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Numero do processo: 13116.002086/2007-34
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002, 2003
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
1- De acordo com o § 3º do art. 67 do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o atual Regimento Interno do CARF, c/c o art. 5º dessa mesma portaria, não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso.
2- Súmula CARF nº 93: "A falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa."
Numero da decisão: 9101-004.161
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votou pelas conclusões a conselheira Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ESTIMATIVAS. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CRV INDUSTRIAL LTDA. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002, 2003 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. 1 De acordo com o § 3º do art. 67 do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o atual Regimento Interno do CARF, c/c o art. 5º dessa mesma portaria, não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. 2 Súmula CARF nº 93: "A falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa." Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Votou pelas conclusões a conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 20 86 /2 00 7- 34 Fl. 1322DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial quanto ao que foi decidido sobre a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL nos anoscalendário de 2002 e 2003. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 120100.732, de 07/08/2012, por meio do qual 1a Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, entre outras questões, negou provimento a recurso de ofício, mantendo afastada a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais, que foi aplicada em razão da falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva transcritas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 Ementa: MULTA ISOLADA. FALTA DE TRANSCRIÇÃO DO BALANCETE DE SUSPENSÃO/REDUÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA A falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, quando o sujeito passivo apresenta toda a escrita contábil e fiscal, refletindo a apuração do lucro real ou prejuízo fiscal do período, suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa. RELATÓRIO DE DILIGÊNCIA. INTIMAÇÃO VIA POSTAL COM AVISO DE RECEBIMENTO. VALIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Nos termos das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal é válida a intimação realizada por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. (Decreto nº 70.235, de 1972, art. 23, inciso II). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em NEGAR provimento ao recurso de ofício e ao recurso voluntário. Fl. 1323DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 4 3 A PGFN afirma que a decisão recorrida deu à legislação tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento de seu recurso, ;a PGFN desenvolve os seguintes argumentos: DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL o Colegiado a quo julgou, em suma, que a multa pela não transcrição, no Livro Diário, dos balancetes de suspensão ou redução do tributo a ser pago por estimativa, não poderia ser exigida; importante salientar que e fato inconteste no presente processo administrativo que o contribuinte não transcreveu os balancetes no Livro Diário conforme assume o próprio contribuinte e reconhece o acórdão recorrido; ocorre que a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, em análise de caso similar, interpretou o art. 44, §1º, IV da Lei 9.430/96 de modo diverso ao esposado pelo e. Colegiado a quo; com efeito, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes negou provimento a recurso voluntário contra decisão de primeira instancia que manteve a cobrança de multa isolada, exigida de contribuinte que havia optado por recolher o IRPJ mediante a apuração de lucro real anual com balanços de suspensão ou redução, mas não recolheu o imposto devido, e não justificou o não recolhimento mediante transcrição no Livro Diário dos balancetes de suspensão ou redução: Acórdão n° : 10706.277 IRPJ — LUCRO REAL ANUAL — SUSPENSÃO OU REDUÇÃO DA ESTIMATIVA — A pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual está obrigada aos pagamentos mensais por estimativa com base na receita bruta. A redução ou suspensão dos recolhimentos mensais estimados está condicionada a que os balanços ou balancetes acumulados estejam transcritos no livro Diário e que o lucro real do período por eles abrangido esteja demonstrado no LALUR, até a data de vencimento de cada parcela mensal. IRPJ — ESTIMATIVA NÃO RECOLHIDA — MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE — Cabível o lançamento desta penalidade quando constatado, no curso do anocalendário, que a pessoa jurídica não efetuou ou efetuou com insuficiência os recolhimentos mensais obrigatórios do IRPJ estimado. no caso examinado pela Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, salientouse que o contribuinte possuía escrita contábil regular, a qual registrava, no final do anocalendário, a ausência de base de cálculo tributável, conforme se pode notar da leitura do relatório e do voto condutor do acórdão paradigma, da lavra do conselheiro LUIS MARTINS VALERO: [...]; Fl. 1324DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 5 4 percebese que, no acórdão paradigma, apesar de o contribuinte não ter apurado lucro tributável no ano de 1998, e de não ter sido apontada qualquer irregularidade em sua escrituração contábil, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes manteve a cobrança da "multa isolada", ao argumento de que a penalidade somente pode ser dispensada quando o contribuinte cumpre as determinações dispostas no art. 2º da Lei 9.430/96; confirase, ademais, o seguinte trecho do voto condutor do acórdão paradigma: [...]; apresentase, portanto, clara divergência entre o e. colegiado a quo e a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes relativamente à interpretação do art. 44, "IV", da Lei 9.430/96; isso porque, mesmo em face de escrituração contábil regular que possibilitaria, em tese, apurar se o tributo foi corretamente recolhido, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, ao contrário do e. colegiado a quo, não afastou a multa prevista art. 44, §1º, "IV", da Lei 9.430/96; assim, enquanto o e. colegiado a quo afastou a exigência de multa isolada, a Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes julgou que a multa somente pode deixar de ser aplicada caso o contribuinte recolha o tributo devido mediante o regime de estimativa, ou transcreva no Livro Diário os balancetes de suspensão ou redução do tributo. Tal posição, emanada da Sétima Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, merece ser prestigiada por esta e. Câmara Superior de Recursos Fiscais, como será demonstrado abaixo; dessa maneira, demonstrada a divergência jurisprudencial, encontramse presentes os requisitos de admissibilidade do presente recurso especial; DOS FUNDAMENTOS PARA REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO o contribuinte infringiu o disposto no art. 2º da Lei 9.430/96, ao não justificar, mediante a transcrição no Livro Diário dos balancetes de suspensão ou redução exigidos pelo art. 35 da Lei 8.981/95, o não recolhimento da estimativa devida. Em vista da infração, foilhe exigido o pagamento da "multa isolada" prevista no art. 44, II da Lei 9.430/96 (nova redação dada pela Lei nº 11.488/2007); como se sabe, a "multa isolada" é devida em função do não pagamento do IRPJ e da CSLL, ainda que o contribuinte tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa. A punição pode ser excluída apenas na hipótese em que o contribuinte recolhe o tributo devido, ou transcreve, no livro Diário, balancete de suspensão ou redução do tributo; a "multa isolada" está prevista em Lei, obedecendo, portanto, o disposto no art. 97, "V", do Código Tributário Nacional, e seu fato gerador restou plenamente caracterizado no processo administrativo em análise. O próprio contribuinte admitiu que não transcreveu os balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário; ora, estando a infração corretamente tipificada em lei, e havendo sido plenamente caracterizada no presente processo administrativo, a responsabilidade do Recorrido só pode ser afastada caso exista expresso permissivo legal, a teor não só do art. 136 do CTN, como do art. 97, VI, do Código, verbis: [...]; Fl. 1325DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 6 5 ocorre que a existência de escrituração contábil regular ou irregular, não afastam a incidência da multa prevista no art. 44, II, da Lei 9.430/96, uma vez que a Lei não dispensa a cobrança de penalidade nesses casos; a penalidade prevista no artigo supra só é dispensada quando o contribuinte, que não recolheu o tributo devido por estimativa, justifica o não pagamento pela transcrição, no Livro Diário, dos balancetes de suspensão; Contudo, o colegiado a quo dispensou a exigência da multa ao argumento de que o sujeito passivo, no seu entender, “possuía escrituração contábil regular”, sem que esse fato houvesse sido erigido legalmente como hipótese de dispensa; desse modo, o acórdão recorrido criou nova hipótese de dispensa da penalidade, não prevista na legislação, qual seja, a apresentação de escrituração regular pelo contribuinte; a criação de nova hipótese de dispensa de multa isolada não configura integração ou interpretação extensiva da norma, mas, evidentemente, uma novidade no ordenamento jurídico. Tal procedimento, quando efetuado pelo aplicador da lei, decorre de um juízo de eqüidade; é evidente que a aplicação da lei ao caso concreto não deve ofender o sentimento de justiça do interprete. A adequação da norma, ou mesmo seu afastamento, ou criação de disposição específica a um determinado caso concreto, de modo que a lei não se configure excessivamente severa, é legitima, desde que expressamente autorizado por norma legal; tal atenuação da norma, afastando sua aplicação ao caso concreto, ou criando nova norma vez que a aplicação da norma original seria excessiva, ocorre mediante um juízo de eqüidade; ocorre que o emprego do juízo de eqüidade no ordenamento jurídico brasileiro tem que estar expressamente autorizado por lei. Tal dogma é um dos fundamentos do ordenamento pátrio, vez que a Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inc. II, não admite a existência de outra fonte do direito senão a lei formal (ou atos equiparados à lei formal, como as medidas provisórias, leis delegadas, e outros previstos no art. 59 da CF/88). Portanto, o aplicador da lei é obrigado a decidir com base na norma disposta, mas pode se utilizar da eqüidade apenas quando a lei permitir expressamente, conforme se infere do art. 127 do CPC; ora, o Código Tributário Nacional permite o uso da eqüidade pelo aplicador da lei. Com efeito, o CTN prevê que a lei poderá atribuir ao aplicador juízo de eqüidade para fundamentar a dispensa de créditos tributários. Confirase: [...]; notese que o próprio CTN, em seu art. 108, IV, §2º, dispõe que o emprego da eqüidade não poderá resultar na dispensa do pagamento de tributo devido. Como o art. 108 está inserido no capítulo sobre a interpretação da lei tributária, e também em face do art. 172 acima, podese concluir que o Código está consentâneo com o art. 127 do CPC. A eqüidade somente pode ser utilizada pelo intérprete para a dispensa de crédito tributário quando existe previsão legal que o permita. Fora dessa hipótese, o intérprete não poderá se valer do juízo de eqüidade para dispensar a exigência de crédito tributário; Fl. 1326DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 7 6 aqui resta claro o óbice para a dispensa da multa exigida ao contribuinte. Não há norma específica que permita ao aplicador da lei relevar a cobrança da multa prevista no art. 44, II, da Lei 9.430/96, atendendo "a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso"; aliás, a dispensa da multa nos termos concedidos pelo e. colegiado a quo traduziria, sim, injustiça com aqueles contribuintes que, cientes das suas responsabilidades, não foram negligentes, mas arcaram com o ônus de elaborar e transcrever os balancetes de suspensão no Livro Diário; data maxima venia, desonerar o sujeito passivo sem fundamento em nenhum motivo excepcional, é não só desmoralizar a lei, mas desestimular os contribuintes que, além de manterem toda a escrituração contábil regular, ainda transcrevem no Livro Diário seus balancetes de suspensão; tal desestímulo é também uma penalização, injusta porque ofende não só o texto legal, mas o bom senso, eis que dirigida a ninguém menos que o contribuinte que se esforça para permanecer diligente diante do cipoal de leis tributárias e das necessidades arrecadatórias do Estado; portanto, concluise que, a partir da Lei 9.430/96, o contribuinte somente estará dispensado de recolher os tributos devidos a título de IRPJ e de CSLL apurados pelo sistema de estimativa, quando transcrever no Livro Diário os balancetes de suspensão ou redução; quando deixar de recolher os tributos devidos, sem justificar o não recolhimento mediante a transcrição no Livro Diário dos balancetes de suspensão ou redução, estará sujeito ao pagamento da multa prevista no art. 44, II da Lei n.º 9.430/96; DO PEDIDO em face do exposto, requer a União (Fazenda Nacional) o conhecimento e o provimento do presente recurso para restabelecer a aplicação da multa. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, foi dado seguimento ao recurso, conforme o despacho por mim exarado em 26/11/2015, na condição de Presidente da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, decisão que está fundamentada na seguinte análise sobre a divergência suscitada: Do cotejo entre as ementas e os votos condutores dos arestos, recorrido e paradigma, verificase que o tratamento foi diferenciado vez que, no recorrido concluiuse que a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/1996, não se justifica pela falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário, quando o sujeito passivo apresenta toda a escrita contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa. A decisão recorrida afirma que apesar da falta de transcrição dos balancetes de suspensão no livro Diário, a autoridade fiscal reconheceu que o contribuinte escriturou o Lalur e os referidos balancetes, que lhe foram entregues. Fl. 1327DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 8 7 Quanto ao paradigma nº 10706.277, entende que para haver redução ou suspensão dos recolhimentos mensais estimados é necessário que os balanços ou balancetes acumulados sejam transcritos no livro Diário e que o lucro real do período por eles abrangido seja demonstrado no LALUR, até a data de vencimento de cada parcela mensal, sendo cabível a multa isolada quando constatado que a pessoa jurídica não efetuou os recolhimentos mensais obrigatórios do IRPJ estimado. A Fazenda Nacional alega que a multa isolada somente pode deixar de ser aplicada caso o contribuinte recolha o tributo devido mediante o regime de estimativa, ou transcreva no Livro Diário os balancetes de suspensão ou redução do tributo. Por tais razões, neste juízo de cognição sumária, concluise pela caracterização das divergências de interpretação suscitadas. Em 15/06/2016, a contribuinte foi cientificada do Acórdão nº 120100.732, do recurso especial da PGFN e do despacho que deu seguimento a esse recurso, e em 30/06/2016, ela apresentou tempestivamente, por via postal, a sua peça de contrarrazões, com os seguintes argumentos: AS RAZÕES PARA MANUTENÇÃO DO V. ACÓRDÃO HOSTILIZADO primeiramente a situação fática retratada no v. acórdão hostilizado e no v. acórdão paradigma não se assemelham, o que inviabiliza o conhecimento do recurso; com efeito, o v. acórdão hostilizado declarou, com notório acerto, a não incidência da multa em razão da mera falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário, tendo assinalado que o sujeito passivo apresentou toda a escrita contábil e fiscal, refletindo a apuração do lucro real ou prejuízo fiscal do período, suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa; de forma diametralmente oposta, o v. acórdão apontado como paradigma tratou da aplicação da multa isolada em caso no qual a estimativa não foi recolhida, situação diversa da retratada no v. acórdão hostilizado; destarte, o recurso não ostenta, sequer, condições que viabilizem o seu conhecimento, com a devida vênia à r. decisão que o admitiu; ademais, a pretensão da recorrente não encontra fundamento no disposto no art. 44, §1º, inciso IV, da Lei n° 9.430 de 1996, que, em sua literalidade previa a incidência da multa isolada "no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2°, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente", situação de que não se cogita no presente caso; por outro lado, o diploma legal em comento foi revogado posteriormente por novel legislação, o que atrai a aplicação do disposto no art. 106, inciso II do CTN, que assim dispõe, in verbis: [...]; Fl. 1328DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 9 8 destarte, mesmo que o art. 44, §1º, inciso IV, da Lei n° 9.430 de 1996 fosse aplicável ao caso, a sua ulterior revogação na pendência de julgamento do caso infirmaria sua incidência, por aplicação do disposto no art. 106, inciso II, alíneas "a", "b", e "c" do CTN; PEDIDOS em vista de todo exposto, requer se dignem Vossas Excelências em não conhecerem do recurso especial ora contrariado, ou, no mérito, lhe neguem provimento. É o relatório. Fl. 1329DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 10 9 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. O presente processo tem por objeto lançamento para a constituição de crédito tributário apurado em relação aos anoscalendário de 2002 a 2007, a título de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), e de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais desses tributos. Na primeira instância administrativa, foi exonerado integralmente o lançamento de IRPJ e grande parte do lançamento de CSLL. Também foi integralmente cancelada a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e de CSLL. Em razão dos valores exonerados, houve recurso de ofício, e a contribuinte apresentou recurso voluntário para a parte não exonerada da CSLL. A decisão de segunda instância administrativa (acórdão ora recorrido), por sua vez, negou provimento aos dois recursos, de ofício e voluntário, mantendo o que havia sido decidido na etapa processual anterior. Nessa fase de recurso especial, a PGFN pretende restabelecer a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais. Esse item do lançamento abrangeu apenas os anoscalendário de 2002 e 2003, e o voto que orientou o acórdão recorrido cuidou da matéria nos seguintes termos: 2) Do Recurso de Ofício Quanto ao recurso de ofício, as questões a serem apreciadas por este colegiado consistem em verificar a procedência do cancelamento da exigência relativa às infrações: a) diferenças de IRPJ/CSLL apuradas entre o valor escriturado e o declarado em DCTF (itens 1.1 e 2.1 do relatório); b) multa isolada – falta de recolhimento de IRPJ/CSLL sobre a base estimada (itens 1.2 e 2.3 do relatório); e c) parte das diferenças apuradas entre o valor escriturado e o declarado da CSLL retida em pagamentos efetuados a pessoas jurídicas (item 2.2 do relatório). [...] Em relação às multas isoladas aplicadas em razão da falta de escrituração, no livro Diário, dos balancetes de suspensão ou redução do pagamento das estimativas mensais, correto o órgão a quo ao considerar improcedente o lançamento, tendo em vista que a própria Administração Tributária também assim entende, a teor da Solução de Consulta Interna nº 37, de 21/11/2007, cuja ementa abaixo se transcreve: Fl. 1330DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 11 10 A falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta toda a escrita contábil e fiscal, refletindo a apuração do lucro real ou prejuízo fiscal do período, suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa. (destacouse) Uma vez que a motivação do lançamento nesta parte foi unicamente a falta de transcrição dos balancetes de suspensão no livro Diário, tendo a autoridade fiscal reconhecido que o contribuinte escriturou o Lalur e os referidos balancetes, os quais lhe foram entregues, correta a decisão da DRJ ao considerar improcedente o lançamento da multa isolada calculada sobre as estimativas de IRPJ e CSLL. [...] Diante do exposto, entendo que não merece guarida o recurso de ofício. É importante registrar que essa questão sobre a não transcrição dos balancetes de suspensão/redução no livro Diário já foi objeto de súmula do CARF: Súmula CARF nº 93 A falta de transcrição dos balanços ou balancetes de suspensão ou redução no Livro Diário não justifica a cobrança da multa isolada prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, quando o sujeito passivo apresenta escrituração contábil e fiscal suficiente para comprovar a suspensão ou redução da estimativa. De acordo com o art. 5º da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o atual Regimento Interno do CARF, o exame de admissibilidade dos recursos especiais deverá observar o nela disposto, o que alcança inclusive os recursos que já haviam sido apresentados antes dela. E essa mesma portaria estabelece no § 3º do art. 67 de seu Anexo II que: Art. 67 [...] [...] § 3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que adote entendimento de súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da CSRF ou do CARF, ainda que a súmula tenha sido aprovada posteriormente à data da interposição do recurso. Vêse que o acórdão recorrido adotou o entendimento da Súmula CARF nº 93, o que inviabiliza o conhecimento do recurso especial, conforme as regras regimentais acima transcritas. Fl. 1331DF CARF MF Processo nº 13116.002086/200734 Acórdão n.º 9101004.161 CSRFT1 Fl. 12 11 Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 1332DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.018414/2005-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2000
PER/DCOMP. PRESCRIÇÃO. SÚMULA CARF Nº 91.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente após 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, não se aplica o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO.
O crédito tributário constituído pelo contribuinte por meio de DCTF é extinto por prescrição com o decurso do prazo de cinco anos contados da data da apresentação da respectiva declaração.
Numero da decisão: 1401-003.450
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para tão somente reconhecer a prescrição dos débitos de R$ 34.868,28 (IRPJ, cód. 2089) e R$ 6.305,38 (CSLL, cód. 2372) apurados no período de apuração encerrado em 03/06/2000, nos termos da fundamentação.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos André Soares Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente).
