclarecer obscuridade, sem efeitos modificativos, ratificando integralmente o quanto decidido pelo acórdão nº 1301001.606, de 26/08/2014, complementado e integrado pelo acórdão nº 1301 001.973, de 05/04/2016. (assinado digitalmente) Waldir Veiga Rocha Fl. 4402DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10730.003856/2008-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
LANÇAMENTO. RECOLHIMENTOS NÃO CONSIDERADOS. REVISÃO.
Impõe-se a revisão do lançamento quando comprovado, pelo sujeito passivo, o recolhimento de parte do tributo exigido, com a vinculação dos recolhimentos ao crédito tributário.
DECLARAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
Cabível a aplicação de multa de ofício pela omissão de rendimentos na declaração anual de ajuste retificadora apresentada pelo contribuinte. Assim, o valor pago não é suficiente para quitar a totalidade do valor do tributo e da multa de ofício, devendo ser mantido o lançamento.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.562
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para alterar o valor do tributo devido (principal) para R$ 451,28.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo Presidente
(assinado digitalmente)
Túlio Teotônio de Melo Pereira - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: TULIO TEOTONIO DE MELO PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 LANÇAMENTO. RECOLHIMENTOS NÃO CONSIDERADOS. REVISÃO. Impõe-se a revisão do lançamento quando comprovado, pelo sujeito passivo, o recolhimento de parte do tributo exigido, com a vinculação dos recolhimentos ao crédito tributário. DECLARAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Cabível a aplicação de multa de ofício pela omissão de rendimentos na declaração anual de ajuste retificadora apresentada pelo contribuinte. Assim, o valor pago não é suficiente para quitar a totalidade do valor do tributo e da multa de ofício, devendo ser mantido o lançamento. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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RECOLHIMENTOS NÃO CONSIDERADOS. REVISÃO. Impõese a revisão do lançamento quando comprovado, pelo sujeito passivo, o recolhimento de parte do tributo exigido, com a vinculação dos recolhimentos ao crédito tributário. DECLARAÇÃO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. Cabível a aplicação de multa de ofício pela omissão de rendimentos na declaração anual de ajuste retificadora apresentada pelo contribuinte. Assim, o valor pago não é suficiente para quitar a totalidade do valor do tributo e da multa de ofício, devendo ser mantido o lançamento. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 00 38 56 /2 00 8- 10 Fl. 91DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para alterar o valor do tributo devido (principal) para R$ 451,28. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo – Presidente (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Mario Pereira de Pinho Filho, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Bianca Felicia Rothschild e Theodoro Vicente Agostinho. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 10730.003856/200810 Acórdão n.º 2402005.562 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório O feito já foi relatado por ocasião da conversão do julgamento em diligência (fls. 77/79), nos seguintes termos: Tratase de Recurso Voluntário às fls. 65/66, interposto por Antonio Ernandes Bastos Mota, contra decisão da 7a Turma de Julgamento da DRJ/Rio de Janeiro II que julgou procedente em parte a impugnação apresentada contra o lançamento às fls. 05/08, este decorrente da revisão efetuada em sua declaração de rendimentos retificadora correspondente ao exercício 2005, ano calendário 2004, face à infração de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Cientificado, o contribuinte apresentou impugnação argumentando que consta como rendimento omitido o valor de R$ 16.554,06, porém o citado valor referese a rendimentos complementares percebidos do Comando de Marinha (fonte pagadora), informados na declaração retificadora enviada em 26/11/2007. Solicitou a revisão dos valores lançados, uma vez que os mesmos já haviam sido informados nesta retificação, e assim fosse considerado, tornando possível a apuração do imposto devido, adequandoo de forma justa e legal. Ao apreciar a questão, o Órgão colegiado de primeira instância decidiu, por unanimidade e votos, pela procedência em parte do lançamento, ao concluir que, do total da omissão de rendimentos indicada na notificação de lançamento, somente R$ 12.951,90 se confirmaram, motivo pelo qual efetuou novo cálculo do imposto devido, nos termos do demonstrativo constante do Acórdão DRJ/RJ2 n° 1332.201, às fls. 60/61. Devidamente intimado da decisão a quo em 14/12/2010, conforme ciência à fl.64, o contribuinte interpôs, em 11/01/2011, o Recurso Voluntário às fls. 65/66, juntamente com os documentos às fls. 67/69. Em sua peça recursal esclarece que tomou conhecimento de que o Fisco não reconhece o seu pleito de isenção com base na Lei n° 8.852/94, no entanto, informa que já havia realizado três pagamentos de DARF no código 0211: o primeiro em 26/04/2005, no valor de R$ 273,56; o segundo em 29/08/2005, no valor principal de R$ 2.200,00, e com juros de R$ 77,22, totalizando R$ 2.277,22; e o terceiro, conforme aviso de cobrança expedido pela própria Secretaria da Receita Federal, em 30/01/2006, no valor principal de R$ 262,51, acrescido de multa de R$ 52,50, e juros de R$ 34,17, totalizando a quantia de R$ 349,18. Argumenta que tais valores não foram considerados quando da lavratura da notificação de lançamento em questão. Assim, entende o recorrente que restou demonstrada a insubsistência e improcedência da ação fiscal, pelo que requer Fl. 93DF CARF MF 4 seja acolhido seu recurso, decidindose por não haver mais qualquer valor a ser recolhido, visto que o imposto já havia sido declarado e pago na declaração retificadora, em total superior ao cobrado pelo fisco. Pleiteia, ainda, mediante à comprovação de todos os pagamentos, a restituição do valor pago a maior. O relator baixou o feito em diligência para o órgão preparador verificar se os DARFs estavam disponíveis nos sistemas da RFB, vincular os recolhimentos ao presente débito e trazer à colação os resultados. Em resposta (fl. 89), a Delegacia de origem informou que: (a) os recolhimentos estavam disponíveis e foram efetuados antes da notificação de lançamento; (b) apresenta novos cálculos do débito após a apropriação dos pagamentos. É o relatório. Fl. 94DF CARF MF Processo nº 10730.003856/200810 Acórdão n.º 2402005.562 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Túlio Teotônio de Melo Pereira Relator A admissibilidade do recurso voluntário já fora confirmada por ocasião da conversão do julgamento em diligência, razão por que passamos diretamente à apreciação da lide. O sujeito passivo foi notificado da omissão de rendimentos no valor de R$ 16.554,06 na sua declaração de ajuste anual (DAA) retificadora, anocalendário 2004, entregue em 26/11/2007 (fls. 50/52). Os rendimentos foram recebidos da fonte pagadora Comando da Marinha, CNPJ 00.394.502/000306. A DRJ manteve em parte o lançamento, reduzindo o valor da omissão para R$ 12.951,90, Na peça recursal, o sujeito passivo aduziu que não haviam sido considerados, no lançamento, três recolhimentos, efetuados antes da notificação, conforme DARFs que anexa. Do exame dos documentos constantes dos autos, observase que o sujeito passivo apresentou declaração retificadora do exercício 2005, entregue em 26/11/2007, excluindo parte dos rendimentos tributáveis anteriormente oferecidos à tributação, alterando, deste modo, o resultado constante de declaração originalmente entregue ao Fisco. No entanto, aduz no recurso que recolhera o saldo de imposto a pagar apurado por ocasião da apresentação da declaração anteriormente apresentada, que representa o valor do imposto suplementar que lhe está sendo exigido no lançamento em discussão. Em diligência, o órgão preparador reconheceu (fls. 89) que os valores foram efetivamente recolhidos, em datas anteriores à notificação, tendo vinculado os recolhimentos ao presente crédito tributário. Conforme demonstrativo de vinculação (fl. 83), observase que, após a apropriação dos recolhimentos, restou um saldo não quitado no valor de R$ 451,28. De se esclarecer que, mesmo considerando os recolhimentos, persiste a omissão de rendimentos na DAA apresentada pelo sujeito passivo em 26/11/2007, fato que impõe exigência da multa de ofício, pela falta de declaração dos rendimentos, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei no 9.430/1996: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de Fl. 95DF CARF MF 6 declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Nesses termos, deve a notificação ser retificada, conforme demonstrativo de vinculação (fl. 83), restando saldo de imposto de renda devido no valor de R$ 451,28. Conclusão Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para alterar o valor do tributo devido (principal) para R$ 451,28. (assinado digitalmente) Túlio Teotônio de Melo Pereira. Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.003648/2009-45
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue May 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004
DIRPF. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA/RIR 1999.
Todas as deduções na base de cálculo do imposto previstas pela legislação estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°).
DESPESAS MÉDICAS.
Comprovado que as despesas médicas objeto do litígio se referem a tratamento da própria declarante, deve ser afastada a glosa.
Numero da decisão: 2202-003.803
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente
(assinado digitalmente)
Cecilia Dutra Pillar - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: CECILIA DUTRA PILLAR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004 DIRPF. DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA/RIR 1999. Todas as deduções na base de cálculo do imposto previstas pela legislação estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decreto-Lei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). DESPESAS MÉDICAS. Comprovado que as despesas médicas objeto do litígio se referem a tratamento da própria declarante, deve ser afastada a glosa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada.
