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Numero do processo: 10845.725702/2012-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007, 2008
NULIDADE.
Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Comprovados nos autos que a contribuinte foi corretamente informada e esclarecida de todos os termos e documentos produzidos no curso do procedimento fiscal, não há que se arguir cerceamento de defesa.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO REGULAR. IMPESSOALIDADE. IMPARCIALIDADE.
Presume-se, até prova contrária a cargo de quem alega, que ação fiscal suportada por Mandado de Procedimento Fiscal regularmente emitido foi planejada atendendo os princípios da impessoalidade, imparcialidade e isonomia.
FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL.
É valido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 27)
INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. UTILIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA.
A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2007
DECADÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA.
No caso do Imposto de Renda Pessoa Física, quando não houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, é aplicável o disposto no art. 173 do CTN.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007, 2008
LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO.
Valores excedentes ao lucro presumido do período somente podem ser distribuídos com isenção do imposto de renda quando se comprovar, por meio de demonstrativos contábeis com observância da legislação comercial, que o lucro contábil foi superior ao presumido.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FRAUDE. MULTA. 150%.
Em lançamento de ofício é devida multa qualificada de 150% calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo que não foi pago ou recolhido quando demonstrada a presença de fraude na ação ou omissão do contribuinte, nos termos da legislação de regência.
Numero da decisão: 2202-004.614
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2007, 2008 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Comprovados nos autos que a contribuinte foi corretamente informada e esclarecida de todos os termos e documentos produzidos no curso do procedimento fiscal, não há que se arguir cerceamento de defesa. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO REGULAR. IMPESSOALIDADE. IMPARCIALIDADE. Presume-se, até prova contrária a cargo de quem alega, que ação fiscal suportada por Mandado de Procedimento Fiscal regularmente emitido foi planejada atendendo os princípios da impessoalidade, imparcialidade e isonomia. FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL. É valido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 27) INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. UTILIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2007 DECADÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. No caso do Imposto de Renda Pessoa Física, quando não houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, é aplicável o disposto no art. 173 do CTN. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007, 2008 LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. Valores excedentes ao lucro presumido do período somente podem ser distribuídos com isenção do imposto de renda quando se comprovar, por meio de demonstrativos contábeis com observância da legislação comercial, que o lucro contábil foi superior ao presumido. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FRAUDE. MULTA. 150%. Em lançamento de ofício é devida multa qualificada de 150% calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo que não foi pago ou recolhido quando demonstrada a presença de fraude na ação ou omissão do contribuinte, nos termos da legislação de regência.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson- Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson
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Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Comprovados nos autos que a contribuinte foi corretamente informada e esclarecida de todos os termos e documentos produzidos no curso do procedimento fiscal, não há que se arguir cerceamento de defesa. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO REGULAR. IMPESSOALIDADE. IMPARCIALIDADE. Presumese, até prova contrária a cargo de quem alega, que ação fiscal suportada por Mandado de Procedimento Fiscal regularmente emitido foi planejada atendendo os princípios da impessoalidade, imparcialidade e isonomia. FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL. É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. (Súmula CARF nº 27) INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. UTILIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO. INOCORRÊNCIA. A utilização de informações bancárias obtidas junto às instituições financeiras constitui simples transferência à administração tributária, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 72 57 02 /2 01 2- 63 Fl. 4900DF CARF MF 2 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO: 2007 DECADÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. No caso do Imposto de Renda Pessoa Física, quando não houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, é aplicável o disposto no art. 173 do CTN. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007, 2008 LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. Valores excedentes ao lucro presumido do período somente podem ser distribuídos com isenção do imposto de renda quando se comprovar, por meio de demonstrativos contábeis com observância da legislação comercial, que o lucro contábil foi superior ao presumido. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FRAUDE. MULTA. 150%. Em lançamento de ofício é devida multa qualificada de 150% calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo que não foi pago ou recolhido quando demonstrada a presença de fraude na ação ou omissão do contribuinte, nos termos da legislação de regência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto e Ronnie Soares Anderson Relatório Fl. 4901DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.901 3 Tratase de Auto de Infração (fls. 4610/4623) de Imposto de Renda Pessoa Física relativo aos anoscalendários 2006 e 2007. Conforme a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal de folhas 4612/4615 foram apuradas as seguintes infrações: 1) Omissão de rendimentos recebidos pelo autuado na qualidade de sócio da empresa Interface Engenharia Aduaneira Ltda, uma vez que foram distribuídos lucros em montante superior ao lucro presumido sem que o referido lucro encontrasse suporte na escrituração contábil da empresa. 2) Dedução indevida de Despesas Médicas. Em 29/11/2012 o sujeito passivo apresentou a impugnação de fls. 4638 a 4687, por intermédio de procuradores constituídos, contestando o lançamento efetuado com asseguintes alegações, que serão a seguir sintetizadas: A) PRELIMINARES; a.1) Da Invalidade da Ação Fiscal por inobservância do disposto na Portarias da Secretaria da Receita Federal nºs 500/1995 e 3007/2002, uma vez que em nenhum momento foi indicado, pelos AFRFB autuantes, em qual programa de fiscalização, elaborado pela Coordenação Geral de Fiscalização (Cofis) havia sido incluído. a.2) Nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa, uma vez que as autoridades fiscais encaminharam, junto com os AI´s, diversos anexos, mas não forma emitidas cópias "frente e verso", dos cheques emitidos pela INTERFACE ENGENHARIA LTDA que constiuem o fundamento do presente lançamento. a.3) Incompetência dos Auditores que efetuaram o lançamento , pois, nos termos do art. 985 do RIR/1999 a autoridade fiscal competente para aplicar o Regulamento do Imposto de Renda (RIR) é a do domicílio fiscal do contribuinte, ou de seu procurador ou representante. Todavia, nos caso dos autos, o Impugnante foi fiscalizado pelos AFRFB Francisco César de Oliveira Santos e Sérgio Martinez, com exercício na Superintendência Regional da Receita Federal em São Paulo, “órgão este que não tem jurisdição, não tendo, pois, competência para fiscalizar e lançar tributo.” a.4) Decadência uma vez que, por se tratar o IRPF de tributo sujeito ao lançamento por homologação, nos termos do artigo 150, §4º do CTN, o fato gerador referente a 31/12/2006 teria sido alcançado pela decadência. Alega também que, mesmo que se reconheça o dolo que fundamentou a aplicação da multa qualificada de 150%, resta evidente a ocorrência da decadência no que diz respeito ao anocalendário de 2006, uma vez que a DIRPF a ele correspondente foi entregue em abril de 2002. a.5) Impossibilidade da quebra do sigilo bancário da empresa INTERFACE sem Autorização judicial, pois memso com o advendo da Lei Complementar nº 105/2001, não restou afastada a necessidade prévia autorização judicial para a quebra de sigilo bancário do contribuinte. B) MÉRITO b.1) Da Inexistência da Distribuição de Lucros Excedentes ao Lucro Presumido. Das Disposições da IN SRF Nº 93/97, pois: Fl. 4902DF CARF MF 4 b.1.1) ainda que a empresa INTERFACE, tenha optado pela tributação com base no lucro presumido, e embora tenha informado nas DIPJ que “a apuração das receitas tributáveis se deu por intermédio do Livro Caixa”, na realidade efetuou essa apuração com base em escrituração completa, anexada ao PROCESSO Nº 10845.725582/201202 pela própria Fiscalização, devidamente registrada na JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – JUCESP, como se vê nos docs. nºs. 02/03, inclusos, que provam o registro dos livros DIÁRIO de 2006 e 2007 naquele órgão. b.1.2) no quadro “MUTAÇÕES DA CONTA LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS” (doc. nº 04, anexo) a INTERFACE obteve, nos anos calendário de 2006 e 2007, os resultados líquidos de R$ 1.310.420,23 e R$ 1.472.911,13 (superiores aos valores tidos como distribuídos, apontados no “TVEPF Nº 023”, transcrito no SUBITEM 5.1., acima), passíveis de entrega totalmente isenta na pessoa física, nos termos do artigo 48, § 3º, da IN SRF nº 93/97, que transcreve. b.1.3) o valor dos cheques relativos ao ano calendário de 2006 serviram para justificar uma dupla tributação, uma vez que a empresa INTERFACE foi autuada com fundamento no artigo 61 da Lei nº 8.981/85 contestada no processo nº 10845.725584/201202 e também foram considerados como "omissão de rendimentos recebidos à título de lucro distribuídos excedentes ao lucro presumido" lançados no presente processo. b.2) Indevida Aplicação da Multa de 150%, uma vez que não foram apontados "elementos seguros de prova ou indícios veementes de falsidade ou inexatidão" na conduta do autuado, pois a inexistência de saldos devedores na conta caixa da empresa INTERFACE , bem como a falta de constabilização, a credito dessa conta., dos valores dos cheques emitidos, decorreu de mero erro contábil. Em 31 de outubro 2013, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juíz de Fora (MG) negou provimento à impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte (fls. 4789): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL EXERCÍCIO: 2008 MATÉRIA NÃOIMPUGNADA. DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESAS MÉDICAS. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada, consolidandose administrativamente o correspondente crédito tributário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL EXERCÍCIO: 2007, 2008 NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade do lançamento quando observados os requisitos previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Comprovados nos autos que a contribuinte foi corretamente informada e esclarecida de todos os termos e documentos Fl. 4903DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.902 5 produzidos no curso do procedimento fiscal, não há que se arguir cerceamento de defesa. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. EMISSÃO REGULAR. IMPESSOALIDADE. IMPARCIALIDADE. Presumese, até prova contrária a cargo de quem alega, que ação fiscal suportada por Mandado de Procedimento Fiscal regularmente emitido foi planejada atendendo os princípios da impessoalidade, imparcialidade e isonomia. FISCALIZAÇÃO. COMPETÊNCIA. SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DA RECEITA FEDERAL. As Superintendências Regionais da Receita Federal do Brasil (SRRF) possuem competência para o desenvolvimento das atividades de fiscalização, instrumentalizada pela emissão de Mandado de Procedimento Fiscal emitido pelo Superintendente Regional. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO EXERCÍCIO: 2007 DECADÊNCIA. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. No caso do Imposto de Renda Pessoa Física, quando não houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, é aplicável o disposto no art. 173 do CTN. PRAZO DECADENCIAL. TERMO INICIAL. FRAUDE. Na ocorrência do fraude, o termo inicial do prazo para a Fazenda Pública lançar deslocase para o artigo 173, inciso I, do CTN, sendo o primeiro dia do ano civil seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF EXERCÍCIO: 2007, 2008 LUCROS DISTRIBUÍDOS. DISTRIBUIÇÃO EXCEDENTE AO LUCRO PRESUMIDO. Valores excedentes ao lucro presumido do período somente podem ser distribuídos com isenção do imposto de renda quando se comprovar, por meio de demonstrativos contábeis com observância da legislação comercial, que o lucro contábil foi superior ao presumido. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FRAUDE. MULTA. 150%. Em lançamento de ofício é devida multa qualificada de 150% calculada sobre a totalidade ou diferença do tributo que não foi pago ou recolhido quando demonstrada a presença de fraude na ação ou omissão do contribuinte, nos termos da legislação de regência. Fl. 4904DF CARF MF 6 Cientificado em 17/06/2014 (AR fls. 4827), o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 4829/4893, no qual reitera as alegações já suscitadas quando da Impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual, dele conheço. Antes de analisarmos as discussões suscitadas é importante registrar que a autuação relativa a dedução indevida de despesas médicas não foi impugnada. Sendo assim, a lide se restringe a glosa por omissão de receitas relativa aos lucros distribuídos por pessoa jurídica. 1) PRELIMINARES 1.1) DA INVALIDADE DA AÇÃO FISCAL POR INOBSERVÂNCIA DO DISPOSTO NAS PORTARIAS NºS 500/95 E 3.007/02 DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL. Insiste o Recorrente na alegação de Invalidade da Ação Fiscal por inobservância do disposto na Portarias da Secretaria da Receita Federal nºs 500/1995 e 3007/2002, uma vez que em nenhum momento foi indicado, pelos AFRFB autuantes, em qual programa de fiscalização, elaborado pela Coordenação Geral de Fiscalização (Cofis) havia sido incluído. Incorretas as alegações do Recorrente. Como esclarece a decisão recorrida: Quanto a este assunto, inicialmente é necessário dizer que as atividades de planejamento e execução dos procedimentos fiscais, à época do início da fiscalização (em 31/12/2010, conforme Termo de Início de Fiscalização às fls. 3 e 4), estavam reguladas pela Portaria do Secretário da Receita Federal do Brasil (RFB) nº 11.371, 12 de dezembro de 2007. A Portaria RFB nº 11.371/2007, em termos gerais, apenas adaptou as regras já veiculadas pela Portaria SRF nº 3.007/2001 à nova estrutura administrativa criada com a fusão entre a Secretaria da Receita Federal e a Secretaria da Receita Previdenciária, determinada pela Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007. (...) Como se vê, o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é o instrumento que a autoridade fiscalizadora apresenta ao contribuinte fiscalizado para que este tome ciência, entre outras informações, do tributo e do período que serão examinados, qual fiscal está autorizado a realizar o trabalho e por quanto tempo. No presente caso, este documento foi regularmente emitido pelo administrador competente, no caso o Superintendente da Receita Federal do Brasil na 8ª Região Fiscal, bem como foi cientificado Fl. 4905DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.903 7 ao sujeito passivo (fls. 5 e 6). Assim, presumese até prova em contrário a cargo da impugnante que apenas alega, que a mesma contribuinte foi selecionada para ser fiscalizada em observância aos princípios da impessoalidade, imparcialidade e interesse público, previstos no artigo 1º da Portaria RFB nº 11.371/2007. O que está caracterizado, segundo os documentos presentes no processo, é que estes princípios foram observados. Além disso, é importante registrar que, no âmbito deste Conselho, a posição predominante é a de que o Mandado de Procedimento Fiscal MPF constitui mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária. Sendo assim, irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para anular o lançamento. Tal posicionamento fica claro pela leitura das duas decisões da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF abaixo transcritas. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO. INEXISTÊNCIA QUE NÃO CAUSA NULIDADE DO LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF, constituise em instrumento de controle criado pela Administração Tributária para dar segurança e transparência à relação fisco contribuinte,que objetiva assegurar ao sujeito passivo que o agente fiscal indicado recebeu da Administração a incumbência para executar a ação fiscal. Pelo MPF o auditor está autorizado a dar inicio ou a levar adiante o procedimento fiscal. A inexistência de MPF para fiscalizar determinado tributo ou a não prorrogação deste não invalida o lançamento que se constitui em ato obrigatório e vinculado.(Acórdão nº 920201.637; sessão de 12/04/2010; Relator Moisés Giacomelli Nunes da Silva) VÍCIOS DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF.ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Falhas quanto a prorrogação do MPF ou a identificação de infrações em tributos não especificados, não causam nulidade no lançamento. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e,detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional.(Acórdão nº 920201.757; sessão de 27/09/2011; Relator Manoel Coelho Arruda Junior) Concordo com a interpretação adotada e, pela clareza com que aborda a questão, transcrevo abaixo o seguinte trecho do voto proferido no Acórdão nº 920201.637: A portaria da SRF n° 3.007, de 26 de novembro de 2001, revogada pela Portaria RFB n° 4.328, de 05.09.2005, que foi publicada no DOU 08.09.2005, trata do planejamento das atividades fiscais e estabelece rotinas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições Fl. 4906DF CARF MF 8 administrados pela Secretaria da Receita Federal. Por meio da norma antes referida se disciplinou a expedição do MPF — Mandado de Procedimento Fiscal que se constitui em elemento de controle da administração tributária. A eventual inobservância dos procedimentos e limites fixados por meio do MPF, salvo quando utilizado para obtenção de provas ilícitas, não gera nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal, mormente quando foram emitidos MPF Complementares antes da lavratura do Auto de Infração. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF, constituise em instrumento de controle criado pela Administração Tributária para dar segurança e transparência à relação fisco contribuinte ,que objetiva assegurar ao sujeito passivo que o agente fiscal indicado recebeu da Administração a incumbência para executar a ação fiscal. Pelo MPF o auditor está autorizado a dar início ou a levar adiante o procedimentofiscal. Se ocorrerem problemas com a prorrogação do MPF estes não invalidam os trabalhos de fiscalização desenvolvidos. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e, detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. Salvo nos casos de ilegalidade, a validade do ato administrativo é subordinada à legitimidade do agente que o pratica, isto é, ser titular do cargo ou função a que tenha sido atribuída a legitimação para a prática do ato. Assim, legitimado o AFRF para constituir o crédito tributário mediante lançamento, não há o que se falar em nulidade por falta do MPF que se constitui em instrumento de controle da Administração. 1.2) NULIDADE DO LANÇAMENTO POR CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA; Alega a Recorrente Nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa, uma vez que as autoridades fiscais encaminharam, junto com os AI´s, diversos anexos, mas não foram emitidas cópias "frente e verso", dos cheques emitidos pela INTERFACE ENGENHARIA LTDA que constiuem o fundamento do presente lançamento. Sem razão o Recorrente. Nesse ponto, merece transcrição a decisão recorrida quando afirma que: De plano, cabe mencionar que no Termo de Intimação Fiscal que deu início à fiscalização (ciência em 31/12/2010 fl. 5) a interessada foi intimada a apresentar as cópias dos cheques. Em razão do não atendimento do pleito da fiscalização, e após sucessivos pedidos de dilação de prazo sem que a empresa se manifestasse, foi lavrado o Termo de Constatação de Embaraço à Ação Fiscal (ciência em 10/06/2011). Assim, decorridos cerca de 5 meses sem que a fiscalizada disponibilizasse as referidas cópias de cheques, foram expedidas Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF), em estrita conformidade com a legislação de regência da matéria (fls. 38 a 54) Fl. 4907DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.904 9 No que se relaciona às cópias dos cheques obtidos por meio das RMF, esta foram disponibilizadas juntamente com o T.I.F nº 17 (ciência em 30/11/2011 – fls. 59/61), por meio de CDR com 30 arquivos, com cópias de cheques 2006 (fls. 560/1079), cópias de cheques 2007 (fls. 1080/1553), recibos de retiradas de lucro (sócio Fábio Fatalla – fls. 1554/1944), microfilme cheques Banco do Brasil (fls. 1945/2696) e microfilme cheque Banco Safra (fls. 2697/4044). Portanto, improcedente a arguição de cerceamento de defesa postulada pela defendente. 1.3) DA INVALIDADE DA AÇÃO FISCAL POR INCOMPETÊNCIA DOS AUDITORES FISCAIS QUE A REALIZARAM. Alega a Recorrente que, nos termos do art. 985 do RIR/1999 a autoridade fiscal competente para aplicar o Regulamento do Imposto de Renda (RIR) é a do domicílio fiscal do contribuinte, ou de seu procurador ou representante. Todavia, nos caso dos autos, o Impugnante foi fiscalizado pelos AFRFB Francisco César de Oliveira Santos e Sérgio Martinez, com exercício na Superintendência Regional da Receita Federal em São Paulo, “órgão este que não tem jurisdição, não tendo, pois, competência para fiscalizar e lançar tributo Improcedentes as alegações do Recorrente. A validade do lançamento realizada por auditor fiscal de jurisdição diversa da do domicílio do contribuinte é matéria pacificada no âmbito desse conselho, conforme se verifica pela Súmula CARF nº 27 abaixo transcrita: Súmula CARF nº 27: É valido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. 1.4 ) DA DECADÊNCIA Alega o Recorrente que teria ocorrido decadência relativamente ao ano calendário de 2006. Isso porque , por se tratar o IRPF de tributo sujeito ao lançamento por homologação, nos termos do artigo 150, §4º do CTN, o fato gerador referente a 31/12/2006 teria sido alcançado pela decadência. Alega também que, mesmo que se reconheça o dolo que fundamentou a aplicação da multa qualificada de 150%, resta evidente a ocorrência da decadência no que diz respeito ao anocalendário de 2006, uma vez que a DIRPF a ele correspondente foi entregue em abril de 2002. Sem razão o Recorrente. Isso porque, como bem observa a decisão recorrida, mesmo que se desconsidere a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, continuaria sendo aplicado aos autos a norma do artigo 173, I, do CTN, uma vez que não houve qualquer antecipação de pagamento. Confirase. Resta então saber se ao presente caso aplicase a regra geral de decadência contida no art. 173, I, ou aquela contida no art. 150, § 4º, pertinente ao chamado lançamento por homologação, ao Fl. 4908DF CARF MF 10 qual, em princípio, friso, se amolda o imposto de renda da pessoa física. Com esse intuito, transcrevo excerto das conclusões do Parecer PGFN/CAT Nº 1617/2008 que, em consonância com o entendimento pacificado no STJ1, foi exarado em função da edição da Súmula Vinculante n.º 8: d) para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; e) para fins de cômputo do prazo de decadência, tendo havido pagamento antecipado, aplicase a regra do § 4º do art. 150 do CTN; f) para fins de cômputo do prazo de decadência, todas as vezes que comprovadas as hipóteses de dolo, fraude e simulação devese aplicar o modelo do inciso I, do art. 173, do CTN; [Grifei]. O Parecer PGFN/CAT Nº 1617/2008 foi aprovado pelo Ministro da Fazenda em despacho de 18/8/2008, para fins de observância pela RFB, vinculando assim esta instância administrativa, em conformidade com o disposto na Lei Complementar n.º 73/93, arts. 13 e 42. No caso específico do IRPF, o fato gerador do imposto sobre os rendimentos sujeitos ao ajuste anual aperfeiçoase no momento em que se completa o período de apuração dos rendimentos e deduções: 31 de dezembro de cada anocalendário. Considerase antecipação de pagamento quando o obrigado sofre retenção do imposto de renda na fonte ao longo do exercício, ou recolhe o tributo mensalmente, se sujeito ao CarnêLeão/ Recolhimento Complementar, ou ainda, apura o imposto devido na Declaração de Ajuste Anual e efetua o pagamento. Inferese do disposto no art. 150 do CTN que somente sujeitam se às normas aplicáveis ao lançamento por homologação os créditos tributários já satisfeitos, ainda que parcialmente, por via do pagamento. Sob tal perspectiva, a extinção do crédito tributário dáse pelo pagamento, segundo disposição expressa do § 1º do art. 150 do CTN, sob condição resolutória de ulterior verificação da exatidão do crédito tributário recolhido (homologação). No caso vertente, embora o contribuinte tenha apresentado Declaração de Ajuste Anual do exercício de 2007, ano calendário 2006, não houve imposto pago durante o ano calendário, assim como não foi apurado saldo de imposto a pagar. Saliento que durante o anocalendário de 2006 não houve imposto pago, seja a título de imposto de renda retido na fonte do titular, dos dependentes, carnêleão, imposto Fl. 4909DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.905 11 complementar, não havendo, de fato, qualquer tipo de imposto pago no anocalendário. Assim, de acordo com o critério definido na alínea “d” acima transcrita, para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inc. I do CTN, pouco importando se houve ou não declaração, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Em face do exposto, rejeito a preliminar de decadência. 1.5) DA IMPOSSIBILIDADE DA QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO DA INTERFACE SEM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. Por fim, alega o Recorrente, como preliminar, a impossibilidade da quebra do sigilo bancário da empresa INTERFACE sem Autorização judicial, pois memso com o advendo da Lei Complementar nº 105/2001, não restou afastada a necessidade prévia autorização judicial para a quebra de sigilo bancário do contribuinte. A Lei Complementar 105/01, no seu artigo 1º, § 3º, inciso III, assegura que o fornecimento de informações à Secretaria da Receita Federal do Brasil pelas instituições financeiras, ou equiparadas não constitui violação do dever de sigilo bancário. É importante destacar que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 601.314/SP, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no art. 543B do CPC/73, concluiu pela constitucionalidade do artigo 6º da Lei Complementar nº 105/00. A mencionada decisão recebeu a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. DIREITO AO SIGILO BANCÁRIO. DEVER DE PAGAR IMPOSTOS. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO DA RECEITA FEDERAL ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. ART. 6º DA LEI COMPLEMENTAR 105/01. MECANISMOS FISCALIZATÓRIOS. APURAÇÃO DE CRÉDITOS RELATIVOS A TRIBUTOS DISTINTOS DA CPMF. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DA NORMA TRIBUTÁRIA. LEI 10.174/01. 1. O litígio constitucional posto se traduz em um confronto entre o direito ao sigilo bancário e o dever de pagar tributos, ambos referidos a um mesmo cidadão e de caráter constituinte no que se refere à comunidade política, à luz da finalidade precípua da tributação de realizar a igualdade em seu duplo compromisso, a autonomia individual e o autogoverno coletivo. 2. Do ponto de vista da autonomia individual, o sigilo bancário é uma das expressões do direito de personalidade que se traduz em ter suas atividades e informações bancárias livres de ingerências ou ofensas, qualificadas como arbitrárias ou ilegais, de quem quer que seja, inclusive do Estado ou da própria instituição financeira. Fl. 4910DF CARF MF 12 3. Entendese que a igualdade é satisfeita no plano do autogoverno coletivo por meio do pagamento de tributos, na medida da capacidade contributiva do contribuinte, por sua vez vinculado a um Estado soberano comprometido com a satisfação das necessidades coletivas de seu Povo. 4. Verificase que o Poder Legislativo não desbordou dos parâmetros constitucionais, ao exercer sua relativa liberdade de conformação da ordem jurídica, na medida em que estabeleceu requisitos objetivos para a requisição de informação pela Administração Tributária às instituições financeiras, assim como manteve o sigilo dos dados a respeito das transações financeiras do contribuinte, observandose um translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal. 5. A alteração na ordem jurídica promovida pela Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, uma vez que aquela se encerra na atribuição de competência administrativa à Secretaria da Receita Federal, o que evidencia o caráter instrumental da norma em questão. Aplicase, portanto, o artigo 144, §1º, do Código Tributário Nacional. 6. Fixação de tese em relação ao item “a” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”. 7. Fixação de tese em relação ao item “b” do Tema 225 da sistemática da repercussão geral: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (grifos no original) 2) MÉRITO 2.1) DA DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS Alega o Recorrente que ainda que a empresa INTERFACE, tenha optado pela tributação com base no lucro presumido, e embora tenha informado nas DIPJ que “a apuração das receitas tributáveis se deu por intermédio do Livro Caixa”, na realidade efetuou essa apuração com base em escrituração completa, anexada ao PROCESSO Nº 10845.725582/2012 02. Alega também que a empersa INTERFACE obteve, nos anos calendários 2006 e 2007 resultados líquidos superiores aos valores tidos como distribuídos, o que legitimaria a distribuição de lucros efetuada. Antes de mais nada, é importante registrar que o processo nº 10845.725582/201202, mencionado pelo Recorrente, já foi analisado pelo CARF. Conforme se observa pela ementa abaixo transcrita, a 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, por unanimidade Fl. 4911DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.906 13 de votos, rejeitou as preliminares e negou provimento ao recurso interposto pela empresa INTERFACE ENGENHARIA: Processo nº 10845.725582/201202 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301001.422 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 11 de março de 2014 Matéria IRPJ/OMISSÃO DE RECEITAS/SALDO CREDOR DE CAIXA Recorrente INTERFACE ENGENHARIA ADUANEIRA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/03/2006, 30/06/2006, 30/09/2006, 31/12/2006, 31/03/2007, 30/06/2007, 30/09/2007, 31/12/2007 SALDO CREDOR DE CAIXA. CHEQUES LIQUIDADOS POR COMPENSAÇÃO. PRESUNÇÃO LEGAL. Os cheques liquidados por compensação bancária, por não constituírem ingresso efetivo de recursos, somente podem ser registrados a débito da conta caixa se esta conta, na mesma data ou em dia próximo, registrar as saídas a que se destinaram os cheques emitidos, Não comprovada as saídas, a escrituração do Livro Caixa deve ser reconstituída e ajustada, tributandose, como omissão de receita, os eventuais saldos credores. A presunção legal admite prova em contrário, que não foi hábil, neste caso. Correta a glosa dos suprimentos de caixa, pois os débitos na conta Caixa eram decorrentes de cheques nominais emitidos pela empresa, que foram compensados. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. AUTO DE INFRAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. Os recursos administrativos apresentados pela recorrente, demonstrando compreensão da descrição dos fatos contida na Fl. 4912DF CARF MF 14 autuação e enfrentando as imputações que lhe são feitas, afastam a alegação de nulidade por cerceamento de defesa, não restando caracterizado óbice ao exercício do direito de defesa. DECADÊNCIA. REGRA DO ART. 173 , I, DO CTN. Demonstradas as condutas simuladas e fraudulentas, aplicase a regra decadencial do art. 173, I, do CTN, pela qual o dies a quo do prazo decadencial se desloca para o primeiro dia do exercício seguinte ao que o Fisco poderia efetuar o lançamento. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. É cabível a aplicação da multa qualificada, quando restar comprovado que o envolvido na prática da infração tributária objetivou deixar de recolher, intencionalmente, os tributos devidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros deste colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as nulidades suscitadas e NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. A isenção dos lucros distribuídos aos sócios foi inserida pelo artigo 10 da Lei nº 9.249/95, apurados a partir de janeiro de 1996, nos seguintes termos: Art. 10º Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. A Instrução Normativa SRF nº 11/96, por sua vez, esclarece, no §2º do artigo 51 que "no caso de pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido ou arbitrado, a parcela dos lucros ou dividendos que exceder o valor da base de cálculo do imposto, diminuída de todos os impostos e contribuições a que estiver sujeita a pessoa jurídica, também poderá ser distribuída sem a incidência do imposto, desde que a empresa demonstre, através de escrituração contábil feita com observância da lei comercial, que o lucro efetivo é maior que o determinado segundo as normas para apuração da base de cálculo do imposto pela qual houver optado, ou seja, o lucro presumido ou arbitrado . Logo em seguida, no §7º do mesmo artigo dispõe que "a distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos, que não tenham sido apurados em balanço, sujeitase à incidência do imposto de renda na forma prevista no § 4º". Verificase, portanto, que isenção do valor que exceder a base de cálculo do imposto deduzidos todos os impostos, distribuído pela pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido, está condicionada à apuração de lucro efetivo, mediante escrituração contábil feita com observância na lei comercial. No entanto, como observa a decisão recorrida: No presente caso como relatado pela Fiscalização no Termo de Verificação e de Encerramento do Procedimento Fiscal nº 026, relativo ao lançamento principal, do imposto de renda pessoa Fl. 4913DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.907 15 jurídica, após autorização do sócio administrador do escritório de contabilidade, a Fiscalização obteve alguns arquivos magnéticos, como os dos Livros Razão e Diário dos anos de 2006 e 2007. Observa, no entanto, a autoridade lançadora que “Não foram apresentados à Fiscalização os livros Diário e Razão, encadernados e revestidos das formalidades previstas nos artigos 258 e 259 do RIR/99”. Registra ainda a autoridade fiscal que a empresa optou pelo regime de tributação com base no lucro presumido e informou em suas DIPJ (Fichas – Outras Informações) que a apuração das receitas tributáveis se deu por intermédio da escrituração destes Livros Caixa. Ainda, conforme observou a autoridade lançadora foram feitos dois reiterados pedidos da Fiscalização para que a empresa INTERFACE apresentasse os Livros Diário e Razão (original e meio magnético), afirmando a INTERFACE, em resposta, que não escriturava Livro Razão e Livro Diário. Constatou assim a autoridade lançadora que durante os anos calendário de 2005 a 2007 a INTERFACE não manteve escrituração contábil nos termos da legislação comercial. Argumenta o autuado, na defesa, que ainda que a empresa INTERFACE tenha optado pela tributação com base no lucro presumido, e embora tenha informado nas DIPJ que “a apuração das receitas tributáveis se deu por intermédio do Livro Caixa”, na realidade efetuou essa apuração com base em escrituração completa, anexada ao PROCESSO Nº 10845.725582/201202 pela própria Fiscalização, devidamente registrada na JUNTA COMERCIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO – JUCESP, como se vê nos docs. nºs. 02/03, inclusos, que provam o registro dos livros DIÁRIO de 2006 e 2007 naquele órgão. Assim, afirma o requerente que uma vez que a INTERFACE possuía contabilidade completa, plenamente regular e devidamente registrada na JUCESP, verificase a improcedência da exigência tributária realizada contra o Impugnante, razão pela qual cumpre seja cancelado o auto de infração respectivo. Para que o Livro Diário seja aceito como prova é necessária a sua autenticação no competente registro do comércio, registro este que é perpetrado pelas Juntas Comerciais dos Estados, conforme previsão inserta na Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, que dispõe sobre Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências. (...) O contribuinte juntou à impugnação apenas cópia do TERMO DE ABERTURA do Livro Diário da empresa INTERFACE relativo aos anos de 2006 e 2007, autenticados pela Junta Comercial do Estado de São Paulo em 28/06/2007 e 26/05/2008, respectivamente, com a informação “padrão” da exatidão dos Fl. 4914DF CARF MF 16 Termos de Abertura e Encerramento dos livros da empresa. Observo que os registros e autenticações constantes dos respectivos Termos de Abertura foram promovidos até a data prevista para entrega tempestiva da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica dos exercícios correspondentes. Todavia, não foram apresentados os TERMOS DE ENCERRAMENTO dos Livros Diário dos anos de 2006 e 2007, com as importantes e necessárias informações do PERÍODO A QUE SE REFERIU À ESCRITURAÇÃO, a QUANTIDADE DE FOLHAS, bem como a ASSINATURA dos responsáveis. Não é por outra razão que a legislação tributária exige a autenticação do livro Diário no órgão de registro do comércio até a data prevista para entrega da DIPJ, conforme preceitua a IN SRF nº 16/84 e Parecer Normativo CST nº 11/85, na qual se deve informar os dados do livro em que consta o balanço patrimonial do encerramento do período a que se refere, como forma de o contribuinte demonstrar ao Fisco o atendimento àquela norma, evitando que sejam aqueles dados manipulados após a entrega da declaração. Nessa perspectiva, a exigência do Termo de Encerramento do Livro Diário não representa mero formalismo da legislação, mas tratase de documento hábil a conferir autenticidade ao balanço patrimonial levantado pela empresa. Ressalto que a apuração do lucro efetivo, conforme previsto pela norma, deve seguir as mesmas regras estabelecidas para a apuração do lucro real. Todavia, no presente caso não se trata apenas da falta da apresentação do Termo de Encerramento do Livro Diário. Há mais motivos para não se aceitar, como regular, a escrituração apresentada durante a fase de fiscalização à autoridade fiscal. Além de não ter sido apresentado, durante a ação fiscal, os Termos de Abertura e Encerramento do Livro Diário, outras formalidades previstas nos artigos 258 e 259 do RIR/1999 não foram cumpridas, como a existência no livro Diário, do balanço patrimonial e as demais demonstrações financeiras, revelando se, de fato, irregular a escrituração apresentada, conforme asseverado pela autoridade lançadora. Friso que nos termos da legislação tributária a distribuição de rendimentos a título de lucros ou dividendos, que não tenham sido apurados em balanço, sujeitase à incidência do imposto de renda na forma prevista na legislação aplicável. Reitero a importante observação feita pela autoridade lançadora no item 3.1 do TVEPF nº 026, do processo principal, de dois reiterados pedidos da Fiscalização para que a empresa INTERFACE apresentasse os Livros Diário e Razão (original e meio magnético), afirmando a INTERFACE, em resposta, que não escriturava Livro Razão e Livro Diário. Ainda, sobre a constatação da autoridade lançadora que durante os anoscalendário de 2005 a 2007 a INTERFACE não manteve escrituração contábil nos termos da legislação comercial, Fl. 4915DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.908 17 lembro a resposta do fiscalizado sobre o razão contábil da conta de lucros distribuídos, questão de grande relevância neste processo (item 2.4 do TVEPF nº 023): “Da empresa INTERFACE ENGENHARIA ADUANEIRA LTDA., a empresa possui livro Caixa, não tendo o razão da conta contábil de lucros distribuídos...” Logo, não cumpridas todas as formalidades exigidas pela legislação, a escrituração contida nestes livros não possui o condão de fazer prova da apuração do lucro efetivo da pessoa jurídica, na forma como determina o a Instrução Normativa 93/97. Quanto à alegação do Recorrente no sentido de que foi efetuada dupla tributação sobre os mesmos valores, uma vez que a empresa INTERFACE foi autuada com fundamento no artigo 61 da Lei nº 8.981/85 contestada no processo nº 10845.725584/201202 a decisão recorrida deixou claro que não tem razão o Recorrente, uma vez que: Há que se ter em conta que a autuação levada a efeito na pessoa física, ora em exame, e na pessoa jurídica, com a exigência do IRRF, têm bases distintas, e amparo na legislação tributária específica para cada um dos tributos. No lançamento efetuado em nome da pessoa física, foram tributados os valores recebidos pelo contribuinte da INTERFACE, superiores aos lucros distribuídos isentos de imposto de renda, consoante a legislação e os fatos exaustivamente abordados neste julgamento, no qual foram analisados todos os quesitos apresentados que dizem respeito ao lançamento do imposto de renda pessoa física. E, no lançamento efetuado em nome da pessoa jurídica, exigese o IRRF decorrente dos pagamentos efetuados a terceiros sem identificação da operação ou da sua causa, apurado nos termos nos termos do art. 674, § 3º do RIR/1999, que tem como matriz legal o art. 61da Lei nº 8.891/95. Também observo que no referido julgado foram esclarecidas todas as questões suscitadas pela INTERFACE relacionadas à exigência do imposto de renda retido na fonte, como transcrevo, a título de ilustração: [...] 139. O litígio que se examina não está centrado em cheques utilizados para pagamento de lucros ao sócio Fábio Fatalla. A coluna Lucros do Anexo B consigna registros apenas com o código 8, sendo que este se refere a cheques não utilizados para pagamento de lucros ao mencionado sócio, conforme Quadro de Legendas à fl. 5397. está centrado Sem razão a Impugnante. Nessa perspectiva, nenhum reparo cabe quanto à exigência do imposto de renda pessoa física em análise Fl. 4916DF CARF MF 18 Em face de todo o exposto, improcedentes as alegações do Recorrente. 2.2) INDEVIDA APLICAÇÃO DA MULTA DE 150%, Por fim alega o Recorrente ser indevida a imputação da multa qualificada no montante de 150%, uma vez que não foram apontados "elementos seguros de prova ou indícios veementes de falsidade ou inexatidão" na conduta do autuado, pois a inexistência de saldos devedores na conta caixa da empresa INTERFACE , bem como a falta de contabilização, a credito dessa conta., dos valores dos cheques emitidos, decorreu de mero erro contábil. Incorretas as alegações do Recorrentes. No Termo de Verificação Fiscal e Encerramento do Procedimento Fiscal (fls. 4498 a 4.535) (do qual o presente lançamento de imposto de renda pessoa física é decorrente) estão claramente identificados os atos fraudulentos que ensejam a prática da penalidade qualificada, conforme se constata pelo trecho abaixo transcrito: A manutenção artificial de saldos devedores da Conta Caixa causada pelas manobras identificadas na escrituração dos Livros Caixa 05 e 06, possibilitou a omissão de receitas e centenas de pagamentos a terceiros sem que a empresa os registrasse, identificasse seus beneficiários e as operações que lhes deram causa. Segundo a NBC T 11 IT 03 FRAUDE E ERRO (Normas Brasileiras de Contabilidade Interpretação Técnica) conceitua se como fraude: CONCEITOS 2. O termo fraude referese a ato intencional de omissão ou manipulação de transações, adulteração de documentos, registros e demonstrações contábeis. A fraude pode ser caracterizada por: a) manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos, de modo a modificar os registros de ativos, passivos e resultados; b) apropriação indébita de ativos; c) supressão ou omissão de transações nos registros contábeis; d) registro de transações sem comprovação; e aplicação de práticas contábeis indevidas. (...)(negritos acrescidos) Diante do exposto, resta indubitável que houve conduta dolosa do sujeito passivo buscando impedir ou retardar o conhecimento, por parte da autoridade fiscal, da ocorrência do fato gerador da obrigação principal, sua natureza ou circunstâncias materiais, conforme disposto no artigo 71 da Lei nº 4.502/1964, a justificar a imposição da multa qualificada. 3) CONCLUSÃO Fl. 4917DF CARF MF Processo nº 10845.725702/201263 Acórdão n.º 2202004.614 S2C2T2 Fl. 4.909 19 Em face do exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, nego provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 4918DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13005.902288/2015-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010
SERVIÇOS HOSPITALARES. LUCRO PRESUMIDO. APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA DE 12%. NECESSIDADE DE ATENDIMENTO INTEGRAL DAS NORMAS DA ANVISA. AUSÊNCIA DE ALVARÁ DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA.
A ausência do alvará de Vigilância Sanitária pressupõe que o contribuinte não atende integralmente as normas da ANVISA, descumprindo requisito previsto na Lei n. 9.249/95 para gozo da alíquota reduzida de 12%.
O atendimento à tais normas da Anvisa somente pode ser comprovado através da apresentação do alvará da vigilância sanitária estadual ou municipal, vigente à época do fato gerador do tributo, não sendo possível acolher alvará emitido em exercício posterior.
Numero da decisão: 1201-002.180
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Bárbara Santos Guedes (suplente convocada em substituição à ausência do conselheiro Rafael Gasparello Lima) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Rafael Gasparello Lima.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010 SERVIÇOS HOSPITALARES. LUCRO PRESUMIDO. APLICAÇÃO DA ALÍQUOTA DE 12%. NECESSIDADE DE ATENDIMENTO INTEGRAL DAS NORMAS DA ANVISA. AUSÊNCIA DE ALVARÁ DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA. A ausência do alvará de Vigilância Sanitária pressupõe que o contribuinte não atende integralmente as normas da ANVISA, descumprindo requisito previsto na Lei n. 9.249/95 para gozo da alíquota reduzida de 12%. O atendimento à tais normas da Anvisa somente pode ser comprovado através da apresentação do alvará da vigilância sanitária estadual ou municipal, vigente à época do fato gerador do tributo, não sendo possível acolher alvará emitido em exercício posterior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Bárbara Santos Guedes (suplente convocada em substituição à ausência do conselheiro Rafael Gasparello Lima) e Ester Marques Lins de Sousa (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Rafael Gasparello Lima. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 90 22 88 /2 01 5- 45 Fl. 201DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de processo gerado para tratamento manual, a partir de Representação do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil na qual relata que fora apresentada pelo Contribuinte pedido indevido de restituição de CSLL. Como conseqüência, foi emitido Despacho Decisório com o seguinte teor: 20. Logo, o pedido de restituição há que ser indeferido por inexistência de pagamento indevido de CSLL para o 4º trimestre/2010, eis que o contribuinte não se sujeita ao percentual favorecido incidente sobre a receita bruta de 12% para apuração da base de cálculo da CSLL por não atender as normas da Anvisa em vista de não apresentar alvará sanitário vigente no período de apuração em seu nome e endereço cadastral. [...] 22. No uso da competência delegada pelo artigo 2°, inciso IV, da Portaria DRF/SCS nº 17, de 10 de abril de 2014, e da competência atribuída pelos artigos 241, inciso I, 302, inciso VI, do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n° 203, de 14 de maio de 2012, na forma da fundamentação, DECIDO: (I) NÃO RECONHECER o direito creditório do contribuinte frente à Fazenda Pública da União a título de pagamento indevido de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL relativo ao 4º trimestre de 2010, para INDEFERIR o pedido eletrônico de restituição 30331.66967.030915.1.2.041739. O contribuinte foi cientificado do referido despacho decisório e apresentou manifestação de inconformidade, contrapondose contra o Despacho Decisório DRF/SCS/Saort com base nos fundamentos a seguir sintetizados. A Manifestante é uma sociedade de responsabilidade limitada, segundo se vê no seu Contrato Social (doc. 01), estabelecida junto ao Hospital Santa Cruz, com o objetivo social de prestação de “serviços de análises clínicas”. Isto é, a Manifestante nasceu para prestar serviços de análises clínicas junto ao órgão hospitalar. Desde a sua constituição está em exercício regular de sua atividade e está adequada às regras da vigilância sanitária. Desta forma, entende ter havido grave equívoco por parte da Autoridade Fiscalizadora, e pede a desconstituição do Despacho Decisório da DRF/SCS/Saort. Do Enquadramento da Manifestante como atividade de prestação de serviço hospitalar. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 4 3 Alega a manifestante que a própria Receita Federal em seu Despacho Decisório reconheceu o seu enquadramento exerce atividade de prestação de serviço hospitalar. Quanto ao requisito de enquadramento da atividade exercida não carece de maiores digressões em vista da literal disposição legislativa. Quanto ao requisito de estar constituída sob a forma de sociedade empresária, analisandose o contrato social e alterações, vêse que o contribuinte consta como sociedade empresária desde a sua constituição. Assim, resta claro que atende os preceitos normativos para exercer atividade de prestação de serviço hospitalar, reconhecida pela própria Receita Federal em sua análise. Da Regularidade da Manifestante. Preocupada com a situação, mesmo que tenha cumprido com a solicitação da Receita Federal de apresentar seu Contrato Social e a sua Regularidade de funcionamento, a Manifestante procurou a Prefeitura local e requereu a expedição do Alvará de Saúde, que atestasse não só sua regularidade no atendimento às normas de saúde, mas também a aptidão para exercer sua atividade. Em virtude de o alvará ter sido expedido após o término do prazo do requerimento da Receita Federal, não foi possível anexálo naquele momento. Entende que foi equivocado o posicionamento da fiscalização. A Lei Federal nº 9.249/95, em seu art. 20 estabelece que a base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devido pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral, sob o regime do Lucro Presumido, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a receita bruta, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1º do art. 15, cujo percentual corresponderá a 32% (trinta e dois por cento). Contudo, o artigo 15, § 1º, inciso III, alínea "a" (redação alterada pela Lei 11.727/08), previu uma exceção ao percentual de 32% exatamente para os serviços hospitalares, caso da Manifestante, em que a base da CSLL será de 12%, desde que seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa. Vejase, a parte final da redação da alínea ‘a’, estabelece como requisito para que os contribuintes sejam tributados pela CSLL sobre a base de 12% da receita bruta desde que atendam às normas da Vigilância Sanitária. O dispositivo é claro, não estabelece como critério, que para os contribuintes terem o direito ao beneficio de serem tributados pela CSLL sobre a base de 12% da receita bruta, somente com a apresentação do “alvará de saúde”, mas sim que atendam às suas normas. E nesse sentido, assim que requerido pela Receita Federal, a Manifestante imediatamente apresentou sua regularidade de funcionamento. Aliás, nesse aspecto não foi apontada nenhuma irregularidade por parte da Receita Federal. Se a Manifestante não estivesse cumprindo com as normas de saúde, não lhe seria expedido o alvará de regularidade de funcionamento. Ainda, para dirimir qualquer dúvida Fl. 203DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 5 4 de que efetivamente estava regular perante a vigilância sanitária, foilhe expedido o Alvará de Saúde atestando o cumprimento das normas por parte da Manifestante desde sua constituição. Ademais, seria impossível à Manifestante não atender as normas de saúde previstas na Legislação, isso porque, realiza suas atividades junto ao Hospital Santa Cruz, local periodicamente analisado, seja por meio de órgão federal, estadual ou municipal. Portanto, não é legítimo, por parte da Fiscalização, não reconhecer que a Manifestante atende às normas de saúde, uma vez que está em exercício regular de sua atividade, fato esse atestado por meio da Secretaria da Saúde, através da expedição do Alvará de saúde. Nesse sentido, os nossos Tribunais em diversos julgados, rechaçam as exigências da Fiscalização que vão além do preceituado pelo Legislador Ordinário. O que importa é que o serviço prestado seja de natureza hospitalar, pois foi apenas essa a circunstância imposta pela Lei. Foi esse o entendimento do STJ no REsp nº 1.116.399, julgado pelo rito do Recurso Repetitivo, ao julgar a aplicação da alíquota de Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido aos contribuintes prestadores de Serviços Hospitalares, oportunidade na qual consignou que os regulamentos emanados da Receita Federal não poderiam exigir que os contribuintes cumprissem requisitos não previstos em lei para a obtenção do benefício. Decisão da DRJ A DRJ julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, conforme ementa abaixo: "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010 CSLL. SERVIÇOS HOSPITALARES. ALÍQUOTA DE 12%. LUCRO PRESUMIDO. NECESSIDADE DE ALVARÁ DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA. 1. Para utilizaação da alíquota no percentual de 12%, para apuração da base de cálculo sobre o lucro presumido da CSLL, é necessário que a empresa que presta serviços hospitalares seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária Anvisa. 2. Como atendimento às normas da Anvisa deve ser entendido, dentre outros requisitos, que os serviços sejam prestados em ambientes desenvolvidos de acordo com a Resolução de Diretoria Colegiada Anvisa nº 50, de 2002, cuja comprovação deve ser feita mediante alvará expedido pelo órgão de vigilância sanitária competente." Recurso Voluntário Inconformada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário no qual ratifica seu termos de defesa apresentados na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Fl. 204DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 6 5 Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1201002.174, de 11/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13005.720774/2016 28, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. O processo paradigma analisou o direito creditório do contribuinte decorrente de pagamento indevido de IRPJ Lucro Presumido Código de Receita 2089, relativo a trimestres de apuração dos anoscalendário de 2011, 2012, 2013 e 2014. O presente processo referese à análise de direito creditório com origem em pagamento indevido de CSLL, relativo ao 4º trimestre/2010. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1201002.174): "Admissibilidade O Recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos previstos legais, assim, merece ser apreciado. Mérito Em apertada síntese, o tema aqui tratado referese à possibilidade do Alvará da Vigilância Sanitária ou sua ausência definir a alíquota do IRPJ do Lucro Presumido a ser utilizada pelo contribuinte que presta serviços hospitalares, se de 8% ou 32%. A DRJ decidiu no sentido de que a ausência do citado alvará pressupõe que o contribuinte não atende as normas da ANVISA o que é um requisito previsto na Lei n. 9.249/95 para gozo da alíquota reduzida de 8%. O entendimento da DRJ me parece razoável. Contudo, seus efeitos devem ser avaliados. Conforme mencionado no relatório, no julgamento do Resp. nº 1.081.441, a 2ª Turma do STJ definiu o que são “serviços hospitalares” para fins de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, in verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. ART. 15, § 1º, III, "A" DA LEI Nº 9.249/95. RADIOLOGIA, ULTRASSONOGRAFIA E DIAGNÓSTICO DE IMAGENS. INCLUSÃO NO Fl. 205DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 7 6 CONCEITO DE SERVIÇO HOSPITALAR. PRECEDENTE DA PRIMEIRA SEÇÃO. 1. Acórdão proferido antes do advento das alterações introduzidas pela Lei nº 11.727, de 2008. O art. 15, § 1º, III, "a", da Lei nº 9.249/95 explicitamente concede o benefício fiscal de forma objetiva, com foco nos serviços que são prestados, e não no contribuinte que os executa. 2. Independentemente da forma de interpretação aplicada, ao intérprete não é dado alterar a mens legis. Assim, a pretexto de adotar uma interpretação restritiva do dispositivo legal, não se pode alterar sua natureza para transmudar o incentivo fiscal de objetivo para subjetivo. 3. A redução do tributo, nos termos da lei, não teve em conta os custos arcados pelo contribuinte, mas, sim, a natureza do serviço, essencial à população por estar ligado à garantia do direito fundamental à saúde, nos termos do art. 6º da Constituição Federal. 4. Qualquer imposto, direto ou indireto, pode, em maior ou menor grau, ser utilizado para atingir fim que não se resuma à arrecadação de recursos para o cofre do Estado. Ainda que o Imposto de Renda se caracterize como um tributo direto, com objetivo preponderantemente fiscal, pode o legislador dele se utilizar para a obtenção de uma finalidade extrafiscal. 5. Devese entender como "serviços hospitalares" aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde. Em regra, mas não necessariamente, são prestados no interior do estabelecimento hospitalar, excluindose as simples consultas médicas, atividade que não se identifica com as prestadas no âmbito hospitalar, mas nos consultórios médicos. Precedente da Primeira Seção. 6. No caso, tratase de entidade que presta serviços de radiologia, ultrassonografia e diagnóstico por imagens dentro do Hospital Geral pertencente à Associação de Caridade Santa Casa do Rio Grande, que não possui esses serviços e, portanto, os terceiriza à recorrente. Não se está diante de simples consulta médica, mas de atividade que se insere, indubitavelmente, no conceito de "serviços hospitalares, já que demanda maquinário específico, geralmente adquirido por hospitais ou clínicas de grande porte. 7. A redução da base de cálculo somente deve favorecer a atividade tipicamente hospitalar desempenhada pela recorrente especificamente a prestação de serviços de radiologia, ultrassonografia e diagnóstico de imagens excluídas as simples consultas e atividades de cunho administrativo. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 8 7 8. Recurso especial provido em parte. Em apertada síntese, decidiram os ministros do STJ que os serviços hospitalares são aqueles relacionados ás atividades desenvolvidas pelos hospitais e que tenham por finalidade a promoção da saúde da população. Posteriormente, a RFB publicou a IN n.1.234/12 que assim define os serviços hospitalares: “Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles prestados por estabelecimentos assistenciais de saúde que dispõem de estrutura material e de pessoal destinados a atender à internação de pacientes humanos, garantir atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos, que possuam serviços de enfermagem e atendimento terapêutico direto ao paciente humano, durante 24 (vinte e quatro) horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e parto, bem como registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos.” Mais adiante, já no ano de 2015, foi publicada a Instrução Normativa n. 1.540/15 que assim dispõe: “Art. 30. Para os fins previstos nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles que se vinculam às atividades desenvolvidas pelos hospitais, voltados diretamente à promoção da saúde, prestados pelos estabelecimentos assistenciais de saúde que desenvolvem as atividades previstas nas atribuições 1 a 4 da Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, da Anvisa” (NR) A Resolução RDC n. 50 da Anvisa, dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Na mencionada resolução é possível perceber que o item 3 trata do Dimensionamento, Quantificação e Instalações Prediais dos Ambientes da Parte II Programação FísicoFuncional dos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde da Resolução RDC nº 50/12. O atendimento à tais normas da Anvisa somente pode ser comprovado através da apresentação do alvará da vigilância sanitária estadual ou municipal. No caso em tela, além de evidenciar a ora Recorrente que, de fato, presta serviços hospitalares, trouxe também documento que julgo de extrema importância e que já fora analisado pela DRJ que é o Alvará de Saúde emitido pela Secretaria Municipal Fl. 207DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 9 8 de Santa Cruz do Sul que comprova a regularidade de sua situação e por consequência o atendimento às normas da Anvisa: Contudo, a DRJ entendeu que não poderia acolher tal documento como elemento de prova, dado que foi emitido em 04/02/2016, posteriormente ao fato gerador em análise, ao passo que a Lei Estadual RS n° 6.503/1972 estabelece no §1º do art. 43 que o alvará a que se refere este artigo só terá validade durante o ano civil de sua concessão. É neste ponto que entendo que a Contribuinte perde seu argumento. Isso porque, ainda que defenda que do ponto de vista de essência já vinha prestando serviços hospitalares e que não o podia fazer se não estivesse regularizada, temos que do ponto de vista formal, a interpretação conjunta das normas acima mencionadas nos leva à conclusão de que a evidência de cumprimento das normas da Anvisa somente poderia ser feita por meio do respectivo alvará de vigilância sanitária e que o alvará apresentado é datado de 2016, produzindo efeitos, portanto, somente para este ano segundo a mencionada lei estadual. Aliás, o próprio alvará acima apresentado traz a previsão expressa de validade de 01 ano (válido até 03/02/17). Fl. 208DF CARF MF Processo nº 13005.902288/201545 Acórdão n.º 1201002.180 S1C2T1 Fl. 10 9 Assim, entendo que para os anosbase não cobertos pelo alvará apresentado pelo Contribuinte, ora Recorrente, não há que se falar em alíquota presumida de 8% uma vez que não foram preenchidos os requisitos legais e formais para gozo de tal benefício, especificamente, o atendimento às normas da Anvisa cuja evidência restou falha em razão da ausência de alvará de vigilância sanitária para os anos ora em discussão. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto!" Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Fl. 209DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.000775/2005-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 30 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. COMPROVAÇÃO. MEIOS IDÔNEOS. Comprovado que as despesas com as notas fiscais glosadas foram suportadas efetivamente pela recorrente, dá-se provimento ao Recurso Voluntário. DESPESAS COM COMISSÃO SOBRE PRÊMIOS E AGENCIAMENTO. DIFERENÇA ENTRE O PERCENTUAL PAGO E CONTRATADO PARA UMA ESPÉCIE DE COMISSÃO. O percentual de comissão pode ser livremente pactuado entre as partes, não sendo necessário, sequer, a celebração de contrato por escrito, mormente quando não se questiona a disparidade em relação aos valores empregados no mercado.