Nome do relator: CARLOS ANDRE SOARES NOGUEIRA
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PRESCRIÇÃO. SÚMULA CARF Nº 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente após 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, não se aplica o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRESCRIÇÃO. O crédito tributário constituído pelo contribuinte por meio de DCTF é extinto por prescrição com o decurso do prazo de cinco anos contados da data da apresentação da respectiva declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para tão somente reconhecer a prescrição dos débitos de R$ 34.868,28 (IRPJ, cód. 2089) e R$ 6.305,38 (CSLL, cód. 2372) apurados no período de apuração encerrado em 03/06/2000, nos termos da fundamentação. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Carlos André Soares Nogueira Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 84 14 /2 00 5- 50 Fl. 125DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Abel Nunes de Oliveira Neto, Daniel Ribeiro Silva, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Carlos André Soares Nogueira (relator), Letícia Domingues Costa Braga, Eduardo Morgado Rodrigues, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (presidente). Relatório Trata o presente processo de Pedidos de Restituição/Ressarcimento de créditos decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior de IRPJ e CSLL relativos ao período de apuração encerrado em 30/06/2000, nos valores de R$ 34.868,28 e R$ 6.305,38, respectivamente. De acordo com a contribuinte, os créditos pleiteados decorreriam de "um saldo pago a maior" pois a empresa pagaria IRPJ e CSLL por estimativa de forma indevida. Os créditos pleiteados pela contribuinte foram utilizados em Declarações de Compensação para compensar os débitos de IRPJ e CSLL devidos no próprio período de 06/2000, nos exatos montantes de R$ 34.868,28 (IRPJ, cód. 2089) e R$ 6.305,38 (CSLL, cód. 2372). Os pedidos e as Declarações de Compensação foram protocolados em 22/12/2005. Em 16/03/2006, foi lavrado Termo de Intimação por meio do qual a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte intimou a contribuinte a recolher o débito declarado de R$ 34.868,28 (IRPJ, cód. 2089). Os Pedidos de Restituição/Ressarcimento e as Declarações de Compensação foram objeto do Despacho Decisório nº 136, de 28/01/2010, emitido pela DRF/Belo Horizonte. Neste despacho, a DRF/Belo Horizonte constatou que a contribuinte equivocouse no pedido, pois não havia saldos de pagamentos indevidos ou a maior de estimativas de IRPJ ou CSLL no ano de 2000. Afinal, a contribuinte, no anocalendário 2000, apurou o IRPJ e a CSLL com base no Lucro Presumido. Concluiu a autoridade administrativa que o saldo pleiteado somente poderia decorrer de saldos negativos de IRPJ e CSLL oriundos da apuração anual do anocalendário 1999 (exercício 2000). Contudo, mesmo sendo esse o caso, o pedido seria indevido por estar prescrito, tendo em vista o decurso do prazo de cinco anos entre a configuração dos saldos negativos (01/01/2000) e a data de protocolo dos PER/DComp (22/12/2005). Assim sendo, a autoridade administrativa indeferiu os PER e não homologou as compensações declaradas. Irresignada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade. Resumidamente, a contribuinte lançou os seguintes argumentos: (i) que efetuou as compensações dos débitos em questão, mas deixou de informar a compensação na DCTF entregue em 2000; (ii) que o prazo prescricional para a compensação dos créditos pleiteados seria de 10 anos (teoria dos 5 mais 5); (iii) que a Lei Complementar nº 118/2005 somente poderia ser aplicada a fatos geradores posteriores; (iv) que os créditos tributários ora Fl. 126DF CARF MF Processo nº 10680.018414/200550 Acórdão n.º 1401003.450 S1C4T1 Fl. 126 3 cobrados teriam sido alcançados pela prescrição antes mesmo do envio do termo de autuação fiscal, no dia 28/10/2005. Ao final, o contribuinte pediu a reforma do Despacho Decisório, com a homologação das compensações efetuadas ou o reconhecimento da prescrição dos créditos tributários. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte julgou improcedente a manifestação de inconformidade. A ementa do acórdão restou consignada nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/07/2000 CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO Os procedimentos específicos do Decreto n° 70.235, de 1972 somente se aplicam aos casos expressamente previstos em lei. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO 0 direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo/contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido ou utilizalo em DCOMP extinguese.. o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário, inclusive no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação. CONFISSÃO DE DÍVIDA, Em face do que dispõe a legis1ação tributária, os débitos declarados e indevidamente compensados configuram confissão de divida, constituindose as declarações apresentadas como instrumentos hábeis e suficientes à exigência dos referidos débitos. PRESCRIÇÃO , 0 prazo prescricional de cobrança do crédito tributário confessado mediante a entrega da declaração de compensação, interrompido com a apresentação desta declaração à RFB, tem sua contagem reiniciada na data em que a nãohomologação da compensação tornase definitiva na esfera administrativa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/07/2000 CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO Fl. 127DF CARF MF 4 Os procedimentos específicos do Decreto n° 70.235, de 1972 somente se aplicam aos casos expressamente previstos em lei. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO 0 direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo/contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido ou utilizalo em DCOMP extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário, inclusive no caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação. CONFISSÃO DE DÍVIDA. Em face do que dispõe a legislação tributária, os débitos declarados e indevidamente compensados configuram confissão de divida, constituindose as declarações apresentadas como instrumentos hábeis e suficientes exigência dos referidos débitos. PRESCRIÇÃO 0 prazo prescricional de cobrança do crédito tributário confessado mediante a entrega da declaração de compensação, interrompido com a apresentação desta declaração à RFB, tem sua contagem reiniciada na data em que a nãohomologação da compensação tornase definitiva na esfera administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Crédito Tributário Mantido A contribuinte interpôs recurso voluntário pugnando pela reforma da decisão a quo. Em sua defesa, reiterou os argumentos lançados na impugnação acerca (i) da impossibilidade de aplicação da Lei Complementar nº 118/2005 a fatos geradores anteriores à sua vigência; (ii) do direito ao prazo decenal (5 mais 5) para a compensação; e (iii) da prescrição dos débitos ora cobrados. Era o que havia a relatar. Voto Conselheiro Carlos André Soares Nogueira, Relator O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos legais. Dele, tomo conhecimento. À partida, é preciso destacar que, nesta etapa do processo, não se trata mais de pedido de ressarcimento/restituição de valores pagos indevidamente ou a maior. A DRF/Belo Horizonte constatou que não havia pagamentos indevidos de estimativa de IRPJ e CSLL no anocalendário 2000 e, por outro lado, reconheceu que poderia haver saldos negativos de IRPJ e CSLL relativos ao anocalendário 1999. Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10680.018414/200550 Acórdão n.º 1401003.450 S1C4T1 Fl. 127 5 Contra essa retificação de ofício do crédito pleiteado, a contribuinte não se insurgiu, restando, portanto, definitiva. A contribuinte combate, no entanto, a declaração de prescrição do crédito pleiteado (saldo negativo de IRPJ e CSLL de 1999) com base na teoria dos 5 mais 5, que resulta em prazo decenal para a repetição de indébito. Subsidiariamente, aduz que os créditos tributários objeto de compensação estariam prescritos. Em relação aos pontos controversos, inicio pela norma de prescrição para os pedidos de repetição de indébito. O direito à repetição de indébito, no caso de pagamento indevido ou a maior, é previsto no artigo 165 do CTN, verbis: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória. O exercício do direito à repetição do indébito tem limitação temporal determinada pelo artigo 168 do CTN nos seguintes termos: Art. 168. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I nas hipótese dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário II na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória. Para fins de contagem do prazo quinquenal, o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 determinou que, no caso de tributo sujeito à sistemática do lançamento por homologação, o termo a quo das hipóteses previstas no artigo 168, I, do CTN seria o momento do pagamento antecipado. A mudança do critério jurídico por meio da LC nº 118/2005 inovou no sistema jurídico e, assim, foi acolhida pelo Poder Judiciário com efeitos prospectivos e não retroativos, conforme se pode depreender do acórdão abaixo, exarado sob a égide do artigo Fl. 129DF CARF MF 6 543B do Código de Processo Civil/73, no qual o Supremo Tribunal Federal reconheceu a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4º do diploma legal citado, que dispunha sobre a aplicação do disposto no artigo 3º a fatos pretéritos: EMENTA DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. (RE 566.621/RS, julgamento em 04/08/2011). (Grifei) A decisão do Supremo Tribunal Federal com fulcro no disposto no artigo 543B do CPC/73 deve ser observada pelos julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme determina o artigo 62, § 2º, do Anexo II do RICARF. Tal entendimento está consolidado na Súmula CARF nº 91, que tem efeito vinculante de acordo com a Portaria MF nº 277/2018, verbis: Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10680.018414/200550 Acórdão n.º 1401003.450 S1C4T1 Fl. 128 7 Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. No caso em tela, o PER com a formalização do crédito decorrente de saldo negativo do anocalendário 1999 foi transmitido em 22/12/2005 e, portanto, era intempestivo, de acordo com a norma aplicável. Neste ponto, portanto, não deve prosperar a alegação da recorrente. Entretanto, no que se refere à aplicação do direito no tempo, impende apreciar a hipótese de prescrição dos créditos tributários cujas compensações não foram homologadas. Neste ponto, penso que a decisão de piso deve ser reformada. A matéria foi enfrentada da seguinte forma pela autoridade julgadora de primeira instância: 13.3.2.2 Como se vê, diferente do alegado, tendo em vista o disposto no inciso IV do parágrafo único do art. 174 do CTN, a entrega da DCOMP interrompe a prescrição da ação para a cobrança do crédito tributário, ao mesmo tempo em que extingue o crédito tributário sob condição resolutória da ulterior homologação da compensação. 13.3.2.3 Na seqüência, uma vez nãohomologada a compensação declarada à RFB, é facultada ao sujeito passivo a apresentação de manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação, assim como a apresentação de recurso ao CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Estes procedimentos (manifestação de inconformidade e recurso) têm efeito suspensivo da exigibilidade do crédito tributário, conforme disposição do § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. 13.3.2.4 Assim sendo, o prazo prescricional de cobrança do crédito tributário confessado na DCOMP é interrompido com a apresentação desta declaração e os débitos então declarados somente passam a exigíveis na data em que a nãohomologação da compensação tornarse definitiva na esfera administrativa. 13.3.2.5 Enfim, o crédito tributário em litígio neste processo, decorrente da não homologação das compensações declaradas pelo contribuinte esta com a exigibilidade suspensa, de modo que não há que se falar em prescrição antes que o litígio instaurado seja definitivamente julgado. Para a perfeita compreensão da questão posta, é preciso lembrar, à partida, que o prazo inicial que flui entre a ocorrência do fato jurídico tributário e a constituição do crédito tributário é o prazo decadencial. Após a constituição do crédito tributário, corre o prazo prescricional para a sua exigência. É cediço que o crédito tributário pode ser constituído pela autoridade administrativa, por meio do lançamento de ofício, conforme os ditames do artigo 142 do CTN, Fl. 131DF CARF MF 8 ou pode ser constituído por ato do sujeito passivo, por meio de instrumento ao qual a lei atribua tal efeito, como a DComp, a DCTF ou mesmo um Pedido de Parcelamento. No caso, a contribuinte declarou em DCTF, na data de 11/08/2000, os débitos de R$ 34.868,28 (IRPJ, cód. 2089) e R$ 6.305,38 (CSLL, cód. 2372) apurados conforme o Lucro Presumido. A partir dessa data, passou a fluir o prazo prescricional de que trata o artigo 174 do CTN, verbis: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II pelo protesto judicial; III por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Impende comentar que também no lado da cobrança do crédito tributário, mesmo em relação aos tributos sujeitos à sistemática do lançamento por homologação, não se aplica mais a teoria dos 5 mais 5, que resultaria em prazo decenal de prescrição. Uma vez que o sujeito passivo tenha apresentado a respectiva DCTF, corre o prazo prescricional de cobrança do débito declarado, sem prejuízo do prazo decadencial de revisão do crédito tributário declarado. Na espécie, o ato inequívoco da contribuinte que importou em reconhecimento dos débitos de IRPJ e CSLL relativos ao período de apuração de 06/2000 foi a entrega da DCTF. Portanto, este é o termo a quo do prazo prescricional de que dispõe a Fazenda para promover a cobrança dos créditos tributários. O prazo prescricional encerrouse em agosto de 2005. Portanto, a DComp entregue em 12/2005 não teria o condão de interromper o prazo prescricional que já havia chegado ao termo final. Os créditos tributários estão, portanto, extintos por prescrição, conforme a dicção do artigo 156, V, do CTN, litteris: Art. 156. Extinguem o crédito tributário: [...] V a prescrição e a decadência; Neste ponto, é de se acolher a alegação da recorrente. Conclusão. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10680.018414/200550 Acórdão n.º 1401003.450 S1C4T1 Fl. 129 9 Voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar prescritos os débitos de R$ 34.868,28 (IRPJ, cód. 2089) e R$ 6.305,38 (CSLL, cód. 2372) apurados no período de apuração encerrado em 30/06/2000, nos termos da fundamentação. (assinado digitalmente) Carlos André Soares Nogueira Relator Fl. 133DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 36392.001994/2007-47
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1995 a 31/12/1995
RECURSO DE OFÍCIO. VALOR EXONERADO INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA. MOMENTO DE AFERIÇÃO DO VALOR. DATA DE APRECIAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
1. Não se conhece de recurso de ofício interposto em face de decisão, que exonerou o sujeito passivo de tributo e encargos de multa, em valor total inferior ao limite de alçada, o qual deve ser aferido na data de sua apreciação em segunda instância.
2. A Súmula CARF nº 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância.
Numero da decisão: 2402-007.238
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, por não atingimento do limite de alçada.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 31/12/1995 RECURSO DE OFÍCIO. VALOR EXONERADO INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA. MOMENTO DE AFERIÇÃO DO VALOR. DATA DE APRECIAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. 1. Não se conhece de recurso de ofício interposto em face de decisão, que exonerou o sujeito passivo de tributo e encargos de multa, em valor total inferior ao limite de alçada, o qual deve ser aferido na data de sua apreciação em segunda instância. 2. A Súmula CARF nº 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância.
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CONHECIMENTO DO RECURSO DE OFÍCIO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado GLOBO COMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÕES SA E OUTROS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 31/12/1995 RECURSO DE OFÍCIO. VALOR EXONERADO INFERIOR AO LIMITE DE ALÇADA. MOMENTO DE AFERIÇÃO DO VALOR. DATA DE APRECIAÇÃO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. 1. Não se conhece de recurso de ofício interposto em face de decisão, que exonerou o sujeito passivo de tributo e encargos de multa, em valor total inferior ao limite de alçada, o qual deve ser aferido na data de sua apreciação em segunda instância. 2. A Súmula CARF nº 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício, por não atingimento do limite de alçada. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 39 2. 00 19 94 /2 00 7- 47 Fl. 440DF CARF MF Processo nº 36392.001994/200747 Acórdão n.º 2402007.238 S2C4T2 Fl. 441 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso de ofício interposto em face de decisão, que exonerou o sujeito passivo do seguinte lançamento, composto das contribuições previdenciárias devidas à seguridade social, a cargo da empresa, inclusive o adicional SAT/GILRAT, a cargo dos segurados empregados e das contribuições devidas a outras entidades ou fundos, todas incidentes sobre as remunerações pagas a empregados. Segue a ementa da decisão: PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA VINCULANTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O julgador do processo administrativo fiscal deve obedecer ao enunciado da súmula vinculante a partir da sua publicação, nos termos do art. 103A da CRFB/88 c/c art. 2° da Lei n° 11.417/06. A Súmula Vinculante n° 8, do E. STF, dispõe que são inconstitucionais os artigos 45 e 46, da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência, razão pela qual, em se tratando de lançamento de ofício, devese aplicar o prazo decadencial de cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele que o lançamento poderia ter sido efetuado (art.173, I, do CTN). Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 441DF CARF MF Processo nº 36392.001994/200747 Acórdão n.º 2402007.238 S2C4T2 Fl. 442 3 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento Remanesce nos autos apenas o recurso de ofício, interposto porque a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo de crédito tributário superior a R$ 1.000.000,00. Ocorre, entretanto, que a Portaria MF 63/2017 estabeleceu um novo limite para a interposição de tal recurso, elevandoo para R$ 2.500.000,00. Vejase: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). A Súmula CARF nº 103 preleciona que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância. Verbis: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Neste caso, observase no próprio lançamento que o somatório do tributo e dos encargos de multa não ultrapassa R$ 2.500.000,00, de tal maneira que o recurso não deve ser conhecido. 2 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 442DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.727801/2016-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
Numero da decisão: 3302-006.652
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantémse a multa moratória imposta pela fiscalização Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 78 01 /2 01 6- 52 Fl. 155DF CARF MF Processo nº 10166.727801/201652 Acórdão n.º 3302006.652 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratam os autos de análise da Declaração de Compensação (Dcomp), por intermédio da qual o contribuinte compensou débito(s) próprios, com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior. Como resultado da análise foi proferido o Despacho Decisório, que reconheceu integralmente o direito creditório, porém homologou parcialmente a compensação declarada, vez que o crédito indicado revelouse insuficiente para quitar o(s) débito(s) confessado(s), tendo em vista que o contribuinte não considerou a multa de mora incidente em decorrência do atraso na quitação deste(s). Cientificado da decisão o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, onde argumentou, em síntese, o que segue: Não foi observada a denúncia espontânea estabelecida no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Com a transmissão da Dcomp, antecipouse a qualquer procedimento fiscal, declarando e quitando débito não questionado pela Receita Federal, com acréscimo de juros moratórios. Transmitiu a DCTF retificadora onde declara o débito e o pagamento feito via Dcomp; Apresenta sentenças judiciais favoráveis aos Correios em casos análogos. Indica também jurisprudência dos tribunais onde não foi parte. Lista acórdãos das DRJs à época da transmissão da Dcomp, onde é aplicada a Nota Técnica (NT) Cosit nº 01, de 18/01/2012, vez que os Correios se enquadram na situação nela tratada. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo colegiado a quo, nos termos do Acórdão nº 11057.697. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em que pese a controvérsia acerca da possibilidade ou não de restar configurada a denúncia espontânea quando a extinção do crédito tributário se dá por compensação, a Receita Federal do Brasil, através da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/01/2012, com fundamento no Ato Declaratório PGFN nº 4 de 2011 e Ato Declaratório PGFN nº 8 de 2011, reconheceu que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, poderia caracterizála. E isto porque a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Sendo forma de pagamento, a compensação atende às exigências do artigo 138 do CTN; b) A denúncia espontânea exclui a responsabilidade pela infração tributária cometida pelo contribuinte, pressupondo a comunicação pertinente a fato desconhecido por parte do Fisco antes de qualquer iniciativa da Administração Tributária, devendo ser acompanhado do pagamento do tributo e dos juros de mora, se for o caso. A intenção do Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10166.727801/201652 Acórdão n.º 3302006.652 S3C3T2 Fl. 4 3 legislador ao editar a norma não fora outra senão estimular o contribuinte a regularizar a sua situação, recebendo em seu benefício o afastamento da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Dessa forma, se o contribuinte antecipase a qualquer procedimento fiscalizatório da administração, efetuando o pagamento dos tributos em atraso e dos juros de mora, não lhe pode ser imposta multa de mora, seja ela punitiva ou moratória. Como os Correios anteciparamse à qualquer procedimento administrativo, fazem jus ao benefício da denúncia espontânea com os consectários do artigo 138, do CTN. Termina o recurso requerendo a vigência e a validade da Nota Técnica Cosit nº 01 ao período em que foi entregue a Dcomp, para fins de reconhecer a configuração da denúncia espontânea de forma que os valores indicados na Dcomp sejam considerados quitados. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.586, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10166.726132/201600, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.586): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. O cerne da questão está em definir se a compensação se equipara ao pagamento para fins de fruição do benefício da denúncia espontânea. Essa questão foi tratada de forma didática e precisa no Acórdão nº 1402003.600, da lavra do conselheiro Marco Rogério Borges, de forma que peço vênia para utilizar a ratio decidendi daquele acórdão para fundamentar esse, in verbis: Como de costume, o voto da ilustre Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio está muito bem fundamentado. Contudo, este colegiado, após ampla discussão, divergiu do seu entendimento, no tocante à equiparação de compensação à pagamento para fins de constatação de denúncia espontânea, e por consequência da não aplicação do alegado artigo 100 do CTN. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10166.727801/201652 Acórdão n.º 3302006.652 S3C3T2 Fl. 5 4 O art. 138 do CTN é taxativo na sua disposição que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo. Não há condições de considerar a compensação como forma de pagamento por se tratar de uma extinção do crédito tributário, pois há outras modalidades de extinção elencados no art. 156 do CTN. Igualmente, não há, até o momento, nenhuma norma no âmbito do Ministério da Fazenda e nem precedente que vincule este Conselho para tal entendimento de se aceitar tal situação. Inclusive, há decisão do E. STJ do tema em sentido contrário ao pleiteado pela recorrente: "AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10166.727801/201652 Acórdão n.º 3302006.652 S3C3T2 Fl. 6 5 Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido.(grifamos) Ou seja, tal decisão segue a linha que difere a situação de pagamento e compensação para fins de reconhecimento da denúncia espontânea. Neste sentido, deve haver a aplicação de multa de mora no caso concreto, o que acarretaria um crédito menor do que o débito declarado/confessado em PER/Dcomp. Seria um caso de imputação proporcional, que está perfeitamente legal, como já emanado no voto vencido do nobre relator. No que tange à eventual aplicação do artigo 100 do CTN ao caso, o caso in concretu apresentado não se configura como denúncia espontânea nos termos do artigo 138 do Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10166.727801/201652 Acórdão n.º 3302006.652 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo CTN, as evocadas Notas Técnicas (NTs), de caráter meramente interpretativo, como bem analisados na decisão a quo, não são aplicáveis. Quando da emissão da NT Cosit nº 01, de 18/01/2012, a qual a recorrente se baseia para ter adotado a postura pleiteada no presente processo, a mesma foi criada com objetivo de orientação internamente a Receita Federal do Brasil, e identificado a sua impropriedade, foi cancelara por meio da NT Cosit nº 19, de 12/06/2012, corrigindoa. Ao transmitir sua Per/Dcomp em 30/05/2012, entre a data de expedição de ambas NTs. não criou uma vinculação nos termos do artigo 100 do CTN, pois as NTs não são atos normativos, e, por consequência, nem houve a prática reiterada pela autoridade administrativa pois não foram direcionadas aos contribuintes, muito menos nem pessoalmente à recorrente. Como salienta a decisão a quo, as NTs não são publicadas no DOU, seja no site da Receita Federal, não tendo alcance para o público externo (no caso, contribuintes). Assim, não podem ser evocadas para a postura adotada pela recorrente. Com base no que fora exposto, entendo que não ocorreu a denúncia espontânea em relação aos débitos julho de 2008 e agosto de 2008, por não terem sido pagos e sim compensados." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 160DF CARF MF
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Numero do processo: 19679.015579/2003-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. TRIBUTAÇÃO. DEDUÇÃO DE DESPESAS DE MANUTENÇÃO.
O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado poderá deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade as despesas necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, desde que escrituradas em livro caixa e comprovadas mediante documentação idônea, nos termos do disposto no artigo 6º da Lei nº 8.134 de 1990.
É legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário dos rendimentos recebidos de pessoa jurídica, com ou sem vínculo empregatício, não incluídos na declaração de ajuste anual de imposto de renda de pessoa física, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção a teor da Súmula Carf nº 12.
Devem ser excluídos de tributação os valores isentos e não tributáveis que tenham integrado indevidamente a base de cálculo do tributo lançado.
Numero da decisão: 2201-005.134
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tributo lançado o valor de R$ 4.687,24.