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DEDUÇÕES. COMPROVAÇÃO. REGULAMENTO DO IMPOSTO DE RENDA/RIR 1999. Todas as deduções na base de cálculo do imposto previstas pela legislação estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). DESPESAS MÉDICAS. Comprovado que as despesas médicas objeto do litígio se referem a tratamento da própria declarante, deve ser afastada a glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar e Márcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 00 36 48 /2 00 9- 45 Fl. 81DF CARF MF 2 Relatório Contra a contribuinte acima identificada foi emitida Notificação de Lançamento relativa ao Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas, decorrente de revisão da Declaração de Ajuste Anual do IRPF do exercício de 2005, ano calendário de 2004, em que foram glosados valores indevidamente deduzidos a título de despesas médicas e despesas com instrução, por falta de comprovação ou falta de previsão legal para sua dedução. A Notificação de Lançamento está às fls. 03 a 08 dos autos digitalizados e especificamente com relação à despesa com a Clínica Odontológica Oliveira S/C Ltda, no valor de R$ 13.500,00, informa que a glosa ocorreu por não ter sido confirmado o pagamento pelo prestador do serviço, após resposta à intimação fiscal. A notificada apresentou impugnação tempestiva e parcial (fls. 02), insurgindose apenas quanto à não aceitação das Notas fiscais de serviços da Clínica Odontológica Oliveira S/C Ltda nº 0418, no valor de R$ 3.500,00 e nº 0451, de R$ 2.000,00 e das Notas fiscais de serviços da Odontogan nº 004, no valor de R$ 2.000,00, nº 015, de R$ 4.000,00 e nº 047, de R$ 13.500,00, participando que o prestador de serviço verificou que houve erro da parte dele em não apresentar em sua declaração as notas de serviços prestados. Apresenta as NFs a que se referiu (fls. 09/13). Ao apreciar o litígio a 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF), manteve integralmente a parte impugnada do lançamento, conforme acórdão de fls. 36/40, motivando seu voto no fato de que despesas médicas efetuadas com a empresa Odontogam, nos valores de R$ 4.000,00 e R$ 2.000,00 não foram objeto de glosa, assim como as despesas médicas com a Clínica Odontológica Oliveira, nos valores de R$ 3.500,00 e R$ 2.000,00. Em seu apelo ao CARF (fls. 46/48) a recorrente reafirma que contratou e pagou R$ 13.500,00 por serviços de próteses dentárias realizadas pela Clínica Odontológica Oliveira e apresentou a respectiva nota fiscal datada de 20/10/2004. Disse que desconhece os fatos alegados pelo dentista à Receita Federal a respeito do não recebimento do valor indicado na referida nota fiscal. Entende que o prestador do serviço deve estar sonegando o imposto de renda ao alegar não ter recebido pelo serviço prestado, mesmo tendo emitido a NF apresentada à fiscalização. O processo foi distribuído para a então 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF que, considerando que o litígio se resumiu à glosa da despesa odontológica indicada na NF de Serviço nº 00047, no valor de R$ 13.500,00, emitida pela Odontogam Clínica Odontológica Oliveira Ltda em 20/10/2004 (fls. 09); que a glosa teve por fundamento a resposta do prestador à intimação fiscal, negando recebimento de tal quantia, consoante descrição dos fatos no lançamento às fls. 03 e por não constar dos autos qualquer declaração neste sentido, resolveu, em sessão de 20/02/2013, converter o julgamento em diligência, para juntada aos autos da intimação fiscal enviada ao emitente da nota fiscal nº 00047 e a resposta do prestador do serviço. O processo foi encaminhado à equipe de fiscalização da DRF Brasília, que anexou aos autos os documentos de fls. 59/65, comprovando que prestador foi intimado por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 498/2009, de 10/03/2009 (fls. 59), a informar se houve pagamento por tratamento odontológico realizado pela sra. Janete ou em seus dependentes, no ano de 2004; caso afirmativo, que informasse o beneficiário e o tratamento realizado, Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10166.003648/200945 Acórdão n.º 2202003.803 S2C2T2 Fl. 82 3 apresentando prontuário ou ficha médica do beneficiário, bem como o valor total pago; caso negativo que informasse tal fato por escrito. Atendendo àquela intimação, o Dr. Geraldo Magela de Oliveira prestou esclarecimentos de 22/03/2009, (fls. 60), complementados em 14/04/2009 (fls. 63) onde confirmou que o tratamento referente à nota fiscal nº 00047, foi efetuado na sra. Janete, no valor de R$ 13.500,00. Que por um lapso deixou de incluir esta informação no esclarecimento anterior pelo fato do tratamento ter sido realizado em razão de ordem judicial, motivo pelo qual o prontuário se encontrava em arquivo diferente. Ao final rogou sejam consideradas corretas as declarações prestadas pela Sra. Janete de Matos e apresentou discriminativo dos serviços realizados (fls. 64, recebidos pela DRF Brasília em 15/04/2009). A informação de fls. 63 contém observação manuscrita de que a correspondência foi recebida posteriormente à finalização da declaração. A contribuinte foi cientificada da diligência e de seu resultado em 12/05/2014 (AR de fls. 72), sendolhe concedido prazo para manifestação, o que fez tempestivamente apenas para contestar a informação de que o tratamento teria sido realizado por ordem judicial, o que não confere com a realidade. Afirma que foi ela quem arcou com o tratamento pois não logrou êxito na ação judicial intentada contra outro dentista, Dr. Vitório Campos da Silva, por motivo de erro médico e que não houve qualquer ordem judicial para que o Dr. Geraldo Magela de Oliveira realizasse o tratamento. Devido à extinção da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento e considerando que o Conselheiro não mais se encontra no CARF, os autos foram novamente sorteados, caindo para minha relatoria. É o Relatório. Voto Conselheira Cecilia Dutra Pillar, relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais formalidades legais, portanto dele conheço. No presente recurso o litígio se resumiu à glosa da despesa odontológica indicada na NF de Serviço nº 00047, no valor de R$ 13.500,00, emitida pela Odontogam Clínica Odontológica Oliveira Ltda em 20/10/2004 (fls. 09). Em diligência solicitada pelo CARF, a RFB comprovou que, atendendo à intimação, o odontólogo declarou ter efetivamente prestado os serviços na sra. Janete de Matos, confirmando a despesa por ela realizada no valor de R$ 13.500,00 no ano calendário de 2004. Assim, tenho como comprovadas as despesas médicas realizadas em nome da declarante, no ano calendário de 2004, devendo ser restabelecida a dedução de R$ 13.500,00. Conclusão Fl. 83DF CARF MF 4 Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para afastar a glosa e restabelecer a dedução de despesa médica no valor de R$ 13.500,00. (assinado digitalmente) Cecilia Dutra Pillar Relatora Fl. 84DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.011384/2005-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Mar 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Data do fato gerador: 31/12/1997, 31/12/1998, 31/12/1999, 31/12/2000, 31/12/2001
LUCRO REAL. REGRA GERAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. PRETENSÃO DE APURAÇÃO ANUAL SEM OBSERVÂNCIA DAS SITUAÇÕES PREVISTAS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE.
Nos termos do artigo 220, do Regulamento do Imposto de Renda, a regra geral é a exigência do imposto de renda, e, por conseguinte, da contribuição social sobre o lucro líquido, por período de apuração trimestral. Para que o critério temporal passe de trimestral para anual é necessário expressa manifestação do sujeito passivo, acompanhada, se for o caso, do pagamento das estimativas, conforme previsto no parágrafo único do artigo 222 do Regulamento do Imposto de Renda. Em não havendo manifestação de opção pelo lucro real anual prevalece a regra geral de apuração trimestral, sendo incabível, nestas situações, a exigência de imposto de renda de forma anual.
Recurso Voluntário Provido.
Recurso de Ofício Prejudicado.
Numero da decisão: 1402-002.386
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher a preliminar de nulidade da autuação por vício material na apuração da exigência e considerar prejudicado o julgamento do recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. O Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira declarou-se impedido.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Data do fato gerador: 31/12/1997, 31/12/1998, 31/12/1999, 31/12/2000, 31/12/2001 LUCRO REAL. REGRA GERAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. PRETENSÃO DE APURAÇÃO ANUAL SEM OBSERVÂNCIA DAS SITUAÇÕES PREVISTAS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do artigo 220, do Regulamento do Imposto de Renda, a regra geral é a exigência do imposto de renda, e, por conseguinte, da contribuição social sobre o lucro líquido, por período de apuração trimestral. Para que o critério temporal passe de trimestral para anual é necessário expressa manifestação do sujeito passivo, acompanhada, se for o caso, do pagamento das estimativas, conforme previsto no parágrafo único do artigo 222 do Regulamento do Imposto de Renda. Em não havendo manifestação de opção pelo lucro real anual prevalece a regra geral de apuração trimestral, sendo incabível, nestas situações, a exigência de imposto de renda de forma anual. Recurso Voluntário Provido. Recurso de Ofício Prejudicado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 23; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1894; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1.253 1 1.252 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.011384/200589 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1402002.386 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de fevereiro de 2017 Matéria CSLL Recorrentes FAELBA FUNDAÇÃO COELBA DE ASSISTÊNCIA E SEGURIDADE SOCIAL FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/1997, 31/12/1998, 31/12/1999, 31/12/2000, 31/12/2001 LUCRO REAL. REGRA GERAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. PRETENSÃO DE APURAÇÃO ANUAL SEM OBSERVÂNCIA DAS SITUAÇÕES PREVISTAS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do artigo 220, do Regulamento do Imposto de Renda, a regra geral é a exigência do imposto de renda, e, por conseguinte, da contribuição social sobre o lucro líquido, por período de apuração trimestral. Para que o critério temporal passe de trimestral para anual é necessário expressa manifestação do sujeito passivo, acompanhada, se for o caso, do pagamento das estimativas, conforme previsto no parágrafo único do artigo 222 do Regulamento do Imposto de Renda. Em não havendo manifestação de opção pelo lucro real anual prevalece a regra geral de apuração trimestral, sendo incabível, nestas situações, a exigência de imposto de renda de forma anual. Recurso Voluntário Provido. Recurso de Ofício Prejudicado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher a preliminar de nulidade da autuação por vício material na apuração da exigência e considerar prejudicado o julgamento do recurso de ofício, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. O Conselheiro Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira declarouse impedido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 01 13 84 /2 00 5- 89 Fl. 1253DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.254 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 1254DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.255 3 Relatório FUNDAÇÃO COELBA DE ASSISTÊNCIA E SEGURIDADE SOCIAL recorre a este Conselho, com fulco