Numero da decisão: 1301-000.618
Decisão: ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator
Matéria: IRPJ - AF (ação fiscal) - Instituição Financeiras (Todas)
Nome do relator: Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior
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Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2000 DESPESAS COM PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. COMPROVAÇÃO. MEIOS IDÔNEOS. Comprovado que as despesas com as notas fiscais glosadas foram suportadas efetivamente pela recorrente, dáse provimento ao Recurso Voluntário. DESPESAS COM COMISSÃO SOBRE PRÊMIOS E AGENCIAMENTO. DIFERENÇA ENTRE O PERCENTUAL PAGO E CONTRATADO PARA UMA ESPÉCIE DE COMISSÃO. O percentual de comissão pode ser livremente pactuado entre as partes, não sendo necessário, sequer, a celebração de contrato por escrito, mormente quando não se questiona a disparidade em relação aos valores empregados no mercado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade, dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 2 Relator Participaram do julgamento os Conselheiros: Alberto Pinto Souza Junior, Waldir Veiga Rocha, Paulo Jakson da Silva Lucas, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Guilherme Pollastri Gomes da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada contra decisão proferida pela 8ª Turma da DRJ em São Paulo/SP. Contra a recorrente foram lavrados autos de infração para formalização e exigência de crédito tributário relacionado Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Os autos de infração estão encartados às folhas 443 a 448 e evidenciam que a autoridade administrativa glosou algumas despesas relacionadas ao ano calendário 2000, consignandose no Termo de Verificação (fls. 434 – 442), que a autuação fora dividida em três tópicos, o primeiro deles (I) relacionada aos Serviços Prestados por Terceiros, o segundo (II) atinente à Comissão sobre Prêmios Emitidos e o terceiro (III) Despesas de Seguros — Títulos de Capitalização. Afirmouse nos trabalhos de fiscalização que em relação às Despesas com Serviços Prestados por Terceiros, a recorrente foi intimada em 11/05/2004 (fl. 81), a apresentar demonstrativo da composição do valor lançado, na DIPJ do ano calendário de 2000, Ficha 05C Linha 03 — no valor de R$ 4.003.481,99 e que a partir da Planilha analítica dos valores integrantes das despesas de prestação de serviços, acompanhada das folhas do livro razão, apresentados pela recorrente, verificouse que 83,74% dessas despesas eram correspondentes aos serviços prestados pela SMK Serviços de Marketing e TMKTMRM Serviços de Marketing Ltda., em razão do que, em 07/07/2004 (fl. 121), solicitouse à contribuinte a apresentação dos documentos comprobatórios referentes aos serviços prestados pelas duas empresas. Fundamento o agente fiscal que o exame dos documentos apresentados pela contribuinte (memorial da composição dos valores e respectivos documentos fls. 124/159 e o "Contrato Master" celebrado em 10/02/2000, com SMK, referente a serviços de telemarketing fls. 238/251) revelariam que algumas notas fiscais emitidas pela SMK Serviços de Marketing tinham como destinatária a empresa AON Warranty Serviços do Brasil Ltda. CNPJ 01.788.160/000100, quando deveriam ter sido destinadas à Combined, onde foram contabilizadas (fls. 87 88 — Notas Fiscais: 1396, 1433, 1464, 1500 e Notas de Débito: 498, 511, 526 e 535). Observandose ainda, que no contrato master não estariam claros e evidentes os direitos e obrigações pactuados entre a SMK e a Combined, afirmandose ser estranho o fato de o referido contrato indicar o mesmo número de CNPJ para as duas empresas contratantes, não havendo qualquer referência à empresa AON Warranty Serviços do Brasil Ltda., e que a única referência à TMKT, encontrase no item 1 como designação da SMK Serviços de Marketing S/A Ltda. Diante disso, constatouse que com o Aditivo ao Contrato Master datado de 01/06/2000 (fl. 252), os serviços de telemarketing passaram a ser prestados pela TMKT, para concluir que, até 01/06/2000 os serviços se foram prestados, o foram pela SMK em flagrante Fl. 2DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 2 3 contradição com as disposições contratuais. Entretanto, não poderia a empresa SMK ter prestado os serviços à Combined, se no próprio contrato, ela, SMK, declara implicitamente sua incapacidade para execução dos serviços e sem condições técnicas para a prestação dos referidos, pois de acordo com o contrato toda a execução dos serviços seria conferida à TMKT, ocorrendo que a constituição (TMKT) se deu somente em 21/04/2000 (fls. 233). Seguindose, destacou a Fiscalização que a empresa TMKT não existia de fato e de direito até 20/04/2000 e conclui que os documentos correspondentes às Notas Fiscais n's 1525, 1557, 1580, 1618 e 1619 emitidas entre 02/03/2000 e 19/04/2000, não satisfariam as condições mínimas para serem considerados legítimos para a dedução do lucro tributável. Registrouse ainda, que a recorrente foi intimada em 24/03/2005 (fls. 358), a prestar informações relativamente às notas fiscais emitidas pela SMK em nome da AON Warranty e respondeu, em 04/04/2005 (fl. 360), que naquela ocasião havia sido firmado uma espécie de "intercompany" para pagamentos das despesas iniciais da Combined, salientando que por um "lapso administrativo" as notas fiscais foram emitidas e encaminhadas a AON Warrany e que ao examinar a contabilidade da recorrente (fls. 87 120) verificouse que as notas fiscais haviam sido efetivamente registradas, mas não foi demonstrado pela contribuinte qualquer reembolso dos valores alegadamente pagos a AON em razão da "espécie de intercompany". No mais, observou a Fiscalização que a recorrente apresentou em resposta à intimação feita em 24/03/2005, cartas de correção apontando irregularidades contidas nas notas fiscais em nome da AON Warranty (fls. 362 375), mas que tais cartas de correção continuavam tendo como destinatária a empresa AON, quando deveriam ter sido enviadas à Combined, apontando ainda, discrepância entre as datas de emissão apostas nas cartas de correção apresentadas em atendimento à intimação fiscal de 24/03/2005 (posteriores às de emissão das notas fiscais) e aquelas apostas nas cartas de correção apresentadas em substituição às anteriores (coincidentes com as datas de emissão das notas) conforme consignado no Termo à fl. 437. Concluiu o autuante, portanto, que os documentos apresentados não satisfazem os pressupostos legais relativos à comprovação integral das despesas, motivo pelo qual considerou que os valores relacionados às fls. 435 foram indevidamente deduzidos das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Quanto ao tópico "Comissões sobre Prêmios Emitidos", assentou a Fiscalização que a recorrente foi (fl. 81), a apresentar demonstrativo da composição dos valores lançados na DIPJ do ano calendário 2000, referentes a Ficha 04C Linha 08 (Comissões sobre Prêmios Emitidos) e a Ficha 04C Linha 09 (Comissão de Agenciamento), destacandose que a autoridade fiscal, a partir da resposta ao Termo de Intimação lavrou o Termo de Intimação de 07/07/2004 (fl. 121/122), por meio do qual foram solicitados os relatórios analíticos demonstrando a distribuição dos encargos contabilizados das seguintes contas: a) Comissão sobre prêmios emitidos — Habitacional no valor de R$ 880.942,40 e Acidentes Pessoais Coletivos no valor de R$ 660.635,50 bem como, Comissão de Agenciamento — Habitacional no valor de R$ 1.485.124,18 e Acidentes Pessoais Coletivos no valor de R$ 1.362.086,98. Consta ainda, que em 14/09/2004, a recorrente foi intimada a apresentar relatório analítico demonstrando os pagamentos efetuados a titulo de (i) Comissão sobre prêmios emitidos dos meses de junho, julho e agosto e de (ii) Comissão de agenciamento dos Fl. 3DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 4 meses de setembro, outubro e dezembro (fl. 160). A contribuinte apresentou relatório que incluiu as notas fiscais dos meses de junho, julho e agosto, emitidas por AON PilarServiços e Corretora de Seguros, inscrita no CNPJ sob o n° 02.143.320/000207 e notas fiscais de comissões e agenciamento dos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro emitidas pela mesma empresa AON Pilar. Em 04/10/2004, a contribuinte foi intimada a apresentar a composição do cálculo dos valores relativos aos pagamentos efetuados no Ano Calendário 2000 a titulo de (i) Comissão sobre prêmios emitidos dos meses de junho, julho e agosto e de (ii) Comissão de agenciamento dos meses de setembro, outubro e dezembro (fls. 194), sendo que em resposta foram apresentados os relatórios que serviram de base de cálculo dos valores das comissões sobre prêmios emitidos pagas a AON Pilar à razão de 30% (fls. 195/232). Em relação à comissão de agenciamento, o percentual variava entre 30 e 53% sobre os prêmios emitidos, igualmente paga à AON Pilar. Na sequência dos trabalhos de fiscalização, a contribuinte foi intimada a apresentar cópia do contrato de prestação de serviços firmado com a AON Pilar Serviços e Corretora de Seguros S/C Ltda. (fl. 233) e no contrato apresentado, celebrado em 01/01/2000, constatouse que a AON Pilar teria o direito de receber da interessada, a título de honorários, a quantia correspondente a 4,75% sobre o valor [do prêmio liquido] dos planos vendidos. Em razão da divergência entre os valores efetivamente pagos à AON Pilar (30%) a título de comissão sobre prêmios emitidos e de agenciamento e o percentual previsto no contrato, a empresa foi intimada (fl. 253), a apresentar a composição de pagamentos efetuados no ano calendário 2000, a título de (i) Comissão sobre prêmios emitidos nos meses de janeiro a maio e setembro a dezembro e de (ii) Comissão de agenciamento dos meses de janeiro a dezembro. Destacouse que em relação à comissão sobre prêmios emitidos, foi apresentado o relatório (fls. 254 255) no qual foram informadas as comissões pagas, sem entretanto correlacionálas a notas fiscais e aos beneficiários, evidenciando, ainda, que os percentuais aplicados foram de 10 % (fls. 257 a 261) e 22,50% (fls. 262/279) sobre os prêmios emitidos. Os relatórios acompanhados das notas fiscais emitidas pela AON Pilar apresentados relativamente a "Comissão de Agenciamento" (fls. 280 a 290) não trouxeram a informação pertinente a base de cálculo utilizada, motivo pelo qual a contribuinte foi intimada (fl. 320) a prestar esclarecimentos acerca dos pagamentos efetuados à AON Pilar, apresentando a base de cálculo dessas comissões e respectivos documentos comprobatórios. Assentando a Fiscalização que no documento de fls. 321/323, a contribuinte limitouse a discorrer acerca dos procedimentos adotados quanto ao pagamento das comissões sobre prêmios emitidos, porém, apresenta uma versão nova para a efetivação desses cálculos e pagamentos, alegando que o percentual de 4,75% seria aplicado sobre a expectativa de PrêmioAno sobre as vendas do período, em contradição ao que está previsto na cláusula segunda do contrato celebrado em 01/01/2000 (4,75% sobre o valor do [prêmio líquido] dos planos vendidos). Feitas essas observações, entendeu a Fiscalização ter havido diferença de valores relativos a comissões sobre prêmios emitidos no montante de R$ 2.934.089,19, entre os valores pagos e os devidos à empresa AON Pilar pela aplicação do percentual de 4,75%, conforme demonstrado à fl. 433, glosando a respectiva diferença. No que toca ao tópico "Despesas de Seguros — Títulos de Capitalização" assentou a Fiscalização que ao analisar o razão contábil da conta n° 342811.00.01.00 Fl. 4DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 3 5 Despesas de Seguros, verificou o registro de vários pagamentos efetuados à empresa Santos Capitalização referente à aquisição de títulos de capitalização e que a interessada foi intimada (doc. de fls. 291) a apresentar cópia dos documentos comprobatórios relativos às aquisições dos títulos de capitalização, tendo, em a recorrente, em resposta, apresentado cópia do contrato para compra e venda de títulos de capitalização celebrado em 28/03/2000 com a empresa Santos Capitalização (fls. 292/298), ocorrendo que da leitura deste contrato, a autoridade fiscal extraiu que a empresa Santos Capitalização emitiria títulos de capitalização os quais seriam adquiridos pela Combined em seu nome e os referidos títulos eram escriturais, sem cautelas, registrados nos sistemas da Santos Capitalização e emitidos nominalmente a Combined de acordo com as subscrições periódicas procedidas e o os cessionários (pessoas físicas ou jurídicas) seriam detentores dos direitos e obrigações decorrentes dos sorteios relativos aos títulos de capitalização, cedidos pela Combined através de documentos de cessão de direitos, nestes casos, os valores referentes aos títulos contemplados em sorteio seriam disponibilizados à Combined que os repassariam aos cessionários. Esclareceuse ainda, que decorridos 6 (seis) meses de sua aquisição, a recorrente procedia aos resgates dos títulos emitidos os quais correspondiam a 50% dos valores nominais pagos. Contabilmente, as aquisições dos títulos de capitalização eram registradas a débito da conta n° 342811.00.01.00 Despesas de Seguros pelo seu valor total, ato contínuo, a crédito da mesma conta, ocorria o registro de 50% relacionado aos resgates desses títulos a débito da conta n° 12180.02.01.00 outros Títulos a Receber, apontando também, a existência de valores levados a crédito conta de despesas de seguros referentes a premiações não havendo indicativos contábeis do destino da conta a débito correspondente, questionando, enfaticamente, o destino do débito. Registrou o autuante que a contribuinte foi intimada em 11/02/2005 (fl. 318) a esclarecer a finalidade e objetivos da aquisição dos títulos e as respectivas cessões de direito aos sorteios, e, em resposta, informou que a aquisição teve como objetivo agregar benefício ao produto seguro tomandoo assim, mais atraente ao consumidor e, ainda que a recorrente efetuou a cessão direito a sorteio aos consumidores que adquiriram o seguro, os quais concorriam a prêmios mensais que eram pagos diretamente pela Santos Capitalização para o segurado sorteado. Apontouse que no contrato celebrado em 28/03/2000 entre a empresa Santos Capitalização e a interessada, haveria cláusula específica estabelecendo que a responsabilidade pelos pagamentos dos prêmios era integralmente da Combined, mostrando, ainda, contradição entre a finalidade da aquisição dos títulos consignada no expediente de 04/04/2005 (fls. 231) e a contida resposta à intimação datada de 28/03/2000. Diante disso, concluiuse pela irregularidade dos procedimentos adotados pelo contribuinte, considerando inconsistente a dedução das despesas de seguros contabilizadas no montante de R$ 568.514,40 para fins de dedução do IRPJ e da CSLL. Tendo em conta a legislação de regência (artigo 299 do RIR/99, art. 47 da Lei n° 4.506/1964 e Parecer Normativo n° 32/1981), concluiuse que a comprovação da necessidade, efetividade e materialidade da realização das despesas se traduzem em elementos nucleares que podem dar substância material e comprobatória para a dedução das despesas contabilizadas e consideradas dedutíveis na determinação do Lucro Real e CSLL e que na ausência de qualquer um desses elementos, a dedutibilidade dessas despesas restará prejudicada. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 6 Devidamente cientificada da autuação (fis.443 e 449), a recorrente apresentou Impugnação (fls. 456 – 477), acompanhada dos documentos de folhas 478 a 598, alegando em síntese, quanto às despesas com serviços prestados por terceiros (serviços de telemarketing e de tratamento de banco de dados com finalidade de marketing) que os tais serviços são essenciais à venda dos produtos securitários e foram prestados no ano de 2000 por uma empresa especializada neste tipo de prestação de serviço denominada "SMK Serviços de Marketing Ltda" (SMK), conforme contrato firmado (fls. 485 498) e, posteriormente, em junho de 2000, a SMK transferiu suas obrigações e direitos a uma outra empresa do mesmo grupo, denominada TMKTMRM Serviços de Marketing Ltda (TMKT) conforme aditivo contratual (fl. 499). Afirmou ainda, que muito embora autorizada a operar em seguros no país desde outubro de 1999 (fl. 500), sofreu restrições de ordem legal (até a obtenção autorização para movimentação do capital pela SUSEP — doc. de fl. 501) que a impediam de movimentar recursos financeiros até o final de 2000. Desta feita, os pagamentos iniciais devidos à SMK foram feitos por uma mandatária "AON Warranty Serviços do Brasil Ltda." (AON), com a qual firmou um contrato para obter empréstimo de R$ 1.500.000,00 (documento de fls. 504/505). Seguiu arrazoando que posteriormente firmou um acordo com a AON para que, em vez de entregar diretamente à recorrente os valores emprestados, atuaria como mandatária e pagaria, por conta e ordem da recorrente, as despesas inicialmente incorridas por ela recebendo, posteriormente, a devolução dos valores assim emprestados. Foi nessa ordem de argumentos que se afirmou que os pagamentos feitos à SMK pela AON, por conta e ordem da recorrente, referemse às notas fiscais 498 (R$ 19.900,51), 1396 (R$ 53.198,39), 1433 (RS 41 86.516,13) e 511 (R$ 65.322,45), valores que foram devidamente registrados na AON como contas a receber contra a recorrente, conforme documentos acostados às folhas 506/509 e que também foram lançados pela recorrente em sua contabilidade em um passivo a favor da AON (fls. 510/511), assentando ainda, que os valores foram devidamente restituídos à AON, conforme a página 10 do Livro Diário Geral (fl. 512), o recibo emitido pela AON (fl. 513) e o extrato bancário da recorrente (fl. 514), ocorrendo mero lapso administrativo da SMK ao emitir as notas fiscais de serviço em nome da AON, e não, em nome da recorrente que figurou como efetiva tomadora e pagadora dos serviços prestados nas quatro notas fiscais acima mencionadas e também nas de números 1464, 1550, 526 e 535, Assim afirmado, aduziu a recorrente que o aludido lapso fora corrigido pela emissão de cartas de retificação (fls. 528 a 535), nas quais a SMK declarou que a razão social, o endereço e o CNPJ do beneficiário de seus serviços eram aqueles pertencentes à recorrente e que as cartas de correção, entretanto, foram emitidas com data equivocada. Engano também corrigido através da emissão de uma segunda versão substitutiva das referidas cartas de correção, conforme listado à folhas 469, sustentando nessa medida, que não se pode penalizar a recorrente por um erro alheio, o mero equívoco inicial nas notas fiscais de serviços emitidas pela SMK Serviços de Marketing Ltda., não descaracterizaria a existência dos serviços de telemarketing recebidos pela recorrente e a necessidade das despesas incorridas. Sustentou ainda, que a fiscalização em momento algum questionou a existência da prestação dos serviços de telemarketing e de tratamento de dados, ou a sua necessidade para o desenvolvimento das atividades da contribuinte e no curso da fiscalização, a interessada apresentou uma série de documentos fornecidos pela SMK (planilhas, relatórios, etc) de forma a evidenciar a efetiva prestação de serviços e disponibilizou o acesso às fitas magnéticas das ligações telefônicas arquivadas na SMK, tendo provado estar equivocada afirmação do autuante no item 12 do Termo de Verificação Fiscal (fl. 436 — Termo integrante do Auto de Infração), a vista da documentação apresentada e que não havia nenhuma relação contratual entre a AON e a SMK e a AON nunca se beneficiou dos serviços de telemarketing Fl. 6DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 4 7 restados pela SMK, tendo agido como mandatária da recorrente, e que a SMK emitiu declaração atestando que prestou os serviços à recorrente (fl. 452). No que tange às notas fiscais de números 1525, 1557, 1580, 1618 e 1619 emitidas em março e abril de 2000, sustentou a recorrente que as conclusões da fiscalização expostas nos itens 10 e 11 do Termo de Verificação Fiscal (fl. 436) no sentido de que a SMK não poderia ter prestado os serviços contratados neste período são completamente descabidas, porquanto a empresa TMKT de fato não existia até 20/04/2000, sendo isso, contudo, irrelevante para aferir a dedutibilidade das despesas de serviços de telemarketing recebidos nos meses de março e abril/2000, pois estes foram contratados com a SMK empresa existente desde 30/04/1993. Arguiu ainda, que o aditivo ao contrato, firmado em 01/06/2000, em que a SMK transfere à TMKT seus direitos e obrigações decorrentes do contrato mantido com a "Combined" não se aplica ao período de março e abril/2000, período durante o qual prevalecia o contrato originalmente assinado entre a SMK e a recorrente, afirmando que no preâmbulo do contrato originalmente assinado entre a SMK e a recorrente foi estabelecido que a SMK Serviços de Marketing Ltda., seria designada para fins do contrato, pela denominação "TMKT", sigla bastante utilizada no mercado para designar "telemarketing". Registrou ser bastante usual a estipulação de uma denominação resumida para referirse às partes de um contrato, em nada afetando as relações contratuais e que a SMK e a recorrente possuíam absoluta liberdade para escolher a nomenclatura através da qual seriam identificadas no contrato e que a fiscalização não apurou qualquer espécie de irregularidade na empresa SMK ou nos serviços por ela prestados, limitandose a questionar o fato de o contrato firmado mencionar que os serviços contratados seriam executados não pela SMK, mas sim pela "TMKT". No mais, argumentou que o erro material encontrado no contrato em que figura o mesmo CNPJ para duas empresas contratantes, em nada prejudicaria ou invalidaria o contrato existente entre as partes, não havendo quaisquer implicações legais, porquanto os demais dados consignados no contrato estariam corretos e suficientes para identificar as partes, além disso, o contrato foi assinado pelos representantes das partes e foi cumprido. Por igual turno, a recorrente apresentou impugnação contra a glosa efetuada em relação a pagamentos a titulo de "Comissão sobre Prêmios emitidos e Agenciamento" para a AON Pilar Serviços e Corretora de Seguros S/C Ltda. (AONPilar), alegando, preliminarmente que de acordo com as regras securitárias as quais ela está sujeita, as comissões por prêmios emitidos pelos serviços de agenciamento devem ser apropriadas por competência, na medida em que o seguro vencido transcorre e, no ano calendário de 2000, o total diferido pela recorrente foi de R$ 2.123.870,51 (fls. 562) e em complementação a este diferimento a contribuinte também registrou uma recuperação de comissão de prêmio sobre coseguro cedido a terceiros no valor total de R$ 45.397,58 (fl. 562) e, em decorrência disso, a despesa com comissões por prêmios e serviços de agenciamento foi de R$ 2.357.152,91. Seguiu afirmando, que além de ter incluído na DIPJ do ano calendário de 2000, o saldo de despesa de R$ 2.357.152,91 estaria claramente demonstrado no balanço publicado pela interessada em 22/02/2001 (fl. 563), não sendo possível que a glosa de R$ 2.934.089,19 feita pela fiscalização, seja maior que a própria despesa R$ 2.357.152,91 registrada. Fl. 7DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 8 Quanto ao mérito, alegou a recorrente que a fiscalização confundiu as despesas de "comissões com prêmios emitidos" com as despesas "com agenciamento", sendo certo que as "comissões com prêmios emitidos" são de fato despesas de corretagem pagas no fechamento de cada contrato de seguros, são pagas sobre os valores contratados por pessoas indicadas na atividade de intermediação e se repete a cada renovação periódica de contrato de seguros. Já o "agenciamento" pago para a AONPilar, referese a serviços gerais, tais como os prestados a título de angariação de clientes, promoção e convencimento junto a pessoas consideradas seguráveis para que firmem adesão ao seguro da Combined, assim como correspondem também a serviços prestados a título de administração de seguros vendidos pela Combined (estabelecimento de índice de sinistralidade e rentabilidade da apólice despesas após a contratação do seguro), sustentando que apesar das naturezas claramente diversas, e ainda que as correspondentes despesas tenham sido apontadas separadamente na DIPJ do ano calendário 2000, a fiscalização efetuou a comparação dos correspondentes valores ali registrados com o contrato de serviços, sendo incorreto apontar que o contrato aplicase indiscriminadamente a agenciamentos e a comissões para prêmios emitidos, porquanto o contrato de serviços em questão aplicase única e exclusivamente a serviços de agenciamento feitos pela AON Pilar em relação à geração de vendas a clientes da empresa Fininvest S/A. Argumentou ainda, que pela execução dos serviços, a recorrente pagaria a AON Pilar 4,75% sobre o valor do [prêmio líquido] dos planos vendidos. Apesar da base de cálculo das comissões não estar descrita em detalhe no contrato, as partes acordaram que as mesmas seriam pagas pela recorrente à vista com base no valor total de vendas efetuadas, reportandose aos documentos de folhas 564 a 571 e à tabela à folha 469, para demonstrar o acerto do valor da despesa lançada. Seguiu argumentando que os serviços prestados em relação aos clientes da FININVEST a Combined assinou em 28/07/2000, com a AONPilar um contrato no qual a contratada se comprometeu a administrar o Seguro Habitacional do qual a recorrente era co seguradora (fl. 572 Despesas de Agenciamento 30% CDHU) e que para este serviço a Combined comprometeuse a pagar, mensalmente, a título de honorários, 30% sobre o valor dos prêmios mensais líquidos recebidos e mais 75% sobre o valor do primeiro prêmio pago relativo ao início da vigência daquele contrato. Relacionou à folha 470 os valores pagos à AON Pilar relativamente ao contrato em comento e ao apontar que as despesas com agenciamento referentes a clientes CDHU não respeitavam o percentual de 4,75%, a fiscalização não atentou para este contrato e, consequentemente, às despesas incorridas com este propósito, sendo que ao colocálas no mesmo padrão acordado para as despesas com clientes FININVEST, a fiscalização incorreu em erro de análise na glosa efetuada. Sustentou na sequência que a fiscalização incorreu neste mesmo erro na avaliação das comissões sobre prêmios emitidos. Assim como no contrato para de agenciamento firmado com a finalidade de atender á conta dos clientes CDHU, as despesas com comissões sobre prêmios emitidos incorridas pela impugnante obedeceram seus próprios critérios, porquanto neste caso, seguiram valores praticados pelo mercado, não existindo qualquer fixação de parâmetros compulsoriamente observado para o pagamento de comissões a corretores de seguros entre empresas seguradoras e corretoras de seguros, de sorte que em vista dos percentuais apontados pela SUSEP e transcritos nas tabelas de folhas 470 a 471, os percentuais praticados não são linearmente de 30% como apontado pela fiscalização, ao contrário, variam de acordo com o ramo de seguro e com a pessoa segurada e em qualquer Fl. 8DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 5 9 caso, o percentual apontado pela fiscalização e aquele apontado pela SUSEP como praticado pela recorrente estão de acordo com as margens praticadas pelo mercado. Por fim, no que concerne às Despesas de Seguros — Títulos de Capitalização, a recorrente aduziu ter firmado, em 24/05/2000, o Protocolo Operacional de Co Seguro ("protocolo") com a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo (COSESP), através do qual receberia em cessão, em coseguro, 25% dos prêmios líquidos e respectivos riscos das apólices emitidas pela COSESP no ramo habitacional, estipuladas pela CDHU e que a 2ª cláusula do Protocolo estabeleceu que a cessão estaria vinculada, entre outro, ao compromisso de a recorrente custear a "Campanha de Redução de Inadimplência" da CDHU caracterizada pela confecção de mala direta comunicando a campanha aos mutuários e pela concessão de um sorteio mensal no valor de R$ 25.000,00 para os mutuários que mantivessem suas prestações em dia, por intermédio de um título de capitalização e que o valor sorteado tinha por objeto a quitação total/parcial do saldo devedor e, caso houvesse saldo remanescente do sorteio, este seria entregue ao mutuário. Neste sentido, defende que a fim de manter a continuidade de suas receitas, a comprometeuse a incentivar novas vendas e aquelas já feitas, premiando a adimplência dos segurados por meio de sorteio mensal de títulos de capitalização e de acordo com o Contrato de Títulos (fls. 589/594) a recorrente poderia ceder a pessoas físicas ou jurídicas (consideradas cessionárias) os direitos decorrentes dos sorteios relacionados aos títulos de capitalização, pois tais títulos são transferíveis por autorização contida no artigo 8° da Circular SUSEP. Afirmou ainda, que honrava seu compromisso tanto com a COSESP quanto com os segurados estando o lançamento referente às despesas de seguros concernentes aos títulos de capitalização focado apenas no artigo 299 do RIR/99 (necessidade da despesa). Apresentou conciliações dos números envolvidos no procedimento apontado pela fiscalização e questiona a alegada falta de necessidade da despesa, haja vista o propósito de incrementar as vendas de seguros e de manter o nível de adimplência, registrando que a despesa de seguros relativa a títulos de capitalização atende aos três critérios para ser considerada operacional, requerendo ao fim a improcedência da glosa. Nos termos do acórdão e voto de folhas 602 a 620, a 8ª Turma da DRJ de São Paulo/SP julgou o lançamento parcialmente procedente, afastando a glosa de serviços prestados por terceiros e mantendo os demais tópicos da exigência, decidindo em consonância com as constatações da Fiscalização. Devidamente notificada (fl.628) a contribuinte interpôs recurso Voluntário (fls. 629 – 657), reiterando seus argumentos e pugnando por provimento. É o relatório. Voto Conselheiro Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr., Relator. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 10 Como se depreende no extenso relatório acima elaborado, o processo em análise se relaciona à glosa de despesas da recorrente quer pela ausência de efetiva comprovação, quer pela falta de comprovação dos requisitos autorizadores da dedutibilidade. Substancialmente, encerrados os trabalhos da Fiscalização, concluiuse pela lavratura dos autos de infração de IRPJ e CSLL para que se realizasse um ajuste na escrituração contábil da recorrente, mais precisamente em relação aos saldos de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL acumulados, porquanto a recorrente registrava prejuízo fiscal e base de cálculo negativa de CSLL no ano calendário 2000. Para os fins de enfrentamento das questões no cotejo desse Recurso Voluntário, apresentase conveniente dividir, tal como o fez o agente fiscalizador, as constatações e imputações contidas no bojo da autuação, registrandose nesse intuito, que as irregularidades apontadas nos autos de infração dizem respeito a constatada dedução indevida, no ano calendário 2000, de despesas relativas a (i) serviços de telemarketing prestados pela empresa SMK Serviços de Marketing Ltda.; (ii) pagamentos a AON Pilar Serviços e Corretora de Seguros S/C Ltda., pela intermediação e agenciamento de seguros e (iii) pagamentos feitos à empresa Santos Capitalização S/A referentes à aquisição de títulos de capitalização. Rememoradas as imputações, é conveniente registrar que as despesas efetuadas pelas pessoas jurídicas podem ser dedutíveis ou indedutíveis na apuração do lucro real, de sorte que as despesas dedutíveis se traduzem naquelas que se amoldam às condições fixadas no artigo 299 do RIR/99, a saber, as necessárias à manutenção da respectiva fonte produtora, sendo certo afirmar que as despesas necessárias são aquelas pagas ou incorridas e que sejam usuais e normais para as atividades da empresa. A sobredita definição, consagradora de que as despesas necessárias são as usuais e normais no tipo de operação da empresa, é sobremodo relevante para deslindarse alguns tópicos da autuação em análise, porquanto a usualidade ou normalidade da despesa há de ser interpretada, também, como aquela que se destina a promover a venda da mercadoria, produto ou serviço. Outro ponto que deve lançado nessas notas introdutórias, sempre destinado a verificar a procedência ou não das glosas aqui controladas, se direciona à efetiva comprovação das despesas dedutíveis, porquanto assim o serão (dedutíveis) aquelas despesas que disponham de elementos convincentes da efetividade da operação, de modo que o caráter de dedutibilidade de uma despesa, afora todos os requisitos contidos no artigo 299 do RIR/99, deverá contar também com robustas evidências de sua ocorrência. Com essas mínimas considerações de ordem conceitual, já dispõese dos elementos mínimos para enfrentamento do caso concreto, relembrando nessa toada, que os tópicos da autuação glosaram as despesas da recorrente por falta de efetiva comprovação (item 1) ou por falta de satisfação dos demais requisitos. Seguese pois, por analisar cada tópico da autuação, fazendoo num primeiro momento no que toca à glosa dos serviços de telemarketing prestados pela SMK Serviços de Marketing, lastreadas as constatações do Fisco, como visto acima, em considerada dedução indevida de despesas relativas a serviços de telemarketing prestados no ano calendário 2000, porquanto as notas fiscais aproveitadas foram emitidas em nome da empresa AON Warranty Serviços do Brasil Ltda. Parcela dessa glosa já foi superada pela decisão recorrida, relativa ao item 1, no valor de R$ 400.917,97, por entenderse que o mero equívoco no preenchimento do CNPJ Fl. 10DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 6 11 da Recorrente no contrato celebrado com a SMK Serviços de Marketing Ltda. Não seria suficiente causa a caracterizar a falta de prestação dos referidos serviços de telemarketing e as despesas referentes às notas fiscais de números 1525, 1557, 1580, 1618 e 1619 foram consideradas dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. A primeira premissa que advém da parcial procedência da Impugnação nesse tópico específico, é fato de que não se questiona a normalidade ou usualidade das despesas suportadas pela recorrente a título de telemarketing, questionase apenas a efetiva comprovação das despesas na medida em que as notas fiscais deduzidas pela recorrente e glosadas pela Fiscalização foram emitidas em nome de um terceiro. Com efeito, a questão tal como colocada poderia evidenciar tratarse de aproveitamento de uma despesa cujo suporte do ônus não se teria dado pela empresa que aproveitou a despesa a tornala por qualquer ângulo indedutível. Contudo, justificou a recorrente, que no início de suas operações, não podia dispor de seu capital, o qual permaneceu bloqueado ate que fosse obtida uma autorização para sua movimentação perante SUSEP e por conta da aventada impossibilidade momentânea de dispor de seu capital, a Recorrente firmou com a empresa AON Warranty (contribuinte que figurou formalmente como destinatárias dos serviços) um contrato para obter o empréstimo de um valor de até R$ 1.500.000,00, a ser posteriormente reembolsado, acordandose, que em vez de AON entregarlhe o dinheiro, faria frente aos seus gastos até o limite do empréstimo concedido, senda nessa contextura que no mês de janeiro do ano de 2000, a AON Warranty realizou, por conta e ordem da recorrente, o pagamento dos serviços de telemarketing prestados naquele mês pela SMK Serviços de Marketing Ltda., tendo havido a posterior devolução de tais valores à AON Warranty. Diante dos argumentos lançados pela recorrente o cabedal de provas por ela trazidos, importa investigar se de fato a despesa glosada foi suportada pela recorrente, porquanto, como dito, os demais requisitos da dedutibilidade não foram sequer questionados e os pagamentos feitos à SMK Serviços de Marketing Ltda., pela AON Warranty e glosados pela fiscalização como dedutíveis pela recorrente, referiramse às notas fiscais 498 (R$ 19.900,51), 1396 (R$ 53.198,39), 1433 (R$ 86.516,13) e 511 (R$ 65.322,45). Devese observar, destarte, que as provas produzidas nos autos, indicam de forma robusta e ao meu sentir suficiente que a recorrente titularizou as despesas deduzidas bem como suportou efetivamente os seus ônus, estando a merecer reparo esse tópico da autuação e decisão que lhe conferiu prevalência. Com efeito, há comprovação de que os pagamentos feitos à SMK pela AON se deram por conta e ordem da recorrente, há nos autos cópia do contrato de mútuo firmado entre a recorrente e a empresa AON (fls. 504 – 505), bem como demonstração de que os valores que foram devidamente registrados pela AON como contas a receber (fls. 506 – 509) e os exatos valores da notas fiscais foram lançados pela recorrente em sua contabilidade como passivo a favor da AON (fls. 510 511). Parássemos por aí, ao meu sentir já haveriam razões de sobra a evidenciar que as despesas foram efetivamente suportadas pela recorrente. Contudo ainda estão encartados aos autos demonstrativos consagradores de os valores foram devidamente restituídos à AON, conforme a página 10 do Livro Diário Geral (fl. 512) e o competente recibo emitido pela AON (fl. 513), bem como o extrato bancário da recorrente (fl. 514). Fl. 11DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 12 A bem da verdade o que a recorrente nomina de mero lapso administrativo da SMK ao emitir as notas fiscais de serviço em nome da AON, e não, em nome da recorrente que figurou como efetiva tomadora e pagadora dos serviços prestados nas notas fiscais glosadas, chega ao ponto de perder relevância, porquanto comprovado o efetivo uso pela recorrente. A despeito disso, caso se pretenda analisar a questão formal da emissão das notas fiscais em nome da AON, ainda assim, data venia, a decisão recorrida estaria a merecer reparo nesse item específico. É que a recorrente, pretendendo demonstrar que foi a efetiva tomadora dos serviços de telemarketing, providenciou a emissão de cartas de retificação (fls. 528 a 535), nas quais a SMK declarou que a razão social, o endereço e o CNPJ do beneficiário de seus serviços eram aqueles pertencentes à recorrente. Diante de todo o quadro documental apresentado, de rigor abstrairse se as cartas de correção se prestam ou não para sanar tais irregularidades, ao meu sentir a relevância dada a esse fato pela decisão recorrida acaba por gerar uma distorção no sistema, retirando assim, a eficácia do princípio da verdade material que informa o processo administrativo fiscal. Digo com isso, que diante de todos os elementos de prova trazidos pela recorrente as cartas de correção apenas corroboram a regularidade do procedimento, o que não se pode perder de vista, pelos documentos citados acima, é que se comprovou no caso concreto que as despesas com as notas fiscais glosadas foram suportadas efetivamente pela recorrente, razão pela qual, nesse tópico específico, dou provimento ao Recurso Voluntário da contribuinte para julgar improcedente a glosa por falta de comprovação das aventadas despesas. No que tange à glosa efetivada nas despesas com comissões sobre prêmios emitidos e comissões de agenciamento, como delineado no relatório integrante desse voto a recorrente foi a apresentar demonstrativo da composição dos valores lançados na DIPJ do ano calendário 2000, referentes a Ficha 04C Linha 08 (Comissões sobre Prêmios Emitidos) e a Ficha 04C Linha 09 (Comissão de Agenciamento), demonstrando a distribuição dos encargos contabilizados nas contas: a) Comissão sobre prêmios emitidos — Habitacional no valor de R$ 880.942,40 e Acidentes Pessoais Coletivos no valor de R$ 660.635,50 bem como, Comissão de Agenciamento — Habitacional no valor de R$ 1.485.124,18 e Acidentes Pessoais Coletivos no valor de R$ 1.362.086,98., bem como apresentar relatório analítico demonstrando os pagamentos efetuados a titulo de (i) Comissão sobre prêmios emitidos dos meses de junho, julho e agosto e de (ii) Comissão de agenciamento dos meses de setembro, outubro e dezembro (fl. 160). A recorrente, a seu turno, apresentou relatório que incluiu as notas fiscais dos meses de junho, julho e agosto, emitidas por AON PilarServiços e Corretora de Seguros, inscrita no CNPJ sob o n° 02.143.320/000207 e notas fiscais de comissões e agenciamento dos meses de setembro, outubro, novembro e dezembro emitidas pela mesma empresa AON Pilar. Posteriormente, exigiuse que a recorrente apresentasse a composição do cálculo dos valores relativos aos pagamentos efetuados no Ano Calendário 2000 a titulo de (i) Comissão sobre prêmios emitidos dos meses de junho, julho e agosto e de (ii) Comissão de agenciamento dos meses de setembro, outubro e dezembro (fls. 194), sendo que em resposta foram apresentados os relatórios que serviram de base de cálculo dos valores das comissões sobre prêmios emitidos pagas a AON Pilar à razão de 30% (fls. 195/232). Em relação à comissão de agenciamento, o percentual variava entre 30 e 53% sobre os prêmios emitidos, igualmente paga à AON Pilar. Fl. 12DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 7 13 A problemática encontrada pela Fiscalização se deu no momento em que a contribuinte foi intimada a apresentar cópia do contrato de prestação de serviços firmado com a AON Pilar Serviços e Corretora de Seguros S/C Ltda., e no contrato apresentado constatouse que a AON Pilar teria o direito de receber da interessada, a título de honorários, a quantia correspondente a 4,75% sobre o valor [do prêmio liquido] dos planos vendidos, verificandose clara divergência entre os valores efetivamente pagos à AON Pilar (30%) a título de comissão sobre prêmios emitidos e de agenciamento e o percentual previsto no contrato. Como bem se destacou na fiscalização, a recorrente foi intimada (fl. 253), a apresentar a composição de pagamentos efetuados no ano calendário 2000, a título de (i) Comissão sobre prêmios emitidos nos meses de janeiro a maio e setembro a dezembro e de (ii) Comissão de agenciamento dos meses de janeiro a dezembro e em relação à comissão sobre prêmios emitidos, foi apresentado o relatório (fls. 254 255) no qual se informou as comissões pagas, sem entretanto correlacionálas a notas fiscais e aos beneficiários, evidenciando, ainda, que os percentuais aplicados foram de 10 % (fls. 257 a 261) e 22,50% (fls. 262/279) sobre os prêmios emitidos. Por outro turno, os relatórios acompanhados das notas fiscais emitidas pela AON Pilar apresentados relativamente a "Comissão de Agenciamento" (fls. 280 a 290) não trariam informação pertinente a base de cálculo utilizada, motivo pelo qual a contribuinte foi intimada (fl. 320) a prestar esclarecimentos acerca dos pagamentos efetuados à AON Pilar, apresentando a base de cálculo dessas comissões e respectivos documentos comprobatórios. No entendimento da fiscalização a contribuinte teria se limitado a discorrer acerca dos procedimentos adotados quanto ao pagamento das comissões sobre prêmios emitidos, porém, apresentando uma versão nova para a efetivação desses cálculos e pagamentos, alegando que o percentual de 4,75% seria aplicado sobre a expectativa de Prêmio Ano sobre as vendas do período, em contradição ao que estaria previsto na cláusula segunda do contrato celebrado em 01/01/2000 (4,75% sobre o valor do [prêmio líquido] dos planos vendidos)., entendendose ter havido diferença de valores relativos a comissões sobre prêmios emitidos no montante de R$ 2.934.089,19, entre os valores pagos e os devidos à empresa AON Pilar pela aplicação do percentual de 4,75%, conforme demonstrado à fl. 433, glosando a respectiva diferença. Apresentase necessário, diante das constatações do Fisco, perquirir se a recorrente, ao pagar as aludidas comissões extrapolou os limites contratuais e legais tornando assim, indedutíveis as despesas. Vale relembrar nesse propósito investigativo, que a Fiscalização não questiona os requisitos de usualidade ou normalidade das despesas, questiona apenas, que o patamar das comissões pagas seria superior aquele fixado em contrato. A recorrente, por sua vez, sustenta que fixou livremente as comissões e que o contrato analisado pela Fiscalização, o qual estipulava percentual de 4,75% não abarcava todas as comissões, os serviços prestados em relação aos clientes da FININVEST a Combined assinou em 28/07/2000, com a AONPilar um contrato no qual a contratada se comprometeu a administrar o Seguro Habitacional do qual a recorrente era coseguradora (fl. 572 Despesas de Agenciamento 30% CDHU) e que para este serviço a Combined comprometeuse a pagar, mensalmente, a título de honorários, 30% sobre o valor dos prêmios mensais líquidos recebidos e mais 75% sobre o valor do primeiro prêmio pago relativo ao início da vigência daquele contrato. Fl. 13DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 14 Tendo em vista que a Fiscalização não glosou as despesas e sim o patamar aplicado nas comissões, tornase necessário lembrar que consoante fartos precedentes administrativos, cito o acórdão nº 103198/97 por exemplo, o percentual de comissão pode ser livremente pactuado entre as partes, não sendo necessário, sequer, a celebração de contrato por escrito, mormente quando não se questiona a disparidade em relação aos valores empregados no mercado. Exatamente assim se deu na espécie. A recorrente comprovou que pagou comissões sobre prêmios de seguro e agenciamento em valores exatamente coincidentes aos praticados no mercado, tanto o é, que o único motivo pela glosa, deveuse à diferença entre o que foi contratado para uma específica espécie de comissão. Tal fato, por si só, levame a entender pela improcedência da glosa, com efeito, os valores estão devidamente comprovados e só destoam do patamar fixado pela própria contribuinte em relação a comissões determinadas. Remanesce o último tópico da glosa implementada ante as despesas com seguros e título de capitalização. Sendo oportuno registrar que se questionou a materialidade das despesas porquanto faltou a comprovação de que as despesas se dirigiram única e exclusivamente à manutenção da fonte produtora da recorrente. Apenas para rememorar a imputação, destacase que a fiscalização verificou o registro de vários pagamentos efetuados à empresa Santos Capitalização referente à aquisição de títulos de capitalização e que a recorrente teria apresentado cópia do contrato para compra e venda de títulos de capitalização celebrado em 28/03/2000 com a empresa Santos Capitalização (fls. 292/298), ocorrendo que da leitura deste contrato, a autoridade fiscal extraiu que a empresa Santos Capitalização emitiria títulos de capitalização os quais seriam adquiridos pela Combined em seu nome e os referidos títulos eram escriturais, sem cautelas, registrados nos sistemas da Santos Capitalização e emitidos nominalmente a Combined de acordo com as subscrições periódicas procedidas e o os cessionários (pessoas físicas ou jurídicas) seriam detentores dos direitos e obrigações decorrentes dos sorteios relativos aos títulos de capitalização, cedidos pela Combined através de documentos de cessão de direitos, nestes casos, os valores referentes aos títulos contemplados em sorteio seriam disponibilizados à Combined que os repassariam aos cessionários. Esclareceuse ainda, que decorridos 6 (seis) meses de sua aquisição, a recorrente procedia aos resgates dos títulos emitidos os quais correspondiam a 50% dos valores nominais pagos e que contabilmente, as aquisições dos títulos de capitalização eram registradas a débito da conta n° 342811.00.01.00 Despesas de Seguros pelo seu valor total, ato contínuo, a crédito da mesma conta, ocorria o registro de 50% relacionado aos resgates desses títulos a débito da conta n° 12180.02.01.00 outros Títulos a Receber, apontando também, a existência de valores levados a crédito conta de despesas de seguros referentes a premiações não havendo indicativos contábeis do destino da conta a débito correspondente, questionando, enfaticamente, o destino do débito. A recorrente sustentou que a aquisição dos títulos de capitalização teve como objetivo agregar benefício ao produto seguro, bem como, que firmou protocolo operacional de coseguro com a Companhia de Seguros do Estado de São Paulo (COSESP), através do qual receberia em cessão, em coseguro, 25% dos prêmios líquidos e respectivos riscos das apólices emitidas pela COSESP no ramo habitacional, estipuladas pela CDHU, mas que tendo em vista o alto grau de inadimplência dos segurados em relação aos prêmios a serem pagos à COSESP, a cláusula 2ª do Protocolo estabeleceu que a cessão estaria vinculada ao compromisso da Recorrente estimulasse novas vendas e aquelas já feitas, premiando a adimplência dos Fl. 14DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE Processo nº 16327.000775/200555 Acórdão n.º 130100.618 S1C3T1 Fl. 8 15 segurados por meio de sorteio mensal de titulos de capitalização e que por outro lado, estando o segurado inadimplente com seus compromissos, não haveria possibilidade de concorrer a qualquer sorteio. Observase que a decisão recorrida manifestouse, no tópico 8.6, folha 620, da seguinte forma: (...) 8.6. Não ficou comprovado que o "Contrato para Compra e Venda de Títulos de Capitalização" celebrado com a Santos Capitalização S/A tivesse como escopo o objeto da Campanha estipulada no Protocolo firmado com a CDHU. Frisese que o custo de uma campanha concebida para dirimir a inadimplência dos mutuários da CDHU (manter a receita da contribuinte) está contido no conceito despesa operacional. Entretanto, no caso, faltou a comprovação de que o contrato celebrado com a Santos Capitalização estivesse a atender única e exclusivamente tal campanha. Sequer ficou provada a parcela dos títulos de capitalização emitidos (e das correspondentes despesas) que tivesse prestado a atender o Protocolo firmado com a CDHU. (...) (meus os destaques) O óbice encontrado pela decisão recorrida para reconhecer a dedutibilidade das despesas glosadas foi unicamente o fato de a recorrente não comprovar que a aquisição dos títulos de capitalização prestaramse a esse fim (custear campanha de inadimplência da CDHU). Em seu Recurso Voluntário a contribuinte reitera seus argumentos, insistindo que os tais custos seriam imprescindíveis à sua fonte produtora, tese já reconhecida pela decisão recorrida, mas outra vez nada esclarece acerca da única destinação dos títulos de capitalização, que como se sabe, podem ter diversas outras finalidades. Por não haver segregação do que foi utilizado especificamente como despesa dedutível, entendo que a decisão recorrida não está a merecer reparos nesse tópico. Com essas considerações, voto no sentido de DAR PARCIAL provimento ao Recurso Voluntário, afastando os itens relativos à glosa das despesas dos “serviços prestados por terceiros” e “despesas com comissões” mantendo aquela relacionada às despesas de seguro e título de capitalização. Sala das Sessões, em 30 de junho de 2011 (assinado digitalmente) Edwal Casoni de Paula Fernandes Jr. Fl. 15DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE 16 Fl. 16DF CARF MF Impresso em 13/09/2011 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA CÓ PI A Autenticado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 26/07/2011 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 23/07/2011 por EDWAL CASONI DE P AULA FERNANDE
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Numero do processo: 10920.902024/2013-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011
ELETRODUTO CORRUGADO FLEXÍVEL EM PVC E TUBO EXTENSÍVEL UNIVERSAL EM PVC. NORMAS ABNT.
Os produtos fabricados pela recorrente devem ser classificados nas NCM 3917.32.90 e 3917.33.00, por serem flexíveis, fabricados em PVC, e suportarem pressão abaixo do mínimo definido na NCM.
Numero da decisão: 3401-005.136
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (relator), André Henrique Lemos e Cássio Schappo. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mara Cristina Sifuentes.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
(assinado digitalmente)
Mara Cristina Sifuentes- Redatora designada.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição ao conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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NORMAS ABNT. Os produtos fabricados pela recorrente devem ser classificados nas NCM 3917.32.90 e 3917.33.00, por serem flexíveis, fabricados em PVC, e suportarem pressão abaixo do mínimo definido na NCM. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (relator), André Henrique Lemos e Cássio Schappo. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Mara Cristina Sifuentes. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Redatora designada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 20 24 /2 01 3- 08 Fl. 597DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (Suplente convocado em substituição ao conselheiro Robson José Bayerl), André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 1. Tratase de pedido de ressarcimento de saldo credor do IPI referente ao 3º trimestre de 2011, no valor de R$ 4.311.367,39, seguido de em despacho decisório que homologou parcialmente as compensações, tendo o saldo sido reduzido em função de débitos apurados em procedimento fiscal. 2. Segundo se depreende do termo de verificação fiscal, narra a autoridade fiscal que o procedimento de fiscalização teve início para a verificação de pedidos de ressarcimento de saldo credor de IPI formalizados por meio dos seguintes PER/DComp 3. Em 07/05/2013, foi efetuada visita técnica às instalações fabris da contribuinte para conhecimento dos processos produtivos e materiais utilizados, sendo que todos os documentos que serviram para embasar o termo de verificação em referência foram anexados ao Processo Administrativo nº 10920721.864/201363. Em decorrência da reclassificação fiscal de alguns produtos, foram apurados débitos de IPI não lançados em notas fiscais nem escriturados, que foram cobertos com os créditos apurados, tendo restado caracterizada prática punível com multa isolada, nos termos do art. 80 da Lei nº 4.502/1964, objeto de lançamento de ofício no Processo Administrativo nº 10920.721866/201352. Assim, foram verificadas irregularidades na classificação fiscal adotada pela contribuinte na venda das linhas ELETRODUTO CORRUGADO e TUBO EXTENSÍVEL UNIVERSAL, nos seguintes termos: No caso do primeiro produto, a fiscalização apurou notas fiscais de saída emitidas tanto com o código TIPI 3917.32.90, indicado pelo Fisco, quanto no 3917.23.00, e em todos os casos houve emissões com e sem destaque do imposto. Nos casos da saídas com destaque não há prejuízo ao Fisco. Fl. 598DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 598 3 Já nas saídas sem destaque, a fiscalização alega que a empresa não justificou a redução da alíquota para zero quando foi utilizada a classificação 3917.32.90, e classificou incorretamente quando utilizou o código 3917.23.00, destinado aos “tubos rígidos”. (...) No caso dos tubos extensíveis (ou engates flexíveis), a interessada classificou tais produtos majoritariamente no código NCM 3917.23.00 (tubos rígidos de polímeros de cloreto de vinila), sempre sem destaque do IPI; e, minoritariamente, nos demais códigos, com e sem destaque do imposto. Da mesma forma, defende a fiscalização que tais produtos classificamse no código 3917.33.00 (Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, com acessórios), cuja alíquota de IPI à época era cinco por cento". 4. A reclassificação de tais produtos foi o fundamento para a homologação parcial de diversas PER/DComps apresentadas pela contribuinte que se referem ao período de apuração abrangido pela multa isolada discutida no Processo Administrativo nº 10920.721866/201352 (1º trimestre de 2011 a 3º trimestre de 2012), sendo que tais pedidos de ressarcimento geraram os seguintes processos administrativos, todos pautados para esta mesma sessão de julgamento, para apreciação conjunta: PROCESSO ADMINISTRATIVO PERÍODO DE APURAÇÃO VALOR 10920.902022/201319 1º trimestre de 2011 R$ 2.177.522,81 10920.902023/201355 2º trimestre de 2011 R$ 3.035.238,52 10920.902024/201308 3º trimestre de 2011 R$ 4.311.367,39 10920.902025/201344 4º trimestre de 2011 R$ 3.222.556,53 10920.902026/201399 1º trimestre de 2012 R$ 3.115.341,97 10920.902027/201333 2º trimestre de 2012 R$ 3.348.939,57 10920.902028/201388 3º trimestre de 2012 R$ 3.170.939,74 5. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual argumentou, em síntese, que: (i) o eletroduto corrugado e o tubo extensível universal, por ela industrializados, são eletrodutos de PVC (Policloreto de Vinil) que, sejam planos ou corrugados, rígidos ou flexíveis, têm a mesma finalidade: proteger e conduzir condutores providos de isolação em instalações elétricas. Logo, o que deveria diferenciar a utilização de um eletroduto não é o fato dele ser rígido ou flexível, plano ou corrugado, e sim a sua resistência mecânica, sendo que a autoridade fiscal levou em conta apenas o critério rigidez, sem levar em consideração que a finalidade dos produtos é a mesma dos eletrodutos rígidos, devendo receber a mesma classificação destes últimos; (ii) assim como o eletroduto rígido, o eletroduto corrugado está inserido na linha de materiais elétricos utilizados na construção, Fl. 599DF CARF MF 4 sendo ambos tratados em um mesmo programa setorial de qualidade perante o PBQPH (Programa de Garantia da Qualidade de Eletrodutos Plásticos para Sistemas Elétricos de Baixa Tensão em Edificações); (iii) apresentou laudo (parecer técnico), no qual o perito e engenheiro atesta, nos termos da norma ABNT NBR 15465, de 04/08/2008, que "(...) o discrímen para determinarse a efetiva e correta classificação fiscal desses produtos não corresponde à sua rigidez, mas sim à sua finalidade e aplicação"; e (iv) requereu a realização de diligência para que se demonstre, por meio de perícia, a "(...) correição da classificação adotada pela recorrente". 6. Em 06/01/2015, a 3ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Belém (PA) proferiu o Acórdão DRJ nº 0130.992, de relatoria do Auditor Fiscal Nelson Klautau Guerreiro Da Silva, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. ELETRODUTOS CORRUGADOS FLEXÍVEIS E TUBOS EXTENSÍVEIS. Pelas regras de interpretação da NCM (RGI/SH), a correta classificação para os eletrodutos flexíveis de PVC é 3917.32.90, e 3917.33.00 para os tubos extensíveis de PVC. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Devem ser afastadas as argüições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Classificação Fiscal não é matéria técnica, não exigindo laudo técnico para sua definição. Dispensável a produção de provas por meio de realização de perícia técnica ou diligência, quando os documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para formação de convicção e conseqüente solução do litígio. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido 7. A contribuinte, intimada da decisão em 11/05/2015 pela abertura dos arquivos correspondentes no link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), por meio da opção "Consulta Comunicados/Intimações", em conformidade com o termo de ciência situado à fl. 510, interpôs, em 26/05/2015, em conformidade com o termo de solicitação de juntada situado à fl. 511, recurso voluntário, no qual reiterou as razões de sua manifestação de inconformidade. Fl. 600DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 599 5 É o Relatório. Voto Vencido Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 8. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 9. No decurso dos anos de 2011 e 2012, a contribuinte realizou pedidos de ressarcimento de saldo credor do IPI com base no art. 11 da Lei nº 9.779/1999 em decorrência: (i) da aquisição de insumos utilizados na elaboração de seus produtos, e (ii) da saída de mercadorias imunes ou tributadas à alíquota zero: Lei nº 9.779/1999 Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestre calendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda. 10. A autoridade fiscal entendeu que a contribuinte teria adotado classificação fiscal incorreta quanto aos produtos eletroduto corrugado e tubo extensível universal, o que implicou a apuração do IPI por meio de alíquotas menores do que aquelas efetivamente devidas e, assim, promoveu a reconstituição da escrita fiscal da autuada referente às operações ocorridas entre 01/01/2011 e 30/09/2012, concluindose, ao final do procedimento, pela inexistência de saldo devedor de IPI a ser adimplido. Em que pese tal constatação, a falta de destaque do imposto nas notas fiscais de saída em virtude da classificação fiscal equivocada conduziu à lavratura do auto de infração em debate no Processo Administrativo nº 10920.721866/201352, lavrado sob o pálio do art. 80 da Lei nº 4.502/1964: Lei nº 4.502/1964 Art. 80. A falta de lançamento do valor, total ou parcial, do imposto sobre produtos industrializados na respectiva nota fiscal ou a falta de recolhimento do imposto lançado sujeitará o contribuinte à multa de ofício de 75% Fl. 601DF CARF MF 6 (setenta e cinco por cento) do valor do imposto que deixou de ser lançado ou recolhido. 11. A questão de fundo consiste, portanto, em deslindar se correta a classificação utilizada pela contribuinte (3917.23.00 para o eletroduto corrugado e para o tubo extensível universal), ou se equivocada aquela proposta pela autoridade fiscal (3917.32.90 para o eletroduto corrugado e 3917.33.00 para o tubo extensível universal): uma ou outra conclusão terá como efeito imediato a improcedência do auto de infração lavrado no Processo Administrativo nº 10920.721866/201352 e a reversão do despacho decisório que homologou parcialmente o ressarcimento, no presente processo. 12. Incontroversa, como se percebe, a classificação até o texto da posição: as partes concordam que os produtos são uma espécie de "plásticos e suas obras" (Capítulo 39), e tampouco questionam estar diante de "tubos e seus acessórios (por exemplo, juntas, cotovelos, flanges, uniões), de plásticos" (Posição 3917). 13. Para a contribuinte recorrente, no entanto, (i) o eletroduto corrugado e o tubo extensível universal devem ser classificados na Subposição, Item e Subitem 3917.23.00 ("De polímeros de cloreto de vinila"), submetida, portanto, a uma alíquota zero de IPI. 14. Por outro lado, para autoridade fiscal, (ii) o ELETRODUTO CORRUGADO deve ser classificado na Subposição 3917.32 ("Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, sem acessórios"), Item e Subitem 3917.32.90 ("Outros"), submetido, portanto, a uma alíquota de 5% de IPI; já (iii) o TUBO EXTENSÍVEL UNIVERSAL deve ser classificado na Subposição, Item e Subitem 3917.33.00 ("Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, com acessórios"), submetido, portanto, a uma alíquota de 5% de IPI. Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 600 7 (i) 3917.23.00: CLASSIFICAÇÃO DA CONTRIBUINTE PARA O ELETRODUTO CORRUGADO E PARA O TUBO EXTENSÍVEL UNIVERSAL 15. Deve ser realizada, em primeiro lugar, a análise quanto à correção da subposição adotada pela contribuinte (3917.23): tubo e seus acessórios de plásticos (3917), rígidos (3917.2), de polímeros de cloreto de vinila (3917.23). Não havendo alternativas após o texto da subposição, tratase esta da classificação completa NCM nº 3917.23.00. 16. Devem ser feitas, a partir deste ponto, as seguintes perguntas: (i.a) tratase de um tubo de plástico rígido? 17. Caso se responda negativamente à pergunta (i.a), a classificação está equivocada. Apenas caso se responda afirmativamente à pergunta (i.a), passase à seguinte: (i.b) tratase de um tubo de plástico rígido de polímeros de cloreto de vinila? 18. Caso se responda negativamente à pergunta (i.b), a classificação está equivocada. Caso se responda afirmativamente à pergunta (i.b), então necessariamente a classificação correta para o eletroduto corrugado e para o tubo extensível universal será 3917.23.00, apontada pela contribuinte. (ii) 3917.32.90: CLASSIFICAÇÃO DA AUTORIDADE FISCAL PARA O ELETRODUTO CORRUGADO 19. Deve ser realizada, em segundo lugar, a análise quanto à correção da subposição adotada pela autoridade fiscal para o ELETRODUTO CORRUGADO (3917.32): tubo e seus acessórios de plásticos (3917), outros (3917.3), 20. Devem ser feitas, a partir deste ponto, as seguintes perguntas: (ii.a) tratase de um tubo de plástico rígido (uma vez que a alternativa a "outros" da subposição 3917.3 seria a 3917.2, ou seja, tubos plásticos rígidos)? 21. Caso se responda afirmativamente à pergunta (ii.a), a classificação está equivocada. Apenas caso se responda negativamente à pergunta (ii.a), passase à seguinte: (ii.b) tratase de um tubo de plástico tubo flexível (i.e., não rígido) que pode suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa (uma vez que, caso se responda afirmativamente, a classificação se subsumiria à subposição 3917.31, mais específica)? Fl. 603DF CARF MF 8 22. Caso se responda afirmativamente à pergunta (ii.b), a classificação está equivocada. Apenas caso se responda negativamente à pergunta (ii.b), passase à seguinte: (ii.c) tratase de um tubo flexível que não pode suportar uma pressão mínima de 27,6MPa não reforçado com outras matérias nem associados de outra forma com outras matérias, sem acessórios? 