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
Débora Fófano dos Santos - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente)
Nome do relator: DEBORA FOFANO DOS SANTOS
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TRIBUTAÇÃO. DEDUÇÃO DE DESPESAS DE MANUTENÇÃO. O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado poderá deduzir da receita decorrente do exercício da respectiva atividade as despesas necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora, desde que escrituradas em livro caixa e comprovadas mediante documentação idônea, nos termos do disposto no artigo 6º da Lei nº 8.134 de 1990. É legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário dos rendimentos recebidos de pessoa jurídica, com ou sem vínculo empregatício, não incluídos na declaração de ajuste anual de imposto de renda de pessoa física, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção a teor da Súmula Carf nº 12. Devem ser excluídos de tributação os valores isentos e não tributáveis que tenham integrado indevidamente a base de cálculo do tributo lançado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo do tributo lançado o valor de R$ 4.687,24. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. Débora Fófano dos Santos Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Débora Fófano Dos Santos, Douglas Kakazu AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 01 55 79 /2 00 3- 11 Fl. 87DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 88 2 Kushiyama, Francisco Nogueira Guarita, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente) Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 36/38) interposto contra decisão da 5ª Turma da DRJ em São Paulo/SP, formalizada no acórdão nº 1723.541, em sessão de 27 de fevereiro de 2008 (fls. 24/27), a qual julgou procedente o lançamento formalizado no Auto de Infração Imposto de Renda Pessoa Física lavrado em 28/5/2003 (fls. 76/82), decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Ajuste Anual do exercício 2000, anocalendário de 1999 (fls. 67/71). O crédito tributário objeto do presente processo administrativo referese às infrações de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica ou física decorrentes de trabalho com vínculo empregatício, no valor de R$ 16.724,18, omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica decorrentes de trabalho sem vínculo empregatício, no montante de R$ 31.897,94 e alteração na dedução do imposto de renda retido na fonte de R$ 5.426,11 para R$ 5.890,09, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 30.228,90, já inclusos juros de mora (até 08/2003) e multa de ofício de 75% . Cientificada do lançamento a contribuinte apresentou impugnação (fls. 02/05) alegando, em síntese que: "do valor dos rendimentos tributáveis deduziu as despesas de manutenção do consultório; os rendimentos do Pronto Socorro Sabará são de direitos trabalhistas não tributáveis e que parte dos rendimentos da Unimed não foram recebidos". O lançamento foi julgado procedente pela 5ª Turma da DRJ/SPOII, nos termos da ementa do acórdão nº 1723.541, a seguir reproduzido (fls. 24/27): "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA. FÍSICA IRPF Anocalendário: 1999 OMISSÃO DE RENDIMENTOS Restando comprovada nos autos a percepção de rendimentos não devidamente declarados pela interessada, a autoridade administrativa tem o poderdever de efetuar o lançamento de ofício do imposto de renda sobre os valores omitidos. Lançamento Procedente" Em 20/8/2008 a contribuinte foi cientificada da decisão (fl. 30) e apresentou Recurso Voluntário em 16/9/2008 (fls. 36/38). A 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária por meio da Resolução nº 2201000.205, de 17/2/2016 (fls. 52/57), converteu o julgamento em diligência, propondo "o retorno dos autos à DRFB de origem para que a autoridade preparadora anexar aos autos o auto de infração completo, a DIRF do Pronto Socorro Sabará e a DIRPF do exercício 2000, apresentada pela Recorrente, podendo, se assim entender, diligenciar junto a fonte pagadora para a obtenção dos dados que entender necessários." Tendo em vista o regresso de diligência e diante do fato do conselheiro relator não mais compor o colegiado, os autos foram redistribuídos e sorteados a esta conselheira para análise do presente recurso voluntário. É o relatório. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 89 3 Voto Conselheira Débora Fófano dos Santos Relatora Admissibilidade O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Do mérito A Recorrente insurgese, apresentando os mesmos argumentos de sua impugnação, a saber: que deduziu dos rendimentos tributáveis pagamentos relativos ao aluguel e rateio de despesas realizadas em um consultório de uso comum; a Unimed não disponibilizou a declaração de rendimentos da Unimed e parte do pagamento não foi feito e, finalmente, que parte dos rendimentos do Pronto Socorro Sabará são pagamentos de direitos trabalhistas não tributáveis. Analisarseá os argumentos da contribuinte em cada um dos fundamentos acima aduzidos: Dedução dos Rendimentos Tributáveis de Despesas de Manutenção de Consultório A Recorrente alegou que (fl. 36): "(...) na decisão, não levaram em conta que em minha defesa, informei Nome e CPF dos contribuintes que receberam meus pagamentos relativos ao aluguel, bem como do Rateio das Despesas realizadas em um Consultório de uso comum com mais 3 colegas. Deduzi que ao indicar o nome e o CFP dos Contribuintes, o trabalho de pesquisa e de apuro da verdade seria facilmente realizado. (...)" Conforme bem pontuado no Acórdão recorrido (fls. 26/27), nos termos do artigo 73, caput, do Regulamento do imposto de Renda de 1999 (RIR/1999), aprovado pelo Decreto n° 3.000 de 29 de março de 1999: "Art. 73. "Todas as deduções estão sujeitas à comprovação, a juízo da autoridade lançadora.” Dentre as deduções do rendimento tributável, em relação ao caso concreto, os artigos 75 e 76 do Decreto nº 3.000 de 26 de março de 1999 (RIR/1999), vigente à época dos fatos, preveem a possibilidade do contribuinte que recebe rendimentos do trabalho não assalariado deduzir despesas escrituradas no Livro Caixa: "Art. 75. O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho nãoassalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva atividade (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso I)." I a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários; Fl. 89DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 90 4 II os emolumentos pagos a terceiros; III as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, §1º', e Lei nº 9.250, de 1995, art. 34): I a quotas de depreciação de instalações, máquinas e equipamentos, bem como a despesas de arrendamento; II a despesas com locomoção e transporte, salvo no caso de representante comercial autônomo; III em relação aos rendimentos a que se referem os arts. 47 e 48. Art. 76. As deduções de que trata o artigo anterior não poderão exceder à receita mensal da respectiva atividade, sendo permitido o cômputo do excesso de deduções nos meses seguintes até dezembro (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, § 3º). § 1º O excesso de deduções, porventura existente no final do anocalendário, não será transposto para o ano seguinte (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, §3º). § 2º O contribuinte deverá comprovar a veracidade das receitas e das despesas, mediante documentação idônea, escrituradas em Livro Caixa, que serão mantidos em seu poder, à disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, §2º). (...)" No Livro Caixa somente são admissíveis como despesas dedutíveis aquelas que preencham os requisitos previstos na legislação vigente e estejam estritamente ligadas à atividade exercida pelo contribuinte, quais sejam, necessidade, normalidade e usualidade. O artigo 6º da Lei nº 8.134 de 1990 prevê três requisitos cumulativos para a dedutibilidade das despesas, ou seja, elas devem: ser necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora; estar escrituradas em livro caixa; ser comprovadas mediante documentação idônea. No recurso a contribuinte informou que anexou os seguintes documentos (fls. 36, 37, 39 e 40): "Anexo 1 Recibo emitido pelo Sr. Giovanni Vestri CPF 06992374834, proprietário do imóvel que alugava na época junto com mais 3 colegas, situado à Rua Capote Valente 122 São Paulo, no Valor de R$ 6.600,00, referente à minha parte anual na locação do imóvel). Ressalto que essa informação foi lançada na minha declaração no campo Pagamentos Efetuados e não foi levada em conta pelos Julgadores. Anexo 2 Solicitação feita ao Banco BANESPA, sobre todas as transferências em conta corrente que realizei, durante o ano de 1999, onde aparecerão os lançamentos realizados mensalmente Fl. 90DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 91 5 ao Dr. Sérgio Boris Mesnitz CPF 04410052845, referentes à minha parcela no rateio das despesas com 2 Secretarias, 1 faxineira, bem com os Impostos para o funcionamento do Consultório. Em razão do prazo exíguo essas provas serão copiadas e anexadas a esse processo. Serão anexados também todos os débitos em conta realizados mensalmente em nome da Telesp, para os 2 telefones de minha propriedade e que eram utilizados na Clínica. Anexo 3 Cópia dos lançamentos do Livro Caixa do Consultório durante o ano de 1999. Onde aparecem todas as despesas realizadas no ano." Não obstante as alegações da Recorrente, em virtude de disposição legal expressa, somente é possível acatar a dedução de despesas decorrentes do exercício da atividade profissional se as mesmas forem escrituradas no Livro Caixa, acompanhado da documentação que deu respaldo à escrituração de receitas e despesas, mês a mês. Destaquese que não foi apresentada a cópia do Livro Caixa e na DIRPF original o campo correspondente às despesas de Livro Caixa está sem preenchimento (fl. 69). Foi anexada cópia de simulação de DIRPF retificadora na qual foi preenchido tal campo, todavia sem a apresentação do Livro Caixa e da documentação que deu respaldo ao valores declarados (fl. 45). Em face do exposto não pode ser acatado tal argumento da Recorrente. Ausência da Declaração de Rendimentos da Unimed e não Recebimento de parte do Pagamento Neste tópico alegou que (fl. 37): "(...) 2 A Comissão Julgadora também não aceitou o fato de eu não ter recebido a Declaração de Rendimentos da Unimed, que seria obrigatório por lei. O fato é que, todos nós, médicos Cooperados pressionamos a Direção da Cooperativa em várias assembléias, com o objetivo de recebermos informações sobre nossas produções e a situação financeira, já que pagamentos passaram a não serem feitos e era notória a previsível a insolvência. Ela de fato veio a acontecer e nos colocou como prováveis réus perante os credores. De um lado, não recebemos parte do que produzimos e informações sobre nossas contas e de outro, somos acionados pela Justiça a prestar contas por uma administração que não fomos responsáveis. Os fatos são públicos e anexo um resumo do depoimento à CPI da Câmara Federal, que comprovam o que foi citado na minha defesa. Ressalto a fala do Presidente Dr. Cid Carvalhaes:"O ex presidente da Unimed São Paulo revelou ainda que, durante uma mudança de instalações da Unimed, no ano de 2000, todos os documentos da gestão anterior foram perdidos." Fl. 91DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 92 6 Sobre esta questão, o manual Perguntas e Respostas do Imposto de Renda (Perguntão)1 traz a seguinte orientação: "052 — Qual é o procedimento a ser adotado pela pessoa física quando a fonte pagadora não lhe fornecer o comprovante de rendimentos ou fornecêlo com inexatidão? A fonte pagadora, pessoa física ou jurídica, deve fornecer à pessoa física beneficiária, até o último dia útil do mês de fevereiro do ano subsequente àquele a que se referirem os rendimentos ou por ocasião da rescisão do contrato de trabalho, se esta ocorrer antes da referida data, documentos comprobatórios, em uma via, com indicação da natureza e do montante do pagamento, das deduções e do imposto retido no anocalendário (...), conforme modelo oficial. No caso de retenção na fonte e não fornecimento do comprovante, o contribuinte deve comunicar o fato à unidade de atendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de sua jurisdição, para as medidas legais cabíveis. Ocorrendo inexatidão nas informações, tais como salários que não foram pagos nem creditados no anocalendário ou rendimentos tributáveis e isentos computados em conjunto, o interessado deve solicitar à fonte pagadora outro comprovante preenchido corretamente. Na impossibilidade de correção, por motivo de força maior, o contribuinte pode utilizar os comprovantes de pagamentos mensais, ficando sujeito à comprovação de suas alegações, a critério da autoridade lançadora. É permitida a disponibilização, por meio da Internet, do comprovante para a pessoa física que possua endereço eletrônico e, nesse caso, fica dispensado o fornecimento da via impressa. (Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 16; Instrução Normativa SRF nº 698, de 20 de dezembro de 2006, arts. 1º e 2º, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.235, de 11 de janeiro de 2012; e Instrução Normativa RFB nº 1.215, de 15 de dezembro de 2011, arts. 2º a 4º) FALTA DE COMPROVANTE DE FONTE PAGADORA 053 — Contribuinte que auferiu rendimentos diversos, mas que não possui comprovantes de todas as fontes pagadoras, declara somente os rendimentos comprovados por documentos? O contribuinte deve oferecer à tributação todos os rendimentos tributáveis percebidos no anocalendário, de pessoas físicas ou jurídicas, mesmo que não tenha recebido comprovante das fontes pagadoras, ou que este tenha se extraviado. Se o contribuinte não tem o comprovante do desconto na fonte ou do rendimento percebido, deve solicitar à fonte pagadora uma via original, a fim de guardála para futura comprovação. Se a fonte pagadora se recusar a fornecer o documento pedido, o contribuinte deve 1 As perguntas e respostas foram elaboradas para esclarecer dúvidas quanto à apresentação da Declaração de Ajuste Anual (DAA) do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (IRPF). IMPOSTO SOBRE A RENDA – PESSOA FÍSICA PERGUNTAS E RESPOSTAS. Disponível em: https://receita.economia.gov.br/interface/cidadao/irpf/2018/perguntao. Fl. 92DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 93 7 comunicar o fato à unidade de atendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) de sua jurisdição, para que a autoridade competente tome as medidas legais que se fizerem necessárias." Conforme verificado, o não fornecimento do comprovante de rendimentos pagos no anocalendário pela fonte pagadora não elide o contribuinte de oferecer tais rendimentos à tributação na declaração de ajuste anual, devendo para tanto utilizarse dos comprovantes de pagamentos mensais, extratos bancários, etc, e ante a ausência ou recusa da fonte pagadora em fornecer o comprovante anual, o fato poderia ter sido comunicado à unidade de atendimento da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição para a adoção das medidas legais. Tendo inclusive este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestado uniforme e reiteradamente sobre o tema, com a edição da Súmula nº 12, de observância obrigatória, nos termos do artigo 72 do RICARF, cujo teor transcrevemos abaixo: "Súmula CARF nº 12: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção." Assim sendo, não assiste razão os argumentos apresentados pela Recorrente. Rendimentos Decorrentes de Direitos Trabalhistas Não Tributáveis A contribuinte alega serem isentos parte de seus rendimentos recebidos do Pronto Socorro Infantil Sabará S/A, no contexto da rescisão de contrato de trabalho, anexando cópia do Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (fls. 42/43). Nesse contexto observase que assiste razão à contribuinte em relação as seguintes verbas recebidas: férias vencidas, férias proporcionais (7/12 avos) e 1/3 salário sobre férias. As rubricas em tela foram analisadas pelo Superior Tribunal de Justiça nos autos REsp nº 1111223/SP, tendo já decisão transitada em julgado sob rito do artigo 543C do CPC, portanto, de observância obrigatória neste julgamento administrativo, cuja ementa reproduzimos abaixo, a teor do disposto no artigo 62, § 2º da Portaria MF nº 343 de 9 de junho de 20152: "TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA. VERBAS RECEBIDAS A TÍTULO DE FÉRIAS PROPORCIONAIS E RESPECTIVO TERÇO CONSTITUCIONAL. RECURSO SUBMETIDO AO PROCEDIMENTO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO STJ 08/08. 1. Os valores recebidos a título de férias proporcionais e respectivo terço constitucional são indenizações isentas do 2 Aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) e dá outras providências. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 93DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 94 8 pagamento do Imposto de Renda. Precedentes: REsp 896.720/SP, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 01.03.07; REsp 1.010.509/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJe de 28.04.08; AgRg no REsp 1057542/PE, Rel. Min. Francisco Falcão, DJe de 01.09.08; Pet 6.243/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 13.10.08; AgRg nos EREsp 916.304/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, DJU de 08.10.07. 2. Recurso representativo de controvérsia, submetido ao procedimento do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. 3. Recurso especial provido." A matéria foi objeto da súmula nº 386 do STJ: "Súmula 386. São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional." Isto posto, no caso concreto, do montante dos rendimentos tributáveis de R$ 6.064,79 no mês de outubro de 1999, constantes em Dirf entregue pela fonte pagadora Pronto Socorro Infantil Sabará S/A (fl. 64), o valor de R$ 4.687,24 de acordo com o termo de rescisão do contrato de trabalho (fls. 42/43), corresponde ao somatório de rendimentos isentos e não tributáveis, restando no mês o valor de rendimentos tributáveis de R$ 1.377,55, conforme demonstrado no quadro a seguir: Valor (R$) Discriminação da Verba Rescisória Verba Total Rendimento Férias Vencidas 2.220,29 Férias Proporcionais 1.295,14 1/3 Salário s/ Férias 1.171,81 4.687,24 Isento/NãoTributável Saldo Salário 1.072,51 Adicional de Insalubridade 81,60 Adicional Noturno 223,44 1.377,55 Tributável Total Rendimentos Declarados em Dirf no Mês 6.064,79 6.064,79 Por sua vez, o quadro a seguir apresenta resumo do total dos rendimentos tributáveis sujeitos ao ajuste anual no ano calendário de 1999: Fl. 94DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 95 9 RENDIMENTO TRIBUTÁVEL IRRF DIRPF DIRF DIFERENÇA DIRPF DIRF DIFERENÇA FONTE PAGADORA DO RENDIMENTO Valores em R$ TRABALHO COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO PRONTO SOCOCORRO INF SABARÁ 12.784,80 24.821,743 12.036,94 3.196,20 3.417,18 220,98 UNIVERSIDADE SÃO PAULO 20.234,91 20.234,91 0,00 928,78 928,78 0,00 TOTAL 33.019,71 45.056,65 12.036,94 4.124,98 4.345,96 220,98 TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO BRADESCO SAÚDE 0,00 226,80 226,80 0,00 0,00 0,00 UNIBANCO AIG 0,00 1.044,90 1.044,90 0,00 0,00 0,00 SIND NAC AUD FISC R FEDERAL 0,00 62,00 62,00 0,00 0,00 0,00 AMIL ASSIST MÉDICA 0,00 9.067,84 9.067,84 0,00 13,35 13,35 BRADESCO SEGUROS 0,00 4.334,40 4.334,40 0,00 0,00 0,00 UNIMED PAULISTANA 17.985,00 19.185,00 1.200,00 1.301,13 1.301,13 0,00 UNIMED SÃO PAULO 0,00 11.971,00 11.971,00 0,00 229,65 229,65 MEDISERVICE ADM PLANOS 0,00 1.000,00 1.000,00 0,00 0,00 0,00 FUNDAÇÃO SABESP 0,00 1.479,00 1.479,00 0,00 0,00 0,00 BRADESCO ATLANTICA 0,00 1.512,00 1.512,00 0,00 0,00 0,00 TOTAL 17.985,00 49.882,94 31.897,94 1.301,13 1.544,13 243,00 TOTAL (REND. TRABALHO COM E SEM VÍNCULO) 51.004,71 94.939,59 43.934,88 5.426,11 5.890,09 463,98 Finalmente, a tabela a seguir apresenta resumo do lançamento ajustado após a exclusão realizada: LANÇAMENTO RECURSO VOLUNTÁRIO APURAÇÃO E CÁLCULO Valores em Reais (R$) RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS 99.626,83 94.939,59 DEDUÇÕES 15.295,08 15.295,08 BASE DE CÁLCULO 84.331,75 79.644,51 IMPOSTO 18.871,23 17.582,24 DEDUÇÃO DO IMPOSTO 0,00 0,00 IMPOSTO DEVIDO 18.871,23 17.582,24 IMPOSTO RETIDO NA FONTE 5.890,09 5.890,09 SALDO DO IMPOSTO A PAGAR 12.981,14 11.692,15 Conclusão 3 Total Rendimentos em Dirf = R$ 29.508,98 () Rendimentos Isentos e Não Tributáveis (Rescisão Contratual) = R$ 4.687,24 Total Rendimentos Tributáveis no Ano Calendário = R$ 24.821,74 Fl. 95DF CARF MF Processo nº 19679.015579/200311 Acórdão n.º 2201005.134 S2C2T1 Fl. 96 10 Diante do exposto, votase por dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir da base de cálculo dos rendimentos tributáveis o montante de R$ 4.687,24, nos termos do voto em epígrafe. Débora Fófano dos Santos Fl. 96DF CARF MF
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Numero do processo: 10925.904088/2008-28
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP. EXIGÊNCIA LEGAL.
Com a edição da Lei nº 10.637/2002, que alterou a Lei nº 9.430/96, a partir de 1º de outubro de 2002, os procedimentos para a compensação tributária perante a Receita Federal devem seguir as regras introduzidas no artigo 74 da Lei 9.430/1996, especialmente, a regra prevista em seu § 1º, segundo o qual, a compensação deverá ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados". A simples indicação dessa compensação em DIPJ fora do prazo não tem respaldo legal.
COMPENSAÇÃO. PERDCOMP. LIQUIDEZ E CERTEZA. CRÉDITO DISPONÍVEL. SUPORTE PROBATÓRIO. NECESSIDADE.
O reconhecimento de direito credito creditório dá-se por meio de documentação hábil e idônea que comprove sua liquidez e certeza, nos termos no art. 170 do CTN.
Numero da decisão: 1003-000.612
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama.