no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1533.826 da 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Salvador que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada. O Presidente da 2ª Turma da DRJ em Salvador, por sua vez, recorre de ofício a este Conselho, com fulcro no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, c/c , art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03/01/2008, haja vista que na apreciação da impugnação exonerouse montante de tribut tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Por bem retratar o litígio até a decisão de primeira instância, adoto excertos relatório da 2ª Turma da DRJ em Salvador: Trata o processo em questão de Auto de Infração, referente aos anos calendário de 1997, 1998, 1999, 2000 e 2001, de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, às fls. 05 a 26, no valor de R$ 25.256.816,89 (vinte e cinco milhões, duzentos e cinquenta e seis mil, oitocentos e dezesseis reais e oitenta e nove centavos), acrescido da multa de ofício e de juros de mora, proveniente de falta de recolhimento dessa contribuição, conforme Termo de Verificação Fiscal, em anexo. O enquadramento legal aponta os arts. 2º e §§ da Lei nº 7.689, de 1988; arts. 41 e 57 da Lei nº 8.981, de 1995; arts. 13 e 19, § 1º, da Lei nº 9.249, de 1995; art. 2º da Lei nº 9.316, de 1996; art. 28 da Lei nº 9.430, de 1996; art. 6º da MP nº 1.858, de 1999, e suas reedições; arts. 6º e 7º da MP nº 1.991, de 2000, e reedições; IN SRF nº 81, de 1999, e arts. 38, 45, 50 e 51 da IN nº 390, de 2004. A descrição dos fatos consta do TERMO DE VERIFICAÇAO FISCAL, às fls. 15 a 17, que transcrevo: Intimamos o contribuinte através do Termo de Início anexo à fl. 26, a apresentar, dentre outros elementos, um demonstrativo com a formação da base de cálculo e apuração de débito da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) do período de agosto/98 a junho/2003. Posteriormente, através do MPF Complementar nº 20030062003, a fiscalização passou a abranger os períodos compreendidos entre janeiro de 1997 a dezembro de 2001. Ressaltamos que somente a partir de 01 de janeiro/2002, através do art. 5º da Lei nº 10.426/ 2001, as entidades fechadas de previdência privada estão isentas da CSLL. A contribuinte apresentou documento, datado de 27/10/2003, fls.67 a 71, em que esclarece que através da ABRAPP Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar, da qual é filiada, foi impetrado Mandado de Segurança Coletivo nº 2002.33.00.001.0080, contra a cobrança do IRRF sobre Aplicações Financeiras e a cobrança da CSLL. Para efeito da Anistia de que trata a MP 2.222/ 2001, desistiu da ação em relação ao Imposto de Renda Retido na Fonte, mas não renunciou à Ação em relação à CSLL. Através da sentença prolatada pela Exª. Dra. Juíza Federal Neuza Maria Alves da Silva, em 14/08/2002, cópia anexa às Fl. 1255DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.256 4 fls.51 a 66, o Mandado de Segurança foi julgado improcedente quanto à CSLL e a liminar concedida tornada sem efeito. Na sentença, a Exª. Dra. Juíza decide: Quando o legislador definiu a base de cálculo da CSLL como sendo o resultado contábil positivo do contribuinte, não se preocupou em distinguir se este resultado contábil teria esta ou aquela nomenclatura; se chamarseia lucro, superávit ou teria outra denominação qualquer. O fato é um só, e não poderia ser diferente: Se as aplicações realizadas pela entidade, aberta ou fechada de previdência, tiverem resultado positivo, ou seja, se houver acréscimo de capital com operação, deve sim haver a incidência da CSLL, principalmente porque quando o legislador constituinte remeteu à sociedade como um todo a obrigação de financiar a previdência e assistência social públicas, não eximiu qualquer entidade ou instituição de cumprir este dever.” Solicitamos através do Termo de Intimação com aviso de recebimento de 11/04/2005, fl. 44, que fosse levantada a base de cálculo da CSLL dos anoscalendário de 1997 a 2001, tendo em vista a sentença citada acima, e que a isenção somente se aplica a fatos geradores ocorridos a partir de janeiro/2002, através do art. 5º da Lei nº 10.462/2001. A contribuinte através do documento datado de 20/04/2005, fls. 72 a 74, enviou cópia da petição inicial, sentença e apelação referente ao Mandado de Segurança relativo à CSLL, bem como planilhas com apuração das bases de cálculo da CSLL. Na planilha apresentada pelo contribuinte com apuração da base de cálculo da CSLL de 1997 a 2001, constam exclusões de itens sem previsão legal como “Contribuições de Participantes e Patrocinadoras”, “Receitas de Contribuições Programa Assistencial” e “Receitas Financeiras para Pagamento de Benefícios, na apuração realizada pela fiscalização esses itens não foram considerados. Merece destaque comentar o procedimento adotado pelo contribuinte quanto à Provisão pra Contingências Fiscais. Tendo em vista que a empresa estava questionando judicialmente a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre aplicações financeiras, tendo obtido liminar estabelecendo a suspensão da cobrança, foi constituída provisão para o imposto de renda sobre aplicações financeiras no período de 1998 até 2001, e o imposto de renda somente veio a ser pago a partir de janeiro de 2002, beneficiandose da anistia prevista na Medida Provisória 2.222/2001. Portanto, não houve reversão das provisões constituídas de 1998 a 2001, tendo influenciado negativamente o resultado da empresa no período citado, uma vez que constam como despesas. Estranhamente, na apuração da base de cálculo da CSLL o valor da provisão para o imposto de renda, computou o referido valor como exclusão de “Reversão para Provisão de Contingências Fiscais”, contrariando duplamente a legislação. Fl. 1256DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.257 5 Na apuração da base de cálculo por nós realizada, o valor da provisão para o imposto de renda, obtido a partir dos balancetes do contribuinte e apurado conforme planilhas anexas às páginas 22/25, foi computado como adição à base de cálculo da CSLL, atendendo ao comando do artigo 13 da Lei nº 9.249/95, in verbis: “Art.13. Para efeito de apuração do lucro real e da base da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, são vedadas as seguintes deduções, independente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I – de qualquer provisão, exceto as constituídas por pagamento de férias de empregados e de décimo terceiro salário, de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável.” Esclarecemos que adicionamos os valores referentes à formação de fundos do Programa Administrativo, e do Programa de Investimentos, tendo em vista a falta de previsão legal para a dedução desses fundos. Por todo o exposto, a partir das Demonstrações de Resultados de cada período, 1997 a 2001, já descontadas as reservas técnicas, considerando os itens previstos na legislação quanto a exclusões e adições constantes das Apurações das bases de cálculo da CSLL apresentadas pelo contribuinte (Adições: Atualização Negativa da Carteira de Ações e Reavaliação de Imóveis. Exclusões: Atualização Positiva da Carteira de Ações, Dividendos Recebidos e Reavaliação de Imóveis, e desconsiderando os itens apresentados que não estão em conformidade com a legislação, levantamos a base de cálculo da CSLL de acordo com os esclarecimentos contidos na Solução de Consulta COSIT nº 07, de 26 de dezembro de 2001, através da planilha anexa à fl. 18, onde estão demonstrados os valores da CSLL a recolher nos anoscalendário de 1997 (R$4.893.948,22), 1998 (R$8.796.203,82), 1999 (R$8.025.469,25), 2000 (R$2.102.129,05) e 2001 (R$1.439.066,55). No item 37 da citada solução de consulta, concluise que a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das EFPP é o resultado positivo apurado no encerramento do período de apuração. Para determinação dessa base de cálculo, tomase por base a Demonstração de Resultado do Exercício constante do ANEXO C, item “3”, da Portaria MPAS nº 4.858, de 26 de novembro de 1998, deduzindose do SALDO DISPONÌVEL PARA CONSTITUIÇÕES a FORMAÇÃO DE RESERVAS MATEMÁTICAS e a FORMAÇÃO DE CONTIGÊNCIAS, observadas ainda as demais hipóteses de adições e exclusões previstas na legislação da CSLL, fls. 84 a 88. Cumpre ressaltar que não foram considerados os valores pleiteados pelo contribuinte a titulo de base de cálculo realizada Fl. 1257DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.258 6 pelo contribuinte esta em desacordo com a legislação de regência, computando como exclusões contas sem amparo legal a exemplo de Contribuições Participantes e Patrocinadoras e Receitas Financeiras p/ pagamento de Benefícios, conforme planilhas anexas fls. 90 a 93. Informamos que, em relação ao anocalendário de 1999, tendo em vista que a alíquota de janeiro a abril foi de 8% e que de maio a dezembro houve um adicional de 4% sobre esta alíquota, elaboramos uma planilha fl. 19, para determinarmos o percentual de resultado do período a ser tributado com a alíquota e com o adicional, em função da receita bruta do período de janeiro a abril e de maio a dezembro, fls. 21, de acordo com a IN SRF nº 081, de 30 de junho de 1999.Procedimento semelhante foi realizado relativamente ao anocalendário 2000, para aplicação da alíquota de 8% com adicional de 4% em janeiro de 2000 e da alíquota de 9% a partir de fevereiro do mesmo ano conforme planilha fl.20 e fl. 21. Cientificada do lançamento, a contribuinte apresentou impugnação, fls. 127 a 189, em 05/01/2006, com as seguintes razões de defesa: – a Impugnante é entidade fechada de previdência complementar (EFPC) (doc. 02), constituída nos termos da Lei nº 6.435/1977, regulada atualmente pela Lei Complementar nº 109/2001, que revogou aquele dispositivo legal, e se dedica à administração de planos de benefícios de natureza previdenciária, mantendo sua escrituração contábil de acordo com o plano de contas determinado pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, divulgado pela Portaria MPAS nº 4.858, de 26/09/1998. Surpreendida com a lavratura do Auto de Infração de CSLL, a Impugnante demonstrará que o lançamento está eivado de sérios e inaceitáveis vícios. Não atentou o agente fiscal para o fato de que as receitas recebidas pela entidade são revertidas em prol do fim fundacional de concessão e manutenção dos benefícios previdenciários, não podendo tais receitas ser confundidas com lucro, expressa e legalmente vedado para as EFPP. Ademais, as autoridades fiscais procederam a cálculos equivocados, quais sejam: tributação em duplicidade de despesas e receitas, desconsideração de bases negativas de períodos anteriores, além de aplicar a alíquota de 18%, caracterizando clara afronta ao Princípio da Isonomia; DAS PRELIMINARES DA INEXISTÊNCIA DE CONCOMITÂNCIA ENTRE O PRESENTE PROCESSO E O MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO N. 2002.33.00.001.0080. – em 09/01/2002, a ABRAPP impetrou, perante a Vara da Justiça Federal de Salvador, Mandado de Segurança Coletivo nº 2002.33.00.001.0080 (doc. 03) pleiteando a concessão da segurança para que o Sr. Delegado da Receita Federal de Salvador se abstenha de adotar qualquer medida tendente a exigir das entidades a ela associadas a CSLL, vez que estas não são contribuintes de mencionado tributo. Por ter sido impetrado pela entidade da qual a Impugnante é associada, mencionada ação não acarreta renúncia ao seu direito de se defender na esfera administrativa, conforme prevê o artigo 38 da Lei n. 6.830/80. Com efeito, o art. 117 da Lei nº 8.078, de 11/09/1990 (Código de Defesa do Consumidor), prescreve que, na defesa dos interesses difusos, coletivos ou individuais, aplicamse os dispositivos do Título III da lei que instituiu o