23. Caso se responda negativamente à pergunta (ii.c), a classificação está equivocada. Apenas caso se responda afirmativamente à pergunta (ii.c), passase à seguinte: (ii.d) tratase de um tubo flexível (i.e., não rígido) que não pode suportar uma pressão mínima de 27,6MPa não reforçado com outras matérias nem associados de outra forma com outras matérias, sem acessórios de copolímero de etileno? 24. Caso se responda afirmativamente à pergunta (ii.d), a classificação está equivocada. Caso se responda negativamente à pergunta (ii.d), então necessariamente a classificação correta do eletroduto corrugado será 3917.32.90 ("Outros"), apontada pela autoridade fiscal, pois se trata da única alternativa. (iii) 3917.33.00: CLASSIFICAÇÃO DA AUTORIDADE FISCAL PARA O TUBO EXTENSÍVEL UNIVERSAL 25. Deve ser realizada, em terceiro lugar, a análise quanto à correção da subposição adotada pela autoridade fiscal para o TUBO EXTENSÍVEL UNIVERSAL (3917.33): 26. Devem ser feitas, a partir deste ponto, as seguintes perguntas: (iii.a) tratase de um tubo de plástico rígido (uma vez que a alternativa a "outros" da subposição 3917.3 seria a 3917.2, ou seja, tubos plásticos rígidos)? 27. Caso se responda afirmativamente à pergunta (iii.a), a classificação está equivocada. Apenas caso se responda negativamente à pergunta (iii.a), passase à seguinte: (iii.b) tratase de um tubo de plástico tubo flexível (i.e., não rígido) que pode suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa (uma vez que, caso se responda afirmativamente, a classificação se subsumiria à subposição 3917.31, mais específica)? 28. Caso se responda afirmativamente à pergunta (iii.b), a classificação está equivocada. Apenas caso se responda negativamente à pergunta (iii.b), passase à seguinte: Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 601 9 (ii.c) tratase de um tubo flexível (i.e., não rígido) que não pode suportar uma pressão mínima de 27,6MPa não reforçado com outras matérias nem associados de outra forma com outras matérias, sem acessórios de copolímero de etileno? 29. Caso se responda afirmativamente à pergunta (iii.c), a classificação está equivocada. Caso se responda negativamente à pergunta (iii.c), então necessariamente a classificação correta do tubo extensível universal será 3917.33.00 ("Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, com acessórios"), apontada pela autoridade fiscal, pois se trata da mais específica. 30. Como se sabe, para se resolver a questão sob litígio, necessário o recurso às Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de mercadorias (NESH). Ao nos voltarmos especificamente às metaregras de aplicação descritas no Capítulo 39 da TIPI ("Plástico e suas obras"), advertimos que, para que se respondam às questões que fizerem menção ao termo "copolímero", deve ser levada em conta, necessariamente, a Nota 4, mas, por outro lado, uma vez que o texto da posição é incontroverso, desnecessária a menção à Nota 8 do Capítulo 39, que dispõe acerca do termo "tubos". Devem, no entanto, ser aplicadas as disposições veiculadas pela Nota de subposição 1, sobre a forma como se classificam os polímeros (incluindo os copolímeros) e os polímeros modificados quimicamente. 31. Observese que caso se responda afirmativamente à pergunta (i.a), e se conclua estarmos diante de um tubo de plástico rígido, desnecessário, para fins de provimento ou não provimento do recurso voluntário interposto, prosseguir na classificação, pois equivocados estarão os dois códigos ofertados pela autoridade fiscal, e procedente restará o recurso voluntário interposto. 32. Com estas observações em mente, o laudo (parecer técnico) apresentado pela contribuinte, baseado na norma ABNT NBR 15465, de 04/08/2008, além de não responder se os dois produtos em apreço seriam "rígidos" ou "nãorígidos" ("flexíveis"), primeira pergunta para se prosseguir em qualquer das três classificações em disputa, concluiu que tanto o eletroduto corrugado como o tubo extensível universal atenderiam à mesma finalidade e teriam a mesma aplicação, baseada em sua resistência mecânica de suportar os esforços de compressão quando a ele submetidos. Assim, no entendimento do perito, o critério correto para se realizar qualquer classificação, seria a resistência, e não a rigidez. 33. A prova técnica, ao ignorar completamente os critérios de classificação do Sistema Harmonizado e, ao invés de responder às dúvidas acima, sendo a primeira delas aquela concernente a ser um tubo de plástico rígido ou nãorígido, de nada serve ao classificador, devendo ser desconsiderada, por impertinente e desnecessária. 34. Observese que, mesmo uma rápida busca no compêndio de ementas de soluções de consulta e soluções de divergência emitidas pelo Centro de Classificação Fiscal de Mercadorias (Ceclam) da Receita Federal do Brasil, indica que a resposta à questão sobre ser rígido ou flexível o tubo de plástico é condição inexorável para o prosseguimento do intento classificatório: Fl. 605DF CARF MF 10 3917.32.90 | SC 4/2016 1ª Turma Tubo flexível de plástico (poliamida), não reforçado com outras matérias, nem associado de outra forma com outras matérias, apresentado sem acessórios e acondicionado em carretéis, podendo suportar pressão máxima de 1 Mpa. 3917.32.90 | SC 5/2016 1ª Turma Tubo flexível de plástico (poliamida), não reforçado com outras matérias, nem associado de outra forma com outras matérias, apresentado sem acessórios e acondicionado em carretéis, podendo suportar pressão de 1,5 a 6 Mpa. 3917.32.90 | SC 283/2017 4ª Turma Tubo flexível corrugado fabricado em PVC (poli(cloreto de vinila), com propriedades antichamas, próprio para proteção mecânica das instalações elétricas prediais, medindo 20 mm d e diâmetro e 50 m de comprimento, com tensão de ruptura inferior a 27,6 MPa. 3917.32.90 | SC 130/2016 3ª Turma Tubo flexível termo contrátil de polietileno, sem reforços ou acessórios, com tensão de ruptura máxima de 10,4 MPa, diâmetro interno em estado natural de 41,5 mm, peso líquido de 104,8 g/ml e apresentado em bobina de papelão de 50 metros. 35. Por outro lado, em que pese a imprestabilidade da prova produzida pela recorrente, tampouco a autoridade fiscal responde à questão sobre ser ou não rígido o produto a ser classificado de maneira minimamente satisfatória, valendose unicamente das máximas de experiência e da visita ao site comercial da recorrente, conforme excerto, situado à fl. 488, que se transcreve do termo de verificação fiscal: 36. O recurso a tal prova é ecoado e refletido pela decisão recorrida, que não envida esforços em buscar outros indícios ou provas que sirvam como sustentáculo para a sua conclusão: 12. No que se refere aos produtos, inexistem divergências quanto ao fato de se tratarem de tubos de plásticos, enquadrados, portanto, na posição 39.17 da NCM. Também não existem Fl. 606DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 602 11 dúvidas de serem flexíveis de fato, aptos às aplicações propostas no sítio da empresa (“O sistema corrugado oferece ao produto alta resistência à compressão diametral, aliado a grande flexibilidade; podendo curvarse com facilidade”), o que não seria possível se fossem rígidos de fato. Não releva saber, para a identidade dos produtos e seus efeitos fiscais, no caso concreto, se foram fabricados com composto de PVC rígido. 37. Observese que a contribuinte, ao ser questionada sobre a rigidez dos produtos, "(...) informou que utiliza na fabricação dos produtos da linha eletroduto de PVC flexível corrugado o composto de PVC rígido, o mesmo utilizado na produção dos tubos para água e esgoto, e que por isso utiliza a mesma classificação". O maior apuro técnico de que se vale a autoridade lançadora é obtido por meio de consulta ao site da Wikipedia: 38. Assentese com a afirmação da acusação fiscal de que o simples fato de os produtos utilizarem o PVC rígido como insumo de produção não implica, necessariamente, que deva ser entendido como um tubo rígido. No entanto, tampouco há de se comungar com a afirmação, igualmente falaciosa, no sentido de que o nome comercial do produto exposto no site da contribuinte seja prova em suficiência para a classificação no texto da posição da nomenclatura comum. Muito embora a frase “o sistema corrugado oferece ao produto alta resistência à compressão diametral, aliado a grande flexibilidade; podendo curvarse com facilidade” ofereça um forte indício sobre se tratar de um material não rígido, impressão esta que apenas se reforça com o silêncio do laudo pericial apresentado quanto a este aspecto, não se vislumbra, apenas com a página da Internet, a prova necessária para se afirmar com segurança a respeito das características físicoquímicas do produto. 39. Assim, acerta a autoridade fiscal ao afirmar que primeiro critério é definir se o tubo de plástico é ou não rígido. Mas se equivoca na forma como constrói precariamente seu argumento, eivandoo de carência probatória, uma vez que incumbida está do ônus de provar, não sendo absolutamente aceitável estribar o despacho decisório unicamente em uma informação comercial obtida na Internet que, quando muito, serviria de indício para o início de uma investigação técnica. E, por outro lado, acerta a contribuinte ao entender que, para subsidiar a classificação, fazse necessário o recurso à perícia. No entanto, igualmente se equivoca ao buscar critérios próprios para aferir o código NCM correto, uma vez que o aplicador se volta às específicas regras e metaregras do sistema harmonizado em uma seqüência lógica prédeterminada. 40. A questão passa a ser: há nos autos provas em suficiência para se afirmar se os produtos são ou não rígidos? Em caso positivo, deve o aplicador passar à pergunta seguinte, e assim sucessivamente, uma vez que as regras gerais para interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são Fl. 607DF CARF MF 12 comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. Não sendo possível se responder a esta questão inaugural com os dados e documentos disponíveis, deverá o julgamento aguardar a realização de diligência que responda à dúvida do julgador. Neste caso, deverá o colegiado antecipar as dúvidas supervenientes para que todas restem respondidas nesta mesma oportunidade. 41. Concluímos, ao compulsar os autos, que não há outras provas que permitam afirmar, com segurança, se os produtos em análise seriam rígidos ou não rígidos, o que, no atual estado do processo, e caso eventualmente vencida a proposta de diligência, redundaria, necessariamente, na conclusão pela insuficiência de provas hábeis a lastrear o despacho decisório que homologou parcialmente o ressarcimento pleiteado. 42. E se observe que, ainda que a questão em torno da rigidez pudesse eventualmente ser superada, outras questões restariam pendentes: para se confirmar a correção do código adotado pela contribuinte, necessário seria se confirmar que se trata de tubo de polímero de cloreto de vinila. 43. Por outro lado, caso seja não rígido o tubo e, portanto, incorreto o código utilizado pela contribuinte, forçoso se confirmar que a acusação fiscal classificou corretamente os produtos em análise e, para isso, imprescindível se compreender se podem suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa, hipótese que descartaria a suposição do despacho decisório. Caso não possam, a tarefa do classificador ainda não estaria concluída, pois indispensável a questão sobre se os produtos são reforçados com outras matérias ou associados de outra forma com outras matérias, se apresentam acessórios e, em caso positivo, se tais acessórios seriam ou não copolímeros de etileno. 44. Como se pode perceber, a decisão sobre a procedência ou não do recurso voluntário interposto, depende de um seriado de perguntas que demandam saber técnico alheio ao jurídico e, depois de percorrer todas as folhas deste processo em busca de respostas embasadas e minimamente seguras, não as encontramos e, portanto, da maneira em que se encontra, o processo não se encontra em condições de julgamento, razão pela qual voto, com fundamento no art. 18 do Decreto nº 70.235/1972, por converter o presente feito em diligência, para que a unidade local adote as seguintes providências: (i) Apresente laudo técnicopericial conclusivo que responda afirmativa ou negativamente, de maneira objetiva e fundamentada, os seguintes quesitos referentes ao produto "eletroduto corrugado" e ao produto"tubo extensível universal": (i.a) tratase de um tubo de plástico rígido ou nãorígido ("flexível")? (i.b) tratase de um tubo de plástico rígido de polímeros de cloreto de vinila? (i.c) unicamente se o produto for nãorígido ("flexível"), pode suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa? (i.d) o produto é reforçado com outras matérias ou associados de outra forma com outras matérias? (i.e) unicamente se o produto não for reforçado com outras matérias, nem associado de outra forma com outras matérias, ele apresenta acessórios? Fl. 608DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 603 13 (i.f) unicamente se o produto apresentar acessórios, são estes acessórios de copolímeros de etileno? Deverá a resposta a este específico quesito levar em consideração o texto da Nota 4,1 transcrito em nota de rodapé no presente voto. (ii) Confeccionar “Relatório Conclusivo” da diligência, com os esclarecimentos que se fizerem necessários; (iii) Intimar a contribuinte para que se manifeste sobre o “Relatório Conclusivo” e demais documentos produzidos em diligência, querendo, em prazo não inferior a 30 (trinta) dias, trintídio após o qual, com ou sem manifestação, sejam os autos remetidos a este Conselho para reinclusão em pauta para prosseguimento do julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator 1 "Consideramse 'copolímeros' todos os polímeros em que nenhum motivo monomérico represente 95 % ou mais, em peso, do teor total do polímero. Ressalvadas as disposições em contrário, na acepção do presente Capítulo, os copolímeros (incluindo os copolicondensados, os produtos de copoliadição, os copolímeros em blocos e os copolímeros enxertados) e as misturas de polímeros, classificamse na posição que inclua os polímeros do motivo comonomérico que predomine, em peso, sobre qualquer outro motivo comonomérico simples. Na acepção da presente Nota, os motivos comonoméricos constitutivos de polímeros que se classifiquem numa mesma posição devem ser tomados em conjunto. Se não predominar nenhum motivo comonomérico simples, os copolímeros ou misturas de polímeros classificamse, conforme o caso, na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração". Fl. 609DF CARF MF 14 Voto Vencedor Conselheira Mara Cristina Sifuentes , Redatora designada. Apesar de concordar com muitos dos argumentos apresentados pelo Ilustre Relator, e por acompanhar sua linha de argumentação, dele ouso divergir quanto a necessidade de diligência para se efetuar a classificação fiscal das mercadorias autuadas. A controvérsia gira em torno de dois produtos, ambos classificados na NCM 3917.23.00 pela recorrente: eletroduto corrugado tubo extensível universal E classificados pela fiscalização nas NCMs 3917.32.90 e 3917.33.00, respectivamente. Concordo que o cerne da questão está em se decidir se estamos diante de um tubo rígido ou tubo flexível (3917.2 ou 3917.3), já que não existe controvérsia quanto a posição 3917, adotada tanto pela recorrente e pela fiscalização, para ambos produtos. A questão parece tão simples e tão óbvia que a primeira vista não há questionamentos a serem efetuados. Rígido e flexível são duas definições que se opõem e que são utilizadas cotidianamente em muitas situações. Por isso nosso primeiro impulso é buscar essas definições nos dicionários, já que são de uso corrente. No dicionário Houaiss, disponível no endereço eletrônico https://houaiss.uol.com.br/pub/apps/www/v33/html/index.php#0 encontramos as seguintes definições: Rígido Fl. 610DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 604 15 adjetivo em que há rigidez 1 falto de maleabilidade física; teso, rijo, hirto, duro ‹corpo r.› ‹metal r.› 2 p.metf. que é ou se mostra inflexível em suas opiniões, decisões etc.; duro, intransigente 3 que denota severidade, austeridade; austero ‹princípios r.› ‹homem r.› 3.1 falto de meiguice, de ternura com relação a outrem; rude, áspero ‹pais r.› 4 que não permite frouxidão; exato, rigoroso ‹tinha no trabalho um horário r.› 4.1 extremamente controlado; minucioso, apurado ‹r. controle de qualidade› sinônimos ver sinonímia de rigoroso antônimos: flexível Flexível adjetivo de dois gêneros 1 que se dobra ou curva com facilidade; arqueável, flexo 2 que revela agilidade; elástico, elegante ‹um andar f.› 3 fácil de manejar; domável 4 que se acomoda facilmente às circunstâncias, que é facilmente influenciável; dócil, maleável, compreensível ‹um caráter f.› 5 que tem aptidão para diferentes atividades sinônimos ver antonímia de sólido antônimos: ferrenho, inflexível, intransigente, rígido; ver tb. sinonímia de sólido Como se pode concluir, com o auxílio do dicionário, rígido é o antônimo de flexível, sendo flexível aquilo que se dobra ou curva com facilidade, aquilo que é arqueável, que é flexo, que é elástico, fácil de manejar, domável. Já rígido é aquilo em que há rigidez, que falta maleabilidade física, é teso, rijo, hirto, duro. A partir dessas constatações chegamos as duas subposições de primeiro nível possíveis: 3917.2 Tubos rígidos 3917.3 Outros Tubos Ora ou o tubo é rígido ou ele não é rígido, tanto assim que o Sistema Harmonizado faz a distinção em Tubos rígidos e outros tubos. Muitos países adotaram a tradução como "3917.3 Tubos não rígidos" ao invés de outros tubos. A título de esclarecimento, na versão em inglês do SH temos: 3917.2 Tubes, pipes and hoses, rigid: 3917.3 Other tubes, pipes and hoses: Valendonos do senso comum podemos concluir que estamos diante de tubos flexíveis, já que a própria recorrente apresenta seu produto como "Eletroduto corrugado flex" e Fl. 611DF CARF MF 16 no site da empresa o produto é apresentado como, fazendo parte da linha "Eletroduto de PVC flexível Corrugado": Os eletrodutos flexíveis corrugados são aplicados em instalações prediais elétricas de baixa tensão, para condução e acomodação de fios, cabos elétricos e dispositivos embutidos em paredes e lajes, ou aparentes em local protegido. O sistema é composto por eletrodutos corrugados para paredes (amarelo) e para lajes (laranja), com comprimento comercial de 50 metros, para bitolas de 20 e 25 mm; e 25 metros para bitola de 32 mm. O sistema corrugado oferece ao produto alta resistência à compressão diametral, aliado a grande flexibilidade, podendo curvarse com facilidade. Antichama, o produto adequase perfeitamente às exigências da norma NBR 5410, oferecendo segurança às instalações elétricas de baixa tensão. Completa o sistema uma linha de caixas de luz e luvas de pressão, que se interligam aos tubos pelo sistema de simples encaixe. No caso dos tubos extensíveis, ou engates flexíveis, eles são apresentados no catálogo da empresa como "Sifão Extensível Universal", relativo aos mesmos códigos de produtos apontados pela fiscalização (10101, 17311, 96665 e 17815). E consta o esclarecimento que "o tubo extensível universal permite que sua curvatura tome o formato de um sifão", e que esses tubos possuem corpo sanfonado. Claro que não podemos nos valer apenas do que afirma a recorrente ser o produto, mesmo que em informações amplamente divulgadas para efeitos de comércio e propaganda. Para a classificação fiscal é preciso haver a identificação correta da mercadoria. Também não acabe à classificação fiscal adotar critérios diferentes dos preconizados pelas normas do Sistema Harmonizado. Não há como adotar, conforme quer a recorrente, a resistência ao invés da rigidez para classificar a mercadoria, já que esse não foi o critério escolhido pelo SH. Esclareço que nem sempre os critérios elegidos para a classificação fiscal de uma mercadoria coincidem com as necessidades de mercado, de produto ou de outras normas existentes (normas de outros órgãos administrativos são próprias às necessidades do órgão e o objetivo que se quer alcançar). São critérios próprios do SH que devem ser seguidos. Assim, correto o entendimento do Ilustre Relator do voto vencido: A prova técnica, ao ignorar completamente os critérios de classificação do Sistema Harmonizado e, ao invés de responder às dúvidas acima, sendo a primeira delas aquela concernente a ser um tubo de plástico rígido ou nãorígido, de nada serve ao classificador, devendo ser desconsiderada, por impertinente e desnecessária. Apesar de restar definido o que seja rígido e flexível, para efeitos de conhecimento geral, para maiores esclarecimentos devemos buscar apoio em normas técnicas nacionais e internacionais que podem servir de subsídio para nossa investigação. As normas da ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, apesar de serem de utilização no país, seguem as normas internacionais de padronização, e por isso servem para o nosso propósito: Entidade privada e sem fins lucrativos, a ABNT é membro fundador da International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normalização ISO), da Comisión Panamericana de Normas Técnicas (Comissão Pan Americana de Normas Técnicas Copant) e da Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Fl. 612DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 605 17 Normalização AMN). Desde a sua fundação, é também membro da International Electrotechnical Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional IEC). Também temos a nos socorrer as normas internacionais ISO, International Organization for Standardization, em especial a ISO 182632:2015 Plastics Mixtures of polypropylene (PP) and polyethylene (PE) recyclate derived from PP and PE used for flexible and rigid consumer packaging Part 2: Preparation of test specimens and determination of properties. E a American Society for Testing Materials (ASTM), em especial as normas ASTM D79017 Standard Test Methods for Flexural Properties of Unreinforced and Reinforced Plastics and Electrical Insulating Materials e ASTM D123813 Standard Test Method for Melt Flow Rates of Thermoplastics by Extrusion Plastometer. A norma ABNT NBR 15465, sobre Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricos de baixa tensão requisitos de desempenho, utilizada pela recorrente em sua argumentação, define quais requisitos de desempenho devem cumprir o produto: · Resistência à curvatura · Resistência à compressão · Resistência ao impacto · Resistência ao calor · Resistência à chama · Resistência rigidez dielétrica · Resistência do isolamento elétrico A recorrente alega seguir as orientações e estar qualificada pelo PBQPH, que é o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat PBQPH, do Ministério das Cidades. Esse programa qualifica fabricantes de materiais e componentes, que para isso devem seguir suas orientações, e segue a norma ABNT NBR 15465. Na Diretriz de avaliação técnica de Produtos Sinat/PBQPH nº 013, para Tubulações corrugadas de polietileno contendo polietileno de alta densidade reciclado para microdrenagem de áreas internas de empreendimentos residenciais e comerciais, estão definidos os critérios de desempenho dos produtos: Assim, as tubulações alvo desta Diretriz são compostas por: Tubos corrugados (ver Figura 1) com ponta e bolsa. A ponta do tubo acomoda o anel de vedação elastomérico. Estes tubos possuem parede dupla, sendo a parede interna lisa (superfície que fica em contato com água de escoamento) e a parede externa com corrugações anelares ocas (ver Figura 2). A matériaprima utilizada na fabricação destes tubos contém polietileno de alta densidade reciclado (pósconsumo e pós indústria) e/ou polietileno reprocessado, cujo percentual na composição deve estar de acordo com os limites estabelecidos no item 1.2. Estes tubos devem atender aos requisitos e critérios especificados por esta Diretriz; Essa diretriz avalia os seguintes requisitos: densidade Fl. 613DF CARF MF 18 fluidez módulo de flexão tensão de escoamento na tração teor de negro de fumo tempo de oxidação induzida teor de cinzas teor de polipropileno resistência química. A diretriz também avalia o desempenho estrutural do produto, avaliando a rigidez anelar, conforme ISO 9969:2016, o achatamento, resistência ao impacto, fissuramento sob tensão com entalhe, resistência ao calor, e a durabilidade. Toda essa digressão foi efetuada para demonstrar que existem métodos para avaliar a rigidez e a flexibilidade de um produto, e que rigidez e resistência a impactos são características distintas, que podem conviver no mesmo produto. O produto pode ser flexível e apresentar resistência anelar, em cada anel do elemento corrugado, por exemplo. Porém para efeitos de classificação fiscal de mercadoria, o SH elegeu diferenciar os produtos entre flexíveis e rígidos em um primeiro momento, para apenas em um segundo momento fazer a diferenciação dos produtos relativa à resistência (vide descrição da NCM 3917.31.00 Tubos flexíveis podendo suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa). Voltando aos produtos em análise devemos identificar o produto para saber se eles são rígidos ou não. O TVF informa que foram utilizadas informações obtidas em diligência à empresa para visita técnica, análise de informações constantes no sítio eletrônico da empresa Fl. 614DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 606 19 na internet, catálogo de produtos, informações prestadas pela empresa nos seus documentos fiscais, imagens dos produtos, forma de comercialização dos produtos em bobinas para firmar seu convencimento que estava diante de produtos flexíveis, e que o fato de utilizarse para sua produção PVC rígido não significa que se está a produzir um produto rígido. A empresa apresenta Parecer Técnico, por ela solicitado ao engenheiro Eduardo A. C. Monteiro, em que discorre sobre a definição e características do PVC, policloreto de vinila, e informa que a diferenciação entre produtos rígidos ou flexíveis é feita pela detecção da presença ou não de óleo plastificante, e os produtos produzidos pela recorrente não utilizam em sua formulação aditivos plastificantes e que por isso são produtos rígidos Para o técnico a classificação de um eletroduto de PVC, em rígido e flexível, tem como base a sua resistência mecânica e a sua aplicação se baseia fundamentalmente nesta capacidade de suportar aos esforços de compressão quando a eles submetidos. Discordo do parecer técnico, pois a norma ABNT utilizada faz a diferenciação entre resistência à curvatura e à compressão, o que demonstra que não se pode tomar uma resistência pela outra. Pelos documentos citados e a leitura atenta do material técnico disponível para o tema, concluímos que os tubos corrugados são compostos de vários anéis. Esses anéis são juntados entre si por material de PVC. Cada anel pode apresentar rigidez (por isso algumas normas trazem testes quanto à rigidez anelar) se considerado isoladamente, mas o tubo, ao conectar os anéis permite que haja uma flexibilidade no produto como um todo. A característica principal dos tubos corrugados é permitir a realização de curvaturas com mudança de direção, dispensando o uso de conexões. Superada a questão quanto a característica dos produtos, concluo a partir de todas as elucubrações efetuadas que os produtos fabricados pela recorrente são produtos flexíveis. Portanto estamos diante da NCM para a subposição 3917.3 outros tubos, pela aplicação da RGI6: 6.A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de subposição respectivas, bem como, mutatis mutandis, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Na acepção da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. Percorrendo a trilha do procedimento para classificação da mercadoria, agora devemos analisar a subposição de 2º nível: 3917.3 Outros tubos: 3917.31.00 Tubos flexíveis podendo suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa 3917.32 Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, sem acessórios 3917.32.10 De copolímeros de etileno 3917.32.2 De polipropileno 3917.32.21 Tubos capilares, semipermeáveis, próprios para hemodiálise ou para oxigenação sanguínea 3917.32.29 Outros 3917.32.30 De poli(tereftalato de etileno) Fl. 615DF CARF MF 20 3917.32.90 Outros 3917.33.00 Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, com acessórios 3917.39.00 Outros Já concluímos que estamos diante de tubos flexíveis, para os dois produtos. Pela aplicação da RGI6 temos que verificar entres os textos das subposições, qual o melhor descreve o produto. Para o produto "eletroduto corrugado" as subposições 3917.31 e 3917.32 são possíveis, desde que se esclareça qual a pressão mínima suportada por ele. Já o produto "tubo extensível universal" são possíveis as subposições 3917.31 e 3917.33. A recorrente afirma em seu Recurso Voluntário que o sistema corrugado oferece ao produto alta resistência à compressão diametral. Quanto especificamente ao produto fabricado pela recorrente temos a informação em email interno da empresa, já que o Parecer Técnico esclarece pontos relativos a tubos corrugados em geral e não realiza uma análise do produto da recorrente: No catalogo de produtos disponível no site da empresa consta que: O sistema corrugado oferece ao produto alta resistência à compressão diametral, aliado a grande flexibilidade, podendo curvarse com facilidade. ... Toda instalação elétrica deve possuir um projeto de instalação que ofereça segurança ao usuário, atendendo às especificações exigidas pela NBR 15465 – Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricas de baixa tensão – Requisitos de desempenho. ... Os eletrodutos são fornecidos em bobinas de 25 e 50 metros, facilitando sua aplicação, gerando uma economia de tempo e reduzindo a quantidade de conexões. Em casos de aproveitamento dos segmentos que sobraram durante a instalação, estes poderão ser unidos por meio de luvas de pressão. ... A nova norma de eletrodutos plásticos ABNT NBR 15465:2007 – Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricas de Fl. 616DF CARF MF Processo nº 10920.902024/201308 Acórdão n.º 3401005.136 S3C4T1 Fl. 607 21 baixa tensão – Requisitos de desempenho – classifica os eletrodutos plásticos da seguinte forma: Para a norma ABNT, os eletrodutos da empresa, como apresentam resistência mecânica média e leve, estão sujeitos a esforços de compressão de até 320N e 750N: Para as aplicações em que os eletrodutos e suas conexões ficam submetidos a esforços de compressão de até 320N, devese utilizar no mínimo a classe de resistência "leve", para esforços até 750N, devese utilizar no mínimo a classe de resistência "médio", para esforços de compressão de até 1250N, devese utilizar a classe de resistência mecânica "pesado". A NCM 3917.31.00 descreve os tubos flexíveis que podem suportar uma pressão mínima de 27,6 MPa. O pascal (Pa) é uma unidade padrão de pressão e equivale à força de 1 (um) Newton aplicada uniformemente sobre uma superfície de 1 (um) m2. Logo 27,6 Mpa equivale a 27.600.000 Newton/metro2. Concluímos que a pressão suportada pelos produtos está muito abaixo do mínimo estipulado pela NCM 3917.31.00, não atendendo a descrição da mercadoria ao que está descrito nessa NCM. Chegamos a conclusão que pela aplicação da RGI6 para o produto "eletroduto corrugado" é aplicável a subposição 3917.32. E como o produto é fabricado com PVC, policloreto de polivinila, deve ser aplicada a NCM 3917.32.90. Para o produto "tubo extensível universal" concluímos pela subposição 3917.33, e como não existe desdobramento para essa subposição temos que se aplica a NCM 3917.33.00 Outros, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, com acessórios. Já que segundo o catálogo da empresa esse sifão extensível universal vem acompanhado de acessórios. Fl. 617DF CARF MF 22 Depois dessa longa explicação concluo por negar provimento ao Recurso Voluntário e pela manutenção da Classificação Fiscal identificada pela Fiscalização no auto de infração. Por todo a exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes, Redatora designada Fl. 618DF CARF MF
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Numero do processo: 10909.006919/2008-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 12/01/2004 a 31/01/2005
PRESTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DOS DADOS DE EMBARQUE
A partir da vigência da Medida Provisória nº 135/2003, a prestação extemporânea da informação dos dados de embarque por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea e do DecretoLei nº 37/1966, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP citada, que foi posteriormente convertida na Lei nº 10.833/2003.