Nome do relator: MAURITANIA ELVIRA DE SOUSA MENDONCA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP. EXIGÊNCIA LEGAL. Com a edição da Lei nº 10.637/2002, que alterou a Lei nº 9.430/96, a partir de 1º de outubro de 2002, os procedimentos para a compensação tributária perante a Receita Federal devem seguir as regras introduzidas no artigo 74 da Lei 9.430/1996, especialmente, a regra prevista em seu § 1º, segundo o qual, a compensação deverá ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados". A simples indicação dessa compensação em DIPJ fora do prazo não tem respaldo legal. COMPENSAÇÃO. PERDCOMP. LIQUIDEZ E CERTEZA. CRÉDITO DISPONÍVEL. SUPORTE PROBATÓRIO. NECESSIDADE. O reconhecimento de direito credito creditório dá-se por meio de documentação hábil e idônea que comprove sua liquidez e certeza, nos termos no art. 170 do CTN.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP. EXIGÊNCIA LEGAL. Com a edição da Lei nº 10.637/2002, que alterou a Lei nº 9.430/96, a partir de 1º de outubro de 2002, os procedimentos para a compensação tributária perante a Receita Federal devem seguir as regras introduzidas no artigo 74 da Lei 9.430/1996, especialmente, a regra prevista em seu § 1º, segundo o qual, a compensação “deverá ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados". A simples indicação dessa compensação em DIPJ fora do prazo não tem respaldo legal. COMPENSAÇÃO. PERDCOMP. LIQUIDEZ E CERTEZA. CRÉDITO DISPONÍVEL. SUPORTE PROBATÓRIO. NECESSIDADE. O reconhecimento de direito credito creditório dáse por meio de documentação hábil e idônea que comprove sua liquidez e certeza, nos termos no art. 170 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 40 88 /2 00 8- 28 Fl. 64DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva (Presidente), Bárbara Santos Guedes, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Wilson Kazumi Nakayama. Relatório Tratase de recurso voluntário contra Acórdão nº 0734.304, proferido pela 3ª Turma da DRJ/FNS, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Recorrente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado ante a ausência de saldo negativo disponível de IRPJ no anocalendário de 2004. Analisando os autos, verificase que a Recorrente transmitiu Declaração de Compensação Eletrônica informando compensação efetuada com suposto crédito oriundo de saldo negativo de IRPJ. Contudo, a autoridade administrativa não homologou a referida compensação prolatou despacho decisório, no qual constou: Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10925.904088/200828 Acórdão n.º 1003000.612 S1C0T3 Fl. 3 3 A tomar do ciência do dito despacho decisório, a Recorrente interpôs manifestação de inconformidade (fls. 12), alegando que por um lapso no preenchimento do PER/DCOMP não foram informados todos os pagamentos (antecipações) que compunham o saldo negativo. Argumentou, ainda, que tais valores já foram informados na DIPJ, Ficha 12A, o que resultou saldo negativo de IRPJ de R$ 18.242,76 e que foi o valor compensado no PER/DCOMP e, por fim, requereu autorização para retificar o PER/DCOMP. Por sua vez, ao analisar a manifestação de inconformidade, a DRJ entendeu por bem julgála improcedente, mantendo o despacho decisório e não reconheceu qualquer direito creditório, visto que a Recorrente não teria comprovado sua liquidez e certeza por meio de provas documentais hábeis. Inconformada, a Recorrente apresentou o competente Recurso Voluntário alegando que, após ajustes pela efetuados em contabilidade, considerando o teor da decisão recorrida, na verdade ela teria direito a um crédito maior ainda do que aquele valor ora pleiteado. Fez a juntada de alguns documentos contáveis e requereu autorização para correção de suas declarações (DIPJ, DCTF e Per/Dcomp) a fim de regularizar sua situação fiscal. É o relatório. Voto Conselheira Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça, Relatora. Compulsando os autos, verifico que o recurso voluntário é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade previstos nas normas de regência, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciálo. PRELIMINARMENTE Em suas razões recursais, a Recorrente, traz a alegação de preliminar que se confunde com o mérito da questão ao alegar que, após análise do acórdão de piso, procedendo aos ajustes necessários (57.688,45 + 60,26 + 28.092,91) "a soma resulta em R$ 85.821,62 e diminuindo o valor apurado pelo relator na sua pesquisa (R$ 67.034,35), temos um crédito em favor do contribuinte na ordem de R$ 18.787,27 é superior ao valor que pretende ver reconhecido em sede de recurso. Entendo, que tal alegação não se trata de matéria preliminar, mas sim, do próprio mérito, o qual passase à análise. MÉRITO O cerne da presente demanda está no fato de a autoridade administrativa não ter homologado a compensação declarada, por não constar saldo negativo disponível de IRPJ no anocalendário de 2004, com base nas informações do PER/DCOMP e da DIPJ. Fl. 66DF CARF MF 4 A Recorrente discorda do procedimento fiscal, e por conseguinte, do acórdão. Contudo, a Recorrente não faz jus ao seu pleito, vez que em meu sentir, por ter sido efetuado nos estritos termos legais, o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de julho de 2015). Assim sendo, por entender que as considerações realizadas pela DRJ, no acórdão de piso, são irretocáveis, e ante sua relevância para o deslinde da presente demanda, colaciono parte de seu texto como fundamento deste voto, com complementação adiante: Conforme relatado, a autoridade administrativa não homologou a compensação declarada por não constar saldo negativo disponível de IRPJ no anocalendário de 2004 com base nas informações do PER/DCOMP e da DIPJ. Em sua defesa, o contribuinte alega que houve erro no preenchimento do PER/DCOMP, pois teria deixado de informar o total das parcelas pagas que gerou o crédito de R$ 18.242,76 que, de acordo com a DIPJ, somou R$ 321.550,14, ocasionando a diferença demonstrada no Despacho Decisório. Foi juntada aos autos somente a cópia da Ficha 12A da DIPJ onde consta o saldo negativo de imposto de renda de R$ 18.242,76 (fls. 14). Analisandose a DIPJ 2005, anocalendário 2004, notase que, de fato, o contribuinte apresentou PER/DCOMP que não corresponde precisamente aos valores informados na DIPJ, conforme quadro a seguir: Como se pode observar, a diferença entre as informações constantes na DIPJ e no PER/DCOMP está nos pagamentos e no IRRF. Tendo em vista que o contribuinte informou no PER/DCOMP pagamentos/IRRF inferiores ao IRPJ devido, não haveria saldo negativo e sim imposto a pagar. Por essa razão, a autoridade fiscal manifestouse, corretamente, pela não homologação da compensação. Na hipótese de a informação correta ser aquela constante na DIPJ, o interessado deveria ter indicado no PER/DCOMP o valor total dos pagamentos e do IRRF – que, segundo consta na DIPJ, seria de R$ 321.550,14. Ocorre que, não obstante os elementos constantes do processo conduzam à razoável hipótese de erro material, esse erro teve como consequência a não apreciação por parte da autoridade administrativa do conjunto total dos pagamentos e retenções de imposto na fonte informados na DIPJ. Com base no PER/DCOMP, verificase que foram apreciadas – e confirmadas – todas as parcelas dos pagamentos informados de R$ Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10925.904088/200828 Acórdão n.º 1003000.612 S1C0T3 Fl. 4 5 18.242,76. Porém – em razão do citado erro – não foi realizada idêntica verificação com relação às parcelas que compõem a diferença de R$ 303.307,38 (R$ 321.550,14 R$ 18.242,76), as quais o interessado pretende que, em fase recursal, sejam reconhecidas. Quanto às estimativas mensais de IRPJ, o contribuinte informou na Ficha 12A da DIPJ o total de R$ 321.057,95, sendo que parte do valor de tais estimativas teria sido compensado com imposto retido na fonte. Entretanto, em consulta às informações da DIPJ, PER/DCOMP, DCTF, DIRF e outros sistemas da RFB, foram localizados pagamentos/compensações no total de R$ 230.049,34 e retenções de imposto na fonte no anocalendário de 2004 de R$ 6.223,69. (...) A despeito da não juntada aos autos da documentação probatória dos valores do imposto retido na fonte, foi possível verificar – com base em consultas realizadas no sistema DIRF – retenções no anocalendário de 2004 no total de R$ 6.223,69, conforme quadro a seguir. Portanto, o saldo de IRPJ apurado no anocalendário de 2004 (Ficha 12A da DIPJ), após os ajustes acima indicados nos pagamentos das estimativas mensais e no valor do imposto retido na fonte, passa a ser o seguinte: Fl. 68DF CARF MF 6 Como se observa, o somatório das parcelas de composição dos créditos de IRPJ é de R$ 236.273,03 (pagamentos das estimativas mensais de R$ 230.049,34 e imposto retido na fonte de R$ 6.223,69). Portanto, tais valores são inferiores ao devido de IRPJ informado na DIPJ de R$ 303.307,38, não havendo saldo negativo de IRPJ disponível e, sim, saldo de IRPJ a pagar. Ressaltese que não foram juntados aos autos quaisquer comprovantes dos créditos alegados pelo interessado, sendo que no processo sobre compensação de tributo o contribuinte é o autor e, como tal, possui o encargo probatório quanto ao fato constitutivo de seu direito, conforme preceitua o artigo 333 do Código de Processo Civil. Consignese que o artigo 170 da Lei nº 5.172 (Código Tributário Nacional), de 25/10/1966, estabelece como requisito para compensação que o crédito seja líquido e certo, in verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda. (grifouse) Assim, nos termos do artigo 170 do Código Tributário Nacional, falta ao crédito indicado pelo contribuinte nas suas declarações a certeza e liquidez, elementos estes indispensáveis para a compensação pleiteada. Diante do acima exposto, uma vez que o direito creditório não se apresentou líquido e certo, pois o requerente não o comprovou por meio de provas documentais hábeis, encaminho meu voto no sentido de julgar improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Outrossim, vale ressaltar que, além dos argumentos anteriormente reproduzidos, também não assiste razão à Recorrente, pois não basta que o contribuinte tenha efetuado a compensação, do suposto crédito a título de saldo negativo de IRPJ, tão somente em sua contabilidade. Isso porque partir de 01.10.2002, com a entrada em vigor do artigo 49 da Medida Provisória n° 66, de 30/08/2002 (convertida na Lei n° 10.637, de 30/12/2002), a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. De fato, a Lei nº 10.637/2002 introduziu profunda alteração nos procedimentos de compensação a ser realizada, a partir de 1º de outubro de 2002, como é o caso dos presentes autos. As novas regras foram inseridas no artigo 74 da Lei n° 9.430/96, vejamos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10925.904088/200828 Acórdão n.º 1003000.612 S1C0T3 Fl. 5 7 pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 6º A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.( Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...) § 9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9º e 10º obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ( ...) § 14. A Secretaria da Receita Federal SRF disciplinará o disposto neste artigo, inclusive quanto à fixação de critérios de prioridade para apreciação de processos de restituição, de ressarcimento e de compensação. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) ( ...) Fl. 70DF CARF MF 8 Assim, indubitavelmente, até setembro de 2002, com base no art. 66 da Lei 8.383/1991, os contribuintes podiam realizar, contabilmente, compensações entre tributos de mesma espécie autocompensação independentemente de apresentação de pedido de compensação, no caso de créditos e débitos da mesma natureza (Instrução Normativa SRF nº 21, de 10 de março de 1997). Contudo, a partir de 1º de outubro de 2002 os procedimentos de compensação tributária perante a Receita Federal devem seguir as regras introduzidas no artigo 74 da Lei 9.430/1996, especialmente, a regra prevista em seu § 1º, segundo o qual, a compensação “deverá ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados”. Desta forma, levando em conta que o direito creditório pleiteado relativo à saldo negativo de IRPJ referese ao anocalendário de 2004, em verdade, nenhum outro documento supriria a falta da entrega da declaração de compensação (DCOMP), muito menos mero registro na contabilidade e em DIPJ tal como fez a Recorrente. Nesse contexto, na hipótese de não apresentação a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) englobando o valor integral do suposto crédito e débito a ser compensado, não há falar em legalidade do procedimento de compensação dos tributos, consoante entendimento firmando por este Conselho: (...) ESTIMATIVA MENSAL. QUITAÇÃO POR COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE PER/DCOMP. EXIGÊNCIA LEGAL. A partir de 1º de outubro de 2002, em razão das modificações introduzidas pela Lei 10.637/2002 no art. 74 da Lei 9.430/1996, não há que se falar em realização de compensação se não for apresentada a correspondente declaração prevista no § 1º do art. 74 da Lei 9.430/1996 (PER/DCOMP). (...). (Acórdão nº 1802001.571, data da Sessão: 06/03/2013). (...) COMPENSAÇÃO HOMOLOGAÇÃO PARCIAL ENCARGOS MORATÓRIOS DO DÉBITO DATA DE VALORAÇÃO. Com a edição d a Lei nº 10.637/2002 que alterou a Lei nº 9.430/96, a partir de 1º de outubro de 2002, os procedimentos para a compensação tributária perante a Receita Federal devem seguir as regras introduzidas no artigo 74 da Lei 9.430/1996, especialmente, a regra prevista em seu § 1º, segundo o qual, a compensação “deverá ser efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados”. Enquanto não apresentada a Declaração de Compensação (PER/DCOMP ) , não há falar em compensação dos tributos. (...). (Acórdão nº 1201001.343, data da Sessão: 02/02/2016). Portanto, os diplomas normativos de regências da matéria, quais sejam o art. 170 do Código Tributário Nacional e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, deixam clara a necessidade da existência de direto creditório líquido e certo no momento da apresentação do Per/DComp, hipótese em que o débito confessado encontrarseia extinto sob condição resolutória da ulterior homologação. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10925.904088/200828 Acórdão n.º 1003000.612 S1C0T3 Fl. 6 9 A regra é de que o Per/Dcomp somente pode ser retificado pela Recorrente caso se encontre pendente de decisão administrativa à data do envio do documento retificador, em conformidade com o art. 56 da Instrução Normativa SRF nº 460, de 17 de outubro de 2004, o art. 57 da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, o art. 77 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, o art. 88 da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de dezembro de 2012 e o art. 107 da Instrução Normativa RFB nº 1.717, de 17 de julho de 2017, todas editadas com fundamento no poder disciplinar da RFB previsto no § 14 do art. 74 da Lei n º 9.430, de 1996. A pretensão de retificação do Per/DComp para fins de constar direito creditório diverso do originalmente identificado, apenas trazida em sede de impugnação, constitui inovação da matéria tratada nos autos, não podendo ser objeto de análise neste processo. Em tempo, a manifestação de inconformidade não é meio adequado para retificação dos dados declarados pela incompatibilidade dos instrumentos e pela preclusão da possibilidade de referida retificação após instaurada a fase litigiosa no procedimento. Ademais, como a alteração do pedido ou da causa de pedir não é admitida após ciência do Despacho Decisório, houve a estabilização da lide. Por outro lado, apenas nas situações comprovadas de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos podem ser corrigidas de ofício ou a requerimento da Requerente. O erro de fato1 é aquele que se situa no conhecimento e compreensão das características da situação fática tais como inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos. Nestes casos, a Administração Tributária tem o poder/dever de revisar de ofício o procedimento quando se comprove erro de fato quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória. A este poder/dever corresponde o direito de a Recorrente retificar e ver retificada de ofício a informação fornecida com erro de fato, desde que devidamente comprovado. Porém, a Recorrente tem o ônus de instruir os autos com documentos hábeis e idôneos quem comprovem suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. 1 O conceito de erro material apenas abrange a inexatidão quanto a aspectos objetivos, não resultantes de entendimento jurídico, como um cálculo errado, a ausência de palavras, a digitação errônea, e hipóteses similares. Somente podem ser corrigidas de ofício ou a pedido as informações declaradas no caso de verificada a circunstância objetiva de inexatidão material e congruentes com os demais dados constantes nos registros internos da RFB (art. 32 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e incisos I e III do art. 145 e inciso IV do art. 149 do Código Tributário Nacional). Por inexatidão material entendemse os pequenos erros involuntários, desvinculados da vontade do agente, cuja correção não inove o teor do ato formalizado, tais como a escrita errônea, o equívoco de datas, os erros ortográficos e de digitação. Diferentemente o erro de direito, que não é escusável, diz respeito à norma jurídica disciplinadora e aos parâmetros previstos nas normas de regência da matéria. Fl. 72DF CARF MF 10 Ocorre que, no presente caso, não foram carreados aos autos, pela Recorrente, os elementos essenciais a produzir um conjunto probatório robusto dos argumentos contidos no recurso voluntário. Ademais, como já explicitado, os dados presumidamente equivocados não podem ser considerados, pois não foi feita a apresentação de Per/DComp, tal como requer a legislação de regência. Por todo o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, com o consequente não reconhecimento do direito creditório pleiteado, mantendo o acórdão da DRJ. (assinado digitalmente) Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça Fl. 73DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.901850/2013-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE.
No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA.
Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
Numero da decisão: 3201-005.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1997; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.825 1 1.824 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10410.901850/201381 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.306 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO PEDIDO DE RESSARCIMENTO Recorrente TRIUNFO AGROINDUSTRIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 90 18 50 /2 01 3- 81 Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.826 2 Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concedese direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupasherbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Presidente em Exercício e Relator Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.827 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1464.822: Tratase de Pedido de Ressarcimento de créditos da PIS não cumulativo do 4º Trimestre de 2009, relativos a despesas vinculadas a receitas de exportação, no importe de R$ 215.678,29, formalizado por meio do PER/DCOMP nº 38935.94124.091210.1.1.084884 (fls. 34/41), ao qual a contribuinte vinculou declarações de compensação nas quais procurou extinguir débitos próprios, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Analisada a pretensão, foi emitido o Despacho Decisório nº de Rastreamento 095447343 (fl. 42), no qual o direito creditório foi reconhecido parcialmente, disso resultando declaração de compensação homologada parcialmente e declarações de compensação não homologadas, além de inexistência de saldo a ser ressarcido. Os fundamentos da decisão estão no Relatório Fiscal de fls. 1392/1428, no qual a autoridade fiscal se manifestou pelo deferimento parcial do pedido, e expôs os motivos de seu entendimento, conforme segue. Inicia esclarecendo que: a empresa dedicase à produção e comercialização de açúcar e álcool utilizando como matéria prima básica a canadeaçúcar obtida mediante produção própria ou adquirida de terceiros; como a maioria das empresas deste ramo, tem produção sazonal, normalmente ocorrendo o período de safra/produção entre os meses de setembro a março; a comercialização é feita tanto no mercado interno como no externo, sendo que o açúcar é predominantemente exportado e o álcool é majoritariamente comercializado no mercado interno. Passa a tratar dos créditos glosados informando inicialmente que o conceito de insumo, para fins de apuração de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins está regido em legislação própria e não pode ser confundido nem interpretado à luz da legislação do IRPJ. Relata que em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal, a contribuinte apresentou planilhas detalhadas em que demonstrava a memória de cálculo dos valores de crédito que Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.828 4 informou no DACON e que embasaram seus Pedidos de Ressarcimento. Informa ainda que estas planilhas apresentavam os insumos “que foram utilizados para compor os créditos discriminados por utilização em AGRICULTURA ou INDÚSTRIA”. Diz ainda que, na AGRICULTURA, a contribuinte incluiu também “as despesas (serviços, fretes, peças de veículos...) com o transporte e movimentação de canade açúcar, tanto a cana adquirida de terceiros como também a cana produzida em suas diversas fazendas até a unidade fabril”. Ressalta (os destaques são do original): Ora, em relação aos gastos ocorridos na Agricultura, tais aquisições não poderiam gerar direito aos créditos pleiteados por tratarse de ciclos produtivos diferentes: um, a atividade rural de cultivo da canadeaçúcar e outro, a produção de álcool e açúcar. A contribuinte fabrica açúcar e álcool, e além disso, cultiva parte da canadeaçúcar que utiliza na própria atividade industrial. Entende a Receita Federal que a fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são dois processos diferentes e que não se confundem para fins de apuração de PIS e Cofins no regime nãocumulativo. Além disso, não representam gastos com insumos utilizados na produção de produtos destinados à venda e sim gastos/insumos utilizados na obtenção de matérias prima para o próprio consumo. Notese que a empresa não vende cana e sim açúcar e álcool e a legislação do PIS/COFINS é clara quando restringe o direito ao crédito apenas a insumos utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. Registra que este entendimento está expresso em diversas Soluções de Consulta, das quais transcreve trechos, e ainda, que o mesmo entendimento se aplica a outras atividades do segmento agroindustrial como, por exemplo, siderúrgicas com produção própria de carvão vegetal, indústria de papel com produção própria de eucaliptos, e acrescenta: E não é só. Mesmo na absurda hipótese de creditamento de bens e serviços aplicados na área agrícola, nem assim os supostos créditos seriam integrais, uma vez que a maioria das atividades agrícolas (entre as quais se inclui a produção de cana...), está sujeita a que parte dos seus custos com preparo e plantio seja imobilizada através da EXAUSTÃO e, ao contrário da depreciação e da amortização, não existe qualquer previsão legal para o creditamento de quotas de exaustão. (...) (destaques no original) Apresenta, em nota de rodapé, a seguinte observação: A empresa apresentou uma planilha denominada Serviços de TerceirosAgrícola na qual relacionava todos os serviços de manutenção, frete de cana, solda, diversos,....efetuados na área agrícola. Para fins de melhor visualização, a ação fiscal "quebrou" esta planilha em várias outras de acordo com o tipo do serviço prestado: Frete de Cana, Serviços de Terceiros Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.829 5 manutenção e solda de equipamentos agrícolas, Serviços Diversos e Serviços de Terceirosmanutenção e solda de veículos e equipamentos de transporte. A mesma "quebra" foi efetuada na Planilha Manutenção e Reparos, que foi dividida em Equipamentos Agrícolas e Transporte. Convém acrescentar que a "quebra" não implicou alteração nos valores totais, que, de qualquer forma e independentemente da divisão adotada, seriam glosados, uma vez que referemse a atividades que não ensejam creditamento. Passa então a informar as glosas efetuadas, relativas a aquisições para a área agrícola: 1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Do valor total de Serviços Utilizados como Insumos foram glosados os seguintes créditos referentes a agricultura: • Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação; • Serviços Diversos: outros créditos de serviços na área agrícola, de natureza indireta e administrativa, tais como Consultoria Agrícola, Consultoria em Meio Ambiente, Lavagem de Roupa Herbicidas e Manutenção de Programas de Computador. • Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Os valores glosados estão demonstrados abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços utilizados como Insumos” e “Serviços de Terceiros Prestados na Agricultura Creditamentos Glosados”, Anexo 04. (...) 1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Conforme exposto anteriormente, em suas planilhas apresentadas a empresa englobou como “Agricultura” as despesas referentes à aquisição de bens utilizados em automóveis e veículos para a movimentação e transporte da cana de açúcar. Além disso, apresentou todas as aquisições em uma única planilha (“Bens Insumos”), sem separação por tipo ou natureza do bem. Com o objetivo de melhor apresentação e visualização dos créditos glosados, a ação fiscal separou os bens nas planilhas da empresa, utilizando a mesma classificação existente na Contabilidade (SPED ContábilReq. 1dffe5fa2f9348db9308 3175c5a3a827, Anexo 01), ou seja, Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção. A seguir, a empresa foi intimada a identificar centros de custos (item 2 do Termo de Intimação n° 03) e, com base nas Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.830 6 informações recebidas (Respostas Apresentadas pela Empresa Anexo 03) e com base nas informações contábeis que identificavam o centro de custo para o qual o material foi requisitado, foram separados aqueles gastos específicos da agricultura ( bens utilizados em tratores, colheitadeiras, equipamentos de irrigação,...) daqueles mais específicos do transporte (caminhões, automóveis, motos,..). Em Agricultura foram considerados centros de custos tais como, Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas,.... Em Transportes foram classificados os centros de custos Toyota Hillux, Fiat Uno, Ford Cargo, Caminhão MBB, Moto Honda, Pajero TR4, Reboques,... Os valores contábeis foram separados por Agricultura e Transporte e os percentuais obtidos aplicados sobre as aquisições constantes nas planilhas da empresa: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras e Material de Manutenção. Os valores glosados estão relacionados abaixo e também nas Planilhas da Ação Fiscal “Apuração do Rateio entre Bens Utilizados na Área Agrícola e no Transporte de Cana” e “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05). 1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA Outros créditos também foram glosados na área Agrícola, tais como o Frete de Compras, Transporte de Cana, Transporte de Pessoal e Aluguéis de Veículos, os quais se encontram apresentados em tópicos específicos, a seguir. Discorre então sobre os fretes de compras, salientando a inexistência de previsão legal para a apuração de créditos sobre tais despesas. Depois, justifica as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de Bens” e, a seguir, as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de CanadeAçúcar de Terceiros”. Na sequência, trata dos créditos glosados no transporte de cana: A empresa possui diversas fazendas onde planta canadeaçúcar que é utilizada para consumo próprio em sua unidade fabril. Uma vez colhida esta cana é transportada de seus estabelecimentos agrícolas até a sua unidade fabril. Neste processo de movimentação da matériaprima, a empresa tanto utiliza sua frota própria de caminhões e reboques como também pode utilizar serviços de terceiros. Nos dois casos tratase da mesma situação, que é o comumente chamado “frete interno”, ou seja, o transporte de matériaprima, produto em elaboração ou produtos acabados entre estabelecimentos de uma mesma empresa. E o crédito para tal tipo de transporte é totalmente vedado pela legislação e Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.831 7 por inúmeras Soluções de Consulta e Julgamento. Confiramse algumas: Cita soluções de consulta, bem como acórdãos de diversas DRJ, e conclui: Abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05) e “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos”, “Serviços com Creditamento Glosado” e “Detalhamento da Apuração das Glosas em Frete de Cana: Própria e Adquirida de Terceiros” (Anexo 04) estão demonstrados os valores glosados. Prossegue (destaques no original): Em Bens Aplicados em Equipamentos e Veículos de Transporte de Cana: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, Os critérios utilizados na segregação destes créditos foram os já expostos no item 1.2 – Bens utilizados como Insumos – Área Agrícola. (...) Em Serviços Aplicados em Equipamentos e Veículos para o Transporte de Cana: Serviços de TerceirosCaminhões, Motos e Automóveis, Manutenção e Reparo de Veículos e Equipamentos de Transporte e Frete de Cana. (...) A seguir, o AuditorFiscal discorre sobre os créditos glosados na indústria. Sustenta (os destaques são do original): Como já exposto anteriormente, enseja o creditamento a utilização de insumos na atividade de “prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (lei 10.833/03, art. 3o, II), que, no caso da empresa, é a fabricação de açúcar e álcool. No entanto, no processo de análise dos bens e serviços que a empresa considerou em sua apuração, foram identificados diversos grupos de bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo da legislação do PIS/COFINS. São eles: 4.1 SERVIÇOS DE DEDETIZAÇÃO E TRANSPORTE DE RESÍDUOS Foram glosados dispêndios com Dedetização e Transporte de Resíduos, abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 04). (...) 4.2 DESINCRUSTANTES E PRODUTOS DE LIMPEZA E TRATAMENTO DE ÁGUAS Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.832 8 A empresa utiliza diversos produtos químicos na limpeza de suas instalações, com o objetivo de remover incrustações tais como a soda cáustica (desincrustante geral) e dispersolubizante (desincrustante para sistema de geração de vapor). São também utilizados produtos químicos específicos para tratamento de águas, tais como P70 e algicidas. Seguem abaixo trechos de algumas Soluções de Consulta sobre o assunto: (...) Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.3 – BENS E SERVIÇOS C/NATUREZA DE ATIVO FIXO É praxe nas Usinas de Açúcar, como também na maioria das indústrias sujeitas à sazonalidade, aproveitar o período de entressafra para a reforma e recuperação de máquinas e equipamentos. Estas reformas envolvem tanto a substituição de partes e peças como também serviços gerais de recuperação, ambos objetivando o aumento da vida útil destes bens, evitando novas aquisições. Neste processo de recuperação e na análise dos bens que compuseram o crédito pleiteado pela empresa, foi constatada a existência de partes e peças utilizadas no processo de recuperação, de alto valor unitário e com nítida natureza de ativo fixo, principalmente partes e peças de uso nas moendas, como foi o caso das bagaceiras, camisas de moedas, buchas, casquilhos e outros. A bagaceira, por exemplo, é uma peça enorme, de metros de comprimento, geralmente em ferro fundido, preço em torno de R$ 6.000,00 e vida útil bem superior a uma safra. De acordo com o art. 346 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR), deverão ser capitalizadas partes e peças, cuja substituição resultar aumento de vida útil superior a um ano da máquina ou equipamento ao qual serão integrados: “Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único).” Sobre o assunto convém destacar parte da Solução de Consulta 204: Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.833 9 (...) Ora, é evidente que, se tratando de partes e peças significativas em um equipamento, a sua substituição irá aumentar a vida útil deste equipamento. É o caso, por exemplo, da substituição ou retífica de um bloco de motor de automóvel ou de um rotor em uma bomba. Desta forma a ação fiscal buscou identificar bens de alto valor unitário, significativos e relevantes na máquina ou equipamento e que não tenham sido novamente requisitados pelo menos nos dois anos seguintes. Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.4 OUTROS BENS DIVERSOS Foram também glosadas aquisições diversas, tais como lâmpadas, fechaduras para porta, peças para arcondicionado, ferramentas, graxa e outros. Em relação ao material de construção glosado, convém ressaltar que a legislação não veda seu creditamento desde que incorporado ao bem ou instalação, onde passa a ter seu credito efetuado indiretamente através da depreciação. Sobre a graxa, que representou a glosa mais significativa, segue abaixo parte do Acórdão DRJ 02 42.382 sobre o assunto: Acórdão DRJ N° 0242.382 de 04 de fevereiro de 2013. GASTOS COM GRAXA Assim, não procede a alegação de que estaria revisto o entendimento contido na Solução de Divergência COSIT n° 12/2007, com a publicação da Solução de Divergência COSIT nº 15/2008, uma vez que, conforme acima demonstrado, ambas tratam de questões específicas diversas e, portanto, convivem perfeitamente, sem nenhuma contradição entre si. Por conseguinte, a justificativa para enquadramento da graxa como insumo, para efeito de aproveitamento de crédito por se constituir produto indispensável à realização de suas atividades cai por terra, uma vez que a citada Solução de Divergência COSIT n° 12/2007 já abordou profundamente essa questão, conforme transcrito abaixo: 18.3) Em termos técnicos, as graxas são diferentes dos óleos lubrificantes, visto que elas são tidas como uma combinação de um fluido com um espessante, resultando em um produto homogêneo com qualidades lubrificantes. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto lubrificante ou óleo lubrificante é líquido obtido por destilação do petróleo bruto, utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.834 10 relógio até os pesados mancais de navios e máquinas industriais, a graxa é lubrificante fluido espessado por adição de outros agentes, formando uma consistência de 'gel' e tem a mesma função do óleo lubrificante, mas com consistência semisólida para reduzir a tendência do lubrificante a fluir ou vazar. Não fosse a disposição literal que se encontra no art. 3° Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003 (“bens utilizados como insumo ... na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes...”), as graxas com certeza poderiam ser aqui incluídas. Entretanto, o referido artigo não contém o termo graxa e, por isso, não se pode desonerar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins. Tal ocorre porque: 18.3.1) Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário (art. 111 do CTN), de forma que o termo graxa deverá estar contemplado na lei; 18.5) Os combustíveis e lubrificantes geram direito ao creditamento não porque sejam insumos diretos de produção, mas apenas por disposição legal. (...) 19.2) Graxas. Tratase, mesmo no contexto produtivo da interessada, de insumo indireto de produção. Embora seja uma mercadoria com propriedades lubrificantes, difere dos lubrificantes, também ditos óleos lubrificantes e, por isso, deveriam constar literalmente da legislação em tela. Como tal não ocorre, também aqui se constata que não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins; Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). O Auditor Fiscal abre então um tópico intitulado “OUTROS VALORES GLOSADOS”, que divide em vários subitens, conforme segue: 5.1 – SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE PESSOAL A empresa contrata serviços de transporte tanto para os funcionários de sua área agrícola como também para funcionários da indústria. Apesar de ser um gasto de inegável alcance social e ser aceito na legislação do imposto de renda (evidentemente se não se revestir de liberalidade...), tal dispêndio não é considerado insumo para a legislação do PIS/COFINS, pelo fato de não se aplicar diretamente ao processo produtivo. Pese ainda o fato da maior parte deste dispêndio estar relacionada à área agrícola. Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.835 11 Sobre o assunto convém destacar as seguintes Soluções de Divergência: (...) Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 4): (...) 5.2 – ALUGUEL DE VEÍCULOS A legislação permite o creditamento de Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, conforme Lei 10.833/03, art. 3º, IV: (...) Notese que neste caso a própria Lei usa o termo “atividades da empresa” ao contrário de outras disposições em que vincula o crédito à prestação de serviços e à produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desta forma a ação fiscal aceitou todos os valores apresentados pela empresa em sua Planilha de Serviços/Aluguel de Máquinas e Equipamentos. Inclusive aqueles relacionados à Agricultura, uma vez que, repetimos, para este tipo de dispêndio a Lei não restringiu o creditamento à produção ou fabricação de produtos destinados à venda. No entanto, e embora tivesse sido englobado no valor dos Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos informado no DACON, foram glosados os dispêndios com aluguel de automóveis e aeronaves, os quais, a própria empresa separou e discriminou em planilhas próprias e separadas das planilhas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos. (...) Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, Anexo 06: (...) 5.3 –DEPRECIAÇÃO A legislação do PIS/COFINS vincula o direito ao creditamento de encargos de depreciação à utilização dos bens na prestação de serviços ou na produção de bens destinados à venda. Confirase o art. 3o da lei 10.833/03: (...) Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.836 12 Desta forma encargos de depreciação de bens não utilizados na fabricação de produtos destinados à venda não ensejam aproveitamento de crédito. É o caso de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana, conforme já exposto em itens anteriores. Convém ressaltar que, mesmo na absurda hipótese de concessão de crédito para agricultura e transporte de cana, nem assim os valores apresentados pela empresa poderiam ser integralmente acatados, uma vez que a empresa incluiu bens do tipo “Nissan Livina”, “Mitsubshi L 200”, “Pajero TR 4” e outros, que nem com muita boa vontade, poderiam ser considerados integrantes de um processo produtivo de fabricação de açúcar e álcool. Mesmo no processo de fabricação do açúcar e do álcool também foram encontrados bens que, que embora alocados fisicamente na área industrial, não se enquadram no conceito de utilização na fabricação de bens destinados à venda, como por exemplo, bomba centrífuga na casa de hóspedes, quadro de distribuição de energia do banheiro industrial, roupeiro em aço, águas residuais, betoneira, ferramentas manuais, splits, ar condicionado, escadas, e outros. (...) O detalhamento dos itens glosados está demonstrado na Planilha “Apuração das Glosas em Depreciação” e “Apuração dos Valores de Encargos de Depreciação e Ajustes Negativos”, Anexo 06. 5.4. DUPLICIDADE NO APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS A empresa adquire partes e peças para uso normal em máquinas, equipamentos e instalações de seu processo produtivo. É o caso de fusíveis, parafusos, material elétrico, perfis, contatores, tubos, etc... Tais materiais ensejam direito a crédito e são normalmente creditados quando de sua aquisição. No entanto estas mesmas peças também podem ser requisitadas do Almoxarifado para o Ativo Imobilizado, geralmente em grandes reformas ou recuperações na conta 142010990002 Obras em Andamento. Ao se analisar os registros contábeis desta conta foram observadas inúmeras contabilizações de grupos de contas (Material Elétrico e Material de Manutenção) que tem seu crédito apropriado quando da aquisição. No Termo de Intimação n° 04 a empresa foi intimada a apresentar dados dos materiais requisitados para essa conta e constatouse que para os Grupos Material Elétrico e Material de Manutenção, a maioria dos materiais requisitados, constava nas Planilhas de BensInsumos apresentadas pela empresa, ou seja, tiveram seu crédito apropriado no momento da aquisição. Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.837 13 O problema é que, quando termina a recuperação ou reforma, o valor registrado em Obras em Andamento é creditado e debitado à conta específica do bem no Ativo Imobilizado. E, a partir do momento em que a reforma ou instalação é ativada, a mesma peça que teve seu crédito apropriado quando de sua aquisição, passa a ser novamente creditada, através da depreciação do bem no qual foi empregada. Em resumo, uma clara (e ilegal) situação de duplicidade na apropriação de créditos. Como é muito difícil definir o destino de uma peça de uso geral, o procedimento correto seria o de apropriar a totalidade do crédito na aquisição, porém efetuando o estorno proporcional quando de uma eventual e posterior destinação ao Ativo Imobilizado. Para tal a empresa poderia ter utilizado a Linha do DACON de “Ajustes Negativos de Crédito”. No entanto os valores que a empresa registrou nesta linha referemse apenas a devoluções de compra. No Termo de Intimação N° 9 a empresa foi então intimada a apresentar, em arquivo magnético, os materiais requisitados para Obras em Andamento. No arquivo apresentado a ação fiscal desconsiderou da apuração aqueles materiais que não foram objeto de creditamento na entrada, tais como tintas, eletrodos, cimento e outros. Também foram desconsiderados os materiais que já tinham sido glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos, tais como lâmpadas e tomadas. Abaixo e nas planilhas “Glosa de Bens Utilizados como Insumos Duplicidade na Apuração do Crédito Bens com Creditamento na Aquisição Requisitados para o Ativo Fixo” e “Apuração dos Créditos de Depreciação dos Bens do Ativo Imobilizado e Ajustes Negativos”, Anexo 06, estão demonstrados os valores apurados: (...) 5. 5. DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA NÃO APRESENTADA Através do item 2 do Termo de Intimação N° 07, a empresa foi intimada a apresentar documentação comprobatória (conhecimentos de transporte) de dispêndios registrados em suas planilhas de apuração como “Frete de Cana”, os quais ainda se encontravam pendentes de apresentação. No entanto ao se analisar os documentos apresentados (Anexo 03) verificouse que o documento apresentado pela empresa foi uma simples “Autorização de Fornecimento”, enquanto que o documento solicitado pela ação fiscal foi o “Conhecimento de Transporte”, que é o documento hábil e legal para se comprovar um transporte de mercadorias. Desta forma, a solicitada apresentação de documentação comprobatória para estes lançamentos de transporte foi Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.838 14 considerada não atendida e os créditos a ela relacionados foram glosados. (...) No entanto, como a totalidade do Frete de Cana já tinha sido glosada, tal glosa acabou não tendo efeitos. 5. 6. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETE DE VENDAS A maior parte da produção de açúcar da empresa é destinada e transferida para os armazéns da CRPAAALCooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, onde fica armazenada aguardando uma futura venda. Esta situação ficou evidenciada através da Diligência efetuada na CRPAAAL, em que esta foi intimada a apresentar os recebimentos de açúcar da Usina Triunfo (Anexo 1 Termos da Ação Fiscal). Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências) , vêse claramente que a maior parte do açúcar foi destinada aos armazéns da Cooperativa. Mesmo boa parte do açúcar destinado à exportação também não foi transferida diretamente ao Porto de Maceió, mas sim a um armazém da Cooperativa em Marechal Deodoro, onde ficou armazenada até o seu transporte ao Porto. Para confirmar esta situação, o Porto de Maceió, através da EMPATEmpresa Alagoana de Terminais Ltda, também foi diligenciado no sentido de informar os recebimentos de açúcar para exportação da Usina Triunfo. Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências), a EMPAT discriminou todos os recebimentos de açúcar, datas, quantidades e transportadora. Constatouse que a maior parte do açúcar foi transportado através da “Transportadora Padre Cícero” que nem sequer foi relacionada dentre os Fretes de Venda com direito a crédito informados na Planilha apresentada pela Usina Triunfo (Anexo 2 Planilhas Apresentadas pela Empresa Serviços). Ou seja, açúcar transportado dos armazéns da Cooperativa para o Terminal da EMPAT. Nesta situação fica claro que não existe nenhuma vinculação entre o frete e a venda. Tanto assim, que não há, no Conhecimento de Transporte, nenhuma indicação de quem seja o cliente da mercadoria. Na realidade tratase de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Sobre o assunto já foram emanadas diversas Soluções de Consulta, cujos trechos de maior interesse abaixo transcrevemos: (...) Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.839 15 E mesmo para os demais fretes de vendas, ao cotejar a Planilha de Fretes de Venda apresentada pela empresa com as informações recebidas nas Diligências, constatouse ainda que: • A Usina Triunfo se creditou de fretes de transportadoras que não foram relacionadas dentre as transportadoras que entregaram o açúcar no Terminal da EMPAT, como por exemplo, A J B Transportes e Sandoval F de Moraes. • E mesmo dentre as transportadoras relacionadas, foram verificadas discrepâncias, como por exemplo o fato de a Usina Triunfo ter se creditado de fretes da “R de Oliveira Transportes” desde início de 2009 quando, de acordo com informações da EMPAT, tal empresa só começou a realizar entregas no Porto a partir de Setembro de 2009. Também foram verificados alguns fretes de transportadoras dos quais a Usina Triunfo se apropriou de créditos, não compatíveis com as informações de datas e quantidades fornecidas pela EMPAT/CRPAAA. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas Creditamentos Glosados, Anexo 06: (...) O AuditorFiscal apresenta então um tópico intitulado “APURAÇÃO DOS VALORES DO CRÉDITO”, no qual esclarece: Como consequência das glosas efetuadas foram apurados novos valores de crédito, demonstrados na Planilha “Resumo da Apuração dos Créditos” e “Apuração dos Valores dos Créditos Passíveis de Ressarcimento”, Anexo 06. (...) O valor correto apurado para o Pedido de Ressarcimento em questão totalizou R$ 72.458,94 (setenta e dois mil quatrocentos e cinquenta e oito reais e noventa e quatro centavos). As glosas de crédito totalizaram R$ 143.219,35 (cento e quarenta e três mil duzentos e dezenove reais e trinta e cinco centavos) correspondente ao somatório dos valores indevidamente solicitados. Por fim, apresenta uma “Relação de Anexos”. Cientificada do Despacho Decisório por via postal em 15/12/2014, conforme Aviso de Recebimento – AR de fl. 46, no dia 09/01/2015 a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/07. Após breve resumo do objeto da manifestação de inconformidade, a contribuinte passa a contestar as glosas efetuadas alegando, inicialmente, que a autoridade fiscal teria se equivocado na glosa dos créditos. Transcreve o caput e o inciso Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.840 16 II do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e sustenta: É claro o dispositivo em comento ao prever a possibilidade de utilização pelo contribuinte de créditos calculados sobre os bens e serviços utilizados como insumos da produção de bens. No caso em questão, resta incontroverso que a Manifestante exerce atividade agroindustrial, consistente no cultivo da cana de açúcar e sua transformação em açúcar e álcool. Assim, os gastos com a aquisição de bens e as despesas incorridas no processo produtivo da Manifestante geram o direito à apropriação do crédito a título de PIS não cumulativo. Analisandose o despacho decisório ora combatido, observase que a decisão combatida, ao glosar diversos créditos utilizados pela Manifestante, ignorou as especificidades da atividade agroindustrial por ela desenvolvida, cindindo, de forma absurda, as atividades agrícolas e industriais, com o único propósito de impedir a plena fruição dos créditos que a legislação tributária assegura ao contribuinte. Com efeito, a grande controvérsia estabelecida no Despacho Decisório está em saber se a Manifestante poderia apropriarse de créditos a título de PIS não cumulativo pelas despesas relacionadas a insumos pertinentes à etapa de cultivo da cana de açúcar que será utilizada como matéria prima no processo de industrialização. A resposta, por óbvio, só pode ser positiva. Mas não se consegue chegar à resposta sem a exata compreensão do que seja atividade agroindustrial. E foi esse o equívoco em que incorreu o despacho decisório aqui impugnado. Passa então a discorrer sobre “atividade agroindustrial”. Além de invocar, neste sentido, o art. 22A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e o art. 6º da Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho 2006, salienta que “a própria Receita Federal, em seus atos normativos, reconhece que a atividade desenvolvida pela Manifestante se enquadra na categoria de ‘agroindustrial’, não se confundindo com a atividade agropecuária nem com a atividade industrial em sentido estrito”. Prossegue (os destaques são do original): Resta demonstrado, portanto, que a pessoa jurídica, como sucede com a Manifestante, "cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros" enquadrase no conceito de agroindústria. Essa premissa é fundamental para que se compreenda o direito creditório da Manifestante, que foi absurdamente glosado no despacho decisório aqui impugnado. Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.841 17 A atividade agroindustrial, por imposição da definição dada pelo art. 22A, caput, da Lei n° 8.212/91, abrange a industrialização da produção própria ou de terceiros. Portanto, tratandose de produção própria, as despesas incorridas na lavoura, plantio, conservação, aplicação de herbicidas, adubação, além de outras geram direito ao crédito da COFINS não cumulativa, de que trata o art. 3o da Lei n. 10.833/03. Alega que o entendimento adotado pela fiscalização criaria uma situação antiisonômica, pois a aquisição de matéria prima, no caso, canadeaçúcar, de terceiros daria origem ao crédito presumido da Cofins, enquanto a produção da matériaprima pela própria industrializadora não seria beneficiada com o creditamento. Acrescenta: Assim, usinas de açúcar que predominantemente adquirissem canas de açúcar através de terceiros (fornecedores) gozariam de uma situação fiscal muito mais favorecida (em razão do crédito presumido gerado nessa aquisição) em relação às usinas que optassem por investir na produção própria da matériaprima (as quais não teriam direito ao crédito de insumos, segundo o despacho decisório ora questionado). Revelase, também por esse motivo, inaceitável a glosa efetuada no despacho decisório ora questionado. A subdivisão ilegal (porque colide frontalmente com o disposto no art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91) promovida pelo despacho decisório entre a fase agrícola e a fase industrial de uma agroindústria, como se pudessem ser seccionadas para fins de apropriação das despesas da Manifestante, gerou a glosa equivocada. Todas as despesas que integram a fase agrícola, envolvendo aí, mas não somente: o tratamento do solo, plantio, manejo e colheita representam insumos para o processo fabril do açúcar e do álcool. Não há como a empresa Manifestante produzir açúcar e álcool sem promover os tratos culturais, plantio e demais trabalhos sobre a lavoura da canadeaçúcar, que é sua matéria prima fundamental. Essas etapas integram o seu processo produtivo e não poderiam ser seccionadas, como equivocadamente o fizera o despacho decisório em questão, exclusivamente com o propósito de glosar os créditos fiscais que a Lei n. 10.833/03, em seu art. 3o, já assegura ao contribuinte. Depois a contribuinte passa a alegar o direito à apuração de créditos sobre todas as suas despesas incorridas na área agrícola, bem como com transporte de pessoal, transporte de matériaprima, etc, uma vez que se trata de atividades essenciais ao seu processo produtivo: O mesmo sucede em relação aos custos com frete, serviços de transporte de pessoal, serviços de dedetização, transporte de Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.842 18 resíduos, serviços de manutenção e reparo dos equipamentos agrícolas, e todos os demais serviços utilizados como insumos na área agrícola pela empresa. De fato, seria inimaginável que a Manifestante cultivasse a matériaprima fundamental por ela produzida (canadeaçúcar) e deixasse de realizar o transporte do que foi colhido para as suas caldeiras, a fim de iniciar o processamento fabril. As diversas despesas com transporte (aí incluindo o transporte dos trabalhadores que precisam ser deslocados entre as diversas fazendas onde se situam os canaviais, assim como o transporte do produto colhido do campo para a indústria) são essenciais ao processo produtivo e integram a base de cálculo do crédito previsto no art. 3o da Lei n. 10.833/03. Não se pode supor que esses custos seriam supostamente "indiretos", isto é, não integrariam o processo produtivo, pois, como visto, a premissa equivocada de que se partiu no despacho decisório para glosa dos créditos informados nas declarações de compensação foi a de que os custos incorridos na fase agrícola seriam desprezíveis. Afirma ainda: Como se demonstrou, o despacho decisório partiu da premissa de que a Manifestante exerceria atividade industrial, quando, na verdade, exerce atividade agroindustrial! A atividade do contribuinte deve ser vista como um todo único e indivisível, segundo a própria definição extraída do art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91. Notese que uma simples interpretação literal do art. 3o, II, da Lei n° 10.833/03, que alude a insumos aplicados na “produção ou fabricação” de bens e serviços destinados à venda, fica claro que a lei contemplou com o direito de crédito tanto a “produção” quanto a “fabricação”. Por fim, a contribuinte conclui: Diante das considerações acima aduzidas, vem a Manifestante, respeitosamente, à presença de V. Exa, requerer seja reformado o despacho decisório exarado nos autos do processo n. 10410.901.850/201381, reconhecendo em favor da Manifestante a totalidade dos créditos informados no PER 38935.94124.091210.1.1.084884 e nas DCOMP’s a ele correspondentes. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 11ª Turma, no Acórdão nº 1464.822, sessão de 23/03/2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.843 19 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo da Cofins nãocumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os mesmos argumentos para pleitear o deferimento integral dos valores que constam do pedido de ressarcimento e homologação de todas as declarações de compensações. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Considerações Iniciais No mérito, consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento da integralidade de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, cultivo e colheita de canadeaçúcar com fins à produção de álcool e açúcar, este destinado principalmente à exportação. Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.844 20 Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. A autoridade julgadora de 1ª instância entendeu que a contribuinte limitouse apenas à contestação das glosas como um todo, sem apresentar nenhum questionamento quanto aos cálculos apresentados pela autoridade fiscal. De fato, na manifestação de inconformidade e agora em recurso voluntário, a contribuinte, no mérito, insurgese quanto ao procedimento fiscal que glosou os créditos apropriados com os dispêndios relacionados aos insumos da fase agrícola, e mais; para a recorrente, todas as despesas incorridas e sua atividade econômica geram crédito a serem descontados das contribuições. Não se trata de uma contestação genérica. A recorrente pretende o reconhecimento dos créditos de insumos na fase agrícola, tal como a fiscalização concedera na atividade de produção de açúcar/álcool (desde que obedecidos os requisitos legais). Outrossim, resta claro nos autos que se pretende créditos com todas as despesas incorridas no âmbito de sua atividade econômica. Assim, incumbe a este Colegiado decidir acerca da possibilidade da recorrente apropriarse dos créditos nas aquisições de bens e serviços vinculados à atividade agrícola plantio, cultivo e colheita da principal matériaprima (canadeaçúcar) dos produtos fabricados e destinados à venda. De outra banda, devese decidir no tocante à extensão dos dispêndios que a legislação de regência permite a apropriação dos créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Os dispositivos dos incisos e parágrafos do art. 3º da Lei nºs 10.637/03 (PIS/Pasep) e da Lei 10.833/03 (Cofins) são suficientes para decidir o litígio. De ressaltar, contudo, que este voto devese ater apenas aos elementos que constam nos autos com fins à confrontação da descrição do dispêndio, sua correlação com o centro de custo relacionado à natureza da atividade e o motivo da glosa efetuada pela autoridade fiscal. Passemos às matérias em litígio. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Fl. 1844DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.845 21 Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.846 22 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o Fl. 1846DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.847 23 momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e Fl. 1847DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.848 24 exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Créditos com insumos na fase agrícola Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, cultivo e colheita da canadeaçúcar guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo do açúcar e do álcool e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com bens e serviços Fl. 1848DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.849 25 utilizados como insumos na etapa agrícola, do plantio à colheita da canadeaçúcar, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas na fase agrícola A fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são processos indissociáveis de forma que os custos e despesas com a cultura de canadeaçúcar e seu transporte até a unidade de fabricação do açúcar e do álcool enquadramse no conceito legal de insumo desta fabricação. A autoridade fiscal glosou créditos lançados pela contribuinte e relacionados ao cultivo da canadeaçúcar que, posteriormente, serviria à produção própria de açúcar e álcool. Segundo a autoridade fiscal, tais créditos foram apurados indevidamente por não terem sido, os bens e serviços, diretamente empregados na fabricação do açúcar e do álcool. Nenhum outro fundamento foi assentado para glosa. A posição adotada por este Colegiado para considerar custos e despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo (fase agrícola) de forma essencial e necessária implica reconhecer os dispêndios com aquisições de bens e serviços, com a observação a seguir. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com custos e/ou despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor da depreciação (e não de despesas), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: Tópico "1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação. Serviços de Lavagem de RoupaHerbicidas. Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Tópico "1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Aquisição de bens (Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção) utilizados em veículos empregados especificamente na Fl. 1849DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.850 26 movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas Fretes na fase agrícola Na atividade industrial, conquanto não haja expressa previsão legal à tomada de crédito nas despesas com frete na aquisição de insumos, a interpretação que se dá ao art. 3º, I e § 1º, I das Leis 10.637/02 e 10.833/03 cumulada com o art. 290 do RIR/1999 possibilita o entendimento de que é legítima a apropriação dos créditos do PIS e das Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de bens a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Os textos legais: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, (...); (...) § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; (...) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, sendo o bem transportado um insumo com direito a credito, também o será o gasto com transporte, se suportado pelo adquirente e pago à pessoa jurídica. Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.851 27 Portanto, revertemse as glosas do Tópico "1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA" relacionadas: Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) Análise das glosas na fase industrial (produção de açúcar e álcool) As glosas de gastos com bens e serviços descritos a partir do item "4.1" a "4.4" do Relatório Fiscal tiveram fundamento na ausência de enquadramento no conceito de insumo. Como relatado linhas acima, a contribuinte não questiona o conceito de insumo empregado pelo Fisco e tampouco asseverou seu próprio entendimento, apenas pretende crédito de todos os gastos incorridos em sua atividade empresarial. Nada obstante, a descrição de alguns dos dispêndios permite concluir pela sua essencialidade ou relevância face à atividade industrial desenvolvida. Dessa forma revertemse as glosas relativas a: Transporte de resíduo industriais Serviço de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; Produtos químicos específicos para tratamento de águas. Outros bens e serviços pretensamente utilizados nas atividades industriais carecem de comprovação, ônus do qual não se desincumbiu a recorrente. Glosas de Despesas Os dispêndios com serviços de transporte de pessoal carecem de previsão legal para o aproveitamento do crédito. Quanto aos automóveis e aeronaves alugados não se tem comprovação de uso como equipamento nas atividades da empresa, mantendose a glosa com base no art. 3º da Lei nº 10.833/03. Fl. 1851DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.852 28 Encargos de depreciação Os mesmos fundamentos para a reversão das glosas de gastos com bens utilizados na etapa agrícola são válidos para a manutenção do crédito com encargos de depreciação de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana. Mantémse as glosas de créditos dos demais encargos de depreciação de veículos e bens não utilizados nas etapas produtivas e de fabricação. Produtos acabados Armazenagem e frete na venda A fiscalização glosou os créditos com despesas de armazenagem e frete pois entendeu restar descaracterizada a operação de venda a cliente. Segundo a autoridade fiscal, a inexistência de informação do clienteadquirente nos documentos fiscais bem como a entrega do açúcar fabricado em locais que não identificam a venda/exportação, no caso o porto de embarque, revelam uma mera operação de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Discordo do entendimento fiscal. A legislação referente ao PIS/PASEP (Lei nº 10.637/2004) e a COFINS (Lei nº 10.833/2003) tratam da possibilidade de creditamento do frete como insumo no processo produtivo e na operação de venda (suas etapas) quando o ônus for suportado pelo vendedor, como dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. A operação de venda não se revela simplesmente pela saída do produto acabado do estabelecimento industrial diretamente ao adquirente ou embarque para exportação. No caso, a operação de venda comporta uma logística de transporte e armazenagem do açúcar fabricado, caracterizandose necessários à atividade final de venda. Fl. 1852DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.853 29 Dessa forma, não se pode admitir que as transferências do produto fabricado restringemse a uma mera opção de logística ou comercial, mas essencial e necessários à preservação dos produtos até que se complete a atividade final de venda. Neste sentido é o entendimento deste Colegiado no Acórdão nº 3201 004.279, sessão de 23/10/2018, cujo voto vencedor na matéria é de lavra do Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, que transcrevo na parte que interessa a este julgamento: [...] No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda.. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. Outrossim, as discrepâncias entre quantidades e datas nos conhecimentos de transporte ou documentos do armazenador não desnaturam a operação como de armazenagem e frete de venda, com direito ao aproveitamento do crédito a teor do inciso IX, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Com essas considerações, concedese o creditamento dos fretes de produtos acabados, em que o ônus é suportado pelo vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País à vista de documento fiscal hábil e idôneo. Por fim, a ausência de refutação específica as todas os demais dispêndios (insumos ou despesas) glosados, além do não afastamento da acusação fiscal de duplicidade no aproveitamento de créditos (item "5.4") e não apresentação de documentação comprobatória, mantémse as glosas efetivadas pela autoridade fiscal. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria, exclusivamente quanto a: 1. Serviços utilizados como insumos na fase agrícola (itens "1.1" e "1.3") 1.1 Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de lavagem “roupasherbicidas”; 1.2 Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; 1.3 Fretes de compras (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); Fl. 1853DF CARF MF Processo nº 10410.901850/201381 Acórdão n.º 3201005.306 S3C2T1 Fl. 1.854 30 1.4 Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) 2. Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2") 2.1 Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas. 3. Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") 3.1 Transporte de resíduos industriais; 3.2 Serviços de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; 3.3 Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e 3.4 Produtos químicos específicos para tratamento de águas. 4. Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e 5. Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas (à vista de documento fiscal hábil e idôneo). (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1854DF CARF MF
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Numero do processo: 15586.000325/2006-20
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2003, 2004
FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA.