Código de Defesa do Consumidor (transcreve). Dentre os dispositivos do Título III do Código de Defesa do Consumidor, temse o artigo 104, cuja primeira parte prescreve que as ações coletivas previstas nos incisos I e II do parágrafo único do art. 81 não induzem a litispendência para as ações individuais; Fl. 1258DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.259 7 – desta forma, tratandose de direitos individuais homogêneos tratados coletivamente, a sentença fará coisa julgada erga omnes apenas no caso de procedência do pedido (artigo 103, III, CDC). No caso de improcedência do pedido, os interessados que não intervieram no processo como litisconsortes, estarão aptos a pleitear os seus direitos a titulo individual (artigo 103, § 2º, CDC). Assim, resta saber se o Direito Tributário constitui hipótese de direito individual de origem homogênea. Se for este o caso, temse que a sentença (doc. 05) proferida nos autos do mandado de segurança coletivo só faz coisa julgada individualmente aos representados se for favorável e, portanto, no caso da Impugnante, temse que ela ainda pode exercer, individualmente, a plenitude de seu direito de defesa, tanto na esfera judicial, quanto administrativa, já que a renúncia prevista no artigo 38, da Lei n. 6.830/80, jamais poderá ser presumida, na medida em que ela individualmente ainda não ingressou com sua ação própria, podendo fazêlo caso assim queira. Isso posto, temse que as razões de direito discutidas nesta impugnação que sejam idênticas àquelas também discutidas no mandado de segurança coletivo ajuizado pela ABRAPP, deverão ser por esta Delegacia da Receita Federal de Julgamento analisadas, pois não é aplicável ao presente caso o disposto no artigo 38 da Lei nº 6.830/80; DA INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 38 DA LEI Nº 6.830/80 AO PRESENTE CASO. [...] DA IMPOSSIBILIDADE DE PRESUNÇÃO DE RENÚNCIA À ESFERA ADMINISTRATIVA [...] OBJETOS DISTINTOS TRATADOS NO MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO E NO PRESENTE PROCESSO [...] – nesse sentido, transcreve ensinamentos do Conselheiro Renato Scalco Isquierdo, em relato do acórdão nº 20304.408. Assim, não tendo a Impugnante renunciado expressamente à via administrativa, requerse seja apreciado pelos Srs. Julgadores o mérito desta Impugnação. Contudo, ad argumentandum, caso não seja reconhecida a inaplicabilidade do referido artigo 38 da Lei nº 6.830/80, portanto, equivocadamente se entenda que existe concomitância entre o Mandado de Segurança Coletivo e o presente caso, há necessariamente que se anular de ofício o lançamento da multa, em cumprimento ao disposto no artigo 63 da Lei nº 9.430, nos termos abaixo articulados, bem como analisadas as demais questões de mérito, relativas à definição da base de cálculo da exação objeto do processo, dado que esta é matéria que não é abordada em juízo, nos termos definidos no Ato Declaratório Normativo COSIT n° 3/96, do qual transcreve trecho; DA EXTINÇÃO DOS SUPOSTOS CRÉDITOS EM FACE DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE SUA CONSTITUIÇÃO – primeiramente, ainda sem adentrar no mérito quanto à não incidência da CSLL, é importante demonstrar que, ainda que não se entenda dessa maneira – o que se admite somente a título argumentativo – operouse a decadência do direito do fisco em constituir o crédito tributário e, consequentemente, de proceder ao lançamento dos valores da CSLL apurada nos anoscalendário de 1997, 1998 e 1999, o que acarreta a nulidade de parte do crédito tributário constituído referente a estes exercícios. Isto porque, estando o tributo em tela sujeito ao lançamento por homologação, como ocorre no presente caso, o prazo decadencial para a constituição de eventual crédito pelo Fisco deve ser contado de acordo com o disposto Fl. 1259DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.260 8 no artigo 150, §4º, do CTN (transcreve), ou seja, 5 (cinco) anos a partir da ocorrência do fato gerador, como pacificamente reconhecido pela jurisprudência do 1° Conselho de Contribuintes do MF. Assim, em relação aos fatos geradores ocorridos durante os anoscalendário de 1997, 1998 e 1999, o prazo para a constituição dos referidos créditos expirouse em dezembro de 2002 e dezembro de 2003, respectivamente, pelo que não mais podem ser cobrados, já que o auto de infração impugnado foi lavrado somente em 01/12/2005, tendo a Impugnante tomado ciência, tãosomente, em 07/12/2005, quando o prazo para a constituição do crédito relativo aos períodos mencionados já tinha decaído; – nem se alegue que o prazo para a constituição do crédito da CSLL é de 10 (dez) anos, em virtude do disposto na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, pois, em face do art. 146, III, alínea “b”, da Constituição Federal, cabe à lei complementar, no caso o CTN, estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre prescrição e decadência. Corroborando tal entendimento, é maciça a jurisprudência do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de recursos Fiscais (transcreve ementas). Assim, tendo em vista a decadência de se constituir o crédito tributário por meio do lançamento da CSLL relativa aos anoscalendário de 1997, 1998 e 1999, requerse a anulação do auto de infração referente a esses períodos; DO MÉRITO OBTENÇÃO DE LUCRO HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA NÃO REALIZADA PELA IMPUGNANTE – o art. 195, I, alínea “c”, da Constituição Federal de 1998 (transcreve) atribuiu competência à União para a instituição de contribuição social sobre o lucro das empresas. Portanto, a grandeza – medida de riqueza – eleita pelo legislador foi o “lucro”, não podendo a CSLL, em hipótese alguma, incidir sobre algo que não esteja contido no estrito conceito da medida de riqueza acima referida, eleita pelo legislador constitucional. Com base na referida outorga de competência, o legislador ordinário instituiu a Contribuição Social sobre o Lucro CSLL, através da Lei nº 7.689, de 15/12/1988, dispondo que o critério quantitativo segundo a norma tributária é o valor do resultado do exercício antes da provisão para o Imposto sobre a Renda, apurado com observância da legislação comercial e sujeito aos ajustes previstos na legislação. Desse modo, passaremos a examinar a acepção do termo “lucro”, base de cálculo da CSLL, de modo a demonstrar que a Impugnante – EFPP não aufere lucros ou prejuízo, mas superávit ou déficit técnicos, com destinação específica. Não havendo, portanto, a realização da hipótese de incidência prevista na Lei n° 7.689, pela Impugnante, que pudesse obrigála ao recolhimento da CSLL; LUCRO E SUPERÁVIT CONCEITOS DISTINTOS – com efeito, a Lei nº 6.435, de 15/07/1977 que regia as EFPP à época dos fatos em análise, determinava em seu §1°, inciso I, do art. 4°, que estas não podiam como ainda não podem, obrigatoriamente, ter finalidade lucrativa. A mencionada lei estabelecia também que as EFPP tinham como finalidade a execução e operação de planos de benefícios para os quais tenham autorização específica, segundo as normas aprovadas pelo órgão normativo do MPAS, normas estas que posteriormente serão mais detalhadamente analisadas. A Lei Complementar nº 109, de 29/05/2001, que revogou a Lei nº 6.435, de 1977, manteve em seu artigo 31, §1°, a determinação de que: “As entidades fechadas organizarseão sob a forma de fundação ou sociedades civis sem fins lucrativos. Isto posto, temse como premissa necessária que a Impugnante é uma associação sem fins lucrativos; – nos termos do art. 20 da Lei Complementar nº 109/2001 (transcreve), as EFPP não possuem caráter mercantil e todo seu resultado deve, por dever legal, ser revertido para um fundo que terá por objetivo: (i) ou a diminuição das contribuições dos assistidos; (ii) Fl. 1260DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.261 9 ou a majoração de seus benefícios; e mais, as EFPP estão proibidas de prestarem quaisquer serviços que não estejam no âmbito do seu objeto social, conforme determina o parágrafo único do art. 32 da Lei Complementar nº 109/2001 (transcreve). O não cumprimento dos requisitos indicados sujeita as EFPP às penalidades previstas no Decreto nº 4.942/03. Ora, sendo a Impugnante, por definição legal, uma fundação sem fins lucrativos e, também, por definição legal, impossibilitada de auferir lucros, nos termos da legislação comercial, não há, por impossibilidade lógica, como submeter seu eventual superávit à tributação com base na lei nº 7.689/88, já que esta, ao dispor que a base de cálculo da CSLL é o resultado do exercício, não abrange, o eventual superávit das EFPP, não havendo a possibilidade legítima do alargamento do lucro, unicamente com o intuito de tributarse o superávit das EFPP. É este o entendimento manifestado pelas diversas Câmaras do 1º Conselho de Contribuintes (transcreve algumas ementas de acórdãos); DO ATO DECLARATÓRIO NORMATIVO Nº17/90 E A EXCLUSÃO DA IMPOSIÇÃO DE PENALIDADES EM FACE DA OBSERVÂNCIA DE NORMAS COMPLEMENTARES – conforme exposto no item anterior, e entendimento pacífico dos Conselhos de Contribuintes, a Impugnante não procedeu ao recolhimento da CSLL, uma vez que não é contribuinte de mencionado tributo. Este fato foi expressamente reconhecido pela própria administração tributária, digase, Secretaria da Receita Federal, ao publicar o ADN CST n° 17, de 30/11/1990, que estabelece que a CSLL não será devida pelas pessoas jurídicas que desenvolvam atividades sem fins lucrativos, tais como as fundações, associações e sindicatos, reconhecendo que tais entidades por não possuírem caráter mercantil, não auferem lucros. Com efeito, sendo o ADN nº 17/90 norma interpretativa da Administração, se enquadrando no conceito de norma geral de Direito Tributário, nos termos do art. 96 (transcreve) e seguintes do CTN, é de observância obrigatória por toda a Administração Pública responsável pelo recolhimento da CSLL, ou seja, pela Secretaria da Receita Federal. A única hipótese de inobservância do mencionado dispositivo seria no caso de mudança expressa de interpretação, o que não ocorreu no presente caso. Por sua vez, o art. 100 do mesmo diploma normativo (transcreve) estabelece quais são as normas complementares que devem ser observadas tanto pelos contribuintes como pelas autoridades, incluindo, dentre as mesmas, “os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas”; – ora, quer parecer à Impugnante que as “decisões de efeito interno” pelas quais as autoridades se dirigem a seus subordinados, como é o caso do mencionado ato declaratório normativo, devem ser por estes obedecidas, com o quê não há que se falar em tributação das pessoas jurídicas que desenvolvam atividades sem fins lucrativos tais como as fundações, associações e sindicatos e EFPP. Ainda que se admitisse que a autuação fiscal ora impugnada constitui a expressão de mencionada mudança interpretativa, o que seria possível somente a título de argumentação, vez que os agentes fiscais estão subordinados à observância dos atos expedidos pela Coordenadoria do Sistema de Tributação, o auto de infração objeto da presente impugnação não poderia exigir quaisquer valores a título de multa ou juros de mora da Impugnante em razão do disposto no parágrafo único do já mencionado art. 100 do CTN, segundo o qual a observância das normas nele referidas "exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo”; – a solução do CTN é correta. No caso previsto, o contribuinte não deve receber tratamento idêntico ao do infrator, uma vez que agiu atendendo à orientação administrativa. A observância dos atos administrativos normativos pode ser invocada como matéria de defesa pelo contribuinte. Ora, se a legislação tributária deve ser pelos agentes fiscais obedecida, se o ADN n° 17/90 compreende a legislação tributária e se a Impugnante é constituída sob a forma de fundação sem fins lucrativos, temse que jamais a autuação ora combatida poderia existir, fato este que impõe a sua declaração de nulidade pelos D. Julgadores. Desta maneira, independentemente das demais questões que serão discutidas na Fl. 1261DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.262 10 presente impugnação, também suficientes para que se declare o cancelamento integral da exigência autuada, demonstrado está que é incabível a cobrança dos juros de mora e da multa de ofício em face do ADN CST nº 17/90 e do parágrafo único do artigo 100 do CTN; DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA – com relação ao Princípio da Igualdade (ou Isonomia), estabelece a Constituição Federal em seu art. 50 que “todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade...”