Numero da decisão: 3401-005.109
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Mara Cristina Sifuentes - Relatora.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Marcos Roberto da Silva, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: MARA CRISTINA SIFUENTES
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DADOS EMBARQUE Recorrente MAERSK BRASIL BRASMAR LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 12/01/2004 a 31/01/2005 PRESTAÇÃO EXTEMPORÂNEA DOS DADOS DE EMBARQUE A partir da vigência da Medida Provisória nº 135/2003, a prestação extemporânea da informação dos dados de embarque por parte do transportador ou de seu agente é infração tipificada no artigo 107, inciso IV, alínea ‘e’ do DecretoLei nº 37/1966, com a nova redação dada pelo artigo 61 da MP citada, que foi posteriormente convertida na Lei nº 10.833/2003. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Relatora. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Marcos Roberto da Silva, Cássio Schappo, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antônio Souza Soares, Tiago Guerra Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 9. 00 69 19 /2 00 8- 01 Fl. 682DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 683 2 Relatório Por bem descrever os fatos reproduzo, resumidamente o relatório que consta no acórdão da DRJ Florianópolis, que julgou improcedente a impugnação, por unanimidade de votos: O presente processo trata de auto de infração por descumprimento de obrigação de prestação da informação dos dados de embarque de carga embarcada ao exterior. Valor total da autuação R$ 805.000,00. Intimada, ingressou a contribuinte com impugnação. Seguem argumentos da impugnante. Sendo a impugnante cumpridora de suas obrigações fiscais, ao perceber o lapso temporal já transcorrido desde o embarque das mercadorias, imediatamente sanou o equivoco e procedeu ao registro dos dados de embarque de forma voluntária e espontânea, antes de qualquer procedimento fiscal tendente à cobrança. Assim, nos termos do artigo 138 do CTN, a impugnante está excluída de responsabilidade. Da leitura do artigo 138 do CTN, concluise que o legislador fez uma distinção muito clara entre duas hipóteses possíveis para aplicação do instituto da denúncia espontânea. A primeira delas caracterizase naqueles casos em que o contribuinte comete a infração, confessaa e recolhe tributo devido, acrescido de juros de mora, antes de qualquer procedimento fiscalizatório. Já a segunda hipótese ocorre naqueles casos em que o contribuinte comete a infração, ainda em relação à obrigação acessória, confessaa e a regulariza, sem o pagamento de qualquer tributo antes de qualquer procedimento fiscalizatório. Em outras palavras, essa hipótese se refere àqueles casos em que há o descumprimento de determinada obrigação acessória pelo contribuinte. Portanto, a expressão "se for o caso", contido bojo do artigo 138 do Código Tributário Nacional, foi lá inserida pelo legislador justamente para regular aquelas hipóteses em que o contribuinte deixa de cumprir uma determinada obrigação acessória e, antes de iniciado qualquer procedimento de fiscalização, possibilita que ele a regularize, sem o pagamento de qualquer multa. Alega atipicidade da conduta. Não houve ausência de prestação de informação, que é o tipo infracional objeto da autuação fiscal, e sim informação fora do prazo. Além disso, a suposta conduta atribuída à impugnante não existiu uma que, à época dos fatos geradores vigorava a antiga redação do artigo 37 da Instrução Normativa SRF no 28, de 27 de abril de 1994, a qual estabelecia que o registro dos dados das mercadorias no Siscomex deveria ocorrer imediatamente após o embarque das mercadorias. Não havia definição sobre o alcance Fl. 683DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 684 3 do termo "imediatamente", nem prazo definido para o respectivo registro. Tal situação só foi regularizada após 15/02/2005, com a publicação no DOU da Instrução Normativa SRF nº 510, de 14 de fevereiro de 2005, que alterou várias disposições da Instrução Normativa no 28/94. Alega a inexistência de prejuízo ao Erário. Defende a aplicação do princípio da razoabilidade, e, com base no na SCI Cosit nº 08/2008, afirma que a multa deve ser aplicada somente uma única vez (R$ 5.000,00) independe da quantidade de navios. Em 21/01/2013 foi efetuada a ciência postal ao contribuinte que protocolou recurso voluntário no dia 19/02/2013, conforme consta na fl. 620. E também consta no processo a informação da juntada eletrônica do documento na data de 20/02/2013. Resumidamente, em seu recurso voluntário, a empresa alega: ilegitimidde passiva. A recorrente não é transportador das cargas, mas agente de navegação, tendo atuado como agente do transportador. O conhecimento de embarque foi emitido pelo grupo AP Moller; vício formal no auto de infração. A descrição dos fatos foi realizada de forma incompleta e incorreta; A conduta da recorrente não caracteriza o tipo legal sob o qual se justifica imposição de multa. O enquadramento legal foi o art. 107, IV, alínea “e” do Decretolei 37/66; a multa aplicada ao transportador deverá ser única conforme Solução de Consulta Cosit de 14/02/2008; deve ser aplicada a denúncia espontânea já que os dados de embarque foram informados antes da lavratura do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheira Mara Cristina Sifuentes, Relatora Preliminarmente esclareço que em 21/01/2013 foi efetuada a ciência postal ao contribuinte que protocolou recurso voluntário no dia 19/02/2013. E também consta no processo a informação da juntada eletrônica do documento na data de 20/02/2013. Considerando então o protocolo em 19/02/2013012 temse que o recurso voluntário é tempestivo e preenche as demais condições de admissibilidade, por isso dele tomo conhecimento. Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 685 4 Quanto a primeira alegação da recorrente sobre a ilegitimidade passiva, já que a empresa não é a transportadora da carga, mas sim agente do transportador, com poderes para representar transportador estrangeiro no país, temse que carece de amparo legal. O artigo 37 do DecretoLei nº 37/66 (redação dada pelo artigo 77 da Lei 10.833/2003), prescreve o dever do transportador de prestar informações sobre as cargas que transportar: Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. E o art. 107 do mesmo diploma legal traz a sanção a ser aplicada no caso de descumprimento dos prazos estabelecidos pela RFB: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; A RFB, com a finalidade de preencher a lacuna legal e com autorização legislativa, equiparou ao transportador a agência de navegação representante no país do transportador estrangeiro, conforme disposto na IN RFB nº 800/2007: Art. 4º A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. §1º Entendese por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. §2º A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. §3º Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador. Art.5ºAs referências nesta Instrução Normativa a transportador abrangem a sua representação por agência de navegação ou por agente de carga. Fl. 685DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 686 5 Como se trata se infração à legislação aduaneira e estando clara a participação da recorrente na prática da infração, por ser o responsável pela prestação das informações relativas às carga no Siscomex, ele responde pela penalidade aplicada, conforme art. 95, inciso I, do DecretoLei nº 37/66: Art. 95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; ... O art. 135 do CTN determina que a responsabilidade é exclusiva do infrator em relação aos atos praticados pelo mandatário ou representante com infração à lei. Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. (grifos nossos) E por fim, o Decretolei nº 37/66, no seu art. 94 dispõe que: Art.94 Constitui infração toda ação ou omissão, voluntária ou involuntária, que importe inobservância, por parte da pessoa natural ou jurídica, de norma estabelecida neste DecretoLei, no seu regulamento ou em ato administrativo de caráter normativo destinado a completálos. § 1º O regulamento e demais atos administrativos não poderão estabelecer ou disciplinar obrigação, nem definir infração ou cominar penalidade que estejam autorizadas ou previstas em lei. § 2º Salvo disposição expressa em contrário, a responsabilidade por infração independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. (grifos nossos) A recorrente alega vício formal no auto de infração, informando que a descrição dos fatos foi realizada de forma incompleta e incorreta, já que ela é indicada como transportadora quando, de fato, é agente marítimo. Estando superada a discussão quanto à legitimidade da autuação e da responsabilidade da empresa pela infração, passemos a análise do auto de infração quanto ao cumprimento dos requisitos formais estipulados por lei. Analisado as peças do auto de infração constantes do volume I do processo administrativo vejo que o mesmo preenche os requisitos previstos no Decreto nº 70.235/72: Fl. 686DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 687 6 Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O sujeito passivo esta perfeitamente indicado no Auto de Infração: No auto de infração consta a informação que a descrição dos fatos e os respectivos enquadramentos legais encontramse em folhas de continuação anexas, como em todos os autos lavrados pela RFB. Os anexos, assim como o TVF, Termo de Verificação Fiscal, fazem parte do auto de infração. Também consta do auto de infração o enquadramento legal da autuação: Art. 107, inciso IV alínea "e" do DecretoLei n° 37/66 com a redação dada pelo art.77 da Lei nº 10.833/03. E as datas dos fatos geradores constam em lista às fls. 7 a 18 dos autos. Concluo pelo cumprimento dos requisitos formais previstos no Decreto nº 70.235/72, e que não houve prejuízo ao contraditório e a ampla defesa da recorrente. Outra alegação apresentada pela recorrente é quanto a sua conduta não caracterizar o tipo legal sob o qual se justifica imposição de multa. O enquadramento legal foi o art. 107, IV, alínea “e” do Decretolei 37/66: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 688 7 serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; (grifos nossos) Da leitura do dispositivo legal sancionador temos que duas devem ser as condutas adotadas pela empresa para que seja imputada a sançao: 1) deixar de prestar informação... e 2) na forma e no prazo estabelecidos pela RFB. A recorrente alega que prestou as informações, entretanto intempestivamente, o que configura o descumprimento da segunda parte da tipificação sancionatória. A Lei dispõe que a RFB estabelecerá a forma e o prazo para prestação de informações sobre veículo ou carga transportada. À época dos fatos, 12/01/2004 a 31/01/2005, estava vigente a IN SRF nº 28/1994, que dispunha sobre a prestação de informações: Art. 37. Imediatamente após realizado o embarque da mercadoria, o transportador registrará os dados pertinentes, no SISCOMEX, com base nos documentos por ele emitidos. Parágrafo único. Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no SISCOMEX, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos à unidade da SRF de despacho. (grifos nossos) Entretanto, a norma infralegal trazia a disposição que a informação deveria ser prestada imediatamente, e muitas foram as dúvidas suscitadas sobre a abrangência e delimitação do termo “imediatamente”. Com o objetivo de esclarecer essas dúvidas a RFB publicou a Notícia Siscomex nº 105, de 27 de julho de 1994, abrandando o termo “imediatamente”, mediante aceitação do prazo 24 horas da data do efetivo embarque: 2) POR OPORTUNO, ESCLARECEMOS QUE O TERMO ‘IMEDIATAMENTE’, CONTIDO NO ART. 37 DA IN 28/94, DEVE SER INTERPRETADO COMO ‘EM ATE 24 HORAS DA DATA DO EFETIVO EMBARQUE DA MERCADORIA, O TRANSPORTADOR REGISTRARÁ OS DADOS PERTINENTES, NO SISCOMEX, COM BASE NOS DOCUMENTOS POR ELE EMITIDOS’. SALIENTAMOS O DISPOSTO NO ART. 44 DA REFERIDA IN, OU SEJA, A PREVISÃO LEGAL PARA AUTUAÇÃO DO TRANSPORTADOR NO CASO DE DESCUMPRIMENTO DO PREVISTO NO ARTIGO ACIMA REFERENCIADO. Logo, a RFB, dentro das suas incumbências legais, definiu o prazo para a prestação de informação. E à época dos fatos vigorava a prazo de até 24 horas da data do efetivo embarque da mercadoria para que o transportador registrasse os dados da carga no Siscomex. Ressalto que os fatos geradores ocorreram no período de 12/01/2004 a 31/01/2005 e autuação se deu em 03/12/2008. Portanto à época dos fatos geradores vigorava o prazo de até 24 horas, mas esse prazo foi estendido com a edição da IN SRF nº 510, de 14 de fevereiro de 2005, para 7 (sete) dias: Fl. 688DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 689 8 Art. 37. O transportador deverá registrar, no Siscomex, os dados pertinentes ao embarque da mercadoria, com base nos documentos por ele emitidos, no prazo de dois dias, contado da data da realização do embarque. Links para os atos mencionados § 1º Na hipótese de embarque de mercadoria em viagem internacional, por via rodoviária, fluvial ou lacustre, o registro de dados do embarque, no Siscomex, será de responsabilidade do exportador ou do transportador, e deverá ser realizado antes da apresentação da mercadoria e dos documentos na unidade da SRF de despacho. Links para os atos mencionados § 2º Na hipótese de embarque marítimo, o transportador terá o prazo de sete dias para o registro no sistema dos dados mencionados no caput deste artigo. (NR) (grifos nossos) Da leitura do TVF, temos que a fiscalização considerou apenas as informações prestadas em prazo superior a 7 (sete) dias, aplicando a SCI Cosit nº 8/2008: Emitido o MPF, foram pesquisados, nos sistemas SISCOMEX e DWAduaneiro, todos os embarques realizados pela transportadora já qualificada, gerandose a planilha anexa. Na planilha, constam os dados das exportações nas quais se constatou que havia um prazo maior que 7 (sete) dias entre o embarque da mercadoria e a informação dos dados de embarque no SISCOMEX. 0 prazo de sete dias, apesar de ter sido definido apenas em 2005, como já citado, é um prazo mais benéfico para o transportador, haja vista que o prazo anterior era de apenas 24 horas. E, sendo um prazo mais benéfico ao transportador, podese invocar a retroatividade benigna para o transportador marítimo. Isto porque deixaram de ser consideradas infrações as informações de dados de embarque em prazos entre três e sete dias contados da data do embarque. Portanto, para as exportações realizadas em 2004, objeto do MPF citado, há de se aceitarem as informações de dados de embarque realizadas em até sete dias contados do embarque. Somente se consideram infrações os casos em que as informações de embarque tiverem sido registradas em prazos superiores a 7 (sete) dias. Também pode ser visto nos autos, fls. 24, que apesar de ocorrerem várias exportações na mesma data, foi aplicada a multa um única vez por data de embarque e não por declaração de exportação: Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 690 9 Fl. 690DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 691 10 Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 692 11 Quanto à alegação de que não houve prejuízo ao erário, já que a empresa prestou as informações, mesmo que intempestivamente, não merecer prosperar tampouco. Importante relembrar que as sanções aplicadas no âmbito aduaneiro almejam mais significativamente a garantia do controle aduaneiro, pois a fiscalização e o controle sobre o comércio exterior são essenciais à defesa dos interesses fazendários nacionais, conforme artigo 237 da Constituição Federal, de 1988. Por isso uma informação prestada, e declarada pelo contribuinte, em momento oportuno permite que a Secretaria da Receita Federal do Brasil do Brasil exerça sua competência institucional, e assim garanta a defesa dos interesses fazendários e em um escopo maior a defesa da economia nacional. E por se tratar de descumprimento de obrigação acessória, a penalidade independe do efetivo prejuízo ao Erário. Além disso, a responsabilidade aduaneira/tributária independe da intenção do agente e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (prejuízo ao Fisco), nos termos do artigo 94, §2º, do Decretolei nº 37/66 e 136 do CTN. A recorrente insurgese contra a aplicação de várias multas, e no seu entendimento deveria ser aplicada somente uma vez, apresentando para justificar sua tese a Solução de Consulta Cosit nº 08 de 14/02/2008: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS DESPACHO DE EXPORTAÇÃO. MULTA POR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS APÓS O PRAZO. Aplicase a retroatividade benigna prevista na alínea “b” do inciso II do art. 106 do CTN, pelo não registro no Siscomex dos dados pertinentes ao embarque da mercadoria no prazo Fl. 692DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 693 12 previsto no art. 37 da IN SRF no 28, de 1994, em face da nova redação dada a este dispositivo pela IN SRF no 510, de 2005. Para as infrações cometidas a partir de 31 de dezembro de 2003, a multa a ser aplicada na hipótese de o transportador não informar, no Siscomex, os dados relativos aos embarques de exportação na forma e nos prazos estabelecidos no art. 37 da IN SRF no 28, de 1994, é a que se refere à alínea “e” do inciso IV do art. 107 do Decretolei no 37, de 1966, com a redação dada pela Lei no 10.833, de 2003. Deve ser aplicada ao transportador uma única multa de R$ 5.000,00, por se tratar de uma única infração. A recorrente utiliza uma interpretação equivocada da SCI Cosit nº 008/2008 haja vista que a mesma determina a aplicação da multa de R$ 5.000,00 pelo atraso na prestação dos dados de embarque por cada navio transportador, e não uma única vez independente da quantidade de navios. Se prevalecesse a interpretação da recorrente, uma vez que a mesma atrasou a prestação da informação do primeiro navio do presente auto de infração, a mesma nunca mais se interessaria em prestar as informações dos dados de embarque dos navios restantes. Conforme já esclarecido acima, foi aplicada a multa por data de embarque e por navio, pela interpretação mais benéfica esclarecida na SCI Cosit nº 08/2008, se não fosse pela aplicação da SCI pela fiscalização a multa poderia alcançar valores muito maiores, já que foram várias as declarações de exportação embarcadas no mesmo navio, na mesma data. Por fim, a recorrente pleiteia pela aplicação da denúncia espontânea já que os dados de embarque foram informados antes da lavratura do auto de infração, o que se coaduna com o instituto e afasta o entendimento de intempestividade, em conformidade com o previsto no art. 102, § 2º, do Decretolei 37/1966, com redação dada pela Lei nº 12.350/2010, a seguir reproduzido: Art. 102 A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do imposto e dos acréscimos, excluirá a imposição da correspondente penalidade. (Redação dada pelo DecretoLei nº 2.472, de 01/09/1988) [...] § 2º A denúncia espontânea exclui a aplicação de penalidades de natureza tributária ou administrativa, com exceção das penalidades aplicáveis na hipótese de mercadoria sujeita a pena de perdimento. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A alegação da recorrente não procede, porque a denúncia da infração não restou configurada, haja vista que, embora realizada antes do “início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração” (CTN, art. 138, parágrafo único), as informações foram prestadas após a “entrada do veículo procedente do exterior”, o que afasta a aplicação da referida excludente de responsabilidade, segundo preceitua o art. 683, § 3º, do Decreto 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009 RA/2009), que tem o mesmo teor do art. 612, § 3º, do Decreto 4.543/2002, Regulamento Aduaneiro (RA/2002) anterior, vigente à época dos fatos, in verbis: Art. 612. A denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso [...] Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 694 13 § 3º Depois de formalizada a entrada do veículo procedente do exterior não mais se tem por espontânea a denúncia de infração imputável ao transportador. (grifos nossos) Também é importante salientar que o objetivo da norma é estimular que o infrator informe, espontaneamente, à Administração Aduaneira a prática das infrações. No caso das infrações administrativas estão incluídas todas as obrigações acessórias ou deveres instrumentais que tenham por objeto as prestações positivas (fazer ou tolerar) ou negativas (não fazer) instituídas no interesse da fiscalização das operações de comércio exterior. É meu entendimento que para aplicação do instituto da denúncia espontânea, temse por condição necessária que a infração seja passível de denunciação à fiscalização pelo infrator. No âmbito da legislação aduaneira, existem impossibilidades de aplicação dos efeitos da denúncia espontânea de ordem legal. É o ordenamento jurídico que traz a vedação da incidência da norma ao excluir determinado tipo de infração do alcance do efeito excludente da responsabilidade por denunciação espontânea da infração cometida. Existem determinadas condutas do infrator que quando realizadas extemporaneamente impedem a aplicação da denúncia espontânea. Nesses casos a denúncia espontânea não tem o condão de desfazer ou paralisar o fluxo do tempo. Estão incluídas nessa modalidade toda infração que tem o atraso no cumprimento da obrigação acessória (administrativa) como elementar do tipo da conduta infratora. Em outras palavras, toda infração que tem o fluxo ou transcurso do tempo como elemento essencial da tipificação da infração. Se admitida a denúncia espontânea para infração por atraso na prestação de informação, o cometimento da infração, em hipótese alguma, resultaria na cobrança da multa sancionadora, uma vez que a própria conduta tipificada como infração seria, ao mesmo tempo, a conduta configuradora da denúncia espontânea da respectiva infração. Em consequência, ainda que comprovada a infração, a multa aplicada seria sempre inexigível, em face da exclusão da responsabilidade do infrator pela denúncia espontânea da infração. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e no mérito por negar lhe provimento. (assinado digitalmente) Mara Cristina Sifuentes Relatora Fl. 694DF CARF MF Processo nº 10909.006919/200801 Acórdão n.º 3401005.109 S3C4T1 Fl. 695 14 Fl. 695DF CARF MF
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Numero do processo: 10840.905708/2012-62
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Aug 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2012
PROCESSUAL - ADMINISTRATIVO - NULIDADE RECONHECÍVEL DE OFÍCIO
Falece, à DRJ, competência para considerar "não-declarada" compensação analisada e não homologada pela Delegacia da Receita Federal, impondo-se, neste passo, o reconhecimento de sua nulidade de ofício, nos termos do art. 59, II, do Decreto 70.235/72
Numero da decisão: 1302-002.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, para acolher a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, suscitada de ofício pelo Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca, determinando o retorno dos autos à DRJ para que seja proferida nova decisão, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2012 PROCESSUAL ADMINISTRATIVO NULIDADE RECONHECÍVEL DE OFÍCIO Falece, à DRJ, competência para considerar "nãodeclarada" compensação analisada e não homologada pela Delegacia da Receita Federal, impondose, neste passo, o reconhecimento de sua nulidade de ofício, nos termos do art. 59, II, do Decreto 70.235/72 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, para acolher a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, suscitada de ofício pelo Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca, determinando o retorno dos autos à DRJ para que seja proferida nova decisão, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 90 57 08 /2 01 2- 62 Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10840.905708/201262 Acórdão n.º 1302002.884 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Cuida o feito de pedido de compensação de crédito resultante de pretenso indébito concernente à CSLL trimestral recolhida no ano de 2012, para quitação do mesmo tributo devido no mesmo ano calendário. Este pedido não foi homologado pela Unidade de Origem, cujo despacho decisório consignou a seguinte motivação fática: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. O contribuinte opôs a sua manifestação de inconformidade para deduzir alegações de nulidade de praxe, comumente apresentadas em processos como o ora analisado, afirmando ser desmotivado o despacho decisório e, mais, ter ocorrido cerceamento de defesa por não ter sido franqueado, à empresa, a produção de provas concernentes ao crédito cuja compensação se postulava. No mérito, afirmou que o crédito teria origem numa genérica assertiva de que a empresa teria incluído na base de cálculo receitas que, a teor de "algumas teses tributárias já julgadas pelo Suprem Tribunal Federal de favorável aos contribuinte, a exemplo (!?) a ampliação da base de cálculo por alterar o conceito de faturamento, a exclusão da base de cálculo de determinas despesas, etc (?!?). Pediu, ao fim, a produção de prova pericial, sem, inclusive, declinar os quesitos necessários à análise de validade do pedido, a teor dos preceitos do art. 16, IV, do Decreto 70.235/72. Instada a analisar as razões de insurgência do contribuinte, a DRJ de Ribeirão Preto, inovando o despacho decisório, houve por bem considerar não declarada a compensação deixando, consequentemente, de conhecer da aludida manifestação. Cientificado do conteúdo do acórdão em 04/02/2014, a empresa interpôs seu recurso voluntário em 28/02/2014, por meio do qual, a par de uma "preliminar" de tempestividade totalmente estranha ao feito, basicamente reiterou os argumentos deduzidos em sua manifestação de inconformidade. Este é o relatório. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 10840.905708/201262 Acórdão n.º 1302002.884 S1C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.872, de 14/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10840.905696/2012 76, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.872): Aos meus pares, vale o destaque: este processo é, virtualmente, idêntico ao PA de nº 3851.903041/201222, cujo acórdão de nº 1302002.642 já foi, inclusive, objeto de publicação. Assim, peço vênia, antes mesmo de me pronunciar sobre a tempestividade e os requisitos de cabimento do RV, para reproduzir todas as razões que lá expus, já que integralmente aplicável ao caso em análise: I Da análise do cabimento do RV e de questão de ordem pública prejudicial. Antes mesmo de me pronunciar sobre o cabimento do recurso, é necessário dirimir questão de relevo surgida apenas com o advento da decisão de primeira instância. Tal como descrito no relatório, a DRJRPO não conheceu da manifestação de inconformidade por entender que o crédito, cuja compensação se postulava, decorreria, a seu ver, de discussão judicial, o que, em tese, atrairia, ao caso, a aplicação da regra encartada no artigo 74, § 12, II, “f”, da Lei n.º 9.430, de 1996. Como a decisão primerva considerou como "não declarada" a compensação, entendeu descabida a manifestação de inconformidade já que, nesta hipótese, caberia tão só o recurso hierárquico a que alude o art. 56 da Lei 9.784/96 (por força da determinação constante do art. 39, § 2º, da IN 900/08, vigente à época da transmissão da declaração de compensação). O grande problema, todavia, é que, a teor do art. 74, § 10, da citada Lei 9.430, só caberia recurso a este Conselho para o caso de improcedência da manifestação inconformidade: § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10840.905708/201262 Acórdão n.º 1302002.884 S1C3T2 Fl. 5 4 Demais disso, reprisese, que, uma vez considerada como "nãodeclarada" a compensação, como já dito, descabe manifestação de inconformidade e, por conseguinte, recurso voluntário; o rito que se segue, neste passo, é, e apenas, aquele descrito na anteriormente citada Lei 9.784. Ou seja, em tese, não nos seria cabível conhecer do recurso voluntário. Todavia, entendo, particularmente, que a DRJ incorreu, no caso, em dois erros, data venia... Primeiramente, o crédito postulado pelo contribuinte não advinha de decisão judicial ou de alegação de inconstitucionalidade, já que, da DECOMP de nº (...), que efetivamente descreve o crédito, a sua origem e natureza, informa, explicitamente, que a pretensão deduzida pelo recorrente não estava fundada em discussão judicial. Insistase, a alegação, por demais genérica, de que haveria ocorrido um indébito em decorrência de eventual discussão judicial ou alegação de inconstitucionalidade de norma adveio, apenas, na manifestação de inconformidade. Por isso, inclusive, que a Unidade de Origem apenas deixou de homologar o pedido da empresa. Como não o fez, à DRJ competia, tão só, se pronunciar sobre a existência ou não do crédito, pena de, inclusive, incorrer em reformatio in pejus (como de fato o fez, já que ao considerar como nãodeclarada a compensação, o órgão Colegiado a quo tornou muito mais gravosa a situação do contribuinte). Vejam bem, a DRF não reconheceu o direito creditório pleiteado porque o contribuinte não cuidou de informálo! Não há, nos autos, notícias de que o recorrente tenha retificado eventuais declarações (DCTF) a fim de permitir à Unidade de Origem inferir a existência de um indébito restituível; tivesse a parte tomado tal providência a DRF cuidaria de intimálo para explicar tal retificação e, apresentadas as considerações constantes da manifestação de inconformidade, aí sim, considerar a aplicação dos preceitos do art. 74, § 12, da Lei 9.430/96. Como tais procedimentos não foram adotados, a DRF, corretamente, deixou de homologar a compensação pela razão já apontada no relatório acima: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10840.905708/201262 Acórdão n.º 1302002.884 S1C3T2 Fl. 6 5 Este o limite da atuação da DRJ; este o limite do objeto da manifestação de inconformidade que deveria ter sido observado pela instância a quo. Uma vez que não homologado o pedido de compensação, o cabimento da citada manifestação de inconformidade é decorrência estrita e lógica da Lei 9.430 (art. 74, § 7º,) e cabia à DRJ dela conhecer para, se assim entendesse cabível, julgála improcedente. No entanto, vale o destaque, o recurso voluntário não atacou o fundamento específico da DRJ; o contribuinte, digase, não se insurgiu, por seu apelo, contra o não conhecimento da sua manifestação de inconformidade nem tampouco questionou as razões que levaram ao colegiado de primeira instância a considerar não declarada a sua compensação. O recorrente, pois, não devolveu à este Conselho a matéria (que, na minha concepção, não encerra, neste ponto, o conhecimento de ofício), tendo, pois, se operado a preclusão neste particular (inteligência do art. 33 do Decreto 70.235/72). Resta a análise do segundo equívoco incorrido pela DRJ. E aqui, a discussão ganha um realce bastante diferente. Ainda que não disponha de artigo específico para determinar a competência para a análise das Declarações de Compensação transmitidas à DRF, a Lei 9.430 a todo momento deixa, quando menos, implícita tal competência (vejase, por exemplo, os preceitos do § 4º do art. 74). Nada obstante, a IN 1.300 (que revogou a IN 900, vigente à época da transmissão da DECOMP objeto deste feito), é suficientemente clara ao dispor, em seu art. 46, caput¸ "a autoridade competente da RFB considerará não declarada a compensação nas hipóteses previstas no § 3º do art. 41". O § 8º, deste mesmo preceito, põe um pedra de toque sobre o assunto: O lançamento de ofício da multa isolada de que tratam os §§ 6º e 7º será efetuado por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) da unidade da RFB que considerou não declarada a compensação. A competência, portanto, para considerar não declarada eventual compensação é exclusiva da DRF, cabendo ao Auditor Fiscal o mister de efetuar o lançamento da multa isolada preconizada pelos §§ 6º e 7º. Em linhas gerais, a DRJ não detém competência para considerar não declarada eventual compensação por ventura transmitida pelo contribuinte (até mesmo pelos motivos já suscitados anteriormente, já que as situações descritas no § 12 do art. 74 devem ser apuradas pela Auditoria Fiscal no curso da análise das DECOMP). Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10840.905708/201262 Acórdão n.º 1302002.884 S1C3T2 Fl. 7 6 Atentem, agora, para os preceitos do art. 59, II, do Decreto 70.235/72: Art. 59. São nulos: (...) II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. A luz de tais premissas, temse no caso, hipótese clara e inegável de nulidade do acórdão da DRJ que, inadvertidamente, proferiu decisão sobre matéria que não lhe competia analisar. E a nulidade descrita no art. 59, supra, é, esta sim, matéria de ordem pública conhecível em qualquer grau ou instância, conforme art. 64, §1º, do CPC, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo por força dos preceitos do art. 15 do mesmo digesto processual civil. Dito isto, a anulação do acórdão ora recorrido é medida que se impõe. II Conclusão. Diante disto, voto por conhecer do recurso voluntário (porque tempestivo) e declarar a nulidade da decisão de primeiro grau pelas razões expostas anteriormente, determinandose o retorno dos autos à DRJRPO a fim de que proceda à análise do mérito do pedido de compensação objeto desta demanda." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para acolher a preliminar de nulidade do acórdão recorrido, suscitada de ofício pelo Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca, determinando o retorno dos autos à DRJ para que seja proferida nova decisão, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 89DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.915381/2011-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 31 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO.