A falta de recolhimento de estimativas mensais por contribuinte optante pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa isolada, independentemente do resultado apurado pela empresa no período. A aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais não fica prejudicada pelo fato de não haver ou não remanescer tributo a ser exigido em relação ao ajuste anual dos períodos autuados.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA - CSLL
Estende-se ao lançamento decorrente, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 9101-004.164
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Demetrius Nichele Macei, Luis Fabiano Alves Penteado e Lívia De Carli Germano, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2001, 2003, 2004 FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS MENSAIS. MULTA ISOLADA. A falta de recolhimento de estimativas mensais por contribuinte optante pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa isolada, independentemente do resultado apurado pela empresa no período. A aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais não fica prejudicada pelo fato de não haver ou não remanescer tributo a ser exigido em relação ao ajuste anual dos períodos autuados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA - CSLL Estende-se ao lançamento decorrente, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Demetrius Nichele Macei, Luis Fabiano Alves Penteado e Lívia De Carli Germano, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
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MULTA ISOLADA. A falta de recolhimento de estimativas mensais por contribuinte optante pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa isolada, independentemente do resultado apurado pela empresa no período. A aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais não fica prejudicada pelo fato de não haver ou não remanescer tributo a ser exigido em relação ao ajuste anual dos períodos autuados. TRIBUTAÇÃO REFLEXA CSLL Estendese ao lançamento decorrente, no que couber, a decisão prolatada no lançamento matriz, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, com retorno dos autos ao colegiado de origem, vencidos os conselheiros Cristiane Silva Costa, Demetrius Nichele Macei, Luis Fabiano Alves Penteado e Lívia De Carli Germano, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 03 25 /2 00 6- 20 Fl. 1524DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência de interpretação da legislação tributária quanto ao afastamento da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1401001.353, de 26/11/2014, por meio do qual a 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF decidiu afastar a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL nos anoscalendário de 2001, 2003 e 2004. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2002, 2004, 2005 Não merecem prosperar as multas isoladas sobre estimativas se as importâncias já antecipadas, no curso do anocalendário fiscalizado, superam o montante definitivo do tributo calculado em 31 de dezembro, gerando direito creditório à recorrente, pois as diferenças que servem de base de cálculo às mencionadas sanções, se recolhidas espontaneamente, antes do procedimento fiscal, aumentariam o crédito do autuado em face da União. Assim, é evidente que, em tais circunstâncias, as multas aplicadas, após o término do período anual de apuração, refletemse como punição incidente sobre a parcela que seria acrescida ao direito creditório, o que revela a irrazoabilidade da medida punitiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Antonio Bezerra Neto e Fernando Luiz Gomes de Mattos, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Fl. 1525DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 4 3 A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que tem sido dada em outros processos, relativamente à matéria acima mencionada. Para o processamento de seu recurso, ela desenvolve os argumentos descritos a seguir: a Turma “a quo” adotou o entendimento de que não é devida a multa isolada por falta de recolhimento de estimativas devido ao fato de o contribuinte ter apurado prejuízo no ajuste do respectivo anocalendário: [...]; diferentemente, decidiu a Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes no Acórdão n. 10806.571, assim ementado: Acórdão nº 10806.571 IRPJ — ESTIMATIVA — FALTA DE RECOLHIMENTO — MULTA ISOLADA DENÚNCIA ESPONTÂNEA EM FACE DO PREJUÍZO — INOCORRÊNCIA — O art. 44, I, §1°, IV, da Lei 9430/96 prevê expressamente a hipótese de incidência da multa isolada quando a empresa, sujeita ao recolhimento por estimativa, deixar de fazêlo, ainda que tenha ao final do período base anual apurado prejuízo. Portanto, a apuração de prejuízo ou a entrega da Declaração com prejuízo não corresponde à denúncia espontânea do art. 138 do CTN, que estabelece a exclusão da responsabilidade da infração se esta for denunciada com o recolhimento do tributo, o que não ocorreu. Recurso negado os seguintes trechos dos votos condutores dos paradigmas são claros ao reconhecerem a validade da cobrança da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, ainda que a autuada tenha apurado prejuízo ao final do período base anual: [...]; portanto, ao contrário do que consta do acórdão recorrido, o acórdão paradigma reconhece a validade da cobrança da multa isolada, independentemente da apuração de imposto devido ao final do período base, pois essa penalidade visa sancionar o contribuinte que não cumpre a sistemática de recolhimento mensal do tributo com base no regime de estimativa; dessa forma, estando prequestionada a matéria e demonstrada a divergência jurisprudencial, encontramse presentes os requisitos de admissibilidade do presente recurso especial; DOS FUNDAMENTOS PARA MANUTENÇÃO DA MULTA ISOLADA compulsandose os autos, vêse que o cerne da questão ora objeto de debate consiste em definir se é legítimo o lançamento da multa isolada tendo como base de cálculo as estimativas mensais do tributo não recolhidas; conforme disposição do artigo 2º da Lei nº 9.430, de 1996, as pessoas jurídicas que optam pelo lucro real com apuração anual de resultados ficam obrigadas ao Fl. 1526DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 5 4 pagamento do imposto de renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, apurados mensalmente, com base na estimativa; em caso de inadimplemento dessa obrigação tributária, a mesma lei estipulou, no artigo 44, §1º, inciso IV (atual art. 44, II, b, da Lei n.º 9.430/96, na redação dada pela Lei nº 11.488/07), a multa de ofício, exigida isoladamente, nos seguintes termos: [...]; observese que a utilização, pelo legislador, da expressão “ainda” significa que a multa é exigida tanto na hipótese de apuração de lucro real e base de cálculo positiva da CSLL, como no caso da apuração de prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa da CSLL. Não fosse assim, o termo “ainda” seria desnecessário. E, como se sabe, a lei não contém palavras inúteis ou desnecessárias; observese, também, que a lei não restringiu a aplicação da multa ao lançamento efetuado antes do término do anocalendário. Pelo contrário, a expressão “ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário” leva à conclusão de que o lançamento pode ser efetuado após o seu encerramento, uma vez que antes não se sabe qual será o resultado do período anual e, portanto, se o lançamento apenas pudesse ser realizado durante o anocalendário, a expressão não teria razão de existir; portanto, a multa isolada prevista no artigo 44, par. 1º, inciso IV da Lei nº. 9.430, de 1996 (atual art. 44, II, b, da mesma lei, na redação dada pela Lei n.º 11.488/07), decorre do descumprimento da obrigação de recolher a estimativa apurada no mêscalendário, independentemente de se apurar ou não resultado anual tributável, sendo cabível mesmo após o encerramento do anocalendário e nada tendo a ver com a multa devida pela falta de recolhimento do tributo apurado com base no lucro real anual ou trimestral; neste mesmo sentido, a Instrução Normativa SRF nº 93, de 1997, ao tratar da falta ou insuficiência de pagamento da estimativa, em seus artigos 14 a 16, assim esclareceu, verbis: [...]; portanto, tendo em vista a previsão em lei, devidamente regulamentada, nada há nada que afaste o cabimento da multa isolada no caso de falta de recolhimento do IRPJ/CSLL com base na estimativa, como ocorreu no caso dos autos, sob pena de afronta ao artigo 44, par. 1º, inciso IV, da Lei n. 9.430, de 1996 (atual art. 44, II, b, da mesma lei, na redação dada pela Lei n.º 11.488/07); se não há nenhuma dúvida de que a pessoa jurídica recorrida cometeu o ilícito apontado pela fiscalização (não recolhimento das estimativas mensais), não há que se cogitar de dispensa da punição. Data maxima venia, essa não pode ser a ratio da Lei 9.430/96; por outro lado, o Código Tributário Nacional prevê, em seu art. 97, o seguinte, in verbis: “Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades” (Grifos não constantes do original). Fl. 1527DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 6 5 diante de tais considerações, a reforma do julgado, quanto a esse particular, é medida que se impõe, na medida em que efetivamente configurada a violação à legislação tributária pertinente; DO PEDIDO diante do exposto, a União (Fazenda Nacional) requer seja admitido e provido o presente recurso especial, reconhecendose a plena validade da cobrança da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, independentemente da apuração de resultado negativo ao final do período de apuração. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, foi dado seguimento ao recurso, conforme o despacho por mim exarado em 27/04/2016, na condição de Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, decisão que está fundamentada na seguinte análise sobre a divergência suscitada: [...] Ementa paradigma Acórdão nº 10806.571 [...] Trecho do voto condutor do acórdão paradigma "Portanto, não faz parte da hipótese normativa a situação de encerrar o períodobase com lucro tributável; a premissa da aplicação da multa isolada é desobedecer o recolhimento por estimativa, apenas." Cotejandose os acórdãos recorrido e paradigma, resta demonstrada a divergência arguida: no acórdão recorrido, entendeuse que a multa isolada é inaplicável quando se constata que o valor do tributo devido no encerramento do exercício é inferior ao calculado por estimativas; de outra forma, nos acórdãos paradigmas, adotouse a tese de que é válida a cobrança da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, ainda que a autuada tenha apurado prejuízo ao final do período base anual. Assim, entendo que foram atendidos os pressupostos capazes de ensejar a subida dos autos ao exame da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Em 21/06/2016, a contribuinte foi intimada do despacho que deu seguimento ao recurso especial da PGFN, e em 04/07/2016, ela apresentou tempestivamente as contrarrazões ao recurso, com os seguintes argumentos: O RECURSO ESPECIAL NÃO ATACA O FUNDAMENTO PRINCIPAL DA R. DECISÃO RECORRIDA. impõese destacar, inicialmente, que as razões expostas pela Recorrente tratam, apenas e tão somente, de questões secundárias, deixando de examinar o fundamento principal da decisão recorrida. Senão vejamos; do voto condutor da decisão recorrida, colhese a seguinte fundamentação: [...]; Fl. 1528DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 7 6 como se vê, a decisão recorrida tem por fundamento essencial a invocação do Art. 35, §§ 1º e 2º, da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com a redação dada pelo artigo 1º da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995; ou seja, a decisão recorrida entendeu que o contribuinte a empresa ora recorrida valeuse da permissão inscrita naqueles dispositivos legais de suspender o pagamento do imposto devido a cada mês, e que, assim agindo, "cometeu apenas irregularidade formal, consubstanciada no descumprimento de obrigação acessória, ao deixar de elaborar e escriturar no livro Diário os referidos balanços ou balancetes de suspensão, exigência de natureza fiscal, que haveria de ser punida com multa específica ou, se inexistente, penalidade genérica ao descumprimento de obrigação acessória..."; portanto, a decisão recorrida não dispensou ou reduziu penalidade nem, muito menos, aceitou a afirmativa de que a ora recorrida tenha deixado de pagar imposto devido; na verdade, a decisão recorrida afirma que a ora recorrida não cometeu a infração descrita no lançamento fiscal; é isto que está posto, com toda clareza necessária, na decisão recorrida, e lido com a maior atenção o arrazoado da Recorrente, ali não se encontra qualquer contestação a esse fundamento; é importante destacar que não se discute, aqui, se o entendimento adotado pela decisão recorrida está correto ou não, se tem suporte em fatos ou não: o que se discute é que, nos limites do Recurso Especial interposto, inexiste qualquer contestação a esse entendimento; na verdade, nas razões do Recurso Especial sequer existe qualquer menção ao fundamento adotado pela decisão recorrida; O RECURSO ESPECIAL CITA DECISÕES QUE NÃO SE APLICAM AO CASO EM EXAME. como visto, a decisão recorrida assentouse no entendimento de que a conduta da empresa configura mero descumprimento de obrigação acessória; com efeito, ali se afirma que a empresa "cometeu apenas irregularidade formal, consubstanciada no descumprimento de obrigação acessória, ao deixar de elaborar e escriturar no livro Diário os referidos balanços ou balancetes de suspensão, exigência de natureza fiscal, que haveria de ser punida com multa específica ou, se inexistente, penalidade genérica ao descumprimento de obrigação acessória,..."; ou seja, a decisão recorrida afirma a ocorrência de uma situação de fato que não corresponde às condutas descritas nas normas legais invocadas para fundamentar o lançamento; daí resulta que todas as respeitáveis decisões invocadas no Recurso Especial não tem qualquer aplicação ao caso em exame, uma vez que se referem a situações outras, com diversa tipificação legal; Fl. 1529DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 8 7 o recurso interposto carece, portanto, de requisito essencial à sua admissibilidade, uma vez que não indicou qualquer decisão que agasalhe entendimento diverso do que serviu de fundamento à decisão recorrida; INVOCAÇÃO DE LEGISLAÇÃO INAPLICÁVEL. se superada a questão de admissibilidade do recurso o que, "data venia", se admite apenas a título de argumento haverá de ser considerado que a Recorrente invoca dispositivo legal com a redação dada por lei de 2007, quando os fatos objeto do lançamento fiscal ocorreram nos anos de 2001, 2003 e 2004; é evidente a inaplicabilidade dessa lei nova a fatos ocorridos anteriormente, o que, por si só, é mais do que suficiente para recomendar a rejeição do recurso; PEDIDOS diante de todo o exposto e demonstrado, REQUER seja negado conhecimento ao Recurso Especial, ou, se conhecido, o que, com a maior vênia, se admite apenas a título de argumento, a ele seja negado provimento, mantendose a R. decisão recorrida em sua totalidade. É o relatório. Fl. 1530DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. O presente processo tem por objeto lançamento de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL nos anoscalendário de 2001, 2003 e 2004. Foi apurado que em vários meses dos referidos anos, a contribuinte não declarou em DCTF e nem recolheu valores de estimativas que ela mesma apurou. O presente processo também tem por objeto lançamento de PIS e COFINS no anocalendário de 2003, em razão da identificação de receitas operacionais decorrentes de operações próprias que a contribuinte havia contabilizado indevidamente como receita por conta de terceiros. Na primeira fase processual, a contribuinte impugnou apenas o lançamento da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL. As exigências a título de PIS e COFINS não foram objeto de litígio. A decisão de primeira instância administrativa manteve a multa isolada, mas reduziu o percentual da multa de 75% para 50% em virtude de alteração na legislação, aplicando o princípio da retroatividade benigna. A decisão de segunda instância (acórdão ora recorrido), por sua vez, ao examinar o recurso voluntário da contribuinte, afastou a multa isolada com o argumento de que as importâncias já antecipadas no curso dos anoscalendário fiscalizados (ou seja, as estimativas pagas) superavam o montante definitivo do tributo calculado em 31 de dezembro. Em seu recurso especial, a PGFN procura restabelecer a multa isolada, defendendo o entendimento de que ela deve ser mantida independentemente do que ocorre em relação ao ajuste anual, sendo ela cabível mesmo após o encerramento do anocalendário. E a contribuinte, em sede de contrarrazões, suscita preliminar de não conhecimento do recurso. Ela alega que a PGFN não ataca o fundamento principal da decisão recorrida, a qual estaria assentada no entendimento de que a conduta da empresa configura mero descumprimento de obrigação acessória, e que as decisões citadas no recurso também não se aplicam ao caso em exame. A preliminar é improcedente. Cabe transcrever alguns trechos do voto que orientou o acórdão recorrido: [...] Assim, o objeto do Recurso Voluntário sob questão versa somente quanto a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais. Fl. 1531DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 10 9 No compulsar dos autos a Recorrente apresentou resposta (fl. 635/643), alegando, em síntese, que algumas estimativas foram quitadas pelo ajuste anual; que em alguns meses teve prejuízo fiscal e que se tivesse efetuado recolhimentos haveria saldo negativo de IRPJ e de CSLL no final dos anoscalendário. Bem, entendo que o argumento prestado pela contribuinte merece procedência. Vejamos a legislação sob regência. O dispositivo legal referido no auto de infração, artigo 44, inciso I e §1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, tem a seguinte redação: [...] O artigo 35 e seus §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com a nova redação dada ao §2º, pelo artigo 1º da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, tem a seguinte dicção: "Art. 35. A pessoa jurídica poderá suspender o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através dos balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. §1º Os balanços ou balancetes de que trata este artigo: a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário; b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro devidos no decorrer do anocalendário; §2º Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que através do balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do ano calendário." Interessa, ainda, à compreensão dos fatos, as disposições do artigo 37 da Lei nº. 8.981/95: "Art. 37. Sem prejuízo dos pagamentos mensais do imposto, as pessoas jurídicas obrigadas ao regime de tributação com base no lucro real (art. 36) e as pessoas jurídicas que não optarem pelo regime de tributação com base no lucro presumido (art. 44) deverão, para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou ser compensado, apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada anocalendário ou na data da extinção." da exegese dos dispositivos legais acima referidos dessumese que a exigência da multa de lançamento de ofício isolada, sobre diferenças de IRPJ e CSLL não recolhidas mensalmente, somente faria sentido se operada no curso do próprio anocalendário ou, se após o seu encerramento, se da irregularidade praticada pela contribuinte (falta de recolhimento ou recolhimento a menor) resultasse prejuízo ao fisco, como a insuficiência de recolhimento mensal frente à apuração, após encerrado o anocalendário, de imposto devido maior do que o recolhido por estimativa. Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 11 10 Se a contribuinte, sujeita à tributação com base no lucro presumido, opta pelo pagamento mensal do imposto em bases estimadas, uma vez inadimplente após o vencimento do prazo para recolhimento o fisco já pode exigilo cumulado com os consectários legais, já a partir do primeiro dia do mês seguinte, dentro do próprio anocalendário. Ora, o recolhimento mensal por estimativa se reveste, na hipótese, de uma característica de provisoriedade, onde encerrado o anocalendário é calculado o montante do tributo efetivamente devido, podendo resultar, na declaração de ajuste, recolhimento a maior, por estimativa, no curso do ano calendário, caso em que a contribuinte tem direito à restituição ou compensação, ou ainda uma diferença de tributo a ser recolhido ou, ainda, o empate das contas. O certo é que, no presente caso, a contribuinte, embora não tivesse recolhido parte das estimativas, uma vez concluído o período anual de incidência do imposto e entregue a Declaração de Rendimentos, restando, portanto, encerrado o ciclo provisório, mediante a definição das bases de cálculo declaradas pela contribuinte. Esses fatos evidenciam que o regime de recolhimento mensal por estimativa tem na sua gênese um entendimento de previsibilidade de que o montante do tributo devido no curso do anocalendário, quando a contribuinte opta pela apuração anual do lucro real, ao final do ano calendário deveria corresponder ao montante do tributo devido no período, em tese, ou em valor bastante aproximado ao efetivamente devido que viesse a ser apurado, pouco mais, pouco menos, tendo em vista ser quantificado a partir da aplicação de determinado percentual sobre a receita bruta mensal, porém não contempla os efeitos de fatores adversos não previstos ou previstos inadequadamente, excetuada a possibilidade dos balanços ou balancetes de suspensão, ainda assim, sujeitandose o resultado do exercício às imprevisibilidades possíveis de ocorrer no curso do anocalendário, a evidenciar a necessidade de um "ajuste fino" no referido regime de recolhimento mensal. Destarte, encerrado o período de apuração do imposto, resulta que a contribuinte, no curso do anocalendário, cometeu apenas irregularidade formal, consubstanciada no descumprimento de obrigação acessória, ao deixar de elaborar e de escriturar no livro Diário os referidos balanços ou balancetes de suspensão, exigência de natureza fiscal, que haveria de ser punida com multa específica ou, se inexistente, penalidade genérica ao descumprimento de obrigação acessória, não a exasperadora vultosa que lhe foi cominada, calculada com base em valores que supostamente devidos no curso do anocalendário (estimados), confirmouse indevidos quando do encerramento do anocalendário e da apresentação da respectiva declaração de rendimentos, ou seja: a multa isolada, ora discutida, lançada após a entrega da declaração de rendimentos, tomou por base valor de "imposto devido", que o fisco já tinha conhecimento e certeza de não ser devido e, portanto, de imposto não se tratava. A multa proporcional tributária exigida após o encerramento do período há de ser fundada ou ter a sua incidência em tributo definitivamente devido. Ainda que seja regulada por norma de efeito concreto, porém em face de o cálculo do quanto efetivamente devido só se perfazer após o período de apuração, há que se considerar, nessa data, perfeitamente exaurido o Fl. 1533DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 12 11 comando encerrado na referida legislação regente da matéria. Por outro lado, o efeito produzido pela norma não tem o condão de se alongar no tempo: contrário senso, materializase de maneira plena e eficaz na apuração do montante definitivamente devido segundo o regime de tributação (lucro real) do período em questão. O entendimento não de poucos, que visa emprestar à penalidade ora sob discussão o caráter sancionatório à transgressão de norma de conduta, em sendo, por decorrência, desprezível a formação de sua base de cálculo, desfecha uma enganosa, frágil e simplista inferência acerca da natureza penitencial. Como norma de conduta tipificase, basicamente, qualquer inobservância às normas legais pelos seus destinatários não só essa. É consabido, ao reverso, que qualquer punição à norma de conduta há de se calcar em proporcionalidade pilar de justiça material, obediente aos princípios constitucionais da razoabilidade e da igualdade. A sua base de cálculo não poderá ser formada por algo provisório ou inconsistente, pois refugiria a qualquer exercício lógico a imprestabilidade de uma sem que a que dela decorra não o seja. No presente caso, percebese que ao final da apuração anual dos anos calendários, a Recorrente obteve prejuízo fiscal e a cobrança e imposição da multa isolada se deu em exercícios posteriores. Nesse sentido, vejamos o enunciado da Súmula nº 82 deste Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Súmula CARF nº 82: Após o encerramento do anocalendário, é incabível lançamento de ofício de IRPJ ou CSLL para exigir estimativas não recolhidas. De igual forma, essa já era o entendimento do Antigo 1º Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda – 1º CC – MF que assim já se manifestava: [...] Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário da contribuinte para cancelar a exigência de multa isolada pela falta de recolhimento das estimativas. (sublinhados acrescidos) De acordo com as DIPJ (vol. 9, efls. 82, 93/94 e 107), a contribuinte apurou lucro real nos anoscalendário de 2001 e 2004, e prejuízo fiscal no anocalendário de 2003. A ideia principal defendida pelo acórdão recorrido, conforme sua própria ementa, é no sentido de que "se as importâncias já antecipadas, no curso do anocalendário fiscalizado, superam o montante definitivo do tributo calculado em 31 de dezembro", não é cabível a aplicação da multa isolada. Na perspectiva do acórdão recorrido, a aplicação da multa isolada somente faria sentido se operada no curso do próprio anocalendário ou, se após o seu encerramento, fosse apurado que as estimativas recolhidas não eram suficientes para a quitação do tributo no Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 13 12 ajuste. O que se defende nessa decisão é que "a multa proporcional tributária exigida após o encerramento do período há de ser fundada ou ter a sua incidência em tributo definitivamente devido", ou seja, no tributo que remanesce em aberto no ajuste anual. Vêse que em suas contrarrazões, a contribuinte procura descolar o foco do acórdão recorrido, como se ele estivesse tratando daqueles casos em que a Fiscalização recusa a aceitação dos balancetes de suspensão/redução de estimativas em razão da falta de sua transcrição no Livro Diário, o que não ocorreu aqui. No Termo de Encerramento da Ação Fiscal (vol. 9, efls. 143/154), a Fiscalização registra que na fase de auditoria foram apuradas algumas divergências entre os registros constantes do LALUR e os valores informados na DIPJ, mas isso não teve nenhuma repercussão na motivação da multa, porque os esclarecimentos prestados pela contribuinte sobre essas divergências entre LALUR e DIPJ foram acatados pela Fiscalização. No caso, a multa incidiu sobre as estimativas apuradas pela própria contribuinte nos balancetes e outros demonstrativos, isto é, sobre a parte não recolhida dessas estimativas, não recolhimento que foi justificado ou com o argumento de que tinha sido apurado prejuízo fiscal no ajuste anual, ou com o argumento de que as antecipações pagas já eram suficientes para quitar o tributo no ajuste. O fato de o acórdão recorrido fazer menção a essas irregularidades formais, que consistiram em divergências entre LALUR e DIPJ, e considerar que elas seriam a única irregularidade cometida pela contribuinte, que deveriam ser inclusive submetidas a outro tipo de multa (que nem foi aplicada aqui), não esvazia toda a argumentação que essa decisão efetivamente desenvolveu para o cancelamento da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas. Nem haveria espaço nos presentes autos para se buscar a caracterização de divergência jurisprudencial em torno dessas questões formais, abrangendo falta de transcrição dos balancetes nos Livros, divergências entre LALUR e DIPJ, etc., porque, como já assinalado, isso simplesmente não repercutiu na motivação do lançamento da multa. A divergência possível nos presentes autos é justamente a que foi apontada pela PGFN, e que reside nas questões sobre a repercussão que a apuração de ajuste anual pode ter em relação à obrigação de recolhimento de estimativas. Na perspectiva do acórdão recorrido, se não há tributo em aberto no ajuste (ou porque foi apurado prejuízo fiscal, ou porque as estimativas mensais pagas já são suficientes para quitar o tributo anual), não há que se falar em multa isolada por falta de recolhimento de estimativas. O paradigma, por outro lado, sustenta a posição de que a aplicação da multa isolada independe do que ocorre em relação ao ajuste anual, de que a multa é cabível ainda que a contribuinte tenha apurado prejuízo ao final do período anual. Portanto, a preliminar de não conhecimento do recurso deve ser rejeitada. Quanto ao mérito, vêse que a interpretação adotada pelo acórdão recorrido, em síntese, é no sentido de que se não há tributo a ser exigido no ajuste, também não há razão Fl. 1535DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 14 13 para falar em estimativas mensais depois de encerrado o exercício, e nem para aplicar multa isolada pela falta de seu recolhimento. Esta 1ª Turma da CSRF já examinou esse tipo de situação, quando exarou o Acórdão nº 9101002.604, na sessão realizada em 15/03/2017. Aquele julgado também analisou exigência de multa isolada relativamente a períodos anteriores a 2007 (anteriores à vigência da Lei nº 11.488/2007), em que não houve a aplicação concomitante das multas isolada e de ofício. E tratou de anoscalendário em que o contribuinte ou não tinha apurado tributo a pagar no final do ano, ou tinha apurado prejuízo fiscal, ou tinha apurado tributo no ajuste em valor inferior ao montante das estimativas que seriam devidas ao longo do ano. Vale transcrever trechos do voto do Conselheiro André Mendes de Moura que orientou a referida decisão, e também declaração de voto por mim apresentada naquela ocasião: Acórdão nº 9101002.604 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997, 1999, 2000, 2001 APLICABILIDADE DE SÚMULAS. IDENTIDADE ENTRE FATOS. A aplicação de entendimento sumular só pode se consumar caso os fatos da autuação fiscal guardem similitude com os fatos dos acórdãos paradigmas. Diante de suportes fáticos diferentes, não há que se falar em aplicação de súmula. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA MENSAL. MULTA ISOLADA. BASE DE CÁLCULO. PRAZO. A sanção imposta pelo descumprimento da apuração e pagamento da estimativa mensal do lucro real anual é a aplicação de multa isolada incidente sobre percentual do imposto que deveria ter sido antecipado. O lançamento, sendo de ofício, submetese a limitador temporal estabelecido por regra decadencial do art. 173, inciso I do CTN, não havendo óbice que se seja efetuado após encerramento do anocalendário. [...] Voto Conselheiro André Mendes de Moura [...] Mérito. A matéria devolvida trata da multa isolada por falta de recolhimento de estimativa mensal, no decorrer dos anoscalendário de 1997, 1999, 2000 e 2001, conforme relato da autoridade fiscal (efls. 57/58): [...] A multa isolada, após ter sido mantida na decisão de primeira instância, foi mantida parcialmente pela decisão recorrida. Para os anos Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 15 14 calendário de 1997, foi afastada integralmente, porque não se apurou tributo a pagar ao final do anocalendário. Para o anocalendário de 1999, também foi afastada a autuação porque se apurou prejuízo fiscal em 31 de dezembro. Para os anoscalendário de 2000 e 2001, a decisão recorrida manteve a autuação fiscal até o limite apurado de IRPJ a pagar, pautando se nas seguintes conclusões (efls. 3223/3225): [...] Tomandose por base todo o exposto até o momento, entendo que não há reparos a fazer na autuação fiscal, sendo necessário apenas tecer considerações complementares. O lucro real é um dos regimes de tributação existentes no sistema tributário, atualmente regido pela Lei nº 9.430, de 1996, aplicado a partir do anocalendário de 1997: Capítulo I IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA Seção I Apuração da Base de Cálculo Período de Apuração Trimestral Art. 1º A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido, ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. (grifei) No lucro real, podese optar pelo regime de apuração trimestral ou anual. Vale reforçar que é uma opção do contribuinte aderir ao regime anual ou trimestral. E, no caso do regime anual, a lei é expressa ao dispor sobre a apuração de estimativas mensais. Transcrevo redação vigente à época dos fatos geradores objeto da autuação: Lei nº 9.430, de 1996 Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. ................................................................................ Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 Fl. 1537DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 16 15 Art. 35. A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso. § 1º Os balanços ou balancetes de que trata este artigo: a) deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário; b) somente produzirão efeitos para determinação da parcela do Imposto de Renda e da contribuição social sobre o lucro devidos no decorrer do anocalendário. § 2º Estão dispensadas do pagamento de que tratam os arts. 28 e 29 as pessoas jurídicas que, através de balanço ou balancetes mensais, demonstrem a existência de prejuízos fiscais apurados a partir do mês de janeiro do anocalendário. Observase, portanto, com base em lei, a obrigatoriedade de a contribuinte optante pelo regime de lucro real anual, apurar, mensalmente, imposto devido, a partir de base de cálculo estimada com base na receita bruta, ou por balanço ou balancete mensal, esta que, inclusive, prevê a suspensão ou redução do pagamento do imposto na hipótese em que o valor acumulado já pago excede o valor de imposto apurado ao final do mês. Contudo, a hipótese de não pagamento de estimativa deve atender aos comandos legais, no sentido de que os balanços ou balancetes deverão ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no livro Diário. Tratase de obrigação imposta ao contribuinte que optar pelo regime do lucro real anual. E o legislador, com o objetivo de tutelar a conduta legal, dispôs penalidade para o seu descumprimento. No caso, a prevista no art. 44 da mesma Lei nº 9.430, de 1996 (redação à época dos fatos geradores): Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: (...) Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 17 16 IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; Registrese que o percentual da multa isolada sobre estimativa mensal não recolhida, foi alterado de 75% para 50%, com base na Lei nº 11.488, de 2007. A sanção imposta pelo sistema é claríssima: caso descumprido o pagamento da estimativa mensal, cabe imputação de multa isolada, sobre a totalidade (caso em que não se pagou nada a título de estimativa mensal) ou diferença entre o valor que deveria ter sido pago e o efetivamente pago, apurado a cada mês do anocalendário. A sanção tem base legal. A sanção expressamente dispõe que é cabível ainda que a pessoa jurídica tenha apurado prejuízo fiscal. E se trata de multa, gênero, isolada, espécie, a ser lançada de ofício e cujo prazo decadencial é regido pelo art. 173, inciso I do CTN. Pode sim ser efetuado lançamento após o anocalendário, naturalmente dentro do período não atingido pela decadência. Nesse contexto, não obstante as substanciosas argumentações da decisão recorrida, entendo que, no caso concreto, não há base legal para se afastar a multa isolada para o anocalendário de 1997 porque a contribuinte, ao final do anocalendário, não apurou lucro, e para o anocalendário de 1999 porque a contribuinte não apurou tributo a pagar. Tampouco carece de base legal limitar a aplicação de multa isolada ao valor de imposto apurado ao final do anocalendário, como ocorreu para os anoscalendário de 2000 e 2001. Consumarseia situação de exceção, e um prêmio para as pessoas jurídicas que descumprissem deliberadamente a lei tributária. Por qual razão a pessoa jurídica que descumpre conduta prevista em lei deve receber tratamento diferente (e vantajoso) daquela que cumpriu com suas obrigações, apurou mensalmente a estimativa mensal a pagar e efetuou os recolhimentos? Como acolher conduta de contribuinte que ignorou a legislação tributária vigente, e se considerou apto a receber um tratamento especial, diferente das demais pessoas jurídicas que cumpriram com suas obrigações? Não se trata de legalidade por legalidade. O sistema jurídicotributário deve ser respeitado, assim como os contribuintes que seguem suas determinações. Não se deve fomentar lacunas para se ignorar a lógica do sistema, para conceder tratamentos vantajosos para condutas lesivas, em afronta à proporcionalidade e razoabilidade. Correto, portanto, o procedimento adotado pela autoridade fiscal. Fl. 1539DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 18 17 Diante do exposto, voto no sentido conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN, para restabelecer a aplicação da multa isolada no percentual de 50%. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Declaração de Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo. A presente declaração de voto se faz necessária tendo em vista que, em relação à matéria objeto do recurso especial ora sob exame, passo a adotar entendimento distinto daquele por mim acolhido no âmbito de alguns antigos acórdãos. A matéria trazida à apreciação desta 1ª Turma diz respeito à divergência interpretativa quanto à exigência de multa isolada imposta pela autoridade fiscal por falta de pagamento de estimativas mensais de IRPJ devidas. Inicialmente considero importante registrar que, conforme bem enfatizado pelo Relator, no presente caso a multa isolada foi imposta sobre os valores das estimativas já declaradas pelo sujeito passivo, não alcançando os valores referentes às provisões não autorizadas, objeto de lançamento de ofício para exigência de IRPJ e CSLL. Noutras palavras, não houve aqui exigência concomitante entre a multa isolada imposta por falta de pagamento de estimativas de IRPJ, e a multa de ofício imposta por falta de pagamento do IRPJ devido ao final dos respectivos anoscalendário, razão pela qual também não se aplica aqui o disposto na Súmula CARF nº 105. Pois bem, no caso a Turma recorrida afastou integralmente a multa isolada imposta pela falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ devidas ao longo dos anos de 1997 e 1999, e parcialmente a multa isolada imposta pela falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ devidas no decorrer dos anos de 2000 e 2001. Relativamente aos períodos objeto da presente autuação, acima mencionados, a referida multa isolada encontra previsão legal no art. 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96, em sua redação original, o qual faz remissão ao art. 2º da mesma Lei, também na redação original, ambos a seguir transcritos: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1ºe 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 19 18 (...) Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. §1º As multas de que trata este artigo serão exigidas: (...) IV isoladamente, no caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, na forma do art. 2º, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente; (g.n.) (...) Pelo exame do acórdão recorrido é possível resumir da seguinte maneira a interpretação que a Turma emprestou às normas acima reproduzidas: a) a multa isolada deve ser aplicada em caso de falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ e/ou CSLL devidas ao longo do ano calendário; b) todavia, encerrado o anocalendário, o valor total da multa isolada está limitado a 50% (percentual previsto na MP 351/2007, aplicado retroativamente) do valor do IRPJ e/ou da CSLL devidos ao final do mesmo ano; c) como corolário da afirmativa acima, encerrado o anocalendário com apuração de prejuízo fiscal e/ou base negativa da CSLL, incabível a imposição de multa isolada pois inexistentes IRPJ e/ou CSLL devidos ao final do ano; d) entretanto, a multa isolada poderá ser imposta sem observância do afirmado nos itens "b" e "c", desde que o lançamento seja realizado antes de encerrado o respectivo anocalendário. Bem, como se verá a seguir, das quatro afirmações acima apenas aquela contida no item "a" é correta. As outras três ("b", "c" e "d") são incorretas. Da fato, a construção interpretativa levada a efeito pela Turma recorrida para chegar às conclusões contidas nos itens "b" e "c" retro parte do disposto no caput do art. 44 da Lei nº 9.430/96 segundo o qual as multas Fl. 1541DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 20 19 ali previstas (isoladas ou não) só podem incidir sobre o valor do "tributo ou contribuição". E como a Turma recorrida entendeu que as estimativas mensais de IRPJ e de CSLL não são "tributo ou contribuição", concluiu que a multa isolada prevista no art. 44, § 1º, IV, não poderia incidir sobre o valor daquelas estimativas. A multa, assim, incidiria sobre um valor equivalente ao da estimativa mensal, desde que tal valor não ultrapassasse o valor do IRPJ e/ou da CSLL devidos ao final do anocalendário (afirmativa "b"). E acaso apurado prejuízo fiscal e/ou base negativa da CSLL, a multa isolada sequer poderia ser exigida, pois inexistentes IRPJ e CSLL devidos ao final do ano calendário (afirmativa "c"). Ocorre que, embora sob o ponto de vista científico até seja possível considerarse correta a premissa de que as estimativas mensais de IRPJ e de CSLL não são "tributo ou contribuição" (e não estou afirmando aqui que são, ou que não são), o fato iniludível é que a própria Lei nº 9.430/96, ao se referir àquelas estimativas mensais, expressamente às denominou de "imposto" ou "contribuição" mensais, com vistas a distinguilas do imposto e da contribuição devidos ao final do anocalendário. Vejamos novamente o que estabelece o art. 2º: Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1ºe 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. (g.n.) (...) §4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: (...) IV do imposto de renda pago na forma deste artigo. (g.n.) Como dito, a norma acima textualmente denomina as estimativas mensais de IRPJ como "imposto". E não é só. Outras normas da mesma Lei, ao se referirem às estimativas mensais de IRPJ previstas no art. 2º, expressamente às denominam de "imposto", senão vejamos: Art. 3º A adoção da forma de pagamento do imposto prevista no art. 1º, pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime do lucro real, ou a opção pela forma do art. 2º será irretratável para todo o anocalendário. Parágrafo único. A opção pela forma estabelecida no art. 2º será manifestada com o pagamento do imposto correspondente ao mês de janeiro ou de início de atividade. (g.n.) (...) Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 21 20 Art. 6º O imposto devido, apurado na forma do art. 2º, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. (g.n.) (...) Quanto às estimativas mensais de CSLL, o art. 30 da Lei nº 9.430/96 textualmente denomina as estimativas mensais de CSLL como "contribuição social sobre o lucro líquido". Vejamos: Art. 30. A pessoa jurídica que houver optado pelo pagamento do imposto de renda na forma do art. 2º fica, também, sujeita ao pagamento mensal da contribuição social sobre o lucro líquido, determinada mediante a aplicação da alíquota a que estiver sujeita sobre a base de cálculo apurada na forma dos incisos I e II do artigo anterior. (g.n.) (...) Ora, se a própria Lei nº 9.430/96, em diversos de seus artigos, expressamente conferiu às estimativas mensais de IRPJ e CSLL a denominação de "imposto" ou "contribuição", a Turma recorrida jamais poderia interpretar as expressões "imposto de renda", "contribuição social sobre o lucro líquido" e apurados "na forma do art. 2º", todas contidas no art. 44, § 1º, IV daquela Lei, como se tais expressões se referissem ao IRPJ e à CSLL devidos ao final do anocalendário, e não às próprias estimativas mensais de IRPJ e de CSLL. Essa premissa inicial equivocada, de que ao empregar as expressões "imposto de renda" e "contribuição social sobre o lucro líquido" o art. 44, § 1º, IV não poderia estar se referindo às estimativas mensais, mas sim ao IRPJ e à CSLL devidos final do ano, causou grande dificuldade à Turma recorrida para interpretar a parte final daquela mesma norma, à qual estabelece que a multa isolada é exigida "ainda que tenha apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente". Foi a partir da dificuldade da Turma recorrida em compatibilizar essa (equivocada) premissa inicial com a parte final da norma que surgiu a "interpretação", descrita na afirmativa "d" retro, segundo à qual na hipótese de a autuação ser realizada no decorrer do próprio anocalendário (e só nessa hipótese) a multa isolada poderá incidir sobre o valor das estimativas mensais, sem qualquer limitação aos valores do IRPJ e da CSLL devidos ao final do ano, já que no decorrer do anocalendário a fiscalização não poderia saber qual o valor de IRPJ ou CSLL seriam devidos ao final do ano, se é que algum valor seria devido. Ocorre que essa imaginativa "interpretação" do art. 44, § 1º, IV, da Lei nº 9.430/96 levou à Turma recorrida a violar a sua própria premissa inicial, que tanto lhe era cara. De fato, veja que a premissa inicial da Turma (a multa isolada não pode incidir sobre o valor da estimativa mensal, pois esta não é tributo ou contribuição) colide frontalmente com a afirmativa "d" (a multa isolada incide sobre a estimativa mensal, desde que a autuação seja realizada ao longo do ano calendário respectivo). Ora, o fato de a autuação ser realizada no decorrer do anocalendário nada pode dizer sobre a natureza do valor sobre o qual incide a multa Fl. 1543DF CARF MF Processo nº 15586.000325/200620 Acórdão n.º 9101004.164 CSRFT1 Fl. 22 21 isolada (se sobre o valor das estimativas ou sobre o valor do IRPJ e da CSLL devidos ao final do ano). Em verdade, como sugerido antes, a correta interpretação do art. 44, § 1º, IV, da Lei nº 9.430/96 deve levar em consideração o fato de que essa Lei, em diversos momentos, denominou as estimativas mensais de IRPJ e CSLL como "imposto" ou "contribuição". E ainda que seja possível afirmar se que essa denominação não seja cientificamente correta (e, novamente, não acolho nem afasto aqui essa proposição), o fato é que, como essa denominação foi empregada ao longo do texto legal, não haveria razão para o intérprete deixar de considerála justamente ao examinar a multa isolada de que trata o art. 44. Somese a isso o fato de que, ao empregarse a denominação legal (estimativa mensal como "imposto" ou "contribuição"), a interpretação do art. 44 tornase linguisticamente muito mais fluida (ao contrário do esforço interpretativo hercúleo empreendido pela Turma recorrida), além de consentânea com a finalidade da multa isolada, que é de reprimir a falta dos pagamentos mensais por estimativa. Tendo em vista o exposto, voto por manter integralmente as exigências das multas isoladas por falta de pagamento das estimativas mensais de IRPJ verificada ao longo dos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Adoto os mesmos fundamentos acima transcritos, para dizer que a aplicação da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas nos anoscalendário de 2001, 2003 e 2004 não fica prejudicada pelo fato de não haver ou não remanescer tributo a ser exigido em relação ao ajuste anual desses períodos. A falta de recolhimento de estimativas mensais de IRPJ e CSLL por contribuinte optante pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa isolada, independentemente do resultado apurado pela empresa no período. A contribuinte também se equivoca quando critica a aplicação de uma lei de 2007, no caso a Lei 11.488/2007, para alcançar fatos ocorridos em 2001, 2003 e 2004. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas mensais está prevista desde a redação original do art. 44 da Lei 9.430/1996. A decisão de primeira instância administrativa apenas invocou a Lei 11.488/2007 para reduzir o percentual da multa de 75% para 50%, aplicando o princípio da retroatividade benigna. Desse modo, voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial da PGFN. Em síntese, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em DAR LHE PROVIMENTO PARCIAL, com retorno dos autos ao colegiado de origem. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 1544DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13707.002140/2007-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.752
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada ao Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Relatório
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1663; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 76 1 75 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13707.002140/200791 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2402000.752 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 9 de maio de 2019 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente PAULO AMADEU SEIXAS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil preste as informações solicitadas, nos termos do voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada ao Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 56/57) em face do Acórdão n. 0331.723 7ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) DRJ/BSA (efls. 48/52), que julgou improcedente a impugnação (efl. 02), apresentada em 06/06/2007, mantendo o crédito tributário consignado no lançamento constituído em RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 37 07 .0 02 14 0/ 20 07 -9 1 Fl. 153DF CARF MF Processo nº 13707.002140/200791 Resolução nº 2402000.752 S2C4T2 Fl. 77 2 10/05/2007 (efl. 25) mediante o Auto de Infração Imposto de Renda Pessoa Física no total de R$ 64.537,56 (efls. 04/09) com fulcro em compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Cientificado do teor da decisão da instância de piso em 25/09/2009 (efl. 54), o impugnante, agora Recorrente, apresentou recurso voluntário na data de 16/10/2009, alegando, em linhas gerais, a improcedência da acusação fiscal. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele CONHEÇO. Passo à análise. O cerne da presente lide restringese à compensação indevida de IRRF, vinculado à Reclamatória Trabalhista n. 1537/95, no valor de R$ 27.466,15, informado na Declaração de Ajuste Anual (DAA) ND 07/ 23.748.184 Exercício 2003 (efls. 14/18). Muito bem. Ao apreciar a impugnação (efl. 02), a instância de piso concluiu pela ausência de comprovação da retenção de imposto de renda no valor de R$ 27.466,15 relacionado aos rendimentos tributáveis de R$ 113.942,27 recebidos da fonte pagadora Banco Santander em decorrência de Reclamatória Trabalhista n. 1537/95. Ocorre que a decisão da 64ª. Vara do Trabalho do Rio de Janeiro (efls. 31; 38 e 71) é incisiva ao informar retenção de imposto de renda, no âmbito da Reclamatória Trabalhista n. 1537/95, no valor de R$ 27.466,15 vinculado a rendimentos tributáveis de R$ 113.942,27, ressaltando, todavia, que o alvará à Receita Federal ainda foi expedido. Nesse contexto, embora não haja elemento de prova inequívoca de retenção de imposto de renda, é razoável considerarse que as informações consignadas na decisão da 64ª. Vara do Trabalho do Rio de Janeiro (efls. 31; 38 e 71) constituise relevante começo de prova, observandose ainda que a comprovação do IRRF glosado foge à governança do Recorrente. Assim, enxergo, no caso concreto, hipótese de mitigação da preclusão prevista nos arts. 15 e 16, III, do Decreto n. 70.235/1972, em homenagem, inclusive, ao princípio da verdade material, intrínseco à seara tributária impondose, por conseguinte, diligência junto à 64ª. Vara do Trabalho do Rio de Janeiro com o fito de averiguar a expedição do alvará à Receita Federal denunciando a ocorrência de recolhimento de imposto de renda na fonte no AC 2002 no valor de R$ R$ 27.466,15 vinculado à Reclamatória Trabalhista n. 1537/95. Ante o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário para converter o julgamento em diligência à Unidade de Origem para averiguar junto à 64ª. Vara do Trabalho do Rio de Janeiro com o fito de averiguar a expedição do alvará à Receita Federal denunciando Fl. 154DF CARF MF Processo nº 13707.002140/200791 Resolução nº 2402000.752 S2C4T2 Fl. 78 3 a ocorrência de recolhimento de imposto de renda na fonte no AC 2002 no valor de R$ 27.466,15 vinculado à Reclamatória Trabalhista n. 1537/95, observandose que, após a diligência ora solicitada, deverá a Unidade de Origem consolidar Informação Fiscal em face das verificações realizadas, cientificando o Recorrente do seu teor e concedendo prazo de 30 (trinta) dias, a contar da ciência, para que, a seu critério, apresente contrarrazões.. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 155DF CARF MF
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Numero do processo: 10831.009421/00-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do fato gerador: 10/08/2000
CLASSIFICAÇÃO FISCAL.