. A autuação imputada à Impugnante visa constrangêla ao pagamento da CSLL nos mesmos termos em que é cobrada dos demais tipos societários, ou seja, sobre o “lucro”. Nesse sentido, independentemente das particularidades da legislação tributária que determinam os ajustes necessários ao resultado do período (adições, exclusões e compensações efetuadas sobre lucro ou prejuízo contábil), para que seja apurada a base de cálculo da CSLL, há que se reconhecer como fator determinante o resultado do período. No presente caso, a Fiscalização exige a tributação sobre algo que não pode ser chamado de “lucro”, que, se assim o fosse, deveria ter sido apurado excluindo a parcela que representa o capital de terceiros, sob pena de se afrontar Princípio Constitucional da Isonomia. Da mesma forma, consubstancia flagrante violação ao referido Princípio o fato de o lançamento considerar a aplicação da alíquota de 18%, vigente em relação às instituições financeiras, sem, contudo, permitir a exclusão de capitais de terceiros quando da apuração de resultados da Impugnante, permissão esta aplicável às instituições financeiras e que impactaria significativamente em favor da Impugnante; DA EXCLUSÃO DOS RECURSOS DE TERCEIROS NA APURAÇÃO DA CSLL E A VIOLAÇÃO AO PRINCIPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA as Instituições Financeiras têm como fonte de financiamento basicamente duas categorias: (I) capitais próprios, compostos por capital social, reservas e fundos e, II) capitais alheios compostos de depósitos à vista, a curto e ou médio prazo. Em linhas gerais, valendose das duas fontes, os bancos conseguem os recursos indispensáveis para o desenvolvimento de suas operações, objetivando aumento de capital próprio, aumentando seu patrimônio e suas disponibilidades, sem o comprometimento dos capitais alheios, ou seja, sem comprometer a responsabilidade junto aos terceiros, titulares do capital alheio, sob pena de gerar passivo descoberto; – o que aqui se pretende é evidenciar a condição das EFPP e das Instituições Financeiras. As EFPP também possuem duas fontes de custeio: i) capitais alheios, entendidos como as contribuições de patrocinadores e participantes, e ii) capitais não pertencentes a terceiros vinculados, entretanto, aos planos de benefícios entendidos como a receita decorrente da taxa de administração. As EFPP não possuem finalidade lucrativa, objetivam a garantia de retorno do valor investido aos participantes. Nesse sentido, como já acontece com as Instituições Financeiras, qualquer lucro que se possa alegar em uma EFPP (se este fosse legalmente possível), deveria, em tese, ser apurado sem a consideração dos capitais alheios, ou seja, sem a consideração das receitas de contribuições provenientes de patrocinadores e participantes. Se há de se falar em lucro nas EFPP, deverseia apurálo levandose em conta somente as receitas de propriedade das EFPP. Se há de se falar na tributação das EFPP pela CSLL, há de se equiparar o conceito de lucro, invocado aqui o princípio da isonomia; DA ALÍQUOTA DE 18% E A VIOLAÇÃO AO PRINCIPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA – com efeito, o lançamento objeto da presente impugnação não só viola o Princípio Constitucional da Isonomia, ao utilizar uma metodologia distinta da metodologia Fl. 1262DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.263 11 aplicada às instituições financeiras, para efeitos da incidência da CSLL, como viola, novamente, referido Princípio, ao constranger a Impugnante ao pagamento da CSLL à alíquota de 18%, quando na verdade deveria aplicar uma alíquota única – de 8%, aplicável às sociedades mercantis – para todo e qualquer contribuinte. E a Constituição Federal em nenhum momento determina que as instituições financeiras (e equiparadas) ou as EFPP devam ser mais oneradas do que as outras empresas, ou que sua atividade mereça ser desincentivada, a justificar o tratamento desigual erigido pela legislação de regência da Contribuição Social sobre o Lucro. Assim, ao outorgar tratamento discriminatório apenas com relação às entidades financeiras, como pretendeu a autoridade fiscal, onerandoas com alíquotas mais gravosas relativamente à CSLL, incorreu em flagrante ofensa ao Princípio da Isonomia, pelas razões acima expostas. Desta forma, não deve prosperar a autuação atribuída à Impugnante; DA ESPECIFICIDADE DA IMPUGNANTE DECORRENTE DE IMPOSIÇÃO LEGAL E DA NECESSIDADE DE RESPEITO A ESTAS ESPECIFICIDADES QUANDO DA APURAÇÃO DE SEU RESULTADO, SOB PENA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA ISONOMIA mesmo que prevaleça o entendimento das D. Autoridades Fiscais no sentido de que a CSLL incide sobre o superávit da Impugnante, há que se verificar que a apuração de um suposto resultado na contabilidade da Impugnante deve necessariamente respeitar suas características peculiares. Na qualidade de EFPP, a Impugnante se submete aos preceitos e planificação contábil emanados pelos entes regulatórios e fiscalizatórios, quais sejam o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) e a Secretaria da Previdência Complementar (SPC). É importante que se mantenha em foco que a contabilidade é uma ciência que visa, principalmente, o registro de operações e a prestação de informações úteis e necessárias aos seus diversos usuários, independentemente de se tratar de sociedades com fins lucrativos (sociedades mercantis e comerciais) ou de entidades sem fins lucrativos (EFPP); é neste contexto de adoção de sistemática própria para registro das operações das EFPP que devem ser feitas algumas observações, especificamente em relação à objetividade de registro e natureza das informações contábeis prestadas por tais entidades. Isto porque não são raras as vezes em que os procedimentos e nomenclaturas contábeis propostos e impostos pelos agentes reguladores e fiscalizadores não são compatíveis com a contabilidade fiscal imposta, de forma genérica e indistintamente, para todas as sociedades, sejam elas civis, comerciais, com fins lucrativos ou não. No entanto, não obstante as particularidades do segmento de previdência complementar, as autoridades fiscais se limitaram a analisar as demonstrações contábeis da ora Impugnante única e exclusivamente sob enfoque fiscal, ou seja, utilizaramse de forma totalmente subjetiva de critérios contábeis/fiscais aplicáveis aos contribuintes em geral, sem observar, em momento algum, as particularidades da planificação contábil das EFPP; CRITÉRIO LEGAL NA APURAÇÃO DO RESULTADO – a apuração do resultado contábil do período é consolidada na Demonstração do Resultado do Exercício ("DRE"), a qual tem por finalidade apresentar as operações realizadas pela entidade durante o exercício social de modo a destacar e apresentar o próprio resultado do período, que representa o acréscimo do seu patrimônio; Para tanto, a apuração do resultado deve ocorrer sob os critérios determinados pela Lei nº 6.404, de 15/12/1976, especificamente em seu artigo 187 (transcreve). Observese que o resultado apurado nesses moldes representa o retorno do investimento feito pela pessoa jurídica, materializado no “lucro”, cujo montante poderá ser vertido, total ou parcialmente, ao patrimônio líquido, compondo o capital próprio da entidade. Concluise, portanto, que o eventual “lucro” apurado, ou seja, o resultado positivo do exercício calculado de acordo com a legislação comercial transcrita, corresponde ao acréscimo patrimonial da pessoa jurídica; Fl. 1263DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.264 12 – entretanto, este não é o conceito aplicável às EFPP. O resultado que se apura nos livros contábeis da Impugnante, de acordo com as normas regulamentares específicas, não possui a mesma característica e conceito definidos pelas demais entidades. Isto porque o resultado superavitário não representa rendimento da Entidade, ou seja, “lucro” da Entidade, na medida em que a sua totalidade é revertida para a formação de fundos e reservas, os quais estão atrelados a compromissos futuros da entidade para com os participantes. Assim, ao se exigir tributo na forma em que é apurado pelas demais sociedades, deveria a fiscalização considerar as diferenças que existem no segmento específico da Impugnante e não simplesmente tributar a CSLL tomando como base resultado que não se coaduna com o apurado pela legislação comercial; – a legislação tributária dispõe que para fins de determinação do resultado do exercício, o balanço ou balancete será levantado com observância das disposições contidas nas leis comerciais e fiscais, conforme art. 27 da Instrução Normativa SRF nº 390/04, transcrita. Como o resultado contábil da Impugnante, sobre o qual se pretende tributar a CSLL, não foi determinado de acordo com a legislação comercial (Lei nº 6.404/76) e sim com base na legislação específica (Resolução CGPC nº 05/02) e sendo, em alguns pontos, tais legislações incompatíveis, não há como considerar como base para apuração desta contribuição o resultado apurado no balancete da Impugnante (“Anexo C” da referida Resolução), seja porque as EPPC não apuram “lucro”, única hipótese de incidência da CSLL, seja porque, ainda que se admitisse a sua ocorrência, o que se alega meramente a título de argumentação, não há certeza na sua determinação, na medida em que valores ali constantes não refletem o real acréscimo patrimonial pertencente à Impugnante, devendo, desta forma, ser anulado o lançamento, objeto do auto de infração; A ESPECIFICIDADE DA IMPUGNANTE – supondose que seja devido tributo sobre o lucro, o que aqui se alega apenas ad argumentandum tantum, no mínimo, as EFPP deveriam ser tributadas sobre o lucro apurado na forma em que este é apurado pelos demais segmentos de mercado, ou seja, apurado em função das receitas e despesas decorrentes exclusivamente da atividade, vez que, estas sim, constituem os recursos de real propriedade das EFPP. Considerando que o conceito de lucro adotado pela legislação comercial corresponde ao rendimento líquido auferido no exercício, pertencente à pessoa jurídica, o único recurso que se enquadra neste conceito, por efetivamente pertencer às EFPP, é o decorrente do pagamento da taxa de administração. Assim, trazido o conceito de apuração de lucro aplicável aos demais tipos de sociedades para as EFPP, teríamos a seguinte fórmula: LUCRO = (rta + ala cae) rta – renda auferida no exercício em função da cobrança de taxa de administração de patrocinadores e participantes; ala – rendimentos decorrentes da aplicação financeira de lucros anteriores (apurados segundo o critério aqui mencionado); e cae – custo administrativo do exercício DA FUNDAMENTAÇAO LEGAL ADOTADA PELA AUTORIDADE FISCAL PARA FINS DE APURAÇAO DA BASE DE CÁLCULO – ainda que não sejam admitidas as razões já aduzidas na presente impugnação e, portanto, esse julgador entenda por bem não