O recurso voluntário não é o momento processual adequado para trazer documentos novos, sequer mencionados na manifestação de inconformidade. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruí-lo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Não ocorrência de tais hipóteses de exceção no caso concreto.
Numero da decisão: 1401-002.712
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.Votaram pelas conclusões os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano e Daniel Ribeiro Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. O recurso voluntário não é o momento processual adequado para trazer documentos novos, sequer mencionados na manifestação de inconformidade. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruí-lo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Não ocorrência de tais hipóteses de exceção no caso concreto.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.Votaram pelas conclusões os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano e Daniel Ribeiro Silva. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
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PRECLUSÃO. Recorrente BROTO LEGAL ALIMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO. PRECLUSÃO. O recurso voluntário não é o momento processual adequado para trazer documentos novos, sequer mencionados na manifestação de inconformidade. É o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa, conforme o caso, e instruílo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão precluem. Há hipóteses de exceção para tal preclusão, a exemplo (i) das constantes dos incisos I a III do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 e (ii) de quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet. Não ocorrência de tais hipóteses de exceção no caso concreto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.Votaram pelas conclusões os Conselheiros Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano e Daniel Ribeiro Silva. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Livia De Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga e Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 53 81 /2 01 1- 75 Fl. 514DF CARF MF Processo nº 10830.915381/201175 Acórdão n.º 1401002.712 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório que não homologou compensação do(s) débito(s) discriminado(s) na Dcomp transmitida pela empresa. O Despacho Decisório considerou que, partir das características do DARF descrito na DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas estes foram integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação. Em sua manifestação de inconformidade a Contribuinte alegou, em síntese, que na DIPJ e DCTF do respectivo anocalendário não foram levadas em consideração algumas despesas que mudariam a base de cálculo do IRPJ, juntando DIPJ e DCTF retificadoras. A DRJ no Rio de Janeiro RJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2011 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Mantémse o despacho decisório se não comprovado o direito creditório pleiteado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada, a Contribuinte apresentou recurso voluntário tempestivo alegando, em síntese, que no anocalendário em discussão, não obstante tenha sido aprovada a distribuição de juros sobre o capital próprio (JCP), referidos valores não haviam sido contabilizados e declarados nas apurações dos respectivos tributos. Anos depois, ao verificar tal situação, a empresa então contabilizou os JCP, procedendo ao recolhimento do respectivo IRRF. Junta, então, documentos demonstrando o cálculo do JCP, Razão das contas demonstrando a contabilização extemporânea, comprovante de recolhimento do IRRF, memória de cálculo do IRPJ e da CSLL conforme a apuração "antiga" e respectivos comprovantes de recolhimento, memória de cálculo do IRPJ e CSLL retificadas e alteração contratual referente ao aumento do seu capital social. É o relatório. Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10830.915381/201175 Acórdão n.º 1401002.712 S1C4T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Relator Luiz Augusto de Souza Gonçalves O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.709, de 14/06/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10830.915387/2011 42, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.709): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, portanto dele conheço. Pleiteia a contribuinte, via declaração de compensação, o reconhecimento da dedutibilidade de juros sobre o capital próprio (JCP) que vieram a ser registrados na contabilidade em momento posterior. A decisão recorrida indeferiu a manifestação de inconformidade por considerar que a DCTF original serviu como confissão de dívida e a empresa não apresentou documentação que comprovasse erro que desse fundamento à retificação do tributo declarado e recolhido. De fato, em sua manifestação de inconformidade a contribuinte se limita a afirmar que o recolhimento foi indevido e a anexar declarações retificadoras, sem tecer qualquer explicação da razão pela qual a retificação estaria sendo feita, nem juntar qualquer documento relativo a tal apuração. Apenas em sede recursal é que a empresa explica o motivo pelo qual entende que ocorreu pagamento a maior de tributos e anexa documentos tais como o Razão e a memória de cálculo dos JCP. Entendo que no caso se operou a preclusão contra a Recorrente. Nos termos da legislação que regula o processo administrativo fiscal (em especial o Decreto 70.235/1972), os fundamentos do pedido ou de defesa, conforme o caso – assim como o pedido de diligência e as provas documentais devem ser apresentados por ocasião da manifestação de inconformidade ou da impugnação, precluindo o direito de o contribuinte fazêlo em outro momento processual, em regra. Fl. 516DF CARF MF Processo nº 10830.915381/201175 Acórdão n.º 1401002.712 S1C4T1 Fl. 5 4 Portanto, é o contribuinte quem delimita os termos do contraditório ao formular a seu pedido ou defesa (conforme o caso) e instruílo com as provas documentais pertinentes, de modo que, em regra, as questões não postas para discussão nesta ocasião precluem. E digo em regra porque existem as hipóteses de exceção. Por exemplo, os incisos do § 4º do artigo 16 do Decreto 70.235/1972 trazem hipóteses em que provas podem ser apresentadas em momento processual diverso da impugnação, quais sejam: (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refirase a fato ou a direito superveniente; e/ou (iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Neste caso, cabe ao contribuinte demonstrar, em petição fundamentada, a ocorrência de uma dessas condições, nos termos do § 5º do mesmo dispositivo. Outra exceção ocorre quando o argumento possa ser conhecido de ofício pelo julgador, seja por tratar de matéria de ordem pública1, seja por ser necessário à formação do seu livre convencimento, neste último caso em vista da vedação ao non liquet2. No caso, nenhuma de tais hipóteses de exceção resta configurada. Cumpre notar que, mesmo que assim não fosse, a Recorrente não logra sequer comprovar adequadamente seu direito, já que não foi juntado aos autos qualquer documento societário referente à deliberação dos JCP. Assim, mesmo que se 1 Costumase dizer que as matérias que o julgador deve conhecer de ofício são aquelas de ordem pública. É importante ressaltar, porém, que nem todas as matérias apreciáveis ex officio são necessariamente matérias de ordem pública, já que a lei processual, excepcionalmente, pode estabelecer que determinadas matérias de ordem privada sejam apreciadas de ofício. Neste sentido, Teresa Arruda Alvim Wambier explica: “Numa imagem matemática, dirseia que o conjunto de matérias examináveis de ofício é maior do que o das matérias de ordem pública. Portanto toda matéria de ordem pública é examinável de ofício, mas nem tudo o que pode ser examinado de ofício consiste em matéria de ordem pública” (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Nulidades do processo e da sentença. 4ª ed. São Paulo: RT, 1998, p. 137) 2De fato, se for para formar seu livre convencimento, o julgador pode conhecer de argumentos de fato ou de direito exofficio, desde que indique os motivos que levaram a tal decisão. Isso porque, em virtude do dever de decidir (proibição do non liquet), há o poderdever de aplicar ao caso a norma jurídica que o julgador entender mais pertinente, mesmo que não tenha sido suscitada pelas partes. Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10830.915381/201175 Acórdão n.º 1401002.712 S1C4T1 Fl. 6 5 admitisse a análise da documentação juntada e a supressão de instância daí decorrente, não seria possível verificar a procedência das alegações da Contribuinte. Neste sentido, oriento meu voto para negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 518DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10435.720473/2014-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2010, 2011
Simples Nacional. Omissão de Receitas. Lançamento.
A omissão de receitas, no caso de empresa optante do Simples Nacional, dá ensejo a lançamento de ofício do crédito tributário, observada a sistemática de apuração própria daquele regime.
Simples Nacional. Lançamento de Crédito Tributário. Despesas. Indedutibilidade.
Na apuração de crédito tributário na forma do Simples Nacional as despesas são indedutíveis da base de cálculo.
Multa. Efeito de Confisco. Exame na Esfera Administrativa. Impossibilidade.
No processo administrativo tributário é vedado o exame do caráter confiscatório da multa, por implicar a realização de controle de constitucionalidade, que foge à competência do CARF, conforme entendimento consagrado na Súmula CARF nº 2.
Numero da decisão: 1301-003.171
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Roberto Silva Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rotschild.
Nome do relator: ROBERTO SILVA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2010, 2011 Simples Nacional. Omissão de Receitas. Lançamento. A omissão de receitas, no caso de empresa optante do Simples Nacional, dá ensejo a lançamento de ofício do crédito tributário, observada a sistemática de apuração própria daquele regime. Simples Nacional. Lançamento de Crédito Tributário. Despesas. Indedutibilidade. Na apuração de crédito tributário na forma do Simples Nacional as despesas são indedutíveis da base de cálculo. Multa. Efeito de Confisco. Exame na Esfera Administrativa. Impossibilidade. No processo administrativo tributário é vedado o exame do caráter confiscatório da multa, por implicar a realização de controle de constitucionalidade, que foge à competência do CARF, conforme entendimento consagrado na Súmula CARF nº 2.
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OMISSÃO DE RECEITAS. LANÇAMENTO. A omissão de receitas, no caso de empresa optante do Simples Nacional, dá ensejo a lançamento de ofício do crédito tributário, observada a sistemática de apuração própria daquele regime. SIMPLES NACIONAL. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. DESPESAS. INDEDUTIBILIDADE. Na apuração de crédito tributário na forma do Simples Nacional as despesas são indedutíveis da base de cálculo. MULTA. EFEITO DE CONFISCO. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. No processo administrativo tributário é vedado o exame do caráter confiscatório da multa, por implicar a realização de controle de constitucionalidade, que foge à competência do CARF, conforme entendimento consagrado na Súmula CARF nº 2. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 43 5. 72 04 73 /2 01 4- 84 Fl. 1105DF CARF MF Processo nº 10435.720473/201484 Acórdão n.º 1301003.171 S1C3T1 Fl. 1.106 2 (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto e Amélia Wakako Morishita Yamamoto. Ausência justificada da Conselheira Bianca Felícia Rotschild. Relatório Tratase de recurso interposto por PAULO ANDRÉ CARDOSO DA SILVA ME, empresário individual já qualificado nos autos, contra o Acórdão nº 0365.456, da 4ª Turma da DRJ Brasília, que negou provimento à impugnação do recorrente e, assim, manteve o lançamento através do qual a Fiscalização constituiu crédito tributário relativo ao Simples Nacional, no montante de R$ 2.366.628,03. A autoridade lançadora constatou que o recorrente, embora se declarando inativo, auferiu receitas no período fiscalizado. Eis a descrição do fato, segundo o Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 158 a 161): A pessoa jurídica PAULO ANDRÉ CARDOSO DA SILVA ME, CNPJ/MF n° 08.069.151/000108, constituída em 29/05/2006, atuante na atividade Comércio Atacadista de frutas, verduras, raízes, tubérculos, hortaliças e legumes frescos CNAE 4633801, optou pelo SIMPLES NACIONAL, desde 01/07/2007, tendo apresentado as declarações anuais do simples nacional para os anos calendários de 2009, 2010 e 2011, declarando que permaneceu, durante os referidos anos calendários, sem efetuar qualquer atividade operacional, não operacional, financeira ou patrimonial, ou seja, declarouse INATIVO para os respectivos períodos objetos da presente ação fiscal. Em anexo cópias das respectivas Declarações apresentadas. (fl. 158) (...) 12.1 Da análise dos valores apurados nas planilhas que relacionam as notas fiscais eletrônicas emitidas pela fiscalizada e obtidas pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Caruaru PE, junto ao SPED Notas Fiscais, em confronto com as DASN apresentadas, das quais não constam quaisquer valores declarados, procedemos à análise dos dados apurados e constatamos o seguinte: 12.1.1 no ano calendário de 2010, constatamos receita bruta/faturamento, referente a emissão de notas fiscais eletrônicas, relacionadas na respectiva planilha anexa, para os meses de novembro e dezembro, nos montantes de R$ 343.083,52 e R$ 381.029,71, respectivamente; Fl. 1106DF CARF MF Processo nº 10435.720473/201484 Acórdão n.º 1301003.171 S1C3T1 Fl. 1.107 3 12.1.2 no ano calendário de 2011, constatamos receita bruta/faturamento, referente a emissão de notas fiscais eletrônicas, relacionadas na respectiva planilha, anexa, para os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro e outubro, nos montantes de R$ 541.317,99, R$ 1.126.201,17, R$ 1.341.600,09, R$ 1.580.607,90, R$ 1.507.488,34, R$ 1.083.898,00, R$ 1.278.336,75, R$ 1.216.513,20, R$ 20.201,00 e R$ 53.919,70, respectivamente; 13. Assim, a partir dos ajustes e com base nas informações obtidas junto as Notas Fiscais Eletrônicas emitidas pela fiscalizada, procedemos a elaboração da planilha de apuração da Receita Bruta de Vendas para os anos calendários de 2011, da qual consta a receita bruta apurada, base de cálculo do SIMPLES NACIONAL; (fl. 160) (...) 15. Da análise dos valores apurados em confronto com as DASN apresentadas, bem como, das planilhas elaboradas por esta fiscalização relativas à emissão das notas fiscais eletrônicas emitidas pela fiscalizada e do confronto entre a receita bruta apurada constante da planilha de "Apuração da Receita Bruta com Vendas", auferidas pela fiscalizada em razão das vendas efetuadas, conforme emissão das notas fiscais eletrônicas, com a receita declarada nas DASN apresentadas apuramos a "Receita Bruta com vendas" para os respectivos anos calendários de 2010 e 2011, fato este que configurou omissão de receita na revende de mercadorias em virtude da falta de escrituração do livro caixa, sendo este obrigatório para as empresas optantes do SIMPLES NACIONAL, bem como, pela fala de reconhecimento da referida receita bruta nas declarações anuais do simples nacional apresentadas pela fiscalizada. (fl. 160) O recorrente se insurgiu contra o lançamento, na impugnação de fls. 165 a 175), a que a DRJ BSB negou provimento em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010. 2011 NULIDADE. PRESSUPOSTOS. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2010. 2011 OMISSÃO DE RECEITAS. VALORES CONSTANTES DE NOTAS FISCAIS EMITIDAS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Constatado pela fiscalização omissão de receitas em notas fiscais emitidas pelo contribuinte, impõese o vinculado e obrigatório ato de lançamento de ofício dos tributos devidos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Não resignado, o contribuinte interpôs recurso, alegando nulidade preliminarmente por cerceamento de defesa, já que não existiu ato declaratório específico para excluílo do regime simplificado de tributação das microempresas. Disse o recorrente: 3.1.3 Feitos os devidos esclarecimentos passemos para a violação ao devido processo legal, ora V. Exa. a Empresa Recorrente em 01/07/2007 solicitou a sua inclusão no regime do simples nacional e por isso para que houvesse a exclusão caberia a Receita Federal do Brasil primeiramente instaurar um procedimento Fl. 1107DF CARF MF Processo nº 10435.720473/201484 Acórdão n.º 1301003.171 S1C3T1 Fl. 1.108 4 administrativo fiscal de exclusão do simples nacional, apurando os fatos e editando um ato declaratório, no qual há previsão expressa da ciência do contribuinte, bem como a possibilidade deste recorrer administrativamente, o que no caso em tela não ocorreu. 3.1.4 E que os efeitos da exclusão devem obedecer ao limite temporal estabelecido pela legislação, mais especificadamente no inciso IV do art. 15 da Lei 9.317/96, in verbis: (...) 3.1.5 Em outras palavras, devido à falta do ato declaratório de exclusão do simples nacional constatase que houve violação dos preceitos constitucionais da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal, tendo em vista que ao presumir a exclusão do simples nacional nos anos de 2010 e 2011, tal ato teve o condão de cercear o direito de defesa da empresa Recorrente. Alegou ainda irregularidade quanto ao aspecto temporal dos efeitos da exclusão, tendo em vista uma suposta ofensa a dispositivos da Lei nº 9.317/1996. O lançamento de crédito tributário está sujeito aos limites impostos pelos efeitos da exclusão, que não retroagem quando a causa for o excesso de receitas. Por outro lado, o auto de infração se baseou em presunção firmada a partir de notas fiscais de compra (sic), além de existir erro na aplicação das alíquotas previstas no anexo I da Lei Complementar nº 123/2006. Alegou que não foram observadas as formalidades inerentes ao lançamento, violando os disposto no art. 2º, inciso I e VIII, da Lei nº 9.784/1999. Ademais, teriam sido desconsideradas, na apuração da base de cálculo, as despesas operacionais incorridas no período. Por fim, acusou o caráter confiscatório da multa. Com essas alegações, pugnou pelo provimento do recurso. É o relatório. Fl. 1108DF CARF MF Processo nº 10435.720473/201484 Acórdão n.º 1301003.171 S1C3T1 Fl. 1.109 5 Voto Conselheiro Roberto Silva Junior, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos formais de admissibilidade. É necessário, de início, destacar três pontos. Primeiro é que, ao tempo dos fatos, já estava em vigor o Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006. O segundo é que o recorrente não foi excluído do regime de tributação das microempresas. E o terceiro é que o lançamento, motivado por omissão de receitas e contra o qual o recorrente se insurgiu, foi efetuado com base nas regras do Simples Nacional (LC nº 123/2006). Portanto, não tem pertinência com o caso em exame a alegação de cerceamento de defesa por ausência de ato exclusão do Simples. O ato não existiu porque exclusão não houve. Pelas mesmas razões, não cabe falar em eficácia retroativa da exclusão. Da mesma forma, carece de fundamento a alegação de ofensa aos dispositivos da Lei nº 9.317/1996, que instituiu, no âmbito federal, o regime favorecido para microempresas e empresas de pequeno porte. Isso porque, ao tempo dos fatos, já estava em vigor a Lei Complementar nº 123/2006, a qual, fundada no parágrafo único do art. 146 da Constituição, instituiu em âmbito nacional um regime tributário análogo ao da Lei nº 9.317. Notese que o art. 94 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias previa que, ao entrar em vigor a lei complementar nacional, editada com fulcro no art. 146, inciso III, alínea "d", da Constituição, estaria afastada automaticamente a aplicação de todas as leis editadas pelas entidades tributantes com o propósito de estabelecer regime de tributação favorecido para microempresa e empresa de pequeno porte. Confirase: Art. 94. Os regimes especiais de tributação para microempresas e empresas de pequeno porte próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cessarão a partir da entrada em vigor do regime previsto no art. 146, III, d, da Constituição. Estando em vigor em 2010 a Lei Complementar nº 123, já não se poderia cogitar de ofensa a dispositivos específicos da Lei nº 9.317. Portanto carece de fundamento qualquer alegação nesse sentido. O lançamento, como se pode facilmente constatar da leitura do auto de infração e do termo de verificação e encerramento, foi motivado por omissão de receitas. A forma de tributação adotada não se afastou da sistemática instituída pela Lei Complementar nº 123 e à qual o recorrente havia aderido. No caso de omissão de receitas, o lançamento de crédito tributário se faz com observância da forma de apuração própria do Simples Nacional. Quanto à alegação de erro na aplicação das alíquotas, cumpre dizer que o fato, além de não ter sido demonstrado pelo recorrente, só veio a ser arguido em recurso. O recorrente não atentou para o detalhe de que, no regime do Simples Nacional, as alíquotas são variáveis, definidas a partir da receita bruta acumulada nos doze últimos meses. Fl. 1109DF CARF MF Processo nº 10435.720473/201484 Acórdão n.º 1301003.171 S1C3T1 Fl. 1.110 6 No mérito, a questão suscitada é de que não teriam sido deduzidas as despesas operacionais na apuração do crédito tributário. As despesas operacionais não poderiam ser consideradas. Na sistemática do Simples Nacional, a apuração do crédito tributário leva em conta a receita bruta, da qual se admite apenas excluir as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos (art. 3º, § 1º, da LC nº 123/2006). No que tange à alegação de que a multa tem efeito confiscatório, a matéria não é passível de exame pelo CARF, pois implica, por vias transversas, o controle de constitucionalidade, o que é vedado de forma expressa a este órgão. Nesse sentido o art. 26A do Decreto nº 70.235/1972: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. O mesmo entendimento está consolidado no enunciado da Súmula CARF nº 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para no mérito negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Roberto Silva Junior Fl. 1110DF CARF MF
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Numero do processo: 19726.002879/2008-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/02/1996 a 28/02/1997
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
Caracterizada a intempestividade do Recurso Voluntário, não há dele de se conhecer.
Numero da decisão: 2402-006.315
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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INTEMPESTIVIDADE. NÃO CONHECIMENTO. Caracterizada a intempestividade do Recurso Voluntário, não há dele de se conhecer. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 72 6. 00 28 79 /2 00 8- 32 Fl. 322DF CARF MF Processo nº 19726.002879/200832 Acórdão n.º 2402006.315 S2C4T2 Fl. 102 2 Cuidase de Recurso Voluntário em face da DecisãoNotificação (DN) n. 17.401.4/0349/2005 Delegacia da Receita Previdenciária RJ Centro que julgou procedente o lançamento consignado na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n. 35.683.1965 consolidado em 31/03/2004 e constituído em 05/04/2004 no valor total de R$ 290.630,01 Competências: 02/1996 a 02/1997, com fulcro nas contribuições sociais devidas à Seguridade Social referentes à contribuição dos segurados empregados e quota patronal, inclusive aquelas destinadas ao Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), observando se que as contribuições em apreço foram apuradas por responsabilidade solidária e lançadas por arbitramento no tomador, baseadas na aplicação de percentuais sobre o valor das notas fiscais ou faturas emitidas pela empresa prestadora de serviços Infracon Engenharia e Comércio Ltda. 57.444.283/000188, em decorrência de execução de obras e serviços de construção civil, junto à INEPAR S/A Indústria e Construções CNPJ 76.627.504/001412 (contribuinte fiscalizado), no período de 02/1996 a 02/1997, conforme discriminado no Relatório Fiscal. Irresignada com o lançamento, a Recorrente (fiscalizada) INEPAR S/A Indústria e Construções CNPJ 76.627.504/001412 apresentou impugnação tempestiva, enquanto a empresa solidária Infracon Engenharia e Comércio Ltda. 57.444.283/000188 não apresentou defesa, não obstante ter sido citada por edital, vez que não foi encontrada no endereço cadastrado na RFB. A impugnação interposta pela INEPAR S/A foi julgada improcedente, havendo, portanto, sido considerado procedente o lançamento consignado na NFLD DEBCAD n. 35.683.1965, nos termos da DecisãoNotificação (DN) n. 17.401.4/0349/2005. Em face da DecisãoNotificação (DN) n. 17.401.4/0349/2005, da qual tomou ciência pessoal em 07/04/2005, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 10/05/2005 (data da postagem nos Correios Sedex). Sem contrrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. Inicialmente, é oportuno destacar a inconstitucionalidade da exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo, nos termos exatos da Súmula Vinculante STF n. 21. Assim, resta superada a discussão acerca do tema, impondose, destarte, o juízo de admissibilidade do Recurso Voluntário pelo prisma unicamente da tempestividade, mediante os requisitos previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores. É o que passo a fazer. A Recorrente foi cientificada da DecisãoNotificação DN n. 17.401.4/0349/2005 na data de 07/04/2005 (quintafeira), consoante recibo de entrega de efl. 121, iniciandose assim a contagem do prazo recursal no primeiro dia útil seguinte Fl. 323DF CARF MF Processo nº 19726.002879/200832 Acórdão n.º 2402006.315 S2C4T2 Fl. 103 3 08/04/2005 (sextafeira) e apresentou Recurso Voluntário em 10/05/2005 (data da postagem nos Correios Sedex). Com efeito, consta no envelope do SEDEX, reproduzido à efl. 123, carimbo da unidade de postagem (Vila Prado São Carlos/SP) que, a despeito de apresentar alguma dificuldade de leitura quanto ao mês, revela, pelos caracteres visíveis e considerando o contexto da cronologia das datas consignadas nos documentos envolvidos (DN n. 17.401.4/0349/2005, exarada em 01/04/2005; recibo de entrega, com data de 07/04/2005; e Recurso Voluntário, assinado em 05/05/2005), que a data de postagem foi, de fato, 10/05/2005. Na primeira página do Recurso Voluntário, mais precisamente na efl. 124, consta informação manuscrita sem qualquer identificação do servidor responsável pela recepção do documento, sendo, portanto, de autoria desconhecida complementando o protocolo da Agência do INSS informando data de postagem de 05/05/2005, que, não obstante coincida com a data de assinatura da referida peça recursal, não é confirmada no comprovante de entrega do Recurso Voluntário, no caso o envelope do SEDEX (efl. 123) que denuncia a data de 10/05/2005 , bem assim por qualquer outro documento constante dos autos. Nessa perspectiva, o Recurso Voluntário é intempestivo, vez que apresentado apenas em 10/05/2005 (terçafeira), e, uma vez que a contagem do prazo recursal iniciouse na data de 08/04/2005 (sextafeira), o término ocorreu, de fato, em 09/05/2005 (segundafeira), vez que o dia 07/05/2005 correspondeu a um sábado, dia não útil. Assim, não há de se CONHECER do Recurso Voluntário, forte no art. 33 do Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores. Ante o exposto, voto no sentido de NÃO CONHECER do Recurso Voluntário de efls. 124/158. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 324DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.722942/2016-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Período de apuração: 01/02/2012 a 31/10/2012
PRELIMINAR. NULIDADE DA DECISÃO. ELEMENTOS PROBATÓRIOS SUFICIENTES. IMPOSSIBILIDADE.