O produto denominado comercialmente como ESB 2000i, por se tratar de equipamento para telecomunicação por corrente portadora ou destinado a telecomunicação digital, classifica-se corretamente no código NCM 8517.50.99.
Recurso Voluntário Negado
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 3402-006.467
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência trazida pela Conselheira Thais para levantamento documental a respeito da possível classificação fiscal na NCM 8517.50.99. Vencidas as Conselheiras Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do fato gerador: 10/08/2000 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto denominado comercialmente como “ESB 2000i”, por se tratar de equipamento para telecomunicação por corrente portadora ou destinado a telecomunicação digital, classificase corretamente no código NCM 8517.50.99. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a proposta de diligência trazida pela Conselheira Thais para levantamento documental a respeito da possível classificação fiscal na NCM 8517.50.99. Vencidas as Conselheiras Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. Por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 1. 00 94 21 /0 0- 03 Fl. 557DF CARF MF 2 Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o Relatório da decisão recorrida com os devidos acréscimos: Trata o presente processo de Auto de Infração (fls. 01 a 14) formalizado para exigência das diferenças de Imposto sobre a Importação (II) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), respectivos acréscimos legais, bem como da multa por infração administrativa ao controle das importações (falta de licença de importação LI), relativamente à mercadoria importada por meio da Declaração de Importação (DI) nº. 00/07439592, registrada em 10/08/2000. A mercadoria encontrase descrita na DI como “aparelho de gerenciamento de rede de telecomunicação digital tipo ESB 2000I, destinado a comunicação entre sistemas de proteção, tensão de alimentação: 48VCC, potência do amplificador: 80W...”, classificada pelo contribuinte no código NCM 8517.80.10, sujeita à alíquota de 4% para o II, e 10% para o IPI. Com base nos Laudos Técnicos Oficiais de lavra dos Engenheiros Rui Barbosa Boanova (fls. 36 a 64) e Israel Geraldi (fls. 66 a 203), a fiscalização entendeu que o produto tratase de “equipamento de telecomunicação por corrente portadora, utilizando técnica digital”, reclassificandoo para o código NCM 8517.50.99, sujeito às alíquotas de 20% para o II, e 10% para o IPI. Cumpre observar que o segundo laudo foi solicitado em virtude de o primeiro não ter sido conclusivo quanto à identificação da mercadoria. Cientificado do lançamento em 13/11/2000, o contribuinte apresentou impugnação, em 04/12/2000 (fls. 206/231), alegando, em síntese, que: (a) no primeiro laudo técnico, emitido pelo engenheiro credenciado Dr. Rui Barbosa Boanova, o equipamento foi definido como um “Sistema de Gerenciamento e Telesupervisão de Redes de Telecomunicação Digital”, o que corresponde à tradução da expressão “TMN”; (b) o segundo laudo técnico, emitido pelo engenheiro Dr. Israel Geraldi, abordou o conceito de TMN de forma genérica, não se referindo especificamente aos módulos do ESB2000i e às suas funções de gerenciamento; (c) juntou aos autos Laudo Técnico emitido pelo engenheiro Dr. Paulo Renato P. Fagundes (fls. 220 a 227), o qual aponta incongruências existentes entre os dois laudos oficiais anteriormente elaborados e conclui tratarse o equipamento de sistema destinado ao gerenciamento de redes de telecomunicação digital; (d) face à controvérsia instaurada, requereu a realização de nova perícia, indicando assistente técnico e apresentando quesitos, pleiteando, ao final, a declaração da improcedência da ação fiscal. Conforme despacho de fls. 259/260, o julgamento do processo foi convertido em diligência para que fosse realizada outra perícia técnica. Em conseqüência, foi produzido novo laudo pelo engenheiro credenciado Roberto Raya da Silva (fls. 288/332). Referida perícia baseouse apenas em documentações técnicas Fl. 558DF CARF MF Processo nº 10831.009421/0003 Acórdão n.º 3402006.467 S3C4T2 Fl. 558 3 disponibilizadas pelo importador, teorias extraídas de pesquisas na internet, e vistoria realizada em equipamento semelhante, uma vez que o produto efetivamente importado não estava mais em poder do contribuinte. Como resultado desse trabalho, o perito concluiu que o produto não se trata de um gerenciador de rede de telecomunicações, mas sim de um equipamento de telecomunicação por corrente portadora. Intimado a manifestarse sobre o resultado da diligência, nos termos do art. 44 da Lei nº 9.784/99, o contribuinte, invocando o princípio da eventualidade, declarou que, não obstante o Equipamento ESB 2000i possuir algumas funções relacionadas com o sistema de gerenciamento, seria necessária a complementação do parecer técnico, no sentido de ser esclarecido se o produto sob análise pode ser conceituado como um equipamento terminal ou repetidor sobre linhas metálicas, posto que referida definição técnica tem repercussões no conceito da mercadoria e respectiva classificação fiscal (fls. 335/336). O julgamento foi então novamente convertido em diligência, conforme despacho de fls. 373/374, tendo sido o engenheiro Roberto Raya intimado a responder aos quesitos complementares formulados pelo autuado. Essa providência resultou no parecer de fls. 378/398, concluindo que o produto em tela “tratase de equipamento terminal sobre linhas metálicas (linhas de transmissão de energia elétrica), desde que apresentado com a configuração mínima para tal fim, uma vez que tratase de equipamento configurável e sua função depende das placas eletrônicas (módulos) instaladas em seu rack”. Na sua manifestação de fls. 401/403, o contribuinte, socorrendose da configuração do produto tal como consta do primeiro laudo técnico elaborado pelo perito Rui Barbosa Boanova (quem vistoriou fisicamente a mercadoria importada), em cotejo com as conclusões complementares externadas pelo perito Roberto Raya e toda a documentação técnica instrutiva dos autos, conclui que a mercadoria tratase de “equipamento terminal ou repetidor sobre linhas metálicas”, devendo ser classificada na NCM 8517.50.21. Por esse motivo, requer seja declarada insubsistente a ação fiscal, bem como seja reconhecido como indevido o crédito tributário exigido. Ato contínuo, a DRJSÃO PAULO I (SP) julgou a Impugnação do Contribuinte nos seguintes termos: Assunto: Classificação de Mercadorias Data do fato gerador: 10/08/2000 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto denominado comercialmente como “ESB 2000i”, por se tratar de equipamento para telecomunicação por corrente portadora, classificase no código NCM 8517.50.99. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Em seguida, devidamente notificada, a Empresa interpôs o presente recurso pleiteando a reforma do acórdão. Fl. 559DF CARF MF 4 No Recurso Voluntário, foram suscitadas as mesmas questões de mérito, repetindo as argumentações apresentadas na Impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Sousa Bispo O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele se deve conhecer. Conforme se depreende dos autos, a autuação em tela teve por base o procedimento fiscal no qual se constatou que a Recorrente importou mercadoria utilizandose de classificação incorreta da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), resultando em recolhimento de tributos incidentes na importação a menor, por haver diferenças de alíquotas entre as classificações utilizadas pela empresa e a adotada pela Fiscalização, bem como a cobrança de multa por falta de licença de importaçãoLI, resultando no montante total da autuação de R$ 32.205,00. Noticiase nos autos que a empresa Siemens, por meio da Declaração de Importação (DI) nº. 00/07439592, registrada em 10/08/2000, realizou a importação do produto denominado “aparelho de gerenciamento de rede de telecomunicação digital tipo ESB 2000I, destinado a comunicação entre sistemas de proteção, tensão de alimentação: 48VCC, potência do amplificador: 80W...”, classificada pelo contribuinte no código NCM 8517.80.10, sujeita à alíquota de 4% para o II, e 10% para o IPI. A Fiscalização Aduaneira, por outro lado, entendeu que a descrição utilizada para identificar o equipamento está imprópria pois, de nenhuma forma, a aplicação do ESB2000i está relacionada ao gerenciamento de redes de telecomunicação digital. O equipamento ESB 2000i tratase, na verdade, de um equipamento para telecomunicação por corrente portadora e para telecomunicação digital. Concluiu que a classificação fiscal correta para o equipamento ESB 2000i, mediante a aplicação da Regra 2 a) de Interpretação do Sistema Harmonizado, seria NCM 8517.50.99 — "OUTROS APARELHOS PARA TELECOMUNICAÇÃO POR CORRENTE PORTADORA OU PARA TELECOMUNICAÇÃO DIGITAL — OUTROS — OUTROS" — ALÍQUOTA II — 20% ALÍQUOTA IPI— 10%. Tal conclusão foi lastreada nos laudos técnicos emitidos pelos engenheiros credenciados Rui Barbosa Boanova, Israel Geraldi e Roberto Raya. A DRJ, na análise do Recurso, entendeu que a impugnante não logrou êxito em comprovar que o equipamento importado enquadrase na definição técnica mais especifica (terminal ou repetidor sobre linhas metálicas), devendo classificarse na posição mais genérica (outros aparelhos para telecomunicação por corrente portadora ou para telecomunicação digital). Por conseguinte, fazendo uso da RGI/ SH n° 1, combinada com a Regra 6 (subposição) e com a RGC (item), concluiu que o código 8517.50.99 da Nomenclatura Comum do Mercosul, adotado pela fiscalização, é o mais adequado para classificar a mercadoria objeto do presente processo. Também, o fato da descrição da mercadoria na Dl estar incorreta e omitir dados relevantes, além de prejudicar o correto enquadramento tarifário, implicou que fosse obtido licenciamento não condizente com a mercadoria efetivamente importada, caracterizandose, dessa forma, a falta de licença de importação, fato que ensejou a aplicação Fl. 560DF CARF MF Processo nº 10831.009421/0003 Acórdão n.º 3402006.467 S3C4T2 Fl. 559 5 legítima da multa por falta de licença de importação, no percentual de 30% sobre o valor aduaneiro. Afirmou ainda ser inaplicável ao caso o disposto no ADN Cosit nº12/ 97. No Recurso Voluntário, a Recorrente admite que, embora a mercadoria possua características que poderiam levar sua classificação para o código NCM 8517.80.10, por se tratar de um equipamento de telecomunicação para linhas de alta tensão, que incorpora funções de gerenciamento, e, em vista do terceiro laudo oficial emitido, é possível uma identificação técnica para classificar o produto em uma terceira opção na posição NCM 8517.50.211. Diz que a mercadoria sob análise tratarse de um equipamento para telecomunicação por corrente portadora e para telecomunicação digital sobre linhas metálicas (linhas de transmissão de energia), sendo perfeitamente classificado numa terceira posição de NCM (8517.50.21). Nesse passo, reportandose a precedentes das DRJs e CARF, afirma que a aceitação de uma terceira classificação ensejará, necessariamente, a insubsistência do auto de infração, posto que declarado inexistente o suporte que lhe deu nascedouro. Feitos os devidos esclarecimentos sobre os fatos envolvidos na lide, por oportuno apresentase as posições envolvidas no caso, conforme tabela abaixo: 8517 APARELHOS ELÉTRICOS PARA TELEFONIA OU TELEGRAFIA, POR FIO, INCLUÍDOS OS APARELHOS TELEFÔNICOS POR FIO CONJUGADO COM UM APARELHO TELEFÔNICO PORTÁTIL SEM FIO E OS APARELHOS DE TELECOMUNICAÇÃO POR CORRENTE PORTADORA OU DE TELECOMUNICAÇÃO DIGITAL; VIDEOFONES 8517.50 Outros aparelhos, para telecomunicação por corrente portadora ou para telecomunicação digital 8517.50.2 Equipamentos terminais e repetidores 8517.50.21 Sobre linhas metálicas 8517.50.22 Sobre linhas de fibras ópticas, com velocidade de transmissão superior a 2,5Gbits/s 8517.50.9 Outros 1 Embora no recurso, a Recorrente tenha indicado o código NCM 8517.50.22, tudo leva crer que houve um erro de digitação, pois a descrição constante "Equipamentos terminais ou repetidores sobre linhas metálicas" , indicada no Recurso Voluntário, corresponde ao código NCM 8517.50.21. Ademais, na Impugnação apresentada à DRJ, o código indicado como alternativo para classificação foi NCM 8517.50.21(Equipamentos terminais ou repetidores sobre linhas metálicas) e não a NCM 8517.5022 (Eequipamentos terminais ou repetidores sobre linhas de fibra ótica). Fl. 561DF CARF MF 6 8517.50.99 Outros 8517.80 Outros aparelhos 8517.80.10 De gerenciamento de redes (TMN Telecomunications Management Network) Nos autos, em vista dos laudos técnicos oficiais juntados, ficou patente que o equipamento ESB 2000i não tem como função precípua o gerenciamento de redes, afastando se de plano a classificação inicial adotada pela Recorrente em 8517.80.10. Abaixo reproduzse o conteúdo das respostas do perito ao quesitos formulados pela Fiscalização (fls.298): Não. A descrição utilizada para identificar o equipamento está imprópria pois, de nenhuma forma, a aplicação do ESB2000i está relacionada ao gerenciamento de redes de telecomunicação digital. (...) Em resumo: o equipamento ESB 2000i tratase de um equipamento para telecomunicação por corrente portadora e para telecomunicação digital, porém, não se trata de um equipamento para TMN. (negritos nossos) A propósito, a própria Recorrente, em concordância com os laudos oficiais juntados, admite que a mercadoria importada não tem identidade com gerenciador de rede de telecomunicação digital (TMN Telecomunications Management Network), haja vista que passou a defender no presente recurso apenas uma terceira posição de classificação, qual seja a 8517.50.21. Temse, portanto, por incontroverso que a classificação 8517.80.10 adotada pela Recorrente na importação está incorreta. Dessa forma, por certo, o produto tem identidade com a subposição 8517.50, restando decidir na lide qual o item e subitem mais adequados a classificar o equipamento ESB 2000i, se na genérica proposta pela Fiscalização em 8517.50.99, ou na posição alternativa e mais específica, proposta pela Recorrente, na posição 8517.50.21. Observase nos autos que, por ocasião do julgamento do caso na DRJ, o processo foi novamente baixado em diligência, por provocação da própria Recorrente na sua manifestação sobre o resultado de outra diligência, para que o Perito oficial, Engº Roberto Raya, respondesse a quesito complementar concernente a esclarecer se o produto sob análise podia ser conceituado como um equipamento terminal ou repetidor sobre linhas metálicas. Em resposta, o Perito oficial expressou o seu entendimento sobre o quesito, nos seguintes termos: 1 – O produto pode ser conceituado como um equipamento terminal ou repetidor sobre linhas metálicas (linhas de transmissão de energia elétrica)? O equipamento ESB 2000i tratase de equipamento terminal sobre linhas metálicas (linhas de transmissão de energia elétrica), desde que apresentado com a configuração mínima Fl. 562DF CARF MF Processo nº 10831.009421/0003 Acórdão n.º 3402006.467 S3C4T2 Fl. 560 7 para tal fim, uma vez que tratase de equipamento configurável e sua função depende das placas eletrônicas (módulos) instaladas em seu rack. 2 – Outros esclarecimentos julgados necessários à elucidação da questão. O equipamento objeto de estudo, modelo ESB 2000i, tratase de equipamento configurável, ou seja, consiste num rack no qual são instaladas determinadas placas eletrônicas (módulos), sendo que sua função é determinada de acordo com as placas que estiverem instaladas. Conforme declaração de importação DI 00/07439592, objeto de laudo técnico, na qual foi importado o equipamento em análise, a descrição detalhada da mercadoria não apresenta a descrição das placas instaladas no equipamento. Desta forma, caso o equipamento apresente a configuração mínima para tal fim, este equipamento será considerado um equipamento terminal sobre linhas metálicas (linhas de transmissão de energia elétrica). Cabe informar ainda que, quando da ocasião da vistoria física, pelo fato da empresa não possuir disponível para análise o equipamento objeto de importação da DI supracitada, toda a análise técnica foi feita em função de um equipamento similar.” (grifos e negritos do original) Constatase, dessa forma, que o equipamento ESB 2000i corresponde a um equipamento para telecomunicações por corrente portadora ou destinado a telecomunicação digital, que utilizase de um meio físico (linhas de transmissão de energia elétrica), porém não é possível afirmar que se trata de um terminal ou repetidor, uma vez que na perícia técnica realizada não foi possível concluir que o equipamento possui a configuração necessária para ser considerado como tal porque essa especificação não consta da descrição detalhada da mercadoria na DI e o bem não mais se encontra disponível para fins de vistoria física. Tampouco, a Recorrente, na sua manifestação sobre as conclusões da perícia, trouxe aos autos elementos que comprovassem que o equipamento possuía a configuração mínima necessária para ser caracterizado como um terminal ou repetidor sobre linhas metálicas. Em consequência, de acordo com a RGI1, combinada com a Regra 6 (subposição) e RGC (item), o equipamento deve classificarse na posição mais genérica (outros aparelhos para telecomunicação por corrente portadora ou para telecomunicação digital), especificamente no código NCM 8517.50.99, conforme adotado corretamente pela Fiscalização. Por fim, a Recorrente pugna pelo deferimento do pedido de perícia para verificar se o equipamento vistoriado pelo Eng. Rui, identificado no item 1 de seu lado técnico, conforme documentação técnica existente nos autos, poderia, em face de sua configuração, vir a ser conceituado como sendo "um equipamento terminal sobre linhas metálicas (linhas de transmissão de energia elétrica). A perícia solicitada mostrase desnecessária, pois resta claro que na perícia técnica complementar realizada pelo Engº Roberto Raya já foi abordada a mesma questão, Fl. 563DF CARF MF 8 conforme se pode conferir no trecho do laudo anteriormente transcrito. Além disso, já constam nos autos todos os elementos suficientes para decidir a respeito da questão de mérito posta quanto a adequada classificação fiscal do equipamento ESB2000i. Dessa forma, deve ser indeferido o pedido de diligência/perícia. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 564DF CARF MF
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