analisar o seu mérito de direito, o que se admite tãosomente a título de argumentação, deverão ser analisadas as questões relacionadas aos critérios adotados pela fiscalização para a lavratura do auto de infração, Fl. 1264DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.265 13 quanto à apuração da base de cálculo supostamente tributável. A D. Autoridade utilizou como fundamentação legal, para fins de apuração da base de cálculo da suposta CSLL devida, os esclarecimentos contidos na Solução de Consulta COSIT n° 07, de 26/12/2001 (transcreve), conforme consta no Termo de Verificação Fiscal (doc. 05). Este procedimento vem demonstrar que inexiste previsão legal dispondo sobre a incidência da CSLL e apuração da sua base de cálculo sobre os resultados das EFPP, razão pela qual a D. Autoridade Fiscal recorreu aos entendimentos firmados pela SRF em solução de consulta. Contudo, tais esclarecimentos não têm o condão de instituir e definir a base de cálculo a ser aplicada no caso específico das EFPP, como pretendem ao indicar os ajustes a serem feitos quando da apuração da CSLL; DA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO “ZERADA” DA CSLL – não obstante todas as considerações supra tecidas, é imprescindível mencionar que, ainda que fosse possível admitir uma equivalência, por analogia – não admitida em nosso ordenamento jurídico, para fins de incidência tributária – entre o resultado contábil da Impugnante e o lucro, tornase impossível a formação da base de cálculo para a CSLL no caso em questão, isto porque, considerando que todo o ingresso de recursos é destinado ao financiamento dos benefícios de aposentadoria assegurados aos participantes, não é possível apurar outro resultado como “lucro” que não o resultado “zero”. De fato, por se tratar de atividade específica, a contabilização dos ingressos e saídas de recursos segue uma planificação própria, direcionada aos objetivos sociais da EFPP, visando determinar a destinação dos recursos recebidos e mantidos pela EFPP relativamente ao plano previdenciário, de forma que haja sua reversão integral para pagamento dos benefícios assegurados aos participantes; – assim, adotandose a forma de apuração da base de cálculo da CSLL para as empresas em geral ou mesmo adotandose qualquer outro critério arbitrário para apuração da base deste tributo, o agente fiscalizador, além de agir sem respaldo legal, o valor por ele indicado jamais poderá ser considerado como devido a título de CSLL, por estar eivado de incerteza, o que inviabiliza o lançamento tributário. De fato, essa foi a conclusão dos respeitáveis julgadores do Primeiro Conselho de Contribuintes: “Matéria de fato: apuração da base de cálculo. Não se mantém o lançamento cuja determinação ressente de falta de certeza”. Desta forma, fica evidenciado que em julgamento recente das autoridades julgadoras em segunda instância sobre o assunto em questão – incidência da CSLL sobre o resultado das EFPP – restou reconhecida a total inexistência de parâmetros jurídicos para apuração de base de cálculo do referido tributo, ainda que se considere que as EFPP são contribuintes da CSLL; DA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO “ZERADA” DA CSLL – não obstante todas as considerações supra tecidas, é imprescindível mencionar que, ainda que fosse possível admitir uma equivalência, por analogia – não admitida em nosso ordenamento jurídico, para fins de incidência tributária – entre o resultado contábil da Impugnante e o lucro, tornase impossível a formação da base de cálculo para a CSLL no caso em questão, isto porque, considerando que todo o ingresso de recursos é destinado ao financiamento dos benefícios de aposentadoria assegurados aos participantes, não é possível apurar outro resultado como “lucro” que não o resultado “zero”. De fato, por se tratar de atividade específica, a contabilização dos ingressos e saídas de recursos segue uma planificação própria, direcionada aos objetivos sociais da EFPP, visando determinar a destinação dos recursos recebidos e mantidos pela EFPP relativamente ao plano previdenciário, de forma que haja sua reversão integral para pagamento dos benefícios assegurados aos participantes; – assim, adotandose a forma de apuração da base de cálculo da CSLL para as empresas em geral ou mesmo adotandose qualquer outro critério arbitrário para apuração da base deste tributo, o agente fiscalizador, além de agir sem respaldo legal, o valor por ele Fl. 1265DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.266 14 indicado jamais poderá ser considerado como devido a título de CSLL, por estar eivado de incerteza, o que inviabiliza o lançamento tributário. De fato, essa foi a conclusão dos respeitáveis julgadores do Primeiro Conselho de Contribuintes: “Matéria de fato: apuração da base de cálculo. Não se mantém o lançamento cuja determinação ressente de falta de certeza”. Desta forma, fica evidenciado que em julgamento recente das autoridades julgadoras em segunda instância sobre o assunto em questão – incidência da CSLL sobre o resultado das EFPP – restou reconhecida a total inexistência de parâmetros jurídicos para apuração de base de cálculo do referido tributo, ainda que se considere que as EFPP são contribuintes da CSLL; DA ANÁLISE DOS PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA FISCALIZAÇÃO QUANDO DA APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO – Da Adição Indevida Dos Valores Referentes à Formação de Fundos dos Programas Administrativos e de Investimento – conforme já comentado anteriormente, o superávit apurado pelas EFPP é destinado para constituição de fundos e reservas técnicas, conforme determinação legal (§ 3º, art. 18 da Lei Complementar nº 109/01). Ocorre que a D. Autoridade adicionou à base de cálculo da CSLL os valores contabilizados a título destes fundos, por entender que inexiste previsão legal para a referida dedução. Notese que a inobservância dos dispositivos normativos aplicáveis à contabilização dos recursos detidos por determinada EFPP, além de colocar em risco o futuro pagamento de benefícios de seus participantes, está sujeita a sanções administrativas. Importante observar, dentro do contexto das EFPP, que a constituição e manutenção de reservas/provisões técnicas, com os recursos excedentes apurados após as destinações efetuadas para as reservas matemáticas e de contingência é de observância obrigatória pelas EFPP e, portanto, pela Impugnante. Ora, se os recursos excedentes do superávit são destinados à constituição e manutenção de reservas e fundos integrantes das suas reservas/provisões técnicas, por determinação legal/normativa, então jamais poderia a despesa registrada na contabilização de tais valores ser objeto de questionamentos por parte do fisco federal, especificamente em relação à sua adição à base de cálculo da CSLL; – tais despesas são necessárias e inerentes (normais) à atividade da Impugnante, nos termos do art. 47 da Lei nº 4.506/64, inexistindo qualquer vedação legal para a sua dedução à base de cálculo da CSLL. Em outras palavras, os SUPERÁVITS apurados pela Impugnante foram destinados na sua totalidade para a constituição de reservas e fundos que, pela sua natureza, estão inscritos nas reservas e provisões técnicas, as quais são integralmente dedutíveis na apuração da base de cálculo da CSLL, conforme determina o art. 13 da Lei nº 9.249/95 (transcreve). Concluise, portanto, que ainda que se entenda que a Impugnante é contribuinte da CSLL, o que se admite apenas a título de argumentação, não há que se falar em apuração de base de cálculo da CSLL, tendo em vista que a totalidade do superávit apurado nos exercícios objeto do auto de infração, ou seja, 1997, 1998, 1999, 2000 e 2001, foi revertida para a constituição de fundos, cuja natureza, conforme já demonstrado acima, é de provisão técnica e, assim sendo, são dedutíveis da referida base de cálculo. Com isso, o resultado apurado passível de incidência da CSLL corresponde a “zero”. Não se pode admitir que os agentes da administração pública, na ânsia de apurar bases de cálculos tributáveis, se utilizem de interpretações e critérios subjetivos, ignorando a regulamentação específica e aplicável aos contribuintes fiscalizados; REVERSÃO DE REAVALIAÇÃO DE IMÓVEIS ADICIONADA A MAIOR – conforme determinam as normas gerais de procedimentos contábeis constantes da Resolução CGPC n° 05/2002, ANEXO E, as EFPC deverão reavaliar, periodicamente, os investimentos imobiliários, em conformidade com os critérios ali estabelecidos. Como o produto da reavaliação dos investimentos é contabilizado no resultado Fl. 1266DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.267 15 do programa de investimento, a referida receita ou despesa deverá ser ajustada à base de cálculo da CSLL. Ocorre que no anocalendário de 1998 foi apurada uma reavaliação negativa dos investimentos imobiliários e, consequentemente contabilizada a despesa no resultado do programa de investimento, no valor de R$3.716.233,00, doc. 07. Entretanto, o valor considerado pelas autoridades fiscais para fins de apuração da suposta base de cálculo foi de R$6.434.344,00 divergente do apresentado nos registros contábeis, evidenciando o equívoco cometido pela fiscalização uma vez que a parcela referente à reavaliação negativa dos investimentos imobiliários foi adicionada a maior no montante de R$2.718.111,00; ADIÇÃO EM DUPLICIDADE – ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DO IRRF PROVISIONADO – a Impugnante discutiu judicialmente a cobrança do IRRF sobre as aplicações dos recursos das provisões, reservas técnicas e fundos, efetuadas até dezembro de 2001, sendo que, em 27/02/2002, desistiu da referida ação recolhendo os valores provisionados com a anistia de multa e juros concedida pela MP n° 2.222/01. Durante o período em que se discutiu a inconstitucionalidade da referida cobrança, as despesas com o imposto de renda foram contabilizadas no resultado do programa de investimentos e registradas nas contas contábeis que compõem o grupo 6.2 (Doc. 08), sendo transferidas para o programa previdencial mediante “transferência interprogramas”, passando a compor o resultado deste programa, o qual é utilizado pela fiscalização para fins de apuração da base de cálculo da CSLL. Dessa forma, referidas despesas foram adicionadas à base de cálculo da CSLL, conforme determina o art. 37 da Instrução Normativa SRF nº 390/04, haja vista que tais valores impactaram a apuração do resultado do citado programa; – ocorre que a atualização monetária destes valores provisionados a título de imposto de renda foi contabilizada no grupo de investimentos na constituição de fundo para contingência fiscal (conta contábil nº 6.4.3.00.00.00 – Doc. 08). Desta forma, o valor transferido do programa de investimentos para o programa previdencial não contempla a despesa com a atualização monetária; – evidenciase, portanto, a tributação em duplicidade desta despesa, e consequentemente, aumento indevido da base de cálculo referente aos anoscalendário de 1999, 2000 e 2001, cujos montantes representam, respectivamente, R$33.152.976,00; R$7.169.799,00 e R$6.004.265,00; NÃO EXCLUSÃO DA REVERSÃO DE PROVISÃO INDEDUTÍVEL – conforme determina o § 1º, inciso II, do art. 39 da Instrução Normativa SRF nº 390/04, as receitas decorrentes de reversão de provisão indedutíveis não compõem a base de cálculo da CSLL. Ocorre que no anocalendário de 2000 foi contabilizada a reversão para perda de aplicações em renda fixa (Doc. 09) no valor de R$126.131,00, impactando o resultado contábil que serviu de base para apuração da CSLL. Desta forma, por se tratar de reversão de provisão indedutível, deveria tal valor ser excluído da base de cálculo da CSLL, o que