Não há que se falar em nulidade da decisão por ter deixado de analisar documentos apresentados juntamente com a impugnação, quando o julgador da instância de piso fundamentou a sua decisão em outros elementos probatórios anexados aos autos e suficientes à formação de sua convicção.
O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelo impugnante, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. Na verdade, o julgador tem o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar a conclusão adotada.
ALÍQUOTA ZERO SOBRE JUROS E COMISSÕES DE CRÉDITOS OBTIDOS NO EXTERIOR. REQUISITOS.
Para incidência da alíquota zero de IRRF sobre juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior faz-se necessária a comprovação da destinação dos recursos no financiamento de exportações. Inexistindo tal comprovação, aplica-se a alíquota de 25%.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 2402-006.494
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Período de apuração: 01/02/2012 a 31/10/2012 PRELIMINAR. NULIDADE DA DECISÃO. ELEMENTOS PROBATÓRIOS SUFICIENTES. IMPOSSIBILIDADE. Não há que se falar em nulidade da decisão por ter deixado de analisar documentos apresentados juntamente com a impugnação, quando o julgador da instância de piso fundamentou a sua decisão em outros elementos probatórios anexados aos autos e suficientes à formação de sua convicção. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelo impugnante, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. Na verdade, o julgador tem o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar a conclusão adotada. ALÍQUOTA ZERO SOBRE JUROS E COMISSÕES DE CRÉDITOS OBTIDOS NO EXTERIOR. REQUISITOS. Para incidência da alíquota zero de IRRF sobre juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior faz-se necessária a comprovação da destinação dos recursos no financiamento de exportações. Inexistindo tal comprovação, aplica-se a alíquota de 25%. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
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NULIDADE DA DECISÃO. ELEMENTOS PROBATÓRIOS SUFICIENTES. IMPOSSIBILIDADE. Não há que se falar em nulidade da decisão por ter deixado de analisar documentos apresentados juntamente com a impugnação, quando o julgador da instância de piso fundamentou a sua decisão em outros elementos probatórios anexados aos autos e suficientes à formação de sua convicção. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelo impugnante, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. Na verdade, o julgador tem o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar a conclusão adotada. ALÍQUOTA ZERO SOBRE JUROS E COMISSÕES DE CRÉDITOS OBTIDOS NO EXTERIOR. REQUISITOS. Para incidência da alíquota zero de IRRF sobre juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior fazse necessária a comprovação da destinação dos recursos no financiamento de exportações. Inexistindo tal comprovação, aplicase a alíquota de 25%. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 29 42 /2 01 6- 26 Fl. 3501DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 102 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em rejeitar a preliminar de nulidade, e, no mérito, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 3334/3381) em face do Acórdão n. 12 87.791 2ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO (efls. 3316/3325) que julgou improcedente a impugnação de efls. 2986/3031 e manteve o crédito tributário consignado no lançamento Auto de Infração IRRF no valor total de R$ 117.267.885,88 sendo R$ 52.958.960,40 de imposto (Código de Receita 2932); R$ 24.589.705,20 de juros de mora (calculados até 12/2016); e R$ 39.719.220,28 de multa proporcional (passível de redução) efls. 2977/2982 constituído em 15/12/2016 (efls. 2983/2984) Período de Apuração: 01/02/2012 a 31/10/2012 com fulcro na infração caracterizada por falta de recolhimento de imposto de renda retido na fonte (IRRF) incidente sobre juros pagos/remetidos a beneficiário no exterior, relativos a créditos decorrentes de contratos de pagamento antecipado de exportação, conforme discriminado no Termo de Verificação Fiscal (TVF) efls. 2944/2972. A decisão recorrida sintetiza o TVF (efls. 2944/2972) no essencial à compreensão da presente lide, que, por bem descrever os fatos, transcrevo ipsis litteris: [...] O Termo de Verificação Fiscal de fls. 2944/2971 descreve a interessada e suas atividades, elenca os pagamentos de juros efetuados durante o ano de 2012, bem como a legislação que a interessada se valeu para não apurar e recolher o IRRF, sob a alegação de que os empréstimos se destinaram a financiamento de exportações, conforme inciso XI do art. 1º da Lei nº 9.481/1997. Os empréstimos tomados à Gerdau Açominas Oversears Ltd. que originaram os juros tributados foram os seguintes: a. US$ 500.000.000,00 em 05/11/2007, para pagamento em 10 anos; b. US$ 600.000.000,00 em 17/04/2008 (com aditamento em 13/12/2010 para prorrogação de prazo e modificação da taxa de juros inicialmente acordada) para pagamento em 9,5 anos; e, Fl. 3502DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 103 3 c. US$ 151.000.000,00 em 24/08/2010, para pagamento em 10 anos. O valor deveria ser amortizado mediante exportação para a credora de bens produzidos pela interessada, e os juros seriam pagos semestralmente, inexistindo exigência de apresentação de cronograma formal de exportações, fianças ou garantias. O lançamento de IRRF, com base no art. 9º da Lei nº 9.779/1997, combinado com o art. 725 do RIR/1999 e art. 20 da IN SRF 15/2001, se deu por motivo dos valores, segundo o TVF, não terem sido utilizados para financiamentos de exportações, o que lhe garantiria a alíquota zero de IRRF, mas sim, nos mesmos dias de seus recebimentos, foram utilizados para aporte de capital em outra empresa, aquisição de participação societária e aumento de capital de empresa investida, todas no exterior, como segue: O contrato de 05/11/2007, no valor de US$ 500.000.000,00, naquela data equivalentes a R$ 875.375.000,00, foi depositado na conta corrente nº 37297963, da agência 0527, do Banco Real, no dia 06/11/2007, e naquele mesmo dia utilizado para aporte de capital na empresa canadense Gerdau Steel North América Inc – GSNAI (a fim desta aumentar o capital da empresa Gerdau Ameristeel Corporation), no valor total de R$ 899.834.855,39, tendo o valor saído da mesma conta do Banco Real e na mesma data (acrescido de outros créditos), conforme demonstrado às fls. 2951/2957. A conta do Banco Real possuía apenas R$ 707.750,54 antes do recebimento dos R$ 875.375.000,00, insuficientes, portanto, para o aporte de capital naquela mesma data de 06/11/2007. O TVF destaca que, desta forma, as exportações porventura havidas a partir daquela data não foram financiadas com recursos oriundos do contrato de US$ 500.000.000,00 com a Gerdau Overseas Ltd., dos quais foram amortizados apenas US$ 100.050.000,00 e somente em 2016 (até o mês de outubro), havendo descasamento entre o momento de internação dos recursos e a efetivação das exportações para fins de amortização. O contrato de 17/04/2008, no valor de US$ 600.000.000,00, naquela data equivalentes a R$ 992.700.000,00, foi depositado na mesma conta corrente nº 37297963, da agência 0527, do Banco Real, no dia 06/11/2007, e naquele mesmo dia utilizado para aquisição de 70% da empresa norteamericana Quanex Corporation (Gerdau Delaware Incorporated), de forma indireta pela aquisição de participação nas empresas Gerdau Macsteel Holdings Inc. e Gerdau Macsteel 2 LLC, tendo o valor saído da mesma conta do Banco Real e na mesma data, conforme demonstrado às fls. 2957/2963. A conta do Banco Real possuía apenas R$ 597.711,66 antes do recebimento dos R$ 992.700.000,00, insuficientes, portanto, para os investimentos na Gerdau Macsteel Holdings Inc. (R$ 363.843.260,00) e Gerdau Macsteel 2 LLC (R$ 628.456.540,00) naquela mesma data de 17/04/2008. O principal foi totalmente amortizado até 2016, mediante vinculação de exportações. O contrato de 24/08/2010, no valor de US$ 151.000.000,00, naquela data equivalentes a R$ 267.662.600,00, foi creditado na conta corrente nº 99524236, da Fl. 3503DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 104 4 agência 11, do Banco Citybank, transitou na conta Bradesco Tesouraria e, no mesmo dia, foi utilizado para aumento de capital na empresa Gerdau Internacional Empreendimentos Ltda, no montante de R$ 266.817.000,00, conforme demonstrado às fls. 2963/2969. Nenhum valor de principal havia sido amortizado até a data do auto de infração. [...] Irresignado com o lançamento, o sujeito passivo apresentou a impugnação de efls. 2986/3031, aduzindo, conforme narrado na decisão recorrida, em síntese: [...] "A fim de obter recursos para viabilizar suas exportações, contratou, nos anos de 2007, 2008 e 2010, financiamentos de exportação de longo prazo regulados pelos contratos junto à sua coligada Gerdau Açominas Overseas Ltd, com o objetivo de recebimento antecipado de exportações, na modalidade denominada “pré pagamento de exportação ou “recebimento antecipado de exportação” (PPE/RAE), restando acordado que o valor principal deveria ser pago, em caráter irrevogável e irretratável, mediante exportação de bens, mesmo na hipótese de pagamento antecipado. Os contratos foram devidamente registrados no SISBACEN por meio de ROFs com os códigos 2511 (recebimento antecipado de exportação) nunca tendo sido objeto de questionamento pelo BACEN, que não lançou dúvidas quanto à aplicação da alíquota zero de IRRF. Quanto a isso, alega que, segundo a Portaria MF 70/97, o BACEN seria o órgão competente para reconhecer a natureza jurídica da operação de financiamento externo para exportação, bem como a forma de comprovação da destinação dos recursos obtidos no exterior e que, tendo o mesmo chancelado o enquadramento das operações no conceito de PPE/RAE, não caberia à Fiscalização a desconstituição de tal classificação, segundo trecho de Acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da FazendaCARF que transcreve. Afirma que os montantes de principal vem sendo liquidados mediante exportações realizadas, sendo tal fato incontroverso. Protesta que a Fiscalização desconsiderou a natureza de financiamento de longo prazo ao alegar descasamento temporal entre o momento da internação dos recursos e a amortização; e que exigir lapso temporal entre o recebimento dos recursos e as exportações significaria desvirtuar o próprio instituto jurídico dos PPE/RAE e limitar – sem amparo legal – o alcance da alíquota zero apenas aos financiamentos de curto prazo em fase de préembarque. Também teria sido desconsiderada a natureza de contrato intragrupo, o que afastaria a necessidade de maiores garantias e formalidades, destacando que a própria regulamentação do BACEN não requer a apresentação de cronograma de exportação ou garantias como elementos necessários para definir a qualificação jurídica de um PPE/RAE no caso de captação junto às instituições financeiras, quão menos em um financiamento entre empresas interligadas. Discorre sobre os aspectos econômicos e estratégicos que envolveram o contexto internacional da atividade de exportação de aço pela indústria brasileira nos anos dos contratos de financiamento, bem como nos anos posteriores em que foram amortizados parcialmente; falando de sua posição no mercado internacional de aço e suas estratégias para manter e aumentar suas exportações, tendo sido necessário, Fl. 3504DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 105 5 para tal, sua internacionalização, o que se deu com a aquisição de empresas no exterior, em especial Canadá e EUA, bem como da necessidade de obtenção de financiamentos que garantissem sua produção e sua manutenção no mercado internacional em momento de crise, o que foi conseguido. Afirma que cumpriu o requisito legal para a fruição da alíquota zero de IRRF sobre os juros pagos no âmbito dos PPE/RAE, qual seja, a efetiva exportação como forma de pagamento do valor do principal. Discorre sobre as características e histórico dos financiamentos à exportação, tais como os PPE/RAE, e a incidência de IRRF sobre os juros pagos nos mesmos, alegando inexistir legislação ou normas que determinem e detalhem a demonstração da aplicação dos recursos para fins de atendimento ao requisito de alíquota zero, podendo assim os mesmos serem aplicados da forma que o exportador considerar adequada, desde que alcançados os objetivo de serem feitas exportações após o ingresso dos recursos e o financiamento seja adimplido pelas mesmas. Discorre sobre as normas expedidas pelo BACEN aplicáveis aos financiamentos à exportação, que igualmente não determinam a forma de aplicação dos recursos obtidos no exterior, apenas garantindo que o embarque das mercadorias exportadas ocorra e determinando que as amortizações devem ser efetuadas mediante embarque das mercadorias ou prestação de serviços, tendo tal requisito sido devidamente cumprido no presente caso. Assim, não existiria qualquer norma legal ou infralegal que limitasse ou regulasse a forma de aplicação dos recursos obtidos através de financiamentos no exterior, cabendo ao tomador do crédito analisar de que forma tais recursos podem ser aplicados a fim de fomentar suas exportações. Para comprovação da utilização bastaria efetuar exportações no montante captado e prazo do contrato, amortizando o mesmo com o valor de tais exportações, tendo tal requisito sido devidamente cumprido, uma vez que o saldo dos PPE/RAE tem sido devidamente amortizado mediante exportações de mercadorias. Transcreve ementas e trechos de Acórdãos do CARF, repetindo que a forma de comprovação inequívoca da aplicação dos recursos na exportação é a efetiva realização das mesmas no prazo do contrato. Alega que o desvio da destinação dos recursos captados fica evidente apenas e tão somente nos casos em que não haja exportação de mercadorias, ficando evidente a comprovação do uso dos recursos no caso em que hajam efetivas exportações. Protesta ter sido parcial e limitada a atividade fiscalizatória, uma vez que se focou em apenas duas contas bancárias, nas quais os recursos foram depositados, não avaliando de forma efetiva a posição de caixa e ativos financeiros líquidos da empresa que seriam suficientes para os investimentos no exterior sem a necessidade de contratação de empréstimos junto a terceiros. Assim, caberia à empresa, na boa gestão de seu capital, selecionar os recursos disponíveis para a implementação de seu plano estratégico no exterior, sem deixar de cumprir com as obrigações de exportações assumidas no âmbito dos contratos. O caráter de fungibilidade do dinheiro não teria sido levado em consideração, com o absurdo de que cada nota de dinheiro recebido pudesse receber um “carimbo” identificador que permitisse o rastreamento de sua utilização, não podendo a destinação ser aferida pela simples demonstração de remessas ao exterior na mesma data da captações dos recursos, mormente em contratos de longo prazo. Fl. 3505DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 106 6 Quanto a isso, seria inadmissível exigir que os recursos recebidos ficassem depositados em conta corrente até que ocorresse a efetiva exportação das mercadorias, em até uma década depois. A análise também teria sido estanque, uma vez que confinada a movimentações de recursos no mesmo dia em que recebidos, ignorando o fato dos PPE/RAE contratados serem financiamentos de longo prazo. Assim não sendo plausível que a análise da destinação se restrinja ao dia em que os recursos foram internalizados. Encerra pedindo seja julgado improcedente o lançamento, ou, subsidiariamente, que seja afastada a incidência de juros sobre a multa de ofício, contra os quais se insurge. Protesta pela juntada posterior de provas e pede que as intimações sejam feitas aos cuidados dos advogados elencados, com cópia à interessada. [...] A impugnação de efls. 2986/3031 foi julgada improcedente pela DRJ/RJO, que manteve, portanto, o crédito tributário consignado no Auto de Infração (efls. 2977/2982), nos termos do Acórdão n. 1287.791 (efls. 3316/3325), de cujo teor a Recorrente foi cientificada em 05/06/2017 (efls. 3326/3330), e, inconformada, interpôs, em 04/07/2017 (efl. 3331), Recurso Voluntário (efls. 3334/3381), no qual repisa, em linhas gerais, os mesmos argumentos apresentados na impugnação de efls. 2986/3031, acrescentando, todavia, em suas alegações, preliminar de nulidade da decisão da instância de piso por ter deixado de analisar documentos apresentados na peça impugnatória de efls. 2986/3031, a saber: i) planilha com vinculação de exportações realizadas pela Recorrente aos PPE/RAE; ii) razões contábeis da composição dos saldos de disponibilidade e aplicações financeiras relativas a 2007 e balanços trimestrais de 2008 e 2010; e iii) planilha indicativa das médias da posição de Disponibilidades e Aplicações Financeiras da Recorrente nos anos de 2007 a 2011. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O Recurso Voluntário (efls. 3334/3381) é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores. Portanto, dele CONHEÇO. Da preliminar de nulidade do acórdão recorrido A Recorrente inaugura a sua peça recursal de efls. 3334/3381 suscitando preliminar de nulidade da decisão da instância de piso por ter deixado de analisar documentos anexados aos autos em 12/01/2017 juntamente com a peça impugnatória de efls. 2986/3031, a saber: i) planilha com vinculação de exportações realizadas pela Recorrente aos PPE/RAE; ii) razões contábeis da composição dos saldos de disponibilidade e aplicações financeiras relativas a 2007 e balanços trimestrais de 2008 e 2010; e iii) planilha indicativa das médias da posição de Disponibilidades e Aplicações Financeiras da Recorrente nos anos de 2007 a 2011 (efls. 3139/3307). Fl. 3506DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 107 7 Todavia, da análise dos referidos documentos em cotejo com a decisão recorrida, verificase que a instância a quo, ao firmar a sua convicção sobre os fatos apurados pela Fiscalização da RFB, anotados no TVF (efls. 2944/2972), fundamentouse nos elementos de prova que entendeu suficientes ao deslinde da lide, que, em sua essência e substância, tornaram despiciendas as informações prestadas nos documentos de efls. 3139/3307, vez que desprovidas de força probatória suficiente a infirmar a conclusão adotada. É importante ressaltar que é do livre arbítrio do julgador a apreciação e valoração das provas acostadas aos autos, podendo fundamentar a sua decisão em outros elementos probatórios anexados aos autos que entenda suficientes à formação de sua convicção. Com efeito, o julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. Na verdade, o julgador tem o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida. É nesse sentido, ao tratar da fundamentação das decisões judiciais com fulcro no art. 489, § 1°., do CPC/2015, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), verbis: "O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, mesmo após a vigência do CPC/2015, não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585)." Por oportuno, cabe destacar ainda que, o CPC/2015, e por consequência os pronunciamentos dos tribunais superiores a ele referentes, são importantes fontes de direito subsidiárias a serem observadas no processo administrativo fiscal. Isto posto, não há que se falar em nulidade do Acórdão n. 1287.791 2ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO (efls. 3316/3325). Rejeito a preliminar. Do mérito No mérito, resta evidenciado que o núcleo da lide concentrase na vinculação dos créditos obtidos no exterior e destinados ao financiamento de exportações (PPE/RAE), para fins de fruição da alíquota zero de IRRF, nos termos do inciso XI, do art. 1º., da Lei n. 9.481/1997, independentemente de o beneficiado dispor ou não de outros recursos financeiros que, em tese, poderiam financiar aquelas exportações. É dizer, os créditos obtidos para financiamento de exportações (PPE/RAE) devem ser aplicados exclusivamente nestas, em relação biunívoca, para fins de aplicação da alíquota zero de IRRF, ainda que outros recursos disponha em caixa a Recorrente para o mister? Fl. 3507DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 108 8 A teor da letra fria da legislação, sim, vez que os recursos encontramse vinculados ao fim a que se destina (financiamento de exportações), conforme se depreende, sem muito esforço intelectual, da leitura do art. 1º., XI, da Lei n. 9.481/1997, verbis: Art. 1º A alíquota do imposto de renda na fonte incidente sobre os rendimentos auferidos no País, por residentes ou domiciliados no exterior, fica reduzida para zero, nas seguintes hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.97) [...] XI juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior e destinados ao financiamento de exportações. [...](grifei) Nessa perspectiva, é irrelevante que a empresa beneficiada com créditos obtidos no exterior destinados ao financiamento de exportações detenha outros recursos diversos desses créditos e os aplique para este fim. O comando legal em apreço é taxativo ao vincular a origem dos créditos obtidos no exterior a uma finalidade específica: financiamento de exportações. Assim, é defeso à empresa beneficiada por tais créditos deles fazer uso para reforço de caixa, direcionandoos a fins diversos daqueles determinados na lei. No caso concreto, a Recorrente não aduz novas razões de defesa perante a segunda instância, além daquelas já anotadas na impugnação de efls. 2986/3031. Assim, considerandose o minucioso, exaustivo e elucidativo relato das circunstâncias fáticas anotado no TVF (efls. 2944/2972), respaldado pelo robusto conjunto probatório acostado aos autos, entendo que não há reparo a fazer na decisão recorrida, tendo em vista o acerto das suas conclusões em negar provimento à impugnação de efls. 2986/3031 e manter o crédito tributário consignado no lançamento Auto de Infração IRRF no valor total de R$ 117.267.885,88 (efls. 2977/2982). Desta forma, com fulcro no art. 57, § 3°., do Anexo II do RICARF, com a redação dada pela Portaria MF n. 329/2017, confirmo e adoto a decisão abrigada no Acórdão n. 1287.791 2ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) DRJ/RJO (efls. 3316/3325), a seguir transcrita: "Do mérito: Equivocase a interessada ao alegar que o requisito para a incidência da alíquota zero de IRRF sobre os juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior seria a amortização do principal dos contratos mediante exportações ou, ainda pior, a simples atividade de exportação no período do contrato em montantes superiores às amortizações ou não. O requisito para a alíquota zero de IRRF sobre juros e comissões de créditos obtidos no exterior está expresso no inciso XI, do art. 1º, da Lei nº 9.481/1997 que determina a destinação dos valores a financiamento de exportações, nada falando da origem dos valores que posteriormente irão amortizar os contratos ou mesmo do volume de exportações na vigência do mesmo. O fato de inexistir norma legal ou infralegal que determine e detalhe a demonstração da aplicação dos recursos, conforme protesta a Fl. 3508DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 109 9 interessada, é irrelevante quando o texto legal do próprio art. 1º, XI, da Lei nº 9.481/1997, determina expressamente: Art. 1º A alíquota do imposto de renda na fonte incidente sobre os rendimentos auferidos no País, por residentes ou domiciliados no exterior, fica reduzida para zero, nas seguintes hipóteses:(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 10.12.97) XI juros e comissões relativos a créditos obtidos no exterior e destinados ao financiamento de exportações.” (G.M.) No caso em litígio, a Fiscalização concluiu que os valores obtidos no exterior nos três contratos foram integralmente utilizados para aquisições e fomento de participações societárias no exterior. Para tanto, observou que tais valores, creditados na conta corrente do Banco Real, foram direta e quase imediatamente utilizados para tais fins, e não para o financiamento de exportações. A interessada destaca que possuía valores disponíveis em outras contas correntes e de aplicação que não foram considerados pela Fiscalização e que seriam suficientes para os investimentos no exterior. É verdade que os valores não podem ser “carimbados” (como descreveu a interessada) para rastreamento de sua utilização, desta forma não havendo como determinar que os valores oriundos do exterior sejam reservados especificamente para financiamento de exportações, assim podendo ser utilizados em um primeiro momento para outros fins, contanto que montante equivalente ao obtido no exterior seja utilizado para a destinação específica determinada na Lei nº 9.481/1997, independente de sua origem. Quanto a isso, a interessada se restringiu a protestar que possuía outros valores disponíveis em montante superior aos créditos obtidos no exterior na data de entrada dos mesmos e, portanto, suficientes para os investimentos no exterior. Porém, não há como discordar que os valores creditados na conta do Banco Real, como minuciosa e exaustivamente demonstrado pela Fiscalização, foram utilizados em sua totalidade para os investimentos, não demonstrando a interessada em nenhum momento que os demais valores que possuía em outras contas foram, em montante igual ou superior, utilizados para financiamento das exportações, o que somente assim justificaria seus protestos quanto a possuir outros valores disponíveis que poderiam justificar os valores dos investimentos no exterior e comprovar os investimentos em exportações. O fato do BACEN nunca ter questionado a aplicação da alíquota zero de IRRF também é irrelevante, uma vez que a gestão e execução das atividades de arrecadação, lançamento, cobrança administrativa, fiscalização, pesquisa e investigação fiscal e controle da arrecadação compete a esta Secretaria da Receita Federal do Brasil, e não àquele Banco. Já a limitação da análise da destinação dos recursos captados ao dia do seu recebimento tornase procedente quando a totalidade dos mesmos foi exaurida nos investimentos no exterior, não restando valores a serem analisados em períodos posteriores, senão investimentos em exportações provenientes de outros recursos da interessada que justificassem o desvio dos valores recebidos no mesmo dia, o que não foi apresentado, como já dito. Destarte, tendo a Fiscalização demonstrado minuciosamente que os valores oriundos dos créditos no exterior, sobre os quais incidiram os juros Fl. 3509DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 110 10 tributados, não foram destinados ao financiamento das exportações, seja direta ou indiretamente, correto o lançamento objeto do presente processo. " (grifei) No tocante à alegação de ilegalidade da incidência de juros sobre a multa de ofício, prevista no art. 44 da Lei n. 9.430/1996, é mister esclarecer que os juros de mora aplicamse, sim, aos débitos para com a União não pagos nos prazos previstos na legislação específica, conforme determina o art. 61 da Lei n. 9.430/1996. Com efeito, a Lei n. 5.172/1966 (CTN) dispõe em seu art. 161 que devem ser acrescidos juros de mora ao crédito tributário não integralmente pago na sua data de vencimento. O significado de crédito tributário encontrase no art. 139 do CTN, o qual o define como uma decorrência da obrigação principal, destacandose que a obrigação principal visa o pagamento de um tributo ou de uma penalidade pecuniária. Nesse contexto, é evidente que a multa de ofício constitui uma obrigação tributária principal, integrando efetivamente o crédito tributário. Assim, como os juros de mora incidem sobre a totalidade do débito quando não há o adimplemento no prazo legal, não há que se falar de não incidência desses juros sobre o valor da multa de ofício. De forma diversa do entendimento da Recorrente, o § 3º do art. 61 da Lei n. 9.430, de 1996, em nenhum momento preconiza a não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. O referido dispositivo legal, ao tratar da incidência dos juros sobre o valor do débito, determina sua incidência também sobre a multa lançada de ofício, já que esta é parte integrante do débito. Além disso, os arts. 2º e 3º do Decretolei n. 1.736/1979, ao tratarem desse tema, dispõem que a base de cálculo dos juros seria o valor originário do débito, explicitando que não faria parte desse valor originário apenas a multa de mora, a correção monetária, os próprios juros e o encargo legal previsto no Decretolei n. 1.025/1969, sem qualquer menção à multa de ofício. Aliás, esse entendimento já se encontra consolidado no âmbito da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), conforme se observa nas seguintes decisões: Acórdão n. 9101002.180, de 19.1.2016, da 1ª Turma da Câmara Superior: "JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic." Acórdão n. 9202003.821, de 8.3.2016, da 2ª Turma da Câmara Superior: "JUROS MORATÓRIOS INCIDENTES SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. TAXA SELIC. A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu inadimplemento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre a qual devem incidir os juros de mora à taxa Selic." Acórdão n. 9303003.385, de 8.3.2016, da 3ª Turma da Câmara Superior: Fl. 3510DF CARF MF Processo nº 16682.722942/201626 Acórdão n.º 2402006.494 S2C4T2 Fl. 111 11 "JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento." Acórdão n. 9101002.501, de 12.12.2016, da 1ª Turma da Câmara Superior: "JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic." Acórdão n. 9101003.177, de 07.11.2017, da 1ª Turma da Câmara Superior: "JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic." Desta forma, não merece reparo a decisão recorrida. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 3334/3381), REJEITAR A PRELIMINAR DE NULIDADE, e, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 3511DF CARF MF
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