não ocorreu; PROPORCIONALIDADE DO FATURAMENTO – APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO PARA FINS DE APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA DE 12% DA CSLL – tendo em vista a cobrança do adicional da CSLL de 4% para os fatos geradores ocorridos no período de maio de 1999 a janeiro de 2000, prevista no art. 6º da Medida Provisória nº 1.807/99 (transcreve), a Instrução Normativa SRF nº 81/99 e o Ato Declaratório Normativo – ADN COSIT nº 3/00, estabelecem os critérios a serem adotados na apuração da base de cálculo sujeita à alíquota de 8% e à alíquota de 12%, dispondo o citado Fl. 1267DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.268 16 ADN que o contribuinte poderá optar pelo critério da proporcionalidade do faturamento, previsto no art. 3º da IN SRF nº81/99, ou com base na segregação dos resultados acumulados nos períodos de vigência de cada uma das alíquotas. O critério da proporcionalidade de que trata o art. 3º da IN SRF nº 81/99 referese à relação percentual entre o total das receitas apuradas no período de maio a dezembro de 1999 (período em que se aplica a alíquota de 12%), sobre o total das receitas brutas computadas no resultado deste ano; – ocorre que ao adotar o critério da proporcionalidade das receitas, as autoridades fiscais consideraram apenas as receitas apuradas no programa previdencial, desconsiderando as receitas dos demais programas, tais como o de investimentos, que deveriam compor o cálculo da proporcionalidade, haja vista que o resultado contábil, base para apuração da CSLL, compreende os resultados de todos os programas, mediante transferência interprogramas, e não apenas a receita auferida do programa previdencial; DA BASE DE CÁLCULO NEGATIVA DA CSLL – quando da elaboração de seus cálculos, as autoridades fiscais, além de incorrem nos erros já demonstrados, cometeram outro grave equívoco: não consideraram, para fins de apuração da tributação, que, frisese, pretendem, inadequadamente, imputar à Impugnante o recolhimento da CSLL, as bases de cálculo negativas apuradas nos períodos anteriores. Ora, se for entendido como devida a CSLL, como pretendem os agentes fiscais, então que se proceda ao cálculo na forma da legislação vigente! Desta forma, é necessário considerar a compensação de bases de cálculo negativas de CSLL verificadas em períodos anteriores (transcreve jurisprudência administrativa); – na hipótese de não serem acatados todos os argumentos e fundamentos demonstrados, no sentido de que não deve subsistir a presente autuação em face de a Impugnante não ser contribuinte da CSLL – o que se admite apenas por amor à argumentação – requer seja o presente feito convertido em diligência, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72, a fim de se apurar ainda com base nos critérios adotados pela D. Fiscalização, o montante correspondente à base de cálculo negativa da CSLL desde 1992 até 1996, compensandose, por derradeiro, com eventual base de cálculo positiva apurada no período posterior; COMPENSAÇÃO DAS BASES NEGATIVAS – DIREITO ADQUIRIDO – dispõe o art. 44 da Lei n° 8.383, de 30/12/1991 (transcreve), que a base de cálculo negativa da CSLL apurada em um períodobase, a partir de 01/01/1992, poderá ser deduzida das bases de cálculo positivas apuradas em períodosbase posteriores. A União introduziu, através da MP n° 812, publicada em 31/12/1994, convertida na Lei n° 8.981/95, modificações quanto ao cálculo e recolhimento dessa exação, limitando a 30% da base apurada o aproveitamento, por dedução, das bases negativas da CSLL. Como a limitação trazida pela Lei n° 8.981/95 se aplicava, exclusivamente, à determinação da CSLL relativa ao períodobase de 1995, através dos arts. 15 e 16 da Lei n° 9.065, de 20/06/1995, essa limitação foi estendida em definitivo à CSLL nos períodosbase iniciados a partir de 10/01/1996; – o primeiro ponto a ser analisado diz respeito ao fato de que sobre as bases negativas de cálculo geradas até 31/12/1994 não se aplica à limitação imposta pela Lei n° 8.981/95. Isto porque a referida limitação foi introduzida, em 31/12/1994, por meio da MP n° 812 (posteriormente convertida na Lei n° 8.981/95), ainda não produzia efeitos em 31/12/1994, quando da apuração efetiva da base de cálculo negativa, incorporandose ao patrimônio jurídico da Impugnante o direito de utilizar a totalidade das bases negativas até então verificadas, sem observar qualquer limitação quantitativa. Ora, está claro que uma lei só pode obrigar a partir do momento em que passa a produzir efeitos, ou seja, a partir do Fl. 1268DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.269 17 momento em que se torna eficaz. In casu, isto se deu em 10/01/1995, por expressa disposição do art. 116 da MP n° 812/94. Qualquer interpretação diversa acabaria por ferir o art. 50, inciso XXXVI, da Constituição Federal, que protege o direito adquirido, como se depreende da leitura de ementas de acórdãos (transcreve), tanto de órgão do Judiciário como do Conselho de Contribuintes. Isto posto, verificase que a Impugnante, supondose, ad argumentandum, que fosse ela contribuinte da CSLL, tem o direito de compensar integralmente as bases de cálculo negativas geradas até 1994, não se lhe aplicando a indigitada limitação de 30% prevista no art. 58 da Lei nº 8.981/1995; LIMITAÇÃO DA LEI nº 8.981/95 TRIBUTA O PATRIMÔNIO – outra questão a ser suscitada é concernente à limitação imposta à compensação das bases negativas apuradas a partir de 1995. Restou claro, pelo até aqui exposto, que as bases de cálculo negativas geradas até 1994 devem ser integralmente compensadas, pois a elas não se aplica a limitação a 30%. No entanto, tampouco se aplica tal limitação às bases negativas geradas a partir de 1995. Ocorre que tal limitação provoca não só a tributação do lucro auferido pelo contribuinte como também do seu próprio patrimônio, o que não se pode admitir. Concluise, portanto, que as bases negativas apuradas em períodos anteriores ao lançado no Auto de Infração devem ser consideradas para efeito de cálculo, embora, ratifiquese, a tributação seja indevida, sendo, ademais, integralmente compensadas com a base apurada, seja pela não eficácia da lei até 1994 (bases apuradas até 1994), seja pelo absurdo de acabar por incorrer na tributação do patrimônio do contribuinte (bases apuradas a partir de 1995); EXCLUSÃO A MENOR DA RECEITA DECORRENTE DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DA CARTEIRA DE AÇÕES. – conforme determina o art. 20 da Resolução CGPC n° 04, de 30 de janeiro de 2002 (transcreve) a Impugnante ajusta o saldo dos ativos mobiliários ainda não liquidados, a valor de mercado, contabilizando, no resultado do exercício do Programa de Investimento, (contas contábeis nºs 6.1.1.2.01.01.02 , 6.1.1.2.04.03. 01, doc 11), as variações ocorridas no período; – segundo dispõe o art. 35 da Lei n° 10.637/02, tais ajustes não deverão impactar a tributação da Pessoa Jurídica até que haja a alienação dos respectivos ativos financeiros (transcreve), sendo oportuno mencionar que as disposições transcritas se aplicam às entidades de previdência complementar de capital aberto, até porque as entidades de previdência complementar sem fins lucrativos, como a Impugnante, não são contribuintes da CSLL. Não obstante não ser este o entendimento da D. Fiscalização, uma vez considerando a Impugnante como contribuinte da CSLL – o que se admite apenas a título de argumentação –, o mesmo tratamento dado pelo art. 35 supracitado, deveria ter sido aplicado, pelo princípio da isonomia; – de fato, as variações monetárias negativas e positivas dos títulos mobiliários, contabilizadas no resultado do programa de investimentos, foram ajustadas à base de cálculo da CSLL elaborada pela fiscalização, nos termos da referida lei. Ocorre que ao analisar a base de cálculo apurada pela fiscalização relativa ao anocalendário de 2001, verificase que as variações monetárias positivas excluídas da referida base, no valor de R$27.120.469,00, não correspondem ao montante efetivamente contabilizado no resultado do Programa de Investimento, cujo valor representa R$29.753.418,00. Consequentemente, a base de cálculo da CSLL apurada pela fiscalização está a maior no montante de R$2.632.949,00; DA UTILIZAÇÃO DA TAXA SELIC COMO JUROS DE MORA Fl. 1269DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.270 18 – ainda que se entenda que a Impugnante encontrase em situação de mora perante o Fisco, não pode prosperar a cobrança dos juros moratórios mediante a utilização da Taxa SELIC, criada pela Resolução nº 1.124/96 do Conselho Monetário Nacional e definida pela Resolução nº 2.868/99 e pela Circular nº 2.900/99 do Banco Central do Brasil (BACEN) como taxa média ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC) para títulos federais. É, portanto, uma taxa de juros remuneratórios, que visa a premiar o capital investido pelo tomador de títulos da dívida pública federal, e não a aplicação de uma sanção, por atraso no cumprimento de uma obrigação. Isto posto, a Taxa SELIC, na forma como calculada, jamais poderia ser utilizada como “juros moratórios”, uma vez que tem natureza jurídica remuneratória e não indenizatória; – ademais, devese ressaltar que a referida Taxa não foi criada por lei, o que ofende ao princípio constitucional da legalidade, segundo o qual, não existe a possibilidade de criar ou aumentar tributo sem lei específica, previsto no art. 150, inciso I, do texto constitucional. Nem se alegue que a Lei nº 9.430/96 é suficiente para caracterizar obediência ao disposto constitucionalmente, pois, não traz nenhuma definição do que venha a ser a Taxa SELIC, mas, apenas, disciplina qual deve ser o seu uso. O art. 161, §1º do CTN dispõe que “se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% ao mês (...)”. Como não existe lei ordinária que tenha criado a Taxa SELIC, os juros que deveriam ser aplicados ao presente caso estão limitados à quantia de 1% ao mês. Notese que o artigo em questão não veda a simples atualização do tributo, desde que esta esteja prevista em lei. Assim, não existindo a previsão legal, devese aplicar aos juros de mora a taxa de 1% ao mês. Nesse sentido, transcreve ementa de julgado do STJ. Portanto, considerandose a natureza remuneratória da taxa SELIC e a inconstitucionalidade de sua aplicação, bem como sua ilegalidade, não há que se admitir sua utilização, no presente caso, com a natureza de juros de mora, sendo necessária a exclusão da referida taxa do crédito tributário ora discutido; DO PEDIDO – isto posto, requer o recebimento o conhecimento e provimento da presente impugnação, com a consequente desconstituição do crédito tributário e o cancelamento do Auto de Infração, quer pela matéria preliminar, quer pelo mérito. Juntamente com a impugnação, a Interessada trouxe aos autos os documentos de fls. 190/342. Em seguida, esta Delegacia de Julgamento expediu o Acórdão DRJ/SDR nº 1511443, de 29/09/2006, às fls. 346/448, por intermédio do qual declarou a existência de concomitância, ainda que parcial, entre os assuntos tratados neste processo administrativo e aqueles discutidos judicialmente, admitindo a impugnação apresentada, na parte não submetida ao Poder Judiciário, rejeitou o pedido de diligência e as preliminares de decadência, inconstitucionalidade e nulidade e, no mérito, julgou procedente o crédito tributário relativo à CSLL. Cientificada do referido acórdão em 10/01/2007 (AR de fl. 405) e inconformada com o decisório, a pessoa jurídica, em 07/02/2007, interpôs recurso voluntário ao Primeiro Conselho de Contribuintes (documento de fls. 406 a 448), juntando ainda os documentos de fls. 449 a 938. Consoante acórdão nº 130200.951 – 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (fls. 945 a 987), datado de 07/08/2012, sem entrar no mérito da questão, decidiu afastar a declaração de concomitância com o processo judicial e determinou o retorno dos autos a esta Delegacia de Julgamento para apreciação integral da impugnação apresentada pela Contribuinte. Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.271 19 À fl. 989, a Procuradoria da Fazenda Nacional declarou ter tomado ciência do acórdão nº 130200.951 e que não haveria interposição de recurso à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Desse modo, o processo retornou a esta Delegacia de Julgamento, para que seja cumprida a decisão da Primeira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (fls. 945 a 987), ou seja, que se analise integralmente a impugnação (fls. 127 a 189) oferecida pela Interessada, resguardando assim o duplo grau de jurisdição. No novo julgamento realizado pela 5ª Turma da DRJ em Salvador, o colegiado, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a impugnação, indeferindo o pedido de diligência, rejeitando as preliminares de nulidade e inconstitucionalidade, e acatar, em parte, a preliminar de decadência, exonerando o crédito tributário referente aos anoscalendário de 1997 e 1998. O contribuinte foi cientificado da decisão de primeira instância em 01/11/2013, uma sextafeira (fl. 1.096), apresentando recurso voluntário em 03/12/2013 (fls. 1.0971.183). Em suas razões, reforça os argumentos de sua impugnação, acrescentando ainda: que a contagem do prazo decadencial deve ser realizada com base no art. 150, § 4º do CTN, independentemente da existência de pagamento antecipado; aduz que se considerados os períodos trimestrais de apuração do IRPJ, o crédito tributário referente ao anocalendário de 1999 deveria ser extinto por decadência; além disso, haveria vício material no lançamento pela realização do lançamento em bases anuais sem que o contribuinte houvesse optado por essa forma de tributação, o que implicaria o cancelamento da exigência, pois o lançamento deveria ter sido feito respeitandose a regra geral de apuração trimestral; ainda que a contagem do prazo fosse realizada com base no art. 173, I, do CTN, e considerandose o fato gerador do IRPJ como sendo anual, o início da contagem do prazo seria o primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato imponível, conforme decidido pelo STJ em julgamento de recurso representativo de controvérsia (RESP 973.733/SC); que não aufere lucro, mas sim superávits, conceitos distintos, o que inviabilizaria a cobrança da CSLL, quer por decorrência da própria dicção do art. 195, I, da Constituição Federal, quer pelo teor da Lei nº 7.689/89 que prevê a incidência da contribuição também, e por óbvio, somente sobre o lucro das pessoas jurídicas; que o Ato Declaratório Normativo n° 17 da Coordenação do Sistema de Tributação além de claro, vincularia a atuação da Receita Federal, no sentido de que "a contribuição social não será devida pelas pessoas jurídicas que desenvolvam atividades sem fins lucrativos tais como as fundações, associações e sindicatos", interpretação corroborada com a posterior edição do art. 17 da IN SRF nº 588, de 2005, evidenciaria tal entendimento (“Art. 17. As entidades de previdência complementar sem fins lucrativos estão isentas do imposto sobre a renda devido pela pessoa jurídica e da contribuição social sobre o lucro líquido.”); Fl. 1271DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.272 20 que tais atos normativos deveriam ter redundado na da exclusão de multa e juros aplicados no lançamento, a teor do disposto no art. 100, parágrafo único, do CTN; não haveria fundamentação legal para exigência de CSLL; haveria violação ao princípio da isonomia, pois teria sido aplicada alíquota de 18% prevista para as instituições financeiras, sem, contudo, permitirse à Recorrente a “exclusão” de capitais de terceiros quando do cálculo de seu resultado, procedimento este legalmente aplicável às instituições financeiras; questiona ainda a aplicação da alíquota de 18% em descompasso com a exigível às demais pessoas jurídicas; que a DRE apurada em razão da Portaria MPAS nº 4.858/98 não possui o objetivo de demonstrar o resultado do período, mas sim o resultado dos planos de benefícios administrados pela Recorrente; que em razão da especificidade de sua atividade, na pior das hipóteses deveria haver a tributação sobre o “lucro” apurado na forma em que este é determinado pelos demais seguimentos de mercado, ou seja, apurado em função das receitas e despesas decorrentes exclusivamente da atividade; deveria haver a exclusão dos recursos de terceiros da base de cálculo da exação; a base de cálculo real deveria ser “zerada” em razão da necessidade de exclusão das reservas para ajuste do plano e o fundo de oscilação de riscos (previsão no Decreto 606/1992), e o seu enquadramento nas disposições do art. 404 do RIR/99 (“exclusão das provisões técnicas previstas para as companhias de seguros e capitalização”); a autoridade fiscal desconsiderou diversos ajustes obrigatórios na apuração da suposta base de cálculo, não levando em consideração também compensação de bases negativas de períodos anteriores, o que seria um direito adquirido. É o relatório. Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.273 21 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade. Dele tomo conhecimento. 1 PERÍODO DE APURAÇÃO E VÍCIO NO LANÇAMENTO Segundo o Recorrente, o lançamento seria nulo por ter sido realizado em bases anuais sem que o contribuinte houvesse optado por essa forma de tributação, o que implicaria o cancelamento da exigência, pois o lançamento deveria ter sido feito respeitandose a regra geral de apuração trimestral. Compulsando os autos, verifico, de fato, que o lançamento foi realizado baseandose no lucro real anual. Intimado a demonstrar a apuração das bases de cálculo da CSLL, o Recorrente apresentou as planilhas de fls. 7780 com demonstração de resultado do exercício em bases anuais. Com base em tais informações o lançamento foi realizado com base no lucro real anual, tendo a decisão de primeira instância mantido a exigência justamente em razão da prestação das informações, por parte da Recorrente, em bases anuais. Contudo, aduz o Recorrente que não foi realizada qualquer opção pela apuração anual, sendo aplicável a regra geral de tributação do lucro real, e, por conseguinte, da CSLL, na forma trimestral, o que implicaria a nulidade do lançamento, já que o lançamento foi formalizado com base na apuração anual da CSLL. No caso concreto, além de o Recorrente entender não estar sujeito à incidência de CSLL, quando instado a demonstrar qual seria a base de cálculo da CSLL apresentou demonstrativos onde teria apurado, em tese, base de cálculo negativa de CSLL nos períodos objeto de lançamento. Em princípio, corroborando a decisão de primeira instância, tendo sido apresentadas demonstrações de resultado de exercício em bases anuais em resposta à intimação para demonstração das bases de cálculo da CSLL, restaria suprida a necessidade de opção formal pela tributação com base no lucro real anual. Contudo, conforme consta nas fls. 8589 dos autos, foram apresentadas também pelo Recorrente demonstrações das bases de cálculo da CSLL não em bases anuais, mas sim mensais. A partir das exclusões e compensações ali indicadas, repitase, em bases mensais, é que a autoridade fiscal autuante as somou para fins de quantificação anual das adições e exclusões que entendeu cabíveis na apuração da base de cálculo da CSLL. Nesse cenário, não resta evidente a opção do contribuinte pela forma de apuração anual, devendo prevalecer, a meu juízo, a regra geral de apuração trimestral do lucro real, a teor do que dispõem os artigos 220 e 222 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, transcritos a seguir: Fl. 1273DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.274 22 Art. 220. O imposto será determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias de 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário (Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º). Art. 222. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto e adicional, em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada (Lei nº 9.430, de 1996, art. 2º). Parágrafo único. A opção será manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade, observado o disposto no art. 232 (Lei nº 9.430, de 1996, art. 3º, parágrafo único). Conforme se observa, embora a regra geral de apuração do IRPJ (e, consequentemente, da CSLL) seja apuração trimestral, pode o contribuinte optar pela tributação anual, desde que haja manifestação expressa da pessoa jurídica nesse sentido, o que, a meu ver, não consta nos autos. Tal entendimento, neste mesmo colegiado, não é inédito, conforme se observa no acórdão 1402001.415, cuja ementa transcrevese parcialmente a seguir: LUCRO REAL. REGRA GERAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. PRETENSÃO DE APURAÇÃO ANUAL SEM OBSERVÂNCIA DAS SITUAÇÕES PREVISTAS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do artigo 220, do Regulamento do Imposto de Renda, a regra geral é a exigência do imposto de renda por período de apuração trimestral. Para que o critério temporal passe de trimestral para anual é necessário expressa manifestação do sujeito passivo, acompanhada do pagamento das estimativas, conforme previstos nos artigos 222, parágrafo único do Regulamento do Imposto de Renda. Em não havendo manifestação de opção pelo lucro real anual, acompanhado do recolhimento de estimativas, prevalece a regra geral de apuração trimestral, sendo incabível, nestas situações, a exigência de imposto de renda de forma anual. No mesmo sentido também há inúmeros outros precedentes desta Corte Administrativa, entre os quais destaco os seguintes: IMUNIDADE. SUSPENSÃO. ERRO NO LANÇAMENTO FISCAL. BASE DE CÁLCULO. LUCRO REAL ANUAL. NULIDADE. O artigo 3º da Lei nº 9.430/96 prescreve que a opção pelo contribuinte quanto à apuração pelo lucro real anual se dá com o pagamento do tributo correspondente ao mês de janeiro do ano calendário. No caso em análise o contribuinte declarou ser imune. Portanto, deveria o fisco apurar o IRPJ e a CSLL do ano de 1998 com base no lucro real trimestral. Não fazendo dessa forma incorre em nulidade o lançamento por erro na base de cálculo. Recurso conhecido e provido. (Acórdão 1201001.166, por unanimidade de votos, sessão de 04 de março de 2015, Relator Conselheiro Rafael Vidal de Araújo) LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FORMA DE APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. Quando o contribuinte não faz opção pela tributação com base no Lucro Presumido, nem pelo Lucro Real anual, nas formas prescritas na legislação fiscal, cumpre efetuar o lançamento de ofício com base no Lucro Real Trimestral, ou com base no Lucro Arbitrado, dependendo do caso. (Acórdão Fl. 1274DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 1402002.386 S1C4T2 Fl. 1.275 23 130200.820, por unanimidade de votos, sessão de 31 de janeiro de 2012, Relator Conselheiro Marcos Rodrigues Mello) Logo, entendo que a exigência formalizada em desacordo com os artigos 220 e 222 do RIR/99 não deve prevalecer, até mesmo por infringência ao art. 142 do CTN, devendo ser anulada por vício material. Por conseguinte, resta prejudicada a análise do mérito de recurso, bem como do recurso de ofício. 3 CONCLUSÃO Isso posto, voto por acolher a preliminar de nulidade da autuação por vício material na apuração da exigência e considerar prejudicado o julgamento do recurso de ofício. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 1275DF CARF MF
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